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Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte

PM-RN
Curso de Formação de Soldados
(Praça da Polícia Militar – Masculino e Feminino)

Volume I
Edital de Concurso Público Nº 002/2018 – SEARH/PMRN - 15 de Janeiro de 2018

JN089-A-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte - Pm-RN

Cargo: Curso de Formação de Soldados (Praça da Polícia Militar – Masculino e Feminino)

(Baseado no Edital de Concurso Público Nº 002/2018 – SEARH/PMRN - 15 de Janeiro de 2018)

Volume I
• Língua Portuguesa
• Matemática e Raciocínio Lógico
• Geografia do Brasil e do Rio Grande do Norte
• Noções de Direito Constitucional

Volume II
• Noções de Direito Penal Militar
• Noções de Direito Penal
• Noções de Legislação Extravagante
• Noções de Informática
• Legislação Específica da Polícia Militar

Autoras
Jaqueline Lima
Bruna Pinotti
Greice Aline Sarquis

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa
Compreensão de textos......................................................................................................................................................................................... 71
Denotação e conotação......................................................................................................................................................................................... 07
Ortografia: emprego das letras e acentuação gráfica................................................................................................................................ 73
Sinais de Pontuação................................................................................................................................................................................................. 14
Classes de palavras e suas flexões..................................................................................................................................................................... 17
Coletivos....................................................................................................................................................................................................................... 17
Verbos: conjugação, emprego dos tempos, modos e vozes verbais.................................................................................................... 17
Concordâncias: nominal e verbal....................................................................................................................................................................... 55
Regências: nominal e verbal................................................................................................................................................................................. 60
Emprego do acento indicativo da crase.......................................................................................................................................................... 68
Colocação dos pronomes...................................................................................................................................................................................... 17
Semântica: sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia e figuras de linguagem................................................ 07
Funções sintáticas de termos e de orações.................................................................................................................................................... 79
Processos sintáticos: subordinação e coordenação.................................................................................................................................... 79
Reescrita de frases.................................................................................................................................................................................................... 87

Matemática e Raciocínio Lógico

Conceitos lógicos. ................................................................................................................................................................................................... 01


Problemas envolvendo correlação entre elementos.................................................................................................................................. 01
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos, matriciais. ............................................................................ 01
Séries e sequências. ................................................................................................................................................................................................ 01
Progressão aritmética e progressão geométrica. ....................................................................................................................................... 15
Diagramas lógicos. .................................................................................................................................................................................................. 23
Teoria dos conjuntos. ............................................................................................................................................................................................. 31
Análise combinatória. ............................................................................................................................................................................................ 37
Probabilidade. ........................................................................................................................................................................................................... 42
Lógica argumentativa. ........................................................................................................................................................................................... 46
Lógica proposicional simples e composta. .................................................................................................................................................... 46
Álgebras das proposições. ................................................................................................................................................................................... 46
Estruturas lógicas: conjunção, disjunção, condicional, bicondicional e negação............................................................................ 51
Equivalência lógica. ................................................................................................................................................................................................. 51
Leis de Morgan. ........................................................................................................................................................................................................ 51
Tabela verdade: tautologia, contradição e validações. ............................................................................................................................. 51
Silogismo categórico e hipotético..................................................................................................................................................................... 51
Porcentagem. ............................................................................................................................................................................................................ 61
Regra de três simples e composta, Razão e proporção, e análise de gráficos e tabelas............................................................. 65

Geografia do Brasil e do Rio Grande do Norte

Fuso horário brasileiro............................................................................................................................................................................................ 01


Estados e Regiões do Brasil: localização, limites, território...................................................................................................................... 04
Principais unidades de relevo do Brasil e do Rio Grande do Norte..................................................................................................... 06
Aspectos climáticos do Brasil e do Rio Grande do Norte......................................................................................................................... 09
Principais Biomas do Brasil e do Rio Grande do Norte............................................................................................................................. 11
Principais bacias hidrográficas do Brasil e do Rio Grande do Norte.................................................................................................... 14
Principais aspectos ambientais do Brasil e do Rio Grande do Norte: territórios indígenas e unidades de conservação...........18
Processo de urbanização do Brasil e do Rio Grande do Norte.............................................................................................................. 25
Municípios do Rio Grande do Norte (território, limites, localização e processo de formação)................................................. 31
Aspectos demográficos do Brasil e do Rio Grande do Norte................................................................................................................. 31
Principais aspectos da geografia agrária brasileira e do Rio Grande do Norte: estrutura fundiária e principais lavouras............34
Geografia Política (governadores do Rio Grande do Norte)................................................................................................................... 39
SUMÁRIO

Noções de Direito Constitucional

Constituição: Conceito............................................................................................................................................................................................ 01
Princípios fundamentais......................................................................................................................................................................................... 03
Classificação................................................................................................................................................................................................................ 08
Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais................................................................................................................... 09
Poder Constituinte: Conceito. Finalidade. Titularidade e Espécies. Reforma da Constituição. Cláusulas Pétreas............... 11
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, direitos
políticos........................................................................................................................................................................................................................ 13
Da Organização do Estado................................................................................................................................................................................... 50
Da Administração Pública. Disposições Gerais. Dos Servidores Públicos.......................................................................................... 59
Da Organização dos Poderes............................................................................................................................................................................... 72
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública.....................106
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão de textos. ....................................................................................................................................................................................... 71


Denotação e conotação. ....................................................................................................................................................................................... 07
Ortografia: emprego das letras e acentuação gráfica. .............................................................................................................................. 73
Sinais de Pontuação. .............................................................................................................................................................................................. 14
Classes de palavras e suas flexões. ................................................................................................................................................................... 17
Coletivos. .................................................................................................................................................................................................................... 17
Verbos: conjugação, emprego dos tempos, modos e vozes verbais. ................................................................................................. 17
Concordâncias: nominal e verbal. ..................................................................................................................................................................... 55
Regências: nominal e verbal. ............................................................................................................................................................................... 60
Emprego do acento indicativo da crase. ........................................................................................................................................................ 68
Colocação dos pronomes. ................................................................................................................................................................................... 17
Semântica: sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia e figuras de linguagem. .............................................. 07
Funções sintáticas de termos e de orações. ................................................................................................................................................. 79
Processos sintáticos: subordinação e coordenação. ................................................................................................................................. 79
Reescrita de frases.................................................................................................................................................................................................... 87
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem não literária é objetiva, denotativa,


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em
TIPOS DE TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO seu sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística.
LITERÁRIOS). Geralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, com-
plementos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin-


Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa- guagens utilizadas neles.
lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre
a linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, Texto A
aquela que não caracteriza a literatura. Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que pre-
Embora um médico faça suas prescrições em deter- dispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma
minado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de
ser consideradas literárias porque se tratam de um voca- sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser
a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor
bulário especializado e de um contexto de uso específi-
à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços
co. Agora, quando analisamos a literatura, vemos que o
de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por
escritor dispensa um cuidado diferente com a linguagem
pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas
escrita, e que os leitores dispensam uma atenção diferen-
que apresenta grande variedade e comportamentos e rea-
ciada ao que foi produzido. ções.
Outra diferença importante é com relação ao trata- Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário
mento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literá- da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.
rios (jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras
servem para veicular uma série de informações, o texto Texto B
literário funciona de maneira a chamar a atenção para a Amor é fogo que arde sem se ver;
própria língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de É ferida que dói e não se sente;
explorar vários aspectos como a sonoridade, a estrutura É um contentamento descontente;
sintática e o sentido das palavras. é dor que desatina sem doer.
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lin- Luís de Camões. Lírica, Cultrix.
guagem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de
uso da mesma expressão, porém, de acordo com alguns Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo
escritores, na linguagem literária: assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.
No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”,
Linguagem não literária: usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa-
1- Anoitece. ção artística.
2- Teus cabelos loiros brilham. No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com
3- Uma nuvem cobriu parte do céu. ... preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no
campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres-
Linguagem literária: sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida,
1- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvaren- contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que
ga Peixoto) acabam dando graça e força expressiva ao poema (con-
2- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se
(Mário Quintana) sente, fogo que não se vê).
3- um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua
Questões
nascença. (José Cândido de Carvalho)
1-) Leia o trecho do poema abaixo.
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da
não literária? O Poeta da Roça
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras Sou fio das mata, cantô da mão grosa
(palavras de sentido figurado), em que as palavras adqui- Trabaio na roça, de inverno e de estio
rem sentidos mais amplos do que geralmente possuem. A minha chupana é tapada de barro
- Na linguagem literária há uma preocupação com a Só fumo cigarro de paia de mio.
escolha e a disposição das palavras, que acabam dando Patativa do Assaré
vida e beleza a um texto.
- Na linguagem literária é muito importante a manei-
ra original de apresentar o tema escolhido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A respeito dele, é possível afirmar que TEXTO II

(A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- A cana-de-açúcar
guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for-
mal. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no
(B) não pode ser considerado literário, pois nele não Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re-
se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-de
(C) não é um texto consagrado pela crítica literária. -açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis
(D) trata-se de um texto literário, porque, no processo solos de massapé, além da menor distância em relação ao
criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a esse
aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de
etc -açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio
(E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em
te que o consideremos um texto literário. parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a
cana serve também para a produção de álcool, importante
Leia os fragmentos abaixo para responder às questões nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imen-
que seguem: sa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São
Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível.
TEXTO I
O açúcar 2-) Para que um texto seja literário:
O branco açúcar que adoçará meu café a) basta somente a correção gramatical; isto é, a expres-
nesta manhã de Ipanema são verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
não foi produzido por mim b) deve prescindir daquilo que não tenha correspondên-
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. cia na realidade palpável e externa.
Vejo-o puro c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capaci-
e afável ao paladar dade de compreensão do leitor.
como beijo de moça, água d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O
na pele, flor escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, revela o
que se dissolve na boca. Mas este açúcar Homem aos outros homens.
não foi feito por mim. e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti-
Este açúcar veio mentos, ideias, ações.
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia. 3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção
Este açúcar veio incorreta
de uma usina de açúcar em Pernambuco a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real,
ou no Estado do Rio ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal-
e tampouco o fez o dono da usina. mente como um meio de refletir e recriar a realidade.
Este açúcar era cana b) No texto II, de expressão não literária, o autor informa
e veio dos canaviais extensos o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é
que não nascem por acaso produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.
no regaço do vale. c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum
Em lugares distantes, onde não há hospital – açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo-
nem escola, rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o
homens que não sabem ler e morrem de fome açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que o
aos 27 anos produz – dura, amarga, triste.
plantaram e colheram a cana d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos
que viraria açúcar. de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de
Em usinas escuras, novas formas de dizer.
homens de vida amarga e) O texto II não é literário porque, diferentemente do lite-
e dura rário, parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação.
produziram este açúcar
branco e puro Gabarito
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
1-) D
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) 2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao
caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo
em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira
peculiar.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um Condições básicas para interpretar
cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação
diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é Fazem-se necessários:
unicamente passar informação, existem outros “motiva- a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
dores” por trás desta escrita. literários, estrutura do texto), leitura e prática;
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- texto) e semântico;
blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso Observação – na semântica (significado das palavras)
acontece porque lhes faltam informações específicas a incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
respeito desta tarefa constante em provas relacionadas tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
a concursos públicos. gem, entre outros.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju- c) Capacidade de observação e de síntese e
dar no momento de responder às questões relacionadas d) Capacidade de raciocínio.
a textos.
Interpretar X compreender
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz Interpretar significa
de produzir interação comunicativa (capacidade de co- - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
dificar e decodificar ). - Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
Contexto – um texto é constituído por diversas fra- - O autor permite concluir que...
ses. Em cada uma delas, há uma certa informação que a - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando
condições para a estruturação do conteúdo a ser trans- Compreender significa
mitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão está escrito.
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto - o texto diz que...
original e analisada separadamente, poderá ter um sig- - é sugerido pelo autor que...
nificado diferente daquele inicial. - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
Intertexto - comumente, os textos apresentam re- - o narrador afirma...
ferências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Erros de interpretação

Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias,
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, a) Extrapolação (viagem)
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
na prova. que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do
tema quer pela imaginação.
Normalmente, numa prova, o candidato é convi-
dado a: b) Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
1. Identificar – é reconhecer os elementos funda- um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de
mentais de uma argumentação, de um processo, de uma ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi-
época (neste caso, procuram-se os verbos e os advér- mento do tema desenvolvido.
bios, os quais definem o tempo).
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança c) Contradição
ou de diferenças entre as situações do texto. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can-
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
com uma realidade, opinando a respeito. quentemente, errando a questão.
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou se-
cundárias em um só parágrafo. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pa- e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
lavras. de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
que o autor diz e nada mais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que - Falante não pode negar que tenha querido transmitir
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- subentendido.
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se - Negação da informação não nega o pressuposto.
vai dizer e o que já foi dito. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita
absurda.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos;
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e b) verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções.
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer QUESTÕES
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu-
cedente. nesp/2013)
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de O uso da bicicleta no Brasil
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, A utilização da bicicleta como meio de locomoção no
a saber: Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação
com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape-
mas depende das condições da frase.
sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que
qual (neutro) idem ao anterior.
a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de
quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
o objeto possuído. A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicle-
como (modo) tas e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e
onde (lugar) jamais na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são
quando (tempo) todos considerados veículos, com direito de circulação pe-
quanto (montante) las ruas e prioridade sobre os automotores.
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
Exemplo: bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
Falou tudo QUANTO queria (correto) pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
aparecer o demonstrativo O ). metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestio-
Dicas para melhorar a interpretação de textos namentos por excesso de veículos motorizados, que atin-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do gem principalmente as grandes cidades; o favorecimento
assunto; da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
a leitura; claro, nos impostos.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto No Brasil, está sendo implantado o sistema de com-
pelo menos duas vezes;
partilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
- Inferir;
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitu-
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do ra, em parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com
autor; quase um ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo
compreensão; país aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de com o projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do
cada questão; compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo
site. O valor do passe mensal é R$10 e o do passe diário,
Segundo Fiorin: R$5, podendo-se utilizar o sistema durante todo o dia, das
-Pressupostos – informações implícitas decorrentes 6h às 22h, nas duas modalidades. Em todas as cidades que
necessariamente de palavras ou expressões contidas na já aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em
frase. pontos estratégicos.
- Subentendidos – insinuações não marcadas clara- A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção
mente na linguagem. não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda
- Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de
- Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande, não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir,
carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam- mas também se engajam num comportamento de risco –
se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po- algumas até agem especificamente para irritar o outro mo-
deriam ser evitados. torista ou impedir que este chegue onde precisa.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando
estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. um motorista a tomar decisões irracionais.
Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio-
segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de
motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que
gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para
ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen-
tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons-
locomoção precisa compreender que deverá gastar com ciência disso no momento.
alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e
sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane
além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten-
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan-
Adaptado) do o aspecto comunitário do ato de dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito,
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi-
meio de locomoção nas metrópoles brasileiras to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressi-
devido à falta de regulamentação. va. As crianças aprendem que as regras normais em relação
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando
incentivado em várias cidades. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela em comportamentos de disputa ao volante, mudando de
maioria dos moradores. faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem-
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com pre com pressa para chegar ao destino.
os demais meios de transporte. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des-
arriscada e pouco salutar. carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
objetivos centrais do texto é transformar um incidente em uma violenta briga.
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio-
ciclista. lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta está predisposta a apresentar um comportamento irracio-
é mais seguro do que dirigir um carro. nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada
cicleta no Brasil. quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos,
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas
meio de locomoção se consolidou no Brasil. corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista emoção.
deve dar prioridade ao pedestre. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.
uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013.
(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp Adaptado)
2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5
3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
Propensão à ira de trânsito to, é correto afirmar que
(A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- conscientes.
guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas aspecto comunitário do ato de dirigir.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas 6-) Considere:
é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di- I. Segundo o texto, na ficção científica abordam-se,
reção agressiva. com distanciamento de tempo e espaço, questões con-
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex- troversas e moralmente incômodas da sociedade atual, de
periências e atividades não só individuais como também modo que a solução oferecida pela fantasia possa ser apli-
sociais. cada para resolver os problemas da realidade.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle II. Parte do poder de convencimento da ficção cientí-
das emoções positivas por parte dos motoristas. fica deriva do fato de serem apresentados ao espectador
objetos imaginários que, embora não existam na vida real,
4. A ira de trânsito estão, de algum modo, conectados à realidade.
A) aprimora uma atitude de reconhecimento de regras. III. A ficção científica extrapola os limites da realidade,
(B) implica tomada de decisões sem racionalidade. mas baseia-se naquilo que, pelo menos em teoria, acredi-
(C) conduz a um comportamento coerente. ta-se que seja possível.
(D) resulta do comportamento essencialmente comu- Está correto o que se afirma APENAS em
nitário dos motoristas. (A) III.
(E) decorre de imperícia na condução de um veículo. (B) I e II.
(C) I e III.
5. De acordo com o perito Dr. James, (D) II e III.
(A) os congestionamentos representam o principal fa- (E) II.
tor para a ira no trânsito.
(B) a cultura dos motoristas é fator determinante para 7-) Sem prejuízo para o sentido original e a correção
o aumento de suas frustrações. gramatical, o termo sonhar, em ... a sociedade se permite
(C) o motorista, ao dirigir, deve ser individualista em sonhar seus piores problemas... (2o parágrafo), pode ser
suas ações, a fim de expressar sua liberdade e garantir que substituído por:
outros motoristas não o irritem. (A) descansar.
(D) a principal causa da direção agressiva é o desco- (B) desprezar.
nhecimento das regras de trânsito. (C) esquecer.
(E) o comportamento dos pais ao dirigirem com ira (D) fugir.
contradiz o aprendizado das crianças em relação às regras (E) imaginar.
de civilidade.
(TRF 3ª região/2014) Atenção: Para responder às ques-
(TRF 3ª região/2014) Para responder às questões de tões de números 8 a 10 considere o texto abaixo.
números 6 e 7 considere o texto abaixo. Texto I
Toda ficção científica, de Metrópolis ao Senhor dos O canto das sereias é uma imagem que remonta às
anéis, baseia-se, essencialmente, no que está acontecen-
mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas.
do no mundo no momento em que o filme foi feito. Não
As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama
no futuro ou numa galáxia distante, muitos e muitos anos
é comum.
atrás, mas agora mesmo, no presente, simbolizado em pro-
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de
jeções que nos confortam e tranquilizam ao nos oferecer
extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Medi-
uma adequada distância de tempo e espaço.
terrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes,
Na ficção científica, a sociedade se permite sonhar seus
graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraí-
piores problemas: desumanização, superpopulação, totali-
dos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes
tarismo, loucura, fome, epidemias. Não se imita a realida-
submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então
de, mas imagina-se, sonha-se, cria-se outra realidade onde
possamos colocar e resolver no plano da imaginação tudo devoravam impiedosamente os tripulantes.
o que nos incomoda no cotidiano. O elemento essencial Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com
para guiar a lógica interna do gênero, cuja quebra implica vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas
o fim da magia, é a ciência. Por isso, tecnologia é essen- soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por
cial ao gênero. Parte do poder desse tipo de magia cine- Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
matográfica está em concretizar, diante dos nossos olhos, Quando a embarcação na qual ele navegava entrou
objetos possíveis, mas inexistentes: carros voadores, robôs inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conse-
inteligentes. Como parte dessas coisas imaginadas acaba guiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma
se tornando realidade, o gênero reforça a sensação de que música ainda mais sublime do que aquela que vinha da
estamos vendo na tela projeções das nossas possibilidades ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.
coletivas futuras. A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma
(Adaptado de: BAHIANA, Ana Maria. Como ver um fil- para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e cora-
me. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. formato ebook.) joso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos
seus inescapáveis limites humanos.

6
LÍNGUA PORTUGUESA

Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza


para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS.
em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS
todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e orde- PALAVRAS.
nou que o amarrassem ao mastro central do navio. O sur-
preendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios
ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses
foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os Semântica é o estudo da significação das palavras e
tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus das suas mudanças de significação através do tempo ou
subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de em determinada época. A maior importância está em dis-
não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo. tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante
do herói era clara: a falsa promessa de gratificação ime- Sinônimos
diata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de
vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa-
Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar
contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo - abolir.
suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são
sua própria alma.
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan-
Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK)
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela
8-) Há no texto outra, em determinado enunciado (aguardar e esperar).
(A) comparação entre os meios que Orfeu e Ulisses
usam para enfrentar o desafio que se apresenta a eles. Observação: A contribuição greco-latina é respon-
(B) rivalidade entre o mortal Ulisses e o divino Orfeu, sável pela existência de numerosos pares de sinônimos:
cujo talento musical causava inveja ao primeiro. adversário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo
(C) juízo de valor a respeito das atitudes das sereias em e hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; coló-
relação aos navegantes e elogio à astúcia de Orfeu. quio e diálogo; transformação e metamorfose; oposição e
(D) crítica à forma pouco original com que Orfeu deci- antítese.
de enganar as sereias e elogio à astúcia de Ulisses.
(E) censura à atitude arriscada de Ulisses, cuja ousadia Antônimos
quase lhe custou seu projeto de vida.
São palavras que se opõem através de seu significado:
9-) Depreende-se do texto que as sereias atingiam ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
seus objetivos por meio de mal - bem.
(A) intolerância.
(B) dissimulação. Observação: A antonímia pode se originar de um
(C) lisura. prefixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldi-
(D) observação. zer; simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia
(E) condescendência. e discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
e anticomunista; simétrico e assimétrico.
10-) O navio atravessou incólume a zona de perigo. (4o
parágrafo). Mantém-se o sentido original do texto substi- Homônimos e Parônimos
tuindo-se o elemento grifado por
(A) insolente. - Homônimos = palavras que possuem a mesma gra-
(B) inatingível.
fia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
(C) intacto.
Podem ser
(D) inativo.
(E) impalpável.
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
GABARITO rentes na pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo);
1- B 2-A 3-D 4-B 5-E colher (verbo) e colher (subst.);
6- D 7-E 8-A 9-B 10-C jogo (subst.) e jogo (verbo);
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo).

7
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Denotação e Conotação


ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Exemplos de variação no significado das palavras:
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido literal)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido fi-
censo (recenseamento) e senso ( juízo); gurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
As variações nos significados das palavras ocasionam o
c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo (co-
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia: notação) das palavras.
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.); Denotação
livre (adj.) e livre (verbo). Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
apresenta seu significado original, independentemente do
- Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po- contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado mais
rém de formas relativamente próximas. São palavras pa- objetivo e comum, aquele imediatamente reconhecido e
recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de muitas vezes associado ao primeiro significado que aparece
vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o nos dicionários, sendo o significado mais literal da palavra.
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor- A denotação tem como finalidade informar o receptor
rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca-
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor-
(medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medica-
mentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, por
atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pedaço de
(atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
madeira. Outros exemplos:
tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
O elefante é um mamífero.
priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
As estrelas deixam o céu mais bonito!
movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
(ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
Conotação
afundar). Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apre-
senta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpreta-
Hiperonímia e Hiponímia ções, dependendo do contexto em que esteja inserida, referin-
do-se a sentidos, associações e ideias que vão além do sentido
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- original da palavra, ampliando sua significação mediante a cir-
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o cunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um senti-
hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o hipe- do figurado e simbólico. Como no exemplo da palavra “pau”:
rônimo, mais abrangente. em seu sentido conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- um pau), reprovação (tomei pau no concurso).
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- tos no receptor da mensagem, através da expressividade e
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
Veículos é um hiperônimo de carros. conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu-
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em blicitários, entre outros. Exemplos:
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- Você é o meu sol!
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita Minha vida é um mar de tristezas.
a repetição desnecessária de termos. Você tem um coração de pedra!

Fontes de pesquisa: * Dica: Procure associar Denotação com Dicionário: tra-


http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos, ta-se de definição literal, quando o termo é utilizado com o
-antonimos,-homonimos-e-paronimos sentido que consta no dicionário.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Fontes de pesquisa:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São cao/
Paulo: Saraiva, 2010. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Portuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. Paulo: Saraiva, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,


ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma in-
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir terpretação. Para fazer a interpretação correta é muito im-
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de portante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
mas que abarca um grande número de significados dentro do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
de seu próprio campo semântico. comicidade. Repare na figura abaixo:
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se
em consideração as situações de aplicabilidade. Há uma
infinidade de exemplos em que podemos verificar a ocor-
rência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.

Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-


computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co- cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, mas duas seriam:
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Corte e coloração capilar
“jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
ou
formato quadriculado que têm.
Faço corte e pintura capilar
Polissemia e homonímia
Fontes de pesquisa:
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante co-
htm
mum. Quando a mesma palavra apresenta vários significados,
estamos na presença da polissemia. Por outro lado, quando Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
duas ou mais palavras com origens e significados distintos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
têm a mesma grafia e fonologia, temos uma homonímia. Paulo: Saraiva, 2010.
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
polissemia porque os diferentes significados para a pala-
vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra Figura de Linguagem, Pensamento e Construção
polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabe-
to, o texto de uma canção ou a caligrafia de um determi- Figura de Palavra
nado indivíduo. Neste caso, os diferentes significados es-
tão interligados porque remetem para o mesmo conceito, A figura de palavra consiste na substituição de uma
o da escrita. palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico,
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja
Polissemia e ambiguidade por uma associação, uma comparação, uma similaridade.
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na - permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de pala-
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode vras: a metáfora e a metonímia.
ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação Metáfora
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
uma frase. Vejamos a seguinte frase: Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen- em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
temente são felizes. virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa
Neste caso podem existir duas interpretações diferen- e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
tes: palavra fora de seu sentido normal.
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são Observação: toda metáfora é uma espécie de com-
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- paração implícita, em que o elemento comparativo não
librada. aparece.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Seus olhos são como luzes brilhantes. 10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so-
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse
através do emprego da palavra como. mundo).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. 11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, chamadas, não apenas uma mulher).
qualidade do que é semelhante. 12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta 13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
é a verdadeira metáfora. Alguns astronautas foram à Lua).
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
Observe outros exemplos: derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).

1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de
Pessoa) extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquan-
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que to que a metonímia abrange apenas os casos de analogia
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio ou de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fa-
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando zer distinção entre ambas as figuras.
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).
Catacrese
2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar
algum. Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão por falta de um termo específico para designar um con-
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiada- ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
mente inútil), há uma comparação subentendida: Minha empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma es- Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do ros-
trada de terra que leva a lugar algum. to”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.

A Amazônia é o pulmão do mundo. Perífrase ou Antonomásia


Em sua mente povoa só inveja.
Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
Metonímia
um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
É a substituição de um nome por outro, em virtude de
tifique:
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
pode acontecer dos seguintes modos:
atraindo visitantes do mundo todo.
A Cidade-Luz (=Paris)
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
O rei das selvas (=o leão)
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= Observação: quando a perífrase indica uma pes-
As lâmpadas iluminam o mundo). soa, recebe o nome de antonomásia. Exemplos:
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
da cruz. (= Não te afastes da religião). cando o bem.
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Havana. (= Fumei um saboroso charuto). jovem.
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só- O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
crates tomou veneno).
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu Sinestesia
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo). Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
(= Bebeu todo o líquido que estava no cálice). cruzamento de sensações distintas.
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os micro- Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
fones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram auditivo; áspero = tátil)
atrás dos jogadores). No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressa- cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
damente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)

10
LÍNGUA PORTUGUESA

Fontes de pesquisa: Prosopopeia ou Personificação


http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
php É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa mados a seres inanimados, ou características humanas a
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seres não humanos. Observe os exemplos:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- As pedras andam vagarosamente.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
Paulo: Saraiva, 2010. cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
Antítese Chora, violão.
Consiste no emprego de palavras que se opõem Apóstrofe
quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envol-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
vidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos
sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso,
mesmos. Observe os exemplos:
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
O corpo é grande e a alma é pequena. se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele
“Quando um muro separa, uma ponte une.” imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe
Não há gosto sem desgosto. a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr
Paradoxo ou oximoro em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do
vocativo. Exemplos:
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- Moça, que fazes aí parada?
traditórias. Seria a antítese ao extremo. “Pai Nosso, que estais no céu”
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa. Deus, ó Deus! Onde estás?
Ouvimos as vozes do silêncio.
Gradação
Eufemismo
Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa ás- dente (anticlímax). Observe este exemplo:
pera, desagradável ou chocante. Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- com seus olhos claros e brincalhões...
nhor. (= morreu)
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se re-
Faltar à verdade. (= mentir) fere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
Ironia ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do
amor”. (Olavo Bilac)
que as palavras ou frases expressam, geralmente apresen-
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
tando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem
lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
construída para que cumpra a sua finalidade; mal cons-
truída, pode passar uma ideia exatamente oposta à dese-
jada pelo emissor. Fontes de pesquisa:
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5.
mínima. php
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
que estão por perto. Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
O governador foi sutil como um elefante. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Hipérbole Paulo: Saraiva, 2010.

É a expressão intencionalmente exagerada com o in- As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe)
tuito de realçar uma ideia. ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) maior expressividade que se dá ao sentido.
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Elipse Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais:


eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as
Consiste na omissão de um ou mais termos numa três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um
oração e que podem ser facilmente identificados, tanto desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con-
por elementos gramaticais presentes na própria oração, corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que
quanto pelo contexto. está inscrita no sujeito. Exemplos:
A catedral da Sé. (a igreja catedral) O que não compreendo é como os brasileiros persista-
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es- mos em aceitar essa situação.
tádio) Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar-
Zeugma dins públicos.” (Machado de Assis)

Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita Observe que os verbos persistamos, temos e somos
a omissão de um termo já mencionado anteriormente. não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos
Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de (brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira
português) pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só brasileiros, os agricultores e os cariocas).
modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de) Polissíndeto / Assíndeto

Silepse Para estudarmos as duas figuras de construção é ne-


cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
A silepse é a concordância que se faz com o termo período composto. No período composto por coordena-
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A
É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti- é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
pos de silepse: de gênero, número e pessoa. dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
figuras de construção:
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân- 1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re-
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos: petição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O
menino resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
calor intenso. 2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au-
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando sência, pela omissão das conjunções coordenativas, re-
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence sultando no uso de orações coordenadas assindéticas.
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo Exemplos:
(a cidade de Porto Velho). Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
2) Vossa Excelência está preocupado.
O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes- Pleonasmo
soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
Excelência. Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
Silepse de Número - Os números são singular e plu- realçar a ideia, torná-la mais expressiva.
ral. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração,
mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: Nesta oração, os termos “o problema da violência”
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto.
de Salvador. Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
Outro exemplo:
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei- Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
tos das orações (que se encontram no singular, procissão
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
isso que os verbos estão no plural. pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
nástico.

12
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan- Figuras de Som


do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
pleonasmo vicioso: Aliteração - Consiste na repetição de consoantes
Vi aquela cena com meus próprios olhos. como recurso para intensificação do ritmo ou como efei-
Vamos subir para cima. to sonoro significativo.
Ele desceu pra baixo. Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Anáfora Quem com ferro fere com ferro será ferido.

É a repetição de uma ou mais palavras no início de Assonância - Consiste na repetição ordenada de


várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de sons vocálicos idênticos:
coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau- “Sou um mulato nato no sentido lato mulato demo-
sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar crático do litoral.”
determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dem muitas vezes ser substituídos por pronomes. Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe- na forma de palavras os sons da realidade:
cia. Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
ba.” (Padre Vieira) Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.
Anacoluto php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Consiste na mudança da construção sintática no meio Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
da frase, ficando alguns termos desligados do resto do Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
Paulo: Saraiva, 2010.
ligação sintática com as demais.
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Questões
Morrer, todo haveremos de morrer.
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI-
BLIOTECONOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo, de-
os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de
veria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma in-
terrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer- um tipo de linguagem figurada denominada
cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é (A) metonímia.
chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma (B) eufemismo.
interrupção na sequência lógica do pensamento. (C) hipérbole.
(D) metáfora.
Observação: o anacoluto deve ser usado com finali- (E) catacrese.
dade expressiva em casos muito especiais. Em geral, evi-
te-o. 1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu
contexto convencional (denotativo) e transportá-la para
Hipérbato / Inversão um novo campo de significação (conotativa), por meio de
uma comparação implícita, de uma similaridade existente
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da entre as duas.
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o (Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portu-
sujeito venha depois do predicado: gues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O htm)
amor venceu ao ódio) RESPOSTA: “D”.
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
Eu cuido dos meus problemas)

* Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
tumbante de um povo heroico”.

13
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar algu-
ma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” no
lugar de “que morreram por nós”.
RESPOSTA: “D”.

3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/UFAL/2014)


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, ho-
rário do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
A) Eufemismo.
B) Hipérbole.
C) Paradoxo.
D) Metonímia.
E) Hipérbato.

3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para representar o calor excessivo que está fazendo. A figura que é
utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a hipérbole.
RESPOSTA: “B”.

PONTUAÇÃO.

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Um texto escrito adquire diferentes significados quando pontuado
de formas diversificadas. O uso da pontuação depende, em certos momentos, da intenção do autor do discurso. Assim,
os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto e ao interlocutor.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Principais funções dos sinais de pontuação Ponto de Exclamação (!)

Ponto (.) 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,


susto, súplica, etc.
1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
cerrando o período.
2- Depois de interjeições ou vocativos
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- Ai! Que susto!
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- João! Há quanto tempo!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exem- Ponto de Interrogação (?)
plo: Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e
não “etc..”) Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do vedo)
ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Reticências (...)
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
pis, canetas, cadernos...
4- Os números que identificam o ano não utilizam
ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os 2- Indica interrupção violenta da frase.
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”

Ponto e Vírgula ( ; ) 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este


mal... pega doutor?
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
xa, depois, o coração falar...
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
Vírgula (,)
(VIEIRA)
Não se usa vírgula
2- Separa partes de frases que já estão separadas
por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros,
* separando termos que, do ponto de vista sintático,
montanhas, frio e cobertor. ligam-se diretamente entre si:
- entre sujeito e predicado:
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de Todos os alunos da sala foram advertidos.
motivos, decreto de lei, etc. Sujeito predicado
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; - entre o verbo e seus objetos:
Caminhada na praia; O trabalho custou sacrifício aos
Reunião com amigos. realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.
Dois pontos (:)
Usa-se a vírgula:
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: - Para marcar intercalação:
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
2- Antes de um aposto dância, vem caindo de preço.
Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
tarde e calor à noite. produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven- querem abrir mão dos lucros altos.
do a rotina de sempre.
- Para marcar inversão:
4- Em frases de estilo direto a) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
Maria perguntou: ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas
- Por que você não toma uma decisão? fechadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos Questões


pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
mais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar:
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi-
leira, possui um trânsito caótico.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Observações:
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre- (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-
guemos etc. precedido de vírgula: Falamos de política, fu-
gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontua-
tebol, lazer, etc.
ção está correta em:
A) Hagar disse, que não iria.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir,
combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
bifes e lagostas, aos vizinhos.
Você falou isso para ela?!
C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
para Hagar e Helga
- Temos, ainda, sinais distintivos:
D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse,
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
ração de siglas (IOF/UPC); Hagar à Helga.
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas E) Helga chegou com o recado: fomos convidados,
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção pelos Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
aos parênteses, principalmente na matemática;
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a 1-) Correções realizadas:
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre
nome que não se quer mencionar. verbo e seu complemento (objeto)
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
Fontes de pesquisa: fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ seu complemento (objeto)
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir- C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
gula.htm para Hagar e Helga.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São gar à Helga.
Paulo: Saraiva, 2010. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pelos Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. RESPOSTA: “E”.

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA-


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al-
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- Observe outros exemplos:
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separa- de águia aquilino
do entre pontuações. Exemplos: de aluno discente
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! de anjo angelical
RESPOSTA: “CERTO”. de ano anual

4-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em de aranha aracnídeo


apenas uma das opções a vírgula foi corretamente em- de boi bovino
pregada. Assinale-a. de cabelo capilar
A) No dia seguinte, estavam todos cansados.
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. de cabra caprino
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas de campo campestre ou rural
perplexas.
de chuva pluvial
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e
fundamental. de criança pueril
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em pe- de dedo digital
quena parte do território.
de estômago estomacal ou gástrico
5-) de falcão falconídeo
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta de farinha farináceo
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). de fera ferino
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas de ferro férreo
perplexas = não se separa sujeito do predicado.
de fogo ígneo
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e
fundamental = não se separa sujeito do predicado. de garganta gutural
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- de gelo glacial
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado
RESPOSTA: “A”. de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, de inverno hibernal ou invernal
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, de lago lacustre
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
de leão leonino
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS
RELAÇÕES QUE ESTABELECEM. de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou de mestre magistral
característica do ser e se relaciona com o substantivo,
de ouro áureo
concordando com este em gênero e número.
de paixão passional
As praias brasileiras estão poluídas. de pâncreas pancreático
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de porco suíno ou porcino
(plural e feminino, pois concordam com “praias”). dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução adjetiva
de sonho onírico
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne- de velho senil
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma
de vento eólico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vidro vítreo ou hialino
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por de virilha inguinal
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio
de visão óptico ou ótico
(paixão desenfreada).

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observação: nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por exem-
plo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.

Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como
adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas- Grau do Adjetivo
culino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe- Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
minino somente o último elemento: o moço norte-america- tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adje-
no, a moça norte-americana. tivo: o comparativo e o superlativo.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda. Comparativo

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
como para o feminino: homem feliz e mulher feliz. buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de
feminino: conflito político-social e desavença político-social. igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
Número dos Adjetivos
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Plural dos adjetivos simples
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão.
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
boa e boas. rioridade Analítico
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça No comparativo de superioridade analítico, entre os
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pala- dois substantivos comparados, um tem qualidade supe-
vra que estiver qualificando um elemento for, originalmente, rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: do que” ou “mais...que”.
a palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se
estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Su-
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza. perioridade Sintético

Veja outros exemplos: Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de


Motos vinho (mas: motos verdes) superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
Paredes musgo (mas: paredes brancas). eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). rior, grande/maior, baixo/inferior.
Observe que:
Adjetivo Composto a) As formas menor e pior são comparativos de su-
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau,
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normal- respectivamente.
mente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o últi- b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
mo elemento concorda com o substantivo a que se refere; os (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações
demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos ele- feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, de-
mentos que formam o adjetivo composto seja um substan- ve-se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais
tivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável.
grande e mais pequeno. Por exemplo:
Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substan-
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
tivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará
elementos.
como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, forma-
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
rá um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado,
o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja: duas qualidades de um mesmo elemento.
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Olhos verde-claros. ferioridade
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relati-
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, ves- vo e apresenta as seguintes modalidades:
tidos cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- de um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. Apresenta-se nas formas:

19
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio Advérbio


de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado. Compare estes exemplos:
2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo. O ônibus chegou.
O ônibus chegou ontem.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sentido
benéfico - beneficentíssimo do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo, de modo,
de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio advérbio.
bom - boníssimo ou ótimo Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
comum - comuníssimo Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
(bem)
cruel - crudelíssimo
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad-
difícil - dificílimo jetivo (claros)
doce - dulcíssimo
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
fácil - facílimo
centar ideia de:
fiel - fidelíssimo Tempo: Ela chegou tarde.
Lugar: Ele mora aqui.
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de Modo: Eles agiram mal.
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. Negação: Ela não saiu de casa.
Essa relação pode ser: Dúvida: Talvez ele volte.
1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
todas. Flexão do Advérbio
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
todas. Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
* Note bem: porém, admitem a variação em grau. Observe:
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por
meio dos advérbios muito, extremamente, excepcional- Grau Comparativo
mente, antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- modo que o comparativo do adjetivo:
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re-
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, nato fala tão alto quanto João.
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
popular é constituída do radical do adjetivo português + Renato fala menos alto do que João.
o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. - de superioridade:
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o super- 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
lativo com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os fala mais alto do que João.
terminados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
cheio – cheíssimo. melhor que João.

Fontes de pesquisa: Grau Superlativo


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf32.php O superlativo pode ser analítico ou sintético:
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- - Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São fala muito alto.
Paulo: Saraiva, 2010. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de modo
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altís-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. simo.

* Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-


nho, etc.) são comuns na língua popular.
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos Advérbios Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido

De acordo com a circunstância que exprime, o advér- Há palavras como muito, bastante, que podem apare-
bio pode ser de: cer como advérbio e como pronome indefinido.
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
adentro, afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à
direita, à esquerda, ao lado, em volta. * Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio
Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, (não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante”
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já,
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja:
enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessi-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito,
vamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente,
pois “muitos” não dá!). = advérbio
de vez em quando, de quando em quando, a qualquer mo-
mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. 2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estu-
Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, dei muitos capítulos) = pronome indefinido
acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse Advérbios Interrogativos
modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
“-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa- por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes
cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen- às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
te, bondosamente, generosamente.
Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti- Interrogação Direta Interrogação Indireta
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. Onde mora? Indaguei onde morava.
Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel- Por que choras? Não sei por que choras.
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, Donde vens? Pergunto donde vens.
assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de Quando voltas? Pergunto quando voltas.
todo, de muito, por completo, extremamente, intensamen-
te, grandemente, bem (quando aplicado a propriedades Locução Adverbial
graduáveis).
Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Bran- ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
do, o vento apenas move a copa das árvores. expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. nariamente por uma preposição. Veja:
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
adolescência. dentro, por aqui, etc.
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
meus amigos por comparecerem à festa. geral, frente a frente, etc.
tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
hoje em dia, nunca mais, etc.
* Saiba que:
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-
* Observações:
se ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Fi-
- tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
carei o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o
cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
menos tarde possível. Chegou muito cedo. (advérbio)
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, Joana é muito bela. (adjetivo)
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O alu- De repente correram para a rua. (verbo)
no respondeu calma e respeitosamente.

21
LÍNGUA PORTUGUESA

- Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais * Quando indicado no singular, o artigo definido pode
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: indicar toda uma espécie:
Essa matéria é mais bem interessante que aquela. O trabalho dignifica o homem.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
- O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér- * No caso de nomes próprios personativos, denotando a
bio: Cheguei primeiro. ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do
artigo:
- Quanto a sua função sintática: o advérbio e a lo- Marcela é a mais extrovertida das irmãs.
cução adverbial desempenham na oração a função de O Pedro é o xodó da família.
adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as cir-
cunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao * No caso de os nomes próprios personativos estarem
advérbio. Exemplo: no plural, são determinados pelo uso do artigo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad- Os Maias, os Incas, Os Astecas...
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi- * Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
dade e de tempo, respectivamente. para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o arti-
go), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Fontes de pesquisa:
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
(qualquer classe)
morf75.php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- * Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São cultativo:
Paulo: Saraiva, 2010. Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. * A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de aproximação numérica:
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.

Artigo * O artigo também é usado para substantivar palavras


pertencentes a outras classes gramaticais:
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- Não sei o porquê de tudo isso.
se como o termo variável que serve para individualizar ou
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero * Há casos em que o artigo definido não pode ser usado:
(masculino/feminino) e o número (singular/plural). - antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas:
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va- O professor visitará Roma.
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”). Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a presen-
ça do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela Roma.
Artigos definidos – São aqueles usados para indicar
seres determinados, expressos de forma individual: - antes de pronomes de tratamento:
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Vossa Senhoria sairá agora?
muito. Exceção: O senhor vai à festa?

- após o pronome relativo “cujo” e suas variações:


Artigos indefinidos – São aqueles usados para indi-
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
car seres de modo vago, impreciso:
Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas!
Fontes de pesquisa:
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Saraiva, 2010.
numeral “ambos”: Português: novas palavras: literatura, gramática, redação /
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCONI, Luiz
Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Paulo: Nova Geração, 2010.
do artigo, outros não: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunção 3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-


sando ideia de alternância ou escolha, indicando fatos
Além da preposição, há outra palavra também inva- que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou,
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação: ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
palavras de mesma função em uma oração:
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e 4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
São Paulo. que expressa ideia de conclusão ou consequência. São
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguin-
te, por isso, assim.
Morfossintaxe da Conjunção Marta estava bem preparada para o teste, portanto
não ficou nervosa.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
Classificação da Conjunção que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas:
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as Não demore, que o filme já vai começar.
conjunções podem ser classificadas em coordenativas e Falei muito, pois não gosto do silêncio!
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso- Conjunções Subordinativas
lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
sentido que cada um dos elementos possui. Já no segun- São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
do caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção dependente da outra. A oração dependente, introduzida
depende da existência do outro. Veja: pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começa-
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. do quando ela chegou.
Podemos separá-las por ponto: O baile já tinha começado: oração principal
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo-
ral)
Temos acima um exemplo de conjunção (e, con- ela chegou: oração subordinada
sequentemente, orações coordenadas) coordenativa –
“mas”. Já em: As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
Espero que eu seja aprovada no concurso! tegrantes e adverbiais:
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada
principal): por elas introduzida completa ou integra o sentido da
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos principal. Introduzem orações que equivalem a substan-
uma oração subordinada substantiva objetiva direta (ela tivos, ou seja, as orações subordinadas substantivas. São
exerce a função de objeto direto do verbo da oração prin- elas: que, se.
cipal). Quero que você volte. (Quero sua volta)

Conjunções Coordenativas 2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada


exerce a função de adjunto adverbial da principal. De
São aquelas que ligam orações de sentido completo acordo com a circunstância que expressam, classificam-
e independente ou termos da oração que têm a mesma se em:
função gramatical. Subdividem-se em: a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando ocorrência da oração principal. São elas: porque, que,
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não), como (= porque, no início da frase), pois que, visto que,
não só... mas também, não só... como também, bem como, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas ainda. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
A sua pesquisa é clara e objetiva.
Não só dança, mas também canta. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquan-
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não to, etc.
obstante. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a i) Consecutivas: introduzem uma oração que ex-
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São pressa a consequência da principal. São elas: de sorte que,
elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde de modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito
que, a menos que, sem que, etc. que, que (tendo como antecedente na oração principal uma
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc.
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção exame.
condicional “se” também é conjunção integrante. A di-
ferença é clara ao ler as orações que são introduzidas Atenção: Muitas conjunções não têm classificação
por ela. Acima, ela nos dá a ideia da condição para que única, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de
recebamos um telefonema (se for preciso ajuda). Já na acordo com o sentido que apresentam no contexto
oração: (grifo da Zê!).
Não sei se farei o concurso...
Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: O bom relacionamento entre as conjunções de um
o verbo da oração principal (sei) pede complemento texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú-
(objeto direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”).
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
Portanto, a oração em destaque exerce a função de ob-
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e
jeto direto da oração principal, sendo classificada como
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios
oração subordinada substantiva objetiva direta.
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
d) Conformativas: introduzem uma oração que ex- pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o conjun-
prime a conformidade de um fato com outro. São elas: to das relações que garantem a coesão do enunciado. O
conforme, como (= conforme), segundo, consoante, etc. sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
O passeio ocorreu como havíamos planejado. cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que
estas interferem semanticamente no enunciado.
e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi- Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração prin- junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
cipal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (= textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
para que), que, etc. são de circunstâncias fundamentais à condução da histó-
Toque o sinal para que todos entrem no salão. ria, como as noções de tempo, finalidade, causa e conse-
quência. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes
f) Proporcionais: introduzem uma oração que ex- a linha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso
pressa um fato relacionado proporcionalmente à ocor- das exposições e argumentações construídas por meio de
rência do expresso na principal. São elas: à medida que, contrastes e oposições, que implicam o uso das adversati-
à proporção que, ao passo que e as combinações quanto vas e concessivas.
mais... (mais), quanto menos... (menos), quanto menos...
(mais), quanto menos... (menos), etc. Fontes de pesquisa:
O preço fica mais caro à medida que os produtos es- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
casseiam. php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
nais à medida em que, na medida que e na medida em Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
que. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
g) Temporais: introduzem uma oração que acres-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
centa uma circunstância de tempo ao fato expresso na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes que,
Interjeição
depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sem-
pre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
A briga começou assim que saímos da festa. ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
h) Comparativas: introduzem uma oração que ex- maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
pressa ideia de comparação com referência à oração a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
principal. São elas: como, assim como, tal como, como se, rente de uma situação particular, um momento ou um
(tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, contexto específico. Exemplos:
tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado com menos Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ou mais), etc. ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição

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LÍNGUA PORTUGUESA

O significado das interjeições está vinculado à manei- Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
ra como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva!
sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto em Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus!
que for utilizada. Exemplos: Silêncio: Psiu! Silêncio!
Psiu! Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
contexto: alguém pronunciando esta expressão na
rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha- * Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
mando! Ei, espere!” isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
Psiu! aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig- cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên- se trata de um processo natural desta classe de palavra,
cio!” mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Locução Interjetiva
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
As interjeições cumprem, normalmente, duas fun- tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise
ções: dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha-
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale- me Deus!, Quem me dera!
gria, tristeza, dor, etc.
Ah, deve ser muito interessante! * Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
b) Sintetizar uma frase apelativa. Por exemplo:
Cuidado! Saia da minha frente. Ué! (= Eu não esperava por essa!)
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
As interjeições podem ser formadas por:
a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô 2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
b) palavras: Oba! Olá! Claro! seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gra-
c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu maticais podem aparecer como interjeições. Por exemplo:
Deus! Ora bolas! Viva! Basta! (Verbos)
Fora! Francamente! (Advérbios)
Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
Atenção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
quá!, etc.
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Ânimo! Adiante!
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Essa não! Chega! Basta! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Deus!
Desculpa: Perdão! Fontes de pesquisa:
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
Pô! Ora! Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

Numeral Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais


Numeral é a palavra variável que indica quantidade flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- triplas do medicamento.
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
minada sequência. número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
duas terças partes.
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
que os números indicam em relação aos seres. Assim, dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
quando a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
etc.) não se trata de numerais, mas sim de algarismos. nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a de sentido. É o que ocorre em frases como:
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- “Me empresta duzentinho...”
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, É artigo de primeiríssima qualidade!
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
dúzia, par, ambos(as), novena. segunda divisão de futebol)

Classificação dos Numerais Emprego e Leitura dos Numerais

- Cardinais: indicam quantidade exata ou determina- - Os numerais são escritos em conjunto de três alga-
da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de
sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé- centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
cada, bimestre. separação através de ponto ou espaço correspondente a
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
- Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém - Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
ou alguma coisa ocupa numa determinada sequência: pri-
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
meiro, segundo, centésimo, etc.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
* Observação importante:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
são classificadas como adjetivos, não ordinais.
* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina
por dois zeros, usa-se o “e”:
- Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o nume-
ral venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/ Ordinais Cardinais


uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/ João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
duzentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/ D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
cardinais são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esfor- Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
ço e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e
outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua utilização
exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é dispensado
caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Função sintática do Numeral

O numeral tem mais de uma função sintática:


- se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer papel
de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto direto ou indireto.

Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.


Objeto direto = cinco casas
Núcleo do objeto direto = casas
Adjunto adnominal = cinco
Objeto indireto = de duas
Núcleo do objeto indireto = duas

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos

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LÍNGUA PORTUGUESA

cem centésimo cêntuplo centésimo


duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão
do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja, for-
madas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.

3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente
a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero
ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.

* Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:

1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocábulos
não sofrem alteração.
2. Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o =
do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pronome
“aquilo”).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dicas sobre preposição Utilizando pronomes, teremos:


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
- O “a” pode funcionar como preposição, pronome pes- a destrói...
soal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para mos (homem e natureza).
determiná-lo como um substantivo singular e feminino.
A matéria que estudei é fácil! Grande parte dos pronomes não possuem significa-
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a re-
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. ferência exata daquilo que está sendo colocado por meio
Irei à festa sozinha. dos pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos
Entregamos a flor à professora! pronomes interrogativos e indefinidos, os demais prono-
*o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição. mes têm por função principal apontar para as pessoas do
discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situa-
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o ção no tempo ou no espaço. Em virtude dessa caracterís-
lugar e/ou a função de um substantivo. tica, os pronomes apresentam uma forma específica para
Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos. cada pessoa do discurso.

Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
por meio das preposições: [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
Destino = Irei a Salvador. [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
Modo = Saiu aos prantos. fala]
Lugar = Sempre a seu lado. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Assunto = Falemos sobre futebol. [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Tempo = Chegarei em instantes.
se fala]
Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
Instrumento = Escreveu a lápis.
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
Posse = Vi as roupas da mamãe.
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
Autoria = livro de Machado de Assis
através do pronome seja coerente em termos de gênero
Companhia = Estarei com ele amanhã.
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
Matéria = copo de cristal.
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Meio = passeio de barco.
Origem = Nós somos do Nordeste.
Conteúdo = frascos de perfume. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. nossa escola neste ano.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
cia adequada]
* Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo- [neste: pronome que determina “ano” = concordância
cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre- adequada]
positiva por trás de. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
cordância inadequada]
Fontes de pesquisa:
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- Pronomes Pessoais
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. São aqueles que substituem os substantivos, indi-
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
Pronome quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
forma. ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
O homem julga que é superior à natureza, por isso o ou do caso oblíquo.
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronome Reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos


- 2.ª pessoa do plural (vós): vos
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- - 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flo-
res. * Observações:
- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê- se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união
nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a entre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”.
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Por acompanhar diretamente uma preposição, o prono-
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim con- me “lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na
figurado: oração.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser obje-
- 1.ª pessoa do singular: eu tos diretos como objetos indiretos.
- 2.ª pessoa do singular: tu Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
- 3.ª pessoa do singular: ele, ela objetos diretos.
- 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós - Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com-
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a
formas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos,
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usados lha, lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la,
como complementos verbais na língua-padrão. Frases vo-las. Observe o uso dessas formas nos exemplos que
como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxe- seguem:
ram eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem Trouxeste o pacote?
ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua Sim, entreguei-to ainda há pouco.
formal, devem ser usados os pronomes oblíquos corres- Não contaram a novidade a vocês?
pondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxe- Não, no-la contaram.
ram-me até aqui”.
No Brasil, essas combinações não são usadas; até
mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
* Observação: frequentemente observamos a omis-
são do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
porque as próprias formas verbais marcam, através de
especiais depois de certas terminações verbais.
suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pro-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
nome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Pronome Oblíquo fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na dizer + a = dizê-la
sentença, exerce a função de complemento verbal (ob-
jeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto - Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
indireto) assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no
* Observação: o pronome oblíquo é uma forma va- repõe + os = repõe-nos
riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in- retém + a: retém-na
dica a função diversa que eles desempenham na oração: tem + as = tem-nas
pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblí-
quo marca o complemento da oração. Pronome Oblíquo Tônico
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo
com a acentuação tônica que possuem, podendo ser áto- Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
nos ou tônicos. dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
Pronome Oblíquo Átono função de objeto indireto da oração. Possuem acentuação
tônica forte.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tôni- - 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
ca fraca: Ele me deu um presente. - 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Tabela dos pronomes oblíquos átonos - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
- 1.ª pessoa do singular (eu): me - 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2.ª pessoa do singular (tu): te - 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe - 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observe que as únicas formas próprias do pronome - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). Conhece a ti mesmo.
As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso
reto. - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
Guilherme já se preparou.
- As preposições essenciais introduzem sempre pro- Ela deu a si um presente.
nomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do Antônio conversou consigo mesmo.
caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso
da língua formal, os pronomes costumam ser usados des- - 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
ta forma: Lavamo-nos no rio.
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos.
Não há nenhuma acusação contra mim. Vós vos beneficiastes com esta conquista.
Não vá sem mim.
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
* Atenção: Há construções em que a preposição, Eles se conheceram.
apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para in- Elas deram a si um dia de folga.
troduzir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses
casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito * O pronome é reflexivo quando se refere à mesma
for um pronome, deverá ser do caso reto. pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. ** É pronome recíproco quando indica reciprocidade
Não vá sem eu mandar. de ação:
Nós nos amamos.
* A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” Olhamo-nos calados.
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
Pronomes de Tratamento
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
mim!
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
- A combinação da preposição “com” e alguns pro-
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
nomes originou as formas especiais comigo, contigo, con-
soa. Alguns exemplos:
sigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
de companhia. Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
Ele carregava o documento consigo. sos em geral
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
Ela veio até mim, mas nada falou. sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais,
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido governadores, secretários de Estado, presidente da Repú-
de) inclusão, usaremos as formas retas: blica (sempre por extenso)
Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu) Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, pró- até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
prios, todos, ambos ou algum numeral. igual categoria
Você terá de viajar com nós todos. Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes
Estávamos com vós outros quando chegaram as más de direito
notícias. Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
Ele disse que iria com nós três. cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
Pronome Reflexivo
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são emprega-
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao dos no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no trata-
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe mento familiar. Você e vocês são largamente empregados
a ação expressa pelo verbo. no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
Quadro dos pronomes reflexivos: de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma
- 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim. vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou
Eu não me lembro disso. literária.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: * Note que: A forma do possessivo depende da pes-


* Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de soa gramatical a que se refere; o gênero e o número con-
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em cordam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua
relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se- contribuição naquele momento difícil.
nhor Ministro, compareça a este encontro.
* Observações:
** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado,
Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro- seu José.
priedade.
- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
- Os pronomes de tratamento representam uma forma se. Podem ter outros empregos, como:
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
anos.
- 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi- lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa. - Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. trouxe sua mensagem?

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou - Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-


nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. anotações.
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto - Em algumas construções, os pronomes pessoais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa. oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou se-
guir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) - O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular lugares.
ou
Pronomes Demonstrativos
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular São utilizados para explicitar a posição de certa pala-
vra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode
Pronomes Possessivos
ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
(coisa possuída). *Em relação ao espaço:
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do - Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
singular) pessoa que fala:
Este material é meu.
NÚMERO PESSOA PRONOME - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
singular primeira meu(s), minha(s) pessoa com quem se fala:
singular segunda teu(s), tua(s) Esse material em sua carteira é seu?
singular terceira seu(s), sua(s) - Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
plural primeira nosso(s), nossa(s) distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
plural segunda vosso(s), vossa(s) quem se fala:
Aquele material não é nosso.
plural terceira seu(s), sua(s) Vejam aquele prédio!

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LÍNGUA PORTUGUESA

*Em relação ao tempo: Elas mesmas fizeram isso.


- Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Eles próprios cozinharam.
relação à pessoa que fala: Os próprios alunos resolveram o problema.
Esta manhã farei a prova do concurso! - semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.

- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, - tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
porém relativamente próximo à época em que se situa a
pessoa que fala: * Note que:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! - Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en-
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta- tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
remoto: primeiro lugar.
Naquele tempo, os professores eram valorizados.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
*Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala- irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará: com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or- disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
tografia, concordância. = naquilo)

- Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende Pronomes Indefinidos


fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
mos! so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
quantidade indeterminada.
- Este e aquele são empregados quando se quer fazer Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém
-plantadas.
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
termo referido em primeiro lugar e este para o referido por
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
último:
soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
ser humano que seguramente existe, mas cuja identidade
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
é desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
aquele [Palmeiras])
ou
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres na
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo; frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano,
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo], nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
aquele [Palmeiras])
Algo o incomoda?
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Quem avisa amigo é.
invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque- - Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
la(s). ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quanti-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. dade aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).

* Também aparecem como pronomes demonstrativos: Cada povo tem seus costumes.
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e Certas pessoas exercem várias profissões.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) * Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti-
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te vos, ora pronomes indefinidos adjetivos:
indiquei.) algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
gênero quando têm caráter reforçativo: qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vá-
Eu mesma refiz os exercícios. rios, várias.

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Menos palavras e mais ações. Pronomes Relativos


Alguns se contentam pouco.
São aqueles que representam nomes já mencionados
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
riáveis e invariáveis. Observe: as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, um grupo racial sobre outros.
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne- tros = oração subordinada adjetiva).
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, O pronome relativo “que” refere-se à palavra “siste-
outras, quantas. ma” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a pa-
lavra “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
algo, cada.
nome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu- Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
ral é feito em seu interior). expresso.
Quem casa, quer casa.
- Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: Observe:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) quantas.
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.

São locuções pronominais indefinidas: cada qual, Note que:


cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), - O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Cada um escolheu o vinho desejado. seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Indefinidos Sistemáticos A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
a qual)
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi- quais)
ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm as quais)
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade - O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
e qualquer, que generaliza.
(que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
Essas oposições de sentido são muito importantes na
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
de que fazem parte: neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de São
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado
prático. (quem me deixou encantado: o sítio ou minha tia?).
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
pessoas quaisquer. dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
za-se o qual / a qual)
*Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
que se refere à unidade. Repare: - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
Nenhum candidato foi aprovado. e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
numeral)

34
LÍNGUA PORTUGUESA

- O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o con- ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
sequente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne- gente que conversava, (que) ria, observava.
ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais. Pronomes Interrogativos
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente) São usados na formulação de perguntas, sejam elas
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
*interpretação do pronome “cujo” na frase acima: dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
ações das pessoas. É como se lêssemos “de trás para fren- preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
te”. Outro exemplo: variações), quanto (e variações).
Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro) Com quem andas?
Qual seu nome?
** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro- Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
nome:
O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu- Sobre os pronomes:
se a)
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por an- ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblí-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) quo quando desempenha função de complemento.
e tudo: 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários. 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
(antecedente) lhe ajudar.
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem- reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce fun-
pre precedido de preposição. ção de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
É um professor a quem muito devemos. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
(preposição) so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
casa onde morava foi assaltada.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
dos de preposição.
ou em que.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
eu estava fazendo.
no exterior.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
mim o que eu estava fazendo.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as
palavras: Fontes de pesquisa:
- como (= pelo qual) – desde que precedida das pala- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
vras modo, maneira ou forma: morf42.php
Não me parece correto o modo como você agiu sema- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
na passada. Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
- quando (= em que) – desde que tenha como antece- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
dente um nome que dê ideia de tempo: Paulo: Saraiva, 2010.
Bons eram os tempos quando podíamos jogar video- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
game. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

- Os pronomes relativos permitem reunir duas ora- Substantivo


ções numa só frase.
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
esporte. veis, as quais denominam todos os seres que existem,
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
fenômenos, os substantivos também nomeiam:

35
LÍNGUA PORTUGUESA

-lugares: Alemanha, Portugal Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode
-sentimentos: amor, saudade ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes-
-estados: alegria, tristeza soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro
-qualidades: honestidade, sinceridade... ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um
-ações: corrida, pescaria... substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
Morfossintaxe do substantivo des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (es-
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- tado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sen-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como timento).
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, Substantivos Coletivos
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do ob- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
jeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos outra abelha, mais outra abelha.
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem- Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
penhadas por grupos de palavras.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
Classificação dos Substantivos cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
Substantivos Comuns e Próprios palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan-
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de
Observe a definição: seres da mesma espécie (abelhas).

Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca- O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda
a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
(em oposição aos bairros). mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
res da mesma espécie.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada Substantivo coletivo Conjunto de:
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
tivo comum. assembleia pessoas reunidas
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de alcateia lobos
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
acervo livros
homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona. antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
banda músicos
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de bando desordeiros ou malfeitores
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. banca examinadores

Substantivos Concretos e Abstratos batalhão soldados


cardume peixes
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser caravana viajantes peregrinos
que existe, independentemente de outros seres.
cacho frutas
Observação: os substantivos concretos designam se- cancioneiro canções, poesias líricas
res do mundo real e do mundo imaginário. colmeia abelhas
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília. concílio bispos
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- congresso parlamentares, cientistas
ma. elenco atores de uma peça ou filme
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres esquadra navios de guerra
que dependem de outros para se manifestarem ou exis- enxoval roupas
tirem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

falange soldados, anjos Substantivo Composto: é aquele formado por dois


ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passa-
fauna animais de uma região tempo.
feixe lenha, capim
Substantivos Primitivos e Derivados
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
girândola fogos de artifício nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se ori-
horda bandidos, invasores
ginou a partir da palavra limão.
médicos, bois, credores, Substantivo Derivado: é aquele que se origina de
junta
examinadores outra palavra.
júri jurados
Flexão dos substantivos
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
malta malfeitores ou desordeiros vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
manada búfalos, bois, elefantes,
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
matilha cães de raça meninão / Diminutivo: menininho
molho chaves, verduras
Flexão de Gênero
multidão pessoas em geral
insetos (gafanhotos, Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
nuvem
mosquitos, etc.) vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
penca bananas, chaves a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
pinacoteca pinturas, quadros a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
quadrilha ladrões, bandidos Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
ramalhete flores feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
rebanho ovelhas que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
estes títulos de filmes:
repertório peças teatrais, obras musicais O velho e o mar
réstia alhos ou cebolas Um Natal inesquecível
romanceiro poesias narrativas Os reis da praia

revoada pássaros Pertencem ao gênero feminino os substantivos que


sínodo párocos podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
talha lenha A história sem fim
Uma cidade sem passado
tropa muares, soldados As tartarugas ninjas
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

Formação dos Substantivos Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam


Substantivos Simples e Compostos uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mu-
lher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,
terra. que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
O substantivo chuva é formado por um único elemen- Classificam-se em:
to ou radical. É um substantivo simples.
- Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
Substantivo Simples: é aquele formado por um úni- se faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fê-
co elemento. mea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. jacaré fêmea.
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por - Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a
composto. vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

- Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in- Formação do Feminino dos Substantivos Unifor-
dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e mes
a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
Epicenos:
Saiba que: Substantivos de origem grega termina- Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
dos em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema,
o sistema, o sintoma, o teorema. Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
- Existem certos substantivos que, variando de gêne- forma para indicar o masculino e o feminino.
ro, variam em seu significado: Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz) ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo) chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
o capital (dinheiro) e a capital (cidade) houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba) palavras macho e fêmea.
o lente (professor) e a lente (vidro de aumento) A cobra macho picou o marinheiro.
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclu- A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
são)
o praça (soldado raso) e a praça (área pública) Sobrecomuns:
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emis- Entregue as crianças à natureza.
sora)
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
Formação do Feminino dos Substantivos Bifor- masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
mes nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno A criança chorona chamava-se João.
- aluna. A criança chorona chamava-se Maria.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa Outros substantivos sobrecomuns:
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
de três formas: boa criatura.
1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã Marcela faleceu
3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Comuns de Dois Gêneros:
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- sultana
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- Substantivos terminados em -or:
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
A distinção de gênero pode ser feita através da análi-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs-
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa /
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
duque - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
repórter francês - repórter francesa
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e
final por -a: elefante - elefanta - A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros.
- Substantivos que têm radicais diferentes no mascu- a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
lino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nu-
vens os personagens dos contos de carochinha.
- Substantivos que formam o feminino de maneira b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femi-
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras ante- nino: O problema está nas mulheres de mais idade, que
riores: czar – czarina, réu - ré não aceitam a personagem.

- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo


fotográfico Ana Belmonte.

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Flexão de Número do Substantivo

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Em português, há dois números gramaticais: o singu-


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
proclama, o pernoite, o púbis. do plural é o “s” final.
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a Plural dos Substantivos Simples
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- - cânones.
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- em “ns”: homem - homens.
coma, o hematoma.
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
* Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.

Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções, * Atenção: O plural de caráter é caracteres.
nomes de cidades são femininos.
A histórica Ouro Preto. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A dinâmica São Paulo. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A acolhedora Porto Alegre. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
Uma Londres imensa e triste. e cônsules.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no mascu-
lino e outra no feminino. Observe: Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai
à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas- - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou duas maneiras:
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do 1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a 2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capi- riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
tal (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabelei-
ra), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural
(cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na admi- de três maneiras.
nistração da crisma e de outros sacramentos), a crisma 1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato 2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta 3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
planície de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
guia (documento, pena grande das asas das aves), o grama
o látex - os látex.
(unidade de peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da
caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamentos), o lente Plural dos Substantivos Compostos
(professor), a lente (vidro de aumento), o moral (ânimo), a
moral (honestidade, bons costumes, ética), o nascente (lado - A formação do plural dos substantivos compostos
onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fumaça depende da forma como são grafados, do tipo de palavras
(trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomoti- que formam o composto e da relação que estabelecem en-
va movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
rádio (emissora), o voga (remador), a voga (moda). girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
queres.

39
LÍNGUA PORTUGUESA

O plural dos substantivos compostos cujos elementos Plural dos Diminutivos


são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
- Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
dos de: pãe(s) + zinhos = pãezinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- animai(s) + zinhos = animaizinhos
feitos botõe(s) + zinhos = botõezinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
mens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quan-
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
do formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas flore(s) + zinhas = florezinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e mão(s) + zinhas = mãozinhas
alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re- papéi(s) + zinhos = papeizinhos
cos nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quan-
do formados de: túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pai(s) + zinhos = paizinhos
de-colônia e águas-de-colônia pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor pé(s) + zitos = pezitos
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o Plural dos Nomes Próprios Personativos
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
peixe-espada - peixes-espada. sempre que a terminação preste-se à flexão.

- Permanecem invariáveis, quando formados de: Os Napoleões também são derrotados.


verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora As Raquéis e Esteres.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
ca-rolhas Plural dos Substantivos Estrangeiros

* Casos Especiais Substantivos ainda não aportuguesados devem ser


escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
o louva-a-deus e os louva-a-deus shorts, os jazz.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
o joão-ninguém e os joões-ninguém. pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.
Plural das Palavras Substantivadas
Observe o exemplo:
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Este jogador faz gols toda vez que joga.
classes gramaticais usadas como substantivo, apresen- O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras. Plural com Mudança de Timbre
O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. Certos substantivos formam o plural com mudança de
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
* Observação: numerais substantivados terminados fonético chamado metafonia (plural metafônico).
em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais
consegui muitos seis e alguns dez.

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Singular Plural - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho


do ser. Pode ser:
Corpo (ô) corpos (ó) Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
esforço esforços vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
fogo fogos Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
forno fornos
fosso fossos Fontes de pesquisa:
imposto impostos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf12.php
olho olhos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
osso (ô) ossos (ó) Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ovo ovos Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
poço poços Paulo: Saraiva, 2010.
porto portos
posto postos Verbo
tijolo tijolos Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
etc. outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
* Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha). Estrutura das Formas Verbais

Particularidades sobre o Número dos Substanti- Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
vos os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o sig-
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o nificado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava;
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. fal-am. (radical fal-)
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsa- - Tema: é o radical seguido da vogal temática que
mes, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. indica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo:
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do fala-r. São três as conjugações:
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática -
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas - Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
com sentido de plural: signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
Aqui morreu muito negro. falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em cape- vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
las improvisadas. - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número
Flexão de Grau do Substantivo (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir (indica a 3.ª pessoa do plural.)
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
* Observação: o verbo pôr, assim como seus deriva-
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside- dos (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação,
rado normal. Por exemplo: casa pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad- Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-

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LÍNGUA PORTUGUESA

to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, * Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Ama-
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. nheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido
figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sen-
Classificação dos Verbos tido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou
seja, terá conjugação completa.
Classificam-se em: Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
- Regulares: são aqueles que apresentam o radical Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
inalterado durante a conjugação e desinências idênticas
às de todos os verbos regulares da mesma conjugação. * São impessoais, ainda:
Por exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, - o verbo passar (seguido de preposição), indicando
conjugados no presente do Modo Indicativo: tempo: Já passa das seis.

canto falo - os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


“de”, indicando suficiência:
cantas falas Basta de tolices.
canta falas Chega de promessas.
cantamos falamos
- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
cantais falais Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem re-
cantam falam ferência a sujeito expresso anteriormente (por exemplo:
“ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito
* Dica: Observe que, retirando os radicais, as desinên- como hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.
cias modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se - o verbo dar + para da língua popular, equivalente de
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju- “ser possível”. Por exemplo:
gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo. Não deu para chegar mais cedo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do Dá para me arrumar uma apostila?
verbo andar). Viu? Fácil!
- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera- jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse. plural. São unipessoais os verbos constar, convir, ser (=
* Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra- preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de ani-
dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso mais (cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).
de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o * Observação: os verbos unipessoais podem ser usa-
fonema permanece inalterado. dos como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- O que é que aquela garota está cacarejando?
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
putar, reaver, abolir, falir. Principais verbos unipessoais:

- Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. (preciso, necessário):
Os principais verbos impessoais são: Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
bastante)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
zar-se ou fazer (em orações temporais). É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam) 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, se-
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) guidos da conjunção que.
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo) vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci. * Observação: todos os sujeitos apontados são ora-
Estava frio naquele dia. cionais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui)
e ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa
das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita
no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito Formas Nominais


(eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai so-
bre ela mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-
vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas nominais. Observe:
serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical 1-) Infinitivo
do próprio verbo. 1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
respectivos pronomes): substantivo. Por exemplo:
Eu me arrependo Viver é lutar. (= vida é luta)
Tu te arrependes É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
Vós vos arrependeis te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo:
Eles se arrependem
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular,
do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai so-
não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do
bre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos
impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
com os pronomes mencionados, formando o que se cha- 1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
ma voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava. 2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexi- 3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
va pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
exemplo: A garota penteou-me.
2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adje-
* Observações: tivo ou advérbio. Por exemplo:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os prono- Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de
mes oblíquos átonos dos verbos pronominais não pos- advérbio)
suem função sintática. Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
- Há verbos que também são acompanhados de pro-
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmen- Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação
te pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; * Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis-
me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
Modos Verbais futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadei- Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada,
ro. Existem três modos: pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no mo-
mento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a lo-
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu cução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro
estudo para o concurso. em andamento, exigindo, no caso, a construção “verifica-
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: rei” ou “vou verificar”.
Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, 3-) Particípio: quando não é empregado na formação
colega! dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o
resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
nero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamen-
te terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou
desejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

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LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

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LÍNGUA PORTUGUESA

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pe-
dido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.
fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões sobre Verbo

1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é:
A) Houveram eleições em outros países este ano.
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos.
D) Fazem três anos que não tiro férias.
E) Esse homem possue muitos bens.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Correções à frente: associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso


A) Houveram eleições em outros países este ano = prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o ter-
houve mo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem a
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha che- necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
gado Temos: faz, haver, têm.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”. Vozes do Verbo

2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA- Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con- se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância. que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - pre-
térito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agen-
te da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o
verbo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
“veio”, portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
ele não deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa
B. Como não há outro item com a mesma opção, chega- O menino feriu-se.
mos à resposta rapidamente!
RESPOSTA: “A”. * Observação: não confundir o emprego reflexivo do
3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO verbo com a noção de reciprocidade:
– VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir. Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Já __________ alguns anos que estudos a respeito da Nós nos amamos. (um ama o outro)
utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos Formação da Voz Passiva
para associar alguns comportamentos dos adolescentes
ao uso prolongado desses aparelhos, e _________ alertado A voz passiva pode ser formada por dois processos:
os pais para que avaliem a necessidade de estabelecer analítico e sintético.
limites aos seus filhos.
De acordo com a norma-padrão da língua portugue- 1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
sa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e maneira:
respectivamente, com:
(A) faz … haver … têm Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exem-
(B) fazem … haver … tem plo:
(C) faz … haverem … têm A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
(D) fazem … haverem … têm os alunos pintarão a escola)
(E) faz … haverem … tem O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns * Observação: o agente da passiva geralmente é
anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos smar- acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a
tphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas acre- construção com a preposição de. Por exemplo: A casa fi-
ditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos para cou cercada de soldados.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

- Pode acontecer de o agente da passiva não estar * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma- ** Saiba que:
ção das frases seguintes: - com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) porque o sujeito não pode ser visto como agente, pacien-
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per- te ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa) Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) morf54.php
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
tivo) Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assu- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
me o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz
ativa. Observe a transformação da frase seguinte: Questões
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, se- (A) que o instituto Endeavor traz;
guido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: (B) que o instituto Endeavor trouxe;
Abriram-se as inscrições para o concurso. (C) trazida pelo instituto Endeavor;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
(E) que traz o instituto Endeavor.
* Observação: o agente não costuma vir expresso na
voz passiva sintética. 1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa te-
remos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva tempo verbal no pretérito – assim como na passiva).
RESPOSTA: “B”.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
substancialmente o sentido da frase.
2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 -
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por
Sujeito da Ativa objeto Direto muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal:
A apostila foi comprada pelo concurseiro. A) consideravam.
(Voz Passiva) B) consideram.
Sujeito da Passiva Agente da Passi- C) considerem.
va D) considerarão.
E) considerariam.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo 2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então
tempo. Observe: na ativa teremos UM: muitos o consideram o maior mara-
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu- tonista de todos os tempos.
nos. RESPOSTA: “B”.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe-
los mestres. 3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014)
- Eu o acompanharei. Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar
Ele será acompanhado por mim. uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal
resultante deverá ser

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) terei glosado Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular


(B) seria glosada enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
(C) haverá de ser glosada destaque aos elementos que formam esse conjunto.
(D) será glosada
(E) terá sido glosada 2) Quando o sujeito é formado por expressão que
indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos
3-) “vou glosar uma observação de Machado de As- de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo
sis” – “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na concorda com o substantivo.
passiva: uma observação de Machado de Assis será glo- Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
sada por mim. Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida-
RESPOSTA: “D”. de.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL. Observação: quando a expressão “mais de um” asso-


ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
(ofenderam um ao outro)
Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos. 3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, deve ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar o plural.
sivos” está concordando em gênero (masculino) e número Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
(plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Estados Unidos possui grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Alagoas impressiona pela beleza das praias.
nero correspondem-se. As Minas Gerais são inesquecíveis.
A correspondência de flexão entre dois termos é a Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
concordância, que pode ser verbal ou nominal.
4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
Concordância Verbal indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos,
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o ver-
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com bo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira
seu sujeito. pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
a) Sujeito Simples - Regra Geral Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
em número e pessoa. Veja os exemplos: vadoras.
A prova para ambos os cargos será aplicada
às 13h. Observação: veja que a opção por uma ou outra for-
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular ma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando
alguém diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. nada fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omis-
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural sos. Isso não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós
sabiam de tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma
Casos Particulares denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
1) Quando o sujeito é formado por uma expressão ver no singular, o verbo ficará no singular.
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, Qual de nós é capaz?
a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida Algum de vós fez isso.
de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode
ficar no singular ou no plural. 5) Quando o sujeito é formado por uma expressão
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. que indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram deve concordar com o substantivo.
proposta. 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
85% dos entrevistados não aprovam a administração
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos do prefeito.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda- 1% do eleitorado aceita a mudança.
los destruiu / destruíram o monumento. 1% dos alunos faltaram à prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando a expressão que indica porcentagem não é 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a ne-
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nhum sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
número. gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de existir;
25% querem a mudança. Fazer indicando tempo; Aqueles que indicam fenômenos
1% conhece o assunto. da natureza. Exemplos:
Havia muitas garotas na festa.
Se o número percentual estiver determinado por ar- Faz dois meses que não vejo meu pai.
tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com Chovia ontem à tarde.
eles:
Os 30% da produção de soja serão exportados. b) Sujeito Composto
Esses 2% da prova serão questionados.
1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
6) O pronome “que” não interfere na concordância; bo, a concordância se faz no plural:
Pai e filho conversavam longamente.
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
Sujeito
singular.
Fui eu que paguei a conta.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fomos nós que pintamos o muro. Sujeito
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Não serão eles quem será aprovado. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece
sumir a forma plural. sobre a terceira (eles). Veja:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
taram os poetas. Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram!
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos Segunda Pessoa do Plural (Vós)
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular:
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
*Quando “um dos que” vem entremeada de substan-
tivo, o verbo pode: Observação: quando o sujeito é composto, formado
a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atra- por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira
vessa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que (ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do
faça o mesmo). plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no
b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão lugar de “tomaríeis”.
poluídos (noção de que existem outros rios na mesma
condição). 3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
passa a existir uma nova possibilidade de concordância:
em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei-
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
do sujeito mais próximo.
Vossa Excelência está cansado?
Faltaram coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Faltou coragem e competência.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se Compareceu o banca e todos os candidatos.
de acordo com o numeral.
Deu uma hora no relógio da sala. 4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Deram cinco horas no relógio da sala. dância é feita no plural. Observe:
Soam dezenove horas no relógio da praça. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Baterão doze horas daqui a pouco. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.

Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra Casos Particulares


relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse su-
jeito. 1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Soa quinze horas o relógio da matriz. Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.

56
LÍNGUA PORTUGUESA

2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
dispostos em gradação, verbo no singular: pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
gundo me satisfaz. verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
3) Quando os núcleos do sujeito composto são uni- Nordeste.
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
acordo com o valor semântico das conjunções: notícia.
Drummond ou Bandeira representam a essência da
poesia brasileira. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
é feita com esse termo resumidor.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
“adição”. Já em: tia.
Juca ou Pedro será contratado. Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- na vida das pessoas.
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular. 1) O Verbo e a Palavra “SE”
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem duas de particular interesse para a concordância verbal:
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
Um ou outro compareceu à festa. b) quando é partícula apassivadora.
Nem um nem outro saiu do colégio. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
singular: Um e outro farão/fará a prova.
terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.
5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Confia-se em teses absurdas.
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
tem sentido muito próximo ao de “e”.
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes-
O pai com o filho montaram o brinquedo.
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
O governador com o secretariado traçaram os planos
Exemplos:
para o próximo semestre.
O professor com o aluno questionaram as regras. Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se Aqui não se cometem equívocos
a ideia é enfatizar o primeiro elemento. Alugam-se casas.
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos para ** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivado-
o próximo semestre. ra ou índice de indeterminação do sujeito, tente trans-
O professor com o aluno questionou as regras. formar a frase para a voz passiva. Se a frase construída
for “compreensível”, estaremos diante de uma partícula
Observação: com o verbo no singular, não se pode apassivadora; se não, o “se” será índice de indetermina-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez ção. Veja:
que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” Precisa-se de funcionários qualificados.
são adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é Tentemos a voz passiva:
como se houvesse uma inversão da ordem. Veja: Funcionários qualificados são precisados (ou preci-
“O pai montou o brinquedo com o filho.” sos)? Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice
“O governador traçou os planos para o próximo semes- de indeterminação do sujeito.
tre com o secretariado.” Agora:
“O professor questionou as regras com o aluno.” Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta!
*Casos em que se usa o verbo no singular: Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu
Café com leite é uma delícia! passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per-
O frango com quiabo foi receita da vovó. cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).

57
LÍNGUA PORTUGUESA

2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”


A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
do sujeito. xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.

Quando o sujeito ou o predicativo for: b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
tivo sofre flexão:
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER As crianças parece gostarem do desenho.
concorda com a pessoa gramatical: (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
Ele é forte, mas não é dois. crianças)
Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural:
Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles
Quando o verbo SER indicar se ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
metros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas de-
nunciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:
c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade a) Adjetivo anteposto aos substantivos:
e for seguido de palavras ou expressões como pouco, mui- - O adjetivo concorda em gênero e número com o
to, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular: substantivo mais próximo.
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Duas semanas de férias é muito para mim. Encontramos caído o prendedor e a roupa.

d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) - Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
o verbo.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
No meu setor, eu sou a única mulher.
Aqui os adultos somos nós. b) Adjetivo posposto aos substantivos:
- O adjetivo concorda com o substantivo mais pró-
Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre- ximo ou com todos eles (assumindo a forma masculina
dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo plural se houver substantivo feminino e masculino).
concorda com o pronome sujeito. A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
Eu não sou ela. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
Ela não é eu. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o Observação: os dois últimos exemplos apresentam
verbo SER concordará com o predicativo. maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente
A grande maioria no protesto eram jovens. se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo
O resto foram atitudes imaturas. foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predo-
minante quando há substantivos de gêneros diferentes.

58
LÍNGUA PORTUGUESA

- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o Casos Particulares


adjetivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s). É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
O carro e o iate novo(s). permitido

3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o subs- adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se refe-
tantivo não for acompanhado de nenhum modificador: rem possuir sentido genérico (não vier precedido de ar-
Água é bom para saúde. tigo).
É proibido entrada de crianças.
b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for Em certos momentos, é necessário atenção.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- No verão, melancia é bom.
tivo: Esta água é boa para saúde. É preciso cidadania.
Não é permitido saída pelas portas laterais.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os
b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
muito felizes.
como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
5) Nas expressões formadas por pronome indefinido
Esta salada é ótima.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + A educação é necessária.
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino São precisas várias medidas na educação.
singular: Os jovens tinham algo de misterioso.
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Quite
função adjetiva e concorda normalmente com o nome a
que se refere: Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
Cristina saiu só. mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Cristina e Débora saíram sós. Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Observação: quando a palavra “só” equivale a “so- Muito obrigadas, disseram as senhoras.
mente” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, por- Seguem inclusos os papéis solicitados.
tanto, invariável: Eles só desejam ganhar presentes. Estamos quites com nossos credores.
** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Se a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de ad- Bastante - Caro - Barato - Longe
vérbio, portanto, invariável; se houver coerência com o
segundo, função de adjetivo, então varia: Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad- rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
vérbio tivos, ou numerais.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: (pronome adjetivo)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descan- Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
As casas estão caras. (adjetivo)
sando)
Achei barato este casaco. (advérbio)
7) Quando um único substantivo é modificado por
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as
construções: Meio - Meia
a) O substantivo permanece no singular e coloca-se
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espa- a) A palavra “meio”, quando empregada como adjeti-
nhola e a portuguesa. vo, concorda normalmente com o nome a que se refere:
Pedi meia porção de polentas.
b) O substantivo vai para o plural e omite-se o ar-
tigo antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e b) Quando empregada como advérbio permanece in-
portuguesa. variável: A candidata está meio nervosa.

** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim


saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
candidata está um pouco nervosa”.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

Alerta - Menos 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”,


indireto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem não gosto.
sempre invariáveis. RESPOSTA: “E”.
Os concurseiros estão sempre alerta.
Não queira menos matéria! 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada
a substituição do segmento grifado pelo que está entre
* Tome nota! parênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá
Não variam os substantivos que funcionam como ad- permanecer no singular está em:
jetivos: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Bomba – notícias bomba quisadores)
Chave – elementos chave (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
Monstro – construções monstro ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Padrão – escola padrão (C) No sistema havia também uma estação... (várias
estações)
Fontes de pesquisa: (D) ... a civilização maia da América Central tinha um
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
php que habitavam a América Central)
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- (E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
Saraiva, 2010. blicado).
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-)
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação (A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con-
tribuíram) (as mudanças do clima)
Questões (C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá
no singular
1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA (D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti-
E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS- nham) (os povos que habitavam a América Central)
TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar (E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos-
satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado).
estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
RESPOSTA: “C”.
Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Excelência”.
( ) CERTO ( ) ERRADO REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.

1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-


nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome (regência nominal) e seus complementos.
de tratamento, apenas).
RESPOSTA: “ERRADO”. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO

2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO A regência verbal estuda a relação que se estabelece
RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA- entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”, adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regên-
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a cia, o que corresponde à diversidade de significados que
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver- estes verbos podem adquirir dependendo do contexto
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão, em que forem empregados.
deveria ser A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador. contentar.
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador. A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador. agrado ou prazer”, satisfazer.
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador. Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
(E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no eleva- “agradar a alguém”.
dor.

60
LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sendo Amam aquele rapaz. / Amam-no.
dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação
formas em frases distintas. de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
1-) Verbos Intransitivos terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos
- Chegar, Ir
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
mes átonos lhe, lhes.
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Fui ao teatro.
- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Adjunto Adverbial de Lugar
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
Ricardo foi para a Espanha. tos iguais para todos.
Adjunto Adverbial de Lugar
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
- Comparecer mentos introduzidos pela preposição “a”:
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
em ou a. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
timo jogo. - Responder - Tem complemento introduzido pela
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indi-
2-) Verbos Transitivos Diretos car “a quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondemos às perguntas.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição Respondeu-lhe à altura.
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos Observação: o verbo responder, apesar de transitivo
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes indireto quando exprime aquilo a que se responde, admi-
podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais te voz passiva analítica:
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas O questionário foi respondido corretamente.
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
quando complementos verbais, objetos indiretos. mente.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, mentos introduzidos pela preposição “com”.
castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, Antipatizo com aquela apresentadora.
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. vernam para uma minoria privilegiada.

61
LÍNGUA PORTUGUESA

4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Saiba que:


- A construção “pedir para”, muito comum na lin-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- guagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem língua culta. No entanto, é considerada correta quando a
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São palavra licença estiver subentendida.
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
e objeto indireto relacionado a pessoas.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Agradeço aos ouvintes a audiência. uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
Objeto Indireto Objeto tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Prefiro trem a ônibus.
com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. Mudança de Transitividade - Mudança de Significado
Informar
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e obje- Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
to indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. tividade, apresentam mudança de significado. O conheci-
Informe os novos preços aos clientes. mento das diferentes regências desses verbos é um recur-
so linguístico muito importante, pois além de permitir a
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
correta interpretação de passagens escritas, oferece pos-
vos preços)
sibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os
principais, estão:
- Na utilização de pronomes como complementos,
veja as construções:
AGRADAR
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
ços.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Sempre agrada o filho quando.
sobre eles) Aquele comerciante agrada os clientes.
Observação: a mesma regência do verbo informar é - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cienti- agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
ficar, prevenir. introduzido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparar O cantor não lhes agradou.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- *O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com to: O cantor desagradou à plateia.
o) de uma criança.
ASPIRAR
Pedir - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
de pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi-
Pedi-lhe favores. rávamos a ele)
Objeto Indireto Objeto Direto
* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
tantiva Objetiva Direta Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)

62
LÍNGUA PORTUGUESA

ASSISTIR IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- - Como transitivo direto, esse verbo tem dois senti-
tar assistência a, auxiliar. dos:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. implicavam um firme propósito.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, pre- acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
senciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário. - Como transitivo direto e indireto, significa compro-
Não assisti às últimas sessões. meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
Essa lei assiste ao inquilino. econômicas.

*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in- * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
NAMORAR
CHAMAR - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, dois anos.
solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha- OBEDECER - DESOBEDECER
má-la. - Sempre transitivo indireto:
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- *Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
dicativo preposicionado ou não. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário. PROCEDER
A torcida chamou o jogador de mercenário. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
A torcida chamou ao jogador de mercenário. cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
adverbial de modo.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronomi-
As afirmações da testemunha procediam, não havia
nal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
como refutá-las.
Você procede muito mal.
CUSTAR
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- Procedeu-se aos exames.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração O delegado procederá ao inquérito.
reduzida de infinitivo.
QUERER
Muito custa viver tão longe da - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
família. vontade de, cobiçar.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Querem melhor atendimento.
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Queremos um país melhor.

Custou-me (a mim) crer nisso. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afei-
Objeto Indireto Oração Subordinada ção, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
VISAR
*A Gramática Normativa condena as construções que - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
pessoa: Custei para entender o problema. = Forma O homem visou o alvo.
correta: Custou-me entender o problema. O gerente não quis visar o cheque.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR

- São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:


Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante: A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a
preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo
significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes corres-
pondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.


Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados:
paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta
da língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es-


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro forçou.
viajar de ônibus a dirigir e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu nidade.
nome
C) Você assistiu à cena toda? = correta f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
oficina pela manhã lhe disse isso?
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe-
deço às leis de trânsito 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan-
RESPOSTA: “C”. to se ofendem!

2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- Que Deus o ajude.
guinte trecho para responder à questão.
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o prono-
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imu- me reto ou sujeito expresso:
nológica melhor a essa medida, similar _______________ . Eu lhe entregarei o material amanhã.
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: Tu sabes cantar?
(A) das mulheres
(B) às mulheres Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
(C) com das mulheres verbo. A mesóclise é usada:
(D) à das mulheres
(E) ao das mulheres Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
em prol da paz no mundo.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
RESPOSTA: “D”.
lizará”:
realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma pa-
lavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
Veja: Não se realizará...
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos nharia nessa viagem).
pronomes oblíquos átonos na frase.
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: forem possíveis:
OBlíquo = OBjeto!
1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Embora na linguagem falada a colocação dos pro- Quando eu avisar, silenciem-se todos.
nomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita. 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada: 3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
se inicia período com pronome oblíquo).
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que Vou-me embora agora mesmo.
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Levanto-me às 6h.
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
jamais, etc.: Não se desespere! 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
b) Advérbios: Agora se negam a depor.
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
quem tudo!
proposta fazendo-se de desentendida.

66
LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação pronominal nas locuções verbais A) Há políticas que a reconhecem.


- após verbo no particípio = pronome depois do ver- B) Há políticas que reconhecem-a.
bo auxiliar (e não depois do particípio): C) Há políticas que reconhecem-na.
Tenho me deliciado com a leitura! D) Há políticas que reconhecem ela.
Eu tenho me deliciado com a leitura! E) Há políticas que lhe reconhecem.
Eu me tenho deliciado com a leitura!
- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indire-
to. Como temos a presença do “que” – independente de
- quando há um fator para próclise nos tempos com- sua função no período (pronome relativo, no caso!) – a
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome regra pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo):
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocu- que a reconhecem.
par (e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente
Emprego de o, a, os, as foi realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
2-)
tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu =
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
correta
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = cor-
reta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na,
(D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.
* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B” e
Paulo: Saraiva, 2010. “D”. Ao iniciarmos um parágrafo (já que no enunciado te-
mos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzando
Questões -os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou


CRASE. A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifi-
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais cado, ocorrerá crase. Veja:
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Irei à Salvador de Jorge Amado.
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- * A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
qual, às quais. regente exigir complemento regido da preposição “a”.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- Entregamos a encomenda àquela menina.
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal (preposição + pronome demonstrativo)
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - Iremos àquela reunião.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o (preposição + pronome demonstrativo)
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
contratada recentemente. (preposição + pronome demonstrativo)
Após a junção da preposição com o artigo (destaca- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
dos entre parênteses), temos: verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento gra-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata- ve:
da recentemente. - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade...
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re- de...
ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o
pronome demonstrativo aquela (àquela).
* Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Observação importante: Alguns recursos servem de
Eu adoro a noite!
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
da crase. Eis alguns:
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase preposição.
está confirmada.
Os dados foram solicitados à diretora. Casos passíveis de nota:
Os dados foram solicitados ao diretor.
*a crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui- ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na ex-
pressão “voltar da”, há a confirmação da crase. *também é facultativa diante de pronomes possessi-
Faremos uma visita à Bahia. vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma-
da) *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fica-
rá aberta até as (às) dezoito horas.
Não me esqueço da viagem a Roma.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
mais vividos. tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se por comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
está confirmada. * Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
praias. a queima de fogos a distância.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

Entretanto, se o termo vier determinado, teremos Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo,
foi arremessado à distância de cem metros. o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede,
no caso de o termo regente exigir a preposição.
- De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Ensino à distância. *não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
Ensino a distância. em sentido genérico ou indeterminado:
Estamos sujeitos a críticas.
* Em locuções adverbiais formadas por palavras repe- Refiro-me a conversas paralelas.
tidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor. Fontes de pesquisa:
Eu o seguirei passo a passo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html
Casos em que não se admite o emprego da crase: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
* Antes de vocábulos masculinos. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
As produções escritas a lápis não serão corrigidas. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São
Esta caneta pertence a Pedro. Paulo: Saraiva, 2010.
* Antes de verbos no infinitivo. Questões
Ele estava a cantar.
Começou a chover.
1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamen-
* Antes de numeral.
te as lacunas da frase a seguir.
O número de aprovados chegou a cem.
Quando________ três meses disse-me que iria _________
Faremos uma visita a dez países.
Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
-la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
Observação:
A-) a - há - à - à - às
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio-
B-) há - à - a - a – às
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. C-) há - a - há - à - as
D-) a - à - a - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está E-) a - a - à - há – as
confirmada, visto que estes não podem ser empregados
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
aluna da classe. me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para
visitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando A (ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais
essa não se apresentar determinada: Chegamos todos tinha direito (tinha direito a quê? às milhas – regência no-
exaustos a casa. minal). Teremos: há, à, a, a, às.
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto RESPOSTA: “B”.
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
exaustos à casa de Marcela. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
VUNESP/2014)
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a trabalho para proceder _____ medidas necessárias _____
terra, já era noite. exumação dos restos mortais do ex-presidente João Gou-
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- lart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-pre-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. sidente morreu de causas naturais, ou seja, devido ____
O astronauta voltou à Terra. uma parada cardíaca – que tem sido a versão considerada
oficial até hoje –, ou se sua morte se deve ______ envene-
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem namento.
o uso do artigo. (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Os livros foram entregues a mim. governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
Dei a ela a merecida recompensa. go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)

69
LÍNGUA PORTUGUESA

Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as


lacunas da frase devem ser completadas, correta e res- ANOTAÇÕES
pectivamente, por
(A) a ... à ... a ... a
(B) as ... à ... a ... à ___________________________________________________
(C) às ... a ... à ... a
(D) à ... à ... à ... a ___________________________________________________
(E) a ... a ... a ... à
___________________________________________________
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo ___________________________________________________
de trabalho para proceder a medidas (palavra no plural,
generalizando) necessárias à (regência nominal pede pre- ___________________________________________________
posição) exumação dos restos mortais do ex-presidente
João Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com ___________________________________________________
a exumação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex ___________________________________________________
-presidente morreu de causas naturais, ou seja, devido a
uma (artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a ___________________________________________________
versão considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se
deve a (regência verbal) envenenamento. A / à / a / a ___________________________________________________
RESPOSTA: “A”.
___________________________________________________
3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) ___________________________________________________
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fize-
ram uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga ci- ___________________________________________________
dade de Tikal, na Guatemala.
O a empregado na frase acima, imediatamente depois ___________________________________________________
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso
o segmento grifado seja substituído por:
___________________________________________________
(A) Uma tal ilação. ___________________________________________________
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. ___________________________________________________
(D) Emitir uma opinião desse tipo.
(E) Semelhante resultado. ___________________________________________________

___________________________________________________
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento gra- ___________________________________________________
ve antes de artigo)
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (an- ___________________________________________________
tes de palavra no plural e o “a” no singular)
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- ___________________________________________________
vação ___________________________________________________
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir
(verbo no infinitivo) ___________________________________________________
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pa-
lavra masculina) ___________________________________________________
RESPOSTA: “C”.
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar / Compreender
COMPREENSÃO DE TEXTOS.
Interpretar significa:
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - É possível deduzir que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - O autor permite concluir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
e decodificar).
Compreender significa
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o texto diz que...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a - é sugerido pelo autor que...
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre ção...
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - o narrador afirma...
contexto original e analisada separadamente, poderá ter
um significado diferente daquele inicial. Erros de interpretação

Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
nação.
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par- ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
tir daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamen- conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
tações -, as argumentações - ou explicações -, que levam tendimento do tema desenvolvido.
ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
Normalmente, numa prova, o candidato deve: trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
cadas e, consequentemente, errar a questão.
1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar- Observação - Muitos pensam que existem a ótica
gumentação, de um processo, de uma época (neste caso, do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem numa prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
o tempo). deração é o que o autor diz e nada mais.
2- Comparar as relações de semelhança ou de dife-
renças entre as situações do texto. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
uma realidade. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vras. vai dizer e o que já foi dito.

Condições básicas para interpretar Observação – São muitos os erros de coesão no dia
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
Fazem-se necessários: do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
- Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esque-
literários, estrutura do texto), leitura e prática; cer também de que os pronomes relativos têm, cada um,
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao
texto) e semântico; antecedente.
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
Observação – na semântica (significado das palavras) terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
gem, entre outros. cia, a saber:
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
- Capacidade de observação e de síntese; te, mas depende das condições da frase.
- Capacidade de raciocínio. - qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa)

71
LÍNGUA PORTUGUESA

- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e de- Questões


pois o objeto possuído.
- como (modo) 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO
- onde (lugar) PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELE-
- quando (tempo) TRÔNICA – IADES/2014)
- quanto (montante)
Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e,
aparecer o demonstrativo O). para os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar
um documento de identificação aos funcionários posicio-
Dicas para melhorar a interpretação de textos nados no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/esta-
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do coes/ gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adap-
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos tações.
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa assinale a alternativa correta.
a leitura. (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. Metrô-DF.
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
conclusão). adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-
- Volte ao texto quantas vezes precisar. DF.
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
do autor. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor ao Metrô-DF.
compreensão. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
cada questão. livre ao Metrô-DF.
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
- Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
geralmente mantém com outro uma relação de continua-
acesso livre ao Metrô-DF.
ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que
essas relações.
condiz com as informações expostas no texto é “Somente
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos
a ideia mais importante.
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”.
- Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
RESPOSTA: “C”.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
resposta – o que vale não somente para Interpretação de
Texto, mas para todas as demais questões! 2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 -
- Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi- adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão. vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
- Olhe com especial atenção os pronomes relativos, Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha- imprensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um
mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo- trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substân-
cábulos do texto. cia – mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
Fontes de pesquisa:
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como
gues/como-interpretar-textos um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes-
http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me- ma dois sentidos, que são
lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas (A) o barulho e a propagação.
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa- (B) a propagação e o perigo.
ra-voce-interpretar-melhor-um.html (C) o perigo e o poder.
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques- (D) o poder e a energia. 
tao-117-portugues.htm (E)  a energia e o barulho.  

72
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um


trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar ORTOGRAFIA: EMPREGO DAS LETRAS E
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora. ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al-
ternativa A! ORTOGRAFIA
RESPOSTA: “A”.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI- ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) grafados segundo acordos ortográficos.
Concha Acústica A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, em
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969 alguns casos, há necessidade de conhecimento de etimolo-
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje gia (origem da palavra).
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre.
Foi o primeiro grande palco da cidade. Regras ortográficas
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, O fonema s
com adaptações.
S e não C/Ç
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem
compatível com o texto. palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
no Setor de Clubes Esportivos Norte. são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
em 1969. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que sentir - sensível / consentir – consensual.
hoje é a Secretaria de Cultura do DF.
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura SS e não C e Ç
do DF.
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília.
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
-meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor- prometer - compromisso / submeter – submissão.
mações contidas nas demais alternativas são incoerentes *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
com o texto. a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
RESPOSTA: “A”. trico / re + surgir – ressurgir.
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
plos: ficasse, falasse.

C ou Ç e não S e SS

vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.


vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
çara, caçula, cachaça, cacique.
sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, es-
perança, carapuça, dentuço.
nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

O fonema z O fonema ch

S e não Z X e não CH

sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, xucro.
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa. palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar-
sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor- tixa.
fose. depois de ditongo: frouxo, feixe.
formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui- depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
seste.
nomes derivados de verbos com radicais terminados Exceção: quando a palavra de origem não derive de
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
empresa / difundir – difusão. CH e não X
diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui-
sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
verbos derivados de nomes cujo radical termina com
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar. As letras “e” e “i”

Z e não S Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
“i”, só o ditongo interno cãibra.
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são es-
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. critos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- possui, contribui.
cretizar.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”: * Atenção para as palavras que mudam de sentido
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su-
perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
O fonema j
* Dica:
G e não J - Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
so. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. Internet, o endereço é www.academia.org.br.

Exceção: pajem. Informações importantes


- Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
litígio, relógio, refúgio. lampar/relampadar.
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, - Os símbolos das unidades de medida são escritos
mugir. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
gir. 120km/h.
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
do com j: ágil, agente. - Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
J e não G 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
quatro segundos).
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
manjerona. vertical ($).
palavras terminadas com aje: ultraje.

74
LÍNGUA PORTUGUESA

Fontes de pesquisa: 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático,
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar,
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: super-homem.
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
Hífen
** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi-
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Lembrete da Zê!
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
tográfica:
Não se emprega o hífen:
1. Em palavras compostas por justaposição que for-
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos que 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
se unem para formarem um novo significado: tio-avô, termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-minis-
microrradiografia, etc.
tro, azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde.
trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- o segundo elemento começar com “o”: cooperação, coo-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. brigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir,
etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
etc. ta, etc.

6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
per- quando associados com outro termo que é iniciado to, benquerer, benquerido, etc.
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc.
- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
pressuposto, propor.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: - Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
-humano, super-realista, alto-mar.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, 3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, UFAL/2014)
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.

Fontes de pesquisa:
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Questões

1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –


2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item
em que todas as palavras estão corretas:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
Armandinho, personagem do cartunista Alexandre
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
“sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
das as frases abaixo,
1-) Correção:
I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = cor- II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
reta posto policial.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
droelétrica, ultrassom carro.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semia- V. O policial anunciou o __________ delito.
berto
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = in- Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
fraestrutura retamente as lacunas das frases.
RESPOSTA: “A”. A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
em que todas as palavras estão corretas:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. 3-) Questão que envolve ortografia.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. um posto policial. (= aproximadamente)
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
lacione com infrator)
2-) Correção: IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = cor- carro. (de grande vulto, volumoso)
reta V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
com “pego no flagra”)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
RESPOSTA: “D”.
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semia-
ACENTUAÇÃO
berto
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = in- Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
fraestrutura vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
RESPOSTA: “A”. dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
isso, vamos às regras!

76
LÍNGUA PORTUGUESA

Regras básicas – Acentuação tônica Paroxítonas:


Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
A acentuação tônica está relacionada à intensidade - i, is: táxi – lápis – júri
com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela - us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí- - l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos fórceps
intensidade, são denominadas de átonas. - ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- - ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
cadas como: não de “s”: água – pônei – mágoa – memória

Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre ** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju – pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
papel xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato Regras especiais:
– passível Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano
** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos es-
– médico – ônibus
tiverem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba
(céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu.
Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. Antes Agora
assembléia assembleia
Os acentos idéia ideia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, geléia geleia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- jibóia jiboia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público. apóia (verbo apoiar) apoia
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos). paranóico paranoico
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
Acento Diferencial
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen- e/ou tempos verbais. Por exemplo:
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle- de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
riano (de Müller) tivo do mesmo verbo).
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo- Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
Regras fundamentais para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Os demais casos de acento diferencial não são mais
Palavras oxítonas: utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci- cais são definidos pelo contexto.
pó(s) – Belém. Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: “para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, nalidade).
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há ** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, “colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo “pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?

77
LÍNGUA PORTUGUESA

Regra do Hiato: Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa do


plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir)
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm.
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
sa-ir, ju-iz Fontes de pesquisa:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. htm
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Observação importante:
Saraiva, 2010.
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Questões
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL
Antes Agora TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
bocaiúva bocaiuva nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
conforme a mesma regra.
feiúra feiura (A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
Sauípe Sauipe (B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
(C) “Índice” e “dólares”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi (D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
abolido: (E) “Atribuídos” e “índice”.

1-)
Antes Agora (A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
crêem creem roxítona
lêem leem (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
vôo voo (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
enjôo enjoo tona
(D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos do hiato
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. xítona
Repare: RESPOSTA: “B”.
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que – FUNDATEC/2014 - adaptada)
os garotos deem o recado! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! gráfica.
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
tarde!
portuguesa.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
rios’ e ‘país’ não é a mesma.
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
Antes Depois situação de uso, quanto à flexão de número.
apazigúe (apaziguar) apazigue Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
averigúe (averiguar) averigue B) Apenas II e IV.
argúi (arguir) argui C) Apenas I, II e IV.
D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.

78
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação


I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’ (predicado verbal)
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver- cleo é “fácil” (predicado nominal)
bos (correta)
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá- Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona termina- por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
da em ditongo; país é a regra do hiato (correta) completo. O período pode ser simples ou composto.
III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há
um hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta. Período simples é aquele constituído por apenas uma
IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em oração, que recebe o nome de oração absoluta.
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti- Chove.
lizado para a terceira pessoa do plural (correta) A existência é frágil.
RESPOSTA: “C”. Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.

Período composto é aquele constituído por duas ou


mais orações:
FUNÇÕES SINTÁTICAS DE TERMOS E DE Cantei, dancei e depois dormi.
ORAÇÕES. Quero que você estude mais.
PROCESSOS SINTÁTICOS: SUBORDINAÇÃO E
COORDENAÇÃO. Termos essenciais da oração

O sujeito e o predicado são considerados termos


essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para para a formação das orações. No entanto, existem orações
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou tabelece concordância com o verbo.
muito ontem à noite. O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
sentido global: estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- no singular: candidato = está).
mula uma pergunta: Que dia é hoje? A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
um pedido: Dê-me uma luz! ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
afetivo: Que dia abençoado! dem exercer a função de sujeito.
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
prova será amanhã. tantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: plo: substantivo)
sujeito e predicado. Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos:
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do
em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o sujeito.
tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da Um sujeito é determinado quando é facilmente iden-
frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado
que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo pode ser simples ou composto.
a declaração do que se atribui ao sujeito. A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in- possível identificar claramente a que se refere a concor-
dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi- dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um pre- Estão gritando seu nome lá fora.
dicado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os Trabalha-se demais neste lugar.
que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):

79
LÍNGUA PORTUGUESA

O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Precisa-se de mentes criativas.


senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Vivia-se bem naqueles tempos.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Trata-se de casos delicados.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Sempre se está sujeito a erros.
Nós estudaremos juntos.
A humanidade é frágil. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
Ninguém se move. indeterminação do sujeito.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
derivação imprópria, transformando-o em substantivo) As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
As crianças precisam de alimentos saudáveis. cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro. 1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo. Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. Está trovejando.

Além desses dois sujeitos determinados, é comum a 2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.

* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento
1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que Para o estudo do predicado, é necessário verificar se
o sujeito não tenha sido identificado anteriormente: seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no-
Bateram à porta; minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi- também se as palavras que formam o predicado referem-
nistro. se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.

* Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
ou composto: de opinião.
Os meninos bateram à porta. (simples) Predicado
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos direta ou indiretamente ao verbo.
verbos que não apresentam complemento direto: A cidade está deserta.

80
LÍNGUA PORTUGUESA

O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo diretamente, sem a presença de preposição, ou indiretamen-
do sujeito). te, por intermédio de preposição.

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo O objeto direto é o complemento que se liga direta-
significativo um verbo: mente ao verbo.
Chove muito nesta época do ano. Houve muita confusão na partida final.
Estudei muito hoje! Queremos sua ajuda.
Compraste a apostila?
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem - com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns re-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro- ferentes a pessoas:
cessos. Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomina-
se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou es-
- com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de
tado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do su-
tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a Vossa
jeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome
Senhoria.
da oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. (sem
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica a crise)
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do
sujeito: Os dados parecem corretos. O objeto indireto é o complemento que se liga indireta-
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, mente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como Gosto de música popular brasileira.
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele re- Necessito de ajuda.
lacionadas.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, O termo que integra o sentido de um nome chama-se
por um adjetivo ou substantivo. complemento nominal, que se liga ao nome que completa
por intermédio de preposição:
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No “necessária”
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig- Termos acessórios da oração e vocativo
nificativo, indicando processos. É também sempre por in-
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o Os termos acessórios recebem este nome por serem ex-
termo a que se refere. plicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto
1- O dia amanheceu ensolarado; adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo – este,
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. sem relação sintática com outros temos da oração.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta uma circunstância do processo verbal ou intensifica o sentido
de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial,
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercerem
ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a pé àquela
verbal e outro nominal.
velha praça.
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona adverbial são:
o complemento homens com o predicativo “inconstantes”. - assunto: Falavam sobre futebol.
- causa: As folhas caíram com o vento.
Termos integrantes da oração - companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz.
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o - conformidade: Fez tudo conforme o combinado.
complemento nominal são chamados termos integrantes - dúvida: Talvez ainda chova.
da oração. - fim: Estudou para o exame.

81
LÍNGUA PORTUGUESA

- instrumento: Fez o corte com a faca. O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
- intensidade: Falava bastante. vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
- lugar: Vou à cidade. mantendo relação sintática com outro termo da oração.
- matéria: Este prato é feito de porcelana. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substanti-
- meio: Viajarei de trem. vos, pronomes substantivos, numerais e palavras substan-
- modo: Foram recrutados a dedo. tivadas esse papel na linguagem.
- negação: Não há ninguém que mereça. João, venha comigo!
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Traga-me doces, minha menina!

O adjunto adnominal é o termo acessório que de- Questões


termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPE-
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. VE/UFAL/2014 - adaptada)
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-


tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
adjunto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada.


O poeta deixou-a inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
do objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal
C) adjunto adnominal.
se relaciona apenas ao substantivo.
D) adjunto adverbial.
E) agente da passiva.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
substantivo (nome – nominal). Portanto é um comple-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. mento nominal. O verbo “ter” tem como complemento
verbal (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sin-
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- tática de objeto direto.
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao RESPOSTA: “B”.
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
gunda-feira passei o dia mal-humorado. 2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu ... que acompanham as fronteiras ocidentais chine-
valor na oração, em: sas...
a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma- O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o complemento que o da frase acima está em:
mundo. (A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas (B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios
coisas: amor, arte, ação. da Idade Média.
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so- (C) ... viajavam por cordilheiras...
nho, tudo forma o carnaval. (D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi- (E) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
quem ou o quê - não há preposição): Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemen- cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
to, mas sim, predicativo do sujeito (rota única); só... como, assim... como.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios = Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
adjunto adverbial); Comprei o protetor solar e fui à praia.
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto
adverbial); Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
D = cair = intransitivo; principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
quê?) Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
RESPOSTA: “E”. Li tudo, porém não entendi!

Período Composto por Coordenação Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas


principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
O período composto se caracteriza por possuir mais de seja...seja.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
ção) Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
orações) Passei no concurso, portanto comemorarei!
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um A situação é delicada; devemos, pois, agir.
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
ções). Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer de, pois (anteposto ao verbo).
entre as orações de um período composto: uma relação de Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
coordenação ou uma relação de subordinação. mingo.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de in-
Período Composto Por Subordinação
formações, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas,
estruturas individuais, como é o exemplo de:
Quero que você seja aprovado!
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
Oração principal oração subordinada
(Período Composto)
Podemos dizer:
Observe que na oração subordinada temos o verbo
1. Estou comprando um protetor solar.
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
2. Irei à praia. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
Separando as duas, vemos que elas são independen- conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
tes. Tal período é classificado como Período Composto por bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
Coordenação. indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.
dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindé- Podemos modificar o período acima. Veja:
ticas.
Quero ser aprovado.
Coordenadas Assindéticas Oração Principal Oração Subordinada

São orações coordenadas entre si e que não são ligadas A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su-
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi-
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
Coordenadas Sindéticas a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações,
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en- numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor- pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas.
denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: * Observação: as orações reduzidas não são introdu-
aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
eventualmente, introduzidas por preposição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Orações Subordinadas Substantivas - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
importar - ocorrer - acontecer
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Convém que não se atrase na entrevista.
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte-
grante (que, se). Observação: quando a oração subordinada substanti-
va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
Não sei se sairemos hoje. 3.ª pessoa do singular.
Oração Subordinada Substantiva
b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
Temos medo de que não sejamos aprovados. do verbo da oração principal:
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem sua aprovação no concurso.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também Objeto Direto
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Todos querem que você seja aprovado. (Todos
como). querem isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva
O garoto perguntou qual seu nome. Objetiva Direta
Oração Subordinada Subs-
tantiva As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
(desenvolvidas) são iniciadas por:
Não sabemos quando ele virá. - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
Oração Subordinada Substantiva “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.

Classificação das Orações Subordinadas Substanti- - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
vas zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
Conforme a função que exerce no período, a oração
subordinada substantiva pode ser: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
verbo da oração principal: não sei por que ela fez isso.

c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do


É fundamental o seu comparecimento à reunião.
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
Sujeito

Meu pai insiste em meu estudo.
É fundamental que você compareça à
Objeto Indireto
reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substan-
Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste
tiva Subjetiva
nisso)
Oração Subordinada Substantiva
* Atenção: Observe que a oração subordinada subs- Objetiva Indireta
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
temos um período simples: Observação: em alguns casos, a preposição pode estar
É fundamental isso ou Isso é fundamental. elíptica na oração.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
a função de sujeito. Oração Subordinada Substantiva
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração Objetiva Indireta
principal:
d) Completiva Nominal = completa um nome que
- Verbos de ligação + predicativo, em construções do pertence à oração principal e também vem marcada por
tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É preposição.
claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa. Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
provado. timos orgulho disso.)
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. Oração Subordinada Substantiva
Completiva Nominal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com- Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome. oração.

e) Predicativa = exerce papel de predicativo do su- Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
do verbo ser. substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Nosso desejo era sua desistência. equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Predicativo do Sujeito
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo
era isso) Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Oração Subordinada Substantiva apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Predicativa orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
que não fui bem na prova. verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
particípio).
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter-
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Aposto
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor-
Oração subordinada dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo lativo e seu verbo está no infinitivo.
(Fernanda tinha um grande sonho: isso)
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)
2-) Orações Subordinadas Adjetivas Na relação que estabelecem com o termo que caracte-
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem dualizando-o. Nestas orações não há marcação de pausa,
a função de adjunto adnominal do antecedente. sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
também orações que realçam um detalhe ou amplificam
Esta foi uma redação bem-sucedida. dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente-
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal) mente definido. Estas orações denominam-se subordina-
das adjetivas explicativas.
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjeti- Exemplo 1:
vo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel: passava naquele momento.
Oração
Esta foi uma redação que fez sucesso. Subordinada Adjetiva Restritiva
Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra-
Perceba que a conexão entre a oração subordinada ta-se de um homem específico, único. A oração limita o
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é universo de homens, isto é, não se refere a todos os ho-
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou mens, mas sim àquele que estava passando naquele mo-
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha mento.

85
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
age animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa oração.

Agora, a oração em destaque não tem sentido restriti- Orações Subordinadas Adverbiais
vo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas ex-
plicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
de “homem”. àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do que
se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- nativa causal: porque. Outras conjunções e locuções causais:
va é separada da oração principal por uma pausa que, na como (sempre introduzido na oração anteposta à oração
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas Já que você não vai, eu também não vou.
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a sin-
3-) Orações Subordinadas Adverbiais dética explicativa é que esta “explica” o fato que aconteceu
na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exer- “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela se
ce a função de adjunto adverbial do verbo da oração prin- subordina. Repare:
cipal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, 1-) Faltei à aula porque estava doente.
fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, 2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o fato
(com exclusão das integrantes, que introduzem orações expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar doente
impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração sublinha-
subordinadas substantivas). Classifica-se de acordo com
da relata um fato que aconteceu depois, já que primeiro ela
a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz (assim
chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
como acontece com as coordenadas sindéticas).
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequência,
é efeito do que se declara na oração principal. São introduzi-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
das pelas conjunções e locuções: que, de forma que, de sorte
Oração Subordinada Adverbial
que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que,
tamanho...que.
A oração em destaque agrega uma circunstância de Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessó- Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con-
rios que indicam uma circunstância referente, via de regra, cretizando-os.
a um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida
da exata compreensão da circunstância que exprime. de Infinitivo)
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida. c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe como
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de necessário para a realização ou não de um fato. As orações
minha vida. subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve
ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de se realizar -
No primeiro período, “naquele momento” é um adjun- o fato expresso na oração principal.
to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen- Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou-
ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que,
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordina- salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma
da adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois é vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
introduzida por uma conjunção subordinativa (quando) e Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do certamente o melhor time será campeão.
pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, Caso você saia, convide-me.
obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo da
vida. oração principal, isto é, admitem uma contradição ou um
fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente liga-
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma da ao contraste, à quebra de expectativa. Principal conjun-
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é ção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se também a
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda quan-
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). do, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.

86
LÍNGUA PORTUGUESA

Só irei se ele for. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-


A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
Compare agora com: Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Irei mesmo que ele não vá. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. Fontes de pesquisa:
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
concessiva. se-periodo-e-oracao
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
REESCRITA DE FRASES.
e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como. “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) leva- -nos a refletir sobre a organização das ideias em um
Você age como criança. (age como uma criança age) texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen-
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar
*geralmente há omissão do verbo. e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo,
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a experiência de vida antecedem o ato de escrever.
execução do que se declara na oração principal. Principal Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne-
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as-
das com o mesmo valor de conforme).
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores.
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia-
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases.
direitos iguais.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá-
g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das
se declara na oração principal. Principal conjunção subor- frases no discurso, bem como a relação lógica das frases en-
dinativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, por- tre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistura”,
que (= para que) e a locução conjuntiva para que. isto é, saber misturar as palavras de maneira a produzirem
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. um sentido evidente para os receptores das nossas men-
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova. sagens. Observe:
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La-
h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou tina América causando.
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal. 2) A globalização está causando desemprego no Brasil e
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à na América Latina.
proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas: Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me- frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de
nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação
quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me- inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de
nos...(menos). maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de
À proporção que estudávamos mais questões acertáva- língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul-
mos. tural do mundo atual.
À medida que lia mais culto ficava.
A Ordem dos Termos na Frase
i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expresso na oração principal, podendo exprimir noções de Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con- Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-

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LÍNGUA PORTUGUESA

mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von- 1)Se os termos estão colocados na ordem direta não
tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém, haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo
acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa disto:
dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inver- A globalização está causando desemprego no Brasil e na
sões e intercalações em nossas frases, conforme a nossa América Latina.
vontade e estilo. Tudo depende da maneira como quere- Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração
mos transmitir uma ideia. Por exemplo, podemos expressar por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
a mensagem da frase 2 da seguinte maneira: mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re-
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau- gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja:
sando desemprego. A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”
causam desemprego… = (três núcleos do sujeito)
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, A globalização causa desemprego no Brasil, na América
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a Latina e na África. = (três adjuntos adverbiais)
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, A globalização está causando desemprego, insatisfação
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas. e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. =
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e (três complementos verbais)
o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula 2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar
ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu com-
frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga- plemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou seja,
nizadas aos nossos leitores. não devemos separar com vírgula os termos da oração. Veja
O básico para a organização sintática das frases é a exemplos de tal incorreção:
ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos estru- O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego.
turam tal ordem da seguinte maneira:
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL+ CIR- termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, assim
CUNSTÂNCIAS o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é a re-
A globalização + está causando+ desemprego + no Bra- gra básica nº2 para a colocação da vírgula. Dito em outras
sil nos dias de hoje. palavras: quando intercalamos expressões e frases entre os
termos da oração, devemos isolar os mesmos com vírgulas.
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to- Vejamos:
das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu- A globalização, fenômeno econômico deste fim de século
mas observações: XX, causa desemprego no Brasil.
- As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) nor- Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
malmente são representadas por adjuntos adverbiais de sujeito e o verbo. Outros exemplos:
tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quando A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
queremos recordar algo ou narrar uma história, existe a ral, está causando desemprego no Brasil e na América Latina.
tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas minhas Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e outros As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…” quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
Observações: vo, por isto são também isoladas por vírgula.
- tais construções não estão erradas, mas rompem com A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
a ordem direta;
- é preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
frases que não têm sujeito, somente predicado. Por exem- complemento.
plo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
São quatro horas agora; no Brasil…
- Outras frases são construídas com verbos intransiti-
vos, que não têm complemento: O menino morreu na Ale- Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
manha, (sujeito +verbo+ adjunto adverbial), A globalização tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal oração
nasceu no século XX. (idem) é apenas um comentário à parte entre o complemento ver-
- Há ainda frases nominais que não possuem verbos: bal e os adjuntos.
Cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Obs: a simples negação em uma frase não exige vír-
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos gula:
existentes nelas. A globalização não causou desemprego no Brasil e na
Levando em consideração a ordem direta, podemos América Latina.
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula:

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LÍNGUA PORTUGUESA

3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, - Quanto à equivalência e transformação de estru-


tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da turas, outro exemplo muito comum cobrado em provas
colocação da vírgula. é o enunciado trazer uma frase no singular, por exem-
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau- plo, e pedir que o aluno passe a frase para o plural,
sando desemprego… mantendo o sentido. Outro exemplo é o enunciado dar
No fim do século XX, a globalização causou desemprego a frase em um tempo verbal, e pedir para que a passe
no Brasil… para outro tempo verbal.
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujei- Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
to. Trata- -se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
gramática, são representadas pelos adjuntos adverbiais. do que é dito, ou lido. Esses mecanismos linguísticos que
Muitas vezes, elas são colocadas em orações chamadas ad- estabelecem a conectividade e retomada do que foi escrito
verbiais que têm uma função semelhante a dos adjuntos ou dito, são os referentes textuais, que buscam garantir
adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos: a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
Quando o século XX estava terminando, a globalização elementos que compõem a oração, como também entre a
começou a causar desemprego. sequência de orações dentro do texto.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de- Essa coesão também pode muitas vezes se dar de
senvolvem--se, a globalização causa desemprego nos países modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores
pobres. que os participantes do processo têm com o tema. Por
Durante o século XX, a Globalização causou desempre- exemplo, o uso de uma determinada sigla, que para o pú-
go no Brasil. blico a quem se dirige deveria ser de conhecimento geral,
evita que se lance mão de repetições inúteis.
Obs 1: alguns gramáticos, Sacconi, por exemplo, consi- Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
deram que as orações subordinadas adverbiais devem ser ginária - composta de termos e expressões - que une os
isoladas pela vírgula também quando colocadas após as diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
suas orações principais, mas só quando
de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de
a) a oração principal tiver uma extensão grande: por
diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, subs-
exemplo: A globalização causa… , enquanto os países…(vide
tituição, associação), sejam gramaticais (emprego de pro-
frase acima);
nomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se fra-
b) Se houver uma outra oração após a principal e antes
ses, orações, períodos, que irão apresentar o contexto –
da oração adverbial: A globalização causa desemprego no
decorre daí a coerência textual.
Brasil e as pessoas aqui estão morrendo de fome , enquanto
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
nos países portadores de alta tecnologia…
apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa in-
Obs 2: quando os adjuntos adverbiais são mínimos, coerência é resultado do mau uso daqueles elementos de
isto é, têm apenas uma ou duas palavras não há necessida- coesão textual. Na organização de períodos e de parágra-
de do uso da vírgula: fos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
Hoje a globalização causa desemprego no Panamá. lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído
Ali a globalização também causou… com os elementos corretos, confere-se a ele uma unidade
A não ser que queiramos dar ênfase: Aqui, a globali- formal.
zação… Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
Obs3: na língua escrita, normalmente, ao realizarmos a orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
ordem inversa, emprestamos ênfase aos termos que prin- dependência e independência sintática e semântica, reco-
cipiam as frases. Veja este exemplo de Rui Barbosa desta- bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
cado por Garcia: estes princípios”.
“A mim, na minha longa e aturada e continua prática Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases
do escrever, me tem sucedido inúmeras vezes, depois de con- ou textos desconexos – é imprescindível que haja uma uni-
siderar por muito tempo necessária e insuprível uma locução dade, ou seja, que essas frases estejam coesas e coerentes
nova, encontrar vertida em expressões antigas mais clara, formando o texto.
expressiva e elegante a mesma ideia.” Além disso, relembre-se de que, por coesão, enten-
de-se ligação, relação, nexo entre os elementos que com-
Estas três regras básicas não solucionam todos os pro- põem a estrutura textual.
blemas de organização das frases, mas já dão um razoável
suporte para que possamos começar a ordenar a expressão Há diversas formas de se garantir a coesão entre os
das nossas ideias. Em suma: o importante é não separar elementos de uma frase ou de um texto:
os termos básicos das orações, mas, se assim o fizermos, - Substituição de palavras com o emprego de sinô-
seja intercalando ou invertendo elementos, então devemos nimos, ou de palavras ou expressões do mesmo campo
usar a vírgula. associativo.

89
LÍNGUA PORTUGUESA

- Nominalização – emprego alternativo entre um ver- Os advogados do réu apresentaram um pedido ao juiz,
bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar no entanto o magistrado não acatou a solicitação dos pa-
/ desgaste / desgastante). tronos do acusado.
- Repetição na ligação semântica dos termos, empre- Nessa frase, as palavras magistrado, solicitação, patro-
gada como recurso estilístico de intenção articulatória, e nos e acusado funcionam como elementos de coesão, pois
não uma redundância - resultado da pobreza de vocabulá- retomam, respectivamente, os termos juiz, pedido, advo-
rio. Por exemplo, “Grande no pensamento, grande na ação, gados e réu. Veja que a seleção vocabular utilizada na frase
grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desco- acima, além de dar coesão ao texto, tem função estilística,
nhecido e só.” (Rocha Lima) pois permite que não se repitam as mesmas palavras.
- Uso de hipônimos – relação que se estabelece com
base na maior especificidade do significado de um deles. Os mecanismos de combinação e seleção
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- – a coerência e articulação de sentidos
rico).
- Emprego de hiperônimos - relações de um termo de Como você já deve ter percebido, escrever não é só
sentido mais amplo com outros de sentido mais específi- colocar as ideias no papel. Até porque essas ideias não sur-
gem do nada. Elas fazem parte do processo de comunica-
co. Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia
ção de que participamos e de todas as informações que
com gato.
nos chegam, através de trocas de experiências com seus
- Substitutos universais, como os verbos vicários (ver-
interlocutores e muita, muita leitura.
bos que substituem um outro empregado anteriormente).
Veja a manchete de um jornal de grande circulação na-
Ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano vindouro. cional que publicou o seguinte:
Professoras mandam carta a deputados protestando
A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de co- contra o aumento de seus salários.
nectivos, como certos pronomes, certos advérbios e ex-
pressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros. A Repare que, da forma como a manchete foi redigida, o
elipse justifica-se quando, ao remeter a um enunciado an- leitor poderia entendê-la de dois modos diversos: as pro-
terior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O fessoras, chateadas com o aumento insignificante de seus
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as salários, reclamam, protestando, através de uma carta, aos
suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, senhores deputados; ou as professoras questionam o au-
estabelece a relação entre as duas orações.). mento de salário que os deputados tiveram, comparando
com o salário delas e escrevem-nos protestando.
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- Por que essa dupla interpretação aconteceu e acontece
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao quando menos esperamos?
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de Nesse caso, é o emprego do pronome “seus” o causa-
progressão textual, dada sua característica: são elementos dor desse duplo sentido. Podemos dizer que o pronome
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- possessivo destacado tanto pode se referir aos salários das
nentes da situação comunicativa. professoras como dos deputados.
Já os componentes concentram em si a significação. Sendo o texto uma ‘unidade de sentido’, os elementos
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: que o compõem (palavras, orações, períodos) precisam se
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- relacionar harmonicamente.
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- A estruturação de uma simples frase pode ser compa-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem rada com a articulação de um esqueleto com seus ossos.
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da Do mesmo jeito que uma articulação entre dois ou mais
ossos acontece, resultando num movimento, as palavras
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
devem combinar umas com as outras numa articulação de
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
pensamentos, tornando o texto coeso, com nexo. Não se
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns
esqueça de que nexo significa “ligação, vínculo”.
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo
Esse modo de estruturar o texto, a combinação e sele-
ano, depois de (futuro).” ção das palavras para evitar a falta de nexo, recebe o nome
de mecanismos de coesão.
Somente a coesão, contudo, não é suficiente para que A coesão decorre das relações de sentido que se ope-
haja sentido no texto, esse é o papel da coerência, e coe- ram entre os elementos de um texto. Também resulta da
rência relaciona--se intimamente a contexto. perfeita relação de sentido que tem de haver entre as par-
tes de um texto. Assim, o uso de conectivos é de grande
A seleção vocabular importância para que possa haver coesão textual.

Na produção de texto, a seleção vocabular também Leia o texto que se segue:


é importante elemento de coesão, já que, muitas vezes, “Além de ter liberdade para receber e transmitir infor-
substituímos uma palavra que já empregamos por outra mações é preciso que todos sejam livres para manifestar
que lhe retoma o sentido. Observe: opiniões e críticas sobre o comportamento do governo. Não

90
LÍNGUA PORTUGUESA

basta, porém, dizer na Constituição que essas liberdades De maneira geral, podemos dizer que temos um texto
existem. É preciso que existam meios concretos ao alcance coerente e coeso quando este não contém contradições,
de todo o povo para a obtenção e divulgação de informa- o vocabulário utilizado está adequado, as afirmações são
ções, e por esses meios o povo participe constantemente relevantes para o desenvolvimento do tema, os fatos estão
do governo, que existe para realizar sua vontade, satisfazer corretamente sequenciados, ou seja, o texto deverá estar
suas necessidades e promover a melhoria de suas condições constituído de relações de sentido entre os vocábulos, ex-
de vida”. pressões e frases e do encadeamento linear das unidades
DALLARI, Dalmo de Abreu. In: Viver em sociedade. linguísticas no texto.
São Paulo: Editora Moderna, 1985. p. 41. O inverso é verdadeiro e podemos dizer que não haverá
coesão quando, por exemplo, empregarmos conjunções e
Atente para o fato de que as orações que formam pronomes de modo inadequado, deixarmos palavras ou até
esse trecho apresentam uma perfeita relação de sentido frases inteiras desconectadas e quando a escolha vocabular
criada com a ajuda dos conectivos. Vamos analisar um a for inadequada, levando à ambiguidade, entre outros pro-
um os períodos encontrados no texto transcrito acima blemas.
para entender esses mecanismos relacionais que os co- Aconselhamos que, para se perceber a falta de coesão
nectivos nos dão. no texto produzido por você, o melhor que se tem a fazer
“Além de ter liberdade para receber e transmitir infor- é lê-lo atentamente, estabelecer as relações entre as palavras
mações é preciso que todos sejam livres para manifestar opi- que o compõem, as orações que formam os períodos e, por
niões e críticas sobre o comportamento do governo.” fim, os períodos que formam o texto.
No 1º segmento, encontramos a locução conjuntiva Como você pôde notar, a coesão e a coerência textuais
“além de” que introduz as orações seguintes, ambas subor- são elementos facilitadores para a compreensão perfeita de
dinadas adverbiais finais ‘para receber e (para) transmitir’, um texto.
que por sua vez são coordenadas aditivas entre si, ou seja, Coerência diz respeito a tudo que se harmoniza entre si,
têm a mesma função. que tem ligação. O conceito da palavra relaciona-se à presen-
Na 2ª oração “Não basta, porém, dizer na Constituição ça de conexão, de nexo entre as ideias. Isso porque busca-
que essas liberdades existem”, a conjunção destacada indica mos sempre a existência de sentido, quer seja ao refletirmos
contradição, oposição ou restrição ao que foi dito na ora- sobre algo, quer seja interpretando o que nos rodeia, quer
ção anterior. seja ao tentarmos compreender o conteúdo daquilo que nos
Já no último segmento do texto encontramos o pro-
é apresentado em forma de texto escrito. Assim, podemos
nome relativo “que” retomando o substantivo “governo”
inferir que o uso de algumas expressões pode comprometer
da oração anterior e que aparece como oração principal
o entendimento de um texto.
de três outras orações subordinadas a ela, também com
o sentido de finalidade – para realizar sua vontade; (para)
Níveis de linguagem
satisfazer suas necessidades e (para) promover a melhoria
de suas condições de vida.
A língua é um código de que se serve o homem para ela-
‘É preciso que existam meios concretos ao alcance de borar mensagens, para se comunicar. Existem basicamente
todo o povo para a obtenção e divulgação de informações, duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:
e por esses meios o povo participe constantemente do go-
verno, que existe para realizar sua vontade, satisfazer suas 1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta
necessidades e promover a melhoria de suas condições de ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por
vida”. base a norma culta, forma linguística utilizada pelo segmento
mais culto e influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
Repare que trabalhamos com os conectores (outro a língua utilizada pelos veículos de comunicação de mas-
nome para os conectivos), visando à perfeita relação de sa (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, painéis,
sentido que deve haver entre as partes que compõem um anúncios, etc.), cuja função é a de serem aliados da escola,
texto. prestando serviço à sociedade, colaborando na educação;
Sendo os conectivos elementos que relacionam partes 2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
de um discurso, estabelecendo relações de significado en- pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
tre essas partes, possuem valores próprios, uns exprimindo diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
finalidade, outros, oposição; outros, escolha e assim por
diante. Norma culta

A seleção vocabular é também um importante meca- A norma culta, forma linguística que todo povo civilizado
nismo coesivo e a estamos empregando quando substituí- possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. E jus-
mos uma palavra que já foi usada por outra que lhe retoma tamente em nome dessa unidade, tão importante do ponto
o sentido. Podemos usar sinônimos, pronomes (retos ou de vista político--cultural, que é ensinada nas escolas e difun-
oblíquos), pronomes relativos, etc. Esse mecanismo seleti- dida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e criativa, a lín-
vo, além de dar coesão ao texto, tem função estilística, pois gua popular afigura-se mais expressiva e dinâmica. Temos,
permite que as palavras não sejam repetidas. assim, à guisa de exemplificação:

91
LÍNGUA PORTUGUESA

Estou preocupado. (norma culta) Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Tô preocupado. (língua popular) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
normas da língua culta. dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
O conceito de erro em língua de sair daqui bem depressa.)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está
no seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos ver-
casos de ortografia. O que normalmente se comete são
bos impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
exemplos também de transgressões ou “erros” que se tor-
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- naram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque a
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgri- maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem
de a norma culta. início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que comparece desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada
a um banquete trajando xortes ou quanto um banhista, tem coragem de usar.
numa praia, vestido de fraque e cartola. Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami- deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas da língua popular para a língua culta”.
perfeitamente normais construções do tipo: Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
Eu não vi ela hoje. uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
Ninguém deixou ele falar. conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
Deixe eu ver isso! norma culta.
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Língua escrita e língua falada
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Nível de linguagem
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. falada.
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
se alteram: lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
Eu não a vi hoje. natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
Ninguém o deixou falar. mações e a evoluções.
Deixe-me ver isso! Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Eu te amo, sim, mas não abuses! tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. a língua falada com base na língua escrita, considerada
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
trando as características e as vantagens de uma e outra,
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
ou inferioridade, que em verdade inexiste.
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas, Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
à causa do ensino. de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte dialetos, consequência natural do enorme distanciamento
poética, caracterizado por construções de rara beleza.

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LÍNGUA PORTUGUESA

entre uma modalidade e outra. Exercícios Complementares


A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que 01-) (FUNDAÇÃO PROCON/SP – ANALISTA DE
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser SUPORTE ADMINISTRATIVO I – VUNESP/2013) A pes-
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. quisa foi feita em abril em 15 drogarias nas cinco re-
Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será giões do município de São Paulo. Foram pesquisados 58
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por medicamentos, sendo 29 de referência e 29 genéricos.
isso mesmo, processam-se lentamente e em número con- Assinale a alternativa em que a substituição da
sideravelmente menor, quando cotejada com a modalida- forma verbal destacada não altera a concordância e o
de falada. tempo verbal, e em que a colocação pronominal está
Importante é fazer o educando perceber que o nível da correta.
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com (A) Se pesquisou
a situação em que se desenvolve o discurso. (B) Pesquisar-se-ão
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- (C) Pesquisam-se
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia (D) Pesquisaram-se
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não (E) Se pesquisariam
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as-
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- (A) Se pesquisou = pesquisou-se
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível (B) Pesquisar-se-ão = alteração do tempo verbal (futu-
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum ro do presente)
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e (C) Pesquisam-se = presente do Indicativo
na sala de aula. (D) Pesquisaram-se = pretérito perfeito do Indicativo
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre (E) Se pesquisariam = pesquisaram-se
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti-
diano, a que já fizemos referência. RESPOSTA: “D”.

02-) (COREN/SP – ASSISTENTE DE COMUNICA-


ÇÃO – VUNESP/2013) Considerando o uso do acento
indicativo de crase, assinale a alternativa que completa,
correta e respectivamente, as lacunas.
• Todos os deputados mostraram-se favoráveis ____
redução da jornada de trabalho dos profissionais da
saúde.
• A última redação do projeto passou ____ incluir
algumas reivindicações dos servidores que não faziam
parte de sua primeira versão.
• Agora o projeto de lei será submetido ______ uma
análise criteriosa do governador e de seus assessores.
(A) à … à … à
(B) à … a … a
(C) a … à … à
(D) à … a … à
(E) a … à … a

Favoráveis a quê? = à redução


Passou a incluir – verbo no infinitivo (sem acento indi-
cativo de crase)
Submetido a quê? = a uma (artigo indefinido)
à/a/a=

RESPOSTA: “B”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

03-) (UNESP/SP – CAMPUS DE TUPÃ – ASSISTEN- (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –


TE OPERACIONAL II – ÁREA DE ATUAÇÃO: REPARA- FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder às
ÇÃO GERAL – VUNESP/2013) Assinale a alternativa em questões de números 05 a 07, considere o texto abaixo.
que o emprego das vírgulas está correto.
(A) Frederico muito assustado, na porta da sala, ob- A marca da solidão
servava, aquelas pessoas silenciosas.
(B) Frederico, muito assustado, na porta da sala ob- Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão
servava, aquelas pessoas, silenciosas. de paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços do-
(C) Frederico muito assustado, na porta da sala ob- brados e a testa pousada sobre eles, seu rosto forman-
servava, aquelas pessoas, silenciosas. do uma tenda de penumbra na tarde quente.
(D) Frederico, muito assustado, na porta da sala, Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há,
observava aquelas pessoas silenciosas. dentro de cada uma delas, um diminuto caminho de
(E) Frederico muito, assustado, na porta da sala ob- terra, com pedrinhas e tufos minúsculos de musgos,
servava, aquelas pessoas silenciosas. formando pequenas plantas, ínfimos bonsais só visíveis
aos olhos de quem é capaz de parar de viver para, ape-
Como as alternativas apresentam o mesmo assunto, nas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o
não identifiquei as inadequações nas demais alternativas, mundo cabe numa fresta.
já que a correta indica qual a pontuação adequada. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de
Janeiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
RESPOSTA: “D”.
05-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
04-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES – FCC/2014) No texto, o substantivo usado para ressaltar
FCC/2014 - ADAPTADA) No trecho Refiro-me aos li- o universo reduzido no qual o menino detém sua aten-
vros que foram escritos e publicados, mas estão – talvez ção é
para sempre – à espera de serem lidos, o uso do acento (A) fresta.
de crase obedece à mesma regra seguida em: (B) marca.
(A) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia (C) alma.
como evitá-la. (D) solidão.
(B) Informou à paciente que os remédios haviam (E) penumbra.
surtido efeito.
(C) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir Com palavras do próprio texto responderemos: o mun-
à novela. do cabe numa fresta.
(D) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a
velha fórmula. RESPOSTA: “A”.
(E) Comunique às minhas alunas que as provas es-
tão corrigidas. 06-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
FCC/2014) No primeiro parágrafo, a palavra utilizada
*Dica: Dá para substituirmos “à espera” por “esperan- em sentido figurado é
do”. Se tem sentido, então o “a” tem acento grave. Diferen- (A) menino.
te de: A espera deixou-me irritada! “Esperando deixou-me (B) chão.
irritada... Nesse caso, não “deu”! Então o “a” não tem acen- (C) testa.
to grave. (D) penumbra.
As alternativas A, B, C e D apresentam “à” devido à re- (E) tenda.
gência dos verbos (acostumou-se à, informou algo a al-
guém, assistir à (sentido de ver) e comunicou algo a al- Novamente, responderemos com frase do texto: seu
guém). A única que não obedece à regência, mas que nos rosto formando uma tenda.
dá uma noção de advérbio de modo (exaustivamente) é a
alternativa D. RESPOSTA: “E”.

RESPOSTA: “D”. 07-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –


FCC/2014) No primeiro parágrafo, o pronome “eles”
substitui a palavra
(A) bruços.
(B) quentes.
(C) paralelepípedos.
(D) braços.
(E) tufos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

*Lembre-se: durante a realização de sua prova, use o Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternati-
caderno de questões! Grife-o, faça flechas, sublinhe, enfim, va correta já indica as inadequações nos demais itens.
destaque o que for necessário para facilitar a compreensão!
Retomando o texto: Tem os braços dobrados e a testa RESPOSTA: “D”.
pousada sobre eles.
11-) (IAMSPE/SP – ATENDENTE [PAJEM – CCI] –
RESPOSTA: “D”. VUNESP/2011). Assinale a alternativa em que o empre-
go do acento indicativo de crase está correto.
08-) (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – (A) O bebê chorava à cada duas horas.
VUNESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho (B) Às mulheres da rua, Marta entregou convite
– Mas ela cresceu ... – está corretamente reescrito no para a festa.
plural, com o verbo no tempo futuro. (C) Joel mostrou-se tranquilo à partir do seu ani-
(A) Mas elas cresceram... versário.
(B) Mas elas cresciam... (D) O casal veio à pé até a cidade.
(C) Mas elas cresçam... (E) Marta falou de sua situação primeiro à uma vi-
(D) Mas elas crescem... zinha.
(E) Mas elas crescerão...
(A) O bebê chorava à cada = a cada duas horas .
Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas (B) Às mulheres da rua, Marta entregou convite para a
crescerão... festa. ( Marta entregou o convite às mulheres da rua)
(C) Joel mostrou-se tranquilo à partir = a partir (verbo
RESPOSTA: “E”. no infinitivo)
(D) O casal veio à pé até a cidade. = a pé
09-) (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – (E) Marta falou de sua situação primeiro à uma vizinha.
VUNESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em = a uma (artigo indefinido)
que o trecho – O teste decisivo e derradeiro para ele,
cidadão ansioso e sofredor...– está escrito corretamente RESPOSTA: “B”.
no plural.
(A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cida- 12-) (IAMSPE/SP – ATENDENTE [PAJEM – CCI] –
dãos ansioso e sofredores... VUNESP/2011) Eu e meu vizinho ______ encontramos na
(B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cida- casa de Joel quando fui buscar este livro para ________
ler.
dãos ansioso e sofredores...
Assinale a alternativa que preenche, correta e res-
(C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cida-
pectivamente, as lacunas.
dãos ansiosos e sofredores...
(A) se … eu
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cida-
(B) si … mim
dões ansioso e sofredores...
(C) nos … mim
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cida-
(D) se … mim
dãos ansiosos e sofredores...
(E) nos … eu
Como os itens apresentam o mesmo texto, a alterna- Eu + meu vizinho = nós; nós nos... / antes de verbo
tiva correta já indica onde estão as inadequações nos de- no infinitivo devemos usar “eu”, não “mim” (cuidado com a
mais itens. pegadinha: “Para mim, ler é um prazer!” Nesse caso, além
da presença da vírgula, nota-se que é uma “opinião”, não a
RESPOSTA: “C”. prática de uma ação.)
10-) (IAMSPE/SP – ATENDENTE [PAJEM – CCI] – RESPOSTA: “E”.
VUNESP/2011) Assinale a alternativa que apresenta o
uso correto das vírgulas. 13-) (IAMSPE/SP – ATENDENTE [PAJEM – CCI] –
(A) Marta antes do almoço, arrumou o berço do VUNESP/2011) Considerando a concordância das pala-
bebê, as camas, e a sala de visitas. vras, assinale a alternativa correta.
(B) Marta, antes do almoço arrumou, o berço do (A) Muitas preocupações, naquela noite, tinha en-
bebê as camas, e a sala de visitas. tristecido Joel.
(C) Marta, antes do almoço, arrumou, o berço do (B) Estava ali, na mesa, os papéis recebidos por
bebê, as camas, e a sala de visitas. Marta.
(D) Marta, antes do almoço, arrumou o berço do (C) Já se conhece as causas da sua tristeza.
bebê, as camas e a sala de visitas. (D) O relacionamento entre as pessoas não estavam
(E) Marta antes do almoço, arrumou, o berço do agradável.
bebê, as camas, e a sala de visitas. (E) Nesta semana, houve alguns comentários sobre
Joel e Marta.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) Muitas preocupações, naquela noite, tinha (tinham) 15-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU-
entristecido Joel. NESP/2013) O texto apresenta variação no uso da lin-
(B) Estava (estavam) ali, na mesa, os papéis recebidos guagem, oscilando entre a mais formal e a mais espon-
por Marta. tânea. Desta última, há exemplo em:
(C) Já se conhece (conhecem) as causas da sua tristeza. (A) A Prefeitura do Rio está lançando a Operação
(D) O relacionamento entre as pessoas não estavam Lixo Zero...
(estava) agradável. (B) Em primeira instância, a campanha é educativa.
(E) Nesta semana, houve alguns comentários sobre (C) ... para quem tratar a via pública como a casa
Joel e Marta. da sogra.
(D) ... jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de
RESPOSTA: “E”. fogo com ele.
(E) ... talvez seja possível enquadrá-los por sujar a
(UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU-
rua.
NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder
às questões de números 14 a 17.
A linguagem informal, espontânea, está mais evidente
no uso da expressão “casa da sogra”.
RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançan-
do a Operação Lixo Zero, que vai multar quem empor-
calhar a cidade. Em primeira instância, a campanha é RESPOSTA: “C”.
educativa. Equipes da Companhia Municipal de Limpe-
za Urbana estão percorrendo as ruas para flagrar maus 16-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU-
cidadãos jogando coisas onde não devem e alertá-los NESP/2013) Na frase – ... eles não estão nem aí para a
para o que os espera. Em breve, com guardas munici- cidade... – (3.º parágrafo), o pronome em destaque re-
pais, policiais militares e 600 fiscais em ação, as mul- fere-se aos
tas começarão a chegar para quem tratar a via pública (A) fiscais.
como a casa da sogra. (B) policiais.
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, (C) políticos.
os recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens (D) jovens golpistas.
golpistas que, nas últimas semanas, se habituaram a (E) maus cidadãos.
tomar as ruas, pichar monumentos, vandalizar prédios
públicos, quebrar orelhões, arrancar postes, apedrejar Para responder à questão, retomemos o texto:
vitrines, depredar bancos, saquear lojas e, por uma es- Imagina-se que, quando essa lei começar para valer,
tranha compulsão, destruir lixeiras, jogar o lixo no as- os recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens gol-
falto e armar barricadas de fogo com ele. pistas que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não as ruas, pichar monumentos, vandalizar prédios públicos,
estão nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por quebrar orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, de-
algum motivo, parecem querer levar ao colapso. predar bancos, saquear lojas e, por uma estranha compul-
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis- são, destruir lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barrica-
mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autorida- das de fogo com ele.
de, resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos É verdade que, no seu “bullying” político, eles não es-
públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua.
tão nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por al-
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo,
gum motivo, parecem querer levar ao colapso.
21.08.2013. Adaptado)
Identifiquei os termos que se relacionam (faça esse es-
quema ao realizar seu concurso, o que facilita muito a com-
14-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA –
VUNESP/2013) Na oração – ... parecem querer levar ao preensão textual). Através disso chegamos à conclusão de
colapso. – (3.º parágrafo), o termo em destaque é sinô- que o termo “eles” relaciona-se a “jovens golpistas”.
nimo de
(A) progresso. RESPOSTA: “D”.
(B) descaso.
(C) vitória. 17-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA –
(D) tédio. VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto à
(E) ruína. concordância.
(A) Terá equipes percorrendo as ruas para flagrar
Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção maus cidadãos, e caberá multas para quem destratar a
do autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se via pública.
à queda, ao fim, à ruína da cidade. (B) Haverá equipes percorrendo as ruas para flagrar
maus cidadãos, e caberão multas para quem destratar
RESPOSTA: “E”. a via pública.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Existirão equipes percorrendo as ruas para fla- (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEI-
grar maus cidadãos, e caberá multas para quem destra- RO – ÁREA CIVIL – VUNESP/2011 - ADAPTADA) Leia o
tar a via pública. texto para responder às questões de números 19 a 21.
(D) Haverão equipes percorrendo as ruas para fla-
grar maus cidadãos, e caberão multas para quem des- Bolsa rosa, contas no vermelho
tratar a via pública.
(E) Existirá equipes percorrendo as ruas para flagrar Não fosse por um detalhe crucial – de onde tirar o
maus cidadãos, e caberão multas para quem destratar dinheiro –, a criação de um regime de aposentadoria
a via pública. para milhões de donas de casa brasileiras de baixa ren-
da até poderia fazer sentido. Há diversos projetos de lei
(A) Terá (haverá) equipes percorrendo as ruas para fla- em tramitação na Câmara para reconhecer os direitos
grar maus cidadãos, e caberá (caberão) multas para quem das mulheres dedicadas integralmente às tarefas do-
destratar a via pública. mésticas. Mas eles ignoram o impacto econômico que
(B) Haverá equipes percorrendo as ruas para flagrar isso teria nas contas públicas. A deputada Alice Portu-
maus cidadãos, e caberão multas para quem destratar a gal (PT-SC), defensora da criação dessa espécie de bol-
via pública. sa-cor-de-rosa, afirma que “muitas vezes, após 35 anos
(C) Existirão equipes percorrendo as ruas para flagrar de casamento, o marido vai embora, e ela (a mulher),
maus cidadãos, e caberá (caberão) multas para quem des- que prestou serviços a vida inteira, não tem amparo”.
tratar a via pública. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adicio-
(D) Haverão (haverá) equipes percorrendo as ruas para nal de 5,4 bilhões de reais por ano.
flagrar maus cidadãos, e caberão multas para quem destra- (Exame, edição 988, ano 45, n.º 5, 23.03.2011)
tar a via pública.
(E) Existirá (existirão) equipes percorrendo as ruas para 19-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGE-
flagrar maus cidadãos, e caberão multas para quem destra- NHEIRO – ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) O tema desse
tar a via pública. texto é
(A) o uso de bolsas cor-de-rosa pelas donas de casa
RESPOSTA: “B”. brasileiras.
(B) o desamparo das mulheres abandonadas pelos
18-) (UFTM – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- maridos.
NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao (C) a falta de dinheiro para pagar salários a mulhe-
emprego e à colocação pronominal. res de baixa renda no Brasil.
(A) Os porcalhões do Rio que se cuidem, pois a Pre- (D) o alto custo das contas públicas brasileiras.
feitura vai multá-los. (E) o impacto econômico da aposentadoria de do-
(B) Os porcalhões do Rio que cuidem-se, pois a Pre- nas de casa nas contas públicas.
feitura vai lhes multar.
(C) Os porcalhões do Rio que se cuidem, pois a Pre- Pela leitura do texto, fica evidente que ele aponta o
feitura vai multar eles. impacto econômico que o pagamento de aposentadoria às
(D) Se cuidem os porcalhões do Rio, pois a Prefei- donas de casa causará às contas públicas.
tura os vai multar.
(E) Cuidem-se os porcalhões do Rio, pois a Prefeitu- RESPOSTA: “E”.
ra lhes vai multar.
20-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGE-
(A) Os porcalhões do Rio que se cuidem, pois a Prefei- NHEIRO – ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) A frase do
tura vai multá-los. texto – “Caso a bondade seja aprovada, haverá custo
(B) Os porcalhões do Rio que cuidem-se, pois a Prefei- adicional de 5,4 bilhões de reais por ano.” – indica
tura vai lhes multar. (A) ironia.
(C) Os porcalhões do Rio que se cuidem, pois a Prefei- (B) respeito.
tura vai multar eles. (C) indignação.
(D) Se cuidem os porcalhões do Rio, pois a Prefeitura (D) frustração.
os vai multar. (E) aprovação.
(E) Cuidem-se os porcalhões do Rio, pois a Prefeitura
lhes vai multar. O termo que facilita a resposta à questão é: Caso a
Como as alternativas apresentam o mesmo texto, o bondade seja aprovada = ironia.
item correto já indica onde estão as inadequações nos de-
mais. RESPOSTA: “A”.

RESPOSTA: “A”

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LÍNGUA PORTUGUESA

21-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGE- ... em que estas anotações vadias foram feitas = dois
NHEIRO – ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) Considere as verbos na voz passiva, então teremos um na ativa: caderni-
frases: nho em que fiz anotações vadias...
I. Há diversos projetos de lei em tramitação na Câ-
mara. RESPOSTA: “C”.
II. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adi-
cional de 5,4 bilhões de reais por ano. 23-) (TRF/3ª REGIÃO – PSIQUIATRIA – FCC/2014)
Assinale a alternativa que, respectivamente, subs- Em nossa cultura, ...... experiências ...... passamos soma-
titui o verbo haver pelo verbo existir, conservando o se ...... dor, considerada como um elemento formador
tempo e o modo. do caráter, contexto ...... pathos pode converter-se em
(A) Existe – existe éthos.
(B) Existem – existirão Preenchem corretamente as lacunas da frase acima,
(C) Existirão – existirá na ordem dada:
(D) Existem – existirá a) às - porque - a - em que
(E) Existiriam – existiria b) às - pelas quais - à - de que
c) as - que - à - com que
Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do pre- d) às - por que - a - no qual
sente do indicativo. e) as - por que - a - do qual
Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos
de que esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, Em nossa cultura, às experiências (a dor é somada com
caso seja necessário): as experiências, somada às experiências – objeto indireto)
I. Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câ- por que (= pelas quais) passamos soma-se a dor (objeto
mara. direto), considerada como um elemento formador do cará-
II. Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicio- ter, contexto no qual pathos pode converter-se em éthos.
nal de 5,4 bilhões de reais por ano.
Existem / existirá. RESPOSTA: “D”.

RESPOSTA: “D”. 24-) (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-


NISTRATIVA – FCC/2012) Considere:
22-) (TRF/1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ...... angústia de imaginar que o homem pode estar
FCC/2011) só no universo soma-se a curiosidade humana, que se
Assim como os antigos moralistas escreviam má- prende ...... tudo o que é desconhecido, para que não
ximas, deu-me vontade de escrever o que se poderia desapareça de todo o interesse por pistas que dariam
chamar de mínimas, ou seja, alguma coisa que, ajustada embasamento ...... teses de que haveria vida em outros
às limitações do meu engenho, traduzisse um tipo de planetas.
experiência vivida, que não chega a alcançar a sabedo- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima,
ria mas que, de qualquer modo, é resultado de viver. na ordem dada:
Andei reunindo pedacinhos de papel em que estas ano- (A) À − a − às
tações vadias foram feitas e ofereço-as ao leitor, sem (B) A − à − as
que pretenda convencê-lo do que penso nem convidá (C) À − a − as
-lo a repensar suas ideias. São palavras que, de modo (D) A − a − às
canhestro, aspiram a enveredar pelo avesso das coisas, (E) À − à – as
admitindo-se que elas tenham um avesso, nem sempre
perceptível mas às vezes curioso ou surpreendente. Leia “voltando” os termos do texto: Soma-se a curio-
(Carlos Drummond de Andrade. O avesso das coisas sidade humana à angústia de imaginar = ficamos com os
[aforismos]. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 3) itens A e E, somente. Quem se prende, prende-se A algo
ou A alguém, então: “que se prende a tudo (sem acento
...em que estas anotações vadias foram feitas... indicativo de crase, por ser um pronome indefinido); emba-
samento A quê? às teses. Temos: à / a / às.
Observando o contexto em que a frase acima foi
empregada, a sua transposição para a voz ativa produz RESPOSTA: “A”.
corretamente a seguinte forma verbal:
a) fizeram-se.
b) tinha feito.
c) fiz.
d) faziam.
e) poderia fazer.

98
LÍNGUA PORTUGUESA

25-) (TRF/4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP –
Está plenamente adequada a pontuação da frase: GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011 - ADAPTADA) Leia
a) Por vezes uma obra literária acaba mesmo, sem o texto para responder às questões de números 27 a 29.
o pretender, influindo no plano político e social, pois o
caminho do escritor não é traçado tão somente, pelo Desde o dia do ataque, agentes da guarda munici-
que ele prevê mas também, pelas forças do acaso ou pal fazem vigília na porta do colégio. Como o matador
pelas determinações sociais. Wellington de Oliveira era ex-aluno, passou à vonta-
b) Por vezes, uma obra literária acaba, mesmo sem de pelo portão. Mas o debate sobre como garantir a
o pretender, influindo no plano político e social, pois segurança nas escolas públicas permanece aceso. Nas
o caminho do escritor não é traçado tão somente pelo escolas da rede municipal do Rio, funcionários encar-
que ele prevê, mas também pelas forças do acaso ou regados da merenda e de outras funções eram também
pelas determinações sociais. incumbidos de zelar pela portaria. A ideia agora é do-
c) Por vezes, uma obra literária, acaba mesmo sem tar as escolas de porteiros responsáveis pela entrada e
o pretender, influindo no plano político e social, pois saída de visitantes devidamente identificados. Também
o caminho do escritor não é traçado tão somente pelo haverá mais inspetores, de modo que cada colégio con-
que ele prevê, mas também, pelas forças do acaso, ou te com um deles por andar. O mais difícil será amenizar
pelas determinações sociais. a sensação de insegurança que restou. Recentemente,
d) Por vezes uma obra literária acaba mesmo sem ao ouvirem a movimentação de estudantes no corre-
o pretender, influindo no plano político e social; pois o dor, os alunos de uma das turmas da Tasso de Oliveira
caminho do escritor não é traçado, tão somente, pelo saíram correndo, no meio da aula, aos berros. “Aquele
que ele prevê mas também, pelas forças do acaso ou dia marcou nossa vida para sempre”, afirma Luís Mar-
pelas determinações sociais. duk, diretor da escola.
e) Por vezes, uma obra literária acaba mesmo sem (Veja, 25.05.2011)
o pretender, influindo no plano político e social pois o
caminho do escritor, não é traçado, tão somente, pelo 27-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/
que ele prevê, mas também pelas forças do acaso, ou SP – GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) De acordo
pelas determinações sociais. com o texto, o ataque de Wellington de Oliveira
(A) foi rapidamente esquecido pelos alunos da escola.
Tendo em vista a igualdade textual entre os itens, a (B) foi facilitado pelos funcionários da escola.
indicação da alternativa correta aponta as inadequações (C) se deu mesmo com vigília da guarda municipal.
presentes nas demais. (D) alterou a rotina da escola Tasso da Silveira.
(E) tem reforçado a sensação de segurança.
RESPOSTA: “B”.
Utilizando trechos do texto: Desde o dia do ataque,
26-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – agentes da guarda municipal fazem vigília na porta do co-
GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) Em – Por que, légio... “Aquele dia marcou nossa vida para sempre”...
ainda hoje, pomos em risco nossas vidas, a vida de mui-
tos, a vida de todos, produzindo a guerra? – a figura de RESPOSTA: “D”.
linguagem presente, conforme as expressões em des-
taque, é a 28-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/
(A) sinestesia. SP – GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) A frase –
(B) metáfora. Como o matador Wellington de Oliveira era ex-aluno,
(C) antítese. passou à vontade pelo portão. – equivale a:
(D) hipérbole. (A) O matador Wellington de Oliveira passou à von-
(E) gradação. tade pelo portão, portanto era ex-aluno.
(B) O matador Wellington de Oliveira passou à von-
Gradação: Consiste em dispor as ideias por meio de pa- tade pelo portão, mas era ex-aluno.
lavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decres- (C) O matador Wellington de Oliveira passou à von-
cente. tade pelo portão, porque era ex-aluno.
(fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/es- (D) O matador Wellington de Oliveira passou à von-
til7.php) tade pelo portão, conforme era ex-aluno.
(E) O matador Wellington de Oliveira passou à von-
RESPOSTA: “E”. tade pelo portão, apesar de ser ex-aluno.

A alternativa que apresenta coerência com o enuncia-


do é a que tem a presença da conjunção explicativa – “por-
que”.

RESPOSTA: “C”.

99
LÍNGUA PORTUGUESA

29-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/ quero me casar.


SP – GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) Assinale a Procuro uma noiva
alternativa correta quanto à pontuação e à acentuação. loura morena
(A) As escolas do Rio contratarão mais inspetores, preta ou azul
tornando possível maior controle do acesso de pessoas uma noiva verde
a esses locais. uma noiva no ar
(B) As escolas do Rio, contratarão mais inspetores como um passarinho.
tornando possível maior controle do acesso de pessoas Depressa, que o amor
a esses locais. não pode esperar.
(C) As escolas, do Rio, contratarão mais inspetores,
tornando possivel maior controle do acesso de pessoas 31-) (CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU-
a esses locais. NESP/2012) No poema, revelam-se os seguintes sen-
(D) As escolas do Rio contratarão mais inspetores, tidos:
tornando possível maior contrôle do acesso de pessoas (A) solidão, irritação e angústia.
a esses locais. (B) vontade, medo e tranquilidade.
(E) As escolas do Rio, contratarão mais inspetores, (C) descaso, imprudência e agitação.
tornando possivel maior contrôle do acesso de pessoas (D) autoridade, investigação e impaciência.
a esses locais. (E) desejo, busca e pressa.
Quero = desejo / Procuro = busca / Depressa =
Como as alternativas apresentam o mesmo texto, não pressa
indiquei nas demais as incorreções.
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “A”.
32-) (CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU-
30-) (CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU- NESP/2012) As expressões “na rua” e “Depressa” são
NESP/2012) Assinale a alternativa correta quanto à indicativas, respectivamente, de
concordância. (A) tempo e lugar.
(A) As pessoas, então, não estavam adequadamente (B) modo e intensidade.
protegidas. (C) causa e tempo.
(B) Nenhuma pessoa, então, estava adequadamen- (D) lugar e modo.
te protegido. (E) intensidade e lugar.
(C) Os envolvidos, então, não estavam adequada-
mente protegido. Na rua = lugar; depressa (apressadamente, com pres-
(D) Todas as pessoas, então, não estavam adequa- sa) = modo
damente protegido.
(E) Os envolvidos, então, não estava adequadamen- RESPOSTA: “D”.
te protegidos.
33-) (CREFITO/SP – SECRETÁRIO – VUNESP/2012)
(A) As pessoas, então, não estavam adequadamente Assinale a alternativa correta quanto à colocação pro-
protegidas. nominal e ao uso ou não do acento indicativo da crase.
(B) Nenhuma pessoa, então, estava adequadamente (A) O texto faz referência a duas amazônias, que se
protegido = protegida destacam pela extensão e pela riqueza que guardam.
(C) Os envolvidos, então, não estavam adequadamente Refere-se, também, à localização da Amazônia Azul.
protegido = protegidos (B) O texto faz referência à duas amazônias, que
(D) Todas as pessoas, então, não estavam adequada- destacam-se pela extensão e pela riqueza que guardam.
mente protegido = protegidas Refere-se, também, a localização da Amazônia Azul.
(E) Os envolvidos, então, não estava (estavam) adequa- (C) O texto faz referência a duas amazônias, que
damente protegidos. destacam-se pela extensão e pela riqueza que guardam.
Se refere, também, a localização da Amazônia Azul.
RESPOSTA: “A”. (D) O texto faz referência à duas amazônias, que se
destacam pela extensão e pela riqueza que guardam. Se
(CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU- refere, também, à localização da Amazônia Azul.
NESP/2012 - ADAPTADA) Leia o poema de Carlos (E) O texto faz referência a duas amazônias, que
Drummond de Andrade para responder às questões de destacam-se pela extensão e pela riqueza que guardam.
números 31 a 32. Refere-se, também, à localização da Amazônia Azul.

Quero me casar Como os itens apresentam o mesmo texto, a alterna-


Quero me casar tiva correta já indica quais são as incorreções nas demais.
na noite na rua
no mar ou no céu RESPOSTA: “A”.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

34-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –


- VUNESP/2010) Em – Podemos escolher o futuro que VUNESP/2010 - ADAPTADA) Para responder às ques-
queremos para nós e nossos filhos ou podemos deixar tões de números 36 e 37, considere o trecho:
que escolham um futuro menos positivo e mais som-
brio. – a conjunção “ou” estabelece entre as orações Se formos bem-sucedidos no combate às mudanças
uma relação de climáticas, o mundo terá sido transformado pelos nos-
(A) adição, indicando os dois tipos de futuro com os sos esforços.
quais as pessoas deverão se defrontar em breve.
(B) adversidade, indicando as duas informações 36-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
que se opõem conforme o tipo de futuro descrito. – VUNESP/2010) O tempo verbal composto terá sido
(C) alternância, indicando as duas informações que indica ação
compõem as opções sobre o futuro desejado. (A) concluída no tempo presente, em função da in-
(D) causa, indicando os motivos que levarão as pes- formação apresentada na oração inicial do trecho.
soas a terem de escolher um dos futuros possíveis. (B) possível de ocorrer no futuro, como decorrência
(E) consequência, indicando os desastres que advi- da hipótese apresentada na oração inicial do trecho.
rão ao mundo, no futuro, pela ignorância das pessoas. (C) em andamento no tempo presente e que se fin-
A conjunção “ou” é alternativa, ou seja, expressa esco- dará no futuro, como causa do que se afirma na oração
lhas, alternativas entre as ações citadas nas orações ligadas inicial do trecho.
por ela. (D) impossível de ocorrer no passado e, por essa ra-
zão, sem previsão para o futuro, conforme se afirma na
RESPOSTA: “C”. oração inicial do trecho.
(E) concluída no passado e, portanto, podendo
35-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO ocorrer no futuro, conforme se afirma na oração inicial
- VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que a frase
do trecho.
está correta quanto à regência e ao uso ou não do acen-
to indicativo da crase.
Terá sido corresponde ao verbo será = (ação que pode
(A) Tendo chegado a capital dinamarquesa sitiada
vir a acontecer, dependendo de que outra também acon-
por pessoas e papéis, já tenho certeza que Copenhague
teça. Se fôssemos ... o mundo seria).
não é apenas mais uma negociação internacional.
(B) Tendo chegado à esta capital sitiada por pessoas
RESPOSTA: “B”.
e papéis, já tenho certeza de que Copenhague não é
apenas mais uma negociação internacional.
37-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
(C) Tendo chegado àquela cidade sitiada por pes-
– VUNESP/2010) Em voz ativa, a segunda oração do pe-
soas e papéis, já tenho certeza que Copenhague não é
apenas mais uma negociação internacional. ríodo assume a seguinte redação:
(D) Tendo chegado à capital dinamarquesa sitiada (A) o mundo se transformará com os nossos esfor-
por pessoas e papéis, já tenho certeza de que Copenha- ços.
gue não é apenas mais uma negociação internacional. (B) os nossos esforços transformarão o mundo.
(E) Tendo chegado a bela capital dinamarquesa (C) os nossos esforços terão transformado o mun-
sitiada por pessoas e papéis, já tenho certeza de que do.
Copenhague não é apenas mais uma negociação inter- (D) transforma-se o mundo por nossos esforços.
nacional. (E) os nossos esforços serão transformados pelo
mundo.
(A) Tendo chegado a (à) capital dinamarquesa sitiada A segunda frase do período é: o mundo terá sido trans-
por pessoas e papéis, já tenho certeza (de) que Copenha- formado pelos nossos esforços.
gue não é apenas mais uma negociação internacional. A voz ativa: Os esforços terão transformado o mundo.
(B) Tendo chegado à (a) esta capital sitiada por pessoas
e papéis, já tenho certeza de que Copenhague não é ape- RESPOSTA: “C”.
nas mais uma negociação internacional.
(C) Tendo chegado àquela cidade sitiada por pessoas e
papéis, já tenho certeza (de) que Copenhague não é ape-
nas mais uma negociação internacional.
(D) Tendo chegado à capital dinamarquesa sitiada por
pessoas e papéis, já tenho certeza de que Copenhague não
é apenas mais uma negociação internacional.
E) Tendo chegado a (à) bela capital dinamarquesa si-
tiada por pessoas e papéis, já tenho certeza de que Cope-
nhague não é apenas mais uma negociação internacional.

RESPOSTA: “D”.

101
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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102
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Conceitos lógicos. ................................................................................................................................................................................................... 01


Problemas envolvendo correlação entre elementos.................................................................................................................................. 01
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos, matriciais. ............................................................................ 01
Séries e sequências. ................................................................................................................................................................................................ 01
Progressão aritmética e progressão geométrica. ....................................................................................................................................... 15
Diagramas lógicos. .................................................................................................................................................................................................. 23
Teoria dos conjuntos. ............................................................................................................................................................................................. 31
Análise combinatória. ............................................................................................................................................................................................ 37
Probabilidade. ........................................................................................................................................................................................................... 42
Lógica argumentativa. ........................................................................................................................................................................................... 46
Lógica proposicional simples e composta. ................................................................................................................................................... 46
Álgebras das proposições. ................................................................................................................................................................................... 46
Estruturas lógicas: conjunção, disjunção, condicional, bicondicional e negação............................................................................ 51
Equivalência lógica. ................................................................................................................................................................................................. 51
Leis de Morgan. ........................................................................................................................................................................................................ 51
Tabela verdade: tautologia, contradição e validações. ............................................................................................................................. 51
Silogismo categórico e hipotético..................................................................................................................................................................... 51
Porcentagem. ............................................................................................................................................................................................................ 61
Regra de três simples e composta, Razão e proporção, e análise de gráficos e tabelas............................................................. 65
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

CONCEITOS LÓGICOS.
PROBLEMAS ENVOLVENDO CORRELAÇÃO
ENTRE ELEMENTOS.
RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS,
MATRICIAIS.
SÉRIES E SEQUÊNCIAS.

Raciocínio Lógico Matemático

Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos lógicos contribuem no desenvolvimento cognitivo dos estudantes,
induzindo a organização do pensamento e das ideias, na formação de conceitos básicos, assimilação de regras matemáti-
cas, construção de fórmulas e expressões aritméticas e algébricas. É de extrema importância que em matemática utilize-se
atividades envolvendo lógica, no intuito de despertar o raciocínio, fazendo com que se utilize do potencial na busca por
soluções dos problemas matemáticos desenvolvidos e baseados nos conceitos lógicos.
A lógica está presente em diversos ramos da matemática, como a probabilidade, os problemas de contagem, as pro-
gressões aritméticas e geométricas, as sequências numéricas, equações, funções, análise de gráficos entre outros. Os fun-
damentos lógicos contribuem na resolução ordenada de equações, na percepção do valor da razão de uma sequência, na
elucidação de problemas aritméticos e algébricos e na fixação de conteúdos complexos.
A utilização das atividades lógicas contribui na formação de indivíduos capazes de criar ferramentas e mecanismos
responsáveis pela obtenção de resultados em Matemática. O sucesso na Matemática está diretamente conectado à curiosi-
dade, pesquisa, deduções, experimentos, visão detalhada, senso crítico e organizacional e todas essas características estão
ligadas ao desenvolvimento lógico.

Raciocínio Lógico Dedutivo

A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio lógico
é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premissa(s). A de-
dução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a compreensão
das sequências lógicas, onde devemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras, símbolos ou nú-
meros, a partir da observação dos termos dados.

Humor Lógico

Orientações Espacial e Temporal

Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em
questões sobre a disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas
faces, montagem de figuras com subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de figuras
nas quais se pede a próxima. Serve para verificar a capacidade do candidato em resolver problemas com base em estímulos
visuais.

1
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Raciocínio Verbal Sequência de Números

O raciocínio é o conjunto de atividades mentais que Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um


consiste na associação de ideias de acordo com determina- mesmo número.
das regras. No caso do raciocínio verbal, trata-se da capaci-
dade de raciocinar com conteúdos verbais, estabelecendo
entre eles princípios de classificação, ordenação, relação e
significados. Ao contrário daquilo que se possa pensar, o
raciocínio verbal é uma capacidade intelectual que tende a Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente
ser pouco desenvolvida pela maioria das pessoas. No nível um mesmo número.
escolar, por exemplo, disciplinas como as línguas centram-
se em objetivos como a ortografia ou a gramática, mas não
estimulam/incentivam à aprendizagem dos métodos de ex-
pressão necessários para que os alunos possam fazer um
uso mais completo da linguagem. Incremento em Progressão: O valor somado é que está
Por outro lado, o auge dos computadores e das consolas em progressão.
de jogos de vídeo faz com que as crianças costumem jogar
de forma individual, isto é, sozinhas (ou com outras crianças
que não se encontrem fisicamente com elas), pelo que não
é feito um uso intensivo da linguagem. Uma terceira causa
que se pode aqui mencionar para explicar o fraco raciocínio Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois
verbal é o fato de jantar em frente à televisão. Desta forma, anteriores.
perde-se o diálogo no seio da família e a arte de conversar.
Entre os exercícios recomendados pelos especialistas 1 1 2 3 5 8 13
para desenvolver o raciocínio verbal, encontram-se as analo- Números Primos: Naturais que possuem apenas dois
gias verbais, os exercícios para completar orações, a ordem divisores naturais.
de frases e os jogos onde se devem excluir certos conceitos
de um grupo. Outras propostas implicam que sigam/res-
2 3 5 7 11 13 17
peitem certas instruções, corrijam a palavra inadequada (o
intruso) de uma frase ou procurem/descubram antônimos e
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são
sinônimos de uma mesma palavra.
naturais.
Lógica Sequencial
1 4 9 16 25 36 49
Lógica Sequencial
Sequência de Letras
O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental.
Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, As sequências de letras podem estar associadas a uma
para concluir através de mecanismos de comparações e série de números ou não. Em geral, devemos escrever
abstrações, quais são os dados que levam às respostas todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar com
verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi pelo processo do k, y e w) e circular as letras dadas para entender a lógica
raciocínio que ocorreu o desenvolvimento do método proposta.
matemático, este considerado instrumento puramente
teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos. ACFJOU
Logo, resumidamente o raciocínio pode ser considerado Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses
também um dos integrantes dos mecanismos dos processos números estão em progressão.
cognitivos superiores da formação de conceitos e da solução
de problemas, sendo parte do pensamento. ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
Sequências Lógicas
B1 2F H4 8L N16 32R T64
As sequências podem ser formadas por números, letras,
pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer Nesse caso, associou-se letras e números (potências de
uma sequência, o importante é que existam pelo menos 2), alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1
três elementos que caracterize a lógica de sua formação, posições.
entretanto algumas séries necessitam de mais elementos
para definir sua lógica. Algumas sequências são bastante ABCDEFGHIJKLMNOPQRST
conhecidas e todo aluno que estuda lógica deve conhecê-
las, tais como as progressões aritméticas e geométricas, Sequência de Pessoas
a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados
perfeitos.

2
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Na série a seguir, temos sempre um homem seguido


de duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma
posição múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e
a posição dos braços sempre alterna, ficando para cima em
uma posição múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim,
a sequência se repete a cada seis termos, tornando possível
determinar quem estará em qualquer posição.

Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de


Sequência de Figuras circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos
uma espiral formada pela concordância de arcos cujos
Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão raios são os elementos da sequência de Fibonacci.
visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir.

O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre


arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje
em ruínas, era um retângulo que continha um quadrado
Sequência de Fibonacci de lado igual à altura. Essa forma sempre foi considerada
satisfatória do ponto de vista estético por suas proporções
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como sendo chamada retângulo áureo ou retângulo de ouro.
Fibonacci, propôs no século XIII, a sequência numérica:
(1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem
uma lei de formação simples: cada elemento, a partir do
terceiro, é obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1
+ 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o
século XIII, muitos matemáticos, além do próprio Fibonacci,
dedicaram-se ao estudo da sequência que foi proposta,
e foram encontradas inúmeras aplicações para ela no
desenvolvimento de modelos explicativos de fenômenos
naturais.

Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de


Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados Como os dois retângulos indicados na figura são
de lado 1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1. semelhantes temos: (1).
Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado de lado
2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos
agora um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo Como: b = y – a (2).
5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
quadrados que adicionamos para determinar os retângulos
formam a sequência de Fibonacci. Resolvendo a equação:

em que não convém.

Logo:

3
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Esse número é conhecido como número de ouro e Exemplo 3


pode ser representado por:

Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor


lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
da fachada do Partenon.

As figuras a seguir possuem números que representam


uma sequência lógica. Veja os exemplos:

Exemplo 1

Multiplicar os números sempre por 3.


1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
A sequência numérica proposta envolve multiplicações 243 x 3 = 729
por 4. 729 x 3 = 2187
6 x 4 = 24 Exemplo 4
24 x 4 = 96
96 x 4 = 384
384 x 4 = 1536

Exemplo 2

A diferença entre os números vai aumentando 2


unidades.
24 – 22 = 2
A diferença entre os números vai aumentando 1 28 – 24 = 4
unidade. 34 – 28 = 6
13 – 10 = 3 42 – 34 = 8
17 – 13 = 4 52 – 42 = 10
22 – 17 = 5 64 – 52 = 12
28 – 22 = 6 78 – 64 = 14
35 – 28 = 7

4
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

QUESTÕES 03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000,


990, 970, 940, 900, 850, ...
01. Observe atentamente a disposição das cartas em (A) 800
cada linha do esquema seguinte: (B) 790
(C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos


hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um
deles que pode ser:

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78
A carta que está oculta é:
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos
(A) (B) (C) de fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
indicado abaixo:

.............
1° 2° 3°

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(D) (E) (A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos
06. Ana fez diversas planificações de um cubo e
escreveu em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo,
ela deseja que a soma dos números marcados nas faces
02. Considere que a sequência de figuras foi construída opostas seja 7. A única alternativa cuja figura representa a
segundo um certo critério. planificação desse cubo tal como deseja Ana é:

(A) (B)


(C) (D)

Se tal critério for mantido, para obter as figuras


subsequentes, o total de pontos da figura de número 15
deverá ser:
(A) 69
(B) 67 (E)
(C) 65
(D) 63
(E) 61

5
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

07. As figuras da sequência dada são formadas por (A) alar


partes iguais de um círculo. (B) rala
(C) ralar
(D) larva
(E) arval

12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas,


Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16 linha a linha, segundo determinado padrão.
círculos completos na:
(A) 36ª figura
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura

08. Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras


seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a
figura que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:
(A) (B) Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui
corretamente o ponto de interrogação é:


(C) (D)

(A) (B)

(C)

(E)

(D)
(E)

09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual 13. Observe que na sucessão seguinte os números
é o próximo número? foram colocados obedecendo a uma lei de formação.
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo


número?
(A) 4 Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais
(B) 20 que X + Y é igual a:
(C) 31 (A) 40
(D) 21 (B) 42
(C) 44
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados (D) 46
segundo determinado critério. (E) 48
LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?
Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá
ocupar o lugar do ponto de interrogação é:

6
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas


em forma de triângulo, segundo determinado critério.
(A) (B)

(C) (D)

(E)

17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os


Considerando que na ordem alfabética usada são números que foram colocados nos dois primeiros triângulos
excluídas as letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui obedecem a um mesmo critério
corretamente o ponto de interrogação é:
(A) P
(B) O
(C) N
(D) M
(E) L
Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo
15. Considere que a sequência seguinte é formada pela
da direita, o número que deverá substituir o ponto de
sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que
interrogação é:
os algarismos sejam separados.
(A) 32
(B) 36
1234567891011121314151617181920...
(C) 38
(D) 42
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa
(E) 46
sequência é: 18. Considere a seguinte sequência infinita de
(A) 9 números: 3, 12, 27, __, 75, 108,... O número que preenche
(B) 8 adequadamente a quarta posição dessa sequência é:
(C) 6 (A) 36,
(D) 3 (B) 40,
(E) 1 (C) 42,
16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram (D) 44,
desenhadas de acordo com determinado padrão. (E) 48

19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o


próximo numero será:

(A)

(B)

(C)

(D)

20. Considere a sequência abaixo:

BBB BXB XXB


Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve XBX XBX XBX
substituir o ponto de interrogação é: BBB BXB BXX

7
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

O padrão que completa a sequência é: Número Quantidade de números de


dado 2 algarismos em comum
(A) (B) (C)
XXX XXB XXX 48.765 1
XXX XBX XXX 86.547 0
XXX BXX XXB
87.465 2
(D) (E) 48.675 1
XXX XXX
XBX XBX O número procurado é:
XXX BXX (A) 87456
(B) 68745
21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do (C) 56874
terceiro é igual à soma de seus dois termos precedentes. (D) 58746
Sabendo-se que os dois primeiros termos, por definição, (E) 46875
são 0 e 1, o sexto termo da série é:
(A) 2 26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem
(B) 3 no quadro seguinte, substituem as operações que devem
(C) 4 ser efetuadas em cada linha, a fim de se obter o resultado
(D) 5 correspondente, que se encontra na coluna da extrema
(E) 6 direita.

22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G 36 ♦ 4 ♣ 5 = 14


H I J L M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada
48 ♦ 6 ♣ 9 = 17
letra é substituída pela letra que ocupa a quarta posição
depois dela. Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira 54 ♦ 9 ♣ 7 = ?
“G” e assim por diante. O código é “circular”, de modo que Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o
o “U” vira “A” e assim por diante. Recebi uma mensagem ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número:
em código que dizia: BSA HI EDAP. Decifrei o código e li: (A) 16
(A) FAZ AS DUAS; (B) 15
(B) DIA DO LOBO; (C) 14
(C) RIO ME QUER; (D) 13
(D) VIM DA LOJA; (E) 12
(E) VOU DE AZUL.
27. Segundo determinado critério, foi construída a
23. A sentença “Social está para laicos assim como sucessão seguinte, em que cada termo é composto de um
231678 está para...” é melhor completada por: número seguido de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6
(A) 326187; – .... Considerando que no alfabeto usado são excluídas as
(B) 876132; letras K, Y e W, então, de acordo com o critério estabelecido,
(C) 286731; a letra que deverá anteceder o número 12 é:
(D) 827361; (A) J
(E) 218763. (B) L
(C) M
(D) N
24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435
(E) O
está para...” é melhor completada pelo seguinte número:
(A) 53452;
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU
(B) 23455;
e URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo,
(C) 34552;
de modo que cada uma das suas respectivas letras ocupe
(D) 43525;
um quadrinho e, na diagonal sombreada, possa ser lido o
(E) 53542. nome de um novo animal.
25. Repare que com um número de 5 algarismos,
respeitada a ordem dada, podem-se criar 4 números de
dois algarismos. Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o
34, o 47, o 71 e o 12. Procura-se um número de 5 algarismos
formado pelos algarismos 4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja
abaixo alguns números desse tipo e, ao lado de cada um
deles, a quantidade de números de dois algarismos que
esse número tem em comum com o número procurado.

8
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada 33. Arborizado → azar


letra restante corresponder ordenadamente aos números Asteroide → dias
inteiros de 1 a 23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), Articular → ?
a soma dos números que correspondem às letras que (A) luar
compõem o nome do animal é: (B) arar
(A) 37 (C) lira
(B) 39 (D) luta
(C) 45 (E) rara
(D) 49
(E) 51 34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique
quais os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21,
Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação 34, 55, __, 144, __...
entre o primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma
relação deverá existir entre o terceiro grupo e um dos cinco 35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco
grupos que aparecem nas alternativas, ou seja, aquele que de 10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o
substitui corretamente o ponto de interrogação. Considere dia, ela consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite,
que a ordem alfabética adotada é a oficial e exclui as letras enquanto dorme, escorrega 1 metro. Depois de quantos
K, W e Y. dias ela consegue chegar à saída do poço?

29. CASA: LATA: LOBO: ? 36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar
(A) SOCO as páginas de um livro de 100 páginas?
(B) TOCO 37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO
30. ABCA: DEFD: HIJH: ?
(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.
(E) EFGE

31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos


considerando uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...).
Segundo essa lei, o décimo terceiro termo dessa sequência
é um número:
(A) Menor que 200.
(B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700. 39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?
(D) Compreendido entre 700 e 1.000.
(E) Maior que 1.000.

Para responder às questões de números 32 e 33, você


deve observar que, em cada um dos dois primeiros pares
de palavras dadas, a palavra da direita foi obtida da palavra
da esquerda segundo determinado critério. Você deve
descobrir esse critério e usá-lo para encontrar a palavra
que deve ser colocada no lugar do ponto de interrogação.
40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com
32. Ardoroso → rodo cinco quadrados iguais.
Dinamizar → mina
Maratona → ?

(A) mana
(B) toma
(C) tona
(D) tora
(E) rato

9
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

41. Observe as multiplicações a seguir:


12.345.679 × 18 = 222.222.222
12.345.679 × 27 = 333.333.333
... ...
12.345.679 × 54 = 666.666.666

Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679


por quanto?

42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra.


Mova dois palitos e faça com que fique de frente para a 47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco
estrada asfaltada. triângulos.

48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que


43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois em cada fileira fiquem apenas 3 moedas.
quadrados.

49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados.

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em


pares, segundo uma relação lógica. Qual é a carta que está
faltando, sabendo que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A
vale 1? 50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco
triângulos.

Respostas

45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito. 01. Resposta: “A”.


A diferença entre os números estampados nas cartas
1 e 2, em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª
carta e, além disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta,
dentro das opções dadas só pode ser a da opção (A).

02. Resposta “D”.


Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no
total.
46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no
cima de todas estas para completar a sequência abaixo? total.

10
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no 06. Resposta “A”.


total. Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto
total. ao 6, somando 10 unidades. Na figura apresentada na
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no letra “C”, da mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao
total. 3, somando 8, não formando um lado. Na figura da letra
“D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não determinando
Em particular: um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando,
total. portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir
que a planificação apresentada na letra “A” é a única para
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de representar um lado.
simetria, tem-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no 07. Resposta “B”.
total. Como na 3ª figura completou-se um círculo, para
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 .
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no
16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos.
total.
08. Resposta “B”.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura.
total. Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no figura de número 277 ocupa, então, a mesma posição das
total. figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja,
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é representada
pontos no total. pela letra “B”.

Em particular: 09. Resposta “D”.


Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos A regularidade que obedece a sequência acima não se
no total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi dá por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada
considerado, temos para total de pontos da figura 15: Total número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito,
de pontos = 30 + 32 + 1 = 63 pontos. Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com
“D”: Duzentos.
03. Resposta “B”.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 10. Resposta “C”.
1000 e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, Esta sequência é regida pela inicial de cada número.
entre 940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta
850 e o próximo número é 60, dessa forma concluímos que e um, pois ele inicia com a letra “T”.
o próximo número é 790, pois: 850 – 790 = 60.
11. Resposta “E”.
04. Resposta “D” Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: letras da palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da
entre 24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre mesma forma, na 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da
42 e 34 é 8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto palavra AMOSTRA, pelas 4 primeira letras invertidas. Com
entre o próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos isso, da palavra LAVRAR, ao se retirarem as 5 primeiras
letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
que o próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14.
12. Resposta “C”.
05. Resposta “D”.
Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas
Observe a tabela:
por quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças
com círculo e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura
Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª que está faltando é um quadrado. As mãos das figuras
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 estão levantadas, em linha reta ou abaixadas. Assim,
a figura que falta deve ter as mãos levantadas (é o que
ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as 2
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de
pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda
palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber
ou 1 levantada para a direita. Nesse caso, a figura que
que cada figura a partir da segunda tem a quantidade
está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna levantada para a
de palitos da figura anterior acrescida de 3 palitos. Desta esquerda. Logo, a figura tem a cabeça quadrada, as mãos
forma, fica fácil preencher o restante da tabela e determinar levantadas e a perna erguida para a esquerda.
a quantidade de palitos da 7ª figura.

11
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

13. Resposta “A”. 18. Resposta “E”.


Existem duas leis distintas para a formação: uma para Verifique os intervalos entre os números que foram
a parte superior e outra para a parte inferior. Na parte fornecidos. Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-
superior, tem-se que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu se os seguintes 9, 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3,
uma multiplicação por 2; já do 2º termo para o 3º, houve 3x5, 3x7, 3x9, 3x11. Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 +
uma subtração de 3 unidades. Com isso, X é igual a 5 27 = 48.
multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-
se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação 19. Resposta “B”.
por 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2 Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é
unidades. Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y formado pela sequência:
= 30. Logo, X + Y = 10 + 30 = 40. Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto
2x3 3x4= 4x5= 5x6
14. Resposta “A”. 1 1x2=2
=6 12 20 = 30
A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade
direita do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a 20. Resposta “D”.
esquerda; continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas O que de início devemos observar nesta questão é a
pares na ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª quantidade de B e de X em cada figura. Vejamos:
linha, então, as letras são, da direita para a esquerda, “M”, BBB BXB XXB
“N”, “O”, e a letra que substitui corretamente o ponto de XBX XBX XBX
interrogação é a letra “P”. BBB BXB BXX
7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X
15. Resposta “B”.
A sequência de números apresentada representa a Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os
lista dos números naturais. Mas essa lista contém todos “X” estão aumentando de 2 em 2; notem também que os
os algarismos dos números, sem ocorrer a separação. “B” estão sendo retirados um na parte de cima e um na parte
Por exemplo: 101112 representam os números 10, 11 de baixo e os “X” da mesma forma, só que não estão sendo
e 12. Com isso, do número 1 até o número 9 existem 9 retirados, estão, sim, sendo colocados. Logo a 4ª figura é:
algarismos. Do número 10 até o número 99 existem: 2 x XXX
90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124 XBX
existem: 3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o XXX
número 128 existem mais 12 algarismos. Somando todos 1B e 8X
os valores, tem-se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos.
Logo, conclui-se que o algarismo que ocupa a 276ª posição 21. Resposta “D”.
é o número 8, que aparece no número 128. Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8,
13, 21, 34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois
16. Resposta “D”. como a questão nos diz, cada termo a partir do terceiro é
igual à soma de seus dois termos precedentes. 2 + 3 = 5
Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2
“orelhas”, a 2ª figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo
22. Resposta “E”.
e a 3ª figura possui 1 “orelha” no lado direito. Esse fato A questão nos informa que ao se escrever alguma
acontece, também, na 2ª linha, mas na parte de cima e na mensagem, cada letra será substituída pela letra que ocupa
parte de baixo, internamente em relação às figuras. Assim, a quarta posição, além disso, nos informa que o código é
na 3ª linha ocorrerá essa regra, mas em ordem inversa: é “circular”, de modo que a letra “U” vira “A”. Para decifrarmos,
a 3ª figura da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas, uma temos que perceber a posição do emissor e do receptor. O
em cima e outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras emissor ao escrever a mensagem conta quatro letras à frente
da 3ª linha não possuem “orelhas” externas, a 3ª figura para representar a letra que realmente deseja, enquanto que o
também não terá orelhas externas. Portanto, a figura que receptor, deve fazer o contrário, contar quatro letras atrás para
deve substituir o ponto de interrogação é a 4ª. decifrar cada letra do código. No caso, nos foi dada a frase para
ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão, ocupamos a posição
17. Resposta “B”. de receptores. Vejamos a mensagem: BSA HI EDAP. Cada letra
No 1º triângulo, o número que está no interior do da mensagem representa a quarta letra anterior de modo que:
triângulo dividido pelo número que está abaixo é igual à VxzaB: B na verdade é V;
diferença entre o número que está à direita e o número OpqrS: S na verdade é O;
que está à esquerda do triângulo: 40 5 21 13 8. UvxzA: A na verdade é U;
A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 DefgH: H na verdade é D;
- 17 = 6. EfghI: I na verdade é E;
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo: AbcdE: E na verdade é A;
? ÷ 3 = 19 - 7 ZabcD: D na verdade é Z;
? ÷ 3 = 12 UvxaA: A na verdade é U;
? = 12 x 3 = 36. LmnoP: P na verdade é L;

12
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

23. Resposta “B”.


A questão nos traz duas palavras que têm relação P E R U
uma com a outra e, em seguida, nos traz uma sequência
numérica. É perguntado qual sequência numérica tem a M A R A
mesma ralação com a sequência numérica fornecida, de
maneira que, a relação entre as palavras e a sequência T A T U
numérica é a mesma. Observando as duas palavras dadas,
podemos perceber facilmente que têm cada uma 6 letras U R S O
e que as letras de uma se repete na outra em uma ordem
diferente. Tal ordem, nada mais é, do que a primeira palavra O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do
de trás para frente, de maneira que SOCIAL vira LAICOS. alfabeto, tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando
Fazendo o mesmo com a sequência numérica fornecida, esses valores, obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
temos: 231678 viram 876132, sendo esta a resposta. 29. Resposta “B”.
Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas:
24. Resposta “A”. letra “A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras
A questão nos traz duas palavras que têm relação deverão ser as mesmas da 3ª sequência de letras: “O”.
uma com a outra, e em seguida, nos traz uma sequência A 3ª letra da 2ª sequência é a próxima letra do alfabeto
numérica. Foi perguntado qual a sequência numérica que depois da 3ª letra da 1ª sequência de letras. Portanto, na 4ª
tem relação com a já dada de maneira que a relação entre sequência de letras, a 3ª letra é a próxima letra depois de
as palavras e a sequência numérica é a mesma. Observando “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra, tem-se
as duas palavras dadas podemos perceber facilmente que uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência
tem cada uma 6 letras e que as letras de uma se repete e a 1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da
na outra em uma ordem diferente. Essa ordem diferente
3ª sequência e a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o
nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente,
mesmo fato. Com isso, a 1ª letra da 4ª sequência é a letra
de maneira que SALTA vira ATLAS. Fazendo o mesmo com
“T”. Logo, a 4ª sequência de letras é: T, O, C, O, ou seja,
a sequência numérica fornecida temos: 25435 vira 53452,
TOCO.
sendo esta a resposta.

25. Resposta “E”. 30. Resposta “C”.


Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras
acontecem no número procurado. Do número 48.675, as letras do alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra
opções 48, 86 e 67 não estão em nenhum dos números da sequência. Na 2ª sequência, continua-se da 3ª letra
apresentados nas alternativas. Portanto, nesse número a da sequência anterior, formando-se DEF, voltando-se
coincidência se dá no número 75. Como o único número novamente, para a 1ª letra desta sequência: D. Com isto,
apresentado nas alternativas que possui a sequência 75 é na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para a 1ª
46.875, tem-se, então, o número procurado. letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará
26. Resposta “D”. pela letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L.
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo Logo, a 4ª sequência da letra é: LMNL.
representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4
+ 5 = 9 + 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 31. Resposta “E”.
9 = 17. Com isso, na 3ª linha, ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo
+ 7 = 13. Logo, podemos concluir então que o ponto de de 1 unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a
interrogação deverá ser substituído pelo número 13. multiplicação do termo anterior por 3. E assim por diante,
até que para o 7º termo temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 +
27. Resposta “A”. 1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120. 10º termo = 120 + 1 = 121.
As letras que acompanham os números ímpares 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo = 363 + 1 = 364. 13º
formam a sequência normal do alfabeto. Já a sequência termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos concluir que
que acompanha os números pares inicia-se pela letra “E”, o 13º termo da sequência é um número maior que 1.000.
e continua de acordo com a sequência normal do alfabeto:
2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª letra: G, 8ª letra: H, 10ª letra: I e 12ª 32. Resposta “D”.
letra: J. Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e
“ro” e inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”.
28. Resposta “D”.
Da mesma forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as
Escrevendo os nomes dos animais apresentados na
sílabas “na” e “mi”, definindo-se a palavra “mina”. Com
lista – MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem:
PERU, MARÁ, TATU e URSO, obtém-se na tabela: isso, podemos concluir que da palavra “maratona”. Deve-
se retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-se a palavra “tora”.

13
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

33. Resposta “A”. 38.


Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas
letras “a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida.
Já as letras “a” e “r” são as 2 primeiras letras da palavra
“arborizado”. A palavra “dias” foi obtida da mesma forma:
As letras “d” e “i” são obtidas em sequência, mas em ordem
invertida. As letras “a” e “s” são as 2 primeiras letras da
palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras “articular”,
considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem 39. Os símbolos são como números em frente ao
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”. espelho. Assim, o próximo símbolo será 88.
34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci.
O número que vem é sempre a soma dos dois números
40.
imediatamente atrás dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3,
5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233...

35.
Dia Subida Descida
1º 2m 1m
2º 3m 2m
3º 4m 3m
4º 5m 4m
41.
5º 6m 5m 12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
6º 7m 6m 12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
7º 8m 7m ... ...
8º 9m 8m 12.345.679 × (4×9) = 666.666.666
Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
9º 10m ----
12.345.679 por (9x9) = 81
Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do
poço.
36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 42.
91 – 92 – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são
necessários 20 algarismos.

37.

= 16

= 09
43.

= 04

44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de


cada par de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre
forma par com o naipe de espadas. Portanto, a carta que
está faltando é o 6 de espadas.
=01
Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.

14
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

45. Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na


aritmética e na teoria dos números, é um número inteiro PROGRESSÃO ARITMÉTICA E PROGRESSÃO
não negativo que pode ser expresso como o quadrado de GEOMÉTRICA.
um outro número inteiro. Ex: 1, 4, 9...
No exercício 2 elevado a 2 = 4

Progressão Aritmética (PA)

Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas se-


quências como, por exemplo, a sucessão de cidades que
temos numa viagem de automóvel entre Brasília e São Pau-
lo ou a sucessão das datas de aniversário dos alunos de
uma determinada escola.
Podemos, também, adotar para essas sequências uma
46. Observe que: ordem numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2
para o 2º termo até an para o n-ésimo termo. Dizemos que
o termo an é também chamado termo geral das sequências,
3 6 18 72 360 2160 15120
em que n é um número natural diferente de zero. Eviden-
x2 x3 x4 x5 x6 x7 temente, daremos atenção ao estudo das sequências nu-
Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120 méricas.
x 8 = 120.960 As sequências podem ser finitas, quando apresentam
um último termo, ou, infinitas, quando não apresentam um
47. último termo. As sequências infinitas são indicadas por re-
ticências no final.

Exemplos:
- Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5,
7, 11, 13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência
infinita com a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc.
48. - Sequência dos números ímpares positivos: (1, 3, 5, 7,
9, 11, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com
a1 = 1; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 9; a6 = 11 etc.
- Sequência dos algarismos do sistema decimal de
numeração: (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Notemos que esta é
uma sequência finita com a1 = 0; a2 = 1; a3 = 2; a4 = 3; a5 =
4; a6 = 5; a7 = 6; a8 = 7; a9 = 8; a10 = 9.

1. Igualdade
49. As sequências são apresentadas com os seus termos
entre parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões
que apresentarem os mesmos termos em ordem diferente
serão consideradas sucessões diferentes.
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais
se, e somente se, apresentarem os mesmos termos, na
mesma ordem.

Exemplo
A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à
50. sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z =
15; e t = 17.
Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3,
2, 1) são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos
elementos, eles estão em ordem diferente.

2. Formula Termo Geral


Podemos apresentar uma sequência através de uma
determina o valor de cada termo an em função do valor de
n, ou seja, dependendo da posição do termo. Esta formula
que determina o valor do termo an e chamada formula do
termo geral da sucessão.

15
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos necessidade de determinarmos os termos intermediários,


- Determinar os cincos primeiros termos da sequência como ocorre na apresentação da sequência através da lei
cujo termo geral e igual a: de recorrências.
an = n – 2n,com n € N* a
Observação 2
Teremos:
A1 = 12 – 2 . 1 a a1 = 1 Algumas sequências não podem, pela sua forma “de-
A2 = 22 – 2 . 2 a a2 = 0 sorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
A3 = 32 – 2 . 3 a a3 = 3 lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
A4 = 42 – 4 . 2 a a4 = 8 exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de nú-
A5 = 55 – 5 . 2 a a5 = 15 meros naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas
de se encontrar uma formula geral para seus termos.
- Determinar os cinco primeiros termos da seqüência
cujo termo geral é igual a: 4. Artifícios de Resolução
an = 3 . n + 2, com n € N*.
a1 = 3 . 1 + 2 a a1 = 5 Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas
a2 = 3 . 2 + 2 a a2 = 8 alguns elementos da PA, é possível, através de artifícios de
a3 = 3 . 3 + 2 a a3 = 11 resolução, tornar o procedimento mais simples:
a4 = 3 . 4 + 2 a a4 = 14 PA com três termos: (a – r), a e (a + r), razão igual a r.
a5 = 3 . 5 + 2 a a5 = 17 PA com quatro termos: (a – 3r), (a – r), (a + r) e (a + 3r),
razão igual a 2r.
- Determinar os termos a12 e a23 da sequência cujo termo PA com cinco termos: (a – 2r), (a – r), a, (a + r) e (a + 2r),
geral é igual a: razão igual a r.
an = 45 – 4 + n, com n € N*.
Exemplo
Teremos:
a12 = 45 – 4 . 12 a a12 = -3 - Determinar os números a, b e c cuja soma é, igual a
a23 = 45 – 4 . 23 a a23 = -47 15, o produto é igual a 105 e formam uma PA crescente.
3. Lei de Recorrências Teremos:
Uma sequência pode ser definida quando oferecemos Fazendo a = (b – r) e c = (b + r) e sendo a + b + c =
o valor do primeiro termo e um “caminho” (uma formula)
15, teremos:
que permite a determinação de cada termo conhecendo-
(b – r) + b + (b + r) = 15 → 3b = 15 → b = 5.
se o seu antecedente. Essa forma de apresentação de uma
sucessão é dita de recorrências.
Assim, um dos números, o termo médio da PA, já é
conhecido.
Exemplos
Dessa forma a sequência passa a ser:
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência
(5 – r), 5 e ( 5 + r ), cujo produto é igual a 105, ou seja:
em que:
a1 = 3 e an+1 = 2 . an - 4, em que n € N*.
(5 – r) .5 . (5 + r) = 105 → 52 – r2 = 21
Teremos: r2 = 4 → 2 ou r = -2.
a1 = 3 Sendo a PA crescente, ficaremos apenas com r= 2.
a2 = 2 . a1 – 4 a a2 = 2 . 3 – 4 a a2 = 2 Finalmente, teremos a = 3, b = 5 e c= 7.
a3 = 2 . a2 – 4 a a3 = 2 . 2 - 4 a a3 = 0
a4 = 2 . a3 – 4 a a4 = 2 . 0 - 4 a a4 = -4 5. Propriedades
a5 = 2 . a4 – 4 a a5 = 2 .(-4) – 4 a a5 = -12
P1: para três termos consecutivos de uma PA, o termo
- Determinar o termo a5 de uma sequência em que: médio é a media aritmética dos outros dois termos.
a1 = 12 e an+ 1 = an – 2, em que n € N*.
a2 = a1 – 2 → a2 = 12 – 2 → a2=10 Exemplo
a3 = a2 – 2 → a3 = 10 – 2 → a3 = 8
a4 = a3 – 2 → a4 = 8 – 2 → a4 = 6 Vamos considerar três termos consecutivos de uma PA:
a5 = a4 – 2 → a5 = 6 – 2 → a5 = 4 an-1, an e an+1. Podemos afirmar que:
I - an = an-1 + r
Observação 1 II - an = an+ 1 –r

Devemos observar que a apresentação de uma sequên- Fazendo I + II, obteremos:


cia através do termo geral é mais pratica, visto que pode- 2an = an-1 + r + an +1 - r
mos determinar um termo no “meio” da sequência sem a 2an = an -1+ an + 1

16
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Podemos escrever também:


an + 1
Logo: an = an-1 + Sn = an + an-1 + an-2 + ...+ a3 + a2 + a1
2 (igualdade II)
Portanto, para três termos consecutivos de uma PA o
termo médio é a media aritmética dos outros dois termos. Somando-se I e II, temos:
2Sn = (a1 + an) + (a2 + an-1) + (a3 + an-2) + …+ (an-2 + a3) +
6. Termos Equidistantes dos Extremos (an-1 + a2) + (an + a1)
Considerando que todas estas parcelas, colocadas
Numa sequência finita, dizemos que dois termos são entre parênteses, são formadas por termos equidistantes
equidistantes dos extremos se a quantidade de termos que dos extremos e que a soma destes termos é igual à soma
precederem o primeiro deles for igual à quantidade de ter- dos extremos, temos:
mos que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão:
2Sn = (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) +
(a1, a2, a3, a4,..., ap,..., ak,..., an-3, an-2, an-1, an), temos: +… + (a1 + an) → 2Sn = ( a1 + an) . n

a2 e an-1 são termos equidistantes dos extremos; E, assim, finalmente:


a3 e an-2 são termos equidistantes dos extremos;
a4 an-3 são termos equidistantes dos extremos. (a1 + an ).n
Sn =
Notemos que sempre que dois termos são equidistantes 2
dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao valor de
n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, se os termos Exemplo
ap e ak são equidistantes dos extremos, então: p + k = n+1. - Ache a soma dos sessenta primeiros termos da PA (2
, 5, 8,...).

Propriedade Dados: a1 = 2
r=5–2=3
Numa PA com n termos, a soma de dois termos Calculo de a60:
equidistantes dos extremos é igual à soma destes extremos. A60 = a1 + 59r → a60 = 2 + 59 . 3
a60 = 2 + 177
Exemplo a60 = 179

Sejam, numa PA de n termos, ap e ak termos equidistantes Calculo da soma:


dos extremos.
]
(a1 + an )n (a + a ).60
Teremos, então: Sn = → S60 = 1 60
I - ap = a1 + (p – 1) . r a ap = a1 + p . r – r 2 2
II - ak = a1 + (k – 1) . r a ak = a1 + k . r – r
Fazendo I + II, teremos: (2 + 179).60
S60 =
Ap + ak = a1 + p . r – r + a1 + k . r – r 2
Ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) . r
S60 = 5430
Considerando que p + k = n + 1, ficamos com:
ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) . r Resposta: 5430
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) . r
ap + ak = a1 + an Progressão Geométrica (PG)

Portanto numa PA com n termos, em que n é um PG é uma sequência numérica onde cada termo, a partir
numero ímpar, o termo médios (am) é a media aritmética do segundo, é o anterior multiplicado por uma constante q
dos extremos. chamada razão da PG.
a1 + an an+1 = an . q
Am =
2
Com a1 conhecido e n € N*
7. Soma dos n Primeiros Termos de uma PA
Exemplos
Vamos considerar a PA (a1, a2, a3,…,an-2, an-1,an ) e
representar por Sn a soma dos seus n termos, ou seja: - (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a1 =
Sn = a1 + a2 + a3 + …+ an-2 + an-1 + an 3 e razão q = 2.
(igualdade I)

17
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Vamos considerar uma PG de primeiro termo a1 e


- (-36, -18, -9, −9 , −9 ,...) é uma PG de primeiro termo
razão q. Assim, teremos:
4
a2 = a1 . q
2
a1= -36 e razão q = 1 . a3 = a2 . q = a1 . q2
2 a4 = a3 . q = a1 . q3
a5 = a4 . q = a1 . q4
- (15, 5, 5 , 5 ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = . .
3 9 . .
. .
15 e razão q = 1 . an= a1 . qn-1
3
- (-2, -6, -18, -54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = Exemplos
-2 e razão q = 3.
- (1, -3, 9, -27, 81, -243, ...) é uma PG de primeiro termo - Numa PG de primeiro termo a1 = 2 e razão q = 3,
a1 = 1 e razão q = -3. temos o termo geral na igual a:
- (5, 5, 5, 5, 5, 5,...) é uma PG de primeiro termo a1 =
5 e razão q = 1. an = a1 . qn-1 → an = 2 . 3n-1
- (7, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = Assim, se quisermos determinar o termo a5 desta PG,
7 e razão q = 0. faremos:
- (0, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 0 A5 = 2 . 34 → a5 = 162
e razão q qualquer.
- Numa PG de termo a1 = 15 e razão q = , temos o
Observação: Para determinar a razão de uma PG, basta termo geral na igual a:
efetuar o quociente entre dois termos consecutivos: o an = a1 . qn-1 → an = 15 . n-1
posterior dividido pelo anterior.
Assim, se quisermos determinar o termo a6 desta PG,
a +1 faremos:
q= n (an ≠ 0)
an 5
(1).5
A6 = 15 . → a6 =
2 81
Classificação
- Numa PG de primeiro termo a1 = 1 e razão = -3 temos
o termo geral na igual a:
As classificações geométricas são classificadas assim:
an = a1 . qn-1 → an = 1 . (-3)n-1
- Crescente: Quando cada termo é maior que o ante-
rior. Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0
Assim, se quisermos determinar o termo a4 desta PG,
e 0 < q < 1.
faremos:
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o an-
A4 = 1 . (-3)3 → a4 = -27
terior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1
< 0 e q > 1.
Artifícios de Resolução
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal con-
trario ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0. Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto alguns elementos da PG, é possível através de alguns
ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma elementos de resolução, tornar o procedimento mais
PA de razão r = 0. A PG constante é também chamada de simples.
PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto PG com três termos:
ocorre quando a1 = 0 ou q = 0.
a a; aq
Formula do Termo Geral q

A definição de PG está sendo apresentada por meio de PG com quatro termos:


uma lei de recorrências, e nos já aprendemos nos módulos
anteriores que a formula do termo geral é mais pratica. a q
; ; aq; aq3
Por isso, estaremos, neste item, procurando estabelecer, a q3 q
partir da lei de recorrências, a fórmula do termo geral da
progressão geométrica. PG com cinco termos:
a q ; a; aq; aq2
;
q2 q

18
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Considerando que p + k = n + 1, ficamos com:


Considere uma PG crescente formada de três números. ap . ak = a1 . an
Determine esta PG sabendo que a soma destes números é
13 e o produto é 27. Portanto, numa PG, com n termos, o produto de dois
Vamos considerar a PG em questão formada pelos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto
termos a, b e c, onde a = e c = b . q. destes extremos.
Assim, Observação: Numa PG positiva, com n termos, onde
n é um numero impar, o termo médio (am) é a media
b . b . bq = 27 → b3 = 27 → b = 3. geométrica dos extremos ou de 2 termos equidistantes dos
q extremos.

Temos: am = √a1 . an
3
+ 3 +3q = 13 → 3q2 – 10q + 3 = 0 a Soma dos termos de uma PG
q
Soma dos n Primeiros Termos de uma PG
q = 3 ou q = 1 Vamos considerar a PG (a1, a2, a3, ..., an-2, an-1, an), com
3 q diferente de 1 e representar por Sn a soma dos seus n
Sendo a PG crescente, consideramos apenas q = 3. E, termos, ou seja:
assim, a nossa PG é dada pelos números: 1, 3 e 9.
Sn = a1 + a2 + a3 + ...+an-2 + an-1 + an
Propriedades ( igualdade I)
P1: Para três termos consecutivos de uma PG, o
quadrado do termo médio é igual ao produto dos outros Podemos escrever, multiplicando-se, membro a
dois. membro, a igualdade ( I ) por q:

q . Sn = q . a1 + q . a2 + q . a3 + ...+ q . an-2 +
Exemplo
+ q . an-1 + q . an
Vamos considerar três termos consecutivos de uma PG:
an-1, an e an+1. Podemos afirmar que:
Utilizando a formula do termo geral da PG, ou seja, an
= a1 . qn-1, teremos:
I – an = an-1 . q e
q . Sn = a2 + a3 + ... + an-2 + an-1 + an + a1 . qn
II – an = an+1
(igualdade II)
q

Fazendo I . II, obteremos: Subtraindo-se a equação I da equação II, teremos:


a
(an)2 = (an-1 . q). ( n+1 ) a (an )2 = an-1 . an+1 q . Sn – Sn = a1 . qn – a1 → sn . (q – 1) =
q
= a1 . (qn – 1)
Logo: (an)2 = an-1 . an+1
Observação: Se a PG for positive, o termo médio será a
media geométrica dos outros dois: E assim: S = a1 .(q − 1)
n

an = √an-1 . an+1 n
q −1

P2: Numa PG, com n termos, o produto de dois termos Se tivéssemos efetuado a subtração das equações em
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes ordem inversa, a fórmula da soma dos termos da PG ficaria:
extremos.
a1 .(1+ q n )
Exemplo Sn =
Sejam, numa PG de n termos, ap e ak dois termos 1− q
equidistantes dos extremos. Evidentemente que por qualquer um dos “caminhos”
o resultado final é o mesmo. É somente uma questão de
Teremos, então: forma de apresentação.
I – ap = a1 . qp-1
II – ak = a1 . qk-1 Observação: Para q = 1, teremos sn = n . a1

Multiplicando I por II, ficaremos com: Série Convergente – PG Convergente


ap . ak = a1 . qp-1 . a1 . qk-1 Dada a sequência ( a1, a2, a3, a4, a5,..., an-2, an-1, an),
ap . ak = a1 . a1 . qp-1+k-1 chamamos de serie a sequência S1, S2, S3, S4, S5,..., Sn-2, sn-1,
sn,tal que:

19
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

S1 = a1 Bem, vamos dar a esta discussão um caráter matemático.


S2 = a1 + a2 É claro que, para a PG ser convergente, é necessário
S3 = a1 + a2 + a3 que cada termo seja, um valor absoluto, inferior ao anterior
S4 = a1 + a2 + a3 + a4 a ele. Assim, temos que:
S5 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5
. PG convergente → | q | < 1
.
Sn-2 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 ou
Sn-1 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1
Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1 + an PG convergente → -1 < 1

Vamos observar como exemplo, numa PG com primeiro Resta estabelecermos o limite da serie, que é o Sn para
termo a1 = 4 e razão q = , à série que ela vai gerar. quando n tende ao infinito, ou seja, estabelecermos a soma
dos infinitos termos da PG convergente.
Os termos que vão determinar a progressão geométrica
são: (4, 2, 1, 1 , 1, 1, 1, 1, 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 1 1 1 Vamos partir da soma dos n primeiros termos da PG:
, ,
...) 2 128 256 512
a1 .(1+ q n )
Sn =
E, portanto, a série correspondente será: 1− q

S1 = 4 Estando q entre os números -1e 1 e, sendo n um


S2 = 4 + 2 = 6 expoente que tende a um valor muito grande, pois estamos
S3 = 4 + 2 + 1 = 7 somando os infinitos termos desta PG, é fácil deduzir que qn
1 15 vai apresentando um valor cada vez mais próximo de zero.
S4 = 4 + 2 + 1 + = = 7, 5 Para valores extremamente grandes de n não constitui erro
2 2
1 1 31 considerar que qn é igual a zero. E, assim, teremos:
S5 = 4 + 2 + 1 + + = = 7, 75
2 4 4
a1
S=
S6 = 4 + 2 + 1 +
1 1 1 63
+ + = = 7, 875 1− q
2 4 8 8
1 1 1 1 127 Observação: Quando a PG é não singular (sequência
S7 = 4 + 2 + 1 + + + + = = 7, 9375 com termos não nulos) e a razão q é de tal forma que q | ≥
2 4 8 16 16 1, a serie é divergente. Séries divergentes não apresentam
soma finita.
1 1 1 1 1 255
S8 = 4 + 2 + 1 + + + + + = = 7, 96875
2 4 8 16 32 32 Exemplos

1 1 1 1 1 1 511 - A medida do lado de um triângulo equilátero é 10.


S9 = 4 + 2 + 1 + + + + + + =
2 4 8 16 32 64 64 = 7, Unindo-se os pontos médios de seus lados, obtém-se o
984375 segundo triângulo equilátero. Unindo-se os pontos médios
dos lados deste novo triangulo equilátero, obtém-se um
terceiro, e assim por diante, indefinidamente. Calcule a
1 1 1 1 1 1 1 1023 soma dos perímetros de todos esses triângulos.
S10 = 4 + 2 + 1 + + + + + + + =
= 7, 9921875 2 4 8 16 32 64 128 128 Solução:

Devemos notar que a cada novo termo calculado, na


PG, o seu valor numérico cada vez mais se aproxima de
zero. Dizemos que esta é uma progressão geométrica
convergente.

Por outro lado, na serie, é cada vez menor a parcela


que se acrescenta. Desta forma, o ultimo termos da serie
vai tendendo a um valor que parece ser o limite para a série
em estudo. No exemplo numérico, estudado anteriormente,
nota-se claramente que este valor limite é o numero 8.

20
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Temos: perímetro do 1º triangulo = 30 5. A soma dos vinte primeiros termos de uma progres-
são aritmética é -15. A soma do sexto termo dessa PA.,
perímetro do 2º triangulo = 15 com o décimo quinto termo, vale:
a) 3,0
perímetro do 3º triangulo = 15 b) 1,0
2 c) 1,5
d) -1,5
Logo, devemos calcular a soma dos termos da PG e) -3,0

infinita 30, 15, 15 ,... na qual a1 = 30 e q =. 1 6. Os números que expressam os ângulos de um qua-
2 2 drilátero, estão em progressão geométrica de razão 2. Um
30 30 desses ângulos mede:
S = a1 → s = 1− q = 1 = 60. a) 28°
1−
2 b) 32°
c) 36°
d) 48°
Exercícios e) 50°

1. Uma progressão aritmética e uma progressão geo- 7. Sabe-se que S = 9 + 99 + 999 + 9999 + ... + 999...9
métrica têm, ambas, o primeiro termo igual a 4, sendo que onde a última parcela contém n algarismos. Nestas condi-
os seus terceiros termos são estritamente positivos e coin- ções, o valor de 10n+1 - 9(S + n) é:
cidem. Sabe-se ainda que o segundo termo da progressão a) 1
aritmética excede o segundo termo da progressão geo- b) 10
métrica em 2. Então, o terceiro termo das progressões é: c) 100
a) 10 d) -1
b) 12 e) -10
c) 14
d) 16 8. Se a soma dos três primeiros termos de uma PG de-
e) 18 crescente é 39 e o seu produto é 729, então sendo a, b e c
os três primeiros termos, pede-se calcular o valor de a2 +
2. O valor de n que torna a sequência (2 + 3n; –5n; b2 + c2.
1 – 4n) uma progressão aritmética pertence ao intervalo:
a) [– 2, –1]
b) [– 1, 0] 9. O limite da expressão   onde x
c) [0, 1] é positivo, quando o número de radicais aumenta indefini-
d) [1, 2] damente é igual a:
e) [2, 3] a) 1/x
b) x
3. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …) c) 2x
obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n perten- d) n.x
ce a N*, é o termo de ordem n dessa sequência, então a30 e) 1978x
+ a55 é igual a:
a) 58 10. Quantos números inteiros existem, de 1000 a
10000, que não são divisíveis nem por 5 nem por 7 ?
b) 59
c) 60
Respostas
d) 61
e) 62
1) Resposta “D”.
Solução:
4. A soma dos elementos da sequência numérica infi-
Sejam (a1, a2, a3,…) a PA de r e (g1, g2, g3, …) a PG de
nita (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é:
razão q. Temos como condições iniciais:
a) 3,1 1 - a1 = g1 = 4
b) 3,9 2 - a3 > 0, g3 > 0 e a3 = g3
c) 3,99 3 - a2 = g2 + 2
d) 3, 999
e) 4 Reescrevendo (2) e (3) utilizando as fórmulas gerais dos
termos de uma PA e de uma PG e (1) obtemos o seguinte
sistema de equações:
4 - a3 = a1 + 2r e g3 = g1 . q2 → 4 + 2r = 4q2
5 - a2 = a1 + r e g2 = g1 . q → 4 + r = 4q + 2

21
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Expressando, a partir da equação (5), o valor de r em Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de
função de q e substituindo r em (4) vem: uma PG infinita para obter S1:
5 - r = 4q + 2 – 4 → r = 4q – 2 S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
4 - 4 + 2(4q – 2) = 4q2 → 4 + 8q – 4 = 4q2 → 4q2 – 8q = 0
→ q(4q – 8) = 0 → q = 0 ou 4q – 8 = 0 → q = 2 5) Resposta “D”.
Solução: Aplicando a fórmula da soma dos 20 primeiros
Como g3 > 0, q não pode ser zero e então q = 2. Para termos da PA:
obter r basta substituir q na equação (5): S20 = 20(a1 + a20)/2 = -15
r = 4q – 2 → r = 8 – 2 = 6 Na PA finita de 20 termos, o sexto e o décimo quinto são
Para concluir calculamos a3 e g3: equidistantes dos extremos, uma vez que:
a3 = a1 + 2r → a3 = 4 + 12 = 16 15 + 6 = 20 + 1 = 21
g3 = g1.q2 → g3 = 4.4 = 16 E, portanto:
a6 + a15 = a1 + a20
2) Resposta “B”.
Solução: Para que a sequência se torne uma PA de ra- Substituindo este valor na primeira igualdade vem:
zão r é necessário que seus três termos satisfaçam as igual- 20(a6 + a15)/2 = -15 → 10(a6 + a15) = -15 → a6 + a15 =
dades (aplicação da definição de PA): -15/10 = -1,5.
(1) -5n = 2 + 3n + r
(2) 1 – 4n = -5n + r 6) Resposta “D”.
Determinando o valor de r em (1) e substituindo em Solução: Seja x o menor ângulo interno do quadrilátero
(2): em questão. Como os ângulos estão em Progressão Geomé-
(1) → r = -5n – 2 – 3n = -8n – 2 trica de razão 2, podemos escrever a PG de 4 termos:
(2) → 1 – 4n = -5n – 8n – 2 → 1 – 4n = -13n – 2 (x, 2x, 4x, 8x).
→ 13n – 4n = -2 – 1 → 9n = -3 → n = -3/9 = -1/3 Ora, a soma dos ângulos internos de um quadrilátero
vale 360º.
Ou seja, -1 < n < 0 e, portanto, a resposta correta é a b.
Logo,
x + 2x + 4x + 8x = 360º
3) Resposta “B”.
15.x = 360º
Solução: Primeiro, observe que os termos ímpares da
sequência é uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10;
Portanto, x = 24º. Os ângulos do quadrilátero são, por-
11; 12; 13; …). Da mesma forma os termos pares é uma PA
tanto: 24º, 48º, 96º e 192º.
de razão 1 e primeiro termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …).
O problema pede um dos ângulos. Logo, alternativa D.
Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte 7) Resposta “B”.
formato: Solução: Observe que podemos escrever a soma S como:
(1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1 S = (10 – 1) + (100 – 1) + (1000 – 1) + (10000 – 1) + ... +
(10n – 1)
Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a re- S = (10 – 1) + (102 – 1) + (103 – 1) + (104 – 1) + ... + (10n – 1)
gra geral de formação da sequência, que está intrinseca- Como existem n parcelas, observe que o número (– 1) é
mente relacionada às duas progressões da seguinte forma: somado n vezes, resultando em n(-1) = - n.
- Se n (índice da sucessão) é impar temos que n = 2i - 1, Logo, poderemos escrever:
ou seja, i = (n + 1)/2; S = (10 + 102 + 103 + 104 + ... + 10n ) – n
- Se n é par temos n = 2i ou i = n/2. Vamos calcular a soma Sn  = 10 + 102  + 103  + 104  + ... +
Daqui e de (1) obtemos que: 10n, que é uma PG de primeiro termo a1 = 10, razão q = 10 e
an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar último termo an = 10n.
an = 8 + (n/2) - 1 se n é par Teremos:
Logo: Sn = (an.q – a1) / (q –1) = (10n . 10 – 10) / (10 – 1) = (10n+1 –
a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e 10) / 9
a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
Substituindo em S, vem:
E, portanto: S = [(10n+1 – 10) / 9] – n
a30 + a55 = 22 + 37 = 59.
Deseja-se calcular o valor de 10n+1 - 9(S + n)
4) Resposta “E”. Temos que S + n = [(10n+1 – 10) / 9] – n + n = (10n+1 – 10) / 9
Solução: Sejam S as somas dos elementos da sequên-
cia e S1 a soma da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão Substituindo o valor de S + n encontrado acima, fica:
q = 10 - 1 = 0,1. Assim: 10n+1 – 9(S + n) = 10n+1 – 9(10n+1 – 10) / 9 = 10n+1 – (10n+1 –
S = 3 + S1 10) = 10.

22
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

8) Resposta “819”.
Solução: Sendo q a razão da PG, poderemos escrever a DIAGRAMAS LÓGICOS.
sua forma genérica: (x/q, x, xq).
Como o produto dos 3 termos vale 729, vem:
x/q . x . xq = 729 de onde concluímos que: x3 = 729 = 36 =
33 . 33 = 93 , logo, x = 9. Diagramas Lógicos

Portanto a PG é do tipo: 9/q, 9, 9q Os diagramas lógicos são usados na resolução de vá-


É dado que a soma dos 3 termos vale 39, logo: rios problemas. Uma situação que esses diagramas pode-
9/q + 9 + 9q = 39 de onde vem: 9/q + 9q – 30 = 0 rão ser usados, é na determinação da quantidade de ele-
mentos que apresentam uma determinada característica.
Multiplicando ambos os membros por q, fica: 9 + 9q2 –
30q = 0
Dividindo por 3 e ordenando, fica: 3q2 – 10q + 3 = 0, que
é uma equação do segundo grau.
Resolvendo a equação do segundo grau acima encon-
traremos q = 3 ou q = 1/3.
Como é dito que a PG é decrescente, devemos conside-
rar apenas o valor 
q = 1/3, já que para q = 3, a PG seria crescente.

Portanto, a PG é: 9/q, 9, 9q, ou substituindo o valor de q Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem car-
vem: 27, 9, 3. ro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto.
O problema pede a soma dos quadrados, logo: Baseando-se nesses dados, e nos diagramas lógicos podere-
a2 + b2 + c2 = 272 + 92 + 32 = 729 + 81 + 9 = 819. mos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas diri-
gem somente carro ou ainda quantas dirigem somente mo-
9) Resposta “B”. tos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos
Solução: Observe que a expressão dada pode ser escrita que representam os motoristas de motos e motoristas de
como: carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a
intersecção e depois completaremos os outros espaços.
x1/2. x1/4 . x1/8 . x1/16 . ... = x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ...

O expoente é a soma dos termos de uma PG infinita de


primeiro termo a1 = 1 /2 e razão q = 1 /2.

Logo, a soma valerá:


S = a1 / (1 – q) = (1 /2) / 1 – (1 /2) = 1
Então, x1/2 + 1 / 4 + 1/8 + 1/16 + ... = x1 = x

10) Resposta “6171”. Marcando o valor da intersecção, então iremos sub-


Solução: Dados: traindo esse valor da quantidade de elementos dos con-
M(5) = 1000, 1005, ..., 9995, 10000. juntos A e B. A partir dos valores reais, é que poderemos
M(7) = 1001, 1008, ..., 9996. responder as perguntas feitas.
M(35) = 1015, 1050, ... , 9975.
M(1) = 1, 2, ..., 10000.
Para múltiplos de 5, temos: an = a1+ (n-1).r → 10000 =
1000 + (n - 1). 5 → n = 9005/5 → n = 1801.
Para múltiplos de 7, temos: an = a1+ (n-1).r → 9996 =
1001 + (n - 1). 7 → n = 9002/7 → n = 1286.
Para múltiplos de 35, temos: an = a1 + (n - 1).r → 9975 =
1015 + (n - 1).35 → n = 8995/35 → n = 257.
Para múltiplos de 1, temos: an = a1 = (n -1).r → 10000 =
1000 + (n - 1).1 → n = 9001.
Sabemos que os múltiplos de 35 são múltiplos comuns
de 5 e 7, isto é, eles aparecem no conjunto dos múltiplos de 5
e no conjunto dos múltiplos de 7 (daí adicionarmos uma vez
tal conjunto de múltiplos). a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas.
Total = M(1) - M(5) - M(7) + M(35). b) Dirigem somente carros 33 motoristas.
Total = 9001 - 1801 - 1286 + 257 = 6171 c) Dirigem somente motos 8 motoristas.

23
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferên- Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pes-
cia quanto à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada soas leem apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas
a seguinte tabela: não leem o jornal C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150.
Notamos ainda que 700 pessoas foram entrevistadas, que
Jornais Leitores é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 + 70 + 150.
A 300 Diagrama de Euler
B 250
C 200 Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de
Venn, mas não precisa conter todas as zonas (onde uma
AeB 70 zona é definida como a área de intersecção entre dois ou
AeC 65 mais contornos). Assim, um diagrama de Euler pode de-
BeC 105 finir um universo de discurso, isto é, ele pode definir um
sistema no qual certas intersecções não são possíveis ou
A, B e C 40 consideradas. Assim, um diagrama de Venn contendo os
Nenhum 150 atributos para Animal, Mineral e quatro patas teria que
conter intersecções onde alguns estão em ambos animal,
Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicial- mineral e de quatro patas. Um diagrama de Venn, conse-
mente montar os diagramas que representam cada conjunto. quentemente, mostra todas as possíveis combinações ou
A colocação dos valores começará pela intersecção dos três conjunções.
conjuntos e depois para as intersecções duas a duas e por
último às regiões que representam cada conjunto individual-
mente. Representaremos esses conjuntos dentro de um re-
tângulo que indicará o conjunto universo da pesquisa.

Diagramas de Euler consistem em curvas simples fe-


chadas (geralmente círculos) no plano que mostra os con-
juntos. Os tamanhos e formas das curvas não são impor-
tantes: a significância do diagrama está na forma como
eles se sobrepõem. As relações espaciais entre as regiões
delimitadas por cada curva (sobreposição, contenção ou
Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não nenhuma) correspondem relações teóricas (subconjunto
são leitores de nenhum dos três jornais. interseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos. em duas regiões ou zonas estão: o interior, que representa
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos. simbolicamente os elementos do conjunto, e o exterior, o
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos. que representa todos os elementos que não são membros
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos. do conjunto. Curvas cujos interiores não se cruzam repre-
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos. sentam conjuntos disjuntos. Duas curvas cujos interiores
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos.
se interceptam representam conjuntos que têm elemen-
tos comuns, a zona dentro de ambas as curvas representa
Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os se-
o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos
guintes elementos:
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido
completamente dentro da zona interior de outro repre-
senta um subconjunto do mesmo.
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva
de diagramas de Euler. Um diagrama de Venn deve con-
ter todas as possíveis zonas de sobreposição entre as suas
curvas, representando todas as combinações de inclusão /
exclusão de seus conjuntos constituintes, mas em um dia-
grama de Euler algumas zonas podem estar faltando. Essa
falta foi o que motivou Venn a desenvolver seus diagramas.
Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações
entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”.

24
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) atribuída a Lewis Carroll. Do mesmo modo, espaços inter-
são largamente utilizados para ensinar a teoria dos con- nos comuns a dois ou mais conjuntos representam a sua
juntos no campo da matemática ou lógica matemática no intersecção, ao passo que a totalidade dos espaços per-
campo da lógica. Eles também podem ser utilizados para tencentes a um ou outro conjunto indistintamente repre-
representar relacionamentos complexos com mais clareza, senta sua união.
já que representa apenas as relações válidas. Em estudos John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX,
mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para ampliando e formalizando desenvolvimentos anteriores
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos de Leibniz e Euler. E, na década de 1960, eles foram in-
para que se possa deduzir uma conclusão. corporados ao currículo escolar de matemática. Embora
seja simples construir diagramas de Venn para dois ou três
Diagramas de Venn conjuntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los
para um número maior. Algumas construções possíveis
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usa- são devidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos
dos em matemática para simbolizar graficamente proprie- como Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip
dades, axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua Smith. Além disso, encontram-se em uso outros diagramas
teoria. Os respectivos diagramas consistem de curvas fe- similares aos de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston,
chadas simples desenhadas sobre um plano, de forma a Pierce e Karnaugh.
simbolizar os conjuntos e permitir a representação das re-
lações de pertença entre conjuntos e seus elementos (por Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: su-
exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações de ponha-se que o conjunto A representa os animais bípedes
continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, e o conjunto B representa os animais capazes de voar. A
3} ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam área onde os dois círculos se sobrepõem, designada por
e estão uma no espaço interno da outra simbolizam con- intersecção A e B ou intersecção A-B, conteria todas as
juntos que possuem continência; ao passo que o ponto
criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm apenas
interno a uma curva representa um elemento pertencente
duas pernas motoras.
ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções
de curvas fechadas contidas em um plano. O interior des-
sas curvas representa, simbolicamente, a coleção de ele-
mentos do conjunto. De acordo com Clarence Irving Lewis,
o “princípio desses diagramas é que classes (ou conjuntos)
sejam representadas por regiões, com tal relação entre si
que todas as relações lógicas possíveis entre as classes
possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o dia- Considere-se agora que cada espécie viva está repre-
grama deixa espaço para qualquer relação possível entre sentada por um ponto situado em alguma parte do dia-
as classes, e a relação dada ou existente pode então ser grama. Os humanos e os pinguins seriam marcados dentro
definida indicando se alguma região em específico é vazia do círculo A, na parte dele que não se sobrepõe com o cír-
ou não-vazia”. Pode-se escrever uma definição mais for- culo B, já que ambos são bípedes mas não podem voar. Os
mal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) uma coleção mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam repre-
de curvas fechadas simples desenhadas em um plano. C é sentados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os
uma família independente se a região formada por cada canários, por sua vez, seriam representados na intersecção
uma das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o inte- A-B, já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal
rior ou o exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, que não fosse bípede nem pudesse voar, como baleias ou
se todas as curvas se intersectam de todas as maneiras serpentes, seria marcado por pontos fora dos dois círculos.
possíveis. Se, além disso, cada uma dessas regiões é cone- Assim, o diagrama de dois conjuntos representa qua-
xa e há apenas um número finito de pontos de interseção tro áreas distintas (a que fica fora de ambos os círculos,
entre as curvas, então C é um diagrama de Venn para n a parte de cada círculo que pertence a ambos os círculos
conjuntos. (onde há sobreposição), e as duas áreas que não se sobre-
Nos casos mais simples, os diagramas são representa- põem, mas estão em um círculo ou no outro):
dos por círculos que se encobrem parcialmente. As partes - Animais que possuem duas pernas e não voam (A
referidas em um enunciado específico são marcadas com sem sobreposição).
uma cor diferente. Eventualmente, os círculos são repre- - Animais que voam e não possuem duas pernas (B
sentados como completamente inseridos dentro de um sem sobreposição).
retângulo, que representa o conjunto universo daquele - Animais que possuem duas pernas e voam (sobre-
particular contexto (já se buscou a existência de um con- posição).
junto universo que pudesse abranger todos os conjuntos - Animais que não possuem duas pernas e não voam
possíveis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era (branco - fora).
impossível). A ideia de conjunto universo é normalmente

25
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Essas configurações são representadas, respectivamente,


pelas operações de conjuntos: diferença de A para B, diferen-
ça de B para A, intersecção entre A e B, e conjunto comple-
mentar de A e B. Cada uma delas pode ser representada como
as seguintes áreas (mais escuras) no diagrama:

Diferença Simétrica de dois conjuntos: A B

Diferença de A para B: A\B

Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de B para A: B\A

Complementar de B em U: BC = U \ B

Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn fo-


cou-se sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alar-
gando o exemplo anterior, poderia-se introduzir o conjun-
to C dos animais que possuem bico. Neste caso, o diagra-
ma define sete áreas distintas, que podem combinar-se de
256 (28) maneiras diferentes, algumas delas ilustradas nas
Intersecção de dois conjuntos: AB
imagens seguintes.

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)

Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de


16 formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções
animais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das ca- possíveis entre A, B e C.
racterísticas); tal conjunto seria representado pela união de A e
B. Já os animais que voam e não possuem duas patas mais os
que não voam e possuem duas patas, seriam representados pela
diferença simétrica entre A e B. Estes exemplos são mostrados
nas imagens a seguir, que incluem também outros dois casos.

União de três conjuntos: A B C

União de dois conjuntos: A B

26
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposições da forma Algum A não é B estabelecem


que o conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B. Temos as seguintes equivalências:
Algum A não é B = Algum A é não B = Algum não B é A.
Mas não é equivalente a Algum B não é A. Nas proposições
categóricas, usam-se também as variações gramaticais dos
verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ..., como
elo de ligação entre A e B.
Intersecção de três conjuntos: A B C - Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-
versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e
vice-versa).
A \ (B C)
Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas

Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das


proposições categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum
A é B, Algum A é B e Algum A não é B, pode-se inferir de
imediato a verdade ou a falsidade de algumas ou de todas
as outras.

1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então te-


mos as duas representações possíveis:
(B C) \ A

Proposições Categóricas
1 2
- Todo A é B B
- Nenhum A é B A = B
A
- Algum A é B e
- Algum A não é B

Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o con- Nenhum A é B. É falsa.


junto A é um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está Algum A é B. É verdadeira.
contido em B. Atenção: dizer que Todo A é B não significa o Algum A não é B. É falsa.
mesmo que Todo B é A. Enunciados da forma Nenhum A é
B afirmam que os conjuntos A e B são disjuntos, isto é, não 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então
tem elementos em comum. Atenção: dizer que Nenhum A temos somente a representação:
é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da
forma Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo
menos um elemento em comum com o conjunto B. Con- A B
tudo, quando dizemos que Algum A é B, pressupomos que
nem todo A é B. Entretanto, no sentido lógico de algum,
está perfeitamente correto afirmar que “alguns de meus
colegas estão me elogiando”, mesmo que todos eles es-
tejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a Todo A é B. É falsa.
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões Algum A é B. É falsa.
são equivalentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B = Algum A não é B. É verdadeira.
Existe um A que é B.

27
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as (C) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição
quatro representações possíveis: verdadeira ou falsa.
(D) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição verda-
deira ou falsa.
(E) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição
necessariamente verdadeira.

03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam


instrumentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda
e 60 tocam esses dois tipos de instrumentos. Quantos mú-
sicos desta Filarmônica tocam:
(A) instrumentos de sopro ou de corda?
(B) somente um dos dois tipos de instrumento?
(C) instrumentos diferentes dos dois citados?

04. (TTN - ESAF) Se é verdade que “Alguns A são R”


e que “Nenhum G é R”, então é necessariamente verda-
Nenhum A é B. É falsa.
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em deiro que:
1 e 2). (A) algum A não é G;
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou (B) algum A é G.
falsa (em 3 e 4) – é indeterminada. (C) nenhum A é G;
(D) algum G é A;
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, te- (E) nenhum G é A;
mos as três representações possíveis:
05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol
mas não praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei
mas não praticam futebol. O total dos que praticam vôlei é
15. Ao todo, existem 17 alunos que não praticam futebol.
O número de alunos da classe é:
(A) 30.
(B) 35.
(C) 37.
3 (D) 42.
A B (E) 44.

06. Um colégio oferece a seus alunos a prática de um


ou mais dos seguintes esportes: futebol, basquete e vôlei.
Sabe-se que, no atual semestre:
Todo A é B. É falsa. - 20 alunos praticam vôlei e basquete.
Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em - 60 alunos praticam futebol e 55 praticam basquete.
1 e 2 – é indeterminada). - 21 alunos não praticam nem futebol nem vôlei.
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira
- o número de alunos que praticam só futebol é idên-
(em 1 e 2 – é indeterminada).
tico ao número de alunos que praticam só vôlei.
- 17 alunos praticam futebol e vôlei.
QUESTÕES
- 45 alunos praticam futebol e basquete; 30, entre os
01. Represente por diagrama de Venn-Euler 45, não praticam vôlei.
(A) Algum A é B O número total de alunos do colégio, no atual semes-
(B) Algum A não é B tre, é igual a:
(C) Todo A é B (A) 93
(D) Nenhum A é B (B) 110
(C) 103
02. (Especialista em Políticas Públicas Bahia - FCC) Con- (D) 99
siderando “todo livro é instrutivo” como uma proposição (E) 114
verdadeira, é correto inferir que:
(A) “Nenhum livro é instrutivo” é uma proposição ne- 07. Numa pesquisa, verificou-se que, das pessoas en-
cessariamente verdadeira. trevistadas, 100 liam o jornal X, 150 liam o jornal Y, 20 liam
(B) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição neces- os dois jornais e 110 não liam nenhum dos dois jornais.
sariamente verdadeira. Quantas pessoas foram entrevistadas?

28
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 220 02. Resposta “B”.


(B) 240
(C) 280
(D) 300
(E) 340

08. Em uma entrevista de mercado, verificou-se que 2.000


pessoas usam os produtos C ou D. O produto D é usado por A opção A é descartada de pronto: “nenhum livro é
800 pessoas e 320 pessoas usam os dois produtos ao mesmo instrutivo” implica a total dissociação entre os diagramas.
tempo. Quantas pessoas usam o produto C? E estamos com a situação inversa. A opção “B” é perfeita-
(A) 1.430 mente correta. Percebam como todos os elementos do dia-
(B) 1.450 grama “livro” estão inseridos no diagrama “instrutivo”. Res-
(C) 1.500 ta necessariamente perfeito que algum livro é instrutivo.
(D) 1.520
(E) 1.600 03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instru-
mentos de corda e S dos que tocam instrumentos de so-
09. Sabe-se que o sangue das pessoas pode ser classifi- pro. Chamemos de F o conjunto dos músicos da Filarmô-
cado em quatro tipos quanto a antígenos. Em uma pesquisa nica. Ao resolver este tipo de problema faça o diagrama,
efetuada num grupo de 120 pessoas de um hospital, cons- assim você poderá visualizar o problema e sempre comece
tatou-se que 40 delas têm o antígeno A, 35 têm o antígeno a preencher os dados de dentro para fora.
B e 14 têm o antígeno AB. Com base nesses dados, quantas
pessoas possuem o antígeno O? Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após
(A) 50 fazermos o diagrama, este número vai no meio.
(B) 52 Passo 2:
(C) 59 a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os
(D) 63
que só tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
(E) 65
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Exa-
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos
tamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o jornal
acima:
B. Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos um dos
jornais, encontre o percentual que leem ambos os jornais.
(A) 40%
(B) 45%
(C) 50% 100 60 180
(D) 60%
(E) 65%

Respostas
01. Com o diagrama completamente preenchido, fica fá-
cil achara as respostas: Quantos músicos desta Filarmônica
(A) tocam:
a) instrumentos de sopro ou de corda? Pelos dados do
problema: 100 + 60 + 180 = 340
b) somente um dos dois tipos de instrumento? 100 +
180 = 280
(B) c) instrumentos diferentes dos dois citados? 500 - 340
= 160

04. Esta questão traz, no enunciado, duas proposições


categóricas:
(C) - Alguns A são R
- Nenhum G é R

Devemos fazer a representação gráfica de cada uma


delas por círculos para ajudar-nos a obter a resposta corre-
(D) ta. Vamos iniciar pela representação do Nenhum G é R, que
é dada por dois círculos separados, sem nenhum ponto em
comum.

29
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

isto é, tem elementos em A que não estão em G. Pelo mes-


mo motivo a alternativa “D” não é correta. Passemos para
a próxima.
Teste da alternativa “C” (Nenhum A é G). Observando
os desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho
de A que está mais a esquerda, esta alternativa não é ver-
dadeira, isto é, tem elementos em A que estão em G. Pelo
mesmo motivo a alternativa “E” não é correta. Portanto, a
Como já foi visto, não há uma representação gráfica resposta é a alternativa “A”.
única para a proposição categórica do Alguns A são R, mas
geralmente a representação em que os dois círculos se in- 05. Resposta “E”.
terceptam (mostrada abaixo) tem sido suficiente para re-
solver qualquer questão.

n = 20 + 7 + 8 + 9
n = 44
Agora devemos juntar os desenhos das duas propo-
sições categóricas para analisarmos qual é a alternativa 06. Resposta “D”.
correta. Como a questão não informa sobre a relação en- n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15
tre os conjuntos A e G, então teremos diversas maneiras n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2
n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
de representar graficamente os três conjuntos (A, G e R).
60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13
A alternativa correta vai ser aquela que é verdadeira para
n(sóF) = n(sóV) = 13
quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução
n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20
da questão não faremos todas as representações gráficas
– 30 = 15
possíveis entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algu-
n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B)
mas) representação(ões) de cada vez e passamos a analisar
= 21- 15 = 6
qual é a alternativa que satisfaz esta(s) representação(ões),
Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
se tivermos somente uma alternativa que satisfaça, então nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.
já achamos a resposta correta, senão, desenhamos mais
outra representação gráfica possível e passamos a testar
somente as alternativas que foram verdadeiras. Tomemos
agora o seguinte desenho, em que fazemos duas represen-
tações, uma em que o conjunto A intercepta parcialmente
o conjunto G, e outra em que não há intersecção entre eles.

07. Resposta “E”.

A B

Teste das alternativas: 80 20 130 + 110


Teste da alternativa “A” (algum A não é G). Observando
os desenhos dos círculos, verificamos que esta alternativa
é verdadeira para os dois desenhos de A, isto é, nas duas
representações há elementos em A que não estão em G. Começamos resolvendo pelo que é comum: 20 alunos
Passemos para o teste da próxima alternativa. gostam de ler os dois.
Teste da alternativa “B” (algum A é G). Observando os Leem somente A: 100 – 20 = 80
desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de Leem somente B: 150 – 20 = 130
A que está mais a direita, esta alternativa não é verdadeira, Totaliza: 80 + 20 + 130 + 110 = 340 pessoas.

30
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta “D”. Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm


elementos. Um elemento de um conjunto pode ser uma
A B banana, um peixe ou um livro. Convém frisar que um
conjunto pode ele mesmo ser elemento de algum outro
conjunto.
1200 320 480 Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um
feixe de retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é
também conjunto (de pontos).
Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras
Somente B: 800 – 320 = 480 maiúsculas A, B, C, ..., X, e os elementos pelas letras
Usam A = total – somente B = 2000 – 480 = 1520. minúsculas a, b, c, ..., x, y, ..., embora não exista essa
obrigatoriedade.
09. Resposta “C”. Em Geometria, por exemplo, os pontos são indicados
por letras maiúsculas e as retas (que são conjuntos de
pontos) por letras minúsculas.
A B Outro conceito fundamental é o de relação de
pertinência que nos dá um relacionamento entre um
+ 59 elemento e um conjunto.
26 14 21

Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos


x∈ A
Começa-se resolvendo pelo AB, então somente A = 40 Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.
– 14 = 26 e somente B = 35 – 14 = 21.
Somando-se A, B e AB têm-se 61, então o O são 120 – Se x não é um elemento de um conjunto A,
61 = 59 pessoas. escreveremos x ∉ A
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A.
10. Resposta “A”.
- Jornal A → 0,8 – x Como representar um conjunto
- Jornal B → 0,6 – x
- Intersecção → x Pela designação de seus elementos: Escrevemos os
elementos entre chaves, separando os por vírgula.
Então fica:
Exemplos
(0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1
- x + 1,4 = 1 - {3, 6, 7, 8} indica o conjunto formado pelos elementos
- x = - 0,4 3, 6, 7 e 8.
x = 0,4. {a; b; m} indica o conjunto constituído pelos elementos
a, b e m.
Resposta “40% dos alunos leem ambos os jornais”. {1; {2; 3}; {3}} indica o conjunto cujos elementos são 1,
{2; 3} e {3}.

Pela propriedade de seus elementos: Conhecida


TEORIA DOS CONJUNTOS. uma propriedade P que caracteriza os elementos de um
conjunto A, este fica bem determinado.
P termo “propriedade P que caracteriza os elementos
de um conjunto A” significa que, dado um elemento x
Conjuntos qualquer temos:
Assim sendo, o conjunto dos elementos x que possuem
É uma reunião, agrupamento de pessoas, seres ou ob- a propriedade P é indicado por:
jetos. Dá a ideia de coleção. {x, tal que x tem a propriedade P}

Conjuntos Primitivos Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou |
ou ainda :, podemos indicar o mesmo conjunto por:
Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são {x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
primitivos, ou seja, não são definidos. {x : x tem a propriedade P}
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma
porção de livros são todos exemplos de conjuntos.

31
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos Exemplos

- { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u} - {2 . 4} ⊂ {2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
- {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo - {2, 3, 4} ⊄ {2, 4}, pois 3 ∉ {2, 4}
que {0, 1, 2, 3} - {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6}
- {x : x em um número inteiro e x2 = x } é o mesmo que {0, 1}
Inclusão e pertinência
Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-
Euler consiste em representar o conjunto através de um A definição de subconjunto estabelece um
“círculo” de tal forma que seus elementos e somente eles relacionamento entre dois conjuntos e recebe o nome de
estejam no “círculo”. relação de inclusão ( ⊂ ).
A relação de pertinência ( ∈ ) estabelece um
Exemplos relacionamento entre um elemento e um conjunto e,
- Se A = {a, e, i, o, u} então portanto, é diferente da relação de inclusão.
Simbolicamente
x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A
x ∉ A ⇔ {x} ⊄ A

Igualdade

Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B


e indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto
de B e B é também subconjunto de A.
- Se B = {0, 1, 2, 3 }, então Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais
equivale, segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B
e B ⊂ A.
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, e
somente se, possuem os mesmos elementos.
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B.
Portanto A ≠ B se, e somente se, A não é subconjunto de
B ou B não é subconjunto de A. Simbolicamente: A ≠ B
Conjunto Vazio
⇔ A ⊄ B ou B ⊄ A
Conjunto vazio é aquele que não possui elementos.
Representa-se pela letra do alfabeto norueguês 0/ ou, Exemplos
simplesmente { }.
Simbolicamente: ∀ x, x ∉ 0/ - {2,4} = {4,2}, pois {2,4} ⊂ {4,2} e {4,2} ⊂ {2,4}. Isto
nos mostra que a ordem dos elementos de um conjunto
Exemplos não deve ser levada em consideração. Em outras palavras,
um conjunto fica determinado pelos elementos que o
- 0/ = {x : x é um número inteiro e 3x = 1} mesmo possui e não pela ordem em que esses elementos
0/ = {x | x é um número natural e 3 – x = 4} são descritos.
-
- 0/ = {x | x ≠ x} - {2,2,2,4} = {2,4}, pois {2,2,2,4} ⊂ {2,4} e {2,4} ⊂
{2,2,2,4}. Isto nos mostra que a repetição de elementos é
Subconjunto desnecessária.
- {a,a} = {a}
Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é - {a,b = {a} ⇔ a= b
também elemento de B, dizemos que A é um subconjunto - {1,2} = {x,y} ⇔ (x = 1 e y = 2) ou (x = 2 e y = 1)
de B ou A é a parte de B ou, ainda, A está contido em B e
indicamos por A ⊂ B. Conjunto das partes
Simbolicamente: A ⊂ B ⇔ ( ∀ x)(x ∈ ∀ ⇒ x ∈ B)
Dado um conjunto A podemos construir um novo
Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjunto conjunto formado por todos os subconjuntos (partes) de A.
de B ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido Esse novo conjunto chama-se conjunto dos subconjuntos
em B. (ou das partes) de A e é indicado por P(A).
Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo Simbolicamente: P(A)={X | X ⊂ A} ou X ⊂ P(A) ⇔ X
menos, um elemento de A que não é elemento de B. ⊂A
Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃ x)(x ∈ A e x ∉ B)

32
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos Exemplos
- {2,3,4} ∩ {3,5}={3}
a) = {2, 4, 6} - {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3}
P(A) = { 0/ , {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A} - {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
b) = {3,5}
P(B) = { 0/ , {3}, {5}, B} Observação: Se A ∩ B= φ , dizemos que A e B são
conjuntos disjuntos.
c) = {8}
P(C) = { 0/ , C}

d) = 0/
P(D) = { 0/ }

Propriedades Número de Elementos da União e da Intersecção de


Conjuntos
Seja A um conjunto qualquer e 0/ o conjunto vazio.
Valem as seguintes propriedades Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura
abaixo, podemos estabelecer uma relação entre os
0/ ≠( 0/ ) 0/ ∉ 0/ 0/ ⊂ 0/ 0/ ∈ { 0/ } respectivos números de elementos.

0/ ⊂ A ⇔ 0/ ∈ P(A) A ⊂ A ⇔ A ∈ P(A)

Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos


e, portanto, P(A) possui 2n elementos.

União de conjuntos

A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto


formado por todos os elementos que pertencem a A ou a
B. Representa-se por A ∪ B.
Simbolicamente: A 4 ∉BN = {X | X ∈ A ou X ∈ B}

Note que ao subtrairmos os elementos comuns


evitamos que eles sejam contados duas vezes.

Observações:
a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo
um deles estiver contido no outro, ainda assim a relação
dada será verdadeira.
Exemplos b) Podemos ampliar a relação do número de elementos
para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.
- {2,3} ∪ {4,5,6}={2,3,4,5,6}
- {2,3,4} ∪ {3,4,5}={2,3,4,5} Observe o diagrama e comprove.
- {2,3} ∪ {1,2,3,4}={1,2,3,4}
- {a,b} ∪ φ {a,b}

Intersecção de conjuntos

A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado


por todos os elementos que pertencem, simultaneamente,
a A e a B. Representa-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B
= {X | X ∈ A ou X ∈ B}

33
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Subtração Resolução de Problemas

A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto Exemplo:


formado por todos os elementos que pertencem a A e não Numa escola mista existem 42 meninas, 24 crianças rui-
pertencem a B. Representa-se por A – B. Simbolicamente: vas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se
A – B = {X | X ∈ A e X ∉ B} a) quantas crianças existem na escola?
b) quantas crianças são meninas ou são ruivas

O conjunto A – B é também chamado de conjunto


complementar de B em relação a A, representado por CAB.
Simbolicamente: CAB = A - B{X | X ∈ A e X ∉ B}

Exemplos

- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ Sejam:
A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14} C o conjunto dos meninos não ruivos e n(C) = 13
D o conjunto das meninas não ruivas e n(D) = y
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5} De acordo com o enunciado temos:
CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5}

Observações: Alguns autores preferem utilizar o


n( B ∪ D) = n( B ) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33

conceito de completar de B em relação a A somente nos n( A ∪ D) = n( A) + n( B) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15
casos em que B ⊂ A.
- Se B ⊂ A representa-se por B o conjunto
Assim sendo
complementar de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A
⇔ B = A – B = CAB` a) O número total de crianças da escola é:

n( A ∪ B ∪ C ∪ D ) = n( A) + n( B ) + n(C ) + n( D ) = 15 + 9 + 13 + 33 = 70
b) O número de crianças que são meninas ou são
ruivas é:

n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57

Questões

Exemplos 1 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO AD-


MINISTRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então: cidade, 13 dele não se inscreveram nas comissões de Edu-
a) A = {2, 3, 4} ⇒ A = {0, 1, 5, 6} cação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos vereadores
b) B = {3, 4, 5, 6 } ⇒ B = {0, 1, 2} se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles se
c) C = φ ⇒ C = S inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e
oito deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e
Número de elementos de um conjunto Saneamento Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu
em apenas uma dessas comissões. O número de vereado-
Sendo X um conjunto com um número finito de res inscritos na comissão de Saneamento Básico é igual a
elementos, representa-se por n(X) o número de elementos A) 15.
de X. Sendo, ainda, A e B dois conjuntos quaisquer, com B) 21.
número finito de elementos temos: C) 18.
n(A ∪ B)=n(A)+n(B)-n(A ∩ B) D) 27.
A ∩ B= φ ⇒ n(A ∪ B)=n(A)+n(B) E) 16.
n(A -B)=n(A)-n(A ∩ B)
B ⊂ A ⇒ n(A-B)=n(A)-n(B)

34
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

2 – (TJ-SC) Num grupo de motoristas, há 28 que diri- 5 – (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM
gem automóvel, 12 que dirigem motocicleta e 8 que diri- SAÚDE NM – AOCP/2014) Qual é o número de elementos
gem automóveis e motocicleta. Quantos motoristas há no que formam o conjunto dos múltiplos estritamente positi-
grupo? vos do número 3, menores que 31?
A) 16 motoristas A) 9
B) 32 motoristas B) 10
C) 48 motoristas C) 11
D) 36 motoristas D) 12
E) 13
3 – (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014)
Dos 46 técnicos que estão aptos para arquivar documen- 6 - (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM
tos 15 deles também estão aptos para classificar proces- SAÚDE NM – AOCP/2014) Considere dois conjuntos A e
sos e os demais estão aptos para atender ao público. Há B, sabendo que A ∩ B = {3}, A ∪ B = {0; 1; 2; 3; 5} e A – B
outros 11 técnicos que estão aptos para atender ao públi- = {1 ; 2}, assinale a alternativa que apresenta o conjunto B.
co, mas não são capazes de arquivar documentos. Dentre A) {1; 2; 3}
esses últimos técnicos mencionados, 4 deles também são B) {0; 3}
capazes de classificar processos. Sabe-se que aqueles que C) {0; 1; 2; 3; 5}
classificam processos são, ao todo, 27 técnicos. Conside- D) {3; 5}
rando que todos os técnicos que executam essas três tare- E) {0; 3; 5}
fas foram citados anteriormente, eles somam um total de
A) 58. 7 – (Agente Administrativo) Em uma cidade existem
B) 65. duas empresas de transporte coletivo, A e B. Exatamente
C) 76. 70% dos estudantes desta cidade utilizam a Empresa A e
D) 53. 50% a Empresa B. Sabendo que todo estudante da cidade
E) 95. é usuário de pelo menos uma das empresas, qual o % deles
que utilizam as duas empresas?
4 – (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –ALMOXARI- A) 20%
FADO I – FCC/2014) O diagrama indica a distribuição de atle- B) 25%
tas da delegação de um país nos jogos universitários por medalha C) 27%
conquistada. Sabe-se que esse país conquistou medalhas apenas D) 33%
em modalidades individuais. Sabe-se ainda que cada atleta da E) 35%
delegação desse país que ganhou uma ou mais medalhas não ga-
nhou mais de uma medalha do mesmo tipo (ouro, prata, bronze). 8 – (METRÔ/SP – ENGENHEIRO SEGURANÇA DO
De acordo com o diagrama, por exemplo, 2 atletas da delegação TRABALHO – FCC/2014) Uma pesquisa, com 200 pessoas,
desse país ganharam, cada um, apenas uma medalha de ouro. investigou como eram utilizadas as três linhas: A, B e C do
Metrô de uma cidade. Verificou-se que 92 pessoas utili-
zam a linha A; 94 pessoas utilizam a linha B e 110 pessoas
utilizam a linha C. Utilizam as linhas A e B um total de 38
pessoas, as linhas A e C um total de 42 pessoas e as linhas B
e C um total de 60 pessoas; 26 pessoas que não se utilizam
dessas linhas. Desta maneira, conclui-se corretamente que
o número de entrevistados que utilizam as linhas A e B e
C é igual a
A) 50.
B) 26.
C) 56.
D) 10.
E) 18.
A análise adequada do diagrama permite concluir cor-
retamente que o número de medalhas conquistadas por 9 – TJ/RS – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁ-
esse país nessa edição dos jogos universitários foi de RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) Observando-
A) 15. -se, durante certo período, o trabalho de 24 desenhistas
B) 29. do Tribunal de Justiça, verificou-se que 16 executaram
C) 52. desenhos arquitetônicos, 15 prepararam croquis e 3 rea-
D) 46. lizaram outras atividades. O número de desenhistas que
E) 40. executaram desenho arquitetônico e prepararam croquis,
nesse período, é de

35
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 10. Dos 11 técnicos aptos a atender ao público 4 são capa-


B) 11. zes de classificar processos, logo apenas 11-4 = 7 técnicos
C) 12. são aptos a atender ao público.
D) 13. Somando todos os valores obtidos no diagrama tere-
E) 14. mos: 31+15+7+4+8 = 65 técnicos.

10 - (TJ/RS – OFICIAL DE TRANSPORTE – CE-


TRO/2013) Dados os conjuntos A = {x | x é vogal da pa-
lavra CARRO} e B = {x | x é letra da palavra CAMINHO}, é
correto afirmar que A∩ B tem
A) 1 elemento.
B) 2 elementos.
C) 3 elementos.
D) 4 elementos.
E) 5 elementos.
F)
Respostas 4 - RESPOSTA: “D”.
O diagrama mostra o número de atletas que ganharam
1 - RESPOSTA: “C” medalhas.
De acordo com os dados temos: No caso das intersecções, devemos multiplicar por
7 vereadores se inscreveram nas 3. 2 por ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 multiplica-se por 3.
não deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos,
pois ele já desconsidera os que se inscreveram nos três) Intersecções:
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento bá-
sico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comis-
sões, pois 13 dos 43 não se inscreveram.
Portanto, 30-7-12-8=3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 verea-
dores.
Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46

5 -RESPOSTA: “B”.
Se nos basearmos na tabuada do 3 , teremos o seguin-
te conjunto
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos.
Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18
6 - RESPOSTA: “E”.
2 – RESPOSTA: “B” A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é ele-
mento de B.
A-B são os elementos que tem em A e não em B.
Então de A∪B, tiramos que B={0;3;5}.

7 - Resposta “A”.
Os que dirigem automóveis e motocicleta: 8
Os que dirigem apenas automóvel: 28-8 = 20
Os que dirigem apenas motocicleta: 12-8= 4
A quantidade de motoristas é o somatório: 20+8+4 =
32 motoristas.

3 - RESPOSTA: “B”.
Técnicos arquivam e classificam: 15
Arquivam e atendem: 46-15=31 70 – 50 = 20.
classificam e atendem: 4 20% utilizam as duas empresas.
Classificam: 15+4=19 como são 27 faltam 8

36
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

8 - RESPOSTA: “E”. de elementos de um conjunto. Por exemplo, se quiser


saber quantos números de quatro algarismos são
formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é preciso
aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais
propriedades existem:
- Princípio fundamental da contagem
- Fatorial
- Arranjos simples
- Permutação simples
- Combinação
- Permutação com elementos repetidos

Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que


a Regra do Produto, um princípio combinatório que indica
quantas vezes e as diferentes formas que um acontecimento
92-[38-x+x+42-x]+94-[38-x+x+60-x]+110-[42- pode ocorrer. O acontecimento é formado por dois estágios
x+x+60-x]+(38-x)+x+(42-x)+(60-x)+26=200 caracterizados como sucessivos e independentes:
92-[80-x]+94-[98-x]+110-[102-x]+38+42-x+60-
x+26=200 • O primeiro estágio pode ocorrer de m modos
92-80+x+94-98+x+110-102+x+166-2x=200 distintos.
x+462-180=200 ➜ x+182 = 200 ➜ x = 200-182 ➜ x = 18 • O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos.

Desse modo, podemos dizer que o número de formas


9 - RESPOSTA: “A”. diferente que pode ocorrer em um acontecimento é igual
ao produto m . n
Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e
inicialmente ela quer se decidir qual o modelo e a cor do
seu novo veículo. Na concessionária onde Alice foi há 3
tipos de modelos que são do interesse dela: Siena, Fox e
Astra, sendo que para cada carro há 5 opções de cores:
preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o número total
de opções que Alice poderá fazer?

Resolução: Segundo o Principio Fundamental da


16-x+x+15-x+3=24 ➜ x+34 = 24 ➜ -x = 24-34 ➜ -x = -10, Contagem, Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela
como não existe variável negativa neste caso multiplica-se por poderá optar por 15 carros diferentes. Vamos representar
(-1) ambos os lados , logo x = 10. as 15 opções na árvore de possibilidades:

10 - RESPOSTA: “B”.
Como o conjunto A é dado pelas vogais: A={A,O}, e
B é dado pelas letras : B={ C,A,M,I,N,H,O}, portanto A∩
B={A,O}

ANÁLISE COMBINATÓRIA.

Análise Combinatória

Análise combinatória é uma parte da matemática que


estuda, ou melhor, calcula o número de possibilidades, e
estuda os métodos de contagem que existem em acertar
algum número em jogos de azar. Esse tipo de cálculo
nasceu no século XVI, pelo matemático italiano Niccollo
Fontana (1500-1557), chamado também de Tartaglia.
Depois, apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601-
1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve
métodos que permitem contar, indiretamente, o número

37
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Generalizações: Um acontecimento é formado por k Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120


estágios sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk
possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de Note que esta definição implica em particular que 0!
ocorrer este acontecimento é n1, n2, n3, … , nk = 1, porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum
número é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não este faz com que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1)
importa a ordem. funcione para n = 0.
Os fatoriais são importantes em análise combinatória.
Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por Por exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar
10 elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”. n objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são
chamados permutações) E o número de opções que podem
ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial.
diferenciam pela natureza de um dos elemento.

ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados


distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela
ordem dos elementos.
Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições
Quando os elementos de um determinado conjunto em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem
A forem algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes ou pela natureza dos elementos componentes. Seja A um
algarismos pretendemos obter números, neste caso, os conjunto com n elementos e k um natural menor ou igual
agrupamentos de 13 e 31 são considerados distintos, pois a n. Os arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os
indicam números diferentes. agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem
Quando os elementos de um determinado conjunto A entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos.
forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos Cálculos do número de arranjos simples:
pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos
são iguais, pois indicam a mesma reta. Na formação de todos os arranjos simples dos n
elementos de A, tomados k a k:
Conclusão: Os agrupamentos...
n → possibilidades na escolha do 1º elemento.
1. Em alguns problemas de contagem, quando os
n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois
agrupamentos se diferirem pela natureza de pelo menos um
um deles já foi usado.
de seus elementos, os agrupamentos serão considerados
distintos.
n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois
ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados
dois deles já foi usado.
combinações.
.
n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento,
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o pois l-1 deles já foi usado.
problema é saber quantas retas esses pontos determinam.
2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o
ordem de seus elementos, os problemas de contagem número total de arranjos simples dos n elementos de A
serão agrupados e considerados distintos. (tomados k a k), temos:
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados
arranjos. An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1)
(é o produto de k fatores)

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos


e o problema é contar os números por eles determinados. Multiplicando e dividindo por (n – k)!

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número


natural n, representado por n!, é o produto de todos os
inteiros positivos menores ou iguais a n. A notação n! foi
introduzida por Christian Kramp em 1808. A função fatorial
é normalmente definida por:
Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!

Podemos também escrever

38
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Permutações: Considere A como um conjunto com n Logo: C4,3 . P3 = A4,3


elementos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A,
são denominados permutações simples de n elementos. De Cálculo do número de combinações simples: O
acordo com a definição, as permutações têm os mesmos número total de combinações simples dos n elementos de
elementos. São os n elementos de A. As duas permutações A representados por C n,k, tomados k a k, analogicamente
diferem entre si somente pela ordem de seus elementos. ao exemplo apresentado, temos:
Cálculo do número de permutação simples: a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k,
obtemos Pk arranjos distintos.
O número total de permutações simples de n b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos
elementos indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k distintos.
= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – k + 1), temos:
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou
Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1)
(n – 2) . … .1 = n! A n,k
C n,k =
Pk
Portanto: Pn = n!
Lembrando que:
Combinações Simples: são agrupamentos formados
com os elementos de um conjunto que se diferenciam
somente pela natureza de seus elementos. Considere A
como um conjunto com n elementos k um natural menor
ou igual a n. Os agrupamentos de k elementos distintos Também pode ser escrito assim:
cada um, que diferem entre si apenas pela natureza de
seus elementos são denominados combinações simples k
a k, dos n elementos de A.

Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com Arranjos Completos: Arranjos completos de n


elementos distintos. Com os elementos de A podemos elementos, de k a k são os arranjos de k elementos
formar 4 combinações de três elementos cada uma: abc não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
– abd – acd – bcd vamos calcular os arranjos completos, deve-se levar
em consideração os arranjos com elementos distintos
Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas: (arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de
arranjos completos de n elementos, de k a k, é indicado
Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos. simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k = nk

abc abd acd bcd Permutações com elementos repetidos


acb Considerando:
bac
bca α elementos iguais a a,
β elementos iguais a b,
cab
γ elementos iguais a c, …,
cba λ elementos iguais a l,

Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos.


obtemos todos os arranjos 3 a 3:
Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ
abc abd acd bcd o número de permutações distintas que é possível
formarmos com os n elementos:
acb adb adc bdc
bac bad cad cbd
bca bda cda cdb
cab dab dac dbc
cba dba dca dcb Combinações Completas: Combinações completas de
n elementos, de k a k, são combinações de k elementos
(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
vamos calcular as combinações completas devemos

39
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

levar em consideração as combinações com elementos 06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,
distintos (combinações simples) e as combinações com dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se
elementos repetidos. O total de combinações completas analisem as suspeitas, será formada uma comissão especial
de n elementos, de k a k, indicado por C*n,k com 5 diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O
número de possíveis comissões é:
(A) 66
(B) 72
(C) 90
(D) 120
(E) 124
QUESTÕES
07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola
01. Quantos números de três algarismos distintos possui um banco de questões de matemática composto
podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8? de 5 questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4
sobre retas. De quantas maneiras distintas a equipe pode
02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 montar uma prova com 8 questões, sendo 3 de parábolas,
clubes, sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada 2 de circunferências e 3 de retas?
clube enfrente o outro no seu campo e no campo deste. O (A) 80
número total de jogos a serem realizados é: (B) 96
(A)182 (C) 240
(B) 91 (D) 640
(C)169 (E) 1.280
(D)196
(E)160 08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre
assistidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que,
03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um para uma eventualidade qualquer, dois particulares
sistema, começando por três letras escolhidas entre as cinco enfermeiros, por serem os mais experientes, nunca são
A, B, C, D e E, seguidas de quatro algarismos escolhidos escalados para trabalharem juntos. Sabendo-se que em
entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se entre as letras puder haver repetição, todos os grupos participa um dos dois enfermeiros mais
mas se os algarismos forem todos distintos, o número total
experientes, quantos grupos distintos de 3 enfermeiros
de senhas possíveis é:
podem ser formados?
(A) 78.125
(A) 06
(B) 7.200
(B) 10
(C) 15.000
(C) 12
(D) 6.420
(D) 15
(E) 50
(E) 20
04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões
com todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia 09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes
executou a tarefa considerando as letras A e à como para concorrer a uma gincana. O número de maneiras
diferentes, contudo, João queria que elas fossem diferentes de formar duas equipes é
consideradas como mesma letra. A diferença entre o (A) 10
número de cartões feitos por Cláudia e o número de (B) 15
cartões esperados por João é igual a (C) 20
(A) 720 (D) 25
(B) 1.680 (E) 30
(C) 2.420
(D) 3.360 10. Considere os números de quatro algarismos do
(E) 4.320 sistema decimal de numeração. Calcule:
a) quantos são no total;
05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra b) quantos não possuem o algarismo 2;
PROVA foram listadas em ordem alfabética, como se c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos
fossem palavras de cinco letras em um dicionário. A 73ª uma vez;
palavra nessa lista é d) quantos têm os algarismos distintos;
(A) PROVA. e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.
(B) VAPOR.
(C) RAPOV.
(D) ROVAP.
(E) RAOPV.

40
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resoluções 08.
I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes
01. e outros 3.
II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o
enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes
e 2 entre os 3 restantes.
02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2 III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre
= 14 . 13 = 182. os 2 mais experientes é

03.

Algarismos
IV) O número de possibilidades para se escolher 2
entre 3 restantes é

Letras

As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125


maneiras.
Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 . V) Assim, o número total de grupos que podem ser
3 . 2 = 120 maneiras. formados é 2 . 3 = 6
O número total de senhas distintas, portanto, é igual a
125 . 120 = 15.000. 09.

04.
I) O número de cartões feitos por Cláudia foi 10.
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
II) O número de cartões esperados por João era d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464

Binômio de Newton
Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da
05. Se as permutações das letras da palavra PROVA forma (a + b)n , sendo n um número natural .
forem listadas em ordem alfabética, então teremos:
P4 = 24 que começam por A Exemplo: 
P4 = 24 que começam por O B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do
P4 = 24 que começam por P binômio] ).

A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton :
começa por R. Ela é RAOPV.
a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2
06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3
corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4
de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria, d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5
podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
número de possíveis comissões é Nota:

Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que elas


possuem uma lei de formação bem definida, senão vejamos:
Vamos tomar, por exemplo, o item (d) acima:
Observe que o expoente do primeiro e últimos termos
são iguais ao expoente do binômio, ou seja, igual a 5.
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser
07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240 obtidos a partir da seguinte regra prática de fácil memori-
zação:

41
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e


dividimos o resultado pela ordem do termo. O resultado PROBABILIDADE.
será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo,
para obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) aci-
ma teríamos:
5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo an- Probabilidade
terior (2 por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é o
coeficiente do terceiro termo procurado. Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento
Observe que os expoentes da variável a decrescem de Em uma tentativa com um número limitado de
n até 0 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o resultados, todos com chances iguais, devemos considerar:
terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a de- Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos
cresceu de 4 para 3 e o de b cresceu  de 1 para 2). resultados possíveis.
Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos
binômio de Newton (a + b)7 será: resultados possíveis; será representado por S e o número
(a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21 de elementos do espaço amostra por n(S).
a b + 7 ab6 + b7
2 5
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do
Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º ter- espaço amostral; será representado por A e o número de
mo (21 a2b5) ? elementos do evento por n(A).
Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multipli- Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,
camos 35 pelo expoente de a que é igual a 3 e dividimos o portanto são eventos.
resultado pela ordem do termo que é 5. Ø = evento impossível.
Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo S = evento certo.
anterior) vem 105:5 = 21, que é o coeficiente do sexto ter-
mo, conforme se vê acima. Conceito de Probabilidade

Observações: As probabilidades têm a função de mostrar a chance


1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli- de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
nômio. um determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de
2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos . um espaço amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre- o número de elementos A e o número de elemento S.
mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais . Representando:
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .
Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton

Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n


, sendo p um número natural, é dado por
Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados
⎛ n⎞ de 1 a 6, e observar o lado virado para cima, temos:
T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p - um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3,
⎝ p⎠ 4, 5, 6}.
onde - um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2,
4, 6} C S.
⎛ n⎞ n! - o número de elementos do evento número par é
⎜⎝ p ⎟⎠ = Cn. p = p!(n − p)! n(A1) = 3.

- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois


é denominado Número Binomial e Cn.p é o número de
combinações simples de n elementos, agrupados p a p, ou
seja, o número de combinações simples de n elementos
de taxa p.
Este número é também conhecido como Número Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não
Combinatório. Vazio
- Em um evento impossível a probabilidade é igual a
zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a 1.
Simbolicamente: P(Ø) = 0 e P(S) = 1.
- Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤
P(A) ≤ 1.
- Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A)
= 1 - P(A).

42
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Demonstração das Propriedades Eventos Exaustivos


Considerando S como um espaço finito e não vazio,
temos: Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois
em dois, mutuamente exclusivos, estes serão denominados
exaustivos se A1 A2 A3 … An = S

Então, logo:

Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + P(An) = 1

União de Eventos
Probabilidade Condicionada
Considere A e B como dois eventos de um espaço
amostral S, finito e não vazio, temos: Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S,
finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a A é
dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo que
A já ocorreu A. É representada por P(B/A).

B Veja:
S

Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)

Eventos Mutuamente Exclusivos Eventos Independentes


Considere dois eventos A e B de um espaço amostral
A S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente
quando:

P(A/N) = P(A) P(B/A) = P(B)


B
S Intersecção de Eventos
Considerando A e B como dois eventos de um espaço
Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão amostral S, finito e não vazio, logo:
denominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B =
0, portanto: P(A B) = P(A) + P(B). Quando os eventos A1, A2,
A3, …, An de S forem, de dois em dois, sempre mutuamente
exclusivos, nesse caso temos, analogicamente:

P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... +


P(An)

43
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim sendo:
P(A ∩ B) = P(A) . P(B/A)
P(A ∩ B) = P(B) . P(A/B)

Considerando A e B como eventos independentes, logo


P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) = P(A)
. P(B). Para saber se os eventos A e B são independentes,
podemos utilizar a definição ou calcular a probabilidade de
A ∩ B. Veja a representação: (A) (B) (C) (D) (E)
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou
A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B) 03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52
cartas, qual a probabilidade de se obter um rei ou uma dama?
Lei Binominal de Probabilidade
Considere uma experiência sendo realizada diversas 04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces,
vezes, dentro das mesmas condições, de maneira que numeradas de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das
os resultados de cada experiência sejam independentes. duas faces voltadas para cima. Calcular a probabilidade
Sendo que, em cada tentativa ocorre, obrigatoriamente, de serem obtidos dois números ímpares ou dois números
um evento A cuja probabilidade é p ou o complemento A iguais?
cuja probabilidade é 1 – p.
Problema: Realizando-se a experiência descrita 05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500.
exatamente n vezes, qual é a probabilidade de ocorrer o Uma bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade
evento A só k vezes? de que seja escolhida uma bola com um número de três
algarismos ou múltiplo de 10 é
Resolução: (A) 10%
- Se num total de n experiências, ocorrer somente (B) 12%
k vezes o evento A, nesse caso será necessário ocorrer (C) 64%
exatamente n – k vezes o evento A. (D) 82%
- Se a probabilidade de ocorrer o evento A é p e do (E) 86%
evento A é 1 – p, nesse caso a probabilidade de ocorrer k 06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3
vezes o evento A e n – k vezes o evento A, ordenadamente, é: bolas vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a
probabilidade de ela ser amarela ou branca?

07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com


probabilidade 40% e 30%, respectivamente, de acertar.
Nestas condições, a probabilidade de apenas uma delas
- As k vezes em que ocorre o evento A são quaisquer acertar o alvo é:
entre as n vezes possíveis. O número de maneiras de (A) 42%
escolher k vezes o evento A é, portanto Cn,k. (B) 45%
- Sendo assim, há Cn,k eventos distintos, mas que (C) 46%
possuem a mesma probabilidade pk . (1 – p)n-k, e portanto a (D) 48%
probabilidade desejada é: Cn,k . pk . (1 – p)n-k (E) 50%

QUESTÕES 08. Num espaço amostral, dois eventos independentes


A e B são tais que P(A U B) = 0,8 e P(A) = 0,3. Podemos
01. A probabilidade de uma bola branca aparecer concluir que o valor de P(B) é:
ao se retirar uma única bola de uma urna que contém, (A) 0,5
exatamente, 4 bolas brancas, 3 vermelhas e 5 azuis é: (B) 5/7
(C) 0,6
(A) (B) (C) (D) (E) (D) 7/15
(E) 0,7

02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o 09. Uma urna contém 6 bolas: duas brancas e quatro
Ensino Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião pretas. Retiram-se quatro bolas, sempre com reposição de
comemorativa. Várias delas haviam se casado e tido filhos. cada bola antes de retirar a seguinte. A probabilidade de só
A distribuição das mulheres, de acordo com a quantidade a primeira e a terceira serem brancas é:
de filhos, é mostrada no gráfico abaixo. Um prêmio
foi sorteado entre todos os filhos dessas ex-alunas. A
probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a) (A) (B) (C) (D) (E)
filho(a) único(a) é

44
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Uma lanchonete prepara sucos de 3 sabores: Dessa forma, p(B) = 50/500.
laranja, abacaxi e limão. Para fazer um suco de laranja, são
utilizadas 3 laranjas e a probabilidade de um cliente pedir A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
esse suco é de 1/3. Se na lanchonete, há 25 laranjas, então A Ω B = {100, 110, ..., 500}.
a probabilidade de que, para o décimo cliente, não haja De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10
mais laranjas suficientes para fazer o suco dessa fruta é: → n = 41 e p(A B) = 41/500

(A) 1 (B) (C) (D) (E)


Por fim, p(A.B) =

Respostas 06.
Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas
01. e V1, V2, V3 as vermelhas.
Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9
A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4
02.
B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2
A partir da distribuição apresentada no gráfico:
08 mulheres sem filhos.
07 mulheres com 1 filho.
06 mulheres com 2 filhos.
02 mulheres com 3 filhos.

Comoas 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a Como A B = , A e B são eventos mutuamente


probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a) exclusivos;
filho(a) único(a) é igual a P = 7/25. Logo: P(A B) = P(A) + P(B) =

03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) =

07.
Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer
os seguintes eventos:
(A) “A” acerta e “B” erra; ou
04. No lançamento de dois dados de 6 faces, (B) “A” erra e “B” acerta.
numeradas de 1 a 6, são 36 casos possíveis. Considerando Assim, temos:
os eventos A (dois números ímpares) e B (dois números P (A B) = P (A) + P (B)
iguais), a probabilidade pedida é: P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30%
P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30
P (A B) = 0,28 + 0,18
P (A B) = 0,46
P (A B) = 46%
05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω)
= 500 08.
Sendo A e B eventos independentes, P(A B) = P(A) .
P(B) e como P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B). Temos:
A: o número sorteado é formado por 3 algarismos;
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A) . P(B)
A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) =
0,8 = 0,3 + P(B) – 0,3 . P(B)
401/500 0,7 . (PB) = 0,5
P(B) = 5/7.
B: o número sorteado é múltiplo de 10;
B = {10, 20, ..., 500}. 09. Representando por a
probabilidade pedida, temos:
Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do
termo geral da P.A., em que =
a1 = 10
an = 500 =
r = 10

Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 →
n = 50

45
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Supondo que a lanchonete só forneça estes três Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico
tipos de sucos e que os nove primeiros clientes foram de forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos
servidos com apenas um desses sucos, então: são os argumentos que têm somente duas premissas e mais
I- Como cada suco de laranja utiliza três laranjas, não é a conclusão, e utilizam os termos: todo, nenhum e algum,
possível fornecer sucos de laranjas para os nove primeiros em sua estrutura.
clientes, pois seriam necessárias 27 laranjas.
II- Para que não haja laranjas suficientes para o próximo ANALOGIAS
cliente, é necessário que, entre os nove primeiros, oito
tenham pedido sucos de laranjas, e um deles tenha pedido A analogia é uma das melhores formas para utilizar o
outro suco. raciocínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação
A probabilidade de isso ocorrer é: de uma situação conhecida com uma desconhecida. Uma
analogia depende de três situações:
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e im-
portantes;
• a quantidade de elementos parecidos entre as
situações deve ser significativo;
• não pode existir conflitos marcantes.

INFERÊNCIAS
LÓGICA ARGUMENTATIVA.
LÓGICA PROPOSICIONAL SIMPLES E A indução está relacionada a diversos casos pequenos
COMPOSTA. que chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido pode-
mos definir também a indução fraca e a indução forte. Essa
ÁLGEBRAS DAS PROPOSIÇÕES.
indução forte ocorre quando não existe grandes chances de
que um caso discorde da premissa geral. Já a fraca refere-se
a falta de sustentabilidade de um conceito ou conclusão.
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO DEDUÇÕES

ARGUMENTO ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS


Os argumentos podem ser classificados em dois ti-
pos: Dedutivos e Indutivos.
Argumento é uma relação que associa um conjunto de
proposições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipó-
1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premis-
teses, e uma proposição C chamada conclusão. Esta relação
sas fornecerem informações suficientes para comprovar a
é tal que a estrutura lógica das premissas acarretam ou tem
veracidade da conclusão, isto é, o argumento é dedutivo
como consequência a proposição C (conclusão).
quando a conclusão é completamente derivada das premis-
O argumento pode ser representado da seguinte for-
sas.
ma:

EXEMPLO:
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos.
Todos os homens têm mãe.

2) O argumento será INDUTIVO quando suas premis-


sas não fornecerem o “apoio completo” para ratificar as
conclusões. Portanto, nos argumentos indutivos, a conclu-
são possui informações que ultrapassam as fornecidas nas
premissas. Sendo assim, não se aplica, então, a definição de
argumentos válidos ou não válidos para argumentos indu-
tivos.

EXEMPLOS: EXEMPLO:
1. Todos os cariocas são alegres. O Flamengo é um bom time de futebol.
    Todas as pessoas alegres vão à praia O Palmeiras é um bom time de futebol.
    Todos os cariocas vão à praia. O Vasco é um bom time de futebol.
2. Todos os cientistas são loucos. O Cruzeiro é um bom time de futebol.
    Einstein é cientista. Todos os times brasileiros de futebol são bons.
    Einstein é louco! Note que não podemos afirmar que todos os times
brasileiros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons.

46
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: (FCC)  Considere que as seguintes afirma- dade da conclusão do argumento. Isso significa que, se
ções são verdadeiras: o argumento é válido, jamais poderemos chegar a uma
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.” conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
“Existem crianças que são inteligentes.” Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual
Assim sendo, certamente é verdade que: as premissas sejam as proposições I e II abaixo.
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é
no Metrô de São Paulo. infeliz.
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
São Paulo é inteligente. Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulhe-
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de pas-
res desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento
sear no Metrô de São Paulo.
correto.
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de
São Paulo é inteligente.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no SOLUÇÃO:
Metrô de São Paulo. Se representarmos na forma de diagramas lógicos
(ver artigo sobre diagramas lógicos), para facilitar a reso-
SOLUÇÃO: lução, teremos:
Representando as proposições na forma de conjuntos (dia-    I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é
gramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos: infeliz. = Toda mulher desempregada é infeliz.
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”    II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. =
“Existem crianças que são inteligentes.” Toda mulher infeliz vive pouco.

Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as


crianças gostam de passear no metrô e existem crianças Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das
inteligentes, então alguma criança que gosta de passear desempregadas (ver boneco), automaticamente estará no
no Metrô de São Paulo é inteligente. Logo, a alternativa conjunto das mulheres que vivem pouco. Portanto, se a
correta é a opção B. conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vi-
vem pouco”, tem-se um argumento correto (correto = vá-
CONCLUSÕES lido!).

VALIDADE DE UM ARGUMENTO Argumento Inválido


Dizemos que um argumento é inválido, quando a
Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de verdade das premissas não é suficiente para garantir a
um argumento dedutivo diremos que ele é válido ou in-
verdade da conclusão, ou seja, quando a conclusão não é
válido. Atente-se para o fato que todos os argumentos
uma consequência obrigatória das premissas.
indutivos são inválidos, portanto não há de se falar em
validade de argumentos indutivos.
A validade é uma propriedade dos argumentos que de- Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se
pende apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposi- Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspei-
ções (premissas e conclusões) e não do seu conteúdo. ta, mas (e) Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana
é suspeita.
Argumento Válido
Um argumento será válido quando a sua conclusão é SOLUÇÃO:
uma consequência obrigatória de suas premissas. Em ou- Representando as premissas do enunciado na forma
tras palavras, podemos dizer que quando um argumento de diagramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógi-
é válido, a verdade de suas premissas deve garantir a ver- cos), obteremos:

47
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Premissas: 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é


“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é alto” e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete”
suspeita” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito são logicamente equivalentes.
não é suspeita”.  A) Certo
“Ana não cometeu um crime perfeito”. B) Errado
 Conclusão:
“Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, ape- Resposta: A.
nas as premissas!) São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz
não joga basquete” nega as duas partes da proposição, a
deixando equivalente a primeira.

3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam


pelos mesmos caminhos” pode ser representada sim-
bolicamente por PΛQ, em que as proposições P e Q são
convenientemente escolhidas.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado
para unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser con-
siderada uma proposição, pois não pode ser considerada
verdadeira ou falsa.
O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não
cometeu um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita 4. Considere que a tabela abaixo representa as
ou não. Por isso temos duas possibilidades (ver bonecos). primeiras colunas da tabela-verdade da proposição
Logo, a questão está errada, pois não podemos afirmar,
com certeza, que Ana é suspeita. Logo, o argumento é in-
válido.

EXERCICIOS:

(TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Bási-


cos - Cargos 1 e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam re-


presentadas por letras maiúsculas, julgue os próximos
itens, relativos a lógica proposicional e de argumenta-
ção.

1. A expressão é uma tautologia.


A) Certo
B) Errado Logo, a coluna abaixo representa a última coluna
dessa tabela-verdade.
Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:

P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q


V V V V V
V F F V V
F V V V V
F F F F F

Portanto não é uma tautologia.

48
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A) Certo 5. O argumento cujas premissas correspondem às


B) Errado quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pe-
dro não disputará a eleição presidencial da República”
Resposta: A. é um argumento válido.
Fazendo a tabela verdade: A) Certo
B) Errado
P Q R (P→Q)^(~R)
Resposta: A.
V V V F
V V F V Argumento válido é aquele que pode ser concluído a
V F V F partir das premissas, considerando que as premissas são
V F F F verdadeiras então tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
F V V F Se João disputar a presidência então Pedro não vai dis-
F V F V putar;
F F V F Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do
F F F V partido e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não
disputará a presidência.
TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CES-
PE/2012) (PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - To-
dos os Cargos - CESPE/2012)

Um jovem, visando ganhar um novo smartphone


no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte
argumentação: “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você
e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada,
então eu não ajo como um homem da minha idade. Se
estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade
para assumir minhas responsabilidades, então não te-
nho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um
homem da minha idade, sou tratado como criança.
Se não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado
como criança. Logo, se sou tratado como criança, me-
reço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.

Com base nessa argumentação, julgue os itens a se-


guir..

6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e


não tenho capacidade para assumir minhas responsabi-
lidades, então não tenho um mínimo de maturidade” é
equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade,
então não estou há 7 anos na faculdade e tenho capaci-
dade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.

Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P 


Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)  =  ~ P v ~ Q 

Com base na situação descrita acima, julgue o item


a seguir.

49
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.

7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e
“Dependo de mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos,
moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha
idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto
que trata-se da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um
mínimo de maturidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou
não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

A B C ~A  ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B


V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

As proposições compostas são assim caracterizadas


por apresentarem mais de uma proposição conectadas pe-
ESTRUTURAS LÓGICAS: CONJUNÇÃO,
los conectivos lógicos. São indicadas pelas letras maiúscu-
DISJUNÇÃO, CONDICIONAL, las: P, Q, R, S, T...
BICONDICIONAL E NEGAÇÃO. Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando
EQUIVALÊNCIA LÓGICA. que a proposição composta Q é formada pelas proposi-
LEIS DE MORGAN. ções simples r, s e t.
TABELA VERDADE: TAUTOLOGIA,
CONTRADIÇÃO E VALIDAÇÕES. Exemplo:
SILOGISMO CATEGÓRICO E HIPOTÉTICO.
Proposições simples:
p: Meu nome é Raissa 
Estruturas lógicas q: São Paulo é a maior cidade brasileira 
r: 2+2=5 
1. Proposição s: O número 9 é ímpar 
Proposição ou sentença é um termo utilizado para ex- t: O número 13 é primo
primir ideias, através de um conjunto de palavras ou sím-
bolos. Este conjunto descreve o conteúdo dessa ideia. Proposições compostas 
São exemplos de proposições: P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12. 
p: Pedro é médico. Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3. 
q: 5 > 8 R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite.
6. Tabela-Verdade
2. Princípios fundamentais da lógica
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógi-
O que é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta co de uma proposição composta, sendo que os valores das
a Parménides de Eleia. proposições simples já são conhecidos. Pois o valor lógico
Principio da não contradição: Uma proposição não da proposição composta depende do valor lógico da pro-
pode ser verdadeira e falsa, ao mesmo tempo. posição simples. 
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só
pode ser verdadeira ou falsa. A seguir vamos compreender como se constrói essas
tabelas-verdade partindo da árvore das possibilidades dos
3. Valor lógico  valores lógicos das preposições simples, e mais adiante ve-
Considerando os princípios citados acima, uma propo- remos como determinar o valor lógico de uma proposição
sição é classificada como verdadeira ou falsa. composta.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição Proposição composta do tipo P(p, q)
verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição
falsa.

4. Conectivos lógicos 
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar
as proposições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são: 

~ não
Proposição composta do tipo P(p, q, r)
∧ e
V Ou
→  se…então
↔ se e somente se

5. Proposições simples e compostas


As proposições simples são assim caracterizadas por
apresentarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras
minúsculas: p, q, r, s, t...

51
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)  Exemplo


A tabela-verdade possui 24  = 16 linhas e é formada
igualmente as anteriores. p = 2 é par 
q = o céu é rosa
Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn) p Λ q = 2 é par e o céu é rosa 
A tabela-verdade possui 2n  linhas e é formada igual-
mente as anteriores.
P q pΛq
7. O conectivo não e a negação V F F
O conectivo não e a negação de uma proposição p é
outra proposição que tem como valor lógico V se p for fal- p = 9 < 6 
sa e F se p é verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a q = 3 é par
negação de p com a seguinte tabela-verdade:  p Λ q: 9 < 6 e 3 é par 

P ~P P q pΛq
V F F F F
F V

Exemplo: 9. O conectivo ou e a disjunção


O conectivo ou  e a disjunção de duas proposi-
p = 7 é ímpar  ções p e q  é outra proposição que tem como valor lógi-
~p = 7 não é ímpar  co  V se alguma das proposições for verdadeira e F se as
duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou q) representa a
disjunção, com a seguinte tabela-verdade: 
P ~P
V F P q pVq

q = 24 é múltiplo de 5  V V V
~q = 24 não é múltiplo de 5  V F V
F V V
q ~q F F F
F V
Exemplo:

8. O conectivo e e a conjunção p = 2 é par 


q = o céu é rosa 
O conectivo e e a conjunção de duas proposi- p ν q = 2 é par ou o céu é rosa 
ções  p  e q é outra proposição que tem como valor lógi-
co V se p e q forem verdadeiras, e F em outros casos. O P q pVq
símbolo p Λ q (p e q) representa a conjunção, com a se-
guinte tabela-verdade:  V F V

10. O conectivo se… então… e a condicional


P q pΛq A condicional se p então q é outra proposição que tem
V V V como valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbo-
V F F lo p → q representa a condicional, com a seguinte tabela-
verdade: 
F V F
P q p→q
F F F
V V V
V F F
F V V
F F V

52
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:

P: 7 + 2 = 9 
Q: 9 – 7 = 2 
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 

P q p→q
V V V

p = 7 + 5 < 4 
q = 2 é um número primo 
p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo. 

P q p→q
F V V
p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par 

p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par. 

P q p→q
V F F
p = 25 é múltiplo de 2 
q = 12 < 3 
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3. 

P q p→q
F F V

11. O conectivo se e somente se e a bicondicional


A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que tem como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras
ou ambas falsas, e F nos outros casos. 
O símbolo     representa a bicondicional, com a seguinte tabela-verdade: 

P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3 
q = 6 é ímpar  
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar. 

P q p↔q
V F F

53
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

12. Tabela-Verdade de uma proposição composta

Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀
q), onde p e q são duas proposições simples.

Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo: 

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V          
V F          
F V          
F F          

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.

a) Valores lógicos de p ν q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V        
V F V        
F V V        
F F F        

b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F      
V F V F      
F V V V      
F F F V      

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F    
V F V F F    
F V V V V    
F F F V V    

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V  
V F V F F F  
F V V V V F  
F F F V V F  

54
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre
verdadeira, independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.

Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS

• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso
melhor.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão

Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “V”


Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p V ~p

Exemplo
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade. 

p ~P pVq
V F V
F V V

Exemplo
A proposição (p Λ q) → (p  q) é uma tautologia, pois a última coluna da tabela-verdade só possui V. 

p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q)


V V V V V
V F F F V
F V F F V
F F F V V

14. Contradição
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sem-
pre falsa, independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso
melhor.
Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do Brasil
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “^”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p ^ ~p

55
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔


A proposição  (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo-
pois o seu valor lógico é sempre F conforme a tabela-ver- sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
dade. Que significa que uma proposição não pode ser falsa ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
e verdadeira ao mesmo tempo, isto é, o princípio da não O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e
contradição. de FV na tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico
de P ↔ Q é sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.
p ~P q Λ (~q)
Exemplo
V F F A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 
F V F
p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)
15. Contingência
V V F F V V V
Quando uma proposição não é tautológica nem contra
válida, a chamamos de contingência ou proposição contin- V F V F F F V
gente ou proposição indeterminada. F V F V V V V
A contingência ocorre quando há tanto valores V como
F F V V V V V
F na última coluna da tabela-verdade de uma proposição.
Exemplos: P∧Q , P∨Q , P→Q ...
Portanto, p → q é equivalente a ~q → ~p, pois estas pro-
posições possuem a mesma tabela-verdade ou a bicondicio-
16. Implicação lógica
nal (p → q) ↔ (~q → ~p) é uma tautologia.
Definição
Veja a representação:
A proposição P implica a proposição Q, quando a con- (p → q) ⇔ (~q → ~p)
dicional P → Q for uma tautologia.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implica- EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS
ção lógica. 
Diferenciação dos símbolos → e ⇒ Dizemos que duas proposições são logicamente equiva-
O símbolo  →  representa uma operação matemática lentes (ou simplesmente equivalentes) quando os resultados
entre as proposições P e Q que tem como resultado a pro- de suas tabelas-verdade são idênticos.
posição P → Q, com valor lógico V ou F. Uma consequência prática da equivalência lógica é que
O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na ao trocar uma dada proposição por qualquer outra que lhe
tabela-verdade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da seja equivalente, estamos apenas mudando a maneira de di-
condicional P → Q será sempre V, ou então que P → Q é zê-la.
uma tautologia.  A equivalência lógica entre duas proposições, p e q,
pode ser representada simbolicamente como: p q, ou sim-
Exemplo plesmente por p = q.
A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será:  Começaremos com a descrição de algumas equivalên-
cias lógicas básicas.
p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
Equivalências Básicas
V V V V V
1. p e p = p
V F F F V Ex: André é inocente e inocente = André é inocente
F V F F V
2. p ou p = p
F F F V V Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema

Portanto,  (p Λ q)  → (p  ↔ q) é uma tautologia, por 3. p e q = q e p


isso (p Λ q) ⇒ (p ↔q) Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte

17. Equivalência lógica 4. p ou q = q ou p


Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco
Definição
Há equivalência entre as proposições P e Q somen- 5. p ↔ q = q ↔ p
te quando a bicondicional P  ↔  Q for uma tautologia ou Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se
quando P e Q tiverem a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P amo.
é equivalente a Q) é o símbolo que representa a equiva- 6. p ↔ q = (pq) e (qp)
lência lógica.  Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e se
vivo então amo

56
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: Outras equivalências


Algumas outras equivalências que podem ser relevantes
são as seguintes:

1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médi-
co = Paulo é dentista

2) p ou (p e q) = p
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médi-
co = Paulo é dentista
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências po-
dem ser facilmente demonstradas.
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:
Equivalências da Condicional
As duas equivalências que se seguem são de funda-
mental importância. Estas equivalências podem ser veri-
ficadas, ou seja, demonstradas, por meio da comparação
entre as tabelas-verdade. Fica como exercício para casa
estas demonstrações. As equivalências da condicional são
as seguintes: NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
1) Se p então q = Se não q então não p.
Ex: Se chove então me molho = Se não me molho en-
tão não chove
2) Se p então q = Não p ou q.
Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo
ou passo no concurso
Colocando estes resultados em uma tabela, para aju-
dar a memorização, teremos:

Questões comentadas:

1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em Se-


gurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição “João
comprou um carro novo ou não é verdade que João com-
Equivalências com o Símbolo da Negação prou um carro novo e não fez a viagem de férias.” é:
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão A) um paradoxo.
somente, das negações das proposições compostas! Lem- B) um silogismo.
bremos: C) uma tautologia.
D) uma contradição.
E) uma contingência.

Tautologia é uma proposição composta cujo resultado


é sempre verdadeiro para todas as atribuições que se têm,
independentemente dessas atribuições.
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela-
verdade com a proposição que você propôs não vamos ter
uma tautologia, mas uma contingência.
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v
É possível que surja alguma dúvida em relação a úl- ~(P ^ ~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria da
tima linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do seguinte forma:
que foi aprendido:
p↔q = (pq) e (qp) PV
(Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equi- P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q)
~(P/\~Q)
vale a duas condicionais!)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que V V F F V V
negar a sua conjunção equivalente. V F V V F V
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as F V F F V V
duas partes e troca-se o E por OU. Fica para casa a de-
monstração da negação da bicondicional. Ok? F F V F V V

57
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012) 5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho outro motivo para permanecer preso, então, a decisão judi-
da classe ou Jorge é o mais novo da classe” é cial terá sido descumprida.
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o A) Certo
mais velho da classe. B) Errado
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
novo da classe. P = se houver outro motivo
C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o Q = será solto
mais novo da classe. A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
mais velho da classe. Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V
E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais +F=F
novo da classe.
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais motivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for
novo da classe. imediatamente solto, então, ele está preso por outro moti-
~p=Pedro não é o mais velho da classe. vo” são logicamente equivalentes.
~q=Jorge não é o mais novo da classe. A) Certo
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe B) Errado
ou Jorge não é o mais novo da classe.
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012) Deve ser imediatamente solto = S
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser
está fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadei- imediatamente solto=P S
ra, João sai de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está
depois do almoço, Maria ouve a televisão. preso por outro motivo = ~SP
Pode-se concluir, logicamente, que De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A)
A) João saiu de casa. a questão está correta.
B) João não saiu de casa.
C) O operário ligou a britadeira. 7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará
D) O operário não ligou a britadeira. corretamente representada por “O réu não deve ser imediata-
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa. mente solto, mesmo não estando preso por outro motivo”.
A) Certo
B) Errado
“Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria
não ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a bri-
“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro
tadeira não pode estar ligada.
motivo não estiver preso” está no texto, assim:
P = “Por outro motivo não estiver preso”
(TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
Q = “O réu deve ser imediatamente solto”
Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, de-
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q
pois de constatado pagamento de pensão alimentícia, o
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve
magistrado determinou: “O réu deve ser imediatamente ser imediatamente solto”
solto, se por outro motivo não estiver preso”.
8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
Considerando que a determinação judicial corresponde antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar
a uma proposição e que a decisão judicial será considerada seu conhecimento da língua portuguesa. Durante sua esta-
descumprida se, e somente se, a proposição corresponden- dia em nosso país, ele fica muito intrigado com a frase “não
te for falsa, julgue os itens seguintes. vou fazer coisa nenhuma”, bastante utilizada em nossa lin-
guagem coloquial. A dúvida dele surge porque
4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo ou- A) a conjunção presente na frase evidencia seu signifi-
tro motivo para estar preso, então, a decisão judicial terá cado.
sido descumprida. B) o significado da frase não leva em conta a dupla ne-
A) Certo gação.
B) Errado C) a implicação presente na frase altera seu significado.
D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente sol- E) a negação presente na frase evidencia seu significado.
to, se por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu
continuar preso sem outro motivo para estar preso, será ~(~p) é equivalente a p
descumprida a decisão judicial. Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar.
RESPOSTA: “B”.

58
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - 11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012)
ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, en- Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é
tão Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição: médica.” A proposição equivalente a esta sentença é
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta. A) Ana não é professora ou Camila é médica.
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. B) Se Ana é médica, então Camila é professora.
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta. D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta. E) Se Ana não é professora, então Camila não é mé-
dica.
A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” Existem duas equivalências particulares em relação a
(AB) será da forma: uma condicional do tipo “Se A, então B”.
~(A B) A^ ~B
Ou seja, para negarmos uma proposição composta re- 1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então
presentada por uma condicional, devemos confirmar sua B” é equivalente a “Se ~B, então ~A”
primeira parte (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será
conectivo conjunção (“^”) e negarmos sua segunda parte equivalente a:
(“~ B”). Assim, teremos: “Se Camila não é médica, então Ana não é professora.”
RESPOSTA: “B”.
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A,
10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE- então B” é equivalente a “~A ou B”
TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo, “Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será
A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia equivalente a:
cantar. “Ana não é professora ou Camila é médica.”
B) Viviane não dançar é condição necessária para Már- Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que
cia não cantar. esta configura no gabarito.
C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia RESPOSTA: “A”.
cantar.
D) Viviane não dançar é condição suficiente para Már- (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consi-
cia cantar. derando que P e Q representem proposições conhecidas e
E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia que V e F representem, respectivamente, os valores verda-
não cantar. deiro e falso, julgue os próximos itens. (374 a 376)

Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na 12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/
forma de condição suficiente e condição necessária: DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições
Q e P (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” for F.
( )Certo ( ) Errado
1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição su-
ficiente para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para Observando a tabela-verdade da proposição compos-
essa possibilidade. ta “P (¬ Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”,
temos:
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição neces-
sária para Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para P Q ¬Q P→(¬Q)
essa possibilidade.
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicio- V V F F
nal inicial, transformando-a em outra condicional equiva- V F V V
lente, nesse caso utilizaremos o conceito da contrapositiva
F V F V
ou contra posição: pq ~q ~p
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia F F V V
canta, Viviane dança”
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima,
dança” na forma de condição suficiente e condição neces- ―Q‖ e ―P ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente
sária, obteremos as seguintes possibilidades: se, ―P‖ for F.
1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente Resposta: CERTO.
para Viviane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possi-
bilidade. 13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária proposição [PvQ]Q é uma tautologia.
para Márcia cantar. ( )Certo ( ) Errado
RESPOSTA: “C”.

59
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Construindo a tabela-verdade da proposição compos-


ta: [P Ú Q] ® Q, teremos como solução:

(p^~q)↔(~p
P Q Pv Q (Pv Q)→Q
v q)
V V V V→V V
V F V V→F F
F V V V→V V
F F F F→F V Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e co-
nhecendo-se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F),
P(P;Q) = VFVV então o valor lógico de sua 1ª parte nunca poderá ser ver-
Portanto, essa proposição composta é uma contingên- dadeiro (V). Assim, a proposição simples ―a justiça é eficaz‖
cia ou indeterminação lógica. será considerada falsa (F).
Resposta: ERRADO. Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é conside-
rada falsa (F), então a 2ª parte da disjunção simples repre-
14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se sentada pela premissa P2, também, será falsa (F).
P for F e P v Q for V, então Q é V.
( )Certo ( ) Errado

Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P


vQ”, será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas par-
tes for verdadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ”
for verdadeira, então “Q” será, necessariamente, verdadei-
ra.
Resposta: CERTO.

(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)


P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é
alta.
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples)
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
e conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como
P4: Há criminosos livres.
C: Portanto a criminalidade é alta. falsa (F), então o valor lógico da outra parte deverá ser, ne-
Considerando o argumento apresentado acima, em cessariamente, verdadeira (V). Lembramos que, uma disjun-
que P1, P2, P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, jul- ção simples será considerada verdadeira (V), quando, pelo
gue os itens subsequentes. (377 e 378) menos, uma de suas partes for verdadeira (V).

15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impu-
argumento apresentado é um argumento válido. nidade é alta‖, então, confirmaremos também como ver-
( )Certo ( ) Errado dadeira (V), a 1ª parte da condicional representada pela
premissa P1.
Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3
e P4 sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, de-
vemos considerar que todas as premissas são, necessaria-
mente, verdadeiras.
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é
alta. (V)
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
(V)
P4: Há criminosos livres. (V)

Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é


verdadeira (V), então a 2ª parte da condicional representa- Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da
da pela premissa P3 será considerada falsa (F). Então, veja: condicional em P1, então, deveremos considerar também
como verdadeira (V), sua 2ª parte, pois uma verdade sem-
pre implica em outra verdade.

60
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Considerando a proposição simples ―a criminalidade é Porcentagem que o lucro representa em relação ao


alta‖ como verdadeira (V), logo a conclusão desse argumento preço de custo e em relação ao preço de venda
é, de fato, verdadeira (V), o que torna esse argumento válido.
Resposta: CERTO. Chamamos de lucro em uma transação comercial de
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o
16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A preço de custo.
negação da proposição P1 pode ser escrita como “Se a im- Lucro = preço de venda – preço de custo
punidade não é alta, então a criminalidade não é alta”. Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada de
( )Certo ( ) Errado prejuízo.

Seja P1 representada simbolicamente, por: Assim, podemos escrever:


A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não Preço de custo + lucro = preço de venda
é alta(q) Preço de custo – prejuízos = preço de venda
A negação de uma condicional é dada por:
~(pq) Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é de duas formas:
alta e a criminalidade não é alta. Lucro sobre o custo = lucro/preço de custo. 100%
Resposta:ERRADO. Lucro sobre a venda = lucro/preço de venda. 100%

Observação: A mesma análise pode ser feita para o


caso de prejuízo.
PORCENTAGEM.
Exemplo

Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida


PORCENTAGEM
por R$ 800,00.
Pede-se:
É uma fração de denominador centesimal, ou seja,
- o lucro obtido na transação;
é uma fração de denominador 100. Representamos
- a porcentagem de lucro sobre o preço de custo;
porcentagem pelo símbolo % e lê-se: “por cento”.
- a porcentagem de lucro sobre o preço de venda.
50
Deste modo, a fração é uma porcentagem que
100 Resposta:
podemos representar por 50%. Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00
Lc = 300 = 0,60 = 60%
500
Forma Decimal: É comum representarmos uma 300
porcentagem na forma decimal, por exemplo, 35% na Lv = = 0,375 = 37,5%
800
forma decimal seriam representados por 0,35.
Aumento
75
75% = = 0,75
100
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
Cálculo de uma Porcentagem: Para calcularmos uma V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor.
porcentagem p% de V, basta multiplicarmos a fração p por V. Chamemos de A o valor do aumento e VA o valor após o
p
100 aumento. Então, A = p% de V = p . V
P% de V = .V 100
100
p
Exemplo 1 VA = V + A = V + .V
100
23 p
23% de 240 = . 240 = 55,2 VA = ( 1 + ).V
100 100
p
Exemplo 2 Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento.

Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que 67%


de uma amostra assistem a um certo programa de TV. Desconto
Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
assistem ao tal programa? Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial
67 V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor.
Resolução: 67% de 56 000 = .56000 = 37520 Chamemos de D o valor do desconto e VD o valor após o
100
desconto. Então, D = p% de V = p . V
Resposta: 37 520 pessoas. 100

61
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

VD = V – D = V – .V
p
100

VD = (1 – ).V
p
100

Em que (1 – ) é o fator de desconto.


p
100
Exemplo

Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a
empresa deseja que o salário desse funcionário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve admiti-lo?
Resolução: VA = 1,4 . V
3 500 = 1,4 . V
3500
V= = 2500
1,4

Resposta: R$ 2 500,00

Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer dois
aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor após o primeiro aumento, temos:
V1 = V . (1 + 1 )
p
100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos:

V2 = V1 . (1 + p2 )
100

V2 = V . (1 + ) . (1 + 2 )
p1 p
100 100
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois descontos sucessivos de p1% e p2%.

Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:


V1 = V. (1 – p1 )
100
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos:

V2 = V1 . (1 – )
p2
100
V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 )
100 100
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de
p2%.

Sendo V1 o valor após o aumento, temos:


V1 = V . (1+ 1 )
p
100

Sendo V2 o valor após o desconto, temos:


V2 = V1 . (1 – p2 )
100
V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100

Exemplo

(VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa certa
modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste banco deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n anos, o
capital que esse cliente terá em reais, relativo a esse depósito, são:

62
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

n
 p 
Resolução: VA = 1 +  .v
 100 

VA = 1. 15  .1000
n

 100 
V = 1 000 . (1,15)n
A

VA = 1 000 . 1,15n
VA = 1 150,00n

QUESTÕES

1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros
de etanol em 28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%

2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente
que x. Nessas condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8

3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia
de uma cozinha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.

Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa
representa, aproximadamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%

4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é
de R$ 50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida
por R$ 40,00. O dono da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J
após o reajuste de 20%. Dessa maneira o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
C) 10%.
D) 15%.
E) 60%.

63
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI- 9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)


NISTRATIVO – FCC/2014) O preço de venda de um pro- Numa liquidação de bebidas, um atacadista fez a seguinte
duto, descontado um imposto de 16% que incide sobre promoção:
esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os
quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em quantos
por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
ao de compra?
A) 67%.
B) 61%.
C) 65%.
D) 63%.
E) 69%. Alexandre comprou duas embalagens nessa promoção
e revendeu cada unidade por R$3,50. O lucro obtido por
6 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – ele com a revenda das latas de cerveja das duas embala-
FCC/2013) Um comerciante comprou uma mercadoria por gens completas foi:
R$ 350,00. Para estabelecer o preço de venda desse produ- A) R$33,60
to em sua loja, o comerciante decidiu que o valor deveria B) R$28,60
ser suficiente para dar 30% de desconto sobre o preço de C) R$26,40
venda e ainda assim garantir lucro de 20% sobre o preço D) R$40,80
de compra. Nessas condições, o preço que o comerciante E) R$43,20
deve vender essa mercadoria é igual a
A) R$ 620,00. 10 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
B) R$ 580,00. Leilão de veículos apreendidos do Detran aconteceu no dia
C) R$ 600,00. 7 de dezembro.
D) R$ 590,00.
E) R$ 610,00. O Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe – De-
tran/SE – realizou, no dia 7 de dezembro, sábado, às 9 ho-
7 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – ras, no Espaço Emes, um leilão de veículos apreendidos em
FCC/2013) Uma bolsa contém apenas 5 bolas brancas e 7 fiscalizações de trânsito. Ao todo foram leiloados 195 veí-
bolas pretas. Sorteando ao acaso uma bola dessa bolsa, a culos, sendo que 183 foram comercializados como sucatas
probabilidade de que ela seja preta é e 12 foram vendidos como aptos para circulação.
A) maior do que 55% e menor do que 60%. Quem arrematou algum dos lotes disponíveis no leilão
B) menor do que 50%. pagou 20% do lance mais 5% de comissão do leiloeiro no
C) maior do que 65%. ato da arrematação. Os 80% restantes foram pagos impre-
D) maior do que 50% e menor do que 55%. terivelmente até o dia 11 de dezembro.
E) maior do que 60% e menor do que 65%. Fonte: http://www.ssp.se.gov.br05/12/13 (modificada).

8 - PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA- Vitor arrematou um lote, pagou o combinado no ato
MA/2013) Das 80 crianças que responderam a uma en- da arrematação e os R$28.800,00 restantes no dia 10 de
quete referente a sua fruta favorita, 70% eram meninos. dezembro. Com base nas informações contidas no texto,
Dentre as meninas, 25% responderam que sua fruta favori- calcule o valor total gasto por Vitor nesse leilão.
ta era a maçã. Sendo assim, qual porcentagem representa, A) R$34.600,00
em relação a todas as crianças entrevistadas, as meninas B) R$36.000,00
que têm a maçã como fruta preferida? C) R$35.400,00
A) 10% D) R$32.000,00
B) 1,5% E) R$37.800,00
C) 25%
D) 7,5% RESPOSTAS
E) 5%
1 - RESPOSTA: “B”.
Mistura:28+45=73
73------100%
28------x
X=38,356%

64
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

2 - RESPOSTA “C”. 8 - RESPOSTA: “D”.


12 horas → 100 % Tem que ser menina E gostar de maçã.
Meninas:100-70=30%
50 % de 12 horas = = 6 horas
, simplificando temos ➜
X = 12 horas → 100 % = total de horas trabalhado
Y = 50 % mais rápido que X. P = 0,075 . 100% = 7,5%.
Então, se 50% de 12 horas equivalem a 6 horas, logo Y
faz o mesmo trabalho em 6 horas. 9 - RESPOSTA: “A”.

3 - RESPOSTA: “B”.

4 - RESPOSTA: “B”.

O lucro de Alexandre foi de R$33,60.

10 - RESPOSTA: “E”.
O reajuste deve ser de 50%.
R$28.800-------80%
5 - RESPOSTA: “A”. x------------------100%
Preço de venda: PV
Preço de compra: PC
Note que: 1,4 = 100%+40% ou 1+0,4.Como ele supe-
rou o preço de venda (100%) em 40% , isso significa soma
aos 100% mais 40%, logo 140%= 1,4.
PV - 0,16PV = 1,4PC
0,84PV=1,4PC
Valor total: R$36.000,00+R$1.800,00=R$37.800,00

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA,


O preço de venda é 67% superior ao preço de compra. RAZÃO E PROPORÇÃO, E ANÁLISE DE
6 - RESPOSTA: “C”. GRÁFICOS E TABELAS.
Preço de venda: PV
Preço de compra: 350
30% de desconto, deixa o produto com 70% do seu REGRA DE TRÊS SIMPLES
valor.
Como ele queria ter um lucro de 20% sobre o preço Os problemas que envolvem duas grandezas direta-
de compra, devemos multiplicar por 1,2(350+0,2.350) ➜ mente ou inversamente proporcionais podem ser resolvi-
0,7PV = 1,2 . 350 dos através de um processo prático, chamado regra de três
simples.

Exemplo 1: Um carro faz 180 km com 15L de álcool.


Quantos litros de álcool esse carro gastaria para percorrer
O preço de venda deve ser R$600,00. 210 km?
Solução:
7 - RESPOSTA: “A”. O problema envolve duas grandezas: distância e litros
Ao todo tem 12 bolas, portanto a probabilidade de se de álcool.
tirar uma preta é: Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
se correspondem em uma mesma linha:

65
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Distância (km) Litros de álcool Velocidade (km/h) Tempo (h)


180 15 60 4
210 x 80 x

Na coluna em que aparece a variável x (“litros de


álcool”), vamos colocar uma flecha: sentidos contrários
Distância (km) Litros de álcool
180 15   Na montagem da proporção devemos seguir o sentido
210 x das flechas. Assim, temos:
4 80 4 12
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo = 4x = 4 . 3 4x = 12 x= x=3
x 60 3 4
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
e litros de álcool são diretamente proporcionais. No es-
quema que estamos montando, indicamos esse fato colo- Resposta: Farei esse percurso em 3 h.
cando uma flecha na coluna “distância” no mesmo sentido
da flecha da coluna “litros de álcool”: Exemplo 3: Ao participar de um treino de Fórmula
1, um competidor, imprimindo velocidade média de 200
km/h, faz o percurso em 18 segundos. Se sua velocidade
Distância (km) Litros de álcool fosse de 240 km/h, qual o tempo que ele teria gasto no
180 15 percurso?
210 x Vamos representar pela letra x o tempo procurado.
Estamos relacionando dois valores da grandeza
velocidade (200 km/h e 240 km/h) com dois valores da
mesmo sentido grandeza tempo (18 s e x s).
Armando a proporção pela orientação das flechas, temos: Queremos determinar um desses valores, conhecidos
os outros três.
180 6 15
= 6x = 7 . 15 6x = 105 x = 105 x
210 7 x = 17,5 6
Velocidade Tempo gasto para fazer o percurso
200 km/h 18 s
Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. 240 km/h x

Exemplo 2: Viajando de automóvel, à velocidade Se duplicarmos a velocidade inicial do carro, o tempo


de 60 km/h, eu gastaria 4 h para fazer certo percurso. gasto para fazer o percurso cairá para a metade; logo,
Aumentando a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo as grandezas são inversamente proporcionais. Assim, os
farei esse percurso? números 200 e 240 são inversamente proporcionais aos
Solução: Indicando por x o número de horas e colocando números 18 e x.
as grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna e Daí temos:
as grandezas de espécies diferentes que se correspondem 200 . 18 = 240 . x
em uma mesma linha, temos: 3 600 = 240x
240x = 3 600
Velocidade (km/h) Tempo (h)
60 4 x = 3600
80 x 240

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), x = 15


vamos colocar uma flecha:
Conclui-se, então, que se o competidor tivesse andan-
Velocidade (km/h) Tempo (h) do em 200 km/h, teria gasto 18 segundos para realizar o
60 4 percurso.
80 x
REGRA DE TRÊS COMPOSTA
Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo
fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas O processo usado para resolver problemas que
velocidade e tempo são inversamente proporcionais. envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na inversamente proporcionais, é chamado regra de três
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao composta.
da flecha da coluna “tempo”:

66
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo 1: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.
peças. Em quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras
produziriam 300 dessas peças?
Solução: Indiquemos o número de dias por x.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
só coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que Sentido contrário
aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha:
As grandezas “pessoas” e “tempo” são inversamente
Máquinas Peças Dias proporcionais (duplicando o número de pessoas, o tem-
8 160 4   po fica reduzido à metade). No nosso esquema isso será
6 300 x indicado colocando-se na coluna “tempo” uma flecha no
sentido contrário ao da flecha da coluna “pessoas”:
Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.
As grandezas peças e dias são diretamente
proporcionais. No nosso esquema isso será indicado
colocando-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo
sentido da flecha da coluna “dias”:

Máquinas Peças Dias


8 160 4
6 300 x
As grandezas “pessoas” e “estrada” são diretamen-
te proporcionais. No nosso esquema isso será indicado
Mesmo sentido
colocando-se na coluna “estrada” uma flecha no mesmo
sentido da flecha da coluna “pessoas”:
As grandezas máquinas e dias são inversamente
proporcionais (duplicando o número de máquinas, o
número de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema
isso será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma
flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
Máquinas Peças Dias
8 160 4
6 300 x

Sentidos contrários
Como já haviam 210 pessoas trabalhando, logo 315 –
Agora vamos montar 4 a proporção, igualando a razão 210 = 105 pessoas.
que contém o x, que é , com o produto das outras razões,
obtidas segundo a orientação das flechas  6 160  :
x
 .  Reposta: Devem ser contratados 105 pessoas.
4 6 2 160 8
1
 8 300 
= . Questões
x 81 30015
5

4 2 4 2.5 1 – (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPE-


= => 2x = 4 . 5 a x = => x = 10
x 5 RACIONAL – VUNESP/2013) Um atleta está treinando
21
para fazer 1 500 metros em 5 minutos. Como ele pretende
manter um ritmo sempre constante, deve fazer cada 100
Resposta: Em 10 dias. metros em
A) 15 segundos.
B) 20 segundos.
Exemplo 2: Uma empreiteira contratou 210 pessoas C) 22 segundos.
para pavimentar uma estrada de 300 km em 1 ano. Após D) 25 segundos.
4 meses de serviço, apenas 75 km estavam pavimentados. E) 30 segundos.
Quantos empregados ainda devem ser contratados para
que a obra seja concluída no tempo previsto? 2 – (SAP/SP – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
CIÁRIA DE CLASSE I – VUNESP/2013) Uma máquina de-
Solução: Em de ano foi pavimentada de estrada. mora 1 hora para fabricar 4 500 peças. Essa mesma máqui-
na, mantendo o mesmo funcionamento, para fabricar 3 375
dessas mesmas peças, irá levar

67
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 55 min. 7 – (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL/2014)


B) 15 min. Uma equipe constituída por 20 operários, trabalhando 8
C) 35 min. horas por dia durante 60 dias, realiza o calçamento de
D) 1h 15min. uma área igual a 4800 m². Se essa equipe fosse constituída
E) 45 min. por 15 operários, trabalhando 10 horas por dia, durante 80
dias, faria o calçamento de uma área igual a:
3 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – A) 4500 m²
PREF. IMARUÍ/2014) Manoel vendeu seu carro por B) 5000 m²
R$27.000,00(vinte e sete mil reais) e teve um prejuízo de C) 5200 m²
10%(dez por cento) sobre o valor de custo do tal veículo, D) 6000 m²
por quanto Manoel adquiriu o carro em questão? E) 6200 m²
A) R$24.300,00
B) R$29.700,00 8 – (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
C) R$30.000,00 NESP/2014) Dez funcionários de uma repartição traba-
D)R$33.000,00 lham 8 horas por dia, durante 27 dias, para atender certo
E) R$36.000,00 número de pessoas. Se um funcionário doente foi afastado
por tempo indeterminado e outro se aposentou, o total de
dias que os funcionários restantes levarão para atender o
4 - (DNOCS -2010) Das 96 pessoas que participaram
mesmo número de pessoas, trabalhando uma hora a mais
de uma festa de Confraternização dos funcionários do De-
por dia, no mesmo ritmo de trabalho, será:
partamento Nacional de Obras Contra as Secas, sabe-se
A) 29.
que 75% eram do sexo masculino. Se, num dado momento B) 30.
antes do término da festa, foi constatado que a porcen- C) 33.
tagem dos homens havia se reduzido a 60% do total das D) 28.
pessoas presentes, enquanto que o número de mulheres E) 31.
permaneceu inalterado, até o final da festa, então a quan-
tidade de homens que haviam se retirado era? 9 - (TRF 3ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) Sa-
A) 36. be-se que uma máquina copiadora imprime 80 cópias em
B) 38. 1 minuto e 15 segundos. O tempo necessário para que 7
C) 40. máquinas copiadoras, de mesma capacidade que a primei-
D) 42. ra citada, possam imprimir 3360 cópias é de
E) 44. A) 15 minutos.
B) 3 minutos e 45 segundos.
5 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em uma ma- C) 7 minutos e 30 segundos.
quete, uma janela de formato retangular mede 2,0 cm de D) 4 minutos e 50 segundos.
largura por 3,5 cm de comprimento. No edifício, a largura E) 7 minutos.
real dessa janela será de 1,2 m. O comprimento real cor-
respondente será de: 10 – (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
A) 1,8 m MA/2013) Os 5 funcionários de uma padaria produzem,
B) 1,35 m utilizando três fornos, um total de 2500 pães ao longo das
C) 1,5 m 10 horas de sua jornada de trabalho. No entanto, o dono
D) 2,1 m de tal padaria pretende contratar mais um funcionário,
E) 2,45 m comprar mais um forno e reduzir a jornada de trabalho de
seus funcionários para 8 horas diárias. Considerando que
todos os fornos e funcionários produzem em igual quan-
tidade e ritmo, qual será, após as mudanças, o número de
6 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO AD-
pães produzidos por dia?
MINISTRATIVO – FCC/2014) O trabalho de varrição de
A) 2300 pães.
6.000 m² de calçada é feita em um dia de trabalho por 18
B) 3000 pães.
varredores trabalhando 5 horas por dia. Mantendo-se as C) 2600 pães.
mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500 m² de D) 3200 pães.
calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de E) 3600 pães.
A) 8 horas e 15 minutos.
B) 9 horas. Respostas
C) 7 horas e 45 minutos.
D) 7 horas e 30 minutos. 1- RESPOSTA: “B”
E) 5 horas e 30 minutos. Como as alternativas estão em segundo, devemos tra-
balhar com o tempo em segundo.
1 minuto = 60 segundos ; logo 5minutos = 60.5 = 300
segundos

68
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Metro Segundos 5. RESPOTA: “D”


1500 ----- 300 Transformando de cm para metro temos : 1 metro =
100 ----- x 100cm
➜ 2 cm = 0,02 m e 3,5 cm = 0,035 m
Como estamos trabalhando com duas grandezas dire- Largura comprimento
tamente proporcionais temos: 0,02m ------------ 0,035m
1,2m ------------- x

15.x = 300.1 ➜ 15x = 300 ➜ x = 20 segundos


6. - RESPOSTA: “D”.
Comparando- se cada grandeza com aquela onde esta
2- RESPOSTA: “E”.
o x.
Peças Tempo
M²↑ varredores↓ horas↑
4500 ----- 1 h
6000--------------18-------------- 5
3375 ----- x
7500--------------15--------------- x
Como estamos trabalhando com duas grandezas dire-
tamente proporcionais temos: Quanto mais a área, mais horas(diretamente propor-
cionais)
Quanto menos trabalhadores, mais horas(inversamente
proporcionais)

4500.x = 3375.1 ➜ x = 0,75 h


Como a resposta esta em minutos devemos achar o
correspondente em minutos
Hora Minutos
1 ------ 60
0,75 ----- x
1.x = 0,75.60 ➜ x = 45 minutos.

3. RESPOSTA : “C”
Como ele teve um prejuízo de 10%, quer dizer 27000 é Como 0,5 h equivale a 30 minutos , logo o tempo será
90% do valor total. de 7 horas e 30 minutos.
Valor %
27000 ------ 90 7 - RESPOSTA: “D”.
X ------- 100 Operários↑ horas↑ dias↑ área↑
20-----------------8-------------60-------4800
= 27000.10 ➜ 9x = 270000 15----------------10------------80-------- x
➜ x = 30000.
Todas as grandezas são diretamente proporcionais,
logo:
4. RESPOSTA : “A”

75% Homens = 72
25% Mulheres = 24 Antes

40% Mulheres = 24
60% Homens = x Depois

40% -------------- 24
60% -------------- x
8- RESPOSTA: “B”
40x = 60 . 24 ➜ x = ➜ x = 36. Temos 10 funcionários inicialmente, com os afastamen-
to esse número passou para 8. Se eles trabalham 8 horas
Portanto: 72 – 36 = 36 Homens se retiraram. por dia , passarão a trabalhar uma hora a mais perfazendo
um total de 9 horas, nesta condições temos:

69
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Funcionários↑ horas↑ dias↓ Razão


10---------------8--------------27
8----------------9-------------- x Sejam dois números reais a e b, com b ≠ 0. Chama-se
razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a b, ou .
Quanto menos funcionários, mais dias devem ser tra- A razão é representada por um número racional, mas é
balhados (inversamente proporcionais). lida de modo diferente.
Quanto mais horas por dia, menos dias devem ser tra-
balhados (inversamente proporcionais). Exemplos

Funcionários↓ horas↓ dias↓ 3


8---------------9-------------- 27 a) A fração lê-se: “três quintos”.
10----------------8----------------x
5
3
➜ x.8.9 = 27.10.8 ➜ 72x = 2160 ➜ x = 30 dias. b) A razão lê-se: “3 para 5”.
5
9 - RESPOSTA: “C”.
Transformando o tempo para segundos: 1 min e 15 se- Os termos da razão recebem nomes especiais.
gundos = 75 segundos O número 3 é numerador
Quanto mais máquinas menor o tempo (flecha con-
trária) e quanto mais cópias, mais tempo (flecha mesma 3
a) Na fração
posição) 5
O número 5 é denominador
Máquina↑ cópias↓ tempo↓ O número 3 é antecedente
1----------------80-----------75 segundos
7--------------3360-----------x a) Na razão 3
Devemos deixar as 3 grandezas da mesma forma, in- 5 O número 5 é consequente
vertendo os valores de” máquina”.
Exemplo 1
Máquina↓ cópias↓ tempo↓
7----------------80----------75 segundos A razão entre 20 e 50 é 20 = 2 ; já a razão entre 50 e
1--------------3360--------- x 50 5
20 é 50 5.
=
20 2
➜ x.7.80 = 75.1.3360 ➜ 560x = 252000
➜ x = 450 segundos Exemplo 2

Transformando Numa classe de 42 alunos há 18 rapazes e 24 moças. A


1minuto-----60segundos
x-------------450 razão entre o número de rapazes e o número de moças é
x=7,5 minutos=7 minutos e 30segundos. 18 3
= , o que significa que para “cada 3 rapazes há 4 mo-
24 4
10 - RESPOSTA: “D”.
Funcionários↑ Fornos ↑ pães ↑ horas↑ ças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapazes e o
5--------------------3-----------2500----------10
6--------------------4-------------x--------------8 total de alunos é dada por 18 = 3 , o que equivale a dizer
42 7
As flecham indicam se as grandezas são inversamente que “de cada 7 alunos na classe, 3 são rapazes”.
ou diretamente proporcionais.
Quanto mais funcionários mais pães são Razão entre grandezas de mesma espécie
feitos(diretamente)
A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o
quociente dos números que expressam as medidas dessas
grandezas numa mesma unidade.

Exemplo

Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro


dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a
área do tapete e a área da sala.

70
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em Exemplo 3


uma mesma unidade:
Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2 Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de
Área do tapete: 384 dm2 gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros percor-
Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos ridos pelo número de litros de combustível consumidos,
escrever a razão: teremos o número de quilômetros que esse carro percorre
com um litro de gasolina:
384dm 2 384 16
= = 83, 76km
1800dm 2 1800 75 ≅ 10, 47km / l
8l

Razão entre grandezas de espécies diferentes A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo mé-
dio.
Exemplo 1 A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve
acompanhar a razão.
Considere um carro que às 9 horas passa pelo quilô-
metro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilômetro Exemplo 4
170.
Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse comprimento
Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km é representado num desenho por 20 cm. Qual é a escala
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h do desenho?

Calculamos a razão entre a distância percorrida e o comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1


tempo gasto para isso: Escala = = = = ou1: 40
comprimento i real 8m 800cm 40
140km
= 70km / h
2h A razão entre um comprimento no desenho e o corres-
pondente comprimento real, chama-se Escala.
A esse tipo de razão dá-se o nome de velocidade mé-
dia. Proporção

Observe que: A igualdade entre duas razões recebe o nome de pro-


- as grandezas “quilômetro e hora” são de naturezas porção.
diferentes; 3 6
- a notação km/h (lê-se: “quilômetros por hora”) deve Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim como
acompanhar a razão.
Exemplo 2 6 está para 10”), os números 3 e 10 são chamados extre-

A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de mos, e os números 5 e 6 são chamados meios.
Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de 927 286
km2 e uma população de 66 288 000 habitantes, aproxi- Observemos que o produto 3 x 10 = 30 é igual ao pro-
madamente, segundo estimativas projetadas pelo Instituto duto 5 x 6 = 30, o que caracteriza a propriedade fundamen-
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de tal das proporções:
1995.
“Em toda proporção, o produto dos meios é igual
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte- ao produto dos extremos”.
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): Exemplo 1
2 6
6628000 Na proporção = , temos 2 x 9 = 3 x 6 = 18;
≅ 71,5hab. / km 2 3 9
927286
e em 1 = 4 , temos 4 x 4 = 1 x 16 = 16.
A esse tipo de razão dá-se o nome de densidade de-
4 16
mográfica.
A notação hab./km2 (lê-se: ”habitantes por quilômetro Exemplo 2
quadrado”) deve acompanhar a razão.
Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a
seguinte dosagem: 5 gotas para cada 2 kg do “peso” da
criança.

71
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Se uma criança tem 12 kg, a dosagem correta x é dada A soma dos antecedentes está para a soma dos con-
por: sequentes assim como cada antecedente está para o seu
consequente.
5gotas x
= → x = 30gotas
2kg 12kg 12 3 ⎧12 + 3 12 15 12
= ⇒⎨ = ⇒ =
8 2 ⎩ 8+2
Por outro lado, se soubermos que foram corretamente
8 10 8
ministradas 20 gotas a uma criança, podemos concluir que
seu “peso” é 8 kg, pois: ou

12 3 ⎧12 + 3 3 15 3
5gotas = ⇒⎨ = ⇒ =
= 20gotas / p → p = 8kg 8 2 ⎩ 8 + 2 2 10 2
2kg

(nota: o procedimento utilizado nesse exemplo é co- A diferença dos antecedentes está para a diferença dos
mumente chamado de regra de três simples.) consequentes assim como cada antecedente está para o
seu consequente.
Propriedades da Proporção
3 1 ⎧ 3−1 3 2 3
O produto dos extremos é igual ao produto dos meios:
= ⇒⎨ = ⇒ =
15 5 ⎩15 − 5 15 10 15
essa propriedade possibilita reconhecer quando duas ra-
zões formam ou não uma proporção.
ou
4 12
e
3 9 formam uma proporção, pois 3 1 ⎧ 3−1 1
= ⇒⎨ = ⇒
2 1
=
15 5 ⎩15 − 5 5 10 5
Produtos dos extremos ← 4.9  → Produtos dos
 = 3.12
meios. 36
Questões
36

A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro


1 - (VUNESP - AgSegPenClasseI-V1 - 2012) – Em um
(ou para o segundo termo) assim como a soma dos dois
concurso participaram 3000 pessoas e foram aprovadas
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
1800. A razão do número de candidatos aprovados para o
total de candidatos participantes do concurso é:
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14 A) 2/3
= ⇒⎨ = ⇒ = B) 3/5
2 4 ⎩ 5 10 5 10
C) 5/10
D) 2/7
ou E) 6/7
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
= ⇒⎨ = ⇒ = 2 – (VNSP1214/001-AssistenteAdministrativo-I – 2012)
2 4 ⎩ 2 4 2 4 – Em uma padaria, a razão entre o número de pessoas que
tomam café puro e o número de pessoas que tomam café
A diferença entre os dois primeiros termos está para com leite, de manhã, é 2/3. Se durante uma semana, 180
o primeiro (ou para o segundo termo) assim como a dife- pessoas tomarem café de manhã nessa padaria, e supondo
rença entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o que essa razão permaneça a mesma, pode-se concluir que
quarto termo). o número de pessoas que tomarão café puro será:
A) 72
B) 86
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
= ⇒ = ⇒ = C) 94
3 6  4 8 4 8 D) 105
E) 112

ou 3 - (PREF. NEPOMUCENO/MG – TÉCNICO EM SEGU-


RANÇA DO TRABALHO – CONSULPLAN/2013) Num zooló-
gico, a razão entre o número de aves e mamíferos é igual à
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
= ⇒ = ⇒ = razão entre o número de anfíbios e répteis. Considerando
3 6  3 6 3 6 que o número de aves, mamíferos e anfíbios são, respecti-
vamente, iguais a 39, 57 e 26, quantos répteis existem neste
zoológico?

72
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 31 D)
B) 34 Nº de livros Nº de revistas
C) 36
D) 38 Antes da compra 200 50
E) 43 Após a compra 300 200

4 - (TRT - Técnico Judiciário) Na figura abaixo, os pon- E)


tos E e F dividem o lado AB do retângulo ABCD em seg-
Nº de livros Nº de revistas
mentos de mesma medida.
Antes da compra 200 200
Após a compra 50 300

6 - (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012)


Uma rede varejista teve um faturamento anual de 4,2 bi-
lhões de reais com 240 lojas em um estado. Considerando
que esse faturamento é proporcional ao número de lojas,
em outro estado em que há 180 lojas, o faturamento anual,
em bilhões de reais, foi de
A) 2,75
B) 2,95
C) 3,15
D) 3,35
E) 3,55

A razão entre a área do triângulo (CEF) e a área do 7 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. IMA-
retângulo é: RUÍ/2014) De cada dez alunos de uma sala de aula, seis são
a) 1/8 do sexo feminino. Sabendo que nesta sala de aula há de-
b) 1/6 zoito alunos do sexo feminino, quantos são do sexo mas-
c) 1/2 culino?
d) 2/3 A) Doze alunos.
e) 3/4 B) Quatorze alunos.
C) Dezesseis alunos.
D) Vinte alunos.
5 - (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) Na
biblioteca de uma faculdade, a relação entre a quantidade 8 - (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
de livros e de revistas era de 1 para 4. Com a compra de NESP/2013) Em um dia de muita chuva e trânsito caótico,
novos exemplares, essa relação passou a ser de 2 para 3. 2/5 dos alunos de certa escola chegaram atrasados, sendo
Assinale a única tabela que está associada corretamen- que 1/4 dos atrasados tiveram mais de 30 minutos de atra-
te a essa situação. so. Sabendo que todos os demais alunos chegaram no ho-
rário, pode-se afirmar que nesse dia, nessa escola, a razão
A) entre o número de alunos que chegaram com mais de 30
Nº de livros Nº de revistas minutos de atraso e número de alunos que chegaram no
horário, nessa ordem, foi de
Antes da compra 50 200
A) 2:3
Após a compra 200 300 B) 1:3
C) 1:6
B) D) 3:4
Nº de livros Nº de revistas E) 2:5
Antes da compra 50 200 9 - (PMPP1101/001-Escriturário-I-manhã – 2012) – A
Após a compra 300 200 razão entre as idades de um pai e de seu filho é hoje de
5/2. Quando o filho nasceu, o pai tinha 21 anos. A idade do
C) filho hoje é de
Nº de livros Nº de revistas A) 10 anos
B) 12 anos
Antes da compra 200 50 C) 14 anos
Após a compra 200 300 D) 16 anos
E) 18 anos

73
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

10 - (FAPESP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP/2012) Em uma fundação, verificou-se que a razão entre o nú-
mero de atendimentos a usuários internos e o número de atendimento total aos usuários (internos e externos), em um
determinado dia, nessa ordem, foi de 3/5. Sabendo que o número de usuários externos atendidos foi 140, pode-se concluir
que, no total, o número de usuários atendidos foi
A) 84
B) 100
C) 217
D) 280
E) 350

Respostas

1 – Resposta “B”

2 – Resposta “A”
Sejam CP e CL o número de pessoas que consumiram café puro e café com leite respectivamente. Como na semana o
número total de pessoas que consumiram café foi de 180, temos que:

CP+CL = 180

A relação encontrada entre eles é de ; assim aplicando a propriedade da proporção teremos:

  180.2 = CP.5  CP =  CP = 72

3 - RESPOSTA: “D”

Aplicando-se o produto dos meios pelos extremos temos:

4 - Resposta “B”

74
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - RESPOSTA: “A” 10 - RESPOSTA: “E”


Para cada 1 livro temos 4 revistas Usuários internos: I
Significa que o número de revistas é 4x o número de Usuários externos : E
livros.
50 livros: 200 revistas  5I = 3I+420 2I = 420 I = 210
Depois da compra
2 livros :3 revistas I+E = 210+140 = 350
200 livros: 300 revistas
6 - RESPOSTA: “C” Estatísticas, Tabelas e Gráficos

Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento en-


tre dois dados relacionados entre si. Podemos dar, como
exemplos, o peso de uma criança que depende da idade, o
faturamento de uma firma que depende do mês, o índice
240.x = 4,2.180 → 240x = 756 → x = 3,15 bilhões de analfabetismo que depende da região, o índice de chu-
va que depende da época do ano etc.
7 - RESPOSTA: “A” Podemos utilizar as tabelas para os mais diversos fins.
Como 6 são do sexo feminino, 4 são do sexo masculi- Empresas de grande porte utilizam-nas para apresentar
no(10-6 = 4) .Então temos a seguinte razão: seus balanços mensais; já um balconista pode usar uma
tabela para agilizar seu dia-a-dia, para uso na estatística.

 6x = 72  x = 12

8- RESPOSTA: “C”

Se 2/5 chegaram atrasados

chegaram no horário

tiveram mais de 30 minutos de atraso

Para cada informação que se quer comunicar há uma


linguagem mais adequada. Os textos, gráficos e tabelas,
por exemplo, são usados para facilitar a leitura do conteú-
do, já que apresentam as informações de maneira visual.
Existem vários tipos de gráficos, como os de barras, de
setor e de linhas, por exemplo.

Barras- Usado para comparar quantitativos e formado


9 – RESPOSTA: “C” por barras de mesma largura e comprimento variável, pois
dependem do montante que representam. A barra mais
A razão entre a idade do pai e do filho é respectiva- longa indica a maior quantidade e, com base nela, é possí-
mente , se quando o filho nasceu o pai tinha 21, sig- vel analisar como certo dado está em relação aos demais.
nifica que hoje o pai tem x + 21 , onde x é a idade do filho.
Montando a proporção teremos:

75
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Setor- Útil para agrupar ou organizar quantitativa- Histograma - Dados quantitativos, agrupados em clas-
mente dados considerados de um total. A circunferência ses de frequência que permite distinguir a forma, o ponto
representa o todo e é dividida de acordo com os números central e a variação da distribuição, além de outros dados
relacionados ao tema abordado. Também conhecido como como amplitude e simetria na distribuição dos dados.
gráfico pizza.

Linhas- Apresenta a evolução de um dado. Eixos na


vertical e na horizontal indicam as informações a que se re- Exercícios
fere e a linha traçada entre eles, ascendente, descendente,
constante ou com vários altos e baixos mostra o percurso 1. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
de um fenômeno específico. RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) Se cada círcu-
lo desenhado abaixo está dividido em partes iguais entre
si, assinale a alternativa que apresenta o círculo que tem
12,5% de sua área hachurada.

Segmento - O gráfico de segmento é utilizado prin-


cipalmente para mostrar crescimento, decréscimo ou es-
tabilidade.

76
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

2. (IAMSPE – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU- 4. (SPTRANS – AGENTE DE INFORMAÇÕES – VU-


NESP/2012) Considere a figura. NESP/2012) O jornal Folha de S.Paulo, de 5 de julho de
2012 (Adaptado), publicou o seguinte artigo sobre o inte-
resse dos ingleses pela Olimpíada:

Se 132 pessoas responderam à pergunta dizendo que


têm um pouco de medo, pode-se concluir que o total de
pessoas entrevistadas que responderam que não têm ne- De acordo com essas informações, em 500 pessoas
nhum medo foi pesquisadas, o número de pessoas que acreditam que a
A) 844. economia do Reino Unido irá melhorar durante o ano cor-
B) 384. responde a uma porcentagem de, aproximadamente,
C) 364. A) 38%.
D) 320. B) 35%.
E) 256. C) 28%.
D) 23%.
3. (SPTRANS – AGENTE DE INFORMAÇÕES – VU- E) 16%.
NESP/2012) O jornal Folha de S. Paulo publicou, em 15 de
agosto de 2012, o seguinte artigo: 5. (TJ/MT – DISTRIBUIDOR, CONTADOR E PARTI-
DOR– TJ/2012) A figura abaixo apresenta a receita (fatura-
mento), em dólares, com a venda de vinhos finos em leilões
no mundo

De acordo com essas informações, a diferença entre o


valor estimado por km, em uma rodovia e em uma ferrovia,
é, aproximadamente, de
A) 7 bilhões.
B) 7milhões. Em relação ao faturamento com a venda de vinhos
C) 750 mil. finos em leilão no mundo e a partir das informações da
D) 75 mil. figura, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para
E) 7,5 mil. as falsas.

77
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

( ) O maior crescimento no faturamento ocorreu no 2. RESPOSTA: “B”.


período 2009-2010.
( ) No período 2008-2009, o faturamento caiu 43 mi- 132----22%
lhões de reais. X------64%
( ) O faturamento de 2009 foi igual à metade do fatu- X=384 pessoas não têm nenhum medo
ramento de 2011.
3. RESPOSTA: “C”.
Marque a sequência correta.
A) V, F, F
B) V, V, F
C) F, F, V
D) F, V, F

6. (TJ/MT – AGENTE DE INFÂNCIA E DA JUVENTU-


DE – TJ/2012) Um mapa rodoviário foi dividido em regiões
e, para cada uma delas, as distâncias são calculadas a partir
de uma escala. A tabela abaixo apresenta a relação de corres-
pondência entre cada região e sua respectiva escala.
4. RESPOSTA: “E”.

500-350=150 pessoas que são animados ou muito ani-


mados

42+39=81 consumidores
500-----100%
81------x
X=16,2%
Aproximadamente 16%.
A partir dessas informações, analise as afirmativas.
I - Para se deslocar exatamente a mesma distância, se 5. RESPOSTA: “B”.
foram deslocados no mapa rodoviário o equivalente a 2 cm
na região 6, é preciso deslocar 11 cm na região 2. O maior crescimento foi de 2009 a 2010 (233 milhões
II - Se um automóvel X percorrer o equivalente a 1 cm no -408 milhões)
mapa em cada uma das regiões 6 e 7 e mais 2 cm na região 1, No período 2008-2009 o faturamento caiu 276-233=43
terá percorrido 60 km a mais de distância que um automóvel milhões
Y que percorreu o equivalente a 1 cm no mapa na região 8. 478/2=239 milhões
III - A diferença entre as distâncias percorridas em 1 cm 6. RESPOSTA: “A”.
da região 1 e em 1 cm da região 3 do mapa é exatamente o
equivalente a percorrer 1cm, no mapa, na região 5. I (v)
Está correto o que se afirma em: Região 6-2cm=110km
A) I e III, apenas. Região 2=11cm=110km
B) II, apenas.
C) III, apenas. II(F)
D) I, II e III. Automóvel X=55+70+40=165km
Automóvel Y-125km
Respostas 165-125=40km

1. RESPOSTA: “D”. III(V)


20-12=8

O círculo deve ter 8 partes, sendo uma hachurada.

78
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Fuso horário brasileiro............................................................................................................................................................................................ 01


Estados e Regiões do Brasil: localização, limites, território...................................................................................................................... 04
Principais unidades de relevo do Brasil e do Rio Grande do Norte..................................................................................................... 06
Aspectos climáticos do Brasil e do Rio Grande do Norte......................................................................................................................... 09
Principais Biomas do Brasil e do Rio Grande do Norte............................................................................................................................. 11
Principais bacias hidrográficas do Brasil e do Rio Grande do Norte.................................................................................................... 14
Principais aspectos ambientais do Brasil e do Rio Grande do Norte: territórios indígenas e unidades de conservação...........18
Processo de urbanização do Brasil e do Rio Grande do Norte.............................................................................................................. 25
Municípios do Rio Grande do Norte (território, limites, localização e processo de formação)................................................. 31
Aspectos demográficos do Brasil e do Rio Grande do Norte................................................................................................................. 31
Principais aspectos da geografia agrária brasileira e do Rio Grande do Norte: estrutura fundiária e principais lavouras............34
Geografia Política (governadores do Rio Grande do Norte)................................................................................................................... 39
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

PROF. JAQUELINE LIMA DOS SANTOS Essa é a hora real ou solar, ou seja, é a hora defini-
da pela passagem do Sol sobre o meridiano de um lugar.
Pós Graduada em Nutrição Esportiva- Faculdade de Como sabemos, a Terra conceitualmente é dividida em he-
Ensino Superior de São Miguel do Iguaçu - Presidente Pru- misférios.
dente-SP- turma de 2016 Artigo Publicado- Revisão Críti- O Equador divide a Terra em hemisférios Norte e Sul
ca da Terapia Nutricional na anorexia nervosa na fase da e o meridiano de Greenwich divide a Terra em hemisférios
adolescência- Revista Conexão Saúde da Fibe (Faculdades Leste e Oeste. Neste último sentido, temos 360 meridianos
Integradas de Bauru- SP)- 2014 Bacharel em Nutrição- Fa- de 1 grau de longitude. Cada grau é dividido em 60 minu-
culdades Esefap/Uniesp- Tupã- SP- turma de 2010 tos que, por sua vez, se dividem em 60 segundos.
Se quisermos falar em dimensões, devemos ver que no
Equador 1 grau de longitude tem uma dimensão, uma am-
plitude ou largura de cerca de 111,3 km. Quando dividimos
FUSO HORÁRIO BRASILEIRO. esse grau por 60 minutos, teremos a largura de 1 minuto
de longitude, que é cerca de 1855 m.
Ao se dividir o minuto por 60 segundos, teremos a lar-
gura de um segundo de longitude com cerca de 30,9 m.
Portanto, a cada 30 metros e noventa centímetros, teremos
Cartografia é uma área do conhecimento que, desde um meridiano de um segundo. Considerando-se que hoje,
as suas origens e no seu longo processo de sistematização, mais do que nunca, é possível determinar com precisão
vem incorporando saberes de outras áreas científicas, com 1/10” (um décimo de segundo), 1/100” (um centésimo de
o propósito de representar o espaço. Uma das áreas rela- segundo) e até 1/1000” (um milésimo de segundo), deve-
cionadas é a Astronomia que, entre outros ensinamentos, mos entender que a cada centímetro do chão que pisamos
nos auxilia na compreensão da situação do planeta Terra é possível estabelecermos o lugar por onde está passando
no contexto do Sistema Solar, seus movimentos e as con- um meridiano, mesmo que na prática isso não seja uma
sequências destes na nossa vida cotidiana. tarefa fácil.
O conhecimento da noção de fusos horários nos dias Assim pensando, podemos entender que cada lugar
atuais tem uma importância fundamental para a com- ou ponto do planeta, situado mais a oeste de outro, terá
preensão das múltiplas relações entre os diferentes e dis- sempre um tempo atrasado, seja uma hora, um minuto, um
tantes lugares de um mundo cada vez menor. segundo ou um milésimo de segundo. Em lugares muito
Apesar de quase imperceptíveis por causa da correria próximos isso não é percebido. Mas, quando um lugar está
do nosso dia-a-dia, a Terra executa movimentos, alguns
distante de outro apenas 1º de longitude (no sentido Les-
dos quais de forte influência sobre nós. Um desses movi-
te-Oeste ou viceversa), isso significa que esse lugar está
mentos interfere de forma muito marcante em nossas vi-
adiantado ou atrasado em 1/15 (um quinze avos) de uma
das, sua influência é diária e suas consequências são perce-
hora, ou seja, está adiantado ou atrasado em 4 minutos
bidas a cada hora, às vezes, a cada minuto: é o movimento
Com quase 9 milhões de Km², o Brasil possui caracte-
de rotação.
rísticas peculiares por conta dessa imensidão. Poucos paí-
Como podemos ver na figura anterior, é um movimen-
ses possuem mais de um fuso horário. O Brasil possui. 
to realizado no sentido Oeste-Leste e, através dele, a Terra
No Brasil, um parecer da Comissão de Constituição e
dá um giro em torno do seu próprio eixo em um período
de 24 horas. Justiça da Câmara dos Deputados, em 06/06/1911 reco-
Por esse motivo, temos a impressão de que o Sol nasce menda ser de alta conveniência o estabelecimento da hora
no horizonte a Leste e que, com o passar das horas, des- legal, visto que ao lado da hora do Rio, usada nas estações
creve uma trajetória sobre nossas cabeças no sentido Les- telegráficas da União, encontram-se horas locais as mais
te-Oeste, até o poente. Como sabemos, esse movimento é variadas e arbitrarias, o que, evidentemente, prejudica as
apenas aparente. A verdade é que, pela manhã, quando o relações comerciais, já dificultando o estabelecimento se-
Sol parece subir no horizonte, é a Terra que está girando na guro do trafego mutuo nas estradas de ferro, já impedindo
direção contrária (Oeste-Leste). a comparação das datas e horas dos despachos telegráfi-
Assim, quando o Sol aparece no horizonte às 6 horas cos e a solução das transações mercantis, dependentes de
da manhã, devemos vê-lo horizontalmente. Às 7 horas, a contratos que envolvem questões de tempo.
Terra já girou 15 graus e então o Sol já estará 15 graus aci- Com base nesta recomendação, o Congresso Nacio-
ma da linha do horizonte, às 8 horas, 30 graus, às 9 horas, nal aprovou a Lei nº. 2.784 em 18 de junho de 1913, insti-
45 graus e assim por diante ao longo de todo o dia. Por isso tuindo o Sistema de Fusos Horários. Como o país tem di-
somos induzidos a acreditar que o Sol está descrevendo mensões continentais e sua distância longitudinal (sentido
essa trajetória, mas, é o movimento de rotação da Terra Leste-Oeste) é grande, houve a necessidade de dividir o
que provoca tal “ilusão”. É esse movimento aparente do sol espaço em 4 fusos horários. É importante observar que os
o responsável pela sucessão das horas do dia, o que pode fusos abaixo relacionados não obedecem aos meridianos
ser comprovado pelas sombras de objetos fixos nos locais limítrofes originais. Eles são ajustados de acordo com as
em que vivemos. conveniências regionais.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

1º Fuso – é o fuso de –2h (menos duas horas) em rela- Figura 2: Horário de Verão no Brasil
ção à hora de Greenwich. Fazem parte deste fuso as ilhas
oceânicas de Fernando de Noronha, Martin Vaz e Trindade,
o Atol das Rocas, os Penedos de São Pedro e São Paulo.
2º Fuso – é o fuso de –3h (menos três horas). É o fuso
de Brasília e representa a hora oficial do país. Todos os es-
tados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, mais os estados
de Goiás no Centro-Oeste e Tocantins e parte do Pará, na
região Norte.
3º Fuso – é o fuso de –4h (menos quatro horas). Com-
preende os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
no Centro-Oeste, a parte ocidental do Pará, Amapá, Ro-
raima, Rondônia e quase todo o estado do Amazonas na
região Norte.
4º Fuso – é o fuso de –5h (menos cinco horas). É o fuso
do Acre e do sudoeste do estado do Amazonas.

Figura 1: Fuso Horário do Brasil

A razão para isso é que, considerando-se que cada fuso


possui 15º de extensão longitudinal (sentido Leste-Oeste),
seria um grande erro que não houvesse mais de um fuso
horário no Brasil, visto que no sentido Leste-Oeste, há em
torno de 39º de extensão de acordo com a diferença entre
os pontos extremos Oeste-Leste do território brasileiro. 

Nesse caso, faz todo sentido que, na parte continental,


tenha pelo menos 2 fusos, seguindo o seguinte raciocínio:
• Extensão Longitudinal (Leste-Oeste): 39º
• Extensão de cada fuso horário: 15º
• Logo: 39/15 = 2,6.

Devido a esse valor obtido, entre 2008 e 2013, o su-
doeste do estado do Amazonas e o Acre foram incorpora-
dos ao fuso horário GMT -4, com uma hora a menos que
o horário de Brasília. Complicou? Veja a seguir como tudo
isso foi ‘resolvido’ com base no jeitinho brasileiro.
No entanto, devido ao clamor da população daquela
O HORÁRIO DE VERÃO
região, em 2010 houve um referendo popular pra decidir se
voltaria ao padrão anterior de horário (GMT-5, duas horas
O princípio fundamental deste horário é que, como no
a menos que o horário de Brasília). Como optou-se, segun-
verão o Sol nasce mais cedo, ao adiantar os relógios em
uma hora é possível aproveitar mais a luz do dia, uma vez do a maioria dos votos, pelo retorno aos velhos tempos,
que a realização das atividades humanas nesse período (à novamente o Brasil passou a ter 4 fusos horários quando
luz do Sol) ocasiona um menor consumo de energia elétri- sancionada a Lei o que ocorreu somente em 2013.
ca. O horário de verão foi adotado no Brasil pela primeira
vez em 1931 e, em geral, adiantavam-se as horas em todo o Mas, qual é o 4º fuso horário no Brasil?
país. Após a constatação de que em alguns estados os seus
efeitos eram insignificantes, nos últimos anos, a adoção do Bom, na realidade não é o quarto, mas sim o primei-
horário de verão no Brasil é seletiva, atingindo apenas as ro.  O Brasil tem uma extensa costa banhada pelo Oceano
regiões onde, de fato, se pode economizar energia elétrica. Atlântico. Os países que fazem limite com mares e oceanos
possuem o  que se chama de mar territorial que pode in-
cluir ilhas localizadas nessa faixa territorial. É o caso brasi-
leiro, com o arquipélago de Fernando de Noronha.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

O fato é que Fernando de Noronha já se encontra numa faixa longitudinal que insere aquela ilha no fuso horário GMT
-2, portanto, uma hora adiantado em relação a Brasília.
Em suma, o Brasil tem 4 fusos horários, todos a Oeste do meridiano de Greenwich e, por esse motivo, têm os fusos pre-
cedidos do símbolo negativo (-). O oficial, de Brasília está no fuso -3 e abrange a maioria dos estados (RS, SC, PR, SP, MG,
RJ, ES, BA, SE, AL, PE, PB, RN, CE, PI, MA, PA, AP, GO e DF).
Os demais estados das regiões Centro-Oeste e Norte estão distribuídos no fuso GMT -4 ( RR, RO, MT, MS e a maior
parte do Amazonas) e no fuso GMT -5 (AC e sudoeste do AM). Porém, há uma época do ano que uma parte do Brasil muda
de horário. É o Horário de Verão.
Quando se aproxima o verão no hemisfério Sul, os dias no Brasil, nos estados mais ao Sul, ficam mais longos. Pensando
na possibilidade de se aproveitar mais a luz natural do Sol, adianta-se o relógio em uma hora no intuito de fazer com que,
no horário de pico do consumo de energia elétrica que se dá entre 18h e 21h, haja ainda insolação e, portanto, diminui o
consumo de energia.
Desde 2008 que há data marcada pro Horário de Verão começar e terminar no Brasil. Inicia-se no terceiro domingo do
mês de outubro quando se deve adiantar em uma hora os relógios e termina no terceiro domingo de fevereiro (exceção
feita se o domingo de carnaval coincidir com essa data) quando se deve atrasar os relógios em uma hora.
É bom que se diga que o horário de verão não é uma invenção brasileira. A ideia de aproveitamento maior da luz solar
data do século XVIII, criada pelo inventor Benjamin Franklin, na Inglaterra. No entanto, foi a Alemanha, em 1915, durante
a Primeira Guerra Mundial que adotou pela primeira vez de modo oficial o horário de verão num esforço de guerra para
diminuir o consumo de carvão mineral usado para gerar energia elétrica.
No Brasil, a primeira vez que adotou-se o horário de verão foi em 1931. Desde então, entre idas e vindas, o horário de
verão vem sendo uma prática anual desde 1985. Anualmente, são divulgados percentuais de economia no consumo de
energia elétrica gerada pela medida.
Os estados brasileiros que o adotam também se modificaram bastante ao longo dos anos. Desde 2013, todos os esta-
dos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste adotam o horário de verão.

Texto adaptado de CARVALHO. E. A. D; ARAÚJO. P. C. D

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

ESTADOS E REGIÕES DO BRASIL:


LOCALIZAÇÃO, LIMITES, TERRITÓRIO.

Há cinco Grandes Regiões no Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Foram instituídas pelo decreto
67.647 publicado no Diário Oficial da União em 24 de novembro de 1970, com retificação no Diário Oficial da União de 4
de dezembro do mesmo ano. O artigo 1º. estabeleceu a divisão regional do Brasil elaborada pelo IBGE em 1967, revista em
1969 e divulgada através da Resolução nº. 1 da Comissão Nacional de Planejamento e Normas Geográfico-Cartográficas
em 8 de maio de 1969.
A divisão em grandes regiões sofreu alterações nas décadas de 1970 e 1980 quanto à extinção, criação e alteração de
categoria de algumas unidades federadas (como especificado na 2ª. parte). As cinco grandes regiões brasileiras assim estão
compostas atualmente:
Norte – Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins.
Nordeste – Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Sudeste – Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Centro-Oeste – Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.

Os estados das regiões foram agrupados conforme características ambientais, tais como clima, relevo e vegetação.
Por exemplo, a região Norte possui uma característica bem marcante que é a presença do rio Amazonas e a vegetação de
floresta.

A Região Centro-Oeste é composta pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal.
Sua área é de 1.604.850 km², ocupando aproximadamente 18,8% do território do Brasil, tendo a segunda maior extensão
territorial entre as regiões brasileiras, sendo menor apenas que a Região Norte.
Conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a popu-
lação total do Centro-Oeste é de 14.058.094 habitantes, cuja densidade demográfica é de 8,7 habitantes por quilômetro
quadrado.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

O Nordeste brasileiro é formado pelos estados do Mara- ao longo do Oceano Atlântico. Um exemplo de um país
nhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambu- cujo território é  descontínuo  são os Estados Unidos, que
co, Alagoas, Sergipe e Bahia. Sua área é de 1.554.257,0 km². possuem ilhas em diversas partes do mundo e o estado do
Abriga uma população de aproximadamente 53.081.950 ha- Alaska, a milhares de quilômetros dos demais.
bitantes, esses estão distribuídos em nove estados. O grande Do ponto de vista da localização, o Brasil situa-se no
número de cidades litorâneas contribui para o desenvolvi- Continente Americano, mais precisamente na América do
mento do turismo na região. Sul. Localiza-se, também, em três hemisférios diferentes ao
A  Região Norte  é composta pelos estados de Roraima, mesmo tempo: todo o seu território encontra-se no hemisfé-
Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins. Está rio ocidental (aquele que se localiza a oeste do Meridiano de
localizada entre o maciço das Guianas, ao norte; o Planalto Greenwich), a maior parte dele no Hemisfério sul (abaixo da
Central, ao sul; a cordilheira dos Andes, a oeste; e o oceano Linha do Equador) e uma pequena parte no Hemisfério Norte.
Atlântico, a noroeste. Sua extensão territorial é de 3.853.397,2 O seu território faz fronteira com todos os países sul-america-
km², sendo a maior região do Brasil, corresponde a aproxima- nos, com exceção do Equador e do Chile. O litoral é banhado
damente 42% do território nacional. Possui uma população apenas pelo Oceano Atlântico.
de cerca de 15,8 milhões de habitantes. O Brasil é composto por 26 estados e o Distrito Federal,
Os estados que formam a  região Sudeste  são: Espírito onde se encontra a capital Brasília. Esses estados constituem o
Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Situa-se na país enquanto uma República Federativa, ou seja, um Estado
parte mais elevada do Planalto Atlântico, onde estão as serras composto por três poderes: legislativo, executivo e judiciário.
da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. Sua extensão territo- Economicamente falando, o nosso país é o maior da Amé-
rial é de 924.511,3 km². Abriga uma população de 80.364.410 rica Latina e também o terceiro maior entre todos os países das
habitantes, correspondendo a aproximadamente 40% do Américas, encontrando-se entre os 10 maiores do mundo. Ape-
contingente populacional brasileiro. A densidade demográ- sar disso, é considerado um país subdesenvolvido, de economia
fica é de 87 habitantes por quilômetro quadrado, sendo a re- emergente, com recentes crescimentos econômicos registrados
gião mais populosa e povoada do país.   nas últimas décadas. Assim, o país integra o Mercosul (Mercado
 O Sul do Brasil é formado pelos estados de Santa Cata- Comum do Cone Sul), um bloco econômico que envolve alguns
rina, Paraná e Rio Grande do Sul. Sua extensão territorial é de países sul-americanos. É também considerado um dos BRICS (si-
576.409,6 km². Sua população é estimada em 27,3 milhões de gla para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que não é um
habitantes. bloco econômico, mas um termo para designar aqueles países
com grande potencial de crescimento e desenvolvimento.
O Brasil é considerado um país populoso, com a quinta
Unidades da Federação maior população do mundo, ultrapassando os 190 milhões de
habitantes recentemente. No entanto, seu território não é den-
O Brasil conta hoje com 27 Unidades da Federação, samente povoado, ou seja, a quantidade de habitantes por km²
sendo 26 Estados e 1 Distrito Federal. Os estados são os de é considerada baixa. Mesmo assim, algumas regiões são muito
Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocan- povoadas, em virtude da má distribuição da população ao lon-
tins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, go do território, concentrada em maior parte na região Sudeste.
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Em razão dos processos de colonização e escravidão que mar-
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio caram a história do Brasil, a matriz étnica do país é muito ampla e
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. O variada, apresentando as mais diversas descendências, das quais se
Distrito Federal abriga a capital da República Federativa do destacam aquelas provenientes de tribos indígenas, outras relacio-
Brasil (ver mapa 1). Ao longo do tempo houve mudança de nadas a povos europeus e asiáticos, além de outras oriundas de di-
nomes, transformação de territórios em estados, além de cria- versas etnias africanas. Por esse motivo, o Brasil é considerado como
ção e extinção de estados e territórios. As alterações mais re- um Estado Multinacional, ou seja, com várias nações diferentes.
centes decorreram da Constituição Federal de 1988 que criou O relevo brasileiro é geologicamente antigo, o que signi-
o estado de Tocantins (desmembrado de Goiás), extinguiu o fica que as suas estruturas geológicas se formaram ao longo
território federal de Fernando de Noronha (transformando-o das primeiras eras de formação do planeta. Por esse motivo, o
em Distrito Estadual pertencente ao estado de Pernambuco), relevo é um pouco mais acidentado e as montanhas não são
e elevou os territórios federais de Roraima e Amapá à catego- tão altas como em outros lugares, porque o seu espaço esteve
ria de estado. mais tempo sendo moldado pelos agentes de modificação
do relevo (águas, chuvas, ventos, etc.). Como não nos encon-
Território Brasileiro tramos próximos a áreas de encontro entre duas placas tec-
tônicas, praticamente não se registram terremotos e vulcões.
O  território brasileiro  é marcadamente notado pela sua Além disso, por causa da nossa vegetação densa e da grande
grande extensão. São 8.547.403 km², o que o torna o terceiro quantidade de biomas presente no território brasileiro, as
maior país das Américas e o quinto maior do mundo, atrás condições de vida são consideradas biologicamente favo-
apenas de Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Em razão ráveis, com pouquíssimos desertos e áreas inabitáveis.
da sua grandeza territorial, costuma-se dizer que o Brasil é um Por fim, é importante destacar a importância do país
país com dimensões continentais. em seus recursos naturais e humanos. Por esse motivo, te-
O Brasil é um país cujo território é considerado contí- mos que valorizar o território e as pessoas que nele ha-
nuo, ou seja, não há nenhum domínio isolado do restante bitam, propiciando uma melhor distribuição das riquezas
do país, com exceção de algumas poucas ilhas localizadas aqui geradas. Texto adaptado de PENA. R. A.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

PRINCIPAIS UNIDADES DE RELEVO DO BRASIL


E DO RIO GRANDE DO NORTE.

O relevo brasileiro apresenta grande variedade morfológica (de formas), como serras, planaltos, chapadas, depressões,
planícies e outras, - resultado da ação, principalmente, dos agentes externos sobre estruturas geológicas de diferentes na-
turezas e idades. Os agentes externos que mais participaram da formação do relevo brasileiro foram o clima (temperatura,
ventos, chuvas) e os rios.
Em sua porção continental, o relevo brasileiro não apresenta formas oriundas da atuação recente dos agentes internos
(vulcanismo, tectonismo), como as elevadas montanhas que caracterizam as cordilheiras de tipo andino, alpino e himalaio.
Apesar de as estruturas geológicas que lhe deram origem serem em geral antigas, as formas atuais de nosso relevo
foram esculpidas principalmente ao longo do Período Terciário e do início do Quaternário. Esses dois períodos pertencem
à mais recente das eras geológicas: a Cenozóica.
No aspecto altimétrico, o relevo brasileiro caracteriza-se pelo predomínio de altitudes relativamente modestas. Ape-
nas um ponto do território chega próximo a 3 mil metros de altitude: o Pico da Neblina (2.994m), localizado no estado do
Amazonas, próximo à fronteira com a Venezuela. Mais de 98% do relevo brasileiro possui altitudes inferiores a 1.200 metros.
O predomínio de altitudes medianas deve-se, de um lado, à inexistência de dobramentos modernos e, de outro, à in-
tensa ação erosiva que, ao longo do tempo, desgastou as velhas estruturas geológicas mais salientes do território brasileiro.

Classificação de Aroldo de Azevedo

Uma das mais antigas divisões do relevo foi feita na década de 1940 pelo professor Aroldo de Azevedo e serviu de
base para todas as outras divisões feitas posteriormente. Ao elaborar sua divisão, ele levou em conta principalmente as
diferenças de altitude.
Desse modo, as planícies foram classificadas como as partes do relevo relativamente planas com altitudes inferiores a
200 metros. Por sua vez, os planaltos foram considerados as formas de relevo levemente onduladas, cujas altitudes superam
200 metros.
Essa classificação divide todo o território brasileiro em planaltos, cuja área total ocupa 59% de toda a superfície do país,
e planícies, que ocupam os 41% restantes.

Classificação de Aziz Ab’Saber

No final da década seguinte, de 1950, o professor Aziz Nacib Ab’Saber aperfeiçoou a divisão do professor Aroldo de
Azevedo, introduzindo critérios geomorfológicos, especialmente as noções de sedimentação e de erosão. As áreas nas
quais o processo de erosão é mais intenso do que o de sedimentação foram chamadas de planaltos. As áreas em que o
processo de sedimentação supera o de erosão foram denominadas planícies.
Nota-se, assim, que essa classificação não leva em conta as cotas altimétricas do relevo, mas os aspectos de sua mo-
delagem, ou seja, a geomorfologia.

Classificação de Jurandyr Ross

Em 1989 o professor Jurandyr Ross elaborou uma classificação do relevo, dessa vez usando como critério três impor-
tantes fatores geomorfológicos:
• a morfoestrutura - origem geológica;
• o paleoclima - ação de antigos agentes climáticos;
• o morfoclima - influência dos atuais agentes climáticos.

A classificação do relevo brasileiro em grandes unidades, ou compartimentos, é uma síntese dos processos de cons-
trução e modelagem da superfície e das formas resultantes. Essa classificação distingue três tipos de compartimentos: os
planaltos, as depressões e as planícies. Nas duas primeiras unidades, predominam os processos erosivos, e nas planícies, o
processo de acumulação de sedimentos.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

OS PLANALTOS
Os planaltos brasileiros se distinguem pelas estruturas geológicas que os sustentam. Há planaltos em escudos crista-
linos (como os Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste, da Borborema e outros) e planaltos em bacias sedimentares
(como o Planalto da Amazônia Oriental, os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e outros). De modo geral, porém, esses
compartimentos caracterizam-se como relevos residuais, isto é, eles permaneceram mais altos que as depressões circun-
dantes, pois suas estruturas rochosas ofereceram maior resistência à erosão.

AS DEPRESSÕES
As depressões circundam os planaltos e foram geradas pelo desgaste erosivo das massas rochosas menos resistentes.
Sendo assim, são em geral constituídas por bacias sedimentares. As bordas de contato das depressões com os planaltos,
formadas muitas vezes por escarpas praticamente verticais, atestam a resistência desigual do substrato rochoso à erosão.
A unidade dos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná, sustentada pelas camadas de arenitos da Era Paleozoica e pela
cobertura de rochas vulcânicas derramadas na Mesozoica, limita-se a oriente com a Depressão Periférica da Borda Leste
da Bacia do Paraná, que não está assentada sobre basaltos. A modelagem do relevo pela erosão diferencial fica evidente
nesse contato.
Os sedimentos da depressão foram intensamente desgastados, enquanto a resistente camada de rochas vulcânicas
do planalto sofria erosão muito menor. Em consequência, formou-se uma escarpa que demarca o contato entre os dois
compartimentos. Seus paredões íngremes voltados para oriente constituem frentes de cuestas que podem ter 300 ou 400
metros de altura. Do outro lado, as vertentes voltadas para a calha do Rio Paraná, a ocidente, apresentam inclinação suave.
As frentes de cuestas são feições de relevo características de diversas áreas do Brasil. Elas aparecem, extensivamente, nos
contatos dos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná com as depressões do Araguaia, Cuiabana e do Miranda. No contato
entre os Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba e a Depressão Sertaneja e do São Francisco, as serras do Ibiapaba e Gran-
de do Piauí formam frentes de cuestas. Em todos esses casos, as feições do relevo foram esculpidas pela erosão diferencial.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

AS PLANÍCIES de costa, formando falésias com desnivelamentos superiores


As planícies são as únicas unidades do relevo brasileiro a 20 m de grande beleza cênica. Nesses trechos, localizados
cujo arcabouço consiste em bacias de sedimentação recente, no litoral leste do estado, principalmente entre os municípios
formadas por deposições ocorridas no Período Quaternário. de Baía Formosa e Natal, as planícies costeiras são descontí-
As superfícies apresentam-se notavelmente aplainadas e ain- nuas ao longo do litoral. Esse domínio geomorfológico apre-
da em processo de consolidação. senta um diversificado conjunto de padrões de relevo deposi-
A Planície e Pantanal Mato-Grossense é a mais extensa cionais de origens eólica, fluvial e marinha, dentre os quais se
dessas unidades e constitui parte de uma vasta área rebaixada destacam Campos de Dunas (R1f) e Planícies Fluviomarinhas
que se limita, a oeste, pelos contrafortes da Cordilheira dos (R1d), apresentando extensos manguezais.
Andes, e a leste, pelos Planaltos e Chapadas da Bacia do Para- A Planície Costeira do Rio Grande do Norte pode ser indivi-
ná. Essa área rebaixada é o Chaco Sul-Americano, que abran- dualizada em duas seções principais: litoral leste, de clima úmi-
ge terras brasileiras, paraguaias, argentinas e bolivianas, in- do em zona de Mata Atlântica, com ocorrência de chuvas mais
clusive os pantanais do Rio Guaporé. O Chaco funciona como intensas ao longo do inverno, devido às precipitações promovi-
bacia de captação de inúmeros cursos fluviais com nascentes das pela massa Equatorial Atlântica (mEa); litoral norte, de clima
nos planaltos do Brasil ou na vertente oriental andina. Texto semiárido, em zona de Caatinga, com prolongada estiagem e
adaptado de GIBA um curto período chuvoso entre o verão e o outono, associa-
do à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). O
DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS DO ESTADO DO RIO litoral leste se estende desde Baía Formosa até uma área com-
GRANDE DO NORTE preendida entre o lendário Cabo de São Roque (notável ponto
O estado do Rio Grande do Norte apresenta uma gran- de inflexão da linha de costa nordeste brasileira e importante
de variedade de formas de relevo, esculpidas em sedimentos marco geográfico desde tempos coloniais) e Touros. O litoral
da Bacia Potiguar e terrenos mais antigos do embasamento norte, por sua vez, estende-se desde uma área compreendida
cristalino. entre Touros e São Miguel do Gostoso até Tibau.
A evolução do relevo do território potiguar foi condicio- Os Campos de Dunas ocupam grande parte da planície
nada por um conjunto de fatores que interferiram na geo- costeira potiguar, tanto no litoral leste quanto no litoral nor-
morfogênese, tais como a estrutura geológica, a evolução te, embora as acumulações eólicas mais expressivas abranjam
morfo-climática e os processos atuais, resultando em diversi- um extenso trecho entre Tibau do Sul e Touros, no litoral leste.
ficada variedade de paisagens. A remobilização eólica dos sedimentos arenosos marinhos é
Os condicionantes tectonoestruturais estão marcados tão expressiva que não foram mapeadas planícies de cordões
por terrenos das coberturas continentais cenozoicas, bacias arenosos no litoral potiguar; muitas formações de dunas “ca-
sedimentares mesozoicas (notadamente a Bacia Potiguar) e valgam” as falésias do Grupo Barreiras e geram imensos cam-
embasamento cristalino, subdividido nas unidades: Magma- pos eólicos sobre a superfície dos tabuleiros. Esse fato está
tismo Brasiliano, Domínio Jaguaribeano, Domínio Rio Pira- associado à menor pluviosidade (e maior ação dos ventos e
nhas-Seridó e Domínio São José do Campestre.Tomando-se da erosão eólica) do litoral potiguar, em relação aos outros
como base a classificação dos domínios morfoclimáticos do estados do Nordeste Oriental e, possivelmente, às condições
Brasil (AB’SABER, 1969), o relevo do Rio Grande do Norte está paleoclimáticas pretéritas com aridez muito mais severa ao
inserido em dois domínios e uma faixa de transição: longo do Pleistoceno.
– Domínio de Mares de Morros: Corresponde aos Tabulei- As dunas, associadas às praias e as falésias, formam um
ros Costeiros do Nordeste Oriental. cenário geomorfológico de espetacular beleza cênica para
– Domínio das Depressões Intermontanas e Inter-planál- todo o litoral leste potiguar, com excelente aproveitamento
ticas das Caatingas: Constituído por quatro padrões morfoló- turístico. Localidades como Natal, Pipa e Genipabu represen-
gicos principais: Superfícies de Aplainamento da Depressão tam áreas de atração de turismo internacional, com expressiva
Sertaneja; Chapadas Sustentadas por Rochas Sedimentares; geração de emprego e renda para a população local.
Serras Isoladas; Planalto da Borborema. Extensas áreas de manguezais também se desenvolvem
Intercalando esses domínios, existe uma importante faixa ao longo de estuários e baixos cursos dos rios Cunhaú, Japi,
de transição morfoclimática, do litoral úmido para o sertão Potengi, Ceará-Mirim, Maxaranguape, Caramupim (este, de-
semiárido, denominada Agreste Potiguar. saguando na ria afogada de Guamaré-Galinhos), Piranhas-A-
Com base na análise dos produtos de sensoriamento re- çu e Apodi. Apesar de os mangues consistirem em áreas de
moto disponíveis, perfis de campo e estudos geomorfológi- preservação permanente (APPs), de grande relevância para
cos regionais anteriores, o estado do Rio Grande do Norte foi a biota costeira (área de reprodução de peixes, crustáceos e
compartimentado em sete domínios geomorfológicos. aves), expressivas áreas de manguezais foram destruídas para
implantação de polos de carcinocultura (criação de camarão),
Planície Costeira do Rio Grande do Norte assim como no litoral norte, nos baixos cursos dos rios Pira-
A Planície Costeira do Rio Grande do Norte abrange uma nhas-Açu e Apodi, para produção de sal. Macau e Areia Bran-
estreita, mas extensa franja ao longo do litoral potiguar, inva- ca constituem o mais importante polo salineiro do país.
riavelmente posicionada entre a linha de costa e os Tabu- Algumas das principais cidades do estado do Rio Gran-
leiros Costeiros, sendo que estes estão, em grande parte, de do Norte, incluindo sua capital, além de diversas estân-
sustentados por rochas sedimentares pouco litificadas do cias de veraneio, estão situadas no litoral, ocupando sua
Grupo Barreiras ou, em muito menor expressão, por rochas planície costeira, destacando-se: Natal, Baía Formosa, Tibau
sedimentares das formações Tibau e Jandaíra. Por vezes, do Sul, Maxaranguape, Touros, São Miguel do Gostoso, Cai-
esses tabuleiros estão diretamente colocados junto à linha çara do Norte, Guamaré, Macau e Areia Branca. O intenso

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

afluxo turístico sobre esses frágeis terrenos (seja sobre solos A dinâmica do clima no Brasil
de mangue ou de dunas, com ocorrência de Gleissolos Sálicos As massas de ar são de fundamental importância para a
e Neossolos Quartzarênicos, respectivamente) exige atenção explicação da dinâmica do clima. Massas de ar são porções da
especial quanto aos impactos ambientais decorrentes da ex- atmosfera que conduzem características e propriedades das
pansão urbana e da “indústria do turismo” sobre essas áreas áreas onde se originam (continentes, oceanos, regiões pola-
valorizadas, em especial, no que concerne ao saneamento am- res, tropicais). Dependendo de onde se formem, as massas
biental (coleta e tratamento de efluentes domésticos e dispo- de ar podem ser: fria e úmidas (oceanos glaciais), frias e secas
sição de resíduos) e preservação da vegetação nativa. (áreas continentais frias), quentes e úmidas (áreas continen-
tais quentes e úmidas, como a Amazônia), quentes e secas
Vales dos Rios Piranhas-Açu e Apodi (desertos quentes continentais). Quase todas as massas de ar
Dentre as planícies fluviais do estado do Rio Grande do que atuam na América do Sul estão também no Brasil. Ape-
Norte, ênfase especial deve ser dada aos extensos fundos de va- nas as massas de ar que se originem no Oceano Pacífico têm
les dos rios Piranhas-Açu e Apodi, situados no norte do estado. atuação limitada no Brasil devido a presença da Cordilheira
Essas unidades deposicionais recentes consistem de vas- dos Andes, que barra a sua passagem para o interior do con-
tas planícies de inundação (R1a) em superfícies sub-horizon- tinente.
tais, constituídas de depósitos arenoargilosos a argiloareno-
sos, com terrenos imperfeitamente drenados, sendo periodi- As massas de ar que interferem nos climas do Brasil
camente inundados. Os solos desenvolvidos nessa unidade Por ter 92% de seu território na zona tropical e estar lo-
são Neossolos Flúvicos eutróficos e, subordinadamente, Pla- calizado no hemisfério sul, onde as massas líquidas ocupam
nossolos hidromórficos e Vertissolos hidromórficos, com forte maior espaço do que as massas sólidas, o Brasil é influenciado
influência de transporte de sedimentos oriundos do intem- predominantemente pelas massas de ar quente e úmido. As
perismo de calcários da Formação Jandaíra, apresentando, massas de ar que atuam no Brasil são: massa equatorial conti-
portanto, boa fertilidade natural. Os referidos terrenos estão nental (mEc); massa equatorial atlântica (mEa); massa tropical
francamente utilizados por atividades agrícolas, em especial, continental (mTc); massa tropical atlântica (mTa); e massa po-
fruticultura e, subordinadamente, agricultura de subsistên- lar atlântica (mPa).
cia, sendo essas atividades mais importantes nos trechos do
médio/baixo curso dos rios Piranhas-Açu (cuja cidade-polo é Massa equatorial continental (mEc)
Açu) e Apodi (cuja cidade polo é Mossoró). No vale do rio Originária da Amazônia ocidental – área de baixa latitu-
Piranhas-Açu, destacam-se as cidades de Açu, Ipanguaçu, de e muitos rios, a mEc é uma massa de ar quente, úmido e
Carnaubais, Alto do Rodrigues e Pendências, todas a jusante instável. É a que exerce maior influência no Brasil: atinge pra-
da barragem de Jucurutu. No vale do rio Apodi, por sua vez, ticamente todas as regiões durante o verão no hemisfério sul,
destacam-se as cidades de Apodi, Felipe Guerra, Governador provocando chuvas. Na Amazônia, as elevadas temperaturas
Dix-Sept Rosado e Mossoró. Texto adaptado de GIBA e as altas taxas de umidade, decorrentes da atuação dessa
massa de ar, são responsáveis pelos elevados índices pluvio-
métricos da região. No inverno, a mEc recua e sua ação fica
restrita à Amazônia ocidental.
ASPECTOS CLIMÁTICOS DO BRASIL E DO RIO
GRANDE DO NORTE. Massa tropical atlântica (mTa)
De ar quente e úmido, mTa origina-se no Atlântico sul. For-
madora dos ventos alísios de sudeste, atua na faixa litorânea
brasileira, que se estende da região Sul à região Nordeste, e é
O território brasileiro (8.514.876 km²) estende-se de 5°16’ praticamente constante no decorrer do ano. Durante o inver-
de latitude norte a 33°45’ de latitude sul, situando-se, portan- no, a mTa encontra a única massa de ar frio e úmido que atua
to, em quase sua totalidade, no seguimento de baixas latitu- no Brasil, a massa polar atlântica (mPa). Esse encontro provoca
des (0° a 30°). A linha do Equador, que divide os dois hemisfé- chuvas frontais no litoral nordestino. Por isso é comum ouvir-
rios terrestres, e o trópico de Capricórnio, que sinaliza o limite mos notícias sobre chuvas que castigam Maceió, Salvador e
meridional da declinação anual do Sol, atravessam as terras Recife no mês de Julho, principalmente. No litoral das regiões
brasileiras, indicando que as marcas da tropicalidade devem Sul e Sudeste, e o encontro da mTa com as áreas elevadas da
aparecer aí com grande vigor.” serra do mar provoca as chuvas orográficas ou de montanha.
A quantidade de luz solar (insolação) recebida pelas várias
regiões do país durante o ano não é uniforme. Nas regiões Massa polar atlântica (mPa)
mais próximas do Equador, essa incidência de luz solar é mais Por se originar no oceano Atlântico, ao sul da Argentina,
ou menos constante durante todo o ano, por isso há poucas em zona de média latitude (de 30° a 60°), a mPa tem ar frio e
diferenças na duração dos dias e noites nas quatro estações úmido. Atua principalmente no inverno, dividindo-se em três
do ano. Porém, à medida que nos aproximamos das regiões ramos separados pela orientação do relevo brasileiro. Os dois
subtropicais e temperadas, essas diferenças vão ficando cada primeiros ramos refere-se ao corredor de planícies interiores
vez maiores: no inverno, as noites são mais longas; no ve- brasileiras, que estão cercadas por áreas de maiores altitudes,
rão, os dias duram mais. Essa é uma das explicações para o como os Andes (no oeste) e as serras brasileiras (no leste),
fato do horário de verão, cuja aplicação tem pouco objetivo permitindo o avanço da mPa sobre essas áreas mais baixas
a economia de energia elétrica no Brasil, não ser adotado na do nosso relevo. O primeiro ramo sobe pelo vale do rio
região Norte e Nordeste, pois não teria resultados práticos. Paraná, atingindo a região Sul, e traz ventos frios, como

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

o minuano e o pampeiro, causando a formação de grani- Classificação climática brasileira Optamos pela classifi-
zo, geada e até neve nas serras catarinenses e gaúchas. O cação climática do cientista norte-americano Arthur Strähler,
morro da Igreja (1828 m), localizado no município de Urubici, por estar baseada na circulação e na atuação das massas de
em Santa Catarina, apresenta, as menores temperaturas bra- ar que determinam os climas no Brasil. Considerando a dinâ-
sileiras por reunir os fatores altitude e latitude, e o elemento mica das massas de ar que atuam no Brasil, encontramos os
climático, no caso a massa polar atlântica. tipos de clima descritos a seguir.
A temperatura mais baixa registrada no Brasil até 2007 - clima equatorial úmido: Esse tipo de clima é determi-
ocorreu em Urubici: -17,8°C. O segundo ramo, também con- nado pela massa equatorial continental (mEc), e sua principal
sequência das baixas altitudes da área central do território bra- área de ocorrência é a Amazônia. Tem como características
sileiro, permite o avanço dessa massa de ar frio e úmido que elevada taxa de umidade, em virtude da presença dos rios e
chega a atingir a Amazônia ocidental e provoca queda brusca da vegetação na região, e altas temperaturas, por encontrar-
da temperatura, por alguns dias, em Matogrosso, Rondônia e se em baixa latitude. As chuvas são constantes e abundantes
Acre. É o fenômeno da “friagem”. O terceiro ramo refere-se ao (chegam a ultrapassar 2.500 mm anuais), resultado da con-
avanço da massa polar atlântica pelo litoral brasileiro, do Sul vecção ou ascensão vertical do ar e consequente resfriamen-
ao Nordeste. No Nordeste oriental (litoral), como já vimos, o to e condensação. Apresenta também baixa amplitude térmi-
encontro da mPa (de ar frio e úmido) com a mTa (de ar quente ca anual (a menor do Brasil), inferior a 4°C, e médias térmicas
e úmido) provoca as chuvas frontais durante o inverno. anuais elevadas, que variam pouco, de 25 a 28°C.
- clima litorâneo úmido: Abrange a faixa da costa do Nor-
Massa equatorial atlântica (mEa) deste e do Sudeste e sofre influência da massa tropical atlân-
Massa de ar quente e úmido, a mEa origina-se próximo tica (mTa). Apresenta como características chuvas concentra-
do arquipélago português dos Açores, na África. Formadora das no inverno, que variam de 1.500 a 2.000 mm durante o
dos ventos alísios de nordeste, atua, principalmente, durante ano, e médias térmicas elevadas. Como vimos anteriormente,
a primavera e o verão no litoral das regiões Norte e Nordeste. nessa estação, no litoral nordestino, o encontro da mTa (de
Conforme avança pelo interior do país, essa massa de ar vai ar quente e úmido) com a mPa (de ar frio e úmido), provoca
perdendo a umidade, por isso não causa chuvas significativas chuvas frontais. Durante o verão tanto no Sudeste como no
na porção norte do litoral nordestino. Nordeste, o encontro da mTa com as mais elevadas, como o
planalto da Borborema (no Nordeste) e as serras do Mar e
Massa tropical continental (mTc)
da Mantiqueira (no Sudeste), provoca as chuvas orográficas.
Por ter origem na depressão do Chaco (Paraguai), isto
- clima tropical continental: É o clima mais representativo
é, em uma zona de altas temperaturas e pouca umidade, é
do Brasil, por isso chamado de tropical típico. Sua precipita-
uma massa de ar quente e seco. No Brasil, atua no sul da re-
ção varia entre 1.300 a 1.500 mm Abrange área das regiões
gião Centro-Oeste e no oeste das regiões Sul e Sudeste, onde
ocorrem longos períodos de tempo quente e seco. Também Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste. Apresenta duas
provoca um bloqueio atmosférico que impede a chegada das características marcantes:
massas de ar frio, quase sempre nos meses de maio e junho,
quando ocorrem dias com temperaturas mais altas, chama- A presença de duas estações bem definidas:
dos de “veranico”. - verão: estação chuvosa, provocada pela massa de ar
equatorial continental (mEc) e pela massa tropical atlântica
As chuvas (mTa);
Apesar do Brasil apresentar médias anuais pluviométri- - inverno: estação seca. Nessa época, a mEc se retrai, dei-
cas em torno de 1.000 mm, as chuvas não se distribuem de xando espaço para a atuação de outras massas de ar: a polar
modo uniforme por toda sua extensão. Algumas áreas, como atlântica (mPa) e a tropical continental (mTc). A mPa apro-
trechos da Amazônia, o litoral sul da Bahia e o trecho paulista veita o corredor formado pelas terras mais baixas da região
da Serra do Mar, recebem mais de 2.000 mm de chuvas por Centro-Oeste e atinge a porção sul da Amazônia, quando a
ano. Como exemplos podemos citar, na Amazônia, a localida- temperatura pode chegar a 10°C (fenômeno da friagem).
de de Belém (PA), com 2.204 mm anuais, e, em São Paulo, a
área banhada pelo rio Itapanhaú, em Bertioga, com mais de Amplitudes térmicas anuais elevadas devido à influência
4.000 mm. da continentalidade.
No extremo oposto está o Sertão do Nordeste, com totais
bem abaixo da média do país, como as localidades de Caba- - clima tropical semi-árido: Característica do Sertão nor-
ceiras (PB), com 331 mm anuais, e Areia Branca (RN), com 588 destino e do norte de Minas Gerais. As massas que atuam
mm. O restante, ou seja, a maior parte do território brasileiro, para a ocorrência desse tipo de clima são a tropical atlântica
está na faixa entre 1.000 e 2.000 mm de chuvas por ano. A (mTa) e a equatorial continental (mEc). Quando chega ao in-
porção situada abaixo do paralelo de 20°LS, onde predomina terior do Nordeste, a mTa já perdeu a umidade, pois barreiras
o clima subtropical, tem como característica a relativa unifor- montanhosas impedem a passagem das chuvas que caem no
midade das chuvas ao longo do ano. Temperaturas Em quase litoral. É o clima brasileiro com menor índice pluviométrico
95% de nosso território, temos médias térmicas superiores a anual. O que causa o problema da estiagem é a má distri-
18°C, como decorrência da tropicalidade. buição das chuvas, concentradas em alguns meses do ano.
Entretanto, o comportamento das temperaturas está O índice de chuvas anuais chega, às vezes, a ser inferior a
sujeito à influência de outros fatores além da latitude: a 500 mm. As médias térmicas anuais e as temperaturas são
altitude, a continentalidade e as correntes marítimas. elevadas.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

- clima subtropical úmido: Representativo do Sul do Mas o que predomina no Rio Grande do Norte são os
Brasil, é dominado pela massa tropical atlântica (mTa), mas climas árido e semiárido, caracterizados pelos baixos índices
sofre grande influência da massa polar atlântica (mPa) no pluviométricos. Nesta região, a chuva fica, em média, entre
inverno. Apresenta o segundo maior índice pluviométrico 500 e 800 mm, nos momentos em que alcança tais índices.
anual (em torno de 2.500 mm), só perdendo para o clima As porções de baixíssima pluviosidade no estado dominam
equatorial úmido. Tem as estações do ano bem definidas e 75% do território e se concentram no centro e no sul potiguar,
chuvas bem distribuídas durante o ano. No inverno são cons- atingindo, inclusive, uma parte do Litoral Norte. Nas regiões
tantes as ondas de frio, a formação de geada e chuvas de mais áridas ocorrem períodos prolongados de seca, a ponto
granizo. Pode ocorrer neve nas áreas de maior altitude, como de não chover por até oito meses.
na região de São Joaquim, em Santa Catarina. Como grande parte do Rio Grande do Norte sofre com
- clima tropical de altitude: Localiza-se nas áreas de a aridez, o estado registrou quase 1300 casos de estiagem e
maior altitude da região Sudeste. Sofre grande influência seca entre 1991 e 2012. Apenas em 2014, 152 dos 167 muni-
anual da massa tropical atlântica (mTa), que é úmida. No cípios declararam situação de emergência por causa da seca
inverno, a massa polar atlântica (mPa) é responsável pelas prolongada. As únicas cidades que não observaram tais ocor-
baixas temperaturas e pelas geadas que costumam ocorrer rências estão situadas apenas no Leste Potiguar. Por outro
nessa época. Diferencia-se do clima tropical típico ou conti- lado, São Tomé e Santa Cruz, municípios próximos a Currais
nental por abranger maior índice pluviométrico anual (acima Novos e à divisa com o estado do Paraíba, foram os que apre-
de 1.700 mm), verões menos quentes e invernos mais frios. sentaram o maior número de registros de seca e estiagem.
Texto adaptado de ARAÚJO. F. Três tipos de clima ocorrem no estado: o tropical úmido,
com chuvas de outono-inverno (As’ do sistema de Köppen), o
ASPECTOS CLIMÁTICOS DO RIO GRANDE DO NORTE semi-árido quente (BSh) e o tropical semi-úmido (Aw’), com
Rio Grande do Norte apresenta dois tipos de clima: o tropi- chuvas de outono. O clima tropical úmido ocorre na baixada
cal úmido e o semiárido. O primeiro está concentrado na costa litorânea oriental. Registra uma temperatura média de 24° C e
potiguar e em pontos de maior altitude. O segundo ocorre em uma pluviosidade de 1.000mm, que diminui rapidamente da
todo o resto do território, especialmente no centro e no sul. O costa para o interior, passando a 600mm a apenas cinquenta
estado se destaca pela baixa amplitude térmicaanual, que não quilômetros do litoral.
ultrapassa os 10ºC, e pela alta insolação solar anual (entre 2400 O clima semi-árido quente domina praticamente todo o
e 2700 horas). A proximidade com a Linha do Equador é outro resto do estado, inclusive o litoral setentrional, dando lugar a
fator muito importante, já que esse exerce influência direta so- uma costa bastante seca. As temperaturas médias alcançam
bre o clima local, através da ação constante dos ventos alísios. 26o C no interior e a pluviosidade, inferior a 600mm, é sujeita
Vários sistemas meteorológicos atuam sobre o estado. a grande irregularidade, deixando de ocorrer, em alguns anos,
Dentre eles, pode-se destacar: Zona de Convergência Inter- a estação chuvosa de outono. O tropical semi-úmido ocor-
tropical (ZCIT), Vórtice Ciclônico de Ar Superior (VCAS), Siste- re apenas no extremo oeste. Registra temperaturas médias
ma de Brisas e Ondas de Leste. Além disso, por estar situado também elevadas e chuvas outonais mais abundantes que na
entre 4 e 6ºS, o estado também sofre influência direta dos área semi-árida (mais de 600mm anuais), sobretudo na região
ventos alísios. São eles, aliados à influência sinótica do cen- serrana, a sudoeste.
tro de alta pressão do Atlântico(anticiclone), que permitem o A larga planície costeira do Rio Grande do Norte é a única
forte regime eólico na região. Em geral, a ocorrência de ven- região litorânea do Brasil com clima semi-árido. Ali, a pluvio-
tos mais intensos se dá entre o final do inverno e a primavera. sidade reduzida, os ventos secos e constantes e as tempera-
A umidade do mar junto aos Sistemas de Brisas e às On- turas elevadas fazem do estado o maior produtor brasileiro
das de Leste garantem importantes volumes de chuva na por- de sal, com 77 a 85% da produção nacional, conforme o ano.
ção mais úmida do estado: o Litoral Leste. A massa Equatorial Texto adaptado de EBBESEN. L
Atlântica garante a pluviosidade da região, especialmente du-
rante o inverno. A precipitação anual desta mesorregião fica
entre 800 e 1600 mm com ação mais intensa das chuvas entre
abril e julho. A microrregião de Natal se destaca por registrar PRINCIPAIS BIOMAS DO BRASIL E DO RIO
a maior média pluviométrica do estado nos últimos 30 anos. GRANDE DO NORTE.
Ao todo, foram 1554,3 mm de chuva na região, muito acima
da média do Rio Grande do Norte, que é 823,6 mm. O cenário
climático observado no Litoral Leste se diferencia de algumas
partes do Litoral Norte, que sofrem influência direta da por- O Brasil pela sua localização geográfica e seu tamanho
ção árida do estado, prolongando a estiagem e reduzindo o continental (8.514.877 km2) abriga seis biomas, segundo o
período de chuvas entre o verão e o inverno. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os biomas
Entre a costa e o interior do território potiguar predomi- brasileiros podem ser agrupados em sete categoria básicas:
na o clima subequatorial semiárido, marcado pelas chuvas 1. Amazônia,
que ocorrem conforme o deslocamento da ZCIT para norte 2. Mata Atlântica,
ou para sul. Tal fenômeno é registrado em partes do Litoral 3. Cerrado,
Leste e nas áreas serranas do interior do estado, abrangen- 4. Caatinga,
do uma área de cerca de 20% do território. Estas regiões 5. Pantanal,
apresentam um pequeno excedente de água pluviométri- 6. Campos Sulinos e
ca, especialmente entre os meses de março e junho. 7. Zona Costeira.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Amazônia Caatinga
Região de clima semi-árido e solo raso e pedregoso, a
A Amazônia compreende, em sua maior parte, florestas Caatinga estende-se por cerca de 740 mil km2 do território
úmidas, mas também apresenta florestas de altitude, vár- brasileiro, abrangendo a maior parte da Região Nordeste do
zeas e manchas de cerrado. A Floresta Amazônica é a maior país. Seu nome provém do idioma tupi e quer dizer mata bran-
floresta pluvial tropical do planeta, com 4,1 milhões de km2 ca, uma referência à vegetação sem folhas que predomina du-
território. Por outro lado, a Bacia Amazônica - a maior bacia rante a época de seca. Nem tudo, porém, é aridez: existem em
hidrográfica do mundo - cobre uma extensão ainda maior meio à Caatinga verdadeiras “ilhas” de umidade e solos férteis,
(aproximadamente 6 milhões de km2 ). os chamados “brejos”, em que a paisagem muda totalmente.
A Amazônia não é só uma floresta, lá está localizado a Este é um bioma que para alguns é exclusivamente brasileiro.
maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia amazônica, com Apesar de raso e conter uma grande quantidade de pe-
mais de 1.100 afluentes. Para se ter uma idéia, dos mais de dras, o solo é razoavelmente fértil. No entanto, as secas prolon-
2.000 mm de chuva que caem na floresta por ano, 50% é gadas que às vezes podem durar mais de um ano e o da maio-
oriunda da água evaporada da própria bacia. ria dos rios serem sazonais, com exceção do rio São Francisco,
A Amazônia pode ser dividida em dois tipos de relevo: a agricultura na região só se torna viável com a construção de
1) as várzeas que se estendem ao longo dos rios e estão açudes e irrigação do solo. Essas técnicas têm transformado o
sempre inundadas e solo dessas regiões, que se encontra muitas vezes salinizados.
2) as florestas de terra firme, que cobrem a maior par- Este é um bioma que para alguns é exclusivamente bra-
te da floresta. Estes relevos, dependendo da visão, poderiam sileiro. Apesar de raso e conter uma grande quantidade de
ser considerados dois biomas diferentes. Apesar da grande pedras, o solo é razoavelmente fértil. No entanto, as secas
riqueza da floresta, o solo, mais do que em outros biomas de prolongadas que às vezes podem durar mais de um ano e o
florestas tropicais, é extremamente pobre, sendo que apenas da maioria dos rios serem sazonais, com exceção do rio São
10% da Amazônia possuem solos férteis o bastante para ati- Francisco, a agricultura na região só se torna viável com a
vidade agrícola. construção de açudes e irrigação do solo.
Essas técnicas têm transformado o solo dessas regiões,
Mata Atlântica que se encontra muitas vezes salinizados. O bioma Caatinga
A Mata Atlântica, que pode ser considerada uma flores- se distribui por grandes áreas na América do Sul, no sudoeste
ta pluvial tropical, é, na verdade, um complexo de formações africano e em algumas partes do sudoeste asiático.
com floras e faunas muito variadas: florestas úmidas, matas No entanto, alguns consideram a Caatinga como repre-
araucária e florestas costeiras. Ocupava originalmente cerca sentantes do bioma de savana e outros o consideram um
de 1,3 milhão de km2 do território brasileiro, mas atualmen- bioma exclusivo do Brasil. A caatinga possui condições de
te apenas 7% a 8% dessa área continua é coberta pela Mata umidade intermediárias entre o deserto e a savana, sendo a
Atlântica. Seus índices de biodiversidade estão entre os maio- distribuição da precipitação irregular e moderada.
res do planeta. A vegetação pode ser formada por herbáceas até árvores
A Mata Atlântica já cobriu cerca de 15% do território na- de 12 metros de altura, cobrindo densas áreas ou espalhadas
cional. Hoje, restam apenas cerca de 7% da cobertura origi- e agrupadas.
nal da Mata. Por isso, é a floresta tropical mais ameaçada do
mundo, sendo considerada um dos cinco principais hotspots Pantanal
de biodiversidade do planeta. O Pantanal é a maior planície inundável do mundo, com
seus 210 mil km2 (dos quais, 140 mil km2 em território brasilei-
Cerrado ro, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). É consi-
Ocupando 2 milhões de km2 na região central do Brasil, derado por muitos ecologistas uma formação única, inigualável,
o Cerrado caracteriza-se por suas diferentes paisagens, com por seu complexo sistema hídrico e a consequente adaptação
variados tipos de vegetação, de solo, de clima e de topografia. da fauna e da flora ali existentes. De novembro a abril, o nível
Genericamente, corresponde às formações do tipo savana; é da água dos rios está alto, provocando as enchentes. De maio
um bioma tropical com estações bem definidas de seca (in- em diante, começa a “vazante” e as águas baixam novamente.
verno) e chuvas (verão). Os rios que cortam o Pantanal, principalmente o Paraná,
O bioma Cerrado se caracteriza por diversas fisionomias. Es- com o início do trimestre chuvoso em novembro, elevam seu
tas formações variam desde o cerradão, que se assemelha a uma nível de água e acabam desaguando no Pantanal.
floresta, no entanto mais seca, passando pelo cerrado mais co- A partir de maio inicia-se a “vazante” e as águas começam
mum no Brasil central, com árvores baixas e esparsas, até o cam- a baixar lentamente até o solo secar totalmente. Áreas de Cerra-
po cerrado, campo sujo e campo limpo com uma progressiva do, Caatinga e de matas ciliares são comuns no Pantanal, trans-
redução da densidade arbórea. Ali, ainda encontram-se as flores- formando este bioma, como outros, em um mosaico de biomas.
tas de galeria que seguem os cursos dos rios. Apesar de pos- Apesar da grande biodiversidade, com 1.647 espécies
suir uma aparência árida e ter solo pobre apresenta uma rica de plantas e mais de 1.000 espécies de vertebrados supe-
biodiversidade, sendo considerado o bioma de savana mais riores, o Pantanal apresenta baixo endemismo, conceito de
diversos do planeta com mais de 10 mil espécies de plantas. espécies exclusiva de uma determinada região. Para se ter
Como a Mata Atlântica, o Cerrado sofreu profundas al- uma idéia todas as plantas e animais superiores que lá se
terações em decorrência da ocupação antrópica e hoje res- encontram são comuns em outros biomas brasileiros. No
tam menos de 20% da formação original, apontando com entanto, o local se tornou um refúgio para muitas espécies
um dos hotspots de biodiversidade. de animais que se tornaram extintas em outros biomas.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Campos Sulinos estados e mais de 400 municípios. Tem como aspectos dis-
Os Campos Sulinos estendem-se por uma área com mais tintivos sua extensão e a grande variedade de espécies e de
de 200 mil km², entre os estados de Santa Catarina e Rio Gran- ecossistemas.
de do Sul. Na verdade, essa formação insere-se em um bioma O Brasil é banhado pelo Oceano Atlântico, desde o cabo
maior, o chamado “Pampa”, que se estende para além das fron- Orange até o arroio Chuí, numa extensão de 7.408 km, que
teiras com a Argentina e o Uruguai. Trata-se de uma estepe úmi- aumenta para 9.198 km se consideramos as saliências e as
da, com uma composição vegetal uniforme: o campo limpo é reentrâncias do litoral, ao longo do litoral se alternam praias,
destituído de árvores e tem arbustos espalhados e dispersos em falésias, dunas, mangues, recifes, baías, restingas e outras for-
meio a um imenso tapete de gramíneas e leguminosas nativas. mações menores.
O litoral brasileiro apresenta características diversas, que
Zona Costeira levam à seguinte divisão:
A zona costeira brasileira, com mais de 8 mil km de extensão - Litoral Norte: formado por sedimentos recentes, haven-
contínua, é uma das maiores do mundo. Praias, dunas, costões do o predomínio de restingas, lagunas e mangues;
rochosos, recifes e manguezais sucedem-se ao longo da faixa - Litoral Nordeste: nele se localizam belas praias e dunas,
litorânea. Cada um desses ecossistemas apresenta característi- além de alguns importantes portos comerciais;
cas específicas; entre eles, destacam-se os manguezais, que são - Litoral Leste: além de belas praias e portos importantes,
locais de criação para inúmeras espécies de animais marinhos. abriga restingas, mangues, recifes e também algumas barrei-
Zona Costeira ou faixa litorânea corresponde à zona de ras;
transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É - Litoral Sudeste: Caracterizado pelas costas baixas e falé-
uma faixa complexa, dinâmica, mutável e sujeita a vários pro- sias, apresenta também restingas, lagunas e mangues na sua
cessos geológicos. A ação mecânica das ondas, das correntes parte sul. É o mais movimentado do país, com importantes
e das marés são importantes fatores modeladores das zonas portos comerciais, como o de Santos e o do Rio de Janeiro;
costeiras, cujos resultados são formas de erosão ou formas de - Litoral Sul: formado por costas baixas e arenosas, além
deposição. As formas de erosão resultam do desgaste provo- de extensas lagoas no Rio Grande do Sul. Os principais portos
cado pelo impacto do movimento das ondas sobre a costa - são Itajaí, Paranaguá e Rio Grande. Texto adaptado de RO-
abrasão marinha -, sendo mais notória nas arribas. As formas CHA. L. A. B. D
de deposição são consequência da acumulação dos materiais
arrancados pelo mar ou transportados pelos rios, quando as BIOMAS DO RIO GRANDE DO NORTE
condições ambientais são propícias. Resultam praias ou ilhas
barreiras. O dinamismo elevado característico das zonas cos- O Brasil é um dos países com maior biodiversidade do
teiras traduz-se numa constante evolução destas áreas. Algu- planeta, e suas florestas tropicais são reconhecidas como im-
mas formas modificam-se, mudam de posição, umas desapa- portantes repositórios da diversidade biológica global. Cada
recem e outras aparecem. A zona costeira é um sistema que bioma forma uma comunidade de plantas e animais com for-
se encontra num equilíbrio dinâmico, que resulta da interfe- mas de vida e condições ambientais semelhantes. Segundo
rência de inúmeros fatores, quer naturais quer antrópicos. esta autora, as diferentes paisagens naturais estão estreita-
Dos fenômenos naturais que interagem com a dinâmi- mente ligadas ao clima, uma vez que são as diferentes condi-
ca das zonas costeiras podem referir-se a alternância entre as ções de temperatura, chuva e incidência solar que facilitam os
regressões e transgressões marinhas, a alternância entre pe- tipos de vida em cada lugar, como também são influenciadas
ríodos de glaciação e Inter glaciação e a deformação das mar- pelo relevo, solo e as águas continentais.
gens dos continentes. Entre os fatores antrópicos que afetam O Estado do Rio Grande do Norte é composto, basica-
a dinâmica das zonas costeiras, destacam-se: mente, por duas formações florestais, a floresta tropical úmida
- o agravamento do efeito de estufa; da Mata Atlântica e a floresta tropical seca da Caatinga que,
- a ocupação, muitas vezes excessiva, da faixa litoral; apesar de serem ambientes ecologicamente distintos, vêm
- a diminuição de sedimentos que chegam ao litoral pela sendo criticamente ameaçados pelas atividades humanas.
construção de barragens nos grandes rios; A Mata Atlântica abriga uma grande diversidade biológi-
- Desmatamento, a pesca predatória, e captura de caran- ca, possuindo aproximadamente 7% da biodiversidade glo-
guejos, expansão urbana e especulação imobiliária; bal, muitas das quais endêmicas e ameaçadas de extinção.
- a destruição de defesas naturais, que resulta do pisoteio Este bioma compreende um conjunto de formações florestais
das dunas, da construção desordenada, do arranque da co- e ecossistemas associados que incluem a Floresta Ombrófila
bertura vegetal e da extração de inertes. Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta,
- Entre os fatores naturais que afetam a dinâmica das Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual,
zonas costeiras, destacam-se: os Manguezais, as Restingas, os Campos de Altitude, Brejos
- A erosão, o assoreamento, migração de dunas, mortan- Interioranos e Enclaves Florestais do Nordeste. A Mata Atlân-
dade de peixes por “marés vermelhas”. tica é a segunda maior floresta pluvial tropical do continente
- A ação dos fenômenos naturais e antrópicos sobre a americano e originalmente estendia-se de forma contínua ao
zona costeira acelera o processo de erosão dos litorais. longo da costa brasileira. Quando os europeus chegaram ao
A Zona Costeira brasileira é uma unidade territorial, Brasil no século XVI, a Mata Atlântica, caracterizada por sua
definida em legislação para efeitos de gestão ambiental. alta diversidade, cobria um milhão de quilômetros quadra-
Ela se estende por 7.300 km, distância que se eleva para dos, representando 12% do território brasileiro. A explora-
mais de 8.500 km, quando se considera o recorte litorâneo. ção madeireira, o avanço agrícola e o crescimento urbano
Vai do norte equatorial ao sul temperado, passando por 17 foram responsáveis pela destruição de grande parte de sua

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

cobertura vegetal. Atualmente, restam apenas 11,7% da ve- Com relação ao grau de diversidade biológica, de ma-
getação original, e as áreas florestais remanescentes de Mata neira geral, florestas tropicais secas são consideradas menos
Atlântica no Nordeste brasileiro estão usualmente fragmen- diversas que florestas tropicais úmidas, o que, teoricamente,
tadas em pequenas manchas de matas cercadas por exten- poderia justificar o grande interesse da comunidade científi-
sas plantações de cana-de-açúcar ou áreas urbanas. No Rio ca na realização de trabalhos voltados para florestas tropicais
Grande do Norte, devido à ocupação acelerada dessa região, úmidas. Segundo levantamento do Ministério do Meio Am-
vários impactos foram causados a esses ecossistemas, redu- biente, os trabalhos realizados na área das etnociências nas
zindo a Mata Atlântica a pequenos remanescentes. duas últimas décadas apresentaram como ecossistemas mais
A Caatinga, por sua vez, é considerada o maior bioma enfocados, o amazônico (56,7%), a zona costeira (20,9%) e o
semiárido do mundo, com extensão de 84.445.300 hectares cerrado (18,9%). Ainda segundo estes autores, os temas ou
e abrangendo 80% do território da região Nordeste do Brasil assuntos mais frequentemente mencionados são referentes
e 12% do território nacional. É o único bioma exclusivamente à botânica de espécies coletadas, tecnologia, botânica de es-
brasileiro e está presente no Nordeste do Brasil e em Minas pécies cultivadas, seguidos de ictiologia, zoologia e farmaco-
Gerais. A Caatinga apresenta a mais diversa dentre as paisa- logia. Por outro lado, estudos especificamente na área da et-
gens brasileiras, tanto em relação à geomorfologia quanto nozoologia têm se concentrado, em grande parte, na região
aos tipos de vegetações. Os solos são pouco profundos por Nordeste do Brasil. Segundo estes últimos autores, as publi-
causa do intemperismo físico e apresentam muitas vezes alto cações em etnozoologia mostram a Caatinga (19,3%) como
grau de salinidade. Este bioma abrange desde formações de o bioma mais investigado, a Amazônia (17%) o segundo e
Floresta Ombrófila Densa Submontana até formações pionei- a Mata Atlântica (5,6%) como o terceiro mais investigado. É
ras com influência fluvial e/ou lacustre, passando por diversas importante salientar que boa parte dos trabalhos realizados
formações savânicas, além de áreas de tensão ecológica com na região Nordeste está concentrada nos Estados da Bahia e
os biomas adjacentes. Paraíba, evidenciando a importância de estudos em outros
Entretanto, dentre os biomas brasileiros é provavelmente Estados. Além disso, a fauna do Rio Grande do Norte, por
o mais desvalorizado e mal conhecido botanicamente. Se- exemplo, é uma das menos conhecidas do Nordeste brasi-
gundo estes últimos autores, esta situação é decorrente de leiro devido à ausência histórica de expedições científicas no
uma crença injustificada de que a Caatinga é o resultado da Estado, indicando importante campo de investigação ainda a
modificação de uma outra formação vegetal, estando asso- ser desenvolvido. Texto adaptado de TORRES. D. D. F
ciada a uma diversidade muito baixa de plantas, sem espécies
endêmicas e altamente modificada pelas ações antrópicas. Ao
longo dos anos, a Caatinga vem passando por um extenso
processo de alteração e deterioração ambiental provocado PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO
pelo uso insustentável dos seus recursos naturais, o que está BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE.
levando à rápida perda de espécies únicas, à eliminação de
processos ecológicos chaves e à formação de extensos nú-
cleos de desertificação em vários setores da região.
No entanto, apesar de estar, realmente, bastante alterada, O Brasil é, reconhecidamente, donatário de um dos patri-
a Caatinga contém uma grande variedade de tipos vegetacio- mônios hídricos mais importantes do planeta. A magnitude
nais, com elevado número de espécies e também remanes- desse patrimônio dá também a medida da responsabilidade
centes de vegetação ainda bem preservada, que incluem um dos brasileiros quanto a sua conservação e uso sustentável,
número expressivo de táxons raros e endêmicos. em nosso próprio benefício, do equilíbrio ecológico planetá-
Com o objetivo de melhor conservar a biodiversidade rio e da sobrevivência da humanidade.
da Caatinga, o governo brasileiro iniciou ações para a con- O Brasil possui uma das mais extensas e diversificadas
servação deste bioma. Áreas de extremo interesse biológico redes fluviais do mundo, dividida em 12 regiões hidrográ-
foram selecionadas sobrepondo informações de diferentes ficas: Bacia Amazônica, Bacia Tocantins Araguaia, Bacia do
grupos de organismos, e, a partir destas informações, ecor- Paraguai, Bacia Atlântico Nordeste Ocidental, Bacia Atlântico
regiões foram propostas para o bioma Caatinga combinando Nordeste Oriental, Bacia do Paraná, Bacia do Parnaíba, Bacia
dados bióticos e abióticos. De acordo com a classificação o do São Francisco, Bacia do Atlântico Leste, Bacia do Atlântico
bioma Caatinga é composto por oito ecorregiões: Complexo Sudeste, Bacia do Atlântico Sul e Bacia do Uruguai.
de Campo Maior (Piauí e Maranhão), Complexo Ibiapaba (que Uma rede hidrográfica é o conjunto formado pelo rio
compreende especialmente Piauí e Ceará); Depressão Serta- principal e todos os seus afluentes e subafluentes. Conheça
neja Setentrional (que compreende especialmente Rio Gran- as principais do País:
de do Norte, Paraíba e Pernambuco); Planalto da Borborema
(que compreende especialmente Paraíba e Pernambuco); Bacia Amazônica
Raso da Catarina, Depressão Sertaneja Meridional, Complexo Considerada a rede hidrográfica mais extensa do mun-
da Chapada Diamantina e Dunas do São Francisco especial- do, a Bacia Amazônica ocupa uma área total de 7.008.370
mente na Bahia. Dentre as oito ecorregiões estabelecidas, a km2. Esta área vai desde as nascentes, nos Andes Peruanos,
Ecorregião Depressão Sertaneja Setentrional está entre as até sua foz (local onde o rio deságua) no Oceano Atlântico
mais impactadas pela ação antrópica. Esta Ecorregião pos- - 64,88% (ou 3.843.402 km2) desse total ficam em terri-
sui poucas áreas protegidas, em termos de número, área tório brasileiro e o restante está dividido entre a Colôm-
total ou categoria de proteção, mas ainda possui áreas ra- bia (16,14%), Bolívia (15,61%), Equador (2,31%), Guiana
zoavelmente extensas com possibilidade de recuperação. (1,35%), Peru (0,60%) e Venezuela (0,11%).

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

No Brasil, a Bacia Amazônica é compartilhada por sete No litoral do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e
Estados - Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará Pernambuco podem ser encontrados estuários (parte de um
e Mato Grosso. Seus principais rios são Javari, Purus, Madeira, rio que se encontra em contato com o mar), manguezais e
Tapajós e Xingú (pela margem direita) e Iça, Japurá, Negro, lagoas costeiras. O litoral de Alagoas inclui o delta do rio São
Trombetas, Paru e o Jarí (pela margem esquerda). Francisco, compartilhado com Sergipe, e o Complexo Estuari-
no-Lagunar Mundaú / Manguaba.
Bacia Tocantins-Araguaia
Com uma área total de 967.059 km², a Bacia Tocantins-A- Bacia do Paraná
raguaia ocupa 11% do território nacional. Grande parte está A região onde está localizada a bacia do Paraná é de
na Região Centro-Oeste, nos Estados de Goiás, Tocantins, grande importância para o País e tem o maior desenvolvi-
Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. mento econômico do país e atinge 32% da população bra-
Como o próprio nome diz, os dois principais rios dessa ba- sileira. Ocupa 10% do território nacional (879.860 km²) e se
cia são o Tocantins e o Araguaia. O Tocantins nasce no planalto divide entre os Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso
de Goiás, a cerca de 1.000 metros de altitude. Com 1.960 km de do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal.
extensão até sua junção com o rio Araguaia, ele tem como princi- A bacia recebe esse nome por ter o rio Paraná como seu
pais afluentes (rios menores que deságuam no rio principal) os rios principal formador. Com uma extensão de 2750 km até sua
Bagagem, Tocantinzinho, Paranã, dos Sonos, Manoel Alves Grande foz, o Paraná tem como principais afluentes o Paranaíba e o
e Farinha (margem direita) e rio Santa Tereza (margem esquerda). Grande.
Em seus 2.600 km, o Araguaia abriga a maior ilha fluvial Essa região hidrográfica se subdivide em seis grandes
do mundo – a Ilha do Bananal – com 350 km de comprimento rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tie-
e 80 km de largura. tê, apresentando uma vazão média correspondente a 6,5% do
total do país.
Bacia do Paraguai A bacia do Paraná também é a que possui a maior capaci-
O rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, no Mato Gros- dade de produção (59,3% do total nacional) e demanda (75%
so. Ao longo do seu percurso rumo ao sul, recebe vários afluen- do consumo nacional) de energia do país. Existem 176 usinas
tes importantes como o Cuiabá, o São Lourenço, o Taquari, o hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Por-
Miranda e o Negro. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de to Primavera e Marimbondo.
1.095.000 km², sendo 33% no Brasil – Mato Grosso e Mato Gros-
so do Sul - e o restante na Argentina, Bolívia e Paraguai.
Bacia do Parnaíba
A região se divide em duas áreas principais hidrográficas:
Com 344.112 km2 de área (3,9% do território nacional),
Planalto (215.963 km²), com terras acima de 200 metros de
a Bacia do Parnaíba ocupa 99% do Piauí, 19% do Maranhão
altitude, e Pantanal (147.629 km²), que são terras abaixo de
e 10% do Ceará. No Piauí, a água subterrânea representa a
200 metros de altitude, com baixa capacidade de drenagem e
sujeitas a grandes inundações. principal fonte de abastecimento da população. Em áreas
Considerado uma das maiores extensões úmidas contí- semiáridas, nas quais muitos rios são intermitentes (ou seja,
nuas do planeta, o Pantanal funciona como um grande reser- descontínuos, que terminam e recomeçam por intervalos), é a
vatório que retém a maior parte da água oriunda do Planalto única alternativa para os habitantes.
e regulariza a vazão do rio Paraguai. Parte da Bacia do Parnaíba é marcada por um elevado
A baixa capacidade de drenagem dos rios e lagoas que índice de pobreza, e a proporção da população que se encon-
se formam no Pantanal, juntamente com a influência do clima tra em zonas rurais (40%) é alta em relação à média nacional
da região, faz com que cerca de 60% da água proveniente do (18,2%). Nessa região, a utilização média de água por hectare
Planalto seja perdida por evaporação. é superior à média do Brasil. Um dos motivos para isso é a
intensa perda de água para a atmosfera, causada pela evapo-
Bacia Atlântico Nordeste Ocidental ração a partir do solo e pela transpiração das plantas.
Localizada no Estado do Maranhão e em uma pequena
porção oriental do Pará, fazem parte da região hidrográfica Bacia do São Francisco
do Atlântico Nordeste Ocidental os rios Gurupi, Turiaçu, Peri- Conhecido como o rio da integração nacional, o São
cumã, Mearim, Itapecuru, Munim e a região do litoral do Ma- Francisco tem sido cenário de fatos históricos do país. Sua re-
ranhão. Com uma área de 254.100 km2, a bacia atinge 233 gião hidrográfica abrange sete Estados: Minas Gerais, Distrito
municípios, sendo 9% no Pará e 91% no Maranhão. Federal, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Com cerca de 2.700 km de extensão, o São Francisco nas-
Bacia Atlântico Nordeste Oriental ce na Serra da Canastra (MG) e corre para o norte, seguindo
A Bacia do Atlântico Nordeste Oriental não tem grandes rios até Pernambuco, onde muda o percurso para o Sudeste e de-
e, por isso, apresenta baixa disponibilidade de água em relação sagua no Oceano Atlântico entre Alagoas e Sergipe. Ao todo
à demanda local, principalmente em períodos de estiagem. Seus são 168 afluentes, dos quais 99 constantes e 69 intermitentes.
principais rios são o Capibaribe, Paraíba, Jaguaribe e Acaraú. As hidrelétricas da bacia do São Francisco são responsá-
Os 287.348 km2 (3% do território brasileiro) dessa bacia veis por grande parte do abastecimento de energia da Re-
atingem cinco Estados do Nordeste e suas capitais (Ceará, Rio gião Nordeste. São 33 usinas em operação – nove no pró-
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas), dezenas de prio rio São Francisco. Além disso, as barragens também
núcleos urbanos e um grande parque industrial. Além disso, são usadas para abastecimento, lazer e irrigação.
a região reúne diversas bacias costeiras de pouca extensão.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Bacia do Atlântico Leste


Com uma área que corresponde a 8% do país (374.677 km²), a região hidrográfica do Atlântico Leste inclui parte dos
Estados de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Atinge 526 cidades, alguns grandes núcleos urbanos e um parque
industrial.
Entre seus principais rios estão o Paraguaçu, Contas, Salinas, Pardo, Jequitinhonha e Mucuri. Além disso, nas bacias
costeiras, entre Sergipe e Espírito Santo, também existe uma grande diversidade de rios, córregos e riachos.

Bacia do Atlântico Sudeste


Região mais populosa do país, o Sudeste também possui o maior pólo econômico e industrial do Brasil. Por isso, a re-
gião hidrográfica do atlântico sudeste distribuída pelos Estados do Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo e o litoral do Paraná - possui grande importância no cenário econômico nacional.
Com uma área de 229.972 km2, equivalente a 2,7% do território brasileiro, seus principais rios são o Paraíba do Sul e
Doce, com respectivamente 1.150 e 853 km. Além desses, vários outros rios de menor porte formam as seguintes bacias:
São Mateus, Santa Maria, Reis Magos, Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira e litorais do Rio de Janeiro e de São
Paulo.
Por ser a mais populosa e industrializada, a região tem uma grande demanda de água (10% do total nacional), sendo
41% para a área urbana e 15% para a área industrial.

Bacia do Atlântico Sul


A região hidrográfica Atlântico Sul tem início na divisa dos Estados de São Paulo e Paraná e se estende até o Arroio Chuí,
no extremo sul do país. Com uma área total de 185.856 km2 (2% do país) a região abrange partes dos Estados do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na bacia do Atlântico Sul, predominam rios de pequeno porte que escoam diretamente para o mar. As exceções mais
importantes são os rios Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água. Na região do Rio Gran-
de do Sul são encontrados rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Vacacaí e Camaquã.

Bacia do Uruguai
Com 2.200 km de extensão, o rio Uruguai nasce na junção dos rios Pelotas e Peixe, e segue em direção ao oeste dividin-
do os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em seu caminho, ele também se une com o rio Peperi-Guaçu, servindo
de fronteira entre Brasil e Argentina. Seguindo na direção sudoeste, o Uruguai se une com o rio Quarai (que limita o Brasil
e o Uruguai) e daí toma a direção sul, passando a dividir Argentina e Uruguai até a sua foz.
A região hidrográfica do Uruguai tem grande importância para o país, pois atende a agroindústria e tem grande poten-
cial hidrelétrico. Junto com as regiões hidrográficas do Paraná e Paraguai, ela forma a grande bacia do Prata.
A bacia do Uruguai se divide entre os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua área total 385.000 km2, sendo
que 45% em território nacional.

BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO NORTE

O território potiguar é banhado por dezesseis bacias hidrográficas, sendo quatro delas de domínio federal as bacias dos
rios Piancó-Piranhas-Açu, Jacu, Curimataú e Guaju responsáveis pela drenagem de 20.258,1km², equivalente a 38% do ter-
ritório potiguar. O volume total de águas superficiais dessas quatro bacias é de aproximadamente 3,296 bilhões de metros
cúbicos, o que representa 67,5% das águas superficiais do estado. Nessa estatística não estão incluídas as águas federais
dos reservatórios construídos em rios estaduais com recursos financeiros da União.
As águas federais presentes no estado estão concentradas, principalmente, na bacia do rio Piancó-Piranhas-Açu, que
inclui as sub-bacias dos rios Espinharas e Seridó, nas bacias dos rios Curimataú, Jacu e Guaju e nos açudes públicos Enge-
nheiro Armando Ribeiro Gonçalves, Bonito II, Flechas, Pau dos Ferros, Marcelino Vieira, Pilões, Riacho da Cruz II, Morcego,
Mendubim, Alecrim, Sabugi, Itans, Cruzeta, Zangarelhas, Marechal Dutra, Dourado Poço Branco, Inharé, Trairí e Japi II.

BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO NORTE

O Estado do Rio Grande do Norte atualmente se encontra com o acesso aos recursos hídricos limitado, visto que o
volume hidrográfico de seus reservatórios apresentes uma redução significativa. Nesse sentido. Além dos aspectos sociais
que são tomados como prioridade, discute-se ainda a questão econômica, pois inúmeras atividades são totalmente depen-
dentes da água. Nesse sentido, o Figura 01 mostra a evolução do volume do reservatório aparente desse estado entre os
anos 2012 e 2015.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Fonte: (SILVA et al, 2016)

Ao observarmos o Figura 01, podemos perceber que a realidade do Estado do Rio Grande do Norte é muito próxima
das condições enfrentadas pela região Nordeste. Frete a essa discussão, a Secretaria da Administração e dos Recursos Hu-
manos – SEARH-RN (2015) aponta para um cenário de precariedade no que se refere aos volumes de água ainda existentes
em algumas bacias hidrográficas desse estado. O Figura 02 expõe as condições das bacias do Rio Grande do Norte:

Fonte (SILVA et al, 2016).

Podemos constatar a parir do Figura 02 que 66,7% das bacias que beneficiam o Rio Grande do Norte se encontram
com seus volumes abaixo de 50% da capacidade. Nesse contexto, a Bacia de Trairi apresenta o menor percentual, visto que
comporta apenas 5,20% da sua capacidade hídrica. As bacias de Potengi, Ceará-Mirim, e Piranhas/Assú também estão com
os volumes significativamente reduzidos.
Entretanto, alguns projetos estão sendo implantados para melhorar as condições do fornecimento de água à popula-
ção. Conforme a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH (2015), atualmente no âmbito esta-
dual atua o Programa Água para Todos que tem como objetivo garantir o amplo acesso à água para as populações rurais
dispersas e em situação de extrema pobreza, seja para o consumo próprio ou para a produção de alimentos e a criação de
animais, possibilitando a geração de excedentes comercializáveis para a ampliação da renda familiar dos produtores rurais.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Além disso, temos ainda a implantação do Programa tão mais eficiente frente ao consumo dos recursos hídri-
Água Doce, que visa o estabelecimento de uma política cos é uma urgência mundial, uma vez que o acesso a esse
pública permanente de acesso à água de boa qualidade recurso ocorre de forma desigual e não eficiente, o que
para o consumo humano, promovendo e disciplinando intensifica os efeitos da crise hídrica. Desse modo, a atua-
a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de ção consciente da sociedade é a medida mais viável para
dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis para combater a falta de água.
atender, prioritariamente, as populações de baixa renda em A intensificação das atividades agrícolas e industrias,
comunidades difusas do semiárido. Ainda com base na SE- juntamente com o crescimento urbano contribuíram de
MARH (2015), o Programa de Desenvolvimento Sustentá- forma direta para desencadear a crise hídrica a nível mun-
vel e Convivência com o Semiárido Potiguar também está dial. Assim, as problemáticas resultantes da crise hídrica se
presente no Rio Grande do Norte e busca contribuir para o apresentam como uma urgência, uma vez que a água é um
desenvolvimento a partir da gestão da água devido a sua recurso indispensável para a manutenção das necessidades
fundamental importância para a manutenção da vida, para humanas e do ambiente.
a melhoria do bem estar social e desenvolvimento econô- No Estado do Rio Grande do Norte, a redução dos vo-
mico das populações, principalmente daquelas que vivem lumes hídricos é uma problemática que está se intensifi-
distantes das principais fontes de suprimentos. cando de forma progressiva. Entretanto, algumas medidas
Com base nos principais fatores responsáveis pelo paliativas estão sendo empregadas, dentre elas, destaca-se
agravamento da crise hídrica, podemos afirmar que uma a implantação de programas que propiciam a ampliação
série de medidas podem ser empregadas para reduzir os do acesso a água, principalmente pela população mais ca-
impactos desse fenômeno não apenas sobre a qualidade rente e pelos produtores rurais. Texto adaptado de SILVA.
de vida da população, mas para a segurança hídrica do pla- M. M. N. D et al.
neta como um sistema único. Nesse sentido, o desenvol-
vimento de políticas públicas voltadas a preservação dos
reservatórios representa um avanço significativo frente ao
combate dessa problemática, além de auxiliar no desen- PRINCIPAIS ASPECTOS AMBIENTAIS DO
volvimento ambiental e propiciar uma maior rentabilidade BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE:
dos recursos hídricos. Junto a isso, implementação de no- TERRITÓRIOS INDÍGENAS E UNIDADES DE
vos reservatórios se configura como uma medida com altas CONSERVAÇÃO.
potencialidades junto a erradicação das vulnerabilidades
associadas a falta de água, além de auxiliar no desenvol-
vimento das atividades econômicas, uma vez que a água
é um bem indispensável em qualquer setor de produção. Os direitos territoriais de povos e populações tradicio-
Além disso, a aplicação de práticas sustentáveis nos nais no Brasil foram conquistados a partir de lutas e reivin-
mais diversos sistemas produtivos também podem auxiliar dicações ocorridas na história recente do país.
no uso consciente e adequado dos recursos hídricos e no Os indígenas e os quilombolas têm direitos territoriais
desenvolvimento social. Ressalta-se nesse contexto que a especialmente previstos na Constituição Federal. Outras
adoção de medidas ecologicamente corretas e igualita- populações tradicionais também lograram esses direitos, a
riamente justas devem ser empregadas mais intensamen- partir da criação de Unidades de Conservação de Uso Sus-
te nos setores industrial e agropecuário, visto que são os tentável (UCUS), previstas na legislação federal brasileira.
principais responsáveis pela degradação dos mananciais a Para entender a importância do território para povos e
da emissão de poluentes não tratados junto aos leitos dos populações tradicionais, é preciso compreender o seu sig-
rios e outros reservatórios. nificado. A territorialidade funciona como fator de identifi-
O planejamento urbano em escala nacional também é cação, defesa e força, mesmo quando se trata de apropria-
indispensável para a redução dos danos proporcionados ções temporárias dos recursos naturais, por grupos sociais
pela crise hídrica, uma vez que a partir dessa medida seria classificados muitas vezes como “nômades” e “itinerantes”.
possível controlar a ocupação do espaço e proporcionar Laços solidários e de ajuda mútua informam um conjun-
áreas aproprias para uso urbano, evitado que ambientes to de regras firmadas sobre uma base física considerada
necessários a preservação dos mananciais e reservatórios comum, essencial e inalienável, não obstantes disposições
sejam ocupados. Além disso, a partir do planejamento ur- sucessórias porventura existentes. Além do espaço de re-
bano outros problemas seriam amenizados, dentre eles, o produção econômica das relações sociais, o território é
destino inadequado dos efluentes domésticos, que apre- também o lócus das representações mentais e do imagi-
senta potencial altamente danoso para a conservação dos nário mitológico dessas sociedades, onde as representa-
recursos hídricos. ções simbólicas que essas populações fazem dos diversos
Verifica-se ainda que a ampliação da infraestrutura habitats em que vivem, também dependem de um maior
para o tratamento da água juntamente com a redução dos ou menor controle que dispõem sobre o meio físico”. Defi-
índices de desperdício desses recursos são necessidades ne-se territorialidade como o esforço coletivo de um grupo
extremas, visto que a água é um recurso não renovável e social para ocupar, usar, controlar e se identificar com uma
se encontra em um processo de estagnação. Associado a parcela específica de seu ambiente biofísico, convertendo-
todos esses fatores, a adoção de estratégias para uma ges- se assim em seu território. Assim considera-se que: a no-

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

ção de pertencimento a um lugar agrupa tanto os povos cionais”, mas a abrangência dessa noção está a cargo da
indígenas de uma área imemorial quanto os grupos que Comissão Nacional de Povos e Populações Tradicionais,
surgiram historicamente numa área através de processos também criada pelo Decreto n° 6.040/07.
de etnogênese e, portanto, contam que esse lugar repre- Outra questão relevante trazida pelo decreto foi o
senta seu verdadeiro e único homeland. Ser de um lugar estímulo à criação de UCUS em áreas em que se deseje
não requer uma relação necessária com etnicidade ou com conservar a biodiversidade onde vivem populações tradi-
raça, que tendem a ser avaliadas em termos de pureza, mas cionais, de forma a orientar os órgãos ambientais quando
sim uma relação com um espaço físico determinado. da criação de novas unidades de conservação. Assim, vale
A questão dos direitos dos povos tradicionais passa observar que as populações tradicionais não-indígenas ou
pelo reconhecimento das respectivas leis consuetudinárias não-quilombolas têm seus direitos territoriais previstos no
que esses povos mantêm, particularmente no que se re- Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natu-
fere a seus regimes de propriedade. Essa situação conduz reza (SNUC), instituído pela Lei nº 9.985/001, dentro das
ao reconhecimento da noção de pluralismo legal, conceito categorias Reservas Extrativistas (Resex) e Reservas de De-
que vem sendo trabalhado tanto dentro da antropologia senvolvimento Sustentável (RDS), ainda que nas Florestas
quanto no âmbito do direito. Nacionais também seja assegurada a presença de popu-
Na Constituição Federal de 1988, os direitos indígenas lações tradicionais. O objetivo dessas unidades é proteger
estão previstos em capítulo específico, nos artigos 231 e os meios de vida e a cultura de populações extrativistas e
232, e abrangem a sua organização social, costumes, lín- tradicionais, garantir o uso sustentável de recursos naturais
guas, crenças e tradições. Os direitos sobre as terras tradi- da unidade, aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de
cionalmente ocupadas são originários, o que implica prece- manejo por populações tradicionais, e promover a conser-
dência ligada às raízes históricas da presença indígena no vação da biodiversidade.
Brasil. São terras utilizadas para atividades imprescindíveis O Brasil apresenta atualmente 310 UC federais, com
à preservação dos recursos ambientais para o bem-estar uma área total de aproximadamente 78 milhões de hec-
dos indígenas e necessárias à sua reprodução física e cultu- tares (ICMBio, 2010). As categorias de UC são distribuídas
ral, segundo seus usos, costumes e tradições. Destinam-se em dois grandes grupos, de acordo com a Lei do SNUC:
à posse permanente dos indígenas, com usufruto exclusivo UC de Uso Sustentável (UCUS), que admitem a presença e
das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
os usos humanos diretos e UC de Proteção Integral (UCPI),
A demarcação das terras indígenas é descrita no De-
onde a moradia é proibida e os usos são restritos. Segundo
creto nº 1.775/96. O processo administrativo inicia-se com
o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, do Mi-
estudos antropológicos de identificação e delimitação; a
nistério do Meio Ambiente (MMA, 2010), existem 10 RDS
demarcação é instituída por portaria do Ministro da Justiça
e 03 Resex estaduais administradas por institutos estaduais
e homologada por decreto presidencial.
As populações quilombolas também têm direitos ter- de meio ambiente, sendo apenas uma RDS federal e 59
ritoriais garantidos, nos termos do art. 68 do Ato das Dis- Resex federais administradas pelo ICMBio, autarquia ligada
posições Constitucionais Transitórias (ADCT). Aos quilom- ao Ministério do Meio Ambiente.
bolas, é reconhecido o direito de propriedade das terras Assim, constituem categorias de Territórios Tradicio-
que ocupam, em caráter definitivo, cujo título é assegu- nais: i) as Terras Indígenas; II) os Territórios Quilombolas; III)
rado pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária e Colo- as Reservas Extrativistas; e IV) as Reservas de Desenvolvi-
nização (Incra), bem como por órgãos dos Estados ou dos mento Sustentável.
Municípios com essa competência. O Decreto nº 4.887/03 As Unidades de Conservação, as Terras Indígenas e os
regulamenta o rito de demarcação e titulação das terras Territórios Quilombolas são considerados Áreas Protegi-
quilombolas. das pelo Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas
O processo envolve a identificação, o reconhecimento, (PNAP), instituído pelo Decreto nº 5.758/06, que prevê es-
a delimitação, a demarcação e a titulação das terras ocupa- tratégias para a gestão compartilhada entre elas.
das pelos remanescentes das comunidades de quilombos. No campo internacional, a Convenção sobre Diversida-
Atualmente existem 102 Territórios Quilombolas no país, de Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário por conta
segundo dados do Incra, sendo1.523 populações certifi- do Decreto Legislativo nº 02/04, prevê que cada país deve,
cadas pela Fundação Palmares e 3.554 populações iden- de acordo com a legislação nacional, respeitar, preservar e
tificadas. Há 984 processos abertos no Incra para a titula- manter o conhecimento, inovações e práticas das popula-
ção de territórios quilombolas. Como se vê, a Constituição ções locais e populações indígenas com estilo de vida tra-
brasileira é orientada pelo multiculturalismo, ao conferir dicionais relevantes à conservação e à utilização sustentá-
proteção às manifestações culturais dos diferentes grupos vel da diversidade biológica.
sociais e étnicos formadores da sociedade brasileira, asse- A Convenção nº 169 da Organização Internacional do
gurando-lhes identidade étnica e cultural enquanto povos Trabalho (OIT), sobre direitos dos Povos Indígenas e Tribais,
diferenciados. prevê que os governos deverão tomar medidas, em coo-
Além dos direitos territoriais de indígenas e quilombo- peração com os povos em questão, para proteger e pre-
las, os direitos territoriais de outras populações tradicionais servar o meio ambiente dos territórios em que habitam e
também são assegurados no Brasil, pois a Política Nacional deverão também consultar os povos em questão, mediante
de Povos e Populações Tradicionais, instituída pelo Decreto procedimentos apropriados, toda vez que sejam examina-
nº 6.040/07, trouxe a figura dos “Territórios Tradicionais”. das medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de
O decreto ainda previu o conceito de “populações tradi- afetar-lhes.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Conforme se depreende, tanto o Direito Internacional Os indígenas foram tidos como causadores de impac-
como o ordenamento jurídico brasileiro preveem não só os tos ambientais na área, por influência de madeireiros, e,
direitos territoriais de povos e populações tradicionais, mas assim, os que não foram expulsos do parque ficaram com
também o direito de participarem das medidas que possam uma área de 210 hectares. Após anos de enfrentamento, a
atingir-lhes, como obras de infraestrutura e projetos de lei. negociação entre o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvi-
mento Florestal (IBDF) e a Funai gerou a criação da T.I. Barra
Sobreposições de áreas protegidas Velha, em 1991, com apenas 8.627 hectares, deixando de fora
No Brasil, existem atualmente 70 casos de sobreposição diversas aldeias. O fato gerou a criação, em 1999, de um gru-
de áreas protegidas. São sobreposições de Terras Indígenas po de trabalho, mas cujo relatório não foi levado a termo. O
com UC e de Territórios Quilombolas com UC. Além disso, há povo Pataxó retomou o PNMP em agosto do mesmo ano e
diversos casos de presença de populações tradicionais em expulsou funcionários do Ibama do local.
UCPI e pelo menos um caso em que Terra Indígena e Terri- Em 2000 foi proposto um termo de acordo entre os Pa-
tório Quilombola foram estabelecidos em áreas limítrofes. taxós e o Governo Federal, mas, ele foi assinado somente
Trata-se de conflitos territoriais que ora expõem um apa- pelas populações indígenas. Dois anos depois, foi firmado
rente antagonismo entre direitos culturais e direitos ao meio um termo de cooperação técnica entre o ministério do Meio
ambiente, ora refletem a dificuldade de conciliar o uso e o Ambiente e Justiça, o Ibama e a Funai. De 2002 a 2005, na
manejo sustentável de recursos naturais com preservação da perspectiva da co-gestão do território, foram implementados
biodiversidade in situ. Isso ocorre porque o planejamento projetos de fiscalização com participação dos Pataxós, edu-
governamental desses territórios é desarticulado. cação ambiental, recuperação de áreas degradas, segurança
Falta maior interlocução entre os órgãos responsáveis alimentar e sistemas agroflorestais. Um estudo antropológi-
pela criação de áreas protegidas. Por exemplo, não é raro co sugeriu a ampliação da terra ocupada pelo povo Pataxó,
uma UC ser criada sobre uma terra indígena, ou o órgão publicado no Diário Oficial da União em 29/02/2008, para
indigenista delimitar terras indígenas no interior de UC. O uma área de 52.748 ha.
uso de recursos naturais, expressão das práticas e da cul- Os relatórios circunstanciados de revisão de limites da
tura tradicional indígena, por vezes contradiz os objetivos T.I. Barra Velha propõem uma área duas vezes e meia a área
pelos quais a unidade foi criada, quando esta prevê apenas atual da UC e quase cinco vezes a área da T.I. Barra Velha. A
o uso indireto do território. Também há casos em que a UC, proposta de revisão de limites ainda aguarda homologação
pela categoria de manejo de proteção integral, inviabiliza as do governo e sua aceitação é incerta.
práticas agroextrativistas de quilombolas e outras popula-
ções tradicionais, gerando conflitos na gestão ambiental e Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação
territorial.
A área de sobreposição entre as Terras Indígenas e UC São seis os casos de sobreposição entre unidades de con-
soma um total de 8.583.013,92 hectares e ocorrem em sua servação federais e territórios quilombolas, cujos conflitos,
maioria na Amazônia Legal. A sobreposição entre Territórios uma vez oficializados, tramitam na Câmara de Conciliação da
Quilombolas e UC perfaz um total de 2.641 hectares. Advocacia Geral da União (AGU), instância por meio da qual
os órgãos do governo federal competentes discutem os casos
Terras Indígenas e Unidades de Conservação de sobreposição, visando uma alternativa às controvérsias.
É expressivo o número de sobreposição entre Terras In- Alguns aspectos adicionais problematizam ainda mais a
dígenas e UC Federais em todo o país. Um caso localizado questão. As populações de Santo Antônio do Guaporé (RO) e
no extremo sul da Bahia exemplifica este tipo de sobrepo- Cunani (AP) estão em região de fronteira com outros países. As
sição, o conflito advindo com o estabelecimento de UCPI, populações de Mumbuca (MG) e Santo Antônio do Guaporé
no Bioma Mata Atlântica, em Terra Indígena ocupada pelo (RO) têm sobreposição com fazendas ou assentamentos do
Povo Pataxó. Na região, foram estabelecidas duas UC: O Par- Incra na mesma área. Há populações em que o laudo antro-
que Nacional do Descobrimento (PND) e o Parque Nacional pológico, etapa fundamental para a conformação do território
Monte Pascoal (PNMP), que se sobrepõem ao território in- quilombola, não foi concluído, como é o caso de Cunani (AP).
dígena. Há relato de expulsões arbitrárias no período pré-conciliatório,
O PNMP foi criado pelo Decreto nº 242, de 29/11/1961, em Tambor (AM) e Santo Antônio do Guaporé (RO).
com 22.500 hectares, para conservar uma amostra represen- Com a entrada em vigor do artigo 68 da ADCT, em 1988,
tativa dos ecossistemas de Mata Atlântica na transição entre a invisibilidade dessas populações começa a ser rompida e
o litoral e a floresta pluvial dos tabuleiros terciários, fomen- seu direito fundamental à autodeterminação sociocultural
tar atividades de educação ambiental e proteger o Monte passa e ser reconhecido. Também em Constituições de diver-
Pascoal, marco histórico do Brasil. sos estados da Federação, segundo Souza (2008), há artigos
Os grupos indígenas foram aldeados compulsoriamen- que passaram a tratar da matéria, como é o caso do Mara-
te pelo governo da província baiana em 1861 na localidade nhão, Bahia, Goiás, Pará e Mato Grosso. A autora relata que
conhecida como Barra Velha, o que atesta a presença dos in- também existe legislação sobre direitos quilombolas em ou-
dígenas há pelo menos cem anos antes da criação do PNMP. tros estados, posteriores às constituições estaduais, como é
O fato suscita o questionamento de que, por ter sido ocu- o caso do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco,
pação indígena há mais de um século, a região foi poupa- Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, num
da da exploração verificada em áreas não indígenas e, por total de onze estados que possuem legislação específica
isso, ainda se encontrava preservada, com atributos que sobre o procedimento de regularização fundiária dos terri-
justificavam a criação de uma UCPI. tórios quilombolas.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

O processo de definição conceitual das populações Terras Indígenas e Territórios Quilombolas


quilombolas e dos elementos que constituem o seu ter- Atualmente, não existem casos de sobreposição entre
ritório só adveio definitivamente por meio do Decreto n° Terras Indígenas e Territórios Quilombolas no Brasil. No en-
4.887/03, segundo o qual são considerados remanescentes tanto, é interessante atentar para o processo em Conceição
de populações dos quilombos os grupos étnico-raciais, se- das Crioulas, distrito do Município de Salgueiro, sertão do
gundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica Estado de Pernambuco, distante 550 quilômetros da capi-
própria, dotados de relações territoriais específicas, com tal, Recife. A comunidade é composta por 16 núcleos po-
presunção de ancestralidade negra relacionada com a re- pulacionais, onde residem cerca de 4.000 pessoas (Portal
sistência à opressão histórica sofrida. Salgueiro, 2009). Grupos alheios ao processo de conquista
Os territórios quilombolas, de acordo com o decreto, dos direitos garantidos constitucionalmente a essas po-
“são terras ocupadas por remanescentes das populações pulações se aproveitam da desarticulação entre os órgãos
dos quilombos utilizadas para a garantia de sua reprodu- governamentais gestores dessas áreas e da inefetividade
ção física, social, econômica e cultural” (art. 2º, § 2º). da implementação das políticas públicas específicas para
Outros elementos do ordenamento jurídico brasileiro cada grupo para incitar focos de conflito. De acordo com
que se relacionam com as populações quilombolas são a os moradores, a comunidade quilombola teve início no sé-
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Po- culo XIX, com a chegada de seis crioulas à região.
vos e Populações Tradicionais e a Convenção nº 169 da As imediações são habitadas também pelos indígenas
Organização Internacional do Trabalho, já mencionadas. A da etnia Atikum, com quem essas mulheres e seus descen-
Política de Populações Tradicionais, em seu artigo 3º, diz dentes passaram a conviver em harmonia. Muitas famílias
respeito à definição da territorialidade e a Convenção traz teriam surgido da união dos negros com os indígenas e
como um de seus pontos centrais, também incorporado ainda vivem na região. A Terra Indígena Atikum foi reco-
pelo Decreto n. 4.887/03, o elemento da autodetermina- nhecida e homologada por decreto presidencial, em 1996,
ção. e conta com pouco mais de 16 mil hectares, limítrofes à
O que se busca na situação em que há sobreposição Conceição das Crioulas. O Território Quilombola de Concei-
entre direitos ambientais e culturais é o princípio da har-
ção das Crioulas, por sua vez, teve certidão expedida pela
monização. De acordo com a autora, as situações que se
Fundação Cultural Palmares, em 2000, com área de apro-
configuram mais problemáticas são aquelas em que há
ximadamente 17 mil hectares. A certificação do território
sobreposição de UCPI e outras áreas protegidas. Nesse
foi concedida à Associação Quilombola de Conceição das
caso, tem-se uma categoria mais restrita de espaços es-
Crioulas (AQCC) sem que fossem adotadas as necessárias
pecialmente protegidos, onde não há possibilidade, pela
providências para a desapropriação das fazendas da área.
legislação ambiental, de convivência entre as populações
tradicionais e o ambiente protegido. A relação entre indígenas e quilombolas não é confli-
Partindo da premissa de que toda a atividade antrópica tuosa, em geral, segundo relatos de ambos os grupos. Há,
tem um impacto sobre o ambiente, a autora afirma que, sim, diversos casos de violência e de intimidações por par-
quando o ecossistema não suporta a presença humana es- te dos fazendeiros da região aos moradores de Conceição
sas populações têm de ser retiradas e reassentadas, com das Crioulas. A necessidade de um novo estudo da terra
base no artigo 42 do SNUC. Quando é verificado que há que contemple núcleos de famílias Atikum que estão fora
possibilidade de convivência, recomenda a reclassificação dos limites da terra indígena. Uma parcela da população
para Unidade de Conservação de Uso Sustentável. não quilombola que hoje habita a Serra das Crioulas e a
A análise das indicações dos processos de conciliação área circunvizinha, denominada “pé da serra”, tem-se au-
em curso na AGU aponta a incompatibilidade entre os ins- to-declarado indígena Atikum Pé-da-Serra com a intenção
trumentos legais para a garantia tanto dos direitos ambien- de ampliar a Terra Indígena Atikum dentro dos limites do
tais quanto dos direitos culturais, sendo necessária uma território quilombola.
harmonização entre os princípios e os instrumentos legais A situação conflituosa acirrou-se após a entrega, no úl-
que regulamentam os mencionados direitos. Os critérios timo dia 20 de novembro de 2009, do Decreto Presidencial
para a avaliação do impacto antrópico sobre um ecossiste- que considera o Território de Conceição das Crioulas como
ma ainda não se encontram claramente definidos, no que de interesse social, última etapa formal, antes da desintru-
se refere à implantação de UC no Brasil. As populações têm são das propriedades particulares e titulação definitiva.
convivido com esses ambientes naturais por séculos e, na Outras tensões presentes na região, que compõem
maioria dos casos, implicando em reduzidos impactos so- o cenário em torno dos conflitos, como disputas político
bre ele. -partidárias nas eleições municipais; tentativas de acesso
A criação de UCs sobre territórios quilombolas oficial- ao sistema de assistência nas áreas de educação e saúde;
mente criados só é legalmente possível quando se tratar e mecanismos de manipulação do sistema previdenciário.
de categoria de uso sustentável. Nos casos em que se pre-
tende criar UCPI, somente seria adequada a criação com o Unidades de Conservação e populações tradicionais
consentimento prévio das populações quilombolas afeta- No Brasil, existem diversos casos de populações tra-
das, com a previsão das restrições que irão sofrer, sob pena dicionais limitadas pela criação de UCPI. Este é o caso da
de nulidade absoluta do ato que instituiu a UC, pois os di- Estação Ecológica Juréia-Itatins, criada em 1986. Esta UC
reitos territoriais quilombolas são anteriores, indisponíveis localiza-se nos municípios de Iguape, Miracatu, Itariri e Pe-
e irrenunciáveis perante a UC. ruíbe, no sul de São Paulo. Pertence à esfera estadual e é

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administrada pela Fundação Florestal, ligada à Secretaria Os direitos ambientais e culturais estão, portanto, no
Estadual de Meio Ambiente. Ocupa uma área de 79.830 mesmo patamar de proteção constitucional. Para evitar as
hectares no Bioma Mata Atlântica. Assim como outras UC sobreposições e reproduzir processos de desigualdade so-
no país, apresenta conflitos relacionados à permanência de cial, é fundamental que os órgãos competentes planejem
população humana no seu interior e ao uso de recursos de forma articulada a criação de áreas protegidas, visando
naturais. ordenar territórios a partir de uma visão sistêmica, na pers-
A Estação é constituída por moradores tradicionais e pectiva cultural e socioambiental. A criação de uma nova
não-tradicionais, com diversas formas de ocupação: pos- categoria de unidade de conservação no âmbito do SNUC
seiros (indivíduos que têm posse na área, mas sem título poderia evitar os conflitos decorrentes das sobreposições,
de propriedade; inclui os que desbravaram a área para mo- instituindo-se um manejo integrado entre o uso susten-
radia e os que adquiriram a área por compra e venda de tável de recursos naturais pelas populações indígenas ou
direitos possessórios); proprietários (têm título legítimo de quilombolas e os usos indiretos que promovam a adequa-
propriedade da terra); empregados/caseiros; meeiros (tra- da preservação da biodiversidade. No que se refere às so-
balham como produtores, e não empregados, dividindo a breposições identificadas, o maior número de casos ocorre
produção com o proprietário ou posseiro); comodatários entre Terras Indígenas e Unidades de Conservação e estão
(são produtores, ocupam a terra por muitos anos, não pos- situados na Amazônia.
suem vínculo empregatício e não alegam direitos sobre a Uma possível solução é promover a gestão comparti-
terra). lhada pactuada entre os órgãos ambientais e indigenistas,
A população local é reconhecida como caiçara (oriunda com as populações indígenas envolvidas, de modo a asse-
da fusão entre portugueses e índios) e tem tradições, cren- gurar o uso sustentável de recursos naturais imprescindí-
ças, alimentação e artesanato próprios, que caracterizam veis à manutenção da cultura indígena e ao mesmo tempo
a sua cultura. São, em sua maioria, pescadores, mateiros, preservar a biodiversidade. No caso da sobreposição en-
caçadores, palmiteiros e caxeteiros (extratores de recur- tre Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação, a
sos para produção de lápis). Anteriormente a 1987, havia mesma solução – a gestão compartilhada – pode constituir
uma boa alternativa. As unidades de conservação a serem
forte abuso de poder e violência, resultantes dos conflitos
criadas devem excluir os territórios quilombolas, mas po-
fundiários, com registro de mortes de grileiros e jagunços.
dem estar limítrofes a eles, formando um mosaico de áreas
Com a criação e efetivação da UC, as agressões provocadas
protegidas. Adicionalmente, nos casos em que o território
por grandes proprietários de terra diminuíram. Em 1992,
quilombola ainda não estiver titulado, havendo presença
foram editados alguns decretos declarando a desapropria-
de comunidade quilombola em Unidade de Conservação
ção de terras na região da UC, com finalidade de utilida- de Proteção Integral, ao invés de reassentar a comunida-
de pública. Do total de quase 80.000 hectares da Estação, de, ou recategorizar a unidade, uma solução é desafetar a
47.000 são de propriedade do Estado. O restante envolve unidade, no todo ou em parte, para proceder a titulação do
escrituras falsas, grilagem e termos de posse irregulares. Território Quilombola, a fim de que as políticas públicas es-
A Estação possui 366 famílias, distribuídas em popu- pecíficas sejam implementadas pelos órgãos competentes.
lações em diversos locais da UC. Deste total, 117 famílias No entanto, os órgãos ambientais apoiariam as populações
mantêm laços históricos com a região e vivem de ativida- na gestão ambiental do Território Quilombola, visando o
des agrícolas e pesqueiras compatíveis com a manutenção manejo sustentável dos recursos naturais.
da UC; 150 são pequenos agricultores de outras regiões do Nos casos de outras populações tradicionais, a reca-
país, com prática, geralmente, de monoculturas; 99 famílias tegorização da UC para Resex ou RDS pode ser uma so-
ocuparam a área após a criação da UC e trabalham na pres- lução, mas desde que seja trabalhada a partir de critérios
tação de serviços diversos. Estas populações apresentam objetivos e claros, para evitar distorções ou atender a inte-
características sociais e culturais próprias e distintas entre resses econômicos e oportunistas. Também os acordos e
si. termos de compromisso firmados entre o órgão ambiental
As famílias tradicionais e agrícolas (267) ocupam uma e as populações tradicionais envolvidas podem servir como
área de 2.500 ha, equivalente a 3% da área da Estação. Elas instrumentos formais de pactuação, até que se encontre
poderiam ser mantidas na UC, pois “a presença dos mora- solução definitiva para cada situação.
dores pode contribuir para a manutenção e para a fiscaliza- Em ambos os casos, os aperfeiçoamentos das práticas
ção integrada da área. Ademais, esse seria um desafio ver- tradicionais constariam do plano de manejo e do zonea-
dadeiramente democrático, pautado pela plena dignidade mento da unidade, pactuado entre o órgão gestor da uni-
dos sujeitos envolvidos”. dade e as populações envolvidas. Mas, incumbe aos órgãos
O debate acerca da sobreposição de áreas protegidas é públicos competentes, federais, estaduais e municipais, em
recente no Brasil e as soluções para os casos concretos ain- parceria com instituições diversas, apoiar a produção sus-
da estão sendo debatidos nos meios sociais, acadêmicos e tentável e encontrar com as populações tradicionais envol-
governamentais. Como se verifica, os direitos territoriais de vidas alternativas àquelas práticas de manejo que precisam
povos e populações tradicionais são assegurados de forma eventualmente ser adequadas. Nesse sentido, cabe a esses
específica na Constituição e por uma restrita legislação fe- órgãos apoiar as populações em sua organização social e
deral e estadual. As Unidades de Conservação, igualmente, econômica, propiciar capacitações em elaboração e gestão
contam com amparo constitucional e visam garantir o di- de projetos, associativismo e cooperativismo, e desenvol-
reito difuso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ver programas de educação ambiental, dentre outras medi-
para as presentes e futuras gerações. das que considerem a dimensão cultural em questão.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Assim, os pactos firmados em torno do manejo susten- Situação Fundiária


tável terão melhores condições para serem cumpridos por A população indígena sofre ainda com o reconheci-
todos os envolvidos, com ganhos sociais e econômicos para mento de propriedade de suas terras. Nenhuma das áreas
as populações tradicionais e benefícios para a biodiversi- que reivindicam foi ainda regularizada.
dade
Contingente Populacional Indígena no Rio Grande do
ANÁLISE DO CONTEXTO DO ESTADO DO RIO GRANDE Norte
DO NORTE Há discrepâncias sobre o contingente populacional in-
As mobilizações políticas dos indígenas no Rio Grande dígena no Rio Grande do Norte. De acordo com o Censo de
do Norte possuem algumas especificidades, pois chegaram 2010, hoje, com uma população de 1927 pessoas.
ao conhecimento público no cenário político muito poste-
rior ao da afirmação do movimento indígena do nordeste, POVOS INDÍGENAS
que ocorreu em meados de 1980.2 Emergiram no contexto Mendonça do Amarelão A Comunidade do Amarelão
das comemorações dos quinhentos anos do Brasil em 2000 está localizada ao norte do estado, na região da Mata Gran-
e durante o movimento de beatificação dos “Mártires de de, município de João Câmara, a 96 quilômetros de Natal. A
Cunhaú”, no ano de 1999, ocorrido em Canguaretama, re- comunidade está dividida em três áreas: Serrote de São Ben-
gião sul do estado. to, Amarelão Centro e Assentamento Santa Terezinha. A co-
É a partir de 2002 pode-se verificar a formação de uma munidade tem uma população que se organiza socialmente
militância indigenista e, por meio dela os indígenas passa- através da seguinte lógica familiar: Biano (94), Caetano (58),
ram a refletir-se no processo de construção do movimento, Brejeiro (14) Tinga (35) Vitoriano (64) Genésio (35) Eleodório
passando também a estabelecer contato com o movimento (109) e Mandú (Balbino) (164). Os grupos familiares se dedi-
indígena organizado. cam a atividades de agricultura em determinado período do
Deve-se também destacar que o movimento indígena ano e, ao beneficiamento da castanha durante todo o perío-
no estado do Rio Grande do Norte não esteve ligado com do do mesmo. Os produtores de castanhas são conhecidos
as conhecidas agências de contato mais atuantes do nor- pela adjetivação de “castanheiros” e comercializam seus pro-
deste indígena, o caso emblemático do Conselho Indigenis- dutos na cidade do Natal. Observa-se que a aplicação dos
ta Missionário (CIMI), nem tampouco com a agência oficial, rendimentos da venda das castanhas é prioritariamente para
Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Ao longo da década a compra de água potável.
ocorreram alguns eventos locais em que os indígenas, como Os jovens e adultos se dedicam a agricultura, e repre-
atores sociais, manifestaram-se na esfera pública e demons- sentam a mão de obra disponível para diversos subempre-
traram uma mobilização política até então incomum para o gos nas cidades vizinhas, assim como, as mulheres mais
estado. Destacam-se: a I Conferência Estadual de Promoção jovens em muitos casos, vão para as cidades trabalharem
da Igualdade Racial (2005) Natal/RN; a VI Assembleia Geral como empregadas domésticas. Possuem duas associações:
da Associação de povos e Organizações Indígenas (2005) Associação da Comunidade do Amarelão e a Associação dos
Baía da Traíção/PB; a Audiência Pública: presença Indíge- produtores Rurais de Santa Terezinha. A maioria dos mora-
na no Rio Grande do Norte: afirmação de suas identida- dores é sindicalizada.
des (2005) Natal/RN; a 40ª Reunião do Grupo Paraupaba/ Em relação ao tamanho da área ocupada não há preci-
Museu Câmara Cascudo, realizada na cidade de Natal/RN são de sua extensão e suas terras não são demarcadas. Com
(agosto/2011); e a ASSEMBLÉIA DOS POVOS INDÍGENAS uma população aproximada de 2000 pessoas, preocupam-
DO RIO GRANDE DO NORTE – II AIRN, realizada no período se com a falta de terra para a produção da castanha de caju,
de 22 a 23 de novembro de 2011, Goianinha / RN, promo- sua principal fonte de renda, e para a prática da agricultura
vida pela APOINME – Articulação dos Povos e Organizações familiar. Hoje dependem dos atravessadores de castanha
Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. por não terem terras para o plantio de cajueiros. Encontra-
Considerando este cenário política de emergência do se hoje nas terras obras do PAC para energia eólica, geran-
movimento indígena no Rio Grande do Norte, verifica-se do impactos ambientais. Reconhecem a presença da FUNAI
que desde 1999 já havia interesse por parte de pesquisa- como um importante ponto de apoio, participando das reu-
dores em voltar-se para revisar o conhecimento produzido niões, na elaboração de projetos, na articulação do território.
sobre os índios no estado. Estes estudos ressaltam que, nos Reivindicam um grupo de estudo para que aconteça o reco-
censos de 1991 e 2000, o número de autodeclarações in- nhecimento e a demarcação das terras.
dígenas em todo o território norte-riograndense saltou de
394 para 3.168 pessoas. Eleotérios do Catu
A Comunidade Eleotérios do Catu vivem na microrre-
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA POPULAÇÃO INDÍGE- gião litorânea sul do estado do Rio grande do Norte. Distan-
NA NO RN: do uma média de 79 quilômetros de Natal e a menos de 10
No Rio Grande do Norte ainda não há terras indíge- em relação às cidades sedes. O Catu é situado entre o limite
nas demarcadas e permanece o desafio de demarcar terras, (margens do rio Catu) dos municípios de Goianinha e Can-
onde a presença de não índios dificulta os processos. Atual- guaretama, onde vivem cerca de 840 pessoas. Em termos
mente de acordo com os dados do IBGE 2010 e informa- de atividade econômica, o modelo da monocultura da cana-
ções da FUNAI-RN, a distribuição geográfica, o contingen- de-açúcar, praticado há mais de dois séculos na região. Os
te populacional e a situação fundiária das etnias indígenas moradores de Catu são beneficiados com alguns dos pro-
norte-riograndenses pode ser sumarizada. gramas de assistência social do governo federal, estadual

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

e municipal, tais como: Bolsa Família, Programa Estadual Bangüe-Assú


do Leite, Educação de Jovens e Adultos (EJA),dentre outros. A Comunidade do Bangüê, também está situada no
Salvo raras exceções, esses programas representavam para município de Assú. Com uma população estimada em 240
algumas famílias do Catu, a única renda de caráter conti- pessoas, se ocupam em atividades de agricultura e da pes-
nuado, além das aposentadorias. Os Eleotérios se dizem ca. Existe um número considerável de pessoas aposentadas
predominantemente católicos, embora exista na comuni- que vivem nesta comunidade. Os moradores são organiza-
dade pessoas praticantes de outras religiões. Em cada um dos na “Associação Comunitária do Bangüê”. Possuem uma
dos distritos existe uma escola municipal. A do Catu/ Can- escola municipal que atende o ensino fundamental. A água
guaretama, Escola João Lino da Silva e a Escola Municipal que utilizam é proveniente de um chafariz considerada sa-
Alfredo lima, no Catu/Goianinha. Um dado importante é lobra imprópria para o consumo humano. Este grupo vive
a contribuição e participação das mulheres nas atividades em uma área com extensão aproximada de 01 légua de
agrícolas e também na comercialização dos produtos nas propriedade. Não possuem terra oficial indígena e os do-
feiras locais. As unidades produtivas estão localizadas ao nos são agricultores. A população é divida em aproximada-
longo do rio Catu. São faixas de plantação de hortaliças mente 43 famílias. Não existe ainda nenhum estudo oficial
e legumes cultivados em pequenas unidades de produção ou acadêmico sobre a comunidade e nem possibilidades
familiar. para iniciar a demarcação de terras. Antigamente, o dono
originário era um padre que compartilhava as terras com a
Potiguara – Catu – Goianinha/RN população indígena. Com a sua morte (aproximadamente
A Comunidade ocupa uma extensão de 100 hectares 15 anos), passou a pertencer a vários donos. Atualmente
com uma população de 430 pessoas e encontra-se com as terras possuem oficialmente vários donos, mas os indí-
solicitação para a identificação da terra indígena para a re- genas moram e plantam nas terras e sobrevivem dela. Eles
gularização fundiária do território. Atualmente enfrentam plantam e como pagamento precisam dar parte da colheita
problemas em relação à terra devido à invasão da indús- para os proprietários da terra. Atualmente não há registro
tria canavieira e a degradação das margens dos rios. Não de nenhuma perseguição e/ou enfrentamento direto. Exis-
há nenhuma liderança criminalizada, talvez, por não terem te hoje a reivindicação desta comunidade da importância
ainda iniciado o processo de demarcação de terra. A atual da realização do diagnóstico por parte da FUNAI para o
situação da assistência do órgão indigenista oficial, FUNAI, reconhecimento dos indígenas do Bangüe.
está em processo de construção de políticas junto aos po-
vos indígenas. Potiguara – Aldeia Trabanda/Sagi
Ocupa uma extensão de 75 hectares tradicional a ser
Caboclos do Açu demarcada. Ocupa um território da área do rio Guajú até
A Comunidade dos caboclos do Açu fica localizada na Baía Formosa. População aproximada de 350 pessoas in-
Lagoa do Piató, município do Assú. Constituem uma po- dígenas. Enfrenta um processo na justiça em relação à si-
pulação estimada em 126 pessoas, e se ocupam principal- tuação fundiária. A outra parte interessada na área quer
mente na agricultura. Nesta atividade vivem no regime de a construção de um hotel. Em uma parte desta extensão
“meia” com os fazendeiros locais. Após a instalação dos de terras está localizado o cemitério tradicional indígena.
posseiros passaram a ocupar trechos cada vez menores e A comunidade está respondendo processo por invasão de
cada vez mais a submeterem-se a regime de patronagem. terras, e por não serem reconhecidos como proprietários
A comunidade não possui escola, e os estudantes são le- das terras. Houve a construção de uma ponte que destruiu
vados a comunidades próximas para assistir aulas. Partici- o mangue, gerando impactos negativos e ocasionando o
pam da Associação Caboclos do Açu. A comunidade dos término da pesca de caranguejo. A comunidade respon-
Caboclos vive em um território de aproximadamente 2.000 sabiliza aos governos estadual e municipal por esta obra.
hectares de propriedade particular de dois fazendeiros. Sua Reivindicam seu território demarcado.
população atualmente constitui em torno de aproximada-
mente 53 famílias. Situação atual fundiária do território: Tapuia – Tapará
não há local para plantio determinado de maneira integral; Não há informação sobre a extensão territorial das ter-
os moradores precisam pagar para a criação de animais ras ocupadas por este grupo. Em sua comunidade vivem
(conforme o número de cabeças de gado) e a “meia” nas cerca de 60 habitantes indígenas, mas não há delimitação
fazendas. Pescas no rio/açude acontecem sem necessidade de terras e não recebem assistência da FUNAI. Reivindicam
de pagamentos, visto que o mesmo é de propriedade da que seja iniciado o GT da identificação da terra indígenas.
Marinha. Não sofrem perseguições e não há lideranças cri- Há pouco tempo buscam o reconhecimento indígena.
minalizadas. A relação com a FUNAI está ainda sendo for-
tificada, devendo estar mais próxima, através do apoio que MARCO DA POLÍTICADOS POVOS INDÍGENAS
esta se disponibiliza, onde a comunidade reconhece a sua O Projeto Integrado RN Sustentável atuará de acordo
importância na solução de suas principais reivindicações com a legislação brasileira, e com a Política de Salvaguar-
fazendo mediação junto ao poder público para garanti-las das Operacionais (PO) 4.10 do Banco Mundial. O Marco dos
e viabilizá-las. Reivindica-se a regularização fundiária e iní- Povos Indígenas está pautado nos princípios, regras e dire-
cio dos estudos antropológicos. trizes da Constituição Federal de 1988(CRFB/88 – título VIII,
“Da Ordem Social”, capítulo VIII, “Dos Índios”) que reconhe-

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

ce às populações indígenas o direito à diferença e à auto- Já no século XVIII, em plena ocorrência da primeira Re-
determinação, o direito originário sobre seus territórios de volução Industrial, Engels (1845) relatava que, as principais
ocupação tradicional e o direito de usufruto exclusivo sobre cidades europeias, especificamente em Manchester, come-
as riquezas naturais de seus territórios, podendo explorá-las çavam a se inflar de pessoas, devido ao elevado número
desde que seja garantida a sustentabilidade ambiental que de proletários que chegavam para se alocar na produção
protege o direito de suas gerações futuras. O objetivo da Par- manufatureira, e naquele contexto já se observavam alguns
ticipação das Populações Indígenas é contribuir no processo problemas quanto à capacidade de receber aquela grande
de inclusão social das comunidades indígenas, respeitando população industrial na zona urbana, o que era demons-
sua identidade cultural. A proposta do Projeto RN Sustentável trado pelas péssimas condições estruturais e sociais em
é ampliar o apoio às comunidades indígenas através de uma que viviam os trabalhadores. E esse tipo de estrutura se
ação articulada com as demais organizações governamentais desenvolveu em vários países em que a industrialização se
e não governamentais. Ao desenvolver a estratégia de partici- manifestou, estendendo-se até o século XX, principalmente
pação das populações indígenas, é necessário atentar para o nos países subdesenvolvidos, entre os quais o Brasil esta
arcabouço jurídico e institucional. Texto adaptado de ABIRA- situado.
CHED. C. F. D. A; BRASIL. D; SHIRAISHI. J. C. A nação brasileira praticamente se urbanizou nos últi-
mos cinquenta anos, isto é, transformou-se de um país ru-
ral em urbano neste intermédio. Cresceu não só o número
de habitantes das áreas urbanas, mas também o número e
o tamanho das cidades em todo o território nacional, sur-
PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO BRASIL E DO gindo as regiões metropolitanas e as aglomerações urba-
RIO GRANDE DO NORTE. nas como reflexo da concentração espacial das atividades
geradoras de emprego e renda. A intensificação deste acú-
mulo de pessoas nos conglomerados urbanos, fez com que
nem todos tivessem as mesmas oportunidades de aumen-
A inserção da industrialização pesada no Brasil, a partir to de renda, o que levou muitos moradores dessas grandes
da década de 1940-50, fez parte de um processo que visa- cidades a se alocarem em espaços de baixa ou nenhuma
va transformar a dinâmica e estrutura econômica do país, qualidade estrutural, os quais apresentam grandes áreas de
que até então era muito dependente da economia cafeeira risco, e passaram a ser retratos da miséria, desigualdades,
exportadora. O país conquistou novos patamares de cres- desemprego lenta ascensão social e violência nas cidades.
cimento e desenvolvimento através da implementação das O crescimento exacerbado da população com a falta
políticas industriais, porém, as grandes metrópoles, principais de planejamento promove a segregação espacial e social
redutos dessa nova infraestrutura produtiva, apesar de serem nas cidades, assim bairros mais nobres e centrais contam
as principais concentradoras da riqueza da nação, passaram com os serviços básicos de qualidade, como asfalto, sanea-
a abrigar uma população ainda mais crescente, e esta em sua mento, transporte, além da melhor localização para acessar
grande maioria não gozava dos benefícios da prosperidade, o trabalho; por outro lado existem aqueles que habitam a
assim, as famílias mais carentes passavam a residir nos luga- periferia urbana, os quais sofrem para conseguir serviços
res mais inadequados e suburbanos da cidade. de melhor qualidade, como escolas, médicos, emprego,
A indústria, que passou a ser a espinha vertebral da eco- lazer, consequência da inexistência de políticas públicas
nomia nacional brasileira a partir de 1940-50, diz respeito favoráveis.
ao processo de substituição de importações, e possibilitou Assim a próspera grande cidade, que se tornou palco
uma maior produção nacional de manufaturados, evento que de numerosas atividades industriais, convive com as conse-
possibilitou o fortalecimento do mercado interno, que antes quências da crise urbana, que é fomentada pela população
era muito dependente das importações, mas a partir desse que não tem acesso aos empregos necessários, e muito
momento passou a se complexificar e ganhar autonomia. menos aos bens e serviços essenciais, situação que não
Isso expandiu o consumo e acelerou o processo de urbaniza- tem o devido respaldo do poder público para a alteração
ção, principalmente, nas grandes metrópoles nacionais. dessa realidade.
Porém o modelo dessa industrialização que veio a se
desenvolver aqui, fomentou grande migração da população DESIGUALDADES
para a zona urbana, o que intensificou o fortalecimento do As desigualdades econômicas e a dificuldade de de-
mercado interno nacional, liderado por empresas transna- terminadas regiões em se inserirem na economia nacional,
cionais a partir da década de 1950. A formação da estrutura possibilitou a ocorrência de uma urbanização diferenciada
capitalista fez do país um dos mais industrializado entre os em cada uma das regiões brasileiras.
subdesenvolvidos, mas o modelo que foi se desenvolvendo A região Sudeste, por concentrar a maior parte das
foi responsável por criar uma realidade distorcida e com pou- indústrias do país, foi a que recebeu grandes fluxos mi-
cos avanços na estrutura social da nação. gratórios vindos da área rural, principalmente da região
A inserção capitalista no Brasil não levou em consideração nordeste. Ao analisarmos a tabela abaixo, observamos que
as particularidades deste país, uma vez que esta propiciou um o Sudeste é a região que apresenta as maiores taxas de
sistema onde a questão social foi sendo abandonada pelo Es- urbanização dos últimos 70 anos. A partir de 1960, com
tado, assim, ao mesmo tempo em que surgia uma estrutura 57%, foi a primeira região a registrar uma superioridade de
moderna o país se aprofundava nos seus dilemas sociais, entre habitantes vivendo na área urbana em relação à população
eles o da urbanização acelerada, que passava a ser realidade. rural. 

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Na região Centro-Oeste, o processo de urbanização teve como principal fator a construção de Brasília, em 1960, que
atraiu milhares de trabalhadores, a maior parte deles vindos das regiões Norte e Nordeste. Desde o final da década de 1960
e início da década de 1970, o Centro-Oeste tornou-se a segunda região mais urbanizada do país.

A urbanização na região Sul foi lenta até a década de 1970, em razão de suas características econômicas de predomínio
da propriedade familiar e da policultura, pois um número reduzido de trabalhadores rurais acabava migrando para as áreas
urbanas.
A região Nordeste é a que apresenta hoje a menor taxa de urbanização no Brasil. Essa fraca urbanização está apoiada
no fato de que dessa região partiram várias correntes migratórias para o restante do país e, além disso, o pequeno desen-
volvimento econômico das cidades nordestinas não era capaz de atrair a sua própria população rural.
Até a década de 60 a Região Norte era a segunda mais urbanizada do país, porém a concentração da economia do
país no Sudeste e o fluxo de migrantes dessa para outras regiões, fez com que o crescimento relativo da população urbana
regional diminuísse.
PROBLEMAS URBANOS
O rápido e desordenado processo de urbanização ocorrido no Brasil irá trazer uma série de consequências, e em sua
maior parte negativas. A falta de planejamento urbano e de uma política econômica menos concentradora irá contribuir
para a ocorrência dos seguintes problemas:
Favelização – Ocupações irregulares nas principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, serão fruto
do grande fluxo migratório em direção às áreas de maior oferta de emprego do país. A falta de uma política habitacional
acabou contribuindo para o aumento acelerado das favelas no Brasil.
Violência Urbana – Mesmo com o crescimento industrial do país e com a grande oferta de emprego nas cidades do
sudeste, não havia oportunidades de emprego o bastante para o grande fluxo populacional que havia se deslocado em
um curto espaço de tempo. Por essa razão, o número de desempregados também era grande, o que passou a gerar um
aumento dos roubos, furtos, e demais tipos de violência relacionadas às áreas urbanas.
Poluição – O grande número de indústrias, automóveis e de habitantes vai impactar o aumento das emissões de gases
poluentes, assim como com a contaminação dos lençóis freáticos e rios dos principais centros urbanos.
Enchentes – A impermeabilização do solo pelo asfaltamento e edificações, associado ao desmatamento e ao lixo indus-
trial e residencial, fazem com que os problemas das enchentes seja algo comum nas grandes cidades brasileiras.
Em 2020, 90% da população brasileira estará vivendo nas cidades (a taxa de urbanização é hoje de 85%), assim como
seus vizinhos do Cone Sul (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai).
Embora seja a menos povoada em relação ao seu território, a região da América Latina e do Caribe é a mais urbanizada
do mundo e quase 80% de suas populações vivem hoje nas cidades. Apesar desse panorama, após décadas de êxodo rural,
o estudo demonstra que a explosão urbana é coisa do passado e que desde 2000 o crescimento médio anual da população
na região tem sido inferior a 2%, crescimento considerado normal, segundo o relatório.
O estudo aponta ainda que a desaceleração populacional na região, iniciada há cerca de 20 anos, deve continuar e que
até 2030 o número de habitantes na maioria dos países latino-americanos e caribenhos crescerá menos de 1% ao ano. A
atual estabilidade demográfica é muito vantajosa para várias dessas nações, onde a população ativa supera em muito a de
crianças e velhos.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

A situação privilegiada, porém, não durará mais que 30 anos e as nações devem aproveitá-la para se preparar para um
futuro sustentável, com boa estrutura para os idosos que serão maioria em algumas décadas. Para aproveitar esse mo-
mento, o estudo sugere uma série de medidas e novo modelo de crescimento diferentes dos atuais, que impulsionem a
expansão das periferias, de rodovias, condomínios fechados e veículos individuais.
A proporção de pessoas vivendo em favelas diminuiu nas últimas duas décadas, mas o relatório mostra que cerca de
111 milhões de pessoas ainda vivem nesses espaços, a maioria segregada socialmente e espacialmente, com poucos lo-
cais de lazer, pouco transporte público, serviços básicos precários e poucos equipamentos sociais e estruturas produtivas.
Atualmente, 124 milhões de habitantes nas cidades vivem em situação de pobreza, uma em cada quatro pessoas nas áreas
urbanas.

URBANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO NORTE-RIO-GRANDENSE

No Brasil em um âmbito normativo classifica-se como população urbana aquele percentual de pessoas que vivem em
residências localizadas em um perímetro urbano, o que no Rio Grande do Norte, segundo o Censo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, equivale a 78% da população total do estado. Sendo assim, o Mapa 01 permite a
constatação de que a significativa maioria dos municípios do Rio Grande do Norte são considerados com maioria da popu-
lação urbana, sendo dois deles classificados como totalmente urbanos, quais sejam: Natal, e Parnamirim.
A mesorregião agreste potiguar é a que apresenta em termos relativos o maior número de município com grande
percentual de população rural o que se deve, sobretudo, ao seu processo de formação econômica e territorial já que essa
área historicamente se configurou enquanto um espaço de produção de alimentos no sistema de agricultura familiar para
abastecer as outras localidades do estado. Ao passo que, no litoral desde o período colonial desenvolveu-se a cultura da
cana-de-açúcar voltada para fins de exportação e no sertão a pecuária extensiva foi a principal atividade desenvolvida.

Os parâmetros utilizados no Brasil para definir o grau de urbanização de uma dada área não resultam em dados con-
dizentes com a realidade já que a urbanização é um processo e, portanto não permite uma análise linear que estabeleça
uma fronteira fixa capaz de dividir áreas totalmente rurais de áreas totalmente urbanas, já que o rural e o urbano são sub-
categorias do espaço, complementares e coexistentes. Em Natal, por exemplo, município considerado totalmente urbano,
encontra-se os elementos do rural coexistindo com os elementos do urbano.
Quando se considera a densidade demográfica, critério utilizado pela OCDE para a definição de regiões rurais e ur-
banas, os municípios com maior densidade populacional do Rio Grande do Norte concentram-se na mesorregião leste
potiguar com destaque para a região metropolitana de Natal, sobretudo os municípios de Natal, Parnamirim, Extremoz e
São Gonçalo do Amarante (Mapa 02). Essa área destaca-se pela diversidade de funções urbanas capazes de atrair mão de
obra e, consequentemente, um efetivo populacional. Além disso, o processo de ocupação do estado deu-se no sentido
litoral-interior, logo essa área apresenta um processo de povoamento mais antigo.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Na mesorregião oeste potiguar existem duas áreas que se destacam no mapa por apresentar uma maior densidade
demográfica. A primeira localiza-se no município de Mossoró, segundo município de maior importância econômica do
estado, e seu entorno com os municípios de Grossos e Areia Branca, importantes polos da indústria salineira. As ativida-
des extrativas movimentam a economia dessa região e, portanto atraem um forte contingente populacional. A outra área
de destaque situa-se na porção sul da mesorregião, e entre os municípios de maior relevância para a economia regional
encontram-se Pau dos Ferros, onde se concentra a maior parte dos serviços de educação superior, de saúde e de serviços
bancários, no extremo Oeste do estado.
Se esse parâmetro fosse aplicado para definir o grau de urbanização dos municípios potiguares apenas cinco municí-
pios, sendo a maioria deles da região metropolitana de Natal, seriam considerados essencialmente urbanos, e mais de 80%
do território estadual seria considerado essencialmente rural. Assim, considera-se que esse critério não deve ser aplicado
na a análise da urbanização brasileira.
No que se refere ao tamanho da população o município de Natal se destaca já que segundo o censo do IBGE (2010)
o município conta com uma população total de 803.739 habitantes, sendo assim o município mais populoso do estado,
seguido por Mossoró, com 259.815 habitantes e Parnamirim com 202.456 habitantes (Mapa 03).

Mapa 03 – Rio Grande do Norte: Classificação do municípios segundo o tamanho da população, 2010.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Outros municípios que também se destacam enquanto centros regionais são Caicó, localizado na mesorregião central
potiguar, especificamente no semiárido potiguar ocidental, Assú, no oeste potiguar, e na região metropolitana de Natal:
Macaíba, São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim. Contudo, verifica-se que excetuando-se os municípios explicitados,
quase a totalidade dos municípios do RN apresentam uma população total inferior a 10.000 habitantes. Ao mesmo tempo
em que um percentual considerável da população do estado está concentrada nos oito municípios já destacados, desen-
cadeando, por conseguinte, altas demandas por serviços e empregos, para as quais tais municípios não estão preparados.
Assim, verifica-se a rede urbana do estado é composta por um grande número de pequenas aglomerações que orbitam
em torno de poucos municípios com uma oferta maior de produtos e serviços. A partir desse parâmetro começa a aflorar a
espacialidade da urbanização no estado, uma vez que quanto mais população demandando por serviços e produtos mais
provável é o surgimento de aglomerados urbanos com maior complexidade.
Outro fator que contribui para a compreensão da urbanização de um território é distribuição das empresas. Observan-
do o Mapa 04, observa-se que no Rio Grande do Norte as mesmas concentram-se, sobretudo, em Natal, Mossoró e Caicó,
municípios que exercem influência em escala regional. O município de Mossoró localizado na mesorregião oeste potiguar
conta, segundo o RAIS/CAGED, com um número absoluto de 4.795 empresas, bem distribuídas entre os diferentes setores
da economia, sendo que atividades e maior relevância para a economia local estão centradas a indústria petrolífera, sali-
neira e fruticultura. O setor de comércio, serviços e construção civil vem apresentando um forte crescimento, mas o setor
de extrativismo mineral apresenta uma forte participação do PIB do município principalmente em virtude da atividade
petrolífera.

Natal, enquanto capital do estado, por sua posição de centralidade política e econômica no espaço regional, se apre-
senta historicamente como espaço de maior concentração e capacidade produtiva com um total de 18.516 empresas
também apresentando uma dinamicidade no que se refere ao setor da economia, mas com um destaque para o setor de
comércio e serviços. Essa dinamicidade nas funções urbanas de Natal confere ao município um forte poder de polarização
sobre os outros municípios do estado e, consequentemente, influencia no crescimento econômico e populacional dos mu-
nicípios que compõe a região metropolitana.
No que se refere ao número de empresas a partir da observação do mapa constata-se que Parnamirim é outro mu-
nicípio com forte presença das mesmas, chegando a 3.025 empresas situam-se no município. A construção civil tem sido
um setor em forte expansão, sendo um fator importante para esse crescimento a proximidade com Natal. Além disso, a
presença de um parque industrial no município justifica a existência de 298 indústrias de transformação. Porém atualmente
algumas dessas indústrias estão sendo transferidas para o parque industrial de Macaíba, município integrante da região
metropolitana de Natal.
Outro município com grande número de empresas é Caicó, localizado no Seridó norte-rio-grandense, com um número
absoluto de 1.206 empresas. O que se deve a centralidade urbana exercida pelo mesmo em todo o Seridó, já que o muni-
cípio concentra as atividades de comércio, indústria e serviços básicos como saúde e educação. Destacamos nos setores
de comercio e serviços na cidade de Caicó as empresas com tipologias diversas entre elas agências bancárias, agências de
publicidade, auditorias e consultoria empresarial, cooperativas médico-odontológica, serigrafias, gráficas, oficinas, trans-

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

portadoras, assistências técnicas, construtoras, entre outros. No território seridoense as atividades ligadas ao setor terciário
tiveram suas estruturas operacionais adequadas vagarosamente aos feixes de inovação resultantes da própria complexifi-
cação da organização econômica e administrativa das empresas brasileiras.
A distribuição dos postos de trabalho segue a mesma lógica da distribuição espacial das empresas. Os municípios com
maior número de postos de trabalho concentram-se em três áreas principais, a primeira compreendendo a Natal e seu
entorno, com destaque para os municípios de Parnamirim, Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante e Macaíba. Essa área
é caracterizada por um forte dinamismo econômico, sendo gerados milhares de empregos principalmente nos setores de
comércio, serviços e nas indústrias de transformação. O município de Ceará-Mirim apresenta um forte desenvolvimento de
plantação de cana de açúcar e, portanto mais de 35% dos empregos do município estão vinculados à agropecuária e ao
extrativismo. A segunda área compreende Mossoró e os municípios circunvizinhos, influenciados pela centralidade exercida
por aquele. E a terceira área, por sua vez, está localizada no município de Caicó.

Mapa 05- Rio Grande do Norte: densidade de urbanização do território

No Mapa 05 podemos identificar os municípios que possuem com funções complexas que exercem forte poder de
centralidade dos municípios circunvizinhos. Natal e os municípios de Ceará-Mirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante,
Macaíba e Parnamirim, todos localizados na região metropolitana possuem cidades com funções complexas, e podem ser
considerados essencialmente urbanos. Estes apresentam serviços de alta complexidade e dinamicidade atraindo mão de
obra proveniente dos demais municípios do estado o que afeta diretamente no adensamento populacional desses muni-
cípios.
Na mesorregião Agreste Potiguar os municípios que apresentam maior complexidade de funções urbanas correspon-
dem a Santa Cruz e Nova Cruz. Ao passo que na mesorregião Central Potiguar são os municípios de Caicó e Currais Novos.
Já na Oeste Potiguar correspondem aos municípios de Mossoró, Açu e Pau dos Ferros em função do incremento de novas
tecnologias ligadas ao setor de serviços responsáveis pela otimização das articulações internas e externas do território
potiguar a outras regiões do país. Nesses municípios também se observa um intenso processe de urbanização com a ma-
terialização de cidades complexas, enquanto formas socialmente produzidas.
Também existem as situações intermediárias nas quais os níveis de urbanização não atingem tamanha complexidade,
predominando bens e serviços de baixa complexidade. Nesses municípios verifica-se a materializada de cidades. Esse tipo
de localidade encontram-se pulverizadas no território potiguar.
Nas mesmas mesorregiões onde municípios exercem centralidade urbana coexistem os municípios que não apresen-
tam um grau significativo de funções urbanas caracterizando-se como de fraca urbanização ou essencialmente rurais, onde
se verifica a ocorrência de vilas urbanas e vilas rurais, respectivamente. Esse tipo de municípios também se encontra pulve-
rizadas no estado, contudo em menor quantidade na mesorregião leste potiguar.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Pode-se verificar, no Rio Grande do Norte a urbanização A área total do Rio Grande do Norte é de 52 811,11 km²,
apresenta uma materialidade, com relativa concentração sendo a sexta menor unidade federativa do país, com ex-
em alguns pontos do território, havendo então uma densi- tensão comparável à extensão territorial da Bósnia e Her-
dade maior na região metropolitana de Natal, na região de zegovina. O município com a maior área é Mossoró, locali-
Assú-Mossoró e em alguns municípios isolados do estado. zado na mesorregião do Oeste Potiguar e microrregião ho-
Nota-se que houve uma intensificação da urbanização do mônima, com aproximadamente 2  100  km² de superfície,
território com a emersão de novos arranjos espaciais, novas enquanto o menor é Senador Georgino Avelino, com quase
solidariedades organizacionais e novos ciclos de coopera- 26 km², localizado na mesorregião do Leste Potiguar e mi-
ção, como a intensificação de investimentos na produção de crorregião do Litoral Sul.
petróleo, na fruticultura irrigada, na reestruturação do setor
Devido à sua localização geográfica no território brasi-
salineiro, na especialização dos serviços vinculados ao turis-
leiro, o Rio Grande do Norte é conhecido como esquina do
mo. Tudo isso se materializa a partir da instalação de novos
sistemas de engenharia, mudando a densidade técnica do continente. É a unidade da federação mais próxima da Eu-
território e a dinâmica da urbanização. Verifica-se que uma ropa e da África. O Rio Grande do Norte tem como estados
parte considerável do território permanece essencialmente limítrofes o Ceará a oeste e a Paraíba a sul, além do Oceano
rural, onde há uma rarefação do processo de urbanização, Atlântico tanto a norte quanto a leste. A população do Rio
com a presença de aglomerados com escassas ou nenhuma Grande do Norte, no censo de 2010 foi de 3 168 027 habi-
funções urbanas. Essa rarefação é observada em aproxima- tantes, sendo o décimo sexto mais populoso do país.[7] En-
damente a metade do território norte-rio-grandense. tretanto, apenas três dos seus municípios apresentam uma
Assim, a urbanização do território tem unido dialetica- população igual ou superior a cem mil habitantes: Natal (a
mente o que foi separado artificialmente com o desenvolvi- capital), Mossoró e Parnamirim.
mento do modo de produção capitalista: a cidade e o cam- Além dos municípios, o estado do Rio Grande do Nor-
po; indústria e agricultura. Nesse sentido, é mais apropriado te é oficialmente subdividido ainda em  dezenove micror-
analisar a relação das formas cidade/campo e a complemen- regiões (Angicos,  Agreste Potiguar,  Baixa Verde,  Borbore-
taridade entre os conteúdos urbano e rural, considerando ma Potiguar,  Chapada do Apodi,  Litoral Nordeste,  Litoral
que os conteúdos não se encerram nas formas, ou seja, exis- Sul,  Macaíba,  Macau,  Médio Oeste,  Mossoró,  Natal,  Pau
tem elemento do urbano no campo e do rural na cidade. dos Ferros, Seridó Ocidental, Seridó Oriental, Serra de São
Ainda, pode-se verificar que não existe fronteira entre Miguel, Serra de Santana, Umarizal e Vale do Açu) e quatro
rural e urbano, e que a urbanização ocorre em todo o ter-
mesorregiões (Agreste Potiguar, Central Potiguar, Leste Po-
ritório, ganhando materialidades diferentes em cada lugar,
dependendo das particularidades desses lugares. No caso tiguar e Oeste Potiguar).
do estado do Rio Grande do Norte, localizado no Nordeste
do Brasil, em apenas 13 municípios ocorre uma urbaniza-
ção com maior densidade, possibilitando o surgimento de
cidades com funções urbanas complexas; em 31 municípios ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO BRASIL E DO
verifica-se a ocorrência de cidades com funções de baixa RIO GRANDE DO NORTE.
complexidade; e nos demais municípios do estado, que cor-
responde a 123, nota-se a ocorrência de vilas, umas com
alguma função urbana e outras sem função urbana alguma,
verificando-se, portanto, uma urbanização rarefeita. Assim A transição demográfica nos países em desenvolvi-
percebe-se que o território potiguar apresenta diferentes mento, latino-americanos e asiáticos, tem sido muito mais
níveis de urbanização e que mais da metade do estado é acelerada do que naqueles desenvolvidos. No caso do Bra-
essencialmente rural. Texto adaptado de LOCATEL. C. D. sil, o declínio da fecundidade, após 1965, teve impacto, ló-
gico, na redução do crescimento da população. Resultados
recentes levaram a uma revisão, para baixo, das estimativas
de fecundidade, pois a PNAD de 2004 indicou uma taxa de
MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO NORTE
fecundidade total (TFT) de 2,1 filhos por mulher, ou seja, no
(TERRITÓRIO, LIMITES, LOCALIZAÇÃO E nível de reposição da população.
PROCESSO DE FORMAÇÃO). O horizonte da fecundidade futura para o IBGE, con-
siderando a TFT de 2030 como tendência, passou de 1,92
para 1,59 filho. Esses dados levariam a uma revisão das pro-
Os municípios do Rio Grande do Norte são as subdi- jeções da população para o século XXI, o que ainda não foi
visões oficiais do estado brasileiro de Rio Grande do Nor- realizado. Portanto, as projeções aqui utilizadas, a partir da
te, localizado na região Nordeste do país. De acordo com fonte oficial, podem ser consideradas conservadoras. Se-
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o es- gundo esses dados, alcançando uma fecundidade de 2,1
tado se divide em 167 municípios, sendo a décima terceira filhos por mulher, entre 2010 e 2020, a população brasileira
unidade de federação brasileira com o maior número de chegaria à situação estacionária em torno de 2063, quan-
municípios do país e a sétima de todo o Nordeste, sendo do começaria a diminuir em termos absolutos. Tudo indica,
superada pelos estados da  Bahia,  Piauí,  Paraíba,  Pernam- com a revisão do IBGE, que o Brasil poderia alcançar uma
bucoe Ceará e superando Alagoas e Sergipe. taxa de crescimento zero entre 2045 e 2055.

31
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Não obstante, ainda devemos esperar um crescimento expressivo da população brasileira nas próximas décadas, em
razão dos efeitos da fecundidade passada sobre a estrutura etária da população, marcada por uma grande proporção de
mulheres em idade reprodutiva, o que favorece o crescimento populacional, a despeito dos baixos níveis de fecundidade
atualmente predominantes. As projeções indicam para 2050 que o tamanho da população brasileira será de 253 milhões
de habitantes, a quinta maior do planeta, inferior apenas às da Índia, China, EUA e Indonésia. Haveria, então, um acréscimo
de 90 milhões de habitantes à população brasileira nessa primeira metade do século XXI, o equivalente a 2,5 vezes a popu-
lação da Argentina em 2005, ou seja, 18 milhões de habitantes por década, em média. Não se trata de se assombrar com a
possibilidade de uma explosão demográfica, mas o crescimento populacional será, todavia, bastante expressivo.

Da década de 70 até a atual, que se encerrará em 2010, a população brasileira ainda encontra-se em seu grande ciclo de
crescimento absoluto, com aumentos médios anuais superiores a 2,5 milhões de habitantes. Na próxima década, os incre-
mentos ainda serão superiores a dois milhões. No entanto, como as taxas de crescimento vêm se reduzindo neste mesmo
período, espera-se que, na última década dessa primeira metade de século, ou seja, entre 2040 e 2050, o incremento médio
anual seja inferior a um milhão de habitantes, segundo as estimativas do IBGE.
Em síntese, entre 2005, quando a taxa de fecundidade total brasileira atingiu 2,1 filhos por mulher nível necessário e
suficiente para se alcançar um crescimento demográfico sustentado nulo, no longo prazo e o período em que se constatará
o crescimento verdadeiramente nulo da população brasileira, serão necessários pelo menos 40 anos. Estes resultados re-
metem a uma primeira grande questão a ser considerada na formulação de políticas públicas: devido ao ritmo diferenciado
de crescimento dos diversos grupos sociais, a probabilidade maior é que a maioria dos nascidos na primeira metade desse
século seja pobre. Tomando-se como indicador da fecundidade a relação entre crianças de zero a quatro anos e as mulheres
entre 15 e 39 anos, essas suas diferenças sociais podem ser bem observadas.
Ainda que a diferença entre os valores para a população mais pobre renda domiciliar per capita inferior a um salário
mínimo, nos dois últimos censos, seja inexpressiva e tenha se reduzido, ela é muito significativa quando se consideram os
valores extremos da distribuição de renda. Portanto, não é surpreendente que a distribuição da população brasileira, se-
gundo a renda domiciliar per capita, revele uma profunda desigualdade social. Evidentemente, essa distribuição é função
não só dos diferenciais de fecundidade, mas, também, da mobilidade social entre os diferentes estratos. A rigidez estrutural
da sociedade brasileira não é favorável à mobilidade social, cujas possibilidades têm ficado, em grande parte, nos últimos
tempos, na dependência das políticas públicas de transferência de renda.
Não há dúvida de que qualquer compromisso com a redução das desigualdades sociais passa, necessariamente, por
reforçar na agenda política a necessidade de ações visando o apoio à população mais pobre, para que tenha condições
de regular sua fecundidade, pois é este o segmento social com menos informação e acesso à contracepção. Para ter o
exercício de sua cidadania plena, as mulheres, em geral, e as mais pobres, em particular, devem ter acesso às informações
e aos meios de regulação da sua fecundidade, para que possam decidir, segundo seus interesses, o número adequado de
filhos. Evidentemente, não é uma solução que ultrapasse seus próprios limites, como muitos ainda acreditam, servindo
como único remédio para as mazelas sociais. Contudo, não se pode separar a reprodução estritamente demográfica da
população da sua reprodução social. Elas estão intimamente articuladas. No que se refere ao segmento pobre, então, esta
associação não pode ser desprezada quando se pensa em políticas sociais. Mesmo com declínio da sua fecundidade, a
dimensão dessa população é tão grande que qualquer incremento torna-se significativo. Pensando na situação extrema,
otimista do ponto de vista demográfico, até mesmo no longo prazo, quando a taxa de crescimento da população pobre
alcançasse seu nível de reprodução, se as condições sociais atuais se mantivessem, ela estaria apenas se reproduzindo, mas
como uma população pobre.

32
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

No que se refere à transição demográ- fica, mais im- Contudo, uma nova corrente emigratória começa a
portante ainda que a população pobre, em seu conjunto, se estabelecer, transferindo para os países desenvolvidos
são os jovens pobres. O peso relativo do total do segmento mão-de-obra qualificada, com educação superior ou mais,
jovem aquele abaixo de 15 anos tem diminuído, em função visando suprir as necessidades daquelas economias, cujos
do declínio da fecundidade. Essa redução teria sido ainda mercados de trabalho, cada vez mais exigentes quanto à
maior se não tivesse ocorrido queda significativa da mor- formação profissional, não têm a quantidade de oferta de
talidade infantil. Entre 1970 e 2000, a mortalidade infantil força de trabalho demandada. Embutida nessa emigração,
passou de 115 para 30 óbitos de crianças com menos de transfere-se para os países desenvolvidos investimentos
um ano por 1.000 nascidas vivas. maciços em educação. Voltando ao crescimento da PIA e
A queda da proporção de jovens acontece em ritmo considerando a população de 15 a 24 anos aquela que po-
mais acelerado do que o aumento da de idosos, pois a tencialmente poderia se incorporar ao mercado de trabalho
substituição de jovens por idosos é mediatizada pelo cres- no decênio, suas estimativas para um futuro próximo não
cimento da população adulta. Contudo, a visão exclusiva podem, propriamente, ser entendidas como um benefício
do decréscimo proporcional dos jovens pode obscurecer demográfico. Seu incremento decenal tem sido negativo
a compreensão da sua importância em termos absolutos, nesta primeira década do século XXI, mas será positivo en-
fundamental para a definição das políticas públicas. Em tre 2010 e 2030. Novamente, o passivo demográfico possi-
2010, a população jovem alcançará seu maior volume em bilitará que, de 2000 a 2050, a população jovem, potencial-
toda a história brasileira (53 milhões), permanecendo pra- mente demandante de um lugar no mercado de trabalho,
ticamente constante entre 1990 e 2030, com oscilação de varie em tamanho absoluto, em cada uma das décadas,
valores ligeiramente superiores a 50 milhões de indivíduos. entre 32 e 34,7 milhões. Números extremamente grandes,
Por outro lado, a população idosa tem apresentado distantes de aliviar a economia de uma grande necessidade
uma velocidade no seu incremento absoluto maior do que de geração de emprego. Simultaneamente à expressiva in-
a da população total, aumentando, consequentemente, corporação de mão-de-obra jovem, a população em idade
sua participação relativa. Associe-se, a esse fenômeno do ativa ficará mais velha, ainda que gradualmente, dentro do
envelhecimento da população, o aumento da sua longe- processo geral de envelhecimento da população brasileira.
vidade, bem traduzida pelos ganhos na esperança de vida Durante a primeira metade do século XXI, a idade média
ao nascer, que já alcançava 72,1 anos em 2005. Deve-se
da PIA aumentará em sete anos, passando de 30, em 2000,
lembrar que os países desenvolvidos, quando estavam na
para 37 anos, em 2050, bem abaixo do envelhecimento do
fase atual da transição demográfica brasileira, tinham não
total da população, que no mesmo período terá um acrés-
apenas uma economia com crescimento sustentado, mas
cimo de 15 anos, passando de 25 para 40 anos.
também um Estado do Bem-Estar Social consolidado. O
Mesmo que as relações intergeracionais tornem-se,
Brasil, ao contrário, não tem registrado taxas satisfatórias
com o tempo, menos heterogêneas, mas sem que se alte-
de crescimento da sua economia, assim como se apressa
em reformar seu sistema de seguridade social, que ainda se rem as diferenças sociais de hoje, o crescimento demográ-
encontra a uma enorme distância da experiência dos países fico diferenciado, segundo os grupos sociais, tornaria, no
desenvolvidos. O envelhecimento da população, ou seja, o mínimo, estáveis as agudas desigualdades já hoje injustifi-
aumento da proporção de pessoas com 65 anos de idade cáveis. Os pobres de hoje, mesmo numa hipótese otimista,
ou mais é uma característica marcante da transição da es- reduzindo seu crescimento demográfico, até mesmo à sua
trutura etária brasileira. mera reprodução, não deixarão de ser, somente por isso,
Essa proporção será de 7,0% em 2010, pouco mais de menos pobres amanhã.
13 milhões de idosos. Comparativamente, naquele ano, um A capacidade de a transição demográfica potencializar
grupo com 40 milhões de pessoas a menos do que os jo- as transferências intergeracionais de recursos está intima-
vens. Durante a primeira década deste século, a população mente associada à implementação de políticas que poten-
idosa tem aumentado, em média, 387 mil pessoas por ano. cializem as transferências sociais desses mesmos recursos.
Mas, nos últimos dez anos da primeira metade do século, Caso contrário, a transição demográfica vai gradativamen-
estima-se que esse crescimento corresponderá a mais de te perdendo sua eficácia social, cada vez que se distancia
um milhão de indivíduos por ano. Em 2050, a população dos grupos de renda mais altos. Em síntese, não se trata
idosa será cerca de 3,7 vezes maior do que a de 2000, pró- de fechar os olhos aos possíveis benefícios gerados pelas
xima de 49 milhões. As consequências deste grande incre- mudanças demográficas, até porque, pela sua relevância
mento serão enormes, exigindo uma redefinição de todas estrutural, eles serão decisivos, positiva ou negativamente,
as políticas públicas voltadas para esse segmento popula- do ponto de vista social. Desse modo, cabe à imaginação
cional. analítica e ao senso de justiça social colocá-los a serviço de
O Brasil está muito distante da realidade dos países de- políticas que tenham como objetivo fundamental reduzir
senvolvidos que, desde o final da Segunda Guerra Mundial, as desigualdades sociais.
precisam suprir parte das suas necessidades de mão-de-o- A população do Rio Grande do Norte, inicialmente for-
bra através da migração internacional. Pelo contrário, des- mada por índios potiguares, se diversificou com a ocupa-
de 1980, o país passou a transferir população para nutrir o ção portuguesa e as invasões francesa e holandesa. Atual-
mercado de trabalho internacional. Entretanto, essa emi- mente, o estado possui 3.442.175 habitantes (est. 2015),
gração é, relativamente, pouco expressiva, insuficiente para divididos entre as 167 cidades que o compõem. É o 16º
reduzir a pressão sobre a oferta de empregos. estado do país e o sexto do Nordeste em população. Seus

33
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

municípios mais populosos são: Natal (869.954 hab.), Mos- O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio
soró (288.162 hab.), Parnamirim (242.384 hab.), São Gon- Grande do Norte é o terceiro melhor entre os estados da
çalo do Amarante (98.260 hab.) e Macaíba (78.021 hab.). Região Nordeste, estando atrás somente da Bahia e de Ser-
A densidade demográfica do estado é de 65,17 habitantes gipe. No entanto, o IDH do estado é menor que o de todas
por quilômetro quadrado, a décima maior do país e equi- as unidades federativas das demais Regiões do país.
valente à de países como Etiópia e Benin. Entre os problemas sociais estão: a taxa de mortalidade
Entre as características dos habitantes potiguares, infantil, apesar de estar em constante declínio, é alta, com
51,97% são mulheres, sendo a terceira maior população fe- 33,5 óbitos a cada mil nascidos vivos, estando bem acima
minina do Nordeste. Quando o critério é cor, a maioria da da média nacional, que é de 22; o índice de analfabetismo
população se declara parda (54,31%), seguida por brancos é de 20%; e os serviços de saneamento ambiental atendem
(40,60%), pretos (4,98%) e indígenas (0,12%). Por situação a menos da metade da população. Tento adaptado de CER-
do domicílio, 76,48% vivem em áreas urbanas, ante 23,52% QUEIRA. W.
que habitam em áreas rurais. Na divisão por faixa etária,
21,66% da população tem entre 0 e 14 anos, 8,67% tem 65
anos ou mais e 69,67% está entre 15 e 64 anos. Com isso, o
estado tem a maior população em idade ativa do Nordeste PRINCIPAIS ASPECTOS DA GEOGRAFIA
e a décima maior do país. AGRÁRIA BRASILEIRA E DO RIO GRANDE DO
A taxa de crescimento populacional do Rio Grande do NORTE: ESTRUTURA FUNDIÁRIA E PRINCIPAIS
Norte é de 0,99, acima da média brasileira que é de 0,83. A LAVOURAS.
estimativa é de que uma pessoa nasça no estado a cada 16
minutos e 14 segundos. Com isso, a previsão é de que, em
2030, a população potiguar ultrapasse os 3,85 milhões de
habitantes. Na contramão do aumento populacional, a taxa O debate sobre o que se convencionou chamar “A
de fecundidade do estado é a terceira mais baixa do Nor- Questão Agrária no Brasil” vem se intensificando nos últi-
deste: cada mulher tem, em média, 1,98 filho, índice abaixo mos anos. Não é, entretanto, a primeira vez que esse tema
do necessário para a reposição populacional. Em 1991, a é discutido entre nós. Na verdade, essa polêmica já polari-
taxa de fecundidade no estado era de 3,36, enquanto no zou grande parte dos debates também em outras épocas
ano 2000, este número caiu para 2,54.
da vida nacional. Na década de trinta, por exemplo, essa
No quesito educação, o estado é o sexto colocado no
discussão girava em torno da crise do café e da grande
ranking da taxa de analfabetismo do país. Entre as pessoas
depressão iniciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque
com 18 ou mais, 19,74% não sabe ler nem escrever. Este nú-
em 1929.
mero aumenta para 23,16% se considerada apenas pessoas
Já no final dos anos cinquenta e início dos anos ses-
em idade adulta, ou seja, com 25 anos ou mais. Menos da
senta, a discussão sobre a questão agrária fazia parte da
metade da população com 18 anos ou mais tem o Ensino
polêmica sobre os rumos que deveria seguir a industriali-
Fundamental completo (48,60%). Em contrapartida, se con-
sideradas apenas as pessoas com 25 anos ou mais, o Rio zação brasileira. Argumentava-se então que a agricultura
Grande do Norte apresenta o maior número de concluintes brasileira - devido ao seu atraso - seria um empecilho ao
do Ensino Médio entre os estados do Nordeste (31,57%) e desenvolvimento econômico, entendido como sinônimo
o segundo maior número de graduados no Ensino Superior da industrialização do país. Esse diagnóstico vinha refor-
da região (8,32%). çado pela crise da economia brasileira, particularmente no
No que tange à pobreza, o estado apresenta o me- período 1961/67. Depois de 1967, até 1973, o país entrou
nor número de extremamente pobres do Nordeste. 10,33% numa fase de crescimento acelerado da economia. Nesse
da população possui renda domiciliar per capita igual ou período, que ficou conhecido como o do “milagre brasi-
inferior a setenta reais mensais. Em relação ao saneamen- leiro”, pouco se falou da questão agrária. Em parte porque
to, apenas 21,74% tem acesso à coleta de esgoto. Outro a repressão política não deixava falar de quase nada. Mas
problema que atinge os potiguares é a taxa de mortalida- em parte também porque muitos achavam que a questão
de infantil. A cada mil crianças nascidas vivas, 19,70 não agrária tinha sido resolvida com o aumento da produção
completam o primeiro ano de vida, o décimo pior valor do agrícola ocorrido no período do milagre.
Brasil. Nos últimos anos, a violência também foi acentuada Embora todos reconhecessem que esse aumento vinha
no estado. A taxa de homicídios subiu 190,2% entre 2001 beneficiando os então chamados “produtos de exportação”
e 2011, o terceiro maior aumento entre todos os estados (como o café, a soja, etc.), em detrimento dos chamados
brasileiros. “produtos alimentícios” (como o feijão, arroz, etc.), contra
Além disso, o estado apresenta uma esperança de vida argumentavam alguns que isso era um desajuste passagei-
ao nascer abaixo da média nacional. Enquanto que, no Bra- ro que logo se normalizaria. Outros diziam ainda que não
sil, a estimativa é de 73,94 anos, o Rio Grande do Norte haveria problema se pudéssemos continuar exportando
tem uma esperança de vida ao nascer de 72,52 anos ainda soja - que era mais lucrativa - e, com os recursos obtidos,
assim, o segundo maior valor do Nordeste. Entre aspectos comprar o feijão de que necessitávamos. Mas o “milagre”
positivos e negativos, o estado registra o maior IDHM do acabou. Passada a euforia inicial, muitos começaram a se
Nordeste (0,684), justamente com o fator longevidade ala- dar conta de que os frutos do crescimento acelerado do
vancando o índice do estado. período 1967/73 tinham beneficiado apenas uma minoria

34
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

privilegiada. E, entre os que tinham sido penalizados, esta- em si mesma: o que se produz, onde se produz e quanto
vam os trabalhadores em geral, e, de modo particular, os se produz. Já a questão agrária esta ligada às transforma-
trabalhadores rurais. De 1974 em diante a economia brasi- ções nas relações sociais e trabalhistas produção: como se
leira deixa de apresentar os elevados índices de crescimen- produz, de que forma se produz. No equacionamento da
to do período anterior, e no triênio 1975/77 começa a se questão agrícola as variáveis importantes são as quantida-
delinear claramente outra situação de crise. É muito inte- des e os preços dos bens produzidos. Os principais indica-
ressante observar que em 1978 muitas coisas voltam a ser dores da questão agrária são outros: a maneira como se
discutidas, com o início de uma relativa abertura política no organiza o trabalho e a produção; Qualidade de renda e
país. E, entre elas, retoma-se com pleno vigor o debate so- emprego dos trabalhadores rurais, a progressividade das
bre a questão agrária, novamente dentro do contexto mais pessoas ocupadas no campo, etc. A força com que a ques-
geral das crises do sistema econômico capitalista. tão agrária brasileira ressurge hoje não advém apenas da
A escolha da agricultura como “meta prioritária” do maior liberdade com que podemos discuti-la. Mas também
governo reaviva as discussões que se travam em torno do do fato de que ela vem sendo agravada pelo modo como
conteúdo político e social das transformações que se ope- têm se expandido as relações capitalistas de produção no
raram no campo brasileiro nas duas últimas décadas. Nem campo. Em outras palavras, a maneira como o país tem
mesmo a tão anunciada “super-safra” - que não chegou a conseguido aumentar a sua produção agropecuária tem
causado impactos negativos sobre o nível de renda e de
ser tão “super” assim - consegue esconder o “ressurgimen-
emprego da sua população rural. E a crise agrária brasileira
to da questão agrária”, como parte dos temas mais polê-
já estava desde o início dos anos sessenta ligada a uma
micos do momento. Evidentemente não é bem um “res- liberação excessiva de população rural. Eram milhares de
surgimento da questão agrária”, pois ela não foi resolvida pequenos camponeses que, expulsos do campo, não con-
anteriormente. seguiam encontrar trabalho produtivo nas cidades e daí os
De um lado, ela havia sido esquecida ou deixara de crescentes índices de migrações, de subemprego, para não
ser um tema da moda da grande imprensa. Do outro lado falar na mendicância, prostituição e criminalidade das me-
- da parte daqueles que não a podiam esquecer, porque trópoles brasileiras.
a questão agrária faz parte da sua vida diária, os traba- O fato é que a expansão da grande empresa capitalista
lhadores rurais - ela fora silenciada. Para isso foi necessá- na agropecuária brasileira nas décadas de sessenta e seten-
rio fechar sindicatos, prender e matar líderes camponeses, ta foi ainda muito mais acelerado que em períodos anterio-
além de outra série de violências que todos conhecem ou res. E essa expansão destruiu outros milhares de pequenas
pelo menos imaginam. Esse próprio “ressurgimento” serve unidades de produção, onde o trabalhador rural obtinha
para ilustrar um ponto fundamental para poder confundir a não apenas parte da sua própria alimentação, como tam-
questão agrária e a questão agrícola o grande economista bém alguns produtos que vendia nas cidades. É essa mes-
brasileiro Ignácio Rangel já havia alertado sobre isso desde ma expansão que transformou o colono em bóia-fria, que
1962. agravou os conflitos entre grileiros e posseiros, fazendeiros
Dizia ele que o setor agrícola à medida que avançasse a e índios, e que concentrou ainda mais a propriedade da
industrialização do país, teria que: a) aumentar a produção, terra. Falamos a pouco das transformações que a expan-
para fornecer às indústrias nascentes matérias-primas, e às são do capitalismo no campo provoca sobre a produção
pessoas das cidades os alimentos; b) liberar a mão-de-obra agropecuária. Mas qual é o sentido dessas transformações?
necessária para o processo de industrialização; Se a produ- Com o desenvolvimento da produção capitalista na agri-
ção agrícola não crescesse no ritmo, necessário, configu- cultura (ou seja, nas transformações que o capital provoca
rar-se-ia então uma crise agrícola: faltariam alimentos e/ na atividade agropecuária), tende a haver um maior uso de
ou matérias-primas, o que inviabilizaria a continuidade do adubos, de inseticidas, de máquinas, de maior utilização de
processo de industrialização. Por outro lado, se a agricul- trabalho assalariado, o cultivo mais intensivo da terra, etc.
Em resumo, a produção se torna mais intensiva sob
tura liberasse muita ou pouca mão-de-obra em função das
o controle do capital. Quer dizer, o sentido das transfor-
quantidades exigidas para a expansão industrial, configu-
mações capitalistas é elevar a produtividade do trabalho.
rar-se-ia uma crise agrária traduzida por uma urbanização
Isso significa fazer cada pessoa ocupada no setor agrícola
exagerada ou deficiente. produzir mais, o que só se consegue aumentando a jorna-
Essa separação entre questão agrária e questão agríco- da e o ritmo de trabalho das pessoas, e intensificando a
la é apenas um recurso analítico. Evidente que na realidade produção agropecuária. E para conseguir isso o sistema ca-
objetiva dos fatos não se pode separar as coisas em com- pitalista lança mão dos produtos da sua indústria: adubos,
partimentos estanques, ou seja, a questão agrária está pre- máquinas, defensivos, etc. Ou seja, o desenvolvimento das
sente nas crises agrícolas, da mesma maneira que a ques- relações de produção capitalistas no campo se faz “indus-
tão agrícola tem suas raízes na crise agrária. Portanto, é trializando” a própria agricultura. Essa industrialização da
possível verificar que a crise agrícola e a crise agrária, além agricultura é exatamente o que se chama comumente de
de internamente relacionadas, muitas vezes ocorrem simul- penetração ou “desenvolvimento do capitalismo no cam-
taneamente. Mas o importante é que isso não é sempre po”. O importante de se entender é que é dessa maneira
necessário. Pelo contrário muitas vezes a maneira pela qual que as barreiras impostas pela Natureza à produção agro-
se resolve a questão agrícola pode servir para agravar a pecuária vão sendo gradativamente superadas. Como se o
questão agrária. Em poucas palavras, a questão agrícola diz sistema capitalista passasse a fabricar a natureza que fosse
respeito aos aspectos ligados às mudanças da produção adequada à produção de maiores lucros.

35
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Assim, se uma determinada região é seca, tome lá uma Daí surgiram os latifúndios escravistas. Não havia le-
irrigação para resolver a falta de água; se é um brejo, lá gislação que possibilitasse dizer quem era ou não proprie-
vai uma draga resolver o problema do excesso de água; tário. A confusão perdurou após a independência, mas a
se a terra não é fértil, aduba-se e assim por diante. A tec- partir de 1850, os barões do café cultivo que substituía o
nologia adotada é apropriada aos interesses do grande açúcar como motor da economia agrária uniram-se com
capitalista contra aos dos pequenos produtores. Mas isso dois objetivos: legalizar a posse de terras e garantir a con-
não é próprio do sistema capitalista. É importante voltar a tinuidade do fornecimento de mão-de-obra para nelas tra-
lembrar que o objetivo das transformações capitalistas na balhar. Com a perspectiva da iminente abolição da escrava-
agricultura (como em toda a economia é o de aumentar tura, os cafeicultores só poderiam contar com os escravos
a produtividade do trabalho. Isto é, fazer com que cada libertos e os imigrantes para trabalhar como colonos. Para
pessoa possa produzir mais, durante o tempo em que está isso, era necessário que essa parcela da população não
tivesse a possibilidade de adquirir as próprias terras nem
trabalhando. No sistema capitalista, quando o trabalhador
dominá-las.
produz mais, quem ganha é o patrão. É ele que aumenta
No início do século XIX, a extinção do regime de ses-
seus lucros. Por isso, o sistema capitalista acumula riqueza marias, aliada à ausência de outra legislação regulando a
de um lado e miséria de outro. posse das terras devolutas, provoca uma rápida expansão
Mas a elevação da produtividade do trabalho é fun- dos sítios de pequenos produtores. Em meados desse mes-
damental em qualquer sociedade. Numa sistema econô- mo século. Começou a declinar o regime escravocrata. Sob
mico socialista, onde o trabalhador é o dono dos frutos pressão da Inglaterra - agora interessada num mercado
do seu próprio trabalho. Aí, quando uma pessoa produzir comprador para seus produtos manufaturados, e não ape-
mais por dia de serviço, ela ganhará mais e poderá inclu- nas interessada em vender escravos - o Brasil proíbe o trá-
sive trabalhar menos dias por ano, se isso for conveniente fico negreiro em 1850. Foi assim que o Império promulgou
para todos. É claro que, num sistema desse tipo, muitas a Lei de Terras, que estabelecia a compra e a venda como
tecnologias adotadas no capitalismo terão que ser aban- única forma de aquisição de qualquer gleba disponível. As
donadas. Afinal, o objetivo não será mais aumentar os lu- pessoas que já possuíam propriedade recebiam o título de
cros dos grandes capitais, mas promover o bem-estar dos posse mediante prova de que residiam e produziam na ter-
trabalhadores. ra. As áreas não ocupadas eram consideradas do Estado e
só poderiam ser adquiridas por meio de compra nos leilões
Ocupação da terra no Brasil e a formação dos comple- mediante o pagamento à vista o que, é claro, não estava ao
xos agroindustriais no Brasil alcance dos imigrantes e dos escravos libertos.
Além de garantir as propriedades dos barões do café
das regiões Sul e Sudeste e dos latifundiários do Nordes-
Do total de 850 milhões de hectares (8,5 milhões de te, a Lei de Terras abriu brechas para todo tipo de fraude.
quilômetros quadrados) do território brasileiro, 418,5 mi- Uma consistia em reivindicar uma gleba com base em do-
lhões são ocupados por 4,3 milhões de fazendas e sítios. cumentos falsificados. Pra dar aparência antiga à papelada,
A maioria desses imóveis 3,9 milhões é de pequenas pro- as escrituras eram trancadas numa gaveta cheia de grilos.
priedades, que ocupam apenas 27% da área produtiva do Corroídos e amarelados por substâncias liberadas pelos
país. Por outro lado, cerca de 112,5 mil propriedades rurais insetos, os documentos pareciam autênticos. Daí vem o
(2,6%) são latifúndios ocupam 214,8 milhões de hectares, termo grilagem. O período que vai da proibição do tráfico
ou seja, mais da metade das terras. Esses índices fazem e da lei de Terras até a abolição (1850/1888) marca a deca-
do Brasil um dos campeões mundiais de concentração de dência do sistema latifundiário-escravista.
terras um problema que persiste desde os tempos de co- Após 1888, começa a se consolidar no país um seg-
lônia e só pode ser resolvido com uma reforma agrária. A mento formado por pequenas fábricas de chapéus, de
concentração fundiária no Brasil remota à criação das ca- louças, de fiação e tecelagem, etc. Essas indústrias servem
pitanias hereditárias, no início da colonização portuguesa, para fortalecer e consolidar vários centros urbanos que
no século XVI. Àquela época, a monocultura da cana para antes eram puramente administrativos - cidades sem vida
exportação era um bom negócio para a Coroa Portuguesa própria (quer dizer, sem gerar produtos), como se “dizia”:
e ocupava boa parte das terras desbravadas. como, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro. Embora
bastante incipiente, esse princípio de industrialização e a
A produção de alimentos inclusive para a subsistên-
consequente urbanização daí decorrente - começa a pro-
cia dos próprios moradores das fazendas ficava relegada
vocar várias alterações na produção agrícola. Consolida-se
a segundo plano. As pequenas áreas em que se permitia a produção mercantil de alimentos fora das grandes fazen-
plantar eram constantemente deslocadas para dar lugar a das de café: Além da produção de alimentos, os peque-
novas áreas de cultivo de cana. A precariedade dessa agri- nos agricultores têm também a possibilidade de produzir
cultura familiar causava problemas crônicos de abasteci- matérias primas para as indústrias crescentes (como por
mento. O ciclo do ouro trouxe certo fôlego para a produ- exemplo, o algodão, o tabaco, etc.) uma vez que o latifún-
ção de alimentos. Mas não o suficiente para regularizar a dio continua a monopolizar a produção destinada à ex-
posse da terra e dinamizar o setor agrícola não exportador. portação - o café. As alterações de preços dessa cultura
Tanto que, no fim do século XVIII, a ocupação do território provocam crises periódicas durante o início do século XX,
colonial se mesclava ainda à política de doação por meio culminando em 1932, ano em que se dá o auge dos refle-
de sesmarias. xos da crise de 29 sobre o setor cafeeiro.

36
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

O período que se estende de 1933 a 1955 marca uma seja, a forma como a terra está distribuída - torna-se assim
nova fase de transição da economia brasileira. Nesse perío- o ‘’pano de fundo” sobre o qual se desenrola o processo
do, o setor industrial vai-se consolidando paulatinamente e produtivo na agricultura. Se fosse fácil fabricar novas terras,
o centro das atividades econômicas começa vagarosamen- pouca importância teria a forma de apropriação dos solos
te a se deslocar do setor cafeeiro - exportador. A indústria criados pela Natureza, quer dizer, dos solos não fabricados.
gradativamente vai assumindo o comando do processo de O sistema capitalista procura superar essa barreira da
acumulação de capital: o país vai deixando de ser “emi- limitação dos solos disponíveis fabricando as terras neces-
nentemente agrícola” (como alguns ainda creem ser a sua sárias através da utilização de tecnologias por ele desen-
“vocação histórica”). Durante essa fase, a industrialização volvidas. Por exemplo, um determinado pedaço de solo
se faz pela “substituição das importações”: um determina- não pode ser utilizado porque está inundado, ou porque é
do produto que era comprado no exterior, passa a ter sua muito duro e seco, ou ainda porque tem baixa fertilidade
produção estimulada no país através de barreiras alfande- e não produz nada. Ora, com o uso de fertilizantes de má-
gárias, que incluíam desde impostos elevados até a própria quinas pode-se fazer a correção desses “defeitos” através
proibição da importação. Mas vai ficando cada vez mais di- da drenagem, a ração, irrigação, etc. Claro que é possível
fícil essa substituição. Antes eram tecidos, louças, chapéus; hoje “fabricar terras” ou até mesmo produzir alimentos e
agora são eletrodomésticos, carros, que precisam ser pro- animais praticamente sem usar terra, como, por exemplo,
duzidos internamente. E para isso se faz necessário primei- através da agricultura hidropônica ou do confinamento.
ro implantar a indústria pesada no país: siderurgia, petro- Mas, evidentemente, isso não aconteceu num passe de
química, material elétrico, etc. - o que é feito no período de mágica, senão que pressupõe toda uma história do desen-
1955/61. Resolvido o problema da indústria, vai-se iniciar o volvimento das relações de produção capitalistas no cam-
que se poderia chamar industrialização da agricultura. No po, e das transformações que se operaram entre os vários
início dos anos sessenta, que corresponde ao final da fase agentes sociais da produção agrícola.
de industrialização pesada no Brasil, instalam-se no país as Embora os complexos ou sistemas agroindustriais
fábricas de máquinas e insumos agrícolas. (CAIs) no Brasil tenham se conformado de modo mais es-
Assim, por exemplo, são implantadas indústrias de tra- pecífico na década de 1970, algumas das raízes da moder-
tores e equipamentos agrícolas (arados, grades, etc.), ferti- nização agrária podem ser encontradas no século XIX. As
mudanças ligadas às inovações do campo ocorreram sob a
lizantes químicos, rações e medicamentos veterinários, etc.
lógica, os objetivos e as estratégias do capital, em princí-
Evidentemente a indústria de fertilizantes e defensivos quí-
pio comercial, em seguida industrial e, depois, financeiro.
micos só poderia se instalar depois de constituída a indús-
Naturalmente, os setores agrícolas básicos ligados à ex-
tria petroquímica; a indústria de tratores e equipamentos
portação, sobretudo café, cana de açúcar, e algodão, foram
agrícolas, depois de implantada a siderurgia; e assim por
no passado os mais susceptíveis na adoção de inovações,
diante. O importante é que, a partir da constituição desses
tanto a nível técnico como nas relações de trabalho. Ligado
ramos industriais no próprio país, a agricultura brasileira
ao capital comercial, o complexo rural encontrava-se atado
iria ter que criar um mercado consumidor para esses “no-
ao comércio externo através de um produto valorizado no
vos” meios de produção. Para garantir a ampliação desse
mercado internacional.
mercado, o Estado implementou um conjunto de políticas As unidades produtoras (fazendas e engenhos/usinas)
agrícolas destinadas a incentivar a aquisição dos produtos eram quase que auto-suficientes. Para realizar a produção
desses novos ramos da indústria, acelerando o processo de voltada à exportação, elas se proviam, dentro de suas pos-
incorporação de modernas tecnologias pelos produtores sibilidades, de artesanatos e manufaturas e, assim, produ-
rurais. A industrialização da agricultura brasileira entrava ziam equipamentos rudimentares para o trabalho, bem
assim numa outra etapa. como insumos simples, além de transporte. Neste contex-
Mas o desenvolvimento das relações capitalistas na to, a divisão social do trabalho apresentava-se bastante
agricultura tem particularidades em relação ao da indústria. incipiente. É interessante ressaltar que o desenvolvimento
A principal delas é que o meio de produção fundamental industrial brasileiro, indutor de mudanças no setor agro-
na agricultura a terra não é suscetível de ser multiplicado pecuário, ao contrário dos países centrais, ocorreu sem o
(reproduzido) ao livre arbítrio do homem, como o são as substrato da revolução agrícola. A efetivação das CAIs rea-
máquinas e outros meios de produção e instrumentos de lizou-se de modo rápido e intenso pela ação de políticas
trabalho. É exatamente por ser a terra um meio de produção governamentais que incentivaram a criação de indústrias
relativamente não reprodutível ou pelo menos, mais com- de maquinarias e insumos básicos, tanto por iniciativa ofi-
plicado de ser multiplicado que a forma de sua apropriação cial, como particular (empresas nacionais e internacionais).
histórica ganha uma importância fundamental. Desde que As firmas multinacionais, algumas já atuando no país, acor-
a terra seja apropriada privadamente, o seu dono pode ar- reram em grande número e passaram a operar, tanto na
rogar-se o direito de fazer o que quiser com aquele pedaço indústria de base quanto na de processamento, em forma
de chão. Em alguns países, como no caso do Brasil, o pro- de mono ou oligopólios. O Estado também cria incentivos
prietário de terra tem até mesmo o direito de não utilizá-la ao consumo, via política de crédito subsidiado, dif são de
produtivamente, isto é, deixá-la abandonada, e de impedir pacotes tecnológicos (revolução verde), facilidade de aqui-
que outro a utilize. Por isso é que a estrutura agrária ou sição de terras, principalmente nas áreas de fronteiras.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

A propriedade fundiária desfruta de um intenso pro- Por isso, no Rio Grande do Norte predomina a agricul-
cesso de valorização, constituindo-se num bem com reser- tura familiar, principalmente o cultivo dos produtos de se-
va de valor, acentuando a concentração fundiária. Com o queiro, com destaque para arroz, feijão, milho e sorgo, que,
aumento do valor da terra, a pequena produção fica fragili- em função das limitações das chuvas, influencia de forma
zada frente às pressões do capital e, assim, muitos dos seus negativa o desenvolvimento dessas culturas, não permitin-
agricultores foram obrigados a abdicar de suas terras. Muitos do que as lavouras alcancem índices aceitáveis de produti-
deles “optaram” em viver em cidades (estimula-se que trinta vidade que possa viabilizar ao produtor rural remuneração
milhões de brasileiros deixaram o campo pela cidade neste compatível ao custo de produção. Essa posição é respon-
período). Uma outra parcela deles transforma-se em assala-
sável pelo déficit anual de produção desses grãos em mais
riados permanentes ou temporários nas empresas moderni-
zadas. Uma percentagem das pequenas propriedades familia- de 150%, exigindo que o Rio Grande do Norte importe,
res consegue se capitalizar e penetrar no circuito da agroin- anualmente, expressivas quantidades de alimentos básicos
dústria, integrando-se aos CAIs, mas em compensação, perde para suprir a demanda de consumo. Além disso, nas duas
grande parte de sua independência. Na década de 90, chega- últimas safras, o Rio Grande do Norte passou a conviver
ram ao poder os presidentes Collor de Mello e Cardoso que com uma nova conjuntura: excesso de chuvas. Este ano, a
assumiram práticas ligadas à doutrina neoliberal. No Governo situação climática foi considerada atípica. As precipitações
Collor de Melo, a recessão, desemprego e inflação atingiram pluviométricas já atingiram mais de 40% acima da média
patamares nunca vistos e que não foram debelados, apesar histórica do Estado, refletindo significativamente na redu-
dos planos econômicos implementados. ção da safra das culturas de subsistência, principalmente o
Já o Governo Cardoso obteve êxito quanto ao controle da feijão e o milho.
inflação, via Plano Real. Nesta década, o Estado não só perde Entretanto, dentro contexto dos produtos regionais,
a sua capacidade de investimento em indústrias de base e em sobressaem a castanha-decaju e a cera de carnaúba, cuja
infraestrutura, como também, vem-se retirando do processo
escala de produção e exportação tem colocado o Rio Gran-
econômico com a política de privatização das estatais. Abriu-
se, por outro lado, o mercado brasileiro, até então protegido de do Norte em destaque no cenário nacional. Esses pro-
em favor das indústrias existentes no país, objetivando, via dutos têm grande aceitação pelo mercado internacional, já
concorrência, elevar o padrão de qualidade dos produtos e que mais de 80% da produção nacional é exportada. Além
serviços a preços baixos. A estabilização da moeda, indubi- do interesse pela demanda externa por esses produtos,
tavelmente, atraiu ao mercado consumidor, sobretudo nos os agricultores e as indústrias de processamento contam,
produtos de primeira necessidade, uma parcela da população ainda, com o apoio governamental no suporte à comer-
nacional de baixa renda, ausente do circuito formal da eco- cialização junto ao mercado interno, através dos seguintes
nomia. Em outro patamar, nesta década efetivou-se a aliança instrumentos: a) Política de Garantia de Preços Mínimos –
econômica entre os países sulamericanos do chamado Co- PGPM: castanha-de-caju, pó cerífero e cera de carnaúba e;
ne-Sul, constituindo-se num supra-organismo, o MERCOSUL, b) Programa de Aquisição de Alimentos – PAA: para casta-
com repercussões diferenciadas na economia de todas as nha-de-caju.
nações membros. Esta realidade, embora muito recente, vem
trazendo modificações na esfera econômica e na organização
CASTANHA-DE-CAJU
do espaço brasileiro, principalmente na região Sul, a mais pró-
O cajueiro adaptou-se muito bem às condições climá-
xima dos países integrantes no macroorganismo.
Tudo indica que haverá a médio e longo prazo uma maior ticas do litoral nordestino, destacando-se os Estados do
especialização setorial nas diversas regiões geoeconômicas, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte que respondem por
em função de sua proximidade, das potencialidades naturais mais de 85% da produção nacional de castanha de caju in
e das vantagens comparativas. Algumas, certamente, ganha- natura. A cajucultura tem elevada importância econômica e
rão dinamismo enquanto outras poderão ficar, até mesmo, social para o Rio Grande do Norte, devido à maciça absor-
marginalizadas. ção de mão-de-obra nos pomares, durante o período de
entressafra dos demais produtos agrícolas, e nas indústrias
CONJUNTURA AGRÍCOLA: RIO GRANDE DO NORTE de processamento ao longo do ano, contribuindo para a
Dos nove estados nordestinos, pode-se considerar que geração de emprego e renda da população rural e urbana.
o Rio Grande do Norte possui destacado potencial na área
de recursos naturais, vocações econômicas e desenvolvimen- CARNAÚBA
to agrícola, sobretudo na atividade da fruticultura irrigada (o A atividade extrativista da carnaúba continua com ca-
RN conta com solos profundos e próprios para o cultivo de
racterísticas primárias em seu processo produtivo. O ex-
frutas, com destaque para o melão), pecuária, carcinicultura,
piscicultura, apicultura e de produtos regionais, destacando- trativismo da carnaúba que, durante a década de 70, teve
se a castanhade-caju e a cera de carnaúba. Não obstante, o o auge da produção, continua, fundamentalmente, sendo
Rio Grande do Norte que concentra mais de 90% do seu ter- desenvolvida por agricultores (arrendatários de áreas com
ritório dentro da região semiárida, conta, sistematicamente, carnaubais) de baixa renda, com reduzidos investimentos
com situações climáticas desfavoráveis, com baixos índices em evolução tecnológica, induzindo ao impedimento para
pluviométricos. Essa situação é responsável pela absorção o contínuo aumento da produção de pó cerífero e da cera.
dos tradicionais problemas econômicos e sociais inerentes A cadeia produtiva da carnaúba está basicamente concen-
aos estados da Região Nordeste. trada nos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

No estado potiguar, a partir da década de 80, gran- Centro Administrativo do Rio Grande do Norte (área
de parte das áreas dos carnaubais foi substituída pelas verde), onde se situa a sede do poder executivo potiguar.
seguintes atividades, entre outras: cerâmica, fruticultura e O poder executivo do Rio Grande do Norte, sediado
carcinicultura. Em função disso, nos últimos 10 (dez) anos, a no Centro Administrativo do Estado, localizado na capital,
produção nacional de cera de carnaúba não teve alterações é representado pelo governador do estado, auxiliado pelos
significativas, situando-se na faixa de 18.000 toneladas por seus secretários. Ele é o responsável pela nomeação dos
safra, com maior participação do Estado do Ceará, que res- secretários de Estado, que auxiliam no governo. O primeiro
ponde por quase 50% da produção. Essa produção é esti- chefe do executivo potiguar, logo após a Proclamação da
mada com base na demanda externa, que absorve mais de República, foi Pedro de Albuquerque Maranhão, que assu-
80% da safra, enquanto que para o consumo interno são miu em 17 de novembro de 1889, e o atual é Robinson Mes-
demandadas, em média, 3.600 toneladas/ano. quita de Faria, do Partido Social Democrático (PSD), eleito
No Rio Grande do Norte, Estado que responde por no  segundo turno nas eleições de 2014  com 54,42% dos
10% da produção nacional de cera de carnaúba, nos úl- votos válidos e empossado em 1º de janeiro de 2015, ten-
timos anos a produção vem se mantendo entre 1.800 e do como vice Fábio Berckmans Veras Dantas, do Partido
2.000 toneladas/ano. Essa estimativa é feita, além da in- Comunista do Brasil (PCdoB).
fluência climática que poderá alterar a produção, com base O poder legislativo estadual é  unicameral e exercido
na demanda externa, que absorve mais de 80% da safra. pela  Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (Pa-
O consumo interno absorve em torno de 450 toneladas/ lácio José Augusto), formada por 24 deputados eleitos de
ano. Como os dados de produção são historicamente es- forma direta para mandatos quadrienais. Sua mesa diretora
timados, e visando obter as informações mais acuradas, é formada por um presidente, dois vice-presidentes e qua-
tornam-se necessárias várias gestões no sentido de quan- tro secretários. No Congresso Nacional, a representação
tificar a produção de pó cerífero e de cera de carnaúba, potiguar é de três senadores e oito deputados federais.
identificando, inclusive, as áreas (hectares) dos carnaubais O poder judiciário do estado é formado pelo Tribunal
em produção. de Justiça do Rio Grande do Norte, composto por quin-
A CANA-DE-AÇÚCAR NO RIO GRANDE DO NORTE ze desembargadores, além do Conselho de Justiça Militar e
A cana-de-açúcar no Rio Grande do Norte é planta- dos tribunais de júri, juízes de direito, juizados especiais e
da, principalmente, na Mesorregião do Leste Potiguar que juízes de paz. É dirigido por um presidente, auxiliado pelo
respondeu, em 1990, por 97% da produção estadual, pas- vice-presidente, além do corregedor de justiça e do ou-
sando em 2005 a concentrar 92%. Nos últimos anos, a safra vidor geral. Representações deste poder estão espalhadas
do estado vem apresentando um declínio, principalmente pelo território estadual por meio de unidades denomina-
devido à estiagem, ao alto custo de produção e a falta de das de comarcas. Ao todo, existem 65 comarcas em três
investimentos. Os números impactam principalmente na entrâncias: primeira (30), segunda (25) e terceira (10). De
economia dos municípios que tem a cana-de-açúcar como acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Rio Gran-
pilar. O estado possui algumas usinas, tendo como princi- de do Norte possuía, em dezembro de 2016, 2 398 583
pal a Estivas, e essas possuem uma média de produção de eleitores, o que representa 1,64% do eleitorado brasileiro.
70% de açúcar e 30% de etanol (2014). É função do governador: a direção da administração
No Estado do Rio Grande do Norte, o engenho Santa estadual e a representação do Estado em suas relações
Luzia, localizado no município de Touros, trabalha com o jurídicas, políticas e administrativas, defendendo seus in-
corte de cana manual e sem queima. Possui uma briqueta- teresses junto à Presidência e buscando investimentos. O
deira, produz briquetes a partir do pó de serra, bagaço da governador do Distrito Federal, por ser um caso singular
cana-de-açúcar individualmente ou misturado com a palha (município neutro), exerce certas funções que são cabíveis
da cana, e tem um mercado consumidor difundido entre ao prefeito.
padarias, pizzarias, etc. Texto adaptado de COSTA. L. G. A. E No Brasil, o governador tem um mandato de quatro
anos, sendo eleito através do sistema de sufrágio univer-
sal. É eleito o candidato que tiver 50% dos votos mais um,
caso contrário, os dois candidatos mais votados disputam
GEOGRAFIA POLÍTICA (GOVERNADORES DO o segundo turno. 
RIO GRANDE DO NORTE).  O Governador deve representar o Estado em todas as
suas relações, sejam elas jurídicas, políticas ou adminis-
trativas. Também defende os interesses do estado sejam
defendidos junto ao presidente. Para além disso, há várias
O Rio Grande do Norte é um estado da federação, áreas de grande relevância pública em que ele tem papel
sendo governado por três poderes, o executivo, o legisla- decisivo.
tivo e judiciário. A atual constituição estadual foi promul-
gada em 3 de outubro de 1989, acrescida das alterações GOVERNADORES DO RIO GRANDE DO NORTE
resultantes de posteriores emendas constitucionais. Tam- -Pedro Velho de Albuquerque Maranhão - 17 de no-
bém é permitida a participação popular nas decisões do vembro de 1889 a 6 de dezembro de 1889
governo através de referendos e plebiscitos. São símbolos - Adolfo Afonso da Silva Gordo - 6 de dezembro de
oficiais do estado a bandeira, o brasão e o hino. 1889  a  8 de fevereiro de 1890

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GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

- Jerônimo Américo Raposo da Câmara - 8 de fevereiro - Mário Leopoldo Pereira da Câmara -  2 de agosto de
de 1890  a 10 de março de 1890 1933 a  27 de outubro de 1935
-  Joaquim Xavier da Silveira Júnior  - 10 de março de - Liberato da Cruz Barroso -  27 de outubro de 1935
1890 a 19 de setembro de 1890 a  29 de outubro de 1935
- Pedro Velho  de Albuquerque Maranhão -  19 de setem- - Rafael Fernandes Gurjão(PP) - 29 de outubro de 1935
bro de 1890  a 8 de novembro de 1890 a  3 de julho de 1943
- João Gomes Ribeiro  - 8 de novembro de 1890 a  7 de - Antônio Fernandes Dantas - 3 de julho de 1943  a 15
dezembro de 1890 de agosto de 1945 
- Manuel do Nascimento Castro e Silva -  7 de dezembro - José Georgino Avelino - 15 de agosto de 1945  a 7 de
de 1890 a  2 de março de 1891 novembro de 1945  
- Francisco Amintas da Costa Barros - 2 de março de 1891 - Miguel Seabra Fagundes -  7 de novembro de
a  13 de junho de 1891 1945  a  13 de fevereiro de 1946 
- José Inácio Fernandes Barros -  13 de junho de 1891 a  6 - Ubaldo Bezerra de Melo -  13 de fevereiro de 1946 15
de agosto de 1891 de janeiro de 1947
- Francisco Gurgel de Oliveira  - 6 de agosto de 1891 a  9 - Orestes da Rocha Lima - 15 de janeiro de 1947  a 31
de setembro de 1891 de julho de 1947.
- Miguel Joaquim de Almeida Castro  - 9 de setembro de - José Augusto Varela (PSD) -  31 de julho de 1947 a  31
1891 a 28 de novembro de 1891 de janeiro de 1951
- Francisco de Lima e Silva - 28 de novembro de 1891  a - Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia(PSD) -  31 de janeiro
22 de fevereiro de 1892  de 1951 a  16 de julho de 1951
- Joaquim Ferreira Chaves - 28 de novembro de 1891  a - Sílvio Piza Pedrosa(PSD) -  16 de julho de 1951 a  31
22 de fevereiro de 1892  de janeiro de 1956
- Manuel do Nascimento Castro e Silva  - 28 de novembro - Dinarte de Medeiros Mariz(UDN) - 31 de janeiro de
de 1891  a 22 de fevereiro de 1892  1956 a  31 de janeiro de 1961
- Jerônimo Américo Raposo da Câmara -  22 de fevereiro - Aluísio Alves(PSD)  - 31 de janeiro de 1961 a  31 de
de 1892 28 de fevereiro de 1892 janeiro de 1966
- Pedro Velho  de Albuquerque Maranhão -  28 de feve- - Walfredo Dantas Gurgel(PSD)- 31 de janeiro de 1966
reiro de 1892 25 de março de 1896 a  15 de março de 1971
- Joaquim Ferreira Chaves -  25 de março de 1896 a  25 - José Cortez Pereira de Araújo(ARENA)-  15 de março
de março de 1900 de 1971  a 15 de março de 1975
- Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão -  25 de - Tarcísio de Vasconcelos Maia(ARENA)  - 15 de março
março de 1900 a 25 de março de 1904 de 1975 a  15 de março de 1979
- Augusto Tavares de Lira  - 25 de março de 1904 a 5 de  - Lavoisier Maia Sobrinho(ARENA)  - 15 de março de
novembro de 1906 1979 a  15 de março de 1983
- Manuel Moreira Dias - 5 de novembro de 1906 a 23 de - José Agripino Maia(PDS) -   15 de março de 1983
fevereiro de 1907 a  15 de maio de 1986
- Antônio José de Melo e Sousa-  23 de fevereiro de 1907 -  Radir Pereira de Araújo(PDS) - 15 de maio de 1986  a
a  25 de março de 1908 15 de março de 1987
- Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão - 25 de - Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo(PMDB) -  15
março de 1908 a  31 de dezembro de 1913 de março de 1987 a 15 de março de 1991
- Joaquim Ferreira Chaves-  1 de janeiro de 1914 a  31 de - José Agripino Maia(PFL)  - 15 de março de 1991 a  2
dezembro de 1920 de abril de 1994
- Antônio José de Melo e Sousa - 1 de janeiro de 1921 - Vivaldo  Silvino da Costa(PFL)  - 2 de abril de 1994 a
a  1º de janeiro de 1924 31 de dezembro de 1994
- José Augusto Bezerra de Medeiros - 1º de janeiro de - Garibaldi Alves Filho(PMDB)  -  1º de janeiro de
1924 a 31 de dezembro de 1927 1995  a 31º de dezembro de 1998
- Juvenal Lamartine de Faria 1º de janeiro de 1928 5 de - Garibaldi Alves Filho(PMDB) -  1º de janeiro de 1999  a
outubro de 1930 6 de abril de 2002
- Luís Tavares Guerreiro -  6 de outubro de 1930 a  12 de - Fernando Antônio da Câmara Freire(PPB) -  6 de abril
outubro de 1930 de 2002  a 31 de dezembro de 2002
- Abelardo Torres da Silva Castro -  6 de outubro de 1930 - Wilma Maria de Faria(PSB) - 1º de janeiro de 2003
a  12 de outubro de 1930 a  31º de dezembro de 2006
- Júlio Perouse Pontes  -  6 de outubro de 1930 a  12 de - Wilma Maria de Faria (PSB) - 1º de janeiro de 2007
outubro de 1930 a  31 de março de 2010
- Irineu Jofili - 12 de outubro de 1930 a 28 de janeiro de 1931 - Iberê Paiva Ferreira de Souza(PSB)  31 de março de
- Aluísio de Andrade Moura - 29 de janeiro de 1931 a  31 2010  a  31 de dezembro  2010
de julho de 1931  - Rosalba Ciarlini Rosado(DEM) - 1º de janeiro de 2011
- Hercolino Cascardo - 31 de julho de 1931 11 de junho a 31 de dezembro de 2014
de 1932  - Robinson Mesquita de  Faria(PSD) - 1º de janeiro de
- Bertino Dutra da Silva - 11 de junho de 1932 2 de 2015 a  31 de dezembro de 2018. Texto adaptado de LIMA.
agosto de 1933  J.

40
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A área X é a que se estende pelas margens de rios,


SOBRE: GEOGRAFIA segundo a conjugação das duas imagens apresentadas. Es-
sas áreas são, de fato, protegidas pela legislação ambiental
01.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010)-Analise Brasileira, embora essa proteção tenha diminuído com o
este mapa topográfico, em que estão representados os novo Código Florestal. Uma das proteções é a proibição do
principais elementos do relevo de um trecho do terri- desmatamento da mata ciliar, ou seja, da mata que margeia
tório Brasileiro: os rios. A alternativa (B) está correta.
Em comparação com as outras áreas do mapa, a área Y
é relativamente plana, o que a torna propícia para a agricul-
tura. A proximidade com o rio, potencial fonte de irrigação,
torna a área Y ainda mais propícia para a atividade. A alter-
nativa (C) está correta.
A existência de declividade se relaciona com a maior
facilidade de escoamento superficial das águas das chuvas,
o que diminui a possibilidade de inundações nesses luga-
res. Regiões menos propícias a inundações são, por sua vez,
propícias à ocupação urbana. A alternativa (D) está correta.

Análise, agora, esta proposta de zoneamento am- RESPOSTA: “D”.


biental para essa mesma área elaborada por uma equi-
pe de especialistas em planejamento territorial: 02.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010) - Analise
estes fluxogramas, em que está representado o ciclo hi-
drológico de uma mesma bacia hidrográfica, antes (I) e
depois (II) de sua urbanização:

A partir da análise do mapa topográfico e da pro-


posta de zoneamento correspondente, é INCORRETO
afirmar que a zona ambiental
A) w, devido às características de seu relevo, apre-
senta potencial para o uso agrícola, com destaque para
os cultivos anuais que empregam mecanização. DREW, D. Processos interativos Homem - Meio am-
B) x, por se estender pelas margens de rios e abran- biente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. p.91-95.
ger nascentes e áreas adjacentes, tem sua proteção as- (Adaptado)
segurada pela legislação ambiental brasileira. A partir dessa análise e considerando-se outros co-
C) y, em razão de sua topografia relativamente pla- nhecimentos sobre o assunto, é INCORRETO afirmar
na e da proximidade de cursos de água, apresenta po- que, depois da urbanização dessa bacia hidrográfica,
tencialidade para prática de agricultura irrigada. ocorreu
D) z, graças à declividade suave e à ausência de ris- A) alteração do volume de água armazenada em
co associado a cheias de rios, revela potencial para im- subsuperfície, o que pode dificultar sua obtenção a
plantação de equipamentos urbanos. partir de poços.
B) aumento considerável da vazão de córregos e
A zona W, como mostra o primeiro mapa, é uma área rios durante o período das chuvas, o que pode contri-
de relevo. Essas áreas não são inúteis para a agricultura, buir para maior freqüência e volume de inundações.
existindo técnicas para utilizá-las de modo minimamente C) diminuição no nível das águas dos córregos e
eficiente. Entretanto, áreas planas são mais propícias para a rios durante os períodos de menor pluviosidade, o que
prática da agricultura, principalmente quando é mecaniza- pode comprometer tradicionais formas de uso da água.
da, uma vez que as máquinas são mais facilmente utilizadas D) redução generalizada na velocidade de circula-
em áreas que não apresentam relevos significativos. Assim, ção da água em superfície, o que pode aumentar, em
a área W não é a que apresenta maior potencial para o uso termos relativos, o volume de água disponível ao ho-
agrícola. A alternativa (A) está incorreta. mem.

41
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Com a urbanização, pavimenta-se grande parte do Em um país majoritariamente tropical, como o Brasil, a
solo, de modo a impermeabilizá-lo, ou seja, a água da chu- variação da duração do dia é muito pequena de uma esta-
va armazenada no subsolo diminui, pois é escoada pelas ção para outra e o sol é sempre uma alternativa energética
superfícies impermeáveis até os córregos e rios. Com a di- viável. A alternativa (B) está incorreta. 
minuição da água no subsolo, diminui também a possibili- A cidade de Brasília, que tem problemas de umidade
dade de se conseguir abastecimento de água por meio de do ar todo inverno, que é o período de seca. Nessa época,
poços. A alternativa (A) está correta. quando a umidade do ar fica muito baixa, a população ten-
A água que antes era absorvida pelo solo vai princi- de a ter mais problemas respiratórios. Quando a situação
palmente para os córregos e rios, o que aumenta a proba- fica crítica, determinadas atividades, como o funcionamen-
bilidade de enchentes, uma vez que o porte e a capacida- to de escolas, são suspensas para minimizar os efeitos da
de natural dos rios em receber água geralmente não são baixa umidade do ar. A alternativa (C) está correta. 
grandes o suficiente para receber a água que deveria ser Quanto maior a latitude (o ponto de referência é a li-
absorvida pelo solo. A alternativa (B) está correta. nha do Equador, que tem latitude 0), menor tende a ser a
Com a urbanização, é comum o desmatamento da temperatura do local e, obviamente, isso influencia a agri-
mata ciliar dos rios, o que gera erosão, alargando seu leito. cultura. No Brasil, como nenhuma parte do território se
Outro fator que contribui para o alargamento é o maior encontra em latitude extrema, a agricultura é possível em
volume de água que os rios passam a receber na época de todos os estados do país durante o ano inteiro. A alterna-
chuva, uma vez que a impermeabilidade dos solos pavi- tiva (D) está correta.
mentados impede a absorção de água pelo subsolo e au-
menta o escoamento superficial das águas. Diante do alar- RESPOSTA: “B”.
gamento dos rios, na época de seca, o nível das águas di-
minui naturalmente e isso pode acarretar problemas, como 04.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010)- Analise
o comprometimento da navegabilidade, dentre outros. A este trecho de música, em que se retratam condições
alternativa (C) está correta. socioambientais das grandes cidades Brasileiras:
O que ocorre é o aumento generalizado da velocidade
de circulação da água de superfície, e não a redução. Isso A Cidade
tende a reduzir o volume de água disponível ao homem. A
alternativa (D) está incorreta.
A cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
RESPOSTA: “B”.
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais e camelôs
03.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010)Conside-
A cidade não pára, a cidade só cresce
rando-se a tropicalidade dos climas – e suas conseqüen-
O de cima sobe e o de baixo desce
tes repercussões na vida humana – em vastas extensões
Chico Science, “A Cidade”.
do território Brasileiro, é INCORRETO afirmar que
A) a alternância típica das estações chuvosa e seca –
verão e inverno – ainda influencia o calendário agrícola A partir dessa análise, é INCORRETO afirmar que,
de amplas regiões, mesmo daquelas em que já se utiliza nesse trecho de música, o autor
a irrigação. A) considera a exclusão social como uma caracte-
B) a redução da intensidade da radiação solar e da rística marcante das sociedades urbanas, que tem au-
duração do dia no inverno, embora pouco significativa, mentado à medida que se intensifica a concentração de
torna o sol alternativa energética inviável nessa estação renda.
do ano. B) denuncia a pequena mobilidade econômica das
C) a umidade relativa do ar apresenta variação es- classes sociais, decorrente da intensificação da divisão
tacional semelhante à das chuvas, com expressiva re- do trabalho que acompanha o processo de urbanização.
dução durante os dias de inverno, o que implica efeitos C) exalta o modo de vida urbano ao alegar que, nas
sobre a saúde humana. cidades, a posse de bens duráveis – como automóveis e
D) as diferenças de temperatura entre verão e in- motocicletas – é traço característico de seus habitantes.
verno, embora reduzidas, aumentam com a latitude, D) inclui o contingente populacional urbano in-
sem que o frio se torne fator limitante para a agricultu- serido no mercado de trabalho informal, comumente
ra em muitas regiões. ligado à expansão do subemprego e do desemprego
estrutural.
A incidência de verão chuvoso e inverno seco se veri-
fica em grande parte do Brasil, com destaque para partes A exclusão social pode ser percebida quando o autor
do Sudeste, e, sobretudo, Centro-Oeste. Essas regiões são fala de mendigos, camelôs e que os de cima sobem e os
grandes produtoras agrícolas, de modo que o regime de de baixo descem. Tudo isso mostra que a cidade é um local
chuvas é levado em conta pelos agricultores, mesmo que de bastante desigualdade, onde há concentração de renda,
alguns utilizem a técnica da irrigação artificial. A alternativa de um lado, e pobreza, de outro lado. A alternativa (A) está
(A) está correta.  correta.

42
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

A pequena mobilidade social é justificada na canção A agricultura sulina não é marcada pelo baixo grau de
pelas mesmas partes apresentadas no comentário da letra modernização; pelo contrário, é uma região que tem grau
(A): patrões e trabalhadores quase nunca mudam de posi- bastante elevado de mecanização na agropecuária. No que
ção, a polícia oprime os camelôs e os ricos tornam-se mais tange aos setores de criação avícola, suína e de plantação
ricos, enquanto os pobres ficam mais pobres. A alternativa de soja, a mecanização é ainda mais presente, pois esses
(B) está correta. setores servem à indústria alimentícia da região que é vol-
O autor da música não exalta o modo de vida urbano; tada, em grande parte, para a exportação. O Brasil é muito
pelo contrário, ele critica a desigualdade social, a opressão, competitivo nesse setor, o que não ocorreria caso a agro-
a concentração de renda existente no meio urbano. A alter- pecuária tivesse baixo grau de mecanização. A alternativa
nativa (C) está incorreta. (C) está incorreta. 
Sendo que o contingente populacional urbano inseri- Os cafezais deram lugar, sobretudo, às plantações de
do no mercado de trabalho informal é representado pe- soja, milho e trigo. Vale lembrar, contudo, que, embora a
los camelôs na música, os quais exercem uma forma de área plantada de café no Paraná tenha diminuído e cedido
subemprego, pois não têm qualquer direito trabalhista, e lugar a outras culturas, o Estado ainda é produtor expressi-
são frequentemente oprimidos pela polícia. A alternativa vo de café no Brasil, apesar de não ser o principal produto
(D) está correta. da agricultura paranaense. A alternativa (D) está correta.
RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “C”.
06.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010)- Conside-
05.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010)- Conside- rando-se os reflexos da evolução da economia Brasi-
rando-se a organização geoeconômica da Região Sul leira na espacialização das atividades e da população, é
Brasileira, é INCORRETO afirmar que
INCORRETO afirmar que
A) a indústria da região metropolitana de porto ale-
A) a oferta do setor de serviços à população se am-
gre conserva profundos vínculos com a agropecuária
pliou e se dispersou em conseqüência da expansão do
regional, que lhe fornece importante percentual da ma-
número de núcleos urbanos no país.
téria-prima processada.
B) a zona rural, nas duas últimas décadas, registrou
B) a proximidade geográfica do sudeste contribui
em algumas regiões agrícolas, crescimento populacio-
para tornar a região metropolitana de Curitiba impor-
tante área receptora dos impulsos da desconcentração nal e, em outras, decréscimo no número absoluto de
industrial paulista. habitantes.
C) o grau de modernização da agricultura sulina é C) o espaço econômico sofreu redução no território
predominantemente baixo, sobretudo nas sub-regiões brasileiro, em razão da impossibilidade de se manter a
de criação avícola e suína e nas de cultivo de soja. oferta de trabalho na fronteira de recursos.
D) o norte do Paraná é ocupado, hoje, pela soja e D) o meio rural registrou aumento percentual da
outros cultivos, que gradativamente, substituíram os oferta de empregos, principalmente nos setores secun-
cafezais. dário e terciário da economia.

Embora o setor industrial da região metropolitana de Se analisarmos os dados do IBGE que revelam que, no
Porto Alegre seja bastante diversificado, a indústria alimen- início da década de 1960, o Brasil tinha 1890 municípios e
tícia é muito forte e se baseia, em grande medida, nos pro- que, atualmente, o país conta com 5565 municípios, perce-
dutos originários da agropecuária do Estado. As empresas be-se que a dispersão e a ampliação da oferta de serviços
Doux-Frangosul, localizada em Montenegro, e Bunge, loca- à população são processos naturais. Afinal, em 50 anos, o
lizada em Esteio, são exemplos dessa relação estreita entre número de municípios mais que dobrou no Brasil. A alter-
a indústria alimentícia da região metropolitana e a agrope- nativa (A) está correta. 
cuária do estado. A alternativa (A) está correta. 
Tem-se observado nos últimos anos um processo de Considerando o Brasil como um todo, a população
desconcentração industrial, em que a região metropolita- rural vem se reduzindo há mais de cinco décadas, sendo
na de São Paulo é a maior perdedora. Essa desconcentra- que, nos anos 1960, a população urbana do país passou
ção, contudo, é concentrada, pois a maior parte dela não é a ser maior do que a rural. Nos dias atuais, a tendência
deslocada para regiões distantes do Sudeste Brasileiro. As é de continuação da diminuição da população rural, mas,
indústrias buscam melhores condições de produção, mas em algumas áreas, principalmente as de fronteira agrícola,
ainda necessitam estar relativamente próximas das partes a população rural cresceu excepcinalmente. Um exemplo
mais dinâmicas do país, pois precisam de infraestrutura e disso é a região Norte, que testemunhou um aumento de
de mão de obra qualificada, o que é mais difícil de ser en- população rural quando as outras regiões já vivenciavam o
contrado em regiões mais periféricas do Brasil. Nesse sen- decréscimo dessa população. A alternativa (B) está correta. 
tido, a região metropolitana de Curitiba tem atraído grande O espaço econômico Brasileiro não sofreu redução;
parte das empresas que se instalam no país ou que querem pelo contrário, como se viu anteriormente, o número de
se deslocar de seu endereço original. São José dos Pinhais cidades aumentou; regiões que eram escassamente povoa-
é um ótimo exemplo dessa tendência, constituindo o local das passaram a receber migrantes, e esses fatos contribuem
escolhido por empresas como Volkswagen, Renault, Boti- para que a economia Brasileira se torne mais complexa. A
cário, dentre outras. A alternativa (B) está correta.  alternativa (C) está incorreta. 

43
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

Apesar de o meio rural ter passado por uma revolução 08. (UERJ – VESTIBULAR – UERJ/2011) – No gráfico
tecnológica, o que reduz o emprego direto na lida com as abaixo, estão representadas mudanças no perfil socioe-
plantações e criações, observou-se, ao mesmo tempo, a conômico da população Brasileira entre 2002 e 2009.
evolução da indústria agropecuária, que, em grande parte
das vezes, se instala nos arredores dos locais de produção.
Isso acaba gerando empregos nessa indústria relacionada
ao campo e no setor de serviços, que se desenvolve com o
crescimento da agroindústria. A alternativa (D) está correta.

RESPOSTA: “C”.

07.(UFMG – VESTIBULAR – UFMG/2010)- Conside-


rando-se a dinâmica espacial do setor industrial de Mi-
nas Gerais, é INCORRETO afirmar que
A) a região leste do estado, no que se refere ao se-
tor de pesquisa e desenvolvimento, se transformou na
mais importante plataforma de produção da agroin-
dústria nacional.
B) a região norte mineira – com destaque para mon-
tes claros e Pirapora –, apesar da política de incentivos
fiscais de que se beneficiou, teve expansão industrial Um dos principais fatores que possibilitaram as mu-
pouco expressiva. danças representadas no gráfico é:
C) as cidades polarizadas por belo horizonte ex- (A) Elevação Do Poder Aquisitivo
perimentam industrialização estimulada tanto por sua (B) Ampliação Da Expectativa De Vida
forte base mineral como pelos impulsos recebidos da (C) Estabilização Da Oferta De Emprego
própria capital.
(D) Diminuição Da Taxa De Analfabetismo
D) as regiões central, sul e do triângulo mineiro –
com destaque para a região metropolitana de belo ho-
De acordo com o gráfico, houve crescimento da classes
rizonte e algumas cidades médias – abrigam a maior
AB e C e diminuição das classes D e E, apontando igual-
concentração industrial e urbana do estado.
mente para os percentuais relativos à mudança de classe
econômica, na sociedade Brasileira, entre os anos de 2002
A região de Minas Gerais que tem maior destaque no
e 2009. Tendo em vista que a divisão em classes econô-
setor agroindustrial é a oeste, e não a leste. Mais precisa-
micas está associada ao poder de compra e às condições
mente, a região do triângulo mineiro/Alto Paranaíba tem
atraído diversas empresas do ramo da agroindústria, como de vida, tais transformações, assim relacionadas, permitem
a Rezende Alimentos.  concluir que houve nesse momento o aumento do poder
A região metropolitana de Belo Horizonte é a mais di- aquisitivo de segmentos populacionais.
nâmica em termos de industrialização no estado de Minas
Gerais. Em Montes Claros e Pirapora, há indústrias do ramo RESPOSTA: “A”.
têxtil, alimentos, biocombustíveis, dentre outros. Compa-
rativamente com outras regiões do estado, a região norte 09. (UERJ – VESTIBULAR – UERJ/2011) –
não se desenvolveu muito em termos industriais, mas cabe
destacar que, para a economia das cidades, o setor secun-
dário tem importância considerável. A alternativa (B) está
correta. 
Dois dos destaques da indústria mineira são, de fato, a
mineração e a metalurgia. As principais regiões produtoras
estão próximas à capital Belo Horizonte, que acaba influen-
ciando, pelo seu dinamismo econômico, essas regiões em
termos industriais. A alternativa (C) está correta. 
Nas regiões citadas na assertiva se encontram as maio-
res cidades do estado (Belo Horizonte, Uberlândia e Juiz de
Fora). Da mesma forma, essas regiões concentram a maior
parte da indústria do Estado. Contrariamente, a região me- A dinâmica interna de uma região metropolitana é
nos desenvolvida é a do norte mineiro, a qual tem baixos extremamente complexa, dada a variedade das intera-
índices de desenvolvimento humano, econômico e social. ções que se estabelecem entre os aglomerados que a
A alternativa (D) está correta. compõem.
Na tabela acima, evidencia-se o tipo de interação
RESPOSTA: “A”. denominado de:

44
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

(A) Repulsão Urbana 11. (UERJ – VESTIBULAR – UERJ/2011) –


(B) Migração De Retorno
(C) Movimento Pendular
(D) Fluxo De Transumância

A análise do gráfico permite identificar os movimentos


populacionais do tipo pendular, característicos dos espaços
metropolitanos. Esses fluxos caracterizam-se pelos deslo-
camentos diários, para fins de trabalho ou estudo, para uni-
dades geográficas distintas daquelas de moradia. No caso
das áreas metropolitanas, conforme observa-se no gráfico,
os movimentos pendulares ocorrem entre as cidades da
periferia e a metrópole, envolvendo parcelas expressivas
da população residente.

RESPOSTA: “C”.

10. (UERJ – VESTIBULAR – UERJ/2011) –

Em finais do século XX, o processo de expansão do


mercado mundial incorporou novos territórios, em vir-
tude de diversos eventos políticos e econômicos.
No caso dos países constantes do gráfico, o padrão
de evolução do PNB per capita pode ser explicado por
problemas associados a:
(A) processo de unificação territorial violento
(B) crise mundial originada nos estados unidos
(C) encarecimento dos serviços da dívida externa
(D) transição da economia socialista para a capita-
lista
Nas duas últimas décadas, o governo federal vem
propondo ações no sentido de oferecer uma resposta O fim dos regimes do chamado “socialismo real” na
às transformações na composição etária da população antiga União Soviética deu início à fragmentação do país
Brasileira. em quinze diferentes repúblicas e à subsequente transição
Essas ações têm seguido uma tendência que se ma- em direção à economia de mercado. Esse processo ocorreu
nifesta mais diretamente na seguinte iniciativa: de forma relativamente acelerada e conturbada, resultan-
(A) revisão das bases da legislação sindical do em problemas como inflação elevada, com a corres-
(B) alteração das regras da previdência social pondente corrosão acentuada dos salários, desemprego e
(C) expansão das verbas para o ensino fundamental redução do consumo. Esse quadro pode ser claramente
(D) ampliação dos programas de prevenção sanitá- identificado no gráfico analisando-se o comportamento
ria das curvas de evolução do PNB por habitante, as quais
declinam significativamente nos cinco primeiros anos, que
As transformações na pirâmide etária Brasileira, entre podem ser considerados um período de transição, recupe-
1980 e 2010, indicam, de acordo com o gráfico, o envelhe- rando-se gradualmente a partir de então.
cimento proporcional da população, visível no crescimento
numérico de pessoas nas faixas situadas entre 20 e 54 anos. RESPOSTA: “D”.
Tal aspecto, somado ao aumento da expectativa de vida,
ocasiona a necessidade de redimensionar a política pre- 12. (FCI – VESTIBULAR – VUNESP/2013) –A atual
videnciária, visando a contemplar a projeção do aumento política do governo Brasileiro de apoio à produção de
de pensões e aposentadorias e o equacionamento entre biocombustíveis traz consigo alguns objetivos e pro-
tempo de trabalho e arrecadação de contribuições dessa duz consequências específicas, entre os quais podemos
natureza. mencionar, respectivamente,
A) a busca pela redução das emissões de gases cau-
RESPOSTA: “B”. sadores do efeito estufa e a tendência à ampliação das
áreas destinadas à produção da cana-de-açúcar no ter-
ritório nacional.

45
GEOGRAFIA DO BRASIL E DO RIO GRANDE DO NORTE

B) a busca pela redução das emissões de gases cau- “É um movimento que invade as metrópoles Brasileiras
sadores do efeito estufa e a tendência ao fortalecimen- da periferia para o centro. Para muitos jovens, o hip hop
to do consumo dos combustíveis fósseis no país. vem fazendo a diferença, mudando jeitos de pensar, dando
C) a busca pelo aumento das emissões de gases oportunidades e denunciando a desigualdade social e ra-
causadores do efeito estufa e a tendência à ampliação cial. “O hip hop nasceu na periferia dos bairros pobres de
das áreas destinadas à produção da soja no território Nova York.Pode ser considerada uma cultura juvenil urba-
nacional. na”, explica Viviane Melo de Mendonça Magro, psicóloga
D) a busca pela mudança da matriz energética na- que estuda o movimento no Brasil, com ênfase na questão
cional e a tendência à redução das áreas destinadas à de gênero. “O hip hop é formado por três elementos: a mú-
produção de cana-de-açúcar no território nacional. sica (rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break).
E) a busca pela redução da área total destinada à No hip hop os jovens usam as expressões artísticas como
produção de alimentos e a tendência à ampliação das uma forma de luta e resistência política”, diz a pesquisa-
áreas destinadas à produção da soja no território na- dora.”
cional.
Dísponivel em: http://racaBrasil.uol.com.br/Edi-
Vantagens de uso dos biocombustíveis coes/106/artigo38938-1.asp/
- Possibilita o fechamento do ciclo do carbono (CO2),
contribuindo para a estabilização da concentração desse RESPOSTA: “E”.
gás na atmosfera (isso contribui para frear o aquecimento
global); 14. (FCI – VESTIBULAR – VUNESP/2013) –Na planí-
- No caso específico do Brasil, há grande área para cie avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas
cultivo de plantas que podem ser usadas para a produção verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, es-
debiocombustíveis; tavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam
- Geração de emprego e renda no campo (isso evita o pouco, mas como haviam repousado bastante na areia
inchaço das cidades); do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia
- Menor investimento financeiro em pesquisas (as pes- horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos
quisas de prospecção de petróleo são muito dispendiosas); juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados
[...].
- O biodiesel substitui bem o óleo diesel sem necessi-
A vegetação e o tipo de clima predominante na re-
dade de ajustes no motor;
gião Brasileira descrita no texto são;
- Redução do lixo no planeta (pode ser usado para pro-
A) O Domínio Da Caatinga E O Clima Semiárido.
dução debiocombustível);
B) O Domínio Da Caatinga E O Clima Equatorial Se-
- Manuseio e armazenamento mais seguros que os
miúmido.
combustíveis fósseis.”
C) O Domínio Dos Cerrados E O Clima Semiárido.
D) O Domínio Dos Cerrados E O Clima Tropical
RESPOSTA: “A”.
E) Os Campos Naturais E O Clima Subtropical.
13. (FCI – VESTIBULAR – VUNESP/2013) –Os pro- O trecho menciona uma passagem de Vidas Secas de
blemas associados à urbanização Brasileira levaram à Graciniano Ramos onde Fabiano e sua família fogem da
constituição de movimentos sociais, políticos e cultu- seca e da estiagem.
rais que lutam por melhores condições de vida nas ci- O clima semi-árido, presente nas regiões Nordeste e
dades do nosso país. São exemplos destes movimentos; Sudeste, apresenta longos períodos secos e chuvas oca-
A) o movimento dos trabalhadores rurais sem-terra sionais concentradas em poucos meses do ano. As tempe-
e o movimento dos atingidos por barragens. raturas são altas o ano todo, ficando em torno de 26 ºC. A
B) o movimento dos trabalhadores sem-teto e o vegetação típica desse tipo de clima é a caatinga. (http://
movimento dos trabalhadores rurais sem-terra www.sogeografia.com.br/Conteudos/GeografiaFisica/Cli-
C) o movimento por igualdade racial e o movimen- ma/?pg=2)
to pela demarcação das terras indígenas.
D) o movimento hip hop e o movimento dos atingi- RESPOSTA: “A”.
dos por barragens
E) o movimento dos trabalhadores sem-teto e o
movimento hip hop.

Em relação aos problemas referentes a urbanização


Brasileira, vemos que há anos o MST está tentando adquirir
seu espaço na sociedade atual e não é novidade, porém o
que é novidade é o movimento Hip Hop que vem ascen-
dendo no mundo todo (não só no Brasil). Veja o “excerto”
escrito por uma pesquisadora da USP:

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição: Conceito............................................................................................................................................................................................ 01
Princípios fundamentais......................................................................................................................................................................................... 03
Classificação................................................................................................................................................................................................................ 08
Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais................................................................................................................... 09
Poder Constituinte: Conceito. Finalidade. Titularidade e Espécies. Reforma da Constituição. Cláusulas Pétreas............... 11
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, direitos po-
líticos.............................................................................................................................................................................................................................. 13
Da Organização do Estado................................................................................................................................................................................... 50
Da Administração Pública. Disposições Gerais. Dos Servidores Públicos.......................................................................................... 59
Da Organização dos Poderes............................................................................................................................................................................... 72
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública.....................106
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

PROF. MA. BRUNA PINOTTI GARCIA OLIVEIRA Constituição no sentido sociológico


O sentido sociológico de Constituição foi definido por
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Es- Ferdinand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é
tado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. elaborada tem como perspectiva os fatores reais de poder
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Uni- na sociedade. Neste sentido, aponta Lassale1: “Colhem-se
versitário Eurípides de Marília – UNIVEM (bolsista CAPES). estes fatores reais de poder, registram-se em uma folha de
Professora de curso preparatório para concursos e univer- papel, [...] e, a partir desse momento, incorporados a um
sitária da Universidade Federal de Goiás – UFG. Autora de papel, já não são simples fatores reais do poder, mas que
diversos trabalhos científicos publicados em revistas qua- se erigiram em direito, em instituições jurídicas, e quem
lificadas, anais de eventos e livros, notadamente na área atentar contra eles atentará contra a lei e será castigado”.
do direito eletrônico, dos direitos humanos e do direito Logo, a Constituição, antes de ser norma positivada, tem
constitucional. seu conteúdo delimitado por aqueles que possuem uma
parcela real de poder na sociedade. Claro que o texto cons-
titucional não explicitamente trará estes fatores reais de
poder, mas eles podem ser depreendidos ao se observar
CONSTITUIÇÃO: CONCEITO. favorecimentos implícitos no texto constitucional.

Constituição no sentido político


Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição
O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial não está na Constituição em si, mas nas decisões políticas
ao jurista no exercício de suas funções, afinal, a partir dele tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o conceito
que se delineia toda a estrutura do ordenamento jurídico de Constituição será estruturado por fatores como o regi-
nacional. me de governo e a forma de Estado vigentes no momento
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Cons- de elaboração da lei maior. A Constituição é o produto de
tituição Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do es- uma decisão política e variará conforme o modelo político
tudo do Direito Constitucional, impossível compreendê-la à época de sua elaboração.
sem antes situar a referida Carta Magna na teoria do cons-
titucionalismo. Constituição no sentido material
A origem do direito constitucional está num movimen- Pelo conceito material de Constituição, o que define
to denominado constitucionalismo. se uma norma será ou não constitucional é o seu conteú-
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo do e não a sua mera presença no texto da Carta Magna.
qual se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser Em outras palavras, determinadas normas, por sua nature-
limitado, que evoluiu para um movimento jurídico defensor za, possuem caráter constitucional. Afinal, classicamente a
da imposição de normas escritas de caráter hierárquico su- Constituição serve para limitar e definir questões estrutu-
perior que deveriam regular esta limitação de poder. rais relativas ao Estado e aos seus governantes.
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbi- Pelo conceito material de Constituição, não importa a
trário fundamenta a noção de norma no ápice do ordena- maneira como a norma foi inserida no ordenamento jurí-
mento jurídico, regulamentando a atuação do Estado em dico, mas sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha
todas suas esferas. Sendo assim, inaceitável a ideia de que limpa – Lei Complementar nº 135/2010 – foi inserida no or-
um homem, o governante, pode ser maior que o Estado. denamento na forma de lei complementar, não de emenda
O objeto do direito constitucional é a Constituição, no- constitucional, mas tem por finalidade regular questões de
tadamente, a estruturação do Estado, o estabelecimento inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 da Consti-
dos limites de sua atuação, como os direitos fundamentais, tuição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influencia
e a previsão de normas relacionadas à ideologia da ordem no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
econômica e social. Este objeto se relaciona ao conceito um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora pre-
material de Constituição. No entanto, há uma tendência vista como lei complementar, na verdade regula o que na
pela ampliação do objeto de estudo do Direito Constitucio- Constituição seria chamado de elemento limitativo. Para o
nal, notadamente em países que adotam uma Constituição conceito material de Constituição, trata-se de norma cons-
analítica como o Brasil. titucional.
Pelo conceito material de Constituição, não importa a
Conceito de Constituição maneira como a norma foi inserida no ordenamento jurí-
É delicado definir o que é uma Constituição, pois de dico, mas sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha
forma pacífica a doutrina compreende que este concei- limpa – Lei Complementar nº 135/2010 – foi inserida no or-
to pode ser visto sob diversas perspectivas. Sendo assim,
Constituição é muito mais do que um documento escrito 1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Consti-
que fica no ápice do ordenamento jurídico nacional esta- tuição. 6. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.
belecendo normas de limitação e organização do Estado, 2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Pre-
mas tem um significado intrínseco sociológico, político, sentación de Francisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Uni-
cultural e econômico. versidad Textos, 2003.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

denamento na forma de lei complementar, não de emenda No entanto, o que realmente confere validade é o po-
constitucional, mas tem por finalidade regular questões de sicionamento desta norma de dever ser na ordem jurídica
inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 da Consti- e a qualidade desta de, por sua posição hierarquicamente
tuição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influencia superior, estruturar todo o sistema jurídico, no qual não se
no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo, aceitam lacunas.
um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora pre- Kelsen5 definiu o Direito como ordem, ou seja, como
vista como lei complementar, na verdade regula o que na um sistema de normas com o mesmo fundamento de
Constituição seria chamado de elemento limitativo. Para o validade – a existência de uma norma fundamental. Não
conceito material de Constituição, trata-se de norma cons- importa qual seja o conteúdo desta norma fundamental,
titucional. ainda assim ela conferirá validade à norma inferior com ela
compatível.Esta norma fundamental que confere funda-
Constituição no sentido formal mento de validade a uma ordem jurídica é a Constituição.
Como visto, o conceito de Constituição material pode Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a
abranger normas que estejam fora do texto constitucional presença de um escalonamento de normas no ordenamen-
devido ao conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no to jurídico, sendo que a Constituição fica no ápice desta
sentido formal é definida exclusivamente pelo modo como pirâmide.
a norma é inserida no ordenamento jurídico, isto é, tudo o
que constar na Constituição Federal em sua redação ori- Elementos da Constituição
ginária ou for inserido posteriormente por emenda cons- Outra noção relevante é a dos elementos da Constitui-
titucional é norma constitucional, independentemente do ção. Basicamente, qualquer norma que se enquadre em um
conteúdo. dos seguintes elementos é constitucional:
Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter
materialmente constitucional, seja formalmente constitu- Elementos Orgânicos
cional, apenas por estar inserida no texto da Constituição Referem-se ao cerne organizacional do Estado, nota-
Federal. Por exemplo, o artigo 242, §2º da CF prevê que damente no que tange a:
“o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janei- a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder
ro, será mantido na órbita federal”. Ora, evidente que uma entre governantes e governados. Se há eletividade e tem-
norma que trata de um colégio não se insere nem em ele- porariedade de mandato, tem-se a forma da República, se
mentos organizacionais, nem limitativos e nem socioideo- há vitaliciedade e hereditariedade, tem-se Monarquia.
lógicos. Trata-se de norma constitucional no sentido for- b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido
mal, mas não no sentido material. de forma centralizada numa unidade (União), o chamado
Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e Estado Unitário, ou descentralizada entre demais entes fe-
do Colégio Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição derativos (União e Estados, classicamente), no denominado
Federal de 1988 e no sistema jurídico brasileiro como um Estado Federal. O Brasil adota a forma Federal de Estado.
todo não há perfeita correspondência entre regras mate- c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação
rialmente constitucionais e formalmente constitucionais. entre Poder Executivo e Poder Legislativo no exercício das
funções do Estado, como maior ou menor independência e
Constituição no sentido jurídico colaboração entre eles. Pode ser Parlamentarismo ou Pre-
Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de sidencialismo, sendo que o Brasil adota o Presidencialismo.
Constituição alocando-a no mundo do dever ser. d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de
Ao tratar do dever ser, Kelsen3 argumentou que so- poder, como o governante se ascende ao Poder. Se houver
mente existe quando uma conduta é considerada objeti- legitimação popular, há Democracia, se houver imposição
vamente obrigatória e, caso este agir do dever ser se torne em detrimento do povo, há Autocracia.
subjetivamente obrigatório, surge o costume, que pode
gerar a produção de normas morais ou jurídicas; contudo, Elementos Limitativos
somente é possível impor objetivamente uma conduta por A função primordial da Constituição não é apenas de-
meio do Direito, isto é, a lei que estabelece o dever ser. finir e estruturar o Estado e o governo, mas também es-
Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kel- tabelecer limites à atuação do Estado. Neste sentido, não
sen4 entendeu que é preciso uma correspondência mínima poderá fazer tudo o que bem entender, se sujeitando a de-
entre a conduta humana e a norma jurídica imposta, logo, terminados limites.
para ser vigente é preciso ser eficaz numa certa medida, As normas de direitos fundamentais – categoria que
considerando eficaz a norma que é aceita pelos indivíduos abrange direitos individuais, direitos políticos, direitos so-
de tal forma que seja pouco violada. Trata-se de noção re- ciais e direitos coletivos – formam o principal fator limita-
lacionada à de norma fundamental hipotética, presente no dor do Poder do Estado, afinal, estabelecem até onde e em
plano lógico-jurídico, fundamento lógico-transcendental que medida o Estado poderá interferir na vida do indivíduo.
da validade da Constituição jurídico-positiva.
Elementos Socioideológicos
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Os elementos socioideológicos de uma Constituição
Tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins são aqueles que trazem a principiologia da ordem econô-
Fontes, 2003, p. 08-10. mica e social.
4 Ibid., p. 12. 5 Ibid., p. 33.

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Supremacia da Constituição 1.1) Soberania


A Constituição Federal e os demais atos normativos Soberania significa o poder supremo que cada nação
que compõem o denominado bloco de constitucionalida- possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito
de, notadamente, emendas constitucionais e tratados in- surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do absolutismo,
ternacionais de direitos humanos aprovados com quórum colocando o reina posição de soberano. Sendo assim, poderia
especial após a Emenda Constitucional nº 45/2004, estão governar como bem entendesse, pois seu poder era exclusivo,
no topo do ordenamento jurídico. inabalável, ilimitado, atemporal e divino, ou seja, absoluto.
Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guar- Neste sentido, Thomas Hobbes6, na obra Leviatã, defende
dar uma estrita compatibilidade, sob pena de serem in- que quando os homens abrem mão do estado natural, deixa
constitucionais. O respeito a esta relação de compatibili- de predominar a lei do mais forte, mas para a consolidação
dade vertical é, assim, essencial para que um ato jurídico deste tipo de sociedade é necessária a presença de uma auto-
adquira validade no ordenamento jurídico nacional. ridade à qual todos os membros devem render o suficiente da
sua liberdade natural, permitindo que esta autoridade possa
assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, que
à época da escrita da obra de Hobbes se consolidava no mo-
narca, deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável.
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma-
quiavel7, que rejeitou a concepção de um soberano que deve-
ria ser justo e ético para com o seu povo, desde que sempre
tivesse em vista a finalidade primordial de manter o Estado ín-
tegro: “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes,
contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios. Por-
tanto, se um príncipe pretende conquistar e manter o poder,
os meios que empregue serão sempre tidos como honrosos,
e elogiados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as
aparências e os resultados”.
A concepção de soberania inerente ao monarca se que-
brou numa fase posterior, notadamente com a ascensão do
ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar a sobera-
nia como um poder que repousa no povo. Logo, a autoridade
absoluta da qual emana o poder é o povo e a legitimidade do
exercício do poder no Estado emana deste povo.
Com efeito, no Estado Democrático se garante a sobe-
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. rania popular, que pode ser conceituada como “a qualidade
máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os
seus representantes no governo por meio do sufrágio univer-
1) Fundamentos da República sal e do voto direto, secreto e igualitário”8.
O título I da Constituição Federal trata dos princípios Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do
fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu arti- artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo,
go 1º, trabalhando com os fundamentos da República Fe- que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
derativa brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do mente, nos termos desta Constituição”. O povo é soberano
Estado nacional. em suas decisões e as autoridades eleitas que decidem em
Neste sentido, disciplina: nome dele, representando-o, devem estar devidamente legi-
timadas para tanto, o que acontece pelo exercício do sufrágio
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela universal.
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe- Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem atividade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado
como fundamentos: que não somente é guia da atuação política do Estado, mas
I - a soberania; também de sua atuação econômica. Neste sentido, deve-se
II - a cidadania; preservar e incentivar a indústria e a economia nacionais.
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político. 6 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tra-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o dução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva.
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, [s.c]: [s.n.], 1861.
nos termos desta Constituição. 7 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro
Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual 8 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal
destes fundamentos. anotada. São Paulo: Saraiva, 2000.

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1.2) Cidadania Aponta Barroso9: “o princípio da dignidade da pessoa


Quando se afirma no caput do artigo 1º que a Repú- humana identifica um espaço de integridade moral a ser
blica Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Di- assegurado a todas as pessoas por sua só existência no
reito, remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia mundo. É um respeito à criação, independente da crença
como regime político. que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela-
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como
comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para com as condições materiais de subsistência”.
unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do
-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen- Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito
te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e, numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na
por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias. percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos
Com efeito, as origens da chamada democracia se encon- direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de
tram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire- condições existenciais mínimas, a participação saudável e
ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe des-
meio da discussão na polis. tilação dos valores soberanos da democracia e das liber-
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po- dades individuais. O processo de valorização do indivíduo
lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem
os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne olvidar que o espectro de abrangência das liberdades in-
com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou dividuais encontra limitação em outros direitos fundamen-
indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um tais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a ima-
representante). gem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao
Portanto, o conceito de democracia está diretamente princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como
ligado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem conquista da humanidade, razão pela qual auferiram pro-
possui cidadania está apto a participar das decisões políti- teção especial consistente em indenização por dano moral
cas a serem tomadas pelo Estado. decorrente de sua violação”10.
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vín- Para Reale11, a evolução histórica demonstra o domínio
culo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
votado (sufrágio universal). fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga Reale12: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho-
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
de direitos e obrigações. entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, da mesma espécie. O homem, considerado na sua obje-
unidas pelo vínculo da nacionalidade. tividade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta- de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-
do, nacionais ou não. mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do
aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a processo histórico”.
consolidação do sistema democrático. Quando a Constituição Federal assegura a dignidade
da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
1.3) Dignidade da pessoa humana ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter- membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na- nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais
cional, que possa se considerar compatível com os valores e confere a eles posição hierárquica superior às normas
éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia. organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para membros, e não o inverso.
qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabo- 9 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplica-
ração da norma, seja na sua aplicação. ção da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou 10 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana de Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto
como o principal valor do ordenamento ético e, por con- Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de
sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana 2012j1. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov.
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or- 2012.
dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a 11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São
própria exclusão de sua personalidade. Paulo: Saraiva, 2002, p. 228.
12 Ibid., p. 220.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa Sendo assim, pluralismo político significa não só res-
Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra- peitar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de
balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep- tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários
ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções. grupos que compõem os mais diversos setores sociais pos-
De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado- sam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, ma-
res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume- nifestação e opinião, bem como possam exigir do Estado
rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes substrato para se fazerem subsistir na sociedade.
direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa, Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou
mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequên-
dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio cias e garante que mesmo os partidos menores e com pou-
do mais forte sobre o mais fraco. cos representantes sejam ouvidos na tomada de decisões
Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar políticas, porque abrange uma verdadeira concepção de
a exploração de atividades econômicas no território bra- multiculturalidade no âmbito interno.
sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O
constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia- 2) Separação dos Poderes
tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
atendimento crescente das necessidades de todos os que do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se-
possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais guinte teor:
afirmados na Constituição Federal como direitos funda-
mentais. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni-
No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes
aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo- Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se
res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aquele legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá-
que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade res- ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira
peitada em todas as suas dimensões, não somente no que equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes.
tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os direi- O constituinte afirma que estes poderes são indepen-
tos fundamentais afirmados pelo constituinte. dentes e harmônicos entre si. Independência significa que
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto cada qual possui poder para se autogerir, notadamente
constitucional, que aborda a ordem econômica e financei- pela capacidade de organização estrutural (criação de car-
ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização gos e subdivisões) e orçamentária (divisão de seus recursos
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim conforme legislação por eles mesmos elaborada). Harmo-
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames nia significa que cada Poder deve respeitar os limites de
da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”. competência do outro e não se imiscuir indevidamente em
Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano suas atividades típicas.
dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. A noção de separação de Poderes começou a tomar
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efeti- forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo
vação deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e lançou base para os dois principais eventos que ocorre-
do artigo 170, ambos da Constituição, o princípio da livre ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as
concorrência (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que
pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e o princípio do tra- lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário
tamento favorecido para as empresas de pequeno porte das Revoluções Francesa e Americana se destacam Loc-
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede ke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi
e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegu- o que mais trabalhou com a concepção de separação dos
rando a livre iniciativa no exercício de atividades econômi- Poderes.
cas, o parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de
a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, Locke, que também entendia necessária a separação dos
independentemente de autorização de órgãos públicos, Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de-
salvo nos casos previstos em lei”. finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo
e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em
1.5) Pluralismo político que o absolutismo estava cada vez mais forte.
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi-
cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em
pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar
esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional
fornecer espaço para a manifestação política delas.

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O objeto central da principal obra de Montesquieu13 Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a
não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa hu-
e instituições criadas pelos homens para reger as relações mana em todas as suas dimensões, indissociáveis e inter-
entre os homens. Segundo Montesquieu14, as leis criam conectadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de
costumes que regem o comportamento humano, sendo destaque para cada uma destas perspectivas.
influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão.
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon- 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
tesquieu15, do modo como se dará o seu exercício, uma vez Para que o governo possa prover todas as condições
que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto necessárias à implementação de todos os direitos funda-
a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre- mentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país
sentado conforme sua vontade. se desenvolva, cresça economicamente, de modo que cada
Montesquieu16 estabeleceu como condição do Estado indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas.
de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi-
ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de zir as desigualdades sociais e regionais
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a Garantir o desenvolvimento econômico não basta para
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os a construção de uma sociedade justa e solidária. É necessá-
próprios Poderes). rio ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igual-
Ao modelo de repartição do exercício de poder por in- dade material. Logo, a injeção econômica deve permitir o
termédio de órgãos ou funções distintas e independentes investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo
de forma que um desses não possa agir sozinho sem ser as desigualdades sociais e regionais e paulatinamente er-
limitado pelos outros confere-se o nome de sistema de radicando a pobreza.
freios e contrapesos (no inglês, checks and balances). O impacto econômico deste objetivo fundamental é
tão relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em
3) Objetivos fundamentais seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e so-
O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição ciais” como um princípio que deve reger a atividade econô-
Federal com os objetivos da República Federativa do Brasil, mica. A menção deste princípio implica em afirmar que as
nos seguintes termos: políticas públicas econômico-financeiras deverão se guiar
pela busca da redução das desigualdades, fornecendo in-
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República centivos específicos para a exploração da atividade econô-
Federativa do Brasil: mica em zonas economicamente marginalizadas.
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;  3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
desigualdades sociais e regionais; de discriminação
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori- Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis- da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República
criminação. brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin-
cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda-
3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência
O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a do princípio da igualdade.
expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo
liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida Jacques Maritain17 ressaltou que o fim da sociedade é o seu
as três dimensões de direitos humanos: a primeira dimen- bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma-
são, voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário,
civis e políticos; a segunda dimensão, focada na promoção apontou as características essenciais do bem comum: re-
da igualdade material, remete aos direitos econômicos, so- distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído
ciais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res-
perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais. peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne-
cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas
13 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Es- para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de
pírito das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais
e Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril do bem comum.
Cultural, 1979, p. 25.
14 Ibid., p. 26. 17 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei
15 Ibid., p. 32. natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora,
16 Ibid., p. 148-149. 1967, p. 20-22.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º) 4.3) Autodeterminação dos povos


O último artigo do título I trabalha com os princípios A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação
que regem as relações internacionais da República brasi- dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obri-
leira: gações de direito internacional que deve respeitar para a
adequada consecução dos fins da comunidade internacio-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas nal, também tem o direito de se autodeterminar, sendo que
relações internacionais pelos seguintes princípios:  tal autodeterminação é feita pelo seu povo.
I - independência nacional; Se autodeterminar significa garantir a liberdade do
II - prevalência dos direitos humanos; povo na tomada das decisões políticas, logo, o direito à
III - autodeterminação dos povos; autodeterminação pressupõe a exclusão do colonialismo.
IV - não-intervenção; Não se aceita a ideia de que um Estado domine o outro,
V - igualdade entre os Estados; tirando a sua autodeterminação.
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos; 4.4) Não-intervenção
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasilei-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu- ro irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais.
manidade; Sendo assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as
X - concessão de asilo político. decisões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus- que são paritários na ordem internacional.
cará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comu- 4.5) Igualdade entre os Estados
nidade latino-americana de nações. Por este princípio se reconhece uma posição de pari-
dade, ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem interna-
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a cional entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado
compreensão de que a soberania do Estado nacional bra- possuirá direito de voz e voto na tomada de decisões polí-
sileiro não permite a sobreposição em relação à soberania ticas na ordem internacional em cada organização da qual
dos demais Estados, bem como de que é necessário respei- faça parte e deverá ter sua opinião respeitada.
tar determinadas práticas inerentes ao direito internacional
dos direitos humanos. 4.6) Defesa da paz
O direito à paz vai muito além do direito de viver num
4.1) Independência nacional
mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social,
A formação de uma comunidade internacional não sig-
de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos
nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas
e liberdades garantidos internacionalmente não podem
uma relativização, limitando as atitudes por ele tomadas
ser destruídos com fundamento nas normas que surgiram
em prol da preservação do bem comum e da paz mun-
para protegê-los, o que seria controverso. Em termos de
dial. Na verdade, o próprio compromisso de respeito aos
relações internacionais, depreende-se que deve ser sempre
direitos humanos traduz a limitação das ações estatais, que
priorizada a solução amistosa de conflitos.
sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país in-
dependente, que não responde a nenhum outro, mas que
como qualquer outro possui um dever para com a huma- 4.7) Solução pacífica dos conflitos
nidade e os direitos inatos a cada um de seus membros. Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete
à necessidade de diplomacia nas relações internacionais.
4.2) Prevalência dos direitos humanos Caso surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deve-
O Estado existe para o homem e não o inverso. Portan- rão ser dirimidos de forma amistosa.
to, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofí-
humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de pre- cios, mediação, sistema de consultas, conciliação e inqué-
servação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa rito são os meios diplomáticos de solução de controvérsias
humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que internacionais, não havendo hierarquia entre eles. Somente
somente é possível com a compreensão de que os direitos o inquérito é um procedimento preliminar e facultativo à
humanos possuem uma posição prioritária no ordenamen- apuração da materialidade dos fatos, podendo servir de
to jurídico-constitucional. base para qualquer meio de solução de conflito18. Concei-
Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, tua Neves19:
mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são - “Negociação diplomática é a forma de autocompo-
aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua sição em que os Estados oponentes buscam resolver suas
dignidade que usualmente são descritos em documentos divergências de forma direta, por via diplomática”;
internacionais para que sejam mais seguramente garanti- 18 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional
dos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na verda- Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo:
de, uma busca da dignidade da pessoa humana. Atlas, 2009, p. 123.
19 Ibid., p. 123-126.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de subverteria a própria finalidade desta proteção. Em suma,
conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um o que se pretende com o direito de asilo é evitar a con-
diplomada para sua conclusão”; solidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de so- por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os
lução pacífica de controvérsia internacional, em que um governantes e os entes sociais como um todo –, e não pro-
Estado, uma organização internacional ou até mesmo um teger pessoas que justamente cometeram tais violações.
chefe de Estado apresenta-se como moderador entre os “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obriga-
litigantes”; ção do Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, preva-
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual lece o entendimento que o Estado não tem esta obrigação,
uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos nem de fundamentar a recusa. A segunda parte deste ar-
litigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação tigo permite a interpretação no sentido de que é o Estado
anterior, toma conhecimento da divergência e dos argu- asilante que subjetivamente enquadra o refugiado como
mentos sustentados pelas partes, e propõe uma solução asilado político ou criminoso comum”20.
pacífica sujeita à aceitação destas”;
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomá-
tico de solução de litígios em que os Estados ou organiza-
ções internacionais sujeitam-se, sem qualquer interferência CLASSIFICAÇÃO.
pessoal externa, a encontros periódicos com o objetivo de
compor suas divergências”.

4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo Ressaltam-se as denominadas classificações das Cons-


Terrorismo é o uso de violência através de ataques lo- tituições:
calizados a elementos ou instalações de um governo ou
da população civil, de modo a incutir medo, terror, e assim Quanto à forma
obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único
círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população texto escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com
do território.
esta qualidade. Se o texto for resumido e apenas contiver
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados
normas básicas, a Constituição escrita é sintética; se o texto
em diferenças étnico-raciais, que podem consistirem vio-
for extenso, delimitando em detalhes questões que muitas
lência física ou psicológica direcionada a uma pessoa ou a
vezes excedem mesmo o conceito material de Constitui-
um grupo de pessoas pela simples questão biológica her-
ção, a Constituição escrita é analítica. Firma-se a adoção de
dada por sua raça ou etnia.
um sistema conhecido como Civil Law. O Brasil adota uma
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é
Constituição escrita analítica.
assumidamente pluralista, ambas práticas são considera-
b) Não escrita – Não significa que não existam nor-
das vis e devem ser repudiadas pelo Estado nacional.
mas escritas que regulem questões constitucionais, mas
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso que estas normas não estão concentradas num único texto
da humanidade e que nem ao menos dependem desta previsão expressa
A cooperação internacional deve ser especialmente devido à possível origem em outros fatores sociais, como
econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente costumes. Por isso, a Constituição não escrita é conhecida
a plena efetividade dos direitos humanos fundamentais in- como costumeira. É adotada por países como Reino Uni-
ternacionalmente reconhecidos. do, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Constituição, o
Os países devem colaborar uns com os outros, o que é sistema jurídico se estruturará no chamado Common Law
possível mediante a integração no âmbito de organizações (Direito costumeiro), exteriorizado no Case Law (sistema de
internacionais específicas, regionais ou globais. precedentes).
Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda
em seu parágrafo único, destacando a importância da coo- Quanto ao modo de elaboração
peração brasileira no âmbito regional: “A República Fede- a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são
rativa do Brasil buscará a integração econômica, política, elaboradas num só ato a partir de concepções pré-estabe-
social e cultural dos povos da América Latina, visando à for- lecidas e ideologias já declaradas. A Constituição brasilei-
mação de uma comunidade latino-americana de nações”. ra de 1988 é dogmática.
Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL. b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática,
eis que o seu processo de formação é lento e contínuo com
4.10) Concessão de asilo político o passar dos tempos.
Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro
país quando naquele do qual for nacional estiver sofren- 20 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários
do alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter mo- aos artigos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
tivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem.
atos atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que Brasília: Fortium, 2008, p. 83.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Quanto à estabilidade
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo le- APLICABILIDADE E INTERPRETAÇÃO DAS
gislativo mais árduo. NORMAS CONSTITUCIONAIS.
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defen-
dida por parte da doutrina, além de ter um processo le-
gislativo diferenciado para emendas constitucionais, tem
certas normas que não podem nem ao menos ser alteradas Aplicabilidade das normas constitucionais
– denominadas cláusula pétreas.
A Constituição brasileira de 1988 pode ser conside- Todas as normas constitucionais são aplicáveis, mas é
rada rígida. Pode ser também vista como super-rígida aos possível afirmar que existe um gradualismo eficacial, con-
que defendem esta subclassificação. forme entende Maria Helena Diniz21.
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo A classificação das normas constitucionais quanto à
mais árduo para a alteração das normas constitucionais, eficácia jurídica, conforme doutrina clássica de José Afonso
utilizando-se o mesmo processo das normas infraconsti- da Silva22, estabelece uma divisão em 3 categorias.
tucionais.
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quan- 1) Normas constitucionais de eficácia plena
to flexível, pois parte de suas normas precisam de processo A norma já é integral, tem todos os elementos para se
legislativo especial para serem alteradas e outra parte se- fazer cumprir, é dotada de integralidade imediata.
gue o processo legislativo comum.
2) Normas constitucionais de eficácia contida
Quanto à função A norma precisa ser integralizada, completada, por
a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notada- atuação do legislador, é dotada de integralidade media-
mente para limitar o poder do Estado. ta. Mesmo que a norma constitucional, ao trazer a expres-
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da são “conforme definido por lei” ou semelhante, somente
limitação do poder do Estado, definindo um projeto de Es- seja totalmente eficaz quando sobrevier a completude da
tado a ser alcançado. A Constituição brasileira de 1988 é norma, já produz efeitos desde logo, notadamente o re-
dirigente. vocatório (revogadas as normas anteriores incompatíveis
– revogador – e não podem ser criadas normas futuras in-
Quanto à origem compatíveis – paralisante).
a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo Sempre que o legislador for inerte quanto à elaboração
agente revolucionário. A Constituição outorgada é deno- de legislação que regulamente as normas constitucionais
minada como Carta. de eficácia jurídica limitada, cabe a utilização de ações pró-
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo tam- prias, o mandado de injunção e a ação direta de inconstitu-
bém conhecida como democrática ou popular. Decorre do cionalidade por omissão.
trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita Cabe afirmar, ainda, que existem 2 subespécies de nor-
pelo povo para em nome dele atuar (legitimação popular). mas constitucionais de eficácia jurídica limitada: as que ins-
A Constituição promulgada é denominada Constituição, tituem princípio institutivo ou organizacional, criando ór-
enquadrando-se nesta categoria a Constituição brasileira gãos e, demandando, por consequência, a criação dos res-
de 1988. pectivos cargos; e as que instituem princípio programático,
Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outor- ou seja, um programa a ser desenvolvido pelo legislador.
gada, mas também não é promulgada. Se dá quando um Estas normas constitucionais de eficácia jurídica limi-
projeto do agente revolucionário é posto para votação do tada não podem ser interpretadas como uma promessa vã
povo, que meramente ratifica a vontade do detentor do do legislador, isto é, nos dizeres de Celso de Mello, “como
poder. promessa constitucional inconsequente”. Neste sentido, se
o Legislativo se aproveitar da falta de integralização da nor-
Quanto à dogmática ma para impedir que o direito nela previsto seja garantido,
a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia. cabe ao Judiciário intervir para fazer a promessa legislativa
b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo valer no caso concreto.
ideologias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclé-
tica. 3) Normas constitucionais de eficácia redutível
Se faz presente quando a norma constitucional permite
que lei ordinária a excepcione. Antes, se entendia que só
era possível reduzir uma norma constitucional se a Cons-
tituição expressamente autorizasse, mas hoje entende-se
que não, que mesmo sem a autorização é possível redu-
21 DINIZ, Maria Helena. Norma constitucional e
seus efeitos. São Paulo: Saraiva, 1989.
22 SILVA, José Afonso da. Curso de direito consti-
tucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

zir, respeitado um critério de razoabilidade. Sendo assim, sua positividade e concretude por obra sobretudo das Constitui-
a norma de eficácia jurídica contida é desde logo integra- ções; a distinção entre regras e princípios, como espécies diver-
lizada, produzindo plenos efeitos, podendo ser restringida sificadas do gênero norma, e, finalmente, por expressão máxima
pelo legislador ordinário. Na verdade, trata-se de norma de todo esse desdobramento doutrinário, o mais significativo de
constitucional de eficácia jurídica plena23. seus efeitos: a total hegemonia e preeminência dos princípios27.

Interpretação constitucional 1.2) Teoria da eficácia irradiante dos direitos funda-


mentais
1) Novo constitucionalismo e hermenêutica cons- A transição da ordem privatística para a publicística se
titucional percebe em traços do atual Neoconstitucionalismo como o
Com o fracasso do positivismo e o resgate do elemento da possibilidade de extensão na aplicabilidade das normas
axiológico do Direito pelo humanismo, diversos documen- constitucionais aos particulares, de maneira direta. Isso não
seria possível sem a normatização dos princípios, de modo
tos internacionais e nacionais sobrevieram, num processo
que todo e qualquer direito assegurado na Constituição po-
de regionalização e incorporação dos direitos humanos
derá ser desde logo aplicado.
declarados expressamente. O documento precursor deste
A respeito desta eficácia irradiante dos direitos funda-
processo foi a Declaração de 1948, que deu base a pactos mentais, tem-se que devido ao processo de constitucionali-
internacionais diversos e às Constituições de diversos paí- zação do Direito, ocorre uma crescente irradiação dos efeitos
ses. Embora tenha se pretendido um retorno ao conceito das normas ou valores constitucionais aos outros ramos do
de lei natural, o que surgiu foi um novo movimento, cha- Direito, vinculando os particulares ao dever de obediência aos
mado Pós-positivismo. direitos fundamentais, originalmente simples limitadores do
Desde a metade do século XX, o discurso do Positivis- poder do Estado28. Neste sentido, a tese levantada por Virgílio
mo não mais se adéqua às exigências jurídicas; no entanto, Afonso da Silva29 é de que a constitucionalização do Direito
o pós-positivismo não promoveu um simples retorno ao no tocante à extensão dos direitos fundamentais às relações
jusnaturalismo, mas uma inclusão no ordenamento jurídico privadas não ameaçará a autonomia do direito privado, mas
das ideias de justiça e legitimidade, bem como dos princí- exigirá um modelo mais flexível de aplicação de Direito. Este
pios como o da dignidade humana, da razoabilidade, da modelo parece se delinear com a hermenêutica constitucional
solidariedade e da reserva de justiça24. No Brasil, desde o que vem sendo utilizada atualmente.
ano de 2001, 13 anos depois da Constituição Federal de
1988, parece estar se formando um novo direito constitu- 1.3) Ponderação e razoabilidade como parâmetros à
cional25. atividade hermenêutica
Percebe-se que o Pós-positivismo consolida uma nova
1.1) Teoria normativa dos princípios hermenêutica constitucional, conferindo maior liberdade ao
Não se pode olvidar que os princípios sempre desem- intérprete, que passa a ter o dever de considerar na aplica-
penharam um importante papel social, mas foi somente na ção do Direito que a Constituição e seus princípios ocupam
atual dogmática jurídica que eles adquiriram normativida- o centro do sistema jurídico, o que é feito por um raciocínio
de. Hoje em dia, os princípios servem para condensar va- de ponderação que tem por perspectiva os fundamentos da
lores, dar unidade ao sistema e condicionar a atividade do proporcionalidade e da razoabilidade.
intérprete. Os princípios são normas jurídicas, não meros Pela ponderação de valores ou ponderação de interesses
conteúdos axiológicos, aceitando aplicação autônoma26. se procura estabelecer o peso relativo de cada um dos princí-
pios contrapostos, com base na razoabilidade e na preservação
Em resumo, a teoria dos princípios chega à presente
dos núcleos mínimos do valor que seja cedido. A ponderação,
fase do Pós-positivismo com os seguintes resultados já
como mecanismo de convivência de normas que tutelam va-
consolidados: a passagem dos princípios da especulação
lores ou bens jurídicos contrapostos, conquistou amplamente
metafísica e abstrata para o campo concreto e positivo do a doutrina e já repercute nas decisões dos tribunais. Esta nova
Direito, com baixíssimo teor de densidade normativa; a perspectiva do Direito permitiu não só a melhor compreensão
transição crucial da ordem jusprivatista (sua antiga inser- dos princípios materiais garantidos, mas também o desenvol-
ção nos Códigos) para a órbita juspublicística (seu ingresso vimento de princípios instrumentais e específicos de interpre-
nas Constituições); a suspensão da distinção clássica entre tação constitucional, como a razoabilidade e a proporcionali-
princípios e normas; o deslocamento dos princípios da es- dade, transformando o Direito em um sistema aberto de valo-
fera da jusfilosofia para o domínio da Ciência Jurídica; a res e a Constituição no diploma jurídico que visa realizá-los30.
proclamação de sua normatividade; a perda de seu caráter
de normas programáticas; o reconhecimento definitivo de 27 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito consti-
tucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 294.
23 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas 28 SILVA, Virgílio Afonso da. A constitucionaliza-
em teleconferência. ção do Direito: os direitos fundamentais nas relações
24 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e entre particulares. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 18.
aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 29 Ibid., p. 27-28.
2009, p. 325-326. 30 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e apli-
25 Ibid., p.304. cação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009,
26 Ibid., p.327. p. 330-332.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2) Principais métodos hermenêuticos (artigo 25, CF). Para parte da doutrina, há poder constituin-
a) Método jurídico ou clássico te decorrente também quanto aos municípios, que a partir
Pressupõe que a Constituição, antes de tudo, é uma lei da Constituição de 1988 adquiriram poder para elaborar
e, como tal, deve ser interpretada. Neste sentido, busca- suas próprias leis orgânicas (artigo 29, CF), o que antes era
se a sua “mens legis” por elementos históricos, finalísticos, feito no âmbito estadual. A lei orgânica do Distrito Federal
gramaticais, lógicos, sistemáticos, etc. é a única que, sem dúvidas, tem caráter de Constituição,
b) Método tópico-problemático pois aceita o controle de constitucionalidade em face dela.
Estabelece que a melhor solução hermenêutica é pos-
sível a partir da observação de casos tópicos. Assim, olha- 3) Poder constituinte revisionante
se primeiro para o caso concreto para depois pensar na Tem-se, ainda, o poder constituinte revisionante, pre-
norma constitucional aplicável, que seja de forma prática a visto no artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais
mais adequada. Transitórias: “a revisão constitucional será realizada após
c) Método hermenêutico-concretizador cinco anos, contados da promulgação da Constituição,
Faz o caminho inverso do método tópico-problemático pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congres-
ao partir da Constituição e das concepções pré-concebidas so Nacional, em sessão unicameral”. Neste sentido, foram
do aplicador quanto ao sentido da norma para o problema. aprovadas 6 emendas constitucionais de revisão anômala.
d) Método científico-espiritual O destaque vai para o fato de não se exigir nestas emendas
Toma como ponto de partida a realidade social, que é revisionantes o quórum de 3/5 + 2 turnos das emendas
dinâmica e está em constante mutação, sendo necessário ir constitucionais comuns, bastando o voto da maioria abso-
além do texto literal da norma. luta numa única sessão.
e) Método normativo-estruturante
O teor literal da norma deve ser analisado sob a pers- 4) Poder constituinte originário
pectiva da concretização de seu conteúdo, de modo que a O poder constituinte originário, também conhecido
atividade do Judiciário e dos demais Poderes na aplicação como genuíno ou de primeiro grau, autoriza a edição da
da lei é primordial para compreensão de seu sentido. Constituição Federal, a primeira depois da independência
f) Método comparativo e as demais ab-rogando-a. Depois de finda esta missão,
Efetua-se uma comparação com normas internacionais institui outro poder, dele derivado.
e de outros países, isto é, entre os diversos textos constitu- O poder constituinte originário é inicial, autônomo e
cionais em busca de convergências e divergências. incondicionado. É inicial porque é o poder de fato, que
emana do povo e por si só se funda, não decorrendo de
outro poder. É autônomo e incondicionado porque não
tem limites materiais de exercício, notadamente cláusulas
pétreas, daí se dizer que é soberano. Não significa que seja
PODER CONSTITUINTE: CONCEITO. ilimitado, pois certas limitações se impõem por um limita-
FINALIDADE. TITULARIDADE E ESPÉCIES. tivo lógico, de acordo com uma perspectiva jusnaturalista
REFORMA DA CONSTITUIÇÃO. CLÁUSULAS de direitos inatos ao homem.
PÉTREAS.
5) Poder constituinte derivado
O poder constituinte derivado, também denominado
instituído ou de 2º grau, é o que está apto a efetuar refor-
1) Titularidade e exercício mas à Constituição. Ele é exercido pelo Congresso Nacio-
A Constituição Federal, em seu artigo 1º, parágrafo nal, na forma e nos limites estabelecidos pelo poder cons-
único, estabelece que “todo o poder emana do povo, que tituinte originário.
o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen- O poder constituinte derivado é derivado, subordinado
te, nos termos desta Constituição”. Sendo assim, o texto e condicionado. Por derivar do poder constituinte originá-
constitucional já fala desde logo de um poder maior, exer- rio, se sujeita a limitações por ele impostas, denominadas
cido pelo povo (titular) por meio de seus representantes limitações ao poder de reforma. Sendo assim, este poder
(exercentes). O exercente do poder é um órgão colegiado poderá reformar a redação constitucional conferida pelo
composto por representantes eleitos pelos titulares do po- poder constituinte originário, mas dentro dos limites por
der, os que fazem parte do povo. este estabelecidos.
O poder constituinte é o poder de normatizar a estru- Por isso mesmo, é possível que uma emenda constitu-
tura do Estado e os limites à sua atuação mediante criação, cional fruto do poder constituinte decorrente seja incons-
modificação, revisão ou revogação de normas da Constitui- titucional, desde que desrespeite os limites impostos pelo
ção Federal conferido pelo povo aos seus representantes. poder constituinte originário. É correta a afirmação de que
existe norma constitucional inconstitucional, mas desde
2) Poder constituinte decorrente que se refira a norma constitucional fruto do poder cons-
Ainda é possível falar no poder constituinte decorrente, tituinte derivado. Não existe norma originária da Consti-
que consiste no poder dos Estados-membros elaborarem tuição Federal que seja inconstitucional porque o poder
sua própria Constituição por suas Assembleias Legislativas constituinte originário é inicial e autônomo.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Limitações impostas pelo poder constituinte origi- Depois, “a emenda à Constituição será promulgada pe-
nário ao poder constituinte derivado las Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
com o respectivo número de ordem” (artigo 60, §3º, CF).
1) Limitações formais ou procedimentais Não é o Presidente da República que promulga, logo, não
Quando o poder constituinte originário delibera, não sanciona nem veta, a emenda constitucional porque o po-
há procedimento pré-estabelecido. Isto não ocorre com re- der constituinte é exclusivo do Congresso Nacional.
lação ao poder constituinte derivado, que deve respeitar as
normas procedimentais instituídas pelo poder constituinte 2) Limitações circunstanciais
originário. Nos termos do artigo 60, §1º, CF, “a Constituição não
poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
Subjetivas – Quanto à iniciativa de estado de defesa ou de estado de sítio”. Presentes estas
Refere-se ao poder de iniciativa individual de propor circunstâncias que indicam instabilidade no cenário nacio-
leis ou alterações nelas, sendo conferido a: Presidente da nal, não é possível emendar a constituição.
República, Deputado Federal, Senador, Deputado Estadual.
Exceto no caso do Senador, as propostas serão enviadas 3) Limitações temporais
à Câmara dos Deputados, não ao Senado Federal. Sendo Limitação temporal é aquela que impede que a decisão
assim, a Câmara dos Deputados faz a deliberação principal, sobre a reforma seja tomada num determinado período de
em regra, restando ao Senado a deliberação revisional. tempo. Não existe na Constituição Federal de 1988 uma
Contudo, para as propostas de emendas constitucio- limitação puramente temporal. No entanto, há uma limi-
nais é exigida, em regra, iniciativa coletiva. O único que tação de ordem temporal-material prevista no §5º do arti-
pode fazer uma proposta desta natureza sozinho é o Presi- go 60 da CF: “a matéria constante de proposta de emenda
dente da República. Um deputado federal precisa do apoio rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto
de ao menos 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados, de nova proposta na mesma sessão legislativa”. Logo, im-
enquanto que um senador precisa do suporte de ao menos pede-se a deliberação de uma matéria já votada na mesma
1/3 dos membros do Senado Federal. Da mesma forma, um sessão legislativa e rejeitada, isto é, no mesmo ano civil. O
deputado estadual não pode propor sozinho uma emenda, mesmo vale se a proposta foi havida por prejudicada, ou
poder conferido às Assembleias Legislativas estaduais, em seja, se era semelhante a uma proposta feita anteriormente
conjunto, exigindo-se mais da metade delas (são 27, incluí- e que foi rejeitada. A rejeição na Comissão de Constituição
do o Distrito Federal, necessárias 14). e Justiça é terminativa e a proposta é considerada rejeitada,
O cidadão brasileiro, sozinho, não pode propor um somente podendo ser votada de novo no período seguinte.
projeto de lei para alterar o ordenamento jurídico brasilei-
ro, prevendo-se que “a iniciativa popular pode ser exercida 4) Limitações materiais
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de Determinadas matérias não podem ser objeto de
lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado emenda constitucional, dividindo-se em limitações mate-
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com riais implícitas, que decorrem da lógica do sistema consti-
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada tucional, e limitações materiais explícitas, conhecidas como
um deles” (artigo 61, §2º, CF). cláusulas pétreas, previstas no artigo 60, §4º, CF.
A dúvida resta ao se perguntar se a iniciativa popu- Classicamente, são limitações materiais implícitas: a
lar abrange a possibilidade de se apresentar proposta de titularidade do poder constituinte (povo), o exercente do
emenda constitucional, havendo duas posições: a primeira, poder de reforma (Congresso Nacional), o procedimento
minoritária, diz que porque a regra da iniciativa está num para aprovação da emenda constitucional, afinal, esta-
parágrafo ela não poderia ter alcance maior que o caput do ria alterando a essência do poder constituinte e a princi-
artigo, logo, o alcance é restrito à propostas de projetos de pal limitação procedimental que é o quórum especial de
lei; a segunda, majoritária, com a qual se concorda, prevê aprovação. Se incluem nas limitações materiais implícitas a
que sim, afinal, o parágrafo único do artigo 1º da CF diz forma de governo (República) e o regime de governo (Pre-
que todo poder emana do povo (inclusive o constituinte) e sidencialismo), eis que a questão foi votada em plebiscito
o artigo 14 da CF ao trazer a iniciativa popular não estabe- no ano de 1993.
lece qualquer limitação. Quanto às limitações materiais expressas na forma
de cláusulas pétreas, prevê o artigo 60, § 4º, CF, “não será
Objetivas – Quanto à votação e à promulgação objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
Toda proposta de emenda constitucional, antes de ser abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto,
votada no plenário, passa primeiro pela Comissão de Cons- secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes;
tituição e Justiça e, depois, por comissões específicas do IV – os direitos e garantias individuais”.
tema. Primeiro, atenta-se à redação do caput: propostas que
No plenário, é necessário obter aprovação de 3/5 dos tenham por objeto as cláusulas pétreas não poderão nem
membros (308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos ser deliberadas, nem ser levadas à votação; e a contrarie-
no Senado Federal), em votação em dois turnos (vota na dade à cláusula pétrea não precisa ser expressa e eviden-
casa numa semana e repete a votação na semana seguin- te, bastando que a proposta tenha a tendência à abolição,
te), nas duas Casas (primeiro vota em 2 turnos na que faz atingindo qualquer elemento essencial ao conceito da
a deliberação principal e depois em 2 turnos na que faz a cláusula. Por exemplo, não precisa excluir a separação dos
deliberação revisional) (artigo 60, §2º). Poderes, mas atingir seriamente a divisão de competências.

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Estado federal Considerado este raciocínio, seria possível alterar o


O modelo federativo de Estado é inalterável. Ou seja, capítulo II, que trata dos direitos sociais, diminuindo estes
é preciso respeitar a autonomia de cada uma das unidades direitos. Para a corrente que se atém a esta posição, é na-
federativas, quais sejam, segundo a Constituição Federal, tural conferir maior flexibilidade aos diretos sociais porque
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios situações sociais mudam, notadamente no campo do di-
(considerado federalismo atípico pela inclusão dos Muni- reito trabalhista. Para outra corrente, é preciso preservar a
cípios no pacto federativo). proibição do retrocesso, não voltando o cenário protetivo
a um estágio anterior.
Voto direto, secreto, universal e periódico
O voto deve ser direto, cada um deve dar seu próprio
voto, não será um órgão que elegerá o governante; secreto,
sigiloso, dado em cabine indevassável alheia a quaisquer
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:
capacidades sensoriais; universal, neste sentido, sufrágio DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
universal significa que a capacidade eleitoral ativa, de vo- E COLETIVOS, DIREITOS SOCIAIS,
tar, é acessível a todos os nacionais; periódico, impedindo NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS.
que um mandato governamental seja vitalício (todos os
agentes políticos são investidos por 4 anos, à exceção dos
Senadores, eleitos por 8 anos). Obs.: o voto obrigatório não
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
é cláusula pétrea e pode ser objeto de emenda constitu- e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin-
cional. tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e
Nota-se que parte dos direitos políticos (capítulo IV do coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre-
Título II) é cláusula pétrea em razão desta disposição. vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
Separação dos Poderes Em termos comparativos à clássica divisão tridimen-
A divisão entre Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior
cada qual com suas funções típicas e atípicas, idealizada no parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
Iluminismo, notadamente na obra de Montesquieu, é cláu- direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi-
sula pétrea e não pode ser alterada. Não é necessário que tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se-
a proposta extinga um dos Poderes, bastando que atinja de gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e
forma relevante em suas competências. os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu-
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos
Direitos e garantias individuais direitos que expressamente constam no título II do texto
O Título II da Constituição Federal abrange os direi- constitucional.
tos e garantias fundamentais, expressão que abrange os Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
direitos delimitados em seus capítulos, direitos e deveres terísticas principais:
individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem
II), e direitos políticos – que só existem com nacionalida- antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
de (capítulos III e IV). Sendo assim, direitos fundamentais é adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
uma expressão que abrange diversas naturezas de direitos, quadra a noção de dimensões de direitos.
entre eles os direitos individuais. Conclui-se que não é o b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
Título II por completo protegido pela cláusula pétrea, mas cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes
apenas o Capítulo I.
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na
Se o Capítulo I fala em direitos individuais e coletivos,
perspectiva de prevalência dos direitos humanos.
não significa que somente parte deles será protegida. Com
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não
mais razão, se um direito individual é protegido, o coletivo
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in-
deve ser. Ex.: O mandado de segurança individual é cláu-
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
sula pétrea e, com mais sentido, o mandado de segurança comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
coletivo também é. autonomia privada.
Então, a cláusula pétrea abrange exclusivamente o ca- d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
pítulo I do Título II, ou seja, todo o artigo 5º da Constituição dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta-
Federal. Atenção: a vedação é da alteração dos dispositivos lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa
e da restrição de direitos, nada impedindo que a prote- humana.
ção seja ampliada. Logo, emenda constitucional pode criar e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem
novo direito individual (aliás, já o fez, a Emenda Constitu- deixar de ser observados por disposições infraconstitucio-
cional nº 45/2004 incluiu no artigo 5º o inciso LXXVIII e os nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu-
parágrafos 3º e 4º). lidades.

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- particular está vinculado aos direitos fundamentais como
lisados de maneira isolada, separada. destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
falta de uso (prescrição). ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po-
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas 3) Direitos e garantias
ou como argumento para afastamento ou diminuição da A Constituição vai além da proteção dos direitos e esta-
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não belece garantias em prol da preservação destes, bem como
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos remédios constitucionais a serem utilizados caso estes di-
igualmente consagrados como humanos. reitos e garantias não sejam preservados. Neste sentido,
dividem-se em direitos e garantias as previsões do artigo
Dos direitos e deveres individuais e coletivos 5º: os direitos são as disposições declaratórias e as garan-
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres tias são as disposições assecuratórias.
individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí- O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre
indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto comunicação, independentemente de censura ou licença”
constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos – o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca-
próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda- sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia
do de segurança coletivo). em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
1) Brasileiros e estrangeiros prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção artigo 5º, LXV32.
conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen- Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio-
te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in- cionais.
terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi- Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera- dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
nia do país. de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- reitos.
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel 4) Direitos e garantias em espécie
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país). Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as caput:
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
titulares de direitos políticos. distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
2) Relação direitos-deveres do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- propriedade, nos termos seguintes [...].
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen- O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um
tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa dos principais (senão o principal) artigos da Constituição
reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di- Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as
reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di- cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere-
reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança
limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários
outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. direitos e garantias que se enquadram em alguma destas
Explica Canotilho31 quanto aos direitos fundamentais: esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
“a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten- pecíficas que ganham também destaque no texto consti-
dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos
ao titular de um direito fundamental corresponde um de- constitucionais-penais.
31 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons-
titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi- 32 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
na, 1998, p. 479. em teleconferência.

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Direito à igualdade Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,


Abrangência em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o um grupo específico não pode ser usada como critério de
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
dade: elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (segun-
do o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo pú-
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem blico pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à discriminação reversa.
propriedade, nos termos seguintes [...]. Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
defende que elas representam o ideal de justiça compen-
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas
inciso: históricas, como uma compensação aos negros por tê-los
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça distri-
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- butiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-se
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. uma concretização do princípio da igualdade material); bem
como promovem a diversidade.
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne- verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirma-
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo tivas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do me-
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e nor, as garantias aos portadores de deficiência, entre outras
obrigações. medidas que atribuam a pessoas com diferentes condições,
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas dife-
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers- renças33. Tem predominado em doutrina e jurisprudência,
pectiva mais ampla. inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirma-
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores tivas são válidas.
de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil, - Direito à vida
enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a Abrangência
todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual- ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio-
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi-
falando na igualdade perante a lei. cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con-
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa
não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida.
para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não o primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos34.
é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de
é preciso buscar progressivamente a igualdade material. nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como
No sentido de igualdade material que aparece o direito à pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e
igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es- aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que
tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, in-
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go- cluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como a ga-
vernamentais voltadas a grupos vulneráveis. rantia de recursos que permitam viver a vida com dignidade.
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá- Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de
uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda- um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais
de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi- e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi-
dade de discriminações positivas com relação a grupos vul- cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com
neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal. células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.

Ações afirmativas 33 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos


Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati- artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
vas,que são políticas públicas ou programas privados cria- à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de Fortium, 2008, p. 08.
reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou 34 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio
de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag-
concessão de algum tipo de vantagem compensatória de ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di-
tais condições. reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15.

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Vedação à tortura Liberdade e legalidade


De forma expressa no texto constitucional destaca-se Prevê o artigo 5º, II, CF:
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
previsão no inciso III do artigo 5º: Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
a tratamento desumano ou degradante. O princípio da legalidade se encontra delimitado nes-
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a
A tortura é um dos piores meios de tratamento de- fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional, assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei,
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve-
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define niente.
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando- Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
se o artigo 1º: ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
Art. 1º Constitui crime de tortura: samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
I - constranger alguém com emprego de violência ou tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: maneira que a lei não proíba.
a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa; Liberdade de pensamento e de expressão
b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi- O artigo 5º, IV, CF prevê:
nosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen-
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori- to, sendo vedado o anonimato.
dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pensamento e da liberdade de expressão.
pessoal ou medida de caráter preventivo.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa-
em lei ou não resultante de medida legal.
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
opinião”35. Em outras palavras, primeiro existe o direito de
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na ter uma opinião, depois o de expressá-la.
pena de detenção de um a quatro anos. No mais, surge como corolário do direito à liberdade
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou de pensamento e de expressão o direito à escusa por con-
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se vicção filosófica ou política:
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
I - se o crime é cometido por agente público; motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por- política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
anos;  ternativa, fixada em lei.
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função Trata-se de instrumento para a consecução do direito
ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo assegurado na Constituição Federal – não basta permitir
dobro do prazo da pena aplicada. que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona-
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de mento.
graça ou anistia. Com efeito, este direito de liberdade de expressão é
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi- garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer-
me fechado. ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei.
- Direito à liberdade Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos 35 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi-
que o seguem. dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
dentemente de censura ou licença. Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia. a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe- tiva, fixada em lei.
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
controle do poder. A censura somente é cabível quando Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
necessária ao interesse público numa ordem democrática, exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
exploração sexual infanto-juvenil é adequado. fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in- fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar- prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no- contrarie tais preceitos.
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de Liberdade de informação
expressão. O direito de acesso à informação também se liga a uma
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar-
Liberdade de crença/religiosa tigo 5º, XIV, CF:
Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in-
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên- formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos sário ao exercício profissional.
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias. Trata-se da liberdade de informação, consistente na
liberdade de procurar e receber informações e ideias por
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe-
como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma rência.
crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao
profissão desta fé possa se realizar em locais próprios. passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís-
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda- e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento:
des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda- não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é
de de organização religiosa. preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade
Consoante o magistério de José Afonso da Silva36, entra de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a sociedade.
a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos- pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber- que a imprensa divulgue com quem obteve a informação
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre-
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao
em público, bem como a de recebimento de contribuições público.
para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa Especificadamente quanto à liberdade de informação
refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
de igrejas e suas relações com o Estado. previsões.
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as- Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres- órgãos públicos informações de seu interesse particular,
tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili- ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
tares de internação coletiva. zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
36 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. do Estado.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A
mação. liberdade de sair do país não significa que existe um direito
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
dentemente do pagamento de taxas: dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal.
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; A despeito da normativa específica de natureza penal, re-
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in- locomoção pela prisão civil por dívida.
teresse pessoal. Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:

Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum- Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol- e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí- infiel.
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresen- Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
tar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi- única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res- é a que se refere à obrigação alimentícia.
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e Liberdade de trabalho
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. O direito à liberdade também é mencionado no artigo
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por 5º, XIII, CF:
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de- Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi- profissionais que a lei estabelecer.
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter O livre exercício profissional é garantido, respeitados
certidões ser dissociado do direito de petição. os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, de advogado aquele que não se formou em Direito e não
CF: foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida- de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no
de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou Conselho Regional de Medicina.
o interesse social o exigirem.
Liberdade de reunião
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos- te, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é temente de autorização, desde que não frustrem outra re-
instrumento para a efetivação da liberdade de informação. união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
Liberdade de locomoção
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar- Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de-
tigo 5º, XV, CF: mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
bens. absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
poder público para que ele organize o policiamento e a as-
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto- outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela A liberdade de associação envolve não somente o di-
tal substância ilícita fosse utilizada). reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
Liberdade de associação forme artigo 5º, XX, CF:
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
XVII, CF: Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
sociar-se ou a permanecer associado.
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. - Direitos à privacidade e à personalidade

A liberdade de associação difere-se da de reunião por Abrangência


sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é Prevê o artigo 5º, X, CF:
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
ciação implica na formação de um grupo organizado que Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida
se mantém por um período de tempo considerável, dotado privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
de estrutura e organização próprias. direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso- te de sua violação.
ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas
e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à es- O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
tatal. dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalida-
O texto constitucional se estende na regulamentação de.
da liberdade de associação. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for- e de círculos de amigos –, Silva37 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
Neste sentido, associações são organizações resultan-
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e
sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da
tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria
associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
em suas atividades econômicas. quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi-
dade, pela vida privada, e pela publicidade).
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com- “O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa-
em julgado. zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi-
lidade no meio social. O direito à imagem também pos-
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as- meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido
sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas
de reverter a decisão e permitir que a associação continue pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”38.
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
seja, no curso de um processo judicial. dência
Em destaque, a legitimidade representativa da associa- Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio-
ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF: labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e
comunicações.
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex- 37 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen- cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. 38 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:

Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo- proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para terial, moral ou à imagem.
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou diciário com a consequente responsabilidade civil e penal
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
determinação judicial. da matéria que divulga”39.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- O  direito de resposta é o direito que uma pessoa
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio
em que foram publicadas garantida exatamente a mes-
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica- de resposta não é possível reverter plenamente os da-
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nos causados pela manifestação ilícita de pensamento,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
investigação criminal ou instrução processual penal. A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
O sigilo de correspondência e das comunicações está pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô-
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. mico e não econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma-
Personalidade jurídica e gratuidade de registro terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado fi-
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe- nanceiramente e indenizado.
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju- que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa-
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro,
como pessoa perante a lei.
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o
necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
estado de família)”40.
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
digo Civil:
com ele arcar.
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi-
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci- ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas- publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
cimento; b) a certidão de óbito. pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre-
juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
O reconhecimento do marco inicial e do marco final a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
da personalidade jurídica pelo registro é direito individual, comerciais.
não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora- - Direito à segurança
ção de documentos para que ela seja reconhecida como O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in-
menos favorecidos. dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo,
desde sua integridade física e mental, até a própria segu-
Direito à indenização e direito de resposta rança jurídica.
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di- 39 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio-
reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de 40 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili-
resposta, conforme as necessidades do caso concreto. dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- são preordenados à vista da realização de seu fim: assegu-
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus-
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
garantir o direito à vida. ademais, tem que atender a sua função social, fica vincula-
Nesta linha, para Silva41, “efetivamente, esse conjunto da à consecução daquele princípio”.
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro- Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
Especificamente no que tange à segurança jurídica, geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad- humano.
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A Constituição Federal delimita o que se entende por
função social:
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
de da lei. Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba-
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
Direito Brasileiro: trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e bem-estar de seus habitantes.
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada. Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o volvimento e de expansão urbana.
seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi- Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. função social quando atende às exigências fundamentais de
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão ordenação da cidade expressas no plano diretor43.
judicial de que já não caiba recurso.
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
- Direito à propriedade propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec- requisitos:
tual, delimitada em alguns incisos que o seguem. I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
Função social da propriedade material veis e preservação do meio ambiente;
O artigo 5º, XXII, CF estabelece: III - observância das disposições que regulam as rela-
ções de trabalho;
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie- IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie-
dade. tários e dos trabalhadores.

A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o Desapropriação


principal fator limitador deste direito: No caso de desrespeito à função social da proprieda-
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun- pode-se depreender do texto constitucional duas possibili-
ção social. dades de desapropriação: por desrespeito à função social e
por necessidade ou utilidade pública.
A propriedade, segundo Silva42, “[...] não pode mais ser A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa-
considerada como um direito individual nem como institui- propriação por desatendimento à função social:
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos
individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di- Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
reito individual, relativizando-se seu conceito e significado, nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano
especialmente porque os princípios da ordem econômica diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
41 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- 43 Instrumento básico de um processo de planejamen-
cional positivo... Op. Cit., p. 437. to municipal para a implantação da política de desenvolvimen-
42 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados
cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
sucessivamente, de: processo judicial de desapropriação.
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
bana progressivo no tempo; deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
III - desapropriação com pagamento mediante títulos ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em artigo 5º:
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
da indenização e os juros legais44. Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
sos de utilidade pública:
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in- a) a segurança nacional;
teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural b) a defesa do Estado;
que não esteja cumprindo sua função social, mediante c) o socorro público em caso de calamidade;
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, d) a salubridade pública;
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no e) a criação e melhoramento de centros de população,
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua seu abastecimento regular de meios de subsistência;
emissão, e cuja utilização será definida em lei45. f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
minerais, das águas e da energia hidráulica;
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
serão indenizadas em dinheiro. casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici-
nais;
No que tange à desapropriação por necessidade ou h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização;
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
trução ou ampliação de distritos industriais;
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
ção.
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do-
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba- tados pela natureza;
nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar-
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: tístico;
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co-
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel memorativos e cemitérios;
como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto- n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou-
riza a União a propor a ação de desapropriação. so para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu-
44 Nota-se que antes de se promover a desapropria- reza científica, artística ou literária;
ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é p) os demais casos previstos por leis especiais.
necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o
parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe- Um grande problema que faz com que processos que
lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendimen- ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne-
to à função social. cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação.
45 A desapropriação em decorrência do desatendimen- Outra questão reside na chamada tredestinação, pela
to da função social é indenizada, mas não da mesma maneira qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria-
que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente.
já que na primeira há violação do ordenamento constitucional A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan-
pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se do resultante de desvio do propósito original; e será líci-
em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valori- ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
zados quanto o dinheiro. diversa, porém preservando a razão do interesse público.

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Política agrária e reforma agrária VI - o cooperativismo;


Enquanto desdobramento do direito à propriedade VII - a eletrificação rural e irrigação;
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda VIII - a habitação para o trabalhador rural.
o artigo 5º, XXVI, CF: § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as- § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não la e de reforma agrária.
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
meios de financiar o seu desenvolvimento. me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
quena propriedade será assegurado que permaneça com superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
ela e a torne mais produtiva. ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
A preservação da pequena propriedade em detrimento prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- alienações ou concessões de terras públicas para fins de
guias da regulamentação da política agrária brasileira, que reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode-
se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189,
CF).
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
montante de recursos para atender ao programa de reforma ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
agrária no exercício. derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
CF).
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
taduais e municipais as operações de transferência de imó- Usucapião
veis desapropriados para fins de reforma agrária. Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon-
Como a finalidade da reforma agrária é transformar go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran- posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo-
gidos pela reforma agrária: dado, a ponto de se tornar proprietário.
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
fins de reforma agrária: casos específicos, denominados usucapião especial urbana
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida e usucapião especial rural.
em lei, desde que seu proprietário não possua outra; O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
II - a propriedade produtiva. especial urbana:
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana
dos requisitos relativos a sua função social. de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
187: desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe- § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão
cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen-
de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, dentemente do estado civil.
bem como dos setores de comercialização, de armazena- § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos-
mento e de transportes, levando em conta, especialmente: suidor mais de uma vez.
I - os instrumentos creditícios e fiscais; § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu-
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a capião.
garantia de comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
IV - a assistência técnica e extensão rural; pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
V - o seguro agrícola; seguintes requisitos específicos:

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali- Uso temporário


zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para XXV, CF:
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
localização. Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar se houver dano.
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado, Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que Direito sucessório
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só O direito sucessório aparece como uma faceta do direi-
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como to à propriedade, encontrando disciplina constitucional no
também não se poderia prejudicar o proprietário. artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse. Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei-
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be-
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re- lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des- O direito à herança envolve o direito de receber – seja
taca-se o artigo 191, CF: devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó- para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin- a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as-
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui- brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do
rir-lhe-á a propriedade. país estrangeiro).
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
dos por usucapião. Direito do consumidor
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da
seguintes requisitos específicos: lei, a defesa do consumidor.
a) Imóvel rural
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda-
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da de a partir do momento em que garante à pessoa que irá
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres-
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se
assunto muito controverso. enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a consumidor.
área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade O Direito do Consumidor pode ser considerado um
antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re-
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
na área rural. 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado
e) Nenhum outro imóvel. pela Constituição Federal de 1988, que também estabele-
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro Transitórias:
labore”. Dependerá do caso concreto.

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có- basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
digo de defesa do consumidor. ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi que estas modalidades de utilização podem se dar a título
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações oneroso ou gratuito.
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis,
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res-
salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria-
Propriedade intelectual ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti-
Além da propriedade material, o constituinte protege tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
configura a reprodução de obra alheia sem a necessária
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex- permissão do autor”46.
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; - Direitos de acesso à justiça
A formação de um conceito sistemático de acesso à
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
a) a proteção às participações individuais em obras taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas
clusive nas atividades desportivas; foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco- reito moderno conforme implementadas as bases da onda
nômico das obras que criarem ou de que participarem aos anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên-
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações cia de uma nova onda quando superada a afirmação das
sindicais e associativas; premissas da onda anterior, restando parcialmente imple-
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in- pleno atendimento em todas as ondas).
ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza- Primeiro, Cappelletti e Garth47 entendem que surgiu
ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie- uma onda de concessão de assistência judiciária aos po-
dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi- ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
mento tecnológico e econômico do País. de um aparato estrutural para a prestação da assistência
pelo Estado.
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth48,
que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto veio a onda de superação do problema na representação
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de
a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os processo como algo restrito a apenas duas partes indivi-
direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-
são conexos”. ções, como o Ministério Público.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras Finalmente, Cappelletti e Garth49 apontam uma terceira
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor onda consistente no surgimento de uma concepção mais
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi- ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
cinematográficas e televisivas; as composições musicais; “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla
fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ- variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
neas e enciclopédias; entre outras. procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di- raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul- 46 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-
gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da
modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron- Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju-
tar sua honra ou imagem. risprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar- 47 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32.
falecimento do último coautor, ou contados do primeiro 48 Ibid., p. 49-52
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza 49 Ibid., p. 67-73

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, que Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
vão muito além da esfera de representação judicial”. exceção.
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos as-
pectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas as criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe-
pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta garantir cido como legítimo pela Constituição do país.
meios de acesso se estes forem insuficientes, já que para que
exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário que se apli- Tribunal do júri
que o direito material de maneira justa e célere. A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, pre- artigo 5º, XXXVIII, CF:
vê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri,
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do com a organização que lhe der a lei, assegurados:
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí- c) a soberania dos veredictos;
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante a contra a vida.
necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em
sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao Poder O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibilidade, ela julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o
será resolvida, independentemente de haver ou não previsão de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não
específica a respeito na legislação.
magistrados, no caso de determinados crimes que por sua
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no
natureza possuem fortes fatores de influência emocional.
que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favore-
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto
cidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi-
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídi-
ciais e administrativos.
ca integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos. Sigilo das votações envolve a realização de votações se-
cretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso o conselho que irá julgar o ato praticado.
ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a
processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos
inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição: jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal
do Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- cassada a decisão recorrida, haja vista preservar o ordena-
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e mento jurídico pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
  dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o ris-
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o co de produção do resultado) contra a vida, que são: homi-
acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa cídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e
que se deve acelerar o processo em detrimento de direitos e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada,
garantias assegurados em lei, mas sim que é preciso propor- por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I,
cionar um trâmite que dure nem mais e nem menos que o ne- b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
cessário para a efetiva realização da justiça no caso concreto.
Anterioridade e irretroatividade da lei
- Direitos constitucionais-penais O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:

Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
ciado senão pela autoridade competente”, consolida o princí- sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
pio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de co- da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
nhecer previamente daquele que a julgará no processo em que crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina-
seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição competente para ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há
a matéria específica do caso antes mesmo do fato ocorrer. crime sem lei anterior que o defina.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em
se o artigo 5º, XL, CF: julgado da sentença condenatória; graça e o indulto apenas
extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do crime,
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para apagados na anistia; graça é em regra individual e solicita-
beneficiar o réu. da, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se conside-
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da rar que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) con-
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha tra crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe- (previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo disso, são crimes que não aceitam fiança.
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir- contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
dade da lei penal mais benéfica. Personalidade da pena
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo
Menções específicas a crimes 5º, XLV, CF:
O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es-
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao do valor do patrimônio transferido.
princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
O princípio da personalidade encerra o comando de o
qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
to específico a certas práticas criminosas.
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
nos termos da lei.
Individualização da pena
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes A individualização da pena tem por finalidade concre-
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculiari-
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda dades do agente.
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de- A primeira menção à individualização da pena se en-
curso do tempo). contra no artigo 5º, XLVI, CF:
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- pena e adotará, entre outras, as seguintes:
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da a) privação ou restrição da liberdade;
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o b) perda de bens;
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles c) multa;
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo d) prestação social alternativa;
evitá-los, se omitirem. e) suspensão ou interdição de direitos.

Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e execu-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto tório, evitando-se a padronização a sanção penal. A indivi-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a dualização da pena significa adaptar a pena ao condenado,
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o indul- consideradas as características do agente e do delito.
to, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo Poder A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
Legislativo, a graça e o indulto são de competência exclu- com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
siva do Presidente da República; a anistia pode ser con- do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
cedida antes da sentença final ou depois da condenação prisional, por um determinado tempo.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
do patrimônio do indivíduo delituoso. do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
A prestação social alternativa corresponde às penas que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có- militares em tempo de guerra.
digo Penal. Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais-
Por seu turno, a individualização da pena deve também quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de- lhos forçados, de banimento e cruéis.
preende do artigo 5º, XLVIII, CF: No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata-
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe- mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
a idade e o sexo do apenado. ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar
a capacidade física e intelectual do condenado; como o
A distinção do estabelecimento conforme a natureza trabalho não existe independente da educação, cabe in-
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi- trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta- segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
ser exclusivamente para homens ou para mulheres. Respeito à integridade do preso
Também se denota o respeito à individualização da Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
à integridade física e moral.
dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
te o período de amamentação.
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da
Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
pessoa humana.
da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
da criança, não a afastando do seio materno de maneira
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e
precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
tação. de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
CF), o que vale na execução da pena.
Vedação de determinadas penas No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas: previstas em lei.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX; Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
b) de caráter perpétuo; que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
c) de trabalhos forçados; etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
d) de banimento; necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
e) cruéis. moral.

Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani- Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”50 . Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o de seus bens sem o devido processo legal.
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se Pelo princípio do devido processo legal a legislação
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le- deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
50 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. pena de nulidade processual.

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Surgem como corolário do devido processo legal o Prisão e liberdade


contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi- O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
o artigo 5º, LV, CF: por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, por-
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou que práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o na tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a daquele que assim agiu.
ela inerentes. No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:

O devido processo legal possui a faceta formal, pela Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica- grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
lei.
faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro- Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran-
porcionalidade. te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado),
ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas
Vedação de provas ilícitas primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi-
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
condenação).
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro- Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
vas obtidas por meios ilícitos. ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:

Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti- Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons- cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
de direito material, constitucional ou legal, no momento indicada.
da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir: Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
seria paradoxal. os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo
entrar em contato com sua família e com um advogado,
conforme artigo 5º, LXIII, CF:
Presunção de inocência
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado assegurada a assistência da família e de advogado.
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
garantias constitucionais. policial.

Ação penal privada subsidiária da pública Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: do depoimento do interrogatório são assinados pelas au-
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen-
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- tais.
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
legal. que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
A chamada ação penal privada subsidiária da pública
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
relaxada pela autoridade judiciária.
são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
interessado a proponha. são do artigo 5º, LXVI, CF:

29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
com ou sem fiança. zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que princípio da primazia dos direitos humanos nas relações
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-
Indenização por erro judiciário tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá- ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: outras normas”52.
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do brasileiro porque somente existe previsão constitucional
tempo fixado na sentença. quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
e julgamento de um processo criminal, resultando em con- dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde- significa que tais direitos eram menos importantes devido
nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
além do tempo que foi condenada a cumprir. implícitos.
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
5) Direitos fundamentais implícitos nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe- tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
deral: direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
membros:
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna-
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape- cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
nas exemplificativo, não taxativo. quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
tes às emendas constitucionais. 
6) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
mento interno Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan- de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
internacionais em que a República Federativa do Brasil nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
seja parte”. ao da emenda constitucional.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen- Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à
to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne- titucional os tratados internacionais de direitos humanos
gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
do Presidente da República), submissão do tratado assina- riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro- da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo51. da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
seja, tratado internacional de direitos humanos. revogaria a Constituição no ponto controverso).

51 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos 52 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito


Fundamentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio An- Internacional Público e Privado. Salvador: JusPodi-
tonio Fabris Editor, 2008. vm, 2009.

30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

7) Tribunal Penal Internacional Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: VII, CF.
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa,
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé-
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes- dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
tado adesão. b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade
  de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou-
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi tros remédios constitucionais de direitos que não este, o
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se- habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir.
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res- predominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão e vai contra a restrição arbitrária da liberdade.
internacional (artigo 1º, ETPI). d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate-
compete o processo e julgamento de violações contra indi- rializado.
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes -lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé-
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
restrita a uma situação específica”53. com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da
Resume Mello54: “a Conferência das Nações Unidas so- restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida se concentrar numa mesma pessoa.
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- ou privado.
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra g) Competência: é determinada pela autoridade coa-
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter- autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer- 648, CPP:
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I -
nas forças inimigas, etc.”. quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver
preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando
Remédios constitucionais quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
Remédios constitucionais são as espécies de ações ju- IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa-
diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re- ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança,
conhecidos no texto constitucional quando a declaração e nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for
a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.
Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes
direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a
uma forma de violação. 667 do Código de Processo Penal.

1) Habeas corpus 2) Habeas data


No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem- assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- de entidades governamentais ou de caráter público; b) para
lidade ou abuso de poder. a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo.
53 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional
Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar-
Atlas, 2009. tigo 5º, LXXVII, CF).
54 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act,
Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. de 1974.

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran-
constantes de registros ou bancos de dados de entidades gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou
governamentais ou de caráter público, para o conhecimen- estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos
to ou retificação (correção). públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for-
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o mais reconhecidas por lei.
acesso a informações pessoais. g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es- ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri- exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art.
vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de- 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se auto-
vem ser a respeito da pessoa que a propõe. ridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugna-
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais do ou da qual emane a ordem para a sua prática”.
da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade
bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi- coatora.
cas privadas prestadores de serviços de interesse público i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
que possuam dados relativos à pessoa do impetrante. agosto de 2009.
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu- 4) Mandado de segurança coletivo
nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí- A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingres-
zes federais (art. 109, VIII). so com mandado de segurança coletivo, consoante ao ar-
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de tigo 5º, LXX:
novembro de 1997.
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997. Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo
pode ser impetrado por: a) partido político com representa-
3) Mandado de segurança individual ção no Congresso Nacional; b) organização sindical, entida-
Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX: de de classe ou associação legalmente constituída e em fun-
cionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu- de seus membros ou associados.
rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável a) Origem: Constituição Federal de 1988.
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui-
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi-
Poder Público. viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter-
a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacu- minadas associações.
na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
nares possessórias. civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo.
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti-
natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo-
atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos
administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá-
por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos rio, já que, dada sua difícil individualização, fica improvável
os direitos líquidos e certos à exceção da proteção de direi- a verificação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal
tos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou re- direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09).
tificação de informações relativas à pessoa do impetrante, e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci-
constantes de registros ou bancos de dados de entidades plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09,
governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos a é de partido político com representação no Congresso Na-
instrumentos específicos. cional, bem como de organização sindical, entidade de
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
civil, independente da natureza do ato impugnado (admi- namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos
nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista). líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência ou de seus membros.
de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
já consumado o abuso/ilegalidade.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de- Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran-
célere e sumária do procedimento. te.

32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz li- b) Natureza jurídica: ação constitucional que objeti-
tispendência para as ações individuais, mas os efeitos da va a regulamentação de normas constitucionais de eficácia
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indi- limitada.
vidual se não requerer a desistência de seu mandado de c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou
segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula-
comprovada da impetração da segurança coletiva. rize direito fundamental não materializável por omissão le-
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público
poderá ser concedida após a audiência do representante na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
elaboração de norma regulamentadora for atribuição do
5) Ação popular Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma-
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. administração direta ou indireta, excetuados os casos da
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
a) Origem: Constituição Federal de 1934. Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo- da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior
cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei-
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
interesses transindividuais. habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en- vinculados.
tidade de que o Estado participe, à moralidade administra- e) Procedimento: Regulamentado pela Lei nº
tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural 13.300/2016.
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque-
le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. Direitos sociais
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
algum modo lide com a coisa pública. normas programáticas e que necessitam de uma postura
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem interventiva estatal em prol da implementação.
do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº Os direitos assegurados nesta categoria encontram
4.717/65). menção genérica no artigo 6º, CF:
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
junho de 1965. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à materni-
6) Mandado de injunção
dade e à infância, a assistência aos desamparados, na
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
forma desta Constituição. 
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun-
ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
à cidadania. tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
seja proposto o mandado de injunção são a existência de estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di- princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas,
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas
não sejam aplicáveis. a respeitos de direitos indicados como sociais.

33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1) Igualdade material e efetivação dos direitos so- Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
ciais a cláusula da reserva do possível como argumento para a
Independentemente da categoria de direitos que este- não implementação de determinado direito social – seja
ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
sentido meramente formal, mas necessariamente material. tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
como também se mostram essenciais. os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es- letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
Fundamental do Estado”56.
moradia, assim como nem todos se encontram na posição
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
possível, embora viável, não pode servir de muleta para
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
que progressivamente atinjam uma posição de igualdade entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
direitos fundamentais. veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser atender esta demanda.
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali- ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira Judiciário em prol de sua efetivação.
mais plena possível.
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape- 3) Princípio da proibição do retrocesso
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos, Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram retrocesso, de modo que um direito social garantido não
condições para sustentarem suas necessidades pertencen- pode deixar de o ser.
tes a esta categoria de direitos. Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun-
2) Reserva do possível e mínimo existencial do entendimento predominante as normas do artigo 7º,
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte-
notadamente porque estão previstos em normas progra- ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
máticas e porque a implementação deles gera um ônus assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
em prol da efetivação destes.
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado cluindo o ensino médio gratuito).
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
Público como determinador de que particulares respeitem a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
Estatuto Máximo55. o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
55 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possí- de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da norma na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. entendimento dominante.
56-57. 56 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4) Direito individual do trabalho em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi- da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem Socioeconômicos (Dieese)”57.
os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no
espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
assédio moral). à complexidade do trabalho.

Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
lei complementar, que preverá indenização compensatória, construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
dentre outros direitos. do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
Significa que a demissão, se não for motivada por justa belecido em conformidade com a data base da categoria,
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
gador.
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de- disposto em convenção ou acordo coletivo.
semprego involuntário.
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente são em massa durante uma crise, situações que devem ser
desempregado – entendendo-se por desemprego invo- negociadas em convenção ou acordo coletivo.
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
assistência financeira temporária.
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores,
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.:
viço.
baseada em comissões por venda e metas);
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de- Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra-
a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua- balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo-
sacado em momentos especiais, como o da aquisição da sentado no final de cada ano.
casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul-
dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
ou em caso de algumas doenças graves. superior à do diurno.

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
porte e previdência social, com reajustes periódicos que noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
ção para qualquer fim. atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
Trata-se de uma visível norma programática da Cons- tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e horas do dia seguinte.
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo 57 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 -minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
constituindo crime sua retenção dolosa. periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário, superior à da hora normal.
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º, lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
XXXIX, CF). salvo negociação coletiva.

Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
participação na gestão da empresa, conforme definido em samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
lei.
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
conhecida também por Programa de Participação nos Re- tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo a própria família.
empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne- Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. ferencialmente aos domingos.

Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe-
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
Salário-família é o benefício pago na proporção do lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer de trabalho aos domingos, desde que previamente auto-
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual- rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é
quer idade, independente de carência e desde que o salá- assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re-
rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo munerado coincidente com um domingo a cada período,
permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/ dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de O salário das férias deve ser superior em pelo menos
qualquer idade será de R$ 24,66. um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
facultada a compensação de horários e a redução da jorna- cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor- Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
normal. dias.

A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- O salário da trabalhadora em licença é chamado de
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença após o parto, a mulher não pode ser demitida.

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- São consideradas atividades ou operações insalubres
xados em lei. as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí-
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de
mãe nos processos pós-operatórios. trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen-
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau
Embora as mulheres sejam maioria na população de máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. mínimo.
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- O adicional de periculosidade é um valor devido ao
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há empregado exposto a atividades perigosas. São conside-
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por
do que os homens recebem mais porque os empregadores sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
entendem que eles necessitam de um salário maior para acentuado em virtude de exposição permanente do tra-
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
de forma especial. profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
do adicional de periculosidade será o salário do empre-
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem- gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de
po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em-
da lei. presa.
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten-
Nas relações de emprego, quando uma das partes de- dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des-
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por tes adicionais.
prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria.
à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra-
trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que
do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade
mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
Social (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ-
trabalhado ou indenizado.
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao to social no próprio artigo 6º, CF.
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
rança. Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente de em creches e pré-escolas.
do trabalho salubre. Fiorillo58 destaca que o equilíbrio do
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri- Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias
dade e na ausência de agentes que possam comprometer com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es-
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses,
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu-
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6
lei. meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
específica previsão sobre o adicional de penosidade. incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
58 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direi- e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
to Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. na empresa.
21.

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan-
acordos coletivos de trabalho. tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra- limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho, que encontra regulamentação constitucional nos balho.
artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
dos coletivos, entidades representativas da categoria dos Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
trabalhadores entram em negociação com as empresas na jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos há um período de tempo que o empregado tem para re-
direitos sociais; querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
na forma da lei. (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
vigência do contrato de trabalho.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui- de sexo, idade, cor ou estado civil.
na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
que possa operá-la). Há uma tendência de se remunerar melhor homens
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- patente a diferença remuneratória para com pessoas de
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar rial judicialmente.
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ- dor portador de deficiência.
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba- mitações, possui condições de ingressar no mercado de
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou sua deficiência.
temporária, da capacidade para o trabalho.
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri- Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba-
buição com natureza de tributo que as empresas pagam lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de respectivos.
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen- Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual-
to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas mente relevantes e contribuem todos para a sociedade,
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos, não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por
físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia- se enquadrar numa ou outra categoria.
dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res- quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili-
dade de cumulação do benefício previdenciário, assim Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
compreendido como prestação garantida pelo Estado ao cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com o trabalho em condições desfavoráveis.
a indenização devida pelo empregador em caso de culpa
(responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla- Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
Trabalho; balhador avulso.

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
trabalhador com vínculo empregatício permanente.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único tigo 9º, CF:
do artigo 7º:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos sobre os interesses que devam por meio dele defender.
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- da comunidade.
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os penas da lei.
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social.  A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe so-
bre o exercício do direito de greve, define as atividades es-
5) Direito coletivo do trabalho senciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha- for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
substituição processual, participação e representação clas-
sista59. Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú-
A liberdade de associação profissional ou sindical tem
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá-
escopo no artigo 8º, CF:
rios sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista
cal, observado o seguinte:
no artigo 11, CF:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em-
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a pregados, é assegurada a eleição de um representante
intervenção na organização sindical; destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten-
II - é vedada a criação de mais de uma organização dimento direto com os empregadores.
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que Nacionalidade
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes- O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que
sados, não podendo ser inferior à área de um Município; vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- um nacional pode adquirir direitos políticos.
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
questões judiciais ou administrativas; um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
se tratando de categoria profissional, será descontada em assim de direitos e obrigações.
folha, para custeio do sistema confederativo da representa- Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição não é a mesma coisa que população. População é o con-
prevista em lei; junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es-
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se trangeiros residentes no país e os apátridas.
filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas 1) Nacionalidade como direito humano fundamen-
negociações coletivas de trabalho; tal
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- Os direitos humanos internacionais são completamen-
tado nas organizações sindicais; te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité-
grave nos termos da lei. rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
59 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. brasileiro não admite a figura do apátrida.

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Contudo, é exatamente por ser um direito que a na- a) Brasileiros natos


cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à Art. 12, CF. São brasileiros:
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e I - natos:
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
um processo conhecido como naturalização. ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em a serviço de seu país;
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. da República Federativa do Brasil;
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o ção brasileira competente ou venham a residir na Repú-
critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di- sileira.
versas.
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
em território do país independentemente da nacionalidade
de um governante, de um poder despótico, de decisões dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra- de do local de nascimento mas sim da descendência de um
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo nacional do país (critério comum em países que tiveram
sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão êxodo de imigrantes).
não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui- O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce
to séria”60. no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi-
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in- lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros
ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter-
direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo,
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te-
perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti- nha nascido no território brasileiro.
ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato
das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais
desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi- estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato,
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve- estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte-
riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território
como um todo –, e não proteger pessoas que justamente brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em
cometeram tais violações. repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali-
2) Naturalidade e naturalização dade brasileira ou não.
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego- b) Brasileiros naturalizados
rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
II - naturalizados:
de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
Estado.
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por e idoneidade moral;
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con- dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
nacional brasileiro. requeiram a nacionalidade brasileira.

60 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos ar- A naturalização deve ser voluntária e expressa.
tigos XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no
Fortium, 2008, p. 87-88. artigo 112:

40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
cessão da naturalização: V - da carreira diplomática;
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; VI - de oficial das Forças Armadas;
II - ser registrado como permanente no Brasil; VII - de Ministro de Estado da Defesa.
III - residência contínua no território nacional, pelo
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
ao pedido de naturalização; exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
condições do naturalizando; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden-
manutenção própria e da família; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce
VI - bom procedimento; o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi- anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, num critério de revezamento nenhum membro pode ser
superior a 1 (um) ano; e naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte
VIII - boa saúde. impacto em termos de representação do país ou de segu-
rança nacional.
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens,
o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi-
o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha
se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização praticado crime comum antes da naturalização ou, depois
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná- dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
ria no artigo 12, II, “a”.
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária 3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun- Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo, Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência
na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na- permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos. brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o
Judiciário para fazê-lo valer61. mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe-
c) Tratamento diferenciado derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou 22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001).
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci-
sentido, o artigo 12, § 2º, CF: vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi-
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin- o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca- políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam
sos previstos nesta Constituição. suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea-
mente direitos políticos nos dois países.
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele- 4) Perda da nacionalidade
cer as hipóteses de distinção. Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram nalidade do brasileiro que:
enumeradas no parágrafo seguinte. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
os cargos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; lei estrangeira;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
III - de Presidente do Senado Federal; ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
61 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas dição para permanência em seu território ou para o exercício
em teleconferência. de direitos civis.

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na-
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei-
percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime
“a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex-
e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea- traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” que foram objeto do pedido de extradição.
é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio- b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
nalidade do outro país for uma exigência para continuar deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní-
assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países, p.
nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona- ex., não pode ocorrer a extradição).
lidade brasileira. c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
5) Deportação, expulsão e entrega brado após a ocorrência do crime não impede a extradição.
A deportação representa a devolução compulsória de d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos):
um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir- Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas
regular no território nacional, estando prevista na Lei nº pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza-
6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou- da, salvo se houver a comutação da pena, transformação
ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, para uma pena aceita no Brasil.
mera irregularidade de visto. Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei
A expulsão é a retirada “à força” do território brasi- nº 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedi-
leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica- mento:
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o go-
6.815/1980:
verno requerente se fundamentar em tratado, ou quando
prometer ao Brasil a reciprocidade. 
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
Art. 77. Não se concederá a extradição quando: 
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa
moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce- nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na- II - o fato que motivar o pedido não for considerado
cionais. crime no Brasil ou no Estado requerente;
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es- III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para jul-
trangeiro que: gar o crime imputado ao extraditando;
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per- IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão
manência no Brasil; igual ou inferior a 1 (um) ano;
b) havendo entrado no território nacional com infração V - o extraditando estiver a responder a processo ou já
à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes-
para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; mo fato em que se fundar o pedido;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição se-
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
para estrangeiro. VII - o fato constituir crime político; e
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en- quando o fato constituir, principalmente, infração da lei
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao
Internacional (competência reconhecida na própria Consti- delito político, constituir o fato principal.
tuição no artigo 5º, §4º). § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe-
deral, a apreciação do caráter da infração.
6) Extradição § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão considerar crimes políticos os atentados contra Che-
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna- fes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos de processos violentos para subverter a ordem política ou
mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham social.

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 78. São condições para concessão da extradição:  exame da presença dos pressupostos formais de admis-
I - ter sido o crime cometido no território do Estado sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará
requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis ao Supremo Tribunal Federal.  (Redação dada pela Lei nº
penais desse Estado; e 12.878, de 2013)
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou § 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime
estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tri- cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser apre-
bunal ou autoridade competente do Estado requerente, sentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer
salvo o disposto no artigo 82. outro meio que assegure a comunicação por escrito.  (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradi- § 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresen-
ção da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o tado ao Ministério da Justiça por meio da Organização
pedido daquele em cujo território a infração foi come- Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente
tida. instruído com a documentação comprobatória da existência
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferên- de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro.  (Reda-
cia, sucessivamente: ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
I - o Estado requerente em cujo território haja sido co- § 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (no-
metido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; venta) dias contado da data em que tiver sido cientificado
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega da prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradi-
do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e ção. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar § 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo pre-
do extraditando, se os pedidos forem simultâneos. visto no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade,
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferên- não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mes-
cia o Governo brasileiro. mo fato sem que a extradição haja sido devidamente reque-
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos rida. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
disserem respeito à preferência de que trata este artigo.  Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem pré-
vio pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal
Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomáti- Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo
ca ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Minis- recurso da decisão. 
tério da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia
autêntica ou a certidão da sentença condenatória ou Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81),
decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente.  o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. 
§ 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações pre- Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento
cisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a
do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ain- liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
da, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência,
a pena e sua prescrição.  Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e
§ 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da hora para o interrogatório do extraditando e, conforme
Justiça ou por via diplomática confere autenticidade aos o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, cor-
documentos.  rendo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa. 
§ 3o  Os documentos indicados neste artigo serão § 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa re-
acompanhados de versão feita oficialmente para o idio- clamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou
ma português.  ilegalidade da extradição.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído,
Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressu- o Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da Repú-
postos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em blica, poderá converter o julgamento em diligência para
tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao suprir a falta no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias,
Supremo Tribunal Federal.  decorridos os quais o pedido será julgado independentemen-
Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de te da diligência.
que trata o caput, o pedido será arquivado mediante de- § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da
cisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça, sem data da notificação que o Ministério das Relações Exterio-
prejuízo de renovação do pedido, devidamente instruído, res fizer à Missão Diplomática do Estado requerente.
uma vez superado o óbice apontado. 
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comuni-
Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá, cado através do Ministério das Relações Exteriores à Missão
em caso de urgência e antes da formalização do pedido de Diplomática do Estado requerente que, no prazo de sessen-
extradição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão ta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do
cautelar do extraditando por via diplomática ou, quan- território nacional. 
do previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extradi- 7) Idioma e símbolos


tando do território nacional no prazo do artigo anterior, será Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a pro- República Federativa do Brasil.
cesso de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar.  § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
pedido baseado no mesmo fato.  rão ter símbolos próprios.

Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo proces- Idioma é a língua falada pela população, que confere
sado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível caráter diferenciado em relação à população do resto do
com pena privativa de liberdade, a extradição será exe- mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de uma
nação.
cutada somente depois da conclusão do processo ou do
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da na-
cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto
ção e permitem o seu reconhecimento nacional e internacio-
no artigo 67.  nalmente.
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual- Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre-
mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por aborda o tema.
laudo médico oficial.
Direitos políticos
Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ain- Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
da que responda a processo ou esteja condenado por reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
contravenção.  direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular de
direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direitos
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Esta- políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar que
do requerente assuma o compromisso:  nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, mas so-
I - de não ser o extraditando preso nem processado por mente aquele que for titular do direito de sufrágio universal.
fatos anteriores ao pedido;
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi 1) Sufrágio universal
imposta por força da extradição; A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania
popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
III - de comutar em pena privativa de liberdade a
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleito-
pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última,
rais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta
os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação; – e a capacidade passiva – ser eleito como representante no
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consen- modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal
timento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e é o direito de todos cidadãos de votar e ser votado. O voto,
V - de não considerar qualquer motivo político, para que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, deverá ser direto
agravar a pena. e secreto.
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem
brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com toda pessoa que tem capacidade ativa tem também capa-
os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu cidade passiva, embora toda pessoa que tenha capacidade
poder.  passiva tenha necessariamente a ativa.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos
neste artigo poderão ser entregues independentemente 2) Democracia direta e indireta
da entrega do extraditando. Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Es- todos, e, nos termos da lei, mediante:
tado requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se I - plebiscito;
II - referendo;
no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedi-
III - iniciativa popular.
do feito diretamente por via diplomática, e de novo entre-
gue sem outras formalidades.  A democracia brasileira adota a modalidade semidireta,
porque possibilita a participação popular direta no poder por
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser per- intermédio de processos como o plebiscito, o referendo e a
mitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afir-
nacional, de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, mar que a democracia indireta é predominantemente adota-
bem assim o da respectiva guarda, mediante apresentação da no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto
de documentos comprobatórios de concessão da medi- e secreto com igual valor para todos. Quanto ao voto direto
da.  e secreto, trata-se do instrumento para o exercício da capa-
cidade ativa do sufrágio universal.

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe- I - a nacionalidade brasileira;


rendo é o momento da consulta à população: no plebis- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a III - o alistamento eleitoral;
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
política e depois se consulta a população. Embora os dois V - a filiação partidária;
partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, VI - a idade mínima de:
ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am- a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é da República e Senador;
que os dois são “formas de consulta ao povo para que de- b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Es-
libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza tado e do Distrito Federal;
constitucional, legislativa ou administrativa”62. c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Es-
Na iniciativa popular confere-se à população o poder tadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, d) dezoito anos para Vereador.
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3% Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o analfabetos.
artigo 61, §2°, CF:
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à na-
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida cionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei ser eleito é preciso ser cidadão.
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio- O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me- como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto
3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim,
voto para se candidatar a cargo no município, deve ter domicílio
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve ter
dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi-
domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se candi-
dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
datar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral em uma
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
das unidades federadas do país. Aceita-se a transferência
do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das eleições.
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
A filiação partidária implica no lançamento da candi-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
datura por um partido político, não se aceitando a filiação
II - facultativos para:
avulsa.
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos; Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. etário, com faixa etária mínima para o desempenho de cada
uma das funções, a qual deve ser auferida na data da posse.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: 5) Inelegibilidade
Atender às condições de elegibilidade é necessário para
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri- se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
gatório, os conscritos. A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na ab-
soluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atin-
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan- gidos determinados cargos.
do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
disponíveis para os dias da eleição. Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.
4) Elegibilidade
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibi-
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen- lidade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua ser elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
capacidade passiva do sufrágio universal. faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preciso
possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalistá-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na veis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
forma da lei: portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros e
62 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Gover- São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
nadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os militares que não podem se alistar ou os que podem,
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF,
poderão ser reeleitos para um único período subsequente. ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me-
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe-
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili- rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade
dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de
das esferas for substituído por seu vice no curso do man- 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
subsequente. Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou-
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida- para exercício de mandato considerada vida pregressa do
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree- candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con-
leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice de função, cargo ou emprego na administração direta ou
em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011- indireta.
2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos
com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode
que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu-
do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei
2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con- Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece
correndo por isso a uma vaga no Senado Federal. casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
artigo 1º, que segue.
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
vos mandatos até seis meses antes do pleito.
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car-
a) os inalistáveis e os analfabetos;
gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces- pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014. gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- lizarem durante o período remanescente do mandato para o
te da República, de Governador de Estado ou Território, do qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído da legislatura;
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
de mandato eletivo e candidato à reeleição. gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
quem os tenha substituído ao final do mandato, a não ser (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
que seja já titular de mandato eletivo e candidato à reelei- e) os que forem condenados, em decisão transitada em
ção. julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten- o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
didas as seguintes condições: Lei Complementar nº 135, de 2010)
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
tar-se da atividade; ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado plementar nº 135, de 2010)
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi-
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni-
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver cípio, para as eleições que se realizarem durante o período
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer- remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8
cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído
135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; l) os que forem condenados à suspensão dos direitos
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
tortura, terrorismo e hediondos; administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
Complementar nº 135, de 2010) 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de 135, de 2010)
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in- n) os que forem condenados, em decisão transitada em
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis- julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi- de união estável para evitar caracterização de inelegibilida-
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
h) os detentores de cargo na administração pública di- Complementar nº 135, de 2010)
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Lei Complementar nº 135, de 2010) q) os magistrados e os membros do Ministério Público
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
go ou função de direção, administração ou representação, de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- 2010)
dade; II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
j) os que forem condenados, em decisão transitada em a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, de seus cargos e funções:
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por 1. os Ministros de Estado:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas militar, da Presidência da República;
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído da Presidência da República;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos da Aeronáutica;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham
8. os Magistrados; afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar- pleito;
quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fun- I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos
dações públicas e as mantidas pelo poder público; órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
Territórios; dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
11. os Interventores Federais; Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
12. os Secretários de Estado; pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
13. os Prefeitos Municipais; integrais;
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Esta- III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
dos e do Distrito Federal; Distrito Federal;
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Se- sidente da República especificados na alínea a do inciso II
cretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
pessoas que ocupem cargos equivalentes; tar de repartição pública, associação ou empresas que ope-
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à rem no território do Estado ou do Distrito Federal, observa-
eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qual- dos os mesmos prazos;
quer dos poderes da União, cargo ou função, de nomeação b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia do de seus cargos ou funções:
Senado Federal; 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador
c) (Vetado); do Estado ou do Distrito Federal;
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem com- 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
petência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lança- Zona Aérea;
mento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e con- 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
tribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para sistência aos Municípios;
aplicar multas relacionadas com essas atividades; 4. os secretários da administração municipal ou mem-
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exerci- bros de órgãos congêneres;
do cargo ou função de direção, administração ou representação IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
de setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
atividades, possam tais empresas influir na economia nacional; da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas a desincompatibilização;
previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alí- b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
nea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o abu- ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
so apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, por c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
força regular, o controle de referidas empresas ou grupo de cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
empresas; V - para o Senado Federal:
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, administra- sidente da República especificados na alínea a do inciso II
ção ou representação em entidades representativas de classe, deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
mantidas, total ou parcialmente, por contribuições impostas tar de repartição pública, associação ou empresa que opere
pelo poder Público ou com recursos arrecadados e repassados no território do Estado, observados os mesmos prazos;
pela Previdência Social; b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de opera- VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla-
ções financeiras e façam publicamente apelo à poupança e tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden-
ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa ou tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de vanta- nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
gens asseguradas pelo poder público, salvo se decorrentes de prazos;
contratos que obedeçam a cláusulas uniformes; VII - para a Câmara Municipal:
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, ha- a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
jam exercido cargo ou função de direção, administração ou os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
representação em pessoa jurídica ou em empresa que mante- Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de-
nha contrato de execução de obras, de prestação de serviços sincompatibilização;
ou de fornecimento de bens com órgão do Poder Público ou b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
sob seu controle, salvo no caso de contrato que obedeça a Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
cláusulas uniformes; para a desincompatibilização .

48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi-
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos moral ou religiosa.
até 6 (seis) meses antes do pleito. O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Pre- tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
feito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 suspensão dos direitos políticos.
(seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou Os direitos políticos somente são perdidos em dois ca-
substituído o titular. sos, quais sejam cancelamento de naturalização por senten-
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titu- ça transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à
lar, o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade brasilei-
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, ra em virtude da aquisição de outra (brasileiro se naturaliza
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, em outro país e assim deixa de ser considerado um cidadão
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6 brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos demais casos, há
(seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man- suspensão. Nota-se que não há perda de direitos políticos
dato eletivo e candidato à reeleição. pela prática de atos atentatórios contra a Administração Pú-
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I blica por parte do servidor, mas apenas suspensão.
deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles A cassação de direitos políticos, consistente na retira-
definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem da dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com- sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
plementar nº 135, de 2010) CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente ve-
com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção dado pelo texto constitucional.
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea
k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao dis- 8) Anterioridade anual da lei eleitoral
posto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple- Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
mentar nº 135, de 2010). em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
6) Impugnação de mandato
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im- É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo me-
pugnação de mandato. nos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im-
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias Dos partidos políticos
contados da diplomação, instruída a ação com provas de O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo po-
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. lítico e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já
que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
7) Perda e suspensão de direitos políticos de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o re-
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, gime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamen-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: tais da pessoa humana [...].
I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
tada em julgado; Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
II - incapacidade civil absoluta; lecendo a Constituição um limite de números de partidos
III - condenação criminal transitada em julgado, en- políticos que possam ser constituídos, permitindo também
quanto durarem seus efeitos; que sejam extintos, fundidos e incorporados.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de ati-
vidade política no âmbito interno do país; proibição de re-
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, cebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder Pú-
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. blico não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio universal. acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. 17, §4º, CF).

49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O respeito a estes ditames permite o exercício do par- Além disso, pelo que se desprende do modelo de di-
tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or- visão de competências a ser estudado neste capítulo, aca-
ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF: bou-se esvaziando a competência dos estados-membros,
mantendo uma concentração de poderes na União e distri-
Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto- buindo vasta gama de poderes aos municípios.
nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime Art. 18, caput, CF. A organização político-administra-
de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu- tiva da República Federativa do Brasil compreende a União,
lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos au-
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer tônomos, nos termos desta Constituição.
normas de disciplina e fidelidade partidária. 
Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem 18, CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado
ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, no qual são considerados entes federados e, como tais, au-
CF). tônomos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à cípios. Esta autonomia se reflete tanto numa capacidade de
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF: auto-organização (normatização própria) quanto numa ca-
pacidade de autogoverno (administrar-se pelos membros
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re- eleitos pelo eleitorado da unidade federada).
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei. Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal.

Brasília é a capital da República Federativa do Brasil,


sendo um dos municípios que compõem o Distrito Federal.
O Distrito Federal tem peculiaridades estruturais, não sen-
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO. do nem um Município, nem um Estado, tanto é que o caput
deste artigo 18 o nomeia em separado. Trata-se, assim, de
unidade federativa autônoma.
Da organização político administrativa
Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genéri-
União, e sua criação, transformação em Estado ou reinte-
co e regulamenta a organização político-administrativa do
gração ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
Estado. Basicamente, define os entes federados que irão
mentar.
compor o Estado brasileiro.
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firma-
Apesar dos Territórios Federais integrarem a União,
do entre os entes autônomos que compõem o Estado bra-
eles não podem ser considerados entes da federação, logo
sileiro. Na federação, todos os entes que compõem o Es- não fazem parte da organização político-administrativa,
tado têm autonomia, cabendo à União apenas concentrar não dispõem de autonomia política e não integram o Es-
esforços necessários para a manutenção do Estado uno. tado Federal. São meras descentralizações administrativo-
O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do territoriais pertencentes à União. A Constituição Federal de
que os Estados federados geralmente se formam. Trata-se 1988 aboliu todos os territórios então existentes: Fernando
de federalismo por desagregação – tinha-se um Estado de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de
uno, com a União centralizada em suas competências, e di- Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral
vidiu-se em unidades federadas. Difere-se do denominado de Estados da Federação.
federalismo por agregação, no qual unidades federativas
autônomas se unem e formam um Poder federal no qual Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se en-
se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais tre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem
forte (ex.: Estados Unidos da América). a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
No federalismo por agregação, por já vir tradicional- mediante aprovação da população diretamente interessa-
mente das bases do Estado a questão da autonomia das da, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
unidades federadas, percebe-se um federalismo real na complementar.
prática. Já no federalismo por desagregação nota-se uma
persistente tendência centralizadora. Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro en- e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
tendeu o federalismo que estava criando é o fato de ter estadual, dentro do período determinado por Lei Comple-
colocado o município como entidade federativa autônoma. mentar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
No modelo tradicional, o pacto federativo se dá apenas en- plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
tre União e estados-membros, motivo pelo qual a doutrina divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresenta-
afirma que o federalismo brasileiro é atípico. dos e publicados na forma da lei.

50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do
criar, incorporar e desmembrar os Estados-membros e os povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto con-
Municípios. No caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei servarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
federal. No caso dos municípios, exige-se plebiscito e lei
estadual. Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser
Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembra- alienados, observadas as exigências da lei.
mento no âmbito interno, mas não se permite que uma
parte do país se separe do todo, o que atentaria contra o Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a
pacto federativo. usucapião.

Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode
Federal e aos Municípios: ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido le-
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio- galmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de inte- bens dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Cons-
resse público; tituição, que seguem abaixo. Na divisão de bens estabele-
II - recusar fé aos documentos públicos; cida pela Constituição Federal denota-se o caráter residual
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências en- dos bens dos Estados-membros porque exige-se que estes
tre si. não pertençam à União ou aos Municípios.

Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas Artigo 20, CF. São bens da União:
aos entes federados, fato é que todo o sistema constitucio- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
nal traz impedimento à atuação das unidades federativas a ser atribuídos;
e de seus administradores. Afinal, não possuem liberdade II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
para agirem como quiserem e somente podem fazer o que fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
a lei permite (princípio da legalidade aplicado à Adminis- federais de comunicação e à preservação ambiental, defini-
tração Pública). das em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
Repartição de competências e bens
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a terri-
O título III da Constituição Federal regulamenta a orga-
tório estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
nização do Estado, definindo competências administrativas
marginais e as praias fluviais;
e legislativas, bem como traçando a estrutura organizacio-
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
nal por ele tomada.
com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
Bens Públicos são todos aqueles que integram o pa-
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
trimônio da Administração Pública direta e indireta, sendo Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
que todos os demais bens são considerados particulares. e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
Destaca-se a disciplina do Código Civil: V - os recursos naturais da plataforma continental e da
zona econômica exclusiva;
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional VI - o mar territorial;
pertencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que VIII - os potenciais de energia hidráulica;
pertencerem. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
Artigo 99, CC. São bens públicos: queológicos e pré-históricos;
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
estradas, ruas e praças; § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
destinados a serviço ou estabelecimento da administração administração direta da União, participação no resultado
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
suas autarquias; hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das recursos minerais no respectivo território, plataforma conti-
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou com-
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. pensação financeira por essa exploração.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, con- § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
sideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas ju- largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
rídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de como faixa de fronteira, é considerada fundamental para
direito privado. defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização
serão reguladas em lei.

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emer- gens;
gentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da b) os serviços e instalações de energia elétrica e o apro-
lei, as decorrentes de obras da União; veitamento energético dos cursos de água, em articulação
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estive- com os Estados onde se situam os potenciais hidroener-
rem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, géticos;
Municípios ou terceiros; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à aeroportuária;
União; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans-
da União. ponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual
1) Competência organizacional-administrativa ex- e internacional de passageiros;
clusiva da União f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
A Constituição Federal, quando aborda a competência XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
da União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” e tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
no artigo 22 a expressão “compete privativamente à União”. Defensoria Pública dos Territórios;
Neste sentido, questiona-se se a competência no artigo 21 XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mi-
seria privativa. Obviamente, não seria compartilhada, pois os litar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Fede-
casos que o são estão enumerados no texto constitucional. ral, bem como prestar assistência financeira ao Distrito
Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera Federal para a execução de serviços públicos, por meio de
competências exclusivas da União. Estas expressões que a fundo próprio;
princípio seriam sinônimas assumem significado diverso. Ex- XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatísti-
clusiva é a competência da União que não pode ser delega- ca, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
da a outras unidades federadas (somente pode ser exercida XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
pela União); privativa é a competência da União que pode
diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
ser delegada (por exemplo, para os Estados, quando estes
XVII - conceder anistia;
poderão elaborar lei específica sobre matérias que seriam de
XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
competência única da União).
tra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da
inundações;
União, trabalha com questões organizacional-administrati-
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
vas.
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
Artigo 21, CF. Compete à União: de seu uso;
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
par de organizações internacionais; no, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
II - declarar a guerra e celebrar a paz; urbanos;
III - assegurar a defesa nacional; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, nacional de viação;
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
ou nele permaneçam temporariamente; portuária e de fronteiras;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
intervenção federal; de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de ma- pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a in-
terial bélico; dustrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
VII - emitir moeda; derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fisca- a) toda atividade nuclear em território nacional so-
lizar as operações de natureza financeira, especialmente as mente será admitida para fins pacíficos e mediante aprova-
de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e ção do Congresso Nacional;
de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de cialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
ordenação do território e de desenvolvimento econômico usos médicos, agrícolas e industriais;
e social; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, con- igual ou inferior a duas horas;
cessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, pende da existência de culpa;
a criação de um órgão regulador e outros aspectos institu- XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
cionais; balho;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer-
concessão ou permissão: cício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Envolve a competência organizacional-administrativa XI - trânsito e transporte;


da União a atuação regionalizada com vistas à redução das XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e me-
desigualdade regionais, descrita no artigo 43 da Constitui- talurgia;
ção Federal: XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União po- XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
derá articular sua ação em um mesmo complexo geoeco- expulsão de estrangeiros;
nômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redu- XVI - organização do sistema nacional de emprego e
ção das desigualdades regionais. condições para o exercício de profissões;
§ 1º Lei complementar disporá sobre: XVII - organização judiciária, do Ministério Públi-
I - as condições para integração de regiões em desen- co do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
volvimento; Pública dos Territórios, bem como organização adminis-
II - a composição dos organismos regionais que exe- trativa destes
cutarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, geologia nacionais;
aprovados juntamente com estes.
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de
poupança popular;
outros, na forma da lei:
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens
de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
II - juros favorecidos para financiamento de atividades bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
prioritárias; militares e corpos de bombeiros militares;
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de XXII - competência da polícia federal e das polícias ro-
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; doviária e ferroviária federais;
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e XXIII - seguridade social;
social dos rios e das massas de água represadas ou repre- XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
sáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. XXV - registros públicos;
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União in- XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
centivará a recuperação de terras áridas e cooperará com XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em
os pequenos e médios proprietários rurais para o estabele- todas as modalidades, para as administrações públicas di-
cimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena retas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
irrigação. Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
2) Competência legislativa privativa da União nos termos do art. 173, § 1°, III; 
A competência legislativa da União é privativa e, sendo XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
assim, pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas marítima, defesa civil e mobilização nacional;
somente podem ser legisladas por atos normativos com XXIX - propaganda comercial.
abrangência nacional, mas é possível que uma lei comple- Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
mentar autorizar que determinado Estado regulamente os Estados a legislar sobre questões específicas das ma-
questão devidamente especificada. térias relacionadas neste artigo.
Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar 3) Competência organizacional-administrativa
sobre: compartilhada
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do tra-
compartilham certas competências organizacional-ad-
balho;
ministrativas. Significa que qualquer dos entes federados
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente poderá atuar, desenvolver políticas públicas, nestas áreas.
perigo e em tempo de guerra; Todas estas áreas são áreas que necessitam de atuação in-
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e tensa ou vigilância constantes, de modo que mediante ges-
radiodifusão; tão cooperada se torna possível efetivar o máximo possível
V - serviço postal; os direitos fundamentais em casa uma delas.
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan-
tias dos metais; Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Es-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- tados, do Distrito Federal e dos Municípios:
cia de valores; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
VIII - comércio exterior e interestadual; instituições democráticas e conservar o patrimônio pú-
IX - diretrizes da política nacional de transportes; blico;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
rítima, aérea e aeroespacial; e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - proteger os documentos, as obras e outros bens XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as XIV - proteção e integração social das pessoas porta-
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; doras de deficiência;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte- XV - proteção à infância e à juventude;
rização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po-
artístico ou cultural; lícias civis.
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educa- § 1º No âmbito da legislação concorrente, a com-
ção, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; petência da União limitar-se-á a estabelecer normas
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição gerais.
em qualquer de suas formas; § 2º A competência da União para legislar sobre nor-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; mas gerais não exclui a competência suplementar dos
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar Estados.
o abastecimento alimentar; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
IX - promover programas de construção de moradias Estados exercerão a competência legislativa plena, para
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- atender a suas peculiaridades.
mento básico; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge-
X - combater as causas da pobreza e os fatores de rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
marginalização, promovendo a integração social dos seto- contrário.
res desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de O estudo das competências concorrentes permite vis-
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e lumbrar os limites da atuação conjunta entre União, Esta-
minerais em seus territórios; dos e Distrito Federal no modelo Federativo adotado no
XII - estabelecer e implantar política de educação para Brasil, visando à obtenção de uma homogeneidade nacio-
a segurança do trânsito. nal, com preservação dos pluralismos regionais e locais.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas O cerne da distinção da competência entre os entes
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito federados repousa na competência da União para o esta-
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do de-
belecimento de normas gerais. A competência legislativa
senvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
dos Estados-membros e dos Municípios nestas questões é
suplementar, ou seja, as normas estaduais agregam deta-
4) Competência legislativa compartilhada
lhes que a norma da União não compreende, notadamente
Além de compartilharem competências organizacional
trazendo peculiaridades regionais.
-administrativas, os entes federados compartilham com-
No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais
petência para legislar sobre determinadas matérias. Entre-
e as normas suplementares ficam por conta dos Estados,
tanto, excluem-se do artigo 24, CF, os entes federados da
ou seja, as peculiaridades regionais são normatizadas pelos
espécie Município, sendo que estes apenas legislam sobre
assuntos de interesse local. Estados. As normas estaduais, neste caso, devem guardar
uma relação de compatibilidade com as normas federais
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fe- (relação hierárquica). Diferentemente da competência co-
deral legislar concorrentemente sobre: mum em que as leis estão em igualdade de condições, uma
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco- não deve subordinação à outra.
nômico e urbanístico; Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar
II - orçamento; leis regulamentadoras destas matérias enquanto a União
III - juntas comerciais; não o faça. Sobrevindo norma geral reguladora, perdem a
IV - custas dos serviços forenses; eficácia os dispositivos de lei estadual com ela incompatí-
V - produção e consumo; vel.
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da nature-
za, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com-
ambiente e controle da poluição; petência organizacional-administrativa autônoma dos
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artís- Estados-membros
tico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
histórico, turístico e paisagístico; princípios desta Constituição.
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, § 1º São reservadas aos Estados as competências que
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
X - criação, funcionamento e processo do juizado de § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
pequenas causas; diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
XI - procedimentos em matéria processual; forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; sua regulamentação. 

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir ou-
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas tro cargo ou função na administração pública direta ou
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municí- indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público
pios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
e a execução de funções públicas de interesse comum. § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa
O documento que está no ápice da estrutura normativa da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os
de um Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
guardar compatibilidade com a Constituição Federal, nota-
damente no que tange aos princípios nela estabelecidos, 6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com-
sob pena de ser considerada norma inconstitucional. petência organizacional-administrativa autônoma dos
A competência do Estado é residual – tudo o que não Municípios
obrigatoriamente deva ser regulamentado pela União ou Os Municípios gozam de autonomia no modelo fede-
pelos Municípios, pode ser legislado pelo Estado-membro, rativo brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de
sem prejuízo da já estudada competência legislativa con- auto-organização, normatização e autogoverno.
corrente com a União. Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se
O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que extrai do artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza,
abrange regiões metropolitanas (um município, a metró- devendo esta lei guardar compatibilidade tanto com a
pole, está em destaque) e aglomerações urbanas (não há Constituição Federal quanto com a respectiva Constituição
município em destaque), e as microrregiões (não conur- estadual. O dispositivo mencionado traça, ainda, regras mí-
badas, mas limítrofes, geralmente identificada por bacias nimas de estruturação do Poder Executivo e do Legislativo
hidrográficas). municipais.
A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o
Executivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na município tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-
Constituição estadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases se, ainda, a exaustiva regra sobre o número de vereadores
regulamentadoras que devem ser respeitadas. e a questão dos subsídios. Incidente, também a regra sobre
o julgamento do Prefeito pelo Tribunal de Justiça.
O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia
despesas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do
responsabilização do Prefeito e do Presidente da Câmara
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de
por violação a estes limites.
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os De-
putados Federais acima de doze.
Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgâni-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
ca, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, re-
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios esta-
muneração, perda de mandato, licença, impedimentos
belecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
e incorporação às Forças Armadas. Estado e os seguintes preceitos:
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e si-
de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabe- multâneo realizado em todo o País;
lecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término
153, § 2º, I. do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil
seu regimento interno, polícia e serviços administrati- eleitores; 
vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces- janeiro do ano subsequente ao da eleição;
so legislativo estadual. IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
observado o limite máximo de:  (Vide ADIN 4307)
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Go- a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
vernador de Estado, para mandato de quatro anos, reali- (quinze mil) habitantes; 
zar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
turno, e no último domingo de outubro, em segundo 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato habitantes; 
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
o disposto no art. 77.  habitantes; 

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios
50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até
mil) habitantes;  8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e  
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; 
vinte mil) habitantes;  V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Se-
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de cretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câma-
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cen- ra Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §
to sessenta mil) habitantes;  4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec-
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subse-
(trezentos mil) habitantes; 
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais quente, observado o que dispõe esta Constituição, observa-
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (qua- dos os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os
trocentos e cinquenta mil) habitantes;  seguintes limites máximos: 
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do
até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;  subsídio dos Deputados Estaduais; 
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habi-
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (sete- tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
centos cinquenta mil) habitantes;  trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil ha-
de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
900.000 (novecentos mil) habitantes; 
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil ha-
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
milhão e cinquenta mil) habitantes;  bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;  habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponde-
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais rá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes,
até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e
bitantes;  cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitan- readores não poderá ultrapassar o montante de cinco por
tes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi- cento da receita do Município; 
tantes;  VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi-
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
niões, palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de
cunscrição do Município; 
até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; 
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Consti-
e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- tuição para os membros do Congresso Nacional e na Consti-
tantes;  tuição do respectivo Estado para os membros da Assembleia
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de Legislativa; 
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
tantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  tiça; 
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até da Câmara Municipal; 
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;  XII - cooperação das associações representativas no
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de planejamento municipal; 
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; 
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleito-
6.000.000 (seis milhões) de habitantes;  rado; 
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até do art. 28, parágrafo único (assumir outro cargo). 
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; 

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo   29-A, CF.   O total da despesa do Poder Le- VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar população;
os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen-
tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153 to territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício parcelamento e da ocupação do solo urbano;
anterior:  IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
de até 100.000 (cem mil) habitantes;   (Redação dada pela federal e estadual.
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)   (Pro-
dução de efeito) A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população interno quanto no externo. Externamente, é exercida pelo
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;  Poder Legislativo com auxílio de Tribunal de Contas. A cons-
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popula- tituição, no artigo 31, CF, veda a criação de novos Tribunais
ção entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhen- de Contas municipais, mas não extingue os já existentes.
tos mil) habitantes; 
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exer-
para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos cida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante contro-
mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  le externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu- Executivo Municipal, na forma da lei.
lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exer-
milhões) de habitantes;  cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Con-
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões tas dos Municípios, onde houver.
e um) habitantes.  § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
§ 1o  A Câmara Municipal não gastará mais de se- sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar,
tenta por cento de sua receita com folha de pagamento, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.  membros da Câmara Municipal.
§ 2o  Constitui crime de responsabilidade do Prefeito § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
Municipal:  dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes- para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
te artigo;  legitimidade, nos termos da lei.
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou  § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada
órgãos de Contas Municipais.
na Lei Orçamentária. 
§ 3o  Constitui crime de responsabilidade do Presiden-
7) Peculiaridades da competência organizacional
te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
-administrativa do Distrito Federal e Territórios
O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas
As competências legislativas e administrativas dos mu-
em regiões administrativas. Se regulamenta por lei orgâni-
nicípios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à compe-
ca, mas esta lei orgânica aproxima-se do status de Consti-
tência legislativa, é suplementar, garantindo o direito de
legislar sobre assuntos de interesse local. tuição estadual, cabendo controle de constitucionalidade
direto de leis que a contrariem pelo Tribunal de Justiça do
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: Distrito Federal e dos Territórios.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; O Distrito Federal possui um governador e uma Câma-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no ra Legislativa, eleitos na forma dos governadores e deputa-
que couber; dos estaduais. Entretanto, não tem eleições municipais. O
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- Distrito Federal tem 3 senadores, 8 deputados federais e 24
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga- deputados distritais.
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas
fixados em lei; se vierem a existir serão nomeados pelo Presidente da Re-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a pública.
legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão
concessão ou permissão, os serviços públicos de interes- em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
se local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
essencial; por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
União e do Estado, programas de educação infantil e de § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
ensino fundamental;  legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, VI - prover a execução de lei federal, ordem ou deci-


observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distri- são judicial;
tais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Es- VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
taduais, para mandato de igual duração. constitucionais:
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa a) forma republicana, sistema representativo e regi-
aplica-se o disposto no art. 27. me democrático;
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo b) direitos da pessoa humana;
do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo c) autonomia municipal;
de bombeiros militar. d) prestação de contas da administração pública, dire-
ta e indireta.
Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização admi- e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
nistrativa e judiciária dos Territórios. impostos estaduais, compreendida a proveniente de transfe-
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí- rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Ca- ações e serviços públicos de saúde”. 
pítulo IV deste Título.
Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí-
§ 2º As contas do Governo do Território serão submeti-
pios, nem a União nos Municípios localizados em Territó-
das ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal
rio Federal, exceto quando:
de Contas da União. I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha- dois anos consecutivos, a dívida fundada;
bitantes, além do Governador nomeado na forma desta II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e se- III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
gunda instância, membros do Ministério Público e defenso- municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
res públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a nas ações e serviços públicos de saúde; 
Câmara Territorial e sua competência deliberativa. IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa-
ção para assegurar a observância de princípios indicados
Da Intervenção na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei,
A intervenção consiste no afastamento temporário das de ordem ou de decisão judicial”.
prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos
entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes),
verificação de: de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Execu-
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica- tivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo
dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder
a intervenção. Judiciário;
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju-
da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, con- diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do
dições, além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
CF). Eleitoral;
A intervenção pode ser federal, quando a União inter- III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou representação do Procurador-Geral da República, na hipó-
estadual, quando os Estados-membros interferem em seus tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio-
nais), e no caso de recusa à execução de lei federal.
Municípios (artigo 35, CF).
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se cou-
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem
ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
no Distrito Federal, exceto para: do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
I - manter a integridade nacional; Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
Federação em outra; ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraor-
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem dinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
pública; § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes lei federal e violação de certos princípios constitucionais),
nas unidades da Federação; ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em mu-
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação nicípios), dispensada a apreciação pelo Congresso Nacio-
que: nal ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais suspender a execução do ato impugnado, se essa medida
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; bastar ao restabelecimento da normalidade.
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autorida-
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impe-
em lei; dimento legal.

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-


DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DISPOSIÇÕES ses que representa, a administração pública está proibida
GERAIS. DOS SERVIDORES PÚBLICOS. de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
1) Princípios da Administração Pública igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi- de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser- impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte- pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes-
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90
e Lei n° 8.429/92. coletivo.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
setor público partem da Constituição Federal, que estabe- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- relacionada ao poder público. A administração pública não
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
tuição Federal: imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali- não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
também, ao seguinte: [...] ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
São princípios da administração pública, nesta ordem: anteriores.
Legalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Impessoalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Moralidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Publicidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Administração Pública. É de fundamental importância um
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, caracteriza ato de improbidade administrativa.
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho63 No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
e Spitzcovsky64: o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- político-eleitoral:
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
proíbe. Contudo, como a administração pública representa Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na res públicos.
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita. Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, instrumentos para proteção são o direito de petição e as
2010. certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
64 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
ed. São Paulo: Método, 2011. prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ticipação do usuário na administração pública direta e ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
indireta, regulando especialmente: único comportamento possível) e dos atos discricionários
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unísso-
interna, da qualidade dos serviços; na na determinação da obrigatoriedade de motivação com
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e relação aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge
a informações sobre atos de governo, observado o disposto quanto à referida necessidade quanto aos atos discricioná-
no art. 5º, X e XXXIII; rios.
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles66 entende que o ato discricionário, editado sob
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
nistração pública. liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunida-
de, não sendo necessária a motivação. No entanto, se houver
tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em
e) Princípio da eficiência: A administração pública
razão da necessidade de observância da Teoria dos Moti-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
vos Determinantes. O entendimento majoritário da doutrina,
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes-
porém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária
soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao a motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo
exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos administrador. Gasparini67, com respaldo no art. 50 da Lei
(pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên- n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera- doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes,
por produtividade e economicidade. Alcança os serviços tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo
diretamente à conduta dos agentes. 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- vidores
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princí-
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- pios da administração pública estudados no tópico anterior,
dos à função pública a probidade e a motivação: aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Pode-
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- res em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos,
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, regras mínimas sobre o serviço público:
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho-
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini65 alerta que estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma
alguns autores tratam veem como distintos os princípios da lei.
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há 
características que permitam tratar os mesmos como pro- Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar 8.112/1990, que prevê:
que a probidade administrativa é um aspecto particular da
moralidade administrativa. Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
investidura em cargo público:
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
I - a nacionalidade brasileira;
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
II - o gozo dos direitos políticos;
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a cargo;
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão V - a idade mínima de dezoito anos;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro VI - aptidão física e mental.
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
Administração. cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- § 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí-
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
os atos administrativos devem ser motivados para que o com as normas e os procedimentos desta Lei.
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem 66 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
ser observados os motivos dos atos administrativos. brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
65 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª 67 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:


Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habi-
litação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.

No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de
provas e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também é considerado. Cargo em comissão é o cargo de con-
fiança, que não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.

Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.

Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:


Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.

O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo
candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado
novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei.
Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo68:


Função de Confiança Cargo em Comissão
Exercidas exclusivamente por servidores Qualquer pessoa, observado o percentual
ocupantes de cargo efetivo. mínimo reservado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode
Sem concurso público, ressalvado o percentual
exercê-la o servidor de cargo efetivo, mas a função
mínimo reservado ao servidor de carreira.
em si não prescindível de concurso público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
Somente são conferidas atribuições e
Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, Destinam-se apenas às atribuições de direção,
chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se
De livre nomeação e exoneração
refere à função e não em relação ao cargo efetivo.
68 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen-
direito à livre associação sindical. tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro-
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos
A liberdade de associação é garantida aos servidores empreendimentos não-governamentais”69.
públicos tal como é garantida a todos na condição de di-
reito individual e de direito social. Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú-
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen-
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos te poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
termos e nos limites definidos em lei específica. observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores de índices.
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos
to não for elaborada uma legislação específica para os fun- ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre- veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
(Mandado de Injunção nº 20).
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car-
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990: ção e exoneração.

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso tigos 40 e 41:
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
vagas oferecidas no concurso.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
Prossegue o artigo 37, CF: acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
cidas em lei.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- § 1º A remuneração do servidor investido em função
tação por tempo determinado para atender a necessidade ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
temporária de excepcional interesse público. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art.
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para 93.
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
se público”. tagens de caráter permanente, é irredutível.
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela-
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran-
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria
ao local de trabalho.
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, ao salário mínimo.
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo:
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do Ainda, o artigo 37 da Constituição:
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- 69 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de
se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter- servidores para atender a necessidade temporária de ex-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, cepcional interesse público. Disponível em: <http://www.
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara-
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
administração direta, autárquica e fundacional, dos remuneração de pessoal do serviço público.
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores Os padrões de vencimentos são fixados por conselho
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os de política de administração e remuneração de pessoal,
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per- integrado por servidores designados pelos respectivos
cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros mostrem similares.
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no dos por servidor público não serão computados nem acu-
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es- mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
aos Procuradores e aos Defensores Públicos. qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi-
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen-
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- vantagem até então percebida.
res aos pagos pelo Poder Executivo.
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune-
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: rada de cargos públicos, exceto, quando houver com-
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor;
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou
superior à soma dos valores percebidos como remuneração, científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
previstas nos incisos II a VII do art. 61. empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- tamente, pelo poder público.
fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
Segundo Carvalho Filho70, “o fundamento da proibição
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
previstas em lei. tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- titucional proibitiva”.
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos tão:
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
duais e Distritais e dos Vereadores. vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
da de cargos públicos.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- 70 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
paração salarial: direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em- Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
presas públicas, sociedades de economia mista da União, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu- por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
nicípios. ritários para a realização de suas atividades e atuarão
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
dicionada à comprovação da compatibilidade de horá- cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con-
rios. vênio.
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com “O Estado tem como finalidade essencial a garantia
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati- públicos que disponibiliza, seja através de investimentos
vidade. na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis-
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...]
pela participação em órgão de deliberação coletiva.  A importância da Administração Tributária foi reconhecida
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica expressamente pelo constituinte que acrescentou, no arti-
à remuneração devida pela participação em conselhos de go 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de precedência e de seus servidores sobre os demais setores
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como da Administração Pública, dentro de suas áreas de compe-
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou tência”72.
indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao empresa pública, de sociedade de economia mista e de
regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti- fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
vos, quando investido em cargo de provimento em comissão, definir as áreas de sua atuação.
ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
se em que houver compatibilidade de horário e local com o Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
dos órgãos ou entidades envolvidos. mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, Órgãos da administração indireta somente podem ser
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica criados por lei específica e a criação de subsidiárias des-
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos controla diretamente determinada empresa pública ou so-
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.:
do número de processos administrativos instaurados com Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên-
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- tese para observar que quase todos os autores que abor-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em-
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
dessa infração – art. 133” 71. soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
administrativos, na forma da lei. considerar inválida sua autorização”73.
71 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser- 72 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_
vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca- tributaria_sao_paulo.htm
naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. 73 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo
Acesso em: 11 ago. 2013. Descomplicado. São Paulo: GEN, 2014.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto que o fato se tornou conhecido.
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen- como crime.
tária e financeira dos órgãos e entidades da administração § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi-
a ser firmado entre seus administradores e o poder público, nal proferida por autoridade competente.
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
I -  o prazo de duração do contrato;
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5
III -  a remuneração do pessoal. anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me-
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às nos graves (pena de advertência), contados da data em que
empresas públicas e às sociedades de economia mista o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se
e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri-
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga- cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá-
mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero.
Continua o artigo 37, CF: Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis-
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com-
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
contratados mediante processo de licitação pública que propor ação disciplinar.
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri- ções privilegiadas.
mento das obrigações.
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor- do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
mas para licitações e contratos da Administração Pública exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con- Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi-
junto de procedimentos administrativos (administrativos sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45,
porque parte da administração pública) para as compras de 4 de setembro de 2001.
ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita- ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
ção é um processo formal onde há a competição entre os emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
interessados. e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
pectivas ações de ressarcimento.
3) Atos de improbidade administrativa
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon- A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
creverá: do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
destituição de cargo em comissão; ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”74.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; 74 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri-
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im-
do serviço público que se intensificavam com a ineficácia perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com
do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De- intenção). Não cabe prática por omissão.75
correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten- b) Ato de improbidade administrativa que importe
tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre- lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento O grupo intermediário de atos de improbidade admi-
ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi- erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis- os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal o seu conteúdo76.
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal-
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que
em esferas distintas do Direito. se refere a destruição77.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi- O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú-
co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível
porque o agente público pode ser ou não um servidor pú- é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado. que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp
Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra- n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu-
ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo cionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do
da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada STJ consolidou a tese de que é indispensável a existên-
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação cia de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não com o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- quando o agente não pretende atingir o resultado da-
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria- noso, mas atua com negligência, imprudência ou impe-
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou rícia (REsp n° 1.127.143)”78. Para Carvalho Filho79, não há
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o que é possível dosar a pena conforme o agente aja com
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. dolo ou culpa.
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
probidade administrativa. indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
improbidade administrativa em três categorias:
c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes
a) Ato de improbidade administrativa que importe
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis-
157, de 2016)
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento +
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- 75 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, ed. São Paulo: Método, 2011.
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da 76 Ibid.
Lei nº 8.429/1992. 77 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos 2010.
ditames morais, notadamente no desempenho de função 78 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade
de interesse estatal. administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públi-
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- cos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publica-
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha cao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Acesso
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando em: 26 mar. 2013.
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- 79 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
cos). 2010.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida-
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios, mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado
fixando-se a alíquota mínima em 2%. aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento
sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2% ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re-
para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis- parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito,
cal), prejudicando os municípios vizinhos. devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi-
Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento
administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de
alíquota mínima. guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que
d) Ato de improbidade administrativa que atente pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci-
contra os princípios da administração pública (artigo mento. Além disso, em todos os casos há perda da função
11, Lei nº 8.429/1992) pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con-
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme
os princípios da administração pública qualquer ação ou a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do
omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali- artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF,
dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im-
mais ameno de atos de improbidade administrativa se portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
caracteriza pela simples violação a princípios da admi- função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. sem prejuízo da ação penal cabível”.
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
gerais da administração pública80. 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul-
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção), tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
embora caiba a prática por ação ou omissão. lei é o instrumento adequado para tanto81.
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade Carvalho Filho82 tece considerações a respeito de algu-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- mas das sanções:
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata- - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
de vantagem sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não derivar de origem ilícita”.
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa netária e juros de mora.
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que - Perda de função pública: “se o agente é titular de
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
ambos, nas duas esferas. ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, Administrativa.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
não só reparar eventual dano causado mas também colo- 81 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
80 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. 2010.
ed. São Paulo: Método, 2011. 82 Ibid.

67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
indenizatório, mas punitivo. terial, econômico e não econômico).
- Proibição de receber benefícios: não se incluem as 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me- cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é
nos sócio majoritário da instituição vitimada. o dano específico, individualizado, que atinge determina-
- Proibição de contratar: o agente punido não pode da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul-
participar de processos licitatórios. trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por
exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado
4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser- não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
vidores na circunstância específica possuía o dever de impedir o
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- assalto, como no caso de uma viatura presente no local -
muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
humano reconhecido).
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- nários, empregados ou temporários) e os particulares em
taurando-se o equilíbrio social.83 colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
limites da herança, embora existam reflexos na ação que das prerrogativas do cargo, não agindo como um particu-
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- lar.
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
uma absolvição por falta de provas não o faz). mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.
A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio- Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
cínio de que a principal consequência da prática de um ato zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o por um agente público no exercício de suas funções e que
dano, mediante o pagamento de indenização que se re- exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es-
fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às tado.
regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
danos que seus agentes causem durante a prestação do do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
aos direitos humanos reconhecidos. pagando pela indenização (reparação dos danos materiais
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
regresso se agiram com dolo ou culpa.
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
se encontram no art. 186 do Código Civil: dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
ilícito. sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo considerada a existência de uma relação obrigacional que
83 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. põe.

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa-
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con-
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir
esperado.84 quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- prejuízo dentro de sua previsibilidade.
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado São casos nos quais se reconheceu a responsabilida-
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida- de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche
de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis- municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa
são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad- de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos
ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais
dever de indenizar. quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro-
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên-
violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi- dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas Logo, não é sempre que o Estado será responsabili-
autônomas uma com relação à outra e à já mencionada zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota-
responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior
nº 8.112/90: (fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do
dano; b) culpa exclusiva da vítima.
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes 5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú-
entre si. blicos
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi-
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo
No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos
mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta
res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
a questão remuneratória:
ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração
aciona-se o agente público que praticou o ato.
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
praticados pelo agente público no exercício de sua função
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula- distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem sua remuneração;
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni- tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. norma do inciso anterior;
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- ção por merecimento;
vertência, suspensão e demissão. V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- de afastamento, os valores serão determinados como se no
nal e administrativa no que tange à responsabilização do exercício estivesse.
agente público que cometa ato ilícito.
Tomadas as exigências de características dos danos aci- 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- dores públicos
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a ple- tuição Federal:
na cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer
em território nacional. Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
84 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. Municípios instituirão conselho de política de administra-
ed. São Paulo: Método, 2011. ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
planos de carreira para os servidores da administração pú- ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”). ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
§ 1º  A fixação dos padrões de vencimento e dos de- complementar;
mais componentes do sistema remuneratório observará: III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi- nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
dade dos cargos componentes de cada carreira; e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta-
II -  os requisitos para a investidura; doria, observadas as seguintes condições:
III -  as peculiaridades dos cargos. a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento de contribuição, se mulher;
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
cionais ao tempo de contribuição.
entre os entes federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu-
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan- se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
do a natureza do cargo o exigir. concessão da pensão.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti- § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu- por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re-
nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio munerações utilizadas como base para as contribuições do
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar-
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen- tigo e o art. 201, na forma da lei.
tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. renciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, vidores:
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. I -  portadores de deficiência;
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- II -  que exerçam atividades de risco;
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera- III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
ção dos cargos e empregos públicos. peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen- ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
tários provenientes da economia com despesas correntes no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi- educação infantil e no ensino fundamental e médio.
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. regime de previdência previsto neste artigo.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efeti- pensão por morte, que será igual:
vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser- acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri- limite, caso aposentado à data do óbito; ou
térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
disposto neste artigo. no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula- previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
dos §§ 3º e 17: atividade na data do óbito.

70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme próprio de previdência social para os servidores titula-
critérios estabelecidos em lei. res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou muni- ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o
cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo disposto no art. 142, § 3º, X.
de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo inci-
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de dirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta-
contagem de tempo de contribuição fictício. doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma estabelecido para os benefícios do regime geral de previdên-
total dos proventos de inatividade, inclusive quando decor- cia social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando
rentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença inca-
como de outras atividades sujeitas a contribuição para o re- pacitante.
gime geral de previdência social, e ao montante resultante da
adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo 7) Estágio probatório e perda do cargo
acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo
eletivo.
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre- exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo mento efetivo em virtude de concurso público.
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
para o regime geral de previdência social. I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul-
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em gado;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração II -  mediante processo administrativo em que lhe
bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, seja assegurada ampla defesa;
aplica-se o regime geral de previdência social. III -  mediante procedimento de avaliação periódica
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
cípios, desde que instituam regime de previdência comple- ampla defesa.
mentar para os seus respectivos servidores titulares de cargo § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pen- servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan-
sões a serem concedidas pelo regime de que trata este arti- te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
go, o limite máximo estabelecido para os benefícios do direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
regime geral de previdência social de que trata o art. 201. em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem-
§ 15. O regime de previdência complementar de que tra- po de serviço.
ta o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus pa- dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
rágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fecha- remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade-
das de previdência complementar, de natureza pública, que quado aproveitamento em outro cargo.
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
somente na modalidade de contribuição definida. é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o missão instituída para essa finalidade.
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação
vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
do ato de instituição do correspondente regime de previdên-
jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
cia complementar.
meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- os seguinte fatores:
mente atualizados, na forma da lei. I - assiduidade;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen- II - disciplina;
tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este III - capacidade de iniciativa;
artigo que superem o limite máximo estabelecido para os IV - produtividade;
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o V - responsabilidade.
art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servido- § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
res titulares de cargos efetivos. gio probatório, será submetida à homologação da autori-
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com- dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
pletado as exigências para aposentadoria voluntária esta- realizada por comissão constituída para essa finalidade,
belecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em ativida- de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
de fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
da sua contribuição previdenciária até completar as exigên- de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
cias para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. caput deste artigo.

71
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an- Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em
teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art.
único do art. 29. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor so-
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer bre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti- § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis-
dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór- trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, lei específica do respectivo ente estatal.
cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode- DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES.
rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
mento para participar de curso de formação decorrente de
aprovação em concurso para outro cargo na Administração Poder Legislativo
Pública Federal. 1) Do Congresso Nacional
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bi-
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, cameral, contando com uma casa representativa do Povo
86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de e uma casa representativa dos Estados-membros. No caso,
formação, e será retomado a partir do término do impedi- a Câmara dos Deputados desempenha um papel de re-
mento. presentação do povo; ao passo que o Senado Federal é
responsável pela representação das unidades federadas da
O estágio probatório pode ser definido como um lapso espécie Estados-membros.
de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão No Congresso Nacional se desempenham as ativida-
avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli- des legislativas e determinadas atividades fiscalizatórias.
na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili- Uma legislatura tem a duração de quatro anos, ao passo
dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será que uma sessão legislativa tem duração de um ano, sen-
exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior- do esta dividida em dois períodos legislativos cada qual
mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em com duração de 6 meses. Por seu turno, o Deputado Fe-
estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen- deral tem mandato equivalente a uma legislatura (4 anos),
to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso- ao passo que o Senador tem mandato equivalente a duas
ramento no órgão ou entidade de lotação. legislaturas (8 anos).
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci- A respeito, destaca-se o artigo 44 da Constituição Fe-
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen- deral:
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo Artigo 44, CF. O Poder Legislativo é exercido pelo Con-
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputa-
to no artigo 41 da Constituição Federal. dos e do Senado Federal.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos quatro anos.
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada-
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul- Por sua vez, o artigo 45 da Constituição Federal expõe
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja como se dá a composição da Câmara dos Deputados:
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei Artigo 45, CF. A Câmara dos Deputados compõe-se de
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
complementar ainda inexistente no âmbito federal. nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a repre-
8) Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e sentação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabe-
dos Territórios lecido por lei complementar, proporcionalmente à popu-
Prevê o artigo 42, CF: lação, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano an-
terior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na Deputados.
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis- § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
trito Federal e dos Territórios.

72
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Nota-se que na Câmara dos Deputados é adotado um Artigo 48, CF. Cabe ao Congresso Nacional, com a san-
sistema proporcional de composição – quanto maior a po- ção do Presidente da República, não exigida esta para o
pulação de um Estado, maior o número de representantes especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
que terá, respeitado o limite de setenta deputados; quanto matérias de competência da União, especialmente sobre:
menos a população de um Estado, menor o número de re- I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de ren-
presentantes que terá, respeitado o limite mínimo de oito das;
deputados. O Distrito Federal recebe o mesmo tratamento II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
de um Estado e por ser menos populoso possui a represen- to anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de
tação mínima – quatro deputados. Já os Territórios, se exis- curso forçado;
tentes, teriam cada qual 4 deputados. No total, a Câmara é III - fixação e modificação do efetivo das Forças Arma-
composta por 513 deputados. das;
O artigo 46 da Constituição Federal disciplina a com- IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais
posição do Senado Federal nos seguintes termos: de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e maríti-
Artigo 46, CF. O Senado Federal compõe-se de represen- mo e bens do domínio da União;
tantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de
princípio majoritário. áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas As-
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Se- sembleias Legislativas;
nadores, com mandato de oito anos. VII - transferência temporária da sede do Governo Fe-
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Fe- deral;
deral será renovada de quatro em quatro anos, alterna- VIII - concessão de anistia;
damente, por um e dois terços. IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios
e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito
O Senado Federal é composto por 81 Senadores, sen- Federal; 
do que 78 representam cada um dos Estados brasileiros, X - criação, transformação e extinção de cargos, empre-
que são 26, e 3 representam o Distrito Federal. O manda- gos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84,
to do Senador é de duas legislaturas, ou seja, 8 anos. No VI, b; 
entanto, a cada 4 anos sempre são eleitos Senadores, ga- XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da admi-
rantindo a alternância no Senado a cada novas eleições. nistração pública; 
Por isso, nunca vagam as 3 cadeiras no Senado Federal de XII - telecomunicações e radiodifusão;
um Estado para a mesma eleição; alternadamente, vagam 2 XIII - matéria financeira, cambial e monetária, institui-
cadeiras ou 1 cadeira (ex.: nas eleições de 2014 vagou ape- ções financeiras e suas operações;
nas 1 cadeira no Senado para cada unidade federativa com XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da
representação; nas eleições de 2010 vagaram 2 cadeiras). dívida mobiliária federal.
Note que, diferente do que ocorre na Câmara dos De- XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri-
putados, não há um maior número de representantes por bunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º;
ser a unidade federativa mais populosa, o número de ca- 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. 
deiras é fixo por Estado/Distrito Federal. Adota-se, assim, o
princípio majoritário e não o princípio proporcional. Contudo, a competência do Congresso Nacional não é
Finalmente, o artigo 47 da Constituição prevê: exclusivamente legislativa, de forma que possuem funções
atípicas de caráter administrativo, além da função típica de
Art. 47, CF. Salvo disposição constitucional em contrário, controle.
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão to-
madas por maioria dos votos, presente a maioria absolu- Artigo 49, CF. É da competência exclusiva do Con-
ta de seus membros. gresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
Logo, em regra, o quórum de instalação de sessão é de atos internacionais que acarretem encargos ou compro-
maioria absoluta dos membros da Casa ou Comissão (me- missos gravosos ao patrimônio nacional;
tade mais um), ao passo que o quórum de deliberação é de II - autorizar o Presidente da República a declarar guer-
maioria simples (metade mais um dos membros presentes). ra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
2) Atribuições do Congresso Nacional temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei com-
A União, como visto no capítulo anterior, possui com- plementar;
petência para legislar sobre determinadas matérias, sendo III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
esta competência por vezes privativa e por vezes concor- pública a se ausentarem do País, quando a ausência exce-
rente. A atividade legislativa, por seu turno, em regra será der a quinze dias;
desempenhada pelo Poder Legislativo, exercido pelo Con- IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fede-
gresso Nacional. Neste sentido, a disciplina do artigo 48 da ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma
Constituição. dessas medidas;

73
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que Artigo 51, CF. Compete privativamente à Câmara dos
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delega- Deputados:
ção legislativa; I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instau-
VI - mudar temporariamente sua sede; ração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais da República e os Ministros de Estado;
e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, II - proceder à tomada de contas do Presidente da Re-
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;   pública, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi- dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
dente da República e dos Ministros de Estado, observado o III - elaborar seu regimento interno;
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, IV - dispor sobre sua organização, funcionamento,
§ 2º, I;  polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre-
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
sidente da República e apreciar os relatórios sobre a execu-
fixação da respectiva remuneração, observados os parâme-
ção dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da V - eleger membros do Conselho da República, nos
administração indireta; termos do art. 89, VII.
XI - zelar pela preservação de sua competência legis-
lativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; 4) Do Senado Federal
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de con- Na mesma toada do artigo 51, o artigo 52 da Constitui-
cessão de emissoras de rádio e televisão; ção delimita as competências da outra Casa do Congresso
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Nacional, o Senado Federal.
Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a Artigo 52, CF. Compete privativamente ao Senado Fe-
atividades nucleares; deral:
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o da República nos crimes de responsabilidade, bem como
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
riquezas minerais; Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão conexos com aqueles; 
de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen-
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-
tos hectares.
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Com vistas à consecução destas tarefas, o artigo 50 da Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Constituição disciplina providências que podem ser toma- Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
das por cada qual das Casas do Congresso Nacional: União nos crimes de responsabilidade; 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argui-
Artigo 50, CF. A Câmara dos Deputados e o Senado Fe- ção pública, a escolha de:
deral, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Consti-
Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos tuição;
diretamente subordinados à Presidência da República para b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto pre- pelo Presidente da República;
viamente determinado, importando crime de responsabili- c) Governador de Território;
dade a ausência sem justificação adequada.  d) Presidente e diretores do banco central;
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao e) Procurador-Geral da República;
Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante enten- IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argui-
dimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de ção em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão di-
relevância de seu Ministério.
plomática de caráter permanente;
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
V - autorizar operações externas de natureza finan-
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor-
mações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal,
referidas no caput deste artigo, importando em crime de dos Territórios e dos Municípios;
responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo VI - fixar, por proposta do Presidente da República, li-
de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. mites globais para o montante da dívida consolidada
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
3) Da Câmara dos Deputados VII - dispor sobre limites globais e condições para
Delimitada a competência do Congresso Nacional, ne- as operações de crédito externo e interno da União, dos
cessário definir a competência de cada uma de suas Casas, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas au-
sendo que o artigo 51 da Constituição cumpre este papel tarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público
em relação à Câmara dos Deputados. federal;

74
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida
de garantia da União em operações de crédito externo e pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos
interno; serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
IX - estabelecer limites globais e condições para o mon- equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Fede-
tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal ral.
e dos Municípios; § 6º A convocação extraordinária do Congresso Na-
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de cional far-se-á:
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decre-
Supremo Tribunal Federal; tação de estado de defesa ou de intervenção federal, de
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Pre-
antes do término de seu mandato; sidente da República;
XII - elaborar seu regimento interno; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requeri-
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
mento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
de urgência ou interesse público relevante, em todas as
fixação da respectiva remuneração, observados os parâme-
hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta
tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos de cada uma das Casas do Congresso Nacional. 
termos do art. 89, VII. § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Siste- Nacional somente deliberará sobre a matéria para a
ma Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componen- qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste
tes, e o desempenho das administrações tributárias da União, artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em
dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.  razão da convocação.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Fe- de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão
deral, limitando-se a condenação, que somente será proferida elas automaticamente incluídas na pauta da convoca-
por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, ção.
com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função
pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Vale destacar que durante o recesso o Congresso Na-
cional não fica isento de qualquer tipo de atividade, pre-
5) Das reuniões vendo o artigo 58, CF em seu §4º:
O artigo 57 da Constituição descreve os períodos de
reuniões do Congresso Nacional e as hipóteses de sessão Art. 58, §4º, CF. Durante o recesso, haverá uma Co-
conjunta e de convocação extraordinária, além de outras si- missão representativa do Congresso Nacional, eleita por
tuações práticas envolvidas no funcionamento do Legislati- suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo,
vo Federal: com atribuições definidas no regimento comum, cuja com-
posição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade
Artigo 57, CF. O Congresso Nacional reunir-se-á, anual- da representação partidária.
mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e
de 1º de agosto a 22 de dezembro.  6) Das comissões
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão trans- O Poder Legislativo não funciona exclusivamente com
feridas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaí-
suas Casas, pois a elas seria inviável lidar razoavelmente,
rem em sábados, domingos ou feriados.
apreciando com a devida profundidade, todas as temáticas
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a
de competência deste Poder. Para a apreciação específica
aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a e aprofundada de cada uma das iniciativas legislativas são
Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em criadas Comissões. Tais Comissões servem, ainda, para o
sessão conjunta para: exercício de outras competências do Legislativo, como a
I - inaugurar a sessão legislativa; investigatória e fiscalizatória.
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de As comissões podem ser temporárias ou permanentes,
serviços comuns às duas Casas; conforme o tipo de finalidade para a qual é instituída (ex.: a
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Pre- Comissão de Constituição e Justiça é necessariamente uma
sidente da República; comissão permanente que serve para apreciar a constitu-
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. cionalidade de todos os projetos que tramitam na Casa;
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões pre- a Comissão Parlamentar de Inquérito é necessariamen-
paratórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da te temporária, perdurando por prazo determinado fixado
legislatura, para a posse de seus membros e eleição das res- para a realização de investigação).
pectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a Vale destacar que uma Comissão pode ter o poder, nos
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente termos do regimento, de aprovar o Projeto de Lei sem que
subsequente.  ele nem sequer passe pelo Plenário.

75
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Nestes termos, o artigo 58, caput e §§ 1º e 2º, CF: - Prazo determinado – o funcionamento da Comissão
Parlamentar de Inquérito não pode se prolongar irrestrita-
Artigo 58, CF. O Congresso Nacional e suas Casas terão mente no tempo, sendo necessário fixar prazo para a dura-
comissões permanentes e temporárias, constituídas na ção da CPI, embora este prazo seja prorrogável.
forma e com as atribuições previstas no respectivo regimen- - Finalidade de promover a responsabilização civil e
to ou no ato de que resultar sua criação. criminal de infratores – no entanto, não é a Comissão que
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é decidirá sobre tal responsabilização, mas o Poder Judiciário
assegurada, tanto quanto possível, a representação pro- por seu órgão competente. O conteúdo da CPI será, então,
porcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que encaminhado ao Ministério Público para que tome as de-
participam da respectiva Casa. vidas providências.
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua com-
petência, cabe: 7) Imunidades e prerrogativas parlamentares
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na As imunidades e impedimentos parlamentares, ao lado
forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se de questões correlatas, encontram previsão constitucional
houver recurso de um décimo dos membros da Casa; dos artigos 53 a 56 da Constituição Federal.
II - realizar audiências públicas com entidades da so- Imunidades parlamentares são prerrogativas que asse-
ciedade civil; guram aos membros do Legislativo ampla liberdade, auto-
III - convocar Ministros de Estado para prestar infor- nomia e independência no exercício de suas funções, sen-
mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; do estas tanto inerentes a um aspecto material (inviolabi-
IV - receber petições, reclamações, representações ou lidade propriamente dita) quanto correlatas a um aspecto
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das au- formal (sujeição a processamento por foro especial – foro
toridades ou entidades públicas; por prerrogativa de função).
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou ci- A essência da imunidade parlamentar está descrita no
dadão;
caput do artigo 53, CF:
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais,
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir
Art. 53, CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis,
parecer.
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pa-
lavras e votos.
Merece atenção especial o §3º do artigo 58, CF, que
aborda as Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs:
Trata-se da faceta material da imunidade parlamentar,
Art. 58, §3º, CF. As comissões parlamentares de in- consistente na inviolabilidade civil e penal por opiniões, pa-
quérito, que terão poderes de investigação próprios das au- lavras e votos. Entende-se que o parlamentar tem irrestrita
toridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos liberdade de expressão na defesa de seus posicionamentos
das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Depu- políticos, sob pena de se caracterizar uma ruptura no pró-
tados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamen- prio modelo democrático, que exige o debate de ideias. 
te, mediante requerimento de um terço de seus membros, Por seu turno, a principal imunidade parlamentar de
para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sen- caráter formal está descrita no §1º do artigo 53, CF:
do suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Minis-
tério Público, para que promova a responsabilidade civil ou Art. 53, §1º, CF. Os Deputados e Senadores, desde a ex-
criminal dos infratores. pedição do diploma, serão submetidos a julgamento pe-
rante o Supremo Tribunal Federal. 
Com efeito, as CPIs possuem a particularidade de ser-
virem para a investigação e fiscalização de questões de re- Propriamente, é o denominado foro por prerrogativa
levante interesse nacional, caracterizando-se por: de função. Não se trata de privilégio pessoal, que tem a ver
- Poderes instrutórios – podem apurar fatos tal como é com a pessoa do parlamentar, mas de privilégio do cargo,
feito pelo Poder Judiciário. A regra somente não vale para inerente ao cargo.
interceptação telefônica e afins, competência exclusiva de Ainda sobre a questão do julgamento, estendem os §§
magistrado. 3º a 5º do mesmo dispositivo:
- Instituição por uma das Casas do Congresso ou por
ambas, mediante requerimento de um terço de seus mem- Art. 53, §3º, CF. Recebida a denúncia contra o Senador
bros (1/3 dos membros da Câmara ou 1/3 dos membros ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Su-
do Senado ou 1/3 dos membros do Congresso Nacional, premo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,
sendo a última hipótese para comissão conjunta). por iniciativa de partido político nela representado e pelo
- Apuração de fato certo – A constituição não indica o voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão
que é fato determinado, mas o regimento da Câmara dos final, sustar o andamento da ação.
Deputados, em seu artigo 35, conceitua como sendo “o Art. 53, §4º, CF. O pedido de sustação será apreciado
acontecimento de relevante interesse para a vida pública e pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta
a ordem constitucional, legal, econômica e social do País, e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
que estiver devidamente caracterizado no requerimento de Art. 53, §5º, CF. A sustação do processo suspende a
constituição da Comissão”. prescrição, enquanto durar o mandato. 

76
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Outras imunidades encontram-se descritas nos demais A consequência do desrespeito a estas proibições é
parágrafos do artigo 53. Neste sentido, o §2º do artigo 53 a perda do mandato, conforme o artigo 55, I, CF. Existem
da Constituição aborda o impedimento de prisão, salvo em outras causas de perda de mandato, também descritas no
caso de flagrante por crime inafiançável: artigo 55 da Constituição:

Art. 53, §2º, CF. Desde a expedição do diploma, os mem- Artigo 55, CF. Perderá o mandato o Deputado ou Se-
bros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo nador:
em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa res- no artigo anterior;
pectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
II - cujo procedimento for declarado incompatível com
resolva sobre a prisão. 
o decoro parlamentar;
Ainda, disciplina o §6º do artigo 53 que: III - que deixar de comparecer, em cada sessão legisla-
tiva, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
Art. 53, §6º, CF. Os Deputados e Senadores não serão pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou IV - que perder ou tiver suspensos os direitos polí-
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as ticos;
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos
previstos nesta Constituição;
Prevê o §7º do artigo 53: VI - que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado.
Art. 53, §7º, CF. A incorporação às Forças Armadas de § 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além
Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em dos casos definidos no regimento interno, o abuso das
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa res- prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacio-
pectiva. nal ou a percepção de vantagens indevidas.
  § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do man-
Destaca-se a perenidade destas imunidades parlamen- dato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
tares descritas no artigo 53, porque o §8º do dispositivo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provo-
assegura:
cação da respectiva Mesa ou de partido político representa-
do no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
Art. 53, §8º, CF. As imunidades de Deputados ou Sena-
dores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos mem- será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício
bros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora ou mediante provocação de qualquer de seus membros,
do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatí- ou de partido político representado no Congresso Nacional,
veis com a execução da medida. assegurada ampla defesa.
  § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo
No entanto, ao lado das imunidades, a Constituição Fe- que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos
deral prevê vedações em seu artigo 54: deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações
finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
Artigo 54, CF. Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma: Por fim, o artigo 56 da Constituição disciplina situa-
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de ções em que poderia se entender a princípio que caberia a
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de perda de mandato, notadamente por incompatibilidade ou
economia mista ou empresa concessionária de serviço pú- afastamento, mas que não geram esta consequência por
blico, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uni- previsão expressa.
formes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu-
Artigo 56, CF. Não perderá o mandato o Deputado ou
nerado, inclusive os de que sejam demissíveis ‘ad nutum’,
nas entidades constantes da alínea anterior; Senador:
II - desde a posse: I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governa-
a) ser proprietários, controladores ou diretores de dor de Território, Secretário de Estado, do Distrito Fede-
empresa que goze de favor decorrente de contrato com ral, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função missão diplomática temporária;
remunerada; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse par-
‘ad nutum’, nas entidades referidas no inciso I, ‘a’; ticular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer cento e vinte dias por sessão legislativa.
das entidades a que se refere o inciso I, ‘a’; § 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- investidura em funções previstas neste artigo ou de licença
blico eletivo. superior a cento e vinte dias.

77
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, eco-
eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses nômicos e financeiros ou de administração pública;
para o término do mandato. IV - mais de dez anos de exercício de função ou de
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos
poderá optar pela remuneração do mandato. mencionados no inciso anterior.
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
8) Da fiscalização contábil, financeira e orçamentá- escolhidos:
ria I - um terço pelo Presidente da República, com apro-
Estabelece o caput do artigo 70 da Constituição: vação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre
auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribu-
Artigo 70, caput, CF. A fiscalização contábil, financei- nal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os cri-
ra, orçamentária, operacional e patrimonial da União e térios de antiguidade e merecimento;
das entidades da administração direta e indireta, quanto à II - dois terços pelo Congresso Nacional.
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das sub- § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União te-
venções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congres- rão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
so Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tri-
bunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentado-
de controle interno de cada Poder.
ria e pensão, as normas constantes do art. 40. 
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá
A fiscalização contábil, financeira e orçamentária regu-
as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando
lada pela Constituição recai sobre as receitas da União e
no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz
demais entidades da administração direta e indireta nesta de Tribunal Regional Federal.
esfera. Tal fiscalização se dá mediante controle externo, a
ser exercido pelo Congresso Nacional com auxílio do Tribu- Por seu turno, as atribuições do Tribunal de Contas da
nal de Contas da União, e mediante controle interno, con- União encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição,
soante órgãos instituídos pelo próprio Poder fiscalizado em envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso Nacional
seu âmbito interno. no controle externo (tanto é assim que o Tribunal não susta
Para que se viabilize esta atividade de fiscalização é diretamente os atos ilegais, mas solicita ao Congresso Na-
necessária a instituição de obrigação de prestar contas, re- cional que o faça):
gulada no próprio artigo 70, CF em seu parágrafo único:
Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso
Artigo 70, parágrafo único, CF. Prestará contas qual- Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
quer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que da União, ao qual compete:
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, sidente da República, mediante parecer prévio que deverá
ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
pecuniária.  II - julgar as contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis-
a) Controle externo – Tribunal de Contas da União tração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
Com efeito, o principal órgão que colabora com o con- instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
trole externo na fiscalização exercida pelo Congresso Na- daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu-
cional é o Tribunal de Contas da União. A composição do laridade de que resulte prejuízo ao erário público;
Tribunal de Contas da União está regulamentada no artigo III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
73 da Constituição Federal, conferindo-se a capacidade de atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na admi-
auto-organização e autoadministração assegurada aos ór- nistração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações
gãos do Poder Judiciário:
para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalva-
Artigo 73, CF. O Tribunal de Contas da União, integrado
das as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
legal do ato concessório;
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território na- IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos De-
cional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas putados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de in-
no art. 96. quérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, fi-
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Execu-
requisitos: tivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
anos de idade; pranacionais de cujo capital social a União participe, de
II - idoneidade moral e reputação ilibada; forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

78
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re- § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co-
passados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou missão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fede- ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso
ral ou a Município; Nacional sua sustação.
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congres-
so Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer b) Controle interno
das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, fi- O controle interno será exercido em todos os Poderes
nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre mediante sistema integrado entre os órgãos do controle
resultados de auditorias e inspeções realizadas; interno, bem como entre estes e o Tribunal de Contas da
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade União, cuja finalidade está descrita no artigo 74 da Cons-
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções pre- tituição.
vistas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
multa proporcional ao dano causado ao erário; Artigo 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Ju-
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote diciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
as providências necessárias ao exato cumprimento da interno com a finalidade de:
lei, se verificada ilegalidade; I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
X - sustar, se não atendido, a execução do ato im- plurianual, a execução dos programas de governo e dos or-
pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu- çamentos da União;
tados e ao Senado Federal; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, fi-
dades ou abusos apurados. nanceira e patrimonial nos órgãos e entidades da adminis-
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado- tração federal, bem como da aplicação de recursos públicos
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicita- por entidades de direito privado;
rá, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas IV - apoiar o controle externo no exercício de sua mis-
no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
são institucional.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade,
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
Após, o artigo 72 regulamenta a atuação da Comissão
ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denun-
Mista Permanente de Planos, Orçamentos Públicos e Fis-
calização: ciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de
Contas da União.
Artigo 72, CF. A Comissão mista permanente a que se
refere o art. 166, §1º85, diante de indícios de despesas não c) Simetria quanto aos demais entes federados
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não O artigo 75 da Constituição estabelece normativa mí-
programados ou de subsídios não aprovados, poderá soli- nima a ser aplicada à fiscalização contábil, financeira e or-
citar à autoridade governamental responsável que, no çamentária das demais unidades federativas, respeitando
prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. uma simetria constitucional.
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considera-
dos estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal Artigo 75, CF. As normas estabelecidas nesta seção apli-
pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de cam-se, no que couber, à organização, composição e fiscali-
trinta dias. zação dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
85 Disciplina o referido dispositivo: “Art. 166. Os proje- Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas
tos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamen- dos Municípios.
tárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na for- sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integra-
ma do regimento comum. § 1º Caberá a uma Comissão mista dos por sete Conselheiros.
permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir
parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as 9) Processo legislativo
contas apresentadas anualmente pelo Presidente da Repúbli-
ca; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas Processo legislativo é o conjunto de atos que devem
nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição ser praticados para a adequada elaboração das espécies
e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, normativas. O desatendimento das normas de processo le-
sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congres- gislativo gera inconstitucionalidade formal. O artigo 59 da
so Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. Constituição Federal traz o rol de espécies normativas, sen-
58”. do que cada qual exige um processo legislativo específico.

79
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por seu turno, quanto a estas espécies normativas, o tucional decorra de uma reforma do texto da Constituição.
processo legislativo pode adotar um procedimento sumá- Em hipótese alguma há norma constitucional inconstitu-
rio, ordinário (é a regra, válida como base para todos os cional na redação originária da Constituição, na norma que
demais processos legislativos, aplicável às leis ordinárias) decorra do Poder Constituinte originário.
ou especial (ex.: emenda constitucional, lei delegada, lei Em outras palavras, o procedimento da emenda à
complementar – estabelecem-se variações em relação ao Constituição descrito no artigo 60 deve ser respeitado para
procedimento ordinário). que a reforma constitucional possa produzir efeitos e ad-
Destaca-se que a Lei Complementar nº 95, de 26 de quirir plena vigência.
fevereiro de 1998, dispõe sobre a elaboração, a redação, a Basicamente, o processo legislativo da emenda consti-
alteração e a consolidação das leis, conforme determina o tucional é muito parecido com o processo legislativo da lei
parágrafo único do artigo 59 da Constituição Federal, e es- ordinária, diferenciando-se nos seguintes aspectos:
tabelece normas para a consolidação dos atos normativos a) Iniciativa – como se depreende dos incisos do caput
que menciona. do artigo 60, a iniciativa para a apresentação de proposta
de emenda constitucional é, em regra, coletiva. Somente
Artigo 59, CF. O processo legislativo compreende a ela-
o Presidente da República pode, sozinho, apresentar uma
boração de:
PEC. Um deputado federal ou um Senador sozinhos não
I - emendas à Constituição;
possuem este poder, precisam da anuência de pelo me-
II - leis complementares;
III - leis ordinárias; nos um terço da Casa. Nem ao menos uma Assembleia
IV - leis delegadas; Legislativa pode apresentar a proposta sozinha, precisa
V - medidas provisórias; que a maioria dos membros presentes em sessão de vo-
VI - decretos legislativos; tação concordem e também necessita estar acompanhada
VII - resoluções. de mais da metade das Assembleias Legislativas do país
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a ela- (14, no mínimo). A doutrina entende majoritariamente que
boração, redação, alteração e consolidação das leis. cabe a iniciativa popular, mas não se trata de previsão ex-
pressa do artigo 60 da Constituição. Nota-se que o poder
As leis ordinárias são denominadas na Constituição de iniciativa legislativa é bastante diverso do fixado para os
como “leis”, de modo que o constituinte só utiliza a expres- projetos de leis.
são “lei ordinária” quando quer trazer uma contraposição
com a lei complementar. Tanto é assim que as leis ordi- Artigo 60, caput, CF. A Constituição poderá ser emen-
nárias do país são denominadas apenas como leis (Lei nº dada mediante proposta:
X); enquanto que as leis complementares são denominadas I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
como tais (Lei complementar nº Y). dos Deputados ou do Senado Federal;
A primeira lei ordinária foi elaborada a partir da pro- II - do Presidente da República;
mulgação da Constituição de 1946, enquanto que a primei- III - de mais da metade das Assembleias Legislativas
ra lei complementar foi elaborada a partir da promulgação das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma de-
da Constituição de 1967. Não há problemas com o fato de las, pela maioria relativa de seus membros.
existirem leis anteriores à Constituição Federal de 1988, eis
que se faz presente o fenômeno da recepção. b) Quórum para aprovação – nos termos do §2º do
Após enumerar as espécies normativas no artigo 59, artigo 60 da Constituição, “a proposta será discutida e vo-
a Constituição Federal descreve as peculiaridades de cada tada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois tur-
uma delas. Somente os decretos legislativos e as resolu- nos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
ções não são regulamentados no texto constitucional, mas
quintos dos votos dos respectivos membros”. Com efeito,
em regimento interno do Congresso Nacional e de suas
para a emenda à Constituição exige-se quórum especial
Casas.
para a aprovação – 3/5 do total dos membros de cada Casa
– além da votação em dois turnos – cada Casa vota duas
9.1) Emenda à Constituição
As emendas à Constituição se sujeitam aos limites do vezes.
poder de reforma, já abordadas quando da temática poder
constituinte (artigo 60, §4º, CF). A possibilidade de emen- c) Promulgação – segundo o §3º do artigo 60 da
da à Constituição decorre do Poder Constituinte derivado, Constituição, “a emenda à Constituição será promulgada
investido pelo Poder Constituinte originário quando da pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
elaboração do texto constitucional. Sendo assim, a Cons- ral, com o respectivo número de ordem”. Comoas emendas
tituição Federal pode ser modificada mediante o processo constitucionais decorrem de um poder exclusivo conferido
legislativo adequado. ao Congresso Nacional, o Poder Constituinte, não serão
Se desrespeitado o processo legislativo adequado, ha- enviadas ao Presidente da República para sanção, promul-
verá inconstitucionalidade. Destaca-se que isso responde à gação e publicação. Sendo assim, são promulgadas e re-
seguinte pergunta: é possível norma constitucional incons- metidas para publicação pelas Mesas das Casas.
titucional? A resposta é sim, desde que esta norma consti-

80
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) Limitações ao poder de reforma – o poder de re- O caput do artigo 61 não faz esta distinção expressa-
forma à Constituição se sujeita a diversos limites temporais, mente, mas ela pode ser depreendida do texto constitucio-
materiais e circunstanciais, já estudados, descritos notada- nal e se mostra de extrema importância prática. É necessá-
mente nos §§ 1º, 4º e 5º do artigo 60 da Constituição. rio atenção ao fato de que quando o constituinte confere
a iniciativa a determinado órgão, esta é somente dele, ou
Artigo 60, §1º, CF. A Constituição não poderá ser emen- seja, trata-se de competência reservada (ex.: o artigo 93,
dada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa CF confere ao Supremo Tribunal Federal a iniciativa quanto
ou de estado de sítio. ao Estatuto da Magistratura e somente por projeto de lei
apresentado por este órgão é possível alterá-lo).
Artigo 60, §4º, CF. Não será objeto de deliberação a pro- A princípio, não existe um prazo para se exercer o
posta de emenda tendente a abolir: poder de iniciativa. Logo, em regra, a iniciativa é um ato
I - a forma federativa de Estado; discricionário. No entanto, há casos em que o constituinte
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; obriga a iniciativa num prazo determinado, o que é muito
III - a separação dos Poderes; comum no que tange a questões financeiras e orçamen-
IV - os direitos e garantias individuais. tárias, caso em que se denomina a iniciativa de vinculada.

Artigo 60, §5º, CF. A matéria constante de proposta de - Iniciativa reservada do Presidente da República
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser O chefe do Poder Executivo federal possui iniciativa
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. reservada quanto a determinados projetos de lei, ou seja,
somente ele poderá apresentá-los perante o Congresso
e) Não aplicação do princípio da primazia da deli- Nacional:
beração principal – se um projeto de emenda constitucio-
nal for emendado na deliberação revisional, irá voltar para Artigo 61, §1º, CF. São de iniciativa privativa do Presi-
a Casa da deliberação principal e, se esta não concordar dente da República as leis que:
com a emenda, volta novamente para a Casa da delibera- I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
ção revisional, até se decidir sobre qual a redação que irá II - disponham sobre:
prevalecer. Instaura-se um vai e volta sem fim. a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na
administração direta e autárquica ou aumento de sua re-
9.2) Leis ordinárias
muneração;
Lei é um ato normativo típico revestido de abstração e
b) organização administrativa e judiciária, matéria tri-
generalidade. Por ser ato primário e autônomo, se sujeita
butária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da admi-
diretamente ao controle de constitucionalidade, verifican-
nistração dos Territórios;
do-se sua conformidade/contrariedade com a Constituição
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime
Federal.
jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria
a) Fase introdutória – Iniciativa
Pública da União, bem como normas gerais para a orga-
A iniciativa das leis encontra regulamentação notada-
mente no caput do artigo 61, CF: nização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
Artigo 61, caput, CF. A iniciativa das leis comple- e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da adminis-
mentares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Co- tração pública, observado o disposto no art. 84, VI; 
missão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico,
do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao provimento de cargos, promoções, estabilidade, remunera-
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao ção, reforma e transferência para a reserva. 
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma
e nos casos previstos nesta Constituição. - Iniciativa popular
A iniciativa popular é modo de exercício da democracia
A iniciativa pode ser parlamentar quando de membro direta (artigo 14, III, CF). O cidadão sozinho não pode apre-
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Fe- sentar projeto de lei, mas é possível fazê-lo em conjunto
deral ou do Congresso Nacional; ou extraparlamentar nos com outros cidadãos, conforme regulamenta o §2º do arti-
demais casos. go 60 da Constituição:
Ainda, poderá ser genérica, quando permitir que a ini-
ciativa seja exercida quanto a quaisquer projetos de leis Artigo 61, §2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
(membro ou Comissão do Congresso ou das Casas, Presi- pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
dente da República, iniciativa popular); ou específica, quan- lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
do permitir que apenas se apresentem projetos com re- nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
lação a determinadas matérias (Supremo Tribunal Federal, não menos de três décimos por cento dos eleitores de
Tribunais Superiores, Procurador-Geral da República e, ape- cada um deles.
sar da não menção expressa, Tribunal de Contas da União).

81
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Extraem-se três requisitos: a) projeto subscrito por ao - Limitação ao poder de emenda – vedação ao au-
menos 1% do eleitorado nacional; b) assinaturas distribuí- mento de despesa
das em ao menos 5 Estados; c) ao menos 0,3% de eleitores O constituinte estabelece no artigo 63 da Constitui-
em cada Estado. ção a vedação ao aumento de despesa em determinados
projetos quando passarem pela deliberação no Congresso
b) Fase constitutiva – Deliberação Nacional.

- Deliberação principal e deliberação revisional Artigo 63, CF. Não será admitido aumento da despesa
O Poder Legislativo brasileiro adota um sistema bica- prevista:
meral, de modo que a deliberação principal é feita por uma I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da
das Casas e a deliberação revisional é feita pela outra. O República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
que vai definir se a deliberação principal será feita pela Câ- II - nos projetos sobre organização dos serviços adminis-
mara dos Deputados ou pelo Senado Federal é a porta de trativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos
entrada do projeto de lei. Tribunais Federais e do Ministério Público.
Salvo no caso de projeto proposto por Senador ou Co-
missão do Senado Federal, o projeto de lei começa na Câ- - Procedimento sumário
mara dos Deputados. Neste sentido, o caput do artigo 64 O procedimento sumário está descrito nos §§ 1º a 4º
da Constituição prevê que: do artigo 64 da Constituição Federal, permitindo a solici-
tação de urgência na apreciação de projetos de iniciativa
Artigo 64, CF. A discussão e votação dos projetos de lei do Presidente da República, não somente os de iniciativa
de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribu- privativa, mas os de quaisquer matérias. Disciplina o §1º do
nal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câma- artigo 64 da Constituição:
ra dos Deputados.
Art. 64, §1º, CF. O Presidente da República poderá soli-
Assim, em regra, o projeto vai seguir após a deliberação citar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
principal para a deliberação revisional no Senado Federal,
quando será possível a apresentação de emendas. Logo, Contudo, diante das medidas provisórias, este procedi-
se na deliberação revisional se optar por uma emenda ao mento sumário acabou esvaziado.
projeto de lei, ele volta para a Casa que fez a deliberação Prevê o §2º do artigo 64 da Constituição o seguinte:
principal. Esta emenda será votada e, caso se opte por não
aceitá-la, predomina a deliberação principal (princípio da Art. 64, §2º, CF. Se, no caso do § 1º, a Câmara dos De-
primazia da deliberação principal). putados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a
A respeito, tem-se o artigo 65 da Constituição: proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e
cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais delibera-
Artigo 65, CF. O projeto de lei aprovado por uma Casa ções legislativas da respectiva Casa, com exceção das que
será revisto pela outra, em um só turno de discussão e vo- tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime
tação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa reviso- a votação. 
ra o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Fica obstruída a pauta, impedindo-se a deliberação de
Casa iniciadora. qualquer outro projeto, salvo votação de medida provisória
e projetos de Código. Disciplina, ainda o §4º do artigo 64
- Atuação das Comissões da Constituição:
Com efeito, após a fase de iniciativa, introdutória, o
projeto será deliberado. Entretanto, antes de ir para o Ple- Art. 64, §4º, CF. Os prazos do § 2º não correm nos perío-
nário e ser votado, o projeto passa pelas Comissões, o que dos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos
acontece tanto na Câmara dos Deputados quanto no Se- projetos de código.
nado Federal.
Aliás, parecer da Comissão de Constituição e Justiça e Nos termos do artigo 64, §3º, CF,
o parecer da Comissão de Finanças e Tributação possuem
o caráter terminativo, ou seja, impedem a continuidade do Art. 64, §3º, CF. A apreciação das emendas do Senado
projeto com sua remessa ao Plenário ou a outra Comissão. Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de
Todas as Comissões que possuam pertinência temática dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo
com o projeto serão envolvidas, sendo que a Comissão de anterior.
Constituição e Justiça delibera a respeito de todos eles.
Se a iniciativa é do Presidente da República, obviamen-
- Quórum de instalação te, a deliberação principal sempre será feita pela Câmara e
O quórum para instalação da sessão do Senado ou da a revisional pelo Senado, sendo que em caso de emenda
Câmara é de maioria absoluta, ou seja, presença de ao me- voltará para a Câmara que deverá apreciar em 10 dias.
nos metade dos membros.

82
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Reapresentação de projeto irretratável (formalizado, o veto é irretratável pelo Presi-


Se um projeto de lei for barrado na fase de deliberação, dente da República, ou seja, ele não pode mudar de ideia);
não poderá ser reapresentado na mesma sessão legislativa, superável (o Congresso Nacional pode derrubar o veto em
salvo proposta de maioria absoluta dos membros de qual- sessão conjunta pela maioria absoluta dos membros de
quer das Casas do Congresso Nacional: cada Casa, sendo que a não apreciação do veto gera obs-
trução de pauta).
Artigo 67, CF. A matéria constante de projeto de lei re- Por seu turno, a sanção, que é o ato de concordância
jeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, do Chefe do Poder Executivo com o Projeto apresentado,
na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria pode ser expressa (Presidente diz que sanciona) ou tácita
absoluta dos membros de qualquer das Casas do Con- (decurso do prazo de 15 dias úteis sem que tenha ocorrido
gresso Nacional. o veto).

- Deliberação executiva – sanção e veto c) Fase complementar – Promulgação e publicação


Se não apresentadas emendas na deliberação revi- A promulgação é a verificação da regularidade do pro-
sional, o projeto segue para a deliberação executiva do cedimento de elaboração, a sua autenticação e o reconhe-
Presidente da República. Se apresentadas emendas e vo- cimento de sua potencialidade para produzir efeitos no
tadas pela Casa da deliberação principal, também segue mundo jurídico. Na sanção expressa, promulgação e san-
para esta deliberação executiva (não importa se a Casa da ção coexistem no mesmo tempo e no mesmo instrumento
deliberação principal votar contra a emenda, porque pre- (se o Presidente diz que sanciona, também promulga). Na
valece a redação original anterior à emenda que foi dada sanção tácita e na rejeição de veto também é necessária a
pela casa que fez a deliberação principal – é o princípio da promulgação.
primazia da deliberação principal). Fala-se em deliberação A obrigação de promulgar é do Presidente da Repúbli-
executiva porque o Presidente da República tem o poder ca, mas se trata de obrigação transmissível, conforme o §7º
de vetar dispositivos de lei. do artigo 66 da Constituição:

Artigo 66, CF. A Casa na qual tenha sido concluída a Art. 66, §7º, CF. Se a lei não for promulgada dentro de
votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos ca-
que, aquiescendo, o sancionará. sos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e,
§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente
no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao inte- do Senado fazê-lo.
resse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo
de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e Da promulgação decorre a executoriedade da lei, mas
comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente só da publicação decorre a notoriedade da lei. Para a lei
do Senado Federal os motivos do veto. ser obrigatória, não basta ter executoriedade, é preciso
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de também notoriedade. A obrigação de publicar é de quem
artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. promulga.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do
Presidente da República importará sanção. 9.3) Leis delegadas
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, den- Trata-se de espécie normativa em desuso. Nela, o Pre-
tro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo sidente da República possui iniciativa solicitadora perante
ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados o Congresso Nacional, que mediante resolução autoriza
e Senadores.  especificando o conteúdo e os termos do exercício da de-
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, legação. Durante a delegação não se inibe a atuação legis-
para promulgação, ao Presidente da República. lativa do Congresso Nacional.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido
no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão Artigo 68, CF. As leis delegadas serão elaboradas pelo
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua vota- Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
ção final.  ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de compe-
O veto é, assim, a manifestação discordante do Chefe tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
do Poder Executivo que impede que um Projeto de Lei (em privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
parte ou no todo) se torne lei a não ser que seja derrubado a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
pelo Congresso Nacional. sobre:
O veto se caracteriza por ser: expresso (não existe veto I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
tácito), motivado (deve acompanhar justificativa do Chefe co, a carreira e a garantia de seus membros;
do Executivo), formalizado (pela mensagem de veto, envia- II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políti-
da em até 48 horas ao Congresso Nacional e publicada no cos e eleitorais;
Diário Oficial); supressivo (não pode acrescentar nada, só III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orça-
suprimir a redação integral do dispositivo ou do projeto); mentos.

83
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a for- § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
ma de resolução do Congresso Nacional, que especificará matéria: 
seu conteúdo e os termos de seu exercício. I – relativa a: 
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, par-
pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, ve- tidos políticos e direito eleitoral; 
dada qualquer emenda. b) direito penal, processual penal e processual civil; 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
9.4) Leis complementares Público, a carreira e a garantia de seus membros; 
A distinção das leis complementares em relação às leis d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orça-
ordinárias tem um aspecto formal, pois “as leis comple- mento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o
mentares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo previsto no art. 167, § 3º; 
69, CF) – é preciso a maioria do total de membros, não II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de pou-
bastando a maioria dos presentes; bem como um aspecto pança popular ou qualquer outro ativo financeiro; 
material, pois o campo material sujeito a lei complementar III – reservada a lei complementar; 
é estabelecido pelo próprio constituinte. IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
Existem 3 correntes em resposta ao questionamento Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Pre-
de haver ou não hierarquia entre lei complementar e lei sidente da República. 
ordinária: § 2º Medida provisória que implique instituição ou
a) Lei complementar está acima de lei ordinária na qua- majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I,
lidade de um gênero interposto entre a Constituição Fede- II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
ral e a lei ordinária (Manoel Gonçalves Ferreira Filho); seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
b) Lei complementar está no mesmo patamar de lei or- daquele em que foi editada.
dinária porque o constituinte estabelece uma divisão crite- § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos
riosa entre as matérias que devem ser regulamentadas por §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem
cada qual das espécies (tributaristas, STF); convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorro-
gável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
c) Lei complementar está no mesmo patamar de lei
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
ordinária se for uma lei complementar não normativa, ou
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. 
seja, se não tiver por fim regulamentar matéria a ser regu-
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da pu-
lada por lei ordinária, mas está acima de lei ordinária se
blicação da medida provisória, suspendendo-se durante os
for uma lei complementar normativa (José Afonso da Silva).
períodos de recesso do Congresso Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Con-
9.5) Medidas provisórias
gresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
Trata-se de espécie normativa que permite ao Presi- dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
dente da República legislar em situações de relevância e pressupostos constitucionais. 
urgência. Veio para substituir os Decretos-leis a partir da § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até
Constituição de 1988 porque se entendia que estes seriam quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará
um vestígio da ditadura. em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma
Com a Emenda Constitucional nº 32/2001, a medida das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até
provisória passou a ter limitações materiais, eis que esta que se ultime a votação, todas as demais deliberações le-
emenda incluiu todos os parágrafos do artigo 62 da Cons- gislativas da Casa em que estiver tramitando.
tituição (apenas o caput constava em sua redação originá- § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período
ria). Da mesma forma, com esta emenda se regularam de- a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta
talhes do processo legislativo da medida provisória perante dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação
o Congresso Nacional. encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
Por seu turno, o caput do artigo 62 da Constituição § 8º As medidas provisórias terão sua votação inicia-
descreve os requisitos para a adoção de medidas provisó- da na Câmara dos Deputados. 
rias – relevância e urgência. São conceitos abertos que re- § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Sena-
metem a uma discricionariedade do Presidente da Repúbli- dores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir
ca. Em que pese a abertura dos conceitos, o Supremo Tri- parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada,
bunal Federal tem aceito o controle judicial caso a medida pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacio-
provisória viole critérios de razoabilidade ou caracterizem nal. 
desvio ou excesso de poder. § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa,
A vigência do texto da medida provisória é imediata, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha
embora o Congresso Nacional vá apreciá-la futuramente. perdido sua eficácia por decurso de prazo. 
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere
Artigo 62, CF. Em caso de relevância e urgência, o Pre- o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficá-
sidente da República poderá adotar medidas provisórias, cia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Con- decorrentes de atos praticados durante sua vigência conser-
gresso Nacional.  var-se-ão por ela regidas.

84
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando 1) Do Presidente e do Vice-Presidente da República


o texto original da medida provisória, esta manter-se-á in- O Poder Executivo tem por função principal a de admi-
tegralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado nistrar a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol
o projeto.  do interesse comum da população. Na esfera federal, este
papel é desempenhado pelo Presidente da República e por
Poder Executivo seu Vice-Presidente, com auxílio dos Ministros de Estado. A
O regime político envolve o modo como se institui e é propósito, disciplina o artigo 76 da Constituição:
exercido o poder no Estado de Direito, podendo ser auto-
ritário ou democrático. Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
Nos regimes autoritários ou não democráticos, as deci- dente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
sões políticas não contam com qualquer tipo de manifesta-
ção da vontade do povo. Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista de
Nos regimes democráticos o povo participa na tomada governo, o Presidente será eleito juntamente com seu Vi-
ce-Presidente após processo eleitoral com regras mínimas
das decisões políticas, diretamente (democracia direta), por
descritas no artigo 77 da Constituição:
meio de representantes (democracia indireta) e de ambas
formas (democracia semidireta).
Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice-Presi-
Já a forma de governo envolve a concentração de par-
dente da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-
cela considerável do poder num dos atores envolvidos no
meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
processo político. Se o poder é reservado por direito a uma domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
categoria de pessoas, os nobres, tem-se monarquia; se o anterior ao do término do mandato presidencial vigente. 
poder não é reservado a nenhuma pessoa específica tem- § 1º A eleição do Presidente da República importará a
se República. do Vice-Presidente com ele registrado.
Na monarquia, o Estado se classifica pelo trinômio vi- § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato
taliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade. O poder que, registrado por partido político, obtiver a maioria ab-
pertence a uma pessoa entre os nobres que o recebe de soluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
seu ancestral que ocupava a mesma posição, geralmente § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
um ascendente direto (ex.: pai é o rei e ao falecer o trono na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte
passa para seu primogênito). Hoje existem as chamadas dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois
monarquias constitucionais, nas quais o poder monárqui- candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
co que não é absoluto, havendo formas de limitação e de que obtiver a maioria dos votos válidos.
atuação do povo no processo decisório. O mais comum é § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
concentrar o exercício das funções de chefia de Estado na morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
monarquia e das funções de chefia de governo ao repre- convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
sentante do parlamento (Primeiro Ministro). § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
Na república, forma adotada no Brasil, o Estado não nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
pertence a nenhum rei ou imperador, mas sim ao povo. O mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Estado pertence a todos, caracterizando-se pelo trinômio
eletividade, temporariedade e responsabilidade. O repre- Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República
sentante será eleito por um prazo determinado e têm seus tomarão posse e prestarão compromisso perante o Con-
poderes limitados, sendo responsabilizados em caso de má gresso Nacional:
governança.
Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da Re-
Importante, ainda, a noção de sistema de Governo.
pública tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
Podem ser adotados o presidencialismo, quando há um
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a
governante – o Presidente da República, chefe do Executi-
Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
vo – que acumula as funções de chefe de governo (chefia
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independên-
do poder executivo) e de chefe de Estado (representante
cia do Brasil.
diplomático); ou parlamentarismo, sistema que separa as Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixa-
funções de chefe de governo e de chefe de Estado em duas da para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo
autoridades diferentes. motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este
Com efeito, tem-se que no Parlamentarismo as funções será declarado vago.
de chefe de Estado e chefe de governo se bifurcam em
duas pessoas – o líder do parlamento é o chefe de governo O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presiden-
e o monarca ou presidente é o chefe de Estado. No Pre- te da República e poderá substituí-lo temporariamente,
sidencialismo ambas as funções são desempenhadas pelo quando o Presidente estiver ausente do país, ou definitiva-
Presidente. mente, no caso de vacância do cargo.

85
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso de im- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
pedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além reção superior da administração federal;
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei com- III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
plementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele con- previstos nesta Constituição;
vocado para missões especiais. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
É possível que tanto o Presidente quanto o Vice-Pre- execução;
sidente fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos, V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
questão regulada pelo artigo 80 da Constituição: VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração
Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente e federal, quando não implicar aumento de despesa nem
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, se- criação ou extinção de órgãos públicos; 
rão sucessivamente chamados ao exercício da Presidên- b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
cia o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado vagos; 
Federal e o do Supremo Tribunal Federal. VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos;
Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidên- VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna-
cia da República não será assumida em definitivo – caberá a cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
realização de novas eleições para que se complete o perío- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
do do mandato, indiretas se a vacância se der nos últimos X - decretar e executar a intervenção federal;
dois anos de mandato, diretas se ocorrer nos dois primei- XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati-
ros anos de mandato, conforme artigo 81 da Constituição:
va, expondo a situação do País e solicitando as providências
que julgar necessárias;
Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vi-
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
ce-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
depois de aberta a última vaga.
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los
feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso para os cargos que lhes são privativos; 
Nacional, na forma da lei. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com- Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
pletar o período de seus antecessores. Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban-
O mandato do Presidente da República tem a duração co central e outros servidores, quando determinado em lei;
de quatro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
seguinte à eleição. tros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República Constituição, e o Advogado-Geral da União;
é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do XVII - nomear membros do Conselho da República,
ano seguinte ao da sua eleição. nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a au- o Conselho de Defesa Nacional;
sência do país por parte do Presidente e do Vice-Presiden- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
te. autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da Re- mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
pública não poderão, sem licença do Congresso Nacional, lização nacional;
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
sob pena de perda do cargo. Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
2) Atribuições do Presidente e do Vice-Presidente XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
da República que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
As atribuições do Presidente da República, substitutiva- ou nele permaneçam temporariamente;
mente exercíveis pelo Vice-Presidente da República e, em XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
alguns casos, delegáveis aos Ministros de Estado e outras nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
autoridades, estão descritas no artigo 84 da Constituição. postas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
da República: as contas referentes ao exercício anterior;

86
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
na forma da lei; mandato, não pode ser responsabilizado por atos estra-
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nhos ao exercício de suas funções.
nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta 4) Dos Ministros de Estado
Constituição. O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as obriga-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá de- ções dos Ministros de Estado, bem como os requisitos para
legar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e ocupação do cargo.
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procura-
dor-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos
observarão os limites traçados nas respectivas delegações. dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exer-
cício dos direitos políticos.
3) Da Responsabilidade Do Presidente da República Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além
O Presidente da República pode cometer atos ilícitos de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na
considerados crimes de responsabilidade, conforme regu- lei:
lado pelo artigo 85 da Constituição. I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
dos órgãos e entidades da administração federal na área de
Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos sua competência e referendar os atos e decretos assinados
do Presidente da República que atentem contra a Consti- pelo Presidente da República;
tuição Federal e, especialmente, contra: II - expedir instruções para a execução das leis, decretos
I - a existência da União; e regulamentos;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju- III - apresentar ao Presidente da República relatório
diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais anual de sua gestão no Ministério;
das unidades da Federação; IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so-
forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da Repú-
ciais;
blica.
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece:
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei es-
de Ministérios e órgãos da administração pública. 
pecial, que estabelecerá as normas de processo e julgamen-
to.
5) Do Conselho da República e do Conselho de De-
A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, fesa Nacional
define os crimes de responsabilidade e regula o respec- O Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
tivo processo de julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da cional são dois órgãos instituídos no âmbito do Executivo
Constituição traz regras mínimas sobre tal processo e jul- Federal, ambos com função consultiva.
gamento. Neste sentido, o Senado Federal presidido pelo Neste sentido, os artigo 89 e 90 regulamentam o Con-
Presidente do Supremo tribunal Federal julgará os crimes selho da República, sua composição, suas funções e sua
de responsabilidade, ao passo que o Supremo Tribunal Fe- convocação. A título complementar, a Lei nº 8.041, de 05
deral julgará as infrações comuns. de junho de 1990, dispõe sobre a organização e o funcio-
namento do Conselho da República.
Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente
da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será Artigo 89, CF. O Conselho da República é órgão supe-
ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal rior de consulta do Presidente da República, e dele partici-
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Sena- pam:
do Federal, nos crimes de responsabilidade. I - o Vice-Presidente da República;
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún- III - o Presidente do Senado Federal;
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
II - nos crimes de responsabilidade, após a instaura- Deputados;
ção do processo pelo Senado Federal. V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe-
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o deral;
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento VI - o Ministro da Justiça;
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de
processo. trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Fede-
nas infrações comuns, o Presidente da República não estará ral e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com
sujeito a prisão. mandato de três anos, vedada a recondução.

87
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 90, CF. Compete ao Conselho da República pro- Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário:
nunciar-se sobre: I - o Supremo Tribunal Federal;
I - intervenção federal, estado de defesa e estado I-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
de sítio; II - o Superior Tribunal de Justiça;
II - as questões relevantes para a estabilidade das ins- II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
tituições democráticas. III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fede-
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Mi- rais;
nistro de Estado para participar da reunião do Conselho, IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
quando constar da pauta questão relacionada com o respec- V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
tivo Ministério. VI - os Tribunais e Juízes Militares;
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
Conselho da República. Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional
Por sua vez, o Conselho de Defesa Nacional é regulado de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
Federal. 
pelo artigo 91 da Constituição. A Lei nº 8.183, de 11 de abril
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supe-
de 1991, dispõe sobre a organização e o funcionamento
riores têm jurisdição em todo o território nacional.
do Conselho de Defesa Nacional e dá outras providências.
1) Estatuto da Magistratura 
Artigo 91, CF. O Conselho de Defesa Nacional é órgão A Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979,
de consulta do Presidente da República nos assuntos rela- dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que
cionados com a soberania nacional e a defesa do Estado faz as vezes de Estatuto da Magistratura. A lei foi recep-
democrático, e dele participam como membros natos: cionada pela Constituição Federal no que for compatível
I - o Vice-Presidente da República; com este artigo 93, que segue abaixo. Com efeito, a Lei
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Complementar nº 35/1979 foi sendo atualizada pelas Leis
III - o Presidente do Senado Federal; Complementares nº 37/1979, 54/1986 e 60/1989 e Resolu-
IV - o Ministro da Justiça; ções do Senado Federal nº 12/9031/93. Contudo, somente
V - o Ministro de Estado da Defesa; com a edição da Constituição Federal de 1988 e, principal-
VI - o Ministro das Relações Exteriores; mente, com a Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se
VII - o Ministro do Planejamento. um horizonte mais promissor.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), inclu-
Aeronáutica. sive, elaborou em fevereiro de 2005 uma Proposta de Ante-
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: projeto de Lei Complementar versando sobre o Estatuto da
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de Magistratura Nacional (LOMAN) de forma mais compatível
celebração da paz, nos termos desta Constituição; com o atual contexto da Constituição Federal. Mais recen-
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do temente, ao final de 2014, o Presidente do Supremo Tribu-
estado de sítio e da intervenção federal; nal Federal divulgou minuta do Estatuto da Magistratura,
III - propor os critérios e condições de utilização de anteprojeto que pode ser apresentado ao Congresso Na-
áreas indispensáveis à segurança do território nacional cional no ano de 201586. A edição do Estatuto, entretanto,
e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de vem tardando. Ainda assim, prevalece o entendimento pela
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a explora- autoaplicabilidade do artigo 93 da Constituição Federal, o
ção dos recursos naturais de qualquer tipo; que reforça garantias essenciais ao exercício da atividade
judicante.
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
iniciativas necessárias a garantir a independência nacio-
Artigo 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supre-
nal e a defesa do Estado democrático.
mo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratu-
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do ra, observados os seguintes princípios:
Conselho de Defesa Nacional. I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz
substituto, mediante concurso público de provas e títulos,
Poder Judiciário com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil
em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no
Disposições Gerais mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se,
O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei nas nomeações, à ordem de classificação;
ao caso concreto, julgar os casos levados à sua apreciação. II - promoção de entrância para entrância, alterna-
O artigo 92 da Constituição disciplina os órgãos que com- damente, por antiguidade e merecimento, atendidas as
põem o Poder Judiciário, sendo que os artigos posteriores seguintes normas:
delimitam a competência de cada um deles. Os órgãos que a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três
ficam no topo do sistema possuem sede na Capital Federal, vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de me-
Brasília, e são dotados de jurisdição em todo o território recimento;
nacional. 86 http://jota.info/o-que-o-stf-quer-mudar-estatuto-da-
-magistratura

88
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos XI - nos tribunais com número superior a vinte e cin-
de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a co julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros,
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar para o exercício das atribuições administrativas e jurisdi-
vago; cionais delegadas da competência do tribunal pleno, pro-
c) aferição do merecimento conforme o desempenho vendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra meta-
e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no de por eleição pelo tribunal pleno;
exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;  vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente po- grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente
derá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado forense normal, juízes em plantão permanente;
de dois terços de seus membros, conforme procedimento XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será
próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva po-
até fixar-se a indicação;  pulação; 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, XIV - os servidores receberão delegação para a prática
retiver autos em seu poder além do prazo legal, não
de atos de administração e atos de mero expediente sem
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou
caráter decisório;
decisão; 
XV - a distribuição de processos será imediata, em to-
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á
dos os graus de jurisdição.
por antiguidade e merecimento, alternadamente, apura-
dos na última ou única entrância; 
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfei- 2) Quinto constitucional 
çoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa O artigo 94 da Constituição Federal regulamenta o de-
obrigatória do processo de vitaliciamento a participação nominado quinto constitucional, que garante que 1/5 de
em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de for- determinados Tribunais seja composto por membros do
mação e aperfeiçoamento de magistrados;  Ministério Público ou Advogados, exercentes há 10 anos
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superio- no mínimo, sendo lista tríplice remetida ao Chefe do Exe-
res corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio cutivo, que fará a nomeação.
mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral e os subsídios dos demais magistrados serão fixados Artigo 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Re-
em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme gionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito
as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, Federal e Territórios será composto de membros, do Mi-
não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a nistério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a advogados de notório saber jurídico e de reputação iliba-
noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros da, com mais de dez anos de efetiva atividade profissio-
dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o nal, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de represen-
disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;  tação das respectivas classes.
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
seus dependentes observarão o disposto no art. 40;  formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que,
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus inte-
autorização do tribunal;  grantes para nomeação.
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposen-
tadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á 3) Garantias da magistratura
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo As garantias da magistratura encontram previsão no
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada
caput do artigo 95 da Constituição Federal, sendo elas vi-
ampla defesa; 
taliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio.
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de ma-
gistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que
Artigo 95, CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:
couber, ao disposto nas alíneas ‘a’ , ‘b’ , ‘c’ e ‘e’ do inciso II; 
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá- I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida
rio serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo,
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transi-
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do tada em julgado;
direito à intimidade do interessado no sigilo não preju- II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi-
dique o interesse público à informação;  co, na forma do art. 93, VIII;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares nos artigos 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; 

89
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Vitaliciedade – trata-se da garantia de que o ma- II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe-
gistrado não perderá o cargo a não ser em caso de senten- riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legis-
ça judicial transitada em julgado. Nos primeiros dois anos lativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
de exercício, não se adquire a garantia da vitaliciedade, de a) a alteração do número de membros dos tribunais
modo que caberá a perda do cargo mesmo em caso de inferiores;
deliberação do tribunal ao qual o juiz estiver vinculado. b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração
b) Inamovibilidade – o magistrado não pode ser dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vin-
transferido da comarca ou seção na qual é titular e nem culados, bem como a fixação do subsídio de seus membros
mesmo de sua vara, salvo motivo de interesse público, exi- e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; 
gindo-se no caso decisão por voto da maioria absoluta do c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as- d) a alteração da organização e da divisão judiciá-
segurada ampla defesa. rias;
c) Irredutibilidade de subsídio – o subsídio do magis- III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais
trado não pode ser reduzido, mas é necessário observar o e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros
respeito aos limites de teto e demais limites financeiros e do Ministério Público, nos crimes comuns e de respon-
orçamentários fixados na Constituição. sabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
Prossegue o artigo 95 estabelecendo vedações aos juí-
zes no exercício de suas funções ou em decorrência dele. Por seu turno, o artigo 97 da Constituição traz uma re-
gra já estudada quando do controle de constitucionalidade
Artigo 95, parágrafo único, CF. Aos juízes é vedado: referente ao quórum para a declaração de inconstitucio-
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo nalidade:
ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par- Artigo 97, CF. Somente pelo voto da maioria absoluta
ticipação em processo; de seus membros ou dos membros do respectivo órgão espe-
III - dedicar-se à atividade político-partidária. cial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou de lei ou ato normativo do Poder Público.
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
Já o artigo 98 da Constituição Federal prevê questões
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
organizacionais, notadamente sobre órgãos judiciários a
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
serem criados. Os juizados especiais são regidos na esfera
cargo por aposentadoria ou exoneração. 
estadual pela Lei nº 9.099/1995 e na esfera federal pela Lei
nº 10.259/2001.
4) Competência e organização
O artigo 96 da Constituição Federal disciplina a ques-
Artigo 98, CF. A União, no Distrito Federal e nos Territó-
tão da competência dos principais órgãos do Poder Judi-
ciário, notadamente tribunais, deixando evidente a auto- rios, e os Estados criarão:
nomia organizacional e administrativa do Poder Judiciário, I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou
questão reforçada no artigo 99 da Constituição. togados e leigos, competentes para a conciliação, o julga-
mento e a execução de causas cíveis de menor complexidade
Artigo 96, CF. Compete privativamente: e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
I - aos tribunais: procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi- previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por
mentos internos, com observância das normas de proces- turmas de juízes de primeiro grau;
so e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos juris- eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de
dicionais e administrativos; quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação
dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
da atividade correicional respectiva; conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras pre-
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os car- vistas na legislação.
gos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados es-
d) propor a criação de novas varas judiciárias; peciais no âmbito da Justiça Federal. 
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclu-
e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, sivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades espe-
os cargos necessários à administração da Justiça, exceto cíficas da Justiça. 
os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a O artigo 99 da Constituição detalha a questão da auto-
seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem ime- nomia administrativa e financeira do Poder Judiciário.
diatamente vinculados;

90
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 99, CF. Ao Poder Judiciário é assegurada autono- § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titula-
mia administrativa e financeira. res, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen- (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença
tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma
demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou- débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para
tros tribunais interessados, compete: os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fraciona-
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo mento para essa finalidade, sendo que o restante será pago
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a apro- na ordem cronológica de apresentação do precatório.. 
vação dos respectivos tribunais; § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que
a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminha- as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença
rem as respectivas propostas orçamentárias dentro do judicial transitada em julgado.
prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi-
Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da xados, por leis próprias, valores distintos às entidades de
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei direito público, segundo as diferentes capacidades econômi-
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites cas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do
estipulados na forma do § 1º deste artigo.  regime geral de previdência social.
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este § 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das enti-
artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites dades de direito público, de verba necessária ao paga-
estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá mento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas
aos ajustes necessários para fins de consolidação da pro- em julgado, constantes de precatórios judiciários apresen-
posta orçamentária anual.  tados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
não poderá haver a realização de despesas ou a assunção monetariamente.
de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na § 6º As dotações orçamentárias e os créditos aber-
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente au- tos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário,
torizadas, mediante a abertura de créditos suplementares
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão
ou especiais. 
exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a
5) Precatórios requerimento do credor e exclusivamente para os casos de
Precatório é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário preterimento de seu direito de precedência ou de não alo-
requisita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta tenha cação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu
sido condenada em processo judicial. Grosso modo, é o débito, o sequestro da quantia respectiva. 
documento pelo qual o Presidente de Tribunal, por solici- § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato
tação do Juiz da causa, determina o pagamento de dívida comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a li-
da União, de Estado, Distrito Federal ou do Município, por quidação regular de precatórios incorrerá em crime de res-
meio da inclusão do valor do débito no orçamento público. ponsabilidade e responderá, também, perante o Conselho
O tratamento dos precatórios na Constituição Brasilei- Nacional de Justiça. 
ra foi substancialmente alterado pela Emenda Constitucio- § 8º É vedada a expedição de precatórios complemen-
nal nº 62/2009, que conferiu nova redação ao artigo 100 do tares ou suplementares de valor pago, bem como o fra-
texto da Constituição. cionamento, repartição ou quebra do valor da execução
para fins de enquadramento de parcela do total ao que dis-
Artigo 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazen- põe o § 3º deste artigo. 
das Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em § 9º No momento da expedição dos precatórios, inde-
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na pendentemente de regulamentação, deles deverá ser aba-
ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
tido, a título de compensação, valor correspondente aos
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de
débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa
casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi-
tos adicionais abertos para este fim.  e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreen- devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos,
dem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proven- ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em vir-
tos, pensões e suas complementações, benefícios previden- tude de contestação administrativa ou judicial. 
ciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em
transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de aba-
todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § timento, informação sobre os débitos que preencham as
2º deste artigo.  condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos.

91
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de
lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos quaisquer outros limites de endividamento previstos, não
em precatórios para compra de imóveis públicos do respec- se aplicando a esse financiamento a vedação de vinculação
tivo ente federado.  de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu- Federal.
cional, a atualização de valores de requisitórios, após sua § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15%
expedição, até o efetivo pagamento, independentemente (quinze por cento) do montante dos precatórios apresen-
de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remunera- tados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por
ção básica da caderneta de poupança, e, para fins de com- cento) do valor deste precatório serão pagos até o final
pensação da mora, incidirão juros simples no mesmo per- do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos
centual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora
ficando excluída a incidência de juros compensatórios. e correção monetária, ou mediante acordos diretos, pe-
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus rante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com
créditos em precatórios a terceiros, independentemente da redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do
concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não
disposto nos §§ 2º e 3º.  penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efei- os requisitos definidos na regulamentação editada pelo
tos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ente federado.
ao tribunal de origem e à entidade devedora. 
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com- Órgãos do poder judiciário
plementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer
regime especial para pagamento de crédito de precatórios 1) Supremo Tribunal Federal
de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do
vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de Poder Judiciário brasileiro e desempenha a função de guar-
liquidação.  dião da Constituição e do sistema democrático. Trata-se da
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União última instância judiciária a qual se pode postular e a sua
poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, decisão não pode ser questionada a nenhum outro órgão
Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.  interno.
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- Entre suas principais atribuições está a de julgar a
nicípios aferirão mensalmente, em base anual, o compro- ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato norma-
metimento de suas respectivas receitas correntes líquidas tivo federal ou estadual, a ação declaratória de constitu-
com o pagamento de precatórios e obrigações de pequeno cionalidade de lei ou ato normativo federal, a arguição de
valor. descumprimento de preceito fundamental decorrente da
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os própria Constituição e a extradição solicitada por Estado
fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, estrangeiro.
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e Na área penal, destaca-se a competência para julgar,
de serviços, de transferências correntes e outras receitas nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Cons- Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
tituição Federal, verificado no período compreendido pelo próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, en-
segundo mês imediatamente anterior ao de referência e os tre outros.
11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e Em grau de recurso, sobressaem-se as atribuições de
deduzidas: julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Dis- de segurança, o habeas data e o mandado de injunção de-
trito Federal e aos Municípios por determinação constitucio- cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
nal; denegatória a decisão, e, em recurso extraordinário, as cau-
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios sas decididas em única ou última instância, quando a deci-
por determinação constitucional; são recorrida contrariar dispositivo da Constituição.
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Mu- A composição está regulada no artigo 101 da Consti-
nicípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu tuição Federal, ao passo que a competência está prevista
sistema de previdência e assistência social e as receitas pro- no artigo 102 da mesma.
venientes da compensação financeira referida no § 9º do art.
201 da Constituição Federal. Artigo 101, CF. O Supremo Tribunal Federal compõe-se
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de
condenações judiciais em precatórios e obrigações de pe- trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade,
queno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a de notável saber jurídico e reputação ilibada.
média do comprometimento percentual da receita corren- Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal
te líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a Federal serão nomeados pelo Presidente da República,
parcela que exceder esse percentual poderá ser financia- depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
da, excetuada dos limites de endividamento de que tratam Senado Federal.

92
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, II - julgar, em recurso ordinário:
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas
I - processar e julgar, originariamente: data’ e o mandado de injunção decididos em única instância
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de cons- b) o crime político;
titucionalidade de lei ou ato normativo federal;  III - julgar, mediante recurso extraordinário, as cau-
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Repú- sas decididas em única ou última instância, quando a
blica, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, decisão recorrida:
seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; a) contrariar dispositivo desta Constituição;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res- b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da federal;
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tri- em face desta Constituição.
bunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-
de caráter permanente;  deral.
d) o ‘habeas corpus’, sendo paciente qualquer das pes- § 1º A arguição de descumprimento de preceito fun-
soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segu- damental, decorrente desta Constituição, será apreciada
rança e o ‘habeas data’ contra atos do Presidente da Repú- pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
blica, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fe- § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
deral, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitu-
da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; cionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalida-
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in- de produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante,
ternacional e a União, o Es0tado, o Distrito Federal ou relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
o Território; administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a estadual e municipal. 
União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusi- § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá de-
ve as respectivas entidades da administração indireta; monstrar a repercussão geral das questões constitucio-
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; nais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o
h) (Revogado) Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo
i) o ‘habeas corpus’, quando o coator for Tribunal Su- recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. 
perior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à juris- Ação direta de inconstitucionalidade
dição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime Controle de constitucionalidade é um exercício de ve-
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; rificação de compatibilidade entre um ato jurídico de qual-
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus jul- quer natureza, mas principalmente normativo, com relação
gados; à Constituição Federal, de modo que a ausência de ade-
l) a reclamação para a preservação de sua competência quação deste ato jurídico quanto ao texto constitucional
e garantia da autoridade de suas decisões; gera a declaração de inconstitucionalidade e, por conse-
m) a execução de sentença nas causas de sua com- quência, o afastamento de sua aplicabilidade.
petência originária, facultada a delegação de atribuições O fundamento do controle de constitucionalidade
para a prática de atos processuais; é a supremacia da Constituição. Com efeito, a Constitui-
n) a ação em que todos os membros da magistratura ção Federal e os demais atos normativos que compõem o
sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em denominado bloco de constitucionalidade, notadamente,
que mais da metade dos membros do tribunal de origem emendas constitucionais e tratados internacionais de di-
estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente inte- reitos humanos aprovados com quórum especial após a
ressados; Emenda Constitucional nº 45/2004, estão no topo do or-
o) os conflitos de competência entre o Superior Tri- denamento jurídico.
bunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Su- Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guar-
periores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; dar uma estrita compatibilidade, sob pena de serem in-
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de constitucionais. O respeito a esta relação de compatibili-
inconstitucionalidade; dade vertical é, assim, essencial para que um ato jurídico
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da adquira validade no ordenamento jurídico nacional.
norma regulamentadora for atribuição do Presidente da Re- O controle concentrado, no sistema brasileiro, é reali-
pública, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, zado pelo Supremo Tribunal Federal, mediante utilização
do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legisla- de ações específicas previstas na Constituição Federal, as
tivas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais quais tem por causa de pedir a própria declaração de in-
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; constitucionalidade. A norma abstratamente considerada é
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e atacada em sua constitucionalidade mediante ação espe-
contra o Conselho Nacional do Ministério Público;  cífica.

93
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Logo, o controle é feito por via de ação porque uma Súmula vinculante
ação própria tem por objetivo único e exclusivo a reali- A partir da Emenda Constitucional n. 45/2004, foi in-
zação deste controle, decidindo pela constitucionalidade troduzida a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal
ou inconstitucionalidade. Não existe um interesse jurídico aprovar, após reiteradas decisões sobre matéria constitu-
subjacente ligado a uma pessoa, não existe alguém espe- cional, súmula com efeito vinculante em relação aos de-
cífico em relação ao qual os efeitos da decisão impactarão mais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
de forma mais intensa. A única finalidade é assegurar a su- direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
premacia da Constituição. Uma vez reconhecido que a lei é questão regulada pelo artigo 103-A da Constituição.
inconstitucional, todas as pessoas sujeitas ao ordenamento
jurídico nacional serão atingidas – efeito “erga omnes” da Art. 103-A. CF. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços
decisão (artigo 28, parágrafo único, Lei nº 9.868/1999).
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
No mais, fala-se em controle concentrado porque se
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publi-
concentra num único órgão – o Tribunal Pleno do Supremo
cação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em rela-
Tribunal Federal. Aliás, no Tribunal Pleno do STF será neces-
ção aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
sária a maioria absoluta dos membros no julgamento deste
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e mu-
tipo de ação: logo, dos 11 ministros, ao menos 6 devem vo- nicipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamen-
tar pela inconstitucionalidade para que ela seja declarada. to, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a inter-
Recursos Extraordinários pretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das
No controle de constitucionalidade difuso o controle quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou
é feito conforme o caso concreto para que aquele objeto entre esses e a administração pública que acarrete grave in-
de discussão na relação jurídico-processual seja apreciado. segurança jurídica e relevante multiplicação de proces-
Logo, é incidental, funcionando como uma questão pre- sos sobre questão idêntica. 
judicial de mérito, que influenciará no objeto principal da § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei,
lide. Seus efeitos são “inter partes”, restritos às partes no a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá
processo, mas existe uma tendência de extensão de efeitos. ser provocada por aqueles que podem propor a ação di-
No Supremo Tribunal Federal um dos principais mecanis- reta de inconstitucionalidade.
mos para que o órgão exerça o controle difuso é o dos § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que con-
recursos extraordinários. trariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
Os recursos extraordinários em geral não servem para caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
a pura manifestação de inconformismo, servem para o res- julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
guardo e a uniformidade de interpretação da Constituição cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que
Federal e das leis federais. Por isso, são recursos de funda- outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
mentação restrita, a qual é estabelecida pela Constituição conforme o caso. 
Federal (perante o STF, fundamentação em violação da CF)
– artigo 102, III, CF. 2) Superior Tribunal de Justiça
Vale destacar a questão da repercussão geral nos re- Criado pela Constituição Federal de 1988, o Superior
cursos extraordinários. A repercussão geral é um dos me- Tribunal de Justiça (STJ) é a corte responsável por uniformi-
zar a interpretação da lei federal em todo o Brasil, seguindo
canismos criado pelo Legislativo para restringir o número
os princípios constitucionais e a garantia e defesa do Esta-
de recursos no STF. Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a
do de Direito.
Emenda Constitucional nº 45/2004, passou a ser requisi-
O STJ é a última instância da Justiça brasileira para as
to de admissibilidade do REXT, exigindo que a matéria te-
causas infraconstitucionais, não relacionadas diretamente à
nha relevante valor social, político, econômico ou jurídico,
Constituição. Como órgão de convergência da Justiça co-
transcendendo o interesse individual das partes. Nota-se mum, aprecia causas oriundas de todo o território nacional,
que a lei usa expressões um tanto quanto vagas, de modo em todas as vertentes jurisdicionais não especializadas.
a deixar ao julgador, STF, a possibilidade de examinar cada Sua competência está prevista no art. 105 da Consti-
caso concreto, dizendo se há repercussão geral. tuição Federal, que estabelece os processos que têm início
Aquele que interpõe REXT deve dizer, primeiramente, no STJ (originários) e os casos em que o Tribunal age como
porque há repercussão geral. O REXT é interposto perante órgão de revisão, inclusive nos julgamentos de recursos es-
o órgão “a quo”, que fará análise dos requisitos de admissi- peciais.
bilidade, SALVO REPERCUSSÃO GERAL. Só haverá pronun- O STJ julga crimes comuns praticados por governado-
ciamento sobre a repercussão geral se o recurso chegar de res dos estados e do Distrito Federal, crimes comuns e de
fato ao STF. Dos 11 ministros, ao menos 8 (2/3) devem dizer responsabilidade de desembargadores dos tribunais de
que não há repercussão geral. Logo, a falta de repercussão justiça e de conselheiros dos tribunais de contas estaduais,
geral deve ser bem evidente. dos membros dos tribunais regionais federais, eleitorais e
do Trabalho.

94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Julga também habeas corpus que envolvam essas au- g) os conflitos de atribuições entre autoridades ad-
toridades ou ministros de Estado, exceto em casos relativos ministrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
à Justiça eleitoral. Pode apreciar ainda recursos contra ha- judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do
beas corpus concedidos ou negados por tribunais regionais Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
federais ou dos estados, bem como causas decididas nes- h) o mandado de injunção, quando a elaboração da
sas instâncias, sempre que envolverem lei federal. norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade
Em 2005, como parte da reforma do Judiciário, o STJ ou autoridade federal, da administração direta ou indireta,
assumiu também a competência para analisar a concessão excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
de cartas rogatórias e processar e julgar a homologação Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,
de sentenças estrangeiras. Até então, a apreciação desses da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
pedidos era feita no Supremo Tribunal Federal (STF)87. i) a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
O artigo 104 da Constituição regula sua composição, cessão de ‘exequatur’ às cartas rogatórias; 
ao passo que o artigo 105 regula sua competência. II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última ins-
Artigo 104, CF. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
de, no mínimo, trinta e três Ministros. dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a deci-
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de são for denegatória;
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, b) os mandados de segurança decididos em única ins-
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando dene-
ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absolu- gatória a decisão;
ta do Senado Federal, sendo:  c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Mu-
Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribu- nicípio ou pessoa residente ou domiciliada no País;
nais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,
próprio Tribunal; em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Fe-
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Dis- deral e Territórios, quando a decisão recorrida:
trito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na for- a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vi-
ma do art. 94. gência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em
Artigo 105, CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: face de lei federal;
I - processar e julgar, originariamente: c) der a lei federal interpretação divergente da que
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados lhe haja atribuído outro tribunal.
e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tri-
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados bunal de Justiça: 
e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen-
dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais to de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, re-
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, gulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Mu- carreira; 
nicípios e os do Ministério Público da União que oficiem II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exer-
perante tribunais; cer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamen-
b) os mandados de segurança e os ‘habeas data’ contra tária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como
ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas
do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;  decisões terão caráter vinculante. 
c) os ‘habeas corpus’, quando o coator ou paciente for
qualquer das pessoas mencionadas na alínea ‘a’, ou quan- 3) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais
do o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais
Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aero- são os órgãos que possuem competência de julgamento
náutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;  no âmbito da Justiça Federal, conforme delimitação feita
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribu- pelos artigos 108 e 109 da Constituição Federal. Por sua
nais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre vez, os artigos 106, 107 e 110 da Constituição voltam-se
tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vincula- ao estabelecimento de estrutura e composição da Justiça
dos a tribunais diversos; Federal.
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
julgados; Artigo 106, CF. São órgãos da Justiça Federal:
f) a reclamação para a preservação de sua competên- I - os Tribunais Regionais Federais;
cia e garantia da autoridade de suas decisões; II - os Juízes Federais.
87 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/

95
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 107, CF. Os Tribunais Regionais Federais com- IV - os crimes políticos e as infrações penais prati-
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando cadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presiden- União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públi-
te da República dentre brasileiros com mais de trinta e cas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
menos de sessenta e cinco anos, sendo: da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos V - os crimes previstos em tratado ou convenção in-
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério ternacional, quando, iniciada a execução no País, o resul-
Público Federal com mais de dez anos de carreira; tado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reci-
II - os demais, mediante promoção de juízes federais procamente;
com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e me- V-A as causas relativas a direitos humanos a que se
recimento, alternadamente. refere o § 5º deste artigo; 
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juí- VI - os crimes contra a organização do trabalho e,
zes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua ju- nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
risdição e sede. e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a jus-
competência ou quando o constrangimento provier de au-
tiça itinerante, com a realização de audiências e demais
toridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
jurisdição;
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
VIII - os mandados de segurança e os habeas data
e comunitários. contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar competência dos tribunais federais;
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aero-
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça naves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
em todas as fases do processo. X - os crimes de ingresso ou permanência irregular
  de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
Artigo 108, CF. Compete aos Tribunais Regionais Fede- exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologa-
rais: ção, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a res-
I - processar e julgar, originariamente: pectiva opção, e à naturalização;
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos XI - a disputa sobre direitos indígenas.
os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes § 1º As causas em que a União for autora serão afora-
comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministé- das na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
rio Público da União, ressalvada a competência da Justiça § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
Eleitoral; aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de jul- autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu
gados seus ou dos juízes federais da região; origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda,
c) os mandados de segurança e os habeas data contra no Distrito Federal.
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; § 3º Serão processadas e julgadas na justiça esta-
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for dual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,
juiz federal; as causas em que forem parte instituição de previdência
e) os conflitos de competência entre juízes federais social e segurado, sempre que a comarca não seja sede
vinculados ao Tribunal; de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas lei poderá permitir que outras causas sejam também proces-
pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercí- sadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso ca-
cio da competência federal da área de sua jurisdição.
bível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
Artigo 109, CF. Aos juízes federais compete processar
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos hu-
e julgar:
manos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade
I - as causas em que a União, entidade autárquica de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
ou empresa pública federal forem interessadas na con- tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Bra-
dição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de sil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, inci-
Eleitoral e à Justiça do Trabalho; dente de deslocamento de competência para a Justiça
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo Federal. 
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou re-
sidente no País; Artigo 110, CF. Cada Estado, bem como o Distrito Fe-
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da deral, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a
União com Estado estrangeiro ou organismo internacio- respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabele-
nal; cido em lei.

96
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e Artigo 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho pro-
as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juí- cessar e julgar:
zes da justiça local, na forma da lei. I - as ações oriundas da relação de trabalho, abran-
gidos os entes de direito público externo e da administração
4) Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Re- pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
gionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho Federal e dos Municípios; 
A Justiça do Trabalho tem sua estrutura estabelecida II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
no artigo 111 da Constituição e possui como órgão de cú- III - as ações sobre representação sindical, entre sindi-
pula o Tribunal Superior do Trabalho, embora ele não seja a catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
última instância possível – em tese, ainda se pode ir ao Su- empregadores; 
premo Tribunal Federal. A composição deste Tribunal Supe- IV - os mandados de segurança, ‘habeas corpus’ e
rior está definida no artigo 111-A, CF. Ainda sobre questões ‘habeas data’, quando o ato questionado envolver matéria
estruturais da Justiça do Trabalho, têm-se os artigos 112, sujeita à sua jurisdição; 
113, 114 e 115 da Constituição Federal. Por seu turno, o ar- V - os conflitos de competência entre órgãos com ju-
tigo 114, CF define as competências da Justiça do Trabalho. risdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’; 
VI - as ações de indenização por dano moral ou pa-
Artigo 111, CF. São órgãos da Justiça do Trabalho: trimonial, decorrentes da relação de trabalho; 
I - o Tribunal Superior do Trabalho; VII - as ações relativas às penalidades administrati-
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; vas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscaliza-
III - Juízes do Trabalho.  ção das relações de trabalho; 
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, de-
-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros correntes das sentenças que proferir; 
com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e IX - outras controvérsias decorrentes da relação de tra-
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação iliba- balho, na forma da lei.
da, nomeados pelo Presidente da República após apro- § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes pode-
vação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
rão eleger árbitros.
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de co-
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer-
mum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza eco-
cício, observado o disposto no art. 94; 
nômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito,
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. 
pelo próprio Tribunal Superior. 
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su- § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
perior do Trabalho. possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Traba- Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
lho:  competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen-  
to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre ou- Artigo 115, CF. Os Tribunais Regionais do Trabalho
tras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan-
e promoção na carreira;  do possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presi-
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca- dente da República dentre brasileiros com mais de trinta
bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão adminis- e menos de sessenta e cinco anos, sendo: 
trativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.  Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer-
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho proces- cício, observado o disposto no art. 94; 
sar e julgar, originariamente, a reclamação para a pre- II - os demais, mediante promoção de juízes do traba-
servação de sua competência e garantia da autoridade lho por antiguidade e merecimento, alternadamente. 
de suas decisões. § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
Artigo 112, CF. A lei criará varas da Justiça do Traba- funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
lho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua juris- respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
dição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o e comunitários. 
respectivo Tribunal Regional do Trabalho.  § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-
cionar descentralizadamente, constituindo Câmaras re-
Artigo 113, CF. A lei disporá sobre a constituição, in- gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado
vestidura, jurisdição, competência, garantias e condi- à justiça em todas as fases do processo.
ções de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.  

97
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 116, CF. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e
exercida por um juiz singular.  os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas fun-
ções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garan-
5) Tribunais e juízes eleitorais tias e serão inamovíveis.
A Justiça Eleitoral é composta pelos órgãos descritos § 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justifi-
no artigo 118 da Constituição Federal. Seu órgão de cúpula cado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais
é o Tribunal Superior Eleitoral, cuja composição está regu- de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos
lada no artigo 119, CF. Por seu turno, os Tribunais Regionais na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual
Eleitorais, órgãos intermediários, são regulados no artigo para cada categoria.
120, CF. Finalizando a regulamentação da Justiça Eleitoral § 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as de-
está o artigo 121 da Constituição, que remete a eventual lei
negatórias de ‘habeas corpus’ ou mandado de segurança.
complementar ainda não existente. Contudo, há diversas
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
leis que regulamentam a questão eleitoral, destacando-se somente caberá recurso quando:
o próprio Código Eleitoral. I - forem proferidas contra disposição expressa desta
Constituição ou de lei;
Artigo 118, CF. São órgãos da Justiça Eleitoral: II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre
I - o Tribunal Superior Eleitoral; dois ou mais tribunais eleitorais;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de di-
III - os Juízes Eleitorais; plomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - as Juntas Eleitorais. IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
mandatos eletivos federais ou estaduais;
Artigo 119, CF. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se V - denegarem habeas corpus, mandado de seguran-
-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: ça, habeas data ou mandado de injunção.
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal 6) Tribunais e juízes militares
Federal; “A Justiça Militar Federal tem competência para proces-
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal sar e julgar os militares integrantes das Forças Armadas, Ma-
rinha de Guerra, Exército, Força Aérea Brasileira, civis e asse-
de Justiça;
melhados. No Estado Democrático de Direito, que tem como
II - por nomeação do Presidente da República, dois
fundamento a observância de uma Constituição estabelecida
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e pela vontade popular por meio de uma Assembleia Nacional
idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Fe- Constituinte, no caso do Brasil um Congresso Constituinte,
deral. não existe nenhum impedimento para a realização de um jul-
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá gamento militar que tenha como acusado um civil.
seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do A Justiça Militar Estadual tem competência para proces-
Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral den- sar e julgar os policiais militares e bombeiros militares nos
tre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. crimes militares definidos em lei. Os crimes militares estão
definidos no Código Penal Militar, CPM, e nas Leis Militares
Artigo 120, CF. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral Especiais. Deve-se observar, que por força de disposição
na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. constitucional a Justiça Militar Estadual tem competência
§ 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: apenas e tão somente para julgar os militares estaduais, que
I - mediante eleição, pelo voto secreto: são os integrantes das Forças Auxiliares (Polícias Militares e
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tri- Corpos de Bombeiros Militares).
bunal de Justiça; A Justiça Militar Federal e Estadual possui organização
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos judiciária semelhante, com algumas particularidades. A 1 ª
pelo Tribunal de Justiça; instância da Justiça Militar denomina-se Conselho de Justiça,
que tem como sede uma auditoria militar.
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede
A 2 ª instância da Justiça Militar Estadual nos Estado de
na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não haven-
São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, é exercida pelo
do, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribu- Tribunal de Justiça Militar que possui competência originária
nal Regional Federal respectivo; e derivada para processar e julgar os recursos provenientes
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de das auditorias militares estaduais. Nos demais Estados-mem-
dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídi- bros da Federação, a 2ª instância da Justiça Militar é exerci-
co e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. da por uma Câmara Especializada do Tribunal de Justiça em
§ 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presi- atendimento ao Regimento Interno e Lei de Organização Ju-
dente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores. diciária”88.
88 ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Competência da
Artigo 121, CF. Lei complementar disporá sobre a or- Justiça Militar. Disponível em: <http://www.advogado.adv.
ganização e competência dos tribunais, dos juízes de direi- br/direitomilitar/ano2003/pthadeu/competenciajusticamilitar.
to e das juntas eleitorais. htm>. Acesso em: 14 jan. 2015.

98
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 122, CF. São órgãos da Justiça Militar: marca em 1ª instância (uma comarca maior pode ter varas
I - o Superior Tribunal Militar; criminais, varas cíveis, varas de família e sucessões, juizados
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. especiais; uma comarca menor pode até mesmo ter uma
vara única).
Artigo 123, CF. O Superior Tribunal Militar compor-
se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Pre- Artigo 125, CF. Os Estados organizarão sua Justiça,
sidente da República, depois de aprovada a indicação observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da § 1º A competência dos tribunais será definida na
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três Constituição do Estado, sendo a lei de organização judi-
dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e ciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos es-
Presidente da República dentre brasileiros maiores de
taduais ou municipais em face da Constituição Estadual,
trinta e cinco anos, sendo:
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e
órgão.
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativida-
de profissional; [...]
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentra-
membros do Ministério Público da Justiça Militar. lizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de as-
segurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas
Artigo 124, CF. à Justiça Militar compete processar e as fases do processo. 
julgar os crimes militares definidos em lei. § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante,
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o com a realização de audiências e demais funções da ativida-
funcionamento e a competência da Justiça Militar. de jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdi-
ção, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Artigo 125, CF.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Artigo 126, CF. Para dirimir conflitos fundiários, o Tri-
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, bunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas,
em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos com competência exclusiva para questões agrárias.
de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Jus- Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente pres-
tiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o tação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do lití-
efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.  gio.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar
e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares 8) Conselho Nacional de Justiça
definidos em lei e as ações judiciais contra atos discipli- O Conselho Nacional de Justiça é um órgão que foi
nares militares, ressalvada a competência do júri quando criado para reformular quadros e meios de atuação do
a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir Poder Judiciário, promovendo transparência administrati-
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da gra- va e processual. Foi criado em 31 de dezembro de 2004 e
duação das praças.  instalado em 14 de junho de 2005, com sede em Brasília/
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar DF e atuação em todo o território nacional. Sua missão é
processar e julgar, singularmente, os crimes militares co-
contribuir para que a prestação jurisdicional seja realiza-
metidos contra civis e as ações judiciais contra atos dis-
da com moralidade, eficiência e efetividade, beneficiando
ciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob
a sociedade. Em sua visão, pretende ser um instrumento
a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais
crimes militares. efetivo de desenvolvimento do Poder Judiciário. Tem por
diretrizes, em linhas gerais, promover: “planejamento es-
7) Tribunais e juízes dos Estados tratégico e proposição de políticas públicas judiciárias; mo-
A Justiça Comum Estadual não é regulamentada de dernização tecnológica do Judiciário; ampliação do acesso
maneira extensa no texto constitucional por um motivo à justiça, pacificação e responsabilidade social; garantia de
bastante razoável: trata-se do soldado de reserva. Tudo efetivo respeito às liberdades públicas e execuções penais”.
o que não for competência de justiça especializada ou da Entre seus principais órgãos, destacam-se:
Justiça Federal, será de competência da Justiça Comum Es- a) Corregedoria – é o órgão do CNJ que exerce o
tadual, afinal, o Judiciário não pode deixar de apreciar lesão controle disciplinar e promove a administração da justiça,
ou ameaça de lesão a direito algum. delegando atribuições e instruções. Não pune os desvios
Contudo, as Constituições estaduais e as leis estaduais de conduta praticados por magistrados e servidores, mas
de organização judiciária delimitam melhor a questão da apura os fatos trazidos ao seu conhecimento e leva à apre-
competência e organização de cada um dos órgãos da Jus- ciação do Plenário do CNJ todas estas questões relaciona-
tiça Comum Estadual. Basicamente, em cada Judiciário Co- das à atividade judiciária que se apresentem mais graves e
mum Estadual se terá um Tribunal de Justiça com diversas que possam macular a imagem do Judiciário na sociedade.
Câmaras na qualidade de 2ª instância, além de varas com O cargo de corregedor é ocupado por um ministro do Su-
maior grau de especialização conforme a amplitude da co- perior Tribunal de Justiça (STJ).

99
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Ouvidoria – é o instrumento de comunicação da § 2º Os demais membros do Conselho serão nomea-


sociedade com o CNJ. É um serviço posto à disposição do dos pelo Presidente da República, depois de aprovada a
cidadão para que esclareça dúvidas, reclame, denuncie, escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. 
elogie ou apresente sugestões sobre os serviços e as ati- § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
vidades do CNJ. vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal
c) Presidência – A presidência do Conselho Nacional Federal. 
de Justiça é ocupada pelo Presidente do Supremo Tribu- § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação ad-
nal Federal. Desempenha funções administrativas em geral, ministrativa e financeira do Poder Judiciário e do cum-
como superintender a ordem e a disciplina do CNJ, aplicar primento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe,
penalidades aos seus servidores, representar o CNJ peran- além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo
te quaisquer órgãos e autoridades, convocar e presidir as Estatuto da Magistratura: 
sessões plenárias do CNJ, entre outras. Também se mani- I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
festa por diversos atos, como portarias, resoluções, atas e cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo ex-
instruções normativas. pedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência,
O CNJ tem promovido diversos projetos na sociedade ou recomendar providências; 
aproximando-a do Poder Judiciário, do conhecimento de II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
seus direitos e de uma maior consciência social acerca dos ou mediante provocação, a legalidade dos atos adminis-
preconceitos existentes. Também promove projetos que vi- trativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judi-
sam dar maior celeridade à atuação do Poder Judiciário, di- ciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo
minuindo o número de processos. São exatamente nestas para que se adotem as providências necessárias ao exato
iniciativas que se encontram as maiores críticas ao CNJ, o cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribu-
qual estaria se imiscuindo nas atribuições do Poder Judiciá- nal de Contas da União; 
rio de julgar seus processos. III - receber e conhecer das reclamações contra mem-
bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus
Art. 103-B, CF. O Conselho Nacional de Justiça com- serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de servi-
põe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois)
ços notariais e de registro que atuem por delegação do poder
anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: 
público ou oficializados, sem prejuízo da competência dis-
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
ciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar pro-
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indi-
cessos disciplinares em curso e determinar a remoção,
cado pelo respectivo tribunal; 
a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho,
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras
indicado pelo respectivo tribunal; 
sanções administrativas, assegurada ampla defesa; 
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indi-
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime
cado pelo Supremo Tribunal Federal; 
contra a administração pública ou de abuso de autori-
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
Federal; dade; 
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado V - rever, de ofício ou mediante provocação, os proces-
pelo Superior Tribunal de Justiça;  sos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal há menos de um ano; 
de Justiça;  VI - elaborar semestralmente relatório estatístico so-
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi- bre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Fede-
cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;  ração, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; 
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe- VII - elaborar relatório anual, propondo as providên-
rior do Trabalho;  cias que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Ju-
X - um membro do Ministério Público da União, in- diciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve
dicado pelo Procurador-Geral da República;  integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Fe-
XI - um membro do Ministério Público estadual, es- deral a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
colhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes abertura da sessão legislativa. 
indicados pelo órgão competente de cada instituição esta- § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exer-
dual; cerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além
da Ordem dos Advogados do Brasil;  das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputa- Magistratura, as seguintes: 
ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer
outro pelo Senado Federal.  interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judi-
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do ciários; 
Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedi- II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe-
mentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.  ção e de correição geral; 

100
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - requisitar e designar magistrados, delegando- fender o regime democrático. Os direitos garantidos na
lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, Constituição Federal são a base da democracia instituída
inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.  na República brasileira e cabe ao Ministério Público garan-
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral tir o respeito a estes direitos. Ex.: fiscalização do processo
da República e o Presidente do Conselho Federal da Or- eleitoral, coibição de violações aos direitos fundamentais,
dem dos Advogados do Brasil.  buscar o respeito aos direitos das minorias, etc.
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territó- c) Defesa dos interesses sociais e individuais indis-
rios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber poníveis – Mazzilli90 aprofunda o tema: “Os direitos difusos
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra compreendem grupos menos determinados de pessoas
membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus ser- (melhor do que pessoas indeterminadas, são antes pessoas
viços auxiliares, representando diretamente ao Conselho indetermináveis), entre as quais inexiste vínculo jurídico ou
Nacional de Justiça. fático preciso. São como feixe ou conjunto de interesses in-
dividuais, de objeto indivisível, compartilhados por pessoas
Funções essenciais à Justiça indetermináveis, que se encontram unidas por circuns-
1) Ministério Público tâncias de fato conexas. [...] Coletivos, em sentido estrito,
Artigo 127, caput, CF. O Ministério Público é instituição são interesses transindividuais indivisíveis de um grupo
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, determinado ou determinável de pessoas, reunidas por
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime uma relação jurídica básica comum. [...] Em sentido lato, os
democrático e dos interesses sociais e individuais indis- direitos individuais homogêneos não deixam de ser tam-
poníveis. bém interesses coletivos. Tanto os interesses individuais
homogêneos como os difusos originaram-se de circuns-
O Ministério Público desempenha um papel impor- tâncias de fato comuns; entretanto, são indetermináveis os
tantíssimo frente ao Poder Judiciário e, por isso, o artigo titulares de interesses difusos e o objeto de seu interesse
127, caput da Constituição Federal o considera essencial à é indivisível; já nos interesses individuais homogêneos, os
função jurisdicional do Estado e o coloca como instituição titulares são determinados ou determináveis, e o objeto da
permanente. pretensão é divisível), isto é, o dano ou a responsabilidade
O papel institucional, também descrito no caput do se caracterizam por sua extensão divisível ou individual-
artigo 127, envolve alguns aspectos, aqui estudados com mente variável entre os integrantes do grupo)”.
base no entendimento de Mazzilli89: Por seu turno, as funções institucionais do Ministério
a) Defesa da ordem jurídica – fazer valer o ordena- Público estão descritas de maneira mais discriminada no
mento jurídico pátrio, buscar a efetividade na aplicação de artigo 129 da Constituição Federal:
suas normas, eventualmente, utilizar-se de princípios cons-
titucionais para buscar a efetividade da própria Constitui- Artigo 129, CF. São funções institucionais do Minis-
ção quanto aos direitos sem regulamentação extensa. O tério Público:
Ministério Público funciona como um guardião da lei e da I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
ordem, fazendo com que ela seja cumprida, notadamente forma da lei;
nos casos em que interesses da coletividade ou de indiví- II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
duos hipossuficientes estão em jogo. dos serviços de relevância pública aos direitos assegura-
Neste sentido, o Ministério Público não atua em todos dos nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias
os casos em que há violação da lei, ou seja, em que há a sua garantia;
desrespeito à ordem jurídica – existe prestação jurisdicional III - promover o inquérito civil e a ação civil pública,
sem Ministério Público. Nos casos mais graves de violação para a proteção do patrimônio público e social, do meio
da ordem jurídica o Ministério Público atua, o que o cons- ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
tituinte define como toda situação em que está em jogo o IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re-
interesse social ou o interesse indisponível. Então, a defe- presentação para fins de intervenção da União e dos Esta-
sa da ordem jurídica depende da lei violada, pois ela deve dos, nos casos previstos nesta Constituição;
pertencer ao campo de atuação do Ministério Público. V - defender judicialmente os direitos e interesses das
b) Defesa do regime democrático – O Ministério Pú- populações indígenas;
blico pode existir sem a democracia, num regime autoritá- VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-
rio, mas somente há efetiva autonomia e independência do trativos de sua competência, requisitando informações e
Ministério Público no regime democrático. A manutenção documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
da ordem jurídica e do sistema democrático é condição respectiva;
para a paz e a liberdade das pessoas, ou seja, do interesse VII - exercer o controle externo da atividade policial,
social, razão pela qual é papel do Ministério Público de- na forma da lei complementar mencionada no artigo ante-
89 MAZZILLI, Hugo Nigro. Aulas em teleconferência rior;
ministradas na Escola Superior do Ministério Público. 90 MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses
Disponível: <https://www.youtube.com/>. difusos em juízo. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 53-56.

101
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VIII - requisitar diligências investigatórias e a ins- c) à atividade econômica, à política urbana, agrícola,
tauração de inquérito policial, indicados os fundamentos fundiária e de reforma agrária e ao sistema financeiro na-
jurídicos de suas manifestações processuais; cional;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, d) à seguridade social, à educação, à cultura e ao des-
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe ve- porto, à ciência e à tecnologia, à comunicação social e ao
dada a representação judicial e a consultoria jurídica de en- meio ambiente;
tidades públicas. e) à segurança pública;
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as III - a defesa dos seguintes bens e interesses:
ações civis previstas neste artigo não impede a de tercei- a) o patrimônio nacional;
ros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Cons- b) o patrimônio público e social;
tituição e na lei. c) o patrimônio cultural brasileiro;
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exer- d) o meio ambiente;
cidas por integrantes da carreira, que deverão residir na e) os direitos e interesses coletivos, especialmente das
comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe comunidades indígenas, da família, da criança, do adoles-
da instituição.  cente e do idoso;
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far- IV - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da
se-á mediante concurso público de provas e títulos, as- União, dos serviços de relevância pública e dos meios de co-
segurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil municação social aos princípios, garantias, condições, direi-
em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no tos, deveres e vedações previstos na Constituição Federal e
mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, na lei, relativos à comunicação social;
nas nomeações, a ordem de classificação.  V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o União e dos serviços de relevância pública quanto:
disposto no art. 9391. a) aos direitos assegurados na Constituição Federal rela-
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público tivos às ações e aos serviços de saúde e à educação;
será imediata. b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade e da publicidade;
Ainda sobre as funções institucionais do Ministério VI - exercer outras funções previstas na Constituição Fe-
Público, a Lei Complementar nº 75/1993 tece relevantes deral e na lei.
aprofundamentos em seu artigo 5º, aplicável não somente §1º Os órgãos do Ministério Público da União devem
ao Ministério Público da União, mas a todos os Ministérios zelar pela observância dos princípios e competências da
Públicos atuantes no cenário jurídico nacional: Instituição, bem como pelo livre exercício de suas funções.
§2º Somente a lei poderá especificar as funções atribuí-
Art. 5º São funções institucionais do Ministério Pú- das pela Constituição Federal e por esta Lei Complementar
blico da União: ao Ministério Público da União, observados os princípios e
I - a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, normas nelas estabelecidos.
dos interesses sociais e dos interesses individuais indisponí-
veis, considerados, dentre outros, os seguintes fundamentos Por seu turno, os princípios institucionais do Ministério
e princípios: Público encontram-se no artigo 127, §1º da Constituição
a) a soberania e a representatividade popular; Federal:
b) os direitos políticos;
c) os objetivos fundamentais da República Federativa do Artigo 127, §1º, CF. São princípios institucionais do Mi-
Brasil; nistério Público a unidade, a indivisibilidade e a independên-
d) a indissolubilidade da União; cia funcional.
e) a independência e a harmonia dos Poderes da União;
f) a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos Explica Mazzilli92:
Municípios; a) Unidade – Se tem chefia, uma pessoa que está na
g) as vedações impostas à União, aos Estados, ao Distrito cabeça da estrutura institucional, tem-se unidade. Sendo
Federal e aos Municípios; assim, unidade institucional relaciona-se ao princípio hie-
h) a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a pu- rárquico. Se existe hierarquia, existe o poder de avocar, de-
blicidade, relativas à administração pública direta, indireta legar e designar (no Brasil, estes poderes são limitados).
ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União; Contudo, evidente que a hierarquia não tem força absoluta
II - zelar pela observância dos princípios constitucionais por conta da independência funcional e por conta do pró-
relativos: prio modelo de federação adotado pelo Brasil – trata-se
a) ao sistema tributário, às limitações do poder de tribu- de hierarquia exclusivamente administrativa, na atividade-
tar, à repartição do poder impositivo e das receitas tributá- meio.
rias e aos direitos do contribuinte; 92 MAZZILLI, Hugo Nigro. Aulas em teleconferência
b) às finanças públicas; ministradas na Escola Superior do Ministério Público.
91 Normas mínimas do Estatuto da Magistratura. Disponível: <https://www.youtube.com/>.

102
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

É fácil falar em unidade e indivisibilidade num Estado b) Autonomia administrativa – A autonomia adminis-
unitário, onde o Ministério Público só tem um chefe. No trativa significa a soma de poderes da pessoa ou entidade
Brasil, cada um dos Ministérios Públicos tem o seu che- para administrar os seus próprios negócios, sob qualquer
fe. A verdade é que o constituinte brasileiro se inspirou na aspecto, consoante as normas e princípios institucionais de
doutrina francesa, aplicável a um Estado unitário, e a incor- sua existência e dessa administração. Neste sentido, o po-
porou à Constituição Federal sem se atinar para as conse- der conferido ao Ministério Público de elaborar sua própria
quências práticas do conceito. proposta orçamentária.
b) Indivisibilidade – a rigor, significaria dizer que o A questão orçamentária do Ministério Público encontra
Ministério Público seria uma única instituição e os seus aprofundamento nos §§ 3º a 6º do artigo 127 da Consti-
membros poderiam se substituir por possuírem as mes- tuição:
mas competências. Este conceito da doutrina francesa não
pode ser transportado para o contexto jurídico-constitu- Artigo 127, §3º, CF. O Ministério Público elaborará sua
cional brasileiro. Afinal, existem vários Ministérios Públicos proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
e o membro de um não pode exercer a atribuição do mem- lei de diretrizes orçamentárias.
bro de outro – um Ministério Público não pode se imiscuir
na competência do outro. Artigo 127, §4º, CF. Se o Ministério Público não enca-
Como a finalidade do Ministério Público é uma só – minhar a respectiva proposta orçamentária dentro do pra-
servir ao interesse público – pode-se afirmar a unidade e zo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
a indivisibilidade enquanto uma característica institucional. Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
Como instituição, o Ministério Público é uno e indivisível. orçamentária anual, os valores aprovados na lei orça-
No sentido orgânico, é incorreto afirmar a unidade e a in- mentária vigente, ajustados de acordo com os limites esti-
divisibilidade. pulados na forma do § 3º. 
Trata-se de um órgão com uma só chefia e uma só
função dentro de cada órgão do Ministério Público (MPU, Artigo 127, §5º, CF. Se a proposta orçamentária de que
MPT, MPE, MPM, MPDFT) – este é o verdadeiro sentido de trata este artigo for encaminhada em desacordo com os
unidade e indivisibilidade. limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo pro-
c) Independência funcional – É a liberdade de escrita cederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da
e fala na tomada dos atos institucionais. A independência proposta orçamentária anual.
funcional é uma prerrogativa conferida aos membros do
Ministério Público que deve coexistir com a unidade e a in- Artigo 127, §6º, CF. Durante a execução orçamentária
divisibilidade. Questiona-se até que ponto a hierarquia de- do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou
corrente da unidade e da indivisibilidade limita a indepen- a assunção de obrigações que extrapolem os limites es-
dência funcional, afinal, os próprios conceitos de unidade e tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se pre-
de indivisibilidade não são absolutos. Na prática, a unidade viamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
e a indivisibilidade são opostas à independência funcional. suplementares ou especiais. 

Continuando o estudo do artigo 127 da Constituição Por seu turno, o artigo 128, CF traz a estrutura do Mi-
Federal, seu §2º estabelece a autonomia funcional e admi- nistério Público, dizendo quais órgãos o compõem e por
nistrativa do Ministério Público nos seguintes termos: quem serão chefiados, além de vedações e garantias seme-
lhantes às impostas à magistratura.
Artigo 127, §2º, CF. Ao Ministério Público é assegurada
autonomia funcional e administrativa, podendo, obser- Artigo 128, CF. O Ministério Público abrange:
vado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a I - o Ministério Público da União, que compreende:
criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, a) o Ministério Público Federal;
provendo-os por concurso público de provas ou de provas b) o Ministério Público do Trabalho;
e títulos, a política remuneratória e os planos de carrei- c) o Ministério Público Militar;
ra; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territó-
rios;
a) Autonomia funcional – Para que um órgão tenha II - os Ministérios Públicos dos Estados.
autonomia funcional é preciso que “reúna, em torno de si, § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
três pressupostos básicos, quais sejam, uma lei, conforme Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presiden-
os ditames da Constituição, que o institua juridicamente; te da República dentre integrantes da carreira, maiores
uma própria dotação orçamentária, que seja a ele designa- de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela
da; e uma função específica que seja por ele desempenha- maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
da, isto é, uma função peculiar”93. mandato de dois anos, permitida a recondução.
93 AZEVEDO, Bernardo Montalvão Varjão de. Minis- § 2º A destituição do Procurador-Geral da República,
tério Público por uma verdadeira autonomia funcional. por iniciativa do Presidente da República, deverá ser pre-
Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/3893/ministerio-pu- cedida de autorização da maioria absoluta do Senado
blico>. Acesso em: 15 jan. 2015. Federal.

103
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Dis- I - o Procurador-Geral da República, que o preside;


trito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre II - quatro membros do Ministério Público da União,
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo III - três membros do Ministério Público dos Estados;
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
permitida uma recondução. Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da Ordem dos Advogados do Brasil;
da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputa-
complementar respectiva. ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, outro pelo Senado Federal.
cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procurado- § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministé-
res-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e rio Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relati- Públicos, na forma da lei.
vamente a seus membros: § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú-
I - as seguintes garantias: blico o controle da atuação administrativa e financeira
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po- do Ministério Público e do cumprimento dos deveres fun-
dendo perder o cargo senão por sentença judicial transi- cionais de seus membros, cabendo lhe:
tada em julgado; I - zelar pela autonomia funcional e administrativa
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú- do Ministério Público, podendo expedir atos regulamenta-
blico, mediante decisão do órgão colegiado competente do res, no âmbito de sua competência, ou recomendar provi-
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus dências;
membros, assegurada ampla defesa;  II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. ou mediante provocação, a legalidade dos atos adminis-
39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, trativos praticados por membros ou órgãos do Ministério
153, III, 153, § 2º, I;  Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los,
II - as seguintes vedações: revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providên-
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, ho- cias necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuí-
norários, percentagens ou custas processuais; zo da competência dos Tribunais de Contas;
III - receber e conhecer das reclamações contra mem-
b) exercer a advocacia;
bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Esta-
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
dos, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou-
da competência disciplinar e correicional da instituição,
tra função pública, salvo uma de magistério;
podendo avocar processos disciplinares em curso, deter-
e) exercer atividade político-partidária;
minar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de ser-
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou pri-
viço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada
vadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
ampla defesa;
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-
disposto no art. 95, parágrafo único, V94.  cessos disciplinares de membros do Ministério Público da
União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
Artigo 130, CF. Aos membros do Ministério Público junto V - elaborar relatório anual, propondo as providências
aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público
seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investi- no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
dura. mensagem prevista no art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um
Por fim, tem-se o artigo 130-A da Constituição Federal, Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério
que disciplina o Conselho Nacional do Ministério Público, Público que o integram, vedada a recondução, competin-
incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004. do-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela
lei, as seguintes:
Artigo 130-A, CF. O Conselho Nacional do Ministé- I - receber reclamações e denúncias, de qualquer in-
rio Público compõe-se de quatorze membros nomeados teressado, relativas aos membros do Ministério Público e dos
pelo Presidente da República, depois de aprovada a esco- seus serviços auxiliares;
lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe-
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: ção e correição geral;
94  Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual III - requisitar e designar membros do Ministério Pú-
se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do blico, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de
cargo por aposentadoria ou exoneração órgãos do Ministério Público.

104
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos 3) Advocacia


Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, dispõe sobre o
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Bra-
do Ministério Público, competentes para receber reclama- sil (OAB), consubstanciando o previsto no artigo 133 da
ções e denúncias de qualquer interessado contra membros Constituição Federal. Neste sentido, coloca-se o advogado
ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus servi- como indispensável à administração da justiça, afinal, sem
ços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Na- o advogado seria impossível que o Poder Judiciário fun-
cional do Ministério Público. cionasse.
No exercício de suas funções, o advogado necessita da
2) Advocacia Pública salvaguarda de seus atos e manifestações, permitindo que
O caput do artigo 131 da Constituição traz as funções promova a defesa do seu cliente da maneira mais plena
institucionais da Advocacia-Geral da União: representação possível.
judicial e extrajudicial da União, além de consultoria e as- “O primeiro conjunto normativo que assegura (e ao
sessoramento ao Poder Executivo Federal, conforme regu- mesmo tempo limita) a profissão do advogado vem dado
lamentação a ser elaborada em lei complementar. No caso, pelo próprio Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/1994), que
a Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993 insti- proclama, na esfera criminal, a imunidade material (penal)
tui a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União e dá outras em relação aos delitos de difamação e injúria (quanto ao
providências. desacato, como se sabe, o STF concedeu liminar para sus-
O chefe da Advocacia-Geral da União é o Advogado- pender a validade do texto legal).
Geral da União, livremente nomeado pelo Presidente da No exercício da profissão o advogado conta também
República, devendo possuir notável saber jurídico, reputa- com a chamada imunidade judiciária (CP, art. 142), não
ção ilibada e menos de 35 anos. No entanto, os integrantes respondendo criminalmente, em princípio, por difamação
da Advocacia-Geral da União de início de carreira nela in- ou injúria. Trata-se de uma causa de exclusão da tipicidade
gressam por concurso público de provas e títulos. material porque, respeitados os limites do art. 142, o ris-
Não é atribuição da Advocacia-Geral da União promo- co criado (quando do uso de expressões mais ofensivas) é
ver a execução de dívida ativa de natureza tributária, o que permitido. Não há que se falar em risco proibido (logo, não
é feito pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. existe desaprovação da conduta).
Respeitando uma relação de compatibilidade entre as De outro lado, enquanto não são ultrapassados os li-
unidades federadas, estabelece-se nos Estados e no Distri- mites do exercício da profissão, força é convir que a in-
to Federal uma Procuradoria em cada qual deles. violabilidade citada na CF não alcança somente os atos e
manifestações do advogado, senão também seus meios
Artigo 131, CF. A Advocacia-Geral da União é a ins- de atuação, seu local de trabalho, seu escritório, arquivos,
tituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, pastas, computador, correspondências etc., ou seja, tudo
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo- isso está protegido pelo sigilo profissional (e pela inviolabi-
lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua lidade constitucional e legal) (nos termos do art. 7º, II, com
organização e funcionamento, as atividades de consultoria redação dada pela Lei nº 11.767/2008). Também está pro-
e assessoramento jurídico do Poder Executivo. tegido pela inviolabilidade e sigilo o local onde se localiza
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Ad- o departamento jurídico dentro de uma empresa”95.
vogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presi-
dente da República dentre cidadãos maiores de trinta e Artigo 133, CF. O advogado é indispensável à admi-
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. nistração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da ins- manifestações no exercício da profissão, nos limites da
tituição de que trata este artigo far-se-á mediante concur- lei.
so público de provas e títulos.
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tribu- 4) Defensoria Pública
tária, a representação da União cabe à Procuradoria-Ge- A Defensoria Pública, colocada no texto constitucional
ral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. como instituição permanente e essencial à função jurisdi-
cional do Estado, tem sua função institucional descrita no
Artigo 132, CF. Os Procuradores dos Estados e do Dis- caput do artigo 134 da Constituição Federal: orientação ju-
trito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso rídica, promoção dos direitos humanos e defesa dos inte-
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a resses individuais dos mais necessitados e coletivos como
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em to- um todo.
das as suas fases, exercerão a representação judicial e a São princípios institucionais da Defensoria Pública a
consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.  unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, os
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo mesmos que regem o Ministério Público.
é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exer- 95 GOMES, Luís Flávio. Limites da inviolabilidade
cício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos do advogado - Lei nº 11.767/2008. Disponível em: <http://lfg.
próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.  jusbrasil.com.br/noticias/1076221/limites-da-inviolabilidade-
-do-advogado-lei-n-11767-2008>. Acesso em: 15 jan. 2015.

105
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

É conferida a garantia da inamovibilidade aos mem-


bros da Defensoria Pública, ao mesmo tempo em que é
vedado o exercício da advocacia fora das atribuições do DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
cargo. Com efeito, o Defensor Público é um advogado, DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA;
mas que deve se limitar ao exercício das atribuições ins- ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA.
titucionais a ele conferidas, submetendo-se a um regi-
me de dedicação exclusiva.
A Emenda Constitucional nº 80/2014 alterou substan-
cialmente a disciplina da Defensoria Pública na Constitui- Estado de Defesa e o Estado de Sítio
ção Federal de 1988, mudando a redação do caput dos ar- O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Ins-
tigos 134 e 135, bem como incluindo ao primeiro os seus tituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o
parágrafos. Neste sentido, passou-se a uma disciplina mais Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
completa desta instituição que desempenha papel funda- Estado de defesa e estado de sítio são duas situações
mental no cenário jurídico nacional. excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal,
Por seu turno, a Lei Complementar nº 80, de 12 de ja- cumpridos determinados requisitos, visando preservar o
neiro de 1994, organiza a Defensoria Pública da União, do próprio Estado e suas instituições democráticas.
Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais O estado de defesa é decretado para preservar ou
para sua organização nos Estados, e dá outras providên- restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
cias. Sendo assim, confere-se liberdade para a devida re- pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
gulamentação no âmbito dos Estados-membros, pois cada instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de
qual irá instituir a sua Defensoria Pública, guardada uma
grandes proporções na natureza.
relação de compatibilidade com a normativa mínima pre-
O estado de sítio é decretado quando estado de defesa
vista na Lei Complementar nº 80/1994. Neste sentido, o
não resolveu o problema, quando o problema atinge todo
texto constitucional assegura a autonomia funcional e ad-
ministrativa, além da iniciativa orçamentária, a cada uma o país, ou em casos de guerra.
das Defensorias Públicas instituídas. A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo
141, CF, que seguem.
Artigo 134, CF. A Defensoria Pública é instituição per-
manente, essencial à função jurisdicional do Estado, Seção I
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime DO ESTADO DE DEFESA
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e co- decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
letivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.  pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá de grandes proporções na natureza.
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos § 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter-
de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso minará o tempo de sua duração, especificará as áreas a
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as
a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
advocacia fora das atribuições institucionais.  I - restrições aos direitos de:
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de b) sigilo de correspondência;
sua proposta orçamentária dentro dos limites estabele- c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
cidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
disposto no art. 99, § 2º.  públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi- a União pelos danos e custos decorrentes.
cas da União e do Distrito Federal. 
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez,
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcio-
por igual período, se persistirem as razões que justificaram
nal, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art.
a sua decretação.
93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
Artigo 135, CF. Os servidores integrantes das carreiras I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu- pelo executor da medida, será por este comunicada imedia-
nerados na forma do art. 39, § 4º. tamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal,
facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à au-
toridade policial;

106
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - a comunicação será acompanhada de declaração, Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no duração, as normas necessárias a sua execução e as ga-
momento de sua autuação; rantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá de publicado, o Presidente da República designará o execu-
ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder tor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
Judiciário; § 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não pode-
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. rá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado,
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congres- agressão armada estrangeira.
so Nacional, que decidirá por maioria absoluta. § 2º Solicitada autorização para decretar o estado de
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Sena-
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
do Federal, de imediato, convocará extraordinariamente
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro
o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a
de dez dias contados de seu recebimento, devendo conti-
fim de apreciar o ato.
nuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado § 3º O Congresso Nacional permanecerá em funciona-
de defesa. mento até o término das medidas coercitivas.

Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado
podem ser extraídos alguns aspectos relevantes. com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas
Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a pre- contra as pessoas as seguintes medidas:
servação ou restabelecimento em locais restritos e deter- I - obrigação de permanência em localidade deter-
minados a ordem pública e a paz social que estejam amea- minada;
çados por grave instabilidade institucional ou calamidade II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
de grande proporção. condenados por crimes comuns;
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
de determinação do local e do prazo de vigência (que não dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informa-
pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem ções e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na
como pela delimitação de medidas. forma da lei;
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se IV - suspensão da liberdade de reunião;
voltam ao estado de defesa por instabilidade institucional
V - busca e apreensão em domicílio;
(casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e o di-
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
reito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa por
VII - requisição de bens.
calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso temporário
de bens e serviços públicos). Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III
Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de De- a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados
fesa, embora seja feita pelo Presidente da República, não é em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respec-
um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião do Con- tiva Mesa.
selho da República e do Conselho de Defesa Nacional e
depois submeter o decreto para aprovação pelo Congresso No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do
Nacional por maioria absoluta. Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional,
bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As hipó-
Seção II teses são de grave comoção nacional, ineficácia do estado
DO ESTADO DE SÍTIO de defesa e estado de guerra. Também há requisitos de
Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas e medi-
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Na- das coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio. Entre
cional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, estão as
decretar o estado de sítio nos casos de: enumeradas no artigo 139, CF.
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrên-
cia de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada Seção III
durante o estado de defesa;
DISPOSIÇÕES GERAIS
II - declaração de estado de guerra ou resposta a
Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar líderes partidários, designará Comissão composta de cinco
autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorroga- de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução
ção, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de
Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. sítio.

107
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a gre-
sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da res- ve; 
ponsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar
ou agentes. filiado a partidos políticos;
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado
o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência se- indigno do oficialato ou com ele incompatível, por deci-
rão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem são de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de
ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a
indicação das restrições aplicadas. pena privativa de liberdade superior a dois anos, por senten-
ça transitada em julgado, será submetido ao julgamento
O Congresso Nacional, mediante Comissão específica, previsto no inciso anterior; 
exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Pra- VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos
ticados atos atentatórios serão punidos mesmo após ces- VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII,
sado o estado de defesa ou de sítio. XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;   
Forças armadas IX -  (Revogado)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma-
Já o capítulo II do título V aborda as forças armadas, das, os limites de idade, a estabilidade e outras condições
que exercem a defesa do Estado. de transferência do militar para a inatividade, os direitos,
os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa-
ções especiais dos militares, consideradas as peculiaridades
CAPÍTULO II
de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de
DAS FORÇAS ARMADAS
compromissos internacionais e de guerra. 
Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos ter-
nacionais permanentes e regulares, organizadas com
mos da lei.
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade su-
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atri-
prema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
buir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais filosófica ou política, para se eximirem de atividades de ca-
a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego ráter essencialmente militar. 
das Forças Armadas. § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém,
disciplinares militares. a outros encargos que a lei lhes atribuir. 
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denomina-
dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér-
fixadas em lei, as seguintes disposições:  cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re-
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a
a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares e
e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reser- hierarquizadas, além de terem vedações como o direito de
va ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos greve e o direito de sindicalização, bem como de filiação
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes pra-
uniformes das Forças Armadas;  ticados por estes militares, serão julgados por órgão pró-
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento
emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o
a reserva, nos termos da lei;  serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para a
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar prestação de outros serviços para o Estado, assim como os
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo- eclesiásticos.
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea Direito à segurança pública
‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Fe-
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por an- deral, a saber, o aspecto de direito e garantia individual e
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para coletivo, por estar prevista no caput, do artigo 5º, da Cons-
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo de- tituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da
pois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transfe- igualdade, e da propriedade), bem como o aspecto de di-
rido para a reserva, nos termos da lei;  reito social, por estar prevista no artigo 6º, da Constituição

108
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Federal. A segurança do caput, do artigo 5º, CF, todavia, se Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po-
refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do artigo 6º, lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos
CF, se refere à “segurança pública”, a qual encontra discipli- de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
namento no artigo 144, da Constituição da República. lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua
que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de
do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública, bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército,
antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta- subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Gover-
do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes nadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”.
de tudo como um dever do Estado, e só depois como um Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os membros das
direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta- Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, institui-
tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar ções organizadas com base na hierarquia e disciplina, são
a justiça por próprias mãos. militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó-
Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fede- rios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
ral, se afirma que “a segurança pública, dever do Estado, Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre- as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142,
servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as
e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o próprio artigo matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
144, CF em seus incisos, os órgãos responsáveis pela ga- oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos
rantia da segurança pública, compondo sua estrutura, são: pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e
polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bom- respectivo ente estatal.
beiros militares.
Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o
destes órgãos que devem garantir a segurança pública, funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pú-
com suas respectivas competências: blica, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
como órgão permanente, organizado e mantido pela União guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
e estruturado em carreira, destina-se a: serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
I - apurar infrações penais contra a ordem política e so-
cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po-
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as- liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão fixada na forma do § 4º do art. 39. 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei; Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da soas e do seu patrimônio nas vias públicas: 
ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
áreas de competência; de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá- assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficien-
ria e de fronteiras; te; e 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju- II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
diciária da União. e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades exe-
cutivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira,
Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão na forma da lei.
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais.

Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, ór-


gão permanente, organizado e mantido pela União e estru-
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha-
mento ostensivo das ferrovias federais. 

Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de-


legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com-
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
ração de infrações penais, exceto as militares.

109
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÍCIOS (A) são objetivos fundamentais da república federati-


va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de zir as desigualdades sociais e regionais.
Constituição, assinale a alternativa CORRETA. (B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados não são fundamentos da república federativa do brasil.
soberanos. (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e alguma coisa senão em virtude de lei.
deveres de um povo. (D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve-
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que dado o anonimato.
contém normas referentes à estruturação, à formação dos (E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cida- um dos objetivos fundamentais da república federativa do
dãos. Brasil.
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os di-
reitos e deveres de um povo nas suas relações. 6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons-
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin-
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de
de classificação das Constituições, uma delas é quanto à todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde-
origem. namento constitucional brasileiro. São regras que contêm
Em relação às características de uma Constituição os mais importantes valores que informam a elaboração da
quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA. Constituição da República Federativa do Brasil.
(A) Dogmáticas ou históricas. Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e
(B) Materiais ou formais. assinale a alternativa correta.
(C) Analíticas ou sintéticas. I - Nas relações internacionais, a República brasileira
(D) Promulgadas ou outorgadas. rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode-
terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia Estados, concessão de asilo político.
da Constituição da República, assinale a alternativa COR- II - Os princípios não são dotados de normatividade,
RETA. ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
(A) A supremacia está no fato de o controle da cons-
jurídicas efetivas.
titucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tri-
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans-
bunal Federal.
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submis-
sistema de comandos.
são das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica
instituído.
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie-
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro-
constituição não depender da observância dos princípios
priedade privada.
que a norteiam.
V - A diferença de salários, de critério de admissão por
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos
fundamentos da constituição se resumam na declaração de
soberania. trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda-
de do caput do art. 5º da Constituição Federal.
4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre (A) Apenas I, II, III estão corretas.
os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Cons- (B) Apenas II e IV estão corretas.
tituição, existe um que realiza a distinção entre Constituição (C) Apenas III e V estão corretas.
e lei constitucional. Assinale a alternativa que o contempla. (D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
(A) Sentido político (E) Todas as afirmações estão corretas.
(B) Sentido sociológico.
(C) Sentido jurídico. 7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro-
(D) Sentido culturalista. pósito dos princípios fundamentais da República Federati-
(E) Sentido simbólico. va do Brasil, reconhece-se que:
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob-
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- jetivos.
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel (B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se contrapõe ao valor social do trabalho.
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). (C) a dignidade é também do nascituro, o que desau-
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan-
ceto: do decorrente de estupro.

110
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) a promoção do bem de todos, sem preconceito V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
discriminação, é um de seus objetivos. garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen- suas liturgias.
tes e harmônicos entre si, são poderes da união. (A) Apenas I, II e III estão corretas.
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
(C) Apenas III e V estão corretas.
8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
(D) Apenas IV e V estão corretas.
FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
(E) Todas as questões estão corretas.
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988,
é INCORRETO afirmar que: 10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda- remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores
o pluralismo político. essenciais e indisponíveis do ser humano.
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje- Assim, é correto afirmar, exceto:
tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e (A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo-
solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro-
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon- (B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
formas de discriminação. em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica- de poder.
mente por meio de representantes eleitos. (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
(D) entre outros, são princípios adotados pela Repú- recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis-
direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
ciplinares militares.
(E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção (E) O habeas corpus será preventivo quando alguém
e a defesa da paz são princípios regedores das relações se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quan-
internacionais da República Federativa do Brasil. do for concreta a lesão.

9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in- em relação aos outros remédios constitucionais analise as
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan- questões a seguir e assinale a alternativa correta.
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, I - O habeas data assegura o conhecimento de infor-
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di- registros ou banco de dados de entidades governamentais
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, ou de caráter público.
2009,13ª. ed., p. 671). II - Será concedido habeas data para a retificação de
Com base na afirmação acima, analise as questões a dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
seguir e assinale a alternativa correta. judicial ou administrativo.
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di-
tração direta e indireta do Estado.
reitos.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
exemplificativo. V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos pela falta de complementação de uma lei.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais (A) Todas as afirmações estão corretas.
em que o Brasil seja parte. (B) Apenas I, II e III estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza- (D) Apenas II, III e V estão corretas.
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola- (E) Apenas IV e V estão corretas.
ção.

111
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de- 16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
vido processo legal estabelecido como direito do cidadão MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po-
na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi- dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO
víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito (A) em caso de desastre.
de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade (B) em caso de flagrante delito.
de condições com o Estado para defender-se. (C) para prestar socorro.
Com base na afirmação acima, analise as questões a (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
seguir e assinale a alternativa correta.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão 17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador
pela autoridade competente. - FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen-
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse que é:
social o exigirem. (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo-
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por mentado o anonimato;
meios ilícitos. (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma-
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
terial, moral ou à imagem;
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res-
fiança.
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do profissional;
depositário infiel. (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
(A) Apenas I, II e IV estão corretas. científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen-
(B) Apenas I, III e V estão corretas. sura ou licença;
(C) Apenas III e IV estão corretas. (E) direito de todos receber dos órgãos públicos in-
(D) Apenas IV e V estão corretas. formações de seu interesse particular, sendo vedada a ale-
(E) Todas as questões estão corretas. gação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da so-
ciedade e do Estado.
13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
MARC/2014) Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que 18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária -
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004,
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
for conhecido. manos:
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a
(D) retroage, se ainda não houver processo penal ins- sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação,
taurado. na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo;
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons-
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo
MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci- Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com
das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que o voto favorável de dois terços dos respectivos membros;
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa. (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
imprescritível. nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- de três quintos dos respectivos membros;
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
tância.
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de
com observância do processo legislativo ordinário;
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- ordem jurídica interna.
MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no
artigo 5º da Constituição Federal: 19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi-
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
prio. dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interpos-
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- to. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que
do pela lei de execução penal. foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro.
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao Após a publicação da referida lei, a Administração Pública
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- federal notificou Pedro para devolver os valores recebidos,
ta. comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos fu-
turos, em decorrência da norma em foco.

112
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção (D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
correta mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi-
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o
sobre direitos indisponíveis de Pedro direito à saúde e à educação básica.
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul- (E) defende a integridade e a intangibilidade dos di-
gada formada em favor de Pedro. reitos fundamentais, independentemente das possibilida-
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido des financeiras e orçamentárias do estado.
de Pedro diante de nova legislação.
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico 22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador -
perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden- FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada
tes. em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e
20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju- os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de
rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun- suas disposições, a Emenda
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento
O pleito de João a do normal e à proteção do mercado de trabalho da mu-
(A) não encontra previsão expressa como direito fun- lher, mediante incentivos específicos.
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser (A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou relação aos trabalhadores urbanos e rurais.
ameaça a direito (B) não determinou a extensão ao trabalhador do-
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos as- méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face
segurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de pe- da automação e à proteção do mercado de trabalho da
tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra mulher, mediante incentivos específicos.
ilegalidade ou abuso de poder (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
que a obtenção de certidões em repartições públicas será ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de xidade do trabalho.
direitos ou para esclarecimento de situações de interesse (D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
pessoal. méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu por cento a do normal e ao piso salarial proporcional à
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que extensão e à complexidade do trabalho.
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
segurança da sociedade e do Estado. Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais,
(E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res- à organização político-administrativa, à administração pú-
pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no blica e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá- A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
vel duração do processo e os meios que garantam a celeri- determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
dade de sua tramitação. essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria Certo ( )
da reserva do possível Errado ( )
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. 24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do alternativa correta.
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
implementação de políticas públicas, quando caracterizada seguintes é exaustivo.
hipótese de omissão governamental. (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
(C) considera que as políticas públicas são reservadas balhador sob qualquer hipótese.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
concreto. que o salário normal.

113
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e 29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna-
do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é tiva correta a respeito dos partidos políticos.
determinada pela CLT. (A) É vedado a eles o recebimento de recursos finan-
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do ceiros por parte de empresas transnacionais.
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs- (B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propagan-
to, mas é determinado pela CLT. da no rádio e na televisão, exceto aqueles que não pos-
suam representação no Congresso Nacional.
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - (C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei- nacional.
ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come- (D) Os partidos devem, após cada campanha, apre-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas
no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe- para aprovação.
nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça (E) Em razão de sua importante função institucional,
Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito
de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
público.
sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
pela Constituição federal, Pietro
30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come- ganização político-administrativa da República Federativa
tido antes da sua naturalização. do Brasil.
(C) poderá ser extraditado. O poder constituinte dos estados, dada a sua condição
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri- de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Certo ( )
gas afim. Errado ( )
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
denatória transitou em julgado após a naturalização. 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É ganização político-administrativa da República Federativa
privativo de brasileiro nato o cargo de do Brasil.
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. A despeito de serem entes federativos, os territórios
(B) Senador. federais carecem de autonomia.
(C) Juiz de Direito. Certo ( )
(D) Delegado de Polícia. Errado ( )
(E) Deputado Federal.
32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) 23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
No caso de condenação criminal transitada em julgado, ternativa INCORRETA:
enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di- (A) A administração pública direta e indireta de qual-
reitos políticos: quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
(A) mantidos. e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
(B) cassados. moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
(C) perdidos.
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li-
(D) suspensos.
vre associação sindical.
(C) A administração fazendária e seus servidores fis-
28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
concerne às condições de elegibilidade para o cargo de
prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta. ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias na forma da lei.
antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
de prefeito. públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida- do, pois, sociedades de economia mista.
tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
candidatar-se ao cargo de prefeito. comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. assessoramento.

114
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
ministração pública pode ser definida objetivamente como (A) I, II e III.
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve (B) I, apenas.
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen- (C) I e II, apenas.
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos (D) I e III, apenas.
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do (E) II e III, apenas.
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) 36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale
Com base no que determina a Constituição Federal a a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: tituição Federal.
(A) A investidura em cargo ou emprego público de- (A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
pende de aprovação prévia em concurso público de pro- fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun-
cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. damental e médio.
(B) A Administração pública direta e indireta obede- (B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati-
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su-
dade, publicidade e eficiência. jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as
(C) O prazo de validade do concurso público será de pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa-
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. rar os danos causados ao meio ambiente.
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re- (C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
munerada de cargos públicos. destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, nelas existentes.
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas (D) É vedado às universidades e às instituições de pes-
ações de ressarcimento. quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos
e cientistas estrangeiros.
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
relação à competência privativa da União para legislar, é 37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer-
INCORRETO afirmar que compete privativamente à União ca da organização do Estado, em consonância com a Cons-
legislar sobre tituição Federal, assinale a alternativa correta.
(A) registros públicos. (A) É competência comum da União, dos estados, do
(B) comércio exterior e interestadual. Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de
(C) organização do sistema nacional de emprego e acesso à cultura, à educação e à ciência.
condições para o exercício de profissões. (B) É competência exclusiva da União proteger os do-
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artísti-
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. co e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notá-
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu- veis e os sítios arqueológicos.
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do (C) É competência exclusiva dos estados impedir a
meio ambiente e controle da poluição. evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- (D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti-
blica, analise as afirmativas. co e paisagístico.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e (E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos bre educação, cultura, ensino e desporto.
pelo Poder Executivo.
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- 38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
gos, funções e empregos públicos da administração direta, FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos públicos civis da Administração direta
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos (A) deve ser considerado inconstitucional, até que
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- seja editada a lei definidora dos termos e limites em que
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou prestação dos serviços públicos.
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- vidores públicos em estágio probatório.
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de cessitando de regulamentação, nem de integração norma-
pessoal do serviço público. tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido.

115
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a 42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci-
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em dadão do município W, onde está localizado o distrito de B.
geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú- Após consultas informais, José verifica o desejo da popula-
blicos enquanto não for promulgada lei específica para o ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação
exercício desse direito. ao município de origem.
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole- De acordo com as normas constitucionais federais,
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos dentre outros requisitos para legitimar a criação de um
servidores públicos. novo Município, são indispensáveis:
(A) lei estadual e referendo.
39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (B) lei municipal e plebiscito.
FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis- (C) lei municipal e referendo.
ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro- (D) lei estadual e plebiscito.
garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o 43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014)
argumento de que o Município não teria competência para Assinale a afirmativa INCORRETA:
legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede- (A) O federalismo por agregação surge quando Esta-
ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a formar um ente único.
pretensão do sindicato (B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição
(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez dos Estados federados à União.
que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen- (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta-
to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua lecimento do poder central decorrente da predominância
competência para legislar sobre assuntos de interesse local. de atribuições conferidas à União.
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez (D) No federalismo atípico, constata-se a existência de
que, apesar da matéria se inserir na competência residual três esferas de competências: União, Estados e Municípios.
dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
estadual para atender as suas peculiaridades locais.
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi-
(C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder
a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
Judiciário, assinale a alternativa correta.
poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
(A) As decisões administrativas dos tribunais serão
(D) encontra fundamento constitucional, uma vez
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to-
que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em
poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
sessão secreta.
culiaridades.
(B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão de-
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
a matéria insere-se na competência residual dos Estados legação para a prática de atos de administração e atos de
para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve- mero expediente, limitados às decisões de caráter interlo-
dadas pela Constituição. cutório.
(C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados
40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) será composto de advogados de notório saber jurídico e
Compete privativamente à União legislar sobre de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
(A) produção e consumo. vidade profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos
(B) assistência jurídica e defensoria pública. de representação das respectivas classes.
(C) trânsito e transporte. (D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco
mico e urbanístico. anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exo-
(E) educação, cultura, ensino e desporto. neração.
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas,
41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) havendo interesse público, poderá ser removido, por deci-
Os atos de improbidade administrativa importarão, nos são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Con-
termos da Constituição Federal, dentre outros, selho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
(B) a indisponibilidade dos bens. 45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(C) a impossibilidade de deixar o país. 23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA:
(D) a suspensão dos direitos civis. (A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- e julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro
cial. ou organismo internacional e a União, Estados, Distrito Fe-
deral ou Município.

116
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em 48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man- rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais
dado de segurança e mandado de injunção decididos, em da justiça, analise.
instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória I. Constituem garantias do Ministério Público: vitali-
a decisão. ciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o
(C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em cargo senão por sentença judicial transitada em julgado,
grau de recurso especial, os conflitos de competência entre e inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi-
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I, co, mediante decisão do órgão colegiado competente do
“o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados, Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
e entre juízes vinculados a tribunais diversos. membros, assegurada ampla defesa. Constituem vedações
(D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar do Ministério Público: participar de sociedade comercial,
e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer-
autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função
autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de pública, sem exceções.
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União. II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, di-
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em retamente ou por meio de órgão vinculado, representa a
recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Su-
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos ter-
perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
mos da lei complementar que dispuser sobre sua organiza-
ção e funcionamento, as atividades de consultoria e asses-
46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
soramento jurídico do Poder Executivo e a representação
23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
RETO afirmar: da União na execução da dívida ativa de natureza tributária.
(A) A aferição do merecimento, para fins de promo- III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
ção, ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios ob- organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
jetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdi- concurso público de provas e títulos, com a participação
ção e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais facultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a
ou reconhecidos de aperfeiçoamento. representação judicial e a consultoria jurídica das respecti-
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamen- vas unidades federadas.
te, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho (A) I, II e III.
ou decisão. (B) II, apenas.
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente (C) I e II, apenas.
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado (D) I e III, apenas.
de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme (E) II e III, apenas.
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-
tindo-se a votação até fixar-se a indicação. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaqui-
(D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo na impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça
autorização do Tribunal. do local em que reside por ter direito líquido e certo que
(E) A distribuição de processos será imediata em to- foi violado por abuso de autoridade da autoridade coatora
dos os graus de jurisdição. envolvida na situação. Considere que, nessa hipótese, a au-
toridade coatora era o Governador do Estado, que possuía
47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT foro por prerrogativa de função e que, por essa razão, a
23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale competência para julgamento do writ era mesmo do Tri-
a alternativa INCORRETA: bunal de Justiça local. Considere, ainda, que a impetração
(A) é vedada a edição de medida provisória sobre ma- ocorreu tempestivamente, e que todos os requisitos de ad-
téria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo con-
missibilidade foram observados. Entretanto, mesmo com a
gresso nacional e pendente de sanção ou veto presidencial.
observância de todos os requisitos formais, meritoriamen-
(B) as decisões administrativas dos tribunais serão
te, foi denegatória a decisão do mandado de segurança
motivadas e em sessão pública.
impetrado por Joaquina.”
(C) as decisões administrativas de natureza disciplinar
serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do Tendo em vista todos os aspectos apresentados no
tribunal. caso anterior, assinale a opção que indica, acertadamente,
(D) o número de juízes na unidade jurisdicional será o recurso a ser interposto por Joaquina.
proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva (A) Recurso especial para o STJ.
população. (B) Recurso ordinário para o STJ.
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são (C) Embargos infringentes para o STJ.
garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto (D) Agravo de instrumento para o STJ.
que comportem exceções, ditadas em lei. (E) Recurso extraordinário para o STF.

117
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumpri-
acordo com o texto constitucional, lei complementar, de mento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras
iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o atribuições constantes no Estatuto da Magistratura e ou-
Estatuto da Magistratura, observados, entre outros, os se- tras que a própria Constituição lhe atribui. Com base no
guintes princípios: disposto na Constituição da República, constitui uma atri-
(A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e buição do Conselho Nacional de Justiça:
aposentadoria do magistrado, por interesse público, fun- (A) determinar a aposentadoria de juiz federal com
dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res- subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço,
pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, asse- assegurada a ampla defesa.
gurada ampla defesa. (B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente
(B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe- a tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido.
derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e (C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
Territórios será composto de membros, do Ministério Pú- competência, que só terão eficácia depois de sancionados
blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados pelo presidente da república.
de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais (D) rever unicamente, mediante provocação, os pro-
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais jul-
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respecti- gados há menos de um ano.
vas classes. (E) declarar, observando a reserva de plenário, a in-
(C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi- constitucionalidade das leis que envolvam conflitos de
ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, massa.
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, 54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Con-
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do selho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta.
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudi- (A) Possui como função a fiscalização do Poder Judi-
que o interesse da Administração Pública. ciário e, eminentemente, função jurisdicional.
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco (B) Tem competência para julgar magistrados por cri-
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o me de autoridade
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, (C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicio-
administrativos praticados por membros do Poder Judiciá-
nais delegadas da competência do tribunal pleno, proven-
rio.
do-se metade das vagas por antiguidade, e a outra metade
(D) Não possui competência para rever processos
por merecimento.
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há
menos de um ano.
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
(E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão conces-
M. T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de
siva de mandado de segurança.
crime político. Contra a referida sentença condenatória é
cabível:
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Jus- 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
tiça. 3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú-
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. blico é incorreto afirmar:
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. (A) Defender judicialmente os direitos e interesses
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de das populações indígenas, inclusive através de Promotor
Justiça. de Justiça ad hoc.
(B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) forma da lei.
O processo e julgamento da execução de carta rogatória, (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública,
após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homo- para a proteção do patrimônio público e social, do meio
logação, é de competência: ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
(A) dos Tribunais Regionais Federais. (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
(B) dos juízes federais. trativos de sua competência, requisitando informações e
(C) do Supremo Tribunal Federal. documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
(D) do Superior Tribunal de Justiça. respectiva.
(E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - forma da lei complementar.
FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi-
cionou o art. 103-B na Constituição da República, crian- 56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
do o Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
membros do Judiciário, do Ministério Público, advogados ciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os
e cidadãos, com o intuito mor de supervisionar a atuação seguintes itens.

118
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A CF garante autonomia funcional e administrativa à (C) O dispositivo constitucional que assegura a gra-
defensoria pública estadual e ao Ministério Público. tuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de
Certo ( ) sessenta e cinco anos não configura norma de eficácia ple-
Errado ( ) na e aplicabilidade imediata, pois demanda uma lei inte-
grativa infraconstitucional para produzir efeitos.
57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis- (D) A norma constitucional de eficácia contida é aque-
tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à la que, embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode
justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF. ter sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucio-
(A) De acordo com a CF, a representação judicial dos nal, como ocorre com o artigo da CF que confere aos es-
Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclu- tados a competência para a instituição de regiões metro-
sivamente aos procuradores organizados em carreira, de- politanas.
pendendo o ingresso nessa carreira de aprovação em con- (E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico
curso público de provas e títulos. clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei
(B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de her-
Federal e da União possuem autonomia funcional e admi- menêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa,
nistrativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas pro- mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais
postas orçamentárias na forma estabelecida na CF. como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico.
(C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
União na execução de sua dívida ativa de natureza tribu- 60. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) No to-
tária. cante à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucio-
(D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções nais, as
institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro- (A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais
mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na são programáticas, dependendo sempre de regulamenta-
forma da lei. ção infraconstitucional.
(E) À imunidade profissional do advogado não se po- (B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabili-
dem aplicar restrições de qualquer natureza. dade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos
restritos e limitados infraconstitucionalmente quando de
58. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto - sua promulgação.
CESPE/2014) Acerca da interpretação das normas consti- (C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata
tucionais, assinale a opção correta. e diferida, mas sem vinculação com as normas infracons-
(A) Em razão do caráter aberto e indeterminado de titucionais subsequentes, ou seja, sem relevância jurídica
muitas de suas normas, a CF admite o fenômeno da cons- interpretativa e integrativa.
trução jurídica, sem que isso configure necessariamente (D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata
usurpação de poder constituinte. e integral são aquelas normas que, no momento em que a
(B) Lacunas constitucionais devem ser preenchidas constituição entra em vigor, já estão aptas a produzir todos
por meio dos processos formais de mudança constitucio- os seus efeitos, independentemente de norma integrativa
nal, não se admitindo a via interpretativa como mecanismo infraconstitucional.
de solução dessas deficiências. (E) declaratórias de princípios programáticos veicu-
(C) A existência de métodos específicos de interpre- lam programas a serem implementados pelos cidadãos,
tação constitucional exclui a incidência dos métodos tra- sem interferência estatal, visando à realização de fins so-
dicionais. ciais e culturais.
(D) A normatividade constitucional não é compatível
com as chamadas normas implícitas. 61. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(E) Interpretação extensiva e analogia são procedi- 23ªR/2014) Sobre o processo legislativo, aponte a alter-
mentos estranhos ao direito constitucional. nativa CORRETA:
(A) A Constituição Federal poderá ser emendada me-
59. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) No que se refere à diante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da
aplicabilidade e à interpretação das normas constitucio- Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do Presi-
nais, assinale a opção correta. dente da República ou de Mais da metade das Assembleias
(A) Conforme o método de interpretação denomina- Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se
do científico-espiritual, a análise da norma constitucional cada uma delas pela maioria absoluta de seus membros.
deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair (B) A matéria constante de proposta de emenda
seu sentido sem que se leve em consideração a realidade constitucional rejeitada ou havida por prejudicada somen-
social. te poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão
(B) As denominadas normas constitucionais de eficá- legislativa por deliberação de, no mínimo, dois terços dos
cia plena não necessitam de providência ulterior para sua membros de uma das Casas Legislativas.
aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que (C) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú-
prevê o acesso a cargos, empregos e funções públicas a blica leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças
brasileiros e estrangeiros. Armadas.

119
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) A discussão e votação dos projetos de lei de ini- (A) absoluta do Senado Federal.
ciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal (B) absoluta do Congresso Nacional.
Federal e dos Tribunais superiores terão início no Senado (C) simples do Senado Federal.
Federal. (D) simples do Congresso Nacional.
(E) As leis complementares serão aprovadas por (E) absoluta do Supremo Tribunal Federal.
maioria simples.
65. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
62. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No to- FGV/2014) Os membros da Comissão Parlamentar de In-
cante às normas constitucionais referentes ao processo le- quérito do Sistema Carcerário constataram a presença de
gislativo, assinale a alternativa correta. mulheres detidas em cadeia pública masculina em uma
(A) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú- unidade federativa brasileira. As detentas reclamavam da
blica, entre outras, as leis que disponham sobre organiza- infraestrutura precária e confirmaram denúncias de que
ção do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, uma menina de 16 anos ficou detida na mesma unidade
bem como normas gerais para a organização do Ministério prisional estatal por 12 dias. Diante de tais circunstâncias
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito político-administrativas, havendo a intervenção federal
Federal e dos Territórios.
para assegurar a garantia dos direitos da pessoa humana,
(B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre
ela deverá ser decretada pelo Presidente da República:
outras, sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito civil,
(A) espontaneamente, sem necessidade de controle
direito penal, direito processual penal, direito processual ci-
político do Congresso Nacional.
vil e organização do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
(B) após requisição do Superior Tribunal de Justiça.
co, a carreira e a garantia de seus membros.
(C) Se a medida provisória não for apreciada em até (C) após prévia autorização do Congresso Nacional.
cento e vinte dias contados de sua publicação, entrará em (D) após provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,
regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das de representação do Procurador-Geral da República.
Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que (E) após anuência do Judiciário, a se fazer por decisão
se ultime a votação, todas as demais deliberações legislati- de seu Órgão Especial, com chancela final do Legislativo
vas da Casa em que estiver tramitando. do Estado.
(D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será re-
visto pela outra, em um só turno de discussão e votação, 66. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014)
e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o Ao analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro
aprovar, ou, se o projeto for emendado ou rejeitado, voltará no âmbito do processo legislativo, Manoel Gonçalves Fer-
à Casa iniciadora. reira Filho apresenta a seguinte lição: “as Câmaras no pro-
cesso legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade”
63. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - (cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 39.
FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe- ed., 2013). Alude, assim, o autor ao caráter assimétrico, im-
deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con- perfeito ou desigual que informa a atuação das Casas do
tas da União Congresso Nacional nos processos de
(A) julgar as contas as contas dos administradores e (A) apreciação dos vetos presidenciais e de elabora-
demais responsáveis por recursos públicos. ção das leis ordinárias e complementares.
(B) julgar as contas do presidente da república. (B) conversão de medida provisória em lei e de elabo-
(C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug- ração das leis ordinárias e complementares.
nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado (C) revisão constitucional e de elaboração das leis or-
federal. dinárias e complementares.
(D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida- (D) conversão de medida provisória em lei e de elabo-
de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
ração das emendas constitucionais.
administração direta.
(E) elaboração das emendas constitucionais e de
(E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
aprovação de tratados e convenções internacionais sobre
nacionais de cujo capital social a união participe, de forma
direitos humanos com estatura equivalente às emendas
direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo.
constitucionais.
64. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício, 67. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segun-
Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indi- do a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi-
cado pelo Tribunal Superior do Trabalho para compor este vo”, compete ao Presidente da República, exceto:
Tribunal Superior e ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, apo- (A) Manter relações com Estados estrangeiros e acre-
sentado neste ano de 2014”. Antes de ser nomeado pelo ditar seus representantes diplomáticos.
Presidente da República o nome do Magistrado Tício deve- (B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência,
rá ser aprovado pela maioria se necessário, dos órgãos instituídos em lei.

120
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei 71. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Con-
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre- soante o art. 144 da Constituição Federal, “a segurança pú-
mo Tribunal Federal blica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,
(D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e é exercida para a preservação da ordem pública e da inco-
funcionamento da administração federal, quando não im- lumidade das pessoas e do patrimônio”.
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór- Nesse sentido, todas as alternativas estão corretas, ex-
gãos públicos. ceto a:
(A) Entre as funções da polícia federal, instituída por
68. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) lei como órgão permanente, está a de exercer, com exclusi-
Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder vidade, as funções de polícia judiciária da União.
Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República (B) Os Municípios poderão constituir guardas munici-
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se pais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instala-
do país, sob pena de perda do cargo, por até:
ções, conforme dispuser a lei.
(A) 15 dias.
(C) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
(B) 30 dias.
(C) 45 dias. de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União,
(D) 60 dias. as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, inclusive as militares.
69. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Con- (D) A segurança pública é exercida através da polícia
siderando o que estabelecem as normas constitucionais federal, da polícia rodoviária federal, polícia ferroviária fe-
sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA. deral, polícias civis, polícias militares e corpos de bombei-
(A) A perda do cargo é a consequência inafastável ros militares.
para o Prefeito que assumir outro cargo ou função na Ad- (E) Aos corpos de bombeiros militares, além das atri-
ministração Pública, seja direta ou indireta. buições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
(B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Pre- de defesa civil.
sidente da República, verificada nos últimos dois anos do
mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso 72. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
Nacional, para ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta Nos termos da Constituição Federal, os Municípios pode-
dias depois da última vaga. rão constituir guardas municipais destinadas
(C) Do Conselho da República participam, também, (A) à execução de atividades de defesa civil.
seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos (B) ao patrulhamento ostensivo das vias públicas mu-
de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos
nicipais.
com mandato de quatro anos, admitida uma única recon-
(C) às funções de polícia judiciária e à apuração de
dução.
(D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo infrações penais.
de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República, (D) à proteção de seus bens, serviços e instalações.
são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; es- (E) ao policiamento ostensivo e à preservação da or-
tar no exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato. dem pública.
(E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da
República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a di- 73. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP/2014)
reção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a Exercer as funções de polícia marítima e aeroportuária,
necessária autorização prévia do Senado Federal. conforme dispõe o texto constitucional, é uma função da:
(A) Polícia Federal.
70. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine (B) Polícia Civil.
a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente, (C) Guarda Nacional.
vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após (D) Polícia Militar.
a conclusão do terceiro ano de mandato. (E) Guarda Municipal.
A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa
correta. 74. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Procurador Munici-
(A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e pal - FCC/2014) Dentre as medidas passíveis de adoção na
completa o mandato.
vigência do estado de sítio decretado em caso de comoção
(B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o
grave de repercussão nacional, NÃO se inclui a possibili-
cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias
depois de abertas as vagas. dade de
(C) O Presidente do Congresso Nacional assume o (A) restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
cargo e completa o mandato. dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de infor-
(D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume mações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão.
o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias (B) restrição relativa à difusão de pronunciamentos de
após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na parlamentares, efetuados em suas casas legislativas, ainda
forma da lei. que tenha sido liberada pela mesa respectiva.

121
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) busca e apreensão em domicílio. (A) Com base na previsão constitucional dos referidos
(D) detenção em edifício não destinado a acusados ou institutos, assinale a opção correta.
condenados por crimes comuns. (B) O estado de defesa e o estado de sítio podem ser
(E) suspensão da liberdade de reunião. decretados pelo Presidente da República, bastando a oitiva
prévia do Conselho da República, do Conselho de Defesa
75. (TJ/PA - Juiz de Direito Substituto - VU- Nacional e do Procurador-Geral da República.
NESP/2014) Segundo o que estabelece o texto constitu- (C) No estado de defesa, a oitiva do Congresso Nacio-
cional em relação às forças armadas, é correto afirmar que nal é posterior à sua decretação. Por sua vez, no estado de
(A) o oficial condenado na justiça comum ou militar a sítio, o Congresso Nacional deve ser ouvido previamente à
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sen- decretação.
(D) Poderá o Presidente da República, à luz da
tença transitada em julgado, será submetido a julgamento
CRFB/88, decretar estado de defesa em resposta a agres-
por Tribunal Militar e só perderá o posto e a patente se for
são armada de país vizinho.
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível. (E) Em sendo hipótese de estado de sítio, o Congres-
(B) o oficial condenado na justiça comum ou militar so Nacional deverá ser fechado até o término das medidas
a pena privativa de liberdade superior a um ano, por sen- coercitivas, para sua salvaguarda.
tença transitada em julgado, será submetido a julgamento
por Tribunal Militar e só perderá o posto e a patente se for 78. (PC/SP - Oficial Administrativo - VUNESP/2014)
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível. Nos moldes da Constituição Federal, ressalvada a compe-
(C) a sindicalização é direito do militar, sendo vedada tência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
a greve. ração de infrações penais, exceto as militares, incumbem:
(D) o militar, mesmo em serviço ativo, pode estar fi- (A) ao Ministério Público.
liado a partidos políticos, exceto os Comandantes da Mari- (B) à Polícia Federal
nha, Exército e Aeronáutica. (C) ao Poder Judiciário.
(E) o oficial condenado na justiça comum, por sen- (D) às Procuradorias Estaduais.
tença transitada em julgado, perderá automaticamente o (E) às Polícias Civis.
posto e a patente.
79. (PC/SP - Oficial Administrativo - VUNESP/2014)
Segundo estabelece o texto constitucional, as polícias mi-
litares e os corpos de bombeiros militares dos Estados su-
76. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Tra-
bordinam-se.
tando-se da organização constitucional da segurança pú-
(A) ao Presidente da República.
blica, é CORRETO afirmar que (B) aos Juízes.
(A) as funções de polícia judiciária da União são exer- (C) aos Governadores.
cidas pela polícia federal, pela polícia rodoviária federal, e (D) aos Prefeitos.
pela polícia ferroviária federal. (E) aos Promotores de Justiça.
(B) às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, 80. (PC/SC - Delegado de Polícia - ACAFE/2014) A
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações segurança pública, dever do Estado, direito e responsabi-
penais, inclusive as militares. lidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
(C) a polícia militar, o corpo de bombeiro militar, bem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
como com a polícia civil do Distrito Federal estão subordi- Nesse sentido é correto afirmar, exceto:
nadas à União, sob a direção do Presidente da República. (A) Aos corpos de bombeiros militares cabem as atri-
(D) os municípios poderão constituir guardas munici- buições definidas em lei, salvo a execução de atividades de
pais destinadas à proteção dos seus bens, serviços e insta- defesa civil.
lações, não lhes cabendo o exercício de funções de polícia (B) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
judiciária. de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União,
(E) a coordenação das atividades de segurança públi- as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares.
ca é atribuição do Conselho de Segurança Militar, órgão de
(C) A polícia federal, instituída por lei como órgão
assessoramento do Presidente da República.
permanente, organizado e mantido pela União e estrutu-
rado em carreira, destina-se, dentre outras atribuições pre-
vistas constitucionalmente, a exercer as funções de polícia
77. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XIV - Pri- marítima, aeroportuária e de fronteiras.
meira Fase - FGV/2014) O estado de defesa e o estado de (D) As polícias militares e corpos de bombeiros mili-
sítio são tidos como legalidades extraordinárias, verdadei- tares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-
ras excepcionalidades que possibilitam inclusive a suspen- se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos
são de determinas garantias constitucionais. As hipóteses Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
de incidência e o procedimento são exaustivamente trata- (E) Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
dos pela CRFB/88. preservação da ordem pública.

122
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

RESPOSTAS descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre-
1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da
um documento escrito que fica no ápice do ordenamen- igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido
to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo,
organização do Estado, mas tem um significado intrínseco apenas o item “II” está incorreto.
sociológico, político, cultural e econômico. Independente
do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es- 7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios
tado e a limitação de seu poder. fundamentais (fundamentos) da República Federativa do
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da
2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da
pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada, se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no
sendo também conhecida como democrática ou popular. inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre
3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que
atos normativos que compõem o denominado bloco de “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre
constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio- si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a
nais e tratados internacionais de direitos humanos apro- alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo
vados com quórum especial após a Emenda Constitucional da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º,
nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim
assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es- com os objetivos.
trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei- 8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo-
tam a controle de constitucionalidade. dalidade semidireta, porque possibilita a participação po-
pular direta no poder por intermédio de processos como
4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são
de Constituição não está na Constituição em si, mas nas hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi-
decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen- reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do
do assim, o conceito de Constituição será estruturado por sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va-
fatores como o regime de governo e a forma de Estado lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer-
vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons- cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).
tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
forme o modelo político à época de sua elaboração. 9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di-
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca- para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas
racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li-
que é a República Federativa brasileira, notadamente: er- berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II”
radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar- está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º
tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição
(artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II, não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que
assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania também demonstra que o item “III” está correto. O item IV
e pluralismo político não são fundamentos da República traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são inviolá-
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma-
um Estado Democrático de Direito. terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam-
bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto, liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po-
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer

123
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus- - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana. rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di-
O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo- minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento,
situra não depende de advogado; o que propõe a ação é notadamente), ela será aplicada.
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), 14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen- çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei
penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque
prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
é aceita a pena de morte para os crimes militares pratica-
relação a punições disciplinares militares”.
dos em tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas
não possuem inviolabilidade domiciliar.
11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce- 15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor- nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conce- noturno superior à do diurno”).
der-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes 16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
de registros ou bancos de dados de entidades governa- põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da- podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen-
do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a
da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da qualquer hora, mas somente durante o dia.
atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
contra uma entidade governamental da administração di- 17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res-
reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
profissional”.
que a demora do legislador em regulamentar uma norma
constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do 18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede- humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con-
ral. gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de
“ninguém será processado nem sentenciado senão pela determinados requisitos para a incorporação.
autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo
artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade 19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei
interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de
será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere
a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando o a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a
item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são segurança jurídica.
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilí-
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio-
citos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a
a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
de alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
tanto esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
CF). salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado”.

124
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus- 26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, §
ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita 3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de
do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu- Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden-
rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado
impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo- Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V
cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
que o Estado não tem condições de arcar com as despesas, VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão. ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente
22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº a Presidência da República.
72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de
votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará- 27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi- ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos condenação criminal transitada em julgado justifica a sus-
trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI 15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - con-
observada a simplificação do cumprimento das obrigações denação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação seus efeitos”.
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos
I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à 28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con-
previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C” dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade
estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons- mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De-
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
emenda. paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a
candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida
23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di- para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por-
reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe- que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF);
tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de “D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele (artigo 14, §8º, I, CF).
defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
senciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal
inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos su-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio-
jeitam os responsáveis às penas da lei”.
nal como preceito que deva necessariamente se observado:
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti-
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais
excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
dos direitos humanos internacionais e das convenções e
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re-
acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça
coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E” lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim, definir sua estrutura interna, organização e funcionamento
“C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação
mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF). entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor-
25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne- mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos
centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena- do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos
foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro. políticos de organização paramilitar”.

125
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín- 35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan- XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas, do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen- XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra cargos, funções e empregos públicos da administração di-
o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição, dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
e não possuem soberania. dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
com a União e não a autonomia enquanto entes federati- outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
distrito Federal e os Municípios. aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna- subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
tiva “A” como de necessária observância na Administração do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes. do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37, cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar- cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
artigo 37, V, CF. Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende- vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
mente, pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de 36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
economia mista não estão excluídas da proibição de acu- go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos
mulação remunerada de cargos, razão pela qual a alterna- índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes
tiva é incorreta. o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la-
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por-
33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi- que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito
gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
princípios da Administração Pública previstos no caput do médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque
artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por-
moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo
artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações 207, §1º, CF).
ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex- 37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência
ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser- descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum
vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre- educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
gos privativos de profissionais de saúde, com profissões competência concorrente entre todos os entes federados
regulamentadas”. (artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos
os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con-
34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E”
comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24. competência concorrente entre União, estados e DF (artigo
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis- 24, IX, CF).
lar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca,
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos re- 38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
cursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
poluição”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
e I competências privativas da União que constam, nesta tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”. Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº

126
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público, incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de
independente da lei complementar, tem o direito público, três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di- artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
reito abrange o servidor público em estágio probatório, II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú-
constitucionalmente garantido. blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade.

39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF, 45. Resposta: “D”. As competências de processamen-
“Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in- to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em
teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto
para legislar sobre temas de seu particularizado interesse ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências
e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas,
necessária a existência de lei delimitando o interesse local pelos seguintes motivos:
do Município apresenta-se apenas como outra possibilida- Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o
de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente
definindo o que seria de interesse do Município, mas em “o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna-
sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono- cional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Territó-
mia para decidir o que seria de seu interesse. rio”, excluindo os Municípios.
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF,
40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar,
da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre- em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de
visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de-
e consumo, a competência é legislativa concorrente entre cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não ex-
como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria traordinário.
Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri- No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF
butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul-
(artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura, gará originariamente “os conflitos de competência entre
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF). quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’,
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e
41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF, entre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que
“os atos de improbidade administrativa importarão a sus- o julgamento é originário, não em sede de recurso especial.
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer ou-
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve tro tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal,
previsão do dispositivo retro. conforme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso
ordinário, e sim originariamente.
42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar-
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe-
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío- rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de
do determinado por Lei Complementar Federal, e depen- atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias
derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula- da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e
ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu- administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados deste e da União”.
na forma da lei”.
46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem
43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte- suas regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF,
rizado por uma rígida separação de competências entre o sendo que todas as alternativas, exceto a “C” estão em
ente central (união) e os entes regionais (estados-mem- compatibilidade com este dispositivo. Neste sentido, o ar-
bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de tigo 93, II, “d”, CF prevê que “na apuração de antiguidade,
submissão e sim de autonomia. o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros,
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defe-
mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão sa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação”. Sendo
pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para assim, não consideram-se apenas os membros presentes,
decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega- mas todos os membros do Tribunal.
ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está

127
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as sentença estrangeira, após a homologação, as causas re-
decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e ferentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo naturalização”. Nota para a pergunta capciosa do examina-
voto da maioria absoluta de seus membros”, logo, o quó- dor, afinal, a competência para conceder o exequatur é do
rum é de maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF).
motivadas e tomadas em sessão pública, afastando-se a
alternativa “C” e confirmando-se a alternativa “B”. A alter- 53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na-
nativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D” cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF:
com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo “§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação adminis-
95, II e III, CF. trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
correto, somente se percebendo o erro ao final, quando da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judi-
afirma que não há exceções para o exercício de outra fun- ciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura,
ção pública porque a própria Constituição prevê uma exce- podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
ção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma atividade de magistério. competência, ou recomendar providências; II - zelar pela
II está incorreta porque a Advocacia Geral da União não re- observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
presenta o Executivo federal na execução de dívida ativa de provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica-
natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da dí- dos por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo
vida ativa de natureza tributária, a representação da União desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ado-
cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado tem as providências necessárias ao exato cumprimento da
o disposto em lei”. III está incorreta porque a participação lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da
da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso de provas União; III - receber e conhecer das reclamações contra
e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132, CF). membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas. seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de
serviços notariais e de registro que atuem por delegação
49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105,
do poder público ou oficializados, sem prejuízo da com-
I, “b”, CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II
petência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo
- julgar, em recurso ordinário: [...] b) os mandados de se-
avocar processos disciplinares em curso e determinar a
gurança decididos em única instância pelos Tribunais Re-
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub-
gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço
Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
e aplicar outras sanções administrativas, assegurada am-
pla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no caso
50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional
de crime contra a administração pública ou de abuso de
está prevista na Constituição Federal com o seguinte teor:
autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, os
“Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e processos disciplinares de juízes e membros de tribunais
Territórios será composto de membros, do Ministério Pú- julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmen-
blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados te relatório estatístico sobre processos e sentenças prola-
de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais tadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em Poder Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec- as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
tivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe- deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tri-
cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de bunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por
seus integrantes para nomeação”. ocasião da abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos
no inciso III do referido dispositivo, um juiz federal, como
51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em funcionário do Poder Judiciário, pode ter sua aposentado-
recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre, ria determinada pelo Conselho Nacional de Justiça com
conforme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tri- subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço,
bunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, tendo preservado seu direito à ampla defesa.
cabendo-lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o
crime político”. 54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II:
“Compete ao Conselho o controle da atuação adminis-
52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF, trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
“aos juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei- outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
ro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de da Magistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade “C” está incorreta porque tal incumbência é da Procurado-
dos atos administrativos praticados por membros ou ria-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, incorreta porque a competência de promover ação civil pú-
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências blica não é privativa do Ministério Público e nem mesmo a
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da de promover a ação penal, já que o constituinte assegura a
competência do Tribunal de Contas da União” (grifo nosso). ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque
logicamente a imunidade profissional do advogado sofre
55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun- restrições.
ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter-
mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- 58. Resposta: “A”. Desde a metade do século XX, o
blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública, discurso do Positivismo não mais se adéqua às exigências
na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes jurídicas; no entanto, o pós-positivismo não promoveu um
Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
simples retorno ao jusnaturalismo, mas uma inclusão no
assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
ordenamento jurídico das ideias de justiça e legitimidade,
necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil
bem como dos princípios como o da dignidade humana,
e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interes- da razoabilidade, da solidariedade e da reserva de justiça.
ses difusos e coletivos; IV - promover a ação de incons- No Brasil, desde o ano de 2001, 13 anos depois da Consti-
titucionalidade ou representação para fins de intervenção tuição Federal de 1988, parece estar se formando um novo
da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Consti- direito constitucional. Neste novo Direito constitucional se
tuição; V - defender judicialmente os direitos e interesses percebe uma onda de ativismo na qual o intérprete assume
das populações indígenas; VI - expedir notificações nos o papel de efetivador da norma, não mais se contentando
procedimentos administrativos de sua competência, re- com a interpretação literal. Quando se vai além no proces-
quisitando informações e documentos para instruí-los, so de interpretação, num fenômeno de construção jurídica,
na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer se está legitimado pela própria ordem constitucional, salvo
o controle externo da atividade policial, na forma da lei se houver evidente abuso da prerrogativa.
complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requi-
sitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 59. Resposta: “E”. O método científico-espiritual vai
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani- além da literalidade da norma, envolvendo a compreen-
festações processuais; IX - exercer outras funções que lhe são da Constituição como uma ordem de valores e como
forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalida- elemento do processo de integração. O artigo 37, I, CF
de, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consul-
não traz norma de aplicabilidade plena. Conforme doutri-
toria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, embora
na constitucionalista o art. 230, §2º, CF trata-se de norma
o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos
de eficácia plena, produzindo ampla e irrestritamente seus
e dos interessas das populações indígenas, não o faz por
promotor ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do efeitos. A regulamentação sobre a competência de institui-
artigo 129, §2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério ção de regiões metropolitanas é norma de eficácia plena,
Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, não contida.
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo Com efeito, somente resta a alternativa “E”, consideran-
autorização do chefe da instituição”. do que o método jurídico ou hermenêutico-clássico parte
da premissa de que a Constituição é uma lei, devendo ser
56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi- interpretada como tal, dispondo o intérprete dos seguintes
nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127, elementos tradicionais ou clássicos da hermenêutica jurídi-
§2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen- ca, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny,
soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF. de 1840: gramatical (ou literal); histórico; sistemático (ou
lógico); teleológico (ou racional); e genético.
57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autono-
mia funcional e administrativa pertencem às Defensorias 60. Resposta: “D”. As normas que definem direitos e
Públicas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º garantias fundamentais são de eficácia imediata, motivo
Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas auto- pelo qual “A” está incorreta. As de eficácia contida também,
nomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua mas podem ter a eficácia restringida por lei, estando “B”
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
incorreta. As normas de eficácia limitada possuem relevân-
na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao dis-
cia jurídica interpretativa e integrativa, motivo pelo qual
posto no art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º
às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal” “C” está errada. E as normas programáticas trazem metas
(grifo nosso). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas a serem atingidas e efetivadas pelo Estado, então “E” está
carreiras iniciais de fato o ingresso se dá por concurso de incorreta. “D”, por seu turno, traz adequada conceituação
provas e títulos, mas o Advogado-Geral da União é de livre das normas de eficácia plena e aplicabilidade direta.
nomeação do Presidente da República (artigo 131, §1º, CF);

129
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

61. Resposta: “C”. O artigo 61, §1º, CF estabelece pro- nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
jetos de leis que somente podem ser propostos pelo Pre- Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inci-
sidente da República, que são de sua iniciativa privativa, so II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
como os que “fixem ou modifiquem os efetivos das For- nacionais de cujo capital social a União participe, de forma
ças Armadas” (inciso I). A alternativa “A” repete o artigo 60, direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI
caput, mas afirma que a maioria dos membros das Assem- - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
bleias Legislativas deve ser absoluta, quando na verdade pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
basta a relativa. Quanto à emenda rejeitada ou havida por instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
prejudicada, conforme o §5º do artigo 61 da CF, “não pode a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
nem mesmo a deliberação de 2/3 dos membros altera isto, qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
razão pela qual “B” está incorreta. “D” está incorreta porque contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
a porta de entrada destes projetos de lei é a Câmara dos nial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
Deputados. “E” resta incorreta porque “as leis complemen- VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
tares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo 69, CF), despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas
não maioria simples. em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo
62. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonân- para que o órgão ou entidade adote as providências neces-
cia com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida-
do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham de; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
sobre: [...] d) organização do Ministério Público e da De- nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e
fensoria Pública da União, bem como normas gerais para a ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública sobre irregularidades ou abusos apurados”.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. A alter-
nativa “B” está errada porque amplia o rol de vedações do 64. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF:
artigo 62, §1º, CF; “C” está errada porque amplia o prazo de “Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - apro-
45 dias do artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está errada var previamente, por voto secreto, após arguição pública, a
porque no caso de rejeição pela Casa revisora há arquiva- escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
mento (artigo 65, caput, CF). Constituição”; sendo que a respeito prevê o artigo 111-A,
CF: “o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte
63. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Con- e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
tas da União estão descritas no artigo 71 da Constituição trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
Federal, sendo a competência descrita na letra “A” prevista pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
logo no inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do absoluta do Senado Federal” (grifo nosso).
Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-
65. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação
bunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar
da intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Su-
as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú-
premo Tribunal Federal, de representação do Procurador-
blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
Geral da República, na hipótese do artigo 34, VII, e no caso
em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar
de recusa à execução de lei federal”. Por seu turno, prevê o
as contas dos administradores e demais responsáveis
referido artigo 34, VII, CF: “VII - assegurar a observância dos
por dinheiros, bens e valores públicos da administra-
seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
ção direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
sistema representativo e regime democrático; b) direitos
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con-
da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação
tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
de contas da administração pública, direta e indireta”. No
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III
caso relatado no enunciado, há evidente desrespeito ao
- apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de princípio da dignidade da pessoa humana.
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti- 66. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis
das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para car- e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con-
go de provimento em comissão, bem como a das conces- gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto
do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT),
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deli-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo- beração tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis

130
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de ra, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensi-
leis complementares, quase sempre a deliberação principal vo das rodovias federais. § 3º A polícia ferroviária federal,
se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca numa órgão permanente, organizado e mantido pela União e
posição de destaque no sistema jurídico-constitucional. estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
trulhamento ostensivo das ferrovias federais. § 4º - às po-
67. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva lícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
“C” é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete priva- incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
tivamente ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução, de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, ex-
no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por ceto as militares. § 5º às polícias militares cabem a polícia
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”. ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei,
68. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As
e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças
do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamen-
superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo”. te com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios. § 7º A lei disciplinará a
69. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis
81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de suas atividades. § 8º Os Municípios poderão constituir
de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos úl- guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
timos dois anos do período presidencial, a eleição para am- serviços e instalações, conforme dispuser a lei. § 9º A re-
bos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, muneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos
pelo Congresso Nacional, na forma da lei”. relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
art. 39. § 10. A segurança viária, exercida para a preserva-
70. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, seu patrimônio nas vias públicas: I - compreende a educa-
é sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Depu- ção, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras
tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe- atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o
deral”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice direito à mobilidade urbana eficiente; e II - compete, no
-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois lei”. Conforme grifo, as infrações penais militares não se
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” incluem na competência da polícia civil, restando a alter-
(artigo 81, §1º, CF). nativa “C” incorreta.

71. Resposta: “C”. Vale colacionar o inteiro teor do ar- 72. Resposta: “D”. Nos termos do artigo 144, §8º, CF,
tigo 144, CF: “A segurança pública, dever do Estado, direito a criação de guardas municipais destina-se à “proteção de
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”.
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
trimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II 73. Resposta: “A”. Consoante ao artigo 144, §1º, III,
- polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV CF: “A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
- polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros nente, organizado e mantido pela União e estruturado em
militares. § 1º A polícia federal, instituída por lei como ór- carreira, destina-se a: [...] III - exercer as funções de polícia
gão permanente, organizado e mantido pela União e estru- marítima, aeroportuária e de fronteiras”.
turado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais
contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, 74. Resposta: “B”. Quanto às medidas que podem ser
serviços e interesses da União ou de suas entidades autár- adotadas na vigência de estado de sítio, prevê a Constitui-
quicas e empresas públicas, assim como outras infrações ção: “Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio- com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e permanência em localidade determinada; II - detenção
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo em edifício não destinado a acusados ou condenados
da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas res- por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabi-
pectivas áreas de competência; III - exercer as funções de lidade da correspondência, ao sigilo das comunicações,
polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exer- à prestação de informações e à liberdade de imprensa,
cer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV - suspensão
União. § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em do-
organizado e mantido pela União e estruturado em carrei- micílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públi-

131
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cos; VII - requisição de bens. Parágrafo único. Não se inclui


nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos ANOTAÇÕES
de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas,
desde que liberada pela respectiva Mesa”. Com efeito, pelo
que se denota dos grifos, as hipóteses descritas nas alter- __________________________________________________
nativas “A”, “C”, “D” e “E” encontram disciplina nos incisos
II a V do artigo 139, CF, ao passo que a hipótese da alter- ___________________________________________________
nativa “B” é expressamente vedada no parágrafo único do
mesmo. ___________________________________________________

___________________________________________________
75. Resposta: “A”. Consoante ao artigo 142, §3º, VI,
CF, “o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado ___________________________________________________
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão
de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de ___________________________________________________
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra”; ainda, o
142, §3º, VII, CF: “o oficial condenado na justiça comum ou ___________________________________________________
militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, ___________________________________________________
por sentença transitada em julgado, será submetido ao jul-
gamento previsto no inciso anterior”. ___________________________________________________

76. Resposta: “D”. “A” está incorreta porque a polícia ___________________________________________________


federal exerce com exclusividade o papel de polícia judi-
ciária da União (artigo 144, §1º, IV, CF); “B” está incorreta ___________________________________________________
porque excetuam-se as militares (artigo 144, § 4º, CF); “C”
___________________________________________________
está incorreta porque o vínculo não se estabelece com a
União (artigo 144, § 6º, CF); “D” está correta porque traz o ___________________________________________________
teor do artigo 144, § 8º, CF – “os Municípios poderão cons-
tituir guardas municipais destinadas à proteção de seus ___________________________________________________
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”; “E”
está incorreta porque o constituinte não prevê o Sistema ___________________________________________________
de Segurança Militar.
___________________________________________________
77. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 136, § 4º, CF, ___________________________________________________
“decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi-
dente da República, dentro de vinte e quatro horas, sub- ___________________________________________________
meterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso
Nacional, que decidirá por maioria absoluta”. “A” está in- ___________________________________________________
correta porque não basta a oitiva prévia do Conselho da
___________________________________________________
República e do Conselho de Defesa Nacional; “C” está in-
correta porque é caso de estado de sítio; “D” está incorreta ___________________________________________________
porque o Congresso Nacional nunca será fechado.
___________________________________________________
78. Resposta: “E”. Disciplina o artigo 144, § 4º, CF: “Às
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car- ___________________________________________________
reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações ___________________________________________________
penais, exceto as militares”. ___________________________________________________
79. Resposta: “C”. Prevê o artigo 144, § 6º, CF: “As po- ___________________________________________________
lícias militares e corpos de bombeiros militares, forças
auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamen- ___________________________________________________
te com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios”. ___________________________________________________

___________________________________________________
80. Resposta: “A”. Na segunda parte do artigo 144,
§ 1º, CF está previsto que “[...] aos corpos de bombeiros ___________________________________________________
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil”. Logo, a alternativa ___________________________________________________
“A” está incorreta, sendo que as demais encontram escopo
no artigo 144, CF. ___________________________________________________

132
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES sociais e regionais (inciso III), e promover o bem de todos,


SOBRE: DIREITO CONSTITUCIONAL sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação (inciso IV).
01. (TRT/17ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - A dignidade a pessoa humana, por sua vez, tem
CESPE/2013) Julgue o item que se segue, a respeito dos previsão no art. 1º, da CF, que estabelece os fundamentos
princípios fundamentais: “Os valores sociais do traba- da República.
lho e da livre iniciativa constituem fundamentos da Re- Assim, pela literalidade dos dispositivos supracitados,
pública Federativa do Brasil”. deve ser assinalada a alternativa “C”.
Extraem-se do art. 1º, da Constituição Federal os
RESPOSTA: “C”.
fundamentos da República Federativa do Brasil, quais
sejam: a soberania (inciso I), a cidadania (inciso II), a
04. (CNJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2013)
dignidade da pessoa humana (inciso III), os valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa (inciso IV), e o pluralismo Julgue o item que se segue relativo aos princípios
político (inciso V). fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF):
Diante disso, a alternativa deve se assinalada como “É fundamento da República Federativa do Brasil a
correta, pois, de fato, os valores sociais do trabalho e da construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.
livre iniciativa constituem fundamentos da República
Federativa do Brasil. Conforme consta no art. 3º, I, do Texto Maior, a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária
RESPOSTA: “CORRETA”. constitui-se um dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil.
02. (TRF/4ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - Os fundamentos, por sua vez, estão estampados no art.
FCC/2014) A dignidade da pessoa humana, no âmbito 1º, CF.
da Constituição Brasileira de 1988, deve ser entendida Diante disso, a alternativa deve ser assinalada como
como: errada.
A) Uma exemplificação do princípio de cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade RESPOSTA: “ERRADA”.
reconhecida pela Constituição.
B) Um direito individual garantido somente aos
05. (CNJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2013)
brasileiros natos.
Acerca dos princípios fundamentais da Constituição
C) Uma decorrência do princípio constitucional da
soberania do Estado Brasileiro. Federal de 1988 (CF), julgue o item que segue: “A
D) Um direito social decorrente de convenção República Federativa do Brasil rege-se, nas suas
internacional ratificada pelo Estado Brasileiro. relações internacionais, pelos seguintes princípios:
E) Um dos fundamentos do Estado Democrático de independência nacional; prevalência dos direitos
Direito da República Federativa do Brasil. humanos; autodeterminação dos povos; não
intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz;
A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e
do Estado Democrático de Direito, conforme consta no art. ao racismo; cooperação entre os povos para o progresso
1º, III, da Constituição da República. da humanidade; e concessão de asilo político”.
Deve ser assinalado, portanto, o item “E”.
A alternativa está correta, pois todos os princípios
RESPOSTA: “E”. relacionados no enunciado da questão estão previstos no
art. 4º, em seus dez incisos, da Constituição da República,
03. (TRT/3ª REGIÃO - JUIZ - TRT/3ª REGIÃO/2013) que estabelece os princípios a serem observados nas
Na literalidade da Constituição de 1988, não se relações internacionais.
inclui entre os objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil:
RESPOSTA: “CORRETA”.
A) Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
B) Garantir o desenvolvimento nacional.
06. (MS - ANALISTA ADMINISTRATIVO - CESPE/2013)
C) Promover a dignidade da pessoa humana.
D) Erradicar a pobreza e a marginalização. Considerando as disposições constitucionais a respeito
E) Reduzir as desigualdades sociais e regionais. dos princípios fundamentais, julgue o item a seguir:
Os objetivos fundamentais da República Federativa “Com a promulgação da Emenda Constitucional
do Brasil constam no art. 3º, da Constituição Federal, que nº 73/2013, são considerados Poderes da União,
prevê: construir uma sociedade livre, justa e solidária (inciso independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
I), garantir o desenvolvimento nacional (inciso II), erradicar Executivo, o Judiciário e o Tribunal de Contas”.
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

133
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A Emenda Constitucional nº 73/2013 acrescentou O item “II” está certo. O enunciado da alternativa
o §11 ao art. 27 do Ato das Disposições Constitucionais está amparado pelo texto do art. 4º, parágrafo único, da
Transitórias, criando os Tribunais Regionais Federais da 6ª Constituição da República.
(sede em Curitiba), 7ª (sede em Belo Horizonte), 8ª (sede O item “III” está correto, com fundamento no art.
em Salvador) e 9ª (sede em Manaus) Regiões. 3º, CF, que prevê, em seus quatro incisos, os objetivos
Assim, referida emenda não tornou o Tribunal de fundamentais da República Federativa do Brasil.
Contas um dos Poderes da União, pois não alterou o art. 2º, O item “IV” está equivocado. Os princípios que regem
que estabelece que são Poderes da União, independentes a República Federativa do Brasil estão expressos no art. 4º,
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o da Constituição da República. Neste rol não se encontra a
Judiciário. Consoante um posicionamento tradicional, o dignidade da pessoa humana, que na verdade se trata de
TCU integra o Poder Legislativo, por auxiliar o Congresso um dos fundamentos da República brasileira (art. 1º, III, CF).
Nacional no controle externo da fiscalização financeira, Sendo assim, estando corretos apenas os itens “II” e
contábil, orçamentária, operacional e patrimonial da União “III”, deve ser assinalada a alternativa “D”.
e das entidades das administrações direta e indireta (art.
RESPOSTA: “D”.
71, caput, CF).
Com fundamento na explanação acima, a alternativa
08.  (MP/SC - PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/
deve ser assinalada como errada.
SC/2013) Dentre os princípios que regem a República
Federativa do Brasil em suas relações internacionais
RESPOSTA: “ERRADA”. podem ser citados: a concessão de asilo político; o
repúdio ao terrorismo e ao racismo; a defesa da paz; a
07. (TJ/SC - JUIZ - TJ/SC/2013) Com base nas não intervenção e a autodeterminação dos povos.
proposições abaixo, assinale a alternativa correta:
I. A República Federativa do Brasil, formada pela Dispõe a Constituição da República que o Brasil rege-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito se nas suas relações internacionais pelos princípios da
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito independência nacional; prevalência dos direitos humanos;
e tem como fundamentos: a soberania; a cidadania; a autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade
prevalência dos direitos humanos; os valores sociais do entre os Estados; defesa da paz; solução pacífica dos
trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político. conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação
II. A República Federativa do Brasil buscará a entre os povos para o progresso da humanidade; concessão
integração econômica, política, social e cultural dos de asilo político (art. 4º e incisos, CF).
povos da América Latina, visando à formação de uma Diante disso, a alternativa deve ser assinalada como
comunidade latino-americana de nações. correta.
III. Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem RESPOSTA: “CORRETA”.
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação; erradicar a 09. (TRT/10ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades - CESPE/2013) Acerca dos princípios fundamentais
sociais e regionais; garantir o desenvolvimento nacional; expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) e da
construir uma sociedade livre, justa e solidária. aplicabilidade das normas constitucionais, julgue
IV. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas o item a seguir: “Embora a Federação seja um dos
relações internacionais pelos seguintes princípios a princípios fundamentais da CF, nada impede que o
direito de secessão seja introduzido no ordenamento
independência nacional; a dignidade da pessoa humana;
jurídico brasileiro por meio de emenda constitucional”.
a autodeterminação dos povos; a não intervenção; a
igualdade entre os Estados; a defesa da paz; a solução
Nos termos do art. 60, §4º, I, da Constituição da
pacífica dos conflitos; o repúdio ao terrorismo e ao
República, a forma federativa de Estado não pode ser
racismo; a cooperação entre os povos para o progresso abolida no ordenamento jurídico pátrio, constituindo
da humanidade; a concessão de asilo político. verdadeira cláusula pétrea, inalterável por meio de emenda
A) Todas as proposições estão corretas. constitucional. Assim, não é possível a extinção do pacto
B) Somente as proposições I, II e III estão corretas. federativo, muito menos a possibilidade de secessão, ou
C) Somente as proposições I, III e IV estão corretas. seja, separação dos entes políticos.
D) Somente as proposições II e III estão corretas. Diante da constatação de que não há, no Brasil, o
E) Somente as proposições II, III e IV estão corretas. direito de secessão, a afirmação errada.
O item “I” está incorreto. A prevalência dos direitos
humanos não é um dos fundamentos previstos no art. 1º, da RESPOSTA: “ERRADA”.
Lei Fundamental, mas sim um dos princípios da República
Federativa do Brasil em suas relações internacionais,
conforme consta no art. 4º, II, CF.

134
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

10. (SEPLAG/RJ - ANALISTA EXECUTIVO - A alternativa “A” deve ser assinalada como correta, pois
CEPERJ/2013) A Constituição brasileira de 1988 o princípio da integração regional gera uma prestação
estabeleceu um imenso rol de princípios fundamentais, positiva, um dever de agir para o Estado brasileiro em prol
dentre os quais o que se relaciona à forma de governo do desenvolvimento harmônico e proporcional de todas as
é o: regiões do país.
A) Federalista. As alternativas “B”, “C”, “D” e “E” estão erradas, tendo
B) Republicano em vista que a defesa da paz, convivência justa, não
C) Democrático intervenção e livre organização são prestações negativas
D) Soberano do Estado, isto é, exigem apenas um “deixar fluir” estatal
E) Popular como medidas inerentes a seus respeitos.
A Constituição Federal, em seu primeiro artigo, RESPOSTA: “A”.
evidência que a forma de governo adotada no Brasil é a
republicana, que foi confirmada por plebiscito, nos termos 12. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL
do art. 2º do ADCT. - CESPE/2013) No que se refere aos princípios
Sobre este assunto, é importante anotar brevemente fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF) e
algumas considerações sobre a organização do Estado: à aplicabilidade das normas constitucionais, julgue
quanto à forma de governo, pode ser adotada a republicana, o item a seguir: “O mecanismo denominado sistema
quando o poder é exercício em nome do povo e visando seus de freios e contrapesos é aplicado, por exemplo, no
interesses, ou a monarquia, na qual o poder fica concentrado caso da nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal
nas mãos de poucas pessoas; quanto ao sistema de governo, Federal (STF), atribuição do Presidente da República e
pode ser adotado o presidencialismo, em que o Presidente dependente da aprovação pelo Senado Federal”.
da República acumula as funções de Chefe de Estado e de
Chefe de Governo, ou o parlamentarismo, quando a chefia A alternativa está correta. De acordo com o art. 101,
de Estado e a chefia de Governo são exercidas por pessoas CF, o STF compõe-se de onze ministros, escolhidos dentre
diferentes; por fim, quanto à forma de Estado, poderá ser brasileiros natos (art. 12, §3º, IV, CF), com mais de trinta
adotado o federalismo, onde há unidades dotadas de e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de
autonomia política, ou a forma unitária, em que o Estado notável saber jurídico e reputação ilibada. Ademais, o
é constituído de um governo único, conduzido por uma só parágrafo único do mencionado dispositivo determina que
pessoa. o nome indicado pelo Presidente da República deverá ser
Feitas estas considerações, registre-se que o Brasil adota aprovado pela maioria absoluta do Senado Federal. Após
a forma republicana de governo, o sistema presidencialista a aprovação do Senado, o Presidente da República poderá
de governo e a forma federativa de Estado. fazer a nomeação do Ministro.
Diante disso, deve ser assinalada a alternativa “B” como Na hipótese trazida pela questão, incide o sistema de
correta. freios e contrapesos, que é um mecanismo de controle
recíproco entre os Poderes, pois a nomeação do nome
RESPOSTA: “B”. indicado pelo Presidente da República como Ministro
do STF depende de aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal.
11.  (SEPLAG/RJ - ANALISTA EXECUTIVO -
CEPERJ/2013) A Constituição de 1988 é muito criticada RESPOSTA: “CORRETA”.
por ter previsto a prestação de inúmeros serviços e a
previsão de incontáveis direitos e garantias, individuais 13. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL
e coletivos, criando justas expectativas para os - CESPE/2013) No que se refere aos princípios
cidadãos, mas encontrando limitações orçamentárias na fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF) e
maior parte dos entes públicos. Alguns doutrinadores à aplicabilidade das normas constitucionais, julgue
defendem que nesse tema deve ser aplicada a reserva o item a seguir: “Decorre do princípio constitucional
do possível. Dentre os princípios constitucionais fundamental da independência e harmonia entre os
fundamentais relativos à prestação positiva do Estado poderes a impossibilidade de que um poder exerça
está o seguinte princípio: função típica de outro, não podendo, por exemplo, o
A) Integração regional Poder Judiciário exercer a função administrativa”.
B) Defesa da paz No Brasil vigora o princípio da separação de poderes.
C) Convivência justa Contudo, esta separação não deve se dar de forma
D) Não intervenção absoluta, mas de forma flexível, por meio da qual cada
E) Livre organização um dos poderes estatais exerce a sua função típica, bem
como as funções típicas dos demais poderes desde que

135
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

haja expressa previsão constitucional neste sentido. Assim, propriedade que deverá atender a sua função social.
ao Legislativo compete legislar e fiscalizar de forma Além de previsão de mecanismos que a protejam,
típica, bem como julgar e administrar de forma atípica; o enumera algumas situações de intervenção do Estado
Executivo, por sua vez, tem a função típica de administrar, e na propriedade privada. No que diz respeito ao direito
as funções atípicas de legislar e julgar; por fim, o Judiciário de propriedade, constitucionalmente tutelado, é
tem competência para julgar, de forma típica, bem como possível afirmar corretamente:
legislar e administrar, quando no exercício das funções A) A Constituição Federal prevê hipótese de
atípicas. expropriação sem qualquer indenização ao proprietário
Diante disso, a alternativa deve ser assinalada como de glebas.
errada. B) Aos autores pertence o privilégio temporário
para utilização de sua obra, transmissível aos herdeiros,
RESPOSTA: “ERRADA”. pelo tempo que lei complementar fixar.
C) A desapropriação poderá ocorrer por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, tendo como
14. (PC/BA - INVESTIGADOR DE POLÍCIA - requisitos constitucionais indenizatórios inafastáveis a
CESPE/2013) Considerando os princípios fundamentais justeza, a anterioridade e o pagamento em dinheiro.
da CF, julgue o item que se segue: “A eleição periódica D) A lei assegurará aos autores de inventos
dos detentores do poder político e a responsabilidade industriais o direito exclusivo de sua utilização,
política do chefe do Poder Executivo são características publicação ou reprodução, bem como proteção às
do princípio republicano”. criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas, imagem, moral e voz humanas e a
No Estado em que se adota a forma republicana outros signos distintivos, tendo em vista a função social
de governo há a concentração do poder nas mãos de e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.
pessoas eleitas periodicamente, que deverão representar
os interesses da coletividade. Além disso, na República, A alternativa “A” está correta. Nos termos do art. 243,
os detentores do poder exercem as suas funções com da Lei Fundamental, com redação dada pela EC nº 81/2014,
responsabilidade, respondendo pelos excessos cometidos. as propriedades rurais e urbanas de qualquer região do
Nestes termos, a alternativa deve ser assinalada como País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
correta. psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma
da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
RESPOSTA: “CORRETA”. programas de habitação popular, sem qualquer indenização
ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
15. (MP/RO - TÉCNICO EM CONTABILIDADE - Ademais, a título de complemento, o parágrafo único
FUNCAB/2012) Segundo a Constituição Federal, do aludido dispositivo, também com redação dada pela
constitui objetivo fundamental da República Federativa EC nº 81/2014, prevê que todo e qualquer bem de valor
do Brasil: econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
A) A cidadania. entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho
B) A dignidade da pessoa humana. escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com
C) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. destinação específica, na forma da lei.
D) Garantir o desenvolvimento nacional. A alternativa “B” está errada. Os autores possuem o
direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução
E) A soberania.
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
a lei fixar (art. 5º, XXVII, CF). Nota-se que a constituição não
Os objetivos fundamentais da República Federativa do
estabelece que o tempo será fixado em lei complementar.
Brasil estão previstos no art. 3º, da Constituição, de onde
A alternativa “C” está equivocada. De acordo com o
se extrai a garantia do desenvolvimento nacional (inciso II),
art. 5º, XXIV, CF, a desapropriação será por necessidade ou
o que torna correta a letra “D”.
utilidade, ou por interesse social, mediante justa e prévia
As alternativas “A”, “B”, “C” e “E” são, na verdade, os
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
fundamentos da República brasileira, juntamente com o
na Constituição, ou seja, os requisitos da desapropriação
pluralismo político, previsto no art. 1º, do Texto Maior.
poderão ser afastados por força de previsão constitucional
(p. ex., arts. 182, §4º, III e 184, CF).
RESPOSTA: “D”. A alternativa “D” está incorreta. Os autores de inventos
industriais possuem privilégio temporário para a utilização
do invento (art. 5º, XXIX, CF).
16. (TJM/MG - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
FUMARC/2013) A Constituição Federal brasileira, no RESPOSTA: “A”.
seu rol de direitos individuais, garante o direito de

136
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

17. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII - 19. (TJ/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012)
FGV/2013) A Constituição declara que todos podem Lúcio, Amélia e Tito, respectivamente, pai, mãe e
reunir-se em local aberto ao público. Algumas condições filho, são lavradores na pequena cidade de Amambaí,
para que as reuniões se realizem são apresentadas nas Estado do Mato Grosso do Sul, e sozinhos, sem a
alternativas a seguir, à exceção de uma. Assinale-a: ajuda de funcionários, cultivam soja na sua pequena
A) Os participantes não portem armas. propriedade rural, assim definida em lei. Lúcio investiu
B) A reunião seja autorizada pela autoridade todas as suas economias pessoais na compra de uma
competente. máquina específica para ajudar a sua família na colheita
C) A reunião não frustre outra reunião anteriormente da soja, acreditando que seria farta e que a máquina
convocada para o mesmo local. lhes traria um excelente resultado econômico. Porém,
D) Os participantes reúnam-se pacificamente. ocorreu uma geada que estragou toda a plantação,
deixando Lúcio sem condições de saldar seus débitos
O Texto Maior determina que todos podem reunir-se vencidos decorrentes da atividade produtiva, sendo
pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, processado judicialmente. Nesse caso, a referida
independentemente de autorização, desde que não pequena propriedade rural:
frustrem outra reunião anteriormente convocada para A) Será penhorada, porém o Juiz limitará a penhora
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à à parte de propriedade de Lúcio, pois Amélia e Tito não
autoridade competente (art. 5º, XVI, CF). compraram a máquina.
Nestes termos, a alternativa “B” deve ser assinalada, B) É penhorável sempre porque deve garantir
pois é o único requisito que não está previsto na norma o pagamento integral das dividas decorrentes da
descrita acima. atividade produtiva, independentemente da existência
de outros bens.
RESPOSTA: “B”. C) Será penhorada desde que não existam outros
bens penhoráveis.
D) Será penhorada, mas, segundo a Constituição
18. (TRE/CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) Federal, o Juiz dará a prévia oportunidade a Lucio de
Roberval, brasileiro, ficou viúvo, pois sua esposa pagar as dívidas em trinta e seis meses sem juros.
Amália, holandesa e que não tinha filhos, faleceu na E) É impenhorável, face a vedação constitucional.
Escócia durante um passeio turístico, cujo ascendente
paterno, Arquimedes, reside na Espanha e sua A pequena propriedade rural, assim definida em lei,
ascendente materna, Hilda, reside na França. Amália desde que trabalhada pela família, não será objeto de
era proprietária de três imóveis no Brasil e, segundo penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
a Constituição Federal, a sucessão dos seus bens será atividade produtiva, dispondo a lei sobe os meios de
regulada, no caso, pela lei: financiar o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI, CF).
A) Francesa em benefício de Roberval, pois Assim, em face da vedação constitucional, a propriedade
de Lúcio, Amélia e Tito é impenhorável, o que torna correta
prevalece o domicilio de Hilda.
a letra “E”.
B) Holandesa em benefício de Roberval, mesmo lhe
sendo mais favorável a lei brasileira.
RESPOSTA: “E”.
C) Escocesa em benefício de Roberval, pois
prevalece o local do óbito.
20. (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
D) Espanhola em benefício de Roberval, pois
A Constituição da República assegura a todos,
prevalece o domicilio de Arquimedes.
independentemente do pagamento de taxas:
E) Brasileira em benefício de Roberval, sempre que
A) O direito de petição aos Poderes Públicos em
não lhe seja mais favorável a lei pessoal de Amália.
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
Consoante o art. 5º, XXXI, CF, a sucessão de bens de
poder.
estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira B) A obtenção de certidões em repartições públicas
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre e estabelecimentos privados, para defesa de direitos e
que não lhes seja mais favorável a lei pessoa do “de cujus”. esclarecimento de situações de interesse pessoal.
Em mesmo sentido, o art. 10, §1º, da Lei de Introdução às C) O registro civil de nascimento, a certidão de
Normas do Direito Brasileiro. Isto posto, a alternativa que casamento e a certidão de óbito.
guarda perfilhamento com o dispositivo constitucional é a D) As ações de habeas corpus, habeas data e o
letra “E”. mandado de segurança.
E) A prestação de assistência jurídica integral pelo
RESPOSTA: “E”. Estado.

137
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Conforme o art. 5º, XXXIV, da Lei Fundamental, O item “II” está correto, por reproduzir a essência do
assegura-se a todos, independentemente do pagamento de que está previsto no art. 5º, V, da Constituição Federal,
taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa a saber, a disposição de que é assegurado o direito de
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (alínea resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
“a”), bem como a obtenção de certidões em repartições dano material, moral ou à imagem.
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de O item “III” está certo: a lei não excluirá da apreciação
situações de interesse pessoal (alínea “b”). A alternativa “A” do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV,
está correta, por tratar desta situação prevista na alínea “a”. CF).
A alternativa “B” está errada, pois, como visto no O item “IV” está incorreto. Exige-se decisão
parágrafo acima, o direito à obtenção gratuita de certidões judicial transitada em julgado apenas para se dissolver
somente vale para repartições públicas, mas não para compulsoriamente as associações. Para suspender suas
estabelecimentos privados. atividades não há essa exigência (art. 5º, XIX, CF).
A alternativa “C” está incorreta, pois, conforme o inciso Sendo assim, corretos os itens “II” e “III”, convém
LXXVI, alíneas “a” e “b”, do art. 5º, da Constituição, apenas assinalar a alternativa “C”.
o registro civil de nascimento e a certidão de óbito são
gratuitos para os reconhecidamente pobres na forma da RESPOSTA: “C”.
lei. Quanto à gratuidade da certidão de casamento, o
parágrafo único, do art. 1512, do Código Civil, prevê que 22. (TRE/PR - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012)
a habilitação para o casamento, o registro e a primeira Ao disciplinar a liberdade de associação, a Constituição
certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, da República:
apenas para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as A) Assegura autonomia para criação e organização
penas da lei. de associações, sendo vedada a interferência estatal
A alternativa “D” está errada, pois o art. 5º, LXXVI, CF em seu funcionamento, ressalvada a exigência, para
prevê a gratuidade apenas das ações de habeas corpus e partidos políticos, de que haja vinculação entre
habeas data. candidaturas nacionais, estaduais e municipais.
B) Veda a possibilidade de a associação ter caráter
Por fim, o que torna incorreta a alternativa “E” é o
paramilitar, prevendo, especificamente em relação
fato de que o Estado somente prestará assistência jurídica
a partidos políticos, a proibição de se utilizarem de
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
organizações dessa natureza.
recursos (art. 5º, LXXIV, CF).
C) Estabelece que a criação de associações
independe de autorização, ressalva feita às cooperativas
RESPOSTA: “A”.
e aos partidos políticos, cabendo a estes registrar seus
estatutos no Tribunal Regional Eleitoral da capital do
21. (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
Estado em que estiverem sediados.
Considere as seguintes afirmações a respeito dos D) Proíbe às associações, em geral, o recebimento
direitos e garantias fundamentais expressos na de recursos financeiros de entidades estrangeiras e
Constituição da República: aos partidos políticos, em especial, a vinculação ou
I. Não haverá penas de morte ou de caráter subordinação a entidades ou governos estrangeiros.
perpétuo, salvo em caso de guerra declarada. E) Ninguém poderá ser compelido a associar-se
II. É assegurado o direito de resposta, proporcional ou permanecer associado, salvo disposição contrária
ao agravo, além da indenização por dano material, dos atos constitutivos, especialmente em relação aos
moral ou à imagem. partidos políticos, conforme previsão constitucional
III. A lei não excluirá da apreciação do Poder expressa.
Judiciário lesão ou ameaça a direito. A alternativa “A” está errada, pois, de fato, a Constituição
IV. As associações somente poderão ser Federal, em seu art. 5º, XVIII, afirma que a criação de
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades associações e cooperativas (na forma de lei) independe
suspensas por decisão judicial transitada em julgado. de autorização e que é vedada a interferência estatal em
Está correto o que se afirma apenas em: seu funcionamento. No entanto, o que torna a alternativa
A) I e II. incorreta é o fato de que, após a Emenda Constitucional nº
B) I e III. 52/2006, que determinou a redação do parágrafo primeiro,
C) II e III. do art. 17, da Constituição Federal, não mais se exige a
D) II e IV. chamada “verticalização”.
E) III e IV. A alternativa “B” está correta. Tanto as associações (art.
5º, XVII, CF) como os partidos políticos (art. 17, §4º, CF) não
O item “I” está errado, pois, apesar de somente se podem ter ou utilizar-se de caráter paramilitar.
permitir a pena de morte no Brasil em caso de guerra A alternativa “C” não está correta. A criação de
declarada (art. 5º, XLVII, “a”, CF), as penas de caráter cooperativas depende de lei que regulamente a autorização
perpétuo não são admitidas em hipótese alguma, com ou para seu início de atividades e funcionamento. Ademais,
sem guerra (art. 5º, XLVII, “b”). os partidos políticos se submetem a duplo registro: na

138
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

forma da lei civil, bem como na forma do registro de seus E) As igrejas, para serem proprietárias de bens
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (e não no Tribunal imóveis, devem adquirir personalidade jurídica que as
Regional Eleitoral do Estado em que estiverem sediados, equipare às fundações.
como afirma a assertiva).
A alternativa “D” está errada, pois, apesar do art. Ninguém será privado de direitos por motivo de
17, II, CF vedar que partidos políticos recebam recursos crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou a salvo se as invocar para eximir-se de obrigação a todos
estes se subordinem, às associações não é expressamente imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada
proibido o recebimento de recursos financeiros de em lei (art. 5º, VIII, CF). Por esse motivo, se uma pessoa
entidades estrangeiras. recusa-se a cumprir a obrigação a todos imposta por
A alternativa “E” está errada, pois a única coisa que a razão religiosa/filosófica/política, e também se recusa
Constituição Federal prevê é que ninguém será compelido a a cumprir a prestação alternativa, esta pessoa terá seus
associar-se ou permanecer associado, independentemente direitos políticos suspensos, nos termos do art. 15, IV, da
de disposição contrária dos atos constitutivos (art. 5º, XX, Constituição Federal. Com isso, está correta a alternativa
CF). O mesmo vale para os partidos políticos. “B”.
A alternativa “A” está errada, pois, apesar de ser o Estado
RESPOSTA: “B”. brasileiro laico, nos moldes do art. 19, I, da Constituição
Federal, isso não obsta, conforme o art. 5º, VII, CF, que se
23. (TRE/CE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
preste assistência religiosa em entidades civis e militares de
Roberto, artista plástico, retratou em quadro a
internação coletiva.
realidade de determinada comunidade carente do país.
A alternativa “C” está incorreta, pois a proteção
Segundo a Constituição Federal, Roberto poderá exibir
ao livre exercício de cultos religiosos, consagrada
sua obra de arte:
A) Mediante prévia autorização do Poder Judiciário constitucionalmente no art. 5º, VI, engloba, também,
de onde estiver localizada a comunidade retratada. estrangeiros. É dizer: tal proteção não distingue brasileiros
B) Mediante prévio preenchimento de requerimento natos, naturalizados, portugueses equiparados e demais
de inscrição e de exibição no cadastro nacional de obras estrangeiros, bem como apátridas.
de arte. A alternativa “D” está errada, pois o art. 19, I, da
C) Mediante prévia autorização do Poder Executivo Constituição veda que a União, os Estados e os Municípios
de onde estiver localizada a comunidade retratada. estabeleçam cultos religiosos ou igrejas, subvencione-os
D) Mediante prévia autorização do Poder Legislativo ou embarace seu funcionamento. Os atos de curandeirismo
de onde estiver localizada a comunidade retratada. deverão ser posteriormente apurados, nos termos das
E) Independentemente de censura e de licença da leis civil e penal. Ademais, o parágrafo primeiro, do art.
autoridade pública. 44, do Código Civil, preceitua que são livres a criação, a
organização, a estruturação interna e o funcionamento
Conforme o art. 5º, IX, da Constituição Federal, é livre das organizações religiosas, sendo vedado ao Poder
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e Público negar-lhes o reconhecimento ou registro dos atos
de comunicação, independentemente de censura ou licença. constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
Por esse motivo, convém assinalar a alternativa “E”. A alternativa “E” está errada, pois as igrejas não têm de
possuir personalidade jurídica que as equipare às fundações
RESPOSTA: “E”. para serem proprietárias de bens imóveis. Nos termos do
24. (TCE/AP - TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO - art. 44, IV, do Código Civil, as organizações religiosas têm
FCC/2012) Em relação à liberdade de crença, estabelece personalidade jurídica própria, que é de “pessoa jurídica de
a Constituição que: direito privado”.
A) O Estado brasileiro, por ser laico, não pode
prestar assistência religiosa em entidades de internação RESPOSTA: “B”.
coletiva.
B) Uma pessoa perderá direitos políticos caso
25. (TJ/PE - OFICIAL DE JUSTIÇA - FCC/2012)
alegue motivo de crença religiosa para se livrar do
Herculano, condômino, desgostoso com os atos de
cumprimento de obrigação a todos imposta e se
arbitrariedade praticados pelo síndico em exercício do
oponha a cumprir prestação alternativa.
edifício onde reside, resolveu manifestar suas criticas
C) A garantia do livre exercício dos cultos religiosos
por meio de cartas dirigidas aos demais condôminos.
não abrange a proteção do estrangeiro por motivos de
Com medo de sofrer represálias do síndico, Herculano
segurança nacional.
não se identificou nas cartas, reservando-se ao
D) As igrejas, para professarem seus cultos,
anonimato. Nesse caso, segundo a Constituição Federal:
dependem de autorização administrativa, a qual
A) Não é livre a manifestação do pensamento, pois
será negada a instituições que utilizam práticas de é inviolável o sigilo da correspondência.
curandeirismo.

139
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

B) É livre a manifestação do pensamento, sendo C) Poderá ser realizada em local aberto ao público,
permitido o anonimato, assegurado o direito à desde que a autoridade competente tenha sido
indenização pelo dano moral decorrente de sua previamente avisada sobre o evento.
violação. D) Estará condicionada à existência prévia de
C) É livre a manifestação do pensamento, sendo associação que se responsabilize por sua realização e
vedado o anonimato. tenha, entre seus fins, a defesa do meio ambiente.
D) Não é livre a manifestação do pensamento, E) Deverá ser organizada sob a forma de comício,
pois é inviolável a imagem das pessoas, assegurado o uma vez que a Constituição não autoriza a realização
direito à indenização pelo dano moral decorrente de de reuniões móveis.
sua violação.
E) Não é livre a manifestação do pensamento, pois Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
ninguém será privado de direitos por motivo de crença em locais abertos ao público, independentemente de
política. autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
A liberdade de expressão é livre, embora seja vedado o apenas exigido prévio aviso à autoridade competente (art.
anonimato. É o que consta do quarto inciso, do art. 5º, da 5º, XVI, CF). Eis a consagração da “liberdade de reunião”.
Constituição Federal.
Desta forma, correta é a alternativa “C”: a passeata
Correta, pois, a alternativa “C”.
sobre o meio ambiente poderá ser realizada, desde que isso
não frustre outra manifestação anteriormente convocada,
RESPOSTA: “C”.
e, também, desde que a autoridade competente seja
previamente comunicada a fim de possa se organizar
26. (TRT/11ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
FCC/2012) César, chefe de um determinado grupo quanto a questões de trânsito e segurança, p. ex.
armado civil, ordenou que seus comparsas controlassem
uma determinada comunidade de pessoas carentes, RESPOSTA: “C”.
agindo contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático. De acordo com a Constituição Federal tal
ato constitui crime: 28. (PGE/RO - PROCURADOR - PGE/RO/2011)
A)  Inafiançável e insuscetível de anistia ou graça, Dentre as características da perspectiva objetiva dos
sujeito à pena de restrição da liberdade. direitos fundamentais, compreende-se:
B) Insuscetível de graça ou anistia, apenas, sujeito à A) O conjunto de metas traçadas com fins diretivos
pena de restrição da liberdade. de ações positivas dos poderes públicos, com o fim de
C) Inafiançável, apenas, sujeito à pena de reclusão. outorgar-lhes eficácia dirigente.
D) Imprescritível, apenas, sujeito à pena de reclusão. B) A representação dos interesses individuais sob a
E) Inafiançável e imprescritível. ótica negativa perante o Poder Público.
C) Ter sempre a natureza princípio, nunca de regra.
A ação de grupos armados, sejam eles civis ou militares, D) Impossibilitar a agregação do ponto de vista
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, axiológico da comunidade em sua interpretação.
constitui crime inafiançável e imprescritível, segundo o E) Não há dimensão objetiva na esfera dos direitos
inciso XLIV, do art. 5º, da Lei Fundamental. Assim, se o ato fundamentais, os quais têm como característica
de César é inafiançável e imprescritível, há se marcar como defender de forma singular o espaço de liberdade
acertada a letra “E”. individual.

RESPOSTA: “E”. A perspectiva objetiva dos direitos fundamentais,


que tanto pode ter natureza de regra, valor ou princípio,
27. (TCE/PR - ANALISTA DE CONTROLE - FCC/2011)
representa, essencialmente, a superação da ideia de
Henrique decide organizar uma passeata em prol da
abstenção do Estado como vigia, até então, apenas para
proteção do meio ambiente. No dia marcado, mais de
os direitos e garantias fundamentais individuais e coletivos.
cem pessoas se reúnem no centro da cidade, munidas de
O entendimento atual é o de que todos os direitos
bandeiras e cartazes para expressar suas opiniões sobre
fundamentais requerem uma conduta ativa do Estado,
a causa a ser defendida. Para que a referida manifestação
esteja conforme os ditames constitucionais: seja garantindo-os por meio de políticas públicas, seja
A) Dependerá de prévia autorização judicial, para se comprometendo a concretizá-los no prazo mais breve
que a autoridade competente verifique se a reunião possível mediante a adoção de metas bem planejadas. Por
possui fins pacíficos. este motivo, correta é a alternativa “A”.
B) Ao final da manifestação, seu organizador deverá
prestar contas ao Poder Público e ressarcir eventuais RESPOSTA: “A”.
danos causados ao patrimônio público.

140
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

29. (TCE/RS - OFICIAL DE CONTROLE EXTERNO - O item “IV” está equivocado, pois o art. 5º, LVI,
CESPE/2013) No que se refere aos direitos e às garantias da Constituição é categórico em estabelecer que são
fundamentais, julgue o item que se segue: “É um direito inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
individual fundamental a livre expressão da atividade ilícitos.
científica, independentemente de licença”. Corretos os itens “II” e “III”, portanto, convém assinalar
a letra “C”.
O art. 5º, IX, da Constituição da República prevê o
direito individual de liberdade de expressão de atividade RESPOSTA: “C”.
intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença. 31. (DPE/AM - DEFENSOR PÚBLICO - FCC/2013) De
Com fundamento no artigo acima mencionado, a acordo com a jurisprudência atualmente predominante
afirmação deve ser entendida como correta. no Supremo Tribunal Federal, um tratado internacional
de direitos humanos, ratificado na forma do artigo
RESPOSTA: “CORRETA”. 5º, parágrafo 2º, da Constituição Federal, possui força
normativa equivalente à de norma:
30.  (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO -
A) Formalmente constitucional.
CETRO/2013) Com relação aos direitos e garantias
B) Legal ordinária.
fundamentais assegurados aos brasileiros e estrangeiros
residentes no país pelo artigo 5º da Constituição C) Legal complementar.
Federal, analise as assertivas abaixo: D) Supralegal e infraconstitucional.
I. É garantido o livre exercício de culto religioso E) Regulamentar.
estabelecido por entidades religiosas ou mesmo pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Desde o RE nº 466.343 (Supremo Tribunal Federal, Pleno.
II. Em não se frustrando outra reunião Rel.: Min. Cezar Peluso. DJ. 03.12.2008), o Supremo Tribunal
anteriormente convocada, é assegurado o direito de Federal acena para uma tripla hierarquia dos tratados
reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos internacionais no ordenamento pátrio: se versar sobre
ao público, não havendo necessidade de autorização do direitos humanos, e for aprovado pelo quórum de Emenda
Poder Público, apenas aviso prévio. Constitucional, o “status” do Tratado Internacional será de
III. A lei assegurará o direito adquirido, o ato Emenda Constitucional (art. 5º, §3º, CF); se versar sobre
jurídico perfeito e a coisa julgada. direitos humanos, mas não for aprovado pelo quórum de
IV. Serão admitidas, em processo judicial, as provas Emenda Constitucional, o “status” do Tratado Internacional
obtidas por meios ilícitos somente quando, mesmo que será de norma supralegal, isto é, abaixo da Constituição,
complementares, forem determinantes ao mérito. mas acima do ordenamento infraconstitucional; se não
É correto o que se afirma em: versar sobre direitos humanos, o Tratado Internacional terá
A) I, apenas.
o “status” de lei ordinária.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) III e IV, apenas. RESPOSTA: “D”.
E) I e IV, apenas.

O item “I” está errado. De fato, é garantido o livre 32. (MP/SE - ANALISTA - FCC/2013) Após 30 anos do
exercício de culto religioso estabelecido por entidades cometimento de crime praticado por grupo civil armado
religiosas. Contudo, é vedado à União, Estados, Distrito contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
Federal e Municípios estabelecer cultos religiosos ou foram os autores finalmente identificados, tendo sido
igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento proposta a ação penal em face dos criminosos. Nesse
ou manter com eles ou seus representantes relações de caso:
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a A) Não poderá ser decretada a prescrição, uma
colaboração de interesse público (art. 19, I, CF). vez que constituiu crime imprescritível a ação de
O item “II” está certo, por força da previsão contida grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
no art. 5º, XVI, CF, que dispõe que todos podem reunir- constitucional e o Estado Democrático.
se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao B) Não poderá ser decretada a prescrição, uma vez
público, independentemente de autorização, desde que que constituiu crime imprescritível, além da tortura,
não frustrem outra reunião anteriormente convocada a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
ordem constitucional e o Estado Democrático.
autoridade competente.
C) Não poderá ser decretada a prescrição, uma vez
O item “III” está correto. A alternativa consta
que constituiu crime imprescritível, além do terrorismo,
expressamente no art. 5º, XXXVI, CF: a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático.

141
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

D) Poderá ser acolhida a prescrição caso esteja A alternativa “B” está incorreta, pois as propriedades
configurada, uma vez que, em razão do princípio da rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem
segurança jurídica, não há crime imprescritível. localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas são
E) Poderá ser acolhida a prescrição caso configurada, expropriadas sem qualquer indenização ao proprietário
uma vez que apenas o terrorismo e a tortura são crimes (art. 243, caput, CF, com redação dada pela EC nº 81/2014).
imprescritíveis. A alternativa “D” está equivocada. Nos termos do art.
191, da Constituição, aquele que, não sendo proprietário de
A alternativa “A” está correta. Estabelece o art. 5º, XLIV, imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
da Lei Fundamental que constitui crime inafiançável e ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural,
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
As alternativas “B” e “C” estão erradas, pois a tortura adquirir-lhe-á a propriedade. A alternativa está errada,
e o terrorismo não são crimes imprescritíveis (art. 5º, XLIII, pois traz situação de usucapião de área urbana, diferente
CF). do que prevê o artigo descrito. Além disso, a usucapião
As alternativas “D” e “E” estão equivocadas. Conforme de área urbana está regulada pela art. 183, da CF, e prevê
já mencionado na explicação da alternativa “A” o crime em que a área deverá ser de até duzentos e cinquenta metros
tela é imprescritível (art. 5, XLIV, CF). quadrados.
A alternativa “E” é falsa, pois a hipótese prevista
RESPOSTA: “A”. na alternativa não tem relação com a função social da
propriedade, mas sim com o interesse público.

33. (TRT/6ª REGIÃO - JUIZ DO TRABALHO - RESPOSTA: “C”.


FCC/2013) A Constituição da República prevê, como
mecanismo atrelado ao cumprimento da função social
da propriedade, a: 34.  (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL -
A) Impossibilidade absoluta de desapropriação CESPE/2013) Julgue o item subsequente, relativo aos
da pequena e média propriedade rural, para fins de direitos e garantias fundamentais previstos na CF: “Aos
reforma agrária. que comprovem insuficiência de recursos é assegurada
B)  Desapropriação para fins de reforma agrária, a gratuidade na prestação de assistência jurídica
mediante indenização em títulos da dívida pública, de integral pelo Estado”.
glebas em que localizadas culturas ilegais de plantas
O enunciado da questão está correto, nos termos do
psicotrópicas.
art. 5º, LXXIV, do Texto Maior: o Estado prestará assistência
C) Instituição de imposto sobre a propriedade
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
predial e territorial urbana progressivo no tempo,
insuficiência de recursos. A título de complemento, tal
sucessivamente a parcelamento ou edificação
atribuição competirá à Defensoria Pública, nos moldes do
compulsórios.
art. 134, caput, da Lei Fundamental, com redação dada pela
D) Usucapião de área urbana de até cinquenta
Emenda Constitucional nº 80/2014.
hectares, por quem a possua, ininterruptamente e sem
oposição, por cinco anos.
RESPOSTA: “CORRETA”.
E) Requisição de propriedade particular, assegurada
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.

A alternativa “C” está correta. O art. 182, §4º, da


Constituição, faculta ao Poder Público municipal,
respeitados os requisitos previstos no artigo, exigir do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,
sob pena, sucessivamente, de parcelamento ou edificação
compulsórios (inciso I); imposto sobre a propriedade
predial e territorial urbana progressivo no tempo (inciso II);
desapropriação (inciso III).
A alternativa “A” está errada. A impossibilidade de
desapropriação de pequena e média propriedade rural
para fins de reforma agrária não é absoluta, tendo em vista
que poderá ser desapropriada quando o indivíduo tiver
outra propriedade (art. 185, I, CF).

142
PM - RN
Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte

Curso de Formação de Soldados


(Praça da Polícia Militar – Masculino e Feminino)

Volume II
Edital de Concurso Público Nº 002/2018 – SEARH/PMRN - 15 de Janeiro de 2018

JN089-B-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte - Pm-RN

Cargo: Curso de Formação de Soldados (Praça da Polícia Militar – Masculino e Feminino)

(Baseado no Edital de Concurso Público Nº 002/2018 – SEARH/PMRN - 15 de Janeiro de 2018)

Volume I
• Língua Portuguesa
• Matemática e Raciocínio Lógico
• Geografia do Brasil e do Rio Grande do Norte
• Noções de Direito Constitucional

Volume II
• Noções de Direito Penal Militar
• Noções de Direito Penal
• Noções de Legislação Extravagante
• Noções de Informática
• Legislação Específica da Polícia Militar

Autoras
Jaqueline Lima
Bruna Pinotti
Greice Aline Sarquis

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Noções de Direito Penal Militar

Aplicação da lei penal militar............................................................................................................................................................................... 01


Crime............................................................................................................................................................................................................................. 01
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................. 03
Concurso de agentes. Penas. Aplicação da pena. Suspensão condicional da pena. Livramento condicional. Penas aces-
sórias.............................................................................................................................................................................................................................. 04
Efeitos da condenação........................................................................................................................................................................................... 13
Medidas de segurança........................................................................................................................................................................................... 14
Ação penal................................................................................................................................................................................................................... 14
Extinção da punibilidade....................................................................................................................................................................................... 16
Crimes militares em tempo de paz.................................................................................................................................................................... 18
Crimes propriamente militares............................................................................................................................................................................ 19
Crimes impropriamente militares....................................................................................................................................................................... 19
Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Rio Grande do Norte.................................................................................................... 20
Código Penal Militar (Arts. 1º ao 9º)................................................................................................................................................................. 39

Noções de Direito Penal

Infração penal: elementos, espécies, classificação doutrinária das infrações penais; princípios penais. .............................. 01
Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. ....................................................................................................................................... 01
Lei penal no tempo. ................................................................................................................................................................................................ 06
Concurso aparente de normas. .......................................................................................................................................................................... 11
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade. ................................................................................................................................................................... 11
Consumação e tentativa. ...................................................................................................................................................................................... 13
Erros essenciais e erros acidentais. ................................................................................................................................................................... 14
Concurso de pessoas. ............................................................................................................................................................................................ 16
Crimes contra a pessoa. ........................................................................................................................................................................................ 17
Crimes contra o patrimônio. ............................................................................................................................................................................... 18
Crimes contra o respeito aos mortos. ............................................................................................................................................................. 29
Crimes contra o sentimento religioso. ............................................................................................................................................................ 29
Crimes contra a dignidade sexual. .................................................................................................................................................................... 29
Crimes contra a família. ......................................................................................................................................................................................... 30
Crimes contra a incolumidade pública. .......................................................................................................................................................... 31
Crimes contra a fé pública. .................................................................................................................................................................................. 33
Crimes contra a administração pública............................................................................................................................................................ 36

Noções de Legislação Extravagante

Abuso de Autoridade (Lei n° 4.898/65)............................................................................................................................................................ 01


Dos crimes previstos na Lei Antidrogas (Lei n° 11.343/06)...................................................................................................................... 03
Crimes tipificados no Código de Trânsito Brasileiro (Lei n° 9.503/97)................................................................................................. 11
Violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 11.340 de 2006)............................................................................................ 58
Contravenções penais............................................................................................................................................................................................. 63
Dos crimes tipificados na Lei do Estatuto do idoso (Lei n° 10.741 de 2003).................................................................................... 68
Dos crimes tipificados no Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826/03)........................................................................................ 78
Crimes de Tortura (Lei n° 9.455 de 1997)........................................................................................................................................................ 85
Dos crimes contra a propriedade Intelectual (Lei n° 9.609 de 1998)................................................................................................... 86
Dos crimes tipificados nas Leis de preconceito e aos dos deficientes físicos (Lei n° 7.716 de 1989 e Lei n° 7853 de
1989).............................................................................................................................................................................................................................. 88
Artigo 9° (nono) do Código Penal Militar....................................................................................................................................................... 92
SUMÁRIO

Crimes hediondos (Lei n° 8.072 de 1990)....................................................................................................................................................... 92


Organizações Criminosas (Lei n° 9.034, de 1995)........................................................................................................................................ 94
Identificação criminal do civilmente identificado (Lei n° 12.037/09)................................................................................................... 98
Crimes contra o meio ambiente (Lei n° 9.605/98)....................................................................................................................................... 99
Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117/1962).................................................................................................................107
Organização dos serviços de telecomunicações (Lei nº 9472/97)......................................................................................................119
Lei de Organizações Criminosas (Lei n. 12.850)..........................................................................................................................................138
Estatuto do Torcedor. ...........................................................................................................................................................................................142

Noções de Informática

Introdução ao sistema operacional Microsoft Windows.......................................................................................................................... 01


Conceitos básicos e utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas eletrônicas e apresentações: pacote
Microsoft Office. ...................................................................................................................................................................................................... 09
Principais aplicativos de navegação na Internet (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox), ferramentas de pesquisa e
compartilhamento de informações................................................................................................................................................................... 69
Segurança na Internet............................................................................................................................................................................................. 69

Legislação Específica da Polícia Militar

Lei Complementar nº 515/2014 – dispõe sobre o Regime de Promoção dos Praças. ................................................................. 01
Lei nº 4.533/1975 e suas alterações – dispõe sobre o Regime de Promoção dos Oficiais da PM. ......................................... 07
Lei nº 4.630/1976 – dispõe sobre o Estatuto da PMRN. .......................................................................................................................... 10
Portaria nº 042/2016 – GCG – dispõe sobre a formalização do Processo Administrativo Disciplinar Sumário. ................ 29
Decreto nº 23.045/2012 – regulamenta uniformes da PM. .................................................................................................................... 33
Decreto nº 8.336/1982 – aprova o Regulamento Disciplinar da PM. ................................................................................................. 96
Lei Complementar nº 090/1991 – dispõe sobre a Organização básica da PMRN........................................................................106
Lei Complementar nº 463/2012 – dispõe sobre subsídios dos Militares do Estado RN. ..........................................................111
Lei Complementar nº 514/2014 – dispõe sobre o Reajuste dos subsídios......................................................................................115
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Aplicação da lei penal militar............................................................................................................................................................................... 01


Crime............................................................................................................................................................................................................................. 01
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................. 03
Concurso de agentes. Penas. Aplicação da pena. Suspensão condicional da pena. Livramento condicional. Penas aces-
sórias.............................................................................................................................................................................................................................. 04
Efeitos da condenação........................................................................................................................................................................................... 13
Medidas de segurança........................................................................................................................................................................................... 14
Ação penal................................................................................................................................................................................................................... 14
Extinção da punibilidade....................................................................................................................................................................................... 16
Crimes militares em tempo de paz.................................................................................................................................................................... 18
Crimes propriamente militares............................................................................................................................................................................ 19
Crimes impropriamente militares....................................................................................................................................................................... 19
Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Rio Grande do Norte.................................................................................................... 20
Código Penal Militar (Arts. 1º ao 9º)................................................................................................................................................................. 39
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

PROF. GREICE ALINE DA COSTA SARQUIS PINTO.


CRIME.
Bacharel em Direito - Faculdade de Direito da Alta Pau-
lista - FADAP/FAP. Advogada inscrita na OAB/ SP sob nº
298.596. Membro da Comissão do Jovem Advogado na 34ª
Subseção de Tupã/SP. Conforme leciona Fernando Capez1 conceitua crime,
no aspecto material, como todo fato humano que, propo-
sitada ou descuidadamente, causa lesão ou expõe a perigo
bens jurídico importantes para a coletividade e para a paz
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR. social. No aspecto formal, crime é subsunção da conduta
ao tipo legal, ou seja, crime é aquilo que o legislado descre-
ve como tal. No aspecto analítico crime é todo fato típico
O Código Penal Militar vigente foi instituído pelo Decre- e ilícito.
to-Lei 1.001, de 21 de outubro de 1969, tendo sido recep- A distinção preponderante entre o crime comum e o
cionado com força de lei (ordinária) pela atual Constituição crime militar está no bem jurídico a ser tutelado. No crime
Federal, ressalvadas as naturais incompatibilidades com a militar tutela-se precipuamente a administração militar e os
Carta Política. princípios basilares da hierarquia e disciplina.
O Direito Penal Militar possui diversos princípios e regras O Brasil adotou para definir como crime militar o as-
semelhantes ao Direito Penal comum, valendo-se o opera- pecto formal, ou seja, o legislador enumera, taxativamen-
dor do Direito Castrense da doutrina e jurisprudência desses te, por meio de lei, as condutas tidas como crime militar.
institutos comuns. Contudo, há inúmeras normas gerais e Assim, em regra, crime militar são condutas descritas no
incriminadoras que são diversas ou previstas exclusivamente Código Penal Militar – CPM, Decreto-Lei nº 1.001 de 21 de
no Direito Penal Militar. outubro de 1969, o qual, também, por via do seu artigo 9º
Portanto, alguns autores defendem que o Direito Pe- estabelece outros critérios como em razão da pessoa, em
nal Militar é um ramo especial e autônomo do Direito, pois
razão do local. Transcrevemos o artigo 9º do CPM:
apresenta “um núcleo exclusivo de interesses e bens jurídi-
cos que, por seu relevo para a vida social, carece de tutela
singular e atrai para sua órbita toda uma trama de relações Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
afins, tendentes à realização daqueles bens e interesses”2. paz:
Ou seja, possui objeto específico, porque se constrói sobre I - os crimes de que trata este Código, quando defi-
uma categoria de interesses e bens jurídicos que lhe é pri- nidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não
vativa por natureza, a saber: hierarquia e disciplina militar previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição es-
– pilares sobre os quais se organizam as Forças Armadas. pecial; (números)
Princípio da legalidade – O artigo 1.º do CPM inaugura II - os crimes previstos neste Código, embora também
a codificação penal militar consagrando expressamente o o sejam com igual definição na lei penal comum, quando
princípio da legalidade, com idêntica redação ao estatuído praticados:
no artigo 5.º, XXXIX, da CRFB/88 e no artigo 1.º do Código a) por militar em situação de atividade ou assemelha-
Penal Brasileiro (CPB). do, contra militar na mesma situação ou assemelhado; (ra-
Igualmente ao CPB, o artigo 2.º CPM contempla os prin-
tione persone)
cípios da anterioridade e da retroatividade da lei mais benig-
na, ressalvando expressamente a impossibilidade e a conju- b) por militar em situação de atividade ou assemelha-
gação de normas tão habitualmente defendida e aplicada do, em lugar sujeito à administração militar, contra militar
no direito penal comum. da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; (ratio-
O disposto no artigo 3.º do CPM não foi recepcionado ne loci e ratione persone)
pela Constituição Federal (ar t. 5.º, XL), uma vez que inad- c) por militar em serviço ou atuando em razão da fun-
missível a aplicação de lei penal mais gravosa àquele que ção, em comissão de natureza militar, ou em formatura,
se encontra cumprindo medida de segurança, invariável a ainda que fora do lugar sujeito à administração militar con-
natureza deste instituto. tra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (ratione loci e
O tempo do crime no CPM rege -se também pela teoria ratione persone)
da ação ou da atividade, considerando o instante da con- d) por militar durante o período de manobras ou exer-
duta (comissiva ou omissiva) como o momento em que o cício, contra militar da reserva, ou reformado, ou asseme-
agente incorre, por excelência, no juízo de reprovação social. lhado, ou civil; (ratione loci e ratione persone)
Como lugar do crime6, o CPM adotou a teoria da ubi-
e) por militar em situação de atividade, ou assemelha-
quidade para as condutas comissivas (consumadas ou tenta-
do, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a
das); e a teoria da ação ou atividade para as condutas omis-
sivas. ordem administrativa militar; (ratione persone e ratione
Ao contrário do Direito Penal comum, em que a territo- objeto) II, b, c, d,
rialidade é a regra e a extraterritorialidade é a exceção, no f) revogada.
Direito Penal Militar tanto a territorialidade quanto a extra- 1 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - Volume
territorialidade são regras (art. 7.º do CPM) 1- 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

III - os crimes praticados por militar da reserva, ou re- Conclui-se que crimes propriamente militares são
formado, ou por civil, contra as instituições militares, consi- aqueles tipificados numa legislação militar, sem que haja
derando-se como tais não só os compreendidos no inciso conduta correspondente descrita em normas comuns, cujo
I, como os do inciso II, nos seguintes casos: objeto jurídico é a proteção da instituição militar, pelo que
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou versa sobre as infrações de deveres militares, podendo,
contra a ordem administrativa militar; (ratione objeto) por isso, ser praticados apenas por militares ou asseme-
b) em lugar sujeito à administração militar contra mi- lhados como, por exemplo, o crime de deserção (Art. 187,
litar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra do CPM), abandono de posto (Art. 195, do CPM), desacato
funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no a superior (Art. 298, CPM), dormir em serviço, (Art. 203, do
exercício de função inerente ao seu cargo; (ratione loci e CPM), etc. enquanto que os crimes impropriamente mili-
ratione persone) tares são aqueles que mesmo estando descritos no Códi-
c) contra militar em formatura, ou durante o período go Penal Militar, podem vir a ser cometidos por qualquer
de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, pessoa como é o caso do delito de homicídio (Art. 205, do
acampamento, acantonamento ou manobras; (ratione loci CPM), delito de furto (Art. 240, do CPM), etc.
Ademais, conforme ensina Azor Lopes da Silva Júnior,
e ratione persone)
se a conduta não estiver tipificada no Código Penal Mili-
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração mi-
tar, mesmo que praticada dentro do quartel não se poderá
litar, contra militar em função de natureza militar, ou no
chamar de crime militar. Vejamos o que leciona o autor:
desempenho de serviço de vigilância, garantia e preserva-
ção da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando “(...)a prática de contravenção penal pelo militar, mes-
legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência mo que dentro de um quartel e contra outro militar, será
a determinação legal superior. (ratione objeto) considerado delito comum; da mesma forma, a lesão cor-
poral praticada por um militar, fora do ambiente do quartel
O critério geral estabelecido pelo Código Penal Militar e fora da situação de serviço, contra um civil; igualmente o
é o ratione legis, ou seja, em razão da lei, assim é crime tráfico de entorpecentes por um militar, mesmo que dentro
militar a conduta estabelecida no Código Penal Militar. O do quartel, já que prevalece a Lei nº 6368/76; o crime de
critério ratione persone se dá quando exige que o sujeito tortura, mesmo que praticado dentro do estabelecimento
ativo ou passivo esteja na condição especial de militar ou militar tipifica-se por lei especial (Lei nº 9455/97); ao abuso
assemelhado como acontece, por exemplo, no inciso II, alí- de autoridade de igual forma aplica-se a Lei nº 4898/65;
neas a, b, c, d e inciso III, alineas b e c etc.
O critério do local leva em consideração o local onde Desta forma, se a conduta não foi tipificada no Código
a conduta criminosa foi praticada, qual seja “sob adminis- Penal Militar, mas em alguma lei penal especial, esta pre-
tração militar”, conforme inciso II, alíneas b, c, d e inciso III valece. Se, todavia, o fato se subsume tanto à norma penal
alíneas b e c. militar quanto à comum, prepondera a primeira em razão
Há, também, o critério de tempo, pois o Código Penal do princípio da especialidade.
Militar prevê duas modalidades de crimes militares, descre-
vendo condutas e culminando penas para os crimes mili- Diferenças entre Crime Militar e Crime comum
tares praticados em tempo paz e para os crimes militares
praticados em tempo de guerra. Assim, para considerar- Leciona Jorge Cesar de Assis2 em seu artigo Crime Mili-
mos como crime militar, além de a conduta está tipificada tar e Crime Comum destaca algumas diferenças entre o tra-
no CPM obedecendo às normas do artigo 9º, deve-se con- tamento em que a lei dá ao crime militar e crime comum.
siderar se o país está ou não em estado de guerra. Vejamos algumas delas.
Assim, exige-se que a conduta seja típica, antijurídica a) PUNIBILIDADE DA TENTATIVA. No Código Penal co-
mum a tentativa é punida com redução de 1 a 2 terços,
e esteja enquadrada no artigo 9º ou 10º do Código Penal
(art.14, II do CP), enquanto no Código Penal Militar a ten-
Militar, os quais trazem os critérios e condições que carac-
tativa é punida como a mesma pena do crime consumado,
terizam o crime militar.
possibilitando, ainda, a ponderação por parte do magistra-
do (art. 30, parágrafo único do CPM)
Crime Propriamente Militar b) ERRO DE DIREITO. No Código Penal comum, ocor-
A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LXI uti- rendo erro sobre a ilicitude do fato, o qual se inevitável,
liza-se do termo propriamente militar quando garante que ou invencível, exclui o dolo e o autor fica isento de pena.
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- (artigo 21 do CP). Código Penal Militar é mais severo, pois
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária com- recaindo em erro por ignorância ou errada compreensão
petente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime da lei, a pena é simplesmente atenuada ou substituída por
propriamente militar, definidos em lei”. O Código Penal outra menos grave e, ainda, se for crime contra o dever
Comum também faz menção ao termo em seu artigo 64, militar, o erro de direito não lhe aproveita.
inciso II quando assevera que não se consideram os crimes 2 Jorge Cesar de. Crime Militar e Crime Comum.
militares próprios para efeitos de reincidência. Clubjus, Brasília-DF: 27 abr. 2008. Disponível em: . Acesso
em: 22 set. 2010.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

c) ESTADO DE NECESSIDADE JUSTIFICANTE ESPECÍFI-


CO DO COMANDANTE. O Código Penal Militar prevê um IMPUTABILIDADE PENAL.
tipo diferente de estado de necessidade em que o Coman-
dante de navio, aeronave, ou praça de guerra, na iminência
de perigo ou grave calamidade possa compelir os subalter-
nos, por meios violentos, a executar serviços e manobras A imputabilidade encontra-se disposta no artigo 48 do
urgentes. (art. 42 do CPM). Código Penal Militar.
d) TRATAMENTO DUPLO AO ESTADO DE NECESSI- Conceitua-se como imputabilidade penal a possibilida-
DADE. O Código Penal comum prevê apenas o estado de de de atribuir a um indivíduo a responsabilidade por uma
necessidade justificante como excludente da ilicitude (art. infração. Complexo de condições necessárias para que uma
ação seja atribuída a alguém, ou ainda um conjunto de re-
24 do CP), já o Código Penal Militar prevê o estado de ne-
quisitos pessoais através dos quais o indivíduo adquire a
cessidade justificante (art.42, I e 43 do CPM) e estado de
capacidade para que juridicamente lhe possa ser atribuído
necessidade exculpante como excludente da culpabilidade
um fato delituoso.
(art.39 do CPM).
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
e) PENA DE MORTE EM TEMPO DE GUERRA. Diferen- entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
temente do Código Penal comum, o Código Penal Militar ção de um determinado ato.
prevê a pena de morte em tempo de guerra (art. 55, 355 e
outros do CPM) São imputáveis os indivíduos que:
f) PENAS INFAMANTES. Está previsto no Código Penal a) entende o caráter criminoso do fato;
Militar, como penas acessórias, a declaração de indignida- b) determina-se de acordo com este entendimento.
de para com o oficialato e a declaração de incompatibilida-
de para com o oficialato (art. 98 do CPM). Quando existe algum agravo à saúde mental, os indi-
g) SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA - SURSIS. Di- víduos podem ser considerados inimputáveis – se não ti-
ferentemente do Código Penal comum o Direito Penal Mili- verem discernimento sobre os seus atos ou não possuírem
tar exige para a concessão do sursis que o sentenciado não autocontrole, são isentos de pena.
seja reincidente em crime punido com pena privativa de Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discer-
liberdade, bem como veda a concessão do sursis por vários nimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou
crimes sem violência, como de desrespeito ao superior, de prejudicados por doença ou transtorno mental.
insubordinação, de deserção entre outros.
h) CRIME CONTINUADO. No âmbito militar, o crime Dispõe o Código Penal Militar:
continuado recebe um tratamento mais severo, já que as
penas são unificadas. Sendo as penas da mesma espécie, a TÍTULO III
pena única é a soma de todas e se as penas forem de espé- DA IMPUTABILIDADE PENAL
cies diferentes, aplica-se a pena mais grave com aumento
correspondente à metade do tempo das menos graves (art. Inimputáveis
80 do CPM)
i) INAPLICABILIDADE DO JUIZADO ESPECIAL CRIMI- Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação
ou da omissão, não possui a capacidade de entender o
NAL AOS CRIMES MILITARES. Nos termos do artigo 90-A
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
da lei 9099/95, incluído pela lei 9839/99, a Lei dos Juiza-
esse entendimento, em virtude de doença mental, de de-
dos Especiais Criminais não se aplica no âmbito da Direito
senvolvimento mental incompleto ou retardado.
Militar, no qual, entende-se, não existir infração de menor
potencial ofensivo.
Redução facultativa da pena
j) INAPLICABILIDADE DAS PENAS ALTERNATIVAS AOS
CRIMES MILITARES. Para o Superior Tribunal Militar as pe- Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental
nas restritivas de direito dispostas no artigo 44 do Código não suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade
Penal não tem aplicação na Justiça Militar da União, porém de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodetermi-
o tema é controverso na doutrina. nação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode
ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.

Embriaguez

Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por


embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou for-
ça maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramen-
te incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a O tema acerca da autoria, coautoria e participação é
dois terços, se o agente por embriaguez proveniente de amplo, e enseja uma análise criteriosa que este pequeno
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da trabalho não comporta. Daí porque irei me ater à questão
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o ca- da chamada participação de crime menos grave, também
ráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com chamada pela doutrina de cooperação dolosamente dis-
esse entendimento. tinta.

Menores Tratando do Concurso de Agentes, o art. 53 do Código


Penal Militar dispôs:
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo
se, já tendo completado dezesseis anos, revela suficiente
“Coautoria
desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito
do fato e determinar-se de acordo com este entendimento.
Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o cri-
a metade. me incide nas penas a este cominadas.

Equiparação a maiores Condições ou circunstâncias pessoais

Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, § 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é
ainda que não tenham atingido essa idade: independente da dos outros, determinando-se segundo a
a) os militares; sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim,
b) os convocados, os que se apresentam à incorpora- as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo
ção e os que, dispensados temporariamente desta, deixam quando elementares do crime.
de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos Agravação de pena
de ensino, sob direção e disciplina militares, que já tenham
completado dezessete anos. § 2º A pena é agravada em relação ao agente que:
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os dirige a atividade dos demais agentes;
menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis,
II - coage outrem a execução material do crime;
ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou discipli-
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém
nares determinadas em legislação especial.
sujeito à sua autoridade, ou não punível, em virtude de
(...) condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime ou nele participa mediante paga
ou promessa de recompensa.

CONCURSO DE AGENTES. PENAS. APLICAÇÃO Atenuação de pena


DA PENA. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA
PENA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. PENAS § 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja
ACESSÓRIAS. participação no crime é de somenos importância.

Cabeças

§ 4º na prática de crime de autoria coletiva necessária,


CONCURSO DE AGENTES reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam
ou excitam a ação.
Na maioria dos casos, o delito é praticado por um § 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um
único indivíduo, o qual é denominado de autor. Todavia,
ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim
o autor pode agir conjuntamente com outros indivíduos,
como os inferiores que exercem função de oficial.
havendo assim diversos autores que atuam em conjunto,
numa verdadeira divisão de tarefas, para a concretização
de um crime. Casos de impunibilidade
Existem ainda indivíduos que são alcançados pela lei
penal em razão da prática de atos sem conotação típica, Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o
por conduta não delitiva, porém que contribuíram objetiva auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis se
e subjetivamente para a ação criminosa, sendo estes deno- o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.”
minados partícipes.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

3
Por sua vez, a reforma da Parte Geral do Código Penal A pena de morte (art. 56) é prevista somente em tempo
comum, empreendida em 1984, “representou um impor- de guerra (art. 5.º, XLVII, letra “a”, CRFB) e é executada por
tante avanço, não só do campo das penas e medidas de fuzilamento, nos termos do artigos 707 e 708 do Código de
segurança, mas também no âmbito da teoria do delito. Em- Processo Penal Militar.
bora a disciplina do concurso de agentes não tenha sofrido Nos termos do disposto na Lei nº 9.714, de 25 de no-
uma transformação notável – como, por exemplo, aquela vembro de 1998, são penas restritivas de direito: a presta-
que se deu quanto ao erro – é fora de dúvida que houve ção pecuniária; a perda de bens e valores; a prestação de
um aprimoramento. serviços à comunidade ou a entidades públicas; a interdi-
(...) A hipótese de participação em crime menos gra- ção temporária de direitos; e limitação de fim de semana
ve, que antes implicava necessariamente responsabilidade (art. 43 do CP com nova redação).
objetiva (art. 48, parágrafo único), dispõe agora de solução
mais atenta às exigências do princípio da culpabilidade (art. Referidas penas são aplicáveis de forma autônoma e
29, § 2º). substitutiva às penas privativas de liberdade, quando estas
não forem superiores a quatro anos, e o crime não for co-
Inexistente no Código Penal Militar a participação de metido com violência ou grave ameaça à pessoa, ou, qual-
crime menos grave tem plena aplicação no direito penal quer que seja a pena aplicada, quando o crime for culposo
comum. (art. 44, do CP com nova redação).

É que o legislador da Parte Geral de 1984, adotando o Exige também a legislação penal, como requisitos para
princípio do nullum crimen sine culpa como parâmetro de aplicação das penas restritivas de direito, que o réu não
toda a reforma penal, dispôs, no § 2º do art. 29 do CP que seja reincidente em crime doloso e que a culpabilidade,
“se algum dos concorrentes quis participar de crime menos ou os antecedentes, a conduta social, a personalidade do
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será au- condenado e os motivos e circunstâncias do caso sob jul-
mentada até a metade, na hipótese de ter sido previsível o gamento indiquem ser suficiente a adoção da substituição.
resultado mais grave”.
Houve melhora considerável no tratamento dado à Referida legislação foi editada para alteração do Códi-
matéria, onde o partícipe era punido pelo fato mais grave, go Penal, como se verifica em seu preâmbulo, não fazendo
que lhe era atribuído independentemente de qualquer vin- qualquer referência a legislação especial, na qual se inclui
culação de caráter subjetivo (art. 48, par. único). o CPM.
Esse gravame, que a doutrina passou a considerar res-
ponsabilidade objetiva, a toda evidência não analisava a
Suspensão Condicional da Pena
medida da culpabilidade de cada concorrente.
Agora, o partícipe será punido pelo crime menos grave
O Código Penal Militar não estabelece quais as condi-
que praticou e quis efetivamente praticar.
ções que subordinam a suspensão da execução da pena e
A questão que se apresenta, portanto é saber se o ins-
as quais o réu deve cumprir.
tituto da participação de crime menos grave pode, ou não,
Além de outras adequadas ao caso concreto, o juiz
ser aplicado ao direito penal militar onde é inexistente.
pode determinar: a proibição de frequentar determinados
lugares; a proibição de ausentar-se da comarca onde resi-
Penas
Aplicação das Penas de o sentenciado sem autorização do juiz; a obrigação de
comparecer periodicamente a juízo; a proibição de andar
As principais penas constantes no Código penal Militar, armado, etc. O art. 608, § 2º, do CPPM estabelece um rol de
conforme artigo 55, são: condições que podem ser impostas pelo juiz.
a) pena de morte;
b) reclusão; Livramento Condicional
c) detenção;
d) prisão; O livramento condicional é a concessão pelo poder
e) impedimento; jurisdicional da liberdade antecipada ao condenado, me-
f ) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo diante a existência de certos pressupostos durante o res-
ou função; tante da pena que deveria cumprir o preso. Difere do sursis
g) reforma. porque nesta o condenado nem inicia o cumprimento da
Assim, as penas principais podem ser classificadas em: pena e a concessão é feita pelo juiz da sentença, enquanto
penal corporal (de morte), privativas de liberdade (reclusão, naquela há o pressuposto de que o beneficiário está preso
detenção e prisão), penas restritivas de liberdade (impedi- e a concessão é feita pelo juiz da execução.
mento) e as restritivas de direitos (suspensão do exercício O livramento condicional é um direito do sentenciado;
do posto, graduação, cargo ou função e, ainda, reforma). preenchido os pressupostos deve ser concedido pelo juiz.
3 BATISTA, Nilo. Concurso de Agentes, 3ª edição. Rio O livramento condicional apresenta igualmente, requi-
de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005, p.19. sitos de ordem objetiva e de ordem subjetiva:

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

1º) objetivo – qualidade e quantidade da pena (CPM, A incompatibilidade com o oficialato, igualmente, está
art.89). A pena deve ser de reclusão ou detenção e a con- vinculada ao cometimento de tipo penal específico – “[...]
denação precisa ser igual ou superior a 2 anos. o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e 142” – não
2º) objetivo-subjetivo – cumprimento de parte da pe- havendo, mais uma vez, qualquer vinculação ao montante
na(CPM, art. 89, I ). É necessário que esteja cumprida parte condenatório especificado em sentença.
da pena, a qual varia em razão da reincidência ou não do A exclusão das forças armadas, penalidade acessória
condenado. imposta às praças, será efetivada desde que a pena em
3º) objetivo – tenha reparado o dano da infração, salvo concreto transitada em julgado seja superior a 2 (dois)
efetiva impossibilidade de fazê-lo (CPM, art. 89, II). Autori- anos, não importando o tipo penal capitulado na denúncia
za-se a concessão do livramento ainda quando o condena- e objeto de condenação, nos casos em que a pretensão
do, não sendo insolvente, se encontre à data da apreciação punitiva do Estado tenha sido reconhecida pelo Julgador.
do pedido, impossibilitado de reparar o dano resultante do Verifica-se aqui premente similitude à perda de posto e pa-
crime, podendo ser motivos da impossibilidade, o paradei- tente.
ro desconhecido da vítima ou a sua exigência exagerada, a A perda da função pública aplica-se ao servidor civil, ao
prescrição ou a novação da dívida, etc. assemelhado a esse, ou ainda, ao militar da reserva ou re-
4º) subjetivo – o comportamento meritório, a aptidão(- formado que exerça função pública de qualquer natureza.
CPM, art. 89, III). O comportamento carcerário, a adaptação
Na presente pena acessória o pressuposto de aplicabilida-
ao trabalho e a presunção que não voltará a delinquir irão
de firma-se pela condenação à pena privativa de liberdade
influenciar na concessão do livramento.
nos casos em que a conduta delitiva tenha sido praticada
Ressalte-se que a presunção de que o réu não voltará a
delinquir é extremamente subjetiva, deve ser firmada sem- com “abuso de poder ou violação de dever inerente à fun-
pre em favor do condenado. ção pública”. E, ainda, pela condenação à pena privativa de
Reduz-se o tempo de cumprimento da pena, a um ter- liberdade superior a 2 (dois) anos, não importando o delito
ço, se o condenado é primário, for menor de 21 anos ou praticado.
maior de 70anos. A pena acessória de inabilitação para o exercício da
Deve-se salientar que tanto a menoridade relativa função pública possui parcial similitude à perda da função
quanto o maior de 70 anos, são atenuantes genéricas (CPM, pública, mas tal similitude limita-se ao sentido de impedir o
art. 72, I).Também são reduzidos da metade os prazos da agente condenado de acessar função pública determinada.
prescrição quando o criminoso era ao tempo do crime me- Enquanto a perda é definitiva, a inabilitação se manifes-
nor de 21 anos ou maior de 70 (CPM, art. 129) ta temporal, ou seja, após transcorrido o prazo aventado
na sentença, em tese, poderá o agente retornar ou exercer
Penas Acessórias nova função pública.
A inabilitação para o exercício da função pública será
As penas acessórias são entendidas como punições ex- decretada pelo prazo de 2 (dois) a 20(vinte) anos ao con-
trapenais, que, por força da própria lei penal, são imputa- denado à pena privativa de liberdade (reclusão), superior a
das ao condenado. 4 (quatro)anos, quando o crime tenha sido praticado com
Em verdade, as penas acessórias se materializam em abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à
verdadeiras restrições a certos direitos civis ou políticos e função pública.
têm como pressuposto primordial a aplicação prévia de A suspensão do pátrio poder5
uma pena principal. Como a própria nomenclatura expres- , tutela ou curatela visa proteger àquele que está sob a
sa, é uma sanção que não subsiste sem uma santio juris guarda e proteção de indivíduo condenado à pena privati-
principal, em regra, uma pena privativa de liberdade. va de liberdade superior a 2 (dois) anos, independente do
No CPM as penas acessórias estão expressas no artigo crime praticado.
98 e reguladas pelos dispositivos seguintes. A nosso ver, a suspensão em comento não se efetiva,
A aplicabilidade de cada pena acessória em espécie
propriamente, em uma pena stricto sensu, ainda que consi-
está vinculada a incidência de uma conduta delituosa es-
derada acessória. O que suscita questionamentos acerca da
pecífica ou ao montante da pena em concreto, sendo que
natureza jurídica da pena acessória, que será melhor discu-
nesse caso, indiferente a conduta delitiva perpetrada pelo
condenado. Passemos a observar uma a uma tida posteriormente.
Por fim, a suspensão dos direitos políticos será aplica-
A perda de posto e patente do oficial “resulta da con- da ao condenado à pena privativa de liberdade, enquanto
denação a pena privativa de liberdade por tempo superior seu cumprimento perdurar. Mesmo efeito se terá quando
a 2 (dois) anos” - nos termos do art. 99 do CPM. Assim, do cumprimento de medida de segurança, nos casos de
basta a condenação com trânsito em julgado, por qualquer sentença absolutória impropria e, igualmente aplicada, du-
crime, para permitir a aplicabilidade da perda de posto e rante o período de “inabilitação para função pública”. Tal
patente. suspensão de direitos resume-se à possibilidade de exercer
A indignidade como pena acessória vincula-se a con- o direito de voto e de ser votado.
duta criminosa empreendida pelo militar, não pode ser
aplicada em casos outros que não estejam expressos nos
permissivos legais explicitados.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Código Penal Militar: Pena do assemelhado

(...) Art. 60. O assemelhado cumpre a pena conforme o


posto ou graduação que lhe é correspondente.
TÍTULO V
DAS PENAS Pena dos não assemelhados
CAPÍTULO I
DAS PENAS PRINCIPAIS Parágrafo único. Para os não assemelhados dos Minis-
térios Militares e órgãos sob controle destes, regula-se a
Penas principais correspondência pelo padrão de remuneração.

Art. 55. As penas principais são: Pena superior a dois anos, imposta a militar
a) morte;
b) reclusão; Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2
c) detenção; (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária
d) prisão; militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil,
e) impedimento; ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões,
ou função; também, poderá gozar.
g) reforma.
Pena privativa da liberdade imposta a civil
Pena de morte
Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. Militar, em estabelecimento prisional civil, ficando ele sujei-
to ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos
Comunicação benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação
dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é
comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da
Cumprimento em penitenciária militar
República, e não pode ser executada senão depois de sete
dias após a comunicação.
Parágrafo único - Por crime militar praticado em tem-
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de
po de guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir a pena,
operações de guerra, pode ser imediatamente executada,
no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em bene-
quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina mili-
tares. fício da segurança nacional, assim o determinar a sentença.

Mínimos e máximos genéricos Pena de impedimento

Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado
o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da ins-
de trinta dias, e o máximo de dez anos. trução militar.

Pena até dois anos imposta a militar Pena de suspensão do exercício do posto, graduação,
cargo ou função
Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2
(dois) anos, aplicada a militar, é convertida em pena de pri- Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto,
são e cumprida, quando não cabível a suspensão condicio- graduação, cargo ou função consiste na agregação, no
nal: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não
ficará separada de presos que estejam cumprindo pena será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito,
disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo supe- o do cumprimento da pena.
rior a dois anos.
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria
Separação de praças especiais e graduadas
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a
Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumpri- sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposenta-
mento da pena de prisão, atender-se-á, também, à condi- do, a pena prevista neste artigo será convertida em pena
ção das praças especiais e à das graduadas, ou não; e, den- de detenção, de três meses a um ano.
tre as graduadas, à das que tenham graduação especial.

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Pena de reforma a) por motivo fútil ou torpe;


b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação,
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à si- a impunidade ou vantagem de outro crime;
tuação de inatividade, não podendo perceber mais de um c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez de-
vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem rece- corre de caso fortuito, engano ou força maior;
ber importância superior à do soldo. d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou median-
te outro recurso insidioso que dificultou ou tornou impos-
Superveniência de doença mental sível a defesa da vítima;
e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo,
Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença men- explosivo, ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel, ou
tal deve ser recolhido a manicômio judiciário ou, na falta de que podia resultar perigo comum;
deste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe seja f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
assegurada custódia e tratamento. g) com abuso de poder ou violação de dever inerente
a cargo, ofício, ministério ou profissão;
Tempo computável h) contra criança, velho ou enfermo;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção
Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade da autoridade;
o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alaga-
e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o mento, inundação, ou qualquer calamidade pública, ou de
excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial irrecor- desgraça particular do ofendido;
rível, no cumprimento da pena, por outro crime, desde que l) estando de serviço;
a decisão seja posterior ao crime de que se trata. m) com emprego de arma, material ou instrumento de
serviço, para esse fim procurado;
Transferência de condenados n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha
sede a sua administração;
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma re-
o) em país estrangeiro.
gião, distrito ou zona pode cumprir pena em estabeleci-
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c, salvo no
mento de outra região, distrito ou zona.
caso de embriaguez preordenada, l , m e o , só agravam o
crime quando praticado por militar.
CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA
Reincidência
Fixação da pena privativa de liberdade
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente co-
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o mete novo crime, depois de transitar em julgado a senten-
juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personali- ça que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por
dade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo crime anterior.
ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou
perigo de dano, os meios empregados, o modo de execu- Temporariedade da reincidência
ção, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo
e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibili- § 1º Não se toma em conta, para efeito da reincidência,
dade, indiferença ou arrependimento após o crime. a condenação anterior, se, entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e o crime posterior, decorreu período de
Determinação da pena tempo superior a cinco anos.

§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve Crimes não considerados para efeito da reincidência
determinar qual delas é aplicável.
§ 2º Para efeito da reincidência, não se consideram os
Limites legais da pena crimes anistiados.

§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a
limites legais a quantidade da pena aplicável. pena:

Circunstâncias agravantes Circunstância atenuantes

Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de se-
pena, quando não integrantes ou qualificativas do crime: tenta anos;
I - a reincidência; II - ser meritório seu comportamento anterior;
II - ter o agente cometido o crime: III - ter o agente:

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

a) cometido o crime por motivo de relevante valor so- Criminoso habitual ou por tendência
cial ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com efi- Art. 78. Em se tratando de criminoso habitual ou por
ciência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as con- tendência, a pena a ser imposta será por tempo indetermi-
sequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; nado. O juiz fixará a pena correspondente à nova infração
c) cometido o crime sob a influência de violenta emo- penal, que constituirá a duração mínima da pena privativa
ção, provocada por ato injusto da vítima; da liberdade, não podendo ser, em caso algum, inferior a
d) confessado espontaneamente, perante a autorida- três anos.
de, a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem;
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei. Limite da pena indeterminada
Não atendimento de atenuantes
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima 1º A duração da pena indeterminada não poderá ex-
cominada é de morte, ao juiz é facultado atender, ou não, ceder a dez anos, após o cumprimento da pena imposta.
às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo.
Habitualidade presumida
Quantum da agravação ou atenuação
2º Considera-se criminoso habitual aquele que:
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou ate-
a) reincide pela segunda vez na prática de crime do-
nuação da pena sem mencionar o quantum, deve o juiz
loso da mesma natureza, punível com pena privativa de li-
fixá-lo entre um quinto e um têrço, guardados os limites da
berdade em período de tempo não superior a cinco anos,
pena cominada ao crime. descontado o que se refere a cumprimento de pena;
Mais de uma agravante ou atenuante Habitualidade reconhecível pelo juiz
Art. 74. Quando ocorre mais de uma agravante ou b) embora sem condenação anterior, comete sucessi-
mais de uma atenuante, o juiz poderá limitar-se a uma só vamente, em período de tempo não superior a cinco anos,
agravação ou a uma só atenuação. quatro ou mais crimes dolosos da mesma natureza, puní-
veis com pena privativa de liberdade, e demonstra, pelas
Concurso de agravantes e atenuantes suas condições de vida e pelas circunstâncias dos fatos
apreciados em conjunto, acentuada inclinação para tais
Art. 75. No concurso de agravantes e atenuantes, a crimes.
pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circuns-
tâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que Criminoso por tendência
resultam dos motivos determinantes do crime, da perso-
nalidade do agente, e da reincidência. Se há equivalência 3º Considera-se criminoso por tendência aquele que
entre umas e outras, é como se não tivessem ocorrido. comete homicídio, tentativa de homicídio ou lesão corpo-
ral grave, e, pelos motivos determinantes e meios ou modo
Majorantes e minorantes de execução, revela extraordinária torpeza, perversão ou
malvadez.
Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais de au-
mento ou diminuição da pena, não fica o juiz adstrito aos Ressalva do art. 113
limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos da
espécie de pena aplicável (art. 58). 4º Fica ressalvado, em qualquer caso, o disposto no
Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais, art. 113.
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só dimi-
Crimes da mesma natureza
nuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente
ou diminua.
5º Consideram-se crimes da mesma natureza os pre-
vistos no mesmo dispositivo legal, bem como os que, em-
Pena-base bora previstos em dispositivos diversos, apresentam, pelos
fatos que os constituem ou por seus motivos determinan-
Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada ou dimi- tes, caracteres fundamentais comuns.
nuída, de quantidade fixa ou dentro de determinados limi-
tes, é a que o juiz aplicaria, se não existisse a circunstância Concurso de crimes
ou causa que importa o aumento ou diminuição.
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idên-
ticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser

9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única CAPÍTULO III


é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
e a mais grave, mas com aumento correspondente à meta-
de do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no Pressupostos da suspensão
art. 58.
Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade,
Crime continuado não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2
(dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: (Redação dada pela
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no es-
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições trangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena
de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhan- privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71;
tes, devem os subsequentes ser considerados como conti- (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
nuação do primeiro. II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos
e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta poste-
Parágrafo único. Não há crime continuado quando se rior, autorizem a presunção de que não tornará a delinquir.
trata de fatos ofensivos de bens jurídicos inerentes à pes- (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978)
soa, salvo se as ações ou omissões sucessivas são dirigidas
contra a mesma vítima. Restrições

Limite da pena unificada Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas


de reforma, suspensão do exercício do posto, graduação
Art. 81. A pena unificada não pode ultrapassar de trinta ou função ou à pena acessória, nem exclui a aplicação de
anos, se é de reclusão, ou de quinze anos, se é de detenção. medida de segurança não detentiva.

Redução facultativa da pena Condições

§ 1º A pena unificada pode ser diminuída de um sexto Art. 85. A sentença deve especificar as condições a que
a um quarto, no caso de unidade de ação ou omissão, ou fica subordinada a suspensão.
de crime continuado.
Revogação obrigatória da suspensão
Graduação no caso de pena de morte
Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo,
§ 2° Quando cominada a pena de morte como grau o beneficiário:
máximo e a de reclusão como grau mínimo, aquela cor- I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça
responde, para o efeito de graduação, à de reclusão por Militar ou na comum, em razão de crime, ou de contraven-
trinta anos. ção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta
pena privativa de liberdade;
Cálculo da pena aplicável à tentativa II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do
dano;
§ 3° Nos crimes punidos com a pena de morte, esta III - sendo militar, é punido por infração disciplinar
corresponde à de reclusão por trinta anos, para cálculo da considerada grave.
pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial.
Revogação facultativa
Ressalva do art. 78, § 2º, letra b
§ 1º A suspensão pode ser também revogada, se o
Art. 82. Quando se apresenta o caso do art. 78, § 2º, condenado deixa de cumprir qualquer das obrigações
letra b , fica sem aplicação o disposto quanto ao concurso constantes da sentença.
de crimes idênticos ou ao crime continuado.
Prorrogação de prazo
Penas não privativas de liberdade
§ 2º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao
Art. 83. As penas não privativas de liberdade são apli- invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o má-
cadas distinta e integralmente, ainda que previstas para um ximo, se este não foi o fixado.
só dos crimes concorrentes. § 3º Se o beneficiário está respondendo a processo
que, no caso de condenação, pode acarretar a revogação,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julga-
mento definitivo.

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Extinção da pena Observação cautelar e proteção do liberado

Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada Art. 92. O liberado fica sob observação cautelar e pro-
a suspensão, fica extinta a pena privativa de liberdade. teção realizadas por patronato oficial ou particular, dirigido
aquele e inspecionado este pelo Conselho Penitenciário. Na
Não aplicação da suspensão condicional da pena falta de patronato, o liberado fica sob observação cautelar
realizada por serviço social penitenciário ou órgão similar.
Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:
I - ao condenado por crime cometido em tempo de Revogação obrigatória
guerra;
II - em tempo de paz: Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a
a) por crime contra a segurança nacional, de alicia- ser condenado, em sentença irrecorrível, a penal privativa
ção e incitamento, de violência contra superior, oficial de de liberdade:
dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de I - por infração penal cometida durante a vigência do
desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção; benefício;
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser
291 e seu parágrafo único, ns. I a IV. unificadas as penas, não fica prejudicado o requisito do art.
89, nº I, letra a
CAPÍTULO IV
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Revogação facultativa
Requisitos § 1º O juiz pode, também, revogar o livramento se o
liberado deixa de cumprir qualquer das obrigações cons-
Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de de- tantes da sentença ou é irrecorrivelmente condenado, por
tenção por tempo igual ou superior a dois anos pode ser
motivo de contravenção, a pena que não seja privativa de
liberado condicionalmente, desde que:
liberdade; ou, se militar, sofre penalidade por transgressão
I - tenha cumprido:
disciplinar considerada grave.
a) metade da pena, se primário;
b) dois terços, se reincidente;
Infração sujeita à jurisdição penal comum
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o
dano causado pelo crime;
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua § 2º Para os efeitos da revogação obrigatória, são to-
adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a sua madas, também, em consideração, nos termos dos ns. I e
personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permi- II deste artigo, as infrações sujeitas à jurisdição penal co-
tem supor que não voltará a delinquir. mum; e, igualmente, a contravenção compreendida no § 1º,
se assim, com prudente arbítrio, o entender o juiz.
Penas em concurso de infrações
Efeitos da revogação
§ 1º No caso de condenação por infrações penais em
concurso, deve ter-se em conta a pena unificada. Art. 94. Revogado o livramento, não pode ser nova-
mente concedido e, salvo quando a revogação resulta de
Condenação de menor de 21 ou maior de 70 anos condenação por infração penal anterior ao benefício, não
se desconta na pena o tempo em que esteve solto o con-
§ 2º Se o condenado é primário e menor de vinte e denado.
um ou maior de setenta anos, o tempo de cumprimento da
pena pode ser reduzido a um terço. Extinção da pena

Especificações das condições Art. 95. Se, até o seu termo, o livramento não é revo-
gado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
Art. 90. A sentença deve especificar as condições a que
fica subordinado o livramento. Parágrafo único. Enquanto não passa em julgado a
sentença em processo, a que responde o liberado por in-
Preliminares da concessão fração penal cometida na vigência do livramento, deve o
juiz abster-se de declarar a extinção da pena.
Art. 91. O livramento somente se concede mediante
parecer do Conselho Penitenciário, ouvidos o diretor do Não aplicação do livramento condicional
estabelecimento em que está ou tenha estado o liberando
e o representante do Ministério Público da Justiça Militar; Art. 96. O livramento condicional não se aplica ao con-
e, se imposta medida de segurança detentiva, após perícia denado por crime cometido em tempo de guerra.
conclusiva da não periculosidade do liberando.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Casos especiais do livramento condicional Perda da função pública

Art. 97. Em tempo de paz, o livramento condicional Art. 103. Incorre na perda da função pública o asseme-
por crime contra a segurança externa do país, ou de revol- lhado ou o civil:
ta, motim, aliciação e incitamento, violência contra superior I - condenado a pena privativa de liberdade por crime
ou militar de serviço, só será concedido após o cumpri- cometido com abuso de poder ou violação de dever ine-
mento de dois terços da pena, observado ainda o disposto rente à função pública;
no art. 89, preâmbulo, seus números II e III e §§ 1º e 2º. II - condenado, por outro crime, a pena privativa de
liberdade por mais de dois anos.
CAPÍTULO V Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao mi-
DAS PENAS ACESSÓRIAS litar da reserva, ou reformado, se estiver no exercício de
função pública de qualquer natureza.
Penas Acessórias
Inabilitação para o exercício de função pública
Art. 98. São penas acessórias:
I - a perda de posto e patente; Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de
II - a indignidade para o oficialato; função pública, pelo prazo de dois até vinte anos, o con-
denado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de
III - a incompatibilidade com o oficialato;
crime praticado com abuso de poder ou violação do dever
IV - a exclusão das forças armadas;
militar ou inerente à função pública.
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
Termo inicial
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
VIII - a suspensão dos direitos políticos. Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exer-
cício de função pública começa ao termo da execução da
Função pública equiparada pena privativa de liberdade ou da medida de segurança
imposta em substituição, ou da data em que se extingue a
Parágrafo único. Equipara-se à função pública a que referida pena.
é exercida em empresa pública, autarquia, sociedade de
economia mista, ou sociedade de que participe a União, o Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela
Estado ou o Município como acionista majoritário.
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade
Perda de posto e patente por mais de dois anos, seja qual for o crime praticado, fica
suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela,
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da conde- enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segu-
nação a pena privativa de liberdade por tempo superior a rança imposta em substituição (art. 113).
dois anos, e importa a perda das condecorações.
Suspensão provisória
Indignidade para o oficialato
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz de-
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para cretar a suspensão provisória do exercício do pátrio poder,
o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, tutela ou curatela.
nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em
qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, Suspensão dos direitos políticos
244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de li-
berdade ou da medida de segurança imposta em substitui-
Incompatibilidade com o oficialato
ção, ou enquanto perdura a inabilitação para função públi-
ca, o condenado não pode votar, nem ser votado.
Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilida-
de com o oficialato o militar condenado nos crimes dos
Imposição de pena acessória
arts. 141 e 142.
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a
Exclusão das forças armadas imposição da pena acessória deve constar expressamente
da sentença.
Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de
liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua ex-
clusão das forças armadas.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Tempo computável Observe, que, “No caso do Código Penal Militar, cla-
ramente, no art. 98, estabelecem-se penas acessórias, que
Art. 108. Computa-se no prazo das inabilitações tem- são complementos da condenação principal, nem todas
porárias o tempo de liberdade resultante da suspensão recepcionadas pela Constituição de 1988. Seus efeitos são
condicional da pena ou do livramento condicional, se não extrapenais, atingindo o âmbito administrativo, civil e po-
sobrevém revogação. lítico” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Militar
comentado – 2. ed. rev., atual.– Rio de Janeiro : Forense,
(...) 2014, p. 200).
Antes de analisar a sistemática adotada, na exclusão de
praças nas forças estaduais, destaca-se a sistemática ado-
tada nas Forças Armadas, com o objetivo de bem entender
as diferenças adotadas, em ambas as situações (aquela que
EFEITOS DA CONDENAÇÃO. envolve militares federais e aquela que envolve militares
estaduais).

IV- A Exclusão de praças especiais ou com estabilidade


Antes de aprofundar nessa seara, importante destacar assegurada nas Forças Armadas.
que ainda vigora no Código Penal Militar as temidas penas
“acessórias”. A exclusão de praças, com estabilidade assegurada nas
São penas acessórias previstas no Código Penal Militar: Forças Armadas, assim como a exclusão de praças especiais
a perda de posto e patente; a indignidade para o oficialato; se procede por meio do Conselho de Disciplina (CD). O que
a incompatibilidade com o oficialato; a exclusão das forças interessa aqui é analisar a exclusão decorrente de conde-
armadas; a perda da função pública, ainda que eletiva; a nação criminal, verbis:
inabilitação para o exercício de função pública; a suspensão
do pátrio poder [hoje, poder familiar], tutela ou curatela; a Art. 2º É submetida a Conselho de Disciplina, “ex of-
suspensão dos direitos políticos (CPM, art. 98, g. n.). ficio”, a praça referida no artigo 1º e seu parágrafo único.
São chamadas “acessórias” porque são efeitos secun- [....]
dários, ou oblíquos da sentença (efeitos reflexos, indiretos III - condenado por crime de natureza dolosa, não
ou decorrentes do principal). previsto na legislação especial concernente à segurança
do Estado, em tribunal civil ou militar, a pena restritiva de
No Código Penal comum as penas acessórias foram
liberdade individual até 2 (dois) anos, tão logo transite em
extintas, com a reforma de 1984, passando a algumas de-
julgado a sentença; ou
las, entretanto, constar como “efeitos da condenação” (CP, [....].
art. 92). Decreto n. 71.500, de 5 de dezembro de 1972, que dis-
põe sobre o conselho de disciplina e dá outras providên-
Aos críticos, tanto os efeitos da condenação, como as cias, g. n.).
penas acessórias, não possuem o caráter “preventivo” bus-
cado pela norma, porque: Observe que, apenas em condenação até dois anos
é que determinada a submissão da praça ao Conselho de
[....] a verdade é que as inabilitações para o exercício Disciplina, porque em condenações com mais de dois anos,
de certos direitos ou atividades e as interdições do exer- em crime militar importa sua exclusão, como pena acessó-
cício de profissões [....] são medidas ou sanções estáticas, ria, prevista no Código Penal Militar (art. 102).
de caráter meramente retributivo, como procurei mostrar,
sobrevivência mais evidentes daquilo que o saudoso NOÉ Em relação a crime comum, na época em que foi edita-
AZEVEDO chamou de fundo de vingança da penologia da a lei do Conselho de Disciplina das Forças Armadas (em
moderna [....]. Elas não educam, nem corrigem, porque não 1972), também havia previsão no Código Penal Comum da
têm mobilidade na execução; elas não estimulam, porque aplicação da pena “acessória”, verbis:
humilham o condenado no seio da sua família (incapaci-
Art. 67. São penas acessórias:
dade para o exercício do pátrio poder ou da autoridade
I - a perda de função pública, eletiva ou de nomeação;
marital), no seio da sociedade (suspensão dos direitos po-
[....]
líticos), no meio do grupo profissional (incapacidade para
a profissão ou atividade). Elas acompanham o condenado, Art. 68. Incorre na perda de função pública:
silenciosamente, como uma sombra negra, que não o aju- I - O condenado a pena privativa de liberdade por cri-
da, que não lhe desperta outro sentimento senão o da pró- me cometido com abuso de poder ou violação de dever
pria inferioridade (LOPES, Jair Leonardo. Reabilitação e o inerente a função pública;
sistema de penas anteprojeto de reforma da parte geral do II - o condenado por outro crime a pena de reclusão
código penal. Rev. Fac. Direito - UFG jan/dez 1981, p. 157). por mais de dois anos ou de detenção por mais de quatro.
[....]

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

O próprio Estatuto dos Militares de 1980 estava em sin- Embora, conforme especificado anteriormente, a le-
tonia, com o ordenamento jurídico vigente na época, ao gislação do Conselho de Disciplina não tenha acompanha-
disciplinar que: do as mudanças operadas no Código Penal comum.

Art. 125. A exclusão a bem da disciplina será aplicada


ex officio ao Guarda-Marinha, ao Aspirante-a-Oficial ou às
praças com estabilidade assegurada: MEDIDAS DE SEGURANÇA.
I- Quando se pronunciar o Conselho Permanente de
justiça, em tempo de paz, ou Tribunal Especial, em tempo
de guerra, ou Tribunal Civil após terem sido essas praças
condenadas, em sentença transitada em julgado, à pena Medidas de Segurança
restritiva de liberdade individual, superior a 2 (dois) anos
ou, nos crimes previstos na legislação especial concernen- Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vi-
gente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se
tes à segurança do estado, a pena de qualquer duração.
diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
A fixação de uma sanção a ser aplicada ao condenado
[....](Lei Federal 6.880, de 9-12-1980, g. n.).
é estabelecida no momento da sentença, a qual coloca tér-
mino ao processo.
A aplicação da pena “acessória” nos delitos militares, Não se pode esquecer ainda que a fixação da sanção
no âmbito das Forças Armadas é matéria pacífica. De fato, representada por uma pena privativa de liberdade, ou por
a condenação de praça, a período superior a dois anos é uma medida de segurança, código penal militar, ou uma
motivo, por si só, que importa da exclusão da praça das pena privativa de liberdade, uma pena restritiva de direi-
FFAA, como um “resíduo”, como um plus, como um efeito to, uma pena alternativa, ou uma medida de segurança,
ou como uma mera consequência da condenação. código penal brasileiro, deverá observar o sistema trifá-
sico e a individualização da pena que foi expressamente
Quanto à condenação em delitos previstos no Código estabelecida pela Constituição Federal de 1988 ao cuidar
Penal comum, a situação era semelhante. Mas, com a Re- dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, art. 5º.
forma do Código Penal, em 1984, as penas acessórias fo- Neste sentido, pode-se afirmar que este momento é um
ram excluídas daquele estatuto repressivo. Em substituição, dos mais importantes da marcha processual, quando o juiz
foram instituídos os chamados “efeitos da condenação”, os deve analisar todos os elementos da instrução probatória e
quais, em 1996, também sofreram nova alteração. estabelecer a individualização da sanção. Caso o juiz verifi-
que que o acusado não tem condições de ser considerado
Não é difícil concluir que, nas Forças Armadas, a lei do imputável deverá impor a este uma medida de segurança.
Conselho de Disciplina tornou-se anacrônica e desatualiza- Muitas vezes, no curso do processo já foi suscitado o
da, principalmente porque não prevê a submissão da praça incidente de insanidade mental para que esta condição
ao Conselho de Disciplina, quando condenada a pena su- possa ser analisada. Mas, pode acontecer que o acusado no
perior a dois anos, em caso de crime comum. curso da execução passe a ser portador de alguma doença
de natureza mental, o que trará como consequência a im-
Caso ocorra a condenação de praça, por período su- posição de uma medida de segurança no curso desta fase
perior a dois anos e se não houver a decretação da perda processual. Estas são as condições estabelecidas pelo art.
da graduação como pena “acessória” prevista no Código 3º do Código Penal Militar, levando em consideração neste
caso a lei vigente ao tempo da execução da decisão tran-
Penal Militar, ou como “efeito” da condenação previsto no
sitada em julgado, que foi estabelecida pela Justiça Militar
Código Penal, a solução pode ser outra.
da União,
Ou seja, a praça pode ser submetida ao processo ético,
se for acusada oficialmente, ou por qualquer meio lícito de
comunicação social de ter: “a) procedido incorretamente
AÇÃO PENAL.
no desempenho do cargo; b) tido conduta irregular; ou c)
praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor militar
ou decoro da classe” (Decreto n. 71.500, de 5 de dezembro
de 1972, art. 2°, Inciso I). Trata-se do direito público subjetivo de pedir ao Es-
tado-juízo a aplicação do direito penal objetivo ao caso
Em conclusão, nota-se que a Lei do Conselho de Dis- concreto.
ciplina das FFAA, sequer prevê a possibilidade de submis- Ação não é pretensão. Ação é simplesmente o direito
são da praça condenada, por período superior a dois anos, de provocar a tutela jurisdicional do Estado. Absolutamen-
a pena privativa de liberdade ao processo administrativo te errado falar, por exemplo, que ação penal é o exercício
(Conselho de Disciplina) por crer que a mera condenação da pretensão punitiva estatal, visto que se estaria ligando
já se constitui motivo para e referida exclusão (como pena ao conceito de ação o objeto que se pede, vinculando di-
“acessória”, no caso de crime militar ou “efeito” da conde- reito abstrato com direito material, como faz a doutrina
nação no caso de crime comum). imanentista.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Ação penal, portanto, é o direito de provocar a jurisdi- sanção penal, haverá falta ao órgão legitimação para agir.
ção penal. Por isso que o direito de ação é exercido contra Nesse rumo, dispõe o artigo 78, “d”, do CPPM, que “a de-
o Estado, pois o Estado é quem possui, única e exclusiva- núncia não será recebida pelo juiz: (...) d) se for manifesta
mente, o poder-dever de dizer o direito. a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador”.

Princípio da obrigatoriedade Denúncia e seus requisitos


É por meio da ação penal que o Estado pede ao juiz A denúncia é a peça inaugural da ação penal pública
que aplique a lei ao caso concreto. O Ministério Público é e, de acordo com o artigo 77, do CPPM, deve conter os
o «dominus litis», ou seja, o senhor da ação penal, pois é seguintes requisitos:
responsável por intentá-la. Note-se que o Ministério Públi- “a) a designação do juiz a que se dirigir;
co não tem disponibilidade da ação, isto é, ele é obrigado a b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou
promover a ação penal face a existência dos elementos de esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado;
convicção fornecidos pelo inquérito policial. c) o tempo e o lugar do crime;
Assim, de acordo com o princípio da obrigatoriedade d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa
não pode o Ministério Público deixar de intentar a ação, jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que
possível;
por quaisquer motivos que sejam. Nesse sentido, prevê o
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas
artigo 30, do Código de Processo Penal Militar, que “a de-
circunstâncias;
núncia deve ser apresentada sempre que houver: a) prova
f) as razões de convicção ou presunção da delinquên-
de fato que, em tese, constitua crime; b) indícios de auto- cia;
ria”. Presentes tais elementos, o Ministério Público deverá g) a classificação do crime;
promover a ação. h) o rol das testemunhas, em número não superior a
Frisa-se, todavia, que o Código Penal Militar, em seu seis, com a indicação da sua profissão e residência; e o das
item 17, da Exposição de Motivos, pretendeu suavizar o ri- informantes com a mesma indicação”.
gor do princípio em comento prescrevendo que “entre os Ao elaborar a denúncia, o representante do Ministério
crimes de lesão corporal, inclui-se o de ‘lesão levíssima’, a Público deverá ficar atento, verificando se todos os requi-
qual, segundo ensino de vivência militar, pode ser desclas- sitos previstos no artigo 77, do CPPM, estão nela contidos,
sificada pelo juiz para infração disciplinar, poupando-se, sob pena de rejeição por inépcia.
em tal caso, o pesado encargo de um processo penal para Note-se que se o acusado estiver preso, a denúncia
fato de tão pequena monta”. deve ser oferecida em cinco dias, contados da data do re-
cebimento dos autos para aquele fim. Já se o acusado esti-
Condições da ação penal militar ver solto a denúncia deverá ser oferecida dentro do prazo
As condições da ação são requisitos necessários para de quinze dias (artigo 79, do CPPM). “O prazo para o ofe-
que o Juiz possa julgar o mérito de uma pretensão punitiva recimento da denúncia poderá, por despacho do juiz, ser
deduzida na acusação. São três as condições da ação penal prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em caso excepcional e
militar: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de se o acusado não estiver preso” - § 1º do artigo supracita-
agir e a legitimidade de parte. do.
O pedido será juridicamente possível quando o direito
penal militar assim o permitir, ou seja, a conduta descrita Classificação subjetiva da ação penal militar
na denúncia deverá enquadrar-se a um tipo penal militar. Via de regra, toda ação penal é pública, pois promovi-
Assim, conforme disposição do artigo 78, do CPPM, “a de- da pelo próprio Estado por meio do Ministério Público. De
núncia não será recebida pelo juiz: (...) b) se o fato nar- acordo com o artigo 29, do CPPM: “a ação penal é pública e
rado não constituir evidentemente crime da competência somente pode ser promovida por denúncia pelo Ministério
Público Militar”. Trata-se de ação penal plena ou incondi-
da Justiça Militar (...)”. Desse modo, haverá impossibilidade
cionada. Assim, quando a lei não dispuser o contrário, a
jurídica do pedido quando o fato narrado na denúncia não
ação penal será incondicionada.
constituir crime previsto no Código Penal Militar.
A ação penal referente aos crimes de lesão corporal
A segunda condição da ação é o interesse de agir, tam- leve e culposa, além dos casos previstos em legislação es-
bém chamado justa causa. Para que haja atuação jurisdi- pecial ou no Código Penal, será condicionada a represen-
cional é fundamental que o pedido seja idôneo, digno de tação do ofendido, conforme art. 88, da Lei dos Juizados
ser julgado, pois do contrário inexiste interesse. Para rece- Especiais Cíveis e Criminais. Nesses casos, o Ministério Pú-
ber a denúncia o juiz deve estar convencido da seriedade blico não poderá promover a ação penal sem a manifesta-
do pedido. Sendo assim, a denúncia poderá ser rejeitada ção do ofendido. O direito de representação somente pode
quando não contiver os elementos descritos no artigo 77, ser exercido pela vítima ou por seu representante legal, no
do CPPM, tais como: as razões de convicção ou presunção prazo de trinta dias, sob pena de decadência.
de delinquência. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a propositu-
A última condição da ação é a legitimidade para agir. ra da ação penal militar será condicionada à requisição do
Desse modo, somente o titular do interesse é que pode- Ministério Militar a quem o agente estiver subordinado, ou
rá agir, intentar a ação. Se o Ministério Público requerer a do Ministério da Justiça, quando o agente for civil e não
atuação jurisdicional contra alguém que não pode sofrer houver co-autor militar (art. 122, do CPM).

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Instauração do processo
O processo inicia-se quando o juiz recebe a denúncia EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
oferecida pelo Ministério Público. Assim, recebendo os au-
tos do inquérito policial militar o Procurador poderá: ofe-
recer a denúncia; requerer a devolução dos autos para que
adotem as providências para o oferecimento da denúncia; (...)
requerer o arquivamento ao juiz; requerer a remessa dos TÍTULO VIII
autos ao juízo competente caso o crime não seja militar; DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
ou requerer a decretação da extinção da punibilidade se
verificada qualquer das hipóteses previstas no artigo 123, Causas extintivas.
do CPM. Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
Pode ocorrer ainda que o juiz rejeite a denúncia por I – pela morte do agente;
entender que não estão preenchidas as condições da ação,
II – pela anistia ou indulto;
caso em que o Procurador poderá interpor recurso em sen-
III – pela retroatividade da lei que não mais considera o
tido estrito, nos termos do artigo 516, “d”, do CPPM.
fato como criminoso;
Por outro lado, se a denúncia não contiver os requisitos
elencados no artigo 77, do CPPM, o juiz, antes de rejeitá IV – pela prescrição;
-la, mandará remeter o processo ao órgão do Ministério V – pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo
Público para que, dentro do prazo de três dias, contados (art. 303, § 4.°).
do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime,
ausentes (art. 78, §1º, do CPPM). que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância
agravante de outro, não se estende a este. Nos crimes co-
Discordância do juiz no pedido de arquivamento nexos, a extinção da punibilidade de um deles não impe-
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do in- de, quanto aos outros, a agravação da pena decorrente da
quérito policial formulado pelo órgão do Ministério Públi- conexão.
co deverá remeter os autos ao Procurador-Geral Federal.
Assim, “se o procurador, sem prejuízo da diligência a que Das causas de extinção da punibilidade
se refere o art. 26, nº I, entender que os autos do inquérito
ou as peças de informação não ministram os elementos Praticado um crime, nasce para o Estado a pretensão
indispensáveis ao oferecimento da denúncia, requererá ao punitiva, isto é, o legítimo interesse (e dever) de aplicar
auditor que os mande arquivar. Se este concordar com o a sanção penal de forma concreta e individualizada. Para
pedido, determinará o arquivamento; se dele discordar, tanto, vale-se da ação penal, em que são amealhadas as
remeterá os autos ao procurador-geral. Se o procurador
provas necessárias ao reconhecimento da prática delituosa,
entender que há elementos para a ação penal, designa-
de sua autoria e da medida de culpabilidade do agente.
rá outro procurador, a fim de promovê-la; caso contrário,
mandará arquivar o processo.” (art. 397 do CPPM) Feitas estas comprovações, cumpre ao Estado impor a pena
O mesmo ocorre na Justiça Militar do Estado de São e executá-la. Eis porque se diz que “a punibilidade, enten-
Paulo, de acordo com o artigo 28, do Código de Processo dida como aplicabilidade da pena, é uma conseqüência do
Penal - “se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- crime, não podendo, pois, ser considerada como um seu
sentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito elemento” .
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no Todavia, o direito subjetivo do Estado de aplicar a san-
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará ção penal não é intocável e, por razões variadas, o legis-
remessa do inquérito ou peças de informação ao procu- lador previu causas de extinção da punibilidade, previstas
rador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro neste art. 123 do CPM.
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá “A pena aparece como conseqüência jurídica da reali-
no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz zação do crime. Há situações, entretanto, que extinguem a
obrigado a atender”. punibilidade, fazendo desaparecer a pretensão punitiva ou
Por fim, cumpre dizer que intentada a ação penal, não o direito subjetivo do Estado à punição. Subsiste, nesses
poderá o Ministério Público dela desistir, assim como não casos, a conduta delituosa. O que desaparece é a possibi-
poderá desistir do recurso que eventualmente interpuser lidade jurídica de imposição da pena” . É o próprio Estado
(artigos 32 e 512 do CPPM). que, às vezes, renuncia ao seu direito de punir, isto diante
de alguma situação especial hábil a extinguir a punibilida-
de da conduta criminosa.
Estas causas extintivas podem ser genéricas ou particu-
lares. As primeiras são aquelas que aproveitam a qualquer
delito (prescrição, por exemplo). Já as particulares são es-
pecialmente previstas em relação a crimes determinados
(ressarcimento do dano, no peculato culposo).

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

De igual sorte, a extinção da punibilidade pode sur- não renasce. A lei reconhece a irreversibilidade da sentença
gir em decorrência de causas naturais (a morte do agente declaratória de extinção da punibilidade a partir do mo-
etc.) ou políticas (questão de interesse público reconhecido mento em que transite em julgado a respectiva decisão,
pelo legislador como, p. ex., a anistia). que se torna irrecorrível” . “Se a sentença que decretou a
Pode-se ainda dizer que as causas extintivas da puni- extinção da punibilidade ainda não transitou em julgado,
bilidade dividem-se em comunicáveis ou incomunicáveis. deve o órgão acusador interpor recurso em sentido estrito,
Tal classificação diz respeito à comunicabilidade da causa em face do que a ação penal terá prosseguimento, sem
extintiva da punibilidade no concurso de agentes, ou seja, prejuízo da responsabilidade penal do autor ou autores da
se a causa aproveita a todos os envolvidos na empresa cri- falsidade. Se a sentença que decretou a extinção da puni-
minosa (co-autores e partícipes), é comunicável; caso con- bilidade já transitou em julgado, o processo não pode ter
trário, classifica-se como incomunicável. andamento e contra o suposto morto não pode ser inten-
Merece ser destacado que além das causas extintivas tada ação penal pelo mesmo objeto, restando a ação penal
da punibilidade previstas genericamente neste art. 123, ou- contra o autor ou autores da falsidade. Não se admite revi-
tras podem ser veiculadas em caráter específico, tal qual são contra o réu” .
ocorre no caso do perdão judicial previsto no art. 255, pa-
rágrafo único, do CPM. Anistia e indulto

Morte do agente No inciso II do art. 123 estão previstas as causas ex-


tintivas da punibilidade conhecidas como indulgências so-
É famoso o brocado-princípio mors omnia solvit (a beranas, isto em homenagem ao reconhecido esforço do
morte tudo resolve). Porém, nem sempre se pensou desta legislador penal em “suavizar a aspereza da justiça” , quan-
forma, pois na evolução do direito são conhecidas penas do circunstâncias políticas, sociais, econômicas, ou mesmo
de aviltamento de cadáveres, de negação de sepultura cris- particulares, demonstrarem que o olvido do crime é mais
tã e de transferência da sanção para os herdeiros do con- útil à sociedade do que a punição do infrator. Assim, po-
denado morto, hipóteses absolutamente inaceitáveis no de-se dizer que a anistia e o indulto são mecanismos de
atual estágio da ciência penal. pacificação e restauração do equilíbrio social.
Certo é que, morrendo o agente, extingue-se a punibi- A anistia é a forma de indulgência que tem maior re-
lidade, o que acarreta o desaparecimento de todos os efei- percussão, pois, em geral, é aplicada em relação a crimes
tos penais da sentença condenatória. Já os efeitos extrape- políticos, fazendo cessar todos os efeitos penais da senten-
nais permanecem. Assim, a obrigação de reparar o dano, ça condenatória (cuidado: os efeitos civis permanecem). É
por exemplo, transfere-se aos herdeiros do condenado fa- de atribuição do Congresso Nacional e deve ser veiculada
lecido, obedecido o quinhão de cada um. “Morto o autor por lei (art. 48, inciso VIII, da CF). Observe, com atenção,
do crime, são inteiramente esquecidos pelo Estado, dentro que a lei que concede a anistia produz efeitos ex tunc (re-
do campo do Direito Penal, o crime e as suas consequên- troativos) e deve manter o caráter de generalidade, pois
cias. Mas, só dentro do Direito Penal, pois, a reparação civil, abrange fatos (delitos) e não pessoas. A doutrina, usual-
ressalte-se, ainda é possível. Os herdeiros do delinquente mente, classifica a anistia em: a) especial: quando aplicada
respondem, até às forças da herança, pela indenização do a crimes políticos; b) comum: quando aplicada a infrações
dano ocasionado pelo delito” . comuns; c) própria: anterior ao trânsito em julgado da con-
O falecimento do indiciado, réu ou condenado deve denação; d) imprópria: posterior ao trânsito em julgado da
ser provado por intermédio de certidão de óbito ou docu- condenação; e) geral (plena): alcança todos os indivíduos
mento semelhante. que tenham praticado referido delito; f) parcial: favorece
Agora imagine o que fazer quando a extinção da puni- somente determinadas pessoas; g) condicionada: impõe
bilidade for decretada em razão da apresentação de uma condições para a sua concessão; h) incondicionada: não
certidão de óbito falsa. Na hipótese você deve levar em impõe qualquer condição para extinguir a punibilidade.
consideração que no processo penal não existe revisão pro Uma vez concedida, a anistia não pode ser revogada , pois,
societa. Assim, se já tiver transitado em julgado a sentença se assim não fosse, estaria violado o princípio da irretroati-
que declarou extinta a punibilidade pela morte do agente, vidade da lex gravior.
não se pode reinstaurar a ação, restando, somente, a ini- Uma derradeira e importante observação: os crimes
ciativa de processar a pessoa que falsificou e/ou utilizou hediondos, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
o documento falso em juízo. Por outro lado, se, quando e o terrorismo são delitos insuscetíveis de anistia, conforme
descoberta a falsidade da certidão, ainda não tiver ocorri- anuncia o art. 2.º, inciso I, da Lei 8.072/1990. De igual sorte,
do o trânsito em julgado da decisão, o processo pode ser o crime de tortura não pode ser anistiado (art. 1.º, § 6.º, da
retomado, inclusive pela via recursal. Lei 9.455/1997).
A respeito, confira o que dizem os Tribunais e a dou- O indulto, por sua vez, é um benefício coletivo que
trina: deveria ser concedido somente em relação a condenações
“A morte do agente equivocadamente reconhecida e transitadas em julgado. Porém, forte corrente jurispruden-
que acarretou a extinção de sua punibilidade não pode cial tem entendido que a extinção da punibilidade pelo
reavivar a ação penal após conhecida a falsidade do óbito indulto também é possível a partir do momento em que
pela simples razão de que o que está extinto não reaviva, a condenação torna-se irrecorrível para a acusação. Uma

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

vez concedido o indulto, desaparecem somente os efeitos Lembre-se que a retroatividade da nova lei abolicio-
principais da condenação, subsistindo os demais: secundá- nista é compulsória, pois professa “a descriminalização de
rios (reincidência, p. ex.) e extrapenais (reparação do dano, condutas que, em certo momento histórico, perdem o ca-
v.g.). Via de regra, o Decreto que concede o indulto esta- ráter de nocividade ou de anti-socialidade e que, por isso,
belece uma série de requisitos (objetivos e subjetivos) que passam a ser toleradas pelo temperamento punitivo da co-
devem ser atendidos para a concessão do favor rei. Assim, letividade” .
por exemplo, é comum que a norma exija que o condena-
do já tenha cumprido uma fração da pena, que não seja Espécies de prescrição.
Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à exe-
reincidente, que seu comportamento carcerário justifique
cução da pena.
a concessão, que seja portador de enfermidade grave ou
incurável etc. Há também a possibilidade de que o indulto Prescrição
seja condicionado, ou seja, que exija do indultado o cum-
primento de algumas condições futuras, sob pena de re- A prescrição penal “é a perda da pretensão punitiva ou
tomar-se a execução da pena. São exemplos de condições executória do Estado pelo decurso do tempo sem o seu
a serem satisfeitas pelo beneficiário: obter ocupação líci- exercício” . Ocorrendo um delito, surgem para o Estado
ta dentro de prazo razoável, manter satisfatório compor- duas pretensões simultâneas. A primeira é a pretensão de
tamento social etc. Nestes casos, o condenado pode não aplicar uma pena (vontade de punir). A segunda, imediata-
aceitar o benefício! mente posterior, é a pretensão de executar a pena imposta
Cuidado para não confundir o indulto com a comuta- (vontade executória). Entretanto, o próprio Estado reco-
nhece que, em nome da segurança jurídica, deve satisfazer
ção da pena, medida que também é rotineiramente adota-
suas pretensões dentro de um intervalo de tempo razoá-
da pelo Presidente da República no Decreto Natalino. Basta vel, limitando o seu poder-dever de perseguir em juízo (ius
lembrar que no indulto há o perdão da pena, enquanto persequendi in iudicio) e de punir (ius punitionis).
que na comutação existe simplesmente uma dispensa do Assim, eis que surgem as duas espécies básicas de
cumprimento de uma parcela da sanção. A comutação é prescrição: prescrição da pretensão punitiva e prescrição
instituto “reservado tão-somente a condenados de baixís- da pretensão executória. A primeira se dá antes de transitar
sima periculosidade, praticamente recuperados e prontos em julgado a sentença condenatória, e a segunda, obvia-
para retornar, sem riscos, ao seio da sociedade” . mente, a sucede. E isto é muito fácil de ser percebido, basta
Observe que “a concessão de indulto pelo decreto pre- você considerar que a vontade de punir cessa quando o
sidencial constitui mera expectativa de direito, não sendo, Estado impõe uma pena de forma definitiva. Isto é lógico:
pois, auto-executável, devendo ser feita a análise, pelo juiz se já puniu, saciou esta sua pretensão! A partir daí, nasce
outra aspiração: ver sua ordem (pena imposta) devidamen-
encarregado da execução” , da situação de cada condena-
te executada.
do de per si, ouvido, sempre, o Ministério Público. Infelizmente, o legislador penal militar não foi cautelo-
No CPM não há referência à graça, espécie de indulto so ao tratar da prescrição. Note que não existe prescrição
individual, que pode ser requerida pelo próprio condena- da ação ou prescrição da pena, o que há é prescrição da
do, como também pelo Ministério Público, pelo Conselho pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória. A
Penitenciário, ou, ainda, pela autoridade administrativa, ao ação e a pena extinguem-se, mas não prescrevem. A pres-
Presidente da República. Este pedido não obedece a ne- crição é perda. O Estado perde o poder de perseguir judi-
nhum rigor formal, sendo desnecessária qualquer susten- cialmente o autor de determinado crime ou o direito de im-
tação essencialmente jurídica, podendo, inclusive, restrin- por o cumprimento da sanção penal imposta por sentença
gir-se a apelos de ordem sentimental ou humanitária . condenatória transitada em julgado.
“Deve a graça ser aplicada com prudência e cautela,
não se transformando em recurso habitual das decisões
do Judiciário. Será isto intromissão do Executivo na órbita
CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ.
desse Poder; será transformá-lo em supervisor de suas de-
cisões, o que aberra a separação de Poderes. Contra sen-
tenças iníquas, ou nulas, tem o réu sempre os recursos le-
gais. Dispõe da revisão, a qualquer tempo, e, por meio dela, Os crimes militares previstos em tempo de paz passam
pode ser plenamente restaurado seu direito” . a ser considerados como sendo crimes militares em tempo
de guerra quando for declarada oficialmente a guerra pelo
Abolitio criminis Presidente da República na forma das disposições que fo-
ram previamente estabelecidas na Constituição Federal de
1988. Deve-se observar, que os crimes militares em tempo
Tal qual anunciado no primeiro capítulo deste livro
de guerra passam a ter sanções mais severas, como ocorre,
(item 1.2), a abolitio criminis ocorre quando uma lei poste- por exemplo, com o crime de deserção. Em tempo de paz,
rior suprime o caráter ilícito de um fato, decorrendo daí a o desertor fica sujeito a uma pena de detenção, mas em
extinção da punibilidade e a cassação de todos os efeitos tempo de guerra poderá ser condenado a pena de morte
penais da sentença condenatória. na modalidade de fuzilamento.

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

A pena de morte em tempo de guerra também poderá Federal, caso o crime de furto de uso seja praticado por um
ser aplicada aos civis acusados da prática de crimes milita- civil, ainda que contra o patrimônio pertencente à adminis-
res previstos no Código Penal Militar, após serem subme- tração militar ou dentro de estabelecimento militar esta-
tidos a um julgamento perante a Justiça Militar, onde seja dual, o fato será atípico por falta de previsão desta espécie
assegurada a ampla defesa e o contraditório. de crime no Código Penal Brasileiro.
Ocorre que o civil que comete um crime contra as Insti-
tuições Militares Estaduais somente será julgado na Justiça
Comum se existir algum ilícito estatuído no Código Penal
CRIMES PROPRIAMENTE MILITARES. brasileiro a que se subsuma a conduta praticada, caso con-
trário o fato será considerado atípico

A doutrina brasileira basicamente estabelece que duas


são as espécies de crimes militares, os crimes propriamen- CRIMES IMPROPRIAMENTE MILITARES.
te militares, que são aqueles que se encontram previstos
apenas e tão somente no Código Penal Militar, como por
exemplo, a deserção, a insubmissão, o motim, o desacato
a superior, entre outros, e os crimes impropriamente mili- Os crimes impropriamente militares, consistem em cri-
tares, que são aqueles que se encontram previstos tanto mes tipificados como militares por força de lei, em razão de
no Código Penal Brasileiro como também no Código Penal determinadas circunstâncias, tais como, crimes praticados
Militar, como, por exemplo, o furto, o roubo, a lesão corpo- contra instituição militar, ainda que, perpetrado por civis,
ral, o homicídio, a corrupção, a concussão, entre outros. No ou ainda, crimes praticados por militares em serviço, mal-
caso do inciso II, apesar de previstos no CPM e no CPB, o grado sejam tipificados nos mesmos moldes, inclusive com
crime será considerado militar quando praticado nas hipó- idêntico nomen iuris na lei penal comum, codificada ou
teses que foram enumeradas nas alíneas que buscam per- extravagante. Portanto, há situações concorrentes, como o
mitir ao intérprete a elaboração de um conceito de crime crime de furto, que, embora cometido por militar, não trata
de violação a dever restrito, porquanto, pode ser também
militar e o seu alcance na efetiva aplicação da legislação
cometido por civil. Por conseguinte, o crime impropriamen-
militar.
te militar não é apenas o cometido por civis contra militar,
Os crimes propriamente militares, segundo a doutrina
mas, também, aquele cometido por militar e que encontra
predominante, que se filia à doutrina clássica, a qual, por
previsão na legislação penal comum, como o homicídio, a
seu turno, baseia-se no direito romano, são aqueles que
lesão corporal, o peculato, a concussão etc.
somente se encontram tipificados na lei penal militar e, em
Em seguida, o inciso II do mesmo art. 9º, que versa
regra, somente por militar poderá ser cometido, pois con-
sobre os crimes impropriamente militares, os que se en-
siste na violação de deveres restritos, que lhe são próprios,
contram previstos tanto no Código Penal comum como
v.g., deserção, abono de posto. também no Código Penal Militar, como, por exemplo, o
homicídio, o roubo, o furto, a lesão corporal, a corrupção,
No que toca ao art. 9º, inciso I, que trata dos crimes a concussão, o peculato etc., em função destes estarem ti-
propriamente militares, aqueles que se encontram pre- pificados isonomicamente na legislação penal comum, a
vistos apenas e tão somente no Código Penal Militar, por saber:
exemplo, os crimes contra a segurança externa do país; os Da alínea a – “por militar em situação de atividade ou
crimes contra a autoridade e disciplina militar, a exemplo assemelhado, contra militar na mesma situação ou asse-
do motim e da revolta; a aliciação e o incitamento; a violên- melhado” –, deve ser desconsiderada a expressão “asseme-
cia contra superior ou militar de serviço; desrespeito à su- lhado”, em razão dessa figura não mais existir nas forças
perior e a símbolo nacional ou à farda; a insubordinação; a auxiliares assim como nas forças armadas brasileiras, pois
usurpação, o excesso ou abuso de autoridade; a deserção; hoje em dia, o que existe são funcionários civis que foram
o abandono de posto entre outros, aos quais não se aplica admitidos por meio de um concurso de provas e títulos,
a expressão “qualquer que seja o agente”, em razão da in- mas que ficam sujeitos aos Estatutos dos Servidores Públi-
competência das justiças militares estaduais para processar cos da União ou dos Estados.
civis; na Justiça Militar Estadual, somente o militar estadual De outro modo, a expressão “militar em situação de
poderá ser autor de crime militar, o que, segundo Paulo atividade” abrangerá tanto os militares das Forças Arma-
Tadeu Rodrigues Rosa, muitas vezes leva à impunidade. das como os das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Dsipõe o dispositivo, que os crimes previstos no CPM Militares, ainda que estejam integrando a Força Nacional
serão considerados militares independentemente da quali- de Segurança. O sujeito passivo nas situações previstas na
dade do agente, desde que definidos de modo diverso na referida alínea será um outro militar também em atividade.
lei penal comum, ou nela não previstos, salvo disposição Quanto à alínea b – “por militar em situação de ati-
especial, como ocorre, por exemplo, no crime de furto de vidade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração
uso, não previsto na norma incriminadora comum. No en- militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou asseme-
tanto, no âmbito dos Estados da Federação e do Distrito lhado, ou civil” – não se aplica às PPMM e aos CCBBMM a

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

expressão “assemelhado”, em face das razões anteriormen- deixou de ser crime militar impróprio, que também está
te explanadas, sendo que, nesta hipótese, o crime militar previsto no CP comum, mas passou por força de lei a ser
também poderá ocorrer em lugar sujeito a administração julgado pela Justiça Comum, o que contrariou o disposto
pública militar, federal ou estadual, como por exemplo, nas nas normas constitucionais. Em que pese as alterações le-
dependências do Batalhão de Polícia de Choque ou nos 67 gislativas, o procedimento inquisitorial com vistas à apu-
Km² da Academia Militar das Agulhas Negras. Nestes casos, ração da autoria e materialidade desses ilícitos continua a
o sujeito ativo poderá ser militar em situação de atividade e ser o inquérito policial militar a cargo da Polícia Judiciária
o sujeito passivo, vítima, um militar da reserva remunerada, Militar.
um militar reformado, ou mesmo um civil que se encontre
no interior do local sujeito à administração militar.
A alínea c – “por militar em serviço, em comissão de
natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO
sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.
reformado, ou assemelhado, ou civil” –, por sua vez, prevê
que os militares, mormente os federais, nem sempre se en-
contram aquartelados, aguardando ordens para entrar em
ação. Existem outras atividades quotidianas que são de-
LEI Nº 4.630, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1976
senvolvidas, sobretudo pelos militares federais, tais como
solenidades e comissões militares, que se constituem atos
alterada pelas leis nº 5.042, de 03.07.81, 5.209, de
de serviço, malgrado se encontrem fora de lugar sujeito à
administração militar. Quanto aos militares estaduais, via 26.08.83 e nº 6.053, de 18.12.90
de regra, encontram-se empenhados no serviço de segu-
rança pública desde as grandes metrópoles nacionais até Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Esta-
os mais modestos municípios do país. O sujeito que sofre do do Rio Grande do Norte, e dá outras providências.
a ação delitiva, neste caso, poderá ser o militar da reserva, O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
reformado, e também o civil. NORTE: Faço saber que o Poder
A alínea d – “por militar durante o período de mano- Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte LEI:
bras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado,
ou assemelhado, ou civil” – preceitua que, se o militar que ESTATUTO DOS POLICIAIS-MILITARES DO ESTADO
se encontra em período de manobras ou exercício praticar DO RIO GRANDE DO NORTE
qualquer ato ilícito contra um militar da reserva, reformado
ou civil, ficará sujeito a ser processado e julgado perante TÍTULO I
a Justiça Militar. Os militares estaduais também costumam GENERALIDADES
participar de exercícios desta natureza, ainda que adapta-
dos à atividade policial ou de bombeiro militar que lhe é Art. 1º - O presente Estatuto regula a situação, obriga-
peculiar. ções, deveres, direitos e prerrogativas dos policiais militares
A letra e – “por militar em situação de atividade, ou do Estado do Rio Grande do Norte.
assemelhado, contra o patrimônio sob a administração mi-
litar, ou a ordem administrativa militar” – buscou-se aqui Art. 2º - A Polícia Militar, subordinada ao Secretário de
proteger como bem jurídico a administração militar e os Estado responsável pela segurança pública, é uma institui-
princípios militares, que são os fundamentos de toda insti- ção destinada à manutenção da ordem pública do Estado,
tuição militar, a hierarquia e a disciplina. sendo considerada força auxiliar, reserva do Exército.
A letra “f” – “por militar em situação de atividade ou
assemelhado que, embora não estando em serviço, use ar- Art. 3º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado,
mamento de propriedade militar ou qualquer material béli-
em razão da destinação constitucional da Corporação e em
co, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a
decorrência de leis vigentes, constituem uma categoria es-
prática de ato ilegal” –, por fim, previa, por exemplo, que a
pecial de servidores públicos estaduais e são denominados
mera utilização de arma de fogo pertencente à Corporação,
policiais-militares.
independentemente de o policial militar estar ou não de
serviço, para a prática de ato ilícito (homicídio ou lesão cor- § 1º- Os policiais-militares encontram-se em uma das
poral, por exemplo), constituiria crime militar. Entrementes, seguintes situações:
a hipótese foi revogada pela Lei Federal nº 9.299/96 no que 1. Na ativa:
se aplica aos militares dos Estados, os quais por força da a) os policiais-militares de carreira;
Emenda Constitucional nº 45/2004 devem ser processados b) os incluídos na Polícia Militar voluntariamente, du-
e julgados quando acusados da prática de crimes dolosos rante os prazos a que se obrigaram a servir;
contra a vida que tenha como sujeitos passivos civis, sendo c) os componentes da reserva remunerada quando
competente para processo e julgamento a justiça comum, convocados;
em regra, o Tribunal do Júri do local dos fatos. O crime de d) os alunos dos órgãos de formação de policiais-mi-
homicídio praticado por militar (federal ou estadual) não litares da ativa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

2. Na inatividade: CAPÍTULO I
a) na reserva remunerada, quando pertencem à reserva DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
da Corporação e percebem remuneração do Estado, porém
sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante Art.10 - O ingresso na Polícia Militar é facultado a to-
convocação; dos os brasileiros, sem distinção de raça ou de crença re-
b) reformados, quando, tendo passado por uma das si- ligiosa, mediante inclusão, matrícula ou nomeação, obser-
tuações anteriores, estão dispensados, definitivamente, da vadas as condições prescritas em lei e nos regulamentos da
prestação de serviço na ativa, mas continuam a perceber Corporação.
remuneração do Estado.
§ 2º- Os policiais-militares de carreira são os que, no Art.11 - Para a matrícula nos estabelecimentos de en-
desempenho voluntário e permanente do serviço policial- sino policial-militar destinados à formação de Oficiais e
militar, têm vitaliciedade assegurada ou presumida. Graduados, além das condições relativas à nacionalidade,
idade, aptidão intelectual, capacidade física e idoneidade
Art. 4º - O serviço policial-militar consiste no exercí- moral, é necessário que o candidato não exerça, nem tenha
cio de atividades inerentes à Polícia Militar e compreende exercido atividades prejudiciais ou perigosas à Segurança
todos os encargos previstos na legislação específica e rela- Nacional.
cionados com a manutenção da ordem pública do Estado. Parágrafo único - O disposto neste artigo e no anterior
aplica-se, também, aos candidatos ao ingresso nos Qua-
Art. 5º - A carreira policial-militar é caracterizada por dros de Oficiais, em que é exigido o diploma de estabe-
atividade continuada e inteiramente devotada às finalida- lecimento de ensino superior reconhecido pelo Governo
des da Polícia Militar, denominada atividade policial-militar. Federal.
§ 1º - A carreira policial-militar é privativa do pessoal da
ativa. Inicia-se com o ingresso na Polícia Militar e obedece CAPÍTULO II
a sequência de graus hierárquicos. DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
§ 2º- É privativa de brasileiro nato a carreira de Oficial
da Polícia Militar. Art. 12 - A hierarquia e a disciplina são a base institu-
cional da Polícia Militar. A autoridade e a responsabilidade
Art. 6º - Os policiais-militares da reserva remunerada crescem com o grau hierárquico.
poderão ser convocados para o serviço ativo, em caráter § 1º - A hierarquia policial-militar é a ordenação da au-
transitório e mediante aceitação voluntária, por ato do Go- toridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia
vernador do Estado, desde que haja conveniência para o Militar. A ordenação faz-se por postos ou graduações e,
serviço. dentro de um mesmo posto ou de uma mesma graduação,
pela antiguidade num ou noutra. O respeito à hierarquia é
Art. 7º - São equivalentes as expressões “ na ativa”, “ consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de
da ativa ”, “ em serviço ativo ”, “ em serviço na ativa ”, “ em autoridade.
serviço ”, “ em atividade” ou “ em atividade policial-mili- § 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acata-
tar”, conferidas aos policiais-militares no desempenho de mento das leis, regulamentos, normas e disposições que
cargo, comissão, encargos, incumbência ou missão, servi- fundamentam o organismo policial-militar e coordenam
ço ou atividade policial-militar ou considerada de nature- seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se no
za policial-militar, nas organizações policiais-militares bem perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de
como outros órgãos do Estado, quando previsto em lei ou cada um dos componentes desse organismo.
regulamento. § 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre os po-
Art. 8º - A condição jurídica dos policiais-militares é liciais militares da ativa, da reserva remunerada e reforma-
definida pelos dispositivos constitucionais que lhes forem dos.
aplicáveis, por este Estatuto e pela legislação que lhes ou-
torga direitos e prerrogativas e lhes impõe deveres e obri- Art. 13 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convi-
gações. vência entre os policiais-militares da mesma categoria e
têm a finalidade de desenvolver o espírito de camarada-
Art. 9º - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que gem em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do
couber: respeito mútuo.
I - Aos policiais-militares da reserva remunerada e con-
vocados. Art.14 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica
II - Aos capelães policiais-militares. na Polícia Militar são fixados no quadro e parágrafos se-
guintes:
CÍRCULO DE OFICIAIS
OFICIAIS SUPERIORES
CORONEL PM
TENENTE-CORONEL PM

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

MAJOR PM Art. 16 - A precedência entre as Praças Especiais e as


OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS CAPITÃO PM demais Praças é assim regulada:
OFICIAIS SUBALTERNOS 1º TENENTE PM I - Os Aspirantes-a-Oficial PM são hierarquicamente
2º TENENTE PM superiores as demais praças.
CÍRCULO DE PRAÇAS II - Os Alunos-Oficiais PM são hierarquicamente supe-
PRAÇAS ESPECIAIS ASPIRANTE - A - OFICIAL PM riores aos Subtenentes PM.
ALUNO OFICIAL PM
PRAÇAS Art. 17 - A Polícia Militar manterá um registro de todos
SUBTENENTE PM os dados referentes ao seu pessoal da ativa e da reserva
1º SARGENTO PM remunerada dentro das respectivas escalas numéricas, se-
2º SARGENTO PM gundo as instruções baixadas pelo Comandante-Geral da
3º SARGENTO PM Corporação.
CABO PM
SOLDADO PM Art. 18 - Os Alunos-Oficiais PM são declarados Aspi-
§ 1º - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido
rantes-a-Oficial PM pelo
por ato do Governador do Estado.
Comandante-Geral da Corporação.
§ 2º - Graduação é o grau hierárquico da praça, confe-
rido pelo Comandante-Geral da Polícia Militar.
CAPÍTULO III
§ 3º - Os Aspirantes-a-Oficial PM e os Alunos-Oficiais
PM são denominados praças especiais. DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS-MILITARES
§ 4º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos SEÇÃO I
Quadros e qualificações são fixados, separadamente, para DO EXERCÍCIO DE CARGOS
cada caso, em Lei de Organização Básica. CAPÍTULO IV
§ 5º- Sempre que o policial-militar da reserva remune- DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS-MILITARES
rada ou reformado fizer uso do posto ou graduação, deve- SEÇÃO I
rá fazê-lo mencionando essa situação. DO EXERCÍCIO DE CARGOS
(Todo este Capítulo foi alterado pela Lei nº 5.209,
Art. 15 - A precedência entre policiais-militares da ativa de 26 de agosto de 1983.
do mesmo grau hierárquico é assegurada pela antiguidade
no posto ou na graduação, salvo nos casos de precedência Art. 19 - Cargo policial-militar é aquele que só pode ser
funcional exercido por policial-militar em serviço ativo.
estabelecida em Lei ou regulamento. § 1º - O cargo policial-militar a que se refere este artigo
§ 1º- A antiguidade em cada posto ou graduação é é o que se encontra
contada a partir da data da assinatura do ato da respectiva especificado nos Quadros de Organização ou previsto,
promoção, nomeação, declaração ou inclusão, salvo quan- caracterizado ou definido como tal em outras disposições
do estiver taxativamente fixada outra data. legais.
§ 2º- no caso de ser igual a antiguidade referida no § 2º - Somente são considerados “ Quadros de Organi-
parágrafo anterior, será ela estabelecida: zação da Corporação “, os relativos a órgãos integrantes da
a) entre policiais-militares do mesmo Quadro, pela po- estrutura da corporação.
sição nas respectivas escalas numéricas ou registro de que § 3º - A cada cargo policial-militar, corresponde um
trata o art.17; conjunto de obrigações, deveres e responsabilidades que
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou na se constituem em obrigações do respectivo titular.
graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade § 4º - As obrigações inerentes ao cargo policial-militar
de antiguidade, recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus
devem ser compatíveis com o correspondente grau hierár-
hierárquicos anteriores à data de inclusão e à data de nas-
quico e definidas em legislação ou regulamentação espe-
cimento, para definir a precedência, e, neste último caso, o
cífica.
mais velho será considerado o mais antigo;
Art. 20 - Os cargos policiais-militares são providos com
c) entre os alunos de um mesmo Órgão de formação
de policiais-militares, de acordo com o regulamento do pessoal que satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e
respectivo órgão, se não estiverem especificamente enqua- de qualificação exigidos para o seu desempenho.
drados nas letras “a” e “b”. § 1º - O provimento de cargo policial-militar se faz por
§ 3º- Em igualdade de posto ou graduação, os policiais- ato de nomeação, de designação ou determinação expres-
militares da ativa têm precedência sobre os da inatividade. sa de autoridade competente.
§ 4º- Em igualdade de posto ou graduação, a prece- § 2º - É vedada a nomeação ou designação de policial-
dência entre os policiais-militares de carreira da ativa e os militar do quadro de Especialistas, para o exercício de car-
da reserva remunerada que estiverem convocados é defini- go ou função de Polícia Judiciária, salvo quando possuir o
da pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação. curso de formação de combatente, correspondente ao seu
posto ou graduação.

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

§ 3º - Dentro de uma mesma organização policial mi- § 4º - São ainda considerados no exercício de função
litar, a seqüência de substituições, bem como as normas, policial militar ou de interesse policial militar, os policiais
atribuições e responsabilidades relativas, são estabelecidas militares nomeados ou designados para:
na legislação específica, respeitadas a precedência e as a) o Gabinete Militar do Governo do Estado;
qualificações exigidas para o cargo ou para o exercício da b) o Gabinete do Vice Governador;
função. c) os Órgãos da Justiça Militar Estadual.
§ 4º - As obrigações que, pela generalidade, duração, § 5º - O policial militar nomeado ou designado para
vulto ou natureza, não são catalogadas como posições ti- cargo ou função de natureza civil temporário, somente
tuladas em quadro de organização ou dispositivo legal, são poderá contar o tempo de serviço decorrente do exercí-
cumpridas como “encargo “, “incumbência “ , “ comissão “, cio para promoção por antiguidade e transferência para a
“ serviço “ ou “ atividade “ policial militar ou de natureza inatividade;
policial militar § 6º - O tempo a que se refere o parágrafo anterior,
§ 5º - Aplica-se, no que couber, ao encargo, incumbên- não poderá ser computado com o tempo de serviço arre-
cia, comissão, serviço ou atividade policial militar, ou de gimentado.
natureza policial militar, o disposto nesta Seção para Cargo
policial militar. Art. 23 - Dentro de uma mesma organização policial-
Art. 21 - O cargo policial-militar é considerado vago militar, a sequência de substituições, bem como as normas,
a partir de sua criação e até que um policial-militar tome atribuições e responsabilidades relativas, são estabelecidas
posse ou desde o momento em que o policial-militar exo- na legislação específica, respeitadas a precedência e as
nerado, dispensado ou que tenha recebido determinação qualificações exigidas para o cargo ou para o exercício da
expressa de autoridade competente o deixe, ou até que função.
outro policial-militar tome posse, de acordo com as nor-
Art. 24 - O policial-militar ocupante de cargo provido
mas de provimento previsto no § 1º do art. 20.
em caráter efetivo ou interino, de acordo com o § 1º do art.
Parágrafo único - Consideram-se também vagos os
20, faz jus às gratificações e a outros direitos correspon-
cargos policiais-militares cujos ocupantes:
dentes ao cargo conforme previsto em lei.
a) tenham falecido;
b) tenham sidos considerados extraviados;
Art. 25 - As obrigações que, pela generalidade, pecu-
c) tenham sido considerados desertores.
liaridade, duração, vulto ou natureza não são catalogadas
como posições tituladas em Quadro de Organização ou
SEÇÃO II dispositivo legal, são cumpridas como “Encargo”, “ Incum-
DO EXERCÍCIO DE FUNÇÕES bência ”, “ Comissão”, “ Serviço ” ou “ Atividade ”, policial-
militar ou de natureza policial-militar.
Art. 22 - Funções policiais militares, são atividades Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, ao Encargo,
exercidas por policiais militares a serviço da Corporação Incumbência, Comissão, Serviço ou atividade policial-mili-
policial militar ou do Exército, nesse caso quando relacio- tar, ou de natureza policial-militar, o disposto neste Capítu-
nados com o caráter de Forças Auxiliares de Reserva da lo para Cargo Policial Militar.
Força Terrestre.
§ 1º - São considerados no exercício da função poli- TÍTULO II
cial militar, os policiais militares ocupantes dos seguintes DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS-MI-
cargos: LITARES
a) os estabelecidos no Quadro de Organização ou de CAPÍTULO I
doação da corporação a que pertencem; DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS-MILITARES
b) os de instrutor ou aluno de estabelecimentos de en- SEÇÃO I
sino das Forças Armadas ou de outras Corporações poli- DO VALOR POLICIAL-MILITAR
ciais militares, no país ou no exterior;
c) os de instrutor ou aluno de estabelecimentos oficiais Art. 26 - São manifestações essenciais do valor policial-
federais e, particularmente, os de interesse para a Corpo- militar:
ração policial militar, na forma do Regulamento do Decreto I - O sentimento de servir a comunidade estadual, tra-
-Lei nº 2.010, de 12 de janeiro de 1983; duzido pela vontade inabalável de cumprir o dever poli-
§ 2º - São considerados também no exercício de fun- cial-militar e pelo integral devotamento à manutenção da
ção policial militar, os policiais militares colocados à dispo- ordem pública, mesmo com o risco da própria vida.
sição de outra Corporação policial militar; II - O civismo e o culto das tradições históricas.
§ 3º - São considerados no exercício de função de III - A fé na elevada missão da Polícia Militar.
natureza policial militar ou de interesse policial militar, os IV - O espírito de corpo do policial-militar pela organi-
policiais militares postos à disposição do Governo Federal, zação em que serve.
para exercerem cargos ou funções em órgãos federais, nos V - O amor à profissão policial-militar e o entusiasmo
casos indicados no Regulamento do Decreto Leinº 2.010, com que é exercida.
de 12 de janeiro de 1983; VI - O aprimoramento técnico-profissional.

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

SEÇÃO II Art. 28 - Ao policial-militar da ativa, ressalvado o dis-


DA ÉTICA POLICIAL-MILITAR posto no § 2º, é vedado comerciar ou tomar parte na ad-
ministração ou gerência de sociedade ou dela participar,
Art. 27 - O sentimento do dever, o pundonor policial- como sócio ou a qualquer título, exceto como acionista ou
militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos in- quotista em sociedade anônima ou por quotas de respon-
tegrantes da Polícia Militar, conduta moral e profissional sabilidade limitada.
irrepreensível, com observância dos seguintes preceitos da § 1º - Os policiais-militares na reserva remunerada,
ética policial-militar: quando convocados, ficam proibidos de tratar, nas orga-
I - Amar a verdade e a responsabilidade como funda- nizações policiais-militares e nas repartições públicas civis,
mentos da dignidade pessoal. dos interesses de organizações ou empresas privadas de
II - Exercer com autoridade, eficiência e probidade as qualquer natureza.
funções que lhe couberem em decorrência do cargo. § 2º- Os policiais-militares da ativa podem exercer, di-
III - Respeitar a dignidade da pessoa humana. retamente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam
o disposto no presente artigo.
IV - Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as
§ 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional
instruções e as ordens das autoridades competentes.
dos integrantes do Quadro de Saúde, é-lhes permitido o
V - Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
exercício da atividade técnico-profissional, no meio civil,
apreciação do mérito dos subordinados;
desde que tal prática não prejudique o serviço.
VI - Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico
e, também, pelos subordinados, tendo em vista o cumpri- Art. 29 - O Comandante-Geral da Polícia Militar poderá
mento da missão comum. determinar aos policiais-militares da ativa que, no interesse
VII - Empregar todas as suas energias em benefício do da salvaguarda de sua própria dignidade, informem sobre
serviço. a origem e natureza dos seus bens, sempre que houver ra-
VIII - Praticar a camaradagem e desenvolver perma- zões que recomendem tal medida.
nentemente o espírito de corporação.
IX - Ser discreto em suas atitudes e maneiras e em sua CAPÍTULO II
linguagem escrita e falada. DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES
X - Abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de
matéria sigilosa relativa à Segurança Nacional; Art. 30 - Os deveres policiais-militares emanam de
XI - Acatar as autoridades civis. vínculos racionais e morais que ligam o policial militar à
XII - Cumprir seus deveres de cidadão. comunidade e á sua segurança, e compreendem, essen-
XIII - Proceder de maneira ilibada na vida pública e na cialmente:
particular; I - A dedicação integral ao serviço policial-militar e a
XIV - Observar as normas da boa educação; fidelidade à instituição a que pertence, mesmo com o sa-
XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e crifício da própria vida;
conduzir-se como chefe de família modelar; II - O culto aos símbolos nacionais.
XVI - Conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inati- III - A probidade e a lealdade em todas as circunstân-
vidade, de modo que não sejam prejudicados os princípios cias.
da disciplina, do respeito e do decoro policial-militar. IV - A disciplina e o respeito à hierarquia.
XVII - Abster-se de fazer uso do posto ou da gradua- V - O rigoroso cumprimento das obrigações e ordens.
ção para obter facilidades pessoais de qualquer natureza VI - A obrigação de tratar o subordinado dignamente
ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros. e com urbanidade.
XVIII - Abster-se o policial-militar na inatividade do uso
SEÇÃO I
das designações hierárquicas quando:
DO COMPROMISSO POLICIAL-MILITAR
a) em atividades político-partidárias;
b) em atividades comerciais;
Art. 31 - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Mi-
c) em atividades industriais;
litar mediante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação
a respeito de assuntos políticos ou policiais-militares, exce- consciente das obrigações e dos deveres policiais-militares
tuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se devi- e manifestará a sua firme disposição de bem cumpri-los.
damente autorizado;
e) no exercício de funções de natureza não policial-mi- Art. 32 - O compromisso a que se refere o artigo an-
litar, ainda que oficiais. terior terá caráter solene e será prestado na presença de
XIX - Zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada tropa, tão logo o policial-militar tenha adquirido um grau
um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer de instrução compatível com o perfeito entendimento de
os preceitos da ética policial-militar. seus deveres como integrante da Polícia Militar, conforme
os seguintes dizeres:

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

“ Ao ingressar na Polícia Militar do Estado do Rio ciosa e ininterrupta das ordens, das regras do serviço e das
Grande do Norte, prometo regular a minha conduta pelos normas operativas pelas praças que lhes estiverem direta-
preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das mente subordinadas e a manutenção da coesão e do moral
autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me intei- das mesmas praças em todas as circunstâncias.
ramente ao serviço policial-militar, à manutenção da ordem
pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco Art. 37 - Os Cabos e Soldados são, essencialmente, os
da própria vida”. elementos de execução.
§ 1º - O compromisso do Aspirante-a-Oficial PM for-
mado em escolas de outras Corporações será prestado, Art. 38 - Às praças especiais cabe rigorosa observância
em solenidade policial-militar especialmente programada, das prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes,
logo após sua apresentação à Polícia Militar, e obedecerá exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendi-
aos seguintes dizeres: “Ao ser declarado Aspirante a Ofi- zado técnico profissional.
cial da Polícia Militar, assumo o compromisso de cumprir
rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver su- Art. 39 - Cabe ao policial-militar a responsabilidade in-
bordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço policial- tegral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e
militar, à pelos atos que praticar.
manutenção da ordem pública e à segurança da comu-
nidade, mesmo com o risco da própria vida”. CAPÍTULO III
§ 2º- Ao ser promovido ao primeiro posto, o oficial PM DA VIOLAÇÃO, DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES
prestará o compromisso de Oficial, em solenidade espe-
cialmente programada, de acordo com os seguintes di- Art. 40 - A violação das obrigações ou dos deveres po-
zeres: “ Perante a Bandeira do Brasil e pela minha honra, liciais-militares constituirá crime ou
prometo cumprir os deveres de Oficial da Polícia Militar do transgressão disciplinar, conforme dispuser a legisla-
Estado do Rio Grande do Norte e dedicar-me inteiramente ção ou regulamentação específica.
ao seu serviço”. § 1º - A violação dos preceitos da ética policial-militar é
tão mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico
SEÇÃO II de quem a cometer.
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO § 2º- No concurso de crime militar e de transgressão
disciplinar será aplicada somente a pena relativa ao crime.
Art. 33 - Comando é a soma de autoridade, deveres e
responsabilidades de que o policial militar é investido le- Art. 41 - A inobservância dos deveres especificados nas
galmente quando conduz homens ou dirige uma organi- leis e regulamentos ou a falta de exação no cumprimento
zação policial-militar. O Comando é vinculado ao grau hie- dos mesmos acarreta para o policial-militar responsabilida-
rárquico e constitui uma prerrogativa impessoal, em cujo de funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, consoante a
exercício o policial-militar se define e se caracteriza como legislação específica.
Chefe. Parágrafo único - A apuração da responsabilidade fun-
Parágrafo único - Aplica-se à Direção e à Chefia de Or- cional, pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela
ganização Policial-Militar, no que couber, o estabelecido incompatibilidade do policial-militar com o cargo ou pela
para o Comando. incapacidade para o exercício das funções policiais-milita-
res a ele inerentes.
Art. 34 - A Subordinação não afeta, de modo algum, a
dignidade pessoal do policial militar e decorre exclusiva- Art. 42 - O policial-militar que, por sua atuação, se tor-
mente da estrutura hierarquizada da Polícia Militar. nar incompatível com o cargo ou demonstrar incapacidade
no exercício das funções policiais-militares a ele inerentes,
Art. 35 - O Oficial é preparado, ao longo da carreira, será afastado do cargo.
para o exercício do Comando da Chefia e da Direção das § 1º - São competentes para determinar o imediato
Organizações Policiais-Militares. afastamento do cargo ou impedimento para o exercício da
função:
Art. 36 - Os Subtenentes e Sargentos auxiliam e com- a) o Governador do Estado;
plementam as atividades dos Oficiais, quer no adestra- b) o Secretário de Estado da Segurança Pública;
mento e no emprego dos meios, quer na instrução e na c) o Comandante-Geral da Polícia Militar;
administração; poderão ser empregados na execução de d) os Comandantes, os Chefes e os Diretores, na con-
atividades de policiamento ostensivo peculiares à Polícia formidade da legislação ou regulamentação da Corpora-
Militar. ção.
Parágrafo único - No exercício das atividades mencio- § 2º- O policial-militar afastado do cargo, nas condi-
nadas neste artigo e no comando de elementos subordi- ções mencionadas neste artigo, ficará privado do exercí-
nados, os Subtenentes e Sargentos deverão impor-se pela cio de qualquer função policial-militar, até a solução final
lealdade, pelo exemplo e pela capacidade profissional e do processo ou das providências legais que couberem no
técnica, incumbindo-lhes assegurar a observância minu- caso.

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Art. 43 - São proibidas quaisquer manifestações cole- TÍTULO III


tivas, tanto sobre os atos de superiores, quanto de caráter DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS DOS POLI-
reivindicatório. CIAIS-MILITARES
CAPÍTULO I
SEÇÃO I DOS DIREITOS
DOS CRIMES MILITARES (Todo este artigo foi alterado pela Lei nº 5.209/83)
Art. 44 - O Tribunal de Justiça do Estado é competente Art. 49 - São direitos dos policiais-militares:
para processar e julgar os policiais-militares nos crimes de- I - A garantia da patente, em toda a sua plenitude, com
finidos em lei como militares.
as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quan-
do Oficial, nos termos da Constituição.
Art. 45 - Aplicam-se aos policiais-militares, no que cou-
ber, as disposições estabelecidas no Código Penal Militar. II - A percepção de remuneração correspondente ao
grau hierárquico superior ou melhoria da mesma quando,
SEÇÃO II ao ser transferido para a inatividade, contar mais de 30
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES (trinta) anos de serviço.
III - A remuneração calculada com base no soldo inte-
Art. 46 - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar gral do posto ou graduação, quando, não contando com
especificará e classificará as transgressões disciplinares e 30 (trinta) anos de serviço, for transferido para a reserva
estabelecerá as normas relativas à amplitude e aplicação remunerada “ex officio”, por ter atingido a idade limite de
das penas disciplinares, à classificação do comportamento permanência em atividade, no posto ou graduação.
dos policial-militar, e à interposição de recursos contra as IV - Nas condições ou nas limitações impostas na legis-
penas disciplinares. lação e regulamentação específica:
§ 1º- As penas disciplinares de detenção ou prisão não a) a estabilidade, quando Praça com 10 (dez) ou mais
podem ultrapassar de trinta dias. anos de tempo de efetivo serviço;
§ 2º- Ao Aluno-Oficial PM aplicam-se também as dis- b) o uso das designações hierárquicas;
posições disciplinares previstas no estabelecimento de en- c) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à
sino onde estiver matriculado. graduação;
d) a percepção de remuneração;
SEÇÃO III
e) assistência médico hospitalar para si e seus depen-
DOS CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO E DE DISCIPLI-
NA dentes, assim entendida como o conjunto de atividades
relacionadas com a prevenção, conservação ou recupera-
Art. 47 - O Oficial presumivelmente incapaz de perma- ção de saúde, abrangendo serviços profissionais, médicos,
necer como policial-militar da ativa será submetido a Con- farmacêuticos e odontológicos, bem como o fornecimento,
selho de Justificação na forma da legislação própria. a aplicação de meios e os cuidados e demais atos médicos
§ 1º - O Oficial, ao ser submetido a Conselho de Justi- e paramédicos necessários;
ficação, poderá ser afastado do exercício de suas funções f) o funeral para si, constituindo-se no conjunto de
automaticamente ou a critério do Comandante-Geral da medidas tomadas pelo Estado, quando solicitado, desde o
Polícia Militar, conforme estabelecido em lei específica. óbito, até o sepultamento condigno;
§ 2º - Compete ao Tribunal de Justiça do Estado julgar g) a alimentação, assim entendidas como refeições for-
os processos oriundos dos Conselhos de Justificação, na necidas aos policiais militares em atividades;
forma estabelecida em lei específica. h) o fardamento, constituindo-se no conjunto de uni-
§ 3º - O Conselho de Justificação também poderá ser formes, roupa branca e roupa de cama, fornecido ao poli-
aplicado aos Oficiais reformados e na reserva remunerada. cial militar na ativa, quando Praça, até a graduação de 1º
Sargento PM, inclusive;
Art. 48 - O Aspirante-a-Oficial PM bem como as Praças i) a moradia para o policial militar em atividade, com-
com estabilidade assegurada, presumivelmente incapazes
preendendo:
de permanecer como policiais-militares da ativa, serão sub-
1) alojamento em organização policial militar, quando
metidos a Conselho de Disciplina, na forma da legislação
específica. aquartelado;
§ 1º - O Aspirante-a-Oficial PM e as Praças com esta- 2) habitação para si e seus dependentes, em imóvel do
bilidade assegurada, ao serem submetidos a Conselho de Estado, de conformidade com a disponibilidade existente;
Disciplina, serão afastados das atividades que estiverem j) o transporte, assim entendido como os meios forne-
exercendo. cidos ao policial militar para seu deslocamento por inte-
§ 2º - Compete ao Comandante-Geral da Polícia Militar resse do serviço, quando o deslocamento implicar em mu-
julgar, em última instância, os processos oriundos dos Con- danças de sede ou de moradia; compreende também, as
selhos de Disciplina convocados no âmbito da Corporação. passagens para seus dependentes definidos no § 2º deste
§ 3º - O Conselho de Disciplina também poderá ser artigo e a translação das respectivas bagagens, de residên-
aplicado às praças reformadas e da reserva remunerada. cia `a residência;

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

l) a constituição de pensão policial militar; a) o policial-militar que tiver menos de 5 (cinco) anos
m) a promoção; de efetivo serviço será, ao se candidatar a cargo eletivo,
n) a transferência a pedido para a reserva remunerada; excluído do serviço ativo, mediante demissão ou licencia-
o) as férias, os afastamentos temporários do serviço e mento “ex officio”.
as licenças; a demissão e o licenciamento voluntários;
q) o porte de arma, quando Oficial, em serviço ativo b) o policial-militar em atividade, com 5 (cinco) ou mais
ou em inatividade, salvo caso de inatividade por alienação anos de efetivo serviço, ao se candidatar a cargo eletivo,
mental ou condenação por crime contra a segurança do será afastado, temporariamente, do serviço ativo e agrega-
Estado ou por atividades que desaconselhem aquele porte; do, considerado em licença para tratar de interesse parti-
r) o porte de armas, pelas Praças, com as restrições im- cular; se eleito, será, no ato da diplomação, transferido para
postas pela Polícia Militar; a reserva remunerada, percebendo a remuneração a que
s) outros direitos previstos em legislação específica; fizer jus, em função do seu tempo de serviço.
t) assistência jurídica nos crimes praticados no exercí-
cio ou em decorrência da unção policial militar. SEÇÃO I
§ 1º - A percepção da remuneração correspondente ao DA REMUNERAÇÃO
grau hierárquico superior ou melhoria da mesma, a que se
Art. 52 - A remuneração dos Policiais-Militares com-
refere o inciso II, obedecerá às seguintes condições:
preende vencimentos ou proventos, indenizações e outros
a) o Oficial que contar mais de 30 (trinta) anos de ser-
direitos e é devida em bases estabelecidas em lei específica.
viço, após o ingresso na inatividade, terá seus proventos § 1º - Os policiais-militares na ativa percebem remune-
calculados sobre o soldo correspondente ao posto imedia- ração constituída pelas seguintes parcelas:
to, se na Polícia Militar existir posto superior ao seu, mes- 1. Mensalmente:
mo que de outro Quadro. Se ocupante do último posto a) vencimentos, compreendendo soldo e gratificações;
da hierarquia da Corporação, o Oficial terá os proventos b) indenizações;
calculados, tomando-se por base o soldo do seu próprio 2. Eventualmente, outras indenizações.
posto acrescido de 20% (vinte por cento); § 2º- Os policiais-militares em inatividade percebem
b) os Subtenentes PM, quando transferidos para a remuneração, constituída pelas seguintes parcelas:
inatividade, terão os proventos calculados sobre o soldo 1. Mensalmente:
correspondente ao posto de Segundo-Tenente, desde que a) proventos, compreendendo soldo ou quotas do sol-
contem com mais de 30 (trinta) anos de serviço; do, gratificações e indenizações incorporáveis; e
c) as demais Praças, que contem mais de 30 (trinta) b) adicional de inatividade.
anos de serviço, ao serem transferidas para a inatividade, 2. eventualmente, auxílio invalidez.
terão os proventos calculados sobre o soldo corresponden- § 3º - Os policiais-militares receberão salário-família de
te à graduação imediatamente superior. conformidade com a lei que o rege.

Art. 50 - O policial-militar que se julgar prejudicado ou Art. 53 - O auxílio-invalidez, atendidas as condições es-
ofendido por qualquer ato administrativo ou disciplinar de tipuladas na lei específica que trata da remuneração dos
superior hierárquico, poderá recorrer ou interpor pedido policiais-militares, será concedido ao policial-militar que,
de reconsideração, queixa ou representação, segundo a le- quando em serviço ativo, tenha sido ou venha a ser re-
gislação vigente na Corporação. formado por incapacidade definitiva e considerado inváli-
§ 1º- O direito de recorrer na esfera administrativa do em razão de impossibilidade, total e permanente, para
prescreverá: qualquer trabalho, não podendo prover os meios de sub-
a) em 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimen- sistência.
to da comunicação oficial, quanto a ato que decorra da
Art. 54 - O soldo é irredutível e não está sujeito a pe-
composição de Quadro de Acesso;
nhora, seqüestro ou arresto, exceto nos casos previstos em
b) em 120 (cento e vinte) dias corridos, nos demais ca-
lei.
sos.
§ 2º - O pedido de reconsideração, a queixa e a repre- Art. 55 - O valor do soldo é igual para o policial-mili-
sentação não podem ser feitos coletivamente. tar da ativa, da reserva remunerada ou reformado, de um
§ 3º- O policial-militar da ativa que, nos casos cabíveis, mesmo grau hierárquico, ressalvado o disposto no inciso
se dirigir ao Poder Judiciário, deverá participar, antecipa- II, do art. 49.
damente, esta iniciativa à autoridade à qual estiver subor-
dinado. Art. 56 - É proibido acumular remuneração de inativi-
dade.
Art. 51 - Os policiais-militares são alistáveis como elei- Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica
tores, desde que Oficiais, Aspirantes-a-Oficial, Subtenen- aos policiais-militares da reserva remunerada e aos refor-
tes, Sargentos ou Alunos de curso de nível superior para mados, quanto ao exercício de mandato eletivo, quanto ao
formação de Oficiais. de função de magistério ou cargo em comissão ou quanto
Parágrafo único - Os policiais-militares alistáveis são ao contrato para prestação de serviços técnicos ou espe-
elegíveis, atendidas as seguintes condições: cializados.

27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Art. 57 - Os proventos da inatividade serão revistos, § 3º- Somente em casos de interesse da Segurança Na-
sempre que, por motivo de alteração do poder aquisitivo cional, de manutenção da ordem, de estrema necessidade
da moeda, se modificarem os vencimentos dos policiais- do serviço ou de transferência para a inatividade, os poli-
militares em serviço ativo. ciais-militares terão interrompido ou deixarão de gozar, na
Parágrafo único - Ressalvados os casos previstos em época prevista, o período de férias a que tiveram direito,
lei, os proventos da inatividade não poderão exceder a re- registrando-se então o fato em seus assentamentos.
muneração percebida pelo policial-militar da ativa no pos- § 4º- Na impossibilidade absoluta do gozo de férias no
to ou na graduação correspondente ao dos seus proventos. ano seguinte ou no caso de sua interrupção pelos motivos
previstos, o período de férias não gozado será computado
SEÇÃO II dia-a-dia, pelo dobro, no momento da passagem do poli-
DA PROMOÇÃO cial-militar para a inatividade e somente para esse fim.

Art. 58 - O acesso na hierarquia policial-militar é sele- Art. 62 - Os policiais-militares têm direito, ainda, aos
tivo, gradual e sucessivo e será feito mediante promoções, seguintes períodos de afastamento total do serviço, obe-
de conformidade com o disposto na legislação e regula- decidas as disposições legais e regulamentares por motivo
mentação de promoções de Oficiais e de Praças, de modo de:
a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para I - Núpcias: 8 (oito) dias;
os policiais-militares a que esses dispositivos se referem. II - Luto: 8 (oito) dias;
§ 1º- O planejamento da carreira dos Oficiais e das Pra- III - Instalação: 10 (dez) dias;
ças, obedecidas as disposições da legislação e regulamen- IV - Trânsito: até 30 (trinta) dias.
tação a que se refere este artigo, é atribuição do Comando Parágrafo único - O afastamento do serviço por motivo
Geral da Polícia Militar. de núpcias ou luto será concedido, no primeiro caso, se
§ 2º- A promoção é um ato administrativo e tem como solicitado por antecipação à data do evento, e, no segundo
finalidade básica a seleção dos policiais-militares para o caso, tão logo a autoridade à qual estiver subordinado o
exercício de funções pertinentes ao grau hierárquico su- policial-militar tenha conhecimento do óbito.
perior.
Art. 63 - As férias e os outros afastamentos menciona-
Art. 59 - As promoções serão efetuadas pelos critérios
dos nesta Seção são concedidos com a remuneração pre-
de antiguidade e merecimento ou, ainda, por bravura e
vista na legislação específica e computados como tempo
“post-mortem”.
de efetivo serviço para todos os efeitos legais.
§ 1º- Em casos extraordinários, poderá haver promoção
por ressarcimento de preterição.
SEÇÃO IV
§ 2º- A promoção de policial-militar feita em ressarci-
DAS LICENÇAS
mento de preterição será efetuada segundo os princípios
de antiguidade e de merecimento, recebendo ele o número
que lhe competir na escala hierárquica, como se houvesse Art. 64 - Licença é a autorização para o afastamento
sido promovido na época devida pelo princípio em que ora total do serviço, em caráter temporário, concedida ao poli-
é feita sua promoção. cial-militar, obedecidas as disposições legais e regulamen-
tares.
Art. 60 - Não haverá promoção de policial-militar por § 1º - A licença pode ser:
ocasião de sua transferência para a reserva remunerada ou a) especial;
de sua reforma. b) para tratar de interesse particular;
c) para tratamento de saúde de pessoa da família;
SEÇÃO III d) para tratamento da própria saúde;
DAS FÉRIAS E OUTROS AFASTAMENTOS TEMPO- § 2º- A remuneração do policial-militar, quando no
RÁRIOS DO SERVIÇO gozo de qualquer das licenças constantes do parágrafo an-
terior, será regulada em legislação específica.
Art. 61 - As férias são afastamentos totais do serviço,
anual e obrigatoriamente concedidos aos policiais-milita- Art. 65 - A licença especial é a autorização para afasta-
res para descanso, a partir do último mês do ano a que se mento total do serviço, relativa a cada decênio de tempo
referem e no decorrer de todo o ano seguinte, durante 30 de efetivo serviço prestado, concedida ao policial-militar
(trinta) dias consecutivos. que a requerer, sem que implique em qualquer restrição
§ 1º - Compete ao Comandante-Geral da Polícia Militar para a sua carreira.
a regulamentação da concessão das férias anuais. § 1º- A licença especial tem a duração de 6 (seis) meses
§ 2º - A concessão de férias não é prejudicada pelo podendo ser parcelada em 2 (dois) ou 3 (três) meses por
gozo anterior de licenças para tratamento de saúde, por ano civil, quando solicitado pelo interessado e julgado con-
punição anterior decorrente de transgressão disciplinar, veniente pelo Comandante-Geral da Corporação.
pelo estado de guerra ou para que sejam cumpridos atos § 2º- O período de licença especial não interrompe a
de serviço, bem como não anula o direito àquelas licenças. contagem do tempo de efetivo serviço.

28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

§ 3º- Os períodos de licença especial não gozados pelo § 1º - Para fins de aplicação da lei referente à pensão
policial-militar são computados em dobro para fins exclusi- policial-militar, será considerado como posto ou graduação
vos da contagem de tempo para a passagem a inatividade do policial-militar o correspondente ao soldo sobre o qual
e, nesta situação, para todos os efeitos legais. forem calculadas suas contribuições.
§ 4º - A licença especial não é prejudicada pelo gozo § 2º - Todos os policiais-militares são contribuintes obri-
anterior de licenças para tratamento de saúde ou para que gatórios da pensão policial militar correspondente ao seu
sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o posto ou graduação, com as exceções previstas na lei pe-
direito àquelas licenças. culiar.
§ 3º - Todo policial-militar é obrigado a fazer sua decla-
§ 5º - Uma vez concedida a licença especial, o policial-
ração de beneficiários que, salvo prova em contrário, pre-
militar será exonerado do cargo ou dispensado do exercí-
valecerá para a habilitação dos mesmos à pensão policial-
cio das funções que exerce e ficará a disposição do órgão militar.
de pessoal da Polícia Militar.
§ 6º - A concessão da licença especial é regulada pelo CAPÍTULO II
Comandante-Geral da Polícia Militar, de acordo com o in- DAS PRERROGATIVAS
teresse do serviço.
Art. 70 - As prerrogativas dos policiais-militares são
Art. 66 - A licença para tratar de interesse particular é constituídas pelas honras, dignidades e distinções devidas
a autorização para afastamento total do serviço, concedida aos graus hierárquicos e cargos.
ao policial-militar com mais de 10 (dez) anos de efetivo Parágrafo único - São prerrogativas dos policiais-mili-
serviço, que a requerer com aquela finalidade. tares:
§ 1º - A licença será sempre concedida com prejuízo da a) uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e em-
remuneração e da contagem do tempo de efetivo serviço. blemas policiais-militares da Polícia Militar, correspondente
ao posto ou à graduação;
§ 2º - A concessão de licença para tratamento de inte-
b) honras tratamentos e sinais de respeito que lhes se-
resse particular é regulada pelo Comandante-Geral da Polí- jam assegurados em leis e regulamentos;
cia Militar, de acordo com o interesse do serviço. c) cumprimento de prisão, reclusão ou detenção somen-
te em organização policial-militar, cujo Comandante, Chefe
Art. 67 - As licenças poderão ser interrompidas a pedi- ou Diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou
do ou nas condições estabelecidas neste artigo. detido;
§ 1º - A interrupção da licença especial ou de licenças d) julgamento em foro especial, nos crimes militares.
para tratamento de interesse particular poderá ocorrer:
a) em caso de mobilização e estado de guerra; Art. 71 - Somente em caso de flagrante delito, o poli-
b) em caso de decretação de estado de sítio; cial-militar poderá ser preso por autoridade policial, ficando
c) em caso de emergente necessidade de segurança esta obrigada a entregá-lo imediatamente à autoridade po-
pública; licial-militar mais próxima, só podendo retê-lo na delegacia
d) para cumprimento de sentença que importe em res- ou posto policial, durante o tempo necessário à lavratura do
flagrante.
trição da liberdade individual;
§ 1º - Cabe ao Comandante-Geral da Polícia Militar a ini-
e) para cumprimento de punição disciplinar, conforme ciativa de responsabilizar a autoridade policial que não cum-
regulado pelo Comandante-Geral da Polícia Militar; prir o disposto neste artigo e que maltratar ou consentir que
f) em caso de pronúncia em processo criminal ou indi- seja maltratado qualquer preso policial-militar ou não lhe
ciação em inquérito policial-militar, a juízo da autoridade der o tratamento devido ao seu posto ou à sua graduação.
que efetivar a pronúncia ou a indiciação. § 2º - Se, durante o processo e julgamento no foro civil,
§ 2º - A interrupção da licença para tratamento de saú- houver perigo de vida para qualquer preso policial-militar,
de de pessoa da família, para cumprimento de pena disci- o Comandante-Geral da Polícia Militar providenciará, junto
plinar que importe restrição da liberdade individual, será ao Secretário de Estado da Segurança Pública, os entendi-
regulada na legislação da Polícia Militar. mentos com a autoridade judiciária visando à guarda dos
pretórios ou tribunais por força policial-militar.
Art. 68 - A concessão das licenças de que trata esta
Seção é da competência do Comandante-Geral da Polícia Art. 72 - Os policiais-militares da ativa no exercício de
funções policiais-militares são dispensados do serviço de
Militar.
Júri na Justiça Civil e dos serviços na Justiça Eleitoral.
SEÇÃO IV SEÇÃO ÚNICA
DA PENSÃO POLICIAL MILITAR DO USO DOS UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR

Art. 69 - A pensão policial-militar destina-se a amparar Art. 73 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus dis-
os beneficiários do policial militar falecido ou extraviado e tintivos, insígnias e emblemas são privativos dos policiais-
será paga de acordo com a legislação que rege o Instituto militares e representam o símbolo da autoridade policial-
de Previdência dos Servidores do Estado. militar com as prerrogativas que lhe são inerentes.

29
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Parágrafo único - Constituem crimes previstos na le- II - houver ultrapassado seis (6) meses contínuos à dis-
gislação específica o desrespeito aos uniformes, distintivos, posição exclusiva de outra Corporação para ocupar cargo
insígnias e emblemas policiais-militares, bem como seu policial militar ou de natureza policial militar;
uso por quem a eles não tiver direito. III - aguardar transferência “ex-officio” para a reserva
remunerada, por ter sido enquadrado em quaisquer dos
Art. 74 - O uso dos uniformes com seus distintivos, requisitos que a motivaram; e
insígnias e emblemas, bem como os modelos, descrição, IV - o órgão competente para formalizar o processo
composição, peças e acessórios e outras disposições são tiver conhecimento oficial do pedido de transferência do
estabelecidos na regulamentação específica da Polícia Mi- policial militar para a reserva.
litar.
§ 2º - a agregação do policial militar, no caso do inciso
§ 1º- É proibido ao policial-militar o uso de uniformes.
I, é contada a partir da data de assunção do novo cargo ou
a) em reuniões, propaganda ou qualquer outra mani-
festação de caráter político partidário; função, até o regresso à Polícia Militar, ou a transferência
b) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades ex-officio para a reserva;
militares e policiais-militares e, quando autorizado, a ceri- § 3º - a agregação de policial militar, no caso do inciso
mônias cívicas comemorativas de datas nacionais ou a atos II, é contada a partir do primeiro dia após ultrapassado o
sociais solenes de caráter particular; prazo de seis (6) meses da data de assunção do novo cargo;
c) no estrangeiro, quando em atividades não relaciona- § 4º - a agregação de policial militar, no caso do inciso
das com a missão do policial militar, salvo quando expres- III, é contada a partir da data indicada no ato que tornar
samente determinado ou autorizado. público o respectivo evento;
§ 2º- Os policiais-militares na inatividade, cuja conduta § 5º - a agregação de policial militar, no caso do inciso
possa ser considerada como ofensiva à dignidade da clas- IV, é contada a partir da data iniciada no ato que tornar
se, poderão ser definitivamente proibidos de usar unifor- público a comunicação oficial até a transferência para a re-
mes, por decisão do Comandante-Geral da Polícia Militar. serva.
Art. 78 - O policial militar será agregado quando afas-
Art. 75 - O policial-militar fardado tem as obrigações tado temporariamente do serviço ativo por motivo de:
correspondentes ao uniforme que usa e aos distintivos, I - ter sido julgado incapaz temporariamente, após um
emblemas ou insígnias que ostente. ano contínuo de tratamento de saúde;
II - haver ultrapassado um ano contínuo de licença para
Art. 76 - É vedado a qualquer elemento civil ou organi-
zações civis usar uniformes ou ostentar distintivos, equipa- tratamento de saúde própria;
mentos, insígnias ou emblemas que possam ser confundi- III - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos de li-
dos com os adotados na Polícia Militar. cença para tratamento de interesse particular;
Parágrafo único - São responsáveis pela infração das IV - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em
disposições deste artigo os diretores ou chefes de repar- licença para tratamento de saúde pessoa da família;
tições, organizações de qualquer natureza, firmas ou em- V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto
pregadores, empresas e institutos ou departamentos que tramita o processo de reforma;
tenham adotado ou consentido sejam usados uniformes VI - ter sido considerado oficialmente extraviado;
ou ostentados distintivos, equipamentos, insígnias ou em- VII - haver sido esgotado o prazo que caracteriza o cri-
blemas que possam ser confundidos com os adotados na me de deserção previsto no Código Penal Militar, se Oficial
Polícia Militar. ou Praça com estabilidade assegurada.
VIII - como desertor, ter-se apresentado voluntaria-
TÍTULO IV mente, ou ter sido capturado e reincluído a fim de se ver
DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS processar;
CAPÍTULO I IX - se ver processar, após ficar exclusivamente à dispo-
DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS sição da Justiça Comum;
SEÇÃO I
X - ter sido condenado a pena restritiva da liberdade
DA AGREGAÇÃO
superior a 6 (seis) meses, em sentença transitada em julga-
(Toda esta Seção foi alterada pela Lei nº 5.209/83)
do, enquanto durar a execução, excluído o período de sua
Art. 77 - A agregação é a situação na qual o policial- suspensão
militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica condicional, se concedida esta, ou até ser declarado
do seu quadro, nela permanecendo sem número. indigno de pertencer à Polícia Militar ou com ele incom-
§ 1º - O policial-militar será agregado e considerado patível;
para todos os efeitos legais como em serviço ativo, quan- XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exer-
do: cício do posto, graduação, cargo ou função, prevista no
1 - for nomeado ou designado para exercer cargo ou Código Penal Militar;
função policial militar, ou considerado de interesse ou de XII - ter passado à disposição de qualquer Ministério
natureza policial militar, fora do âmbito da Corporação, civil , de Órgão do Governo federal, dos Governos esta-
quando a permanência, no novo cargo ou função, for pre- duais, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos Municí-
sumivelmente, por tempo superior a seis (6) meses; pios, para exercer função de natureza civil;

30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo público I - Tendo cessado o motivo que determinou a sua agre-
civil temporário, não eletivo, inclusive da administração in- gação, reverte ao respectivo Quadro, estando este com seu
direta; efetivo completo;
XIV - ter-se candidatado a cargo eletivo, desde que II - Aguarda a convocação a que faz jus na escala hie-
conte 5 (cinco) ou mais anos de efetivo serviço; rárquica após haver sido transferido de Quadro, estando o
§ 1º - A agregação de policial-militar, nos casos dos mesmo com seu efetivo completo.
incisos I, II, III e IV é contada a partir do primeiro dia após III - É promovido por bravura, sem haver vaga;
os respectivos prazos e enquanto durar o evento; IV - É promovido indevidamente;
§ 2º - A agregação de policial-militar, nos casos dos V - Sendo o mais moderno da respectiva escala hie-
incisos V, VI, VII, VIII, IX, X e rárquica, ultrapassa o efetivo de seu Quadro, em virtude
XI, é contada a partir da data indicada no ato que tor- de promoção de outro policial-militar em ressarcimento de
nar público o respectivo evento; preterição.
§ 3º - A agregação de policial-militar, nos casos dos VI - Tendo cessado o motivo que determinou sua re-
incisos XII e XIII, é contada a partir da data de assunção do forma por incapacidade definitiva, retorna aos respectivo
novo cargo ou função , até o regresso à Polícia Militar, ou Quadro estando este com seu efetivo completo.
transferência ex-officio, para a reserva; § 1º - O policial-militar cuja situação é a de excedente,
§ 4º - A agregação de policial-militar, no caso do inciso salvo o indevidamente promovido, ocupa a mesma posição
XIV, é contada a partir da data do registro como candida- relativa em antiguidade, que lhes cabe na escala hierárqui-
to até sua diplomação ou regresso à Polícia Militar, se não ca,
houver sido eleito; e receberá o número que lhe competir em consequên-
§ 5º - Aplicam-se aos policiais militares agregados, na cia da primeira vaga que se verificar.
forma deste artigo, as restrições impostas ao pessoal das § 2º - O policial-militar, cuja situação é a de excedente,
Forças Armadas quando nas mesmas situações. é considerado, para todos os efeitos, como em efetivo ser-
viço e concorre, respeitados os requisitos legais, em igual-
Art. 79 - O policial-militar agregado, fica sujeito às dade de condições e sem nenhuma restrição, a qualquer
obrigações disciplinares concernentes às suas relações com cargo policial-militar, bem como à promoção, e à quota
outros policiais-militares e autoridades civis, salvo quando compulsória, quando for o caso.
§ 3º - O policial-militar promovido por bravura, sem
titular de cargo que lhe dê precedência funcional sobre os
haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocando o
outros policiais-militares mais graduados ou mais antigos.
critério de promoção a ser seguido, para a vaga seguinte.
§ 1º - o policial militar agregado ficará adido, para efei-
§ 4º - O policial-militar promovido indevidamente só
to de alterações e remuneração, à organização policial mili-
contará antiguidade e receberá o número que lhe competir
tar que lhe for designada, continuando a figurar no respec-
na escala hierárquica, quando a vaga que deverá preencher,
tivo registro, sem número, no lugar que até então ocupava;
corresponder ao critério pelo qual deveria ter sido promo-
§ 2º - A agregação se faz por ato do Governador do Es- vido, desde que satisfaça aos requisitos para a promoção.
tado, no caso de Oficiais, e pelo Comandante-Geral quan-
do se tratar de Praças. SEÇÃO IV
DO AUSENTE E DO DESERTOR
SEÇÃO II
DA REVERSÃO Art. 83 - É considerado ausente o policial-militar que,
por mais de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas:
Art. 80 - Reversão é o ato pelo qual o policial-militar I - Deixar de comparecer à sua Organização Policial-
agregado retorna ao respectivo quadro, tão logo cesse o Militar, sem comunicar qualquer motivo de impedimento;
motivo que determinou a sua agregação, voltando a ocu- II - Ausentar-se, sem licença, da Organização Policial-
par o lugar que competir na respectiva escala numérica, na Militar onde serve ou local onde deve permanecer.
primeira vaga que ocorrer. Parágrafo único - O policial-militar é considerado de-
Parágrafo único - A qualquer tempo poderá ser deter- sertor nos casos previstos na legislação penal militar.
minada a reversão do policial-militar agregado, nos casos
previstos nos incisos IX, XII e XIII, do artigo 78. Art. 84 - Decorrido o prazo mencionado no artigo an-
terior, serão observadas as formalidades previstas na legis-
Art. 81 - A reversão será efetuada mediante ato do lação específica.
Governador do Estado ou do Comandante Geral da Polícia
Militar, quando se tratar respectivamente, de Oficiais ou de SEÇÃO V
Praças. DO DESAPARECIMENTO E DO EXTRAVIO

SEÇÃO III Art. 85 - É considerado desaparecido o policial-militar


DO EXCEDENTE da ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em via-
gem, em operações policiais-militares ou em caso de ca-
Art. 82 - Excedente é a situação transitória a que, auto- lamidade pública, tiver paradeiro ignorado por mais de 8
maticamente, passa o policial militar que: (oito) dias.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Parágrafo único - O policial-militar que, na forma deste por conta do Estado, no Exterior, e não tendo decorrido 3
anterior, permanecer desaparecido por mais de 30 (trinta) (três) anos de seu término, a transferência para a reserva
dias, será oficialmente considerado extraviado. remunerada só será concedida mediante indenização de
todas as despesas correspondentes à realização do referido
Art. 86 - A situação de desaparecimento só será consi- curso ou estágio, inclusive as diferenças de vencimentos.
derada, quando não houver indício de deserção. § 2º - Não será concedida a transferência para a reserva
remunerada, a pedido, ao policial militar que:
CAPÍTULO II a) estiver respondendo a inquérito ou processo em
DO DESLIGAMENTO OU EXCLUSÃO DO SERVIÇO qualquer jurisdição;
ATIVO b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza.
Art. 87 - O desligamento ou a exclusão do serviço ativo
Art. 92 - A transferência “ex-officio” para a reserva re-
da Polícia Militar é feito em consequência de:
munerada verificar-se-á sempre que o policial-militar inci-
I - transferência para a reserva remunerada;
II - Reforma; dir nos seguintes casos:
III - Demissão; I - Atingir as seguintes idades limites:
IV - Perda do posto ou patente; a) no Quadro de Oficiais Policiais-Militares (QOPM) e
V - Licenciamento; no Quadro de Saúde:
VI - Exclusão a bem da disciplina;
VII - Deserção; POSTOS IDADE
VIII - Falecimento;
CORONEL PM 59 anos
IX - Extravio.
Parágrafo único - O desligamento do serviço ativo será TENENTE-CORONEL PM 56 anos
processado após a expedição de MAJOR PM 52 anos
ato do Governador do Estado ou de autoridade à qual
tenham sido delegados poderes para isso. CAPITÃO PM E OFICIAIS SUBALTERNOS PM 48 anos

Art. 88 - A transferência para a reserva remunerada ou b) no Quadro de Oficiais Especialistas (QOE) e no


a reforma não isenta o policial militar da indenização dos Quadro de Oficiais de Administração (QOA):
prejuízos causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem
do pagamento das pensões decorrentes de sentença judi- POSTOS IDADE
cial.
CAPITÃO PM 56 anos
Art. 89 - O policial-militar da ativa, enquadrado em um 1º TENENTE PM 54 anos
dos incisos I, II e V do art. 87 ou demissionário a pedido, 2º TENENTE PM 52 anos
continuará no exercício de suas funções até ser desligado
da Organização Policial-Militar em que serve.
c) para as Praças
Parágrafo único - O desligamento da Organização Poli-
cial-Militar em que serve deverá ser feito após a publicação
em Diário Oficial ou em Boletim da Corporação, do ato ofi- GRADUAÇÕES IDADE
cial correspondente, e não poderá exceder de 45 (quarenta SUBTENENTE PM 56 anos
e cinco) dias da data da primeira publicação oficial.
1º SAARGENTO PM 54 anos
SEÇÃO I 2º SARGENTO PM 52 anos
DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNE- 3º SARGENTO PM 51 anos
RADA
CABO E SOLDADO PM 51 anos
Art. 90 - A passagem do policial-militar à situação de
inatividade mediante transferência para a reserva remune- II - Ter ultrapassado ou vier a ultrapassar:
rada efetua-se: a) o Oficial superior, 8 (oito) anos de permanência no
I - A pedido; último posto previsto na hierarquia do seu Quadro, desde
II - “ Ex-officio ”. que, também, conte ou venha a contar 30 (trinta) ou mais
anos de serviço;
Art. 91 - A transferência para a reserva remunerada, a b) o Oficial intermediário, 6 (seis) anos de permanência
pedido será concedida, mediante requerimento, ao poli- no posto, quando este for o último da hierarquia de seu
cial-militar que conte, no mínimo 30 (trinta) anos de ser- Quadro, desde que, também, conte ou venha a contar 30
viço. (trinta) ou mais anos de serviço.
§ 1º - No caso de haver o policial-militar realizado qual-
quer curso ou estágio de duração superior a 6 (seis) meses,

32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

III - For o Oficial considerado não habilitado para o Art. 93 - O Governador do Estado poderá transferir,
acesso, em caráter definitivo, no momento em que vier compulsoriamente, para a reserva remunerada, anualmen-
a ser objeto de apreciação para ingresso em Quadro de te, para efeito de renovação e regularidade de acesso nos
Acesso; diferentes Quadros, Corpos e Serviços;
IV - Ultrapassar 2 (dois) anos contínuos ou não, em li- I - Um Tenente-Coronel, combatente ou não comba-
cença para tratar de interesse particular. tente, que tenha ultrapassado 8 (oito) anos de permanên-
V - Ultrapassar 2 (dois) anos contínuos em licença para cia no posto e conte mais de 30 (trinta) anos de serviço.
II - Um Major, combatente ou não combatente, que te-
tratamento de saúde de pessoa da família.
nha ultrapassado 7 (sete) anos de permanência no posto e
VI - ser empossado em cargo público permanente, es-
conte mais de 30 (trinta) anos de serviço.
tranho à sua carreira, cujas funções sejam de magistério. Parágrafo único - Na escolha dos oficiais para a trans-
VII - ultrapassar 2 (dois) anos de afastamento, contí- ferência para a reserva remunerada de que trata este arti-
nuos ou não, agregado em virtude de ter sido empossado go, deverá ser observado o seguinte:
em cargo público civil temporário, não eletivo, inclusive de a) Tenente-Coronel, dentre os Oficiais que se encon-
Administração indireta. tram na situação do inciso I, o mais idoso, e, em igualdade
VIII - Ser diplomado em cargo eletivo na forma da alí- de condições, o mais antigo;
nea “ b ” do parágrafo único do art. 51. b) Major, dentre os Oficiais que se encontram na situa-
IX - Após 3 (três) indicações para frequentar os Cursos: ção do inciso II, o mais idoso, e, em igualdade de condi-
Superior de Polícia, ções, o mais antigo.
Aperfeiçoamento de Oficiais e Aperfeiçoamento de
Sargentos, não os completar, ou não aceitar as indicações, Art. 94 - A transferência do policial-militar para a reser-
ressalvando-se que a terceira indicação e a transferência va remunerada poderá ser suspensa na vigência de estado
de guerra ou estado de sítio ou em caso de mobilização.
para a reserva remunerada dependerão de estudos das Co-
missões de Promoções e de decisão do Comandante-Geral. Art. 95 - O Oficial da reserva remunerada poderá ser
§ 1º- A transferência para a reserva remunerada pro- convocado para o serviço ativo por ato do Governador
cessar-se-á na medida em que o policial-militar for enqua- do Estado para compor Conselho de Justificação ou para
drado em um dos incisos deste artigo. ser encarregado de Inquérito Policial Militar ou incumbido
§ 2º- A transferência para a reserva remunerada do de outros processos administrativos, na falta de Oficial da
policial-militar enquadrado no inciso VI será efetivada no ativa em situação hierárquica compatível com a do Oficial
posto ou na graduação que tinha na ativa, podendo acu- envolvido.
mular os proventos a que fizer jus na inatividade com a § 1º - O Oficial convocado nos termos deste artigo terá
remuneração do cargo para que foi nomeado. os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierár-
§ 3º- A nomeação do policial-militar para os cargos de quica, exceto quanto a promoção, a que não concorrerá, e
que tratam os incisos VI e VII somente poderá ser feita: contará como acréscimo esse tempo de serviço.
a) pela autoridade federal competente, mediante re- § 2º - A convocação de que trata este artigo terá a du-
ração necessária ao cumprimento da atividade que lhe deu
quisição ao Governador do Estado, quando o cargo for da
origem, não devendo ser superior ao prazo de 12 (doze)
alçada federal;
meses, dependerá da anuência do convocado e será prece-
b) pelo Governador do Estado ou mediante sua autori- dida de inspeção de saúde.
zação, nos demais casos.
§ 4º - Enquanto o policial-militar permanecer no cargo SEÇÃO II
de que trata o inciso VII: DA REFORMA
a) é-lhe assegurada a opção entre a remuneração do
cargo e a do posto ou da graduação. Art. 96 - A passagem do policial-militar à situação de
b) somente poderá ser promovido por antiguidade; inatividade, mediante reforma, efetua-se “ex-officio”.
c) o tempo de serviço é contado apenas para aquela
promoção e para a transferência para a inatividade. Art. 97 - A reforma de que trata o artigo anterior será
§ 5º - O Coronel PM que estiver exercendo o cargo de aplicada ao policial-militar que:
Comandante Geral da Polícia Militar do Estado e incidir na I - Atingir as seguintes idades-limites de permanência
alínea “ a “do inciso II, deste artigo, poderá a critério do Go- na reserva remunerada:
a) para Oficial Superior, 64 anos;
vernador do Estado, continuar no serviço ativo e no exer-
b) para Capitão e Oficial subalterno, 60 anos;
cício do cargo, ficando excedente ao seu Quadro. (este pa- c) para Praças, 56 anos.
rágrafo foi acrescentado pela Lei nº 6.053, de 18.12.1990). II - For julgado incapaz definitivamente para o serviço
§ 6º - Na hipótese do parágrafo anterior, quando exo- ativo da Polícia Militar.
nerado do cargo de Comandante Geral, o coronel PM será III - Estiver agregado por mais de 2 (dois) anos, por ter
agregado e transferido para a reserva remunerada “ ex-o- sido julgado incapaz temporariamente, mediante homolo-
fício ”. ( este parágrafo foi acrescentado pela Lei nº 6.053, gação da Junta de Saúde, ainda que se trate de moléstia
de 18.12.1990). curável.

33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

IV - For condenado à pena de reforma, prevista no Có- § 3º- O parecer definitivo a adotar, nos casos de tuber-
digo Penal Militar, por sentença passada em julgado. culose, para os portadores de lesões aparentemente ina-
V- Sendo Oficial, e tiver determinado o Tribunal de Jus- tivas, ficará condicionado a um período de consolidação
tiça do Estado, em julgamento que haja efetuado, em con- extra-nosocomial nunca inferior a 6 (seis) meses, contados
sequência do Conselho de Justificação a que foi submetido a partir da época da cura.
aquele. § 4º- Considera-se alienação mental todo caso de dis-
VI - Sendo Aspirante-a-Oficial ou Praça com estabilida- túrbio mental ou neuro-mental grave persistente, no qual,
de assegurada, for para tal indicado ao Comandante-Geral, esgotados os meios habituais de tratamento, permaneça
em julgamento do Conselho de Disciplina. alteração completa ou considerável na personalidade, des-
Parágrafo único - O policial-militar reformado na forma truindo a auto-determinação do pragmatismo e tornando
dos incisos V e VI, só poderá readquirir a situação policial- o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
militar anterior por outra sentença do Tribunal de Justiça qualquer trabalho.
do Estado e nas condições nela estabelecidas, ou por deci- § 5º - Ficam excluídas do conceito de alienação mental
são do Comandante-Geral, respectivamente. as epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pelas
Juntas de Saúde.
Art. 98 - Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão de § 6º- considera-se paralisia todo caso de neuropatia
pessoal da Corporação organizará a relação dos policiais- grave e definitiva que afeta a motilidade, sensibilidade,
militares que houverem atingido a idade-limite de perma- troficidade e mais funções nervosas, e no qual, esgotados
nência na reserva remunerada, a fim de serem reformados. os meios habituais de tratamento, permaneçam distúrbios
Parágrafo único - A situação de inatividade do poli- graves, extensos e definitivos, que tornem o indivíduo total
cial-militar da reserva remunerada, quando reformado por e permanentemente impossibilitado para qualquer traba-
limite de idade, não sofre solução de continuidade, exceto lho.
quanto às condições de convocação. § 7º- São também equiparados às paralisias os casos
de afecção ósteo-músculo-articulares graves e crônicos
Art. 99 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em (reumatismo graves e crônicos ou progressivos e doenças
consequência de: similares), nos quais, esgotados os meios habituais de tra-
I - Ferimento recebido na manutenção da ordem pú- tamento, permaneçam distúrbios extensos e definitivos,
blica ou enfermidade contraída nessa situação ou que nela quer ósteo-músculo-articulares residuais, quer secundá-
tenha sua causa eficiente. rios das funções nervosas, motilidade, troficidade ou mais
II - Acidente em serviço. funções, que tornem o indivíduo total e permanentemente
III - doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com impossibilitado para qualquer trabalho.
relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço; § 8º - São equiparados às cegueiras não só os casos de
IV - Tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia ma- afecções crônicas, progressivas e incuráveis, que conduzi-
lígna cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, rão à cegueira total, como também os de visão rudimentar
cardiopatia grave, mal de Parkinson, pêndigo, espondiloar- que apenas permita a percepção de vultos, não suscetíveis
trose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que de correção por lentes, nem removíveis por tratamento
a lei indicar com base nas conclusões da medicina espe- médico-cirúrgico.
cializada. § 9º- O policial-militar que, em inspeção de saúde, for
V - Acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem declarado portador de moléstia ou lesão, incompatível com
relação de causa e efeito com o serviço. o serviço policial-militar mas curável mediante intervenção
§ 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II e III deste cirúrgica, e não quiser submeter-se a esta, será julgado in-
artigo serão provados por atestado de origem ou inquérito capaz definitivamente e excluído e reformado, conforme o
sanitário de origem, sendo os termos do acidente, baixa ao tempo de serviço.
hospital, papeletas de tratamento nas enfermarias e hos- § 10º - No caso do parágrafo anterior, o policial-militar
pitais, e os registros de baixa, utilizados como meios de reformado não poderá valer-se, no futuro, dos serviços de
subsidiários para esclarecer a situação. saúde da Polícia Militar, para efeito de tratamento recusado,
§ 2º - Nos casos de Tuberculose, as Juntas de Saúde nem reverter à ativa, mesmo quando operado com êxito.
deverão basear seus julgamentos, obrigatoriamente, em Art. 100 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz
observações clínicas, acompanhadas de repetidos exames definitivamente por um dos motivos constantes dos inci-
subsidiários, de modo a comprovar, com segurança, a ati- sos I, II, III, IV e V do art. 99, será reformado com qualquer
vidade da doença, após acompanhar sua evolução até 3 tempo de serviço.
(três) períodos de 6 (seis) meses de tratamento clínico-ci-
rúrgico metódico, atualizado e, sempre que necessário, no- Art. 101 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz
socomial, salvo quando se tratar de formas “grandemente definitivamente por um dos motivos constantes do inciso
avançadas”, no conceito clínico, e sem qualquer possibili- I do art. 99, será reformado com a remuneração calcula-
dade de regressão completa, as quais terão parecer ime- da com base no soldo correspondente ao grau hierárquico
diato de incapacidade definitiva. imediato ao que possuir na ativa.

34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

§ 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos pre- § 3º. Os processos e os atos de registro de interdição
vistos nos incisos II, III e IV do art. 99 quando, for o poli- do policial-militar terão andamento sumário, serão instruí-
cial-militar considerado impossibilitado, total e permanen- dos com laudo proferido por Junta de Saúde e gozarão de
temente, para qualquer trabalho. isenção de custas.
§ 2º - Considera-se, para efeito deste artigo, o grau
hierárquico imediato: Art. 105 - Para os fins previstos na presente Seção, as
a) o de Primeiro-Tenente PM, para Aspirante-a-Oficial Praças constantes do Quadro a que se refere o art. 14 são
PM; consideradas:
b) o de Segundo-Tenente PM, para Subtenente PM, I - Segundo-Tenente PM: os Aspirantes-a-Oficial PM.
Primeiro-Sargento PM, Segundo Sargento PM, Terceiro- II - Aspirantes-a-Oficial PM: os Alunos-Oficiais PM.
III - Terceiro-Sargento PM: os alunos do Curso de For-
Sargento PM;
mação de Sargentos.
c) o de Terceiro-Sargento PM, para Cabo PM e Soldado
IV - Cabo PM: os alunos do Curso de Formação de Sol-
PM. dados PM.
§ 3º - Aos benefícios previstos neste artigo e seus pará-
grafos poderão ser acrescidos outros relativos à remunera- SEÇÃO III
ção, estabelecidos em lei específicas, desde que o policial- DA DEMISSÃO, DA PERDA DO POSTO E DA DECLA-
militar, ao ser reformado, já satisfaça às condições por elas RAÇÃO DE INDIGNIDADE OU
exigidas. IMCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO

Art.102 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz de- Art. 106 - A demissão da Polícia Militar, aplicada exclu-
finitivamente por um dos motivos constantes do inciso V sivamente aos Oficiais, efetua-se:
do art. 99, será reformado. I - A pedido
I - Com remuneração proporcional ao tempo de servi- II - “ Ex-officio ”.
ço, se Oficial ou Praça com estabilidade assegurada.
II - Com remuneração calculada com base no soldo in- Art. 107 - A demissão a pedido será concedida, me-
tegral do posto ou graduação, desde que, com qualquer diante requerimento do interessado;
tempo de serviço, seja considerado impossibilitado, total e I - Sem indenização aos cofres públicos quando contar
permanentemente, para qualquer trabalho. mais de 5 (cinco) anos de oficialato.
II - Com indenização das despesas feitas pelo Estado,
com a sua preparação e formação, quando contar menos
Art. 103 - O policial-militar reformado por incapacida-
de 5 (cinco) anos de oficialato.
de definitiva julgado apto em inspeção de saúde por Junta § 1º- no caso de o Oficial ter feito qualquer curso ou
Superior, em grau de recurso ou revisão, poderá retornar estágio de duração igual ou superior a 6 (seis) messes ou
ao serviço ativo ou se transferido para a reserva remunera- inferior ou igual a 18 (dezoito) meses, por conta do Estado,
da, conforme dispuser a regulamentação específica. e não tendo decorrido mais de 3 (três) anos do seu térmi-
§ 1º- O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tem- no, a demissão só será concedida mediante indenização de
po decorrido na situação de reformado não ultrapassar 2 todas as despesas correspondentes ao referido curso ou
(dois) anos e na forma do disposto no § 1º do art. 82. estágio, acrescidas, se for o caso, das previstas no inciso II
§ 2º - A transferência para a reserva remunerada, ob- deste artigo e das diferenças de vencimentos.
servado o limite de idade para permanência nessa situação, § 2º - No caso de o Oficial ter feito qualquer curso ou
ocorrerá se o tempo decorrido na situação de reformado estágio de duração superior a 18 (dezoito) meses, por con-
for ultrapassar 2 (dois) anos. ta do Estado, aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior,
se ainda não decorridos mais de 5 (cinco) anos de seu tér-
Art. 104 - O policial-militar reformado por alienação mino.
mental, enquanto não ocorrer a designação judicial do § 3º - O Oficial demissionário, a pedido, será transferi-
curador, terá sua remuneração paga aos seus beneficiários, do para a reserva, no posto que tinha no serviço ativo, sem
desde que estes o tenham sob sua guarda e responsabili- direito a qualquer remuneração. ( Nova redação dada pela
Lei nº 5.042, de 03071981)
dade e lhe dispensem tratamento humano e condigno.
§ 4º- O direito à demissão a pedido pode ser suspenso,
§ 1º - A interdição judicial do policial-militar reforma- na vigência de estado de guerra, calamidade pública, per-
do por alienação mental deverá ser providenciada junto ao turbação da ordem interna, estado de sítio ou em caso de
Ministério Público, por iniciativa de beneficiários, parentes mobilização.
ou responsáveis, até 60 (sessenta) dias a contar da data do
ato de reforma. Art. 108 - O Oficial da ativa empossado em cargo pú-
§ 2º- A interdição judicial do policial-militar e seu inter- blico permanente, estranho à sua carreira e cuja função
namento em instituição apropriada, policial-militar ou não, não lhe seja de magistério, será imediatamente, mediante
deverão ser providenciados pela Corporação quando: demissão “ex-officio” por esse motivo transferido para a re-
a) não houver beneficiários, parentes ou responsáveis; serva sem direito a remuneração, na qual ingressará com o
b) não forem satisfeitas as condições de tratamento posto que possuía na ativa. ( Nova redação dada pela Lei nº
exigidas neste artigo. 5.042, de 03071981)

35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Art. 109 - O Oficial que houver perdido o posto e a Art. 113 - O Aspirante-a-Oficial PM e as demais Praças
patente, será demitido “ex-officio”, sem direito a qualquer empossados em cargo público permanente, estranho à sua
remuneração ou indenização e terá a sua situação militar carreira e cuja função não seja de magistério, serão imedia-
definida pela Lei do Serviço Militar. tamente licenciados “ex-officio”, sem remuneração e terão
a sua situação militar definida em Lei do Serviço Militar.
Art. 110 - O Oficial perderá o posto e a patente se for
declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível Art. 114 - O direito ao licenciamento a pedido poderá
por decisão do Tribunal de Justiça do Estado, em decorrên- ser suspenso na vigência de estado de guerra, calamidade
cia de julgamento a que tenha sido submetido. pública, perturbação da ordem interna, estado de sítio ou
Parágrafo único - O Oficial declarado indigno do oficia- em caso de mobilização.
lato ou com ele incompatível, e condenado à perda do pos-
to e patente, só poderá readquirir a situação policial-militar SEÇÃO V
DA EXCLUSÃO DA PRAÇA A BEM DA DISCIPLINA
anterior por outra sentença do Tribunal acima mencionado
e nas condições nela estabelecida. Art. 115 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada,
“ex-officio”, ao Aspirante a OficialPM ou às Praças com es-
Art.111 - Fica sujeito à declaração de indignidade para tabilidade assegurada:
o oficialato, ou de incompatibilidade com o mesmo por jul- I - Sobre os quais houver pronunciado tal sentença o
gamento do Tribunal de Justiça do Estado, o Oficial que: Conselho Permanente de Justiça, por haverem sido conde-
I - For condenado por Tribunal civil ou militar a pena nadas em sentença passada em julgado por aquele Con-
restritiva de liberdade individual superior a 2 (dois) anos, selho ou por Tribunal Civil a pena restritiva de liberdade
em decorrência de sentença condenatória passada em jul- individual superior a 2 (dois) anos, ou, nos crimes previstos
gado. na legislação especial concernente à Segurança Nacional, a
II - For condenado, por sentença passada em julgado, pena de qualquer duração.
por crime para o qual o Código Penal Militar comina essas II - Sobre as quais houver pronunciado tal sentença o
penas acessórias e por crime previsto na legislação concer- Conselho Permanente de Justiça, por haverem perdido a
nente à Segurança Nacional. nacionalidade brasileira.
III - Incidir nos casos previstos em lei específica que III - Que incidirem nos casos que motivam o julgamen-
motivam o julgamento por Conselho de Justificação e nes- to pelo Conselho de Disciplina previsto no art.48 e neste
te for considerado julgado culpado. forem considerados culpados.
Parágrafo único - O Aspirante-a-Oficial PM ou a Praça
IV - Tiver perdido a nacionalidade brasileira.
com estabilidade assegurada, que houver sido excluído a
bem da disciplina, só poderá readquirir a situação policial-
SEÇÃO IV militar anterior:
DO LICENCIAMENTO a) por outra sentença do Conselho Permanente de Jus-
tiça e nas condições nela estabelecidas, se a exclusão foi
Art. 112 - O licenciamento do serviço ativo, aplicado consequência de sentença daquele Conselho.
somente às Praças, efetua-se: b) por decisão do Comandante-Geral da Polícia Militar,
I - A pedido se a exclusão foi consequência de ter sido julgado culpado
II - “ Ex-officio ”. em Conselho de Disciplina.
§ 1º - O licenciamento a pedido poderá ser concedido,
desde que não haja prejuízo para o serviço: Art. 116 - É da competência do Comandante-Geral da
a) à Praça engajada ou reengajada que conte, no míni- Polícia Militar o ato de exclusão a bem da disciplina do As-
mo, a metade do tempo de serviço que se obrigou a pres- pirante-a-Oficial PM, bem como das Praças com estabilida-
tar. de assegurada..
b) à Praça que, sendo reservista de Força Armada, te-
nha prestado pelo menos 2/3 (dois terços) do tempo de Art. 117 - A exclusão da Praça a bem da disciplina
serviço policial-militar inicial fixado no regulamento pró- acarreta a perda do seu grau hierárquico e não a isenta
da indenização dos prejuízos causados à Fazenda Estadual
prio.
ou a terceiros, nem das pensões decorrentes de sentença
c) à Praça com estabilidade assegurada.
judicial.
§ 2º - O licenciamento “ex-officio” será feito na forma Parágrafo único - A Praça excluída a bem da disciplina
da legislação específica: não terá direito a qualquer remuneração ou indenização e
a) por conclusão de tempo de serviço; sua situação militar será definida pela Lei do Serviço Militar.
b) por conveniência do serviço.
c) a bem da disciplina. SEÇÃO IV
§ 3º - O policial-militar licenciado não tem direito a DA DESERÇÃO
qualquer remuneração e terá sua situação militar definida
pela Lei do Serviço Militar. Art. 118 - A deserção do policial-militar acarreta uma
§ 4º- O licenciamento “ex-officio” a bem da disciplina interrupção do serviço policial militar, com a consequente
receberá o Certificado de Isenção previsto na Lei do Servi- demissão “ex-officio” para o Oficial ou exclusão do serviço
ço Militar. ativo para a Praça.

36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

§ 1º- A demissão do Oficial ou a exclusão da Praça com b) a data de matrícula em órgão de formação de poli-
estabilidade assegurada processar-se-á após 1 (hum) ano ciais-militares;
de agregação, se não houver captura ou apresentação vo- c) a data de apresentação pronto para o serviço, no
luntária antes deste prazo. caso de nomeação.
§ 2º- A Praça sem estabilidade assegurada será auto- § 2º - O policial-militar reincluído recomeça a contar
maticamente excluída após oficialmente declarada deser- tempo de serviço na data de sua reinclusão.
tora. § 3º - Quando, por motivo de força-maior oficialmente
§ 3º- O policial-militar desertor, que for capturado ou reconhecido (inundação, naufrágio, incêndio, sinistro aéreo
que se apresentar voluntariamente depois de haver sido e outras calamidades), faltarem dados papa a contagem do
demitido ou excluído, será reincluído no serviço ativo e a tempo de serviço, caberá ao Comandante-Geral da Polícia
seguir agregado para se ver processar. Militar arbitrar o tempo a ser computado, para cada caso
§ 4º - A reinclusão em definitivo do policial-militar, de particular, de acordo com os elementos disponíveis.
que trata o parágrafo anterior, dependerá do Conselho de
Justiça. Art. 123 - Na apuração do tempo de serviço do poli-
cial-militar será feita a distinção entre:
SEÇÃO VII I - Tempo de efetivo serviço.
DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO II - Anos de serviço.

Art. 119 - O falecimento do policial-militar da ativa Art. 124 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tem-
acarreta interrupção do serviço policial-militar, com o con- po, computado dia a dia, entre a data de inclusão e a data
sequente desligamento ou exclusão do serviço ativo, a par- limite estabelecida para a contagem ou a data do desliga-
tir da data de ocorrência do óbito. mento do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo
seja parcelado.
Art. 120 - O extravio do policial-militar da ativa acarreta § 1º - Será também computado como tempo de efetivo
interrupção do serviço policial militar, com o consequente serviço o tempo passado dia a dia pelo policial-militar da
afastamento temporário do serviço ativo, a partir da data reserva remunerada que for convocado para o exercício de
em que o mesmo for oficialmente considerado extraviado. funções policiais militares, na forma do art. 95.
§ 1º - O desligamento do serviço ativo será feito 6 (seis) § 2º - Não serão deduzidos do tempo de efetivo servi-
meses após a agregação por motivo de extravio. ço, além dos afastamentos previstos no art. 63, os períodos
§ 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, em que o policial-militar estiver afastado do exercício de
suas funções em gozo de licença especial.
calamidade pública ou outros acidentes oficialmente re-
§ 3º - Ao tempo de efetivo serviço de que tratam este
conhecidos, o extravio ou o desaparecimento do policial-
artigo e os parágrafos anteriores, apurado e totalizado em
militar da ativa é considerado como falecimento, para fins
dias, será aplicado o divisor 365 (trezentos e sessenta e cin-
deste Estatuto, tão logo sejam esgotados os prazos má-
co), para a correspondente obtenção dos anos de efetivo
ximos de possível sobrevivência ou quando se dêem por
serviço.
encerradas as providências de salvamento.
Art. 125 - “ Anos de Serviço ” é a expressão que desig-
Art. 121 - O reaparecimento de policial-militar extravia-
na o tempo de efetivo serviço a que se referem o art.124 e
do ou desaparecido, já desligado do serviço ativo, resulta
seus parágrafos, com os seguintes acréscimos:
em sua reinclusão e nova agregação, enquanto se apuram I - Tempo de serviço público federal, estadual ou muni-
as causas que deram origem ao seu afastamento. cipal, prestado pelo policial-militar anteriormente à sua in-
Parágrafo único - O policial-militar reaparecido será clusão matrícula, nomeação ou reinclusão na Polícia Militar.
submetido a Conselho de Justificação ou a Conselho de II - 1 (um) ano para cada 5 (cinco) anos de tempo de
Disciplina, por decisão do Comandante-Geral da Polícia efetivo serviço prestado pelo Oficial do Quadro de Saúde
Militar, se assim for julgado necessário. até que este acréscimo complete o total de anos de du-
ração normal do curso universitário correspondente, sem
CAPÍTULO III superposição a qualquer tempo de serviço policial-militar
DO TEMPO DE SERVIÇO ou público eventualmente prestado durante a realização
deste mesmo curso.
Art. 122 - Os policiais-militares começam a contar tem- III - Tempo relativo a cada licença especial não gozada,
po de serviço na Polícia Militar a partir da data de sua inclu- contado em dobro.
são, matrícula em órgão de formação de policiais-militares IV - Tempo relativo a férias não gozadas, contado em
ou nomeação para posto ou graduação na Polícia Militar. dobro.
§ 1º - Considera-se como data de inclusão, para fins § 1º - Os acréscimos a que se referem os incisos I e IV
deste artigo: serão computados somente no momento da passagem do
a) a data do ato em que o policial-militar é considerado policial-militar para a situação de inatividade, e somente
incluído em uma Organização Policial Militar; para esse fim.

37
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

§ 2º - Os acréscimos a que se referem os incisos II e os acréscimos de tempo para os possuidores de cursos


III, serão computados somente no momento da passagem universitários, nem, finalmente, com o tempo de serviço
do policial-militar para a situação de inatividade e, nessa computável após a inclusão na Polícia Militar, matrícula em
situação, para todos os efeitos legais, inclusive quanto à órgão de formação de policial-militar ou nomeação para
percepção definitiva de gratificação de tempo e de adicio- posto ou graduação da Corporação.
nal de inatividade.
§ 3º - O disposto no inciso II deste artigo aplicar-se-á, CAPÍTULO IV
nas mesmas condições e na mesma forma da legislação DO CASAMENTO
específica, aos possuidores de curso universitário, reconhe-
cido oficialmente, que venham a ser aproveitados como Art. 131 - O policial-militar da ativa pode contrair ma-
Oficiais da Polícia Militar, desde que este curso seja requisi- trimônio, desde que observada a legislação civil específica.
to essencial para o seu aproveitamento. § 1º - É vedado o casamento ao Aluno-Oficial e demais
§ 4º - Não é computável, para efeito algum, o tempo: Praças enquanto estiverem sujeitos aos regulamentos dos
a) que ultrapassar de 1 (um) ano, contínuo ou não, em órgãos de formação de Oficiais, de Graduados ou de Pra-
licença para tratamento de pessoa da família; ças, cujos requisitos para admissão exijam a condição de
b) passado em licença para tratar de interesse parti- solteiro, salvo em casos excepcionais, a critério do Coman-
cular; dante-Geral da Corporação.
c) passado como desertor; § 2º - O casamento com mulher estrangeira somente
d) decorrido em cumprimento de pena de suspensão poderá ser realizado após autorização do Comandante-Ge-
de exercício do posto, graduação, cargo ou função, por ral da Polícia Militar.
sentença passada em julgado. § 3º - Excetuadas as situações previstas nos §§ 1º e 2º
e) decorrido em cumprimento de pena restritiva da deste artigo, todo policial-militar deverá participar, com
liberdade, por sentença passada em julgado, desde que antecipação, ao Comandante-Geral da Polícia Militar, a rea-
não tenha sido concedida suspensão condicional da pena, lização do seu casamento.
quando, então, o tempo que exceder ao período da pena
será computado para todos os efeitos, caso as condições Art. 132 - O Aluno-Oficial PM e demais Praças que con-
estipuladas na sentença não o impeçam.
traírem matrimônio em desacordo com o § 1º do artigo an-
terior, serão excluídos sem direito a qualquer remuneração
Art. 126 - O tempo que o policial-militar vier a passar
ou indenização.
afastado do exercício de suas funções em consequência de
ferimentos recebidos em acidente, quando em serviço, na
CAPÍTULO V
manutenção da ordem pública ou de moléstia adquirida no
DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVI-
exercício de qualquer função policial militar, será compu-
ÇO
tado como se ele o tivesse passado no exercício daquelas
funções.
Art. 133 - As recompensas constituem reconhecimento
Art. 127 - O tempo de serviço passado pelo policial-mi- dos bons serviços prestados pelos policiais-militares.
litar no exercício de atividades decorrentes ou dependen- § 1º- São recompensas policiais-militares:
tes de operações de guerra será regulado em legislação a) prêmios de Honra ao Mérito;
específica. b) condecorações por serviços prestados;
c) elogios, louvores e referências elogiosas;
Art. 128 - O tempo de serviço dos policiais-militares d) dispensa do serviço.
beneficiados por anistia será contado como estabelecer o § 2º- As recompensas serão concedidas de acordo com
ato legal que a conceder. as normas estabelecidas nas leis e nos regulamentos da
Polícia Militar.
Art. 129 - A data limite estabelecida para final da con-
tagem dos anos de serviço, para fins de passagem para a Art. 134 - As dispensas do serviço são autorizações
inatividade, será a do desligamento do serviço ativo. concedidas aos policiais-militares para afastamento total
Parágrafo único - A data limite não poderá exceder do serviço, em caráter temporário.
de 45 (quarenta e cinco) dias, dos quais no máximo de 15
(quinze) dias no órgão encarregado de efetivar a transfe- Art. 135 - As dispensas de serviço podem ser concedi-
rência para a reserva remunerada ou reforma, em Diário das aos policiais-militares:
Oficial ou boletim da Corporação, considerada sempre a I - Como recompensa.
primeira publicação oficial. II - Para desconto em férias.
III - Em decorrência de prescrição médica.
Art. 130 - Na contagem dos anos de serviços não Parágrafo único - As dispensas de serviço serão con-
poderá ser computada qualquer superposição dos tem- cedidas com a remuneração integral e computadas como
pos de serviço (federal, estadual e municipal, ou passado tempo de efetivo serviço.
em órgãos da Administração Indireta) entre si, nem com

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

TÍTULO V Art. 139 - O Oficial da ativa ou da inatividade, contri-


CAPÍTULO ÚNICO buinte do Instituto de Previdência dos Servidores do Esta-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS do, que perder o posto e a patente, será considerado fale-
cido, assistindo a seus herdeiros direto a pensão calculada
Art. 136 - A assistência religiosa à Polícia Militar é regu- de acordo com o vencimento-base do mesmo oficial e o
lada por lei específica. regime daquele Instituto.

Art. 137 - É vedado o uso, por parte de organização Art. 140 - A Praça com estabilidade assegurada, contri-
civil, de designações que possam sugerir sua vinculação à buinte do Instituto de Previdência dos Servidores do Esta-
Polícia Militar do, que for excluída por um dos motivos referidos no art.
115, será considerada falecida, deixando a seus herdeiros
Parágrafo único - Excetuam-se das prescrições deste
a pensão calculada de acordo com o vencimento base da
artigo as associações, clubes, círculos e outros que con- mesma Praça e o regime daquele Instituto.
gregam membros da Polícia Militar e que se destinam, ex-
clusivamente, a promover intercâmbio social e assistencial Art. 141 - São adotados na Polícia Militar, em matéria
entre os policiais-militares e seus familiares e entre esses e não regulada na legislação estadual, as leis e regulamentos
a sociedade civil local. em vigor no Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente.

Art. 138 - O policial-militar beneficiado por uma ou Art.142 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
mais das Leis nº 288, de 8 de julho de 1948, nº 616, de 2 cação, revogadas as disposições em contrário.
de fevereiro de 1949; nº 1.156, de 12 de julho de 1950; e nº
Palácio Potengi, em Natal, 16 de dezembro de 1976,
450, de 27 de novembro de 1951, e que, em virtude do dis-
88º da República
posto no art. 60 desta Lei, não mais usufruirá as promoções
TARCÍSIO MAIA, Governador.
previstas naquelas Leis, terá considerado como base para
o cálculo dos proventos o soldo do posto ou graduação
a que seria promovido em decorrência da aplicação das
referidas Leis. CÓDIGO PENAL MILITAR (ARTS. 1º AO 9º).
§ 1º- O direito assegurado neste artigo não poderá
exceder, em nenhum caso, ao que caberia ao policial-mili-
tar, se fosse ele promovido até 2 (dois) graus hierárquicos
acima daquele que tiver por ocasião de sua transferência DECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE
para a reserva ou reforma, incluindo-se nesta limitação os 1969.
demais direitos previstos em lei que assegurem proventos
Código Penal Militar
de grau hierárquico superior.
§ 2º- O policial-militar terá o cálculo dos proventos re- Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da
ferido ao soldo do último posto da Corporação acrescido Aeronáutica Militar, usando das atribuições que lhes confe-
de 20% (vinte por cento) se estiver: re o art. 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de outubro de
a) no último posto da Corporação e beneficiado por 1969, combinado com o § 1° do art. 2°, do Ato Institucional
uma das Leis que trata este artigo; n° 5, de 13 de dezembro de 1968, decretam:
b) no penúltimo posto da Corporação é beneficiado
por mais de uma das Leis de que trata este artigo, contan- CÓDIGO PENAL MILITAR
do ou não mais de 30 (trinta) anos de serviço;
c) no penúltimo posto da Corporação é beneficiado PARTE GERAL
LIVRO ÚNICO
por uma das Leis de que trata este artigo, contando mais
TÍTULO I
de 30 (trinta) anos de serviço. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
§ 3º - Se o policial-militar na situação prevista na letra
“ a ” do parágrafo anterior estiver beneficiado por mais de Princípio de legalidade
uma das Leis de que trata este artigo ou contar mais de 30
(trinta) anos de serviço, terá os proventos resultantes da Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem
aplicação do disposto no § 2º aumentado de 20% (vinte pena sem prévia cominação legal.
por cento). (as letras “b e c” e o § 3º deste artigo, foram
alterados pela Lei nº 5.209/83). Lei supressiva de incriminação
§ 4º- O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica aos po-
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
liciais-militares ali referidos que já se encontram em inati-
terior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela,
vidade, os quais terão seus proventos de acordo com os a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível,
direitos que já lhe foram atribuídos. salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

39
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Retroatividade de lei mais benigna Conceito de navio

§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, fa- § 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-
vorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já se navio toda embarcação sob comando militar.
tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
Pena cumprida no estrangeiro
Apuração da maior benignidade
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei pos- imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou
terior e a anterior devem ser consideradas separadamente,
nela é computada, quando idênticas.
cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.

Medidas de segurança Crimes militares em tempo de paz

Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vi- Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
gente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se paz:
diversa, a lei vigente ao tempo da execução. I - os crimes de que trata este Código, quando defi-
nidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não
Lei excepcional ou temporária previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição es-
pecial;
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido II - os crimes previstos neste Código, embora também
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a o sejam com igual definição na lei penal comum, quando
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelha-
Tempo do crime
do, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da b) por militar em situação de atividade ou assemelha-
ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. do, em lugar sujeito à administração militar, contra militar
da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
Lugar do crime c) por militar em serviço ou atuando em razão da fun-
ção, em comissão de natureza militar, ou em formatura,
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que ainda que fora do lugar sujeito à administração militar con-
se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em par- tra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
te, e ainda que sob forma de participação, bem como onde d) por militar durante o período de manobras ou exer-
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes cício, contra militar da reserva, ou reformado, ou asseme-
omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que lhado, ou civil;
deveria realizar-se a ação omitida. e) por militar em situação de atividade, ou assemelha-
do, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a
Territorialidade, Extraterritorialidade
ordem administrativa militar;
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de con- f) revogada.
venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime III - os crimes praticados por militar da reserva, ou re-
cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou formado, ou por civil, contra as instituições militares, consi-
fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo pro- derando-se como tais não só os compreendidos no inciso
cessado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira. I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou
Território nacional por extensão contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra mi-
§ 1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se litar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra
como extensão do território nacional as aeronaves e os na- funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no
vios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando exercício de função inerente ao seu cargo;
militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem c) contra militar em formatura, ou durante o período
legal de autoridade competente, ainda que de propriedade
de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício,
privada.
acampamento, acantonamento ou manobras;
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros d) ainda que fora do lugar sujeito à administração mi-
litar, contra militar em função de natureza militar, ou no
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime pra- desempenho de serviço de vigilância, garantia e preserva-
ticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, des- ção da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando
de que em lugar sujeito à administração militar, e o crime legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência
atente contra as instituições militares. a determinação legal superior.

40
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo (C) Favorecimento a desertor (art. 193 do Código Penal
quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil se- Militar).
rão da competência da justiça comum, salvo quando pra- (D) Omissão de socorro (art. 201 do Código Penal Mi-
ticados no contexto de ação militar realizada na forma do litar).
art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Có- (E) Ofensa às Forças Armadas (art. 219 do Código Penal
digo Brasileiro de Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº Militar).
12.432, de 2011)
04. TJM-SP - Juiz de Direito Substituto - 2016 - VU-
(...) NESP). Com relação aos crimes contra a Autoridade ou
Disciplina Militar, é correto afirmar:
QUESTÕES (A) o simples concerto de militares para a prática do
crime de motim não é punível, nos termos da lei penal mi-
01. ( Câmara dos Deputados - Analista Legislativo – litar, se estes não iniciarem, ao menos, os atos executórios
2014 - CESPE) Julgue o item subsequente, a respeito dos do crime de motim.
crimes militares e dos delitos em espécie previstos na parte
(B) militares que apenas se utilizam de viatura militar
especial do Código Penal.
para ação militar, em detrimento da ordem ou disciplina
Aquele que deixar de comunicar à administração mili-
militar, mas sem ocupar quartel, cometem o crime de mo-
tar o óbito de sua genitora e, assim, obtiver vantagem ilícita
tim.
mediante saques dos valores depositados a título de pen-
são na conta-corrente da ex-pensionista cometerá o crime (C) o militar que, estando presente no momento da
militar de estelionato, cuja tipicidade não pode ser afastada prá- tica do crime de motim, não usar de todos os meios
mediante reparação integral do dano. ao seu alcance para impedi-lo, será responsabilizado como
( ) Certo ( ) Errado partícipe deste.
(D) o militar que, antes da execução do crime de motim
02. (MPM - Promotor de Justiça Militar - 2013 - e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências,
MPM) Acerca das causas excludentes do crime, assinale a denuncia o ajuste de que participou terá a pena diminuída
alternativa incorreta. pela metade com relação ao referido crime militar.
(A) No Código Penal Militar existe uma causa de justi- (E) a reunião de dois ou mais militares com armamento
ficação especial que é a discriminante do comandante de ou material bélico, de propriedade militar, para a prá- tica
navio, aeronave ou praça de guerra, concedendo autorida- de violência contra coisa particular, só caracterizará o crime
de ao comandante para compelir seus subordinados a rea- de organização de grupo para a prática de violência se a
lizarem manobras e serviços urgentes, com a finalidade de coisa se encontrar em lugar sujeito à administração militar.
salvaguardar quer vidas humanas, quer a própria unidade.
(B) O estrito cumprimento do dever legal é causa de 05. (TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto - 2015 –
exclusão de ilicitude, prevista no Código Penal Militar de CESPE) Acerca do concurso de agentes, assinale a opção
1969, que não o conceitua, assim como não é conceituado correta à luz do CPM.
no Código Penal. Ambos, porém, definem o estado de ne- (A) No cálculo da pena de crimes militares em que haja
cessidade e a legítima defesa. concurso de pessoas, as condições ou as circunstâncias de
(C) No direito militar pátrio, em matéria de legítima caráter pessoal dos coautores serão consideradas apenas
defesa, em que pese ser permitida a repulsa à “agressão, nos casos em que os agentes tenham consciência dessas
atual ou iminente, a direito próprio ou de outrem”, serão condições ou circunstâncias.
sempre considerados elementos constitutivos do crime: a (B) O CPM tipifica como causa de aumento da pena o
qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, fato de um agente dirigir as atividades dos demais agentes
de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia ou plantão,
envolvidos no evento delituoso.
quando a ação é praticada em repulsa à agressão.
(C) Se o crime for praticado com o concurso de dois
(D) A diferença entre o estado de necessidade como
ou mais oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada
excludente de culpabilidade e o estado de necessidade
em dobro.
como excludente do crime, quanto aos requisitos que os
constituem, é que, neste, o agente não era legalmente (D) Agente cuja participação no crime seja de menor
obrigado a arrostar o perigo e, naquele, não lhe era razoa- importância deve ser apenado na mesma proporção que
velmente exigível conduta diversa. os demais agentes envolvidos no delito.
(E) Se o crime for cometido por inferiores juntamente
03. (TJM-SP - Juiz de Direito Substituto - 2016 - VU- com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais in-
NESP) Assinale a alternativa que indica um crime propria- feriores que estiverem exercendo função de oficial, serão
mente militar, de acordo com a denominada Teoria Clássica. considerados cabeças da ação delituosa.
(A) Dano em navio de guerra ou mercante em serviço
militar (art. 263 do Código Penal Militar). 06. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda
(B) Ingresso clandestino (art. 302 do Código Penal Mi- Categoria - 2015 - CESPE) Ainda com relação ao direito
litar) penal militar, julgue o item que se segue.

41
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Se um oficial das Forças Armadas cometer crime de 04. B.


furto simples, ele ficará sujeito à declaração de indignidade Código Penal Militar
para o oficialato, qualquer que seja a sua pena. Artigo 149, IV: Reunirem-se militares ou assemelhados:
( ) Certo ( ) Errado IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou es-
tabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles,
07. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar,
Categoria – 2015 – CESPE) Em cada um do próximo item, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de
é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma as- transporte, para ação militar, ou prática de violência, em
sertiva a ser julgada à luz do direito penal militar. desobediência a ordem superior ou em detrimento da or-
Em determinada organização militar, durante o expe- dem ou da disciplina militar:
diente, dois militares que trabalhavam na mesma seção
desentenderam-se e um deles, sem justificativa e intencio- 05. E.
nalmente, disparou sua arma de fogo contra o outro, que Código Penal Militar
faleceu imediatamente. Nessa situação, o autor do disparo Art 53, § 5º - Quando o crime é cometido por inferior e
cometeu crime impropriamente militar. um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim
( ) Certo ( ) Errado como os inferiores que exercem função de oficial.

08. (SEDS-PE - Sargento - Policia Militar - 2010 - MS 06. Certo.


CONCURSOS) Em relação ao inquérito policial militar, assi- Código Penal Militar
nale a alternativa ERRADA: Indignidade para o oficialato
(A) A autoridade militar não poderá mandar arquivar Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para
autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena,
de crime ou de inimputabilidade do indiciado. nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em
(B) O arquivamento do inquérito não obsta a instau- qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243,
ração de outro. Se novas provas aparecerem em relação ao 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
fato, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção de
07. Certo.
punibilidade.
Trata-se de crime impropriamente militar haja vista que
(C) O Ministério Público poderá requerer o arquiva-
o homicídio está previsto tanto no CP quando no CPM. Po-
mento dos autos se entender inadequada a instauração
rém, como se trata de crime de militar da ativa e militar da
do inquérito.
ativa o crime será militar (art. 205 do CPM).
(D) Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos
a autoridade policial militar, a não ser mediante requisição
08. E.
do Ministério Público para diligências por ele consideradas Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuí-
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. zo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
(E) O inquérito é indispensável para o oferecimento da a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos
denúncia. por documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de
RESPOSTAS escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código
01. Certo. Penal Militar.
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilí-
cita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém Referências
em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio
fraudulento: Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.as-
Agravação de pena p?id_dh=5979. Acesso em novembro de 2016.
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometido em de-
trimento da administração militar. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/resumos/
exibir/505/Acao-Penal-Militar. Acesso em novembro de
02. C. 2016.
Art. 47, II CPM
Disponível em: http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
03. D. lotexto.php?cod=4967&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
Código Penal Militar: em novembro de 2016.
Art. 201, CPM. Deixar o comandante de socorrer, sem
justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou es- Disponível em: https://jus.com.br/artigos/19346/penas
trangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam -restritivas-de-direito-e-o-codigo-penal-militar. Acesso em
pedido socorro. novembro de 2016.

42
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/


artigo,a-exclusao-de-militar-em-decorrencia-de-condena-
cao-penal-uma-analise-comparativa-entre-militares-esta-
duais-e-f,55777.html. Acesso em novembro de 2016.

Disponível em: http://www.prof-audalio.com/penal/


texto-04-suspensao-condicional-sursis.pdf. Acesso em no-
vembro de 2016.

Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/


artigo,consideracoes-sobre-a-participacao-de-crime-me-
nos-grave-no-direito-penal-militar,22898.html. Acesso em
novembro de 2016.

ROCHA, André Luiz Pereira Borba. As penas acessórias


no Código Penal Militar (CPM) http://revista.faculdadepro-
jecao.edu.br/index.php/Projecao2/article/view/235/251.
Acesso em novembro de 2016.

43
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido,


SOBRE: DIREITO PENAL pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, me-
diante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do
1. (TJ/AL – Auxiliar Judiciário – CESPE/2012) Assina- Ministério Público, ou à autoridade policial.
le a opção correta a respeito de ação penal. § 5º. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito,
A) Nas hipóteses de ação penal privada, se o ofen- se com a representação forem oferecidos elementos que o
dido morrer ou for declarado ausente por decisão judi- habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá
cial, a ação será extinta, uma vez que não haverá mais a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
legitimidade processual que justifique o seu prossegui-
mento. Finalmente, para os adeptos da referida tese, o § 1º do
B) Em se tratando de delitos de ação penal pública art. 46, descreve mais uma hipótese de dispensabilidade do
condicionada à representação do ofendido, o órgão do inquérito policial:
MP dispensará o inquérito se, com a representação, fo-
rem oferecidos elementos que o habilitem a promover Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, es-
a ação penal. tando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que
C) Tanto a ação pública incondicionada quanto a o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito
ação condicionada devem ser promovidas por denún- policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No
cia do MP, independentemente de representação do último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade
ofendido. policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão
D) Seja qual for o crime, quando praticado em de- do Ministério Público receber novamente os autos.
trimento do patrimônio da União ou de estado, a ação § 1o  Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
penal será pública condicionada à representação da au- policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-
toridade competente. se-á da data em que tiver recebido as peças de informações
E) Se o MP, em vez de apresentar a denúncia, re- ou a representação.
querer o arquivamento do inquérito policial, o juiz, no
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, No último caso, se houver devolução do inquérito à
deverá determinar o prosseguimento da ação penal. autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data
em que o órgão do Ministério Público receber novamente
Atualmente, a doutrina tradicional entende que o in- os autos.
quérito policial, apesar de ser uma peça importante, não é
imprescindível. RESPOSTA: “B”.
Os defensores dessa corrente sustentam que o inqué-
rito policial não é uma etapa obrigatória da persecução pe- 2. (FEPESE/SC - Auditor Fiscal da Receita Estadual –
nal, podendo ser dispensado sempre que o integrante do SEFAZ/2010) De acordo com o Código Penal, pode-se
Ministério Público ou o ofendido tiver elementos suficien- afirmar:
tes para promover a ação penal. a) A representação será irretratável depois de rece-
Os doutrinadores baseiam tal entendimento no fato de bida a denúncia.
o art. 12, do Código de Processo Penal, utilizar a expressão b) O direito de queixa pode ser exercido mesmo de-
“sempre que”, que significa uma condição. pois de renunciado tacitamente.
c) O ofendido decai do direito de queixa ou de re-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou presentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”. meses, contado do data em que se praticou a conduta
delituosa, ainda que outro seja o momento do resulta-
Da mesma forma, porque o art. 27, do CPP, que trata do.
da  delatio criminis postulatória, estabelece que qualquer d) Quando a lei considera como elemento ou cir-
um do povo poderá fornecer, por escrito, informações cunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
sobre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os constituem crimes, cabe ação pública em relação àque-
elementos de convicção. le, desde que, em relação a qualquer destes, se deva
Essa circunstância significa, que quando tais informa- proceder por iniciativa do Ministério Público.
ções forem suficientes não é necessário o inquérito policial: e) Para produzir efeitos, o perdão independe de
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a aceitação pelo querelado.
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a
ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre O Código Penal, em seu art. 101 dispõe sobre a ação
o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elemen- penal no crime complexo:
tos de convicção.
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
No mesmo sentido, o § 5º, do art. 39, do CPP, estabe- circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, cons-
lece que o integrante do Parquet dispensará o inquérito tituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
se forem apresentados elementos suficientes para a que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por ini-
propositura da ação: ciativa do Ministério Público.

44
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Assim, a questão está correta de acordo com disposto Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que so-
no Código Penal. mente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimen-
to da ação.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
3. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) No
sistema criminal brasileiro, não se admite a renúncia tá- 7. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) O
cita ao direito de queixa. prazo decadencial de representação para os sucessores
corre a partir do momento em que eles forem notifica-
A questão está errada pois contrária dispositivo de lei, dos judicialmente para manifestar interesse em repre-
haja vista que, de acordo com o art. 104, do Código Penal. sentar.

Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido O Código Penal, art. 103, reza que o prazo decadencial
quando renunciado expressa ou tacitamente. é de 6 meses contado do dia em que o ofendido ou suces-
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de sor veio a saber quem é o autor do crime.
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exer-
cê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
indenização do dano causado pelo crime.  ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
RESPOSTA: “ERRADA”. dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
4. (DPU - Agente administrativo – CESPE /2010) prazo para oferecimento da denúncia. 
Para oferecer queixa, o procurador deve ser necessaria-
mente advogado e possuir poderes gerais de represen- RESPOSTA: “ERRADA”.
tação do ofendido.
8. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito da
ação penal no crime complexo será intentada, em qual-
Ação pública e de iniciativa privada:
quer hipótese, por intermédio de queixa-crime.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido. 
O Código Penal, no art. 101, dispõe sobre a ação penal
2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante
no crime complexo, vejamos:
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para repre-
sentá-lo.  
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
Desse modo, a questão está errada, pois a representa- circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, cons-
ção não necessita ser efetuada por advogado com poderes tituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
gerais de representação do ofendido. que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por ini-
ciativa do Ministério Público.  
RESPOSTA: “ERRADA”.
Dessa forma, a questão errada ao contrariar dispositivo
5. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na de lei quando afirma que a ação penal no crime complexo
ação penal privada, a vítima poderá perdoar o agressor, será intentada por intermédio de queixa-crime.
ainda que o processo esteja em grau de recurso e tra-
mitando perante tribunal, contanto que o faça antes do RESPOSTA: “ERRADA”.
trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
9. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) No
A questão está de acordo com o disposto no Código caso de morte do ofendido ou quando declarado au-
Penal, art. 106, § 2º que reza que “Não é admissível o per- sente por decisão judicial, se comparecer mais de uma
dão depois que passa em julgado a sentença condenató- pessoa com direito de queixa, terá preferência o côn-
ria”, desse modo, a questão está correta. juge, e, na ausência deste, o parente mais próximo na
ordem de ascendente, descendente ou irmão. Havendo
RESPOSTA: “CORRETA”. divergência entre os sucessores, o juiz extinguirá a ação
penal.
6. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
Nos crimes de ação penal pública ou nos que se pro- O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que:
cede mediante queixa, o perdão do ofendido obsta o
prosseguimento da ação. § 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido decla-
rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer quei-
A afirmativa está errada porque contraria o disposto no xa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente,
Código Penal, art. 105, in verbis: descendente ou irmão.

45
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

A doutrina entende havendo divergência entre suces- Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofen-
sores, a ordem de preferência deverá ser respeitada. dido decai do direito de queixa ou de representação se não
o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia
RESPOSTA: “ERRADA”. em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
10. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A prazo para oferecimento da denúncia.
recusa do perdão por um dos querelados não produz
efeitos jurídicos aos demais querelados que aceitarem Observamos que o prazo para a representação é deca-
ser perdoados e impede, de igual modo, a extinção da dencial, de seis meses. Caso transcorra o prazo, o exercício
punibilidade. do direito não passará aos sucessores.

O Código Penal em seu art. 106 dispõe que: RESPOSTA: “ERRADA”.

Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso 13. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
ou tácito: Em qualquer infração penal, o recebimento de valores
pelo ofendido ou seus sucessores, como indenização do
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos
dano causado pelo crime, consiste em renúncia tácita
aproveita;
ao direito de queixa ou de representação.
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o Resposta: errada.
direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. De acordo com o parágrafo único, do art. 104, do Có-
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato digo Penal, in verbis:
incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em Parágrafo Único. Importa renúncia tácita ao direito de
julgado a sentença condenatória. queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exer-
cê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
Desse modo, observamos que a questão está errada, indenização do dano causado pelo crime.
haja vista que, se um dos querelados não aceitar o perdão,
os outros que o aceitaram terão extinta a punibilidade. Assim, a questão está errada.

RESPOSTA: “ERRADA”. RESPOSTA: “ERRADA”.

11. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) 14. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
Na sucessão do direito de queixa ou de representação, extinção da pessoa jurídica, titular da ação penal priva-
caso o cônjuge, que possui preferência, manifeste de- da em curso, sem deixar sucessor, autoriza o MP a dar
sinteresse em propor a ação ou em ofertar a represen- seguimento à ação.
tação, isso obstará o direito dos outros sucessores.
O art. 100 do Código Penal, dispõe sobre a ação públi-
O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que: ca e de iniciativa privada e em seu § 2º, reza que:

§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido decla- § 2º. A ação de iniciativa privada é promovida mediante
rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer quei- queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para repre-
sentá-lo.
xa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
Em caso de extinção da pessoa jurídica, o Ministério
Público não poderá dar prosseguimento à ação, portanto,
Dessa forma, caso o cônjuge manifeste desinteresse a questão está errada.
em propor a ação ou em ofertar a representação, não obs-
tará o direito dos demais sucessores. RESPOSTA: “ERRADA”.
RESPOSTA: “ERRADA”. 15. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
denúncia é o instrumento de provocação da jurisdição
12. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na na ação penal pública, seja esta condicionada ou incon-
ação penal pública condicionada à representação, caso dicionada.
a vítima, maior de idade e capaz, tenha deixado trans-
correr o prazo para representar, mesmo tendo ciência A questão está correta, haja vista que, a ação penal pú-
da autoria da infração penal, vindo esta a falecer, o di- blica, seja ela condicionada ou incondicionada, necessita
reito de representação passará aos sucessores. de provocação do Ministério Público e é inicia por meio da
denúncia.
O Código Penal em seu art. 103, reza que:
RESPOSTA: “CORRETA”.

46
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Infração penal: elementos, espécies, classificação doutrinária das infrações penais; princípios penais. ............................. 01
Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. . ..................................................................................................................................... 01
Lei penal no tempo. ............................................................................................................................................................................................... 06
Concurso aparente de normas. ......................................................................................................................................................................... 11
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade. .................................................................................................................................................................. 11
Consumação e tentativa. ...................................................................................................................................................................................... 13
Erros essenciais e erros acidentais. .................................................................................................................................................................. 14
Concurso de pessoas. ............................................................................................................................................................................................ 16
Crimes contra a pessoa. . ...................................................................................................................................................................................... 17
Crimes contra o patrimônio. ............................................................................................................................................................................... 18
Crimes contra o respeito aos mortos. ............................................................................................................................................................. 29
Crimes contra o sentimento religioso. ............................................................................................................................................................ 29
Crimes contra a dignidade sexual. ................................................................................................................................................................... 29
Crimes contra a família. ........................................................................................................................................................................................ 30
Crimes contra a incolumidade pública. .......................................................................................................................................................... 31
Crimes contra a fé pública. .................................................................................................................................................................................. 33
Crimes contra a administração pública............................................................................................................................................................ 36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a


INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES, conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DAS conduta caracterizava uma mera contravenção, porém,
INFRAÇÕES PENAIS; PRINCÍPIOS PENAIS. com o advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA considerada crime/delito.
INFRAÇÃO PENAL.
Diferenças práticas entre crimes e contravenções

a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, en-


quanto que na contravenção, por força do Art. 4º do De-
INFRAÇÃO PENAL creto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
Elementos da Infração Penal
b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
A infração penal ocorre quando uma pessoa pratica do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade é aplica-
qualquer conduta descrita na lei e, através dessa conduta, da, enquanto que nas contravenções a extraterritorialidade
ofende um bem jurídico de uma terceira pessoa. não é aplicada.
Ou seja, as infrações penais constituem determinados
comportamentos humanos proibidos por lei, sob a ameaça c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo
de uma pena. máximo de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto
que nas contravenções, por serem menos graves, o tempo
Espécies de Infração Penal máximo de cumprimento de pena é de 5 anos.

A legislação brasileira, apresenta um sistema biparti- d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto
do sobre as espécies de infração penal, uma vez que exis- -Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções.
tem apenas duas espécies (crime = delito ≠ contravenção). A reincidência ocorrerá após a prática de crime ou contra-
Situação diferente ocorre com alguns países tais como a venção no Brasil e após a prática de crime no estrangeiro.
França e a Espanha que adotaram o sistema tripartido (cri- Não há reincidência após a prática de contravenção no es-
me ≠ delito ≠ contravenção). trangeiro.
As duas espécies de infração penal são: o crime, con-
siderado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre-se, “Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra-
porém que, apesar de existirem duas espécies, os conceitos tica uma contravenção depois de passar em julgado a sen-
são bem parecidos, diferenciando-se apenas na gravidade tença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro,
da conduta e no tipo (natureza) da sanção ou pena. por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contra-
No que diz respeito à gravidade da conduta, os crimes venção.”
e delitos se distinguem por serem infrações mais graves,
enquanto que a contravenção refere-se às infrações menos Semelhança no estudo dos crimes e contravenções.
graves.
Vimos que em termos práticos existem algumas dife-
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem renças entre crime e contravenção, porém, não podemos
no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a
-Lei 3.914/41). contravenção como o crime, substancialmente, são fatos
típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis.
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei Ou seja, possuem a mesma estrutura.
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isolada-
mente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena Crimes Hediondos
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou am- Diferente do que costuma se pensar no senso comum,
bas. Alternativa ou cumulativamente. juridicamente, crime hediondo não é o crime praticado
Em razão dos crimes serem condutas mais graves, en- com extrema violência e com requintes de crueldade e sem
tão eles são repelidos através da imposição de penas mais nenhum senso de compaixão ou misericórdia por parte de
graves (reclusão ou detenção e/ou multa). seus autores, mas sim um dos crimes expressamente pre-
As contravenções, todavia, por serem condutas menos vistos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes que o legis-
graves, são sancionadas com penas menos graves (prisão lador entendeu merecerem maior reprovação por parte do
simples e/ou multa). Estado.
A escolha se determinada infração penal será crime/ Os crimes hediondos, do ponto de vista criminológico,
delito ou contravenção é puramente política, da mesma são os crimes que estão no topo da pirâmide de desvalora-
forma que o critério de escolha dos bens que devem ser ção criminal, devendo, portanto, ser entendidos como cri-
protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é mes mais graves ou revoltantes, que causam maior aversão
considerado crime pode vir, no futuro, a ser considerada à coletividade.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Do ponto de vista semântico, o termo hediondo sig- 1. Terrorismo;


nifica ato profundamente repugnante, imundo, horrendo, 2. Tortura e;
sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, segun- 3. Tráfico ilícito de entorpecentes
do os padrões da moral vigente.
O crime hediondo é o crime que causa profunda e con- Crimes de Menor Potencial Ofensivo – segundo Damá-
sensual repugnância por ofender, de forma acentuadamen- sio (1)
te grave, valores morais de indiscutível legitimidade, como o
sentimento comum de piedade, de fraternidade, de solidarie- Vejamos a posição de Damásio de Jesus acerca dos cri-
dade e de respeito à dignidade da pessoa humana. mes de menor potencial ofensivo:
O conceito de crime hediondo repousa na ideia de que
existem condutas que se revelam como a antítese extrema De acordo com a Lei dos Juizados Especiais Criminais
dos padrões éticos de comportamento social, de que seus (Lei n. 9.099/95), consideram-se infrações de menor poten-
autores são portadores de extremo grau de perversidade, cial ofensivo, sujeitando-os à sua competência, os crimes
periculosidade e em razão disso, merecem sempre o grau aos quais a lei comine pena máxima não superior a um ano
máximo de reprovação ética por parte da sociedade e do (art. 61).
próprio sistema de controle. A Lei dita que :” Consideram-se infrações de menor
Destarte, foi aprovada por unanimidade na Câmara potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a
dos Deputados um projeto de lei que restringe o benefício que a lei comine pena máxima não superior a dois anos,
da progressão de regime para os presos condenados por ou multa”.
crimes hediondos. A lei 11.464/07 mudou a progressão de Assim, sejam da competência da Justiça Comum ou Fe-
regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos e deral, devem ser considerados delitos de menor potencial
equiparados, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois ofensivo aqueles aos quais a lei comine, no máximo, pena
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três detentiva não superior a dois anos, ou multa; de manei-
quintos), se reincidente. ra que os Juizados Especiais Criminais da Justiça Comum
passam a ter competência sobre todos os delitos a que a
São considerados crimes hediondos: norma de sanção imponha, no máximo, pena detentiva não
superior a dois anos (até dois anos) ou multa.
1. Homicídio simples, quando em atividade típica de Ao não se adotar essa orientação, absurdos poderão
grupo de extermínio ocorrer na prática, em prejuízo de princípios constitucio-
(art. 121); nais, como da igualdade e da proporcionalidade.
2. Homicídio qualificado De modo que o delito mais grave, por atingir um bem
(art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); jurídico coletivo, seria absurdamente considerado de me-
3. Latrocínio nor potencial ofensivo; enquanto o outro, de menor lesi-
(art. 157, § 3o); vidade objetiva, por afetar bem jurídico individual, teria a
4. Extorsão qualificada pela morte qualificação de crime de maior potencial ofensivo.
(art. 158, § 2o);
5. Extorsão mediante seqüestro simples e na forma Princípios Penais
qualificada
(art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o); O Direito Penal moderno se assenta em determinados
6. Estupro
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito de-
(art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e pa-
mocrático, entre os quais sobreleva o da legalidade dos
rágrafo único);
delitos e das penas, da reserva legal ou da intervenção le-
7. Atentado violento ao pudor
galizada, que tem base constitucional expressa. A sua dic-
(art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e pa-
ção legal tem sentido amplo: não há crime (infração penal),
rágrafo único);
nem pena ou medida de segurança (sanção penal) sem
8. Epidemia com resultado morte
prévia lei (stricto sensu).
(art. 267, § 1o);
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções
9. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais fundamentais:
(art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o B, redação dada a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen
pela Lei no 9.677/98); nulla poena sine lege praevia);
10. Genocídio b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume
(art.(s). 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou con- (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
sumado). c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes,
fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla poena
Existem crimes que não são hediondos, todavia equipa- sine lege stricta);
rados a esses e submetidos, portanto, ao mesmo tratamento d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nul-
penal mais severo reservado a esta espécie de delito: lum crimen nulla poena sine lege certa);

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Irretroatividade da lei penal Princípio da intervenção mínima (ou da subsidia-


Consagra-se aqui o princípio da irretroatividade da lei riedade)
penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado. Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa
Fundamentam-se a regra geral nos princípios da reserva le- dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica
gal, da taxatividade e da segurança jurídica - princípio do favor das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos
libertatis -, e a hipótese excepcional em razões de política crimi- de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só de-
nal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e judicial verá intervir quando for absolutamente necessário para a
na elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial. sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
A regra constitucional (art. 5°, XL) é no sentido da irretroa- O princípio da intervenção mínima é o responsável não
tividade da lei penal; a exceção é a retroatividade, desde que só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro-
seja para beneficiar o réu. Com essa vertente do princípio da teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com
legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por que ocorra a chamada descriminalização. Se é com base
um fato que, ao tempo da ação ou omissão, era tido como um neste princípio que os bens são selecionados para perma-
indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal necer sob a tutela do Direito Penal, porque considerados
incriminando-o. como de maior importância, também será com fundamen-
to nele que o legislador, atento às mutações da socieda-
Taxatividade ou da determinação (nullum crimen sine de, que com sua evolução deixa de dar importância a bens
lege scripta et stricta) que, no passado, eram da maior relevância, fará retirar do
Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.
ser suficientemente clara e precisa na formulação do conteúdo
do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista Fragmentariedade
real segurança jurídica. Tal assertiva constitui postulado indecli- A função maior de proteção dos bens jurídicos atribuí-
nável do Estado de direito material - democrático e social. da à lei penal não é absoluta. O que faz com que só devem
O princípio da reserva legal implica a máxima determina- eles ser defendidos penalmente frente a certas formas de
ção e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder Le- agressão, consideradas socialmente intoleráveis. Isto quer
gislativo, na elaboração das leis, que redija tipo penais com a dizer que apenas as ações ou omissões mais graves ende-
máxima precisão de seus elementos, bem como ao Judiciário reçadas contra bens valiosos podem ser objeto de crimi-
que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efeti- nalização.
vidade do princípio. O caráter fragmentário do Direito Penal aparece sob
uma tríplice forma nas atuais legislações penais: a) defen-
Princípio da culpabilidade dendo o bem jurídico somente contra ataques de especial
O princípio da culpabilidade possui três sentidos funda- gravidade, exigindo determinadas intenções e tendências,
mentais: excluindo a punibilidade da ação culposa em alguns casos
• Culpabilidade como elemento integrante da teoria etc; b) tipificando somente uma parte do que nos demais
analítica do crime – a culpabilidade é a terceira característica ramos do ordenamento jurídico se estima como antijurídi-
ou elemento integrante do conceito analítico de crime, sendo co; c) deixando, em princípio, sem castigo, as ações mera-
estudada, sendo Welzel, após a análise do fato típico e da ilici- mente imorais, como a homossexualidade e a mentira.
tude, ou seja, após concluir que o agente praticou um injusto
penal; Princípio da pessoalidade da pena (da responsabili-
• Culpabilidade como princípio medidor da pena – uma dade pessoal ou da intranscendência da pena)
vez concluído que o fato praticado pelo agente é típico, ilícito Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o
e culpável, podemos afirmar a existência da infração penal. De- autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV).
verá o julgador, após condenar o agente, encontrar a pena cor- Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe fora
respondente à infração praticada, tendo sua atenção voltada infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não po-
para a culpabilidade do agente como critério regulador; derá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter
• Culpabilidade como princípio impedidor da respon- personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é que
sabilidade penal objetiva, ou seja, da responsabilidade penal pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
sem culpa – o princípio da culpabilidade impõe a subjetividade Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade
da responsabilidade penal. Isso significa que a imputação sub- não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada im-
jetiva de um resultado sempre depende de dolo, ou quando pede que, no caso de morte do condenado e tendo havido
previsto, de culpa, evitando a responsabilização por caso for- bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem
tuito ou força maior. até as forças da herança. A pena de multa, apesar de ser
considerada agora dívida de valor, não deixou de ter cará-
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos ter penal e, por isso, continua obedecendo a este princípio.
O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo
imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção de Individualização da pena
bens jurídicos - essenciais ao individuo e à comunidade -, A individualização da pena ocorre em três momentos:
dentro do quadro axiológico constitucional ou decorren- a) Cominação – a primeira fase de individualização da
te da concepção de Estado de Direito democrático (teoria pena se inicia com a seleção feita pelo legislador, quando
constitucional eclética). escolhe para fazer parte do pequeno âmbito de abrangên-

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cia do Direito Penal aquelas condutas, positivas ou nega- O princípio da adequação social possui dupla função.
tivas, que atacam nossos bens mais importantes. Uma vez Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do
feita essa seleção, o legislador valora as condutas, comi- tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo
nando-lhe penas de acordo com a importância do bem a as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas
ser tutelado. pela sociedade. A segunda função é dirigida ao legislador em
b) Aplicação – tendo o julgador chegado à conclusão duas vertentes. A primeira delas o orienta quando da seleção
de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, dirá qual das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalida-
a infração praticada e começará, agora, a individualizar a de de proteger os bens considerados mais importantes. Se a
pena a ele correspondente, observando as determinações conduta que está na mira do legislador for considerada so-
contidas no art. 59 do Código Penal (método trifásico).c) cialmente adequada, não poderá ele reprimi-la valendo-se
Execução penal – a execução não pode igual para todos os do Direito Penal. A segunda vertente destina-se a fazer com
presos, justamente porque as pessoas não são iguais, mas que o legislador repense os tipos penais e retire do ordena-
sumamente diferentes, e tampouco a execução pode ser mento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas
homogênea durante todo período de seu cumprimento. já se adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade.
Individualizar a pena, na execução consiste em dar a cada
preso as oportunidades para lograr a sua reinserção social, Princípio da insignificância (ou da bagatela)
posto que é pessoa, ser distinto. Relacionado o axioma minima non cura praeter, enquan-
to manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal,
Proporcionalidade da pena postula que devem ser tidas como atípicas as ações ou omis-
Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio sões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-pe-
entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A nal. A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifi-
pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da ca a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicidade
lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a medida em caso de danos de pouca importância.
de segurança à periculosidade criminal do agente. “A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a ti-
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o picidade, mas só pode ser estabelecida através da consideração
estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma
em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade finalidade, tem um sentido, que é a garantia jurídica para possi-
em concreto) que careçam de relação valorativa com o bilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos
fato cometido considerado em seu significado global. Tem contra todos). A insignificância só pode surgir à luz da finalidade
assim duplo destinatário: o poder legislativo (que tem de geral que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma
estabelecer penas proporcionadas, em abstrato,à gravida- em particular, e que nos indica que essas hipóteses estão excluí-
de do delito) e o juiz (as penas que os juizes impõem ao das de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabele-
autor do delito tem de ser proporcionais à sua concreta cido à luz de sua consideração isolada”. (Zaffaroni e Pierangeli)
gravidade).
Princípio da lesividade
Princípio da humanidade (ou da limitação das pe- Os princípios da intervenção mínima e da lesividade são
nas) como duas faces da mesma moeda. Se, de um lado, a inter-
Em um Estado de Direito democrático veda-se a cria- venção mínima somente permite a interferência do Direito
ção, a aplicação ou a execução de pena, bem como de qual- Penal quando estivermos diante de ataques a bens jurídicos
quer outra medida que atentar contra a dignidade huma- importantes, o princípio da lesividade nos esclarecerá, limi-
na. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem tando ainda mais o poder do legislador, quais são as condu-
material e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da tas que deverão ser incriminadas pela lei penal. Na verdade,
dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os nos esclarecerá sobre quais são as condutas que não pode-
princípios da culpabilidade e da igualdade. rão sofrer os rigores da lei penal.
Está previsto no art. 5°, XLVII, que proíbe as seguintes O mencionado princípio proíbe a incriminação de: a)
penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b) uma atitude interna (pensamentos ou sentimentos pessoais);
de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de bani- b) uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor
mento; e) cruéis. “Um Estado que mata, que tortura, que (condutas não lesivas a bens de terceiros); c) simples estados
humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade, se- ou condições existenciais (aquilo que se é, não o que se fez);
não que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível d) condutas desviadas (reprovadas moralmente pela socie-
dos mesmos delinqüentes” (Ferrajoli). dade) que não afetem qualquer bem jurídico.

Princípio da adequação social Princípio da extra-atividade da lei penal


Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar
não será tida como típica se for socialmente adequada ou a regular fatos ocorridos durante a vigência ou retroagir para
reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social alcançar aqueles que aconteceram anteriormente à sua en-
da vida historicamente condicionada. Outro aspecto é o trada em vigor. Essa possibilidade que é dada á lei penal de
de conformidade ao Direito, que prevê uma concordância se movimentar no tempo é chamada de extra-atividade. A
com determinações jurídicas de comportamentos já esta- regra geral é a da irretroatividade in pejus; a exceção é a
belecidos. retroatividade in melius.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípio da territorialidade Princípio da lesividade ou da ofensividade do


O CP determina a aplicação da lei brasileira, sem pre- evento
juízo de convenções, tratados e regras de direito interna- Nulla necessitas sine injuria. A lei penal tem o dever de
cional, ao crime cometido no território nacional. O Brasil prevenir os mais altos custos individuais representados pe-
não adotou uma teoria absoluta da territorialidade, mas los efeitos lesivos das ações reprováveis e somente eles po-
sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista que dem justificar o custo das penas e das proibições. O prin-
o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas si- cípio axiológico da separação entre direito e moral veta,
tuações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, por sua vez, a proibição de condutas meramente imorais
em virtude de convenções, tratados e regras de direito ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive,
internacional. perigosos.

Princípio da extraterritorialidade Princípio da materialidade ou da exterioridade da


Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja re- ação
gra geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que pra- Nulla injuria sine actione. Nenhum dano, por mais gra-
ticarem infrações dentro do território nacional, incluídos ve que seja, pode-se estimar penalmente relevante, senão
aqui os casos considerados fictamente como sua exten- como efeito de uma ação. Em conseqüência, os delitos,
são, o princípio da extraterritorialidade se preocupa com como pressupostos da pena não podem consistir em ati-
a aplicação da lei brasileira além de nossas fronteiras, em tudes ou estados de ânimo interiores, nem sequer, gene-
países estrangeiros. ricamente, em fatos, senão que devem se concretizar em
ações humanas – materiais, físicas ou externas, quer dizer,
Princípio da mera legalidade ou da lata legalidade empiricamente observáveis – passíveis de serem descritas,
Exige a lei como condição necessária da pena e do enquanto tais, pelas leis penais.
delito. A lei é condicionante. A simples legalidade da for-
ma e da fonte é condição da vigência ou da existência das Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade
normas que prevêem penas e delitos, qualquer que seja pessoal
seu conteúdo. O princípio convencionalista da mera le- Nulla actio sine culpa.
galidade é norma dirigida aos juízes, aos quais prescreve
que considera delito qualquer fenômeno livremente qua- Princípio de utilidade
lificado como tal na lei. As proibições não devem só ser dirigidas à tutela de
bens jurídicos como, também, devem ser idôneas. Obriga
Princípio da legalidade estrita
a considerar injustificada toda proibição da qual, previsi-
Exige todas as demais garantias como condições ne-
velmente, não derive a desejada eficácia intimidatória, em
cessárias da legalidade penal. A lei é condicionada. A le-
razão dos profundos motivos – individuais, econômicos e
galidade estrita ou taxatividade dos conteúdos resulta de
sociais – de sua violação; e isso à margem do que se pense
sua conformidade com as demais garantias e, por hipóte-
sobre a moralidade e, inclusive, sobre a lesividade da ação
se de hierarquia constitucional, é condição de validade ou
proibida.
legitimidade das leis vigentes.
O pressuposto necessário da verificabilidade ou da
Princípio axiológico de separação entre direito e
falseabilidade jurídica é que as definições legais que es-
tabeleçam as conotações das figuras abstratas de delito moral
e, mais em geral, dos conceitos penais sejam suficiente- A valorização da interiorização da moral e da autono-
mente precisas para permitir, no âmbito de aplicação da mia da consciência é traço distintivo da ética laica moder-
lei, a denotação jurídica (ou qualificação, classificação ou na, a reivindicação da absoluta licitude jurídica dos atos
subsunção judicial) de fatos empíricos exatamente deter- internos e, mais ainda, de um direito natural à imoralidade
minados. é o princípio mais autenticamente revolucionário do libe-
ralismo moderno.
Princípio da necessidade ou da economia do Di-
reito Penal Teoria da Norma Penal
Nulla lex (poenalis) sine necessitate. Justamente por-
que a intervenção punitiva é a técnica de controle social Norma Penal é a limitação do poder punitivo do Es-
mais gravosamente lesiva da dignidade e da dignidade tado pela legislação do conduta incriminada (preceito ou
dos cidadãos , o princípio da necessidade exige que se preceito primário) e a cominação da respectiva pena (san-
recorra a ela apenas como remédio extremo. Se o Direito ção ou preceito secundário);
Penal responde somente ao objetivo de tutelar os cida- Teoria da Norma :A norma cria o ilícito, já a regra (lei)
dãos e minimizar a violência, as únicas proibições penais cria o delito;
justificadas por sua “absoluta necessidade” são, por sua Dessa forma a conduta criminosa viola a norma, ao
vez, as proibições mínimas necessárias. praticar o delito, criação da lei penal.

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

SUJEITO ATIVO Lei penal no tempo


Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem
jurídico protegido por lei. Em regra só o ser humano maior Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal. terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
A exceção acontece nos crimes contra o meio ambiente execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
onde existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
Federal. decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Art. 225 [...]. Lei excepcional ou temporária


§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decor-
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen- rido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
temente da obrigação de reparar os danos causados. que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
SUJEITO PASSIVO
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito pas- Tempo do crime
sivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como a socie-
dade são prejudicados quando as leis são desobedecidas. Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
O sujeito passivo material é o titular do bem jurídico ofen- da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
dido e pode ser tanto pessoa física como pessoa jurídica. resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito Territorialidade


passivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo,
podemos citar o furto de um computador de uma repar- Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
tição pública. venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, 7.209, de 1984)
ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como ex-
infração penal. tensão do território nacional as embarcações e aeronaves
O princípio da lesividade diz que, para haver uma in- brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo bra-
fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de sileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
extrapolar o âmbito da pessoa que a causou. privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº
próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal 7.209, de 1984)
(Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra-
uma terceira pessoa. ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do CP) território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspon-
ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço militar dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
(Art. 184 do CPM).
Lugar do crime

LEI PENAL NO TEMPO. Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em


que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
A APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Extraterritorialidade
Dispõe o Código Penal:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
PARTE GERAL dos no estrangeiro:
TÍTULO I I - os crimes:
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú-
blica;
Anterioridade da Lei b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
Não há pena sem prévia cominação legal. ou fundação instituída pelo Poder Público;

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

c) contra a administração pública, por quem está a seu Frações não computáveis da pena
serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liber-
domiciliado no Brasil; dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na
II - os crimes: pena de multa, as frações de cruzeiro.
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir; Legislação especial
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei- Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em ter- aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispu-
ritório estrangeiro e aí não sejam julgados. ser de modo diverso.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segun-
do a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no Interpretação da Lei Penal
estrangeiro. A interpretação é medida necessária para que com-
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira preendamos o verdadeiro sentido da norma e seu alcance.
depende do concurso das seguintes condições: Na interpretação, há lei para regular o caso em con-
a) entrar o agente no território nacional; creto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo nor-
b) ser o fato punível também no país em que foi pra- mativo sua vontade e seu alcance para que possa regular
ticado; o fato jurídico.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição; 1. Interpretação quanto ao sujeito
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela pró-
não ter aí cumprido a pena; pria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, considerado funcionário público para fins penais);
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segun-
doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista
do a lei mais favorável.
por meio de sua doutrina;
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co-
Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos Tri-
metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
bunais (exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
dos Motivos do Código Penal configura uma interpreta-
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
ção doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que cria-
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
ram o Código, ao passo que a Exposição de Motivos do
Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa, pois
Pena cumprida no estrangeiro
foi criada por lei.2. Interpretação quanto ao modo
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a - gramatical, filológica ou literal- considera o sentido
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diver- literal das palavras;
sas, ou nela é computada, quando idênticas. - teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei
(exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mes-
Eficácia de sentença estrangeira mo que a lei se refira apenas ao aparelho);
- histórica- indaga a origem da lei;
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da - sistemática- interpretação em conjunto com a le-
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, gislação em vigor e com os princípios gerais do direito;
pode ser homologada no Brasil para: - progressiva ou evolutiva- busca o significado legal
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti- de acordo com o progresso da ciência.
tuições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança. Interpretação quanto ao resultado
Parágrafo único - A homologação depende: a) para
os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte inte- declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra
ressada; da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis dizer,
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de sem restringir ou estender seu sentido;
extradição com o país de cuja autoridade judiciária ema- restritiva- a interpretação reduz o alcance das pala-
nou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do vras da lei para corresponder à intenção do legislador;
Ministro da Justiça. extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para
corresponder à sua vontade.
Contagem de prazo

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do


prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calen-
dário comum.

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Interpretação sui generis Do Princípio da Legalidade

A interpretação sui generis pode ser exofórica ou en- Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
dofórica. Veja-se: há pena sem prévia cominação legal.

exofórica- o significado da norma interpretativa não Princípio: Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege
está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo);
endofórica- o texto normativo interpretado empresta o Constituição Federal, art. 5º, XXXIX.
sentido de outros textos do próprio ordenamento jurídico
(muito usada nas normas penais em branco). Princípio da legalidade: a maioria dos nossos autores
considera o princípio da legalidade sinônimo de reserva
Interpretação conforme a Constituição legal.

A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não


A Constituição Federal informa e conforma as normas
haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal.
hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante forma
Dissentindo desse entendimento o professor Fernando Ca-
de interpretação no Estado Democrático de Direito.
pez diz que o princípio da legalidade é gênero que com-
preende duas espécies: reserva legal e anterioridade da lei
Distinção entre interpretação extensiva e interpretação penal. Com efeito, o princípio da legalidade corresponde
analógica aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal
e 1º do Código Penal (“não há crime sem lei anterior que o
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém,
das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados de nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva le-
forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras hipó- gal, reservando para o estrito campo da lei a existência do
teses, funcionando como uma analogia in malan partem crime e sua correspondente pena (não há crime sem lei
admitida pela lei. que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o
da anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no mo-
Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sen- mento da prática da infração penal (lei anterior e prévia co-
tido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva em minação). Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio
sentido estrito e interpretação analógica. da legalidade, compreende os princípios da reserva legal e
da anterioridade.
Analogia
LEI PENAL NO TEMPO
Analogia não é forma de interpretação, mas de inte- A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
gração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca do como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à nor-
tema, ou ainda em caso da Lei não tratar do tema em espe- ma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.
cífico o magistrado irá recorrer ao instituto. São pressupos-
tos da analogia: certeza de que sua aplicação será favorável Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante
ao réu; existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “extrativida-
(omissão involuntária do legislador). de” da lei penal.
A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma-
neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
Irretroatividade da Lei Penal
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal
é o seu poder de regular situações fora de seu período de
Dita o Código Penal em seu artigo 2º:
vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações pas-
sadas, seja em relação a situações futuras.
Art. 2.“Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio-
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já,
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. se sua aplicação se der para fatos após a cessação de sua
vigência, será chamada ultratividade.
O parágrafo único do artigo trata da exceção a regra Em se tratando de extra-atividade da lei penal, obser-
da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de benefício va-se a ocorrência das seguintes situações:
ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos por a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figu-
sentença condenatória transitada em julgado. ra criminosa;
Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroa- b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei
girá em benefício do réu. penal mais benigna;
Frise-se todavia que tal regra restringe-se somente às Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in me-
normas penais. lius”, aplica-se o principio da retroatividade da Lei penal
mais benéfica.

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou Novamente, observa-se a respeito dos crimes perma-
os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectivamente, os nentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga
crimes de “sedução” e “adultério”, de modo que o sujeito no tempo, de modo que em se tratando de “novatio legis
que praticou uma destas condutas em fevereiro de 2006, in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais gra-
por exemplo, não será responsabilizado na esfera penal. ve será aplicada.
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106
de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de Lei Excepcional ou Temporária
rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes do (art. 3º do Código Penal)
Código Penal, mas somente deslocou sua tipicidade para
o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere privado”), Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas
houve, assim, uma continuidade normativa atípica. es¬peciais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e vigorar enquanto perdurar o período excepcional.
todos os efeitos penais da sentença.
A Lei 9.099/99 trouxe novas formas de substituição de Lei temporária é aquela feita para vigorar por deter-
penas e, por consequência, considerando que se trata de minado tempo, estabelecido previamente na própria lei.
“novatio legis in melius” ocorreu retroatividade de sua vi-
Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação de sua
gência a fatos anteriores a sua publicação.
vigência.
c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que
agrava a situação; Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que, embora cessadas as circunstâncias que a determina-
que cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta ram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
antes considerada irrelevante pela lei penal. ção (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados
A lei posterior não retroage para atingir os fatos prati- durante sua vigência. São, portanto, leis ultra-ativas, pois
cados na vigência da lei mais benéfica (“Irretroatividade da regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após
lei penal”). Contudo, haverá extratividade da lei mais bené- sua revogação.
fica, pois será válida mesmo após a cessação da vigência
(Ultratividade da Lei Penal). LEI PENAL NO ESPAÇO
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e
continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos Territorialidade
termos da Súmula 711 do STF. (art. 5º do Código Penal)

Do Tempo Do Crime Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da


Artigo 4º, do Código Penal norma penal a fatos cometidos no Brasil:

A respeito do tempo do crime, existem três teorias: a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem apli-
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no cação no território do Estado que a editou, pouco impor-
momento em que ocorre a conduta criminosa; tando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste
no momento do resultado advindo da conduta criminosa; b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacio-
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime nal é aplicável a fatos cometidos em seu território.
consiste no momento tanto da conduta como do resultado
que adveio da conduta criminosa. c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacio-
O Artigo 4º do Código Penal dispõe que:
nal se aplica aos fatos praticados em seu território, mas,
Artigo 4º: Considera-se praticado o crime no momento
excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangei-
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
ra, quando assim estabelecer algum tratado ou convenção
resultado (Tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria
da atividade, nos termos do sistema jurídico instituído pelo internacional. Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do
Código Penal. Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
Penal português em que também é adotada a Teoria da crime cometido no território nacional.
Atividade para o tempo do crime. Em decorrência disso,
aquele que praticou o crime no momento da vigência da O Território nacional abrange todo o espaço em que
lei anterior terá direito a aplicação da lei mais benéfica. o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares
O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12
imputável mesmo que a consumação ocorrer quando ti- milhas) e espaço aéreo.
ver completado idade equivalente a maioridade penal. E,
também, o deficiente mental será imputável, se na época Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem ain-
da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental tão da que:
somente na época do resultado.

9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão I - os crimes:


do território nacional as embarcações e aeronaves brasilei- a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re-
ras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro pública;
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade Distri¬to Federal, de Estado, de Território, de Município, de
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
correspondente ou em alto-mar” (§ 1º). ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu-
“É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- servIço;
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do-
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso miciliado no Brasil;
no território nacional ou em vôo no espaço aéreo corres- II - os crimes:
pondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil” a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
(§ 2º). a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
Extraterritorialidade c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
(art. 7º do Código Penal) ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em ter-
ritório es¬trangeiro e aí não sejam julgados.
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a § 1 Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
fatos criminosos ocorridos no exterior. a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no es-
trangeiro
Princípios norteadores: § 2 Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei na- depende do concurso das seguintes condições:
cional do autor do crime, qualquer que tenha sido o local a) entrar o agente no território nacional;
da infração. b) ser o fato punível também no país em que foi prati-
b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional cado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
do autor do crime aplica-se quando este for praticado lei brasileira autoriza a extradição;
contra bem jurídico de seu próprio Estado ou contra pes- d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
soa de sua nacionalidade. não ter aí cumprido a pena;
c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei referente à e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que te- por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segun-
nha sido o local da infração ou a nacionalidade do autor do a lei mais favorável.
do delito. É também chamado de princípio da proteção. § 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometi-
d) Princípio da justiça universal. Todo Estado tem o do por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reu-
direito de punir qualquer crime, seja qual for a naciona- nidas as condições previstas no parágrafo anterior:
lidade do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
desde que o agente esteja dentro de seu território (que b) houve requisição do Ministro da Justiça.
tenha voltado a seu país, p. ex.).
e) Princípio da representação. A lei nacional é aplicá- Percebe-se, portanto, que:
vel aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e a) no art. 72, I, a, b e c, foi adotado o princípio da defesa
embarcações privadas, desde que não julgados no local real;
do crime. b) no art. 72, 11, a, foi adotado o princípio da justiça
universal
Já vimos que o princípio da territorialidade tempera- c) no art. 72, 11, b, foi adotado o princípio da naciona-
da é a regra em nosso direito, cujas exceções se iniciam lidade ativa;
no próprio art. 5º (decorrentes de tratados e convenções, d) no art. 72, c, adotou-se o princípio da representação;
nas quais a lei estrangeira pode ser aplicada a fato come- e) no art. 72, § 32, foi também adotado o princípio da
tido no Brasil). O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes defe¬sa real ou proteção;
regras referentes à aplicação da lei nacional a fatos ocor-
ridos no exterior: Dos dispositivos analisados, pode-se perceber que a
extraterritorialidade pode ser incondicionada (quando a lei
O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes regras re- brasileira é aplicada a fatos ocorridos no exterior, sem que
ferentes à aplicação da lei nacional a fatos ocorridos no sejam exigidas condições) ou condicionada (quando a apli-
exterior: cação da lei pátria a fatos ocorridos fora de nosso território
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no depende da existência de certos requisitos). A extraterrito-
estrangeiro: rialidade é condicionada nas hipóteses do art. 7º, II e § 3º.

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos,


CONCURSO APARENTE DE NORMAS. crescentes violações ao bem jurídico); crime complexo (re-
sulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que pas-
sam a funcionar como elementares ou circunstâncias no
tipo complexo).
No concurso aparente, como a própria denominação
denuncia, aparentemente o fato dá lugar a duas ou mais Alternatividade
adequações típicas simultâneas, dois ou mais delitos. Um Ocorre quando a norma descreve várias formas de rea-
mesmo fato é coberto pelas descrições típicas de várias lização da figura típica, em que a realização de uma ou de
normas incriminadoras, que sobre ele convergem. Todavia, todas configura um único crime. São os chamados tipos mis-
pela aplicação do princípio ne bis in idem, que impede a tos alternativos, os quais descrevem crimes de ação múltipla
dupla punição pelo mesmo fato, somente uma das tipici- ou de conteúdo variado. Não há propriamente conflito entre
dades se aplica, prevalecendo sobre as demais, e afastando normas, mas conflito interno na própria norma.
a incidência destas.
Trago também, em breves linhas, uma discórdia doutri-
nária: é mais correto se falar em concurso ou conflito apa- TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE.
rente de normas? O concurso ocorre quando duas normas
diferentes se aplicam sobre a mesma situação. O conflito
ocorre quando duas normas criam situação de dúvida so-
bre qual deve ser aplicada sobre o caso concreto, se uma Tipicidade
ou outra. Não há unanimidade doutrinária. Penso, no en- A Tipicidade é a relação de enquadramento entre o
tanto, que o mais correto é se falar em “concurso”, eis que fato delituoso (concreto) e o modelo (abstrato) contido na
as duas normas irão, em tese, se aplicar sobre o caso con- lei penal. É preciso que todos os elementos presentes no
creto, mas somente em tese, razão pela qual o concurso é tipo se reproduzam na situação de fato
aparente.
Dependendo do caso concreto, as normas se afastam, Assim, o Fato Típico é denominado como o comporta-
para que uma apenas seja aplicada. São os seguintes os mento humano que se molda perfeitamente aos elementos
princípios utilizados para a solução dos conflitos aparentes constantes do modelo previsto na lei penal.
que insurgirem. A primeira característica do crime é ser um fato típico,
descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
Princípios que solucionam o conflito aparente de vida que corresponde exatamente a um modelo de fato
normas contido numa norma penal incriminadora, a um tipo.
Para que o operador do Direito possa chegar à con-
Especialidade clusão de que determinado acontecimento da vida é um
Especial é a norma que possui todos os elementos da
fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, de-
geral e mais alguns, denominados especializantes, que tra-
compô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com
zem um minus ou um plus de severidade. A lei especial
certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de
prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis in
adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta.
idem, pois o comportamento do sujeito só é enquadrado
Essa relação é a tipicidade.
na norma incriminadora especial, embora também estives-
Para que determinado fato da vida seja considerado
se descrito na geral.
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os
seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
Subsidiariedade
Os elementos de um fato típico são a conduta humana,
Subsidiária é aquela norma que descreve um graus
menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato a consequência dessa conduta se ela a produzir (o resulta-
menos amplo e menos grave, o qual, embora definido do), a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo
como delito autônomo, encontra-se também compreendi- causal) e, por fim, a tipicidade.
do em outro tipo como fase normal de execução do crime
mais grave. Define, portanto, como delito independente, Conduta
conduta que funciona como parte de um crime maior. Considera-se conduta a ação ou omissão humana
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A condu-
Consunção ta compreende duas formas: o agir e o omitir-se.
É o princípio segundo o qual um fato mais grave e mais
amplo consome, isto é, absorve, outros fatos menos am- Resultado
plos e graves, que funcionam como fase normal de prepa- A expressão resultado tem natureza equívoca, já que
ração ou execução ou como mero exaurimento. Hipóteses possui dois significados distintos em matéria penal. Pode
em que se verifica a consunção: crime progressivo (ocorre se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em
quando o agente, objetivando desde o início, produzir o resultado jurídico ou normativo.

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O resultado naturalístico ou material consiste na modi- Crime Tentado


ficação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata- O crime tentado tem fundamentação no artigo 14, inci-
se de um evento que só se faz necessário em crimes mate- so II do Código Penal ocorre quando o agente inicia a exe-
riais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva a conduta cução do delito mas este não se consuma por circunstâncias
e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para alheias à sua vontade. De acordo com o parágrafo único do
efeito de consumação. art. 14, do Código Penal, “salvo disposição em contrário, pu-
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou ne-se a tentativa com a pena correspondente ao crime con-
ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma pe- sumado, diminuída de um a dois terços”. Para fixar a pena,
nal. Todas as infrações devem conter, expressa ou impli- o magistrado deve usar como critério a maior ou menor
citamente, algum resultado, pois não há delito sem que proximidade da consumação, de forma que quanto mais o
ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem agente percorrer o “iter criminis”, maior será sua punição.
penalmente protegido.
A doutrina moderna dá preferência ao exame do re- Pena de Crime Consumado e Crime Tentado
sultado jurídico . Este constitui elemento implícito de todo
fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na noção Para a punição da tentativa se considera a extensão da
de tipicidade material. conduta do autor até o momento em que foi interrompida.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos- Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a re-
prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em dução (1/3).
determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor
análise seria malferir o princípio da legalidade. ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da
pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limites,
Nexo Causal, Relação de Causalidade ou Nexo de Cau- de modo justificado.
salidade
Entende-se por relação de causalidade o vínculo que O excesso Punível
une a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como
consequência derivada. Trata-se do liame que une a cau- Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em
sa ao resultado que produziu. O nexo de causalidade in- vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode
teressa particularmente ao estudo do Direito Penal, pois, encontrar-se em três situações diferentes:
em face de nosso Código Penal (art. 13), constitui requisito
expresso do fato típico. Esse vínculo, porém, não se fará i) usa de um meio moderado e dentro do necessário
necessário em todos os crimes, mas somente naqueles em para repelir à agressão;
que à conduta exigir-se a produção de um resultado, isto
é, de uma modificação no mundo exterior, ou seja, cuida-se Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima
de um exame que se fará necessário no âmbito dos crimes defesa.
materiais ou de resultado.
ii) de maneira consciente emprega um meio desneces-
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do sário ou usa imoderadamente o meio necessário;
resultado constitui elemento necessário ao fato típico de A legítima defesa fica afastada por excluído um dos
qualquer infração penal. seus requisitos essenciais.
Deve ser analisada em dois planos: formal e material. ü imoderação quanto ao uso do meio;
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção en- ü emprego de um meio desnecessário.
tre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e
a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado iii) após a reação justa (meio e moderação) por impre-
(tipicidade material). vidência ou conscientemente continua desnecessariamente
Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramen- na ação.
to. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, con-
forme ele se enquadre ou não na lei penal. No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifica
demasiada e desnecessariamente a reação inicialmente jus-
Consumação e Tentativa tificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O agente
responderá pela conduta constitutiva do excesso.
Crime Consumado
Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal, Ilicitude
o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumpri-
ao tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código mento de um dever jurídico imposto por normas de direito
Penal, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem público, sujeitando o agente a uma pena.
todos os elementos de sua definição legal. No homicídio, Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
por exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (ar- entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
tigo 121 do CP), assim o crime restará consumado com a até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
morte da vítima. tipo penal, é antijurídico.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que re- A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
tira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do
criminosa (fato típico). autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
Art. 23 - Exclusão da ilicitude para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de-
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo
I - em estado de necessidade; excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res-
II - em legítima defesa; tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer- regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.
cício regular de direito.
Excesso punível Culpabilidade
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses A Culpabilidade é um elemento integrante do concei-
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. to definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos
subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpabi-
A ação do homem será típica sob o aspecto criminal lidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita é pe-
quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa nalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (intenção), ou
primeira compreensão, isso também basta para se afirmar pelo menos com imprudência, negligência ou imperícia, nos
que ela está em desacordo com a norma, que se trata de casos em que a lei prever como puníveis tais modalidades
uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
Causas de exclusão da culpabilidade
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato
que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipó- típico e antijurídico.
teses previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado de
necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca-
dever legal ou o exercício regular de direito. ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
O estado de necessidade e a legítima defesa são con- - doença mental, desenvolvimento mental incompleto
ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo ou retardado (art. 26);
destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do - desenvolvimento mental incompleto por presunção
dever legal e o exercício regular de um direito, como exclu- legal, do menor de 18 anos (art. 27);
dentes da ilicitude ou da antijuridicidade. - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior (art. 28, § 1º).
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem ilicitude:
decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de - erro de proibição (art. 21).
acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela.
Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor, c) inexigibilidade de conduta diversa:
esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao ordena- - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
mento jurídico. - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).

Um exemplo possível de estrito cumprimento do de-


ver legal pode restar configurado no crime de homicídio,
em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que esta- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.
vam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte
do marginal. Neste sentido - RT 580/447.

O exercício regular de um direito, como excludente da Consumação e Tentativa


ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações ju-
rídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do exer- Crime Consumado
cício regular de um direito, ainda que ela seja típica, não Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal,
poderá ser considerada antijurídica, já que está de acordo o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
com o direito. ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente
ao tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código
Um exemplo de exercício regular de um direito, como Penal, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega- todos os elementos de sua definição legal. No homicídio,
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório, por exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (ar-
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa tigo 121 do CP), assim o crime restará consumado com a
para si (RT - 461/341). morte da vítima.

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Crime Tentado Um conceito bem amplo de erro de tipo é dado por


O crime tentado tem fundamentação no artigo 14, in- Damásio de Jesus, in verbis : “erro de tipo é o que incide so-
ciso II do Código Penal ocorre quando o agente inicia a bre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre
execução do delito mas este não se consuma por circuns- os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou
tâncias alheias à sua vontade. De acordo com o parágrafo dados secundários da norma penal incriminadora”.
único do art. 14, do Código Penal, “salvo disposição em
contrário, pune-se a tentativa com a pena corresponden- Erro de Proibição
te ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. Normatizado no direito penal brasileiro pelo artigo 21
Para fixar a pena, o magistrado deve usar como critério a do Código Penal, o erro de proibição é erro do agente que
maior ou menor proximidade da consumação, de forma acredita ser sua conduta admissível no direito, quando, na
que quanto mais o agente percorrer o “iter criminis”, maior
verdade ela é proibida. Sem discussão, o autor, aqui, sabe
será sua punição.
o que tipicamente faz, porém, desconhece sua ilegalidade.
Concluímos, então, que o erro de proibição recai sobre a
Pena de Crime Consumado e Crime Tentado
consciência de ilicitude do fato. O erro de proibição é um
Para a punição da tentativa se considera a extensão da juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade,
conduta do autor até o momento em que foi interrompida. que chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos
Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a e costumes, da escolaridade, da tradição, família etc.
redução (1/3).
De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor Erro na Execução
ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da (Aberratio Ictus)
pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limi-
tes, de modo justificado. Previsto no art. 73 do CP: “quando por acidente ou erro
no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atin-
gir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
ERROS ESSENCIAIS E ERROS ACIDENTAIS. responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20. No caso de
ser também atingida a pessoa pretendida, aplica-se a regra
do art. 70 (concurso formal).”
Erro de Tipo
Aqui, a pessoa visada é uma, embora outra venha a ser
atingida, involuntária e acidentalmente. O agente dirige a
Erro é a falsa representação da realidade ou o falso ou
conduta contra a vítima visada, o gesto criminoso é dirigi-
equivocado conhecimento de um objetivo (é um estado
positivo). O erro de tipo está no art. 20, “caput”, do Código do corretamente, mas a execução sai errada e a vontade
Penal. Ocorre, no caso concreto, quando o indivíduo não criminosa vai concretizar-se em pessoa diferente. Logo,
tem plena consciência do que está fazendo; imagina estar esse erro não surge no processo de formação de vontade
praticando uma conduta lícita, quando na verdade, está a do agente, mas sim no momento de sua execução.
praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, acredite ser Aqui ocorre um erro de pessoa para pessoa, já que o
inteiramente lícita. ofendido diverge do animus do agente. O aberratio ictus
Tipo é a descrição legal da norma proibitiva, vale dizer, pode ser dividido em:
é a norma que descreve condutas (previstas abstratamen- a) Aberratio ictus com unidade simples: aqui, há um
te) que são criminosas. Quando o indivíduo pratica um único resultado, ou seja, o agente erra a pessoa, atingindo
fato e ele se subsume na descrição legal, tem-se o crime, somente um terceiro. Responderá o agente como se tives-
surgindo ai o “ius puniendi” do Estado. Porém, podem se atingido a pessoa visada.
ocorrer circunstâncias que, se objetivamente constatadas, A importância dessa hipótese é a consequência do cri-
excepcionarão o poder de punir do Estado e dentre estas me: v.g., se o agente, querendo acertar seu pai, atira e mata
exceções encontra-se o erro de tipo. terceira pessoa, responderá por homicídio doloso agrava-
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento do pelo fato de ser contra ascendente.
cognitivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e consciente
b) Aberratio ictus com unidade complexa: aqui, há
de praticar o crime, ou assumir o risco de produzi-lo (Dolo
dois resultados, embora uma única ação. O agente atinge
Direto e Eventual respectivamente, CP art. 18, I) .
a pessoa visada, mas também um terceiro. Teremos então
Assim, de acordo com o que dispõe o art. 20, caput,
do Código Penal, o erro de tipo exclui o dolo e, portanto, quatro hipóteses de unidade complexa, partindo-se do
a própria tipicidade (como visto, o dolo foi deslocado para pressuposto, no caso do homicídio, de que em todos os
Tipicidade de acordo com a Teoria Finalista). Observe não casos o agente atua com o dolo de matar:
há qualquer mácula à culpabilidade , por força disso, se o 1. Agente atira em A, causando sua morte, e também
erro for vencível, haverá punição por crime culposo desde a morte de B: agente responderá por homicídio doloso e
que previsto no tipo penal. Trata-se de um consectário ló- homicídio culposo, aplicando-se o aumento do concurso
gico do Princípio da Excepcionalidade do crime culposo, formal. Não se aplica a incidência da agravante caso B fos-
art. 20, caput, CP, modalidade examinada mais adiante. se seu pai.

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2. Agente mata A e fere B: agente responderá por Logo, vemos que as consequências são:
homicídio doloso consumado, em concurso formal com o a) Punição do agente pelo crime culposo, se prevista
crime de lesões corporais culposas, aplicando-se a causa tal modalidade no CP;
de aumento, desde que benéfica. Aqui, não há erro na exe- b) Punição do agente pelo crime doloso contra coisa
cução, há concurso formal próprio. (resultado doloso pretendido) + punição pelo crime cul-
3. Agente fere A e fere B: agente responderá por ten- poso, se prevista tal modalidade, aplicando-se a regra do
tativa de homicídio em concurso formal com lesões corpo- concurso formal do art. 70. (unidade complexa)
rais culposas, aplicando-se a regra de aumento, desde que Art. 73 “aberratio ictus” Art. 74 “aberratio crimi-
benéfica. nis”
4. Agente fere A e mata B: responderá por homicídio • Erro na execução
doloso consumado, aplicando-se a regra de aumento. Po- • Agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurí-
rém, nesse caso, se B fosse seu pai, não haveria a incidência dico, de pessoa diversa O agente, em razão do
da agravante. erro, atinge bem jurídico diverso
Sempre que ocorre a aberratio ictus com unidade com- • Relação: pessoa x pessoa • Relação: coisa x
plexa, haverá concurso formal próprio de crimes. pessoa
• Responde pelo resultado provocado consideran-
Aberratio Ictus e Dolo Eventual do a vítima pretendida Responde pelo resulta-
Não há se confundir ambos os institutos. No dolo do produzido a título de culpa ou em concurso formal, se
eventual, o agente atua dentro do complexo volitivo, assu- também der causa ao resultado desejado
mindo conscientemente o desejo de, se consumado, ferir
determinado bem jurídico, ainda que sua vontade seja di- Concurso Material Benéfico nas Hipóteses de Aberratio
rigida contra outro. Ictus e Aberratio Criminis
Em qualquer das duas hipóteses, quando houver uni-
No aberratio ictus, o agente não tem a intenção de agir
dade complexa, ou seja, a produção do resultado preten-
contra a pessoa vítima do crime, já que visava atingir outra.
dido e do não pretendido, deverá ser observada a regra do
Assim, somente ocorrerá se o resultado aberrante for pro-
concurso material benéfico, cedendo a regra do concurso
veniente de culpa, afastando-se o erro na hipótese de dolo,
formal próprio caso seu resultado seja mais gravoso ao
seja ele direto ou eventual.
agente.
Clássico exemplo no homicídio: se o agente atira numa
multidão, querendo matar X, mas sabendo dos riscos de
Aberratio Causae
atingir terceiros e assumindo ele, caso mate X e Y com um
Ocorre quando o resultado pretendido inicialmente
tiro, responderá por dois homicídios dolosos em concurso pelo agente advir de causa que ele não havia cogitado, v.g.,
formal. Se a hipótese fosse apenas de erro na execução, quando o agente, querendo matar uma pessoa afogada, a
por não configurado o dolo eventual, o agente seria con- arremessa de uma ponte, mas essa morre em função do
denado por homicídio culposo e doloso, em concurso for- impacto de sua cabeça contra o pilar de sustentação.
mal próprio. Também ocorre no caso do dolo geral, que se manifes-
ta quando o agente, julgando ter obtido o resultado inten-
Resultado Diverso do Pretendido cionado, pratica segunda ação com diverso propósito e só
(Aberratio Criminis ou Aberratio Delicti) então é que efetivamente o resultado desejado se produz.
É o caso do agente que, após atirar em alguém, a enterra
Previsto no art. 74 do CP: “fora dos casos do artigo achando que já estava morta. Somente com o enterro é
anterior (aberratio ictus), quando, por acidente ou erro na que ele a mata, não pelo tiro, mas por sufocamento.
execução do crime, sobrevém resultado diverso do preten- Em qualquer caso, o agente responderá pelo seu dolo.
dido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
como crime culposo; se ocorre também o resultado pre- Erro de Subsunção
tendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.” Não possui previsão legal, trata-se de criação doutri-
Aqui, ocorre erro de coisa para pessoa. Nesse caso, se nária.
houver um resultado único, deve-se desprezar o dolo ini- Não se confunde com o erro de tipo, pois não há
cial do agente, que era de causar dano, e o responsabilizar falsa percepção da realidade e, também não se confunde
pelo resultado por ele produzido a título de culpa, devendo com o erro de proibição, vez que o agente sabe da ilici-
responder, portanto, pelo homicídio ou pelas lesões corpo- tude do seu comportamento. Portanto, trata-se de erro
rais por ele causadas culposamente. que recai sobre valorações jurídicas equivocadas, sobre
Veja que, na aberratio criminis, o crime que se queria interpretações jurídicas errôneas. No erro de subsunção,
cometer não é punido nem mesmo a título de tentativa, o agente interpreta equivocadamente o sentido jurídico
sendo o crime aberrante punido somente se houver a ex- do seu comportamento.
pressa tipificação da forma culposa. O erro de subsunção não exclui dolo, nem a culpa,
Não se admite que o erro seja de pessoa para coisa tampouco isenta o agente da pena; ele responderá pelo
porque não existe crime contra coisas culposo, é fato atí- crime, podendo ter a pena atenuada conforme preceitua o
pico. art. 66 do Código Penal:

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 66, CP: A pena poderá ser ainda atenuada em razão


de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, Coautoria
embora não prevista expressamente em Lei. Na coautoria, há a divisão de trabalho para a prática
Tem por consequência: criminosa. Nessa divisão, cada autor terá o domínio das
• não isenta o agente de pena, mas pode servir funções que lhe foram confiadas pelo grupo, todos com o
como atenuante; intento de atingir a finalidade última, a execução do crime.
Assim, mesmo que seja A quem tenha matado C, B, que
Competência nas Hipóteses de Crimes Aberrantes estava responsável por vigiar a casa para que ninguém evi-
Competência: Policial civil, policial federal e atirador. tasse o crime, será coautor.
Atirador pretendia matar policial civil, mas por erro na exe-
cução provoca morte do policial federal. Estamos diante Participação
de uma aberratio ictus. Ou seja, ele responde por homicí- A participação e a cumplicidade são sempre atividades
dio doloso, nos termos do artigo 74 do CP, considerando acessórias da autoria. Partícipe e cúmplice são coadjuvan-
as qualidades da vítima pretendida. A competência para tes, os quais apenas influenciam na prática da infração pe-
julgamento será da Justiça Federal. Isto porque o erro da nal. A participação ocorre pelo auxílio psicológico (partici-
execução só tem reflexos penais e não processuais penais. pação moral), seja pelo induzimento, seja pela instigação.
assim, não há reflexos na competência. a competência
sempre considera a vítima real e não a pretendida. Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora am-
bos dentro da teoria objetiva:

CONCURSO DE PESSOAS. a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor


é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo pe-
nal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas
no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou (en-
O concurso de pessoas é o cometimento da infração tendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os
penal por mais de uma pessoa. Tal cooperação da prática
bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP,
da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, par-
enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo
ticipação, concurso de delinquentes ou de agentes, entre
a fugir, responderá apenas pela colaboração.
outras formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso
de pessoas, vejamos:
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além
de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais (“au-
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre
para a prática da infração penal, mas cada um praticando tor executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é aquele
conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resulta- colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem reali-
do. Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os zar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos
agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adota- demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o
da pelo Código Penal. executa são coautores.

b) teoria pluralista: quando houver mais de um agen- Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária -
te, praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou
que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario
por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reser-
ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, va) responderá apenas pela participação, pois não praticou
esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem, a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se,
aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor
ocorre na corrupção ativa e passiva. e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último,
quando, por exemplo, for o mentor do crime.
c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver
mais de um agente, com diversidades de conduta, provo- Sobre o assunto, dita o art. 29 do CP que, “quem, de
cando-se um resultado, deve-se separar os coautores e par- qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
tícipes, sendo que cada “grupo” responderá por um delito. a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, des-
sa forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a
Autoria Coautoria e Participação verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a par-
Autoria ticipação for de menor importância, a pena pode ser dimi-
No concurso é possível o reconhecimento das figuras nuída de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º
de autor e partícipe. Então o tema concurso de pessoas do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes
comporta como espécies, de um lado, a autoria, de ou- quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
tro lado, a participação. Assim, a distinção entre o que é a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
autoria e o que é participação parte, necessariamente, da hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art.
definição do que seria o partícipe. 29, § 2º, do CP).

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se Circunstâncias incomunicáveis


não houver antijuridicidade, não há o que se falar em puni-
ção ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada. Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condi-
ções de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Requisitos do Concurso de Agentes Casos de impunibilidade

Para que haja o concurso, é necessária a presença dos Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxí-
seguintes requisitos: lio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis,
a) Pluralidade de agentes e de condutas: deve haver, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
no mínimo, duas pessoas para se caracterizar o concurso.
b) Relevância causal de cada conduta: deve-se anali-
sar se a conduta de cada agente influenciou na prática do CRIMES CONTRA A PESSOA.
crime. V.g: A, para matar B, pede emprestada arma a C por
ter perdido a de sua propriedade. Antes de matar B, porém,
acha sua arma e a utiliza para o crime. As condutas de C, no
caso, foram irrelevantes. Crimes.
c) Liame subjetivo entre os agentes: deve haver um
vínculo subjetivo entre os agentes, uma unidade de de- Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida
sígnios, eles não podem agir de forma independente um
do outro em relação ao resultado, caso contrário, restará HOMICÍDIO
descaracterizado o concurso, podendo no máximo existir a De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
autoria colateral. vida de um homem por outro homem. De forma objetiva, é
d) Identidade de infração penal: os esforços dos o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da vida
agentes devem ser voltados à prática da mesma infração do ser humano.
penal. Caso tenham objetivos diferentes, não haverá con- Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
curso. Excetuam-se aqui as exceções pluralísticas, chama- típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio
das de desvios subjetivos de conduta. não possui características de qualificação, privilégio ou ate-
A falta de um desses requisitos descaracteriza a exis- nuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação
tência do concurso de pessoas. da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa.
Desvio Subjetivo de Conduta é o ato de se imputar a Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro
agentes que praticaram o crime em concurso enquadra- – É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do
mentos típicos diversos, excluindo-se a teoria monista. privilégio, sempre que o agente comete o crime impelido
por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o do-
Acerca do concurso de pessoas é importante destacar mínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação
que: da vítima, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um
- A participação pode ocorrer por omissão por crime terço.
comissivo, assim como por ação em crime omissivo próprio Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segun-
ou impróprio. do – É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a
- É possível a coautoria em delitos culposos; porém, pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguin-
não é possível a participação. tes condições: mediante paga ou promessa de recompensa,
- Impossível a participação dolosa em crime culposo, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com emprego
apesar de ser possível a coautoria. de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo comum;
Dita o Código Penal: por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendi-
(...) do; e para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
TÍTULO IV ou a vantagem de outro crime.
DO CONCURSO DE PESSOAS Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É
a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência,
Regras comuns às penas privativas de liberdade negligência ou imperícia do agente, o qual produz um re-
sultado não pretendido, mas previsível, estando claro que o
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o resultado poderia ter sido evitado.
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua No homicídio culposo a pena é aumentada de um ter-
culpabilidade. ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é au-
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido mentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa
previsível o resultado mais grave. menor de quatorze ou maior de sessenta anos.

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re-
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
que torne desnecessária a sanção penal. preterintencional).
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al- Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im-
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus-
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
resultar lesão corporal de natureza grave. sexto a um terço.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re-
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta-
não se pune a tentativa. do era previsível.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado Violência doméstica - Se a lesão for praticada con-
puerperal, isto é, logo pós o parto). tra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou com-
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrom- panheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido; ou
pe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da ainda prevalecendo-se o agente das relações domésti-
concepção. No auto-aborto ou no aborto com consenti- cas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção,
mento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato, de três meses a três anos.
e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento
da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante.
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.
a dez anos.
Aborto provocado com o consentimento da gestante
– Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen-
tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for
O Título II da parte especial do Código Penal Brasilei-
menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental,
ro, faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio.
ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude,
grave ameaça ou violência.
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens,
terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em- o poderio econômico, a universalidade de direitos que
pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal tenham expressão econômica para a pessoa. Considera-
de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas se em geral, o patrimônio como universalidade de di-
causas, lhe sobrevém a morte. reitos. Vale dizer como uma unidade abstrata, distinta,
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado diferente dos elementos que a compõem isoladamente
por médico: se não há outro meio de salvar a vida da ges- considerados.
tante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
cedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, Além desse conceito jurídico, que é próprio do di-
de seu representante legal. reito privado, há uma noção econômica de patrimônio
e, segundo a qual, ele consiste num complexo de bens,
Lesões corporais através dos quais o homem satisfaz suas necessidades.

Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao di-
saúde de outra pessoa. reito civil, ao direito econômico, ele é autônomo e cons-
titutivo, e por isso mesmo quando tutela bens e interes-
Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pa- ses jurídicos já tutelados por outros ramos do direito, ele
rágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocu- o faz com autonomia e de um modo peculiar.
pações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código
aceleração de parto. Penal Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada,
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade
Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma
parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
noção econômica, um noção de valor material econômi-
para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutiliza-
co do bem.
ção do membro, sentido ou função; deformidade perma-
nente; ou aborto.

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

FURTO Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de


furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, va-
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 lor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo
do Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já a
para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, jurisprudência invoca o princípio da insignificância, consi-
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. derando que se a coisa furtada tem valor monetário irrisó-
rio, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, portanto,
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes não ficará caracterizado o crime.
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave Furto é crime material, não existindo sem que haja
ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento físi- desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
co ou moral à pessoa. Significa pois o assenhoramento da pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa ra-
coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo definitivo. zão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346
(Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro)
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso res- do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa
saltar uma divergência na doutrina: entende-se que é pro- sua que está em poder legitimo de outro3.
tegida diretamente a posse e indiretamente a propriedade
ou, em sentido contrário, que a incriminação no caso de O crime de furto é cometido através do dolo que é a
furto, visa essencial ou principalmente a tutela da proprie- vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
dade e não da posse. É inegável que o dispositivo protege mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi- específico”, que no crime de furto está representado pela
reta além da própria detenção1. idéia de finalidade do agente, contida da expressão “para
si ou para outrem”. Independe todavia de intuito, objetivo
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
capricho, liberalidade.
afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer
que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário
O consentimento da vítima na subtração elide o crime,
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre
já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre
o mero detentor ou possuidor da coisa.
depois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito
penal.
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal O delito de furto também pode ser praticado entre:
específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do cri- cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
me, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção entre irmãos.
ou da propriedade.
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor penal, mas isenta de pena, como elemento de preservação
ou proprietário. da vida familiar.
O crime de furto pode ser praticado também através Para se definir o momento da consumação, existem
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será duas posições:
de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
caso contrário é de apossamento direto. 1) atinge a consumação no momento em que o objeto
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o de- passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ain-
senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada da que não obtenha a posse tranqüila4;
com o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou 2) quando exige-se a posse tranqüila, ainda que por
crime de estelionato. breve tempo. 5

O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
em direito penal representa qualquer substância corpórea, comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo
seja ela material ou materializável, ainda que não tangí- de dano, material e instantâneo.
vel, suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os
corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2. A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
O homem não pode ser objeto material de furto, con- condicionada à representação.
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal Bra- O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto
sileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

FURTO DE USO A exposição de motivos como a do mestre Noronha,


é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí agravante especial do furto a circunstância de ser o crime
-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Código praticado durante o período do sossego noturno8, seja
Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores
não o furto comum, é necessário que a coisa seja restituída, dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele
devolvida, ao possuidor, proprietário ou detentor de que período.
foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para que
o proprietário exerça o poder de disposição sobre a coisa Furto em garagem de residência, também há duas
subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi” depen- posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o
derá de prova plena a ser oferecida pelo agente. Professor Damásio é partidário, e outra na qual não incide
a qualificadora.
Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do
furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman- FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo
do que há furto comum se a coisa é abandonada em local
distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera de O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo
vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que exi- 155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
gem que a devolução da coisa, além de ser feita no mesmo coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
lugar da subtração seja feita em condições de restituição pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou apli-
da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, car somente a pena de multa”.
assim como era no momento da subtração. Vale dizer que é uma forma de causa especial de di-
minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e causa especial:
por tudo em sua aparência interna e externa à coisa sub- - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é
traída6. ser o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em
razão de outro crime condenação anterior transitada em
julgado.
FURTO NOTURNO
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
subtraída.
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155:
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
“apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
dois requisitos já citados, que o agente não revele perso-
durante o repouso noturno”7.
nalidade ou antecedentes comprometedores, indicativos
da existência de probabilidade, de voltar a delinquir.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de-
É furto agravado ou qualificado o praticado durante tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a a multa.
razão da majorante está ligada ao maior perigo que está
submetido o bem jurídico diante da precariedade de vigi- O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre
lância por parte de seu titular. energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor eco-
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, nômico à coisa móvel, também a caracterizando como
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e crime10.
a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
que se configure a agravante do repouso noturno. A jurisprudência considera essa modalidade de furto
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, como crime permanente, pois o agente pratica uma só
é variável, dependendo do local e dos costumes. ação, que se prolonga no tempo.
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar FURTO QUALIFICADO
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º
lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é
não haveria, mesmo durante a época o momento do não cominada pena autônoma sensivelmente mais grave: “re-
repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser clusão de 2 à 8 anos seguida de multa”.
tão precária quanto este momento de repouso.
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o se o crime é cometido com destruição ou rompimento
tempo em que a cidade ou local repousa, o que não impor- de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da
ta necessariamente seja a casa habitada ou estejam seus destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualida-
moradores dormido. Podem até estar ausente, ou desabi- de ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel
tado o lugar do furto”. ou imóvel a apreensão e subtração da coisa.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A destruição ou rompimento deve dar-se em qual- A Quarta e última hipótese é quando ocorre median-
quer momento da execução do crime e não apenas para te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja com- nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculo-
provada pericialmente, nem mesmo a confissão do acusa- sidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
do supre a falta da perícia11 . No caso de furto cometido por quadrilha, responde
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja in- seguido de furto simples, ficando excluída a qualificado-
gressado na esfera do conhecimento dos participantes. ra13,
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou des- duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir
treza. a outra como agravante comum.
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica FURTO DE COISA COMUM
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se Este crime está definido no art. 156 do Código Penal
serve de algum artifício para fazer a subtração12. Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na sub-
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2
tração do objeto material. O furto mediante fraude distin-
(dois) anos, ou multa”.
gue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada para
iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem percebe A razão da incriminação é de que o agente subtraia
que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui
contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é a caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as re-
causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega lações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento. Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, co-pro-
É ainda qualificadora a penetração no local do furto prietário, co- herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen-
por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto é
necessário o emprego de meio artificial, é no caso de esca- transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo 29
lada, que não se relaciona necessariamente com a ação de do Código Penal Brasileiro.
galgar ou subir. Também deve ser comprovada por meio Sujeito passivo será sempre o condomínio, co-proprie-
de perícia, assim como o rompimento de obstáculo. tário, co- herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o
terceiro possuidor legítimo da coisa.
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla- A vontade de subtrair configura o momento subjetivo,
grante indica delito tentado nos casos de furto, por não fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para
chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída, si ou para outrem”.
que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima. A pena culminada para furto de coisa comum é alter-
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da
batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias. pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da víti-
ma, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelo- ROUBO
pe, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delega- A ação penal é pública, porém depende de represen-
cia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele tação da parte
dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O agente será Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi-
responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a
leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
ausência do objeto material do delito faz do evento um
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois
crime impossível.
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
O último é a qualificadora da destreza, que se dá quan-
de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
do a subtração se dá dissimuladamente com especial habi-
lidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego de anos, e multa”.
violência, em situação em que a vítima, embora consciente Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingi-
e alerta, não percebe que está tendo os bens furtados. O do também a integridade física ou psíquica da vítima.
arrebatamento violento ou inopinado não a configura. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou enge- vida do sujeito passivo.
nho de que se sirva o agente para abrir fechadura e que te- O Roubo também é um delito comum, podendo ser
nha ou não o formato de uma chave, podendo ser grampo, cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial da o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos
chave ou desse instrumento é indispensável para a carac- passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de
terização da qualificadora propriedade.

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó- ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta
de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibi- qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
lidade de resistência do sujeito passivo.14 O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra- em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
para outrem, é que se dá a subtração. violência para roubar e que dela resulte a morte para que
se tenha caracterizado o delito.
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem É indiferente porém, que a violência tenha sido exerci-
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na da para o fim da subtração ou para garantir, depois desta,
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coi- a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraí-
sa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a da18 .
fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa
coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Ha-
a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração, verá no entanto um só crime com dois sujeitos passivos.
visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva sub-
impunidade do crime. tração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja mor-
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im- te da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo
punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição
impróprio. válida,
A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio- Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
não se consumando esta, tem se entendido que o agente Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de me-
deverá ser responsabilizado por tentativa de furto em con- tade quando a vítima se encontra nas condições do artigo
curso com o crime de lesões corporais. 224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.
Consuma-se no momento em que o agente retira o
objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, EXTORSÃO
mesmo que não haja a posse tranqüila. O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo-
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, mento e no local em que ocorre o constrangimento para
visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº
a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos 96 do Superior Tribunal de Justiça.
alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou
duas correntes: grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto se faça ou deixar fazer alguma coisa:
ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins- Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE até metade.
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasilei- § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violên-
ra primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência cia o disposto no § 3º do artigo anterior.
resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclu- liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
são de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa”. obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis- corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Ha- 11.923, de 2009)
verá no caso roubo simples seguido de lesões corporais de
natureza grave em concurso formal. È um crime comum, formal ou material, de forma livre,
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo,
um terceiro. doloso, de dano, complexo e admite tentativa.
Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse- A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar,
gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão
parte (TACrim SP, julgados 72:214). corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea ex-

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

plicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o Não influi na caracterização do crime o fato de a ví-
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
coisa móvel ou imóvel). condição ou preço do resgate.
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a Sujeito passivo
vantagem for devida. Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica,
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para
Tipo subjetivo que seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituí- passivo de acordo com a pessoa que terá o patrimônio le-
do pela vontade livre e consciente de constranger alguém sado.
mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o se- Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife-
gundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá
expressão “com intuito de”. apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas.
Consumação e tentativa
Consumação Ocorre a consumação quando o agente pratica a con-
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for- duta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro
mal ou material. Para os que o consideram formal, a con- privando a vítima da liberdade por tempo juridicamente
sumação ocorre independentemente do resultado. Basta relevante, ainda que não aufira a vantagem qualquer e ain-
ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo da que nem tenha sido pedido o resgate. Logo, o crime é
irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica formal.
indevida. “A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou
O comportamento da vítima nesse caso é fundamen- de consumação antecipada, opera-se com a simples priva-
tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade da ção da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juri-
conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, dicamente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha
se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para sido conduzido ao local de destino, o crime está consuma-
ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu do” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado.
patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).
Da outra parte, se entendido como crime material, a Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução
consumação se dará com obtenção de indevida vantagem do crime requer um iter criminis desdobrado em vários
econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela
de extorsão é material consumando-se com a efetiva ob- em que os agentes são flagrados logo após colocarem a
tenção indevida vantagem econômica. vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade
Tentativa por tempo juridicamente relevante.
Admite-se quer considerando o crime formal ou mate-
rial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA
violência ou grave ameaça, não realiza a condita por cir- Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é
cunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometi-
não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia. do por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12
a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159) em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e inte-
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da gridade física.
extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha,
(inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to- entende-se como a reunião permanente de mais de três
das as suas modalidades, havendo privação da liberdade da pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para
vítima para se obter a vantagem. É crime complexo, resul- cometer o sequestro
tante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é o que
diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a extorsão EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO
exige finalidade de obter vantagem econômica indevida). CORPORAL GRAVE.
Se o sequestro for para obtenção de qualquer van- Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a
tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a
próprias razões em concurso material com o sequestro ou pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de ime-
cárcere privado. diato a diferença deste delito com o de roubo qualificado
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da violência
haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor econô- resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo em que ví-
mico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do tipo, tima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá
que está inserido no Título II, relativo aos crimes contra o roubo em concurso material com homicídio e não latrocí-
patrimônio. nio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me-

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão Consumação
grave ou morte”, pouco importando para qualificar o delito Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre
que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, com a simples exigência do documento pelo extorcionário.
se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento
agente. do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA Tentativa


Entendemos que os institutos possuem objetividades Na modalidade exigir, entendemos não ser possível
jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sua configuração, embora uma parcela da doutrina a ad-
sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir mita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes
e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, con- contra a honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas
substanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber,
nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso no entanto, é perfeitamente possível, podendo o iter crimi-
material de infrações. nis ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
DELAÇÃO PREMIADA
O benefício somente se aplica quando o crime for co- CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.
metido em concurso de pessoas, devendo o acusado for-
necer às autoridades elementos capazes de facilitar a reso- TÍTULO II
lução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo CAPÍTULO I
4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade ( juiz, dele- DO FURTO
gado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta
facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que, Furto
se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo haven-
do delação do coautor, não haverá diminuição de pena.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Não se confunde com a confissão espontânea, pois
nesta o agente garante confessa sua participação no crime,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
sem incriminar outrem.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno.
EXTORSÃO INDIRETA
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
abusando da situação de alguém, documento que pode
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con- pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
tra terceiro: somente a pena de multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico.
Classificação doutrinária
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e ma- Furto qualificado
terial (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente se o crime é cometido:
(receber) e admite tentativa. I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
A conduta recai sobre o documento que pode dar cau- tração da coisa;
sa a um procedimento criminal contra o devedor, como a II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es-
confissão de um crime, a falsificação de um título de crédi- calada ou destreza;
to, uma duplicata fria etc. III - com emprego de chave falsa;
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio portado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela
financeiro. Necessário para a configuração do delito que o Lei nº 9.426, de 1996)
documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser
público ou particular, se preste a instauração de inquérito Furto de coisa comum
policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do
procedimento criminal, basta que o documento em poder Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo. para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
coisa comum:

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
§ 1º - Somente se procede mediante representação. horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
agente. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
CAPÍTULO II grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
DO ROUBO E DA EXTORSÃO Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Roubo Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Re-
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para dação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossi- § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concor-
bilidade de resistência: rente que o denunciar à autoridade, facilitando a liberta-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ção do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou gra-
ve ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a Extorsão indireta
detenção da coisa para si ou para terceiro. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: abusando da situação de alguém, documento que pode
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con-
de arma; tra terceiro:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
res e o agente conhece tal circunstância. CAPÍTULO III
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha DA USURPAÇÃO
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin- Alteração de limites
gindo sua liberdade.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
prejuízo da multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Extorsão
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou-
Usurpação de águas
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou-
faça ou deixar de fazer alguma coisa:
trem, águas alheias;
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
Esbulho possessório
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
até metade. II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violên- ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno
cia o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
de 25.7.90 § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da na pena a esta cominada.
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a § 3º - Se a propriedade é particular, e não há empre-
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, go de violência, somente se procede mediante queixa.
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no Supressão ou alteração de marca em animais
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
11.923, de 2009) Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de pro-
Extorsão mediante sequestro priedade:
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO IV Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei


DO DANO nº 9.983, de 2000)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
Dano contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e for-
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: ma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 2000)

Dano qualificado Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.


Parágrafo único - Se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (In-
II - com emprego de substância inflamável ou explosi- cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
va, se o fato não constitui crime mais grave I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, portância destinada à previdência social que tenha sido
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-
economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) ros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983,
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável de 2000)
para a vítima: II – recolher contribuições devidas à previdência so-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, cial que tenham integrado despesas contábeis ou custos
além da pena correspondente à violência.
relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as
Introdução ou abandono de animais em propriedade
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados
alheia
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade à empresa pela previdência social.
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
o fato resulte prejuízo: mente, declara, confessa e efetua o pagamento das contri-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. buições, importâncias ou valores e presta as informações
devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou his- regulamento, antes do início da ação fiscal.
tórico § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tomba- bons antecedentes, desde que:
da pela autoridade competente em virtude de valor artísti- I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
co, arqueológico ou histórico: tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces-
Alteração de local especialmente protegido sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela pre-
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade compe- vidência social, administrativamente, como sendo o míni-
tente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: mo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou
Ação penal força da natureza
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa- Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa. ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
CAPÍTULO V Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
Apropriação indébita
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o pro-
prietário do prédio;
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
Aumento de pena total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe-
agente recebeu a coisa: tente, dentro no prazo de quinze dias.
I - em depósito necessário;
II -na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; se o disposto no art. 155, § 2º.
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO VI Abuso de incapazes


DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio,
de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou
Estelionato da alienação ou debilidade mental de outrem, induzin-
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem do qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- Induzimento à especulação
nhentos mil réis a dez contos de réis. Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou
no art. 155, § 2º. à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
Fraude no comércio
em garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comer-
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia cial, o adquirente ou consumidor:
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercado-
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga- ria falsificada ou deteriorada;
mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas II - entregando uma mercadoria por outra:
circunstâncias; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qua-
Defraudação de penhor lidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso,
tem a posse do objeto empenhado; metal de ou outra qualidade:
Fraude na entrega de coisa Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de Outras fraudes
seguro Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as de recursos para efetuar o pagamento:
consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
indenização ou valor de seguro; multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
Fraude no pagamento por meio de cheque presentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos deixar de aplicar a pena.
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime
Fraudes e abusos na fundação ou administração de
é cometido em detrimento de entidade de direito público
sociedade por ações
ou de instituto de economia popular, assistência social ou
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
beneficência.
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao pú-
Estelionato contra idoso blico ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi- da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela
do contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o
Duplicata simulada fato não constitui crime contra a economia popular.
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não consti-
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou tui crime contra a economia popular:
qualidade, ou ao serviço prestado. I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Regis- oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas
tro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) relativo;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular
títulos da sociedade; ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua nature-
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos za ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assem- condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
bleia geral; meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando ambas as penas.
a lei o permite; § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de cré- ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
dito social, aceita em penhor ou em caução ações da pró- § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primá-
pria sociedade; rio, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui disposto no § 2º do art. 155.
lucros ou dividendos fictícios; § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta da União, Estado, Município, empresa concessionária de
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena
de conta ou parecer; prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangei- CAPÍTULO VIII
ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos men- DISPOSIÇÕES GERAIS
cionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vanta- crimes previstos neste título, em prejuízo:
gem para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera- I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
ções de assembleia geral. II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
Art. 182 - Somente se procede mediante representa-
“warrant”
ção, se o crime previsto neste título é cometido em prejuí-
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou war-
zo:
rant, em desacordo com disposição legal:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
anteriores:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em ge-
Parágrafo único - Somente se procede mediante quei- ral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
xa. pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
CAPÍTULO VII III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
DA RECEPTAÇÃO igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Receptação

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou


ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocul-
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.


CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena
CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO. é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente
à violência.

(...)
Dos Crimes Contra o Sentimento
Religioso e Contra o Respeito aos Mortos
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.
A tutela do sentimento religioso e do respeito aos
mortos, abrange-se, de modo geral, a proteção aos valores
ético-social de uma sociedade, ao qual a liberdade é sua Através do novo diploma legal, foram fundidas as fi-
força-motriz, pois que esta abrange a liberdade de crença, guras do estupro e do atentado violento ao pudor em um
de culto e de organização religiosa, em que nossa Consti- único tipo penal, onde se optou pela manutenção do no-
tuição Federal, coube tratar, ao passo que o Código Penal, mem iuris de estupro (art. 213). Além disso, foi criado o
ainda que anterior a Carta Maior, os tutelou em caso de delito de estupro de vulnerável (art. 217-A), encerrando-se
violabilidade, tipificando-os como crime. Assim, numa vi- a discussão que havia em nossos Tribunais, principalmen-
são Constitucional, trata-se da dignidade da pessoa huma- te os Superiores, no que dizia respeito à natureza da pre-
na e seus valores perante a sociedade em ter sua liberdade sunção de violência, quando o delito era praticado contra
protegida, deixando a livre escolha de o cidadão optar em vítima menor de 14 (catorze) anos. Outros artigos tiveram
seu prospecto filosófico-religioso. também modificadas suas redações, passando a abranger
A liberdade de crença trata-se da simples liberdade de hipóteses não previstas anteriormente pelo Código Penal;
consciência, ou seja, do cidadão optar e manifestar-se de um outro capítulo (VII) foi inserido, trazendo novas causas
sua religião, como prevê o estatuto Constitucional “é invio- de aumento de pena. Acertadamente, foi determinado pela
lável a liberdade de consciência e de crença, sendo asse- nova lei que os crimes contra a dignidade sexual tramita-
gurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, riam em segredo de justiça (art.234-B), evitando-se, com
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas isso, a indevida exposição das pessoas envolvidas nos pro-
liturgias” assim como “ninguém será privado de direitos cessos dessa natureza, principalmente as vítimas.
por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica Enfim, podemos dizer que a Lei no 12.015, de 7 de
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação agosto de 2009 alterou, significativamente, o Título VI do
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- Código Penal.
ternativa, fixada em lei”; (art.5°, VI e VIII)
A liberdade de culto exterioriza-se com a prática do
(...)
corpo doutrinário e de seus ritos, com suas cerimônias, ma-
TÍTULO VI
nifestações, hábitos, tradições, na forma que indicada para
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
a religião escolhida. (art. 5°, VI, CF).
CAPÍTULO I
A liberdade de organização religiosa tem dois prima-
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
dos, um refere-se a organização da igreja em seu espaço fí-
sico como também a profanação de sua crença, separando
aos ditames ideológicos com o Estado, devido seu laicismo Estupro
declarado (art.19, CF)
Por fim, pujante as breves considerações gerais acima Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
colocadas quanto aos delineios endo-constitucionais a te- grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou per-
mática, cumpre-se promover o Capitulo I do Código Penal mitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
(...) § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de
TÍTULO V 14 (catorze) anos:
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS § 2o Se da conduta resulta morte:
CAPÍTULO I Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
Art. 214 - (Revogado)
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato
a ele relativo Violação sexual mediante fraude

Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por mo- Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li-
tivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar bidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que
cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publica- impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da ví-
mente ato ou objeto de culto religioso: tima:

29
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamen-
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de to com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é
obter vantagem econômica, aplica-se também multa. punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casa-
Art. 216. (Revogado) mento, ou o outro por motivo que não a bigamia, conside-
ra-se inexistente o crime.
Assédio sexual
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedi-
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de ob- mento
ter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o
agente da sua condição de superior hierárquico ou ascen- Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro es-
dência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou fun- sencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento
ção.” que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. (VETADO) Parágrafo único - A ação penal depende de queixa
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima do contraente enganado e não pode ser intentada senão
é menor de 18 (dezoito) anos. depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo
de erro ou impedimento, anule o casamento.

Conhecimento prévio de impedimento


CRIMES CONTRA A FAMÍLIA.
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existên-
cia de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
O Bem Jurídico Tutelado é a instituição do matrimô-
nio monogâmico. Isto porque, por tradição secular, o Brasil Simulação de autoridade para celebração de casa-
adotou a sistemática do matrimônio monogâmico. mento
Desta forma, a preservação dessa instituição é forma
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para cele-
basilar de proteção à família.
bração de casamento:
O SUJEITO ATIVO, no caso da figura descrita no caput,
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não
é a pessoa casada que contrai novo matrimônio, ainda na
constitui crime mais grave.
vigência do primeiro enlace. No caso da figura descrita no §
1 o , o Sujeito Ativo é aquela pessoa que, não sendo casada
Simulação de casamento
(solteira, viúva, divorciada), contrai matrimônio com pessoa
casada, sabendo dessa condição. Art. 239 - Simular casamento mediante engano de ou-
tra pessoa:
Já o SUJEITO PASSIVO, em primeiro plano é o Estado e Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não
em segundo plano, a pessoa que contrai matrimônio com constitui elemento de crime mais grave.
pessoa casada, desde que de boa fé.
Adultério
O ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO PENAL é o DOLO é
dolo de contrair matrimônio, já sendo legalmente casado. Art. 240 - (Revogado)
Na hipótese do § 1º , o dolo está direcionado em, não sen-
do casado, contrair matrimônio com pessoa sabidamente CAPÍTULO II
casada legalmente. Não há previsão de modalidade CUL- DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
POSA.
Registro de nascimento inexistente
(...)
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nas-
TÍTULO VII cimento inexistente:
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA Pena - reclusão, de dois a seis anos.
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO Parto suposto. Supressão ou alteração de direito ine-
rente ao estado civil de recém-nascido
Bigamia
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casa- como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou
mento: substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao
Pena - reclusão, de dois a seis anos. estado civil:

30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de dois a seis anos. II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de


Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de
reconhecida nobreza: igual natureza;
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
deixar de aplicar a pena. IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comi-
seração pública:
Sonegação de estado de filiação Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra insti- CAPÍTULO IV


tuição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe DOS CRIMES CONTRA O
a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA
direito inerente ao estado civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação
de incapazes
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito,
a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem
Abandono material sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem
judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsis- curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou dei-
tência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos xar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente
ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou o reclame:
maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão Subtração de incapazes
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascen- Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito
dente, gravemente enfermo: ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, ou de ordem judicial:
de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, não constitui elemento de outro crime.
sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclu- § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou
sive por abandono injustificado de emprego ou função, o curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela
fixada ou majorada. ou guarda.
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito,
Entrega de filho menor a pessoa inidônea se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode
deixar de aplicar pena.
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos
a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o
menor fica moral ou materialmente em perigo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, PÚBLICA.
se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor
é enviado para o exterior.
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior
quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia É a condição de estar livre de perigo ou dano, ileso,
a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o incólume. É o estado de preservação ou segurança de pes-
exterior, com o fito de obter lucro. soas ou de coisas em relação a possíveis eventos lesivos. O
legislador ao empregar a expressão “incolumidade públi-
Abandono intelectual ca”, incriminou condutas atentatórias à vida, ao patrimônio
e à segurança de pessoas indeterminadas.
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instru-
ção primária de filho em idade escolar: Alguns resultados previstos no art. 258 do Código Pe-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. nal podem majorar as penas. Isso ocorrerá quando tais re-
sultados não forem a finalidade da ação do agente, mas
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, ocorrerem a título de culpa.
sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: Esse agravo de pena pode acontecer tanto nas moda-
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva lidades dolosas dos crimes, quanto em suas versões cul-
com pessoa viciosa ou de má vida; posas.

31
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Dispõe o Código Penal: Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte


(...) de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante
TÍTULO VIII
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
CAPÍTULO I transportar, sem licença da autoridade, substância ou
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação:
Incêndio Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a
Inundação
integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Aumento de pena Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida,
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço: a integridade física ou o patrimônio de outrem:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vanta-
gem pecuniária em proveito próprio ou alheio; Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso
II - se o incêndio é: de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso
a) em casa habitada ou destinada a habitação; de culpa.
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a
obra de assistência social ou de cultura; Perigo de inundação
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de
transporte coletivo; Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio
d) em estação ferroviária ou aeródromo; próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; obra destinada a impedir inundação:
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Incêndio culposo Desabamento ou desmoronamento
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
seis meses a dois anos.
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento,
Explosão expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patri-
mônio de outrem:
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou Modalidade culposa
simples colocação de engenho de dinamite ou de substân- Parágrafo único - Se o crime é culposo:
cia de efeitos análogos: Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explo- Subtração, ocultação ou inutilização de material de
sivo de efeitos análogos: salvamento
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou ca-
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo ante- lamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado
rior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumera- a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamen-
das no nº II do mesmo parágrafo. to; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Modalidade culposa Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou
substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de
Formas qualificadas de crime de perigo comum
seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de
três meses a um ano.
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum re-
Uso de gás tóxico ou asfixiante sulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa
de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta
o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
Modalidade Culposa aumentada de um terço.
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Difusão de doença ou praga O crime se consuma com a simples contrafação ou al-


teração, sendo indiferente se houve ou não a efetiva intro-
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dução das moedas falsificadas em circulação; tampouco se
dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econô- exige dano a terceiro.
mica: A ação penal é pública incondicionada, de compe-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. tência da Justiça Federal. Como o crime deixa vestígios,
Modalidade culposa exige-se prova pericial.
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de deten-
ção, de um a seis meses, ou multa. Não se admite, predominantemente, a aplicação do
princípio da insignificância, sendo irrelevante o número
de cédulas, seu valor ou o número de pessoas eventual-
mente lesadas.
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. Não se aplica o princípio da insignificância ao crime
de moeda falsa, pois se trata de delito contra a fé públi-
ca, logo não há que falar em desinteresse estatal à sua
repressão
Crimes Contra a Fé Pública
Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abs-
Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º)
trato, porque neles o tipo não faz referência ao perigo. As-
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
sim, há de se questionar, por exemplo, o seguinte: alguém
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
falsificou uma cédula, mas é uma cédula de três reais, exis-
tiu o crime de falso de moeda? troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala moeda falsa.
que a moeda tenha que ser essencialmente corresponden- Nesse caso, não se exige que a moeda falsa seja a de
te a uma que exista. Mas a resposta seria não, inclusive a curso legal no país, podendo ser moeda estrangeira.
súmula 73 do STJ nos auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz O autor pode ser qualquer pessoa, menos o autor
assim: o papel moeda grosseiramente falsificado não con- da falsificação. É um tipo subsidiário, podendo o agente
figura crime de moeda falsa, mas sim estelionato em tese, responder por uma destas condutas caso não seja deter-
de competência da JE. Qual o raciocínio que se emprega? minada a autoria da falsificação.
Malgrado seja um crime de perigo abstrato, a con- O tipo se caracteriza por ser misto alternativo. Eviden-
duta praticada não dispensa a idoneidade para a de- temente que se o agente falsifica a moeda e a faz circular,
monstração da possibilidade de o perigo acontecer. As responderá por um só crime, já que a circulação é mero
condutas têm que ter idoneidade suficiente a produzir pe- exaurimento.
rigo, o que não significa dizer que o perigo seja exigido, O agente precisa ter conhecimento da falsidade. Se
são coisas diversas. Há como descaracterizar a idoneidade ele recebe a moeda e a faz circular sem saber, não res-
em termos abstratos, e não concretos, como seria o caso. ponde pelo crime.
Uma cédula de três reais pode expor a risco a fé pública? O Dolo é muito difícil de se comprovar nesses crimes,
Não, nem em abstrato. pois o agente sempre nega a autoria, alegando que des-
conhecia a falsidade. O juiz, por sua vez, deve se atentar
Moeda Falsa (art. 289) para as máximas da experiência, para o modus operandi
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moe- do agente, a fim de captar a prática do crime. É o que
da metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no ocorre, por exemplo, quando o agente utiliza a moeda na
estrangeiro: calada da noite, com pessoas humildes, quando já tenha
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. tentado trocar a moeda anteriormente etc. Baltazar suge-
A fabricação é ação conhecida como contrafação; re que se atente para os seguintes dados:
nela, se insere materialmente o objeto em circulação. Já
a) Quantidade de cédulas encontradas com o agen-
a alteração pressupõe a existência de um suporte, o qual
te;
o agente modifica de alguma forma, geralmente para que
b) Modo de introdução em circulação;
valha mais.
c) Existência de outras cédulas de menor valor em
O bem jurídico protegido é a fé pública, ou seja, a se-
gurança da sociedade em relação à moeda, ao meio circu- poder do agente;
lante e à circulação monetária. d) Verossimilhança da versão do réu para a origem
Moeda de curso legal é aquela de recebimento obri- das cédulas;
gatório, por força de lei, que não pode ser recusada no co- e) Grau de instrução do agente;
mércio. Ela pode se referir tanto a moeda metálica quanto f) Local onde guarda as cédulas.
ao papel-moeda. Se o aceite de outra moeda for meramen- Trata-se de crime formal e de perigo abstrato, sendo
te convencional, não restará caracterizado o crime (pode irrelevantes, para a consumação, a obtenção da vantagem
haver, em tese, o estelionato). indevida para o agente ou de prejuízo para terceiros.

33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Concurso de Crimes Requisitos do Documento Público


Se o agente introduz em circulação várias cédulas ou a) Deve ser elaborado por agente público;
moedas, no mesmo contexto, há crime único. b) O agente público deve estar no exercício da fun-
Se ele introduz moedas em locais próximos, num mes- ção, tendo atribuição para tanto;
mo contexto, há entendimento de ser crime único e crime c) Deve obedecer às formalidades legais exigidas
continuado. para a validade do documento.
Se o agente obtém vantagem econômica indevida, O Pode um documento estrangeiro ser considerado pú-
ESTELIONATO É ABSORVIDO PELO DELITO DE MOEDA FAL- blico? Sim, desde que seja considerado público no país de
SA, por aplicação do princípio da consunção ou da espe- origem e que satisfaça os requisitos de validade previstos
cialidade. no ordenamento brasileiro.

Competência Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, §


É da Justiça Federal, já que afeta a fé pública da União, 2º)
ainda que tenha por objeto moeda estrangeira. Trata-se de documentos particulares que, pela sua im-
A competência para processar e julgar esses crimes de portância, foram equiparados pela lei a documento públi-
moeda falsa é da JF, desde que haja idoneidade, desde que co. São eles:
se trate de crime de moeda falsa. a) Documentos emitidos por entidade paraestatal;
Se não houver idoneidade haverá o falso inócuo. A fi- b) Título ao portador ou transmissível por endosso;
gura do falso inócuo, então, é aquela em que a falsificação c) Livros mercantis;
existiu, mas com as características dela não se apresenta ca- d) Testamento particular.
paz a iludir um número indeterminado de agentes.
Consumação e Tentativa
Forma Privilegiada (art. 289, § 2º) A consumação ocorre quando realizada a falsificação
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadei- ou alteração. É um crime formal, bastando o resultado jurí-
ra, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de dico, sendo perfeitamente possível a tentativa.
conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses
a dois anos, e multa. Concurso de Crimes
Adquirir a moeda falsa sem ter conhecimento do vício a) Falsificação de documento público e estelionato:
não é crime. Entretanto, o é o fato de colocar novamente para o STF, ambos os crimes coexistiriam, mas em concur-
em circulação após conhecer da falsidade. so formal. Para o STJ:
Esse crime somente se consuma com a reintrodução da b) Falsificação e uso de documento falso (art. 304):
moeda à circulação. Logo, é material, admitindo a tentativa. o uso será absorvido, já que é mero pós fato impunível.
Isso, entretanto, se o falsário for a mesma pessoa que usa
Forma Qualificada (art. 289, § 3º) o documento
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º)
banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabrica- § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
ção ou emissão: crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
I - de moeda com título ou peso inferior ao determina- sexta parte.
do em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autori- Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal
zada. Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz cir- punibilidade, assim como também há o entendimento do
cular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. STF no sentido de que eles são sujeitos a uma condição
objetiva de punibilidade, que significa o esgotamento da
Falsificação de Documento Público (art. 297) via administrativa.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
público, ou alterar documento público verdadeiro: Falsificação de Documento Particular (art. 298)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
São requisitos da falsificação: particular ou alterar documento particular verdadeiro:
a) Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
capaz de enganar qualquer pessoa normal; para a jurispru- O conceito de documento particular é dado por exclu-
dência, a falsificação grosseira não constitui crime, pois não são. Particular é todo documento que não é público. São
é capaz de enganar as pessoas em geral. Poderia ser, no exemplos:
máximo, estelionato; a) Cheque devolvido pelo banco: é documento par-
b) Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém: ticular, pois após devolvido o cheque, não mais poderá
Disquete, cd, xerox etc. não são documentos. Docu- ser transmitido por endosso.
mento é toda peça escrita que condensa o pensamento de b) Documento endereçado à autoridade pública: não
alguém, capaz de provar um fato ou a realização de um ato é documento público, já que não foi feito por autoridade
de relevância jurídica. pública.

34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Falsidade Ideológica (art. 299) Causa de Aumento de Pena


Art. 299 - Omitir, em documento público ou particu- Parágrafo único - Se o agente é funcionário público,
lar, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a fal-
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser sificação ou alteração é de assentamento de registro civil,
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação aumenta-se a pena de sexta parte.
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu- Uso de Documento Falso (art. 304)
mento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
documento é particular. ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
de dano para ser punível. Trata-se de crime com preceito penal secundário re-
A falsidade ideológica é voltada para a declaração que metido.
compõe o documento, para o conteúdo do que se quer fal- Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadei-
sificar. Nela, o documento é formalmente perfeito e falso ro fosse. O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar
seu conteúdo intelectual. O agente declara e faz constar que possui o documento. Se o agente falsifica e usa docu-
no documento algo que sabe não ser verdadeiro. mento, há simplesmente progressão criminosa, e o uso se
Na falsidade material o vício incide sobre a parte ex- torna um post factum impunível.
terior do documento, recaindo sobre o elemento físico do Não haverá o crime se o documento for encontrado
papel escrito e verdadeiro. O sujeito modifica as caracterís- pela autoridade em revista pessoal do agente; se o docu-
ticas originais do objeto material por meio de rasuras, bor- mento é apresentado mediante solicitação ou exigência da
rões, emendas, substituição de palavras ou letras, números, autoridade policial, há controvérsia.
etc. Na falsidade ideológica (ou pessoa) o vício incide sobre
as declarações que o objeto material deveria possuir, sobre Competência
o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, emendas, omis- Se o documento utilizado for passaporte, a competên-
cia será da Justiça Federal do lugar onde apresentado:
sões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material
é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também
Falsa Identidade (art. 307)
chamar-se ideal
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identi-
dade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio,
Requisitos para a Configuração, Conforme Jurispru-
ou para causar dano a outrem:
dência
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se
a) Que a declaração tenha valor por si mesma: se a
o fato não constitui elemento de crime mais grave.
declaração tiver de ser investigada pela autoridade públi-
Trata-se de um delito formal e expressamente subsi-
ca, não há crime (v.g., declaração de pobreza falsa). Nesse diário.
sentido: Identidade se refere às características que uma pessoa
b) Que a declaração faça parte do objeto do docu- possui capazes de a individualizarem na sociedade. Está li-
mento: as declarações irrelevantes, como o endereço da gada intimamente à noção de estado civil.
testemunha num contrato, não caracterizam o crime A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância
jurídica na imputação falsa, capacidade de causar dano.
Casuísticas O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que
a) Se alguém pega a assinatura de um amigo em uma o crime é comissivo.
folha em branco e preenche como confissão de dívida, pra-
tica o crime de falsidade ideológica; Falsa Identidade e Autodefesa
b) Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem Para concursos de Defensoria Pública, o preso em fla-
é falsidade material; grante ou interrogado em juízo que se dá outro nome para
c) Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não se eximir da condenação simplesmente exerce a autode-
foram narrados, haverá falsidade ideológica; fesa, em seu sentido mais amplo, aplicando-se o brocardo
d) A cópia sem autenticação não pode ser considera- nemo tenetur se detegere.
da documento para fins penais. Para o MP, evidentemente que não se trata de auto-
defesa, já que a conduta do agente é comissiva, tentando
Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa enganar a autoridade pública, se afastando em muito do
O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou simples direito à não autoincriminação
criar obrigação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juri-
dicamente relevante.
Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omis-
são e não cabe tentativa.
Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz ter-
ceiro inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível.

35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou assessoramento de órgão da administração direta, so-


CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação
PÚBLICA. instituída pelo poder público.
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito
unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito Admi-
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos nistrativo, tomando a expressão no sentido amplo.
crimes funcionais, praticados por determinado grupo de Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se fun-
pessoas no exercício de sua função, associado ou não com cionário público não apenas o servidor legalmente investi-
pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o do em cargo público, mas também o que servidor publico
correto funcionamento dos órgãos do Estado. efetivo ou temporário.
A Administração Pública deste modo, em geral dire-
ta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços Tipos penais Contra Administração Pública
públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária
e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato
passivo eventual administrado prejudicado. desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato median-
O agente, representante de um poder estatal, tem por te erro de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrup-
função principal cumprir regularmente seus deveres, con- ção passiva e Prevaricação, são os crimes tipificado com
fiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos te- praticados por agentes públicos.
nhamos interesse na sua punição, até porque, de certa for-
ma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo Peculato
quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da
soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obri- Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica
gatoriamente, pela lei penal. do peculato é a probidade da administração pública. É um
Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcioná-
2003, condicionou a progressão de regime prisional nos rio público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos
crimes contra a Administração Pública à prévia reparação o particular. Admite-se a participação.
do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais. Peculato Apropriação
A lei em comento não impede a progressão aos crimes
funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob- É uma apropriação indébita e o objeto pode ser di-
nheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância que
jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
o funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu car-
conquiste o referido benefício.
go. Consumação: Se dá no momento da apropriação, em
que ele passa a agir como o titular da coisa apropriada.
Crimes Funcionais
Admite-se a tentativa.
Espécies
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
Peculato Desvio
próprios e impróprios.
Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de fun-
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui
cionário público ao autor, o fato passa a ser tratado como o sujeito ativo além do servidor pode tem participação de
um tipo penal descrito. uma 3a pessoa. Consumação: No momento do desvio e
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de admite-se a tentativa.
servidor publico, desaparece também o crime funcional,
desclassificando a conduta para outro delito, de natureza Peculato Furto
diversa.
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais não detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os da facilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re- pública que tem a chave de todas as salas da escola, apro-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública. veita-se da sua função e facilidade e subtrai algo que não
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer- estava sob sua posse, tem-se o peculato furto.
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra- Peculato Culposo
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di-
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu- subtrai um bem. A consumação se dá no momento em que
pantes de cargos em comissão ou de função de direção o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.

36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Peculato mediante Erro de Outrem Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi-
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade admi- ço publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passi- extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e
vo: Estado e o particular lesado. A modalidade de peculato valorizar os servidores.
mediante erro de outrem, é um peculato estelionato, onde
a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar uma QUESTÕES
multa a um determinado contribuinte e esse contribuinte
paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa o dinheiro. 01. (DPE/MA - Defensor Público – 2015 - FCC) A
Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse di- proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de
nheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o tortura e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obri-
favorecimento pessoal do agente. É um crime doloso e sua gação imposta ao Estado de dotar sua infraestrutura carce-
consumação se dá quando ele passa a ser o titular da coisa. rária de meios e recursos que impeçam a degradação e a
Admite-se a tentativa. dessocialização dos condenados são desdobramentos do
princípio da
Concussão
(A) proporcionalidade.
(B) intervenção mínima do Estado.
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo
(C) fragmentariedade do Direito Penal.
servidor público com abuso de autoridade. O objeto jurí-
dico é a probidade da administração pública. Sujeito ativo: (D) humanidade.
Crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito passivo (E) adequação social.
é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Trata-se de
crime formal pois consuma-se com a exigência, se houver 02. (DPE/MA - Defensor Público – 2015 - FCC) Para
entrega de valor há exaurimento do crime e a vítima não o Direito Penal no Estado Social e Democrático de Direito,
responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir modelo de atuação do poder previsto na Constituição Fe-
dessa maneira. deral, é correto afirmar que
(A) o poder do Estado é ilimitado e os direitos funda-
Excesso de Exação mentais têm concretização discricionária.
(B) o poder do Estado é limitado pelo princípio da le-
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe galidade e, aos cidadãos, está assegurada a plena garantia
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres e juridicidade dos direitos fundamentais.
públicos, porém o funcionário se apropria do valor. (C) o poder do Estado é limitado pela legalidade for-
mal, mas não exerce a posição de garante dos direitos fun-
Corrupção Passiva damentais muito embora haja sua juridicidade.
(D) o poder do Estado é ilimitado e os direitos funda-
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade admi- mentais têm natureza cogente.
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o (E) o poder do Estado é limitado pelo princípio da le-
Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será, galidade e os direitos fundamentais têm efetividade con-
além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada. dicionada.
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, au- 03. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Informá-
menta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de pra- tica (+ provas) - 2014 - FCC)
ticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de No que concerne aos crimes contra o patrimônio,
privilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pes-
(A) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo
soa. Só se consuma pela prática do ato do servidor público.
da vítima, mediante fraude, responderá pelo delito de ex-
torsão.
Prevaricação
(B) se, no crime de roubo, em razão da violência em-
Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade ad- pregada pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves,
ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcioná- a pena aumenta-se de um terço.
rio público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou (C) se configura o crime de receptação mesmo se a coi-
deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se com sa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de
o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do crime não classificado como de natureza patrimonial.
agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal. (D) não comete infração penal quem se apropria de
Os crimes contra a Administração Pública é demasia- coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou
damente prejudicial, pois refletem e afetam a todos os força da natureza.
cidadãos dependentes do serviço publico, colocando em (E) o corte e a subtração de eucaliptos de propriedade
crédito e a prova a credibilidade das instituições públicas, alheia não configura, em tese, o crime de furto por não se
para apenas satisfazer o egoismo e egocentrismo desses tratar de bem móvel.
agentes corruptos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

04. (PC-SP - Investigador de Polícia - 2014 - VU- 08. (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Infor-
NESP) Nos termos do Código Penal, assinale a alternativa mática (+ provas) -2016- FCC A respeito dos Crimes
que contenha apenas crimes contra o patrimônio. contra a Administração pública,
(A) Homicídio; estelionato; extorsão (A) o crime de resistência não se configura se a oposi-
(B) Estelionato; furto; roubo. ção do agente, mediante violência ou grave ameaça, não
(C) Dano; estupro; homicídio obstar a execução do ato legal do funcionário público.
(D) Furto; roubo; lesão corporal. (B) o não atendimento a ordem ilegal de funcionário
(E) Extorsão; lesão corporal; dano. público caracteriza o crime de desobediência.
(C) no crime de denunciação caluniosa, o uso do ano-
05. (PC-TO - Delegado de Polícia – 2014 - Aroeira) nimato agrava a pena a ser aplicada.
É crime contra o patrimônio, em que somente se procede (D) quem esconde em sua residência autor de crime de
mediante representação, roubo para evitar a sua prisão em flagrante comete o crime
(A) o furto de coisa comum. de favorecimento real.
(B) a alteração de limites. (E) o empréstimo de sacola para permitir o transporte
(C) o dano simples. e ocultação de objetos furtados por outrem configura o
(D) a fraude à execução. crime de favorecimento pessoal.

06. (CAIP-IMES - Câmara Municipal de São Caeta- 09. (TJ-PB - Juiz Substituto – 2015 - CESPE) Constitui
no do Sul – SP - Procurador – CAIP – 2014 - IMES) A causa de aumento de pena o fato de o crime de incêndio
respeito do concurso de agentes (ou de pessoas), assinale ser praticado
a alternativa correta. (A) mediante utilização de explosivos.
(A) Se a participação for de menor importância, a (B) em situação de violência doméstica ou familiar con-
pena pode ser diminuída de um sexto até metade. tra a mulher
(B) Se algum dos concorrentes quis participar de cri- (C) em estaleiro, fábrica ou oficina.
me menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa (D) em canteiro de obras em área de grande densidade
pena será aumentada em até um terço, na hipótese de ter demográfica e populacional.
sido previsível o resultado mais grave (E) por motivo fútil ou torpe.
(C) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua cul- 10. (TJ/SP - Juiz – 2014- VUNESP) Assinale a opção
pabilidade. verdadeira. No Direito brasileiro posto, é elemento do tipo
(D) Se algum dos concorrentes quis participar de cri- penal da Associação Criminosa:
me mais grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena (A) Voltar-se à prática de delitos cuja pena máxima su-
será aumentada até o triplo, na hipótese de ter sido pre- pera cinco anos.
visível o resultado almejado. (B) Possuir ao menos três pessoas.
(C) Estruturação hierarquizada, com divisão de tarefas
07. (UFES - Assistente em Administração – 2012 entre os seus membros.
- UFES) São crimes contra a Administração Pública, EX- (D) Possuir ao menos quatro pessoas.
CETO:
(A) Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de in- 11. (PM/DF - Soldado da Polícia Militar – Comba-
formações ou programa de informática sem autorização tente – 2013 –FUNIVERSA) De acordo com a Lei das Con-
ou solicitação de autoridade competente. travenções Penais (Decreto-Lei n.º 3.688/1941), a tentativa
(B) Constranger alguém, mediante violência ou grave de contravenção do jogo do bicho
ameaça, a exercer, ou não exercer, arte, ofício, profissão (A) possui como penas principais a prisão simples e a
ou indústria, ou a trabalhar, ou não trabalhar, durante cer- multa.
to período, ou em determinados dias. (B) possibilita a aplicação do sursis, desde que o con-
(C) Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade traventor preencha as condições legais.
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. (C) não enseja o perdão judicial, ainda que haja igno-
(D) Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, rância ou errada compreensão da lei pelo contraventor.
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, (D) é apurável mediante ação pública condicionada.
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em (E) não é punida.
proveito próprio ou alheio.
(E) Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de 12. (DPE/PB - Defensor Público – 2014 - FCC) O Esta-
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inuti- tuto do Idoso define o idoso como aquele com idade igual
lizá-lo, total ou parcialmente. ou superior a
(A) 60 (sessenta) anos, garantindo a ele todos os direi-
tos previstos no respectivo diploma legal.
(B) 65 (sessenta e cinco) anos, garantindo a ele todos
os direitos previstos no respectivo diploma legal.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(C) 70 (setenta) anos, garantindo a ele todos os direitos cípio em duas oportunidades: art. 5, II, CF/88: “ninguém
previstos no respectivo diploma legal. será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, se-
(D) 60 (sessenta) anos, mas estabelecendo idades e cir- não em virtude de lei”; art. 5, XXXIX, CF/88: “Não há crime
cunstâncias diferenciadas para o exercício pleno de todos sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia comi-
os direitos previstos no respectivo diploma legal. nação legal”.
(E) 65 (sessenta e cinco) anos, mas estabelecendo ida-
des e circunstâncias diferenciadas para o exercício pleno 03. C.
de todos os direitos previstos no respectivo diploma legal. Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
13. (DPE/AM - Defensor Público – 2013 - FCC) O produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
Estatuto do Idoso define a violência contra o idoso como adquira, receba ou oculte:
sendo Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(A) o atentado contra a pessoa do idoso, nos termos
da lei penal. 04. B.
(B) a prática dos crimes contra a vida, de lesões corpo- Código Penal:
rais, de periclitação da vida e da saúde e contra a liberdade Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
individual do idoso.
depois de havê-la, por qualquer meio,
(C) o crime que envolver violência doméstica e familiar
contra o idoso.
05. A.
(D) o atentado contra os direitos fundamentais do ido-
Furto de coisa comum
so. Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
(E) a ação ou omissão praticada em local público ou para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou coisa comum:
psicológico. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou
multa.
14. (TJ/RJ - Comissário da Infância e da Juventude § 1º - Somente se procede mediante representação.
– 2012 - FCC) Segundo prevê o Estatuto do Idoso, é obri- § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun-
gação da entidade de atendimento ao idoso gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o
(A) comunicar ao juiz as situações de abandono moral agente.
ou material por parte dos familiares. Embora o direito de punir continue sendo estatal, a ini-
(B) celebrar contrato escrito ou verbal de prestação de ciativa se transfere ao ofendido quando os delitos atingem
serviço com o idoso. sua intimidade, de forma que pode optar por não levar a
(C) elaborar e remeter ao Ministério Público plano in- questão a juízo, assim a legitimidade ativa é do próprio
dividual de atendimento para cada caso com vistas à rein- particular ofendido.
tegração familiar.
(D) administrar os rendimentos financeiros de seus 06. C.
usuários. Código Penal:
(E) proporcionar cuidados à saúde, conforme a neces- Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
sidade do idoso. crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade
RESPOSTAS
07. B.
01. D. Constrangimento ilegal, Código Penal:
O princípio da humanidade relaciona-se com os direi- Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual-
tos humanos, garantindo a dignidade da pessoa. O direito
quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
penal tem que ser humanitário quando aplica suas penas.
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.
Assim, este princípio determina a inconstitucionalidade de
qualquer pena ou consequência do delito que crie uma de- 08. C.
ficiência física (morte, amputação, castração ou esteriliza- Código Penal:
ção, intervenção neurológica etc.), como também qualquer Denunciação caluniosa
consequência jurídica inapagável do delito. Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po-
licial, de processo judicial, instauração de investigação ad-
02. B. ministrativa, inquérito civil ou ação de improbidade admi-
O princípio da legalidade trata-se de real limitação ao nistrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
poder estatal de interferir na esfera de liberdades indivi- sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
duais, daí sua inclusão na Constituição entre os direitos e (...)
garantias fundamentais. Considerando tal prerrogativa, o § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
legislador constitucional fez expressa previsão desse prin- se serve de anonimato ou de nome suposto.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

09. C. OAB 1 fase – Doutrina : volume único/ coordenação


Código Penal: João Aguirre, Nestor Távora; coordenação pedagógica Fran-
Art. 250, § 1º são causas que aumentam de um terço a cisco Fontenele – Rio: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2014.
pena de quem pratica o crime de incêndio: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal.
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem Editora Revista dos Tribunais. 2ª Edição - 2006.
pecuniária em proveito próprio ou alheio; Disponível em: https://juniorcampos2.wordpress.
II - se o incêndio é: com/2014/05/11/da-aplicacao-da-lei-penal-vigencia-no-
a) em casa habitada ou destinada a habitação; tempo-e-no-espaco/. Acesso em dezembro de 2016.
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a Disponível em: http://wesleycaetano.jusbrasil.com.br/
obra de assistência social ou de cultura; artigos/171779619/interpretacao-da-lei-penal. Acesso em
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de dezembro de 2016.
transporte coletivo; JESUS, Damásio de. Ampliado o rol dos crimes de me-
d) em estação ferroviária ou aeródromo; nor potencial ofensivo. São Paulo: Complexo Jurídico Da-
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; másio de Jesus, jul. 2001.
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.as-
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; p?id_dh=1239. Acesso em março de 2016.
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.as-
p?id_dh=9704. Acesso em março de 2016.
10. B. Disponível em: http://www.tudosobreconcursos.com/
Código Penal: materiais/direito-penal/dos-crimes-contra-a-vida. Acesso
Artigo 288: Associação Criminosa: Associarem-se 3 (três) em março de 2016.
ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. Disponível em: http://ccdias.jusbrasil.com.br/arti-
gos/180440189/resumo-de-direito-penal-dos-crimes-
11. E. contra-o-patrimonio. Acesso em março de 2016.
Nos termos do que dispõe o artigo 4º da Lei de Contra- Disponível em: http://www.direitonet.com.br/Concur-
venções Penais, não é punível a tentativa de contravenção.
so-de-pessoas. Acesso em março de 2016.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/25717/ga-
12. D.
rantismo-penal-uma-ciencia-do-direito-uma-ideia-filoso-
A resposta correta é a alternativa “D”, pois está de acordo
fica-e-um-assunto-de-direito-processual. Acesso em de-
com o artigo 1º, do Estatuto do Idoso:
zembro de 2016.
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular
Disponível em:http://professoraalice.jusbrasil.com.br/
os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior
a 60 (sessenta) anos. artigos/121814432/politica-criminal-direito-de-punir-do
-estado-e-finalidades-do-direito-penal. Acesso em dezem-
13. E. bro de 2016.
De acordo com o artigo 19, §1º do Estatuto do Idoso, Disponível em:http://www.ambito-juridico.com.br/si-
considera-se violência contra o idoso: te/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11101&revis-
Art. 19. (...) ta_caderno=3. Acesso em abril de 2016.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência con- Disponível em:http://navalmg.jusbrasil.com.br/arti-
tra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local pú- gos/111673582/teria-da-imputacao-objetiva. Acesso em
blico ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico abril de 2016.
ou psicológico. Disponível em:http://lfg.jusbrasil.com.br/noti-
(...) cias/639148/o-que-e-a-extincao-da-punibilidade-denise-
cristina-mantovani-cera. Acesso em abril de 2016.
14. E. Disponível em:http://www.ambito-juridico.com.br/site/
De acordo com o artigo 50, inciso VIII, do Estatuto do Idoso: index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9460.
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendi- Acesso em abril de 2016.
mento: Disponível em:http://drluizfernandopereira.blogspot.
(...) com.br/2010/04/dos-crimes-contra-o-sentimento.html.
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a neces- Acesso em abril de 2016.
sidade do idoso; Disponível em:http://www.ambito-juridico.com.br/site/
(...) index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7815.
Acesso em abril de 2016.
Referências ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação Penal Espe-
cial. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/32954/crimes- WELZEL, Hans. Direito penal, p. 29.
contra-administracao-publica-cometidos-por-agentes-pu- Disponível em: http://andremauro2.jusbrasil.com.br/
blicos. Acesso em março de 2016. artigos/121816419/qual-e-a-verdadeira-missao-do-direito
CAPEZ, Fernando. Direito Penal Parte Especial. ed. Sa- -penal. Acesso em dezembro de 2016.
raiva 2004, volume 3;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Exercícios Complementares Essa previsão legal foi revogada pela Lei 11.106/05. As
causas de extinção de punibilidade possuem um rol exem-
01. (PGE/PE - Procurador de Estado - CESPE/2009) plificativo disposto no art. 107 do Código Penal. Entretanto,
O autor intelectual é assim chamado por ter sido quem por ser um rol exemplificativo e não taxativo, existem ou-
planejou o crime, não é necessariamente aquele que tras causas de extinção de punibilidade a exemplo do favo-
tem controle sobre a consumação do crime. recimento pessoal, previsto no §2° do art. 348, entre outros.

Considera-se autor intelectual o agente que planeja o RESPOSTA: “ERRADA”.


crime e também tem controle sobre a prática do crime. É
preciso que o agente tenha domínio do fato, para confi- 04. (TCE/RO - Auditor - FCC/2010) No tocante às
gurar a autoria intelectual, desse modo, ele será capaz de causas de extinção da punibilidade, é correto afirmar
conter ou fazer prosseguir a execução do crime. que
a) a concessão de anistia é atribuição exclusiva do
RESPOSTA: “ERRADA”.
Presidente da República.
b) O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo
02. (TRF/5ª Região Analista Judiciário – FCC/2013)
Sobre a prescrição como causa extintiva da punibilida- da decadência
de é correto afirmar: c) São previstas exclusivamente na parte geral do
A) Seu fundamento político-criminal não prevalece Código Penal.
sobre as pretensões do réu, mesmo admitido seu cará- d) A concessão do indulto restabelece a condição
ter de material. de primário do beneficiado.
B) A consideração do perdão judicial é sempre an- e) É cabível o perdão judicial em qualquer crime.
tecedente ao eventual reconhecimento da prescrição.
C) O réu pode renunciar ao seu reconhecimento e O Código Penal em seu artigo 10, dispõe que:
requerer julgamento de mérito por seu caráter mera-
mente processual. Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do pra-
D) Não sendo matéria de ordem pública, não pode zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
ser reconhecida ex officio pelo juiz. comum.
E) O reconhecimento da prescrição exclui a aprecia-
ção de outras preliminares e do mérito. Desse modo, a alternativa correta é a “B”, O dia do co-
meço inclui-se no cômputo do prazo da decadência.
Prescrição é a perda da pretensão punitiva ou executó-
ria em face do decurso do tempo.
RESPOSTA: “B”.
A prescrição é Instituto de direito material e, portanto,
o seu reconhecimento exclui a apreciação outras prelimi-
nares e do mérito, conforme estatuído no artigo 107, inciso 05. (TJ/MG - Técnico Judiciário – FUNDEP/2010)
IV do Código Penal, in verbis: Analisando as causas de extinção da punibilidade, NÃO
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:  (Redação dada se inclui entre elas:
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) a doença grave do agente
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; b) a graça
c) a perempção
Segundo nos ensina o professor Alberto Silva Franco e d) a renúncia do direito de queixa.
outros, in (Código Penal e Sua Interpretação Jurispruden-
cial, 5ª ed., pág. 1241). “O reconhecimento da prescrição As causas de extinção da punibilidade estão elencadas
exclui a apreciação de outras preliminares e do mérito. Se no artigo 107 do Código Penal:
o instituto tivesse caráter processual, o réu poderia renun-
ciá-lo e exigir um julgamento de mérito, por acreditar em Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:  
sua inocência. Mas, como se trata de instituto de direito I - pela morte do agente;
material, tal possibilidade não existe, pois o fundamento II - pela anistia, graça ou indulto;
político-criminal da prescrição prevalece sobre as preten- III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
sões do réu” .
fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
RESPOSTA: “E”.
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
03. (PM/DF - Administração - CESPE/2010) Entre as aceito, nos crimes de ação privada;
formas de extinção da punibilidade do agente de fato VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei
delituoso previstas no CP, inclui-se a possibilidade de a admite;
casamento do autor do crime de estupro coma vítima, VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
contanto que o casamento se realize antes de a senten- VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
ça penal condenatória transitar em julgado. IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

41
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Conforme artigo acima mencionado, observamos que O Código Penal dispõe que:
a doença grave do agente não é causa de extinção de pu-
nibilidade, portanto, a alternativa correta é a “A”. Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:        
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;       
RESPOSTA: “A”. II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;          
06. (AGU - Procurador - CESPE/2010) Nos crimes IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenató-
conexos, a extinção da punibilidade de um deles im- rios recorríveis; 
pede, quanto aos outros, a agravação da pena resul- V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
tante da conexão. VI - pela reincidência. 

Reza o art. 108 do Código Penal que: Desse modo, a alternativa correta é a ‘E”, a prescrição é
interrompida pelo acórdão condenatório recorrível.
Art. 108. A extinção da punibilidade de crime que é
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agra- RESPOSTA: “E”.
vante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a
09. (Detran/DF - Analista - CESPE/2009) A prescrição
extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto
da pretensão punitiva do Estado extingue a punibilidade
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.
do agente e impede a propositura de ação civil reparató-
ria dos danos causados pela conduta criminosa.
RESPOSTA: “ERRADA”.
A prescrição penal da pretensão punitiva recai apenas
07. (TJ/MG - Técnico Judiciário – FUNDEP/2010) sobre o direito de o Estado punir o acusado, porém, não re-
Analisando as causas de extinção da punibilidade, cai sobre o direito da vítima ser reparada pelo dano causado
NÃO se inclui entre elas: pela conduta criminosa.
A) a doença grave do agente. Mesmo que o delito penal encontre-se prescrito, não
B) a graça. impede que a vítima, no juízo cível, entre com ação repara-
C) a perempção. tória dos danos causados pela conduta criminosa.
D) a renúncia ao direito de queixa.
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:  (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 110. (DETRAN/DF - Analista - CESPE/2009) O perdão
I - pela morte do agente; do ofendido extingue a punibilidade do agente nos cri-
II - pela anistia, graça ou indulto; mes de ação penal privada, ainda que concedido após
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; De acordo com o art. 106, § 2º do Código Penal :
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
aceito, nos crimes de ação privada; §2º. Não é admissível o perdão depois que passa em jul-
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei gado a sentença condenatória.
a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Desse modo, o perdão do ofendido extinguirá a puni-
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) bilidade nos crimes de ação penal privada somente se con-
cedido antes do transito em julgado da sentença penal con-
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
denatória.
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
08. (TCE/RO – Procurador – FCC/2010) A prescri- 11. (DETRAN/DF - Analista - CESPE/2009) A lei penal
ção é interrompida que deixa de considerar determinado fato como crimi-
a) pelo oferecimento da denúncia noso retroage e extingue a punibilidade do agente, mas
b) pela sentença absolutória imprópria permanecem os efeitos civis.
c) pela reincidência, se corresponder à prescrição Ocorre a abolitio criminis quando o Estado deixa de con-
da pretensão punitiva siderar determinado fato como criminoso, e de acordo com
d) pela sentença concessiva de perdão judicial o Art. 107, III, do Código Penal “Extingue-se a punibilida-
e) pelo acórdão condenatório recorrível de:  III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
fato como criminoso”. Entretanto, como afirma a questão,
permanecem os efeitos de natureza civil.

RESPOSTA: “CORRETA”.

42
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

12. (TRF 4ª Região - Analista Judiciário – FCC/2007) Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescri-
São causas extintivas de punibilidade, prevista no Có- ção começa a correr: 
digo Penal, além de outras: I - do dia em que transita em julgado a sentença con-
a) renúncia do direito de queixa, nos crimes de denatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão
ação privada; e casamento do agente com a vítima, condicional da pena ou o livramento condicional;
nos crimes contra costumes. II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quan-
b) Anistia; perdão judicial, nos casos previstos em do o tempo da interrupção deva computar-se na pena. 
lei; morte da vítima; e decurso do prazo.
c) Retroatividade de lei que não mais considera o Dessa forma, observamos que a questão apresenta o
fato como criminoso; prescrição, decadência ou pe- mencionado artigo, porém, trocando os termos. Portanto,
rempção; e casamento do agente com a vítima, nos a afirmação correta seria que a prescrição começa a correr
crimes contra os costumes. a partir do dia em que transita em julgado a sentença con-
d) morte do agente; anistia, graça ou indulto; re- denatória, para a acusação.
troatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso; e prescrição, decadência ou perempção. RESPOSTA: “ERRADA”.
e) prescrição, decadência, menoridade do agente;
morte da vítima; e agente maior de setenta anos na 15. (OAB - CESPE/2008) O curso da prescrição in-
data do crime. terrompe-se pelo oferecimento da denúncia e pela sen-
tença condenatória ou absolutória recorrível.
O Código Penal dispõe que:
A afirmação está errada, pois contradiz o disposto no
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:         art.117 do Código Penal, vejamos: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;       
II - pela pronúncia; Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;          
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condena-
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condena-
tórios recorríveis; 
tórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da
pena; 
RESPOSTA: “ERRADA”.
VI - pela reincidência. 
16. (TJ/TO - Juiz de Direito - CESPE/2007) Em caso
Desse modo, a alternativa correta é a “D”, São causas
de extinção da punibilidade decorrente de anistia, não
extintivas de punibilidade, prevista no Código Penal, além
de outras a morte do agente; anistia, graça ou indulto; subsiste a sentença penal condenatória para fins de re-
retroatividade de lei que não mais considera o fato como paração do dano.
criminoso; e prescrição, decadência ou perempção.
Conforme disposto no art. 107, II, do Código Penal,
RESPOSTA: “D”. extingui-se a punibilidade pena anistia, que é a renúncia
do Estado ao seu direito de punir. A anistia exclui o crime,
13. (OAB - CESPE/2008) No caso de o condenado apagando seus efeitos.
evadir-se, a prescrição da pretensão executória deve Entretanto, no juízo cível, a vítima continua possuindo
ser regulada pelo tempo que resta da pena. o direito à indenização, haja vista que, permanecem inalte-
rados os efeitos civis da sentença condenatória para fins de
A resposta está correta, pois está de acordo com dis- reparação do dano.
posto no art. 113 do Código Penal
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de re-
vogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada 17. (TJ/RR - Analista Processual - CESPE/2006) O
pelo tempo que resta da pena. artigo do Código Penal que prevê as causas extintivas
da punibilidade é taxativo proibindo que sejam admiti-
RESPOSTA: “CORRETA”. das outras hipóteses extintivas além daquelas nele re-
lacionadas.
14. (OAB - CESPE/2008) A prescrição começa a cor- A afirmação está errada, pois o rol previsto no art. 107
rer a partir do dia em que transita em julgado, para a do Código Penal é exemplificativo, ou seja, admitindo-se
defesa, a sentença condenatória. outras causas de extinção de punibilidade que não estejam
elencadas no mencionado artigo.
A resposta está errada, pois contraria o disposto no
art. 112 do Código Penal, vejamos: RESPOSTA: “ERRADA”.

43
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

18. (DPF - Escrivão - CESPE/2004) O perdão do A teoria biopsicológica considera inimputável o agente
ofendido é o ato por meio do qual o próprio ofendi- que em razão de sua condição mental, é totalmente inca-
do ou o seu representante legal, após o início da ação paz de entender o caráter ilícito da sua ação ou omissão e
penal, desiste de seu prosseguimento. Aceito pelo acu- determinar-se de acordo com esse entendimento.
sado, implicará na extinção da punibilidade, desde que
o crime seja apurado por meio de ação penal privada. RESPOSTA: “CORRETA”.

Perdão do ofendido é o ato de desistência do prosse- 21. (TJ/ES - Analista Judiciário - CESPE/2012) A pena
guimento da ação pena privada, é a desculpa ao querelado de prestação pecuniária consiste no pagamento — em
pela infração penal, sendo cabível após o início da ação pe- dinheiro, à vista ou em parcelas, à vítima, a seus de-
nal, desde que não tenha transitado em julgado a sentença pendentes ou a entidade pública ou privada com des-
condenatória. tinação social — de importância fixada pelo juiz, não
Segundo disposto no art. 107, V do Código Penal: inferior a um salário mínimo, nem superior a trezentos
e sessenta salários mínimos.
Art.107. Extingue-se a punibilidade:
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão O código Penal dispõe sobre a prestação pecuniária
aceito, nos crimes de ação privada. em seu art. 45, § 1º, vejamos:

O art. 105, do Código Penal dispõe que: §1o . A prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade públi-
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que so- ca ou privada com destinação social, de importância fixada
mente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimen- pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem supe-
to da ação. rior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor
pago será deduzido do montante de eventual condenação
Desse modo, a afirmação está correta. em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
Desse modo, observamos que a questão está em con-
RESPOSTA: “CORRETA”. sonância com o disposto em lei.

19. (PGM/SP - Procurador Municipal — FCC/2004) RESPOSTA: “CORRETA”.


A retroatividade de lei penal que não mais considera o
fato como criminoso: 22. (SEDU - Agente de Suporte Educacional - CES-
a) exclui a imputabilidade. PE/2010) A emancipação civil aos dezesseis anos de
b) afasta a tipicidade. idade acarreta a imputabilidade penal do adolescente,
c) extingue a punibilidade. razão pela qual ele não mais se sujeita às regras do ECA.
d) atinge a culpabilidade.
e) é causa de perdão judicial. A questão está errada, haja vista que a emancipação
abrange a responsabilidade civil, e não penal. Desse modo,
Trata-se da abolitio criminis, é causa extintiva da puni- a emancipação civil não gera efeitos quanto à inimputabi-
bilidade prevista no art. 107, III, do CP. lidade do menor de 18 anos.

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: RESPOSTA: “ERRADA”.


III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
fato como criminoso; 23. (PC/PB - Agente de Investigação - CESPE/2009)
No ordenamento jurídico brasileiro, a imputabilidade
RESPOSTA: “C”. penal equivale à potencial consciência da ilicitude.

20. (TJ/ES - Analista Judiciário - CESPE/2012) No A imputabilidade é a capacidade de entender o caráter


direito penal, o critério adotado para aferir a inimpu- ilícito do seu comportamento e agir de acordo com esse
tabilidade do agente, como regra, é o biopsicológico. entendimento. Por sua vez, a potencial consciência da ilici-
tude é quando o agente possui condições de saber que seu
O Código Penal brasileiro adotou, comoo regra, a teo- comportamento contraria o ordenamento jurídico.
ria biopsicológica de acordo com estabelecido no art. 26,
vejamos: RESPOSTA: “ERRADA”.

Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença men-


tal ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

44
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

24. (PC/PB - Agente de Investigação - CESPE/2009)


No ordenamento jurídico brasileiro, a imputabilidade
ANOTAÇÕES
penal é a capacidade de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
mento. ___________________________________________________

A imputabilidade penal é a capacidade que o agente ___________________________________________________


possui de entender que determinado fato é ilícita e deter-
___________________________________________________
minar-se de acordo com esse entendimento.
___________________________________________________
RESPOSTA: “CORRETA”.
___________________________________________________
25. (DPE/CE - Defensor - CESPE/2008) De acordo
com regra do Código Penal, a pena pode ser reduzi- ___________________________________________________
da de um a dois terços se o agente, por embriaguez ___________________________________________________
proveniente de caso fortuito, não possuía, ao tempo da
ação ou omissão, a plena capacidade de entender o ca- ___________________________________________________
ráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com
esse entendimento. ___________________________________________________

___________________________________________________
Vejamos o que dispõe o Código Penal acerca do tema:
___________________________________________________
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão;  ___________________________________________________
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou ___________________________________________________
substância de efeitos análogos.
___________________________________________________
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ___________________________________________________
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de ___________________________________________________
acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se ___________________________________________________
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou ___________________________________________________
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de ___________________________________________________
determinar-se de acordo com esse entendimento.
___________________________________________________
A resposta está correta de acordo com o parágrafo 2º
___________________________________________________
do artigo citado.
___________________________________________________
RESPOSTA: “CORRETA”.
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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45
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Abuso de Autoridade (Lei n° 4.898/65)............................................................................................................................................................ 01


Dos crimes previstos na Lei Antidrogas (Lei n° 11.343/06)...................................................................................................................... 03
Crimes tipificados no Código de Trânsito Brasileiro (Lei n° 9.503/97)................................................................................................. 11
Violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 11.340 de 2006)............................................................................................ 58
Contravenções penais............................................................................................................................................................................................. 63
Dos crimes tipificados na Lei do Estatuto do idoso (Lei n° 10.741 de 2003).................................................................................... 68
Dos crimes tipificados no Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826/03)........................................................................................ 78
Crimes de Tortura (Lei n° 9.455 de 1997)........................................................................................................................................................ 85
Dos crimes contra a propriedade Intelectual (Lei n° 9.609 de 1998)................................................................................................... 86
Dos crimes tipificados nas Leis de preconceito e aos dos deficientes físicos (Lei n° 7.716 de 1989 e Lei n° 7853 de
1989).............................................................................................................................................................................................................................. 88
Artigo 9° (nono) do Código Penal Militar....................................................................................................................................................... 92
Crimes hediondos (Lei n° 8.072 de 1990)....................................................................................................................................................... 92
Organizações Criminosas (Lei n° 9.034, de 1995)........................................................................................................................................ 94
Identificação criminal do civilmente identificado (Lei n° 12.037/09)................................................................................................... 98
Crimes contra o meio ambiente (Lei n° 9.605/98)....................................................................................................................................... 99
Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117/1962).................................................................................................................107
Organização dos serviços de telecomunicações (Lei nº 9472/97)......................................................................................................119
Lei de Organizações Criminosas (Lei n. 12.850)..........................................................................................................................................138
Estatuto do Torcedor. ...........................................................................................................................................................................................142
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial


ABUSO DE AUTORIDADE (LEI N° 4.898/65). recibo de importância recebida a título de carceragem, cus-
tas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena
Regula o Direito de Representação e o processo de ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem-
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liber-
abuso de autoridade. dade.       (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89)
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
Art. 1º O direito de representação e o processo de res- remuneração.
ponsabilidade administrativa civil e penal, contra as autori- Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
dades que, no exercício de suas funções, cometerem abu-
sanção administrativa civil e penal.
sos, são regulados pela presente lei.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
Art. 2º O direito de representação será exercido por
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência a) advertência;
legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a b) repreensão;
respectiva sanção; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
competência para iniciar processo-crime contra a autori- vantagens;
dade culpada. d) destituição de função;
Parágrafo único. A representação será feita em duas e) demissão;
vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de f) demissão, a bem do serviço público.
autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
as houver. quinhentos a dez mil cruzeiros.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten- § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
tado: regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) à liberdade de locomoção; a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) à inviolabilidade do domicílio; b) detenção por dez dias a seis meses;
c) ao sigilo da correspondência; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
d) à liberdade de consciência e de crença; qualquer outra função pública por prazo até três anos.
e) ao livre exercício do culto religioso; § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
f) à liberdade de associação; ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- § 5º Quando o abuso for cometido por agente de au-
cício do voto; toridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
h) ao direito de reunião; poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de
i) à incolumidade física do indivíduo; não poder o acusado exercer funções de natureza policial
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercí- ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco
cio profissional.      (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)
anos.
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de
poder; militar competente determinará a instauração de inquérito
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexa- para apurar o fato.
me ou a constrangimento não autorizado em lei; § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz compe- estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais,
tente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou § 2º não existindo no município no Estado ou na legis-
detenção ilegal que lhe seja comunicada; lação militar normas reguladoras do inquérito administrati-
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se propo- vo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos arts.
nha a prestar fiança, permitida em lei; 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Esta-
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial tuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra des- § 3º O processo administrativo não poderá ser sobres-
pesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer tado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou
quanto à espécie quer quanto ao seu valor; civil.

1
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcio- Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão
nal da autoridade civil ou militar. ser apresentada em juízo, independentemente de intima-
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida ção.
à autoridade administrativa ou independentemente dela, Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre-
poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsabi- catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
lidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada. salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos
Art. 10. Vetado para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có- ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
digo de Processo Civil. sáveis tais providências.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro
de inquérito policial ou justificação por denúncia do Minis- dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
tério Público, instruída com a representação da vítima do diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
abuso. perito, o representante do Ministério Público ou o advoga-
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a represen- do que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor
tação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito ho- do réu.
ras, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali-
abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e,
zar-se se ausente o Juiz.
bem assim, a designação de audiência de instrução e jul-
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o
gamento.
Juiz não houver comparecido, os presentes poderão reti-
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada
em duas vias. rar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- audiência.
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú-
poderá: blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á
a) promover a comprovação da existência de tais vestí- em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas; Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
audiência de instrução e julgamento, a designação de um interrogatório do réu, se estiver presente.
perito para fazer as verificações necessárias. Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresen- funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
tarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito,
julgamento. o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a represen- ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advo-
tação poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. gado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- Juiz.
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu- mente a sentença.
rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará ou- Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
tro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em re-
no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. sumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e a
a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação sentença.
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi-
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e
do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito
intervir em todos os termos do processo, interpor recursos
a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, re-
tomar a ação como parte principal. Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre moti-
rejeitando a denúncia. vadamente, até o dobro.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de ins- do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
trução e julgamento, que deverá ser realizada, improrroga- o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
velmente. dentro de cinco dias. Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julga- caberão os recursos e apelações previstas no  Código de
mento final e para comparecer à audiência de instrução Processo Penal.
e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
acompanhado da segunda via da representação e da de- Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independên-
núncia. cia e 77º da República.

2
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO I
DOS CRIMES PREVISTOS NA LEI ANTIDROGAS DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SISTEMA
(LEI N° 11.343/06). NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS

Art. 4o  São princípios do Sisnad:


I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua li-
berdade;
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre II - o respeito à diversidade e às especificidades popu-
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso lacionais existentes;
indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen- III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
dentes de drogas; estabelece normas para repressão à pro- dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores
dução não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define de proteção para o uso indevido de drogas e outros com-
crimes e dá outras providências. portamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla par-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- ticipação social, para o estabelecimento dos fundamentos
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: e estratégias do Sisnad;
V - a promoção da responsabilidade compartilhada
TÍTULO I entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES participação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua
Art. 1o  Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas
produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
VII - a integração das estratégias nacionais e interna-
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para social de usuários e dependentes de drogas e de repressão
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
drogas e define crimes. VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público
Parágrafo único.  Para fins desta Lei, consideram-se e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de mútua nas atividades do Sisnad;
causar dependência, assim especificados em lei ou rela- IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que re-
cionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder conheça a interdependência e a natureza complementar
Executivo da União. das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e
Art. 2o  Ficam proibidas, em todo o território nacional, reinserção social de usuários e dependentes de drogas, re-
as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a pressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser drogas;
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que es- prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
tabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a
de uso estritamente ritualístico-religioso. garantir a estabilidade e o bem-estar social;
Parágrafo único.  Pode a União autorizar o plantio, a XI - a observância às orientações e normas emanadas
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, Art. 5o  O Sisnad tem os seguintes objetivos:
em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
respeitadas as ressalvas supramencionadas. a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de
risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e
TÍTULO II outros comportamentos correlacionados;
II - promover a construção e a socialização do conheci-
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
mento sobre drogas no país;
SOBRE DROGAS
III - promover a integração entre as políticas de pre-
venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
Art. 3o  O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
organizar e coordenar as atividades relacionadas com: produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser- públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União,
ção social de usuários e dependentes de drogas; Distrito Federal, Estados e Municípios;
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico IV - assegurar as condições para a coordenação, a in-
ilícito de drogas. tegração e a articulação das atividades de que trata o art.
3o desta Lei.

3
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO II III - o fortalecimento da autonomia e da responsabili-


DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO DO SISTE- dade individual em relação ao uso indevido de drogas;
MA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DRO- IV - o compartilhamento de responsabilidades e a cola-
GAS boração mútua com as instituições do setor privado e com
os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e depen-
Art. 6o  (VETADO) dentes de drogas e respectivos familiares, por meio do es-
Art. 7o  A organização do Sisnad assegura a orientação tabelecimento de parcerias;
central e a execução descentralizada das atividades realiza- V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas
das em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e e adequadas às especificidades socioculturais das diversas
municipal e se constitui matéria definida no regulamento populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
desta Lei. VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
Art. 8o  (VETADO) do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis
das atividades de natureza preventiva, quando da definição
CAPÍTULO III (VETADO) dos objetivos a serem alcançados;
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
Art. 9o  (VETADO) vulneráveis da população, levando em consideração as
Art. 10.  (VETADO) suas necessidades específicas;
Art. 11.  (VETADO) VIII - a articulação entre os serviços e organizações
Art. 12.  (VETADO) que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de
Art. 13.  (VETADO) drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de
Art. 14.  (VETADO) drogas e respectivos familiares;
IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu-
CAPÍTULO IV rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de
DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFOR- inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
MAÇÕES SOBRE DROGAS X - o estabelecimento de políticas de formação con-
tinuada na área da prevenção do uso indevido de drogas
Art. 15.  (VETADO)
para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;
Art. 16.  As instituições com atuação nas áreas da aten-
XI - a implantação de projetos pedagógicos de preven-
ção à saúde e da assistência social que atendam usuários
ção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino
ou dependentes de drogas devem comunicar ao órgão
público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Na-
competente do respectivo sistema municipal de saúde os
cionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a iden-
XII - a observância das orientações e normas emanadas
tidade das pessoas, conforme orientações emanadas da
do Conad;
União.
Art. 17.  Os dados estatísticos nacionais de repressão XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de contro-
ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informa- le social de políticas setoriais específicas.
ções do Poder Executivo. Parágrafo único.  As atividades de prevenção do uso
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
TÍTULO III deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVI- pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-
DO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E lescente - Conanda.
DEPENDENTES DE DROGAS
CAPÍTULO I CAPÍTULO II
DA PREVENÇÃO DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO
SOCIAL DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
Art. 18.  Constituem atividades de prevenção do uso
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcio- Art. 20.  Constituem atividades de atenção ao usuário e
nadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito
e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de pro- desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de
teção. vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso
Art. 19.  As atividades de prevenção do uso indevido de de drogas.
drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: Art. 21.  Constituem atividades de reinserção social do
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como usuário ou do dependente de drogas e respectivos fami-
fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e liares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua
na sua relação com a comunidade à qual pertence; integração ou reintegração em redes sociais.
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamenta- Art. 22.  As atividades de atenção e as de reinserção
ção científica como forma de orientar as ações dos serviços social do usuário e do dependente de drogas e respectivos
públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e familiares devem observar os seguintes princípios e dire-
estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam; trizes:

4
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, in- § 2o  Para determinar se a droga destinava-se a con-
dependentemente de quaisquer condições, observados os sumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e da substância apreendida, ao local e às condições em que
diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais,
de Assistência Social; bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e § 3o  As penas previstas nos incisos II e III do caput des-
reinserção social do usuário e do dependente de drogas e te artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
respectivos familiares que considerem as suas peculiarida- meses.
des socioculturais; § 4o  Em caso de reincidência, as penas previstas nos
III - definição de projeto terapêutico individualizado, incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
orientado para a inclusão social e para a redução de riscos prazo máximo de 10 (dez) meses.
e de danos sociais e à saúde; § 5o  A prestação de serviços à comunidade será cum-
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e prida em programas comunitários, entidades educacionais
aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
V - observância das orientações e normas emanadas preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recu-
do Conad; peração de usuários e dependentes de drogas.
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle § 6o  Para garantia do cumprimento das medidas edu-
social de políticas setoriais específicas. cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
Art. 23.  As redes dos serviços de saúde da União, dos injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz sub-
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão metê-lo, sucessivamente a:
programas de atenção ao usuário e ao dependente de dro- I - admoestação verbal;
gas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os II - multa.
princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a § 7o  O juiz determinará ao Poder Público que coloque
previsão orçamentária adequada. à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento
Art. 24.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento
Municípios poderão conceder benefícios às instituições especializado.
privadas que desenvolverem programas de reinserção no
Art. 29.  Na imposição da medida educativa a que se
mercado de trabalho, do usuário e do dependente de dro-
refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à re-
gas encaminhados por órgão oficial.
provabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa,
Art. 25.  As instituições da sociedade civil, sem fins lu-
em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior
crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da
a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capa-
assistência social, que atendam usuários ou dependentes
cidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até
de drogas poderão receber recursos do Funad, condiciona-
3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
dos à sua disponibilidade orçamentária e financeira.
Art. 26.  O usuário e o dependente de drogas que, em Parágrafo único.  Os valores decorrentes da imposição
razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados
pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua Art. 30.  Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário. execução das penas, observado, no tocante à interrupção
do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código
CAPÍTULO III Penal.
DOS CRIMES E DAS PENAS
TÍTULO IV
Art. 27.  As penas previstas neste Capítulo poderão ser DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substi- E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
tuídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o CAPÍTULO I
defensor. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, dro- Art. 31.  É indispensável a licença prévia da autorida-
gas sem autorização ou em desacordo com determinação de competente para produzir, extrair, fabricar, transformar,
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
I - advertência sobre os efeitos das drogas; reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender,
II - prestação de serviços à comunidade; comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, dro-
III - medida educativa de comparecimento a programa gas ou matéria-prima destinada à sua preparação, obser-
ou curso educativo. vadas as demais exigências legais.
§ 1o  Às mesmas medidas submete-se quem, para seu Art. 32.   As plantações ilícitas serão imediatamente
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina- destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-
das à preparação de pequena quantidade de substância ou A, que recolherá quantidade suficiente para exame peri-
produto capaz de causar dependência física ou psíquica. cial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições

5
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as desde que o agente seja primário, de bons antecedentes,
medidas necessárias para a preservação da prova.  (Reda- não se dedique às atividades criminosas nem integre orga-
ção dada pela Lei nº 12.961, de 2014) nização criminosa.    (Vide Resolução nº 5, de 2012)
§ 1o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 12.961, Art. 34.  Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
de 2014) vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guar-
§ 2o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 12.961, dar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, apa-
de 2014) relho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabri-
§ 3o  Em caso de ser utilizada a queimada para des- cação, preparação, produção ou transformação de drogas,
truir a plantação, observar-se-á, além das cautelas neces- sem autorização ou em desacordo com determinação legal
sárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto ou regulamentar:
no 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamen-
a autorização prévia do órgão próprio do Sistema Nacional to de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
do Meio Ambiente - Sisnama. Art. 35.  Associarem-se duas ou mais pessoas para o
§ 4o  As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos cri-
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Consti- mes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
tuição Federal, de acordo com a legislação em vigor. Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamen-
to de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
CAPÍTULO II Parágrafo único.  Nas mesmas penas do caput deste
DOS CRIMES artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do
crime definido no art. 36 desta Lei.
Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, Art. 36.  Financiar ou custear a prática de qualquer dos
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga-
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com -multa.
determinação legal ou regulamentar:
Art. 37.  Colaborar, como informante, com grupo, or-
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa-
ganização ou associação destinados à prática de qualquer
gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
dias-multa.
Lei:
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamen-
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
to de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
Art. 38.  Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamen-
sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
te, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
químico destinado à preparação de drogas; regulamentar:
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
ou em desacordo com determinação legal ou regulamen- pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
tar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a Parágrafo único.  O juiz comunicará a condenação ao
preparação de drogas; Conselho Federal da categoria profissional a que pertença
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que o agente.
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigi- Art. 39.  Conduzir embarcação ou aeronave após o
lância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolu-
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com de- midade de outrem:
terminação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
drogas. da apreensão do veículo, cassação da habilitação respec-
§ 2o  Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido tiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena
de droga:     (Vide ADI nº 4.274) privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (du-
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de zentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. Parágrafo único.  As penas de prisão e multa, aplicadas
§ 3o  Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a con- (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias
sumirem: -multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pa- transporte coletivo de passageiros.
gamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) Art. 40.  As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
§ 4o  Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste I - a natureza, a procedência da substância ou do pro-
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, a transnacionalidade do delito;

6
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de fun- Parágrafo único.  Quando absolver o agente, reconhe-
ção pública ou no desempenho de missão de educação, cendo, por força pericial, que este apresentava, à época do
poder familiar, guarda ou vigilância; fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
III - a infração tiver sido cometida nas dependências deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino encaminhamento para tratamento médico adequado.
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, Art. 46.  As penas podem ser reduzidas de um terço
culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetá- art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação
culos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
social, de unidades militares ou policiais ou em transportes tendimento.
públicos; Art. 47.  Na sentença condenatória, o juiz, com base
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamen-
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo to do agente para tratamento, realizada por profissional de
de intimidação difusa ou coletiva; saúde com competência específica na forma da lei, deter-
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
minará que a tal se proceda, observado o disposto no art.
ou entre estes e o Distrito Federal;
26 desta Lei.
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi-
CAPÍTULO III
nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e de-
terminação; DO PROCEDIMENTO PENAL
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Art. 41.  O indiciado ou acusado que colaborar volun- Art. 48.  O procedimento relativo aos processos por
tariamente com a investigação policial e o processo crimi- crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste
nal na identificação dos demais co-autores ou partícipes Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do
do crime e na recuperação total ou parcial do produto do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um § 1o  O agente de qualquer das condutas previstas no
terço a dois terços. art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes
Art. 42.  O juiz, na fixação das penas, considerará, com previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e jul-
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Pe- gado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de
nal, a natureza e a quantidade da substância ou do produ- 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Es-
to, a personalidade e a conduta social do agente. peciais Criminais.
Art. 43.  Na fixação da multa a que se referem os arts. § 2o  Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta
33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do
desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente
a cada um, segundo as condições econômicas dos acusa- ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele com-
dos, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 parecer, lavrando-se termo circunstanciado e providencian-
(cinco) vezes o maior salário-mínimo. do-se as requisições dos exames e perícias necessários.
Parágrafo único.  As multas, que em caso de concurso § 3o  Se ausente a autoridade judicial, as providências
de crimes serão impostas sempre cumulativamente, po- previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato
dem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situa- pela autoridade policial, no local em que se encontrar, ve-
ção econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, dada a detenção do agente.
ainda que aplicadas no máximo. § 4o  Concluídos os procedimentos de que trata o §
Art. 44.  Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 2  deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo
o
34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judi-
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a con-
ciária entender conveniente, e em seguida liberado.
versão de suas penas em restritivas de direitos.
§ 5o  Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099,
Parágrafo único.  Nos crimes previstos no caput deste
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais,
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumpri-
mento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata
reincidente específico. de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na
Art. 45.  É isento de pena o agente que, em razão da proposta.
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortui- Art. 49.  Tratando-se de condutas tipificadas nos arts.
to ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as
omissão, qualquer que tenha sido a infração penal prati- circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos
cada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen- no 9.807, de 13 de julho de 1999.
to.

7
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Seção I II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos


Da Investigação e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em
seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
Art. 50.  Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade competente até 3 (três) dias antes da audiência de instru-
de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao ção e julgamento.
juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do Art. 53.  Em qualquer fase da persecução criminal re-
qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 lativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além
(vinte e quatro) horas. dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido
§ 1o  Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla- o Ministério Público, os seguintes procedimentos investi-
grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su- gatórios:
ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por investigação, constituída pelos órgãos especializados per-
pessoa idônea. tinentes;
§ 2o  O perito que subscrever o laudo a que se refere o
II - a não-atuação policial sobre os portadores de dro-
§ 1  deste artigo não ficará impedido de participar da ela-
o
gas, seus precursores químicos ou outros produtos utili-
boração do laudo definitivo.
zados em sua produção, que se encontrem no território
§ 3o   Recebida cópia do auto de prisão em flagrante,
o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
formal do laudo de constatação e determinará a destruição maior número de integrantes de operações de tráfico e dis-
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessá- tribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
ria à realização do laudo definitivo.  (Incluído pela Lei nº Parágrafo único.  Na hipótese do inciso II deste artigo,
12.961, de 2014) a autorização será concedida desde que sejam conhecidos
§ 4o  A destruição das drogas será executada pelo de- o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito
legado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias ou de colaboradores.
na presença do Ministério Público e da autoridade sanitá-
ria. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) Seção II
§ 5o  O local será vistoriado antes e depois de efetiva- Da Instrução Criminal
da a destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado
auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certifican- Art. 54.  Recebidos em juízo os autos do inquérito poli-
do-se neste a destruição total delas.  (Incluído pela Lei nº cial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de in-
12.961, de 2014) formação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no pra-
Art. 50-A.  A destruição de drogas apreendidas sem a zo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incinera- I - requerer o arquivamento;
ção, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data II - requisitar as diligências que entender necessárias;
da apreensão, guardando-se amostra necessária à reali- III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas
zação do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o e requerer as demais provas que entender pertinentes.
procedimento dos §§ 3o a 5odo art. 50.   (Incluído pela Lei Art. 55.  Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notifi-
nº 12.961, de 2014) cação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito,
Art. 51.  O inquérito policial será concluído no prazo de no prazo de 10 (dez) dias.
30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noven- § 1o  Na resposta, consistente em defesa preliminar e
ta) dias, quando solto. exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
Parágrafo único.  Os prazos a que se refere este artigo
todas as razões de defesa, oferecer documentos e justifica-
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Públi-
ções, especificar as provas que pretende produzir e, até o
co, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
judiciária.
Art. 52.  Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta § 2o  As exceções serão processadas em apartado, nos
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
do inquérito ao juízo: outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, § 3o  Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
justificando as razões que a levaram à classificação do de- nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce-
lito, indicando a quantidade e natureza da substância ou dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
do produto apreendido, o local e as condições em que se § 4o  Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco)
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, dias.
a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou § 5o  Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máxi-
II - requererá sua devolução para a realização de dili- mo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso,
gências necessárias. realização de diligências, exames e perícias.
Parágrafo único.  A remessa dos autos far-se-á sem Art. 56.  Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
prejuízo de diligências complementares: hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos
3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento; periciais.

8
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  Tratando-se de condutas tipificadas como infração Art. 61.  Não havendo prejuízo para a produção da pro-
do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o va dos fatos e comprovado o interesse público ou social,
juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante auto-
cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcioná- rização do juízo competente, ouvido o Ministério Público
rio público, comunicando ao órgão respectivo. e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão ser
§ 2o  A audiência a que se refere o caput deste artigo utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao rece- prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção so-
bimento da denúncia, salvo se determinada a realização de cial de usuários e dependentes de drogas e na repressão
avaliação para atestar dependência de drogas, quando se à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
realizará em 90 (noventa) dias. exclusivamente no interesse dessas atividades.
Art. 57.  Na audiência de instrução e julgamento, após o Parágrafo único.  Recaindo a autorização sobre veí-
interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, culos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à auto-
será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do ridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e
Ministério Público e ao defensor do acusado, para susten- controle a expedição de certificado provisório de registro
tação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, e licenciamento, em favor da instituição à qual tenha de-
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. ferido o uso, ficando esta livre do pagamento de multas,
Parágrafo único.  Após proceder ao interrogatório, o encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da
juiz indagará das partes se restou algum fato para ser es- decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.
clarecido, formulando as perguntas correspondentes se o Art. 62.  Os veículos, embarcações, aeronaves e quais-
entender pertinente e relevante. quer outros meios de transporte, os maquinários, utensí-
Art. 58.  Encerrados os debates, proferirá o juiz senten- lios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utiliza-
dos para a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a
ça de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade
os autos para isso lhe sejam conclusos.
de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão reco-
Art. 59.  Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
lhidas na forma de legislação específica.
e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-
§ 1o  Comprovado o interesse público na utilização de
se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes,
qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade
assim reconhecido na sentença condenatória.
de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua respon-
sabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante
CAPÍTULO IV
autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO
§ 2o  Feita a apreensão a que se refere o caput deste
DE BENS DO ACUSADO artigo, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos
como ordem de pagamento, a autoridade de polícia judi-
Art. 60.  O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério ciária que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer
Público ou mediante representação da autoridade de polí- ao juízo competente a intimação do Ministério Público.
cia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios § 3o  Intimado, o Ministério Público deverá requerer
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ao juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário
ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias apreendido em moeda nacional, se for o caso, a compen-
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores consis- sação dos cheques emitidos após a instrução do inquérito,
tentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou que com cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito
constituam proveito auferido com sua prática, proceden- das correspondentes quantias em conta judicial, juntando-
do-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no 3.689, se aos autos o recibo.
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. § 4o  Após a instauração da competente ação penal, o
§ 1o  Decretadas quaisquer das medidas previstas nes- Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá
te artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à
(cinco) dias, apresente ou requeira a produção de provas alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a
acerca da origem lícita do produto, bem ou valor objeto União, por intermédio da Senad, indicar para serem coloca-
da decisão. dos sob uso e custódia da autoridade de polícia judiciária,
§ 2o  Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, de órgãos de inteligência ou militares, envolvidos nas ações
o juiz decidirá pela sua liberação. de prevenção ao uso indevido de drogas e operações de
§ 3o  Nenhum pedido de restituição será conhecido repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades.
juiz determinar a prática de atos necessários à conservação § 5o  Excluídos os bens que se houver indicado para
de bens, direitos ou valores. os fins previstos no § 4o  deste artigo, o requerimento de
§ 4o  A ordem de apreensão ou sequestro de bens, di- alienação deverá conter a relação de todos os demais bens
reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um
Ministério Público, quando a sua execução imediata possa deles, e informações sobre quem os tem sob custódia e o
comprometer as investigações. local onde se encontram.

9
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 6o  Requerida a alienação dos bens, a respectiva pe- TÍTULO V


tição será autuada em apartado, cujos autos terão tramita- DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
ção autônoma em relação aos da ação penal principal.
§ 7o  Autuado o requerimento de alienação, os autos Art. 65.  De conformidade com os princípios da não-in-
serão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo tervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do
de instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e aos
para a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito
decurso do tempo, determinará a avaliação dos bens rela- das Convenções das Nações Unidas e  outros  instrumentos
cionados, cientificará a Senad e intimará a União, o Minis- jurídicos internacionais relacionados à questão das drogas,
tério Público e o interessado, este, se for o caso, por edital de que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quan-
com prazo de 5 (cinco) dias. do solicitado, cooperação a outros países e organismos
§ 8o  Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergên- internacionais e, quando necessário, deles solicitará a co-
cias sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homo- laboração, nas áreas de:
logará o valor atribuído aos bens e determinará sejam alie- I - intercâmbio de informações sobre legislações, ex-
nados em leilão. periências, projetos e programas voltados para atividades
§ 9o  Realizado o leilão, permanecerá depositada em de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção
conta judicial a quantia apurada, até o final da ação penal social de usuários e dependentes de drogas;
respectiva, quando será transferida ao Funad, juntamente II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção
com os valores de que trata o § 3o deste artigo. e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico
§ 10.  Terão apenas efeito devolutivo os recursos inter- de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores
postos contra as decisões proferidas no curso do procedi- químicos;
mento previsto neste artigo. III - intercâmbio de informações policiais e judiciais so-
§ 11.  Quanto aos bens indicados na forma do § 4o des- bre produtores e traficantes de drogas e seus precursores
te artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarca- químicos.
ções ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito
ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição TÍTULO VI
de certificado provisório de registro e licenciamento, em DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
favor da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais
tenha deferido o uso, ficando estes livres do pagamento Art. 66.  Para fins do disposto no parágrafo único do
de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da
julgado da decisão que decretar o seu perdimento em fa- lista mencionada no preceito, denominam-se drogas subs-
vor da União. tâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras
Art. 63.  Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de
sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, maio de 1998.
sequestrado ou declarado indisponível. Art. 67.  A liberação dos recursos previstos na  Lei
§ 1o  Os valores apreendidos em decorrência dos crimes no 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados
tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cau- e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respeito
telar, após decretado o seu perdimento em favor da União, às diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do
serão revertidos diretamente ao Funad. fornecimento de dados necessários à atualização do siste-
§ 2o  Compete à Senad a alienação dos bens apreendi- ma previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias
dos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já judiciárias.
tenha sido decretado em favor da União. Art. 68.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
§ 3o  A Senad poderá firmar convênios de cooperação, nicípios poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados
a fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na prevenção
2o deste artigo. do uso indevido de drogas, atenção e reinserção social de
§ 4o  Transitada em julgado a sentença condenatória, o usuários e dependentes e na repressão da produção não
juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministé- autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
rio Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e Art. 69.  No caso de falência ou liquidação extrajudicial
valores declarados perdidos em favor da União, indicando, de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesqui-
quanto aos bens, o local em que se encontram e a entida- sa, de ensino, ou congêneres, assim como nos serviços de
de ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua saúde que produzirem, venderem, adquirirem, consumi-
destinação nos termos da legislação vigente. rem, prescreverem ou fornecerem drogas ou de qualquer
Art. 64.  A União, por intermédio da Senad, poderá fir- outro em que existam essas substâncias ou produtos, in-
mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com cumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
organismos orientados para a prevenção do uso indevido I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou
de drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou liquidação, sejam lacradas suas instalações;
dependentes e a atuação na repressão à produção não au- II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgen-
torizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na libera- te adoção das medidas necessárias ao recebimento e guar-
ção de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, da, em depósito, das drogas arrecadadas;
para a implantação e execução de programas relacionados III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
à questão das drogas. acompanhar o feito.

10
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  Da licitação para alienação de substâncias ou pro- § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pes-
dutos não proscritos referidos no inciso II do caput deste soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzi-
artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente dos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamen-
habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que to e operação de carga ou descarga.
comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de
arrematado. todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sis-
§ 2o  Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste tema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das
artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta respectivas competências, adotar as medidas destinadas a
pública, destruído pela autoridade sanitária, na presença dos assegurar esse direito.
Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. § 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema
§ 3o  Figurando entre o praceado e não arrematadas es- Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respecti-
pecialidades farmacêuticas em condições de emprego tera- vas competências, objetivamente, por danos causados aos
pêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução
da Saúde, que as destinará à rede pública de saúde. e manutenção de programas, projetos e serviços que ga-
Art. 70.  O processo e o julgamento dos crimes previstos rantam o exercício do direito do trânsito seguro.
nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacio- § 4º (VETADO)
nal, são da competência da Justiça Federal. § 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes
Parágrafo único.  Os crimes praticados nos Municípios ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas
que não sejam sede de vara federal serão processados e jul- ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saú-
gados na vara federal da circunscrição respectiva. de e do meio-ambiente.
Art. 71.  (VETADO) Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as
Art. 72.  Encerrado o processo penal ou arquivado o in- avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as
quérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação do estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado
delegado de polícia ou a requerimento do Ministério Públi-
pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de
co, determinará a destruição das amostras guardadas para
acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias es-
contraprova, certificando isso nos autos.   (Redação dada
peciais.
pela Lei nº 12.961, de 2014)
Parágrafo único.   Para os efeitos deste Código, são
Art. 73.  A União poderá estabelecer convênios com os
consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação
Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e
pública, as vias internas pertencentes aos condomínios
repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e
com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso inde- constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de
vido delas e de possibilitar a atenção e reinserção social de estacionamento de estabelecimentos privados de uso co-
usuários e dependentes de drogas. (Redação dada pela Lei letivo.  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)      (Vi-
nº 12.219, de 2010) gência)
Art. 74.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a
dias após a sua publicação. qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores
Art. 75.  Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele
1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002. expressamente mencionadas.
Brasília,  23  de  agosto  de  2006; 185o da Independência Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os
e 118o da República. efeitos deste Código são os constantes do Anexo I.

CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO
CRIMES TIPIFICADOS NO CÓDIGO DE Seção I
TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI N° 9.503/97). Disposições Gerais

Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto


de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997. Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exer-
cício das atividades de planejamento, administração, nor-
Institui o Código de Trânsito Brasileiro. matização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
formação, habilitação e reciclagem de condutores, educa-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- ção, engenharia, operação do sistema viário, policiamento,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e apli-
cação de penalidades.
CAPÍTULO I Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Trânsito:
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trân-
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terres- sito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defe-
tres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por sa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu
este Código. cumprimento;

11
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padro- III - um representante do Ministério da Ciência e Tec-
nização de critérios técnicos, financeiros e administrativos nologia;
para a execução das atividades de trânsito; IV - um representante do Ministério da Educação e do
III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes Desporto;
de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, V - um representante do Ministério do Exército;
a fim de facilitar o processo decisório e a integração do VI - um representante do Ministério do Meio Ambiente
Sistema. e da Amazônia Legal;
VII - um representante do Ministério dos Transportes;
Seção II  VIII -  (VETADO)
Da Composição e da Competência do Sistema Nacional IX -  (VETADO)
de Trânsito X -  (VETADO)
XI -  (VETADO)
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os XII -  (VETADO)
seguintes órgãos e entidades: XIII -  (VETADO)
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coor- XIV - (VETADO)
denador do Sistema e órgão máximo normativo e consul- XV - (VETADO)
tivo; XVI - (VETADO)
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o XVII -  (VETADO)
Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, XVIII -  (VETADO)
órgãos normativos, consultivos e coordenadores; XIX -  (VETADO)
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da XX - um representante do ministério ou órgão coorde-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; nador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da XXI -  (VETADO)
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; XXII - um representante do Ministério da Saúde.  (In-
V - a Polícia Rodoviária Federal; cluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Fe- XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça.
deral; e
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações
XXIV - 1 (um) representante do Ministério do Desen-
- JARI.
volvimento, Indústria e Comércio Exterior;(Incluído pela Lei
Art. 7o-A.  A autoridade portuária ou a entidade con-
nº 12.865, de 2013)
cessionária de porto organizado poderá celebrar convênios
XXV - 1 (um) representante da Agência Nacional de
com os órgãos previstos no art. 7o, com a interveniência
Transportes Terrestres (ANTT). (Incluído pela Lei nº 12.865,
dos Municípios e Estados, juridicamente interessados, para
de 2013)
o fim específico de facilitar a autuação por descumprimen-
to da legislação de trânsito.      (Incluído pela Lei nº 12.058, § 1º (VETADO)
de 2009) § 2º (VETADO)
§ 1o  O convênio valerá para toda a área física do porto § 3º (VETADO)
organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfandega- Art. 11. (VETADO)
dos, nas estações de transbordo, nas instalações portuárias Art. 12. Compete ao CONTRAN:
públicas de pequeno porte e nos respectivos estaciona- I - estabelecer as normas regulamentares referidas nes-
mentos ou vias de trânsito internas.      (Incluído pela Lei nº te Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
12.058, de 2009) II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsi-
§ 2o  (VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009) to, objetivando a integração de suas atividades;
§ 3o   (VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009) III -  (VETADO)
Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios IV - criar Câmaras Temáticas;
organizarão os respectivos órgãos e entidades executivos V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes
de trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limi- para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;
tes circunscricionais de suas atuações. VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
Art. 9º O Presidente da República designará o ministé- VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das nor-
rio ou órgão da Presidência responsável pela coordenação mas contidas neste Código e nas resoluções complemen-
máxima do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará tares;
vinculado o CONTRAN e subordinado o órgão máximo VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para
executivo de trânsito da União. a aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o re-
Art. 10.  O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), passe dos valores arrecadados; (Redação dada pela Lei nº
com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente do 13.281, de 2016)      (Vigência)
órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a se- IX - responder às consultas que lhe forem formuladas,
guinte composição:(Redação dada pela Lei nº 12.865, de relativas à aplicação da legislação de trânsito;
2013) X - normatizar os procedimentos sobre a aprendiza-
I -  (VETADO) gem, habilitação, expedição de documentos de conduto-
II - (VETADO) res, e registro e licenciamento de veículos;

12
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositivos VII - (VETADO)


de sinalização e os dispositivos e equipamentos de trânsito; VIII - acompanhar e coordenar as atividades de admi-
XII - apreciar os recursos interpostos contra as decisões nistração, educação, engenharia, fiscalização, policiamento
das instâncias inferiores, na forma deste Código; ostensivo de trânsito, formação de condutores, registro e
XIII - avocar, para análise e soluções, processos sobre licenciamento de veículos, articulando os órgãos do Siste-
conflitos de competência ou circunscrição, ou, quando ne- ma no Estado, reportando-se ao CONTRAN;
cessário, unificar as decisões administrativas; e IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência
XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e competên- de trânsito no âmbito dos Municípios; e
cia de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Dis- X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento das
trito Federal. exigências definidas nos §§ 1º e 2º do art. 333.
XV - normatizar o processo de formação do candidato XI - designar, em caso de recursos deferidos e na hi-
à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, estabele- pótese de reavaliação dos exames, junta especial de saúde
cendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga horária, para examinar os candidatos à habilitação para conduzir
avaliações, exames, execução e fiscalização.  (Incluído pela veículos automotores.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, julga-
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
dos pelo órgão, não cabe recurso na esfera administrativa.
Art. 13. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vincu-
Art. 15. Os presidentes dos CETRAN e do CONTRAN-
lados ao CONTRAN, são integradas por especialistas e têm
DIFE são nomeados pelos Governadores dos Estados e do
como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamen- Distrito Federal, respectivamente, e deverão ter reconheci-
to técnico sobre assuntos específicos para decisões daque- da experiência em matéria de trânsito.
le colegiado. § 1º Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE são
§ 1º Cada Câmara é constituída por especialistas re- nomeados pelos Governadores dos Estados e do Distrito
presentantes de órgãos e entidades executivos da União, Federal, respectivamente.
dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, em § 2º Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE de-
igual número, pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsi- verão ser pessoas de reconhecida experiência em trânsito.
to, além de especialistas representantes dos diversos seg- § 3º O mandato dos membros do CETRAN e do CON-
mentos da sociedade relacionados com o trânsito, todos TRANDIFE é de dois anos, admitida a recondução.
indicados segundo regimento específico definido pelo Art. 16. Junto a cada órgão ou entidade executivos de
CONTRAN e designados pelo ministro ou dirigente coor- trânsito ou rodoviário funcionarão Juntas Administrativas
denador máximo do Sistema Nacional de Trânsito. de Recursos de Infrações - JARI, órgãos colegiados respon-
§ 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no pa- sáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra pe-
rágrafo anterior, serão representados por pessoa jurídica nalidades por eles impostas.
e devem atender aos requisitos estabelecidos pelo CON- Parágrafo único. As JARI têm regimento próprio, ob-
TRAN. servado o disposto no inciso VI do art. 12, e apoio admi-
§ 3º Os coordenadores das Câmaras Temáticas serão nistrativo e financeiro do órgão ou entidade junto ao qual
eleitos pelos respectivos membros. funcionem.
§ 4º  (VETADO) Art. 17. Compete às JARI:
I -  (VETADO) I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;
II -  (VETADO) II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de trân-
III -  (VETADO) sito e executivos rodoviários informações complementares
IV - (VETADO) relativas aos recursos, objetivando uma melhor análise da
Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito situação recorrida;
III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos de
- CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
trânsito e executivos rodoviários informações sobre pro-
CONTRANDIFE:
blemas observados nas autuações e apontados em recur-
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
sos, e que se repitam sistematicamente.
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; Art. 18. (VETADO)
II - elaborar normas no âmbito das respectivas com- Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de trân-
petências; sito da União:
III - responder a consultas relativas à aplicação da legis- I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e a
lação e dos procedimentos normativos de trânsito; execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo CON-
IV - estimular e orientar a execução de campanhas TRAN, no âmbito de suas atribuições;
educativas de trânsito; II - proceder à supervisão, à coordenação, à correição
V - julgar os recursos interpostos contra decisões: dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização da exe-
a) das JARI; cução da Política Nacional de Trânsito e do Programa Na-
b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos ca- cional de Trânsito;
sos de inaptidão permanente constatados nos exames de III - articular-se com os órgãos dos Sistemas Nacionais
aptidão física, mental ou psicológica; de Trânsito, de Transporte e de Segurança Pública, obje-
VI - indicar um representante para compor a comissão tivando o combate à violência no trânsito, promovendo,
examinadora de candidatos portadores de deficiência física coordenando e executando o controle de ações para a pre-
à habilitação para conduzir veículos automotores; servação do ordenamento e da segurança do trânsito;

13
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de XXI - promover a realização periódica de reuniões re-
improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a ad- gionais e congressos nacionais de trânsito, bem como pro-
ministração pública ou privada, referentes à segurança do por a representação do Brasil em congressos ou reuniões
trânsito; internacionais;
V - supervisionar a implantação de projetos e progra- XXII - propor acordos de cooperação com organismos
mas relacionados com a engenharia, educação, administra- internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento das ações
ção, policiamento e fiscalização do trânsito e outros, visan- inerentes à segurança e educação de trânsito;
do à uniformidade de procedimento; XXIII - elaborar projetos e programas de formação,
VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem treinamento e especialização do pessoal encarregado da
e habilitação de condutores de veículos, a expedição de execução das atividades de engenharia, educação, policia-
documentos de condutores, de registro e licenciamento de mento ostensivo, fiscalização, operação e administração
veículos; de trânsito, propondo medidas que estimulem a pesquisa
VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira Nacio- científica e o ensino técnico-profissional de interesse do
nal de Habilitação, os Certificados de Registro e o de Licen- trânsito, e promovendo a sua realização;
ciamento Anual mediante delegação aos órgãos executivos XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trânsito
dos Estados e do Distrito Federal; interestadual e internacional;
VIII - organizar e manter o Registro Nacional de Cartei- XXV - elaborar e submeter à aprovação do CONTRAN
ras de Habilitação - RENACH; as normas e requisitos de segurança veicular para fabrica-
IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veículos ção e montagem de veículos, consoante sua destinação;
Automotores - RENAVAM; XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão do
X - organizar a estatística geral de trânsito no território código marca-modelo dos veículos para efeito de registro,
nacional, definindo os dados a serem fornecidos pelos de- emplacamento e licenciamento;
mais órgãos e promover sua divulgação; XXVII - instruir os recursos interpostos das decisões do
XI - estabelecer modelo padrão de coleta de informa- CONTRAN, ao ministro ou dirigente coordenador máximo
ções sobre as ocorrências de acidentes de trânsito e as es- do Sistema Nacional de Trânsito;
tatísticas do trânsito; XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de trân-
XII - administrar fundo de âmbito nacional destinado à sito e submetê-los, com proposta de solução, ao Ministé-
segurança e à educação de trânsito; rio ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de
XIII - coordenar a administração do registro das infra- Trânsito;
ções de trânsito, da pontuação e das penalidades aplicadas XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, administrativo
no prontuário do infrator, da arrecadação de multas e do e financeiro ao CONTRAN.
repasse de que trata o § 1º do art. 320;  (Redação dada pela XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infra-
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) ções de Trânsito (Renainf).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Na- 2016)      (Vigência)
cional de Trânsito informações sobre registros de veículos e § 1º Comprovada, por meio de sindicância, a deficiên-
de condutores, mantendo o fluxo permanente de informa- cia técnica ou administrativa ou a prática constante de atos
ções com os demais órgãos do Sistema; de improbidade contra a fé pública, contra o patrimônio ou
XV - promover, em conjunto com os órgãos competen- contra a administração pública, o órgão executivo de trân-
tes do Ministério da Educação e do Desporto, de acordo sito da União, mediante aprovação do CONTRAN, assumirá
com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a imple- diretamente ou por delegação, a execução total ou parcial
mentação de programas de educação de trânsito nos esta- das atividades do órgão executivo de trânsito estadual que
belecimentos de ensino; tenha motivado a investigação, até que as irregularidades
XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáticos sejam sanadas.
para a educação de trânsito; § 2º O regimento interno do órgão executivo de trân-
XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos so- sito da União disporá sobre sua estrutura organizacional e
bre o trânsito; seu funcionamento.
XVIII - elaborar, juntamente com os demais órgãos e § 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito e
entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e submeter à executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito
aprovação do CONTRAN, a complementação ou alteração Federal e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente,
da sinalização e dos dispositivos e equipamentos de trân- mês a mês, os dados estatísticos para os fins previstos no
sito; inciso X.
XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar os § 4º   (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 13.281, de
manuais e normas de projetos de implementação da sina- 2016)      (Vigência)
lização, dos dispositivos e equipamentos de trânsito apro- Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbi-
vados pelo CONTRAN; to das rodovias e estradas federais:
XX – expedir a permissão internacional para conduzir I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
veículo e o certificado de passagem nas alfândegas me- trânsito, no âmbito de suas atribuições;
diante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando
Distrito Federal ou a entidade habilitada para esse fim pelo operações relacionadas com a segurança pública, com o
poder público federal;  (Redação dada pela lei nº 13.258, objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas,
de 2016) o patrimônio da União e o de terceiros;

14
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infra- VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medidas
ções de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e administrativas cabíveis, relativas a infrações por excesso
os valores provenientes de estada e remoção de veículos, de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como no-
objetos, animais e escolta de veículos de cargas superdi- tificar e arrecadar as multas que aplicar;
mensionadas ou perigosas; IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art.
IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de 95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele
trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e salva- previstas;
mento de vítimas; X - implementar as medidas da Política Nacional de
V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
medidas de segurança relativas aos serviços de remoção XI - promover e participar de projetos e programas de
de veículos, escolta e transporte de carga indivisível; educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabe-
VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais, lecidas pelo CONTRAN;
podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medi- XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste-
das emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a in- pensação de multas impostas na área de sua competência,
terdição de construções e instalações não autorizadas; com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre à celeridade das transferências de veículos e de prontuários
acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou indicando de condutores de uma para outra unidade da Federação;
medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
órgão rodoviário federal; produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga,
VIII - implementar as medidas da Política Nacional de de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio
Segurança e Educação de Trânsito; às ações específicas dos órgãos ambientais locais, quando
IX - promover e participar de projetos e programas de solicitado;
educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabe- XIV - vistoriar veículos que necessitem de autorização
lecidas pelo CONTRAN; especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a
X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema serem observados para a circulação desses veículos.
Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensa- Parágrafo único.  (VETADO)
ção de multas impostas na área de sua competência, com Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos
vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à ce- de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de
leridade das transferências de veículos e de prontuários de sua circunscrição:
condutores de uma para outra unidade da Federação; I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car- II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de forma-
ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar ção, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condu-
apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos tores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão
ambientais. para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos ro- delegação do órgão federal competente;
doviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de segu-
Municípios, no âmbito de sua circunscrição: rança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e licenciar
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de veículos, expedindo o Certificado de Registro e o Licencia-
trânsito, no âmbito de suas atribuições; mento Anual, mediante delegação do órgão federal com-
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsi- petente;
to de veículos, de pedestres e de animais, e promover o IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares,
desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
III - implantar, manter e operar o sistema de sinaliza- V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
ção, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; as medidas administrativas cabíveis pelas infrações previs-
IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os aciden- tas neste Código, excetuadas aquelas relacionadas nos in-
tes de trânsito e suas causas; cisos VI e VIII do art. 24, no exercício regular do Poder de
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de policia- Polícia de Trânsito;
mento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes para VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste
o policiamento ostensivo de trânsito; Código, com exceção daquelas relacionadas nos incisos VII
VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as e VIII do art. 24, notificando os infratores e arrecadando as
penalidades de advertência, por escrito, e ainda as multas e multas que aplicar;
medidas administrativas cabíveis, notificando os infratores VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo-
e arrecadando as multas que aplicar; ção de veículos e objetos;
VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo- VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito da
ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas União a suspensão e a cassação do direito de dirigir e o
superdimensionadas ou perigosas; recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;

15
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terres-
acidentes de trânsito e suas causas; tres, edificações de uso público e edificações privadas de
X - credenciar órgãos ou entidades para a execução uso coletivo, autuar e aplicar as medidas administrativas
de atividades previstas na legislação de trânsito, na forma cabíveis e as penalidades de advertência por escrito e mul-
estabelecida em norma do CONTRAN; ta, por infrações de circulação, estacionamento e parada
XI - implementar as medidas da Política Nacional de previstas neste Código, no exercício regular do poder de
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; polícia de trânsito, notificando os infratores e arrecadan-
XII - promover e participar de projetos e programas de do as multas que aplicar, exercendo iguais atribuições no
educação e segurança de trânsito de acordo com as dire- âmbito de edificações privadas de uso coletivo, somente
trizes estabelecidas pelo CONTRAN; para infrações de uso de vagas reservadas em estaciona-
mentos;  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste-
gência)
ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
VII - aplicar as penalidades de advertência por escri-
pensação de multas impostas na área de sua competência,
to e multa, por infrações de circulação, estacionamento e
com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e parada previstas neste Código, notificando os infratores e
à celeridade das transferências de veículos e de prontuários arrecadando as multas que aplicar;
de condutores de uma para outra unidade da Federação; VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medi-
XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos de das administrativas cabíveis relativas a infrações por exces-
trânsito e executivos rodoviários municipais, os dados ca- so de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como
dastrais dos veículos registrados e dos condutores habilita- notificar e arrecadar as multas que aplicar;
dos, para fins de imposição e notificação de penalidades e IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art.
de arrecadação de multas nas áreas de suas competências; 95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele
XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído previstas;
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car- X - implantar, manter e operar sistema de estaciona-
ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar mento rotativo pago nas vias;
apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos XI - arrecadar valores provenientes de estada e remo-
ambientais locais; ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas
XVI - articular-se com os demais órgãos do Sistema superdimensionadas ou perigosas;
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do res- XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado-
tar medidas de segurança relativas aos serviços de remo-
pectivo CETRAN.
ção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste-
Distrito Federal:
ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
I -  (VETADO) pensação de multas impostas na área de sua competência,
II - (VETADO) com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e
III - executar a fiscalização de trânsito, quando e con- à celeridade das transferências de veículos e de prontuários
forme convênio firmado, como agente do órgão ou entida- dos condutores de uma para outra unidade da Federação;
de executivos de trânsito ou executivos rodoviários, conco- XIV - implantar as medidas da Política Nacional de
mitantemente com os demais agentes credenciados; Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
IV - (VETADO) XV - promover e participar de projetos e programas de
V - (VETADO) educação e segurança de trânsito de acordo com as dire-
VI - (VETADO) trizes estabelecidas pelo CONTRAN;
VII -  (VETADO) XVI - planejar e implantar medidas para redução da cir-
Parágrafo único.  (VETADO) culação de veículos e reorientação do tráfego, com o obje-
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos tivo de diminuir a emissão global de poluentes;
de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscri- XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veí-
ção:   (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015) culos de tração e propulsão humana e de tração animal, fis-
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de calizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando
multas decorrentes de infrações;   (Redação dada pela Lei
trânsito, no âmbito de suas atribuições;
nº 13.154, de 2015)
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsi-
XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de
to de veículos, de pedestres e de animais, e promover o
propulsão humana e de tração animal;
desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema
III - implantar, manter e operar o sistema de sinaliza- Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do res-
ção, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; pectivo CETRAN;
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
os acidentes de trânsito e suas causas; produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga,
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio
ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento os- às ações específicas de órgão ambiental local, quando so-
tensivo de trânsito; licitado;

16
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização IV - quando uma pista de rolamento comportar várias
especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita
serem observados para a circulação desses veículos. destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de
§ 1º As competências relativas a órgão ou entidade maior porte, quando não houver faixa especial a eles des-
municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão tinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao
ou entidade executivos de trânsito. deslocamento dos veículos de maior velocidade;
§ 2º Para exercer as competências estabelecidas neste V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos
artigo, os Municípios deverão integrar-se ao Sistema Na- acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou
cional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Có- se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento;
VI - os veículos precedidos de batedores terão priori-
digo.
dade de passagem, respeitadas as demais normas de cir-
Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema
culação;
Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e
as atividades previstas neste Código, com vistas à maior salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação
eficiência e à segurança para os usuários da via. de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trân-
Parágrafo único. Os órgãos e entidades de trânsito po- sito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada,
derão prestar serviços de capacitação técnica, assessoria e quando em serviço de urgência e devidamente identifica-
monitoramento das atividades relativas ao trânsito durante dos por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e
prazo a ser estabelecido entre as partes, com ressarcimento iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes
dos custos apropriados. disposições:
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indi-
CAPÍTULO III cando a proximidade dos veículos, todos os condutores
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda,
indo para a direita da via e parando, se necessário;
Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem: b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão
I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veí-
ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de culo já tiver passado pelo local;
animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilumi-
nação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da
privadas;
efetiva prestação de serviço de urgência;
II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigo-
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento
so, atirando, depositando ou abandonando na via objetos
deverá se dar com velocidade reduzida e com os devidos
ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo. cuidados de segurança, obedecidas as demais normas des-
Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas te Código;
vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as VIII - os veículos prestadores de serviços de utilidade
boas condições de funcionamento dos equipamentos de pública, quando em atendimento na via, gozam de livre pa-
uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de rada e estacionamento no local da prestação de serviço,
combustível suficiente para chegar ao local de destino. desde que devidamente sinalizados, devendo estar identi-
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter do- ficados na forma estabelecida pelo CONTRAN;
mínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimen-
indispensáveis à segurança do trânsito. to deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres aber- regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Có-
tas à circulação obedecerá às seguintes normas: digo, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi- sinalizando o propósito de entrar à esquerda;
tindo-se as exceções devidamente sinalizadas; X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra-
II - o condutor deverá guardar distância de seguran- passagem, certificar-se de que:
ça lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem a) nenhum condutor que venha atrás haja começado
como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no uma manobra para ultrapassá-lo;
b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja
momento, a velocidade e as condições do local, da circula-
indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
ção, do veículo e as condições climáticas;
c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa ex-
III - quando veículos, transitando por fluxos que se cru- tensão suficiente para que sua manobra não ponha em pe-
zem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferên- rigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário;
cia de passagem: XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de ro- a) indicar com antecedência a manobra pretendida,
dovia, aquele que estiver circulando por ela; acionando a luz indicadora de direção do veículo ou por
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando meio de gesto convencional de braço;
por ela; b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultra-
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condu- passa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral de
tor; segurança;

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão
trânsito de origem, acionando a luz indicadora de direção à esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos
do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, ado- locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor
tando os cuidados necessários para não pôr em perigo ou deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a
obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou; pista com segurança.
XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em
preferência de passagem sobre os demais, respeitadas as outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:
normas de circulação. I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má-
XIII - (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 13.281, de ximo possível do bordo direito da pista e executar sua ma-
2016)      (Vigência) nobra no menor espaço possível;
§ 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alí- II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o
neas  a e b do inciso X e a e b  do inciso XI aplicam-se à máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da pista,
transposição de faixas, que pode ser realizada tanto pela quando houver, caso se trate de uma pista com circulação
faixa da esquerda como pela da direita. nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, tratando-se de
§ 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta uma pista de um só sentido.
estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veí- Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de
culos de maior porte serão sempre responsáveis pela segu- direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres
rança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário
e, juntos, pela incolumidade dos pedestres. pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de
Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o preferência de passagem.
segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá: Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslo- ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio
car-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha; de sinalização, quer pela existência de locais apropriados,
II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de se-
naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha. gurança e fluidez, observadas as características da via, do
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em veículo, das condições meteorológicas e da movimentação
fila, deverão manter distância suficiente entre si para per- de pedestres e ciclistas.
mitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às se-
na fila com segurança. guintes determinações:
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapas-
lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis
sar um veículo de transporte coletivo que esteja parado,
providos de iluminação pública e nas rodovias;  (Redação
efetuando embarque ou desembarque de passageiros, de-
dada pela Lei  nº 13.290, de 2016)     (Vigência)
verá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada
II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz
ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo;
Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente
vias com duplo sentido de direção e pista única, nos tre-
e por curto período de tempo, com o objetivo de advertir
chos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas
outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a in-
passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas travessias tenção de ultrapassar o veículo que segue à frente ou para
de pedestres, exceto quando houver sinalização permitin- indicar a existência de risco à segurança para os veículos
do a ultrapassagem. que circulam no sentido contrário;
Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condu- IV - o condutor manterá acesas pelo menos as luzes
tor não poderá efetuar ultrapassagem. de posição do veículo quando sob chuva forte, neblina ou
Art. 34. O condutor que queira executar uma mano- cerração;
bra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou situações:
vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção a) em imobilizações ou situações de emergência;
e sua velocidade. b) quando a regulamentação da via assim o determi-
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que impli- nar;
que um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar VI - durante a noite, em circulação, o condutor manterá
seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, acesa a luz de placa;
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
fazendo gesto convencional de braço. posição quando o veículo estiver parado para fins de em-
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral barque ou desembarque de passageiros e carga ou descar-
a transposição de faixas, movimentos de conversão à direi- ga de mercadorias.
ta, à esquerda e retornos. Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, proce- gular de passageiros, quando circularem em faixas próprias
dente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão utilizar-
aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando. se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de § 3º O estacionamento dos veículos sem abandono
buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações: do condutor poderá ser feito somente nos locais previstos
I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar neste Código ou naqueles regulamentados por sinalização
acidentes; específica.
II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente ad- Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir
vertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapas- a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo
sá-lo. sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente para eles e para outros usuários da via.
seu veículo, salvo por razões de segurança. Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor.
observar constantemente as condições físicas da via, do Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas
veículo e da carga, as condições meteorológicas e a inten- adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições
sidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou enti-
velocidade estabelecidos para a via, além de: dade com circunscrição sobre a via.
I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios
em circulação sem causa justificada, transitando a uma ve- constituídos por unidades autônomas, a sinalização de
locidade anormalmente reduzida; regulamentação da via será implantada e mantida às ex-
II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu pensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo
veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo sem órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.
risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzi-
ser que haja perigo iminente; dos pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio)
III - indicar, de forma clara, com a antecedência neces- ou acostamento, sempre que não houver faixa especial a
sária e a sinalização devida, a manobra de redução de ve- eles destinada, devendo seus condutores obedecer, no que
locidade. couber, às normas de circulação previstas neste Código e
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruza- às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com
mento, o condutor do veículo deve demonstrar prudência circunscrição sobre a via.
especial, transitando em velocidade moderada, de forma Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem
que possa deter seu veículo com segurança para dar pas- circular nas vias quando conduzidos por um guia, observa-
sagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de pre- do o seguinte:
ferência. I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deve-
rão ser divididos em grupos de tamanho moderado e se-
Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo
parados uns dos outros por espaços suficientes para não
lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma
obstruir o trânsito;
interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imo-
II - os animais que circularem pela pista de rolamento
bilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou im-
deverão ser mantidos junto ao bordo da pista.
pedindo a passagem do trânsito transversal.
Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e
Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tem-
ciclomotores só poderão circular nas vias:
porária de um veículo no leito viário, em situação de emer- I - utilizando capacete de segurança, com viseira ou
gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização de óculos protetores;
advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN. II - segurando o guidom com as duas mãos;
Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a III - usando vestuário de proteção, de acordo com as
parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para especificações do CONTRAN.
embarque ou desembarque de passageiros, desde que não Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e
interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção ciclomotores só poderão ser transportados:
de pedestres. I - utilizando capacete de segurança;
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em assen-
regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição to suplementar atrás do condutor;
sobre a via e é considerada estacionamento. III - usando vestuário de proteção, de acordo com as
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e especificações do CONTRAN.
nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no Art. 56.  (VETADO)
sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela di-
e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exceções reita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da
devidamente sinalizadas. faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que
§ 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos pa- não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada,
rados, estacionados ou em operação de carga ou descarga proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre
deverão estar situados fora da pista de rolamento. as calçadas das vias urbanas.
§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados de Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
duas rodas será feito em posição perpendicular à guia da mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso
calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver sina- exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deverão
lização que determine outra condição. circular pela faixa adjacente à da direita.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à
circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não hou- metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as
ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for condições operacionais de trânsito e da via.
possível a utilização destes, nos bordos da pista de rola- Art. 63.  (VETADO)
mento, no mesmo sentido de circulação regulamentado Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos de-
para a via, com preferência sobre os veículos automotores. vem ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns- regulamentadas pelo CONTRAN.
crição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicle- Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para
tas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, condutor e passageiros em todas as vias do território na-
desde que dotado o trecho com ciclofaixa. cional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinaliza- Art. 66.  (VETADO)
do pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclu-
será permitida a circulação de bicicletas nos passeios. sive seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão
Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua ser realizadas mediante prévia permissão da autoridade de
utilização, classificam-se em: trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão de:
I - vias urbanas: I - autorização expressa da respectiva confederação
a) via de trânsito rápido; desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas;
b) via arterial; II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos ma-
c) via coletora; teriais à via;
d) via local; III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em
II - vias rurais: favor de terceiros;
a) rodovias; IV - prévio recolhimento do valor correspondente aos
b) estradas. custos operacionais em que o órgão ou entidade permis-
Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será sionária incorrerá.
indicada por meio de sinalização, obedecidas suas caracte- Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre
rísticas técnicas e as condições de trânsito. a via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e do
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a contrato de seguro. 
velocidade máxima será de:
I - nas vias urbanas: CAPÍTULO III-A
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito (Incluído Lei nº 12.619, de 2012) (Vigência)
rápido: CAPÍTULO III-A
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais; DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS POR MOTORISTAS
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras; PROFISSIONAIS
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
II - nas vias rurais: Art. 67-A.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos mo-
a) nas rodovias de pista dupla:  (Redação dada pela Lei toristas profissionais:  (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
nº 13.281, de 2016)      (Vigência) 2015)     (Vigência)
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros; (In-
automóveis, camionetas e motocicletas;   (Redação dada cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) II - de transporte rodoviário de cargas.   (Incluído pela
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
demais veículos;   (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 1o  (Revogado).   (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2016)      (Vigência) 2015)     (Vigência)
3. (revogado);   (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 2o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2016)      (Vigência) de 2015)     (Vigência)
b) nas rodovias de pista simples:  (Redação dada pela § 3o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) de 2015)     (Vigência)
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para auto-  § 4o  (Revogado).   (Redação dada pela Lei nº 13.103,
móveis, camionetas e motocicletas;  (Invcluído pela Lei nº de 2015)     (Vigência)
13.281, de 2016)      (Vigência) § 5o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os de- de 2015)     (Vigência)
mais veículos;  (Invcluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi- § 6o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
gência) de 2015)     (Vigência)
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por § 7o  (Revogado).   (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
hora).  (Invcluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) 2015)     (Vigência)
§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com  § 8o  (VETADO).  (Incluído Lei nº 12.619, de 2012) (Vi-
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio gência)
de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas   Art 67-B.   VETADO).  (Incluído Lei nº 12.619, de
estabelecidas no parágrafo anterior. 2012) (Vigência)

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 67-C.   É vedado ao motorista profissional dirigir § 1o A não observância dos períodos de descanso es-
por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos tabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista profissional
de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de às penalidades daí decorrentes, previstas neste Código. (In-
transporte rodoviário de cargas.(Redação dada pela Lei nº cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
13.103, de 2015)     (Vigência) § 2o O tempo de direção será controlado mediante re-
§ 1o Serão observados 30 (trinta) minutos para descan- gistrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo e,
so dentro de cada 6 (seis) horas na condução de veículo de ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta
transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento ou ficha de trabalho externo, ou por meios eletrônicos ins-
e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5 talados no veículo, conforme norma do Contran. (Incluído
(cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução. pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
(Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) § 3o  O equipamento eletrônico ou registrador deverá
§ 1o-A.   Serão observados 30 (trinta) minutos para funcionar de forma independente de qualquer interferên-
cia do condutor, quanto aos dados registrados.  (Incluído
descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo
pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fracio-
§ 4o  A guarda, a preservação e a exatidão das infor-
namento e o do tempo de direção.  (Incluído pela Lei nº mações contidas no equipamento registrador instantâ-
13.103, de 2015)     (Vigência) neo inalterável de velocidade e de tempo são de respon-
§ 2o  Em situações excepcionais de inobservância jus- sabilidade do condutor.(Incluído pela Lei nº 13.103, de
tificada do tempo de direção, devidamente registradas, o 2015)     (Vigência)
tempo de direção poderá ser elevado pelo período neces-
sário para que o condutor, o veículo e a carga cheguem a CAPÍTULO IV
um lugar que ofereça a segurança e o atendimento deman- DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE VEÍCULOS NÃO
dados, desde que não haja comprometimento da seguran- MOTORIZADOS
ça rodoviária. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vi-
gência) Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos pas-
§ 3o O condutor é obrigado, dentro do período de 24 seios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos
(vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze) acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a
horas de descanso, que podem ser fracionadas, usufruídas autoridade competente permitir a utilização de parte da
no veículo e coincidir com os intervalos mencionados no calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao
§ 1o, observadas no primeiro período 8 (oito) horas inin- fluxo de pedestres.
terruptas de descanso. (Incluído pela Lei nº 13.103, de § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta
equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.
2015)     (Vigência)
§ 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios
§ 4o Entende-se como tempo de direção ou de condu-
ou quando não for possível a utilização destes, a circulação
ção apenas o período em que o condutor estiver efetiva- de pedestres na pista de rolamento será feita com priorida-
mente ao volante, em curso entre a origem e o destino. (In- de sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única,
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações
§ 5o  Entende-se como início de viagem a partida do em que a segurança ficar comprometida.
veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga, conside- § 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento
rando-se como sua continuação as partidas nos dias sub- ou quando não for possível a utilização dele, a circulação
sequentes até o destino.  (Incluído pela Lei nº 13.103, de de pedestres, na pista de rolamento, será feita com priori-
2015)     (Vigência) dade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única,
§ 6o  O condutor somente iniciará uma viagem após em sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto
o cumprimento integral do intervalo de descanso pre- em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que
visto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.103, de a segurança ficar comprometida.
2015)     (Vigência) § 4º (VETADO)
§ 7o  Nenhum transportador de cargas ou coletivo de § 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de
passageiros, embarcador, consignatário de cargas, opera- arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio desti-
dor de terminais de carga, operador de transporte multi- nado à circulação dos pedestres, que não deverão, nessas
condições, usar o acostamento.
modal de cargas ou agente de cargas ordenará a qualquer
§ 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passa-
motorista a seu serviço, ainda que subcontratado, que con-
gem para pedestres, o órgão ou entidade com circunscri-
duza veículo referido no caput sem a observância do dis- ção sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e pro-
posto no § 6o.(Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vi- teção para circulação de pedestres.
gência) Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre
  Art. 67-D.  (VETADO).  (Incluído Lei nº 12.619, de tomará precauções de segurança, levando em conta, prin-
2012) (Vigência) cipalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos
Art. 67-E.  O motorista profissional é responsável por veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele
controlar e registrar o tempo de condução estipulado no destinadas sempre que estas existirem numa distância de
art. 67-C, com vistas à sua estrita observância.  (Incluído até cinquenta metros dele, observadas as seguintes dispo-
pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) sições:

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento § 1º É obrigatória a existência de coordenação educa-
da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu cional em cada órgão ou entidade componente do Sistema
eixo; Nacional de Trânsito.
II - para atravessar uma passagem sinalizada para pe- § 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito
destres ou delimitada por marcas sobre a pista: deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional
a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indica- ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públi-
ções das luzes; cas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo
b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que CONTRAN.
o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os te-
veículos; mas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional
III - nas interseções e em suas proximidades, onde não que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou en-
existam faixas de travessia, os pedestres devem atravessar tidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos
a via na continuação da calçada, observadas as seguintes períodos referentes às férias escolares, feriados prolonga-
normas:
dos e à Semana Nacional de Trânsito.
a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de
de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos;
Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito
b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedes-
de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades lo-
tres não deverão aumentar o seu percurso, demorar-se ou
parar sobre ela sem necessidade. cais.
Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via § 2º As campanhas de que trata este artigo são de ca-
sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade ráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora
de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, de sons e imagens explorados pelo poder público são obri-
onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código. gados a difundi-las gratuitamente, com a frequência reco-
Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização mendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional
semafórica de controle de passagem será dada preferência de Trânsito.
aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mes- Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na
mo em caso de mudança do semáforo liberando a passa- pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de
gem dos veículos. planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e en-
Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre tidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da
a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, se- nas respectivas áreas de atuação.
gurança e sinalização. Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo,
o Ministério da Educação e do Desporto, mediante pro-
CAPÍTULO V posta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Uni-
DO CIDADÃO versidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio,
promoverá:
Art. 72. Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um cur-
solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sistema rículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre
Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e implantação segurança de trânsito;
de equipamentos de segurança, bem como sugerir altera- II - a adoção de conteúdos relativos à educação para
ções em normas, legislação e outros assuntos pertinentes o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o
a este Código. treinamento de professores e multiplicadores;
Art. 73. Os órgãos ou entidades pertencentes ao Siste-
III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para
ma Nacional de Trânsito têm o dever de analisar as solici-
levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao
tações e responder, por escrito, dentro de prazos mínimos,
trânsito;
sobre a possibilidade ou não de atendimento, esclarecendo
IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de
ou justificando a análise efetuada, e, se pertinente, infor-
mando ao solicitante quando tal evento ocorrerá. trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários
Parágrafo único. As campanhas de trânsito devem es- de trânsito, com vistas à integração universidades-socieda-
clarecer quais as atribuições dos órgãos e entidades per- de na área de trânsito.
tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como proce- Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá
der a tais solicitações. ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN,
estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a
CAPÍTULO VI serem seguidas nos primeiros socorros em caso de aciden-
DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO te de trânsito.
Parágrafo único. As campanhas terão caráter perma-
Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e nente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS,
constitui dever prioritário para os componentes do Sistema sendo intensificadas nos períodos e na forma estabeleci-
Nacional de Trânsito. dos no art. 76.

22
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 77-A.  São assegurados aos órgãos ou entidades III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete
componentes do Sistema Nacional de Trânsito os meca- reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e cinco reais),
nismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a veiculação cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de reincidên-
de mensagens educativas de trânsito em todo o território cia.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigên-
nacional, em caráter suplementar às campanhas previstas cia)
nos arts. 75 e 77.       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). § 1o  As sanções serão aplicadas isolada ou cumulati-
Art. 77-B.  Toda peça publicitária destinada à divulga- vamente, conforme dispuser o regulamento.  (Incluído pela
ção ou promoção, nos meios de comunicação social, de Lei nº 12.006, de 2009).
produto oriundo da indústria automobilística ou afim, in- § 2o  Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo,
cluirá, obrigatoriamente, mensagem educativa de trânsito qualquer infração acarretará a imediata suspensão da vei-
a ser conjuntamente veiculada.  (Incluído pela Lei nº 12.006, culação da peça publicitária até que sejam cumpridas as
de 2009). exigências fixadas nos arts. 77-A a 77-D. (Incluído pela Lei
§ 1o  Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, conside- nº 12.006, de 2009).
ram-se produtos oriundos da indústria automobilística ou Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do
afins:(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por
intermédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão
I – os veículos rodoviários automotores de qualquer
programas destinados à prevenção de acidentes.
espécie, incluídos os de passageiros e os de carga;       (In-
Parágrafo único. O percentual de dez por cento do to-
cluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
tal dos valores arrecadados destinados à Previdência Social,
II – os componentes, as peças e os acessórios utilizados
do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais cau-
nos veículos mencionados no inciso I. (Incluído pela Lei nº sados por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT,
12.006, de 2009). de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974,
§ 2o  O disposto no caput deste artigo aplica-se à pro- serão repassados mensalmente ao Coordenador do Siste-
paganda de natureza comercial, veiculada por iniciativa do ma Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em pro-
fabricante do produto, em qualquer das seguintes modali- gramas de que trata este artigo.
dades: (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito
I – rádio;       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). poderão firmar convênio com os órgãos de educação da
II – televisão;(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
III – jornal;(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas
IV – revista;       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). neste capítulo.
V – outdoor.(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
§ 3o  Para efeito do disposto no § 2o, equiparam-se ao CAPÍTULO VII
fabricante o montador, o encarroçador, o importador e o DA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO
revendedor autorizado dos veículos e demais produtos dis-
criminados no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.006, Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo
de 2009). da via, sinalização prevista neste Código e em legislação
Art. 77-C.  Quando se tratar de publicidade veiculada complementar, destinada a condutores e pedestres, veda-
em  outdoor  instalado à margem de rodovia, dentro ou da a utilização de qualquer outra.
fora da respectiva faixa de domínio, a obrigação prevista § 1º A sinalização será colocada em posição e condi-
no art. 77-B estende-se à propaganda de qualquer tipo de ções que a tornem perfeitamente visível e legível durante o
produto e anunciante, inclusive àquela de caráter institu- dia e a noite, em distância compatível com a segurança do
cional ou eleitoral.      (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). trânsito, conforme normas e especificações do CONTRAN.
Art. 77-D.  O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) § 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experi-
especificará o conteúdo e o padrão de apresentação das mental e por período prefixado, a utilização de sinalização
não prevista neste Código.
mensagens, bem como os procedimentos envolvidos na
§ 3º  A responsabilidade pela instalação da sinalização
respectiva veiculação, em conformidade com as diretrizes
nas vias internas pertencentes aos condomínios constituí-
fixadas para as campanhas educativas de trânsito a que se
dos por unidades autônomas e nas vias e áreas de esta-
refere o art. 75.       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
cionamento de estabelecimentos privados de uso coleti-
Art. 77-E.  A veiculação de publicidade feita em de- vo é de seu proprietário.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
sacordo com as condições fixadas nos arts. 77-A a 77-D 2016)      (Vigência)
constitui infração punível com as seguintes sanções:(Incluí- Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é proibido co-
do pela Lei nº 12.006, de 2009). locar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário
I – advertência por escrito;(Incluído pela Lei nº 12.006, que possam gerar confusão, interferir na visibilidade da si-
de 2009). nalização e comprometer a segurança do trânsito.
II – suspensão, nos veículos de divulgação da publi- Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito
cidade, de qualquer outra propaganda do produto, pelo e respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo de
prazo de até 60 (sessenta) dias;(Incluído pela Lei nº 12.006, publicidade, inscrições, legendas e símbolos que não se re-
de 2009). lacionem com a mensagem da sinalização.

23
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer CAPÍTULO VIII


legendas ou símbolos ao longo das vias condiciona-se à DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO, DA OPERAÇÃO, DA
prévia aprovação do órgão ou entidade com circunscrição FISCALIZAÇÃO E DO POLICIAMENTO OSTENSIVO DE
sobre a via. TRÂNSITO
Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com circuns-
crição sobre a via poderá retirar ou determinar a imediata Art. 91. O CONTRAN estabelecerá as normas e regu-
retirada de qualquer elemento que prejudique a visibilida- lamentos a serem adotados em todo o território nacional
de da sinalização viária e a segurança do trânsito, com ônus quando da implementação das soluções adotadas pela En-
para quem o tenha colocado. genharia de Tráfego, assim como padrões a serem pratica-
dos por todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional
Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade de
de Trânsito.
trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de pedes-
Art. 92.  (VETADO)
tres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou demar-
Art. 93. Nenhum projeto de edificação que possa trans-
cadas no leito da via. formar-se em pólo atrativo de trânsito poderá ser aprovado
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, ofici- sem prévia anuência do órgão ou entidade com circuns-
nas, estacionamentos ou garagens de uso coletivo deverão crição sobre a via e sem que do projeto conste área para
ter suas entradas e saídas devidamente identificadas, na estacionamento e indicação das vias de acesso adequadas.
forma regulamentada pelo CONTRAN. Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à se-
Art. 86-A.  As vagas de estacionamento regulamentado gurança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na
de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e ime-
sinalizadas com as respectivas placas indicativas de desti- diatamente sinalizado.
nação e com placas informando os dados sobre a infração Parágrafo único. É proibida a utilização das ondulações
por estacionamento indevido.  (Incluído pela Lei nº 13.146, transversais e de sonorizadores como redutores de veloci-
de 2015)      (Vigência) dade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou en-
Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em: tidade competente, nos padrões e critérios estabelecidos
I - verticais; pelo CONTRAN.
II - horizontais; Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar
III - dispositivos de sinalização auxiliar; ou interromper a livre circulação de veículos e pedestres,
IV - luminosos; ou colocar em risco sua segurança, será iniciada sem per-
missão prévia do órgão ou entidade de trânsito com cir-
V - sonoros;
cunscrição sobre a via.
VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.
§ 1º A obrigação de sinalizar é do responsável pela exe-
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entre- cução ou manutenção da obra ou do evento.
gue após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a § 2º Salvo em casos de emergência, a autoridade de
realização de obras ou de manutenção, enquanto não esti- trânsito com circunscrição sobre a via avisará a comunida-
ver devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de de, por intermédio dos meios de comunicação social, com
forma a garantir as condições adequadas de segurança na quarenta e oito horas de antecedência, de qualquer interdi-
circulação. ção da via, indicando-se os caminhos alternativos a serem
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras utilizados.
deverá ser afixada sinalização específica e adequada. § 3º  O descumprimento do disposto neste artigo será
Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de preva- punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um reais e trinta e
lência: cinco centavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e oitenta e oito
I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas de reais e dez centavos), independentemente das cominações
circulação e outros sinais; cíveis e penais cabíveis, além de multa diária no mesmo
II - as indicações do semáforo sobre os demais sinais; valor até a regularização da situação, a partir do prazo fi-
III - as indicações dos sinais sobre as demais normas nal concedido pela autoridade de trânsito, levando-se em
de trânsito. consideração a dimensão da obra ou do evento e o pre-
Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste juízo causado ao trânsito.  (Redação pela Lei nº 13.281, de
2016)      (Vigência)
Código por inobservância à sinalização quando esta for in-
§ 4º Ao servidor público responsável pela inobservân-
suficiente ou incorreta.
cia de qualquer das normas previstas neste e nos arts. 93
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição
e 94, a autoridade de trânsito aplicará multa diária na base
sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, de cinquenta por cento do dia de vencimento ou remune-
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta co- ração devida enquanto permanecer a irregularidade.
locação.
§ 2º O CONTRAN editará normas complementares no
que se refere à interpretação, colocação e uso da sinaliza-
ção.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO IX Art. 98. Nenhum proprietário ou responsável poderá,


DOS VEÍCULOS sem prévia autorização da autoridade competente, fazer
Seção I ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de
Disposições Gerais suas características de fábrica.
Parágrafo único. Os veículos e motores novos ou usa-
Art. 96. Os veículos classificam-se em: dos que sofrerem alterações ou conversões são obrigados
I - quanto à tração: a atender aos mesmos limites e exigências de emissão de
a) automotor; poluentes e ruído previstos pelos órgãos ambientais com-
b) elétrico; petentes e pelo CONTRAN, cabendo à entidade executora
c) de propulsão humana; das modificações e ao proprietário do veículo a responsa-
d) de tração animal; bilidade pelo cumprimento das exigências.
e) reboque ou semi-reboque; Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias terrestres
II - quanto à espécie: o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos limites es-
a) de passageiros: tabelecidos pelo CONTRAN.
1 - bicicleta; § 1º O excesso de peso será aferido por equipamento
2 - ciclomotor; de pesagem ou pela verificação de documento fiscal, na
3 - motoneta; forma estabelecida pelo CONTRAN.
4 - motocicleta; § 2º Será tolerado um percentual sobre os limites de
5 - triciclo; peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de veí-
6 - quadriciclo; culos à superfície das vias, quando aferido por equipamen-
7 - automóvel; to, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
8 - microônibus; § 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados na pe-
9 - ônibus; sagem de veículos serão aferidos de acordo com a meto-
10 - bonde; dologia e na periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN,
11 - reboque ou semi-reboque; ouvido o órgão ou entidade de metrologia legal.
12 - charrete; Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos
b) de carga:
poderá transitar com lotação de passageiros, com peso
1 - motoneta;
bruto total, ou com peso bruto total combinado com peso
2 - motocicleta;
por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, nem ultrapas-
3 - triciclo;
sar a capacidade máxima de tração da unidade tratora.
4 - quadriciclo;
§ 1º  Os veículos de transporte coletivo de passageiros
5 - caminhonete;
poderão ser dotados de pneus extralargos.  (Incluído pela
6 - caminhão;
Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência)
7 - reboque ou semi-reboque;
8 - carroça; § 2º  O Contran regulamentará o uso de pneus extralar-
9 - carro-de-mão; gos para os demais veículos.  (Incluído pela Lei nº 13.281,
c) misto: de 2016)      (Vigência)
1 - camioneta; § 3º  É permitida a fabricação de veículos de transporte
2 - utilitário; de passageiros de até 15 m (quinze metros) de compri-
3 - outros; mento na configuração de chassi 8x2. (Incluído pela Lei nº
d) de competição; 13.281, de 2016)      (Vigência)
e) de tração: Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utiliza-
1 - caminhão-trator; do no transporte de carga indivisível, que não se enquadre
2 - trator de rodas; nos limites de peso e dimensões estabelecidos pelo CON-
3 - trator de esteiras; TRAN, poderá ser concedida, pela autoridade com circuns-
4 - trator misto; crição sobre a via, autorização especial de trânsito, com
f) especial; prazo certo, válida para cada viagem, atendidas as medidas
g) de coleção; de segurança consideradas necessárias.
III - quanto à categoria: § 1º A autorização será concedida mediante reque-
a) oficial; rimento que especificará as características do veículo ou
b) de representação diplomática, de repartições consu- combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e o
lares de carreira ou organismos internacionais acreditados horário do deslocamento inicial.
junto ao Governo brasileiro; § 2º A autorização não exime o beneficiário da respon-
c) particular; sabilidade por eventuais danos que o veículo ou a combi-
d) de aluguel; nação de veículos causar à via ou a terceiros.
e) de aprendizagem. § 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre cami-
Art. 97. As características dos veículos, suas especifica- nhões poderá ser concedida, pela autoridade com circuns-
ções básicas, configuração e condições essenciais para re- crição sobre a via, autorização especial de trânsito, com
gistro, licenciamento e circulação serão estabelecidas pelo prazo de seis meses, atendidas as medidas de segurança
CONTRAN, em função de suas aplicações. consideradas necessárias.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 102. O veículo de carga deverá estar devidamente III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos
equipado quando transitar, de modo a evitar o derrama- automotores, segundo normas estabelecidas pelo CON-
mento da carga sobre a via. TRAN;
Parágrafo único. O CONTRAN fixará os requisitos mí- IV - (VETADO)
nimos e a forma de proteção das cargas de que trata este V - dispositivo destinado ao controle de emissão de
artigo, de acordo com a sua natureza. gases poluentes e de ruído, segundo normas estabelecidas
pelo CONTRAN.
Seção II VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna
Da Segurança dos Veículos
dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor
do lado esquerdo.
Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando
atendidos os requisitos e condições de segurança estabele- VII - equipamento suplementar de retenção -  air
cidos neste Código e em normas do CONTRAN. bag frontal para o condutor e o passageiro do banco dian-
§ 1º Os fabricantes, os importadores, os montadores e teiro.  (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009)
os encarroçadores de veículos deverão emitir certificado de § 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos
segurança, indispensável ao cadastramento no RENAVAM, obrigatórios dos veículos e determinará suas especifica-
nas condições estabelecidas pelo CONTRAN. ções técnicas.
§ 2º O CONTRAN deverá especificar os procedimentos § 2º Nenhum veículo poderá transitar com equipamen-
e a periodicidade para que os fabricantes, os importadores, to ou acessório proibido, sendo o infrator sujeito às pena-
os montadores e os encarroçadores comprovem o atendi- lidades e medidas administrativas previstas neste Código.
mento aos requisitos de segurança veicular, devendo, para § 3º Os fabricantes, os importadores, os montadores,
isso, manter disponíveis a qualquer tempo os resultados os encarroçadores de veículos e os revendedores devem
dos testes e ensaios dos sistemas e componentes abrangi- comercializar os seus veículos com os equipamentos obri-
dos pela legislação de segurança veicular.
gatórios definidos neste artigo, e com os demais estabele-
Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condi-
ções de segurança, de controle de emissão de gases po- cidos pelo CONTRAN.
luentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será § 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o atendi-
obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo mento do disposto neste artigo.
CONTRAN para os itens de segurança e pelo CONAMA § 5o  A exigência estabelecida no inciso VII do caput des-
para emissão de gases poluentes e ruído. te artigo será progressivamente incorporada aos novos
§ 1º  (VETADO) projetos de automóveis e dos veículos deles derivados, fa-
§ 2º  (VETADO) bricados, importados, montados ou encarroçados, a partir
§ 3º  (VETADO) do 1o (primeiro) ano após a definição pelo Contran das es-
§ 4º  (VETADO) pecificações técnicas pertinentes e do respectivo cronogra-
§ 5º Será aplicada a medida administrativa de retenção ma de implantação e a partir do 5o (quinto) ano, após esta
aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na de definição, para os demais automóveis zero quilômetro de
emissão de gases poluentes e ruído. modelos ou projetos já existentes e veículos deles deriva-
§ 6º  Estarão isentos da inspeção de que trata o caput,
dos. (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009)
durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamen-
to, os veículos novos classificados na categoria particu- § 6o  A exigência estabelecida no inciso VII do caput des-
lar, com capacidade para até 7 (sete) passageiros, desde te artigo não se aplica aos veículos destinados à exporta-
que mantenham suas características originais de fábrica e ção.  (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009)
não se envolvam em acidente de trânsito com danos de Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de modi-
média ou grande monta.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de ficação de veículo ou, ainda, quando ocorrer substituição
2016)      (Vigência) de equipamento de segurança especificado pelo fabrican-
§ 7º  Para os demais veículos novos, o período de que te, será exigido, para licenciamento e registro, certificado
trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que mantenham de segurança expedido por instituição técnica credenciada
suas características originais de fábrica e não se envolvam por órgão ou entidade de metrologia legal, conforme nor-
em acidente de trânsito com danos de média ou grande ma elaborada pelo CONTRAN.
monta.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao trans-
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, porte individual ou coletivo de passageiros, deverão satis-
entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:
fazer, além das exigências previstas neste Código, às condi-
I - cinto de segurança, conforme regulamentação es-
ções técnicas e aos requisitos de segurança, higiene e con-
pecífica do CONTRAN, com exceção dos veículos destina-
dos ao transporte de passageiros em percursos em que forto estabelecidos pelo poder competente para autorizar,
seja permitido viajar em pé; permitir ou conceder a exploração dessa atividade.
II - para os veículos de transporte e de condução es- Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a
colar, os de transporte de passageiros com mais de dez lu- autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar,
gares e os de carga com peso bruto total superior a quatro a título precário, o transporte de passageiros em veículo
mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo; segurança estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. A autorização citada no caput não § 1º Os caracteres das placas serão individualizados
poderá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a au- para cada veículo e o acompanharão até a baixa do regis-
toridade pública responsável deverá implantar o serviço tro, sendo vedado seu reaproveitamento.
regular de transporte coletivo de passageiros, em confor- § 2º As placas com as cores verde e amarela da Ban-
midade com a legislação pertinente e com os dispositivos deira Nacional serão usadas somente pelos veículos de re-
deste Código.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) presentação pessoal do Presidente e do Vice-Presidente da
Art. 109. O transporte de carga em veículos destina- República, dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara
dos ao transporte de passageiros só pode ser realizado de dos Deputados, do Presidente e dos Ministros do Supremo
acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN. Tribunal Federal, dos Ministros de Estado, do Advogado-
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas Geral da União e do Procurador-Geral da República.
características para competição ou finalidade análoga só § 3º Os veículos de representação dos Presidentes dos
poderá circular nas vias públicas com licença especial da Tribunais Federais, dos Governadores, Prefeitos, Secretários
autoridade de trânsito, em itinerário e horário fixados. Estaduais e Municipais, dos Presidentes das Assembléias
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo: Legislativas, das Câmaras Municipais, dos Presidentes dos
I - (VETADO) Tribunais Estaduais e do Distrito Federal, e do respectivo
II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares chefe do Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais
nos veículos em movimento, salvo nos que possuam espe- das Forças Armadas terão placas especiais, de acordo com
lhos retrovisores em ambos os lados. os modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
III - aposição de inscrições, películas refletivas ou não, § 4o Os aparelhos automotores destinados a puxar ou
painéis decorativos ou pinturas, quando comprometer a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou a executar
a segurança do veículo, na forma de regulamentação do trabalhos de construção ou de pavimentação são sujeitos
CONTRAN.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) ao registro na repartição competente, se transitarem em
Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de ca- via pública, dispensados o licenciamento e o emplacamen-
ráter publicitário ou qualquer outra que possa desviar a to.  (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)      (Vide)
atenção dos condutores em toda a extensão do pára-brisa § 4o-A.   Os tratores e demais aparelhos automotores
e da traseira dos veículos, salvo se não colocar em risco a destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola ou a
segurança do trânsito. executar trabalhos agrícolas, desde que facultados a transi-
Art. 112.       (Revogado pela Lei nº 9.792, de 1999) tar em via pública, são sujeitos ao registro único, sem ônus,
Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encar- em cadastro específico do Ministério da Agricultura, Pecuá-
roçadoras e fabricantes de veículos e autopeças são res-
ria e Abastecimento, acessível aos componentes do Siste-
ponsáveis civil e criminalmente por danos causados aos
ma Nacional de Trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.154,
usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de
de 2015)      (Vide)
falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais e
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos
equipamentos utilizados na sua fabricação.
de uso bélico.
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados
Seção III
da placa dianteira.
Da Identificação do Veículo
§ 7o  Excepcionalmente, mediante autorização específi-
ca e fundamentada das respectivas corregedorias e com a
Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente
por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, repro- devida comunicação aos órgãos de trânsito competentes,
duzidos em outras partes, conforme dispuser o CONTRAN. os veículos utilizados por membros do Poder Judiciário e
§ 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou mon- do Ministério Público que exerçam competência ou atri-
tador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e as buição criminal poderão temporariamente ter placas espe-
suas características, além do ano de fabricação, que não ciais, de forma a impedir a identificação de seus usuários
poderá ser alterado. específicos, na forma de regulamento a ser emitido, con-
§ 2º As regravações, quando necessárias, dependerão juntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, pelo
de prévia autorização da autoridade executiva de trânsito Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP e pelo
e somente serão processadas por estabelecimento por ela Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN.(Incluído pela
credenciado, mediante a comprovação de propriedade do Lei nº 12.694, de 2012)
veículo, mantida a mesma identificação anterior, inclusive o § 8o Os veículos artesanais utilizados para trabalho agrí-
ano de fabricação. cola ( jericos), para efeito do registro de que trata o § 4o-A,
§ 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permis- ficam dispensados da exigência prevista no art. 106. (Incluí-
são da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou ordenar do pela Lei nº 13.154, de 2015)
que se faça, modificações da identificação de seu veículo. § 9º  As placas que possuírem tecnologia que permita
Art. 115. O veículo será identificado externamente por a identificação do veículo ao qual estão atreladas são dis-
meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em pensadas da utilização do lacre previsto no caput, na forma
sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos es- a ser regulamentada pelo Contran.   (Incluído pela Lei nº
tabelecidos pelo CONTRAN. 13.281, de 2016)      (Vigência)

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 116. Os veículos de propriedade da União, dos Art. 122. Para a expedição do Certificado de Registro
Estados e do Distrito Federal, devidamente registrados de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará o ca-
e licenciados, somente quando estritamente usados em dastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os seguintes
serviço reservado de caráter policial, poderão usar placas documentos:
particulares, obedecidos os critérios e limites estabelecidos I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revendedor,
pela legislação que regulamenta o uso de veículo oficial. ou documento equivalente expedido por autoridade com-
Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os co- petente;
letivos de passageiros deverão conter, em local facilmente II - documento fornecido pelo Ministério das Rela-
visível, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto total ções Exteriores, quando se tratar de veículo importado por
(PBT), do peso bruto total combinado (PBTC) ou capacidade
membro de missões diplomáticas, de repartições consula-
máxima de tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em
res de carreira, de representações de organismos interna-
desacordo com sua classificação.
cionais e de seus integrantes.
CAPÍTULO X Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certifi-
DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL cado de Registro de Veículo quando:
I - for transferida a propriedade;
Art. 118. A circulação de veículo no território nacional, II - o proprietário mudar o Município de domicílio ou
independentemente de sua origem, em trânsito entre o residência;
Brasil e os países com os quais exista acordo ou tratado III - for alterada qualquer característica do veículo;
internacional, reger-se-á pelas disposições deste Código, IV - houver mudança de categoria.
pelas convenções e acordos internacionais ratificados. § 1º No caso de transferência de propriedade, o pra-
Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de con- zo para o proprietário adotar as providências necessárias
trole de fronteira comunicarão diretamente ao RENAVAM a à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro
entrada e saída temporária ou definitiva de veículos. de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais casos as
§ 1º  Os veículos licenciados no exterior não poderão providências deverão ser imediatas.
sair do território nacional sem o prévio pagamento ou o § 2º No caso de transferência de domicílio ou residên-
depósito, judicial ou administrativo, dos valores correspon- cia no mesmo Município, o proprietário comunicará o novo
dentes às infrações de trânsito cometidas e ao ressarcimen-
endereço num prazo de trinta dias e aguardará o novo li-
to de danos que tiverem causado ao patrimônio público ou
cenciamento para alterar o Certificado de Licenciamento
de particulares, independentemente da fase do processo
administrativo ou judicial envolvendo a questão.  (Incluído Anual.
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) § 3º A expedição do novo certificado será comunicada
§ 2º  Os veículos que saírem do território nacional sem ao órgão executivo de trânsito que expediu o anterior e ao
o cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente RENAVAM.
forem flagrados tentando ingressar ou já em circulação no Art. 124. Para a expedição do novo Certificado de Re-
território nacional serão retidos até a regularização da si- gistro de Veículo serão exigidos os seguintes documentos:
tuação.  (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)      (Vigência) I - Certificado de Registro de Veículo anterior;
II - Certificado de Licenciamento Anual;
CAPÍTULO XI III - comprovante de transferência de propriedade,
DO REGISTRO DE VEÍCULOS quando for o caso, conforme modelo e normas estabeleci-
das pelo CONTRAN;
Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, IV - Certificado de Segurança Veicular e de emissão de
reboque ou semi-reboque, deve ser registrado perante o poluentes e ruído, quando houver adaptação ou alteração
órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Fede- de características do veículo;
ral, no Município de domicílio ou residência de seu proprie- V - comprovante de procedência e justificativa da pro-
tário, na forma da lei. priedade dos componentes e agregados adaptados ou
§ 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e
montados no veículo, quando houver alteração das carac-
do Distrito Federal somente registrarão veículos oficiais
terísticas originais de fábrica;
de propriedade da administração direta, da União, dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, de qualquer VI - autorização do Ministério das Relações Exteriores,
um dos poderes, com indicação expressa, por pintura nas no caso de veículo da categoria de missões diplomáticas,
portas, do nome, sigla ou logotipo do órgão ou entidade de repartições consulares de carreira, de representações de
em cujo nome o veículo será registrado, excetuando-se os organismos internacionais e de seus integrantes;
veículos de representação e os previstos no art. 116. VII - certidão negativa de roubo ou furto de veículo,
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica ao veículo expedida no Município do registro anterior, que poderá ser
de uso bélico. substituída por informação do RENAVAM;
Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifica- VIII - comprovante de quitação de débitos relativos a
do de Registro de Veículo - CRV de acordo com os modelos tributos, encargos e multas de trânsito vinculados ao veí-
e especificações estabelecidos pelo CONTRAN, contendo culo, independentemente da responsabilidade pelas infra-
as características e condições de invulnerabilidade à falsifi- ções cometidas;
cação e à adulteração. IX -(Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

X - comprovante relativo ao cumprimento do dispos- § 1º O disposto neste artigo não se aplica a veículo de
to no art. 98, quando houver alteração nas características uso bélico.
originais do veículo que afetem a emissão de poluentes e § 2º No caso de transferência de residência ou domicí-
ruído; lio, é válido, durante o exercício, o licenciamento de origem.
XI - comprovante de aprovação de inspeção veicular e Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será ex-
de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme regula- pedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado de
mentações do CONTRAN e do CONAMA. Registro, no modelo e especificações estabelecidos pelo
Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco, CONTRAN.
os agregados e as características originais do veículo deve- § 1º O primeiro licenciamento será feito simultanea-
rão ser prestadas ao RENAVAM: mente ao registro.
I - pelo fabricante ou montadora, antes da comerciali- § 2º O veículo somente será considerado licenciado
zação, no caso de veículo nacional; estando quitados os débitos relativos a tributos, encargos
II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo impor- e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo,
tado por pessoa física; independentemente da responsabilidade pelas infrações
III - pelo importador, no caso de veículo importado por cometidas.
pessoa jurídica. § 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá com-
Parágrafo único. As informações recebidas pelo RE- provar sua aprovação nas inspeções de segurança veicular
NAVAM serão repassadas ao órgão executivo de trânsito e de controle de emissões de gases poluentes e de ruído,
responsável pelo registro, devendo este comunicar ao RE- conforme disposto no art. 104.
NAVAM, tão logo seja o veículo registrado. Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licen-
Art. 126.   O proprietário de veículo irrecuperável, ou ciamento e terão sua circulação regulada pelo CONTRAN
destinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do re- durante o trajeto entre a fábrica e o Município de destino.
gistro, no prazo e forma estabelecidos pelo Contran, ve- § 1o O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, aos
dada a remontagem do veículo sobre o mesmo chassi de veículos importados, durante o trajeto entre a alfânde-
forma a manter o registro anterior.   (Redação dada pela Lei ga ou entreposto alfandegário e o Município de destino.
nº 12.977, de 2014)  (Vigência) (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.103, de
Parágrafo único. A obrigação de que trata este artigo 2015)     (Vigência)
é da companhia seguradora ou do adquirente do veículo § 2o       (Revogado pela Lei nº 13.154, de 2015)
destinado à desmontagem, quando estes sucederem ao Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen-
proprietário. ciamento Anual.
Art. 127. O órgão executivo de trânsito competente só Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no
efetuará a baixa do registro após prévia consulta ao cadas- momento da fiscalização, for possível ter acesso ao devido
tro do RENAVAM. sistema informatizado para verificar se o veículo está licen-
Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, deverá ciado.  (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)      (Vigência)
ser esta comunicada, de imediato, ao RENAVAM. Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
Art. 128. Não será expedido novo Certificado de Regis- proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo
tro de Veículo enquanto houver débitos fiscais e de multas de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias,
de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo, indepen- cópia autenticada do comprovante de transferência de
dentemente da responsabilidade pelas infrações cometi- propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de
das. ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades
Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de impostas e suas reincidências até a data da comunicação.
propulsão humana e dos veículos de tração animal obe- Parágrafo único. O comprovante de transferência de
decerão à regulamentação estabelecida em legislação propriedade de que trata o  caput  poderá ser substituído
municipal do domicílio ou residência de seus proprietá- por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo
rios.    (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015) Contran.  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao trans-
automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinaria porte individual ou coletivo de passageiros de linhas re-
agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será efetuado, gulares ou empregados em qualquer serviço remunerado,
sem ônus, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- para registro, licenciamento e respectivo emplacamento de
tecimento, diretamente ou mediante convênio.   (Incluído característica comercial, deverão estar devidamente autori-
pela Lei nº 13.154, de 2015) zados pelo poder público concedente.

CAPÍTULO XII CAPÍTULO XIII


DO LICENCIAMENTO DA CONDUÇÃO DE ESCOLARES

Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
reboque ou semi-reboque, para transitar na via, deverá ser dução coletiva de escolares somente poderão circular nas
licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade exe-
Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o cutivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exi-
veículo. gindo-se, para tanto:

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - registro como veículo de passageiros; § 1o  A instalação ou incorporação de dispositivos para


II - inspeção semestral para verificação dos equipa- transporte de cargas deve estar de acordo com a regula-
mentos obrigatórios e de segurança; mentação do Contran.(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com § 2o  É proibido o transporte de combustíveis, produtos
quarenta centímetros de largura, à meia altura, em toda a inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de que trata
extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o este artigo, com exceção do gás de cozinha e de galões
dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo contendo água mineral, desde que com o auxílio de side-
de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indica- car, nos termos de regulamentação do Contran.(Incluído
das devem ser invertidas; pela Lei nº 12.009, de 2009)
IV - equipamento registrador instantâneo inalterável Art. 139-B.  O disposto neste Capítulo não exclui a
de velocidade e tempo; competência municipal ou estadual de aplicar as exigências
V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas previstas em seus regulamentos para as atividades de mo-
nas extremidades da parte superior dianteira e lanternas de to-frete no âmbito de suas circunscrições.   (Incluído pela
luz vermelha dispostas na extremidade superior da parte Lei nº 12.009, de 2009)
traseira;
VI - cintos de segurança em número igual à lotação; CAPÍTULO XIV
VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios es- DA HABILITAÇÃO
tabelecidos pelo CONTRAN.
Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor
deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local vi- e elétrico será apurada por meio de exames que deverão
sível, com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do
condução de escolares em número superior à capacidade Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência
do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio
estabelecida pelo fabricante.
órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requi-
Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução
sitos:
de escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
I - ser penalmente imputável;
I - ter idade superior a vinte e um anos;
II - saber ler e escrever;
II - ser habilitado na categoria D;
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
III -  (VETADO)
Parágrafo único. As informações do candidato à habili-
IV - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra- tação serão cadastradas no RENACH.
víssima, ou ser reincidente em infrações médias durante os Art. 141. O processo de habilitação, as normas relati-
doze últimos meses; vas à aprendizagem para conduzir veículos automotores e
V - ser aprovado em curso especializado, nos termos elétricos e à autorização para conduzir ciclomotores serão
da regulamentação do CONTRAN. regulamentados pelo CONTRAN.
Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a com- § 1º A autorização para conduzir veículos de propulsão
petência municipal de aplicar as exigências previstas em humana e de tração animal ficará a cargo dos Municípios.
seus regulamentos, para o transporte de escolares. § 2º  (VETADO)
Art. 142. O reconhecimento de habilitação obtida em
CAPÍTULO XIII-A outro país está subordinado às condições estabelecidas
DA CONDUÇÃO DE MOTO-FRETE em convenções e acordos internacionais e às normas do
(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) CONTRAN.
Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas cate-
Art. 139-A.  As motocicletas e motonetas destinadas gorias de A a E, obedecida a seguinte gradação:
ao transporte remunerado de mercadorias – moto-frete – I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de
somente poderão circular nas vias com autorização emitida duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados II - Categoria B - condutor de veículo motorizado, não
e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto: (Incluído pela abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não exce-
Lei nº 12.009, de 2009) da a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não
I – registro como veículo da categoria de aluguel;(In- exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
cluído pela Lei nº 12.009, de 2009) III - Categoria C - condutor de veículo motorizado utili-
II – instalação de protetor de motor mata-cachorro, fi- zado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda
xado no chassi do veículo, destinado a proteger o motor e a três mil e quinhentos quilogramas;
a perna do condutor em caso de tombamento, nos termos IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado uti-
de regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito – lizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a
Contran; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) oito lugares, excluído o do motorista;
III – instalação de aparador de linha antena corta-pipas, V - Categoria E - condutor de combinação de veícu-
nos termos de regulamentação do Contran;(Incluído pela los em que a unidade tratora se enquadre nas categorias
Lei nº 12.009, de 2009) B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirrebo-
IV – inspeção semestral para verificação dos equipa- que, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogra-
mentos obrigatórios e de segurança.(Incluído pela Lei nº mas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a
12.009, de 2009) 8 (oito) lugares.(Redação dada pela Lei nº 12.452, de 2011)

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá I - de aptidão física e mental;


estar habilitado no mínimo há um ano na categoria B e não II -  (VETADO)
ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser III - escrito, sobre legislação de trânsito;
reincidente em infrações médias, durante os últimos doze IV - de noções de primeiros socorros, conforme regula-
meses. mentação do CONTRAN;
§ 2o  São os condutores da categoria B autorizados a V - de direção veicular, realizado na via pública, em veí-
conduzir veículo automotor da espécie motor-casa, defi- culo da categoria para a qual estiver habilitando-se.
nida nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso não § 1º  Os resultados dos exames e a identificação dos
exceda a 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja lotação respectivos examinadores serão registrados no RENA-
não exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.   (In- CH.      (Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº 9.602,
cluído pela Lei nº 12.452, de 2011) de 1998)
§ 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da § 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar
combinação de veículos com mais de uma unidade tracio- e renovável a cada cinco anos, ou a cada três anos para
nada, independentemente da capacidade de tração ou do condutores com mais de sessenta e cinco anos de idade,
peso bruto total. (Renumerado pela Lei nº 12.452, de 2011) no local de residência ou domicílio do examinado. (Incluído
Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o trator pela Lei nº 9.602, de 1998)
misto ou o equipamento automotor destinado à movimen- § 3o  O exame previsto no § 2o  incluirá avaliação psi-
tação de cargas ou execução de trabalho agrícola, de ter- cológica preliminar e complementar sempre que a ele se
raplenagem, de construção ou de pavimentação só podem submeter o condutor que exerce atividade remunerada ao
ser conduzidos na via pública por condutor habilitado nas veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais candi-
categorias C, D ou E. datos apenas no exame referente à primeira habilitação.
Parágrafo único.  O trator de roda e os equipamentos (Redação dada pela Lei nº 10.350, de 2001)
automotores destinados a executar trabalhos agrícolas po- § 4º Quando houver indícios de deficiência física, men-
derão ser conduzidos em via pública também por condu- tal, ou de progressividade de doença que possa diminuir a
tor habilitado na categoria B.   (Redação dada pela Lei nº capacidade para conduzir o veículo, o prazo previsto no §
13.097, de 2015) 2º poderá ser diminuído por proposta do perito examina-
Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para
dor.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, de
§ 5o O condutor que exerce atividade remunerada ao
escolares, de emergência ou de produto perigoso, o candi-
veículo terá essa informação incluída na sua Carteira Na-
dato deverá preencher os seguintes requisitos:
cional de Habilitação, conforme especificações do Con-
I - ser maior de vinte e um anos;
selho Nacional de Trânsito – Contran.(Incluído pela Lei nº
II - estar habilitado:
10.350, de 2001)
a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no míni-
Art. 147-A.   Ao candidato com deficiência auditiva é
mo há um ano na categoria C, quando pretender habilitar-
assegurada acessibilidade de comunicação, mediante em-
se na categoria D; e
b) no mínimo há um ano na categoria C, quando pre- prego de tecnologias assistivas ou de ajudas técnicas em
tender habilitar-se na categoria E; todas as etapas do processo de habilitação.   (Incluído pela
III - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra- Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
víssima ou ser reincidente em infrações médias durante os § 1o  O material didático audiovisual utilizado em aulas
últimos doze meses; teóricas dos cursos que precedem os exames previstos no
IV - ser aprovado em curso especializado e em curso de art. 147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitu-
treinamento de prática veicular em situação de risco, nos lação com legenda oculta associada à tradução simultânea
termos da normatização do CONTRAN. em Libras. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
Parágrafo único.  A participação em curso especia- § 2o  É assegurado também ao candidato com deficiên-
lizado previsto no inciso IV independe da observância cia auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de
do disposto no inciso III.  (Incluído pela Lei nº 12.619, de intérprete da Libras, para acompanhamento em aulas prá-
2012) (Vigência) ticas e teóricas. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vi-
§ 2o (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) gência)
Art. 145-A.  Além do disposto no art. 145, para con- Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de dire-
duzir ambulâncias, o candidato deverá comprovar treina- ção veicular, poderão ser aplicados por entidades públicas
mento especializado e reciclagem em cursos específicos a ou privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito
cada 5 (cinco) anos, nos termos da normatização do Con- dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as nor-
tran.   (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) mas estabelecidas pelo CONTRAN.
Art. 146. Para conduzir veículos de outra categoria o § 1º A formação de condutores deverá incluir, obriga-
condutor deverá realizar exames complementares exigidos toriamente, curso de direção defensiva e de conceitos bá-
para habilitação na categoria pretendida. sicos de proteção ao meio ambiente relacionados com o
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se trânsito.
a exames realizados pelo órgão executivo de trânsito, na § 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão
seguinte ordem: para Dirigir, com validade de um ano.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida III - estabelecer regras de exclusividade territo-
ao condutor no término de um ano, desde que o mesmo rial.        (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave Art. 149.  (VETADO)
ou gravíssima ou seja reincidente em infração média. Art. 150. Ao renovar os exames previstos no artigo
§ 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilita- anterior, o condutor que não tenha curso de direção de-
ção, tendo em vista a incapacidade de atendimento do dis- fensiva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido,
posto no parágrafo anterior, obriga o candidato a reiniciar conforme normatização do CONTRAN.
todo o processo de habilitação. Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores
§ 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN po- contratados para operar a sua frota de veículos é obrigada
derá dispensar os tripulantes de aeronaves que apresenta- a fornecer curso de direção defensiva, primeiros socorros e
rem o cartão de saúde expedido pelas Forças Armadas ou outros conforme normatização do CONTRAN.
pelo Departamento de Aeronáutica Civil, respectivamente, Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito so-
da prestação do exame de aptidão física e mental. (Incluído bre legislação de trânsito ou de direção veicular, o candida-
pela Lei nº 9.602, de 1998) to só poderá repetir o exame depois de decorridos quinze
Art. 148-A.  Os condutores das categorias C, D e E de- dias da divulgação do resultado.
verão submeter-se a exames toxicológicos para a habilita-
Art. 152.   O exame de direção veicular será realizado
ção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação.   (In-
perante comissão integrada por 3 (três) membros desig-
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
nados pelo dirigente do órgão executivo local de trânsi-
§ 1o  O exame de que trata este artigo buscará aferir
o consumo de substâncias psicoativas que, comprovada- to.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigên-
mente, comprometam a capacidade de direção e deverá ter cia)
janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, nos ter- § 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo
mos das normas do Contran.  (Incluído pela Lei nº 13.103, menos um membro deverá ser habilitado na categoria
de 2015)  (Vigência) igual ou superior à pretendida pelo candidato.
§ 2o  Os condutores das categorias C, D e E com Cartei- § 2º  Os militares das Forças Armadas e os policiais e
ra Nacional de Habilitação com validade de 5 (cinco) anos bombeiros dos órgãos de segurança pública da União, dos
deverão fazer o exame previsto no § 1ono prazo de 2 (dois) Estados e do Distrito Federal que possuírem curso de for-
anos e 6 (seis) meses a contar da realização do disposto mação de condutor ministrado em suas corporações serão
no caput.        (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vi- dispensados, para a concessão do documento de habilita-
gência) ção, dos exames aos quais se houverem submetido com
§ 3o  Os condutores das categorias C, D e E com Car- aprovação naquele curso, desde que neles sejam observa-
teira Nacional de Habilitação com validade de 3 (três) anos das as normas estabelecidas pelo Contran.  (Redação dada
deverão fazer o exame previsto no § 1ono prazo de 1 (um) pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
ano e 6 (seis) meses a contar da realização do disposto § 3º   O militar, o policial ou o bombeiro militar inte-
no caput.  (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) ressado na dispensa de que trata o § 2º  instruirá seu re-
§ 4o  É garantido o direito de contraprova e de recurso querimento com ofício do comandante, chefe ou diretor da
administrativo no caso de resultado positivo para o exa- unidade administrativa onde prestar serviço, do qual cons-
me de que trata o caput, nos termos das normas do Con- tarão o número do registro de identificação, naturalidade,
tran.  (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) nome, filiação, idade e categoria em que se habilitou a con-
§ 5o  A reprovação no exame previsto neste artigo terá duzir, acompanhado de cópia das atas dos exames pres-
como consequência a suspensão do direito de dirigir pelo tados.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
período de 3 (três) meses, condicionado o levantamento gência)
da suspensão ao resultado negativo em novo exame, e ve- § 4º  (VETADO)
dada a aplicação de outras penalidades, ainda que acessó-
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu prontuá-
rias.   (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
rio a identificação de seus instrutores e examinadores, que
§ 6o   O resultado do exame somente será divulgado
serão passíveis de punição conforme regulamentação a ser
para o interessado e não poderá ser utilizado para fins es-
tranhos ao disposto neste artigo ou no § 6odo art. 168 da estabelecida pelo CONTRAN.
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo De- Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos instru-
creto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.   (Incluído pela tores e examinadores serão de advertência, suspensão e
Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) cancelamento da autorização para o exercício da atividade,
§ 7o  O exame será realizado, em regime de livre con- conforme a falta cometida.
corrência, pelos laboratórios credenciados pelo Departa- Art. 154. Os veículos destinados à formação de condu-
mento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos das tores serão identificados por uma faixa amarela, de vinte
normas do Contran, vedado aos entes públicos:  (Incluído centímetros de largura, pintada ao longo da carroçaria, à
pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) meia altura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.
I - fixar preços para os exames;  (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. No veículo eventualmente utilizado
13.103, de 2015)  (Vigência) para aprendizagem, quando autorizado para servir a esse
II - limitar o número de empresas ou o número de lo- fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, à meia
cais em que a atividade pode ser exercida; e    (Incluído pela altura, faixa branca removível, de vinte centímetros de lar-
Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) gura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.

32
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 155. A formação de condutor de veículo automo- § 11. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida na
tor e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo vigência do Código anterior, será substituída por ocasião
órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Fe- do vencimento do prazo para revalidação do exame de ap-
deral, pertencente ou não à entidade credenciada. tidão física e mental, ressalvados os casos especiais previs-
Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autoriza- tos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
ção para aprendizagem, de acordo com a regulamentação Art. 160. O condutor condenado por delito de trânsito
do CONTRAN, após aprovação nos exames de aptidão fí- deverá ser submetido a novos exames para que possa vol-
sica, mental, de primeiros socorros e sobre legislação de tar a dirigir, de acordo com as normas estabelecidas pelo
trânsito.(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) CONTRAN, independentemente do reconhecimento da
Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamen- prescrição, em face da pena concretizada na sentença.       
to para prestação de serviço pelas auto-escolas e outras § 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele en-
entidades destinadas à formação de condutores e às exi- volvido poderá ser submetido aos exames exigidos neste
artigo, a juízo da autoridade executiva estadual de trânsito,
gências necessárias para o exercício das atividades de ins-
assegurada ampla defesa ao condutor.
trutor e examinador.
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade exe-
Art. 157.  (VETADO)
cutiva estadual de trânsito poderá apreender o documento
Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se:(Vide
de habilitação do condutor até a sua aprovação nos exa-
Lei nº 12.217, de 2010) Vigência mes realizados.
I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo ór-
gão executivo de trânsito; CAPÍTULO XV
II - acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.        DAS INFRAÇÕES
§ 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utilizado
na aprendizagem poderá conduzir apenas mais um acom- Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância
panhante.       (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº de qualquer preceito deste Código, da legislação comple-
12.217, de 2010). mentar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator
§ 2o  Parte da aprendizagem será obrigatoriamente rea- sujeito às penalidades e medidas administrativas indicadas
lizada durante a noite, cabendo ao CONTRAN fixar-lhe a em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo
carga horária mínima correspondente. (Incluído pela Lei nº XIX.
12.217, de 2010). Parágrafo único. As infrações cometidas em relação às
Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e medidas
em modelo único e de acordo com as especificações do administrativas definidas nas próprias resoluções.
CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos neste Art. 162. Dirigir veículo:
Código, conterá fotografia, identificação e CPF do condu- I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Per-
tor, terá fé pública e equivalerá a documento de identidade missão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomo-
em todo o território nacional. tor:  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigên-
§ 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou cia)
da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor es- Infração - gravíssima;   (Redação dada pela Lei nº
tiver à direção do veículo. 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 2º  (VETADO) Penalidade - multa (três vezes);  (Redação dada pela Lei
§ 3º A emissão de nova via da Carteira Nacional de Ha- nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
bilitação será regulamentada pelo CONTRAN. Medida administrativa - retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado;  (Incluído pela Lei nº
§ 4º  (VETADO)
13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão
II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão
para Dirigir somente terão validade para a condução de
para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor cas-
veículo quando apresentada em original.
sada ou com suspensão do direito de dirigir:   (Redação
§ 6º A identificação da Carteira Nacional de Habilitação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
expedida e a da autoridade expedidora serão registradas Infração - gravíssima;   (Redação dada pela Lei nº
no RENACH. 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 7º A cada condutor corresponderá um único registro Penalidade - multa (três vezes);  (Redação dada pela Lei
no RENACH, agregando-se neste todas as informações. nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 8º A renovação da validade da Carteira Nacional de Medida administrativa - recolhimento do documento
Habilitação ou a emissão de uma nova via somente será de habilitação e retenção do veículo até a apresentação
realizada após quitação de débitos constantes do prontuá- de condutor habilitado;   (Incluído pela Lei nº 13.281, de
rio do condutor. 2016)      (Vigência)
§ 9º  (VETADO) III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permis-
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação são para Dirigir de categoria diferente da do veículo que
está condicionada ao prazo de vigência do exame de ap- esteja conduzindo:  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
tidão física e mental. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) 2016)      (Vigência)

33
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Infração - gravíssima;   (Redação dada pela Lei nº Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito
13.281, de 2016)      (Vigência) de dirigir por 12 (doze) meses;  (Incluído pela Lei nº 13.281,
Penalidade - multa (duas vezes);  (Redação dada pela de 2016)      (Vigência)
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Medida administrativa - recolhimento do documen-
Medida administrativa - retenção do veículo até a apre- to de habilitação e retenção do veículo, observado o dis-
sentação de condutor habilitado;  (Redação dada pela Lei posto no § 4º do art. 270.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
nº 13.281, de 2016)      (Vigência) 2016)      (Vigência)
IV -  (VETADO) Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação no  caput  em caso de reincidência no período de até 12
vencida há mais de trinta dias: (doze) meses  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
Infração - gravíssima; gência)
Penalidade - multa; Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pes-
Medida administrativa - recolhimento da Carteira Na- soa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou psíqui-
cional de Habilitação e retenção do veículo até a apresen- co, não estiver em condições de dirigi-lo com segurança:
tação de condutor habilitado; Infração - gravíssima;
VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxi- Penalidade - multa.
liar de audição, de prótese física ou as adaptações do veí- Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o
culo impostas por ocasião da concessão ou da renovação cinto de segurança, conforme previsto no art. 65:
da licença para conduzir: Infração - grave;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até colo-
Medida administrativa - retenção do veículo até o sa- cação do cinto pelo infrator.
neamento da irregularidade ou apresentação de condutor Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor
habilitado. sem observância das normas de segurança especiais esta-
Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas belecidas neste Código:
condições previstas no artigo anterior: Infração - gravíssima;
Infração - as mesmas previstas no artigo anterior; Penalidade - multa;
Penalidade - as mesmas previstas no artigo anterior;
Medida administrativa - retenção do veículo até que a
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III
irregularidade seja sanada.
do artigo anterior.
Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis-
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas
pensáveis à segurança:
nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automotor e
Infração - leve;
passe a conduzi-lo na via:
Penalidade - multa.
Infração - as mesmas previstas nos incisos do art. 162;
Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam
Penalidade - as mesmas previstas no art. 162;
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III atravessando a via pública, ou os demais veículos:
do art. 162. Infração - gravíssima;
Art. 165.  Dirigir sob a influência de álcool ou de qual- Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
quer outra substância psicoativa que determine dependên- Medida administrativa - retenção do veículo e recolhi-
cia:       (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) mento do documento de habilitação.
Infração - gravíssima;        (Redação dada pela Lei nº Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pe-
11.705, de 2008)  destres ou veículos, água ou detritos:
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito Infração - média;
de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº Penalidade - multa.
12.760, de 2012) Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos
Medida administrativa - recolhimento do documento ou substâncias:
de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto Infração - média;
no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de Penalidade - multa.
1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.      (Redação dada Art. 173.   Disputar corrida:(Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 12.760, de 2012) 12.971, de 2014)    (Vigência)
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista Infração - gravíssima;
no caput  em caso de reincidência no período de até 12 Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº
Art. 165-A.  Recusar-se a ser submetido a teste, exame 12.971, de 2014)    (Vigência)
clínico, perícia ou outro procedimento que permita certi- Medida administrativa - recolhimento do documento
ficar influência de álcool ou outra substância psicoativa, de habilitação e remoção do veículo.
na forma estabelecida pelo art. 277:  (Incluído pela Lei nº Parágrafo único.  Aplica-se em dobro a multa prevista
13.281, de 2016)      (Vigência) no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de meses da infração anterior.(Incluído pela Lei nº 12.971, de
2016)      (Vigência) 2014)    (Vigência)

34
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 174.  Promover, na via, competição, eventos orga- Infração - média;


nizados, exibição e demonstração de perícia em manobra Penalidade - multa.
de veículo, ou deles participar, como condutor, sem per- Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo
missão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a na via pública, salvo nos casos de impedimento absoluto
via: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) de sua remoção e em que o veículo esteja devidamente
Infração - gravíssima; sinalizado:
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de I - em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito
dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº rápido:
12.971, de 2014)    (Vigência) Infração - grave;
Medida administrativa - recolhimento do documento Penalidade - multa;
de habilitação e remoção do veículo.
Medida administrativa - remoção do veículo;
§ 1o   As penalidades são aplicáveis aos promotores e
II - nas demais vias:
aos condutores participantes.(Incluído pela Lei nº 12.971,
de 2014)    (Vigência) Infração - leve;
§ 2o  Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em Penalidade - multa.
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de
da infração anterior.         Incluído pela Lei nº 12.971, de combustível:
2014)    (Vigência) Infração - média;
Art. 175.   Utilizar-se de veículo para demonstrar ou Penalidade - multa;
exibir manobra perigosa, mediante arrancada brusca, Medida administrativa - remoção do veículo.
derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrasta- Art. 181. Estacionar o veículo:
mento de pneus:   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo
2014)    (Vigência) do alinhamento da via transversal:
Infração - gravíssima; Infração - média;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de Penalidade - multa;
dirigir e apreensão do veículo;  (Redação dada pela Lei nº Medida administrativa - remoção do veículo;
12.971, de 2014)    (Vigência) II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta
Medida administrativa - recolhimento do documento centímetros a um metro:
de habilitação e remoção do veículo. Infração - leve;
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
Penalidade - multa;
no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
Medida administrativa - remoção do veículo;
meses da infração anterior.  (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014)    (Vigência) III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com um metro:
vítima: Infração - grave;
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, poden- Penalidade - multa;
do fazê-lo; Medida administrativa - remoção do veículo;
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no senti- IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste
do de evitar perigo para o trânsito no local; Código:
III - de preservar o local, de forma a facilitar os traba- Infração - média;
lhos da polícia e da perícia; Penalidade - multa;
IV - de adotar providências para remover o veículo do Medida administrativa - remoção do veículo;
local, quando determinadas por policial ou agente da au- V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias,
toridade de trânsito; das vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acosta-
V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar infor- mento:
mações necessárias à confecção do boletim de ocorrência: Infração - gravíssima;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito Medida administrativa - remoção do veículo;
de dirigir;
VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de
Medida administrativa - recolhimento do documento
água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâ-
de habilitação.
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima neas, desde que devidamente identificados, conforme es-
de acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade pecificação do CONTRAN:
e seus agentes: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - remoção do veículo;
Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem VII - nos acostamentos, salvo motivo de força maior:
vítima, de adotar providências para remover o veículo do Infração - leve;
local, quando necessária tal medida para assegurar a segu- Penalidade - multa;
rança e a fluidez do trânsito: Medida administrativa - remoção do veículo;

35
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, XIX - em locais e horários de estacionamento e parada
sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, proibidos pela sinalização (placa - Proibido Parar e Esta-
ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de cionar):
rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim pú- Infração - grave;
blico: Penalidade - multa;
Infração - grave; Medida administrativa - remoção do veículo.
Penalidade - multa; XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência
Medida administrativa - remoção do veículo; ou idosos, sem credencial que comprove tal condição:  (In-
IX - onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
destinada à entrada ou saída de veículos: Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
Infração - média; 2016)      (Vigência)
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;   (Incluído pela Lei nº 13.281, de
Medida administrativa - remoção do veículo;
2016)      (Vigência)
X - impedindo a movimentação de outro veículo:
Infração - média; Medida administrativa - remoção do veículo.  (Incluído
Penalidade - multa; pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Medida administrativa - remoção do veículo; § 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade de
XI - ao lado de outro veículo em fila dupla: trânsito aplicará a penalidade preferencialmente após a re-
Infração - grave; moção do veículo.
Penalidade - multa; § 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido abando-
Medida administrativa - remoção do veículo; nar o calço de segurança na via.
XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a cir- Art. 182. Parar o veículo:
culação de veículos e pedestres: I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo
Infração - grave; do alinhamento da via transversal:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
XIII - onde houver sinalização horizontal delimitadora II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta
de ponto de embarque ou desembarque de passageiros de centímetros a um metro:
transporte coletivo ou, na inexistência desta sinalização, no Infração - leve;
intervalo compreendido entre dez metros antes e depois Penalidade - multa;
do marco do ponto:
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de
Infração - média;
um metro:
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - média;
XIV - nos viadutos, pontes e túneis: Penalidade - multa;
Infração - grave; IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste
Penalidade - multa; Código:
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - leve;
XV - na contramão de direção: Penalidade - multa;
Infração - média; V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias,
Penalidade - multa; das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas de
XVI - em aclive ou declive, não estando devidamente acostamento:
freado e sem calço de segurança, quando se tratar de veí- Infração - grave;
culo com peso bruto total superior a três mil e quinhentos Penalidade - multa;
quilogramas: VI - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres,
Infração - grave; nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de pista de
Penalidade - multa; rolamento e marcas de canalização:
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - leve;
XVII - em desacordo com as condições regulamenta- Penalidade - multa;
das especificamente pela sinalização (placa - Estaciona-
VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a
mento Regulamentado):
circulação de veículos e pedestres:
Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)      (Vigência) Infração - média;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; VIII - nos viadutos, pontes e túneis:
XVIII - em locais e horários proibidos especificamente Infração - média;
pela sinalização (placa - Proibido Estacionar): Penalidade - multa;
Infração - média; IX - na contramão de direção:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;

36
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

X - em local e horário proibidos especificamente pela Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos prece-
sinalização (placa - Proibido Parar): didos de batedores, de socorro de incêndio e salvamento,
Infração - média; de polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às am-
Penalidade - multa. bulâncias, quando em serviço de urgência e devidamente
Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na identificados por dispositivos regulamentados de alarme
mudança de sinal luminoso: sonoro e iluminação vermelha intermitentes:
Infração - média; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa.
Art. 184. Transitar com o veículo: Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estan-
I - na faixa ou pista da direita, regulamentada como do este com prioridade de passagem devidamente identi-
de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, ficada por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e
exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à di- iluminação vermelha intermitentes:
reita: Infração - grave;
Infração - leve; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transi-
II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada como tando em sentidos opostos, estejam na iminência de passar
de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo: um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem:
Infração - grave; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito
III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamen- de dirigir. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vi-
tada com circulação destinada aos veículos de transporte gência)
público coletivo de passageiros, salvo casos de força maior Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
e com autorização do poder público competente:(Incluído no  caput  em caso de reincidência no período de até 12
(doze) meses da infração anterior.     (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.154, de 2015)
12.971, de 2014)    (Vigência)
Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.154, de
Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança late-
2015)
ral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em
Penalidade - multa e apreensão do veículo;  (Incluído
relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento,
pela Lei nº 13.154, de 2015)
a velocidade, as condições climáticas do local da circulação
Medida Administrativa - remoção do veículo.  (Incluído
e do veículo:
pela Lei nº 13.154, de 2015) Infração - grave;
Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, dei- Penalidade - multa.
xar de conservá-lo: Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios,
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regula- passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardina-
mentação, exceto em situações de emergência; mentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamen-
II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior to, acostamentos, marcas de canalização, gramados e jar-
porte: dins públicos:
Infração - média; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa (três vezes).
Art. 186. Transitar pela contramão de direção em: Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância
I - vias com duplo sentido de circulação, exceto para necessária a pequenas manobras e de forma a não causar
ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo necessário, riscos à segurança:
respeitada a preferência do veículo que transitar em senti- Infração - grave;
do contrário: Penalidade - multa.
Infração - grave; Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autori-
Penalidade - multa; dade competente de trânsito ou de seus agentes:
II - vias com sinalização de regulamentação de sentido Infração - grave;
único de circulação: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante
Penalidade - multa. gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção
Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos do veículo, o início da marcha, a realização da manobra
pela regulamentação estabelecida pela autoridade compe- de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de
tente:  circulação:
I - para todos os tipos de veículos: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veí-
II - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998) culo para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrom- da respectiva mão de direção, quando for manobrar para
pendo ou perturbando o trânsito: um desses lados:
Infração - média; Infração - média;
Penalidade - multa. Penalidade - multa.

37
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quan- III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ajar-
do solicitado: dinamento ou canteiros de divisões de pista de rolamento,
Infração - média; refúgios e faixas de pedestres e nas de veículos não moto-
Penalidade - multa. rizados;
Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veícu- IV - nas interseções, entrando na contramão de direção
lo da frente estiver colocado na faixa apropriada e der sinal da via transversal;
de que vai entrar à esquerda: V - com prejuízo da livre circulação ou da segurança,
Infração - média; ainda que em locais permitidos:
Penalidade - multa. Infração - gravíssima;
Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de transporte Penalidade - multa.
coletivo ou de escolares, parado para embarque ou desem- Art. 207. Executar operação de conversão à direita ou à
barque de passageiros, salvo quando houver refúgio de se- esquerda em locais proibidos pela sinalização:
gurança para o pedestre: Infração - grave;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
Penalidade - multa. Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de
Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um parada obrigatória:
metro e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bi- Infração - gravíssima;
cicleta: Penalidade - multa.
Infração - média; Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário
Penalidade - multa. com ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar
Art. 202. Ultrapassar outro veículo: de adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou
I - pelo acostamento; evadir-se para não efetuar o pagamento do pedágio:
II - em interseções e passagens de nível; Infração - grave;
Infração - gravíssima;    (Redação dada pela Lei nº Penalidade - multa.
12.971, de 2014)    (Vigência) Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário po-
Penalidade - multa (cinco vezes).    (Redação dada pela
licial:
Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Infração - gravíssima;
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão
I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade sufi-
do direito de dirigir;
ciente;
Medida administrativa - remoção do veículo e recolhi-
II - nas faixas de pedestre;
III - nas pontes, viadutos ou túneis; mento do documento de habilitação.
IV - parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em ra-
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedimento à zão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou
livre circulação; qualquer outro obstáculo, com exceção dos veículos não
V - onde houver marcação viária longitudinal de di- motorizados:
visão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou Infração - grave;
simples contínua amarela: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;    (Redação dada pela Lei nº Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor
12.971, de 2014)    (Vigência) linha férrea:
Penalidade - multa (cinco vezes).  (Redação dada pela Infração - gravíssima;
Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) Penalidade - multa.
Parágrafo único.  Aplica-se em dobro a multa prevista Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a res-
no caput  em caso de reincidência no período de até 12 pectiva marcha for interceptada:
(doze) meses da infração anterior.  (Incluído pela Lei nº I - por agrupamento de pessoas, como préstitos, pas-
12.971, de 2014)    (Vigência) seatas, desfiles e outros:
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à Infração - gravíssima;
direita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista ou Penalidade - multa.
entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para II - por agrupamento de veículos, como cortejos, for-
operação de retorno: mações militares e outros:
Infração - grave; Infração - grave;
Penalidade - multa. Penalidade - multa.
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre Art. 214. Deixar de dar preferência de passagem a pe-
cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo com destre e a veículo não motorizado:
autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes: I - que se encontre na faixa a ele destinada;
Infração - leve; II - que não haja concluído a travessia mesmo que
Penalidade - multa. ocorra sinal verde para o veículo;
Art. 206. Executar operação de retorno: III - portadores de deficiência física, crianças, idosos e
I - em locais proibidos pela sinalização; gestantes:
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e tú- Infração - gravíssima;
neis; Penalidade - multa.

38
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IV - quando houver iniciado a travessia mesmo que Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de
não haja sinalização a ele destinada; forma compatível com a segurança do trânsito:
V - que esteja atravessando a via transversal para onde I - quando se aproximar de passeatas, aglomerações,
se dirige o veículo: cortejos, préstitos e desfiles:
Infração - grave; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa. Penalidade - multa;
Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem: II - nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado
I - em interseção não sinalizada: pelo agente da autoridade de trânsito, mediante sinais so-
a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou ro- noros ou gestos;
tatória; III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou
b) a veículo que vier da direita;
acostamento;
II - nas interseções com sinalização de regulamentação
IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção não
de Dê a Preferência:
Infração - grave; sinalizada;
Penalidade - multa. V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja cer-
Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar cada;
adequadamente posicionado para ingresso na via e sem VI - nos trechos em curva de pequeno raio;
as precauções com a segurança de pedestres e de outros VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com adver-
veículos: tência de obras ou trabalhadores na pista;
Infração - média; VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;
Penalidade - multa. IX - quando houver má visibilidade;
Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos estacionados X - quando o pavimento se apresentar escorregadio,
sem dar preferência de passagem a pedestres e a outros defeituoso ou avariado;
veículos: XI - à aproximação de animais na pista;
Infração - média; XII - em declive;
Penalidade - multa. XIII - ao ultrapassar ciclista:
Art. 218.  Transitar em velocidade superior à máxima Infração - grave;
permitida para o local, medida por instrumento ou equi- Penalidade - multa;
pamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, estações
arteriais e demais vias: (Redação dada pela Lei nº 11.334,
de embarque e desembarque de passageiros ou onde haja
de 2006)
intensa movimentação de pedestres:
I - quando a velocidade for superior à máxima em até
20% (vinte por cento):       (Redação dada pela Lei nº 11.334, Infração - gravíssima;
de 2006) Penalidade - multa.
Infração - média;       (Redação dada pela Lei nº 11.334, Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em
de 2006) desacordo com as especificações e modelos estabelecidos
Penalidade - multa;        (Redação dada pela Lei nº pelo CONTRAN:
11.334, de 2006) Infração - média;
II - quando a velocidade for superior à máxima em Penalidade - multa;
mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta por cen- Medida administrativa - retenção do veículo para regu-
to):(Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006) larização e apreensão das placas irregulares.
Infração - grave;(Redação dada pela Lei nº 11.334, de Parágrafo único. Incide na mesma penalidade aquele
2006) que confecciona, distribui ou coloca, em veículo próprio ou
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº 11.334, de terceiros, placas de identificação não autorizadas pela
de 2006) regulamentação.
III - quando a velocidade for superior à máxima em Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de
mais de 50% (cinquenta por cento):  (Incluído pela Lei nº atendimento de emergência, o sistema de iluminação ver-
11.334, de 2006) melha intermitente dos veículos de polícia, de socorro de
Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 11.334, de
incêndio e salvamento, de fiscalização de trânsito e das
2006)
ambulâncias, ainda que parados:
Penalidade - multa [3 (três) vezes], suspensão imediata
do direito de dirigir e apreensão do documento de habili- Infração - média;
tação.(Incluído pela Lei nº 11.334, de 2006) Penalidade - multa.
Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou com o
à metade da velocidade máxima estabelecida para a via, facho de luz alta de forma a perturbar a visão de outro
retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as con- condutor:
dições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo Infração - grave;
se estiver na faixa da direita: Penalidade - multa;
Infração - média; Medida administrativa - retenção do veículo para re-
Penalidade - multa. gularização.

39
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em VII - com a cor ou característica alterada;
vias providas de iluminação pública: VIII - sem ter sido submetido à inspeção de segurança
Infração - leve; veicular, quando obrigatória;
Penalidade - multa. IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ine-
Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir ficiente ou inoperante;
os demais condutores e, à noite, não manter acesas as lu- X - com equipamento obrigatório em desacordo com o
zes externas ou omitir-se quanto a providências necessá- estabelecido pelo CONTRAN;
rias para tornar visível o local, quando: XI - com descarga livre ou silenciador de motor de ex-
I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento ou plosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
permanecer no acostamento; XII - com equipamento ou acessório proibido;
II - a carga for derramada sobre a via e não puder ser XIII - com o equipamento do sistema de iluminação e
retirada imediatamente: de sinalização alterados;
Infração - grave; XIV - com registrador instantâneo inalterável de velo-
Penalidade - multa. cidade e tempo viciado ou defeituoso, quando houver exi-
Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto que
gência desse aparelho;
tenha sido utilizado para sinalização temporária da via:
XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de
Infração - média;
caráter publicitário afixados ou pintados no pára-brisa e
Penalidade - multa.
em toda a extensão da parte traseira do veículo, excetua-
Art. 227. Usar buzina:
I - em situação que não a de simples toque breve como das as hipóteses previstas neste Código;
advertência ao pedestre ou a condutores de outros veícu- XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por
los; películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pinturas;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto; XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não autori-
III - entre as vinte e duas e as seis horas; zadas pela legislação;
IV - em locais e horários proibidos pela sinalização; XVIII - em mau estado de conservação, comprometen-
V - em desacordo com os padrões e frequências esta- do a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de
belecidas pelo CONTRAN: segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no
Infração - leve; art. 104;
Penalidade - multa. XIX - sem acionar o limpador de pára-brisa sob chuva:
Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em Infração - grave;
volume ou frequência que não sejam autorizados pelo Penalidade - multa;
CONTRAN: Medida administrativa - retenção do veículo para re-
Infração - grave; gularização;
Penalidade - multa; XX - sem portar a autorização para condução de esco-
Medida administrativa - retenção do veículo para re- lares, na forma estabelecida no art. 136:
gularização. Infração - grave;
Art. 229. Usar indevidamente no veículo aparelho de Penalidade - multa e apreensão do veículo;
alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e demais
sossego público, em desacordo com normas fixadas pelo inscrições previstas neste Código;
CONTRAN: XXII - com defeito no sistema de iluminação, de sinali-
Infração - média; zação ou com lâmpadas queimadas:
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo. Penalidade - multa.
Art. 230. Conduzir o veículo:
XXIII - em desacordo com as condições estabelecidas
I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou
no art. 67-C, relativamente ao tempo de permanência do
qualquer outro elemento de identificação do veículo viola-
condutor ao volante e aos intervalos para descanso, quan-
do ou falsificado;
do se tratar de veículo de transporte de carga ou coleti-
II - transportando passageiros em compartimento de
carga, salvo por motivo de força maior, com permissão da vo de passageiros:  (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
autoridade competente e na forma estabelecida pelo CON- 2015)  (Vigência)
TRAN; Infração - média;    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
III - com dispositivo anti-radar; de 2015)  (Vigência)
IV - sem qualquer uma das placas de identificação; Penalidade - multa;   (Redação dada pela Lei nº 13.103,
V - que não esteja registrado e devidamente licenciado; de 2015)  (Vigência)
VI - com qualquer uma das placas de identificação sem Medida administrativa - retenção do veículo para cum-
condições de legibilidade e visibilidade: primento do tempo de descanso aplicável. (Redação dada
Infração - gravíssima; pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
Penalidade - multa e apreensão do veículo; XXIV- (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 12.619, de
Medida administrativa - remoção do veículo; 2012)  (Vigência)

40
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  Se o condutor cometeu infração igual nos últimos VI - em desacordo com a autorização especial, expedi-
12 (doze) meses, será convertida, automaticamente, a pe- da pela autoridade competente para transitar com dimen-
nalidade disposta no inciso XXIII em infração grave. (Incluí- sões excedentes, ou quando a mesma estiver vencida:
do pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) Infração - grave;
§ 2o  Em se tratando de condutor estrangeiro, a libera- Penalidade - multa e apreensão do veículo;
ção do veículo fica condicionada ao pagamento ou ao de- Medida administrativa - remoção do veículo;
pósito, judicial ou administrativo, da multa.   (Incluído pela VII - com lotação excedente;
Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou
Art. 231. Transitar com o veículo: bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos
Art. 231. Transitar com o veículo: de força maior ou com permissão da autoridade compe-
I - danificando a via, suas instalações e equipamentos; tente:
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a via: Infração - média;
a) carga que esteja transportando; Penalidade - multa;
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
Medida administrativa - retenção do veículo;
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de aciden-
IX - desligado ou desengrenado, em declive:
te:
Infração - média;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para re- Medida administrativa - retenção do veículo;
gularização; X - excedendo a capacidade máxima de tração:
III - produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis Infração - de média a gravíssima, a depender da rela-
superiores aos fixados pelo CONTRAN; ção entre o excesso de peso apurado e a capacidade máxi-
IV - com suas dimensões ou de sua carga superiores ma de tração, a ser regulamentada pelo CONTRAN;
aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização, Penalidade - multa;
sem autorização: Medida Administrativa - retenção do veículo e trans-
Infração - grave; bordo de carga excedente.
Penalidade - multa; Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas
Medida administrativa - retenção do veículo para re- nos incisos V e X, o veículo que transitar com excesso de
gularização; peso ou excedendo à capacidade máxima de tração, não
V - com excesso de peso, admitido percentual de to- computado o percentual tolerado na forma do disposto
lerância quando aferido por equipamento, na forma a ser na legislação, somente poderá continuar viagem após des-
estabelecida pelo CONTRAN: carregar o que exceder, segundo critérios estabelecidos na
Infração - média; referida legislação complementar.
Penalidade - multa acrescida a cada duzentos quilogra- Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de por-
mas ou fração de excesso de peso apurado, constante na te obrigatório referidos neste Código:
seguinte tabela: Infração - leve;
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 (cinco Penalidade - multa;
reais e trinta e dois centavos);  (Redação dada pela Lei nº Medida administrativa - retenção do veículo até a apre-
13.281, de 2016)      (Vigência) sentação do documento.
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos qui- Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no
logramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centa- prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito,
vos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi- ocorridas as hipóteses previstas no art. 123:
gência)
Infração - grave;
c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogramas)
Penalidade - multa;
- R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito centavos);  (Reda-
Medida administrativa - retenção do veículo para re-
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
gularização.
d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogra-
mas) - R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois centa- Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de habilita-
vos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi- ção e de identificação do veículo:
gência) Infração - gravíssima;
e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil qui- Penalidade - multa e apreensão do veículo;
logramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cinquenta Medida administrativa - remoção do veículo.
e seis centavos);   (Redação dada pela Lei nº 13.281, de Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes
2016)      (Vigência) externas do veículo, salvo nos casos devidamente autori-
f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$ zados:
53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos);   (Redação Infração - grave;
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo e trans- Medida administrativa - retenção do veículo para
bordo da carga excedente; transbordo.

41
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo flexível ou V - transportando criança menor de sete anos ou que
corda, salvo em casos de emergência: não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar de sua
Infração - média; própria segurança:
Penalidade - multa. Infração - gravíssima;
Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo com as Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
especificações, e com falta de inscrição e simbologia neces- Medida administrativa - Recolhimento do documento
sárias à sua identificação, quando exigidas pela legislação: de habilitação;
Infração - grave; VI - rebocando outro veículo;
VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo
Penalidade - multa;
eventualmente para indicação de manobras;
Medida administrativa - retenção do veículo para re-
VIII – transportando carga incompatível com suas espe-
gularização. cificações ou em desacordo com o previsto no § 2o do art.
Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito 139-A desta Lei;(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de ha- IX – efetuando transporte remunerado de mercadorias
bilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros em desacordo com o previsto no art. 139-A desta Lei ou
exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade: com as normas que regem a atividade profissional dos mo-
Infração - gravíssima; totaxistas:   (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração – grave; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
Medida administrativa - remoção do veículo. Penalidade – multa;    (Incluído pela Lei nº 12.009, de
Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido para 2009)
regularização, sem permissão da autoridade competente Medida administrativa – apreensão do veículo para re-
ou de seus agentes: gularização.  (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
Infração - gravíssima; § 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, VII e
Penalidade - multa e apreensão do veículo; VIII, além de:
Medida administrativa - remoção do veículo. a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assento
Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa do especial a ele destinado;
registro de veículo irrecuperável ou definitivamente des- b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, salvo
onde houver acostamento ou faixas de rolamento próprias;
montado:
c) transportar crianças que não tenham, nas circunstân-
Infração - grave;
cias, condições de cuidar de sua própria segurança.
Penalidade - multa; § 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na alí-
Medida administrativa - Recolhimento do Certificado nea b do parágrafo anterior:
de Registro e do Certificado de Licenciamento Anual. Infração - média;
Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do Penalidade - multa.
veículo ou de habilitação do condutor: § 3o A restrição imposta pelo inciso VI do caput deste
Infração - leve; artigo não se aplica às motocicletas e motonetas que tra-
Penalidade - multa. cionem semi-reboques especialmente projetados para esse
Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para fins fim e devidamente homologados pelo órgão competen-
de registro, licenciamento ou habilitação: te.  (Incluído pela Lei nº 10.517, de 2002)
Infração - gravíssima; Art. 245. Utilizar a via para depósito de mercadorias,
Penalidade - multa. materiais ou equipamentos, sem autorização do órgão ou
Art. 243. Deixar a empresa seguradora de comunicar entidade de trânsito com circunscrição sobre a via:
ao órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de Infração - grave;
perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas pla- Penalidade - multa;
cas e documentos: Medida administrativa - remoção da mercadoria ou do
Infração - grave; material.
Parágrafo único. A penalidade e a medida administra-
Penalidade - multa;
tiva incidirão sobre a pessoa física ou jurídica responsável.
Medida administrativa - Recolhimento das placas e dos
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre
documentos. circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no lei-
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor: to da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via
I - sem usar capacete de segurança com viseira ou ócu- indevidamente:
los de proteção e vestuário de acordo com as normas e Infração - gravíssima;
especificações aprovadas pelo CONTRAN; Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a cri-
II - transportando passageiro sem o capacete de segu- tério da autoridade de trânsito, conforme o risco à segu-
rança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora do rança.
assento suplementar colocado atrás do condutor ou em Parágrafo único. A penalidade será aplicada à pessoa
carro lateral; física ou jurídica responsável pela obstrução, devendo a au-
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas toridade com circunscrição sobre a via providenciar a sina-
em uma roda; lização de emergência, às expensas do responsável, ou, se
IV - com os faróis apagados; possível, promover a desobstrução.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em
rolamento, em fila única, os veículos de tração ou propul- movimento:  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
são humana e os de tração animal, sempre que não houver Infração - média;  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
acostamento ou faixa a eles destinados: Penalidade - multa.   (Incluído pela Lei nº 13.154, de
Infração - média; 2015)
Penalidade - multa. Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V carac-
Art. 248. Transportar em veículo destinado ao trans- terizar-se-á como infração gravíssima no caso de o condu-
porte de passageiros carga excedente em desacordo com tor estar segurando ou manuseando telefone celular.  (In-
o estabelecido no art. 109: cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Infração - grave; Art. 253. Bloquear a via com veículo:
Penalidade - multa;
Infração - gravíssima;
Medida administrativa - retenção para o transbordo.
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de
posição, quando o veículo estiver parado, para fins de em- Medida administrativa - remoção do veículo.
barque ou desembarque de passageiros e carga ou descar- Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberada-
ga de mercadorias: mente, interromper, restringir ou perturbar a circulação na
Infração - média; via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito com
Penalidade - multa. circunscrição sobre ela:   (Incluído pela Lei nº 13. 281, de
Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento: 2016)
I - deixar de manter acesa a luz baixa: Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
a) durante a noite; 2016)
b) de dia, nos túneis providos de iluminação públi- Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direito
ca e nas rodovias;  (Redação dada pela Lei  nº 13.290, de de dirigir por 12 (doze) meses;  (Incluído pela Lei nº 13.281,
2016)     (Vigência) de 2016)
c) de dia e de noite, tratando-se de veículo de trans- Medida administrativa - remoção do veículo.  (Incluído
porte coletivo de passageiros, circulando em faixas ou pis-
pela Lei nº 13.281, de 2016)
tas a eles destinadas;
d) de dia e de noite, tratando-se de ciclomotores; § 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes
II - deixar de manter acesas pelo menos as luzes de aos organizadores da conduta prevista no caput.  (Incluído
posição sob chuva forte, neblina ou cerração; pela Lei nº 13.281, de 2016)
III - deixar de manter a placa traseira iluminada, à noite; § 2º   Aplica-se em dobro a multa em caso de reinci-
Infração - média; dência no período de 12 (doze) meses.  (Incluído pela Lei
Penalidade - multa. nº 13.281, de 2016)
Art. 251. Utilizar as luzes do veículo: § 3º  As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou
I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situações jurídicas que incorram na infração, devendo a autoridade
de emergência; com circunscrição sobre a via restabelecer de imediato, se
II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas se- possível, as condições de normalidade para a circulação na
guintes situações: via.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
a) a curtos intervalos, quando for conveniente advertir Art. 254. É proibido ao pedestre:
a outro condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo;
I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exce-
b) em imobilizações ou situação de emergência, como
advertência, utilizando pisca-alerta; to para cruzá-las onde for permitido;
c) quando a sinalização de regulamentação da via de- II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou
terminar o uso do pisca-alerta: túneis, salvo onde exista permissão;
Infração - média; III - atravessar a via dentro das áreas de cruzamento,
Penalidade - multa. salvo quando houver sinalização para esse fim;
Art. 252. Dirigir o veículo: IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de
I - com o braço do lado de fora; perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folgue-
II - transportando pessoas, animais ou volume à sua do, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e
esquerda ou entre os braços e pernas; com a devida licença da autoridade competente;
III - com incapacidade física ou mental temporária que V - andar fora da faixa própria, passarela, passagem
comprometa a segurança do trânsito; aérea ou subterrânea;
IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que VI - desobedecer à sinalização de trânsito específica;
comprometa a utilização dos pedais;
Infração - leve;
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva
Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por cento) do
fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do
veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo; valor da infração de natureza leve.
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a VII - (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
aparelhagem sonora ou de telefone celular; § 1º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - média; § 2º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa. § 3º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja § 6º O transportador e o embarcador são solidariamen-
permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em de- te responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso
sacordo com o disposto no parágrafo único do art. 59: bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou
Infração - média; manifesto for superior ao limite legal.
Penalidade - multa; § 7º Não sendo imediata a identificação do infrator, o
Medida administrativa - remoção da bicicleta, median- proprietário do veículo terá quinze dias de prazo, após a
te recibo para o pagamento da multa. notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em
que dispuser o CONTRAN, ao fim do qual, não o fazendo,
CAPÍTULO XVI será considerado responsável pela infração.
DAS PENALIDADES § 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não
havendo identificação do infrator e sendo o veículo de
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das com- propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova multa ao
petências estabelecidas neste Código e dentro de sua cir- proprietário do veículo, mantida a originada pela infração,
cunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as cujo valor é o da multa multiplicada pelo número de infra-
seguintes penalidades: ções iguais cometidas no período de doze meses.
I - advertência por escrito; § 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime
II - multa; do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259.
III - suspensão do direito de dirigir; Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-
IV -  (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigên- se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias:
cia) I - infração de natureza gravíssima, punida com mul-
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação; ta no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais
VI - cassação da Permissão para Dirigir; e quarenta e sete centavos);   (Redação dada pela Lei nº
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem. 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 1º A aplicação das penalidades previstas neste Códi- II - infração de natureza grave, punida com multa no
go não elide as punições originárias de ilícitos penais de- valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vin-
correntes de crimes de trânsito, conforme disposições de te e três centavos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
lei. 2016)      (Vigência)
§ 2º  (VETADO) III - infração de natureza média, punida com multa no
§ 3º A imposição da penalidade será comunicada aos valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centa-
órgãos ou entidades executivos de trânsito responsáveis vos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
pelo licenciamento do veículo e habilitação do condutor. gência)
Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor,
IV - infração de natureza leve, punida com multa no
ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao transpor-
valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito cen-
tador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e
tavos).  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressa-
gência)
mente mencionados neste Código.
§ 1º (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão
2016)      (Vigência)
impostas concomitantemente as penalidades de que trata
§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator mul-
este Código toda vez que houver responsabilidade soli-
dária em infração dos preceitos que lhes couber observar, tiplicador ou índice adicional específico é o previsto neste
respondendo cada um de per si pela falta em comum que Código.
lhes for atribuída. § 3º  (VETADO)
§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade § 4º  (VETADO)
pela infração referente à prévia regularização e preenchi- Art. 259. A cada infração cometida são computados os
mento das formalidades e condições exigidas para o trân- seguintes números de pontos:
sito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabi- I - gravíssima - sete pontos;
lidade de suas características, componentes, agregados, II - grave - cinco pontos;
habilitação legal e compatível de seus condutores, quando III - média - quatro pontos;
esta for exigida, e outras disposições que deva observar. IV - leve - três pontos.
§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra- § 1º  (VETADO)
ções decorrentes de atos praticados na direção do veículo. § 2º  (VETADO)
§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa § 3o (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 12.619, de
ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou 2012) (Vigência)
no peso bruto total, quando simultaneamente for o único § 4o  Ao condutor identificado no ato da infração será
remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatu- atribuída pontuação pelas infrações de sua responsabilida-
ra ou manifesto for inferior àquele aferido. de, nos termos previstos no § 3o do art. 257, excetuando-se
§ 5º O transportador é o responsável pela infração rela- aquelas praticadas por passageiros usuários do serviço de
tiva ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos transporte rodoviário de passageiros em viagens de lon-
ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador ga distância transitando em rodovias com a utilização de
ultrapassar o peso bruto total. ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual,

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

internacional e aquelas em viagem de longa distância por § 5º  O condutor que exerce atividade remunerada em
fretamento e turismo ou de qualquer modalidade, exce- veículo, habilitado na categoria C, D ou E, poderá optar por
tuadas as situações regulamentadas pelo Contran a teor participar de curso preventivo de reciclagem sempre que,
do art. 65 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Có- no período de 1 (um) ano, atingir 14 (quatorze) pontos,
digo de Trânsito Brasileiro.     (Incluído pela Lei nº 13.103, conforme regulamentação do Contran.   (Redação dada
de 2015)  (Vigência) pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Art. 260. As multas serão impostas e arrecadadas pelo § 6o Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5o,
órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a o condutor terá eliminados os pontos que lhe tiverem sido
via onde haja ocorrido a infração, de acordo com a compe- atribuídos, para fins de contagem subsequente.  (Incluído
tência estabelecida neste Código. pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em § 7º   O motorista que optar pelo curso previsto no §
unidade da Federação diversa da do licenciamento do veí- 5º não poderá fazer nova opção no período de 12 (doze)
culo serão arrecadadas e compensadas na forma estabele- meses.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
cida pelo CONTRAN. gência)
§ 2º As multas decorrentes de infração cometida em § 8o A pessoa jurídica concessionária ou permissioná-
unidade da Federação diversa daquela do licenciamento ria de serviço público tem o direito de ser informada dos
do veículo poderão ser comunicadas ao órgão ou entida- pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos motoristas que
de responsável pelo seu licenciamento, que providenciará integrem seu quadro funcional, exercendo atividade remu-
a notificação. nerada ao volante, na forma que dispuser o Contran.  (In-
§ 3º  (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998) cluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 4º Quando a infração for cometida com veículo licen- § 9º  Incorrerá na infração prevista no inciso II do art.
ciado no exterior, em trânsito no território nacional, a multa 162 o condutor que, notificado da penalidade de que trata
respectiva deverá ser paga antes de sua saída do País, res- este artigo, dirigir veículo automotor em via pública.  (In-
peitado o princípio de reciprocidade. cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Art. 261.  A penalidade de suspensão do direito de di- § 10.   O processo de suspensão do direito de dirigir
rigir será imposta nos seguintes casos:  (Redação dada pela referente ao inciso II do caput deste artigo deverá ser ins-
Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) taurado concomitantemente com o processo de aplicação
I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20 da penalidade de multa.   (Incluído pela Lei nº 13.281, de
(vinte) pontos, no período de 12 (doze) meses, conforme a 2016)      (Vigência)
pontuação prevista no art. 259;  (Incluído pela Lei nº 13.281, § 11.   O Contran regulamentará as disposições deste
de 2016)      (Vigência) artigo.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
II - por transgressão às normas estabelecidas neste Có- Art. 262.  (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
digo, cujas infrações preveem, de forma específica, a pena- gência)
lidade de suspensão do direito de dirigir.  (Incluído pela Lei Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-
nº 13.281, de 2016)      (Vigência) se-á:
§ 1º  Os prazos para aplicação da penalidade de sus- I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator con-
pensão do direito de dirigir são os seguintes:   (Redação duzir qualquer veículo;
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses,
 I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos arts.
1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
(doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;  (Incluído III - quando condenado judicialmente por delito de
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) trânsito, observado o disposto no art. 160.
 II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) § 1º Constatada, em processo administrativo, a irregu-
meses, exceto para as infrações com prazo descrito no dis- laridade na expedição do documento de habilitação, a au-
positivo infracional, e, no caso de reincidência no período toridade expedidora promoverá o seu cancelamento.
de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18 (dezoito) meses, res- § 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira Na-
peitado o disposto no inciso II do art. 263.  (Incluído pela cional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua rea-
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) bilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à
§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, habilitação, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
a Carteira Nacional de Habilitação será devolvida a seu ti- Art. 264.  (VETADO)
tular imediatamente após cumprida a penalidade e o curso Art. 265. As penalidades de suspensão do direito de di-
de reciclagem. rigir e de cassação do documento de habilitação serão apli-
 § 3o  A imposição da penalidade de suspensão do di- cadas por decisão fundamentada da autoridade de trânsito
reito de dirigir elimina os 20 (vinte) pontos computados competente, em processo administrativo, assegurado ao
para fins de contagem subsequente.(Incluído pela Lei nº infrator amplo direito de defesa.
12.547, de 2011) Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente,
§ 4o (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012) duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativa-
(Vigência) mente, as respectivas penalidades.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de adver- § 3º São documentos de habilitação a Carteira Nacio-
tência por escrito à infração de natureza leve ou média, nal de Habilitação e a Permissão para Dirigir.
passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o § 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do inci-
infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quan- so X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber.
do a autoridade, considerando o prontuário do infrator, en- Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expres-
tender esta providência como mais educativa. sos neste Código.
§ 1º A aplicação da advertência por escrito não elide § 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local
o acréscimo do valor da multa prevista no § 3º do art. 258,
da infração, o veículo será liberado tão logo seja regulari-
imposta por infração posteriormente cometida.
zada a situação.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se igualmente aos
pedestres, podendo a multa ser transformada na participa- § 2o  Não sendo possível sanar a falha no local da infra-
ção do infrator em cursos de segurança viária, a critério da ção, o veículo, desde que ofereça condições de segurança
autoridade de trânsito. para circulação, poderá ser liberado e entregue a condutor
Art. 268. O infrator será submetido a curso de recicla- regularmente habilitado, mediante recolhimento do Cer-
gem, na forma estabelecida pelo CONTRAN: tificado de Licenciamento Anual, contra apresentação de
I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua ree- recibo, assinalando-se prazo razoável ao condutor para re-
ducação; gularizar a situação, para o que se considerará, desde logo,
II - quando suspenso do direito de dirigir; notificado.(Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
III - quando se envolver em acidente grave para o qual § 3º O Certificado de Licenciamento Anual será devol-
haja contribuído, independentemente de processo judicial; vido ao condutor no órgão ou entidade aplicadores das
IV - quando condenado judicialmente por delito de medidas administrativas, tão logo o veículo seja apresenta-
trânsito; do à autoridade devidamente regularizado.
V - a qualquer tempo, se for constatado que o condu- § 4º  Não se apresentando condutor habilitado no local
tor está colocando em risco a segurança do trânsito; da infração, o veículo será removido a depósito, aplicando-
VI - em outras situações a serem definidas pelo CON- se neste caso o disposto no art. 271.  (Redação dada pela
TRAN.
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção ime-
CAPÍTULO XVII
DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS diata, quando se tratar de veículo de transporte coletivo
transportando passageiros ou veículo transportando pro-
Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, duto perigoso ou perecível, desde que ofereça condições
na esfera das competências estabelecidas neste Código de segurança para circulação em via pública.
e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes § 6º  Não efetuada a regularização no prazo a que se
medidas administrativas: refere o   § 2o, será feito registro de restrição administrativa
I - retenção do veículo; no Renavam por órgão ou entidade executivo de trânsito
II - remoção do veículo; dos Estados e do Distrito Federal, que será retirada após
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação; comprovada a regularização.(Incluído pela Lei nº 13.160, de
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; 2015)
V - recolhimento do Certificado de Registro;  § 7o O descumprimento das obrigações estabelecidas
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento no § 2o resultará em recolhimento do veículo ao depósito,
Anual; aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271.(Incluído
VII -  (VETADO) pela Lei nº 13.160, de 2015)
VIII - transbordo do excesso de carga; Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou entida-
perícia de substância entorpecente ou que determine de-
de competente, com circunscrição sobre a via.
pendência física ou psíquica;
 § 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá me-
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos
nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação, res- diante prévio pagamento de multas, taxas e despesas com
tituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de remoção e estada, além de outros encargos previstos na
multas e encargos devidos. legislação específica.(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de   § 2o A liberação do veículo removido é condicionada
legislação, de prática de primeiros socorros e de direção ao reparo de qualquer componente ou equipamento obri-
veicular. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) gatório que não esteja em perfeito estado de funciona-
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medi- mento.(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
das administrativas e coercitivas adotadas pelas autorida- § 3º  Se o reparo referido no § 2º demandar providên-
des de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário cia que não possa ser tomada no depósito, a autoridade
a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa. responsável pela remoção liberará o veículo para reparo,
§ 2º As medidas administrativas previstas neste artigo na forma transportada, mediante autorização, assinalan-
não elidem a aplicação das penalidades impostas por infra- do prazo para reapresentação.  (Redação dada pela Lei nº
ções estabelecidas neste Código, possuindo caráter com- 13.281, de 2016)
plementar a estas.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

  § 4º  Os serviços de remoção, depósito e guarda de Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licencia-
veículo poderão ser realizados por órgão público, direta- mento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos casos
mente, ou por particular contratado por licitação pública, previstos neste Código, quando:
sendo o proprietário do veículo o responsável pelo paga- I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração;
mento dos custos desses serviços.  (Redação dada pela Lei II - se o prazo de licenciamento estiver vencido;
nº 13.281, de 2016) III - no caso de retenção do veículo, se a irregularidade
§ 5o O proprietário ou o condutor deverá ser notifica- não puder ser sanada no local.
do, no ato de remoção do veículo, sobre as providências Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente
necessárias à sua restituição e sobre o disposto no art. 328, é condição para que o veículo possa prosseguir viagem e
conforme regulamentação do CONTRAN.(Incluído pela Lei será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem
nº 13.160, de 2015) prejuízo da multa aplicável.
§ 6º   Caso o proprietário ou o condutor não esteja Parágrafo único. Não sendo possível desde logo aten-
presente no momento da remoção do veículo, a autorida- der ao disposto neste artigo, o veículo será recolhido ao
de de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias contado da data depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e
da remoção, deverá expedir ao proprietário a notificação pagas as despesas de remoção e estada.
prevista no § 5º, por remessa postal ou por outro meio Art. 276.  Qualquer concentração de álcool por litro de
tecnológico hábil que assegure a sua ciência, e, caso reste sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às pe-
frustrada, a notificação poderá ser feita por edital.   (Reda- nalidades previstas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) 12.760, de 2012)
§ 7o A notificação devolvida por desatualização do en- Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens
dereço do proprietário do veículo ou por recusa desse de de tolerância quando a infração for apurada por meio de
recebê-la será considerada recebida para todos os efei- aparelho de medição, observada a legislação metrológi-
tos(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) ca.  (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a noti- Art. 277.  O condutor de veículo automotor envolvido
ficação será feita por edital.(Incluído pela Lei nº 13.160, de em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de
2015) trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, pe-
§ 9o Não caberá remoção nos casos em que a irregula- rícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou
ridade puder ser sanada no local da infração.(Incluído pela científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita
Lei nº 13.160, de 2015) certificar influência de álcool ou outra substância psicoati-
§ 10.  O pagamento das despesas de remoção e estada va que determine dependência.  (Redação dada pela Lei nº
será correspondente ao período integral, contado em dias, 12.760, de 2012)
em que efetivamente o veículo permanecer em depósito, § 1o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 12.760,
limitado ao prazo de 6 (seis) meses.  (Incluído pela Lei nº de 2012)
13.281, de 2016) § 2o  A infração prevista no art. 165 também poderá ser
§ 11.  Os custos dos serviços de remoção e estada pres- caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de si-
tados por particulares poderão ser pagos pelo proprietário nais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, al-
diretamente ao contratado. (Incluído pela Lei nº 13.281, de teração da capacidade psicomotora ou produção de quais-
2016) quer outras provas em direito admitidas.   (Redação dada
§ 12.  O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de pela Lei nº 12.760, de 2012)
o respectivo ente da Federação estabelecer a cobrança por § 3º   Serão aplicadas as penalidades e medidas ad-
meio de taxa instituída em lei. (Incluído pela Lei nº 13.281, ministrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código
de 2016) ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos
§ 13.  No caso de o proprietário do veículo objeto do procedimentos previstos no caput deste artigo.  (Redação
recolhimento comprovar, administrativa ou judicialmente, dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso no Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização,
período de retenção em depósito, é da responsabilidade não submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pon-
do ente público a devolução das quantias pagas por força tos de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalida-
deste artigo, segundo os mesmos critérios da devolução de prevista no art. 209, além da obrigação de retornar ao
de multas indevidas.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória.
Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habi- Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação
litação e da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante reci- policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja loca-
bo, além dos casos previstos neste Código, quando houver lizado, aplicando-se, além das penalidades em que incorre,
suspeita de sua inautenticidade ou adulteração. as estabelecidas no art. 210.
Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo
dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste veículo equipado com registrador instantâneo de veloci-
Código, quando: dade e tempo, somente o perito oficial encarregado do
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; levantamento pericial poderá retirar o disco ou unidade
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua pro- armazenadora do registro.
priedade no prazo de trinta dias.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO XVIII § 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a


DO PROCESSO ADMINISTRATIVO condutor, à exceção daquela de que trata o § 1º do art. 259,
Seção I a notificação será encaminhada ao proprietário do veículo,
Da Autuação responsável pelo seu pagamento.
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de do prazo para apresentação de recurso pelo responsável
trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará: pela infração, que não será inferior a trinta dias contados
I - tipificação da infração; da data da notificação da penalidade. (Incluído pela Lei nº
II - local, data e hora do cometimento da infração; 9.602, de 1998)
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua § 5º No caso de penalidade de multa, a data estabele-
marca e espécie, e outros elementos julgados necessários cida no parágrafo anterior será a data para o recolhimento
à sua identificação; de seu valor.(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível; Art. 282-A. O proprietário do veículo ou o condutor au-
V - identificação do órgão ou entidade e da autorida- tuado poderá optar por ser notificado por meio eletrônico
de ou agente autuador ou equipamento que comprovar a se o órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável
infração; pela autuação oferecer essa opção.   (Incluído pela Lei nº
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valen- 13.281, de 2016)      (Vigência)
do esta como notificação do cometimento da infração. § 1º  O proprietário ou o condutor autuado que optar
§ 1º (VETADO) pela notificação por meio eletrônico deverá manter seu ca-
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração dastro atualizado no órgão executivo de trânsito do Esta-
da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito, por do ou do Distrito Federal.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, rea- 2016)      (Vigência)
ções químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente § 2º  Na hipótese de notificação por meio eletrônico,
disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN. o proprietário ou o condutor autuado será considerado
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o notificado 30 (trinta) dias após a inclusão da informação
agente de trânsito relatará o fato à autoridade no próprio no sistema eletrônico.   (Incluído pela Lei nº 13.281, de
auto de infração, informando os dados a respeito do veícu- 2016)      (Vigência)
lo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedi-
§ 3º O  sistema previsto no caput será certificado digi-
mento previsto no artigo seguinte.
talmente, atendidos os requisitos de autenticidade, integri-
§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente
dade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutu-
para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil, es-
ra de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).  (Incluído pela
tatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no
Art. 283. (VETADO)
âmbito de sua competência.
Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado
Seção II até a data do vencimento expressa na notificação, por oi-
Do Julgamento das Autuações e Penalidades tenta por cento do seu valor.
§ 1º   Caso o infrator opte pelo sistema de notifica-
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da compe- ção eletrônica, se disponível, conforme regulamentação
tência estabelecida neste Código e dentro de sua circuns- do Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem
crição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará recurso, reconhecendo o cometimento da infração, pode-
a penalidade cabível. rá efetuar o pagamento da multa por 60% (sessenta por
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, até
seu registro julgado insubsistente: o vencimento da multa.   (Incluído pela Lei nº 13.281, de
I - se considerado inconsistente ou irregular; 2016)      (Vigência)
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expe- § 2º   O recolhimento do valor da multa não implica
dida a notificação da autuação.(Redação dada pela Lei nº renúncia ao questionamento administrativo, que pode ser
9.602, de 1998) realizado a qualquer momento, respeitado o disposto no §
Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notifica- 1º.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
ção ao proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa § 3º  Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser
postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que aplicada qualquer restrição, inclusive para fins de licencia-
assegure a ciência da imposição da penalidade. mento e transferência, enquanto não for encerrada a ins-
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do en- tância administrativa de julgamento de infrações e penali-
dereço do proprietário do veículo será considerada válida dades.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
para todos os efeitos. § 4º   Encerrada a instância administrativa de julga-
§ 2º A notificação a pessoal de missões diplomáticas, mento de infrações e penalidades, a multa não paga até
de repartições consulares de carreira e de representações o vencimento será acrescida de juros de mora equivalen-
de organismos internacionais e de seus integrantes será re- tes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e
metida ao Ministério das Relações Exteriores para as provi- de Custódia (Selic) para títulos federais acumulada men-
dências cabíveis e cobrança dos valores, no caso de multa. salmente, calculados a partir do mês subsequente ao da

48
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288
(um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento e 289;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
estiver sendo efetuado.   (Incluído pela Lei nº 13.281, de II - a não interposição do recurso no prazo legal; e  (In-
2016)      (Vigência) cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Art. 285. O recurso previsto no art. 283 será interposto III - o pagamento da multa, com reconhecimento da
perante a autoridade que impôs a penalidade, a qual reme- infração e requerimento de encerramento do processo na
tê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias. fase em que se encontra, sem apresentação de defesa ou
§ 1º O recurso não terá efeito suspensivo. recurso.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)  (Vigência)
§ 2º A autoridade que impôs a penalidade remeterá o Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades
recurso ao órgão julgador, dentro dos dez dias úteis subse- aplicadas nos termos deste Código serão cadastradas no
quentes à sua apresentação, e, se o entender intempestivo, RENACH.
assinalará o fato no despacho de encaminhamento.
§ 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não for CAPÍTULO XIX
julgado dentro do prazo previsto neste artigo, a autoridade DOS CRIMES DE TRÂNSITO
que impôs a penalidade, de ofício, ou por solicitação do Seção I
recorrente, poderá conceder-lhe efeito suspensivo. Disposições Gerais
Art. 286. O recurso contra a imposição de multa poderá
ser interposto no prazo legal, sem o recolhimento do seu
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos
valor.
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas
§ 1º No caso de não provimento do recurso, aplicar-se
gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
-á o estabelecido no parágrafo único do art. 284.
§ 2º Se o infrator recolher o valor da multa e apresentar este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como
recurso, se julgada improcedente a penalidade, ser-lhe-á a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
devolvida a importância paga, atualizada em UFIR ou por § 1o  Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal
índice legal de correção dos débitos fiscais. culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de
Art. 287. Se a infração for cometida em localidade di- 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Re-
versa daquela do licenciamento do veículo, o recurso po- numerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)
derá ser apresentado junto ao órgão ou entidade de trân- I - sob a influência de álcool ou qualquer outra subs-
sito da residência ou domicílio do infrator. tância psicoativa que determine dependência;  (Incluído
Parágrafo único. A autoridade de trânsito que receber pela Lei nº 11.705, de 2008)
o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à autoridade que II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou
impôs a penalidade acompanhado das cópias dos prontuá- competição automobilística, de exibição ou demonstração
rios necessários ao julgamento. de perícia em manobra de veículo automotor, não auto-
Art. 288. Das decisões da JARI cabe recurso a ser inter- rizada pela autoridade competente;  (Incluído pela Lei nº
posto, na forma do artigo seguinte, no prazo de trinta dias 11.705, de 2008)
contado da publicação ou da notificação da decisão. III - transitando em velocidade superior à máxima per-
§ 1º O recurso será interposto, da decisão do não pro- mitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por
vimento, pelo responsável pela infração, e da decisão de hora).(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
provimento, pela autoridade que impôs a penalidade. § 2o  Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deve-
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.249, de 2010) rá ser instaurado inquérito policial para a investigação da
Art. 289. O recurso de que trata o artigo anterior será infração penal.(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
apreciado no prazo de trinta dias: Art. 292.   A suspensão ou a proibição de se obter a
I - tratando-se de penalidade imposta pelo órgão ou permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
entidade de trânsito da União: pode ser imposta isolada ou cumulativamente com ou-
a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais tras penalidades.    (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
de seis meses, cassação do documento de habilitação ou
2014)    (Vigência)
penalidade por infrações gravíssimas, pelo CONTRAN;
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição
b) nos demais casos, por colegiado especial integrado
de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veícu-
pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presidente da Junta
lo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
que apreciou o recurso e por mais um Presidente de Junta;
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distrito Fe- o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em
deral, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respectivamente. quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
Parágrafo único. No caso da alínea b do inciso I, quan- de Habilitação.
do houver apenas uma JARI, o recurso será julgado por § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de
seus próprios membros. se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
Art. 290. Implicam encerramento da instância adminis- automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito
trativa de julgamento de infrações e penalidades:  (Reda- de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) prisional.

49
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação Seção II


penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pú- Dos Crimes em Espécie
blica, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou
a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veí-
representação da autoridade policial, decretar, em decisão culo automotor:
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão
dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão dirigir veículo automotor.
ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento § 1o   No homicídio culposo cometido na direção de
do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
sem efeito suspensivo. à metade, se o agente:   (Incluído pela Lei nº 12.971, de
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou 2014)    (Vigência)
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigên-
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito cia)
do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (In-
residente. cluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Art. 296.  Se o réu for reincidente na prática de cri- III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
me previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de sem risco pessoal, à vítima do acidente;(Incluído pela Lei nº
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo 12.971, de 2014)    (Vigência)
automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabí- IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
veis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pela Lei nº 12.971, de 2014)   (Vigência)
pagamento, mediante depósito judicial em favor da víti- V -(Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
ma, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no § 2o   (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que gência)
houver prejuízo material resultante do crime. Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao veículo automotor:
valor do prejuízo demonstrado no processo.
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen-
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts.
são ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
50 a 52 do Código Penal.
para dirigir veículo automotor.
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa re-
Parágrafo único.  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
paratória será descontado.
à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
302.  (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigên-
penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veí-
cia)
culo cometido a infração:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não po-
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas dendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de soli-
ou adulteradas; citar auxílio da autoridade pública:
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se
Habilitação; o fato não constituir elemento de crime mais grave.
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita- Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste ar-
ção de categoria diferente da do veículo; tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
especiais com o transporte de passageiros ou de carga; instantânea ou com ferimentos leves.
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
equipamentos ou características que afetem a sua segu- acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
rança ou o seu funcionamento de acordo com os limites lhe possa ser atribuída:
de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanente- Art. 306.  Conduzir veículo automotor com capacidade
mente destinada a pedestres. psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
Art. 299.  (VETADO) de outra substância psicoativa que determine dependên-
Art. 300.  (VETADO) cia:  (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden- Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e in- litação para dirigir veículo automotor.
tegral socorro àquela. § 1o  As condutas previstas no caput serão constatadas
por:   (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

50
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 mili- Art. 310-A.  (VETADO)   (Incluído pela Lei nº 12.619, de
grama de álcool por litro de ar alveolar; ou   (Incluído pela 2012) (Vigência)
Lei nº 12.760, de 2012) Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
Contran, alteração da capacidade psicomotora.   (Incluído de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
pela Lei nº 12.760, de 2012) estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen-
§ 2o   A verificação do disposto neste artigo poderá tração de pessoas, gerando perigo de dano:
ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de aciden-
meios de prova em direito admitidos, observado o direi- te automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
to à contraprova.   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de procedimento policial preparatório, inquérito policial ou
2014)    (Vigência) processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
§ 3o  O Contran disporá sobre a equivalência entre os a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de caracterização do crime tipificado neste artigo.  (Reda- Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ain-
ção dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) da que não iniciados, quando da inovação, o procedimento
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor Art. 312-A.  Para os crimes relacionados nos arts. 302
imposta com fundamento neste Código: a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com substituição de pena privativa de liberdade por pena res-
nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão tritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à
ou de proibição. comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguin-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde- tes atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § gência)
1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
Habilitação. dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis es-
Art. 308.  Participar, na direção de veículo automotor, pecializadas no atendimento a vítimas de trânsito;  (Incluí-
em via pública, de corrida, disputa ou competição auto- do pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hos-
mobilística não autorizada pela autoridade competente,
pitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de
gerando situação de risco à incolumidade pública ou pri-
trânsito e politraumatizados;  (Incluído pela Lei nº 13.281,
vada:   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vi-
de 2016)      (Vigência)
gência)
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, mul-
na recuperação de acidentados de trânsito;  (Incluído pela
ta e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência)
habilitação para dirigir  veículoautomotor.   (Redação dada IV - outras atividades relacionadas ao resgate, aten-
pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) dimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsi-
§ 1o  Se da prática do crime previsto no caput resultar to.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias de-
monstrarem que o agente não quis o resultado nem as- CAPÍTULO XX
sumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo.   (Incluído pela Lei nº Art. 313. O Poder Executivo promoverá a nomeação
12.971, de 2014)    (Vigência)  dos membros do CONTRAN no prazo de sessenta dias da
§ 2o  Se da prática do crime previsto no caput resultar publicação deste Código.
morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não Art. 314. O CONTRAN tem o prazo de duzentos e qua-
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena renta dias a partir da publicação deste Código para expe-
privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) dir as resoluções necessárias à sua melhor execução, bem
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste arti- como revisar todas as resoluções anteriores à sua publica-
go. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)  ção, dando prioridade àquelas que visam a diminuir o nú-
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem mero de acidentes e a assegurar a proteção de pedestres.
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, existen-
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: tes até a data de publicação deste Código, continuam em
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. vigor naquilo em que não conflitem com ele.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veí- Art. 315. O Ministério da Educação e do Desporto, me-
culo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação diante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo de duzen-
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a tos e quarenta dias contado da publicação, estabelecer o
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por currículo com conteúdo programático relativo à segurança
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com e à educação de trânsito, a fim de atender o disposto neste
segurança: Código.

51
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 316. O prazo de notificação previsto no inciso II § 1º Os documentos previstos no caput  poderão ser
do parágrafo único do art. 281 só entrará em vigor após gerados e tramitados eletronicamente, bem como arqui-
duzentos e quarenta dias contados da publicação desta Lei. vados e armazenados em meio digital, desde que assegu-
Art. 317. Os órgãos e entidades de trânsito concederão rada a autenticidade, a fidedignidade, a confiabilidade e a
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de con- segurança das informações, e serão válidos para todos os
dução de escolares e de aprendizagem às normas do inciso efeitos legais, sendo dispensada, nesse caso, a sua guarda
III do art. 136 e art. 154, respectivamente. física.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Art. 318.  (VETADO) § 2º  O Contran regulamentará a geração, a tramitação,
Art. 319. Enquanto não forem baixadas novas normas o arquivamento, o armazenamento e a eliminação de do-
pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto no art. 92 do cumentos eletrônicos e físicos gerados em decorrência da
Regulamento do Código Nacional de Trânsito - Decreto nº aplicação das disposições deste Código.  (Incluído pela Lei
62.127, de 16 de janeiro de 1968. nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Art. 319-A.  Os valores de multas constantes deste Có- § 3º   Na hipótese prevista nos §§ 1º  e 2º, o sistema
digo poderão ser corrigidos monetariamente pelo Contran, deverá ser certificado digitalmente, atendidos os requisitos
de autenticidade, integridade, validade jurídica e interope-
respeitado o limite da variação do Índice Nacional de Pre-
rabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
ços ao Consumidor Amplo (IPCA) no exercício anterior.  (In-
(ICP-Brasil).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vi-
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
gência)
Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do dis- Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será comemo-
posto no caput  serão divulgados pelo Contran com, no rada anualmente no período compreendido entre 18 e 25
mínimo, 90 (noventa) dias de antecedência de sua aplica- de setembro.
ção.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Art. 327. A partir da publicação deste Código, somen-
Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das mul- te poderão ser fabricados e licenciados veículos que obe-
tas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinaliza- deçam aos limites de peso e dimensões fixados na forma
ção, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fisca- desta Lei, ressalvados os que vierem a ser regulamentados
lização e educação de trânsito. pelo CONTRAN.
§ 1º  O percentual de cinco por cento do valor das mul- Parágrafo único.  (VETADO)
tas de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer
na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segu- título e não reclamado por seu proprietário dentro do pra-
rança e educação de trânsito.  (Redação dada pela Lei nº zo de sessenta dias, contado da data de recolhimento, será
13.281, de 2016)      (Vigência) avaliado e levado a leilão, a ser realizado preferencialmente
§ 2º  O órgão responsável deverá publicar, anualmen- por meio eletrônico.  (Redação dada pela Lei nº 13.160, de
te, na rede mundial de computadores (internet), dados 2015)
sobre a receita arrecadada com a cobrança de multas de § 1o Publicado o edital do leilão, a preparação poderá
trânsito e sua destinação.  (Incluído pela Lei nº 13. 281, de ser iniciada após trinta dias, contados da data de recolhi-
2016)      (Vigência) mento do veículo, o qual será classificado em duas catego-
Art. 320-A.  Os órgãos e as entidades do Sistema Na- rias:  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
cional de Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e I – conservado, quando apresenta condições de segu-
o aprimoramento da fiscalização de trânsito, inclusive por rança para trafegar; e  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
meio do compartilhamento da receita arrecadada com a II – sucata, quando não está apto a trafegar.  (Incluído
cobrança das multas de trânsito.  (Redação dada pela Lei pela Lei nº 13.160, de 2015)
nº 13.281, de 2016) § 2o Se não houver oferta igual ou superior ao valor da
avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte, quando
Art. 321.  (VETADO)
será arrematado pelo maior lance, desde que por valor não
Art. 322.  (VETADO)
inferior a cinquenta por cento do avaliado.  (Incluído pela
Art. 323. O CONTRAN, em cento e oitenta dias, fixará a
Lei nº 13.160, de 2015)
metodologia de aferição de peso de veículos, estabelecen- § 3o  Mesmo classificado como conservado, o veículo
do percentuais de tolerância, sendo durante este período que for levado a leilão por duas vezes e não for arrematado
suspensa a vigência das penalidades previstas no inciso V será leiloado como sucata. (Incluído pela Lei nº 13.160, de
do art. 231, aplicando-se a penalidade de vinte UFIR por 2015)
duzentos quilogramas ou fração de excesso. § 4o É vedado o retorno do veículo leiloado como suca-
Parágrafo único. Os limites de tolerância a que se refere ta à circulação.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
este artigo, até a sua fixação pelo CONTRAN, são aque- § 5o A cobrança das despesas com estada no depósito
les estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de novembro de será limitada ao prazo de seis meses.  (Incluído pela Lei nº
1985. 13.160, de 2015)
Art. 324.  (VETADO) § 6o Os valores arrecadados em leilão deverão ser utili-
Art. 325.   As repartições de trânsito conservarão por, zados para custeio da realização do leilão, dividindo-se os
no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à ha- custos entre os veículos arrematados, proporcionalmente
bilitação de condutores, ao registro e ao licenciamento de ao valor da arrematação, e destinando-se os valores rema-
veículos e aos autos de infração de trânsito.  (Redação dada nescentes, na seguinte ordem, para:  (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) 13.160, de 2015)

52
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I – as despesas com remoção e estada;  (Incluído pela   § 15.  Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
Lei nº 13.160, de 2015) notificação de que trata o § 14, não houver manifestação
II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do § da autoridade responsável pela restrição judicial ou poli-
10;  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) cial, estará o órgão de trânsito autorizado a promover o
III – os credores trabalhistas, tributários e titulares de leilão do veículo nos termos deste artigo.  (Incluído pela Lei
crédito com garantia real, segundo a ordem de preferência nº 13.281, de 2016)     (Vigência)
estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172, de 25 de outubro   § 16.  Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de
de 1966 (Código Tributário Nacional); (Incluído pela Lei nº bens automotores que se encontrarem nos depósitos há
13.160, de 2015) mais de 1 (um) ano poderão ser destinados à reciclagem,
IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade respon- independentemente da existência de restrições sobre o
sável pelo leilão;  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) veículo.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes   § 17.  O procedimento de hasta pública na hipótese
do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a ordem crono- do § 16 será realizado por lote de tonelagem de material
lógica; e  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) ferroso, observando-se, no que couber, o disposto neste
VI – os demais créditos, segundo a ordem de preferên- artigo, condicionando-se a entrega do material arrematado
cia legal.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) aos procedimentos necessários à descaracterização total
§ 7o Sendo insuficiente o valor arrecadado para quitar do bem e à destinação exclusiva, ambientalmente adequa-
os débitos incidentes sobre o veículo, a situação será co- da, à reciclagem siderúrgica, vedado qualquer aproveita-
municada aos credores.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de mento de peças e partes.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
2015) 2016)      (Vigência)
§ 8o Os órgãos públicos responsáveis serão comunica-   § 18.  Os veículos sinistrados irrecuperáveis queima-
dos do leilão previamente para que formalizem a desvincu- dos, adulterados ou estrangeiros, bem como aqueles sem
lação dos ônus incidentes sobre o veículo no prazo máximo possibilidade de regularização perante o órgão de trânsi-
de dez dias.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) to, serão destinados à reciclagem, independentemente do
período em que estejam em depósito, respeitado o prazo
§ 9o  Os débitos incidentes sobre o veículo antes da
previsto no caput  deste artigo, sempre que a autoridade
alienação administrativa ficam dele automaticamente des-
responsável pelo leilão julgar ser essa a medida apropria-
vinculados, sem prejuízo da cobrança contra o proprietário
da.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
anterior.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
Art. 329. Os condutores dos veículos de que tratam os
§ 10. Aplica-se o disposto no § 9o inclusive ao débito
arts. 135 e 136, para exercerem suas atividades, deverão
relativo a tributo cujo fato gerador seja a propriedade, o
apresentar, previamente, certidão negativa do registro de
domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento de
distribuição criminal relativamente aos crimes de homicí-
veículo.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
dio, roubo, estupro e corrupção de menores, renovável a
§ 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o cada cinco anos, junto ao órgão responsável pela respecti-
veículo, por qualquer meio, os débitos serão novamente va concessão ou autorização.
vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso, o disposto Art. 330. Os estabelecimentos onde se executem re-
nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 271.  (Incluído pela Lei nº 13.160, formas ou recuperação de veículos e os que comprem,
de 2015) vendam ou desmontem veículos, usados ou não, são obri-
§ 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente será gados a possuir livros de registro de seu movimento de en-
depositado em conta específica do órgão responsável pela trada e saída e de uso de placas de experiência, conforme
realização do leilão e ficará à disposição do antigo proprie- modelos aprovados e rubricados pelos órgãos de trânsito.
tário, devendo ser expedida notificação a ele, no máximo § 1º Os livros indicarão:
em trinta dias após a realização do leilão, para o levanta- I - data de entrada do veículo no estabelecimento;
mento do valor no prazo de cinco anos, após os quais o II - nome, endereço e identidade do proprietário ou
valor será transferido, definitivamente, para o fundo a que vendedor;
se refere o parágrafo único do art. 320.  (Incluído pela Lei III - data da saída ou baixa, nos casos de desmontagem;
nº 13.160, de 2015) IV - nome, endereço e identidade do comprador;
§ 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, V - características do veículo constantes do seu certifi-
ao animal recolhido, a qualquer título, e não reclamado cado de registro;
por seu proprietário no prazo de sessenta dias, a contar da VI - número da placa de experiência.
data de recolhimento, conforme regulamentação do CON- § 2º Os livros terão suas páginas numeradas tipografi-
TRAN.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) camente e serão encadernados ou em folhas soltas, sendo
§ 14.  Se identificada a existência de restrição policial que, no primeiro caso, conterão termo de abertura e en-
ou judicial sobre o prontuário do veículo, a autoridade cerramento lavrados pelo proprietário e rubricados pela re-
responsável pela restrição será notificada para a retirada partição de trânsito, enquanto, no segundo, todas as folhas
do bem do depósito, mediante a quitação das despesas serão autenticadas pela repartição de trânsito.
com remoção e estada, ou para a autorização do leilão nos § 3º A entrada e a saída de veículos nos estabeleci-
termos deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de mentos referidos neste artigo registrar-se-ão no mesmo
2016)      (Vigência) dia em que se verificarem assinaladas, inclusive, as horas

53
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

a elas correspondentes, podendo os veículos irregulares lá Art. 339. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir cré-
encontrados ou suas sucatas ser apreendidos ou retidos dito especial no valor de R$ 264.954,00 (duzentos e sessen-
para sua completa regularização. ta e quatro mil, novecentos e cinquenta e quatro reais), em
§ 4º As autoridades de trânsito e as autoridades poli- favor do ministério ou órgão a que couber a coordenação
ciais terão acesso aos livros sempre que o solicitarem, não máxima do Sistema Nacional de Trânsito, para atender as
podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento. despesas decorrentes da implantação deste Código.
§ 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude Art. 340. Este Código entra em vigor cento e vinte dias
ao realizá-lo e a recusa de sua exibição serão punidas com após a data de sua publicação.
a multa prevista para as infrações gravíssimas, independente Art. 341. Ficam revogadas as Leis nºs 5.108, de 21 de
das demais cominações legais cabíveis. setembro de 1966, 5.693, de 16 de agosto de 1971, 5.820,
§ 6o Os livros previstos neste artigo poderão ser substi- de 10 de novembro de 1972, 6.124, de 25 de outubro de
tuídos por sistema eletrônico, na forma regulamentada pelo 1974, 6.308, de 15 de dezembro de 1975, 6.369, de 27 de
Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
outubro de 1976, 6.731, de 4 de dezembro de 1979, 7.031,
Art. 331. Até a nomeação e posse dos membros que
de 20 de setembro de 1982,  7.052, de 02 de dezembro
passarão a integrar os colegiados destinados ao julgamento
dos recursos administrativos previstos na Seção II do Capí- de 1982, 8.102, de 10 de dezembro de 1990, os arts. 1º a
tulo XVIII deste Código, o julgamento dos recursos ficará a 6º e 11 do Decreto-lei nº 237, de 28 de fevereiro de 1967, e
cargo dos órgãos ora existentes. os Decretos-leis nºs 584, de 16 de maio de 1969, 912, de 2
Art. 332. Os órgãos e entidades integrantes do Sistema de outubro de 1969, e 2.448, de 21 de julho de 1988.
Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros do CON- Brasília, 23 de setembro de 1997; 176º da Independên-
TRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço, todas as facili- cia e 109º da República.
dades para o cumprimento de sua missão, fornecendo-lhes
as informações que solicitarem, permitindo-lhes inspecionar ANEXO I
a execução de quaisquer serviços e deverão atender pronta- DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
mente suas requisições.
Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento e vin- Para efeito deste Código adotam-se as seguintes de-
te dias após a nomeação de seus membros, as disposições finições:
previstas nos arts. 91 e 92, que terão de ser atendidas pelos ACOSTAMENTO - parte da via diferenciada da pista de
órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodo- rolamento destinada à parada ou estacionamento de veí-
viários para exercerem suas competências. culos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres
§ 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes terão
e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse
prazo de um ano, após a edição das normas, para se ade-
fim.
quarem às novas disposições estabelecidas pelo CONTRAN,
conforme disposto neste artigo. AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - pessoa, civil
§ 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem criados ou policial militar, credenciada pela autoridade de trânsito
exercerão as competências previstas neste Código em cum- para o exercício das atividades de fiscalização, operação,
primento às exigências estabelecidas pelo CONTRAN, con- policiamento ostensivo de trânsito ou patrulhamento.
forme disposto neste artigo, acompanhados pelo respectivo AR ALVEOLAR - ar expirado pela boca de um indivíduo,
CETRAN, se órgão ou entidade municipal, ou CONTRAN, se originário dos alvéolos pulmonares.   (Incluído pela Lei nº
órgão ou entidade estadual, do Distrito Federal ou da União, 12.760, de 2012)
passando a integrar o Sistema Nacional de Trânsito. AUTOMÓVEL - veículo automotor destinado ao trans-
Art. 334. As ondulações transversais existentes deverão porte de passageiros, com capacidade para até oito pes-
ser homologadas pelo órgão ou entidade competente no soas, exclusive o condutor.
prazo de um ano, a partir da publicação deste Código, de- AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de ór-
vendo ser retiradas em caso contrário. gão ou entidade executivo integrante do Sistema Nacional
Art. 335.  (VETADO) de Trânsito ou pessoa por ele expressamente credenciada.
Art. 336. Aplicam-se os sinais de trânsito previstos no BALANÇO TRASEIRO - distância entre o plano vertical
Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no prazo de tre- passando pelos centros das rodas traseiras extremas e o
zentos e sessenta dias da publicação desta Lei, após a mani- ponto mais recuado do veículo, considerando-se todos os
festação da Câmara Temática de Engenharia, de Vias e Veí-
elementos rigidamente fixados ao mesmo.
culos e obedecidos os padrões internacionais.
BICICLETA - veículo de propulsão humana, dotado de
Art. 337. Os CETRAN terão suporte técnico e financeiro
dos Estados e Municípios que os compõem e, o CONTRAN- duas rodas, não sendo, para efeito deste Código, similar à
DIFE, do Distrito Federal. motocicleta, motoneta e ciclomotor.
Art. 338. As montadoras, encarroçadoras, os importado- BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao
res e fabricantes, ao comerciarem veículos automotores de estacionamento de bicicletas.
qualquer categoria e ciclos, são obrigados a fornecer, no ato BONDE - veículo de propulsão elétrica que se move
da comercialização do respectivo veículo, manual contendo sobre trilhos.
normas de circulação, infrações, penalidades, direção de- BORDO DA PISTA - margem da pista, podendo ser de-
fensiva, primeiros socorros e Anexos do Código de Trânsito marcada por linhas longitudinais de bordo que delineiam a
Brasileiro. parte da via destinada à circulação de veículos.

54
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e FAIXAS DE DOMÍNIO - superfície lindeira às vias rurais,
em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, delimitada por lei específica e sob responsabilidade do ór-
reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à gão ou entidade de trânsito competente com circunscrição
implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação sobre a via.
e outros fins. FAIXAS DE TRÂNSITO - qualquer uma das áreas lon-
CAMINHÃO-TRATOR - veículo automotor destinado a gitudinais em que a pista pode ser subdividida, sinalizada
tracionar ou arrastar outro. ou não por marcas viárias longitudinais, que tenham uma
CAMINHONETE - veículo destinado ao transporte de largura suficiente para permitir a circulação de veículos au-
carga com peso bruto total de até três mil e quinhentos tomotores.
quilogramas. FISCALIZAÇÃO - ato de controlar o cumprimento das
CAMIONETA - veículo misto destinado ao transporte normas estabelecidas na legislação de trânsito, por meio
de passageiros e carga no mesmo compartimento. do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbi-
CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído to de circunscrição dos órgãos e entidades executivos de
como separador de duas pistas de rolamento, eventual- trânsito e de acordo com as competências definidas neste
mente substituído por marcas viárias (canteiro fictício). Código.
CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO - máximo peso que FOCO DE PEDESTRES - indicação luminosa de permis-
a unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo são ou impedimento de locomoção na faixa apropriada.
fabricante, baseado em condições sobre suas limitações de FREIO DE ESTACIONAMENTO - dispositivo destinado
geração e multiplicação de momento de força e resistência a manter o veículo imóvel na ausência do condutor ou, no
dos elementos que compõem a transmissão. caso de um reboque, se este se encontra desengatado.
CARREATA - deslocamento em fila na via de veículos FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR - dispositivo desti-
automotores em sinal de regozijo, de reivindicação, de pro- nado a diminuir a marcha do veículo no caso de falha do
testo cívico ou de uma classe. freio de serviço.
CARRO DE MÃO - veículo de propulsão humana utili- FREIO DE SERVIÇO - dispositivo destinado a provocar a
zado no transporte de pequenas cargas.
diminuição da marcha do veículo ou pará-lo.
CARROÇA - veículo de tração animal destinado ao
GESTOS DE AGENTES - movimentos convencionais de
transporte de carga.
braço, adotados exclusivamente pelos agentes de autori-
CATADIÓPTRICO - dispositivo de reflexão e refração da
dades de trânsito nas vias, para orientar, indicar o direito
luz utilizado na sinalização de vias e veículos (olho-de-ga-
to). de passagem dos veículos ou pedestres ou emitir ordens,
CHARRETE - veículo de tração animal destinado ao sobrepondo-se ou completando outra sinalização ou nor-
transporte de pessoas. ma constante deste Código.
CICLO - veículo de pelo menos duas rodas a propulsão GESTOS DE CONDUTORES - movimentos convencio-
humana. nais de braço, adotados exclusivamente pelos condutores,
CICLOFAIXA - parte da pista de rolamento destinada para orientar ou indicar que vão efetuar uma manobra de
à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização mudança de direção, redução brusca de velocidade ou pa-
específica. rada.
CICLOMOTOR - veículo de duas ou três rodas, provido ILHA - obstáculo físico, colocado na pista de rolamen-
de um motor de combustão interna, cuja cilindrada não ex- to, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma
ceda a cinquenta centímetros cúbicos (3,05 polegadas cú- interseção.
bicas) e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda INFRAÇÃO - inobservância a qualquer preceito da le-
a cinquenta quilômetros por hora. gislação de trânsito, às normas emanadas do Código de
CICLOVIA - pista própria destinada à circulação de ci- Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamen-
clos, separada fisicamente do tráfego comum. tação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do
CONVERSÃO - movimento em ângulo, à esquerda ou à trânsito.
direita, de mudança da direção original do veículo. INTERSEÇÃO - todo cruzamento em nível, entronca-
CRUZAMENTO - interseção de duas vias em nível. mento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais
DISPOSITIVO DE SEGURANÇA - qualquer elemento que cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações.
tenha a função específica de proporcionar maior segurança INTERRUPÇÃO DE MARCHA - imobilização do veículo
ao usuário da via, alertando-o sobre situações de perigo para atender circunstância momentânea do trânsito.
que possam colocar em risco sua integridade física e dos LICENCIAMENTO - procedimento anual, relativo a obri-
demais usuários da via, ou danificar seriamente o veículo. gações do proprietário de veículo, comprovado por meio
ESTACIONAMENTO - imobilização de veículos por de documento específico (Certificado de Licenciamento
tempo superior ao necessário para embarque ou desem-
Anual).
barque de passageiros.
LOGRADOURO PÚBLICO - espaço livre destinado pela
ESTRADA - via rural não pavimentada.
municipalidade à circulação, parada ou estacionamento de
ETILÔMETRO - aparelho destinado à medição do teor
veículos, ou à circulação de pedestres, tais como calçada,
alcoólico no ar alveolar.    (Incluído pela Lei nº 12.760, de
2012) parques, áreas de lazer, calçadões.

55
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

LOTAÇÃO - carga útil máxima, incluindo condutor e brados, acidentados, estacionados irregularmente atrapa-
passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilo- lhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informa-
gramas para os veículos de carga, ou número de pessoas, ções aos pedestres e condutores.
para os veículos de passageiros. PARADA - imobilização do veículo com a finalidade e
LOTE LINDEIRO - aquele situado ao longo das vias ur- pelo tempo estritamente necessário para efetuar embar-
banas ou rurais e que com elas se limita. que ou desembarque de passageiros.
LUZ ALTA - facho de luz do veículo destinado a iluminar PASSAGEM DE NÍVEL - todo cruzamento de nível entre
a via até uma grande distância do veículo. uma via e uma linha férrea ou trilho de bonde com pista
LUZ BAIXA - facho de luz do veículo destinada a ilumi- própria.
nar a via diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO - movimento de pas-
incômodo injustificáveis aos condutores e outros usuários sagem à frente de outro veículo que se desloca no mesmo
da via que venham em sentido contrário. sentido, em menor velocidade, mas em faixas distintas da
LUZ DE FREIO - luz do veículo destinada a indicar aos via.
demais usuários da via, que se encontram atrás do veículo, PASSAGEM SUBTERRÂNEA - obra de arte destinada à
que o condutor está aplicando o freio de serviço. transposição de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso de
LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (pisca-pisca) - luz do pedestres ou veículos.
veículo destinada a indicar aos demais usuários da via que PASSARELA - obra de arte destinada à transposição de
o condutor tem o propósito de mudar de direção para a vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
direita ou para a esquerda. PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento,
LUZ DE MARCHA À RÉ - luz do veículo destinada a ilu- neste último caso, separada por pintura ou elemento físico
minar atrás do veículo e advertir aos demais usuários da via separador, livre de interferências, destinada à circulação ex-
que o veículo está efetuando ou a ponto de efetuar uma clusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
manobra de marcha à ré. PATRULHAMENTO - função exercida pela Polícia Ro-
LUZ DE NEBLINA - luz do veículo destinada a aumen- doviária Federal com o objetivo de garantir obediência às
tar a iluminação da via em caso de neblina, chuva forte ou normas de trânsito, assegurando a livre circulação e evitan-
nuvens de pó. do acidentes.
LUZ DE POSIÇÃO (lanterna) - luz do veículo destinada
PERÍMETRO URBANO - limite entre área urbana e área
a indicar a presença e a largura do veículo.
rural.
MANOBRA - movimento executado pelo condutor
PESO BRUTO TOTAL - peso máximo que o veículo
para alterar a posição em que o veículo está no momento
transmite ao pavimento, constituído da soma da tara mais
em relação à via.
a lotação.
MARCAS VIÁRIAS - conjunto de sinais constituídos de
PESO BRUTO TOTAL COMBINADO - peso máximo
linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e cores
transmitido ao pavimento pela combinação de um cami-
diversas, apostos ao pavimento da via.
nhão-trator mais seu semi-reboque ou do caminhão mais
MICROÔNIBUS - veículo automotor de transporte co-
letivo com capacidade para até vinte passageiros. o seu reboque ou reboques.
MOTOCICLETA - veículo automotor de duas rodas, com PISCA-ALERTA - luz intermitente do veículo, utilizada
ou sem side-car, dirigido por condutor em posição mon- em caráter de advertência, destinada a indicar aos demais
tada. usuários da via que o veículo está imobilizado ou em situa-
MOTONETA - veículo automotor de duas rodas, dirigi- ção de emergência.
do por condutor em posição sentada. PISTA - parte da via normalmente utilizada para a circu-
MOTOR-CASA (MOTOR-HOME) - veículo automotor lação de veículos, identificada por elementos separadores
cuja carroçaria seja fechada e destinada a alojamento, es- ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou
critório, comércio ou finalidades análogas. aos canteiros centrais.
NOITE - período do dia compreendido entre o pôr-do- PLACAS - elementos colocados na posição vertical,
sol e o nascer do sol. fixados ao lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo
ÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo mensagens de caráter permanente e, eventualmente, va-
com capacidade para mais de vinte passageiros, ainda que, riáveis, mediante símbolo ou legendas pré-reconhecidas e
em virtude de adaptações com vista à maior comodidade legalmente instituídas como sinais de trânsito.
destes, transporte número menor. POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO - função
OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA - imobilização do exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de preve-
veículo, pelo tempo estritamente necessário ao carrega- nir e reprimir atos relacionados com a segurança pública
mento ou descarregamento de animais ou carga, na forma e de garantir obediência às normas relativas à segurança
disciplinada pelo órgão ou entidade executivo de trânsito de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando aci-
competente com circunscrição sobre a via. dentes.
OPERAÇÃO DE TRÂNSITO - monitoramento técnico PONTE - obra de construção civil destinada a ligar mar-
baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das con- gens opostas de uma superfície líquida qualquer.
dições de fluidez, de estacionamento e parada na via, de REBOQUE - veículo destinado a ser engatado atrás de
forma a reduzir as interferências tais como veículos que- um veículo automotor.

56
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

REGULAMENTAÇÃO DA VIA - implantação de sinaliza- VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de pro-
ção de regulamentação pelo órgão ou entidade competen- pulsão que circule por seus próprios meios, e que serve
te com circunscrição sobre a via, definindo, entre outros, normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas,
sentido de direção, tipo de estacionamento, horários e dias. ou para a tração viária de veículos utilizados para o trans-
REFÚGIO - parte da via, devidamente sinalizada e pro- porte de pessoas e coisas. O termo compreende os veí-
tegida, destinada ao uso de pedestres durante a travessia culos conectados a uma linha elétrica e que não circulam
da mesma. sobre trilhos (ônibus elétrico).
RENACH - Registro Nacional de Condutores Habilita- VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte
dos. de carga, podendo transportar dois passageiros, exclusive
RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automoto- o condutor.
res. VEÍCULO DE COLEÇÃO - aquele que, mesmo tendo
RETORNO - movimento de inversão total de sentido da sido fabricado há mais de trinta anos, conserva suas ca-
racterísticas originais de fabricação e possui valor histórico
direção original de veículos.
próprio.
RODOVIA - via rural pavimentada.
VEÍCULO CONJUGADO - combinação de veículos, sen-
SEMI-REBOQUE - veículo de um ou mais eixos que se
do o primeiro um veículo automotor e os demais reboques
apóia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de ou equipamentos de trabalho agrícola, construção, terra-
articulação. plenagem ou pavimentação.
SINAIS DE TRÂNSITO - elementos de sinalização viária VEÍCULO DE GRANDE PORTE - veículo automotor des-
que se utilizam de placas, marcas viárias, equipamentos de tinado ao transporte de carga com peso bruto total máxi-
controle luminosos, dispositivos auxiliares, apitos e gestos, mo superior a dez mil quilogramas e de passageiros, supe-
destinados exclusivamente a ordenar ou dirigir o trânsito rior a vinte passageiros.
dos veículos e pedestres. VEÍCULO DE PASSAGEIROS - veículo destinado ao
SINALIZAÇÃO - conjunto de sinais de trânsito e dispo- transporte de pessoas e suas bagagens.
sitivos de segurança colocados na via pública com o ob- VEÍCULO MISTO - veículo automotor destinado ao
jetivo de garantir sua utilização adequada, possibilitando transporte simultâneo de carga e passageiro.
melhor fluidez no trânsito e maior segurança dos veículos VIA - superfície por onde transitam veículos, pessoas e
e pedestres que nela circulam. animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento,
SONS POR APITO - sinais sonoros, emitidos exclusiva- ilha e canteiro central.
mente pelos agentes da autoridade de trânsito nas vias, VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por
para orientar ou indicar o direito de passagem dos veículos acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em
ou pedestres, sobrepondo-se ou completando sinalização nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem
travessia de pedestres em nível.
existente no local ou norma estabelecida neste Código.
VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções
TARA - peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da
em nível, geralmente controlada por semáforo, com aces-
carroçaria e equipamento, do combustível, das ferramentas sibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais,
e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.
e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas. VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distri-
TRAILER - reboque ou semi-reboque tipo casa, com buir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das
duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à tra- vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito
seira de automóvel ou camionete, utilizado em geral em dentro das regiões da cidade.
atividades turísticas como alojamento, ou para atividades VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em
comerciais. nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local
TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veículos, ou a áreas restritas.
pessoas e animais nas vias terrestres. VIA RURAL - estradas e rodovias.
TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS - passagem de um veículo VIA URBANA - ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e
de uma faixa demarcada para outra. similares abertos à circulação pública, situados na área ur-
TRATOR - veículo automotor construído para realizar bana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis
trabalho agrícola, de construção e pavimentação e tracio- edificados ao longo de sua extensão.
nar outros veículos e equipamentos. VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES - vias ou conjunto de vias
ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de destinadas à circulação prioritária de pedestres.
VIADUTO - obra de construção civil destinada a trans-
outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor
por uma depressão de terreno ou servir de passagem su-
velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair
perior.
e retornar à faixa de origem.
UTILITÁRIO - veículo misto caracterizado pela versatili-
dade do seu uso, inclusive fora de estrada.
VEÍCULO ARTICULADO - combinação de veículos aco-
plados, sendo um deles automotor.

57
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

TÍTULO II
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA
A MULHER (LEI N° 11.340 DE 2006). A MULHER
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura violência do-
méstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omis-
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e são baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofri-
familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da mento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patri-
Constituição Federal, da Convenção sobrea Eliminação de monial:(Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Jui- ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agre-
zados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; gadas;
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei II - no âmbito da família, compreendida como a comu-
de Execução Penal; e dá outras providências. nidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- por vontade expressa;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, inde-
TÍTULO I pendentemente de coabitação.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste
artigo independem de orientação sexual.
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a Art. 6o  A violência doméstica e familiar contra a mulher
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
CAPÍTULO II
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Pu-
LIAR CONTRA A MULHER
nir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tra-
tados internacionais ratificados pela República Federativa
Art. 7o  São formas de violência doméstica e familiar
do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
contra a mulher, entre outras:
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi- I - a violência física, entendida como qualquer conduta
das de assistência e proteção às mulheres em situação de que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
violência doméstica e familiar. II - a violência psicológica, entendida como qualquer
Art. 2o  Toda mulher, independentemente de classe, conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da au-
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educa- to-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desen-
cional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais ine- volvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
rentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as opor- comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
tunidades e facilidades para viver sem violência, preservar constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vi-
sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, gilância constante, perseguição contumaz, insulto, chanta-
intelectual e social. gem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir
Art. 3o  Serão asseguradas às mulheres as condições e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à psicológica e à autodeterminação;
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta
acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidada- que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de
nia, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
familiar e comunitária. coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a uti-
§ 1o  O poder público desenvolverá políticas que visem lizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao ma-
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá trimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
-las de toda forma de negligência, discriminação, explora- coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
ção, violência, crueldade e opressão. ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
§ 2o  Cabe à família, à sociedade e ao poder público IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial
direitos enunciados no caput. ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documen-
Art. 4o  Na interpretação desta Lei, serão considerados tos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as con- incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
dições peculiares das mulheres em situação de violência V - a violência moral, entendida como qualquer condu-
doméstica e familiar. ta que configure calúnia, difamação ou injúria.

58
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

TÍTULO III CAPÍTULO II


DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO Art. 9o  A assistência à mulher em situação de violência
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
Art. 8o  A política pública que visa coibir a violência conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Or-
gânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde,
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de
no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras nor-
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do mas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente
Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governa- quando for o caso.
mentais, tendo por diretrizes: § 1o  O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do da mulher em situação de violência doméstica e familiar
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas no cadastro de programas assistenciais do governo federal,
de segurança pública, assistência social, saúde, educação, estadual e municipal.
trabalho e habitação; § 2o  O juiz assegurará à mulher em situação de vio-
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e lência doméstica e familiar, para preservar sua integridade
outras informações relevantes, com a perspectiva de gê- física e psicológica:
nero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conse- I - acesso prioritário à remoção quando servidora pú-
blica, integrante da administração direta ou indireta;
quências e à frequência da violência doméstica e familiar
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando neces-
contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem sário o afastamento do local de trabalho, por até seis me-
unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos re- ses.
sultados das medidas adotadas; § 3o  A assistência à mulher em situação de violência
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exa- incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
cerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e
estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e ou-
no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; tros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos ca-
sos de violência sexual.
IV - a implementação de atendimento policial especia-
lizado para as mulheres, em particular nas Delegacias de
CAPÍTULO III
Atendimento à Mulher; DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
V - a promoção e a realização de campanhas educati-
vas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a Art. 10.  Na hipótese da iminência ou da prática de vio-
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, lência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade
e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de
direitos humanos das mulheres; imediato, as providências legais cabíveis.
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgên-
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades cia deferida.
Art. 10-A.  É direito da mulher em situação de violên-
não-governamentais, tendo por objetivo a implementação
cia doméstica e familiar o atendimento policial e pericial
de programas de erradicação da violência doméstica e fa- especializado, ininterrupto e prestado por servidores - pre-
miliar contra a mulher; ferencialmente do sexo feminino - previamente capacita-
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mi- dos.   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
litar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos § 1o  A inquirição de mulher em situação de violência
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enuncia- doméstica e familiar ou de testemunha de violência do-
dos no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou méstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obe-
etnia; decerá às seguintes diretrizes:   (Incluído pela Lei nº 13.505,
VIII - a promoção de programas educacionais que dis- de 2017)
seminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emo-
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça cional da depoente, considerada a sua condição peculiar
de pessoa em situação de violência doméstica e fami-
ou etnia;
liar;   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos em situação de violência doméstica e familiar, familiares
humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao e testemunhas terão contato direto com investigados ou
problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. suspeitos e pessoas a eles relacionadas;   (Incluído pela Lei
nº 13.505, de 2017)

59
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas § 1o  O pedido da ofendida será tomado a termo pela
inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível autoridade policial e deverá conter:
e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida I - qualificação da ofendida e do agressor;
privada.   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) II - nome e idade dos dependentes;
§ 2o  Na inquirição de mulher em situação de violência III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que solicitadas pela ofendida.
trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte § 2o  A autoridade policial deverá anexar ao documento
procedimento:   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos
I - a inquirição será feita em recinto especialmente os documentos disponíveis em posse da ofendida.
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos § 3o  Serão admitidos como meios de prova os laudos
próprios e adequados à idade da mulher em situação de ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos
violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à de saúde.
gravidade da violência sofrida;   (Incluído pela Lei nº 13.505, Art. 12-A.  Os Estados e o Distrito Federal, na formula-
de 2017) ção de suas políticas e planos de atendimento à mulher em
II - quando for o caso, a inquirição será intermedia- situação de violência doméstica e familiar, darão priorida-
da por profissional especializado em violência doméstica de, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Espe-
e familiar designado pela autoridade judiciária ou poli- cializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos
cial;   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico para o atendimento e a investigação das violências graves
ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o contra a mulher.
inquérito.   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Art. 12-B.  (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 13.505, de
Art. 11.  No atendimento à mulher em situação de vio- 2017)
lência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, § 1o  (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
entre outras providências: § 2o  (VETADO.   (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
I - garantir proteção policial, quando necessário, co- § 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços
municando de imediato ao Ministério Público e ao Poder públicos necessários à defesa da mulher em situação de
violência doméstica e familiar e de seus dependentes.   (In-
Judiciário;
cluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saú-
de e ao Instituto Médico Legal;
TÍTULO IV
III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
DOS PROCEDIMENTOS
dentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco
CAPÍTULO I
de vida;
DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para asse-
gurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência Art. 13.  Ao processo, ao julgamento e à execução das
ou do domicílio familiar; causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nes- doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as nor-
ta Lei e os serviços disponíveis. mas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, de- idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
verá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes Art. 14.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com compe-
de Processo Penal: tência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o
tomar a representação a termo, se apresentada; processo, o julgamento e a execução das causas decorren-
II - colher todas as provas que servirem para o esclare- tes da prática de violência doméstica e familiar contra a
cimento do fato e de suas circunstâncias; mulher.
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ex- Parágrafo único.  Os atos processuais poderão realizar-
pediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
a concessão de medidas protetivas de urgência; organização judiciária.
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de Art. 15.  É competente, por opção da ofendida, para os
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais ne- processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
cessários; I - do seu domicílio ou de sua residência;
V - ouvir o agressor e as testemunhas; II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar III - do domicílio do agressor.
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à
a existência de mandado de prisão ou registro de outras representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
ocorrências policiais contra ele; admitida a renúncia à representação perante o juiz, em au-
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito po- diência especialmente designada com tal finalidade, antes
licial ao juiz e ao Ministério Público. do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

60
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
substituição de pena que implique o pagamento isolado II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên-
de multa. cia com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as
CAPÍTULO II quais:
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
Seção I testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
Disposições Gerais estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu-
Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido da ofen- nhas por qualquer meio de comunicação;
dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: c) frequentação de determinados lugares a fim de pre-
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre servar a integridade física e psicológica da ofendida;
as medidas protetivas de urgência; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao ór- menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar
gão de assistência judiciária, quando for o caso; ou serviço similar;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
providências cabíveis. § 1o  As medidas referidas neste artigo não impedem a
Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sem-
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público pre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o
ou a pedido da ofendida. exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Minis-
§ 1o  As medidas protetivas de urgência poderão ser tério Público.
concedidas de imediato, independentemente de audiência § 2o  Na hipótese de aplicação do inciso I, encontran-
das partes e de manifestação do Ministério Público, deven- do-se o agressor nas condições mencionadas no caput e
do este ser prontamente comunicado. incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de
§ 2o  As medidas protetivas de urgência serão aplicadas 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a ou instituição as medidas protetivas de urgência concedi-
qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que das e determinará a restrição do porte de armas, ficando
os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou o superior imediato do agressor responsável pelo cumpri-
violados. mento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
§ 3o  Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Pú- crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o
blico ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas caso.
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se § 3o  Para garantir a efetividade das medidas protetivas
entender necessário à proteção da ofendida, de seus fa- de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento,
miliares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. auxílio da força policial.
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da § 4o  Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, que couber, o disposto no caput e nos  §§ 5o  e 6º do art.
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
Público ou mediante representação da autoridade policial. Processo Civil).
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão pre-
ventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo Seção III
para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobre- Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
vierem razões que a justifiquem.
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos atos pro- Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinen- de outras medidas:
tes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intima- I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro-
ção do advogado constituído ou do defensor público. grama oficial ou comunitário de proteção ou de atendi-
Parágrafo único.  A ofendida não poderá entregar inti- mento;
mação ou notificação ao agressor. II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do
Seção II agressor;
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
o Agressor prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
alimentos;
Art. 22.  Constatada a prática de violência doméstica e IV - determinar a separação de corpos.
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da so-
aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separada- ciedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da
mente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguin-
outras: tes medidas, entre outras:

61
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo Art. 31.  Quando a complexidade do caso exigir avalia-
agressor à ofendida; ção mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifes-
II - proibição temporária para a celebração de atos e tação de profissional especializado, mediante a indicação
contratos de compra, venda e locação de propriedade em da equipe de atendimento multidisciplinar.
comum, salvo expressa autorização judicial; Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida posta orçamentária, poderá prever recursos para a criação
ao agressor; e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar,
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática
de violência doméstica e familiar contra a ofendida. TÍTULO VI
Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao cartório com- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
petente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
Art. 33.  Enquanto não estruturados os Juizados de
CAPÍTULO III Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO criminais acumularão as competências cível e criminal para
conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de vio-
Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quando não for
lência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as
parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação
doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de processual pertinente.
outras atribuições, nos casos de violência doméstica e fami- Parágrafo único.  Será garantido o direito de preferên-
liar contra a mulher, quando necessário: cia, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de causas referidas no caput.
educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares TÍTULO VII
de atendimento à mulher em situação de violência doméstica DISPOSIÇÕES FINAIS
e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas
ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades Art. 34.  A instituição dos Juizados de Violência Domés-
constatadas; tica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar pela implantação das curadorias necessárias e do serviço
contra a mulher. de assistência judiciária.
Art. 35.  A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
CAPÍTULO IV nicípios poderão criar e promover, no limite das respectivas
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA competências:
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a para mulheres e respectivos dependentes em situação de
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá violência doméstica e familiar;
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depen-
art. 19 desta Lei. dentes menores em situação de violência doméstica e fa-
Art. 28.  É garantido a toda mulher em situação de vio- miliar;
lência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defen- III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços
soria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos de saúde e centros de perícia médico-legal especializados
da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento es- no atendimento à mulher em situação de violência domés-
pecífico e humanizado.
tica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da vio-
TÍTULO V
lência doméstica e familiar;
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar agressores.
contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar Art. 36.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser inte- nicípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus
grada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
jurídica e de saúde. Art. 37.  A defesa dos interesses e direitos transindivi-
Art. 30.  Compete à equipe de atendimento multidisci- duais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrente-
plinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela mente, pelo Ministério Público e por associação de atuação
legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao na área, regularmente constituída há pelo menos um ano,
Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos nos termos da legislação civil.
ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de Parágrafo único.  O requisito da pré-constituição po-
orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, derá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com outra entidade com representatividade adequada para o
especial atenção às crianças e aos adolescentes. ajuizamento da demanda coletiva.

62
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 38.  As estatísticas sobre a violência doméstica e Parágrafo único.  Nos casos de violência doméstica
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados contra a mulher, o juiz poderá determinar o compareci-
dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim mento obrigatório do agressor a programas de recupera-
de subsidiar o sistema nacional de dados e informações ção e reeducação.” (NR)
relativo às mulheres. Art. 46.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
Parágrafo único.  As Secretarias de Segurança Públi- dias após sua publicação.
ca dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas Brasília,  7  de  agosto  de 2006; 185o da Independência
informações criminais para a base de dados do Ministério e 118o da República.
da Justiça.
Art. 39.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos termos
das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão CONTRAVENÇÕES PENAIS.
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada
exercício financeiro, para a implementação das medidas
estabelecidas nesta Lei.
Art. 40.  As obrigações previstas nesta Lei não excluem DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.
outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 41.  Aos crimes praticados com violência domésti- Lei das Contravenções Penais
ca e familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de O Presidente da República, usando das atribuições que
1995. lhe confere o artigo 180 da Constituição,
Art. 42.  O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de ou-
tubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar DECRETA:
acrescido do seguinte inciso IV:
“Art. 313.  ................................................. LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
PARTE GERAL
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do
contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir
Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de
a execução das medidas protetivas de urgência.” (NR)
modo diverso.
Art. 43.  A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção pra-
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
ticada no território nacional.
a vigorar com a seguinte redação:
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação
“Art. 61.  .................................................. ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o
................................................................. dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra,
II - ............................................................ qualquer efeito jurídico.
................................................................. Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re- Art. 5º As penas principais são:
lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou I – prisão simples.
com violência contra a mulher na forma da lei específica; II – multa.
........................................................... ” (NR) Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida,
Art. 44.  O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto
seguintes alterações: ou aberto.(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
“Art. 129.  .................................................. § 1º O condenado a pena de prisão simples fica sem-
.................................................................. pre separado dos condenados a pena de reclusão ou de
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, des- detenção.
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem § 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o excede a quinze dias.
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hos- Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra-
pitalidade: tica uma contravenção depois de passar em julgado a sen-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. tença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro,
.................................................................. por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contra-
§ 11.  Na hipótese do § 9o  deste artigo, a pena será venção.
aumentada de um terço se o crime for cometido contra Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreen-
pessoa portadora de deficiência.” (NR) são da lei, quando escusaveis, a pena pode deixar de ser
Art. 45.  O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de aplicada.
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguin- Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acor-
te redação: do com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de
“Art. 152.  ................................................... multa em detenção.

63
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, PARTE ESPECIAL


a conversão em prisão simples se faz entre os limites de CAPÍTULO I
quinze dias e três meses. DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode,
em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importân- Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou
cia das multas ultrapassar cinquenta contos. vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição:
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou mul-
pode suspender por tempo não inferior a um ano nem su- ta, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamen-
perior a três, a execução da pena de prisão simples, bem te, se o fato não constitue crime contra a ordem política
como conceder livramento condicional.     Redação dada ou social.
pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de depen-
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sen- dência desta, sem licença da autoridade:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
tença e as seguintes interdições de direitos:
multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas
I – a incapacidade temporária para profissão ou ativi-
cumulativamente.
dade, cujo exercício dependa de habilitação especial, licen-
§ 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se
ça ou autorização do poder público; o agente já foi condenado, em sentença irrecorrivel, por
lI – a suspensão dos direitos políticos. violência contra pessoa.
Parágrafo único. Incorrem: § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de
condenado por motivo de contravenção cometida com réis, quem, possuindo arma ou munição:
abuso de profissão ou atividade ou com infração de dever a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade,
a ela inerente; quando a lei o determina;
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa
de liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a apli- inexperiente no manejo de arma a tenha consigo;
cação da medida de segurança detentiva. c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, os se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pes-
medidas de segurança estabelecidas no  Código Penal, à soa inexperiente em manejá-la.
exceção do exílio local. Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto des-
Art. 14. Presumem-se perigosos, alem dos indivíduos a tinado a provocar aborto:       (Redação dada pela Lei nº
que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: 6.734, de 1979)
I – o condenado por motivo de contravenção cometi- Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros.
(Redação dada pela Lei nº 6.734, de 1979)
do, em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem:
efeitos análogos, quando habitual a embriaguez;
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
II – o condenado por vadiagem ou mendicância; multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não
III – o reincidente na contravenção prevista no constitue crime.
art. 50;  (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
IV – o reincidente na contravenção prevista no art. 58. (Re- até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
vogado pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em ins- Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e
tituto de trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apresen-
pelo prazo mínimo de um ano:       (Regulamento) tada como doente mental:
I – o condenado por vadiagem (art. 59); Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu pará- § 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comu-
grafo); nicar a autoridade competente, no prazo legal, internação
III – o reincidente nas contravenções previstas nos arts. que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as for-
50 e 58.(Revogado pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) malidades legais.
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a
manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos
é de seis meses. de réis, aquele que, sem observar as prescrições legais, dei-
xa retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de
pessoa nele, internada.
decretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade vi-
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora
giada.
do caso previsto no artigo anterior, sem autorização de
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade quem de direito:
proceder de ofício. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.

64
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍLULO II a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou


DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔ- corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
NIO b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança
alheia;
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
empregado usualmente na prática de crime de furto: segurança alheia.
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e mul- Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via
ta, de trezentos mil réis a três contos de réis. pública, ou embarcação a motor em aguas públicas:
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de conde- Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
nado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licen-
à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou ciado:
mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumen- Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e
tos empregados usualmente na prática de crime de furto, multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações
desde que não prove destinação legítima:
em águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia:
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
de duzentos mil réis a dois contos de réis.
multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de ser-
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias
ralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de ou a vôos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou
pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado pre- fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados a esse
viamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado fim:
à defesa de lugar nu objeto: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
multa, de duzentos mil réis a um conto de réis. Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obs-
Art. 27. Explorar a credulidade pública mediante sorti- táculo, determinado em lei ou pela autoridade e destinado
légios, predição do futuro, explicação de sonho, ou práticas a evitar perigo a transeuntes:
congêneres:(Revogado pela Lei nº 9.521, de 27.11.1997) Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
quinhentos mil réis a cinco contos de réis. (Revogado pela Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
Lei nº 9.521, de 27.11.1997) a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de
outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo a
CAPÍTULO III transeuntes;
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMI- b) remove qualquer outro sinal de serviço público.
DADE PÚBLICA Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em
lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou ofender, sujar ou molestar alguém:
em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
trezentos mil réis a três contos de réis. sem as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de que, caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou
quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a de uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém.
dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça,
vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém:
adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licen-
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
ça da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo
de artifício ou solta balão aceso.
CAPÍTULO IV
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLI-
erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa: CA
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
constitue crime contra a incolumidade pública. Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pes-
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo soas, que se reúnam periodicamente, sob compromisso de
Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja ocultar à autoridade a existência, objetivo, organização ou
conservação lhe incumbe: administração da associação:
Pena – multa, de um a cinco contos de réis. Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pes- trezentos mil réis a três contos de réis.
soa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela ani- § 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupan-
mal perigoso: te de prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou de associação que saiba ser de caráter secreto.
multa, de cem mil réis a um conto de réis. § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, dei-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: xar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação.

65
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo incon- Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula
veniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de outra
em assembleia ou espetáculo público, se o fato não consti- atividade:
tuem infração penal mais grave; Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou réis.
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou peri- CAPÍTULO VII
go inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE
pânico ou tumulto: COSTUMES
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego público ou acessível ao público, mediante o pagamento de
alheios: entrada ou sem ele:        (Vide Decreto-Lei nº 4.866, de
I – com gritaria ou algazarra; 23.10.1942) (Vide Decreto-Lei 9.215, de 30.4.1946)
II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em de- Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa,
sacordo com as prescrições legais; de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acús- da condenação à perda dos moveis e objetos de decoração
ticos; do local.
IV – provocando ou não procurando impedir barulho § 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre
produzido por animal de que tem a guarda: os empregados ou participa do jogo pessoa menor de de-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou zoito anos.
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. § 2o  Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois mil
reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem é encon-
CAPÍTULO V trado a participar do jogo, ainda que pela internet ou por
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA qualquer outro meio de comunicação, como ponteiro ou
apostador. (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de § 3º Consideram-se, jogos de azar:
curso legal no país: a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclu-
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. siva ou principalmente da sorte;
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódro-
que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com mo ou de local onde sejam autorizadas;
moeda: c) as apostas sobre qualquer outra competição espor-
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. tiva.
Art. 45. Fingir-se funcionário público: § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar aces-
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de sivel ao público:
quinhentos mil réis a três contos de réis. a) a casa particular em que se realizam jogos de azar,
Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo quando deles habitualmente participam pessoas que não
de função pública que não exerce; usar, indevidamente, de sejam da família de quem a ocupa;
sinal, distintivo ou denominação cujo emprego seja regu- b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspe-
lado por lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.916, de des e moradores se proporciona jogo de azar;
2.10.1944) c) a sede ou dependência de sociedade ou associação,
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o em que se realiza jogo de azar;
fato não constitui infração penal mais grave.(Redação dada d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo
pelo Decreto-Lei nº 6.916, de 2.10.1944) de azar, ainda que se dissimule esse destino.
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autori-
CAPÍTULO VI zação legal:
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZA- Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e mul-
ÇÃO DO TRABALHO ta, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os efeitos
da condenação à perda dos moveis existentes no local.
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou § 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou
anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de venda,
por lei está subordinado o seu exercício: introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de loteria
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou não autorizada.
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. § 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbo-
comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de manus- los ou meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção
critos e livros antigos ou raros: de prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza.
Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de § 3º Não se compreendem na definição do parágrafo
um a dez contos de réis. anterior os sorteios autorizados na legislação especial.

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bi- Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um sexto a um
lhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras: terço, se a contravenção é praticada: (Revogado pela Lei nº
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e 11.983, de 2009)
multa, de um a cinco contos de réis. a) de modo vexatório, ameaçador ou fraudulento.(Re-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, vogado pela Lei nº 11.983, de 2009)
expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, b) mediante simulação de moléstia ou deformida-
introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de loteria de;       (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009)
estrangeira. c) em companhia de alienado ou de menor de dezoito
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de anos.(Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009)
loteria estadual em território onde não possa legalmente Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou aces-
circular: sível ao público, de modo ofensivo ao pudor:
Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
um a três contos de réis. Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de em-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, briaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em pe-
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, rigo a segurança própria ou alheia:
introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete de loteria Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
estadual, em território onde não possa legalmente circular. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contra-
loteria estrangeira: ventor é internado em casa de custódia e tratamento.
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
duzentos mil réis a um conto de réis. I – a menor de dezoito anos;   (Revogado pela Lei nº
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe 13.106, de 2015)
ou tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, II – a quem se acha em estado de embriaguez;
em território onde esta não possa legalmente circular. III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitu- mentais;
ra de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente
a loteria, em lugar onde ela não possa legalmente circular: proibida de frequentar lugares onde se consome bebida
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de de tal natureza:
duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou mul-
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sor- ta, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
teio ou avisos de loteria, onde ela não possa legalmente Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a
circular: trabalho excessivo:
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa,
cem a quinhentos mil réis. de cem a quinhentos mil réis.
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, § 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para
de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que dis- fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou ex-
farçadamente, anúncio, aviso ou resultado de extração de posto ao publico, experiência dolorosa ou cruel em animal
loteria, onde a circulação dos seus bilhetes não seria legal: vivo.
Pena – multa, de um a dez contos de réis. § 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com
do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização crueldade, em exibição ou espetáculo público.
ou      exploração: Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquili-
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e dade, por acinte ou por motivo reprovável:
multa, de dois a vinte contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
mil réis a dois contos de réis, aquele que participa da lote-
ria, visando a obtenção de prêmio, para si ou para terceiro. CAPÍTULO VIII
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosida- DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINIS-
de, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe TRAÇÃO PÚBLICA
assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à pró-
pria subsistência mediante ocupação ilícita: Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. I – crime de ação pública, de que teve conhecimento
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, no exercício de função pública, desde que a ação penal não
que assegure ao condenado meios bastantes de subsistên- dependa de representação;
cia, extingue a pena. II – crime de ação pública, de que teve conhecimento
Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez:  (Revo- no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária,
gado pela Lei nº 11.983, de 2009) desde que a ação penal não dependa de representação e
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.(Re- a comunicação não exponha o cliente a procedimento cri-
vogado pela Lei nº 11.983, de 2009) minal:

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NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da so-
Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das dis- ciedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com ab-
posições legais: soluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
duzentos mil réis a dois contos de réis.
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justifica-
damente solicitados ou exigidos, dados ou indicações con- e à convivência familiar e comunitária.
cernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio § 1º A garantia de prioridade compreende:    (Redação
e residência: dada pela Lei nº 13.466, de 2017)
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. I – atendimento preferencial imediato e individualizado
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de junto aos órgãos públicos e privados prestadores de servi-
um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos ços à população;
de réis, se o fato não constitue infração penal mais grave, II – preferência na formulação e na execução de políti-
quem, nas mesmas circunstâncias, f’az declarações inverídi- cas sociais públicas específicas;
cas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão,
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
domicílio e residência.
Art. 69. Exercer, no território nacional, atividade remunerada áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
o estrangeiro que nele se encontre como turista, visitante ou via- IV – viabilização de formas alternativas de participação,
jante em trânsito:      (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.8.1980) ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
Pena – prisão simples, de três meses a um ano.(Revogado V – priorização do atendimento do idoso por sua pró-
pela Lei nº 6.815, de 19.8.1980) pria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto
Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do dos que não a possuam ou careçam de condições de ma-
monopólio postal da União: nutenção da própria sobrevivência;
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
de três a dez contos de réis, ou ambas cumulativamente.
nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de ser-
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas, viços aos idosos;
caça e pesca, revogam-se as disposições em contrário. VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam
Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de a divulgação de informações de caráter educativo sobre os
1942. aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120º da Indepen- VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e
dência e 58º da República. de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Im-
posto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).
§ 2º  Dentre os idosos, é assegurada prioridade espe-
DOS CRIMES TIPIFICADOS NA LEI DO
cial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas neces-
ESTATUTO DO IDOSO (LEI N° 10.741 DE 2003).
sidades sempre preferencialmente em relação aos demais
idosos.    (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017)
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. negligência, discriminação, violência, crueldade ou opres-
são, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omis-
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providên- são, será punido na forma da lei.
cias. § 1o  É dever de todos prevenir a ameaça ou violação
aos direitos do idoso.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
prevenção outras decorrentes dos princípios por ela ado-
TÍTULO I tados.
Disposições Preliminares Art. 5o A inobservância das normas de prevenção im-
portará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a re- termos da lei.
gular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à au-
superior a 60 (sessenta) anos. toridade competente qualquer forma de violação a esta Lei
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais
que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção in-
tegral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou Art. 7o  Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de
preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa- 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direi-
mento moral, intelectual, espiritual e social, em condições tos do idoso, definidos nesta Lei.
de liberdade e dignidade.

68
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

TÍTULO II CAPÍTULO IV
Dos Direitos Fundamentais Do Direito à Saúde
CAPÍTULO I
Do Direito à Vida Art. 15.  É assegurada a atenção integral à saúde do
idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS,
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em con-
a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da junto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
legislação vigente. prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde,
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a incluindo a atenção especial às doenças que afetam prefe-
proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas rencialmente os idosos.
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudá- § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
vel e em condições de dignidade. serão efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base terri-
CAPÍTULO II torial;
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambu-
latórios;
Art. 10.  É obrigação do Estado e da sociedade, asse- III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação,
individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. para a população que dele necessitar e esteja impossibi-
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os litada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e
seguintes aspectos: acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder
e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; Público, nos meios urbano e rural;
II – opinião e expressão; V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontolo-
III – crença e culto religioso; gia, para redução das sequelas decorrentes do agravo da
IV – prática de esportes e de diversões; saúde.
V – participação na vida familiar e comunitária; § 2o  Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
VI – participação na vida política, na forma da lei; gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. continuado, assim como próteses, órteses e outros recur-
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da sos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preser- § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de
vação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da
idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. idade.
§ 3o  É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, § 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limi-
colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, tação incapacitante terão atendimento especializado, nos
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. termos da lei.
§ 5o  É vedado exigir o comparecimento do idoso en-
CAPÍTULO III
fermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será
Dos Alimentos
admitido o seguinte procedimento:      (Incluído pela Lei nº
12.896, de 2013)
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na for-
I - quando de interesse do poder público, o agente
ma da lei civil.
promoverá o contato necessário com o idoso em sua resi-
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o
dência; ou(Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
idoso optar entre os prestadores.
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará
Art. 13.  As transações relativas a alimentos poderão
ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defen- representar por procurador legalmente constituído.(Incluí-
sor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de do pela Lei nº 12.896, de 2013)
título executivo extrajudicial nos termos da lei processual § 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento do-
civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737, de 2008) miciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
Art. 14.  Se o idoso ou seus familiares não possuírem Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço
condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o
ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistên- Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de
cia social. saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de
isenção tributária.       (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
§ 7º  Em todo atendimento de saúde, os maiores de
oitenta anos terão preferência especial sobre os demais
idosos, exceto em caso de emergência.    (Incluído pela Lei
nº 13.466, de 2017).

69
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 16.  Ao idoso internado ou em observação é as- § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo
segurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de relativo às técnicas de comunicação, computação e demais
saúde proporcionar as condições adequadas para a sua avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
permanência em tempo integral, segundo o critério mé- § 2o Os idosos participarão das comemorações de ca-
dico. ráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde res- e vivências às demais gerações, no sentido da preservação
ponsável pelo tratamento conceder autorização para o da memória e da identidade culturais.
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilida- Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de
de, justificá-la por escrito. ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao pro-
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas facul- cesso de envelhecimento, ao respeito e à valorização do
dades mentais é assegurado o direito de optar pelo trata- idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir co-
mento de saúde que lhe for reputado mais favorável. nhecimentos sobre a matéria.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de Art. 23.  A participação dos idosos em atividades cul-
proceder à opção, esta será feita: turais e de lazer será proporcionada mediante descontos
I – pelo curador, quando o idoso for interditado; de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem
ou este não puder ser contactado em tempo hábil; como o acesso preferencial aos respectivos locais.
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de Art. 24.  Os meios de comunicação manterão espaços
vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade
familiar; informativa, educativa, artística e cultural, e ao público so-
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador bre o processo de envelhecimento.
ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o Art. 25.  As instituições de educação superior ofertarão
fato ao Ministério Público. às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo
Art. 18.  As instituições de saúde devem atender aos da vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou
critérios mínimos para o atendimento às necessidades do a distância, constituídos por atividades formais e não for-
idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos pro- mais.  (Redação dada pela lei nº 13.535, de 2017)
fissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e Parágrafo único.  O poder público apoiará a criação de
grupos de auto-ajuda. universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a
Art. 19.  Os casos de suspeita ou confirmação de vio- publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão
lência praticada contra idosos serão objeto de notificação editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, consi-
compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados derada a natural redução da capacidade visual.    (Incluído
à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamen- pela lei nº 13.535, de 2017)
te comunicados por eles a quaisquer dos seguintes ór-
gãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de 2011) CAPÍTULO VI
I – autoridade policial; Da Profissionalização e do Trabalho
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso; Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
IV – Conselho Estadual do Idoso; profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais
V – Conselho Nacional do Idoso. e psíquicas.
§ 1o  Para os efeitos desta Lei, considera-se violência Art. 27.  Na admissão do idoso em qualquer trabalho
contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em lo- ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite
cal público ou privado que lhe cause morte, dano ou so- máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os
frimento físico ou psicológico. (Incluído pela Lei nº 12.461, casos em que a natureza do cargo o exigir.
de 2011) Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
§ 2o  Aplica-se, no que couber, à notificação compul- concurso público será a idade, dando-se preferência ao de
sória prevista no  caput deste artigo, o disposto na Lei idade mais elevada.
no 6.259, de 30 de outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas
12.461, de 2011) de:
I – profissionalização especializada para os idosos,
CAPÍTULO V aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer regulares e remuneradas;
II – preparação dos trabalhadores para a aposentado-
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, espor- ria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de
te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interes-
respeitem sua peculiar condição de idade. ses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de ci-
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de aces- dadania;
so do idoso à educação, adequando currículos, metodolo- III – estímulo às empresas privadas para admissão de
gias e material didático aos programas educacionais a ele idosos ao trabalho.
destinados.

70
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO VII § 2o  O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho


Da Previdência Social Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de
participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a
Art. 29.  Os benefícios de aposentadoria e pensão do 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciá-
Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua con- rio ou de assistência social percebido pelo idoso.
cessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu repre-
salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos sentante legal firmar o contrato a que se refere o caput des-
da legislação vigente. te artigo.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manu- Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco
tenção serão reajustados na mesma data de reajuste do social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a depen-
salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas dência econômica, para os efeitos legais.     (Vigência)
datas de início ou do seu último reajustamento, com base
em percentual definido em regulamento, observados os CAPÍTULO IX
critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho de Da Habitação
1991.
Art. 30.  A perda da condição de segurado não será Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da
considerada para a concessão da aposentadoria por ida- família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus
de, desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em institui-
de contribuição correspondente ao exigido para efeito de ção pública ou privada.
carência na data de requerimento do benefício. § 1o A assistência integral na modalidade de entidade
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício pre- de longa permanência será prestada quando verificada ine-
visto no caput  observará o disposto no  caput e § 2o do xistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência
art. 3o da Lei no  9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, de recursos financeiros próprios ou da família.
não havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao ido-
da competência de julho de 1994, o disposto no art. 35 da so fica obrigada a manter identificação externa visível, sob
pena de interdição, além de atender toda a legislação per-
Lei no 8.213, de 1991.
tinente.
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios,
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obriga-
efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência
das a manter padrões de habitação compatíveis com as
Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os
necessidades deles, bem como provê-los com alimentação
reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de Previ-
regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com
dência Social, verificado no período compreendido entre
estas condizentes, sob as penas da lei.
o mês que deveria ter sido pago e o mês do efetivo paga- Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou sub-
mento. sidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o  de Maio, é a na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o
data-base dos aposentados e pensionistas. seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das uni-
CAPÍTULO VIII dades habitacionais residenciais para atendimento aos ido-
Da Assistência Social sos;      (Redação dada pela Lei nº 12.418, de 2011)
II – implantação de equipamentos urbanos comunitá-
Art. 33.  A assistência social aos idosos será prestada, rios voltados ao idoso;
de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísti-
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política cas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais IV – critérios de financiamento compatíveis com os ren-
normas pertinentes. dimentos de aposentadoria e pensão.
Art. 34.  Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) Parágrafo único.  As unidades residenciais reservadas
anos, que não possuam meios para prover sua subsistên- para atendimento a idosos devem situar-se, preferen-
cia, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o cialmente, no pavimento térreo.       (Incluído pela Lei nº
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da 12.419, de 2011)
Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.       (Vide Decreto
nº 6.214, de 2007) CAPÍTULO X
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer Do Transporte
membro da família nos termos do caput não será compu-
tado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica
que se refere a Loas. assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públi-
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou cos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos
casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços
serviços com a pessoa idosa abrigada.  regulares.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é § 1o  Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
facultada a cobrança de participação do idoso no custeio apresente qualquer documento pessoal que faça prova de
da entidade. sua idade.

71
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2o  Nos veículos de transporte coletivo de que tra- III – requisição para tratamento de sua saúde, em regi-
ta este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos me ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
assentos para os idosos, devidamente identificados com a IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de
placa de reservado preferencialmente para idosos. auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de
entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a sua convivência que lhe cause perturbação;
critério da legislação local dispor sobre as condições para V – abrigo em entidade;
exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos VI – abrigo temporário.
no caput deste artigo.
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual TÍTULO IV
observar-se-á, nos termos da legislação específica:      (Re- Da Política de Atendimento ao Idoso
gulamento)     (Vide Decreto nº 5.934, de 2006) CAPÍTULO I
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo Disposições Gerais
para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos; Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, meio do conjunto articulado de ações governamentais e
no valor das passagens, para os idosos que excederem as não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Fe-
vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salá- deral e dos Municípios.
rios-mínimos. Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes defi- I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de
nir os mecanismos e os critérios para o exercício dos direi- 4 de janeiro de 1994;
tos previstos nos incisos I e II. II – políticas e programas de assistência social, em cará-
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos ter- ter supletivo, para aqueles que necessitarem;
mos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos III – serviços especiais de prevenção e atendimento
estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao crueldade e opressão;
idoso. IV – serviço de identificação e localização de parentes
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e
do idoso nos procedimentos de embarque e desembarque instituições de longa permanência;
nos veículos do sistema de transporte coletivo.       (Reda- V – proteção jurídico-social por entidades de defesa
ção dada pela Lei nº 12.899, de 2013) dos direitos dos idosos;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da par-
TÍTULO III ticipação dos diversos segmentos da sociedade no atendi-
Das Medidas de Proteção mento do idoso.
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais CAPÍTULO II
Das Entidades de Atendimento ao Idoso
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicá-
veis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis
ameaçados ou violados: pela manutenção das próprias unidades, observadas as
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; normas de planejamento e execução emanadas do órgão
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei
entidade de atendimento; no 8.842, de 1994.
III – em razão de sua condição pessoal. Parágrafo único. As entidades governamentais e não-
governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à
CAPÍTULO II inscrição de seus programas, junto ao órgão competente
Das Medidas Específicas de Proteção da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Ido-
sa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nes- da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento,
ta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, observados os seguintes requisitos:
e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o I – oferecer instalações físicas em condições adequadas
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no II – apresentar objetivos estatutários e plano de traba-
art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a reque- lho compatíveis com os princípios desta Lei;
rimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as se- III – estar regularmente constituída;
guintes medidas: IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
I – encaminhamento à família ou curador, mediante Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de
termo de responsabilidade; institucionalização de longa permanência adotarão os se-
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; guintes princípios:

72
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I – preservação dos vínculos familiares; CAPÍTULO III


II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo
em caso de força maior; Art. 52. As entidades governamentais e não-governa-
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, mentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos
de caráter interno e externo; Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária
V – observância dos direitos e garantias dos idosos; e outros previstos em lei.
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimen- Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigo-
to de ambiente de respeito e dignidade. rar com a seguinte redação:
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora “Art. 7o  Compete aos Conselhos de que trata o art.
de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente 6  desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscaliza-
o

pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem pre- ção e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito
juízo das sanções administrativas. das respectivas instâncias político-administrativas.» (NR)
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de aten- Art. 54. Será dada publicidade das prestações de con-
dimento: tas dos recursos públicos e privados recebidos pelas enti-
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço dades de atendimento.
com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obri- Art. 55. As entidades de atendimento que descumpri-
gações da entidade e prestações decorrentes do contrato, rem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem pre-
com os respectivos preços, se for o caso; juízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes
II – observar os direitos e as garantias de que são titu- ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o devi-
lares os idosos; do processo legal:
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e ali- I – as entidades governamentais:
mentação suficiente; a) advertência;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequa- b) afastamento provisório de seus dirigentes;
das de habitabilidade; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
V – oferecer atendimento personalizado; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos II – as entidades não-governamentais:
familiares; a) advertência;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebi- b) multa;
mento de visitas; c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas pú-
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a ne- blicas;
cessidade do idoso; d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, cul- e) proibição de atendimento a idosos a bem do inte-
turais e de lazer; resse público.
X – propiciar assistência religiosa àqueles que deseja- § 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer
rem, de acordo com suas crenças; tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afasta-
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; mento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade
XII – comunicar à autoridade competente de saúde e a suspensão do programa.
toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto- § 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas
contagiosas; públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou des-
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público vio de finalidade dos recursos.
requisite os documentos necessários ao exercício da cida- § 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendi-
dania àqueles que não os tiverem, na forma da lei; mento, que coloque em risco os direitos assegurados nesta
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens mó- Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para as
veis que receberem dos idosos; providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão
XV – manter arquivo de anotações onde constem data das atividades ou dissolução da entidade, com a proibição
e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, respon- de atendimento a idosos a bem do interesse público, sem
sável, parentes, endereços, cidade, relação de seus perten- prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância
ces, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, Sanitária.
se houver, e demais dados que possibilitem sua identifica- § 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas
ção e a individualização do atendimento; a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as provi- que dela provierem para o idoso, as circunstâncias agra-
dências cabíveis, a situação de abandono moral ou material vantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade.
por parte dos familiares;
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com CAPÍTULO IV
formação específica. Das Infrações Administrativas
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucra-
tivos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assis- Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir
tência judiciária gratuita. as determinações do art. 50 desta Lei:

73
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ CAPÍTULO VI


3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade
como crime, podendo haver a interdição do estabeleci- de Atendimento
mento até que sejam cumpridas as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabeleci- Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimen-
mento de longa permanência, os idosos abrigados serão to administrativo de que trata este Capítulo as disposições
transferidos para outra instituição, a expensas do estabele- das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29
cimento interditado, enquanto durar a interdição. de janeiro de 1999.
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável Art. 65. O procedimento de apuração de irregularida-
por estabelecimento de saúde ou instituição de longa per- de em entidade governamental e não-governamental de
manência de comunicar à autoridade competente os casos atendimento ao idoso terá início mediante petição funda-
de crimes contra idoso de que tiver conhecimento: mentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ Público.
3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de re- Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade ju-
incidência. diciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei o afastamento provisório do dirigente da entidade ou ou-
sobre a prioridade no atendimento ao idoso: tras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ direitos do idoso, mediante decisão fundamentada.
1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo Art. 67.  O dirigente da entidade será citado para, no
juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso. prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo
juntar documentos e indicar as provas a produzir.
CAPÍTULO V Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na con-
Da Apuração Administrativa de Infração às  formidade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência
Normas de Proteção ao Idoso de instrução e julgamento, deliberando sobre a necessida-
de de produção de outras provas.
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Mi-
serão atualizados anualmente, na forma da lei. nistério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações
Art. 60. O procedimento para a imposição de penali- finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
dade administrativa por infração às normas de proteção ao § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou defi-
idoso terá início com requisição do Ministério Público ou nitivo de dirigente de entidade governamental, a autorida-
auto de infração elaborado por servidor efetivo e assinado, de judiciária oficiará a autoridade administrativa imediata-
se possível, por duas testemunhas. mente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração e quatro) horas para proceder à substituição.
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autorida-
natureza e as circunstâncias da infração. de judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregu-
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração se- laridades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo
guir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro será extinto, sem julgamento do mérito.
de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado. § 4o  A multa e a advertência serão impostas ao diri-
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a gente da entidade ou ao responsável pelo programa de
apresentação da defesa, contado da data da intimação, que atendimento.
será feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando TÍTULO V
for lavrado na presença do infrator; Do Acesso à Justiça
II – por via postal, com aviso de recebimento. CAPÍTULO I
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do ido- Disposições Gerais
so, a autoridade competente aplicará à entidade de aten-
dimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da ini- Art. 69.  Aplica-se, subsidiariamente, às disposições
ciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo deste Capítulo, o procedimento sumário previsto no Códi-
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas go de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos
para a fiscalização. previstos nesta Lei.
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializa-
ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade com- das e exclusivas do idoso.
petente aplicará à entidade de atendimento as sanções re- Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos pro-
gulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências cessos e procedimentos e na execução dos atos e diligên-
que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas cias judiciais em que figure como parte ou interveniente
demais instituições legitimadas para a fiscalização. pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
em qualquer instância.

74
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  O interessado na obtenção da prioridade a que VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judi-
benefício à autoridade judiciária competente para decidir o ciais e extrajudiciais cabíveis;
feito, que determinará as providências a serem cumpridas, VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares
anotando-se essa circunstância em local visível nos autos de atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado-
do processo. tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
§ 2o  A prioridade não cessará com a morte do bene- necessárias à remoção de irregularidades porventura ve-
ficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, rificadas;
companheiro ou companheira, com união estável, maior IX – requisitar força policial, bem como a colaboração
de 60 (sessenta) anos. dos serviços de saúde, educacionais e de assistência social,
§ 3o A prioridade se estende aos processos e proce- públicos, para o desempenho de suas atribuições;
dimentos na Administração Pública, empresas prestadoras X – referendar transações envolvendo interesses e di-
de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendi- reitos dos idosos previstos nesta Lei.
mento preferencial junto à Defensoria Publica da União, § 1o A legitimação do Ministério Público para as ações
dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
de Assistência Judiciária. mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.
§ 4o  Para o atendimento prioritário será garantido ao § 2o  As atribuições constantes deste artigo não ex-
idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e
a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis. atribuições do Ministério Público.
§ 5º  Dentre os processos de idosos, dar-se-á priorida- § 3o O representante do Ministério Público, no exercício
de especial aos maiores de oitenta anos.    (Incluído pela Lei de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de aten-
nº 13.466, de 2017). dimento ao idoso.
Art. 75.  Nos processos e procedimentos em que não
CAPÍTULO II for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
Do Ministério Público defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi-
póteses em que terá vista dos autos depois das partes, po-
dendo juntar documentos, requerer diligências e produção
Art. 72. (VETADO)
de outras provas, usando os recursos cabíveis.
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nes-
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer
ta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgâ-
caso, será feita pessoalmente.
nica.
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público
Art. 74. Compete ao Ministério Público:
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, in-
dividuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso; CAPÍTULO III
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos
interdição total ou parcial, de designação de curador espe- e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
cial, em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar
em todos os feitos em que se discutam os direitos de ido- Art. 78. As manifestações processuais do representante
sos em condições de risco; do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
III – atuar como substituto processual do idoso em si- Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
tuação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados
IV – promover a revogação de instrumento procurató- ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatis-
rio do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, fatório de:
quando necessário ou o interesse público justificar; I – acesso às ações e serviços de saúde;
V – instaurar procedimento administrativo e, para ins- II – atendimento especializado ao idoso portador de
truí-lo: deficiência ou com limitação incapacitante;
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclare- III – atendimento especializado ao idoso portador de
cimentos e, em caso de não comparecimento injustificado doença infecto-contagiosa;
da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclu- IV – serviço de assistência social visando ao amparo
sive pela Polícia Civil ou Militar; do idoso.
b) requisitar informações, exames, perícias e documen- Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo
tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da ad- não excluem da proteção judicial outros interesses difusos,
ministração direta e indireta, bem como promover inspe- coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, pró-
ções e diligências investigatórias; prios do idoso, protegidos em lei.
c) requisitar informações e documentos particulares de Art. 80.  As ações previstas neste Capítulo serão pro-
instituições privadas; postas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá com-
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investi- petência absoluta para processar a causa, ressalvadas as
gatórias e a instauração de inquérito policial, para a apura- competências da Justiça Federal e a competência originária
ção de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso; dos Tribunais Superiores.

75
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses di- Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em
fusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, julgado da sentença condenatória favorável ao idoso sem
consideram-se legitimados, concorrentemente: que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Mi-
I – o Ministério Público; nistério Público, facultada, igual iniciativa aos demais legi-
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- timados, como assistentes ou assumindo o pólo ativo, em
cípios; caso de inércia desse órgão.
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não have-
IV – as associações legalmente constituídas há pelo rá adiantamento de custas, emolumentos, honorários peri-
menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais ciais e quaisquer outras despesas.
a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispen- Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Mi-
sada a autorização da assembléia, se houver prévia autori- nistério Público.
zação estatutária. Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá,
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi- provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe
nistérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos informações sobre os fatos que constituam objeto de ação
interesses e direitos de que cuida esta Lei. civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tri-
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti- bunais, no exercício de suas funções, quando tiverem co-
mado deverá assumir a titularidade ativa. nhecimento de fatos que possam configurar crime de ação
Art. 82.  Para defesa dos interesses e direitos protegi- pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação para
dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação sua defesa, devem encaminhar as peças pertinentes ao Mi-
pertinentes. nistério Público, para as providências cabíveis.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de au- Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado po-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício derá requerer às autoridades competentes as certidões e
de atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido informações que julgar necessárias, que serão fornecidas
e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que
no prazo de 10 (dez) dias.
se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pes-
de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tu-
soa, organismo público ou particular, certidões, informa-
tela específica da obrigação ou determinará providências
ções, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
que assegurem o resultado prático equivalente ao adim-
poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
plemento.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-
as diligências, se convencer da inexistência de fundamento
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justi- para a propositura da ação civil ou de peças informativas,
ficação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo determinará o seu arquivamento, fazendo-o fundamenta-
Civil. damente.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, § 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informa-
impor multa diária ao réu, independentemente do pedido ção arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Su-
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. perior do Ministério Público ou à Câmara de Coordenação
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em e Revisão do Ministério Público.
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida § 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquiva-
desde o dia em que se houver configurado. mento, pelo Conselho Superior do Ministério Público ou
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei rever- por Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Públi-
terão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao co, as associações legitimadas poderão apresentar razões
Fundo Municipal de Assistência Social, ficando vinculados escritas ou documentos, que serão juntados ou anexados
ao atendimento ao idoso. às peças de informação.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trin- § 4o  Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de
ta) dias após o trânsito em julgado da decisão serão exi- Coordenação e Revisão do Ministério Público de homo-
gidas por meio de execução promovida pelo Ministério logar a promoção de arquivamento, será designado outro
Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos membro do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
demais legitimados em caso de inércia daquele.
Art. 85.  O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos TÍTULO VI
recursos, para evitar dano irreparável à parte. Dos Crimes
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser CAPÍTULO I
condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remes- Disposições Gerais
sa de peças à autoridade competente, para apuração da
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
atribua a ação ou omissão. disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.

76
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena má- IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo
xima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil
aplica-se o procedimento previsto na  Lei no  9.099, de 26 a que alude esta Lei;
de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispen-
as disposições do Código Penal e do Código de Processo sáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando
Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF) requisitados pelo Ministério Público.
Art. 101.  Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem
CAPÍTULO II justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas
Dos Crimes em Espécie ações em que for parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe- Art. 102.  Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
nal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-
181 e 182 do Código Penal. lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou difi- Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
cultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de Art. 103.  Negar o acolhimento ou a permanência do
transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar pro-
meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, curação à entidade de atendimento:
por motivo de idade: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária
§ 1o  Na mesma pena incorre quem desdenhar, humi- relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem
lhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qual- como qualquer outro documento com objetivo de assegu-
quer motivo. rar recebimento ou ressarcimento de dívida:
§ 2o  A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade multa.
do agente. Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co-
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando municação, informações ou imagens depreciativas ou inju-
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente riosas à pessoa do idoso:
perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socor-
Art. 106.  Induzir pessoa idosa sem discernimento de
ro de autoridade pública:
seus atos a outorgar procuração para fins de administração
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
de bens ou deles dispor livremente:
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplica-
Art. 107.  Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar,
da, se resulta a morte.
contratar, testar ou outorgar procuração:
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saú-
de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
não prover suas necessidades básicas, quando obrigado Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa
por lei ou mandado: sem discernimento de seus atos, sem a devida representa-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e ção legal:
multa. Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou
psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas TÍTULO VII
ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados in- Disposições Finais e Transitórias
dispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a
trabalho excessivo ou inadequado: Art. 109.  Impedir ou embaraçar ato do representante
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e mul- do Ministério Público ou de qualquer outro agente fisca-
ta. lizador:
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
§ 2o Se resulta a morte: 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alte-
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. rações:
Art. 100.  Constitui crime punível com reclusão de 6 “Art. 61. ............................................................................
(seis) meses a 1 (um) ano e multa: ............................................................................
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público II - ............................................................................
por motivo de idade; ............................................................................
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo
trabalho; ou mulher grávida;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou dei- .............................................................................” (NR)
xar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa “Art. 121. ............................................................................
idosa; ............................................................................

77
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3        Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455,
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte re-
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa dação:
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir “Art. 1o ............................................................................
as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em ............................................................................
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada § 4o ............................................................................
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa me- II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
nor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
.............................................................................” (NR) anos;
“Art. 133. ............................................................................ ............................................................................” (NR)
............................................................................ Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de
§ 3o ............................................................................ outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 18............................................................................
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.» (NR) ............................................................................
“Art. 140. ............................................................................ III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar
............................................................................ a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade
§ 3o  Se a injúria consiste na utilização de elementos igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: discernimento ou de autodeterminação:
............................................................................ (NR) ............................................................................” (NR)
“Art. 141. ............................................................................ Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de
............................................................................ 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por- “Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as ges-
.............................................................................” (NR) tantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crian-
“Art. 148. ............................................................................ ças de colo terão atendimento prioritário, nos termos desta
............................................................................ Lei.» (NR)
§ 1o............................................................................ Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo
agente ou maior de 60 (sessenta) anos. Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em
............................................................................” (NR) cada exercício financeiro, para aplicação em programas e
“Art. 159............................................................................ ações relativos ao idoso.
............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos da-
§ 1o  Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) dos relativos à população idosa do País.
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congres-
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando so Nacional projeto de lei revendo os critérios de conces-
ou quadrilha. são do Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei
............................................................................” (NR) Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir que o
“Art. 183............................................................................ acesso ao direito seja condizente com o estágio de desen-
............................................................................ volvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
III –  se o crime é praticado contra pessoa com idade Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa)
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.» (NR) dias da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do
“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsis- art. 36, que vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004.
tência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independência
ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou e 115o da República.
maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascen- DOS CRIMES TIPIFICADOS NO ESTATUTO DO
dente, gravemente enfermo: DESARMAMENTO (LEI N° 10.826/03).
............................................................................” (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de
outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vi-
gorar acrescido do seguinte parágrafo único: LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
“Art. 21............................................................................
............................................................................ Dispõe sobre registro, posse e comercialização de ar-
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Ar-
até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” mas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
(NR)

78
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- II – apresentação de documento comprobatório de


gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
CAPÍTULO I psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS forma disposta no regulamento desta Lei.
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituí- de fogo após atendidos os requisitos anteriormente esta-
do no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, belecidos, em nome do requerente e para a arma indicada,
tem circunscrição em todo o território nacional. sendo intransferível esta autorização.
Art. 2o Ao Sinarm compete: § 2o  A aquisição de munição somente poderá ser feita
I – identificar as características e a propriedade de ar- no calibre correspondente à arma registrada e na quantida-
mas de fogo, mediante cadastro; de estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas pela Lei nº 11.706, de 2008)
e vendidas no País;
§ 3o  A empresa que comercializar arma de fogo em
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de
território nacional é obrigada a comunicar a venda à au-
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
toridade competente, como também a manter banco de
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extra-
vio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar dados com todas as características da arma e cópia dos
os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamen- documentos previstos neste artigo.
to de empresas de segurança privada e de transporte de § 4o A empresa que comercializa armas de fogo, aces-
valores; sórios e munições responde legalmente por essas merca-
V – identificar as modificações que alterem as caracte- dorias, ficando registradas como de sua propriedade en-
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo; quanto não forem vendidas.
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já exis- § 5o  A comercialização de armas de fogo, acessórios
tentes; e munições entre pessoas físicas somente será efetivada
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusi- mediante autorização do Sinarm.
ve as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; § 6o  A expedição da autorização a que se refere o §
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem 1  será concedida, ou recusada com a devida fundamenta-
o

como conceder licença para exercer a atividade; ção, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do
IX – cadastrar mediante registro os produtores, ataca- requerimento do interessado.
distas, varejistas, exportadores e importadores autorizados § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde
de armas de fogo, acessórios e munições; do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as ca- artigo.
racterísticas das impressões de raiamento e de microestria- § 8o  Estará dispensado das exigências constantes do
mento de projétil disparado, conforme marcação e testes inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento,
obrigatoriamente realizados pelo fabricante; o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos que comprove estar autorizado a portar arma com as mes-
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de mas características daquela a ser adquirida. (Incluído pela
porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem Lei nº 11.706, de 2008)
como manter o cadastro atualizado para consulta. Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcan- validade em todo o território nacional, autoriza o seu pro-
çam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem
prietário a manter a arma de fogo exclusivamente no inte-
como as demais que constem dos seus registros próprios.
rior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses,
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o
CAPÍTULO II
DO REGISTRO titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou em-
presa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no ór- § 1o O certificado de registro de arma de fogo será ex-
gão competente. pedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão do Sinarm.
registradas no Comando do Exército, na forma do regula- § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do
mento desta Lei. art. 4o  deverão ser comprovados periodicamente, em pe-
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o ríodo não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do es-
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, tabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do
atender aos seguintes requisitos: Certificado de Registro de Arma de Fogo.       
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação § 3o  O proprietário de arma de fogo com certificados
de certidões negativas de antecedentes criminais forneci- de registro de propriedade expedido por órgão estadual
das pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei
não estar respondendo a inquérito policial ou a processo que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32
criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrôni- desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro
cos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresen-

79
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

tação de documento de identificação pessoal e compro- XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92
vante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União
de taxas e do cumprimento das demais exigências constan- e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus
tes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício
dada pela Lei nº 11.706, de 2008)   (Prorrogação de prazo) de funções de segurança, na forma de regulamento a ser
§ 4o  Para fins do cumprimento do disposto no § 3o des- emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo
te artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.  (Incluído
no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro pela Lei nº 12.694, de 2012)
provisório, expedido na rede mundial de computadores - § 1o  As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI
internet, na forma do regulamento e obedecidos os pro- do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo
cedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de de propriedade particular ou fornecida pela respectiva cor-
2008) poração ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos
I - emissão de certificado de registro provisório pela in- do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacio-
ternet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído nal para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Reda-
pela Lei nº 11.706, de 2008) ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polí- § 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
cia Federal do certificado de registro provisório pelo prazo  § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes
que estimar como necessário para a emissão definitiva do e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de pro-
certificado de registro de propriedade. (Incluído pela Lei nº priedade particular ou fornecida pela respectiva corpora-
11.706, de 2008) ção ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que este-
jam:       (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
CAPÍTULO III I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;       (In-
DO PORTE cluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu-
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o lamento; e       (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
território nacional, salvo para os casos previstos em legis-
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
lação própria e para:
controle interno.       (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I – os integrantes das Forças Armadas;
§ 1º-C. (VETADO).       (Incluído pela Lei nº 12.993, de
II -  os  integrantes  de  órgãos  referidos nos  inci-
2014)
sos I, II, III, IV e V do caput  do art. 144 da Constitui-
§ 2o  A autorização para o porte de arma de fogo aos
ção Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e
(FNSP);   (Redação dada pela Lei nº 13.500, de 2017)
X do caput deste artigo está condicionada à comprovação
III – os integrantes das guardas municipais das capitais
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (qui- do requisito a que se refere o inciso III do  caput  do art.
nhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no 4o  desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento
regulamento desta Lei; desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu- § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das
nicípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de guardas municipais está condicionada à formação funcio-
500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em servi- nal de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de
ço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) atividade policial, à existência de mecanismos de fiscaliza-
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de ção e de controle interno, nas condições estabelecidas no
Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministé-
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da rio da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
República; § 4o  Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumpri-
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e mento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na
as guardas portuárias; forma do regulamento desta Lei.
VIII – as empresas de segurança privada e de transpor- § 5o  Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vin-
te de valores constituídas, nos termos desta Lei; te e cinco) anos que comprovem depender do emprego de
IX – para os integrantes das entidades de desporto le- arma de fogo para prover sua subsistência alimentar fa-
galmente constituídas, cujas atividades esportivas deman- miliar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma
dem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma
desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação am- arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2
biental. (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexa-
de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.(Redação dada pela dos os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 11.501, de 2007) 11.706, de 2008)

80
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela § 3o  O porte de arma pelos servidores das instituições
Lei nº 11.706, de 2008) de que trata este artigo fica condicionado à apresentação
II - comprovante de residência em área rural; e (Incluí- de documentação comprobatória do preenchimento dos
do pela Lei nº 11.706, de 2008) requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à for-
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei mação funcional em estabelecimentos de ensino de ativi-
nº 11.706, de 2008) dade policial e à existência de mecanismos de fiscalização
§ 6o  O caçador para subsistência que der outro uso à e de controle interno, nas condições estabelecidas no re-
sua arma de fogo, independentemente de outras tipifica- gulamento desta Lei.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
ções penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal § 4o  A listagem dos servidores das instituições de que
ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. (Reda- trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no
ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Sinarm.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 7o  Aos integrantes das guardas municipais dos Mu- § 5o  As instituições de que trata este artigo são obri-
nicípios que integram regiões metropolitanas será autori- gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia
zado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de
pela Lei nº 11.706, de 2008) extravio de armas de fogo, acessórios e munições que este-
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
das empresas de segurança privada e de transporte de va- depois de ocorrido o fato.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de
lores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, 2012)
responsabilidade e guarda das respectivas empresas, so- Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades des-
mente podendo ser utilizadas quando em serviço, deven- portivas legalmente constituídas devem obedecer às con-
do essas observar as condições de uso e de armazenagem dições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a
de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento
Federal em nome da empresa. desta Lei.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização
de segurança privada e de transporte de valores responde- do porte de arma para os responsáveis pela segurança de
rá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
Lei, sem prejuízo das demais sanções administrativas e ci- Comando do Exército, nos termos do regulamento desta
vis, se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma
à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de
extravio de armas de fogo, acessórios e munições que este- representantes estrangeiros em competição internacional
jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas oficial de tiro realizada no território nacional.
depois de ocorrido o fato. Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de va- uso permitido, em todo o território nacional, é de compe-
lores deverá apresentar documentação comprobatória do tência da Polícia Federal e somente será concedida após
preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta autorização do Sinarm.
Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo. § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser con-
§ 3o  A listagem dos empregados das empresas refe- cedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos
ridas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente termos de atos regulamentares, e dependerá de o reque-
junto ao Sinarm. rente:
Art. 7o-A.  As armas de fogo utilizadas pelos servido- I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
res das instituições descritas no inciso XI do art. 6o  serão de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua inte-
de propriedade, responsabilidade e guarda das respecti- gridade física;
vas instituições, somente podendo ser utilizadas quando II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
em serviço, devendo estas observar as condições de uso III – apresentar documentação de propriedade de arma
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, de fogo, bem como o seu devido registro no órgão com-
sendo o certificado de registro e a autorização de porte petente.
expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.  (In- § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista
cluído pela Lei nº 12.694, de 2012) neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o
§ 1o  A autorização para o porte de arma de fogo de que portador dela seja detido ou abordado em estado de em-
trata este artigo independe do pagamento de taxa.  (Incluí- briaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou aluci-
do pela Lei nº 12.694, de 2012) nógenas.
§ 2o  O presidente do tribunal ou o chefe do Ministé- Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
rio Público designará os servidores de seus quadros pes- constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
soais no exercício de funções de segurança que poderão relativos:
portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% I – ao registro de arma de fogo;
(cinquenta por cento) do número de servidores que exer- II – à renovação de registro de arma de fogo;
çam funções de segurança.   (Incluído pela Lei nº 12.694, III – à expedição de segunda via de registro de arma
de 2012) de fogo;

81
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
V – à renovação de porte de arma de fogo; Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian-
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma çável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em
de fogo. nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à Disparo de arma de fogo
manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas respon- lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
sabilidades. em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
§ 2o  São isentas do pagamento das taxas previstas neste finalidade a prática de outro crime:
artigo as pessoas e as instituições a que se referem os incisos
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
I a VII e X e o § 5o do art. 6odesta Lei. (Redação dada pela Lei
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian-
nº 11.706, de 2008)
Art. 11-A.  O Ministério da Justiça disciplinará a forma e çável. (Vide Adin 3.112-1)
as condições do credenciamento de profissionais pela Polícia Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res-
Federal para comprovação da aptidão psicológica e da capa- trito
cidade técnica para o manuseio de arma de fogo. (Incluído Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,
pela Lei nº 11.706, de 2008) ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen-
§ 1o  Na comprovação da aptidão psicológica, o valor co- te, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda
brado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso
honorários profissionais para realização de avaliação psicoló- proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
gica constante do item 1.16 da tabela do Conselho Federal de determinação legal ou regulamentar:
Psicologia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2o  Na comprovação da capacidade técnica, o valor co- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
brado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da munição. (In- sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008) II – modificar as características de arma de fogo, de for-
§ 3o  A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido
1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento do profis- ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
sional pela Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES E DAS PENAS plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar;
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua re- V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
sidência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do criança ou adolescente; e
estabelecimento ou empresa: VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização le-
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. gal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Omissão de cautela Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu-
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma uti-
sob sua posse ou que seja de sua propriedade: lizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. dade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprie-
munição, sem autorização ou em desacordo com determi-
tário ou diretor responsável de empresa de segurança e trans-
nação legal ou regulamentar:
porte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial
e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de pres-
horas depois de ocorrido o fato. tação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan-
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido destino, inclusive o exercido em residência.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em de- Tráfico internacional de arma de fogo
pósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, empres- Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída
tar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem acessório ou munição, sem autorização da autoridade
autorização e em desacordo com determinação legal ou competente:
regulamentar: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

82
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena § 1o  As armas de fogo encaminhadas ao Comando do
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou Exército que receberem parecer favorável à doação, obede-
munição forem de uso proibido ou restrito. cidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e de segurança pública, atendidos os critérios de prioridade
18, a pena é aumentada da metade se forem praticados estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Co-
por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. mando do Exército, serão arroladas em relatório reservado
6o, 7o e 8o desta Lei. trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo-
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído pela
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1) Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o  O Comando do Exército encaminhará a relação
CAPÍTULO V das armas a serem doadas ao juiz competente, que deter-
DISPOSIÇÕES GERAIS minará o seu perdimento em favor da instituição beneficia-
da. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 3o  O transporte das  armas de fogo doadas será de
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convê-
responsabilidade da instituição beneficiada, que procede-
nios com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimen- rá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído
to do disposto nesta Lei. pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 23.  A classificação legal, técnica e geral bem como § 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
a definição das armas de fogo e demais produtos contro- § 5o  O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
lados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se tra-
e de valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do te de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestral-
Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando mente, da relação de armas acauteladas em juízo, mencio-
do Exército.(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) nando suas características e o local onde se encontram. (In-
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deve- cluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
rão estar acondicionadas em embalagens com sistema de Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercia-
código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a lização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros
identificação do fabricante e do adquirente, entre outras de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
informações definidas pelo regulamento desta Lei. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento,
expedidas autorizações de compra de munição com identi- ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas
pelo Comando do Exército.
ficação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, ex-
forma do regulamento desta Lei.
cepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso res-
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano trito.
da data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrín- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
seco de segurança e de identificação, gravado no corpo da às aquisições dos Comandos Militares.
arma, definido pelo regulamento desta Lei, exclusive para Art. 28.  É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
os órgãos previstos no art. 6o. adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das enti-
§ 4o  As instituições de  ensino policial e as guardas mu- dades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do
nicipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o des- art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
ta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e máquinas Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
de recarga de munição para o fim exclusivo de suprimento concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publica-
de suas atividades, mediante autorização concedida nos ção desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004)
termos definidos em regulamento.  (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo
11.706, de 2008) de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la,
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10
2º desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publica-
e fiscalizar a produção, exportação, importação, desemba- ção, sem ônus para o requerente.
raço alfandegário e o comércio de armas de fogo e de- Art. 30.  Os possuidores e proprietários de arma de
fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solici-
mais produtos controlados, inclusive o registro e o porte
tar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, median-
de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores
te apresentação de documento de identificação pessoal e
e caçadores. comprovante de residência fixa, acompanhados de nota
Art. 25.  As armas de fogo apreendidas, após a elabora- fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da pos-
ção do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não se, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declara-
mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas ção firmada na qual constem as características da arma e a
pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo sua condição de proprietário, ficando este dispensado do
máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigên-
doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Ar- cias constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta
madas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)  (Prorroga-
pela Lei nº 11.706, de 2008) ção de prazo)

83
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único.  Para fins do cumprimento do disposto no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na forma do § 4o do art. 5o desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá
-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.
Art. 32.  Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e,
presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse
irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Parágrafo único.  (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar
o regulamento desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qual-
quer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição sem a devida autorização ou com inobser-
vância das normas de segurança;
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize publicidade para venda, estimulando o uso indis-
criminado de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão,
sob pena de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas, ressalvados os even-
tos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos serviços de transporte internacional e interestadual de
passageiros adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de passageiros armados.

CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades
previstas no art. 6o desta Lei.
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em
outubro de 2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu
resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

ANEXO
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
TABELA DE TAXAS

ATO ADMINISTRATIVO R$
I - Registro de arma de fogo:  
- até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
  (art. 30)
- a partir de 1  de janeiro de 2009
o
60,00
II - Renovação do certificado de registro de arma de fogo:  
  Gratuito
- até 31 de dezembro de 2008 (art. 5o, § 3o)
   
- a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00
III - Registro de arma de fogo  para  empresa de segurança 60,00
privada e de transporte
de valores  
IV - Renovação do certificado de registro de arma de fogo para
 
empresa de

84
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

segurança privada e de transporte de valores:  


   
- até 30 de junho de 2008 30,00
   
   
- de 1  de julho de 2008 a 31 de outubro de 2008
o
45,00
   
- a partir de 1o de novembro de 2008 60,00
V - Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00
VI - Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00
VII -  Expedição de segunda via de certificado de registro de
60,00
arma de fogo
VIII - Expedição de segunda via de porte de arma de fogo 60,00

CRIMES DE TORTURA (LEI N° 9.455 DE 1997).

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.

Define os crimes de tortura e dá outras providências.

O  PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

85
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 6º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos


DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE casos em que o programa em si não seja objeto essencial
INTELECTUAL (LEI N° 9.609 DE 1998). do aluguel.
Art. 3º Os programas de computador poderão, a cri-
tério do titular, ser registrados em órgão ou entidade a ser
designado por ato do Poder Executivo, por iniciativa do
LEI Nº 9.609 , DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Ministério responsável pela política de ciência e tecnolo-
gia. (Regulamento)
Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de § 1º O pedido de registro estabelecido neste artigo de-
programa de computador, sua comercialização no País, e verá conter, pelo menos, as seguintes informações:
dá outras providências. I - os dados referentes ao autor do programa de com-
putador e ao titular, se distinto do autor, sejam pessoas físi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- cas ou jurídicas;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - a identificação e descrição funcional do programa
de computador; e
CAPÍTULO I III - os trechos do programa e outros dados que se con-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES siderar suficientes para identificá-lo e caracterizar sua origi-
nalidade, ressalvando-se os direitos de terceiros e a respon-
Art. 1º Programa de computador é a expressão de um sabilidade do Governo.
conjunto organizado de instruções em linguagem natural § 2º As informações referidas no inciso III do parágrafo
ou codificada, contida em suporte físico de qualquer na- anterior são de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas,
tureza, de emprego necessário em máquinas automáticas salvo por ordem judicial ou a requerimento do próprio titular.
de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos Art. 4º Salvo estipulação em contrário, pertencerão ex-
ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital clusivamente ao empregador, contratante de serviços ou
ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins órgão público, os direitos relativos ao programa de com-
determinados. putador, desenvolvido e elaborado durante a vigência de
contrato ou de vínculo estatutário, expressamente destina-
CAPÍTULO II do à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do
DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS DE AUTOR E DO RE- empregado, contratado de serviço ou servidor seja prevista,
GISTRO ou ainda, que decorra da própria natureza dos encargos
concernentes a esses vínculos.
§ 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do
Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual
trabalho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou
de programa de computador é o conferido às obras literá-
ao salário convencionado.
rias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes
§ 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado,
no País, observado o disposto nesta Lei.
contratado de serviço ou servidor os direitos concernen-
§ 1º Não se aplicam ao programa de computador as
tes a programa de computador gerado sem relação com
disposições relativas aos direitos morais, ressalvado, a
o contrato de trabalho, prestação de serviços ou vínculo
qualquer tempo, o direito do autor de reivindicar a pater- estatutário, e sem a utilização de recursos, informações
nidade do programa de computador e o direito do autor tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais,
de opor-se a alterações não-autorizadas, quando estas im- instalações ou equipamentos do empregador, da empresa
pliquem deformação, mutilação ou outra modificação do ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato
programa de computador, que prejudiquem a sua honra de prestação de serviços ou assemelhados, do contratante
ou a sua reputação. de serviços ou órgão público.
§ 2º Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a § 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado
programa de computador pelo prazo de cinquenta anos, nos casos em que o programa de computador for desenvol-
contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao vido por bolsistas, estagiários e assemelhados.
da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. Art. 5º Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo
§ 3º A proteção aos direitos de que trata esta Lei inde- titular dos direitos de programa de computador, inclusive
pende de registro. sua exploração econômica, pertencerão à pessoa autoriza-
§ 4º Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegura- da que as fizer, salvo estipulação contratual em contrário.
dos aos estrangeiros domiciliados no exterior, desde que Art. 6º Não constituem ofensa aos direitos do titular de
o país de origem do programa conceda, aos brasileiros e programa de computador:
estrangeiros domiciliados no Brasil, direitos equivalentes. I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legiti-
§ 5º Inclui-se dentre os direitos assegurados por esta mamente adquirida, desde que se destine à cópia de salva-
Lei e pela legislação de direitos autorais e conexos vigen- guarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o
tes no País aquele direito exclusivo de autorizar ou proibir exemplar original servirá de salvaguarda;
o aluguel comercial, não sendo esse direito exaurível pela II - a citação parcial do programa, para fins didáticos,
venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do desde que identificados o programa e o titular dos direitos
programa. respectivos;

86
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de
preexistente, quando se der por força das características programa de computador, o Instituto Nacional da Proprie-
funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos dade Industrial fará o registro dos respectivos contratos,
normativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para que produzam efeitos em relação a terceiros.
para a sua expressão; Parágrafo único. Para o registro de que trata este ar-
IV - a integração de um programa, mantendo-se suas tigo, é obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao
características essenciais, a um sistema aplicativo ou ope- receptor de tecnologia, da documentação completa, em
racional, tecnicamente indispensável às necessidades do especial do código-fonte comentado, memorial descritivo,
usuário, desde que para o uso exclusivo de quem a pro- especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas
moveu. e outros dados técnicos necessários à absorção da tecno-
logia.
CAPÍTULO III
DAS GARANTIAS AOS USUÁRIOS DE PROGRAMA CAPÍTULO V
DE COMPUTADOR
DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES
Art. 7º O contrato de licença de uso de programa de
Art. 12. Violar direitos de autor de programa de com-
computador, o documento fiscal correspondente, os su-
portes físicos do programa ou as respectivas embalagens putador:
deverão consignar, de forma facilmente legível pelo usuá- Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.
rio, o prazo de validade técnica da versão comercializada. § 1º Se a violação consistir na reprodução, por qual-
Art. 8º Aquele que comercializar programa de com- quer meio, de programa de computador, no todo ou em
putador, quer seja titular dos direitos do programa, quer parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do
seja titular dos direitos de comercialização, fica obrigado, autor ou de quem o represente:
no território nacional, durante o prazo de validade técnica Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.
da respectiva versão, a assegurar aos respectivos usuários § 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre
a prestação de serviços técnicos complementares relativos quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire,
ao adequado funcionamento do programa, consideradas oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original
as suas especificações. ou cópia de programa de computador, produzido com vio-
Parágrafo único. A obrigação persistirá no caso de reti- lação de direito autoral.
rada de circulação comercial do programa de computador § 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se pro-
durante o prazo de validade, salvo justa indenização de cede mediante queixa, salvo:
eventuais prejuízos causados a terceiros. I - quando praticados em prejuízo de entidade de di-
reito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
CAPÍTULO IV economia mista ou fundação instituída pelo poder público;
DOS CONTRATOS DE LICENÇA DE USO, DE COMER- II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar
CIALIZAÇÃO E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA sonegação fiscal, perda de arrecadação tributária ou prá-
tica de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou
Art. 9º O uso de programa de computador no País será contra as relações de consumo.
objeto de contrato de licença. § 4º No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exi-
Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência gibilidade do tributo, ou contribuição social e qualquer
do contrato referido no caput deste artigo, o documento acessório, processar-se-á independentemente de repre-
fiscal relativo à aquisição ou licenciamento de cópia servirá
sentação.
para comprovação da regularidade do seu uso.
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de
Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de
busca e apreensão, nos casos de violação de direito de
comercialização referentes a programas de computador de
origem externa deverão fixar, quanto aos tributos e encar- autor de programa de computador, serão precedidas de
gos exigíveis, a responsabilidade pelos respectivos paga- vistoria, podendo o juiz ordenar a apreensão das cópias
mentos e estabelecerão a remuneração do titular dos direi- produzidas ou comercializadas com violação de direito de
tos de programa de computador residente ou domiciliado autor, suas versões e derivações, em poder do infrator ou
no exterior. de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, repro-
§ 1º Serão nulas as cláusulas que: duzindo ou comercializando.
I - limitem a produção, a distribuição ou a comercializa- Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudi-
ção, em violação às disposições normativas em vigor; cado poderá intentar ação para proibir ao infrator a prática
II - eximam qualquer dos contratantes das responsa- do ato incriminado, com cominação de pena pecuniária
bilidades por eventuais ações de terceiros, decorrentes de para o caso de transgressão do preceito.
vícios, defeitos ou violação de direitos de autor. § 1º A ação de abstenção de prática de ato poderá ser
§ 2º O remetente do correspondente valor em moeda cumulada com a de perdas e danos pelos prejuízos decor-
estrangeira, em pagamento da remuneração de que se tra- rentes da infração.
ta, conservará em seu poder, pelo prazo de cinco anos, to- § 2º Independentemente de ação cautelar preparatória,
dos os documentos necessários à comprovação da licitude o juiz poderá conceder medida liminar proibindo ao infra-
das remessas e da sua conformidade ao caput deste artigo. tor a prática do ato incriminado, nos termos deste artigo.

87
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 3º Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares I - deixar de conceder os equipamentos necessários


de busca e apreensão observarão o disposto no artigo an- ao empregado em igualdade de condições com os demais
terior. trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
§ 4º Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para II - impedir a ascensão funcional do empregado ou
a defesa dos interesses de qualquer das partes, informa- obstar outra forma de benefício profissional; (Incluído pela
ções que se caracterizem como confidenciais, deverá o juiz Lei nº 12.288, de 2010)
determinar que o processo prossiga em segredo de justiça, III - proporcionar ao empregado tratamento diferen-
vedado o uso de tais informações também à outra parte ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao
para outras finalidades. salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
§ 5º Será responsabilizado por perdas e danos aquele § 2o  Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de
que requerer e promover as medidas previstas neste e nos serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção
arts. 12 e 13, agindo de má-fé ou por espírito de emulação, da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra
capricho ou erro grosseiro, nos termos dos arts. 16, 17 e 18 forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos
do Código de Processo Civil. de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas
atividades não justifiquem essas exigências.
CAPÍTULO VI Pena: reclusão de dois a cinco anos.
DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento
comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ou comprador.
cação. Pena: reclusão de um a três anos.
 Art. 16. Fica revogada a Lei nº 7.646, de 18 de dezem- Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres-
bro de 1987. so de aluno em estabelecimento de ensino público ou pri-
Brasília, 19 de fevereiro de 1998; 177º da Independên- vado de qualquer grau.
cia e 110º da República. Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em
hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento si-
DOS CRIMES TIPIFICADOS NAS LEIS DE milar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
PRECONCEITO E AOS DOS DEFICIENTES FÍSICOS Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
(LEI N° 7.716 DE 1989 E LEI N° 7853 DE 1989). restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes
abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes
sociais abertos ao público.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou Pena: reclusão de um a três anos.
de cor. Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de mas-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- sagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edi-
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, fícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de
etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela acesso aos mesmos:
Lei nº 9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 2º (Vetado). Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes pú-
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida- blicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
mente habilitado, a qualquer cargo da Administração Dire- metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
ta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços Pena: reclusão de um a três anos.
públicos. Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao ser-
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, por viço em qualquer ramo das Forças Armadas.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou pro- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
cedência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
pela Lei nº 12.288, de 2010) o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.  Art. 15. (Vetado).
§ 1o  Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis- Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do car-
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do go ou função pública, para o servidor público, e a suspen-
preconceito de descendência ou origem nacional ou étni- são do funcionamento do estabelecimento particular por
ca: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) prazo não superior a três meses.

88
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 17. (Vetado). § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão con-


Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta siderados os valores básicos da igualdade de tratamento
Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente de- e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade
clarados na sentença. da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na
Art. 19. (Vetado). Constituição ou justificados pelos princípios gerais de di-
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou reito.
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência na- § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas por-
cional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) tadoras de deficiência as ações governamentais necessárias
Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação ao seu cumprimento e das demais disposições constitucio-
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) nais e legais que lhes concernem, afastadas as discrimina-
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbo- ções e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a
los, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público
utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação e da sociedade.
do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come- saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo
tido por intermédio dos meios de comunicação social ou à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da
publicação de qualquer natureza:  (Redação dada pela Lei Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal,
nº 9.459, de 15/05/97) social e econômico.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput des-
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) te artigo, os órgãos e entidades da administração direta e
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá de- indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e
terminar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prio-
ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediên- ritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de
cia: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)    
outras, as seguintes medidas:
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão
I - na área da educação:
dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Es-
9.459, de 15/05/97)
pecial como modalidade educativa que abranja a educação
II - a cessação das respectivas transmissões radiofôni-
precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a ha-
cas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer
bilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas
meio;      (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012)
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas e exigências de diplomação próprios;
de informação na rede mundial de computadores. (Incluí- b) a inserção, no referido sistema educacional, das es-
do pela Lei nº 12.288, de 2010) colas especiais, privadas e públicas;
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da conde- c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial
nação, após o trânsito em julgado da decisão, a destrui- em estabelecimento público de ensino;
ção do material apreendido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de d) o oferecimento obrigatório de programas de Educa-
15/05/97) ção Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual
ção. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de defi-
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Re- ciência;
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos be-
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e nefícios conferidos aos demais educandos, inclusive mate-
101º da República. rial escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de es-
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. tabelecimentos públicos e particulares de pessoas porta-
doras de deficiência capazes de se integrarem no sistema
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de defi- regular de ensino;
ciência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Na- II - na área da saúde:
cional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência a) a promoção de ações preventivas, como as referen-
- Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos tes ao planejamento familiar, ao aconselhamento genético,
ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministé- ao acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpé-
rio Público, define crimes, e dá outras providências. rio, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao
controle da gestante e do feto de alto risco, à imunização,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e ao enca-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: minhamento precoce de outras doenças causadoras de de-
Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que assegu- ficiência;
ram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das b) o desenvolvimento de programas especiais de pre-
pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integra- venção de acidente do trabalho e de trânsito, e de trata-
ção social, nos termos desta Lei. mento adequado a suas vítimas;

89
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

c) a criação de uma rede de serviços especializados em § 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá reque-
reabilitação e habilitação; rer às autoridades competentes as certidões e informações
d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de defi- que julgar necessárias.
ciência aos estabelecimentos de saúde públicos e privados, § 2º As certidões e informações a que se refere o pará-
e de seu adequado tratamento neles, sob normas técnicas grafo anterior deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze)
e padrões de conduta apropriados; dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos,
e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao e só poderão se utilizadas para a instrução da ação civil.
deficiente grave não internado; § 3º Somente nos casos em que o interesse público,
f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada
para as pessoas portadoras de deficiência, desenvolvidos certidão ou informação.
com a participação da sociedade e que lhes ensejem a in- § 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a
tegração social; ação poderá ser proposta desacompanhada das certidões
III - na área da formação profissional e do trabalho: ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar
a) o apoio governamental à formação profissional, e a
os motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de
garantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos
razão de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita
cursos regulares voltados à formação profissional;
a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que
b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento
cessará com o trânsito em julgado da sentença.
e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial,
destinados às pessoas portadoras de deficiência que não § 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos ha-
tenham acesso aos empregos comuns; bilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por
c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inser- qualquer deles.
ção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras § 6º Em caso de desistência ou abandono da ação,
de deficiência; qualquer dos co-legitimados pode assumir a titularidade
d) a adoção de legislação específica que discipline a ativa.
reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas Art. 4º A sentença terá eficácia de coisa julgada opo-
portadoras de deficiência, nas entidades da Administração nível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação jul-
Pública e do setor privado, e que regulamente a organiza- gada improcedente por deficiência de prova, hipótese em
ção de oficinas e congêneres integradas ao mercado de que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com
trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
deficiência; § 1º A sentença que concluir pela carência ou pela im-
IV - na área de recursos humanos: procedência da ação fica sujeita ao duplo grau de juris-
a) a formação de professores de nível médio para a dição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
Educação Especial, de técnicos de nível médio especiali- pelo tribunal.
zados na habilitação e reabilitação, e de instrutores para § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor
formação profissional; da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer
b) a formação e qualificação de recursos humanos que, legitimado ativo, inclusive o Ministério Público.
nas diversas áreas de conhecimento, inclusive de nível su- Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamen-
perior, atendam à demanda e às necessidades reais das te nas ações públicas, coletivas ou individuais, em que se
pessoas portadoras de deficiências; discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas.
c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tec- Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
nológico em todas as áreas do conhecimento relacionadas presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pes-
com a pessoa portadora de deficiência;
soa física ou jurídica, pública ou particular, certidões, in-
V - na área das edificações:
formações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não
a) a adoção e a efetiva execução de normas que garan-
inferior a 10 (dez) dias úteis.
tam a funcionalidade das edificações e vias públicas, que
§ 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão
evitem ou removam os óbices às pessoas portadoras de
deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logra- do Ministério Público da inexistência de elementos para a
douros e a meios de transporte. propositura de ação civil, promoverá fundamentadamente
Art. 3o  As medidas judiciais destinadas à proteção de o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informati-
interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e vas. Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as
individuais indisponíveis da pessoa com deficiência pode- respectivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
rão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Ministério Público, que os examinará, deliberando a respei-
Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo to, conforme dispuser seu Regimento.
Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 § 2º Se a promoção do arquivamento for reformada, o
(um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por empre- Conselho Superior do Ministério Público designará desde
sa pública e por fundação ou sociedade de economia mista logo outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento
que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção da ação.
dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com de- Art. 7º Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta
ficiência.  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)    (Vi- Lei, no que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24
gência) de julho de 1985.

90
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 8o  Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) Art. 10.  A coordenação superior dos assuntos, ações
a 5 (cinco) anos e multa: (Redação dada pela Lei nº 13.146, governamentais e medidas referentes a pessoas portado-
de 2015)  (Vigência) ras de deficiência caberá à Secretaria Especial dos Direitos
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, pro- Humanos da Presidência da República. (Redação dada pela
crastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em es- Lei nº 11.958, de 2009)
tabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, públi- Parágrafo único. Ao órgão a que se refere este artigo
co ou privado, em razão de sua deficiência; (Redação dada caberá formular a Política Nacional para a Integração da
pela Lei nº 13.146, de 2015) Pessoa Portadora de Deficiência, seus planos, programas
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de e projetos e cumprir as instruções superiores que lhes di-
alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão gam respeito, com a cooperação dos demais órgãos públi-
de sua deficiência;  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de cos. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
2015)  (Vigência) Art. 11. (Revogado pela Lei nº 8.028, de 1990)
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à Art. 12. Compete à Corde:
pessoa em razão de sua deficiência; (Redação dada pela Lei I - coordenar as ações governamentais e medidas que
nº 13.146, de 2015)  (Vigência) se refiram às pessoas portadoras de deficiência;
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar II - elaborar os planos, programas e projetos subsumi-
de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à dos na Política Nacional para a Integração de Pessoa Por-
pessoa com deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, tadora de Deficiência, bem como propor as providências
de 2015)  (Vigência) necessárias a sua completa implantação e seu adequado
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução desenvolvimento, inclusive as pertinentes a recursos e as
de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta de caráter legislativo;
Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  (Vigência) III - acompanhar e orientar a execução, pela Adminis-
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis- tração Pública Federal, dos planos, programas e projetos
pensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta mencionados no inciso anterior;
Lei, quando requisitados. (Redação dada pela Lei nº 13.146, IV - manifestar-se sobre a adequação à Política Nacio-
de 2015)  (Vigência) nal para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
§ 1o  Se o crime for praticado contra pessoa com defi-
dos projetos federais a ela conexos, antes da liberação dos
ciência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em
recursos respectivos;
1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)  (Vi-
V - manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o
gência)
Distrito Federal, e o Ministério Público, estreito relaciona-
§ 2o  A pena pela adoção deliberada de critérios sub-
mento, objetivando a concorrência de ações destinadas à
jetivos para indeferimento de inscrição, de aprovação e de
integração social das pessoas portadoras de deficiência;
cumprimento de estágio probatório em concursos públicos
VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, minis-
não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do admi-
nistrador público pelos danos causados. (Incluído pela Lei trando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto
nº 13.146, de 2015) (Vigência) da ação civil de que esta Lei, e indicando-lhe os elementos
§ 3o  Incorre nas mesmas penas quem impede ou di- de convicção;
ficulta o ingresso de pessoa com deficiência em planos VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou con-
privados de assistência à saúde, inclusive com cobrança vênios firmados pelos demais órgãos da Administração
de valores diferenciados.  (Incluído pela Lei nº 13.146, de Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a Inte-
2015)  (Vigência) gração da Pessoa Portadora de Deficiência;
§ 4o  Se o crime for praticado em atendimento de ur- VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate
gência e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um ter- das questões concernentes à pessoa portadora de defi-
ço). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) ciência, visando à conscientização da sociedade.
Art. 9º A Administração Pública Federal conferirá aos Parágrafo único. Na elaboração dos planos, programas
assuntos relativos às pessoas portadoras de deficiência tra- e projetos a seu cargo, deverá a Corde recolher, sempre
tamento prioritário e apropriado, para que lhes seja efeti- que possível, a opinião das pessoas e entidades interessa-
vamente ensejado o pleno exercício de seus direitos indivi- das, bem como considerar a necessidade de efetivo apoio
duais e sociais, bem como sua completa integração social. aos entes particulares voltados para a integração social das
§ 1º Os assuntos a que alude este artigo serão objeto pessoas portadoras de deficiência.
de ação, coordenada e integrada, dos órgãos da Adminis- Art. 13. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37,
tração Pública Federal, e incluir-se-ão em Política Nacio- de 2001)
nal para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, na Art. 14. (Vetado).
qual estejam compreendidos planos, programas e projetos Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que
sujeitos a prazos e objetivos determinados. dispõe esta Lei, será reestruturada a Secretaria de Educação
§ 2º Ter-se-ão como integrantes da Administração Pú- Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no
blica Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públi- Ministério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Minis-
cos, das autarquias, das empresas públicas e sociedades de tério da Previdência e Assistência Social, órgão encarrega-
economia mista, as respectivas subsidiárias e as fundações dos da coordenação setorial dos assuntos concernentes às
públicas. pessoas portadoras de deficiência.

91
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (sessenta) b) em lugar sujeito à administração militar contra mi-
dias posteriores à vigência desta Lei, as providências ne- litar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra
cessárias à reestruturação e ao regular funcionamento da funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no
Corde, como aquelas decorrentes do artigo anterior. exercício de função inerente ao seu cargo;
Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, c) contra militar em formatura, ou durante o período
e nos subseqüentes, questões concernentes à problemáti- de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício,
ca da pessoa portadora de deficiência, objetivando o co- acampamento, acantonamento ou manobras;
nhecimento atualizado do número de pessoas portadoras d) ainda que fora do lugar sujeito à administração mi-
de deficiência no País. litar, contra militar em função de natureza militar, ou no
Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de desempenho de serviço de vigilância, garantia e preserva-
12 (doze) meses contado da publicação desta Lei, as ações ção da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando
necessárias à efetiva implantação das medidas indicadas legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência
no art. 2º desta Lei. a determinação legal superior.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- § 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos
cação. contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão
Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário. da competência do Tribunal do Júri.   (Redação dada pela
Brasília, 24 de outubro de 1989; 168º da Independência Lei nº 13.491, de 2017)
e 101º da República. § 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos
contra a vida e cometidos por militares das Forças Arma-
das contra civil, serão da competência da Justiça Militar da
União, se praticados no contexto:      (Incluído pela Lei nº
ARTIGO 9° (NONO) DO CÓDIGO PENAL 13.491, de 2017)
MILITAR. I – do cumprimento de atribuições que lhes forem es-
tabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro
de Estado da Defesa;       (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
Crimes militares em tempo de paz
II – de ação que envolva a segurança de instituição
Art.  9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante;
paz:
ou      (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I - os crimes de que trata este Código, quando defi-
III – de atividade de natureza militar, de operação de
nidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não
paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição sub-
previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição es-
sidiária, realizadas em conformidade com o disposto no
pecial;
art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na
legislação penal, quando praticados:   (Redação dada pela diplomas legais:      (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
Lei nº 13.491, de 2017) a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código
a) por militar em situação de atividade ou assemelha- Brasileiro de Aeronáutica;      (Incluída pela Lei nº 13.491,
do, contra militar na mesma situação ou assemelhado; de 2017)
b) por militar em situação de atividade ou assemelha- b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;(In-
do, em lugar sujeito à administração militar, contra militar cluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) Decreto-Lei no  1.002, de 21 de outubro de 1969  -
c) por militar em serviço ou atuando em razão da fun- Código de Processo Penal Militar; e(Incluída pela Lei nº
ção, em comissão de natureza militar, ou em formatura, 13.491, de 2017)
ainda que fora do lugar sujeito à administração militar con- d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleito-
tra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada ral.      (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exer-
cício, contra militar da reserva, ou reformado, ou asseme-
lhado, ou civil; CRIMES HEDIONDOS (LEI N° 8.072 DE 1990).
e) por militar em situação de atividade, ou assemelha-
do, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a
ordem administrativa militar;
  f) revogada.    (Redação dada pela  Lei nº 9.299, de LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
8.8.1996)
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou re- Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art.
formado, ou por civil, contra as instituições militares, consi- 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras
derando-se como tais não só os compreendidos no inciso providências.
I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou O  PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
contra a ordem administrativa militar; Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

92
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 1o  São considerados hediondos os seguintes cri- § 2o  A progressão de regime, no caso dos condenados
mes, todos tipificados no  Decreto-Lei no  2.848, de 7 de aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cum-
dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tenta- primento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for
dos:   (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)  (Vide Lei primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação
nº 7.210, de 1984) dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade § 3o  Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberda-
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, de.    (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
II, III, IV, V, VI e VII);  (Redação dada pela Lei nº 13.142, de § 4o  A prisão temporária, sobre a qual dispõe a  Lei
2015) n  7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos
o

I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), por igual período em caso de extrema e comprovada ne-
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito cessidade.    (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja perma-
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
nência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
incolumidade pública.
terceiro grau, em razão dessa condição;  (Incluído pela Lei Art. 4º (Vetado).
nº 13.142, de 2015) Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o se-
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);(Inciso incluído pela guinte inciso:
Lei nº 8.930, de 1994) “Art. 83. ..............................................................
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);  (In- ........................................................................
ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualifica- condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico
da (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);    (Inciso incluído pela Lei ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
nº 8.930, de 1994) apenado não for reincidente específico em crimes dessa
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);    (Redação natureza.”
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e
3  e 4o);     (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § a seguinte redação:
1o).      (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) “Art. 157. .............................................................
VII-A – (VETADO)      (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena
de 1998) é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera- resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem pre-
ção de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais juízo da multa.
(art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada ........................................................................
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).     (Inciso incluído Art. 159. ...............................................................
pela Lei nº 9.695, de 1998) Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma § 1º .................................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul-
§ 2º .................................................................
nerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).       (Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
nº 12.978, de 2014)
§ 3º .................................................................
Parágrafo único.   Consideram-se também hediondos
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
o crime de genocídio previsto nos  arts. 1o, 2o e 3o da Lei ........................................................................
no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte Art. 213. ...............................................................
ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 Pena - reclusão, de seis a dez anos.
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos ten- Art. 214. ...............................................................
tados ou consumados.  (Redação dada pela Lei nº 13.497, Pena - reclusão, de seis a dez anos.
de 2017) ........................................................................
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o trá- Art. 223. ...............................................................
fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo Pena - reclusão, de oito a doze anos.
são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante) Parágrafo único. ........................................................
I - anistia, graça e indulto; Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
II - fiança.(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) ........................................................................
§ 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cum- Art. 267. ...............................................................
prida inicialmente em regime fechado.   (Redação dada Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
pela Lei nº 11.464, de 2007) ........................................................................

93
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 270. ............................................................... A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-


Pena - reclusão, de dez a quinze anos. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
.......................................................................”
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o CAPÍTULO I
seguinte parágrafo: DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
“Art. 159. ..............................................................
........................................................................ Art. 1o  Esta Lei define organização criminosa e dispõe
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da
co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a liber- prova, infrações penais correlatas e o procedimento crimi-
tação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois nal a ser aplicado.
terços.” § 1o  Considera-se organização criminosa a associação
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena pre- de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada
vista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de cri- e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que infor-
mes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entor- malmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
pecentes e drogas afins ou terrorismo. vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de in-
Parágrafo único. O participante e o associado que de- frações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois § 2o  Esta Lei se aplica também:
terços. I - às infrações penais previstas em tratado ou conven-
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capi- ção internacional quando, iniciada a execução no País, o
tulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o  art. 223, reciprocamente;
caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. II - às organizações terroristas, entendidas como aque-
223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são las voltadas para a prática dos atos de terrorismo legal-
acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta
mente definidos.    (Redação dada pela lei nº 13.260, de
anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipó-
2016)
teses referidas no art. 224 também do Código Penal.
Art. 2o  Promover, constituir, financiar ou integrar, pes-
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de
soalmente ou por interposta pessoa, organização crimino-
1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a
sa:
seguinte redação:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
“Art. 35. ................................................................
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capí-
penais praticadas.
tulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes
previstos nos arts. 12, 13 e 14.” § 1o  Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de
Art. 11. (Vetado). qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publica- que envolva organização criminosa.
ção. § 2o  As penas aumentam-se até a metade se na atua-
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. ção da organização criminosa houver emprego de arma de
Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e fogo.
102º da República. § 3o  A pena é agravada para quem exerce o comando,
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que
não pratique pessoalmente atos de execução.
§ 4o  A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (LEI N° 9.034, terços):
DE 1995). I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se
a organização criminosa dessa condição para a prática de
infração penal;
Revogado pela Lei nº 12.850, de 2.013 III - se o produto ou proveito da infração penal desti-
nar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. IV - se a organização criminosa mantém conexão com
outras organizações criminosas independentes;
Define organização criminosa e dispõe sobre a inves- V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
tigação criminal, os meios de obtenção da prova, infra- cionalidade da organização.
ções penais correlatas e o procedimento criminal; altera o § 5o  Se houver indícios suficientes de que o funcionário
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
outras providências. função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
se fizer necessária à investigação ou instrução processual.

94
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 6o  A condenação com trânsito em julgado acarretará I - a identificação dos demais coautores e partícipes
ao funcionário público a perda do cargo, função, empre- da organização criminosa e das infrações penais por eles
go ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de praticadas;
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subse- II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de
quentes ao cumprimento da pena. tarefas da organização criminosa;
§ 7o  Se houver indícios de participação de policial nos III - a prevenção de infrações penais decorrentes das
crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia ins- atividades da organização criminosa;
taurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Públi- IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
co, que designará membro para acompanhar o feito até a proveito das infrações penais praticadas pela organização
sua conclusão. criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integri-
CAPÍTULO II dade física preservada.
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO § 1o  Em qualquer caso, a concessão do benefício levará
DA PROVA em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
Art. 3o   Em qualquer fase da persecução penal, serão criminoso e a eficácia da colaboração.
permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os § 2o  Considerando a relevância da colaboração pres-
seguintes meios de obtenção da prova: tada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado
I - colaboração premiada; de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifesta-
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp- ção do Ministério Público, poderão requerer ou representar
ticos ou acústicos; ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador,
III - ação controlada; ainda que esse benefício não tenha sido previsto na pro-
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e tele- posta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do De-
máticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados creto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
públicos ou privados e a informações eleitorais ou comer- Processo Penal).
ciais; § 3o  O prazo para oferecimento de denúncia ou o pro-
V - interceptação de comunicações telefônicas e tele- cesso, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por
máticas, nos termos da legislação específica;
até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fis-
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspenden-
cal, nos termos da legislação específica;
do-se o respectivo prazo prescricional.
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investiga-
§ 4o  Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Pú-
ção, na forma do art. 11;
blico poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais,
I - não for o líder da organização criminosa;
distritais, estaduais e municipais na busca de provas e in-
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos ter-
formações de interesse da investigação ou da instrução
mos deste artigo.
criminal.
§ 1o  Havendo necessidade justificada de manter sigilo § 5o  Se a colaboração for posterior à sentença, a pena
sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a pro-
licitação para contratação de serviços técnicos especializa- gressão de regime ainda que ausentes os requisitos obje-
dos, aquisição ou locação de equipamentos destinados à tivos.
polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas § 6o  O juiz não participará das negociações realizadas
previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de entre as partes para a formalização do acordo de colabora-
2015) ção, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investiga-
§ 2o  No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de do e o defensor, com a manifestação do Ministério Público,
que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investi-
21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão gado ou acusado e seu defensor.
de controle interno da realização da contratação. (Incluído § 7o  Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo
pela Lei nº 13.097, de 2015) termo, acompanhado das declarações do colaborador e de
cópia da investigação, será remetido ao juiz para homolo-
Seção I gação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade
Da Colaboração Premiada e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente,
ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
Art. 4o  O juiz poderá, a requerimento das partes, con- § 8o   O juiz poderá recusar homologação à proposta
ceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de caso concreto.
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e volunta- § 9o  Depois de homologado o acordo, o colaborador
riamente com a investigação e com o processo criminal, poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvi-
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos se- do pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado
guintes resultados: de polícia responsável pelas investigações.

95
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 10.  As partes podem retratar-se da proposta, caso em Seção II


que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colabora- Da Ação Controlada
dor não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
§ 11.  A sentença apreciará os termos do acordo homolo- Art. 8o  Consiste a ação controlada em retardar a inter-
gado e sua eficácia. venção policial ou administrativa relativa à ação praticada por
§ 12.  Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida
denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a re- sob observação e acompanhamento para que a medida legal
querimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. se concretize no momento mais eficaz à formação de provas
§ 13.  Sempre que possível, o registro dos atos de cola- e obtenção de informações.
boração será feito pelos meios ou recursos de gravação mag- § 1o  O retardamento da intervenção policial ou adminis-
nética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audio- trativa será previamente comunicado ao juiz competente que,
visual, destinados a obter maior fidelidade das informações. se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao
§ 14.   Nos depoimentos que prestar, o colaborador re- Ministério Público.
nunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e § 2o  A comunicação será sigilosamente distribuída de for-
estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. ma a não conter informações que possam indicar a operação
§ 15.   Em todos os atos de negociação, confirmação e a ser efetuada.
execução da colaboração, o colaborador deverá estar assis- § 3o  Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos
tido por defensor. será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de
§ 16.  Nenhuma sentença condenatória será proferida com polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. § 4o  Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circuns-
Art. 5o  São direitos do colaborador: tanciado acerca da ação controlada.
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legisla- Art. 9o   Se a ação controlada envolver transposição de
fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou admi-
ção específica;
nistrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações
autoridades dos países que figurem como provável itinerário
pessoais preservados;
ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais
fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito
coautores e partícipes;
do crime.
IV - participar das audiências sem contato visual com os
outros acusados; Seção III
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de co- Da Infiltração de Agentes
municação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia
autorização por escrito; Art. 10.  A infiltração de agentes de polícia em tarefas de
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos investigação, representada pelo delegado de polícia ou re-
demais corréus ou condenados. querida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do
Art. 6o  O termo de acordo da colaboração premiada de- delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito
verá ser feito por escrito e conter: policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do § 1o  Na hipótese de representação do delegado de polícia,
delegado de polícia; o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; § 2o  Será admitida a infiltração se houver indícios de in-
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público fração penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder ser
ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor; produzida por outros meios disponíveis.
V - a especificação das medidas de proteção ao colabora- § 3o  A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis)
dor e à sua família, quando necessário. meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que
Art. 7o  O pedido de homologação do acordo será sigilo- comprovada sua necessidade.
samente distribuído, contendo apenas informações que não § 4o  Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circuns-
possam identificar o colaborador e o seu objeto. tanciado será apresentado ao juiz competente, que imediata-
§ 1o  As informações pormenorizadas da colaboração se- mente cientificará o Ministério Público.
rão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, § 5o  No curso do inquérito policial, o delegado de polícia po-
que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. derá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá
§ 2o  O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o Art. 11.  O requerimento do Ministério Público ou a repre-
êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no in- sentação do delegado de polícia para a infiltração de agentes
teresse do representado, amplo acesso aos elementos de conterão a demonstração da necessidade da medida, o al-
prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, cance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes
devidamente precedido de autorização judicial, ressalva- ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.
dos os referentes às diligências em andamento. Art. 12.  O pedido de infiltração será sigilosamente dis-
§ 3o  O acordo de colaboração premiada deixa de ser tribuído, de forma a não conter informações que possam
sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o dis- indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente
posto no art. 5o. que será infiltrado.

96
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  As informações quanto à necessidade da opera- Seção V


ção de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz com- Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obten-
petente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, ção da Prova
após manifestação do Ministério Público na hipótese de
representação do delegado de polícia, devendo-se adotar Art. 18.  Revelar a identidade, fotografar ou filmar o co-
as medidas necessárias para o êxito das investigações e a laborador, sem sua prévia autorização por escrito:
segurança do agente infiltrado. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 2o  Os autos contendo as informações da operação de Art. 19.  Imputar falsamente, sob pretexto de colabora-
infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Públi- ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que
co, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando- sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura
se a preservação da identidade do agente. de organização criminosa que sabe inverídicas:
§ 3o  Havendo indícios seguros de que o agente infiltra- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
do sofre risco iminente, a operação será sustada mediante Art. 20.  Descumprir determinação de sigilo das inves-
requisição do Ministério Público ou pelo delegado de po- tigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de
lícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à agentes:
autoridade judicial. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 13.   O agente que não guardar, em sua atuação, Art. 21.  Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
a devida proporcionalidade com a finalidade da investiga- documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministé-
ção, responderá pelos excessos praticados. rio Público ou delegado de polícia, no curso de investiga-
Parágrafo único.  Não é punível, no âmbito da infiltra- ção ou do processo:
ção, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
investigação, quando inexigível conduta diversa. multa.
Art. 14.  São direitos do agente: Parágrafo único.   Na mesma pena incorre quem, de
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que dados cadastrais de que trata esta Lei.
couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho
de 1999,  bem como usufruir das medidas de proteção a CAPÍTULO III
testemunhas; DISPOSIÇÕES FINAIS
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua
voz e demais informações pessoais preservadas durante a Art. 22.   Os crimes previstos nesta Lei e as infrações
investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão penais conexas serão apurados mediante procedimento
judicial em contrário; ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografa- de 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto
do ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia no parágrafo único deste artigo.
autorização por escrito. Parágrafo único.   A instrução criminal deverá ser en-
cerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a
Seção IV 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, pror-
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Docu- rogáveis em até igual período, por decisão fundamentada,
mentos e Informações devidamente motivada pela complexidade da causa ou por
fato procrastinatório atribuível ao réu.
Art. 15.  O delegado de polícia e o Ministério Público Art. 23.  O sigilo da investigação poderá ser decretado
terão acesso, independentemente de autorização judicial, pela autoridade judicial competente, para garantia da cele-
apenas aos dados cadastrais do investigado que informem ridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegu-
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o ende- rando-se ao defensor, no interesse do representado, am-
reço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, plo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
instituições financeiras, provedores de internet e adminis- exercício do direito de defesa, devidamente precedido de
tradoras de cartão de crédito. autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências
Art. 16.  As empresas de transporte possibilitarão, pelo em andamento.
prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do Parágrafo único.   Determinado o depoimento do in-
juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos vestigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos
bancos de dados de reservas e registro de viagens. autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mí-
Art. 17.  As concessionárias de telefonia fixa ou móvel nimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser
manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das ampliado, a critério da autoridade responsável pela inves-
autoridades mencionadas no art. 15, registros de identifica- tigação.
ção dos números dos terminais de origem e de destino das Art. 24.   O art. 288 do  Decreto-Lei no  2.848, de 7 de
ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais. dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a
seguinte redação:

97
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

“Associação Criminosa IV – a identificação criminal for essencial às investiga-


Art. 288.  Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para ções policiais, segundo despacho da autoridade judiciária
o fim específico de cometer crimes: competente, que decidirá de ofício ou mediante represen-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. tação da autoridade policial, do Ministério Público ou da
Parágrafo único.  A pena aumenta-se até a metade se a defesa;
associação é armada ou se houver a participação de criança V – constar de registros policiais o uso de outros no-
ou adolescente.” (NR) mes ou diferentes qualificações;
Art. 25.   O art. 342 do  Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de VI – o estado de conservação ou a distância temporal
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a ou da localidade da expedição do documento apresentado
seguinte redação: impossibilite a completa identificação dos caracteres es-
“Art. 342.  ................................................................................... senciais.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único.  As cópias dos documentos apresen-
..................................................................................................” (NR) tados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou ou-
Art. 26.  Revoga-se a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995. tra forma de investigação, ainda que consideradas insufi-
Art. 27.   Esta Lei entra em vigor após decorridos 45 cientes para identificar o indiciado.
(quarenta e cinco) dias de sua publicação oficial. Art. 4º  Quando houver necessidade de identificação
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192o da Independência e criminal, a autoridade encarregada tomará as providências
125  da República.
o
necessárias para evitar o constrangimento do identificado.
Art. 5º  A identificação criminal incluirá o processo da-
tiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos autos
da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DO CIVILMENTE policial ou outra forma de investigação.
IDENTIFICADO (LEI N° 12.037/09). Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o,
a identificação criminal poderá incluir a coleta de material
biológico para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela
Lei nº 12.654, de 2012) 
LEI Nº 12.037, DE 1º DE OUTUBRO DE 2009. Art. 5o-A.  Os dados relacionados à coleta do perfil ge-
nético deverão ser armazenados em banco de dados de
Dispõe sobre a identificação criminal do civilmen- perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia
te identificado, regulamentando o art. 5º, inciso LVIII, da criminal. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Constituição Federal. § 1o  As informações genéticas contidas nos bancos
de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços
O VICE – PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no  exercício  somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto deter-
do  cargo  de  PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que minação genética de gênero, consoante as normas consti-
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma
Art. 1º  O civilmente identificado não será submetido a humano e dados genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de
identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei. 2012)
Art. 2º  A identificação civil é atestada por qualquer dos § 2o  Os dados constantes dos bancos de dados de
seguintes documentos: perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil,
I – carteira de identidade; penal e administrativamente aquele que permitir ou pro-
II – carteira de trabalho; mover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta
III – carteira profissional; Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de
IV – passaporte; 2012)
V – carteira de identificação funcional; § 3o  As informações obtidas a partir da coincidência de
VI – outro documento público que permita a identifi- perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial
cação do indiciado. firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído
Parágrafo único.  Para as finalidades desta Lei, equipa- pela Lei nº 12.654, de 2012)
ram-se aos documentos de identificação civis os documen- Art. 6º  É vedado mencionar a identificação criminal do
tos de identificação militares. indiciado em atestados de antecedentes ou em informa-
Art. 3º  Embora apresentado documento de identifica- ções não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em
ção, poderá ocorrer identificação criminal quando: julgado da sentença condenatória.
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de Art. 7º  No caso de não oferecimento da denúncia, ou
falsificação; sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao indiciado ou ao
II – o documento apresentado for insuficiente para réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trân-
identificar cabalmente o indiciado; sito em julgado da sentença, requerer a retirada da iden-
III – o indiciado portar documentos de identidade dis- tificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que
tintos, com informações conflitantes entre si; apresente provas de sua identificação civil.

98
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 7o-A.  A exclusão dos perfis genéticos dos bancos CAPÍTULO II


de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em DA APLICAÇÃO DA PENA
lei para a prescrição do delito. (Incluído pela Lei nº 12.654,
de 2012) Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a au-
Art. 7o-B.  A identificação do perfil genético será arma- toridade competente observará:
zenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamen- I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
to a ser expedido pelo Poder Executivo.(Incluído pela Lei nº infração e suas conseqüências para a saúde pública e para
12.654, de 2012) o meio ambiente;
Art. 8º  Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimen-
cação. to da legislação de interesse ambiental;
Art. 9º  Revoga-se a Lei nº 10.054, de 7 de dezembro III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
de 2000. Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e
Brasília,  1o  de  outubro  de 2009; 188º da Independên- substituem as privativas de liberdade quando:
cia e 121º da República. I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena
privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja
CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE (LEI N° suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
9.605/98). Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que
se refere este artigo terão a mesma duração da pena priva-
tiva de liberdade substituída.
Art. 8º As penas restritivas de direito são:
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas deri- III - suspensão parcial ou total de atividades;
vadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e IV - prestação pecuniária;
dá outras providências. V - recolhimento domiciliar.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consis-
O PRESIDENTE  DA  REPÚBLICA Faço saber que o te na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: parques e jardins públicos e unidades de conservação, e,
no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada,
CAPÍTULO I na restauração desta, se possível.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 10. As penas de interdição temporária de direito
são a proibição de o condenado contratar com o Poder
Art. 1º (VETADO) Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prá- benefícios, bem como de participar de licitações, pelo pra-
tica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes zo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos,
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o no de crimes culposos.
diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quan-
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de do estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de ou- Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento
trem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com
para evitá-la. fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a
um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta sa-
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas ad-
lários mínimos. O valor pago será deduzido do montante
ministrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta
de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na au-
de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
todisciplina e senso de responsabilidade do condenado,
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídi- exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos
cas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou dias e horários de folga em residência ou em qualquer local
partícipes do mesmo fato. destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica na sentença condenatória.
sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarci- Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
mento de prejuízos causados à qualidade do meio ambien- I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
te. II - arrependimento do infrator, manifestado pela es-
Art. 5º (VETADO) pontânea reparação do dano, ou limitação significativa da
degradação ambiental causada;

99
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminen- Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença con-
te de degradação ambiental; denatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigi- nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apu-
lância e do controle ambiental. ração do dano efetivamente sofrido.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quan- Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou al-
do não constituem ou qualificam o crime: ternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o dis-
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; posto no art. 3º, são:
II - ter o agente cometido a infração: I - multa;
a) para obter vantagem pecuniária; II - restritivas de direitos;
b) coagindo outrem para a execução material da in- III - prestação de serviços à comunidade.
fração; Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurí-
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a dica são:
saúde pública ou o meio ambiente; I - suspensão parcial ou total de atividades;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou atividade;
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial III - proibição de contratar com o Poder Público, bem
de uso; como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamen- § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando
tos humanos; estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou
g) em período de defeso à fauna; regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
h) em domingos ou feriados; § 2º A interdição será aplicada quando o estabeleci-
i) à noite; mento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida
j) em épocas de seca ou inundações; autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com
l) no interior do espaço territorial especialmente pro- violação de disposição legal ou regulamentar.
tegido; § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
captura de animais;
exceder o prazo de dez anos.
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
pessoa jurídica consistirá em:
autorização ambiental;
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
II - execução de obras de recuperação de áreas degra-
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por in-
dadas;
centivos fiscais;
III - manutenção de espaços públicos;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relató-
rios oficiais das autoridades competentes; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais
r) facilitada por funcionário público no exercício de públicas.
suas funções. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, pre-
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão ponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocul-
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de con- tar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua
denação a pena privativa de liberdade não superior a três liquidação forçada, seu patrimônio será considerado ins-
anos. trumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § Penitenciário Nacional.
2º do art. 78 do Código Penal  será feita mediante laudo
de reparação do dano ambiental, e as condições a serem CAPÍTULO III
impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMEN-
meio ambiente. TO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do
Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
em vista o valor da vantagem econômica auferida. § 1o  Os animais serão prioritariamente libertados em
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomen-
sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causa- dável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológi-
do para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. cos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados.
ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014)
instaurando-se o contraditório. § 2o  Até que os animais sejam entregues às instituições
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos para que eles sejam mantidos em condições adequadas de
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos acondicionamento e transporte que garantam o seu bem
pelo ofendido ou pelo meio ambiente. -estar físico.(Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014)

100
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, CAPÍTULO V


serão estes avaliados e doados a instituições científicas, DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.(Renu- Seção I
merando do §2º para §3º pela Lei nº 13.052, de 2014) Dos Crimes contra a Fauna
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecí-
veis serão destruídos ou doados a instituições científicas, Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espéci-
culturais ou educacionais.       (Renumerando do §3º para mes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem
§4º pela Lei nº 13.052, de 2014) a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infra- competente, ou em desacordo com a obtida:
ção serão vendidos, garantida a sua descaracterização por Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
meio da reciclagem.(Renumerando do §4º para §5º pela Lei § 1º Incorre nas mesmas penas:
nº 13.052, de 2014) I - quem impede a procriação da fauna, sem licença,
autorização ou em desacordo com a obtida;
CAPÍTULO IV II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire,
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta
penal é pública incondicionada. ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em
Parágrafo único. (VETADO) rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriun-
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial dos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restriti- a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
va de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, competente.
de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre
desde que tenha havido a prévia composição do dano am- não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, consi-
biental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso derando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles
de comprovada impossibilidade.
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer
Art. 28. As disposições do  art. 89 da Lei nº 9.099, de
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte
26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor
de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do terri-
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes
tório brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
modificações:
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é pra-
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que
ticado:
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de
de constatação de reparação do dano ambiental, ressalva- extinção, ainda que somente no local da infração;
da a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo II - em período proibido à caça;
artigo; III - durante a noite;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar IV - com abuso de licença;
não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão V - em unidade de conservação;
do processo será prorrogado, até o período máximo pre- VI - com emprego de métodos ou instrumentos capa-
visto no artigo referido no  caput, acrescido de mais um zes de provocar destruição em massa.
ano, com suspensão do prazo da prescrição; § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decor-
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as re do exercício de caça profissional.
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencio- § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos
nado no caput; atos de pesca.
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de an-
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do fíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser no- ambiental competente:
vamente prorrogado o período de suspensão, até o máxi- Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
mo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem pare-
no inciso III; cer técnico oficial favorável e licença expedida por autori-
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a decla- dade competente:
ração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
constatação que comprove ter o acusado tomado as provi- Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mu-
dências necessárias à reparação integral do dano. tilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nati-
vos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiên-
cia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins
didáticos ou científicos, quando existirem recursos alterna-
tivos.

101
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am-
ocorre morte do animal. bas as penas cumulativamente.
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carrea- Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
mento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna reduzida à metade.
aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou Art. 38-A.  Destruir ou danificar vegetação primária ou
águas jurisdicionais brasileiras: secundária, em estágio avançado ou médio de regenera-
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am- ção, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringên-
bas cumulativamente. cia das normas de proteção:(Incluído pela Lei nº 11.428, de
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: 2006).
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou es- Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou
tações de aquicultura de domínio público; ambas as penas cumulativamente.       (Incluído pela Lei nº
II - quem explora campos naturais de invertebrados 11.428, de 2006).
aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização Parágrafo único.  Se o crime for culposo, a pena será
da autoridade competente; reduzida à metade.       (Incluído pela Lei nº 11.428, de
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de 2006).
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, de- Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de pre-
vidamente demarcados em carta náutica. servação permanente, sem permissão da autoridade com-
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibi- petente:
da ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am-
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou bas as penas cumulativamente.
ambas as penas cumulativamente. Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espé- nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de
cimes com tamanhos inferiores aos permitidos; sua localização:
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou Pena - reclusão, de um a cinco anos.
mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Pro-
métodos não permitidos; teção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológi-
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa cas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os
espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibi- Refúgios de Vida Silvestre.       (Redação dada pela Lei nº
das. 9.985, de 2000)
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaça-
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a das de extinção no interior das Unidades de Conservação
água, produzam efeito semelhante; de Proteção Integral será considerada circunstância agra-
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela vante para a fixação da pena.(Redação dada pela Lei nº
autoridade competente: 9.985, de 2000)
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca metade.
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreen- Art. 40-A. (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 9.985, de
der ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustá- 2000)
ceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso
aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies amea- Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de
çadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as
da flora. Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando reali- Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do
zado: Patrimônio Natural.(Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaça-
agente ou de sua família; das de extinção no interior das Unidades de Conservação
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da de Uso Sustentável será considerada circunstância agra-
ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal vante para a fixação da pena.(Incluído pela Lei nº 9.985,
e expressamente autorizado pela autoridade competente; de 2000)
III – (VETADO) § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à me-
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracte- tade.       (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
rizado pelo órgão competente. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Seção II Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de de-
Dos Crimes contra a Flora tenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de que possam provocar incêndios nas florestas e demais for-
preservação permanente, mesmo que em formação, ou uti- mas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
lizá-la com infringência das normas de proteção: assentamento humano:

102
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é au-
as penas cumulativamente. mentada de um sexto a um terço se:
Art. 43. (VETADO) I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou con- erosão do solo ou a modificação do regime climático;
sideradas de preservação permanente, sem prévia autori- II - o crime é cometido:
zação, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: a) no período de queda das sementes;
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. b) no período de formação de vegetações;
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ain-
lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins da que a ameaça ocorra somente no local da infração;
industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, d) em época de seca ou inundação;
econômica ou não, em desacordo com as determinações e) durante a noite, em domingo ou feriado.
legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Seção III
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou in-
dustriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de ori- Da Poluição e outros Crimes Ambientais
gem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor,
outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em ní-
via que deverá acompanhar o produto até final beneficia- veis tais que resultem ou possam resultar em danos à saú-
mento: de humana, ou que provoquem a mortandade de animais
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. ou a destruição significativa da flora:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
de, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda § 1º Se o crime é culposo:
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vege- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
tal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do § 2º Se o crime:
armazenamento, outorgada pela autoridade competente. I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a
Art. 47. (VETADO) ocupação humana;
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de II - causar poluição atmosférica que provoque a retira-
florestas e demais formas de vegetação: da, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afe-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. tadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qual- III - causar poluição hídrica que torne necessária a in-
quer modo ou meio, plantas de ornamentação de logra-
terrupção do abastecimento público de água de uma co-
douros públicos ou em propriedade privada alheia:
munidade;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líqui-
seis meses, ou multa. dos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas,
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plan- em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
tadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de man- regulamentos:
gues, objeto de especial preservação: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou de- anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a
gradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio autoridade competente, medidas de precaução em caso de
público ou devolutas, sem autorização do órgão compe- risco de dano ambiental grave ou irreversível.
tente:      (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recur-
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e mul- sos minerais sem a competente autorização, permissão,
ta. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
§ 1o  Não é crime a conduta praticada quando neces- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
sária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem dei-
família.       (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) xa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos ter-
§ 2o  Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil
mos da autorização, permissão, licença, concessão ou de-
hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar
terminação do órgão competente.
de hectare.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em flo- Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
restas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter
registro da autoridade competente: em depósito ou usar produto ou substância tóxica, peri-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. gosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação condu- desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos
zindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou seus regulamentos:
para exploração de produtos ou subprodutos florestais, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
sem licença da autoridade competente: § 1o  Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. pela Lei nº 12.305, de 2010)

103
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - abandona os produtos ou substâncias referidos Art. 64. Promover construção em solo não edificável,
no caput ou os utiliza em desacordo com as normas am- ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu va-
bientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de lor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cul-
2010) tural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transpor- sem autorização da autoridade competente ou em desa-
ta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos peri- cordo com a concedida:
gosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regula- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
mento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) Art. 65.  Pichar ou por outro meio conspurcar edifica-
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou ra- ção ou monumento urbano:       (Redação dada pela Lei nº
dioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. 12.408, de 2011)
§ 3º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. ta. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
Art. 57. (VETADO) § 1o  Se o ato for realizado em monumento ou coisa
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico
penas serão aumentadas: ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível detenção e multa.(Renumerado do parágrafo único pela Lei
à flora ou ao meio ambiente em geral; nº 12.408, de 2011)
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal § 2o  Não constitui crime a prática de grafite realizada
de natureza grave em outrem; com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou priva-
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. do mediante manifestação artística, desde que consentida
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou ar-
somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais rendatário do bem privado e, no caso de bem público, com
grave. a autorização do órgão competente e a observância das
Art. 59. (VETADO) posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos
governamentais responsáveis pela preservação e conserva-
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
ção do patrimônio histórico e artístico nacional.       (Incluí-
funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabe-
do pela Lei nº 12.408, de 2011)
lecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores,
sem licença ou autorização dos órgãos ambientais compe-
Seção V
tentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares
Dos Crimes contra a Administração Ambiental
pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou am-
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou
bas as penas cumulativamente.
enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à licenciamento ambiental:
flora ou aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autori-
zação ou permissão em desacordo com as normas ambien-
Seção IV tais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Pa- depende de ato autorizativo do Poder Público:
trimônio Cultural Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
I - bem especialmente protegido por lei, ato adminis- Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou con-
trativo ou decisão judicial; tratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante inte-
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, ins- resse ambiental:
talação científica ou similar protegido por lei, ato adminis- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
trativo ou decisão judicial: Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. meses a um ano, sem prejuízo da multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Po-
seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. der Público no trato de questões ambientais:
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
ou local especialmente protegido por lei, ato administrati- Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,
vo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, concessão florestal ou qualquer outro procedimento ad-
ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, ministrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autoriza- parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: (In-
ção da autoridade competente ou em desacordo com a cluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
concedida: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e mul-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. ta.       (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

104
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  Se o crime é culposo:        (Incluído pela Lei nº VIII - demolição de obra;


11.284, de 2006) IX - suspensão parcial ou total de atividades;
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.       (Incluído X – (VETADO)
pela Lei nº 11.284, de 2006) XI - restritiva de direitos.
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou
terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em de- mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as
corrência do uso da informação falsa, incompleta ou enga- sanções a elas cominadas.
nosa.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 2º A advertência será aplicada pela inobservância das
disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de pre-
CAPÍTULO VI ceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA previstas neste artigo.
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agen-
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental te, por negligência ou dolo:
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, I - advertido por irregularidades que tenham sido pra-
gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambien- ticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão
te. competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de Ministério da Marinha;
infração ambiental e instaurar processo administrativo os II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SIS-
funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema NAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Mari-
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para nha.
as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Ca- § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços
pitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, meio ambiente.
poderá dirigir representação às autoridades relacionadas § 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometi-
no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu po- mento da infração se prolongar no tempo.
der de polícia. § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput se-
imediata, mediante processo administrativo próprio, sob
rão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o
pena de co-responsabilidade.
estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo
legais ou regulamentares.
administrativo próprio, assegurado o direito de ampla de-
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
fesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
Art. 71. O processo administrativo para apuração de
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
infração ambiental deve observar os seguintes prazos má-
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
ximos:
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impug- IV - perda ou suspensão da participação em linhas de
nação contra o auto de infração, contados da data da ciên- financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
cia da autuação; V - proibição de contratar com a Administração Públi-
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o ca, pelo período de até três anos.
auto de infração, contados da data da sua lavratura, apre- Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de mul-
sentada ou não a defesa ou impugnação; tas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Na-
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão con- cional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de
denatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923,
Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de
Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados arrecadador.
da data do recebimento da notificação. Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo
as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: com o objeto jurídico lesado.
I - advertência; Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será
II - multa simples; fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamen-
III - multa diária; te, com base nos índices estabelecidos na legislação per-
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da tinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o
fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
veículos de qualquer natureza utilizados na infração; Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,
V - destruição ou inutilização do produto; Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; federal na mesma hipótese de incidência.
VII - embargo de obra ou atividade;

105
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO VII I - o nome, a qualificação e o endereço das partes com-


DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRE- promissadas e dos respectivos representantes legais;(Reda-
SERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ção dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em fun-
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem ção da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá
pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três
no que concerne ao meio ambiente, a necessária coope- anos, com possibilidade de prorrogação por igual perío-
ração a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado do;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
para: 2001)
I - produção de prova; III  -  a descrição detalhada de seu objeto, o valor do
II - exame de objetos e lugares; investimento previsto e o cronograma físico de execução e
III - informações sobre pessoas e coisas; de implantação das obras e serviços exigidos, com metas
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas decla- trimestrais a serem atingidas;       (Redação dada pela Me-
dida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
rações tenham relevância para a decisão de uma causa;
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física
V - outras formas de assistência permitidas pela legis-
ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em de-
lação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
corrência do não-cumprimento das obrigações nele pac-
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida tuadas;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41,
ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessá- de 2001)
rio, ao órgão judiciário competente para decidir a seu res- V - o valor da multa de que trata o inciso IV não pode-
peito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la. rá ser superior ao valor do investimento previsto;(Redação
§ 2º A solicitação deverá conter: dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante; VI - o foro competente para dirimir litígios entre as par-
II - o objeto e o motivo de sua formulação; tes.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
III - a descrição sumária do procedimento em curso no 2001)
país solicitante; § 2o  No tocante aos empreendimentos em curso até
IV - a especificação da assistência solicitada; o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, insta-
V - a documentação indispensável ao seu esclareci- lação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
mento, quando for o caso. atividades utilizadores de recursos ambientais, considera-
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e dos efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do
especialmente para a reciprocidade da cooperação interna- termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas
cional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de
facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com 1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto
órgãos de outros países. aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firma-
do pelo dirigente máximo do estabelecimento.       (Reda-
CAPÍTULO VIII ção dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
DISPOSIÇÕES FINAIS § 3o  Da data da protocolização do requerimento pre-
visto no § 2o e enquanto perdurar a vigência do correspon-
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as dis- dente termo de compromisso, ficarão suspensas, em rela-
posições do Código Penal e do Código de Processo Penal. ção aos fatos que deram causa à celebração do instrumen-
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, to, a aplicação de sanções administrativas contra a pessoa
física ou jurídica que o houver firmado.       (Redação dada
os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsá-
pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
veis pela execução de programas e projetos e pelo controle
§ 4o  A celebração do termo de compromisso de que
e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades susce-
trata este artigo não impede a execução de eventuais
tíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autori- multas aplicadas antes da protocolização do requerimen-
zados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, to.       (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41,
termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas de 2001)
responsáveis pela construção, instalação, ampliação e fun- § 5o  Considera-se rescindido de pleno direito o termo
cionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de compromisso, quando descumprida qualquer de suas
de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencial- cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior.(In-
mente poluidores.(Redação dada pela Medida Provisória nº cluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
2.163-41, de 2001) § 6o  O termo de compromisso deverá ser firmado em
§ 1o  O termo de compromisso a que se refere este arti- até noventa dias, contados da protocolização do reque-
go destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas rimento.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover 2001)
as necessárias correções de suas atividades, para o aten- § 7o  O requerimento de celebração do termo de com-
dimento das exigências impostas pelas autoridades am- promisso deverá conter as informações necessárias à verifi-
bientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo cação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de in-
instrumento disponha sobre:(Redação dada pela Medida deferimento do plano.       (Incluído pela Medida Provisória
Provisória nº 2.163-41, de 2001) nº 2.163-41, de 2001)

106
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 8o  Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso § 1º Os termos não definidos nesta lei têm o signifi-
deverão ser publicados no órgão oficial competente, me- cado estabelecido nos atos internacionais aprovados pelo
diante extrato.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, Congresso Nacional.
de 2001) § 2º Os contratos de concessão, as autorizações e per-
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no missões serão interpretados e executados de acordo com
prazo de noventa dias a contar de sua publicação. as definições vigentes na época em que os mesmos te-
Art. 81. (VETADO) nham sido celebrados ou expedidos. (Partes mantidas pelo
Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário. Congresso Nacional)
Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independên- Art. 5º Quanto ao seu âmbito, os serviços de telecomu-
cia e 110º da República. nicações se classificam em:
a) serviço interior, estabelecido entre estações brasilei-
ras, fixas ou móveis, dentro dos limites da jurisdição terri-
torial da União;
CÓDIGO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES b) serviço internacional, estabelecido entre estações
(LEI Nº 4.117/1962). brasileiras, fixas ou móveis, e estações estrangeiras, ou es-
tações brasileiras móveis, que se achem fora dos limites da
jurisdição territorial da União.
Art. 6º Quanto aos fins a que se destinam, as telecomu-
LEI Nº 4.117, DE 27 DE  AGOSTO DE 1962.
nicações assim se classificam:
Institui o Código Brasileiro de Telecomunicações. a) serviço público, destinado ao uso do público em ge-
ral;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- b) serviço público restrito, facultado ao uso dos passa-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: geiros dos navios, aeronaves, veículos em movimento ou
ao uso do público em localidades ainda não atendidas por
CAPÍTULO I serviço público de telecomunicação;
Introdução c) serviço limitado, executado por estações não abertas
à correspondência pública e destinado ao uso de pessoas
Art. 1º Os serviços de telecomunicações em todo o ter- físicas ou jurídicas nacionais. Constituem serviço limitado
ritório do País, inclusive águas territoriais e espaço aéreo, entre outros:
assim como nos lugares em que princípios e convenções 1) o de segurança, regularidade, orientação e adminis-
internacionais lhes reconheçam extraterritorialidade obe- tração dos transportes em geral;
decerão aos preceitos da presente lei e aos regulamentos 2) o de múltiplos destinos;
baixados para a sua execução. 3) o serviço rural;
Art. 2º Os atos internacionais de natureza normativa, 4) o serviço privado;
qualquer que seja a denominação adotada, serão consi- d) serviço de radiodifusão, destinado a ser recebido di-
derados tratados ou convenções e só entrarão em vigor a reta e livremente pelo público em geral, compreendendo
partir de sua aprovação pelo Congresso Nacional. radiodifusão sonora e televisão;
Parágrafo único. O Poder Executivo enviará ao Con- e) serviço de radioamador, destinado a treinamento
gresso Nacional no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a próprio, intercomunicação e investigações técnicas, levadas
contar da data da assinatura, os atos normativos sôbre te- a efeito por amadores, devidamente autorizados, interessa-
lecomunicações, anexando-lhes os respectivos regulamen- dos na radiotécnica unicamente a título pessoal e que não
tos, devidamente traduzidos. visem a qualquer objetivo pecuniário ou comercial;
Art. 3º  Os atos internacionais de natureza administrati-
f) serviço especial, relativo a determinados serviços de
va entrarão em vigor na data estabelecida em sua publica-
interesse geral, não abertos à correspondência pública e
ção depois de aprovados pelo Presidente da República (art.
não incluídos nas definições das alíneas anteriores, entre
29, al)  (Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
os quais:
CAPÍTULO II 1) o de sinais horários;
Das Definições 2) o de frequência padrão;
3) o de boletins meteorológicos;
Art. 4º Para os efeitos desta lei, constituem serviços de 4) o que se destine a fins científicos ou experimentais;
telecomunicações a transmissão, emissão ou recepção de 5) o de música funcional;
símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou in- 6) o de Radio determinação.
formações de qualquer natureza, por fio, rádio, eletricida- Art. 7º Os meios, através dos quais se executam os
de, meios óticos ou qualquer outro processo eletromagné- serviços de telecomunicações, constituirão troncos e redes
tico. Telegrafia é o processo de telecomunicação destinado contínuos, que formarão o Sistema Nacional de Telecomu-
à transmissão de escritos, pelo uso de um código de sinais. nicações.
Telefonia é o processo de telecomunicação destinado à § 1º O Sistema Nacional de Telecomunicações será in-
transmissão da palavra falada ou de sons. tegrado por troncos e redes a eles ligados.

107
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º Objetivando a estruturação e o emprego do Siste- Art. 13. Dentro dos seus limites respectivos, os Estados
ma Nacional de Telecomunicações, o Governo estabelecerá e Municípios poderão organizar, regular e executar serviços
as normas técnicas e as condições de tráfego mútuo a se- de telefones, diretamente ou mediante concessão, obede-
rem compulsoriamente observadas pelos executores dos cidas as normas gerais fixadas pelo Conselho Nacional de
serviços, segundo o que fôr especificado nos Regulamen- Telecomunicações.
tos.
Art. 8º Constituem troncos do Sistema Nacional de Te- CAPÍTULO IV
lecomunicações os circuitos portadores comuns, que inter- Do Conselho Nacional de Telecomunicações
ligam os centros principais de telecomunicações.
§ 1º Circuitos portadores comuns são aqueles que rea- Art. 14. É criado o Conselho Nacional de Telecomunica-
lizam o transporte integrado de diversas modalidades de ções (C.O.N.T.E.L.), com a organização e competência defi-
telecomunicações. nidas nesta lei, diretamente subordinado ao Presidente da
§ 2º Centros principais de telecomunicações são aque- República. (Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
les nos quais se realiza a concentração e distribuição das Art. 15. O Conselho Nacional de Telecomunicações terá
diversas modalidades de telecomunicações, destinadas ao um Presidente de livre nomeação do Presidente da Repú-
transporte integrado. blica e será constituído:
§ 3º Entendem-se por urbanas as redes telefônicas si- a) do Diretor do Departamento dos Correios e Telégra-
tuadas dentro dos limites de um município ou do Distrito fos, em exercício no referido cargo, o qual pode ser repre-
Federal, e por interurbanas as intermunicipais dentro dos sentado por pessoa escolhida entre os membros de seu
limites de um Estado ou Território. Gabinete ou Diretores de sua repartição; (Partes mantidas
Art. 9º O Conselho Nacional de Telecomunicações ao pelo Congresso Nacional)
planejar o Sistema Nacional de Telecomunicações, discri- b) de 3 (três) membros indicados, respectivamente, pe-
minará os troncos e os centros principais de telecomunica- los Ministros da Guerra, Marinha e Aeronáutica;
ções. (Partes mantidas pelo Congresso Nacional) c) de 1 (um) membro indicado pelo Chefe do Estado
§ 1º Na discriminação a que se refere este artigo serão Maior das Forças Armadas;
incluídas, na medida das possibilidades e conveniências d) de 4 (quatro) membros indicados, respectivamente,
entre os centros principais de telecomunicação, a Capital pelos Ministros da Justiça e Negócios Interiores, da Edu-
da República e as Capitais de todos os Estados e Territórios.
cação e Cultura, das Relações Exteriores e da Indústria e
(Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
Comércio;
§ 2º O Conselho Nacional de Telecomunicações esta-
e) de 3 (três) representantes dos 3 (três) maiores par-
belecerá as prioridades, segundo as quais se procederá
tidos políticos, segundo a respectiva representação na
à instalação dos troncos e redes do Sistema Nacional de
Câmara dos Deputados no início da legislatura, indicados
Telecomunicações.(Partes mantidas pelo Congresso Nacio-
pela direção nacional de cada agremiação. (Partes manti-
nal)
das pelo Congresso Nacional)
CAPÍTULO III f) do diretor da empresa pública que terá a seu cargo
Da competência da União a exploração dos troncos do Sistema Nacional de Teleco-
municações e serviços correlatos, o qual pode ser repre-
Art. 10. Compete privativamente à União: sentado por pessoa escolhida entre os membros de seu
I - manter e explorar diretamente: Gabinete ou Diretores da empresa;  (Partes mantidas pelo
a) os serviços dos troncos que integram o Sistema Na- Congresso Nacional)
cional de Telecomunicações, inclusive suas conexões inter- g) do Diretor Geral do Departamento Nacional de Te-
nacionais; (Partes mantidas pelo Congresso Nacional) lecomunicações, sem direito a  voto. (Partes mantidas pelo
b) os serviços públicos de telégrafos, de telefones in- Congresso Nacional)
terestaduais e de radiocomunicações, ressalvadas as exce- § 1º Se os três partidos a que se refere a alínea «e» 
ções constantes desta lei, inclusive quanto aos de radiodi- estiveram todos apoiando o Governo, o partido de menor
fusão e ao serviço internacional; representação será substituído pelo maior partido de opo-
II - fiscalizar os Serviços de telecomunicações por ela sição, com representação na Câmara dos Deputados. (Par-
concedidos, autorizados ou permitidos. tes mantidas pelo Congresso Nacional)
Art. 11. Compete, também, à União: fiscalizar os servi- § 2º Os representantes dos partidos políticos de que
ços de telecomunicações concedidos, permitidos ou auto- trata este artigo serão indicados até 30 (trinta) dias após o
rizados pelos Estados ou Municípios, em tudo que disser início de cada legislatura. (Partes mantidas pelo Congresso
respeito a observância das normas gerais estabelecidas Nacional)
nesta lei e a integração desses serviços no Sistema Nacio- Art. 16. O mandato dos membros do Conselho men-
nal de Telecomunicações. cionado nas alíneas b, c, d, e e terá a duração de 4 (quatro)
Art. 12. As concessões feitas na faixa de 150 (cento e anos. (Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
cinquenta) quilômetros estabelecida na Lei n. 2.597, de 12 Parágrafo único. Será de dois anos apenas o primeiro
de setembro de 1955 obedecerão às normas fixadas na mandato dos membros indicados nas alíneas b e ... obser-
referida lei, observando-se iguais restrições relativamente vado o disposto no § 2º  do artigo anterior. (Partes manti-
aos serviços explorados pela União. das pelo Congresso Nacional)

108
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 17. Em caso de vaga, o membro que for nomeado § 2º O pedido de reconsideração ou o recurso de que
em substituição, exercerá o mandato até o fim do período trata este artigo deve ser apresentado no prazo de trin-
que caberia ao substituído. ta (30) dias contados da notificação feita ao interessado,
Parágrafo único. É vedada a substituição dos membros por telegrama ou carta registrada um e outro com aviso
do Conselho no decurso do mandato, salvo por justa causa de recebimento, ou da publicação dessa notificação feita
verificada mediante inquérito administrativo, sob pena de no Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 5.535,
nulidade das decisões tomadas com o voto do substituto. de 20.11.1968)
Art. 18. O membro do Conselho que faltar, sem motivo § 3º  O recurso terá efeito suspensivo. (Redação dada
justo, a 3 (três) reuniões consecutivas, perderá automatica- pela Lei nº 5.535, de 20.11.1968)
mente o cargo. Art. 25. O Departamento Nacional de Telecomunica-
§ 1º O Regimento Interno do Conselho disporá sobre a ções é a secretaria executiva do Conselho e terá a seguinte
justificação das faltas. organização administrativa:  (Partes mantidas pelo Con-
§ 2º Serão nulas as deliberações de que participar, com gresso Nacional)
voto decisivo, membro que tenha incorrido nas sanções I - Divisão de Engenharia (Partes mantidas pelo Con-
deste artigo, incidindo o presidente, que houver admitido gresso Nacional)
esse voto, em perda imediata de seu cargo. II - Divisão Jurídica  (Partes mantidas pelo Congresso
Art. 19. O presidente será substituído, em seus impe- Nacional)
dimentos, pelo vice-presidente eleito pelo Conselho dentre III - Divisão Administrativa (Partes mantidas pelo Con-
seus membros. gresso Nacional)
Parágrafo único. O presidente tem voto de qualidade IV - Divisão de Estatística (Partes mantidas pelo Con-
nas deliberações do Conselho. gresso Nacional)
Art. 20. Os membros do Conselho, ao se empossarem, V - Divisão de Fiscalização (Partes mantidas pelo Con-
devem fazer prova de quitação do imposto sobre a renda, gresso Nacional)
declaração de bens e rendas próprias, de suas esposas e VI - Delegacias Regionais. (Partes mantidas pelo Con-
dependentes, renovando-as em 30 de julho de cada ano. gresso Nacional)
§ 1º Os documentos constantes dessas declarações se- Art. 26. O território nacional fica dividido em oito Dis-
rão lacrados e arquivados. tritos, a cada um dos quais corresponderá uma Delegacia
§ 2º O exame desses documentos só será admitido por Regional, com sede,   respectivamente em     (Partes manti-
determinação do Presidente da República ou do Poder Ju- das pelo Congresso Nacional)
diciário. Brasília (DF) (Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
Arts. 21 e 22  (Revogados pela Lei nº 5.535, de Belém (PA) (Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
20.11.1968) Recife (PE) (Partes mantidas pelo Congresso Nacional)
Art. 23. Nenhum membro do Conselho ou servidor, Salvador (BA) (Partes mantidas pelo Congresso Nacio-
que, no mesmo tenha exercício, poderá fazer parte de nal)
qualquer empresa, companhia, sociedade ou firma, que te- Rio de Janeiro (GB)  (Partes mantidas pelo Congresso
nha por objetivo comercial a telecomunicação como dire- Nacional)
tor, técnico, consultor, advogado, perito, acionista, cotista, São Paulo (SP)  (Partes mantidas pelo Congresso Na-
debenturista, sócio ou assalariado, nem tão pouco ter qual- cional)
quer interesse direto ou indireto na manufatura ou venda Porto Alegre (RS) (Partes mantidas pelo Congresso Na-
de matéria aplicável a telecomunicação.  (Partes mantidas cional)
pelo Congresso Nacional) Campo Grande (MT) (Partes mantidas pelo Congresso
§ 1º A infração deste artigo - devidamente comprova- Nacional)
da, acarretará a perda imediata do mandato no Conselho. Parágrafo único. Cada Distrito terá a jurisdição delimi-
§ 2º Caberá ao Conselho tomar conhecimento das de- tada pelo Conselho. (Partes mantidas pelo Congresso Na-
núncias feitas nesse sentido e, quando por dois terços de cional)
seus votos, entender comprovadas as acusações, encami- Art. 27. São criados, no Conselho, os cargos de pro-
nhar ao Presidente da República o pedido de nomeação vimento em comissão constantes da tabela anexa. (Partes
do substitutivo. mantidas pelo Congresso Nacional)
Art. 24. Das deliberações do Conselho caberá pedido Art. 28. Os membros do Conselho, o seu presidente,
de reconsideração para o mesmo e, em instância superior, o diretor geral os diretores de divisão e os delegados re-
recurso para o Ministro das Comunicações, salvo das deli- gionais serão cidadãos brasileiros de reputação ilibada e
berações tomadas sob a sua presidência, quando será di- notórios conhecimentos de assuntos ligados aos diversos
rigido diretamente ao Presidente da República.  (Redação ramos das telecomunicações.  (Partes mantidas pelo Con-
dada pela Lei nº 5.535, de 20.11.1968) gresso Nacional)
§ 1º As decisões serão tomadas por maioria absoluta Art. 29. Compete ao Conselho Nacional de Telecomu-
de votos dos representantes que compõem o Conselho, nicações:
considerando-se unânimes tão somente as que contarem a) elaborar o seu Regimento Interno;
com a totalidade destes. (Redação dada pela Lei nº 5.535, b) organizar, na forma da lei os serviços de sua admi-
de 20.11.1968) nistração;

109
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

c) elaborar o plano nacional de telecomunicações e s) estabelecer ou aprovar normas técnicas e especifica-


proceder à sua revisão, pelo menos, de cinco em cinco anos, ções a serem observadas na planificação da produção in-
para a devida aprovação pelo Congresso Nacional; (Partes dustrial e na fabricação de peças, aparelhos e equipamen-
mantidas pelo Congresso Nacional) tos utilizados nos serviços de telecomunicações;
d) adotar medidas que assegurem a continuidade dos t) sugerir normas para censura nos serviços de teleco-
serviços de telecomunicações, quando as concessões, au- municações, em caso de declaração de estado de sítio;
torizações ou permissões não forem renovadas ou tenham u) fiscalizar a execução dos convênios firmados pelo
sido cassadas, e houver interesse público na continuação Governo brasileiro com outros países;
desses serviços; v) encaminhar à autoridade superior os recursos regu-
e) promover, orientar e coordenar o desenvolvimento larmente interpostos de seus atos, decisões ou resoluções;
das telecomunicações, bem como a constituição, organiza- x) outorgar ou renovar quaisquer permissões e autori-
ção, articulação e expansão dos serviços públicos de tele- zações de serviço de radiodifusão de caráter local (art. 33,
comunicações; (Partes mantidas pelo Congresso Nacional) § 5º) e opinar sobre a outorga ou renovação de concessões
f) estabelecer as prioridades previstas no art. 9º, § 2º, e autorizações (art. 34, §§ 1º e 3º);
desta lei. (Partes mantidas pelo Congresso Nacional) z) estabelecer normas, fixar critérios e taxas para re-
g) propor ou promover as medidas adequadas à exe- distribuição de tarifa nos casos de tráfego mútuo entre as
cução da presente lei; empresas de telecomunicações de todo o País;
h) fiscalizar o cumprimento das obrigações decorren- aa) expedir certificados de licença para o funcionamen-
tes das concessões, autorizações e permissões de serviços to das estações de radiocomunicação e radiodifusão uma
de telecomunicações e aplicar as sanções que estiverem na vez verificado, em vistoria, o atendimento às condições téc-
sua alçada; nicas exigidas;
i) rever os contratos de concessão ou atos de autoriza-
ab) estabelecer as qualificações necessárias ao desem-
ção ou permissão, por efeito da aprovação, pelo Congres-
penho de funções técnicas e operacionais pertinentes às
so, de atos internacionais;
telecomunicações, expedindo os certificados correspon-
j) fiscalizar as concessões, autorizações e permissões
dentes;
em vigor; opinar sôbre a respectiva renovação e propor a
ac) solicitar a prestação de serviços de quaisquer re-
declaração de caducidade e perempção;
partições ou autarquias federais;
l) estudar os temas a serem debatidos pelas delega-
ad) aplicar as penas de multa e suspensão à estação
ções brasileiras, nas conferências e reuniões internacionais
de radiodifusão que transmitir ou utilizar, total ou parcial-
de telecomunicações, sugerindo e propondo diretrizes;
mente, as emissões de estações congêneres sem prévia
m) estabelecer normas para a padronização da escrita
e contabilidade das empresas que explorem serviços de te- autorização;
lecomunicação; ae) fiscalizar, durante as retransmissões de radiodifu-
n) promover e superintender o tombamento dos bens são, a declaração do prefixo ou indicativo e a localização da
e a perícia contábil das empresas concessionárias ou per- estação emissora e da estação de origem;
missionárias de serviços de telecomunicação, e das em- af) fiscalizar o cumprimento, por parte das emissoras
presas subsidiárias, associadas ou dependentes delas, ou de radiodifusão, das finalidades e obrigações de progra-
a elas vinculadas, inclusive das que sejam controladas por mação, definidas no art. 38;
acionistas estrangeiros ou tenham como acionistas pessoas ag) estabelecer ou aprovar normas técnicas e especifi-
jurídicas com sede no estrangeiro, com o objetivo de de- cações para a fabricação e uso de quaisquer instalações ou
terminação do investimento efetivamente realizado e do equipamentos elétricos que possam vir a causar interferên-
conhecimento de todos os elementos, que concorram para cias prejudiciais aos serviços de telecomunicações, incluin-
a imposição do custo do serviço, requisitando para esse do-se nessa disposição as linhas de transmissão de energia
fim os funcionários federais que possam contribuir para a e as estações e subestações transformadoras;
apuração desses dados; ah) propor ao Presidente do Conselho a imposição das
o) estabelecer normas técnicas dentro das leis e regu- penas da competência do Conselho;
lamentos em vigor, visando à eficiência e integração dos ai) opinar sobre a aplicação da pena de cassação ou de
serviços no sistema nacional de telecomunicações; suspensão, quando fundada em motivos de ordem técnica;
p) propor ao Presidente da República o valor das taxas aj) propor, em parecer fundamentado, a declaração da
a serem pagas pela execução dos serviços concedidos, au- caducidade ou perempção, da concessão, autorização ou
torizados ou permitidos, e destinadas ao custeio do serviço permissão;
de fiscalização; al) opinar sobre os atos internacionais de natureza ad-
q) cooperar para o desenvolvimento do ensino técnico ministrativa, antes de sua aprovação pelo Presidente da
profissional dos ramos pertinentes à telecomunicação; República (artigo 3º); (Partes mantidas pelo Congresso Na-
r) promover e estimular o desenvolvimento da indús- cional)
tria de equipamentos de telecomunicações, dando prefe- am) aprovar as especificações das redes telefônicas de
rência àqueles cujo capital na sua maioria, pertençam a exploração ou concessão estadual ou municipal.
acionistas brasileiros;

110
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO V § 3o  Os prazos de concessão, permissão e autorização


Dos Serviços de Telecomunicações serão de dez anos para o serviço de radiodifusão sonora e
de quinze anos para o de televisão, podendo ser renovados
Art. 30. Os serviços de telégrafos, radiocomunicações por períodos sucessivos e iguais.   (Redação dada pela Lei
e telefones interestaduais estão sob a jurisdição da União, nº 13.424, de 2017)
que explorará diretamente os troncos integrantes do Siste- § 4º (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 13.424, de
ma Nacional de Telecomunicações, e poderá explorar dire- 2017)
tamente ou através de concessão, autorização ou permis- § 5º (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 13.424, de
são, as linhas e canais subsidiários. 2017)
§ 1º Os troncos que constituem o Sistema Nacional de § 6º (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 13.424, de
Telecomunicações serão explorados pela União através de 2017)       
empresa pública, com os direitos, privilégios e prerrogati- Art. 34.  As novas concessões ou permissões para o ser-
vas do Departamento dos Correios e Telégrafos, a qual avo- viço de radiodifusão serão precedidas de edital, publicado
cará todos os serviços processados pelos referidos troncos, com sessenta dias de antecedência pelo órgão competente
à medida que expirarem as concessões ou autorizações do Poder Executivo, convidando as entidades interessadas
vigentes ou que se tornar conveniente a revogação das au- a apresentar suas propostas em prazo determinado.    (Re-
torizações sem prazo determinado. dação dada pela Lei nº 13.424, de 2017)
§ 2º Os serviços telefônicos explorados pelo Estado ou a) (revogada);   (Redação dada pela Lei nº 13.424, de
Município, diretamente ou através de concessão ou auto- 2017)
rização, a partir do momento em que se ligarem direta ou b) (revogada);   (Redação dada pela Lei nº 13.424, de
indiretamente a serviços congêneres existentes em outra 2017)
unidade federativa, ficarão sob fiscalização do Conselho c) (revogada).   (Redação dada pela Lei nº 13.424, de
Nacional de Telecomunicações, que terá poderes para de- 2017)
terminar as condições de tráfego mútuo, a redistribuição § 1o  A outorga da concessão ou permissão é prerro-
das taxas daí resultante, e as normas e especificações a se- gativa do Presidente da República, depois de ouvido o ór-
rem obedecidas na operação e instalação desses serviços, gão competente do Poder Executivo sobre as propostas e
inclusive para fixação das tarifas. requisitos exigidos pelo edital e de publicado o respectivo
Art. 31. Os serviços internacionais de telecomunica- parecer.  (Redação dada pela Lei nº 13.424, de 2017)
ções serão explorados pela União diretamente ou através § 2º Terão preferência para a concessão as pessoas ju-
de concessão outorgada, sem caráter exclusivo para insta- rídicas de direito público interno, inclusive universidades.
lação e operação de estações em pontos determinados do § 3º As disposições do presente artigo regulam as no-
território nacional, com o fim único de estabelecer serviço vas autorizações de serviços de caráter local no que lhes
forem aplicáveis.
público internacional.
Art. 35. As concessões e autorizações não têm caráter
Parágrafo único. As estações dos concessionários serão
de exclusividade, e se restringem, quando envolvem a utili-
ligadas ao Serviço Nacional de Telecomunicações, através
zação de radiofrequência, ao respectivo uso sem limitação
do qual será encaminhado e recebido o tráfego telegráfico
do direito, que assiste à União, de executar, diretamente,
e telefônico para os locais não compreendidos na conces-
serviço idêntico.
são.
Art. 36. O funcionamento das estações de telecomuni-
Art. 32. Os serviços de radiodifusão, nos quais se com-
cações fica subordinado a prévia licença, de que constarão
preendem os de televisão, serão executados diretamente
as respectivas características, e que só será expedida depois
pela União ou através de concessão, autorização ou per-
de verificada a observância de todas as exigências legais.
missão. § 1º A vistoria, para as estações de radiodifusão, após
Art. 33.  Os serviços de telecomunicações, não execu- o atendimento das condições legais a que se refere este
tados diretamente pela União, poderão ser explorados por artigo e do registro do contrato de concessão pelo Tribunal
concessão, autorização ou permissão, observadas as dis- de Contas, deverá ser procedida dentro de 30 (trinta) dias
posições desta Lei.     (Redação dada pela Lei nº 13.424, de após a data da entrada do pedido de vistoria, e, aprovada
2017) esta, o fornecimento da licença para funcionamento não
§ 1º Na atribuição de frequência para a execução dos poderá ser retardado por mais de 30 (trinta) dias.
serviços de telecomunicações serão levadas em conside- § 2º O disposto neste artigo não se aplica às redes
ração: por fio do Departamento dos Correios e Telégrafos e das
a) o emprego ordenado e econômico do spectrum ele- estradas de ferro, cumprindo-lhes, todavia, comunicar ao
tro magnético; Conselho Nacional de Telecomunicações a data da inau-
b) as consignações de frequências anteriormente fei- guração e as características da estação, para inscrição no
tas, objetivando evitar interferência prejudicial. cadastro e ulterior verificação.
§ 2º Considera-se interferência qualquer emissão, irra- § 3º Expirado o prazo da concessão ou autorização,
diação ou indução que obstrua, total ou parcialmente, ou perde, automaticamente, a sua validade a licença para o
interrompa repetidamente serviços radioelétricos. funcionamento da estação.

111
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 37. Os serviços de telecomunicações podem ser do a nomeação dos brasileiros natos ou naturalizados há
desapropriados, ou requisitados nos  termos do  artigo  mais de dez anos titulares, direta ou indiretamente, de pelo
141 § 16 da Constituição, e das leis vigentes. (Partes manti- menos setenta por cento do capital total e do capital vo-
das pelo Congresso Nacional) tante. (Incluída pela Lei nº 10.610, de 20.12.2002)       
Parágrafo único. No cálculo da indenização serão j) declaração de que nenhum dos dirigentes e sócios da
deduzidos os favores cambiais e fiscais concedidos  pela entidade se encontra condenado em decisão transitada em
União e pelos Estados. julgado ou proferida por órgão judicial colegiado nos ilícitos
Art.  38. Nas concessões, permissões ou autorizações previstos nas alíneas b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p e q do in-
para explorar serviços de radiodifusão, serão observados, ciso I do art. 1o da Lei Complementar no 64, de 18 de maio
além de outros requisitos, os seguintes preceitos e cláusu- de 1990.   (Incluída pela Lei nº 13.424, de 2017)
las: (Redação dada pela Lei nº 10.610, de 20.12.2002) Parágrafo  único. Não poderá exercer a função de di-
a) pelo menos 70% (setenta por cento) do capital total retor ou gerente de concessionária, permissionária ou au-
e do capital votante deverá pertencer, direta ou indireta- torizada de serviço de radiodifusão quem esteja no gozo
mente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez de imunidade parlamentar ou de foro especial.  (Redação
anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das ativida- dada pela Lei nº 10.610, de 20.12.2002)     
des e estabelecerão o conteúdo da programação;     (Reda- § 2o  (Revogado).      (Redação dada pela Lei nº 13.424,
ção dada pela Lei nº 13.424, de 2017) de 2017)
b) as alterações contratuais ou estatutárias deverão ser § 3o  A falsidade das informações prestadas nos termos
encaminhadas ao órgão competente do Poder Executivo, da alínea j deste artigo sujeitará os responsáveis às sanções
no prazo de sessenta dias a contar da realização do ato, penais, civis e administrativas cabíveis.      (Redação dada
acompanhadas de todos os documentos que comprovam pela Lei nº 13.424, de 2017)
atendimento à legislação em vigor, nos termos regulamen- Art. 39. As estações de radiodifusão, nos 90 (noventa)
tares;     (Redação dada pela Lei nº 13.424, de 2017) dias anteriores às eleições gerais do País ou da circunscri-
c) a transferência da concessão ou permissão de uma ção eleitoral, onde tiverem sede, reservarão diariamente 2
pessoa jurídica para outra depende, para sua validade, de (duas) horas à propaganda partidária gratuita, sendo uma
prévia anuência do órgão competente do Poder Executi- delas durante o dia e outra entre 20 (vinte) e 23 (vinte e
vo;    (Redação dada pela Lei nº 13.424, de 2017)
três) horas e destinadas, sob critério de rigorosa rotativi-
d) os serviços de informação, divertimento, propagan-
dade, aos diferentes partidos e com proporcionalidade no
da e publicidade das empresas de radiodifusão estão su-
tempo de acordo com as respectivas legendas no Congres-
bordinadas às finalidades educativas e culturais inerentes
so Nacional e Assembleias Legislativas.
à radiodifusão, visando aos superiores interesses do País;
§ 1º Para efeito deste artigo a distribuição dos horários
e) as emissoras de radiodifusão, excluídas as de televi-
a serem utilizados pelos diversos partidos será fixada pela
são, são obrigadas a retransmitir, diariamente, das 19 (de-
Justiça Eleitoral, ouvidos os representantes das direções
zenove) às 20 (vinte) horas, exceto aos sábados, domingos
partidárias.
e feriados, o programa oficial de informações dos Poderes
§ 2º Requerida aliança de partidos, a rotatividade pre-
da República, ficando reservados 30 (trinta) minutos para
divulgação de noticiário preparado pelas duas Casas do vista no parágrafo anterior será alternada entre os partidos
Congresso Nacional; requerentes de alianças diversas.
f) as empresas, não só através da seleção de seu pes- § 3º O horário não utilizado por qualquer partido será
soal, mas também das normas de trabalho observadas nas redistribuído pelos demais, não sendo permitida cessão ou
estações emissoras devem criar as condições mais eficazes transferência.
para que se evite a prática de qualquer das infrações pre- § 4º Caberá à Justiça Eleitoral disciplinar as divergên-
vistas na presente lei; cias oriundas da aplicação deste artigo.
g) a mesma pessoa não poderá participar da admi- Art. 40. As estações de rádio ficam obrigadas, a divul-
nistração ou da gerência de mais de uma concessionária, gar, 60 (sessenta) dias antes das eleições mencionadas no
permissionária ou autorizada do mesmo tipo de serviço de artigo anterior, os comunicados da Justiça Eleitoral até o
radiodifusão, na mesma localidade (Redação dada pela Lei máximo de tempo de 30 (trinta) minutos.
nº 10.610, de 20.12.2002) Art. 41. As estações de rádio e de televisão não pode-
h) as emissoras de radiodifusão, inclusive televisão, de- rão cobrar, na publicidade política, preços superiores aos
verão cumprir sua finalidade informativa, destinando um em vigor, nos 6 (seis) meses anteriores, para a publicidade
mínimo de 5% (cinco por cento) de seu tempo para trans- comum.
missão de serviço noticioso. Art. 42. É o Poder Executivo autorizado a constituir uma
i) as concessionárias e permissionárias de serviços de entidade autônoma, sob a forma de empresa pública, de
radiodifusão deverão apresentar, até o último dia útil de cujo capital participem exclusivamente pessoas jurídicas de
cada ano, ao órgão do Poder Executivo expressamente de- direito público interno, bancos e empresas governamen-
finido pelo Presidente da República e aos órgãos de re- tais, com o fim de explorar industrialmente serviços de te-
gistro comercial ou de registro civil de pessoas jurídicas, lecomunicações postos, nos termos da presente lei, sob o
declaração com a composição de seu capital social, incluin- regime de exploração direta da União.

112
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1º A entidade a que se refere este artigo ampliará Art. 46. Os Estados e Territórios Federais poderão obter
progressivamente seus encargos, de acordo com as dire- permissão para o serviço telegráfico interior limitado, sob
trizes elaboradas pelo Conselho Nacional de Telecomuni- sua direta administração e responsabilidade, dentro dos
cações, mediante: respectivos limites e destinado exclusivamente a comuni-
a) transferência, por decreto do Poder Executivo, de cações oficiais.
serviços hoje executados pelo Departamento dos Correios Art. 47. Nenhuma estação de radiodifusão, de proprie-
e Telégrafos; dade da União, dos Estados, Territórios ou Municípios ou
b) incorporação de serviços hoje explorados mediante nas quais possuam essas pessoas de direito público maio-
concessão ou autorização, à medida que estas sejam ex- ria de cotas ou ações, poderá ser utilizada para fazer propa-
tintas; ganda política ou difundir opiniões favoráveis ou contrárias
c) desapropriação de serviços existentes, na forma da a qualquer partido político, seus órgãos, representantes ou
legislação vigente. (Partes mantidas pelo Congresso Nacio- candidatos, ressalvado o disposto na legislação eleitoral.
nal) Art. 48. Nenhuma estação de radiodifusão poderá
§ 2º O Presidente da República nomeará uma comissão transmitir ou utilizar, total ou parcialmente, as emissões de
para organizar a nova entidade e a ela incorporar os bens estações congêneres, nacionais ou estrangeiras, sem estar
móveis e imóveis pertencentes à União, atualmente sob a por estas previamente autorizada. Durante a irradiação, a
administração do Departamento dos Correios e Telégrafos estação dará a conhecer que se trata de retransmissão ou
aplicados nos serviços transferidos. aproveitamento de transmissão alheia, declarando, além
§ 3º A entidade poderá contratar pessoal de acordo do próprio indicativo e localização, os da estação de ori-
com a legislação trabalhista, recrutado dentro ou fora do gem.
país, para exercer as funções de natureza técnico-especia- Art. 49. A qualquer particular pode ser dada, pelo Con-
lizada, relativas às instalação e uso de equipamentos es- selho Nacional de Telecomunicações permissão para exe-
peciais. cutar serviço limitado, para uso privado, entre duas loca-
§ 4º A entidade poderá requisitar do Departamento lidades ou em uma mesma cidade, de telex, fac-simile ou
dos Correios e Telégrafos o pessoal de que necessite para processo semelhante.  (Partes mantidas pelo Congresso
Nacional)
o seu funcionamento, correndo o pagamento respectivo
Parágrafo único. Só será permitido o telex internacional
à conta de seus recursos próprios.  (Partes mantidas pelo
desde que os serviços para o Brasil sejam executados atra-
Congresso Nacional)
vés da Rede Nacional de Telecomunicações e assegurado o
§ 5º Os recursos da nova entidade serão constituídos:
recolhimento, pelo permissionário, das taxas terminais bra-
a) das tarifas cobradas pela prestação de seus serviços;
sileiras e das de execução do trabalho pela  União. (Partes
b) dos recursos do Fundo Nacional de Telecomunica-
mantidas pelo Congresso Nacional)
ções criado no art. 51 desta lei, cuja aplicação obedecerá
Art. 50. As concessões e autorizações para a execução
ao Plano Nacional de Telecomunicações elaborado pelo de serviços de telecomunicações poderão ser revistas sem-
Conselho Nacional de Telecomunicações e aprovado por pre que se fizer necessária a sua adaptação a cláusula de
decreto do Presidente da República; atos internacionais aprovados pelo Congresso Nacional ou
c) das dotações consignadas no Orçamento Geral da a leis supervenientes de atos, observado o disposto no art.
União; 141, § 3º da Constituição Federal.
d) do produto de operações de crédito, juros de de-
pósitos bancários, rendas de bens patrimoniais, venda de CAPÍTULO VI
materiais inservíveis ou de bens patrimoniais. Do Fundo Nacional de Telecomunicações
§ 6º A arrecadação das taxas de outras fontes de recei-
ta será efetuada diretamente pela entidade ou mediante Art 51  (Revogado pelo Decreto-lei nº 2.186, de
convênios e acordos com órgãos do Poder Público. 20.12.1984)
Art. 43. As tarifas devidas pela utilização dos serviços
de telecomunicações prestados pela entidade serão fixa- CAPÍTULO VII
das pelo Conselho Nacional de Telecomunicações de for- Das Infrações e Penalidades
ma a remunerar sempre os custos totais dos serviços, as
amortizações do capital investido e a formação dos fundos Art. 52. A liberdade de radiodifusão não exclui a puni-
necessários à conservação, reposição, modernização dos ção dos que praticarem abusos no seu exercício.
equipamentos e ampliações dos serviços. Art. 53.  Constitui abuso, no exercício de liberdade da
Art. 44. É vedada a concessão ou autorização do servi- radiodifusão, o emprego desse meio de comunicação para
ço de radiodifusão a sociedades por ações ao portador, ou a prática de crime ou contravenção previstos na legislação
a empresas que não sejam constituídas exclusivamente dos em vigor no País, inclusive:   (Redação dada pelo Decreto
brasileiros a que se referem as alíneas I e II do art. 129 da -Lei nº 236, de 1968)
Constituição Federal. a) incitar a desobediência às leis ou decisões judiciá-
Art. 45. A cada modalidade de telecomunicação corres- rias; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968)
ponderá uma concessão, autorização ou permissão distinta b) divulgar segredos de Estado ou assuntos que preju-
que será considerada isoladamente para efeito da fiscaliza- diquem a defesa nacional; (Redação dada pelo Decreto-Lei
ção e das contribuições previstas nesta lei. nº 236, de 1968)

113
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

c) ultrajar a honra nacional; (Redação dada pelo Decre- Parágrafo único. Não estão compreendidas nas proi-
to-Lei nº 236, de 1968) bições contidas nesta lei as radiocomunicações destinadas
d) fazer propaganda de guerra ou de processos de a ser livremente recebidas, as de amadores, as relativas a
subversão da ordem política e social; (Redação dada pelo navios e aeronaves em perigo, ou as transmitidas nos casos
Decreto-Lei nº 236, de 1968) de calamidade pública.
e) promover campanha discriminatória de classe, cor, Art 57. Não constitui violação de telecomunicação:
raça ou religião;  (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 236, I - A recepção de telecomunicação dirigida por quem
de 1968) diretamente ou como cooperação esteja legalmente auto-
f) insuflar a rebeldia ou a indisciplina nas forças arma- rizado;
das ou nas organizações de segurança pública;  (Redação II - O conhecimento dado:
dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968) a) ao destinatário da telecomunicação ou a seu repre-
g) comprometer as relações internacionais do País; (Re- sentante legal;
dação dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968) b) aos intervenientes necessários ao curso da teleco-
h) ofender a moral familiar, pública, ou os bons costu- municação;
mes; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968) c) ao comandante ou chefe, sob cujas ordens imediatas
i) caluniar, injuriar ou difamar os Poderes Legislativos, estiver servindo;
Executivo ou Judiciário ou os respectivos membros; (Reda- d) aos fiscais do Governo junto aos concessionários ou
ção dada pelo Decreto-Lei nº 236, de 1968) permissionários;
j) veicular notícias falsas, com perigo para a ordem pú- e) ao juiz competente, mediante requisição ou intima-
blica, econômica e social; (Redação dada pelo Decreto-Lei ção deste.
nº 236, de 1968) Parágrafo único. Não estão compreendidas nas proi-
l) colaborar na prática de rebeldia desordens ou mani- bições contidas nesta lei as radiocomunicações destinadas
festações proibidas. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 236, de a ser livremente recebidas, as de amadores, as relativas a
1968) navios e aeronaves em perigo, ou as transmitidas nos casos
Parágrafo único. Se a divulgação das notícias falsas de calamidade pública.
houver resultado de erro de informação  e for  objeto de Art. 58. Nos crimes de violação da telecomunicação,
desmentido imediato, a nenhuma  penalidade ficará sujeita a que se referem esta Lei e o artigo 151 do Código Penal,
a concessionária ou permissionária. (Partes mantidas pelo caberão, ainda as seguintes penas:  (Substituído pelo De-
Congresso Nacional)
creto-lei nº 236, de 28.2.1967)
Art. 54. São livres as  críticas e os conceitos desfavorá-
I - Para as concessionárias ou permissionárias as pre-
veis,  ainda que veementes, bem como a narrativa de fatos
vistas no artigos 62 e 63, se culpados por ação ou omissão
verdadeiros, guardadas as  restrições estabelecidas em lei,
e independentemente da ação criminal.
inclusive de atos de qualquer dos poderes do Estado. (Par-
II - Para as pessoas físicas:
tes mantidas pelo Congresso Nacional)
a) 1 (um) a 2 (dois) anos de detenção ou perda de car-
Art. 55. É inviolável a telecomunicação nos  termos des-
ta lei. (Partes mantidas pelo Congresso Nacional) go ou emprego, apurada a responsabilidade em processo
Art. 56. Pratica crime de violação de telecomunicação regular, iniciado com o afastamento imediato do acusado
quem, transgredindo lei ou regulamento, exiba autógrafo até decisão final;
ou qualquer documento do arquivo, divulgue ou comu- b) para autoridade responsável por violação da teleco-
nique, informe ou capte, transmita a outrem ou utilize o municação, as penas previstas na legislação em vigor serão
conteúdo, resumo, significado, interpretação, indicação ou aplicadas em dobro;
efeito de qualquer comunicação dirigida a terceiro. c) serão suspensos ou cassados, na proporção da gra-
§ 1º Pratica, também, crime de violação de telecomuni- vidade da infração, os certificados dos operadores profis-
cações quem ilegalmente receber, divulgar ou utilizar, tele- sionais e dos amadores responsáveis pelo crime de viola-
comunicação interceptada. ção da telecomunicação.
§ 2º Somente os serviços fiscais das estações e postos Art. 59. As penas por infração desta lei são: (Substituí-
oficiais poderão interceptar telecomunicação. do pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
I - A recepção de telecomunicação dirigida por quem a) multa, até o valor .......NCR$ 10.000,00; (Incluído pelo
diretamente ou como cooperação esteja legalmente auto- Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
rizado; b) suspensão, até trinta (30) dias; (Incluído pelo Decre-
II - O conhecimento dado: to-lei nº 236, de 28.2.1967)
a) ao destinatário da telecomunicação ou a seu repre- c) cassação;  (Incluído pelo Decreto-lei nº 236, de
sentante legal; 28.2.1967)
b) aos intervenientes necessários ao curso da teleco- d) detenção;  (Incluído pelo Decreto-lei nº 236, de
municação; 28.2.1967)
c) ao comandante ou chefe, sob cujas ordens imediatas § 1º Nas infrações em que, o juízo do CONTEL, não
estiver servindo; se justificar a aplicação de pena, o infrator será advertido,
d) aos fiscais do Governo junto aos concessionários ou considerando-se a advertência como agravante na aplica-
permissionários; ção de penas por inobservância do mesmo ou de outro
e) ao juiz competente, mediante requisição ou intima- preceito desta Lei. (Incluído pelo     Decreto-lei nº 236, de
ção deste. 28.2.1967)

114
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º A pena de multa poderá ser aplicada isolada ou e) não haver a concessionária ou permissionária, no
conjuntamente, com outras sanções especiais estatuídas prazo estipulado, corrigido as irregularidades motivadoras
nesta Lei. (Incluído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) da suspensão anteriormente importa; (Incluído pelo Decre-
§ 3º O valor das multas será atualizado de 3 em 3 anos, to-lei nº 236, de 28.2.1967)
de acordo com os níveis de correção monetária. (Incluído f) não haver a concessionária ou permissionária cum-
pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) prido as exigências e prazos estipulados, até o licenciamen-
Art. 60. A aplicação das penas desta Lei compete: (Subs- to definitivo de sua estação. (Incluído pelo Decreto-lei nº
tituído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) 236, de 28.2.1967)
a) ao CONTEL: multa e suspensão, em qualquer caso; g) não-observância, pela concessionária ou permissio-
cassação, quando se tratar de permissão;  (Incluído pelo nária, das disposições contidas no art. 222,  caput  e seus
Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) §§ 1o e 2o, da Constituição. (Incluído pela Lei nº 10.610, de
b) ao Presidente da República: cassação, mediante re- 20.12.2002)
presentação do CONTEL em parecer fundamentado.  (In- Art. 65. O CONTEL promoverá as medidas cabíveis,
cluído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) punindo ou propondo a punição, por iniciativa própria ou
Art. 61. A pena será imposta de acordo com a infração sempre que receber representação de qualquer autorida-
cometida, considerados os seguintes fatores:  (Substituído
de. (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
pelo     Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
Art. 66. Antes de decidir da aplicação de qualquer das
a) gravidade da falta;
penalidades previstas, o CONTEL notificará a interessada
b) antecedentes da entidade faltosa;
c) reincidência específica. para exercer o direito de defesa, dentro do prazo de 5 (cin-
Art. 62. A pena de multa poderá ser aplicada por infra- co) dias, contados do recebimento da notificação. (Substi-
ção de qualquer dispositivo legal ou quando a concessio- tuído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
nária ou permissionária não houver cumprido, dentro do § 1º A repetição da falta no período decorrido entre
prazo estipulado, exigência que tenha sido feita pelo CON- o recebimento da notificação e a tomada de decisão, será
TEL. (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) considerada como reincidência e, no caso das transgres-
Art. 63. A pena de suspensão poderá ser aplicada nos sões citadas no artigo 53, o Presidente do CONTEL suspen-
seguintes casos:  (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de derá a emissora provisoriamente.
28.2.1967) § 2º Quando a representação for feita por uma das au-
a) infração dos artigos 38, alíneas a, b, c, e, g e h; 53, 57, toridades a seguir relacionadas, o Presidente do CONTEL
71 e seus parágrafos; verificará «in limine» sua procedência, podendo deixar de
b) infração à liberdade de manifestação do pensamen- ser feita a notificação a que se refere este artigo:
to e de informação (Lei nº 5.250 de 9 de fevereiro de 1967); I - Em todo o Território nacional: (Incluído Decreto-lei
c) quando a concessionária ou permissionária não hou- nº 236, de 28.2.1967)
ver cumprido, dentro do prazo estipulaçao, exigência que a) Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Fe-
lhe tenha sido feita pelo ......CONTEL; deral; (Incluído Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
d) quando seja criada situação de perigo de vida; b) Presidente do Supremo Tribunal Federal;  (Incluído
e) utilização de equipamentos diversos dos aprovados Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
ou instalações fora das especificações técnicas constantes c) Ministros de Estado; (Incluído Decreto-lei nº 236, de
da portaria que as tenha aprovado; (Incluído pelo Decreto 28.2.1967)
-lei nº 236, de 28.2.1967) d) Secretário Geral do Conselho de Segurança Nacio-
f) execução de serviço para o qual não está autoriza- nal; (Incluído Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
do. (Incluído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) e) Procurador Geral da República; (Incluído Decreto-lei
Parágrafo único. No caso das letras d, e e f deste arti- nº 236, de 28.2.1967)
go poderá ser determinada a interrupção do serviço pelo
f) Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. (Incluído
agente fiscalizador, “ad-referedum” do CONTEL.
Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
Art. 64. A pena de cassação poderá ser imposta nos
II - Nos Estados:  (Incluído Decreto-lei nº 236, de
seguintes casos:  (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de
28.2.1967) 28.2.1967)
a) infringência do artigo 53; (Incluído pelo Decreto-lei a) Mesa da Assembleia Legislativa; (Incluído Decreto-lei
nº 236, de 28.2.1967) nº 236, de 28.2.1967)
b) reincidência em infração anteriormente punida com b) Presidente do Tribunal de Justiça; (Incluído Decreto
suspensão; (Incluído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) -lei nº 236, de 28.2.1967)
c) interrupção do funcionamento por mais de trinta c) Secretário de Assuntos Relativos à Justiça; (Incluído
(30) dias consecutivos, exceto quando tenha, para isso, ob- Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)
tido autorização prévia do CONTEL; (Incluído pelo Decreto d) Chefe do Ministério Público Estadual. (Incluído De-
-lei nº 236, de 28.2.1967) creto-lei nº 236, de 28.2.1967)
d) superveniência da incapacidade legal, técnica, finan- III - Nos Municípios:  (Incluído Decreto-lei nº 236, de
ceira ou econômica para execução dos serviços da con- 28.2.1967)
cessão ou permissão; (Incluído pelo Decreto-lei nº 236, de a) Mesa da Câmara Municipal; (Incluído Decreto-lei nº
28.2.1967) 236, de 28.2.1967)

115
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

b) Prefeito Municipal. (Incluído Decreto-lei nº 236, de § 4º As transmissões compulsoriamente estatuídas por


28.2.1967) lei serão gravadas em material fornecido pelos interessa-
Art. 67. A perempção da concessão ou autorização dos.
será declarada pelo Presidente da República, precedendo Art. 72. A autoridade que impedir ou embaraçar a liber-
parecer do Conselho Nacional de Telecomunicações, se a dade da radiodifusão ou da televisão fora dos casos auto-
concessionária ou permissionária decair do direito à reno- rizados em lei, incidirá no que couber, na sanção do artigo
vação (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) 322 do Código Penal. (Substituído pelo Decreto-lei nº 236,
Parágrafo único. O direito a renovação decorre do de 28.2.1967)
cumprimento pela empresa, de seu contrato de concessão Art. 73 a 99  (Revogados pelo Decreto-lei nº 236, de
ou permissão, das exigências legais e regulamentares, bem
28.2.1967)
como das finalidades educacionais, culturais e morais a que
se obrigou, e de persistirem a possibilidade técnica e o in-
teresse público em sua existência.  (Incluído pelo Decreto CAPÍTULO VIII
-lei nº 236, de 28.2.1967) Das Taxas e Tarifas
Art. 68. A caducidade de concessão ou da autorização
será declarada pelo Presidente da República, precedendo Art. 100. A execução de qualquer serviço de teleco-
parecer do Conselho Nacional de Telecomunicações, nos municações, por meio de concessão, autorização ou per-
seguintes casos:  (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de missão, está sujeita ao pagamento de taxas cujo valor será
28.2.1967) fixado em lei.
a) quando a concessão ou a autorização decorra de Art. 101. Os critérios para determinação da tarifa dos
convênio com outro país, cuja denúncia a torne inexequível; serviços de telecomunicações, excluídas as referentes à Ra-
b) quando expirarem os prazos de concessão ou au- diodifusão, serão fixados pelo Conselho Nacional de Tele-
torização decorrente de convênio com outro país, sendo comunicações de modo a permitirem:
inviável a prorrogação. a) cobertura das despesas de custeio;
Parágrafo único. A declaração de caducidade só se
b) justa remuneração do capital;
dará se for impossível evitá-la por convênio com qualquer
país ou por inexistência comprovada de frequência no Bra- c) melhoramentos e expansão dos serviços (Constitui-
sil que possa ser atribuída à concessionária ou permissio- ção, art. 151, parágrafo único).
nária, a fim de que não cesse seu funcionamento. (Incluído § 1º As tarifas dos serviços internacionais obedecerão
pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967) aos mesmos princípios deste artigo, observando-se o que
Art. 69. A declaração da perempção ou da caducidade, estiver ou vier a ser estabelecido em acordos e convenções
quando viciada por ilegalidade, abuso do poder ou pela a que o Brasil esteja obrigado.
desconformidade com os ou motivos alegados, titulará § 2º Nenhuma tarifa entrará em vigor sem prévia apro-
o prejudicado a postular reparação do seu direito peran- vação pelo Conselho Nacional de Telecomunicações.
te o Judiciário.  (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de Art. 102. A parte da tarifa que se destinar a melhora-
28.2.1967) mentos e expansão dos serviços de telecomunicações, de
Art. 70. Constitui crime punível com a pena de deten- que trata o art. 101, letra c, será escriturada em rubrica es-
ção de 1 (um) a 2 (dois) anos, aumentada da metade se pecial na contabilidade da empresa.
houver dano a terceiro, a instalação ou utilização de te-
Art. 103. Não poderão ser incluídos na composição do
lecomunicações, sem observância do disposto nesta Lei e
nos regulamentos. (Substituído pelo Decreto-lei nº 236, de custo do serviço, para efeito da revisão ou fixação tarifária:
28.2.1967) a) despesas de publicidade das concessionárias e per-
Parágrafo único. Precedendo ao processo penal, para missionárias;
os efeitos referidos neste artigo, será liminarmente proce- b) assistência técnica devida a empresas que perten-
dida a busca e apreensão da estação ou aparelho ilegal. çam a holding, de que faça parte também a concessionária
Art. 71. Toda irradiação será gravada e mantida em ar- ou permissionária;
quivo durante as 24 horas subsequentes ao encerramento c) honorários advocatícios, ou despesas com pareceres,
dos trabalhos diários de emissora. (Substituído pelo Decre- quando a empresa possua órgãos técnicos permanentes
to-lei nº 236, de 28.2.1967) para o serviço forense;
§ 1º As Emissoras de televisão poderão gravar apenas o d) despesa com peritos da parte, sempre que no qua-
som dos programas transmitidos. dro da empresa figurem pessoas habilitadas para a perícia
§ 2º As emissoras deverão conservar em seus arquivos em questão;
os textos dos programas, inclusive noticiosos devidamen-
e) vencimentos de diretores ou chefes de serviços, no
te autenticados pelos responsáveis, durante 60 (sessenta)
que vierem a exceder a remuneração atribuída, no serviço
dias.
§ 3º As gravações dos programas políticos, de debates, federal, ao Ministro de Estado;
entrevistas pronunciamentos da mesma natureza e qual- f) despesas não cobradas com serviços de qualquer
quer irradiação não registrada em texto, deverão ser con- natureza que a lei não haja tornado gratuitos, ou que não
servadas em arquivo pelo prazo de 20 (vinte) dias depois tenham sido dispensados de pagamento em resolução do
de transmitidas, para as concessionárias ou permissionárias Conselho Nacional de Telecomunicações, publicada no
até 1 kw e 30 (trinta) dias para as demais. Diário Oficial.

116
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. A publicação de editais ou de notícias DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS


de evidente interesse público, não se incluirá na redação da Art. 114. Ficam revogados os dispositivos em vigor re-
letra a desde que previamente autorizada pelo Conselho ferentes ao registro de aparelhos receptores de radiodifu-
Nacional de Telecomunicações e distribuída uniformemen- são.
te por todos os jornais diários. Art. 115. São anistiadas as dívidas pelo não pagamento
Art. 104. Será adotada tarifa especial para os progra- de taxa de registro de aparelhos receptores de radiodifu-
mas educativos dos Estados, Municípios e Distrito Federal, são, devendo o Poder Executivo providenciar o imediato
assim como para as instituições privadas de ensino e de cancelamento dessas dívidas, inclusive as já inscritas e ajui-
cultura. zadas.
Art. 105. Na ocorrência de novas modalidades do ser- Art. 116. Regulamentada esta lei, constituído e insta-
viço, poderá o Governo até que a lei disponha a respeito, lado o Conselho Nacional de Telecomunicações, ficará ex-
adotar taxas e tarifas provisórias, calculadas na base das tinta a Comissão Técnica de Rádio, transferindo-se o seu
que são cobradas em serviço análogo ou fixadas para a pessoal, arquivo, expediente e instalações para o Conselho
espécie em regulamento internacional. Nacional de Telecomunicações.
Art. 106. A tarifa do serviço telegráfico público interior Art. 117. As concessões e autorizações para os serviços
de radiodifusão em funcionamento ficam automaticamen-
será constituída de uma taxa fixa por grupo de palavras
te mantidas pelos prazos fixados no art. 33, § 3º, desta lei.
ou fração, e de taxa de percurso por palavra. A tarifa dos
Art. 118. O Conselho Nacional de Telecomunicações
serviços telefônicos, de foto-telegramas, de telex e outros
procederá, imediatamente, ao levantamento das conces-
congêneres, terá por base a ocupação do circuito e a dis-
sões, autorizações e permissões, propondo ao Presidente
tância entre as estações. da República a extinção daquelas cujos serviços não estive-
Art. 107. No serviço telegráfico público internacional a rem funcionando por culpa dos concessionários.
União terá direito às taxas de terminal e de trânsito brasi- Art. 119. Até que seja aprovado o seu Quadro de Pes-
leiras. soal os serviços a cargo do Conselho Nacional de Teleco-
Art. 108. Em relação à que for cobrada pela União em municações serão executados por servidores públicos civis
serviço interior idêntico, a tarifa dos concessionários e per- e militares, requisitados na forma da legislação em vigor.
missionários, deverá ser: Art. 120. Após a sua instalação, o Conselho Nacional de
a) igual, no serviço telegráfico das estradas de ferro; Telecomunicações proporá, dentro de 90 (noventa) dias, a
b) nunca inferior nos casos de serviço público restrito organização dos quadros de seus serviços e órgãos.
interior; Art. 121. O Conselho Nacional de Telecomunicações
c) sempre mais elevada, nos demais casos. procederá à revisão dos contratos das emprêsas de teleco-
Art. 109. No serviço público telegráfico interior em trá- municações que funcionam no país, observando:
fego mútuo entre redes da União e de estradas de ferro, a) a padronização de todos os contratos, observadas as
a prórateação das taxas obedecerá ao que for estipulado circunstâncias peculiares a cada tipo de serviço;
pelo Conselho Nacional de Telecomunicações. b) a fixação de prazo para as concessionárias autoriza-
Parágrafo único. Os convênios serão aprovados pelo das a funcionar no país se adaptarem aos preceitos da pre-
Conselho Nacional de Telecomunicações e o rateio das ta- sente lei e às disposições do seu respectivo regulamento.
xas obedecerá às normas por ele estabelecidas. Art. 122. É o Departamento dos Correios e Telégrafos
Art. 110. Nos serviços de telegramas e radiocomunica- dispensado de no último dia do ano, recolher a conta de
ções de múltiplos destinos será cobrada a tarifa que vigorar “restos a pagar”, as importâncias empenhadas na aquisi-
para a imprensa. ção de material ou na contratação ou ajuste de serviços de
Art. 111. A tarifa dos radiotelegramas internacionais terceiros, não entregues ou não concluídos antes daquela
será estabelecida segundo os respectivos regulamentos, data.
§ 1º As importâncias serão depositadas no Banco do
considerando-se, porém, serviço público interior para esse
Brasil, em conta vinculada com o fornecedor, só podendo
efeito os radiotelegramas diretamente permutados entre
ser liberadas quando certificado o recebimento.
as estações brasileiras fixas ou móveis e as estações brasi-
§ 2º A conta vinculada mencionará especificamente a
leiras móveis que se acharem fora da jurisdição territorial
data limite de entrega ou de conclusão dos serviços.
do Brasil. § 3º 30 (trinta) dias após a data limite e não tendo o
Art. 112. As disposições sobre tarifas somente têm apli- Departamento dos Correios e Telégrafos liberado a conta,
cação nos casos de serviços remunerados. o Banco do Brasil recolherá o depósito à conta de «restos
Parágrafo único. O orçamento consignará anualmente a pagar» da União.
dotação suficiente para cobertura das despesas correspon- Art. 123. As disposições legais e regulamentares que
dentes às taxas postais-telegráficas resultantes dos serviços disciplinam os serviços de telecomunicações não coliden-
dos órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. tes com esta lei e não revogadas ou derrogadas, explícita
Art. 113. Os concessionários e permissionários não ou implicitamente, pela mesma, deverão ser consolidadas
poderão cobrar tarifas diferentes das que para os mesmos pelo Poder Executivo.
destinos no exterior e pela mesma via, estejam em vigor Art. 124. O tempo destinado na programação das esta-
nas estações do Departamento de Correios e Telégrafos. ções de radiodifusão, à publicidade comercial, não poderá
exceder de 25% (vinte e cinco por cento) do total.

117
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 125. O Departamento dos Correios e Telégrafos continuará a exercer as atribuições de fiscalização e a efetuar a ar-
recadação das atuais taxas, prêmios e contribuições, até que o Conselho Nacional de Telecomunicações esteja devidamente
aparelhado para o exercício destas atribuições.
Art. 126. Enquanto não houver serviços   telefônicos entre Brasília e as demais regiões do país, em condições de atender
aos membros do Congresso Nacional em assuntos relacionados com o exercício de seus mandatos, o Conselho Nacional de
Telecomunicações deverá reservar frequências para serem utilizadas por estações transmissoras e receptoras particulares,
com aquele objetivo, observados os preceitos legais e regulamentares que disciplinam a matéria.
Art. 127. É o Poder Executivo autorizado a abrir, no Ministério da Fazenda, o crédito especial de Cr$30.000.000,00 (trinta
milhões de cruzeiros) destinado a atender, no corrente exercício, às despesas de qualquer natureza com a instalação e fun-
cionamento do Conselho Nacional de Telecomunicações.

DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 128. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação e deverá ser regulamentada, por ato do Poder Executivo,
dentro de 90 (noventa) dias.
Art. 129. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 27 de agosto de 1962; 141º da Independência e 74º da República.

CONSELHO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇõES 


TABELA I 
Cargos de Provimento eM Comissão 
(Partes mantidas pelo Congresso Nacional)

Número de Cargos  DENOMINAÇÃO Símbolo Qualificação


1 Presidente do Conselho Nacional de Telecomunicações 1-c *
13 Membros do Conselho Nacional de Telecomunicações 1-c  
1 Diretor-Geral do Departamento Nacional de Telecomunicações 1-c *
Diretor da Divisão de Engenharia do Departamento Nacional de
1 3-c Engenheiro
Telecomunicações
Diretor da Divisão Jurídica do Departamento Nacional de
1 3-c Bacharel
Telecomunicações 
Diretor da Divisão de Administração do Departamento Nacional de
1 3-c **
Telecomunicações
Diretor da Divisão de Estatística do Departamento Nacional de
1 3-c Estatístico
Telecomunicações
Diretor da Divisão de Fiscalização do Departamento Nacional de
1 3-c Engenheiro
Telecomunicações
Delegado Regional, em Belém, o Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicações
Delegado Regional, em Recife, Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicações
Delegado Regional, em Brasília, do Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicações.
Delegado Regional, em Salvador, do Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicações
Delegado Regional, na Guanabara, do Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicações
Delegado Regional, em São Paulo, do Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicaçõe
Delegado Regional, em Pôrto Alegre, do Departamento Nacional de
1 5-c Engenheiro
Telecomunicações
Delegado Regional, em Campo Grande, MT, do Departamento Nacional
1 5-c Engenheiro
de Telecomunicações
* - Curso superior, experiência e tirocínio em administração pública.
** - Experiência e tirocínio em administração pública.

118
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

VI - à não divulgação, caso o requeira, de seu código


ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE de acesso;
TELECOMUNICAÇÕES (LEI Nº 9472/97). VII - à não suspensão de serviço prestado em regime
público, salvo por débito diretamente decorrente de sua
utilização ou por descumprimento de condições contra-
tuais;
LEI Nº 9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997. VIII - ao prévio conhecimento das condições de sus-
pensão do serviço;
Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomu- IX - ao respeito de sua privacidade nos documentos
nicações, a criação e funcionamento de um órgão regula- de cobrança e na utilização de seus dados pessoais pela
dor e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda prestadora do serviço;
Constitucional nº 8, de 1995. X - de resposta às suas reclamações pela prestadora
do serviço;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- XI - de peticionar contra a prestadora do serviço pe-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: rante o órgão regulador e os organismos de defesa do con-
sumidor;
LIVRO I XII - à reparação dos danos causados pela violação de
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS seus direitos.
Art. 4° O usuário de serviços de telecomunicações tem
Art. 1° Compete à União, por intermédio do órgão re- o dever de:
gulador e nos termos das políticas estabelecidas pelos Po- I - utilizar adequadamente os serviços, equipamentos e
deres Executivo e Legislativo, organizar a exploração dos redes de telecomunicações;
serviços de telecomunicações. II - respeitar os bens públicos e aqueles voltados à uti-
Parágrafo único. A organização inclui, entre outros lização do público em geral;
aspectos, o disciplinamento e a fiscalização da execução, III - comunicar às autoridades irregularidades ocorridas
comercialização e uso dos serviços e da implantação e fun- e atos ilícitos cometidos por prestadora de serviço de tele-
cionamento de redes de telecomunicações, bem como da comunicações.
utilização dos recursos de órbita e espectro de radiofre-
Art. 5º Na disciplina das relações econômicas no setor
quências.
de telecomunicações observar-se-ão, em especial, os prin-
Art. 2° O Poder Público tem o dever de:
cípios constitucionais da soberania nacional, função social
I - garantir, a toda a população, o acesso às telecomu-
da propriedade, liberdade de iniciativa, livre concorrência,
nicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições ade-
defesa do consumidor, redução das desigualdades regio-
quadas;
nais e sociais, repressão ao abuso do poder econômico e
II - estimular a expansão do uso de redes e serviços de
continuidade do serviço prestado no regime público.
telecomunicações pelos serviços de interesse público em
benefício da população brasileira; Art. 6° Os serviços de telecomunicações serão organi-
III - adotar medidas que promovam a competição e a zados com base no princípio da livre, ampla e justa compe-
diversidade dos serviços, incrementem sua oferta e propi- tição entre todas as prestadoras, devendo o Poder Público
ciem padrões de qualidade compatíveis com a exigência atuar para propiciá-la, bem como para corrigir os efeitos
dos usuários; da competição imperfeita e reprimir as infrações da ordem
IV - fortalecer o papel regulador do Estado; econômica.
V - criar oportunidades de investimento e estimular Art. 7° As normas gerais de proteção à ordem econô-
o desenvolvimento tecnológico e industrial, em ambiente mica são aplicáveis ao setor de telecomunicações, quando
competitivo; não conflitarem com o disposto nesta Lei.
VI - criar condições para que o desenvolvimento do § 1º Os atos envolvendo prestadora de serviço de te-
setor seja harmônico com as metas de desenvolvimento lecomunicações, no regime público ou privado, que visem
social do País. a qualquer forma de concentração econômica, inclusive
Art. 3° O usuário de serviços de telecomunicações tem mediante fusão ou incorporação de empresas, constituição
direito: de sociedade para exercer o controle de empresas ou qual-
I - de acesso aos serviços de telecomunicações, com quer forma de agrupamento societário, ficam submetidos
padrões de qualidade e regularidade adequados à sua na- aos controles, procedimentos e condicionamentos previs-
tureza, em qualquer ponto do território nacional; tos nas normas gerais de proteção à ordem econômica.
II - à liberdade de escolha de sua prestadora de serviço; § 2° Os atos de que trata o parágrafo anterior serão
III - de não ser discriminado quanto às condições de submetidos à apreciação do Conselho Administrativo de
acesso e fruição do serviço; Defesa Econômica - CADE, por meio do órgão regulador.
IV - à informação adequada sobre as condições de § 3º Praticará infração da ordem econômica a presta-
prestação dos serviços, suas tarifas e preços; dora de serviço de telecomunicações que, na celebração
V - à inviolabilidade e ao segredo de sua comunicação, de contratos de fornecimento de bens e serviços, adotar
salvo nas hipóteses e condições constitucional e legalmen- práticas que possam limitar, falsear ou, de qualquer forma,
te previstas; prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa.

119
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

LIVRO II inclusive aquelas consideradas de efetivo exercício, ressal-


DO ÓRGÃO REGULADOR E DAS POLÍTICAS SETO- vados os períodos a que se referem os incisos I, IV, VI, VIII,
RIAIS alíneas a a e, e inciso X do art. 102 da Lei n° 8.112, de 11 de
TÍTULO I dezembro de 1990.
DA CRIAÇÃO DO ÓRGÃO REGULADOR § 3° O Poder Executivo poderá dispor sobre alteração
dos quantitativos e da distribuição das Funções Comissio-
Art. 8° Fica criada a Agência Nacional de Telecomunica- nadas de Telecomunicação dentro da estrutura organiza-
ções, entidade integrante da Administração Pública Federal cional, observados os níveis hierárquicos, os valores de
indireta, submetida a regime autárquico especial e vincula- retribuição correspondentes e o respectivo custo global
da ao Ministério das Comunicações, com a função de ór- estabelecidos no Anexo II.(Revogado pela Lei nº 9.986, de
gão regulador das telecomunicações, com sede no Distrito 18.7.2000)
Federal, podendo estabelecer unidades regionais. Art. 14. A Agência poderá requisitar, com ônus, servi-
§ 1º A Agência terá como órgão máximo o Conselho dores de órgãos e entidades integrantes da administração
Diretor, devendo contar, também, com um Conselho Con- pública federal direta, indireta ou fundacional, quaisquer
sultivo, uma Procuradoria, uma Corregedoria, uma Biblio- que sejam as funções a serem exercidas.  (Revogado pela
teca e uma Ouvidoria, além das unidades especializadas Lei nº 9.986, de 18.7.2000)
incumbidas de diferentes funções. § 1º Durante os primeiros vinte e quatro meses sub-
§ 2º A natureza de autarquia especial conferida à Agên- sequentes à instalação da Agência, as requisições de que
cia é caracterizada por independência administrativa, au- trata o caput deste artigo serão irrecusáveis quando feitas a
sência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabi- órgãos e entidades do Poder Executivo, e desde que apro-
lidade de seus dirigentes e autonomia financeira. vadas pelo Ministro de Estado das Comunicações e pelo
Art. 9° A Agência atuará como autoridade administra- Ministro de Estado Chefe da Casa Civil.   (Revogado pela Lei
tiva independente, assegurando-se-lhe, nos termos desta nº 9.986, de 18.7.2000)
Lei, as prerrogativas necessárias ao exercício adequado de § 2º Quando a requisição implicar redução de remu-
sua competência. neração do servidor requisitado, fica a Agência autorizada
Art. 10. Caberá ao Poder Executivo instalar a Agência, a complementá-la até o limite da remuneração percebi-
devendo o seu regulamento, aprovado por decreto do Pre-
da no órgão de origem.   (Revogado pela Lei nº 9.986, de
sidente da República, fixar-lhe a estrutura organizacional.
18.7.2000)
Parágrafo único. A edição do regulamento marcará a
Art. 15. A fixação das dotações orçamentárias da Agên-
instalação da Agência, investindo-a automaticamente no
cia na Lei de Orçamento Anual e sua programação orça-
exercício de suas atribuições.
mentária e financeira de execução não sofrerão limites nos
Art. 11. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso
seus valores para movimentação e empenho.
Nacional, no prazo de até noventa dias, a partir da publi-
Art. 16. Fica o Poder Executivo autorizado a realizar as
cação desta Lei, mensagem criando o quadro efetivo de
despesas e os investimentos necessários à instalação da
pessoal da Agência, podendo remanejar cargos disponíveis
na estrutura do Ministério das Comunicações. Agência, podendo remanejar, transferir ou utilizar saldos
Art. 12. Ficam criados os Cargos em Comissão de Na- orçamentários, empregando como recursos dotações des-
tureza Especial e do Grupo-Direção e Assessoramento Su- tinadas a atividades finalísticas e administrativas do Minis-
periores - DAS, com a finalidade de integrar a estrutura da tério das Comunicações, inclusive do Fundo de Fiscalização
Agência, relacionados no Anexo I.    (Revogado pela Lei nº das Telecomunicações - FISTEL.
9.986, de 18.7.2000) Parágrafo único. Serão transferidos à Agência os acer-
Art. 13. Ficam criadas as funções de confiança denomi- vos técnico e patrimonial, bem como as obrigações e direi-
nadas Funções Comissionadas de Telecomunicação - FCT, tos do Ministério das Comunicações, correspondentes às
de ocupação privativa por servidores do quadro efetivo, atividades a ela atribuídas por esta Lei.
servidores públicos federais ou empregados de empresas Art. 17. A extinção da Agência somente ocorrerá por
públicas ou sociedades de economia mista, controladas lei específica.
pela União, em exercício na Agência Nacional de Teleco-
municações, no quantitativo e valores previstos no Anexo II TÍTULO II
desta Lei.(Revogado pela Lei nº 9.986, de 18.7.2000) DAS COMPETÊNCIAS
§ 1º O servidor investido na Função Comissionada de
Telecomunicação exercerá atribuições de assessoramento e Art. 18. Cabe ao Poder Executivo, observadas as dispo-
coordenação técnica e perceberá remuneração correspon- sições desta Lei, por meio de decreto:
dente ao cargo efetivo ou emprego permanente, acrescida I - instituir ou eliminar a prestação de modalidade de
do valor da Função para a qual foi designado.  (Revogado serviço no regime público, concomitantemente ou não
pela Lei nº 9.986, de 18.7.2000) com sua prestação no regime privado;
§ 2° A designação para Função de Assessoramento é II - aprovar o plano geral de outorgas de serviço pres-
inacumulável com a designação ou nomeação para qual- tado no regime público;
quer outra forma de comissionamento, cessando o seu pa- III - aprovar o plano geral de metas para a progressiva
gamento durante as situações de afastamento do servidor, universalização de serviço prestado no regime público;

120
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IV - autorizar a participação de empresa brasileira em XVII - compor administrativamente conflitos de inte-


organizações ou consórcios intergovernamentais destina- resses entre prestadoras de serviço de telecomunicações;
dos ao provimento de meios ou à prestação de serviços de XVIII - reprimir infrações dos direitos dos usuários;
telecomunicações. XIX - exercer, relativamente às telecomunicações, as
Parágrafo único. O Poder Executivo, levando em con- competências legais em matéria de controle, prevenção
ta os interesses do País no contexto de suas relações com e repressão das infrações da ordem econômica, ressalva-
os demais países, poderá estabelecer limites à participação das as pertencentes ao Conselho Administrativo de Defesa
estrangeira no capital de prestadora de serviços de teleco- Econômica - CADE;
municações. XX - propor ao Presidente da República, por intermédio
Art. 19. À Agência compete adotar as medidas neces- do Ministério das Comunicações, a declaração de utilidade
sárias para o atendimento do interesse público e para o pública, para fins de desapropriação ou instituição de servi-
desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuan- dão administrativa, dos bens necessários à implantação ou
do com independência, imparcialidade, legalidade, impes- manutenção de serviço no regime público;
soalidade e publicidade, e especialmente: XXI - arrecadar e aplicar suas receitas;
I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política XXII - resolver quanto à celebração, alteração ou ex-
nacional de telecomunicações; tinção de seus contratos, bem como quanto à nomeação,
II - representar o Brasil nos organismos internacionais exoneração e demissão de servidores, realizando os pro-
de telecomunicações, sob a coordenação do Poder Execu- cedimentos necessários, na forma em que dispuser o re-
tivo; gulamento;
III - elaborar e propor ao Presidente da República, por XXIII - contratar pessoal por prazo determinado, de
intermédio do Ministro de Estado das Comunicações, a acordo com o disposto na Lei nº 8.745, de 9 de dezembro
adoção das medidas a que se referem os incisos I a IV do de 1993;
artigo anterior, submetendo previamente a consulta públi- XXIV - adquirir, administrar e alienar seus bens;
ca as relativas aos incisos I a III; XXV - decidir em último grau sobre as matérias de sua
IV - expedir normas quanto à outorga, prestação e frui- alçada, sempre admitido recurso ao Conselho Diretor;
ção dos serviços de telecomunicações no regime público; XXVI - formular ao Ministério das Comunicações pro-
posta de orçamento;
V - editar atos de outorga e extinção de direito de ex-
XXVII - aprovar o seu regimento interno;
ploração do serviço no regime público;
XXVIII - elaborar relatório anual de suas atividades,
VI - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fis-
nele destacando o cumprimento da política do setor defi-
calizar a prestação do serviço no regime público, aplicando
nida nos termos do artigo anterior;
sanções e realizando intervenções;
XXIX - enviar o relatório anual de suas atividades ao
VII - controlar, acompanhar e proceder à revisão de ta-
Ministério das Comunicações e, por intermédio da Presi-
rifas dos serviços prestados no regime público, podendo
dência da República, ao Congresso Nacional;
fixá-las nas condições previstas nesta Lei, bem como ho-
XXX - rever, periodicamente, os planos enumerados
mologar reajustes; nos incisos II e III do artigo anterior, submetendo-os, por
VIII - administrar o espectro de radiofrequências e o intermédio do Ministro de Estado das Comunicações, ao
uso de órbitas, expedindo as respectivas normas; Presidente da República, para aprovação;
IX - editar atos de outorga e extinção do direito de uso XXXI - promover interação com administrações de te-
de radiofrequência e de órbita, fiscalizando e aplicando lecomunicações dos países do Mercado Comum do Sul -
sanções; MERCOSUL, com vistas à consecução de objetivos de inte-
X - expedir normas sobre prestação de serviços de te- resse comum.
lecomunicações no regime privado;
XI - expedir e extinguir autorização para prestação de TÍTULO III
serviço no regime privado, fiscalizando e aplicando san- DOS ÓRGÃOS SUPERIORES
ções; Capítulo I
XII - expedir normas e padrões a serem cumpridos pe- Do Conselho Diretor
las prestadoras de serviços de telecomunicações quanto
aos equipamentos que utilizarem; Art. 20. O Conselho Diretor será composto por cinco
XIII - expedir ou reconhecer a certificação de produtos, conselheiros e decidirá por maioria absoluta.
observados os padrões e normas por ela estabelecidos; Parágrafo único. Cada conselheiro votará com inde-
XIV - expedir normas e padrões que assegurem a com- pendência, fundamentando seu voto.
patibilidade, a operação integrada e a interconexão entre Art. 21. As sessões do Conselho Diretor serão registra-
as redes, abrangendo inclusive os equipamentos terminais; das em atas, que ficarão arquivadas na Biblioteca, disponí-
XV - realizar busca e apreensão de bens no âmbito de veis para conhecimento geral.
sua competência; § 1º Quando a publicidade puder colocar em risco a
XVI - deliberar na esfera administrativa quanto à in- segurança do País, ou violar segredo protegido ou a in-
terpretação da legislação de telecomunicações e sobre os timidade de alguém, os registros correspondentes serão
casos omissos; mantidos em sigilo.

121
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º As sessões deliberativas do Conselho Diretor que § 1° Sem prejuízo do que prevêem a lei penal e a lei
se destinem a resolver pendências entre agentes econô- da improbidade administrativa, será causa da perda do
micos e entre estes e consumidores e usuários de bens e mandato a inobservância, pelo conselheiro, dos deveres e
serviços de telecomunicações serão públicas, permitida a proibições inerentes ao cargo, inclusive no que se refere
sua gravação por meios eletrônicos e assegurado aos inte- ao cumprimento das políticas estabelecidas para o setor
ressados o direito de delas obter transcrições. pelos Poderes Executivo e Legislativo. (Revogado pela Lei
Art. 22. Compete ao Conselho Diretor: nº 9.986, de 18.7.2000)
I - submeter ao Presidente da República, por intermé- § 2° Cabe ao Ministro de Estado das Comunicações ins-
dio do Ministro de Estado das Comunicações, as modifica- taurar o processo administrativo disciplinar, que será con-
ções do regulamento da Agência; duzido por comissão especial, competindo ao Presidente
II - aprovar normas próprias de licitação e contratação; da República determinar o afastamento preventivo, quan-
III - propor o estabelecimento e alteração das políticas do for o caso, e proferir o julgamento.     (Revogado pela Lei
governamentais de telecomunicações; nº 9.986, de 18.7.2000)
IV - editar normas sobre matérias de competência da Art. 27. O regulamento disciplinará a substituição dos
conselheiros em seus impedimentos, bem como durante a
Agência;
vacância.
V - aprovar editais de licitação, homologar adjudica-
Art. 28. Aos conselheiros é vedado o exercício de qual-
ções, bem como decidir pela prorrogação, transferência,
quer outra atividade profissional, empresarial, sindical ou
intervenção e extinção, em relação às outorgas para pres-
de direção político-partidária, salvo a de professor univer-
tação de serviço no regime público, obedecendo ao plano sitário, em horário compatível.(Revogado pela Lei nº 9.986,
aprovado pelo Poder Executivo; de 18.7.2000)
VI - aprovar o plano geral de autorizações de serviço Parágrafo único. É vedado aos conselheiros, igualmen-
prestado no regime privado; te, ter interesse significativo, direto ou indireto, em empre-
VII - aprovar editais de licitação, homologar adjudica- sa relacionada com telecomunicações, como dispuser o
ções, bem como decidir pela prorrogação, transferência regulamento.   (Revogado pela Lei nº 9.986, de 18.7.2000)
e extinção, em relação às autorizações para prestação de Art. 29. Caberá também aos conselheiros a direção dos
serviço no regime privado, na forma do regimento interno; órgãos administrativos da Agência.
VIII - aprovar o plano de destinação de faixas de radio- Art. 30. Até um ano após deixar o cargo, é vedado ao
frequência e de ocupação de órbitas; ex-conselheiro representar qualquer pessoa ou interesse
IX - aprovar os planos estruturais das redes de teleco- perante a Agência.
municações, na forma em que dispuser o regimento inter- Parágrafo único. É vedado, ainda, ao ex-conselheiro
no; utilizar informações privilegiadas obtidas em decorrência
X - aprovar o regimento interno; do cargo exercido, sob pena de incorrer em improbidade
XI - resolver sobre a aquisição e a alienação de bens; administrativa.
XII - autorizar a contratação de serviços de terceiros, na Art. 31. O Presidente do Conselho Diretor será nomea-
forma da legislação em vigor. do pelo Presidente da República dentre os seus integrantes
Parágrafo único. Fica vedada a realização por terceiros e investido na função por três anos ou pelo que restar de
da fiscalização de competência da Agência, ressalvadas as seu mandato de conselheiro, quando inferior a esse prazo,
atividades de apoio. vedada a recondução.   (Revogado pela Lei nº 9.986, de
Art. 23. Os conselheiros serão brasileiros, de reputação 18.7.2000)
ilibada, formação universitária e elevado conceito no cam- Art. 32. Cabe ao Presidente a representação da Agên-
po de sua especialidade, devendo ser escolhidos pelo Pre- cia, o comando hierárquico sobre o pessoal e o serviço,
exercendo todas as competências administrativas corres-
sidente da República e por ele nomeados, após aprovação
pondentes, bem como a presidência das sessões do Con-
pelo Senado Federal, nos termos da alínea f do inciso III do
selho Diretor.
art. 52 da Constituição Federal.
Parágrafo único. A representação judicial da Agência,
Art. 24. O mandato dos membros do Conselho Diretor
com prerrogativas processuais de Fazenda Pública, será
será de cinco anos.   (Redação dada pela Lei nº 9.986, de 18 exercida pela Procuradoria.
de julho de 2000)
Parágrafo único. Em caso de vaga no curso do manda- Capítulo II
to, este será completado por sucessor investido na forma Do Conselho Consultivo
prevista no artigo anterior, que o exercerá pelo prazo re-
manescente. Art. 33. O Conselho Consultivo é o órgão de participa-
Art. 25. Os mandatos dos primeiros membros do Con- ção institucionalizada da sociedade na Agência.
selho Diretor serão de três, quatro, cinco, seis e sete anos, a Art. 34. O Conselho será integrado por representantes
serem estabelecidos no decreto de nomeação. indicados pelo Senado Federal, pela Câmara dos Deputa-
Art. 26. Os membros do Conselho Diretor somente per- dos, pelo Poder Executivo, pelas entidades de classe das
derão o mandato em virtude de renúncia, de condenação prestadoras de serviços de telecomunicações, por entida-
judicial transitada em julgado ou de processo administrati- des representativas dos usuários e por entidades represen-
vo disciplinar.    (Revogado pela Lei nº 9.986, de 18.7.2000) tativas da sociedade, nos termos do regulamento.

122
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. O Presidente do Conselho Consultivo Art. 45. O Ouvidor será nomeado pelo Presidente da
será eleito pelos seus membros e terá mandato de um ano. República para mandato de dois anos, admitida uma re-
Art. 35. Cabe ao Conselho Consultivo: condução.
I - opinar, antes de seu encaminhamento ao Ministério Parágrafo único. O Ouvidor terá acesso a todos os as-
das Comunicações, sobre o plano geral de outorgas, o pla- suntos e contará com o apoio administrativo de que neces-
no geral de metas para universalização de serviços presta- sitar, competindo-lhe produzir, semestralmente ou quando
dos no regime público e demais políticas governamentais oportuno, apreciações críticas sobre a atuação da Agência,
de telecomunicações; encaminhando-as ao Conselho Diretor, ao Conselho Con-
II - aconselhar quanto à instituição ou eliminação da sultivo, ao Ministério das Comunicações, a outros órgãos
prestação de serviço no regime público; do Poder Executivo e ao Congresso Nacional, fazendo pu-
III - apreciar os relatórios anuais do Conselho Diretor; blicá-las para conhecimento geral.
IV - requerer informação e fazer proposição a respeito Art. 46. A Corregedoria acompanhará permanente-
das ações referidas no art. 22. mente o desempenho dos servidores da Agência, avalian-
Art. 36. Os membros do Conselho Consultivo, que não do sua eficiência e o cumprimento dos deveres funcionais
serão remunerados, terão mandato de três anos, vedada a e realizando os processos disciplinares.
recondução.
§ 1° Os mandatos dos primeiros membros do Conselho TÍTULO V
serão de um, dois e três anos, na proporção de um terço DAS RECEITAS
para cada período.
§ 2° O Conselho será renovado anualmente em um ter- Art. 47. O produto da arrecadação das taxas de fisca-
ço. lização de instalação e de funcionamento a que se refere
Art. 37. O regulamento disporá sobre o funcionamento a  Lei nº 5.070, de 7 de julho de 1966, será destinado ao
do Conselho Consultivo. Fundo de Fiscalização das Telecomunicações - FISTEL, por
ela criado.
TÍTULO IV Art. 48. A concessão, permissão ou autorização para a
DA ATIVIDADE E DO CONTROLE exploração de serviços de telecomunicações e de uso de
radiofrequência, para qualquer serviço, será sempre feita a
Art. 38. A atividade da Agência será juridicamente con- título oneroso, ficando autorizada a cobrança do respectivo
dicionada pelos princípios da legalidade, celeridade, fina- preço nas condições estabelecidas nesta Lei e na regula-
lidade, razoabilidade, proporcionalidade, impessoalidade,
mentação, constituindo o produto da arrecadação receita
igualdade, devido processo legal, publicidade e moralida-
do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações - FISTEL.
de.
§ 1º Conforme dispuser a Agência, o pagamento devi-
Art. 39. Ressalvados os documentos e os autos cuja
do pela concessionária, permissionária ou autorizada po-
divulgação possa violar a segurança do País, segredo pro-
derá ser feito na forma de quantia certa, em uma ou várias
tegido ou a intimidade de alguém, todos os demais perma-
parcelas, ou de parcelas anuais, sendo seu valor, alternati-
necerão abertos à consulta do público, sem formalidades,
vamente:
na Biblioteca.
I - determinado pela regulamentação;
Parágrafo único. A Agência deverá garantir o trata-
mento confidencial das informações técnicas, operacionais, II - determinado no edital de licitação;
econômico-financeiras e contábeis que solicitar às empre- III - fixado em função da proposta vencedora, quando
sas prestadoras dos serviços de telecomunicações, nos ter- constituir fator de julgamento;
mos do regulamento. IV - fixado no contrato de concessão ou no ato de per-
Art. 40. Os atos da Agência deverão ser sempre acom- missão, nos casos de inexigibilidade de licitação.
panhados da exposição formal dos motivos que os justifi- § 2º Após a criação do fundo de universalização dos
quem. serviços de telecomunicações mencionado no inciso II do
Art. 41. Os atos normativos somente produzirão efeito art. 81, parte do produto da arrecadação a que se refere
após publicação no Diário Oficial da União, e aqueles de o caput deste artigo será a ele destinada, nos termos da lei
alcance particular, após a correspondente notificação. correspondente.
Art. 42. As minutas de atos normativos serão subme- Art. 49. A Agência submeterá anualmente ao Ministé-
tidas à consulta pública, formalizada por publicação no rio das Comunicações a sua proposta de orçamento, bem
Diário Oficial da União, devendo as críticas e sugestões como a do FISTEL, que serão encaminhadas ao Ministério
merecer exame e permanecer à disposição do público na do Planejamento e Orçamento para inclusão no projeto de
Biblioteca. lei orçamentária anual a que se refere o § 5º do art. 165 da
Art. 43. Na invalidação de atos e contratos, será garan- Constituição Federal.
tida previamente a manifestação dos interessados. § 1º A Agência fará acompanhar as propostas orça-
Art. 44. Qualquer pessoa terá o direito de peticionar mentárias de um quadro demonstrativo do planejamento
ou de recorrer contra ato da Agência no prazo máximo de plurianual das receitas e despesas, visando ao seu equilí-
trinta dias, devendo a decisão da Agência ser conhecida em brio orçamentário e financeiro nos cinco exercícios subse-
até noventa dias. quentes.

123
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º O planejamento plurianual preverá o montante a d) no atendimento de outras despesas correntes e de


ser transferido ao fundo de universalização a que se refere capital por ela realizadas no exercício de sua competência.”
o inciso II do art. 81 desta Lei, e os saldos a serem transfe- “Art. 6°  As taxas de fiscalização a que se refere a alí-
ridos ao Tesouro Nacional. nea f do art. 2° são a de instalação e a de funcionamento.
§ 3º A lei orçamentária anual consignará as dotações § 1° Taxa de Fiscalização de Instalação é a devida pelas
para as despesas de custeio e capital da Agência, bem concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviços
como o valor das transferências de recursos do FISTEL ao de telecomunicações e de uso de radiofrequência, no mo-
Tesouro Nacional e ao fundo de universalização, relativos mento da emissão do certificado de licença para o funcio-
ao exercício a que ela se referir. namento das estações.
§ 4º As transferências a que se refere o parágrafo ante- § 2° Taxa de Fiscalização de Funcionamento é a devi-
rior serão formalmente feitas pela Agência ao final de cada da pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas de
mês. serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequência,
Art. 50. O Fundo de Fiscalização das Telecomunicações anualmente, pela fiscalização do funcionamento das esta-
- FISTEL, criado pela  Lei n° 5.070, de 7 de julho de 1966, ções.»
passará à administração exclusiva da Agência, a partir da “Art. 8° A Taxa de Fiscalização de Funcionamento será
data de sua instalação, com os saldos nele existentes, in- paga, anualmente, até o dia 31 de março, e seus valores se-
cluídas as receitas que sejam produto da cobrança a que rão os correspondentes a cinquenta por cento dos fixados
se refere o art. 14 da Lei nº 9.295, de 19 de julho de 1996. para a Taxa de Fiscalização de Instalação.
Art. 51. Os arts. 2°, 3°, 6° e seus parágrafos, o art. 8° e .......................................................................................
seu § 2°, e o art. 13, da Lei n° 5.070, de 7 de julho de 1966, § 2° O não-pagamento da Taxa de Fiscalização de Fun-
passam a ter a seguinte redação: cionamento no prazo de sessenta dias após a notificação
“Art. 2° O Fundo de Fiscalização das Telecomunicações da Agência determinará a caducidade da concessão, per-
- FISTEL é constituído das seguintes fontes: missão ou autorização, sem que caiba ao interessado o di-
reito a qualquer indenização.
a) dotações consignadas no Orçamento Geral da União,
.....................................................................................”
créditos especiais, transferências e repasses que lhe forem
“Art. 13. São isentos do pagamento das taxas do FISTEL
conferidos;
a Agência Nacional de Telecomunicações, as Forças Arma-
b) o produto das operações de crédito que contratar,
das, a Polícia Federal, as Polícias Militares, a Polícia Rodo-
no País e no exterior, e rendimentos de operações financei-
viária Federal, as Polícias Civis e os Corpos de Bombeiros
ras que realizar;
Militares.»
c) relativas ao exercício do poder concedente dos servi- Art. 52. Os valores das taxas de fiscalização de instala-
ços de telecomunicações, no regime público, inclusive pa- ção e de funcionamento, constantes do Anexo I da Lei n°
gamentos pela outorga, multas e indenizações; 5.070, de 7 de julho de 1966, passam a ser os da Tabela do
d) relativas ao exercício da atividade ordenadora da ex- Anexo III desta Lei.
ploração de serviços de telecomunicações, no regime pri- Parágrafo único. A nomenclatura dos serviços relacio-
vado, inclusive pagamentos pela expedição de autorização nados na Tabela vigorará até que nova regulamentação
de serviço, multas e indenizações; seja editada, com base nesta Lei.
e) relativas ao exercício do poder de outorga do direito Art. 53. Os valores de que tratam as  alíneas i  e  j do
de uso de radiofrequência para qualquer fim, inclusive mul- art. 2° da Lei n° 5.070, de 7 de julho de 1966, com a reda-
tas e indenizações; ção dada por esta Lei, serão estabelecidos pela Agência.
f) taxas de fiscalização;
g) recursos provenientes de convênios, acordos e con- TÍTULO VI
tratos celebrados com entidades, organismos e empresas, DAS CONTRATAÇÕES
públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras;
h) doações, legados, subvenções e outros recursos que Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenha-
lhe forem destinados; ria civil está sujeita ao procedimento das licitações previsto
i) o produto dos emolumentos, preços ou multas, os em lei geral para a Administração Pública.
valores apurados na venda ou locação de bens, bem assim Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a
os decorrentes de publicações, dados e informações técni- Agência poderá utilizar procedimentos próprios de contra-
cas, inclusive para fins de licitação; tação, nas modalidades de consulta e pregão.
j) decorrentes de quantias recebidas pela aprovação de Art. 55. A consulta e o pregão serão disciplinados pela
laudos de ensaio de produtos e pela prestação de serviços Agência, observadas as disposições desta Lei e, especial-
técnicos por órgãos da Agência Nacional de Telecomuni- mente:  (Vide Lei nº 9.986, de 2000)
cações; I - a finalidade do procedimento licitatório é, por meio
l) rendas eventuais.” de disputa justa entre interessados, obter um contrato eco-
“Art. 3° Além das transferências para o Tesouro Nacio- nômico, satisfatório e seguro para a Agência;
nal e para o fundo de universalização das telecomunica- II - o instrumento convocatório identificará o objeto do
ções, os recursos do Fundo de Fiscalização das Telecomu- certame, circunscreverá o universo de proponentes, esta-
nicações - FISTEL serão aplicados pela Agência Nacional de belecerá critérios para aceitação e julgamento de propos-
Telecomunicações exclusivamente: tas, regulará o procedimento, indicará as sanções aplicáveis
................................................................................... e fixará as cláusulas do contrato;

124
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

III - o objeto será determinado de forma precisa, sufi- LIVRO III


ciente e clara, sem especificações que, por excessivas, irre- DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMU-
levantes ou desnecessárias, limitem a competição; NICAÇÕES
IV - a qualificação, exigida indistintamente dos propo- TÍTULO I
nentes, deverá ser compatível e proporcional ao objeto, vi- DISPOSIÇÕES GERAIS
sando à garantia do cumprimento das futuras obrigações; Capítulo I
V - como condição de aceitação da proposta, o inte- Das Definições
ressado declarará estar em situação regular perante as Fa-
zendas Públicas e a Seguridade Social, fornecendo seus có- Art. 60. Serviço de telecomunicações é o conjunto de
digos de inscrição, exigida a comprovação como condição atividades que possibilita a oferta de telecomunicação.
indispensável à assinatura do contrato; § 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou re-
VI - o julgamento observará os princípios de vinculação cepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qual-
ao instrumento convocatório, comparação objetiva e justo quer outro processo eletromagnético, de símbolos, ca-
preço, sendo o empate resolvido por sorteio; racteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de
VII - as regras procedimentais assegurarão adequada qualquer natureza.
divulgação do instrumento convocatório, prazos razoáveis § 2° Estação de telecomunicações é o conjunto de
para o preparo de propostas, os direitos ao contraditório e equipamentos ou aparelhos, dispositivos e demais meios
ao recurso, bem como a transparência e fiscalização; necessários à realização de telecomunicação, seus acessó-
VIII - a habilitação e o julgamento das propostas po- rios e periféricos, e, quando for o caso, as instalações que
derão ser decididos em uma única fase, podendo a habili- os abrigam e complementam, inclusive terminais portáteis.
tação, no caso de pregão, ser verificada apenas em relação Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que
ao licitante vencedor; acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá
IX - quando o vencedor não celebrar o contrato, serão suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades
chamados os demais participantes na ordem de classifica- relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação,
ção; movimentação ou recuperação de informações.
X - somente serão aceitos certificados de registro ca- § 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço
dastral expedidos pela Agência, que terão validade por de telecomunicações, classificando-se seu provedor como
dois anos, devendo o cadastro estar sempre aberto à ins-
usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá supor-
crição dos interessados.
te, com os direitos e deveres inerentes a essa condição.
Art. 56. A disputa pelo fornecimento de bens e servi-
§ 2° É assegurado aos interessados o uso das redes de
ços comuns poderá ser feita em licitação na modalidade
serviços de telecomunicações para prestação de serviços
de pregão, restrita aos previamente cadastrados, que serão
de valor adicionado, cabendo à Agência, para assegurar
chamados a formular lances em sessão pública.      (Vide Lei
nº 9.986, de 2000) esse direito, regular os condicionamentos, assim como o
Parágrafo único. Encerrada a etapa competitiva, a Co- relacionamento entre aqueles e as prestadoras de serviço
missão examinará a melhor oferta quanto ao objeto, forma de telecomunicações.
e valor.
Art. 57. Nas seguintes hipóteses, o pregão será aber- Capítulo II
to a quaisquer interessados, independentemente de ca- Da Classificação
dastramento, verificando-se a um só tempo, após a etapa
competitiva, a qualificação subjetiva e a aceitabilidade da Art. 62. Quanto à abrangência dos interesses a que
proposta:   (Vide Lei nº 9.986, de 2000) atendem, os serviços de telecomunicações classificam-se
I - para a contratação de bens e serviços comuns de em serviços de interesse coletivo e serviços de interesse
alto valor, na forma do regulamento; restrito.
II - quando o número de cadastrados na classe for in- Parágrafo único. Os serviços de interesse restrito es-
ferior a cinco; tarão sujeitos aos condicionamentos necessários para que
III - para o registro de preços, que terá validade por até sua exploração não prejudique o interesse coletivo.
dois anos; Art. 63. Quanto ao regime jurídico de sua prestação, os
IV - quando o Conselho Diretor assim o decidir. serviços de telecomunicações classificam-se em públicos e
Art. 58. A licitação na modalidade de consulta tem por privados.
objeto o fornecimento de bens e serviços não compreendi- Parágrafo único. Serviço de telecomunicações em re-
dos nos arts. 56 e 57.    (Vide Lei nº 9.986, de 2000) gime público é o prestado mediante concessão ou per-
Parágrafo único. A decisão ponderará o custo e o be- missão, com atribuição a sua prestadora de obrigações de
nefício de cada proposta, considerando a qualificação do universalização e de continuidade.
proponente. Art. 64. Comportarão prestação no regime público as
Art. 59. A Agência poderá utilizar, mediante contrato, modalidades de serviço de telecomunicações de interesse
técnicos ou empresas especializadas, inclusive consultores coletivo, cuja existência, universalização e continuidade a
independentes e auditores externos, para executar ativi- própria União comprometa-se a assegurar.
dades de sua competência, vedada a contratação para as Parágrafo único. Incluem-se neste caso as diversas mo-
atividades de fiscalização, salvo para as correspondentes dalidades do serviço telefônico fixo comutado, de qualquer
atividades de apoio. âmbito, destinado ao uso do público em geral.

125
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 65. Cada modalidade de serviço será destinada à Art. 73. As prestadoras de serviços de telecomunica-
prestação: ções de interesse coletivo terão direito à utilização de pos-
I - exclusivamente no regime público; tes, dutos, condutos e servidões pertencentes ou controla-
II - exclusivamente no regime privado; ou dos por prestadora de serviços de telecomunicações ou de
III - concomitantemente nos regimes público e privado. outros serviços de interesse público, de forma não discrimi-
§ 1° Não serão deixadas à exploração apenas em re- natória e a preços e condições justos e razoáveis.       (Vide
gime privado as modalidades de serviço de interesse co- Lei nº 11.934, de 2009)
letivo que, sendo essenciais, estejam sujeitas a deveres de Parágrafo único. Caberá ao órgão regulador do ces-
universalização. sionário dos meios a serem utilizados definir as condições
§ 2° A exclusividade ou concomitância a que se refere para adequado atendimento do disposto no caput.
o caput poderá ocorrer em âmbito nacional, regional, local Art.   74. A concessão, permissão ou autorização de
ou em áreas determinadas. serviço de telecomunicações não isenta a prestadora do
Art. 66. Quando um serviço for, ao mesmo tempo, ex- atendimento às normas de engenharia e às leis municipais,
plorado nos regimes público e privado, serão adotadas estaduais ou distritais relativas à construção civil.     (Reda-
medidas que impeçam a inviabilidade econômica de sua ção dada pela Lei nº 13.116, de 2015)
prestação no regime público. Art. 75. Independerá de concessão, permissão ou auto-
Art. 67. Não comportarão prestação no regime público rização a atividade de telecomunicações restrita aos limites
os serviços de telecomunicações de interesse restrito. de uma mesma edificação ou propriedade móvel ou imó-
Art. 68. É vedada, a uma mesma pessoa jurídica, a ex- vel, conforme dispuser a Agência.
ploração, de forma direta ou indireta, de uma mesma mo- Art. 76. As empresas prestadoras de serviços e os fa-
dalidade de serviço nos regimes público e privado, salvo bricantes de produtos de telecomunicações que investirem
em regiões, localidades ou áreas distintas. em projetos de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, na
área de telecomunicações, obterão incentivos nas condi-
Capítulo III ções fixadas em lei.
Das Regras Comuns Art. 77. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso
Nacional, no prazo de cento e vinte dias da publicação des-
Art. 69. As modalidades de serviço serão definidas pela ta Lei, mensagem de criação de um fundo para o desenvol-
Agência em função de sua finalidade, âmbito de prestação, vimento tecnológico das telecomunicações brasileiras, com
forma, meio de transmissão, tecnologia empregada ou de
o objetivo de estimular a pesquisa e o desenvolvimento
outros atributos.
de novas tecnologias, incentivar a capacitação dos recursos
Parágrafo único. Forma de telecomunicação é o modo
humanos, fomentar a geração de empregos e promover
específico de transmitir informação, decorrente de carac-
o acesso de pequenas e médias empresas a recursos de
terísticas particulares de transdução, de transmissão, de
capital, de modo a ampliar a competição na indústria de
apresentação da informação ou de combinação destas,
telecomunicações.
considerando-se formas de telecomunicação, entre outras,
a telefonia, a telegrafia, a comunicação de dados e a trans- Art. 78. A fabricação e o desenvolvimento no País de
missão de imagens. produtos de telecomunicações serão estimulados median-
Art. 70. Serão coibidos os comportamentos prejudiciais te adoção de instrumentos de política creditícia, fiscal e
à competição livre, ampla e justa entre as prestadoras do aduaneira.
serviço, no regime público ou privado, em especial:
I - a prática de subsídios para redução artificial de pre- TÍTULO II
ços; DOS SERVIÇOS PRESTADOS EM REGIME PÚBLICO
II - o uso, objetivando vantagens na competição, de Capítulo I
informações obtidas dos concorrentes, em virtude de acor- Das Obrigações de Universalização e de Continui-
dos de prestação de serviço; dade
III - a omissão de informações técnicas e comerciais
relevantes à prestação de serviços por outrem. Art. 79. A Agência regulará as obrigações de univer-
Art. 71. Visando a propiciar competição efetiva e a im- salização e de continuidade atribuídas às prestadoras de
pedir a concentração econômica no mercado, a Agência serviço no regime público.
poderá estabelecer restrições, limites ou condições a em- § 1° Obrigações de universalização são as que objeti-
presas ou grupos empresariais quanto à obtenção e trans- vam possibilitar o acesso de qualquer pessoa ou instituição
ferência de concessões, permissões e autorizações. de interesse público a serviço de telecomunicações, inde-
Art. 72. Apenas na execução de sua atividade, a presta- pendentemente de sua localização e condição socioeco-
dora poderá valer-se de informações relativas à utilização nômica, bem como as destinadas a permitir a utilização
individual do serviço pelo usuário. das telecomunicações em serviços essenciais de interesse
§ 1° A divulgação das informações individuais depen- público.
derá da anuência expressa e específica do usuário. § 2° Obrigações de continuidade são as que objetivam
§ 2° A prestadora poderá divulgar a terceiros informa- possibilitar aos usuários dos serviços sua fruição de for-
ções agregadas sobre o uso de seus serviços, desde que ma ininterrupta, sem paralisações injustificadas, devendo
elas não permitam a identificação, direta ou indireta, do os serviços estar à disposição dos usuários, em condições
usuário, ou a violação de sua intimidade. adequadas de uso.

126
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 80. As obrigações de universalização serão objeto Art. 84. As concessões não terão caráter de exclusivi-
de metas periódicas, conforme plano específico elaborado dade, devendo obedecer ao plano geral de outorgas, com
pela Agência e aprovado pelo Poder Executivo, que deverá definição quanto à divisão do País em áreas, ao número de
referir-se, entre outros aspectos, à disponibilidade de ins- prestadoras para cada uma delas, seus prazos de vigência e
talações de uso coletivo ou individual, ao atendimento de os prazos para admissão de novas prestadoras.
deficientes físicos, de instituições de caráter público ou so- § 1° As áreas de exploração, o número de prestadoras,
cial, bem como de áreas rurais ou de urbanização precária os prazos de vigência das concessões e os prazos para ad-
e de regiões remotas. missão de novas prestadoras serão definidos consideran-
§ 1º O plano detalhará as fontes de financiamento das do-se o ambiente de competição, observados o princípio
do maior benefício ao usuário e o interesse social e econô-
obrigações de universalização, que serão neutras em rela-
mico do País, de modo a propiciar a justa remuneração da
ção à competição, no mercado nacional, entre prestadoras. prestadora do serviço no regime público.
§ 2º Os recursos do fundo de universalização de que § 2° A oportunidade e o prazo das outorgas serão de-
trata o inciso II do art. 81 não poderão ser destinados à terminados de modo a evitar o vencimento concomitante
cobertura de custos com universalização dos serviços que, das concessões de uma mesma área.
nos termos do contrato de concessão, a própria prestadora Art. 85. Cada modalidade de serviço será objeto de
deva suportar. concessão distinta, com clara determinação dos direitos e
Art. 81. Os recursos complementares destinados a co- deveres da concessionária, dos usuários e da Agência.
brir a parcela do custo exclusivamente atribuível ao cum- Art. 86.  A concessão somente poderá ser outorgada a
primento das obrigações de universalização de prestadora empresa constituída segundo as leis brasileiras, com sede e
de serviço de telecomunicações, que não possa ser recu- administração no País, criada para explorar exclusivamente
perada com a exploração eficiente do serviço, poderão ser serviços de telecomunicações.       (Redação dada pela Lei
oriundos das seguintes fontes: nº 12.485, de 2011)
Parágrafo único.  Os critérios e condições para a pres-
I - Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito
tação de outros serviços de telecomunicações diretamente
Federal e dos Municípios;
pela concessionária obedecerão, entre outros, aos seguin-
II - fundo especificamente constituído para essa fina- tes princípios, de acordo com regulamentação da Ana-
lidade, para o qual contribuirão prestadoras de serviço de tel:   (Redação dada pela Lei nº 12.485, de 2011)
telecomunicações nos regimes público e privado, nos ter- I - garantia dos interesses dos usuários, nos mecanis-
mos da lei, cuja mensagem de criação deverá ser enviada mos de reajuste e revisão das tarifas, mediante o compar-
ao Congresso Nacional, pelo Poder Executivo, no prazo de tilhamento dos ganhos econômicos advindos da racionali-
cento e vinte dias após a publicação desta Lei. zação decorrente da prestação de outros serviços de tele-
Parágrafo único. Enquanto não for constituído o fundo comunicações, ou ainda mediante a transferência integral
a que se refere o inciso II do caput, poderão ser adotadas dos ganhos econômicos que não decorram da eficiência
também as seguintes fontes: ou iniciativa empresarial, observados os termos dos §§ 2o e
I - subsídio entre modalidades de serviços de teleco- 3o  do art. 108 desta Lei;   (Incluído pela Lei nº 12.485, de
municações ou entre segmentos de usuários; 2011)
II - atuação do poder público para propiciar a livre, am-
II - pagamento de adicional ao valor de interconexão.
pla e justa competição, reprimidas as infrações da ordem
Art. 82. O descumprimento das obrigações relaciona-
econômica, nos termos do art. 6o desta Lei;      (Incluído pela
das à universalização e à continuidade ensejará a aplicação Lei nº 12.485, de 2011)
de sanções de multa, caducidade ou decretação de inter- III - existência de mecanismos que assegurem o ade-
venção, conforme o caso. quado controle público no que tange aos bens reversí-
veis. (Incluído pela Lei nº 12.485, de 2011)
Capítulo II Art. 87. A outorga a empresa ou grupo empresarial
Da Concessão que, na mesma região, localidade ou área, já preste a mes-
Seção I ma modalidade de serviço, será condicionada à assunção
Da outorga do compromisso de, no prazo máximo de dezoito meses,
contado da data de assinatura do contrato, transferir a ou-
Art. 83. A exploração do serviço no regime público de- trem o serviço anteriormente explorado, sob pena de sua
penderá de prévia outorga, pela Agência, mediante con- caducidade e de outras sanções previstas no processo de
cessão, implicando esta o direito de uso das radiofrequên- outorga.
Art. 88. As concessões serão outorgadas mediante li-
cias necessárias, conforme regulamentação.
citação.
Parágrafo único. Concessão de serviço de telecomuni- Art. 89. A licitação será disciplinada pela Agência, ob-
cações é a delegação de sua prestação, mediante contrato, servados os princípios constitucionais, as disposições desta
por prazo determinado, no regime público, sujeitando-se Lei e, especialmente:
a concessionária aos riscos empresariais, remunerando-se I - a finalidade do certame é, por meio de disputa entre
pela cobrança de tarifas dos usuários ou por outras receitas os interessados, escolher quem possa executar, expandir e
alternativas e respondendo diretamente pelas suas obriga- universalizar o serviço no regime público com eficiência,
ções e pelos prejuízos que causar. segurança e a tarifas razoáveis;

127
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

II - a minuta de instrumento convocatório será subme- Seção II


tida a consulta pública prévia; Do contrato
III - o instrumento convocatório identificará o serviço
objeto do certame e as condições de sua prestação, expan- Art. 93. O contrato de concessão indicará:
são e universalização, definirá o universo de proponentes, I - objeto, área e prazo da concessão;
estabelecerá fatores e critérios para aceitação e julgamen- II - modo, forma e condições da prestação do serviço;
to de propostas, regulará o procedimento, determinará a III - regras, critérios, indicadores, fórmulas e parâme-
quantidade de fases e seus objetivos, indicará as sanções tros definidores da implantação, expansão, alteração e mo-
aplicáveis e fixará as cláusulas do contrato de concessão; dernização do serviço, bem como de sua qualidade;
IV - as qualificações técnico-operacional ou profis- IV - deveres relativos à universalização e à continuida-
sional e econômico-financeira, bem como as garantias da de do serviço;
proposta e do contrato, exigidas indistintamente dos pro- V - o valor devido pela outorga, a forma e as condições
ponentes, deverão ser compatíveis com o objeto e propor- de pagamento;
cionais a sua natureza e dimensão; VI - as condições de prorrogação, incluindo os critérios
V - o interessado deverá comprovar situação regular
para fixação do valor;
perante as Fazendas Públicas e a Seguridade Social;
VII - as tarifas a serem cobradas dos usuários e os cri-
VI - a participação de consórcio, que se constituirá em
térios para seu reajuste e revisão;
empresa antes da outorga da concessão, será sempre ad-
mitida; VIII - as possíveis receitas alternativas, complementa-
VII - o julgamento atenderá aos princípios de vincula- res ou acessórias, bem como as provenientes de projetos
ção ao instrumento convocatório e comparação objetiva; associados;
VIII - os fatores de julgamento poderão ser, isolada IX - os direitos, as garantias e as obrigações dos usuá-
ou conjugadamente, os de menor tarifa, maior oferta pela rios, da Agência e da concessionária;
outorga, melhor qualidade dos serviços e melhor atendi- X - a forma da prestação de contas e da fiscalização;
mento da demanda, respeitado sempre o princípio da ob- XI - os bens reversíveis, se houver;
jetividade; XII - as condições gerais para interconexão;
IX - o empate será resolvido por sorteio; XIII - a obrigação de manter, durante a execução do
X - as regras procedimentais assegurarão a adequada contrato, todas as condições de habilitação exigidas na li-
divulgação do instrumento convocatório, prazos compatí- citação;
veis com o preparo de propostas e os direitos ao contradi- XIV - as sanções;
tório, ao recurso e à ampla defesa. XV - o foro e o modo para solução extrajudicial das
Art. 90. Não poderá participar da licitação ou receber divergências contratuais.
outorga de concessão a empresa proibida de licitar ou Parágrafo único. O contrato será publicado resumida-
contratar com o Poder Público ou que tenha sido decla- mente no Diário Oficial da União, como condição de sua
rada inidônea, bem como aquela que tenha sido punida eficácia.
nos dois anos anteriores com a decretação de caducida- Art. 94. No cumprimento de seus deveres, a concessio-
de de concessão, permissão ou autorização de serviço de nária poderá, observadas as condições e limites estabele-
telecomunicações, ou da caducidade de direito de uso de cidos pela Agência:
radiofrequência. I - empregar, na execução dos serviços, equipamentos
Art. 91. A licitação será inexigível quando, mediante e infra-estrutura que não lhe pertençam;
processo administrativo conduzido pela Agência, a disputa II - contratar com terceiros o desenvolvimento de ativi-
for considerada inviável ou desnecessária. dades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço,
§ 1° Considera-se inviável a disputa quando apenas um
bem como a implementação de projetos associados.
interessado puder realizar o serviço, nas condições estipu-
§ 1° Em qualquer caso, a concessionária continuará
ladas.
sempre responsável perante a Agência e os usuários.
§ 2° Considera-se desnecessária a disputa nos casos
em que se admita a exploração do serviço por todos os § 2° Serão regidas pelo direito comum as relações da
interessados que atendam às condições requeridas. concessionária com os terceiros, que não terão direitos
§ 3° O procedimento para verificação da inexigibilidade frente à Agência, observado o disposto no art. 117 desta
compreenderá chamamento público para apurar o número Lei.
de interessados. Art. 95. A Agência concederá prazos adequados para
Art. 92. Nas hipóteses de inexigibilidade de licitação, a adaptação da concessionária às novas obrigações que lhe
outorga de concessão dependerá de procedimento admi- sejam impostas.
nistrativo sujeito aos princípios da publicidade, moralida- Art. 96. A concessionária deverá:
de, impessoalidade e contraditório, para verificar o preen- I - prestar informações de natureza técnica, operacio-
chimento das condições relativas às qualificações técni- nal, econômico-financeira e contábil, ou outras pertinentes
co-operacional ou profissional e econômico-financeira, à que a Agência solicitar;
regularidade fiscal e às garantias do contrato. II - manter registros contábeis separados por serviço,
Parágrafo único. As condições deverão ser compatíveis caso explore mais de uma modalidade de serviço de tele-
com o objeto e proporcionais a sua natureza e dimensão. comunicações;

128
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

III - submeter à aprovação da Agência a minuta de con- Art. 101. A alienação, oneração ou substituição de bens
trato-padrão a ser celebrado com os usuários, bem como reversíveis dependerá de prévia aprovação da Agência.
os acordos operacionais que pretenda firmar com presta- Art. 102. A extinção da concessão transmitirá automati-
doras estrangeiras; camente à União a posse dos bens reversíveis.
IV - divulgar relação de assinantes, observado o dis- Parágrafo único. A reversão dos bens, antes de expi-
posto nos incisos VI e IX do art. 3°, bem como o art. 213, rado o prazo contratual, importará pagamento de indeni-
desta Lei; zação pelas parcelas de investimentos a eles vinculados,
V - submeter-se à regulamentação do serviço e à sua ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido
fiscalização; realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
VI - apresentar relatórios periódicos sobre o atendi- atualidade do serviço concedido.
mento das metas de universalização constantes do contra-
to de concessão. Seção IV
Art. 97. Dependerão de prévia aprovação da Agência a Das tarifas
cisão, a fusão, a transformação, a incorporação, a redução
do capital da empresa ou a transferência de seu controle Art. 103. Compete à Agência estabelecer a estrutura
societário. tarifária para cada modalidade de serviço.
Parágrafo único. A aprovação será concedida se a me- § 1° A fixação, o reajuste e a revisão das tarifas poderão
dida não for prejudicial à competição e não colocar em ris- basear-se em valor que corresponda à média ponderada
co a execução do contrato, observado o disposto no art. 7° dos valores dos itens tarifários.
desta Lei. § 2° São vedados os subsídios entre modalidades de
Art. 98. O contrato de concessão poderá ser transferido serviços e segmentos de usuários, ressalvado o disposto no
após a aprovação da Agência desde que, cumulativamente: parágrafo único do art. 81 desta Lei.
I - o serviço esteja em operação, há pelo menos três § 3° As tarifas serão fixadas no contrato de concessão,
anos, com o cumprimento regular das obrigações; consoante edital ou proposta apresentada na licitação.
II - o cessionário preencha todos os requisitos da ou- § 4° Em caso de outorga sem licitação, as tarifas serão
torga, inclusive quanto às garantias, à regularidade jurídica
fixadas pela Agência e constarão do contrato de concessão.
e fiscal e à qualificação técnica e econômico-financeira;
Art. 104. Transcorridos ao menos três anos da celebra-
III - a medida não prejudique a competição e não colo-
ção do contrato, a Agência poderá, se existir ampla e efeti-
que em risco a execução do contrato, observado o dispos-
va competição entre as prestadoras do serviço, submeter a
to no art. 7° desta Lei.
concessionária ao regime de liberdade tarifária.
Art. 99. O prazo máximo da concessão será de vinte
§ 1° No regime a que se refere o caput, a concessioná-
anos, podendo ser prorrogado, uma única vez, por igual
ria poderá determinar suas próprias tarifas, devendo co-
período, desde que a concessionária tenha cumprido as
municá-las à Agência com antecedência de sete dias de
condições da concessão e manifeste expresso interesse na
prorrogação, pelo menos, trinta meses antes de sua expi- sua vigência.
ração. § 2° Ocorrendo aumento arbitrário dos lucros ou prá-
§ 1° A prorrogação do prazo da concessão implicará ticas prejudiciais à competição, a Agência restabelecerá o
pagamento, pela concessionária, pelo direito de explora- regime tarifário anterior, sem prejuízo das sanções cabíveis.
ção do serviço e pelo direito de uso das radiofrequências Art. 105. Quando da implantação de novas prestações,
associadas, e poderá, a critério da Agência, incluir novos utilidades ou comodidades relativas ao objeto da conces-
condicionamentos, tendo em vista as condições vigentes são, suas tarifas serão previamente levadas à Agência, para
à época. aprovação, com os estudos correspondentes.
§ 2° A desistência do pedido de prorrogação sem justa Parágrafo único. Considerados os interesses dos usuá-
causa, após seu deferimento, sujeitará a concessionária à rios, a Agência poderá decidir por fixar as tarifas ou por
pena de multa. submetê-las ao regime de liberdade tarifária, sendo vedada
§ 3° Em caso de comprovada necessidade de reorgani- qualquer cobrança antes da referida aprovação.
zação do objeto ou da área da concessão para ajustamento Art. 106. A concessionária poderá cobrar tarifa inferior
ao plano geral de outorgas ou à regulamentação vigente, à fixada desde que a redução se baseie em critério objeti-
poderá a Agência indeferir o pedido de prorrogação. vo e favoreça indistintamente todos os usuários, vedado o
abuso do poder econômico.
Seção III Art. 107. Os descontos de tarifa somente serão admi-
Dos bens tidos quando extensíveis a todos os usuários que se en-
quadrem nas condições, precisas e isonômicas, para sua
Art. 100. Poderá ser declarada a utilidade pública, para fruição.
fins de desapropriação ou instituição de servidão, de bens Art. 108. Os mecanismos para reajuste e revisão das
imóveis ou móveis, necessários à execução do serviço, ca- tarifas serão previstos nos contratos de concessão, obser-
bendo à concessionária a implementação da medida e o vando-se, no que couber, a legislação específica.
pagamento da indenização e das demais despesas envol- § 1° A redução ou o desconto de tarifas não ensejará
vidas. revisão tarifária.

129
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2° Serão compartilhados com os usuários, nos termos Seção VI


regulados pela Agência, os ganhos econômicos decorren- Da extinção
tes da modernização, expansão ou racionalização dos ser-
viços, bem como de novas receitas alternativas. Art. 112. A concessão extinguir-se-á por advento do
§ 3° Serão transferidos integralmente aos usuários os termo contratual, encampação, caducidade, rescisão e anu-
ganhos econômicos que não decorram diretamente da efi- lação.
ciência empresarial, em casos como os de diminuição de Parágrafo único. A extinção devolve à União os direitos
tributos ou encargos legais e de novas regras sobre os ser- e deveres relativos à prestação do serviço.
viços. Art. 113. Considera-se encampação a retomada do
§ 4º A oneração causada por novas regras sobre os ser- serviço pela União durante o prazo da concessão, em face
viços, pela álea econômica extraordinária, bem como pelo de razão extraordinária de interesse público, mediante lei
aumento dos encargos legais ou tributos, salvo o imposto autorizativa específica e após o pagamento de prévia in-
sobre a renda, implicará a revisão do contrato. denização.
Art. 109. A Agência estabelecerá: Art. 114. A caducidade da concessão será decretada
I - os mecanismos para acompanhamento das tarifas pela Agência nas hipóteses:
praticadas pela concessionária, inclusive a antecedência a I - de infração do disposto no art. 97 desta Lei ou de
ser observada na comunicação de suas alterações; dissolução ou falência da concessionária;
II - os casos de serviço gratuito, como os de emergên- II - de transferência irregular do contrato;
cia; III - de não-cumprimento do compromisso de transfe-
III - os mecanismos para garantir a publicidade das ta- rência a que se refere o art. 87 desta Lei;
rifas. IV - em que a intervenção seria cabível, mas sua decre-
tação for inconveniente, inócua, injustamente benéfica ao
Seção V concessionário ou desnecessária.
Da intervenção § 1° Será desnecessária a intervenção quando a de-
manda pelos serviços objeto da concessão puder ser aten-
Art. 110. Poderá ser decretada intervenção na conces- dida por outras prestadoras de modo regular e imediato.
sionária, por ato da Agência, em caso de: § 2° A decretação da caducidade será precedida de
I - paralisação injustificada dos serviços; procedimento administrativo instaurado pela Agência, em
II - inadequação ou insuficiência dos serviços presta-
que se assegure a ampla defesa da concessionária.
dos, não resolvidas em prazo razoável;
Art. 115. A concessionária terá direito à rescisão quan-
III - desequilíbrio econômico-financeiro decorrente de
do, por ação ou omissão do Poder Público, a execução do
má administração que coloque em risco a continuidade
contrato se tornar excessivamente onerosa.
dos serviços;
Parágrafo único. A rescisão poderá ser realizada amigá-
IV - prática de infrações graves;
V - inobservância de atendimento das metas de uni- vel ou judicialmente.
versalização; Art. 116. A anulação será decretada pela Agência em
VI - recusa injustificada de interconexão; caso de irregularidade insanável e grave do contrato de
VII - infração da ordem econômica nos termos da le- concessão.
gislação própria. Art. 117. Extinta a concessão antes do termo contra-
Art. 111. O ato de intervenção indicará seu prazo, seus tual, a Agência, sem prejuízo de outras medidas cabíveis,
objetivos e limites, que serão determinados em função das poderá:
razões que a ensejaram, e designará o interventor. I - ocupar, provisoriamente, bens móveis e imóveis e
§ 1° A decretação da intervenção não afetará o curso valer-se de pessoal empregado na prestação dos serviços,
regular dos negócios da concessionária nem seu normal necessários a sua continuidade;
funcionamento e produzirá, de imediato, o afastamento de II - manter contratos firmados pela concessionária com
seus administradores. terceiros, com fundamento nos incisos I e II do art. 94 desta
§ 2° A intervenção será precedida de procedimento ad- Lei, pelo prazo e nas condições inicialmente ajustadas.
ministrativo instaurado pela Agência, em que se assegure Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
a ampla defesa da concessionária, salvo quando decretada os terceiros que não cumprirem com as obrigações assumi-
cautelarmente, hipótese em que o procedimento será ins- das responderão pelo inadimplemento.
taurado na data da intervenção e concluído em até cento
e oitenta dias. Capítulo III
§ 3° A intervenção poderá ser exercida por um colegia- Da Permissão
do ou por uma empresa, cuja remuneração será paga com
recursos da concessionária. Art. 118. Será outorgada permissão, pela Agência, para
§ 4° Dos atos do interventor caberá recurso à Agência. prestação de serviço de telecomunicações em face de si-
§ 5° Para os atos de alienação e disposição do patrimô- tuação excepcional comprometedora do funcionamento
nio da concessionária, o interventor necessitará de prévia do serviço que, em virtude de suas peculiaridades, não
autorização da Agência. possa ser atendida, de forma conveniente ou em prazo
§ 6° O interventor prestará contas e responderá pelos adequado, mediante intervenção na empresa concessioná-
atos que praticar. ria ou mediante outorga de nova concessão.

130
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. Permissão de serviço de telecomuni- Art. 127. A disciplina da exploração dos serviços no
cações é o ato administrativo pelo qual se atribui a alguém regime privado terá por objetivo viabilizar o cumprimento
o dever de prestar serviço de telecomunicações no regime das leis, em especial das relativas às telecomunicações, à
público e em caráter transitório, até que seja normalizada a ordem econômica e aos direitos dos consumidores, desti-
situação excepcional que a tenha ensejado. nando-se a garantir:
Art. 119. A permissão será precedida de procedimento I - a diversidade de serviços, o incremento de sua ofer-
licitatório simplificado, instaurado pela Agência, nos ter- ta e sua qualidade;
mos por ela regulados, ressalvados os casos de inexigibili-
II - a competição livre, ampla e justa;
dade previstos no art. 91, observado o disposto no art. 92,
desta Lei. III - o respeito aos direitos dos usuários;
Art. 120. A permissão será formalizada mediante assi- IV - a convivência entre as modalidades de serviço e
natura de termo, que indicará: entre prestadoras em regime privado e público, observada
I - o objeto e a área da permissão, bem como os prazos a prevalência do interesse público;
mínimo e máximo de vigência estimados; V - o equilíbrio das relações entre prestadoras e usuá-
II - modo, forma e condições da prestação do serviço; rios dos serviços;
III - as tarifas a serem cobradas dos usuários, critérios VI - a isonomia de tratamento às prestadoras;
para seu reajuste e revisão e as possíveis fontes de receitas VII - o uso eficiente do espectro de radiofrequências;
alternativas; VIII - o cumprimento da função social do serviço de in-
IV - os direitos, as garantias e as obrigações dos usuá-
teresse coletivo, bem como dos encargos dela decorrentes;
rios, do permitente e do permissionário;
IX - o desenvolvimento tecnológico e industrial do se-
V - as condições gerais de interconexão;
VI - a forma da prestação de contas e da fiscalização; tor;
VII - os bens entregues pelo permitente à administra- X - a permanente fiscalização.
ção do permissionário; Art. 128. Ao impor condicionamentos administrativos
VIII - as sanções; ao direito de exploração das diversas modalidades de ser-
IX - os bens reversíveis, se houver; viço no regime privado, sejam eles limites, encargos ou su-
X - o foro e o modo para solução extrajudicial das di- jeições, a Agência observará a exigência de mínima inter-
vergências. venção na vida privada, assegurando que:
Parágrafo único. O termo de permissão será publicado I - a liberdade será a regra, constituindo exceção as
resumidamente no Diário Oficial da União, como condição proibições, restrições e interferências do Poder Público;
de sua eficácia.
II - nenhuma autorização será negada, salvo por moti-
Art. 121. Outorgada permissão em decorrência de pro-
cedimento licitatório, a recusa injustificada pelo outorgado vo relevante;
em assinar o respectivo termo sujeitá-lo-á às sanções pre- III - os condicionamentos deverão ter vínculos, tanto
vistas no instrumento convocatório. de necessidade como de adequação, com finalidades pú-
Art. 122. A permissão extinguir-se-á pelo decurso do blicas específicas e relevantes;
prazo máximo de vigência estimado, observado o disposto IV - o proveito coletivo gerado pelo condicionamento
no art. 124 desta Lei, bem como por revogação, caducida- deverá ser proporcional à privação que ele impuser;
de e anulação. V - haverá relação de equilíbrio entre os deveres im-
Art. 123. A revogação deverá basear-se em razões de postos às prestadoras e os direitos a elas reconhecidos.
conveniência e oportunidade relevantes e supervenientes Art. 129. O preço dos serviços será livre, ressalvado o
à permissão. disposto no § 2° do art. 136 desta Lei, reprimindo-se toda
§ 1° A revogação, que poderá ser feita a qualquer mo-
prática prejudicial à competição, bem como o abuso do
mento, não dará direito a indenização.
§ 2° O ato revocatório fixará o prazo para o permissio- poder econômico, nos termos da legislação própria.
nário devolver o serviço, que não será inferior a sessenta Art. 130. A prestadora de serviço em regime privado
dias. não terá direito adquirido à permanência das condições
Art. 124. A permissão poderá ser mantida, mesmo ven- vigentes quando da expedição da autorização ou do iní-
cido seu prazo máximo, se persistir a situação excepcional cio das atividades, devendo observar os novos condiciona-
que a motivou. mentos impostos por lei e pela regulamentação.
Art. 125. A Agência disporá sobre o regime da permis- Parágrafo único. As normas concederão prazos sufi-
são, observados os princípios e objetivos desta Lei. cientes para adaptação aos novos condicionamentos.
Art. 130-A.  É facultado às prestadoras de serviço em
TÍTULO III
regime privado o aluguel de suas redes para implantação
DOS SERVIÇOS PRESTADOS EM REGIME PRIVADO
Capítulo I de sistema de localização de pessoas desaparecidas.    (In-
Do Regime Geral da Exploração cluído pela Lei nº 12.841, de 2013)
Parágrafo único.  O sistema a que se refere o caput des-
Art. 126. A exploração de serviço de telecomunicações te artigo está sujeito às regras de mercado, nos termos do
no regime privado será baseada nos princípios constitucio- art. 129 desta Lei.       (Incluído pela Lei nº 12.841, de 2013)
nais da atividade econômica.

131
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Capítulo II § 1° A Agência determinará as regiões, localidades ou


Da Autorização de Serviço de Telecomunicações áreas abrangidas pela limitação e disporá sobre a possibili-
Seção I dade de a prestadora atuar em mais de uma delas.
Da obtenção § 2° As prestadoras serão selecionadas mediante pro-
cedimento licitatório, na forma estabelecida nos arts. 88 a
Art. 131. A exploração de serviço no regime privado 92, sujeitando-se a transferência da autorização às mesmas
dependerá de prévia autorização da Agência, que acarreta- condições estabelecidas no art. 98, desta Lei.
rá direito de uso das radiofrequências necessárias. § 3° Dos vencedores da licitação será exigida contra-
§ 1° Autorização de serviço de telecomunicações é o partida proporcional à vantagem econômica que usufruí-
ato administrativo vinculado que faculta a exploração, no rem, na forma de compromissos de interesse dos usuários.
regime privado, de modalidade de serviço de telecomuni- Art. 137. O descumprimento de condições ou de com-
cações, quando preenchidas as condições objetivas e sub- promissos assumidos, associados à autorização, sujeitará a
jetivas necessárias. prestadora às sanções de multa, suspensão temporária ou
§ 2° A Agência definirá os casos que independerão de caducidade.
autorização.
§ 3° A prestadora de serviço que independa de autori- Seção II
zação comunicará previamente à Agência o início de suas Da extinção
atividades, salvo nos casos previstos nas normas corres-
pondentes. Art. 138. A autorização de serviço de telecomunicações
§ 4° A eficácia da autorização dependerá da publicação não terá sua vigência sujeita a termo final, extinguindo-se
de extrato no Diário Oficial da União. somente por cassação, caducidade, decaimento, renúncia
Art. 132. São condições objetivas para obtenção de au- ou anulação.
torização de serviço: Art. 139. Quando houver perda das condições indis-
I - disponibilidade de radiofrequência necessária, no pensáveis à expedição ou manutenção da autorização, a
caso de serviços que a utilizem; Agência poderá extingui-la mediante ato de cassação.
II - apresentação de projeto viável tecnicamente e Parágrafo único. Importará em cassação da autoriza-
compatível com as normas aplicáveis. ção do serviço a extinção da autorização de uso da radio-
Art. 133. São condições subjetivas para obtenção de frequência      respectiva.
autorização de serviço de interesse coletivo pela empresa: Art. 140. Em caso de prática de infrações graves, de
I - estar constituída segundo as leis brasileiras, com transferência irregular da autorização ou de descumpri-
sede e administração no País; mento reiterado de compromissos assumidos, a Agência
II - não estar proibida de licitar ou contratar com o poderá extinguir a autorização decretando-lhe a caducida-
Poder Público, não ter sido declarada inidônea ou não ter de.
sido punida, nos dois anos anteriores, com a decretação Art. 141. O decaimento será decretado pela Agência,
da caducidade de concessão, permissão ou autorização de por ato administrativo, se, em face de razões de excepcio-
serviço de telecomunicações, ou da caducidade de direito nal relevância pública, as normas vierem a vedar o tipo de
de uso de radiofrequência; atividade objeto da autorização ou a suprimir a exploração
III - dispor de qualificação técnica para bem prestar no regime privado.
o serviço, capacidade econômico-financeira, regularidade § 1° A edição das normas de que trata o caput não jus-
fiscal e estar em situação regular com a Seguridade Social; tificará o decaimento senão quando a preservação das au-
IV - não ser, na mesma região, localidade ou área, en- torizações já expedidas for efetivamente incompatível com
carregada de prestar a mesma modalidade de serviço. o interesse público.
Art. 134. A Agência disporá sobre as condições subje- § 2° Decretado o decaimento, a prestadora terá o direi-
tivas para obtenção de autorização de serviço de interesse to de manter suas próprias atividades regulares por prazo
restrito. mínimo de cinco anos, salvo desapropriação.
Art. 135. A Agência poderá, excepcionalmente, em face Art. 142. Renúncia é o ato formal unilateral, irrevogável
de relevantes razões de caráter coletivo, condicionar a ex- e irretratável, pelo qual a prestadora manifesta seu desin-
pedição de autorização à aceitação, pelo interessado, de teresse pela autorização.
compromissos de interesse da coletividade. Parágrafo único. A renúncia não será causa para puni-
Parágrafo único. Os compromissos a que se refere ção do autorizado, nem o desonerará de suas obrigações
o caput serão objeto de regulamentação, pela Agência, ob- com terceiros.
servados os princípios da razoabilidade, proporcionalidade Art. 143. A anulação da autorização será decretada, ju-
e igualdade. dicial ou administrativamente, em caso de irregularidade
Art. 136. Não haverá limite ao número de autorizações insanável do ato que a expediu.
de serviço, salvo em caso de impossibilidade técnica ou, Art. 144. A extinção da autorização mediante ato admi-
excepcionalmente, quando o excesso de competidores pu- nistrativo dependerá de procedimento prévio, garantidos o
der comprometer a prestação de uma modalidade de ser- contraditório e a ampla defesa do interessado.
viço de interesse coletivo.

132
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

TÍTULO IV § 2° Não havendo acordo entre os interessados, a


DAS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES Agência, por provocação de um deles, arbitrará as condi-
ções para a interconexão.
Art. 145. A implantação e o funcionamento de redes de Art. 154. As redes de telecomunicações poderão ser,
telecomunicações destinadas a dar suporte à prestação de secundariamente, utilizadas como suporte de serviço a ser
serviços de interesse coletivo, no regime público ou priva- prestado por outrem, de interesse coletivo ou restrito.
do, observarão o disposto neste Título. Art. 155. Para desenvolver a competição, as empresas
Parágrafo único. As redes de telecomunicações desti- prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse
nadas à prestação de serviço em regime privado poderão coletivo deverão, nos casos e condições fixados pela Agên-
ser dispensadas do disposto no caput, no todo ou em par- cia, disponibilizar suas redes a outras prestadoras de servi-
te, na forma da regulamentação expedida pela Agência. ços de telecomunicações de interesse coletivo.
Art. 146. As redes serão organizadas como vias integra- Art. 156. Poderá ser vedada a conexão de equipamen-
das de livre circulação, nos termos seguintes: tos terminais sem certificação, expedida ou aceita pela
I - é obrigatória a interconexão entre as redes, na forma Agência, no caso das redes referidas no art. 145 desta Lei.
da regulamentação; § 1° Terminal de telecomunicações é o equipamento ou
II - deverá ser assegurada a operação integrada das aparelho que possibilita o acesso do usuário a serviço de
redes, em âmbito nacional e internacional; telecomunicações, podendo incorporar estágio de transdu-
III - o direito de propriedade sobre as redes é condi- ção, estar incorporado a equipamento destinado a exercer
cionado pelo dever de cumprimento de sua função social. outras funções ou, ainda, incorporar funções secundárias.
Parágrafo único. Interconexão é a ligação entre re- § 2° Certificação é o reconhecimento da compatibili-
des de telecomunicações funcionalmente compatíveis, de dade das especificações de determinado produto com as
modo que os usuários de serviços de uma das redes pos- características técnicas do serviço a que se destina.
sam comunicar-se com usuários de serviços de outra ou
acessar serviços nela disponíveis. TÍTULO V
Art. 147. É obrigatória a interconexão às redes de tele- DO ESPECTRO E DA ÓRBITA
comunicações a que se refere o art. 145 desta Lei, solicitada Capítulo I
por prestadora de serviço no regime privado, nos termos Do Espectro de Radiofrequências
da regulamentação.
Art. 148. É livre a interconexão entre redes de suporte à Art. 157. O espectro de radiofrequências é um recurso
limitado, constituindo-se em bem público, administrado
prestação de serviços de telecomunicações no regime pri-
pela Agência.
vado, observada a regulamentação.
Art. 158. Observadas as atribuições de faixas segundo
Art. 149. A regulamentação estabelecerá as hipóteses e
tratados e acordos internacionais, a Agência manterá pla-
condições de interconexão a redes internacionais.
no com a atribuição, distribuição e destinação de radiofre-
Art. 150. A implantação, o funcionamento e a interco-
quências, e detalhamento necessário ao uso das radiofre-
nexão das redes obedecerão à regulamentação editada quências associadas aos diversos serviços e atividades de
pela Agência, assegurando a compatibilidade das redes telecomunicações, atendidas suas necessidades específicas
das diferentes prestadoras, visando à sua harmonização em e as de suas expansões.
âmbito nacional e internacional. § 1° O plano destinará faixas de radiofrequência para:
Art. 151. A Agência disporá sobre os planos de nu- I - fins exclusivamente militares;
meração dos serviços, assegurando sua administração de II - serviços de telecomunicações a serem prestados
forma não discriminatória e em estímulo à competição, ga- em regime público e em regime privado;
rantindo o atendimento aos compromissos internacionais. III - serviços de radiodifusão;
Parágrafo único. A Agência disporá sobre as circuns- IV - serviços de emergência e de segurança pública;
tâncias e as condições em que a prestadora de serviço V - outras atividades de telecomunicações.
de telecomunicações cujo usuário transferir-se para outra § 2° A destinação de faixas de radiofrequência para fins
prestadora será obrigada a, sem ônus, interceptar as liga- exclusivamente militares será feita em articulação com as
ções dirigidas ao antigo código de acesso do usuário e in- Forças Armadas.
formar o seu novo código. Art. 159. Na destinação de faixas de radiofrequência
Art. 152. O provimento da interconexão será realiza- serão considerados o emprego racional e econômico do
do em termos não discriminatórios, sob condições técnicas espectro, bem como as atribuições, distribuições e consig-
adequadas, garantindo preços isonômicos e justos, aten- nações existentes, objetivando evitar interferências preju-
dendo ao estritamente necessário à prestação do serviço. diciais.
Art. 153. As condições para a interconexão de redes Parágrafo único. Considera-se interferência prejudicial
serão objeto de livre negociação entre os interessados, me- qualquer emissão, irradiação ou indução que obstrua, de-
diante acordo, observado o disposto nesta Lei e nos termos grade seriamente ou interrompa repetidamente a teleco-
da regulamentação. municação.
§ 1° O acordo será formalizado por contrato, cuja eficá- Art. 160. A Agência regulará a utilização eficiente e
cia dependerá de homologação pela Agência, arquivando- adequada do espectro, podendo restringir o emprego de
se uma de suas vias na Biblioteca para consulta por qual- determinadas radiofrequências ou faixas, considerado o in-
quer interessado. teresse público.

133
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. O uso da radiofrequência será condi- II - o vencedor da licitação receberá, conforme o caso,
cionado à sua compatibilidade com a atividade ou o servi- a autorização para uso da radiofrequência, para fins de ex-
ço a ser prestado, particularmente no tocante à potência, à pansão do serviço, ou a autorização para a prestação do
faixa de transmissão e à técnica empregada. serviço.
Art. 161. A qualquer tempo, poderá ser modificada a Art. 165. Para fins de verificação da necessidade de
destinação de radiofrequências ou faixas, bem como orde- abertura ou não da licitação prevista no artigo anterior, ob-
nada a alteração de potências ou de outras características servar-se-á o disposto nos arts. 91 e 92 desta Lei.
técnicas, desde que o interesse público ou o cumprimento Art. 166. A autorização de uso de radiofrequência terá
de convenções ou tratados internacionais assim o deter- o mesmo prazo de vigência da concessão ou permissão
mine. de prestação de serviço de telecomunicações à qual esteja
vinculada.
Parágrafo único. Será fixado prazo adequado e razoá-
Art. 167. No caso de serviços autorizados, o prazo de
vel para a efetivação da mudança.
vigência será de até vinte anos, prorrogável uma única vez
Art. 162. A operação de estação transmissora de ra- por igual      período.
diocomunicação está sujeita à licença de funcionamento § 1° A prorrogação, sempre onerosa, poderá ser reque-
prévia e à fiscalização permanente, nos termos da regula- rida até três anos antes do vencimento do prazo original,
mentação. devendo o requerimento ser decidido em, no máximo,
§ 1° Radiocomunicação é a telecomunicação que utiliza doze meses.
frequências radioelétricas não confinadas a fios, cabos ou § 2° O indeferimento somente ocorrerá se o interes-
outros meios físicos. sado não estiver fazendo uso racional e adequado da ra-
§ 2° É vedada a utilização de equipamentos emisso- diofrequência, se     houver cometido infrações reiteradas
res de radiofrequência sem certificação expedida ou aceita em suas atividades ou se for necessária a modificação de
pela Agência. destinação do uso da radiofrequência.
§ 3° A emissão ou extinção da licença relativa à estação Art. 168. É intransferível a autorização de uso de ra-
de apoio à navegação marítima ou aeronáutica, bem como diofrequências sem a correspondente transferência da con-
à estação de radiocomunicação marítima ou aeronáutica, cessão, permissão ou autorização de prestação do serviço
dependerá de parecer favorável dos órgãos competentes a elas vinculada.
para a vistoria de embarcações e aeronaves. Art. 169. A autorização de uso de radiofrequências ex-
tinguir-se-á pelo advento de seu termo final ou no caso de
sua transferência irregular, bem como por caducidade, de-
Capítulo II
caimento, renúncia ou anulação da autorização para pres-
Da Autorização de Uso de Radiofrequência
tação do serviço de telecomunicações que dela se utiliza.
Art. 163. O uso de radiofrequência, tendo ou não ca- Capítulo III
ráter de exclusividade, dependerá de prévia outorga da Da Órbita e dos Satélites
Agência, mediante autorização, nos termos da regulamen-
tação. Art. 170. A Agência disporá sobre os requisitos e crité-
§ 1° Autorização de uso de radiofrequência é o ato ad- rios específicos para execução de serviço de telecomunica-
ministrativo vinculado, associado à concessão, permissão ções que utilize satélite, geoestacionário ou não, indepen-
ou autorização para prestação de serviço de telecomuni- dentemente de o acesso a ele ocorrer a partir do território
cações, que atribui a interessado, por prazo determinado, nacional ou do exterior.
o direito de uso de radiofrequência, nas condições legais e Art. 171. Para a execução de serviço de telecomuni-
regulamentares. cações via satélite regulado por esta Lei, deverá ser dada
§ 2° Independerão de outorga: preferência ao emprego de satélite brasileiro, quando este
I - o uso de radiofrequência por meio de equipamentos propiciar condições equivalentes às de terceiros.
de radiação restrita definidos pela Agência; § 1° O emprego de satélite estrangeiro somente será
II - o uso, pelas Forças Armadas, de radiofrequências admitido quando sua contratação for feita com empresa
nas faixas destinadas a fins exclusivamente militares. constituída segundo as leis brasileiras e com sede e admi-
nistração no País, na condição de representante legal do
§ 3° A eficácia da autorização de uso de radiofrequên-
operador estrangeiro.
cia dependerá de publicação de extrato no Diário Oficial
§ 2° Satélite brasileiro é o que utiliza recursos de órbi-
da União. ta e espectro radioelétrico notificados pelo País, ou a ele
Art. 164. Havendo limitação técnica ao uso de radio- distribuídos ou consignados, e cuja estação de controle e
frequência e ocorrendo o interesse na sua utilização, por monitoração seja instalada no território brasileiro.
parte de mais de um interessado, para fins de expansão Art. 172. O direito de exploração de satélite brasileiro
de serviço e, havendo ou não, concomitantemente, outros para transporte de sinais de telecomunicações assegura a
interessados em prestar a mesma modalidade de serviço, ocupação da órbita e o uso das radiofrequências destina-
observar-se-á: das ao controle e monitoração do satélite e à telecomuni-
I - a autorização de uso de radiofrequência dependerá cação via satélite, por prazo de até quinze anos, podendo
de licitação, na forma e condições estabelecidas nos arts. esse prazo ser prorrogado, uma única vez, nos termos da
88 a 90 desta Lei e será sempre onerosa; regulamentação.

134
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1º Imediatamente após um pedido para exploração § 1° Na aplicação de multa serão considerados a con-
de satélite que implique utilização de novos recursos de dição econômica do infrator e o princípio da proporciona-
órbita ou espectro, a Agência avaliará as informações e, lidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção.
considerando-as em conformidade com a regulamentação, § 2° A imposição, a prestadora de serviço de teleco-
encaminhará à União Internacional de Telecomunicações a municações, de multa decorrente de infração da ordem
correspondente notificação, sem que isso caracterize com- econômica, observará os limites previstos na legislação es-
promisso de outorga ao requerente. pecifica.
§ 2° Se inexigível a licitação, conforme disposto nos Art. 180. A suspensão temporária será imposta, em re-
arts. 91 e 92 desta Lei, o direito de exploração será con- lação à autorização de serviço ou de uso de radiofrequên-
ferido mediante processo administrativo estabelecido pela cia, em caso de infração grave cujas circunstâncias não jus-
Agência. tifiquem a decretação de caducidade.
§ 3° Havendo necessidade de licitação, observar-se-á Parágrafo único. O prazo da suspensão não será supe-
o procedimento estabelecido nos arts. 88 a 90 desta Lei, rior a trinta dias.
aplicando-se, no que couber, o disposto neste artigo. Art. 181. A caducidade importará na extinção de con-
§ 4º O direito será conferido a título oneroso, poden- cessão, permissão, autorização de serviço ou autorização
do o pagamento, conforme dispuser a Agência, fazer-se na de uso de radiofrequência, nos casos previstos nesta Lei.
forma de quantia certa, em uma ou várias parcelas, bem Art. 182. A declaração de inidoneidade será aplicada a
como de parcelas anuais ou, complementarmente, de ces- quem tenha praticado atos ilícitos visando frustrar os obje-
são de capacidade, conforme dispuser a regulamentação. tivos de licitação.
Parágrafo único. O prazo de vigência da declaração de
TÍTULO VI inidoneidade não será superior a cinco anos.
DAS SANÇÕES
Capítulo I Capítulo II
Das Sanções Administrativas Das Sanções Penais

Art. 173. A infração desta Lei ou das demais normas Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de
aplicáveis, bem como a inobservância dos deveres decor- telecomunicação:
rentes dos contratos de concessão ou dos atos de permis- Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da
são, autorização de serviço ou autorização de uso de ra- metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00
diofrequência, sujeitará os infratores às seguintes sanções, (dez mil reais).
aplicáveis pela Agência, sem prejuízo das de natureza civil Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta
e penal:  (Vide Lei nº 11.974, de 2009) ou indiretamente, concorrer para o crime.
I - advertência; Art. 184. São efeitos da condenação penal transitada
II - multa; em julgado:
III - suspensão temporária; I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causa-
IV - caducidade; do pelo crime;
V - declaração de inidoneidade. II - a perda, em favor da Agência, ressalvado o direito
Art. 174. Toda acusação será circunstanciada, permane- do lesado ou de terceiros de boa-fé, dos bens empregados
cendo em sigilo até sua completa apuração. na atividade     clandestina, sem prejuízo de sua apreensão
Art. 175. Nenhuma sanção será aplicada sem a oportu- cautelar.
nidade de prévia e ampla defesa. Parágrafo único. Considera-se clandestina a atividade
Parágrafo único. Apenas medidas cautelares urgentes desenvolvida sem a competente concessão, permissão ou
poderão ser tomadas antes da defesa. autorização de serviço, de uso de radiofrequência e de ex-
Art. 176. Na aplicação de sanções, serão considerados ploração de satélite.
a natureza e a gravidade da infração, os danos dela resul- Art. 185. O crime definido nesta Lei é de ação penal
tantes para o serviço e para os usuários, a vantagem aufe- pública, incondicionada, cabendo ao Ministério Público
rida pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os antece- promovê-la.
dentes do infrator e a reincidência específica.
Parágrafo único. Entende-se por reincidência específica LIVRO IV
a repetição de falta de igual natureza após o recebimento DA REESTRUTURAÇÃO E DA DESESTATIZAÇÃO
de notificação anterior. DAS EMPRESAS FEDERAIS DE TELECOMUNICA-
Art. 177. Nas infrações praticadas por pessoa jurídica, ÇÕES
também serão punidos com a sanção de multa seus ad-
ministradores ou controladores, quando tiverem agido de Art. 186. A reestruturação e a desestatização das em-
má-fé. presas federais de telecomunicações têm como objetivo
Art. 178. A existência de sanção anterior será conside- conduzir ao cumprimento dos deveres constantes do art.
rada como agravante na aplicação de outra sanção. 2º desta Lei.
Art. 179. A multa poderá ser imposta isoladamente ou Art. 187. Fica o Poder Executivo autorizado a promover
em conjunto com outra sanção, não devendo ser superior a reestruturação e a desestatização das seguintes empresas
a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) para cada controladas, direta ou indiretamente, pela União, e supervi-
infração cometida. sionadas pelo Ministério das Comunicações:

135
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - Telecomunicações Brasileiras S.A. - TELEBRÁS; Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto


II - Empresa Brasileira de Telecomunicações - EMBRA- no caput, fica o Poder Executivo autorizado a criar entidade,
TEL; que incorporará o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
III - Telecomunicações do Maranhão S.A. - TELMA; da TELEBRÁS, sob uma das seguintes formas:
IV - Telecomunicações do Piauí S.A. - TELEPISA; I - empresa estatal de economia mista ou não, inclu-
V - Telecomunicações do Ceará - TELECEARÁ; sive por meio da cisão a que se refere o inciso I do artigo
VI - Telecomunicações do Rio Grande do Norte S.A. - anterior;
TELERN; II - fundação governamental, pública ou privada.
VII - Telecomunicações da Paraíba S.A. - TELPA; Art. 191. A desestatização caracteriza-se pela aliena-
VIII - Telecomunicações de Pernambuco S.A. - TELPE; ção onerosa de direitos que asseguram à União, direta ou
IX - Telecomunicações de Alagoas S.A. - TELASA; indiretamente, preponderância nas deliberações sociais e
X - Telecomunicações de Sergipe S.A. - TELERGIPE; o poder de eleger a maioria dos administradores da so-
XI - Telecomunicações da Bahia S.A. - TELEBAHIA; ciedade, podendo ser realizada mediante o emprego das
XII - Telecomunicações de Mato Grosso do Sul S.A. -
seguintes modalidades operacionais:
TELEMS;
I - alienação de ações;
XIII - Telecomunicações de Mato Grosso S.A. - TELE-
II - cessão do direito de preferência à subscrição de
MAT;
XIV - Telecomunicações de Goiás S.A. - TELEGOIÁS; ações em aumento de capital.
XV - Telecomunicações de Brasília S.A. - TELEBRASÍLIA; Parágrafo único. A desestatização não afetará as con-
XVI - Telecomunicações de Rondônia S.A. - TELERON; cessões, permissões e autorizações detidas pela empresa.
XVII - Telecomunicações do Acre S.A. - TELEACRE; Art. 192. Na desestatização das empresas a que se re-
XVIII - Telecomunicações de Roraima S.A. - TELAIMA; fere o art. 187, parte das ações poderá ser reservada a seus
XIX - Telecomunicações do Amapá S.A. - TELEAMAPÁ; empregados e ex-empregados aposentados, a preços e
XX - Telecomunicações do Amazonas S.A. - TELAMA- condições privilegiados, inclusive com a utilização do Fun-
ZON; do de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.
XXI - Telecomunicações do Pará S.A. - TELEPARÁ; Art. 193. A desestatização de empresas ou grupo de
XXII - Telecomunicações do Rio de Janeiro S.A. - TELERJ; empresas citadas no art. 187 implicará a imediata abertura
XXIII - Telecomunicações de Minas Gerais S.A. - TELE- à competição, na respectiva área, dos serviços prestados no
MIG; regime público.
XXIV - Telecomunicações do Espírito Santo S.A. - TE- Art. 194. Poderão ser objeto de alienação conjunta o
LEST; controle acionário de empresas prestadoras de serviço te-
XXV - Telecomunicações de São Paulo S.A. - TELESP; lefônico fixo comutado e o de empresas prestadoras do
XXVI - Companhia Telefônica da Borda do Campo - serviço móvel celular.
CTBC; Parágrafo único. Fica vedado ao novo controlador pro-
XXVII - Telecomunicações do Paraná S.A. - TELEPAR; mover a incorporação ou fusão de empresa prestadora do
XXVIII - Telecomunicações de Santa Catarina S.A. - TE- serviço telefônico fixo comutado com empresa prestadora
LESC; do serviço móvel celular.
XXIX - Companhia Telefônica Melhoramento e Resis- Art. 195. O modelo de reestruturação e desestatização
tência - CTMR. das empresas enumeradas no art. 187, após submetido a
Parágrafo único. Incluem-se na autorização a que se consulta pública, será aprovado pelo Presidente da Repú-
refere o  caput  as empresas subsidiárias exploradoras do blica, ficando a coordenação e o acompanhamento dos
serviço móvel celular, constituídas nos termos do art. 5° da
atos e procedimentos decorrentes a cargo de Comissão
Lei n° 9.295, de 19 de julho de 1996.
Especial de Supervisão, a ser instituída pelo Ministro de Es-
Art. 188. A reestruturação e a desestatização deverão
tado das Comunicações.
compatibilizar as áreas de atuação das empresas com o
plano geral de outorgas, o qual deverá ser previamente § 1° A execução de procedimentos operacionais ne-
editado, na forma do art. 84 desta Lei, bem como observar cessários à desestatização poderá ser cometida, mediante
as restrições, limites ou condições estabelecidas com base contrato, a instituição financeira integrante da Administra-
no art. 71. ção Federal, de notória experiência no assunto.
Art. 189. Para a reestruturação das empresas enumera- § 2° A remuneração da contratada será paga com parte
das no art. 187, fica o Poder Executivo autorizado a adotar do valor líquido apurado nas alienações.
as seguintes medidas: Art. 196. Na reestruturação e na desestatização pode-
I - cisão, fusão e incorporação; rão ser utilizados serviços especializados de terceiros, con-
II - dissolução de sociedade ou desativação parcial de tratados mediante procedimento licitatório de rito próprio,
seus empreendimentos; nos termos seguintes:
III - redução de capital social. I - o Ministério das Comunicações manterá cadastro
Art. 190. Na reestruturação e desestatização da Te- organizado por especialidade, aberto a empresas e institui-
lecomunicações Brasileiras S.A. - TELEBRÁS deverão ser ções nacionais ou internacionais, de notória especialização
previstos mecanismos que assegurem a preservação da na área de telecomunicações e na avaliação e auditoria de
capacidade em pesquisa e desenvolvimento tecnológico empresas, no planejamento e execução de venda de bens
existente na empresa. e valores mobiliários e nas questões jurídicas relacionadas;

136
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

II - para inscrição no cadastro, os interessados deverão § 2° A alienação do controle acionário, se realizada me-
atender aos requisitos definidos pela Comissão Especial de diante venda de ações em oferta pública, dispensará a in-
Supervisão, com a aprovação do Ministro de Estado das clusão, no edital, das informações relacionadas nos incisos
Comunicações; I a III deste artigo.
III - poderão participar das licitações apenas os cadas- Art. 199. Visando à universalização dos serviços de te-
trados, que serão convocados mediante carta, com a espe- lecomunicações, os editais de desestatização deverão con-
cificação dos serviços objeto do certame; ter cláusulas de compromisso de expansão do atendimen-
IV - os convocados, isoladamente ou em consórcio, to à população, consoantes com o disposto no art. 80.
apresentarão suas propostas em trinta dias, contados da Art. 200. Para qualificação, será exigida dos preten-
convocação; dentes comprovação de capacidade técnica, econômica e
V - além de outros requisitos previstos na convocação, financeira, podendo ainda haver exigências quanto a ex-
as propostas deverão conter o detalhamento dos serviços, periência na prestação de serviços de telecomunicações,
a metodologia de execução, a indicação do pessoal técnico guardada sempre a necessária compatibilidade com o por-
a ser empregado e o preço pretendido; te das empresas objeto do processo.
Parágrafo único. Será admitida a participação de con-
VI - o julgamento das propostas será realizado pelo
sórcios, nos termos do edital.
critério de técnica e preço;
Art. 201. Fica vedada, no decurso do processo de de-
VII - o contratado, sob sua exclusiva responsabilidade e
sestatização, a aquisição, por um mesmo acionista ou gru-
com a aprovação do contratante, poderá subcontratar par-
po de acionistas, do controle, direto ou indireto, de empre-
cialmente os serviços objeto do contrato; sas atuantes em áreas distintas do plano geral de outorgas.
VIII - o contratado será obrigado a aceitar, nas mesmas Art. 202. A transferência do controle acionário ou da
condições contratuais, os acréscimos ou reduções que se concessão, após a desestatização, somente poderá efetuar-
fizerem necessários nos serviços, de até vinte e cinco por se quando transcorrido o prazo de cinco anos, observado o
cento do valor inicial do ajuste. disposto nos incisos II e III do art. 98 desta Lei.
Art. 197. O processo especial de desestatização obe- § 1° Vencido o prazo referido no caput, a transferência
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- de controle ou de concessão que resulte no controle, direto
ralidade e publicidade, podendo adotar a forma de leilão ou indireto, por um mesmo acionista ou grupo de acionis-
ou concorrência ou, ainda, de venda de ações em oferta tas, de concessionárias atuantes em áreas distintas do pla-
pública, de acordo com o estabelecido pela Comissão Es- no geral de outorgas, não poderá ser efetuada enquanto
pecial de Supervisão. tal impedimento for considerado, pela Agência, necessário
Parágrafo único. O processo poderá comportar uma ao cumprimento do plano.
etapa de pré-qualificação, ficando restrita aos qualificados § 2° A restrição à transferência da concessão não se
a participação em etapas subsequentes. aplica quando efetuada entre empresas atuantes em uma
Art. 198. O processo especial de desestatização será mesma área do plano geral de outorgas.
iniciado com a publicação, no Diário Oficial da União e em Art. 203. Os preços de aquisição serão pagos exclusiva-
jornais de grande circulação nacional, de avisos referentes mente em moeda corrente, admitido o parcelamento, nos
ao edital, do qual constarão, obrigatoriamente: termos do edital.
I - as condições para qualificação dos pretendentes; Art. 204. Em até trinta dias após o encerramento de
II - as condições para aceitação das propostas; cada processo de desestatização, a Comissão Especial de
III - os critérios de julgamento; Supervisão publicará relatório circunstanciado a respeito.
IV - minuta do contrato de concessão; Art. 205. Entre as obrigações da instituição financeira
V - informações relativas às empresas objeto do pro- contratada para a execução de atos e procedimentos da
cesso, tais como seu passivo de curto e longo prazo e sua desestatização, poderá ser incluído o fornecimento de as-
sistência jurídica integral aos membros da Comissão Espe-
situação econômica e financeira, especificando-se lucros,
cial de Supervisão e aos demais responsáveis pela condu-
prejuízos e endividamento interno e externo, no último
ção da desestatização, na hipótese de serem demandados
exercício;
pela prática de atos decorrentes do exercício de suas fun-
VI - sumário dos estudos de avaliação;
ções.
VII - critério de fixação do valor mínimo de alienação, Art. 206. Os administradores das empresas sujeitas à
com base nos estudos de avaliação; desestatização são responsáveis pelo fornecimento, no
VIII - indicação, se for o caso, de que será criada, no prazo fixado pela Comissão Especial de Supervisão ou pela
capital social da empresa objeto da desestatização, ação instituição financeira contratada, das informações necessá-
de classe especial, a ser subscrita pela União, e dos poderes rias à instrução dos respectivos processos.
especiais que lhe serão conferidos, os quais deverão ser
incorporados ao estatuto social. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 1° O acesso à integralidade dos estudos de avaliação Art. 207. No prazo máximo de sessenta dias a contar
e a outras informações confidenciais poderá ser restrito aos da publicação desta Lei, as atuais prestadoras do serviço
qualificados, que assumirão compromisso de confidencia- telefônico fixo comutado destinado ao uso do público em
lidade. geral, inclusive as referidas no art. 187 desta Lei, bem como

137
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

do serviço dos troncos e suas conexões internacionais, de- § 2º É obrigatório e gratuito o fornecimento, pela pres-
verão pleitear a celebração de contrato de concessão, que tadora, de listas telefônicas aos assinantes dos serviços,
será efetivada em até vinte e quatro meses a contar da pu- diretamente ou por meio de terceiros, nos termos em que
blicação desta Lei. dispuser a Agência.
§ 1° A concessão, cujo objeto será determinado em Art. 214. Na aplicação desta Lei, serão observadas as
função do plano geral de outorgas, será feita a título gra- seguintes disposições:
tuito, com termo final fixado para o dia 31 de dezembro de I - os regulamentos, normas e demais regras em vigor
2005, assegurado o direito à prorrogação única por vinte serão gradativamente substituídos por regulamentação a
anos, a título oneroso, desde que observado o disposto no ser editada pela Agência, em cumprimento a esta Lei;
Título II do Livro III desta Lei. II - enquanto não for editada a nova regulamentação,
§ 2° À prestadora que não atender ao disposto as concessões, permissões e autorizações continuarão re-
no  caput  deste artigo aplicar-se-ão as seguintes disposi- gidas pelos atuais regulamentos, normas e regras;(vide De-
ções: creto nº 3.896, de 23.8.2001)
I - se concessionária, continuará sujeita ao contrato III - até a edição da regulamentação decorrente desta
de concessão atualmente em vigor, o qual não poderá ser Lei, continuarão regidos pela Lei nº 9.295, de 19 de julho de
transferido ou prorrogado; 1996, os serviços por ela disciplinados e os respectivos atos
II - se não for concessionária, o seu direito à exploração e procedimentos de outorga;
do serviço extinguir-se-á em 31 de dezembro de 1999. IV - as concessões, permissões e autorizações feitas
§ 3° Em relação aos demais serviços prestados pelas anteriormente a esta Lei, não reguladas no seu art. 207,
entidades a que se refere o caput, serão expedidas as res- permanecerão válidas pelos prazos nelas previstos;
pectivas autorizações ou, se for o caso, concessões, obser- V - com a aquiescência do interessado, poderá ser rea-
vado o disposto neste artigo, no que couber, e no art. 208 lizada a adaptação dos instrumentos de concessão, per-
desta Lei. missão e autorização a que se referem os incisos III e IV
Art. 208. As concessões das empresas prestadoras deste artigo aos preceitos desta Lei;
de serviço móvel celular abrangidas pelo art. 4º da Lei nº VI - a renovação ou prorrogação, quando prevista nos
9.295, de 19 de julho de 1996, serão outorgadas na forma atos a que se referem os incisos III e IV deste artigo, so-
e condições determinadas pelo referido artigo e seu pará- mente poderá ser feita quando tiver havido a adaptação
grafo único.
prevista no inciso anterior.
Art. 209. Ficam autorizadas as transferências de con-
  Art. 215. Ficam revogados:
cessão, parciais ou totais, que forem necessárias para com-
 I - a Lei n° 4.117, de 27 de agosto de 1962, salvo quan-
patibilizar as áreas de atuação das atuais prestadoras com
to a matéria penal não tratada nesta Lei e quanto aos pre-
o plano geral de outorgas.
ceitos relativos à radiodifusão;
Art. 210. As concessões, permissões e autorizações de
II - a Lei n°. 6.874, de 3 de dezembro de 1980;
serviço de telecomunicações e de uso de radiofrequência e
III - a Lei n°. 8.367, de 30 de dezembro de 1991;
as respectivas licitações regem-se exclusivamente por esta
Lei, a elas não se aplicando as Leis n° 8.666, de 21 de junho IV - os arts. 1°,  2°,  3°,  7°,  9°,  10,  12 e 14, bem como
de 1993, n° 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, n° 9.074, de o caput e os §§ 1° e 4° do art. 8°, da Lei n° 9.295, de 19 de
7 de julho de l995, e suas alterações. julho de 1996;
Art. 211. A outorga dos serviços de radiodifusão sono- V - o inciso I do art. 16 da Lei nº 8.029, de 12 de abril
ra e de sons e imagens fica excluída da jurisdição da Agên- de 1990.
cia, permanecendo no âmbito de competências do Poder Art. 216. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Executivo, devendo a Agência elaborar e manter os respec- cação.
tivos planos de distribuição de canais, levando em conta, Brasília, 16 de julho de 1997; 176º da Independência e
inclusive, os aspectos concernentes à evolução tecnológica. 109º da República.
Parágrafo único. Caberá à Agência a fiscalização, quan-
to aos aspectos técnicos, das respectivas estações.
Art. 212. O serviço de TV a Cabo, inclusive quanto aos
atos, condições e procedimentos de outorga, continuará LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (LEI N.
regido pela Lei n° 8.977, de 6 de janeiro de 1995, ficando 12.850).
transferidas à Agência as competências atribuídas pela re-
ferida Lei ao Poder Executivo.
Art. 213. Será livre a qualquer interessado a divulga-
ção, por qualquer meio, de listas de assinantes do serviço LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.
telefônico fixo      comutado destinado ao uso do público
em geral. Define organização criminosa e dispõe sobre a inves-
§ 1º Observado o disposto nos incisos VI e IX do art. tigação criminal, os meios de obtenção da prova, infra-
3° desta Lei, as prestadoras do serviço serão obrigadas a ções penais correlatas e o procedimento criminal; altera o
fornecer, em prazos e a preços razoáveis e de forma não Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
discriminatória, a relação de seus assinantes a quem queira Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá
divulgá-la. outras providências.

138
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- § 6o  A condenação com trânsito em julgado acarretará
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ao funcionário público a perda do cargo, função, empre-
go ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
CAPÍTULO I função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subse-
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA quentes ao cumprimento da pena.
§ 7o  Se houver indícios de participação de policial nos
Art. 1o  Esta Lei define organização criminosa e dispõe crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia ins-
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da taurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Públi-
prova, infrações penais correlatas e o procedimento crimi- co, que designará membro para acompanhar o feito até a
nal a ser aplicado. sua conclusão.
§ 1o  Considera-se organização criminosa a associação
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada CAPÍTULO II
e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que infor- DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO
malmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, DA PROVA
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de in-
frações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 Art. 3o   Em qualquer fase da persecução penal, serão
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
§ 2o  Esta Lei se aplica também: seguintes meios de obtenção da prova:
I - às infrações penais previstas em tratado ou conven- I - colaboração premiada;
ção internacional quando, iniciada a execução no País, o II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp-
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou ticos ou acústicos;
reciprocamente; III - ação controlada;
II - às organizações terroristas, entendidas como aque- IV - acesso a registros de ligações telefônicas e tele-
las voltadas para a prática dos atos de terrorismo legal- máticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados
públicos ou privados e a informações eleitorais ou comer-
mente definidos.    (Redação dada pela lei nº 13.260, de
ciais;
2016)
V - interceptação de comunicações telefônicas e tele-
Art. 2o  Promover, constituir, financiar ou integrar, pes-
máticas, nos termos da legislação específica;
soalmente ou por interposta pessoa, organização crimino-
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fis-
sa:
cal, nos termos da legislação específica;
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investiga-
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
ção, na forma do art. 11;
penais praticadas.
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais,
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de distritais, estaduais e municipais na busca de provas e in-
qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal formações de interesse da investigação ou da instrução
que envolva organização criminosa. criminal.
§ 2o  As penas aumentam-se até a metade se na atua- § 1o  Havendo necessidade justificada de manter sigilo
ção da organização criminosa houver emprego de arma de sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada
fogo. licitação para contratação de serviços técnicos especializa-
§ 3o  A pena é agravada para quem exerce o comando, dos, aquisição ou locação de equipamentos destinados à
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas
não pratique pessoalmente atos de execução. previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de
§ 4o  A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois 2015)
terços): § 2o  No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de
I - se há participação de criança ou adolescente; que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão
a organização criminosa dessa condição para a prática de de controle interno da realização da contratação. (Incluído
infração penal; pela Lei nº 13.097, de 2015)
III - se o produto ou proveito da infração penal desti-
nar-se, no todo ou em parte, ao exterior; Seção I
IV - se a organização criminosa mantém conexão com Da Colaboração Premiada
outras organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna- Art. 4o  O juiz poderá, a requerimento das partes, con-
cionalidade da organização. ceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
§ 5o  Se houver indícios suficientes de que o funcionário pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
público integra organização criminosa, poderá o juiz de- direitos daquele que tenha colaborado efetiva e volunta-
terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou riamente com a investigação e com o processo criminal,
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos se-
se fizer necessária à investigação ou instrução processual. guintes resultados:

139
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

I - a identificação dos demais coautores e partícipes § 10.  As partes podem retratar-se da proposta, caso
da organização criminosa e das infrações penais por eles em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo co-
praticadas; laborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de seu desfavor.
tarefas da organização criminosa; § 11.  A sentença apreciará os termos do acordo homo-
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das logado e sua eficácia.
atividades da organização criminosa; § 12.  Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
proveito das infrações penais praticadas pela organização requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade
criminosa; judicial.
V - a localização de eventual vítima com a sua integri- § 13.  Sempre que possível, o registro dos atos de co-
dade física preservada. laboração será feito pelos meios ou recursos de gravação
§ 1o  Em qualquer caso, a concessão do benefício levará
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das infor-
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
mações.
criminoso e a eficácia da colaboração.
§ 14.  Nos depoimentos que prestar, o colaborador re-
§ 2o  Considerando a relevância da colaboração pres-
tada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado nunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio
de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifesta- e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
ção do Ministério Público, poderão requerer ou representar § 15.  Em todos os atos de negociação, confirmação e
ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, execução da colaboração, o colaborador deverá estar assis-
ainda que esse benefício não tenha sido previsto na pro- tido por defensor.
posta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do De- § 16.  Nenhuma sentença condenatória será proferida
creto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de com fundamento apenas nas declarações de agente cola-
Processo Penal). borador.
§ 3o  O prazo para oferecimento de denúncia ou o pro- Art. 5o  São direitos do colaborador:
cesso, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por I - usufruir das medidas de proteção previstas na legis-
até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que lação específica;
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspenden- II - ter nome, qualificação, imagem e demais informa-
do-se o respectivo prazo prescricional. ções pessoais preservados;
§ 4o  Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Pú- III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos de-
blico poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: mais coautores e partícipes;
I - não for o líder da organização criminosa; IV - participar das audiências sem contato visual com
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos ter- os outros acusados;
mos deste artigo. V - não ter sua identidade revelada pelos meios de co-
§ 5o  Se a colaboração for posterior à sentença, a pena municação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua pré-
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a pro- via autorização por escrito;
gressão de regime ainda que ausentes os requisitos obje- VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso
tivos. dos demais corréus ou condenados.
§ 6o  O juiz não participará das negociações realizadas Art. 6o  O termo de acordo da colaboração premiada
entre as partes para a formalização do acordo de colabora- deverá ser feito por escrito e conter:
ção, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investiga-
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
do e o defensor, com a manifestação do Ministério Público,
II - as condições da proposta do Ministério Público ou
ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investi-
do delegado de polícia;
gado ou acusado e seu defensor.
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu
§ 7o  Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo
termo, acompanhado das declarações do colaborador e de defensor;
cópia da investigação, será remetido ao juiz para homolo- IV - as assinaturas do representante do Ministério Pú-
gação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade blico ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu
e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, defensor;
ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. V - a especificação das medidas de proteção ao cola-
§ 8o   O juiz poderá recusar homologação à proposta borador e à sua família, quando necessário.
que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao Art. 7o  O pedido de homologação do acordo será sigi-
caso concreto. losamente distribuído, contendo apenas informações que
§ 9o  Depois de homologado o acordo, o colaborador não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvi- § 1o  As informações pormenorizadas da colaboração
do pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribui-
de polícia responsável pelas investigações. ção, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.

140
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2o  O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministé- § 4o  Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circuns-
rio Público e ao delegado de polícia, como forma de garan- tanciado será apresentado ao juiz competente, que imedia-
tir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, tamente cientificará o Ministério Público.
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos § 5o  No curso do inquérito policial, o delegado de polí-
de prova que digam respeito ao exercício do direito de de- cia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Públi-
fesa, devidamente precedido de autorização judicial, res- co poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade
salvados os referentes às diligências em andamento. de infiltração.
§ 3o  O acordo de colaboração premiada deixa de ser Art. 11.  O requerimento do Ministério Público ou a repre-
sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o dis- sentação do delegado de polícia para a infiltração de agentes
posto no art. 5o. conterão a demonstração da necessidade da medida, o al-
cance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes
Seção II ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.
Da Ação Controlada Art. 12.  O pedido de infiltração será sigilosamente distribuí-
do, de forma a não conter informações que possam indicar a ope-
Art. 8o  Consiste a ação controlada em retardar a inter- ração a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
venção policial ou administrativa relativa à ação praticada § 1o  As informações quanto à necessidade da operação
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competen-
mantida sob observação e acompanhamento para que a te, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após
medida legal se concretize no momento mais eficaz à for- manifestação do Ministério Público na hipótese de represen-
tação do delegado de polícia, devendo-se adotar as medidas
mação de provas e obtenção de informações.
necessárias para o êxito das investigações e a segurança do
§ 1o  O retardamento da intervenção policial ou admi-
agente infiltrado.
nistrativa será previamente comunicado ao juiz competen-
§ 2o  Os autos contendo as informações da operação de
te que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comu-
infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Público,
nicará ao Ministério Público.
quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a
§ 2o  A comunicação será sigilosamente distribuída de
preservação da identidade do agente.
forma a não conter informações que possam indicar a ope- § 3o  Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado
ração a ser efetuada. sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisi-
§ 3o   Até o encerramento da diligência, o acesso aos ção do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao dele- se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
gado de polícia, como forma de garantir o êxito das inves- Art. 13.   O agente que não guardar, em sua atuação, a
tigações. devida proporcionalidade com a finalidade da investigação,
§ 4o  Ao término da diligência, elaborar-se-á auto cir- responderá pelos excessos praticados.
cunstanciado acerca da ação controlada. Parágrafo único.  Não é punível, no âmbito da infiltração,
Art. 9o  Se a ação controlada envolver transposição de a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investi-
fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou admi- gação, quando inexigível conduta diversa.
nistrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das Art. 14.  São direitos do agente:
autoridades dos países que figurem como provável itine- I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
rário ou destino do investigado, de modo a reduzir os ris- II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que cou-
cos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou ber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de
proveito do crime. 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a teste-
munhas;
Seção III III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz
Da Infiltração de Agentes e demais informações pessoais preservadas durante a inves-
tigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial
Art. 10.  A infiltração de agentes de polícia em tarefas em contrário;
de investigação, representada pelo delegado de polícia ou IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado
requerida pelo Ministério Público, após manifestação téc- ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia au-
nica do delegado de polícia quando solicitada no curso de torização por escrito.
inquérito policial, será precedida de circunstanciada, moti-
vada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus Seção IV
limites. Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documen-
§ 1o   Na hipótese de representação do delegado de tos e Informações
polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Minis-
tério Público. Art. 15.  O delegado de polícia e o Ministério Público te-
§ 2o  Será admitida a infiltração se houver indícios de rão acesso, independentemente de autorização judicial, ape-
infração penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder nas aos dados cadastrais do investigado que informem ex-
ser produzida por outros meios disponíveis. clusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço
§ 3o  A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, insti-
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde tuições financeiras, provedores de internet e administrado-
que comprovada sua necessidade. ras de cartão de crédito.

141
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 16.  As empresas de transporte possibilitarão, pelo Parágrafo único.   Determinado o depoimento do in-
prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do vestigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos
juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mí-
bancos de dados de reservas e registro de viagens. nimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser
Art. 17.  As concessionárias de telefonia fixa ou móvel ampliado, a critério da autoridade responsável pela inves-
manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das tigação.
autoridades mencionadas no art. 15, registros de identifica- Art. 24.   O art. 288 do  Decreto-Lei no  2.848, de 7 de
ção dos números dos terminais de origem e de destino das dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a
ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais. seguinte redação:
“Associação Criminosa
Seção V Art. 288.  Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para
Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obten- o fim específico de cometer crimes:
ção da Prova Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único.  A pena aumenta-se até a metade se a
Art. 18.  Revelar a identidade, fotografar ou filmar o co- associação é armada ou se houver a participação de criança
laborador, sem sua prévia autorização por escrito: ou adolescente.” (NR)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 25.   O art. 342 do  Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
Art. 19.  Imputar falsamente, sob pretexto de colabora- dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a
ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que seguinte redação:
sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura “Art. 342.  ...................................................................................
de organização criminosa que sabe inverídicas: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ..................................................................................................” (NR)
Art. 20.  Descumprir determinação de sigilo das inves- Art. 26.  Revoga-se a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995.
tigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de Art. 27.   Esta Lei entra em vigor após decorridos 45
agentes: (quarenta e cinco) dias de sua publicação oficial.
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192o da Independência e
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
125  da República.
o
Art. 21.  Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministé-
rio Público ou delegado de polícia, no curso de investiga-
ção ou do processo:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e ESTATUTO DO TORCEDOR.
multa.
Parágrafo único.   Na mesma pena incorre quem, de
forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos LEI No 10.671, DE 15 DE MAIO DE 2003.
dados cadastrais de que trata esta Lei.
Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá
CAPÍTULO III outras providências.
DISPOSIÇÕES FINAIS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Art. 22.   Os crimes previstos nesta Lei e as infrações gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
penais conexas serão apurados mediante procedimento
ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro CAPÍTULO I
de 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto DISPOSIÇÕES Gerais
no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único.   A instrução criminal deverá ser en- Art. 1o Este Estatuto estabelece normas de proteção e
cerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a defesa do torcedor.
120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, pror- Art. 1o-A.  A prevenção da violência nos esportes é de
rogáveis em até igual período, por decisão fundamentada, responsabilidade do poder público, das confederações,
devidamente motivada pela complexidade da causa ou por federações, ligas, clubes, associações ou entidades espor-
fato procrastinatório atribuível ao réu. tivas, entidades recreativas e associações de torcedores, in-
Art. 23.  O sigilo da investigação poderá ser decretado clusive de seus respectivos dirigentes, bem como daqueles
pela autoridade judicial competente, para garantia da cele- que, de qualquer forma, promovem, organizam, coorde-
ridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegu- nam ou participam dos eventos esportivos. (Incluído pela
rando-se ao defensor, no interesse do representado, am- Lei nº 12.299, de 2010).
plo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao Art. 2o  Torcedor é toda pessoa que aprecie, apóie ou
exercício do direito de defesa, devidamente precedido de se associe a qualquer entidade de prática desportiva do
autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências País e acompanhe a prática de determinada modalidade
em andamento. esportiva.

142
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem- § 2o  Os dados contidos nos itens V e VI também deve-
se a apreciação, o apoio ou o acompanhamento de que rão ser afixados ostensivamente em local visível, em caracte-
trata o caput deste artigo. res facilmente legíveis, do lado externo de todas as entradas
Art. 2o-A.  Considera-se torcida organizada, para os do local onde se realiza o evento esportivo. (Incluído pela Lei
efeitos desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado ou nº 12.299, de 2010).
existente de fato, que se organize para o fim de torcer e § 3o  O juiz deve comunicar às entidades de que trata
apoiar entidade de prática esportiva de qualquer natureza o caput decisão judicial ou aceitação de proposta de tran-
ou modalidade.  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). sação penal ou suspensão do processo que implique o
Parágrafo único.  A torcida organizada deverá man- impedimento do torcedor de frequentar estádios desporti-
ter cadastro atualizado de seus associados ou membros, vos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
o qual deverá conter, pelo menos, as seguintes informa- Art. 6o  A entidade responsável pela organização da
ções: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). competição, previamente ao seu início, designará o Ouvidor
I - nome completo;  (Incluído pela Lei nº 12.299, de da Competição, fornecendo-lhe os meios de comunicação
2010). necessários ao amplo acesso dos torcedores.
II - fotografia; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). § 1o São deveres do Ouvidor da Competição recolher as
III - filiação; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). sugestões, propostas e reclamações que receber dos torce-
IV - número do registro civil;  (Incluído pela Lei nº dores, examiná-las e propor à respectiva entidade medidas
12.299, de 2010). necessárias ao aperfeiçoamento da competição e ao bene-
V - número do CPF;  (Incluído pela Lei nº 12.299, de fício do torcedor.
2010). § 2o É assegurado ao torcedor:
VI - data de nascimento; (Incluído pela Lei nº 12.299, I-oamploacessoaoOuvidordaCompetição,mediante
de 2010). comunicação postal ou mensagem eletrônica; e
VII - estado civil; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). II - o direito de receber do Ouvidorda Competição as
VIII - profissão; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). respostasàssugestões,propostasereclamações,queenca-
IX - endereço completo; e (Incluído pela Lei nº 12.299,
minhou, no prazo de trinta dias.
de 2010).
§ 3o Na hipótese de que trata o inciso II do § 2o, o Ou-
vidor da Competição utilizará, prioritariamente, o mesmo
X - escolaridade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
meio de comunicação utilizado pelo torcedor para o enca-
Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a for-
minhamento de sua mensagem.
necedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de
1990, a entidade responsável pela organização da competi-
§ 4o  O sítio da internet em que forem publicadas as in-
formações de que trata o § 1o do art. 5o conterá, também, as
ção, bem como a entidade de prática desportiva detentora manifestações e propostas do Ouvidor da Competição. (Re-
do mando de jogo. dação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 4o (VETADO) §
5o A função de Ouvidor da Competição poderá ser re-
munerada pelas entidades de prática desportiva participan-
CAPÍTULO II tes da     competição.
DA TRANSPARÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO Art. 7o  É direito do torcedor a divulgação, durante a
realização da partida, da renda obtida pelo pagamento de
Art. 5o  São asseguradas ao torcedor a publicidade e ingressos e do número de espectadores pagantes e não-pa-
transparência na organização das competições administra- gantes, por intermédio dos serviços de som e imagem insta-
das pelas entidades de administração do desporto, bem lados no estádio em que se realiza a partida, pela entidade
como pelas ligas de que trata o art. 20 da Lei no 9.615, de responsável pela organização da competição.
24 de março de 1998. Art. 8o
  As competições de atletas profissionais de que
§ 1o  As entidades de que trata o caput farão publicar participem entidades integrantes da organização desportiva
na internet, em sítio da entidade responsável pela organi- do País deverão ser promovidas de acordo com calendário
zação do evento:  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). anual de eventos oficiais que:
I - a íntegra do regulamento da competição; (Incluído I - garanta às entidades de prática desportiva participa-
pela Lei nº 12.299, de 2010). ção em competições durante pelo menos dez meses do ano;
II - as tabelas da competição, contendo as partidas que II - adote, em pelo menos uma competição de âmbito
serão realizadas, com especificação de sua data, local e ho- nacional, sistema de disputa em que as equipes participan-
rário; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). tes conheçam, previamente ao seu início, a quantidade de
III - o nome e as formas de contato do Ouvidor da partidas que disputarão, bem como seus adversários.
Competição de que trata o art. 6o;  (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010). CAPÍTULO III
IV - os borderôs completos das partidas; (Incluído pela DO REGULAMENTO DA COMPETIÇÃO
Lei nº 12.299, de 2010).
V - a escalação dos árbitros imediatamente após sua Art. 9o  É direito do torcedor que o regulamento, as ta-
definição; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). belas da competição e o nome do Ouvidor da Competição
VI - a relação dos nomes dos torcedores impedidos de sejam divulgados até 60 (sessenta) dias antes de seu iní-
comparecer ao local do evento desportivo.  (Incluído pela cio, na forma do § 1o do art. 5o. (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 12.299, de 2010). 12.299, de 2010).

143
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 1o  Nos dez dias subsequentes à divulgação de que I - a entidade de prática desportiva que não cumprir
trata o caput, qualquer interessado poderá manifestar-se todos os requisitos estabelecidos no inciso II do § 1o des-
sobre o regulamento diretamente ao Ouvidor da Compe- te artigo participará da divisão imediatamente inferior à
tição. que se encontra classificada;  (Incluído pela Lei nº 13.155,
§ 2o O Ouvidor da Competição elaborará, em setenta de 2015)
e duas horas, relatório contendo as principais propostas e II - a vaga desocupada pela entidade de prática des-
sugestões encaminhadas. portiva rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo
§ 3o
 Após o exame do relatório, a entidade responsável será ocupada por entidade de prática desportiva partici-
pela organização da competição decidirá, em quarenta e pante da divisão que receberá a entidade rebaixada nos
oito horas, motivadamente, sobre a conveniência da acei- termos do inciso I deste parágrafo, obedecida a ordem de
tação das propostas e sugestões relatadas. classificação do campeonato do ano anterior e desde que
§ 4o  O regulamento definitivo da competição será di- cumpridos os requisitos exigidos no inciso II do § 1o deste
vulgado, na forma do § 1o do art. 5o, 45 (quarenta e cinco) artigo. (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
§ 4o Serão desconsideradas as partidas disputadas pela
dias antes de seu início. (Redação dada pela Lei nº 12.299,
entidade de prática desportiva que não tenham atendido
de 2010).
ao critério técnico previamente definido, inclusive para
§ 5o É vedado proceder alterações no regulamento da
efeito de pontuação na competição.
competição desde sua divulgação definitiva, salvo nas hi-
§ 5o  A comprovação da regularidade fiscal de que trata
póteses de: a alínea a do inciso II do § 1o deste artigo poderá ser feita
I - apresentação de novo calendário anual de eventos mediante a apresentação de Certidão Positiva com Efeitos
oficiais para o ano subsequente, desde que aprovado pelo de Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários Fe-
Conselho Nacional do Esporte – CNE; derais e à Dívida Ativa da União - CPEND. (Incluído pela Lei
II - após dois anos de vigência do mesmo regulamento, nº 13.155, de 2015)
observado o procedimento de que trata este artigo. § 6o  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
§ 6o  A competição que vier a substituir outra, segundo § 7o  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
o novo calendário anual de eventos oficiais apresentado
§ 8o  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
para o ano subsequente, deverá ter âmbito territorial diver-
Art. 11. É direito do torcedor que o árbitro e seus auxi-
so da competição a ser substituída.
liares entreguem, em até quatro horas contadas do término
Art. 10. É direito do torcedor que a participação das en-
da partida, a súmula e os relatórios da partida ao represen-
tidades de prática desportiva em competições organizadas
tante da entidade responsável pela organização da com-
pelas entidades de que trata o art. 5oseja exclusivamente
petição.
em virtude de critério técnico previamente definido. § 1o Em casos excepcionais, de grave tumulto ou neces-
§ 1o
   Para os fins do disposto neste artigo, conside- sidade de laudo médico, os relatórios da partida poderão
ra-se critério técnico a habilitação de entidade de prática ser complementados em até vinte e quatro horas após o
desportiva em razão de: (Redação dada pela Lei nº 13.155, seu término.
de 2015) § 2o A súmula e os relatórios da partida serão elabora-
I - colocação obtida em competição anterior; e (Incluí- dos em três vias, de igual teor e forma, devidamente assi-
do pela Lei nº 13.155, de 2015) nadas pelo árbitro, auxiliares e pelo representante da enti-
II - cumprimento dos seguintes requisitos:  (Incluído dade responsável pela organização da competição.
pela Lei nº 13.155, de 2015) § 3o  A primeira via será acondicionada em envelope
a) regularidade fiscal, atestada por meio de apresen- lacrado e ficará na posse de representante da entidade
tação de Certidão Negativa de Débitos relativos a Créditos responsável pela organização da competição, que a enca-
minhará ao setor competente da respectiva entidade até as
Tributários Federais e à Dívida Ativa da União - CND; (In-
treze horas do primeiro dia útil subsequente.
cluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
§ 4o O lacre de que trata o § 3o será assinado pelo árbi-
b) apresentação de certificado de regularidade do Fun-
tro e seus auxiliares.
do de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; e  (Incluído
§ 5o A segunda via ficará na posse do árbitro da partida,
pela Lei nº 13.155, de 2015) servindo-lhe como recibo.
c) comprovação de pagamento dos vencimentos acer- § 6o A terceira via ficará na posse do representante da
tados em contratos de trabalho e dos contratos de imagem entidade responsável pela organização da competição, que
dos atletas. (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) a encaminhará ao Ouvidor da Competição até as treze ho-
§ 2o Fica vedada a adoção de qualquer outro critério, ras do primeiro dia útil subsequente, para imediata divul-
especialmente o convite, observado o disposto no art. 89 gação.
da Lei nº     9.615, de 24 de março de 1998. Art. 12.  A entidade responsável pela organização da
§ 3o  Em campeonatos ou torneios regulares com mais competição dará publicidade à súmula e aos relatórios da
de uma divisão, serão observados o princípio do acesso e partida no sítio de que trata o § 1o do art. 5o  até as 14
do descenso e as seguintes determinações, sem prejuízo (quatorze) horas do 3o  (terceiro) dia útil subsequente ao
da perda de pontos, na forma do regulamento:  (Redação da realização da partida. (Redação dada pela Lei nº 12.299,
dada pela Lei nº 13.155, de 2015) de 2010).

144
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

CAPÍTULO IV II - informar imediatamente após a decisão acerca da


DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO realização da partida, dentre outros, aos órgãos públicos
EVENTO ESPORTIVO de segurança, transporte e higiene, os dados necessários à
segurança da partida, especialmente:
Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais a) o local;
onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e b) o horário de abertura do estádio;
após a realização das partidas. (Vigência) c) a capacidade de público do estádio; e
Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao tor- d) a expectativa de público;
cedor portador de deficiência ou com mobilidade reduzida. III - colocar à disposição do torcedor orientadores e
Art. 13-A.  São condições de acesso e permanência serviço de atendimento para que aquele encaminhe suas
do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras reclamações no momento da partida, em local:
condições previstas em lei:  (Incluído pela Lei nº 12.299, de a) amplamente divulgado e de fácil acesso; e
2010). b) situado no estádio.
I - estar na posse de ingresso válido; (Incluído pela Lei § 1o É dever da entidade de prática desportiva deten-
nº 12.299, de 2010). tora do mando de jogo solucionar imediatamente, sempre
II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibi- que possível, as reclamações dirigidas ao serviço de atendi-
das ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos mento referido no inciso III, bem como reportá-las ao Ou-
de violência; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). vidor da Competição e, nos casos relacionados à violação
III - consentir com a revista pessoal de prevenção e se- de direitos e interesses de consumidores, aos órgãos de
gurança; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). defesa e proteção do consumidor.
IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, sím- §
2o  (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010).
bolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive Art. 15. O detentor do mando de jogo será uma das
de caráter racista ou xenófobo; (Incluído pela Lei nº 12.299, entidades de prática desportiva envolvidas na partida, de
de 2010). acordo com os critérios definidos no regulamento da com-
V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xe- petição.
nófobos; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). Art. 16. É dever da entidade responsável pela organiza-
VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no ção da competição:
interior do recinto esportivo;  (Incluído pela Lei nº 12.299, I - confirmar, com até quarenta e oito horas de ante-
de 2010). cedência, o horário e o local da realização das partidas em
VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quais- que a definição das equipes dependa de resultado anterior;
quer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efei- II - contratar seguro de acidentes pessoais, tendo como
tos análogos; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). beneficiário o torcedor portador de ingresso, válido a partir
VIII - não incitar e não praticar atos de violência no do momento em que ingressar no estádio;
estádio, qualquer que seja a sua natureza; e  (Incluído pela III – disponibilizar um médico e dois enfermeiros-pa-
Lei nº 12.299, de 2010). drão para cada dez mil torcedores presentes à partida;
IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer IV – disponibilizar uma ambulância para cada dez mil
forma, da área restrita aos competidores. (Incluído pela Lei torcedores presentes à partida; e
nº 12.299, de 2010). V – comunicar previamente à autoridade de saúde a
X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de realização do evento.
bambu ou similares, para outros fins que não o da mani- Art. 17. É direito do torcedor a implementação de pla-
festação festiva e amigável. (Incluído pela Lei nº 12.663, de nos de ação referentes a segurança, transporte e contin-
2012). gências que possam ocorrer durante a realização de even-
Parágrafo único.  O não cumprimento das condições tos esportivos.
estabelecidas neste artigo implicará a impossibilidade de § 1o  Os planos de ação de que trata o caput serão ela-
ingresso do torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o caso, borados pela entidade responsável pela organização da
o seu afastamento imediato do recinto, sem prejuízo de competição, com a participação das entidades de prática
outras sanções administrativas, civis ou penais eventual- desportiva que a disputarão e dos órgãos responsáveis
mente cabíveis. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). pela segurança pública, transporte e demais contingências
Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 da que possam ocorrer, das localidades em que se realiza-
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, a responsabili- rão as partidas da competição. (Redação dada pela Lei nº
dade pela segurança do torcedor em evento esportivo é 12.299, de 2010).
da entidade de prática desportiva detentora do mando de § 2o Planos de ação especiais poderão ser apresenta-
jogo e de seus dirigentes, que deverão: dos em relação a eventos esportivos com excepcional ex-
I – solicitar ao Poder Público competente a presença pectativa de público.
de agentes públicos de segurança, devidamente identifica- § 3o Os planos de ação serão divulgados no sítio dedi-
dos, responsáveis pela segurança dos torcedores dentro e cado à competição de que trata o parágrafo único do art.
fora dos estádios e demais locais de realização de eventos 5o no mesmo prazo de publicação do regulamento defini-
esportivos; tivo da competição.

145
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 18.  Os estádios com capacidade superior a 10.000 § 3o  O disposto no § 2o não se aplica aos eventos es-
(dez mil) pessoas deverão manter central técnica de infor- portivos realizados em estádios com capacidade inferior a
mações, com infraestrutura suficiente para viabilizar o mo- 10.000 (dez mil) pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.299,
nitoramento por imagem do público presente.  (Redação de 2010).
dada pela Lei nº 12.299, de 2010). Art. 23. A entidade responsável pela organização da
Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da competição apresentará ao Ministério Público dos Esta-
competição, bem como seus dirigentes respondem solida- dos e do Distrito Federal, previamente à sua realização,
riamente com as entidades de que trata o art. 15 e seus di- os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e autoridades
rigentes, independentemente da existência de culpa, pelos competentes pela vistoria das condições de segurança dos
prejuízos causados a torcedor que decorram de falhas de estádios a serem utilizados na competição. (Regulamento)
segurança nos estádios ou da inobservância do disposto § 1o Os laudos atestarão a real capacidade de público
neste capítulo. dos estádios, bem como suas condições de segurança.
§ 2o Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis me-
CAPÍTULO V ses, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade
DOS INGRESSOS de prática desportiva detentora do mando do jogo em que:
I - tenha sido colocado à venda número de ingressos
Art. 20. É direito do torcedor partícipe que os ingressos maior do que a capacidade de público do estádio; ou
para as partidas integrantes de competições profissionais II - tenham entrado pessoas em número maior do que
sejam colocados à venda até setenta e duas horas antes do a capacidade de público do estádio.
início da partida correspondente. III - tenham sido disponibilizados portões de acesso ao
§ 1o O prazo referido no caput será de quarenta e oito estádio em número inferior ao recomendado pela autori-
horas nas partidas em que: dade pública. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
I - as equipes sejam definidas a partir de jogos elimi- Art. 24. É direito do torcedor partícipe que conste no
natórios; e ingresso o preço pago por ele.
II - a realização não seja possível prever com antece- § 1o Os valores estampados nos ingressos destinados
dência de quatro dias. a um mesmo setor do estádio não poderão ser diferentes
§ 2o A venda deverá ser realizada por sistema que asse- entre si, nem daqueles divulgados antes da partida pela
gure a sua agilidade e amplo acesso à informação. entidade detentora do mando de jogo.
§ 2o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de ven-
§ 3o É assegurado ao torcedor partícipe o fornecimento
da antecipada de carnê para um conjunto de, no mínimo,
de comprovante de pagamento, logo após a aquisição dos
três partidas de uma mesma equipe, bem como na venda
ingressos.
de ingresso com redução de preço decorrente de previsão
§ 4o Não será exigida, em qualquer hipótese, a devolu-
legal.
ção do comprovante de que trata o § 3o.
Art. 25.  O controle e a fiscalização do acesso do pú-
§ 5o  Nas partidas que compõem as competições de
blico ao estádio com capacidade para mais de 10.000 (dez
âmbito nacional ou regional de primeira e segunda divi- mil) pessoas deverão contar com meio de monitoramento
são, a venda de ingressos será realizada em, pelo menos, por imagem das catracas, sem prejuízo do disposto no art.
cinco postos de venda localizados em distritos diferentes 18 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
da cidade.
Art. 21. A entidade detentora do mando de jogo imple- CAPÍTULO VI
mentará, na organização da emissão e venda de ingressos, DO TRANSPORTE
sistema de segurança contra falsificações, fraudes e outras
práticas que contribuam para a evasão da receita decorren- Art. 26. Em relação ao transporte de torcedores para
te do evento esportivo. eventos esportivos, fica assegurado ao torcedor partícipe:
Art. 22. São direitos do torcedor partícipe: (Vigência) I - o acesso a transporte seguro e organizado;
I - que todos os ingressos emitidos sejam numerados; II - a ampla divulgação das providências tomadas em
e relação ao acesso ao local da partida, seja em transporte
II - ocupar o local correspondente ao número constan- público ou privado; e
te do ingresso. III - a organização das imediações do estádio em que
§ 1o O disposto no inciso II não se aplica aos locais já será disputada a partida, bem como suas entradas e saídas,
existentes para assistência em pé, nas competições que o de modo a viabilizar, sempre que possível, o acesso seguro
permitirem, limitando-se, nesses locais, o número de pes- e rápido ao evento, na entrada, e aos meios de transporte,
soas, de acordo com critérios de saúde, segurança e bem na saída.
-estar. Art. 27. A entidade responsável pela organização da
§ 2o  A emissão de ingressos e o acesso ao estádio nas competição e a entidade de prática desportiva detentora
primeira e segunda divisões da principal competição na- do mando de jogo solicitarão formalmente, direto ou me-
cional e nas partidas finais das competições eliminatórias diante convênio, ao Poder Público competente:
de âmbito nacional deverão ser realizados por meio de sis- I - serviços de estacionamento para uso por torcedores
tema eletrônico que viabilize a fiscalização e o controle da partícipes durante a realização de eventos esportivos, asse-
quantidade de público e do movimento financeiro da par- gurando a estes acesso a serviço organizado de transporte
tida. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010). para o estádio, ainda que oneroso; e

146
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

II - meio de transporte, ainda que oneroso, para con- CAPÍTULO IX


dução de idosos, crianças e pessoas portadoras de defi- DA RELAÇÃO COM A ENTIDADE DE PRÁTICA DES-
ciência física aos estádios, partindo de locais de fácil aces- PORTIVA
so, previamente determinados.
Parágrafo único.  O cumprimento do disposto neste ar- Art. 33. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, cada en-
tigo fica dispensado na hipótese de evento esportivo reali- tidade de prática desportiva fará publicar documento que
zado em estádio com capacidade inferior a 10.000 (dez mil) contemple as diretrizes básicas de seu relacionamento com
pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010). os torcedores, disciplinando, obrigatoriamente: (Vigência)
I - o acesso ao estádio e aos locais de venda dos in-
CAPÍTULO VII gressos;
DA ALIMENTAÇÃO E DA HIGIENE II - mecanismos de transparência financeira da entida-
de, inclusive com disposições relativas à realização de au-
Art. 28. O torcedor partícipe tem direito à higiene e à ditorias independentes, observado o disposto no art. 46-A
qualidade das instalações físicas dos estádios e dos produ- da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998; e
tos alimentícios vendidos no local. III - a comunicação entre o torcedor e a entidade de
§ 1o O Poder Público, por meio de seus órgãos de vigi- prática desportiva.
lância sanitária, verificará o cumprimento do disposto neste Parágrafo único. A comunicação entre o torcedor e
artigo, na forma da legislação em vigor. a entidade de prática desportiva de que trata o inciso III
§ 2o  É vedado impor preços excessivos ou aumentar do caput poderá, dentre outras medidas, ocorrer mediante:
sem justa causa os preços dos produtos alimentícios co- I - a instalação de uma ouvidoria estável;
mercializados no local de realização do evento esportivo. II - a constituição de um órgão consultivo formado por
Art. 29. É direito do torcedor partícipe que os estádios torcedores não-sócios; ou
possuam sanitários em número compatível com sua capa- III - reconhecimento da figura do sócio-torcedor, com
cidade de público, em plenas condições de limpeza e fun- direitos mais restritos que os dos demais sócios.
cionamento.
Parágrafo único. Os laudos de que trata o art. 23 de- CAPÍTULO X
verão aferir o número de sanitários em condições de uso e
DA RELAÇÃO COM A JUSTIÇA DESPORTIVA
emitir parecer sobre a sua compatibilidade com a capaci-
dade de público do estádio.
Art. 34. É direito do torcedor que os órgãos da Justi-
ça Desportiva, no exercício de suas funções, observem os
CAPÍTULO VIII
princípios da impessoalidade, da moralidade, da celerida-
DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM ESPORTIVA
de, da publicidade e da independência.
Art. 35. As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça
Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das
competições desportivas seja independente, imparcial, Desportiva devem ser, em qualquer hipótese, motivadas e
previamente remunerada e isenta de pressões. ter a mesma publicidade que as decisões dos tribunais fe-
Parágrafo único. A remuneração do árbitro e de seus derais.
auxiliares será de responsabilidade da entidade de admi- § 1o  Não correm em segredo de justiça os processos
nistração do desporto ou da liga organizadora do evento em curso perante a Justiça Desportiva.
esportivo. § 2o  As decisões de que trata o caput serão disponibili-
Art. 31. A entidade detentora do mando do jogo e seus zadas no sítio de que trata o § 1o do art. 5o. (Redação dada
dirigentes deverão convocar os agentes públicos de segu- pela Lei nº 12.299, de 2010).
rança visando a garantia da integridade física do árbitro e Art. 36. São nulas as decisões proferidas que não ob-
de seus auxiliares. servarem o disposto nos arts. 34 e 35.
Art. 31-A.  É dever das entidades de administração do
desporto contratar seguro de vida e acidentes pessoais, CAPÍTULO XI
tendo como beneficiária a equipe de arbitragem, quando DAS PENALIDADES
exclusivamente no exercício dessa atividade. (Incluído pela
Lei nº 12.299, de 2010). Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a
Art. 32.  É direito do torcedor que os árbitros de cada entidade de administração do desporto, a liga ou a entida-
partida sejam escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles de de prática desportiva que violar ou de qualquer forma
previamente selecionados, ou audiência pública transmiti- concorrer para a violação do disposto nesta Lei, observado
da ao vivo pela rede mundial de computadores, sob pena o devido processo legal, incidirá nas seguintes sanções:
de nulidade. (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015) I – destituição de seus dirigentes, na hipótese de vio-
§ 1o   O sorteio ou audiência pública serão realizados lação das regras de que tratam os Capítulos II, IV e V desta
no mínimo quarenta e oito horas antes de cada rodada, em Lei;
local e data previamente definidos.(Redação dada pela Lei II - suspensão por seis meses dos seus dirigentes, por
nº 13.155, de 2015) violação dos dispositivos desta Lei não referidos no inciso I;
§ 2o  O sorteio será aberto ao público, garantida sua III - impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal
ampla divulgação. em âmbito federal; e

147
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IV - suspensão por seis meses dos repasses de recursos CAPÍTULO XI-A


públicos federais da administração direta e indireta, sem DOS CRIMES
prejuízo do disposto no art. 18 da Lei no  9.615, de 24 de (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
março de 1998.
§ 1o Os dirigentes de que tratam os incisos I e II Art. 41-B.  Promover tumulto, praticar ou incitar a vio-
do caput deste artigo serão sempre: lência, ou invadir local restrito aos competidores em even-
I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as tos esportivos:  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
vezes; e Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.  (In-
II - o dirigente que praticou a infração, ainda que por cluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
omissão. § 1o  Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (In-
§ 2o  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- cluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
nicípios poderão instituir, no âmbito de suas competên- I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência
cias, multas em razão do descumprimento do disposto num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local de
realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida
nesta Lei, observado o valor mínimo de R$ 100,00 (cem
e volta do local da realização do evento; (Incluído pela Lei
reais) e o valor máximo de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de
nº 12.299, de 2010).
reais). (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio,
§ 3o  A instauração do processo apuratório acarretará em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realiza-
adoção cautelar do afastamento compulsório dos dirigen- ção de evento esportivo, quaisquer instrumentos que pos-
tes e demais pessoas que, de forma direta ou indiretamen- sam servir para a prática de violência. (Incluído pela Lei nº
te, puderem interferir prejudicialmente na completa eluci- 12.299, de 2010).
dação dos fatos, além da suspensão dos repasses de verbas § 2o  Na sentença penal condenatória, o juiz deverá con-
públicas, até a decisão final. verter a pena de reclusão em pena impeditiva de compare-
Art. 38. (VETADO) cimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer
Art. 39.  (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010). local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3
Art. 39-A.  A torcida organizada que, em evento es- (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade da
portivo, promover tumulto; praticar ou incitar a violência; conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons
ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela
dirigentes, organizadores ou jornalistas será impedida, as- prática de condutas previstas neste artigo.  (Incluído pela
sim como seus associados ou membros, de comparecer a Lei nº 12.299, de 2010).
eventos esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos. (Incluído § 3o  A pena impeditiva de comparecimento às proxi-
pela Lei nº 12.299, de 2010). midades do estádio, bem como a qualquer local em que
Art. 39-B.  A torcida organizada responde civilmente, se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado
de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por
da restrição imposta.  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
qualquer dos seus associados ou membros no local do
§ 4o  Na conversão de pena prevista no § 2o, a senten-
evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida ça deverá determinar, ainda, a obrigatoriedade suplemen-
e volta para o evento. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). tar de o agente permanecer em estabelecimento indicado
Art. 40. A defesa dos interesses e direitos dos torcedo- pelo juiz, no período compreendido entre as 2 (duas) horas
res em juízo observará, no que couber, a mesma disciplina antecedentes e as 2 (duas) horas posteriores à realização de
da defesa dos consumidores em juízo de que trata o Título partidas de entidade de prática desportiva ou de compe-
III da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990. tição determinada.  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- § 5o  Na hipótese de o representante do Ministério Pú-
nicípios promoverão a defesa do torcedor, e, com a fina- blico propor aplicação da pena restritiva de direito prevista
lidade de fiscalizar o cumprimento do disposto nesta Lei, no art. 76 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, o
poderão: juiz aplicará a sanção prevista no § 2o. (Incluído pela Lei nº
I - constituir órgão especializado de defesa do torce- 12.299, de 2010).
dor; ou Art. 41-C.  Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem,
II - atribuir a promoção e defesa do torcedor aos ór- vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não
gãos de defesa do consumidor. patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a al-
Art. 41-A.  Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça terar ou falsear o resultado de competição esportiva ou
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser evento a ela associado: (Redação dada pela Lei nº 13.155,
de 2015)
criados pelos Estados e pelo Distrito Federal para o proces-
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (In-
so, o julgamento e a execução das causas decorrentes das
cluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
atividades reguladas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.299,
Art. 41-D.  Dar ou prometer vantagem patrimonial ou
de 2010). não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado
de uma competição desportiva ou evento a ela associa-
do: (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)

148
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (In-


cluído pela Lei nº 12.299, de 2010). ANOTAÇÕES
Art. 41-E.   Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir
para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de
competição esportiva ou evento a ela associado:  (Redação __________________________________________________
dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (In- ___________________________________________________
cluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
___________________________________________________
Art. 41-F.  Vender ingressos de evento esportivo, por
preço superior ao estampado no bilhete: (Incluído pela Lei ___________________________________________________
nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (In- ___________________________________________________
cluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-G.  Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição ___________________________________________________
de ingressos para venda por preço superior ao estampado ___________________________________________________
no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e mul- ___________________________________________________
ta. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Parágrafo único.  A pena será aumentada de 1/3 (um ___________________________________________________
terço) até a metade se o agente for servidor público, di-
rigente ou funcionário de entidade de prática desportiva, ___________________________________________________
entidade responsável pela organização da competição, ___________________________________________________
empresa contratada para o processo de emissão, distribui-
ção e venda de ingressos ou torcida organizada e se utilizar ___________________________________________________
desta condição para os fins previstos neste artigo. (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010). ___________________________________________________

___________________________________________________
CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ___________________________________________________

Art. 42. O Conselho Nacional de Esportes – CNE pro- ___________________________________________________


moverá, no prazo de seis meses, contado da publicação
desta Lei, a adequação do Código de Justiça Desportiva ao ___________________________________________________
disposto na Lei no 9.615, de 24 de março de 1998, nesta Lei ___________________________________________________
e em seus respectivos regulamentos.
Art. 43. Esta Lei aplica-se apenas ao desporto profis- ___________________________________________________
sional.
Art. 44. O disposto no parágrafo único do art. 13, e nos ___________________________________________________
arts. 18, 22, 25 e 33 entrará em vigor após seis meses da
publicação desta Lei. ___________________________________________________
Art. 45. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ___________________________________________________
cação.
Brasília, 15 de maio de 2003; 182o da Independência e ___________________________________________________
115  da República.
o

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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149
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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150
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Introdução ao sistema operacional Microsoft Windows.......................................................................................................................... 01


Conceitos básicos e utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas eletrônicas e apresentações: pacote
Microsoft Office. ...................................................................................................................................................................................................... 09
Principais aplicativos de navegação na Internet (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox), ferramentas de pesquisa e
compartilhamento de informações................................................................................................................................................................... 69
Segurança na Internet............................................................................................................................................................................................. 69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Win-


INTRODUÇÃO AO SISTEMA OPERACIONAL dows Mail e Windows
MICROSOFT WINDOWS. Calendar foram substituídos pelas suas respectivas con-
trapartes do Windows Live, com a perda de algumas funcio-
nalidades. O Windows 7, assim como o Windows Vista, esta-
WINDOWS 7 rá disponível em cinco diferentes edições, porém apenas o
Home Premium, Professional e Ultimate serão vendidos na
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de maioria dos países, restando outras duas edições que se con-
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para centram em outros mercados, como mercados de empresas
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009. ou só para países em desenvolvimento. Cada edição inclui
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no- recursos e limitações, sendo que só o Ultimate não tem limi-
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e di- tações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos para todas
recionada para a linha Windows, tem a intenção de torná-lo as edições do Windows 7 são armazenadas no computador.
totalmente compatível com aplicações e hardwares com os Um dos principais objetivos da Microsoft com este
quais o Windows Vista já era compatível. novo Windows é proporcionar uma melhor interação e in-
Apresentações dadas pela companhia no começo de tegração do sistema com o usuário, tendo uma maior oti-
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va- mização dos recursos do Windows 7, como maior autono-
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema de mia e menor consumo de energia, voltado a profissionais
“network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na per- ou usuários de internet que precisam interagir com clientes
formance. e familiares com facilidade, sincronizando e compartilhan-
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare- do facilmente arquivos e diretórios.
fas e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-
touch) Recursos
· Internet Explorer 8; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos en-
· Novo menu Iniciar; contrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor,
· Comando de voz (inglês); Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusi-
· Gadgets sobre o desktop; vas, feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempe-
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.; nho do SO (Sistema Operacional) no computador.
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras
Media Player, integrado ao Windows Explorer; versões do Windows, não terá que jogar todo o conheci-
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008; mento fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win- aprender “novos truques” enquanto isso.
dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007;
· Aceleradores no Internet Explorer 8; Tarefas Cotidianas
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia
RAM; se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
· Home Groups; empresa enorme para precisar sempre de um computador
· Melhor desempenho; perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e fun-
· Windows Media Player 12; ções para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano.
· Nova versão do Windows Media Center;
· Gerenciador de Credenciais; Grupo Doméstico
· Instalação do sistema em VHDs; Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
mais funções; várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aon-
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, de a outra máquina está para recuperar uma foto digital
Gamão Internet e Internet Damas; armazenada apenas nele.
· Windows XP Mode; Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica sim-
· Aero Shake; plificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual
os privilégios que os outros terão ao acessar a informação,
Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos se é apenas de visualização, de edição e etc.
o número de capacidades e certos programas que faziam
parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu- Tela sensível ao toque
daram, resultando na remoção de certas funcionalidades. O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensí-
Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema ope- vel ao toque com opção a multitoque, recurso difundido
racional em desenvolvimento, nem todos os recursos po- pelo iPhone.
dem ser definitivamente considerados excluídos. Fixar na- O recurso multitoque percebe o toque em diversos
vegador de internet e cliente de e-mail padrão no menu pontos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possí-
Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados vel dimensionar uma imagem arrastando simultaneamente
manualmente). duas pontas da imagem na tela.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplica- Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-
tivos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage portante. Se a edição de um determinado documento é
é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto
possível montar slide show de fotos e criar papeis de parede que a lista de recentes se modifica conforme você abre e
personalizados. Essas funções não são novidades, mas por fecha novos documentos.
serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques
as tornam novidades. Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
a busca enquanto você navega pelas pastas.
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela
sensível ao toque.
Menu iniciar
As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do
Lista de Atalhos
menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por
exemplo, pelo atalho de inicialização de algum programa
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir direta-
ou arquivo de modo rápido.
mente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o progra-
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
ma que você utilizou. Digamos que você estava editando um
Windows Search, a pesquisa do menu início não olha ape-
relatório em seu editor de texto e precisou fechá-lo por algum
motivo. Quando quiser voltar a trabalhar nele, basta clicar com nas aos nomes de pastas e arquivos.
o botão direito sob o ícone do editor e o arquivo estará entre Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e proprieda-
os recentes. Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois des também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
se preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai Os resultados são mostrados enquanto você digita e
diretamente para a informação, ganhando tempo. são divididos em categorias, para facilitar sua visualização.
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus-
ca pode ser dividido.
· Programas
· Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos

Exemplo de arquivos recentes no Paint.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você observará que o Windows Explorer traz a janela


dividida em duas partes.

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que
visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda
Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras a limitar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa
em seu nome. funcionalidade fique disponível, é importante que o com-
putador tenha uma conta de administrador, protegida por
Windows Explorer senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja res-
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena tringir deve ter sua própria conta.
parte do total disponível. As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acio- · Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do
nado automaticamente quando você navega pelas pastas dia que o PC pode ser utilizado.
do seu computador – você encontrará uma busca mais · Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo
abrangente. horário e também pela classificação do jogo. Vale notar
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de que a classificação já vem com o próprio game.
se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de bus- · Bloquear programas: É possível selecionar quais apli-
ca. No 7, precisamos apenas digitar os termos na caixa de cativos estão autorizados a serem executados.
busca, que fica no canto superior direito. Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que
são acessadas, e até mesmo manter um histórico das ativi-
dades online do usuário.

Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
dows detectou algo de errado.
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce;
Windows 7 Bible, pg 774).
A busca não se limita a digitação de palavras. Você
pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
procura, podem existir outras classificações disponíveis.
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito Gadgets de calendário e relógio.
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para
nossa qualidade de vida quanto para o desempenho no Temas
trabalho. O computador é uma extensão desse ambiente. Como nem sempre há tempo de modificar e deixar to-
O Windows 7 permite uma alta personalização de ícones, das as configurações exatamente do seu gosto, o Windows
cores e muitas outras opções, deixando um ambiente mais 7 disponibiliza temas, que mudam consideravelmente os as-
confortável, não importa se utilizado no ambiente profis- pectos gráficos, como em papéis de parede e cores.
sional ou no doméstico.
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão ClearType
na página de Personalização1, que pode ser acessada por “Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes pare-
um clique com o botão direito na área de trabalho e em cerem mais claras e suaves no monitor. É particularmente
seguida um clique em Personalizar. efetivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito
É importante notar que algumas configurações podem nos antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows 7
deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos dá suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible,
de transparência. Abaixo estão algumas das opções de per- pg 163, tradução nossa).
sonalização mais interessantes.
Novas possibilidades
Papéis de Parede Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, novas
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou possibilidades de configuração, maior facilidade na navega,
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades foram
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra- diretamente aplicadas no computador em uso, mas no 7 po-
de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você demos também interagir com outros dispositivos.
encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma
Reproduzir em
única folha numa floresta até uma montanha.
Permitindo acessando de outros equipamentos a um
A outra é a possibilidade de criar um slide show com
computador com o Windows 7, é possível que eles se co-
várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a
muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho
impressão que sua área de trabalho está mais viva. de som as músicas que você tem no HD de seu computador.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível
Gadgets com o Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, “Compatível com o Windows 7”.
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar
em qualquer local do desktop. Streaming de mídia remoto
Servem para deixar sua área de trabalho com ele- Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
mentos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena computador para outros lugares da casa. Se quiser levar
agenda – até as de gosto mais duvidosas – como uma que para fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
mostra o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário Com este novo recurso, dois computadores rodando
o que e como utilizar. Windows 7 podem compartilhar músicas através do Windo-
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir ws Media Player 12. É necessário que ambos estejam asso-
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet. ciados com um ID online, como a do Windows Live.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,


Você pode adicionar recursos ao seu computador alte- equações matemáticas escritas na tela são convertidas em
rando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a ima- O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-
gem da conta de usuário. Você pode também selecionar turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
“gadgets” específicos para sua área de trabalho. inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na
área de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da
janela sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é
um visual premium dessa versão do Windows, apresentan-
do um design como o vidro transparente com animações
de janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas
e novas cores de borda de janela. Use o tema inteiro ou
crie seu próprio tema personalizado alterando as imagens,
cores e sons individualmente. Você também pode locali-
zar mais temas online no site do Windows. Você também
pode alterar os sons emitidos pelo computador quando,
por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de
papel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
de área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de
slides de imagens. Também pode ser usada uma proteção O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
de tela onde uma imagem ou animação aparece em sua mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
tela quando você não utiliza o mouse ou o teclado por que parecem do Office 2007.
determinado período de tempo. Você pode escolher uma
variedade de proteções de tela do Windows. Aumentando Paint com novos recursos.
o tamanho da fonte você pode tornar o texto, os ícones e
outros itens da tela mais fáceis de ver. Também é possível O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada, para sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
diminuir o tamanho do texto e outros itens na tela para que ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
caibam mais informações na tela. não tem o Word 2007.
Outro recurso de personalização é colocar imagem de A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge-
no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos.
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows Também foi adicionado recurso de conversão de uni-
ou usar sua própria imagem. E para finalizar você pode dades como de pés para metros.
adicionar “gadgets” de área de trabalho, que são minipro-
gramas personalizáveis que podem exibir continuamente
informações atualizadas como a apresentação de slides de
imagens ou contatos, sem a necessidade de abrir uma nova
janela.

Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque. Calculadora: 2 novos modos.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Win-
dows 7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as
configurações e os programas do Windows Vista no lugar”
(Site da Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit) De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero) ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len- Bible, pg 1041, tradução nossa).
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro-
Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador
Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas.
ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
fazer a re-instalação do sistema operacional.
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Monitor de recursos
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
instalação. e conexão à rede.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Starter te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá tam- sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
bém a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais de edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
três aplicativos ao mesmo tempo. segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores execução de programas não-autorizados. Além disso, há
novos poderão contar também com a instalação desta edi- ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
ajuda com a configuração de redes corporativas.
Windows 7 Home Premium
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
“completa”, a Home Premium acumula todas as funcionali-
Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
dades das edições citadas anteriormente e soma mais algu-
pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
mas ao pacote.
tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su-
às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch
limitada desta versão do sistema.
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conhecido interessando muito aos usuários comuns.
como Mobility Center.

Usando a Ajuda e Suporte do Windows


A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
também poderá ser encontrada em computadores novos. a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas ajuda com relação a um programa que não faz parte do
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão Pro- Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
fessional do Windows 7 possuirá diversos recursos que vi- tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).
sam facilitar a comunicação entre computadores e até Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no
mesmo impressoras de uma rede corporativa. botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Obter o conteúdo mais recente da Ajuda


Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.

Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.
Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter
informações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais
úteis na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.

A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows

Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um
item na lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de as-
suntos. Clique em um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.

Navegando em tópicos da Ajuda por assunto

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS BÁSICOS E UTILIZAÇÃO


DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE
TEXTOS, PLANILHAS ELETRÔNICAS E
APRESENTAÇÕES: PACOTE MICROSOFT
OFFICE.

MS OFFICE

O Microsoft Office é uma suíte de aplicativos para escritório que contém programas como processador de texto,
planilha de cálculo, banco de dados (Também conhecido como DB “Data Base”), apresentação gráfica e gerenciador de
tarefas, de e-mails e contatos.
O Word é o processador de texto do Microsoft Office, sendo o paradigma atual de WYSIWYG. Facilita a criação, o
compartilhamento e a leitura de documentos. Desde a versão 2.0 (1992) já se apresentava como um poderoso editor de
textos que permitia tarefas avançadas de automação de escritório. Com o passar do tempo, se desenvolveu rapidamente
e, atualmente, é o editor mais utilizado pelas grandes empresas e por outros usuários.
O Microsoft Excel faz parte do pacote Microsoft Office da Microsoft e atualmente é o programa de folha de cálculo
mais popular do mercado. As planilhas eletrônicas agilizam muito todas as tarefas que envolvem cálculos e segundo es-
tudos efetuados, são os aplicativos mais utilizados nos escritórios do mundo inteiro.
O Microsoft PowerPoint é uma aplicação que permite o design de apresentações para empresas, apresentações esco-
lares..., sejam estas texto ou gráficas. Tem um vasto conjunto de ferramentas, nomeadamente a inserção de som, imagens,
efeitos automáticos e formatação de vários elementos.

MS WORD

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a
suíte que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google
Docs e LibreOffice.

Interface

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento , que como


é um novo documento apresenta como título “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra, clican-
do no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página Inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior .
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto.

Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar seu documento em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou
outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma
tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Você pode mudar o local do arquivo a ser salvo, bastando clicar no botão “Procurar” e selecionar o local desejado pela
parte esquerda da janela.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No campo nome do arquivo, o Word normalmente preenche com o título do documento, como o documento não possui
um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e que se aproxime
do conteúdo de seu texto. Até a versão 2003, os documentos eram salvos no formato .DOC, a partir da versão 2007, os documen-
tos são salvos na versão .DOCX, que não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder salvar seu documento e manter
ele compatível com versões anteriores do Word, clique na direita dessa opção e mude para Documento do Word 97-2003.

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word


Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

Na esquerda da janela, localizamos o botão abrir, observe também que ele mostra uma relação de documentos recentes,
nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será necessário
localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique na aba arquivo e escolha Salvar Como.

Visualização do Documento
Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. An-
terior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
Leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do documento à
direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão fechar
no topo à direita da tela.
Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam
textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom
o Word apresenta a seguinte janela:

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.

Configuração de Documentos

Um dos principais cuidados que se deve ter com seus documentos é em relação à configuração da página.
No Word 2013 a ABA que permite configurar sua página é a ABA Layout da Página.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar- A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei-
gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré- ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
definidos, como também personalizá-las. será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
frente como trabalhar com seções.

Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos


Ao personalizar as margens, é possível alterar as mar-
gens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orien- utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
tação da página, se retrato ou paisagem, configurar a fora e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho
de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o
mesma janela temos a guia Papel. alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa-
Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
alimentação do papel. opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
opção números de linha permite adicionar numeração as
linhas do documento.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Colunas Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”,


abre-se a janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página


Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as
suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso
desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente
também que se preciso adicionar colunas a somente uma
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.
Podemos adicionar as páginas do documento, marcas
d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página,
localizado na Aba Design possui três botões para modificar
o documento.

Clique no botão Marca d’água.

Números de Linha
É bastante comum em documentos acrescentar nume-
ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
de Linhas”.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos o da seleção desejada. Podemos também clicar onde começa a
item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde termina a se-
leção. É possível selecionar palavras alternadas. Selecione a
primeira palavra, pressione CTRL e vá selecionando as partes
do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que
qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de atalho
CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o
primeiro grupo na ABA Página Inicial.

Este é um processo comum, porém um cuidado impor-


tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
Nesta janela podemos definir uma imagem como marca
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem forma-
d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a ima-
tações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao copiar
gem e depois definir a dimensão e se a imagem ficará mais
um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao seu docu-
fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é possível de-
mento, não basta apenas clicar em colar, é necessário clicar na
finir um texto como marca d’água. O segundo botão permite
setinha apontando para baixo no botão Colar, escolher Colar
colocar uma cor de fundo em seu texto, um recurso interes- Especial.
sante é que o Word verifica a cor aplicada e automaticamente
ele muda a cor do texto.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de textos é
indispensável para ganho de tempo na edição de seu texto.
Através da seleção de texto podemos mudar a cor, tamanho Observe na imagem que ele traz o texto no formato
e tipo de fonte, etc. HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa mani-
pulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique em OK.
Selecionando pelo Mouse
Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o cur- Localizar e Substituir
sor aponta para a direita. Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro dela
Ao dar um clique ele seleciona toda a linha temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique na opção
Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo. Substituir.
Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado e
arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que se o
mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar o pro-
cesso, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar ao final

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite substituir em
seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou pode ser todas de uma
única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando escrita
em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou *ão o
Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras em
inglês.
Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa e se-
melhantes estiverem marcadas.
Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2013 a ABA responsável
pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para formatar
uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser formatar somente uma letra
também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir
fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao
clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e sobres-
crito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús- Formatação de parágrafos


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos o A principal regra da formatação de parágrafos é que
de realce – que permite colocar uma cor de fundo para real- independentemente de onde estiver o cursor a formatação
çar o texto e o botão de cor do texto. será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha
ou mais. Quando se trata de dois ou mais parágrafos será
necessárioselecionar os parágrafos a serem formatados. A
formatação de parágrafos pode ser localizada na ABA Ini-
cio, e os recuos também na ABA Layout da Página.

No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-


res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na
segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-
da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte. nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

A janela fonte contém os principais comandos de for-


matação e permite que você possa observar as alterações
antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.
Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento entre
os caracteres que pode ser condensado ou comprimido, a
posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bordas no parágrafo. As opções disponíveis são praticamente as mesmas dis-


poníveis pelo grupo.
Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas
réguas superiores.

Marcadores e Numeração
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo pa-
rágrafos, mas devido a sua importância, merecem um des-
taque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e Nu-
meração.

Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos


apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de
Formatação de Parágrafos.

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto


tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado.

Você pode observar que o Word automaticamente adi-


cionou outros símbolos ao marcador, você pode alterar os
símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado do botão
Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo Marcador.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-


selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você Podemos começar escolhendo uma definição de bor-
poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão da (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada
importar, poderá utilizar uma imagem externa. uma das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se
pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da
Bordas e Sombreamento borda. A Guia Sombreamento permite atribuir um preen-
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso chimento de fundo ao texto selecionado. Você pode es-
texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará-
colher uma cor base, e depois aplicar uma textura junto
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a
dessa cor.
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
Cabeçalho e Rodapé
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma
O Word sempre reserva uma parte das margens para
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas
o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeça-
e Sombreamento.
lho e rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e
Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e


Número de Página.
Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas
opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao
clicar em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeça-
lho e a barra superior passa a ter comandos para alteração
do cabeçalho.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo o
que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No sentido horário da parte superior esquerda: a ima-


Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. gem original, a imagem com aumento de suavização, con-
Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque traste e brilho.
a opção Atualizar automaticamente.
Aplicar correções a uma imagem
Inserindo Elementos Gráficos Clique na imagem cujo brilho deseja alterar.
O Word permite que se insira em seus documentos Em Ferramentas de Imagem, na guia Formatar, no gru-
arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as po Ajustar, clique em Correções.
opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemen-
to Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com
o mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na
janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu
computador. Dependendo do tamanho da sua tela, o botão de cor-
A imagem será inserida no local onde estava seu cur- reções pode aparecer diferente.
sor.
O que será ensinado agora é praticamente igual para
todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos ele-
mentos gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pon- de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
tilhadas em sua volta, para mover a imagem de local, basta seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar -la e abrir a guia Formatar.
redimensionar a imagem, basta clicar em um dos peque- Siga um ou mais destes procedimentos:
nos quadrados em suas extremidades, que são chamados Em Nitidez/Suavização, clique na miniatura desejada.
por Alças de redimensionamento. Para sair da seleção da As miniaturas à esquerda mostram mais nitidez e à direita,
imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do mais suavização.
texto. Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra as Em Brilho/Contraste, clique na miniatura desejada. Mi-
configurações de manipulação da imagem. niaturas à esquerda mostram menos brilho e à direita, mais
brilho. Miniaturas na parte superior mostram menos con-
traste e na parte inferior, mais contraste.
Mova o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das
miniaturas para ver a aparência de sua foto antes de clicar
na opção desejada.
Alterar o brilho, contraste ou nitidez de uma imagem Para ajustar qualquer correção, clique em Opções de
Você pode ajustar o brilho relativo de uma imagem, correção de imagem e, em seguida, mova o controle desli-
seu contraste (a diferença entre suas áreas mais escuras zante para nitidez, brilho ou contraste ou insira um número
e mais claras) e como nitidez ou desfocado aparece. Estes na caixa ao lado do controle deslizante.
são também denominados correções de imagem.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no efeito artístico desejado. Você pode mover


o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das imagens
em miniatura efeito e usar visualização dinâmica para ver
como sua imagem ficará com esse efeito aplicado, antes de
clicar no efeito desejado.
Para ajustar o efeito artístico, clique em Opções de
efeitos artísticos na parte inferior da lista de imagens em
miniatura. No painel Formatar imagem, você pode aplicar
uma variedade de efeitos adicionais, incluindo a sombra,
reflexo, brilho, bordas suaves e efeitos 3D.

Recolorir
Clique duas vezes na imagem que deseja recolorir.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Formatar e, no
grupo Ajustar, clique em Cor.

Compactar Imagem
A opção Compactar Imagens permite deixar sua ima-
gem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
Clique na miniatura desejada. Você pode mover o pon-
opção o Word mostra a seguinte janela:
teiro do mouse sobre qualquer efeito para ver como ficará
sua imagem com esse efeito aplicado antes de clicar no
efeito desejado.
Para usar cores adicionais, incluindo as cores de tema,
cores da guia Padrão ou cores personalizadas, clique em
Mais Variações e, em seguida, clique em Mais Cores. O efei-
to de Recoloração será aplicado usando a cor selecionada.

Aplicar um efeito artístico


Clique na imagem à qual deseja aplicar um efeito ar-
tístico.
Clique em Ferramentas de imagem > Formatar e clique
em Efeitos artísticos no grupo Ajustar.

Pode-se aplicar a compactação a imagem seleciona-


da, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a re-
Grupo Ajustar na guia Formatar em Ferramentas de solução da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a
Imagem imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alte-
Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas rações feitas.
de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez No grupo Organizar é possível definir a posição da
seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná imagem em relação ao texto.
-la e abrir a guia Formatar.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite defi-


nir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção mensionar a imagem definindo Largura e Altura.
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo- Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas

Através deste grupo é possível acrescentar bordas a


sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas.
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima-
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá
alinhar as suas imagens.
Inserindo Elementos Gráficos
O Word permite que se insira em seus documentos
arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as
opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo
ilustrações.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir
as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.
SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser
trabalhado e clique em OK.

WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele
ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No
grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar
e Tamanho.

Controlar alterações no Word


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pessoa
no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.

O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no res-
pectivo balão.

Para ver as alterações, clique na linha próxima à margem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marcação do
Word.

Manter o recurso Controlar Alterações ativado


É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lembre-
se da senha para poder desativar esse recurso quando estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.)

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Revisar. DICA:  Antes de compartilhar a versão final do seu do-


Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu-
em Bloqueio de Controle. mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em pro-
priedades e outras informações que talvez você não que-
ria compartilhar amplamente. Para executar o Inspetor de
Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento e
especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para frente
e para trás, na parte inferior da página.
Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na
caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.

Enquanto as alterações controladas estiverem blo-


queadas, você não poderá desativar o controle de altera- Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use
ções, nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações.
o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Con-
trolar Alterações e clique novamente em Bloqueio de Con- para ampliá-lo.
trole. O Word solicitará que você digite sua senha. Depois
que você digitá-la e clicar em OK, o recurso Controlar Alte-
rações continuará ativado, mas agora você poderá aceitar
e rejeitar alterações.
Escolha o número de cópias e qualquer outra opção
Desativar o controle de alterações desejada e clique no botão Imprimir.
Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações,
mas todas as alterações já realizadas continuarão marcadas
no documento até que você as remova.
Remover alterações controladas

IMPORTANTE:  A única maneira de remover alterações


controladas de um documento é aceitá-las ou rejeitá-las.
Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para Revisão aju-
da a ver qual será a aparência do documento final, mas isso
apenas oculta temporariamente as alterações controladas.
As alterações não são excluídas e aparecerão novamente
da próxima vez em que o documento for aberto. Para ex-
cluir permanentemente as alterações controladas, aceite
-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa


para a próxima alteração.
Para excluir um comentário, selecione-o e clique
em Revisão > Excluir. Para excluir todos os comentários,
clique em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Docu-
mento.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimir páginas específicas


No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas das propriedades do documento ou alterações controladas e
comentários, clique na seta em Configurações, ao lado de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver todas as opções.

Para imprimir somente determinadas páginas, siga um destes procedimentos:


Para imprimir a página mostrada na visualização, selecione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, escolha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o último número
das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de páginas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo, esco-
lhaImpressão Personalizada e digite os números das páginas e intervalos separados por vírgulas (por exemplo, 3, 4-6).

Estilos
Os estilos podem ser considerados formatações prontas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word disponibi-
liza uma grande quantidade de estilos através do grupo estilos.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um estilo
existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado somente
ao que foi selecionado.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Título2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado somente no tex-
to, o estilo está aplicado ao parágrafo, na linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do estilo foi somente no que estava
selecionado. Ao clicar no botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas definições de estilos através da opção Conjunto de Estilos.

Podemos também se necessário criarmos nossos próprios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.

Será mostrado todos os estilos presentes no documento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem três botões,
o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação
dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo parágrafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a
formatação a ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o mesmo
está disponível somente a este documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em
uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferentes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma página ou
remover bordas de uma tabela. Você pode até mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma coluna ou linha
de números em uma tabela.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabe- Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria co-
la, o Word pode convertê-lo em uma tabela. lunas muito estreitas que são expandidas conforme você
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamen- adiciona conteúdo.
tos de largura personalizada Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará au-
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as tomaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se
colunas, use o comando Inserir Tabela. ao tamanho de seu documento. Se quiser que as tabelas
criadas tenham uma aparência semelhante à da tabela que
você está criando, marque a caixa Lembrar dimensões para
novas tabelas.

Projetar sua própria tabela


Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e
linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica,
a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamen-
te a tabela que você deseja.

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez


colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de
largura das colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela.
Defina o número de colunas e linhas.
Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células
dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pon-
teiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela.
Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do
retângulo.

Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há


três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir
automaticamente a largura das colunas com Automático
ou pode definir uma largura específica para todas as co-
lunas.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que você
quer apagar.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento em busca de erros. Os de ortografia ele marca em ver-
melho e os de gramática em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para verificação na impressão
sairá com as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte do texto.
Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em qualquer parte do texto.
Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que ainda não façam parte
do Word.
Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que estejam da mesma forma no texto.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Índices Será mostrada uma janela de configuração de seu índice.


Clique no botão Opções.
Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele nor-
malmente aparece no início de documentos. A principal regra
é que todo parágrafo que faça parte de seu índice precisa estar
atrelado a um estilo. Clique no local onde você precisa que
fique seu índice e clique no botão Sumário, localizado na guia
referência. Serão mostrados alguns modelos de sumário, cli-
que em Inserir Sumário.

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos


os estilos presentes no documento, então é nela que você
define quais estilos farão parte de seu índice. No exemplo
apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o nível 2 ao
Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir quais serão
suas entradas de índice clique em OK. Retorna-se a janela
anterior, onde você pode definir qual será o preenchimento
entre as chamadas de índice e seu respectivo número de
página e na parte mais abaixo, você pode definir o Formato
de seu índice e quantos níveis farão parte do índice. Ao cli-
car em Ok, seu índice será criado.

Quando houver necessidade de atualizar o índice, bas-


ta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte
do índice e escolher Atualizar Campo.

Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Verificar Ortografia e gramatica


Na guia Revisão, no grupo Revisão de Texto, clique em Ortografia e Gramática.

Você pode acessar esse comando rapidamente, adicionando-o à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Para isso,
clique com o botão direito do mouse em Ortografia e Gramática e, em seguida, clique em Adicionar à Barra de Ferramentas
de Acesso Rápido, no menu de atalho.
Quando o programa encontra erros de ortografia, uma caixa de diálogo ou painel de tarefas é exibido mostrando a
primeira palavra incorreta encontrada pelo verificador ortográfico.
Depois que solucionar cada palavra incorreta, o programa sinalizará a próxima palavra incorreta para que você possa
decidir o que fazer.
Apenas no Outlook ou no Word, quando o programa conclui a sinalização de erros ortográficos, ele mostra os erros
gramaticais. Para cada erro, clique em uma opção na caixa de diálogo Ortografia e Gramática.

Como funciona a verificação ortográfica automática


Quando você verifica a ortografia automaticamente enquanto digita, por certo não vai precisar corrigir muitos erros or-
tográficos. O programa do Microsoft Office pode sinalizar as palavras com ortografia incorreta à medida que você trabalha,
para que você possa localizá-las facilmente, como no exemplo a seguir.

Clique com o botão direito do mouse em uma palavra escrita incorretamente para ver as sugestões de correção.

Dependendo do programa do Microsoft Office que você está usando, clique com o botão direito do mouse em uma
palavra para obter outras opções, como adicionar a palavra ao dicionário personalizado.
Como funciona a verificação gramatical automática (aplica-se somente ao Outlook e ao Word)
Após ativar a verificação gramatical automática, o Word e o Outlook sinalizam os possíveis erros gramaticais e estilís-
ticos à medida que você trabalha nos documentos do Word e em itens abertos do Outlook (exceto Anotações), conforme
mostrado no exemplo a seguir.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique com botão direito do mouse no erro para ver MS EXCEL1


mais opções.
O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para
tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas
ele também funciona muito bem para cálculos simples e
para rastrear de quase todos os tipos de informações. A
chave para desbloquear todo esse potencial é a grade de
células. As células podem conter números, texto ou fórmu-
las. Você insere dados nas células e as agrupa em linhas e
colunas. Isso permite que você adicione seus dados, classi-
fique-os e filtre-os, insira-os em tabelas e crie gráficos in-
críveis. Vejamos as etapas básicas para você começar.

Criar uma nova pasta de trabalho


Os documentos do Excel são chamados de pastas de
Uma sugestão de correção pode ser exibida no menu trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor-
de atalho. Você pode também optar por ignorar o erro ou malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar
clicar em Sobre esta sentença para ver por que o programa quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode
considera o texto um erro. criar novas pastas de trabalho para guardar seus dados se-
paradamente.
Proteger um documento com senha Clique em Arquivo e em Novo.
Ajude a proteger um documento confidencial contra Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco
edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é pos-
sível evitar que um documento seja aberto.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Docu-
mento > Criptografar com Senha.

Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As cé-
lulas são referenciadas por sua localização na linha e na
coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira
linha da coluna A.
Inserir texto ou números na célula.
Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
guinte.

Usar a AutoSoma para adicionar seus dados


Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje so-
má-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
clique em OK. você deseja adicionar.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique
clique em OK. em AutoSoma no grupo Edição.
Observações : 
Você sempre pode alterar ou remover sua senha.
As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Veri-
fique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando digitar
uma senha pela primeira vez.
Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não
conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde
uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma senha
forte da qual se lembrará. 1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na Caso você não veja o formato de número que está pro-
célula selecionada. curando, clique em Mais Formatos de Número.

Criar uma fórmula simples Inserir dados em uma tabela


Somar números é uma das coisas que você poderá fazer, Um modo simples de acessar grande parte dos recursos
mas o Excel também pode executar outras operações mate- do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso permite que
máticas. Experimente algumas fórmulas simples para adicio- você filtre ou classifique rapidamente os dados.
nar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores. Selecione os dados clicando na primeira célula e arrastar
Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
a última célula em seus dados.
Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fórmula.
Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressionada
Digite uma combinação de números e operadores de cál-
ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de direção para
culos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de menos
(-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação ou a barra selecionar os dados.
(/) para divisão. Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2. direito da seleção.
Pressione Enter.
Isso executa o cálculo.
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você deseja
que o cursor permaneça na célula ativa).

Aplicar um formato de número


Para distinguir entre os diferentes tipos de números, adi-
cione um formato, como moeda, porcentagens ou datas.
Selecione as células que contêm números que você deseja
formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na seta
na caixa Geral.

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabe-


la para visualizar seus dados e, em seguida, clique no bo-
Selecione um formato de número tão Tabela.

Clique na seta   no cabeçalho da tabela de uma coluna.

Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Se-


lecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você
deseja mostrar na tabela.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mostrar totais para os números


As ferramentas de Análise Rápida permitem que você
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, média
ou contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados
do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números.
Selecione as células que contêm os números que você
somar ou contar.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão
para aplicar os totais.

Adicionar significado aos seus dados


A formatação condicional ou minigráficos podem des-
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de
dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um Visualiza-
ção Dinâmica para experimentar.
Para classificar os dados, clique em  Classificar de A a
Selecione os dados que você deseja examinar mais de-
Z ou Classificar de Z a A.
talhadamente.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Explore as opções nas guias  Formatação  e  Minigráfi-
cos para ver como elas afetam os dados.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na gale-


ria Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média
e baixa.

Quando gostar da opção, clique nela.

Clique em OK.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mostrar os dados em um gráfico Localizar ou substituir texto e números em uma plani-


A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico cor- lha do Excel para Windows
reto para seus dados e fornece uma apresentação visual Localize e substitua textos e números usando curingas ou
com apenas alguns cliques. outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, linhas, colu-
Selecione as células contendo os dados que você quer nas ou pastas de trabalho.
mostrar em um gráfico. Em uma planilha, clique em qualquer célula.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Loca-
direito da seleção. lizar e Selecionar.
Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos reco-
mendados para ver qual tem a melhor aparência para seus
dados e clique no que desejar.

Siga um destes procedimentos:


Para localizar texto ou números, clique em Localizar.
Para localizar e substituir texto ou números, clique
em Substituir.
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que você
deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar e, em se-
OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nesta guida, clique em uma pesquisa recente na lista.
galeria, dependendo do que for recomendado para seus Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco (*)
dados. ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa:
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de caracte-
Salvar seu trabalho res. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”.
Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de Use o ponto de interrogação para localizar um único ca-
Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S. ractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”.
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de interroga-
ção e caracteres de til (~) nos dados da planilha precedendo
-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, para localizar
dados que contenham “?”, use ~? como critério de pesquisa.
Se você salvou seu trabalho antes, está pronto. Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa e
Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo: siga um destes procedimentos:
Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de tra- Para procurar dados em uma planilha ou em uma pasta
balho e navegue até uma pasta. de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Planilha ou Pasta
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pas- de Trabalho.
ta de trabalho. Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na caixa Pes-
Clique em Salvar. quisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas.
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai-
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários.
Imprimir o seu trabalho
OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comentá-
Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Impri-
rios só estão disponíveis na guia Localizar, e somente Fórmu-
mir ou pressione Ctrl+P.
las está disponível na guia Substituir.
Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági- Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de mi-
na e Página Anterior. núsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiúsculas
de minúsculas.
Para procurar células que contenham apenas os carac-
teres que você digitou na caixa Localizar, marque a caixa de
seleção Coincidir conteúdo da célula inteira.
A janela de visualização exibe as páginas em preto e Se você deseja procurar texto ou números que também
branco ou colorida, dependendo das configurações de sua tenham uma formatação específica, clique em Formato e faça
impressora. as suas seleções na caixa de diálogo Localizar Formato.
Se você não gostar de como suas páginas serão im- DICA: Se você deseja localizar células que correspondam
pressas, você poderá mudar as margens da página ou adi- a uma formato específico, exclua qualquer critério da cai-
cionar quebras de página. xa Localizar e selecione a célula que contenha a formatação
Clique em Imprimir. que você deseja localizar. Clique na seta ao lado de Formato,
clique em Escolher formato da célula e, em seguida, clique na
célula que possui a formatação a ser pesquisada.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Siga um destes procedimentos: Definir uma coluna com uma largura específica
Para localizar texto ou números, clique em Localizar
Tudo ou Localizar Próxima. Selecione as colunas a serem alteradas.
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão matar.
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui-
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
em Localizar ou Localizar Tudo.
Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis-
Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
ponível, clique na guia Substituir.
Clique em OK.
Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
andamento pressionando ESC.
coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna
Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor- selecionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor
rências dos caracteres encontrados, clique em Substi- desejado e clique em OK.
tuir ou Substituir tudo. Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formatação mente ao conteúdo (AutoAjuste)
que você define. Se você pesquisar dados na planilha nova- Selecione as colunas a serem alteradas.
mente e não conseguir encontrar caracteres que você sabe Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções de matar.
formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálogo Loca-
lizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois em Op-
ções para exibir as opções de formatação. Clique na seta
ao lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar formato’.

Alterar a largura da coluna e a altura da linha


Em uma planilha, você pode especificar uma largura
de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o núme-
ro de caracteres que podem ser exibidos em uma célula Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da
formatada com a fonte padrãoTE000127106. A largura de Coluna Automaticamente.
coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for
definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta. OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma
Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero) a rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Sele-
409. Esse valor representa a medida da altura em pontos (1 cionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer
ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035 cm). limite entre dois títulos de coluna.
A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximadamente
1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida como 0
(zero), a linha ficará oculta.
Se estiver trabalhando no modo de exibição de Layout
da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da Pasta
de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá especi-
ficar uma largura de coluna ou altura de linha em polega-
das. Nesse modo de exibição, a unidade de medida padrão
é polegada, mas você poderá alterá-la para centímetros ou
milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções, clique na
categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma opção na
lista Unidades da Régua).
Fazer com que a largura da coluna corresponda à de
outra coluna
Selecione uma célula da coluna com a largura desejada.
Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no gru-
po Área de Transferência, clique em Copiar.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as


colunas desejadas e arraste um limite à direita do título de
coluna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas ve-
zes no limite à direita do título de coluna selecionado.
Para alterar a largura de todas as colunas da planilha,
clique no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qual-
quer título de coluna.
Clique com o botão direito do mouse na coluna de destino,
aponte paraColar Especial e clique no botão Manter Largura da
Coluna Original 

Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma plani-


lha ou pasta de trabalho
O valor da largura de coluna padrão indica o número médio
de caracteres da fonte padrão que cabe em uma célula. É possí-
vel especificar outro valor de largura de coluna padrão para uma
planilha ou pasta de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma planilha, cli-
que na guia da planilha. Definir uma linha com uma altura específica
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de traba- Selecione as linhas a serem alteradas.
lho inteira, clique com o botão direito do mouse em uma guia
de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Todas as Plani-
lhas no menu de atalhoTE000127572.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-


matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em Formatar. Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja
e, em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo
Selecione as linhas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.


Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova medida
e clique em OK.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas as
novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar um mo-
delo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo como base
para as novas pastas de trabalho ou planilhas.
Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura
Alterar a largura das colunas com o mouse da Linha.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite do lado DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápi-
direito do título da coluna até que ela fique do tamanho desejado. da todas as linhas da planilha, clique no botão Selecionar
Tudo e, em seguida, clique duas vezes no limite abaixo de
um dos títulos de linha.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatar números como moeda


Você pode exibir um número com o símbolo de moe-
da padrão selecionando a célula ou o intervalo de célu-
las e clicando em Formato de Número de Contabilização 

 no grupo Número da guia Página Inicial. (Se desejar


aplicar o formato Moeda, selecione as células e pressione
Ctrl+Shift+$.)
Alterar outros aspectos de formatação
Selecione as células que você deseja formatar.
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de
Diálogo ao lado deNúmero.
Alterar a altura das linhas com o mouse
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite abai-
xo do título da linha até que ela fique com a altura dese-
jada.

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir


a caixa de diálogoFormatar Células.
Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Catego-
ria, clique em Moedaou Contábil.
Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas
desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de
linha selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, cli-
que no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de
qualquer título de linha.

Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con- Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda dese-
teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha. jado.
OBSERVAÇÃO: Se desejar exibir um valor monetário
Formatar números como moeda no Excel sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Para exibir números como valores monetários, forma- Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de cimais desejadas para o número.
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar. Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colo-
As opções de formatação de número estão disponíveis na car R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas deci-
guia Página Inicial, no grupo Número. mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao nú-
mero na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das
casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
número.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO: A caixa Números negativos não está disponível para o formato de número Contábil. O motivo disso é
que constitui prática contábil padrão mostrar números negativos entre parênteses.
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique em OK.
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você aplicar formatação de moeda em seus dados, isso significará
que talvez a célula não seja suficientemente larga para exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique duas vezes
no limite direito da coluna que contém as células com o erro #####. Esse procedimento redimensiona automaticamente a
coluna para se ajustar ao número. Você também pode arrastar o limite direito até que as colunas fiquem com o tamanho
desejado.

Remover formatação de moeda


Selecione as células que têm formatação de moeda.
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na caixa de listagem Geral.
As células formatadas com o formato Geral não têm um formato de número específico.

Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fácil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais
complexos e vários valores. Existem funções para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exemplo, na fun-
ção: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a função o processo
passa a ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal
de igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de células (A1) e não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma função depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos
podem ser números, textos, valores lógicos, referências, etc...

Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:

Criar uma fórmula simples


Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fórmulas
simples sempre começam com um sinal de igual (=), seguido de constantes que são valores numéricos e operadores de
cálculo como os sinais de mais (+), menos (-), asterisco (*) ou barra (/).
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o pri-
meiro número ao resultado. Seguindo a ordem padrão das operações matemáticas, a multiplicação e executada antes da
adição.
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos operadores que você deseja usar no cálculo.
Você pode inserir quantas constantes e operadores forem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmula, você pode selecionar as células que contêm os valores que
deseja usar e inserir os operadores entre as células da seleção.
Pressione Enter.
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente (guia Página
Inicial, grupo Edição ).

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você também pode usar funções (como a função SOMA) para calcular os valores em sua planilha.
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as referências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma fórmula
simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas mos-
trarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas para ver
todos os dados.

Dados
2
5
Fórmula Descrição Resultado
‘=A2+A3 Adiciona os valores nas células A1 e A2 =A2+A3
‘=A2-A3 Subtrai o valor na célula A2 do valor em A1 =A2-A3
‘=A2/A3 Divide o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2/A3
‘=A2*A3 Multiplica o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2*A3
Eleva o valor na célula A1 ao valor exponencial especificado
‘=A2^A3 =A2^A3
em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
‘=5^2 Eleva 5 à segunda potência =5^2

Usar referências de célula em uma fórmula


Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa uma função, você pode fazer referência aos dados das células de uma
planilha incluindo referências de célula nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere ou seleciona a referência de
célula A2, a fórmula usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você também pode fazer referência a um intervalo de células.
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Na barra de fórmulas  , digite = (sinal de igual).
Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor desejado ou digite sua referência de célula.
Você pode fazer referência a uma única célula, a um intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um local em outra
pasta de trabalho.
Ao selecionar um intervalo de células, você pode arrastar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou arrastar o canto
da borda para expandir a seleção.

1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o intervalo de células tem uma borda azul com cantos quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos quadrados.
OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em uma borda codificada por cor, significa que a referência está relacio-
nada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA :  Você também pode inserir uma referência a um intervalo ou célula nomeada.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas mostra-
rem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas para ver todos
os dados. Use o comando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir “Ativos” (B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000
Fórmula Descrição Resultado
Retorna o total de ativos dos três
departamentos no nome definido “Ativos”,
‘=SOMA(Ativos) =SOMA(Ativos)
que é definido como o intervalo de células
B2:B4. (385000)
‘=SOMA(Ativos)- Subtrai a soma do nome definido “Passivos” =SOMA(Ativos)-
SOMA(Passivos) da soma do nome definido “Ativos”. (293000) SOMA(Passivos)

Criar uma fórmula usando uma função


Você pode criar uma fórmula para calcular valores na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas =SO-
MA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As fórmulas sempre
começam com um sinal de igual (=)
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir Função  .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você.
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo.

Se você estiver familiarizado com as categorias de função, também poderá selecionar uma categoria.
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na cai-
xa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar números” retorna a função SOMA).
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que deseja utilizar e clique em OK.
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres de
texto ou referências de célula desejadas.
Em vez de digitar as referências de célula, você também pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em 
 para expandir novamente a caixa de diálogo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique em OK.
DICA :  Se você usar funções frequentemente, poderá inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de digitar
o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos da função
pressionando F1.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fórmulas
que usam funções.

Dados
5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
‘=SOMA(A:A) Adiciona todos os números na coluna A =SOMA(A:A)
Calcula a média de todos os números no intervalo
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
A1:B4

Função Soma
A função soma , uma das funções matemáticas e trigonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valores
individuais, referências de células ou intervalos ou uma mistura de todos os três.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SOMA(A2:A10)
= SOMA(A2:A10, C2:C10)

Nome do argumento Descrição


número1    (Obrigatório) O primeiro número que você deseja somar. O número pode ser como “4”, uma
referência de célula, como B6, ou um intervalo de células, como B2:B8.
número2-255    (Opcional) Este é o segundo número que você deseja adicionar. Você pode especificar até 255
números dessa forma.

Soma rápida com a barra de Status


Se você quiser obter rapidamente a soma de um intervalo de células, tudo o que você precisa fazer é selecionar o in-
tervalo e procure no lado inferior direito da janela do Excel.

Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula ou
várias células. Se você com o botão direito na barra de Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out exibindo
todas as opções que você pode selecionar. Observe que ele também exibe valores para o intervalo selecionado se você
tiver esses atributos marcados. 

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando o Assistente de AutoSoma quando terminar. Guia de função Intellisense: a soma (Nú-
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma mero1, [núm2]) flutuantes marca abaixo a função é o guia
à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione de Intellisense. Se você clicar no nome de função ou soma,
uma célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo ele se transformará em um hiperlink azul, que o levará para o
que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula na tópico de ajuda para essa função. Se você clicar nos elemen-
faixa de opções, pressione AutoSoma > soma. O Assistente tos de função individual, as peças representantes na fórmula
de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo para ser serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5 seria realçadas
somados e criar a fórmula para você. Ele também pode tra- como há apenas uma referência numérica nesta fórmula. A
balhar horizontalmente se você selecionar uma célula para a marca de Intellisense será exibido para qualquer função.
esquerda ou à direita do intervalo a serem somados.
Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente

Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os in- AutoSoma horizontalmente


tervalos contíguos de soma
A caixa de diálogo de AutoSoma também permite que Exemplo 4 – somar células não-contíguas
você selecione outras funções comuns, como:
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções

Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas ou
colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai parada o
primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma por sele-
ção, onde você pode adicionar os intervalos individuais, um
por vez. Neste exemplo se você tivesse dados na célula B4,
o Excel seria gerar =SOMA(C2:C6) desde que ele reconheça
um intervalo contíguo.
Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
AutoSoma verticalmente não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “= soma
O Assistente de AutoSoma detectou automaticamente (“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adicionará au-
células B2: B5 como o intervalo a serem somados. Tudo o tomaticamente o separador de vírgula entre intervalos para
que você precisa fazer é pressione Enter para confirmá-la. você. Pressione enter quando terminar.
Se você precisar adicionar/excluir mais células, você pode Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapida-
manter a tecla Shift > tecla de direção da sua escolha até mente a função soma para uma célula. Tudo o que você
que corresponde à sua seleção desejado e pressione Enter precisa fazer é selecionar o intervalo (s).

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação: você pode perceber como o Excel tem real-


çado os intervalos de função diferente por cor, e eles corres-
pondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3 é azul
e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as funções, a
menos que o intervalo referenciado esteja em uma planilha
diferente ou em outra pasta de trabalho. Para acessibilidade
aprimorada com tecnologia assistencial, você pode usar in-
tervalos nomeados, como “Semana1”, “Semana2”, etc. e, em
seguida, fazer referência a eles, sua fórmula:
=SOMA(Week1,Week2) SOMA ignora valores de texto
Práticas Recomendadas #REF! Erro de excluir linhas ou colunas
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas para
trabalhar com as funções soma. Grande parte desse pode ser
aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados to-
talmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros por
vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23 Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não serão
Em seguida, tente validar se suas entradas estão corretas. atualizados para excluir a linha excluída e retornará um #REF!
É muito mais fácil colocar esses valores em células individuais erro, onde uma função soma atualizará automaticamente.
e usar uma fórmula de soma. Além disso, você pode formatar
os valores quando eles estão nas células, tornando-as muito
mais legível e quando ela estiverem em uma fórmula.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou colunas

#VALUE! erros de referência de texto em vez de números.


Se você usar um fórmula como: = Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar linhas
= A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3 ou colunas

Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não será atua-


lizada para incluir a linha adicionada, onde uma função soma
atualizará automaticamente (contanto que você não estiver fora
do intervalo referenciado na fórmula). Isso é especialmente im-
portante se você esperar sua fórmula para atualizar e não, como
ele deixará incompletos resultados que você não pode capturar.

Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B


Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores
não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retorna-
rão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e lhe
dar a soma dos valores numéricos.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SOMA com referências de célula individuais versus in- Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou
tervalos soma 3 dimensionais:
Usando uma fórmula como:
=SOMA(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:
=SOMA(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de
desconto para um intervalo de células que você já soma- = SOMA(Sheet1:Sheet3! A1)
dos. Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da planilha
1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você tem
uma única folha para cada mês (janeiro a dezembro) e você
precisa total-las em uma planilha de reSOMAo.

= SOMA(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a de-
zembro.
Observação: se suas planilhas tem espaços em seus no-
mes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
fórmula:
= SOMA(‘January Sales:December Sales’! A2)
SOMA com outras funções
= SOMA(A2:A14) *-25% Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto, ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil mensal:
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em vez
disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente alte-
rados, assim:
= SOMA(A2:A14) * E2
Dividir em vez de multiplicar você simplesmente subs-
titua a “*” com “/”: = SOMA(A2:A14)/E2
Adicionando ou retirando de uma soma
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma =SOMA(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
soma usando + ou - assim: Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de célu-
= SOMA(A1:A10) + E2 las não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em branco).
= SOMA(A1:A10)-E2 Função SE
A função SE é uma das funções mais populares do Excel e
SOMA 3D permite que você faça comparações lógicas entre um valor e
Às vezes você precisa somar uma determinada célula aquilo que você espera. Em sua forma mais simples, a função
em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada pla- SE diz:
nilha e a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário, faça
célula valores, mas que é entediante e pode ser propensa, outra coisa)
muito mais assim que apenas tentando construir uma fór- Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados. O
mula que faz referência apenas uma única folha. primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o se-
i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1 gundo se a comparação for Falsa.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplos de SE simples =SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça-


mento”)
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizen-
do SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”,
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”)

=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fórmula
retorna um 1 ou um 2)
= SE(C2>B2,C2-B2,0)
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado
de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula
em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor or-
çado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso contrário,
não retorne nada).

=SE(C2=1;”Sim”;”Não”)
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não)
Como você pode ver, a função SE pode ser usada para
avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada para avaliar
erros. Você não está limitado a verificar apenas se um valor
é igual a outro e retornar um único resultado; você também
pode usar operadores matemáticos e executar cálculos adicio-
nais dependendo de seus critérios. Também é possível aninhar
várias funções SE juntas para realizar várias comparações.
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será
preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”). A
única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel reco-
nhece automaticamente. =SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
Introdução Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
A melhor maneira de começar a escrever uma instrução “Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
SE é pensar sobre o que você está tentando realizar. Que com- nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)
paração você está tentando fazer? Muitas vezes, escrever uma
instrução SE pode ser tão simples quanto pensar na lógica em Práticas Recomendadas - Constantes
sua cabeça: “o que aconteceria se essa condição fosse aten- No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de
dida vs. o que aconteceria se não fosse?” Você sempre deve Imposto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na
se certificar de que suas etapas sigam uma progressão lógi- fórmula. Geralmente, não é recomendável colocar constan-
ca; caso contrário, sua fórmula não executará aquilo que você tes literais (valores que talvez precisem ser alterados oca-
acha que ela deveria executar. Isso é especialmente importan- sionalmente) diretamente nas fórmulas, pois elas podem
te quando você cria instruções SE complexas (aninhadas). ser difíceis de localizar e alterar no futuro. É muito melhor
Mais exemplos de SE colocar constantes em suas próprias células, onde elas fi-
cam fora das constantes abertas e podem ser facilmente
encontradas e alteradas. Nesse caso, tudo bem, pois há
apenas uma função SE e a Taxa de Imposto sobre Vendas
raramente será alterada. Mesmo se isso acontecer, será fá-
cil alterá-la na fórmula.
Usar SE para verificar se uma célula está em branco
Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em bran-
co, geralmente porque você pode não querer uma fórmula
exiba um resultado sem entrada.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONT.SE
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para contar o
número de células que atendem a um critério; por exemplo,
para contar o número de vezes que uma cidade específica
aparece em uma lista de clientes.

Sintaxe
CONT.SE(intervalo, critério)
Por exemplo:
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
=CONT.SE(A2:A5,A4)

Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA: Nome do argumento Descrição


=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”) O grupo de células
Que diz SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”, caso que você deseja
contrário, retorne “Não está em branco”). Você também po- contar. Intervalo pode
deria facilmente usar sua própria fórmula para a condição conter números, matrizes,
“Não está em branco”. No próximo exemplo usamos “” em intervalo    (obrigatório)
um intervalo nomeado ou
vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa “nada”. referências que contenham
números. Valores em branco
e texto são ignorados.
Um número, expressão,
referência de célula ou
cadeia de texto que
determina quais células
serão contadas.
Por exemplo, você pode usar
um número como 32, uma
critérios    (obrigatório)
comparação, como “> 32”,
uma célula como B4 ou uma
palavra como “maçãs”.
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) CONT.SE usa apenas um
Essa fórmula diz SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, caso único critério. Use CONT.
contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um exemplo SES se você quiser usar
de um método muito comum de usar “” para impedir que vários critérios.
uma fórmula calcule se uma célula dependente está em
branco: Função SOMASE
=SE(D3=””;””;SuaFórmula()) Você pode usar a função SOMASE para somar os valores
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua em uma intervalo que atendem aos critérios que você especi-
fórmula). ficar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que contém
números, você quer somar apenas os valores que são maio-
Exemplo de SE aninhada res do que 5. Você pode usar a seguinte fórmula: = SOMASE
(B2:B25,”> 5”).

Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argumentos:
intervalo    Necessário. O intervalo de células a ser avaliada
por critérios. Células em cada intervalo devem ser números ou
nomes, matrizes ou referências que contenham números. Va-
lores em branco e texto são ignorados. O intervalo seleciona-
Em casos onde uma simples função SE tem apenas dois do pode conter datas no formato padrão do Excel (exemplos
resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se aninhadas SE abaixo).
podem ter de 3 a 64 resultados. critérios   Obrigatório. Os critérios na forma de um núme-
=SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”)) ro, expressão, referência de célula, texto ou função que defi-
Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é igual ne quais células serão adicionadas. Por exemplo, os critérios
a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, retorne podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”, “maçãs” ou
“Não”, caso contrário, retorne “Talvez”). HOJE().

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve estar entre
aspas duplas (“). Se os critérios forem numéricos, as aspas duplas não serão necessárias.
intervalo_soma   Opcional. As células reais a serem adicionadas, se você quiser adicionar células diferentes das especificadas
no argumento intervalo. Se o argumento intervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as células especificadas no argumen-
to intervalo (as mesmas células às quais os critérios são aplicados).
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de interrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento critérios. O ponto de
interrogação corresponde a qualquer caractere único; o asterisco corresponde a qualquer sequência de caracteres. Para localizar
um ponto de interrogação ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.

Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com mais de 255
caracteres ou para a cadeia de caracteres #VALOR!.
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo tamanho e forma que o argumento intervalo. As células reais adicio-
nadas são determinadas pelo uso da célula na extremidade superior esquerda do argumentointervalo_soma como a célula inicial
e, em seguida, pela inclusão das células correspondentes em termos de tamanho e forma no argumento intervalo. Por exemplo:

Se o intervalo for e intervalo_soma for Então, as células reais serão


A1:A5 B1:B5 B1:B5
A1:A5 B1:B3 B1:B5
A1:B4 C1:D4 C1:D4
A1:B4 C1:C2 C1:D4

Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de células, o
recálculo da planilha pode levar mais tempo do que o esperado.

MÁXIMO (Função MÁXIMO)


Descrição
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores.
Sintaxe
MÁXIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor máximo você
deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são con-
tados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números nesta matriz ou referência serão usados. Células vazias,
valores lógicos ou texto na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÁXIMOA.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas mos-
trarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas para ver
todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÁXIMO(A2:A6) Maior valor no intervalo A2:A6. 27
=MÁXIMO(A2:A6; 30) Maior valor no intervalo A2:A6 e o valor 30. 30

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MÍNIMO (Função MÍNIMO)


Descrição
Retorna o menor número na lista de argumentos.
Sintaxe
MÍNIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor MÍNIMO
você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são
contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números daquela matriz ou referência poderão ser usados.
Células vazias, valores lógicos ou valores de erro na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÍNIMOA.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÍNIMO(A2:A6) O menor dos números no intervalo A2:A6. 2
O menor dos números no intervalo A2:A6 e
=MIN(A2:A6;0) 0
0.

Média
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte
função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encon-
trado.

Mesclar células
A mesclagem combina duas ou mais células para criar uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de criar
um rótulo que se estende por várias colunas. Por exemplo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas para criar o rótulo
“Vendas Mensais” e descrever as informações nas linhas de 2 a 7.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione duas ou mais células adjacentes que você de-


seja mesclar.

IMPORTANTE :  Verifique se os dados que você deseja


agrupar na célula mesclada estão contidos na célula superior
esquerda. Os dados nas outras células mescladas serão ex-
cluídos. Para preservar os dados das outras células, copie-os
em outra parte da planilha antes de fazer a mesclagem.
Clique em Início > Mesclar e Centralizar.

Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido, verifi-


que se você não está editando uma célula e se as células que
você quer mesclar não estão dentro de uma tabela.
DICA :  Para mesclar células sem centralizar, clique na seta DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você,
ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar Atra- clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de
vés ou Mesclar Células. gráfico disponíveis.
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, cli-
foram mescladas. que nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfi-
Criar um gráfico no Excel para Windows co e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do
Use o comando  Gráficos Recomendados  na guia  Inse- gráfico para adicionar elementos de gráfico como  títulos
rir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados. de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência
Selecione os dados que você deseja incluir no seu gráfico. do seu gráfico ou alterar os dados exibidos no gráfico.
Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.

Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de tipos


de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os seus
dados aparecem naquele formato. DICAS : 
Use as opções nas guias Design e Formatar para perso-
nalizar a aparência do gráfico.

Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas


de gráfico  à faixa de opções clicando em qualquer lugar
no gráfico.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma Tabela Dinâmica no Excel para analisar da-


dos da planilha
A capacidade de analisar todos os dados da planilha
pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, especial-
mente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar, reco-
mendando e, em seguida, criando automaticamente Tabelas
Dinâmicas que são um excelente recurso para reSOMAir, ana-
lisar, explorar e apresentar dados. Por exemplo, veja uma lista
simples de despesas: O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova planilha e
exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.

Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque
a caixa de seleção para o campo.
Por padrão, campos não numéricos
Adicionar um são adicionados à áreaLinha, as
campo hierarquias de data e hora são
adicionadas à área Coluna e os
campos numéricos são adicionados
à área Valores.
Na área NOME DO CAMPO,
Remover um campo desmarque a caixa de seleção para
o campo.
Arraste o campo de uma área
da Lista de Campos da Tabela
Mover um campo
Dinâmica para outra, por exemplo,
de Colunas para Linhas.
Atualizar a Tabela Na guia Analisar Tabela Dinâmica,
Dinâmica clique em Atualizar.

Criar uma Tabela Dinâmica manualmente


Aqui estão os mesmos dados reSOMAidos em uma Ta-
Se você sabe como organizar seus dados, pode criar uma
bela Dinâmica:
Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela
Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os da-
dos que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.

Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâmicas
ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica Reco-
mendada é uma boa opção. Quando você usa este recurso,
o Excel determina um layout significativo, combinando os
dados com as áreas mais adequadas da Tabela Dinâmica.
Isso oferece um ponto inicial para experimentos adicionais.
Depois que uma Tabela Dinâmica básica é criada, você pode
explorar orientações diferentes e reorganizar os campos para Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma
obter os resultados desejados. linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para selecionar os
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preen-
Dinâmica. chida automaticamente com o intervalo de células selecionado.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica
dados que serão usados na Tabela Dinâmica. seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a Tabela Dinâ-
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica Recomendada. mica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Plani-
lha existente e clique na planilha para especificar o local.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.
Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão,
campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e
Adicionar um campo
hora são adicionadas à área Colunae os campos numéricos são adicionados à
área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra,
Mover um campo
por exemplo, de Colunas para Linhas.
Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e,
na caixa Definições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado em


um campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

Proteger com senha uma pasta de trabalho


O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você pode
também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com a
senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros para
ler dados não criptografados.
Vamos começar solicitando senhas para abrir um arquivo e alterar dados.
Clique em Arquivo > Salvar como.
Clique em um local, como Computador ou a página da Web Meu Site.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Opções Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma senha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO:  Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha em
branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para Por que minha senha desaparece quando salvo no for-
abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo. mato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida
por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usan-
do o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-
2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato
97-2003, mas então você descobre que a senha definida na
pasta de trabalho desapareceu.
Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um
novo esquema para salvar senhas, e o formato de arquivo
anterior não o reconhece. Como resultado, a senha é des-
cartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel 97-
2003. Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a pasta
de trabalho novamente.

Proteger uma planilha com ou sem uma senha no Excel


Consulte as anotações abaixo para mais informações. Para ajudar a proteger seus dados de alterações não in-
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça isto: tencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou sem
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho. senha. Ela impede que outras pessoas removam a proteção da
Clique em Estrutura. planilha: a senha deve ser inserida para desproteger a planilha.
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre essa Por padrão, quando você protege uma planilha, o excel
opção e a opçãoWindows. bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de proteger
Digite uma senha na caixa Senha. a planilha, desbloqueie quaisquer células que desejar alte-
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la. rar antes de seguir essas etapas.
Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
OBSERVAÇÕES : 
Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a pasta de
conteúdo de células bloqueadas está marcada.
trabalho, os usuários somente precisarão digitar a senha uma vez.
Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para des-
Se você solicitar somente uma senha para alterar a pasta de
proteger a planilha. 
trabalho, os usuários podem abrir uma cópia somente leitura do
Outros usuários podem remover a proteção se você
arquivo, salvá-la com outro nome e alterar seus dados.
não usar uma senha.
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários de
visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou ocultar IMPORTANTE :  Anote sua senha e armazene-a em lo-
planilhas e renomear planilhas. cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você a
Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabilitada recuperar senhas perdidas.
nessa versão do Excel. Se você digitou uma senha na etapa 3, redigite-a para
Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta de confirmá-la.
trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Traba-
lho acende.

Criptografar a pasta de trabalho com uma senha


No modo de exibição Backstage, você pode definir uma se-
nha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de Tra-
balho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e cli-
que em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e cli-
que em OK.
OBSERVAÇÃO :  Para remover uma senha, siga as etapas
acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha em
branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado Marque ou desmarque as caixas de seleção em Permitir
no Excel. que todos os usuários desta planilha possam e clique em OK.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÕES :  Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais Co-


Para remover a proteção da planilha, clique em Revi- res, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione a cor
são, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se ne- desejada.
cessário. DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recentemente,
Se uma macro não pode executar na planilha protegi- clique em Cor de Preenchimento  . Você também encon-
da, você verá uma mensagem e a macro será interrompida trará até 10 cores personalizadas selecionadas mais recente-
mente em Cores recentes.
Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
células Quando você deseja algo mais do que apenas um preen-
É possível realçar dados em células utilizando Cor de chimento de cor sólida, experimente aplicar um padrão ou
preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano de efeitos de preenchimento.
fundo ou padrão das células. Veja como: Selecione a célula ou intervalo de células que deseja for-
Selecione as células que deseja realçar. matar.
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo-
a planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso irá go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.
ocultar as linhas de grade, mas é possível melhorar a legi-
bilidade da planilha exibindo bordas ao redor de todas as
células.

Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione a


cor desejada.
Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de
Preenchimento  .

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor


desejada.

Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma


cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um pa-
drão na caixa Estilo do Padrão.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as
opções desejadas.
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano de
fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecionados.
Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de preen-
chimento
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou efei-
tos de preenchimento das células, basta selecioná-las. Clique
em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchimento, e
então selecione Sem Preenchimento.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+C — Copia as células selecionadas.


CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área de
Transferência.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para co-
piar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um
intervalo selecionado nas células abaixo.
CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir
com a guia Localizar selecionada.
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen- SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIF-
chimento em cores T+F4 repete a última ação de Localizar.
Se as opções de impressão estiverem definidas CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar Cé-
como Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja pro- lulas com a guia Fonte selecionada.
positalmente ou porque a pasta de trabalho contém plani- CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também
lhas e gráficos grandes ou complexos que resultaram na ati- exibe essa caixa de diálogo.)
vação automática do modo de rascunho — não será possível CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi-
imprimir as células em cores. Veja aqui como resolver isso: tuir com a guia Substituir selecionada.
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá- CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
logo Configurar Página. CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para
novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para
os hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou
localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que con-
têm comentários.
Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de se- CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
leção Preto e branco e Qualidade de rascunho. CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Cé-
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua pla- lulas com a guia Fonte selecionada.
nilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contraste. Se CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para co-
não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir, talvez piar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de
nenhuma impressora colorida esteja selecionada. um intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de ar-
Principais atalhos quivo, local e formato atual.
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir para CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
excluir as células selecionadas. CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+; — Insere a data atual. CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célula da barra de fórmulas.
e a exibição de fórmulas na planilha. CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponí-
da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas. vel somente depois de ter recortado ou copiado um objeto,
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células. texto ou conteúdo de célula.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito. CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial,
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico. disponível somente depois que você recortar ou copiar um
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado. objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado. outro programa.
CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos e CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho sele-
exibir espaços reservados para objetos. cionada.
CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura de CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
tópicos. CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas. CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o últi-
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas. mo comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer
contiver dados, este comando seleciona a região atual. Pres- para reverter ou restaurar a correção automática quando
sionar CTRL+A novamente seleciona a região atual e suas li- Marcas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
nhas de reSOMAo. Pressionar CTRL+A novamente seleciona CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas
a planilha inteira. dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas
argumento quando o ponto de inserção está à direita de um dentro da seleção.
nome de função em uma fórmula. CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células sele-
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito. cionadas.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.


CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para valores
negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é diferente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Para aplicar a fórmula de =SOMA(A1;A2).
soma você precisa, apenas, Dica: Sempre separe a
selecionar as células indicação das células
que estarão envolvidas com ponto e vírgula (;).
Adição =SOMA(célulaX;célula Y) na adição, incluindo a Dessa forma, mesmo
sequência no campo as que estiverem em
superior do programa localizações distantes
junto com o símbolo de serão consideradas na
igual (=) adição
Segue a mesma lógica da
adição, mas dessa vez você
usa o sinal correspondente
Subtração =(célulaX-célulaY) a conta que será feita (-) no =(A1-A2)
lugar do ponto e vírgula (;),
e retira a palavra “soma” da
função
Use o asterisco (*) para
Multiplicação = (célulaX*célulaY) indicar o símbolo de = (A1*A2)
multiplicação
A divisão se dá com a
barra de divisão (/) entre as
Divisão =(célulaX/célulaY) =(A1/A2)
células e sem palavra antes
da função

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e mínimo.
Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra
“media” antes das células
indicadas, que são sempre
Média =MEDIA(célula X:célulaY) =MEDIA(A1:A10)
separadas por dois pontos (:) e
representam o grupo total que
você precisa calcular
Segue a mesma lógica, mas usa
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
a palavra “max”
Dessa vez, use a expressão
Mínima =MIN(célula X:célulaY) =MIN(A1:A10)
“min”

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função Se Adicionar cor e design aos meus slides com temas


Essa função trata das condições de valores solicitados. Você não é um designer profissional, mas você quiser
Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que pre- sua apresentação pareça que você está. “Temas” tudo o que
cisa saber se os produtos ainda estão no estoque ou pre- fazer para você — você apenas escolha um e crie!
cisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Quando você abre o PowerPoint, vê os designs de slide co-
Veja por que: loridos internos (ou ‘temas’) que pode aplicar às apresentações.
Escolher um tema quando você abre o PowerPoint
Escolha um tema.
Cálculo Fórmula Exemplo

=se(B1<=0 ; “a ser envia-


do” ; “no estoque”)
Essa linguagem diz ao
Excel que se o conteúdo
=se(célulaX<=0 da célula B1 é menor ou
Função ; “O que precisa igual a zero ele deve exibir
Se saber 1” ; “o que a mensagem “a ser envia-
precisa saber 2”) do” na célula que contem
a fórmula. Caso o conteú- DICA : Esses temas internos são ótimos para widescreen
do seja maior que zero, a (16:9) e apresentações de tela padrão (4:3).
Escolha uma variação de cor e clique em Criar.
mensagem que aparecerá
é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informati-
ca/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-
sua-vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

MS POWERPOINT2

As apresentações do PowerPoint funcionam como


apresentações de slide. Para transmitir uma mensagem ou
uma história, você a divide em slides. Considere cada slide
com uma tela em branco para as imagens, palavras e for- Alterar o tema ou variação da sua apresentação
mas que ajudarão a criar sua história. Se você mudar de ideia, poderá sempre alterar o tema ou
Escolha um tema variação na guia Design.
Ao abrir o PowerPoint, você verá alguns modelos e te- Na guia Design, escolha um tema com as cores, as fontes
mas internos. Um tema é um design de slide que contém e os efeitos desejados.
correspondências de cores, fontes e efeitos especiais como DICA : Para visualizar a aparência que o slide terá com
sombras, reflexos, dentre outros recursos. um tema aplicado, coloque o ponteiro do mouse sobre a mi-
Escolher um tema. niatura de cada tema.
Clique em Criar ou selecione uma variação de cor e Para aplicar uma variação de cor diferente a um tema
clique em Criar. específico, no grupo Variantes, selecione uma variante.
O grupo de variantes aparece à direita do grupo temas e
as opções variam dependendo do tema que você selecionou.

2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/powerpoint

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO : Se você não vir quaisquer variantes, pode Na galeria de layouts, clique no layout desejado para o
ser porque você está usando um tema personalizado, um tema seu novo slide. Cada opção na galeria é um layout de slide
mais antigo projetado para versões anteriores do PowerPoint, diferente que pode conter espaços reservados para texto,
ou porque você importou alguns slides de outra apresentação vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, uma tela de fundo e
com um tema personalizado ou mais antigo. formatação de temas, como cores, fontes e efeitos. 
Criar e salvar um tema personalizado Seu novo slide é inserido, e você pode clicar dentro de
Você pode criar um tema personalizado modificando um um espaço reservado para começar a adicionar conteúdo.
tema existente ou começar do zero com uma apresentação
em branco. Reorganizar a ordem dos slides
Clique primeiro slide e, em seguida, na guia Design, clique No painel à esquerda, clique na miniatura do slide que
na seta para baixo no grupo variantes. deseja mover e então arraste-o para o novo local.
Clique em cores, fontes, efeitos ou Estilos de plano de fun-
do e escolha uma das opções internas ou personalizar o seu
próprio.
Quando terminar de personalizar estilos, clique na seta
para baixo no grupo temas e clique em Salvar tema atual.
Dê um nome para seu tema e clique em Salvar. Por pa-
drão, ele é salvar com seus outros temas do PowerPoint e esta-
rá disponível no grupo temas em um cabeçalho personalizado

Adicionar um novo slide


Na guia Exibir, clique em Normal.

No painel de miniaturas de slides à esquerda, clique no


slide depois do qual deseja adicionar o novo slide.
Na guia Início, clique em Novo Slide.

DICA : Para selecionar vários slides, pressione e mantenha


pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
deseja mover e arraste-os como um grupo para o novo local.

Excluir um slide
No painel à esquerda, clique com o botão direito do
mouse na miniatura de slide que você deseja excluir (mante-
nha pressionada a tecla CTRL para selecionar vários slides) e
então clique em Excluir Slide.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar texto
Selecione um espaço reservado para texto e comece
a digitar.

Formatar seu texto


Selecione o texto.
Em Ferramentas de desenho, escolha Formatar.

Siga um destes procedimentos:


Salvar a sua apresentação Para alterar a cor de seu texto, escolha Preenchimento
Na guia Arquivo, escolha Salvar. de Texto e escolha uma cor.
Selecionar ou navegar até uma pasta. Para alterar a cor do contorno de seu texto, esco-
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a lha Contorno do Texto e, em seguida, escolha uma cor.
apresentação e escolha Salvar. Para aplicar uma sombra, reflexo, brilho, bisel, rotação
OBSERVAÇÃO : Se você salvar arquivos com frequência 3D, uma transformação, escolha Efeitos de Texto e, em se-
em uma determinada pasta, você pode ‘fixar’ o caminho guida, escolha o efeito desejado.
para que ele fique sempre disponível (conforme mostrado
abaixo). Adicionar imagens
Na guia Inserir, siga um destes procedimentos:
Para inserir uma imagem que está salva em sua unida-
de local ou em um servidor interno, escolha Imagens, pro-
cure a imagem e escolha Inserir.
Para inserir uma imagem da Web, escolha Imagens On-
line e use a caixa de pesquisa para localizar uma imagem.

DICA :  Salve o trabalho à medida que o fizer. Pressio-


ne CTRL + S com frequência. Escolha uma imagem e clique em Inserir.
Adicionar anotações do orador
Os slides ficam melhores quando você não insere in-
formações em excesso. Você pode colocar fatos úteis e
anotações nas anotações do orador e consultá-los durante
a apresentação.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para abrir o painel de anotações, na parte inferior da janela, clique em Anotações  .


Clique no painel de Anotações abaixo do slide e comece a digitar suas anotações.

Fazer sua apresentação


Na guia Apresentação de Slides, siga um destes procedimentos:
Para iniciar a apresentação no primeiro slide, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo.

Se você não estiver no primeiro slide e desejar começar do ponto onde está, clique em Do Slide Atual.
Se você precisar fazer uma apresentação para pessoas que não estão no local onde você está, clique em Apresentar
Online para configurar uma apresentação pela Web e escolher uma das seguintes opções:
Apresentar-se online usando o Office Presentation Service
Iniciar uma apresentação online no PowerPoint usando o Skype for Business

Sair da exibição Apresentação de Slides


Para sair da exibição de Apresentação de Slides a qualquer momento, pressione a tecla Esc do teclado.

O que é um layout de slide?


Cada layout de slide contém espaços reservados para texto, vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, um plano de fundo
e muito mais, contendo também a formatação, como cores de tema, fontes e efeitos para esses objetos.
Cada tema (paleta de cores, fontes e efeitos especiais) que você usa em sua apresentação inclui um slide mestre e um
conjunto de layouts relacionados. Se usar mais de um tema na apresentação, você terá mais de um slide mestre e vários
conjuntos de layouts.
Você alterar os layouts de slide que são criados para o PowerPoint no modo de exibição de Slide mestre. A imagem
abaixo mostra o slide mestre e dois dos dez layouts do tema base no modo de exibição de Slide mestre.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que é um slide mestre?


Slides mestres foram projetados para ajudá-lo a criar
apresentações com ótima aparência em menos tempo,
sem muito esforço. Quando desejar que todos os slides
para conter as mesmas fontes e imagens (como logotipos),
você poderá fazer essas alterações no Slide mestre e elas
vai ser aplicadas a todos os slides.

Em seguida, ao incluir conteúdo nos slides, você pode


escolher os layouts de slide mais adequados ao conteúdo, Para acessar o modo de exibição de Slide mestre, na
como mostrado aqui no Modo de Exibição Normal. guia Exibição, localizamos o bloco Modos de Exibição Mestre.

Os layouts de slide relacionados aparecem logo abaixo


do slide mestre.

O diagrama a seguir mostra as várias partes de um la-


yout que você pode incluir em um slide do PowerPoint.

Quando você edita o slide mestre, todos os slides que


seguem aquele mestre conterá essas alterações. No entan-
to, a maioria das alterações feitas serão provavelmente ser
os layouts de slide relacionada ao mestre.
Quando fizer alterações em layouts e o slide mestre
no modo de exibição de Slide mestre, outras pessoas que
trabalham na sua apresentação (no modo de exibição Nor-
mal) não podem excluir acidentalmente ou editar que você
já fez.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica final: é recomendável editar o slide mestre e os layouts antes de começar a criar os slides individuais. Dessa ma-
neira, todos os slides adicionados à sua apresentação se basearão em suas edições personalizadas. Se você editar o slide
mestre ou os layouts após criar cada slide, precisará aplicar novamente os layouts alterados aos slides da apresentação no
modo de exibição Normal. Caso contrário, as alterações não aparecerão nos slides.

Temas
Um tema é uma paleta de cores, fontes e efeitos especiais (como sombras, reflexos, efeitos 3D e muito mais) que com-
plementar uns com os outros. Um designer competente criado cada tema no PowerPoint. Podemos disponibilizar esses
temas predefinidos na guia Design na exibição Normal.
Todos os temas usados em sua apresentação incluem um slide mestre e um conjunto de layouts relacionados. Se você
usar mais de um tema na apresentação, terá mais de um slide mestre e vários conjuntos de layouts.

Layouts de Slide

Altere e gerenciar layouts de slide no modo de exibição de Slide mestre. Para acessar o modo de exibição de Slide mes-
tre, na guia Exibir, selecione Mestre de lado. Os layouts estão localizados embaixo do slide mestre no painel de miniatura
no lado esquerdo da tela.

Cada tema tem um número diferente de layouts. Você provavelmente não usar todos os layouts fornecidos com um
tema específico, mas escolher os layouts que melhor correspondem conteúdo do slide.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No modo de exibição Normal, você aplicará os layouts Você pode alterar nada sobre um layout para atender
aos slides (mostrado abaixo). às suas necessidades. Quando você altera um layout e vá
para Normal visualização, todos os slides que você adi-
ciona depois que será baseado neste layout e refletirão a
aparência alterada de layout. No entanto, se houver slides
existentes na sua apresentação que se baseiam a versão
antiga do layout, você precisará reaplicar o layout para es-
ses slides.

Aplicar ou alterar um layout de slide


Todos os temas no PowerPoint incluem um slide mes-
tre e um conjunto de layouts de slide. O layout de slide que
você escolher dependerá da cor, tipos de letra e como você
quer que o texto e outro conteúdo sejam organizados nos
slides. Se os layouts predefinidos não funcionarem, você
poderá alterá-los.
Aplicar um layout de slide no Modo de Exibição Normal
Escolha um layout predefinido que coincida com o ar-
Cada layout de slide é configurada de forma diferente ranjo do texto e outros espaços reservados de objeto que
— com tipos diferentes de espaços reservados em locais você planeja incluir no slide.
diferentes em cada layout. Na guia Exibição, clique em Normal.
Cada slide mestre tem um layout de slide relacionados No Modo de Exibição Normal, no painel de miniaturas
chamado Layout de Slide de título, e cada tema organiza à esquerda, clique no slide ao qual você deseja aplicar um
o texto e outros espaços reservados de objeto para que o layout.
layout diferente, com efeitos, fontes e cores diferentes. A Na guia Página Inicial, clique em Layout e selecione o
imagem abaixo mostra primeiro, a versão do tema base do layout desejado.
layout chamado Layout do Slide de título. E para compa-
rá-lo, o layout de slide abaixo dele é o Layout de Slide de
título do tema Integral.

Alterar um layout de slide no Modo de Exibição de Sli-


de Mestre
Se você não encontrar um layout de slide que funcio-
ne com o texto e outros objetos que você planeja incluir
nos slides, altere um layout no Modo de Exibição de Slide
Mestre.
Na guia Exibição, clique em Normal.
No Modo de Exibição de Slide Mestre, no painel de
miniaturas à esquerda, clique em um layout de slide que
você deseja alterar.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Design, clique em Tamanho do Slide e selecio-


ne uma opção.

Alterar a orientação, clique em Tamanho do Slide per-


sonalizado e, em seguida, selecione na orientação desejada
em orientação.

Na guia Slide Mestre, para alterar o layout, execute um


ou mais dos seguintes procedimentos:
Para adicionar um espaço reservado, clique em Inserir
Espaço Reservado e, em seguida, escolha um tipo de espa-
ço reservado na lista.
Para reorganizar um espaço reservado, clique na borda
do espaço reservado até ver uma seta de quatro pontas e
arraste o espaço reservado para o novo local no slide. Para criar um tamanho de slide personalizado, clique
Para excluir um espaço reservado, selecione-o e, em em Tamanho do Slide personalizado e selecione tela, lar-
seguida, pressione Delete no teclado. gura e altura opções no lado esquerdo da caixa de diálo-
Para adicionar um novo layout, clique em Inserir La- go Tamanho do Slide.
yout.
Para renomear um layout, no painel de miniaturas à Adicione espaços reservados para slide layouts para
esquerda, clique com o botão direito do mouse layout que conter texto, imagens, vídeos, etc.
você deseja renomear, clique em Renomear Layout, digite Espaços reservados são caixas com bordas pontilhadas
o novo nome do layout e clique em Renomear. que armazenam conteúdo em seu lugar em um layout de
slide. Você pode adicionar um espaço reservado para um
IMPORTANTE: Se você alterar um layout que você usou
layout de slide para conter conteúdo, como texto, imagens,
em sua apresentação, ir para o modo de exibição Normal
tabelas, gráficos, SmartArt gráficos, clip-art, vídeos e muito
e reaplicar o novo layout para esses slides se desejar obter
mais.
suas alterações. Por exemplo, se você alterar o layout de
IMPORTANTE : Só podem ser adicionados a espaços
slide de demonstração, os slides da sua apresentação usan- reservados em layouts, slides não individuais em uma apre-
do o layout de demonstração mantêm a aparência original, sentação de slides.
se você não aplicar o layout revisado para cada uma delas. Na guia Exibir, clique em Slide Mestre.
Alterar a orientação dos slides No painel de miniaturas esquerdo, clique no layout de
Você pode alterar a orientação de todos os slides pa- slide ao qual você deseja adicionar um ou mais espaços
drão, widescreen ou um tamanho personalizado, e você reservados.
pode especificar a orientação retrato ou paisagem de slides A seguir é mostrado o layout de slide Título e Conteú-
e anotações. do, que contém um espaço reservado para o título e outro
para qualquer tipo de conteúdo:

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode alterar um espaço reservado para redimensio-


ná-lo, reposicione, ou alterando a fonte, o tamanho, o caso, a
cor ou o espaçamento do texto dentro dele. Você também pode
excluir um espaço reservado de um layout de slide ou um slide
individual selecionando-a e pressionando Delete.

Atalhos usados com frequência


A tabela a seguir relaciona os atalhos mais usados no Po-
werPoint.
Para Pressione
Aplicar negrito ao texto
Ctrl+B
selecionado.
Altere o tamanho
ALT + C, F e, em
da fonte do texto
seguida, S
selecionado.
Na guia Slide Mestre, clique em Inserir Espaço Reserva-
do e, em seguida, clique no tipo de espaço reservado que Altere o zoom do slide. ALT + W, P
você deseja adicionar. Recorte o texto
selecionado, objeto ou Ctrl+X
slide.
Copie o texto
selecionado, objeto ou Ctrl+C
slide.
Colar recortado ou
copiado texto, objetos Ctrl+V
ou slide.
Desfazer a última ação. Ctrl+Z
Salve a apresentação. Ctrl+B
Inserir uma imagem. ALT + N, P
Inserir uma forma. ALT + H, S e H
Selecione um tema. ALT + G, H
Selecione um layout de
ALT + H, L
slide.
Ir para o próximo slide. Page Down
Vá para o slide anterior. Page Up
Vá para a guia página
Alt+C
inicial.
Mover para a guia
ALT+T
Inserir.
Inicie a apresentação de
ALT + S, B
slides.
Painel com scorecard
Encerre a apresentação
e mapa estratégico;
de slides.
Clique em um local no layout de slide e arraste para perguntas
desenhar o espaço reservado. Você pode adicionar quan- Feche o PowerPoint. ALT + F, X
tos espaços reservados como desejar.
Quando terminar, na guia Slide mestre, clique em Fe-
char modo de exibição mestre.
Siga um destes procedimentos:
Para reaplicar o layout alterado recentemente a um
slide existente, na lista de miniaturas de slide, selecione o
slide e, em seguida, na guia página inicial, clique em La-
yout e, em seguida, selecione o layout revisado.
Para adicionar um novo slide que contém o layout (com
os recém-adicionado espaços reservados), na guia página
inicial, clique em Novo Slide e, em seguida, selecione o la-
yout revisado do slide.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acesso à Internet
PRINCIPAIS APLICATIVOS DE NAVEGAÇÃO O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
NA INTERNET (MICROSOFT INTERNET de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
EXPLORER, MOZILLA FIREFOX), ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de
FERRAMENTAS DE PESQUISA E sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES.
relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
SEGURANÇA NA INTERNET. • Provedores de Backbone: São instituições que cons-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;
INTERNET • Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
“Imagine que fosse descoberto um continente bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
tão vasto que suas dimensões não tivessem fim. • Provedores de Informação: São instituições que dis-
Imagine um mundo novo, com tantos recursos que ponibilizam informação através da Internet.
a ganância do futuro não seria capaz de esgotar; com
tantas oportunidades que os empreendedores seriam Endereço Eletrônico ou URL
poucos para aproveitá-las; e com um tipo peculiar de Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
imóvel que se expandiria com o desenvolvimento.” conhecer o seu endereço.
John P. Barlow Este endereço, que é único, também é considerado sua URL
(Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos Universal.
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nu- Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www.xxxx.com.br
clear ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e
o Pentágono. Onde:
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da www = protocolo da World Wide Web
xxx = domínio
década de 60, ficou em poder exclusivo do governo co-
com = comercial
nectando bases militares, em quatro localidades.
br = brasil
Nos anos 70, seu uso foi liberado para institui-
ções norte-americanas de pesquisa que desejassem WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
aprimorar a tecnologia, logo vinte e três computadores É um serviço disponível na Internet que possui um con-
foram conectados, porém o padrão de conversação en- junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
tre as máquinas se tornou impróprio pela quantidade de bilizados a qualquer um.
equipamentos. Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
Era necessário criar um modelo padrão e uni- liza uma linguagem especial, chamada HTML.
versal para que as máquinas continuassem trocan-
do dados, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que Domínio
permitiria portanto que mais outras máquinas fossem Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
inseridas àquela rede. tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio ele- localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
trônico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
as máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, .edu = Instituição acadêmica
assim no ano seguinte a rede se torna internacional. .gov = Instituição governamental
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência .mil = Instituição militar norte-americana
.net = Provedor de serviços em redes
do Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, geran-
.org = Organização sem fins lucrativos
do aquilo que conhecemos hoje como internet, auxilian-
do portanto o processo de pesquisa em tecnologia e HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de
outras áreas a nível mundial, além de alimentar as forças Trasferência em Hipertexto
armadas brasileiras de informação de todos os tipos, até É um protocolo ou língua específica da internet, res-
que em 1990 caísse no domínio público. ponsável pela comunicação entre computadores.
Com esta popularidade e o surgimento de softwares Um hipertexto é um texto em formato digital, e
de navegação de interface amigável, no fim da década pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe-
de 90, pessoas que não tinham conhecimentos profun- ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa
dos de informática começaram a utilizar a rede interna- Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na
cional. forma de blocos de textos, imagens ou sons.
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou
outro documento.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Home Page Na verdade, nenhum dado é transferido diretamen-


Sendo assim, home page designa a página inicial, te da camada n em uma máquina para a camada n em
principal do site ou web page. outra máquina. Em vez disso, cada camada passa dados
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou e informações de controle para a camada imediatamen-
Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas te abaixo, até que o nível mais baixo seja alcançado. Abai-
distintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut xo do nível 1 está o meio físico de comunicação, através
é um Profile, ou seja um hipertexto que possui informa- do qual a comunicação ocorre. Na Figura abaixo, a comu-
ções de um usuário dentro de uma comunidade virtual. nicação virtual é mostrada através de linhas pontilhadas e
a comunicação física através de linhas sólidas.
HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de
Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML
devem ter aparência semelhante nas diversas platafor-
mas de trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de
“customizar” diversos elementos do documento, como o
tamanho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo
na transmissão através da Internet, evitando longos
períodos de espera e congestionamento na rede).

Browser ou Navegador
É o programa específico para visualizar as páginas da
web. Entre cada par de camadas adjacentes há uma inter-
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em face. A interface define quais operações primitivas e servi-
HTML, apresentando as páginas formatadas para os ços a camada inferior oferece à camada superior. Quando
usuários. os projetistas decidem quantas camadas incluir em uma
rede e o que cada camada deve fazer, uma das conside-
ARQUITETURAS DE REDES rações mais importantes é definir interfaces limpas entre
As modernas redes de computadores são projetadas as camadas. Isso requer, por sua vez, que cada camada
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes desempenhe um conjunto específico de funções bem
examinaremos com algum detalhe a técnica de estrutu- compreendidas. Além de minimizar a quantidade de in-
ração. formações que deve ser passada de camada em camada,
interfaces bem definidas também tornam fácil a troca da
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS
implementação de uma camada por outra implementa-
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria
ção completamente diferente (por exemplo, trocar todas
das redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma
as linhas telefônicas por canais de satélite), pois tudo o
construída sobre sua predecessora. O número de cama-
que é exigido da nova implementação é que ela ofereça
das, o nome, o conteúdo e a função de cada camada di-
à camada superior exatamente os mesmos serviços que a
ferem de uma rede para outra. No entanto, em todas as
redes, o propósito de cada camada é oferecer certos ser- implementação antiga oferecia.
viços às camadas superiores, protegendo essas camadas O conjunto de camadas e protocolos é chamado de
dos detalhes de como os serviços oferecidos são de fato arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve
implementados. conter informações suficientes para que um implementa-
A camada n em uma máquina estabelece uma con- dor possa escrever o programa ou construir o hardware
versão com a camada n em outra máquina. As regras e de cada camada de tal forma que obedeça corretamen-
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas te ao protocolo apropriado. Nem os detalhes de imple-
coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus- mentação nem a especificação das interfaces são parte da
trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas. arquitetura, pois esses detalhes estão escondidos dentro
As entidades que compõem as camadas corresponden- da máquina e não são visíveis externamente. Não é nem
tes em máquinas diferentes são chamadas de processos mesmo necessário que as interfaces em todas as máqui-
parceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros nas em uma rede sejam as mesmas, desde que cada má-
que se comunicam utilizando o protocolo. quina possa usar corretamente todos os protocolos.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O endereço IP cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni-


Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se
Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta
recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa-
quando você quer enviar um presente a alguém, você obtém lhar toda a rede.
o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma trans- Para que seja possível termos tanto IPs para uso em
portadora para entregar. É graças ao endereço que é possível redes locais quanto para utilização na internet, contamos
encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. Também é com um esquema de distribuição estabelecido pelas en-
graças ao seu endereço - único para cada residência ou esta- tidades IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e
belecimento - que você recebe suas contas de água, aquele ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and
produto que você comprou em uma loja on-line, enfim. Numbers) que, basicamente, divide os endereços em três
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu classes principais e mais duas complementares. São elas:
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni- 128 redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos co-
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor, nectados;
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza- Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address), 16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
O endereço IP é uma sequência de números composta Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re-
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um servado.
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já As três primeiras classes são assim divididas para
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 atender às seguintes necessidades:
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso.
- Os endereços IP da classe A são usados em lo-
cais onde são necessárias poucas redes, mas uma gran-
de quantidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro
byte é utilizado como identificador da rede e os demais
servem como identificador dos dispositivos conectados
(PCs, impressoras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi-
os restantes para identificar os dispositivos;
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en-
- Os endereços IP da classe C são usados em locais
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível
que requerem grande quantidade de redes, mas com
a organização das casas da região onde você mora. Neste
poucos dispositivos em cada uma. Assim, os três primei-
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po-
ros bytes são usados para identificar a rede e o último é
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos utilizado para identificar as máquinas.
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma Quanto às classes D e E, elas existem por motivos
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos especiais: a primeira é usada para a propagação de paco-
octetos são usados na identificação de computadores. tes especiais para a comunicação entre os computadores,
enquanto que a segunda está reservada para aplicações
Classes de endereços IP futuras ou experimentais.
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-
ser utilizados tanto para identificar o seu computador den- dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço
tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet. começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com- é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endere-
putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má- ço 127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou
quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal, seja, ao próprio host, razão esta que o leva a ser chama-
ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer do de localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utiliza-
sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma do para propagar mensagens para todos os hosts de uma
rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um rede de maneira simultânea.
endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta,

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Endereços IP privados Você percebe então que podemos ter redes com más-
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi-
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha-
na internet, sendo reservados para aplicações locais. São, ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha
essencialmente, estes: que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; um de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 compu-
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; tadores. A solução seria então criar cinco redes classe C?
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda ha-
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede verá desperdício. Uma forma de contornar este problema
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es- é criar uma rede classe C dividida em cinco sub-redes.
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, Para isso, as máscaras novamente entram em ação.
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. estes, na verdade, representam bytes (linguagem biná-
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa- ria). 255 em binário é 11111111. O número zero, por sua
mento de rede - como um roteador - que receba a cone-
vez, é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos
C, 255.255.255.0, é:
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento
11111111.11111111.11111111.00000000
precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial
Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma-
de computadores.
da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para
Máscara de sub-rede criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esque-
As classes IP ajudam na organização deste tipo de en- ma com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e
dereçamento, mas podem também representar desperdí- as possibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar
cio. Uma solução bastante interessante para isso atende alguns zeros do último octeto por 1.
pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi-
dos números que um octeto destinado a identificar dis- mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a resultando em:
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en- 11111111.11111111.11111111.11100000
xergar as classes A, B e C da seguinte forma: Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de
- A: N.H.H.H; bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub
- B: N.N.H.H; -redes. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a
- C: N.N.N.H. possibilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco
bits para o endereçamento dos host. Fazemos a mesma
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada
uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se sub-rede (estamos fazendo estes cálculos sem considerar
“transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras limitações que possam impedir o uso de todos os hosts
de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits e sub-redes).
são destinados para a identificação da rede e quantos são 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resul-
utilizados para identificar os dispositivos. tante é 255.255.255.224.
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser
se um octeto é usado para identificação da rede, este re- empregado também em endereços classes A e B, confor-
ceberá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é me a necessidade. Vale ressaltar também que não é pos-
aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub sível utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
-rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo
IP estático e IP dinâmico
desta relação:
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado perma-
nentemente a um dispositivo, ou seja, seu número não
Identificador muda, exceto se tal ação for executada manualmente.
Identificador Máscara Como exemplo, há casos de assinaturas de acesso à in-
Classe Endereço IP do
da rede de sub-rede
computador ternet via ADSL onde o provedor atribui um IP estático
aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se co-
A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0 nectar, usará o mesmo IP.
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0 O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é
C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0 dado a um computador quando este se conecta à rede,
mas que muda toda vez que há conexão. Por exemplo,
suponha que você conectou seu computador à internet
hoje. Quando você conectá-lo amanhã, lhe será dado
outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte si-
tuação: uma empresa tem 80 computadores ligados em

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 Finalizando


endereços IP para tais máquinas. Como nenhum IP é fixo, Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que
um computador receberá, quando se conectar, um ende- a especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do
reço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É mais mapa. Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante.
ou menos assim que os provedores de internet trabalham. Durante essa fase, que podemos considerar de transição,
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâ- o que veremos é a “convivência” entre ambos os padrões.
micos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Não por menos, praticamente todos os sistemas operacio-
Protocol). nais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos
a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se você
IP nos sites é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes
Você já sabe que os sites na Web também necessitam ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- aprofundar nas duas especificações.
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador A esta altura, você também deve estar querendo des-
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá cobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma
-lo? forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis- e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante
a uma árvore (termo conhecido por programadores). Se,
por exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o
sistema envia a solicitação a um servidor responsável por
terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do
endereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado
termina com “.br”, um servidor responsável por esta termi-
nação é consultado e assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um
passado não muito distante, você conectava apenas o PC
da sua casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu
notebook em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
assim por diante. Somando este aspecto ao fato de cada partir de uma rede local - tal como uma rede wireless -
vez mais pessoas acessarem a internet no mundo inteiro, visualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para
nos deparamos com um grande problema: o número de saber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede,
IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras) você pode visitar sites como whatsmyip.org.
aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, Provedor
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
- respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.7 sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
68.211.456 de endereços, um número absurdamente alto! ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra-
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave-
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que
estão interligadas nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segun-
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au- do). Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
pode ser, por exemplo: e um endereço eletrônico na Internet.
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

URL - Uniform Resource Locator .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden- .net -> computadores com funções de administrar re-
tificação de onde está localizado o computador e quais des. Exemplo: embratel.net
recursos este computador oferece. Por exemplo, a URL: .org -> organizações não governamentais. Exemplo:
http://www.novaconcursos.com.br care.org
Será mais bem explicado adiante.
Home Page
Como descobrir um endereço na Internet? Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
ficar. acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
Você estuda em uma universidade e precisa fazer al- dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
gumas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as in- dentro das Home Pages.
formações que preciso?
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de
http://www.endereço.com/página.html
procura, que são sites que possuem um enorme banco de
Por exemplo, a página principal da Pronag:
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa-
http://www.pronag.com.br/index.html
ges), que permitem a procura por um determinado assun-
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação PLUG-INS
de páginas encontradas. Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, re- de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
ferente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
pesquisar sobre amortecedores, caso não encontre nada em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
como amortecedores, procure como autopeças, e assim ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
sucessivamente. pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
g-ins são encontradas na página:
Barra de endereços http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
ces/
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar temos uma relação de alguns deles:
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
reço da página. etc.).
Alguns sites interessantes: - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) PCX, etc.).
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) - Negócios e Utilitários
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú- - Apresentações
blico)
• www.siapenet.gog.br (contracheque) FTP - Transferência de Arquivos
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação)
para o seu computador.
Os programas disponíveis na Internet podem ser:
Identificação de endereços de um site
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
Exemplo: http://www.pelotas.com.br
do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de
comunicação sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial programa.
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site • Shareware: Programa demonstração que pode ser
.com -> tipo de organização utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
......br -> identifica o país limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
Tipos de Organizações: mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam. exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
edu que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft. tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
com teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegar nas páginas Busca e pesquisa na web


Consiste percorrer as páginas na internet a partir de Os sites de busca servem para procurar por um deter-
um documento normal e de links das próprias páginas. minado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
Como salvar documentos, arquivos e sites • www.google.com.br
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como. • http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
Como copiar e colar para um editor de textos • http://br.bing.com/
Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o
botão direito do mouse e escolha a opção Copiar. Como fazer a pesquisa
Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
quisa. Por exemplo:

www.google.com.br

Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar
museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até partici-
par de novelas interativas. As informações na Web são or-
ganizadas na forma de páginas de hipertexto, cada um com
Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar
quisa.
a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo
chamado Endereço no navegador. O software estabelece a
conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces- Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
sar grupos de discussão (news). pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala-
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no vras com ou sem acento.
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Re-
cherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um Opções de pesquisa
meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas
pesquisas através da exibição de páginas de texto. Ficou cla-
ro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía
para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios,
apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW Web: pesquisa em todos os sites
ganhou força extra com a inserção de um visualizador Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
(também conhecido como browser) de páginas capaz não Exemplo do resultado se uma pesquisa.
apenas de formatar texto, mas também de exibir gráficos,
som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desen-
volvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark
Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a pro-
duzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic.
Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape Commu-
nications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
outros browsers.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. INTRANET


Exemplo: A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- da empresa.
dos por assunto em categorias. Exemplo: O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
Como escolher palavra-chave usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
cluam a palavra digitada. queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
sequência de termos que foram digitadas. nante explosão na informação disponível na Internet, que
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
páginas que incluam todas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
• as palavras aleatoriamente na página. que tem interessado um número cada vez maior de em-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
cam antes do sinal de sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
• menos são excluídas da pesquisa. advento e disseminação promete operar uma revolução
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
cálculo em um site de pesquisa. cimento das primeiras redes locais de computadores, no
final da década de 80.

Por exemplo: 3+4 O que é Intranet?


O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
Irá retornar: projetadas para a comunicação por computador entre em-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
O resultado da pesquisa de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma: tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP,
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos
programas de navegação na Web, os browsers.

Objetivo de construir uma Intranet


Organizações constroem uma intranet porque ela é
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital-
funcionários com conhecimentos das operações e produ-
tos da empresa.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicações da Intranet Protocolos - São os diferentes idiomas de comunica-


Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- ção utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos.
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o O primeiro é o HTTP, responsável pela comunicação do
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. browser com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet envio de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transfe-
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os rência de arquivos. Independentemente das aplicações uti-
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas lizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos; Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
de membros das equipes, situações de projetos; nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
nuais de qualidade; estações clientes.
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades nários acessam as informações colocadas à sua disposição
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be- no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
nefícios. permite folhear os documentos.
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Comparando Intranet com Internet
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
quase somente em clicar nos links que remetem às novas ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
complexa e exige a presença de profissionais especializa- conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
nela armazenadas. A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
A intranet é baseada em quatro conceitos: ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
• Conectividade - A base de conexão dos computa- as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
qualquer tipo de informação digital entre si; escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
forma transparente; ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
• Navegação - É possível passar de um documento a A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão,
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir-
facilitam o acesso não linear aos documentos; relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra- medida da necessidade de uma abordagem organizada.
ças à execução de programas aplicativos, que podem es- Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a num ambiente controlado e seguro.
rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres-
são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi- Vantagens e Desvantagens da Intranet
dor). A vantagem da intranet é que esses programas são Alguns dos benefícios são:
ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade. • Redução de custos de impressão, papel, distribuição
Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande de software, e-mail e processamento de pedidos;
importância no desenvolvimento de softwares aplicativos • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
que obedeçam aos três conceitos anteriores. suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
Como montar uma Intranet técnicas e de marketing;
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em • Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das remotas;
empresas, e em instalar um servidor Web. • Incrementando o acesso a informações da concor-
Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo- rência;
sitório das informações contidas na intranet. É lá que os • Uma base de pesquisa mais compreensiva;
clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail • Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par-
ou qualquer outro tipo de arquivo. ceiros (revendas);

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso Segurança da Intranet


à informação; Três tecnologias fornecem segurança ao armazena-
• Uma única interface amigável e consistente para mento e à troca de dados em uma rede: autenticação,
aprender e usar; controle de acesso e criptografia.
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); Autenticação - É o processo que consiste em verificar
• As informações disponíveis são visualizadas com cla- se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen-
reza; tos e dados podem ser protegidos através da solicitação
• Redução de tempo na pesquisa a informações; de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e verificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os
informação; usuários autenticados têm o acesso autorizado ou nega-
• Redução no tempo de configuração e atualização dos do a recursos específicos de uma intranet, com base em
sistemas; uma ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Simplificação e/ou redução das licenças de software
e outros; Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
• Redução de custos de documentação; mato que pode ser lido por alguém que tenha uma cha-
• Redução de custos de suporte; ve secreta de descriptografia. Um método de criptografia
• Redução de redundância na criação e manutenção amplamente utilizado para a segurança de transações
de páginas; Web é a tecnologia de chave pública, que constitui a base
• Redução de custos de arquivamento; do HTTPS - um protocolo Web seguro;
• Compartilhamento de recursos e habilidade.
Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
Alguns dos empecilhos são: dores proxy, que são programas que residem no firewall
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe-
no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne-
exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
cessário configurar e manter aplicativos separados, como
da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi-
contrário.
cado, como faria com um pacote de software para grupo
Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
de trabalho;
Os dispositivos para a realização de cópias de segu-
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número
rança do(s) servidor(es) constituem uma das peças de es-
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a
pecial importância. Por exemplo, unidades de disco amo-
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra-
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu- víveis com grande capacidade de armazenamento, tapes...
ções de software para grupo de trabalho que funcionam Queremos ainda referir que para o funcionamento
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; de uma rede existem outros conceitos como topologias/
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não configurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel,
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários rede em árvore, rede em malha …), métodos de acesso,
remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen- tipos de cabos, protocolos de comunicação, velocidade
volver aplicativos cliente/servidor. de transmissão …
Como a Intranet é ligada à Internet
EXTRANET
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o con-
ceito confunde-se com Intranet. Uma Extranet também
pode ser vista como uma parte da empresa que é estendi-
da a usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como
representantes e clientes. Outro uso comum do termo
Extranet ocorre na designação da “parte privada” de um
site, onde somente “usuários registrados” podem nave-
gar, previamente autenticados por sua senha (login).

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pes-
soas e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à
intranet através de redes externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in-
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages,
servidor FTP etc.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en-
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar
novas soluções.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea- Multitarefas com guias e janelas
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, uma só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir,
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, fechar e alternar os sites. A barra de guias mostra todas
distribuição, contabilidade entre outros. as guias ou janelas que estão abertas no Internet Explorer.
Para ver a barra de guias, passe o dedo de baixo para cima
Internet Explorer3 (ou clique) na tela.
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos
e truques comuns, você poderá usar seu novo navegador
com todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites
favoritos.

Noções básicas sobre navegação


Mãos à obra. Para abrir o Internet Explorer, toque ou
clique no bloco Internet Explorer na tela Inicial.
Uma barra de endereços, três formas de usar
A barra de endereços é o seu ponto de partida para
navegar pela Internet. Ela combina barra de endereços e
caixa de pesquisa para que você possa navegar, pesquisar
ou receber sugestões em um só local. Ela permanece fora Abrindo e alternando as guias
do caminho quando não está em uso para dar mais espaço Abra uma nova guia tocando ou clicando no botão
para os sites. Para que a barra de endereços apareça, passe Nova guia . Em seguida, insira uma URL ou um termo de
o dedo de baixo para cima na tela ou clique na barra na pesquisa ou selecione um de seus sites favoritos ou mais
parte inferior da tela se estiver usando um mouse. Há três visitados.
maneiras de utilizá-la: Alterne várias guias abertas tocando ou clicando nelas
na barra de guias. Você pode ter até 100 guias abertas em
Para navegar. Insira uma URL na barra de endereços uma só janela. Feche as guias tocando ou clicando em Fe-
para ir diretamente para um site. Ou toque, ou clique, na char no canto de cada guia.
barra de endereços para ver os sites que mais visita (os
sites mais frequentes).
Para pesquisar. Insira um termo na barra de endereços
e toque ou clique em Ir para pesquisar a Internet com o
mecanismo de pesquisa padrão.
Para obter sugestões. Não sabe para onde deseja ir?
Digite uma palavra na barra de endereços para ver suges-
tões de sites, aplicativos e pesquisa enquanto digita. Basta
tocar ou clicar em uma das sugestões acima da barra de
endereços.

3 Fonte: Ajuda do Internet Explorer

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando várias janelas de navegação Toque ou clique em Opções e, em Home pages, toque
Também é possível abrir várias janelas no Internet Ex- ou clique em Gerenciar.
plorer 11 e exibir duas delas lado a lado. Para abrir uma Insira a URL de um site que gostaria de definir como
nova janela, pressione e segure o bloco Internet Explorer home page ou toque ou clique em Adicionar site atual se es-
(ou clique nele com o botão direito do mouse) na tela Ini- tiver em um site que gostaria de transformar em home page.
cial e, em seguida, toque ou clique em Abrir nova janela.
Duas janelas podem ser exibidas lado a lado na tela. Para salvar seus sites favoritos
Abra uma janela e arraste-a de cima para baixo, para o lado Salvar um site como favorito é uma forma simples de
direito ou esquerdo da tela. Em seguida, arraste a outra memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar
janela a partir do lado esquerdo da tela. sempre. (Se você tiver feito a atualização para o Windo-
Dica ws 8.1 a partir do Windows 8 e entrado usando sua conta
Você pode manter a barra de endereços e as guias en- da Microsoft, todos os favoritos já existentes terão sido im-
caixadas na parte inferior da tela para abrir sites e fazer portados automaticamente.)
pesquisas rapidamente. Abra o botão Configurações, to- Vá até um site que deseja adicionar.
que ou clique em Opções e, em Aparência, altere Sempre Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir
mostrar a barra de endereços e as guias para Ativado. os comandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique
no botão Favoritos  para mostrar a barra de favoritos.
Personalizando sua navegação Toque ou clique em Adicionar a favoritos e, em se-
Depois de ter aprendido as noções básicas sobre o uso guida, toque ou clique em Adicionar.
do navegador, você poderá alterar suas home pages, adi-
cionar sites favoritos e fixar sites à tela Inicial.
Para escolher suas home pages

Para fixar um site na tela Inicial


A fixação de um site cria um bloco na tela Inicial, o
que fornece acesso com touch ao site em questão. Alguns
sites fixados mostrarão notificações quando houver novo
conteúdo disponível. Você pode fixar quantos sites quiser e
organizá-los em grupos na tela Inicial.

As home pages são os sites que se abrem sempre que


você inicia uma nova sessão de navegação no Internet Ex-
plorer. Você pode escolher vários sites, como seus sites de
notícias ou blogs favoritos, a serem carregados na abertura
do navegador. Dessa maneira, os sites que você visita com
mais frequência estarão prontos e esperando por você.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con- Para exibir os comandos de aplicativos, passe o dedo
figurações. de baixo para cima (ou clique).
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can- Toque ou clique no botão Favoritos , toque ou clique
to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para no botão Fixar site  e, em seguida, toque ou clique em
cima e clique em Configurações.) Fixar na Tela Inicial.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica
Você pode alternar rapidamente os favoritos e as guias
tocando ou clicando no botão Favoritos ou no botão
Guias nos comandos de aplicativos.

Lendo, salvando e compartilhando conteúdo da In-


ternet
Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure
pelo ícone Modo de exibição de leitura na barra de en-
dereços. O Modo de exibição de leitura retira quaisquer
itens desnecessários, como anúncios, para que as maté-
rias sejam destacadas. Toque ou clique no ícone para abrir
a página no modo de exibição de leitura. Quando quiser
retornar à navegação, basta tocar ou clicar no ícone no-
vamente.

Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei-


tura desativado
Para salvar páginas na Lista de Leitura
Quando você tiver um artigo ou outro conteúdo que
deseje ler mais tarde, basta compartilhá-lo com sua Lista
de Leitura em vez de enviá-lo por email para você mesmo
ou de deixar mais guias de navegação abertas. A Lista de
Leitura é a sua biblioteca pessoal de conteúdo. Você pode
adicionar artigos, vídeos ou outros tipos de conteúdo a ela
diretamente do Internet Explorer, sem sair da página em
que você está.
Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em
Compartilhar.
(Se usar um mouse, aponte para o canto superior direi-
to da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique
Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei- em Compartilhar.)
tura ativado Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em
Para personalizar as configurações do modo de exibi- Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista
ção de leitura de Leitura.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con-
figurações. Ajudando a proteger sua privacidade
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can- Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar,
to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para compartilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso
cima e clique em Configurações.) diariamente na Internet, o que pode disponibilizar suas in-
Toque ou clique em Opções e, em Modo de exibição formações pessoais para outras pessoas. O Internet Explo-
de leitura, escolha um estilo de fonte e um tamanho de rer ajuda você a se proteger melhor com uma segurança
texto. reforçada e mais controle sobre sua privacidade. Estas são
Estas são algumas opções de estilo que você pode se- algumas das maneiras pela quais você pode proteger me-
lecionar. lhor a sua privacidade durante a navegação:

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armaze- Principais características


nam informações como o seu histórico de pesquisa para · Navegação em abas;
ajudar a melhorar sua experiência. Quando você usa uma · A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrin-
guia InPrivate, pode navegar normalmente, mas os dados do os links em segundo plano
como senhas, o histórico de pesquisa e o histórico de pá- Eles já estarão carregados quando você for ler;
ginas da Internet são excluídos quando o navegador é fe- · Bloqueador de popups:
chado. Para abrir uma nova guia InPrivate, passe o dedo · O Firefox já vem com um bloqueador embutido de
de baixo para cima na tela (ou clique nela) para mostrar popups;
os comandos de aplicativos, ou toque ou clique no botão · Pesquisa inteligente;
Ferramentas de guia e em Nova guia InPrivate. · O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na
Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do barra de ferramentas e abre direto a página com os resul-
Not Track para ajudar a proteger sua privacidade. O ras- tados, poupando o tempo de acesso à página de pesquisa
treamento refere-se à maneira como os sites, os provedo- antes de ter que digitar as palavras chaves. O novo locali-
res de conteúdo terceiros, os anunciantes, etc. aprendem
zador de palavras na página busca pelo texto na medida
a forma como você interage com eles. Isso pode incluir o
em que você as digita, agilizando a busca;
rastreamento das páginas que você visita, os links em que
· Favoritos RSS;
você clica e os produtos que você adquire ou analisa. No
Internet Explorer, você pode usar a Proteção contra Ras- · A integração do RSS nos favoritos permite que você
treamento e o recurso Do Not Track para ajudar a limitar fique sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus
as informações que podem ser coletadas por terceiros so- sites preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada
bre a sua navegação e para expressar suas preferências de a partir do Firefox 2;
privacidade para os sites que visita. · Downloads sem perturbação;
· Os arquivos recebidos são salvos automaticamente
FIREFOX4 na área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos in-
Firefox é um navegador web de código aberto e mul- terrupções significam downloads mais rápidos. Claro, essa
tiplataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux função pode ser personalizada sem problemas;
e Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da · Você decide como deve ser seu navegador;
plataforma. O Firefox possui suporte para extensões, nave- · O Firefox é o navegador mais personalizável que exis-
gação por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte para te. Coloque novos botões nas barras de ferramentas, insta-
sincronização de informações, gerenciador de senhas, blo- le extensões que adiciona novas funções, adicione temas
queador de janelas pop-up, pesquisa integrada, corretor que modificam o visual do Firefox e coloque mais meca-
ortográfico, gerenciador de download, leitor de feeds RSS nismos nos campos de pesquisa.
e outros recursos.
Além de ser multiplataforma, o Firefox também su- O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
porta diferentes linguagens, incluindo o português do para a sua necessidade:
Brasil (Pt Br). · Fácil utilização;
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake · Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
Ross em 2002, somente dois anos depois a plataforma de tem todas as funções que você está acostumado - favo-
navegação pela internet se desmembrou de outras ferra- ritos, histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as
mentas e se tornou um browser independente. No começo, páginas mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalida-
o Firefox se popularizou apenas entre o nicho de adeptos des intuitivas;
do “software livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de
· Compacto;
milhões de downloads.
· A maioria das distribuições está em torno dos 5MB.
Não demorou muito para que o navegador começasse
Você leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para
a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob-
servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente o seu computador em uma conexão discada e segunda em
assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu es- uma conexão banda larga. A configuração é simples e in-
paço e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer. tuitiva. Logo você estará navegando com essa ferramenta.
Seu sistema de abas permite que o usuário navegue
em diversos sites sem a necessidade de abrir várias instân- Principais novidades
cias do programa. A função de navegação privativa é muito Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
útil, pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico, - As opções que você mais acessa, todas no mesmo
dados fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista lugar
de downloads, cookies e arquivos temporários. Serão pre- - Pensado para facilitar o acesso
servados apenas arquivos salvos por downloads e novos - Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamen-
favoritos. Além dessas opções, o navegador continua com te do Firefox
as funções básicas de qualquer outro aplicativo semelhan-
te: gerenciador de favoritos, suporte a complementos e
sincronização de dados na nuvem.
4 Fonte: Ajuda do Firefox

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Seus sites favoritos estão mais perto do que nunca


- Adicione e visualize seus Favoritos rapidamente
- Salve qualquer site com apenas um clique

Conheça o Firefox Hello


- Converse por vídeo com qualquer pessoa, em qual-
quer lugar
- É grátis! Não é preciso ter conta ou baixar comple-
mentos. Como funcionam as sugestões de sites?
- Escolha como você quer pesquisar O Firefox exibe links de sites como miniaturas ou lo-
gotipos na página Nova Aba. Quando usar o Firefox pela
primeira vez, verá links para sites da Mozilla. Esses sites
serão eventualmente substituídos por sites visitados com
mais frequência.

Uma nova maneira de pesquisar, ainda mais inteligente


- Sugestões de pesquisa aparecerão conforme você
digita
- Escolha o site certo para cada pesquisa
- Use a estrela para adicionar Favoritos

Ocultar ou exibir Sugestões na Nova Aba

Você pode determinar sua página Nova Aba para exibir


seus sites mais visitados ou até mesmo nada. Para acessar
estes controles clique no ícone da engrenagem no canto
superior direito da nova aba.

Exibir seus sites principais

Clique no ícone de engrenagem na página Nova Aba e


marque Exibir os sites mais visitados.

Mostrar uma Nova Aba em branco

Para remover todos os sites da página Nova Aba, sele-


cione Exibir página em branco.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no “X” no canto superior direito do site para ex-


cluí-lo da página.
Nota: Se acidentalmente remover um site, pode recu-
perá-lo clicando em Desfazer no topo da página. Se muitos
sites foram removidos clique em Restaurar tudo.

Reorganizar

Clique e arraste uma Sugestão para dentro da posição


Desativar os controles da Nova Aba que desejar. Ela será “fixada” nesse novo local.
Para ocultar tudo na sua página Nova Aba, incluindo os Adicionar um dos seus favoritos
controles da Nova Aba (ou para escolher a página que abre Você também pode abrir a biblioteca de favoritos e ar-
em uma nova aba) você pode instalar o complemento New rastá-los para a página Nova Aba.
Tab Override (browser.newtab.url replacement). Antes de iniciar, configure o Firefox para lembrar o his-
tórico.
Personalizar a página Nova aba Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
O comportamento padrão do Firefox é exibir os sites os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
em destaque em uma nova aba. Aprenda como personali- Arraste um favorito para dentro da posição que você quiser.
zar, fixar, remover e reorganizar esses sites.

Fixar

Clique no ícone no canto superior esquerdo da suges-


tão para fixá-la naquela posição na página.
Dica: Configure o Firefox Sync para sincronizar suas Su- Como faço para configurar o Sync no meu compu-
gestões fixadas entre os seus outros computadores. tador?
O Sync permite compartilhar seus dados e preferên-
Remover cias (como favoritos, histórico, senhas, abas abertas, Lista
de Leitura e complementos instalados) com todos os seus
dispositivos. Aprenda como configurar o Firefox Sync.
Importante: O Sync requer a versão mais recente do
Firefox. Certifique-se de que você atualizou o Firefox em
quaisquer computadores ou dispositivos Android.
Configurar o Sync requer duas partes: A criação de
uma conta no seu dispositivo principal e entrar nesta conta
usando outros dispositivos. Aqui estão os passos em de-
talhes:

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Crie uma conta do Sync Crie favoritos para salvar suas páginas favoritas
Clique no botão de menu   e depois em Entrar no Os favoritos são atalhos para as páginas da web que
Sync. A página de acesso será aberta em uma nova aba. você mais gosta.
Como eu crio um favorito?
Fácil — é só clicar na estrela!
Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na
Barra de ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito
será adicionado na pasta “Não organizados”. Pronto!

Nota: Se não visualizar uma seção do Sync no menu,


você ainda está usando uma versão antiga do Sync. 
Clique no botão Começar.
Preencha o formulário para criar uma conta e clique
em Sign Up. Anote o endereço de e-mail e a senha usada, Dica: Quer adicionar todas as abas de uma só vez? Cli-
você precisará disso mais tarde para entrar. que com o botão direito do mouse em qualquer aba e
Verifique nas suas mensagens se recebeu o link de selecione Adicionar todas as abas.... Dê um nome a pasta
verificação e clique nele para confirmar seu endereço de e escolha onde quer guardá-la. Clique adicionar favoritos
e-mail. Você já está pronto para começar a usar! para finalizar.
Conecte dispositivos adicionais ao Sync Como eu mudo o nome ou onde fica guardado um
Tudo que precisa fazer é entrar e deixar o Sync fazer o favorito?
resto. Para entrar você precisa do endereço de e-mail e a Para editar os detalhes do seu favorito, clique nova-
senha que usou no começo da configuração do sync.
mente na estrela e a caixa Propriedades do favorito apa-
Clique no botão de menu   , e, em seguida, clique
recerá.
em Entrar no Sync.
Clique no botão Começar para abrir a página Crie uma
conta Firefox.
Clique no link Already have an account? Sign in na par-
te inferior da página.

Na janela Propriedades do favorito você pode modifi-


Insira o e-mail e a senha que você usou para criar sua car qualquer um dos seguintes detalhes:
nova conta do Sync. Nome: O nome que o Firefox exibe para os favoritos
Depois que você tiver entrado, o Firefox Sync começará em menus.
a sincronização de suas informações através dos seus dis- Pasta: Escolha em que pasta guardar seu favorito sele-
positivos conectados. cionando uma do menu deslizante (por exemplo, o Menu
Favoritos ou a Barra dos favoritos). Nesse menu, você tam-
Remover um dispositivo do Sync bém pode clicar em Selecionar... para exibir uma lista de
Clique no botão   para expandir o Menu. todas as pastas de favoritos.
Clique no nome da sua conta no Sync (geralmente seu Tags: Você pode usar tags para ajudá-lo a pesquisar e
endereço de e-mail) para abrir as preferências do Sync. organizar seus favoritos. Quando você terminar suas modi-
Clique em Desconectar. Seu dispositivo não será mais ficações, clique em Concluir para fechar a caixa.
sincronizado.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde posso encontrar meus favoritos?


A forma mais fácil de encontrar um site para o qual
você criou um favorito é digitar seu nome na Barra de En-
dereços. Enquanto você digita, uma lista de sites que já
você visitou, adicionou aos favoritos ou colocou tags apa-
recerá. Sites com favoritos terão uma estrela amarela ao
seu lado. Apenas clique em um deles e você será levado até
lá instantaneamente.

Como eu ativo a Barra de favoritos?


Se você gostaria de usar a Barra de Favoritos, faça o
seginte:
Clique no botão e escolhe Personalizar.
Clique na lista Exibir/ocultar barras e no final selecione
Como eu organizo os meus favoritos?
Barra dos favoritos.
Na Biblioteca, você pode ver e organizar todos os seus
Clique no botão verde Sair da personalização.
favoritos.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Removendo apenas uma página dos Favoritos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Acesse a página que deseja remover nos Favoritos.
Clique no ícone da estrela à direita da sua barra de pesquisa.
Na janela Editar este favorito, clique Remover Favorito.

Removendo mais de uma página ou pasta dos Favo-


ritos
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
No painel esquerdo da janela do gerenciador, clique na
pasta que deseja visualizar. Seu conteúdo será mostrado
Por padrão, os favoritos que você cria estarão localiza- no painel direito.
dos na pasta “Não organizados”. Selecione-a na barra late- No painel direito, selecione os itens que deseja remover.
ral da janela “Biblioteca” para exibir os favoritos que você Com os itens a serem removidos selecionado, clique no
adicionou. Dê um clique duplo em um favorito para abri-lo. botão Organizar e selecione Excluir.
Enquanto a janela da Biblioteca está aberta, você tam-
bém pode arrastar favoritos para outras pastas como a
“Menu Favoritos”, que exibe seus favoritos no menu aberto
pelo botão Favoritos. Se você adicionar favoritos à pasta
“Barra de favoritos”, eles aparecerão nela (embaixo da Bar-
ra de navegação).

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criando novas pastas Reorganizando manualmente


Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Clique na pasta que contém o favorito que você deseja
Clique com o botão direito do mouse na pasta que irá mover para expandi-la.
conter a nova pasta, então selecione Nova pasta.... Clique no favorito que você quer mover e arraste-o
para a posição desejada.

Na janela de nova pasta, digite o nome e (opcional-


mente) uma descrição para a pasta que você deseja criar. Para mover um favorito para uma pasta diferente, ar-
raste-o para cima da pasta.
Adicionando favoritos em pastas
As alterações efetuadas na janela Biblioteca serão re-
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
fletidas na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique na pasta que contém atualmente o favorito que
Ordenar visualizações na janela Biblioteca
você deseja mover.
Para ver os seus favoritos em várias ordens de classifi-
Arraste o favorito sobre a pasta e solte o botão para
cação, use a janela Biblioteca:
mover o favorito para a pasta.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Ordenando por nome os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos No painel esquerdo, clique na pasta que deseja visuali-
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. zar. O conteúdo será exibido no painel da direita.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que de- Clique no botão Exibir, selecione Ordenar e depois
seja ordenar e selecione Ordenar pelo nome. Os Favoritos escolha uma ordem de classificação.
serão colocados em ordem alfabética. A ordem de classificação na janela Biblioteca é apenas
para visualização, e não vai ser refletido na barra lateral, no
menu ou no botão de favoritos.

Definindo a Página Inicial


Veja como abrir automaticamente qualquer página
web na inicialização do Firefox ou clicando no botão Pági-
na inicial .
Abra a página web que deseja definir como sua página
inicial.
Clique e arraste a aba para cima do botão Página Inicial .

As alterações efetuadas na janela Biblioteca será refle-


tido na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Sim para definir esta página como sua pá-


gina inicial.

Dica: Mais opções de configuração da página inicial


estão disponíveis na janela Opções .
Como as sugestões de pesquisa funcionam
Clique no botão menu e depois em Opções, na ja-
Se você ver uma sugestão de pesquisa que correspon-
nela que foi aberta vá para o painel Geral.
de ao que você está procurando, clique nela para ver re-
A partir do menu drop-down, selecione Abrir página sultados para aquele termo de pesquisa. Isso pode poupar
em branco na inicialização ou Restaurar janelas e abas an- tempo e ajudar você a encontrar o que está procurando
teriores. com menos digitação.
Clicando em Usar as páginas abertas, as páginas que Ativar as sugestões de pesquisa enviará as palavras-
estiverem abertas serão configuradas como páginas ini- chave que você digita num campo de busca para o me-
ciais, abrindo cada página em uma aba separada. canismo de pesquisa padrão - a menos que pareça que
você está digitando uma URL ou hostname. Os campos de
Para restaurar as configurações da página inicial, siga pesquisa incluem:
os seguintes passos: - a barra de pesquisa
Clique no botão , depois em Opções - páginas iniciais (como mostrado na imagem acima)
Selecione o painel Geral. - a barra de endereço (onde as Sugestões de Pesquisa
Clique no botão Restaurar o padrão localizado logo podem ser desativadas separadamente)
abaixo do campo Página Inicial.
O mecanismo de pesquisa padrão pode coletar essas
informações de acordo com os termos da política de pri-
vacidade deles, e os usuários preocupados sobre essas in-
formações sendo coletadas podem desejar não ativar as
sugestões de pesquisa. As sugestões de pesquisa estão de-
sativadas por padrão no modo de Navegação Privada. Você
deve ativá-las explicitamente em uma janela de navegação
privativa para ativá-las nesse modo.

Ativando ou desativando as sugestões de pesquisa


As sugestões de pesquisa podem ser ativadas ou de-
sativadas a qualquer momento marcando ou desmarcando
a caixa Fornecer sugestões de pesquisa na seção Pesquisar
das opções do Firefox:
Feche a janela about:preferences. Quaisquer altera-
ções feitas serão salvas automaticamente.

Sugestões de pesquisa no Firefox


Muitos mecanismos de pesquisa (incluindo Yahoo,
Google, Bing e outros) fornecem sugestões de pesquisa,
as quais são baseadas em pesquisas populares que outras
pessoas fazem e que estão relacionadas com uma pala-
vra ou palavras que você inserir. Quando as Sugestões de
Pesquisa estão ativadas, o texto que você digita em um
campo de pesquisa é enviado para o mecanismo de busca,
o qual analisa as palavras e exibe uma lista de pesquisas
relacionadas.
Para ver sugestões de pesquisa na barra de endereços,
marque a opção Mostrar sugestões de pesquisa na barra
de localização.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando a Barra de Pesquisa Gerenciador de Downloads


Basta digitar na barra de Pesquisa na sua barra de fer- A Biblioteca e o painel de downloads controlam os ar-
ramentas ou na página de Nova Aba. quivos baixado pelo Firefox. Aprenda a gerenciar seus ar-
quivos e configurar as definições de download.

Como faço para acessar meus downloads?


Você pode acessar seus downloads facilmente clicando
no icone download (a seta para baixo na barra de ferra-
mentas). A seta vai aparecer azul para que você saiba
que existem arquivos baixados.
Durante um download, o icone de download muda para
um timer que mostra o progresso do seu download. O timer
volta a ser uma seta quando o download for concluído.

Enquanto você digita na busca da barra de ferramen-


tas, o seu mecanismo de pesquisa padrão mostra suges-
tões para ajudá-lo a procurar mais rápido. Essas sugestões
são baseadas em pesquisas populares ou em suas pesqui-
sas anteriores (se estiver ativado).
Clique no icone download para abrir o painel de down-
loads. O painel Downloads exibe os últimos três arquivos
baixados, juntamente com o tempo, tamanho e fonte do
download:

Pressione Enter para pesquisar usando o seu mecanis-


mo de pesquisa padrão, ou selecione outro mecanismo de Para ver todos os seus downloads, acesse a Biblioteca
pesquisa clicando no logotipo. clicando em Exibir todos os downloads na parte inferior do
Mecanismos de pesquisa disponíveis painel de Downloads.
O Firefox vem com os seguintes mecanismos de pes-
quisa por padrão:
- Google para pesquisar na web através do Google
Nota: O padrão de busca do Google é criptografado
para evitar espionagem.
- Yahoo para pesquisar na web através do Yahoo
- Bing para pesquisar na web através do Microsoft Bing
- BuscaPé para procurar comparações de preços, pro-
dutos e serviços no site BuscaPé.
- DuckDuckGo como mecanismo de pesquisa para
para usuários que não querem ser rastreados.
- Mercado Livre para procurar por itens à venda ou em
leilão no Mercado Livre
- Twitter para procurar pessoas no Twitter
- Wikipédia (pt) para pesquisar na enciclopédia online
gratuita Wikipédia Portuguesa.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Biblioteca mostra essas informações para todos os Como deixar o Firefox em tela inteira
seus arquivos baixados, a menos que você tenha removido
eles do seu histórico. Tela inteira é um recurso do Firefox que permite que
ele ocupe a tela toda, ótimo para aquelas telinhas aperta-
das de netbooks, aproveitando o máximo da sua HDTV ou
só porque quer!
Ative o modo Tela inteira
Maior é melhor! Preencha sua tela com o Firefox.
Clique no botão menu no lado direito da barra de
ferramentas e selecione Tela inteira.

Como posso gerenciar meus arquivos baixados?


No painel Downloads e na sua Biblioteca, existe um
botão icone a direita de cada arquivo que muda de acordo
com o progresso atual do download.

Pausar: Você pode pausar qualquer download em pro-


gresso clicando com o botão direito no arquivo e selecio-
nando Pausar. Isto pode ser útil, por exemplo, se você pre- Desative o modo Tela inteira
cisa abrir um pequeno download que começou depois de Traga o meu computador de volta! Encolha o Firefox
um download grande. A Pausa de downloads lhe dá a opção para seu tamanho normal.
de decidir qual dos seus downloads são mais importantes. Mova o mouse para o topo da tela para fazer a barra
Quando você quiser continuar o download desses arquivos, de ferramentas reaparecer
clique com o botão direito no arquivo e selecione Continue. Clique no botão menu no lado direito da barra de
Cancelar : Se depois de iniciar o download você de- ferramentas e selecione Tela inteira.
cidir que não precisa mais do arquivo, cancelar o download Atalhos de teclado
é simples: apenas clique no botão X ao lado do arquivo. Para aqueles de boa memória. Use a tela inteira atra-
Este botão se transformará em um símbolo de atualização,
vés do teclado.
clique novamente para reiniciar o download.
Abrir o arquivo: Quando o download acabar, você pode
Atalho para alternar o modo Tela inteira: Pressione a
dar um clique no arquivo para abrir-lo.
tecla F11.
Abrir pasta : Uma vez que o arquivo tenha concluído
o download, o ícone à direita da entrada do arquivo torna- Nota: Em computadores com teclado compacto (como
se uma pasta. Clique no ícone da pasta para abrir a pasta netbooks e laptops), pode ser necessário usar a combina-
que contém esse arquivo. ção de teclas fn + F11.
Remover arquivo da lista: Se você não quiser manter o
registro de um determinado download, simplesmente cli- Histórico
que com o botão direito no arquivo, então selecione Excluir
da lista. Isto irá remover a arquivo da lista, mas não vai Toda vez que você navega na internet o Firefox guarda
apagar o arquivo em si. várias informações suas, como por exemplo: sites que você
Repetir um download : Se por qualquer razão um visitou, arquivos que você baixou, logins ativos, dados de
download não completar, clique no botão a direita do ar- formulários, entre outros. Toda essa informação é chamada
quivo - um simbolo de atualizar - para reiniciar. de histórico. No entanto, se estiver usando um computador
Limpar downloads: Clique no botão Limpar Downloads público ou compartilha um computador com alguém, você
no topo da janela da Biblioteca para limpar todo o histórico pode não querer que outras pessoas vejam esses dados.
de itens baixados.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Que coisas estão incluídas no meu histórico? Como limpo meu histórico?

Clique no botão de menu , selecione Histórico e,


em seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.

Histórico de navegação e downloads: Histórico de na- Em seguida, clique na seta ao lado de Detalhes para
vegação é a lista de sites que você visitou que são exibidos selecionar exatamente quais informações você quer que
no menu Histórico, a lista do Histórico na janela Biblioteca sejam limpas.
e a lista de endereços da função de completar automati-
camente da Barra de endereços. Histórico dos downloads
é a lista de arquivos que foram baixados por você e são
exibidos na janela Downloads.
Dados memorizados de formulários e Barra de Pesqui-
sa: O histórico de dados memorizados de formulários inclui
os itens que você preencheu em formulários de páginas
web para a funcionalidade de Preenchimento Automático
de Formulários. O histórico da Barra de Pesquisa inclui os
itens que você pesquisou na Barra de Pesquisa do Firefox.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os
websites que você visita, tais como o estado da sua auten-
ticação e preferências do site. Também incluem informa-
ções e preferências do site armazenadas por plugins como
o Adobe Flash. Cookies podem também ser usados por
terceiros para rastreá-lo entre páginas.
Nota: Para poder limpar cookies criados pelo Flash
você precisa estar usando a versão mais recente do plugin. Finalmente, clique no botão Limpar agora. A janela
Cache: O cache armazena arquivos temporariamente, será fechada e os itens selecionados serão limpos.
tais como páginas web e outras mídias online, que o Firefox
Como faço para o Firefox limpar meu histórico auto-
baixou da Internet para tornar o carregamento das páginas
maticamente?
e sites que você já visitou mais rápido.
Se você precisa limpar seu histórico sempre que usar
Logins ativos: Caso você tenha se logado em um web-
o Firefox, você pode configurá-lo para que isso seja feito
site que usa autenticação HTTP desde a vez mais recente
que você abriu o Firefox, este site é considerado “ativo”. Ao automaticamente assim que você sair, assim você não es-
limpar estes registros você sai destes sites. quece.
Dados offline de sites: Se você permitir, um website
pode guardar informações em seu computador para que
você possa continuar a utilizá-lo mesmo sem estar conec-
tado à Internet.
Preferências de sites: Preferências de sites, incluindo
o nível de zoom salvo para cada página específica, codi-
ficação de caracteres e as permissões de páginas (como
excessões para bloqueadores de anúncios) estão descritas
em janela de Propriedades da Página.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use o campo Localizar no histórico no canto superior


Clique no botão , depois em Opções
direito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que
Selecione o painel Privacidade.
você deseja remover do histórico.
Defina O Firefox irá: para Usar minhas configurações.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo so-
bre este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja
excluir e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do
site serão removidos.

Marque a opção Limpar histórico quando o Firefox fechar.

Para especificar que tipos de histórico devem ser lim-


pos, clique no botão Configurar..., ao lado de Limpar histó-
rico quando o Firefox fechar.
Na janela Configurações para a limpeza do histórico, Finalmente, feche a janela Biblioteca.
marque os itens que você quer que sejam limpos automa-
ticamente sempre que você sair do Firefox. O leitor de PDF

O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao


navegador. Isto significa que agora não é mais necessário
ter que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para
fazê-lo visualizar um documento neste formato. Este visua-
lizador, inclusive, funciona da mesma forma como ocorre
no Google Chrome, que também suporta a visualização de
arquivos PDF nativamente.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF
no navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os con-
troles são exibidos na parte superior, com os quais você
pode salvar ou imprimir o documento, bem como usar re-
cursos como zoom, ou ir diretamente para uma página es-
pecífica. Também é possível alternar para o modo de apre-
sentação e exibir o PDF em tela cheia.
Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários
Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não
para fechar a janela Configurações para a limpeza do his- houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele
tórico. converte os PDFs para o HTML 5.
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações
feitas serão salvas automaticamente.
Como faço para remover um único site do meu histórico?
Clique no botão , depois em Histórico, em seguida,
clique no link no final da lista Exibir todo o histórico, para
abrir a janela da Biblioteca.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo uma página web Seção Intervalo de impressão - Especifique quais pági-
nas da página web atual será impressa:
Clique no menu e depois em Imprimir. Selecione Tudo para imprimir tudo.
Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas
que você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a
1” imprimirá somente a primeira página.
Selecione Seleção para imprimir somente a parte da
página que você selecionou.
Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer
imprimir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exem-
plo, se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar,
elas serão impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrá-
rio, elas serão impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
ferências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma pá-
gina web com bordas, poderá selecionar como as bordas
serão impressas:

Na janela de impressão que foi aberta, ajuste as con-


figurações do que você está prestes a imprimir, se for ne-
cessário.
Clique em OK para iniciar a impressão.
Janela de configurações de impressão

Como apresentado na tela irá imprimir da mesma for-


ma que você vê a página web no Firefox.
O campo selecionado irá imprimir somente o conteúdo
dentro da última borda que você clicou.
Cada campo separadamente irá imprimir o conteúdo
de todas as bordas, mas em páginas separadas.
Mudando a configuração da página
Para alterar a orientação da página, alterar se as cores
e imagens de fundo são impressas, as margens da página,
o que incluir no cabeçalho e rodapé das páginas impressas,
Seção Impressoras: na parte superior da janela do Firefox, clique no botão Fi-
refox, veja mais em Imprimir... (menu Arquivo no Windows
Clique no menu drop-down ao lado de Name para mudar XP) e selecione Configurar página.... A janela de configura-
qual a impressora imprimirá a página que você está vendo. ção de página irá aparecer.
Nota: A impressora padrão é a do Windows. Quando Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
uma página da web é impressa com a impressora selecio- ferências do Firefox em uma base por impressora.
nada, ela se torna a impressora padrão do Firefox.
Cique em Propiedades... para mudar o tamanho do pa-
pel, qualidade de impressão e outras configurações espe-
cíficas da impressora.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formato e Opções Na aba Margens e Cabeçalhos/Rodapé você pode al-


terar:
Margens: Você pode colocar a largura da margem se-
paradamente para cima, baixo, esquerda e direita.
Cabeçalho e Rodapé: Use os menus dropdown para
selecionar o que irá aparecer na página impressa. O valor
do dropdown superior esquerdo aparece no canto superior
esquerdo da página; o valor do dropdown superior central
aparece na parte superior central da página, e assim por
diante. Você pode escolher entre:
--em branco--: Nada será impresso.
Título: Imprime o título das páginas web.
Endereço: Imprime o endereço das páginas web.
Data/Hora: Imprime a data e hora em que a página foi
impressa.
Página #: Imprime o número da página.
Página # de #: Imprime o número da página e o total
de páginas.
Personalizar...: Coloque seu próprio texto de cabeçalho
ou rodapé. Isso pode ser usado pra mostrar o nome da
empresa ou organização no alto ou na parte de baixo de
Na aba Formato e Opções você pode alterar: toda página impressa.
Formato: Clique em OK para concluir as alterações e fechar a
Selecione Retrato para a maioria dos documentos e janela de configuração de páginas.
páginas web.
Selecione Paisagem para páginas e imagens largas. Visualizar impressão
Escala: Para tentar uma página web em menos folhas Para ver como a página web que você quer imprimir
impressas, você pode ajustar a escala. Reduzir para caber ficará quando impressa, na parte superior da janela do Fire-
ajusta automaticamente a escala. fox, clique no botão Firefox, veja mais em Imprimir...(menu
Opções: Selecione Imprimir cores e imagens de fundo Arquivo no Windows XP), e selecione Visualizar impressão.
para que o Firefox imprima as páginas com cor e imagens A janela de pré-visualização permite mudar algumas
de fundo como elas são mostradas na tela, caso contrário, das opções descritas acima. Acesse a janela de impressão
Firefox imprimirá com o fundo branco. clicando em Imprimir..., ou a janela de configuração de pá-
Margens e Cabeçalho/ Rodapé gina clicando em Configurar página.... Clique nas setas ao
lado do campo Página: para trocar as páginas do docu-
mento. As setas duplas mudam para a primeira ou última
página, as setas únicas vão para a próxima página ou a
anterior. Você também pode ajustar a escala e o formato
(veja acima).

Clique em Fechar para sair da visualização da impres-


são.
Firefox Hello - conversas por vídeo e voz online
O Firefox Hello lhe deixa navergar e discutir páginas
web com seus amigos diretamente no navegador. Tudo
que você precisa é uma webcam (opcional), um microfone,
e a versão mais recente do Firefox para ligar para os ami-
gos que estão em navegadores suportados pelo WebRTC
como Firefox, Chrome, ou Opera.
Nota: O Firefox Hello não está disponível na Navega-
ção Privada.
Iniciar uma conversa
Clique no botão Hello .
Clique em Navegar nessa página com um amigo.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entan-
to, pode haver momentos em que não deseja que outros
usuários tenham acesso a tais informações, como quando
estiver comprando um presente de aniversário. A navega-
ção privativa permite que navegue na internet sem salvar
informações sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que
seja rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anôni-
mo na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os
próprios sites ainda podem rastrear as páginas visitadas.
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: Além disso, a navegação privativa não o protege de key-
loggers ou spywares que podem estar alojados em seu
computador

Como abrir uma nova janela privativa?


Existem duas maneiras de se abrir uma nova Janela Pri-
vativa.
Abrir uma nova Janela Privativa vazia
Clique no botão de menu e depois em Nova janela
privativa.

Copie e cole o link para a sua ferramenta de mensa-


gens preferida clicando em Copiar Link.
Envie o link por e-mail para o seu amigo clicando no
botão Enviar link por E-mail. Isso abrirá sua aplicação de
e-mail padrão.

Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa

Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Abrir um link em nova janela privativa
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir
página para entrar na conversa. link em uma nova janela privativa no menu contextual.

Controlar suas notificações


Você pode desligar as notificações no Firefox se você
preferir não ser notificado quando um amigo se juntar:

Clique no botão do Hello .


Clique na engrenagem na parte de baixo do painel e
escolha Desligar notificações.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica: Janelas de navegação privativas tem uma másca- Como saber se a minha conexão com um site é se-
ra roxa no topo. gura?
O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece
na sua barra de endereço quando você visita um site se-
guro. Você pode descobrir rapidamente se a conexão para
o site que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe
ajudar a evitar sites maliciosos que estão tentando obter
sua informação pessoal.

O que a navegação privativa não salva?


Páginas visitadas: Nenhuma página será adicionada à
lista de sites no histórico, lista de história da janela da Bi-
blioteca, ou na lista de endereços da Awesome Bar.
O botão de Identidade do Site estar na barra de en-
Entradas em formulário e na barra de pesquisa: Nada
dereço à esquerda do endereço web. Mais comumente,
digitado em caixas de texto em páginas web ou na barra de
quando visualizando um site seguro, o botão de Identida-
busca será salvo para o autocomplete.
Senhas: Nenhuma senha será salva. de do Site será um cadeado verde.
Lista de arquivos baixados: os arquivos que você baixar
não serão listados na Janela de Downloads depois de de-
sativar a Navegação Privativa.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os si-
tes que você visita como preferências, status de login, e os
dados utilizados por plugins, como o Adobe Flash. Cookies No entanto, em algumas circunstâncias raras, ele tam-
também podem ser utilizados por terceiros para rastreá-lo bém pode ser um cadeado verde com um triângulo de
através dos sites. alerta cinza, um cadeado cinza com um triângulo de alerta
Conteúdo web em Cache e Conteúdo Web off-line e amarelo, ou um cadeado cinza com uma linha vermelha.
de dados do usuário ‘: Nenhum arquivo temporário da In-
ternet (cache) ou arquivos armazenados para o uso off-line
serão salvo.
Nota:
Favoritos criados ao usar a Navegação Privativa serão
salvos. Nota: Clicando no botão à esquerda da barra de
Todos os arquivos que você baixar para o seu compu- endereço nos traz o Centro de Controle, o qual lhe permite
tador durante o uso de navegação privada serão salvos. visualizar mais informações detalhadas sobre o estado de
O Firefox Hello não está disponível na navegação pri- segurança da conexão e alterar algumas configurações de
vativa. segurança e privacidade. Aviso: Você nunca deve enviar
Posso definir o Firefox para sempre usar a navegação qualquer tipo de informação sensível (informação bancá-
privativa? ria, dados de cartão de crédito, Números de Seguridade
O Firefox está definido para lembrar o histórico por Social, etc.) para um site sem o ícone de cadeado na barra
padrão, mas você pode alterar essa configuração de pri- de endereço - neste caso não é verificado que você está se
vacidade no Firefox Opções (clique no menu Firefox ,
comunicando com o site pretendido nem que seus dados
escolha Opções e selecione o painel Privacidade). Quando
estão seguros contra espionagem!
alterar a configuração do histórico para nunca lembrar o
histórico, isto equivale a estar sempre no modo de nave-
Cadeado verde
gação privativa.
Importante: Quando o firefox está definido para nunca Um cadeado verde (com ou sem um nome de organi-
lembrar o histórico você não verá uma máscara roxa na zação) indica que:
parte superior de cada janela, mesmo que esteja efetiva- Você está realmente conectado ao website cujjo en-
mente no modo de navegação privativa. Para restaurar a dereço é exibido na barra de endereço; a conexão não foi
navegação normal, vá para o painel privacidade Opções e interceptada.
defina o Firefox para lembrar o histórico. A conexão entre o Firefox e o website é criptografada
Outras formas de controlar as informações que o Fire- para evitar espionagem.
fox salva
Você sempre pode remover a navegação recente, as
pesquisas e histórico de download depois de visitar um
site.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um cadeado verde mais o nome da empresa ou orga- Configurações de segurança e senhas


nização, também em verde, significa que o website está Este artigo explica as configurações disponíveis no
usando um Certificado de Validação Avançada. Um certi- painel Segurança da janela Opções do Firefox.
ficado de Validação Avançada é um tipo especial de cer- O painel Segurança contém Opções relacionadas à
tificado do site que requer um processo de verificação de sua segurança ao navegar na internet.
identidade significativamente mais rigoroso do que outros
tipos de certificados.

Para sites usando certificados VE, o botão de identi-


dade do site exibe tanto um cadeado verde e o nome le-
gal da companhia ou organização do website, então você
sabe quem está operando ele. Por exemplo, isto mostra
que o mozilla.org é de propriedade da Fundação Mozilla.
Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta Configurações de Segurança
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox blo- O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a ins-
queou o conteúdo inseguro e, assim, o site pode não ne- talação de complementos. Para evitar que tentativas de
cessariamente exibir ou funcionar inteiramente correto. instalação não requisitadas resultem em instalações aci-
dentais, o Firefox exibe um aviso quando um site tentar
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta instalar um complemento e bloqueia a tentativa de insta-
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta lação. Para permitir que sites específicos instalem comple-
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas mentos, você deve clicar em Exceções…, digitar o endere-
parcialmente criptografada e não impede espionagem. ço do site e clicar em Permitir. Desmarque essa opção para
desativar esse aviso para todos os sites.
Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Mar-
que isso se você quer que o Firefox verifique se o site que
você está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas
funções normais do computador ou mandar dados pes-
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensí- soais sobre você sem autorização através da Internet.
vel (informação bancária, dados de cartão de crédito, Nú- A ausência deste aviso não garante que o site seja
meros de Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão confiável.
de identidade do site tem o ícone de triângulo de alerta Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se
amarelo. você quer que o Firefox verifique ativamente se o site que
Cadeado cinza com um traço vermelho você está visitando pode ser uma tentativa de enganar
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que você fazendo com que passe suas informações pessoais
a conexão entre o Firefox e o website é apenas parcial- (isto é frequentemente chamado de “phishing”).
mente criptografada e não previne contra espionagem ou
ataque man-in-the-middle. Logins
Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com
segurança senhas que você digita em formulários web
para facilitar seu acesso aos websites. Desmarque essa op-
ção para impedir o Firefox de memorizar suas senhas. No
entanto, mesmo com isso marcado, você ainda será ques-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manual- tionado se deseja salvar ou não as senhas para um site
mente desativou o bloqueio de conteúdo misto. quando você visitá-lo pela primeira vez. Se você selecionar
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível Nunca para este site, aquele site será adicionado à uma
(informação bancária, dados de cartão de crédito, núme- lista de exceções. Para acessar essa lista ou para remover
ros de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de sites dela, clique no botão Exceções….
identidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
uma listra vermelha. mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, crip-
tografando eles usando uma senha mestra. Se você criar
uma senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será
solicitado que você digite a senha na primeira vez que for

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

necessário acessar um certificado ou uma senha salva. Você


pode definir, alterar, ou remover a senha mestra marcando
ou desmarcando essa opção ou clicando no botão Modificar
senha mestra…. Se uma senha mestra já estiver definida, você
precisará digitá-la para alterar ou remover a senha mestra.
Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas in-
dividuais clicando no botão Logins salvos….

Encontrar e instalar complementos para adicionar


funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você ins-
tala para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você
pode obter complementos para comparar preços, verificar
o tempo, mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mes-
mo atualizar o seu perfil no Facebook. Este artigo aborda
os diferentes tipos de complementos disponíveis e como
encontrar e instalá-los.

Existem três tipos de complementos:

- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox
ou modificam as já existentes. Existem extensões que per-
mitem bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar
o Firefox com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até
mesmo adicionar recursos de outros navegadores.

- Aparência
Existem dois tipos de complementos de aparência:
temas completos, que mudam a aparência de botões e
menus, e temas de fundo, que decoram a barra de menu e O Firefox irá fazer o download do complemento e pode
faixa de abas com uma imagem de fundo pedir que você confirme a sua instalação.
Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
- Plugins serão salvas e restauradas após a reinicialização.
Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- ramentas após a instalação..
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações Como desativar extensões e temas
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
empresas. nar sem ser removido:
Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
Para visualizar quais complementos estão instalados: tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
Clique no botão escolha complementos. A aba com- No gerenciador de complementos, selecione o pai-
plementos irá abrir. nel Extensões ou Aparência.
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. Selecione o complemento que deseja desativar.
Como faço para encontrar e instalar complementos? Clique no botão Desativar.
Aqui está um resumo para você começar: Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em Reiniciar
Clique no botão de menu e selecione Complemen- agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao reiniciar.
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. Para reativar um complemento, encontre-o na lista de
No gerenciador de complementos, selecione o painel complementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar
Get Add-ons. o Firefox.

Para ver mais informações sobre um complemento ou Como desativar plugins


tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo. ser removido:
Você também pode pesquisar por complementos es- Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po- tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
dendo então instalar qualquer complemento que encon- No gerenciador de complementos, selecione o pai-
trar, com o botão Instalar. nel Plugins.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione o plugin que deseja desativar. Pop-ups


Selecione Nunca Ativar no menu de seleção. Bloquear janelas popup: Por padrão, o Firefox bloqueia
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu- janelas popup inconvenientes em sites da web. Desmarque
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção. essa opção para desativar o Bloqueador de Popups. Alguns
sites utilizam popups com funções importantes. Para per-
Como remover extensões e temas mitir que sites específicos utilizem popups, clique em Exce-
Clique no botão de menu   e selecione Complemen- ções…, digite o domínio do site e clique em Permitir. Para
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. excluir um site da lista de sites permitidos, selecione-o e
No gerenciador de complementos, selecione o pai- clique em Excluir o site. Para limpar a lista completamente,
nel Extensões ou Aparência. clique em Excluir tudo.
Selecione o complemento que você deseja remover.
Clique no botão Excluir. Fontes e cores
Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em Rei- Fonte padrão e Tamanho: Normalmente as páginas da
niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao web são exibidas na fonte e tamanho especificados aqui.
reiniciar. Entretanto, páginas da web podem definir fontes diferen-
Como desinstalar plugins tes, que serão exibidos a não ser que você especifique o
Geralmente os plugins vem com seus próprios desins- contrário na janela Fontes. Clique no botãoAvançado… para
taladores. Se precisar de ajuda para desinstalar alguns dos acessar mais opções de fontes.
plugins mais populares, vá para lista de artigos de plugins e Diálogo de fontes
selecione o artigo do respectivo plugin que você quer de- Na lista Fontes padrão para, escolha um grupo de
sinstalar. caracteres/idioma. Por exemplo, para configurar o grupo
de fontes padrão dos idiomas ocidentais (latinos), clique
Configurações de Conteúdo em Latin.. Para um grupo de caracteres/idioma que não es-
teja na lista, clique em Outros Sistemas de Escrita.
Escolha se a fonte proporcional deverá ser com serifa
(como “Times New Roman”) ou sem serifa (como “Arial”),
e então especifique o tamanho padrão da fonte propor-
cional.
Especifique as fontes utilizadas para fontes com serifa,
sem serifa e monoespaçada (largura fixa). Você também
pode especificar o tamanho para as fontes monoespaçadas.
Você também pode especificar o tamanho mínimo de
fonte que pode ser exibido na tela. Isso pode ser útil em
sites que utilizam tamanhos de fonte muito pequenos e
pouco legíveis.
Páginas podem usar outras fontes: Por padrão, o Fi-
refox exibe as fontes especificadas pelo autor da página.
Desative essa opção para forçar todos os sites a usar as
fontes padrão.
Codificação de texto para conteudo legado: A codifica-
ção de caracteres selecionada nessa caixa será a codifica-
ção padrão utilizada para exibir páginas que não especifi-
quem uma codificação.
Diálogo de cores
Cores padrão: Aqui você pode modificar as cores pa-
DRM Content drão de texto e fundo que serão utilizadas nas páginas em
Reproduzir conteúdo DRM: Por padrão, o Firefox per- que essas cores não foram especificadas por seu autor. Cli-
mite a reprodução de conteúdo de áudio e vídeo protegi- que nas amostras de cores para modificá-las.
do por Gerencimento de Direitos Digitais (DRM). Ao des- Usar cores do sistema: Marque essa opção para usar as
marcar esta opção essa funcionalidade será desligada. cores de fonte e fundo definidas pelo seu Sistema Opera-
cional em vez das cores definidas acima.
Notificações Aparência padrão dos links: Aqui você pode modificar
O Firefox lhe permite escolher quais websites tem as cores padrão dos links das páginas. Clique nas amostras
permissão para lhe enviar notificações. Clique em  Esco- de cores para modificá-las.
lher para fazer alterações na lista de sites permitidos. Sublinhar: Por padrão, o Firefox sublinha os links das
Não me perturbe: Selecione esta opção para suspen- páginas. Desmarque essa opção para modificar esse com-
der temporariamente todas as notificações até você fechar portamento. Note que vários sites especificam seus pró-
e reiniciar o Firefox. prios estilos de links e nesses sites essa opção não tem
efeito.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Páginas podem usar outras cores: Por padrão, o Firefox Atalhos de teclado
exibe as cores especificadas pelo autor da página. Desa- Navegação
tive essa opção para forçar todos os sites a usar as cores
padrão.
Idiomas Comando Atalho
Algumas páginas oferecem mais de um idioma para Alt + ←
exibição. Clique no botão  Selecionar…para especificar o Voltar
Backspace
idioma ou idiomas de sua preferência. Alt + →
Idiomas: Para adicionar um idioma à lista de idiomas Avançar
Shift + Backspace
clique emSelecione um idioma para adicionar…, clique so-
bre o idioma escolhido e clique no botãoAdicionar. Exclua Página inicial Alt + Home
um idioma da lista selecionando-o e clicando no botão Ex-
cluir. Você também pode reordenar os idiomas usando os Abrir arquivo Ctrl + O
botões Para cima e Para baixo para determinar a ordem F5
de preferência no caso de haver mais de um idioma dis- Atualizar a página
Ctrl + R
ponível.
Ctrl + F5
Atualizar a página (ignorar o cache)
Ctrl + Shift + R
Use atalhos do mouse para executar tarefas co-
muns no Firefox Parar o carregamento Esc
Esta é uma lista dos atalhos do mouse mais comuns
no Mozilla Firefox. Página atual

Comando Atalho Comando Atalho


Voltar Shift + Rolar para baixo Ir uma tela para baixo Page Down
Avançar Shift + Rolar para cima Ir uma tela para cima Page Up
Aumentar Zoom Ctrl + Rolar para cima
Ir para o final da página End
Diminuir Zoom Ctrl + Rolar para baixo
Ir para o início da página Home
Clicar com botão do
Fechar Aba Ir para o próximo frame F6
meio na Aba
Clicar com botão do Ir para o frame anterior Shift + F6
Abrir link em uma nova Aba Imprimir Ctrl + P
meio no link
clicar com o botão do Salvar página como Ctrl + S
Nova aba
meio na barra de abas Mais zoom Ctrl + +
Ctrl + Clicar com botão Menos zoom Ctrl + -
Abrir em nova Aba em segun- esquerdo no link
do plano* Clicar com botão do tamanho normal Ctrl + 0
meio no link
Editando
Ctrl + Shift + Botão es-
Abrir em nova Aba em pri-
querdo
meiro plano* Comando Atalho
Shift + Botão do meio
Shift  + Clicar com bo- Copiar Ctrl + C
Abrir em uma Nova Janela
tão esquerdo no link Recortar Ctrl + X
Duplicar Aba ou Favoritos Ctrl + Arrastar Aba Apagar Del
Recarregar (ignorar cache) Shift + Botão recarregar Colar Ctrl + V
Salvar como... Alt + Botão esquerdo Colar (como texto simples) Ctrl + Shift + V
Refazer Ctrl + Y
* Os atalhos para abrir Abas em primeiro e segun-
do plano serão trocadas se a opção Ao abrir um link em Selecionar tudo Ctrl + A
uma nova Aba, carregá-la em primeiro plano estiver ativa Desfazer Ctrl + Z
no Painel de configurações geral..

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

GOOGLE CHROME Para Iniciantes


O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dú-
já conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O pro- vidas básicas sobre essa categoria de programas, continue
grama apresenta excelente qualidade em seu desenvolvi- lendo este parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e
mento, como quase tudo o que leva a marca Google. O poupe seu tempo. Aqui falaremos um pouco mais sobre os
browser não deve nada para os gigantes Firefox e Internet conceitos e ações mais básicas do programa.
Explorer e mostra que não está de brincadeira no mundo Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma
dos softwares. forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao exe-
Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo cutar o programa, tudo o que você precisa fazer é digitar
Google Chrome. o endereço do local que quer visitar. Para acessar o portal
Baixaki, por exemplo, basta escrever baixaki.com.br (hoje é
Funções visíveis possível dispensar o famoso “www”, inserido automatica-
Antes de detalhar melhor os aspectos mais complica- mente pelo programa.)
dos do navegador, vamos conferir todas as funções dis- No entanto nem sempre sabemos exatamente o link
poníveis logo em sua janela inicial. Observe a numeração que queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as pa-
na imagem abaixo e acompanhe sua explicação logo em lavras-chave do que você procura na mesma lacuna. Desta
seguida: forma o Chrome acessa o site de buscas do Google e exibe
os resultados rapidamente. No exemplo utilizamos apenas
a palavra “Baixaki”.

1.    As setas são ferramentas bem conhecidas por to-


dos que já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar
ou voltar nas páginas em exibição, sem maiores detalhes.
Ao manter o botão pressionado sobre elas, você fará com
que o histórico inteiro apareça na janela. Abas
2.   Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. A segunda tarefa importante para quem quer usar o
Todos são sinônimos desta função, ideal para conferir no- Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito
vamente o link em que você se encontra, o que serve para úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente,
situações bem específicas – links de download perdidos, basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
imagens que não abriram, erros na diagramação da página. Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao
3.   O ícone remete à palavra home (casa) e leva o na- pressionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda
vegador à página inicial do programa. Mais tarde ensinare- mais rápido. Também é possível utilizar o botão direito so-
mos você a modificar esta página para qualquer endereço bre o novo endereço e escolher a opção “Abrir link em uma
de sua preferência. nova guia”.
4.   A estrela adiciona a página em exibição aos favo-
ritos, que nada mais são do que sites que você quer ter a Liberdade
disposição de um modo mais rápido e fácil de encontrar. É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É
5.   Abre uma nova aba de navegação, o que permite possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar
visitar outros sites sem precisar de duas janelas diferentes. a aba da janela e desta forma abrir outra independente.
6.   A barra de endereços é o local em que se encontra Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse para
o link da página visitada. A função adicional dessa parte no testar suas funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse
Chrome é que ao digitar palavras-chave na lacuna, o me- faz com que fechem automaticamente.
canismo de busca do Google é automaticamente ativado e
exibe os resultados em questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na la-
cuna à esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no
navegador. Falaremos um pouco mais sobre elas em se-
guida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão me-
lhor detalhadas nos próximos parágrafos.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão direito abre o menu de contexto da aba, em Básicas


que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do
a guia ou cancelar todas as outras. No teclado você pode navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e
abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simples- configurar as páginas que deseja abrir.
mente apertando o F1. Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Tam-
Fechei sem querer! bém é possível escolher se o atalho para a home (aquele
em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador.
Quem nunca fechou uma aba importante acidental- Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
mente em um momento de distração? Pensando nisso, aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar
o Chrome conta com a função “Reabrir guia fechada” no na lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista
menu de contexto (botão direito do mouse). Basta selecio- de mecanismos.
ná-la para que a última página retorne ao navegador. Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo
como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sem-
pre que algum software ou link for executado, o Chrome
será automaticamente utilizado pelo sistema.
Coisas pessoais

Senhas: define basicamente se o programa salvará ou


não as senhas que você digitar durante a navegação. A op-
ção “Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o
que já foi inserido por você.
Preenchimento automático de formulário: define se
os formulários da internet (cadastros e aberturas de con-
tas) serão sugeridos automaticamente após a primeira
digitação.
Configuração Dados de navegação: durante o uso do computador, o
Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar
Antes de continuar com as outras funções do Google sites, links e conteúdos com mais facilidade. O botão “Lim-
Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para par dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto
isso, vamos às configurações. Vá até o canto direito da tela a função “Importar dados” coleta informações de outros
e procure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e navegadores.
selecione “Opções”. Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do
navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique
um de sua preferência. Para retornar ao normal, selecione
“Redefinir para o tema padrão”.

Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado
para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade,
que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com
suas preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os
arquivos baixados serão salvos. Você também pode definir
que o navegador pergunte o local para cada novo down-
load.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Downloads Navegação anônima


Todos os navegadores mais famosos da atualidade
contam com pequenos gerenciadores de download, o que Se você quer entrar em alguns sites sem deixar ras-
facilita a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tem- tros ou históricos de navegação no computador, utilize
po. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em a navegação anônima. Basta clicar no menu com o dese-
um link de download, muitas vezes o programa pergunta- nho da chave de boca e escolher a função “Nova janela
rá se você deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado anônima”, que também pode ser aberta com o comando
abaixo: Ctrl + Shift + N.

Gerenciador de tarefas
Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embai-
xo da janela, mostrando o progresso do download. Você Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno
pode clicar no canto dela e conferir algumas funções es- gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o
peciais para a situação. Além disso, ao selecionar a função botão direito no topo da página (como indicado na figura)
“Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba é e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.
exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que
você está baixando

Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela.


Ela controla todas as abas e funções executadas pelo na-
vegador. Caso uma das guias apresente problemas você
pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo o
programa. A função é muito útil e evita diversas dores de
cabeça.
Pesquise dentro dos sites

Outra ferramenta muito prática do navegador é a


possibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro
de alguns sites, como o próprio portal Baixaki. Depois
de usar a busca normalmente no nosso site pela primei-
ra vez, tudo o que você precisa fazer é digitar baixaki e
teclar o TAB para que a busca desejada seja feita direta-
mente na lacuna do Chrome.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

QUESTÕES GERAIS Comentário: Quando desejamos excluir permanente-


mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
nale a opção correta. to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Con- mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
trole, de modo a garantir a correta remoção dos arquivos deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema ope- Resposta: C
racional.
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT
e DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso dire- 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
to aos diretórios de programas instalados na máquina em arquivos, sem que haja perda de informação?
uso. (A) Compactação
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de (B) Deleção
(C) Criptografia
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha
(D) Minimização
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá-
(E) Encolhimento adaptativo
rios possivelmente cadastrados nessa máquina.
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios
Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo- plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o SolusZip, etc.
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na Resposta: A
máquina e, em seguida, desligar o computador.
5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel:
Comentários: Para desinstalar um programa de forma
segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
remover programas
Resposta – Letra A

2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-


formações estão contidas em arquivos de vários formatos,
que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de  
mídias removíveis do computador, organizados em: Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e co-
(A) telas. lado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será:
(B) pastas. (A) 7
(C) janelas. (B) 56
(D) imagens. (C) 448
(E) programas. (D) 511
(E) uma mensagem de erro
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma  
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando
bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos
mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po-
os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser
sistema de armário e gavetas.
copiada de D1 para D3:
Resposta: Letra B  
 
3- Um item selecionado do Windows XP pode ser ex-
cluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pres-
sionando-se simultaneamente as teclas
(A) Ctrl + Delete.
(B) Shift + End.
(C) Shift + Delete.
(D) Ctrl + End.
(E) Ctrl + X.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- 7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e correio
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam eletrônico, analise:
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten- I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos
do-se o resultado 448. navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Google
Resposta: C. Chrome) para localizar recursos e páginas da Internet (Exem-
plo: http://www.google.com.br).
6- “O correio eletrônico é um método que permite II. Download significa descarregar ou baixar; é a transfe-
compor, enviar e receber mensagens através de sistemas rência de dados de um servidor ou computador remoto para
eletrônicos de comunicação”. São softwares gerenciadores um computador local.
de email, EXCETO: III. Upload é a transferência de dados de um computa-
A) Mozilla Thunderbird. dor local para um servidor ou computador remoto.
B) Yahoo Messenger. IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail significa
C) Outlook Express. movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a um
D) IncrediMail. destinatário, com endereço eletrônico.
E) Microsoft Office Outlook 2003. Estão corretas apenas as afirmativas:
A) I, II, III, IV
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de B) I, II
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos C) I, II, III
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- D) I, II, IV
nico podem funcionar por meio de um software instalado E) I, III, IV
em nosso computador local ou por meio de um progra- Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
ma que funciona dentro de um navegador, via acesso por so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.
É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e III
• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
são verdadeiros.
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
• Compatibilidade com os servidores de e-mail
(nem sempre são compatíveis).
A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook
Microsoft Outlook Express;
Mozilla Thunderbird; No item IV encontramos o item falso da questão, o que
IcrediMail nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men-
Eudora sagem de e-mail significa copiar e não mover!
Pegasus Mail Resposta: C.
Apple Mail (Apple)
Kmail (Linux) 8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do
Windows Mail ambiente MS Office, assinale a opção correta.
A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, (A) Ao se clicar no nome de um documento gravado
ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Windo-
gabarito da questão. ws ativa o MS Access para a abertura do documento em tela.
Resposta: B. (B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas
ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL
+ V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de
todos os aplicativos da suíte MS Office.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das apli-
cações do MS Office, permite que o usuário salve o docu-
mento correntemente aberto com outro nome. Nesse caso,
a versão antiga do documento é apagada e só a nova versão
permanece armazenada no computador.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(D) O menu Exibir permite a visualização do documen- letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
to aberto correntemente, por exemplo, no formato do MS tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
Word para ser aberto no MS PowerPoint. forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a ela- acessar redes locais.
boração de apresentações de slides que utilizem conteúdo letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de
e imagens de maneira estruturada e organizada. computação que fornece serviços a uma rede de com-
putadores. E não necessariamente armazena nomes de
Comentários: O menu editar geralmente contém os co- usuários e/ou restringe acessos.
mandos universais dos programas da Microsoft como é o Resposta: D
caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do
localizar. 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
Em relação às outras letras: (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo Internet, pois, por esse endereço, determina-se a cidade
Excel e não o Access onde está localizada tal máquina.
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. se conectarem a uma mesma máquina simultaneamente,
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de como no caso de salas de bate-papo.
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e rece-
grama e não de um programa para o outro como é o caso bimento de arquivos na Internet.
da afirmativa. (D) Quando se digita o endereço de uma página web,
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação o termo http significa o protocolo de acesso a páginas em
de slides e sim o Ms Power Point. formato HTML, por exemplo.
Resposta: B (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assi- outro destinatário de correio eletrônico.
nale a opção correta. Comentários: Os itens apresentados nessa questão
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla estão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo
a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre os protocolos mais comuns:
na Internet. - HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da carregamento de páginas de Hipertexto –  HTML
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na - IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma
barra de endereços do navegador: http://intranet.com. máquina na rede
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma - POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebi-
rede local, pois sua função é conectar um computador à mento de emails direto no PC via gerenciador de emails
rede de telefonia fixa. - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina padrão de envio de emails
denominada cliente requisita serviços a outra, denominada - IMAP(Internet Message Access Protocol) – Seme-
servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet. lhante ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar- usuário a possibilidade de armazenamento e acesso a
mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de suas mensagens de email direto no servidor.
acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet. - FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe-
Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado rência de arquivos
em termos de internet pois não é tão robusto quanto re- Resposta: D
des P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do
servidor central impede o acesso aos usuários clientes, no 11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor-
segundo mesmo que um servidor “caia” outros servidores reta.
ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar
o download continue. Ex: programas torrent, Emule, Lime- pastas e arquivos e por seu intermédio não é possível
ware, etc. acessar o Painel de Controle, o qual só pode ser acessado
Em relação às outras letras: pelo botão Iniciar do Windows.
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve (B) Para se obter a listagem completa dos arquivos
para localizar e identificar conjuntos de computadores na salvos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data
Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na- de modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções
vegador. de Modos de Exibição.
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma (C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede
forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para
é restrito a uma rede local e não a internet como um todo. acesso direto a elas.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo. das e só os números são colados.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estru- Resposta: E
tura de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de
busca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretó- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
rios de máquinas ligadas à Internet. do correio eletrônico, deve considerar as operações de
(A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
ras e Detalhes. dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Resposta: B (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Atenção: Para responder às questões de números (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo:
(E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão
 
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do
Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
de computadores. seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, de a segurança solicitada no enunciado.
valores e totais. Resposta: A
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
devem ser tomados para a recuperação em caso de perda e Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas de arquivos em lotes, também denominados scripts, o
às informações guardadas. shell de comando é um programa que fornece comuni-
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas cação entre o usuário e o sistema operacional de forma
na internet visando o atendimento do nível de qualidade da direta e independente. Nos sistemas operacionais Win-
informação prestada à sociedade, pelo órgão. dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de
O ambiente operacional de computação disponível para um comando da pasta Acessórios denominado
realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do (A) Prompt de Comando
MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio (B) Comandos de Sistema
eletrônico, em português e em suas versões padrões mais (C) Agendador de Tarefas
utilizadas atualmente. (D) Acesso Independente
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, (E) Acesso Direto
CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível aco-
plada em portas do tipo USB) e outras funcionalmente se- Resposta: “A”
melhantes.
Comentários
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe-
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do
eletrônica,
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman-
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresenta-
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao
rão resultados diferentes do original.
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos. dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de
(C) somente podem ser copiadas para o editor de tex- Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
tos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco co- çados.
lunas.
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
a uma.
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
“coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de
tabela.
 

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
chado, o resultado obtido será

Resposta: “C”

Comentários:
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d,
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens a) 3, 0 e 7.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa b) 5, 0 e 7.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras c) 5, 1 e 2.
formatações foi o item c. d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento Resposta: “C”
de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en-
tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao Comentário:
cliente, respectivamente, um Expressão =MÉDIA(A1:A3)
(A) download e um upload São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
(B) downgrade e um upgrade dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
(C) downfile e um upfile Expressão =MENOR(B1:B3;2)
(D) upgrade e um downgrade Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(E) upload e um download que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números
em ordem crescente.
Resposta: “E”. Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
Comentários: que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar; em ordem decrescente.
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”) 19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)

17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)


Assinale a alternativa que contém os nomes dos menus
do programa Microsoft Word XP, em sua configuração
padrão, que, respectivamente, permitem aos usuários:
(I) numerar as páginas do documento, (II) contar as pa-
lavras de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho
ao texto em edição.
a) Janela, Ferramentas e Inserir.
b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
Resposta: “B”
Comentário: a) 1
• Ação numerar - “INSERIR” b) 2
• Ação contar paginas - “FERRAMENTAS” c) 3
• Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR” d) 4
e) 5

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: “D” 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-


werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Comentário: ser feita na guia
Passo 1 a) Geral.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 b) Inserir.
c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Resposta: “E”

Comentário:

Passo 2
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2
e A3
21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-
to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
Click na imagem para melhor visualizar a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
Passo 3 c) zzz. o tipo de domínio
Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a d) yyy. subdomínios
propagação, o resultado e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)


Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: D Resposta: E

Comentário: Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
seguida, clique na régua no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
querda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de
um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi-
tos, o ponto decimal ficará na mesma posição.
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere
uma barra vertical na posição de tabulação.

23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)


Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração
padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4,
B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA
(B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se-
guinte resultado:
(A) 2
(B) 1,66
(C) 2,667
(D) 2,7 Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
(E) 2,67 chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
matório) em uma única questão. A função ARRED é para
arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
(B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
casas decimais.

110
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Lei Complementar nº 515/2014 – dispõe sobre o Regime de Promoção dos Praças. ................................................................. 01
Lei nº 4.533/1975 e suas alterações – dispõe sobre o Regime de Promoção dos Oficiais da PM. ......................................... 07
Lei nº 4.630/1976 – dispõe sobre o Estatuto da PMRN. .......................................................................................................................... 10
Portaria nº 042/2016 – GCG – dispõe sobre a formalização do Processo Administrativo Disciplinar Sumário. ................ 29
Decreto nº 23.045/2012 – regulamenta uniformes da PM. .................................................................................................................... 33
Decreto nº 8.336/1982 – aprova o Regulamento Disciplinar da PM. .................................................................................................. 96
Lei Complementar nº 090/1991 – dispõe sobre a Organização básica da PMRN........................................................................106
Lei Complementar nº 463/2012 – dispõe sobre subsídios dos Militares do Estado RN. ..........................................................111
Lei Complementar nº 514/2014 – dispõe sobre o Reajuste dos subsídios......................................................................................115
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Seção II
LEI COMPLEMENTAR Nº 515/2014 – DISPÕE Promoção por merecimento
SOBRE O REGIME DE PROMOÇÃO DOS
PRAÇAS. Art. 4º A promoção por merecimento se baseia na con-
tagem de pontos, apurada por meio de critérios objetivos
contidos na ficha de reconhecimento meritório dos ocu-
pantes da Graduação de Sargento Militar da PMRN ou do
LEI COMPLEMENTAR Nº 515, DE 09 DE JUNHO DE CBMRN, avaliado no decurso da carreira ao ser cogitado
2014. para a promoção, conforme o disposto nos Anexos I e II
desta Lei Complementar, a qual visa valorar a Praça entre
Dispõe sobre o Regime de Promoção das Praças da seus pares.
Polícia Militar Estadual do Rio Grande do Norte (PMRN) Parágrafo único. O merecimento será o critério de as-
e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Gran- censão funcional para as promoções à graduação de 2º
de do Norte (CBMRN) e dá outras providências. Sargento, 1º Sargento e Subtenente da PMRN e do CB-
MRN.
A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO NORTE: Faço saber que o Poder Legislativo decreta e Seção III
eu sanciono a seguinte Lei Complementar: Promoção “post mortem”

CAPÍTULO I Art. 5º A promoção post mortem visa expressar o re-


DISPOSIÇÕES GERAIS conhecimento do Estado do Rio Grande do Norte à Praça
Militar Estadual falecida no cumprimento do dever funcio-
Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece os critérios nal, ou em consequência disto, e que já satisfazia às condi-
e as condições que asseguram às Praças da Polícia Militar ções de acesso para concorrer à promoção pelos critérios
do Estado do Rio Grande do Norte (PMRN) e do Corpo de de antiguidade ou de merecimento, consideradas as vagas
Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Norte (CB- existentes na data do óbito.
MRN) o acesso e a evolução na hierarquia militar, mediante Parágrafo único. A promoção post mortem será rea-
promoção de forma seletiva, gradual e sucessiva, que se lizada em processo administrativo a ser conduzido pela
dará através de ato administrativo vinculado. Comissão de Promoção de Praças (CPP) da PMRN ou do
CBMRN.
CAPÍTULO II Art. 6º Após o acolhimento do parecer favorável à pro-
CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO moção de que trata o art. 5º desta Lei Complementar pelo
Comandante-Geral da respectiva Corporação, o processo
Art. 2º As promoções são efetuadas pelos critérios de: será remetido à Chefia do Poder Executivo para fins de con-
I - antiguidade; cessão e publicação em Diário Oficial do Estado (DOE).
II - merecimento;
III - post mortem; Seção IV
IV - bravura; e Promoção por bravura
V - ressarcimento de preterição.
Art. 7º A promoção por bravura é aquela que resulta
Seção I de ato ou atos não comuns de coragem e audácia que, ul-
Promoção por antiguidade trapassando os limites normais do cumprimento do dever,
representam feitos indispensáveis ou úteis às operações
Art. 3º Promoção por antiguidade se baseia na prece- militares, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo po-
dência hierárquica de uma Praça Militar Estadual sobre as sitivo deles emanados.
demais de igual graduação, dentro do mesmo Quadro. Parágrafo único. A concessão da promoção por bravu-
§ 1º A antiguidade será o critério de promoção adota- ra ocorrerá em apuração realizada em processo administra-
do para a ascensão funcional das Praças Militares Estaduais tivo a ser conduzido pela Comissão de Promoção de Praças
até a graduação de 3º Sargento da PMRN e do CBMRN. (CPP) da PMRN ou do CBMRN.
§ 2º A precedência hierárquica é definida pelo tempo Art. 8º Após o acolhimento do parecer favorável à pro-
na graduação e, em caso de empate, serão adotados suces- moção de que trata o art. 7º desta Lei Complementar pelo
sivamente os seguinte critérios de desempate: Comandante-Geral da respectiva Corporação, o processo
I - nota obtida no respectivo curso de formação; será remetido à Chefia do Poder Executivo para fins de con-
II - antiguidade na graduação anterior dos Militares Es- cessão e publicação em DOE.
taduais; e
III - o candidato de maior idade.

1
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Seção V II - no caso da promoção à graduação de 3º Sargento e


Promoção em ressarcimento de preterição de 2º Sargento da PMRN ou do CBMRN, possuir o Curso de
Formação de Sargentos (CFS), ou o Estágio de Habilitação
Art. 9º Promoção em ressarcimento de preterição con- de Sargentos (EHS);
siste no reconhecimento do direito da Praça Militar Estadual III - no caso de promoção à graduação de 1º Sargento
preterida, por processo administrativo disciplinar ou judicial, ou de Subtenente da PMRN e do CBMRN, possuir o Curso
à promoção que lhe caberia e que não foi efetivada em épo- de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS);
ca oportuna no processo de promoção. IV - estar classificado no mínimo no comportamento
§ 1º A promoção em ressarcimento de preterição será “BOM”, conforme previsto na legislação vigente;
efetuada segundo os critérios de antiguidade ou mereci- V - ter a Praça Militar Estadual completado, até a data
mento, recebendo a Praça Militar Estadual o número que lhe da promoção, em cada graduação, o interstício mínimo de:
competia na escala hierárquica, como se houvesse sido pro- a) 7 (sete) anos na graduação de Soldado, para a pro-
movida na época devida, bem como fará jus a contagem do
moção à graduação de Cabo da PMRN e do CBMRN;
respectivo tempo para as promoções seguintes.
b) 5 (cinco) anos na graduação de Cabo, para a promo-
§ 2º A Praça Militar Estadual que for absolvida em última
ção à graduação de 3º Sargento da PMRN e do CBMRN;
instância, ou declarada sem culpa pelo Conselho de Discipli-
na ou Conselho de Processo Administrativo Disciplinar, será c) 4 (quatro) anos na graduação de 3º Sargento, para
promovida em ressarcimento de preterição, independente- a promoção à graduação de 2º Sargento da PMRN e do
mente de vaga e data. CBMRN;
§ 3º A Praça Militar Estadual que for promovida em res- d) 4 (quatro) anos na graduação de 2º Sargento, para
sarcimento de preterição permanece em situação de exce- a promoção à graduação de 1º Sargento da PMRN e do
dente até que se abra vaga na graduação que lhe competia CBMRN; e
na escala hierárquica, como se houvesse sido promovida na e) 4 (quatro) anos na graduação de 1º Sargento, para
época devida. a promoção à graduação de Subtenente da PMRN e do
CBMRN.
CAPÍTULO III Parágrafo único. O interstício para promoção de gra-
QUADRO DE ACESSO (QA) duados previsto neste artigo pode ser reduzido à metade,
Seção I por ato do Comandante-Geral da respectiva corporação,
Disposições Gerais em caráter excepcional e devidamente motivado pela exis-
tência de vagas e por necessidade imperiosa de renovação
Art. 10. O Quadro de Acesso (QA) é a relação das Praças dos Quadros da PMRN ou do CBMRN.
Militares Estaduais da PMRN e do CBMRN que concorrerão Art. 13. A Praça Militar Estadual não poderá constar no
às promoções legalmente previstas, exclusivamente dentro QA quando:
de seus Quadros e suas respectivas graduações. I - deixar de satisfazer as condições estabelecidas no
Art. 11. O QA será confeccionado nas seguintes condi- artigo anterior desta Lei Complementar;
ções: II - for condenada judicialmente, enquanto durar o
I - para as promoções dentro dos respectivos Quadros cumprimento da pena, inclusive no caso de suspensão con-
até a graduação de Cabo ou de 3º Sargento da PMRN e do dicional da pena;
CBMRN, observar-se-á a classificação aferida segundo o cri- III - estiver em gozo de licença para tratar de interesse
tério exclusivo de antiguidade da Praça Militar Estadual e os particular;
demais requisitos legalmente previstos;
IV - estiver considerada desaparecida, extraviada, au-
II - para as promoções dentro dos respectivos Quadros
sente ou desertora;
à graduação de 2º Sargento, 1º Sargento ou Subtenente da
V - estiver sub judice com processo no foro criminal
PMRN e do CBMRN, observar-se-á a classificação aferida se-
comum ou militar, ou submetida ao Conselho de Discipli-
gundo a pontuação do critério de merecimento, obtida pela
Praça Militar Estadual conforme Anexos I e II desta Lei Com- na da respectiva Corporação ou à Processo Administrativo
plementar e os demais requisitos legalmente previstos; e Disciplinar; e
III - não será incluída no QA a Praça Militar Estadual que VI - estiver classificada no comportamento “INSUFI-
vier a atingir a idade limite de permanência na ativa antes da CIENTE” ou “MAU”, na forma da legislação vigente.
data prevista para as respectivas promoções. Art. 14. Será excluída do QA a Praça Militar Estadual
que incidir em uma das seguintes circunstâncias:
Seção II I - for nele incluído indevidamente;
Condições de ingresso no QA II - for promovida;
III - tiver falecido;
Art. 12. Constitui condição básica para ingresso nos QAs IV - for transferida para a reserva remunerada; ou
para a Praça Militar Estadual concorrer às promoções: V - for reformada.
I - no caso da promoção à graduação de Cabo da PMRN Art. 15. Não é computado, para efeito de promoção da
e do CBMRN, possuir o Curso de Formação de Praças (CFP) Praça Militar, o tempo de:
ou o Curso de Nivelamento previsto no art. 31, parágrafo I - licença para tratar de interesse particular, sem re-
único, desta Lei Complementar; muneração;

2
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II - desaparecimento, ausência, extravio ou deserção; § 1º No caso de incapacidade temporária, decorrente


III - cumprimento de sentença penal; de acidente ou doença adquirida no exercício do serviço
IV - interdição judicial; ou público, verificada em inspeção de saúde, não se impede o
V - gozo de licença para tratamento da própria saúde ingresso no QA ou a consequente promoção à graduação
ou de pessoa da família, por período superior a cento e superior.
vinte dias. § 2º No caso de incapacidade definitiva ou de incapaci-
dade temporária por prazo superior a 2 (dois) anos, o gra-
CAPÍTULO IV duado será reformado de acordo com a legislação vigente,
PROCESSAMENTO DAS PROMOÇÕES após ser submetido a inspeção de saúde.
Seção I § 3º As inspeções de saúde de que tratam a presente
Vagas Lei Complementar serão realizadas por órgão próprio da
Corporação ou por órgão integrante da estrutura do órgão
Art. 16. Somente serão consideradas para as promo- gestor previdenciário, conforme as respectivas atribuições
ções as vagas provenientes de: previstas na legislação vigente.
I - promoção à graduação imediatamente superior;
II - transferência para a reserva remunerada; Seção III
III - passagem à reforma; Datas de Promoção
IV - licenciamento ou exclusão;
V - agregação; Art. 19. As promoções são efetuadas anualmente nos
VI - falecimento; ou dias 21 de abril, 25 de agosto e 25 de dezembro para as
VII - aumento de efetivo. Praças Militares Estaduais, devendo os QAs serem publica-
Art. 17. As vagas serão consideradas abertas: dos em veículo de divulgação oficial dos atos administrati-
I - na data da publicação do ato administrativo refe- vos da respectiva Corporação, observando-se o calendário
rente aos incisos I ao V, do art. 16, desta Lei Complementar, previsto a ser regulamentado no prazo de trinta dias após
a publicação da lei, por ato da Chefia do Poder Executivo.
salvo se no próprio ato for estabelecida outra data;
§ 1º A promoção das Praças da PMRN e do CBMRN é
II - na data oficial do óbito; e
da competência do Comandante Geral da respectiva Cor-
III - conforme dispuser a lei, no caso de aumento de
poração.
efetivo.
§ 2º As promoções por antiguidade ou por merecimen-
to serão realizadas obedecendo rigorosamente a sequên-
Seção II
cia do respectivo QA.
Condições de promoção
Seção IV
Art. 18. São condições imprescindíveis para promoção Comissões de Promoção de Praças (CPP)
à graduação superior que a Praça Militar Estadual satisfaça,
além daqueles estabelecidos para cada graduação, os se- Art. 20. Ficam instituídas a Comissão de Promoção de
guintes requisitos essenciais: Praças da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (CPP/
I - existência de vagas no respectivo Quadro, salvo nas PMRN) e a Comissão de Promoção de Praças do Corpo de
promoções previstas nos incisos IV e V, do art. 2º, e no pa- Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte (CPP/CBMRN),
rágrafo único e incisos do art. 30, desta Lei Complementar; órgãos consultivos e deliberativos integrantes da estrutura
II - atender às condições previstas no art. 12 desta Lei administrativa da PMRN e do CBMRN, respectivamente.
Complementar, salvo nas promoções previstas nos incisos Art. 21. Compete à CPP/PMRN e à CPP/CBMRN:
IV e V, do art. 2º, e no parágrafo único e incisos do art. 30, I - assessorar, estudar e propor aos seus respectivos
desta Lei Complementar; Comandantes-Gerais as diretrizes que visem a garantir às
III - ser considerada “apto” em inspeção de saúde, a Praças Militares Estaduais o direito à promoção de forma
qual tem a validade de 12 (doze) meses; seletiva, gradual e sucessiva;
IV - não estiver sub judice, com processo no foro cri- II - deliberar, no âmbito da sua competência, acerca da
minal comum ou militar, ou submetida a Conselho de Dis- existência ou não, do preenchimento dos requisitos obje-
ciplina ou Processo Administrativo Disciplinar; tivos ou subjetivos ensejadores da promoção das Praças
V - não se encontrar desaparecida ou extraviada, em Militares Estaduais.
deserção, ausência ou licença para tratar de interesse pes- Art. 22. A CPP/PMRN terá a seguinte composição:
soal sem remuneração, I - 3 (três) membros-titulares natos, a saber:
VI - não estar em cumprimento de sentença penal; e a) Subcomandante-Geral da PMRN, que a presidirá;
VII - ter concluído com aproveitamento: b) Diretor de Pessoal da PMRN, que atuará como Pri-
a) para a promoção à graduação de 3º sargento, o CFS; meiro Secretário e substituirá o Presidente nas hipóteses
e de ausência ou impedimento;
b) para a promoção à graduação de 1º sargento ou c) Subdiretor de Pessoal da PMRN, que atuará como
Subtenente PMRN e do CBMRN, o CAS. Segundo Secretário e substituirá o Primeiro Secretário nas
hipóteses de ausência ou impedimento;

3
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II - 2 (dois) membros-titulares escolhidos por ato do b) organizar a agenda e a pauta das reuniões e assegu-
Comandante-Geral da PMRN, dentre os Oficiais, para o rar o apoio administrativo e logístico à Comissão;
exercício do mandato de 1 (um ano), prorrogável por igual c) secretariar as reuniões;
período; e d) proceder ao registro das reuniões e à elaboração de
III - 2 (dois) membros-suplentes escolhidos por ato do suas atas;
Comandante-Geral da PMRN, dentre os Oficiais, para fins e) instruir as matérias submetidas à deliberação;
de substituição nas ausências ou impedimentos dos mem- f) providenciar a instrução de matéria para deliberação
bros-titulares referidos no inciso II deste artigo. da Comissão, nos casos em que houver necessidade de pa-
Art. 23. A CPP/CBMRN terá a seguinte composição: recer sobre a legalidade de ato a ser por ela editado;
I - 3 (três) membros-titulares natos, a saber: g) manter a guarda dos processos depositados na se-
a) Subcomandante-Geral do CBMRN, que a presidirá; cretaria da Comissão;
b) Diretor de Administração-Geral do CBMRN, que h) desenvolver ou supervisionar a elaboração de estu-
atuará como Primeiro Secretário e substituirá o Presidente dos e pareceres como subsídios ao processo de tomada de
nas hipóteses de ausência ou impedimento; decisão da Comissão;
c) Chefe do Centro de Recursos Humanos do CBMRN, i) solicitar às autoridades competentes, informações e
que atuará como Segundo Secretário e substituirá o Pri- subsídios visando à instrução de procedimento sob a apre-
meiro Secretário nas hipóteses de ausência ou impedimen- ciação da Comissão; e
to; j) elaborar anualmente relatório das atividades desen-
II - 2 (dois) membros-titulares escolhidos por ato do volvidas pela Comissão.
Comandante-Geral do CBMRN, dentre os Oficiais, para o
exercício do mandato de 1 (um ano), prorrogável por igual CAPÍTULO V
período; e RECURSOS
III - 2 (dois) membros-suplentes escolhidos por ato do
Comandante-Geral da CBMRN, dentre os Oficiais, para fins Art. 27. A Praça Militar Estadual que se julgar prejudi-
de substituição nas ausências ou impedimentos dos mem- cada em seu direito de promoção poderá interpor recurso
bros-titulares referidos no inciso II deste artigo.
administrativo apontando razões formais ou de mérito.
Art. 24. A CPP/PMRN e a CPP/CBMRN deverão se re-
§ 1º Para a apresentação do recurso, a Praça Militar Es-
unir ordinariamente, pelo menos, uma vez por mês, com a
tadual terá o prazo de 10 (dez) dias, a contar do primeiro
finalidade de deliberar acerca dos recursos e elaboração
dia útil seguinte ao do recebimento da notificação do ato a
dos QAs previstos para o quadrimestre, e, extraordinaria-
ser impugnado ou da publicação em veículo de divulgação
mente, por convocação de seu presidente, com a finalidade
oficial dos atos administrativos da respectiva Corporação.
de deliberar sobre as eventuais pautas não contempladas
ordinariamente. § 2º O recurso administrativo será dirigido à CPP/
Art. 25. As atas das reuniões da CPP/PMRN e da CPP/ PMRN ou à CPP/CBMRN correspondente, a qual, se não
CBMRN deverão ser publicadas em veículo de divulgação reconsiderar a decisão recorrida no prazo de 10 (dez) dias,
oficial dos atos administrativos da PMRN e do CBMRN, em o encaminhará ao Comandante-Geral da Corporação, que
até 5 (cinco) dias úteis, para que possa produzir seus regu- terá 10 (dez) dias para decidir.
lares efeitos.
CAPÍTULO VI
Seção V DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Atribuições das CPPs
Art. 28. As graduações de Praças Militares Estaduais
Art. 26. Aos membros da CPP/PMRN e do CPP/CBMRN previstas no Quadro Excedente de Praças (QEP), fixado pela
incumbe: Lei Complementar Estadual n.º 179, de 11 de outubro de
I - ao Presidente: 2000, majorado conforme o quantitativo disposto na Ta-
a) convocar e presidir as reuniões da Comissão; bela VI da Lei Complementar Estadual n.º 409, de 30 de
b) representar a Comissão; dezembro de 2009, passam a integrar o Quadro de Praças
c) dar execução às decisões da Comissão; e Policiais Militares Combatente (QPPMC).
d) orientar e supervisionar os trabalhos dos secretários; § 1º O QEP a que se refere o caput deste artigo será
II - caberá ao Primeiro Secretário: extinto à medida que não ingressarem novos Cabos ou Sar-
a) examinar as matérias que lhes forem submetidas, gentos Militares.
emitindo parecer conclusivo e fundamentado; § 2º A antiguidade das Praças Militares Estaduais per-
tencentes ao QEP a que se refere o caput deste artigo será
b) solicitar informações a respeito de matérias sob exa- a da data da sua última promoção.
me da Comissão; e § 3º A promoção das Praças Militares Estaduais per-
c) representar a Comissão, por delegação de seu Pre- tencentes ao QEP a que se refere o caput desta Lei Com-
sidente; plementar será efetivada mediante o cumprimento dos in-
III - caberá ao Segundo Secretário: terstícios previstos nesta Lei Complementar, atendidas as
a) instaurar o processo de promoção de ofício ou demais exigências legais para a promoção das respectivas
quando requerido; graduações.

4
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 29. A PMRN e o CBMRN deverão realizar, anual- Art. 33. O Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos
mente, os cursos de nivelamento, formação e aperfeiçoa- (CAS) terá a duração de 60 (sessenta) dias letivos, com
mento, que configuram requisitos para a promoção as gra- carga horária mínima de 240 horas/aula e máxima de 360
duações seguintes, a fim de que possibilitem as promoções horas/aula, e habilitará a Praça Militar Estadual à promo-
harmônicas e sucessivas. ção das graduações de 1º Sargento ou de Subtenente da
§ 1º Os cursos referidos no caput deste artigo serão PMRN e do CBMRN.
realizados no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Art. 34. Aplica-se, no que couber, a Lei Complementar
Praças da Polícia Militar (CFAPPM/RN) e no Centro Superior Estadual n.º 303, de 9 de setembro de 2005, aos processos
de Formação e Aperfeiçoamento do Corpo de Bombeiros administrativos regidos por esta Lei Complementar.
Militar (CSFACBM/RN). Art. 35. Fica revogado o Decreto Estadual n.º 7.070, de
§ 2º Após a publicação da presente Lei Complementar, 07 de fevereiro de 1977.
a PMRN e o CBMRN terão o prazo de 3 (três) anos para a Art. 36. Esta Lei Complementar entrará em vigor no dia
efetivação das promoções de todas as praças que tenham 1.º de janeiro de 2015.
completado os requisitos previstos nesta Lei Complemen- § 1º A partir da data de publicação desta Lei Comple-
tar. mentar, a PMRN ou o CBMRN, em caráter excepcional e
Art. 30. Às Praças Militares Estaduais que se encontra- por meio de ato administrativo devidamente motivado,
rem em efetivo exercício na data de vigência da presente poderão realizar os cursos de nivelamento, formação ou
Lei Complementar, não se aplicarão os prazos do art. 12 aperfeiçoamento, previstos nesta Lei Complementar, que
desta Lei Complementar, e, para fins de promoção, deverão configuram requisitos para a promoção das Praças Milita-
ter completado, até a data da promoção, em cada gradua- res Estaduais.
ção, o interstício mínimo de: § 2º Os cursos referidos no § 1º deste artigo somente
I - 5 (cinco) anos na graduação de Soldado, para a pro- poderão ser utilizados pelas Praças Militares Estaduais para
moção à graduação de Cabo da PMRN e do CBMRN; as promoções que ocorrerão a partir do dia 1.º de janeiro
II - 3 (três) anos na graduação de Cabo, para a promo- de 2015.
Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 09 de
ção à graduação de 3º Sargento da PMRN e do CBMRN;
junho de 2014, 193º da Independência e 126º da República.
III - 2 (dois) anos na graduação de 3º Sargento, para
a promoção à graduação de 2º Sargento da PMRN e do
ANEXO I
CBMRN;
FICHA DE RECONHECIMENTO (MERECIMENTO) DOS
IV - 2 (dois) anos na graduação de 2º Sargento, para
SARGENTOS DA PMRN E DO CBMRN
a promoção à graduação de 1º Sargento da PMRN e do
DADOS DO GRADUADO
CBMRN; e
Nome:
V - 2 (dois) anos na graduação de 1º Sargento, para
Graduação:
a promoção à graduação de Subtenente da PMRN e do Matrícula:
CBMRN.
Parágrafo único. Na hipótese de inexistência de vagas
na respectiva graduação para fins de promoção, as Praças
Militares Estaduais referidas no caput deste artigo e que já
tiverem cumprido o dobro do interstício mínimo exigido
para a promoção, previsto nos incisos I a V deste artigo,
terão direito à promoção ex officio e ficarão na condição
de excedente.
Art. 31. O Curso de Formação de Praças (CFP) terá a du-
ração de 240 (duzentos e quarenta) dias letivos, com carga
horária mínima de 960 horas/aula e máxima de 1.920 ho-
ras/aula e habilitará a Praça Militar Estadual às promoções
até a graduação de Cabo da PMRN ou do CBMRN.
Parágrafo único. Ao Soldado Militar da PMRN ou do
CBMRN que não possua o CFP, por ocasião da data de vi-
gência desta Lei Complementar, deverá ser disponibilizado
curso de nivelamento com no máximo 45 (quarenta e cin-
co) dias letivos e carga horária máxima de 360 horas/aula,
para fins de promoção à graduação de Cabo, que substitui-
rá a exigência constante no caput deste artigo.
Art. 32. O Curso de Formação de Sargentos (CFS) terá a
duração de no máximo 120 (cento e vinte) dias letivos, com
carga horária mínima de 480 horas/aula e máxima de 720
horas/aula e habilitará a Praça Militar Estadual à promoção
até a graduação de 2° Sargento da PMRN ou CBMRN.

5
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

ANEXO II
GLOSSÁRIO DA FICHA DE RECONHECIMENTO (MERE-
CIMENTO) DOS SARGENTOS DA PMRN E DO CBMRN

6
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 6º - Promoção por merecimento é aquela que se ba-


seia no conjunto de atributos e qualidades que distinguem e
LEI Nº 4.533/1975 E SUAS ALTERAÇÕES – realçam o valor do oficial PM entre seus pares, avaliados no
DISPÕE SOBRE O REGIME DE PROMOÇÃO DOS decurso da carreira e no desempenho de cargos e comissões
OFICIAIS DA PM. exercidos, em particular no posto que ocupa, ao ser cogitado
para a promoção (Art.22).
Art. 7º - A promoção por bravura é aquela que resulta de
ato ou atos não comuns de coragem e audácia que, ultrapas-
LEI ORDINÁRIA Nº 4.533, DE 18 DE DEZEMBRO DE sando os limites normais do cumprimento do dever, represen-
1975. tam feitos indispensáveis ou úteis as operações policiais-mili-
Dispõe sobre o regime de promoções dos Oficiais da tares, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo positivo
Polícia Militar do Estado, e dá outras providências. deles emanados (Art.25).
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO Art 8º - Promoção “post-mortem” é aquela que visa a ex-
NORTE: Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu pressar o reconhecimento do Estado do Rio Grande do Norte
sanciono a seguinte Lei: ao oficial PM falecido no cumprimento do dever ou em conse-
quência deste, ou a reconhecer o direito do oficial PM a quem
cabia a promoção, não efetivada por motivo de óbito (Art.26).
CAPÍTULO I
Art. 9º - Promoção em ressarcimento de preterição é
GENERALIDADES
aquela feita após ser reconhecido ao oficial PM preterido o
direito à promoção que lhe caberia (Art.17).
Art. 1 º - Esta Lei estabelece os critérios e as condições Parágrafo único - A promoção será efetuada segundo
que asseguram aos oficiais da ativa da Polícia Militar do os critérios de antiguidade ou de Merecimento, recebendo o
Estado do Rio Grande do Norte o acesso na hierarquia poli- oficial PM o número que lhe competia na escala hierárquica,
cial-militar, mediante promoção, de forma seletiva, gradual como se houvesse sido promovido na época devida.
e sucessiva. Art. 9º-A. A promoção ao Posto de Coronel PM será con-
Art. 2º - A promoção é um ato administrativo e tem cedida, excepcionalmente, por decreto do Governador do Es-
como finalidade básica o preenchimento seletivo das va- tado, ao Tenente-Coronel PM que a requeira perante a Comis-
gas pertinentes ao grau hierárquico superior, com base nos são de Promoção de Oficiais PM, cumprindo necessariamente
efetivos fixados em lei para os diferentes Quadros. as seguintes exigências:
Art. 3º - A forma gradual e sucessiva resultará de um I - conte com, no mínimo, trinta anos de exercício da fun-
planejamento para a carreira dos Oficiais PM, organizado ção policial militar, de acordo com a Lei Estadual nº 4.630, de
na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, de acordo com 16 de dezembro de 1976;
a sua peculiaridade. II - satisfaça os requisitos essenciais de que trata o art. 14
Parágrafo único - O planejamento assim realizado de- desta Lei; e
verá assegurar um fluxo de carreira regular e equilibrado. III - tenha figurado três vezes em Quadro de Acesso por
Merecimento (QAM), nos termos do art. 27 desta Lei;
CAPÍTULO II § 1º. O requerimento de que trata o caput deste artigo
DOS CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO deve ser protocolado até o vigésimo dia anterior à data fixada
para as promoções de Oficiais, devendo esta corresponder a
Art 4º - As promoções são efetuadas pelos critérios de: uma das datas previstas no art. 20 desta Lei.
I - Antiguidade; § 2º. Os beneficiários da promoção prevista neste artigo
II - merecimento; constituirão, necessariamente, excedentes ao Quadro de Ofi-
III - bravura; ciais, de acordo com a Lei Estadual nº 4.630, de 1976.
IV - falecimento no cumprimento do dever, ou em con- (este artigo foi acrescentado pelo artigo 1º da Lei
Complementar nº 455, de 19 de agosto de 2011 e passou a
sequência deste;
vigorar a partir de 20 de agosto de 2011)
V - por requerimento.
Art 10 - As promoções são efetuadas:
(este novo critério – inciso V – é referenciado pelo
I - para as vagas de oficias subalternos e intermediários,
art. 2º, da Lei Complementar nº 455, de 19 de agosto pelo critério de antiguidade;
de 2011 e passou a vigorar a partir de 20 de agosto de II - para as vagas de oficiais superiores, no posto de Major
2011) PM e Ten. Cel. PM, pelos critérios de antiguidade e merecimen-
§ 1º - A promoção “post-mortem”, de que trata o inciso to, de acordo com a proporcionalidade entre elas estabeleci-
IV, também pode ocorrer na hipótese prevista na parte final das na regulamentação da presente Lei;
do art. 8º. III - para as vagas de Coronel PM, somente pelo critério de
§ 2º - Em casos extraordinários, pode haver promoção Merecimento.
em ressarcimento de preterição. III - para as vagas de Coronel PM, somente pelo critério
Art. 5º - Promoção por antiguidade é aquela que se de merecimento, ressalvada a hipótese do art. 9º-A desta Lei.
baseia na precedência hierárquica de um oficial PM sobre (este inciso foi alterado pelo artigo 2º, da Lei Complemen-
os demais de igual posto, dentro de um mesmo Quadro tar nº 455, de 19 de agosto de 2011 e passou a vigorar a
(Art.21). partir de 20 de agosto de 2011)

7
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Parágrafo único - Quando o oficial PM concorrer a pro- Art. 17 - O Oficial PM será ressarcido de preterição, des-
moção por ambos os critérios, o preenchimento da vaga de de que seja reconhecido o seu direito à promoção, quando:
antiguidade poderá ser feito peio critério de merecimento, I - tiver solução favorável a recurso interposto;
sem prejuízo do cômputo das futuras quotas de mereci- II - cessar sua situação de desaparecido ou extraviado;
mento. III - for absolvido ou impronunciado no processo crimi-
nal a que estiver respondendo;
CAPÍTULO III IV - for justificado em Conselho de Justificação;
DAS CONDIÇÕES BÁSICAS V - tiver sido prejudicado por comprovado erro admi-
nistrativo.
Art. 11 - O ingresso na carreira de oficial PM é feito nos
postos iniciais, assim considerados na legislação específica CAPÍTULO IV
de cada Quadro, satisfeitas as exigências legais. DO PROCESSAMENTO DAS PROMOÇÕES
§ 1º - A ordem hierárquica de colocação dos oficiais
PM nos postos iniciais resulta da ordem de classificação em Art. 18 - O ato de promoção concretiza-se por decreto
curso, concurso ou estágio. do Governador do Estado.
§ 2º - No caso de a formação de oficiais ter sido realiza- § 1º- O ato de nomeação para o posto inicial da car-
da no mesmo ano letivo, em mais de uma Corporação, com reira e os atos de promoção a esse posto e ao primeiro de
datas diferentes da declaração de Aspirantes-a-Oficial PM, oficial superior acarretam expedição de carta patente, pelo
será fixada pelo Comandante-Geral da Corporação, uma Governador do Estado.
data comum para a nomeação e a inclusão no Quadro de § 2º - A promoção aos demais postos é apostilada à
todos os Aspirantes-a-Oficial, que constituirão uma turma última carta patente expedida.
de formação única: a classificação na turma obedecerá aos Art. 19 - Nos diferentes Quadros as vagas a serem con-
graus absolutos obtidos na conclusão dos cursos. sideradas para a promoção serão provenientes de:
Art. 12 - Não há promoção de oficial PM por ocasião I - promoção ao posto superior;
de sua transferência para a reserva remunerada ou reforma. II - passagem à situação de inatividade;
Art. 13 - Para ser promovido pelos critérios de antigui- III - demissão;
dade ou de merecimento é indispensável que o Oficial PM IV - falecimento;
esteja incluído no Quadro de Acesso. V - aumento de efetivo.
Art. 14 - Para ingresso no Quadro de Acesso é necessá- § 1º - As vagas são consideradas abertas:
rio que o oficial PM satisfaça os seguintes requisitos essen- 1. na data de assinatura do ato que promove, passa
ciais, estabelecidos para cada posto: para a inatividade ou demite, salvo se no próprio ato for
I - Condições de acesso: estabelecida outra data;
a) interstício; 2. na data oficial do óbito;
b) aptidão física; 3. como dispuser a Lei, no caso de aumento de efetivo.
c) as peculiares a cada posto dos diferentes Quadros: § 2º- Cada vaga aberta em determinado posto acarre-
II - Conceito profissional: tará vaga nos postos inferiores, sendo esta sequência in-
III - Conceito moral. terrompida no posto em que houver preenchimento por
Parágrafo único - A regulamentação da presente Lei excedente.
definirá e discriminará as condições de acesso e os procedi- § 3º- Serão também consideradas as vagas que resulta-
mentos para a avaliação dos conceitos profissional e moral. rem das transferências “ex officio» para a reserva remune-
Art. 15 - O oficial PM agregado, quando no desempe- rada, já previstas até a data da promoção, inclusive.
nho de cargo policial-militar ou considerado de natureza § 4º - Não preenche vaga o oficial PM que, estando
policial-militar, concorrerá à promoção por qualquer dos agregado, venha a ser promovido e continue na mesma
critérios, sem prejuízo do número de concorrentes regular- situação.
mente estipulado. Art. 20 - As promoções serão efetuadas, anualmente,
Art. 16 - O oficiai PM que se julgar prejudicado em con- por antiguidade ou merecimento, nos dias 21 de abril, 21
sequência de composição de Quadro de Acesso, em seu de agosto e 25 de dezembro para as vagas abertas e publi-
direito de promoção, poderá impetrar recurso ao Coman- cadas, oficialmente, até os dias 1º de abril. 1º de agosto e
dante-Geral da Corporação, como última instância na esfera 05 de dezembro, respectivamente, bem como para as de-
administrativa. correntes de promoções.
§ 1º - Para a apresentação de recurso, o Oficial PM terá § 1º - A antiguidade no posto é contada a partir da
o prazo de 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimen- data do ato de promoção, ressalvados os casos de descon-
to da comunicação oficial do ato que julga prejudicá-lo, ou to de tempo não computável, de acordo com o Estatuto
do conhecimento, na Organização policial-militar (OPM) em dos Policiais Militares, e de promoção “post-mortem”, por
que serve, da publicação oficial a respeito. bravura e em ressarcimento de preterição quando poderá
§ 2º - O recurso referente à composição de Quadro de ser estabelecida outra data.
Acesso e a promoção deverá ser solucionado no prazo má- (este parágrafo foi transformado em parágrafo 1º
ximo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data de seu pelo artigo 3º, da Lei Complementar nº 455, de 19 de
recebimento. agosto de 2011)

8
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 2º. Independente da existência de vaga, as promo- § 1º- O Oficial será também promovido se, ao falecer,
ções ao Posto de Coronel PM, nos moldes do art. 9º-A des- satisfazia às condições de acesso e integrada a faixa dos
ta Lei, serão igualmente realizadas nas datas previstas no que concorrem à promoção pelos critérios de antiguidade
caput deste artigo. ou merecimento.
(este parágrafo foi acrescentado pelo artigo 3º, da § 2º- A promoção que resulta de qualquer das situa-
Lei Complementar nº 455, de 19 de agosto de 2011 e ções estabelecidas nos incisos I, II e III independerá daque-
passou a vigorar a partir de 20 de agosto de 2011 e pas- la prevista no §1º.
sou a vigorar a partir de 20 de agosto de 2011) § 3º - Os casos de morte por ferimento, doença, mo-
Art. 21 - A promoção por antiguidade, em qualquer léstia ou enfermidade referidas neste artigo serão com-
Quadro, é feita na sequência do respectivo Quadro de provados por atestado de origem ou inquérito sanitário
Acesso por antiguidade (art.27, § 1º). de origem, sendo os termos do acidente, baixa ao hospital
Art. 22 - A promoção por merecimento é feita com papeletas de tratamento nas enfermarias e hospitais e os
base no Quadro de Acesso por merecimento, de acordo
registros de baixa. Utilizados como meios subsidiários para
com a regulamentação desta Lei (art.27, § 2º).
esclarecer a situação.
Art. 23 - A Comissão de Promoção de Oficiais PM
§ 4º- No caso de falecimento do oficial. a promoção
(CPOPM) é o órgão de processamento das promoções.
por bravura exclui a promoção “post-mortem” que resulta-
Parágrafo único - Os trabalhos desse órgão, que en-
volvem avaliação de mérito de oficial PM, e a respectiva ria das consequências do ato de bravura.
documentação terá classificação sigilosa.
Art. 24 - A Comissão de Promoção de Oficiais PM tem CAPÍTULO V
caráter permanente; é constituída por membros natos e DOS QUADROS DE ACESSO
membros efetivos e é presidida pelo Comandante-Geral da
Corporação. Art. 27 - Quadros de Acesso são relações de oficiais dos
§ 1º- São membros natos o Chefe do Estado-Maior e o Quadros organizados por postos para as promoções por
Chefe da 1ª Seção do Estado-Maior (ou Diretor de Pessoal, antiguidade - Quadro de Acesso por Antiguidade - (QAA) e
quando houver). por Merecimento (QAM), previstos nos Arts. 5º e 6º.
§ 2º- Os membros efetivos serão em número de 04 § 1º- O Quadro de Acesso por Antiguidade é a relação
(quatro), todos oficiais superiores designados pelo Coman- dos oficiais habilitados a acesso, colocados em ordem de-
dante-Geral. crescente de antiguidade.
§ 3º- Os membros efetivos serão nomeados pelo pra- § 2º- O Quadro de Acesso por Merecimento é a relação
zo de 01 (um) ano, podendo ser reconduzidos por igual dos Oficiais habilitados ao acesso e resultante da aprecia-
período. ção do mérito e qualidade exigidos para a promoção, que
§ 4º- A regulamentação desta Lei definirá as atribuições devem
e o funcionamento da Comissão de Promoção de Oficiais. considerar além de outros requisitos:
Art. 25 - A promoção por bravura é efetivada, somente, 1. a eficiência revelada no desempenho de cargos e co-
nas operações policiais-militares realizadas na vigência do missões e não a natureza intrínseca destes, nem o respecti-
estado de guerra, pelo Governo do Estado. vo tempo de exercício;
§ 1º- O ato de bravura, considerado altamente meritó- 2. a potencialidade para o desempenho de cargos mais
rio, é apurado em investigação sumária procedida por uma elevados;
Comissão Especial composta por oficiais superiores, para 3. a capacidade de liderança, iniciativa e presteza de
este fim designados pelo Comandante-Geral. decisões;
§ 2º- A promoção por bravura, não se aplicam às exi-
4. os resultados dos cursos regulamentares realizados;
gências para a promoção por outro
5. o realce do oficial entre seus pares.
critério, estabelecidas nesta Lei.
§ 3º- Os Quadros de Acesso por Antiguidade e Mere-
§ 3º- Será proporcionada ao Oficial promovido, quan-
cimento são organizados, para cada data de promoção, na
do for o caso, a oportunidade de satisfazer às condições
de acesso ao posto a que foi promovido, de acordo com a forma estabelecida na regulamentação da presente Lei.
regulamentação desta Lei. Art. 28 - Apenas os oficiais que satisfaçam as condições
Art. 26 - A promoção “post-mortem” é efetivada quan- de acesso e estejam compreendidos nos limites quantita-
do o oficial falecer em uma das seguintes situações: tivos de antiguidade fixados na regulamentaq5o desta Lei,
I - em ação de manutenção da ordem pública; serão relacionados pela Comissão de Promoção de oficiais
II - em consequência de ferimento recebido na manu- PM (CPOPM), para estudo destinado à inclusão nos Qua-
tenção da ordem pública ou de doença, moléstia ou enfer- dros de Acesso por Antiguidade e Merecimento.
midade que nele tenha sua atuação, ou que nela tenha sua Parágrafo único - Os limites quantitativos para promo-
causa eficiente; ção por Antiguidade referidos neste artigo destinam-se a
III - em acidente de serviço, definido pelo Governador estabelecer, por postos, nos quadros, as faixas dos oficiais
do Estado, ou em consequência de doença, moléstia ou que concorrem à constituição dos quadros de Acesso por
enfermidade que nele tenha sua causa eficiente. Antiguidade e por Merecimento.

9
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 29 - O oficial não poderá constar de qualquer Qua- Art. 31 - O Oficial que, no posto, deixar de figurar por
dro de Acesso, quando: (03) três vezes, consecutivas ou não, em Quadro de Acesso
I - deixar de satisfazer às condições exigidas no inciso por Merecimento, se em cada uma delas concorrer oficial
I do art. 14; mais moderno, é considerado inabilitado para a promoção
II - for considerado não habilitado para o acesso em ao posto imediato pelo critério de merecimento.
caráter provisório, a juízo da Comissão de Promoção de Art. 32 - Somente se considera inabilitado para o aces-
oficiais, por ser, presumivelmente, incapaz de atender a so em caráter definitivo, o Oficial que incidir no caso do §
qualquer dos requisitos estabelecidos nos incisos I e II do 2º do art. 29.
art. 14; Art. 33 - O oficial promovido indevidamente passará à
III - for preso em flagrante delito, enquanto a prisão situação de excedente.
não for revogada ou relaxada; Parágrafo único - O Oficial, no caso deste artigo, con-
IV - for denunciado em processo crime enquanto a tará antiguidade e receberá o número que lhe competir na
sentença final não transitar em julgado; escala hierárquica, quando a vaga a ser preenchida corres-
V - estiver submetido a Conselho de Justificação, ins- ponder ao critério pelo qual deveria ser promovido, desde
taurado “ex-ofício”; que satisfaça aos requisitos para a promoção.
VI - for preso preventivamente, em virtude de inquérito
Policial Militar instaurado; CAPÍTULO VI
VII - for condenado, enquanto durar o cumprimento DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
da pena, inclusive no caso de suspensão condicional desta,
não se computando o tempo acrescido à pena original para Art. 34 - Os Quadros de Oficiais da Polícia Militar são
fins de sua suspensão condicional; os previstos na Lei de Organização Básica da Corporação.
VIII - for licenciado para tratar de interesse particular, Art. 35 - Aos Aspirantes-a-Oficial PM aplicam-se as dis-
IX - for condenado a pena de suspensão do exercício posições desta Lei, no que lhes for pertinente.
do posto, cargo ou função, prevista no Código Penal Mili- Art. 36 - O Poder Executivo regulamentará a presente
tar, durante o prazo de sua duração;
Lei dentro do prazo de sessenta dias, a partir da data de
X - for considerado desaparecido;
sua publicação.
XI - for considerado extraviado;
Art. 37 - Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
XII - for considerado desertor;
blicação, ressalvado o disposto no art. 36 e revogadas as
XIII - estiver em divida para com a Fazenda do Estado
disposições em contrário.
por alcance.
Palácio Potengi, em Natal, 18 de dezembro de 1975,
§ 1º- O oficial que incidir no inciso II deste artigo será
submetido a Conselho de Justificação “ex-offício”. 88º da República.
§ 2º- Recebido o relatório do Conselho de Justificação, TARCÍSIO MAIA
instaurado na forma do § 1º, o Governador do Estado, em GOVERNADOR
sua decisão, se for o caso, considerará o oficial não ha- (Publicado no Diário Oficial do Estado, Edições nº
bilitado para o acesso em caráter definitivo, na forma do 3.611, de 27 de dezembro de 1975, e nº 12.527, de 20
Estatuto dos Policiais Militares. de agosto de 2011)
§ 3º- Será excluído de qualquer Quadro de Acesso o
oficial que incidir em uma das circunstâncias previstas nes-
te artigo ou ainda.
1. for nele incluído indevidamente: LEI Nº 4.630/1976 – DISPÕE SOBRE O
2. for promovido; ESTATUTO DA PMRN.
3. tiver falecido;
4. passar à inatividade.
Art. 30 - Será excluído do Quadro de Acesso por Mere-
cimento já organizado, ou dele não poderá constar, o ofi- LEI Nº 4.630, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1976
cial que agregar ou estiver agregado: alterada pelas leis nº 5.042, de 03.07.81, 5.209, de
I - por motivo de gozo de licença para tratamento de 26.08.83 e nº 6.053, de 18.12.90
saúde de pessoa da família por prazo superior a 6 (seis)
meses contínuos; Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Esta-
II - em virtude de encontrar-se no exercício de cargo do do Rio Grande
público civil temporário, não eletivo, inclusive da Adminis- do Norte, e dá outras providências.
tração Indireta; O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
III - por ter passado à disposição do Governo Federal, NORTE: Faço saber que o Poder
do Governo Estadual ou Municipal, de Território ou do Dis- Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte LEI:
trito Federal, para exercer função de natureza civil. ESTATUTO DOS POLICIAIS-MILITARES DO ESTADO
Parágrafo único - Para poder ser incluído ou reincluído DO RIO GRANDE DO NORTE
no Quadro de Acesso por Merecimento, o Oficial abrangi-
do pelo disposto neste artigo deve reverter à Corporação,
pelo menos 30 (trinta) dias antes da data de promoção.

10
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

TÍTULO I Art. 8º - A condição jurídica dos policiais-militares é de-


GENERALIDADES finida pelos dispositivos constitucionais que lhes forem apli-
cáveis, por este Estatuto e pela legislação que lhes outorga
Art. 1º - O presente Estatuto regula a situação, obrigações, direitos e prerrogativas e lhes impõe deveres e obrigações.
deveres, direitos e prerrogativas dos policiais militares do Estado Art. 9º - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que
do Rio Grande do Norte. couber:
Art. 2º - A Polícia Militar, subordinada ao Secretário de Esta- I - Aos policiais-militares da reserva remunerada e con-
do responsável pela segurança pública, é uma instituição desti- vocados.
nada à manutenção da ordem pública do Estado, sendo consi- II - Aos capelães policiais-militares.
derada força auxiliar, reserva do Exército.
Art. 3º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado, em ra- CAPÍTULO I
zão da destinação constitucional da Corporação e em decorrên- DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
cia de leis vigentes, constituem uma categoria especial de servi-
dores públicos estaduais e são denominados policiais-militares. Art.10 - O ingresso na Polícia Militar é facultado a todos
§ 1º- Os policiais-militares encontram-se em uma das se- os brasileiros, sem distinção de raça ou de crença religiosa,
guintes situações: mediante inclusão, matrícula ou nomeação, observadas as
1. Na ativa: condições prescritas em lei e nos regulamentos da Corpo-
a) os policiais-militares de carreira; ração.
b) os incluídos na Polícia Militar voluntariamente, durante Art.11 - Para a matrícula nos estabelecimentos de ensi-
os prazos a que se obrigaram a servir; no policial-militar destinados à formação de Oficiais e Gra-
c) os componentes da reserva remunerada quando convo- duados, além das condições relativas à nacionalidade, idade,
cados; aptidão intelectual, capacidade física e idoneidade moral, é
d) os alunos dos órgãos de formação de policiais-militares necessário que o candidato não exerça, nem tenha exercido
da ativa. atividades prejudiciais ou perigosas à Segurança Nacional.
2. Na inatividade: Parágrafo único - O disposto neste artigo e no anterior
a) na reserva remunerada, quando pertencem à reserva da aplica-se, também, aos candidatos ao ingresso nos Quadros
Corporação e percebem remuneração do Estado, porém sujei- de Oficiais, em que é exigido o diploma de estabelecimento
tos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação; de ensino superior reconhecido pelo Governo Federal.
b) reformados, quando, tendo passado por uma das situa-
ções anteriores, estão dispensados, definitivamente, da presta- CAPÍTULO II
ção de serviço na ativa, mas continuam a perceber remuneração DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
do Estado.
§ 2º- Os policiais-militares de carreira são os que, no de- Art. 12 - A hierarquia e a disciplina são a base institu-
sempenho voluntário e permanente do serviço policial-militar, cional da Polícia Militar. A autoridade e a responsabilidade
têm vitaliciedade assegurada ou presumida. crescem com o grau hierárquico.
Art. 4º - O serviço policial-militar consiste no exercício de § 1º - A hierarquia policial-militar é a ordenação da au-
atividades inerentes à Polícia Militar e compreende todos os en- toridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polí-
cargos previstos na legislação específica e relacionados com a cia Militar. A ordenação faz-se por postos ou graduações e,
manutenção da ordem pública do Estado. dentro de um mesmo posto ou de uma mesma graduação,
Art. 5º - A carreira policial-militar é caracterizada por ati- pela antiguidade num ou noutra. O respeito à hierarquia é
vidade continuada e inteiramente devotada às finalidades da consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de
Polícia Militar, denominada atividade policial-militar. autoridade.
§ 1º - A carreira policial-militar é privativa do pessoal da ati- § 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamen-
va. Inicia-se com o ingresso na Polícia Militar e obedece a se- to das leis, regulamentos, normas e disposições que funda-
quência de graus hierárquicos. mentam o organismo policial-militar e coordenam seu fun-
§ 2º- É privativa de brasileiro nato a carreira de Oficial da cionamento regular e harmônico, traduzindo-se no perfeito
Polícia Militar. cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos
Art. 6º - Os policiais-militares da reserva remunerada pode- componentes desse organismo.
rão ser convocados para o serviço ativo, em caráter transitório e § 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
mediante aceitação voluntária, por ato do Governador do Esta- mantidos em todas as circunstâncias da vida entre os poli-
do, desde que haja conveniência para o serviço. ciais militares da ativa, da reserva remunerada e reformados.
Art. 7º - São equivalentes as expressões “ na ativa”, “ da ativa Art. 13 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convivên-
”, “ em serviço ativo ”, “ em serviço na ativa ”, “ em serviço ”, “ cia entre os policiais-militares da mesma categoria e têm a
em atividade” ou “ em atividade policial-militar”, conferidas aos finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem em
policiais-militares no desempenho de cargo, comissão, encar- ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito
gos, incumbência ou missão, serviço ou atividade policial-mili- mútuo.
tar ou considerada de natureza policial-militar, nas organizações Art.14 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica na
policiais-militares bem como outros órgãos do Estado, quando Polícia Militar são fixados no quadro e parágrafos seguintes:
previsto em lei ou regulamento.

11
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 1º - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por ato do Governador do Estado.


§ 2º - Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pelo Comandante-Geral da Polícia Militar.
§ 3º - Os Aspirantes-a-Oficial PM e os Alunos-Oficiais PM são denominados praças especiais.
§ 4º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos Quadros e qualificações são fixados, separadamente, para cada
caso, em Lei de Organização Básica.
§ 5º- Sempre que o policial-militar da reserva remunerada ou reformado fizer uso do posto ou graduação, deverá
fazê-lo mencionando essa situação.
Art. 15 - A precedência entre policiais-militares da ativa do mesmo grau hierárquico é assegurada pela antiguidade no
posto ou na graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida em Lei ou regulamento.
§ 1º- A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a partir da data da assinatura do ato da respectiva promo-
ção, nomeação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver taxativamente fixada outra data.
§ 2º- no caso de ser igual a antiguidade referida no parágrafo anterior, será ela estabelecida:
a) entre policiais-militares do mesmo Quadro, pela posição nas respectivas escalas numéricas ou registro de que trata
o art.17;
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou na graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade de an-
tiguidade, recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores à data de inclusão e à data de nascimento, para
definir a precedência, e, neste último caso, o mais velho será considerado o mais antigo;
c) entre os alunos de um mesmo Órgão de formação de policiais-militares, de acordo com o regulamento do respectivo
órgão, se não estiverem especificamente enquadrados nas letras “a” e “b”.
§ 3º- Em igualdade de posto ou graduação, os policiais-militares da ativa têm precedência sobre os da inatividade.
§ 4º- Em igualdade de posto ou graduação, a precedência entre os policiais-militares de carreira da ativa e os da reserva
remunerada que estiverem convocados é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação.
Art. 16 - A precedência entre as Praças Especiais e as demais Praças é assim regulada:
I - Os Aspirantes-a-Oficial PM são hierarquicamente superiores as demais praças.
II - Os Alunos-Oficiais PM são hierarquicamente superiores aos Subtenentes PM.
Art. 17 - A Polícia Militar manterá um registro de todos os dados referentes ao seu pessoal da ativa e da reserva re-
munerada dentro das respectivas escalas numéricas, segundo as instruções baixadas pelo Comandante-Geral da Corpora-
ção.
Art. 18 - Os Alunos-Oficiais PM são declarados Aspirantes-a-Oficial PM pelo Comandante-Geral da Corporação.

12
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

CAPÍTULO III SEÇÃO II


DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS-MILITARES DO EXERCÍCIO DE FUNÇÕES
SEÇÃO I
DO EXERCÍCIO DE CARGOS Art. 22 - Funções policiais militares, são atividades
CAPÍTULO IV exercidas por policiais militares a serviço da Corporação
DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS-MILITARES policial militar ou do Exército, nesse caso quando relacio-
SEÇÃO I nados com o caráter de Forças Auxiliares de Reserva da
DO EXERCÍCIO DE CARGOS Força Terrestre.
(Todo este Capítulo foi alterado pela Lei nº 5.209, de § 1º - São considerados no exercício da função poli-
26 de agosto de 1983. cial militar, os policiais militares ocupantes dos seguintes
cargos:
Art. 19 - Cargo policial-militar é aquele que só pode ser a) os estabelecidos no Quadro de Organização ou de
exercido por policial-militar em serviço ativo. doação da corporação a que pertencem; b) os de instrutor
§ 1º - O cargo policial-militar a que se refere este artigo é ou aluno de estabelecimentos de ensino das Forças
o que se encontra especificado nos Quadros de Organização Armadas ou de outras Corporações policiais militares,
ou previsto, caracterizado ou definido como tal em outras dis- no país ou no exterior;
posições legais. c) os de instrutor ou aluno de estabelecimentos oficiais
§ 2º - Somente são considerados “ Quadros de Organi- federais e, particularmente, os de interesse para a Corpo-
zação da Corporação “, os relativos a órgãos integrantes da ração policial militar, na forma do Regulamento do Decreto
estrutura da corporação. -Lei nº 2.010, de 12 de janeiro de 1983;
§ 3º - A cada cargo policial-militar, corresponde um con- § 2º - São considerados também no exercício de fun-
junto de obrigações, deveres e responsabilidades que se cons- ção policial militar, os policiais militares colocados à dispo-
tituem em obrigações do respectivo titular. sição de outra Corporação policial militar;
§ 4º - As obrigações inerentes ao cargo policial-militar de- § 3º - São considerados no exercício de função de
vem ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e
natureza policial militar ou de interesse policial militar, os
definidas em legislação ou regulamentação específica.
policiais militares postos à disposição do Governo Federal,
Art. 20 - Os cargos policiais-militares são providos com
para exercerem cargos ou funções em órgãos federais, nos
pessoal que satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de
casos indicados no Regulamento do Decreto-
qualificação exigidos para o seu desempenho.
Lei nº 2.010, de 12 de janeiro de 1983;
§ 1º - O provimento de cargo policial-militar se faz por
§ 4º - São ainda considerados no exercício de função
ato de nomeação, de designação ou determinação expressa
de autoridade competente. policial militar ou de interesse policial militar, os policiais
§ 2º - É vedada a nomeação ou designação de policial-mi- militares nomeados ou designados para:
litar do quadro de Especialistas, para o exercício de cargo ou fun- a) o Gabinete Militar do Governo do Estado;
ção de Polícia Judiciária, salvo quando possuir o curso de forma- b) o Gabinete do Vice Governador;
ção de combatente, correspondente ao seu posto ou graduação. c) os Órgãos da Justiça Militar Estadual.
§ 3º - Dentro de uma mesma organização policial militar, a § 5º - O policial militar nomeado ou designado para
sequência de substituições, bem como as normas, atribuições cargo ou função de natureza civil temporário, somente
e responsabilidades relativas, são estabelecidas na legislação poderá contar o tempo de serviço decorrente do exercí-
específica, respeitadas a precedência e as qualificações exigi- cio para promoção por antiguidade e transferência para a
das para o cargo ou para o exercício da função. inatividade;
§ 4º - As obrigações que, pela generalidade, duração, vul- § 6º - O tempo a que se refere o parágrafo anterior,
to ou natureza, não são catalogadas como posições tituladas não poderá ser computado com o tempo de serviço arre-
em quadro de organização ou dispositivo legal, são cumpridas gimentado.
como “encargo “, “incumbência “ , “ comissão “, “ serviço “ ou “ Art. 23 - Dentro de uma mesma organização policial-
atividade “ policial militar ou de natureza policial militar militar, a sequência de substituições, bem como as normas,
§ 5º - Aplica-se, no que couber, ao encargo, incumbência, atribuições e responsabilidades relativas, são estabeleci-
comissão, serviço ou atividade policial militar, ou de natureza das na legislação específica, respeitadas a precedência e
policial militar, o disposto nesta Seção para Cargo policial militar. as qualificações exigidas para o cargo ou para o exercício
Art. 21 - O cargo policial-militar é considerado vago a partir da função.
de sua criação e até que um policial-militar tome posse ou desde Art. 24 - O policial-militar ocupante de cargo provido
o momento em que o policial-militar exonerado, dispensado ou em caráter efetivo ou interino, de acordo com o § 1º do art.
que tenha recebido determinação expressa de autoridade com- 20, faz jus às gratificações e a outros direitos correspon-
petente o deixe, ou até que outro policial-militar tome posse, de dentes ao cargo conforme previsto em lei.
acordo com as normas de provimento previsto no § 1º do art. 20. Art. 25 - As obrigações que, pela generalidade, pecu-
Parágrafo único - Consideram-se também vagos os liaridade, duração, vulto ou natureza não são catalogadas
cargos policiais-militares cujos ocupantes: como posições tituladas em Quadro de Organização ou
a) tenham falecido; dispositivo legal, são cumpridas como “Encargo”, “ Incum-
b) tenham sidos considerados extraviados; bência ”, “ Comissão”, “ Serviço ” ou “ Atividade ”, policial-
c) tenham sido considerados desertores. militar ou de natureza policial-militar.

13
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, ao Encargo, XIV - Observar as normas da boa educação;
Incumbência, Comissão, Serviço ou atividade policial-mili- XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e
tar, ou de natureza policial-militar, o disposto neste Capítu- conduzir-se como chefe de família modelar;
lo para Cargo Policial Militar. XVI - Conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inativi-
dade, de modo que não sejam prejudicados os princípios da
TÍTULO II disciplina, do respeito e do decoro policial-militar.
DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS-MI- XVII - Abster-se de fazer uso do posto ou da gradua-
LITARES ção para obter facilidades pessoais de qualquer natureza
CAPÍTULO I ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros.
DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS-MILITARES XVIII - Abster-se o policial-militar na inatividade do uso
SEÇÃO I das designações hierárquicas quando:
DO VALOR POLICIAL-MILITAR a) em atividades político-partidárias;
b) em atividades comerciais;
Art. 26 - São manifestações essenciais do valor policial- c) em atividades industriais;
militar: d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa
I - O sentimento de servir a comunidade estadual, tra- a respeito de assuntos políticos ou policiais-militares, exce-
duzido pela vontade inabalável de cumprir o dever poli- tuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se devi-
cial-militar e pelo integral devotamento à manutenção da damente autorizado;
ordem pública, mesmo com o risco da própria vida. e) no exercício de funções de natureza não policial-mi-
II - O civismo e o culto das tradições históricas. litar, ainda que oficiais.
III - A fé na elevada missão da Polícia Militar. XIX - Zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada
IV - O espírito de corpo do policial-militar pela organi- um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer
zação em que serve. os preceitos da ética policial-militar.
V - O amor à profissão policial-militar e o entusiasmo Art. 28 - Ao policial-militar da ativa, ressalvado o dis-
com que é exercida. posto no § 2º, é vedado comerciar ou tomar parte na ad-
VI - O aprimoramento técnico-profissional. ministração ou gerência de sociedade ou dela participar,
como sócio ou a qualquer título, exceto como acionista ou
SEÇÃO II quotista em sociedade anônima ou por quotas de respon-
DA ÉTICA POLICIAL-MILITAR sabilidade limitada.
§ 1º - Os policiais-militares na reserva remunerada,
Art. 27 - O sentimento do dever, o pundonor policial- quando convocados, ficam proibidos
militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos in- de tratar, nas organizações policiais-militares e nas re-
tegrantes da Polícia Militar, conduta moral e profissional partições públicas civis, dos interesses de organizações ou
irrepreensível, com observância dos seguintes preceitos da empresas privadas de qualquer natureza.
ética policial-militar: § 2º- Os policiais-militares da ativa podem exercer, dire-
I - Amar a verdade e a responsabilidade como funda- tamente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o
mentos da dignidade pessoal. disposto no presente artigo.
II - Exercer com autoridade, eficiência e probidade as § 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional
funções que lhe couberem em decorrência do cargo. dos integrantes do Quadro de Saúde, é-lhes permitido o
III - Respeitar a dignidade da pessoa humana. exercício da atividade técnico-profissional, no meio civil,
IV - Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as desde que tal prática não prejudique o serviço.
instruções e as ordens das autoridades competentes. Art. 29 - O Comandante-Geral da Polícia Militar poderá
V - Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na determinar aos policiais-militares da ativa que, no interesse
apreciação do mérito dos subordinados; da salvaguarda de sua própria dignidade, informem sobre
VI - Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico a origem e natureza dos seus bens, sempre que houver ra-
e, também, pelos subordinados, tendo em vista o cumpri- zões que recomendem tal medida.
mento da missão comum.
VII - Empregar todas as suas energias em benefício do CAPÍTULO II
serviço. DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES
VIII - Praticar a camaradagem e desenvolver perma-
nentemente o espírito de corporação. Art. 30 - Os deveres policiais-militares emanam de vín-
IX - Ser discreto em suas atitudes e maneiras e em sua culos racionais e morais que ligam o policial militar à comu-
linguagem escrita e falada. nidade e á sua segurança, e compreendem, essencialmente:
X - Abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de I - A dedicação integral ao serviço policial-militar e a
matéria sigilosa relativa à Segurança Nacional; fidelidade à instituição a que pertence, mesmo com o sacri-
XI - Acatar as autoridades civis. fício da própria vida;
XII - Cumprir seus deveres de cidadão. II - O culto aos símbolos nacionais.
XIII - Proceder de maneira ilibada na vida pública e na III - A probidade e a lealdade em todas as circunstân-
particular; cias.

14
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IV - A disciplina e o respeito à hierarquia. Art. 34 - A Subordinação não afeta, de modo algum,


V - O rigoroso cumprimento das obrigações e ordens. a dignidade pessoal do policial-militar e decorre exclusiva-
VI - A obrigação de tratar o subordinado dignamente e mente da estrutura hierarquizada da Polícia Militar.
com urbanidade. Art. 35 - O Oficial é preparado, ao longo da carreira,
para o exercício do Comando da Chefia e da Direção das
SEÇÃO I Organizações Policiais-Militares.
DO COMPROMISSO POLICIAL-MILITAR Art. 36 - Os Subtenentes e Sargentos auxiliam e com-
plementam as atividades dos Oficiais, quer no adestramen-
Art. 31 - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Mi- to e no emprego dos meios, quer na instrução e na adminis-
litar mediante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará tração; poderão ser empregados na execução de atividades
compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação de policiamento ostensivo peculiares à Polícia Militar.
consciente das obrigações e dos deveres policiais-militares Parágrafo único - No exercício das atividades mencio-
e manifestará a sua firme disposição de bem cumpri-los. nadas neste artigo e no comando de elementos subordi-
Art. 32 - O compromisso a que se refere o artigo an- nados, os Subtenentes e Sargentos deverão impor-se pela
terior terá caráter solene e será prestado na presença de lealdade, pelo exemplo e pela capacidade profissional e téc-
tropa, tão logo o policial-militar tenha adquirido um grau nica, incumbindo-lhes assegurar a observância minuciosa e
de instrução compatível com o perfeito entendimento de ininterrupta das ordens, das regras do serviço e das normas
seus deveres como integrante da Polícia Militar, conforme operativas pelas praças que lhes estiverem diretamente su-
os seguintes dizeres: bordinadas e a manutenção da coesão e do moral das mes-
“ Ao ingressar na Polícia Militar do Estado do Rio Grande mas praças em todas as circunstâncias.
do Norte, prometo regular a Art. 37 - Os Cabos e Soldados são, essencialmente, os
minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigo- elementos de execução.
rosamente as ordens das autoridades a que estiver subordi- Art. 38 - Às praças especiais cabe rigorosa observância
nado e dedicar-me inteiramente ao serviço policial-militar, à das prescrições dos regulamentos
manutenção da ordem pública e à segurança da comunida- que lhes são pertinentes, exigindo-se-lhes inteira dedi-
de, mesmo com o risco da própria vida”. cação ao estudo e ao aprendizado técnico-profissional.
§ 1º - O compromisso do Aspirante-a-Oficial PM for- Art. 39 - Cabe ao policial-militar a responsabilidade in-
tegral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e
mado em escolas de outras
pelos atos que praticar.
Corporações será prestado, em solenidade policial-mi-
litar especialmente programada, logo após sua apresenta-
CAPÍTULO III
ção à Polícia Militar, e obedecerá aos seguintes dizeres: “ Ao
DA VIOLAÇÃO, DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES
ser declarado Aspirante-a- Oficial da Polícia Militar, assumo
o compromisso de cumprir rigorosamente as ordens das au-
Art. 40 - A violação das obrigações ou dos deveres po-
toridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteira-
liciais-militares constituirá crime ou transgressão disciplinar,
mente ao serviço policial-militar, à manutenção da ordem
conforme dispuser a legislação ou regulamentação especí-
pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco fica.
da própria vida”. § 1º - A violação dos preceitos da ética policial-militar é
§ 2º- Ao ser promovido ao primeiro posto, o oficial PM tão mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico
prestará o compromisso de Oficial, em solenidade espe- de quem a cometer.
cialmente programada, de acordo com os seguintes dize- § 2º- No concurso de crime militar e de transgressão
res: “ Perante a disciplinar será aplicada somente a pena relativa ao crime.
Bandeira do Brasil e pela minha honra, prometo cum- Art. 41 - A inobservância dos deveres especificados nas
prir os deveres de Oficial da Polícia Militar do Estado do Rio leis e regulamentos ou a falta de exação no cumprimento
Grande do Norte e dedicar-me inteiramente ao seu serviço”. dos mesmos acarreta para o policial-militar responsabilida-
de funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, consoante a
SEÇÃO II legislação específica.
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO Parágrafo único - A apuração da responsabilidade fun-
cional, pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela
Art. 33 - Comando é a soma de autoridade, deveres e incompatibilidade do policial-militar com o cargo ou pela
responsabilidades de que o policial-militar é investido le- incapacidade para o exercício das funções policiais-militares
galmente quando conduz homens ou dirige uma organi- a ele inerentes.
zação policial-militar. O Comando é vinculado ao grau hie- Art. 42 - O policial-militar que, por sua atuação, se tor-
rárquico e constitui uma prerrogativa impessoal, em cujo nar incompatível com o cargo ou demonstrar incapacidade
exercício o policial-militar se define e se caracteriza como no exercício das funções policiais-militares a ele inerentes,
Chefe. será afastado do cargo.
Parágrafo único - Aplica-se à Direção e à Chefia de Or- § 1º - São competentes para determinar o imediato
ganização Policial-Militar, no que couber, o estabelecido afastamento do cargo ou impedimento para o exercício da
para o Comando. função:

15
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

a) o Governador do Estado; § 1º - O Aspirante-a-Oficial PM e as Praças com esta-


b) o Secretário de Estado da Segurança Pública; bilidade assegurada, ao serem submetidos a Conselho de
c) o Comandante-Geral da Polícia Militar; Disciplina, serão afastados das atividades que estiverem
d) os Comandantes, os Chefes e os Diretores, na con- exercendo.
formidade da legislação ou regulamentação da Corporação. § 2º - Compete ao Comandante-Geral da Polícia Militar
§ 2º- O policial-militar afastado do cargo, nas condi- julgar, em última instância, os processos oriundos dos Con-
ções mencionadas neste artigo, ficará privado do exercício selhos de Disciplina convocados no âmbito da Corporação.
de qualquer função policial-militar, até a solução final do § 3º - O Conselho de Disciplina também poderá ser
processo ou das providências legais que couberem no caso. aplicado às praças reformadas e da reserva remunerada.
Art. 43 - São proibidas quaisquer manifestações cole-
tivas, tanto sobre os atos de superiores, quanto de caráter TÍTULO III
reivindicatório. DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS DOS POLI-
CIAIS-MILITARES
SEÇÃO I CAPÍTULO I
DOS CRIMES MILITARES DOS DIREITOS

Art. 44 - O Tribunal de Justiça do Estado é competente (Todo este artigo foi alterado pela Lei nº 5.209/83)
para processar e julgar os policiais-militares nos crimes de- Art. 49 - São direitos dos policiais-militares:
finidos em lei como militares. I - A garantia da patente, em toda a sua plenitude, com
Art. 45 - Aplicam-se aos policiais-militares, no que cou- as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quan-
ber, as disposições estabelecidas no Código Penal Militar. do Oficial, nos termos da Constituição.
II - A percepção de remuneração correspondente ao
SEÇÃO II grau hierárquico superior ou melhoria da mesma quando,
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES ao ser transferido para a inatividade, contar mais de 30
(trinta) anos de serviço.
III - A remuneração calculada com base no soldo inte-
Art. 46 - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
gral do posto ou graduação, quando,
especificará e classificará as transgressões disciplinares e es-
não contando com 30 (trinta) anos de serviço, for
tabelecerá as normas relativas à amplitude e aplicação das
transferido para a reserva remunerada “exofficio”,
penas disciplinares, à classificação do comportamento dos
por ter atingido a idade limite de permanência em ati-
policial-militar, e à interposição de recursos contra as penas
vidade, no posto ou graduação.
disciplinares.
IV - Nas condições ou nas limitações impostas na legis-
§ 1º- As penas disciplinares de detenção ou prisão não
lação e regulamentação específica:
podem ultrapassar de trinta dias. a) a estabilidade, quando Praça com 10 (dez) ou mais
§ 2º- Ao Aluno-Oficial PM aplicam-se também as dispo- anos de tempo de efetivo serviço;
sições disciplinares previstas no estabelecimento de ensino b) o uso das designações hierárquicas;
onde estiver matriculado. c) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à
graduação;
SEÇÃO III d) a percepção de remuneração;
DOS CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO E DE DISCIPLI- e) assistência médico hospitalar para si e seus depen-
NA dentes, assim entendida como o conjunto de atividades
relacionadas com a prevenção, conservação ou recupera-
Art. 47 - O Oficial presumivelmente incapaz de perma- ção de saúde, abrangendo serviços profissionais, médicos,
necer como policial-militar da ativa será submetido a Con- farmacêuticos e odontológicos, bem como o fornecimento,
selho de Justificação na forma da legislação própria. a aplicação de meios e os cuidados e demais atos médicos
§ 1º - O Oficial, ao ser submetido a Conselho de Justi- e paramédicos necessários;
ficação, poderá ser afastado do exercício de suas funções f) o funeral para si, constituindo-se no conjunto de
automaticamente ou a critério do Comandante-Geral da medidas tomadas pelo Estado, quando solicitado, desde o
Polícia Militar, conforme estabelecido em lei específica. óbito, até o sepultamento condigno;
§ 2º - Compete ao Tribunal de Justiça do Estado julgar g) a alimentação, assim entendidas como refeições
os processos oriundos dos Conselhos de Justificação, na fornecidas aos policiais militares em atividades; h) o farda-
forma estabelecida em lei específica. mento, constituindo-se no conjunto de uniformes, roupa
§ 3º - O Conselho de Justificação também poderá ser branca e roupa
aplicado aos Oficiais reformados e na reserva remunerada. de cama, fornecido ao policial militar na ativa, quando
Art. 48 - O Aspirante-a-Oficial PM bem como as Praças Praça, até a graduação de 1º Sargento PM, inclusive;
com estabilidade assegurada, presumivelmente incapazes i) a moradia para o policial militar em atividade, com-
de permanecer como policiais-militares da ativa, serão sub- preendendo:
metidos a Conselho de Disciplina, na forma da legislação 1) alojamento em organização policial militar, quando
específica. aquartelado;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

2) habitação para si e seus dependentes, em imóvel do § 3º- O policial-militar da ativa que, nos casos cabíveis,
Estado, de conformidade com a disponibilidade existente; se dirigir ao Poder Judiciário, deverá participar, antecipa-
j) o transporte, assim entendido como os meios forne- damente, esta iniciativa à autoridade à qual estiver subor-
cidos ao policial militar para seu deslocamento por inte- dinado.
resse do serviço, quando o deslocamento implicar em mu- Art. 51 - Os policiais-militares são alistáveis como elei-
danças de sede ou de moradia; compreende também, as tores, desde que Oficiais, Aspirantes-a-Oficial, Subtenen-
passagens para seus dependentes definidos no § 2º deste tes, Sargentos ou Alunos de curso de nível superior para
artigo e a translação das respectivas bagagens, de residên- formação de Oficiais.
cia `a residência; Parágrafo único - Os policiais-militares alistáveis são
l) a constituição de pensão policial militar; elegíveis, atendidas as seguintes condições:
m) a promoção; a) o policial-militar que tiver menos de 5 (cinco) anos
n) a transferência a pedido para a reserva remunerada; de efetivo serviço será, ao se candidatar a cargo eletivo,
o) as férias, os afastamentos temporários do serviço e excluído do serviço ativo, mediante demissão ou licencia-
as licenças; mento “exofficio”.
a demissão e o licenciamento voluntários; b) o policial-militar em atividade, com 5 (cinco) ou mais
q) o porte de arma, quando Oficial, em serviço ativo anos de efetivo serviço, ao se candidatar a cargo eletivo,
ou em inatividade, salvo caso de inatividade por alienação será afastado, temporariamente, do serviço ativo e agrega-
mental ou condenação por crime contra a segurança do do, considerado em licença para tratar de interesse parti-
Estado ou por atividades que desaconselhem aquele porte; cular; se eleito, será, no ato da diplomação, transferido para
r) o porte de armas, pelas Praças, com as restrições im- a reserva remunerada, percebendo a remuneração a que
postas pela Polícia Militar; fizer jús, em função do seu tempo de serviço.
s) outros direitos previstos em legislação específica;
t) assistência jurídica nos crimes praticados no exercí- SEÇÃO I
cio ou em decorrência da unção policial militar. DA REMUNERAÇÃO
§ 1º - A percepção da remuneração correspondente ao
grau hierárquico superior ou melhoria da mesma, a que se Art. 52 - A remuneração dos Policiais-Militares com-
refere o inciso II, obedecerá às seguintes condições: preende vencimentos ou proventos, indenizações e outros
a) o Oficial que contar mais de 30 (trinta) anos de ser- direitos e é devida em bases estabelecidas em lei específica.
viço, após o ingresso na inatividade, terá seus proventos § 1º - Os policiais-militares na ativa percebem remune-
calculados sobre o soldo correspondente ao posto imedia- ração constituída pelas seguintes parcelas:
to, se na Polícia 1. Mensalmente:
Militar existir posto superior ao seu, mesmo que de ou- a) vencimentos, compreendendo soldo e gratificações;
tro Quadro. Se ocupante do último posto da hierarquia da b) indenizações;
Corporação, o Oficial terá os proventos calculados, toman- 2. Eventualmente, outras indenizações.
do-se por base o soldo do seu próprio posto acrescido de § 2º- Os policiais-militares em inatividade percebem
20% (vinte por cento); remuneração, constituída pelas seguintes parcelas:
b) os Subtenentes PM, quando transferidos para a 1. Mensalmente:
inatividade, terão os proventos calculados sobre o soldo a) proventos, compreendendo soldo ou quotas do sol-
correspondente ao posto de Segundo-Tenente, desde que do, gratificações e indenizações incorporáveis; e
contem com mais de 30 (trinta) anos de serviço; b) adicional de inatividade.
c) as demais Praças, que contem mais de 30 (trinta) 2. eventualmente, auxílio invalidez.
anos de serviço, ao serem transferidas para a inatividade, § 3º - Os policiais-militares receberão salário-família de
terão os proventos calculados sobre o soldo corresponden- conformidade com a lei que o rege.
te à graduação imediatamente superior. Art. 53 - O auxílio-invalidez, atendidas as condições es-
Art. 50 - O policial-militar que se julgar prejudicado ou tipuladas na lei específica que trata da remuneração dos
ofendido por qualquer ato administrativo ou disciplinar de policiais-militares, será concedido ao policial-militar que,
superior hierárquico, poderá recorrer ou interpor pedido quando em serviço ativo, tenha sido ou venha a ser re-
de reconsideração, queixa ou representação, segundo a le- formado por incapacidade definitiva e considerado inváli-
gislação vigente na Corporação. do em razão de impossibilidade, total e permanente, para
§ 1º- O direito de recorrer na esfera administrativa qualquer trabalho, não podendo prover os meios de sub-
prescreverá: sistência.
a) em 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimen- Art. 54 - O soldo é irredutível e não está sujeito a pe-
to da comunicação oficial, quanto a ato que decorra da nhora, sequestro ou arresto, exceto nos casos previstos em
composição de Quadro de Acesso; lei.
b) em 120 (cento e vinte) dias corridos, nos demais ca- Art. 55 - O valor do soldo é igual para o policial-mili-
sos. tar da ativa, da reserva remunerada ou reformado, de um
§ 2º - O pedido de reconsideração, a queixa e a repre- mesmo grau hierárquico, ressalvado o disposto no inciso
sentação não podem ser feitos coletivamente. II, do art. 49.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 56 - É proibido acumular remuneração de inativi- § 1º - Compete ao Comandante-Geral da Polícia Militar


dade. a regulamentação da concessão das férias anuais.
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica § 2º - A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo
aos policiais-militares da reserva remunerada e aos refor- anterior de licenças para tratamento de saúde, por punição
mados, quanto ao exercício de mandato eletivo, quanto ao anterior decorrente de transgressão disciplinar, pelo estado
de função de magistério ou cargo em comissão ou quanto de guerra ou para que sejam cumpridos atos de serviço,
ao contrato para prestação de serviços técnicos ou espe- bem como não anula o direito àquelas licenças.
cializados. § 3º- Somente em casos de interesse da Segurança Na-
Art. 57 - Os proventos da inatividade serão revistos, cional, de manutenção da ordem, de estrema necessidade
sempre que, por motivo de alteração do poder aquisitivo do serviço ou de transferência para a inatividade, os poli-
da moeda, se modificarem os vencimentos dos policiais- ciais-militares terão interrompido ou deixarão de gozar, na
militares em serviço ativo. época prevista, o período de férias a que tiveram direito,
Parágrafo único - Ressalvados os casos previstos em registrando-se então o fato em seus assentamentos.
lei, os proventos da inatividade não § 4º- Na impossibilidade absoluta do gozo de férias no
poderão exceder a remuneração percebida pelo poli- ano seguinte ou no caso de sua interrupção pelos motivos
cial-militar da ativa no posto ou na graduação correspon- previstos, o período de férias não gozado será computado
dente ao dos seus proventos. dia-a-dia, pelo dobro, no momento da passagem do poli-
cial-militar para a inatividade e somente para esse fim.
SEÇÃO II Art. 62 - Os policiais-militares têm direito, ainda, aos
DA PROMOÇÃO seguintes períodos de afastamento total do serviço, obede-
cidas as disposições legais e regulamentares por motivo de:
Art. 58 - O acesso na hierarquia policial-militar é sele- I - Núpcias: 8 (oito) dias;
tivo, gradual e sucessivo e será feito mediante promoções, II - Luto: 8 (oito) dias;
de conformidade com o disposto na legislação e regula- III - Instalação: 10 (dez) dias;
mentação de promoções de Oficiais e de Praças, de modo
IV - Trânsito: até 30 (trinta) dias.
a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para
Parágrafo único - O afastamento do serviço por moti-
os policiais-militares a que esses dispositivos se referem.
vo de núpcias ou luto será concedido, no primeiro caso, se
§ 1º- O planejamento da carreira dos Oficiais e das Pra-
solicitado por antecipação à data do evento, e, no segundo
ças, obedecidas as disposições da legislação e regulamen-
caso, tão logo a autoridade à qual estiver subordinado o
tação a que se refere este artigo, é atribuição do Comando
policial-militar tenha conhecimento do óbito.
Geral da Polícia Militar.
Art. 63 - As férias e os outros afastamentos menciona-
§ 2º- A promoção é um ato administrativo e tem como
dos nesta Seção são concedidos com a remuneração pre-
finalidade básica a seleção dos policiais-militares para o
exercício de funções pertinentes ao grau hierárquico su- vista na legislação específica e computados como tempo de
perior. efetivo serviço para todos os efeitos legais.
Art. 59 - As promoções serão efetuadas pelos critérios
de antiguidade e merecimento ou, ainda, por bravura e SEÇÃO IV
“post-mortem”. DAS LICENÇAS
§ 1º- Em casos extraordinários, poderá haver promoção
por ressarcimento de preterição. Art. 64 - Licença é a autorização para o afastamento to-
§ 2º- A promoção de policial-militar feita em ressarci- tal do serviço, em caráter temporário, concedida ao policial-
mento de preterição será efetuada militar, obedecidas as disposições legais e regulamentares.
segundo os princípios de antiguidade e de merecimen- § 1º - A licença pode ser:
to, recebendo ele o número que lhe competir na escala a) especial;
hierárquica, como se houvesse sido promovido na época b) para tratar de interesse particular;
devida pelo princípio em que ora é feita sua promoção. c) para tratamento de saúde de pessoa da família;
Art. 60 - Não haverá promoção de policial-militar por d) para tratamento da própria saúde;
ocasião de sua transferência para a reserva remunerada ou § 2º- A remuneração do policial-militar, quando no
de sua reforma. gozo de qualquer das licenças constantes do parágrafo an-
terior, será regulada em legislação específica.
SEÇÃO III Art. 65 - A licença especial é a autorização para afasta-
DAS FÉRIAS E OUTROS AFASTAMENTOS TEMPO- mento total do serviço, relativa a cada decênio de tempo de
RÁRIOS DO SERVIÇO efetivo serviço prestado, concedida ao policial-militar que
a requerer, sem que implique em qualquer restrição para a
Art. 61 - As férias são afastamentos totais do serviço, sua carreira.
anual e obrigatoriamente concedidos aos policiais-milita- § 1º- A licença especial tem a duração de 6 (seis) meses
res para descanso, a partir do último mês do ano a que se podendo ser parcelada em 2 (dois) ou 3 (três) meses por
referem e no decorrer de todo o ano seguinte, durante 30 ano civil, quando solicitado pelo interessado e julgado con-
(trinta) dias consecutivos. veniente pelo Comandante-Geral da Corporação.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 2º- O período de licença especial não interrompe a § 2º - Todos os policiais-militares são contribuintes
contagem do tempo de efetivo serviço. obrigatórios da pensão policialmilitar correspondente ao
§ 3º- Os períodos de licença especial não gozados pelo seu posto ou graduação, com as exceções previstas na lei
policial-militar são computados em dobro para fins exclusi- peculiar.
vos da contagem de tempo para a passagem a inatividade e, § 3º - Todo policial-militar é obrigado a fazer sua de-
nesta situação, para todos os efeitos legais. claração de beneficiários que, salvo prova em contrário,
§ 4º - A licença especial não é prejudicada pelo gozo prevalecerá para a habilitação dos mesmos à pensão po-
anterior de licenças para tratamento de saúde ou para que licial-militar.
sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o
direito àquelas licenças. CAPÍTULO II
§ 5º - Uma vez concedida a licença especial, o policial- DAS PRERROGATIVAS
militar será exonerado do cargo ou dispensado do exercício
das funções que exerce e ficará a disposição do órgão de Art. 70 - As prerrogativas dos policiais-militares são
pessoal da Polícia Militar. constituídas pelas honras, dignidades e distinções devidas
§ 6º - A concessão da licença especial é regulada pelo aos graus hierárquicos e cargos.
Comandante-Geral da Polícia Militar, de acordo com o inte- Parágrafo único - São prerrogativas dos policiais-mi-
resse do serviço. litares:
Art. 66 - A licença para tratar de interesse particular é a a) uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e em-
autorização para afastamento total do serviço, concedida ao blemas policiais-militares da Polícia Militar, correspondente
policial-militar com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço, ao posto ou à graduação;
que a requerer com aquela finalidade. b) honras tratamentos e sinais de respeito que lhes se-
§ 1º - A licença será sempre concedida com prejuízo da jam assegurados em leis e regulamentos;
remuneração e da contagem do tempo de efetivo serviço. c) cumprimento de prisão, reclusão ou detenção so-
§ 2º - A concessão de licença para tratamento de inte- mente em organização policial-militar, cujo Comandante,
resse particular é regulada pelo Comandante-Geral da Polí- Chefe ou Diretor tenha precedência hierárquica sobre o
cia Militar, de acordo com o interesse do serviço. preso ou detido;
Art. 67 - As licenças poderão ser interrompidas a pedido d) julgamento em foro especial, nos crimes militares.
ou nas condições estabelecidas neste artigo. Art. 71 - Somente em caso de flagrante delito, o poli-
§ 1º - A interrupção da licença especial ou de licenças cial-militar poderá ser preso por autoridade policial, fican-
para tratamento de interesse particular poderá ocorrer: do esta obrigada a entregá-lo imediatamente à autoridade
a) em caso de mobilização e estado de guerra; policial-militar mais próxima, só podendo retê-lo na dele-
b) em caso de decretação de estado de sítio; gacia ou posto policial, durante o tempo necessário à lavra-
c) em caso de emergente necessidade de segurança pú- tura do flagrante.
blica; § 1º - Cabe ao Comandante-Geral da Polícia Militar a
d) para cumprimento de sentença que importe em res- iniciativa de responsabilizar a autoridade policial que não
trição da liberdade individual; cumprir o disposto neste artigo e que maltratar ou con-
e) para cumprimento de punição disciplinar, conforme sentir que seja maltratado qualquer preso policial-militar
regulado pelo Comandante-Geral da Polícia Militar; ou não lhe der o tratamento devido ao seu posto ou à sua
f) em caso de pronúncia em processo criminal ou in- graduação.
diciação em inquérito policial-militar, a juízo da autoridade § 2º - Se, durante o processo e julgamento no foro civil,
que efetivar a pronúncia ou a indiciação. houver perigo de vida para qualquer preso policial-militar,
§ 2º - A interrupção da licença para tratamento de saúde o Comandante-Geral da Polícia Militar providenciará, junto
de pessoa da família, para cumprimento de pena disciplinar ao Secretário de Estado da Segurança Pública, os entendi-
que importe restrição da liberdade individual, será regulada mentos com a autoridade judiciária visando à guarda dos
na legislação da Polícia Militar. pretórios ou tribunais por força policial-militar.
Art. 68 - A concessão das licenças de que trata esta Se- Art. 72 - Os policiais-militares da ativa no exercício de
ção é da competência do funções policiais-militares são dispensados do serviço de
Comandante-Geral da Polícia Militar. Júri na Justiça Civil e dos serviços na Justiça Eleitoral.

SEÇÃO IV SEÇÃO ÚNICA


DA PENSÃO POLICIAL MILITAR DO USO DOS UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR

Art. 69 - A pensão policial-militar destina-se a amparar Art. 73 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus dis-
os beneficiários do policialmilitar falecido ou extraviado e tintivos, insígnias e emblemas são privativos dos policiais-
será paga de acordo com a legislação que rege o Instituto militares e representam o símbolo da autoridade policial-
de Previdência dos Servidores do Estado. militar com as prerrogativas que lhe são inerentes.
§ 1º - Para fins de aplicação da lei referente à pensão Parágrafo único - Constituem crimes previstos na le-
policial-militar, será considerado como posto ou graduação gislação específica o desrespeito aos uniformes, distintivos,
do policial-militar o correspondente ao soldo sobre o qual insígnias e emblemas policiais-militares, bem como seu
forem calculadas suas contribuições. uso por quem a eles não tiver direito.

19
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 74 - O uso dos uniformes com seus distintivos, IV - o órgão competente para formalizar o processo ti-
insígnias e emblemas, bem como os modelos, descrição, ver conhecimento oficial do pedido de transferência do po-
composição, peças e acessórios e outras disposições são es- licial militar para a reserva.
tabelecidos na regulamentação específica da Polícia Militar. § 2º - a agregação do policial militar, no caso do inciso
§ 1º- É proibido ao policial-militar o uso de uniformes. I, é contada a partir da data de assunção do novo cargo ou
a) em reuniões, propaganda ou qualquer outra mani- função, até o regresso à Polícia Militar, ou a transferência
festação de caráter políticopartidário; ex-officio para a reserva;
b) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades § 3º - a agregação de policial militar, no caso do inciso
militares e policiais-militares e, quando autorizado, a ceri- II, é contada a partir do primeiro dia após ultrapassado o
mônias cívicas comemorativas de datas nacionais ou a atos prazo de seis (6) meses da data de assunção do novo cargo;
sociais solenes de caráter particular; § 4º - a agregação de policial militar, no caso do inciso
c) no estrangeiro, quando em atividades não relaciona- III, é contada a partir da data indicada no ato que tornar
das com a missão do policialmilitar, salvo quando expressa- público o respectivo evento;
mente determinado ou autorizado. § 5º - a agregação de policial militar, no caso do inciso
§ 2º- Os policiais-militares na inatividade, cuja conduta IV, é contada a partir da data iniciada no ato que tornar
possa ser considerada como ofensiva à dignidade da classe, público a comunicação oficial até a transferência para a re-
poderão ser definitivamente proibidos de usar uniformes, serva.
por decisão do Comandante-Geral da Polícia Militar. Art. 78 - O policial militar será agregado quando afasta-
Art. 75 - O policial-militar fardado tem as obrigações do temporariamente do serviço ativo por motivo de:
correspondentes ao uniforme que usa e aos distintivos, em- I - ter sido julgado incapaz temporariamente, após um
blemas ou insígnias que ostente. ano contínuo de tratamento de saúde;
Art. 76 - É vedado a qualquer elemento civil ou organi- II - haver ultrapassado um ano contínuo de licença para
zações civis usar uniformes ou ostentar distintivos, equipa- tratamento de saúde própria;
mentos, insígnias ou emblemas que possam ser confundi- III - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos de li-
cença para tratamento de interesse particular;
dos com os adotados na Polícia Militar.
IV - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em li-
Parágrafo único - São responsáveis pela infração das
cença para tratamento de saúde pessoa da família;
disposições deste artigo os diretores ou chefes de repar-
V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto
tições, organizações de qualquer natureza, firmas ou em-
tramita o processo de reforma;
pregadores, empresas e institutos ou departamentos que
VI - ter sido considerado oficialmente extraviado;
tenham adotado ou consentido sejam usados uniformes
VII - haver sido esgotado o prazo que caracteriza o cri-
ou ostentados distintivos, equipamentos, insígnias ou em-
me de deserção previsto no Código
blemas que possam ser confundidos com os adotados na
Penal Militar, se Oficial ou Praça com estabilidade as-
Polícia Militar. segurada.
VIII - como desertor, ter-se apresentado voluntariamen-
TÍTULO IV te, ou ter sido capturado e reincluído a fim de se ver pro-
DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS cessar;
CAPÍTULO I IX - se ver processar, após ficar exclusivamente à dispo-
DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS sição da Justiça Comum;
SEÇÃO I X - ter sido condenado a pena restritiva da liberdade
DA AGREGAÇÃO superior a 6 (seis) meses, em sentença transitada em jul-
gado, enquanto durar a execução, excluído o período de
(Toda esta Seção foi alterada pela Lei nº 5.209/83) sua suspensão condicional, se concedida esta, ou até ser
Art. 77 - A agregação é a situação na qual o policial-mi- declarado indigno de pertencer à Polícia Militar ou com ele
litar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do incompatível;
seu quadro, nela permanecendo sem número. XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exer-
§ 1º - O policial-militar será agregado e considerado cício do posto, graduação, cargo ou função, prevista no Có-
para todos os efeitos legais como em serviço ativo, quando: digo Penal Militar;
1 - for nomeado ou designado para exercer cargo ou XII - ter passado à disposição de qualquer Ministério
função policial militar, ou considerado de interesse ou de civil , de Órgão do Governo federal, dos Governos estaduais,
natureza policial militar, fora do âmbito da Corporação, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, para
quando a permanência, no novo cargo ou função, for pre- exercer função de natureza civil;
sumivelmente, por tempo superior a seis (6) meses; XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo público civil
II - houver ultrapassado seis (6) meses contínuos à dis- temporário, não eletivo, inclusive da administração indireta;
posição exclusiva de outra Corporação para ocupar cargo XIV - ter-se candidatado a cargo eletivo, desde que
policial militar ou de natureza policial militar; conte 5 (cinco) ou mais anos de efetivo serviço;
III - aguardar transferência “ex-officio” para a reserva § 1º - A agregação de policial-militar, nos casos dos in-
remunerada, por ter sido enquadrado em quaisquer dos re- cisos I, II, III e IV é contada a partir do primeiro dia após os
quisitos que a motivaram; e respectivos prazos e enquanto durar o evento;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 2º - A agregação de policial-militar, nos casos dos VI - Tendo cessado o motivo que determinou sua reforma
incisos V, VI, VII, VIII, IX , X e XI, é contada a partir da data por incapacidade definitiva, retorna aos respectivo Quadro es-
indicada no ato que tornar público o respectivo evento; tando este com seu efetivo completo.
§ 3º - A agregação de policial-militar, nos casos dos § 1º - O policial-militar cuja situação é a de excedente,
incisos XII e XIII, é contada a partir da data de assunção do salvo o indevidamente promovido, ocupa a mesma posição
novo cargo ou função , até o regresso à Polícia Militar, ou relativa em antiguidade, que lhes cabe na escala hierárquica,
transferência exofficio para a reserva; e receberá o número que lhe competir em consequência da
§ 4º - A agregação de policial-militar, no caso do inciso primeira vaga que se verificar.
XIV, é contada a partir da data do registro como candida- § 2º - O policial-militar, cuja situação é a de excedente, é
to até sua diplomação ou regresso à Polícia Militar, se não considerado, para todos os efeitos, como em efetivo serviço
houver sido eleito; e concorre, respeitados os requisitos legais, em igualdade de
§ 5º - Aplicam-se aos policiais militares agregados, na condições e sem nenhuma restrição, a qualquer cargo poli-
forma deste artigo, as restrições impostas ao pessoal das cial-militar, bem como à promoção, e à quota compulsória,
Forças Armadas quando nas mesmas situações. quando for o caso.
Art. 79 - O policial-militar agregado, fica sujeito às § 3º - O policial-militar promovido por bravura, sem haver
obrigações disciplinares concernentes às suas relações com vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocando o critério de
outros policiais-militares e autoridades civis, salvo quando promoção a ser seguido, para a vaga seguinte.
titular de cargo que lhe dê precedência funcional sobre os § 4º - O policial-militar promovido indevidamente só
outros policiais-militares mais graduados ou mais antigos. contará antiguidade e receberá o número que lhe competir
§ 1º - o policial militar agregado ficará adido, para efei- na escala hierárquica, quando a vaga que deverá preencher,
to de alterações e remuneração, à organização policial mili- corresponder ao critério pelo qual deveria ter sido promovido,
tar que lhe for designada, continuando a figurar no respec- desde que satisfaça aos requisitos para a promoção.
tivo registro, sem número, no lugar que até então ocupava;
§ 2º - A agregação se faz por ato do Governador do Es- SEÇÃO IV
tado, no caso de Oficiais, e pelo Comandante-Geral quan- DO AUSENTE E DO DESERTOR
do se tratar de Praças.
Art. 83 - É considerado ausente o policial-militar que, por
mais de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas:
SEÇÃO II
I - Deixar de comparecer à sua Organização Policial-Mili-
DA REVERSÃO
tar, sem comunicar qualquer motivo de impedimento;
II - Ausentar-se, sem licença, da Organização Policial-Mili-
Art. 80 - Reversão é o ato pelo qual o policial-militar
tar onde serve ou local onde deve permanecer.
agregado retorna ao respectivo quadro, tão logo cesse o Parágrafo único - O policial-militar é considerado deser-
motivo que determinou a sua agregação, voltando a ocu- tor nos casos previstos na legislação penal militar.
par o lugar que competir na respectiva escala numérica, na Art. 84 - Decorrido o prazo mencionado no artigo ante-
primeira vaga que ocorrer. rior, serão observadas as formalidades previstas na legislação
Parágrafo único - A qualquer tempo poderá ser deter- específica.
minada a reversão do policial-militar agregado, nos casos
previstos nos incisos IX, XII e XIII, do artigo 78. SEÇÃO V
Art. 81 - A reversão será efetuada mediante ato do DO DESAPARECIMENTO E DO EXTRAVIO
Governador do Estado ou do Comandante Geral da Polícia
Militar, quando se tratar respectivamente, de Oficiais ou de Art. 85 - É considerado desaparecido o policial-militar da
Praças. ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem,
SEÇÃO III em operações policiais-militares ou em caso de calamidade
DO EXCEDENTE pública, tiver paradeiro ignorado por mais de 8 (oito) dias.
Parágrafo único - O policial-militar que, na forma deste
Art. 82 - Excedente é a situação transitória a que, auto- anterior, permanecer desaparecido por mais de 30 (trinta)
maticamente, passa o policial militar que: dias, será oficialmente considerado extraviado.
I - Tendo cessado o motivo que determinou a sua agre- Art. 86 - A situação de desaparecimento só será conside-
gação, reverte ao respectivo Quadro, estando este com seu rada, quando não houver indício de deserção.
efetivo completo;
II - Aguarda a convocação a que faz jus na escala hie- CAPÍTULO II
rárquica após haver sido transferido de Quadro, estando o DO DESLIGAMENTO OU EXCLUSÃO DO SERVIÇO
mesmo com seu efetivo completo. ATIVO
III - É promovido por bravura, sem haver vaga;
IV - É promovido indevidamente; Art. 87 - O desligamento ou a exclusão do serviço ativo
V - Sendo o mais moderno da respectiva escala hie- da Polícia Militar é feito em consequência de:
rárquica, ultrapassa o efetivo de seu Quadro, em virtude I - transferência para a reserva remunerada;
de promoção de outro policial-militar em ressarcimento de II - Reforma;
preterição. III - Demissão;

21
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IV - Perda do posto ou patente;


V - Licenciamento;
VI - Exclusão a bem da disciplina;
VII - Deserção;
VIII - Falecimento;
IX - Extravio.
Parágrafo único - O desligamento do serviço ativo será processado após a expedição de ato do Governador do Estado
ou de autoridade à qual tenham sido delegados poderes para isso.
Art. 88 - A transferência para a reserva remunerada ou a reforma não isenta o policialmilitar da indenização dos prejuí-
zos causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem do pagamento das pensões decorrentes de sentença judicial.
Art. 89 - O policial-militar da ativa, enquadrado em um dos incisos I, II e V do art. 87 ou demissionário a pedido, conti-
nuará no exercício de suas funções até ser desligado da Organização Policial-Militar em que serve.
Parágrafo único - O desligamento da Organização Policial-Militar em que serve deverá ser feito após a publicação em
Diário Oficial ou em Boletim da Corporação, do ato oficial correspondente, e não poderá exceder de 45 (quarenta e cinco)
dias da data da primeira publicação oficial.

SEÇÃO I
DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA

Art. 90 - A passagem do policial-militar à situação de inatividade mediante transferência para a reserva remunerada
efetua-se:
I - A pedido;
II - “ Ex-officio ”.
Art. 91 - A transferência para a reserva remunerada, a pedido será concedida, mediante requerimento, ao policial-mili-
tar que conte, no mínimo 30 (trinta) anos de serviço.
§ 1º - No caso de haver o policial-militar realizado qualquer curso ou estágio de duração superior a 6 (seis) meses, por
conta do Estado, no Exterior, e não tendo decorrido 3 (três) anos de seu término, a transferência para a reserva remunerada
só será concedida mediante indenização de todas as despesas correspondentes à realização do referido curso ou estágio,
inclusive as diferenças de vencimentos.
§ 2º - Não será concedida a transferência para a reserva remunerada, a pedido, ao policialmilitar que:
a) estiver respondendo a inquérito ou processo em qualquer jurisdição;
b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza.
Art. 92 - A transferência “ex-officio” para a reserva remunerada verificar-se-á sempre que o policial-militar incidir nos
seguintes casos:
I - Atingir as seguintes idades limites:
a) no Quadro de Oficiais Policiais-Militares (QOPM) e no Quadro de Saúde:

b) no Quadro de Oficiais Especialistas (QOE) e no Quadro de Oficiais de Administração (QOA):

c) para as Praças

22
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II - Ter ultrapassado ou vier a ultrapassar: § 6º - Na hipótese do parágrafo anterior, quando exo-


a) o Oficial superior, 8 (oito) anos de permanência no nerado do cargo de Comandante Geral, o coronel PM será
último posto previsto na hierarquia do seu Quadro, desde agregado e transferido para a reserva remunerada “ ex-ofí-
que, também, conte ou venha a contar 30 (trinta) ou mais cio ”. ( este parágrafo foi acrescentado pela Lei nº 6.053,
anos de serviço; de 18.12.1990).
b) o Oficial intermediário, 6 (seis) anos de permanência Art. 93 - O Governador do Estado poderá transferir,
no posto, quando este for o último da hierarquia de seu compulsoriamente, para a reserva remunerada, anualmen-
Quadro, desde que, também, conte ou venha a contar 30 te, para efeito de renovação e regularidade de acesso nos
(trinta) ou mais anos de serviço. diferentes
III - For o Oficial considerado não habilitado para o Quadros, Corpos e Serviços;
acesso, em caráter definitivo, no momento em que vier a ser I - Um Tenente-Coronel, combatente ou não comba-
objeto de apreciação para ingresso em Quadro de Acesso; tente, que tenha ultrapassado 8 (oito) anos de permanên-
IV - Ultrapassar 2 (dois) anos contínuos ou não, em li- cia no posto e conte mais de 30 (trinta) anos de serviço.
cença para tratar de interesse particular. II - Um Major, combatente ou não combatente, que te-
V - Ultrapassar 2 (dois) anos contínuos em licença para nha ultrapassado 7 (sete) anos de permanência no posto e
tratamento de saúde de pessoa da família. conte mais de 30 (trinta) anos de serviço.
VI - ser empossado em cargo público permanente, es- Parágrafo único - Na escolha dos oficiais para a trans-
tranho à sua carreira, cujas funções sejam de magistério. ferência para a reserva remunerada de que trata este arti-
VII - ultrapassar 2 (dois) anos de afastamento, contí- go, deverá ser observado o seguinte:
nuos ou não, agregado em virtude de ter sido empossado a) Tenente-Coronel, dentre os Oficiais que se encon-
em cargo público civil temporário, não eletivo, inclusive de tram na situação do inciso I, o mais idoso, e, em igualdade
Administração indireta. de condições, o mais antigo;
VIII - Ser diplomado em cargo eletivo na forma da alí- b) Major, dentre os Oficiais que se encontram na situa-
nea “ b ” do parágrafo único do art.51. ção do inciso II, o mais idoso, e, em igualdade de condi-
IX - Após 3 (três) indicações para frequentar os Cursos:
ções, o mais antigo.
Superior de Polícia, Aperfeiçoamento de Oficiais e Aperfei-
Art. 94 - A transferência do policial-militar para a reser-
çoamento de Sargentos, não os completar, ou não aceitar
va remunerada poderá ser suspensa na vigência de estado
as indicações, ressalvando-se que a terceira indicação e a
de guerra ou estado de sítio ou em caso de mobilização.
transferência para a reserva remunerada
Art. 95 - O Oficial da reserva remunerada poderá ser
dependerão de estudos das Comissões de Promoções e
convocado para o serviço ativo por ato do Governador do
de decisão do Comandante-Geral.
§ 1º- A transferência para a reserva remunerada proces- Estado para compor Conselho de Justificação ou para ser
sar-se-á na medida em que o policial-militar for enquadra- encarregado de
do em um dos incisos deste artigo. Inquérito Policial Militar ou incumbido de outros pro-
§ 2º- A transferência para a reserva remunerada do po- cessos administrativos, na falta de Oficial da ativa em si-
licial-militar enquadrado no inciso tuação hierárquica compatível com a do Oficial envolvido.
VI será efetivada no posto ou na graduação que tinha § 1º - O Oficial convocado nos termos deste artigo terá
na ativa, podendo acumular os proventos a que fizer jus os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierár-
na inatividade com a remuneração do cargo para que foi quica, exceto quanto a promoção, a que não concorrerá, e
nomeado. contará como acréscimo esse tempo de serviço.
§ 3º- A nomeação do policial-militar para os cargos de § 2º - A convocação de que trata este artigo terá a du-
que tratam os incisos VI e VII somente poderá ser feita: ração necessária ao cumprimento da atividade que lhe deu
a) pela autoridade federal competente, mediante re- origem, não devendo ser superior ao prazo de 12 (doze)
quisição ao Governador do Estado, quando o cargo for da meses, dependerá da anuência do convocado e será prece-
alçada federal; dida de inspeção de saúde.
b) pelo Governador do Estado ou mediante sua autori-
zação, nos demais casos. SEÇÃO II
§ 4º - Enquanto o policial-militar permanecer no cargo DA REFORMA
de que trata o inciso VII:
a) é-lhe assegurada a opção entre a remuneração do Art. 96 - A passagem do policial-militar à situação de
cargo e a do posto ou da graduação. inatividade, mediante reforma, efetua-se “ex-officio”.
b) somente poderá ser promovido por antiguidade; Art. 97 - A reforma de que trata o artigo anterior será
c) o tempo de serviço é contado apenas para aquela aplicada ao policial-militar que:
promoção e para a transferência para a inatividade. I - Atingir as seguintes idades-limites de permanência
§ 5º - O Coronel PM que estiver exercendo o cargo de na reserva remunerada:
Comandante Geral da Polícia Militar do Estado e incidir na a) para Oficial Superior, 64 anos;
alínea “ a “do inciso II, deste artigo, poderá a critério do Go- b) para Capitão e Oficial subalterno, 60 anos;
vernador do Estado, continuar no serviço ativo e no exercí- c) para Praças, 56 anos.
cio do cargo, ficando excedente ao seu Quadro. ( este pará- II - For julgado incapaz definitivamente para o serviço
grafo foi acrescentado pela Lei nº 6.053, de 18.12.1990). ativo da Polícia Militar.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

III - Estiver agregado por mais de 2 (dois) anos, por ter § 3º- O parecer definitivo a adotar, nos casos de tuber-
sido julgado incapaz temporariamente, mediante homolo- culose, para os portadores de lesões aparentemente ina-
gação da Junta de Saúde, ainda que se trate de moléstia tivas, ficará condicionado a um período de consolidação
curável. extra-nosocomial nunca inferior a 6 (seis) meses, contados
IV - For condenado à pena de reforma, prevista no Có- a partir da época da cura.
digo Penal Militar, por sentença passada em julgado. § 4º- Considera-se alienação mental todo caso de dis-
V- Sendo Oficial, e tiver determinado o Tribunal de Jus- túrbio mental ou neuro-mental grave persistente, no qual,
tiça do Estado, em julgamento que haja efetuado, em con- esgotados os meios habituais de tratamento, permaneça
sequência do Conselho de Justificação a que foi submetido alteração completa ou considerável na personalidade, des-
aquele. truindo a auto-determinação do pragmatismo e tornando
VI - Sendo Aspirante-a-Oficial ou Praça com estabilida- o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
de assegurada, for para tal indicado ao Comandante-Geral, qualquer trabalho.
em julgamento do Conselho de Disciplina. § 5º - Ficam excluídas do conceito de alienação mental
Parágrafo único - O policial-militar reformado na forma as epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pelas
dos incisos V e VI, só poderá readquirir a situação policial- Juntas de Saúde.
militar anterior por outra sentença do Tribunal de Justiça § 6º- considera-se paralisia todo caso de neuropatia
do Estado e nas condições nela estabelecidas, ou por deci- grave e definitiva que afeta a motilidade, sensibilidade,
são do Comandante-Geral, respectivamente. troficidade e mais funções nervosas, e no qual, esgotados
Art. 98 - Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão de os meios habituais de tratamento, permaneçam distúrbios
pessoal da Corporação organizará a relação dos policiais- graves, extensos e definitivos, que tornem o indivíduo total
militares que houverem atingido a idade-limite de perma- e permanentemente impossibilitado para qualquer traba-
nência na reserva remunerada, a fim de serem reformados. lho.
Parágrafo único - A situação de inatividade do poli- § 7º- São também equiparados às paralisias os casos
cial-militar da reserva remunerada, quando reformado por de afecção ósteo-músculo-articulares
limite de idade, não sofre solução de continuidade, exceto graves e crônicos (reumatismo graves e crônicos ou
progressivos e doenças similares), nos quais, esgotados
quanto às condições de convocação.
os meios habituais de tratamento, permaneçam distúrbios
Art. 99 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em
extensos e definitivos, quer ósteo-músculo-articulares resi-
consequência de:
duais, quer secundários das funções nervosas, motilidade,
I - Ferimento recebido na manutenção da ordem pú-
troficidade ou mais funções, que tornem o indivíduo total e
blica ou enfermidade contraída nessa situação ou que nela
permanentemente impossibilitado para qualquer trabalho.
tenha sua causa eficiente.
§ 8º - São equiparados às cegueiras não só os casos de
II - Acidente em serviço. afecções crônicas, progressivas e incuráveis, que conduzi-
III - doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com rão à cegueira total, como também os de visão rudimentar
relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço; que apenas permita a percepção de vultos, não suscetíveis
IV - Tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia ma- de correção por lentes, nem removíveis por tratamento
lígna cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, médico-cirúrgico.
cardiopatia grave, mal de Parkinson, pêndigo, espondiloar- § 9º- O policial-militar que, em inspeção de saúde, for
trose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que declarado portador de moléstia ou lesão, incompatível com
a lei indicar com base nas conclusões da medicina espe- o serviço policial-militar mas curável mediante intervenção
cializada. cirúrgica, e não quiser submeter-se a esta, será julgado in-
V - Acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem capaz definitivamente e excluído e reformado, conforme o
relação de causa e efeito com o serviço. tempo de serviço.
§ 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II e III deste § 10º - No caso do parágrafo anterior, o policial-militar
artigo serão provados por atestado de origem ou inquérito reformado não poderá valer-se, no futuro, dos serviços de
sanitário de origem, sendo os termos do acidente, baixa ao saúde da Polícia Militar, para efeito de tratamento recusado,
hospital, papeletas de tratamento nas enfermarias e hos- nem reverter à ativa, mesmo quando operado com êxito.
pitais, e os registros de baixa, utilizados como meios de Art. 100 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz
subsidiários para esclarecer a situação. definitivamente por um dos motivos constantes dos inci-
§ 2º - Nos casos de Tuberculose, as Juntas de Saúde sos I, II, III, IV e V do art. 99, será reformado com qualquer
deverão basear seus julgamentos, obrigatoriamente, em tempo de serviço.
observações clínicas, acompanhadas de repetidos exames Art. 101 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz
subsidiários, de modo a comprovar, com segurança, a ati- definitivamente por um dos motivos constantes do inciso
vidade da doença, após acompanhar sua evolução até 3 I do art. 99, será reformado com a remuneração calcula-
(três) períodos de 6 (seis) meses de tratamento clínico-ci- da com base no soldo correspondente ao grau hierárquico
rúrgico metódico, atualizado e, sempre que necessário, no- imediato ao que possuir na ativa.
socomial, salvo quando se tratar de formas “grandemente § 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos pre-
avançadas”, no conceito clínico, e sem qualquer possibili- vistos nos incisos II, III e IV do art. 99 quando, for o poli-
dade de regressão completa, as quais terão parecer ime- cial-militar considerado impossibilitado, total e permanen-
diato de incapacidade definitiva. temente, para qualquer trabalho.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 2º - Considera-se, para efeito deste artigo, o grau I - Segundo-Tenente PM: os Aspirantes-a-Oficial PM.
hierárquico imediato: II - Aspirantes-a-Oficial PM: os Alunos-Oficiais PM.
a) o de Primeiro-Tenente PM, para Aspirante-a-Oficial III - Terceiro-Sargento PM: os alunos do Curso de For-
PM; mação de Sargentos.
b) o de Segundo-Tenente PM, para Subtenente PM, IV - Cabo PM: os alunos do Curso de Formação de Sol-
Primeiro-Sargento PM, Segundo- dados PM.
Sargento PM, Terceiro-Sargento PM;
c) o de Terceiro-Sargento PM, para Cabo PM e Soldado SEÇÃO III
PM. DA DEMISSÃO, DA PERDA DO POSTO E DA DECLA-
§ 3º - Aos benefícios previstos neste artigo e seus pará- RAÇÃO DE INDIGNIDADE OU
grafos poderão ser acrescidos outros relativos à remunera- IMCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO
ção, estabelecidos em lei específicas, desde que o policial-
militar, ao ser reformado, já satisfaça às condições por elas Art. 106 - A demissão da Polícia Militar, aplicada exclu-
exigidas. sivamente aos Oficiais, efetua-se:
Art.102 - O policial-militar da ativa, julgado incapaz de- I - A pedido
finitivamente por um dos motivos constantes do inciso V II - “ Ex-officio ”.
do art. 99, será reformado. Art. 107 - A demissão a pedido será concedida, me-
I - Com remuneração proporcional ao tempo de servi- diante requerimento do interessado;
ço, se Oficial ou Praça com estabilidade assegurada. I - Sem indenização aos cofres públicos quando contar
II - Com remuneração calculada com base no soldo in- mais de 5 (cinco) anos de oficialato.
tegral do posto ou graduação, desde que, com qualquer II - Com indenização das despesas feitas pelo Estado,
tempo de serviço, seja considerado impossibilitado, total e com a sua preparação e formação, quando contar menos
permanentemente, para qualquer trabalho. de 5 (cinco) anos de oficialato.
Art. 103 - O policial-militar reformado por incapacida- § 1º- no caso de o Oficial ter feito qualquer curso ou
de definitiva julgado apto em inspeção de saúde por Junta estágio de duração igual ou superior a 6 (seis) messes ou
Superior, em grau de recurso ou revisão, poderá retornar inferior ou igual a 18 (dezoito) meses, por conta do Estado,
ao serviço ativo ou se transferido para a reserva remunera- e não tendo decorrido mais de 3 (três) anos do seu térmi-
da, conforme dispuser a regulamentação específica. no, a demissão só será concedida mediante indenização de
§ 1º- O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo todas as despesas correspondentes ao referido curso ou
decorrido na situação de reformado estágio, acrescidas, se for o caso, das previstas no inciso II
não ultrapassar 2 (dois) anos e na forma do disposto deste artigo e das diferenças de vencimentos.
no § 1º do art. 82. § 2º - No caso de o Oficial ter feito qualquer curso ou
§ 2º - A transferência para a reserva remunerada, ob- estágio de duração superior a 18 (dezoito) meses, por con-
servado o limite de idade para permanência nessa situação, ta do Estado, aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior,
ocorrerá se o tempo decorrido na situação de reformado se ainda não decorridos mais de 5 (cinco) anos de seu tér-
for ultrapassar 2 (dois) anos. mino.
Art. 104 - O policial-militar reformado por alienação § 3º - O Oficial demissionário, a pedido, será transfe-
mental, enquanto não ocorrer a designação judicial do rido para a reserva, no posto que tinha no serviço ativo,
curador, terá sua remuneração paga aos seus beneficiários, sem direito a qualquer remuneração. ( Nova redação dada
desde que estes o tenham sob sua guarda e responsabili- pela Lei nº 5.042, de 03071981)
dade e lhe dispensem tratamento humano e condigno. § 4º- O direito à demissão a pedido pode ser suspenso,
§ 1º - A interdição judicial do policial-militar reforma- na vigência de estado de guerra, calamidade pública, per-
do por alienação mental deverá ser providenciada junto ao turbação da ordem interna, estado de sítio ou em caso de
Ministério Público, por iniciativa de beneficiários, parentes mobilização.
ou responsáveis, até 60 (sessenta) dias a contar da data do Art. 108 - O Oficial da ativa empossado em cargo pú-
ato de reforma. blico permanente, estranho à sua carreira e cuja função
§ 2º- A interdição judicial do policial-militar e seu inter- não lhe seja de magistério, será imediatamente, mediante
namento em instituição apropriada, policial-militar ou não, demissão “exofficio” por esse motivo transferido para a re-
deverão ser providenciados pela Corporação quando: serva sem direito a remuneração, na qual ingressará com o
a) não houver beneficiários, parentes ou responsáveis; posto que possuía na ativa. ( Nova redação dada pela Lei
b) não forem satisfeitas as condições de tratamento nº 5.042, de 03071981)
exigidas neste artigo. Art. 109 - O Oficial que houver perdido o posto e a
§ 3º . Os processos e os atos de registro de interdição patente, será demitido “ex-officio”, sem direito a qualquer
do policial-militar terão andamento sumário, serão instruí- remuneração ou indenização e terá a sua situação militar
dos com laudo proferido por Junta de Saúde e gozarão de definida pela Lei do Serviço Militar.
isenção de custas. Art. 110 - O Oficial perderá o posto e a patente se for
Art. 105 - Para os fins previstos na presente Seção, as declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível
Praças constantes do Quadro a que se refere o art. 14 são por decisão do Tribunal de Justiça do Estado, em decorrên-
consideradas: cia de julgamento a que tenha sido submetido.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Parágrafo único - O Oficial declarado indigno do oficia- SEÇÃO V


lato ou com ele incompatível, e condenado à perda do pos- DA EXCLUSÃO DA PRAÇA A BEM DA DISCIPLINA
to e patente, só poderá readquirir a situação policial-militar
anterior por outra sentença do Tribunal acima mencionado Art. 115 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada, “ex
e nas condições nela estabelecida. -officio”, ao Aspirante-a-
Art.111 - Fica sujeito à declaração de indignidade para Oficial PM ou às Praças com estabilidade assegurada:
o oficialato, ou de incompatibilidade com o mesmo por jul- I - Sobre os quais houver pronunciado tal sentença o Con-
gamento do Tribunal de Justiça do Estado, o Oficial que: selho Permanente de Justiça, por haverem sido condenadas em
I - For condenado por Tribunal civil ou militar a pena sentença passada em julgado por aquele Conselho ou por Tri-
restritiva de liberdade individual superior a 2 (dois) anos, bunal Civil a pena restritiva de liberdade individual superior a 2
em decorrência de sentença condenatória passada em jul- (dois) anos, ou, nos crimes previstos na legislação especial con-
gado. cernente à Segurança Nacional, a pena de qualquer duração.
II - For condenado, por sentença passada em julgado, II - Sobre as quais houver pronunciado tal sentença o Con-
por crime para o qual o Código Penal Militar comina essas selho Permanente de Justiça, por haverem perdido a naciona-
penas acessórias e por crime previsto na legislação concer- lidade brasileira.
nente à Segurança Nacional. III - Que incidirem nos casos que motivam o julgamento
III - Incidir nos casos previstos em lei específica que pelo Conselho de Disciplina previsto no art.48 e neste forem
motivam o julgamento por Conselho de Justificação e nes- considerados culpados.
te for considerado julgado culpado. Parágrafo único - O Aspirante-a-Oficial PM ou a Praça com
IV - Tiver perdido a nacionalidade brasileira. estabilidade assegurada, que houver sido excluído a bem da
disciplina, só poderá readquirir a situação policial-militar ante-
SEÇÃO IV rior:
DO LICENCIAMENTO a) por outra sentença do Conselho Permanente de Justiça
e nas condições nela estabelecidas, se a exclusão foi conse-
Art. 112 - O licenciamento do serviço ativo, aplicado quência de sentença daquele Conselho.
b) por decisão do Comandante-Geral da Polícia Militar, se
somente às Praças, efetua-se:
a exclusão foi consequência de ter sido julgado culpado em
I - A pedido
Conselho de Disciplina.
II - “ Ex-officio ”.
Art. 116 - É da competência do Comandante-Geral da Po-
§ 1º - O licenciamento a pedido poderá ser concedido,
lícia Militar o ato de exclusão a bem da disciplina do Aspiran-
desde que não haja prejuízo para o serviço:
te-a-Oficial PM, bem como das Praças com estabilidade asse-
a) à Praça engajada ou reengajada que conte, no míni-
gurada..
mo, a metade do tempo de serviço que se obrigou a pres- Art. 117 - A exclusão da Praça a bem da disciplina acarreta
tar. a perda do seu grau hierárquico e não a isenta da indenização
b) à Praça que, sendo reservista de Força Armada, te- dos prejuízos causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem
nha prestado pelo menos 2/3 (dois terços) do tempo de das pensões decorrentes de sentença judicial.
serviço policial-militar inicial fixado no regulamento pró- Parágrafo único - A Praça excluída a bem da disciplina não
prio. terá direito a qualquer remuneração
c) à Praça com estabilidade assegurada. ou indenização e sua situação militar será definida pela Lei
§ 2º - O licenciamento “ex-officio” será feito na forma do Serviço Militar.
da legislação específica:
a) por conclusão de tempo de serviço; SEÇÃO IV
b) por conveniência do serviço. DA DESERÇÃO
c) a bem da disciplina.
§ 3º - O policial-militar licenciado não tem direito a Art. 118 - A deserção do policial-militar acarreta uma inter-
qualquer remuneração e terá sua situação militar definida rupção do serviço policialmilitar, com a consequente demissão
pela Lei do Serviço Militar. “ex-officio” para o Oficial ou exclusão do serviço ativo para a
§ 4º- O licenciamento “ex-officio” a bem da disciplina Praça.
receberá o Certificado de Isenção previsto na Lei do Servi- § 1º- A demissão do Oficial ou a exclusão da Praça com
ço Militar. estabilidade assegurada processar-se-á após 1 (hum) ano de
Art. 113 - O Aspirante-a-Oficial PM e as demais Praças agregação, se não houver captura ou apresentação voluntária
empossados em cargo público permanente, estranho à sua antes deste prazo.
carreira e cuja função não seja de magistério, serão imedia- § 2º- A Praça sem estabilidade assegurada será automati-
tamente licenciados “ex-officio”, sem remuneração e terão camente excluída após oficialmente declarada desertora.
a sua situação militar definida em Lei do Serviço Militar. § 3º- O policial-militar desertor, que for capturado ou que
Art. 114 - O direito ao licenciamento a pedido poderá se apresentar voluntariamente depois de haver sido demitido
ser suspenso na vigência de estado de guerra, calamidade ou excluído, será reincluído no serviço ativo e a seguir agrega-
pública, perturbação da ordem interna, estado de sítio ou do para se ver processar.
em caso de mobilização. § 4º - A reinclusão em definitivo do policial-militar, de que
trata o parágrafo anterior, dependerá do Conselho de Justiça.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

SEÇÃO VII Art. 124 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tem-


DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO po, computado dia a dia, entre a data de inclusão e a data
limite estabelecida para a contagem ou a data do desliga-
Art. 119 - O falecimento do policial-militar da ativa mento do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo
acarreta interrupção do serviço policial-militar, com o con- seja parcelado.
sequente desligamento ou exclusão do serviço ativo, a par- § 1º - Será também computado como tempo de efetivo
tir da data de ocorrência do óbito. serviço o tempo passado dia a dia pelo policial-militar da
Art. 120 - O extravio do policial-militar da ativa acarreta reserva remunerada que for convocado para o exercício de
interrupção do serviço policialmilitar, com o consequente funções policiaismilitares, na forma do art. 95.
afastamento temporário do serviço ativo, a partir da data § 2º - Não serão deduzidos do tempo de efetivo servi-
em que o mesmo for oficialmente considerado extraviado. ço, além dos afastamentos previstos no art. 63, os períodos
§ 1º - O desligamento do serviço ativo será feito 6 (seis) em que o policial-militar estiver afastado do exercício de
meses após a agregação por motivo de extravio. suas funções em gozo de licença especial.
§ 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, § 3º - Ao tempo de efetivo serviço de que tratam este
calamidade pública ou outros acidentes oficialmente re- artigo e os parágrafos anteriores, apurado e totalizado em
conhecidos, o extravio ou o desaparecimento do policial- dias, será aplicado o divisor 365 (trezentos e sessenta e cin-
militar da ativa é considerado como falecimento, para fins co), para a correspondente obtenção dos anos de efetivo
deste Estatuto, tão logo sejam esgotados os prazos má- serviço.
ximos de possível sobrevivência ou quando se deem por Art. 125 - “ Anos de Serviço ” é a expressão que desig-
encerradas as providências de salvamento. na o tempo de efetivo serviço a que se referem o art.124 e
Art. 121 - O reaparecimento de policial-militar extravia- seus parágrafos, com os seguintes acréscimos:
do ou desaparecido, já desligado do serviço ativo, resulta I - Tempo de serviço público federal, estadual ou muni-
em sua reinclusão e nova agregação, enquanto se apuram cipal, prestado pelo policial-militar
as causas que deram origem ao seu afastamento. anteriormente à sua inclusão matrícula, nomeação ou
Parágrafo único - O policial-militar reaparecido será reinclusão na Polícia Militar.
submetido a Conselho de Justificação ou a Conselho de II - 1 (um) ano para cada 5 (cinco) anos de tempo de
Disciplina, por decisão do Comandante-Geral da Polícia efetivo serviço prestado pelo Oficial
Militar, se assim for julgado necessário. do Quadro de Saúde até que este acréscimo complete
o total de anos de duração normal do curso universitário
CAPÍTULO III correspondente, sem superposição a qualquer tempo de
DO TEMPO DE SERVIÇO serviço policial-militar ou público eventualmente prestado
durante a realização deste mesmo curso.
Art. 122 - Os policiais-militares começam a contar tem- III - Tempo relativo a cada licença especial não gozada,
po de serviço na Polícia Militar a partir da data de sua inclu- contado em dobro.
são, matrícula em órgão de formação de policiais-militares IV - Tempo relativo a férias não gozadas, contado em
ou nomeação para posto ou graduação na Polícia Militar. dobro.
§ 1º - Considera-se como data de inclusão, para fins § 1º - Os acréscimos a que se referem os incisos I e IV
deste artigo: serão computados somente no momento da passagem do
a) a data do ato em que o policial-militar é considerado policial-militar para a situação de inatividade, e somente
incluído em uma Organização para esse fim.
Policial Militar; § 2º - Os acréscimos a que se referem os incisos II e
b) a data de matrícula em órgão de formação de poli- III, serão computados somente no momento da passagem
ciais-militares; do policial-militar para a situação de inatividade e, nessa
c) a data de apresentação pronto para o serviço, no situação, para todos os efeitos legais, inclusive quanto à
caso de nomeação. percepção definitiva de gratificação de tempo e de adicio-
§ 2º - O policial-militar reincluído recomeça a contar nal de inatividade.
tempo de serviço na data de sua reinclusão. § 3º - O disposto no inciso II deste artigo aplicar-se-á,
§ 3º - Quando, por motivo de força-maior oficialmente nas mesmas condições e na mesma forma da legislação
reconhecido (inundação, naufrágio, incêndio, sinistro aéreo específica, aos possuidores de curso universitário, reconhe-
e outras calamidades), faltarem dados papa a contagem do cido oficialmente, que venham a ser aproveitados como
tempo de serviço, caberá ao Comandante-Geral da Polícia Oficiais da Polícia Militar, desde que este curso seja requisi-
Militar arbitrar o tempo a ser computado, para cada caso to essencial para o seu aproveitamento.
particular, de acordo com os elementos disponíveis. § 4º - Não é computável, para efeito algum, o tempo:
Art. 123 - Na apuração do tempo de serviço do poli- a) que ultrapassar de 1 (um) ano, contínuo ou não, em
cial-militar será feita a distinção entre: licença para tratamento de pessoa da família;
I - Tempo de efetivo serviço. b) passado em licença para tratar de interesse parti-
II - Anos de serviço. cular;
c) passado como desertor;

27
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

d) decorrido em cumprimento de pena de suspensão CAPÍTULO V


de exercício do posto, graduação, cargo ou função, por sen- DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVI-
tença passada em julgado. ÇO
e) decorrido em cumprimento de pena restritiva da liber-
dade, por sentença passada em julgado, desde que não te- Art. 133 - As recompensas constituem reconhecimento
nha sido concedida suspensão condicional da pena, quando, dos bons serviços prestados pelos policiais-militares.
então, o tempo que exceder ao período da pena será com- § 1º- São recompensas policiais-militares:
putado para todos os efeitos, caso as condições estipuladas a) prêmios de Honra ao Mérito;
na sentença não o impeçam. b) condecorações por serviços prestados;
Art. 126 - O tempo que o policial-militar vier a passar c) elogios, louvores e referências elogiosas;
afastado do exercício de suas funções em consequência de d) dispensa do serviço.
ferimentos recebidos em acidente, quando em serviço, na § 2º- As recompensas serão concedidas de acordo com
manutenção da ordem pública ou de moléstia adquirida no as normas estabelecidas nas leis e nos regulamentos da Po-
exercício de qualquer função policialmilitar, será computado lícia Militar.
como se ele o tivesse passado no exercício daquelas funções. Art. 134 - As dispensas do serviço são autorizações
Art. 127 - O tempo de serviço passado pelo policial-mili- concedidas aos policiais-militares para afastamento total
tar no exercício de atividades decorrentes ou dependentes de do serviço, em caráter temporário.
operações de guerra será regulado em legislação específica. Art. 135 - As dispensas de serviço podem ser concedi-
Art. 128 - O tempo de serviço dos policiais-militares be- das aos policiais-militares:
neficiados por anistia será contado como estabelecer o ato I - Como recompensa.
legal que a conceder. II - Para desconto em férias.
Art. 129 - A data limite estabelecida para final da con- III - Em decorrência de prescrição médica.
tagem dos anos de serviço, para fins de passagem para a Parágrafo único - As dispensas de serviço serão con-
inatividade, será a do desligamento do serviço ativo. cedidas com a remuneração integral e computadas como
Parágrafo único - A data limite não poderá exceder de 45 tempo de efetivo serviço.
(quarenta e cinco) dias, dos quais no máximo de 15 (quinze)
dias no órgão encarregado de efetivar a transferência para a re-
TÍTULO V
serva remunerada ou reforma, em Diário Oficial ou boletim da
CAPÍTULO ÚNICO
Corporação, considerada sempre a primeira publicação oficial.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 130 - Na contagem dos anos de serviços não poderá
ser computada qualquer superposição dos tempos de serviço
Art. 136 - A assistência religiosa à Polícia Militar é regu-
(federal, estadual e municipal, ou passado em órgãos da
Administração Indireta) entre si, nem com os acréscimos lada por lei específica.
de tempo para os possuidores de cursos universitários, nem, fi- Art. 137 - É vedado o uso, por parte de organização
nalmente, com o tempo de serviço computável após a inclusão civil, de designações que possam sugerir sua vinculação à
na Polícia Militar, matrícula em órgão de formação de policial- Polícia Militar.
militar ou nomeação para posto ou graduação da Corporação. Parágrafo único - Excetuam-se das prescrições deste
artigo as associações, clubes, círculos e outros que congre-
CAPÍTULO IV gam membros da Polícia Militar e que se destinam, exclusi-
DO CASAMENTO vamente, a promover intercâmbio social e assistencial entre
os policiais-militares e seus familiares e entre esses e a so-
Art. 131 - O policial-militar da ativa pode contrair matri- ciedade civil local.
mônio, desde que observada a legislação civil específica. Art. 138 - O policial-militar beneficiado por uma ou mais
§ 1º - É vedado o casamento ao Aluno-Oficial e demais das Leis nº 288, de 8 de julho de 1948, nº 616, de 2 de feve-
Praças enquanto estiverem sujeitos aos regulamentos dos reiro de 1949; nº 1.156, de 12 de julho de 1950; e nº 450, de
órgãos de formação de Oficiais, de Graduados ou de Praças, 27 de novembro de 1951, e que, em virtude do disposto no
cujos requisitos para admissão exijam a condição de solteiro, art. 60 desta Lei, não mais usufruirá as promoções previstas
salvo em casos excepcionais, a critério do Comandante-Geral naquelas Leis, terá considerado como base para o cálculo
da Corporação. dos proventos o soldo do posto ou graduação a que seria
§ 2º - O casamento com mulher estrangeira somente po- promovido em decorrência da aplicação das referidas Leis.
derá ser realizado após autorização do Comandante-Geral da § 1º- O direito assegurado neste artigo não poderá ex-
Polícia Militar. ceder, em nenhum caso, ao que caberia ao policial-militar,
§ 3º - Excetuadas as situações previstas nos §§ 1º e 2º se fosse ele promovido até 2 (dois) graus hierárquicos acima
deste artigo, todo policial-militar deverá participar, com ante- daquele que tiver por ocasião de sua transferência para a
cipação, ao Comandante-Geral da Polícia Militar, a realização reserva ou reforma, incluindo-se nesta limitação os demais
do seu casamento. direitos previstos em lei que assegurem proventos de grau
Art. 132 - O Aluno-Oficial PM e demais Praças que con- hierárquico superior.
traírem matrimônio em desacordo com o § 1º do artigo an- § 2º- O policial-militar terá o cálculo dos proventos re-
terior, serão excluídos sem direito a qualquer remuneração ferido ao soldo do último posto da Corporação acrescido
ou indenização. de 20% (vinte por cento) se estiver:

28
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

a) no último posto da Corporação e beneficiado por uma CONSIDERANDO que o Direito Administrativo Discipli-
das Leis que trata este artigo; nar é um ramo do Direito Administrativo que tem por ob-
b) no penúltimo posto da Corporação é beneficiado por jetivo regular a relação da Polícia Militar do Rio Grande do
mais de uma das Leis de que trata este artigo, contando ou Norte com seu corpo funcional, estabelecendo regras de
não mais de 30 (trinta) anos de serviço; comportamento a título de deveres e proibições, bem como
c) no penúltimo posto da Corporação é beneficiado por a previsão das penalidades a serem aplicadas;
uma das Leis de que trata este artigo, contando mais de 30 CONSIDERANDO que para bem executar as atividades
(trinta) anos de serviço. que lhe são incumbidas, a Polícia Militar do Rio Grande do
§ 3º - Se o policial-militar na situação prevista na letra “ a Norte precisa de meios para organizar, controlar e corri-
” do parágrafo anterior estiver beneficiado por mais de uma gir suas ações, surgindo, portanto, a necessidade de meios
das Leis de que trata este artigo ou contar mais de 30 (trinta) hábeis a garantir a regularidade e o bom funcionamento
anos de serviço, terá os proventos resultantes da aplicação do serviço público, a disciplina entre os seus integrantes e
do disposto no § 2º aumentado de 20% (vinte por cento). (as a perfeita observância das leis e regras deles decorrentes;
letras “b e c” e o § 3º deste artigo, foram alterados pela CONSIDERANDO que o princípio do devido processo
Lei nº 5.209/83). legal está previsto no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Fe-
§ 4º- O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica aos policiais- deral e é considerado o princípio fundamental do processo
militares ali referidos que já se encontram em inatividade, os administrativo, eis que se configura a base sobre a qual os
quais terão seus proventos de acordo com os direitos que já demais se sustentam;
lhe foram atribuídos. CONSIDERANDO que a responsabilização disciplinar
Art. 139 - O Oficial da ativa ou da inatividade, contribuin- do policial militar decorre do Decreto nº 8.336, de 12 de
te do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado, que fevereiro de 1982 (RDPM) e que o cometimento de trans-
perder o posto e a patente, será considerado falecido, assis- gressões disciplinares, por ação ou omissão praticada no
tindo a seus herdeiros direto a pensão calculada de acordo desempenho do cargo ou função, gera a responsabilidade
com o vencimento-base do mesmo oficial e o regime daque- administrativa, sujeitando-o à imposição de sanções disci-
le Instituto.
plinares;
Art. 140 - A Praça com estabilidade assegurada, contri-
CONSIDERANDO que o Princípio Jurídico do Informa-
buinte do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado,
lismo Moderado significa a dispensa de formas rígidas,
que for excluída por um dos motivos referidos no art. 115,
mantendo-se apenas as compatíveis com a certeza e a se-
será considerada falecida, deixando a seus herdeiros a pen-
gurança dos atos praticados, salvo as expressas em lei e
são calculada de acordo com o vencimento-base da mesma
relativas aos direitos dos acusados, traduzindo-se na exi-
Praça e o regime daquele Instituto.
gência de interpretação flexível e razoável quanto a formas,
Art. 141 - São adotados na Polícia Militar, em matéria não
regulada na legislação estadual, as leis e regulamentos em para evitar que estas sejam vistas como um fim em si mes-
vigor no Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente. mas, desligadas das verdadeiras finalidades do processo;
Art.142 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- CONSIDERANDO que ao tomar conhecimento de falta
ção, revogadas as disposições em contrário. praticada por qualquer um dos seus integrantes deve a Po-
Palácio Potengi, em Natal, 16 de dezembro de 1976, 88º lícia Militar do Rio Grande do Norte apurar o fato, aplican-
da República TARCÍSIO MAIA, Governador. do a penalidade cabível;
CONSIDERANDO que a obrigação de apurar notícia de
irregularidade decorre justamente do sistema hierarquiza-
do no qual é estruturada a Polícia Militar do Rio Grande
PORTARIA Nº 042/2016 – GCG – DISPÕE do Norte, com destaque para o dever de fiscalizar as ati-
SOBRE A FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO vidades exercidas por seus integrantes, exigindo-lhes uma
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SUMÁRIO. conduta adequada aos preceitos legais e morais vigentes,
RESOLVE:
Art. 1º Aprovar o Provimento Administrativo nº
001/2016-AAD, que dispõe sobre a formalização do Pro-
PORTARIA Nº 042/2016-GCG, DE 11 DE JULHO DE 2016. cesso Administrativo Disciplinar Sumário (PADS) no âm-
Aprova o Provimento Administrativo nº 001/2016-AAD, bito da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte
que dispõe sobre a formalização do Processo Administrativo (PMRN) e dá outras providências.
Disciplinar Sumário (PADS) no âmbito da Polícia Militar do Es- Art. 2º O Processo de que trata esta portaria, se des-
tado do Rio Grande do Norte (PMRN) e dá outras providências. tinará a agilizar a averiguação das responsabilidades nos
O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ES- cometimentos de quaisquer das transgressões disciplinares
TADO DO RIO expressas na relação constante no anexo I do RDPM ou de
GRANDE DO NORTE, no uso das atribuições que lhe quaisquer ações, omissões ou atos não especificados na ci-
confere o artigo 4º, da Lei Complementar nº 090, de 04 de tada relação mas que afetem a honra pessoal, o pundonor
janeiro de 1991 e artigo 4º, do Decreto Estadual nº 11.519, policial militar, o decoro da classe ou o sentimento do de-
de 24 de novembro de 1992, bem como daquelas inscritas ver e outras prescrições contidas no Estatuto dos Policiais
no Decreto nº 8.336, de 12 de fevereiro de 1982, que instituiu Militares, leis e regulamentos.
o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar – RDPM, e ainda,

29
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 3º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publi- § 2º Quando a apuração for determinada por ato do
cação, ficando revogadas a disposições em contrário. Comandante Geral, Chefe do Estado Maior Geral (EMG),
Art. 4º DETERMINAR à Ajudância Geral a publicação no Chefes de Seções do EMG ou Diretores, o PADS será ins-
Diário Oficial do Estado. taurado mediante portaria publicada em Boletim Geral
Em seguida, transcrever para o Boletim Geral, e, após, en- (BG), ou em Boletim Interno (BI) da respectiva OPM, quan-
caminhar a Assessoria Administrativa do Comando Geral para do a apuração for determinada por ato de Comandante de
arquivar. Grande Comando ou Comandante de unidade operacional,
administrativa ou de ensino, até o nível de Pelotão.
PROVIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 001/2016-AAD, DE Instrução
11 DE JULHO DE 2016 Art. 3º O Processo Administrativo Disciplinar Sumário
Dispõe sobre a formalização do Processo Administrativo será desenvolvido nas seguintes fases:
Disciplinar Sumário (PADS) no âmbito da Polícia Militar do Es- I – Instauração;
tado do Rio Grande do Norte II –Instrução Sumária;
(PMRN) e dá outras providências. III –Julgamento.
Parágrafo único. A instrução sumária compreende as
CAPÍTULO I etapas da acusação, defesa e relatório.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SUMÁRIO Art. 4º Após ser designado para Presidir o PADS, o en-
SEÇÃO I carregado, no prazo impreterível de 01 (um) dia corrido, a
DISPOSIÇÕES GERAIS contar da publicação da Portaria de designação (anexo I),
Finalidade expedirá o TERMO ACUSATÓRIO DE TRANSGRESSÃO
DISCIPLINAR (anexo II), constando os dados pessoais
Art. 1º O Processo Administrativo Disciplinar Sumário do acusado, descrição da transgressão (situação fática), ti-
(PADS) será promovido sempre que por sua natureza e com- pificação no Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do
plexidade, a apuração da transgressão disciplinar não exigir a Rio Grande do Norte (RDPMRN), citação pessoal ou por in-
instauração de Sindicância, Processo Administrativo Disciplinar, termédio de sua chefia imediata, firma da autoridade com-
petente para análise e julgamento e ciência do acusado.
Conselho de Disciplina ou Conselho de Justificação, bem
§ 1º A descrição da transgressão (situação fática) deve
como quando a conduta irregular e a autoria já estiverem de-
ser precisa, clara e concisa, devendo conter os dados capa-
finidas.
zes de identificar as pessoas ou coisas envolvidas, o local,
Parágrafo único. Para fins deste Provimento Administrati-
a data, a hora da ocorrência e caracterizar as circunstâncias
vo serão considerados os conceitos a seguir:
que a envolverem, sem tecer comentários ou opiniões pes-
I – organização policial militar (OPM): unidade da Polícia
soais.
Militar, seja operacional ou administrativa; § 2º No momento da citação, o acusado deverá receber
II – citação: ato pelo qual o acusado é cientificado da exis- uma cópia do respectivo Termo Acusatório de Transgres-
tência de um PADS instaurado em seu desfavor; e são Disciplinar, para elaboração da sua defesa. Defesa do
III – encarregado: Oficial PM, Aspirante a Oficial PM, Sub- acusado
tenente PM ou 1º Sargento PM designado pela autoridade Art. 5º A defesa do acusado será exercida por escrito,
competente para analisar a defesa e demais peças apresenta- no prazo máximo e improrrogável de 05 (cinco) dias corri-
das pelo acusado no âmbito do PADS. dos, a contar da citação, onde poderão ser arguidas ques-
Da instauração do Processo Administrativo Disciplinar Su- tões preliminares, apresentados fatos, argumentos e docu-
mário mentos que interessem a sua defesa, devendo ser feita:
Art. 2º São autoridades competentes para instaurar Pro- I – se o acusado for Oficial, por ele próprio, por outro
cesso Administrativo Oficial por ele indicado ou por advogado;
Disciplinar Sumário, as quais designarão, através de Porta- II - se o acusado for Praça, por ele próprio, caso seja
ria, à autoridade delegada: bacharel em Direito, por Oficial PM por ele indicado ou por
I – O Comandante Geral em desfavor de qualquer inte- advogado;
grante da Polícia Militar; Parágrafo único. Caso o acusado se recuse a apresen-
II – O Subcomandante Geral em desfavor de qualquer in- tar defesa, não o faça no prazo estipulado no caput deste
tegrante da Polícia Militar, hierárquica e funcionalmente subor- artigo, ou ainda seja revel, a autoridade competente, ob-
dinado; e servadas as regras de hierarquia, designará um Oficial PM,
III – Os Comandantes de Grandes Comandos, os Diretores, preferencialmente bacharel em Direito, para fazê-lo em até
Chefes ou Comandantes de OPM até o nível de Pelotão PM, 03 (três) dias corridos.
em desfavor dos que estão sob sua subordinação, seja direta Art. 6º São impedidos de serem encarregados de Pro-
ou indiretamente. cesso Administrativo Disciplinar Sumário:
§ 1º O Encarregado do processo poderá ser Oficial da Po- I - O policial militar que formulou a acusação originária
lícia Militar do Rio Grande do Norte ou Aspirante a Oficial PM, do processo;
Subtenente PM ou 1º Sargento PM, mais antigo que o pro- II - Os policiais militares que tenham entre si, com o en-
cessado, observadas as regras de hierarquia e disciplina, asse- carregado ou com o processado, parentesco consanguíneo
gurando-se, contudo, ao acusado, o contraditório e a ampla ou afim, na linha reta ou até 3º grau de consanguinidade
defesa. colateral ou de natureza civil;

30
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

III - Os policiais militares que tenham particular interesse SEÇÃO II


na decisão do processo administrativo disciplinar sumário; DISPOSIÇÕES FINAIS
IV – As disciplinadas nos artigos 37 e 38 da Lei Comple-
mentar nº 303/05; Art.15 Estão sujeitos a este procedimento os policiais
Parágrafo único. Se no decorrer do processo, for verifi- militares na ativa e os na inatividade quando, ainda que
cado algum impedimento, o encarregado levará o fato ao no meio civil, se conduzam, inclusive por manifestações
conhecimento da autoridade instauradora para, caso acolha através da imprensa, de modo a prejudicar os princípios da
motivadamente os argumentos, designar, por meio de por- hierarquia, da disciplina, do respeito e do decoro policial
taria, novo encarregado para concluí-la. militar
Art. 7º a nulidade do PADS somente será declarada se Art.16 Havendo complexidade na apuração, o PADS
houver efetiva demonstração de prejuízo à defesa ou à Ad- poderá ser convertido em sindicância, que passará a ser
ministração. regida pela portaria 182/2012-GCG, de 02 de Agosto de
Art. 8º Juntada a defesa escrita, o encarregado elaborará
2012, publicada no BG nº. 149 de 08 de Agosto de 2012.
relatório circunstanciado no Relatório. prazo de 03 (três) dias
Art.17 Aplicam-se subsidiariamente a este procedi-
úteis, contados do recebimento da peça defensiva, aduzin-
mento as normas dispostas no ordenamento disciplinar
do se há infração disciplinar a punir ou outras providências
castrense, em especial aquelas previstas no RDPM e na Lei
a serem adotadas, encaminhando à autoridade delegante,
para solução. Ordinária Estadual nº 4.630, de 16 de dezembro de 1976
Julgamento (Estatuto da PMRN). QCG em Natal, RN, 11 de Julho de
Art. 9º Concordando com o teor do relatório final do 2016.
encarregado, a autoridade designante, no prazo de até 03
(três) dias úteis, a contar do recebimento deste, o aprovará e ANEXO I
elaborará a solução do PADS, publicando-a em boletim pró- ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
prio e adotando as providências decorrentes. Discordando, SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA
o avocará e determinará as providências que julgar neces- SOCIAL
sárias. POLÍCIA MILITAR
Recursos PORTARIA Nº __/20___ – GAB CMD, XX, DE XX DE 2016
Art. 10 Após ser notificado da decisão que lhe foi preju- O (autoridade designante), no uso de suas atribuições
dicial, o investigado tem o prazo de até 02 (dois) dias corri- previstas no art. 10, § 1º item
dos para, querendo, ingressar com recurso nos termos dos ***** do RDPM, e
artigos 56 e seguintes do RDPM. CONSIDERANDO o disposto no art. 5º, incisos LIV, LV e
Parágrafo Único. O recurso será juntado aos autos do LXXVIII da Carta Constitucional Federal c/c o art. 90 da Lei
PADS, para a devida apreciação da autoridade encarregada. Complementar Estadual nº 303, de 09/09/2005;
Prazos RESOLVE:
Art. 11 O PADS deverá ser concluído no prazo máximo I – Instaurar Processo Administrativo Disciplinar Su-
de 15 (quinze) dias úteis, podendo ser prorrogado uma úni- mário (PADS) com vistas a apurar possíveis infrações dis-
ca vez por mais 5 (cinco) dias úteis, quando as circunstâncias ciplinares contidas na Parte nº *******, a qual relata que
o exigirem. o *************************, mat. ************** teria (breve
Art. 12 Ocorrendo casos fortuitos ou de força maior, relato), no dia ******* por volta das *************, nesta Ca-
bem como em situações de extravio ou de gozo de afas- pital;
tamento regulamentar do investigado, o PADS poderá ser II – Designar o POSTO/GRADUAÇÃO (ST ou SGT), Ma-
sobrestado, até que tais motivos sejam sanados, retoman-
trícula nº ___.____-__, como Encarregado do referido PADS,
do-se, em seguida, o andamento normal do feito.
delegando-lhe as atribuições de instrução processual e de
§ 1º Registrando-se situações previstas no caput deste
elaboração de parecer/relatório;
artigo, o encarregado oficiará a autoridade designante, in-
III - Publique-se, registre-se, cumpra-se.
formando o fato e solicitando o sobrestamento.
§ 2°. Sanada a situação que ensejou o sobrestamento Quartel em CIDADE/RN, ___ de ______ de 20__.
deverá ser publicada nota em BI ou BG, com o fito de serem MILITAR – POSTO
retomadas as diligências, a qual será juntada aos autos. FUNÇÃO
Do trânsito em julgado
Art. 13 Haverá o trânsito em julgado da decisão quando
o recurso previsto tenha sido indeferido, for intempestivo ou
não for interposto.
Art. 14 Transitado em julgado a decisão do PADS, em
caso de aplicação de penalidade disciplinar ao Policial Mi-
litar, a autoridade competente providenciará a elaboração
da respectiva nota de punição, que deverá ser publicada em
boletim interno ou em boletim geral, caso não disponha da-
quele.

31
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

ANEXO II
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
POLÍCIA MILITAR

ANEXO III
( CAPA)
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SIMPLIFICADO Nº / 2016
ENCARREGADO:
ACUSADO:
OFENDIDO:
ATUAÇÃO
Aos _____ dias do mês de ______. do ano de _______, nesta cidade de _______, do
Estado do Rio Grande do Norte, no Setor _________, autuo o Termo Acusatório de
Transgressão Disciplinar e seus anexos. Para Constar lavro este termo.
ENCARREGADO

32
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

PORTARIA Nº 294/2012-GCG DE 01 DE NOVEMBRO


DECRETO Nº 23.045/2012 – REGULAMENTA DE 2012.
UNIFORMES DA PM.
Aprova o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar
do Estado do Rio Grande do Norte (RUPM) e dá outras pro-
vidências.
DECRETO Nº 23.045 DE 17 DE OUTUBRO DE 2012 O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO RIO
DOE de 18/10/2012–Edição nº. 12.812. GRANDE DO NORTE
no uso das atribuições que lhe confere o art. 4º, da Lei
Regulamenta a obrigatoriedade dos uniformes militares Complementar nº 090, de 04 de janeiro de 1991, e funda-
no âmbito da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do mentado no Art. 3º do Decreto nº 23.045, de 17 de outubro
Norte (PMRN) e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de 2012,
do Rio Grande do Norte (CBMRN) e dá outras providências. RESOLVE:
A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO Art. 1º - Aprovar o Regulamento de Uniformes da Polí-
NORTE, no uso das atribuições que lhe confere o art. 64, cia Militar do Estado do Rio Grande do Norte (RUPM), com
V e VII, da Constituição Estadual, e com fundamento nos base nesta Portaria.
arts. 11 e 66 da Lei Complementar Estadual n.º 163, de 5 de Art. 2º - O uso correto dos uniformes é fator primordial
fevereiro de 1999, para a boa apresentação individual e coletiva do policial
D E C R E T A: militar, contribuindo para o fortalecimento da disciplina e
Art. 1º Os uniformes dos militares, no âmbito da Po- do conceito da Instituição perante a opinião pública.
lícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte (PMRN) e Art. 3º - Constitui obrigação de todo policial militar
do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande zelar pela correta apresentação e utilização dos seus uni-
do Norte (CBMRN), são de uso obrigatório nos termos da formes.
legislação e dos regulamentos que os disciplina. Art. 4º - Os uniformes de que trata o RUPM constituem
Parágrafo único. É obrigação do militar zelar pela cor- privilégio exclusivo da Polícia
reta apresentação e utilização de seus uniformes. Militar do Estado do Rio Grande do Norte.
Art. 2º São condutas vedadas: Parágrafo único - É expressamente proibido:
I - o uso de uniformes de que trata este Decreto, bem I - O uso dos uniformes, peças dos uniformes, peças
como de seus correspondentes distintivos, insígnias e bra- complementares, insígnias e distintivos por outras institui-
são, por pessoas que não integrem a PMRN e o CBMRN;
ções ou qualquer pessoa que não seja integrante da Polícia
II - o uso de peças de uniformes, a exemplo de seus
Militar do Estado do Rio Grande do Norte.
correspondentes distintivos, insígnias e brasão, em trajes
II - A utilização de peças de uniformes, peças comple-
civis; e
mentares, insígnias e distintivos em trajes civis;
III - a alteração das características definidas para os uni-
III - A alteração das características dos uniformes, bem
formes ou sobrepor-lhes peças, equipamentos, insígnias ou
como sobrepor-lhes peças, equipamentos, insígnias ou dis-
distintivos não prescritos na legislação e nos regulamentos
tintivos não previstos no RUPM.
pertinente.
Art. 5º - Os militares que comparecerem fardados a so-
Art. 3º Compete aos Comandantes da PMRN e do CB-
MRN, mediante o exercício do poder normativo, no âmbito lenidades militares e atos sociais somente deverão fazê-lo
de suas Corporações, expedirem normas para o disciplina- trajando o uniforme estipulado para o evento.
mento do uso de uniformes militares, bem como de seus Art. 6º - É de competência do Comandante Geral da
correspondentes distintivos, insígnias e brasão, de acordo Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte baixar
com o art. 74 da Lei Estadual n.º 4.630, de 16 de dezembro instruções complementares a este Regulamento.
de 1976, c/c o art. 21, I, da Lei Complementar Estadual n.º Artigo 7º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua
230, de 22 de março de 2002. publicação.
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu- Francisco Canindé de Araújo Silva, Cel PM
blicação. Comandante Geral
Art. 5º Ficam revogados o Decreto estadual n.º 7.063, Francisco Belarmino Dantas Júnior, Cel. PM
de 20 de janeiro de 1977, e o Decreto Estadual n.º 16.039, Subcomandante e Chefe do EMG
de 3 de maio de 2002.
Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 16 de Regulamento de Uniformes da PMRN
outubro de 2012, 191º da Independência e 124º da Repú- Apresentação
blica. Desde a formação dos primeiros aglomerados huma-
ROSALBA CIARLINI – Governadora do Estado nos, fazendo surgir os grupos sociais, que se iniciou a prá-
Aldair da Rocha – Secretário de Segurança Pública e da tica do serviço de “segurança pública”, pois mesmo empiri-
Defesa Social camente aqueles indivíduos realizavam o atendimento das
GABINETE DO COMANDANTE GERAL necessidades de proteção dos seus direitos, enfrentando as
Boletim Geral Nº. 207 de 01 de Novembro de 2012 dificuldades da época.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Partindo dessa necessidade de proteção, garantia e in- Dentre as modificações gerais, destaca-se a criação do
terferência nos conflitos sociais, quais fossem desde a dis- uniforme formal para ocasiões de cerimônias de gala; o
puta por alimentação até a propriedade territorial e rique- uniforme camuflado de operações na caatinga, o qual será
zas naturais, os primeiros homens foram-se organizando e usado pelos grupos táticos operacionais das unidades do
formando as instituições responsáveis pela proteção, o que interior; a criação do bastão de comando geral da PMRN,
se pode dizer que assim originaram os órgãos do sistema de uso facultativo pelo Comandante Geral, em solenidades
de segurança pública atual. militares de datas comemorativas; a modificação da insíg-
No Brasil, os órgãos de segurança pública, ganharam nia de Aspirante a Oficial, que passa de uma estrela de qua-
impulso somente após a chegada da Família Real, vinda de tro pontas bordada cheia, para uma estrela singela vazada
Portugal para refúgio na colônia. Pois antes, no período do de cinco pontas.
descobrimento, as atividades eram apenas de proteção da Afinal, espera-se uma aceitação, inicialmente volunta-
terra descoberta contra os inimigos externos. riosa, das normas contidas neste regulamento, mesmo sa-
bendo que cada integrante tem uma opinião própria para
Com a criação da Divisão Militar da Guarda Real de
o assunto uniforme militar, porém deve-se esquecer o lado
Polícia, por D. João VI em maio de 1809, deu-se início as
particular e lembrar que a Corporação e uma irmandade,
instituições fardadas no Brasil, para o serviço de polícia
uma coletividade e merece a renúncia de determinadas
propriamente dito. Daí em diante foram repassados para as
opiniões individuais de seus integrantes, em prol de uma
Províncias os direitos de criar os seus próprios órgãos de norma geral e coletiva, que visa à apresentação uniforme
manutenção da ordem e segurança pública, como também da Corporação perante a sociedade.
dos poderes constituídos, originando assim as Polícias Mi- Comissão de Elaboração do RUPM/RN
litares de hoje.
Dentre as principais características que permaneceram Capítulo I
até os dias atuais, está o uso de fardamento, que foi des- Das disposições gerais
de o início o diferencial entre a Polícia Militar e os demais
órgãos governamentais. Art. 1º. O presente Regulamento contém as prescrições
O uso correto e garboso do fardamento, sempre foi sobre os Uniformes da Polícia Militar do Rio Grande do
uma virtude para os integrantes dos contingentes milita- Norte, com suas peças complementares, insígnias e distin-
res na proteção da sociedade. Apresentar-se sempre bem tivos, regulando sua posse, composição, uso e descrição
uniformizados, demonstrava para a sociedade o respeito geral.
e valor militar que o conduzia, sentimento que permane- Art. 2º. O uso dos uniformes prescritos neste Regu-
ce até hoje para aqueles que realmente acreditam no bom lamento é privilégio exclusivo dos integrantes da Polícia
trabalho prestado pela Corporação. Militar do Rio Grande do Norte. As cores básicas e suas
Diante da situação atual que passa a Polícia Militar do variações de tonalidade e saturação são privativas da Cor-
Rio Grande do Norte, no que diz respeito ao seu uniforme, poração sendo vedado o seu uso por qualquer outra insti-
que não consegue manter uma padronização, desde a mu- tuição pública ou privada, exceto alunos de outras Polícias
dança de sua cor predominante para cinza bandeirantes, Militares matriculados em cursos realizados na PMRN.
no ano de 1995, o Comando Geral da Corporação designou Art. 3º. O uso correto e o zelo com os uniformes sob a
uma Comissão para elaborar este trabalho técnico cientí- sua posse e de seus subordinados é obrigação de todo po-
fico, que tem por objetivo apresentar o Regulamento de licial militar. A correta e garbosa apresentação individual é
Uniformes, com base em pesquisas, opiniões e propostas uma demonstração de amor corporativo e fator correspon-
dos integrantes desta Corporação. dente na formação da imagem pública da Polícia Militar do
Estado. A correção e o garbo são indicados também pelo
Foram realizadas pesquisas junto aos oficiais e praças,
polimento de peças metálicas e calçados, asseio e higiene
masculinos e femininos, bem como os integrantes das di-
das peças de tecido.
versas unidades de policiamentos especializados, da capi-
Art. 4º. É vedado alterar as características dos unifor-
tal e do interior, no sentido de se obter opiniões e suges-
mes ou sobrepor aos mesmos, peças, equipamentos, insíg-
tões necessárias a elaboração deste Regulamento. Foram nias ou distintivos de qualquer natureza, não previsto neste
consultados os regulamentos de uniformes de outras cor- Regulamento ou em ato do Comandante Geral.
porações policiais militares e das forças armadas, para es- Art. 5º. É vedado ao Policial Militar fardado o uso de
tudos e outros tipos de conhecimentos que possibilitasse a qualquer tipo de adereço, brincos, óculos, cabelos e ma-
realização do presente documento. quiagens de cores extravagantes, que venham a compro-
O trabalho foi dividido em seis capítulos, de acordo meter a sua imagem e a da Corporação, perante a socie-
com os assuntos referentes à regulamentação geral; clas- dade.
sificação dos uniformes; insígnias, distintivos e condecora- § 1º: As Policiais Militares do sexo feminino, quando es-
ções; peças complementares; descrição das peças dos uni- tiverem de cabelos longos, deverão mantê-los amarrados
formes e disposições finais. Mantendo sempre a premissa e com coque feito na altura da nuca e com rede preta sem
de regulamentar os uniformes atualmente existentes, no laços para melhor fixação, ou na cor do cabelo; salvo quan-
sentido de manter modelos, cores e características padro- do no serviço administrativo e em instrução de educação
nizadas em todas as regiões do Estado. física, que poderão ser com o penteado tipo “rabo de ca-

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

valo” feito na forma simples com liga e adereços pretos ou Art. 12. A identificação do Policial Militar será feita
trança, tendo a Policial Militar o zelo para com a discrição com o nome na tarjeta de identificação colocada na pes-
no penteado; o uso de franja poderá ser facultado desde tana do bolso do lado direito, nos uniformes de passeio,
que a mesma não sobreponha à linha superior da sobran- e com o nome bordado em tecido na mesma cor do uni-
celha, evitando-se prejudicar a visão. O “rabo de cavalo” forme sendo costurado acima da pestana do bolso direito
não é permitido em solenidades, mesmo que no âmbito da gandola.
interno da OPM. Art. 13. Para os fins deste Regulamento, estendem-se
§ 2º: Não poderão ser utilizados processos de tinturas aos Aspirantes-a-Oficial as prescrições referentes aos ofi-
que fujam as comumente usadas, tais como: verde, laranja, ciais.
azul, rosa, e outros; como também fica terminantemente Art. 14. Os uniformes básicos de passeio, de policia-
proibido o uso de tiaras, arcos, faixas, laços ou similares. mento ostensivo dos alunos do Curso de Formação de Ofi-
Art. 6º. É expressamente proibido o uso, por qualquer ciais e do Curso de Formação de Soldados serão forneci-
pessoa, de peças de uniformes junto com trajes civis.
dos pela Polícia Militar do Estado, de acordo com o quadro
Art. 7º. Os policiais militares que comparecerem farda-
de distribuição da Diretoria de Apoio Logístico.
dos a uma mesma solenidade militar ou atos sociais e de
Parágrafo único: Serão fornecidos, também pela Po-
serviço, devem fazê-lo em um mesmo uniforme, usando in-
lícia Militar do Estado, de acordo com o quadro de dis-
clusive as mesmas peças complementares e equipamentos,
salvo em situações especiais, a critério do escalão superior. tribuição da Diretoria de Apoio Logístico, os uniformes e
Art. 8º. A designação de uniforme para solenidade complementos das Unidades Especializadas, os quais se-
interna é de competência do Comando da Organização rão material carga da respectiva unidade.
Policial Militar (OPM), ouvido o escalão superior quando Art. 15. Para efeito deste Regulamento são adotados
este tiver participação na solenidade. Quando a solenidade os seguintes conceitos básicos, para esclarecimentos de
envolver mais de uma OPM, caberá ao comando interme- termos:
diário ou Diretoria determinar o uniforme. I. Apresentação coletiva: apresentação de policiais mi-
Art. 9º. Caberá ao Comando Geral da Corporação, atra- litares em conjunto, em local determinado.
vés dos órgãos de sua administração, dentro dos limites II. Apresentação individual: apresentação de policiais
territoriais de sua responsabilidade, bem como de todos militares isolado, em local determinado.
os policiais militares, exercerem ação fiscalizadora junto a III. Atividade externa: qualquer atividade extraordiná-
estabelecimentos de ensino, instituições, organizações e ria de serviço, não exercida no interior do aquartelamento
empresas que usam fardamento, de modo a não permitir ou repartição similar.
que esses possam ser confundidos com os previstos nesse IV. Atividade interna: atividade de serviço ou expe-
Regulamento. diente exercida no interior do aquartelamento ou repar-
Art. 10. A quantidade de distintivos de cursos de quali- tição similar.
ficação e especialização, a ser colocado nos uniformes será V. Curso: É toda atividade de ensino que habilite o Po-
no máximo de três, sendo nos uniformes de policiamento licial Militar para o exercício de cargos e funções previstas
ostensivo, distintivos bordados ou emborrachados, coloca- nos Quadros Organizacionais das Unidades da Corpora-
dos acima do bolso do lado esquerdo e nos uniformes de ção, e que atendam às seguintes exigências:
passeio, os distintivos metalizados, são colocados acima do a) Possuir carga horária acima de 40 (quarenta) ho-
bolso do lado direito. ras/aula;
§ 1º: Os distintivos de missões de paz e cursos realiza- b) Desenvolvimento calcado em Currículos e Planos de
dos no exterior são dispostos de forma inversa do prescrito Matérias, devidamente aprovados pela Diretoria de Ensino
no artigo anterior.
da Corporação;
$ 2º: Os distintivos de cursos obrigatórios para a car-
reira policial militar serão colocados abaixo da pestana do
c) Dará direito a Certificado e o devido uso de distinti-
bolso do lado direito, nos uniformes de policiamento os-
vo desde que a carga horária seja igual ou superior a 120
tensivo, bordados e costurados e nos uniformes formais,
sociais e de passeio, metalizados e fixados com tarraxas. (cento e vinte) horas/aulas letivas e presenciais.
§ 3º: As barretas metálicas e as medalhas serão coloca- VI. Deslocamento: movimento de veículo e/ou poli-
das acima do bolso do lado esquerdo, nos uniformes for- ciais militares, embarcados ou não quando não enquadra-
mais, sociais e de passeio, obedecendo à disposição previs- dos em solenidades.
ta neste regulamento; não serão usadas nos uniformes de VII. Estágio: É toda atividade de ensino que habilitam
policiamento ostensivo. o Policial Militar para o exercício de necessidades especí-
Art. 11. As OPM serão identificadas, nos uniformes de ficas da PMRN, de natureza eventual ou momentânea, ou
policiamento ostensivo, com um cadarço de identificação como complementação dos cursos realizados. Deverão ser
bordado (manicaca) com o nome da unidade, costurado na observadas as seguintes especificações para a realização
manga do lado esquerdo a 20 mm de distância da costu- dos estágios na Corporação:
ra superior; nos uniformes de passeio serão representadas a) Possuir carga horária mínima de 20 (vinte) horas/
com o distintivo da OPM metalizado, colocado no bolso do aulas letivas e máxima de 40 (quarenta) horas/aula letivas;
lado esquerdo, abaixo da pestana.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

b) Por ser de caráter complementar e de curta duração I. Uniforme1º A (formal/gala)


não dará direito a uso de distintivo.
VIII. Guarda de aquartelamento: corresponde a toda
atividade de serviço do aquartelamento, segue as instru-
ções internas da Corporação; tipo de policiamento osten-
sivo.
IX. Trânsito: deslocamento em razão de uma futura
apresentação individual ou coletiva; tipo de policiamento
ostensivo.
X. Unidade operacional especializada: organização po-
licial militar estruturada com base em apenas 01 (um) tipo
de policiamento ostensivo.

Capítulo II
Da classificação, composição e uso dos uniformes.

Art. 16. Os uniformes da Polícia Militar do Rio Gran-


de do Norte estão classificados em uniformes formais e
sociais, uniformes de passeio, uniformes de policiamen-
to ostensivo, uniformes especiais de unidade de ensino,
uniformes de atividades físicas e desporto e uniformes de
atividades diversas.
I. Uniformes formais e sociais são aqueles usados nas
solenidades e eventos sociais de grandes formalidades:
recepções de gala, solenidades oficiais, reuniões ou ceri-
mônias em que se exija traje a rigor para civis.
II. Uniformes de passeio são aqueles usados nas so-
lenidades e eventos sociais de menor formalidade, apre-
sentações individuais e coletivas, em atividades internas e
serviços administrativos, quando determinado.
III. Uniformes de policiamento ostensivo são aqueles
usados na atividade fim da Polícia Militar, nos diversos ti-
pos e processos de policiamento ostensivo.
IV. Uniformes de educação física e desporto são aque-
les usados nas atividades físicas e eventos desportivos em a) POSSE: Oficiais e Praças, masculinos e femininos.
geral. b) COMPOSIÇÃO:
V. Uniformes especiais de unidade de ensino são aque- 1. Camisa interna branca;
les usados pela Academia de Polícia Militar “Cel. Milton 2. Jaqueta cinza escuro;
Freire de Andrade” e pelo Centro de Formação e Aperfei- 3. Calça cinza escuro para masculino ou saia longa cin-
çoamento da Polícia Militar nas solenidades de formaturas za escuro para o feminino;
4. Cinto social preto masculino e faixa cinza para femi-
e desfiles dos seus alunos.
nino;
VI. Uniformes de atividades diversas são aqueles usa-
5. Sapato preto masculino e sapato salto alto feminino;
dos nas atividades de serviços internos de manutenção,
6. Meias pretas;
mecânica, obras, material bélico, limpeza, cozinhas e re-
7. Platinas para os oficiais e subtenentes, e divisas bor-
feitórios, atividade relacionada à saúde e ao magistério da dadas para as praças;
corporação. c. USO: Em recepções de gala, ou cerimônias em que se
exija traje a rigor para civis. Permitido o uso pela Banda de
Seção I Música em concertos e apresentações especiais em datas
Dos uniformes formais e sociais comemorativas.

Art. 17. A classificação, posse, composição e uso dos


uniformes formais e sociais da PMRN seguem a seguinte
sequência:
,

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II. Uniforme 2º A (formal/túnica branca) III. Uniforme 2º B (formal/túnica cinza)

a) POSSE: Oficiais e Praças, masculinos e femininos.


b) COMPOSIÇÃO: a) POSSE: obrigatória para Oficiais e Praças, masculinos
1. Quepe cinza masculino ou feminino; e femininos.
2. Túnica branca; b) COMPOSIÇÃO:
3. Camisa branca, sem miniatura das insígnias; 1. Quepe cinza masculino ou feminino;
4. Calça cinza escuro com duas listas pretas nas laterais 2. Túnica cinza;
(masculino) ou saia cinza escuro (feminino); 3. Camisa branca, sem miniatura das insígnias;
5. Cinto nylon cinza bandeirantes, com fivela prateada; 4. Calça cinza escuro com duas listas pretas nas laterais
6. Meias pretas (masculino) ou meia-calça cor da pele (masculino) ou saia cinza escuro (feminino);
(feminino); 5. Cinto nylon cinza bandeirantes, com fivela prateada;
7. Sapato preto (masculino), sapato de salto médio (fe- 6. Meias pretas (masculino) ou meia-calça cor da pele
minino); (feminino);
8. Gravata vertical preta (masculino) ou laço vertical 7. Sapato preto (masculino), sapato de salto médio (fe-
preto (feminino); quando se exigir traje a rigor para civis, minino);
será usada gravata preta com laço horizontal; 8. Gravata vertical preta (masculino) ou laço vertical
9. Platina para os oficiais e subtenentes e divisas bor- preto (feminino); quando se exigir traje a rigor para civis,
dadas para as praças. será usada gravata preta com laço horizontal;
c) USO: Em recepções, solenidades oficiais, reuniões ou 9. Platina para os oficiais e subtenentes e divisas bor-
cerimônias em que não se exija traje a rigor para civis. dadas para as praças.
d) Sem quepe no interior de templos e locais cobertos. c) USO: quando determinado, como alternativo para o
uniforme 2º A;
d) Sem quepe no interior de templos e locais cobertos.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IV. Uniforme 2º C (social/túnica cinza) V. Uniforme 2º D (formal e social para grávidas)

a) POSSE: obrigatória para Oficiais e Praças, masculinos


e femininos.
b) COMPOSIÇÃO:
1. Quepe cinza masculino ou feminino; boina cinza,
quando determinado;
2. Túnica cinza;
3. Camisa cinza claro manga comprida com miniaturas
do distintivo de quadro no lado direito e insígnias ou divi-
sas do lado esquerdo da gola;
4. Calça cinza escuro para masculino ou saia cinza es-
curo para feminino;
5. Cinto nylon cinza bandeirantes, com fivela prateada;
6. Meias pretas para masculino ou meia-calça cor da a) POSSE: obrigatória para Oficiais e Praças femininos
pele para feminino; no período de gravidez.
7. Sapato preto (masculino), sapato salto médio (femi- b) COMPOSIÇÃO:
nino). 1. Quepe feminino;
8. Gravata vertical cinza (masculino) ou laço vertical 2. Vestido de gestante sem manga cor cinza;
cinza (feminino); 3. Camisa interna branca;
9. Platina para os oficiais e subtenentes e divisas bor- 4. Meia calça cor da pele;
dadas para as praças; 5. Sapatos salto médio ou salto baixo;
10. Luvas de pelica pretas quando estiver com espada 6. Platinas para Oficiais e Subtenentes, divisas metá-
ou espadim. licas colocadas na gola da camisa, para as demais praças.
c) USO: Em reuniões, solenidade ou formaturas milita- c) USO: Em atos formais ou sociais, quando for deter-
res, ou atos sociais, quando determinado. Nas solenidades minado o uso dos uniformes 2ºA, 2ºB e com a camisa inter-
no interior de templos não será usado o quepe. Facultativo na cinza claro para o 2º C.
nas atividades administrativas de ajudantes de ordens ou
função similar. Seção II
Dos uniformes de passeio

Art. 18. A classificação, posse, composição e uso dos


uniformes de passeio da PMRN seguem a seguinte se-
quência:
I. Uniforme 3º A (representações, solenidades e forma-
turas militares)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

a) POSSE: obrigatória para Oficiais e Praças, masculinos


e femininos.
b) COMPOSIÇÃO:
1. Boina cinza;
2. Camisa meia manga cinza claro;
a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças, masculi- 3. Camiseta interna cinza escuro;
nos e femininos. 4. Calça para masculino ou saia cinza bandeirante fe-
b) COMPOSIÇÃO: minino;
1. Boina cinza; 5. Cinto nylon cinza bandeirantes, com fivela prateada;
2. Camisa meia manga cinza claro; 6. Meias pretas.
3. Camiseta interna cinza escuro; 7. Sapatos pretos masculino ou sapatos salto médio
4. Calça ou Culote cinza escuro para masculino ou saia feminino.
cinza escuro para feminino; 8. Luvas removíveis para Oficiais e Subtenentes, divisas
5. Cinto nylon cinza bandeirantes, com fivela prateada; bordadas para as praças.
6. Meias pretas masculino ou meia-calça cor da pele 9. Luvas de pelica pretas quando estiver com espada
feminino; ou espadim.
7. Sapatos ou Botas hípicas pretas masculino ou sapa- 10. Permitido o uso sem a camisa cinza claro, somen-
tos salto médio preto feminino; te com a camiseta, nas atividades internas ou de ensino e
8. Platina para Oficiais e Subtenentes, divisas bordadas instrução.
para as praças; c) USO: em reuniões, serviços administrativos ou atos
9. Luvas de pelica pretas quando estiver com espada sociais, quando determinado.
ou espadim.
d) Para policial militar feminino é permitido uso da cal-
c) USO: Em solenidade ou formaturas militares, atos so-
ça cinza bandeirante somente no serviço administrativo ou
ciais, quando determinado.
instrução, jamais em solenidades.
d) Não será permitido o uso de coberturas, camisetas
internas e cintos de naylon de cores diferentes das descri-
tas neste regulamento, mesmo que o Policial Militar per-
tença a Unidades Especializadas.
II. Uniforme 3º B (passeio e apresentações individuais
ou coletivas)

39
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

III. Uniforme 3ºA/3ºB (passeio e apresentações individuais para grávidas):

a) POSSE: obrigatória para Oficiais e Praças femininos no período de gravidez.


b) COMPOSIÇÃO:
1. Boina cinza;
2. Véstia de gestante meia manga cinza claro;
3. Camiseta interna cinza escuro;
4. Saia especial para gestante cinza escuro;
5. Meia calça cor da pele;
6. Sapatos salto médio ou salto baixo;
7. No 3ºA usam-se as platinas, no 3ºB usam-se as luvas removíveis para Oficiais e Subtenentes, divisas bordadas para
as demais praças.
c) USO: Em reuniões, serviços administrativos ou atos sociais, quando for determinado o uso dos uniformes 3ºA ou 3ºB.

Seção III
Dos uniformes de policiamento ostensivo

Art. 19. A classificação, posse, composição e uso dos uniformes de policiamento ostensivo da PMRN seguem a seguinte
sequência:
I. Uniforme 4º A (policiamento ostensivo geral)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças, masculi- a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças integrantes
nos e femininos. das unidades de Policiamento Montado (Cavalaria).
b) COMPOSIÇÃO: b) COMPOSIÇÃO:
1. Gorro de pala cinza bandeirante; 1. Boina preta;
2. Camiseta meia manga cinza escuro; 2. Camiseta meia manga cinza escuro;
3. Camisa cinza-bandeirante meia manga (gandola) ou 3. Camisa cinza-bandeirante manga comprida;
manga comprida, de acordo com a necessidade (4º A1); 4. Culote cinza-bandeirante para masculino e feminino;
4. Calça cinza-bandeirante para masculino e feminino; 5. Cinto nylon cinza bandeirantes;
5. Cinto nylon cinza bandeirantes; 6. Cinto de equipamentos pretos;
6. Cinto de equipamentos pretos; 7. Meias pretas;
7. Meias pretas; 8. Botas hípicas (montaria) pretas;
8. Coturnos pretos; 9. Luvas removíveis para Oficiais e Subtenentes e divi-
9. Luvas removíveis para Oficiais e Subtenentes e divi- sas bordadas para Sargentos, Cabos e Soldados;
sas bordadas para Sargentos, Cabos e Soldados; 10. Luvas de pelica pretas, quando estiver usando es-
10. Peças complementares: Colete balístico, quando a pada;
situação exigir. Capacete de fibra branco quando no poli- 11. Esporas sem rosetas e pingalin são facultativos;
ciamento em eventos populares. 12. Capacete de hipismo quando estiver montado e co-
c) USO: Na atividade de policiamento ostensivo geral, lete balístico, quando a situação exigir.
radiopatrulhamento, nos deslocamentos e apresentações c) USO: Na atividade de policiamento ostensivo mon-
individuais ou coletivas. Permitido o uso sem a gandola e tado (hipomóvel) nos deslocamentos e apresentações in-
sem cinto de equipamentos, nas atividades internas ou de dividuais ou coletivas. Permitido o uso sem a gandola e
ensino e instrução, de acordo com as normas da OPM. O sem cinto de equipamentos, nas atividades internas ou de
uso da boina cinza será permitido em solenidades, quando ensino e instrução, de acordo com as normas da OPM.
determinada pelo Comandante Geral. III. Uniforme 4º C (policiamento ostensivo de motoci-
II. Uniforme 4º B (policiamento ostensivo montado/hi- clista)
pomóvel)

41
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças, masculi- b) COMPOSIÇÃO:


nos e femininos, integrantes das unidades de policiamento 1. Gorro de pala branco;
com motocicletas. 2. Camiseta meia manga cinza;
b) COMPOSIÇÃO: 3. Camisa cinza-bandeirante mangas compridas ou man-
1. Gorro de pala cinza bandeirante; gas curtas;
2. Camiseta meia manga cinza; 4. Calça cinza-bandeirante;
3. Camisa cinza-bandeirante manga comprida; 5. Cinto nylon cinza;
4. Calça cinza-bandeirante; 6. Cinto de equipamentos, com porta talão, na cor branca;
5. Cinto nylon cinza bandeirantes; 7. Meias pretas;
6. Cinto de equipamentos pretos; 8. Botas de motociclistas pretas.
7. Meias pretas; 9. Torçal branco com apito;
8. Botas de motociclista preta; 10. Luvas removíveis para Oficiais e divisas bordadas para
9. Luvas removíveis para Oficiais e Subtenentes e divi- as praças;
sas bordadas para Sargentos, Cabos e Soldados; 11. Luvas de pelica brancas quando estiver com espada;
10. Capacete de motociclista quando estiver em deslo- 12. Capacete de motociclista quando estiver em deslo-
camento e colete balístico, quando a situação exigir. camento;
c) USO: Na atividade de policiamento ostensivo com 13. Colete reflexivo e lanterna de sinalização, quando ne-
motocicleta (motopatrulhamento) nos deslocamentos e cessário;
apresentações individuais ou coletivas. Permitido o uso c) Permitido o uso sem a gandola e sem cinto de equipa-
sem a gandola e sem cinto de equipamentos, nas ativida- mentos, nas atividades internas ou de ensino e instrução, de
des internas ou de ensino e instrução, de acordo com as acordo com as normas da OPM.
normas da OPM. d) Observação: será permitido o uso da camiseta interna
IV. Uniforme 4º D (policiamento ostensivo rodoviário e cinza de mangas compridas, no policiamento ostensivo ro-
de trânsito) doviário ou de trânsito em regiões de altas temperaturas, de
acordo com as normas da unidade.
V. Uniforme 5º A (policiamento ostensivo na praia a pé, de
bicicleta ou de quadriciclo);

a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças, masculi-


nos e femininos na atividade de policiamento rodoviário e
de trânsito.

42
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças, masculi- 4. Calça camuflada urbano;


nos e femininos na atividade de policiamento ostensivo na 5. Cinto nylon preto;
praia a pé, de bicicleta ou de quadriciclo. 6. Cinto de equipamentos com coldre de perna preto;
b) COMPOSIÇÃO: 7. Coturnos pretos;
1. Gorro de pala cinza bandeirantes; 8. A identificação do posto ou graduação será feita
2. Camiseta cinza escuro de manga comprida; com miniaturas das insígnias ou divisas emborrachadas nas
3. Bermuda cinza-bandeirante; golas da gandola;
4. Cinto nylon cinza bandeirantes; 9. Peças complementares: escudo, capacete preto, co-
5. Cinto de equipamentos preto; lete balístico e equipamentos necessários para as opera-
6. Meias brancas; ções de choque em geral.
7. Tênis pretos; c) OBSERVAÇÃO: Permitido o uso da camiseta preta,
8. Posto ou graduação e nome do PM (identificação) nas atividades internas e instruções.
bordado na cor branca na camiseta no lado direito no nível VII. Uniforme 6º B (ações táticas especiais)
do Brasão da PMRN.
c) PEÇAS COMPLEMENTARES
1. Colete reflexivo;
2. Luvas de ciclista pretas;
3. Capacete de ciclista, quando em deslocamento.
VI. Uniforme 6º A (operações policiais especiais/camu-
flado urbano)

a) POSSE: Exclusiva dos Oficiais e Praças masculinos e


femininos, integrantes do Batalhão de Operações Policiais
Especiais – BOPE.
b) USO: Exclusivamente em Operações Especiais.
a) POSSE: Exclusiva dos Oficiais e Praças, masculinos e c) COMPOSIÇÃO:
femininos, integrantes do Batalhão de Policia de Choque – 1. Boina preta;
BPChoque. 2. Camiseta interna preta;
b) COMPOSIÇÃO: 3. Gandolão mangas compridas na cor preta;
1. Boina grená escuro; 4. Calça preta;
2. Camiseta interna preta; 5. Cinto nylon preto;
3. Gandolão mangas compridas nas cores camufladas 6. Cinto de equipamentos com coldre de perna preto;
urbano; 7. Coturnos pretos;

43
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

8. PEÇAS COMPLEMENTARES: Escudo balístico, colete 9. Colete balístico, quando a situação exigir;
tático e capacete balístico, luvas impermeáveis e equipa- c) OBSERVAÇÃO: Permitido o uso da camiseta verde
mentos que se fizerem necessários. escuro, nas atividades internas, de instrução e administra-
9. Permitido o uso de capuz (balaclava) quando a si- tivas.
tuação exigir; IX. Uniforme 7º B (policiamento especializado em re-
10. A identificação do posto ou graduação será feita giões de caatinga)
com miniaturas das insígnias ou divisas emborrachadas nas
golas da gandola.
VIII. Uniforme 7º A (policiamento ostensivo ambiental)

a) POSSE: Exclusivo dos Oficiais e Praças, masculinos e


femininos, integrantes das OPM especializadas em opera-
ções na caatinga (Grupos Táticos Operacionais);
b) COMPOSIÇÃO:
1. Gorro camuflado de caatinga ou chapéu selva camu-
flado de caatinga;
2. Camiseta camuflada caatinga;
3. Gandolão mangas compridas nas cores camufladas
caatinga;
4. Calça camuflada caatinga;
5. Cinto nylon cinza;
a) POSSE: Exclusivo dos Oficiais e Praças, masculinos e
6. Cinto de equipamentos na cor marrom-café;
femininos, integrantes da OPM especializada em policia-
7. Coturnos na cor marrom-café;
mento ambiental;
b) COMPOSIÇÃO: 8. A identificação do posto ou graduação será feita
1. Chapéu selva verde escuro; boina verde escuro, com miniaturas das insígnias ou divisas emborrachadas nas
quando determinado; golas da gandola.
2. Camiseta interna verde escuro; 9. PEÇAS COMPLEMENTARES: Colete balístico tático,
3. Gandolão mangas compridas nas cores camufladas luvas de couro e os equipamentos que se fizerem neces-
ambiental; sários.
4. Calça camuflada ambiental; c) OBSERVAÇÃO: Permitido o uso da camiseta camufla-
5. Cinto nylon cinza; da caatinga, nas atividades internas e de instrução.
6. Cinto de equipamentos preto;
7. Coturnos pretos;
8. A identificação do posto ou graduação será feita
com miniaturas das insígnias ou divisas emborrachadas nas
golas da gandola;

44
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

X. Uniforme 8º A (policiamento ostensivo de radiopa-


trulhamento aéreo)

a) POSSE: Obrigatória para Oficiais e Praças, masculi-


nos e femininos.
b) COMPOSIÇÃO:
1. Camiseta regata branca para masculino, sem manga
para feminino;
a) POSSE: Obrigatório para Oficiais e praças, masculi- 2. Calção em naylon cinza escuro, Short feminino cinza
nos e femininos, na atividade de patrulhamento aéreo. escuro;
b) COMPOSIÇÃO: 3. Short térmico de elanca na cor preta;
1. Gorro cinza bandeirantes; 4. Tênis preto;
2. Macacão especial para vôo verde musgo; 5. Meias brancas;
3. Coturnos ou botas específicas pretas; 6. Brasão oficial da PMRN no lado esquerdo do peito;
4. A identificação do posto ou graduação será feita 7. Identificação do PM no lado direito do peito.
c) OBSERVAÇÃO: Não será permitido o uso de unifor-
com miniaturas das insígnias ou divisas emborrachadas nas
me de educação física em cores diferentes das descritas
golas do macacão.
neste regulamento, mesmo que seja unidade especializada.
5. Peças complementares: Luvas impermeáveis verde
d) Será permitida a substituição do tênis por chuteiras
escuro, capacete de vôo, quando exigido, e todo equipa-
ou calçados específicos, no momento da atividade despor-
mento necessário para a atividade. tiva;
e) Nas atividades de natação e esportes aquáticos será
Seção IV usada a sunga preta para o masculino e maiô preto para o
Dos uniformes de educação física e desporto feminino, sandálias pretas e roupão de algodão na cor azul.

Art. 20. A classificação, posse, composição e uso dos


uniformes de educação física e desporto da PMRN seguem
a seguinte sequência:
I. Uniforme 9º A (atividades de educação física e des-
porto)

45
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II. Uniforme 9º B (atividade física e desporto de defesa


pessoal)

a) POSSE: Obrigatório para Oficiais e Praças, mascu-


linos e femininos, no exercício de atividade de educação
física e desporto.
b) COMPOSIÇÃO:
1. Blusão de malha branco com mangas compridas
azuis;
2. Camiseta meia manga branca;
3. Calça de malha azul, com listras laterais vermelhas
e brancas;
4. Tênis preto;
a) POSSE: Obrigatório para Oficiais e Praças, masculi- 5. Meias brancas;
nos e femininos participantes de atividades desportivas e 6. Bandeira do estado do Rio Grande do Norte bordada
competições de judô; do lado direito e o Brasão oficial da PMRN bordado do lado
b) COMPOSIÇÃO: esquerdo na parte da frente do blusão;
1. Quimono branco (masculino e feminino); c) OBSERVAÇÕES: Será permitido o uso sem o blusão
2. Sandália de borracha preta; nas atividades internas, administrativas e de desporto, e
3. Faixa com o respectivo grau; substituição do tênis por chuteira de futebol com travas
4. Camiseta branca interna banca para o feminino. para o policiamento em gramados, quando a situação exi-
III. Uniforme 9º C (atividade física e desporto/agasalho) gir.
d) Uso nas atividades desportivas, nos deslocamen-
tos coletivos de delegações desportivas, no policiamento
em praças desportivas no gramado ou na quadra de jogo;
proibido nos deslocamentos, trânsito e apresentações in-
dividuais.

46
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Seção V
Uniformes especiais e de unidade de ensino

Art. 21. A classificação, posse, composição e uso dos uniformes especiais e de unidade de ensino da PMRN seguem a
seguinte sequência:
I. Uniforme 10º A (APM – guardas de honra, guardas ornamentais, especiais e desfiles.)

a) POSSE: Obrigatório para Oficiais da APM e Alunos Oficiais, masculinos e femininos.


b) COMPOSIÇÃO:
1 Quepe Branco;
2 Túnica azul Ferrete;
3 Calça ou saia azul ferrete com uma listra vermelha nas laterais;
4 Sapatos pretos;
5 Polainas brancas;
6 Luvas brancas;
7 Alamar dourado para o Aluno oficial;
8 Cinto branco com metais dourados;
9 Platinas para alunos oficiais e Dragonas para oficiais;
10 Peças complementares: Guia de espada branca, fiador dourado, espada e faixa branca para oficiais, colocada por
baixo do cinto branco com extremidades caídas para o lado esquerdo; e espadim para Alunos Oficiais;
c) OBSERVAÇÃO: As insígnias dos oficiais são dispostas de acordo com o seu posto, em forma de laços húngaros nos
punhos das túnicas.

47
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II. Uniforme 10º B (APM – guarda bandeira, guardas ornamentais, especiais e desfiles)

a) POSSE: Obrigatório para Oficiais da APM e Alunos Oficiais, masculinos e femininos.


b) COMPOSIÇÃO:
1. Barretina com penacho vermelho;
2. Túnica azul Ferrete;
3. Calça ou saia azul ferrete com listras vermelhas nas laterais;
4. Sapatos pretos;
5. Polainas brancas;
6. Luvas brancas;
7. Alamar dourado (Aluno oficial);
8. Cinto branco com metais dourados;
9. Platinas para alunos oficiais e Dragonas para oficiais;
10. Peças complementares: Guia de espada branca, fiador dourado, espada e faixa branca para oficiais, colocada por
baixo do cinto branco com extremidades caídas para o lado esquerdo; e espadim para Alunos Oficiais;
c) OBSERVAÇÃO: As insígnias dos oficiais são dispostas de acordo com o seu posto, em forma de laços húngaros nos
punhos das túnicas.

48
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

III. Uniforme 11º A (guarda de honra e formaturas mi- IV. Uniforme 12º A (especial de desfile da cavalaria)
litares)

a) POSSE: Oficiais e Praças, masculinos e femininos.


b) COMPOSIÇÃO:
1. Capacete branco;
2. Camiseta meia manga cinza;
3. Camisa cinza-bandeirante mangas compridas ou a) POSSE: Oficiais e Praças, masculinos e femininos, do
curtas; Regimento de Polícia Montada (Cavalaria).
4. Cachecol branco ou na cor especificada OPM; b) COMPOSIÇÃO:
5. Calça cinza-bandeirante; 1. Capacete especial com penacho e crina;
6. Coturno preto; 2. Sobrecasaca azul ferrete escuro;
7. Meias pretas; 3. Culote encarnado com listas pretas nas laterais;
8. Cinto e talabarte branco; 4. Botas hípicas pretas;
9. Polainas brancas para coturnos; 5. Meias pretas;
10. Luvas removíveis para Oficiais e Subtenentes; Divi- 6. Cinto e talabarte branco com metais dourados;
sas bordadas para Sargentos, Cabos e Soldados; 7. Luvas longas brancas;
11. Luvas de pelica na cor branca quando estiver com 8. Dragonas para oficiais, subtenentes e sargentos e
espada ou espadim. Charlateiras para cabos e soldados;
9. Esporas e pingalim, quando exigido;
c) USO: Nos desfiles de datas comemorativas.

49
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

V. Uniforme 12º B (guarda de honra especial e guarda Seção VI


da Sede do Governo Estadual); Uniformes de atividades diversas

Art. 22. A classificação, posse, composição e uso dos


uniformes atividades diversas da PMRN seguem a seguinte
sequência:
I. Uniforme 13º A (atividade da saúde)

a) POSSE: Oficiais e Praças da Guarda da Governadoria;


b) COMPOSIÇÃO:
1. Barretina com penacho vermelho;
2. Ginete branco;
3. Cachecol branco;
4. Calça azul ferrete escuro; a) POSSE: Obrigatório para Oficiais e Praças na ativida-
5. Cinto nylon branco; de de saúde.
6. Coturnos pretos; b) COMPOSIÇÃO: A mesma dos uniformes 3ºA, 3ºB e
7. Polainas brancas para coturnos; 4ºA, substituindo a camisa cinza claro (3ºA e B) e camisa
8. Meias pretas; cinza bandeirante (4ºA) pelo Jaleco branco, com identifi-
9. Cinto de equipamentos e talabarte branco com me- cação do PM acima do bolso direito e distintivo do quadro
tais prateados; bordado abaixo da pestana do bolso do lado esquerdo;
10. Luvas brancas; luvas removíveis cinza bandeirantes para os oficiais e divi-
11. Insígnias metálicas para os oficiais e subtenentes, e sas bordadas para as praças, Bandeira do RN na manga do
divisas bordadas para as praças; lado direito e Brasão da PMRN do lado esquerdo.
c) USO: Em desfile de datas comemorativas e no servi- c) USO: Exclusivo em atividades internas nas unidades
ço diário de guarda da Sede do Governo Estadual, quando de saúde. Proibido o uso em vias públicas e nas apresenta-
estiver de sentinela da hora; ções individuais.

50
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II. Uniforme 13º B (atividade do Grupamento de Apoio III. Uniforme 14º A (atividade de manutenção - mecâ-
à Vida) nica, material bélico, comunicação, almoxarifado e obras).

a) POSSE: Obrigatório para as praças na atividade de


manutenção.
b) COMPOSIÇÃO:
1 Gorro cinza bandeirante;
2 Macacão cinza escuro;
3 Camiseta cinza;
4 Coturnos ou borzeguins pretos;
a) POSSE: Obrigatório para Oficiais e praças do Grupa- c) USO: nas atividades internas de serviços gerais, mo-
mento de Apoio à Vida. tomecanização, manutenção de comunicação e material
b) COMPOSIÇÃO bélico, obras e outros serviços.
1. Macacão com a parte de cima branco, com mangas
nas core azul escuro e vermelho; a parte da calça azul es- Capítulo III
Das insígnias e divisas, distintivos e condecorações
curo;
Seção I
2. Gorro azul escuro com detalhes em vermelho e bra-
Das insígnias dos oficiais
ço;
3. Camiseta interna branca;
Art. 23. As insígnias do Comandante Geral da Polícia
4. Borzeguins pretos; Militar do Rio Grande do Norte e dos demais oficiais, supe-
5. Meias pretas; riores, intermediários e subalternos, são definidas e dispos-
6. Identificação do posto ou graduação na gola do ma- tas da seguinte forma:
cacão.
7. Peça complementar: luvas impermeáveis;
c) USO: Exclusivo em atividades do Grupo de Apoio à
Vida. Proibido o uso em vias públicas, quando estiver fora
de serviço, e nas apresentações individuais.

51
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

I. Insígnia do Comandante Geral da PMRN: na platina,


é constituída de uma estrela de cinco pontas em cor dou-
rada ao centro de um círculo vermelho, margeado por fio
amarelo, contornado por uma fita azul, contendo vinte e
cinco estrelas prateadas. Abaixo três estrelas de oito pon-
tas, dispostas em forma triangular, em cor amarelo ouro.
Este conjunto delimitado por folhas de louros dourados
laçados pelo prolongamento da fita azul. Na luva remo-
vível o mesmo conjunto será bordado com fio nas cores
características das definidas na platina, em tecido da cor II. Insígnia do Sub Comandante e Chefe do Estado
cinza bandeirante. Maior Geral: na platina é constituída por três estrelas com-
a) Descrição heráldica: A estrela principal de cinco pon- postas de oito pontas, em metal amarelo ouro, posiciona-
tas, símbolo da manifestação central da luz, representando
das em linha ao centro da platina, tendo dois ramos dou-
o homem radioso como a luz em meio às trevas do mundo
rados assimétricos à esquerda ramos de trigo e à direita
profano, em cor dourada por ser a cor da eternidade, que
ramos de louros, iniciando em forma de xis ao centro da
mostra o caminho de comunicação entre o homem e os
parte inferior e prolongando-se nas laterais, findando ao
deuses, ou os que estão em um plano superior à institui-
ção comandada, proclamando a origem divina do poder encontro da linha tangente à estrela da parte superior. Nas
de quem a ostenta, fica ao centro de um círculo, demons- luvas removíveis serão bordadas linha nas mesmas cores e
trando a ausência de distinção ou de divisão, promovendo características da platina.
a perfeição da homogeneidade, na cor vermelha (a cor do
sangue), que representa a vida. A fita azul simboliza a re-
compensa de uma vida que se distingue, marcando um su-
cesso, sugerindo a ideia da eternidade tranquila e altaneira,
despertando um
desejo de pureza por ser o azul, a cor da verdade. As
vinte e sete estrelas, em tonalidade prateada, simbolizam a
pureza e a sabedoria divina que exalam dos ideais de união
nos pensamentos de todos os líderes das Corporações dos
Estados da Confederação e do centro da administração do III. Coronel: Três estrelas compostas douradas, meta-
país, o Distrito Federal. As três estrelas de oito pontas na lizadas para as platinas e bordadas com as mesmas ca-
cor dourada, que representam o posto da autoridade que racterísticas, em tecido cinza bandeirantes, para as luvas
as ostenta, estão dispostas em formato na extremidade re- removíveis;
tilínea da platina, em ponta, por uma pequena união de
formato elíptico também bordado e na extremidade retilí-
nea da platina, dentro do campo, circunscrito pelos ramos,
encontram-se três estrelas douradas de coronel, na forma
oficial, medindo 10mm de diâmetro, em disposição trian-
gular (1,2). Completando o campo, uma elipse dupla con-
tornada de prata (argenta) terminada em ponta, tendo em
campo de azul (blau), 20 (vinte) estrelas de prata. No inte-
rior da elipse, um círculo contornado de ouro, em campo
de vermelho (gules) com alma de alumínio acompanhando
IV. Tenente Coronel: Duas estrelas compostas doura-
a curvatura do ombro de forma pentagonal com ângulos
das e uma estrela simples prateadas quatro pontas, me-
da base retos; na abertura do ângulo oposto à base, um
talizadas para as platinas e bordadas com as mesmas ca-
botão pequeno de 15mm de diâmetro em metal dourado
com uma estrela de cinco pontas, com contorno fino bor- racterísticas, em tecido cinza bandeirantes, para as luvas
dado com fio da mesma cor do tecido veludo. O campo removíveis.
da platina contém bordos, contornados por ramo de louro
(Laurus nobilis) com as folhas contínuas bordadas com fio
dourado, terminando os ramos, na extremidade contínua
bordadas com fio dourado, terminando os ramos, com uma
estrela de cinco pontas de ouro. Na extremidade aposta de
ponta da elipse e unida a esta, uma faixa ondulada de azul
(blau) com 7 (sete) estrelas de prata argendas sobrepostas
às pontas sobre os ramos de louro.
b) Em miniatura será usada no Bastão de Comando e
na gola do lado esquerdo das camisas dos uniformes de
passeio.

52
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

V. Major: Uma estrela composta dourada e duas es- I. Sub Tenente: um triângulo em metal dourado, para
trelas simples prateadas quatro pontas, metalizadas para platinas e bordado com fio branco no tecido cinza bandei-
as platinas e bordadas com as mesmas características, em rante, nas luvas removíveis; o triângulo será disposto com
tecido cinza bandeirantes, para as luvas removíveis. o vértice voltado para o interior do corpo, acompanhando
o formato da platina.

VI. Capitão: três estrelas prateadas quatro pontas, me-


talizadas para as platinas e bordadas com as mesmas ca- II. 1º Sargento: Cinco divisas bordadas com fio da cor
racterísticas, em tecido cinza bandeirantes, para as luvas branca em tecido da cor azul marinho; disposta na forma
removíveis. triangular aberta na parte inferior, com o vértice voltado
para cima; logo abaixo será bordado o distintivo do respec-
tivo quadro de praça;

VII. 1º Tenente: duas estrelas prateadas quatro pontas,


metalizadas para as platinas e bordadas com as mesmas
características, em tecido cinza bandeirantes, para as luvas
removíveis. III. 2º Sargento: Quatro divisas bordadas com fio da cor
branca em tecido da cor azul marinho; disposta na mesma
forma da divisa de 1º Sargento.

VIII. 2º Tenente: uma estrela prateada quatro pontas


metalizadas para as platinas e bordadas com as mesmas
características, em tecido cinza bandeirantes, para as luvas IV. 3º Sargento: Três divisas bordadas com fio da cor
removíveis. branca em tecido da cor azul marinho; disposta na mesma
forma da divisa de 1º Sargento.
Seção II
Das divisas das praças

Art. 24. As divisas das praças: Subtenentes, Sargentos,


Cabos e Soldados, são definidas e dispostas da seguinte
forma:

V. Cabo: Duas divisas bordadas com fio da cor branca


em tecido da cor azul marinho; disposta na forma trian-
gular aberta na parte inferior, com o vértice voltado para
cima; logo abaixo será bordado o distintivo do respectivo
quadro de praça;

53
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

III. Insígnia de Aluno do Curso de Habilitação de Oficial


(CHO): Luva removível, um círculo com duas penas cruza-
das no seu interior, sendo o encontro das penas na parte
externa e a abertura voltada para o corpo, bordada em fio
simples de cor branca, em tecido cinza bandeirante. Na pla-
tina o mesmo conjunto confeccionado em metal dourado.

VI. Soldado: Uma divisa bordada com fio da cor branca


em tecido da cor azul marinho; disposta na forma trian-
gular aberta na parte inferior, com o vértice voltado para
cima; logo abaixo será bordado o distintivo do respectivo
quadro de praça;

Seção III IV. Alunos Sargentos: um círculo bordado em tecido de


Das insígnias e divisas das praças especiais fundo azul escuro, bordas amarelo ouro, acompanhando a
borda em forma circular, bordada em fio branco, a descri-
Art. 25. As insígnias e divisas das praças especiais: As- ção em letra maiúscula POLÍCIA MILITAR acima da miniatu-
pirante a oficial, Alunos Oficiais, Alunos Sargentos, Alunos ra do distintivo das Polícias Militares sobreposto a três fitas
Cabos e Alunos Soldados, são definidas e dispostas da se- amarelas separadas por linhas brancas; abaixo acompa-
guinte forma: nhando a borda em forma circular, bordada em fio branco
a descrição em letra maiúscula CURSO DE FORMAÇÃO DE
SARGENTOS. Usado pelo Policial Militar no período de cur-
so a graduação de sargento, independente do seu quadro.

I. Insígnia de Aspirante a oficial: na platina é constituída


por uma estrela singela de cinco pontas, de metal prateado.
Na luva removível a estrela de cinco pontas vazada, borda-
da em fio branco, no tecido cinza bandeirante seguindo as
mesmas características da luva dos oficiais; V. Alunos Cabos: a mesma descrição do distintivo de
aluno sargento, substituindo as três por duas fitas amarelas
e o dístico para CURSO DE FORMAÇÃO DE CABOS. Usado
pelo Policial Militar no período de curso a graduação de
cabo, independente do seu quadro.

II. Insígnia de Aluno Oficial PM: Na platina é constituída


por um conjunto metálico dourado, formado por uma bar- VI. A identificação dos Alunos Soldados dar-se-á no
ra para o 1º ano, duas para o 2º ano e três para o 3º ano, próprio cadarço de identificação, que será bordado com fio
mais um circulo com uma estrela singela de cinco pontas preto em tecido da cor amarela, colocando antes do nome
no seu interior. Na luva removível o conjunto é bordado em do aluno as iniciais: “AL SD PM”; segue a mesma descrição
fio simples de cor branca, em tecido cinza bandeirante. A do cadarço de identificação dos demais policiais militares.
disposição das barras no conjunto inicia na parte externa
em relação ao corpo, ao lado do círculo com estrela, va- Seção IV
riando de acordo com o ano do curso. Tudo seguindo as Das disposições e descrição das insígnias e divisas
mesmas características das platinas e luvas dos oficiais.

54
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 26. A disposição das insígnias dos oficiais e subte- II. INSÍGNIA PRATEADA (ESTRELA SIMPLES)
nentes segue a seguinte forma: as platinas serão confeccio- a) Metálica: Formada por um escudo de duas circun-
nadas com tecido cinza escuro, base em tecido aveludado, ferências perfiladas em prata. O círculo central é vermelho,
espessura 10/12, com alma de alumínio, acompanhando a esmaltado, e contém, em relevo, uma estrela singela, sim-
curvatura do ombro, de forma pentagonal com ângulos da ples, em ouro. O espaço entre as circunferências é de cor
base retos; na abertura do ângulo oposto à base, um botão azul esmaltado, tangenciando com os vértices internos da
pequeno de 15mm de diâmetro em metal dourado com figura base e tem uma bordadura de cinco estrelas em pra-
uma miniatura de estrela de cinco pontas no seu campo. ta. Um resplendor em prata, de formato cruciforme, forma-
Medindo 60mm de largura e 140mm em seu comprimento do de 36 (trinta e seis) lâminas convexas, envolve a figura
total, entre o bico e a base. As insígnias serão colocadas central ficando em plano inferior. O conjunto tem 30mm no
equidistantes, sendo a primeira a 50mm (5cm) a partir do eixo maior. A sua miniatura possui 15mm no eixo maior. A
bico, as demais a 35mm (3,5cm) de uma para a outra, quan- altura de uma de suas arestas até o centro da estrela central
mede 09mm.
do a disposição de três insígnias. No caso de duas, inicia-se
b) Bordada: de descrição idêntica a da metálica, sendo
a primeira a 60mm (6cm) a partir do bico e 40mm (4cm)
confeccionada em fio simples nas cores características, em
de distância para a outra. Quando for apenas uma insígnia
tecido cinza escuro para uniforme de passeio e tecido cinza
esta será centralizada, ficando a 80mm (8cm) a partir do
bandeirante para o uniforme de policiamento ostensivo.
bico. As luvas removíveis serão confeccionadas de tecido
cinza escuro para uniforme de passeio e tecido cinza ban-
deirante para o uniforme de policiamento ostensivo, com
as insígnias bordadas em fio simples nas cores padrão de
cada insígnia, seguindo a mesma disposição das platinas.
Para os uniformes camuflados será confeccionada uma mi-
niatura emborrachada. III. INSÍGNIA DE ASPIRANTE A OFICIAL (ESTRELA SIN-
Art. 27. As insígnias dos oficiais seguem a seguinte GELA):
descrição: a. Metálica: Estrela singela prateada cinco pontas, con-
feccionada em metal niquelado, com 25 mm de diâmetro.
b. Bordada na luva removível: Estrela singela cinco pon-
tas, bordada vazada, sendo confeccionada em fio simples
na cor branca, em tecido cinza escuro para uniforme de
passeio e em tecido cinza bandeirante, para os uniformes
de policiamento ostensivo.
I. INSÍGNIA DOURADA (ESTRELA COMPOSTA)
a) Metálica: Formada por um escudo de duas circun-
ferências perfiladas em ouro. O círculo central é vermelho
esmaltado e contém, em relevo, uma estrela singela, sim-
ples, em ouro. O espaço entre as circunferências é de cor
azul, esmaltado, tangenciando com os vértices internos da
figura-base, e tem uma bordadura de 5 (cinco) estrelas,
em ouro. Um resplendor em ouro, de formato cruciforme, IV. INSÍGNIA DE SUBTENENTE PM
formado de 36 (trinta e seis) lâminas convexas, envolve a a) Metálica: Formada por um triângulo simples, con-
feccionado em metal dourado, medindo 30 mm cada lado.
figura central, ficando em plano inferior. Um segundo res-
b) Bordada na luva removível: Formado por um triân-
plendor, em ouro, também de formato cruciforme, sobres-
gulo simples, bordado vazado, sendo confeccionado em fio
sai nos vértices internos do primeiro, apresentando 20 (vin-
simples na cor branca, em tecido cinza escuro para uniforme
te) lâminas convexas, ficando em plano inferior a este. O
de passeio e em tecido cinza bandeirante, medindo 30 mm
conjunto tem 30mm no eixo maior. A sua miniatura possui cada lado, para os uniformes de policiamento ostensivo.
15mm no eixo maior. A altura de uma de suas arestas até o Art. 28. A disposição e descrição das divisas das praças
centro da estrela central mede 09mm. seguem da seguinte forma:
b. Bordada: De descrição idêntica a da metálica, sendo
confeccionada em fio simples nas cores características, em
tecido cinza escuro para uniforme de passeio e tecido cinza
bandeirante para o uniforme de policiamento ostensivo.

55
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

I. Sargento PM
a) USO:
1. Metálica – em tamanho miniatura, na gola esquerda
das camisas internas dos uniformes sociais.
2. Bordada – Nas mangas dos uniformes de passeio e
de policiamento ostensivo, a 10mm do bordado da ban-
deira do Rio Grande do Norte, e do Brasão da PMRN ou a
100mm da costura superior das túnicas dos 2º uniformes.
b) DESCRIÇÃO: I. BANDEIRA DO BRASIL
1. Bordada – Cinco divisas formando dois conjuntos, a) USO: Bordada - Quando o Policial Militar estiver em
um superior de três e um inferior de duas, de cor bran- viagem de estudos ou a serviço, fora do país, será usada
ca, sendo a distância entre os conjuntos de 6mm, medindo em substituição a Bandeira do Rio Grande do Norte, na
110mm de altura e 70mm de largura. As divisas são em ân- manga direita, a 50mm da costura superior do ombro das
gulo reto, com o vértice para cima tendo 6mm de largura, túnicas dos 2º uniformes. E nos demais que comportem a
separadas Bandeira do Rio Grande do Norte para o caso específico de
umas das outras por 2mm. São confeccionados na cor curso fora do país.
branca, em fio metálicos para os 2º uniformes e em fio sim- b) DESCRIÇÃO: Bordada - Bandeira do Brasil, nas suas
ples nos demais, bordadas em tecido grosso da cor azul cores originais, bordada em fio simples, nas dimensões de
marinho e costuradas nas mangas das camisas. Na aber- 40X60mm.
tura do ângulo relativo à divisa inferior e correspondente à
linha imaginária traçada pela união dos vértices das divisas,
é colocado um distintivo básico, constituído de duas gar-
ruchas, com 22mm cada, para o quadro de combatentes,
sendo substituídas de acordo com o respectivo quadro do
graduado.
2. Metálica – Divisas na cor prateada, em brocante, so-
bre um suporte formado por um escudete antigo, estiliza-
do e reverso, nas dimensões de miniatura. II. TARJETA DO BRASIL
II. As divisas dos 2º Sargentos, 3º Sargentos, seguem a. USO: No terço superior da manga direita, a 20mm da
as mesmas descrições e disposições do 1º Sargento, sen- costura, nos mesmos uniformes e situações previstas para
do reduzida uma divisa em cada graduação, partindo do a Bandeira do Brasil.
conjunto inferior: 2º Sargento: Conjunto de 4 divisas; 3º b. DESCRIÇÃO: Bordada - Faixa semicircular bordada
Sargento: 3 divisas. em fio simples, em campo verde, aureolada em linha ama-
rela, contendo o designativo “BRASIL”, em linha branca.

III. BANDEIRA DO RIO GRANDE DO NORTE


III. As divisas dos Cabos e Soldados seguem as mes- a) USO: Bordada - Será usada no terço superior da
mas descrições e disposições dos sargentos, sendo 70mm manga direita, no centro, a 50 mm da costura superior, me-
de altura e distribuídas para os Cabos 2 divisas e Soldados dindo 40x60mm, dos uniformes formais e sociais (túnicas),
uma divisa. de passeio e representação, de policiamento ostensivo,
bem como na parte da frente no lado direito, à altura do
Seção V bolso, no uniforme de desporto (agasalho desportivo).
Dos distintivos de unidade, de quadros e de cursos b) DESCRIÇÃO: Bandeira do Rio Grande do Norte,
bordada em fio simples, nas dimensões de 40X60mm. A
Art. 29. Os distintivos de representação e de unidades bandeira do Rio Grande do Norte foi desenhada por Luís
são definidos e dispostos da seguinte forma: da Câmara Cascudo, apresenta os elementos básicos que
melhor representam o Rio Grande do Norte. O coqueiro
à esquerda, a carnaubeira à direita, a cana-de-açúcar e o
algodão representam a flora. O mar, com a jangada, repre-
senta a pesca e a extração de sal.

56
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

golas dos uniformes de passeio. Em tamanho grande, em


ambos os lados da gola acima da lapela das túnicas dos 2º
uniformes. Será usada também em miniatura no bastão de
Comando do Comandante Geral.
b) DESCRIÇÃO: Metálico - Duas garruchas cruzadas,
confeccionadas em metal dourado para Oficiais e prateado
para Praças.

IV. BRASÃO DAS ARMAS DA PMRN c) No uniforme de policiamento montado o distintivo


a) USO: Bordado-Confeccionado em fio comum, será básico será substituído pelo distintivo específico da cavala-
usada no terço superior da manga esquerda, no centro, ria, pelos policiais militares portadores dos respectivos cur-
com 80mm de altura e 60mm de largura, bordado a 50mm sos; dourado para oficiais e prateado para praças.
da costura superior das camisas dos uniformes formais e d) DESCRIÇÃO: Metálico, duas lanças cruzadas com
sociais, de passeio, representação e policiamento ostensivo. bandeirolas e laços de fitas no cruzamento.
Nas boinas será usado uma miniatura, metálica, com 42mm
de diâmetro, sendo afixada na lateral direita, a 70mm do
eixo central que liga o cordão de regulagem a parte frontal.
b) Impresso - Na capa impermeável (capa de chuva).
c. DESCRIÇÃO HERÁLDICA: O brasão das armas da
PMRN é representado por um escudo português cortado
em chefe, filetrado em sable (preto), com cinco torrões e
quatro anéis em goles (vermelho), de base um arco em
toda extensão de chefe, representando a Polícia Militar
como sentinela e guardiã da sociedade; acima do escudo
o dístico RIO GRANDE DO NORTE em letras pretas e em
forma de semi-círculo. Abaixo dos torrões, centralizada e VI. DISTINTIVO DE UNIDADE
em fundo branco, uma estrela de cinco pontas, dourada, a) USO: Bordado - No terço superior da manga esquer-
representando o Estado na República Federativa do Brasil. da, a 20mm da costura, nos uniformes de policiamento os-
No centro, um campo com duas fitas paralelas horizon- tensivo. Metálico - Será fixado com uma peça de couro, no
tais, sendo a superior em sinopla (verde) e a inferior na cor bolso esquerdo dos uniformes sociais e de passeio. Para o
branca, representando as cores da bandeira do estado do pessoal feminino será fixado diretamente no uniforme, sem
RN, sobre elas as duas garruchas cruzadas na cor dourada, a peça de couro.
símbolo das Polícias Militares do Brasil. A parte inferior do b) DESCRIÇÃO: Bordada - Faixa semicircular bordada
escudo é partida ao meio, sendo o campo destro em goles em fio simples, no tecido de cor preta, aureolada em linha
(vermelho), tendo duas espadas cruzadas, representando amarela, contendo o designativo de cada OPM bordado
justiça, critérios, virtudes militares e disciplinares que sus- com linha amarela. Medindo 120mm de cumprimento por
tentam a Corporação; no campo sinistro, em blau (azul), a 30mm de altura.
representação do sal e algodão como as riquezas naturais c) Metálico - Distintivo da Unidade confeccionado em
do Estado. No listel uma faixa com pontas flutuantes na cor metal, com as características específicas de cada OPM e fi-
amarela, carregado do dístico “27 DE JUNHO DE 1834”, xado ao bolso esquerdo, devendo ser utilizado com uma
data de criação da Polícia Militar do RN e “VIGILANTIS base tangenciando-a na cor preta.
SEMPER” nas pontas, confirmando a vigilância contínua e d) Os distintivos acima são apenas ilustrativos, pois
serviço ininterrupto prestado a sociedade, abaixo do escu- cada unidade deve ter seu respectivo distintivo, com as ca-
do o dístico POLÍCIA MILITAR em letras pretas e em forma racterísticas próprias e descrições heráldicas regulamenta-
de semi-círculo invertido. da em decreto próprio.

Art. 30. Os distintivos de quadros são definidos e dis-


postos da seguinte forma:

V. DISTINTIVO BÁSICO DAS POLÍCIAS MILITARES


a) USO: Metálico - Em tamanho miniatura, na gola di-
reita da camisa do uniforme 2º C. Em tamanho médio nas

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

I. Quadro de Oficiais Policiais Militares (QOPM) e pra- 3. Especialista Farmacêutico


ças combatentes (QPMP-0): a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do uniforme
a) USO: Metálico - Em tamanho miniatura, na gola di- 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, bordado no
reita da camisa do uniforme 2º C. Em tamanho médio nas bolso esquerdo do jaleco..
golas dos uniformes de passeio. Em tamanho grande, em b) DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ambos os lados da gola acima da lapela das túnicas dos 2º ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em me-
uniformes. Bordada nas divisas das praças. tal dourado, tendo uma ânfora enleada por uma serpente.
b) DESCRIÇÃO: Duas garruchas cruzadas, confecciona-
das em metal dourado para os oficiais e prateado para as
praças ou bordadas em linha branca nas divisas das praças.

4. Especialista Enfermeiro
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do uniforme
II. Quadro de Oficiais da Administração (QOAPM) 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, bordado no
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- bolso esquerdo do jaleco.
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. b) DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
b) DESCRIÇÃO: Metálico - Duas penas que se encon- ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em me-
tram no punho de um sabre, confeccionadas em metal tal dourado, tendo uma lamparina sobreposta a um sabre.
dourado.
III. Quadro de Oficiais da Saúde - (QOS) IV. Quadro de Oficiais de Apoio a Saúde(QOAS)

1. Especialista Assistente Social


a. USO: Metálico - na gola direita da camisa do uniforme
2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, bordado no
1. Especialista Médico bolso esquerdo do jaleco.
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- b. DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio simples
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, borda- na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em metal
do no bolso esquerdo do jaleco. dourado, tendo uma balança com uma tocha centralizada.
b) DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em
metal dourado, com uma serpente enleando um sabre.

2. Especialista Fisioterapeuta
a. USO: Metálico - na gola direita da camisa do uniforme
2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, bordado no
bolso esquerdo do jaleco.
b. DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio simples
na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em metal
2. Especialista Dentista (QOS/CD) dourado, tendo duas serpentes entrelaçadas no raio de cima
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- para baixo, uma delas da esquerda para a direita e outra da
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, borda- direita para a esquerda.
do no bolso esquerdo do jaleco..
b) DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em
metal dourado, tendo uma haste enleada por duas serpen-
tes.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

3. Especialista Fonoaudiólogo b. DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-


a. USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, borda- metal dourado, sendo representado pela letra grega “psi”,
do no bolso esquerdo do jaleco. tendo a forma de um tridente.
b. DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em
metal dourado, tendo um círculo contendo em sua parte
superior o nome da profissão - “Fonoaudiologia”, ao centro
a letra “F” estilizada, ao fundo e ao redor da letra “F” duas
figuras geométricas, de forma côncava, raiadas e em sua
parte inferior, dois losangos.

6. Especialista Veterinário
a) USO: Metálico: na gola direita da camisa do unifor-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio.
b) DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ples na cor amarelo-ouro. Metálico: Confeccionadas em
metal dourado tendo um facho com uma serpente enleada
em forma de “V”.

4. Especialista em Nutrição
a. USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, borda-
do no bolso esquerdo do jaleco.
b. DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ples na cor amarelo-ouro. Metálico - Confeccionadas em
metal dourado, tendo uma balança com o seu entrelaçado
por uma serpente sendo colocada no interior de um escu-
do estilizado, na parte inferior dois ramos de trigo dispos-
tos fora do escudo.

7. Especialista Biomédico
a. USO: Metálico: na gola direita da camisa do uniforme
2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio.
b. DESCRIÇÃO: Bordado - Confeccionadas em fio sim-
ples na cor amarelo-ouro. Metálico: Confeccionadas em
metal dourado tendo um círculo formado por duas linhas
entrelaçadas tendo na parte central uma cruz grega sobre-
posta por um microscópio

5. Especialista Psicólogo
a. USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio, borda-
do no bolso esquerdo do jaleco.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

V. Quadro de Oficiais Capelães (QOC) d. DESCRIÇÃO: Metálico, uma engrenagem dentada


1. Capelão Militar Católico contendo no centro um pistão engraxado numa árvore de
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- manivela, sendo dourado para oficiais e prateado para as
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. praças ou bordadas em linha branca nas divisas das praças.
b) DESCRIÇÃO: Metálico - Uma cruz latina confeccio-
nada em metal dourado.

3. Quadro de Oficiais e Praças Especialistas Músicos


(QOE e QPMP-4):
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. Bor-
dada nas divisas das praças, em substituição as garruchas.
2. Capelão Militar Evangélico b) DESCRIÇÃO: Metálico, uma lira em metal dourado
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- para oficiais e prateada para as praças ou bordadas em li-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. nha branca nas divisas das praças.
b) DESCRIÇÃO: Metálico, um livro aberto com um facho
de chamas sobreposto, confeccionadas em metal dourado.

VI. Quadro de Oficiais e Praças Especialistas

VII. Quadro de Praças da Manutenção de Material Bé-


lico (QPMP-1):
1. Quadro de Oficiais e Praças Especialistas da Comuni- a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor-
cação (QOE; QPMP-2 e QPMP-5): me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. Bor-
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor- dado nas divisas das praças, em substituição as garruchas.
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. Bor- b) DESCRIÇÃO: Metálico ou bordado, dois canhões
dada nas divisas das praças, em substituição as garruchas. coloniais cruzados, confeccionado em metal prateado ou
b) DESCRIÇÃO: Metálico, um círculo vazado irradian- bordada em linha branca nas divisas das praças.
do quatro setas para os pontos cardeais, dourado para os
oficiais e prateados para as praças ou bordadas em linha
branca nas divisas das praças.

VIII. Quadro de Praças Especialistas de Saúde (QPMP-


6):
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. Bor-
dado nas divisas das praças, em substituição as garruchas.
b) DESCRIÇÃO: Metálico, uma cruz de braços iguais
confeccionada em metal na cor vermelha ou bordada em
linha da mesma cor nas divisas das praças.

2. Quadro de Oficiais e Praças Especialistas da Moto-


mecanização (QOE e QPMP-3):
c. USO: Metálico - na gola direita da camisa do unifor-
me 2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. Bor-
dada nas divisas das praças, em substituição as garruchas.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IX. Quadro de Praças Especialistas Corneteiros (QPMP-7): II. Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO)
a) USO: Metálico - na gola direita da camisa do uniforme a) USO OBRIGATÓRIO: Bordado, no macho do bolso
2º C e nas duas golas nos uniformes de passeio. Bordado nas direito dos uniformes de serviço e instrução. Metálico - No
divisas das praças, em substituição as garruchas. macho do bolso direito das túnicas dos 2º uniformes e ca-
b) DESCRIÇÃO: Metálico, uma corneta confeccionada em misas dos uniformes de passeio, pelos oficiais intermediá-
metal prateado ou bordada em linha branca nas divisas das rios da PMRN, concluintes do CAO realizado na Academia
praças. de Policia Militar Coronel Milton Freire de Andrade. É veda-
do aos oficiais da PMRN o uso simultâneo do distintivo do
Art. 31. Os distintivos de cursos são definidos e dispostos CAO com o do Curso de Formação de Oficiais.
da seguinte forma:
b) DESCRIÇÃO: Metálico, é formado por um escudo
prateado, composto por um conjunto de uma circunferên-
cia de fundo vermelho, onde contém uma estrela de cinco
pontas dourada, contorno largo do círculo, de fundo azul,
onde estão as inscrições “PMRN” na parte superior e “CUR-
SO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS” na parte inferior,
todo ladeado por dois ramos prateados, sobreposto a duas
espadas cruzadas de cor dourada. Bordado em fio simples
de cores características com a mesma composição descrita
acima.

I. Curso Superior de Polícia (CSP):


a) USO OBRIGATÓRIO: Bordado, no macho do bolso
direito dos uniformes de policiamento ostensivo. Metálico
- No macho do bolso direito das túnicas dos 2º uniformes e
camisas dos uniformes de passeio, pelos oficiais superiores
da PMRN, concluintes do CSP realizado pelo Centro de Es-
tudos Superiores da PMRN. É vedado aos oficiais da PMRN
o uso simultâneo do distintivo do CSP com o do CAO ou
do CFO.
b) DESCRIÇÃO: Metálico, é formado por um escudo
dourado, composto por um conjunto de uma circunferên- III. Curso de Formação de Oficiais (CFO):
cia de fundo vermelho onde contém uma estrela de cinco a) USO OBRIGATÓRIO: sobre o macho do bolso direi-
pontas dourada, contorno largo do círculo, de fundo azul, to das túnicas e camisas dos uniformes regulamentares da
onde estão as inscrições “CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA Policia Militar do Rio Grande do Norte, pelos oficiais da
MILITAR”, na parte superior e “PMRN” na parte inferior, PMRN, concluintes do CFO realizado na Academia de Poli-
todo ladeado por dois ramos dourados sobreposto a um cia Militar Coronel Milton Freire de Andrade. O uso do dis-
sabre. Bordado em fio simples nas cores características, tintivo do CFO, por oficiais de outras instituições policiais
com a mesma composição descrita acima. militares, que concluíram ou venham a concluir o CFO na
Academia Cel Milton Freire de Andrade, fica condicionado
às normas regulamentares de suas respectivas Corpora-
ções. É vedado aos oficiais da PMRN o uso simultâneo do
distintivo do CFO com o do Curso de Aperfeiçoamento de
Oficiais - CAO e o do Curso Superior de Polícia – CSP.
b) DESCRIÇÃO: Escudo estilizado em formato ogival, de
03 (três) bicos regulares, de orla destacada em gris (cinza),
campo cortado em faixa, sendo a parte superior em sino-
pla (verde) e a inferior na cor branca, carregado ao centro
por um conjunto composto de um livro aberto sobre duas
espadas cruzadas, tudo em gris, sobposto a uma roda de
moinho de 08 (oito) pás, em jalne (dourada), que carrega

61
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

ao centro uma esfera armilar em blau (azul), contendo uma


estrela dourada de 05 (cinco) pontas. Contornando exter-
namente o escudo, partindo da ponta, dois ramos de folhas
de carvalho, em sinopla, que se distendem para o alto e
sendo unidos na base por um listel em jalne, contendo as
inscrições PMRN e CFO, tudo em sable (preto).
c) Dimensões: altura total: 35mm; largura total: 30mm.

d) Fundamentos heráldicos: escudo ogival estilizado:


simboliza a duração do CFO: 03 (três) anos; livro aberto:
erudição e respeito à Lei; roda de moinho: persistência e
acuidade no estado de oficial; esfera armilar: universali-
dade do conhecimento; espadas cruzadas: justiça, critério,
virtudes militares; estrela dourada: Polícia Militar, oficialato;
folhas de carvalho: sonho alcançado, vitória, força; cor cin-
za: seriedade, imparcialidade, firmeza; cor azul: serenidade,
vigilância, confiança; cores verde e branca: presentes na
bandeira do Estado do Rio Grande do Norte; cor dourada:
poder, constância; cor preta: prudência, modéstia.
V. Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS)
a) USO OBRIGATÓRIO: Bordado, no macho do bolso
direito dos uniformes de serviço e instrução. Metálico - No
macho do bolso direito nos 2º uniformes e camisas dos
uniformes de passeio.
b) DESCRIÇÃO: Conjunto formado por um escudo por-
tuguês ladeado ramos de louros prateados, no qual o dis-
tintivo das Polícias Militares (duas garruchas cruzadas) está
por trás de um triângulo com o vértice voltado para cima,
de fundo vermelho, logo abaixo estão colocadas as iniciais
CAS, e na parte superior do escudo numa faixa vermelha as
iniciais PMRN em letras brancas.

IV. Curso de Habilitação de Oficiais (CHO):


a) USO OBRIGATÓRIO: Metálico ou Bordado é usado
sobre o macho do bolso direito das túnicas e camisas dos
uniformes regulamentares da Policia Militar do Rio Gran-
de do Norte, pelos oficiais da PMRN, concluintes do Curso
de Habilitação de Oficiais realizado na Academia de Policia
Militar Coronel Milton Freire de Andrade.
b) DESCRIÇÃO: Metálico – Escudo português de fundo
verde com uma faixa vermelha na parte superior, composto
por uma torre na parte central, ladeada por duas penas,
tendo acima na parte vermelha o distintivo das polícias
militares, duas garruchas cruzadas douradas, logo abaixo
no campo verde os dísticos “PM” do lado direito e “RN”
do lado esquerdo da torre; abaixo da torre a sigla “CHO”,
todas as letras douradas. Bordado com fio simples e com a
mesma composição descrita acima.
VI. Curso de Formação de Sargentos (CFS).
a) USO OBRIGATÓRIO: Bordado, no macho do bolso
direito dos uniformes de serviço e instrução. Metálico - No
macho do bolso direito nos 2º uniformes e camisas dos
uniformes de passeio.

62
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

b) DESCRIÇÃO: Metálico – Escudo português de fundo VIII. Curso de Formação de Soldados


vermelho do lado esquerdo e azul do lado direito, tendo no a) USO OBRIGATÓRIO: Bordado - No macho do bolso
seu interior um conjunto com uma estrela prateada, as três direito dos uniformes policiamentos ostensivo, serviço e
divisas prateadas e o distintivo das Polícias Militares (duas instrução. Metálico - No macho do bolso direito nos 1º, 2º
garruchas cruzadas), na parte superior as inicias PMRN em e 3º uniformes e na japona e blusão de motociclista.
letras maiúsculas de cor branca e na parte inferior as letras b) DESCRIÇÃO: Metálico – Escudo português de fundo
CFS. Bordado em fio simples, com a mesma composição vermelho do lado esquerdo e azul do lado direito, conten-
descrita acima. do o distintivo das polícias militares (duas garruchas cruza-
das) prateadas, tendo uma fita no rodapé com a inscrição
PMRN e CFSd. Bordado - Confeccionadas em fio simples,
com a mesma composição descrita acima.
IX. Os distintivos de cursos de especialização e qualifi-
cação: são os distintivos que representam os cursos reali-
zados na Corporação, em outro estado do Brasil ou no ex-
terior, com o objetivo de especializar ou qualificar o Policial
Militar dentro de suas respectivas funções. Estes distintivos
seguem regulamentação e descrição própria de cada curso
e serão usados pelos Policiais Militares do RN de acordo
com o artigo 33 deste regulamento.

Art. 32. Distintivos de coberturas: são usados de acor-


do com cada círculo hierárquico: oficiais, subtenentes e sar-
gentos, e cabos e soldados. Serão afixados ou bordados na
parte frontal dos quepes e dos gorros. Seguem as seguin-
tes descrições:

VII. Curso de Formação de Cabos


a) USO OBRIGATÓRIO: Bordado, no macho do bolso
direito dos uniformes de serviço e instrução. Metálico - No 1. Oficiais: Forma elíptica em bordadura azul, carregada
macho do bolso direito no e 3º uniformes e camisa do uni- de vinte e cinco estrelas prateadas. No interior da elipse
forme de passeio. uma estrela dourada circunscrita por um aro da mesma cor
b) DESCRIÇÃO: Metálico – Escudo português de fundo em campo vermelho. É circundada por uma coroa de louros
vermelho do lado direito e azul do lado esquerdo, conten- que se arrematam na base do distintivo onde um listel azul
do um trevo vazado cor branca e fundo preto, tendo no contém o dístico “RIO GRANDE DO NORTE” em caracteres
rodapé um listel com a inscrição “CFC”. Bordado - Confec- dourados.
cionadas em fio simples, com a mesma composição des-
crita acima.

2. Subtenentes e sargentos: Forma esférica composta


na parte central por uma estrela dourada circunscrita por
um aro da mesma cor em campo vermelho. Contornando
a estrela um campo de fundo cinza com dois ramos de tri-
go que se arrematam na parte inferior e outro campo de
fundo azul carregado de vinte e cinco estrelas prateadas. O
conjunto está sobreposto em folhas de louros que sobres-
saem em forma de raios. Na base um listel azul contém o
dístico “RIO GRANDE DO NORTE” em caracteres prateados.

63
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

3. Cabos e soldados: Forma esférica composta na parte central por uma estrela dourada circundada por dois ramos de trigo
que se arrematam na parte inferior, contornada por um aro da mesma cor em campo vermelho. O conjunto é emoldurado por
pontas de sabre douradas que sobressaem em forma de raios. Na parte inferior, acompanhando a linha da esfera um campo azul
contém o dístico “RIO GRANDE DO NORTE” em caracteres prateados.

Art. 33. A distribuição dos distintivos de cursos, identificação de unidade e condecorações, segue de acordo com o quadro
abaixo:
I. Nos uniformes formais, sociais e de passeio: metálicos, no máximo três de cursos realizados no Brasil, colocados do lado
direito; na mesma quantidade de cursos realizados no exterior, colocados do lado esquerdo acima das barretas ou medalhas; o
distintivo de curso de formação ou aperfeiçoamento metálico, afixado no macho do bolso direito; a identificação da OPM através
de seu respectivo distintivo metálico, afixado no macho do bolso esquerdo.

II. Nos uniformes de policiamento ostensivo: bordados ou emborrachados, no máximo três de cursos realizados no Brasil, co-
locados do lado esquerdo; na mesma quantidade de cursos realizados no exterior, colocados do lado direito; o distintivo de curso
de formação, aperfeiçoamento e superior de polícia, serão bordados e costurados no macho do bolso direito; a identificação da
OPM através de um cadarço de identificação (manicaca) bordado com o nome da respectiva OPM, costurado na manga esquerda.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Seção VI IV. Diploma: Documento oficial conferido ao agraciado,


Das condecorações pelo Governo ou autoridade competente, em confirmação
à outorga da condecoração e que oficializa e autentica essa
Art. 34. As condecorações da PMRN seguem regula- honraria;
mentação própria, para outorga e cerimonial de entrega.
As descrições heráldicas estão no próprio decreto de cria-
ção de cada uma delas.
Art. 35. Condecorações são peças que imprimem sinal
de distinção honrosa, símbolo ou insígnia civil ou militar,
com o fim exclusivo de premiar e recompensar serviços
prestados, levando-se em consideração o mérito de cada
agraciado.
Art. 36. Para efeito de condecoração serão observadas
as seguintes definições:
V. Fita: tira estreita de tecido, geralmente de gorgorão
de seda chamalotada, em cores e dimensões fixadas para
cada condecoração, de onde pendem as medalhas ou as
insígnias.

I. Barreta: peça de metal revestida de um ou mais pe-


daços de fita, de 35 mm de largura por 10mm de altura,
que correspondem às cores das fitas de que pendem as
insígnias recebidas pelos agraciados. São usadas em subs-
tituição as medalhas.

VI. Medalha: peça de metal, de formato variável, pen-


dente de fita, com passador ou roseta correspondente à
condecoração.

II. Colar: peça constituída de dupla corrente, ornada


com os elementos alegóricos da condecoração, tendo a in-
sígnia pendente de sua parte inferior. VII. Passador: peça retangular de metal, integrante de
algumas medalhas, por onde atravessa afita da condeco-
ração, destinada, geralmente, a representar honrarias ou
distinguir, pelas figuras que o formam, tempo de serviço,
categorias ou outros motivos, tudo de acordo com o Regu-
lamento das respectivas medalhas.

III. Comenda: insígnia de comendador e de Grande-O-


ficial, geralmente usada no pescoço, pendente de uma fita.

VIII. Roseta: é o laço ou nó da fita em forma de rosa,


constituída pela fita da condecoração e usada pelos agra-
ciados na botoeira da lapela em traje civil.
§ 1º - Quando o policial militar possuir grande número
de condecorações deve haver propriedade e ponderação
no seu uso, considerado o que está prescrito para a dispo-
sição das condecorações de mérito.

65
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 2º - As medalhas e barretas serão usadas a critério de seus possuidores, nos uniformes sociais (túnicas), de passeio e
representação, do lado esquerdo acima da lapela do bolso, sendo alinhadas da parte central para as laterais, em colunas de
três ou quatro e em linha de no máximo cinco.

Art. 37. O uso de condecoração nos uniformes obedece às seguintes normas:


I. A disposição das condecorações usadas no peito obedecerá à seguinte ordem, de cima para baixo e da direita para
a esquerda:
a) as nacionais de bravura;
b) de ferimento em ação;
c) as que premiam atos pessoais de abnegação, coragem e bravura, com o risco de vida, no cumprimento do dever;
d) de mérito;
e) de bons serviços prestados à Corporação;
f) de serviços prestados às Forças Armadas ou Auxiliares;
g) de serviços extraordinários;
h) destinadas a premiar o mérito cívico;
i) de aplicação aos estudos militares; e
j) comemorativas

Parágrafo Único: Seguir-se-ão as estrangeiras, obedecendo à mesma ordem fixada para as nacionais. A mesma ordem
deve ser obedecida quando forem usadas barretas em substituição às medalhas.
II. Não podem ser usadas ao mesmo tempo barretas e condecorações.
III. O policial militar agraciado com condecorações de outras Corporações, Governos ou Instituições, as usarão dispos-
tas em seguida às do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, dentro da ordem estabelecida no inciso I, respeitada a
ordem do seu recebimento.

Capítulo IV
Das peças complementares

Art. 38. As peças complementares são aquelas usadas como ornamentação dos uniformes, bem como pela necessidade
de utilização nos uniformes de policiamento ostensivo no serviço ou instrução.

I. Alamar Amarelo Ouro de Aluno Oficial


a) POSSE: Aluno Oficial;
b) USO: No ombro esquerdo dos uniformes formais e sociais;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

c) DESCRIÇÃO: Traçado com fios de seda na cor amarelo-ouro com 700mm de comprimento, preso a uma palmatória
de entretela recoberta de um traçado do mesmo cordão com 80mm de largura por 50mm de altura; as laterais que pen-
dem da palmatória são circundadas por dois cordões de seda, sendo que o interno é nele fixado enquanto que o externo
é preso apenas nas extremidades. Terá na parte interna da palmatória um gancho para fixação do cordão da túnica e, na
outra extremidade, uma argola de cordão de seda para abotoar um botão que se localiza embaixo da platina. A espessura
dos fios será de 5mm e o comprimento do cordão será de 800mm.

II. Alamar Azul Real


a. POSSE: Obrigatória para Oficiais no desempenho das seguintes funções:
1. Chefe da Casa Militar do Governador do Estado e seus Oficiais;
2. Oficiais do Comando Geral da PMRN;
3. Oficiais do Sub Comando Geral da PMRN;
4. Chefes de Gabinete de Assistência Militar.
b) USO: No ombro esquerdo dos uniformes formais e sociais (túnicas);

c) DESCRIÇÃO: Trançado com cordão de rayon, na cor azul marinho, com as ponteiras em metal dourado, tendo na
parte superior uma placa do mesmo cordão, provida de um colchete para fixação na manga, junto à costura do ombro.
Possui três cordões da mesma cor, simples, em forma de alça e duas alças curtas nas extremidades das tranças, para fixação
no primeiro botão da túnica dos 2º uniformes.

III. Alamar reduzido amarelo ouro e azul real


a. POSSE: Para os mesmos oficiais da letra ‘a’ do inciso anterior;
b) USO: No ombro esquerdo dos uniformes de passeio;
c) DESCRIÇÃO: Os alamares de tamanho reduzido são constituídos de cinco cordões simples, sendo três na cor azul real,
alternados com dois amarelo ouro e possuem, no lado de dentro da parte superior, um colchete para aplicação ao ombro;

IV. Bastão de Comando Geral da PMRN


a) POSSE: Coronel QOPM na função de Comandante Geral da PMRN;
b) USO: facultativo, em solenidades e formaturas cívicas de datas comemorativas.
c) DESCRIÇÃO: Bastão de madeira de ipê, envernizado, medindo 500mm de comprimento e 25mm de diâmetro, ter-
minando em ponta de 15mm tendo um torneado na própria madeira, a parte superior é encaixada em um castão de metal
amarelo de 100mm de comprimento ao qual está escrito em auto relevo o nome CMT GERAL DA PMRN, acima do tornea-
do e abaixo do castão está a insígnia de Comandante Geral. A parte inferior é arrematada por uma biqueira de 30mm de
comprimento em metal dourado.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

V. Braçal
a) USO: nos uniformes de formaturas, solenidades e determinados policiamentos de acordo com as normas da OPM; Os
Estabelecimentos de Ensino usarão braçal com o respectivo distintivo para o uniforme operacional sempre que estiverem
sendo empregados no serviço operacional e usarão braçal para o uniforme de representação em situação de formatura e
desfiles.
b) DESCRIÇÃO: Na cor preta (para o uniforme operacional) ou branca (de representação) ajustável ao braço esquerdo
com 250mm de altura na parte externa e 50mm de altura na parte interna; envolve a manga da camisa; na parte superior é
dotado de uma abertura horizontal de 70mm para passar a lapela; é carregado com o distintivo da Unidade, operacional,
administrativa ou de Ensino, devendo possuir logo abaixo deste, as iniciais PM em letras brancas, para o braçal preto, e
pretas para o braçal branco.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

VI. Cachecol
a) POSSE: Oficial e Praça
b) USO: nos uniformes de formaturas, desfiles, solenidades e outras atividades.
c) DESCRIÇÃO: Feito em tergal de algodão branco, vermelho ou preto, no formato de um retângulo de 320X300mm,
com acabamento de “overlock” em toda a largura e comprimento. Em um dos lados maiores será aplicada uma tira do-
brada, do mesmo tecido, com 20mm de largura, tendo por dentro outra tira brim, ultrapassando 100mm de cada lado. O
dispositivo de fixação do pescoço é de “velcro” retangular e é constituído de tirantes do mesmo tecido do cachecol.

VII. Capa impermeável (Capa de Chuva)


a) USO: em condições de tempo chuvoso;
b) DESCRIÇÃO: A capa e o respectivo capuz são confeccionados em tecido de tafetá de nylon preto impermeabilizado.
Gola simples com pequena pala interna; mangas “saglan” com punho simples dotados de presilhas e dois botões pretos
de14mm. Corpo reto, com detalhe de tela de nylon desde os ombros até a cava, e recoberto por sobrepala com bainha solta
na frente e nas costas. Aberta na frente e em toda a extensão fechando por uma carreira de quatro botões pretos, de 20mm,
recobertos por carcela e dois botões pretos de 11mm, um na altura da gola e outro a 350mm da bainha, aposto a uma pre-
silha caseada no lado esquerdo. Capuz amovível, fixado na altura da gola com envoltório em fecho-eclair e com dimensões
compatível à acomodação da cobertura. Comprimento até à altura do cano do coturno ou bota. Nas costas, uma abertura
de 400mm a partir da bainha. Bolsa para transporte, do mesmo tecido. Nas laterais à altura do cós aberturas verticais com
acesso para o bolso da calça, com 15mm de comprimento, envolvido por carcela e fechadas por velcro. À altura do peito,
mangas e barra da capa, aplicações com largura de 12mm de material refletivo, cor prata; constituído de microesferas de
vidros aplicadas a tecido 100% poliéster; quando observado a luz de faróis, deve obter reflexão branco prateado.

VIII. Capa impermeável para motociclista


a) USO: para motociclista em condições de tempo chuvoso;
b) DESCRIÇÃO: O conjunto é formado por um blusão e calça impermeável, confeccionados com material tipo napa, na
cor preta. Gola simples com pequena pala interna; mangas compridas com punho reforçado com elástico. Aberta na frente
e em toda a extensão fechando por um zíper. À altura das mangas, aplicações de faixa reflexiva, com largura de 12mm;
quando observado a luz de faróis, deve obter reflexão branco prateado. Calça com comprimento até a altura do cano da
bota. O cós todo reforçado com elástico grosso e com cordão de regulagem da cintura. Aplicação do Brasão da PMRN a
altura do peito esquerdo e nome POLÍCIA MILITAR na perna direita da calça.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IX. Capa de proteção para Colete Balístico de comprimento onde será aplicado o nome da unidade
a) USO: com os respectivos uniformes de policiamento em material emborrachado cor cinza. Na parte inferior ao
ostensivo; nome da unidade terão 03 tiras de cadarço reforçado com
b) DESCRIÇÕES: 50mm largura x 34 cm de comprimento, que servirão para
colocação de acessórios removíveis. As laterais da capa se-
rão fechadas com 02 tiras de elástico redondo na cor preta
ou marrom-café, o comprimento será definido de acordo
com o tamanho do colete (p, m, g). Serão usados nessas
passadas dos elásticos, ilhós de latão com arruelas e refor-
ço de cadarço. Fechadores com mola ao final dos elásticos.
Toda costura será em linha 100% poliester.

3. Capas de colete tático (Motociclista): frente: con-


1. Capa simples: confeccionada no formato do tórax do feccionada em todo o seu corpo em tecido rip stop im-
policial, em tecido da cor cinza bandeirantes, tipo rip stop, permeável na cor cinza. Todos os acessórios terão em seu
sendo composta por duas partes, frente e costas, tendo acabamento, cadarço debrun 100% poliéster. A capa é
uma abertura interna, na margem inferior das duas partes composta de acessórios confeccionados também em teci-
para colocação das placas de proteção balística, de acordo do rip stop impermeável na mesma cor, sendo distribuídos
com o tamanho do colete (p, m, g), sendo fechada com dá seguinte forma: na parte inferior direita, terão 04 tiras
velcro; a parte de traz será fixada a parte da frente com em cadarço de 30mm para colocação de 02 (dois) porta
faixas do mesmo tecido, reguláveis por velcro, sendo uma carregadores pistola, 02 (dois) portas jet para revólver, 01
em cada ombro e duas no nível do tórax, de acordo com o coldre universal fixo (para revólver e pistola) no lado es-
corpo do policial militar. querdo da capa; altura do peito, um bolso fixo (porta treco)
com fechamento em velcro de alta resistência. Acima desse
bolso, terá um porta HT fixo com fiel em elástico de alta
resistência. No lado direito, na altura do peito um bolso
para objeto diversos do policial. Na pestana desse bolso 01
(uma) aplicação de velcro com 01 cm de altura por 14 cm
de comprimento, para identificação do policial. No ombro,
terá um acabamento emborrachado. O fechamento do co-
2. Capas de colete tático (BOPE e GTO): frente: con- lete será feito com ziper tipo: trator nº 10. Nos ombros da
feccionada em todo o seu corpo, com tela space dupla na capa, terão reguladores de altura com velcro de 50mm e
cor preta para o BOPE e marrom-café para o GTO. A capa é cadarço reforçado de 50mm e passador em polietileno de
composta de acessórios confeccionados em tecido rip stop alta resistência. Costa: na parte superior, terá uma alça com
impermeável nas cores respectivas, todos com acabamento duas tiras de cadarço de 30 mm reforçado com costura re-
em cadarço debrun 100% poliester, sendo distribuídos da forçada, que servirá para resgate. Um pouco mais abaixo,
seguinte forma: 04 carregadores para fuzil 556 e 762 na terá um velcro com 10 cm largura x 20 cm de comprimento,
parte inferior, fechamento em velcro de alta resistência e onde será aplicado o nome da unidade em material em-
alça em cadarço debrun para saque rápido dos carregado- borrachado na cor amarela . Na parte inferior ao nome da
res e ilhós de latão. No lado esquerdo do colete (altura do unidade terá 01 (um) acessório fixo camel back. As laterais
peito) um bolso porta treco. No lado direito (altura do pei- da capa será fechado com 02 (duas) tiras de elástico redon-
to) porta carregador para pistola .40, acima, um bolso para do na cor cinza, o tamanho será definido de acordo com o
cartucho calibre 12. O fechamento da capa será feito com tamanho do colete tático (p,m,g). Será usado nessas passa-
ziper tipo: trator nº 10. Nos ombros do colete, terão regu- das dos elásticos, ilhós de latão com arruelas com reforço
ladores de altura com velcro de 50mm e cadarço reforçado de cadarço e fechadores com mola. Toda costura, será em
de 50mm, passador em polietileno de alta resistência. Será linha 100% poliamida.
aplicado nos mesmos, material emborrachado, com ranhu-
ras (anti-derrapante) para ajudar amortecer o impacto de
arma longa, tipo fuzil e calibre 12. Costa: na parte superior,
terá uma alça com duas tiras cadarço de 30 mm ponteada
com costura reforçada, que servirá para resgate. Um pouco
mais abaixo, terá um velcro com 50mm largura x 20 cm

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XI. Capacete de Policiamento e de Desfile


a) USO: Sempre que a operação ou o tipo de policia-
mento ostensivo o exigir; bem como nos uniformes de for-
matura e desfile.
b) DESCRIÇÃO: De policarbonato injetado ou material
similar, na cor branca brilhante, resistente a choques, com
jugular na cor preta e fecho emborrachado. Aba solidária
ao casco. Terá faixa refletiva em vermelho e azul, separa-
das, de 40mm de largura e a parte frontal terá o Brasão
oficial da PMRN, com suas características próprias, medin-
do 60mm de altura por 40mm de largura. Forrado com o
tecido na cor preta.

X. Capacete de Hipismo
a) USO: Sempre que o policial militar estiver montado,
no desempenho do policiamento ostensivo; bem como nos
uniformes de formatura e desfile.
b) DESCRIÇÃO: Formato tradicional de capacete de
caça, com carapaça e pala moldadas em peça única, em
material resistente a impactos, com as seguintes caracterís-
ticas: pala ovalada, com cerca de 40mm de largura, na parte
mais larga; internamente, forrado com material expandido,
destinado a dar conforto ao usuário e a reduzir a transmis-
são de impactos, recoberto com cetim de algodão/rayon
na cor cinza, possuindo ainda uma suspensão do mesmo
tecido para fins de ajustamento; externamente, forrado em
tecido poliéster/lã cinza escuro, com seis gomos; no topo,
um botão forrado do mesmo tecido, com forma de calota
esférica, medindo 45mm de diâmetro e aproximadamente
15mm de altura, tendo na face posterior um laço de fita
de gorgorão cinza escuro com 20mm de altura e cerca de
20mm de comprimento; jugular em cadarço de algodão XII. Capacete de Motociclista:
de 20mm de largura, forrado em tecido polyester/lã cinza a) POSSE: Oficial e Praça das Unidades de Policiamento
escuro, sendo ajustada por meio de argola em “D” dupla, com Motocicleta;
de latão cromado do lado esquerdo e, no lado direito, aco- b) USO: Sempre que o policial militar estiver em deslo-
plamento com botão de pressão de latão cromado, que camento na motocicleta, no desempenho do policiamento
permite a soltura rápida da jugular; queixeira anatômica de ostensivo;
borracha, na cor preta, ajustada à jugular. c) DESCRIÇÃO: Material do casco composto por inje-
ção de termoplástico ABS de alta resistência; material inter-
no poliestireno, poliuretano, camadas de nylon e tecido ab-
sorvente; mecanismo central de abertura da proteção facial
um único botão de acionamento; viseira policarbonato de
2mm, com abertura manual e basculante; fixação da cinta
jugular por engate rápido; elementos de sinalização refle-
tivos frontais, laterais e traseiros; os capacetes devem ter a
cor branca, fornecidos com o grafismo no padrão de cada
OPM, de acordo com suas cores características.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XIV. Capacete com Penacho e Crina


a) POSSE: Oficial e Praça.
b) USO: Com o uniforme especial do Regimento de Po-
lícia Montada;
c) DESCRIÇÃO: De fibra na cor preta, envernizado, cris-
ta que se inicia a 75mm de altura no frontal e termina a
zero na parte posterior da cabeça, com açucena, esfinge
e penacho de crina vermelha de 70mm de altura na fren-
te e ao alto. A crista terá ainda em suas laterais folhagens
verticais à parte posterior da cabeça. Terá crina preta de
550mm de comprimento em dezesseis pares de manejo na
parte posterior, caindo sobre as costas. Chapa formando
ponta na frente, resplendor e toda trabalhada com emble-
ma da Cavalaria superposto, guarnição posterior de metal
com dois ramos e folhas em toda extensão, com troncos
XIII. Capacete de Policiamento de Choque cruzados. Terá jugular de couro recoberto em veludo azul
a) POSSE: Oficial e Praça pertencentes à Unidade de Choque. ferrete e guarnecida por chapa de metal dourado que imi-
b) USO: Quando em atividade no controle de distúrbios e ta escamas, presa ao casco por duas rosáceas e abotoada
manifestações e sempre que a situação exigir. por uma fivela de metal de 20mm de largura por 28mm
c) DESCRIÇÃO: De material composto de fibra de vidro e de comprimento, tendo na parte oposta uma correia em
resinas termofixas, na cor preta brilhante, resistente a penetra- soleta preta de 120mm de comprimento por 13mm de lar-
ção por objetos aguçados e com alta capacidade de absorção de gura. As palas serão guarnecidas na extremidade por orla
energia dos impactos. A face é protegida por uma viseira de po- de metal de 18mm de largura. Ao lado esquerdo o tope na-
licarbonato de alta resistência e ótima transparência. A viseira é cional, com 25mm de diâmetro e um ilhós de 13mm e dois
basculante, permitindo seu giro quando o usuário não estiver em do lado direito com a mesma medida. A carneira será em
ação efetiva. É revestido internamente na região superior, por um soleta na cor natural de primeira qualidade, medindo 2mm
disco de borracha de etileno vinil acetato com espuma de PVC. de espessura, forrado por espuma em toda sua extensão,
Na região das cavidades auriculares terá proteção com formato sendo ainda revestida por uma cinta de vaqueta preta ma-
de uma coroa circular em etileno vinil acetato. Na região poste- cia de 45mm de largura com quatro tirantes de 74mm de
rior terá protetor da nuca com formato trapezoidal em etileno vi- comprimento, tipo pára-quedas onde se fará à ajustagem.
nil acetato com espuma de PVC no casco. Terá na região superior
do casco furos destinados à refrigeração e na região auricular,
terá cinta jugular em couro fixada através de botões de pressão.
Acompanha o capacete capa em KEVLAR, a ser usada se a situa-
ção operacional assim o exigir, bem como capa para o transporte
manual do capacete. Em operação que necessite a utilização de
gás, será conjugado o filtro anti-gás (Formigão).

XV. Cinto de Equipamentos Branco


a) POSSE: Oficial e Praça.
b) USO: Com os uniformes especiais de desfile e guar-
da de honra;
c) DESCRIÇÃO: Cinto confeccionado em couro soleta,
na cor branca, com 50mm de largura, comprimento variá-
vel, contendo espelho de fivela confeccionado com o mes-
mo material, fixado por meio de 02 (dois) rebites e 02 (dois)
passantes de regulagem. Fivela de metal prateado fosco
com duas peças com engate esférico, tendo a fivela 60 mm
de diâmetro. Na parte central e em alto relevo uma estrela
de cinco pontas, tangenciando a borda da esfera. Coldre
em couro soleta, modelo”militar”, fechado por um botão
de pressão ou velcron, tendo passadeira em couro com lar-
gura de 70mm para fixá-lo ao cinto, sendo que a borda
superior do coldre deverá estar à 50mm da borda superior
do cinto. Talabarte que pode acompanhar o cinto, na cor
branca, com 25mm de largura, fixado através de ilhoses.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XVI. Cinto de equipamentos nas cores preta, marrom-


café ou branca
a) USO: Nos uniformes de policiamento ostensivo;
b) DESCRIÇÃO: Em borracha E.V.A de 3mm de espes-
sura revestida em naylon, na cor preta para o policiamento
ostensivo geral, marrom-café para o policiamento de ope-
rações na caatinga (uniforme camuflado caatinga) e branca
para o policiamento de trânsito e rodoviário, com 60mm de
largura, com regulagem interna em velcro preto de 50mm
de
altura por 120mm de comprimento, em cada uma das
extremidades. Internamente é aplicado um cadarço de ny-
lon preto de 50mm de largura, em toda a sua extensão. Ex-
ternamente numa extremidade será aplicada uma fivela fixa
de metal prateado fosco, na outra extremidade uma peça
da fivela com engate esférica, tendo as duas peças juntas
um diâmetro de60mm. Na parte central da fivela e em alto
relevo uma estrela de cinco pontas. Coldre para revólver ou
pistola, modelo saque rápido, medindo 170mm de altura e
130mm de largura, tendo o formato de uma pistola, con-
feccionado com o mesmo material do cinto, sendo revesti- XVII. Colete Refletivo
do de material tipo napa lisa, com uma parte de borracha a) USO: No serviço de policiamento de trânsito e ro-
medindo 25mm de largura segurada por dois parafusos de doviário;
metal, fechando a parte de traz do coldre; aberto na parte b) DESCRIÇÃO: Confeccionado em naylon trançado na
superior e inferior, com uma soleta de 25mm de largura e cor preta, em forma de tela, com três faixas de material
180mm de comprimento, atarraxada por botão de pressão plástico na cor verde claro, refletivo a luz, medindo 180mm
em outra parte da soleta de 80mm de comprimento, para de largura cada faixa, onde está fixado o Brasão da PMRN
prender a arma na parte superior. O coldre é costurado e na faixa superior do lado esquerdo e o nome “POLÍCIA
preso pelos parafusos a uma parte de borracha que acom- MILITAR” na faixa central. As extremidades são costuradas
panha a anatomia da cintura, com duas aberturas da mes- e reforçadas com tecido da cor preta; aberto na parte da
ma largura do cinto, para fixá-lo ao cinto de equipamentos. frente, sendo fechado com uma fita em velcro, de forma
O coldre de perna é confeccionado com o mesmo material que envolva toda a parte do tórax, passando pelos ombros,
e características do coldre de cintura, sendo preso a uma sustentadas nas platinas.
faixa regulável com velcro, que vai do cinto até a altura da
coxa, onde será fixado por uma ou duas faixas regulada
por velcro. Porta carregadores confeccionado com mesmo
material do coldre, contendo duas divisórias fechadas por
duas pestanas reguladas com velcro para armazenamento
dos carregadores de pistola. Será fixado verticalmente ao
cinto por meio de duas aberturas na parte interna. Porta
-algema e Porta-bastão confeccionados com mesmo ma-
terial. Porta-talonário em couro soleta, fechado por meio
de um botão de aço prateado e fixado junto ao cinturão
por meio de alça de couro, com160mm de altura e 140mm
de largura.
XVIII. Cordão para Apito (Torçal)
a. POSSE: Oficial e Praça
b. USO: Nos uniformes de policiamento ostensivo geral
usa-se o cordão de cor preta; para os uniformes de poli-
ciamento de trânsito e rodoviário o cordão na cor branca.
Para os integrantes da Companhia Independente de Poli-
ciamento e Proteção ao Turista o cordão na cor amarela;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

c. DESCRIÇÃO: O cordão (fiel) preto, branco ou amare- XXI. Esporas


lo, será aposto na lapela do ombro direito, tendo na ponta a) POSSE: Oficiais e praças das OPM de Policiamento
um gancho para fixação do apito. Será feito de nylon com Montado.
uma volta completa de espessura de 3 a 5mm, de trançado b) DESCRIÇÃO: De metal prateado ou dourado, com
duplo, com comprimento correspondente ao braço. aro de seção semi-elíptica; cachorro reto sem roseta; um
botão na parte inferior do aro e um botão com fivela em
forma de estribo, de 17x15mm de dimensões internas, com
um fuzilhão na parte exterior; correia de couro para pren-
der a espora pelas extremidades à parte inferior do pé, com
180mm de comprimento e 12mm de largura; presilha de
couro com 120mm de comprimento e 12 de largura, com
um orifício para prender ao botão da espora em uma ex-
tremidade e 4 orifícios para prender o fuzilhão da fivela na
outra, espaçados de 10mm a partir da extremidade.
XIX. Espada do Comandante Geral e dos Oficiais
a) POSSE: Oficial e Aspirante a Oficial.
b) USO: nos uniformes de formaturas, solenidades,
desfiles, porta-bandeira e exéquias oficiais, sempre que a
tropa estiver armada. É autorizado o seu uso em cerimônias
religiosas de casamento (teto de aço).
c) DESCRIÇÃO: a espada de Comandante Geral da Poli-
cia Militar do Rio Grande do Norte tem 1,00 (um) metro de
comprimento, Lâmina com a insígnia da corporação, forja-
da em aço inoxidável 420, ligeiramente curva, guarda-mão
com a insígnia da Corporação, adamasco folheado a ouro, XXII. Fiador
bainha em couro com apliques em bronze e folheados a a) POSSE: Oficial e Aspirante a Oficial.
ouro. Dos demais oficiais, constituída de lâmina de aço po- b) USO: Pelos oficiais, quando do uso da espada.
lido, reta, com 1000mm ou 1200mm de comprimento, com c) DESCRIÇÃO: de cordões duplos de gorgorão de ra-
o corpo articulado que tem na face inferior do lado direi- yon, de 320mm de comprimento nas cores pretas e amare-
to as Armas da República, em relevo. Na bainha de metal lo, tendo ao centro a 120mm na parte superior, um nó de
branco polido, uma braçadeira a 60mm do bocal, com ar- três laços de 45mm de comprimento. Na parte inferior um
gola móvel, tudo do mesmo metal. passador do mesmo tecido de 10mm de largura, em cor-
dão trançado e uma borla em forma de pêra, de 50mm de
comprimento revestida de tecido idêntico ao dos cordões.

a) POSSE: Aluno Oficial compromissado após a soleni-


dade de recebimento.
b) USO: Obrigatório com os uniformes de desfile e XXIII. Guia de Espada e Espadim
representação, quando não estiver sendo utilizado arma- a) POSSE: Oficial, Aspirante e Aluno Oficial.
mento de dotação, bem como com os uniformes de serviço b) USO: Quando do uso de espada ou espadim.
de escala, na qualidade de Aluno-de-Dia. No uniforme de c) DESCRIÇÃO: de gorgorão de rayon, com 360mm de
formatura, quando da solenidade formatura dos Aspiran- comprimento por 20mm de largura, nas cores cinza escuro
tes. e branca, tendo na parte inferior um mosquetão de metal
c) DESCRIÇÃO: Lâmina em aço inox, numerada, forjada, dourado de 55mm de comprimento por 25mm de largura,
temperada e adamascada artesanalmente. Cabo em mar- preso por um botão de atarraxar, em alto relevo de me-
fim, bainha em aço inox polido espelhado com apliques tal dourado, de 15mm. Na parte superior um gancho de
folheados a ouro; comprimento total 450mm. 50mm de comprimento por 15mm de largura, preso por
um botão de atarraxar idêntico ao descrito acima. Prende-
se ao cinto através de um passador metálico chanfrado. A
guia branca será confeccionada em couro.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XXIV. Jaqueta cinza I. Agasalho Esportivo: Blusão de tecido tipo tactel, mi-
a) USO: Em regiões de clima frio. crofibra melhor qualidade, de cor branca, aberto em toda a
b) DESCRIÇÃO: De nylon na cor cinza escuro, aberta na frente, sendo colocado um fecho eclér da cor branca em toda
frente em toda a extensão e fechada por um fecho ecler, cor extensão da abertura; com gola simples, mangas compridas
cinza, até a altura da costura da gola; Costas lisas de um só com punhos sanfonados, na cor azul escuro; comprimento
pano. Manga dupla com costura plissada; A jaqueta é toda for- até a cintura, onde se ajusta por um cós também safonado;
rada, com tecido crepe na cor cinza; Colete de tafetá 100% po- nas laterais embaixo dos braços duas faixas largas que vão
liamida amovível, espumado e forrado, afixado por fecho tipo da costura das mangas até a cintura, nas cores azul escuro
velcro em toda a sua extensão, sendo a fêmea do velcro presa e vermelha;no peito do lado esquerdo o distintivo da OPM
à jaqueta e o macho ao forro. Dois bolsos oblíquos embutidos, com 80mm de diâmetro; no peito do lado direito a Bandeira
de 150mm de abertura e 160mm de profundidade, recobertos do RN e logo abaixo, a identificação do PM com seu nome
com pestana retangular de 30mm de largura aplicados a 60mm bordado na cor azul e letras maiúsculas de 12mm de altura;
do cinto; Platinas da jaqueta em forma de trapézio com 130mm nas costas e parte superior, inscrição do nome POLÍCIA MILI-
de altura, 55mm de largura na costura da manga e 50mm na TAR em semi-arco, e RN logo abaixo, todas bordadas na cor
parte superior presa por um botão matéria plástica de 15mm vermelha, com letras maiúsculas de 40mm.
na cor preta; Comprimento até a base do quadril; Cinto de ajus-
te sanfonado e (elástico) de 150mm nas laterais, com 70mm de
largura. Tecido Externo: 100% Nylon Impermeável na Cor cinza;
Tecido Interno: 100 % Nylon na cor cinza. Fibra
Interna: Em Acrílico Esponjoso. Mangas: Dupla Costura
Plissada. Tarja de identificação em velcro (fêmea) na cor cin- II. Balaclava: Capuz de lã de forma cilíndrica, na cor preta,
za, medindo 12 X 2 Cm no lado direito do peito, a 150mm da com 300mm de altura, com barra sanfonada de 90mm que
platina do ombro direto e centralizada com este; Bandeira do completa o comprimento do capuz. Fechado em duas partes
Estado do Rio Grande do Norte, bordada em fio simples, na iguais, tendo na altura dos olhos uma abertura oval, sendo
manga direita a 5,0 cm abaixo da costura da manga; centraliza-
a parte superior em formato de pala, com 30mm ao meio.
da, nas dimensões 40 x 60 mm. Brasão da PMRN, bordado em
Todas as costuras são overlocadas. O capuz pode ser forrado
fio simples, na manga esquerda a 5,0 cm abaixo da costura da
de cetim de algodão. Uso exclusivo do BOPE em ação.
manga, centralizado.

XXV. LUVAS DE PELICA


a) POSSE: Oficiais e Praças.
b) USO: Quando a tropa estiver armada, situação em que
requer o uso da espada ou espadim, obedecendo as cores III. Barretina: Confeccionada em manta “Tela” de fibra de
brancas ou pretas de acordo com o uniforme. vidro, neutra, impregnada com resina, e pintura em acaba-
c) DESCRIÇÃO: Confeccionada em couro ou pelica enverni- mento de esmalte sintético na cor preta ou branca. Possui
zada, nas cores preta ou branca, tem um botão de pressão para 100mm de altura, medindo na frente; copa com 145mm de
ajuste da luva nas mãos do usuário, ou uma soleta do mesmo diâmetro e pala do mesmo material com 45mm medida no
material, ajustável por velcro. centro, formando um ângulo de 135º com a vertical da frente,
e não passando em largura os vértices laterais; jugular de ajus-
Capítulo V te ao queixo em couro branco, com12mm de largura e fivela
Das descrições das peças dos uniformes de ajuste em metal oxidado; base do penacho de metal dou-
rado, de forma cônica e invertida; resplendor de metal medin-
Art. 39. Os tamanhos, modelos, cores e detalhes das peças do 113mm de altura por 226mm de largura nas suas maiores
que compõem os uniformes da Polícia Militar do Rio Grande do dimensões de forma meio redonda, raiado cujos raios partem
Norte, são descritas da forma a seguir. de um centro comum formando dentes nas extremidades. Pe-
nacho de penas encarnadas, na cor vermelho carmesim, de
90mm de altura por 10mm de diâmetro na parte mais larga.
Na base do resplendor apresenta jugular dourada, em mate-
rial plástico, de 15mm de largura; dois botões dourados de
15mm, metálicos e em alto relevo fixam-na à barretina. No
alto e em ambos os lados, dois orifícios de 10mm destinados
a prover a circulação do ar no interior da barretina.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IV. Bermuda Cinza Bandeirante: confeccionada com tecido Rip Stop, 75% poliéster 25% viscose, tipo gabardine, com as
mesmas características calça cinza bandeirante do uniforme de instrução, sem os detalhes de pespontos e sem os forros
almofadados; com o comprimento atingindo 50mm da parte superior do joelho, de forma ligeiramente tronco-cônica, sec-
cionada obliquamente da parte interna para a externa.

V. Blusa camuflada (urbano, ambiental e caatinga): confeccionado com linha de pesponto nº 30 na parte externa e nº
50 na parte interna, com três pontos por cm, com as seguintes características:
a) De tecido tipo Rip Stop, sendo 67% poliéster e 33% algodão, com malhas especiais de camuflagem de caatinga ou
deserto, urbana ou ambiental, em uma só face, costas com duas pregas laterais soltas, sistema fole partindo da cintura, com
profundidade de 4,0 cm, até altura do meio do ombro, abaixo da cintura duas laterais tipo fole;
b) À frente serão aplicados quatro bolsos, sendo dois na altura do peito de forma retangular medindo 14cm de lar-
gura por 16cm de altura, tipo fole, tendo ao centro uma prega fêmea, pregado de forma inclinada. Na parte superior será
aplicado uma pestana retangular com dimensões 140 mm (14cm) de largura por 60 mm (6 cm) altura, com entretela 100%
algodão colante com gramatura 120g/m2 e acabamento firme, em pesponto duplo; o bolso será fechado por um velcrom
de 25 mm (2,5 cm)de largura, no tamanho de 70 mm (07cm); o bolso esquerdo terá, no seu lado direito, uma abertura de 30
mm (03cm) para a colocação da caneta acabada em travete, de forma embutida. Serão aplicados mais dois bolsos frontais
partindo da costura da bainha inferior a uma distância de 17cm, de forma retangular medindo 18cm de largura por 20cm

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

de altura, tipo fole, tendo ao centro uma prega fêmea, pre- a 1ª vertical à 60 mm (06cm) de distância da última linha
gado no mesmo sentido do talhe. Na parte superior será do pesponto partindo da abertura central, formando qua-
aplicado uma pestana retangular com dimensões 180 mm drados de 60 mm (06cm) x 60 mm (06cm) almofadado em
(18cm) de largura por 60 mm (6 cm) altura, com entretela borracha tipo EVA de 2 mm (0,2cm) de espessura, forrado
100% algodão colante com gramatura 120g/m2 e acaba- na parte interna com tecido em nylon 100% poliéster na
mento firme, em pesponto duplo; o bolso será fechado por cor cinza caqui;
um velcrom de 25 mm (2,5 cm) de largura, no tamanho de i) Costas: Com duas pregas viradas, tipo fole, medindo
100 mm (10cm) 40 mm (4cm) de profundidade cada, com pesponto sim-
c) Aberta ao meio, fechando por uma ordem de 05 ples, partindo da costura dos ombros, retas até a bainha da
(cinco) botões personalizados com o nome “PM-RN” de nº parte inferior. A parte superior, que vai da costura dos om-
24 de massa 04 furos na cor preta, sendo o primeiro a 80 bros até uma distância de 18cm, será pespontada simples
mm (8cm) abaixo do colarinho e os demais equidistantes; por linhas equidistantes horizontais e linhas equidistantes
d) O colarinho duplo de 4,0 cm, no pé e 5,0 cm na gola, verticais, sendo a 1ª horizontal à 60 mm (6cm) de distân-
com pontas de 8,0 cm, todo ele com entretela 100% algo- cia da costura do ombro, seguindo as demais, e tomando
dão colante com gramatura 120g/m2 e acabamento firme. como base a 1ª vertical colocada ao centro da gandola,
Um transpasse de 8,5 cm, sendo abotoada com um botão formando quadrados de 60 mm (06cm) x 60 mm (06cm),
personalizado com o nome “PM-RN” de nº 24 de massa 04 para ambos os lados, almofadada em borracha tipo EVA de
furos na cor preta, colocado do lado direito; 2 mm (0,2cm) de espessura, forrada na parte interna com
e) Mangas compridas, tipo camisa, com prega e com tecido em nylon 100% poliéster na cor caqui.
reforço oval nos cotovelos em pesponto simples com duas VI. Blusa manga comprida cinza bandeirantes (gan-
costuras cruzadas em forma de “X”. Punhos de 8,0 cm, em dolão): confeccionada em tecido Rip Stop tipo gabardine
pesponto duplo, com entretela 100% algodão colante com (75% poliéster e 25% viscose), toda com linha de pesponto
gramatura 120g/m2 e acabamento firme, com uma carce- nº 30 na parte externa e nº 50 na parte interna, com três
la de 140mm (14cm) de comprimento e 35mm (3,5cm) de pontos por cm, na cor cinza bandeirante, com as seguintes
largura, fechado com dois botões personalizados com o características:
nome “PM-RN” de nº 24 de massa, 04 furos na cor preta. a) Talhe (corte): de camisa esporte levemente cintura-
Com um bolso embutido, na manga esquerda, pregado em da, aberta na frente, dividida ao meio em toda extensão,
pesponto duplo, na parte da frente, nas dimensões de 160 com carcela dupla, abotoada por uma ordem de 05 (cinco)
mm (16cm) de largura x 200 mm (20cm) de comprimento, botões personalizados com o nome “PM-RN” de nº 22 de
fechado por um zíper embutido de 150 mm (15cm) na cor massa 04 furos na cor cinza escuro, distribuídos equidis-
caqui; no lado esquerdo será costurado o Brasão da Polí- tantemente, no lado direito do talhe, ficando o primeiro
cia Militar do RN, nas cores características, bordado, forra- à 30 mm (3cm) acima da linha da pestana dos bolsos e o
do, retangular, com acabamento overlocada, sendo 67mm último a altura do quadril, cobertos por uma pestana, de
(6,7cm) de base por 86mm (8,6cm) de altura, sendo costu- forma que toda abotoadura fique embutida; o caseado no
rado no centro da manga, na parte externa, à 50 mm (5cm) sentido vertical distribuídos em conformidade com os bo-
abaixo da costura superior da manga; no lado direito será tões, no lado oposto a abotoadura. Abertura central, com
costurada a bandeira do Estado do Rio Grande do Norte bainha de 10 mm (01 cm), será pespontada dos dois lados,
nas cores características, bordada, forrada, retangular, com à 40mm (4cm) da borda, com 04 linhas equidistantes, no
acabamento overlocada, sendo 80 mm (8cm) de base por mesmo sentido do talhe; ficando entre a abertura central
60 mm (6cm) de altura, costurada no centro da manga, na e os bolsos.
parte externa, à 50 mm (05cm) abaixo da costura superior b) Gola: entretelada, tipo colarinho esporte, pesponta-
da manga. da ao meio com costura simples, com entretela 100% algo-
f) Na altura da cintura e na parte interna é aplicado um dão colante com gramatura 120g/m2 e acabamento firme,
cadarço que passará por dentro de um reforço do mesmo com largura de 60mm (6cm) (para todos os tamanhos),
tecido, onde terá em suas extremidades caseadas para pas- pespontada com costura dupla;
sagem das pontas do cordão. c) Mangas compridas, tipo camisa, com prega e com
g) Platinas: com entretela 100% algodão colante com reforço oval nos cotovelos em pesponto simples com duas
gramatura 120g/m2 e acabamento firme, e embutidas na costuras cruzadas em forma de “X”. Punhos de 8,0 cm, em
costura da manga com 05cm de largura na base e 4,5 cm pesponto duplo, com entretela 100% algodão colante com
na extremidade, para o nº 40 e as demais variando de acor- gramatura 120g/m2 e acabamento firme, com uma carce-
do com o tamanho da gandola, com pesponto duplo em la de 140mm (14cm) de comprimento e 35mm (3,5cm) de
caseado no sentido longitudinal a 01 cm do bico, fechado largura, fechado com dois botões personalizados com o
por um botão personalizado com o nome “PM-RN” de nº nome ” PM-RN” de nº 22 de massa 04 furos na cor cinza
24 de massa, 04 furos na cor preta; escuro. Com um bolso embutido nas duas mangas, prega-
h) Peitoral: a parte da frente que vai da costura dos om- dos em pesponto duplo, nas dimensões de 280mm (28cm)
bros até uma distância de 12cm, será pespontada simples x 250mm (25cm), com abertura na frente aplica-se um zí-
por linhas equidistantes horizontais e linhas equidistantes per embutido de 150mm (15cm) da cor cinza escuro a uma
verticais de cada lado, sendo a 1ª horizontal à 60 mm (6cm) distância de 40mm (4cm) da primeira costura do pesponto
de distância da costura do ombro, seguindo as demais, e do bolso; no lado esquerdo será costurado o Brasão da Po-

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

lícia Militar do RN, nas cores características, bordado, forra-


do, retangular, com acabamento overlocada, sendo 67mm
(6,7cm) de base por 86mm (8,6cm) de altura, sendo costu-
rado no centro da manga, na parte externa, à 50 mm (5cm)
abaixo da costura superior da manga; no lado direito será
costurada a bandeira do Estado do Rio Grande do Norte
nas cores características, bordada, forrada, retangular, com VII. Boina nas cores cinza, grená e preta: Fabricada com
acabamento overlocada, sendo 80 mm (8cm) de base por feltro de pura lã 100%, impermeabilizada, espessura 3,0
60 mm (6cm) de altura, costurada no centro da manga, na mm, gramatura 800 g/m2, e resistência a tração do feltro
parte externa, à 50 mm (05cm) abaixo da costura superior de 35 Kgf, fabricada de forma circular, diâmetro variável de
da manga. acordo com os tamanhos especificados, com aba do lado
d) Costas: lisas com duas pregas viradas, tipo fole, me- esquerdo presa por um botão de pressão na cor preta. For-
dindo 40mm (4cm) de profundidade cada, com pesponto
rada com tecido na cor preta, composição de 38% poliéster
simples e rebatida, partindo do botão da platina, retas até a
e 62% algodão, e 54 fios no urdume e 28 fios na trama e 99
costura lateral fazendo um ângulo de 90º, com uma distân-
cia variando de 200mm a 250mm (20cm a 25cm), conforme g/m2, debruada com vaqueta de couro na cor preta com
o tamanho do manequim, da bainha da parte inferior; 0,7 mm (+/- 0,1 mm) de espessura e 10 mm de diâmetro
e) Platinas: será costurada uma parte do mesmo tecido por onde corre um fitilho na cor preta na composição 72%
e mesma cor, de forma pentagonal, fixada na costura das polipropileno e 28% algodão, largura mínima de 7 mm e
mangas, a altura dos ombros, com entretela 100% algodão espessura máxima de 1 mm e resistência a tração com mí-
colante com gramatura 120g/m2 e acabamento firme, com nimo de 40 kgf, destinado ao ajuste da boina e na parte
50 mm (05cm) de largura na base (parte fixa) e 45 mm (4,5 interna possui um reforço em forma de semi-círculo de 50
cm) na extremidade (parte solta), com 120 mm (12cm) de x 80 mm, aplicado no quarto anterior do lado direito des-
comprimento, terminando em ângulo obtuso, com pespon- tinado a receber o distintivo de cobertura de acordo com
to duplo em caseado no sentido longitudinal à 10 mm (01 o posto ou graduação, com 4,2 cm de diâmetro, fixado na
cm) da extremidade, onde será abotoada por um botão per- lateral direita das boinas, a 7,0 cm do eixo frontal que liga
sonalizado com o nome ” PM-RN” de nº 22 de massa 04 o cordão de regulagem à parte central. A aba no seu limite
furos na cor cinza escuro; estas medidas são para o nº 40 e inferior possui dois ilhoses de alumínio na cor preta, sepa-
as demais variando de acordo com o tamanho da gandola; rados com 70 mm um do outro no sentido transversal e a
f) Bolsos: são 02 (dois), colocados externamente na par- 40 mm da base, destinado a facilitar a circulação de ar. En-
te superior da frente, em cada lado na altura do tórax (pei- tre ilhoses é aplicado um botão de pressão que justamente
to), equidistantes em relação a abertura central, de formas
com a fêmea que é colocada a 10 mm da base, completam
retangulares, tendo no sentido vertical uma prega em forma
o acabamento da boina, a ser usada com o botão fechado.
de macho, com 40mm (4cm) de largura, pesponto duplo em
todo o bolso e cantos inferiores chafrados à 30 mm (3cm)
cada, medindo 160 mm (16 cm) de altura por 140 mm (14
cm) de largura. Na parte superior será aplicado uma pestana
com dimensões 140 mm (14cm) de largura por 60 mm (6
cm) altura, com entretela 100% algodão colante com gra-
matura 120g/m2 e acabamento firme, em pesponto duplo
e cantos inferiores chanfrados, sendo aplicados, na parte VIII. Botas (Atividade Hipomóvel): confeccionada em
externa, dois botões personalizados com o nome ” PM-RN” vaqueta cromada, cor preta, de forma anatômica, compos-
de nº 22 de massa 04 furos na cor cinza escuro, nos cantos ta na parte superior de cano, gáspea, contraforte e fole;
de cada lapela, sem função de fechamento; o bolso será fe- na parte inferior constituída de: palmilha, vira, alma e sola.
chado por um velcrom de 25 mm (2,5 cm), no tamanho de Tem reforços do mesmo couro, que são abertos à altura do
70 mm (07cm); o bolso esquerdo terá, no seu lado direito, peito do pé, com pestanas e atracadores de cordão; solado
uma abertura de 30 mm (03cm) para a colocação da caneta de couro e salto de borracha palmilhada. As botas deverão
acabada em travete, de forma embutida; ser confeccionadas sob medidas.
g) Peitoral: a parte da frente que vai da costura dos om-
bros até a linha das pestanas dos bolsos, será pespontada
simples por linhas equidistantes horizontais e linhas equi-
distantes verticais de cada lado, sendo a 1ª horizontal à 25
mm (2,5cm) de distância da linha da pestana dos bolsos, se-
guindo as demais, e a 1ª vertical à 70 mm (7cm) de distância
da última linha do pesponto partindo da abertura central,
formando retângulos de 50 mm (05cm) x 70 mm (07cm) al-
mofadado em espuma de 10 mm (1cm) de espessura (tipo
semi-ortopédica) partindo do ombro até a linha das pesta-
nas dos bolsos frontais, forrado na parte interna com tecido
em nylon 100% poliéster na cor cinza.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

IX. Botas para Motociclista: Confeccionada em couro


vacum na cor preta, espessura de 16/18 linhas, estampa
pólvora, cano alto até pouco abaixo dos joelhos, sendo que
na parte traseira do cano, na extremidade superior, possui
um dispositivo em couro napa vacum vestuário em forma
de almofada, devendo ajustar-se à panturrilha do usuário,
também no cano deverá ser sub-afixada ao couro vazado
dois dispositivos fosforescentes, de material plástico e de
cor cinza, o primeiro sob forma de um triângulo invertido,
afixado nos lados externos da bota e outro de forma retan-
gular afixado à altura do calcanhar. Deverá possuir reforço
na parte frontal em papelão próprio para este fim, com 1,5
a 2,0mm de espessura para proteção da tíbia. Terá zíper de
nylon de grossa espessura com trava automática no cursor,
devendo ser colocado na lateral interna da bota permitin-
do a abertura e fechamento em toda a sua extensão, sen-
do que na parte inferior deverá manter uma distância de
30mm entre seu início e o solado. Terá também um fecho
em couro com botão de pressão, para fechamento da parte
superior do cano, para travar a bota quando o zíper estiver
fechado. Na parte interna do zíper deve possuir uma língua
em vaqueta forro cor natural, fixada nas duas partes do zí-
per. A bota será toda forrada em vaqueta forro cor natural,
com exceção da parte frontal do cano, que deve ser forra-
XI. Calça Azul Ferrete: Confeccionada em tecido tipo sarja
da com espuma de 30mm dublada com jersey. A biqueira
2/2, sendo 54% viscose e 46% poliéster, nas cores azul ferrete,
e o contra-forte deverão ser de tobox (tecido de algodão
de forma ligeiramente troco cônica, boca inferior seccionada
impregnado em látex), de espessura entre 1,5mm a 2,0mm.
obliquamente, da frente para a retaguarda, bainha simples,
A palmilha de sola deverá ser em cabeça, com espessura
quatro bolsos embutidos, sendo dois laterais e dois na parte
entre 4mm e 5mm, depois de cilindrada e calibrada. Será
traseira, fechados com pestanas presas com velcro. No cós
montada com esquino de aço e reforçada com papelão na
sete passadeiras simples, de 20mm de largura, dispostas na
parte traseira da palmilha. A entressola é em neolite com
frente, nos lados e atrás, para receber o cinto de naylon. Terá
3mm a 4mm de espessura depois de lixada. Deverá pos- duas listas verticais nas laterais, na cor vermelha, de 30mm de
suir vira de couro ou recouro, com filete em todo contor- largura, separadas 5mm uma da outra.
no da bota, pespontada com cordoné. A bota deverá ter o
bico em formato quadrado, devendo ter a biqueira externa
(gáspea), picotada e com perfurações, conforme a amostra
padrão.

XII. Calça do agasalho: confeccionada em tecido tipo


tactel, microfibra melhor qualidade, na cor azul escuro, sem
X. Cadarço de Identificação (Nome do PM no 4º Uni- braguilha, bolsos embutidos laterais, fechados com zíper de
forme) 150mm, com trava do cursor na parte inferior. Cós ajustado
a. USO: costurado acima da pestana do bolso direito por um elástico de 20mm, costurado internamente e cadarço
dos uniformes de policiamento ostensivo; branco atado na frente, internamente. Bainha de feitio pró-
b. DESCRIÇÃO: confeccionada em tecido da cor cinza prio com elástico, possuindo zíper lateral interno de 200mm.
bandeirante, com 25mm de largura por 140mm de com- Terão listras laterais de acordo com a hierarquia, sendo para
primento, costurado acima da pestana do bolso direito da os Oficiais duas listras laterais de 50mm de largura do mesmo
camisa de instrução (gandola). As letras terão 10mm de al- tecido, na cor vermelha, separadas por uma listra da mesma
tura, na fonte arial, bordado em fio simples na cor branca; largura na cor branca, colocados de um e outro lado de cada
moldura em linha da mesma cor das letras, com 2mm de costura externa; para os Alunos Oficiais uma listra de 50mm
espessura. Serão apostas nos cadarços de identificação as de largura na cor vermelha e para os Subtenentes e Sargentos
seguintes descrições: nome de guerra do policial militar e uma listra branca de 50mm de largura, acompanhando a cos-
o fator RH, com 6mm de altura, na cor vermelha, tudo em tura lateral externa; para Cabos e Soldados não terão listras.
letras maiúsculas.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XIV. Calça cinza bandeirantes (policiamento ostensivo


geral): confeccionada em tecido Rip Stop tipo gabardine
(75% poliéster e 25% viscose), com linha de pesponto nº 30
na parte externa e nº 50 na parte interna, com três pontos
por cm, na cor cinza bandeirante, com as seguintes carac-
terísticas:
a) Corte reto, folgada até a base do joelho; bainha sim-
ples, overlocada, com dobra de 15 mm (1,5cm) de largu-
ra, contendo um elástico de 6 mm (0,6cm) de largura; cós
com 45 mm de largura, montado com pesponto simples
por toda a margem, fechamento através de um gancho de
XIII. Calça camuflada urbano, ambiental e caatinga: con- segurança em metal, fixado na parte interna do cós no lado
feccionada com linha de pesponto nº 30 na parte externa e nº esquerdo; no lado direito uma base metálica para fixar o
50 na parte interna, com três pontos por cm, com as seguintes gancho de fechamento; braguilha forrada do mesmo teci-
características: do com pesponto duplo travetada no canto e na extremi-
a. De tecido tipo Rip Stop, sendo 67% poliéster e 33% al- dade e fechada por um zíper em ferro de 150 mm (15cm)
godão, com malhas especiais de camuflagem de caatinga ou na cor cinza escuro; vista embutida com zíper reforçado
deserto, urbana ou ambiental, em com pesponto de 40mm (4cm) de distância da extremida-
uma só face, reta, folgada até abaixo do joelho, em pes- de esquerda; cintura com passadores externos para cinto,
ponto duplo. Bainha simples, overlocada, com dobra de 15 mm do mesmo tecido, pespontado com costuras laterais de 45
(1,5cm) de largura, contendo um elástico de 15 mm (1,5cm) de mm (4,5 cm) de altura por 15 mm (1,5 cm) de largura, assim
largura. Dois bolsos laterais grandes, tipo fole, medindo 220 mm distribuído: 07 passadores do nº 36 ao 42; 09 passadores
x 220 mm, tendo ao centro uma prega fêmea. A pestana dos do nº 44 ao 50; 11 passadores do nº 52 ao 56. Gancho
bolsos deverá estar a 170 mm do cós. Pestanas simples com en- traseiro fechado em pesponto duplo externo; Entre pernas
tretela 100% algodão colante com gramatura 120g/m2 e aca- fechado em máquina interlock e bitola larga; Nos joelhos
bamento firme, medindo 60 mm x 220 mm, sendo fechado por serão pespontados simples por 06 linhas equidistantes ho-
um velcron de 25mm (2,5cm) X 150mm (cm), colocadas abaixo rizontais e 03 linhas equidistantes verticais de cada lado,
dos quadris, de forma retangular e ângulos inferiores retangu- sendo a 1ª horizontal à 100 mm (10cm) de distância da par-
lares. Cós com entretela 100% algodão colante com gramatura te superior do bolso lateral, seguindo as demais, num inter-
120g/m2 e acabamento firme, com passadores externos para valo de 60 mm (6cm); a linha central vertical será no meio
cinto, do mesmo tecido, pespontado com costuras laterais de da calça, seguindo as demais equidistantes, num intervalo
45 mm (4,5 cm) de altura por 15 mm (1,5 cm) de largura, assim de 80 mm (8cm), formando retângulos de 60 mm (6cm) x
distribuído: 07 passadores do nº 36 ao 42; 09 passadores do nº 80 mm (08cm) almofadado em espuma de 10 mm (1cm) de
44 ao 50; 11 passadores do nº 52 ao 56. Reforço oval, no mesmo espessura (tipo semi-ortopédica), forrado na parte interna
tecido, aplicado na altura do joelho em pesponto simples com com tecido em nylon 100% poliéster na cor cinza;
três linhas horizontais e duas verticais formando quadrados de b) Bolsos: serão dispostos da seguinte forma: Frontais:
60 mm (06cm) x 60 mm (06cm), variando de acordo com o ma- são 02 (dois) na parte superior da frente, nos dois lados,
nequim, almofadado em borracha tipo EVA de 2 mm (0,2cm) de com aberturas ligeiramente curvadas medindo 200 mm
espessura, forrado na parte interna com tecido em nylon 100% (20cm), partindo do cós à costura lateral, com dimensões
poliéster na cor cinza caqui e preso às costuras internas da calça; de 280 mm (28cm) de comprimento partindo do cós e 180
b. Braguilha forrada do mesmo tecido com pesponto duplo mm (18cm) de largura partindo da costura lateral, com can-
travetada no canto e na extremidade e fechada por um zíper to inferior chanfrado em 30 mm (3cm), todo montado com
em ferro de 150 mm (15cm) na cor caqui; vista embutida com pesponto duplo, costurado na parte superior abaixo do cós
zíper reforçado com pesponto de 40mm (4cm) de distância da a 65mm (6,5cm) da primeira costura lateral. Partindo do
extremidade esquerda; canto inferior do bolso frontal esquerdo deverá ser aplica-
c. Gancho traseiro fechado em pesponto duplo externo; do um bolso porta-caneta nas dimensões de 50 mm (5cm)
d. A baixo do cós traseiro, no centro de cada lado, será apli- por 140 mm (14cm), a abertura do bolso será em pesponto
cada uma prega de 10mm (1cm); simples com 15mm (1,5 cm) de largura, no canto inferior
e. Entre pernas fechado em máquina interlock e bitola larga; esquerdo um chanfrado de 30 mm (3cm), com pesponto
duplo em toda a sua extensão; Laterais: são 02 (dois), colo-
cados na parte lateral das pernas, sobre a parte acolchoa-
da, com dimensões de 190 mm (19cm) largura por 200 mm
(20cm) de comprimento, começando junto a base do bolso
superior lateral da frente, a parte central do bolso deve-
rá coincidir com a costura lateral, onde será colocada uma
prega fêmea; borda superior overlocada, com dobra sim-
ples de 15 mm (1,5cm) de largura, rente a costura da borda
superior do bolso, parte externa, será colocado um velcron
com 100 mm (10cm) de comprimento; portinhola (lapela)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

com entretela 100% algodão colante com gramatura 120g/


m2 e acabamento firme, na mesma largura do bolso, com
60 mm (6cm) comprimento, com cantos inferiores chan-
frados à 30 mm (3cm) cada, onde coloca-se a outra parte
do velcron, para fechamento; todo montado com pesponto
duplo; na parte externa dois botões personalizados com o
nome ” PM-RN” de nº 22 de massa 04 furos na cor cinza
escuro,, nos cantos de cada lapela, sem função de fecha-
mento; Traseiros: são 02 (dois), com características idên-
ticas aos bolsos laterais, com dimensões 160 mm (16cm)
por 140m (14cm), portinhola (lapela) com entretela 100%
algodão colante com gramatura 120g/m2 e acabamento
firme, na mesma largura do bolso, com 60 mm XVI. Calça cinza do uniforme social e de passeio: con-
(6cm) comprimento, com cantos inferiores chanfra- feccionada em tecido tipo panamá, 100% poliéster. Cor
dos à 30 mm (3cm) cada, onde coloca-se a outra parte do cinza. De forma ligeiramente tronco-cônica, boca inferior
velcron, para fechamento; todo montado com pesponto seccionada obliquamente da frente para a retaguarda, ba-
duplo; na parte externa dois botões personalizados com inha simples, com 05 (cinco) bolsos embutidos, sendo um
o nome ” PM-RN” de nº 22 de massa 04 furos na cor cinza frontal no lado direito, medindo 7cm de largura por 8cm
escuro, nos cantos de cada lapela, sem função de fecha- de comprimento, com travete nas extremidades, dois la-
mento. Entre o bolso e a parte inferior do cós será aplicada terais tipo faca com travete nas extremidades, e dois tra-
uma prega de 10mm (1cm), acima de cada bolso traseiro; seiros com portinholas embutidas de 3cm de altura nas
extremidades e 4,5cm na parte do centro. Na frente serão
aplicadas duas pregas de cada lado com 1cm de profundi-
dade, cada. Cós com entretela 100% algodão colante com
gramatura 120g/m2 e acabamento firme, com passadores
externos para cinto, do mesmo tecido, pespontado com
costuras laterais de 45 mm (4,5 cm) de altura por 15 mm
(1,5 cm) de largura, assim distribuído: 07 passadores do nº
36 ao 42; 09 passadores do nº 44 ao 50; 11 passadores do
nº 52 ao 56. Braguilha forrada do mesmo tecido com pes-
ponto simples travetada no canto e na extremidade e fe-
chada por um zíper em ferro de 150 mm (15cm) na cor cin-
za; vista embutida com zíper reforçado com pesponto de
40mm (4cm) de distância da extremidade esquerda. Para os
uniformes sociais 2º A e 2ºB serão colocadas duas faixas de
tecido cetim na cor preta, acompanhando a costura lateral
das pernas, com 10mm (1cm) de separação.

XV. Calça cinza do uniforme de gala: confeccionada em


tecido poliéster-lã; de forma ligeiramente tronco-cônica, XVII. Calça cinza do uniforme de passeio feminina:
boca inferior seccionada obliquamente, da frente para a Confeccionada nas mesmas características da calça mascu-
retaguarda, bainha simples; seis bolsos embutidos, sendo lina com as seguintes alterações: corte mais acentuado na
dois laterais, dois na parte traseira, fechados por botão de cintura, sem bolsos na parte traseira. Braguilha dupla, com
17mm, na cor cinza, e dois pequenos na frente, na linha frente invertida.
inferior do cós (um de cada lado); no cós, sete passadores
simples, dispostos na frente, nos lados e atrás para receber
o cinto; aberta na frente por uma braguilha dupla, fecha-
da por fecho ecler de poliéster da mesma cor do tecido,
complementado por um gancho de segurança de metal na
parte interna do cós;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XVIII. Calção de natação (sunga): Em tecido de malha


elástica, na cor preta, costurado de ponto de luva, com re-
forço interno e cadarço embutido no cós para ajuste à cin-
tura. Possuirá Brasão da PMRN, aplicado, situado à frente
e do lado esquerdo. Terá duas listras laterais de 10mm de
largura do mesmo tecido, na cor branca, colocados de um
e outro lado da cada costura externa, para Oficiais; uma
listra branca sobre a costura lateral externa para Subtenen-
tes e Sargentos; e uma vermelha para Alunos Oficiais, não
tendo listras para as demais graduações.

MASCULINO FEMININO

XIX. Calção de treinamento físico militar: masculino:


na cor cinza escuro em tecido Tactel 100% poliéster, con-
feccionado sem braguilha, com elástico 40 mm de largura
na cintura, pregado com quatro agulhas, onde está inseri-
do o cordão para ajuste na cintura tendo um caseado para XX. Camisa cinza claro ou branca manga comprida:
o passamento do cordão. Na traseira, do lado direito será Confeccionada em tecido 80% poliéster e 20% algodão na
aplicado um bolso em pesponto duplo de 14cm de largura cor cinza claro; de manga comprida, punhos singelos com
por 16cm de comprimento, com cantos inferiores chan- 60mm de altura. Aberta à frente, ao meio e em toda exten-
frandos de 3cm. A lateral da perna é sem costura e com são, abotoado por uma ordem de cinco ou seis botões de
abertura em “V” no final. Calção para soldado e cabos sem matéria plástica, de 11mm, transparente, sendo o primei-
listra; calção para sargento e subtenente com uma listra ro na altura da gola, o último na do quadril e os demais
branca em algodão vertical de 10 mm de largura, aplicadas equidistantes. Colarinho duplo comum. A camisa feminina
de um e outro lado das das costuras laterais; calção para terá pinças no dianteiro, em sentido horizontal, partindo
oficiais com duas listras brancas em algodão vertical de 10 das costuras laterais, terminando na costura do bolso. A
mm de largura, aplicadas de um e outro lado das costuras camisa de cor branca é usada com a túnica branca ou cinza,
laterais e separadas 5 mm uma da outra. Short feminino de acordo com o uniforme (2º A ou 2º B); A camisa de cor
em elanca na cor cinza escuro 100% poliamida confeccio- cinza claro com a túnica cinza (2º C).
nado sem braguilha, com elástico 30 mm de largura na
cintura, pregado com quatro agulhas, onde está inserido
o cordão para ajuste na cintura tendo um caseado para o
passamento do cordão. A lateral da perna é sem costura e
acabamento com bainha. Short para soldado e cabos sem
listra; short para sargento e subtenente com uma listra
XXI. Camisa cinza claro ou branca manga comprida fe-
branca em algodão vertical de 10 mm de largura, aplicadas
minina: confeccionada em poliéster-algodão, possui gola
de um e outro lado das pernas e short para oficiais com tipo social, pespontada, com 50mm de bico, colarinho com
duas listras brancas em algodão vertical de 10 mm de lar- um botão e um caseado no sentido horizontal no pé da
gura, aplicadas de um e outro lado das pernas e separadas gola; mangas compridas com punhos de 60mm de largura,
5 mm uma da outra. abotoáveis; abertura frontal com fechamento por meio de
seis botões de matéria plástica, de 11mm, cor cinza, sendo
o primeiro na altura da gola, o último no quadril e os de-
mais equidistantes, que ficarão recobertos por uma carcela
com 30mm de largura em toda a sua extensão; duas pen-
ces oblíquas na altura do busto e duas pences traseiras no
sentido vertical;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XXII. Camisa cinza claro ou branca manga comprida de gestante: confeccionada em poliéster-algodão, possui gola tipo
social, pespontada, com 50mm de bico, colarinho duplo com um botão e um caseado no sentido horizontal; mangas com-
pridas com punhos de 60mm de largura, abotoáveis; abertura frontal com fechamento por meio de seis botões de matéria
plástica, de 11mm, cor branca, sendo o primeiro na altura da gola, o último no quadril e os demais equidistantes, que fica-
rão recobertos por uma carcela com 30mm de largura em toda a sua extensão; duas pregas fêmeas verticais, iniciando-se
a 140mm da costura dos ombros e duas pences oblíquas na altura do busto; peça única nas costas;

XXIII. Camisa cinza claro meia manga masculina: Confeccionada em tecido 80% poliéster e 20% algodão na cor cinza
claro. Costas, com uma pala de 11cm de altura a partir da costura do degolo, formando três arcos, em toda a extensão das
costas. Aberta na frente ao meio em toda extensão, com carcela dupla de 3,5cm de largura, com pesponto simples nas
extremidades, abotoada por uma ordem de cinco botões de matéria plástica, de 11 mm, transparente, ficando o primeiro
à 30 mm acima da linha das pestanas do bolso, o último à altura do quadril e os demais equidistantes. Externamente, na
frente à parte superior, dois bolsos, aplicados à altura do peito, de forma retangular, tendo no sentido vertical uma prega,
em forma de macho, 40 mm de largura, equidistantes dos lados. Os bolsos possuem os ângulos inferiores chanfrados
inclusive da tampa 10 mm no sentido horizontal e 10 mm no sentido vertical, nas dimensões de 130 mm x 150 mm nos
mesmos sentidos e fechados por pestanas de entretela 100% algodão colante com gramatura 120g/m2 e acabamento fir-
me, também em forma retangular, com dimensões de 130 mm x 50 mm, fechado por um botão de matéria plástica, de 11
mm, transparente. Gola entretelada, colarinho tipo esporte, com entretela 100% algodão colante com gramatura 120g/m2
e acabamento firme. Mangas curtas, com bainha de 25 mm, no lado esquerdo: Brasão da Polícia Militar do RN, nas cores
características, bordado, forrado, retangular, com acabamento overlocada, sendo 67mm (6,7cm) de base por 86mm (8,6cm)
de altura, sendo costurado no centro da manga, na parte externa, à 50 mm (5cm) abaixo da costura superior da manga;
no lado direito: bandeira do Estado do Rio Grande do Norte nas cores características, bordada, forrada, retangular, com

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

acabamento overlocada, sendo 80 mm (8cm) de base por 60 mm (6cm) de altura, costurada no centro da manga, na parte
externa, à 50 mm (05cm) abaixo da costura superior da manga. A abertura central, a gola, os bolsos, as pestanas e machos
serão pespontados nas suas extremidades. Caseados verticais. O bolso esquerdo terá, no seu lado direito, uma abertura de
3cm travetado para colocação de caneta, de forma embutida. Platinas: será costurada uma parte do mesmo tecido e mesma
cor, de forma pentagonal, fixada na costura das mangas, a altura dos ombros, com entretela 100% algodão colante com
gramatura 120g/m2 e acabamento firme, com 50 mm (05cm) de largura na base (parte fixa) e 45 mm (4,5 cm) na extre-
midade (parte solta), com 120 mm (12cm) de comprimento, terminando em ângulo obtuso, com pesponto simples em
caseado no sentido longitudinal à 10 mm (01 cm) da extremidade, onde será abotoada por um botão de matéria plástica,
de 11 mm, transparente; estas medidas são para o nº 40 e as demais variando de acordo com o tamanho da camisa.

XXIV. Camisa cinza claro meia manga feminina: Confeccionada em tecido 80% poliéster e 20% algodão na cor cinza
claro. De costas: Acinturada; com uma pala de 11cm de altura a partir da costura do degolo, formando três arcos, em a
extensão das costas; Com duas pinças laterais verticais, partindo da cintura até a bainha das costas, a uma distância de
12cm da costura lateral de cada lado. Frente: sendo acrescentado duas pinças no dianteiro, em sentido horizontal, partin-
do das costuras laterais, terminando na parte interna do bolso. Aberta na frente ao meio em toda extensão, com carcela
dupla de 3,5cm de largura, com pesponto simples nas extremidades, abotoada por uma ordem de cinco botões de matéria
plástica, de 11 mm, transparente, ficando o primeiro à 30 mm acima da linha das pestanas do bolso, o último à altura do
quadril e os demais equidistantes. Externamente, na frente à parte superior, dois bolsos, aplicados à altura do peito, de
forma retangular, tendo no sentido vertical uma prega, em forma de macho, 40 mm de largura, equidistantes dos lados.
Os bolsos possuem os ângulos inferiores chanfrados inclusive da tampa 10 mm no sentido horizontal e 10 mm no sentido
vertical, nas dimensões de 120 mm x 140 mm nos mesmos sentidos e fechados por pestanas com entretela 100% algodão
colante com gramatura 120g/m2 e acabamento firme, também em forma retangular, com dimensões de 120 mm x 50
mm, fechado por um botão de matéria plástica, de 11 mm, transparente. Gola entretelada, inteiriça, com entretela 100%
algodão colante com gramatura 120g/m2 e acabamento firme. Mangas curtas, com bainha de 25 mm, sendo aplicadas
quatro pregas de 1cm, cada, na altura do ombro. No lado esquerdo: Brasão da Polícia Militar do RN, nas cores caracte-
rísticas, bordado, forrado, retangular, com acabamento overlocada, sendo 67mm (6,7cm) de base por 86mm (8,6cm) de
altura, sendo costurado no centro da manga, na parte externa, à 50 mm (5cm) abaixo da costura superior da manga; no
lado direito: bandeira do Estado do Rio Grande do Norte nas cores características, bordada, forrada, retangular, com aca-
bamento overlocada, sendo 80 mm (8cm) de base por 60 mm (6cm) de altura, costurada no centro da manga, na parte
externa, à 50 mm (05cm) abaixo da costura superior da manga. A abertura central, a gola, os bolsos, as pestanas e machos
serão pespontados nas suas extremidades. Caseados verticais. O bolso esquerdo terá, no seu lado direito, uma abertura
de 3cm para colocação de caneta, de forma embutida. Platinas: será costurada uma parte do mesmo tecido e mesma cor,
de forma pentagonal, fixada na costura das mangas, a altura dos ombros, com entretela 100% algodão colante com gra-
matura 120g/m2 e acabamento firme, com 50 mm (05cm) de largura na base (parte fixa) e 45 mm (4,5 cm) na extremidade
(parte solta), com 120 mm (12cm) de comprimento, terminando em ângulo obtuso, com pesponto simples em caseado no
sentido longitudinal à 10 mm (01 cm) da extremidade, onde será abotoada por um botão de matéria plástica, de 11 mm,
transparente; estas medidas são para o nº 40 e as demais variando de acordo com o tamanho da camisa.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XXV. Camisa cinza bandeirantes (gandola): Confeccionada em tecido Rip Stop, tipo gabardine, 75% poliéster e 25% visco-
se, na cor cinza bandeirantes, apresentando as seguintes características:
a) Talhe (corte): de camisa esporte levemente cinturada, aberta na frente, dividida ao meio em toda extensão, com carcela
dupla, abotoada por uma ordem de 05 (cinco) botões de massa 04 furos na cor cinza escuro, distribuídos equidistantemente,
no lado direito do talhe, ficando o primeiro à 30mm (3cm) acima da linha da pestana dos bolsos e o último a altura do qua-
dril, cobertos por uma pestana, de forma que toda abotoadura fique embutida; o caseado no sentido vertical distribuídos em
conformidade com os botões, no lado oposto a abotoadura. Abertura central, com bainha de 10mm (01 cm), será pespontada
dos dois lados, à 05mm da borda, com 04 linhas equidistantes, no mesmo sentido do talhe; ficando entre a abertura central
e os bolsos;
b) Gola: entretelada, tipo colarinho esporte, inteiriça, com entretela 100% algodão colante, com largura de 06 a08 cm (para
todos os tamanhos), pespontada com costura dupla;
c) Mangas: curtas, com bainhas fixas de 25mm (2,5 cm), em pesponto simples, com um bolso embutido, pregados em
pesponto duplo, na parte da frente, nas dimensões de 100mm (10cm) x 200mm (20cm), fechado por um zíper embutido de
150mm (15cm) da cor cinza escuro; no lado esquerdo: Brasão da Polícia Militar do RN, nas cores características, bordado, re-
tangular, sendo 75mm (7,5cm) de base por 90mm (09cm) de altura, costurado no centro da manga, na parte externa, à 70mm
(07cm) abaixo da costura superior da manga; no lado direito: bandeira do Estado do Rio Grande do Norte nas cores caracterís-
ticas, bordada, retangular, sendo 80mm (08 cm) de base por 50mm (05 cm) de altura, costurada no centro da manga, na parte
externa, à 70mm (07cm) abaixo da costura superior da manga. A gandola de manga comprida, obedece as mesmas ca-
racterísticas, tendo os punhos singelos com 60mm de altura, abotoados por botões;
d) Costas: lisas com duas pregas viradas, tipo fole, medindo 30mm (03cm) de profundidade cada, com pesponto simples,
partindo do botão da platina, curvadas até a costura lateral, com uma distância de 200mm (20cm) da bainha da parte inferior;
e) Platinas: será costurada uma parte do mesmo tecido e mesma cor, de forma pentagonal, fixada na costura das mangas,
a altura dos ombros, com entretela 100% algodão colante, com 50mm (05cm) de largura na base (parte fixa) e 45mm (4,5 cm)
na extremidade (parte solta), com 120mm (12cm) de comprimento, terminando em ângulo obtuso, com pesponto duplo em
caseado no sentido longitudinal à 10mm (01 cm) da extremidade, onde será abotoada por um botão da cor cinza escuro; estas
medidas são para o nº 40 e as demais variando de acordo com o tamanho da gandola;
f) Bolsos: são 02 (dois), colocados externamente na parte superior da frente, em cada lado na altura do tórax (peito),
equidistantes em relação a abertura central, de formas retangulares, tendo no sentido vertical uma prega em forma de macho,
com 30mm (03 cm) de largura, pesponto duplo em todo o bolso e cantos inferiores chafrados à 30mm (3cm) cada, medindo
160mm (16 cm) de altura por 140mm (14 cm) de largura. Na parte superior será aplicado uma pestana com dimensões 140mm
de largura por 50mm altura, em pesponto duplo e cantos inferiores chanfrados, sendo aplicados, na parte externa, dois botões
de 04 furos em massa na cor cinza escuro nos cantos de cada lapela, sem função de fechamento; o bolso será fechado por um
velcro de 25mm (2,5 cm), no tamanho de 70mm (07cm); o bolso esquerdo terá, no seu lado direito, uma abertura de 30mm
(03cm) para a colocação da caneta acabada em travete, de forma embutida;
g) Peitoral: a parte da frente que vai da costura dos ombros até a linha das pestanas dos bolsos, será pespontada simples
por linhas equidistantes horizontais e linhas equidistantes verticais de cada 117 lado, sendo a 1ª horizontal à 50mm (05cm)
de distância da linha da pestana dos bolsos, seguindo as demais, e a 1ª vertical à 60mm (06cm) de distância da última linha
do pesponto partindo da abertura central, formando retângulos de 50mm (05cm) x 60mm (06cm) almofadado em espuma de
10mm (1cm) de espessura (tipo semi-ortopédica) partindo do ombro até a linha das pestanas dos bolsos frontais, forrado na
parte interna com TNT na cor cinza.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XXVIII. Camiseta cinza meia manga ou mangas compri-


das (gola simples): Confeccionada em tecido 67 % poliéster
e 33% viscose, na cor cinza escuro. Com gola simples, para
os uniformes que exigem a camiseta interna. As mangas
têm comprimento médio de 200mm com bordas safona-
das (meia manga) ou manga comprida, acompanhando o
comprimento do braço. Na parte da frente, à altura do pei-
XXVI. Camisa branca plissada de colarinho duplo do to do lado esquerdo será bordado o Brasão da PMRN com
sua descrição original, aplicado, com 80mm de diâmetro,
Uniforme 1º A (gala): confeccionada em tecido de poliés-
a 200mm da costura ombro. Abaixo do Brasão da PMRN a
ter-algodão; corte simples, costas lisas, aberta na frente em
identificação do policial militar, em letras de cor branca de
toda a extensão, fechada por seis botões brancos de maté-
10mm de altura e tipo de sangue e fator RH de 8mm de
ria plástica, 12mm de diâmetro, que ficarão recobertos por altura na cor vermelha, na fonte arial.
uma carcela; possui doze pregas de 10mm de largura, par-
tindo do ombro e indo até a altura da cintura, posiciona-
das na abertura da frente para os lados; colarinho duplo e
mangas com punhos duplos, que serão fechadas por abo-
toaduras douradas, simples, sem desenhos, tipo comercial;

XXIX. Camisa regata: confeccionada em tecido/malha


PV, 67% Poliéster e 33% Viscose, para o masculino será re-
gata na cor branca, para o feminino camiseta sem manga na
cor branca modelo tipo suéter. Ambas com bainha pespon-
XXVII. Camisa plissada feminina branca com colari- tadas dupla, contendo à altura do peito, no lado esquerdo
nho: confeccionada em poliéster-algodão, possui gola para o brasão da PMRN e logo abaixo a identificação do PM em
letras cor preta de 10mm de altura e tipo de sangue e fator
smoking, pespontada, com 35mm de bico, um botão e um
RH de 8mm de altura na cor vermelha todo na fonte arial.
caseado no sentido horizontal; mangas compridas com pu-
nhos de 60mm de largura abotoáveis; abertura frontal e fe-
chamento por meio de seis botões e seis caseados no sen-
tido vertical, que ficarão recobertos por uma carcela com
30mm de largura em toda a sua extensão; doze pregas na
parte frontal, seis de cada lado, tombadas para as laterais
com 10mm de profundidade, da costura dos ombros até
a extremidade inferior; duas pences oblíquas na altura do XXX. Chapéu feminino: compõe-se de copa, cinta, em-
busto; peça única nas costas; blema, forro, jugular, botões, carneira e pala; a copa tem
formato semi-esférico, com armação de fibra, de diâmetro
variável, de acordo com a numeração e altura de aproxima-
damente 10 mm, com aro flexível na carneira e na extre-
midade da pala e é forrada com o mesmo tecido da túnica
cinza; a cinta deve ser em veludo preto, com a costura sob
o emblema, tendo 30mm de largura; o distintivo para ofi-
cial, subtenente e sargento, cabos e soldados são iguais ao
descrito para o quepe cinza masculino, tendo, porém, as se-
guintes dimensões: conjunto com 42mm de altura e 76mm
de largura, a elipse maior tem 36mm de altura e 27mm de
largura, espaço entre as elipses de 2mm; sendo fixado à cin-
ta, na parte frontal, de modo que sua borda inferior fique a
10mm da parte superior da jugular; o forro apresenta a se-
guinte composição: de tecido fino, que cobre toda a superfí-
cie interna; colocado em toda a parte interna da copa, sendo
confeccionado da mesma maneira que a face externa; arre-
matada na base por uma carneira cor preta de couro com 30
mm de largura, em toda sua extensão; sobre a cinta posicio-
na-se, na parte da frente do quepe, uma jugular dourada, de
15mm de largura, confeccionada com galão de fio dourado,
presa pelas extremidades em dois botões pequenos, de 15
mm de diâmetro, em metal dourado; no meio e no mesmo

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

sentido da jugular, sobreposto um laço achatado do mesmo


material, tendo cerca de 0,60m de comprimento para fixar o
laço à jugular, o meio do laço é envolvido, no sentido vertical,
por um pedaço do mesmo material; a carneira é de oleado
ou couro preto, de 30 mm de largura; a pala deve ter a cor
preta, pregada e embutida na cinta de armação, formando
com ela um ângulo de 125º, tendo largura variável de 50mm
a 60mm de comprimento na frente, na altura do distintivo,
abrangendo um arco aproximadamente 208 mm, diminuído
até a altura dos botões da jugular e aumentando, na parte
de trás para 40mm; atrás dos botões da jugular, é rebatida
para cima, sendo confeccionada em feltro. A parte frontal é
projetada para baixo e contém as seguintes particularidades:
revestida, no lado superior, de feltro preto com debrum de
oleado preto brilhante, de 5mm, sendo para Oficial Superior,
circundada com dois ramos de louro de duas folhas e frutos,
bordados em fio Myller na cor ouro-novo, partindo das ex- XXXIII. Culote Cinza bandeirante ou encarnado do uni-
tremidades laterais e afastados de 5mm na parte central da forme especial: Confeccionado em tecido Rip Stop, 75% po-
curva externa da pala; liéster e 25% viscose. Na cor cinza bandeirantes. Pernas retas
formando bojos na altura da cocha, largura regular, bainha de
15mm (1,5cm) de largura, fechado por um velcron preto de
25mm (2,5cm) de largura por 70mm (7cm) de comprimento.
Cintura com passadores externos para cinto, do mesmo te-
cido, pespontado com costuras laterais de 45 mm (4,5 cm)
de altura por 15 mm (1,5 cm) de largura, assim distribuído:
07 passadores do nº 36 ao 42; 09 passadores do nº 44 ao
50; 11 passadores do nº 52 ao 56. O cóis deverá ser interpe-
lado, com entretela 100% algodão colante com gramatura
120g/m2 e acabamento firme, e forrado em toda a extensão
abotoada com gancho. Frente braguilha forrada do mesmo
XXXI. Cinto cinza bandeirante: De 34mm de largura,
tecido em pesponto duplo e fechada por um zíper em ferro
comprimento variável de acordo com a cintura do PM, em
nylon na cor cinza bandeirante ou preta, tendo numa das ex- de 150 mm (15cm) na cor cinza escuro, 2 bolsos embutidos
tremidades uma fivela prateada com o símbolo das Policias tipo carpinteiro. Costas: 02 (dois) bolsos com dimensões 160
Militares, um circulo com uma estrela de cinco pontas em mm (16cm) por 140m (14cm), portinhola (lapela) com entre-
alto relevo, colocada sobre o fundo vermelho sendo mar- tela 100% algodão colante com gramatura 120g/m2 e acaba-
geada por 26 estrelas sobre o fundo azul. Na outra extremi- mento firme, na mesma largura do bolso, com 60 mm (6cm)
dade uma ponteira metálica prateada, que passa por dentro comprimento, com cantos inferiores chanfrados à 30 mm
da fivela para ajuste e fechamento. (3cm) cada, onde coloca-se a outra parte do velcron, para
fechamento; todo montado com pesponto duplo; na parte
externa dois botões personalizados com o nome “PM-RN”
de nº 22 de massa 04 furos na cor cinza escuro, nos cantos
de cada lapela, sem função de fechamento. Entre o bolso e
a parte inferior do cós será aplicada uma prega de 10mm
(1cm), acima de cada bolso traseiro. Reforço do mesmo teci-
XXXII. Coturno: De vaqueta cromada brilhosa, na cor pre- do em pesponto simples, partindo das costuras laterais e das
ta ou marrom-café (GTO). Com cano de lona impermeável, entre pernas tendo em sua base dois ângulos retos e em sua
de forma anatômica, com acolchoamento interno inclusive parte superior um meio arco de posições opostas, cujas
palmilhas. Na parte superior é composto de cano, gáspea, medidas oscilarão conforme o manequim. Dois reforços
biqueira sem enfeites, contraforte e fole. No cano, aberto na traseiros do mesmo tecido aplicados opostamente no tra-
frente, duas ordens de ilhoses que atracam por um cadarço seiro com costuras duplas, iniciando na entre pernas em for-
de algodão de 6mm de largura. Na parte inferior é compos- mato oval, também variando de acordo com o manequim. O
to de palmilha, vira, enfuste, alma, solado e salto de borracha Culote encarnado, do uniforme especial de desfile, segue as
preto, modelo fixado em desenho antiderrapante, por pro- mesmas características, sendo confeccionado na cor verme-
cesso de vulcanização direta ou ao cabedal. Na parte interna lha, tendo duas listras do mesmo tecido do culote na cor azul
(lado de dentro do pé) são aplicadas duas válvulas para saída ferrete nas costuras laterais de 04mm de largura deixando
de água. A Forma da amarração do coturno deverá ser a entre si um espaço de 03mm, devendo iniciar na costura do
“Padrão Cruzado” com a primeira volta do cadarço por cima. cós até o travete da abertura da barra na medida de 11mm
Será permitida a colocação de zíper, com a função de fecha- arrematado com cadarço de nylon na parte posterior para
mento, desde que seja embutida na parte lateral interna. ajuste.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XXXIV. Gorro camuflado caatinga: Confeccionado em tecido tipo Rip Stop, sendo 67% poliéster e 33% algodão, de
padronagem camuflada de caatinga. Constituindo-se de Pala e Copa; confeccionado todo em pesponto simples. Pala:
Em tecido duplo, tem no seu interior uma alma de polietileno curvada com 0,8mm de espessura, sendo fechada com um
viés do mesmo tecido. Copa: É formada por quatro peças, sendo uma frontal, uma superior e duas laterais unindo-se na
traseira do gorro. Na peça frontal será bordado o respectivo distintivo de cobertura de acordo com o posto e graduação:
oficial, subtenente e sargento, e cabo e soldado, medindo 6cm de comprimento por 8cm de altura. Nas peças terão costura
pespontado simples em quadrados de 2,5 cm x 2,5 cm em diagonal, será aplicado três ilhoses (ref. N°51) de bronze na cor
preta. Na parte traseira será fixada um fecho de velcrom (20 mm) no tamanho de 10 cm, sendo forrado na parte interna
com TNT na cor preta, com suador preto e viés preto, fazendo o acabamento. O folho tem os ângulos livres arredondados
unindo-se a copa pelo seu lado maior de comprimento, em toda borda da copa exceto na parte anterior que avança 50mm
permitindo quando baixado, recobrir as orelhas e a nuca.

XXXV. Gorro camuflado selva: De tecido 67% poliéster e 33% algodão, com malhas especiais na cor verde selva ou de
camuflagem caatinga, impermeabilizado: Copa formada de seis gomos triangulares, tendo de cada lado dois ilhoses de
5mm de metal oxidado. Aba com 60mm de largura nas laterais e 80mm na frente e atrás, no mesmo tecido e um debrum de
5mm em toda a volta. Carneira com 30mm de largura, em brim. Jugular com 10mm de largura e 500mm de comprimento,
dupla, inteiriça de brim, ajustáveis por dois passadores do mesmo material.

XXXVI. Gorro cinza bandeirantes ou branco Confeccionado em tecido tipo Gabardine Rip Stop (75% poliéster e 25%
viscose), nas cores cinza bandeirante ou branca (CPRE). Constituindo-se de Pala e Copa; confeccionado todo em pesponto
simples. Pala: Em tecido duplo, tem no seu interior uma alma de polietileno curvada com 0,8 mm de espessura, sendo 17cm
de comprimento e 7,5cm de largura. Copa: É formada por quatro peças, sendo uma frontal, uma superior e duas laterais
unindo-se na traseira do gorro. Na peça frontal fica o Distintivo especifico de acordo com o posto e graduação, Oficial,
subtenente e sargento, cabo e soldado, bordado, medindo aproximadamente 60mm (06cm) de altura por 80mm (08cm)
de largura. Nas peças terão costura pespontado simples em quadrados de 2,5 cm x 2,5 cm em diagonal, será aplicado três
ilhoses (ref. N°51) de bronze na cor cinza. Na parte traseira será fixada um fecho de velcro (20 mm) no tamanho de 100mm
(10cm), sendo forrado na parte interna com TNT na cor cinza. Para Oficial Superior, terá na parte dianteira superior da pala,
três ramos de louros de duas folhas e frutos bordados a fio de ouro, partindo das extremidades laterais e afastados de 5mm
na parte central da curva externa da aba.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XXXVII. Gravata horizontal: em tecido de microfibra na cor preta, feitio comum, com 140mm de comprimento e 60mm
de altura, nó (laço) medindo 25mm de largura. Fita regulável com fecho em presilha.

XXXVIII. Gravata vertical: em tecido de microfibra, lisa, na cor cinza escuro ou preta, feitio comum, tendo 1450mm de
comprimento total, sendo distribuídos nas larguras de 70mm numa extremidade, fechando em forma de trapézio até 25mm
de largura e atingindo 35mm de largura na outra extremidade.

XXXIX. Gravata em laço: em tecido de microfibra, na cor cinza escuro ou preta, feitio em forma de laço, com fecho pos-
terior em presilha. Confeccionada em fita de 20mm de largura armada em forma de laço, de modo que as pontas fiquem
pendentes com comprimento de 180mm. A parte horizontal do laço mede 110mm de comprimento, possuindo em sua
parte central um passador do mesmo tecido com 10mm de largura simulando um nó. Os pendentes são unidos nas suas
partes internas por um ponto a uma distância de 10mm abaixo do passador.

XL. Jaleco branco: de feitio idêntico à camisa social, em tecido 67% poliéster e 33% algodão, na cor branca, de compri-
mento até a altura dos joelhos, com mangas compridas e duas aberturas nas costuras laterais à altura do bolso da calça.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

XLI. Jaqueta cinza para uniforme 1º A (gala): confeccio-


nada no mesmo tecido da calça cinza do mesmo uniforme,
sem pesponto e sem bolsos externos; lapela forrada de
seda, não possuindo caseado nem transpasse; quatro bo-
tões chatos, de 22mm de diâmetro, dourados, sendo dois
de cada lado; platinas sobrepostas aos ombros, sendo as
mesmas da túnica cinza do uniformes 2º B e 2º C; possui
uma corrente do tipo comum, dourada, com faces achata-
das, medindo 5mm de largura e cerca de 80mm de compri-
mento, possuindo numa extremidade uma argola e na ou-
tra um fecho tipo mosquetão; deverá ser usada pelo lado
interno da jaqueta, na altura dos botões superiores, sendo
presa de um lado diretamente no tecido e fixando-se, no
outro, pelo fecho, com o auxílio de uma alça de colchete de
gancho também presa (costurada) ao tecido;

127
XLII. Jaqueta feminina cinza: jaqueta, tipo “spencer”, XLIV. Macacão de piloto de aeronave: em tecido espe-
confeccionada em tecido poliéster-lã; gola com 40mm e cial com tratamento contra combustão (Noex III – tecido
lapelas em cetim com 55mm de bico, tipo jaquetão; man- antichama Santista) de cor verde musgo. Aberto na frente
gas compridas com bainhas fixas; abertura frontal com dois em toda a extensão e fechado por zíper. De corte reto até
botões fixos em cada lado; sobre cada ombro um passa- a cintura com dois ajustadores, cujas pontas voltadas para
dor, de 75mm de comprimento por 25mm de largura, para frente, de 250mm de comprimento por 40mm de largura,
colocação de platinas; apresenta duas pences frontais, ini- que se prende pelo sistema “velcro”, permitindo ajuste da
ciando-se logo abaixo do busto até a extremidade inferior cintura. Ambas as pernas dotadas de “zíper” de 250mm,
e duas pences traseiras, iniciando-se logo acima da cava aberta em ângulo, colocadas sobre o friso da parte da fren-
das mangas desenvolvendo-se até a extremidade inferior; te e abrindo de baixo para cima. Todo o “zíper” é embutido,
forro interno em cetim; de metal preto, e todas as costuras são duplas. As costas
simples com duas sanfonas laterais, da cintura à linha dos
ombros e reforçada nos ombros. As mangas sem punho,
com ajustadores fechados pelo sistema “velcro”, de forma
a ajustar as mangas ao punho, quando necessário. Ambas
dotadas de zíper que permite retirá-las, proporcionando o
uso em mangas curtas ou longas, conforme a situação. A
gola tipo colarinho duplo, de pontas arredondadas, inteiri-
XLIII. Macacão de manutenção: em tecido 67% algo- ças. Os bolsos, à altura do peito, sendo dois oblíquos, em-
dão e 33% poliéster, sarja, na cor cinza bandeirantes, aberto butidos, com 150mm a 180mm de largura e comprimento
na frente em toda extensão, fechado por nove botões em proporcional ao usuário, dotadas de “zíper”. Na altura do
matéria plástica de 17mm na cor cinza escuro, equidistan- quadril, embutidos, dotados de “zíper”, dois bolsos com
tes, abotoando até a cintura, sendo o primeiro da altura da acesso ao interior do macacão, de 190mm. Na altura da
gola. De corte justo até a cintura, onde terá na parte pos- coxa, aplicados em ambos os lados da calça, a 350mm abai-
terior um elástico embutido de 40mm de largura que vai xo da cintura, dois bolsos de 280mm x 180mm, dotados de
até as costuras laterais. Externamente aplicados em ambos “zíper” sendo o da perna direita com o zíper colocado late-
os lados da calça, na altura da coxa, a 150mm abaixo do ralmente voltado para o lado interno da calça. Também na
cinto, dois bolsos de 180 X 210mm, tipo sanfona, ângulos altura das coxas, e do lado de dentro dos bolsos referencia-
inferiores chanfrados, fechados por dois botões de matéria dos, dois outros bolsos, um em cada perna, de 240mm de
plástica de 17mm; à retaguarda, lado direito logo abaixo comprimento por 100 mm de largura, dotados de presilhas
da cintura, um bolso semelhante aos laterais, proporcional com pressão para fechamento, contendo, o bolso direito,
ao tamanho do usuário. Na frente, à altura do peito, dois um cadarço fixado internamente, e o bolso esquerdo sendo
bolsos simples, de 120 X 140mm, com pestana retangular fixado pelas suas laterais pelo sistema “velcro”. Na altura
chanfrada, ângulos inferiores chanfrados, fechado por bo- da perna, outros dois bolsos, com zíper na parte superior,
tão de matéria plástica de 17mm, na cor cinza escuro.Cos- aplicados no lado externo, a 100mm da bainha da calça. No
tas simples com costura central até o entre pernas. Gola, bolso inferior da perna direita é aplicado um bolso aberto,
mangas, e platinas iguais aos da camisa cinza bandeirantes. tipo porta lápis, com quatro divisões verticais, sendo duas

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

sobrepostas de 120mm x 80mm. Sobre o terço superior do


braço esquerdo, aplicado, um bolso de 160mm x 160mm,
com zíper lateral e sobre ele aplicado, um bolso aberto de
130mm x 130mm. Sobre o bolso aberto do terço superior
do braço esquerdo, bordado, o brasão da PMRN. No ter-
ço superior do braço direito 20mm abaixo da costura do
ombro bordada, a bandeira do Estado do Rio Grande do
Norte. Sobre o bolso do lado direito o brevê de curso. As
insígnias do posto ou graduação serão emborrachadas e
aplicadas sobre velcro na gola esquerda. As garruchas cru-
zadas, também emborrachadas e sobre velcro, serão apli-
cadas na gola direita.

XLVII. Polaina (para sapato do uniforme especial da


APM): Confeccionada em brim lona de algodão, cor branca,
de forma anatômica, devendo cobrir o tornozelo e o peito
do pé. Abertas para o lado externo, abotoada por cinco
botões de matéria plástica, brancos, de 11mm. Dispõe de
uma correia do mesmo tecido, com fivela de metal croma-
do, costurada no meio das bordas inferiores, servindo para
fixar as polainas ao calçado. Os botões são ornamentais,
sendo o fechamento efetuado por velcro branco. A polaina
de cano longo possui oito botões.

XLV. Maiô: de malha elástica, na cor preta, inteiro, mo-


delo olímpico. Com o Brasão da PMRN, aplicado à altura do
peito, ao centro. Terá duas listras laterais de 10mm de lar-
gura do mesmo tecido, na cor branca, colocados de um e
outro lado de cada costura externa, para oficiais; uma listra
branca para sargentos; e uma vermelha para alunos oficiais,
sem listras para as demais graduações.

XLVIII. Quepe cinza escuro ou branco: Compõe-se de


copa, armação, cinta, forro, jugular e botões, carneira e
pala. Copa de material tipo napa, na cor branca e de tecido
cinza escuro. Com armação de aço inoxidável e entretela de
XLVI. Meias e meia calça crina, contendo na parte interna uma proteção acolchoado
a) Meia esportiva: na cor branca, de algodão, com elas- para evitar impacto direto da fibra com a cabeça. Armação
tano (tipo soquete), forma lisa, sem enfeites, cano médio, de papelão fibra, forrada de oleado preto, debruada em
suave compressão, terminando por sanfona; toda a volta com o mesmo oleado, tendo uma lâmina me-
b) Meia social: na cor preta, forma lisa, sem enfeites, tálica com 90mm de altura na parte dianteira superior. Cin-
cano médio, suave compressão, terminando por sanfona. ta de veludo preto, com a costura sob o distintivo, tendo
c) Meia calça: meia social estilo clássico tipo meia calça 50mm de largura. Jugular dourada para oficial e prateada
ou 3/4, transparente, modelo comercial, em tecido sintéti- para praça, confeccionada com galão de fio dourado ou
co de malha simples, exceto na calça em malha dupla de prateado, presa pelas extremidades em dois botões peque-
reforço; sem costuras, desenhos ou detalhes em renda, ou nos, de 15mm, de metal dourado. Carneira de oleado ou
quaisquer outras aplicações, podendo ser preventiva contra couro preto, de 40mm de largura revestida com material
varizes desde que não contrarie as demais especificações. confortável espumado e recoberto com tecido macio na

91
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

cor branca. Pala na cor preta, pregada e embutida na cinta c) Oficial Intermediário e Subalterno e Praças: de plástico
de armação, formando com ela um ângulo de125º, tendo preto, forrado de couro preto na parte inferior com debrum
de 55 a 75mm de comprimento na frente, abrangendo um de oleado preto brilhante de 5mm;
arco de 250mm a 280mm, tendo as seguintes particulari- d) Na parte frontal será colocado o distintivo próprio, de
dades: acordo com o posto ou graduação (oficiais, subtenentes e
sargentos, e cabos e soldados).

XLIX. Quimono: confeccionado em tecido brim de algo-


dão branco, comprimento até próximo ao joelho, dianteiro
transpassado, traseiro e ombro sem costura, tipo japonês,
mangas três quartos, sem botões, cinto estreito, do mesmo
tecido, para ajustar à cintura (cor da faixa de acordo com a
graduação do usuário). Calça de corte reto e costura reforça,
com cadarço de algodão para ajuste à cintura. Deverá ser
aplicada no lado direito a bandeira do Estado do Rio Grande
do Norte e do lado esquerdo o Brasão oficial da PMRN.

a) Comandante Geral: serão fixados quatro ramos de


carvalho, dois na parte superior e dois na parte inferior,
bordados a fio de ouro, partindo das extremidades laterais
e afastados meio centímetro na parte central da pala, tanto
na parte superior quanto na parte inferior; os ramos conte-
rão três folhas cada um, sendo as superiores contrapostas
com as inferiores;

L. Saia longa cinza do uniforme 1º A (gala): confecciona-


da em tecido poliéster-lã, apresenta comprimento até a linha
dos tornozelos; cós postiço com 40mm de largura, fecha-
mento na parte traseira por meio de dois ganchos metálicos
embutidos; vista embutida com fecho ecler; duas pregas fê-
meas (uma de cada lado) em continuação da costura lateral,
iniciando-se a 550mm do cós; duas pences frontais e duas
traseiras saindo do cós

b) Oficial Superior: serão fixados três ramos de louros LI. Saia simples (meia perna): De tecido, tipo panamá, de
de duas folhas e frutos, bordados a fio de ouro, partindo composição 100% poliéster, na cor cinza bandeirantes, leve-
das extremidades laterais e afastados de 5mm na parte mente evasé e caindo livremente sobre os quadris, deverá
central da curva externa na pala; ter como sobra nas costuras 40 mm de tecido para possíveis
ajustes, devendo ser toda ouverlocada para evitar desfia-
mento das bordas do tecido, ter um zíper de nylon com 180
mm de comprimento, na cor do tecido, colocado na parte
posterior da saia; deverá ter um gancho de metal no centro
do cós, pouco acima do zíper que será embutido. Dianteiro
liso, sem costura, com duas pinces de 100 mm de compri-
mento. Traseiro com duas pinces de abertura falsa de 10 mm
de comprimento, uma abertura de 250 mm de comprimen-
to, devendo essa abertura ser traspassada com 60 mm. Cós

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

com 35 mm de largura, todo forrado, com seis passantes de LIV. Sobrecasaca azul ferrete
10 mm de largura; deverá ser colocado um sobre cada pince a) Talhe: toda direta da gola a cintura, com a frente avi-
e um sobre cada costura lateral. Referente ao comprimento, vada de encarnado, abotoada por uma ordem de sete botões
a parte inferior da saia, ou seja, a barra deverá ir até 50 mm grandes dourados achatados, dispostos em distâncias iguais; o
abaixo dos joelhos. Para os uniformes especiais da APM, terá corpo da sobrecasaca descerá até a cintura, não excedendo o
duas listras verticais nas laterais, na cor vermelha, de 30mm comprimento das abas a linha dos dedos com a palma da mão,
de largura, separadas uma da outra de 5mm. uma vez o braço naturalmente estendido;
b) Gola: em pé, de pano azul ferrete, avivado de encarna-
LII. Sapatos femininos do, pontas direta, com cerca de 0,05 m de altura e fechada por
colchetes, tendo cada uma das extremidades um retângulo de
pano encarnado com o canto superior interno arredondado, de
mesma altura e 0,075 m de comprimento, orlado de lantejoulas
douradas, sobre o qual será bordado, a fio de ouro, o distintivo
do Esquadrão de Polícia Montada da PM/RN, com 0,032 m de
largura por 0,015 m de altura;
a) Sapato preto de salto alto: modelo clássico decota- c) Mangas: terão um canhão de 0,07 m de altura, avivado
do, bico fino; a gáspea é toda em pelica preta e tem a bor- de encarnado, preso por uma carcela da mesma cor, avivadas,
da toda pespontada; apresenta salto alto fino com altura de 0,14 m de altura com 0,045 m nas saliências dos recortes
mínima de 50mm e máxima de 75mm, forrado com pelica e 0,03 m no centro das curvas guarnecida de três botões pe-
também preta; o solado é de couro ou borracha quenos dourados achatados; o vivo do canhão corresponderá
exatamente ao centro da carcela;
d) Traseiro: terá uma abertura traseira com pestanas, da
cintura para baixo; as pestanas traseiras, do mesmo pano e avi-
vadas de encarnado, terão cerca de 0,265 m de altura, com dois
recortes medindo 0,05 m de largura nas saliências e 0,03 m nos
centros das curvas; cada uma será guarnecida de três botões
b) Sapato preto de salto médio: modelo clássico deco- grandes dourados, com estrelas, dispostos em distâncias iguais,
tado, bico fino ou arredondado; a gáspea é toda em pelica sendo os dois superiores presos de modo a apoiar o talim na
ou napa vacum preta e tem a borda pespontada; apresenta posição horizontal; ainda na linha da cintura, sobre as costuras
salto médio e fino com altura mínima de 30mm e máxima laterais, colocar-se-ão dois ganchos de metal oxidado, destina-
de 50mm, forrado com pelica ou napa vacum também pre- dos a sustentar o talim;
e) Sobre os ombros, perto da gola, colocar-se-ão presilhas
ta; o solado é de couro ou borracha vulcanizada; a parte
de pano azul ferrete e perto das costuras das mangas, passa-
interna é toda forrada com raspa de couro e tecido;
deiras do mesmo pano, avivadas de encarnado com 0,012 m de
c) Sapato preto de salto baixo: tipo mocassim, de cou-
largura e 0,07 m de comprimento, guarnecidas de galão doura-
ro, com sola e salto de borracha ou material antiderrapan-
do, tudo destinado a prender a dragona;
te, na cor preta, com acabamento diversificado, desde que
f) Observação: A descrição acima refere-se a sobrecasaca
o aspecto geral não seja alterado em relação aos sapatos
de Oficiais, para as Praças será idêntica à dos Oficiais, porém
anteriores;
sem o galão dourado das passadeiras das dragonas e sem as
lantejoulas da gola.
g) As dragonas para Oficial, Subtenente e Sargento são
constituídas de pala de metal dourado, ondulado, de forma
retangular, chanfrada na parte superior. A palmatória é ovala-
da de metal dourado, tendo ao centro a Coroa Real, debruado
com franjas douradas, sendo dividido da seguinte forma: para
Oficial Superior: de canutões dourados com debruado largo;
LIII. Sapato masculino: Na cor preta, em couro vaqueta para Oficial Intermediário e Subalterno: de canutilhos doura-
cromo, com biqueira, sem enfeites, atado no peito do pé dos com debruado estreito; para Subtenente: de fio de seda
com cadarço preto, solado e salto de borracha, vulcaniza- vermelho com debruado largo; para Sargento: de fio de seda
dos ou palmilhados, com acabamento diversificado, desde vermelho com debruado estreito.
que o aspecto geral do sapato não seja alterado. h) As charlateiras para Cabo e Soldado são confecciona-
das em metal dourado, com escamas grandes, estampadas em
relevo, lembrando, por sua forma, um triângulo isósceles cujos
lados e base são em curvas reentrantes, com a escama central
da base de tamanho maior tendo sobreposta a Coroa Real.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

LV. Tarjeta de identificação mensões de 120X140mm a 140X160mm para os superiores


a) USO: Nos uniformes de passeio, na pestana do bolso e 180X 200mm para os inferiores. Fechado por pestanas
do lado direito. retangulares, com dimensões de 60X140mm para os supe-
b) DESCRIÇÃO: Tarjeta tipo broche, confecciona em riores e 70X180mm para os inferiores. Os dois bolsos in-
chapa metálica, com duas tarraxas de fixação na parte de feriores são de forma ligeiramente trapezoidal. Todos são
traz, tendo a frente em acrílico onde está disposto uma fechados com botões pequenos de 15mm, em alto relevo,
miniatura do brasão oficial da PMRN, seguido da abre- de metal dourado. Nos bolsos superiores, no sentido do
viatura do posto ou graduação e nome do PM, em letras comprimento há uma grega de largura média de 40mm,
na cor dourada, fonte arial, medindo de 5mm de altura; o em forma de macho, equidistantes dos lados. Costas lisas,
tipo sanguíneo e fator RH, na cor vermelha, todo em letras com uma costura central no sentido longitudinal na qual
maiúsculas. De fundo na cor preta, com 80mm de compri- existe uma abertura de 250mm a 300mm, medida no limite
mento por 20mm de altura, com bordas douradas e cantos inferior. Gola aberta, virada, formando com a lapela um ân-
arredondados. gulo reto de lados iguais, com distintivos de metal dourado
aplicados em ambos os lados, na parte inferior. Suporte de
tecido da mesma cor, colocados acima dos ombros onde
serão afixadas as platinas dos oficiais e subtenentes. Pu-
nhos com canhão duplo, do mesmo tecido, tendo 100mm
na frente e 150mm atrás. A túnica do pessoal feminino terá
feitio e pormenores idênticos, a exceção do seguinte: será
levemente acinturada, não terá os bolsos na parte superior
LVI. Tênis e terá dois pinchais no dianteiro, em sentido horizontal,
a) USO: Oficial e Praça na atividade treinamento físico partindo das costuras laterais, terminando na costura do
militar, no policiamento ostensivo em bicicleta ou no poli- bolso inferior, que será interno, tendo a tampa ondulada.
ciamento a pé nas praias.
b) DESCRIÇÃO: Na cor preta, modelo comercial de ma-
terial sintético, sem enfeites, atado no peito com cadarços
pretos, solado de borracha vulcanizado ou palmilhado.
com amortecedor duplo, e desenhos antiderrapantes, ten-
do na parte superior dez ilhoses de alumínio, dispost

LVIII. Túnica azul ferrete: confeccionada em tecido tipo


sarja, 55% poliéster com 45% lã, cor Azul Ferrete, peso g/
m2 160 +/- 4%,espessura 0,30, solidez à luz; solidez ao
suor (acido e alcalino); solidez a fricção(seco e úmido); re-
sistência à tração (Kg/f) urdume e trama; titulo do fio 2/56
+/-5%. Aberta na frente em toda extensão fechada por 7
LVII. Túnica cinza ou branca: Confeccionada em tecido botões de 22mm, de metal dourado em alto-relevo, visíveis
tipo panamá, de composição 100% poliéster, na cor cin- e equidistantes. Apresenta ainda as seguintes característi-
za escuro ou branca, espessura 0,30, solidez à luz; solidez cas: Corte justo, tendo a frente simples e lisa. Costas com
ao suor (acido e alcalino); solidez a fricção (seco e úmido); traseiros de dois quartos de costura central. Da cintura para
resistência à tração (Kg/f) urdume e trama min 45; titulo baixo a túnica é aberta. Manga simples, com punhos du-
do fio 2/56 +/- 5%. Aberta na frente em toda extensão, plos de 100mm a 120mm de altura. Punho de veludo azul
fechando por quatro botões grandes de 22mm, em alto ferrete de forma própria com três botões chatos de 15mm
relevo, de metal dourado, sendo que o primeiro fica na de metal dourado, em relevo, dispostos da parte traseira
linha dos botões das pestanas dos bolsos superiores e o do punho, equidistantes sobre uma base em veludo na cor
último na linha superior das pestanas dos bolsos inferio- carmesim, assim como o friso que demarca o punho; na
res e os demais equidistantes. A Bandeira do Rio Grande túnica dos oficiais terá a designação do posto em forma
do Norte bordada costurada na manga direita à 50mm da de laço húngaro dourados, sendo cada volta um posto
costura do ombro, medindo 40x60mm e o Brasão oficial diferente, partindo do 2º tenente 01 volta, até o coronel
da PMRN bordado costurado na manga esquerda à 50mm com 06 voltas. Gola alta, de veludo azul ferrete com altura
da costura do ombro, medindo 40x60mm. De corte ana- média de 45mm, pontas ligeiramente arredondadas, tendo
tômico, ligeiramente cintada, de comprimento até pouco na frente dois retângulos na cor vermelho carmesim, com
abaixo das entre pernas, toda pespontada a 5mm da orla pesponto bordado em fio metálico dourado e o distintivo
das costuras. Bolsos externamente, na frente, em número básico das Polícias Militares no tamanho miniatura. As dra-
de quatro, com ângulos da base arredondados, com as di- gonas para Oficial, Subtenente e Sargento são constituídas

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

de pala de metal dourado, ondulado, de forma retangular, LX. Vestido de gestante: Confeccionada em tecido 80%
chanfrada na parte superior. A palmatória é ovalada de me- poliéster e 20% algodão, na cor cinza claro; decote em V,
tal dourado, tendo ao centro a Coroa Real, debruado com pespontado, com fechamento por parte de trás, por meio de
franjas douradas, sendo dividido da seguinte forma: para gancho metálico, ajustável internamente na lateral por fivela,
Oficial Superior: de canutões dourados com debruado lar- sem mangas, vista embutida na parte de trás até a cintura com
go; para Oficial Intermediário e Subalterno: de canutilhos fecho eclér; ombreiras abotoáveis juntos a gola; Duas pregas
dourados com debruado estreito; para Subtenente: de fio frontais iniciando-se a 150mm da costura dos ombros até a
de seda vermelho com debruado largo; para Sargento: de extremidade inferior; uma prega fêmea em continuação da
fio de seda vermelho com debruado estreito. As charla- costura traseira, iniciando-se a 220mmm no final da vista a ex-
teiras para Cabo e Soldado são confeccionadas em metal tremidade inferior; comprimento até os joelhos, cobrindo-os.
dourado, com escamas grandes, estampadas em relevo,
lembrando, por sua forma, um triângulo isósceles cujos la- Capítulo VI
dos e base são em curvas reentrantes, com a escama cen- Disposições Finais
tral da base de tamanho maior tendo sobreposta a Coroa
Real. Art. 40. O policial militar poderá transitar fardado, fora do
serviço, com os seguintes uniformes:
a) Uniformes formais e sociais: 1ºA, 2ºA, 2ºB e 2ºC;
b) Uniformes de passeio: 3ºA e 3ºB;
c) Uniformes de policiamento ostensivo 4ºA, 4ºB, 4ºC, 4ºD;

§ 1º É facultado o uso da calça do agasalho de educação


física, sem o blusão, com a camiseta branca de gola olímpica
ou com a camiseta prevista para o uniforme 9ºC, bem como
LIX. Véstia cinza claro para gestante: Confeccionada com camisetas promocionais, de eventos esportivos das Uni-
em tecido 80% poliéster e 20% algodão, na cor cinza claro,
dades da Corporação, desde que estas guardem traços carac-
Comprimento suficiente para ficar na altura da costura do
terísticos da Polícia Militar e estejam em ambientes internos e
gancho da saia, de forma que cubra totalmente a barriga.
nos locais da realização do evento.
Frente: com recorte abaixo do busto com abertura central,
§ 2º O policial militar, nas condições previstas no “caput”
fechada com 05 (dois) botões transparentes de 01 (um)
deste artigo, baseando-se nos princípios da universalidade e
centímetro de diâmetro cada, pregados do lado esquerdo.
ostensividade do policiamento, deverá estar em condições de
A parte inferior à pala terá recorte evasê com duas pregas
intervir, nos diversos tipos de ocorrências com que porventura
de cada lado pespontadas em 05 (cinco) centímetros, abai-
deparar-se, ficando responsável em adotar as primeiras medi-
xo do busto, sendo a primeira de cada lado a 10 (dez) cen-
tímetros da abertura central da pala e a segunda a 02 (dois) das cabíveis ao fato.
centímetros da primeira, tendo 05 (cinco) centímetros de Art. 41. Ficará dispensado do uso de uniforme o policial
profundidade cada. Platinas sobre os ombros com 05 (cin- militar em tratamento psiquiátrico, com problemas físicos que
co) centímetros de largura e 12 (treze) de comprimento, prejudiquem a estética, ou dispensado do uso de calçado,
semelhante à camisa cinza-claro meia-manga adotada na após parecer médico.
Corporação, suficientes para aposição das luvas removíveis Art. 42. Os Comandantes, Diretores ou Chefes deverão
e abotoadas por um botão preto de 01 (um) centímetro de pautar pela uniformidade na utilização das peças e de equipa-
diâmetro. Costas: Será inteira (sem recorte) e em recorte mentos individuais de uso facultativo, no emprego de frações
evasê. Terá uma faixa de cada lado de 03 (três) centímetros elementares ou constituídas.
de largura e 50 (cinquenta) centímetros de comprimento, Art. 43. Para o policiamento em embarcação é facultado
costuradas lateralmente na altura do recorte da pala, as o uso da camiseta prevista para o uniforme de policiamento
quais serão amarradas com dois nós nas costas. Mangas: com bicicleta ou em praias em substituição à gandola, com ou
Semelhantes às camisa cinza-claro meia-manga com todas sem o cinto de guarnição.
as insígnias, bandeiras e tarjeta de dentificação, conforme Art. 44. Compete ao Comandante Geral da PMRN, de-
previsto. signar Comissão de Fiscalização, a qual deve acompanhar a
aplicação deste Regulamento, a comercialização dos unifor-
mes, através de cadastro das Lojas e Fábricas de uniformes e
peças complementares, bem como apresentar estudos que
justifiquem a criação, modificação ou extinção de uniformes
especiais, básicos e específicos, peças complementares e equi-
pamentos; distintivos, estandartes e bandeiras-insígnias de
comando; e modificação de detalhes dos uniformes e do ma-
terial de confecção, que não tenham sido mencionados neste
Regulamento, de acordo com a evolução tecnológica ou as
disponibilidades de mercado, ou com o objetivo de atualiza-
ção e modernização da padronização do uniforme da PMRN.

95
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 45. As sugestões para criação, alteração ou extinção Art. 5º - A hierarquia militar é a ordenação da autori-
de uniformes ou peças complementares serão encaminha- dade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças
das e estudadas, preliminarmente, pela Comissão ou pelo Armadas e das Forças Auxiliares por postos e graduações.
órgão técnico e setorial de Apoio Logístico, devendo as pro- Parágrafo único: A ordenação dos postos e graduações
postas serem acompanhadas de parecer circunstanciado e na Polícia Militar obedece ao disposto no
submetidas à decisão do Comandante Geral da PMRN. Estatuto dos Policiais Militares.
Art. 46. Para efeito de aplicação do RUPM, os uniformes, Art. 6º - A disciplina policial militar rege-se pela rigo-
equipamentos e peças complementares serão confeccio- rosa observância e acatamento integral das leis, regula-
nados conforme a descrição constante no presente regula- mentos, normas e disposições, traduzindo-se pelo perfeito
mento. cumprimento do dever por parte de todos e de cada um
Art. 47. Os casos omissos serão solucionados pelo Co- dos componentes do organismo policial-militar.
mandante Geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. § 1º - São manifestações essenciais de disciplina:
Natal/RN 01/11/2012 1) a correção de atitude;
2) a obediência pronta às ordens dos superiores hie-
rárquicos;
DECRETO Nº 8.336/1982 – APROVA O 3) a dedicação integral ao serviço;
REGULAMENTO DISCIPLINAR DA PM. 4) a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à
eficiência da instituição;
5) a consciência das responsabilidades;
6) a rigorosa observância das prescrições regulamen-
DECRETO Nº 8.336, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1982 tares.
Aprova o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do § 2º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
Estado e dá outras providências. mantidos permanentemente pelos policiais-militares na
Art. 1º - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do ativa e na inatividade.
Estado do Rio Grande do Norte, tem por finalidade especi-
Art. 7º - As ordens devem ser prontamente obedecidas.
ficar e classificar as transgressões disciplinares, estabelecer
§ 1º - Cabe ao policial-militar a inteira responsabilida-
normas relativas à amplitude e à aplicação das punições dis-
de pelas ordens que der e pelas consequência que delas
ciplinares, à classificação do comportamento policial militar
advierem.
das Praças e à interposição de recursos contra a aplicação
§ 2º - Cabe ao subordinado, ao receber uma ordem,
das punições.
solicitar os esclarecimentos necessárias ao seu total enten-
Parágrafo único - São também disciplinadas, em parte,
neste regulamento, as recompensas especificadas no estatu- dimento e compreensão.
to dos policiais militares. § 3º - Quando a ordem importar em responsabilida-
Art. 2º - A camaradagem torna-se indispensável à for- de criminal para o executante, poderá o mesmo solicitar
mação e ao convívio da família policial militar, devendo exis- sua confirmação por escrito, cumprindo à autoridade que a
tir as melhores relações sociais, entre os policiais militares. emitiu, atender à solicitação.
Parágrafo único - Incumbe aos superiores incentivar e § 4º - Cabe ao executante, que exorbitar no cumpri-
manter a harmonia e a amizade entre seus subordinados. mento de ordem recebida, a responsabilidade pelos exces-
Art. 3º - A civilidade é a parte da educação Policial Mi- sos e abusos que cometer.
litar, situando-se como de interesse vital para a disciplina Art. 8º - Estão sujeitos a este Regulamento os policiais-
consciente. É dever do superior tratar os subordinados em militares na ativa e os na inatividade.
geral, e os recrutas, em particular, com urbanidade e justiça, § 1º - Os alunos de órgãos específicos de formação de
interessando-se pelos seus problemas. Em contrapartida, o policiais-militares também estão sujeitos aos regulamen-
subordinado é obrigado a todas as provas de respeito e de- tos, normas e prescrições das OPM em que estejam ma-
ferência para com seus superiores, de conformidade com os triculados.
regulamentos policiais militares. § 2º - Os Coronéis nomeados Juízes dos Tribunais de
Parágrafo único - As demonstrações de camaradagem, Justiça Militar Estadual (de acordo com o artigo 192, da
cortesia e consideração, obrigatórias entre Constituição Federal), são regidas por legislação específica.
policiais-militares devem ser dispensadas aos militares Art. 9º - As disposições deste Regulamento aplicam-
das Forças Armadas e aos Policiais-Militares de outras se aos policiais-militares na inatividade quando, ainda no
Corporações. meio civil, se conduzam, inclusive por manifestações atra-
Art. 4º - Para efeito deste Regulamento, todas as Orga- vés da imprensa, de modo a prejudicar os princípios da
nizações Policiais-Militares, tais como: Quartel do Coman- hierarquia, da disciplina, do respeito e do decoro policial-
do-Geral, Comandos de Policiamento, Diretorias, Estabeleci- militar.
mentos, Repartições, Escolas, Campos de Instrução, Centros Art.10 - A competência para aplicar as prescrições con-
de Formação e Aperfeiçoamento, Unidades Operacionais e tidas neste Regulamento é conferida ao cargo
outras, serão denominadas “OPM”. e não ao grau hierárquico.
Parágrafo único: Para efeito deste Regulamento, os Co- § 1º - São competentes para aplicá-las:
mandantes, Diretores ou Chefes de OPM, serão denomina- 1 - O Governador do Estado, a todos os integrantes da
dos “Comandantes”. Polícia Militar.

96
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

2 - O Comandante-Geral, aos que estiverem sob seu Art.12 - No caso de ocorrência disciplinar envolvendo
comando. policiais-militares de mais de uma OPM, caberá ao Coman-
3 - O Chefe do EMG, Comandante do Policiamento de dante imediatamente superior da linha de subordinação,
Área, Comandante do Corpo de Bombeiros e apurar ou determinar a apuração dos fatos, procedendo a
Diretores de Órgãos de Direção Setorial, aos que servi- seguir de conformidade com o artigo 11 e seus parágrafos
rem sob suas ordens. deste Regulamento, com os que não sirvam sob a sua linha
4 - O Sub-Chefe do EMG, Ajudante-Geral e Comandan- de subordinação funcional.
tes de OPM, aos que estiverem sob suas ordens. Parágrafo único - No caso de ocorrência disciplinar
5 - Os Sub-Comandantes de OPM, Chefes de Seção, de envolvendo militares (FA) e policiais-militares, a autorida-
Serviços e de Assessorias, cujos cargos sejam privativos de de policial-militar competente, deverá tomar as medidas
Oficiais superiores, aos que servirem sob suas ordens. disciplinares referente aos elementos a ela subordinados,
6 - Os demais Chefes de Seção até o nível de Bata- informando o escalão superior sobre a ocorrência, as me-
lhão, inclusive, comandantes de Sub-Unidades incorpora- didas tomadas e o que foi por ela apurado, dando ciência
das e de Pelotões destacados, aos que estiverem sob suas também do fato do Comandante Militar interessado.
ordens. Art.13 - Transgressão disciplinar é qualquer violação
§ 2º - A competência conferida aos Chefes de Seção, dos princípios da ética, dos deveres e das obrigações poli-
de Serviços e de Assessorias, limitar-se-á às ocorrências ciais-militares, na sua manifestação elementar e simples, e
relacionadas às atividades inerentes ao serviço de suas re- qualquer omissão ou ação contrária aos preceitos estatuí-
partições. dos em leis, regulamentos, normas ou disposições, desde
§ 3º - Organização Policial-Militar, é a denominação ge- que não constituam crime.
nérica dada ao corpo de tropa, repartição, estabelecimento Art.14 - São transgressões disciplinares:
ou a qualquer outra unidade administrativa ou operativa I - Todas as ações ou omissões contrárias à disciplina
da Polícia Militar. policial-militar especificadas no Anexo I deste
Art.11 - Todo policial-militar que tiver conhecimento Regulamento.
de um fato contrário à disciplina deverá participar ao seu II - Todas as ações, omissões ou atos não especificados
na relação de transgressões do Anexo a que se refere o in-
Chefe imediato por escrito ou verbalmente. Neste último
ciso anterior, que afetem a honra pessoal, o pundonor po-
caso, deve confirmar a participação por escrito num prazo
licial-militar, o decoro da classe ou o sentimento do dever
máximo de 48 horas.
e outras prescrições contidas no Estatuto dos Policiais-Mi-
§ 1º - A parte deve ser clara, concisa e precisa, deven-
litares, leis e regulamentos, bem como aquelas praticadas
do conter os dados capazes de identificar as pessoas ou
contra regras e ordens de serviço estabelecidas por autori-
coisas envolvidas, o local, a data e a hora da ocorrência e
dade competente.
caracterizar as circunstâncias que a envolverem, sem tecer Art.15 - O julgamento das transgressões deve ser pro-
comentários ou opiniões pessoais. cedido de um exame e de uma análise que considerem:
§ 2º - Quando, para preservação da disciplina, e do de- I - Os antecedentes do transgressor.
coro da Corporação, a ocorrência exigir pronta intervenção II - As causas que a determinaram.
mesmo sem possuir ascendência funcional sobre o trans- III - A natureza dos fatos ou os atos que a envolveram.
gressor, a autoridade policial-militar de maior antiguidade IV - As consequências que dela possam advir.
que presenciar ou tiver conhecimento do fato deverá to- Art.16 - No julgamento das transgressões podem ser
mar imediatas e enérgicas providências, inclusive prendê levantadas causas que justifiquem a falta ou circunstâncias
-lo “ em nome da autoridade competente ”, dando ciência que a atenuem e/ou agravem.
a esta, pelo meio mais rápido, da ocorrência e das provi- Art.17 - São causas de justificação:
dências em seu nome tomadas. I - Ter sido cometida a transgressão na prática de ação
§ 3º - Nos casos de participação de ocorrências com meritória, no interesse do serviço ou da ordem pública.
policiais-militares de OPM diversas daquela a que pertence II - Ter cometida a transgressão em legítima defesa,
o signatário da parte, deve este, direta ou indiretamente, própria ou de outrem.
ser notificado da solução dada, no prazo máximo de seis III - Ter sido cometida a transgressão em obediência à
dias úteis. Expirando este prazo, deve o signatário da parte ordem superior.
informar a ocorrência referida à autoridade a que estiver IV - Ter sido cometida a transgressão pelo uso impera-
subordinado. tivo de meios violentos a fim de compelir o subordinado
§ 4º - A autoridade, a quem a parte disciplinar é diri- a cumprir rigorosamente o seu dever, no caso de perigo,
gida, deve dar a solução no prazo máximo de quatro dias necessidade urgente, calamidade pública, manutenção da
úteis, podendo, se necessário, ouvir as pessoas envolvidas, ordem e da disciplina.
obedecidas as demais prescrições regulamentares. Na im- V - Ter havido motivo de força maior plenamente com-
possibilidade de solucioná-la neste prazo, o seu motivo provado e justificado.
deverá ser necessariamente publicada em Boletim, e, neste VI - Nos casos de ignorância, devidamente comprova-
caso, o prazo poderá ser prorrogado até 20 dias. da, desde que não atente contra os sentimentos normais
§ 5º - A autoridade que receber a parte, não sendo de patriotismo, humanidade e probidade.
competente para solucioná-la, deve encaminhá-la a seu Parágrafo único - Não haverá punição quando for re-
superior imediato. conhecida qualquer causa de justificação.

97
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art.18 - São circunstâncias atenuantes: Art. 25 - Repreensão é a punição que, publicada em


I - Bom comportamento. Boletim, não priva o punido da liberdade.
II - Relevância de serviços prestados. Art. 26 - Detenção - consiste no cerceamento da liber-
III - Ter sido cometida a transgressão para evitar mal dade do punido, o qual deve permanecer no local que lhe
maior. for determinado, normalmente o quartel, sem que fique,
IV - Ter sido cometida a transgressão em defesa pró- no entanto confinado.
pria, de seus direitos ou de outrem, desde que não consti- § 1º - O detido comparece a todos os atos de instrução
tua causa de justificação. e serviços.
V - Falta de prática do serviço. § 2º - Em casos especiais, a critério da autoridade que
Art.19 - São circunstâncias agravantes: aplicou a punição, o oficial ou Aspirante-a-Oficial pode fi-
I - Mau comportamento. car detido em sua residência.
II - Prática simultânea ou conexão de duas ou mais Art. 27 - Prisão consiste no confinamento do punido
transgressões. em local próprio e designado para tal.
III - Reincidência de transgressão mesmo punida ver- § 1º - Os policiais-militares dos diferentes círculos de
balmente. Oficiais e Praças estabelecidos no Estatuto dos Policiais-
IV - Conluio de duas ou mais pessoas. Militares não poderão ficar presos no mesmo comporta-
V - Ser praticada a transgressão durante a execução de mento.
serviço. § 2º - São lugares de prisão:
VI – ser cometida a falta em presença de subordinado a - Para Oficial e Aspirante-a-Oficial - o determinado
VII - Ter abusado o transgressor de sua autoridade hie- pelo comandante do aquartelamento.
rárquica. b - Para Sub-Tenente e Sargento - o compartimento
VIII - Ser praticada a transgressão com premeditação. denominado “Prisão de Sub-Tenente e Sargentos”.
IX - Ter sido praticada a transgressão em presença de c - Para as demais Praças - o compartimento fechado
tropa. denominado de “Xadrez”.
X - Ter sido praticada a transgressão em presença de
§ 3º - Em casos especiais, a critério da autoridade que
público.
aplicou a punição, o Oficial ou Aspirante-a-Oficial pode
Art. 20 - A transgressão da disciplina deve ser classifica-
ter sua residência como local de cumprimento da prisão,
da, desde que não hajam causas de justificação, em:
quando esta não for superior a 48 horas.
I - Leve.
§ 4º - Quando a OPM não dispuser de instalações apro-
II - Média.
priadas, cabe à autoridade que aplicou a punição solicitar
III - Grave.
Parágrafo único - A classificação da transgressão com- ao escalão superior local para servir de prisão em outra
pete a quem couber aplicar a punição, respeitadas as dispo- OPM.
sições do art.15. § 5º - Os presos disciplinares devem ficar separados
Art. 21 - A transgressão da disciplina deve ser classifica- dos presos à disposição da justiça.
da como “GRAVE” quando, não chegando a constituir crime, § 6º - Compete à autoridade que aplicar a primeira pu-
constitua a mesma ato que afete o sentimento de dever, a nição de prisão à praça ajuizar da conveniência e neces-
honra pessoal, o pundonor policial-militar ou o decoro da sidade de não confinar o punido, tendo em vista os altos
classe. interesses da ação educativa da coletividade e a elevação
Art. 22 - A punição disciplinar objetiva o fortalecimento do moral da tropa. Neste caso, esta circunstância será fun-
da disciplina. damentadamente publicada em Boletim da OPM, e o puni-
Parágrafo único - A punição deve ter em vista o benefí- do terá o quartel por menagem.
cio educativo ao punido e à coletividade a que ele pertence. Art. 28 - A prisão deve ser cumprida sem prejuízo da
I - Advertência. instrução e dos serviços internos. Quando for com prejuízo,
II - Repreensão. esta condição deve ser declarada em Boletim.
III - Detenção. Parágrafo único - O punido fará suas refeições no re-
IV - Prisão e prisão em separado. feitório da OPM, salvo se o comandante determinar o con-
V - Licenciamento e exclusão a bem da disciplina. trário.
Parágrafo único - As punições de detenção e prisão não Art. 29 - Em casos especiais, a prisão pode ser agravada
podem ultrapassar de 30 (trinta) dias. para “Prisão em separado”, devendo o punido permane-
Art. 24 - Advertência é a forma mais branda de punir cer confinado e isolado, fazendo suas refeições no local da
e consiste numa admoestação feita verbalmente ao trans- prisão. Este agravamento não pode exceder à metade da
gressor, podendo ser em caráter particular ou ostensiva- punição aplicada.
mente. Parágrafo único - A prisão em separado deve constituir
§ 1º - Quando ostensivamente poderá ser na presença em princípio a parte inicial do cumprimento da punição e
de superiores, no círculo de seus pares ou na presença de não deve exceder à metade da punição aplicada.
toda ou parte da OPM. Art. 30 - O recolhimento de qualquer transgressor à
§ 2º - Advertência, por ser verbal, não deve constar das prisão, sem nota de punição publicada em Boletim Interno
alterações do punido, devendo, entretanto, ser registrada da OPM, só poderá ocorrer por ordem das autoridades re-
em sua ficha disciplinar. feridas nos itens 1, 2, 3 e 4 do artigo 10.

98
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica 7) a data do início do cumprimento da prisão, se o pu-
no caso previsto no § 2º do artigo 11, ou quando houver: nido tiver sido recolhido de acordo com o § 2º do artigo 11.
1) Presunção ou indício de crime. 8) a determinação para posterior cumprimento, se o
2) Embriaguez. punido estiver baixado, afastado do serviço ou à disposi-
3) Ação de psicotrópicos. ção de outra autoridade.
4) Necessidade de averiguação. § 2º - Publicação em Boletim é o ato administrativo que
5) Necessidade incomunicabilidade. formaliza a aplicação da punição ou a sua justificação.
Art. 31 - Licenciamento e Exclusão a bem da disciplina § 3º - Quando ocorrer causa de justificação, no enqua-
consiste no afastamento “ex-officio” do policial-militar das dramento e na publicação em Boletim, menciona-se a jus-
fileiras da Corporação, conforme o disposto no Estatuto tificação da falta em lugar da punição imposta.
dos Policiais Militares. § 4º - Quando a autoridade que aplica a punição não
§ 1º - O licenciamento a bem da disciplina deve ser dispuser de Boletim para a sua aplicação, esta deve ser fei-
aplicado à praça sem estabilidade assegurada, mediante e ta, mediante solicitação escrita no da autoridade imediata-
análise de suas alterações, por iniciativa do Comandante, mente superior.
ou por ordem das autoridades relacionadas nos itens 1, 2 e Art. 33 - A aplicação da punição deve ser feita com
3 do artigo 10, quando: justiça, serenidade e imparcialidade, para que o punido fi-
1) a transgressão afetar o sentimento do dever, a honra que consciente e convicto de que a mesma se inspira no
pessoal, o pundonor militar e o decoro, e como repreen- cumprimento exclusivo de um dever.
são imediata assim se tornar absolutamente necessária à Art. 34 - A publicação da punição imposta a Oficial ou
disciplina. Aspirante-a-Oficial, em princípio, deve ser feita em bole-
2) no comportamento MAU, verificar-se a impossibili- tim reservado, podendo ser em Boletim Ostensivo, se as
dade de melhoria de comportamento, como está prescrito circunstâncias ou a natureza da transgressão assim o reco-
neste Regulamento. mendarem.
3) houver condenação por crime militar, excluídos os Art. 35 - A aplicação da punição deve obedecer às se-
culposos. guintes normas:
I - a punição deve ser proporcional à gravidade da
4) houver prática de crime comum, apurado em inqué-
transgressão, dentro dos seguintes limites:
rito, excluídos os culposos.
a) de advertência até 10 dias de detenção para a trans-
§ 2º - A exclusão a bem da disciplina deve ser aplicada
gressão “leve”;
“ex-officio” ao Aspirante-a-Oficial e à Praça com estabilida-
b) de detenção até 10 dias de prisão para a transgres-
de assegurada, de acordo com o prescrito no Estatuto dos
são “média”;
Policiais Militares.
c) de prisão à punição prevista no artigo 31 deste regu-
§ 3º - O licenciamento a bem da disciplina poderá ser lamento, para a transgressão “grave”.
aplicado às Praças sem estabilidade assegurada em virtude II - A punição não pode atingir até o máximo previsto
de condenação por crime militar ou prática de crime co- no inciso anterior, quando ocorrerem apenas circunstâncias
mum, de natureza culposa, a critério das autoridades indi- atenuantes.
cadas nos itens 1, 2 e 3 do artigo 10. III - A punição deve ser dosada quando ocorrerem cir-
Art. 32 - A aplicação da punição compreende uma des- cunstâncias atenuantes e agravantes.
crição sumária clara e precisa dos fatos e circunstâncias que IV - Por uma única transgressão não deve ser aplicada
determinaram a transgressão, o enquadramento da puni- mais de uma punição.
ção e a decorrente publicação em Boletim da OPM. V - A punição disciplinar, no entanto, não exime o pu-
§ 1º - Enquadramento é a caracterização da transgres- nido da responsabilidade civil que lhe couber.
são acrescida de outros detalhes relacionados com o com- VI - Na ocorrência de mais de uma transgressão, sem
portamento do transgressor, cumprimento da punição ou conexão entre si, a cada uma deve ser imposta a punição
justificação. No enquadramento são necessariamente men- correspondente. Em caso contrário, as de menor gravida-
cionados: de serão consideradas como circunstâncias agravantes da
1) a transgressão cometida, em termos precisos e sin- transgressão principal.
téticos e a especificação em que a mesma incida pelos nú- Art. 36 - A aplicação da primeira punição classificada
meros constantes do Anexo I ou pelo Inciso II do artigo como “prisão” é da competência do Comandante.
14. Não devem ser emitidos comentários deprimentes e/ Art. 37 - Nenhum policial-militar deve ser interrogado
ou ofensivos, sendo porém permitidos os ensinamentos ou punido em estado de embriaguez ou sob a ação de psi-
decorrentes, desde que não contenham alusões pessoais. cotrópicos.
2) os artigos, parágrafos, incisos, itens e alíneas das Art. 38 - O início do cumprimento da punição discipli-
circunstâncias atenuantes e/ou agravantes, ou causas de nar deve ocorrer com a distribuição do Boletim da OPM
justificação. que publica a aplicação da punição.
3) a classificação da transgressão. § 1º - O tempo de detenção ou prisão, antes da res-
4) a punição imposta. pectiva publicação em BI, não deve ultrapassar de 72 horas.
5) o local de cumprimento da punição, se for o caso. § 2º - A contagem do tempo de cumprimento da pu-
6) a classificação do comportamento militar em que a nição vai do momento em que o punido for recolhido até
praça punida permaneça ou ingresse. aquele em que for posto em liberdade.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 39 - A autoridade que necessita punir seu subordi- § 3º - A anulação sendo concedida ainda durante o
nado, à disposição ou a serviço de outra autoridade, deve a cumprimento da punição importa na liberação imediata do
ela requisitar a apresentação do transgressor para esse fim. punido.
Parágrafo único - Quando o local determinado para o Art. 45 - A anulação da punição deve eliminar toda e
cumprimento da punição não for a sua OPM, pode solicitar qualquer anotação e/ou registro nas alterações do militar
àquela autoridade que determine o recolhimento do punido relativos à sua aplicação.
diretamente ao local designado. Art.46 - A autoridade que tome conhecimento de com-
Art. 40 - O cumprimento da punição disciplinar, por po- provada ilegalidade ou injustiça na aplicação de punição e
licial-militar afastado do serviço, deve ocorrer após a sua não tenha competência para anulá-la ou não disponha dos
apresentação, pronto na OPM, salvo em caso de preservação prazos referidos no § 2º do artigo 14, deve propor, funda-
da disciplina e do decoro da Corporação. mentadamente, a sua anulação à autoridade competente.
Parágrafo único - A interrupção de licença-especial, li- Art. 47 - A relevação de punição consiste na suspensão
cença para tratar de interesse particular ou licença para tra- de cumprimento da punição imposta.
tar de saúde de pessoa da família, para cumprimento de pu- Parágrafo único - A relevação da punição pode ser
nição disciplinar, somente ocorrerá quando autorizada pela concedida:
autoridades mencionadas nos itens 1 e 2 do artigo 10. 1) quando ficar comprovada que foram atingidos os
Art. 41 - As punições disciplinares, de que trata este Re- objetivos visados com a sua aplicação, independentemente
gulamento, devem ser aplicadas de acordo com as prescri- do tempo de punição a cumprir;
ções no mesmo estabelecidas. A punição máxima que cada 2) por motivo de passagem de comando, data de ani-
autoridade referida no artigo 10 pode aplicar, acha-se es- versário da PM, ou data nacional, quando já tiver sido cum-
pecificada no Quadro de Punição Máxima que constitui o prida pelo menos metade da punição.
Anexo II deste Regulamento. Art. 48 - A atenuação de punição consiste na trans-
§ 1º - quando as duas autoridades de níveis hierárquicos formação da punição proposta ou aplicada em menos ri-
diferentes ambas com ação disciplinar sobre o transgressor, gorosa, se assim exigir o interesse da disciplina e da ação
conhecerem da transgressão, a de nível mais elevado com-
educativa do punido.
petirá punir, salvo se entender que a punição está dentro dos
Art. 49 - A agravação de punição consiste na transfor-
limites da competência do menor nível, caso em que esta
mação da punição proposta ou aplicada em uma mais ri-
comunicará ao superior a sanção disciplinar que aplicou.
gorosa, se assim o exigir o interesse da disciplina e da ação
§ 2º - quando uma autoridade, ao julgar uma transgres-
educativa do punido.
são, concluir que a punição a aplicar esta além do limite má-
Parágrafo único - A “prisão em separado” é conside-
ximo que lhe é autorizado, cabe a esta solicitar à autoridade
superior, com ação disciplinar sobre o transgressor, a aplica- rada como uma das formas de agravação de punição de
ção da punição devida. prisão para Soldado.
Art. 42 - A interrupção da contagem de tempo da puni- Art. 50 - São competentes para anular, relevar, atenuar
ção, nos casos de baixa ao hospital ou enfermaria e outros, e agravar as punições impostas por si ou por seus subordi-
vai do momento em que o punido for retirado do local de nados as autoridades discriminadas no artigo 10, devendo
cumprimento da punição até o seu retorno. esta decisão ser justificada em Boletim.
Parágrafo único - O afastamento e o retorno do punido Art.51 - O comportamento policial-militar das praças
ao local de cumprimento da punição devem ser publicadas espelha seu procedimento civil e policial-militar sob o pon-
em Boletim. to de vista disciplinar.
Art. 43 - A modificação da aplicação de punição pode § 1º - A classificação, a reclassificação e a melhoria de
ser realizada pela autoridade que a aplicou ou por outra, su- comportamento são de competência do Comandante-Ge-
perior e competente, quando tiver conhecimento de fatos ral e dos Comandantes de OPM, obedecido o disposto nes-
que recomendem esse procedimento. te Capítulo e necessariamente publicadas em Boletim.
Parágrafo único - As modificações da aplicação de pu- § 2º - Ao ser incluída na Polícia Militar, a praça será
nição são: classificada no comportamento “BOM”.
1) anulação. Art. 52 - O comportamento policial-militar das praças
2) relevação será classificado em:
3) atenuação I - Excepcional, quando no período de 08 (oito) anos
4) agravação de efetivo serviço não tenha sofrido qualquer punição dis-
Art. 44 - A anulação da punição consiste em tornar sem ciplinar.
efeito a aplicação da mesma. II - Ótimo, quando no período de 04 (quatro) anos de
§ 1º - A anulação deve ser concedida quando for com- efetivo serviço tenha sido punida com até uma detenção.
provado ter ocorrido injustiça ou ilegalidade na sua aplica- III - Bom, quando no período de 02 (dois) anos de efe-
ção. tivo serviço tenha sido punida com até duas prisões.
§ 2º - Faz-se a anulação em obediência aos prazos se- IV - Insuficiente, quando no período de 01 (um) ano
guintes: de efetivo serviço tenha sido punida com até duas prisões.
1) em qualquer tempo e em qualquer circunstância, pe- V - Mau, quando no período de 01 (um) ano de efetivo
las autoridades indicadas nos itens 1 e 2 do artigo 10. serviço tenha sido punida com mais de duas prisões.
2) no prazo de 60 dias, pelas demais autoridades.

100
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 53 - A reclassificação de comportamento de Soldado, Parágrafo único - A apresentação deste recurso deve
com punição de prisão de mais de 20 dias agravadas para “pri- obedecer aos mesmos procedimentos prescritos no artigo
são em separado”, é feita automaticamente para o comporta- 58 e seus parágrafos.
mento MAU, qualquer que seja o seu comportamento anterior. Art. 60 - A apresentação dos recursos disciplinares pre-
Art. 54 - A contagem do tempo para melhoria de compor- vistos no parágrafo único do artigo 56, deve ser feita indi-
tamento, que é automática, decorridos os prazos estabelecidos vidualmente; tratar de caso específico; cingir-se aos fatos
no artigo 52, começa a partir da data em que se encerra o cum- que o motivaram; fundamentar-se em novos argumentos,
primento da punição. provas ou documentos comprobatórios e elucidativos e
Art. 55 - Para efeito de classificação, reclassificação e me- não apresentar comentários.
lhoria de comportamento, tão somente no caso deste Capítulo: § 1º - O prazo para apresentação de recurso disciplinar
I - duas repreensões equivalem a uma detenção. pelo policial-militar que se encontre cumprindo punição
II - Quatro repreensões equivalem a uma prisão. disciplinar ou executando serviço ou ordem que motive
III - duas detenções equivalem a uma prisão. a apresentação do mesmo começa a ser contado quando
Art. 56 - Interpor recursos disciplinares é o direito concedi- cessadas as situações citadas.
do ao policial-militar que se julgue, ou julgue subordinado seu, § 2º - O recurso disciplinar que contrarie o prescrito
prejudicado, ofendido ou injustiçado por superior hierárquico, neste Capítulo é considerado prejudicado pela autoridade
na esfera disciplinar. a quem foi destinado, cabendo a esta mandar arquivá-lo
Parágrafo único - São recursos disciplinares: e publicar sua decisão em Boletim, fundamentadamente.
1 - o pedido de reconsideração de ato. § 3º - A tramitação de recurso deve ter tratamento de
2 - a queixa. urgência em todos os escalões.
3 - a representação. Art. 61- Cancelamento de punição é o direito concedi-
Art. 57 - A reconsideração de ato é o recurso interposto do ao policial-militar de ter cancelada a averbação de puni-
mediante requerimento, por meio do qual o policial-militar, que ções e outras notas a elas relacionadas, em suas alterações.
se julgue, ou julgue subordinado seu, prejudicado, ofendido ou Art. 62 - O cancelamento da punição pode ser confe-
injustiçado, solicita à autoridade que o praticou que reexamine rido ao policial-militar que requerer, dentro das seguintes
a sua decisão e a reconsidere. condições:
§ 1º - o pedido de reconsideração deve ser encaminhado I - Não ser a transgressão, objeto da punição, atentató-
através da autoridade a quem o requerente estiver diretamente ria ao sentimento do dever, à honra pessoal, ao pundonor
subordinado. policial-militar ou ao decoro da classe.
§ 2º - O pedido de reconsideração deve ser apresentado II - Ter bons serviços prestados, comprovados pela
no prazo máximo de dois dias úteis, a contar da data em que o análise de suas alterações.
policial militar tomar conhecimento oficialmente dos fatos que III - Ter conceito favorável de seu Comandante.
o motivaram. IV - Ter completado, sem qualquer punição:
§ 3º - A autoridade, a quem é dirigido o pedido de recon- a) 09 (nove) anos de efetivo serviço, quando a punição
sideração deve dar-lhe despacho no prazo máximo de quatro a cancelar for de prisão.
dias úteis. b) 05 (cinco) anos de efetivo serviço, quando a punição
Art. 58 - Queixa é o recurso disciplinar, normalmente redi- a cancelar for de repreensão ou detenção.
gido sob forma de ofício ou parte, interposto pelo policial-mi- Art. 63 - A entrada de requerimento solicitando cance-
litar que se julgue injustiçado, dirigido diretamente ao superior lamento de punição, bem como a solução dada ao mesmo,
imediato da autoridade contra quem é apresentada a queixa. devem constar em Boletim.
§ 1º - A apresentação da queixa só é cabível após o pedido Parágrafo único - A solução do requerimento de can-
de reconsideração ter sido solucionado e publicado em Bole- celamento de punição é da competência do Comandante-
tim da OPM, onde serve o queixoso. Geral.
§ 2º - A apresentação da queixa deve ser feita dentro de Art. 64 - O Comandante-Geral pode cancelar uma ou
um prazo de cinco dias úteis, a contar da publicação em Bole- todas as punições de policial-militar que tenha prestado
tim da solução de que trata o parágrafo anterior. comprovadamente relevantes serviços independentemen-
§ 3º - O queixoso deve informar, por escrito, á autoridade te das condições enunciadas no artigo 62, deste Regula-
de quem vai se queixar do objeto do recurso disciplinar que irá mento e do requerimento do interessado.
apresentar. Art. 65 - Todas as anotações relacionadas com as pu-
§ 4º - O queixoso deve ser afastado da subordinação direta nições canceladas devem ser tingidas de maneira que não
da autoridade contra quem formulou o recurso, até que o mes- seja possível a sua leitura. Na margem onde for feito o can-
mo seja julgado. Deve no entanto, permanecer na localidade celamento, deve ser anotado o número e a data do Boletim
onde serve, salvo a existência de fato que contra-indiquem a da autoridade que concedeu o cancelamento, sendo esta
sua permanência na mesma. anotação rubricada pela autoridade competente para assi-
Art. 59 - Representação é o recurso disciplinar, normal- nar as folhas de alterações.
mente redigido sob a forma de ofício ou parte, interposto por Art. 66 - Recompensas constituem reconhecimento
autoridade que julgue subordinado seu estar sendo vítima de dos bons serviços prestados por Policiais-Militares.
injustiça ou prejudicado em seus direitos, por ato de autoridade Art. 67 - Além de outras previstas em leis e regulamen-
superior. tos especiais, são recompensas policiais-militares:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

I - O elogio. Art. 74 - O Comandante-Geral baixará instruções com-


II - As dispensas do serviço. plementares necessárias à interpretação, orientação e apli-
III - A dispensa da revista do recolher e do pernoite, nos cação deste Regulamento, às circunstâncias e casos não
centros, de formação, para alunos dos cursos de formação. previstos no mesmo.
Art. 68 - O elogio pode ser individual ou coletivo. RELAÇÃO DAS TRANSGRESSÕES
§ 1º - O elogio individual, que coloca em relevo as qua- 1- Faltar à verdade
lidades morais e profissionais, somente poderá ser formu- 2 - Utilizar-se do anonimato.
lado a policial militar que se haja destacado do resto da 3 -Concorrer para a discórdia ou desarmonia ou culti-
coletividade no desempenho de ato de serviço ou ação var inimizade entre camaradas.
meritória. Os aspectos principais que devem ser abordados 4 - Frequentar ou fazer parte de sindicatos, associações
são referentes ao caráter, a coragem e ao desprendimento, profissionais com caráter de sindicatos ou similares.
à inteligência, às condutas civil e policial-militar, às culturas 5 - Deixar de punir transgressor da disciplina.
profissional e geral, à capacidade como instrutor, à capaci- 6 - Não levar falta ou irregularidade que presenciar, ou
dade como comandante e como administrador e à capaci- de que tiver ciência e não lhe couber reprimir, ao conhe-
dade física. cimento de autoridade competente, no mais curto prazo.
§ 2º - Não serão registrados nos assentamentos dos po- 7 - Deixar de cumprir ou de fazer cumprir normas regu-
liciais-militares os elogios individuais obtidos no desempe- lamentares na esfera de suas atribuições.
nho de funções próprias à Polícia Militar e concedidos por 8- Deixar de comunicar, a tempo, ao superior imediato
autoridades com atribuição para fazê-lo. ocorrência no âmbito de suas atribuições quando se julgar
§ 3º - O elogio coletivo visa a reconhecer e a ressaltar suspeito ou impedido de providenciar a respeito.
um grupo de Policiais-Militares ou fração de tropa ao cum- 9 - Deixar de comunicar ao superior imediato ou na au-
prir destacadamente uma determinada missão. sência deste a qualquer autoridade superior toda informa-
§ 4º - Quando a autoridade que elogiar não dispuser de ção que tiver sobre iminente perturbação da ordem pública
Boletim para a publicação, esta deve ser feita, mediante so- ou grave alteração do serviço, logo que isto tenha ocorrido.
licitação escrita, no da autoridade imediatamente superior. 10 - Deixar de informar processo que lhe for encami-
nhado, exceto nos casos de suspeição ou impedimento ou
Art. 69 - As dispensas do serviço, como recompensas,
absoluta falta de elemento, hipótese em que estas circuns-
podem ser:
tâncias serão fundamentadas.
I - Dispensa total do serviço, que isenta de todos os
11 - Deixar de encaminhar à autoridade competente,
trabalhos da OPM, inclusive os de instrução.
na linha de subordinação e no mais curto prazo, recursos
II - Dispensa parcial do serviço, quando isenta de alguns
ou documentos que receber, desde que elaborado de acor-
trabalhos, que devem ser especificados na concessão.
do com os preceitos regulamentares, se não estiver na sua
§ 1º - A dispensa total do serviço é concedida pelo pra- alçada dar a solução.
zo máximo de 08 (oito) dias e não deve ultrapassar o total 12 - Retardar ou prejudicar medidas ou ações de or-
de 16 (dezesseis) dias, no decorrer de um ano civil. Esta dis- dem judicial ou policial de que esteja investido ou que deva
pensa não invalida o direito de férias. promover.
§ 2º A dispensa total do serviço para ser gozada fora 13 - Apresentar parte ou recurso sem seguir as normas
da sede fica subordinada às mesmas regras da concessão e preceitos regulamentares ou em termos desrespeitosos
de férias. ou com argumentos falsos ou de má fé, ou sem justa causa
§ 3º - A dispensa total do serviço é regulada por perío- ou razão.
dos de 24 (vinte quatro) horas, contados de boletim a bo- 14 - Dificultar ao subordinado a apresentação de re-
letim. A sua publicação deve ser feita, no mínimo, 24 (vinte cursos.
e quatro) horas antes de seu início, salvo motivo de força 15 - Deixar de comunicar ao superior a execução de
maior. ordem recebida tão logo seja possível.
Art. 70 - As dispensas da revista do recolher e de per- 16 - Retardar a execução de qualquer ordem.
noitar no quartel podem ser incluídas em uma mesma con- 17 - Aconselhar ou concorrer para não ser cumprida
cessão e não justifica, a ausência do serviço para o qual o qualquer ordem de autoridade competente ou para retar-
aluno está ou for escalado e nem da instrução a que deva dar a sua execução.
comparecer. 18 - Não cumprir ordem recebida.
Art. 71 - São competentes para conceder as recompen- 19 - Simular doença para esquivar-se ao cumprimento
sas de que trata este Capítulo as autoridades especificadas de qualquer dever policial-militar.
no artigo 10 deste Regulamento. 20 - Trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de
Art. 72 - São competentes para anular, restringir ou am- atenção, em qualquer serviço ou instrução.
pliar as recompensas concedidas por si ou por seus subor- 21 - Deixar de participar, a tempo, à autoridade imedia-
dinados as autoridades especificadas no artigo 10, devendo tamente superior a impossibilidade de comparecer à OPM
essa decisão ser justificada em Boletim. ou a qualquer ato de serviço.
Art. 73 - Os julgamentos a que forem submetidos os 22 - Faltar ou chegar atrasado a qualquer ato de servi-
policiais militares, perante o Conselho de Justificação ou ço em que deva tomar parte ou assistir.
Conselho de Disciplina serão conduzidos segundo normas 23 - Permutar serviço sem permissão de autoridade
próprias ao funcionamento dos referidos Conselhos. competente.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

24 - Comparecer o policial-militar a qualquer soleni- 47 - Disparar arma por imprudência ou negligência.


dade, festividade ou reunião social com uniforme diferente 48 - Içar ou arriar Bandeira ou insígnia, sem ordem.
do marcado. 49 - Dar toques ou fazer sinais, sem ordem.
25 - Abandonar serviço para o qual tenha sido desig- 50 - Conversar ou fazer ruído em ocasiões, lugares ou
nado. horas impróprias.
26 - Afastar-se de qualquer lugar em que deva por for- 51 - Espalhar boatos ou notícias tendenciosas.
ça de disposição legal ou ordem. 52 - Provocar ou fazer-se causa, voluntariamente, de ori-
27 - Deixar de apresentar-se, nos prazos regulamenta- gem de alarme injustificável.
res, à OPM para que tenha sido transferido ou classificado 53 - Usar violência desnecessária no ato de efetuar pri-
e às autoridades competentes nos casos de comissão ou são.
serviço extraordinário para os iguais tenha sido designado. 54 - Maltratar presos sob sua guarda.
28 - Não se apresentar ao fim de qualquer afastamento 55 - Deixar alguém conversar ou entender-se com preso
do serviço, ou ainda, logo que souber que o mesmo foi incomunicável, sem autorização de autoridade competente.
interrompido. 56 - conversar com sentinela ou preso incomunicável.
29 - Representar a OPM e mesmo a Corporação, em 57 - deixar que presos conservem em seu poder instru-
qualquer ato, sem estar devidamente autorizado. mentos ou objetos não permitidos.
30 - Tomar compromisso pela OPM que comanda ou 58 - Conversar, sentar-se ou fumar a sentinela ou plan-
em que serve, sem estar autorizado. tão da hora, ou ainda, consentir na formação ou permanên-
31 - Contrair dívidas ou assumir compromisso superior cia de grupo ou de pessoa junto a seu posto de serviço.
às suas possibilidades, comprometendo o bom nome da 59 - Fumar em lugar ou ocasiões onde isso seja vedado,
classe. ou quando se dirigir a superior.
32 - Esquivar-se a satisfazer compromissos de ordem 60 - Tomar parte, em jogos proibidos ou jogar a dinhei-
moral ou pecuniária que houver assumido. ro os permitidos, em área policial-militar ou sob jurisdição
33 - Não atender à observação de autoridade compe- policial-militar.
tente para satisfazer débito já reclamado. 61 - Tomar parte em área policial-militar ou sob jurisdi-
34 - Não atender à obrigação de dar assistência a sua ção policial-militar em discussões a respeito de política ou
família ou dependentes legalmente constituídos. religião ou mesmo provocá-las.
35 - Fazer diretamente ou por intermédio de outrem 62 - Manifestar-se, publicamente, a respeito de assun-
transações pecuniárias envolvendo assunto de serviço, tos políticos ou tomar parte, fardado, em manifestações da
bens da Administração Pública ou material proibido, quan- mesma natureza.
do isso não configurar crime. 63 - Deixar o superior de determinar a saída imediata da
36 - Realizar ou propor transações pecuniárias envol- solenidade policial-militar ou civil do subordinado que
vendo superior, igual ou subordinado. Não considerados a ela compareça em uniforme diferente do marcado.
transações pecuniárias os empréstimos em dinheiro sem 64 - Apresentar-se desuniformizado, mal uniformizado
auferir lucro. ou com o uniforme alterado.
37 - Deixar de providenciar, a tempo, na esfera de suas 65 - Sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não re-
atribuições, por negligência ou incúria, medidas contra gulamentar, bem como indevidamente distintivo ou conde-
qualquer irregularidade que venha a tomar conhecimento. coração.
38 - Recorrer ao Judiciário sem antes esgotar todos os 66 - Andar o policial-militar a pé ou em coletivos públi-
recursos administrativos. cos com uniforme inadequado contrariando o
39 - Retirar ou tentar retirar de qualquer lugar sob juris- RUMPM/CB ou normas a respeito.
dição policial-militar material, viatura ou animal ou mesmo 67 - Usar traje civil, o cabo ou soldado, quando isso con-
deles servir-se sem ordem do responsável ou proprietário. trariar ordem de autoridade competente.
40 - Não zelar devidamente, danificar ou extraviar, por 68 - Ser indiscreto em relação a assuntos de caráter ofi-
negligência ou desobediência as regras ou normas de ser- cial cuja divulgação possa ser prejudicial à disciplina ou à
viço, material da Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal boa ordem do serviço.
que esteja ou não sob sua responsabilidade direta. 69 - Dar conhecimento de fatos, documentos ou assun-
41 - Ter pouco cuidado com o asseio próprio ou coleti- tos policiais-militares a quem deles não deva ter conheci-
vo, em qualquer circunstância. mento, e não tenha atribuições para neles intervir.
42 - Portar-se sem compostura em lugar público. 70 - Publicar ou contribuir para que sejam publicados
43 - Frequentar lugares incompatíveis com seu nível fatos, documentos ou assuntos policiais-militares que pos-
social e o decoro da classe. sam concorrer para o desprestígio da Corporação ou firam a
44 - Permanecer a praça em dependência da OPM, disciplina ou segurança. 71- entrar ou sair de qualquer OPM,
desde que seja estranho ao serviço, ou sem consentimento o Cabo ou Soldado, com objetos ou embrulho, sem permis-
ou ordem de autoridade competente. são do Comandante-da-Guarda ou autorização similar.
45 - Portar a praça arma regulamentar sem estar de 72 - Deixar o oficial ou Aspirante-a-Oficial, ao entrar em
serviço ou sem ordem para isso. OPM onde não sirva, de dar ciência de sua presença ao Ofi-
46 - Portar a praça arma não regulamentar sem per- cial de Dia, e, em seguida, de procurar o comandante ou o
missão por escrito de autoridade competente. mais graduado dos Oficiais presentes para cumprimentá-lo.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

73 - Deixar o Sub-Tenente, Sargento, Cabo ou Soldado, 94 - Dirigir-se, referir-se ou responder de maneira desa-
ao entrar em OPM onde não sirva, de apresentar-se ao Oficial- tenciosa a superior.
de-Dia ou a seu substituto legal. 95 - Censurar ato de superior ou procurar desconsiderá-lo.
74 - Deixar o Comandante da Guarda ou Agente de Segu- 96 - Procurar desacreditar seu igual ou subordinado.
rança correspondente de cumprir as prescrições regulamenta- 97 - Ofender, provocar ou desafiar superior.
res com respeito à entrada ou à permanência na OPM de civis, 98 - Ofender, provocar ou desafiar seu igual ou subordinado.
militares ou policiais-militares estranhos à mesma. 99 - Ofender a moral por atos, gestos ou palavras.
75 - Penetrar o policial-militar sem permissão ou ordem 100 - Travar discussão, rixa ou luta corporal com seu igual
em aposentos destinados a superior ou onde esse se ache, ou subordinado.
bem como em qualquer lugar onde a entrada lhe seja vedada. 101 - Discutir ou provocar discussões, por qualquer veícu-
76 - Penetrar ou tentar penetrar o policial-militar em alo- lo de comunicação, sobre assuntos políticos, militares ou po-
jamento de outra Subunidade, depois de revista do recolher, liciais-militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente
salvo os Oficiais ou Sargentos que, pelas suas funções, sejam técnicos, quando devidamente autorizado.
a isto obrigados. l02 - Autorizar, promover ou tomar parte em qualquer
77 - Entrar ou sair de OPM com força armada sem prévio manifestação coletiva, seja de caráter reivindicatório, seja de
conhecimento ou ordem da autoridade competente. crítica ou de apoio a atos de superior, com exceção das de-
78 - Abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM monstrações íntimas de boa e sã camaradagem e com reco-
fora das horas de expediente, desde que não seja o respectivo nhecimento do homenageado.
chefe ou sem sua ordem escrita com a expressa declaração de l03 - Aceitar o policial-militar qualquer manifestação cole-
motivo, salvo situação de emergência. tiva de seu subordinado, salvo as referidas no número anterior.
79 - Desrespeitar regras de trânsito, medidas gerais de or- l04 - Autorizar, promover ou assinar petições coletivas diri-
dem policial, judicial ou administrativa. gidas a qualquer autoridade civil ou policial-militar.
80 - Deixar de portar, o Policial-Militar, o seu documento l05 - Dirigir memoriais ou petições, a qualquer autoridade,
de identidade, estando ou não fardado ou de exibi-lo quando sobre assuntos de alçada do Comando-Geral da PM, salvo em
solicitado. grau de recurso na forma prevista neste Regulamento.
81 - Maltratar ou não ter o devido cuidado no trato com l06 - Ter em seu poder, introduzir ou distribuir em área po-
animais. licial-militar ou sob a jurisdição policial-militar publicações es-
82 - Despeitar em público as convenções sociais. tampas ou jornais que atentam contra a disciplina ou a moral.
83 - Desconsiderar ou desrespeitar a autoridade civil. 107 - Ter em seu poder ou introduzir em área policial-mili-
84 - Desrespeitar o Poder Judiciário ou qualquer de seus tar ou sob a jurisdição policial-militar inflamável ou explosivos
membros, bem como criticar, em público ou pela imprensa, sem permissão da autoridade competente.
seus atos ou decisões. 108 - Ter em seu poder, introduzir ou distribuir em área
85 - Não se apresentar a superior hierárquico ou de sua policial-militar tóxicos ou entorpecentes, a não ser mediante
presença retirar-se sem obediência às normas regulamentares. prescrição de autoridade competente.
86 - Deixar, quando estiver sentado, de oferecer seu lugar 109 - Ter em seu poder, introduzir em área policial-militar
a superior, ressalvadas as exceções previstas no Regulamento bebidas alcóolicas, salvo quando devidamente autorizado.
de Continência, Honra e sinais de Respeito das Forças Arma- 110 - Fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso
das. tóxicos, entorpecentes ou produtos alucinógenos.
87 - sentar-se a praça em público, à mesa em que estiver 111 - Embriagar-se ou induzir outro à embriaguez, embo-
oficial ou vice-versa, salvo em solenidade, festividade ou reu- ra tal estado não tenha sido constatado pelo médico.
niões sociais. 112 - Usar o uniforme, quando de folga, se isso contrariar
88 - Deixar deliberadamente de corresponder a cumpri- ordem de autoridade competente.
mento de subordinado. 113 - Usar, quando uniformizado, barba, cabelos, bigode
89 - Deixar o subordinado, quer uniformizado, quer em ou costeletas excessivamente compridos ou exagerados, con-
traje civil, de cumprimentar superior uniformizado ou não, trariando disposições a respeito.
neste caso desde que o conheça ou prestar-lhe as homena- 114 - Utilizar ou autorizar utilização de subordinados para
gens e sinais regulamentares de consideração e respeito. serviços não previstos em regulamento.
90 - Deixar ou negar-se a receber vencimentos, alimenta- 115 - Dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou
ção, fardamento, equipamento ou material que lhe seja desti- claramente inexequível, que possa acarretar ao subordinado
nado ou deva ficar em seu poder ou sob sua responsabilidade. responsabilidade, ainda que não chegue a ser cumprida.
91 - Deixar o policial-militar presente a solenidades inter- 116 - Prestar informação a superior induzindo-o a erro de-
nas ou externas onde se encontrarem superiores hierárquicos, liberada ou intencionalmente.
de saudá-los de acordo com as normas regulamentares. 117 - Omitir, em nota de ocorrência, relatório ou qualquer
92 - Deixar o oficial ou Aspirante-a-Oficial, tão logo seus documento, dados indispensáveis ao esclarecimento dos fatos.
afazerem o permitam, de apresentar-se ao de maior posto e 118 - Violar ou deixar de preservar local de crime.
ao substituto legal imediato da OPM onde serve para cumpri- 119 - Soltar preso ou detido ou dispensar parte de ocor-
mentá-lo, salvo ordem ou instrução a respeito. rência sem ordem de autoridade competente.
93 - Deixar o subtenente ou Sargento, tão logo seus afa- 120 - Participar o policial-militar da ativa de firma comer-
zeres o permitam, de apresentar-se ao seu comandante ou cial, de emprego industrial de qualquer natureza ou nelas
chefe imediato. exercer função ou emprego remunerado.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

121 - Usar, quando uniformizado, cabelos excessivamente compridos, penteados exagerados, maquiagem excessiva, unhas
excessivamente longas ou com esmalte extravagante.
122 - Usar, quando uniformizado, cabelos da cor diferente da natural ou peruca, sem permissão da autoridade competente.
123 - Andar descoberto, exceto nos postos de serviço entendidos nestes como as salas designadas para o trabalho dos po-
liciais.
124 - Frequentar uniformizado cafés e bares.
125 - Receber visitas nos postos de serviços ou distrair-se com assuntos estranhos ao trabalho.
126 - Não observar as ordens em vigor relativa ao tráfego nas saídas e regressos de incêndios, bem como nos deslocamentos
de viaturas nas imediações e interior dos quartéis, hospitais e escolas, quando não estiverem em serviço de socorro.
127 - Executar exercícios profissionais que envolvam acentuados perigos sem autorização superior, salvo nos casos de com-
petições ou demonstrações, em que haverá um responsável.
128 - Afastar-se do local de incêndio, desabamento, inundação ou qualquer serviço de socorro, sem estar autorizado.
129 - Afastar-se o motorista da viatura sob sua responsabilidade nos serviços de incêndio e outros misteres da profissão.
130 - Faltar à corrida para incêndio ou outros socorros.
131 - Receber ou permitir que seu subordinado receba, em local de socorro, quaisquer objetos ou valores, mesmo quando
doados pelo proprietário ou responsável pelo local do sinistro.
OBSERVAÇÕES:
As transgressões disciplinares, a que se refere o inciso I do artigo 14 deste Regulamento, são neste
Anexo enumeradas e especificadas. A numeração deve servir de referência para o enquadramento e publicação em Boletim
da punição ou da justificação da transgressão.
As transgressões dos números 121 a 125 referem-se aos integrantes da Polícia Militar Feminina. As transgressões dos números
126 a 131 referem-se aos integrantes do Corpo de Bombeiros.
Nos casos das transgressões de que trata o inciso II do artigo 14 deste Regulamento, quando do enquadramento e publicação
em Boletim da punição ou justificação da transgressão, tanto quanto possível, deve ser feita alusão aos artigos, parágrafos, incisos,
itens e alíneas e número das leis, Regulamentos , normas ou ordens que contrariaram ou contra as quais tenha havido omissão.
A classificação da transgressão LEVE, MÉDIA ou GRAVE, é competência de quem a julga, levando em consideração o que es-
tabelece os Capítulos II e III do TÍTULO II deste Regulamento.

ANEXO II - DECRETO 8.336, 12.02.82 - RDPM

Quadro de punições máximas aplicáveis pelas autoridades referidas no artigo 10 e a que estão sujeitos os transgressores.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

TÍTULO
DA ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA POLÍCIA MILITAR CA-
LEI COMPLEMENTAR Nº 090/1991 – DISPÕE PÍITULO 1 DA ESTRUTURA
SOBRE A ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA PMRN.
Art. 5º - A polícia Militar é estruturada em órgãos de dire-
ção, órgãos de apoio e órgãos de execução.
LEI COMPLEMENTAR Nº 90, DE 04 DE Janeiro de 1991 Art. 6º - Os órgãos de direção realizam o comando e a ad-
ministração da Polícia Militar, sob a autoridade do Comandante
Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Geral, incumbem-se do seu planejamento e organização, vi-
estado do Rio Grande do Norte, e dá outras providências. sando as necessidades em pessoal e material e ao emprego da
O Governador do estado do Rio Grande do Norte: Faço Corporação para o cumprimento de suas missões , acionam, por
Saber que o Poder Legislativo e eu sanciono a seguinte lei meio de diretrizes e ordens, os órgãos de apoio e de execução
complementar: e coordenam, controlam e fiscalizam a atuação desses órgãos.
Art.7º - Os órgãos de apoio realizam a atividade-meio da
TÍTULO I Polícia Militar, atendendo a todas as suas necessidades de pes-
DOS FINS E DA SUBORDINAÇÃO soal e material, e atuam em cumprimento das diretrizes e ordem
dos órgãos de direção que planejam, coordenam, controlam e
Art. 1º - A Polícia Militar do Estado do Rio Grande do fiscalizam sua atuação
Norte, força auxiliar , reserva do Exército, organizada com Art. 8º - os órgãos de execução, constituídos pelas Unida-
base na hierarquia e na disciplina, sob autoridade do Gover- des Operacionais, realizam a atividade-meio da Polícia Militar,
nador, nos termos do Decreto-Lei nº 667, de 02 de Julho de cumprindo as missões , os objetivos e as diretrizes e ordens
1969, com modificações do Decreto-Lei nº 146, de 24 de Ju- emanadas dos órgãos de direção nos termos da Lei.
nho de 1975, Decreto-Lei nº 2010, de 12 de Janeiro de 1983, Parágrafo único. Os órgãos referidos neste artigo não aten-
e da Constituição Estadual (§ 5º, art.90, destina-se a garantir didos, em suas necessidades de pessoal e de material, pelos ór-
os Poderes Constituídos, assegurar o cumprimento da Lei, e a gãos de apoio.
manutenção da ordem pública, na área do território Estadual.
Art. 2º - Compete à Polícia Militar, com exclusividade, res- CAPÍTULO II
salvadas as disposições de Leis Federais: DA CONSTITUIÇÃO E DA COMPETENCIA DOS ÓRGÃOS
I – O policiamento ostensivo, fardado; DE DIREÇÃO
II – a preservação da ordem pública
III – a defesa civil; Art. 9º - Os órgãos de direção compõem o Comando Geral
IV – atuar de maneira preventiva, com força de dissuasão, da Corporação que compreende:
em locais de áreas especificas, onde se presume ser possível I – Comando Geral;
a perturbação da ordem; II – Estado-Maior, como órgãos de direção geral;
V – atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação III – Diretorias, como órgãos de direção setorial;
da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Ar- IV – Ajudância –Geral;
madas conforme a legislação federal; V – Gabinete do comandante Geral, compreendendo Aju-
VI – atuar em conjunto com as Polícias Civil e Federal, no dância de Ordens e Assessorias;
combate ao tráfico de dorgas e ao sequestro; VI – Comissões.
VII – realizar serviços de prevenção e de extinção de Art.10 – O Comando da Polícia Militar será exercido por Ofi-
incêndios simultaneamente, ou com o de proteção e salva- cial da ativa, do último posto , da própria Corporação, ressalvado
mento de vidas e materiais no local do sinistro, bem como o o que dispuser a legislação federal.
de busca e salvamento, prestando socorros em casos de afo- §1º - O provimento do cargo de Comandante será feito pro
gamento, inundações , desabamentos, acidentes em geral, ato do Governador do Estado, após ser o nome aprovado pelo
catástrofes e calamidades públicas; Ministro de pasta do Exército, observada a formação profissio-
VIII – atender a convocação, inclusive mobilização, do nal do Oficial para exercício de Comando.
Governo Federal, em casos de guerra externa, ou para pre- §2º - O Comandante Geral disporá de um ajudante de or-
venir ou reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça de dens, 1º Tenente ou Capitão PM.
sua irrupção, subordinando-se à Força Terrestre, para empre- Art. 11 – O estado-Maior é o órgão de Direção, responsável
go em suas atribuições especificas de Polícia Militar e como perante o Comandante Geral, pelo estudo , planejamento, coor-
participante da defesa interna e de defesa territorial; denação, fiscalização, inclusive dos órgãos de direção setorial,
IX – participar , através dos seis organismos especializa- cabendo-lhe ainda centralizar o sistema de planejamento ad-
dos, da defesa do meio ambiente. ministrativo, de programação financeira e de orçamento, bem
Art. 3º - A polícia Militar do Estado obedece ao Comando como elaborar as diretrizes e ordens do Comando que aciona
Superior do Governador (Constituição Federal, art. 144, § 6º). os órgãos de direção setorial e dos de execução no cumprimen-
Art. 4º - A administração, o comando operacional e o to de suas missões.
emprego da Polícia Militar são da competência e responsabi- §1º - O estado-Maior é assim constituído
lidade do Comandante Geral, assessorado e auxiliado pelos 1. Chefe do estado Maior;
respectivos órgãos de direção. 2. Subchefe do Estado Maior

106
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

3. Seções Art. 15 – a Diretoria de Pessoal (DP) é o órgão de dire-


a) 1ª seção (PM/1): assuntos relativos a pessoal e a ção setorial do Sistema de Pessoal, incumbindo-se do pla-
legislação nejamento, execução , controle e fiscalização das atividades
b) 2ª Seção (PM/2): assuntos relativos a informações relacionadas com classificação e movimentação de pessoal,
c) 3º seção (PM/3): assuntos relativos a instrução, promoções, assessorando as comissões respectivas, inativos
operações e ensino; e pensionistas, cadastro e avaliação. Recrutamento e seleção
d) 4ª seção (PM/4): assuntos relativos a logística, es- , direitos, deveres e incentivos do pessoal civil.
tatística, planejamento administrativo e orçamentação. Parágrafo único – A diretoria de Pessoal tema a seguinte
e) 5ª seção (PM/5): assuntos civis. estrutura:
§2º - O Chefe do estado-Maior acumula as funções de 1. Diretor
Subcomandante e é o substituto eventual e principal as- 2. Seção de cadastro e pagamento (DP/1);
sessor do Comandante Geral, com precedência funcional e 3. Seção de movimentação e medalhas(DP/2)
hierárquica sobre os demais Coronéis da Corporação, qual- 4. Seção de Justiça e Disciplina (DP/3)
quer que seja a sua antiguidade, cabendo-lhe dirigir, orien- 5. Seção de Pessoal (DP/4)
tar, coordenar e fiscalizar os trabalhos do Estado-Maior, 6. Seção de recrutamento e Seleção (DP/5)
bem como exercer as funções administrativas que lhe fo- Art. 16 – A diretoria de Saúde (DS) é o ´órgão de direção
rem delegadas pelo Comandante Geral. setorial do Sistema Logistico, incumbido do planejamento,
§3º - A chefia do Estado-Maior será exercida por um coordenação, fiscalização e controle das necessidades de
Coronel PM, indicado pelo Comandante Geral. apoio de saúde da Corporação.
§4º - O Sub-chefe do estado Maior auxiliará diretamen- Parágrafo único. A diretoria de Saúde tem a seguinte
te o Chefe do Estado-Maior, de acordo com os encargos estrutura:
que por este lhe forem atribuídos e pode acumular outras 1. Diretor;
funções , a critério do Comandante Geral e de acordo com 2. Seção Técnica de Saúde (DS/1)
a necessidade do serviço. 3. Seção Administrativa de Saúde (DS/2);
4. Seção de Expediente (DS/3)
Art. 12 – As Diretorias constituem órgãos setoriais, or-
Art. 17 – Como decorrência do desenvolvimento da Cor-
ganizados sob a forma de sistemas, para as atividades de
poração, poderá ser criada e organizada, por ato do Gover-
administração financeira, contabilidade de auditoria, de
nador doestado, mediante proposta do Comandante geral,
apoio logístico e de saúde:
a Diretoria de ensino (DE).
1. Diretoria de Finanças (DF)
Parágrafo único – A Diretoria de ensino (DE), órgão de
2. Diretoria de Apoio Logistico (DAL)
direção setorial do Sistema de Ensino, assumirá encargos
3. Diretoria de pessoal (DP)
pertinentes à 3ª Seção do estado-Maior Geral, incumbindo-
4. Diretoria de Saúde (DS)
se do planejamento, coordenação, fiscalização e controle
Art. 13. A Diretoria de finanças (DF) é o órgão de Di- das atividades de formação, aperfeiçoamento e especializa-
reção Setorial do Sistema de administração financeira, ção de oficiais e Graduados.
Contabilidade, Auditoria, atuando também como órgão de Art. 18 – A Ajudancia-Geral tem a seu cargo as funções
apoio na supervisão exercida pelo Comandante Geral so- administrativas do Comandante Geral, considerado como
bre as atividades financeiras de todo e qualquer órgão da unidade Administrativa, bem como algumas atividades de
Corporação e na distribuição de recursos orçamentários e pessoal da Corporação. Suas principais atribuições são: tra-
extraordinários aos responsáveis pelas despesas, de acordo balho de secretaria, incluindo correspondência, correio, pro-
com planejamento estabelecido. tocolo geral, boletim diário e outros; administração financei-
Parágrafo único. A diretoria de finanças tem a seguinte ra, contabilidade e tesouraria, almoxarifado e aprovisiona-
estrutura: mento; serviços de embarque da Corporação; apoio de pes-
1. Diretor soal auxiliar (Praças) a todos os órgãos do Comando Geral,
2. Tesouraria serviços gerais e segurança do quartel do Comando Geral.
3. Seção de administração Financeira (DF/11) Parágrafo único – A ajudancia geral tem a seguinte es-
4. Seção de Contabilidade (DF/2) trutura:
5. Seção de auditoria (DF/3) 1. Ajudancia-Geral;
6. Seção de Expediente (DF/4) 2. Secretaria Geral
Art. 14 – A diretoria de Apoio Logistico (DAL) é o órgão 3. Seção administrativa
de direção setorial do Sistema Logistico, incumbido do pla- 4. Serviços de identificação
nejamento e manutenção do material. 5. Serviço de Aprovisionamento
Parágrafo único. A diretoria de Apoio logístico tem a 6. Companhia de Comando
seguinte estrutura: Art. 19 – o gabinete do comandante Geral destina-se a
1. Diretor assistir direta e indiretamente o Comandante Geral no de-
2. Seção de Suprimento (DAL/1) sempenho de suas funções, assessorando-os nos assuntos
3. Seção de manutenção (DAL/2) submetidos à sua apreciação, antecipando estudos e inicia-
4. Seção de Patrimônio (DAL/3) tivas que beneficiem suas atividades e decisões e assegu-
5. Seção de Expediente (DAL/4) rando-lhe os contatos e ligações necessárias.

107
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§1º - O gabinete do comando geral se subordina dire- Art. 24. O Centro de suprimento e Manutenção (CSM) tem
tamente ao Comandante Geral e tem a seguinte estrutura; a seguinte estrutura básica:
1. Chefe I – Chefe
2. Seção Jurídica II – Seção de Comando e Serviço
3. Seção de Assistência social e religiosa III – Seção de Suprimento e Manutenção de Material Bélico
4. Seção de relações públicas IV – Seção de Suprimentos e Manutenção de Intendência;
5. Seção de Expediente V – Seção de suprimentos e manutenção de obras;
§2º - As Assessorias são organizadas para assuntos §1º - A seção de comando e serviços dispõe do efetivo
especializados que escapam ás atribuições normais dos empenhado nas atividades administrativas da Chefia e demais
órgãos de direção e funcionam por Seção, podendo ser seções do CSM.
constituídas de elementos civis contratados ou de poli- §2º - A seção de Suprimentos e manutenção de material
ciais-militares. Bélico incumbe-se do recebimento, da estocagem e da distri-
§3º - Poderão integrar o gabinete outras assessorias buição dos suprimentos e da execução da manutenção, mate-
julgadas necessárias, a critérios do Comandante geral rial de comunicações e material especializado de Bombeiros.
§4º - Poderão funcionar, junto ao gabinete, comissões §3º - A seção de Suprimentos e manutenção de Intenden-
ou assessorias especiais, constituídas em caráter transitó- cia incumbe-se do recebimento, do armazenamento e da dis-
rio, para o trato de assuntos específicos. tribuição dos suprimentos e da execução da manutenção do
Art. 20 – Existirão normalmente a comissão de pro- material de intendência. Tem igualmente a seu cargo o recebi-
moções de oficiais presidida pelo Comandante geral e a mento, o armazenamento e a distribuição do apoio de subsis-
Comissão de promoções de praças, presidida pelo Chefe tência da corporação.
do Estado-Maior, sendo a composição de ambas fixada em §4º - A seção de suprimentos e Manutenção de Obras in-
regulamento da Corporação, que poderá admitir membros cumbe-se de atender as necessidades de obras e reparos nos
natos e outros escolhidos pelo Comandante Geral. aquartelamentos e edifícios da Corporação, e poderá, em prin-
Parágrafo único. Eventualmente, a critério do Coman- cipios, como as oficinas de manutenção do material de inten-
do Geral, poderão ser nomeadas outras comissões de cará-
dência, utilizar mão de obra civil.
ter transitório e destinadas a determinados estudos.
Art. 25. Os órgãos de Apoio de saúde são subordinados a
Direção de Saúde e se destinam à execução das atividades de
CAPÍTULO III
saúde em proveito da Corporação.
DA CONSTITUIÇÃO E DA COMPETENCIA DOS ÓR-
GÃOS DE APOIO
CAPÍTULO IV
DA CONSTITUIÇÃO E DAS ATRIBUIÇÕES DOS ÓR-
Art. 21. Os órgãos de apoio compreendem:
GÃOS DE EXECUÇÃO
I – órgãos de apoio de ensino: centro de formação e
Aperfeiçoamento de praças (CFAP)
II – órgão de apoio logístico: centro de suprimento e Art. 26 – os órgãos de execução da Polícia militar consti-
manutenção tuem as Unidades operacionais da Corporação , que se deno-
III – órgão de apoio de saúde: minam:
1. Hospital Central da Polícia Militar I – Unidades de Policia Militar, e
2. Hospital regional da policia Militar II – Unidades de Bombeiros.
3. Juntas policias militares de Saúde §1º - As unidades de policia Militar são as que tem a seu
4. Formações sanitárias cargo as diferentes missões policiais-militares.
Art. 22. O Centro de Formação e Aperfeiçoamento de §2º - A unidades de bombeiros são as que tem a seu cargo
Praças é o órgão de apoio do sistema de ensino e de des- as missões do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar.
tina à formação, especialização e aperfeiçoamento de pra- Art. 27 – as unidades de Policia militar da capital e as do
ças. interior são subordinadas, respectivamente , ao Comando de
§1º - O CFAP subordina-se tecnicamente a PM/3, e Policiamento da Capital (CPC) e Comando de policiamento do
quando for criada a Diretoria de Ensino, ficar-lhe-á subor- interior (CPI) órgãos responsáveis perante o Comandante Geral
dinada. pela manutenção da ordem pública na capital e no interior do
§2º - a formação, a especialização e o aperfeiçoamen- estado , no que compete á policia militar, de acordo com as
to de oficiais, enquanto a policia não dispuser de órgão diretrizes e ordens emanadas do comando geral.
especifico, poderão ser realizadas em estabelecimentos de Parágrafo único – o comando de policiamento da capital
outras Corporações. e o Comando de policiamento do interior tem a seguinte es-
Art. 23 – O Centro de suprimento e manutenção, su- trutura básica:
bordinado a Diretoria de Apoio Logístico, é o órgão de 1. Estado-Maior, compreendendo
apoio incumbido do recebimento , estocagem e distribui- a) Chefe do Em
ção de suprimentos e da execução da manutenção de todo b) Seção de Apoio Administrativo (p-1 e p-4)
material, além da execução de obras. c) Centro de Operações da Policia Milita (COPOM).

108
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 28 – Os comandos de policiamento da capital e SEÇÃO II


do interior, são escalões intermediários de comando, tendo DO CORPO DE BOMBEIROS
sob sua subordinação, para fins operacionais, nas Unidades
e subunidades de Policia militar com sede na Capital e no Art. 33 – O Corpo de bombeiros da policia militar tem
Interior do Estado. a seguinte organização:
§1º - O CPC pode abranger determinados Municipios I – Comando
-limitrofes com a Capital, se estudo nesse sentido indicar II – Unidades operacionais
tal solução como a mais adequada para o policiamento. Art. 34 – O comando do Corpo de bombeiros da Policia
§2º - Os comandos de policiamento da capital e do Militar é o órgão responsável perante o comandante Geral
interior, serão comandados por oficia PM do posto de Co- pelo planejamento e a execução de todas as atividades de
ronel, em principio com o curso Superior de Policia. prevenção, proteção e combate a incêndios, de socorro,
busca e salvamento, bem como de instrução especializada.
SEÇÃO I §1º - O comando compreende:
DAS UNIDADES DE POLICIA MILITAR 1. Comandante
2. Estado-Maior
3. Ajudancia
Art. 29 – As unidades de Policia Militar são os dos se- §2º - o comandante será um oficial superior do QOPM
guintes tipos: designado pelo comandante geral
I – batalhões (Companhias, pelotões ou Grupos) de Po- §3º - O estado-maior tem a seguinte estrutura:
licia Militar – BPM (Com, PEL PM OU GP PM): unidades que 1. Chefe do Estado-Maior
tem a seu cargo as missões de policiamento extensivo, a pé 2. 1º Seção – pessoal e assuntos civis
ou motorizado; 3. 2º seção – informações
II – Companhias (Pelotões ou Grupos) de Polícia de Rá- 4. 3º seção - instruções e operações
dio – CRP (PEL P RP OU GP P RP) : Unidades que tem a seu 5. 4º seção – fiscalização administrativa
cardo as missões de policiamento de radiopatrulha;
§4º - Ao serviço técnico integrante da 4º seção com-
III – Companhias (Pelotões ou Grupos) de policia de
pete:
Choque: unidades que tem a seu cargo as missões espe-
1. Executar e supervisionar o disposto na legislação
ciais (distúrbios, tumultos, contra0guerrilha urbana e rural,
do estado quanto a instalação de equipamentos e as medi-
etc)
das preventivas contra incêndios;
V – Companhias (Pelotões ou Grupos) de policia femi-
2. Proceder a exames de plantas e a perícias;
nina: unidades que tem a seu cargo missões especificas em
3. Realizar testes de incolumidade;
logradouros públicos (shopping centers, aeroportos, esta-
4. Supervisionar a instalação de redes de hidrantes
ção rodoviária e ferroviária, parques públicos, etc)
VI – Companhias (Pelotões ou Grupos) de policia de públicos
Guarda: unidades que tem a seu cargo missões de guarda §5º - A ajudancia tem a seu cargo trabalhos relativos a
em próprios estaduais. correspondência, protocolo, arquivo, boletim diário e ou-
VII - Companhias (Pelotões ou Grupos) de policia Ro- tros, bem como as funções administrativas e de segurança
doviária: Unidades que tem a seu cargo as missões de po- do quartel do Comando do Corpo se será assim organiza-
liciamento rodoviário. da:
Art. 30 – Os batalhões são constituídos de Comandan- 1. Ajudante/secretario
te, subcomandante, Estado-Maior e elementos de Coman- 2. Seção de comando e Serviços
do, Companhia de policia Militar (COM), Companhia de 3. Seção Administrativa
policia de rádia patrulha e Companhia de policia de tran- 4. O chefe do Estado-Maior, com as atribuições de
sito, devendo sua organização pormenorizada constar nos Subcomandante do Corpo de bombeiros, é o substitu-
Quadros de organização da Corporação. to eventual do Comandante do Corpo de Bombeiros, é o
Art. 31 – As Companhias e pelotões são constituídos de substituto eventual do Comandante do Corpo de bombei-
um Comandante e elementos de comando (Seção ou gru- ros nos impedimento deste.
pos de comando), bem como de frações subordinadas em Art. 35 – O Comando do Corpo de bombeiros da Po-
número variável, de acordo com as necessidades indica- lícia Militar é escalão intermediário de comando , a ele se
das pela missão, devendo sua organização pormenorizada subordinando todas as unidades de bombeiros-militares.
constar dos quadros de organização da Corporação. Art. 36 – As unidades de bombeiros são organizações
Art. 32 . Cada destacamento policial militar, respon- (OBM) que executam as diferentes missões de bombeiros
sável, pela manutenção da ordem pública nos municípios da corporação.
e Distritos do interior, constitui-se de um Grupo PM, com Art. 37 – As unidades Operacionais constituem-se de :
efetivo variável, de acordo com a missão do destacamento. I – Grupamento de incêndio: Unidades diretamente
§1º - Progressivamente, serão ativados pelotões Desta- subordinadas ao comando do Corpo de bombeiros, são
cados na jurisdição ou mais Subdestacamentos, localizados incumbidas de missão de extinção de incêndios e subdivi-
em Distritos do Município sede do Destacamento. dida em Subgrupamento de incêndio, podendo eventual-
mente , integrar missões de busca e salvamento.

109
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

II – Seção de busca e Salvamento (SBS): Unidades dire- CAPÍTULO II


tamente subordinadas ao Comando do Corpo de Bombei- DO EFETIVO DA POLICIA MILITAR
ros, incumbidas de missões de busca e salvamento.
Parágrafo único. O comando do Corpo de bombeiros Art. 41. O efetivo da policia Militar é fixado em legis-
terá para si a subordinação direta dos grupamentos e ainda lação peculiar que após prévia aprovação do Estado Maior
dos Subgrupamentos isolados. do exercito, será proposta pelo Governador do Estado a
Art. 38 – O quadro de organização (QO) da Corporação Assemblei Legislativa.
estabelecerá a organização pormenorizada das unidades Art. 42 – Respeitado o efetivo da Lei prevista no arti-
de Bombeiros. go anterior, cabe ao Chefe do Poder Executivo do estado,
aprovar, mediante Decreto, os quadros de organizações,
TÍTULO III elaborados pelo Comando geral da corporação e submeti-
DO PESSOAL do á aprovação do estado –Maior do Exército.
CAPÍTULO I
DO PESSOAL DA POLICIA MILITAR CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 39 – o pessoal da policia Militar compõe-se de:
I – Pessoal da ativa
1. Oficiais, constituindo os seguintes quadros: Art.. 43 – Ao Comandante Geral da policia Militar são
a) Quadro de oficiais policiais militares atribuídos direitos , honras e prorrogativas de Secretario
b) Quadro de oficiais de saúde, compreendendo ofi- de Estado.
ciais médicos, oficiais dentistas e oficiais farmacêuticos; Art. 44 – Os atos de nomeação e exoneração do Co-
c) Quadro de capelões policiais militares mandante Geral da policia Militar, deverão ser simultâ-
d) Quadro de oficiais Especialistas neos, obedecidos as prescrições do art. 6º do Decreto-Lei
e) Quadro de oficiais de administração nº 667, de 02 de Julho de 1969, na redação modificada
f) Quadro de oficiais Femininos pelo Decreto Lei nº 2010, de 12 de janeiro de 1983.
2. Praças Especiais de policia Militar, compreenden- §1º - O Coronel PM que for nomeado no cargo de Co-
do: mandante-geral da PM do estado, não poderá ser transfe-
a) Aspirante a oficial pm rido “ex-officio” para a reserva remunerada, enquanto per-
b) Alunos oficiais pm manecer no exercício do cargo, conforme consta do § 5º,
do artigo 92 da Lei nº 4.630 de 12 de Dezembro de 1976.
3. Praças, compreendendo §2º - Quando exonerado do cargo de Comandante ge-
a) Praças Policiais Militares; ral, o Coronel PM será agregado e, posteriormente, trans-
b) Alunos Sargentos do Curso de formação de sar- ferido “ex-officio” para a reserva remunerada.
gentos §3º - Salvo casos especiais , a critério do governador
c) Alunos-Soldados de Formação de soldados do Estado , o Comandante exonerado deverá aguardar no
II – Pessoal inativo Comando o seu substituto efetivo.
1. Pessoal de reserva Remunerada: Oficiais e praças Art. 45 – Ao subcomandante da PM são atribuídos di-
transferidos para a Reserva Remunerada; reitos e prerrogativas do substituto imediato de Secretario
2. Pessoal Reformado: Oficiais e praças Reformados. de Estado.
III – Pessoal Civil, constituído: Art. 46 – Compete ao Governador do Estado, mediante
1. Quadro de pessoal Civil Efetivo; Decreto criar, transformar, extinguir, denominar, localizar e
2. Quadro de pessoal contratado estruturar os órgãos de direção, de apoio e de execução
Parágrafo único – No quadro de oficiais Policiais-Mili- da PM, de acordo com a organização básica prevista nesta
tares e de Praças PM, previstos no Quadro de organização Lei e dentro dos limites do efetivo fixado na Lei de Fixação,
Geral, inclui-se o Corpo policial Feminino de 01 Compa- pro proposta do comandante geral, após a apreciação e
nhia, subordinada ao Comando do Policiamento da capital aprovação do estado-Maior do exército.
(CPC). Art. 47 – O Oficiais e Graduados nomeados ou desig-
Art. 40 – As praças Policiais Militares e Especialistas se- nados para o Gabinete Militar do governador , Gabinete
rão grupadas em qualificações policiais militares gerais e do Vice-Governador e de Órgãos da justiça militar São
particulares. considerados no exercício de função de natureza policial
Parágrafo único – A diversificação das qualificações militar.
previstas neste artigo será a mínima indispensável, de Parágrafo ´´único. O período passado pelos oficiais e
modo a possibilitar uma ampla utilização das praças nelas Graduados no exercício das funções a que se refere este
incluídas. artigo, será computado como tempo de serviço arregi-
mentado.

110
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

TÍTULO V CAPÍTULO II
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITORIAS E FINAIS VANTAGENS PECUNIÁRIAS
Seção I
ART. 48 – A organização básica prevista nesta Lei de- Décimo Terceiro Salário
verá ser efetivada progressivamente, na dependência da
disponibilidade de instalações e de pessoal, a critério de Art. 3º O décimo terceiro salário devido ao militar cor-
Poder Executivo, ouvido o Ministério do Exército. responde a um doze avos do subsídio a que fizer jus no
Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
ção , revogadas as disposições em contrario Parágrafo único. A fração igual ou superior a quinze
dias é considerada como mês integral.
Art. 4º O décimo terceiro salário é pago no mês de de-
zembro.
LEI COMPLEMENTAR Nº 463/2012 – DISPÕE Parágrafo único. A título de adiantamento, a metade
SOBRE SUBSÍDIOS DOS MILITARES DO ESTADO do décimo terceiro salário poderá ser paga juntamente
RN. com o subsídio do mês de junho.

Seção II
Adicional de Férias
LEI COMPLEMENTAR Nº 463, DE 03 DE JANEIRO DE
2012 Art. 5º Independentemente de solicitação, será pago
Dispõe sobre o subsídio dos Militares do Estado, e ao militar, por ocasião de suas férias, um adicional corres-
dá outras providências. pondente a um terço do valor do subsídio devido no pe-
A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE ríodo das férias.
DO NORTE: Faço saber que o Poder Legislativo decreta e Parágrafo único. No caso de o militar exercer cargo de
provimento em comissão ou função de confiança, a res-
eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
pectiva vantagem é considerada no cálculo do adicional de
que trata o caput deste artigo.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Seção III
Retribuição por Exercício de Cargo ou Função de
Art. 1º Os militares do Estado do Rio Grande do Norte,
Confiança
integrantes da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do
Norte (PMRN) e do Corpo de Bombeiros Militar do
Art. 6º É assegurada a percepção de vantagem pecu-
Estado do Rio Grande do Norte (CBMRN), passam a
niária por representação ao militar que esteja ocupando
ser remunerados por subsídio, fixado em parcela única, de cargos e funções de confiança.
acordo com o Anexo I desta Lei Complementar. § 1º As vantagens pecuniárias referentes à represen-
Art. 2º A percepção do subsídio pelos militares não ex- tação dos cargos de confiança de Comandante e Subco-
clui o pagamento das seguintes vantagens pecuniárias: mandante tem seus valores fixados no Anexo II desta Lei
I - décimo terceiro salário; Complementar.
II - adicional de férias; § 2º As vantagens pecuniárias devidas aos militares no
III - retribuição por exercício de cargo ou função de exercício de função de confiança estão definidas nos ter-
confiança; mos da Lei Complementar Estadual n.º 331, de 28 de junho
IV - indenizações; e de 2006.
V - retribuição por serviço extraordinário. § 3º As vantagens pecuniárias de que trata o caput
§ 1º Constituem espécies da vantagem pecuniária de deste artigo serão devidas apenas durante o período que
que trata o inciso IV do caput deste artigo: o militar esteja investido nos respectivos cargo ou função
I - diária; e de confiança.
II - ajuda de custo.
§ 2º Constitui espécie da vantagem pecuniária de que Seção IV
trata o inciso V do caput deste artigo a diária operacional. Indenizações
§ 3º A soma dos valores eventualmente recebidos a Subseção I
título das vantagens pecuniárias previstas no inciso III do Diária
caput deste artigo com o correspondente subsídio de ser-
vidor público militar do Estado do Rio Grande do Norte Art. 7º O militar que, a serviço, afastar-se da sede em
não poderá ultrapassar o valor do teto remuneratório esta- caráter eventual ou transitório para outro ponto do territó-
belecido no art. 37, XI, da Constituição Federal. rio estadual, nacional ou estrangeiro, fará jus à diária des-
tinada a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias
com hospedagem, alimentação e locomoção urbana.

111
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

§ 1º A diária é concedida por dia de afastamento, in- Art. 14. O subsídio do aspirante a oficial da PMRN e do
cluídos os dias de partida e de retorno do militar, sendo de- CBMRN corresponde à Parcela Única fixada para o Nível I
vida à metade quando o deslocamento não exija pernoite da Graduação de Subtenente.
na sede de destino. Art. 15. Os candidatos classificados em concurso públi-
§ 2º Os valores referentes às diárias são estabelecidos co e convocados para
em lei específica. Curso de Formação de Soldados (CFSd) que estejam na
§ 3º O militar não faz jus à diária quando as despesas condição de aluno-soldado da PMRN e do CBMRN perce-
de que trata o caput deste artigo forem custeadas pela berão bolsa correspondente ao piso remuneratório prati-
Administração Pública. cado pelo Poder
Executivo Estadual.
Subseção II Art. 16. Os candidatos classificados em concurso públi-
Ajuda de Custo co e convocados para Curso de Formação de Oficiais (CFO)
que estejam na condição de aluno-oficial da PMRN e do
Art. 8º É devida ajuda de custo ao militar designado, de CBMRN perceberão bolsa nos seguintes parâmetros:
ofício, para exercer suas funções em outra sede, destinada I - para o aluno-oficial de primeiro ano, valor corres-
a compensar as despesas de mudança e de instalação que pondente à Parcela Única do Nível II da Graduação de Ter-
implique alteração de domicílio em caráter permanente. ceiro Sargento;
Parágrafo único. A ajuda de custo será calculada com II - para o aluno-oficial de segundo ano, valor corres-
base na Parcela Única atribuída ao Nível X do correspon- pondente à Parcela Única do Nível III da Graduação de Se-
dente posto ou graduação do militar removido para outra gundo Sargento; e
sede, na proporção de vinte e cinco por cento. III - para o aluno-oficial de terceiro ano, valor corres-
Seção V pondente à Parcela Única do Nível III da Graduação de Pri-
Retribuição por Serviço Extraordinário meiro Sargento.
Subseção Única Art. 17. O art. 29, § 3º, da Lei Complementar Estadual
Diária Operacional n.º 163, de 5 de fevereiro de 1999, passa a vigorar com a
seguinte redação:
Art. 9º É assegurado ao militar perceber diária opera- “Art. 29. ............................................................................................
cional em caso de ser designado para desempenhar sua .....
função pública em período de folga, nos termos da Lei .............................................................................................................
Estadual n.º 7.754, de 18 de novembro de 1999. ....
§ 3º A Polícia Militar é comandada por Oficial da ativa
CAPÍTULO III do último posto da corporação, com nível de Subsecretá-
PROGRESSÃO FUNCIONAL rio, e com competência para os atos de gestão orçamentá-
ria e financeira.
Art. 10. A progressão funcional dos oficiais e das praças .....................................................................................................”.
da PMRN e do (NR)
CBMRN ocorre com a movimentação do militar de um Art. 18. O art. 29, § 5º, da lei Complementar Estadual
nível remuneratório para o outro imediatamente superior, n.º 163, de 5 de fevereiro de 1999, passa a vigorar com a
a cada interstício de três anos de tempo de efetivo serviço, seguinte redação:
contados nos termos da Lei Estadual n.º 4.630, de 16 de “Art. 29. ............................................................................................
dezembro de 1976. .....
.............................................................................................................
CAPÍTULO IV ....
DISPOSIÇÕES FINAIS § 5º O Corpo de Bombeiros Militar é comandado por
Oficial da ativa do último posto da corporação, com nível
Art. 11. Ao militar que, na data da publicação desta Lei de Subsecretário, e com competência para os atos de ges-
Complementar, perceba remuneração superior ao subsídio tão orçamentária e financeira.
devido ao correspondente posto ou graduação, será con- .....................................................................................................”.
cedida vantagem pessoal nominalmente identificada, esti- (NR)
pulada em valor suficiente a evitar redução do respectivo Art. 19. As despesas decorrentes da implementação
padrão remuneratório, em atenção ao disposto no art. 37, desta Lei Complementar serão custeadas com recursos de
caput, XV, da Constituição Federal. dotação orçamentária consignadas à PMRN e ao CBMRN.
Art. 12. É vedado qualquer reajuste ou revisão pecuniá- Art. 20. Os efeitos financeiros oriundos da implemen-
ria da vantagem pessoal nominalmente identificada de que tação desta Lei Complementar ficam condicionados à ob-
trata o art. 11 desta Lei Complementar. servância dos requisitos do art. 169, § 1º, da Constituição
Art. 13. O disposto nesta Lei Complementar aplica-se Federal, bem como das normas limitadoras da despesa
aos inativos e pensionistas oriundos da PMRN e do CB- pública com pessoal do Poder Executivo previstas na Lei
MRN. Complementar Federal n.º 101, de 4 de maio de 2000.

112
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Art. 21. Esta Lei Complementar entra em vigor em 1.º de julho de 2012.
Art. 22. Ficam revogados a Lei Estadual n.º 3.775, de 12 de novembro de
1969; os arts. 52 a 57 da Lei Estadual n.º 4.630, de 16 de dezembro de 1976; o art. 9º da Lei Estadual n.º 4.770, de 25 de
setembro de 1978; a Lei Estadual n.º 5.536, de 30 de dezembro de 1986; os arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 7º da Lei Complementar
Estadual n.º 205, de 19 de outubro de 2001; a Lei Complementar Estadual n.º 273, de 13 de maio de 2004; a Lei Comple-
mentar
Estadual n.º 314, de 10 de novembro de 2005; e a Lei Complementar Estadual n.º 341, de 12 de abril de 2007.
Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 03 de janeiro de 2012, 191º da Independência e 124º da República.

113
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

ANEXO II

114
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

LEI COMPLEMENTAR Nº 514/2014 – DISPÕE


SOBRE O REAJUSTE DOS SUBSÍDIOS.

LEI COMPLEMENTAR Nº 514, DE 06 DE JUNHO DE 2014.


Altera a Lei Complementar Estadual n.º 463, de 3 de janeiro de 2012, que “Dispõe sobre o subsídio dos Militares
do Estado, e dá outras providências”.
A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: FAÇO SABER que o Poder Legislativo decreta e eu
sanciono a seguinte Lei Complementar:
Art. 1º Fica alterado o valor do subsídio dos militares integrantes da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte
(PMRN) e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Norte (CBMRN), instituído por intermédio da Lei
Complementar Estadual n.º 463, de 3 de janeiro de 2012, nos valores constantes do Anexo Único desta Lei Complementar,
dividido nos percentuais e datas a seguir prescritos:
I - 6% (seis por cento), a partir do dia 1.º de setembro de 2014;
II - 8% (oito por cento), a partir do dia 1.º de março de 2015;
III - 9% (nove por cento), a partir do dia 1.º de setembro de 2015; e
IV - 9% (nove por cento), a partir do dia 1.º de março de 2016.
Art. 2º A partir do dia 1.º de setembro de 2014, o Anexo I da Lei Complementar Estadual n.º 463, de 2012, passa a vi-
gorar conforme a redação do Anexo Único desta Lei Complementar.
Art. 3º Esta Lei Complementar entra em vigor no dia 1.º de setembro de 2014.
Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 06 de junho de 2014, 193º da Independência e 126º da República.

ANEXO ÚNICO
“ANEXO I (LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.º 463, DE 2012)
TABELA I
“TABELA REFERENCIAL” E “TABELA DE APLICAÇÃO DO SUBSÍDIO”, A PARTIR DE 1.º DE SETEMBRO DE 2014.

115
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

TABELA II
“TABELA REFERENCIAL” E “TABELA DE APLICAÇÃO DO SUBSÍDIO”, A PARTIR DE 1.º DE MARÇO DE 2015.

TABELA III
“TABELA REFERENCIAL” E “TABELA DE APLICAÇÃO DO SUBSÍDIO”, A PARTIR DE 1.º DE SETEMBRO DE 2015.

116
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

TABELA IV
“TABELA REFERENCIAL” E “TABELA DE APLICAÇÃO DO SUBSÍDIO”, A PARTIR DE 1.º DE MARÇO DE 2016.

117
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES ... em que estas anotações vadias foram feitas = dois
Língua Portuguesa verbos na voz passiva, então teremos um na ativa: caderni-
nho em que fiz anotações vadias...
171-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGE-
NHEIRO – ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) Considere as RESPOSTA: “C”.
frases:
I. Há diversos projetos de lei em tramitação na Câ- 173-) (TRF/3ª REGIÃO – PSIQUIATRIA – FCC/2014)
mara. Em nossa cultura, ...... experiências ...... passamos soma-
II. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adi- se ...... dor, considerada como um elemento formador
cional de 5,4 bilhões de reais por ano. do caráter, contexto ...... pathos pode converter-se em
Assinale a alternativa que, respectivamente, subs- éthos.
titui o verbo haver pelo verbo existir, conservando o Preenchem corretamente as lacunas da frase acima,
tempo e o modo. na ordem dada:
(A) Existe – existe a) às - porque - a - em que
(B) Existem – existirão b) às - pelas quais - à - de que
(C) Existirão – existirá c) as - que - à - com que
(D) Existem – existirá d) às - por que - a - no qual
(E) Existiriam – existiria e) as - por que - a - do qual
Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do pre- Em nossa cultura, às experiências (a dor é somada com
sente do indicativo. as experiências, somada às experiências – objeto indireto)
Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos por que (= pelas quais) passamos soma-se a dor (objeto
de que esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, direto), considerada como um elemento formador do ca-
caso seja necessário): ráter, contexto no qual pathos pode converter-se em éthos.
I. Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câ-
mara.
RESPOSTA: “D”.
II. Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicio-
nal de 5,4 bilhões de reais por ano.
174-) (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
Existem / existirá.
NISTRATIVA – FCC/2012) Considere:
...... angústia de imaginar que o homem pode estar
RESPOSTA: “D”.
só no universo soma-se a curiosidade humana, que se
172-) (TRF/1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – prende ...... tudo o que é desconhecido, para que não
FCC/2011) desapareça de todo o interesse por pistas que dariam
Assim como os antigos moralistas escreviam má- embasamento ...... teses de que haveria vida em outros
ximas, deu-me vontade de escrever o que se poderia planetas.
chamar de mínimas, ou seja, alguma coisa que, ajustada Preenchem corretamente as lacunas da frase acima,
às limitações do meu engenho, traduzisse um tipo de na ordem dada:
experiência vivida, que não chega a alcançar a sabedo- (A) À − a − às
ria mas que, de qualquer modo, é resultado de viver. (B) A − à − as
Andei reunindo pedacinhos de papel em que estas ano- (C) À − a − as
tações vadias foram feitas e ofereço-as ao leitor, sem (D) A − a − às
que pretenda convencê-lo do que penso nem convidá (E) À − à – as
-lo a repensar suas ideias. São palavras que, de modo
canhestro, aspiram a enveredar pelo avesso das coisas, Leia “voltando” os termos do texto: Soma-se a curio-
admitindo-se que elas tenham um avesso, nem sempre sidade humana à angústia de imaginar = ficamos com os
perceptível mas às vezes curioso ou surpreendente. itens A e E, somente. Quem se prende, prende-se A algo
(Carlos Drummond de Andrade. O avesso das coisas ou A alguém, então: “que se prende a tudo (sem acento
[aforismos]. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 3) indicativo de crase, por ser um pronome indefinido); em-
basamento A quê? às teses. Temos: à / a / às.
...em que estas anotações vadias foram feitas...
RESPOSTA: “A”.
Observando o contexto em que a frase acima foi
empregada, a sua transposição para a voz ativa produz 175-) (TRF/4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010)
corretamente a seguinte forma verbal: Está plenamente adequada a pontuação da frase:
a) fizeram-se. a) Por vezes uma obra literária acaba mesmo, sem
b) tinha feito. o pretender, influindo no plano político e social, pois o
c) fiz. caminho do escritor não é traçado tão somente, pelo
d) faziam. que ele prevê mas também, pelas forças do acaso ou
e) poderia fazer. pelas determinações sociais.

118
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

b) Por vezes, uma obra literária acaba, mesmo sem tantes devidamente identificados. Também haverá mais
o pretender, influindo no plano político e social, pois o inspetores, de modo que cada colégio conte com um
caminho do escritor não é traçado tão somente pelo que deles por andar. O mais difícil será amenizar a sensação
ele prevê, mas também pelas forças do acaso ou pelas de insegurança que restou. Recentemente, ao ouvirem a
determinações sociais. movimentação de estudantes no corredor, os alunos de
c) Por vezes, uma obra literária, acaba mesmo sem uma das turmas da Tasso de Oliveira saíram correndo, no
o pretender, influindo no plano político e social, pois o meio da aula, aos berros. “Aquele dia marcou nossa vida
caminho do escritor não é traçado tão somente pelo que para sempre”, afirma Luís Marduk, diretor da escola.
ele prevê, mas também, pelas forças do acaso, ou pelas (Veja, 25.05.2011)
determinações sociais.
d) Por vezes uma obra literária acaba mesmo sem o 177-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP –
pretender, influindo no plano político e social; pois o ca- GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) De acordo com o
minho do escritor não é traçado, tão somente, pelo que texto, o ataque de Wellington de Oliveira
ele prevê mas também, pelas forças do acaso ou pelas (A) foi rapidamente esquecido pelos alunos da escola.
determinações sociais. (B) foi facilitado pelos funcionários da escola.
e) Por vezes, uma obra literária acaba mesmo sem o (C) se deu mesmo com vigília da guarda municipal.
pretender, influindo no plano político e social pois o ca- (D) alterou a rotina da escola Tasso da Silveira.
minho do escritor, não é traçado, tão somente, pelo que (E) tem reforçado a sensação de segurança.
ele prevê, mas também pelas forças do acaso, ou pelas
determinações sociais. Utilizando trechos do texto: Desde o dia do ataque, agen-
tes da guarda municipal fazem vigília na porta do colégio...
Tendo em vista a igualdade textual entre os itens, a in- “Aquele dia marcou nossa vida para sempre”...
dicação da alternativa correta aponta as inadequações pre-
sentes nas demais. RESPOSTA: “D”.
178-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP
RESPOSTA: “B”. – GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) A frase – Como
o matador Wellington de Oliveira era ex-aluno, passou à
176-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – vontade pelo portão. – equivale a:
GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) Em – Por que, (A) O matador Wellington de Oliveira passou à vonta-
ainda hoje, pomos em risco nossas vidas, a vida de mui- de pelo portão, portanto era ex-aluno.
tos, a vida de todos, produzindo a guerra? – a figura de (B) O matador Wellington de Oliveira passou à vonta-
linguagem presente, conforme as expressões em desta- de pelo portão, mas era ex-aluno.
que, é a (C) O matador Wellington de Oliveira passou à vonta-
(A) sinestesia. de pelo portão, porque era ex-aluno.
(B) metáfora. (D) O matador Wellington de Oliveira passou à vonta-
(C) antítese. de pelo portão, conforme era ex-aluno.
(D) hipérbole. (E) O matador Wellington de Oliveira passou à vonta-
(E) gradação. de pelo portão, apesar de ser ex-aluno.

Gradação: Consiste em dispor as ideias por meio de pala- A alternativa que apresenta coerência com o enunciado
vras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente. é a que tem a presença da conjunção explicativa – “porque”.
(fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil7.
php) RESPOSTA: “C”.

RESPOSTA: “E”. 179-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP


– GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011) Assinale a alter-
(PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – nativa correta quanto à pontuação e à acentuação.
GUARDA MUNICIPAL – VUNESP/2011 - ADAPTADA) Leia (A) As escolas do Rio contratarão mais inspetores, tornan-
o texto para responder às questões de números 177 a do possível maior controle do acesso de pessoas a esses locais.
179. (B) As escolas do Rio, contratarão mais inspetores tornan-
do possível maior controle do acesso de pessoas a esses locais.
Desde o dia do ataque, agentes da guarda munici- (C) As escolas, do Rio, contratarão mais inspetores, tor-
pal fazem vigília na porta do colégio. Como o matador nando possivel maior controle do acesso de pessoas a esses
Wellington de Oliveira era ex-aluno, passou à vontade locais.
pelo portão. Mas o debate sobre como garantir a segu- (D) As escolas do Rio contratarão mais inspetores, tor-
rança nas escolas públicas permanece aceso. Nas escolas nando possível maior contrôle do acesso de pessoas a es-
da rede municipal do Rio, funcionários encarregados da ses locais.
merenda e de outras funções eram também incumbidos (E) As escolas do Rio, contratarão mais inspetores,
de zelar pela portaria. A ideia agora é dotar as escolas tornando possivel maior contrôle do acesso de pessoas a
de porteiros responsáveis pela entrada e saída de visi- esses locais.

119
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Como as alternativas apresentam o mesmo texto, não 182-) (CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU-
indiquei nas demais as incorreções. NESP/2012) As expressões “na rua” e “Depressa” são
indicativas, respectivamente, de
RESPOSTA: “A”. (A) tempo e lugar.
(B) modo e intensidade.
180-) (CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU- (C) causa e tempo.
NESP/2012) Assinale a alternativa correta quanto à con- (D) lugar e modo.
cordância. (E) intensidade e lugar.
(A) As pessoas, então, não estavam adequadamente
protegidas. Na rua = lugar; depressa (apressadamente, com pres-
(B) Nenhuma pessoa, então, estava adequadamente sa) = modo
protegido.
(C) Os envolvidos, então, não estavam adequada- RESPOSTA: “D”.
mente protegido.
(D) Todas as pessoas, então, não estavam adequada- 183-) (CREFITO/SP – SECRETÁRIO – VUNESP/2012)
mente protegido. Assinale a alternativa correta quanto à colocação pro-
(E) Os envolvidos, então, não estava adequadamente nominal e ao uso ou não do acento indicativo da crase.
protegidos. (A) O texto faz referência a duas amazônias, que se
destacam pela extensão e pela riqueza que guardam.
(A) As pessoas, então, não estavam adequadamente pro- Refere-se, também, à localização da Amazônia Azul.
tegidas. (B) O texto faz referência à duas amazônias, que
(B) Nenhuma pessoa, então, estava adequadamente pro- destacam-se pela extensão e pela riqueza que guardam.
tegido = protegida Refere-se, também, a localização da Amazônia Azul.
(C) Os envolvidos, então, não estavam adequadamente (C) O texto faz referência a duas amazônias, que
protegido = protegidos
destacam-se pela extensão e pela riqueza que guardam.
(D) Todas as pessoas, então, não estavam adequadamen-
Se refere, também, a localização da Amazônia Azul.
te protegido = protegidas
(D) O texto faz referência à duas amazônias, que se
(E) Os envolvidos, então, não estava (estavam) adequa-
destacam pela extensão e pela riqueza que guardam. Se
damente protegidos.
refere, também, à localização da Amazônia Azul.
(E) O texto faz referência a duas amazônias, que
RESPOSTA: “A”.
destacam-se pela extensão e pela riqueza que guardam.
(CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VUNESP/2012 Refere-se, também, à localização da Amazônia Azul.
- ADAPTADA) Leia o poema de Carlos Drummond de An-
drade para responder às questões de números 181 a 182. Como os itens apresentam o mesmo texto, a alterna-
tiva correta já indica quais são as incorreções nas demais.
Quero me casar
Quero me casar RESPOSTA: “A”.
na noite na rua
no mar ou no céu 184-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
quero me casar. - VUNESP/2010) Em – Podemos escolher o futuro que
Procuro uma noiva queremos para nós e nossos filhos ou podemos deixar
loura morena que escolham um futuro menos positivo e mais som-
preta ou azul brio. – a conjunção “ou” estabelece entre as orações
uma noiva verde uma relação de
uma noiva no ar (A) adição, indicando os dois tipos de futuro com os
como um passarinho. quais as pessoas deverão se defrontar em breve.
Depressa, que o amor (B) adversidade, indicando as duas informações
não pode esperar. que se opõem conforme o tipo de futuro descrito.
(C) alternância, indicando as duas informações que
181-) (CREFITO/SP – OPERADOR DE VÍDEO – VU- compõem as opções sobre o futuro desejado.
NESP/2012) No poema, revelam-se os seguintes sentidos: (D) causa, indicando os motivos que levarão as pes-
(A) solidão, irritação e angústia. soas a terem de escolher um dos futuros possíveis.
(B) vontade, medo e tranquilidade. (E) consequência, indicando os desastres que advi-
(C) descaso, imprudência e agitação. rão ao mundo, no futuro, pela ignorância das pessoas.
(D) autoridade, investigação e impaciência. A conjunção “ou” é alternativa, ou seja, expressa esco-
(E) desejo, busca e pressa. lhas, alternativas entre as ações citadas nas orações ligadas
Quero = desejo / Procuro = busca / Depressa = pressa por ela.

RESPOSTA: “E”. RESPOSTA: “C”.

120
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

185-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Terá sido corresponde ao verbo será = (ação que pode
VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que a frase está vir a acontecer, dependendo de que outra também aconteça.
correta quanto à regência e ao uso ou não do acento indi- Se fôssemos ... o mundo seria).
cativo da crase.
(A) Tendo chegado a capital dinamarquesa sitiada por RESPOSTA: “B”.
pessoas e papéis, já tenho certeza que Copenhague não é
apenas mais uma negociação internacional. 187-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
(B) Tendo chegado à esta capital sitiada por pessoas e VUNESP/2010) Em voz ativa, a segunda oração do perío-
papéis, já tenho certeza de que Copenhague não é apenas do assume a seguinte redação:
mais uma negociação internacional. (A) o mundo se transformará com os nossos esforços.
(C) Tendo chegado àquela cidade sitiada por pessoas (B) os nossos esforços transformarão o mundo.
e papéis, já tenho certeza que Copenhague não é apenas (C) os nossos esforços terão transformado o mundo.
mais uma negociação internacional. (D) transforma-se o mundo por nossos esforços.
(D) Tendo chegado à capital dinamarquesa sitiada por (E) os nossos esforços serão transformados pelo
pessoas e papéis, já tenho certeza de que Copenhague não mundo.
é apenas mais uma negociação internacional. A segunda frase do período é: o mundo terá sido trans-
(E) Tendo chegado a bela capital dinamarquesa sitiada formado pelos nossos esforços.
por pessoas e papéis, já tenho certeza de que Copenhague A voz ativa: Os esforços terão transformado o mundo.
não é apenas mais uma negociação internacional.
RESPOSTA: “C”.
(A) Tendo chegado a (à) capital dinamarquesa sitiada por
pessoas e papéis, já tenho certeza (de) que Copenhague não é 188-) (TRF/4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010)
apenas mais uma negociação internacional. Constitui exemplo de uso de linguagem figurada o ele-
(B) Tendo chegado à (a) esta capital sitiada por pessoas mento sublinhado na frase:
e papéis, já tenho certeza de que Copenhague não é apenas I. Foi acusado de ser o cabeça do movimento.
mais uma negociação internacional. II. Ele emprega sempre a palavra literalmente atri-
(C) Tendo chegado àquela cidade sitiada por pessoas e buindo-lhe um sentido inteiramente inadequado.
papéis, já tenho certeza (de) que Copenhague não é apenas III. Ignoro o porquê de você se aborrecer comigo.
mais uma negociação internacional. IV. Seus pensamentos são fantasmagorias que não o
(D) Tendo chegado à capital dinamarquesa sitiada por deixam em paz.
pessoas e papéis, já tenho certeza de que Copenhague não é Atende ao enunciado APENAS o que está em
apenas mais uma negociação internacional. a) I e II.
E) Tendo chegado a (à) bela capital dinamarquesa sitiada b) I e IV.
por pessoas e papéis, já tenho certeza de que Copenhague c) II e III.
não é apenas mais uma negociação internacional. d) III e IV.
e) I e III.
RESPOSTA: “D”.
I. Foi acusado de ser o cabeça do movimento. = o líder,
(CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – VU- o mentor (figurado)
NESP/2010 - ADAPTADA) Para responder às questões de II. Ele emprega sempre a palavra literalmente atribuindo-
números 186 e 187, considere o trecho: lhe um sentido inteiramente inadequado. (linguagem deno-
Se formos bem-sucedidos no combate às mudanças tativa)
climáticas, o mundo terá sido transformado pelos nossos III. Ignoro o porquê de você se aborrecer comigo. (= o
esforços. motivo; denotação)
IV. Seus pensamentos são fantasmagorias que não o dei-
186-) (CEAGESP/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – xam em paz. (perturbações; figurado).
VUNESP/2010) O tempo verbal composto terá sido indica
ação RESPOSTA: “B”.
(A) concluída no tempo presente, em função da infor-
mação apresentada na oração inicial do trecho. 189-) (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012)
(B) possível de ocorrer no futuro, como decorrência da Cronistas de reinos passados, gênios das navegações
hipótese apresentada na oração inicial do trecho. [...] não falam de discos, pratos ou charutos voadores ...
(C) em andamento no tempo presente e que se findará O verbo que NÃO foi empregado com o mesmo tipo
no futuro, como causa do que se afirma na oração inicial de complemento que o verbo grifado acima está em:
do trecho. (A) ... sequer pensarmos em outros mundos ...
(D) impossível de ocorrer no passado e, por essa razão, (B) Enjoaram de nós?
sem previsão para o futuro, conforme se afirma na oração (C) Venceu a hipótese de naves ...
inicial do trecho. (D) Começou com um piloto norte-americano de ca-
(E) concluída no passado e, portanto, podendo ocorrer ças ...
no futuro, conforme se afirma na oração inicial do trecho. (E) ... que simplesmente desistimos deles?

121
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

O verbo “falar” exige objeto direto, mas no enunciado Utilizemos trechos do texto para que consigamos res-
ele apresenta preposição (indireto). ponder à questão (não se esqueça: você pode – deve –
(A) ... sequer pensarmos em = indireto fazer isso em seu concurso também!): ...conjunto das cir-
(B) Enjoaram de nós?= indireto cunstâncias no meio das quais se desenrola um ato de
(C) Venceu a = objeto direto (“a” é artigo) enunciação (...) É preciso entender com isso ao mesmo
(D) Começou com= indireto tempo o ambiente físico e social em que este ato se dá. =
(E) ... que simplesmente desistimos deles (de + eles)= enunciação e seu contexto, ambiente no qual a situação de
indireto discurso ocorre.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

190-) (TRT/SC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2010) 192-) (TRF/4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010)
Mas a novela não é um retrato do Brasil, ou melhor, é Ainda que os termos sublinhados se flexionem no plu-
sim... ral, todas as formas verbais permanecerão as mesmas
O emprego da expressão grifada acima assinala em:
uma a) Mesmo que haja eventual hesitação, não apraz a
a) contradição involuntária. muito escritor renunciar ao que lhe traz a solidão mais
b) repetição para realçar a ideia. fecunda.
c) retificação do que havia sido dito. b) Outra influência que pode incidir sobre o escritor
d) conclusão decorrente da afirmativa inicial. representa-se nos modelos de linguagem dominantes.
e) condição básica de um fato evidente. c) Exprime-se na obra literária a qualidade das coi-
sas que somente nela se dá a ver, com a singularidade
A expressão em destaque é usada para consertar, re- de seu olhar.
tificar uma informação dada anteriormente. É utilizada d) À obra literária já se atribuiu a propriedade de
um espelho; hoje, valoriza-se seu processo de constru-
comumente, por isso, a resposta à questão torna-se mais
ção.
fácil, desde que saibamos em qual contexto tal expressão
e) Falar por aquele a quem não se permite qual-
é empregada.
quer depoimento é um dos objetivos a que visa a obra
literária.
RESPOSTA: “C”.
a) Mesmo que haja eventual hesitação, não apraz a
191-) (TRF/4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010)
muito escritor renunciar ao que lhe traz a solidão mais fe-
Considere:
cunda.
Chama-se “situação de discurso” o conjunto das cir- Mesmo que haja eventuais hesitações, não apraz a
cunstâncias no meio das quais se desenrola um ato de muitos escritores renunciar ao que lhe (lhes) traz a solidão
enunciação (seja ele escrito ou oral). É preciso entender mais fecunda.
com isso ao mesmo tempo o ambiente físico e social b) Outra influência que pode incidir sobre o escritor
em que este ato se dá, a imagem que dele têm os inter- representa-se nos modelos de linguagem dominantes.
locutores, a identidade desses, a ideia que cada um faz Outras influências que pode (podem) incidir sobre o
do outro (inclusive a representação que cada um possui escritor representa-se (representam-se) nos modelos de
daquilo que o outro pensa sobre ele), os acontecimen- linguagem dominantes.
tos que precederam o ato de enunciação (especialmen- c) Exprime-se na obra literária a qualidade das coisas
te as relações que tiveram antes os interlocutores, e que somente nela se dá a ver, com a singularidade de seu
principalmente as trocas de palavras em que se insere a olhar.
enunciação em questão). Exprime-se (exprimem-se) na obra literária as qualida-
(Ducrot, O.; Todorov, T. Dicionário enciclopédico das des das coisas que somente nelas se dá (dão) a ver, com a
ciências da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. singularidade de seu olhar.
297-8) d) À obra literária já se atribuiu a propriedade de um
Segundo o texto, é correto afirmar: espelho; hoje, valoriza-se seu processo de construção.
a) A análise discursiva deve se ater ao estudo dos À obra literária já se atribuiu (atribuíram) as proprie-
enunciados. dades de um espelho; hoje, valoriza-se (valorizam-se) seus
b) Os enunciados produzem a enunciação. processos de construção.
c) A descrição da enunciação é determinada pela e) Falar por aquele a quem não se permite qualquer
identidade dos interlocutores. depoimento é um dos objetivos a que visa a obra literária.
d) Dados exteriores aos enunciados são apendicula- Falar por aquele a quem não se permite (permitem)
res à compreensão. quaisquer depoimentos é um dos objetivos a que visa (vi-
e) O conceito de situação de discurso engloba a sam) as obras literárias.
enunciação e seu entorno.
RESPOSTA: “A”.

122
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

193-) (POLÍCIA MILITAR/SP – SOLDADO PM DE 2ª (A) O executivo passou à (a) trabalhar = verbo no infini-
CLASSE – VUNESP/2013) Assinale a alternativa em que a tivo
concordância está em conformidade com a norma-padrão (B) A promoção não levou à (a) um aumento = artigo in-
da língua. definido
(A) Já é utilizado, em Los Angeles, algoritmos sofistica- (C) Para melhorar sua renda, ele deverá dedicar-se à (a)
dos para prever futuros delitos. algumas = palavra no plural (generalizando)
(B) Com o auxílio do PredPol, são calculados a distribui- (D) Seus esforços estão direcionados à quitação
ção e a frequência dos crimes. (E) Ele espera chegar à (a) qualquer = pronome indefinido
(C) Em seguida, as áreas ameaçadas são as que recebe
um policiamento mais intenso. RESPOSTA: “D”.
(D) Os policiais são informados sobre os locais onde os
crimes são mais frequente. 196-) (COREN/SP – TELEFONISTA – VUNESP/2013
(E) Estão sendo reimaginadas, na era das montanhas de - ADAPTADA) Nos trechos a seguir, o pronome pessoal
dados, todas as atividades. oblíquo substitui adequadamente o(s) termo(s) destaca-
do(s) em:
(A) Já é (são) utilizado (utilizados), em Los Angeles, algorit- (A) Contrariando esses ideais…: Contrariando-nos…
mos (B) … nem todos os casais buscavam a bênção…: bus-
(B) Com o auxílio do PredPol, são calculados (calculadas) a cavam-lhe…
distribuição e a frequência dos crimes. (C) … os noivos deveriam apresentar à autoridade…:
(C) Em seguida, as áreas ameaçadas são as que recebe (re- apresentá-la…
cebem) (D) … além de aguardar denúncias…: além de aguar-
(D) Os policiais são informados sobre os locais onde os cri- dar-lhes…
mes são mais frequente (frequentes). (E) Para burlar essas normas…: Para burlá-las…
(E) Estão sendo reimaginadas, na era das montanhas de da- (A) Contrariando esses ideais…: Contrariando-os…
dos, todas as atividades. (B) … nem todos os casais buscavam a bênção…: busca-
vam-na (lembre-se do alfabeto! J, K , L, M, N – para objetos
RESPOSTA: “E”. diretos)
(C) … os noivos deveriam apresentar à autoridade…: apre-
194-) (POLÍCIA MILITAR/SP – SOLDADO PM DE 2ª sentar-lhe…
CLASSE – VUNESP/2013 - adaptada) Considere a passagem: (D) … além de aguardar denúncias…: além de aguardá
O problema foi na hora em que meu cunhado tentou -las…
virar a chave. Nada. Nem um barulhinho sequer. A bateria (E) Para burlar essas normas…: Para burlá-las…
entregava os pontos. Chamamos o guarda e comentamos
que, se deixássemos o automóvel ali, dificilmente retorna- RESPOSTA: “E”.
ríamos para resgatá-lo.
A forma pronominal -lo, em destaque, refere-se a 197-) (COREN/SP – TELEFONISTA – VUNESP/2013)
(A) automóvel. Quanto ao emprego ou não da crase, a frase está correta
(B) cunhado. em:
(C) barulhinho. (A) Muitos casais ficavam na igreja a espera da bên-
(D) problema. ção do padre.
(E) ali. (B) O casamento cristão na Colônia obedecia às nor-
mas impostas pelo Arcebispado da Bahia.
se deixássemos o automóvel ali, dificilmente retornaría- (C) Quem realizasse um casamento fora dos moldes
mos para resgatá-lo. (= resgatar “ele”, o automóvel). cristãos era condenado à uma pena severa.
(D) Nem todos os casais se obrigavam à buscar a bên-
RESPOSTA: “A”. ção.
(E) Mulheres brancas chegavam as terras brasileiras
195-) (POLÍCIA MILITAR/SP – SOLDADO PM DE 2ª para se casar com os homens brancos.
CLASSE – VUNESP/2013) Assinale a alternativa em que o
acento indicativo de crase está empregado corretamente. (A) Muitos casais ficavam na igreja a espera (à espera) da
(A) O executivo passou à trabalhar mais depois que foi bênção do padre.
promovido. (B) O casamento cristão na Colônia obedecia às normas
(B) A promoção não levou à um aumento significativo impostas pelo Arcebispado da Bahia.
no salário. (C) Quem realizasse um casamento fora dos moldes cris-
(C) Para melhorar sua renda, ele deverá dedicar-se à al- tãos era condenado à (a) uma pena severa.
gumas horas-extras. (D) Nem todos os casais se obrigavam à (a) buscar a bênção.
(D) Seus esforços estão direcionados à quitação da dí- (E) Mulheres brancas chegavam as (às) terras brasileiras
vida do MBA. para se casar com os homens brancos.
(E) Ele espera chegar à qualquer posição de prestígio
em alguns anos. RESPOSTA: “B”.

123
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

198-) (COREN/SP – TELEFONISTA – VUNESP/2013 200-) (DCTA – TECNOLOGISTA JÚNIOR [AERONÁU-


As concordâncias verbal e nominal estão de acordo TICA] – VUNESP/2013) Considerando-se o emprego do
com a norma-padrão da língua portuguesa em: pronome você, as formas verbais em – Vai, meu irmão/
(A) Haviam informações falsificadas inclusa no pro- Pega esse avião – estariam em conformidade com a
cesso. modalidade-padrão em
(B) O enfermeiro de plantão está quites com as (A) Vá/Pegue
obrigações da semana. (B) Vão/Peguem
(C) Ou se lutam pelas leis ambientais ou se instau- (C) Vá/Pegam
ram o caos no planeta. (D) Vão/Pegue
(D) Os dados que comprovam minhas hipóteses se- (E) Vão/Pegam
guem anexas ao processo.
(E) Vai fazer dois meses que enviei o comprovante O pronome de tratamento “você” corresponde, para
das inscrições anexo ao processo. conjugarmos os verbos, à terceira pessoa do singular. Para
conjugar no Modo Imperativo Afirmativo, basta “copiar-
(A) Haviam (havia) informações falsificadas inclusa (in- mos”, literalmente, do presente do Subjuntivo. Veja: Que eu
clusas) no processo. vá, que tu vás, que ele vá = Vá (você).
(B) O enfermeiro de plantão está quites (quite) com as Já para o verbo “pegar”, temos: que eu pegue, que tu
obrigações da semana. pegues, que ele pegue = Pegue (você)
(C) Ou se lutam (luta) pelas leis ambientais ou se ins- Vá / pegue.
tauram (instaura) o caos no planeta.
(D) Os dados que comprovam minhas hipóteses se- RESPOSTA: “A”.
guem anexas (anexos) ao processo.
(E) Vai fazer dois meses que enviei o comprovante das 201-) (DCTA – TECNOLOGISTA JÚNIOR [AERONÁU-
inscrições anexo ao processo. TICA] – VUNESP/2013 - ADAPTADA) Os versos do poe-
ma reescritos assumem versão correta quanto à coloca-
ção pronominal em:
RESPOSTA: “E”.
(A) Aos da pesada, não diga-lhes que lamentamo-
nos./ Me envie uma notícia boa.
199-) (COREN/SP – TELEFONISTA – VUNESP/2013)
(B) Aos da pesada, não diga-lhes que nos lamenta-
A forma verbal está de acordo com a norma-padrão da
mos./ Me envie uma notícia boa.
língua portuguesa em:
(C) Aos da pesada, não lhes diga que lamentamo-
(A) Ambientalistas interviram para defender seu
nos./ Envie-me uma notícia boa.
ponto de vista perante o Conama.
(D) Aos da pesada, não lhes diga que nos lamenta-
(B) Se os órgãos ambientais detessem os projetos
mos./ Envie-me uma notícia boa.
poluentes, a qualidade de vida da população melhora- (E) Aos da pesada, não lhes diga que nos lamenta-
ria. mos./ Me envie uma notícia boa.
(C) Se o abaixo-assinado online obtiver o alcance
desejado, os ambientalistas ficarão satisfeitos. Como os itens apresentam o mesmo texto, a alterna-
(D) Quando o governo propor multas pesadas aos tiva correta já indica as inadequações nas demais. Vale a
poluidores, diminuirão as infrações. dica: não se inicia um parágrafo com pronome oblíquo (Me
(E) Se o Conama ver a proposta do Proam, talvez a envie).
aceite.
RESPOSTA: “D”.
(A) Ambientalistas interviram (intervieram) para defen-
der seu ponto de vista perante o Conama. 202-) (POLÍCIA CIVIL/SP – INVESTIGADOR DE PO-
(B) Se os órgãos ambientais detessem (detivessem) os LÍCIA – VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta
projetos poluentes, a qualidade de vida da população me- quanto à pontuação e à colocação pronominal.
lhoraria. (A) Infelizmente, se transformou, o ímpeto de Ha-
(C) Se o abaixo-assinado online obtiver o alcance dese- gar, num passo lento depois que casamos.
jado, os ambientalistas ficarão satisfeitos. (B) Depois que casamos, infelizmente se transfor-
(D) Quando o governo propor (propuser) multas pesa- mou, o ímpeto de Hagar num passo lento.
das aos poluidores, diminuirão as infrações. (C) Infelizmente se transformou o ímpeto de Hagar
(E) Se o Conama ver (vir) a proposta do Proam, talvez num passo lento, depois que casamos.
a aceite. (D) Se transformou num passo lento, infelizmente,
o ímpeto de Hagar depois que casamos.
RESPOSTA: “C”. (E) Depois que casamos infelizmente transformou-
se num passo lento o ímpeto de Hagar.

124
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

Fiz as inclusões e assinalei (X) as exclusões de pontuação: 205-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ANALISTA
(A) Infelizmente ,(X) se transformou (ou: Infelizmente, DE SISTEMAS – VUNESP/2012) Observe as frases:
transformou-se) I. Alguns analistas sugerem que a atual súbita va-
(B) Depois que casamos, infelizmente se transformou, (X) o lorização das empresas de internet representa a mesma
ímpeto de Hagar num passo lento. “exuberância irracional” dos anos 90.
(C) Infelizmente se transformou o ímpeto de Hagar num II. Alguns analistas comentam de que a atual súbita
passo lento, depois que casamos. valorização das empresas de internet representa a mes-
(D) Se transformou (transformou-se) num passo lento, in- ma “exuberância irracional” dos anos 90.
felizmente, o ímpeto de Hagar ( , ) depois que casamos. III. Alguns analistas têm certeza que a atual súbita
(E) Depois que casamos ( , ) infelizmente transformou-se valorização das empresas de internet representa a mes-
(se transformou) num passo lento o ímpeto de Hagar. ma “exuberância irracional” dos anos 90.
Quanto à regência, está correto o contido em
RESPOSTA: “C”.
(A) I, apenas.
(B) III, apenas.
203-) (POLÍCIA CIVIL/SP – INVESTIGADOR DE POLÍCIA –
(C) I e II, apenas.
VUNESP/2013) Depois da Constituição, o Código Penal é a mais
importante peça jurídica. É ele que define os limites de fato _______ (D) II e III, apenas.
liberdade individual e estabelece quando o Estado está autori-
zado _____ exercer violência contra o cidadão, encarcerando-___. I. Alguns analistas sugerem que a atual súbita valoriza-
(Folha de S.Paulo, 17.06.2012. Adaptado) ção das empresas de internet representa a mesma “exube-
rância irracional” dos anos 90.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto II. Alguns analistas comentam de (X) que a atual súbita
são preenchidas, correta e respectivamente, com: valorização das empresas de internet representa a mesma
(A) à ... à ... o “exuberância irracional” dos anos 90.
(B) a ... a ... lhe III. Alguns analistas têm certeza (de) que a atual súbita
(C) a ... à ... o valorização das empresas de internet representa a mesma
(D) à ... à ... lhe “exuberância irracional” dos anos 90.
(E) à ... a ... o
RESPOSTA: “A”.
Define os limites para a liberdade, à liberdade / Autoriza-
do a exercer (verbo no infinitivo) 206-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ANALIS-
Encarcerando ele (objeto direto) = encarcerando-o TA DE SISTEMAS – VUNESP/2012) Assinale a alternativa
À / a / o. correta quanto à concordância, segundo a norma-pa-
drão da língua portuguesa.
RESPOSTA: “E”. (A) No fim dos anos 90, valorizou-se empresas vir-
tuais sem plano de negócio e sem nenhum lucro.
204-) (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) O ver- (B) Já fazem uns 20 anos que se viveu o auge da bo-
bo empregado no plural que também poderia ter sido fle- lha da internet, com supervalorização de empresas di-
xionado no singular, sem prejuízo para a correção, está em: gitais.
(A) Para o domínio desse jogo, especialistas dão instru- (C) Daquelas arapucas digitais dos fins dos anos 90
ções sobre ...
sobraram pouco investimento.
(B) Todos os jogos se compõem de duas partes ...
(D) Alguns analistas veem que existem novamente
(C) As vitórias no jogo interior talvez não acrescentem
empresas de internet com súbita valorização.
novos troféus ...
(D) Mas, por algum motivo, a maioria das pessoas têm (E) Veem-se novamente que circulam promessas de
mais facilidade para ... multiplicação bilionária do capital de empresas de alta
(E) ... todos os hábitos da mente que inibem a excelên- tecnologia.
cia do desempenho.
(A) No fim dos anos 90, valorizou-se (valorizaram-se)
(A) Para o domínio desse jogo, especialistas dão instruções empresas virtuais sem plano de negócio e sem nenhum lu-
= somente no plural cro.
(B) Todos os jogos se compõem de duas partes = somente (B) Já fazem (faz) uns 20 anos que se viveu o auge da bo-
no plural lha da internet, com supervalorização de empresas digitais.
(C) As vitórias no jogo interior talvez não acrescentem = (C) Daquelas arapucas digitais dos fins dos anos 90 so-
somente no plural braram (sobrou) pouco investimento.
(D) Mas, por algum motivo, a maioria das pessoas têm (D) Alguns analistas veem que existem novamente em-
= ou tem (concordar com “a maioria”) presas de internet com súbita valorização.
(E) ... todos os hábitos da mente que inibem = somente (E) Vê-se novamente que circulam promessas de multi-
no plural plicação bilionária do capital de empresas de alta tecnologia.

RESPOSTA: “D”. RESPOSTA: “D”.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA POLÍCIA MILITAR

207-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ANALISTA 210-) (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
DE SISTEMAS – VUNESP/2012) PE/2012) A forma verbal “têm” está no plural porque
Todas as pessoas envolvidas de alguma forma com o concorda com o antecedente do pronome relativo.
ensino já _______ de ouvir que os trabalhos escolares atuais
são feitos na base do copy e parte de trechos inteiros da Recorramos, novamente, ao texto: (...) o número de
Wikipédia. Não existe mais pesquisa, ninguém _________ domicílios que têm apenas telefone celular aumentou =
em aprender, tudo ______ a ficar no computador o dia in- domicílios “que/os quais” (pronome relativo) têm apenas
teiro… telefone celular aumentou.
(Galileu, outubro de 2010)
As lacunas do período devem ser preenchidas, corre- RESPOSTA: “CERTO”.
ta e respectivamente, com
(A) se cansaram … esforça-se … resume-se 211-) (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
(B) cansaram-se … esforça-se … resume-se PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o em-
(C) se cansaram … esforça-se … se resume prego do acento gráfico tem justificativas gramaticais
(D) cansaram-se … se esforça … resume-se diferentes.
(E) se cansaram … se esforça … se resume
Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona.
O advérbio “atrai” pronome oblíquo: já se; pronomes Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima
indefinidos também “atraem”: “ninguém se” e “tudo se”. sílaba é tônica, “mais forte”).
RESPOSTA: “E”. RESPOSTA: “ERRADO”.
208-) (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- 212-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2012) O acento grave, que é sinal indicativo de cra- PE/2012)
se em “acesso à Internet”, justifica-se porque a regência
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca
do termo “acesso” exige complemento antecedido pela
a totalidade do universo, toda a sociedade, a história,
preposição a e a palavra “Internet” está antecedida por
a concepção de mundo. É uma verdade que se diz so-
artigo definido feminino.
bre o mundo, que se estende a todas as coisas e à qual
nada escapa. É, de alguma maneira, o aspecto festivo
Explicação correta para justificar a ocorrência do acento
do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma espécie
indicativo de crase na expressão “acesso à Internet”.
de segunda revelação do mundo.
RESPOSTA: “CERTO”. Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
209-) (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
PE/2012)
A análise dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente
por Domicílios relativa ao ano de 2004 traz um resultado textual “O riso”.
surpreendente: em todas as faixas de renda, o número de
domicílios que têm apenas telefone celular aumentou. O Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie-
maior salto ocorreu nas faixas entre um e dois salários dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos
mínimos e entre dois e cinco salários mínimos: mais 7% relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
em cada uma delas. Entretanto, a presença unicamente
do celular também expandiu-se na menor faixa de renda RESPOSTA: “CERTO”.
(menos de um salário mínimo), mais 4%, e na maior faixa 213-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
de renda (mais de 20 salários mínimos), mais 0,32%. Em PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciên-
decorrência do fenômeno da expansão dos que só têm cia” recebem acento gráfico com base na mesma regra
celular — a taxa de penetração passou de 11,20%, em de acentuação gráfica.
2003, para 16,47%, em 2004 —, houve uma diminuição
dos telefones fixos. A presença do telefone fixo na casa Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária =
dos brasileiros caiu de 50,83% para 48,89%. paroxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona
Internet: <www.anatel.gov.br> (com adaptações) terminada em ditongo. Os três vocábulos são acentuados
Em “expandiu-se”, o pronome “se” indica que o sujei- devido à mesma regra.
to do período é indeterminado.
RESPOSTA: “CERTO”.
Voltemos ao texto: Entretanto, a presença unicamente do
celular também expandiu-se na menor faixa de renda = “a
presença unicamente do celular expandiu”. Sujeito simples.

RESPOSTA: “ERRADO”.

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