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Considerações (Robert Alexy)

I – As regras contém “mandamentos definitivos”, ao contrário dos princípios que


são “mandamentos de otimização”. Portanto, enquanto o princípio contém um comando
apenas “prima facie”, as regras contém um comando que deve ser aplicada na medida
exata de suas prescrições. Em outras palavras, aquilo que a regra prevê não deve
ser aplicado “mais ou menos”.

II – Enquanto os princípios obedecem à lógica do “mais ou menos”, as regras


obedecem a lógica do “tudo ou nada” (Ronald Dworkin).

CF, art. 14, § 3º: “São condições de elegibilidade, na forma da lei: (...) VI - a
idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
República e Senador; (...)”. Se o candidato não tiver trinta e cinco anos na data
da posse, não tem condição de elegibilidade (não pode se candidatar).

FONTE: MARCELO NOVELINO

A doutrina alemã divide o princípio da proporcionalidade em três máximas parciais


ou subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.

2.1. Adequação

A adequação traduz a relação entre meio adotado e o fim pretendido com a adoção da
medida. Assim, o meio deve ser apto para o alcance da finalidade pretendida. O
Judiciário apenas intervém nos casos em que a medida for inequivocamente
desproporcional, pois não pode imiscuir-se em atividades dos poderes públicos para
determinar qual seria a melhor medida.

Nessa linha de pensamento está a doutrina do processualista Fredie Didier Júnior


(2007, p. 36), para quem o princípio da adequação busca verificar se a medida
empregada representa o meio certo para levar a cabo um fim almejado, sendo esta
verificação uma das mais importantes etapas de aplicação do princípio da
proporcionalidade. Barroso (2010, p. 260) concorda com esse pensamento, afirmando
que a adequação consiste na “idoneidade da medida para produzir o resultado
visado”.

2.2. Necessidade

A necessidade é igualmente denominada de exigibilidade ou princípio da menor


ingerência possível. Aqui, o meio utilizado deve ser o menos gravoso possível.
Desta forma, a norma de solução apenas será legítima se o conflito for real, não
havendo a possibilidade de estabelecer uma forma de convivência simultânea das
normas em conflito.

Barroso (2010, p. 260) fala em necessidade ou exigibilidade da medida, “que impõe


verificar a inexistência de meio menos gravoso para a consecução dos fins visados”.

2.3. Proporcionalidade em sentido estrito

Também denominado de ponderação de interesses, esta máxima parcial preconiza que o


juiz, para solucionar o conflito existente entre as normas, deverá verificar qual
delas deverá prevalecer no caso concreto. Assim, a aplicação de um juízo de
ponderação de interesses volta-se precipuamente para a análise do caso concreto e
constitui-se em eficiente mecanismo de legitimação das decisões judiciais.

Quanto a esse subprincípio, afirma Barroso (2010, p. 260):

Por fim, a razoabilidade deve embutir, ainda, a ideia de proporcionalidade em


sentido estrito, consistente na ponderação entre o ônus imposto e o benefício
trazido, para constatar se a medida é legítima. Se o Poder Público, por exemplo,
eletrificar certo monumento de modo a que um adolescente sofra uma descarga
elétrica que o incapacite ou mate quando for pichá-lo, a absoluta falta de
proporcionalidade entre o bem jurídico protegido – o patrimônio público – e o bem
jurídico sacrificado – a vida – torna inválida a providência.

a) correção funcional permite o ajustamento, a revisão e a


correção das competências funcionais constitucionalmente
estabelecidas.

INCORRETA. A correção funcional é um princípio no qual a norma deve ser


interpretada no sentido de que todos os órgãos devem estar atentos aos limites de
suas competências. Assim, um órgão não está autorizado a usurpar as atribuições que
não lhe foram entregues. Parece óbvio, mas há algumas normas que em seus sentidos
permitem a ingerência de alguns órgãos em outros. Não se confunde com "as
competências funcionais constitucionalmente estabelecidas" porque, de acordo com a
classificação doutrinária dos órgãos públicos, APENAS OS ÓRGÃOS INDEPENDENTES
possuem atribuições previstas na Constituição (Tribunais de Contas e Ministério
Público, p. ex.). Os demais órgãos possuem competências infraconstitucionais, mas
nem por causa disso deixarão de ter eventuais conflitos dirimidos pelo princípio da
correção funcional.

b) eficácia integradora visa a favorecer a integração social e a


unidade política, no construir de soluções para os problemas
jurídico-constitucionais. CORRETA. A interpretação da constituição deve buscar
integração das forças políticas do Estado, mas não deve servir de desagregação das
instituições da Constituição. Assim, a interpretação que melhor agregue sincronia
entre as instituições deverá prevalecer.

c) correção funcional impõe interpretar a lei cujo sentido


originário contrarie a Constituição, de forma a corrigir sua
função no ordenamento jurídico. INCORRETA. Conforme exposto na assertiva da letra
"a".

d) concordância prática determina que nas diversas exegeses


constitucionais seja preferida aquela que atenda a reserva do
possível. INCORRETA. A doutrina não é unânime quanto ao significado desse
princípio. Para K. Hesse, há três vetores cumulativos para que este princípio seja
respeitado: adequação, necessidade e proporcionalidade. Mas, para a maioria, nesse
princípio os direitos fundamentais e valores constitucionais deverão ser
harmonizados, por meio de juízo de ponderação que vise preservar e concretizar ao
máximo os direitos e bens constitucionais protegidos.

Mas o final da assertiva não aponta para nenhuma dessas conclusões. Ao contrário,
ela aponta para o princípio ou "Teoria da Reserva do Possível" e é oriunda do
direito alemão. Em última instância, podemos resumi-la na fórmula para aferir a
existência de recursos econômicos para a realização de alguma atividade estatal.
Como se pode ver, em nada guarda relação com a concordância prática.

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