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Preocupação com povoamentos

Visava evitar outras invasões: espanhois, franceses, holandeses


1534 - Estabelecimento das capitanias hereditárias
12 donatários - altos funcionários e membros da pequena nobreza
- eles deveriam financiar eles mesmos a ocupação

* Carta de donatário - direitos e deveres

Malogro das capitanias: mudança na administração


Comprou os direitos do donatário da Bahia, Francisco Pereira Coutinho
Adoção do governo geral: poder centralizado, controlado pela coroa
- Sede em Salvador, a primeira cidade do Brasil, fundada na Bahia pelo governador-
geral Tomé de Sousa em 1549

* Coutinho havia sido expulso pelos índios para o Espírito Santo

*inserir mapa
* Martim Afonso: rumava ao rio da Prata e naufragou?

Martim Afonso de Souza


Esteve a serviço de D. João III quando ainda era príncipe
Estudou matemática, cosmografia e geografia
Nomeado ao final de 1530 *
1a Expedição dele 1531

1a Expedição dem 1531


capitão mor de 5 navios, 500 homens
Missões:
1) Expulsar os franceses do litoral
2) Descobrir terras e rios
3) Estabelecer núcleos de povoamento com organização administrativa

Trazia consigo padrões de posse


Tinha poderes de
escolher tabeliães, oficiais de justiça
conceder sesmarias para quem quisesse se estabelecer nos povoados

*nomeado por ser "primo irmão de D. Antônio de Ataíde, conde de Castanheira, membro
do Conselho Real e homem de forte influência junto a D. João III" ( GOUVEA, Martia
de Fátima Silva "Martim Afonso de Souza" in VAINFAS, 2001, p. 381)

Reorientação política da expansão


Brasil deixa de ser fornecedor de pau-brasil e escala na rota oriental

Início do povoamento
Pontos de ocupação se iniciam no litoral e planalto paulistas*
1532: Expedição de Martim Afonso de Souza e irmão Pero Lopes de Souza

Martim Afonso encontra outros personagens da colônia


1) Na Baía de todos os Santos - português Diogo Álvares, o Caramuru, vivia entre os
índios havia 20 anos
Aqui, dois comandados ficaram com semestres para testar a viabilidade de plantio

- depois, esteve no Rio de Janeiro, já conhecida assim. Construiu bergatins e uma


casa forte. Depois ruma ao sul

2) Bacharel da Cananeia, português, estava no território desde 1502


- Historia misteriosa, ideia de que seria possível chegar a Potosí por terra,
saindo de Cananeia
- Bacharel deu noticias de um rico império no interior do continente - ouro e prata
- Criação de uma expedição (que foi destroçada por indígenas no meio do caminho)

Expedição de Pero Lopes de Souza (irmão mais novo)


- Sinaliza-se a atenção a este império e demarcação de fronteiras ao sul,
relacionado ao Rio da Prata, que então era chamado de rio Solís
- Deu origem a um texto conhecido pelos historiadores, que é o Roteiro de Pero
Lopes

3) Náufrago Antônio Rodrigues, que vivia entre os índios;

4) No porto de São Vicente: João Ramalho, personagem mais debatido, que vivia onde
mais tarde seria fundada a vila de Santo André da Borda do Campo

Primeira Vila - São Vicente, 1532


Fundada pra promover o povoamento sistemático do território
instalação de instituições de governo e doação de sesmarias
Precoce prosperidade com cultivo de cana de açúcar
Porém, itens básicos de sobrevivência ainda vinham da relação com os nativos

Vila de Piratininga, 1533

Expedição exploratória
Observações astronômicas, para demarcação de longitudes e latitudes (rotas de
navegação, consegue perceber graças a isso a chegada em território Castelhano, por
Tordesilhas)
Sucesso da expedição: retorna e é recompensado como capitão-mor da Índia, é
contemplado com as capitanias de São Vicente e Rio de Janeiro

1534-1539: Segue para a Índia - Luta contra o rajan de Calicute; guerra contra
muçulmanos

1545 - se torna conselheiro no Conselho das Índias

(Se interessou muito pouco por São Vicente e Rio, nem escreve sobre isso quando fez
um relato dos serviços que prestou à coroa)

PERSONAGENS INDIANIZADOS
Personagens historicamente registrados
Prestam serviços diversos a colonização
Prestam serviços a estrangeiros, como franceses
Atuam no comércio de pau-brasil
Mediadores culturais: Conhecem e relacionam-se dentre os indígenas

Caramuru
Diogo Álvares Correia - o mais célebre dos náufragos
Abordado por diversos cronistas:
- Gabriel Soares de Souza (XVI)
- jesuíta Simão de Vasconcelos (XVII)
- Sebastião da Rocha Pita (XVIII)
- Celebrado no poema épico de Santa Rita Durão, Caramuru (1781)
- Varnhagen (XIX)

O que se conta
1) Hipóteses - como chegou
- degredado para aprender a língua
- judeu fugido da conversão forçada decretada em 1496 por D. Manuel
- Naufrágio 1510

2) Nome
Escapou da antropofagia tupinambá, disparou um arcabuz
Caramuru seria "filho do trovão" ou "homem do fogo"
Varnhagem esclarece que é o nome de um tipo de moreia

O que se sabe
Era minhoto de Viana do Castelo
Viveu na Bahia por 30 anos, morreu em 1557
Prestígio entre nativos, tornou-se guerreiro
Desposou a filha de um dos principais, Paraguaçu
Esteve em contato com os franceses que vinham em busca do pau-brasil
Em 1531 encontra Martim Afonso de Sousa
Prestou serviços ao donatário da Bahia, Francisco Pereira Coutinho e ao primeiro
governador geral, Tomé de Souza, em 1549

Informações importantes sobre a terra e intérprete


- recebe mercês e tenças (pensão régia)

Polêmica: traficante de escravos?


História de uma desambição contrasta com a narrativa do padre Simão de Vasconcelos

"É mais do que provável que tenha traficado escravos índios, considerando a demanda
da nascente economica açucareira, o então regular comércio de cativos entre
portugueses e grupos indígenas e as credenciais de Caramuru para atuar nesses
circuitos" (VAINFAS, 2001, p. 97)

Caramuru e jesuítas
Fez fortuna e deixou grande parte dela a Companhia de Jesus
Auxílio aos jesuítas quando chegou
Ajudou a traduzir para o tupi as primeiras orações cristãs
Elogiado pelo Padre Manuel da Nóbrega
Religioso - religiosidade se estende a Paraguaçú, a quem se atribui uma visão
beatífica de Nossa Senhora, o primeiro registro do tipo em terras brasílias
(VAINFAS, 2001, p. 97)

Patriarca da nobreza da terra na Bahia


Muitas narrativas sobre seus muitos filhos e filhas, legítimos e ilegítimos
Lendas sobre o casamento com Paraguaçu teria ocorrido duas vezes, conforme o rito
indígena e conforme o católico, na França, na corte de Catarina de Médicis.
Paraguaçu se torna Catarina, em homenagem à rainha. Ele teria negociado pau brasil
para voltar ao Brasil (Varnhagen questiona a lenda do casamento)

João Ramalho
"Patriarca dos mamelucos"
Vivia entre os tupiniquins, indianizado
Encontrado nu entre os índios, lutando como eles, pintado.
Participava de ritos antropofágicos
Ajudou muito os portugueses na expansão de São Vicente e no planalto de Piratininga
Mobilizou e liderou índios flecheiros contra os guaianases, e contra os carijós,
também contra os tupiniquins rivais

Auxílio na escravização de índios pelos portugueses


Mediou para obter o apoio de Tibiriçá, principal aliado indígena dos portugueses em
São Paulo

Ramalho
náufrago? desertor? Talvez tenha chegado em 1510
Conquistou a confiança do chefe indígena chamado Tibiriçá da aldeia de Piratininga*

Tibiricá: tribo de etnia guarani, cercada de grupos tupis, com os quais guerreava
Ramalho se casa com as filhas de Tibiriçá - Bartira e irmãs
- guerras bem sucedidas, capturas dos adversários
*inserir mapa (rio Anhangabaú, Tamanduateí e Tietê)

Parceria Ramalho e Rodrigues:


O primeiro convenceu Tibiriçá ao não-sacrifício, enviava ao segundo os adversários
capturados
Eram vendidos a navegadores portugueses, que enviavam a Portugal como escravos

(Mesgravis cita aqui Jaime Cortesão, historiador português, que localizou um mapa
de 1520, demonstrando a área litorânea de São Vicente como "Costa dos Escravos" *
localizar)

Relação com os jesuítas que chegam em 1553


Sofre hostilidades
Acusado de não cumprir os sacramentos
Padres quiseram que ele reconhecesse apenas Bartira, e tirasse as outras do seu
convívio, ele se recusou e chegou a ser ameaçado com penas da Inquisição
Acusado de alimentar hostilidades entre os seus filhos e os padres
Anchieta o chama de petra scandali da colonização vicentina (pecados, sobretudo
sexuais)
Depois: aceitam o apoio, por conta de Tibiriçá
Passam a ver Ramalho como "ponta de lança da colonização" e apoio na missão

Padre Manuel da Nóbrega, em 1553 escreve:


Que Ramalho seja dispensado de impedimentos canônicos no esposamento de Bartyra,
mãe de todos seus filhos (no entender os padres)

Bacharel
Personagem misterioso, confundido com muitos outros personagens que se conhece pelo
nome
Quem fala dele é o navegador espanhol Diego Garcia, em texto de 1527 *
o Bacharel vivia ali havia 20-30 anos, "com vários genros"
Historiadores antigos costumam classificá-lo como degredado, e não náufrago ou
desertor

"Ainda que tenha realmente existido, o Bacharel da Cananéia se configura melhor


como símbolo de todos esses homens, agentes de uma 'colonização acidental' (...)Não
por acaso, foi o Bacharel confudido com vários deles" (VAINFAS, 2001, p.63)

* bachiller, significa em uma das acepções, falastrão


* contexto dificil de saber quem era quem, profusão de homonimos, multiplicidades
de nomes de uma mesma pessoa, grafias variadas

Cananeia
Náufragos, desertores
Várias esposas: denotam o prestígio entre os índios carijós
Genros: unidos às suas filhas, pelas leis indígenas
Sabe-se os nomes: Gonçalo da Costa, Henrique Montes, Francisco de Chaves*
Viviam todos em poligamia, mas há poucos outros registros sobre sua indianização
Capistrano de Abreu: "Bacharel impõe-se ao meio, em oposto aos que se indianizaram
por completo"
Conhecimento do caminho entre o litoral de Santa Catarina e Cananéia - prata do
Peru

* Expedição ao territorio de Potosoi, com Pero Lobo: sucumbe


* a contrapelo: muitos se indianizaram, e o bacharel estava na vdd entre dois
mundos

TIBIRIÇÁ
Mais influente líder indígena da região de Piratininga, onde prevaleciam os
Tupiniquins, Tronco tupi
Tupiniquins X guaianases (Tronco Jê, nômade)
Sua história ilustra como as dinâmicas e tensões internas nativas serviram ao
avanço da colonização

Chefe da aldeia de Inhapuambuçu (Piratininga)


Mais numerosa da região
Convivia/Rivalizava com Jerubatuba e Ururaí (chefiadas por Caiubi e Piquerobi,
irmãos de Tibiriçá)

Importância de Tibiriçá
Protagonista nas relações luso-indígenas na região que seria São Paulo
Aliança mediada por Ramalho, fundação de São Vicente, depois São Pualo
Iniciado o tráfico de escravos nativos

Razões da aliança:
Reforço contra inimigos tradicionais, guaianazes e carijós
Apoio de Caiubi; Piquerobi discorda (conduz a uma guerra interna aos tupiniquins)
Em troca: armas, pólvora e outros bens europeus

Guerras entre as aldeias se tornam sorvedouro de escravos para o colonialismo


nascente

Cooperação e conversão
Com o governador geral Tomé de Souza, 1549
Com a chegada dos jesuítas - torna-se Martim Afonso Tibiriçá em 1554
Mesmo ano da fundação do Colégio São Paulo de Piratininga

Conversão sincera
Há notícia de que ele suspendeu uma cerimônia antropofágica, por apelo jesuíta
Apoio aos jesuítas amplamente documentado
Sem Tibiriçá e seu povo, não haveria São Paulo

Reconhecimento
Recebe da coroa tença anual e hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo
Atuação permite ver a complexidade das alianças que viabilizaram a presença
portuguesa.

Resultados porém danosos, segundo John Monteiro


Destruição do grupo: mudança no padrão da guerra
Difusão de epidemias que vieram dos europeus e posteriormente dos africanos
Morte em 1562
Sepultado na igreja dos jesuítas em SP
Mesmo ano: seu genro, João Ramalho (70 anos), recebe da câmara de São Paulo a
missão de exterminar os tupiniquins rebeldes, que atacavam os moradores da vila

Referências Bibliográficas
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
MESGRAVIS,

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