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Página123que coloca em co nflito a justiça contratual e o cumprimento pontual dos

contratos.○Já os juristas medievais se debruçavam sobre esta matéria, aceitando a alteração


dos termos do contrato, se ocorrer alteração das circunstâncias (por motivos
especiais)Exemplo: Alteração do frete marítimo3 por desvio da rota forçado, para t ransporte
de petróleo.•Os princípios não são suficientes para a resolução de questões jurídicas, pois é
necessário harmonizar as exigências de diferentes pessoas, d aí que se afirme que os princípios
carecem de aplicação, a cabo da norma ou do intérprete aplicador;•Podem existir sub-
princípios, que visam garantir a convivência social, através da publicidade registal (ex: registo
predial), qu e é uma concretização do princípio da tutela da confiança;•As regras aplicam-se
através de mecanismos de subsunção (relação causa-efeito), reconduzindo a situação de facto
à sua consequência. As normas recortam co m clareza a previsão e as situações de facto.
Nos princípios, requerem-se ponderações cuidadosas valoradas;•Os princípios jurídicos podem ser:3
O frete marítimo representa o montante re cebido pelo armador como remuneração pelo
transporte da carga.

Página124○Inerentes à n oção de Direito (princípios fundamentais do Direito universalmente


válidos, supra-positivos (anteriores a qualquer actividade de positivação), que não carecem de
tutela do legislador);○Contingentes que não têm uma filiação directa com a noção de Direit o,
diferentes nos diversos países.Exemplos: •Publicidade dos actos relativos a bens imóveis (nem
sempr e existiu e não existe noutras ordem jurídicas estrangeiras);•Causalidade na transferência
de bens móveis e imóveis (n.º1 do art. 408º do C.C.) – realização de um contrato (acordo
de vontades formal), atendendo aos regi stos formais exigidos, independentemente da
transmissão física. O princípio da causalidade encontra-se consagrado no ordenamento jurídico
português, mas não na ordem jurídica alemã ou brasileira (assenta no princípio da
transferência física).

Página125•Os princípios fundamentais tendem a ser aplicados com a evolução do tempo,


apesar da sua consagração ser anterior. No caso dos princípios gerais do Direito, não há
razão para serem universais e ajudam a criar a integridade da ordem jurídica;•Os princípios
constituem fontes de Direito a que o intérprete aplicador recorre na ausência de Lei.
Apresentam um conteúdo material indefinido, mas também podem ser metodológicos, dizendo
ao int érprete aplica dor como deve agir.INTRODUÇÃO AO DIREITO I(Segunda-Feira, 14 de Dezembro
de 2009 – 1 4H-15H30 – Teórica)➢Fontes de Direito•Expressão analógica que significa “de onde
brota do Direito”, qual a sua origem, em cada momento histórico; critérios de concretização do
Direito;•Elenco de Fontes de Direito: Jurisprudência, Acórdãos Uniformizadores de
Jurisprudência (equiparados aos assentos do STJ) e Doutr ina subordinam-se ao Costume e à
Lei;•O elenco de fontes do Direito difere de acordo com a noção de Direito que
tenhamos. A determinação dos modos de formação do Direito não pode ser satisfeita pelo
legislador;•A Lei elenca um conjunto de fontes d e Direito nos primeiros artigos do Código
Civil. O facto de existir uma Lei a indicar as fontes do Direito Português não implica que
não existam outras, consideradas pelo intérprete aplicador. Se nos
Página126restringirmos à Lei, entendemos que esta será a fonte primordial do Direito, à
qual as outras se subordinam. A matéria de fontes de Direito transcende aquilo que é
manifestado p or um sistema jurídico positivado;•Se considerarmos que é apenas Dir eito tudo
o que é legal, en tão o legislador determina o que é Direito, de acordo com a sua
vontade de produção de normas;•Os primeiros artigos do Código Civil constitu em normas
sobre normas (ou de 2.º grau), pois são normas sobre factos normativos, sobre o modo
de reconhecimento das fontes de Direito. Também designadas normas secun dárias ou
prévias. Apresentam-nos um elenco de fontes formais (ou em sentido formal) reconhecidas
pela ordem jurídicas como tal. A abordagem do Código Civil sobre esta matéria revela-se
insuficiente, mas não irrelevante. Assim, o costume não constitui fonte formal de Direito,
mas tem uma justificação para ser considerada como fonte;•Fontes materiais (ou em sentido
material) do Direito – decorrem de circunstâncias de facto que determinam a existência de
normas jurídicas. Por exemplo, a ruptura política de 1974 influenciou a CRP de 1976.
Disciplinas como a Sociologia, a Polít ica, a Economia e a Cultura ajudam à formação do
ordenamento jurídico de uma comun idade, modelando o conteúdo das normas;•Uma teoria
normativa / legalista sobre a matéria de fontes implica um recurso ad infinitum
insustentável. Para quebrar o r ecurso ad infinitum, poder-se-ia afirmar qu e é norma jurídica
a vontade da maioria. Todavia, os primeiros artigos do Código Civil não d ecorreram

Página127de uma vontade política expressa da maioria. Por outro lado, também a vontade
da maioria não é um critério último daquilo que vale como Direito, por isso a aprovação
de um modo de formação como fonte de Direito não é suficiente para a
legitimar;•Existem fontes de Direito não positivadas:Costume;Princípios fundamentais inerentes
ao Direito.•É inviável o legislador ter a últ ima palavra sobre quais as fontes de Direito. O
legislador é limitado por princípios fundamentais do Direito (Direito Natural suprapositivo),
não p odendo, por isso, dispor das fontes de Direito arbitrariamente (determinar
unilateralmente uma fonte de Direito);•O Dir eito n ão é imutável, daí oque tenhamos de
identificar bem as fontes de Direito:Lei;Costume

Lei;Costume;Jurisprudência;Doutrina;Acórdãos Un iformizadores de Jurisprudência


(equiparados aos assentos do Supremo Tribunal de Justiça) – decisões sobre uma questão
jurídica, v inculativas para todos os tribunais;Usos•Fontes voluntárias (ou intencionais) ≠ Fontes
involuntárias (ou não intencionais)Fontes voluntárias – existe uma vontade de produção de
Direito (ex: Lei, Jurisprudência, Doutrina);Fontes involuntárias – não existe uma intenção
relevante de produção de D ireito

Página128(ex: Costume, Princípios Fundamentais do Direito).•Fontes imediatas (ou formais) ≠


Fontes mediatas (ou materiais)Fontes ime diatas – constituem, por si, Direito. A lei é vista
como uma fonte imediata do direito, para alguns autores ela é a única fonte imediata
admissível.Fontes mediatas – só constitu em Direito por força das fontes imediatas (ex: Usos)•No
art. 2º do C.C., encontramos uma referência às «normas corporativas» que, naturalmente, não
apresentam qualquer con otação com o “Estado Corporativo”, depois da Consti tuição da
República Por tuguesa de 1976. De qualquer modo, dada a relação, por muitos, efectuada,
atentemos nas explicações que se seguem:Com efeito, como r efere Oliveira A scensão, em O
Direito, Introdução e Teoria Geral, 13ª ed., pá g. 288, reportando-se à referência feita no art.
2º do CC, a expressão “ «normas corporativas» continua a ser utilizável hoje para a determinação
do papel das fon tes in stitucionais do direito. As ordens profissionais, por exemplo,
produzem regras, pelas quais disciplinam toda a categoria respectiva. Essas regras são
reconhecidas pelo poder público; e no entanto não são regras do Estado, são regras de
produção dos próprios interessados”.No mesmo sentido se pronuncia Freitas do Amaral,
Manual de Introdução ao Direito, vol. I, pág. 527, o qual especificamente inscreve no campo
das “normas corporativas”, co mo fonte de direito, os “ estatutos e os regulamentos internos
das organizações privadas i nternacionais, como

Página129por ex., as grandes federações desportivas mundiais (a FIFA, a UEFA, etc.) ” ou os


“estatutos e os regulamentos internos das org anizações privadas nacionais”.•Costume – prática
de uma conduta social reiterada e constante, acompanhada de uma convicção de
juridicidade. Depende, por isso, de uma vontade objectiva da comunidade.Fonte privilegiada de
Direito, que exprime directamente a ordem social, sem necessidade de qu alquer au toridade
/ acto positivo;Harmonizado com aquilo que as pessoas sentem como justo, ao contr ário
do que se pode passar com a Lei;Os totalitarismos surgiram de uma manipulação da Lei e não do
Costume;Existe a possibilidade de existência d e costumes desadequados, devido a uma
errada convicção / consciência social generalizadaO costume é constituído por dois
elementos essenciais que devem estar sempre presentes sob pena de não ser costume: •Corpus
(prática social reiterada); •Animus (convicção de juridicidade4 d a prática social reiterada);O
costume não vigora com consagração legal, sendo por isso independente desta. Só se admitiria
o inverso se se pudesse determinar a superioridade da Lei face ao costume. Não depende
da imposição do 4 Convicção de juridicidade e não de obrigatoriedade, pois existem costumes
permissivos.

Página130poder político, que não p ode sancionar quem não o pratica, já que o cost ume
é observado e não depende da coercibilidade;O costume n ecessita de ser racional para ser
fonte de Direito?•Tem de ser conciliável com a juridicidade, apesar de não ser forçado, isto é,
surgir espontaneamente;•Fala-se do requisito da racionalidade, para evitar a p ermanência de
costumes irracionais;•Com o Marquês de Pombal, apenas eram atendíveis costumes conformes
com a Boa Razão. O mesmo sucede com a Lei, que tem de ser conforme com um mínimo
de racionalidade;•Não é um requisito autónomo, é u ma exigência.Valia prática do costume•O
costume tem uma importância maior àquela que lhe atribuímos. Durante muito tempo, houve
pouco espaço para a consagração do costume;•Há muitas normas jurídicas qu e se fundam na
Lei, mas t ambém no costume – normas com dupla fonte, duplo fundamento com
reconhecimento social pelo costume;•Constitui a fonte primária de Direito dos não jurista

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