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Seguranca Viaria Adamo PDF
Seguranca Viaria Adamo PDF
www.fundacionmapfre.org
Paseo de Recoletos, 23 DE MEDIDAS DE
28004 Madrid SEGURANÇA VIÁRIA
Edição ampliada
e revisada
LIVRO:
La Seguridad Vial en las Empresas. Programas internacionales de Promoción
El Manual de Medidas de Seguridad Vial
ESTUDOS:
Estudio del Servicio del Transporte Escolar en las ciudades de Bogotá D.C. y Medellín
Informe sobre la seguridad de los motociclistas en Latinoamérica
Las cefaleas, un riesgo para la conducción
El día después de los accidentes de tráfico: perspectivas de las víctimas
Tramos blancos de carreteras
Evolución de los sistemas de seguridad entre 2006 y 2011
Asientos de seguridad para Niños. Situación en Iberoamérica y El Caribe
Prioridades en España en la seguridad de los peatones: niños, adultos y mayores
Inspección de seguridad vial en centros escolares
Los niños con necesidades especiales y su seguridad en el vehículo
Recomendaciones de Seguridad Vial en el transporte de personas con discapacidad
POR
Rune Elvik
Instituto de Economia dos Transportes, Oslo (Noruega)
Alena Høye
Instituto de Economia dos Transportes, Oslo (Noruega)
Truls Vaa
Instituto de Economia dos Transportes, Oslo (Noruega)
Michael Sørensen
Instituto de Economia dos Transportes, Oslo (Noruega)
Coordenação editorial: Ángela Sordo, Cristiane Kanashiro, Daniel Nicolás e Maria de Fátima Mendes de Lima
Tradução: Linguae – Personal Language Institute Serviços de Idiomas LTDA. - ME
Fotomecânica e fotocomposição: DiScript Preimpresión, S. L.
Impressão e encadernação: Duograf Grafica e Editora Ltda
Design da capa: Fundación MAPFRE e DiScript Preimpresión, S. L.
© 2014 Trafikksikkerhetshåndboken
Transportøkonomisk institutt
Gaustadalléen 21
0349 Oslo, Norway
(http://tsh.toi.no/)
Os editores, que fizeram todo o possível para identificar os proprietários dos direitos intelectuais das reproduções
contidas neste livro, pedem desculpas por possíveis erros ou omissões. Qualquer forma de reprodução, distribuição,
comunicação pública ou transformação desta obra só pode ser realizada com a autorização dos proprietários, salvo
exceção prevista por lei.
A Fundación MAPFRE, sempre dentro dos limites previstos pela legislação vigente, não se responsabiliza de modo
algum por lesões, danos ou prejuízos causados em consequência da imprecisão dos textos, ilustrações ou outros
conteúdos deste livro a pessoas ou coisas como resultado de qualquer propósito maldoso real ou suposto, aos direitos
de propriedade intelectual e industrial ou direitos de privacidade e que sejam consequência da negligência ou da
implantação de ideias, instruções, procedimentos, produtos ou métodos incluídos neste livro.
A Fundación MAPFRE não necessariamente compartilha as opiniões e conteúdos autorais que o leitor encontrará
nestas páginas.
ISBN: 978-84-9844-566-4
Em 2013 a Fundación MAPFRE acertou em publicar a segunda edição do Manual Norueguês de Medidas de
Segurança Viária, elaborado pelos pesquisadores Rune Elvik, Alena Høye, Truls Vaa e Michael Sørensen, do
Instituto de Economia do Transporte da Noruega (Transportøkonomisk Institutt, TØI, www.toi.no). E digo
acerto porque se trata de uma obra única em muitos sentidos. Em primeiro lugar pela enorme quantidade de
informações que ele reúne: são décadas de trabalho realizado com o máximo rigor e critério científico resu-
midas em uma obra que agora também está ao alcance de todos os falantes da língua portuguesa.
Em segundo lugar porque é um livro que não passará despercebido por nenhum especialista. É uma obra
que se transformou em referência de trabalho, pessoal e coletivo, no campo da segurança viária no mundo.
Para os felizardos que dispõem de um exemplar, é comum iniciar a abordagem de qualquer novo desafio em
segurança viária com a pergunta “O que diz o manual norueguês?”. Uma das experiências mais gratificantes
de termos feito sua tradução para o espanhol é entrar no escritório de muitos responsáveis pela segurança
viária em países hispânicos e encontrar em cima da mesa (e cheia de post-its ou de outros tipos de anotação)
esta versão realizada pela Fundación MAPFRE.
A edição que hoje apresentamos também é especial porque oferece a seus leitores a versão mais atualizada do
manual original, traduzida para o português diretamente da versão online em norueguês. Portanto, estamos
proporcionando aos leitores de língua portuguesa o acesso à vanguarda do conhecimento mais atualizado
sobre medidas de segurança viária em nível mundial. Estima-se que haja mais de 215 milhões de pessoas que
falam português, a sexta língua materna mais falada no mundo e a terceira com alfabeto latino depois do es-
panhol e do inglês (sendo que estes dois últimos idiomas já contam com suas respectivas versões do manual).
Quero expressar meu agradecimento aos gestores e pesquisadores do Instituto de Economia do Transporte,
começando por seu Diretor Geral, Gunnar Lindberg, por todas as facilidades que nos ofereceram para a
edição deste livro. Nossa admiração por sua contribuição para a segurança viária internacional é profunda
e sincera. Também quero dar os parabéns à equipe da Fundación MAPFRE no Brasil e na Espanha por sua
extrema dedicação em coordenar um trabalho editorial tão ambicioso como este e conclui-lo com sucesso.
Por fim, quero animar o leitor desta obra dizendo que não considere seu conteúdo como algo final, mas sim
como um começo: a base para agir com segurança viária do modo mais científico e eficiente possível. Desfrute
a leitura e lembre-se que todos somos parte ativa do “Objetivo Zero Vítima”.
Este manual é a tradução da edição norueguesa online do livro. O trabalho neste livro começou muitos anos
atrás, em 1980, e desde então o manual tem sido continuamente atualizado e expandido. O manual foi publi-
cado em norueguês em 1982, 1989, 1997 e 2012, e uma versão completamente atualizada está sempre dispo-
nível gratuitamente online em norueguês no site do Instituto de Economia do Transporte (http://tsh.toi.no/).
Esta é a primeira versão do manual em português. Ele também já foi publicado em finlandês (1993), russo
(1997 e 2000), inglês (2004 e 2009) e espanhol (2006 e 2013).
Durante todo este período de 1980 até agora, o empenho em desenvolver e atualizar o livro foi financiado
pelo Ministério de Transportes e Comunicação da Noruega e pela Agência Nacional de Administração de
Vias Públicas da Noruega. O Instituto de Economia do Transporte (TØI) gostaria de agradecer a estas insti-
tuições por seu apoio financeiro e por seu comprometimento de longo prazo com os esforços para esta pes-
quisa. Sem a edição original em norueguês, a presente versão em português nunca poderia ter sido produzida.
A publicação e o trabalho com a versão em português do manual e também com as versões anteriores
em espanhol foram realizados e custeados pela FUNDACIÓN MAPFRE. Sem o trabalho e os recursos
financeiros da FUNDACIÓN MAPFRE as versões em português e em espanhol nunca poderiam ter sido
realizadas. Nós no TØI ficamos muito contentes com isso e queremos agradecer à FUNDACIÓN MAP-
FRE por este empenho gigantesco.
Esta edição é o resultado do esforço coordenado dos pesquisadores Alena Høye, Rune Elvik, Michael W. J.
Sørensen e Truls Vaa, todos membros do TØI. Os pontos de vista expressos no livro são os pontos de vista
dos autores e não necessariamente refletem as posições das agências financiadoras. Erros e omissões, se hou-
ver, são de responsabilidade exclusiva dos autores.
Gunnar Lindberg
Diretor Geral
Instituto de Economia do Transporte (TØI)
Conteúdo
51 4 Panorama técnico
51 4.1 Alguns problemas básicos em pesquisa de segurança
viária
51 4.2 Causas de acidentes ou fatores de risco?
55 4.3 Acidentes de trânsito como problemas independentes:
teorias de equilíbrio de riscos e adaptação
comportamental
59 4.4 A segurança e insegurança do usuário: um problema
com muitas faces
61 4.5 Acidentes e índices de risco como alvo de segurança
viária
64 4.6 Princípios para a melhoria da segurança viária
135 1.6 Rotatórias
139 1.7 Mudanças no projeto geométrico nos cruzamentos
143 1.8 Divisão de uma intersecção em X em duas intersecções
em T (intersecções alternadas)
146 1.9 Interseções em desnível
151 1.10 Melhoria de pontos críticos
156 1.11 Melhoria da seção transversal das vias
169 1.12 Melhorias da lateral da via
175 1.13 Melhoria do alinhamento e da visibilidade das vias
192 1.14 Melhoria geral das rodovias já existentes
194 1.15 Barreiras de proteção e atenuadores de impacto
204 1.16 Medidas contra acidentes envolvendo animais
215 1.17 Medidas em curvas horizontais
220 1.18 Iluminação viária
228 1.19 Segurança nos túneis
232 1.20 Áreas de Parada e Serviços
235 1.21 Canteiro central
240 1.22 Rodovias 2 + 1
244 Referências
Introdução
1 Contexto e guia de leitura
• Que medidas podem ser utilizadas para reduzir os capítulos são divididos em subcapítulos. O primeiro
acidentes de trânsito e/ou a gravidade de danos subcapítulo é uma visão geral de comentários sobre
nesses acidentes? as medidas do capítulo. Cada um dos outros subca-
• Para quais problemas e tipos de danos servem as pítulos descreve uma série de medidas de segurança
diferentes medidas? no trânsito. Esses capítulos podem ser lidos sepa-
• Quais são os efeitos de cada uma, em particular radamente. Os dez capítulos da Parte 2 descrevem
sobre acidentes e danos, de acordo com pesquisas um total de 142 medidas de segurança viária nas
norueguesas e no exterior? seguintes áreas:
• Quais são os resultados sobre a mobilidade e o
meio ambiente? 1. Projeto e equipamentos viários
• Com que frequência se utilizam as diferentes me- 2. Operação e manutenção de vias
didas de segurança viária na Noruega atualmen- 3. Regras de trânsito
te? Quanto custa para serem realizadas? 4. Técnicas de direção e proteção pessoal
• É possível avaliar o custo-benefício de cada me- 5. Inspeção veicular e oficinas autorizadas
dida individualmente? Quais trazem os maiores 6. Requisitos para os condutores, educação do
benefícios para a segurança viária em relação aos condutor e do condutor profissional
próprios custos? Quais medidas trazem os maio- 7. Educação de usuários das vias e informações
res benefícios globais para a segurança viária, a 8. Controle e sanções
mobilidade e as condições ambientais em relação 9. Primeiros socorros e tratamento médico
aos custos? 10. Questões principais
• De quem é a responsabilidade de aprovar dife-
rentes normas de segurança viária na Noruega? A Parte 3 contém explicações das palavras, símbo-
Como a responsabilidade formal é dividida entre los e abreviaturas utilizadas no livro.
os órgãos públicos?
• Qual é o procedimento de sua implementação na Cada um dos capítulos que descreve uma série de
Noruega? medidas de segurança viária na Parte 2 do livro foi
escrito com uma mesma disposição para aumentar
Nem todas estas perguntas são fáceis de responder. o panorama e facilitar a comparação entre elas. Os
Nem sempre se pode dar uma resposta precisa e capítulos são divididos em seções fixas, brevemente
correta. Por exemplo, os resultados variam de lugar descritas abaixo:
para lugar, dependendo da concepção da medida,
do número de acidentes na região, quais outras me- Problemas e objetivos. Esta seção descreve o pro-
didas também foram implementadas ali, etc. Por blema de segurança viária que a medida se desti-
isso, várias pesquisas sobre a mesma medida podem na a corrigir ou atenuar. Um problema pode ser,
dar resultados diferentes. Neste livro, com base em por exemplo, alto índice de acidentes, alto risco
pesquisas norueguesas, estrangeiras e outras expe- de acidentes ou ferimentos graves. Ou, ainda, se-
riências, tentamos oferecer as respostas mais repre- gundo os acidentes com vítima registrados, não
sentativas possíveis para as perguntas acima. são os condutores, mas sim os pedestres e ciclis-
tas as maiores vítimas. Eles também muitas vezes
1.3 A estrutura do livro são mais gravemente feridos do que o condutor.
As descrições dos problemas de segurança viária
O índice está organizado em três partes: Geral (par- sobre os quais as medidas deverão atuar estão do-
te I), Medidas e efeitos reais (parte II) e Definições cumentadas, dentro do possível, em termos de nú-
e explicações (parte III). Cada parte pode ser lida mero de acidentes e risco de acidentes. Mas nem
separadamente. Os capítulos de cada uma delas todas as questões de segurança viária podem ser
também são independentes. apresentadas numericamente a pleno contento.
Podem existir aspectos de difícil estimativa numé-
A Parte 1 descreve o objetivo e a estrutura do li- rica. Nisso se incluem, por exemplo, problemas
vro; como ele surgiu; acidentes e riscos no trânsito; como insegurança e ansiedade, que alguns usuá-
a perspectiva profissional; teorias e métodos na pes- rios da via podem experimentar.
quisa de segurança viária e a aplicação do livro.
Muitas soluções de segurança são destinadas a
Na Parte 2 são descritos os meios de atuação e as questões locais, ou seja, problemas de acidentes que
medidas para a melhoria da segurança viária. Os dez podem ser claramente delimitados no tempo e no
Parte I: 1. Contexto e guia de leitura 5
espaço. Mas isso não se aplica a todas as medidas. Provavelmente dar-se-á mais ênfase aos diferentes
Algumas são destinadas a questões mais generaliza- impactos de medidas relativas às condições am-
das, como informação e educação. É difícil determi- bientais. Tais efeitos incluem poluição em sentido
nar exatamente quantas ocorrências serão beneficia- amplo, como, por exemplo, a poluição sonora.
das por elas. Todas as medidas de segurança viária Grandes intervenções paisagísticas e mudanças na
concretas discutidas na Parte 2 do livro têm como utilização das áreas também devem ser considera-
objetivo principal a melhoria da segurança viária. das como impactos ambientais importantes. Parte
Algumas medidas podem ter objetivos tão impor- das normas de segurança viária pode ter implica-
tantes quanto a melhoria do trânsito. Isso inclui a ções nas condições ambientais. Estes impactos são
melhoria das vias, em que o aperfeiçoamento de fa- discutidos porque devem passar por uma avaliação
tores como acessibilidade/mobilidade e ambientais social que determinará se são ou não desejáveis. A
são metas importantes. discussão baseia-se, dentro do possível, no catálo-
go de medidas para o transporte, meio ambiente
Descrição das medidas. Esta seção fornece informa- e clima (anteriormente conhecido como “manual
ções sobre como o projeto foi concebido, em que a ambiental”).
medida se baseia e com qual frequência é utilizada
na Noruega hoje. Normalmente são fornecidas des- Também as condições sociais podem ser afetadas
crições técnicas detalhadas. por alterações na segurança viária. Por exemplo, o
contato entre vizinhos será afetado se for construída
Impacto sobre os acidentes. Uma importante seção uma rodovia entre eles. Fatores relacionados com
em cada capítulo trata dos resultados comprovados a estabilidade no trânsito e o ambiente de trabalho
das medidas contra acidentes e eventuais danos. Os para os condutores profissionais também podem ser
efeitos comprovados são apresentados como uma considerados como condições ambientais, em um
variação porcentual de acidentes ou ferimentos. Em sentido mais amplo.
alguns casos, o impacto de uma medida é descrito
sob a forma de uma função, como, por exemplo, Custos. O custo de cada medida é fornecido. Estas
mostrando a quantidade de acidentes alterados por informações são recolhidas parcialmente com base
diferentes extensões da medida. Para as medidas nos orçamentos e nas contas públicas e também a
para as quais não há estudos que tenham surtido partir de relatórios de pesquisa e junto aos fabri-
efeito no número de acidentes ou feridos, seu im- cantes ou fornecedores de itens de segurança. Boas
pacto é discutido de outra maneira. estimativas de custo nem sempre são fáceis de en-
contrar. O orçamento do governo normalmente não
Muitas das estatísticas sobre os efeitos no número está configurado para que despesas específicas de
de acidentes apresentados são imprecisas. As prin- segurança viária sejam relatadas de forma indepen-
cipais razões de imprecisão em cada situação são dete. Como regra geral, existem apenas as despesas
mencionadas. Nos capítulos 3 e 5 da parte geral do de um grupo de medidas no orçamento público e na
Manual de Segurança Viária são discutas mais de- contabilidade.
talhadamente as fontes de imprecisão existentes e
como elas devem ser consideradas. Os custos da produção em série de componentes
automotivos, como, por exemplo, cintos de se-
Impacto sobre a mobilidade. Além do impacto gurança, geralmente são desconhecidos. Em vez
sobre os acidentes e as lesões, muitas medidas de disso, informa-se o preço de varejo desses equi-
segurança viária também têm efeitos sobre a mo- pamentos tal qual são vendidos pela indústria de
bilidade e a acessibilidade. Mobilidade significa as autopeças. Estes preços de varejo podem ser sig-
oportunidades de viagem existentes. Acessibilidade nificativamente maiores do que os custos de pro-
é o tempo que se leva para ir de A a B e pode ser dução, mas ainda assim dão uma idéia do custo do
melhorada com a diminuição da extensão da via ou equipamento.
o aumento da velocidade. Melhor acessibilidade é
uma importante meta para muitas medidas. Avaliações de custo-benefício. Os efeitos dos aci-
dentes têm impacto sobre ambos acessibilidade e
Impacto sobre o meio ambiente. Os problemas meio ambiente, e os custos para a implementação
ambientais associados ao tráfego rodoviário têm das medidas ambientais variam consideravelmente.
recebido maior atenção nos últimos anos. Isto As medidas não proporcionam benefícios iguais em
se aplica em especial aos problemas de poluição. relação aos custos.
6 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A seção sobre avaliação do custo-benefício mostra a • Empírica: Se for feito B, o resultado será A.
fundamentação individual das medidas e seus efei- • Prescritiva: Deve-se fazer B.
tos. Para projetos em que os efeitos não são sufi-
cientemente bem documentados, não se podem for- Afirmações normativas sobre o que é certo e o que é
malizar avaliações de custo-benefício. Para os bem errado são questões de cunho moral. A maioria das
documentados é, de certa forma, possível avaliar. pessoas provavelmente concordaria, em geral, com
o que é uma boa coisa para melhorar a segurança
Os custos dos acidentes, custo de tempo e custos no trânsito. Apresentar uma afirmação normativa
ambientais podem variar muito ao longo de um pe- ou formular metas, no entanto, é uma questão de
ríodo; portanto, uma relação custo-benefício mais política. Não é tarefa da pesquisa. Isso significa que
antiga não é representativa dos custos atuais e de a pesquisa não tem nada a dizer sobre questões nor-
avaliações econômicas de intervenções e os efeitos mativas? Não. Suponha considerar enunciados nor-
das ações. Os resultados de custo-benefício de ou- mativos que dizem respeito à sua própria consistên-
tros países também são difíceis de serem transferi- cia lógica, que concernem à área da pesquisa, como,
dos para condições norueguesas. Em muitos capí- por exemplo, uma meta que oferece a todos menor
tulos são, portanto, mostrados exemplos numéricos risco do que a média é rejeitada como logicamente
que representam os custos e benefícios das medidas inconsistente. Afinal, não é possível que todos este-
na Noruega atual. Tais análises são discutidas no jam mais seguros do que a média pela própria defi-
Capítulo 6 da parte geral do Manual de Segurança nição de média.
Viária.
A pergunta a ser respondida no Manual de Seguran-
Responsabilidade formal e procedimento. Esta se- ça Viária é se as medidas são eficazes na melhoria
ção descreve quem toma ou pode tomar iniciativa da segurança viária. Esta é uma questão puramente
de uma medida, quais são os requisitos formais e empírica. O livro descreve, da maneira mais objetiva
os procedimentos relativos à sua introdução e quem possível, o conhecimento existente sobre medidas
é responsável por sua implementação, incluindo de segurança viária. O que isso significa? Como se
quem arcará com seus custos. As regras de respon- pode afirmar que o conhecimento é objetivo? Obje-
sabilidade formal e procedimento podem ser com- tividade não pode ser medida numericamente, ain-
plicadas para algumas medidas. A descrição mostra da assim é um ideal de pesquisa que aqui se tenta
um padrão principal, mas nem sempre traz todos os alcançar das seguintes maneiras:
detalhes.
• apresentando-se conhecimento baseado em pes-
quisas;
1.4 O papel da pesquisa de segurança • avaliando-se a durabilidade do conhecimento pu-
viária ramente científico por sua qualidade metodológi-
ca, e não por seus resultados;
A pesquisa de segurança no trânsito é uma ferra- • abstendo-se de fazer recomendações sobre o uso
menta para tornar a política de segurança viária efi- de medidas específicas.
caz. Tal política se refere às decisões que o governo
toma sobre quais os objetivos a serem assumidos Pesquisadores devem produzir conhecimento. Ou-
e quais as medidas a serem priorizadas a fim de tros têm a responsabilidade de traduzir o conheci-
melhorar a segurança do trânsito. O papel da pesquisa mento para a prática. Todavia, é também tarefa da
para a política de segurança no trânsito é dizer quais pesquisa apontar os obstáculos à implementação de
e quantos acidentes e danos podem ser alterados medidas eficazes. Isto significa que a pesquisa deve
por diferentes medidas, desenvolver e disseminar ser crítica, e não vinculada a interesses que pro-
esses dados e fornecer ideias para o planejamento movam ou impeçam certas medidas, independente
de novas medidas ou melhorar as existentes. Pesqui- do que se conheça previamente sobre como elas
sa e política devem ser mantidas separadas? Qual é funcionam. A pesquisa contratual pode facilmen-
o limite entre pesquisa e política? te tornar-se demasiado dependente dos interesses
do contrato e, portanto, não funcionar de maneira
Três tipos de afirmação sobre política de segurança suficientemente crítica (Trinca et al, 1988). Unir
viária podem ser formuladas da seguinte maneira: a tarefa crítica da pesquisa e seu papel de apoio à
situações concretas de decisão específica é um tra-
• Normativa: A é uma coisa boa/o certo a fazer. balho difícil.
Parte I: 1. Contexto e guia de leitura 7
A objetividade científica não pode ser medida nem O grau de contribuição do conhecimento científico
avaliada como dimensões físicas. Não existe nehu- na melhoraria da segurança viária foi estudado na
ma garantia absoluta para a objetividade científica. Suécia (Elvik et al, 2009). Graças aos resultados da
Na prática, a crítica entre os próprios pesquisado- pesquisa de segurança viária sueca, estima-se que o
res em relação a seus trabalhos e resultados é um número de mortes no trânsito em 2005, que foi de
dos principais fatores que promovem a objetivida- 440, teria sido mais do que duas vezes maior (921)
de da pesquisa. Mas este esquema não garante a sem as medidas que foram tomadas no período en-
objetividade. tre 1971 e 2004.
Guia para trabalhar com o Manual
2 de Segurança Viária
2.1 Pesquisa bibliográfica sistemática va. Isso significa que novos estudos são realizados
com base nos resultados de estudos anteriores na
O Manual de Segurança Viária tem por base uma tentativa de refinar, melhorar, confirmar, desmen-
análise abrangente da investigação norueguesa e es- tir ou aprofundar estes resultados, repetindo seus
trangeira sobre os efeitos das medidas de segurança levantamentos ou se utilizando de seus esquemas
viária em acidentes e lesões. Essas análises são rea- de análise mais adequadamente para evitar limita-
lizadas através de uma pesquisa científica literária ções metodológicas.
sistemática. Esta seção descreve o planejamento de
pesquisa do livro. Periódicos. Os periódicos são submetidos a uma
investigação sistemática onde são escolhidos artigos
Essa pesquisa consiste no que pode ser chamado, relevantes. Os periódicos em questão são os seguin-
talvez imprecisamente, de uma parte “fixa” e outra tes (com a edição de cada revista entre parênteses):
“variável”. A componente variável baseia-se no fixo
e é um suplemento. A parte fixa da pesquisa cien- • Accident Analysis and Prevention (1969-)
tífica literária, ou bibliográfica, é a busca de dados • Australian Road Research (cessou a circulação em
sistemáticos através das seguintes principais catego- 1991) (1970-91)
rias de fontes de literatura: • Dansk Vejtidsskrift (1980-)
• Ergonomics (1980-)
• Edições anteriores do Manual de Segurança Viária • Highway Research Record (cessou a circulação em
• Periódicos 1974) (1960-74)
• Séries de Relatórios • Human Factors (1980-)
• Relatórios de conferências • IATSS (Associação Internacional de Pesquisas
• Biblioteca do Instituto de Economia do Transpor- Científicas de Trânsito e Segurança) (1980-)
te da Noruega • ITE-Journal (Antigo Traffic Engineering) (1970-)
• Bancos de dados bibliográficos • Journal of Risk and Uncertainty (1988-)
• Journal of Safety Research (1969-)
A parte variável da pesquisa consiste em ordenar re- • Journal of Traffic Medicine (1974-)
ferências baseadas na bibliografia dos estudos encon- • Journal of Transport Economics and Policy (1970-)
trados nas seis principais fontes mencionadas acima. • Journal of Transportation Engineering (1970-)
• Nordic Road and Transport Research (1989-)
Edições anteriores do Manual de Segurança Viá- • NTR-nytt (National Tourist Routes; Rotas Turísti-
ria. As edições anteriores do Manual (Pedersen, El- cas Nacionais-nova edição, 1992-)
vik e Berard-Andersen, 1982; Elvik, Vaa e Østvik,
• Policy Sciences (1980-)
1989; Elvik, Mysen e Vaa, 1997; Elvik e Vaa, 2004)
• Public Roads (1980-)
foram revistas e delas obtidas todas as informações
• Recherche - Transports - Sécurité (RTS) (1984-)
que disponibilizam. Nenhum estudo referido nas
• Risk Analysis (1981-)
edições anteriores é considerado irrelevante. Em-
bora a primeira edição do livro possua referências • Samferdsel (1970-)
que hoje são consideradas relativamente antigas • Safety Science (Antigo Journal of Occupational
(mais de 30 anos) e possam ter sido substituídas Accidents) (1980-)
por mais recentes e melhores, nenhuma delas é • Strassenverkehrstechnik (1980-)
omitida. Há duas razões principais para isso. Em • Traffic Engineering and Control (1970-)
primeiro lugar é importante saber se pesquisas • Traffic Injury Prevention (2000-)
anteriores e recentes chegam a um mesmo resul- • Trafikken og Vi (1970-)
tado. Em segundo lugar, a investigação é cumulati- • Transportation Research (series A e B) (1980-)
10 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• Segurança Viária na Europa (VTI et al.) (bienal) o número de acidentes, riscos acidentes, número de
(1985-) lesões ou risco de lesão. Estudos que, ao invés de
• Segurança Viária nos quatro Continentes (VTI e acidentes e lesões, trata de, por exemplo, conflitos
TRB) (bienal) (1985-) entre condutores ou mudanças comportamentais
• Encontro Anual TRB (anual) (1985-) dos usuários das vias como resultado de uma medi-
• Fórum de Transporte (anual) (1989-) da de trânsito, foram considerados como menos re-
levantes. Um dos motivos é que não há uma evidên-
Além das conferências regulares, realiza-se uma sé- cia conhecida da ligação entre diferentes formas do
rie de outras conferências. Os relatórios dessas con- comportamento individual com acidentes ou risco.
ferências também foram pesquisados. Outra razão é que o objetivo final de todas as me-
didas de segurança viária é reduzir a expectativa de
Pesquisa bibliográfica na biblioteca do Instituto número de acidentes e lesões. Para que diferentes
de Economia do Transporte - TØI (Noruega) Foi medidas possam ser consideradas adequadas, elas
realizada uma busca na literatura sobre os efeitos devem apresentar efeitos diretos sobre acidentes ou
das medidas de segurança viária na biblioteca de lesões.
TØI utilizando palavras-chave. Dessa maneira, fo-
ram encontrados e utilizados estudos que não estão Isso não significa que o comportamento do condu-
disponíveis por outros métodos de pesquisa. Nessa tor não seja interessante. Pelo contrário, eles podem,
busca na literatura não se colocou qualquer limite complementar o levantamento dos números de aci-
de tempo de publicação. dentes, tornando-os mais valiosos. Por exemplo, há
maiores razões para se acreditar em uma pesquisa
Bancos de dados bibliográficos. Foi pesquisada a
onde foram medidas tanto as alterações na veloci-
literatura de quatro bases de dados bibliográficas in-
dade quanto as alterações no número de acidentes,
ternacionais. São: TRANSPORT no banco de dados
e descobriu que as mudanças estão intimamente re-
da Silverplatter, ROADLINE no banco de dados do
lacionadas entre si; do que em uma pesquisa que
VTI (Instituto de Pesquisa de Transporte e Estradas,
apresenta somente os números da velocidade ou
Suécia), Organização de Cooperação de Desenvolvi-
acidentes.
mento Econômico no IRRD (Documentação Inter-
nacional de Pesquisa viária) e Sciencedirect que inclui
revistas científicas publicadas pela Elsevier Science.
2.3 Seleção de pesquisas
Através da pesquisa bibliográfica da literatura nos
jornais, séries de relatório e relatórios de conferên- Os estudos encontrados através da pesquisa biblio-
cias etc. mencionados acima, um grande número de gráfica são organizados e separados de acordo com
estudos sobre os efeitos das medidas de segurança a medida ou medidas de segurança de trânsito das
viária foram encontrados. Muitas dessas buscas for- quais tratam. Algumas pesquisas tratam de várias
necem referências para outras investigações sobre o medidas ao mesmo tempo e, portanto, são referi-
que não é diretamente encontrado de forma siste- das diversas vezes no Manual de Segurança Viária.
mática. Essas pesquisas são elaboradas a partir de A maioria dos estudos, entretanto, leva apenas em
títulos e assuntos considerados relevantes. Tal mé- conta o efeito de uma medida de segurança em par-
todo de pesquisa não garante cem por cento de pre- ticular.
cisão. Quando se estipula e ordena uma literatura a
ser pesquisada com base em listas preestabelecidas, A carência de algumas investigações está ligada
quase sempre se sente falta de alguns estudos que à falta de análise detalhada da medida em foco.
são relevantes que talvez não se encaixem nessa lis- Essa falta de precisão pode tornar difícil saber
ta. Por outro lado, estudos predeterminados podem ao certo a qual medida a pesquisa se refere. Por
mostrar-se irrelevantes ao longo do trabalho. exemplo, uma pesquisa sobre controle policial
será dificilmente determinada e percebida como
tal, se tratar diretamente sobre controle de velo-
2.2 Quais tipos de pesquisas receberam cidade, equipamentos de proteção pessoal (PPE)
especial ênfase para serem e outros comportamentos isolados (Vaa, 1993).
encontradas? Nesses casos, uma “interpretação livre” é assumi-
da. Isto significa que pesquisas que possam ser
Foi dada uma grande ênfase em encontrar estudos relevantes para diferentes medidas são vinculadas
que quantificassem o impacto dessas medidas sobre entre si.
12 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tem sido tradicionalmente considerado vantajoso somente os principais aspectos, de modo que o lei-
que uma pesquisa traga o efeito de somente uma tor possa compreender os resultados apresentados
medida de segurança viária específica. No entanto, nos capítulos.
pode-se perguntar se isso é sempre o mais útil para
quem irá planejar e implementar medidas de segu-
rança viária. É comum que um conjunto de medidas 2.4.1 Aspecto principal em meta-análise:
seja combinado em um programa. Em seguida, pre- Função logarítmica da meta-análise
cisa se conhecer os efeitos totais apresentados pelo
programa. Não é certeza que o resultado de um A unidade em uma meta-análise é uma estimativa
programa de segurança viária seja igual à soma dos de efeito, ou seja, uma estimativa numérica das mu-
efeitos das medidas individuais das quais consiste danças no índice de acidentes, risco de acidente,
o programa. Uma ação pode ser mais eficaz quan- número de lesões, grau do dano ou risco de lesão
do implementada em conjunto com outras do que que a pesquisa atribuiu a medida investigada. Um
isoladamente. Ex. mostrou-se que, em combinação resultado do tipo “nenhuma mudança significativa
com o uso do cinto de segurança, o AIS nos índices de acidentes foram comprovados” não
pode ser incluído em uma meta-análise, se o resulta-
é eficaz na redução das lesões. Sem o uso do cin- do também não for descrito de forma mais concreta.
to de segurança, o airbag não tem nenhum efeito Uma pesquisa pode conter mais de um resultado ao
na redução das lesões. As medidas também podem mesmo tempo. Nesses casos, todos os resultados, ou
“engolir” o efeito umas das outras. Por exemplo, ao os resultados mais importantes, são utilizando nas
instalarem-se grades laterais nas rodovias, melhora- meta-análises.
se simultaneamente o terreno adjacente. A grade vai
prevenir que os veículos saiam da pista e os terrenos 1. Cálculo das estimativas de efeito A partir de cada
laterais, de maneira geral, receberão menos impacto pesquisa calcula-se um ou mais efeitos estima-
dos acidentes. dos (estimativa de efeito), geralmente sob a for-
ma de relação de possibilidades.
2. Cálculo de peso estatístico Para cada estimativa
2.4 Meta-análise como uma ferramenta de efeito calcula-se um peso estatístico utilizado
para resumir os resultados no cálculo dos efeitos da média ponderada.
3. Escolha do modelo: A meta-análise pode ser rea-
Nesta edição do Manual de Segurança Viária, os re- lizada com dois modelos diferentes. Quando to-
sultados encontrados nas pesquisas sobre os efeitos dos os resultados obtidos podem ser considera-
das diferentes medidas em acidentes e lesões são dos como representantes de um mesmo efeito,
resumidos usando, quando possível, meta-análises. o modelo chamado efeito fixo (“fixed effects”
Como meta-análise, entende-se a combinação nu- (FE)) é usado. Quando há variação sistemáti-
mérica e resumo dos resultados de vários estudos ca em estimativas dos efeitos dentro ou entre
sobre a mesma medida, em termos de resultado as pesquisas, deve-se utilizar o modelo chama-
médio ponderado (Elvik, 2005c; Borenstein et al. do efeito aleatório (“random effects” (RE)) para
2009). Como parte da meta-análise, estuda-se os fa- evitar que a margem de erro no efeito geral seja
tores que afetam os resultados médios ponderados e subestimada.
suas incertezas estatísticas. As meta-análises podem 4. Cálculo dos efeitos combinados: Efeitos combina-
ser realizadas quando: dos são calculados como média ponderada das
estimativas de efeito.
• existem vários resultados que podem ser expres- 5. Cálculo dos intervalos de confiança: Os interva-
sos como um resultado comum e los de confiança são calculados em torno dos
• quando é possível calcular a margem de erro es- efeitos combinados que mostram a dimensão da
tatístico da associação entre os resultados (por incerteza estatística relacionada ao resultado.
exemplo, com base no número de acidentes in- São geralmente calculados intervalos de con-
cluídos no estudo). fiança de 95%.
A metodologia da meta-análise das pesquisas sobre Em alguns casos, descrevem-se os efeitos de uma
os efeitos das medidas de segurança viária é descrita medida sob a forma de uma função, e não como um
nos próprios relatórios (Christensen, 2003; Elvik, ou mais números que mostram a variação percentual
2005c; Borenstein et al. 2009). Aqui são descritos no número de acidentes ou no número de pessoas
Parte I: 2. Guia para trabalhar com o Manual de Segurança Viária 13
feridas. Funções que mostram os efeitos das medi- Considere, por exemplo, que um levantamento
das são normalmente calculadas utilizando uma re- revela 75 acidentes numa rodovia X antes de uma
gressão ponderada. A partir daí, a cada ponto de medida e 23 acidentes na mesma rodovia, após a
dados que está na base da função é atribuída uma medida ser implementada. Em um trecho controle
ponderação estatística de acordo com um modelo acontecem 67 acidentes antes e 25 acidentes depois
de efeito comum (FE) ou um modelo de efeito alea- da medida ser adotada na rodovia X, mas sem que
tório (RE); ver cálculo dos pesos estatísticos abaixo. a ela sejam atribuídas outras medições. A razão de
possibilidades é, então, (23/75) / (25/67) = 0,307 /
Cálculo das estimativas de efeito: Razão de possi- 0,373 = 0,822. Isto corresponde a uma redução de
bilidade Estimativas de efeito calcula-se como ra- acidentes de 17,8% (sob a suposição de que a medi-
zões de possibilidades que medem e relacionam o da é a única diferença entre as duas seções).
número de acidentes ou risco acidentes, com e sem
uma determinada medida. Em uma razão de possi- Em algumas pesquisas, a razão é calculada com base
bilidade de 0,87, por exemplo, significa que o risco nos resultados de modelos multivariados. As esti-
com a medida é 0,87 vezes maior que o risco sem a mativas de efeito podem, então, ser interpretadas da
medida, e isso quer dizer que o risco é 13% menor mesma forma que razões regulares.
com a medida do que sem ela. Quando a razão de
possibilidades é de 1,13, o risco 1,13 vezes maior, ou Cálculo dos pesos estatísticos. Os pesos estatísti-
seja, 13% maior com a medida do que sem a medi- cos são calculados de maneiras diferentes para di-
da. Uma razão de possibilidades tem uma fórmula ferentes tipos de esquema de estudo, mas sempre
geral. dependem do número de acidentes ou lesões. O
valor numérico dos pesos estatísticos fornece uma
Estimativas de efeito = (A/B) / (C/D) noção da dimensão da base dos dados, calculado no
número de acidentes ou feridos, no qual o resulta-
Onde A, B, C e D é o número de acidentes (ou fe- do é baseado. Quanto maior o número de dados,
ridos ou mortos) com e sem medidas em diferentes mais preciso é o cálculo do efeito. Na parte introdu-
grupos de, por exemplo, condutores, rodovias, etc. tória de cada capítulo principal, o valor numérico
Quando a razão de possibilidades é calculada utili- do peso estatístico dos resultados é apresentado da
zando um estudo de antes e depois com um grupo mesma forma que nos capítulos sobre a medida pro-
controle, tem-se: priamente dita. Na presente seção, é descrito apenas
como são calculados pesos estatísticos no modelo
A = Número de acidentes no grupo experimental de efeito fixo, onde se pressupõe que todos os resul-
após o vigor da medida tados representam um efeito comum, sem variação
B = Número de acidentes no grupo experimental sistemática entre os resultados individuais.
antes do vigor da medida
C = Número de acidentes no grupo controle após o O peso de estimativas de efeito individuais é o in-
vigor da medida verso da variação do logaritmo natural das estimati-
D = Número de acidentes no grupo controle antes vas de efeito, assim que quanto maior for o peso do
do vigor da medida resultado, menor será a variação (ou seja, a margem
de erro) associada a eles. O peso é calculado como
Em uma análise simples de antes e depois, os núme- função logarítmica natural da razão de possibilida-
ros de exposição de C e D serão, por exemplo, um des, por ela não ser simétrica e, por conseguinte, na-
milhão de quilômetros rodados. C e D simplesmen- turalmente indivisível (razões de possibilidades não
te desaparecem nesse tipo de estudo ou no estudo podem, por exemplo, ser menor que 0, mas teorica-
com-sem exposição numérica ou grupo de controle mente podem ser infinitamente maiores). A variân-
(tais resultados são incluídos apenas se a exposição cia é apenas um alvo significativo quando se pode
entre A e B for comparável). Num exemplo de es- pressupor uma distribuição normal (ou gaussiana),
tudo ‘com-sem’ exposição numérica, seriam A e B o que é o caso com o logaritmo da razão de possibi-
o números de acidentes (ou feridos ou mortos) no lidades. A variância do logaritmo de uma razão de
grupo experimental com as medidas e outro sem possibilidades é:
as medidas de segurança. C e D seria o número de
acidentes (ou feridos ou mortos) num grupo de con- 1 1 1 1
trole onde não se espera que a medida seja relevan- Variância = + + +
te, com e sem a medida. A B C D
14 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Nas pesquisas que não utilizam nenhum grupo de tes entre si e há menos heterogeneidade entre os
controle, 1/C e 1/D, são descartadas. Isto também resultados. Por isso, é preferível utilizar um modelo
se aplica às pesquisas em que os acidentes foram cal- RE. No modelo RE, os pesos estatísticos são calcu-
culados como número de acidentes por quilômetro lados como uma função do peso do modelo FE e
percorrido. uma meta de heterogeneidade. À parte de calcular
os pesos estatísticos, os cálculos no modelo RE são
Quando o número de acidentes de um resultado idênticos aos do FE.
não é fornecido, mas é especificado um intervalo de
confiança para o resultado, o peso estatístico é cal- Se houver heterogeneidade, os resultados podem
culado com a ajuda do intervalo. O peso pode ser ser testados com ajuda da estatística de Cochran Q.
calculado como uma função da estimativa de efeito Neste caso Q é calculado como:
o que diminui (ou aumenta) o limite de 95% de um
Q = ∑ i vi(FE) ( ei − eˆ(FE) )
intervalo de confiança: 2
2
1,96 onde vi (FE) é o peso estatístico de um resultado i,
vi =
LN(e ) - LN(Limite inferior do intervalo de confiança)
i num modelo de efeitos fixos, e são estimativas de
efeito i e ê (FE) o efeito combinado é calculado usan-
Onde ei são estimativas de efeito; i e vi são o peso v do o modelo de efeitos fixos. Cochran Q é chi-qua-
para a estimativa. drado (ou qui-quadrado) distribuído com g-1 graus
de liberdade (g é o número de estimativas de efei-
Da mesma forma, o peso também pode ser calcu- to). Se o resultado for significativo, sugere-se que há
lado quando apenas o intervalo de confiança é co- uma variação sistemática, ou heterogeneidade, nas
nhecido ou quando existe alguma informação sobre estimativas de efeito e que o modelo RE deve ser
o desvio-padrão ou significância. Este método é usado ao invés do modelo FE.
geralmente utilizado quando os resultados de uma
pesquisa são calculados com modelos estatísticos, Cálculo dos pesos estatísticos no modelo de efei-
por exemplo, com modelos de regressão. Nesses tos aleatórios. No modelo RE, pesos estatísticos são
estudos, o peso estatístico não depende somente calculados como o inverso da variância. A variância
da quantidade de dados de resultados nos quais se é calculada, diferente do modelo FE, como a soma
baseiam, mas também da capacidade do modelo de da variância no modelo FE e a variação sistemática
regressão de prever o risco de acidentes. entre os resultados. A variação sistemática entre os
resultados é assim estimada:
Escolha do modelo: Efeitos fixos versus Efei-
tos aleatórios. Quando o peso estatístico e efeitos Q − ( g − 1)
τ2 =
cumulativos são calculados conforme descrito na C
seção anterior, corresponde a um modelo de efei-
to fixo (FE) da meta-análise. No modelo FE há um Onde Q é o Q de Cochran descrito no parágrafo
pressuposto implícito de que todos os efeitos incluí- acima, g é número de resultados e C é uma função
dos na meta-análise representam o mesmo efeito estatística de pesos vi (FE) no modelo FE:
“verdade”, ou seja, que não há variação sistemática
ou heterogeneidade nas estimativas de efeito (por
exemplo, porque podem existir diferenças sistemá- ∑v (FE)i
2
O peso no modelo RE não depende somente do peso A maioria das meta-análises apresentadas no Ma-
no modelo FE, mas também da variação sistemática nual de Segurança Viária são calculadas com o mé-
entre os resultados. Um resultado, por conseguinte, todo RE. O método RE é mais adequado do que
pode ter pesos diferentes quando inserido em dife- o FE quando há heterogeneidade nos resultados.
rentes efeitos combinados. Quanto maior a variação Quando há pouca heterogeneidade, os resultados
sistemática entre os resultados, menor o peso no mo- de FE e RE serão semelhantes. O método FE é uti-
delo RE e menores as diferenças entre os pesos em lizado quando o número de estimativas de efeito é
uma pesquisa de larga escala ou de menor escala. muito pequeno para poder se usar o método RE.
Nos capítulos que não foram atualizados depois de
Cálculo de efeitos combinados. Na meta-análise loga- 1997, o método mais utilizado é FE.
rítmica as estimativas de efeito (razão de possibilida-
des) são combinadas através do cálculo da média pon- Funções que descrevem os efeitos da medida. É
derada dos logaritmos das razões de possibilidades: cada vez mais necessário descrever os efeitos das
medidas de segurança viária em termos de funções
que mostram quantos acidentes foram alterados
∑ vi × LN(ei ) pelas mudanças na quantidade ou padrão de medi-
efeito geral = eksp i das, ou mudanças no contexto em que ela é imple-
mentada. Um exemplo é a função apresentada na
∑ vi Figura 2.1, que mostra as alterações no número de
i
acidentes com feridos durante o período de uso de
pneus cravejados (pneus com pregos que facilitam
onde vi são os pesos estatísticos de estimativas de a rodagem na neve), como uma função da variação
efeito, que se são calculados com modelo FE ou RE. percentual da utilização de pneus cravejados.
Ex. de função exponencial (e.g. 2,71828 elevado à
expressão entre parênteses). A figura mostra que o número de acidentes aumenta
quando o uso de pneus com pregos diminui. E con-
Cálculo dos intervalos de confiança. Para ambos os forme o uso dos pneus apropriados aumenta, o nú-
modelos (FE e RE) pode-se calcular um intervalo de mero de acidentes diminui. Há uma tendência para
confiança de 95% para o efeito médio ponderado, ou maiores alterações no número de acidentes quando
seja, o intervalo que em 95% de todos os casos con- o uso de pneus cravejados é reduzido abaixo de
terá o verdadeiro impacto de uma medida. Se “efeito 25% do que quando se mantém acima dos 25%.
nenhum” está fora do intervalo de confiança pode-se,
por conseguinte, assumir que o efeito é muito pro-
vavelmente diferente de zero. Diz-se, então, que o 2.4.2 Generalização dos resultados
efeito é significativo ou estatisticamente confiável. Se
“nenhum efeito” não está dentro do intervalo de con- Em meta-análise, os resultados mais importantes
fiança, não se pode concluir com toda a certeza que são aqueles baseados em um número elevado de aci-
o efeito é diferente de zero e diz-se que o efeito não é dentes ou lesões. Resultados com base em poucos
significativo ou estatisticamente confiável. acidentes ou ferimentos não têm muita importância.
Uma estatística limpa e precisa é o caminho a seguir,
Os limites inferior e superior do intervalo de con- mas uma objeção comum à meta-análise, é que um
fiança são calculados como: resultado médio ponderado de uma série de estu-
dos pode não fazer sentido, por misturar elementos
Limite superior / limite inferior = inúteis para o conhecimento de algo. Por exemplo,
é possível que diferentes pesquisas sobre uma me-
v * LN(e )
∑
i i i
1,96
dida tenham sido realizadas em condições diferen-
tes (rodovias diferentes, ambientes de trânsito ou
eksp ± países) e, portanto, chegam a resultados diferentes.
∑ v i ∑ vi Então, pode ser enganoso misturar diferentes mé-
i i todos para uma média que não representa nenhum
deles. Também é possível que as pesquisas dispo-
onde ei são estimativas de efeito e vi são os pesos níveis para uma meta-análise não sejam representa-
(calculados tanto com o modelo fixo quanto com o tivas de todas as pesquisas que, em teoria, possam
modelo aleatório). ter sido realizadas (e publicadas). Por exemplo, os
16 O Manual de Medidas de Segurança Viária
700
Efeito geral (FE): -0,194
300
200
100
0
2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -0.5 -1.0 -1.5 -2.0 -2.5 -3.0
Efeito estimado (logaritmo; 0 = nenhum impacto)
Figura 2.1: O diagrama de distribuição de resultados das pesquisas sobre os efeitos de
iluminação da via sobre o número de acidentes sem grau especificado de lesão.
resultados são mais propensos a serem publicados Ao estudar diagramas de funil, pode-se formar uma
quando eles mostram que as medidas tem um efeito opinião sobre o quão informativo é um resultado
positivo. médio ponderado. O diagrama informa, entre ou-
tros, sobre as seguintes características da distribui-
Uma das vantagens da meta-análise é que se pode ção de resultados: Modalidade, viés e sensibilidade
investigar tais objeções separadamente. Desta for- de desvio.
ma, pode-se verificar a generalização de resultados,
ou seja, saber o quão prudente e informativo é a Modalidade e dispersão dos resultados. Refere-se
apresentação de uma média ponderada com base a quantos “solavancos” ou picos de distribuição de
em uma série de pesquisas. Um ponto de partida resultados têm. A Figura 2.1 mostra uma distribui-
para tal controle é a análise de gráficos de funil. Um ção monomodal, isto é, uma distribuição em que os
exemplo é o mostrado na figura 2.2. pontos de dados reúnem-se em torno de um vértice.
Nesse tipo de distribuição, a média ponderada do
O diagrama mostra 94 resultados de investigações resultado será, como mostrado na Figura 2.1, repre-
sobre os efeitos de iluminação em rodovias sobre sentativa do seu centro de gravidade por estar situa-
o número de acidentes com lesões sem grau espe- da próxima a seu pico de distribuição. Uma distri-
cificado. O eixo horizontal mostra o logaritmo das buição bimodal é aquela que apresenta dois picos.
estimativas de efeito. Valores abaixo de 0,0 signifi- Nela, a média ficará muitas vezes entre os dois pi-
cam que a probabilidade de ser ferido é reduzida, cos, e, assim, será pouco informativa. Distribuições
o valor 0.0 significa que é inalterada e valores aci- bimodais devem ser divididas em dois, e uma média
ma de 0,0 significam que a probabilidade aumenta. calculada para cada moda (Mo).
O eixo vertical mostra o peso estatístico no modelo
FE, para cada resultado. Quanto maior esse valor, Pode-se também imaginar distribuições sem ne-
maior o número de acidentes com lesões em que nhum padrão aparente, ou distribuições inexpres-
o resultado se baseia. Os pontos indicam resulta- sivas. Nelas, os resultados divergem, sem qualquer
dos individuais. Além disso, há três objetivos na tendência clara em qualquer direção. Uma média
tendência principal dos resultados apresentados: pode então ser arbitrária e é importante destacar
o efeito combinado, que é calculado como uma diferenças obscuras.
média ponderada pelo modelo FE, o efeito médio,
onde todos os resultados individuais têm o mes- Há possibilidades estatísticas para gerenciar resulta-
mo peso, e a mediana, que divide os resultados em dos não monomodais ou que já tenham sido tão am-
dois grupos de mesmo tamanho acima e abaixo da plamente difundidos que o cálculo do efeito com-
mediana. binado tonou-se questionável. Em primeiro lugar,
Parte I: 2. Guia para trabalhar com o Manual de Segurança Viária 17
700
600
Efeito geral (FE): -0.194
300
200
100
0
2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -0.5 -1.0 -1.5 -2.0 -2.5 -3.0
Efeito estimado (logaritmo; 0 = nenhum impacto)
Figura 2.2: O diagrama de distribuição de resultados das pesquisas sobre os efeitos de
iluminação da via sobre o número de acidentes sem grau especificado de lesão.
é testado se há heterogeneidade significativa nos efeito (uma regra prática é um mínimo de 10 esti-
resultados com o teste Q de Cochran tal como expli- mativas de efeito por previsão no modelo de regres-
cado acima em relação ao modelo ER. Um resultado são). Quanto menos estimativas de efeito, maior a
significativo indica que há heterogeneidade e que os probabilidade de conseguir resultados aleatórios
resultados possivelmente não são representativos de que não se poderia reproduzir em outras análises.
um efeito comum ou “verdade”. Em tais casos, o Os resultados de modelos de regressão também são
modelo ER é adotado. A vantagem é que a grande afetados pelas relações entre as variáveis previsoras.
heterogeneidade nos resultados conduzirá a maio- É, portanto, apropriado combinar meta-regressão
res intervalos de confiança no efeito combinado, com análises de subgrupo. Quando os resultados
logo sua confiabilidade não será superestimada (ver não corresponderem, a melhor conclusão é que não
acima). O modelo RE tem em conta que há uma va- se pode tirar conclusões. Um possível problema
riação sistemática nos resultados, mas não a explica. com estes métodos é que se pode encontrar variá-
veis que “expliquem” a heterogeneidade por pura
Outra possibilidade quando há heterogeneidade no coincidência, ou seja, quando se passa muito tempo
resultado é tentar explicá-lo. Uma opção relativa- somente procurando, sempre se encontra algo, mes-
mente simples é dividir os resultados em grupos, mo que de maneira totalmente assistemática.
tais como os impactos sobre os diferentes tipos de
acidentes, as diferentes variantes das medidas ou Uma possibilidade que também deve ser conside-
vários tipos de pesquisas. Quando se encontra di- rada quando há grande (ou inexplicável) hetero-
ferentes efeitos (efeitos combinados) em diferentes geneidade em resultados é deixar de calcular um
grupos de resultados, e quando a heterogeneidade efeito geral. Um efeito geral pode ser inútil quando
dentro destes grupos é reduzida, ela ou as variáveis a distribuição dos resultados é extremamente hete-
que foram usadas no agrupamento são consideradas rogênea e não monomodal. Indicações de tal distri-
relevantes para as proporções assumidas pelo efeito buição são as grandes diferenças entre os resultados
de uma medida. dos modelos RE e FE e intervalos de confiança mui-
to grandes no modelo RE. Isto pode ser ilustrado
Pode-se também tentar explicar a heterogeneidade com um exemplo numérico. São geradas 6 estima-
desenvolvendo modelos para prever os efeitos de tivas de efeito com uma distribuição que é altamen-
alguns estudos como uma função de uma ou mais te heterogênea e não monomodal. No exemplo, o
variáveis previsoras ou independentes (meta-regres- efeito combinado é calculado com o modelo FE
sões). Elas podem, por exemplo, ser características -57% (intervalo de confiança de 95% [-58; -55]).
da pesquisa. Modelos de regressão só podem ser O resultado com o modelo RE é + 6% (intervalo de
calculados quando há suficientes estimativas de confiança de 95% [-62; 195]).
18 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A distribuição desigual dos resultados, ou viés. O novo efeito geral baseado nas pesquisas originais e
viés na distribuição mostra como os pontos de da- simuladas. Este efeito é assumido como o mais pró-
dos são distribuídos em torno da média, ou seja, a ximo do que se deveria encontrar sem o viés de pu-
forma como os resultados individuais são distribuí- blicação. A Figura 2.2. mostra os resultados de uma
dos em torno de um resultado médio ponderado. análise de trim-and-fill dos efeitos da iluminação da
Se a distribuição for muito desigual, a média dará via em acidentes. Os triângulos no lado esquerdo da
uma imagem enganosa de onde a maior parte dos distribuição são os resultados dos “novos” estudos
resultados se encontra. Assim, o objetivo torna-se simulados. A forma funil desenhada em torno dos
comparar efeito médio ponderado agregado entre pontos de dados que ilustram a distribuição tornou-
média, valor da mediana e moda (Mo) na distribui- se mais simétrica com análise trim-and-fill. O efeito
ção. O valor da mediana é a resultante que divide total baseado em ambas as pesquisas, originais e si-
a distribuição exatamente no meio, de modo que muladas, está suavemente mais para a esquerda, o
metade dos resultados está à esquerda da mediana e que significa que a estimativa de redução de aciden-
metade à sua direita. Moda é o resultado com maior tes é um pouco menor do que o efeito combinado
peso estatístico dentre resultados incluídos em uma como mostra na pesquisa original (15% de redução
distribuição. Em uma distribuição simétrica, esses de acidentes com trim-and-fill no lugar de 18% na
valores coincidem ou se encontram próximos uns original). O efeito combinado calculado com mo-
dos outros. Como se pode ver na Figura 2.1, esses delo RE na análise trim-and-fill está, também, mais
três valores não estão distantes no diagrama de dis- perto do meio da distribuição e também do efeito
tribuição de resultados referente à iluminação da combinado calculado com modelo FE, calculado na
via. A mediana e a média estão um pouco mais para análise trim-and-fill.
a direita, ou seja, na direção de uma maior redução
no número de acidentes em vias com iluminação. Outras formas de viés. O desvio na parte de estima-
tivas de efeito também pode aparecer por conta de
Viés de publicação. O viés pode ser simplesmente outros efeitos que não o viés de publicação. Quando
um resultado de um viés de publicação. O viés de resultados relativos a diferentes graus de lesão são
publicação é quando estudos mostrando resultados combinados em um diagrama funil, a distribuição
não tão desejados não são publicados. Resultados pode ser tão desigual como se tivesse ocorrido um
“indesejados” podem ser, por exemplo, com efeitos viés de publicação. Muitas medidas de segurança
insignificantes ou que mostrem que as medidas de viária têm maior impacto sobre os acidentes mais
segurança aumentam, ao invés de reduzir o número graves do que em acidentes menos graves. São
de acidente. O viés de publicação leva à conclusão exemplos disso: a iluminação viária, barreiras de se-
de que o efeito combinado é superestimado em rela- gurança, rotatórias, controle eletrônico de estabili-
ção à realidade, ou seja, se todos os potenciais estu- dade, cintos de segurança, entre outras medidas. Os
dos (incluindo aqueles com resultados indesejáveis) estudos de tais medidas provavelmente encontrarão
estivessem disponíveis para meta-análise. efeitos maiores sobre acidentes fatais do que sobre
acidentes com danos materiais. Além disso, os pe-
Há possibilidades estatísticas para detectar e corri- sos estatísticos para resultados nos acidentes fatais
gir o viés de publicação. Quando ele ocorre, é pos- serão menores do que em resultados relativos aos
sível simular pesquisas supostamente “suprimidas” acidentes com danos materiais, uma vez que esses
com o chamado método trim-and-fill (Christensen, são mais frequentes do que os primeiros. A distri-
2003). Este método baseia-se no pressuposto de buição do resultado pode, portanto, sugerir que há
que quando existe viés de publicação, a distribuição viés de publicação. Isto é ilustrado no exemplo da
de pesquisas no diagrama funil é enviesada. Assim, figura 2.3, que mostra os mesmos resultados que a
haverá uma falha do lado da distribuição, que não figura 2.2.
apresenta efeitos na direção desejada (normalmente
a de redução de acidentes, isto é, à direita na Fi- A distribuição de resultados na Figura 2.3 mostra
gura 2.1). Tal deficiência é particularmente encon- que os que se aplicam a fatalidades têm menor peso
trada em pequenos estudos, pois aí os efeitos, para estatístico e a maioria está mais à direita (maiores
serem significativos, devem ser maiores do que os reduções no número de acidentes) do que os resul-
encontrados em grandes pesquisas. Com o método tados com quaisquer outros graus de lesões. Isto in-
trim-and-fill, calculam-se estimativas de efeito e pe- dica que a análise trim-and-fill descrita não deveria
sos para simulação de “novas” pesquisas, a fim de ter sido realizada com estes resultados, uma vez que
que a distribuição fique simétrica. É calculado um a distribuição desigual pode ser explicada através
Parte I: 2. Guia para trabalhar com o Manual de Segurança Viária 19
700
600
300
200
100
0
2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -0.5 -1.0 -1.5 -2.0 -2.5 -3.0
Efeito estimado (logaritmo; 0 = nenhum impacto)
Figura 2.3: O diagrama de distribuição é referente à pesquisa de efeitos de iluminação da
via sobre o número de acidentes fatais entre outros.
da mistura de vários graus de lesões. Em outras pa- • Acidente fatal: Acidentes onde pelo menos uma
lavras, o problema é tentar mensurar o que não se pessoa foi morta imediatamente ou dentro de 30
pode agrupar, assim, efeitos combinados (e análises dias.
trim-and-fill) devem ser, preferencialmente, calcula- • Acidente com dano pessoal: Todos os acidentes
dos para cada grau da lesão. com lesões pessoais comprovados. Na maioria
dos casos, este também inclui mortes.
Sensibilidade do desvio. Mostra a influência sofrida • Acidentes com dano material: Todos os acidentes
pela média numa distribuição onde um único resul- que só levaram ao dano material, não lesões pes-
tado é atípico (outlier). Um único resultado anômalo, soais.
quando forte, é decisivo no conjunto de resultados • Acidentes de grau não especificado de dano, são
por ser altamente representativo. A sensibilidade do aqueles que na maioria dos casos, possuem ao
desvio pode ser testada por meio do cálculo da mé- mesmo tempo fatalidades, danos pessoais e mate-
dia de n-1, onde um resultado um a um é omitido e riais, mas com proporções desconhecidas.
comparam-se estas novas médias, com a média de to-
dos os resultados de n. Se não for possível encontrar Para as medidas que atuam principalmente sobre o
algumas diferenças, o resultado da média ponderada grau dos danos nos acidentes, muitas vezes há uma
é sólido sobre os resultados anômalos. Esta análise distinção entre lesões fatais, graves e leves. Na No-
depende muito do número de resultados que são ruega ferimentos graves e muito graves também são
incluídos em um efeito combinado. Quando há mui- distinguidos.
tas estimativas de efeito, essas individualmente di-
ferirão do efeito combinado num grau muito maior Não há nenhuma definição padrão sobre o assunto
do que quando são poucas estimativas. Além disso, na literatura. Normalmente, faz-se uma divisão se-
não existe um critério objetivo que distinga entre os gundo os procedimentos que cada dano necessita.
resultados “normais” e “anômalos”. Resultados que Ferimentos graves são geralmente definidos como
parecem ser anômalos não são, portanto, normal- lesões tratadas necessariamente em hospital, para
mente excluídos da análise. onde esses feridos são encaminhados e internados.
Lesões leves são aquelas tratadas no hospital, porém
sem internação. Danos materiais são aqueles trata-
2.4.3 Classificação dos graus de danos dos fora do hospital.
Para as medidas que atuam diretamente sobre o nú- Existem várias escalas utilizadas amplamente na clas-
mero de acidentes, há uma distinção entre a gravi- sificação de danos: Abbreviated Injury Scale (AIS,
dade dos acidentes: Escala de Danos Abreviada), Maximum Abbreviated
20 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Injury Scale (MAIS, Escala de Danos Abreviada ao encontrados. Dá-se uma grande importância para
Máximo) e Injury Severity Score (ISS, Pontuação de que as meta-análises sejam baseadas nas melhores
Severidade de Danos). A escala AIS tem sete valo- pesquisas metodológicas. Uma discussão mais deta-
res. AIS 6 é uma lesão que leva à morte, AIS 3, 4 e 5 lhada sobre os pontos fortes e fracos dos diferentes
são lesões graves e muito graves, AIS 2 é uma lesão métodos utilizados na pesquisa sobre os efeitos das
moderada. AIS 1 é uma lesão mais leve, e AIS 0 está medidas de segurança viária em acidentes ou feri-
ileso. É calculado um valor de indenização a cada mentos é dada no Capítulo 5. No entanto, não é
uma das nove regiões do corpo. A escala MAIS é ba- sempre que há boas pesquisas metodológicas e nem
seada na AIS. O valor que uma pessoa ferida recebe sempre é fácil avaliar a qualidade metodológica dos
na escala MAIS é o mais alto do que o que se pode estudos. Quando há um número suficiente de resul-
receber na escala AIS. ISS é derivado de escala AIS e tados, eles são (em análises realizadas após 2000),
tem valores de 1 a 75. As 9 regiões do corpo definidas testados pelo viés de publicação. Quando é encon-
pela escala AIS são reagrupadas em 6. ISS é um valor trada evidência de viés de publicação, os resultados
total de danos que se calcula somando os quadrados são apresentados com e sem seu controle.
dos valores de três regiões do corpo, com os mais al-
tos valores de AIS. Se uma região do corpo tem uma Significância estatística e intervalos de confiança: Os
lesão classificada como AIS 6, o valor ISS é 75. resultados podem ser estatisticamente significantes,
independentemente da qualidade metodológica de
A utilização dessas três escalas pode ser ilustrada de suas pesquisas. Os intervalos de confiança podem ser
tal forma: A pessoa A tem uma lesão muito grave na pequenos quando as pesquisas são baseadas em mui-
cabeça (AIS 5) e uma lesão mais leve no joelho (AIS tos acidentes, mesmo que elas sejam de baixa quali-
2). O valor MAIS é 5. A Pessoa B tem a mesma le- dade. O intervalo de confiança é também influencia-
são no joelho (AIS 2), e nenhuma lesão na cabeça, o do pela composição dos estudos incluídos na análise.
valor MAIS é 2. Na escala ISS o valor para a pessoa Quanto mais heterogêneos os resultados, maior será
A é 22 + 52 = ISS 29. Para a pessoa B é o valor ISS 22 o intervalo de confiança. Uma vez que em todas as
= ISS 4. A pessoa C tem o mesmo lesão que a pessoa análises em que é possível utilizar um modelo RE, os
A, mas morre de traumatismo craniano. Lesão na intervalos de confiança aumentam à medida que au-
cabeça deve ser classificada como AIS 6. A pessoa C menta a heterogeneidade nos resultados. Um grande
tem MAIS 6 e ISS 75. intervalo de confiança pode, portanto, significar duas
coisas: Elevada incerteza estatística nos resultados
individuais ou heterogêneos. Quando os resultados
2.4.4 Apresentação dos resultados da meta- são heterogêneos, tenta-se identificar os fatores que
análise do Manual de Segurança Viária podem explicar essa heterogeneidade.
3.1 Acidentes relatáveis com vítimas dos acidentes com vítimas, podem-se distinguir três
grupos principais que ocorrem nas vias públicas. A
A principal fonte de informações sobre acidentes figura 3.1 mostra esta divisão.
com vítimas na Noruega são os dados registrados
pela polícia. Por meio dela, nos últimos 20 anos Os acidentes sem veículos envolvidos, ou seja, en-
foram informados entre 8.000 e 9.000 acidentes tre pedestres, não são definidos como acidentes de
anuais com vítimas e entre 11.000 e 13.000 pessoas trânsito pelo Código de Trânsito; portanto, acabam
feridas. Os números mostram uma clara tendência não sendo comunicados, independentemente do
de diminuição a partir de 2008, e a obrigação de co- grau das lesões causadas. Acidentes em que estão
municar acidentes com lesão à polícia está prevista envolvidos veículos são relatáveis quando incorrem
no Código de Leis de Trânsito. em lesões não desprezíveis. O Código de Trânsito
não define lesão insignificante, mas um possível cri-
No Código de Trânsito, parágrafo 12, artigo tercei- tério para isso é se o ferido necessita de tratamento
ro, lê-se: “Em caso de acidente de trânsito que re- médico ou não. Uma lesão que é tão pequena a pon-
sulte em morte ou lesão corporal e se esse dano não to de não precisar de médico ou de hospital para
for insignificante, os envolvidos no incidente devem tratamento deve ser considerada insignificante.
se assegurar de que a polícia seja notificada o mais
rápido possível sobre o ocorrido.” A expressão “aci- Por veículos entendem-se todos os motorizados e
dente de trânsito” designa acidentes em que pelo bicicletas. Isso significa que os acidentes de trânsito
menos um veículo motorizado em movimento está em que apenas motos estão envolvidas (como o úni-
envolvido. Com base nas disposições do Código co tipo de veículo) deverão ser relatáveis se envol-
de Trânsito sobre a obrigatoriedade de notificação verem lesões físicas não desprezíveis. Existem três
tipos de acidentes relatáveis sem veículos motoriza- uma medida de segurança, e praticamente todos os
dos envolvidos: estudos de acidentes se baseiam em dados de esta-
tísticas oficiais.
• Acidentes individuais com bicicleta (declive, ca-
potamento) Elvik e Mysen (1999) realizaram uma meta-análise
• Colisões entre bicicletas dos relatórios de acidentes incluídos nas estatísti-
• Colisões entre bicicleta e pedestre cas oficiais com base em 49 estudos de 13 países. A
pesquisa baseia-se em estudos anteriores de Borger
Há uma diferença significativa no nível de informa- (1995), Hauer e Mulcher (1988), Hvoslef (1994) e
ção entre acidentes relatáveis com e sem o envolvi- James (1991), mas também inclui vários estudos re-
mento de veículos motorizados (Hvoslef, 1996). centes. O grau de notificação nessa meta-análise é
definido como sendo a cota de acidentes relatados
à polícia.
3.2 Grau de notificação de acidentes de
trânsito envolvendo lesões pessoais Grau de notificação na Noruega. Uma série de estu-
na Noruega e em outros países dos mostra que os acidentes com lesões pessoais co-
municados à polícia estão longe de ser a totalidade
É conhecido o fato de que nem todos os acidentes prevista pelo Código de Trânsito, isto é, os acidentes
envolvendo lesões pessoais são relatados por estatís- relatáveis. Hvoslef (1996) e Borger (1995), entre ou-
ticas oficiais. A figura 3.2 mostra as fontes de erros e tros, resumiram os resultados dessas investigações.
perda de informações nas estatísticas. A tabela 3.1 mostra uma comparação do número
calculado como real de pessoas feridas em acidentes
A perda de informação acontece porque nem todos de trânsito em 1991 e o número indicado nas esta-
os acidentes são obrigatoriamente notificáveis (ver tísticas oficiais.
seção anterior). Além disso, nem todos os acidentes
relatáveis são comunicados, e entre esses acidentes, Os números reais de danos são calculados com base
nem todas as informações são registradas. Na No- nos registros de dano pessoal do Instituto Nacional
ruega, por exemplo, o uso do cinto de segurança se de Saúde (agora Instituto de Saúde Pública). Esse
mostrou desconhecido por cerca de 50% de todos registro, que existiu entre 1990 e 2002, era baseado
os condutores mortos ou feridos e cerca de 30% de nas notificações de ferimentos em quatro hospitais
todos os condutores mortos. Eventualmente, a in- e clínicas de emergência em várias partes do país.
formação registrada nem sempre é correta. O grau de notificação depende principalmente da
existência de um veículo envolvido no acidente e do
Hauer e Mulcher (1988) examinaram as implicações grau de dano. Em acidentes que envolvem veículos
de relatórios incompletos e imprecisos em resulta- motorizados, o grau de informação fica em torno
dos de estudos. Uma das principais implicações é o de 45 a 50%. Para os que não envolvem veículos
aumento da incerteza sobre os efeitos estimados de motorizados, fica na faixa de 1 a 5%. Para todos
ê
Acidentes obrigatoriamente relatáveis Acidente sem obrigação de ser relatado
ê
Acidentes relatados Relatados incompletamente
ê
Informações completes de acidentes Ausência de informação
ê
Informações corretas de acidentes Informações equivocadas
os acidentes relatáveis, o grau de acidentes relata- quisas sobre bicicletas realizadas em 1987 e 1992, os
dos é de cerca de 33%, e essas porcentagens têm ciclistas declararam quantas lesões sofreram duran-
se mantido estáveis nos últimos anos (Borger et al., te o ano anterior e quantas foram tratadas por mé-
1995). O Registro de Lesões Pessoais Norueguês foi dicos ou em hospitais. Uma análise desses números
encerrado em 2002. A intenção era que ele passas- (Elvik, 1994B) mostra que cerca de 90% dos aci-
se a funcionar em hospitais, mas até agora isso não dentes com bicicletas entre crianças e de 80% entre
aconteceu. Por isso, não há dados mais recentes. adultos levam a lesões não tratadas por um médico
ou no hospital e, portanto, devem ser consideradas
Além dos acidentes de trânsito obrigatoriamente insignificantes.
relatáveis, ocorreram em 1991 cerca de 21.000 aci-
dentes com vítimas, em que pedestres caíram em Fatores que afetam o grau de notificação de danos.
via pública. Várias pesquisas (Borger, 1991; Elvik, O grau de relatórios de acidentes com lesões pes-
1991; Guldvog et al., 1992; Hagen, 1995; Fórum de soais é afetado principalmente pelo dano, e se en-
Prevenção de Lesões, 1996) estimam um número volveu um veículo motorizado ou não.
de acidentes de queda de pedestres entre 17.000 e
50.000. Esta discrepância é provavelmente devido Grau de dano. O grau de notificação de acidentes
às diferenças na forma como esses acidentes são de- com gravidade variável de danos foi examinado na
finidos e delimitados em relação a outros tipos de meta-análise de Elvik e Mysen (1999). Existem vá-
acidentes no registro pessoal do Instituto Nacional rias definições de gravidade em diferentes países.
de Saúde Pública. Há outra variação que depende Na meta-análise distingue-se entre os seguintes
de se somente acidentes relacionados ao trânsito são graus de lesão ou danos: mortos, ferimentos graves,
incluídos ou também os demais acidentes ocorridos ferimentos leves, danos imateriais e danos materiais.
em via pública. O grau de notificação para vários graus de lesões é
mostrado na figura 3.3. As linhas verticais indicam
O número de acidentes com danos considerados a variação do grau de comunicação encontrada nos
insignificantes é desconhecido. No entanto, em pes- diferentes levantamentos.
Tabela 3.1: O grau de notificação de acidentes de trânsito na Noruega baseado no Registro de Lesões Pessoais do
Instituto Nacional da Saúde Pública e no Registro de Acidentes de Trânsito do Escritório Central de Estatística
(Hvoslef, 1996).
Número de pessoas feridas
Escritório Central Saúde Grau de Fator de
Grupo de usuários da via
de Estatística Pública comunicação (%) aumento
Acidentes relatáveis com veículos motorizados envolvidos
Pedestre 1.149 2.521 45,6 2,2
Ciclista 847 2.000 42,4 2,4
Ciclomotorista 768 2.316 33,2 3,0
Motociclista 468 1.234 37,9 2,6
Pessoas no veículo 8.568 16.276 52,6 1,9
Outros veículos 64 589 10,9 9,2
Total 11.864 24.936 47,6 2,1
Acidentes relatáveis sem veículos motorizados envolvidos
Pedestre atropelado por bicicleta 39 382 10,2 9,8
Ciclista com atropelamento de pedestre 0 39 0,0 Udef
Colisões entre bicicletas 37 1.490 2,5 40,3
Acidente de bicicleta individual 65 9.272 0,7 142,9
Grupo de usuários não especificado 29 68 42,6 2,3
Total 170 11.183 1,5 65,8
Todos os acidentes relatados 12.034 36.119 33,3 3,0
Outros acidentes de trânsito na via pública (não definidos como acidente de trânsito)
Acidentes de pedestres 1 21.067 0,0 Indefinido
24 O Manual de Medidas de Segurança Viária
120
80
69
60
40
27 25
20
11
0
Fallecidos Heridos Heridos Heridos Daños
graves leves muy leves materiales
Gravedad de las lesiones
Figura 3.3: Média de relatórios para diferentes graus de danos (Elvik e Mysen, 1999).
Grupos de usuários e tipos de acidente. O grau mé- Outros fatores. Borger et al. (1995) pesquisaram
dio de relatórios de acidentes com diferentes grupos os fatores que afetam o grau de notificação de
de usuários da via envolvidos em diferentes países é acidentes com vítimas envolvendo veículos. A ta-
apresentado na tabela 3.2. bela 3.3 mostra os resultados dessa pesquisa. Os
ferimentos graves são 2,6 vezes mais relatados que
No geral, o grau de notificação varia de país para os ferimentos leves. Isso significa que o grau de
país e, portanto, torna-se difícil comparar questões notificação de lesões mais leves é, por exemplo,
de segurança viária. O padrão das diferenças entre de 20% (chance de notificação = 20/80 = 0,25) e
grupos de usuários da via e tipos de acidentes é o grau de notificação para os feridos graves é de
consistente entre os países. A taxa de notificação é 39% (chance de notificação = 0,25 x 2,6 = 0,65;
maior para os acidentes envolvendo veículos moto- correspondente a uma probabilidade de 39%). Os
rizados do que para outros acidentes, e menor para outros números na tabela podem ser interpretados
os ciclistas. Para colisões, a taxa é maior do que para da mesma forma.
acidentes individuais.
Tabela 3.2: Grau de comunicação de acidentes de trânsito com vítimas nas vias de acordo com grupo de usuário e país (Elvik
e Mysen, 1999).
Veículo motorizado Motocicletas Ciclistas Pedestres
País Acidentes Acidentes
Todos Condutores Passageiros Tudo Colisões Todos Colisões Todos
individuais individuais
Austrália 73 79 66 53 7 69
Dinamarca 48 31 53 16 10 31 3 39
França 63 45 11 83
Alemanha 52 44 22 45
Grã-
68 67 67 44 66 85 3 81
Bretanha
Holanda 63 56 24 49
Noruega 56 52 45 37 16 46 2 45
Antigas 45 35 16 46
Sri Lanka 78 81 26 75
Suécia 77 80 76 55 67 25 29 59 8 70
Suíça 44 22 8 38
EUA 65 82 40 (sem dados) 26 51 0 56
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 25
O grau de notificação cresce de acordo com o au- ta envolvendo veículos motorizados também é mais
mento do número de pessoas feridas envolvidas no alto que para outros tipos de acidentes. A taxa de
acidente. E diminui conforme aumenta o tempo notificação é maior quando o ferido tem idade en-
decorrido entre o acidente e a busca de tratamen- tre 18 e 22 anos ou 65 anos ou mais. Além disso, o
to hospitalar por parte do ferido. O grau também é grau de notificação informação é maior no inverno
mais baixo para acidentes individuais do que para do que no verão. Os outros fatores investigados não
acidentes envolvendo duas ou mais partes. O grau produziram efeitos estatisticamente confiáveis e só
de geração de relatórios para acidentes com bicicle- mostram tendências materiais.
Tabela 3.3: Efeitos de determinadas condições sobre o grau de notificação comunicação de acidentes
com feridos envolvendo veículos motorizados. Análise multivariada. N=334 (Borger et al., 1995).
Grau de notificação relativo
Fator Valores do fator Melhores Intervalo de
estimativas confiança 95%
Grau de dano Ferimentos leves 1,0
Ferimentos graves 2,6 1,4-4,8
Número de feridos Um 1,0
Dois 1,9 1,0-3,5
Três 1,8 0,8-4,0
Quatro ou mais 2,5 0,9-7,1
Ida ao hospital Mesmo dia 1,0
Dia seguinte 0,2 0,1-0,8
Dois ou três dias depois 0,2 0,0-1,0
Tipo de acidente Acidente individual 1,0
Acidente com contraparte 1,9 1,0-3,6
Grupo de usuários da via Automobilista 1,0
Ciclista 3,6 1,0-12,8
Ciclomotor/motociclista 0,8 0,3-2,4
Pedestre 1,3 0,4-3,7
Condutor Não condutor 1,0
Condutor 1,4 0,7-2,6
Faixa etária 0-14 anos 1,0
15-17 anos 2,0 0,5-8,0
18-22 anos 3,2 1,0-9,6
23-34 anos 2,4 0,8-7,5
35-64 anos 2,1 0,7-6,4
65 anos ou mais 3,9 1,0-15,5
Estação do ano Verão 1,0
Inverno 1,8 1,1-3,0
Dia da semana Todos os dias 1,0
Fim de semana (sábado, domingo) 0,7 0,4-1,3
Hora do dia Dia (6-22) 1,0
Noite (22-6) 0,6 0,3-1,7
Tipo de rodovia Continental (Europa) 1,0
Nacional 0,6 0,3-1,2
Regional/Municipal 0,4 0,2-0,9
Sexo Homem 1,0
Mulher 1,3 0,8-2,2
*A primeira linha de cada um dos fatores é um valor de referência aos quais os outros valores são comparados. Para grau de
danos, por exemplo, mostra-se a notificação de ferimentos graves em relação à de ferimentos leves. O grau de relatórios de lesões
graves é, por exemplo, 160% maior do que o de ferimentos leves.
26 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A tabela 3.5 mostra que os acidentes de trânsito en- judicada são relativamente pouco conhecidas. Não
volvendo veículos motorizados em 1991 levaram a se sabe, por exemplo, quantas pessoas acabam em
quase 30.000 anos de vida perdidos em plena saúde. casas de repouso para inválidos a cada ano como
Nos casos de acidentes sem veículos motorizados, resultado de fatalidades no trânsito (Hagen, 1993;
os números foram de 6.500 anos de vida perdidos. Lund e Bjerkedal, 2001).
Depois de 1991 especificamente, o número de fata-
lidades no trânsito diminuiu. Em 2011, 169 pessoas Um estudo realizado por Lund e Bjerkedal (2001)
morreram em acidentes de trânsito, contra 323 em mostrou que cerca de 500 pessoas por ano tornam-
1991. Com a redução de mortos entre 1991 e 2011, se deficientes em decorrência de acidentes de trân-
reduziu-se também o número anos de vida perdidos sito. A figura 3.4 mostra a comparação entre o nú-
em plena saúde para aproximadamente 5.700. Cer- mero de novos casos de pensão por invalidez e de
ca de 1/3 do total de anos de vida perdidos decor- mortes a cada 100.000 habitantes por ano, por sexo
rem de acidentes fatais e o restante resulta de outros e por idade no período que a análise cobre.
acidentes com lesões pessoais.
Entre as pessoas com idades de 16 a 24 anos, a fre-
As consequências dos acidentes de trânsito sob a quência de mortes no trânsito é mais elevada do
forma de invalidez permanente ou sob outras for- que a frequência de lesões que levam à pensão por
mas de qualidade de vida permanentemente pre- invalidez. A incidência de pensões por invalidez au-
Tabela 3.5: Número de anos de vida perdidos em plena saúde em acidentes de trânsito em 1991 (Elvik, 1993).
Acidentes de trânsito com veículos Acidentes de trânsito sem veículos
Anos de vida perdidos motorizados motorizados
Grau de dano
em plena saúde Número de Total de Número de Total de
feridos perda feridos perda
Mortos 37,20 320 11.904 3 112
Ferimentos gravíssimos 9,30 328 3.050 76 707
Ferimentos graves 2,98 2.190 6.526 676 2.014
Ferimentos leves 0,37 22.808 8.485 10.046 3.737
Todos os feridos 29.965 6.570
45
40
35
Casos por 100.000 habitantes
30
25
20
15
10
0
Homens - mortos Homens - incapacitados Mulheres - mortas Mulheres - incapacitadas
menta acentuadamente com a idade tanto entre ho- 3.5 Acidentes enquanto problema para
mens quanto entre mulheres. A partir dos 25 anos o próprio usuário da via e para
de idade, é mais comum as mulheres se tornarem a sociedade
pensionistas do que os homens.
Os números apresentados anteriormente mostram
que os acidentes de trânsito são um grande pro-
3.4 Acidentes com danos materiais blema para a sociedade. Acontecem algumas cen-
tenas de milhares de acidentes a cada ano, sendo
Além dos acidentes com lesões pessoais, ocorre aproximadamente 11.000 deles com vítimas. A fi-
anualmente um grande número de acidentes de gura 3.5 mostra o número médio de acidentes de
trânsito com apenas danos materiais. A estatística trânsito por ano (casos de danos à propriedade ou
da Associação de Seguros da Noruega (TRAST) pessoas feridas) nos anos de 2000 a 2006, divididos
fornece uma visão geral dos danos materiais notifi- de acordo com a gravidade, quando este dado é
cados para a seguradora. O número de danos mate- conhecido.
riais relatado às companhias seguradoras a cada ano
foi de aproximadamente 145.000 a 185.000 entre Apesar destes números elevados de danos, os aci-
1992 e 1994. Entre 2006 e 2008, o número anual dentes não são um grande problema para o pró-
manteve-se numa média de 312.000. prio usuário da via. Eles são, ao contrário, um
evento raro em suas vidas. Cada cidadão é, em
O número de acidentes com danos materiais é me- média, submetido a uma lesão corporal em um
nor do que o número de danos propriamente dito, acidente de trânsito a cada 120 ou 130 anos, ou
pois em média há o envolvimento de mais de uma seja, não são muitas as pessoas que durante toda
parte em cada sinistro. Elvik e Muskaug (1994) es- a vida passam por essa experiência. Os acidentes
timaram cerca de 125.000 acidentes apenas com da- envolvendo danos materiais também ocorrem ra-
nos materiais para o ano de 1992. Também em 1992, ramente, e o condutor pode esperar, em média,
o número de danos relatados pelas seguradoras foi dirigir mais de 10 anos sem ser exposto a um pre-
de 220.669. Em outras palavras, a média é de apro- juízo material digno de ser relatado às companhias
ximadamente 1,75 veículo por acidente com danos seguradoras.
à propriedade relatados à companhia de seguros.
Para a maioria dos condutores parece, portanto,
Há poucos detalhes sobre o número de acidentes um evento de menor importância. É algo que se
com danos que não são notificados à seguradora. experimenta raramente ou nunca e normalmente
Em uma pesquisa sobre a relação entre atitudes e tudo termina bem nas poucas vezes em que se pas-
acidentes (Assum, Midtland e Opdal, 1993) reali- sa por esse infortúnio. Não obstante, eles são, por
zada com um grupo de condutores de veículos de causa do grande número de danos, um problema
passeio, verificou-se uma estimativa de 7,8 milhões de ordem social. A dissonância entre a experiên-
de acidentes por milhão de quilômetros rodados. cia dos condutores em acidentes de trânsito en-
Esse número se refere ao período por volta de 1990, quanto problema de menor grandeza e o elevado
quando o número de quilômetros percorridos por número total de danos, que é um problema para a
passageiro era de 22.000. O risco dado equivale a sociedade, pode tornar difícil o entendimento de
aproximadamente 170 mil acidentes por ano com que é necessário um esforço significativo por par-
veículos de passeio. O número de danos em veícu- te da sociedade para reduzir esses índices (Rumar,
los de passeio e vans fornecido às companhias de 1988).
seguros em 1990 foi de 183.000 (Hagen, 1991), mas
não se sabe o índice exato aplicado somente às vans.
3.6 Mudanças no número de feridos no
A proporção de proprietários de veículos que pos- trânsito ao longo do tempo
suem seguro contra danos provavelmente varia en-
tre os diferentes países. Não é obrigatório que todos Depois de cerca de 1970, o número de pessoas fe-
os proprietários de veículos motorizados tenham ridas envolvidas em acidentes relatáveis na Norue-
seguro em todos os países. Pode ser, portanto, difí- ga aumentou. O número de mortes estava em seu
cil de comparar os resultados dos estudos sobre os pico em 1970, com 560 pessoas. A figura 3.6 mostra
efeitos das medidas no número de lesões em dife- a evolução do número de mortes em acidentes de
rentes países. trânsito na Noruega de 1970 a 2011.
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 29
O número de pessoas mortas em acidentes de trân- de pura coincidência. A variação puramente aleató-
sito diminuiu para 169 em 2011, que é o menor nú- ria em um número de 169 de mortos, em 95% dos
mero de mortes no trânsito desde 1953. Esse índice casos, pode ser entre cerca de 143 e 195 mortos. Em
pode variar muito de ano para ano, como resultado uma perspectiva de longo prazo, não há nenhuma
500
Envolvidos em acidentes com ferimentos
450
400
350
Risco relativo (sóbrio=1)
300
250
200
150
100
50
0
Sóbrio 0,5 - 1,0 1,0 - 1,5 over 1,5
de embriaguez de embriaguez embriaguez
Figura 3.5 Número de acidentes de trânsito, em média, entre 2000 e 2006, divididos pela gravidade documentada.
600
500
Número de mortos por ano
400
300
200
100
0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
Figura 3.6: Número de mortos em acidentes de trânsito relatados à polícia na Noruega de 1970 a 2006 (SSB).
30 O Manual de Medidas de Segurança Viária
dúvida de que o número de mortes no trânsito na O número de feridos e mortos em acidentes com le-
Noruega tem diminuído. A média para os anos de sões pessoais a partir de 1970 ficou entre aproxima-
1970 a 1979 foi de 493 mortes por ano, para os anos damente 10.500 e 13.300 pessoas. Nos últimos anos,
de 1980 a 1989, 393 mortes por ano, para os anos no entanto, os valores mostraram uma tendência a
de 1990 a 1999, 306 mortes por ano e entre os anos diminuir. É impossível afirmar como o grau de noti-
2000 e 2009 263 pessoas morreram por ano. O nú- ficação de acidentes com vítimas evoluiu na Norue-
mero de mortes por ano diminuiu em média cerca ga a partir de 1970. Várias pesquisas têm sido feitas
de 15 a 20% no período de 10 anos. sobre o assunto, mas com diferentes definições e
métodos, o que não permite que os resultados sejam
A figura 3.7 mostra a evolução do número de fe- comparados diretamente (Borger et al., 1995). De
ridos em acidentes de trânsito relatáveis à polícia, 1990 a 2002, estava em operação o registro de lesões
de 1977 a 2011. As informações sobre o número de pessoais no Instituto Norueguês de Saúde Pública.
feridos são menos confiáveis do que sobre o núme- Uma comparação entre os números de lesões nele
ro de vítimas fatais, e as mudanças na comunicação registrados com os da polícia não indicam que o grau
dos acidentes podem afetar o número de pessoas de notificação de acidentes com feridos tenha mu-
feridas. dado muito entre 1990 e 1993 (Borger et al., 1995).
Há evidências de que essas alterações relativa- Pode-se dizer, no entanto, por conta dos resultados
mente grandes no número de vítimas em 1977 apresentados acima, que a segurança viária melho-
(aumento) e em 1978 e 1979 (diminuição) em par- rou na Noruega depois de 1970? A resposta para
te se devem às alterações dos procedimentos de essa pergunta depende um pouco da definição de
notificação de acidentes em 1977 e 1978 (Frids- segurança viária. Segurança viária define-se como:
trøm et al., 1993). De 1988 a 1990, foi relatado
praticamente o dobro do número de acidentes • O número esperado de acidentes ou o número es-
com colisão traseira. Este aumento provavelmente perado de danos;
pode estar relacionado ao aumento do grau de no- • Os riscos para a saúde da população relacionados
tificação (Hvoslef, 1997), mas também pode ser, aos acidentes de trânsito, e
em parte, real (Bjørnskau, 1994a). No entanto, • O risco sistêmico do trânsito.
é impossível dizer quanto do aumento foi real e
quanto foi devido ao aumento no número de no- Número esperado de acidentes (ou danos) é a mé-
tificações . Isso mostra os problemas associados à dia de acidentes (ou lesões pessoais) por unidade de
interpretação das alterações no número de feridos tempo que acontecerão no longo prazo em volumes
no trânsito de ano para ano. de tráfego e risco inalterados. Esta estimativa não
0,250
Número de mortos ou feridos por ano
0,200
0,150
0,100
0,050
0,000
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Figura 3.7: Número de feridos ou mortos em acidentes com vítimas relatados à polícia na Noruega de 1977 a 2011 (SSB).
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 31
pode ser observada diretamente, porque tanto o vo- cas ainda é uma das atividades mais perigosas que
lume de tráfego quanto o de risco (medido como a maioria das pessoas realiza diariamente. É difícil
risco para a saúde ou risco sistêmico) muda de ano comparar os riscos de lesões nas diferentes ativi-
para ano. Ao utilizar valores médios para vários dades. Primeiro, porque não há dados suficientes
anos como medição de número de danos, descobre- sobre o número de feridos nessas diferentes ativi-
se, como mencionado acima, que o número de mor- dades. Em segundo lugar, as atividades entre si são
tes diminuiu de 493 por ano entre 1970 e 1979 para muito heterogêneas. O único elemento em comum é
393 por ano entre 1980 e 1989. Continuou a dimi- que exigem tempo. O único critério comum para o
nuir, baixando para 306 por ano, entre 1990 e 1999, risco em várias atividades é, portanto, o número de
e para 263 por ano entre 2000 e 2009. O número de mortes por hora de atividade. No entanto, a compa-
vítimas foi de 11.781 por ano entre os anos de 1970 ração do número de feridos por hora de atividade é
e 1979, 11.424 entre 1980 e 1989, 12.003 entre 1990 difícil pela falta de notificações adequadas.
e 1999 e 11.731 entre 2000 e 2009. Aqui não houve
nenhuma diminuição, mas a proporção das lesões Fosser e Elvik (1996) e Elvik (2005C) estimaram o
consideradas graves tornou-se cada vez menor. A risco de morte por 100 milhões de horas da prática
proporção de mortos, ferimentos gravíssimos e fe- de várias atividades. A tabela 3.6 mostra as estima-
rimentos graves diminuiu, de forma praticamente tivas. Nela, são comparados os números de fatalida-
constante, de 25% em 1997 para 10% em 2010. des por 100 milhões de horas no trânsito rodoviário,
outros meios de locomoção, trabalho, atividades
Risco à saúde pública relacionado a acidentes de trân- domésticas e outras. O risco de morte por hora no
sito é o número de pessoas feridas ou mortas a cada trânsito é mais de 10 vezes maior do que no tra-
100.000 habitantes por ano. Em 100.000 habitantes, balho. No período referente aos cálculos, a média
14,5 foram mortos no trânsito em 1970. Este número anual de mortes no trânsito era de 316 pessoas. Para
diminuiu até 1993. Em 2011, o número de mortes por se chegar ao mesmo nível de risco por hora em ati-
100.000 habitantes foi de 3. O número de mortos e vidades ocupacionais e trabalho, exceto entre con-
feridos por 100.000 habitantes também diminuiu de dutores profissionais, esse número deveria diminuir
318 em 1970 para 280 em 1996 e para 187 em 2010. para 25 mortos. As atividades domésticas e muitas
outras também trazem, para a maioria das pessoas,
Risco sistêmico de trânsito mede-se como o nú- menos risco por hora que o trânsito.
mero de pessoas feridas ou mortas por milhão de
passageiro-quilômetros (medida que relaciona qui- O principal padrão nas estimativas de risco na ta-
lômetros percorridos individualmente, levando em bela 3.6 não é exclusivo da Noruega. Na Finlândia,
conta todos os usuários que passam por determina- Pajunen (1993) estimou que o risco de morte por
da via). O número de mortos por 100 milhões de hora no período entre 1982 e 1990 situou-se en-
passageiro-quilômetros no tráfego viário diminuiu tre 37 e 44 mortos/100 milhões-horas, contra 2 a 3
em cerca de 50% de 1980 a 2003. Em 1980, houve mortos/100 milhões-horas no trabalho e 1 a 4/100
0,91 mortes por 100 milhões de passageiro-quilô- milhões-horas em atividades domésticas s. Na Grã
metros viajados, em 2003, 0,44 mortes (em todos os -Bretanha, Fernandes-Russell (1987) encontrou um
meios de transporte). O número de mortos e feridos padrão similar.
por 100 milhões de passageiro-quilômetros caiu de
26,7 em 1980 para 16,7 em 2003. Uma questão interessante é se a percepção intuitiva
das pessoas sobre o risco nessas diferentes atividades
Com base nestes dados, é razoável dizer que a segu- está de acordo com o nível de risco estatístico. Uma
rança viária melhorou na Noruega a partir de 1970. pesquisa que pode ajudar a elucidar esta questão é
A melhoria mais significativa é alcançada no que diz a que foi realizada por Brun (1995). Ela pediu a um
respeito ao risco sistêmico de trânsito. Segundo El- grupo de estudantes da Universidade de Bergen que
vik (2005A), a tendência é que continue a melhorar. classificasse e organizasse 80 diferentes fontes de pe-
rigo de acordo com o risco de mortalidade que apre-
sentam. As respostas poderiam, portanto, variar entre
3.7 Risco no trânsito rodoviário 80 (o mais perigoso) e 1 (o mais seguro). As 80 fontes
em relação a outras atividades de risco não são idênticas às das atividades listadas na
tabela 3.6, mas, para algumas atividades, uma compa-
Mesmo que o trânsito esteja se tornando cada vez ração é possível. Aplica-se a condução de ciclomotor
mais seguro na Noruega, o tráfego nas vias públi- e motocicleta (ranking 41,5), carro (ranking 35,5),
32 O Manual de Medidas de Segurança Viária
helicóptero (ranking 21,3), barco de passeio (ranking Comparando esses números com a ordem de classi-
19,5), trem (ranking 17,0), ciclismo (ranking 16,2), o ficação e ranqueamento das atividades com base em
uso de eletrodomésticos (o mais próximo das ativida- seu risco estatístico, vê-se que os riscos da pesca, da
des no lar, ranking 14,8) e pesca (ranking 14,6). caça e do barco parecem ser subvalorizados. O risco
Tabela 3.6: Número de mortos em acidentes e em diferentes atividades por 100 milhões-horas, no
período de 1998 a 2003 (Elvik, 2005C; SSB, 2000).
no trânsito, no entanto, não parece ser subestimado mostrado na figura 3.8. O eixo horizontal mostra os
em comparação com os riscos de outras atividades. riscos de saúde no trânsito, expresso como o número
de mortes em acidentes com veículos automotores
Pode-se ver como o risco de morte no trânsito mu- (convertidos para a definição de morte necessaria-
dou durante os últimos anos na tabela 3.7. mente ocorrida em até 30 dias nos países que não a
utilizam como padrão em seus dados) por 100.000
Tabela 3.7: Número de pessoas mortas em acidentes de habitantes em 2004. O eixo vertical mostra o risco
trânsito por 100 milhões-horas, no período de 1988 a 1993 no trânsito, expresso como o número de mortes por
(Elvik, 2005C). milhão de veículo-quilômetro no ano de 2005. Os ci-
1973-1978 1988-1993 1998-2003
clomotores e as motocicletas não são contados, uma
vez que estes não estão sujeitos a registro em todos os
- Carro 28,3 22,8 17,2
países e, portanto, o número é incerto.
- Motocicleta pesada 1058,8 425,7 228,7
- Motocicleta leve 422,8 125,8 157,0 Em todos os 22 países representados na figura 3.8, o
- Ciclomotor 117,1 60,5 42,1 número de veículos por 1.000 habitantes, em 2005,
- Bicicleta 22,4 17,3 22,6 foi de 383 (Coreia do Sul) a 829 (EUA). Em média,
- Pedestre 30,9 19,7 16,1 o número de veículos por 100.000 habitantes em 25
Total 31,7 19,5 17,6 países foi de 603. Na Noruega, o valor foi, em 2005,
de 638 veículos por 1.000 habitantes.
3.8 O risco no trânsito da Noruega Risco à saúde no trânsito é definido como o núme-
em comparação a outros países ro de mortes no trânsito por 100.000 habitantes. Os
riscos à saúde no trânsito dependem de o quanto a
A Noruega tem um baixo nível de risco no trânsito população viaja e se locomove, do risco por quilôme-
em comparação com outros países que têm aproxi- tro percorrido e do tratamento médico de lesões, o
madamente a mesma frota de veículos per capita. que pode ser decisivo para uma lesão ser fatal ou não.
Em um país onde os veículos motorizados são muito
Acidentes por veículo-quilômetro. Com base no ban- raros, tem-se, consequentemente, baixo risco à saúde
co de dados internacional IRTAD (Banco de Dados relacionado ao trânsito, embora o risco por veículo
Internacional de Trânsito e Acidentes de Trânsito), a ou por quilômetro seja muito alto. Isto é representa-
visão geral do risco de trânsito corresponde ao que é do na figura 3.9, que mostra o número de mortes por
30
Hellas
25 CZ
Mortos por milhão de veículo-quilômetro
20
Korea
Island SL
15
NZ
IRL BE
Japan F
10 A
DK USA
NL DE Canada
SF Australia
N CH
5 SE UK
0
4 6 8 10 12 14 16
Mortos por 100.000 habitantes
Figura 3.8: Risco à saúde e risco no trânsito em 22 países no ano de 2005 (IRTAD).
34 O Manual de Medidas de Segurança Viária
1600
1200
1000
800
600
400
200
0
0 50 100 150
Risco à saúde (mortos por 100.000 habitantes)
100.000 habitantes (risco à saúde) e por 100.000 veí- os seis países com a melhor segurança viária foram
culos motorizados, sendo este número referente aos Suécia, Reino Unido, Malta, Países Baixos, Suíça
países incluídos no banco de dados IRTAD (países e Noruega. A Noruega ficou em sexto lugar entre
membros da OCDE) e em outros países. Mostra-se os 30 países da Europa. Independente das flutua-
que os países IRTAD, que têm principalmente maior ções anuais, ela tem sido um dos países com menor
grau de motorização que os outros, têm um risco no risco tanto à saúde quanto no trânsito. A Noruega
trânsito relativamente baixo, mas um risco de saúde mantém essa posição de liderança há muitos anos,
mais elevado que os países que não são representados mesmo quando o número de mortes no trânsito era
na base de dados IRTAD. Em países com um risco à muito maior do que é hoje (OECD, 1994). Na Sué-
saúde muito baixo, há uma grande variação do risco cia, o risco à saúde em 2005 foi igual ao da Norue-
no trânsito. Os números podem ser difíceis de com- ga (4,9 mortes por 100.000 habitantes) e o risco no
parar. Nos países ocidentais, altamente motorizados, trânsito ligeiramente inferior (5,9 mortes por milhão
estima-se que todas as mortes no trânsito estejam in- de veículo-quilômetro versus 6,1 na Noruega). Nos
cluídas nas estatísticas oficiais, mas isso não se aplica Países Baixos, o risco à saúde foi ligeiramente mais
necessariamente a todos os países do mundo. Além baixo do que na Noruega (4,6 mortes por 100.000
disso, a definição de mortos no trânsito varia. Muitos habitantes) e o risco no trânsito ligeiramente supe-
países em desenvolvimento levam em consideração rior (7,7 mortes por milhão de veículo-quilômetro).
estatística apenas os mortos no local, e não aqueles Os EUA estão entre os países com alto risco à saú-
que falecem dentro de 30 dias, como a maioria dos de, mas com risco no trânsito relativamente baixo.
países ocidentais. Os EUA também são o país com o maior número de
veículos por habitante.
O risco à saúde e o risco no trânsito podem variar
de ano para ano, especialmente em pequenos países Entre os países europeus que tiveram os piores ín-
como Islândia, Noruega e Suécia, onde as flutua- dices de segurança viária em 2005 estão República
ções aleatórias no número de mortes no trânsito são Checa, Eslovênia e Grécia. Em todos esses países, o
relativamente grandes. Os cinco países que tiveram número de veículos por 100.000 habitantes é menor
a melhor segurança viária em 2005, no entanto, têm que na Noruega (embora esteja acontecendo um rá-
se mantido na mesma posição, e embora haja varia- pido aumento nos últimos anos), enquanto a renda
ção de ano para ano, a disputa é acirrada. Em 2010, real per capita é muito mais baixa e eles dispõem de
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 35
menos recursos para a segurança viária do que a No- e danos para que se pudessem dar boas respostas.
ruega. O tráfego vem aumentando rapidamente e as Comparando-se com outros países motorizados, há
medidas de segurança viária não têm sido suficien- duas circunstâncias particulares que há muito tem-
tes para evitar um aumento do número de mortos e po caracterizam a Noruega:
feridos. Este crescimento também vem acontecendo
na Noruega, e as medidas de segurança viária não • A Noruega sempre teve limites de velocidade re-
têm sido suficientes para evitar o crescimento das lativamente baixos em comparação com os limites
estatísticas e de fatalidades. O número de mortos de velocidade em outros países (Elvik, 1995a).
na Noruega aumentou de 338 em 1981 para 452 em • O país introduziu cedo um limite fixo de con-
1986. O número de acidentes de trânsito com víti- centração alcoólica no sangue de 0,5 (2001, 0,2)
mas relatado à polícia aumentou de 8.072 em 1981 e rigorosas penalidades por dirigir embriagado.
para 9.141 em 1986. Há menos ocorrências de direção sob o efeito
do álcool por parte dos condutores na Noruega
Em 1993, o Brasil tinha significativamente menor do que na maioria dos outros países motoriza-
risco à saúde no trânsito do que a Noruega, com dos.
3,6 mortes por 100.000 habitantes contra 6,5 na No-
ruega. Quando calculado por 100.000 veículos, no Em outros aspectos isolados, a Noruega não se
entanto, o risco foi significativamente maior no Bra- distingue de forma particularmente favorável. Por
sil que na Noruega, com 40,2 mortes por 100.000 exemplo, o uso do cinto de segurança é atualmente
veículos, em comparação com 14,2. A Índia teve, mais elevado tanto no Reino Unido quanto na Ale-
em 1993, o mesmo risco para a saúde no trânsito manha do que na Noruega. A Noruega também tem
que a Noruega (6,6 contra 6,5 mortes por 100.000 rodovias e padrões viários muito diferentes dos de-
habitantes), mas um risco drasticamente maior por mais países. Como país, nunca foi pioneiro quando
100.000 veículos (1.310,5 contra 14,2). se trata de requisitos de segurança para veículos.
Por outro lado, o carro é relativamente caro na No-
A Índia teve, em 1993, a mesma segurança viária ruega, o que dá aos proprietários um incentivo de
que a Noruega? Embora os riscos para a saúde fos- cunho financeiro para que se evitem danos e assim
sem tão baixos quanto na Noruega, provavelmente se mantenha o patrimônio e o valor de mercado de
a maioria responderá “não” à pergunta. Para a esta- veículos.
tística por veículo, mostra-se um risco 90% maior
na Índia que na Noruega. Em outras palavras, um O que as medidas e as autoridades de política de
indiano que saísse no trânsito com certeza se expo- segurança viária do governo têm a dizer sobre a
ria a um risco significativo. segurança no trânsito? Mais uma vez, é difícil dar
uma resposta precisa, embora este livro descreva
É difícil tirar conclusões práticas de um risco à saú- uma ampla gama de medidas de segurança viária
de elevado no trânsito sem saber se ele existe de- implementadas na Noruega, que, de acordo com
vido ao risco por veículo ou envolve uma alta taxa pesquisas tanto norueguesas quanto estrangeiras,
de locomoção da população. A avaliação dos riscos têm contribuído para diminuir os acidentes e as
para a saúde provavelmente também depende de o lesões. A alta segurança atribuída internacional-
quanto o trânsito contribui para a mortalidade em mente à Noruega deve-se, em parte, às medidas de
comparação com as outras causas de morte. Em segurança viária que têm sido implementadas no
suma, nenhum conhecimento sobre os riscos à saú- país.
de no trânsito traz, em si, informações suficientes
para avaliar a segurança viária e as possíveis medi-
das para melhorar a situação. 3.9 Fatores que afetam o número
de acidentes de trânsito e suas
A boa segurança viária na Noruega em comparação respectivas gravidades
com outros países. A pergunta que muitos fazem é
por que a segurança viária é relativamente boa na O número de pessoas feridas no trânsito é determi-
Noruega em comparação com a maioria dos outros nado por três principais grupos de fatores:
países motorizados. Não é possível dar uma respos-
ta satisfatória para esta pergunta. Há muitos fatores 1. O volume de tráfego (exposição), ou seja, a quan-
desconhecidos, talvez por um pouco de inadequa- tidade de viagens e transportes em que podem
ção nos registros, que afetam o número de acidentes acontecer acidentes.
36 O Manual de Medidas de Segurança Viária
50
Limite superior
Número relativo de acidentes
Limite inferior
40 mesma variação porcentual
20
10
0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000
Tráfego diário anual médio
Figura 3.10: Relação entre o volume de tráfego e número de acidentes com lesões pessoais e
número relativo de acidentes.
ceteris paribus, que contribuem para aumentar o risco meros incluem tanto condutores quanto passageiros
de acidentes. Tais fatores podem estar relacionados que utilizam os diferentes meios de transporte, e
com o meio de transporte, com o ambiente de trân- eles mostram que o risco de lesão é maior para mo-
sito, com os usuários da via ou com o veículo. Esta tocicletas e ciclomotores. O alto risco sofrido pelos
seção descreve os principais fatores de risco conhe- motociclistas no meio da década de 1980 provavel-
cidos que afetam o número de acidentes de trânsito. mente está relacionado à tendência vigente nesse
Há uma distinção entre esses fatores relacionados a: período entre a maioria dos jovens, que dirigiam
motocicletas de alta cilindrada. Nos últimos anos,
• Meio de transporte ou tipo de veículo; a proporção dos motociclistas jovens diminuiu de
• Sistema viário; forma significativa, entre outros motivos pelo fato
• Fatores ambientais físicos (iluminação, condições d a motocicleta ter-se tornado algo caro. Pedestres
de condução, etc.), e e ciclistas também têm um risco relativamente alto
• Usuários da via, incluindo fatores comportamentais. de lesões.
Esta visão não é completa; mostra apenas os prin- Como mencionado na seção 3.2, apenas cerca de 1/3
cipais padrões. No próximo capítulo, discute-se a do total de acidentes relatáveis com vítimas aparece
efetividade do conhecimento que se tem sobre os em estatísticas oficiais. Além disso, o grau de comuni-
fatores de risco no trânsito e como é fácil alterar cação de acidentes varia entre os grupos de usuários
diferentes fatores de risco para o sentido desejado. da via, da estrada, dos meios de transporte e depende
de se há ou não veículo envolvido. Os índices de risco
Risco de acidente em diferentes meios de transpor- na figura 3.11 podem, portanto, ser enganosos.
te e diferentes tipos de veículo. A figura 3.11 mostra
o número de pessoas feridas ou mortas por milhão Qual é a frequência dos diferentes tipos de veícu-
de passageiro-quilômetro percorrido no período de los envolvidos em acidentes de trânsito com danos
1985 a 2005. A figura 3.12 mostra o número de mor- materiais? A tabela 3.8 mostra o número estimado
tos por milhão de passageiro-quilômetro no período de danos materiais relatados às companhias segu-
de 1985 a 2005. Ambas as figuras são baseadas em radoras por milhão de veículo-quilômetro em di-
dados oficiais de lesões (Bjørnskau, 2008). Os nú- ferentes tipos de veículos para o período de 1998
38 O Manual de Medidas de Segurança Viária
a 2005. Nem todos os grupos de veículos têm boa peito ao risco de envolvimento em acidentes de le-
cobertura de seguro. Por conseguinte, é incerto se sões pessoais, não são tão proeminentes quando se
o grau de notificação de danos é o mesmo para trata de acidentes com danos materiais. Portanto,
todos os tipos de veículos. A tabela sugere, no en- não se pode utilizar o alto risco de lesões pessoais
tanto, que as diferenças significativas encontradas para ciclomotores e motocicletas como evidência
entre os vários tipos de veículos, no que diz res- de que esses grupos de usuários da via são me-
5
Mortos por milhhão de passageiro-quilômetro
0
Motoristas Passageiros Pedestres Ciclistas Ciclomotores Motos leves Motos pesadas
1985 1992 1998 2001 2005
Figura 3.11: Média de mortos e feridos por milhão de passageiro-quilômetro em diferentes meios de transporte, entre 1985 e
2005, com base em números oficiais de lesões (Bjørnskau, 2008).
0
Mortos por milhhão de passageiro-quilômetro
0,05
0,1
0,15
0,2
Motoristas Passageiros Pedestres Ciclistas Ciclomotores Motos leves Motos pesadas
1985 1992 1998 2001 2005
Figura 3.12: Média de mortos por milhão de passageiro-quilômetro em diferentes meios de transporte, entre 1985 e 2005, com
base em números oficiais de lesões (Bjørnskau, 2008).
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 39
nos cautelosos em seu comportamento que outros É comum descrever o risco em vários tipos de via
condutores. ou para diferentes elementos da via, utilizando os
índices de acidentes com vítimas relatados à polícia
A tabela 3.8 mostra, também, que há muito menos por milhão de veículo-quilômetro. A diferenciação
feridos ou mortos por milhão de passageiro-quilô- é feita entre os seguintes tipos de elementos da via:
metro percorrido em caminhões e ônibus em com-
paração com outros meios de transporte. Isso pode • Trechos rodoviários, incluindo cruzamentos;
ser explicado pelo fato de os motociclistas serem • Cruzamento;
muito mais facilmente feridos quando envolvidos • Pontes e túneis, e
em acidentes do que os condutores ou passageiros • Curvas abruptas.
de veículos de passeio. Estes últimos, por sua vez,
são mais frequentemente feridos que os condutores A tabela 3.9 mostra o nível normal de risco de aci-
de caminhões ou ônibus envolvidos em acidentes dente e tipos de via calculado com base no banco de
em que outros são feridos. dados da via (NVDB, Noruega). Os números se re-
ferem aos anos de 2000 a 2005. A tabela mostra que
Alguns principais padrões, como os mostrados nes- as vias se dividem entre vias com as menores taxas de
ses resultados, são encontrados em vários países e acidentes e com os menores custos de dano por veícu-
têm sido bastante estáveis ao longo do tempo na lo-quilômetro. Caso contrário, é importante notar que
Noruega (Vaaje e Fosser, 1976; Hvoslef, 1980; Vaa- haverá diferenças significativas nos custos de dano
je, 1982; Bjørnskau, 1988; Bjørnskau, 1993). Isso por veículo-quilômetro em diferentes trechos dentro
sugere que as diferenças de risco de dano entre os de uma mesma via. Já que no banco de dados da via
diferentes meios de transporte são reais, mesmo que não se diferencia entre trecho condensado, médio e
os números de risco sejam incertos. Pode-se, a gros- estendido, desconsideram-se os números de risco e
so modo, dividir os diferentes meios de transporte custo de trechos sem cruzamento (trecho estendido),
ou grupos de usuários da via em dois, em relação com 1 a 2 cruzamentos por quilômetro (médio) e com
aos riscos de lesões pessoais. O primeiro grupo é 3 ou mais cruzamentos por quilômetro (condensado).
composto por pedestres, ciclistas, ciclomotoristas
ou motociclistas. O segundo grupo, por condutores O risco de acidentes é mais elevado em trechos mo-
de automóveis ou usuários de transporte coletivo. O deradamente condensados e condensados do que
primeiro grupo tem um risco de lesão significativa- em regiões com trechos estendidos. A tabela 3.9
mente maior que o segundo. Uma importante razão inclui todos os dados de acidentes com vítimas for-
para isso é que pedestres, ciclistas, ciclomotoristas necidos em diferentes tipos de via, de acidentes em
ou motociclistas não estão protegidos fisicamente trechos com e sem cruzamento.
contra lesões por uma carroceria que os circunscre-
va como os condutores. A tabela 3.10 mostra o nível de risco em vários tipos
de cruzamento (Sakshaug e Johannessen, 2005). O
Risco de acidente em diferentes tipos de via e risco é expresso como o número de acidentes com
para os diferentes elementos da via. Os riscos de vítimas oficialmente relatado por milhão de veículos
acidente com lesões pessoais variam muito entre (valores normais). O risco de acidente e os custos
os diferentes tipos de via e ambientes de trânsito. decorrentes são maiores em cruzamentos em X do
Tabela 3.8: Risco total de envolvimento em acidentes de trânsito e risco de envolvimento em acidentes com lesões pessoais
relatáveis para diferentes grupos de veículos.
Tabela 3.9: Risco normal para diferentes tipos de via. Acidentes com vítimas e custos de lesões relatados pela polícia
(valores expressos em preços de 2005) por milhão de veículo-quilômetro (valores normais; Erke e Elvik, 2006).
Custo dos danos por Acidentes com vítimas por
Número de cruzamentos
Categoria de via veículo-quilômetro milhão de veículo-quilômetro
por quilômetro
(valores normais) (valores normais)
Autoestrada (4 ou mais faixas), 100 km/h (todas) 0,075
Autoestrada (4 ou mais faixas), 90 km/h (todas) 0,206 0,063
Rodovias, 90 km/h (todas) 0,752 0,105
Outras Rodovias nacionais, 90 km/h sem cruzamento 0,763 0,134
Rodovias nacionais sem cruzamento 0,720 0,143
1 ou 2 cruzamentos 0,764 0,161
3 ou mais cruzamentos 0,814 0,188
Rodovias nacionais, 70 km/h, 2 faixas sem cruzamento 0,653 0,155
1 ou 2 cruzamento 0,722 0,181
3 ou mais cruzamentos 0,814 0,205
Rodovias públicas, 60 km/h, 2 faixas sem cruzamento 0,609 0,170
1 ou 2 cruzamentos 0,678 0,202
3 ou mais cruzamentos 0,723 0,220
Rodovias nacionais, 50 km/h, 2 faixas sem cruzamento 0,738 0,253
1 ou 2 cruzamentos 0,890 0,325
3 ou mais cruzamentos 0,981 0,374
Tabela 3.10: Risco normal em cruzamentos. Número de acidentes com vítimas oficialmente relatados e custos dos danos
(valores de 2005) por milhão de veículos (valores normais; Sakshaug e Johannessen, 2005).
Custos (milhão km Acidentes com vítimas
Pista Limite de
Cruzamento por milhão por milhão de veículos (
lateral velocidade
de veículos) valores normais)
Cruzamento em T com 0,2 50 0,053 0,032
preferencial 0,2 80 0,226 0,060
0,4 50 0,066 0,039
0,4 80 0,277 0,073
Cruzamento em X com 0,2 50 0,128 0,081
preferencial 0,2 80 0,356 0,151
0,4 50 0,157 0,099
0,4 80 0,437 0,186
Cruzamento em T com
0,1 50 0,126 0,070
preferencial à direita
0,3 50 0,235 0,130
Cruzamento em X com
0,1 50 0,161 0,100
preferencial à direita
0,3 50 0,290 0,180
Cruzamento em T com semáforo 0,2 50 0,100 0,050
Cruzamento em X com semáforo 0,2 50 0,168 0,100
Rotatória, cruzamento em T 0,2 50 0,047 0,030
Rotatória, cruzamento em X 0,2 50 0,079 0,050
que em cruzamentos em T. Os demais aumentos de A tabela 3.11 mostra os riscos de acidente relacio-
risco de acidentes acontecem com o aumento no nados a outros elementos do trânsito, como pontes
tráfego da pista lateral nos cruzamentos. As rotató- e túneis (Cruzlvik e Muskaug, 1994; Hvoslef, 1995;
rias têm menores riscos e custos de acidente com Wold, 1995; Amundsen e Ranes, 1997; Amundsen e
feridos que os outros tipos de cruzamento. Engebretsen, 2008).
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 41
Tabela 3.11 Risco normal de acidente em diferentes tipos de elementos do trânsito. Acidentes com vítimas por veículo-
quilômetro.
O risco de acidente em pontes e túneis é maior em de 150 m, o número de acidentes por milhão de veí-
zonas de transição. Zona de transição é normalmen- culo-quilômetro é de 0,31. Com raio entre 150 e 300
te definida como os últimos 50 a 100 metros antes m, o número cai para 0,19. Com raio entre 300 e
da ponte ou do túnel e os primeiros 50 a 100 metros 600 m, cai para 0,12, e em túneis com curvas de raio
dentro deles. A zona do meio é constituída pelas 600 m, o número é de 0,08 acidentes por milhão de
demais partes. Os valores de risco para pontes na veículo-quilômetro. Ademais, o risco de acidente é
tabela 3.11 são representativos para pontes com um mais elevado em túneis urbanos duplos do que em
comprimento entre cerca de 500 e 1.500 m. Os índi- túneis de mão única. Já nas rodovias e trechos es-
ces de risco incluem todos os acidentes oficialmente tendidos, é maior em túneis de mão única que nos
relatados com vítimas. duplos (Amundsen & Engebretsen, 2008).
Em túneis com curvas, o número de acidentes au- Em cruzamentos desnivelados, a média de risco
menta. Em túneis com um raio de curva de menos de acidentes com vítimas é de 0,08 por milhão de
42 O Manual de Medidas de Segurança Viária
veículo-quilômetro. O tráfego em cruzamentos des- tro, e Sør-Trøndelag e Oslo, com cerca do dobro. Em
nivelados é calculado em veículo-quilômetro, e não Akershus e Buskerud há um tráfego relativamente
somente por veículos, pois as rampas de cruzamen- alto nas autoestradas, o que ajuda a reduzir o risco.
tos maiores podem ter uma extensão superior a 1 Oslo tem um alto risco no trânsito de suas ruas.
ou 2 km. O risco pode variar um pouco, mas não
dramaticamente, entre os diferentes cruzamentos A figura 3.13 mostra a variação do risco de lesão
desnivelados. entre dias da semana e horários para condutores
e passageiros em veículos de passeio (Bjørnskau,
Uma curva abrupta, segundo designação do cha- 2008). A figura se limita a automóveis, pois não há
mado programa URF (Amundsen e Lie, 1984), dados suficientemente bons de exposição, divididos
que é um programa de computador que calcula o em dias de semana e horários, para os outros grupos
quão surpreendente uma curva pode parecer ao de usuários das vias. O número oficial de lesões é
condutor, tem uma média de 0,5 ocorrência de utilizado no cálculo do risco. A figura mostra que
saídas da pista por milhão de veículo-quilômetro. o risco relativo de lesão, o risco médio, é definido
Entende-se que cada curva tem, em média, 0,15 igual a 1, e que o risco de ferimentos em um au-
km de comprimento. Quanto mais curvas por qui- tomóvel é maior durante a noite (das 0h às 6h) do
lômetro, menores parecem os riscos que cada uma que no resto do dia. O risco é especialmente alto
representa. nas noites de domingo: 30 vezes maior que a mé-
dia. Este resultado se deve a vários fatores. Primei-
Importância dos fatores ambientais em acidentes. ro, há relativamente menos pessoas que conduzem
O risco de acidentes no trânsito varia no tempo e no na noite de domingo e, segundo, a maioria dos que
espaço. A tabela 3.12 mostra a variação no risco de o fazem são jovens. Os jovens têm um risco muito
lesões entre os municípios. Os valores são as médias maior de acidentes e, além disso, há muitas mortes
para os anos entre 2000 e 2005. entre eles, segundo a pesquisa de hábitos de viagem,
de modo que essa exposição pode estar sendo su-
A variação de riscos de acidente entre os municípios é bestimada (Bjørnskau, 2008). Entre os dias úteis, as
bem pequena. Os extremos são Buskerud e Akershus, sextas-feiras e os sábados são apontados como os
com o menor número de danos por veículo-quilôme- dias de maior risco.
Tabela 3.12: Risco de acidente nos municípios. Número de acidentes e volume de tráfego por ano.
Milhão de Feridos ou mortos por Mortos por milhão
Município Feridos ou mortos Mortos
veículo-km milhão de veículo-km de veículo-km
Østfold 723,2 19,0 2.659 0,272 0,007
Akershus 1.047,8 23,5 5.177 0,202 0,005
Oslo 1.272,0 8,7 3.011 0,422 0,003
Hedmark 578,0 19,2 1.950 0,296 0,010
Oppland 498,5 20,0 2.169 0,230 0,009
Buskerud 548,7 21,3 2.878 0,191 0,007
Vestfold 568,2 14,0 2.152 0,264 0,007
Telemark 549,3 12,8 1.549 0,355 0,008
Aust-Agder 307,0 11,0 1.068 0,287 0,010
Vest-Agder 389,8 13,0 1.427 0,273 0,009
Rogaland 745,2 21,8 3.552 0,210 0,006
Hordaland 984,2 15,7 3.859 0,255 0,004
Sogn og Fjordane 240,5 7,0 815 0,295 0,009
Møre og Romsdal 587,3 16,3 1.462 0,402 0,011
Sør Trøndelag 709,0 13,3 1.644 0,431 0,008
Nord Trøndelag 274,3 9,5 1.333 0,206 0,007
Nordland 526,8 17,2 1.855 0,284 0,009
Troms 344,2 12,2 1.082 0,318 0,011
Finnmark 132,7 5,7 553 0,240 0,010
Todo país 11.027 281 28.686 0,274 0,007
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 43
10
33,5
9
0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
A figura 3.14 apresenta as variações corresponden- apontada como um período de relativo alto risco de
tes a dias da semana e horários, para o risco de lesão danos materiais, talvez pelo fato de que, nesse dia,
pessoal (Bjørnskau, 2008). O registro TRAST é usa- na maioria das vezes há tráfego pesado e muitas filas
do como base para o cálculo desses valores de risco. com velocidade reduzida.
A figura 3.14 mostra que o risco de danos materiais
varia menos entre dias e horários diferentes que o A falta de luminosidade, a chuva e as difíceis condi-
risco de lesões pessoais. A noite de domingo, no en- ções de direção contribuem para o aumento dos ris-
tanto, é o momento em que o risco é maior também cos. Isso foi comprovado em diversos estudos (Hvos-
para os danos materiais. O risco é cerca de seis vezes lef 1976; Satterthwaite, 1976; Sherretz e Farha, 1978;
acima da média. A tarde de sexta-feira também é Ivey et al., 1981; Brodsky e Hakkert, 1988; Ragnøy,
3
6,1
Risco relativo de lesão pessoal (média de risco = 1)
0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Figura 3.14: O risco relativo de danos materiais em veículos de passeio dividido em dias úteis e horários, em 2005.
Número relativo, o risco total = 1 (Bjørnskau, 2008).
44 O Manual de Medidas de Segurança Viária
1989; Fridstrøm e Ingebrigtsen, 1991; Fridstrøm et nos reunidas de forma rotineira. Informações sobre
al., 1995; Sakshaug e Vaa, 1995; Vaa, 1995; Johans- idade e sexo são praticamente contidas em fatores
son, Wanvik e Elvik, 2008; Wanvik, 2009). Com base humanos no registro oficial de acidentes, passíveis
nesses estudos, configuraram-se os valores de risco de serem utilizadas satisfatoriamente.
relativos, conforme apresenta a tabela 3.13. Eles de-
vem fornecer uma melhor estimativa do risco relativo A figura 3.15 mostra a variação no risco de lesão
de lesão, associado a diferentes condições meteoroló- pessoal dos condutores de acordo com sexo e ida-
gicas e de luminosidade na Noruega. As probabilida- de (Bjørnskau, 2008). Na figura, o risco de lesão é
des de ocorrência aumentam em vias molhadas e com calculado com base no registro oficial de acidente
a presença de neve ou gelo. Para pedestres e ciclistas, (SSB).
o risco também aumenta no escuro. Para automóveis,
no entanto, não foi encontrado qualquer aumento. Os condutores mais jovens têm o risco mais alto.
Em relação à luminosidade, existem diferenças entre Esta é uma conclusão que se tem repetido com mui-
as vias iluminadas e sem iluminação. Estima-se que ta frequência em estudos de risco, e Evans (1991)
o risco (para todos os usuários das vias no geral) no escreve que “quase deve ser considerado como
escuro é somente 2% maior do que à luz do dia para uma lei natural”. Também, condutores mais velhos
vias iluminadas, mas 32% maior para vias sem ilumi- têm maior risco de lesão que a média, mas não tão
nação (Wanvik, 2006). alto quanto os mais jovens. Os resultados sugerem
que o aumento do risco com o aumento da idade
foi menor em 2005 que em 2001, sobretudo para as
Fatores de risco relacionados aos usuários. Os mulheres. Isso pode ser uma variação ao acaso, mas
comportamentos e as características dos usuários também é possível que tenha havido uma melhora
têm grande relevância nos índices de acidentes. Mas real, especialmente entre as mulheres. Elas normal-
a influência do indivíduo é, por muitas razões, difí- mente tiram a carteira de motorista antes do que os
cil de estudar e quantificar (Elvik e Vaa, 1990). Em homens, o que acaba resultando em maior experiên-
primeiro lugar, há muitos fatores humanos que po- cia. A melhor resistência à colisão dos veículos tam-
dem estar relacionados, e diferentes fatores podem bém pode ter contribuído para a redução do risco
ter uma relação incerta entre si. Em segundo lugar, entre os condutores mais velhos (Bjørnskau, 2008).
muitos fatores humanos são difíceis de medir de uma
forma satisfatória. Isso se aplica especialmente para O risco é maior entre as mulheres do que entre os
características abstratas, como atitudes e mentalida- homens. Calculado com base em números oficiais, o
de. Até certo ponto, também se refere a comporta- índice para mulheres é aproximadamente 30% mais
mentos, como por exemplo, o nível de atenção. Em elevado. Vários outros estudos também mostram
terceiro lugar, alguns fatores humanos são, ainda, maior risco de lesão entre mulheres do que entre
afetados pela própria tentativa de medi-los. Talvez homens (Bjørnskau, 1988; Broughton, 1988; Forsy-
o melhor exemplo disso seja a atenção. Quem não th, Maycock e Sexton, 1995; Massie, Green e Cam-
acabaria por tentar ser extremamente cuidadoso pbell, 1997). Uma das explicações prováveis é que
quando se sabe que: “Agora vamos examinar o quão as mulheres dirigem menos que os homens, e o risco
atento você está no trânsito”? Em quarto lugar, são diminui com o aumento de horas na direção. Além
pouquíssimas as informações sobre fatores huma- disso, as mulheres normalmente dirigem veículos
Tabela 3.13. O risco relativo de acidentes com lesão pessoal relacionados a diferentes
condições ambientais.
menos seguros que os dos homens e em cidades, As figuras 3.16 e 3.17 mostram a variação do risco
onde o risco é maior que nas áreas rurais. O risco de de lesões entre pedestres e ciclistas, por sexo e idade
passageiros mostra, em linhas gerais, a mesma va- (Bjørnskau, 2008). Entre os pedestres, são os mais
riação de idade que entre condutores. A explicação velhos os mais vulneráveis. E os jovens também
mais óbvia para isso é que a idade do passageiro e têm maior risco como pedestres do que a média,
a do condutor são próximas, provavelmente pela li- mas não tão alto quanto o dos mais velhos. As mu-
gação entre eles (condutores jovens têm passageiros lheres pedestres, em média, têm risco cerca de 5%
jovens, e condutores mais velhos, passageiros mais mais alto que os homens, mas esta diferença não é
velhos).
1,4
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
18-19 20-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75+
2001 Homens 2001 Mulheres 2005 Homens 2005 Mulheres
Figura 3.15: Risco de ferimento (lesões por milhão de passageiro-quilômetro) para condutores do sexo
feminino e masculino, em veículos de passeio, por idade, em 2001 e 2005 (Bjørnskau, 2008).
2,0
1,5
1,0
0,4
0,0
13-17 18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75-79 80+
Homens Mulheres
Figura 3.16: Risco de ferimento (lesões por milhão de passageiro-quilômetro) para pedestres, por
idade, em 2005 (Bjørnskau, 2008).
46 O Manual de Medidas de Segurança Viária
0
13-17 18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75+
1992 1998 2001 2005
Figura 3.17: Risco de ferimento (lesões por milhão de passageiro-quilômetro) para ciclistas, por idade, em
2005 (Bjørnskau, 2008).
estatisticamente confiável (não mostrada na figura). maior risco de óbito que os condutores com nível de
Existem grandes variações no risco de ferimentos álcool no sangue de até 0,5 (Glad, 1985).
entre ciclistas, tanto de ano para ano quanto entre
grupos etários. Também o padrão entre as variações Outra área em que foram feitas diversas pesquisas
é mais desordenado que o padrão encontrado entre é a que investiga o significado de diferentes doen-
os condutores e pedestres. Ainda, há uma tendência ças e problemas de saúde para o risco de aciden-
para que ciclistas mais velhos tenham o maior risco tes entre os condutores. Quase todos esses estudos
de lesão. relativos aos condutores têm, segundo muitos pes-
quisadores envolvidos, uma qualidade metodoló-
Além de sexo e idade, o álcool tem uma influência gica baixa. Os resultados devem ser considerados
bastante consistente entre os fatores de risco pes- apenas como indicações da ligação entre diferentes
quisados relacionados aos usuários das vias. De problemas de saúde com o risco de acidentes, mas
acordo com uma pesquisa norueguesa sobre acosta- não como relações bem estabelecidas. A tabela 3.14
mentos, realizada em 1981 e 1982 (Glad, 1985), foi foi retirada do capítulo sobre medidas de saúde
calculado o risco relativo de lesão para condutores para condutores e mostra a influência de diferentes
com diferentes níveis de álcool no sangue (Assum e doenças e deficiências em acidentes (Capítulo 6.2,
Ingebrigtsen, 1990). A figura 3.18 mostra os resul- parte 2). Na tabela, o risco decorrente de diferentes
tados dos cálculos. doenças e deficiências de saúde foi calculado em
relação ao dos condutores saudáveis, que é igual a
O risco de lesões aumenta drasticamente com o au- 1,00. Fica evidente a partir da tabela 3.14 que uma
mento de álcool no sangue, e é 65 vezes maior para os série de doenças e problemas de saúde contribui
condutores com nível de álcool no sangue acima de para aumentar o risco de acidentes, apesar de ser
1,5 do que para os condutores sóbrios. Com álcool uma contribuição baixa.
no sangue entre 0,2 e 0,5, o risco é cerca de duas ve-
zes maior do que para os condutores sóbrios (Assum Um número de pesquisas (Solomon, 1964; Munden
et al., 2005). Em média, para todos os níveis acima de 1967; Cirillo, 1968; Dunn e Oeste 1971; Harkey et
0,5, o risco se multiplica por aproximadamente 25. al. 1990) estudou a relação entre a velocidade de
Nenhum outro fator conhecido interfere tanto quan- condução e seu risco de acidente. Esses estudos
to a ingestão de álcool entre os usuários do trânsito. descobriram que tanto os condutores que dirigem
O aumento no risco de mortalidade é ainda maior do com velocidade elevada quanto aqueles que dirigem
que o de lesões. Os condutores com nível de álcool em baixa velocidade têm maior risco que a média,
no sangue acima de 1,5 tem um total de 550 vezes ou seja, que aqueles que mantêm uma velocidade
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 47
500
450
400
350
Risco relativo (sóbrio=1)
300
250
200
150
100
50
0
Sóbrio 0,5 - 1,0 1,0 - 1,5 over 1,5
de embriaguez de embriaguez embriaguez
Envolvidos emacidentes com ferimentos
Figura 3.18: Riscos relativos de interferências nas lesões pessoais e mortes para condutores
em diferentes níveis de álcool no sangue.
adequada ao ambiente em que conduzem. Um estu- acidentes que incluíam – acidentes em que o veículo
do australiano recente (Kloed et al., 2001) constatou é desligado ao capotar pela diminuição brusca de
que os condutores que dirigiam numa velocidade velocidade podem criar a impressão de que a baixa
acima da média tinham um risco maior de acidente, velocidade resulta em acidentes; (B) como se rela-
enquanto que os que dirigiam abaixo não apresen- tam os acidentes – as partes envolvidas no mesmo
tavam muita diferença. veículo podem ter sido ouvidas mais de uma vez, e
(C) a incerteza na reconstrução da velocidade para
Essas pesquisas têm sido muito discutidas. Hauer veículos envolvidos em acidentes. Embora estes ar-
(2009) conclui, com isso, que há uma alta probabi- gumentos não comprovem definitivamente que as
lidade de que os resultados das investigações sejam conclusões sejam confiáveis, tornam-nas, no entan-
expressos principalmente como fatos metodológi- to, altamente prováveis.
cos e não mostrem diferenças reais de acidentes.
Pode haver vários argumentos para essa interpreta- Em um tratado intitulado “Teoria do jogo, tráfego
ção relacionados, entre outros, com: (A) os tipos de e acidentes – uma teoria da interação no trânsito”,
Bjørnskau (1994A) estudou a relação entre o com- 3.9.3 Fatores que afetam o grau de danos dos
portamento autorreferido dos condutores no deta- acidentes
lhamento do acidente. Um dos problemas que essa
pesquisa destaca é o aumento do risco quando um Muitos fatores afetam a probabilidade de um aci-
condutor apresenta um comportamento diferente dente acontecer. Eles também afetam a gravidade
do esperado em determinada situação. Os resulta- das consequências de um acidente sob a forma das
dos do estudo são complexos. Uma das principais lesões. Esta seção descreve brevemente a importân-
conclusões é que condutores “estrategicamente ra- cia de alguns fatores-chave para a probabilidade de
cionais” têm menor risco de acidentes que aqueles ocorrência de lesão em um acidente. Estes fatores
com raciocínio menos estratégico. Um condutor são:
racionalmente estratégico é definido como aquele
com boa capacidade de prever o comportamento • A massa do veículo;
dos outros em determinadas situações e utilizar • A velocidade no momento da colisão;
essas previsões para evitar obstáculos no trânsito. • As características do usuário da via (principal-
Por exemplo, arrancar antes dos outros nos cruza- mente idade), e
mentos. Isso significa que uma direção muito de- • O uso de equipamentos de proteção individual.
fensiva não necessariamente aumenta a segurança
em todas as situações. Os condutores que optam Massa do veículo. A importância da massa do veícu-
por parar em situações em que a maioria optaria lo e de se ter uma carroceria como proteção do corpo
por acelerar, como quando o semáforo fica ama- está descrita no capítulo de medidas 4.19 (parte 2).
relo, são mais propensos a colisões traseiras que Foi bem documentado o fato de que, quanto maior
os condutores que nessas situações têm o mesmo a massa, maior a proteção que se tem contra lesões
comportamento que a maioria, que optaria por causadas por acidentes. Nas estatísticas oficiais no-
acelerar. rueguesas de acidentes relatados, a importância da
massa e da carroceria pode ser constatada com o es-
Por isso, o estudo sustenta a hipótese de que uma tudo de como a probabilidade de morte ou ferimento
alta previsibilidade do comportamento no trânsito varia entre diferentes grupos de usuários e de tipos
ajuda a melhorar a segurança. Alta previsibilidade de veículo. Esta averiguação é possível porque tam-
significa que, com um alto grau de certeza, pode- bém os condutores ilesos envolvidos em acidentes
se dizer de antemão a atitude de um condutor em com vítimas (incluindo pedestres e ciclistas) são re-
uma determinada situação. Em teoria, o compor- gistrados nas estatísticas oficiais. A figura 3.19 mostra
tamento no trânsito deveria tornar-se previsível como a probabilidade de morte ou lesão, quando se
pelas regras de trânsito. Na prática, isso não é o está envolvido em um acidente relatável, varia entre
que acontece, pois, em primeiro lugar, os condu- grupos de usuários e tipos de veículo.
tores não seguem todas as regras de trânsito de
cada situação com exatidão. São formadas regras O número é baseado no registro oficial de aciden-
ou convenções informais para o que é considerado tes. Entre pedestres e ciclistas, mais de 95% dos en-
comportamento normal em diferentes situações, volvidos sofrem lesões. Entre ciclomotoristas e mo-
e elas nem sempre estão de acordo com as regras tociclistas, a proporção de feridos é cerca de 90%.
de trânsito. Em segundo lugar, não há regras de Cerca de 50% dos condutores de veículo de passeio
trânsito cujas soluções sejam inequívocas para as são feridos. Entre os condutores de ônibus ou ca-
distintas situações. Em cruzamentos regulamen- minhão, a proporção de lesões é de 10 a 20%. Es-
tados com a preferencial da direita, por exemplo, tas diferenças ficariam ainda mais claras se fossem
pode facilmente ocorrer a chamada situação de considerados os danos materiais. As estatísticas de
‘pare’ ao mesmo tempo, em que em todas as vias acidentes com danos materiais não permitem uma
do cruzamento o condutor deve ceder a passagem divisão tão detalhada entre modelos de veículos
ao outro simultaneamente. Nesses casos, a regra como as estatísticas de acidentes com vítimas.
geral do Código de Trânsito, que diz que se deve
ter cuidado no trânsito (Código de Trânsito § 3), O peso dos veículos não tem grande impacto sobre
não dá nenhum esclarecimento sobre como resol- o número total de condutores ou passageiros feri-
ver a situação. Na prática, a solução é dada por dos. Os veículos maiores e mais pesados, no entan-
convenções informais estabelecidas entre os pró- to, dão maior proteção para condutores e passagei-
prios condutores, mas nem todos as seguem ou as ros, mas isso somente se comparado aos veículos
percebem da mesma forma. menores. As pessoas em um veículo de passeio de
Parte I: 3. Acidentes e riscos no trânsito 49
3,8%
Pedestres 1,6%
1,3%
Bicicletas 4,0%
1,0%
Ciclomotores 6,4%
3,4%
Motos leves 5,5%
5,6%
Motos pesadas 5,8%
2,3%
Veículos de passeio 40,6%
0,4%
Táxis 55,0%
2,3%
Vans 51,9%
1,2%
Ônibus 60,8%
3,4%
Caminhões sem trailer 74,2%
5,0%
Caminhões 67,9%
Figura 3.19: Relação entre o peso do veículo e a proporção de todos condutores/pedestres ilesos
ou mortos, envolvidos em acidentes relatáveis de 2000 a 2009.
1,5 tonelada têm um risco 45% menor de lesão em lidade de ser ferido é igual tanto para pedestres e
uma colisão do que as pessoas em um veículo de ciclistas quanto para condutores, mas para estes últi-
0,85 tonelada. O risco de as pessoas em veículos de mos a probabilidade é deslocada para uma velocida-
0,85 t serem feridas em uma colisão com um veículo de inferior. A figura 3.20 mostra como a probabili-
de 1,5t é 75% maior do que em uma colisão com dade de morte, tanto para pedestres atropelados por
outro veículo de 0,85 t. veículos de passeio quanto para condutores, depen-
de da velocidade em que ocorre o acidente (veloci-
Velocidade no momento de colisão. A relação entre dade do veículo). Como mostra a figura, a probabili-
a velocidade no momento do acidente e a probabi- dade de ser morto é maior do que a probabilidade de
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
5
9
13
17
21
25
29
33
37
41
45
49
53
57
61
65
69
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133
Pedestres Condutores
Figura 3.20: Probabilidade de morte de pedestres e condutores, de acordo com a velocidade
de colisão (Elvik, 2009).
50 O Manual de Medidas de Segurança Viária
não ser morto em uma velocidade de 77 km/h para aproximadamente 25%. Com o uso, além disso, de
pedestres, e de 55 km/h para os condutores. equipamentos de proteção em couro, reduz-se a pro-
babilidade de ferimentos em aproximadamente 30%.
Característica do usuário da via. A probabilidade Ao todo, os equipamentos de proteção fornecem uma
de ser ferido ou morto em um acidente aumenta, redução da probabilidade de lesão de quase 50% [1
ceteris paribus, com a idade do usuário (Transporta- - (0,75 x 0,70)]. Um pedestre que usa roupa refletora
tion Research Board, 1988). Com o aumento da ida- reduz a probabilidade de ser atingido no escuro em
de, aumenta o risco de acidentes, devido, em parte, cerca de 50%. Um condutor com cinto de segurança
à diminuição das funções fisiológicas e cognitivas tem entre 20 e 30% menores chances de ser ferido do
(especialmente atenção e processamento de infor- que um condutor sem cinto de segurança, e entre 40 e
mações de velocidade) e ao aumento da incidência 50% menores probabilidades de ser morto.
de doenças.
Outros fatores. Entre outros fatores que também
Uso de equipamentos de proteção individual. O uso desempenham um papel importante na probabi-
de equipamentos de proteção individual é significa- lidade de ser ferido, podem-se incluir: o tipo de
tivo para a probabilidade de lesão em um acidente acidente (Evans, 1991; Grime, 1987; Harms, 1992;
de trânsito, especialmente para usuários que não são Partyka, 1979), a posição onde se está sentado no
protegidos de outra forma, ou seja, pedestres, ciclis- carro (Evans, 1991) e a configuração da via (Per-
tas, ciclomotoristas ou motociclistas. Um ciclomoto- chonok et al., 1978). As colisões frontais são as mais
rista ou motociclista, com o uso de capacete, reduz graves. Os bancos traseiros são geralmente os mais
a probabilidade de lesões fatais na cabeça em cerca seguros, e os terrenos montanhosos são os mais pe-
de 44% e a probabilidade de ser ferido no geral em rigosos quando ocorre a saída da pista.
4 Panorama técnico
Como melhor pesquisar os resultados das medidas Fatores de risco – um conceito estatisticamente
de segurança e qual a metodologia adequada a ser causal. Como causa de um acontecimento enten-
utilizada são perguntas que exigem uma discussão de-se normalmente um fator ou evento que tenha
52 O Manual de Medidas de Segurança Viária
produzido uma alteração ou efeito (ex. um aciden- ções podem, aparentemente, ser confirmadas pelos
te) que de outra forma não teria acontecido (Elvik, resultados das comissões de acidentes, que muitas
2004). A relação causal pode ser determinista, mas vezes se referem às inúmeras falhas do usuário como
não deveria. Perguntar-se a causa de um acidente ge- fatores causadores de ocorrências no trânsito.
ralmente é sem sentido. A maioria dos acidentes é o
resultado de um conjunto de suficientes fatores que Uma possível interpretação do que se entende por
juntos contribuem para provocá-lo. Há tantas com- “80 a 90% dos acidentes são causados por erro hu-
binações de diferentes fatores quanto há acidentes. mano” é de que, de fato, em 80 a 90% dos acidentes
Na pesquisa de segurança viária, trabalhamos com o Código de Trânsito ou as regras de trânsito são
um conceito causal estatístico: fatores de risco. Estes quebrados. Esse resultado não é surpreendente. Po-
fatores não devem ser interpretados como condi- de-se, por exemplo, pensar no condutor que avança
ções necessárias nem suficientes para acidentes. o sinal vermelho, ultrapassa os limites de velocida-
de, dirige por um trecho proibido, etc. Sabemos que
Os fatores de risco são fatores que aumentam a pro- a violação das regras de trânsito é muito comum. Na
babilidade de um acidente ou lesão. Estudando-os, maioria dos casos, essa violação não leva a aciden-
podemos obter algum esclarecimento sobre as con- tes. Mas não há sombra de dúvidas de que podem
dições anômalas que produzem acidentes. Quanto ser detectados delitos em muitos acidentes.
maior o número de fatores de risco simultâneos,
maior a probabilidade de que algo aconteça. Quais Para determinar a responsabilidade jurídica por um
fatores agem simultaneamente depende, em parte, acidente, a polícia deve investigar se alguma infra-
das coincidências, das vias mal projetadas ou do ção tem conexão com o ocorrido. A determinação
comportamento dos usuários. Quanto mais fatores clara da responsabilidade legal geralmente é neces-
conhecemos, melhor podemos predizer o índice de sária para resolver eventuais questões de indeniza-
acidentes. Mas nunca podemos prever um acidente ção sem necessidade de litígio. Mas examinar as res-
específico com precisão no tempo e no espaço. Co- ponsabilidades legais por acidentes não é o mesmo
missões de acidentes nos ensinaram que raramente que examinar “as causas” do acidente. Quando os
podemos tirar conclusões definitivas e inequívocas condutores são legalmente responsáveis pela maio-
sobre o que quer que tenha sido decisivo ou de- ria dos acidentes, isso não significa necessariamente
sencadeado um acidente específico. O acidente só que os principais fatores de risco por trás de aciden-
pode ser esclarecido rastreando-se uma ampla gama tes estão relacionados às características dos mesmos.
de possíveis fatores contribuintes. Mas, de acordo
com a comissão de acidentes, nenhum dos fatores É claro que podemos dizer que os condutores deve-
que tenha contribuído para um acidente pode ser riam coibir qualquer situação de risco no trânsito,
considerado condição necessária ou suficiente para independentemente de fatores externos. Os con-
sua ocorrência. dutores usuários das vias têm deveres e responsa-
bilidades perante a lei. Há de se atribuir-lhes a res-
O grande número de acidentes de trânsito tem, no ponsabilidade de evitar acidentes. É um valor moral
entanto, tornado possível, tanto na Noruega como e legal. Não podemos, como pesquisadores, nem
em outros países, construir um grande banco de da- confirmar nem negar tal avaliação. Devemos distin-
dos, onde muitos detalhes sobre cada um deles po- guir entre avaliações de culpa e responsabilidade,
dem ser processados estatisticamente. Desta forma, que são úteis e necessárias num contexto legal, e
obtém-se o conhecimento de uma série de fatores pesquisas sobre fatores de risco, que são úteis e ne-
que se repetem com maior frequência que outros. cessárias quando queremos saber como os acidentes
Pode haver fatores relacionados ao projeto da via, realmente ocorrem e como podem ser evitados.
ao clima, às condições de direção, aos veículos ou
aos próprios usuários. Alguns desses fatores, que Acidentes normais e acidentes anormais. Perrow
conhecemos relativamente bem, são discutidos no lançou o conceito de “acidentes normais” (Perrow,
Capítulo 3, sobre acidentes e riscos no trânsito. 1984). Ele acredita que há acidentes que ocorram
durante o funcionamento normal de um sistema
Culpa, responsabilidade e razão não são a mesma e sem que tenha havido nenhuma anormalidade,
coisa. No debate público sobre as causas de aciden- nem que os envolvidos tenham se comportado de
tes de trânsito, alegou-se que “80 a 90% dos aci- maneira particularmente descuidada. Ele argu-
dentes são causados por erro humano” ou “atitudes menta que a maioria dos acidentes são normais,
equivocadas por parte do condutor”. Essas afirma- mesmo que sejam retratados como anormais nos
Parte I: 4. Panorama técnico 53
meios de comunicação de massa, como, por exem- Esses erros ocorrem com muita frequência em aci-
plo, o acidente na usina nuclear de Three Mile Is- dentes de trânsito. Muitos deles são, no entanto,
land nos EUA, em 1979. normais e acontecem em maior ou menor frequên-
cia. Na maioria dos casos, não resultam em aciden-
É razoável supor que a maioria dos acidentes são tes. Mas tão logo um acidente acontece, é fácil de-
normais nesse sentido. Eles acontecem em plena luz signar, em retrospectiva, esses erros como “motivos
do dia, em boas condições de direção e com con- causais”. Disso, muitos podem concluir que há de
dutores comuns, que não estavam alcoolizados nem se fazer algo para que os condutores evitem aciden-
cometerem crimes graves que provocaram o aci- tes de trânsito. Isto é, por várias razões, uma falácia.
dente. Quando dois veículos colidem em um cruza- Grime (1987) coloca em um comentário aos estudos
mento, a razão é muitas vezes extremamente trivial: britânicos aprofundados sobre acidentes:
eles simplesmente não viram um ao outro a tempo
(ou não se viram em absoluto). Deixar algo passar “Fatores humanos estão presentes em aproxima-
despercebido é uma falha normal e perfeitamente damente 95% dos acidentes. Talvez não seja sur-
humana. Isso não indica, necessariamente, qualquer preendente, já que os condutores estão envolvidos
intenção criminosa ou um desempenho anormal. Os em todos os acidentes e quase sempre é possível
dois veículos colidem simplesmente por estarem no imaginar algo que poderiam ter feito para evitá-lo.
lugar errado, na hora errada. Tivesse um dos veícu- No entanto, quando pensamos em medida, não
los passado alguns segundos mais tarde, o acidente estão necessariamente as mais eficazes vinculadas
provavelmente teria sido evitado. ao fator causal dominante do acidente, mas podem
estar em outra área. O comportamento humano
Um acidente anormal é aquele cuja responsabilidade pode, muitas vezes, ser mais facilmente afetado
do risco deve ser conscientemente assumida como com medidas relacionadas às vias e à engenharia
tendo contribuído de forma significativa. Aciden- de tráfego do que com o treinamento ou o con-
tes durante corrida de automóvel é anormal, pois a trole da polícia sobre os usuários. Vias e medidas
maioria dos condutores dirigem em disputa. Algu- de engenharia de tráfego podem contribuir signifi-
mas pessoas gostam de colocar-se em situação de cativamente para a redução dos acidentes quando
risco. Eles são caçadores de emoção. Quantos caça- os condutores não dominam o ambiente de trá-
dores de emoção existem e como eles são vulneráveis fego.”
a acidentes são questões tratadas na próxima seção.
Em suma: Não é suficiente demonstrar que um aci-
Papel dos fatores humanos em acidentes. Todo dente foi provocado por uma ação equivocada do
acidente está de alguma forma relacionado ao com- condutor. Também devemos nos perguntar por que
portamento do usuário envolvido. Quase sempre é o erro foi cometido. Pode-se pensar que grande par-
possível apontar erros específicos ou escolhas infeli- te da explicação de erros no trânsito está no sistema,
zes, feitas normalmente nas frações de segundo que por exigir, em determinadas situações, muito do de-
antecedem um acidente (Grime, 1987; Nordquist, sempenho humano. Se o sistema é muito compli-
1988). Exemplos do que se entende por fatores hu- cado, até mesmo o usuário mais bem equipado de
manos que provocam acidentes são os seguintes: vez em quando cometerá erros fatais. Se o sistema
se torna muito simples, também pode levar a erros,
• Falha de observação: Novamente, um exemplo porque, por exemplo, deixará os condutores enfas-
deste erro é quando os condutores não se veem tiados e desatentos. A contribuição dos fatores hu-
antes da ocorrência. Este é um fator causal muito manos para os acidentes é mais significativa quanto
comum em acidentes (Rumar, 1990). melhor for a construção e a técnica. Por exemplo,
• Falha na interpretação da situação: Exemplos: o ao longo das autoestradas há muitas possibilidades
erro de julgamento no intervalo de tempo entre si técnicas de erro. Autoestradas não têm cruzamen-
e os outros veículos nos cruzamentos ou a previ- to no mesmo plano com outras vias, nem curvas
são incorreta das ações dos outros. abruptas, ou passarelas e ciclovias, etc. Os acidentes
• Ação falha: Quando os usuários da via optam por que ocorrem em tais vias devem ser em grande parte
ações equivocadas, como dar sinal na direção er- atribuídos a fatores humanos.
rada ou não dar sinal nenhum, ou se esquecem de
verificar o ponto cego. A correlação entre a frequência com que um con-
• Fatores pessoais temporários: por exemplo, cansa- dutor comete diferentes tipos de erros no trânsito e
ço, estresse, doença. o risco de acidente do condutor (acidentes por km
54 O Manual de Medidas de Segurança Viária
rodado) foi estudada por Parker et al. (1995). Veri- lidade na direção e embriaguez. Problemas relacio-
ficou-se que infrações voluntárias aumentam o ris- nados à via contribuíram em 40% das ocorrências, e
co de acidentes (ex. beber e dirigir). Contudo, não falhas ou defeitos no veículo contribuíram em apro-
houve associação entre acidentes e outros tipos de ximadamente 25% de todos os acidentes fatais em
erros, como, por exemplo, ações falhas (ex. ignorar 2007. Os principais fatores que contribuíram para
um pedestre atravessando), o chamado “lapso” (ex. que os acidentes se tornassem fatais foram relativos à
confundir controles de limpadores de para-brisas e não-utilização de equipamentos de segurança (cinto
pisca-alerta). Este estudo foi categorizado por sexo, de segurança e capacete), alta velocidade e terreno
idade, quilometragem anual e frequência de infra- lateral perigoso (Haldorsen, 2007). A figura 4.1 mos-
ções voluntárias. As descobertas mostram que nem tra a relação de fatores contribuintes em acidentes
todos os erros levam a um aumento de acidentes. Se fatais que foram encontrados para o ano de 2006.
as ações equivocadas forem distribuídas aleatoria-
mente entre os usuários (mas não necessariamente A falta de habilidade do condutor foi listada como
entre diferentes ambientes de tráfego), na verdade uma das principais causas da maioria das mortes,
não haverá razão para acreditar que elas devam ter muitas vezes em combinação com alta velocidade
qualquer ligação com os acidentes individuais, mes- e/ou intoxicação ou fadiga. Falta de habilidade do
mo que se acredite que os erros cometidos no mo- condutor inclui falta de informação, decisão equi-
mento anterior são o grande culpado pelo acidente. vocada, falta de experiência no volante, confiança
excessiva em sua própria habilidade e falta de co-
Grupos de análise de acidentes e fatores contri- nhecimento técnico do veículo. No entanto, existe
buintes. Na sequência de acidentes graves envol- uma variação considerável na utilização desta ca-
vendo aeronaves, navios e trens, é comum nomear tegoria de causas. Em 2005, a falta de habilidade
comissões de acidente. Essas comissões são encarre- do condutor contribuiu apenas em 29% de todos
gadas de analisar em detalhe as possíveis causas de os acidentes fatais, e em 2007, em 66%. Quando
um único acidente. A maioria dos acidentes de trân- um acidente é explicado pela falta de habilidade,
sito, no entanto, não é investigada por comissões. não fica totalmente claro até que ponto esse indício
Na Noruega, todos os acidentes fatais são investiga- se fez presente e contribuiu para o acidente, ou se
dos por grupos de análise desde 2005. Esses grupos esse fator é normalmente utilizado quando outros
são organizados por região e distritos e trabalham fatores não parecem suficientes para explicar o aci-
em conformidade com as diretrizes da Statens Veg- dente. Também pode ser difícil determinar se outro
vesen (Agência Nacional de Administração de Vias fator relacionado ao usuário esteve envolvido e qual
Públicas da Noruega). Os grupos têm experiência sua real contribuição no ocorrido. Isso vale princi-
em vias, veículos e usuários. Eles também se arti- palmente para fatores como doença e acidente in-
culam com a perícia médica para avaliar o progres- tencional. Questões de saúde são confidenciais e,
so de lesões e tratamento. As tarefas incluem uma apesar de ser uma informação relevante, na maioria
pesquisa dos eventos e dos fatores contribuintes e das vezes não está disponível.
a proposta de medidas. Tanto a Statens Vegvesen
quanto a polícia têm deveres perante a Comissão As proporções de outras causas foram relativamen-
Norueguesa de Investigação de Acidentes (AIBN). te semelhantes nos três anos de 2005, 2006 e 2007.
A AIBN tem uma seção separada para a investiga- Entre os fatores mais frequentes relacionados à falta
ção de acidentes de trânsito desde 2005. AIBN é de conhecimento técnico do veículo está o uso de
notificada principalmente após acidentes em túneis rodas ou pneus de verão no inverno, ou pneus em
e que envolvam veículos pesados ou transporte de mau estado de conservação atrás, e não na frente. A
mercadorias perigosas. maioria destes acidentes ocorrem no inverno.
Os grupos de análise preparam relatórios que resu- Rumar (1985) e Broughton (1996) compilaram os
mem os fatores supostamente contribuintes nos aci- resultados de um estudo aprofundado de diferen-
dentes e as lesões resultantes. Eles podem estar liga- tes fatores contribuintes realizado pelas comissões
dos aos usuários, veículos ou vias. Para a maioria dos de acidentes. Os resultados mostram que fatores
acidentes são encontrados vários fatores contribuin- humanos foram considerados como tendo desen-
tes. As exceções são apenas alguns casos extremos, cadeado 68% deles. Levam-se em conta, também,
como, por exemplo, um deslizamento de terra so- acidentes onde foram considerados como fatores
bre um veículo. Fatores comumente encontrados na humanos um conjunto de outros fatores contribuin-
maioria dos acidentes: alta velocidade, falta de habi- tes, à porcentagem de 91,5%.
Parte I: 4. Panorama técnico 55
O emprego de estudos aprofundados sobre aciden- 20 anos tem havido nas pesquisas internacionais de
tes como um meio para se descobrir fatores contri- segurança viária uma animada discussão sobre os
buintes tem basicamente duas limitações: diferentes modelos que supostamente servem para
explicar as razões dos acidentes e as possibilidades
• Esses estudos carecem de um grupo-controle, ou de formular uma teoria geral para a explicação de
seja, um estudo sobre o trânsito normal, não só acidentes. Quem foi mais longe para propor uma
para os acidentes. Portanto, não se pode dizer se, teoria geral para a explicação de acidentes foi o cien-
por exemplo, um erro específico está representa- tista canadense Gerald Wilde. Ele lançou uma teoria
do de maneira excessiva em acidentes ou não. sobre o equilíbrio do risco (“Teoria Homeostática de
• Não se pode distinguir entre “causas” aleatórias Risco”), conforme a qual, resumidamente, o único
e sistemáticas. fator que a longo prazo leva à redução do número
de acidentes por unidade de tempo é o aumento
Há, portanto, um risco de se exagerar nas explica- do desejo de segurança por parte da população. As
ções específicas sob a forma de longas listas de pos- principais características da teoria de Wilde (Wilde,
síveis fatores contribuintes, onde existem somente 1982, 1986, 1988, 1994) estão representadas na figu-
alguns fatores significativos. Há também o risco de ra 4.2. Ela mostra os principais fatores que afetam os
que essas listas reflitam uma grande parcela (sub- índices de acidentes de acordo com Wilde.
jetiva) de suposições e hipóteses sobre como teria
ocorrido o acidente, e não necessariamente sobre o O princípio suposto por Wilde é o de que os condu-
que realmente aconteceu. tores usuários da via estão constantemente adaptan-
do seu comportamento com base numa comparação
entre o risco desejado e o experimentado (caixas a
4.3 Acidentes de trânsito como e b). Se houver um desvio ou alteração, adapta-se o
problemas independentes: teorias comportamento, e o mesmo acontece quando o des-
de equilíbrio de riscos e adaptação vio desaparece. Em outras palavras, Wilde pressupõe
comportamental que o condutor não deseja viajar com um desagra-
dável risco alto ou baixo constatado. Ele quer apro-
Teoria do equilíbrio de risco – uma teoria geral ximar o risco percebido de acordo com o seu risco
para a explicação de acidentes? Nos últimos 15 a desejado por meio de adaptações comportamentais
56 O Manual de Medidas de Segurança Viária
d Habilidade cognitiva 2
f Adaptação comportamental
Habilidade na direcção 3
e
Número real de acidentes
(caixas c e d). Exemplos desses ajustes é que a maio- 1996; Fosser, Sagberg e Sætermo, 1996; Sagberg,
ria diminui a velocidade quando neva e o pavimento Fosser e Sætermo, 1997). Não seria possível entrar
está liso ou aumenta a atenção ao se aproximar de em detalhes sobre esta discussão aqui. Os principais
um cruzamento ou uma curva. Adaptações compor- pontos de vista que a maioria dos cientistas partilha
tamentais afetam os valores reais de acidentes (caixa quando se trata da Teoria Homeostática de Risco de
e), que depois de um tempo, por sua vez, influenciam Wilde podem ser resumidos da seguinte forma:
a percepção do nível de risco (linha f).
• Não é possível refutar a teoria de Wilde. Se al-
O nível de risco desejado pelos condutores é deter- guém achar que uma medida não reduz o número
minado pela forma como eles avaliam o custo-be- de acidentes, Wilde dirá que isso está de acordo
nefício (vantagens e desvantagens) de um compor- com sua teoria, pois as pessoas adaptam seu com-
tamento diferente (caixa 1). E aí haverá grandes portamento a um menor nível de risco para que o
diferenças individuais. Alguns toleram risco zero, índice de acidentes continue como antes. Se, no
outros estão mais dispostos a expor-se a situações entanto, achar que o índice baixou, Wilde argu-
arriscadas. A amplitude do risco experimentado mentará que isso pode ser explicado pelo desejo
pelo usuário depende tanto do número real de aci- de um risco reduzido. Não há, portanto, resulta-
dentes quanto da sua habilidade em perceber os pe- do que leve à rejeição da teoria. Ela pode explicar
rigos no trânsito (habilidades perceptuais, caixa 4). da mesma forma qualquer resultado e, ao mesmo
A adaptação comportamental é influenciada pelas tempo, não ter nenhum valor essencialmente ex-
habilidades cognitivas (caixa 2) e de direção (caixa plicativo. Não se pode prever a adaptação com-
3) do condutor. portamental dos usuários da via.
• Pode-se optar por entender a teoria de Wilde
No modelo pode-se ver comportamento desejado como uma afirmação de que nenhuma medida
(caixa d), número real de acidentes (caixa e) e risco funciona. Nesse caso, a teoria está errada. Há
experimentado (caixa b) ligados por um círculo. Se muitos exemplos de medidas de segurança viária
os condutores experimentam um risco que consi- que reduziram o número de acidentes e/ou os res-
deram reduzido, como, por exemplo, porque com- pectivos graus de lesões.
praram pneus novos com pregos (para neve), eles • Wilde não diz como o “nível desejado de risco”
poderão acelerar ou adequar o comportamento de deve ser medido e como pode ser mais bem in-
acordo com seu nível de risco desejado. O nível de fluenciado. Assim, este é um registro indefinido,
risco desejado (caixa a) é a única variável no modelo em que pode ser colocada qualquer coisa que se
que está fora do círculo. Disto, Wilde deduz que o não consegue calcular ou medir.
único que pode levar a uma redução permanente do
número de acidentes é o desejo da diminuição do A maioria, no entanto, concorda que Wilde apon-
nível de risco ou, em outras palavras, que as pessoas tou fatores significativos e que nem todas as medi-
queiram evitar acidentes. Em suma, Wilde alega que das de segurança viária funcionam como seria de
“toda sociedade tem o índice de acidentes que seus se esperar. Não há dúvida de que a força do de-
habitantes almejam”, nem mais nem menos. sejo das pessoas para evitar acidentes é de grande
importância, tanto para o seu comportamento no
O modelo de Wilde provocou um amplo debate in- trânsito quanto para as oportunidades que o go-
ternacional (ver, entre outros, Bjørnskau e Fosser, verno tem de implementar medidas que reduzam
Parte I: 4. Panorama técnico 57
o número de acidentes. Quanto mais forte for o Concretizemos o esquema com um exemplo. A
desejo da população de evitar acidentes, mais fá- iluminação viária é projetada para atuar em aciden-
cil será implementar medidas mais poderosas. tes por tornar mais fácil perceber os outros usuá-
Na teoria de Wilde, no entanto, a força do desejo rios e objetos no escuro. A distância detectável no
de evitar acidentes (nível desejado de risco, caixa a, escuro é um fator de risco sobre o qual iluminação
figura 4.2) não é afetada pelo número real de aci- intenciona atuar. O impacto que a iluminação das
dentes e sua evolução ao longo do tempo. E esta, na vias teria sobre acidentes se apenas atuasse sobre a
prática, não é uma suposição razoável. Na realidade, detecção da distância e não houvesse mudança no
o interesse da segurança viária aumenta quando o comportamento dos condutores chama-se efeito de
número de acidentes e, especialmente, de mortes, medida de engenharia. O efeito de engenharia é o
aumenta. Quando os índices diminuem, o interesse pico mais alto na figura 4.3. Suponha que a boa ilu-
em segurança viária também diminui. minação viária também leve os condutores a dirigir
mais rápido e reduzir a atenção. Essas mudanças de
Teoria sobre a adaptação comportamental e suas comportamento não são intencionais e podem fa-
condições necessárias. A tentativa de Wilde de for- zer com que a iluminação tenha um efeito menor
mular uma teoria geral que explicasse os acidentes sobre os acidentes do que teria se fosse recebida de
não foi bem sucedida. Uma teoria ainda mais limita- outra forma. As alterações comportamentais podem
da é a teoria da adaptação comportamental ou com- ser chamadas de efeitos comportamentais da medida
pensação de risco. Esta teoria assume que os con- e passam pelo pico inferior na figura 4.3. O efeito
dutores adaptam seu comportamento aos fatores de líquido de uma medida é determinado por ambos
risco e às medidas de segurança implementadas em os efeitos, de engenharia e comportamentais, e pela
maior ou menor grau, mas não necessariamente de direção e força desses efeitos.
forma a lhes compensar de forma completa; portan-
to, há, sim, algum efeito sobre as taxas de acidentes, A pesquisa sobre a adaptação comportamental no
conforme Wilde afirma. A lógica desta teoria é mos- trânsito tem como objetivo, em grande parte, elu-
trada na figura 4.3. cidar por que ela ocorre algumas vezes e em outras,
não, e também descrever melhores formas de adap-
Acredita-se que medidas de segurança viária in- tação comportamental. Uma forma de adaptação de
fluenciem acidentes por afetar um ou mais fatores comportamento considerada importante, mas mui-
de risco que aumentam os índices ou agravam o to difícil de estudar, é a mudança na atenção dos
grau de lesão (aos quais a medida é direcionada). condutores. Baixo nível de atenção não necessaria-
Além desses fatores, elas podem ter efeitos indese- mente aparece de uma forma facilmente observável,
jados em um ou alguns outros fatores de risco que porque ele não leva necessariamente à alteração na
afetam os acidentes ou grau de lesão. Se esses fato- velocidade, por exemplo.
res são influenciados em uma direção desfavorável,
isso pode compensar completamente ou de forma Em um programa estratégico institucional, o Ins-
parcial os efeitos benéficos aos quais elas se desti- tituto de Economia do Trânsporte investigou con-
nam. Também há mudanças compensatórias em dições e formas de adaptação comportamental no
outros fatores de risco que não somente aqueles trânsito. Nesta pesquisa foi investigada a adaptação
em que a medida se destina a atuar: são a chamada do comportamento dos condutores para a ilumi-
compensação de risco. O esquema conceitual que nação da via, freios ABS (freios antitravamento) e
fundamenta a figura 4.3 foi desenvolvido por Evans airbags. Além disso, discutiu-se sobre as condições
(1985, 1991). para a adaptação comportamental de modo mais
geral. Acredita-se que as condições para que a adap- No programa de pesquisa do TØI, parte desses
tação comportamental ocorra sejam, entre outras: pressupostos foram estudados. Descobriu-se, entre
(Bjørnskau, 1994b; Elvik, 2004): outros, que os usuários da via adaptam seu com-
portamento à iluminação, acelerando a velocidade
• Visibilidade da medida: Medidas que conduzam e reduzindo a atenção (Bjørnskau e Fosser, 1996).
a melhorias visíveis, que os condutores consi- Ademais, verificou-se que, além de o comportamen-
deram efetivas, são mais propensas a adaptação to não ser afetado pela presença de airbags, os con-
comportamental do que as medidas que não le- dutores de veículos com freios ABS mantêm-se mais
vam a melhorias visíveis. Exemplo: Marcações na próximos do veículo à frente do que os de veículos
via são consideradas mais propensas a adaptação sem freios ABS (Fosser, Sagberg e Sætermo, 1996).
comportamental do que disco flexível da coluna
de direção. A adaptação comportamental pode explicar a falta
• Se a medida reduz acidentes ou lesões: Medidas de efeito de algumas medidas de segurança viária
que reduzem o risco de acidentes são mais pro- sobre acidentes? Entre as medidas de segurança
pensas a adaptação comportamental do que as viária descritas neste livro estão as medidas que, se-
que reduzem o grau de lesões. Exemplo: O uso de gundo as pesquisas, reduzem o número de acidentes
freios ABS parece ser mais propenso a adaptação e as medidas que não reduzem. Para o último grupo
comportamental do que o de airbags. de medidas tem-se, por exemplo, passarelas e ciclo-
• Se os condutores já compensaram de antemão os vias, reasfaltamento regular de uma via, colocação
fatores de risco a que a medida se destina ou não: de pavimento refletor e formação básica de condu-
Se os condutores já alteraram o comportamento tores. A adaptação comportamental entre os condu-
em relação ao risco que a medida visa diminuir, tores pode explicar porque essas e outras medidas
ela será mais vulnerável à compensação de risco não levam à diminuição dos acidentes?
do que se essa adaptação não tivesse ocorrido:
Exemplo: A inspeção periódica dos veículos leves Na maioria dos casos a resposta a esta pergunta é
é assumida como sendo mais propensa a adapta- “sim”, mas, em muitos casos, com algumas reservas.
ção comportamental do que a iluminação da via, No entanto, a adaptação comportamental costuma
porque os condutores parecem compensar erros ser inadequadamente documentada. Um dos pou-
técnicos e falhas, de modo que os acidentes não cos exemplos de pesquisa que encontrou claramen-
aumentem, mas não se pode adaptar o comporta- te que a adaptação comportamental havia ocorrido
mento em relação ao escuro, de tal maneira que o foi o levantamento de Amundsen (1983) sobre pa-
aumento do risco no escuro não exista. vimentos refletores. Essa pavimentação levou a um
• Tamanho do efeito de engenharia: Quanto maior aumento da velocidade, especialmente no escuro.
o efeito de engenharia, mais provável a adaptação Infelizmente esse tipo de documentação é raro.
comportamental. Exemplo: É mais provável que a
melhoria dos faróis dos veículos (faróis de ilumi- A adaptação não faz necessariamente que uma me-
nação dianteira para uso noturno) leve à adapta- dida perca todo o seu efeito sobre os acidentes. A
ção comportamental na direção no escuro do que iluminação da via, por exemplo, reduz o número
à adaptação à luz do dia. de acidentes com vítimas no escuro em aproxima-
• A capacidade de alcançar maiores benefícios: Uma damente 20%. Esse é um grande efeito. Talvez, por
medida só pode ser submetida à adaptação com- isso, acredita-se que esta medida seja propensa a
portamental se os usuários da via a perceberem alterações no comportamento dos usuários. E ela
como útil ou agradável. Exemplo: É difícil ima- é. A figura 4.4 mostra os resultados da pesquisa do
ginar uma adaptação comportamental em relação TØI de adaptação da velocidade do condutor em
às barreiras entre o cruzamento rodoviário e fer- um trecho da via onde foi introduzida uma nova
roviário, que beneficiam o usuário. Caso queiram iluminação.
ultrapassar as barreiras, dirigir em ziguezagues
entre elas é muito perigoso e pode também dani- Os resultados mostram que a velocidade aumentou,
ficar o veículo. A maioria dificilmente experimen- especialmente nas retas, mas não à luz do dia. Caso
taria este fato como algo útil ou agradável. Deixar se utilize o desenvolvimento da velocidade entre os
de lado a atenção, retardando a reação, tampouco períodos pré- e pós- medida à luz do dia como um
é vantajoso, uma vez que só leva à necessidade de grupo de controle, o aumento líquido da velocidade
uma desconfortável freagem brusca para parar na no escuro é calculada em aproximadamente 3% em
barreira. curvas e retas. Esse aumento de velocidade isolada-
Parte I: 4. Panorama técnico 59
Antes Depois
mente aumentará o número de acidentes com víti- A maioria das pessoas constroem suas percepções
mas em cerca de 6%. A pesquisa também mostrou de risco sob uma série de fatores de risco (Brown,
que os condutores eram menos conscientes da via 1991, 1995). Enquanto os profissionais consideram
iluminada do que em via sem iluminação. um risco como alto ou baixo de maneira puramen-
te estatística, o cidadão normal também encontra
Ainda assim, é raro ser possível calcular o signifi- para o risco outros aspectos em suas avaliações.
cado da adaptação comportamental para o efeito Entre estes estão exposição fortuita ao risco, grau
de uma medida na acidentes. Em primeiro lugar, o de controle pessoal sobre ele, potencial catastrófico
efeito de engenharia de muitas medidas é desconhe- em um acidente e quão conhecido e costumeiro ele.
cido ou impossível de ser calculado. Em segundo A maioria das pessoas considera risco de acidentes
lugar, a ocorrência de adaptação comportamental como algo parciamente voluntário e com uma pro-
em muitos casos é pouco documentada. Em tercei- babilidade relativamente alta de ser fatal.
ro lugar, quando se trata da iluminação da via, não
se sabe qual forma de adaptação comportamental Insegurança no trânsito na Noruega. Qual é a se-
tem o maior impacto. Trata-se de aumento de ve- gurança da população norueguesa? Sabemos muito
locidade ou diminuição da atenção? A única coisa pouco sobre isso, e a maioria das pesquisas dispo-
que se pode quantificar é, na melhor das hipóteses, níveis são bem antigas. Schioldborg (1979) lançou
o impacto global de todas as formas de adaptação uma pergunta a um grupo de condutores e pedes-
de comportamento, e não a contribuição individual tres sobre como eles experimentavam o trânsito
de cada uma delas. atual. A característica “perigoso” foi mencionada
por 13% dos condutores, por 19% dos pedestres
que tinham carteira de habilitação e por 24% dos
4.4 A segurança e insegurança do pedestres sem carteira de habilitação.
usuário: um problema com muitas
faces Quando se comparam os riscos experimentados em
diferentes meios de transporte, comumente encon-
O que é segurança? Com segurança quer-se dizer o tra-se que o transporte público é percebido como
sentimento de confiança das pessoas, ou seja, como mais seguro que o transporte particular (Amundsen
elas subjetivamente experimentam o risco de aci- e Bjørnskau, 2003). Outras pesquisas norueguesas
dente no trânsito. Quão alto as pessoas acreditam de 2000 e 2003 (Bjørnskau, 2004) também consta-
ser o risco de acidente? E qual é o desconforto que taram que transportes públicos são geralmente per-
sentem ao percebê-lo? A resposta a estas duas per- cebidos como mais seguros que o particular. Entre
guntas é a expressão de segurança de determinada os transposrtes particulares, o automóvel é conside-
população. rado como mais seguro e a motocicleta, como o me-
60 O Manual de Medidas de Segurança Viária
nos seguro. Andar de bicicleta está na média, sendo Por outro lado, a falsa segurança no trânsito tam-
considerado como um pouco mais seguro que andar bém é um problema. Se as pessoas subestimam os
a pé. Os resultados não mostram alterações signifi- perigos no trânsito e são descuidadas, isso levará a
cativas para os anos de 2000 a 2003, com exceção do acidentes. Percepções erradas de risco em diferen-
trem, que em 2003 foi percebido como mais seguro tes locais também são um problema. Os acidentes
que nos anos anteriores. Isso provavelmente se deve não são necessariamente mais frequentes onde as
ao fato de que a pesquisa de 2000 foi realizada em pessoas pensam que é perigoso transitar.
virtude de dois grandes acidentes de trem que fo-
ram muito discutidos na mídia. Falsa segurança e insegurança bem fundamenta-
das podem, em alguns casos, ser associadas entre
Embora o risco real seja muitas vezes subestima- si. A percepção equivocada dos condutores de que
do ou superestimado, em uma série de estudos de conduzir em áreas residenciais envolve baixo risco
diferentes países foram encontradas relações esta- (falsa segurança), pode ser uma razão pela qual eles
tisticamente confiáveis entre risco subjetivo e ob- acabam dirigindo tão descuidadosamente, o que
jetivo em diferentes meios de transporte (Elvik e deixa os pais inseguros por seus filhos.
Bjørnskau, 2005). A relação entre os locais conside-
rados particularmente perigosos e os índices reais “Busca de emoção” e risco no trânsito. A tolerân-
de acidentes desses lugares foram estudados em cia ao risco varia enormemente entre as pessoas. Os
duas pesquisas norueguesas (Hvoslef, 1980; Vaa, extremos são formados talvez por pais que se preo-
1991) e uma sueca (Johansson e Naeslund, 1986). cupam com a segurança dos filhos de um lado e, do
Em todas as três, praticamente nenhuma relação outro, por jovens de boa aparência que buscam emo-
foi encontrada, e os coeficientes de correlação se ção com ações ousadas. A pergunta “Os condutores
situam entre -0,04 e 0,11. que buscam emoção no trânsito contribuem para
muitos acidentes?” foi discutida nos últimos anos. A
Um aspecto importante da insegurança no trânsito é expressão “busca de emoção” (sensation seeking) foi
a insegurança por terceiros. Køltzow (1986) lançou lançada por Zuckerman (1979, 1991). Caçadores de
o conceito de “cuidado ansioso” para descrever a emoção são pessoas que têm uma necessidade parti-
ansiedade que muitos pais sentem por seus filhos cularmente forte de experimentar emoções e sentir
quando eles estão brincando perto de vias com trá- prazer por ter o controle em situações extremas e
fego. Cuidado ansioso é termo que também capta perigosas. Eles procurarão, portanto, situações pe-
o sentimento de impotência que muitos pais sen- rigosas, ou as criarão para forçar seu desempenho
tem sobre o trânsito: eles sentem que não podem ao limite nessas situações. Zuckerman desenvolveu
fazer muita coisa para melhorar a segurança dos fi- vários testes que podem ser usados para identificar
lhos além de limitar-lhes a liberdade de brincar na possíveis candidatos a caçadores de emoção.
rua. Por outro lado, um estudo recente da Noruega
(Fyhri, 2002) constatou que, embora mais da me- De acordo com o estudo bibliográfico realizado por
tade de todos os pais de crianças em idade escolar Vaa et al. (2002), alta velocidade, frequente trans-
sejam pouco ou muito preocupados que o seu filho gressão do limite de velocidade, e várias outras
seja exposto a um acidente de trânsito no percurso formas de comportamento de risco relacionado ao
para a escola, o medo de acidentes não está entre trânsito são fatores que caracterizam condutores no
os principais fatores que façam com que eles levem teste de “busca de emoção”. Jonah (1996) conclui
seus filhos para a escola ou não. o exame de 31 estudos sobre a relação entre busca
de emoção e comportamento na direção. A grande
A insegurança no trânsito deve ser considerada um maioria destes estudos mostram que os caçadores
problema que restringe o desenvolvimento de vida de emoção têm menos cuidado no trânsito que ou-
ou leva as pessoas a cancelarem viagens importantes tros condutores. Entre as metas de cuidado no trân-
ou, por exemplo, faça com que não permitam que sito apresentadas nestes estudos estão velocidade,
seus filhos brinquem sem acompanhamento ou vão envolvimento com álcool e índice de infrações. Em
até a loja para fazer compras. Segundo Sælensminde uma pesquisa com 300 jovens, Moe e Jenssen (1990)
(2004), as desvantagens que surgem para a socieda- encontraram que 15 a 20% deles, principalmente
de por conta do tráfego motorizado, como deixar de rapazes, podem ser considerados caçadores de emo-
andar a pé ou de bicliceta, são iguais à poluição do ção a partir dos resultados do teste de Zuckerman.
ar e pelo menos duas vezes maior que as desvanta- Um teste prático de direção em uma pista mostrou,
gens em termos de ruído. também, que os caçadores de emoção foram os mais
Parte I: 4. Panorama técnico 61
velozes e ousados. Ao mesmo tempo, este grupo perada de acidentes, é tentador usar o número de
tinha as melhores habilidades de direção (Moe e acidentes registrados como medida do número es-
Jenssen, 1990). A proporção de acidentes atribuível perado de acidentes. Há dois problemas básicos em
aos caçadores de emoção não foi informada nestas relação aos números de acidentes que fazem com
investigações. que as taxas registradas em uma área específica e em
um determinado período não sejam necessariamen-
te uma boa comensuração para o número esperado
4.5 Acidentes e índices de risco como de acidentes. Esses dois problemas são: relatórios
alvo de segurança viária deficientes (Capítulo 3) e variação aleatória no nú-
mero de acidentes.
Diferentes definições de segurança viária. Como
mencionado no capítulo 3, sobre acidentes e riscos Ao se tentar explicar a variação no número de aci-
no trânsito rodoviário, existem três maneiras de dentes, é importante distinguir entre a variação alea-
definir a segurança viária com base no número de tória e sistemática (Elvik, 1988B). “Variação siste-
acidentes ou lesões: mática” é a variação “real” de acidentes, ou variação
do número esperado de acidentes. A “variação alea-
1. Riscos à saúde da população no trânsito (ver ca- tória” é a variação do número de ocorrências regis-
pítulo 3.8): Com “riscos à saúde da população tradas oficialmente em torno do número esperado.
no trânsito” quer-se dizer o número de pessoas Estes conceitos são explicados mais detalhadamen-
feridas ou mortas por 100.000 habitantes ao ano. te abaixo. Em estudos de avaliação, muitas vezes é
O risco para a saúde depende de quanto a po- preferível utilizar a taxa esperada de acidentes do
pulação do país trafega e do risco por quilôme- que a observada, utilizando o método empírico de
tro durante a viagem. Um país onde os veículos Bayes, que também é explicado abaixo.
motorizados são muito raros pode, consequente-
mente, ter um risco baixo para a saúde relacio- Número esperado de acidentes. O número espera-
nado ao trânsito, embora o risco por veículo ou do de acidentes (em uma rodovia ou cruzamento,
por quilômetro seja muito alto. É difícil tirar con- por exemplo) por unidade de tempo é o número
clusões práticas de um risco elevado para a saú- que seria de se esperar com base em características
de no trânsito sem saber se ele é devido ao alto conhecidas do local. É a melhor estimativa de quan-
risco por veículo ou a um tráfego intenso entre tos acidentes acontecem, e não o número que é, na
a população. A avaliação dos riscos para a saú- verdade, registrado em um determinado período.
de provavelmente também depende de o quanto
o trânsito contribui com óbitos em comparação O significado pode ser explicado por meio de um
com outras causas. exemplo. A figura 4.5 mostra o número hipotético
2. Índice esperado de acidentes e lesões: Com “nú- de acidentes em um cruzamento em um período
mero esperado de acidentes ou lesões” quer-se de 8 anos. Os pontos pretos mostram o número de
dizer o número médio de acidentes ou pessoas acidentes registrados por ano, e os pontos brancos
feridas por unidade de tempo a longo prazo por mostram o número médio. No ano 1 é o número
volume de tráfego e fatores de risco inalterados. registrado no próprio ano. No ano 2, a média do
3. Risco de lesão dos usuários da via por quilômetro ano 1 e 2. No ano 3, uma média de 1 ano, 2 e 3,
viajado: A segurança viária também pode ser de- etc. A figura mostra que o número registrado de aci-
finida pelo número de usuários feridos ou mor- dentes não é necessariamente o mesmo que a média
tos por “passageiro-quilômetros” percorridos no do número de acidentes. O número médio de aci-
trânsito. dentes é mais estável ao longo do tempo e torna-se
cada vez menos influenciado pelo índice de um ano
Nenhuma destas três definições é necessariamente particular. O número médio de acidentes sobre um
mais precisa que as outras. A definição escolhida número (teoricamente) infinito de anos é o número
para uso depende muito do problema sobre o qual esperado de acidentes no cruzamento. Isto aplica-se
se quer elucidar. Todas as três definições levantam sob a condição de que ambas as características e o
alguns problemas de interpretação. Esta seção dis- fluxo de tráfego do cruzamento sejam constantes ao
cute algumas destas questões. longo do tempo.
Problemas de interpretação do número de aciden- O número esperado de acidentes não pode ser ob-
tes. Se definirmos a segurança viária como taxa es- servado diretamente ou medido. Assim, ele deve ser,
62 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Número de acidentes
3
Número ral
2 Média anual
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ano
nesse caso, observado no decorrer de longos perío- ro esperado de acidentes. Se o número de mortes,
dos (teoricamente infinitos). Mas, então, tanto o vo- por exemplo, diminuir de 280 para 250, isso está
lume de tráfego quanto as características da rodovia dentro da variação esperada e fora da variação pura-
ou cruzamentos alteram-se, e o número esperado mente aleatória. Se o número de acidentes diminuir
de acidentes, por conseguinte, não será constante. de 10.000 para 9.500, isto é mais do que pode ser
O número esperado de acidentes, portanto, deve esperado a partir da variação aleatória e, por isso,
ser estimado. O método mais comum é estudar a provavelmente é causado por fatores sistemáticos.
relação entre diferentes características da via e de
acidentes para um grande número de vias utilizando Quando o número de acidentes ou feridos dimi-
modelos multivariados. Com base nesses modelos, nui, é difícil distinguir entre a variação sistemática
quando se conhecem as características da via ou do e aleatória, uma vez que a última é grande no que
cruzamento que está incluído no modelo multivaria- diz respeito ao número de acidentes e ferimentos.
do, pode-se estimar o número de acidentes espera- Isto pode ser ilustrado com um exemplo: o número
do para o local. esperado de acidentes em 100 cruzamentos é de 1,5
por ano, ou seja, todos os cruzamentos têm o mes-
Variação aleatória e sistemática no número de aci- mo número esperado de acidentes, e a variação das
dentes. A variação é sistemática em números de taxas de acidentes entre eles é mera coincidência.
acidentes quando alguns elementos (ex. cruzamen- Uma medida é inserida para todos os cruzamentos
tos, via, veículos, condutores) têm taxa de acidentes e reduz o número esperado de acidentes em 33%,
maior ou menor que a taxa esperada sobre outros para 1 acidente por cruzamento ao ano. Um simples
elementos do mesmo tipo. A variação aleatória é a “antes e depois” do estudo (sem grupo-controle)
variação em índices registrados em volta do número vai encontrar os seguintes resultados: O número de
esperado. Dois fatores contribuem para a variação acidentes diminui em 50 cruzamentos, permanece
sistemática no número de acidentes: igual em 26 cruzamentos e aumenta em 24 cruza-
mentos. Vai parecer que a redução do número de
• o volume de tráfego, e acidentes foi maior no cruzamento onde havia mais
• fatores de risco, ou seja, fatores que afetam a pro- acidentes no período “antes”. Em 20 cruzamentos
babilidade de um acidente em um determinado que tinham 3 ou mais acidentes “antes”, o número
volume de tráfego. total de acidentes teria sido reduzido em 75%, de
69 para 17. Este resultado é, no entanto, engano-
Além disso, há o número de pessoas feridas ou mor- so. A verdadeira redução do número de acidentes
tas, dependendo do número de passageiros no veí- (esperado) é a mesma em todos os cruzamentos. A
culo e outros fatores que afetam o número total de variação observada no impacto da medida é devido
feridos ou mortos em um acidente. exclusivamente ao acaso. Se alguém acredita que a
medida tem um impacto maior em alguns cruza-
Nem todas as mudanças no número de acidentes mentos que em outros, está interpretando variações
podem ser interpretadas como mudanças no núme- aleatórias como se fossem sistemáticas.
Parte I: 4. Panorama técnico 63
Modelos estatísticos de variação sistemática e alea- 1. Calcula-se quantos acidentes são esperados de
tória no número de acidentes. A variação aleatória um elemento com as mesmas características que
no número de acidentes geralmente tem uma distri- o elemento presente, com base em um modelo
buição Poisson. Variação e média são idênticas em de acidentes multivariado, desenvolvido para um
uma distribuição Poisson, isto é, o desvio padrão é grande número de elementos do mesmo tipo e
relativamente menor quanto maior for a média. Um com variadas propriedades. A incerteza também
intervalo de confiança de 95% para a variação alea- é calculada.
tória de acidentes pode ser calculado multiplican- 2. Calculam-se quantos acidentes podem ser espe-
do-se a raiz quadrada do número de acidentes por rados para o elemento, com base no número de
1,96. O intervalo de confiança de 95% para uma acidentes esperados (calculado na etapa anterior)
taxa de acidentes esperado de 10 é: e no número real de acidentes. O número real
de acidentes é incluído no cálculo, tendo em
10 ± 1,96 * Ö10 = 10 ± 1,96 * 3,16 = 10 ± 6,2 conta que ele pode ser afetado por certos fatores
de risco que não estão incluídos no cálculo de
O limite inferior do intervalo de confiança é, assim, acidentes esperados. Um peso estatístico é calcu-
de 3,8, e o limite superior é de 16,2. lado para o número de acidentes esperados, que
expressa a incerteza nessa estimativa e que fica
entre 0 e 1. O número de acidentes esperados no
Os modelos estatísticos multivariados, geralmente
elemento presente é calculado da seguinte forma:
Poisson ou regressão binomial negativa, costumam
Número esperado de acidentes para o elemento
ter a seguinte forma:
presente = Número esperado de acidentes * peso
β ∑ kx
estatístico + número real de acidentes (1 - peso
Número esperado de acidentes = αQ eksp estatístico).
3. O índice real de acidentes do período “depois” é
Q é uma medida de exposição (volume de tráfego). comparado com o índice de acidentes esperados
Exemplo disso é uma função exponencial, ou seja, no elemento presente, que foi estimado no perío-
a base dos logaritmos naturais (E = 2,71828) eleva- do “antes”.
dos a uma soma de parâmetros, multiplicados pelos
valores das variáveis previsoras (fatores de risco) Uma descrição mais detalhada do método de EB,
no modelo. Para uma descrição mais detalhada dos seu fundamento estatístico e oportunidades de uso
modelos multivariados de acidente, ver Gaudry e podem ser encontrados em Hauer (1997).
Lassarre (2000).
O risco de lesões pessoais por quilômetro no trân-
Modelos do número esperado de acidentes em es- sito. Tradicionalmente, diferentes unidades de me-
tudos de “antes e depois”, com o método Empírico dida de risco são definidas com base na execução de
Bayes (EB). Os resultados de estudos de “antes e trânsito (veículo-quilômetro) ou do meio de trans-
depois” podem ser enganosos quando o estudo for porte (passageiro-quilômetro ou tonelada-quilôme-
baseado em números oficiais registrados de aciden- tro) e elas são consideradas as melhores definições
tes, especialmente quando o número de acidentes de segurança viária.
for pequeno e quando as medidas são implementa-
das em áreas com taxa particularmente elevada de Risco de acidente =
acidentes no período pré-medida. Nesses casos, o Número de acidentes / Volume de Tráfego
número de acidentes registrados para o “depois”
terá grande probabilidade de ser menor que o de Assumiu-se que o efeito da exposição sobre o núme-
“antes”, mesmo que a medida não tenha nenhum ro de acidentes pode ser removido (controlado) por
efeito. Este efeito é denominado “regressão”. Os meio do cálculo de risco por quilômetro percorrido
efeitos de regressão podem ser controlados estatisti- ou por passageiro-quilômetro. Esta hipótese não
camente pelo uso do número esperado de acidentes está correta (Hauer, 1995). A maioria das medidas
no “antes”, ao invés do registrado. Uma vez que o definidas por veículo-quilômetro ou passageiro-qui-
número esperado de acidentes não é conhecido, ele lômetro têm um sentido não linear, isto é, a hipótese
deve ser estimado. Com o método EB estima-se o de que o número de acidentes é independente da
número esperado de acidentes para um elemento quilometragem ou quantidade de viagens não é vá-
de trânsito (rodovias e cruzamentos, por exemplo) lida. A figura 4.6 mostra um exemplo muito visível
como segue: disto (Forsyth et al., 1995).
64 O Manual de Medidas de Segurança Viária
150 Homens
Mulheres
0
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000
Distância anual (milhas)
Figura 4.6: A relação entre a quilometragem anual e risco de acidente para homens e mulheres
(Forsyth, Maycock e Sexton, 1995).
não foram incluídas nos modelos como variáveis das. Mesmo que uma medida seja isoladamente ren-
previsoras, e uma pesquisa só pode dizer algo sobre tável, outras podem ser ainda mais rentáveis. Além
o impacto dos fatores que foram incluídos no estu- disso, a rentabilidade de uma determinada medida
do, e não de outros. muitas vezes depende de que outras medidas te-
nham sido implementadas previamente.
Do conhecimento à ação. Este livro descreve medi-
das que podem ser utilizadas para reduzir o número Exemplo 3: Passarelas e ciclovias: De acordo com
de acidentes e de feridos no trânsito. Elas são, em pesquisas que realizamos, não se pode afirmar que
vários aspectos, muito diferentes. Essas diferenças passarelas para pedestes e ciclovias reduzam o nú-
têm implicações na maneira como podem ou devem mero de acidentes com vítimas. Será que isso sig-
ser utilizadas. Portanto, raramente as consequências nifica que essas construções sejam um desperdício
práticas, que devem ser elaboradas do conhecimen- e deva ser dispensada? Não, de jeito nenhum. Em
to sobre os efeitos das medidas em termos do núme- primeiro lugar, a medida pode ter efeitos benéficos
ro de acidentes ou ferimentos, são óbvias. Isto pode sobre outros fatores, entre eles o volume de tráfego
ser ilustrado por alguns exemplos. de pedestres e ciclistas, acessibilidade, segurança e
necessidade de transporte escolar. É preciso conhe-
Exemplo 1: Regulamentação de vias de mão única. cer algo sobre os efeitos destes fatores antes que se
O estabelecimento dessas vias é uma medida eficaz tirem conclusões práticas sobre estas contruções.
de redução de acidentes. Custa pouco e, portanto, Em segundo lugar, o impacto de passarelas e ci-
no papel é uma medida muito rentável. Mas isso clovias em acidentes provavelmente torna-se mais
significa que a medida também tem um grande po- favorável caso, num sentido mais amplo, o padrão
tencial de uso? Provavelmente não. A maioria das da medida seja elevado (melhor design, melhor ma-
pessoas facilmente perceberá que não se pode re- nutenção, etc.).
gulamentar a mão única em um grande número de
rodovias e vias, especialmente rodovias principais A “moral” é, mais uma vez, que a presença ou au-
(como, por exemplo, uma rodovia interestadual). sência de efeitos de uma medida deve ser colocada
Essa medida pode ser utilizada apenas em vias rela- em um contexto mais amplo antes que se tirem algu-
tivamente curtas, onde as desvantagens de ter aces- mas conclusões práticas.
so apenas a partir de uma única direção não são tão
grandes. Alguns, com base nestes exemplos, talvez pergunta-
rão: “Sim, é certo que tenhamos que colocar qual-
Em suma: Conhecer os impactos de uma medida quer medida em um contexto mais amplo antes de
sobre os acidentes, seus custos e rentabilidade não decidirmos se devemos utilizá-la e como. Mas em
tem em si consequências práticas óbvias. Outros fa- qual contexto devemos colocá-la? A pesquisa pode
tores, sobre os quais as pesquisas tampouco dizem fornecer orientações sobre este assunto?”. Não,
algo consistente, devem ser submetidos à avaliação. uma pesquisa não pode dar qualquer receita sobre
qual política de segurança viária deve-se seguir, ou
Exemplo 2: Redução do limite de velocidade em seja, em qual ação apostar e quanto apostar nela.
áreas rurais. A análise de custo-benefício (Chris-
tensen, 1993) mostra que é economicamente rentá- Mas alguns podem argumentar: “Não seria a aná-
vel reduzir o limite de velocidade nas zonas rurais lise de custo-benefício exatamente uma receita so-
de 80 para 70 km/h. Na análise de custo-benefício bre qual política se deve seguir?”. Não, ela não é
incluíram-se efeitos tanto sobre acidentes, quanto nenhuma receita, mas fornece informações que são
acessibilidade e condições ambientais. No entanto, relevantes para os responsáveis pela concepção,
deve-se reduzir o limite de velocidade? Não neces- adoção e implementação da política de segurança
sariamente. Cálculos (Elvik, 1997C) mostram que viária. A relação custo-benefício fornece principal-
um número significativamente maior de benefícios mente informações sobre quais medidas são mais
no trânsito pode ser alcançado pela intensificação ou menos eficazes, a partir de certos critérios eco-
das operações de controle de limite de velocidade nômicos. Mas estes critérios econômicos não são
do que pela redução da velocidade em si. necessariamente completos a ponto de poder tomar
uma decisão baseada somente neles. Muitas vezes,
Em suma: Não se pode assumir que uma determina- outras considerações que não puramente econômi-
da medida deva ser implementada sem que se tenha cas também devem ser enfatizadas. Estas questões
pensado se existem ou não outras e melhores medi- serão discutidas no Capítulo 6.
Qualidade dos estudos sobre os efeitos das medidas
5 de segurança viária relacionados a acidentes
5.1 O que queremos saber? mostram o verdadeiro impacto de uma medida. Po-
demos distinguir entre quatro tipos de validade:
O principal objetivo de uma pesquisa sobre os efei-
tos de uma série de medidas de segurança viária 1. Validade estatística: Precisão, infalibilidade e re-
sobre o número de acidentes e feridos é encontrar presentatividade dos resultados.
uma resposta para a seguinte pergunta: A medida 2. Validade teórica: Conformidade entre o objeto
leva a um menor número esperado de acidentes (in- que a pesquisa intenciona verificar e o que real-
cluindo menor risco) e/ou lesões ou gravidade? mente é verificado.
3. Validade interna: Durabilidade de inferências so-
O objetivo é demonstrar uma relação de causalida- bre a relação causal entre um fator e seu impacto.
de entre a introdução da medida e as alterações no 4. Validade externa: Generalidade dos resultados.
número esperado de acidentes, feridos ou a exten-
são dos danos dos acidentes. Além disto, geralmen-
te queremos saber as dimensões de seu efeito e qual 5.2.1 Validade estatística
a expectativa de variação esperada, sob diferentes
condições, nesse resultado. Validade estatística é o grau de precisão numérica,
infalibilidade e representatividade dos resultados de
Para dizer se a medida funciona, devemos mostrar uma pesquisa. Um resultado é estatisticamente váli-
que ela é a causa, ou pelo menos uma das razões, das do se não apresenta erros aleatórios ou sistemáticos
alterações no número de acidentes ou extensão dos nos dados e se é representativo de uma população
danos apresentados onde ela foi introduzida. Isto conhecida de indivíduos (ou unidades). Os seguin-
significa que a pesquisa sobre os efeitos das medi- tes fatores contribuem para a validade estatística:
das de segurança viária devem, idealmente, cumprir
uma série de requisitos metodológicos. Este capítu- Tamanho da amostra: Nos estudos de segurança viá-
lo resume brevemente tais requisitos, com base na ria, as unidades de medida são geralmente os aciden-
literatura sobre metodologia (Campbell e Stanley, tes. Quanto mais acidentes incluídos num estudo, me-
1966; Weiss, 1972; Amundsen e Christensen, 1973; nor será a incerteza estatística nos resultados. A fim de
Tarrants e Veigel, 1977; Cook e Campbell, 1979; avaliar a incerteza estatística nos resultados, o número
Jorgensen, 1981; OECD, 1981; Rossi e Freeman, de acidentes incluídos na pesquisa deve ser indicado.
1985; Hennekens e Buring, 1987; Elwood, 1988; Alternativamente, o desvio padrão do efeito desejado
Elvik, 1988A; Elvik et al, 1989; Hunter e Schmidt, pode ser estabelecido, ou deve-se fornecer a informa-
1990; Mohr, 1992; Cooper e Hedges, 1994; Hauer, ção que faça com que seja possível calculá-lo.
1997). São, também, mostrados alguns exemplos da
relevância de diferentes efeitos e de deficiências que O erro sistemático de medição contribui para a va-
dados e métodos podem apresentar nos resultados riação sistemática nos resultados, mas esta variação
de uma pesquisa. não pode ser atribuída à medida que é examinada. A
presença de relatórios incompletos é um erro siste-
mático de medição em todos os estudos baseados em
5.2 Requisitos metodológicos e a base registros de acidentes e não se pode ser assumir que
para inferências causais a pesquisa esteja completa. Erros sistemáticos de me-
dição podem levar a uma superestimação sistemática
Para fornecer uma base para inferências causais, (ou subestimação) do impacto das medidas.
uma pesquisa deve fornecer resultados válidos. En-
tendem-se como resultados válidos os resultados Método de seleção: Idealmente, a medida deve ser
que nos dão boas razões para acreditarmos que escolhida de forma estatisticamente aleatória a partir
68 O Manual de Medidas de Segurança Viária
de uma população conhecida. Uma amostra aleató- nativas, que podem explicar os resultados que não
ria é muitas vezes impossível, uma vez que decidiu-se sustentam as hipóteses.
anteriormente quais medidas devem ser inseridas, ou
por quais unidades as informações relevantes estão Hipóteses sobre o mecanismo de ação: Os meca-
disponíveis. nismos são fatores que podem explicar o impacto da
variável independente sobre a dependente. Quando
se tem uma hipótese sobre quais efeitos de uma me-
5.2.2 Validade teórica dida explicam sua ação sobre os acidentes e então
esses efeitos são constatados, isso aumenta a valida-
Validade teórica, ou simplesmente a validade, é de teórica. Os mecanismos de ação podem ser fato-
o grau de correlação entre o que a pesquisa toma res específicos de risco de acidente (ex. velocidade
como objeto e o que é realmente medido. Um re- ou embriaguez), de exposição ou fatores de risco de
sultado é teoricamente válido caso se baseie numa lesão. Com base nos mecanismos de ação presumi-
correlação clara entre a definição de um conceito dos, geralmente também podem ser formuladas as
teórico e uma unidade de medida e possa ser expli- hipóteses dos tipos de acidentes ou lesões sobre os
cado pela teoria que sustenta o resultado. Critérios quais a medida atua efetivamente (e sobre os quais
de validade teórica são os seguintes: ela não surte efeito, o que pode ser relevante para a
escolha do grupo-controle).
Conceitos e variáveis relevantes: Não são especifi-
cados quais são os conceitos e variáveis relevantes, Infelizmente a maioria dos estudos de trânsito não é
nem como eles são medidos. Variáveis relevantes construída baseada em um contexto teórico explíci-
podem ser independentes, dependentes, interme- to. Um problema dos estudos que não possuem uma
diárias (ou intervenientes), moderadoras ou per- base teórica é que muitas vezes podem-se encontrar
turbadoras (figura 5.1). A variável independente “explicações” sobre a grande maioria dos resulta-
é geralmente uma medida de segurança viária, e a dos, por isso não é possível confirmar nem refutar
variável dependente, um efeito de medida de segu- hipóteses de como uma medida funciona.
rança, como, por exemplo, o número de acidentes
ou de pessoas feridas ou mortas. Uma variável in-
termediária é aquela que é afetada pela indepen- 5.2.3 Validade externa
dente e que, por sua vez, afeta a dependente. A
variável moderadora é uma variável que afeta a A validade externa denota a possibilidade de se gene-
relação entre a variável dependente e a indepen- ralizarem os resultados de uma pesquisa para outras
dente, isto é, a relação é diferente entre diferentes populações e em outros contextos que não somente
níveis ou grupos da variável moderadora. As va- aqueles da pesquisa realizada. A validade externa
riáveis perturbadoras são aquelas que estão rela- pode ser mais bem avaliada comparando-se os resul-
cionadas às independentes e às dependentes, e a tados de diferentes estudos sobre as mesmas medidas.
conexão entre uma variável perturbadora e a de- Os resultados têm alta validade externa se eles são es-
pendente pode ser confundida com um efeito da táveis no tempo e no espaço e por diferentes métodos
variável independente. Uma moderadora que não de pesquisa (Elvik, 2012). Quaisquer diferenças de
é controlada na pesquisa também pode atuar como resultados entre os estudos devem ser explicadas pe-
variável perturbadora. las características conhecidas dos métodos, dos países
ou das condições no momento em que a pesquisa foi
Hipóteses sobre a relação entre as variáveis são realizada. A validade externa pode, até certo ponto,
formuladas com base em um contexto teórico. Além compensar deficiências do contexto teórico.
disso, são formuladas as principais hipóteses alter-
A validade externa dos resultados dos estudos sobre
Perturbadora os efeitos das medidas de segurança viária é reduzida
quando há efeitos que são específicos para o contexto
Moderadora
em que uma pesquisa é realizada. O fato de os efeitos
de uma medida serem específicos para o contexto em
Independente Dependente
análise não é uma deficiência metodológica de pes-
Intermediária quisa. É, antes, uma característica de realidade. Não
obstante, essa dependência de contexto torna mais
Figura 5.1: As relações entre os diferentes tipos de variáveis. difícil generalizar os resultados de uma pesquisa.
Parte I: 5. Qualidade dos estudos sobre os efeitos das medidas de segurança… 69
Tabela 5.1: Efeito estimado do uso do cinto de segurança sobre a probabilidade de diferentes
lesões em acidentes dependente do controle de superestimação dos relatórios (Dean et al., 1995).
Exemplo 2: Controle de diferentes fontes de erro a longo prazo para mais ou menos acidentes em uma
nas pesquisas sobre a melhoria de locais com alto área maior. Efeito de regressão significa que o número
índice de acidentes. A melhoria de locais com ín- de acidentes teria diminuído, mesmo se a medida não
dice particularmente elevado de acidentes na rede tivesse tido qualquer efeito, por causa de uma variação
viária tem sido tradicionalmente considerada como estatística no número de acidentes ao longo do tempo.
uma forma eficaz no combate aos acidentes. Elvik Migração de acidente indica uma tendência para que
(1997A) mostrou, no entanto, que os resultados de o número de acidentes seja transferido de locais reti-
pesquisas sobre a melhoria dos locais mais perigosos ficados por medidas para outros locais na rede viária.
dependem fortemente do tipo de fontes de erro pelas
quais esses resultados são controlados. A figura 5.2 Um exemplo foi o estudo realizado por Mountain e
mostra um dos resultados da investigação de Elvik. Fawaz (1992), em que se observou a migração de aci-
dentes como um grande fator de influência sobre seus
A figura 5.2 mostra como a redução de acidentes resultados. Em locais propensos a acidentes, o número
atribuíveis à medida varia de acordo com os fatores de ocorrências diminuiu em 18%. Nas redondezas, a
controlados nos estudos. Em estudos em que quais- uma distância de até 500 metros, o número de aciden-
quer fontes de erros não são controladas, é possível tes aumentou 19%. Quando considerada a área como
calcular uma queda de 55% no número de acidentes um todo, o número permaneceu inalterado. Se o estu-
com feridos, devido à retificação de locais mais peri- do tivesse sido feito somente no local onde a medida
gosos. Em estudos em que várias fontes de erro foram foi aplicada, esse efeito não seria descoberto e talvez
controladas, o impacto estimado da medida foi muito erroneamente se concluiria que a medida reduziu o
menor. Com controle simultâneo de tendências ge- número de acidentes em 18%. Isso é controlado no es-
rais, efeito de regressão e migração de acidente, todo tudo sobre efeitos de regressão e tendências gerais. O
o impacto das medidas desapareceu. Tendências ge- aumento no número de acidentes nos locais adjacentes
rais no número de acidentes significa uma tendência não pode ocorrer devido à falta de controle.
Tendência/ Tendência/
Quantidade Efeito de quantidade Tendência Tendência regressão/
Nenhuma de trânsito Tendência regressão de trânsito regressão migração migração
0
0
Porcentual de mudança no número
-2
de acidentes com lesões pessoais
-10
-20 -17
-60 -55
Nenhuma Uuma Duas Três
Exemplo 3: Especificação formalmente equivocada cos, com uma redução de acidentes acima de 100%,
da relação entre alteração de velocidade e alteração como a curva dos pesquisadores do Laboratório de
no número de acidentes. Um sinal de que existe uma Pesquisa de Transporte do Reino Unido. Por outro
relação causal entre uma intervenção e mudanças no lado, o aumento do número de acidentes quando
número de acidentes é que se pode encontrar uma cha- a velocidade não é reduzida também pode parecer
mada relação dose-efeito entre a medida e a alteração um resultado ilógico. O problema é que os dados
no número de acidentes. O Laboratório de Pesquisa são tão incertos que qualquer curva que for anexada
de Transporte do Reino Unido (Webster e Mackie, a eles se tornará, da mesma forma, incerta.
1996), por exemplo, encontrou em uma mesma área
uma relação entre a diminuição da velocidade em áreas Este exemplo mostra que se pode chegar a um des-
residenciais onde foi implementada medida para tal e a vio por demonstrar erroneamente uma relação entre a
redução de acidentes. Esta relação é mostrada na figura medida e a alteração no número de acidentes. Tradi-
5.3 sob a forma da linha reta traçada no gráfico. cionalmente as relações retilíneas têm sido amplamen-
te utilizadas, talvez porque sejam mais simples. Mas
Se esta linha for estudada mais de perto, desco- muitas vezes a relação entre a dose (medida) e o efeito
bre-se que ela não pode dar uma boa descrição da (alteração no número de acidentes) não é uma linha
relação entre alterações de velocidade e alteração reta. Outro problema na utilização de curvas de dados
no número de acidentes. A linha reta implica, por de acidentes, como TRL apontou, é que os pontos de
exemplo, que uma redução de 17 milhas/h na ve- dados são construídos com base em poucos acidentes
locidade causará uma diminuição de acidentes em e, portanto, são determinados de maneira altamente
105%, o que é logicamente impossível. Em outras incerta. O Laboratório de Pesquisa de Transporte do
palavras, a relação entre alterações na velocidade e Reino Unido, por exemplo, aceitou uma diminuição
a alteração no número de acidentes encontrada não de acidentes de 100% em quatro pontos da curva de
é particularmente bem descrita por uma linha reta. dados. Mas é muito improvável que a real redução de
acidentes seja de 100%. Ainda não foi desenvolvida
A figura 5.3 também mostra uma curva, que melhor uma medida de segurança viária que garanta para
descreve a relação entre alteração de velocidade e todo o sempre que acidentes não mais ocorrerão. A
número de acidentes. A curva é um polinômio de verdadeira diminuição de acidentes deve, portanto,
segundo grau. Esta curva não conduz a valores ilógi- ser necessariamente inferior a 100%.
150
Alteração no número de acidentes
100
50
y = 1,2963x2 + 29,547x + 89,81
R2 = 0,4504
0
-18,0 -16,0 -14,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0
-50
-100
y = 6,2317x - 0,0066
R2 = 0,2181
Redução de velocidade (milhas/h)
-150
Figura 5.3: Relação entre a diminuição de velocidade (milhas/h) e a redução de acidentes pela introdução de uma medida em
áreas residenciais (Webster e Mackie, 1996).
Parte I: 5. Qualidade dos estudos sobre os efeitos das medidas de segurança… 73
Exemplo 4: Direção de causalidade ambígua. Um porque nele fica óbvio que se comete uma falácia,
método comum para medir efeitos de medidas de caso se diga que o nível de risco cai de acordo com
segurança viária é comparar o nível de risco de um a configuração do limite de velocidade. Em muitos
grupo (lugares, condutores, veículos) em que a me- outros casos, a direção de causalidade não é tão ób-
dida foi implementada com o nível de risco em ou- via. É difícil tirar conclusões sólidas com base em
tro grupo em que a medida não foi implementada. estudos com direção de causalidade ambígua.
Esse método pode levar a resultados absurdos, caso
não se possa determinar com clareza a direção da re-
lação causal entre o nível de risco e a medida, cujos 5.4 Como são utilizados os requisitos
impactos da qual se pretende medir. Um exemplo para uma boa pesquisa no Manual
disso é a relação entre o limite de velocidade e os de Segurança Viária?
acidentes nas rodovias.
Os exemplos dados acima mostram que a defi-
A figura 5.4 mostra o risco de acidentes em rodo- ciência metodológica da pesquisa pode levar a um
vias com diferentes velocidades médias. Quando se impacto significativo em seus próprios resultados,
analisam as rodovias como um todo, os resultados principalmente quando se trata de efeitos de medi-
indicam que, quanto maior o limite de velocidade, das de segurança viária sobre o número de acidentes
mais baixo o nível de risco. Mas isso não significa ou lesões. Isto é um problema, porque, se não po-
que o nível de risco possa ser reduzido aumentan- demos confiar nos resultados das pesquisas realiza-
do-se o limite de velocidade em áreas urbanas, por das, como poderemos planejar e implementar novas
exemplo, de 50 para 80 km/h. Uma razão impor- medidas de segurança viária? É certo apresentar
tante para que o limite de velocidade seja menor em resultados de estudos que sabemos ter limitações
áreas urbanas que nas áreas rurais é precisamente o metodológicas? Ou, onde só existem um ou alguns
fato de o nível de risco ser maior nas áreas urbanas. estudos metodologicamente fracos, devemos dizer
Em outras palavras, é o nível de risco que determina que não sabemos nada sobre os efeitos das medi-
o uso da medida, e não a medida que causa o risco das? Nesta seção estas perguntas serão discutidas e
que encontramos. Mesmo que se observem rodovias apresentaremos algumas tentativas de soluções de
com mesmo limite de velocidade, ainda assim se trabalho com o Manual de Segurança Viária.
pensará que velocidade mais elevada está associada
a altas taxas de sinistros. Aqui, o número de aciden- Fontes de variação nos resultados de pesquisa:
tes aumenta com o aumento da velocidade média Para a maioria das medidas descritas neste livro, há
dentro de cada um dos quatro grupos dos pontos mais de um estudo sobre seus efeitos em acidentes
de dados, que representam rodovias com o mesmo ou lesões. Também é comum que os resultados de
limite de velocidade. diferentes estudos sobre os efeitos de uma mesma
medida variem. A figura 5.5 mostra um modelo de
Em muitos casos, as relações são muito mais sutis fontes de variação nos resultados de pesquisas (El-
do que neste exemplo. O exemplo foi escolhido vik, 1994A).
100
por 100 milhões de veículo-quilômetros
Acidentes com lesões pesso ais
80
60
40
y = -0,9692x + 101,55
R2 = 0,8205
20
0
0 20 40 60 80 100
Variância total
• Estudos com e sem medida que têm controle de • Análises multivariadas baseadas em dados dispo-
conhecidas e importantes fontes de erro de análi- níveis, que dispõem de distribuição normal resi-
ses multivariadas dual
• Análises de sequências temporais que, pelo me-
nos, têm removido as tendências de sazonalidade
e variações aleatórias e têm uma variação de me- Metodologias insuficientes
didas claramente definida
• Análises multivariadas que são baseadas em um • Estudos simples “antes-depois”, sem controle
modelo explícito e uma escolha fundamentada de para fontes de erro
forma funcional e com estrutura residual • Estudos simples de com e sem medida, sem con-
trole de fontes de erro
• Análises de acidentes sem controle baseadas em
Metodologias fracas suposições, sem possibilidade de exame nem de
durabilidade
• Estudos “antes-depois”, que controlam o desen- • Cálculos teóricos dos efeitos da medida sem exa-
volvimento geral de acidentes, mas não os efeitos me de durabilidade nem fundamentação
de regressão
• Estudos com e sem medida, que controlam algu- Esta lista não é completa, mas abrange os métodos
mas poucas fontes de erro pela divisão do mate- mais comumente usados em pesquisas sobre os efei-
rial de subgrupos tos das medidas de segurança viária em acidentes
• Análises de sequências temporais baseadas em ou vítimas.
modelos simples
Planejamento e priorização de medidas
6 de segurança viária - custos dos acidentes
As informações apresentadas neste livro sobre os • Como está o planejamento e priorização das me-
efeitos das medidas de segurança viária têm a in- didas de segurança viária hoje? Quanto as autori-
tenção de proporcionar uma base melhor para seu dades priorizam as metas de trânsito em compara-
planejamento e priorização. Como foi mencionado ção com outras metas da política viária?
no Capítulo 1, não é tarefa da pesquisa criar uma • Quais medidas podem ser apropriadas para re-
receita para a política de segurança viária. Não são solver diferentes tipos de problemas na segurança
os cientistas que decidirão as metas que a comuni- viária? Quais medidas funcionam para diferentes
dade deve estipular para reduzir acidentes e lesões tipos de acidentes?
no trânsito. Eles tampouco escolherão as medidas
que devem ser implementadas para que as metas es-
tabelecidas sejam alcançadas. 6.1 Quais atividades envolvem
planejamento e priorização das
O conhecimento sobre o impacto das medidas medidas de segurança viária?
ainda é uma parte importante da base para as
decisões que as autoridades tomam quando se Logicamente, planejamento e priorização de medi-
trata de planejamento e priorização das medidas das é um processo entendido como gradual (Elvik,
de segurança viária. Por muitos anos, o desenvol- 1993a, 1997b), como mostra a Figura 6.1. Ressalta-
vimento de métodos formais de planejamento e se que este é apenas um modelo lógico e idealizado
priorização de medidas de segurança viária com em etapas de um processo de reflexão e tomada de
base em análises econômicas foram tarefas impor- decisão. Nos processos de planejamento e prioriza-
tantes da pesquisa. Tais métodos de planejamen- ção de fato, os diferentes passos não estarão tão cla-
to e priorização formais servem como um auxílio ramente definidos como no modelo. Eles também
para identificar medidas que proporcionem o não necessariamente têm uma ordem cronológica
maior benefício possível dentro de um determina- clara.
do orçamento. Este capítulo aborda vários méto-
dos de planejamento e priorização de medidas de A pesquisa pode contribuir na descrição dos pro-
segurança viária e nele são apresentados os custos blemas de segurança viária por meio de estudos
dos acidentes de trânsito para a sociedade e tam- epidemiológicos de como os vários fatores de ris-
bém são explicadas as principais características co afetam o número real de mortes (Etapa 1). A
das análises de custo-benefício. As principais per- escolha da meta é somente uma atividade política
guntas tratadas são: (Etapa 2). No entanto, a pesquisa contribui para
mostrar exemplos de medidas que provaram ser
• Que atividades envolvem planejamento e priori- eficazes (ou ineficazes). A pesquisa também pode
zação das medidas de segurança viária? Para quais contribuir para que metas contraditórias sejam evi-
dessas atividades podem-se construir métodos tadas.
formais de planejamento e priorização?
• Que abordagens existem para o planejamento e a O conceito de uma segurança potencialmente efi-
priorização de medidas de segurança viária? caz (Etapa 3) está descrito neste livro. Encontrar e
• O que está incluído e o que não está incluído nas estabelecer um panorama de medidas eficazes está
novas análises de custo que as autoridades reali- em grande parte diretamente vinculado à pesquisa.
zam hoje em dia? O que significam “conceitos- A Etapa 4 descreve o quadro de condições para a
chave” nessas análises? Quanto custam os aciden- análise de medidas e estratégias. Um quadro de con-
tes de trânsito e como esses custos são calculados? dições determinantes é antes de tudo uma questão
Quais são os aspectos da segurança viária que ele- política. Os seguintes fatores costumam ser decisi-
vam os custos dos acidentes? vos na configuração desse quadro:
78 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Descrição do problema de segurança e sua tos estimados são etapas (Etapas 6 e 7) em que a
Etapa 1 importância como contribuição para o número pesquisa pode contribuir. A escolha de estratégias
de mortos e feridos (Etapa 8) é um processo político em que a pesquisa
ê pode ajudar fornecendo informações sobre os be-
Formulação de objetivo e quantificação efetiva nefícios e os custos das diferentes possibilidades de
Etapa 2 escolhas. No entanto, é um equívoco acreditar que
de objetivos
ê a análise da relação custo-benefício pode ser a única
base para as decisões políticas sobre metas ou estra-
Revisão do potencial efetivo da medida de
Etapa 3
segurança viária
tégias. Ela destaca consequências econômicas de di-
ferentes estratégias ou medidas, mas não quais me-
ê tas devem ser priorizadas. Ambos, objetivos gerais e
Descrição do quadro de referência para análise seleção de estratégias concretas, são baseados quase
Etapa 4 (condições para relação sobre ‘fatores do contexto”
sempre em fatores mais do que nas consequências
em análise’)
econômicas.
ê
Etapa 5
Principais opções para o uso das medidas de Após a conclusão das estratégias e medidas, uma
segurança viária etapa importante é a de monitoramento e avaliação
ê (Etapa 9). Infelizmente, nem todas as estratégias e
Cálculo do impacto de diferentes alternativas medidas implementadas são avaliadas.
Etapa 6 no número de usuários mortos ou feridos e impacto
em relação a outros objetivos
ê 6.2 Abordagens alternativas de
Avaliação da incerteza de diferentes impactos planejamento e priorização das
Etapa 7 estimados das medidas, discussão sobre como medidas de segurança viária
a incerteza é analisada
ê Em cada capítulo de medidas do Manual de Segu-
Etapa 8 Escolha da estratégia e da medida rança Viária (Parte 2), há uma seção sobre as ava-
liações da relação custo-benefício. O objetivo desta
ê seção é fornecer informações que esclareçam as van-
Implementação da estratégia e da medida tagens ou a rentabilidade econômica de uma medi-
Etapa 9
e avaliação
da. Esta última é particularmente interessante, caso
Figura 6.1: Etapas lógicas no processo de planejamento e a intenção seja tornar as medidas o mais eficazes
tomada de decisão. possível dentro de critérios econômicos. Critérios
de priorização socioeconômicos representam ape-
nas uma das várias abordagens possíveis para deter-
• Volume de tráfego crescente; minar quais medidas de segurança viária devem ser
• Não-restrição da liberdade de escolha dos usuá- implementadas. O planejamento e a priorização de
rios da via, no que diz respeito ao meio de trans- medidas de segurança viária podem ser realizados
porte; com base em:
• Transparência na distribuição dos orçamentos em
diferentes registros. 1. Considerações de rentabilidade socioeconômica
(análise de custos e análise de custo-benefício);
Modelos normativos de prioridades na política de 2. Critérios técnicos para a execução de medidas
segurança viária como, por exemplo, a análise da re- (diretrizes, padrões normativos e critérios de uti-
lação custo-benefício, pode ajudar os responsáveis lização de medidas incorporadas, por exemplo,
na decisão entre diferentes opções. Estes métodos, nas leis de trânsito);
no entanto, não podem ajudar a definir metas ou 3. Os requisitos gerais de dimensionamento do
estabelecer prioridades. O desenvolvimento de es- sistema de trânsito derivaram de uma visão
tratégias alternativas (Etapa 5) é em parte uma ati- fundamentalmente ética de que ninguém deve
vidade política, e devem ser consideradas tanto a ser morto ou ter a vida limitada por causa do
estrutura prática quanto a política. trânsito (“Visão Zero”, meta de segurança no-
rueguesa);
O cálculo dos efeitos das diversas medidas e estra- 4. Avaliações informais e situacionais que não são
tégias e a avaliação da incerteza associada aos efei- formalizadas por regras nem análise.
Parte I: 6. Planejamento e priorização de medidas de segurança viária… 79
rias e de engenharia de tráfego têm regras e critérios 6.2.3 Segurança como um requisito básico de
de uso geralmente mais simples. As autoridades de avaliação do sistema de trânsito: Visão Zero
trânsito pesquisam caso a caso (cada cruzamento,
diferentes trechos de rodovia, etc.) os critérios de Tanto as análises de custo-benefício quanto as nor-
utilização para que a medida seja cumprida. Assim, mas para o uso de medidas agem de modo a discipli-
a medida pode ser colocada em uso. Caso contrário, nar o pensamento e, assim, possivelmente agem de
pressupõe-se que ela não será utilizada corretamen- forma negativa na imaginação e criatividade. Meios
te. Assim, normalmente acaba-se abrindo espaço auxiliares formais e critérios revelam propostas
para certas questões. que claramente não são viáveis e, por isso, podem
parecer repressivas. Em parte, essa função discipli-
Regras e critérios de uso são construídos sobre per- nadora e censuradora naturalmente é intencional,
cepções das condições sob as quais uma medida fun- porque força o idealizador a pensar logicamente e a
ciona melhor. O objetivo é garantir que as medidas se manter dentro de um quadro atual do que é téc-
sejam utilizadas apenas onde elas têm um impacto nica e economicamente viável. Por outro lado, não
mais favorável sobre a segurança viária. As regras se deve ignorar o fato de que isso pode levar a cer-
para o uso da placa PARE são muito restritivas. A ra- to viés “conservador” nos planos que estão sendo
zão para isso é que, se essas placas fossem colocadas feitos. Os métodos de planejamento e priorização
em todos os cruzamentos, elas perderiam seu valor formais estimulam, em pequena extensão, o desen-
como sinal de que avançar é particularmente perigo- volvimento de novas medidas.
so ou desordenado. Os usuários da via, então, facil-
mente perderiam o respeito pelos sinais e estes, por Na Suécia, o governo lançou uma visão de longo
conseguinte, perderiam seu efeito sobre os acidentes. prazo para a segurança viária, a Visão Zero, com o
seguinte teor (Depto. de Comunicação, Administra-
Um objetivo importante é garantir que as medi- ção Rodoviária, Suécia, 1996): “Ninguém deverá ser
das sejam utilizadas de maneira uniforme e, assim, morto ou gravemente ferido no trânsito”.
ajudem a criar um ambiente de trânsito mais trans-
parente e uniforme. Outro objetivo importante “Gravemente ferido” aqui significa uma lesão que
é simplificar o planejamento e as decisões sobre a leva à deficiência permanente. O ponto de partida
utilização das medidas. Se não houvesse normas de da Visão Zero é que se entende zero fatalidade e
utilização, as próprias condições locais e a pressão ferimento como a única meta ética permanente para
provocada pelo interesse de grupos locais poderiam a política de segurança viária. Não há número de
tornar as decisões sobre o uso das medidas mais exi- mortos ou feridos graves eticamente corretos ou
gentes e menos consistentes. justificáveis. Portanto, devem-se projetar veículos
e sistemas de trânsito onde ninguém seja morto ou
As normas e os critérios técnicos de uso da maioria gravemente ferido quando seguirem corretamente
das medidas de segurança viária oferecem uma boa as regras aplicáveis ao sistema de trânsito. Isso re-
estrutura para qualquer análise socioeconômica de quer que os responsáveis pela produção de veículos
seu funcionamento. Por outro lado, elas são em pe- e pela concepção do sistema de trânsito desenvol-
quenas proporções derivadas de considerações de vam metas com as quais ninguém morra ou tenha
rentabilidade econômica. Portanto, não se pode ter lesões permanentes quando houver acidentes.
certeza da rentabilidade socioeconômica da imple-
mentação de uma medida nem onde esses critérios Na Visão Zero, a perspectiva sobre a responsabili-
estejam preenchidos, ou de seu fracasso socioeco- dade dos acidentes de trânsito mudou fundamental-
nômico quando eles não são preenchidos. Além dis- mente. Via de regra os usuários são responsabilizados
so, não é sempre que são feitas análises de relação pelos acidentes, principalmente porque quase sem-
custo-benefício para medidas menores. Se a medi- pre é possível encontrar algo que alguém poderia ter
da, por exemplo, for a colocação de uma placa de feito de outra forma para que o acidente fosse evita-
trânsito, as autoridades de trânsito se dedicarão, em do. Na Visão Zero, no entanto, aplica-se o seguinte:
muitos casos, a avaliar se os critérios são cumpridos
ou não. Se eles forem atendidos, coloca-se a placa. • “A responsabilidade pela concepção e utilização
A priorização da medida de trânsito com base em do sistema de trânsito e, portanto, pela segurança
normas e critérios pode ser, portanto, considerada é daqueles que o planejam e o operam”.
uma alternativa de construção nas análises socioe- • Os condutores são responsáveis por seguir as re-
conômicas. gras de utilização desse sistema.
Parte I: 6. Planejamento e priorização de medidas de segurança viária… 81
• “Se os usuários não respeitarem as regras por igno- • Pesar todos os fatores em conjunto, ou seja, le-
rância, falta de aceitação ou incapacidade, os res- gislação, vias, veículos, etc., de tal forma que os
ponsáveis pelo planejamento do sistema deverão, resultados sejam otimizados.
então, introduzir várias medidas” (Ministério do • Determinar quem é responsável pela execução
Transporte e Comunicações, Suécia, 1997). das medidas necessárias.
A pergunta fundamental no quadro da Visão Zero é: Muitos argumentarão que a Visão Zero não é realis-
qual o limite de força externa que pode ser tolerado ta, ou que será muito caro implementá-la. Essa obje-
pelas pessoas expostas a acidentes antes que ocorra ção é baseada no conhecimento que temos hoje so-
uma lesão grave? bre os efeitos das diferentes medidas e seus custos.
Elvik (1999) estimou o valor que poderia custar a
Com a resposta, pode-se deduzir que a velocidade implementação da Visão Zero na Noruega. O cálcu-
máxima permitida e os veículos projetados para lo da redução máxima do número anual de mortes
resistir a impactos violentos em caso de acidente que se pode alcançar com as medidas de segurança
são fatores que estão por trás das lesões perma- viária disponíveis chegou a 210 (da média 300 para
nentes. 90 mortos) por ano. No entanto, isto tomaria tantos
recursos que a renda real da sociedade seria reduzi-
Na Visão Zero percebe-se que os acidentes não po- da, o que, por sua vez, poderia aumentar a morta-
dem ser abolidos. Os acidentes que levam a lesões lidade no geral. O efeito líquido foi calculado para
menores, facilmente sanadas, não são considerados um possível aumento de mortes em 1355 por ano. O
um problema ético, nem mesmo são um problema, número é incerto, mas ele mostra que, se uma gran-
já que é possível resolvê-los totalmente. O foco são de parte da renda fosse usada na segurança viária,
as lesões graves e sua prevenção. A Visão Zero é lan- outros fins da saúde se deteriorariam a ponto de a
çada como uma meta ideal de longo prazo para um mortalidade total aumentar.
sistema de trânsito em que se considera a segurança.
Não se pode considerar que o sistema de trânsito de Mas um ponto importante sobre a Visão Zero é esti-
hoje tenha sido projetado de acordo com o concei- mular o desenvolvimento de novas iniciativas e, assim,
to de segurança viária da Visão Zero. Certamente criar uma nova realidade. Hoje em dia já é possível
muitas exigências e limites foram estabelecidos no avançar um pouco rumo à Visão Zero usando medi-
sistema atual de segurança, mas as estatísticas mos- das conhecidas e economicamente rentáveis. Um cál-
tram que eles não têm sido suficientes para evitar o culo mostra que alcançar 100% de respeito às leis de
grande número de mortos e de lesões permanentes trânsito significaria reduzir o número de mortes em
a cada ano. aproximadamente 50% (Elvik, 1997C). Uma análise
realizada por Elvik (2007) concluiu que é possível re-
As principais consequências da Visão Zero são (Väg- duzir para a metade o número de mortes até 2020, uti-
verket, Administração Viária da Suécia, 1996): lizando medidas de segurança viária de baixo custo.
Não importa o quanto se desenvolvam sistemas • Neutralidade no que diz respeito à distribuição de
de planejamento e priorização formais com defini- bens públicos: Os resultados de análises de cus-
ções ideológicas de longo prazo para o sistema de to-benefício não dizem nada sobre como a utili-
trânsito: nunca será possível eliminar a necessidade dade das medidas deve ser distribuída. Podem,
de avaliações informais e situacionais. No entanto, entretanto, mostrar se uma medida, em geral, tem
é possível definir um conjunto de princípios que maior benefício do que custo, ainda que algumas
especifique o alcance dessas avaliações e, assim, pessoas ou grupos tenham mais desvantagens que
garanta que a política de segurança viária não seja benefícios com ela.
vítima de rumores aleatórios e prioridades inques-
tionáveis. Uso de análise custo-benefício na política de segu-
rança viária. Pode-se estimar até que ponto as aná-
lises de custo-benefício são adequadas para avaliar
6.3 Análises de custo-benefício medidas de segurança viária com as seguintes etapas
(Elvik, 2001):
Análises da relação custo-benefício têm sido uti-
lizadas na avaliação de medidas há muitos anos 1. Pressupostos básicos
(Trilling, 1978). Este uso ainda é controverso 2. Tipos de questões avaliadas
(Hauer, 1994). São análises geralmente utilizadas na 3. Grau de adequação de metas
solução de questões ou projetos com as seguintes 4. Avaliação de estratégias adequadas ou medidas
características: passíveis de serem desenvolvidas
5. Avaliação dos efeitos de estratégias ou medidas,
• que envolvam gastos públicos, muitas vezes inves- especialmente concernentes à avaliação econô-
timentos; mica
• onde existam várias dimensões que devem ser le-
vadas em consideração e estas possam ser parcial 1. Pressupostos básicos: Na primeira etapa, deve-se
ou totalmente opostas uma à outra; estipular um posicionamento sobre os pressupostos
• com uma ou mais metas de bens não consumíveis, básicos na análise custo-benefício. Descartando-se
como meio ambiente, crime ou segurança do trân- um deles, a análise torna-se inapropriada para o uso.
sito; Um argumento comum contra esse tipo de análise
• cujos recursos sejam limitados e é desejável que é que o princípio de soberania do consumidor não
sejam utilizados da maneira mais eficiente possí- é válido em segurança viária. O raciocínio é que os
vel. usuários são mal-informados sobre riscos de aciden-
te e ferimentos graves e que, portanto, não podem
Esta lista se baseia em exemplos de análises de cus- ter preferências bem fundamentadas quando se tra-
to-benefício apresentadas em uma série de livros ta de melhoria na segurança viária. Segundo Hauer
(Boadway e Bruce, 1984; Dasgupta e Pearce, 1972; (1994), é impossível atribuir um valor econômico a
Gramlich, 1990; Hanley e Spash, 1993; Johansson, uma vida humana, porque é “impossível ter prefe-
1991; Layard e Glaister, 1994; Mishan, 1988; Sas- rências sobre possibilidades de escolha quando a
sone e Schaffer, 1978; Williams e Sugden, 1978; morte, para aqueles que escolhem, é uma das op-
Williams e Giardina, 1993). ções. É um assunto sem sentido”.
ria é que reduzir as diferenças de risco de acidente 4. Avaliação de estratégias adequadas ou medidas pas-
entre diferentes grupos de usuários da via deve- síveis de serem desenvolvidas: Análises de custo-be-
ria ser um objetivo político. Até que ponto esse nefício ajudam em decisões em que a medida a ser
argumento é relevante para as análises de custo selecionada deve ter o maior benefício em relação
-benefício depende do tipo de medidas que serão aos custos. No entanto, elas não fornecem orienta-
avaliadas. ção sobre como identificar medidas pertinentes por
pressuporem que elas sejam conhecidas.
2. Tipos de assuntos avaliados: A próxima etapa é
decidir o tipo de assunto ou tema que deverá ser A análise de custo-benefício assume que é possível
analisado. Nem todos os temas ou assuntos são fazer a distinção entre meios e fins. O significado
adequados. Por exemplo, questões de direitos desta hipótese pode ser ilustrado por um exemplo.
humanos universais são via de regra consideradas Imaginemos que a disposição para pagar por uma
inadequadas para esse tipo de análise. Questões so- melhor segurança viária seja conhecida. Um progra-
bre justiça, principalmente, estão fora da área de ma de segurança viária é avaliado com uma análise
aplicação. Um tema ser considerado adequado ou de custo-benefício. Os resultados mostram que as
não é, em certa medida, subjetivo. Parte das pes- medidas rentáveis de segurança no trânsito (que
soas acredita que assuntos relacionados à segurança tem mais benefícios do que custos) podem reduzir
viária são técnicos e econômicos; outros, no entan- o número de mortes em 25%. Estabelece-se, então,
to, consideram a segurança como algo que deve uma meta de que o número de mortes deve ser re-
ser distribuído de forma justa entre os grupos de duzido em 50%. Alterar a disposição para pagar por
usuários da via. O primeiro grupo provavelmente uma maior segurança para tornar rentável reduzir
considera adequado o uso de análise de custo-be- o número de mortes em 50% ao invés de 25% vai
nefício, enquanto o segundo grupo provavelmente contra os princípios da análise de custo-benefício.
o considera inadequado. A conclusão deveria ser, antes, que a meta de redu-
ção de 50% do número de mortes é inconsistente
3. Avaliação de estratégias adequadas ou medidas com a disposição a pagar por maior segurança da
passíveis de serem desenvolvidas: Objetivos polí- população.
ticos devem cumprir alguns critérios para serem
considerados adequados para a análise de cus- 5. Avaliação dos efeitos de estratégias ou medidas,
to-benefício. Em primeiro lugar, as metas devem especialmente concernentes à avaliação econômica.
ser claramente formuladas e passíveis de avaliação A análise de custo-benefício pressupõe a existência
econômica. Isso não significa, necessariamente, de avaliações econômicas de todos os efeitos re-
que os objetivos devam ser quantificados. As metas levantes de medidas (Hanley e Spash, 1993). Nos
só devem ser formuladas de modo que se possa ser últimos anos foram desenvolvidas avaliações econô-
feito um estudo de avaliação para estimar os va- micas para o aumento do número de impactos de
lores econômicos para diferentes graus de abran- várias medidas públicas. No entanto, ainda existem
gência. muitos efeitos sem nenhuma avaliação econômica,
como, por exemplo, as intervenções viárias que di-
Em segundo lugar, diferentes metas podem ser videm habitats naturais de animais, o que os força a
ajustadas entre si, ou seja, no geral, nenhuma deve atravessar uma rodovia para encontrar comida.
ser priorizada incondicionalmente em relação às
demais. Um exemplo de meta que se define como A Agência Nacional de Administração de Vias
superior a todas as outras é a Visão Zero. De acor- Públicas da Noruega e o Ministério de Transporte
do com a Visão Zero não deve haver mortes nem realizaram um esforço considerável no desenvol-
ferimentos graves no trânsito. Esta meta é definida vimento de melhores bancos de dados e melhores
como a mais importante dentre todas (Administra- métodos de análises de custo-benefício. No Ma-
ção Viária, Suécia, 1997). nual de Segurança Viária, optou-se por apresen-
tar a informação sobre o novo valor de custo das
Em terceiro lugar, é importante que os objetivos medidas, porque esses detalhes interessam na sele-
políticos não sejam excessivamente questionáveis ção e priorização de medidas de segurança viária.
(Eriksen et al., 1994). Discordâncias básicas sobre Ainda assim, os resultados das avaliações de cus-
objetivos políticos não são resolvidas calculando-se to-benefício de medidas não devem ser interpreta-
o quanto os diferentes objetivos “valem” financei- dos como uma receita sobre quais delas devem ser
ramente. implementadas.
84 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A Agência Nacional de Administração de Vias Custos médicos: Os custos médicos envolvem to-
Públicas da Noruega realizou um planejamento dos os custos do tratamento de lesões decorrentes
de análises de custo-benefício de projetos viários de acidentes de trânsito, incluindo casas de repou-
(Manual 140, Análise de consequências, 2006). A so e despesas médicas privadas como, por exem-
Tabela 6.1 mostra quais fatores foram incluídos plo, aumento do consumo de analgésicos e drogas
nessas análises e quais, de acordo com a Agência, tranquilizantes. Os eventuais custos de assistência
não foram incluídos. As consequências incluídas domiciliar não estão incluídos, mas se presumem
nas análises são avaliadas economicamente. Aque- incluídos no custo da perda de produção doméstica
las que não estão incluídas nas análises não podem não remunerada (ver abaixo).
ser avaliadas economicamente de uma forma sig-
nificativa. Custos materiais: Os custos dos materiais são todos
aqueles que envolvem o reparo ou a substituição de
veículos ou outros itens danificados ou destruídos
6.3.2 Custos dos acidentes em acidentes. Essencialmente estes gastos do con-
dutor são cobertos pelo seguro do automóvel.
Entre 2009 e 2010 foi realizado um estudo de avalia-
ção geral do custo dos acidentes, em que se incluiu a Custos administrativos: Custo administrativo é todo
maioria dos produtos sem valor de mercado e foram aumento do uso de recursos da administração como
feitas novas avaliações econômicas desses produtos resultado de acidentes de trânsito. Isto inclui a ad-
(Samstad et al., 2010). Este estudo de avaliação in- ministração de seguros, da segurança social, os cus-
cluiu também os custos dos acidentes (Veisten, Flü- tos da polícia com os relatórios de acidentes e custos
gel e Elvik, 2010). Os novos custos dos acidentes para litígios que surjam em acidentes de trânsito.
Tabela 6.1: Panorama geral da análise de custo-benefício descrita no Manual da Agência Norueguesa (Manual 140,
2006).
Consequências dos investimentos viários
Não incluído em análises
Grupo-alvo Incluído em análises de custo-benefício
de custo-benefício
Usuários de vias e transportes Custos do veículo dependente da quilometragem
Outras despesas da via
Custos relativos ao tempo (veículos automotores)
Atrasos imprevistos
Acessibilidade para pedestres e ciclistas (custos de tempo)
Desvantagem de custo nas linhas de balsa
Impactos na saúde de pedestres e ciclistas
Insegurança de pedestres e ciclistas
Insegurança relacionada a deslizamentos de terra
Operadores Implicações para empresas de transportes públicos,
Agricultura, silvicultura e pesca
estacionamento, pedágio e outros comerciantes privados
Público Custos de investimento
Custos de operação e manutenção
Transferências
Receita tributária
O restante da sociedade Acidentes Comunidade local
Ruído Vida ao ar livre
Poluição atmosférica Meio ambiente natural
Valor residual de investimentos Patrimônio e ambiente cultural
Encargos fiscais Arquitetura urbana e paisagismo
Recursos Naturais
Parte I: 6. Planejamento e priorização de medidas de segurança viária… 85
Os custos de administração de seguros são cober- Não é possível um cálculo ou estimativa de custos
tos da mesma forma que os custos materiais. Outros diretos ou indiretos quando se trata de bem-estar
gastos administrativos têm a cobertura assumida em acidentes de trânsito. A avaliação econômica
pelo setor público. Indenizações pagas e benefí- do bem-estar não é uma questão de quanto cus-
cios não são incluídos diretamente nos custos dos tam os acidentes assim que acontecem, mas sim
acidentes. Pagamentos de seguro social e indeniza- quanto de recurso a comunidade está disposta a
ções são apenas uma maneira de cobrir os custos gastar para reduzir o número de acidentes e suas
de acidentes. O custo socioeconômico é pago pelo consequências. A perda de bem-estar é avaliada
seguro social e as indenizações são cobertas, mas a de acordo com quanto as pessoas estão dispos-
perda da renda é aquela causada pela incapacidade tas a pagar para reduzir o risco de acidentes de
de trabalho. trânsito.
Tabela 6.2: Custos de acidentes (2009) por sinistro, segundo o grau de lesão (fonte: Veisten et al., 2010; Agência
Rodoviária, et al., 2010).
Custos ordenados a partir das lesões mais graves (NOK)
Tipo de acidente e categoria
de custos Lesão Lesão Lesão Lesão Apenas danos
Mortos
gravíssima severa grave leve materiais
Custos econômicos reais 4.095.962 9.570.090 5.361.365 4.124.127 146.345 29.564
Efeito no bem-estar 26.126.880 13.362.853 5.225.376 4.019.520 467.342 0
Custo total dos acidentes 30.222.842 22.932.943 10.586.741 8.143.647 613.687 29.564
Custo total dos acidentes
30.220.000 22.930.000 10.590.000 8.140.000 614.000 30.000
(arredondado)
86 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A Tabela 6.3 especifica os custos de acidentes com Equalização das diferenças de risco entre grupos de
lesões pessoais, por cada tipo diferente de ocorrên- usuários da via. Os custos dos acidentes não levam
cia, dentro e fora das zonas urbanas e para todo o em conta se o risco por passageiro-quilômetro é alto
país. Valores referentes apenas a acidentes com le- ou baixo. Caso se queira manter a meta de reduzir as
sões pessoais. Os números entre parênteses, ao lado diferenças de risco entre grupos de usuários da via, o
de cada tipo de acidente, referem-se ao código de custo por acidente deverá ser proporcional ao risco
acidente no registro do Escritório Central de Esta- por passageiro-quilômetro. O grupo de usuários com
tística da Noruega. alto risco obterá, então, um alto custo por acidente.
Com base nos custos de lesões da Tabela 6.3 e tam- Prevenção de catástrofes. O potencial para desas-
bém nas informações sobre o número de ocorrên- tres no trânsito rodoviário é provavelmente menor
cias, os custos socioeconômicos anuais de acidentes que em outros ramos do transporte. Relaciona-se
de trânsito em 2005-2009 foram estimados em mais principalmente a acidentes em autoestradas com
de NOK 40 bilhões (valores de 2009). nevoeiro denso, acidentes em túneis e grandes de-
sastres envolvendo ônibus e transporte de mercado-
Incerteza nos custos dos acidentes. Quão confiá- rias perigosas. Caso se queira dar ênfase especial à
veis são os dados relativos aos custos de acidentes prevenção de catástrofes, o custo por pessoa ferida
descritos acima? Você pode confiar nesses núme- ou morta nesse tipo particular de acidente deverá
ros? Os custos de acidentes calculados no estudo ser maior que em outros acidentes rodoviários.
avaliativo têm uma incerteza de pelo menos 20%,
em ambas as direções. A maior parte dessa incer- O objetivo principal de melhorar a segurança viá-
teza é relativa à eficácia do método de avaliação. A ria é reduzir o número de vítimas. Esta meta sem
incerteza puramente estatística nos valores é relati- dúvida é incluída nos custos de acidentes utilizados
vamente pequena. atualmente. Entretanto, quando também se enfati-
zam os aspectos mencionados acima, os custos dos
O que os custos dos acidentes não incluem? Os acidentes fornecem uma reflexão menos precisa do
custos são calculados por acidente e por pessoa fe- que estamos tentando alcançar.
rida. Além disso, eles são estimados para diferen-
tes tipos de acidentes. Isso torna possível avaliar
financeiramente a utilidade de medidas que redu- 6.3.3 Avaliação de outros bens sem valor
zem tanto o número quanto os tipos específicos de de mercado
acidentes, e também os graus de lesão. O termo
“segurança viária” também contém alguns aspec- Em análises de custo-benefício não são incluídos
tos que não podem ser considerados parte dos cus- apenas os custos dos acidentes, mas também se faz
tos dos acidentes, como os calculados e reprodu- uma avaliação econômica de outros bens sem valor
zidos acima. Aspectos de segurança viária que não de mercado. Na Tabela 6.4 estão sintetizadas as ava-
podem necessariamente ser incluídos nos custos de liações cuja utilização é recomendada atualmente.
acidentes na forma em que estão disponíveis e em Para obter detalhes, o embasamento destas avalia-
uso hoje são: ções está em Samstad et al. (2010).
Tabela 6.3: Custos de lesões pessoais em diferentes tipos de acidentes dentro e fora de áreas urbanas (apenas acidentes com
feridos). Valores de 2009.
Tabela 6.4: Avaliação recomendada de bens não comercializáveis em análises de custo-benefício (Samstad et al., Agência
Rodoviária, 2010). Valores de 2009
Componente Unidade Valor (NOK) por unidade
Tempo de viagem por veículo (<100 km) Pessoa-tempo 88
Tempo de viagem por veículo (>100 km) Pessoa-tempo 181
Tempo de viagem com ônibus (<100 km) Pessoa-tempo 60
Tempo de viagem com ônibus (>100 km) Pessoa-tempo 120
Tempo de caminhada Pessoa-tempo 146
Tempo de pedalada Pessoa-tempo 130
Efeitos de caminhar para a saúde Quilômetros- caminhada 25,50
Efeitos de pedalar para a saúde Quilômetros pedalados 12,90
Insegurança no cruzamento viário Cruzamento de pedestres 1,00
Insegurança no cruzamento viário Cruzamento de bicicletas 2,40
Insegurança no trânsito ao longo das vias Quilômetros- caminhada 29,00
Insegurança no trânsito ao longo das vias Quilômetros pedalados 13,00
Insegurança diante de perigo de deslizamento Quilômetros-automóvel 0,50
Emissão de micropartículas (cidade grande) Quilo-partículas 3600
Emissão de micropartículas (cidade média) Quilo-partículas 1640
Emissão de micropartículas (outras urbanizações) Quilo-partículas 440
Emissão de micropartículas (áreas densas) Quilo-óxidos de nitrogênio 76
Emissão de micropartículas (interior do país) Quilo-óxidos de nitrogênio 51
Emissão de dióxido de carbono equivalente Toneladas (antes de 2015) 200
Emissão de dióxido de carbono equivalente Toneladas (2015-) 210
Emissão de dióxido de carbono equivalente Toneladas (2020-) 320
Emissão de dióxido de carbono equivalente Toneladas (2030-) 800
Ruído do trânsito Pessoa incomodada por ruído 335
12
10
8
Preço por unidade
0
1 2 3 4 5 6
Número comprado (unidades compradas)
Figura 6.2: Ilustração simples do conceito de excedente do consumidor (os campos sombreados
em cada coluna).
A Figura 6.2 mostra que o excedente do consumi- 6.3.5 Custo socioeconômico alternativo das
dor diminui quando o preço aumenta e vice-versa. medidas financiadas pela previdência social
Se, por exemplo, o preço tivesse sido NOK6 cada,
somente uma pessoa teria comprado 5 unidades. O Muitas medidas públicas de segurança viária são
excedente do consumidor teria sido 4 + 3 + 2 + 1 = financiadas pela previdência social. Na análise de
10. Do mesmo modo, o excedente do consumidor custo-benefício dessas medidas, seu custo orçamen-
teria aumentado se o preço tivesse caído para, por tário deve ser corrigido levando em conta o custo
exemplo, NOK4 por unidade. socioeconômico alternativo nos impostos.
Na análise de custo-benefício das medidas que po- Impostos e taxas normalmente levam produtores e
dem afetar o volume de tráfego, expressa-se o “pre- consumidores de uma determinada mercadoria ou
ço” de viagens e transporte geralmente sob a forma serviço a serem confrontados com preços diferentes.
de custos gerais de viagem. Custo geral de viagem é Um imposto geral sobre todos os bens, como, por
a soma de despesas diretas e todas as outras desvan- exemplo, o IVA (imposto sobre valor agregado), cria
tagens e esforços que a viagem implica. Nos custos uma lacuna entre o preço antes dos impostos, dado
gerais de viagem, estão incluídos gastos operacio- pelo fabricante de acordo com a produção e suas ava-
nais do veículo, custos relativos ao tempo gasto pelo liações de rentabilidade, e o preço após os impostos,
usuário e parte dos custos do acidente e custos am- que é construído pela demanda dos consumidores.
bientais, pelos quais os usuários são cobrados. Parte Essas discrepâncias fiscais podem afetar os padrões
dos custos dos acidentes e todos os gastos ambientais de produção e consumo em uma sociedade, de tal
são externos, o que significa que eles não são pagos forma que os consumidores sofram uma perda de
diretamente pelo usuário que dá origem às despesas bem-estar maior que o valor do próprio imposto. O
pelo seu comportamento no sistema de trânsito. custo socioeconômico alternativo nos impostos desti-
na-se a expressar essa perda de bem-estar.
Ao avaliar as medidas de segurança viária que po-
dem afetar o volume de tráfego, como, por exem- O custo alternativo no financiamento de imposto é
plo, desvio nas vias, é adequado retirar os custos dos definido como igual a 1,2 (Ministério das Finanças,
acidentes das despesas gerais de viagem, para evitar Noruega, 2005). Isto significa que uma medida que
dupla contagem. Custos gerais de viagem consis- no orçamento público custa NOK1 milhão, em uma
tem, então, em custos operacionais do veículo e do análise de custo-benefício incluindo um custo socioe-
tempo dos usuários. conômico custará NOK1, 2 milhões. Esta recomen-
Parte I: 6. Planejamento e priorização de medidas de segurança viária… 89
dação é seguida nas análises de custo-benefício feitas 6.3.7 Volume de tráfego e risco em vários tipos de
sobre as medidas de segurança viárias neste livro. vias, etc.
Para algumas medidas, a vida útil varia depende do Estes cálculos exigem, em outras palavras, que faça-
volume de tráfego. Isso se aplica especialmente à mos certas suposições sobre exposição e risco para
parte das medidas de manutenção viária. A exten- diferentes tipos de via, tipos de veículos e grupos de
são da vida útil varia de cerca de 1 ano até aproxi- usuários da via. Como regra geral, presume-se que a
madamente 10 anos. Para essas medidas, o tempo exposição e o risco sejam iguais à média desse grupo
de vida útil é apurado caso a caso, utilizando-se para o tipo de via, grupos de veículos e grupos de
modelos desenvolvidos pela Agência Nacional de usuários da via. Muitas medidas na rede viária tam-
Administração de Vias Públicas da Noruega. bém afetam o nível de velocidade. Para estas medi-
das, portanto, também são feitas suposições sobre o
Outras medidas têm efeito apenas enquanto a medi- nível de velocidade média. A Tabela 6.6 resume as
da está em uso. Isso se aplica, por exemplo, a cam- suposições feitas para diferentes tipos de via (Erke
panhas de informação e, de certa forma, ao controle e Elvik, 2006).
da polícia. Para essas medidas, sua duração e tam-
bém a de seu impacto, por razões práticas, é defini- A medição da velocidade existe quase exclusivamen-
da como igual a um ano. O benefício e o custo da te para rodovias nacionais (vias principais). O nível
medida surgem, então, no mesmo ano. médio de velocidade nas vias públicas é estimado
em 60 km/h. Em relação ao veículo, o ponto de par-
O cálculo de rentabilidade do valor presente das tida é o número de veículos envolvidos em acidentes
medidas é definido em 4,5% ao ano (Ministério das com lesões pessoais registrados pela polícia, calcu-
Finanças, Noruega, 2005). lado em relação ao número de veículos registrados.
Tabela 6.6: Riscos assumidos, tráfego médio diário anual e velocidade média em diferentes tipos de via.
Custos de danos por veículo- Acidentes com lesões Média de Velocidade
Categoria de via km (em milhões de coroas pessoais por milhão tráfego diário média do trânsito
norueguesas) de veículo-km anual (km/h)
Autoestrada (4 ou mais faixas),
0,224 0,075 33 000 99
100 km/h (todas)
Autoestrada (4 ou mais faixas), 90 km/h
0,206 0,063 40 000 90
(todas)
Rodovia duplicada, 90 km/h (todas) 0,752 0,105 9 000 88
Outras rodovias nacionais, 90 km/h
0,763 0,134 1 600 88
(sem cruzamento)
Rodovias nacionais, 80 km/h, 2 faixas 78
- sem cruzamentos 0,720 0,143 4 900
- 1 ou 2 cruzamentos por km 0,764 0,161 2 000
- 3 ou mais cruzamentos por km 0,814 0,188 3 900
Rodovias nacionais, 70 km/h, 2 faixas 70
- sem cruzamentos 0,653 0,155 5 000
- 1 ou 2 cruzamentos por km 0,722 0,181 5 800
- 3 ou mais cruzamentos por km 0,814 0,205 6 000
Rodovias nacionais, 60 km/h, 2 faixas 59
- sem cruzamentos 0,609 0,170 5 200
- 1 ou 2 cruzamentos por km 0,678 0,202 3 200
- 3 ou mais cruzamentos por km 0,723 0,220 5 300
Rodovias nacionais, 50 km/h, 2 faixas 52
- sem cruzamentos 0,738 0,253 4 400
- 1 ou 2 cruzamentos por km 0,890 0,325 3 400
- 3 ou mais cruzamentos por km 0,981 0,374 4 900
O risco definido dessa forma representa veículos 2. A política de transportes deve ser baseada na
com quilometragem média anual e risco médio por ideia de que não deve haver acidentes com
quilômetro percorrido. mortos ou feridos graves no setor de transpor-
te.
3. Ela também deve contribuir para limitar as emis-
6.4 As prioridades do governo na sões de gases responsáveis pelo efeito estufa, re-
política viária: Plano Nacional duzir impactos ambientais e ajudar a cumprir as
de Transporte metas nacionais e os acordos internacionais sobre
o meio ambiente.
O Plano Nacional de Transporte (NTP) substituiu 4. O sistema de transporte deve ser projetado uni-
os antigos planos de longo prazo para os setores ro- versalmente.
doviário, marítimo, aéreo e ferroviário. O primeiro
NTP foi lançado para o período 2002-2011. O NTP O NTP possui um orçamento, entre outros, para
atual (nota do Parlamento nº 16) é referente ao pe- medidas de segurança viária. A seleção e a priori-
ríodo 2010-2019. O Plano é elaborado para perío- zação de investimentos em projetos de vias e me-
dos de 10 anos, é revisto a cada quatro anos e inclui didas de segurança viária são elaboradas em parte
todos os setores de transporte (rodoviário, ferroviá- com base nas análises de custo-benefício. Para a
rio, marítimo e aéreo). Os principais objetivos do maioria das grandes medidas de segurança viária
NTP 2010-2019 são: são realizadas tanto avaliações quanto análises de
custo-benefício. Para a maioria das medidas me-
1. Melhorar a acessibilidade e reduzir os custos as- nores são realizadas avaliações, mas não análises
sociados à distância para fortalecer a competitivi- de custo-benefício (Elvik e Veisten, 2005). A ad-
dade no mundo dos negócios e ajudar a manter ministração viária preparou um plano de medidas
as principais características do padrão de assen- para o período 2010-2013 que se baseia no NTP
tamento. 2010-2019.
Parte I: 6. Planejamento e priorização de medidas de segurança viária… 91
A Tabela 6.7 mostra quais são as medidas mais ade- possibilidade de uma grande variedade de medidas.
quadas para reduzir vários tipos de acidentes. As Para identificar as medidas mais eficazes, é impor-
listas de medidas não são exaustivas, mas incluem as tante considerar uma variedade delas. Algumas são
medidas consideradas mais relevantes hoje em dia. eficazes na maioria dos acidentes ou em uma parte
Medidas que estão atualmente em fase experimental significativa deles e, portanto, serão relevantes em
são consideradas menos relevantes. muitos contextos. Isto se aplica aos limites e às várias
formas de controle de velocidade, cintos de seguran-
Estes exemplos mostram que, para a grande maioria ça e controle do uso do cinto de segurança e a todas
de problemas comuns de segurança viária, existe a as medidas que podem afetar o volume de tráfego.
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PARTE II
Anualmente cerca de 740 ciclistas se ferem ou são Cerca de 80% dos acidentes de bicicleta ocorrem
mortos em acidentes de trânsito na Noruega, de em cidades ou vilas. Mais de 80% dos acidentes com
acordo com a estatística oficial de acidentes (Sta- ciclistas notificados oficialmente consistem em coli-
tistisk Sentralbyrå, 2009). A tabela 1.1.1 mostra a sões com automóveis, normalmente em cruzamentos
distribuição em diferentes graus de ferimento. Ela ou saídas, ou em cruzamento de vias. Acidentes em
indica que, por ano, 7 a 8 ciclistas são mortos e que que outros passageiros ou veículos não estão envol-
50 a 70 sofrem ferimentos graves ou muito graves. A vidos são menos notificados na estatística oficial de
mortalidade de ciclistas representa cerca de 3% do acidentes. De acordo com a estatística “não oficial”,
número total de fatalidades de trânsito na Noruega. acidentes com apenas uma pessoa configuram mais
de 70% com bicicleta (Bjørnskau, 2008).
O número real de ciclistas acidentados é ainda
maior, uma vez que os ferimentos são negligencia- Muitos ciclistas sentem-se inseguros no tráfego, es-
dos na estatística oficial de acidentes. Uma pesquisa pecialmente quando se deslocam em vias com gran-
realizada por Bjørnskau (2005) indica que, a cada de circulação de veículos. De acordo com o levan-
acidente, 7 a 8 são negligenciados e, portanto, isso tamento de Bjørnskau (2004), 3% dos ciclistas se
quer dizer que o número real de acidentes é de pro- sentem muito inseguros e 25% se sentem inseguros.
vavelmente 5.000. Apenas os motociclistas sentem-se ainda mais inse-
guros. Outro levantamento mostrou que 7% dos ci-
Tabela 1.1.1: Ciclistas mortos ou feridos na Noruega clistas sentem-se muito inseguros e 12%, inseguros.
entre 2005 e 2007. Fonte: Statistisk sentralbyrå 2009. Os motociclistas e condutores de automóveis sen-
2005 2006 2007
tem-se mais inseguros (Backer-Grøndahl, Amund-
sen, Fyhri e Ulleberg, 2007).
Mortes 7 8 7
Lesões muito graves 1 4 4
A “Estratégia Nacional para Bicicletas” (Nasjonal
Lesões graves 52 64 56
sykkelstrategi) de 2010 até 2019 (Statens vegvesen,
Lesões leves 675 596 607
2007) tem como propósito que o tráfego de bicicle-
Grau de lesão não declarado 8 67 67 tas na Noruega seja constituído de pelo menos 8%
Total 743 739 741 de todas as viagens. Nas cidades e vilas, o tráfego de
bicicletas será dobrado e 80% das crianças e jovens
Um cálculo com base no registro oficial de aciden- irão à escola e dela retornarão a pé ou de bicicleta.
tes e na pesquisa sobre hábitos de viagem indica que Para que a utilização da bicicleta torne-se mais atra-
0,82 ciclista foi ferido ou veio a óbito a cada um mi- tiva, foram sugeridas, entre outras coisas, a cons-
lhão de quilômetros rodados e que 0,011 ciclista so- trução de vias para bicicletas e pedestres, ciclovias,
freu acidente fatal a cada um milhão de quilômetros bem como a sinalização de ciclofaixas.
rodados. Os ciclistas pertencem ao grupo que tem
o terceiro maior risco de sofrer lesão em trânsito, Estas medidas têm como objetivo separar fisicamen-
apenas superado pelos usuários de ciclomotores e te o tráfego de bicicletas do tráfego motorizado, re-
106 O Manual de Medidas de Segurança Viária
servar partes dos passeios e das vias para esse tipo • Faixa para travessia de ciclistas: a via segue sobre
de circulação e, assim, reduzir o risco de acidentes a pista, ao longo de um cruzamento regulado por
de ciclistas, o que lhes concederia um aumento de preferencial (iniciativa física não aconselhada na
mobilidade e de segurança por meio do tráfego em Noruega).
áreas públicas. • Linha de retenção adiantada para bicicletas e retraí-
da para veículos motorizados: a linha de retenção
dos veículos motorizados é reduzida em relação
Descrição da medida à linha de retenção dos ciclistas e à de pedestres
em cruzamentos regulados por semáforo (iniciati-
A iniciativa é dividida normalmente em três grupos va de sinalização que é aconselhada na Noruega).
(Statens vegvesen, 2003): • Faixa de retenção para bicicletas: área para a espera
de ciclistas à frente dos veículos motorizados em
Área compartilhada por bicicletas e pedestres: área cruzamentos regulados por semáforo (iniciativa
cuja sinalização de trânsito permite a circulação de sinalização que é aconselhada na Noruega, mas
de pessoas, bicicletas ou os dois grupos ao mesmo raramente utilizada).
tempo. A área é fisicamente separada dos veículos • Marcações coloridas ou outras marcações da ciclo-
motorizados por meio de gramados, valetas, cercas, faixa: sinalização da ciclofaixa e/ou da faixa de
guias, etc. Ela é construída apenas em um lado da retenção para bicicletas com as cores azul, ver-
via ou como uma via própria. Normalmente possui melha, marrom, verde ou amarela, símbolos de
uma camada de asfalto. bicicleta ou diferentes modelos como o padrão
arlequim (iniciativa de sinalização de cor casta-
Ciclovia (via para bicicletas): Pista cuja sinalização nho-avermelhada, como aconselhada na Noruega,
de trânsito permite a circulação de bicicletas. Ela é mas raramente utilizada).
segregada fisicamente dos veículos motorizados por • Ciclovia desviada: ela é desviada da via principal e
meio de gramados, valetas, cercas, guias, etc. Nas segue eventualmente pela via secundária em uma
cidades e vilas, a guia é normalmente utilizada para superfície elevada, em cruzamentos regulados por
segregação; já em áreas de povoação dispersa, geral- preferencial, onde tanto os outros veículos quan-
mente se utilizam o gramado e a valeta. A ciclovia é to as bicicletas aguardam a preferência (iniciativa
separada do passeio ou da passagem de pedestres física aconselhada na Noruega).
por meio de guias ou marcações. Em regra, a ciclo- • Ciclovia de aproximação: ela segue próxima à via
via possui uma camada de asfalto. Na Noruega, os principal, com o objetivo de ter a travessia jun-
pedestres também podem utilizá-la onde for mais to ou perto do cruzamento (iniciativa física não
apropriado, ao passo que em outros países ela é aconselhada na Noruega).
sempre reservada somente para ciclistas. • Ciclovia separada à direita, fora do cruzamento:
ciclovia separada para ciclistas que se mantém à
Ciclofaixa (faixa para bicicletas): faixa de condução direita, fora do cruzamento regulado por semáfo-
cuja sinalização de trânsito e diferentes formas de si- ro (iniciativa física desaconselhada na Noruega).
nalização da via permitem a circulação de bicicletas. • Ciclofaixa que segue pelo centro: faixa marcada à
esquerda da faixa dos veículos motorizados que
Estes três princípios servem como alternativas ao seguem à direita (iniciativa de sinalização não
tráfego misto de bicicletas e veículos motorizados, aconselhada na Noruega, mas utilizada em quan-
em que não há instalações especiais para ciclistas e, tidade limitada).
por conta disso, estes viajam em acostamentos junto • Ciclofaixa que segue à direita em cruzamento: faixa
com os automóveis e na mesma faixa de condução. marcada à direita da faixa para veículos motoriza-
dos ou canalização da ciclofaixa existente (inicia-
As ciclovias e ciclofaixas podem ser construídas de tiva de sinalização não aconselhada na Noruega).
diferentes maneiras quando se refere à área do cru- • Ciclofaixa que segue à esquerda: faixa marcada en-
zamento. As construções ou sinalizações mais co- tre a faixa para seguir em frente e à esquerda e
muns são (Sørensen, 2009, Statens vegvesen, 2003): a ciclofaixa marcada no próprio cruzamento que
possibilita a curva em uma única etapa (iniciativa
• Ciclovia reduzida ou interrompida: ela termina an- de sinalização não aconselhada na Noruega).
tes do cruzamento. Em uma área demarcada para
bicicleta ou tráfego misto (iniciativa física aconse- No fim de 2007 foram construídas vias compartilha-
lhada em cruzamentos municipais na Noruega). das por bicicletas e pedestres ao longo de 3.300 km
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 107
da malha viária nacional, 12% da malha viária, (Sta- mendações desses países. No entanto, o manual do
tens vegvesen, 2008). A iniciativa para o desenvolvi- ciclista norueguês recomenda ciclovias em maior
mento dessas vias ao longo da malha viária nacional volume de tráfego que as recomendações de outros
surgiu por causa da carência de 3.250 km de obras países. (Spilsberg, Børrud, Myrberg e Nordgård,
viárias estatais. Destas, a rede principal em cidades e 2008).
vilas representa 1.100 km, as rodovias principais ao
redor das cidades e vilas representam 750 km e as
rodovias nacionais fora das cidades e vilas represen- Impacto sobre os acidentes
tam 1.400 km (Statens vegvesen, 2007a).
As tabelas de 1.1.2 até 1.1.5 mostram os impactos
Não há informações sobre a extensão somada das nos acidentes em vias compartilhadas por bicicle-
vias compartilhadas por bicicletas e pedestres ao tas e pedestres, ciclovias, ciclofaixas e diferentes
longo das rodovias regionais e vias municipais na construções e marcações da via para bicicletas e pe-
Noruega como um todo. Também não há estatísticas destres, ciclovia e/ou ciclofaixa no cruzamento. Os
abrangentes de todo o país que indicam a extensão impactos são baseados em sua grande maioria em
das ciclovias e ciclofaixas ou a quantidade de uso de pesquisas de estudo anterior e posterior. Na maio-
diferentes construções de cruzamento atribuída às ria dos estudos não foram verificados o volume de
ciclovias e ciclofaixas. tráfego de bicicletas, isto é, os resultados referem-se
às modificações no número total de acidentes em
O manual do ciclista (Statens vegvesen, 2003) con- uma via ou cruzamento, não ao risco de acidentes
tém uma descrição detalhada sobre quais soluções de ciclistas ou de outros usuários.
devem ser utilizadas em diferentes tipos de área. As
recomendações podem ser resumidas da seguinte
maneira: Via compartilhada por bicicletas e pedestres:
• Via compartilhada por bicicletas e pedestres: alto Há as seguintes pesquisas sobre os impactos nos
volume de tráfego, alta velocidade ou fora do acidentes em vias compartilhadas por bicicletas e
aglomerado populacional. pedestres:
• Ciclovia: alto volume de tráfego, alta velocidade
ou fora do aglomerado populacional. Quenault, 1981 (Grã-Bretanha);
• Ciclofaixa: bairros com aglomerado populacional. Ørnes, 1981 (Noruega);
Velocidade e volume de tráfego médio. Kallberg e Salusjärvi, 1982 (Países nórdicos);
• Tráfego misto: ruas calmas com velocidade e volu- Claesson e Sjölinder, 1985 (Suécia);
me de tráfego baixo. Wheeler e Morgan, 1987 (Grã-Bretanha);
Frøysadal, 1988 (Noruega);
Uma revisão das vias para bicicleta recomendadas Stølan, 1988 (Noruega);
para diferentes volumes de tráfego e livros de ve- Blakstad e Giæver, 1989 (Noruega);
locidade da Noruega, Dinamarca, Suécia, Holanda, Leden, 1989 (Países nórdicos);
Inglaterra, Alemanha e EUA mostram que as reco- Elvik, 1990 (Noruega);
mendações norueguesas são semelhantes às reco- Dietrichs, 1991 (Noruega);
Tabela 1.1.2: Impactos em vias compartilhadas por bicicletas e pedestres. Porcentagem de modificação no número de
acidentes.
Thingwall, 1991 (Noruega); dos os riscos dos pedestres e ciclistas por quilôme-
Borger e Frøysadal, 1993 (Noruega); tro percorrido.
Downing, Sayer e Zaheer-Ul-Islam, 1993 (Papua-
Nova Guiné);
Borger e Frøysadal, 1994 (Noruega) e Jensen 2006 Ciclovia
(Dinamarca).
Há as seguintes pesquisas sobre os impactos nos aci-
Com relação às vias compartilhadas por bicicletas dentes em ciclovias:
e pedestres, que é mais comum na Noruega, as me-
lhores pesquisas metodológicas, que estabelecem as Jørgensen e Rabani, 1969 (Dinamarca);
bases para a tabela 1.1.2, não indicam a redução do Jørgensen e Herrstedt, 1979 (Dinamarca);
número de acidentes. Percebe-se uma tendência na Knoche 1981, (Alemanha);
redução do número de acidentes de pedestres, es- Bach, Roscbach e Jørgensen, 1985 (Dinamarca);
pecialmente aqueles em que os pedestres estavam se Welleman e Dijkstra, 1985 (Holanda);
deslocando em trecho fora do cruzamento ao longo Nettelblad, 1987 (Suécia);
da via, mas a redução não é confiável estatisticamen- COWI-consult e Vejdirektoratet, 1990 (Dinamar-
te. Não se sabe o motivo pelo qual a iniciativa não ca);
leva a menos acidentes. Harland e Gercans, 1993 (Grã-Bretanha);
Agustsson e Lei, 1994 (Dinamarca);
Muitas pesquisas (Nettelblad, 1987, Wheeler e Rystam, 1995 (Suécia);
Morgan, 1987, Gabestad, 1989) constatam que o Leden, Claesson, Gårder, Näsman, Pulkinnen e
tráfego de bicicletas e pedestres aumenta quando Thedén, 1997 (Suécia);
são construídas vias compartilhadas por bicicletas e Jensen, 2006a (Dinamarca);
pedestres. Entre outras coisas, isso pode levar a um Agerholm, Caspersen, Madsen e Lahrmann, 2008
aumento de tráfego em locais de cruzamento sem (Dinamarca).
segurança. Também é documentado que nem todos
os pedestres e ciclistas utilizam as vias comparti- A tabela 1.1.3 mostra que as ciclovias levam a uma
lhadas por bicicletas e pedestres (Strugstad, 1985, pequena modificação no número total de acidentes
Thingwall, 1991). Aqueles que ainda trafegam na com vítima. Há uma redução significativa de ocor-
via para veículos motorizados estão sujeitos a um rências de acidentes em trecho fora do cruzamento;
risco maior. Há exemplos em que as autoridades de já no cruzamento há uma tendência a um número
trânsito aumentaram o limite de velocidade de 60 crescente de acidentes.
para 70 km/h em trechos onde foram construídas
vias compartilhadas por bicicletas e pedestres (El- O objetivo das ciclovias é melhorar as condições
vik, 1990). Acredita-se que isso leva a um aumento para os ciclistas. Contudo, as pesquisas não indicam
da velocidade. No total, essas condições contribuem que a segurança melhora; muito pelo contrário. Se
para explicar porque as vias compartilhadas por bi- forem incluídas apenas as pesquisas mais recentes, a
cicletas e pedestres não resultam em uma redução partir de 1990, percebe-se um aumento no número
no número de acidentes. Nos locais onde o tráfego de acidentes de bicicleta em 7%. Ao mesmo tempo,
de bicicletas e pedestres aumentou, foram reduzi- aumenta o número de acidentes leves em 15% (5; 25).
Tabela 1.1.3: Impactos da ciclovia nos acidentes. Porcentagem de modificação no número de acidentes.
Porcentagem de modificação no número de acidentes
Gravidade do acidente
Tipos de acidentes ocorridos Melhor avaliação Intervalo de confiança
Acidentes com vítima Todos os acidentes -2 (-5; +1)
Acidentes com vítima Todos os acidentes em trecho fora do cruzamento -8 (-13; -3)
Acidentes com vítima Todos os acidentes em cruzamento +4 (-2; +10)
Acidentes com vítima Acidentes de bicicleta +7 (-3; +18)
Acidentes com vítima Acidentes de bicicleta em trecho fora do cruzamento -11 (-18; -3)
Acidentes com vítima Acidentes de bicicleta no cruzamento +24 (11; +38)
Acidentes com vítima Acidentes de pedestre -3 (-11; +4)
Acidentes com vítima Acidentes de veículos -7 (-12; -1)
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 109
Se todas as pesquisas forem incluídas na análise, in- Smith e Walsh, 1988 (EUA);
clusive as pesquisas anteriores a 1990, obtém-se um Agustsson e Lei, 1994 (Dinamarca);
efeito nos acidentes de bicicleta de 0% (-5; 6). As Jensen, 1996 (Dinamarca);
ciclovias reduzem o número de acidentes de bicicle- Nielsen, Andersen e Lei, 1996 (Dinamarca);
ta em trecho fora do cruzamento, mas os acidentes Coates, 1999 (Grã-Bretanha);
aumentam nos cruzamentos. O número de aciden- Nilsson, 2003 (Suécia);
tes leves aumenta ligeiramente, em 26% (13; 41), no Jensen, 2006a (Dinamarca).
cruzamento. Todos os resultados são confiáveis esta-
tisticamente. Em outras palavras, as ciclovias deslo- A tabela 1.1.4 indica que as vias com ciclofaixa têm
cam os acidentes com bicicleta para o cruzamento. menos acidentes do que as vias sem ciclofaixa. A re-
dução porcentual no número de acidentes é maior
O aumento no número de acidentes em cruzamento para pedestres e veículos; no entanto, o número de
é explicado pelo fato de que a “separação” do veícu- acidentes em cruzamento aumenta.
lo motorizado e da bicicleta reduz a atenção de um
para o outro. Ao mesmo tempo, a própria segurança Os acidentes de bicicleta diminuíram em 9%. Isso
do ciclista é superestimada, causando uma falsa sen- inclui uma redução não significativa em trecho
sação de segurança. A falta de segurança é proble- fora do cruzamento e uma redução significativa no
mática no cruzamento, onde os diferentes grupos cruzamento. A sinalização da ciclofaixa em cruza-
de usuários compartilham a área (Statens vegvesen, mento regulado por semáforo não parece reduzir
2003, Jensen, 2006a, Agerholm et al., 2008). os acidentes de bicicleta no mesmo grau que em
outros cruzamentos. O efeito indicado em trechos
A construção de ciclovias não resulta em uma mu- fora do cruzamento compreende apenas as pesqui-
dança significativa no número de acidentes com pe- sas recentes a partir de 1988. Se forem considera-
destres, mas há uma tendência à redução do número das todas as pesquisas, obter-se-á um aumento não
de acidentes em geral. A ciclovia também contribui significativo de 6% (-6; 21). Isso se deve pelo fato
para uma pequena queda em acidentes de veículos de que Welleman e Dijkstra (1985) perceberam um
motorizados, 7%, o que é confiável estatisticamente. aumento acima de 30%. Cinco das seis pesquisas
restantes descobriram que houve uma redução de
13 a 52%, o que é considerada como a melhor es-
Ciclofaixa timativa.
Há as seguintes pesquisas sobre os impactos nos aci- As explicações possíveis para a não-redução dos
dentes nas ciclofaixas: acidentes de bicicleta da mesma maneira que os
outros tipos de acidentes fundamentam-se no au-
Lott e Lott, 1976 (EUA); mento de tráfego e da velocidade do ciclista na ci-
Welleman e Dijkstra, 1985 (Holanda); clofaixa.
Tabela 1.1.4: Impactos da ciclofaixa nos acidentes. Porcentagem de modificação no número de acidentes.
Tabela 1.1.5: Impactos de diferentes construções da via para ciclistas e pedestres, ciclovia e/ou ciclofaixa em cruzamento.
Porcentagem de modificação no número de acidentes.
Porcentagem de modificação no número de acidentes
Iniciativa Tipos de acidentes Melhor Intervalo de
ocorridos avaliação confiança
Ciclovia reduzida ou interrompida para bicicletas em cruzamento
Acidentes de bicicleta -31 (-45; -12)
regulado por semáforo
Faixa para travessia de ciclistas Acidentes de bicicleta -13 (-36; +16)
Acidentes de pedestres -54 (-77; -6)
Acidentes de veículos +11 (-14; +43)
Linha de retenção adiantada para ciclistas em cruzamento regulado
Todos os acidentes -16 (-39; +16)
por semáforo
Acidentes de bicicleta -19 (-47; +23)
Acidentes de veículos -11 (-46; +49)
Ciclofaixa com cores em cruzamento regulado por semáforo Todos os acidentes -2 (-15; +22)
Acidentes de bicicleta -22 (-33; -8)
Acidentes de pedestres +23 (-14; +77)
Acidentes de veículos +14 (0; +30)
Ciclofaixa com cores em cruzamento regulado por semáforo – Todos os acidentes (todos
-10 (-20; +1)
1 faixa os graus de ferimento)
Ciclofaixa com cores em cruzamento regulado por semáforo – Todos os acidentes (todos
+23 (0; +51)
2 faixas os graus de ferimento)
Ciclofaixa com cores em cruzamento regulado por semáforo – Todos os acidentes
+60 (15; +122)
4 faixas (todos os graus de ferimento)
Iniciativa de sinalização, de maneira geral, em cruzamento
Acidentes de bicicleta -6 (-31; +29)
regulado por preferencial (sinalização colorida exclusivamente)
Padrão arlequim em cruzamento regulado por preferencial Acidentes de bicicleta -16 (-61; +80)
Símbolo de bicicleta em cruzamento regulado por preferencial Acidentes de bicicleta -5 (-33; +34)
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 111
esta construção é aconselhada em todos os países Não foram encontrados estudos efetivos que englo-
abordados (Sørensen, 2009). bam acidentes, mas foram realizados vários estudos
em que o comportamento de ciclistas e condutores
Faixa elevada para travessia de ciclistas: de acor- de automóveis são registrados em vídeo e analisa-
do com as pesquisas consideradas, esta constru- dos. Os estudos de Christchurch, Nova Zelândia
ção causa uma queda não significativa de 13% no (Newman, 2002) e Portland, Oregon (Dill et al.,
número de acidentes de bicicleta. Segundo uma 2002) não encontraram problemas para a seguran-
comparação não considerada de 29 cruzamentos ça dos ciclistas e o número de conflitos diminuiu.
com faixa elevada para travessia de ciclistas e 22 Hunter (2000) constatou um pequeno aumento no
cruzamentos com ciclovia reduzida na Dinamarca, número de conflitos entre ciclistas e outros veículos.
o número de acidentes de bicicleta com relação ao A porcentagem de ciclistas envolvidos em conflitos
tráfego de bicicletas seria 26% menor em cruza- aumentou de 1,3% para 1,5% após a sinalização
mentos com faixa elevada para travessia de ciclis- da faixa de retenção para bicicletas. No entanto,
tas do que em cruzamentos com ciclovia reduzida, nenhum dos ciclistas envolvidos nos conflitos ti-
caso os acidentes registrados em hospitais fossem nha utilizado a faixa de retenção para bicicletas
considerados na pesquisa. Mesmo assim, o núme- para esta finalidade. O número de conflitos pode
ro de fatalidades e ferimentos graves é maior em depender de como foi construída a ciclofaixa até a
cruzamentos com faixa elevada para travessia de faixa de retenção para bicicletas. Ryley (1996) cons-
ciclistas. Nenhum dos resultados é estatisticamente tatou mais conflitos em cruzamento com ciclofaixa
confiável (Fjordback, Lahrmann e Sørensen, 2007). “normal” até a faixa de retenção para bicicletas, en-
O número de acidentes com pedestres é reduzido quanto cruzamentos com ciclofaixa que segue pelo
pela metade. A explicação é que uma faixa para centro até a faixa de retenção para bicicletas têm o
travessia de ciclistas elevada inclui normalmente menor número de conflitos.
tanto uma ciclovia como um passeio. Com relação
a acidentes com veículos motorizados, percebe-se Os estudos de Hunter (2000) mostram que apenas
um aumento não significativo. 22% dos ciclistas utilizam a faixa de retenção para
bicicletas. A baixa utilização desta alternativa é ex-
Linha de retenção adiantada para bicicletas e re- plicada, entre outras coisas, pelo fato de que mais
traída para outros veículos: a linha de retenção da metade dos veículos motorizados ultrapassam a
adiantada para bicicletas é utilizada em cruzamen- linha de retenção e permanecem sobre a faixa de
tos regulados por semáforo para evitar acidentes em retenção para bicicletas. Vinte por cento ultrapas-
que o veículo motorizado que vira à direita atropele sam a linha de retenção em até ¼ do tamanho do
os ciclistas que seguem em frente pelo cruzamento. veículo; 16%, entre ¼ e ½, e 16%, mais que ½. Um
Ao marcar a linha de retenção para ciclistas mais à estudo dinamarquês similar com quatro cruzamen-
frente, junto ao cruzamento, que a linha de retenção tos que possuem a faixa de retenção para bicicletas
para os veículos motorizados, os ciclistas ficam mais constata que 8 a 36% dos automóveis ultrapassam
visíveis para os veículos motorizados que viram à a linha de retenção e que 1 a 6% ultrapassam com
direita. Esta medida parece levar a uma redução do a roda traseira (Anderson e Lund, 2009). A explica-
número de acidentes tanto com ciclistas como com ção para esta invasão da linha de retenção pode ser
veículos motorizados. A redução não é confiável dada pelo fato de que eles tentam evitar ter ciclistas
estatisticamente. A iniciativa é aconselhada no ma- à frente, evitando, assim, reduzir a própria mobili-
nual norueguês do ciclista e nos manuais de outros dade (Newman, 2002).
países, como Dinamarca, Alemanha, Grã-Bretanha,
Austrália e parcialmente nos EUA (Sørensen, 2009). Marcações coloridas ou outras marcações da ci-
clofaixa: a marcação colorida da ciclofaixa no pa-
Faixa de retenção para bicicletas: a sinalização é vimento em cruzamentos regulados por semáforo
aconselhada nos manuais do ciclista e similares da reduz o número de acidentes de bicicleta em apro-
Noruega, Dinamarca, Suécia, Holanda, Bélgica, ximadamente 22%. De acordo com uma pesquisa
Alemanha, Grã-Bretanha, EUA, Canadá e Austrália dinamarquesa, o número de acidentes de bicicleta
e é indicada para melhorar a segurança dos ciclistas, só diminui se a ciclofaixa for pintada em uma das
uma vez que eles ficam mais visíveis. Além disso, saídas do cruzamento. Se ela for pintada em duas
esta iniciativa pode causar um efeito de desacelera- ou quatro saídas, o número de acidentes aumentará.
ção da velocidade dos veículos motorizados (Søren- Isso é explicado pelo fato de que a pintura tem um
sen, 2009). efeito menos positivo ou negativo em um cruzamen-
112 O Manual de Medidas de Segurança Viária
to de 4 a 5 saídas em comparação com um cruza- Ciclofaixa que segue pelo centro: o objetivo princi-
mento de 3 saídas e é sempre neste último que se pal com esta iniciativa é substituir os conflitos peri-
encontra a marcação colorida da ciclofaixa (Jensen, gosos entre automóveis e caminhões que viram à di-
2008). reita e bicicletas que seguem em frente, fornecendo
situações de ultrapassagem menos perigosas antes
O efeito positivo contra os acidentes de bicicleta do cruzamento. Fora isso, a iniciativa pode colabo-
faz com que a marcação colorida da ciclofaixa seja rar com a visibilidade dos ciclistas pelos condutores
aconselhada em manuais de ciclistas em vários paí- que trafegam em direção oposta e viram à esquerda.
ses (Sørensen, 2009). A iniciativa é aconselhada, en- A iniciativa é aconselhada na Dinamarca, Holanda,
tre outros, em cruzamentos perigosos para ciclistas, Alemanha, Grã-Bretanha, América do Norte e Aus-
mas, de acordo com Jensen (2008), são exatamente trália (Sørensen, 2009).
nesses cruzamentos que a iniciativa não aumenta a
segurança. A marcação colorida da ciclofaixa parece Apesar de ser considerada uma iniciativa de segu-
criar um efeito negativo tanto nos acidentes de pe- rança e sua utilização ser aconselhada em vários paí-
destres como nos acidentes de veículos. ses, e ainda ter sido utilizada, por exemplo, na Dina-
marca por quase 30 anos, há poucas pesquisas que
Outras formas para sinalização da ciclofaixa em cru- direta ou indiretamente avaliaram sua consequência
zamento regulado por preferencial, como o padrão na segurança (Sørensen, 2008).
arlequim ou o símbolo da bicicleta, parecem reduzir
o número de acidentes com bicicletas em 5 a 16%. Nielsen (1995) fez uma pesquisa de casos anterio-
Entretanto, a redução não é confiável estatistica- res e posteriores com 10 indícios com ciclofaixa
mente. que segue pelo centro. Os dados da pesquisa são
limitados, não sendo possível tirar uma conclusão
Ciclovia desviada: Foi encontrada apenas uma ava- sem equívocos. A pesquisa não documenta se ocor-
liação sobre a ciclovia desviada (Andersen, Nielsen re uma redução em acidentes entre ciclistas que
e Olesen, 2004). Com base nessa avaliação não é seguem em frente e veículos que viram à esquerda
possível confirmar ou negar se a iniciativa tem efeito ou trafegam em direção oposta e viram à esquerda,
positivo na segurança do ciclista. Além da Noruega, mas ela conclui que não parece ocorrer um aumento
a iniciativa também é aconselhada em países como de acidentes, de maneira que a ciclofaixa que segue
Dinamarca, Suécia, Holanda, Grã-Bretanha e Aus- pelo centro possa ser vista com um efeito negativo
trália (Sørensen, 2009). (atropelamento pelas costas antes do cruzamento,
ultrapassagens ou fechadas antes do cruzamento).
Ciclovia de aproximação: o objetivo é fazer com
que as bicicletas e os automóveis se aproximem Ryley (1996) constata que o número de conflitos
antes do cruzamento para que ambos os grupos entre ciclistas e automóveis é menor em cruzamen-
fiquem mais atentos e, assim, os ciclistas são mais tos com ciclofaixa que segue pelo centro até a faixa
visualizados pelos condutores. Esta construção é de retenção para bicicletas do que em cruzamentos
aconselhada, entre outros, nos manuais do ciclista com ciclofaixa “normal”, que segue até a faixa de
da Suécia, Holanda e América do Norte. Não fo- retenção para bicicletas. No primeiro tipo há confli-
ram realizadas avaliações sobre as construções que tos em 0,3 a 1% dos casos, ao passo que no segundo
possam confirmar que a iniciativa tem um impacto tipo, em 2 a 7% dos casos.
positivo e seguro sobre os ciclistas.
Em uma comparação com e sem a faixa em dois cru-
Ciclovia separada à direita fora de cruzamentos: zamentos, na forma de uma observação de vídeo,
esta ciclovia foi avaliada por Andersen, Nielsen e não foram registrados conflitos com 600 ciclistas no
Olesen (2004). Porém, a avaliação não permite con- cruzamento com a ciclofaixa que segue pelo centro
cluir se a construção tem um efeito positivo na se- (Hunter, 2000a).
gurança. Ela também não indica que a iniciativa tem
um efeito negativo, por exemplo, no tipo de aciden- Em Portland, Oregon, foi realizada uma pesquisa
te entre bicicletas e pedestres que cruzam a mesma sobre a sinalização azul da ciclofaixa em 10 cruza-
área de conversão à direita A iniciativa é desaconse- mentos, em que há uma ciclofaixa que segue pelo
lhada no manual norueguês do ciclista (Statens veg- centro em quatro cruzamentos. Não foram registra-
vesen, 2003) por aumentar o risco de conflitos entre dos acidentes entre bicicletas e veículos no período
ciclistas e pedestres. anterior e posterior. Apenas oito conflitos foram re-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 113
gistrados nos 10 cruzamentos no período anterior tos. O estudo também mostra que os condutores
e seis no período posterior, o que é muito pouco não diminuíam mais a velocidade quando passavam
para ser possível concluir se a ciclofaixa que segue por um ciclista onde havia ciclovia. Mostra que a re-
pelo centro é mais ou menos segura que a ciclofai- dução de velocidade, em média quando o condutor
xa “normal” (City of Portland, 1999, Hunter et al., passa por um ciclista, é de 3,2 km/h quando não há
2000). ciclovia e, 2,9 km/h quando há. Em alguns trechos
as autoridades viárias têm aumentado a velocidade
Ciclofaixa que segue à direita ou à esquerda no de 60 km/h para 70 km/h depois que foram cons-
cruzamento: o objetivo é primeiramente melhorar truídas passarelas e ciclovias (Elvik, 1990). Isso sig-
a acessibilidade para ciclistas que viram respecti- nifica uma velocidade presumivelmente superior.
vamente à direita e à esquerda. Não há nenhuma
avaliação da importância desta iniciativa para a se- Áreas compartilhadas por bicicletas e pedestres, ci-
gurança, mas CROW (2007) descreve que a ciclo- clovias e ciclofaixas podem contribuir para melho-
faixa que segue à esquerda leva a uma mistura de rar a mobilidade dos ciclistas. Áreas compartilhadas
ciclistas e veículos no cruzamento, o que pode levar por bicicletas e pedestres em faixas próprias podem
a muitas situações perigosas, com vários acidentes oferecer caminhos mais diretos e, assim, diminuir o
de bicicleta. O uso da ciclofaixa que segue à direita tempo de viagem. Mas também há o risco de des-
é aconselhado nos manuais do ciclista da Dinamar- vios. De acordo com os ciclistas, a construção de
ca, Holanda e Grã-Bretanha, ao passo que o uso da rotas de bicicleta em cidades dinamarquesas foi um
ciclofaixa que segue à esquerda é aconselhado nos experimento positivo no que diz respeito à mobili-
manuais do ciclista da Holanda, Alemanha, EUA e dade. Por outro lado, a melhora de rota de bicicleta
Austrália. em Estocolmo não causou mudanças de velocida-
de (Bolling, 2000). As ciclofaixas contribuem para
aumentar a velocidade média do ciclista (Nilsson,
Impacto na mobilidade 2000). Um estudo de acompanhamento de ciclistas
mostra que o tempo de viagem é diminuído após a
Área compartilhada por bicicletas e pedestres, ci- sinalização das ciclofaixas. Sendo assim, o tempo de
clovias e ciclofaixas: áreas compartilhadas por bi- viagem se reduz em 4% (Nilsson, 2003).
cicletas e pedestres, ciclovias e ciclofaixas ao longo
das vias podem diminuir a largura da via para os Construção e sinalização nos cruzamentos: as ciclo-
condutores de veículos motorizados e, desta manei- faixas direcionadas à esquerda, ciclofaixas direcio-
ra, ter um efeito de redução de velocidade. Duas nadas à direita, dentro e fora dos cruzamentos, fai-
pesquisas norueguesas (Sakshaug, 1986; Gabestad, xa de retenção para bicicletas junto com uma linha
1989) apontam que a velocidade média era menor de retenção parcialmente adiantada para bicicletas
nas vias com área compartilhada por bicicleta e pe- têm um efeito positivo na mobilidade dos ciclistas
destres do que naquelas sem essa área. Porém, esses (Sørensen, 2009).
resultados são imprecisos por conta de debilidades
nos métodos e bases de dados das pesquisas. Bolling Em uma ciclovia direcionada à esquerda, uma cur-
(2000) encontra uma redução de velocidade de 2 a va ampla à esquerda será substituída por uma curva
4 km/h em uma via com ciclovias. Fowler (2005) pequena à esquerda através do cruzamento. Desta
constatou que, onde existe sinalização de ciclovias, maneira, os ciclistas terão uma rota mais direta e
a redução da velocidade dos automóveis em media não terão que executar a curva à esquerda em duas
é de 1,5 km/h fora da hora do rush e de 0,9 km/h etapas (seguir em frente e virar à esquerda) com o
na hora do rush. De acordo com Wittink (2001), a risco de precisar parar em um sinal vermelho duas
velocidade tem uma redução em média de 5%, de, vezes. De maneira limitada, esta medida também
por exemplo, 50 km/h para 47,5 km/h, onde existe pode melhorar a mobilidade para os ciclistas que
sinalização de ciclovias. seguem em frente, pois evita que os ciclistas que vi-
ram à esquerda bloqueiem a ciclofaixa.
Por outro lado, mostra-se numa análise de ciclofai-
xas marcadas em 14 trechos em bairros residenciais As ciclofaixas ao lado direito dos cruzamentos me-
que não há uma redução geral, mesmo que a largura lhoram a mobilidade, pois evitam que os ciclistas
da via tenha sido diminuída. Entre 32 pontos de ins- que vão virar à direita bloqueiem o caminho dos
talação da medida houve uma redução significativa ciclistas que seguem em frente. Isto é relevante se o
em 9 pontos e um aumento significativo de 4 pon- semáforo permitir virar à direita ou se for permitido
114 O Manual de Medidas de Segurança Viária
virar à direita no sinal vermelho, como é, por exem- algo que reduz o tempo de espera para atravessar,
plo, permitido nos EUA. Em ciclofaixas ao lado particularmente quando há muito tráfego.
direito fora de cruzamentos evita-se que os ciclis-
tas que viram à direita precisem parar para no sinal Ciclofaixas que seguem pelo centro e marcações co-
vermelho, o que diminui a quantidade de paradas e, loridas não têm nenhuma relevância (ou muito limi-
por isso, melhora a mobilidade. tada) para a mobilidade (Sørensen, 2009).
tes ou depois do cruzamento, pode ser uma maneira construção, de manutenção e o chamado fator de
de reduzir a segurança do ciclista. No entanto, com impostos, bem como o benefício na forma de aci-
a ciclofaixa alinhada à direita fora do cruzamento, dentes de trânsito, tempo de viagem, insegurança
marcações coloridas no pavimento e talvez uma ci- reduzida, consequência na saúde, custos externos
clovia isolada, pode haver um impacto positivo na reduzidos em transporte motorizado e custos redu-
segurança. A faixa de retenção exclusiva e a linha zidos de estacionamento.
de retenção retraída podem aumentar a segurança,
já que os ciclistas ficam mais visíveis, mas a faixa A fração dos custos do benefício para a sinalização
de retenção exclusiva para bicicletas também pode da ciclofaixa é provavelmente por volta de 10, ao
reduzir a segurança, pois os ciclistas se sentem pres- passo que a linha de retenção adiantada para ciclis-
sionados pelos veículos que vêm por trás (Sørensen, tas no cruzamento tem uma fração dos custos do
2009). benefício de aproximadamente 13 (Elvik, 1999).
senvolvimento de uma rede de vias para bicicletas efeitos ambientais adversos relacionados a rodo-
voltadas para o futuro. vias são o ambiente natural e o aumento de ruído.
Novas rodovias muitas vezes criam um novo tráfe-
Os critérios para a construção de vias para ciclis- go e levam mais pessoas a escolherem o automóvel
tas e pedestres, ciclovias e ciclofaixas também estão ao invés de outros meios de transporte, uma vez
indicados no manual do ciclista, ao passo que os que, de maneira geral, dá-se preferência ao trans-
critérios para a sinalização das vias para bicicletas e porte privado.
para a sinalização da permissão do uso de bicicletas
contra sentido único estão descritos nas normas de
sinalização (Statens vegvesen, 2009). Problema e finalidades
As exigências para o padrão de manutenção em vias Muitas das principais rodovias antigas foram cons-
para ciclistas e pedestres ao longo das rodovias na- truídas para um volume de tráfego menor do que o
cionais estão determinadas no Håndbok 111 (Sta- que se tem hoje. Isto leva a uma mescla entre o trá-
tens vegvesen, 2009). As autoridades locais podem fego local e o tráfego de longa distância, somado à
determinar os próprios padrões de manutenção, má gestão de tráfego e outros acidentes. As deman-
respectivamente para a via municipal e para a via das por viagens mais curtas, com menores custos de
regional. transporte e menos acidentes aumentam o interesse
pelas rodovias, que podem atrair um tráfego pesado
de alta velocidade e com pouca segurança.
Responsabilidade pela execução da medida
As autoestradas foram construídas para absorver
As resoluções sobre a construção das vias compar- o tráfego pesado em alta velocidade com os mais
tilhadas por bicicletas e pedestres são de respon- baixos índices de acidentes. As autoestradas podem
sabilidade das autoridades, que devem aprovar os acumular o tráfego de longa distância de outras ro-
planos de regulamentação, de manutenção e orça- dovias, de modo que os conflitos entre o tráfego de
mentos anuais. Normalmente as medidas de sinali- longa distância e o tráfego local sejam evitados.
zação não são políticas. Os custos para a construção
das vias compartilhadas por bicicletas e pedestres
são cobertos pela autoridade de trânsito. Isso quer Descrição das medidas
dizer que o Estado é responsável pela rodovia na-
cional; o governo estadual, pelas vias estaduais, e o Autoestrada é uma rodovia com quatro ou mais fai-
município, pelas vias municipais. xas, com canteiros ou barreiras centrais, sem cruza-
mentos de nível e sem acesso direto às proprieda-
des lindeiras, públicas ou particulares, ao longo da
1.2 Autoestrada rodovia. As autoestradas são reservadas a veículos
motorizados especificados nas normas de trânsito,
O capítulo foi revisado em 2013 por Alena Høye sendo indicados na Noruega por sinais numéricos,
(TØ) Cód. 502 da autoestrada (Statens vegvesen, Hån-
dbok 017, 2008). Tratores, ciclomotores, pedestres
As autoestradas têm menor risco de acidente que e ciclistas não são autorizados a trafegar nas autoes-
as demais rodovias, onde os acidentes são mais tradas. O limite de velocidade nas autoestradas da
graves e mais frequentes. As autoestradas também Noruega é de geralmente 90 ou 100 km/h. Em 1º.
possibilitam uma maior velocidade; sendo assim, de janeiro de 2011 havia aproximadamente 340 qui-
os tempos de viagem são mais curtos, contanto que lômetros de autoestradas na Noruega (calculado
o aumento do volume de tráfego não exceda o au- com dados do NVDB – Registro Nacional de Estra-
mento da capacidade. Os efeitos das autoestradas das da Suécia).
sobre o meio ambiente são amplamente negativos;
nas autoestradas, muitas vezes há um aumento do Rodovia para tráfego motorizado (antiga autoestra-
número total de quilômetros percorridos pelos veí- da Classe B) é um tipo de rodovia na Noruega que
culos e maior velocidade, o que resulta no aumento não atende aos requisitos das normas rodoviárias
das emissões de gases de efeito estufa, apesar de de uma autoestrada padrão. Estas rodovias não têm
que, em alguns casos, podem-se reduzir as emis- acessodireto às propriedades lindeiras ao longo da
sões por meio da diminuição da velocidade. Outros via, são reservadas a veículos motorizados especifi-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 117
cados nas normas de trânsito e indicados com si- menos acidentes com feridos por milhão de quilô-
nais numéricos, Cód. 503 do tráfego na autoestrada metros percorridos por veículos que as rodovias na-
(Statens vegvesen, Håndbok 017, 2008). O limite de cionais, e 56% menos acidentes que as rodovias eu-
velocidade nas rodovias para tráfego motorizado da ropeias e outras rodoviasque fazem parte do sistema
Noruega é geralmente de 90 km. Na Noruega havia de rodovias TERN – Rede de Rodovias Trans-Eu-
cerca de 370 km destas rodovias (calculados com ropeias, mas que não se encaixam em uma autoes-
dados do NVDB). Novas rodovias não serão cons- trada padrão. Com relação a mortos e gravemente
truídas como rodovia para tráfego motorizado. feridos, a diferença é ainda maior. As autoestradas
têm respectivamente de 88 a 94% menos mortos e
gravemente feridos por milhão de veículos por qui-
Impacto sobre os acidentes lômetro do que as de rodovias nacionais e, respecti-
vamente, têm de 86 a 95% menos lesões graves por
Risco nas autoestradas em comparação com outros milhão de quilômetros percorridos pelos veículos
tipos de rodovias do que as rodovias europeias e rodovias que fazem
parte do sistema de Rodovias RTE, mas que não
As autoestradas têm menor risco de acidentes do que atendem os padrões de uma autoestrada.
as demais, conforme número coletado por policiais
que relataram acidentes com feridos em 1 milhão Os números de risco de outros países também
de veículos p/km. A tabela 1.2.1 mostra os números mostram que as autoestradas são as vias mais se-
relativos ao risco nas rodovias nacionais da Noruega guras, especialmente em comparação com as vias
entre os períodos de 1971 a1975 (Muskaug, 1981), urbanas: Koornstra (1993; Países Baixos), Leden
1977 a 1980 (Muskaug, 1985), 1986 a1989 (Elvik, (1993; Finlândia), Marburger et al. (1989; Alema-
1991), 1991 a1994 (retirado da Parte I da edição an- nha), Ramirez e outros (2009; Espanha), Thulin
terior do Manual de Segurança Viária), 2000 a 2005 (1991, Suécia), UK DOT (1991; Reino Unido), US
(extraído do Catálogo Effect) e 2006 a 2011 (obtido DOT (1992; EUA), Vejdatalaboratoriet (1991, Di-
a partir das análises de dados do National, ou seja, namarca). A pesquisa de Ramirez et al. (2009) mos-
do NVDB; Høye, 2013). tra que os acidentes são 78% menos frequentes em
rodovias com pedágios e entre 62% e 72% menos
Os dados na tabela 1.2.1 mostram que as autoestra- frequentes em outros tipos de rodovias, se compa-
das têm um risco significativamente menor que as rados aos das demais rodovias sem fazer distinção.
rodovias para tráfego motorizado e outras rodovias. Um estudo da Suécia (Elvik & Amundsen, 2000)
A incerteza quanto aos dados é considerável, espe- mostra que as autoestradas possuem 78% menos
cialmente com relação aos anos anteriores, em que riscos de acidentes fatais e 19% menos riscos de
a notificação de acidentes era menor e o número de acidentes com feridos comparando-se com rodo-
autoestradas por/km era mais baixo do que hoje. Os vias “abaixo do padrão” (rodovias com um VDMA
resultados mais relevantes da Noruega (2006-2011; de mais de 8.000 veículos, que não são considera-
Høye, 2013) mostram que as autoestradas têm 68% das autoestradas padrão).
Newby e Johnson, 1964 (Reino Unido); O número de acidentes em geral e de acidentes nas
Leeming de 1969 (Reino Unido); autoestradas depende da regulamentação e da cria-
Olsson, 1970 (EUA); ção de novo tráfego da autoestrada. As medidas
Statens vegvesen, 1983 (Suécia); que podem afetar os acidentes nas autoestradas são
Jørgensen, 1991 (Dinamarca); descritas em outros capítulos. Elas são: limites de
Cirillo, 1992 (EUA) e velocidade (capítulo 3.11), pista reversível (capítu-
Holt, 1993 (Noruega). lo 3.17), sinalização variável (capítulo 3.20), me-
didas para evitar tráfego na contramão (capítulo
Juntos, os resultados mostram uma diminuição no 3.28), controle comportamental por patrulhamen-
número de acidentes com vítimas em cerca de 7% to (capítulo 8.1 a8.4) e custo das rodovias (capítulo
[-4%; -9%] e nenhuma mudança no número de aci- 10.10).
dentes envolvendo danos materiais. Os estudos são
relativamente antigos, e há pouca informação sobre O efeito do sistema antiofuscamento central foi
quais são as rodovias ou áreas em questão. investigado por Coleman e Sacks (1967) nos EUA
e por Walker e Chapman (1980) no Reino Unido.
Um estudo antes-depois recente da Austrália mos- O sistema antiofuscamento reduz o brilho e torna
trou que o número de acidentes que foram relatados possível utilizar com maior destreza o farol alto. O
às companhias de seguros diminuiu 21% após uma número de acidentes com feridos em locais sem ilu-
nova autoestrada ter sido construída. Isto inclui minação diminuiu 11% (-45; + 45) e o número total
acidentes em toda a área em torno da nova autoes- de acidentes com feridos aumentou 6% (-25; +51).
trada (Ogden, 2002). Um estudo da Nova Zelândia Os resultados não são estatisticamente confiáveis e
(Wallis et al., 2012) mostrou, no entanto, que os podem ser alterados por dados anteriores.
custos dos acidentes permaneceram praticamente
inalterados após uma rodovia ser reconstruída com
as normas vigentes de uma autoestrada. No entanto, Impacto sobre a mobilidade
não estão claros quais eram os custos dos acidentes
incluídos na avaliação e dos acidentes ocorridos nas As autoestradas fornecem melhor mobilidade aos
rodovias antes da reconstrução. veículos. Nas autoestradas da Noruega o nível de
velocidade média gira em torno de 90 km/h. Nas
Os resultados dos estudos antes-depois não podem rodovias do país em geral, o nível de velocidade
necessariamente ser generalizados. O efeito sobre depende do projeto das rodovias e do volume de
o número de acidentes depende em grande parte tráfego, e gira em torno de 60 a 80 km/h. Em ci-
da nova autoestrada, se estarodovia é completa- dades e vilas, onde o nível de velocidade é de 40
mente nova ou uma rodovia já existente ou então a 60 km/h, observa-se um fluxo mais brando nas
se houve uma reformulação para uma autoestrada vias do que nas demais vias/rodovias. Além disso,
padrão (em caso afirmativo, questiona-se qual o pa- as autoestradas reduzem as distâncias e tempos de
drão utilizado antes da reformulação). O número viagem, o que pode facilitar o acesso a cidades e re-
de acidentes na nova autoestrada também depende giões que antes eram menos acessíveis (Grimes &
de como a autoestrada afeta o volume de tráfego Liang, 2008; Holl, 2007).
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 119
As novas autoestradas muitas vezes provocam um número de viagens por causa do aumento de capa-
aumento no volume do tráfego, principalmente cidade (31%) e o aumento do número de viagens
porque o tempo de viagem é mais curto do que por causa de mudanças no uso de determinadas
nas outras rodovias (Gorham, 2009). Isso está do- áreas (9%). Sendo assim, tem-se 20% do aumento
cumentado em vários estudos de diferentes países da capacidade ainda “livres” e podendo ser explo-
(incluindo Cirillo, 1992; Fulton et al., 2000; Gon- rados para melhorar o fluxo de tráfego a uma velo-
zález & Marrero, 2012; Hansen, 1995; Holt, 1993; cidade mais elevada. Também Lian (2008), em um
Jorgensen, 1991; Lian, 2008; Statens Vägverk, 1983; estudo realizado em Oslo e Bergen, mostrou que o
Zeibots, 2007, e várias referências em Naess et al., aumento da capacidade não necessariamente é “de-
2012). Dependendo da rede de rodovias e outras vorado” pelo aumento do tráfego, e outro fator que
opções de transporte, o tráfego de outras rodovias muito contribui para o crescimento do tráfego é sua
ou de outras formas de transporte pode ser transfe- dispersão. Um estudo na Grã Bretanha investigou as
rido para uma nova autoestrada. Alguns podem op- tendências do tráfego após o fim da construção de
tar por fazer viagens mais longas (diferente dos de- uma autoestrada nos arredores de Manchester (Rohr
mais), e rodovias podem levar mais pessoas a ter um et al., 2012). Os resultados mostram que o tráfego
veículo particular, aumentando o número total de sobre uma linha imaginária entre o novo segmento
viagens (Cervero, 2003; Gorham, 2009). Além dis- das autoestradas e as rodovias paralelas que ligam
so, as novas autoestradas afetam o uso de algumas as mesmas áreas aumentou em 11,8% para o tráfego
áreas, levando a novas construções tanto comerciais suburbano e em 13,8% para outros tipos de tráfego.
como residenciais (Antoniou et al., 2011). O aumento do tráfego foi maior para o tráfego de
veículos (transporte regional e outros tipos de tráfe-
Um exemplo que mostra que as novas autoestradas go, respectivamente +15,7% e +17 outros, 5%). Os
podem causar mudanças na escolha do modal é fatores que contribuíram para o aumento do volume
descrito por Zeibots & Petocz (2005). O aumento de tráfego foram as mudanças demográficas (+3% /
da capacidade em uma autoestrada em Sydney, na +2%), as mudanças de destinos (+8,8% / +11,9%) e
Austrália, fez com que o número de usuários de li- as mudanças na escolha do modal (+3,9% / +3,7%).
nhas ferroviárias paralelas diminuísse e o volume de
tráfego na autoestrada aumentasse. Outro exemplo Alguns meios de transporte podem mitigar o au-
descrito por Mewton (2005) mostra que a inaugura- mento do volume de tráfego e, como resultado, tem-
ção de novas autoestradas levou a um aumento de se o aumento da capacidade que é, entre outras, a
28% do tráfego, enquanto que o número de passa- regulação do uso do solo e a existência de melhores
geiros em trensem linhas ferroviárias paralelas dimi- formas alternativas de transporte, como, por exem-
nuiu em 22%. plo, o transporte coletivo (Cervero, 2003; Fulton et
al., 2000).
Observa-se um aumento no número e nas durações
das viagens bem como da velocidade, o que leva a Há pouco consenso sobre senovasrodovias levam a
concluir, segundo Metz (2008) que o tempo de via- um aumento do volume de tráfego ou, no caso in-
gem total em longo prazo permanece inalterado. verso, há um aumento do volume de tráfego em fun-
Isto se aplica ao tempo que algumas pessoas usam ção do aumento das vias. Cervero e Hansen (2002)
para viajar. A maior vantagem das novas rodovias chegaram à conclusão de que a demanda (volume de
que foram reestruturadas é, portanto, segundo Metz tráfego) e a oferta (via pública) afetam uma à outra.
(2008), garantir uma melhor mobilidade, sem pou- Uma análise dos dados de 34 cidades na Califórnia
par o tempo. ao longo de 22 anos mostra que, a cada um por cen-
to do aumento na demanda (volume de tráfego), há
Afirma-se frequentemente que as novas autoestradas um aumento da capacidade da via (pista/quilôme-
contribuem tanto para a criação de um novo tráfego tro) de cerca de 0,33 a 0,66%, sendo que a cada por-
quanto para o aumento da capacidade, que é rapi- centagem de aumento da capacidade das vias há um
damente “devorado” pelo novo tráfego, de forma aumento do volume de tráfego entre 0,59 e 0,79%.
que a capacidade da via a longo prazo não será me- Fulton et al. (2000) observaram o efeito do aumento
lhorada. Cervero (2003) estimou que o aumento da da capacidade com o aumento do volume de tráfego
capacidade das autoestradas nos primeiros oito anos em uma mesma rodovia (entre 0,2 e 0,6%, conside-
após a inauguração amplia-se com o aumento do rando o aumento do volume de tráfego para cada
volume do tráfego devido a fatores externos, como aumento porcentual de capacidade). Neste estudo,
o crescimento da população (40%), o aumento do o tráfego é estatisticamente controlado pelo volume,
120 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Novas rodovias podem afetar as condições ambien- A análise do custo-benefício da Nova Zelândia que
tais de diferentes maneiras: avaliou a ampliação da autoestrada em torno da ci-
dade de Auckland mostrou que os benefícios em
• As autoestradas muitas vezes requerem um am- termos do aumento da disponibilidade (medidos
biente natural. Exigências rigorosas para o alinha- por meio do desenvolvimento do preço do imóvel)
mento da rodovia significam que as autoestradas, são mais de seis vezes superior ao seu custo (Grimes
em maior grau que as outras rodovias, devem ser & Liang, 2008). Na Noruega, existem análises de
construídas sobre aterros, ou ter túneis e pontes. custo-benefício de novas rodovias do NPRA como
• O tráfego pesado e a alta velocidade nas autoestra- parte do planejamento de novas rodovias que inclui
das conduzem à poluição sonora. A eliminação da o padrão de autoestrada. O valor do custo-benefício
interferência nas residências próximas das rodovias varia conforme cada caso.
muitas vezes obriga a uma maior distância da au-
toestrada, como também ocorre com outras vias. Um exemplo para ilustrar a importância dos vários
• As autoestradas são uma barreira para o tráfego fatores em uma avaliação de custo-benefício é o
local, especialmente para os pedestres e ciclistas. exemplo de uma rodovia fictícia com 10 km de ex-
Elas também podem evitar o tráfego de animais. tensão, um VDMA de 10.000 veículos, de duas pis-
• O nível de velocidade mais suave nas autoestradas tas sem canteiro central ou divisão de pistas, sendo
pode causar uma redução do consumo de com- convertida em uma rodovia conforme o padrão de
bustíveis e poluentes. autoestrada. A conversão para autoestrada reduz os
• As novas autoestradas muitas vezes levam a um custos dos danos por milhão de veículos p/km em
aumento do volume de tráfego. O aumento do aproximadamente 80%. A velocidade média de flui-
volume de tráfego pode compensar ou mais que dez livre aumenta de 70 para a 95 km/h, e a taxa de
compensar a redução do consumo e as emissões dirigir-se em tráfego pesado diminui de 20 para 10%.
resultantes de um nível mais suave de velocidade O crescimento anual estimado do volume de tráfe-
(Noland & Quddus, 2006). Um estudo norue- go durante o período de análise é de 3%. Sob estas
guês (Praia et al., 2009) mostra que as rodovias premissas e com a metodologia descrita por Høye
novas e as reestruturadas quase sempre levam a (2013), pode-se calcular o seguinte benefício (valor
um aumento das emissões de gases de efeito estu- presente de um período de projeto de 25 anos):
fa, resultado principalmente de longas jornadas e
mais pessoas usando o veículo próprio ao invés do • Rodovia: NOK 350,4 milhões;
transporte público. • Meio ambiente: NOK 25,4 milhões;
• Mobilidade: NOK 1,4476 bilhão.
A própria construção da rodovia também pode au-
mentar as emissões de gases de efeito estufa (Strand A soma é de NOK 1,8234 bilhão. O custo será en-
et al., 2009). tre NOK 700 milhões e 1,6 bilhão – custos de in-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 121
vestimento a que se fez referência no item anterior Veg- og gateutforming (2008). As autoestradas e ro-
(Custos). O benefício é, portanto, provavelmente dovias de tráfego motorizado devem ser tratadas no
maior do que os custos de investimento. Os custos âmbito da Lei de Planejamento e Construção, consi-
de manutenção dependem tanto do padrão da nova derando seu impacto. Geralmente isso é feito como
quanto da antiga rodovia e da condição da antiga parte de um processo da comunidade. O esclareci-
rodovia. Os benefícios serão maiores com maior mento detalhado da localização e a concepção do
volume de tráfego, considerando-se que haverá um projeto de rodovia pode, então, ocorrer por meio
crescimento no volume de tráfego. do zoneamento no âmbito da Lei de Planejamento
e Construção.
O cálculo não leva em conta qualquer tipo de trá-
fego recém-criado. O tráfego criado recentemente
pode influenciar de diferentes formas o resultado. A responsabilidade pela execução da medida
clistas. A capacidade de manobra será relativamente ligação com a rede viária local. Anéis viários perto
pobre devido ao trânsito local, o que também pode de grandes cidades ou municípios também podem
levar a efeitos ambientais desfavoráveis (emissões e atuar como vias de entrada para as cidades. A longo
ruídos), enquanto que a facilidade de alta velocida- prazo, pode acontecer que um desvio que foi cons-
de pode afetar a segurança e a mobilidade para o truído perto de uma vila torne-se novamente par-
tráfego local de forma negativa, especialmente para te da cidade, à medida que o assentamento cresça
pedestres e ciclistas. (NPRA, 2006).
Tabela 1.3.1: Impactos dos anéis viários sobre o número de acidentes. Variação porcentual do número de acidentes.
Variação porcentual da frequência de acidentes
Gravidade do acidente
Tipos de acidentes e suas consequências Melhores estimativas Intervalo de confiança
Acidentes com feridos Todos os acidentes -25 (-33; -16)
Grau de lesão não especificado Todos os acidentes -9 (-14; -5)
19%, o que corresponde a um decréscimo anual 1.4 Vias principais e vias de acesso para
de aproximadamente 0,68 ferido por município as cidades e bairros
ao ano. A distância média de um anel viário foi de
4,3 km. Supõe-se um nível de velocidade média O capítulo foi revisado em 2001 por Rune Elvik
de 50 km/h na cidade e 80 km/h no anel viário. (TØI) e parcialmente revisado em 2011 por Alena
Os custos de tempo, os custos de operação dos Høye (TØI)
veículos e os custos ambientais por quilômetro/
veículo para anel viário em ambientes de tráfego
diferentes são tomados a partir de Elvik (2002). O Problema e finalidades
período de análise é de 25 anos, com 5% de taxa
de desconto e 0% de crescimento real anual. Os Em muitas das principais cidades e bairros no-
resultados mostram que os benefícios são um pou- ruegueses a via principal foi construída para uma
co maiores (NOK 113 milhões, valor atual) do que capacidade de tráfego menor do que se tem hoje.
os custos (NOK 110 milhões, valor atual). Isto leva ao congestionamento e tráfego pesado.
A capacidade insuficiente das vias principais pode
transferir o tráfego para rodovias vicinais e vias de
acesso não destinadas ao tráfego de longa distância.
Responsabilidade e procedimentos formais
O trânsito intenso em áreas residenciais prejudica o
ambiente e torna-o inseguro, impactando a qualida-
Iniciativa para a medida
de de vida especialmente de crianças e idosos. Não
há estatísticas nacionais que mostram a extensão do
A priorização dos anéis viários sobre as rodovias
congestionamento de tráfego na Noruega.
estaduais é realizada por programas de ação do
plano nacional de transportes. A priorização das
Vários estudos mostraram que o risco de acidentes
vias municipais com anéis viários é considerada nos
aumenta quando o volume de tráfego se aproxima
programas de ação para o Conselho das Vias Mu-
do limite de capacidade da via (Zhou e Sisiopiku,
nicipais.
1997; Chang, Oh e Chang, 2000; Martin, 2001;
Lord, Manar e Vizioli, 2005).
enquanto o tráfego de carga está abaixo do limite e Ison (2009), estimou-se o índice de fila com base
de capacidade. O número de acidentes envolvendo no tempo de viagem real média em comparação com
um único veículo aumenta conforme o aumento do o tempo de viagem no tráfego com fluidez normal.
V/C, onde um V/C possui cerca de 0,2. Quando o
V/C aumenta, o número de acidentes envolvendo Shinar e Compton (2004) mostraram que o com-
um único veículo diminui. A estimativa do número portamento do condutor é mais agressivo durante o
total de acidentes é calculada como a soma do nú- horário de rush do que fora dele ou nos fins de se-
mero de acidentes envolvendo um único veículo, e mana, não importando se há congestionamento ou
o número de acidentes com várias partes envolvidas não. Foi observado um comportamento mais agres-
aumenta com o aumento do V/C. Em contraste com sivo quando houve engarrafamento do que quando
os resultados que se encontram resumidos acima, não houve, mas esta ligação se deve apenas a um
estes são os resultados dos acidentes. grande número de veículos.
Uma série de estudos tem tentado determinar se as Muitos condutores descrevem os congestionamen-
filas e o congestionamento aumentam o risco dos tos como “irritantes”. Um estudo americano (Ebbe-
acidentes, ou seja, se, quando isso acontece, verifi- sen e Haney, 1973) mostrou que os condutores, para
cam-se mais acidentes no trânsito do que aumento entrar na via, eram menos tolerantes aos intervalos
no volume de tráfego que por si só se sugere. Os de tempo quando tinham de esperar em um conges-
resultados divergem em parte e não é possível tirar tionamento na via lateral do que quando eles podiam
conclusões simples sobre a relação entre o conges- entrar numa via sem qualquer via lateral de espera.
tionamento e os acidentes. O único resultado que é
consistente é a ocorrência de acidentes menos gra- A construção de novas vias principais e vias de aces-
ves quando há congestionamento, o que pode ser so para as cidades e a expansão da capacidade das
explicado pela velocidade média inferior. vias principais existentes têm, como medida de se-
gurança rodoviária, que se destinar a:
Alguns estudos mais antigos mostraram que o risco
de acidentes é duas vezes maior na hora do rush, no • Coletar o tráfego de longas distâncias das vias prin-
trânsito, do que em outras partes da cidade (Per- cipais com capacidade suficiente e alta segurança;
saud e Dzbik, 1993; Sandhu e Al-Kazily, 1996; Sulli- • Fazer o possível para proteger os bairros residen-
van, 1990). Isso se aplica tanto aos acidentes com ciais e áreas centrais do tráfego.
feridos graves quanto aos com danos materiais. Hall
e Polanco de Hurtado (1992) estudaram a relação Outras medidas importantes são: a construção das
entre a utilização da capacidade da via e os aciden- vias principais e vias de acesso visando melhorar a
tes nos cruzamentos, não encontrando, porém, uma mobilidade, reduzir o tempo no trânsito, diminuir
correlação clara. Segundo Shefer (1994), o número os custos da operação do veículo e melhorar as con-
de vítimas fatais aumenta com o aumento do volu- dições ambientais por meio da redução do ruído e
me do tráfego, mas apenas quando está abaixo da da poluição.
capacidade. Sendo o volume do tráfego maior do
que a capacidade, assume-se que o número de mor-
tes diminua, o que é atribuído principalmente à ve- Descrição da medida
locidade, que também diminui. Quando o tráfego
estiver estagnado, não haverá mais acidentes. As vias principais e vias de acesso constituem a ma-
lha viária principal nas cidades e bairros, uma vez
Dois estudos realizados em Londres mostraram que que estas são destinadas a liquidar o tráfego para o
não há correlação entre o número de acidentes onde centro e vindo dele, passando pela cidade ou bair-
há fila vs. onde não há fila (Noland e Quddus, 2006; ros. As vias principais e as vias de acesso de várias
Wang, Quddus e Ison, 2009). Noland e Quddus cidades norueguesas foram construídas nos últimos
(2005) mostraram que há menos acidentes quando anos. Novas vias principais e vias de acesso são
há filas do que quando não há, e eles são menos gra- geralmente construídas sem saídas diretas para as
ves. Nas autoestradas e outras vias de alta velocidade propriedades ao longo da via. O planejamento de
com poucos pedestres ou nenhum, os autores assu- intersecções com vias públicas visa aumentar o nível
mem que há uma correlação muito maior entre as das interseções para o alto padrão. Este capítulo le-
filas e a redução da gravidade do acidente do que vou em conta as seguintes medidas no que se refere
com o trânsito urbano. No estudo de Wang, Quddus às vias principais e às vias de acesso para as cidades:
126 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• Construção de novas vias principais ou vias de as medidas não implicam um aumento tão grande
acesso; do volume de tráfego e que o aumento do volu-
• Aumentar a capacidade das vias principais ou vias me de tráfego supera o aumento da capacidade. A
de acesso já existentes; capacidade de uma das vias principais ou vias de
• Menos reparação nas vias principais ou vias de acesso pode ser aumentada por meio de diversas
acesso existentes. medidas descritas em outros capítulos, como, por
exemplo, com:
Além dessas medidas, são necessárias novas ações
nas estradas antigas, quando se constrói uma nova • A construção de cruzamentos em desnível (ou in-
via principal. Dentre elas destaca-se a reconstrução terconexão) (capítulo 1.9);
ambiental da via, já discutida em outros capítulos. • A introdução de mais faixas (capítulo 1.11);
• A mudança no regulamento do tráfego em cruza-
mentos (capítulos 1.6 e 3.9) e
Impacto sobre os acidentes • A proibição de estacionamento (capítulo 3.15).
Construção de novas vias principais ou de vias de Outras medidas podem melhorar o fluxo de tráfego
acesso em vias existentes, sem expandir a capacidade viá-
ria. Alguns exemplos são:
As seguintes pesquisas são baseadas nos impactos
sobre os acidentes com a construção de novas vias • Melhorar a manutenção de inverno nas vias (ca-
principais ou vias de acesso para as cidades: pítulo 2.5);
• Instalar a pista reversível (capítulo 3.17);
Jadaan e Nicholson, 1988 (Saída sul em Christchur- • Utilizar a regulamentação e a seleção de rota dinâ-
ch, Nova Zelândia); mica (capítulo 3.19);
Jørgensen, 1991 (Autoestrada sul em direção a • Instalar campo coletivo ou de utilização conjunta
Odense, Dinamarca); (capítulo 3.28);
Holt, 1993A (Nova Rota Europeia Seis, leste para • Planejar as vias com os cruzamentos separados
Trondheim); (capítulo 3.23) e
Sæverås, 1998 (Estrada de acesso a oeste para Ber- • Introduzir tarifação viária, tais como as taxas de
gen); reanalisada por Elvik (2002) e congestionamento (capítulo 10.10).
Amundsen e Elvik, 2003 (Túneis de Festnings, linha
de Granfoss, Túnel de Ekeberg).
Reparos menores nas vias principais e vias de acesso
Com base nestes estudos, a melhor estimativa do já existentes
impacto das vias principais e vias de acesso sobre
a redução do número de acidentes com feridos é Encontrou-se somente um estudo de medidas de
de 1% (-9; 8). Em outras palavras, o número de reparos menores nas vias principais ou vias de
acidentes com feridos manteve-se praticamente acesso já existentes (Flagstad, 1990). A pesqui-
inalterado. sa se aplica à retificação geral das vias de acesso
para Bergen. A investigação não conseguiu provar
As novas vias principais aumentaram o volume do qualquer alteração estatisticamente significativa
tráfego nas cidades. Para as vias incluídas nas pes- nas taxas de acidentes como resultado das medidas
quisas acima, o tráfego recém-criado aumentou em corretivas. O número de acidentes aumentou em
média 16%. O número de acidentes (por milhão de 15% (-20%; + 65%). Esta alteração não é maior
veículos por quilômetro) diminuiu 17%. Estes dois do que poderia ser devido à variação aleatória no
efeitos virtualmente cancelam-se entre si. número de acidentes.
Um estudo sobre os principais desvios de trânsito A nova via principal será, em curto prazo, para ali-
a leste de Oslo encontrou efeitos benéficos para o viar as vias paralelas já existentes de outros tráfegos
meio ambiente com a adição de um novo túnel na (particularmente o tráfego pesado e grande parte do
via principal, combinado com o tráfego na antiga tráfego restante), proporcionando benefícios am-
malha viária (Kolbenstvedt, 1998). A abertura do bientais ao longo dessas vias. Nas grandes cidades,
túnel Vålerenga reduziu o tráfego na antiga via prin- a nova via desencadeia uma demanda latente, que
cipal (E6 Strømsveien) em cerca de 50% entre 1987 faz com que o tráfego total nos atuais corredores de
e1989. O tráfego pesado foi reduzido ainda mais. transporte aumente. Um extenso estudo da CEMT/
Isso gerou grandes benefícios ambientais, mas foi só OCDE de transporte nas cidades concluiu que as
depois que a via antiga foi fechada que as condições “regiões urbanas”, mesmo com a mais extensa ma-
ambientais melhoraram significativamente. Após a lha viária, contam com grande parte da aglomeração
abertura do túnel Ekeberg em 1995, o tráfego foi e congestionamento nas vias. As tentativas de resol-
essencialmente estabilizado no nível baixo. ver o problema de aglomeração desta forma (com a
construção de mais e mais vias) provocam mudan-
Os desvios para as vias principais, com o fechamen- ças profundas nas cidades europeias, pois, além de
to das vias associadas, também facilitou uma série o custo ser proibitivo, essas medidas não acabariam
de outras melhorias ambientais na área, o que redu- com o congestionamento (ECMT/OECD, 1995,
ziu o estresse no trânsito mais do que o esperado, side 17; ECMT = Conferência Europeia do Minis-
considerando-se o nível de carga real. Levantamen- tério dos Transportes).
tos realizados em 1987, 1990, 1994 e 1996 mostram
que os moradores da região agora são muito menos
incomodados pelo tráfego nas vias e por outros pro- Custos
blemas ambientais de trânsito diferentes. No entan-
to, 40% dos moradores continuam a reclamar que o Uma compilação dos dados relativos aos custos na
tráfego é o maior problema ambiental na área (Kol- Noruega (Elvik, 1996) mostra que os custos para
benstvedt, 1998). Isto corresponde ao que pode ser a construção de novas vias principais ou vias de
encontrado em outras áreas das cidades noruegue- acesso para as cidades são em média de NOK 60
sas centrais (Nielsen, 2000). milhões por km (± NOK 20 milhões). A retifica-
ção das vias principais ou vias de acesso custa em
O anexo do túnel sob o centro de Oslo também deu média NOK 20 milhões por km (± NOK 1 mi-
ganhos ambientais significativos à malha viária exis- lhão). A expansão de duas para quatro faixas no
tente, levando a Câmara Municipal a quase fechar o anel viário em Trondheim custou cerca de NOK
tráfego de veículos. 30 milhões por quilômetro para a rede viária im-
128 O Manual de Medidas de Segurança Viária
pactada (nível de preço do final dos anos 1990; a utilizando a via principal. Assume-se que a velo-
extensão da medida incluía, além da malha viária, cidade média do tráfego seja de 50 km/h na via
rodovias europeias vicinais com 6 faixas, passeios anterior e 70 km/h para 80% do tráfego na via
e ciclovias). principal recém-criada. Os 20% do tráfego restan-
te na via recém-construída flui a uma velocidade
A construção de túneis adjacentes às vias de Oslo de 35 km/h. Sob essas condições, o custo do tempo
pode custar cerca de NOK 1,4 bilhão (1990). Os poupado é estimado em aproximadamente NOK
custos para a linha de Granfoss foram de cerca de 75 milhões por ano.
NOK 550 milhões (1992), enquanto que o túnel de
Ekeberg pode ter custado cerca de NOK 760 mi- A poupança nos custos operacionais do veículo foi
lhões (1995). A reestruturação da via no anel viário calculada com a mesma base, conforme especifica-
principal no trecho de Sinsen-Storo custou NOK do para custos de tempo, sendo de cerca de 9 mi-
455 milhões (1994). O custo médio por quilômetro lhões de euros por ano. Os cálculos mostraram uma
de via para estas instalações foi de NOK 288 mi- diminuição dos custos ambientais de cerca de 16
lhões. milhões de coroas ao ano. Presume-se, então, que
a nova via chegue a um túnel ou (ainda mais longe)
a um assentamento, podendo ser considerada uma
Avaliações de custo-benefício via que passa por diversos assentamentos dispersos
e que leva em conta o impacto ambiental.
É difícil fazer uma análise satisfatória do custo-be-
nefício das novas vias principais ou das vias de aces- Recentemente, o tráfego criado pôde ser definido
so para as cidades e bairros, porque esses sistemas em 15%. Como utilidade, tem-se o conjunto de re-
viários têm efeitos complexos, tanto a curto como a gras de trânsito recém-criado, beneficiando metade
longo prazo. O impacto a longo prazo, especialmen- do tráfego já existente. Os resultados da análise de
te na utilização e distribuição das viagens entre os custo-benefício são calculados para valor presente
diferentes modos de transporte terrestre, tem sido por mais de 25 anos, com 5% de taxa de desconto
até agora difícil de incluir no custo-benefício de anual, conforme a tabela 1.4.1.
modo satisfatório. Ainda é possível criar exemplos
numéricos que sugiram possíveis efeitos no curto O benefício neste caso é representado por proje-
prazo para os principais projetos viários nas cidades tos de túneis adjacentes, como a linha de Gran-
e bairros. Em 2001, foram realizados dois exemplos foss e o túnel de Ekeberg em Oslo, estimados em
de cálculos, principalmente com base nos dados NOK 1,486 bilhão. Os custos estão estimados em
empíricos de projetos noruegueses. NOK 1,114 bilhão. O benefício é maior do que os
custos. Os custos dos principais projetos viários
Um exemplo diz respeito à construção de uma nova variam muito. O cálculo no exemplo não leva em
via de acesso ou via principal. Supõe-se que uma conta o fato de que o tráfego recém-criado pode,
determinada via não afete o número de acidentes. em questão de anos, sobrecarregar as vias nova-
A gravidade dos acidentes diminui; por outro lado, mente, de modo que o congestionamento fique
aumenta o número médio de vítimas por acidentes tão extenso quanto era antes de o desenvolvimen-
(para os projetos de Oslo, este aumento foi de 1,30 to começar.
a1,44 pessoa por acidente). Não se espera, portanto,
que os custos dos acidentes mudem. Outro exemplo de contagem aplica-se à expansão
das vias principais existentes para quatro ou mais
Acredita-se que um projeto típico tenha um flu- faixas, combinadas com a construção de canteiro
xo de tráfego anual de 55 milhões de veículos por central e a reconstrução dos cruzamentos em nível
quilômetro antes que uma nova via principal seja para cruzamento em diferentes níveis. Com base nas
construída. Isto corresponde a um tráfego diário informações do Sinsen-Storo e do anel viário em
médio anual de cerca de 42.000 veículos, assumin- Trondheim, declarou-se que o número de acidentes
do uma extensão viária de 3,5 km. Presume-se que com feridos diminuiu de cerca de18 para cerca de 9
20% deste tráfego flui em uma fila, com uma ve- por ano. O custo declarado por acidente caiu de 2
locidade média de 15 km/h. Após a construção da milhões para 1 milhão. Isto se deve a uma redução
nova via principal, presume-se que 80% do tráfe- significativa da gravidade dos acidentes. Dos custos
go na via principal anterior seja transferido para a dos acidentes, poupou-se um valor de NOK 26,3
nova via principal, presume-se que 20% continue milhões ao ano.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 129
Tabela 1.4.1: Um exemplo de análise de custo-benefício da construção de uma nova via principal na
cidade, com base nos dados sobre o túnel Festning, linha de Granfoss e o túnel de Ekeberg.
Valor presente,
Benefício ou custo elementar
milhões de coroas
Redução dos custos dos acidentes 0
Redução dos custos de tempo (apenas veículo motorizado) 1057
Redução dos custos operacionais dos veículos 130
Redução dos custos ambientais 221
Vantagem do tráfego recém-criado (descontinuado em nova via) 97
Aumento dos custos ambientais, como resultado do tráfego recém-criado -20
Benefício total 1486
Custo da construção (Túnel de Festning, Granfoss, Ekeberg) 903
Valor presente dos custos de manutenção de novas vias (NOK 500.000 km/ano) 25
Preço (dos impostos) em dólares do orçamento público 186
Custo total 1114
O valor presente total de benefícios (25 anos, com A preparação e o planejamento viário devem estar
juros de 5%) foi calculado em NOK 1,1691 bilhão. alinhados à Lei de Planejamento e Construção. A
Os custos para o desenvolvimento do Sinsen-Storo construção ou expansão substancial das vias princi-
incluem os impostos, que foram de NOK 549,4 mi- pais ou vias de acesso devem ser realizados por meio
lhões. Os benefícios, portanto, claramente superam da adoção de um planejamento regulamentado.
os custos. Para as novas vias principais/vias de acesso, normal-
mente será também necessária uma avaliação prévia
Simulações de computação mostram que a constru- do impacto ambiental e municipal. As exigências
ção de uma via nova principal ou a expansão das técnicas para o projeto das vias encontram-se no
vias existentes pode proporcionar um benefício Håndbok 017, Projeto de ruas e estradas (2008).
maior do que os custos. Isto se deve principalmente
à melhoria do fluxo de tráfego que estes projetos Quando se planeja uma via seguindo a Lei de Pla-
podem fornecer a curto prazo. No entanto, não está nejamento e Construção ou uma expansão subs-
claro por quanto tempo duram essas melhorias. tancial da via principal ou vias secundárias requer-
130 O Manual de Medidas de Segurança Viária
se zoneamento. A uma nova via/via secundária nos cruzamentos. No cruzamento com tráfego
normalmente serão necessários uma avaliação do pesado e altas proporções de flutuação de tráfego,
impacto das prioridades municipais e ambientais. a canalização no cruzamento produz maiores im-
As exigências técnicas para o projeto das vias en- pactos positivos, tanto na segurança viária quanto
contram-se no Håndbok 017, Projeto de ruas e es- na acessibilidade dos cruzamentos com pouca osci-
tradas (2008). lação de tráfego.
• Maiores com cruzamentos regulamentados do • Canalização lateral. Uma ilha de tráfego ou a mar-
que cruzamentos sinalizados e maiores para cação zebrada na superfície da via bloqueando o
cruzamentos sinalizados do que para cruzamen- tráfego de um lado da via no cruzamento.
tos com preferência regulamentada (cruzamen- • Extensão (alargamento) da faixa principal. Uma
tos em X e em T com limite de velocidade de extensão da faixa de rolamento principal que se-
50 km/h); gue em frente no cruzamento, de forma que os
• Maiores com os cruzamentos em X do que com os veículos possam passar pelos veículos que aguar-
cruzamentos em T (incluindo as placas de sinali- dam a conversão. A extensão da faixa principal
zação e de regulamentação do limite de velocida- é uma alternativa para a área de conversão à es-
de de 50 km/h nas intersecções); querda.
• Mais elevados quando mais alto for o limite de
velocidade, e Os critérios para a escolha da canalização ou even-
• Mais elevados com as vias laterais. tuais acessos são estabelecidos conforme a Statens
vegvesen, Håndbok 263 (2008). Além disso, exis-
Uma medida para melhorar a segurança do trânsi- tem várias possibilidades para a concepção de cru-
to nos cruzamentos é a canalização. Como medida zamento para que o tráfego da via principal e/ou
de segurança viária, a canalização nos cruzamentos lateral não realize a conversão para a esquerda. As-
tem as finalidades de separar os fluxos de tráfego, sim, conflitos e acidentes nas conversões à esquerda
reduzir a área de conflito entre o tráfego que flui devem ser evitados. Ao invés de fazer a conversão
de diferentes direções nos cruzamentos, melhorar a diretamente à esquerda, o tráfego deve fazer outros
visibilidade no cruzamento e induzir a direção de- movimentos de conversão, como por exemplo, fazer
sejada, especificando a via que tem preferência no a conversão à direita ou um retorno em U.
cruzamento. O principal objetivo em se construir
canalizações nos cruzamentos é melhorar o fluxo de Antigamente era comum haver várias canalizações
tráfego, evitando a oscilação de veículos (esquerda nos cruzamentos para melhorar a segurança viária.
ou direita) e prevenir ou impedir tráfego lento no As rotatórias são uma alternativa para a canalização,
cruzamento. especialmente quando há muitas conversões à es-
querda, mas é uma das medidas mais caras e mais
volumosas.
Descrição da medida
Tabela 1.5.1: Impactos da conversão à esquerda sobre o número de acidentes. Variação porcentual do número de acidentes.
Variação porcentual dos acidentes
Tipos de
Tipo de medida Grau de ferimentos/Tipos de Melhores Intervalo de
cruzamentos
acidente e seus impactos estimativas confiança
Conversão à esquerda X Todos os graus de ferimentos -27 (-45; -4)
T Todos os graus de ferimentos -11 (-25; +6)
Todos Todos os graus de ferimentos -20 (-34; -3)
Conversão à direita X Todos os graus de ferimentos -19 (-28; -8)
T Todos os graus de ferimentos -22 (-42; +6)
Todos Todos os graus de ferimentos -19 (-27; -9)
Conversão à esquerda e à direita X Todos os graus de ferimentos -45 (-54; -35)
T Todos os graus de ferimentos -8 (-60; +108)
Todos Todos os graus de ferimentos -44 (-53; -34)
Melhor visibilidade na área Acidentes associados à conversão
X -2 (-26; +32)
de conversão à esquerda à esquerda
Canalização da via lateral X Todos os graus de ferimentos -28 (-52; +9)
T Todos os graus de ferimentos +11 (-34; +87)
Todos Todos os graus de ferimentos -18 (-40; +12)
Extensão da via principal
X Todos os graus de ferimentos -11 (-68; +145)
o efeito nos vários graus de lesão não é diferente. entanto, baseiam-se em apenas um estudo (de an-
As diferenças entre os efeitos das diferentes formas tes-depois com controle para a regressão) e nenhum
de canalizações podem ser ou não significativas. dos resultados é estatisticamente significativo.
Ao melhorar a visibilidade na canalização à esquer-
da, verificou-se uma ligeira redução do número de Sobre a proibição de conversão à esquerda, foi en-
acidentes associados às conversões à esquerda. contrado somente um estudo sobre o efeito nos aci-
dentes. Ott et al. (2012) mostrou que a proibição da
Os resultados de com-e-sem medidas são mais di- conversão à esquerda nas intersecções regulamenta-
vergentes e não mostram nenhuma diferença sig- das por placas de preferência reduzem o número de
nificativa quanto ao número total de acidentes em acidentes em 27% (não significativo estatisticamen-
cruzamentos com diferentes formas de canalização te). Os resultados de outros estudos sugerem que o
(não mostrados na tabela 1.5.1). Isto porque muitas efeito sobre o número de acidentes é provavelmen-
vezes há diferenças gerais entre o cruzamento cana- te, e na maioria dos casos, relativamente pequeno.
lizado e outros cruzamentos (como, por exemplo,
maior volume de tráfego e maior número de conver- As canalizações no cruzamento afetam os acidentes
sões realizadas em relação à canalização à esquerda/ nos cruzamentos de várias maneiras. A ilha de tráfe-
direita do cruzamento) e também porque cruza- go é em si um obstáculo e pode terminar em colisões
mentos canalizados muitas vezes têm mais acidentes e provocar acidentes. Por outro lado, enquanto a
que os outros cruzamentos, até mesmo antes de a canalização física é claramente visível, a canalização
canalização ter sido instalada (endogeneidade). Em- zebrada na superfície da via, por ser pintada em tom
bora a canalização reduza o número de acidentes, o mais claro, pode causar confusão durante as más
fato de o cruzamento possuir canalização não neces- condições de visibilidade, de inverno ou quando a
sariamente faz com que ocorram menos acidentes tinta for muito antiga. Fazer uma conversão à direita
que nos cruzamentos sem canalização. Exemplos pode, teoricamente, criar situações perigosas, onde
com-e-sem medidas que mostraram vários acidentes uma manobra à direita pode esconder um veículo
em cruzamentos canalizados estão em Harwood et que vem da direita em uma via lateral. Certas formas
al. (2002), Kim & Washington (2006), Wang & Ab- de canalização proporcionam cruzamentos mais
del-Aty (2006) e Xie et al. (2013). A explicação em amplos, de modo que a área de conflito se expanda.
todos estes estudos é que o cruzamento com (mui- Medidas de canalização mais abrangentes podem
tas) conversões à esquerda e/ou à direita tem uma tornar um cruzamento mais complicado. Isso pode
taxa relativamente grande de oscilações de tráfego aumentar o risco de confusão sobre as faixas ou ou-
para a esquerda/direita, o que gera muitos conflitos tros erros na via.
de tráfego.
dar a preferência. Neste cruzamento, o volume de número de acidentes com feridos e a nenhum efeito
tráfego concentra-se na via principal, não na canali- sobre o número de acidentes com danos materiais.
zação, o que determina o tempo de espera pela via A economia em custos de acidentes é estimada em
lateral. NOK 1.760.000, e o custo socioeconômico da me-
dida em NOK 0,8 milhão. Esta é, portanto, uma das
A proibição das curvas à esquerda melhora o fluxo medidas economicamente mais rentáveis, embora
de tráfego em todos os braços dos cruzamentos, mas não esteja incluso qualquer impacto matematica-
implica no desvio de tráfego no sentido esquerdo mente comprovado sobre o fluxo de tráfego.
(Lyles et al., 2009).
Isto não significa que qualquer uma das quatro vias
de intersecção deva ser canalizada. Muitos cruza-
Impacto no meio ambiente mentos funcionarão bem sem a canalização, além de
que, em casos específicos, outras medidas, como as
Não foram encontrados estudos que relacionem o rotatórias, podem ser mais relevantes que a canali-
impacto no meio ambiente com as canalizações nos zação.
cruzamentos. Algumas formas de canalizações au-
mentam a área de cruzamento. As canalizações nos
cruzamentos, especialmente aqueles com conversão Responsabilidade e procedimentos formais
à esquerda, reduzem o número de veículos que de-
vem parar atrás de outros veículos desligados, o que Iniciativa para a medida
reduz as emissões.
A proposta para a canalização nos cruzamentos
pode vir de autoridades viárias ou de moradores.
Custos A Statens vegvesen designa em especial as intersec-
ções privadas, onde a canalização pode ajudar a me-
A tabela 1.5.2 mostra o custo médio estimado das lhorar a segurança. O cruzamento será considerado
medidas de canalização nos cruzamentos em 2005. particularmente propenso a acidentes se durante
Devem-se esperar variações locais de custos em pelo cinco anos forem registrados pelo menos quatro
menos 50% destes números. feridos no cruzamento (Statens vegvesen, Håndbok
115 Análise de locais dos acidentes, 2007).
Tabela 1.5.2: Valores dos custos indicativos para as
canalizações nos cruzamentos. Custos por cruzamento
(2005-NOK). Requisitos e procedimentos formais
Formato de canalização Custos (NOK)
Os critérios para a canalização no cruzamento são
Conversão à esquerda no cruzamento em X 800.000
encontrados no Håndbok 017, Rodovia e projeto de
Canalização lateral no cruzamento em X 400.000
rua, e no Håndbok 263, Projeto geométrico (2008).
Canalização completa no cruzamento em X 1.650.000
A necessidade de canalização é determinada por re-
Conversão à esquerda no cruzamento em T 500.000
quisitos como a capacidade e o nível de fluidez do
Canalização lateral no cruzamento em T 200.000
tráfego. Se a canalização de um cruzamento exige a
Canalização completa no cruzamento em T 1.200.000
expansão da área da via, devem-se adquirir e reorga-
nizar novas áreas para fins da expansão viária. Isso
geralmente requer a preparação de um plano de de-
Avaliações de custo-benefício senvolvimento. Requisitos para a criação de ilhas de
tráfego são apresentados no Håndbok 017, Rodovia
É difícil fazer avaliações de custo-benefício, porque e projeto de rua (2008).
o efeito sobre os acidentes das canalizações nos cru-
zamentos é bastante incerto. Em 2005 foi feito um De acordo com as normas viárias, a canalização em
exemplo de cálculo para um cruzamento em X. uma via principal deve ser introduzida quando o
limite de velocidade for de 70 km/h ou mais. A ca-
O exemplo é a área de conversão à esquerda em um nalização pintada na superfície (zebrada) pode ser
cruzamento em X com um tráfego diário de 10.000 usada quando a via tiver limite baixo de velocida-
veículos e 0,178 ferido por milhão de veículos de de, porém apenas se houver uma boa visibilidade e
entrada. A medida levou à diminuição de 10% no pouco tráfego de pedestres no cruzamento.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 135
Responsabilidade pela execução da medida reta, obrigando-os a circular em torno de uma ilha
localizada no meio da intersecção. Isso reduz a ve-
A responsabilidade pela execução das canalizações locidade.
e pela cobertura dos custos das medidas encontra-se
com as autoridades viárias, ou seja, com a rodovia As rotatórias geralmente operam adequadamente
estadual, distrital e municipal para o conselho de quando há um elevado volume de tráfego nas apro-
vias municipais. ximações. Volumes de tráfego ou velocidades muito
diferentes entre as aproximações de uma rotatória
podem gerar grandes atrasos e redução da capacida-
1.6 Rotatórias de (Glenn et al., 2009). A longa espera pode levar
a comportamentos de risco conforme os condutores
Capítulo revisado em 2009 por Alena Høye (TØI) passam a aceitar menores brechas para entrar na ro-
tatória. Os tipos mais comuns de acidentes em ro-
tatórias são acidentes nos quais o condutor ignora
Problema e finalidades a brecha necessária para entrar na rotatória, provo-
cando colisões traseiras (Reino Unido, Ministério dos
Em intersecções de vias com tráfego intenso, a espe- Transportes, 2009). A sinalização nas rotatórias visa
ra para cruzar pode ser longa. Isto pode fazer com melhorar o fluxo de tráfego e aumentar a capacidade.
que os condutores aceitem o risco de utilizar bre- A via de aproximação com maior volume de tráfego
chas menores para cruzar, prejudicando a segurança será regulada por semáforo para permitir que o tráfe-
da intersecção. Elevadas frequências de movimen- go de aproximação da via com menor volume de trá-
tos na intersecção (retos ou de conversão) podem fego encontre espaços de tempo aceitáveis para tran-
criar situações de perigo e aumentam a complexida- sitar nas rotatórias. Outra finalidade das rotatórias
de do tráfego. Aproximadamente 40% de todos os pode ser o de melhorar a segurança para os pedestres
acidentes com feridos registrados pela polícia ocor- (Gestão do Transporte nas Ruas de Londres, 2005).
reram em intersecções.
as vias de acesso são sinalizadas, o semáforo serve Mountain, Maher e Fawaz, 1998 (Grã-Bretanha);
para indicar a espera ou para controlar uma série Persaud et al., 2001 (EUA);
de veículos em uma via de acesso que excede de- Newstead e Corben, 2001 (Áustria);
terminados limites. Todas as vias de acesso podem Brabander &Lode Vereeck, 2007 (Bélgica);
ter regulamentação semafórica quando o volume de Traffic Engineering Branch, 2005 (Austrália);
tráfego nas vias de acesso for alto. Uma pesquisa do Meuleners et al., 2005 (Austrália);
Departamento Britânico de Transporte (2009) mos- Traffic Engineering Branch, 2007 (Austrália) e
trou que as finalidades da sinalização que regulam as Meuleners et al., 2008 (Austrália).
rotatórias são reduzir o número de acidentes (72%
de rotatórias com sinalização, semáforo), reduzir as Os resultados apresentam uma redução significati-
filas (80%) e aumentar a capacidade (70%). va do número total de acidentes nas intersecções.
A redução é maior para acidentes fatais. No caso
dos acidentes com danos materiais, verificou-se um
Impacto sobre os acidentes aumento no número de acidentes, o que não é esta-
tisticamente significativo. Este resultado se aplica a
Rotatórias todos os tipos de acidentes.
Os seguintes estudos avaliaram a relação entre rota- Os resultados indicam que a conversão de inter-
tórias e o número de acidentes de trânsito: secções reguladas por sinalização de “dê a prefe-
rência” e intersecções em X em rotatórias resultou
Lalani, 1975 (Grã-Bretanha); em maior impacto na redução dos acidentes que os
Green, 1977 (Grã-Bretanha); demais tipos de conversão. Em rodovias também
Lahrmann, 1981 (Dinamarca); foram encontradas maiores reduções no número
Cedersund, 1983A; 1983B (Suécia); de acidentes que em áreas urbanas. Isso pode ser
Senneset, 1983 (Noruega); devido ao impacto na redução de velocidade gera-
Brüde e Larsson, 1985 (Suécia); do pelas rotatórias ser maior em vias de velocidade
Johannessen, 1985 (Noruega); regulamentar mais elevada (Brabander & Lode Ve-
Hall e McDonald, 1988 (Grã-Bretanha); reeck, 2007).
Nygaard, 1988 (Noruega);
Corben, Ambrose e Wai, 1990 (Austrália); Uma análise mais detalhada de dados mostra que
Giæver, 1990 (Noruega); não existem diferenças significativas nos efeitos
Tudge, 1990 (Austrália); das rotatórias em diferentes países (Elvik, 2004).
Van Minnen, 1990 (Holanda); Os resultados não parecem ser muito afetados pelo
Jørgensen, 1991 (Dinamarca); viés de publicação. Uma meta-análise de regressão
Brüde e Larsson, 1992 (Suécia); mostra que todos os fatores expostos na tabela 1.6.1
Dagersten, 1992 (Suíça); são importantes variáveis de previsão do número de
Holzwarth, 1992 (Alemanha); acidentes em rotatórias. Isto significa, por exemplo,
Hydén, Odelid e Várhelyi, 1992 (Suécia); que a diferença de impacto entre intersecções em X
Jørgensen e Jørgensen, 1992 (Dinamarca); e intersecções em T pode ser considerada uma dife-
Kristiansen, 1992 (Noruega); rença real, e não consequência do acaso. A análise
Schnüll, Haller e Von Lübke, 1992 (Alemanha); também mostra que existe uma heterogeneidade
Værø, 1992 A-D (Dinamarca); significativa nos resultados, ou seja, que os resul-
Brilon, Stuwe e Drews, 1993 (Alemanha); tados são provavelmente influenciados por fatores
Huber e Bühlmann, 1994 (Suíça); que não são controlados nas análises. Além disso,
Jørgensen e Jørgensen, 1994 (Dinamarca); os resultados devem ser considerados como valores
Schoon e Van Minnen, 1993 (Holanda); médios.
Seim, 1994 (Noruega);
Voss, 1994 (Alemanha); Os efeitos em tipos de intersecções mais específi-
Motha, Musidlak e Williams, 1995 (Austrália); cas (aquelas cujo projeto seguia antigas normas de
Oslo Veivesen, 1995 (Noruega); construção de intersecções em T em áreas urbanas,
Flannery e Datta, 1996 (EUA); por exemplo) são examinados por Elvik (2003)
Giæver, 1997 (Noruega); com base em meta-análise de regressão, e os resul-
Flannery, Elefteriadou, Koza e McFadden, 1998 tados são mostrados na tabela 1.6.2. Os resultados
(EUA); baseiam-se em análises do tipo antes-depois, com
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 137
Tabela 1.6.1: Impactos da conversão de intersecções de diferentes tipos para rotatórias sobre acidentes nas intersecções.
Variação porcentual dos acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Gravidade do acidente Melhor estimativa Intervalo de confiança
Todas as Rotatórias Todos os graus de lesão -36 (-43; -29)
Todas as Rotatórias Acidentes fatais -66 (-85; -24)
Todas as Rotatórias Acidentes com feridos -46 (-51; -40)
Todas as Rotatórias Acidentes com danos materiais +10 (-10; +35)
Intersecções anteriormente reguladas por
Todos os graus de lesão -40 (-47; -31)
“dê a preferência”
Intersecções anteriormente reguladas por semáforo Todos os graus de lesão -14 (-27; +1)
Intersecções em X Todos os graus de lesão -34 (-42; -25)
Intersecções em T Todos os graus de lesão -8 (-28; +18)
Rotatórias em áreas rurais Todos os graus de lesão -69 (-79; -54)
Rotatórias em áreas urbanas Todos os graus de lesão -25 (-34; -15)
controle das tendências dos acidentes a longo prazo tro da ilha central e os acidentes. Quando o projeto
e da análise de regressão e controle de viés de pu- geométrico exige maiores reduções de velocidade,
blicação. Os efeitos são medidos conforme as meta como nos casos de rodovias com velocidade limi-
-análises de regressão. Em razão da relação entre os te de 80 km/h, os resultados indicam um aumen-
vários fatores envolvidos na estimativa do efeito das to no risco de acidentes. Em vias com limites de
rotatórias, os impactos são bastante incertos. velocidade inferiores não foi encontrada nenhuma
correlação entre o projeto geométrico e o risco de
A influência do tamanho da ilha central das rota- acidentes.
tórias foi examinada por Cedersund (1983) e May-
cock e Hall (1984). Ambos os estudos controlaram
uma série de outros fatores. Nenhum dos estudos Regulamentação da sinalização nas rotatórias
encontrou qualquer correlação entre o tamanho da
ilha central e as taxas de acidentes. Estudos da No- Foi encontrado apenas um estudo sobre o impac-
ruega (Tran 1999) e da Suécia (Brude e Larsson, to da sinalização de regulamentação das rotatórias
1999) sugerem que o risco de acidentes com feri- no número de acidentes (Gestão de Transporte nas
dos é maior nas rotatórias com ilha central maior. Ruas de Londres, 2005). Os resultados mostram
Contudo, estes estudos não controlaram outros fa- que o número de acidentes foi reduzido em 15%
tores além do tamanho da ilha central, tais como: (intervalo de confiança de 95% [-23; -7]) A investi-
nível de distração, localização, tipo de cruzamen- gação é, no entanto, do tipo antes- depois, bastante
to, volume de tráfego, etc. Jorgensen e Jorgensen simples, sem o controle do volume de tráfego ou
(2002) não encontraram correlação entre o diâme- outras variáveis.
Tabela 1.6.2: Efeitos das rotatórias sobre os acidentes nas intersecções. Variação porcentual dos acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Situação anterior à rotatória Gravidade Melhor Intervalo de
do acidente estimativa confiança
Intersecção anterior em T, com regulamentação por placa de preferência Acidentes fatais -49 (-97; +708)
Intersecção anterior em T, com regulamentação por semáforo Acidentes fatais -42 (-97; +928)
Intersecção anterior em X, com regulamentação por placa de preferência Acidentes fatais -64 (-97; +416)
Intersecção anterior em X, com regulamentação por semáforo Acidentes fatais -59 (-97; +273)
Intersecção anterior em T, com regulamentação por placa de preferência Acidentes com feridos -32 (-85; +225)
Intersecção anterior em T, com regulamentação por semáforo Acidentes com feridos -23 (-86; +349)
Intersecção anterior em X, com regulamentação por placa de preferência Acidentes com feridos -52 (-88; +111)
Intersecção anterior em X, com regulamentação por semáforo Acidentes com feridos -45 (-88; +170)
138 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A regulamentação por semáforo nas rotatórias au- Os custos de construção de rotatórias podem variar
menta a capacidade e reduz os atrasos, principal- de algumas centenas de milhares de coroas norue-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 139
Estas estimativas sugerem que a conversão de cruza- Os cruzamentos mais antigos encontram-se fixados
mentos para rotatórias apresenta uma relação de cus- em terrenos difíceis e podem impactar negativa-
to-benefício vantajosa nos exemplos considerados. mente o desenho geométrico. O ângulo entre as vias
pode reduzir a visão geral e dificultar a mudança de
faixa. Um aclive ou declive acentuado em direção a
Responsabilidade e procedimentos formais um cruzamento pode reduzir a visão geral, dificul-
tando a frenagem ou a retomada de partida após o
Iniciativa para a medida veículo parar em rampas.
As iniciativas para a construção de rotatórias com- Um fator causal comum em acidentes nos cruzamen-
petem às autoridades rodoviárias. tos é que os condutores não se veem por um tempo
140 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ou em momento algum. Um estudo norueguês (Vo- dade é a única medida que foi avaliada nos estudos
dahl e Giæver, 1986) mostra que o cruzamento que antes-depois.
não atende às normas de segurança viária tem maior
risco de provocar um acidente que um cruzamen- As relações entre um grande número de caracterís-
to que lhes atende. Isto não se aplica às rotatórias, ticas geométricas de cruzamentos e acidentes foram
onde a visibilidade reduzida pode reduzir o número investigadas por Bauer & Harwood (1996) (2003) e
de acidentes (Giæver, 2000). Vogt & Bared (1998). Foi encontrada uma maior e
mais consistente relação entre o volume de tráfego
A alteração do projeto geométrico de cruzamentos e o número de acidentes. As relações entre as outras
visa melhorar a visibilidade na junção e simplificar propriedades de cruzamento e o número de aci-
os movimentos de conversão, aumentando a visi- dentes não são na sua maioria significativas e muito
bilidade no cruzamento para os condutores que se consistentes entre os diferentes tipos de acidentes e
aproximam dele. áreas geográficas.
A alteração do desenho geométrico dos cruzamen- Foram encontrados cinco estudos que examinaram
tos significa: a relação entre o ângulo das vias com cruzamentos e
o número de acidentes:
• Alteração no ângulo entre as vias que se aproxi-
mam; Hanna, Flynn e Tyler, 1976 (EUA);
Vaa e Johannessen, 1978 (Noruega);
• Mudança de inclinação em vias de acesso até o
Brüde e Larsson, 1985 (Suécia);
cruzamento;
McCoy, Tripi e Bonneson, 1994 (EUA) e
• Prazos para introdução de medidas de melhoria
Kumara e Chin, 2003 (Singapura).
nos cruzamentos e
• Mudanças no perfil transversal das rodovias (lar- O número de acidentes nos cruzamentos onde o ân-
gura da faixa, divisão central, acostamento e cur- gulo entre as vias difere de 90 graus em relação ao
vatura). cruzamento onde o ângulo é de 90 graus é mostrado
na tabela 1.7.1.
Estas medidas muitas vezes são realizadas em con-
junto com a canalização de um cruzamento (ver ca- Conforme a investigação, um cruzamento onde
pítulo 1.5) ou outras medidas. há um ângulo diferente de 90 graus tem mais aci-
dentes que um cruzamento onde há um ângulo
de 90 graus. Maze & Burchett (2006) observaram
Impacto sobre os acidentes que os acidentes nos cruzamentos com ângulos
de 90 graus são menos graves do que os acidentes
Os efeitos estimados da alteração do projeto geomé- em cruzamentos onde o ângulo é diferente de 90
trico nos cruzamentos são baseados principalmente graus. De acordo com estudos de acidentes realiza-
em estudos sobre a relação entre as diferentes carac- dos por Fildes et al. (2000), os ângulos distorcidos
terísticas geométricas de cruzamentos e o número são especialmente problemáticos para os conduto-
de acidentes. A melhora nas condições de visibili- res mais velhos.
Tabela 1.7.1: A relação do ângulo das vias no cruzamento e o número de acidentes. Variação porcentual do número de
acidentes.
Inclinações nas vias de acesso para uma intersecção tes (Lyon et al., 2003; Oh, Washington & Choi, 2004;
não inclusos nas análises da tabela 1.7.2.).
O impacto das inclinações em vias próximas aos
cruzamentos foi examinado por:
Melhor visibilidade nos cruzamentos
Johannessen e Heir, 1974 (Noruega);
Hanna, Flynn e Tyler, 1976 (EUA); O impacto sobre os acidentes na melhoria das con-
Vodahl e Giæver, 1986 (Noruega); dições de visibilidade dos cruzamentos foi exami-
Vogt e Bared, 1998 (EUA); nado por
Harwoodet al., 2000 (EUA);
Tarko & Savolainen, 2004 (EUA) e Johannessen e Heir, 1974 (Noruega);
Kumara e Chin, 2003 (Singapura). Hanna, Flynn e Tyler, 1976 (EUA);
Vaa e Johannessen, 1978 (Noruega);
Com base nestes estudos, estima-se a relação entre Brüde e Larsson, 1985 (Noruega);
a inclinação de uma ou mais faixas que fluem em Vodahl e Giæver, 1986 (Noruega);
direção a um cruzamento e o número de aciden- Kulmala 1992, (Finlândia) e
tes nos cruzamentos conforme mostrado na tabela Kumara e Chin, 2003 (Singapura).
1.7.2. Os resultados se aplicam às rampas em ambos
os sentidos, isto é, aclives e declives. Melhorar a visibilidade nos cruzamentos proporcio-
na uma ligeira diminuição (não estatisticamente con-
Os resultados sugerem que há vários acidentes em fiável) dos acidentes com feridos, enquanto que uma
cruzamentos em que há uma inclinação em uma ou diminuição de aproximadamente 16% no número
mais faixas que fluem para a junção. Nenhum dos de acidentes com danos materiais é estatisticamente
resultados é estatisticamente confiável. Os resulta- confiável. Uma possível explicação de por que não foi
dos se aplicam a diferentes graus de inclinação. “Pe- encontrado qualquer efeito sobre os acidentes com
quena inclinação” inclui inclinação de 2 ou 3 metros feridos é que os condutores adaptam seu comporta-
por 100m. Resultados para “grande ao invés de li- mento às condições de visibilidade nos cruzamentos
geira inclinação” aplicam-se às inclinações acima e e aumentam a velocidade quando a visibilidade é boa.
abaixo de 5, 3 ou 2 m por 100m.
Dois estudos que usaram modelos multivariados que Perfil da via e curvas
controlam uma variedade de fatores que não a incli-
nação não apontaram qualquer correlação estatistica- A relação entre o perfil da via, curvatura e acidentes
mente confiável entre o aclive e o número de aciden- foram investigados em uma série de estudos rela-
Tabela 1.7.2: A correlação entre a inclinação e o número de acidentes em cruzamentos. Variação porcentual dos acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Gravidade do acidente
Tipos de impactos dos acidentes As melhores estimativas Intervalo de confiança
Pouca ao invés de nenhuma inclinação
Não especificado Todos os acidentes em cruzamentos +11 (-9; +35)
Muita ao invés de ligeira inclinação
Não especificado Todos os acidentes em cruzamentos +14 (-23; +69)
Tabela 1.7.3: Impactos sobre o número de acidentes, melhorando a visibilidade nos cruzamentos. Variação porcentual do
número de acidentes.
tivamente bem controlados. Os resultados têm em Curvatura: Savolainen & Tarko (2004) estudaram
comum que raramente foram encontradas correla- a relação entre a curvatura da via e o número de
ções consistentes. A relação entre as propriedades acidentes em cruzamentos nas vias de duas e qua-
geométricas dos cruzamentos e acidentes varia mui- tro faixas. Nas vias com duas faixas foi encontrado
to entre os diversos tipos de cruzamentos, volumes um número menor de acidentes em cruzamentos de
de tráfego e densidade populacional ao redor. Isto alta curvatura (grau de curvatura) do que em cru-
sugere que o resultado dos estudos sobre os efeitos zamentos com baixa curvatura ou em trechos retos.
do perfil da via e curvatura sobre trechos em reta O resultado é invertido nas vias de quatro faixas.
(veja os capítulos 1.11 e 1.13) não pode ser transfe- O número de acidentes em cruzamentos com vias
rido para o cruzamento. de quatro faixas cresce à medida que a curvatura
aumenta. Nenhum dos resultados é estatisticamen-
Largura da pista: A relação entre a largura média da te significativo. Kumara e Chin encontraram 24%
via e do número de acidentes em cruzamentos sina- mais acidentes (estatisticamente confiáveis) em cru-
lizados foi investigada por Bauer & Harwood (1998) zamentos onde há uma curva em uma das vias do
e Wong et al. (2007). Ambas as pesquisas indicam que quando todas as vias estão em linha reta. Mais
que a faixa mais ampla pode ser associada a me- acidentes nos cruzamentos localizados nas curvas
nos acidentes. Bauer & Harwood encontraram um do que nos cruzamentos localizados nas retas foram
menor número de acidentes nos cruzamentos com encontrados por Wong et al. (2007).
faixas mais amplas em áreas urbanas, mas não fora
das zonas urbanas. Wong et al. (2007) encontraram
um número significativamente menor de acidentes Impacto na mobilidade
com mortos e feridos graves nos cruzamentos com
faixas mais largas. Houve um aumento de largura Não foram encontrados estudos que dizem algo
de faixa de 0,5 m de acordo com este estudo e com sobre o impacto na mobilidade quando se altera o
isso houve uma redução no número de acidentes desenho geométrico dos cruzamentos. Uma vez que
envolvendo mortes ou lesões graves em 45%. Não essas alterações melhoram a visibilidade e facilitam
houve correlação significativa entre a largura da via o tráfego pelo cruzamento, deve-se pressupor que a
e o número de levemente feridos. mobilidade será melhorada.
ga. É feito um exemplo numérico que se aplica a um da via, ou seja, rodovia estadual, distrital, municipal
cruzamento com 5.000 veículos por dia e um nível e pelo conselho das vias municipais.
de risco de 0,10 acidentes por milhão de veículos. Se
o número de acidentes com feridos for reduzido em
5%, os custos economizados com acidentes (valor
1.8 Divisão de uma intersecção em
presente) serão de NOK 0,42 milhão. Se um projeto
X em duas intersecções em T
custar mais do que isso, ele se aplica às condições
(intersecções alternadas)
selecionadas de não ser economicamente rentável.
Neste exemplo de cálculo, não se consideram os aci-
dentes com danos materiais. À medida que os aci- O capítulo foi revisado em 2014 por Alena Høye
dentes com danos materiais são incluídos, o custo (TØI)
pode subir para mais de NOK 0,42 milhão, mas o
projeto não deixa de ser lucrativo. As intersecções de quatro aproximações (intersec-
ções ou cruzamentos em X) têm vários pontos de
conflito e o risco de acidente é maior que nas inter-
Responsabilidade e procedimentos formais secções em T (de três aproximações). Duas intersec-
ções em T podem, portanto, em algumas situações,
Iniciativa para a medida oferecer mais segurança que uma intersecção em X,
conforme recomendado nas diretrizes norueguesas
A iniciativa para alterar o projeto geométrico dos para rodovias sem regulamentação em áreas rurais.
cruzamentos é proposta pelas autoridades de trân- Os resultados dos estudos empíricos que compara-
sito. Moradores que estão insatisfeitos com a visibi- ram os números dos acidentes entre as intersecções
lidade em um cruzamento também poderão propor em X e em T, no entanto, divergem. Alguns estu-
medidas para melhorar as condições do cruzamento. dos sugerem que duas intersecções em T são nor-
malmente mais seguras que uma intersecção em X,
enquanto outros sugerem o oposto. Alguns estudos
Requisitos e procedimentos formais anteriores mostraram que duas intersecções em T
podem ter menos acidentes que uma intersecção
O Håndbok 017, Estradas e planejamento das ruas em X na via secundária, e alguns estudos recentes
(2008), contém os requisitos para a elaboração do sugerem que duas intersecções em T podem impli-
projeto geométrico dos cruzamentos. Se a recons- car menos acidentes que uma intersecção em X de
trução de um cruzamento exige a realocação de uma baixo volume de tráfego na via principal. Se duas
área regulamentada, deve-se elaborar um plano de intersecções em T resultam em mais ou em menos
desenvolvimento. Isto será, por exemplo, aplicável acidentes que uma intersecção em X, além do maior
se as medidas totais ou parcialmente implementadas volume de tráfego nas vias laterais, depende do pro-
forem de uma via já existente. As autoridades viárias jeto da via e das regulamentações dos cruzamentos.
são responsáveis por garantir que os planos necessá-
rios sejam preparados e tratados adequadamente no
que diz respeito ao acesso ao público e etc.
Problema e finalidades
A decisão que altera o projeto geométrico dos cru-
zamentos é feita pelo titular da via para determi- As intersecções com quatro aproximações (inter-
nado tipo de via pública. A autoridade da decisão secções em X) demandam mais atenção e exigem
muitas vezes será delegada na prática pelo adminis- certos comportamentos dos usuários para que a
trador da via ou por outro órgão administrativo. Se passagem seja feita com segurança (se comparadas
houver necessidade de plano ou qualquer licença de com as intersecções com três aproximações, ou
construção, estas cabem às decisões do município. intersecções em T). Uma intersecção com quatro
aproximações apresenta 32 pontos de conflito entre
os fluxos de tráfego que passam pelo cruzamento.
Responsabilidade pela execução da medida Uma intersecção com três aproximações tem nove
pontos de conflito entre os fluxos de tráfego. Em
A autoridade viária é a responsável por implemen- caso de acidente, os custos médios com os danos
tar a decisão de mudar o desenho geométrico dos materiais nos veículos são geralmente mais elevados
cruzamentos. Os custos são suportados pelo titular nas intersecções em X que nas intersecções em T.
144 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 1.8.1: Impactos da divisão de uma intersecção em X por duas intersecções em T sobre o número de acidentes. Variação
porcentual dos acidentes.
Os resultados apresentam certa divergência, de estudos. Enquanto os estudos mais antigos compa-
modo que não é possível calcular os efeitos com- ravam diretamente os acidentes em intersecções em
binados desses estudos. Dois estudos mostram que X e em T, os mais recentes se baseiam em modelos
duas intersecções em T resultam em menos aciden- de previsão de acidentes, que talvez sejam menos
tes que uma intersecção em X, independentemente apropriados, servindo de base para prever o que
do volume de tráfego na via secundária (Abdel-Aty acontece com a divisão de uma intersecção em X
& Wang, 2006; Vogt & Bared, 1999). Outros dois em duas intersecções em T.
estudos concluem simplesmente que duas intersec-
ções em T são geralmente mais seguras que uma in- Outro fator que poderia ser uma explicação para os
tersecção em X (Brüde et al., 1998; Bared & Kaisar, resultados divergentes é a forma de divisão. Os re-
2001; ambos citados por Vadeby & Brüde, 2006). sultados de Brude e Larsson (1987) sugerem que a
divisão esquerda-direita reduz o número de aciden-
Entretanto, dois outros estudos mostram que duas in- tes (- 4%), enquanto que a divisão direita-esquerda
tersecções em T apresentam mais acidentes que uma aumenta o número de acidentes (+ 7%). A diferen-
intersecção em X, independentemente do volume ça no efeito não é estatisticamente significativa.
de tráfego na via secundária (Harwood et al., 2001;
Sayed & Rodriguez, 2001). Dois estudos mostram que O impacto da divisão de uma intersecção em X em
duas intersecções em T apresentam menos acidentes duas intersecções em T também é significativamen-
que uma intersecção em X apenas quando a propor- te influenciado por outros fatores relativos às vias,
ção do volume de tráfego na via secundária é maior como, por exemplo, o limite de velocidade e o núme-
(Greibe, 2003; Vogt, 1999). Duas intersecções em T ro de faixas, o tipo de regulamentação da intersecção
podem ser mais ou menos favoráveis ao aumento do (parada obrigatória, conversão à direita livre e presen-
tráfego na via secundária, o que varia entre os estudos. ça de semáforo) e o ambiente viário (urbano ou rural).
Não foram encontrados estudos que documentem A autoridade viária é responsável por implementar
o impacto da divisão de uma intersecção em X em a divisão de uma intersecção em X em duas em T.
duas em T nas condições ambientais. Os custos são de responsabilidade da entidade res-
ponsável pela via, que pode ser estadual, distrital e
municipal, além do conselho das vias municipais.
Custos
Tabela 1.9.1: Relação entre as interseções em desnível vs as interseções em nível e o número de acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Tipos de medidas Melhor Intervalo de
Impacto nos acidentes
estimativa confiança
Interseção em desnível em vez de interseção em nível Acidentes com feridos -45 (-58; -28)
Gravidade não especificada -22 (-31; -12)
Interseção em desnível em vez de interseção em T Acidentes com feridos -23 (-68; +86)
Gravidade não especificada -15 (-22; -8)
Interseção em desnível em vez de interseção em X Acidentes com feridos -57 (-63; -50)
Gravidade não especificada -25 (-44; +1)
Interseção em desnível em vez de interseção com semáforo Acidentes com feridos -29 (-41; -14)
Gravidade não especificada -28 (-36; -18)
Interseção em desnível completa em vez de interseção em nível Gravidade não especificada -35 (-43; -27)
Interseção em desnível completa em vez de interseção em
Gravidade não especificada -17 (-24; -8)
desnível parcial
Interseção em desnível parcial em vez de interseção em nível Gravidade não especificada -8 (-30; +21)
As interseções em trevo apresentam loops e rampas, mentos com interseções em desnível apresentaram
isto é, rampas com mudanças de direção acima de 6,6% mais acidentes que os segmentos de rodovia
270 graus, enquanto que as interseções em diamante sem interseções em desnível e, ainda, que os aci-
possuem somente rampas retas. Wold (1995) tam- dentes foram cerca de 29% mais graves nos seg-
bém aponta as interseções em diamante como o tipo mentos com interseções em desnível.
mais seguro de interseção em desnível. Há várias
possíveis explicações, como, por exemplo, o fato de a Distância entre as interseções em desnível: a dupli-
interseção em diamante possuir rampas à direita e ser cação da distância entre duas interseções em desní-
relativamente simples e direta. vel reduz o número de acidentes em cerca de 30%
(tanto o número total quanto o número de acidentes
Risco de acidentes nas interseções em desnível: as com feridos) de acordo com Bared (2007). Park et
rodovias com interseções em desnível (conforme a al. (2010) indicaram que cada rampa de entrada a
legislação rodoviária) possuem uma variedade de mais por milha (1 milha = 1,6 quilômetro), inde-
estudos que indicam que o risco de acidentes é pendente de qual seja seu sentido, conduz a um au-
maior em áreas com interseções que em áreas sem mento do número de acidentes em torno de 3% (in-
interseções (Donnell & Mason, 2004, 2006; Ca- tervalo de confiança de 95% [+1; +6]). Não foram
liendo et al., 2007; Zhang et al., 2012; Kiattikomol encontradas quaisquer relações para as rampas de
et al., 2008; Lu et al., 2014). Quanto maior for o saída. Uma distância muito curta entre uma rampa
risco dos acidentes, maior será a variação entre os de entrada e uma de saída pode exigir a adoção de
estudos (entre +7% e +164%), sendo que não é uma faixa de tráfego extra, que se estenda a partir
possível chegar a um valor de impacto geral. Além da extremidade da rampa de entrada até o início da
disso, o risco de acidentes é maior nas rampas que rampa de saída, o que reduz o risco de acidentes. O
nos segmentos retos de rodovia (3,3 vezes maior impacto é maior quanto menor for a distância entre
conforme Torbic et al., 2009). Por outro lado, os as rampas (Le & Porter, 2012).
acidentes ocorridos nas interseções em desnível
são em média menos graves que os demais aciden- Número de faixas na via principal: as interseções
tes nas rodovias (Kiattikomol et al., 2008; Manner em desnível com quatro faixas na via principal, de
& Wünsch-Ziegler, 2013), o que pode ser explica- acordo com Tielaitos (2000), apresentam 30% mais
do pela menor velocidade nas áreas de interseção. acidentes [+5; +61] que as interseções em desnível
Anastasopoulos et al. (2012) mostram que os seg- com duas faixas na via principal.
mentos de rodovia com interseções em desnível
apresentam em média 10% menos acidentes com Rampas de saída vs rampas de entrada: as rampas
vítimas que os segmentos de rodovia sem interse- de saída apresentam uma maior média para aci-
ções em desnível. Entretanto, isto não é uma regra dentes (e também mais graves) que as rampas de
geral. Caliendo et al. (2007) mostram que os seg- entrada (Johannessen, 1998; McCartt et al., 2004;
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 149
Khorashadi, 1989). As rodovias com interseções em e de 4,8%, de acordo com Bared et al. (1999). No
desnível apresentam maior risco de acidentes nas entanto, conforme Chen et al. (2009), o número de
proximidades das rampas de entrada que nas proxi- acidentes apresentou um aumento médio de 22%
midades das rampas de saída (Kopelias et al., 2007). [+12; +32] devido à duplicação do comprimento da
Os tipos de acidente mais frequentes nas rampas em faixa de desaceleração. O aumento nos acidentes é
declive são a colisão traseira e a colisão lateral no maior para as rampas de saída em seções com duas
mesmo sentido (McCartt et al., 2004). faixas do que quando há apenas uma faixa. A expli-
cação para a divergência dos resultados se deve pro-
Tipos de rampa: os riscos de acidentes nos diferen- vavelmente a diferentes comprimentos da faixa de
tes tipos de rampa foram avaliados nos seguintes desaceleração. Faixas de desaceleração mais curtas
estudos: podem causar frenagens bruscas e devem ter capaci-
dade suficiente para acomodar os veículos de modo
Bauer & Harwood, 1998 (EUA); a não formar filas no sentido da via principal (Chen
Janson et al., 1998 (EUA); et al., 2014). Por outro lado, as faixas de desacele-
Johannesen, 1998 (Noruega) e ração de maior extensão, de acordo com Chen et al.
Lord & Bonneson, 2005 (EUA). (2009) e Garcia e Romero (2006), apresentam mui-
tas possibilidades para mudanças de faixas e maior
Em geral, o maior risco de acidentes encontra-se em velocidade que nas faixas de desaceleração mais
rampas de saída com faixa de desaceleração seguida curtas, o que pode explicar uma taxa de acidentes
por loop e uma interseção em nível com a via secun- mais elevada.
dária; nesses casos, os riscos são 76% maiores [+48;
+109] que nos demais tipos de rampa. Outros tipos Comprimento da faixa de aceleração: geralmente
de rampa (entrelaçamentos, rampas retas e acessos há mais acidentes quanto maior for a diferença de
na própria rampa) apresentam taxas de acidentes velocidade entre a faixa de aceleração e a via prin-
relativamente similares. cipal (Ahammed et al., 2008). A velocidade depen-
de da formação de tráfego nas rampas de entrada e
Raio da curva nas rampas: rampas com maior raio nas faixas de aceleração. Uma faixa de aceleração
de curva, de acordo com Yates (1970), provocam de maior comprimento pode, portanto, apresentar
em média menos acidentes que as rampas com me- menos acidentes que uma faixa de aceleração de
nor raio de curva. Não foram encontrados novos es- menor comprimento. Em um estudo em que as fai-
tudos que relacionem o raio de curva aos acidentes. xas de aceleração sofreram um aumento de 100 pés
(cerca de 30 m) no comprimento, conforme Bauer
Controle de velocidade: o controle de velocidade e Harwood (1998), houve um aumento do número
regula quantos veículos em uma rampa de entrada de acidentes em torno de 9% [+6; +11]. Isso pode
podem acessar a via principal e quando. ser explicado pelo aumento da exposição ao risco,
ou seja, as faixas de aceleração mais longas não são
Faixa de desaceleração versus redução do número necessariamente mais perigosas que as faixas de ace-
de faixas: Chen et al. (2009) mostra que as áreas de leração mais curtas.
interseção em que umas das pistas da rodovia prin-
cipal se converte em rampa de saída (ou seja, o nú- Número de faixas de aceleração/desaceleração: as
mero de faixas na via principal será reduzido após a zonas de aceleração/desaceleração em que o veículo
saída das rampas) apresentam 68% mais acidentes não precise mudar de faixa mais de uma vez para
do que quando há uma faixa de desaceleração e o entrar ou sair da via principal apresentam em média
número de faixas antes e depois da rampa se man- 30% menos acidentes que na situação em que é ne-
tém inalterado. cessário trocar de faixa duas ou mais vezes (Golob
et al., 2004).
Comprimento da faixa de desaceleração: há resul-
tados de diferentes estudos sobre a relação entre o O número de faixas nas rampas e faixas extras
comprimento da faixa de desaceleração e a diminui- entre rampas de entrada e saída: Liu et al. (2010)
ção dos riscos de acidente. Um aumento na exten- aponta que as vias com curtas distâncias entre as
são da faixa de desaceleração de 10 pés (cerca de 30 interseções em desnível apresentam uma média de
m) acarreta uma redução no número de acidentes 43% [-58; -22] menos acidentes nas áreas de in-
de 7% [-13; 0], de acordo com Cirillo (1968);de terseção. Há menos acidentes quando cada rampa
11% [-27; +8], de acordo com Chen et al. (2014), de entrada e de saída possui uma faixa e quando
150 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Impactos na mobilidade
Responsabilidade e procedimentos formais
As interseções em desnível conduzem o tráfego em
pontos em que o volume é demasiadamente alto Iniciativa para a medida
para ser comportado pela interseção em nível; sen-
do assim, em rodovias em que se observa um alto A iniciativa para a construção de uma interseção em
nível de velocidade, a interseção em nível representa desnível diferente deve ser tomada pela autoridade
um elevado risco. Desta forma, é prudente afirmar viária.
que a mobilidade é aumentada na maioria dos ca-
sos. Não foram encontrados estudos que apontam
o quão grande são os impactos das interseções em Requisitos e procedimentos formais
desnível na mobilidade.
Os critérios para a escolha dos tipos de interseção
Os modelos de cálculo com base na relação geral em diferentes tipos de rodovia dependem, entre
entre o volume de tráfego, a capacidade e o tem- outros fatores, do volume de tráfego e do limite
po de espera nas interseções indicam que a média de velocidade, o que é fornecido no manual N100
de ganho de tempo por veículo nas interseções em dos Projetos Viários e de Estradas (Statens vegve-
desnível encontra-se entre 5 e 15 segundos (Elvik, sen, 2013). Se a construção de uma interseção em
1993). As faixas de aceleração nas interseções em desnível requer uma realocação das áreas regula-
desnível podem acarretar uma economia de tempo mentadas, é necessário que se tenha um plano re-
de 7 a 9 segundos por veículo, quando há 500 veícu- gulamentado. Isso será aplicável, por exemplo, se
los por hora na via principal e entre 100 e 250 veícu- as medidas forem total ou parcialmente aplicadas a
los por hora nas entradas das rampas. A economia uma rodovia já existente. A autoridade rodoviária é
de tempo aumenta entre 14 e 106 segundos por veí- responsável por garantir que o planejamento neces-
culo quando o volume de tráfego é duas vezes maior sário seja posto em prática e que as normas vigentes
(Tuovinen et al., 2002). sejam propriamente aplicadas e cumpridas.
1.10 Melhoria de pontos críticos Verifica-se que o volume de tráfego não está incluí-
do nos estudos. Muitos pontos críticos específicos
O capítulo foi revisado em 2009 por Michael W. J. nas rodovias, no entanto, estão ligados ao tráfego
Sørensen (TØI) pesado e não apresentam especificamente um alto
risco de acidentes quando comparado a locais que
não são considerados pontos críticos. (Elvik, 1993A,
Problema e finalidades Ragnøy, Christensen e Elvik, 2002).
Uma série de estudos mostra a experiência geral Mountain, Fawaz e Sineng, 1992 (Grã-Bretanha);
sobre a recuperação de locais classificados como Værø, 1992 (Dinamarca);
pontos críticos: Holmskov e Lahrmann, 1993 (Dinamarca);
Tziotis, 1993 (Austrália);
Exnicios, 1967 (EUA); Gregory e Jarrett, 1994 (Grã-Bretanha);
Malo, 1967 (EUA); Mountain et al., 1994 (Grã-Bretanha);
Wilson, 1967 (EUA); BTCE, 1995; Motha, Musidlak e Williams, 1995
Tamburri, Hammer, Glennon e Lew, 1968 (EUA); (Austrália);
Hammer, 1969 (EUA); Mountain, Jarrett e Fawaz, 1995 (Grã-Bretanha);
Dearinger e Hutchinson, 1970 (Grã-Bretanha e Legassick, 1995 (Grã-Bretanha);
EUA); Proctor, 1995 (Grã-Bretanha);
Duff, 1971 (Grã-Bretanha); Weinert, 1996 (Alemanha);
Hatherly e Lamb, 1971 (Grã-Bretanha); Corben e Hamish, 1998 (Austrália);
Karr, 1972 (EUA); Mountain, Maher e Fawaz, 1998 (Grã-Bretanha);
Hvoslef, 1974 (Noruega); Giæver; 1999 (Noruega);
OECD, 1976 (França); Corben et al.; Newstead e Corben, 2001 (Austrá-
Hatherly e Young, 1977 (Grã-Bretanha); lia);
Vodahl e Johannessen, 1977 (Noruega); Bureau of Transport Economics, 2001 (Austrália);
Jørgensen, 1979 (Dinamarca); Københavns Amt, 2001 (Dinamarca);
Statens vegvesen, 1983 (Noruega); Larsen, 2002 (Dinamarca);
Boyle e Wright, 1984 (Grã-Bretanha); Sørensen e Jensen, 2004 (Dinamarca);
Elvik, 1985 (Noruega); Statens vegvesen, 2005a (Noruega);
Lovell e Hauer, 1986 (EUA); TEB 2005, 2007 (Austrália);
Persaud, 1987 (Canadá); Meuleners et al., 2005, 2008 (Austrália) e
Christensen, 1988 (Noruega); Scully et al., 2006; Corben et al., 2008 (Austrália).
Mountain e Fawaz, 1989 (Grã-Bretanha);
Corben, Ambrose e Wai, 1990 (Austrália); Está provado que os resultados de uma pesquisa
Flagstad, 1990 (Noruega); sobre a recuperação dos chamados pontos críticos
Wong, 1990 (EUA); dependem fortemente do estudo do controle das
Lalani, 1991 (EUA); fontes de erros, e especialmente se a pesquisa fez
Retting, 1991 (EUA); um controle de regressão sobre o índice de aciden-
Sørensen, 1991 (Dinamarca); tes. A tabela 1.10.1 apresenta os resultados dos es-
Kølster, Pedersen et al., 1992 (Países Nórdicos); tudos que controlaram a ocorrência e a regressão de
Mountain e Fawaz, 1992 (Grã-Bretanha); acidentes em geral.
Tabela 1.10.1: Efeitos sobre os acidentes da recuperação dos pontos críticos. É feita uma análise geral sobre a ocorrência
e regressão dos acidentes. Variação porcentual do número de acidentes.
Nas pesquisas que não controlaram os números so- são usadas. As ações podem melhorar a mobilidade,
bre a regressão de acidentes, verificou-se considera- especialmente quando não há tráfego pesado, como
velmente maior declínio no número de acidentes do canalização no cruzamento, criação de rotatórias,
que o especificado na tabela 1.10.1. Os resultados regulamentação da sinalização nos cruzamentos,
destes estudos não são metodologicamente dura- melhoria dos sistemas de sinalização existentes e
douros e, portanto, não são apresentados aqui. melhoria da aderência da superfície da via. As me-
didas que reduzem a mobilidade são a redução dos
Alguns estudos também examinaram a possível mi- limites de velocidade e outras medidas de redução
gração dos acidentes para outros locais próximos a da velocidade. As medidas que têm poucos efeitos
locais recuperados como resultado das melhorias sobre a mobilidade são as melhorias em relação às
em pontos críticos especiais. A migração de aciden- sinalizações de direção e de curvas, melhorias em
tes significa que o número de acidentes aumentou relação à visibilidade e à recuperação da sinalização
em locais próximos aos locais reparados, ou seja, a horizontal.
ação não produziu resultado.
Tabela 1.10.2: Efeitos da recuperação de pontos críticos sobre os acidentes. São controlados pela
ocorrência de acidentes em geral, regressão e migração de acidente. Variação porcentual dos acidentes.
no Håndbok115, Análise de locais de acidentes com disponível de via pode ser determinante para evitar
anexos (Statens vegvesen, 2007, 2007a). O manual vários tipos de acidentes, como a colisão frontal e a
descreve detalhadamente como proceder. saída de pista, além de influenciar nas manobras de
ultrapassagem e parada no acostamento. Pedestres e
Para identificar os trechos perigosos, desenvolveu-se ciclistas também podem ter menos espaço para trafe-
um método que tem como base de cálculo os custos gar em vias estreitas do que em vias mais largas, espe-
dos danos. Os trechos demandam custos particu- cialmente quando há elevado fluxo de veículos.
larmente elevados no que diz respeito às principais
medidas de melhoria. O método está descrito no re- A melhoria da seção transversal das vias tem como
latório TØI 618/2002 (Ragnøy, Christensen e Elvik) finalidade proporcionar a todos os usuários maio-
e a aplicação está descrita no relatório TØI 649/2003 res margens de segurança, tornando a via mais lar-
(Ragnøy e Elvik). Desenvolve-se um programa de ga, definindo acostamentos, aumentando o número
PC, Skost, que seleciona trechos de altos custos com de faixas, implantando faixas de ultrapassagem e/
sinistros. A ferramenta TSEffekt contém um banco ou com a criação de divisões centrais (com ou sem
de dados com várias medidas de segurança viária, e separação física). Outra finalidade importante da
ela é utilizada para calcular os efeitos da aplicação seção transversal das vias é aumentar a mobilidade e
das medidas adequadas aos pontos críticos. A última a capacidade. Para outras medidas relacionadas ver
versão do programa foi em 2011, com um banco de capítulos 1.5, 3.25 e 3.26.
dados com várias medidas de segurança viária que
podem ser escolhidas para minimizar o dano. A melhoria da mobilidade muitas vezes leva ao au-
mento do volume de tráfego. Por isso, é importante
A Agência Nacional de Administração de Vias Pú- prestar atenção às alterações do volume de tráfego
blicas da Noruega (2005) descreve um método para quando são estimadas as consequências de seguran-
a auditoria de segurança de trechos perigosos. Para ça da melhoria na seção transversal. O número de
que seja feita uma auditoria, o indivíduo deve ser acidentes por veículos-km geralmente diminui em
treinado como auditor de segurança viária. O ma- função do volume de tráfego.
nual também descreve o processo e a responsabili-
dade em uma auditoria.
Descrição da medida
Responsabilidade pela execução da medida Os requisitos para a seção transversal das vias estão
estipulados nas normas viárias (Statens vegvesen,
A autoridade rodoviária é responsável pela imple- Håndbok-017, 2008). As exigências atuais estão na
mentação das decisões sobre a melhoria de pontos tabela 1.11.1.
críticos e trechos de acidentes. Os custos são res-
ponsabilidade do titular da via, ou seja, da rodovia Por exemplo, para vias principais com VDMA abai-
estadual, distrital, municipal e do conselho das es- xo de 5.000 veículos, é necessária uma faixa de 3,25
tradas municipais. metros de largura, proporcionando uma largura da
faixa de rolamento de 6,5 metros. Cada acostamen-
to deve ter 1 metro de largura, totalizando 2 metros.
1.11 Melhoria da seção transversal das A largura total da via resultaria em 8,5 metros. Para
vias vias vicinais e vias de acesso, os requisitos são menos
rigorosos, o que significa que são permitidos pista e
Capítulo revisado por Alena Høye (TØI) em 2007 acostamento mais estreitos.
Tabela 1.11.1: Requisitos para a seção transversal das vias nas normas viárias.
Limite de Volume diário Largura Largura Diferentes Largura
Número de
Classe velocidade médio anual- da faixa do acostamento sentidos de da via
faixas
(km/h) VDMA (veículos) (m) (m) condução1 (m)
Vias principais
P1 60 < 12,000 2 3.25 1.00 - 8.5
P2 80 < 4,000 2 3.25 1.00 - 8.5
P3 90 < 4,000 2 3.25 1.00 - 8.5
P4 80 4,000 - 8,000 2 3.50 1.00 FC 1m 10.0
P5 90 8,000 - 12,000 2 3.75 1.50 DG 1,5m 12.5
P6 60 > 12,000 4 3.25 0.75 DGu 16.0
P7 80 > 12,000 4 3.50 1.50 DG 2m 19.0
P8 100 12,000 - 20,000 4 3.50 1.50 DG 2m 19.0
P9 100 > 20,000 4 3.50 3.00 DG 2m 22.0
Outras rodovias
R1 80 < 1,500 2 2.75 0.50 - 6.5
R2 80 1,500 - 4,000 2 3.00 0.75 - 7.5
Vias vicinais
Vv1 50 < 1,500 2 2.50 0.5 - 6.0
Vv2 50 > 1,500 2 2.75 0.5 / 0.25 - 6.25
Vv3 80 < 1,500 2 2.75 0.5 - 6.5
Vias de acesso
Va1 30 1 4.00 0.5 - 5.0
Va2 50 2 3.00 0.5 - 7.0
Va3 50 1 4.00 0.0 - 4.0
1
FC: faixa central; DG: divisão central com gradil; DGu: divisão central com guia.
dos da tabela 1.11.2 baseia-se em muito poucas pes- Bus (2000) pesquisou o impacto do aumento do nú-
quisas. Para o impacto nos acidentes com vítimas mero de faixas sem alteração na largura da via existen-
do aumento do número de faixas de 2 para 4, há 26 te sobre a velocidade e sobre os acidentes. O número
estimativas. Elas não parecem que foram afetadas de faixas foi aumentado de 2 para 3 ou de 3 para 4
pelo viés de publicação. nos dois sentidos e, ao mesmo tempo, as faixas e os
acostamentos ficaram mais estreitos. Não foi encon-
Quase nenhum resultado é estatisticamente signifi- trado nenhum impacto significativo no número de
cativo. O efeito do aumento do número de faixas acidentes. A velocidade média de condução aumen-
de 1 para 2 (que é o único que mostra um aumento tou 21%, V85 (85o percentil, a velocidade que não é
significativo no número de acidentes), é baseado em excedida por 85% dos veículos) aumentou 10% e o
apenas uma pesquisa de 1968. O efeito global de to- desvio padrão da velocidade de condução diminuiu.
das as medidas para aumentar o número de faixas é Além disso, o número de filas diminuiu 58%.
igual a zero. Em razão dos resultados inconsistentes,
é absolutamente duvidoso que os efeitos combina- Análises de regressão: várias pesquisas que não es-
dos sejam significativos. Foi encontrada uma redu- tão incluídas nos impactos da tabela 1.11.2 utiliza-
ção do número de acidentes resultantes da redução ram modelos de regressão: Forckenbrock & Foster
do número de faixas, que se baseou em três estima- (1997), Harnen et al.(2003), Milton & Mannering
tivas de efeito de apenas uma pesquisa. (1998), Milton & Mannering (1996), Noland &
Oh (2004), Poch & Mannering (1996), Sawalha
Todos os impactos, como mostra a tabela 1.11.2, & Sayed (2001) e Shankar, Milton & Mannering
foram baseados em testes em que o risco de aciden- (1997). Quase todos os estudos encontraram um
tes foi calculado como o número de acidentes por risco maior de acidentes em vias com várias faixas.
veículos-km. Não foi levado em consideração que Uma exceção é a pesquisa de acidentes envolvendo
o risco de acidente muda em função da densidade motocicletas em interseções na Malásia (Harnen et
de tráfego. Se as pesquisas tivessem controlado a re- al., 1996), que apontou que o número de acidentes
lação entre a densidade da corrente de tráfego e o envolvendo motocicletas diminuiu com o aumento
risco de acidentes, é possível que várias delas tives- do número de faixas. No entanto, é possível que isso
sem encontrado um aumento do risco de acidentes. se deva a limitações metodológicas da pesquisa.
Tabela 1.11.2: Impacto do aumento no número de faixas nos acidentes. Variação porcentual no número de acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes
Especificação da medida Melhor Intervalo de
Gravidade
estimativa confiança
2 faixas em vez de 1 não especificada +73 (+67; +79)
2 faixas em vez de 1 e aumento da largura da faixa de rolamento Acidentes com vítimas +1 (-20; +28)
3 faixas em vez de 2 Acidentes com vítimas +9 (-17; +44)
Acidentes com danos materiais +78 (+27; +150)
Gravidade não especificada +26 (-3; +65)
4 faixas em vez de 2* Acidentes com vítimas -11 (-25; +5)
Acidentes com danos materiais -7 (-31; +25)
não especificada -12 (-23; +2)
3 ou 4 faixas sem acostamento asfaltado em vez de
não especificada +33 (-61; +354)
2 ou 3 faixas com acostamento asfaltado
6 faixas em vez de 4 Acidentes com vítimas -5 (-35; +40)
Acidentes com danos materiais -1 (-45; +77)
não especificada -2 (-29; +33)
4 ou mais faixas em vez de 3 ou menos faixas não especificada -16 (-53; +49)
Uma faixa nova não especificada -1 (-20; +22)
Aumento no número de faixas (todas as especificações) não especificada 0 (-7; +7)
Número de faixas reduzido (2 no lugar de 4) não especificada -44 (-59; -22)
*Os impactos que foram calculados usando modelos de efeito fixo têm sinais contrários e são significativamente diferentes dos resultados calculados
usando modelos de efeito aleatório (aqui são mostrados os resultados dos modelos de efeito aleatório).
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 159
Área urbana vs área rural: a análise na edição an- um impacto significativo para os acidentes em geral,
terior desta obra mostrou impactos diferentes em mas não para os acidentes fatais.
áreas urbanas e rurais, mas sem quaisquer resultados
sistemáticos. Bauer e Harwood (2000) relataram um Cálculos com dados de acidentes da Noruega mos-
menor risco de acidentes em vias com 4 ou mais fai- tram que o aumento do número de faixas tem o
xas que em vias com 3 ou 2 faixas em áreas rurais, efeito oposto sobre o número de acidentes por mi-
e em áreas urbanas o efeito foi inverso. Harwood lhão de veículos-km e sobre os custos dos danos
(1986) relatou um risco de acidente reduzido em vias por veículos-km. Em vias com 4 faixas, o número
com várias faixas também em áreas urbanas (4 faixas de acidentes por veículos-km é aproximadamente
sem divisão central vs 2 faixas). 25% maior que em vias com 2 faixas. Os custos dos
danos por veículos-km, porém, é aproximadamente
Padrão viário e ambiente de tráfego: além das aná- 25% menor em vias com 4 faixas do que em vias
lises de regressão, a maioria das pesquisas sobre o com 2 faixas. Os custos para danos de acidentes em
impacto do número de faixas para a segurança viá- vias de 2 e 4 faixas com limites de velocidade entre
ria são estudos transversais em que os acidentes nas 50 e 80 km/h são mostrados na figura 1.11.1 para
vias com números diferentes de faixas são compa- vias com VDMA de 10.000 veículos. As estimativas
rados em um dado período. Há algumas pesquisas são baseadas em um modelo de regressão em que
de antes e depois do aumento do número de faixas. se leva em consideração o VDMA. Os custos dos
Uma possível fonte de erro nessas pesquisas pode danos são afetados pelo risco e pela gravidade dos
estar nas diferentes características das vias com di- acidentes. Consequentemente, na Noruega a gravi-
ferentes números de faixas. As vias com múltiplas dade dos acidentes em vias de 4 faixas é menor que
faixas estão presentes principalmente nas cidades a dos acidentes que ocorrem em vias de 2 faixas.
e em outros lugares com um ambiente de tráfego Uma possível explicação é que as vias de 4 faixas
complexo. Em vias com passagem em nível, as in- geralmente têm melhor padrão, apresentam divisão
terseções ficam tanto maiores quanto mais compli- central e barreiras laterais que reduzem o risco de
cadas quando o número de faixas aumenta. colisões frontais e de acidentes com saída de pista.
Também não houve controle para diferentes níveis Conclusão: não é possível estabelecer nenhuma
de velocidade. Com o aumento do número de fai- conclusão simples sobre a relação entre o número
xas, pode-se esperar uma velocidade mais elevada de faixas e os acidentes, pois os impactos depen-
se todo o resto permanecer igual. Supõe-se que o dem de muitos outros fatores. Em muitos casos o
aumento da velocidade pode acontecer especial- aumento do número de faixas não é uma medida
mente em vias que tinham muito pouca capacidade particularmente promissora de segurança, mas leva
anteriormente e passam a ter capacidade suficiente a melhorias significativas na mobilidade.
com o aumento do número de faixas. Além de velo-
cidade mais alta, tem-se também maior oportunida-
de de mudança de faixa e de ultrapassagens, o que Largura da via
representa um novo risco.
Muitas pesquisas foram realizadas na Noruega, Sué-
O efeito do número de faixas depende da existência cia, Dinamarca, EUA e Austrália acerca do impacto
ou não de divisão central na via. Council e Stewart da largura da via no número de acidentes. Os resul-
(1999) não encontraram nenhuma diferença no ris- tados aqui apresentados têm por base as seguintes
co de acidentes entre vias de 2 faixas e de 4 faixas pesquisas:
sem divisão central, mas sim um risco reduzido de
acidentes em vias de 4 faixas com divisão central. Brüde & Nilsson (1976);
Brüde & Larsson (1977);
Gravidade do acidente: o aumento do número de Brüde, Larsson & Thulin (1980);
faixas parece ter efeitos diferentes para diferentes Nordtyp-projektgruppen (1980);
gravidades do acidente, embora isso não seja mos- Vejdirektoratet (1980);
trado na tabela 1.11.2. Na pesquisa realizada pela Muskaug (1981);
Forckenbrock & Foster (1997), a taxa de aciden- Björketun (1984);
tes fatais dentre todos os acidentes com vítimas foi Krenk (1985);
44% mais baixa em vias de 4 faixas que em vias de Muskaug (1985);
2. Ao contrário, Noland & Oh (2004) encontraram Statens Vägverk (1985A);
160 O Manual de Medidas de Segurança Viária
1,2
2 faixas (80 km/t)
1,1
4 faixas (80 km/t)
1,0 2 faixas (50 km/t)
4 faixas (50 km/t)
0,9
0.8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Custos de danos Acidentes por
(NOK por veículos-km) veículos-km
Zegeer & Deacon (1987); da via reduz o número de acidentes em áreas rurais,
English, Loxton & Andrews (1988); mas pode levar ao aumento do número de acidentes
Björketun (1991); em áreas urbanas. O aumento da largura da via que
Elvik (1991A) e fundamenta os valores acima citados é geralmente
Corben et al. (1996). de 1 a 3 metros. Uma possível explicação para o fato
do aumento da largura da via não parecer reduzir
Com base nestes estudos, o impacto do aumento da o número de acidentes em áreas urbanas é que vias
largura da via no número de acidentes pode ser esti- mais amplas em cidades e aglomerações proporcio-
mado conforme se observa na tabela 1.11.3. nam interseções mais amplas, de modo que os pe-
destres levam mais tempo para atravessá-las, ou que
Nas pesquisas como um todo, o aumento da largura o aumento da largura da via acaba sendo usado para
da via reduz o número de acidentes em 7%. Exis- estacionar veículos. O aumento da velocidade, devi-
tem diferenças entre a gravidade e entre o tipo de do ao aumento da largura da via, também pode con-
ambiente (rural e urbano). O aumento da largura tribuir para mais acidentes. Nas áreas rurais, há me-
nos interseções e menos trânsito de pedestres; desta de rolamento no número de acidentes foi estimado
forma, o aumento na largura da via pode fazer mais conforme mostra a tabela 1.11.4.
sentido em termos de segurança, pois o aumento do
nível de velocidade representa um impacto menor Os resultados são inconsistentes. Para as pesquisas
para a segurança que nas cidades. como um todo, o aumento da largura da faixa de
rolamento de 0,3-0,5 m tem como resultado uma
Os resultados não especificam se a maior largura na pequena e estatisticamente insignificante redução
via é alcançada com o aumento da largura das faixas no número de acidentes.
de rolamento ou da largura dos acostamentos ou,
ainda, com o estabelecimento de divisão central. Os Os resultados que fazem a diferenciação entre tre-
impactos da largura da via, da largura dos acosta- chos retos e curvas são baseados na pesquisa de Tsy-
mentos e da pavimentação do acostamento são des- ganov et al. (2005). Com faixas mais largas, o risco
critos a seguir. de acidentes aumenta em trechos retos, mas é redu-
zido nas curvas. O efeito para as curvas, no entanto,
Um estudo dos EUA (Garber e Erhard, 2000), que não é estatisticamente confiável.
considerou a densidade do tráfego e o desvio pa-
drão da velocidade como controles, não encontrou O aumento da largura de uma faixa de rolamento
nenhuma relação entre a largura da via ou a largura mais estreita que o permitido nas normas viárias para
do acostamento e o número de acidentes. uma largura dentro da norma parece aumentar o nú-
mero de acidentes com vítimas, mas reduzir o número
de acidentes com danos materiais. Os resultados refe-
Largura da faixa de rolamento rentes aos acidentes com gravidade não especificada
baseiam-se em uma pesquisa americana (Zege, Deen
A influência da largura da via para o número de aci- & Mayes, 1981) que também incluiu os acidentes com
dentes foi pesquisada em vários estudos que com- danos materiais nos dados. O aumento da largura de
pararam vias com diferentes larguras de faixa de uma faixa de rolamento que já estava dentro do exigi-
rolamento: do em normas (ou seja, de uma faixa que está dentro
das menores dimensões normatizadas para uma largu-
Thorson & Mouritsen (1971); ra maior) reduz o número de acidentes.
Zegeer, Deen & Mayes (1981);
Rosbach (1984) e Harwood (2003) realizou um estudo da literatura e
Tsyganov et al. (2005). concluiu que não há consenso sobre como a largura
das faixas afeta a velocidade e os acidentes. Também
Os aumentos na largura da faixa de rolamento pes- não foi encontrada nenhuma relação sistemática en-
quisados foram de 0,3-0,5 metro. Com base nestes tre a velocidade de projeto (relacionada à largura
estudos, o impacto do aumento da largura das faixas das faixas) e o nível real de velocidade.
Modelos de regressão: em várias pesquisas foram xas. Tanto a largura da faixa de rolamento quanto
elaborados modelos de regressão para analisar o o número de faixas não têm um impacto significa-
impacto da largura da faixa de rolamento: Abdel tivo no número de acidentes.
-Aty Radwan (2000), Harnen et al.(2003), Milton • Limite de velocidade: de acordo com Milton
& Mannering (1996), Milton & Mannering (1998), & Mannering (1996), muitas vezes as faixas são
Noland & Oh (2004), Noland & Oh (2004), Stra- mais estreitas em vias com limites de velocidade
thman et al. (2001), Vogt & Bared (1998). mais baixos. Isso pode ajudar a reduzir o risco de
acidentes em vias com faixas estreitas, embora o
Os resultados são tão divergentes quanto os resul- risco de acidentes aumente em faixas estreitas se
tados mostrados na tabela 1.11.4. O aumento da todo o resto permanecer inalterado.
largura da faixa de rolamento leva ao aumento do • Largura do acostamento: Hanley, Gibby & Ferra-
risco de acidentes segundo metade das pesquisas e ra (2000) encontraram menos acidentes com o au-
à redução do risco, de acordo com a outra metade. mento de ambas a largura da faixa de rolamento e
Na pesquisa de Noland & Oh (2004), que se baseia a do acostamento.
no maior número de acidentes, o impacto sobre o • Trecho reto vs curvas: Tsyganov et al. (2005) en-
número de mortes é maior que sobre os acidentes contraram um aumento significativo no número de
em geral. Houve controle tanto para a largura dos acidentes apenas em trechos retos, mas não em cur-
acostamentos quanto para o número de faixas (e di- vas. (ver os resultados apresentados anteriormente)
versas outras variáveis). • Área urbana vs área rural: o impacto parece ser
diferente entre áreas mais e menos densas em ter-
Variáveis moderadoras: há vários efeitos possíveis mos de população (ver os resultados apresentados
de interação entre a largura da faixa de rolamento e anteriormente).
outras características da via, o que pode explicar os • Largura do acostamento e raio de curva: Hanley
resultados divergentes: et al. (2000) examinaram o impacto de diferentes
medidas de melhorias em curvas horizontais. De
• Objetivos do aumento da largura: o impacto da acordo com essa pesquisa, o aumento da largura
largura da faixa de rolamento nos acidentes pare- do acostamento e da largura da faixa de rolamento,
ce ser influenciado pelo objetivo do aumento da sem mudança de raio de curva, leva a um aumen-
largura (Harwood, 2003). Quando a largura da to significativo, 47%, no número de acidentes. O
faixa de rolamento é reduzida para que seja ins- aumento da largura do acostamento ou da largura
talada uma faixa de conversão para esquerda em da faixa em combinação com o aumento do raio
pista de mão dupla no meio da via, os acidentes de curva não tem nenhum impacto nos acidentes.
normalmente diminuem de 24% a 53%. Quando
a largura da faixa de rolamento é reduzida para Conclusão: a largura da faixa de rolamento parece
aumentar o número de faixas, o risco de acidente afetar o número de acidentes, mas o efeito depen-
ou permanece inalterado ou aumenta, especial- de de vários fatores e pode ser positivo ou negativo
mente nas interseções. para a segurança. Tem-se que a mobilidade é melhor
• Faixa de largura extra: pesquisas da Baviera e do em vias com faixas mais largas.
Canadá (Frost & Keller, 1990) mostraram que fai-
xas extralargas levam a uma melhor mobilidade,
menos ultrapassagens, menor porcentual de veí- Faixa de ultrapassagem
culos em comboio, maior velocidade e mais veí-
culos acima do limite de velocidade. Apesar do Em trechos retos com grandes diferenças de veloci-
impacto sobre a velocidade, houve menos aciden- dade para diferentes tipos de veículos podem surgir
tes e eles foram de menor gravidade (0,5 ao invés filas e situações de irritação dos condutores, o que
de 0,6 acidente por milhão de veículos-km, 160 pode levar a ultrapassagens mais arriscadas. Pode
ao invés de 210 feridos por 100 acidentes), o que haver também longos aclives ou trechos com um
é explicado pela redução do número de conflitos grande número de veículos pesados. Com a constru-
entre veículos. ção de uma faixa adicional em subidas (ou seja, uma
• Número de faixas: Abdel-Aty & Radwan (2000) faixa de ultrapassagem), esses problemas podem ser
incluíram a relação entre a largura da faixa de ro- reduzidos. O impacto das faixas de ultrapassagem
lamento e o número de faixas em modelo de re- no número de acidentes foi estimado com base nes-
gressão. O número de acidentes é menor em vias tes estudos da Suécia, Finlândia e Estados Unidos
com faixas largas e com número reduzido de fai- (tabela 1.11.5):
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 163
Tabela 1.11.5: Impactos da faixa de ultrapassagem no número de acidentes. Variação porcentual no número de acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade do acidente
Acidentes afetados Melhor estimativa Intervalo de confiança
Faixa de ultrapassagem unilateral (trecho curto com 3 faixas)
Acidentes com vítimas Todos os acidentes -13 (-27; +4)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes -18 (-27; -7)
Gravidade não especificada Todos os acidentes -15 (-23; -7)
Gravidade não especificada Acidentes na faixa de ultrapassagem -30 (-37; -22)
Gravidade não especificada Acidentes antes e depois da faixa de ultrapassagem -20 (-35; 0)
Faixa de ultrapassagem bilateral (trecho curto com 4 faixas)
Acidentes com vítimas Todos os acidentes -40 (-55; -25)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes -6 (-37; +42)
Sinclair & Knight (1971); com vítimas (-24%) que em acidentes com danos
Statens Vägverk (1979); materiais (-15%).
Harwood & St John (1985);
Tiehallinto (1998); Para ambos os tipos de faixas de ultrapassagem, há
Mutabazi Russell & Stokes (1999) e um número muito pequeno de estimativas de im-
Potts & Harwood (2004). pactos para que fosse possível testar o viés de pu-
blicação.
A faixa de ultrapassagem unilateral (em apenas um
sentido de fluxo) reduz o número total de acidentes Potts & Harwood (2004) pesquisaram o efeito da
em 15%. O impacto sobre os acidentes com vítimas faixa de ultrapassagem em vias com duas faixas e
e sobre acidentes com danos materiais é pratica- diferentes densidades de tráfego (com VDMA entre
mente igual. Atenta-se para o efeito da faixa de ul- 5.000 e 12.000 veículos). O efeito da faixa de ultra-
trapassagem nos trechos antes e depois da mesma, passagem é maior nas rodovias com maior VDMA,
pois seria razoável que os acidentes aumentassem de modo que a relação entre o VDMA e o impacto
nesses trechos, uma vez que uma faixa de ultra- é praticamente linear e crescente.
passagem aumenta o número de ultrapassagens e,
portanto, o nível de velocidade (Statens Vägverk, Forckenbrock & Foster (1997) elaboraram modelos
1979). Statens Vägverk (1979) e Tiehallinto (1998) de regressão com várias características viárias como
relataram reduções na taxa de acidentes tanto na preditores. A eliminação de todos os obstáculos
faixa de ultrapassagens como nos trechos antes e para ultrapassagem reduz o número de acidentes
depois da mesma. A diminuição é maior na faixa de em 15% (e o efeito é estatisticamente significativo).
ultrapassagem. Pode-se explicar a redução de aci- Entre outros, houve controle do número de faixas.
dentes nas proximidades de uma faixa de ultrapas-
Conclusão: medidas que melhoram as oportunida-
sagem pelo fato de muitos condutores desistirem
des de ultrapassagem reduzem o número de aciden-
de ultrapassar antes e ultrapassarem nas proximi-
tes e levam a uma melhor mobilidade.
dades de uma faixa de ultrapassagem. Na Finlândia
(Tuovinen & Enberg, 2003), foram pesquisados os
impactos de linhas contínuas e faixa única no final
Acostamento
de uma faixa de ultrapassagem. As linhas contínuas
levam a ultrapassagens menos perigosas e em me- A importância dos acostamentos fora dos limites da
nor número. pista de rolamento foi investigada na Dinamarca e
nos Estados Unidos:
Faixas de ultrapassagem bilaterais (nos dois senti-
dos de fluxo) levam a uma grande redução do nú- Zegeer, Deen & Mayes (1981);
mero de acidentes com vítimas, mas não parecem Rogness, Fambro & Turner (1982);
reduzir o número de acidentes com danos materiais. Rosbach (1984);
Frost & Morrall (1998) encontraram um impacto Wang et al. (1998) e
maior em acidentes fatais (-28%) e em acidentes Brown & Tarko (1999).
164 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Os efeitos de acostamentos mais largos, que são Zegeer, Deen & Mayes (1981);
quase tão largos quanto uma faixa normal, foram Barbaresso e Bair (1983);
pesquisados por Heidemann, Bäumer, Hamacher & Rosbach (1984);
Hautzinger (1998). Navin & Appeadu (1995) e
Wang et al. (1998).
Com base nestes estudos, estimou-se o impacto da
construção de acostamentos no número de aciden- A pavimentação do acostamento foi pesquisada por:
tes, conforme a tabela 1.11.6.
Corben (1996);
As rodovias com acostamento (geralmente com Ogden (1997) e
0,3a1 m de largura) têm, de acordo com estas pes- Wang et al. (1998).
quisas, aproximadamente 15% menos acidentes
que as rodovias sem acostamento. Isso diz respeito Com base nessas pesquisas, o impacto nos acidentes
a trechos em áreas rurais. O impacto nos acidentes é estimado tal como mostra a tabela 1.11.7.
com danos materiais parece ser maior que o impac-
to nos acidentes com vítimas, mas o resultado para o O aumento da largura do acostamento parece redu-
primeiro baseia-se em apenas uma pesquisa. zir o número de acidentes, especialmente o número
de acidentes com vítimas em rodovias.
O impacto do acostamento foi pesquisado em um es-
tudo utilizando modelos de regressão. Brown & Tarko As vias foram divididas em diferentes categorias
(1999) encontraram uma redução grande e significati- de largura na maioria das pesquisas, e há diferen-
va no número de acidentes em vias com acostamento. tes categorias que foram comparadas, de modo que
também não é possível calcular a relação entre o
O impacto de acostamentos extralargos foi exami- aumento da largura do acostamento e o tamanho
nado em vias de 4 e 6 faixas com divisão central, do impacto. Os estudos incluem os acostamentos
barreira central e lateral com diferentes VDMAs (de pavimentados e os não pavimentados. Não se pode
10.000 veículos até acima de 40.000 veículos). En- ignorar a existência de muitas diferenças entre vias
controu-se uma significativa redução do número de com acostamentos estreitos e mais largos, e é pos-
acidentes com vítimas. O impacto é maior em vias sível que os resultados se devam em parte a outros
com VDMA elevado. Acostamentos largos podem fatores além da largura dos acostamentos.
evitar acidentes de saída de pista e também ofere-
cem a possibilidade de o veículo ser parado sem A pavimentação do acostamento parece levar a
se tornar um obstáculo para os usuários das faixas uma grande e significativa redução do número de
de rolamento. Estima-se também uma redução dos acidentes, tanto para acidentes com saída de pista
congestionamentos. quanto para outros tipos de acidentes.
Tabela 1.11.7: Impactos do aumento da largura e da pavimentação do acostamento no número de acidentes. Variação
porcentual no número de acidentes. Fonte: TØI.
Variação porcentual no número de acidentes
Especificação da medida
Gravidade do acidente Melhor estimativa Intervalo de confiança
Aumento da largura do acostamento (rural) Acidentes com vítimas -18 (-27; -7)
não especificada -12 (-23; 0)
Aumento da largura do acostamento (urbano) não especificada -27 (-43; -8)
Pavimentação do acostamento não especificada -37 (-48; -24)
Shankar, Milton & Mannering (1997), Strathman et barreira quando eles esperam a continuação do
al. (2001), Vogt & Bared (1998), Wang et al. (1998). acostamento.
• Volume de tráfego: Zegeer et al. (1994) não en-
A maioria das pesquisas encontrou um risco signifi- contraram correlação entre o acostamento e o ris-
cativamente baixo de acidente em vias com acosta- co de acidentes em vias de duas faixas em áreas
mentos mais largos ou um aumento de com acosta- rurais com baixo VDMA (abaixo de 2.000 veícu-
mentos mais estreitos (abaixo de 1,5m). los) e concluíram que o impacto provavelmente
depende da densidade de tráfego.
Duas pesquisas indicaram um aumento no risco
de acidentes com acostamentos mais largos: Ivan, Conclusão: acostamentos mais largos e pavimenta-
Wang & Bernardo constataram vários acidentes dos levam a menos acidentes na maioria das circuns-
individuais em vias com acostamentos mais largos, tâncias.
mas esta pesquisa baseia-se em apenas poucos aci-
dentes; Strathman et al. (2001) encontraram um au-
mento no risco em rodovias com acostamentos mais
largos, mas não em outros tipos de vias. Largura da faixa de rolamento e do acostamento
Tabela 1.11.8: Impacto de alterações na divisão da largura de via entre faixas e acostamentos nos acidentes. Variação
porcentual dos índices de acidente. Fonte: TØI.
Variação porcentual no número de acidentes
Especificação da medida
Gravidade do acidente Melhor estimativa Intervalo de confiança
Faixas mais estreitas e acostamentos mais largos Acidentes com vítimas -7 (-10; -2)
Faixas mais largas e acostamentos mais estreitos Acidentes com vítimas -5 (-16; +7)
Acidentes com danos materiais -8 (-17; +3)
166 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Os resultados são inconsistentes. O número de aci- acentuados é a área de escape para veículos pesa-
dentes parece diminuir com o estreitamento das fai- dos. O efeito depende, entre outros fatores, de quão
xas e o alargamento dos acostamentos e vice-versa, longo e íngreme é o declive, se há curvas horizontais
ou seja, quando as faixas são alargadas e os acosta- nele e as condições do terreno lateral à via (Abdel
mentos, estreitados. Isso pode ser devido ao efeito Wahab & Morral,1997). Não foram encontradas
de regressão para a média. É também possível que a pesquisas acerca do impacto nos acidentes.
própria mudança leve à redução de acidentes (efeito
Hawthorne). Em dois estudos mais antigos, o im-
pacto do aumento da largura das faixas foi compa- Impacto na mobilidade
rado ao aumento da largura dos acostamentos (Zege
et al., 1981; Turner et al., 1981). O aumento da lar- O projeto de seção transversal das vias é de grande
gura das faixas teve maior impacto que o aumento importância para a sua capacidade, para a experiên-
da largura dos acostamentos. cia de velocidade dos condutores e para o nível de
velocidade. O aumento da capacidade muitas vezes
Zegeer et al. (1994) identificaram uma interação entre leva a um aumento do volume de tráfego, o que, em
a largura das faixas e dos acostamentos. Faixas mais longo prazo, pode levar a mais acidentes, mas a um
estreitas requerem acostamentos mais largos para risco reduzido de acidentes.
que se alcance um efeito positivo sobre acidentes.
Número de faixas: as vias com mais faixas de ro-
Conclusão: os resultados não esclarecem qual alter- lamento têm maior capacidade que as vias com
nativa entre acostamentos mais largos e faixas mais poucas faixas. Nas vias com mais de duas faixas, há
largas proporciona uma melhor segurança para de- mais possibilidades de ultrapassagem, de modo que
terminada largura de via. a velocidade média também tende a ser mais alta.
Bus (2000) pesquisou o efeito do aumento no núme-
ro de faixas, sem alterar a largura da via existente.
Largura de ponte A velocidade média de condução aumentou 21%,
V85 (85o percentil, a velocidade que não é excedida
Quando a seção de uma ponte é mais estreita que a por 85% dos veículos) aumentou 10% e o desvio
seção da via, em geral o risco de acidentes aumen- padrão da velocidade de condução diminuiu. Além
ta; por outro lado, o aumento da largura da ponte disso, o número de filas diminuiu em 58%.
reduz o risco de acidentes. Foram encontradas duas
pesquisas que estudaram o impacto do aumento da Largura da via: uma via estreita aumenta a percep-
largura das pontes nos acidentes: Mak (1987) e Cor- ção da velocidade, enquanto uma via mais larga a
ben et al. (1996). O efeito combinado do aumento enfraquece. Em vias mais estreitas, a tolerância da
da largura das pontes é uma redução significativa de permanência ao lado de outro veículo também é
35% (-51%; -14%). menor que em vias mais largas, com faixas e acosta-
mentos mais largos, considerando-se o mesmo nível
Quando uma ponte é mais de 2m mais estreita que a de velocidade. Assim, pode-se conduzir mais rápido
via, o risco de acidentes aumenta em 43% (Mak, 1987). em uma via mais larga que em uma via mais estreita
A pavimentação dos acostamentos sobre as pontes não com os mesmos requisitos para se conduzir lado a
mostrou efeito significativo no número de acidentes, lado com outro veículo. Portanto, não é surpreen-
de acordo com Corben et al.: -7% (-44%; +55%). dente que a velocidade seja mais alta em vias mais
Não foram encontrados estudos comparativos sobre largas que em vias mais estreitas. Uma pesquisa sue-
o risco de acidentes em pontes e em trechos retos com ca (Nilsson, Rigefalk e Koronna-Vilhelmsson, 1992)
seções transversais comparáveis. Porém, os resultados apresentou as seguintes velocidades médias em vias
de Mak e Corben et al. indicam que a largura da ponte com larguras diferentes (tabela 1.11.9).
tem influência significativamente maior nos acidentes
que a largura da via, segundo Hauer (1999). Uma pesquisa norueguesa (Sakshaug, 1986) sobre
fatores que afetam a velocidade média do tráfego
em determinado limite de velocidade mostrou que,
Áreas de escape para veículos pesados a cada metro aumentado na largura da via, a velo-
cidade aumenta em 1,4 km/h para um limite de ve-
Uma medida que tem como finalidade prevenir aci- locidade de 50 km/h e em 0,6 km/h em vias com
dentes de saída de pista com caminhões em declives limite de velocidade de 80 km/h.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 167
Largura da faixa de rolamento: a velocidade tende a e Sisiokipu, 1997). Fridstrøm e Ingebrigtsen (1991)
ser mais alta em faixas mais largas. Em faixas extra- encontraram índices de acidentes reduzidos quan-
largas na Baviera e no Canadá (Frost & Keller, 1990), do a relação volume/capacidade é maior, de modo
a mobilidade mostrou-se significativamente melhor que o número de mortos apresentou uma redução
que em vias com faixas de largura normal. Houve mais proporcionalmente maior que o número de feridos.
ultrapassagens, um menor número de veículos que Os resultados podem ser explicados pelo fato de a
conduziam próximos uns dos outros, uma velocidade velocidade ser reduzida quando a relação volume/
mais alta e mais veículos acima do limite de velocidade. capacidade atinge ou extrapola seu limite máximo.
Em um trânsito mais denso, os tipos de acidentes
Harwood (1990) encontrou uma relação entre a lar- são também diferentes dos acidentes em situações
gura da faixa e sua capacidade: em relação à faixa com de tráfego menos denso: a taxa de acidentes indivi-
12 pés (aproximadamente 3m) a capacidade das vias duais (um veículo que sai da pista ou capotamentos)
com faixas de 11 pés diminuiu 3%; em vias com faixas é mais baixa quando a densidade de tráfego é alta.
de 10 pés, 7%; e em vias com faixas de 9 pés, 10%. Os acidentes individuais muitas vezes têm conse-
quências mais graves que os acidentes envolvendo
Faixa de ultrapassagem: a faixa de ultrapassagem au- vários veículos. Quando melhorias na seção trans-
menta a mobilidade. Um estudo realizado nos EUA versal da via aumentam a capacidade em relação ao
(Harwood e St John, 1985) mostrou que a velocida- volume de tráfego (ou seja, se o aumento da capaci-
de média aumentou 3,5 km/h nos trechos com faixa dade é maior que o aumento do volume de tráfego
de ultrapassagem (nível de velocidade: 85 km/h). A decorrente), geralmente o fluxo de trânsito, a mo-
taxa de veículos em fila diminuiu de 35% imediata- bilidade e a segurança melhoram (Harwood, 1995).
mente antes da faixa para 21% na faixa e 29% ime-
diatamente depois da faixa de ultrapassagem. As vias O aumento da mobilidade também pode melhorar
pesquisadas tiveram um volume de tráfego horário a segurança viária se a densidade de tráfego aumen-
(no período diurno) de 35 a 560 automóveis. tar. Quando não se foca especialmente em vias com
capacidade insuficiente em relação ao volume de
Acostamentos: os acostamentos podem melhorar a tráfego, o aumento da densidade de tráfego leva
mobilidade, oferecendo a possibilidade de o veículo à redução do risco de acidentes. Ivan et al. (2000)
ser parado sem se tornar um obstáculo ao trânsito encontraram um aumento no número de acidentes
das faixas. Eles também podem contribuir para re- quando o volume de tráfego é menor que a capa-
duzir as filas (Heidemann et al., 1998). cidade. Os índices na Noruega mostram que o nú-
mero de acidentes por milhão de veículos-km são
Mobilidade vs segurança: as medidas que afetam menores quando o VDMA aumenta.
a capacidade da via podem ter impactos diferen-
tes na segurança e na mobilidade. Se uma melhor
mobilidade leva ao aumento da velocidade, o risco Impacto no meio ambiente
de acidentes pode aumentar devido aos efeitos da
velocidade nos acidentes. Uma mobilidade reduzi- Não foram encontradas pesquisas sobre como as
da pode reduzir o risco de acidentes. Existem vá- melhorias da seção transversal das vias atuam no
rios estudos que mostram que a formação de filas meio ambiente. O aumento no número de faixas e
pode ter um efeito de redução de acidentes (Zouh na largura da via aumenta a área de superfície utili-
168 O Manual de Medidas de Segurança Viária
zada para o deslocamento. Se as melhorias da seção custo de tempo é estimado em NOK 155/h. Isto é
transversal da via levam ao aumento da velocidade baseado em Killi (1999), na composição do fluxo de
e a um maior volume de tráfego, isso também terá veículos, no propósito e na duração das viagens. A
impactos ambientais negativos. Uma via larga pode tabela 1.11.10 mostra as reduções de custos estima-
representar uma barreira maior para a travessia de das para diferentes VDMAs.
pedestres e animais selvagens que as vias estreitas.
O exemplo mostra que os benefícios socioeco-
nômicos são superiores para as vias com maior
Custos VDMA. A economia de tempo é maior que a eco-
nomia dos custos dos acidentes poupados. Isso se
Os custos das melhorias na seção transversal viária deve à relação logarítmica entre o VMDA e os aci-
variam muito, dependendo do tipo de medidas a dentes. Sob as hipóteses dadas (espera-se uma re-
que se referem, condições do terreno e densidade dução do número de acidentes e aumento do nível
populacional. A melhoria da seção transversal é de velocidade), as medidas que não custam mais
mais dispendiosa e tecnicamente complicada em de, respectivamente, NOK 0,5, 1 e 2 milhões por
áreas urbanas que em áreas rurais. As medidas quilômetro por ano são socioeconomicamente ren-
também são mais caras em terrenos montanhosos táveis. Isso se não se levar em consideração nenhu-
que nos terrenos planos e sedimentares (Gabestad, ma taxa de juros. A suposta redução nos acidentes
1981). (-20%) é realista no caso de medidas em conjunto,
tal como o aumento da largura de acostamentos e
Isso é baseado em dados de projetos de melhorias a construção de divisórias centrais, possivelmente
que foram realizados em vários municípios entre combinados com as medidas discutidas em outros
1998 e 2005. As vias em que os projetos foram capítulos.
concluídos tinham um VDMA de 3.300 veículos
e um número relativamente elevado de acidentes
com vítimas por veículos-km (1,543 vs o normal de Responsabilidade e procedimentos formais
0,315). As melhorias gerais muitas vezes envolvem
mudanças na seção transversal e no nivelamento, Iniciativa para a medida
em conjunto com a renovação do pavimento. Os
custos de manutenção variam de acordo com o As solicitações do alargamento de vias são incorpo-
VDMA, o número de veículos pesados e os níveis radas ao programa de planejamento para o Plano
de velocidade. Nacional de Transportes. A Agência Nacional de
Administração de Vias Públicas da Noruega sugere
os investimentos, e as propostas são tratadas pelas
Avaliações de custo-benefício autoridades políticas, ou seja, o conselho municipal
(no município afetado), o parlamento estadual e o
Elaborou-se um exemplo de cálculo relativo à me- governo. Os projetos que as autoridades políticas
lhoria geral de uma via com um limite de velocidade venham a eleger são implementados em conformi-
de 80 km/h. O custo anual esperado dos acidentes dade com o orçamento anual para fins viários. As
por quilômetro foi calculado com o modelo utiliza- demandas por melhores condições viárias vêm prin-
do no TS-Pot. Estima-se que os custos dos acidentes cipalmente do setor empresarial, de um desejo de
sejam reduzidos em 20%. Estima-se também que a reduzir os custos de transporte e, assim, melhorar a
velocidade aumente de 80km/h para 90km/h. O competitividade das empresas.
Tabela 1.11.10: Reduções estimadas nos custos de acidentes por quilômetro para uma redução do
número de acidentes de 20% e um aumento na velocidade média de 80km/h para 90km/h.:
VDMA
Por km por ano
1.000 5.000 10.000 20.000
Custos dos acidentes (NOK) 294.637 1.163.649 2.110.733 3.838.005
Custos dos acidentes evitados (NOK) 58.927 232.730 422.147 767.601
Custos da economia de tempo (NOK) 78.576 392.882 785.764 1.571.528
Soma dos custos economizados por ano 117.226 524.223 1.005.133 1.933.573
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 169
com veículos motorizados é de 2,4% e taxa de gra- de taludes, valas e distância de objetos fixos, entre
vemente feridos é de 8,9%. outros. Foram encontrados quatro estudos, todos
dos Estados Unidos, que calcularam a relação entre
A melhoria do terreno da lateral da via deve envolver os vários indicadores da periculosidade do terreno
a remoção especialmente de obstáculos fixos capa- adjacente (Roadside Hazard Ratings, RHR) e o nú-
zes de causar danos e obstrução da visibilidade, pro- mero de acidentes:
porcionando aos condutores melhor oportunidade
para recuperar o controle sobre o veículo em caso de Al-Masaeid, 1997;
saída de pista, particularmente em taludes planos, de Vogt e Bared, 1998;
modo a reduzir a probabilidade de capotamento e Wang, Hughes e Steward, 1998 e
aumentar a distância lateral de obstáculos fixos. Hauer, Council e Mohammedshah, 2004.
Indicadores da periculosidade do terreno adjacente Com base em todos os quatro estudos, calculou-se
uma média ponderada para a categoria mais peri-
Indicadores da periculosidade do terreno adjacente gosa de RHR em comparação com a categoria de
são, via de regra, definidos e baseados na existência menor risco associado. O número relativo de aci-
Tabela 1.12.1: Relação entre o RHR e o número de acidentes no estudo de Al-Masaeid et al. (1997).
Distância entre Número relativo Número relativo
Índice de perigo no
Taludes o acostamento e objetos Valas de acidentes de acidentes
acostamento
(postes, árvores, morros) individuais (todos os acidentes)
1 1:6 ou mais plano > 20 m <1m 1,00 1,00
2 1:3 ou mais plano > 10 m <1m 1,56 1,16
3 1:3 ou mais plano >5m <3m 2,02 1,27
4 1:3 ou mais íngreme >5m <3m 2,43 1,36
5 1:3 ou mais íngreme <5m >3m 2,80 1,42
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 171
Tabela 1.12.2: Relação entre RHR e o número de acidentes no estudo de Vogt e Bared (1998).
Distância entre Número relativo
Índice de perigo Oportunidade de
Taludes o acostamento e objetos de acidentes
no acostamento recuperar o controle
(postes, árvores, morros) (todos os acidentes)
1 1:4 ou mais plano >9m possível 1,00
2 1:4 ou mais plano 6 m - 7,5 m possível 1,07
3 1:3 ou 1:4 3m difícil 1,11
4 1:3 ou 1:4 1,5 m – 3 m difícil 1,14
5 1:3 1,5 m – 3 m quase impossível 1,17
6 1:2 < 1,5 m impossível 1,19
7 1:2 ou mais plano < 1,5 m impossível, grandes danos potenciais 1,21
dentes é, em média, 21,3% mais elevado em vias Mannering (2002) mostraram que há 68% (64; 71)
com terreno adjacente pertencente à categoria mais mais acidentes quando há uma inclinação íngreme
perigosa que em relação às vias onde o terreno adja- no talude que quando não há. Isso significa que há
cente pertence à categoria de menor perigo. Não é 40% (-41; -39) menos acidentes em vias sem talude
possível calcular o intervalo de confiança. Os resul- íngreme.
tados dos quatro estudos variam entre 0% e 42%
mais acidentes em vias com terrenos adjacentes na Zegeer et al. (1988) mostraram que a inclinação do
categoria mais perigosa. talude tem relação com o número de acidentes in-
dividuais. Os resultados mostram que uma redução
na inclinação de 2:1 para 3:1 apenas reduz um pou-
Redução da inclinação dos taludes co o número de acidentes; o número de acidentes
diminui mais expressivamente quando o declive é
O impacto da redução da inclinação dos taludes so- reduzido para 4:1 ou para uma inclinação ainda me-
bre o número de acidentes foi estudado em quatro nor. A redução é de cerca de 5% por cada parcela
pesquisas americanas: de diminuição da inclinação (4:1, 5:1, 6:1, 7:1). Os
resultados não estão incluídos nos resultados apre-
Dotson, 1982; sentados na tabela 1.12.2. O número de capotamen-
Missouri Department of Transportation, 1980; tos começa a diminuir quando o declive é igual a
Graham e Harwood, 1982 e 1:4 ou mais plano que isso. Outro estudo realizado
Lee e Mannering, 2002. nos EUA (Delays e Parada, 1986) mostrou que o
número de capotamentos aumenta acentuadamente
Os resultados reunidos na tabela 1.12.3 mostram quando a diferença de altura entre a estrada e o ter-
que a redução da inclinação dos taludes reduz o ín- reno adjacente (valas e similares) é de 3 pés (cerca
dice e a gravidade dos acidentes. Com base nestas de 0,9 m) ou mais. A taxa de capotamentos foi de
pesquisas, a tabela 1.12.3 mostra o impacto de talu- 12,5% para valas com profundidade de 3 pés e de
des mais planos sobre o número de acidentes. Lee e 25,1% para valas de 4-5 pés.
Tabela 1.12.3: Impactos da redução da inclinação de taludes no número de acidentes. Variação porcentual no número de
acidentes.
Uma possível explicação para o fato de os terrenos Para a remoção de objetos fixos da lateral da via,
adjacentes mais planos reduzirem o número de aci- neste mesmo estudo foi encontrada uma redução
dentes de saída de pista é que taludes planos faci- no número de acidentes de saída de pista de 2%.
litam a retomada de controle do veículo, de modo Isso se aplica a diferentes objetos, tais como árvores,
que muitos dos incidentes em que ele sai da pista postes, cercas e similares.
não evoluem para acidentes em si. Taludes mais pla-
nos também podem ter menos obstáculos fixos que Alguns estudos examinaram como vários objetos
os mais íngremes, ao mesmo tempo em que ofere- fixos afetam a gravidade dos acidentes. Com base
cem melhor visibilidade. nestes estudos, estima-se que a probabilidade de ser
morto ou gravemente ferido em um acidente é 67%
menor quando o acidente envolve uma colisão com
Obstáculos fixos uma árvore do que quando isso não acontece. Para
vários tipos de objetos fixos (árvores, postes, cercas
A relação entre objetos fixos na lateral da via e a etc.), a redução do risco é correspondente a 34%.
quantidade/gravidade dos acidentes foi investigada Estes resultados não podem ser interpretados como
por: sendo efeito da remoção de árvores ou outros obje-
tos fixos da lateral da via. As colisões com objetos
Corben, Deery, Mullan. e Dyte, 1997 (Austrália); fixos foram comparadas com acidentes sem colisões
Kloeden et al., 1999 (Austrália); com esse objetos (todos os tipos de acidentes) que
Lee e Mannering, 2002 (EUA); não necessariamente ocorreram na mesma via. Os
Yamamoto e Shankar, 2004 (EUA); resultados indicam que as colisões com árvores são
Wolf e Bratton, 2006 (EUA) e mais graves que as colisões com outros objetos fixos.
Fitzpatrick, Lord e Park, 2008 (EUA).
Com base nos dados de acidentes apresentados no
Os resultados foram reunidos na tabela 1.12.4. estudo de Wolf (2006), estima-se que as colisões
com árvores aumentam a probabilidade de morte
As árvores estão entre os obstáculos fixos mais fre- ou ferimentos muito graves (em caso de acidente)
quentes em colisões. Para cada árvore na lateral da em 451%, em comparação com quaisquer outros
via, Lee e Mannering (2002) estimaram que o núme- acidentes fora das áreas urbanas. Nas áreas urbanas,
ro de acidentes de saída de pista aumenta em 8% no entanto, a probabilidade de morte ou ferimentos
(-2; +20). Isso significa que a remoção de uma árvo- graves em caso de envolvimento em um acidente é
re resultaria numa redução no número de acidentes 49% menor em colisões com árvores que em outros
de saída de pista de 8% (-17; +2). As mudanças no acidentes. Os resultados não podem ser interpreta-
índice de acidentes se referem a um trecho de 805 dos como o efeito de árvores vs sem árvores, porque
m de via fora das zonas urbanas (porém não de au- as colisões com árvores foram comparadas com to-
toestrada). As árvores localizam-se de 0 a 18 m do dos os outros acidentes dentro ou fora de áreas ur-
acostamento. A distância entre o acostamento e as banas. Por isso os resultados não são mostrados na
árvores não demonstrou ter qualquer relação signifi- tabela 1.12.4. Os resultados indicam que as árvores
cativa com o número de acidentes de saída de pista. podem ter efeitos diferentes sobre a gravidade dos
Tabela 1.12.4: Impactos do aumento da distância do obstáculo lateral no número de acidentes. Variação
porcentual no número de acidentes.
acidentes dependendo do ambiente (dentro e fora de acidentes em mais de 44%. Salienta-se que os
de zonas urbanas). resultados correspondem a apenas duas pesquisas,
ambas dos Estados Unidos. Não é claro se os re-
Alguns estudos mostraram que o número de aciden- sultados mostram o impacto somente do aumento
tes pode diminuir mesmo com o plantio de árvores ao da distância lateral do obstáculo ou se eles também
lado da via, se isso acontecer como parte do conjunto reúnem os impactos de outras melhorias, como, por
de melhorias na região (roadside landscaping; Dum- exemplo, melhor visibilidade ao longo da via. Os re-
baugh, 2005; Mok, Landphair e Naderi, 2006). Essas sultados referentes ao aumento da distância lateral
medidas são sobretudo utilizadas em áreas urbanas. de postes de iluminação são baseados em um estu-
Acredita-se que objetos fixos na lateral da via sejam do que examinou uma série de outras características
mais perigosos fora das zonas urbanas, onde a velo- das vias. Um aumento da distância em 4 m (de 1 m
cidade é mais alta. O efeito positivo nas áreas urba- para 5 m ou de 5 m para 9 m) diminuiria o número
nas se deve principalmente à redução do estresse e ao de acidentes em 11% (-16; -6). Os resultados são
fato de que é mais agradável dirigir em um ambiente referentes a distâncias entre 0 e 8,23 m. A distância
verde. Também constatou-se uma velocidade reduzi- lateral de outros objetos fixos, exceto postes de ilu-
da em vias com árvores nas laterais (Naderi, Kweon minação, não se mostrou como tendo relação signi-
e Maghelel, 2008). Outra suposição é que é mais im- ficativa com o número de acidentes. No estudo de
portante que haja uma distância aproximadamente Lee e Mannering (2002) não há nenhum resultado
igual entre borda da pista e os objetos fixos ao longo para esta análise.
da lateral da via do que todos os objetos fixos terem
uma determinada distância mínima. Isso deve ser in- No estudo de Sax (2008), verificou-se uma redução
terpretado da seguinte maneira: uma árvore a 1 m da significativa do número de acidentes quando a dis-
borda da via é mais perigosa se todas as outras árvores tância lateral entre a borda da pista e os objetos au-
estiverem a 3 m da borda do que se todas as outras menta e que o número de acidentes aumenta quan-
árvores também estiverem a 1m da via (Sax, 2008). do o número de objetos a dois pés ou mais próximos
da borda da pista aumenta. Quando o número total
de objetos ao longo da lateral da via aumenta, veri-
Aumento da distância lateral de objetos fixos ficou-se uma redução do número de acidentes que
não é estatisticamente significativa. Com o aumento
O aumento da distância lateral de objetos fixos ao do número de objetos dentro de cinco pés da bor-
longo da via foi pesquisado por Cirillo (1967) e Ze- da da pista, aparentemente o número de acidentes
geer et al. (1988). O aumento da distância lateral também aumenta, mas este impacto não é estatisti-
de postes de iluminação foi pesquisado por Lee e camente significativo.
Mannering (2002). Os resultados destas pesquisas
estão resumidos na tabela 1.12.5.
Grades e defensas
O aumento da distância lateral do obstáculo lateral
de 1 m para aproximadamente 5 m reduz o núme- Michie e Brønstad (1994) mostraram que, em 40%
ro total de acidentes em cerca de 22%. Aumentan- de todos os acidentes com vítimas envolvendo a
do-se a distância lateral de aproximadamente 5 m colisão com algum tipo de barreira lateral, elas não
para aproximadamente 9 m, reduz-se o número estavam instaladas de maneira adequada.
nistração de Vias Públicas da Noruega elaborou o outros, expõem o condutor do veículo a um estres-
Manual 115, Análise de locais de acidentes (Statens se maior do que a condução em vias planas e retas,
vegvesen, 2007). No manual está descrito, detalha- além de reduzir a mobilidade. Isso se aplica espe-
damente como se deve proceder. cialmente a veículos pesados. A presença de curvas,
morros, vegetação e edifícios reduzem a visibilidade
em alguns pontos ao longo de uma via. Condições
Responsabilidade pela execução da medida de visibilidade reduzidas ou altamente variáveis tor-
nam difícil o planejamento da condução e levam a
A autoridade viária é responsável pela execução das menos tempo de reação disponível em caso de even-
decisões sobre as melhorias dos pontos e trechos tos inesperados.
com acidentes. Os custos devem ser assumidos pelo
órgão responsável pela via, que pode ser federal, es- Na Noruega, cerca de um terço dos acidentes com
tadual ou municipal. vítimas notificados à polícia e mais de metade das
colisões e acidentes em saída de pista acontecem
em curvas fora das cidades e áreas densas (Elvik &
1.13 Melhoria do alinhamento Muskaug, 1994). As estatísticas oficiais não especi-
e da visibilidade das vias ficam o porcentual de acidentes que ocorre em on-
dulações (subidas e descidas). De acordo com uma
Capítulo revisado por Alena Høye (TØI) em 2007 pesquisa americana (Milton & Mannering, 1996), o
risco de acidentes é de 1,5 a 4 vezes maior em curvas
que em trechos viários retos. O risco de acidentes
Problema e finalidades em curvas varia muito e depende, entre outros, das
características da curva (raio, ângulo de deflexão),
O alinhamento da via afeta o nível e as mudanças de da curvatura da via e das seções transversais, da
velocidade, as condições de atrito, as expectativas curvatura vertical e da distância entre as curvas. Os
dos condutores em relação ao alinhamento da via tipos de acidentes que estão sobrerrepresentados
à frente e a tolerância da própria via para com os nas curvas são acidentes individuais, acidentes de
erros do condutor e a visibilidade. Mudanças ines- capotamento, colisões frontais, acidentes noturnos e
peradas no alinhamento da via tornam a condução acidentes com condutores sob influência de álcool.
mais difícil e podem fazer com que os condutores O risco de acidentes em curvas nas estradas na No-
enfrentem problemas que não dominam. A condu- ruega para diferentes variações de raio é mostrado
ção em curvas fechadas e fortes ondulações, entre na figura 1.13.1.
1
Risco de acidentes, acidentes com vítimas por milhão
0,9
0,8
0,7
de veículos-km
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2 y = 2,3337x–0,421
0,1
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Raio da curva (metros)
Figura 1.13.1: Risco de acidentes em curvas de diferentes raios nas rodovias federais da Noruega.
176 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ria da Noruega, que é repleta de curvas e oferece de tráfego foi comparado, o efeito é superestima-
muitas rampas. Este capítulo descreve os impactos do se a via onde a medida for implementada tiver
nos acidentes advindos do aprimoramento das se- maior densidade de tráfego que as vias onde a me-
guintes características viárias referentes ao alinha- dida não for implementada. Independentemente
mento e à visibilidade: das medidas implementadas na via de maior den-
sidade de tráfego, ela terá um menor risco de aci-
• raio e ângulo de deflexão de curvas horizontais; dentes se comparada à via de maior densidade de
• estabelecimento de curva de transição (clotóide); tráfego.
• melhoria da curvatura da via e do atrito lateral; • Em estudos de comparação, muitas vezes há vá-
• redução de rampas e da porção do comprimento rias diferenças entre as vias com e sem a medida,
da via localizado em curvas convexas ou côncavas o que pode fazer com que os efeitos sejam supe-
acentuadas; restimados ou subestimados.
• aumento da consistência geométrica; • Para muitas medidas, as vias são divididas em
• melhoria da distância e condições de visibilidade. grupos de acordo com características como largu-
ra, raio de curva, comprimento da tangente. Isso
Não há nenhum controle de abrangência nacional faz com que os resultados sejam imprecisos, pois
sobre a aplicação anual dessas medidas na Noruega. grande parte da variação nos números de aciden-
As melhorias no alinhamento e na visibilidade da via tes é “perdida” com os agrupamentos.
são, muitas vezes, implementadas como parte da re-
construção de rodovias para que se enquadrem nos Foram encontradas muitas pesquisas recentes que
padrões das normas viárias ou de outras correções controlam esses problemas utilizando modelos
viárias gerais. Ressalta-se que a motivação para o de regressão para estimar os efeitos das diferentes
aprimoramento geral das vias raramente se encontra características viárias. Ao se usar modelos de Pois-
apenas nos elevados números de acidentes. son ou binomial negativo (NB), é possível levar em
conta a influência da densidade de tráfego (pela in-
tegração de uma função logarítmica do VDMA no
Impacto sobre os acidentes modelo), as mudanças ao longo do tempo, os efeitos
de várias características viárias e os efeitos simultâ-
Os impactos nos acidentes se baseiam em dois con- neos dessas interações.
juntos diferentes de pesquisas. As pesquisas mais
antigas comparam o risco de acidentes em vias com Um problema geral das análises das relações entre o
características diferentes. A maioria destas pesqui- alinhamento e o risco de acidentes de uma via é que
sas são estudos de comparação (com e sem a medi- há muita influência de diferentes características das
da); algumas são de estudos de antes e depois. Há vias. As curvas fechadas estão, por exemplo, muitas
vários fatores que devem ser levados em conta nas vezes, nas proximidades de outras curvas fechadas,
conclusões acerca dos resultados. e curvas de maior raio são mais longas que curvas
de raio menor. Se uma curva com dado ângulo de
• Muitas pesquisas foram realizadas há muito tem- deflexão for construída com maior raio, ela será
po. O padrão geral das vias, a densidade do tráfe- menos fechada, mas, ao mesmo tempo, a tangente
go e a velocidade mudaram ao longo das últimas antecedendo a curva será mais curta e a visibilidade
décadas. Os impactos das características viárias será reduzida sobre uma parte maior do trecho de
sobre os acidentes possuem relação com a veloci- via, havendo menos oportunidades para ultrapassa-
dade, a densidade do tráfego e o padrão geral das gens. Rodovias com muitas curvas fechadas estão
vias (como, por exemplo, pavimentação, barrei- muitas vezes em um tipo de terreno completamente
ras, sinalização e outras medidas para curvas).Os diferente do terreno de rodovias com curvas menos
resultados de pesquisas mais antigas não devem, fechadas. Rodovias com muitas curvas fechadas ten-
portanto, ser necessariamente generalizados. dem, portanto, a também ter muitas rampas, piores
• Quando o risco de acidentes é calculado como o condições de visibilidade e um terreno na lateral
número de acidentes em relação à densidade do da via que dificulta a construção de acostamentos
tráfego, os resultados podem ser distorcidos, por- largos ou a remoção de obstáculos ao longo da via.
que o número de acidentes aumenta em menor A densidade de tráfego, o nível de velocidade e o
proporção que o aumento da densidade do trá- padrão geral da via (que, por sua vez, dependem da
fego. Em estudos de comparação em que o risco densidade de tráfego) são muitas vezes diferentes
de acidentes entre vias com diferentes densidades entre vias com diferentes alinhamentos.
178 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Raio e ângulo de deflexão em curvas horizontais 2000), mas nenhum modelo de cálculo para risco de
acidentes em curvas encontrou qualquer diferença
Os impactos do raio e do ângulo de deflexão em no efeito entre curvas com raios diferentes. O au-
curvas horizontais foram estudados em diferentes mento do raio das curvas para um raio de aproxi-
tipos de pesquisas: pesquisas que fornecem o núme- madamente 2.000 metros não apresentou nenhum
ro de acidentes em curvas de raios diferentes, mode- impacto nos acidentes. O aumento do comprimento
los de risco de acidentes em curvas como função do do raio de curvas mais suaves (com raio de aproxi-
raio e várias outras características das curvas, além madamente 1.000 metros) para vias retas aumenta o
de modelos de regressão. número de acidentes. A melhor situação em termos
de segurança viária parece ser uma via com curvas
Risco de acidentes em curvas de diferentes raios: suaves, mas com faixas de ultrapassagem. Com base
diferenças no risco de acidentes em curvas com nas pesquisas que fundamentam os resultados da
diferentes raios foram calculadas com base nas se- tabela 1.13.3, o risco relativo de acidente em curvas
guintes pesquisas: foi calculado para diferentes raios, conforme mostra
a figura 1.13.3.
• Brüde & Nilsson (1976, Suécia);
• Brüde, Larsson & Thulin (1980, Suécia); Na maioria das pesquisas não foram fornecidas in-
• Fink & Krammes (1995, EUA); formações sobre a gravidade dos acidentes investi-
• Matthews & Barnes (1988, Nova Zelândia); gados. As pesquisas da Suécia, Dinamarca e EUA
• McBean (1982, Grã-Bretanha); incluem tanto acidentes com vítimas quanto aciden-
• Nordtyp-projektgruppen (1980, Dinamarca); tes com danos materiais. As pesquisas da Grã-Bre-
• Rasmussen, Herrstedt & Hemdorff (1992, Dina- tanha e Nova Zelândia envolvem apenas acidentes
marca); com vítimas. Uma comparação de pesquisas não
• Stewart & Chudworth (1990, Grã-Bretanha); mostra nenhuma diferença nos resultados.
• Zegeer, Stewart, Reinfurt, Council, Neuman, Ha-
milton, Miller & Hunter (1991, EUA). Um maior impacto sobre a segurança do aumento
do comprimento do raio de curvas fechadas tam-
Com base nestas pesquisas, calculou-se a relação en- bém foi constatado em uma compilação de antigas
tre o raio da curva e o risco de acidentes e estimou- pesquisas de Choueiri & Lamm (1987). De acor-
se o impacto nos acidentes de se aumentar o raio das do com Choueiri & Lamm, a relação entre raio de
curvas horizontais, conforme mostra a tabela 1.13.1. curva e risco de acidentes é maior para curvas com
raios abaixo de 400 m.
As pesquisas mostram que o aumento do raio das
curvas horizontais reduz o número de acidentes Voigt (1996) calculou a relação entre o comprimento
quando o raio da curva é de até cerca de 2.000 do raio de curva e o risco de acidentes para curvas
metros. O impacto é maior no aumento do com- com duas faixas e diferentes tipos de barreira de pro-
primento do raio de curvas mais fechadas e dimi- teção. Essa relação foi maior para vias mais estreitas,
nui à medida que o raio da curva aumenta. Isso se com largura abaixo de 8,1m. O aumento do risco de
confirmou em outros estudos (Cairney & McGann, acidentes foi maior em curvas mais fechadas.
Tabela 1.13.1: Impacto do comprimento do raio em curvas horizontais sobre os acidentes. Variação porcentual do número
de acidentes.
6
5,32
3 2,67
2 1,81
1,39
1,14 1 1,1
1
0
< 200 200-400 400-600 600-1000 1000-2000 > 2000 rett
Raio da curva (metros)
Figura 1.13.3: Risco relativo de acidentes em curvas com diferentes raios.
Um possível problema com esses resultados é que pendente de o raio ser de 100 ou 1000 m). Isso
não houve controle quanto à mudança de direção contradiz os resultados da tabela 1.13.1, em que
nas curvas nem quanto ao comprimento da tangente o impacto no risco de acidentes é maior para as
antecedendo a curva. Se as curvas com raio pequeno curvas de menor raio.
apresentarem grande mudança de direção e longos
trechos retos as antecedendo, os resultados pode- De acordo com Hauer (1999), o impacto do raio
riam ser explicados tanto por esses fatores quanto da curva nos acidentes é maior para ângulos de de-
pelo comprimento do raio. flexão maiores, isto é, o aumento do raio da curva
tem o maior efeito quando a mudança da direção
Segundo uma pesquisa com medição de velocidade na curva é grande. O impacto do raio da curva nos
em 22 curvas horizontais em vias com 4 faixas em acidentes também é maior quando a tangente ante-
áreas urbana (Al-Masaeid, 1999), a velocidade mé- cedendo a curva é mais longa.
dia praticada depende do limite de velocidade, do
raio da curva e do clima (com chuva vs sem chuva). Em relatórios mais antigos do Conselho de Pesquisa
O impacto do raio da curva na velocidade é maior e Transporte (TRB Special Report 214, 1987), o ris-
com chuva que com clima seco. co de acidentes é descrito pela relação entre o risco
esperado em trechos retos com as mesmas caracte-
Modelos de risco de acidentes em curvas: foram rísticas dos trechos em curva, exceto a curva e o ân-
feitas muitas tentativas com modelos de risco de gulo de deflexão. Segundo este modelo, é possível
acidentes em curvas como função do raio da cur- identificar o impacto da curvatura da rodovia no
va, do ângulo de deflexão e do comprimento da risco de acidentes, mas não o do comprimento ou
curva (Hauer, 1999). Em alguns modelos, foi in- do raio da curva.
cluído também o comprimento da tangente (com-
primento do trecho reto antecedendo a curva). Fink & Krammes (1995B) construíram modelos
Hauer (1999) construiu os modelos para a estima- para avaliar os impactos do raio da curva, do com-
tiva do risco de acidentes baseado em pesquisas primento da tangente e da distância da visibilidade
anteriores considerando a influência do raio da no risco de acidentes. O raio de curva apresentou
curva, do ângulo de deflexão e do comprimento relação linear com o risco de acidentes. O aumento
da tangente antecedendo a curva. Os modelos nos acidentes quando o raio torna-se menor é maior
mostram que um maior raio de curva leva a um para tangentes mais longas ou mais curtas (a relação
risco de acidentes mais baixo e que o impacto é é a forma de U, o risco é menor para tangentes de
igual, independente do tamanho do raio (um au- comprimento médio) e para uma distância curta de
mento dez metros teria o mesmo impacto, inde- visibilidade.
180 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Modelos de regressão: ao contrário dos estudos que ente o raio de curva e a curvatura que não são con-
compararam o risco de acidentes entre diferentes trolados no modelo.
curvas, os modelos de regressão levam em conside-
ração várias características das curvas. Do mesmo O comprimento da tangente antecedendo a curva
modo, não foi encontrada nenhuma pesquisa que e a interação entre o comprimento da tangente e a
incluísse interações entre diferentes características curvatura foram controlados no modelo de Milton
das curvas (duas pesquisas incluíram efeitos de inte- e Mannering. No modelo de Miaou (1994) foi adi-
ração, mas não revelam nada sobre em qual sentido cionada a variável de interação entre o ângulo de
a interação ocorre). deflexão e o comprimento de curva. O impacto foi
significativamente positivo: houve mais acidentes
Raio da curva: o impacto do raio da curva foi pes- em curvas fechadas e longas do que se poderia espe-
quisado por Hanleyet al. (2000), Milton e Manne- rar com o impacto do comprimento da curva e do
ring (1996; 1998) e Shankar, Milton & Mannering ângulo de deflexão.
(1997). Milton & Mannering encontraram um risco
de acidentes reduzido em curvas com raios maiores. Comprimento de curva: o impacto do comprimento
Hanley et al. (2000) não encontraram nenhum im- de curva foi pesquisado por Milton & Mannering
pacto significativo do aumento do raio. O aumento (1996), Miaou (1994) e Strathman et al. (2001). O
do raio, em combinação com acostamentos e faixas aumento do comprimento de curva está relacionado
mais largos, levou a um aumento significativo de ao aumento no número de acidentes nas três pesqui-
44% no número de acidentes. Shankar, Milton & sas, mas nem todos os impactos são significativos.
Mannering (1997) encontraram uma interação entre Uma correlação positiva confirma que as curvas não
o raio da curva e o limite de velocidade, mas, já que são um “ponto crítico”, mas sim um “trecho crítico”
não esclareceram como a variável de interação foi (Hauer, 1999).
definida, não ficou claro se o risco de acidentes é
maior ou menor em curvas com raio grande ou em Shankar, Milton & Mannering (1997) incluíram uma
baixa ou alta velocidade. variável dummy para o trecho reto no modelo de
regressão. Esta variável teve um impacto significati-
Ângulo de deflexão: o impacto do ângulo de defle- vamente positivo, ou seja, o risco de acidentes para
xão foi pesquisado por Abdel-Aty e Radwan (2000), trechos retos foi maior que o risco em curvas. No
Forckenbrock & Foster (1997), Knuiman, Council entanto, no modelo também foram incluídas uma
& Reinfurt (1993), Milton & Mannering (1998), série de outras variáveis que descrevem as curvas,
Milton & Mannering (1996), Noland & Oh (2004), de modo que o resultado não pode ser interpretado
Miaou (1994), Strathman et al. (2001), Shankar, como um maior risco generalizado de acidentes em
Milton & Mannering (1997) e Vogt & Bared (1998). retas, mas sim que o risco é maior em retas do que
o esperado para um raio igual a infinito e curvatura
Foram encontrados resultados indicando aumento, igual a zero.
diminuição e risco inalterado em curvas com grande
ângulo de deflexão em relação a curvas com ângulo Conclusão: pode-se concluir que o projeto das cur-
de deflexão pequeno. Milton & Mannering (1996; vas afeta o risco de acidentes. O risco de acidentes
1998) encontraram risco de acidentes reduzido em parece ser maior nas curvas com combinações “des-
curvas fechadas (com raio abaixo de 868 m ou ângu- favoráveis” de diferentes características, como raio
lo de deflexão acima de 2 graus). Ao mesmo tempo, pequeno, longo trecho reto antecedendo a curva e
o risco de acidentes diminui ao passo que o raio au- grande mudança de direção. Há uma descrição mais
menta (ver a seguir). Estes resultados parecem con- detalhada no item sobre consistência geométrica.
traditórios, mas podem ser explicados pela inclusão
de ambas as variáveis simultaneamente nos mode-
los. O esperado é que, em geral, um maior ângulo Declividade transversal e atrito lateral
de deflexão leve a um risco de acidentes mais alto.
Uma possível explicação para o impacto de redu- A declividade transversal da via é a inclinação per-
ção do risco de acidentes em curvas fechadas seria pendicular ao sentido de direção. Pode ser unila-
que elas normalmente estão próximas a outras cur- teral ou bilateral. Nas curvas, a declividade trans-
vas fechadas, tornando-as todas menos inesperadas versal é construída de modo que o lado externo da
(Milton & Mannering, 1996, 1998). Outra possível curva seja mais alto que o interno. De acordo com o
explicação é que pode haver efeitos de interação padrão de manutenção das vias (vegvesens håndbok
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 181
111, 2003), todas as vias devem ter declividade vidade transversal não correspondia às diretrizes da
transversal suficiente para a drenagem da água. Nas AASHTO.
curvas, os requisitos para a declividade transversal
dependem do raio da curva. A declividade transver- Corben et al. (1996) encontraram redução maior
sal deve ser de 8% (± 1,5%) em curvas com raio e mais significativa no número de acidentes fatais
abaixo de 250 mede 4% (± 2,5%) em curvas com como consequência de melhorias na declividade
raio de 1.000 m, por exemplo. Nos trechos retos, transversal (-45% (-71%; +4%)).
deve haver declividade transversal bilateral de 3%
(± 1,5%). Efeitos de aumento dos acidentes foram pesquisa-
dos na Noruega por Sakshaug (1998) e Christen-
O impacto da declividade transversal da via sobre o sen & Ragnøy (2006). Sakshaug (1998) encontrou
risco de acidentes não diz respeito à declividade em um risco crescente de acidentes de acordo com o
si, mas sim a até que ponto ele é favorável na curva. padrão de manutenção. Na pesquisa realizada por
O que o torna favorável depende das características Christensen & Ragnøy (2006), foram incluídos aci-
da curva (raio, ângulo, comprimento), velocidade dentes em segmentos retos e em curvas. O risco de
e atrito lateral. Juntamente com o raio e a veloci- acidentes aumenta em 0,95% quando a declividade
dade, a declividade transversal é um pré-requisito transversal é aumentada em 1 ponto porcentual. O
para a determinação do atrito lateral. Segundo Voigt risco relativo de acidentes é descrito como:
& Krammes (1998), um menor atrito lateral é uma
função do raio, da declividade transversal e da V85: Risco relativo de acidente - 0,0095 * Declividade
transversal + 0,990.
Atrito lateral mínimo aceitável =
(V852 / (127*raio)) – declividade transversal. A alteração da declividade transversal é definida
em %. O número de acidentes com saídas de pista
Em uma análise de 226 acidentes, em 494 curvas aumenta em 3% para cada ponto porcentual de au-
(Voigt & Krammes, 1998) a velocidade de condu- mento na declividade transversal.
ção (V85) é influenciada sobretudo pelo raio e pelo
atrito lateral. Já que o atrito lateral depende do raio, As pesquisas são todas baseadas em diferentes análi-
da declividade transversal e da V85, estes são os três ses; assim, é impossível calcular os efeitos conjuntos.
fatores que influenciam o risco de acidentes.
Os resultados que foram diferenciados pelo raio nos. Isso pode fazer com que o raio da curva seja
da curva se baseiam na pesquisa realizada por Tom subestimado, o que poderia levar a velocidades
(1995). Tom concluiu que o risco de acidentes é excessivas e aumentar o risco de acidentes. Em
maior em curvas com curva de transição que em terreno plano, contudo, a distância da visibilida-
curvas sem curva de transição. de normalmente é melhor, de modo que se evita
esse efeito. A distância da visibilidade também
Stewart & Chudworth (1990) estudaram a trans- pode explicar o aumento do risco de acidentes
formação de três curvas com curva de transição em curvas fechadas. Curvas fechadas costumam
para três curvas sem transição em que havia certa ter piores condições de visibilidade; dessa forma,
frequência de acidentes. Encontrou-se uma forte é mais difícil prever a redução de velocidade ne-
redução dos acidentes; a curva de transição parece cessária.
ter contribuído para um alto risco de acidentes. No
entanto, no número de acidentes não foi levado em Uma pesquisa do impacto de curvas de transição na
conta o efeito da regressão para a média. Parte da velocidade não mostrou nenhuma diferença entre
comprovada diminuição pode decorrer, portanto, curvas com e sem curva de transição, quando to-
da regressão para a média. das as curvas com diferentes raios são analisadas em
conjunto (Passetti & Fambro, 1999). Para curvas
Council (1998) comparou o risco de acidentes em com raio pequeno (menor que 145m), a velocidade
curvas de transição ao risco de acidentes em trechos foi maior com curva de transição que sem curva de
do mesmo comprimento sem curvas de transição transição.
antecedendo a curva circular. A pesquisa baseou-se
em um grande banco de dados (8 curvas em mais de Uma possível explicação para os resultados incon-
5 anos). Os resultados são diferentes dependendo sistentes é que as curvas de transição têm efeito
da curvatura horizontal e vertical da via. Curvas de sobre a necessidade de movimentos do volante, o
transição reduzem o risco de acidentes para curvas atrito e a velocidade, fatores que influenciam o ris-
fechadas – com mudança de direção menor que 3 co de acidentes de maneiras opostas. Ao conduzir
graus (em terreno plano). Em terreno montanhoso, por uma curva de transição, o condutor vai seguir a
contudo, as curvas de transição aumentam o risco curva girando o volante firmemente, acompanhan-
de acidentes, exceto em vias com faixas e acosta- do sua direção. A clotóide elimina, então, a neces-
mentos largos. Nesse tipo de terreno, o risco de aci- sidade de movimentos abruptos de volante para
dentes em curvas de transição é inferior somente ao que se consiga acompanhar a curva. As curvas de
risco em curvas com mudança de direção com mais transição tornam possível construir uma via com
de 8 graus e em vias com VDMA elevado (mais de melhor declividade transversal, logo que o atrito
4.000 veículos). lateral também é melhorado. Uma desvantagem da
curva de transição é que seu curso pode ser difícil
Pode-se considerar que a distância de visibilidade de estimar e seu raio acaba sendo subestimado, de
tenha um efeito moderado no impacto das curvas modo que os condutores acabam indo muito rápi-
de transição. A distância da visibilidade é mais do na curva (Council, 1998; Stewart & Chudwor-
curta em terrenos íngremes que em terrenos pla- th, 1990).
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 183
0,9
Risco de acidentes (acidente com vítimas por milhão
0,8
0,7 0,66
0,59
0,6
de veículos-km)
0,5
0,4
0,3 0,24
0,19
0,2
0,1
0
> 4 km 2-4 km 1,3-2 km < 1,3 km
Raio da curva (metros)
Figura 1.13.4: Acidentes em curvas precedidas por diferentes comprimentos da tangente.
184 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tangente, que afetam o risco de acidentes nas curvas para algumas combinações de curvas e tangentes ou
com diferentes comprimentos de tangente. para longos segmentos de via.
1999; Krammer, 1997). Isso pode ser explicado pela • Boa: mudança de V85 abaixo de 10 km/h;
maior probabilidade de que nem todos os condu- • Regular: mudança de V85 entre 10 km/h e 20
tores desacelerem suficientemente quando maiores km/h;
reduções de velocidade são obrigatoriamente ne- • Ruim: mudança de V85 acima de 20 km/h.
cessárias. Voigt (1996) estimou as correlações en-
tre diferentes características de curvas e o risco de O maior número de acidentes por veículos-km se
acidentes. A redução da velocidade nas curvas tem dá nas curvas “ruins” (2,76 acidentes por milhão de
uma maior relação com o número de acidentes que veículos-km) e o menor, nas “boas”(0,46 acidente
as características isoladas das curvas. por milhão de veículos-km). Outro fator que afeta o
risco de acidentes é o raio das curvas horizontais e
Fink e Krammes (1995) encontraram um maior ris- verticais. Todos os efeitos são pequenos, porém sig-
co de acidentes em curvas não só depois de longas nificativos. A exposição (VDMA e o comprimento
tangentes antecedendo a curva, mas também e espe- de curva) explica a maior variância no risco de aci-
cialmente nas tangentes curtas, ou seja, quando as dentes. Quando há controle da exposição, as curvas
curvas são muito próximas umas das outras. horizontais explicam 1,4% da variância no risco de
acidentes, e as curvas verticais, 3,3%.
Anderson e Krammes (2000) encontraram uma rela-
ção aproximadamente linear entre a redução da de- Os resultados destas pesquisas estão resumidos na
saceleração V85 entre a tangente e a curva e o risco figura 1.13.5.
de acidentes. O número de acidentes por milhão de
veículos-km foi calculado como 0,54+0,27 * desace- Embora todos os estudos tenham encontrado
leração. O impacto da redução da velocidade é signi- um aumento no risco de acidentes para maiores
ficativo (69% da variância no risco de acidentes seria reduções de velocidade, a função é diferente em
explicada pela redução da velocidade). O resultado todos os três estudos (linear, polinomial e expo-
foi baseado em acidentes com veículos de passeio nencial). Anderson et al. (1999) utilizaram o mo-
(acidentes de saída de pista, colisões frontais e tra- delo de regressão de Poisson, em que a redução
seiras) em 563 curvas em rodovias de pista dupla em da velocidade apresentou um efeito significativo.
áreas rurais nos Estados Unidos, entre 1987 e 1991. Milton & Mannering (1998) utilizaram modelos
de regressão binomial negativa e encontraram
Anderson et al. (1999) classificaram 5.287 curvas uma significativa interação entre o raio da curva e
horizontais em boa, regular e ruim, dependendo da o comprimento da tangente. O risco de acidentes
redução de velocidade entre a curva e o trecho de aumentou significativamente em curvas com raio
via anterior (Lamm et al., 1988): abaixo de 868m cujo comprimento da tangente é
17
Krammes 1997
15 (velocidade média)
Anderson & Krammes
13 2000 (V85)
Risco relativo de acidentes
1
0 5 10 15 20 25 30
Redução de velocidade entre a tangente e a curva (km/h)
Figura 1.13.5:- Risco de acidentes como função da redução de
velocidade entre tangente e curva.
186 O Manual de Medidas de Segurança Viária
acima de 0,8km. Houve, então, o controle do im- pesquisas, não houve controle do impacto do núme-
pacto do raio de curva e do comprimento da tan- ro de curvas, ou seja, não se diz nada sobre se o risco
gente, que também foram incluídos nos modelos por curva é mais alto em vias com grande número
como variáveis preditoras. de curvas fechadas.
Velocidade de projeto em longos trechos: estudos Duas pesquisas mais antigas (citadas por Brenac,
empíricos sobre o impacto da velocidade de proje- 1996) encontraram maior risco de acidentes em cur-
to em longos trechos são poucos e contraditórios. vas com raio pequeno quando o restante dos trechos
Segundo Krammes (1997), há mais acidentes em viários tem curvas com raios maiores. Uma pesquisa
trechos com baixa velocidade de projeto, pois estes da Nova Zelândia (Matthews & Barnes, 1988), mos-
levariam a maiores variações de velocidade. trou que a redução do grau de transição (mudanças
de direção por unidade de comprimento) não leva
Segundo Shankar et al. (1995), há um número me- a menos acidentes. A pesquisa estudou o grau de
nor de acidentes e eles são menos graves em trechos transição da via nos últimos 2 quilômetros antece-
com velocidade de projeto mais baixa. Shankar, dendo curvas com raios diferentes. Mostrou-se que
contudo, pesquisou curvas onde a baixa velocidade curvas com um dado raio tiveram mais alto risco em
de projeto não necessariamente está relacionada a vias com baixo grau de transição que em vias de alto
uma grande variação de velocidade (dependendo do grau de transição.
trecho antecedendo a curva). Shankar et al. (1995)
constataram que é o número de capotamentos, em Modelos de regressão: número de curvas por uni-
especial, que aumenta nos trechos com menos cur- dade de comprimento: o impacto do número de
vas por quilômetro. Isso pode estar relacionado à curvas foi pesquisado em diversos estudos com mo-
melhor adaptação para curvas quando há mais cur- delos de regressão: Garber & Wu (2001), Milton
vas, já que há uma expectativa mais adequada. & Mannering (1996, 1998), Noland & Oh (2004),
Shankar, Mannering & Barfield (1995) e Strathman
Garber & Gadirau (1988) encontraram maiores et al. (2001). A maioria dos resultados mostrou um
variações de velocidade em vias com significativas risco de acidentes significativamente mais baixo em
diferenças entre a velocidade sinalizada e a veloci- trechos com muitas curvas, com grande índice de
dade de projeto. A variação de velocidade foi menor mudança de direção por quilômetro e com trechos
nos trechos em que a velocidade de projeto não era retos mais curtos entre as curvas. Houve controle
mais do que aproximadamente 10-20 km/h além do do impacto das características das curvas (raio e/ou
limite de velocidade. ângulo de deflexão). Pode-se interpretar, pelos re-
sultados, que as curvas são menos perigosas quando
Número de curvas fechadas: estima-se que o núme- existem muitas delas em um trecho. Uma via com
ro de curvas tenha dois efeitos contraditórios no ris- muitas curvas não é, entretanto, menos perigosa que
co de acidentes. Essas curvas, segundo os resultados uma via sem curvas. Shankar et al. (1995) encontra-
em relação ao ângulo de deflexão são, por si só, um ram grande risco de acidentes em vias com muitas
perigo; assim espera-se maior risco de acidentes em curvas. O impacto das curvas foi, ao contrário do
vias com muitas curvas fechadas. Por outro lado, as esperado, maior para curvas com alta velocidade
curvas fechadas são menos inesperadas em trechos de projeto. A pesquisa baseou-se em acidentes em
onde há muitas delas, o que pode reduzir o risco de rodovias interestaduais em uma região montanhosa.
acidente nas curvas. A velocidade de projeto é, entretanto, relativamen-
te alta (entre 97 e 113 km/h) em curvas com alta
De acordo com uma pesquisa sueca (Björketun, velocidade de projeto e abaixo de 97 km/h em cur-
1991), o risco de acidentes diminuiu quando a por- vas com “baixa” velocidade de projeto. Por isso, é
ção do comprimento viário compreendida por cur- possível que os resultados não sejam considerados
vas de raio inferior a 500 m foi reduzida. Quando representativos.
esta porção foi reduzida em cerca de 5%, o risco
de acidentes diminuiu em 10% (17%; -2%). A por- Conclusão: a consistência geométrica parece ter
ção do comprimento viário que fica sobre curvas um impacto maior (e mais consistente) no risco de
com raio inferior a 500 m variou de 0% até 20% na acidentes que as características isoladas da curva. O
pesquisa, com centro de gravidade abaixo de 5%. risco de acidentes aumenta em vias com má consis-
Lamm et al. (2000) encontraram maior risco de aci- tência, ou seja, com maior diferença entre as dife-
dentes em vias com maior grau de transição. Nestas rentes seções de via.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 187
Tabela 1.13.4: Impactos da redução de rampas no número de acidentes com veículos motorizados.
Variação porcentual no número de acidentes.
baixo para trechos com muitas curvas verticais. De de abaixo de 200 para acima de 200 m levou a um
acordo com o resultado sobre curvas horizontais, o risco de acidentes 23% (%4; +46%) maior em duas
risco de acidentes também é mais baixo em trechos pesquisas (McBean, 1982; Nordtyp-projektgru-
com muitas curvas horizontais. Em ambos os re- ppen, 1980). Esta relação diz respeito à distância da
sultados houve controle do impacto de, respectiva- visibilidade abaixo de 1 km. Para distâncias de visi-
mente, curvas horizontais e verticais. Shankar, Man- bilidade acima de 1 km, o risco de acidentes é cons-
nering & Barfield (2001) não encontraram nenhuma tante. Outras pesquisas não encontraram nenhuma
relação entre as rampas e o número de acidentes. relação entre a distância de visibilidade e os aciden-
tes em trechos de via sem interseções (Glennon,
Conclusão: quanto mais íngremes são as vias maior 1987; Urbanik et al., 1989; Fitzpatrick et al., 2000).
a gravidade e o número de acidentes. O risco de aci- Fambro et al. (1997) não encontraram nenhum
dentes é maior nos declives que nos aclives. Em vias impacto da distância de visibilidade nos acidentes
com muitas curvas verticais côncavas ou convexas, quando a distância de visibilidade foi semelhante ou
o risco de acidentes é mais baixo que em vias com um pouco menor que a mínima estimada. Porém,
poucas. o risco de acidentes aumentou quando a distância
de visibilidade foi significativamente menor que a
recomendada. Uma pesquisa italiana (Caliendo,
Distância de visibilidade e condições de visibilidade 2001) encontrou um número reduzido de acidentes
com maior distância da visibilidade em rodovias. A
A distância de visibilidade e as condições de visi- distância de visibilidade nessas pesquisas foi subs-
bilidade afetam o tempo que o condutor leva para tancialmente dependente do alinhamento da via.
poder frear ou parar o veículo. A distância de visi-
bilidade necessária para se poder parar o veículo foi Remoção de obstáculo visual: A eliminação de ob-
calculada por Fambro et al.(1997). A menor distân- jetos na pista ou na lateral da via pode reduzir o
cia de visibilidade depende do tempo de reação e da risco de acidentes. Uma pesquisa australiana (Cor-
distância de frenagem (figura 1.13.6). ben et al., 1997) estudou os impactos nos acidentes
de se eliminar ou tornar visíveis os obstáculos la-
Aumento na distância de visibilidade nos trechos: terais. Depois de se eliminarem obstáculos laterais,
pode levar a um risco de acidentes maior, menor ou o número de acidentes com vítimas diminuiu 2%
inalterado. O aumento da distância de visibilidade (-20%, +20%). A sinalização dos obstáculos late-
200
Reação
180 efrenagem
(mín. distância
160 devisibilidade)
154
Frenagem
140
108
120 114
Metros
100 104
92
80 83
73
60 63
56
46
40 41
31 28
20 18
10
0
30 40 50 60 70 80 90 100
Velocidade (km/h)
Figura 1.13.6: Distância de visibilidade recomendada, calculada com base na
distância de reação e frenagem.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 189
rais para torná-los mais visíveis levou a uma dimi- ruega. As condições de visibilidade foram relacio-
nuição de 23% no número de acidentes com vítimas nadas para rotatórias com e sem altos índices de
(-65%; +69%). As alterações no índice de acidentes acidentes. Mostrou-se que as condições de visibili-
não foram estatisticamente significativas. (Estado dade nas rotatórias com altos índices de acidentes
Vägverk (1987) e Vaa (1991) estudaram o impacto eram melhores que nas sem acidentes. Isso se apli-
no índice de acidentes da remoção ou diminuição ca à visibilidade da esquerda e traseira da aborda-
da vegetação que prejudica a visibilidade ao longo gem principal anterior. Uma pesquisa (Schurr &
da rodovia. Nesse caso (Statens Vägverk, 1987), a Abos-Sanchez, 2005) encontrou velocidades re-
finalidade principal da medida foi reduzir o núme- duzidas depois do plantio de vegetação densa nas
ro de acidentes em ambientes rurais, tornando mais ilhas centrais, o que faz pensar na diminuição dos
fácil aos condutores perceber animais silvestres acidentes.
passando ou saindo da mata em direção à estrada.
Os estudos sugerem que esta forma de limpeza no A possível explicação para a inconsistência dos im-
campo visual reduz o índice de acidentes em 22% pactos nos trechos é que a distância de visibilidade
(-42; 5). Vaa (1991) não encontrou nenhum impacto pode afetar o comportamento de condução de di-
significativo no número de acidentes com vítimas ferentes maneiras: os condutores podem levar em
(-3% (-48; +80)). consideração a distância da visibilidade ao diminuir
a velocidade ou aumentar a atenção em curtas dis-
Pesquisas sobre os impactos da distância da visi- tâncias de visibilidade e ao aumentar a velocidade
bilidade em interseções mostram que o risco de em longas distâncias de visibilidade. Isso pode levar
acidentes aumenta quando há obstáculos na inter- a um aumento de risco de acidentes ou a um risco
seção ou quando a distância de visibilidade é re- inalterado em vias com grande distância de visibili-
duzida antes de uma interseção quando, por exem- dade. A distância de visibilidade ao longo da via é
plo, este está antes de uma curva vertical convexa geralmente muito importante para o condutor, e a
(Mayer & Bruce, 1988). Isso se aplica às interse- maioria entende a visibilidade muito reduzida como
ções com regulamentação da preferencial de pas- um perigo. Por um lado, o aumento da distância de
sagem ou preferencial para quem vem pela direita, visibilidade torna mais simples a detecção de outros
mas não a rotatórias ou interseções em desnível. veículos ou obstáculos na via ou a identificação de
Nas pesquisas de Fambro et al. (1989) e Urbanik mudanças das características da mesma, como, por
et al. (1989), o índice de acidentes aumentou nas exemplo, a presença de curvas. Isso pode reduzir o
interseções depois de um trecho com distância da risco de acidentes em vias com longa distância de
visibilidade reduzida devido a uma curva convexa. visibilidade. A pesquisa de Fambro e outros (1997)
Poch & Mannering (1996) pesquisaram o impacto mostrou que uma distância reduzida da visibilidade
de obstáculos visuais em interseções. A pesquisa leva a uma velocidade reduzida, mas a redução da
foi baseada em todos os acidentes em 63 interse- velocidade é menor do que a que seria necessária
ções por um período de 7 anos. Obstáculos visuais para se alcançar uma distância de frenagem satis-
incluem objetos no canteiro central ou ao lado da fatória em tal distância de visibilidade. Este efeito
via e a curvatura horizontal ou vertical da via, que pode contribuir para que o risco de acidentes seja
encurta a distância de visibilidade necessária para a pouco afetado pela distância de visibilidade quando
travessia segura da interseção. Há muitos acidentes não há nada que faça com que a velocidade diminua
em interseções com obstáculos visuais. O efeito é (uma interseção, por exemplo), mas que uma longa
significativo e houve controle de várias característi- distância de visibilidade aumenta o risco de aciden-
cas geométricas diferentes das interseções. Fambro tes quando isso faz com que o condutor adapte a
et al. (1989) pesquisaram a relação entre a distân- velocidade.
cia de visibilidade e a velocidade em interseções. A
velocidade não foi afetada pela distância da visibi- Conclusão: a distância de visibilidade tem pouca re-
lidade. Supõe-se que a falta de adaptação da velo- lação com o risco de acidentes, contanto que nada
cidade e da distância de visibilidade possa explicar que requeira reação (como diminuição de velocida-
a relação entre a distância de visibilidade e o risco de, por exemplo) esteja fora do campo de visão do
de acidentes. condutor. Por isso, normalmente uma visibilidade
reduzida em interseções leva ao aumento do risco
O impacto das condições de visibilidade nas ro- de acidentes. O contrário acontece nas rotatórias
tatórias nos acidentes foi pesquisado por Giæver em que uma visibilidade reduzida reduz o risco de
(2000). Giæver pesquisou 42 rotatórias na No- acidentes.
190 O Manual de Medidas de Segurança Viária
VDMA (veículos)
Responsabilidade pela execução da medida
1.000 5.000 10.000 20.000
Economia dos
96.986 484.929 969.857 1.939.714
As autoridades viárias são responsáveis pela imple-
custos de tempo mentação das melhorias de alinhamento das vias e
devem cobrir seus custos de acordo com a jurisdi-
Medidas que melhoram o alinhamento viário po- ção da rodovia, que pode ser federal, estadual ou
dem, ademais, reduzir a emissão de gases dos veí- municipal.
culos, pois reduzem as manobras de frenagem e
aceleração. De acordo com as leis de trânsito, o responsável
pela via deve impor ao proprietário da terra a remo-
ção da vegetação que obstrua a visibilidade e outros
Responsabilidade e procedimentos formais obstáculos dentro dos seus limites ao longo das vias
públicas. Se a imposição não for respeitada, o res-
Iniciativa para a medida ponsável pela via deve garantir que o trabalho ainda
assim seja feito. O proprietário das terras deverá ser
O Estado estabeleceu para o Plano Nacional de recompensado judicialmente por uma indenização
Transportes um programa de reconstrução de vias pelas inconveniências e danos. Os custos devem ser
dentro do padrão das normas viárias. O progra- cobertos como despesas viárias.
192 O Manual de Medidas de Segurança Viária
1.14 Melhoria geral das rodovias tizado e outras melhorias que possam incluir tanto
já existentes a seção transversal quanto o alinhamento da via. Na
melhoria geral das vias, normalmente o pavimento e
Capítulo revisado por Alena Høye (TØI) em 2014 os equipamentos viários, como, por exemplo, bar-
reiras de proteção e sinalização, são renovados. Em
alguns casos, as regras de trânsito, como, por exem-
Problema e finalidades plo, o limite de velocidade, podem ser alteradas.
Mudanças nas regras de trânsito são medidas mais
Grande parte da rede viária da Noruega foi construí- comuns de melhoria geral de vias urbanas e menos
da em uma época em que o volume de tráfego e as frequentes na melhoria de vias rurais. O contexto
demandas de mobilidade eram menores do que são para a melhoria geral das vias raramente reflete so-
hoje. As vias estão, muitas vezes, adaptadas à forma mente nos índices de acidentes.
do terreno, o que, em muitos lugares, significa a pre-
sença de muitas curvas e rampas. As vias com pouco
trânsito também muitas vezes são estreitas. Uma re- Impacto sobre os acidentes
visão que a Agência Nacional de Administração das
Vias Públicas da Noruega fez nas vias nacionais (Sta- O impacto sobre os acidentes da melhoria geral
tens vegvesen, 1991) mostrou que 70% delas não es- das vias foi estudado na Suécia (Brüde & Nils-
tão de acordo com o padrão viário normatizado, ou son, 1976; Nilsson, 1978; Statens vägverk, 1983;
seja, não cumprem os requisitos estabelecidos pelas Björketun, 1991; Slätis, 1994), Dinamarca (Nord-
normativas viárias em relação, entre outros, à largura typ-projektgruppen, 1980), Grã-Bretanha (Walker
da via, ao alinhamento e às condições de visibilida- & Lines, 1991) e EUA (Nemeth & Migletz, 1978;
de. Em 2012 foi estimado que a rede viária nacional, Larsen, 1986; Goldstine, 1991; Benekohal & Hash-
que consiste em 10.400 km de rodovias e que res- mi, 1992). Com base nestes estudos, estima-se que
ponde por 53% de todo o volume de tráfego, possui o aprimoramento geral viário reduziria o número de
vias com largura insuficiente em relação às normas acidentes com vítimas em 20% (intervalo de con-
viárias (abaixo de 8,5 m), fato que ocorre em 66% fiança de 95% [-25; -15]) em áreas rurais e em 7%
das vias europeias e em 80% das demais vias (OFV, [-12; -1] em áreas urbanas.
2012). Além disso, a linha divisória central amarela
não está presente em cerca de 16% das vias da rede Modelos de acidentes construídos para a rede viária
rodoviária federal. Muitas destas vias têm uma se- pública norueguesa (Høye, 2014) mostram que as
ção transversal de largura menor que 6 m. Há cerca vias que fazem parte da rede viária RTE-T têm 7%
de 20 pontos da rede rodoviária federal com altura menos acidentes com vítimas que as vias federais e
abaixo de 4,2 m, o que pode ser um problema para o estaduais que não fazem parte da rede viária RTE-T
transporte de mercadorias, e faltam 1.100 quilôme- (autoestradas e rodovias não se incluem nesta com-
tros de calçadas e ciclovias (Statens vegvesen, 2011). paração). Não foram encontradas diferenças signi-
Entre as rodovias europeias, apenas 15% têm limite ficativas para o número de mortos ou gravemente
de velocidade de 90 ou 100 km/h, 22% têm limite feridos.
de velocidade inferior a 80 km/h. Entre as demais
rodovias, 29% têm limite de velocidade abaixo de
80 km/h (OFV, 2012). Impacto na mobilidade
O aprimoramento geral das vias existentes visa dar a A melhoria geral das vias existentes melhora a mo-
elas um projeto e uma regulamentação que estejam bilidade, especialmente em áreas rurais, onde as
em conformidade com os requisitos fixados pelas seções transversais e o alinhamento afetam mais o
normas viárias atuais. Isso contribuirá tanto para nível de velocidade se comparadas às áreas urbanas.
eliminar os riscos associados ao projeto viário quan-
to para aumentar a mobilidade nas vias.
Impacto no meio ambiente
Descrição da medida Não foram encontrados estudos que digam algo so-
bre os impactos da melhoria geral de vias existentes
Consideram-se como melhorias gerais a reconstru- em relação ao meio ambiente. O aumento do nível
ção da via existente dentro do padrão viário norma- de velocidade leva a maiores níveis de ruído e emis-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 193
sões de gases. Por outro lado, um fluxo de tráfego tão, seria de NOK 525 bilhões em um período de 15
mais suave pode reduzir as emissões e os níveis de anos, e NOK 520 bilhões em um período de 40 anos.
ruído. O valor presente dos custos é de NOK 375,884 bi-
lhões para um período de 15 anos, e NOK 239,221
bilhões para um período de 40 anos. A estimativa
Custos baseou-se nos números de mortos, feridos graves e
feridos leves do ano anterior ao início dos reparos,
Os custos para melhorias gerais de vias variam mui- que são, respectivamente, 152, 574 e 6227 (este é o
to, dependendo do alcance das medidas, condições número médio anual de pessoas mortas e feridas em
do terreno no local e grau de urbanização. O apri- veículos entre 2009-2012). Os custos socioeconômi-
moramento geral de vias é mais dispendioso e tecni- cos dos danos foram supostos segundo Veisten et al.
camente mais complicado nas cidades que nas áreas (2010). Além disso, estima-se que 53% de todas as
rurais. As medidas também são mais caras em ter- mortes e ferimentos acontecem na rede viária fede-
reno montanhoso que em solo plano e sedimentar ral (que corresponde a 53% de todo o volume de
(Gabestad, 1981). tráfego) e que 66% da rede viária federal não está
dentro das normas viárias padrão. Assim, 35% de
Em 2012, estimava-se que o custo total para se al- todas as mortes e lesões serão afetadas pelas melho-
cançar as normas viárias padrão em toda a rede rias. Assume-se que as melhorias devam ser imple-
viária federal (que responde por aproximadamen- mentadas em um ritmo constante.
te 53% de todos os quilômetros percorridos pelos
veículos) custaria algo na faixa de NOK 400-500 A tabela 1.14.1 mostra a razão de custo-benefício
bilhões. (Statens vegvesen, 2011). Isso se divide da para diferentes aspectos:
seguinte forma, para diferentes tipos de via:
• períodos de análise: 15 ou 40 anos;
• vias com VDMA abaixo de 4000 veículos: 30%; • impactos das melhorias: -10%, -5% ou -2%;
vias com volume de tráfego mais alto: 70%; • desenvolvimento do número de mortos e feridos:
• vias com quatro faixas em cidades: 35%; nível inalterado entre 2009-2012 ou com uma re-
• vias de duas ou duas/três faixas: 30%; dução anual de 5% a partir do nível 2009-2012 (o
• projetos de soluções para balsas: 15%; número de mortos e feridos diminuirá 51% após
• proteção contra avalanches, segurança nos túneis, 15 anos e 86% após 40 anos).
maturidade técnica (parcialmente) e planejamen-
to de intervenções: 20%. Os resultados mostram que, na maioria dos cená-
rios, os benefícios claramente superam os custos.
Apenas assumindo-se uma grande diminuição anual
Avaliações de custo-benefício no número de mortes e feridos devido a outros fa-
tores, um pequeno impacto das melhorias e, em um
Não há nenhuma análise atual de custo-benefício da período de análise de 40 anos, os benefícios igua-
melhoria geral das vias. A relação entre os benefí- lar-se-iam aos custos. Os impactos na mobilidade,
cios e os custos depende, em grande parte, das me- que são positivos, não foram incluídos nos cálculos.
lhorias existentes e daquelas que foram realizadas e Contudo, é provável que seja socioeconomicamente
de como estas afetam a segurança, a mobilidade e o rentável aprimorar a rede viária federal dentro das
meio ambiente. normas viárias padrão.
Tabela 1.14.1: Análise de custo-benefício da melhoria da rede viária nacional dentro das normas viárias padrão (exemplos
de cálculo com diferentes períodos de análise, impactos e evolução do número de mortos e feridos ao longo do tempo).
cas da Noruega propõe investimentos, e essas pro- veículo cruze o canteiro central e reduzir o número
postas são tratadas pelas autoridades políticas, ou total do número de acidentes em 13%. O impacto
seja, o conselho municipal (no município afetado), é maior nos acidentes mais graves. A maioria dos
o conselho estadual ou o governo federal. Os pro- resultados sugere que as barreiras mais maleáveis
jetos que as autoridades políticas elegerem deverão geralmente são mais eficazes que as mais rígidas. As
ser implementados de acordo com as verbas anuais barreiras maleáveis não são tão eficazes em impedir
para fins viários. As demandas por melhores condi- que o veículo cruze para a pista oposta, mas causam
ções viárias vêm principalmente do setor empresa- lesões menos graves em caso de choque contra o
rial, de um desejo de reduzir os custos de transporte dispositivo. Barreiras laterais podem evitar aciden-
e, assim, melhorar a competitividade das empresas. tes de saída de pista e na maioria dos casos a colisão
contra essas barreiras leva a lesões menos graves
que as que ocorreriam com a saída de pista ou ain-
Requisitos e procedimentos formais da com os choques contra objetos na lateral da via.
As barreiras laterais têm maior efeito na redução de
As novas vias são construídas de acordo com os danos quando evita colisões contra árvores, pilares
requisitos das normas viárias. O projeto da via é de ponte ou paredões de rocha (o risco de morte é
determinado pela escolha de sua classe de dimen- reduzido em aproximadamente 70% e o risco de fe-
sionamento. Em cada classe de dimensionamento, rimentos em cerca de 30%) e têm menores efeitos
os requisitos viários de projeto são adaptados para quando impedem a saída de pista para valas ou pos-
o volume de tráfego esperado. Muitas das vias exis- tes. Para os motociclistas, no entanto, geralmente
tentes não estão dentro das normas do padrão viá- o risco de morte aumenta com as barreiras laterais;
rio. O planejamento de medidas de aprimoramento principalmente, quando são barreiras de concreto.
de vias públicas acontece com base no Código de As colisões com o terminal das barreiras são geral-
Planejamento e Construção Civil. mente mais arriscadas do que com a barreira em si,
mas, dependendo da forma do terminal das barrei-
ras, esta parte também pode contribuir para reduzir
Responsabilidade pela execução da medida a gravidade do acidente. Quando a barreira é anco-
rada por trás, o risco de dano é mais baixo do que
A autoridade viária é responsável pela realização quando ela tem sua parte inferior presa diretamente
das melhorias da seção transversal e deve arcar com ao solo. Os atenuadores de impacto nos terminais
os custos dessas medidas de acordo com a jurisdi- da barreira de proteção também podem reduzir a
ção da rodovia, que pode ser federal, estadual ou gravidade do acidente em caso de colisão. O risco
municipal. de morte em caso de colisão contra outros objetos,
como, por exemplo, pilares de pontes, também pode
ser reduzido com atenuadores de impacto, mas o ris-
1.15 Barreiras de proteção co de dano total pode aumentar.
e atenuadores de impacto
As barreiras de proteção têm como finalidade impe- Acidentes de saída de pista e colisões estão entre
dir alguns dos acidentes mais graves. As barreiras os acidentes mais graves. Na Noruega, entre 2006
centrais podem, na maioria dos casos, impedir que o e 2011, 31% de todas as mortes, 31% de todas as
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 195
lesões graves e 24% dos ferimentos leves ocorreram meros referem-se a acidentes de saída de pista, em
em acidentes de saída de pista, e 41% de todas as que um obstáculo é atingido e é possível identificar
mortes, 32% de todas as lesões graves e 18% das qual o tipo de obstáculo. Na Finlândia, em 60%
lesões menores ocorreram em colisões. Isso de- dos acidentes fatais em que uma barreira lateral foi
monstra que as mortes e lesões graves são altamen- atingida, esta se encontrava a 6 metros ou menos
te sobrerrepresentadas, especialmente em colisões da borda da pista. Em 80% dos acidentes fatais, os
frontais, ou seja, o risco de morte ou ferimentos gra- obstáculos encontravam-se a 8 metros ou menos da
ves, dado o envolvimento em um acidente, é signi- borda (Finnra, 2009).
ficativamente maior em colisões frontais do que em
outras formas de acidentes. Em acidentes de saída A finalidade da barreira de proteção e dos atenua-
de pista, 48% dos mortos, 57% dos levemente fe- dores de impacto é reduzir a extensão dos danos em
ridos e 56% dentre todos os feridos saíram da pista caso de acidente. A barreira de proteção no canteiro
pelo lado direito da via. central em vias de pista dupla deve impedir que o
veículo cruze o canteiro em questão. Em vias com
Nas rodovias, os acidentes em que o veículo cruza 2 ou 3 faixas, a barreira de proteção na divisão en-
o canteiro central e as colisões contra objetos rígi- tre dois sentidos deve impedir que o veículo cruze
dos (como um pilar de ponte, por exemplo) costu- para as faixas no sentido oposto. A barreira lateral
mam ser particularmente muito graves. Ao longo de deve impedir que o veículo prossiga sobre a borda
muitas vias, há paredões de rocha, encostas, pedras, da via e, idealmente, deve ajudar o condutor a retor-
corpos d’água, árvores e outros obstáculos fixos que nar com o veículo para sua a pista. Os atenuadores
podem causar danos se o veículo sair da pista. Em de impacto são projetados para fazer com que as
saídas de pista em terrenos planos, onde há árvo- extensões dos danos causados por obstáculos fixos
res e pedras maiores, há grandes possibilidades de (muitas vezes um pilar de ponte ou terminais de
uma maior extensão dos danos. A probabilidade de barreiras de proteção) sejam as menores possíveis.
morte e dano aumenta quanto mais íngreme e alta
for a encosta do terreno da lateral da via (Glennon
e Tamburri, 1967; Pettersson, 1977). Os obstáculos Descrição da medida
mais perigosos contra os quais pode haver choque
são as árvores, os paredões de rocha, os postes e as Padrões para o uso de barreira de proteção foram
próprias barreiras de proteção. A probabilidade de desenvolvidos na Noruega e em muitos outros paí-
morte ou ferimentos graves, dado o envolvimento ses. Estas normas descrevem em quais vias deverão
em um acidente de choque com objeto fixo com ví- ser instaladas as barreiras centrais (dependendo do
timas, é de 15% para árvores, 14% para paredões VDMA, por exemplo) e onde elas serão instaladas
de rocha, 10% para postes e 9% para barreiras de nas laterais (dependendo da existência de taludes
proteção. Uma razão para o número relativamente e objetos fixos na lateral da via). Os critérios para
alto de mortos ou gravemente feridos em choques a instalação de barreiras e atenuadores de impacto
contra barreiras de proteção é que muitos deles são são descritos nas normas de barreiras de proteção
motociclistas. Os dados apresentados sobre a pro- (Statens vegvesen, 2013, Håndbok N101), que fa-
babilidade de morte em caso de choque contra a zem parte das normas viárias. Os requisitos para a
barreira de proteção contêm uma taxa de17% de instalação de uma barreira de proteção e atenuado-
motociclistas (ou passageiros de motocicleta), en- res de impacto são baseados em uma avaliação da
quanto que a taxa de motociclistas mortos ou gra- probabilidade de acidentes e das possíveis conse-
vemente feridos nos demais tipos de acidentes fica quências desses no local onde se considera a instala-
abaixo dos 12%. Em muitos acidentes em que a ção dessas proteções. Os critérios são relativamente
colisão contra a barreira de proteção levou a feri- detalhados e não estão reproduzidos aqui.
mentos graves, a barreira havia sido instalada incor-
retamente. Os padrões dos testes de colisão foram desenvol-
vidos para avaliar as características dos diferentes
Entre os acidentes de saída de pista na Noruega, tipos de barreiras segundo critérios de segurança es-
28% resultaram em choque contra rocha/monta- trutural, dinâmica e baseados no usuário. O padrão
nha; 20%, em choque com poste de iluminação; europeu foi desenvolvido pelo Comitê Europeu de
18%, em choque contra barreiras de proteção; Normatização (CEN) e seus detalhes são tratados
13%, em choque com árvores, e 4%, em choque na norma Europeia EN-1317. A iniciativa norte-a-
contra muros e edifícios (Elvik, 2001). Esses nú- mericana correspondente é coordenada e docu-
196 O Manual de Medidas de Segurança Viária
mentada pelo FHWA (AASHTO, 2009). Ambas as redução do risco de danos. Os terminais das bar-
normas têm diferentes classificações de qualidade reiras de proteção foram desenvolvidos para absor-
baseadas no impacto da velocidade e da massa dos ver a energia do choque. Um projeto comum é a
veículos de teste, a fim de responder às diferentes barreira de proteção abatida no solo a cada trecho
necessidades das classes de vias. As diretrizes para de 12 metros, por vezes abreviada para 8 ou 4 me-
o projeto de barreiras de proteção nos EUA estão tros (Hvoslef, 2000). Esse terminal das barreiras de
no Roadside Design Guide (AASHTO, 2006). Dire- proteção pode, contudo, servir como uma “plata-
trizes correspondentes para a Europa foram desen- forma de lançamento”, arremessando o automóvel.
volvidas no projeto RISER (Thomson et al., 2006b). Na pior das hipóteses, isso pode fazer com que um
veículo seja lançado ou que ele suba na barreira e
Este capítulo foca nos estudos que avaliaram o im- encontre o perigo do qual a barreira de proteção
pacto da barreira de proteção como medida isolada. deveria protegê-lo. Outra possibilidade é virar a
extremidade da barreira de proteção para o lado
oposto da borda da via para reduzir a probabilidade
Barreiras centrais de choques. Nas novas normas de barreiras de pro-
teção norueguesas, são impostos firmes requisitos
Barreiras centrais são instaladas para separar os flu- para o projeto dos terminais de barreiras. Os quatro
xos de tráfego em sentidos opostos, geralmente no tipos de projetos a seguir são homologados:
centro de vias com várias faixas. As barreiras centrais
podem, também, ser instaladas no centro, entre os • barreira de proteção, que em sua altura total do-
dois sentidos de trânsito, em vias sem divisão central. bra para fora, ancorando no terreno adjacente,
Para este tipo de barreira central existem, no entanto, paredão de pedra ou obstáculo lateral;
poucos estudos empíricos. Barreiras centrais existem • as extremidades da barreira devem ser maleáveis
em diferentes formas e são compreendidas a partir de ou protegidas com um terminal absorvedor de
modelos mais rígidos até os mais suaves; independen- energia;
temente das formas, as barreiras de proteção podem • barreira de proteção, que em sua altura total do-
ser diferenciadas entre: barreiras de ponte, barreiras bra para fora e reduz gradativamente sua altura
de concreto, defensas metálicas e cabos de aço. Nos até ancorar-se ao solo;
EUA, onde foi realizada a maioria dos estudos sobre • barreira de proteção que dobra para fora, reduz
barreiras centrais, as barreiras de concreto são anco- gradativamente sua altura e ancora-se dentro da
radas, enquanto que as barreiras de concreto na No- zona de proteção (permitida apenas em rodovias
ruega geralmente são soltas e, portanto, um pouco com limite de velocidade de 60 km/h ou inferior).
mais flexíveis que a variante americana. Em vias sem
barreiras centrais na Noruega e na Suécia são utiliza-
dos cabos de aço, geralmente porque ocupam menos Atenuadores de impacto
espaço que outros tipos de barreiras.
Atenuadores de impacto são estruturas de absorção
de energia, instaladas na frente de obstáculos fixos
Barreiras laterais que muitas vezes fazem parte de estruturas viárias,
como portais de túnel, pilares frontais de uma ponte
As barreiras laterais são instaladas na borda da pista ou o início de uma barreira de concreto. Um ate-
para impedir que o veículo saia da pista. Geralmen- nuador de impacto é projetado para deformar em
te as barreiras laterais devem ser instaladas apenas caso de choque e, com isso, tornar o acidente menos
onde a situação depois da barreira é mais perigosa grave.
do que o choque com a própria barreira, sendo ne-
cessária a proteção dos usuários (Statens vegvesen,
2013). As barreiras laterais são normalmente conce- Impacto sobre os acidentes
bidas como defensas metálicas (de aço).
As barreiras de proteção e os atenuadores de impac-
to não são primordialmente projetados para evitar a
Terminais da barreira de proteção ocorrência de acidentes, mas para reduzir sua gravi-
dade, caso eles ocorram. Ainda assim, é possível que
As extremidades das barreiras representam um ris- ambos, barreira de proteção e atenuadores de im-
co e diferentes medidas podem ser tomadas para a pacto, possam afetar o número de acidentes. A bar-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 197
reira de proteção é um obstáculo fixo que os condu- Chitturi et al. (2011), EUA;
tores tentarão evitar; este desejo dos condutores de Chengye & Ranijatkar (2013), Nova Zelândia;
evitar o choque contra a barreira de proteção por Martin et al.(2013), França e
si só já reduz o número de acidentes. A barreira de Olsonet al. (2013), EUA.
proteção também pode levar a um melhor alinha-
mento visual, o que também pode, entretanto, levar A tabela 1.15.1 mostra os impactos em conjunto da
à diminuição do espaço disponível de manobra e, barreira de proteção baseados em estudos de antes e
assim, aumentar o número de acidentes (de choques depois com grupos de controle e estudos com gru-
contra a barreira de proteção, por exemplo). Ao pos de comparação (“com e sem” a medida) em que
considerar os efeitos globais das barreiras de prote- houve diferentes modos de controle de variáveis per-
ção e dos atenuadores de impacto nos acidentes, é turbadoras. Os estudos em que não houve controle
importante levar-se em conta as alterações tanto na de outras variáveis perturbadoras, fora o volume de
probabilidade quanto na gravidade dos acidentes. tráfego, não estão incluídos nas análises. Acredita-se
que os resultados não sejam apenas minimamente
afetados por viés de publicação ou efeitos da regres-
Barreira central na divisão de vias de pista dupla são para a média. Verificou-se que os estudos mais
recentes revelaram impactos mais vantajosos da bar-
Os impactos da barreira de proteção na divisão cen- reira central que os estudos mais antigos. Por isso,
tral de vias de pista dupla no número de acidentes na medida do possível, os resultados apresentados
ou ferimentos são estimados com base nos seguintes são baseados nos estudos mais recentes (estudos do
estudos: ano 2000 ou posteriores). Na ausência de resultados
de estudos recentes, são mostrados os resultados de
Billion (1956), EUA; estudos mais antigos. Os resultados são apresentados
Moskowitz & Schaefer (1960), EUA; para acidentes fatais e para acidentes com gravidade
Beaton, Field & Moskowitz (1962), EUA; de dano não especificada. Esses últimos se baseiam
Billion, Taragin & Cross (1962), EUA; principalmente em acidentes com vítimas.
Billion & Parsons (1962), EUA;
Sacks (1965), EUA; A maioria dos estudos refere-se ao impacto da bar-
Johnson (1966), EUA; reira central em vias com divisão central. Quando
Moore & Jehu (1968), Reino Unido; se observa todos os acidentes e todos os tipos de
Williston (1969), EUA; grades, em conjunto, os resultados mostram que a
Galati (1970), EUA; barreira central reduz os acidentes fatais e os aci-
Good & Joubert (1973), Reino Unido; dentes com gravidade não especificada. Para aci-
Tye (1975), EUA; dentes fatais, foi encontrada uma maior diminuição
Ricker et al.(1977), EUA; em vias com barreiras de concreto (-38%) que em
Johnson (1980), Reino Unido; vias com defensas metálicas (-12%). Para acidentes
Watts (1986), Reino Unido; com gravidade não especificada, também foi encon-
Hunter, Stewart & Council (1993), EUA; trada uma maior diminuição em vias com barreiras
Martin et al.(1997), França; de concreto (-13%) que em vias com defensas me-
Wang et al. (1998), EUA; tálicas (-4%); enquanto que, para vias com cabos de
Nilsson & Ljungblad (2000), Suécia; aço encontrou-se uma redução de 4% no número
Carlsson et al. (2001), Suécia; de acidentes. Os resultados para acidentes fatais
Hunter et al. (2001), EUA; foram baseados em estudos mais antigos. Esses re-
Martin & Quincy (2001), França; sultados sugerem que barreiras de concreto têm um
Strathman (2001), EUA; efeito mais favorável do que barreiras mais flexíveis;
Holdridge et al. (2005), EUA; enquanto que, entre cabos de aço e defensas metá-
Hovey & Chowdhury (2005), EUA; licas há apenas uma pequena diferença. Jurewicz e
Khorashadi et al. (2005), EUA; Steinmetz (2012), todavia, mostraram que vias com
Anastasopoulos et al. (2008), EUA; barreiras mais maleáveis, geralmente, têm menos
Montella et al. (2008), Itália; acidentes do que as vias com grades menos maleá-
Carlsson et al. (2009), Suécia; veis. Montella e Pernetti (2010) mostraram que cho-
Hu & Donnell (2010), EUA; ques contra barreiras de concreto levam a um maior
Indupuru (2010), EUA; risco de ferimentos graves ou capotamentos que as
Schulz et al. (2010), EUA; defensas metálicas, sem que isso seja compensado
198 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 1.15.1: Impactos da barreira central no número de acidentes. Variação porcentual no número de acidentes:
Variação porcentual no número de acidentes
Melhor Intervalo
Gravidade do acidente Tipos de acidentes impactados
estimativa de confiança
Barreira de proteção na divisão central de via com pista dupla (todos os tipos de barreira de proteção)
Acidentes fatais** Todos os acidentes -15 (-33; +7)
Gravidade não especificada* Todos os acidentes -13 (-26; +2)
Cabo de aço na divisão central de via com pista dupla
Gravidade não especificada* Todos os acidentes -7 (-19; +7)
Defensa metálica na divisão central de via de pista dupla
Acidentes fatais** Todos os acidentes -12 (-32; +13)
Gravidade não especificada* Todos os acidentes -4 (-27; +27)
Acidentes fatais** Cruzamento da divisão central -87 (-96; -59)
Gravidade não especificada** Cruzamento da divisão central -91 (-94; -85)
Acidentes fatais** Acidentes na divisão central (sem cruzamento) +7 (-55; +154)
Gravidade não especificada** Acidentes na divisão central (sem cruzamento) +73 (+33; +125)
Acidentes fatais Outros acidentes -3 (-46; +73)
Gravidade não especificada* Outros acidentes +7 (-8; +24)
Barreira de concreto na divisão central em via de pista dupla
Acidentes fatais** Todos os acidentes -38 (-69; +24)
Gravidade não especificada* Todos os acidentes -13 (-46; +40)
Cabo de aço em vez de defensa metálica na divisão central de via de pista dupla
Grau de dano não especificado** Todos os acidentes -24 (-34; -13)
Gravidade não especificada* Acidentes na divisão central -38 (-56; -11)
Defensa metálica em vez de barreira de concreto na divisão central de via de pista dupla
Gravidade não especificada* Cruzamento da divisão central +99 (-48; +660)
Gravidade não especificada* Acidentes na divisão central -31 (-37; -24)
Cabo de aço em vez de barreira de concreto na divisão central de via de pista dupla
Acidentes com vítimas* Acidentes na divisão central -70 (-81; -51)
Barreira de concreto entre direções opostas em via com duas faixas sem divisão central
Gravidade não especificada** Todos os acidentes -17 (-61; +74)
pela redução do risco de invadir a direção oposta. ocorre o cruzamento da divisão central. Acidentes
O estudo também mostrou que as colisões com de- na divisão central, em que essa não é cruzada, não
fensas metálicas mais novas (thrie-beam), em média, parecem aumentar. Tais acidentes, com gravidade
levam a menos danos que colisões contra defensas não especificada, aumentam em 73%. Isso prova-
metálicas mais antigas (W-beam). velmente se deve ao fato de que muitos dos aciden-
tes envolvem o choque contra a própria barreira,
Os estudos que compararam acidentes em vias com de modo que muitos dos acidentes sem o choque
diferentes tipos de barreiras, têm, sobretudo, en- contra a barreira teriam sido ou colisões frontais
contrado um efeito mais favorável para barreiras ou não teriam ocorrido se o condutor conseguisse
mais maleáveis. Apenas o impacto sobre o número controlar o veículo de volta para a pista; ou seja, há
de acidentes envolvendo o cruzamento da divisão colisões com barreiras em vias onde há barreiras
central é que parece ser maior em vias com barrei- centrais. Outros acidentes não parecem ser afetados
ras de concreto que em vias com defensas metálicas; pela barreira central.
esse resultado foi, entretanto, baseado em apenas
alguns estudos com resultados contraditórios. A maioria dos resultados, para todos os acidentes,
não é estatisticamente confiável. Análises adicio-
O tipo de acidente mais impactado (reduzido) em nais –de metarregressão e testes de heterogeneida-
vias com barreiras de proteção é aquele em que de - sugerem que existem diferenças reais entre os
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 199
impactos de diferentes graus de lesão e entre dife- sultado, pode-se esperar que a barreira central, na
rentes tipos de acidentes. As diferenças entre os ti- divisão central tem maior impacto que a barreira em
pos de barreiras de proteção, ao contrário, não são vias sem divisão central.
estatisticamente confiáveis. As diferenças que foram
encontradas, para os diferentes tipos de barreiras, Chimba et al. (2014) mostraram que o volume de
provavelmente não são, portanto, reais. Isso tam- tráfego tem maior relação com o número de aciden-
bém poderia explicar os resultados diferentes para tes em vias sem barreira central que em vias com
diferentes tipos de barreiras, tanto nas comparações barreira central. Ou seja, um volume de tráfego
diretas de diferentes tipos de barreira quanto para crescente, em vias com barreira central, leva a um
outros estudos que mostraram que as barreiras mais menor aumento de acidentes do que em vias sem
maleáveis têm efeitos mais favoráveis do que as bar- barreira central. Assim, assume-se que a barreira
reiras menos maleáveis. central pode ter maiores efeitos em vias com alto
volume de tráfego que em vias com baixo volume
Martin e Quincy (2001) pesquisaram acidentes en- de tráfego.
volvendo choques contra barreiras de proteção na
divisão central em rodovias francesas. Em apenas
0,6% de todos os acidentes com choque contra a Barreiras laterais
barreira de proteção na divisão central o veículo
cruzou a tal divisão. O porcentual entre ônibus e ca- Os impactos da instalação de barreiras ao longo da
minhões foi de 6,4%. Os acidentes sem cruzamento borda da pista sobre os acidentes foram estudados
ou violação de barreiras na divisão central são muito nas seguintes pesquisas:
menos graves que os que envolvem o cruzamento.
Para os automóveis, o porcentual de acidentes fatais Glennon & Tamburri, 1967 (EUA);
é 94% mais baixo quando a divisão central não é Tamburri et al., 1968 (EUA);
atravessada do que quando ela é. Para danos graves Williston, 1969 (EUA);
e mais leves, as respectivas reduções são de 83% e Good & Joubert, 1973 (Austrália);
30%. O porcentual de acidentes apenas com danos Petterson, 1977 (Suécia);
materiais aumenta em 66% quando a divisão cen- Ricker et al., 1977 (EUA);
tral não é atravessada. O porcentual de travessia da Perchonok et al., 1978 (EUA);
barreira central foi menor para as barreiras de con- Schandersson, 1979 (Suécia);
creto, as quais envolvem, entretanto, um número de Hall, 1982 (EUA);
danos e mortes 1,7 vezes mais alto que outros tipos Kurucz, 1984 (EUA);
de barreira central. Domhan, 1985 (Alemanha);
Schultz, 1986 (EUA);
Outros estudos sobre acidentes com o cruzamento Ray, Troxel & Carney, 1991 (EUA);
da divisão central, que foram utilizados nos mode- Hunter, Stewart & Council, 1993 (EUA);
los estatísticos para avaliar a importância de, entre Corben et al., 1997 (Austrália);
outros, volume de tráfego, largura da divisão central Short & Robertson, 1998 (EUA);
e número de faixas, mostraram que a barreira cen- Bligh & Mak, 1999 (EUA);
tral reduz o número de acidentes com cruzamento Kloeden et al., 1999 (EUA);
da divisão central e aumenta o número de acidentes Ljungblad, 2000 (Suécia; acidentes de motocicleta);
na divisão central (Tarko et al., 2008; Davis e Pei, Martin et al., 2001 (França);
2005; Fitzpatrick et al., 2008; Donnell e Mason, Gates et al., 2006 (EUA);
2004; Miaou et al., 2005). Gabler, 2007 (EUA);
Tung et al., 2008 (Malásia; acidentes de motocicle-
Em vias sem divisão central, os resultados na Tabela ta);
1.15.1 mostram que barreiras de concreto reduzem Indupuru, 2010 (EUA; acidentes de motocicleta);
o número de acidentes com vítimas em 17%. Esse Grzebieta et al., 2010 (Austrália);
resultado é baseado em um estudo antigo (Billion, Daniello & Gabler, 2011 (EUA);
1956) e, por isso, pode não se parecer com os de- Martin et al. (2013), França.
mais resultados. Chitturi et al. (2011) e Chimba et
al. (2014) mostraram que o aumento da distância Com base nessas pesquisas, o impacto da barreira
entre a barreira central e as faixas mais internas, ao longo da borda da pista é fornecido por meio dos
leva a uma redução do risco de acidentes. Desse re- índices da Tabela 1.15.2.
200 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 1.15.2 - Impactos da defensa metálica ao longo da borda da pista sobre a gravidade do acidente. Variação porcentual
da probabilidade de morte ou danos em caso de envolvimento em acidente.
Todos os estudos incluídos nos resultados da tabela com barreiras laterais. A maior redução de risco de
1.15.2 de uma forma ou de outra controlaram variá- morte ou ferimentos dá-se em vias com terreno pla-
veis perturbadoras. Em nenhum dos estudos hou- no na lateral. Uma menor redução do risco de feri-
ve explicitamente controle dos efeitos de regressão mentos e um aumento do risco de morte de 19%
para a média. Muitos dos estudos são, entretanto, foram encontrados quando há uma vala na lateral da
comparativos (de com e sem), em que é imprová- via. A maioria dos resultados é estatisticamente sig-
vel que os resultados sejam afetados pelos efeitos da nificativa. O risco de morte em um acidente de saída
regressão para a média. Os resultados não parecem de pista com capotamento aumenta em 38% em vias
ser significativamente afetados pelo viés de publi- com barreiras laterais, enquanto que o risco de fe-
cação. rimentos nesses acidentes diminui 51% nessas vias.
Para todos os acidentes em conjunto, foram encon- O risco de morte e ferimentos em choques com
tradas reduções acima de 40% na probabilidade de objetos na lateral da via diminui, respectivamente,
ser ferido ou morto em vias com barreiras laterais; 58% e 43% em vias com barreiras laterais. As maio-
os resultados não são significativos, o que leva a crer res reduções de risco foram encontradas para cho-
que somente existam algumas estimativas de impac- ques com pilares de ponte e árvores. Em choques
to baseadas em poucos acidentes. contra morros e postes, o risco também foi forte-
mente reduzido com as barreiras laterais. A redução
Na saída de pista, a probabilidade de ser morto ou do risco é, na maioria dos casos, maior para danos
ferido é reduzida em, respectivamente, 24% e 53% mais graves.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 201
Contudo, os resultados mostram que os choques risco. Ambos os resultados têm intervalos de con-
com barreiras de proteção não necessariamente fiança muito grandes.
levam a menores riscos de ferimentos e morte em
saídas de pista. A maioria dos resultados da tabela 1.15.3 sugere que
barreiras de proteção maleáveis reduzem o risco de
Ao contrário dos resultados que foram descritos até morte e ferimentos para todos os usuários em geral,
então, os resultados de acidentes envolvendo moto- mas não necessariamente para os motociclistas. Isso
cicletas mostram que estes têm maior risco de morte é confirmado por dois estudos que pesquisaram o
ou ferimento quando há saída de pista em vias com impacto da troca de barreiras de proteção antigas
barreira de proteção lateral. Nenhum dos resulta- por outras mais modernas (Bryden & Fortuniewicz,
dos é estatisticamente significativo, algo que se deve 1986; Shankar et al., 2000). Apesar dos dados limi-
à pequena amostra de acidentes. tados, ainda parece que a própria atualização teve
menos efeito que a instalação inicial das barreiras de
Todos os resultados da tabela 1.15.2 aplicam-se a proteção em lugares onde antes não havia.
defensas metálicas (de aço). Não há resultados para
o impacto de outros tipos de barreiras de proteção
(vs sem barreira de proteção) na gravidade dos aci- Terminais da barreira de proteção
dentes. A tabela 1.15.3 mostra os resultados de es-
tudos que compararam o risco de morte ou lesão Pesquisas norueguesas e suecas mostraram que os
em choques com barreira de proteção lateral entre choques contra os terminais das barreiras de pro-
diferentes tipos de barreiras laterais. Os cabos de teção levam a um maior risco de lesão que os cho-
aço parecem representar menor risco que as defen- ques com a barreira de proteção propriamente dita
sas metálicas ou barreiras de concreto para todos (Hunter et al., 1993; Ljungblad, 2000; Martin et al.,
os usuários em conjunto e para os motociclistas. 2001). Martin et al. (2001) mostraram que a proba-
Os resultados, entretanto, não são estatisticamente bilidade de lesão é 68% maior (intervalo de confian-
significativos, pois apresentam grandes intervalos ça de 95% [12; 152]) em choques com terminais da
de confiança. Os choques com defensas metálicas barreira de proteção do que com a barreira de pro-
parecem levar a um maior risco de morte e menor teção em si. A probabilidade de morte é, respecti-
risco de ser ferido que os choques com barreiras de vamente, segundo Hunter et al. (1993) e Ljungblad
concreto, exceto para motociclistas que têm mais (2000), 3,3 e 3,1 vezes maior em choques com termi-
alto risco de ser morto ou ferido. Sobre barreiras nais da barreira de proteção que em choques com a
de proteção com postes maleáveis em vez de postes própria barreira, enquanto que a probabilidade de
rígidos, é incerto se há aumento ou diminuição do ser ferido gravemente é, em ambos, respectivamen-
Tabela 1.15.3: Impactos do choque com barreiras de proteção lateral na gravidade dos acidentes. Variação porcentual da
probabilidade de morte ou ferimentos.
te, 1,3 e 1,7 vez maior, e a probabilidade de ferimen- antigo e o moderno. Todos os sistemas foram proje-
tos leves é, respectivamente, 0,9 e 1,8 vez maior em tados e testados conforme rigorosos procedimentos
colisões com terminais da barreira de proteção do de teste. Os autores enfatizaram a importância da
que com as barreiras em si. Em outras palavras, a se- instalação e manutenção adequada para assegurar
gurança pode melhorar consideravelmente, caso os um nível de segurança satisfatório.
terminais da barreira de proteção sejam projetados
para que o risco no caso de choque seja reduzido ao
mesmo nível que o risco atribuído ao choque com a Atenuadores de impacto
barreira em si. Diferentes tipos de terminais da bar-
reira de proteção foram pesquisados por: Os impactos dos atenuadores de impacto nos aci-
dentes foram pesquisados nos seguintes estudos:
Hunter, Stewart e Council, 1993 (EUA);
Gattis, Alguire e Narla, 1996 (EUA); Viner e Tamanini, 1973 (EUA);
Holdridge et al., 2005 (EUA) e Griffin, 1984 (EUA);
Igharo et al., 2004 (EUA). Houh, Epstein e Lee, 1986 (EUA);
Schoon, 1990 (Países Baixos);
Os resultados estão resumidos na tabela 1.15.4 e Ray, Troxel e Carney, 1991 (EUA) e
mostram que o número, na prática, não é diferen- Holdridge et al., 2005 (EUA).
te entre terminais da barreira de proteção retos e
os ancorados no solo. Se a barreira de proteção é Com base nestas pesquisas, o efeito dos atenuado-
ancorada por trás, o risco de lesão diminui 28%. res de impacto nos acidentes é calculado de acor-
Os choques com os terminais da barreira de prote- do com os números da tabela 1.15.5. Os resultados
ção que, segundo os resultados, levam a um menor mostram que a probabilidade de morte é menor
risco de lesão são com defensas metálicas em vez de em colisões com atenuadores de impacto que com
barreiras de concreto. O choque com os chamados todos os outros tipos de objetos que foram pesqui-
slotted rail terminals (SRT, terminais mais maleáveis sados. A probabilidade de lesão, ao contrário, au-
da barreira de proteção que foram introduzidos nos menta para a maioria dos objetos. Os resultados de
EUA a partir de 1995) no lugar dos breakaway ca- diferentes estudos são relativamente heterogêneos
ble terminals (BCT, terminais menos maleáveis da e podem ser afetados pela regressão para a média.
barreira de proteção, que eram os mais utilizados Não foi encontrada nenhuma pesquisa com a com-
nos EUA antes de 1995 (Igharo et al., 2004)) levam paração do efeito de diferentes tipos de atenuadores
a risco de lesão 21% mais baixo. Devido à pequena de impacto.
amostra de acidentes, nenhum dos resultados é es-
tatisticamente confiável.
Impacto na mobilidade
Ray (2000) e Ray e Hopp (2000) realizaram uma
avaliação de diferentes terminais de absorção de Os efeitos das barreiras de proteção e dos atenua-
energia das barreiras de proteção e não encontra- dores de impacto na mobilidade foram pouco es-
ram nenhuma diferença estatística entre o sistema tudados. Alguns estudos menores não encontraram
Tabela 1.15.4: Impactos de choques com terminais da barreira de proteção de diferentes tipos na gravidade do acidente.
Variação porcentual da probabilidade de lesão.
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade do acidente
Tipos de acidentes afetados Melhor estimativa Intervalo de confiança
Barreira ancorada no solo em vez de reta
Dano em acidente Choque com terminal da barreira de proteção -1 (-20; +22)
Barreira ancorada por trás em vez de ancorada no solo
Ferimento em acidente Choque com terminal da barreira de proteção -28 (-77; +128)
Defensa metálica ao invés de terminal de barreira de concreto
Ferimento em acidente Choque com terminal da barreira de proteção -9 (-58; +96)
SRT em vez de terminal da barreira de proteção BCT
Ferimento em acidente Choque com barreira de proteção -21 (-85; +321)
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 203
Tabela 1.15.5: Efeito dos atenuadores de impacto na gravidade do acidente em caso de choque. Variação porcentual da
probabilidade de lesão ou morte.
Não foram encontrados estudos que dão indica- Responsabilidade e procedimentos formais
ções sobre os impactos da barreira de proteção no
meio ambiente. As barreiras de proteção não têm Iniciativa para a medida
supostamente nenhum impacto no nível de ruído ou
poluição. As barreiras de proteção podem frequen- As autoridades viárias devem tomar a iniciativa para
temente aumentar o efeito de barreira para animais a instalação de barreiras de segurança ou atenuado-
selvagens, ciclistas e veículos de emergência. res de impacto.
204 O Manual de Medidas de Segurança Viária
4.000
3.500
3.000
Alces mortos por veículos
Cervos mortos por veículos
2.500
Renas mortas por veículos
Veados mortos por veículos
Campos de caça a alces
2.000 (número / 10)
1.500
1.000
500
0
6
7*
99
99
99
99
00
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/0
/0
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03
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/1
/1
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06
95
96
97
98
99
20
20
20
20
20
20
20
19
19
19
19
19
Figura 1.16.1: Cervídeos mortos por veículos nos campos e alces, por caça comum, na Noruega,
1995-2007 Fonte: SSB.
horas após o nascer do sol (Haikon & Summala, Em média as vias públicas na Noruega possuem um
2001). Isso é devido à grande atividade dos alces número acidentes de cerca de 0,06 por km de rodo-
ao amanhecer e ao fato de eles serem dificilmente via ao ano. Nas rodovias mais expostas, este número
vistos em espaços abertos à luz do dia. Ao anoi- é significativamente maior. Na Rodovia 3, no mu-
tecer, os alces também se tornam menos visíveis nicípio de Stor-Elvdal, o número de acidentes por
para os condutores que à luz do dia. km de rodovia (ao ano) é de aproximadamente 0,29
• A maioria das colisões com alces ocorre quando (Storaas et al., 2005).
estes cruzam a rodovia. Alces cruzando as rodo-
vias são mais frequentes no inverno, quando há As medidas contra acidentes envolvendo animais
muita neve, quando está frio, quando eles descem selvagens têm como finalidade reduzir o número de
para a rodovia e para perto dos vales secundários. acidentes desse tipo e o número de feridos em um
Os alces são atingidos por trens no inverno, pois acidente.
se encontram em ferrovias, onde há uma boa aces-
sibilidade e disponibilidade de alimentos (Gun-
dersen, Andreassen & Storaas, 1998; Storaas et Descrição da medida
al., 2005).
• Quando a população de alces é grande, é maior As ações que visam reduzir os acidentes com ani-
a probabilidade de acidentes do que quando ela mais silvestres incluem as seguintes medidas:
é pequena. A análise da relação entre o número
de alces e colisões sugere que as colisões aumen- • mudança no comportamento do condutor;
tam mais do que linearmente conforme o au- • mudança de comportamento animal e
mento da população dos alces (Beilinson, 2001; • alteração da quantidade de animais.
Bruidenrink & Hazenbroek, 1996 SSB). Alguns
estudos também sugerem que os movimentos Não existem dados oficiais indicando quais são estas
locais dos alces dentro de uma área podem afe- medidas adotadas hoje na Noruega e de que modo
tar o número de colisões (Storaas et al., 2005; são aplicadas. Estas medidas descritas neste capítu-
Nysted, 2005). lo relacionam-se aos impactos sobre os acidentes.
206 O Manual de Medidas de Segurança Viária
(quanto aos animais selvagens) para os condutores. 1991). Um estudo experimental feito por Stor-El-
Em uma amostra representativa de 1.034 conduto- vdal com pegadas de alces na neve, indagando se
res, observou-se também que 1,8% (19 condutores) os refletores foram cobertos pela neve ou não (Lien
haviam sido expostos a acidentes com ungulados. Aune, 2004; Storaas et al., 2005), não encontrou ne-
Onze por cento dos condutores da amostra repre- nhum efeito sobre o comportamento dos alces.
sentativa informaram que se depararam com um
ungulado enquanto estavam dirigindo. Entre estes, Podem ser encontrados métodos melhores sobre
1,8% dos condutores disseram que tinham sido os efeitos do espelho sobre os acidentes. Uma ex-
expostos a acidentes com ungulados, comparados periência com espelhos na Suécia (Almkvist et al.,
com 2,4% dos condutores (não declarados) que se 1980) e Finlândia (Lehtimäki, 1979) não encontrou
depararam com um ungulado enquanto estavam di- qualquer efeito redutor com relação aos acidentes.
rigindo. Uma seleção especial de caçadores também Nem nos estudos de outros países foram encontra-
foi questionada sobre os acidentes com alces. Nesta das quaisquer reduções de acidentes nas rodovias
amostra (4% das 122 pessoas) informaram que ti- relacionadas à instalação dos espelhos (Armstrong,
nham sido expostas a acidentes com alces. Ambas 1992; Bruidenrink & Hazenbroek, 1996; Cottrell,
as amostras formularam algumas questões de co- 2003; Ford & Villa, 1993; Gilbert, 1982; Gulen et
nhecimentos básicos sobre os ungulados. Podia-se al., 2006; Reeve & Anderson, 1993; Waring, Griffis
atingir de 0 a 6 pontos, dependendo do número de & Vaughn, 1991; Woodard et al., 1973). Reeve &
respostas corretas. No resultado das amostras com Anderson (1993) encontraram um aumento signifi-
caçadores, foram obtidos 83% ou 4 pontos. Na cativo no número de acidentes com animais selva-
amostra representativa, obteve-se 51% ou 4 pon- gens e Rogers (2004) encontrou um aumento sig-
tos. Estes resultados, apesar de não indicarem um nificativo no número de acidentes em trechos com
conhecimento total sobre os ungulados, mostra que espelho em períodos noturnos. Ambas as pesquisas
será menor a probabilidade de eles serem expostos utilizaram um delineamento experimental que con-
a um acidente com os mesmos. Os caçadores de- trola uma variedade de outros fatores. Uma possível
monstraram mais conhecimento sobre ungulados explicação para o aumento de acidentes noturnos
que os condutores, porém menos entendimento na é que o espelho leva a um aumento da velocidade.
questão dos acidentes com os ungulados. Alguns estudos descobriram reduções de acidentes,
ou seja, os resultados sugerem que a vida selvagem
Espelhos refletores: O espelho refletor possui vidro só é afugentada no primeiro período após os espe-
colorido com prisma montado em postes de madei- lhos terem sido instalados e os animais rapidamente
ra e reflete a luz dos faróis do veículo. Em alguns es- se acostumam a eles (Putman, 1997). Um estudo
tudos costumava-se combinar refletores com sinais finlandês (Lehtimäki, 1981) mostrou que a veloci-
acústicos. dade era 2 a 5 km/h mais alta em trechos com o
espelho do que em trechos sem espelho.
Estudos de visão dos animais selvagens mostraram
que os cervos têm um espectro de cores limitado. Um efeito geral dos espelhos pode ser estimado com
Cervídeos não veem bem a cor vermelha (Sielecki, base nestes estudos, quer tenham utilizado um gru-
2001). As cores vistas pelos cervídeos à luz do dia po de controle ou um projeto experimental:
variam do azul para o verde-amarelo. À noite as
mais visíveis estão entre o azul e o verde-azulado. Lehtimäki, 1979 (Finlândia);
Estudos de audição em animais selvagens mostra- Almkvist et al., 1980 (Suécia);
ram que os sinais acústicos estão frequentemente Voß, 2007 (Alemanha);
fora de sua habilidade de escuta (D’angelo et al., Rogers, 2004 (EUA) e
2004; Knapp et al., 2004). Por conseguinte, é du- Armstrong, 1992 (EUA).
vidoso que os sinais acústicos ou refletores verme-
lhos sejam particularmente eficazes para afugentar O efeito combinado foi um aumento no número de
veados. acidentes com animais selvagens em 7%, mas não é
estatisticamente confiável (-11; 28).
Estudos observacionais mostraram que nem todos
os ungulados reagem descontroladamente ao espe- Espelhos já não são mais utilizados para prevenir
lho e que a maioria dos animais se acostuma rapi- acidentes com animais selvagens nos países nórdi-
damente a eles (Almkvist et al., 1980; Armstrong, cos. Nos Estados Unidos (Schafer, Penland e Carr,
1992; Rogers, 2004; Waring, Griffis & Vaughn, 1985), no entanto, ainda são utilizados.
208 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Sinais de odores: Tentativas têm sido feitas com os em ambas as extremidades da cerca foram realiza-
sinais de odores para afugentar os alces no municí- dos na Finlândia (Lehtimäki, 1981; Väre, 1995),
pio de Stor-Elvdal no condado de Hedmark. Tron- Suécia (Statens vägverk, 1979) e USA (Ludwig &
cos e postes são revestidos com uma substância com Bremicker, 1983; Ward, 1981). Existe uma grande
o mesmo cheiro da urina do lobo. Um estudo antes- heterogeneidade nos resultados, que não possuem
depois (Messelt, 1994) encontrou menos acidentes efeito global estimado. Os resultados de cada estudo
com alces nas áreas onde foram aplicadas as medi- variam entre uma redução de 92% (Statens vägverk,
das. No entanto, não é utilizado qualquer grupo de 1979) e aumentos de 22% (Ward, 1982) e 120%
controle e o efeito pode ser devido a outros fatores. (Väre, 1995). Neste estudo as cercas não possuem
Um estudo da Alemanha não encontrou qualquer fendas que permitissem a passagem de animais sel-
efeito dos odores (Lutz, 1994). Outro estudo ale- vagens. Ward (1982) verificou uma redução no nú-
mão observou que o número de colisões de ungu- mero de acidentes depois que a cerca foi expandida
lados (onde os odores foram colocados ao longo da e que foram instaladas passagens subterrâneas. Na
rodovia) aumentou em relação a rodovias onde não Suécia verificou-se que as cercas reduziam o núme-
foi utilizada nenhuma substância com odor. ro de colisões dos alces em 12%. O estudo estava
controlado por uma série de outros fatores, como
Estudos sobre os efeitos do comportamento de a velocidade, o volume de tráfego, a densidade da
animais selvagens mostraram que os odores têm população de alces e a proximidade das florestas.
um efeito afugentador sobre alguns, mas não sobre Os animais que ficam presos entre a cerca e a rodo-
todos os animais, e que o efeito é apenas de curta via raramente saem vivos, e as saídas de emergência
duração. No longo prazo é consequentemente im- nem sempre se provaram eficazes (Lehnert & Bisso-
provável que os odores possam afetar o número de nette, 1997; Olsson, 2007). Bissonette & Hammer
acidentes com animais selvagens (Lutz, 1994; Sto- (2000) compararam a eficácia dos diferentes tipos
raas, 2005). de saídas de emergência e descobriram que as ram-
pas de solo foram aproximadamente 10 vezes mais
Cerca de rapina: As cercas de rapina são cercas de eficazes que os portões de sentido único.
arame com uma altura mínima de 2 metros monta-
das ao longo das rodovias onde os animais selvagens Embora as cercas não impeçam todas as passagens
muitas vezes as atravessam. A altura da cerca evita de animais, elas impedem os movimentos naturais
saltos, que variam conforme os diferentes animais: dos animais entre as áreas de alimentação e a área
de 1,5 m para cervos, 2 m para a maioria dos alces e de reprodução (D’Angelo et al., 2004). As medidas
de 2,7 m para os alces de cauda branca. que impedem os animais de se moverem terão, por-
tanto, um impacto negativo no desenvolvimento da
Foi demonstrado que os animais tentam regular- população e na diversidade genética animal. Cercas
mente passar por fendas, utilizando todos os pontos preventivas que atrasam ou impedem movimentos
fracos e buracos e em muitas amostras eles conse- de prevenção podem levar grandes quantidades de
guem pular as cercas (Väre, 1995). As cercas de ra- animais, como os alces, a se acumularem do outro
pina devem, portanto, ser controladas regularmente lado da cerca, o que conduz a um aumento signifi-
e seus danos, reparados. Quando cercas impedem cativo dos danos florestais.
os movimentos de atração natural dos animais (en-
tre as pastagens de verão e inverno, por exemplo) os A maioria dos inconvenientes com as cercas pode
animais tentarão atravessar a rodovia onde a cerca ser evitada com a construção de passagens suficien-
termina, nos cruzamentos e nas aberturas de cami- temente longas e densas, assegurando os pontos de
nhos florestais e trilhos, ou por buracos nas cercas cruzamentos (pontes e túneis) que costumam atrair
(Gordon & Anderson, 2003; Clevenger et al., 2001; animais.
Väre, 1995). Por conseguinte, em diversas investi-
gações revelou-se uma tendência para o aumento Passagem para travessia com separação de nível:
da taxa de acidentes em ambas as extremidades das ponte e túnel. Uma passagem em locais onde há um
cercas e nos cruzamentos (Clevenger et al., 2001; cruzamento (pontes ou túneis) em rodovias cerca-
Lehtimäki, 1984; Ludwig & Bremicker, 1983; Sta- das permite que os animais selvagens cruzem a ro-
tens vägverk 1985B; Ward, 1982). dovia sem que corram o risco de ser atingidos. Vá-
rios estudos apontaram reduções significativas (em
Estudos sobre o impacto das cercas de rapina no 80% ou mais) no número de colisões com animais
número de acidentes tanto no trecho cercado como selvagens após a construção de uma cerca com pla-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 209
no de diferentes oportunidades de passagem (Cle- 1984). Colocar alimentação em novos túneis pode
venger, Chruszcz & Gunson, 2001; Ward, 1982). As encurtar a fase de familiarização (Olbrich, 1984).
passagens para travessias localizadas nas rodovias
cercadas (sem fendas) não levaram a alterações no Cerca em nível para ungulados: Os impactos da
quadro de acidentes (Dodd, Gagnon & Schweings- cerca de rapina nos cruzamentos foram examina-
burg, 2003). dos por Lehnert & Bissonette (1997). As passagens
abertas nos cruzamentos foram marcadas e no-
O planejamento das diferentes oportunidades de tificadas com sinais na lateral da rodovia. As cer-
passagem afetam o comportamento dos animais que cas nestas passagens foram projetadas para que os
foram estudados em uma série de pesquisas. Os re- animais que cruzassem fossem direcionados a uma
sultados se resumem da seguinte maneira: passagem demarcada por um leito de cascalho, que
tornou o caminho entre a rodovia e a cerca desinte-
• As passagens de travessias com separação de ní- ressante para os cervos. Foi encontrada uma redu-
vel raramente são utilizadas quando o trecho ro- ção significativa de 40% (-58; -15) no número de
doviário é suficientemente cercado (Dodd et al., alces atropelados e mortos após a criação das cercas
2003). Todos os tipos de cruzamentos são mais nas passagens de nível. Verificou-se alteração tanto
utilizados quando se encontram em rotas de mi- no número de cervos mortos em trechos de controle
gração já existentes e geralmente em locais onde quanto mudanças em sua população. As portas uni-
houve muitas travessias antes (Bruidenrink & Ha- direcionais (saídas de emergência) que ajudariam
zenbroek, 1996). Pontes e túneis são mais usados os animais que ficassem presos entre a cerca e a ro-
quando a cerca ao longo da rodovia é projetada dovia ao longo da cerca foram mal utilizadas. Não
para que os animais sejam direcionados para a en- houve redução de velocidade durante a noite.
trada do túnel ou da ponte (Olbrich, 1984).
• Os túneis são mais utilizados pelos animais do Limite de velocidade reduzido: A redução da velo-
que as pontes (Olbrich, 1984); os ungulados cidade pode aumentar a capacidade dos condutores
também usam túneis que não foram projetados para detectar animais nas rodovias e diminuir a gra-
para animais (Ng et al., 2004). Túneis maiores são vidade da colisão. Em uma revisão da literatura fei-
mais usados que túneis menores. Recomenda-se ta por Knapp et al. (2004), foram encontrados dois
que a altura e a largura sejam de 4,5 m (Reed et estudos que examinaram a relação entre o limite de
al.,1975). O comprimento deve ser o menor possí- velocidade e o número de colisões com animais sel-
vel. Gordon e Anderson (2003) descobriram que vagens. Em um estudo (Gunther, Biel & Robinson,
a largura do túnel é mais importante para a vida 1998) foram verificadas 50% a menos de colisões
selvagem que a altura dos túneis. com animais selvagens (de todas as espécies) (e in-
• As pontes mais largas são mais utilizadas do que tervalos de confiança de 95% (-58; -40)) nos trechos
as pontes estreitas; 30 m parece ser uma largura onde o limite de velocidade é de 70 km/h ou infe-
aceitável. É uma vantagem se forem plantados rior em comparação às rodovias onde o limite de
arbustos e árvores na ponte (Olbrich, 1984). As velocidade é maior do que no Parque Nacional de
pontes sobre rodovias de tráfego intenso são uti- Yellowstone. Esse fato não é controlado pelas varia-
lizadas com menos frequência do que as pontes ções entre as rodovias com diferentes limites de ve-
sobre rodovias menos congestionadas. locidade, sendo que esta diferença se deve a outros
• As gramíneas são mais populares do que os pisos fatores que não o limite de velocidade. Em outro
de concreto tanto em pontes como nos túneis, e as estudo (Bertwistle, 1999) foi encontrado um ligeiro
paredes claras são mais populares do que as escu- aumento no número de colisões com alces nas ro-
ras (Olbrich, 1984). A iluminação dos túneis não dovias cujo limite de velocidade foi reduzido de 90
tem nenhum efeito (Reed et al., 1975) ou levam para 70 km/h em relação às outras rodovias onde o
os animais selvagens a evitar os túneis (Kruger & limite de velocidade não foi reduzido. O impacto
Wölfel, 1991). estimado no número de acidentes é uma redução de
• Os animais necessitam de certo tempo até se 33%. Este estudo foi realizado no Parque Nacional
acostumarem a usar túneis e pistas, podendo no de Jasper. Os resultados são baseados em acidentes
primeiro ano adiar o uso por várias semanas (Ol- em um trecho com controle experimental, com um
brich, 1984). período de análise de oito anos antes e depois da
• Plantar próximo às entradas dos túneis faz com tentativa de redução do limite de velocidade por
que as pontes e túneis sejam mais utilizados (Cle- trecho. A seção experimental e a de controle são,
venger & Waltho, 2005; Ng et al., 2004; Olbrich, conforme os autores, comparáveis tanto em relação
210 O Manual de Medidas de Segurança Viária
às características da rodovia quanto em relação aos co veículo envolvido. Acidentes envolvendo vários
volumes de tráfego, e ambas as seções têm boa visi- veículos foram acidentes onde um animal com vida
bilidade. foi jogado em direção a um veículo ou sempre que
um veículo atinge um animal, colidindo com outro
A relação entre a velocidade e o número de coli- veículo após a primeira colisão. Entre todos os con-
sões com alces foi investigada na Suécia por Seiler dutores mortos, 40% eram motociclistas, embora
(2005). A redução da velocidade em 2 km/h é a re- apenas 2,4% de todos os veículos registrados nos
comendação deste estudo, que visa reduzir o núme- estados eram de motocicletas. O risco de ser morto
ro de acidentes em 15. Uma redução da velocidade é, portanto, em torno de 30 vezes maior para os mo-
em 10 km/h resultaria em uma redução do número tociclistas do que para os condutores de veículos de
de acidentes em 56%. Este estudo examina uma sé- passeio (além disso, é preciso levar em conta que a
rie de outros fatores, tais como o volume de tráfego, quilometragem é provavelmente muito menor para
cercas e densidades populacionais de alces. as motos do que para os automóveis).
no trecho. Na rodovia, no entanto, a maioria dos Um estudo experimental sobre a alimentação dos
alces colide quando atravessam a via. A limpeza da veados (Wood & Wolfe, 1988) encontrou uma re-
floresta ao longo das rodovias pode, portanto, redu- dução significativa do número de colisões no inver-
zir as colisões como efeito da diminuição do núme- no em 37% (-48; -22). Os resultados foram confir-
ro de alces na rodovia. mados por observações que demonstraram que a
alimentação levou a um número menor de veados
Em um estudo experimental em Stor-Elvdal (Hed- perto da rodovia. O estudo foi realizado durante
mark) verificou-se que a remoção da forragem (flo- dois anos. Áreas experimentais (com alimentação)
resta jovem, matagal) ao longo das vias férreas (fai- e áreas de controle (sem alimentação) foram substi-
xas amplas de 20 a 60 m, principalmente dentro de tuídas no segundo ano do estudo. É provável que o
uma cerca ao longo da linha férrea) e a remoção da impacto seja ainda maior quando os mesmos espa-
alimentação e o acesso à vegetação haviam reduzi- ços forem utilizados ao longo de vários anos, pois
do as colisões entre alces e trens em cerca de 50% vários animais seguem para onde há alimentação.
(Andreassen et al., 2005; Storaas et al., 2005). Em
outro estudo experimental na Noruega (Jaren et al., Mortes dos alces no inverno: O tamanho das popu-
1991), verificou-se uma redução do número de al- lações de animais selvagens está relacionado com o
ces que foram atingidos por um trem depois que os número de colisões. A maioria das colisões com alces
arbustos e árvores foram removidos em uma ampla acontece no inverno em habitat de inverno, onde há
faixa de 20 a 30 m ao longo de uma linha ferroviária. uma quantidade relativamente grande de alces. Com
base em estatísticas de acidentes com alces noruegue-
Vários estudos descobriram que o desmatamento ses, a correlação entre o número de alces mortos por
das florestas ao longo das rodovias também pode veículo é de r = 0,31. Com base em dados finlandeses
reduzir o número de colisões (Putman, 1997; Seiler, permite-se também calcular a correlação entre a po-
2005; Statens vägverk, 1987). Em um estudo expe- pulação dos alces no inverno com o número de alces
rimental na Suécia, as árvores eram podadas em até mortos no trânsito. A correlação é r = 0,67.
3 m acima do solo e até 20 m da beira da rodovia. A
iniciativa provou reduzir o número de atropelamen- A gestão orientada dos alces em pastagens de inver-
tos de animais em cerca de 20%. no pode conseguir reduzir o número de colisões dos
alces. Um maior enfoque na população de alces (e
Alimentação dos alces no inverno: O inverno atrai os danos à floresta) no inverno também seria capaz
muitos alces para florestas em altitudes mais bai- de criar incentivos e uma melhor base econômica
xas, onde há boa disponibilidade de alimento. Isto para os proprietários florestais a contribuírem para
leva a um grande aumento na densidade dos alces outras iniciativas que são voltadas para acidentes de
nas proximidades das rodovias nessas áreas du- trânsito, tais como a alimentação e a facilitação de
rante o inverno. Estudos em Stor-Elvdal em Hed- registros de resíduos. No entanto, não há resultados
mark descobriram que fardos de alimentação em empíricos dos efeitos de tal estratégia de gestão.
áreas de pastagem de inverno podem levar a uma
redistribuição dos alces dentro de uma região e, as-
sim, reduzir as colisões com os alces nas rodovias Resumo
e ferrovias. Quando foi estabelecido um sistema
de alimentação interligado com a pista da rodovia, Os impactos das medidas contra acidentes com
as colisões foram reduzidas em aproximadamente animais selvagens e para a redução de velocidade
50% (Storaas et al., 2005). A alimentação neste foram encontrados em estudos empíricos e estão re-
projeto encontrava-se a mais de 300 metros da ro- sumidos na tabela a seguir. Os resultados mostram
dovia principal. Estudos observacionais mostraram que as medidas “clássicas” (sinais de perigo, espe-
que o alce se hospeda principalmente num raio de lhos refletores, barreiras, odores e cercas) não têm
algumas centenas de metros ao redor de locais de efeito sobre os acidentes. A razão é que nenhuma
alimentação e não há nenhuma evidência de que os dessas medidas alcança os efeitos pretendidos sobre
locais de alimentação levem ao aumento do número os condutores ou sobre os cervos.
de alces em pastagens no inverno (Nysted, 2005).
No entanto, verificou-se um prejuízo significativo Sinais de alerta temporários e sinais de trânsito ele-
às árvores tenras num raio de um quilômetro em trônicos têm possivelmente um efeito de redução
torno dos locais de alimentação (Gundersen, An- nos acidentes. É incerto se os efeitos não são apenas
dreassen & Storaas, 2004). de curto prazo.
212 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A medida mais eficaz parece ser uma densa cerca de talação. Como o espelho refletor contra animais sel-
rapina com diferentes planos de oportunidades de vagens não é mais usado, este resultado tem pouco
travessia, ou seja, passagens de níveis alternativos. interesse prático hoje.
Tais medidas são, no entanto, caras em termos de
custos e manutenção de investimentos. Os efeitos Limites de velocidade reduzidos levarão a um maior
dependem da concepção das medidas, tendo em tempo de viagem, como resultado do cumprimento
conta as preferências e o comportamento. da medida por parte dos condutores.
Limpando a floresta ao longo da rodovia pode-se, Cercas reduzem a mobilidade da vida selvagem (ver
em certa medida, reduzir o número de colisões item abaixo).
envolvendo animais selvagens na rodovia. Efeitos
melhores podem ser alcançados em vias ferroviá-
rias. O impacto no meio ambiente
Medidas mais abrangentes que visam afetar a den- Uma série de medidas contra acidentes envolvendo
sidade de animais selvagens próximo das rodovias animais selvagens torna mais difícil à vida do animal
(alimentação de inverno e caça de inverno) podem em relação à travessia das rodovias. Isso se aplica
reduzir as colisões com os animais selvagens. No in- especialmente às cercas: se não forem instaladas
verno, a caça não é avaliada empiricamente. simultaneamente, pode haver falha na segurança e
propensão à travessia. As medidas que parcialmente
ou completamente fecham as rodovias podem ter
Impacto na mobilidade consequências para as características dos ungulados
entre as pastagens (nos verões e em habitat de inver-
A maioria das medidas contra acidentes envolvendo no, por exemplo). Quando determinadas medidas
animais selvagens não afeta a mobilidade dos con- são aplicadas às áreas onde há vida selvagem, a pro-
dutores. Um estudo finlandês (Lehtimäki, 1979) criação destes animais que habitam tal área diminui,
mostrou que a velocidade média nas rodovias com algo que em longo prazo pode afetar adversamen-
espelho refletor contra animais selvagens é de 2 a 5 te o desenvolvimento da espécie (D’Angelo et al.,
km/h superior à das rodovias sem este tipo de ins- 2004).
Tabela 1.16.1: Os impactos das medidas envolvendo animais selvagens sobre o número de acidentes e sobre a velocidade.
Resumo dos resultados empíricos.
Impacto sobre os acidentes Efeitos na velocidade Efeitos em ambientes selvagens
Sinais de perigo (0) Sem efeito (0) Sem efeito
Sinais de alertas temporários (+) Possível redução; menos (0) Sem efeito
impacto no longo prazo
Sinais de alerta eletrônicos (+) Velocidade reduzida
em condição de chuva
Espelho refletor (0) Sem efeito (-) Possível efeito (0) Sem efeito
Barreira de odores (0) Sem efeito (0) Possível breve efeito dissuasivo
Cercas (0) Sem efeito (-) Impedimento de movimentos geográficos
Passagem para travessia com (+) Redução (-80%) (+) Reduz o efeito negativo das cercas sobre
separação de nível (ponte e túnel) a possibilidade de movimentos geográficos
Cerca com passagens de nível (+) Redução (-40%) (+) Reduz o efeito negativo das cercas sobre
a possibilidade de movimentos geográficos
Limites de velocidade reduzidos (+) Redução (+) Redução
Iluminação das rodovias (+) Redução (-) Possível aumento (0) Sem efeito
Uso dos cintos de segurança (+) A redução da extensão (0) Sem efeito
dos danos
Limpeza da floresta (+) Redução (+) Estadias menores em áreas desmatadas
Alimentação dos alces no inverno (+) Redução (+/-) Redistribuição da pastagem dos alces
no inverno
Caça aos alces no inverno (+) Possíveis reduções (não (+) Redução da população nas pastagens de
testadas empiricamente) inverno
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 213
Tabela 1.16.2: Os custos para medidas contra acidentes envolvendo animais selvagens.
Medidas Custo unitário (NOK 2005)
Os projetos rodoviários
Instalação de “sinalização de alerta” 2.000 – 5.000
Instalar cercas de rapina, por metro de cerca 250 – 300
Passagem para travessia (com 4 colunas de iluminação + energia) por passagem 100.000
Limpeza de trechos, por km de rodovia 40.000
Manutenção anual de limpeza das florestas, por km de rodovia 4.000
Limpeza dos cruzamentos e arredores 10.000
Remoção de bancos de neve NOK 400-1.000 por km de rodovia
214 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Além do custo relatado, têm-se os danos materiais de aproximadamente NOK 12.000 por colisão en-
com veículos e despesas administrativas em acidentes volvendo animais selvagens (veados mortos e danos
sem vítimas. A perda de valor relacionada aos alces aos veículos). As lesões não são levadas em conta.
mortos (perda de receita com a venda e caça de carne)
também deve ser considerada. Os custos de adminis-
tração com colisões de alces é provavelmente maior Responsabilidade e procedimentos formais
do que em outros acidentes (incluindo custos relacio-
nados remoção de animais feridos e de cadáveres). Iniciativa para a medida
Com base nesses números, estimam-se os custos dos As medidas de iniciativa contra acidentes envolven-
danos com colisões de alces em uma rodovia com um do animais selvagens são tomadas pelas autoridades
dado número de colisões. Em um trecho de 100 qui- rodoviárias. As informações sobre acidentes com
lômetros, tem-se uma média de 0,29 colisão de alce cervos foram coletadas do registro de cervídeos
por quilômetro ao ano. O prejuízo anual esperado (www.hjortevilt.no).
pode ser de cerca de NOK 4,5 mil ou NOK 45.000
por quilômetro ao ano. Isso só inclui os custos dos
danos em acidentes, sem contar os custos adicionais Requisitos e procedimentos formais
para as organizações de gestão de vida selvagem e
os danos aos próprios alces. Medidas que reduzem Não foram projetadas políticas públicas para o uso
as colisões dos alces em 50% podem custar em mé- das várias medidas contra os acidentes envolvendo
dia NOK 2,25 milhões ao ano, ou NOK 27.500 por animais selvagens. Normas para a notificação de
quilômetro, sem ser inútil do ponto de vista social. animais na pista são encontradas nas normativas
As medidas podem custar mais do que isso quando sobre sinalização (Statens vegvesen, Håndbok 050,
se levam em conta todos os custos econômicos rela- 2007). Antes que o sinal de alerta de animais selva-
cionados aos acidentes com alces. gens seja acionado, devem-se consultar as autorida-
des rodoviárias no município. Para medidas como o
Os efeitos das medidas contra acidentes envolvendo desmatamento e a construção de cercas de animais
animais selvagens não consideraram, entre outros, as selvagens em terras privadas, o proprietário da terra
mudanças de escopo e a distribuição geográfica dos deve ser contatado e dar o consentimento por escri-
danos florestais, o desenvolvimento de populações to para a iniciativa. Os proprietários das terras de-
de animais selvagens e as oportunidades de caça. Os vem ser ressarcidos pelo valor da produção perdida.
benefícios econômicos dos alces incluem receitas de
vendas de caça e carne, enquanto os custos relacio-
nados aos alces incluem danos florestais, como a luta Responsabilidade pela execução da medida
contra os danos às florestas e acidentes em rodovias
e ferrovias. A utilidade e os custos são, porém, muito As decisões sobre as medidas para reduzir os aciden-
desigualmente distribuídos entre os diferentes grupos tes rodoviários com animais selvagens são tomadas
de tais proprietários florestais, tanto em habitat de in- pelas autoridades das estradas estaduais, rodovias,
verno quanto de verão, aos condutores e a sociedade. municípios e vias privadas. Isto se aplica aos sinais
de alerta de perigo selvagem, cercas de rapina, lim-
Tem-se a análise do custo-benefício das várias medi- peza, visibilidade e quaisquer outras medidas com o
das contra acidentes com alces em uma nova parcela mesmo propósito. Para as vias municipais, têm-se as
da Estrada 35 em RomeriksåsenAkershus (Mysen, decisões do município.
1996), que mostrou que medidas de limpeza, cercas
selvagens e locais de travessias eram apenas medidas A caça anual permite que os cervos sejam dados pelo
rentáveis nos lugares onde o número esperado de município, enquanto que a Direção dos Serviços de
acidentes com alces ao ano foi particularmente alto, Gestão da Natureza podem autorizar a retirada de
ou seja, mais do que cerca de 0,1 por quilômetro de animais fora dos horários regulares de caça.
rodovia ao ano.
Os custos das medidas contra acidentes envolvendo
Lehnert & Bissonette (1997) calcularam que a ins- animais selvagens cobrem as despesas rodoviárias
talação das cercas de rapina em cruzamentos tem em geral, ou seja, pela rodovia estadual, distrital,
maior benefício que os custos gerais em aproxima- pelo município ou então pelo conselho de vias mu-
damente 6 anos. Esse dado se baseia em uma perda nicipais.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 215
Durante a condução em uma rodovia, o condutor tem Nem sempre é possível melhorar curvas fechadas.
certa expectativa da via adiante, baseando-se no ali- Deve-se, então, buscar diminuir o risco de acidentes
nhamento que experimenta a cada momento. Quando em curvas fechadas ou abruptas de outras maneiras.
a via é predominantemente reta, o condutor não espe- As medidas em curvas horizontais têm como finali-
ra que de repente apareça uma curva fechada. Quando dade alertar para essas curvas e mostrar seu desen-
a via é curva, o condutor prepara-se para que a via, volvimento o mais claramente possível.
também em sua continuação, tenha muitas curvas.
• 0,54 em até 0,25 curva por km; As placas de perigo foram colocadas em cerca de
• 0,48 em 0,26 a 0,50 curva por km; 4.650 de um total de 38.000 curvas em vias nacio-
• 0,20 em 0,51 a 0,75 curva por km; nais na Noruega. A tabela 1.17.1 mostra em quantas
• 0,16 acima de 0,75 curva por km. curvas, com diferentes raios, foram colocadas placas
(fonte: Sakshaug, 1998).
O risco de acidentes em curvas inesperadas é mais
de 3 vezes maior quando há menos de 0,25 curva por Várias outras medidas que podem ser introduzidas
quilômetro do que quando há mais de 0,75 curvas em curvas estão descritas em outros capítulos do
por quilômetro de via. Pesquisas do impacto da con- Manual de Segurança Viária:
sistência geométrica e da classe de alinhamento mos-
traram o mesmo. Quanto mais longo o trecho reto • medidas que afetam a seção transversal viária
antes da curva, maior o risco de acidente nas curvas, (alargamento) como Melhoria da seção transver-
de modo que o efeito é maior para as curvas fechadas. sal das vias;
216 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• a melhoria do terreno na lateral da via como Me- Eick & Vikane, 1992; (Noruega)
lhoria do terreno na lateral das vias; Eriksen, 1993; (Noruega)
• medidas que afetam o alinhamento da via (ajuste Giæver, 1999; (Noruega)
do perfil e curva de transição) como Melhoria do Hammer, 1969; (EUA)
alinhamento e da visibilidade das vias; Kølster Pedersen et al., 1992; (Dinamarca)
• a colocação de barreiras de proteção ao longo da McCamment, 1959; (EUA)
via como Barreiras de proteção e atenuadores de Rutley, 1972; (Reino Unido)
impacto; Schandersson, 1982; (Suécia)
• os impactos de postes delineadores com disposi- Statens vegvesen, 1983; (Noruega)
tivos retrorrefletores e tachas refletivas sobre os Stigre, 1993 (Noruega) e
acidentes. Tamburri, Hammer, Glennon & Lew 1968 (EUA)
A avaliação do impacto nos acidentes é baseada nas Placa de perigo: o alerta de curva com placas de
seguintes pesquisas: perigo parece reduzir os acidentes em 10-30%. As
Tabela 1.17.2: Impactos nos acidentes de medidas em curvas horizontais. Variação porcentual
do índice de acidente. Fonte: TØI.
mudanças no índice de acidentes apresentadas não em certas curvas o índice de acidentes aumentou
são estatisticamente confiáveis. 42%. Este aumento era estatisticamente confiável.
Estes números podem ser uma tendência ao aumen-
Giæver (1999) examinou o impacto das placas de to dos acidentes em outras partes dos trechos cujas
perigo em pontos de acidente em 19 curvas espe- curvas mais inesperadas foram melhoradas. É pre-
cialmente propensas a acidentes e que foram sina- ciso também mais pesquisas e que elas sejam mais
lizadas no ponto de ocorrência dos acidentes entre aprofundadas antes que isso possa ser determinado
1986-1994. Foi encontrada uma diminuição de com certeza.
33% (com um nível de significância de 10%). Hou-
ve controle do efeito da regressão para a média para Lamm et al. (2000) pesquisaram os impactos das
ambos, tráfego e acidentes. placas de sinalização em curvas horizontais em
combinação com as marcações. Na pesquisa foram
Pintura da barreira de proteção e sinalização ho- incluídos 723 acidentes em 212 trechos viários em
rizontal de continuidade da curva: os impactos da área rural. A sinalização horizontal e a colocação de
pintura de barreira de proteção e sinalização hori- placas foram divididas em três categorias:
zontal direcional e de fundo nos acidentes foram
pesquisados em uma série de pesquisas mais anti- • nível 1, sinalização horizontal: linha central e li-
gas, de 1993 em diante. Os resultados sugerem que nha lateral (não foi incluída a sinalização horizon-
tanto a sinalização horizontal direcional e de fundo tal com sonorizadores);
quanto a pintura das barreiras de proteção reduzem • nível 2, sinalização horizontal e colocação de pla-
os acidentes com vítimas nas curvas em que as medi- cas: placas de alerta, sinalização horizontal de fun-
das foram implementadas. As pesquisas noruegue- do com no máximo 3 símbolos de setas;
sas foram novamente analisadas com controle da • nível 3, sinalização horizontal e colocação de pla-
regressão para a média no índice de acidentes. Na cas fora do nível 2, por exemplo, sinalização hori-
pesquisa realizada por Tamburri et al. (1968), a si- zontal de fundo com mais de 3 setas.
nalização horizontal da direção e do fundo reduziu
o número de acidentes somente em curvas com um Mostrou-se que o impacto da largura da via, do raio
raio menor que 150 m. Em curvas com raio maior, o da curva e do grau de transição (curvature change
risco de acidente aumentou. rate, CCR) no risco de acidentes é maior nos níveis 2
e 3. Isso pode ser o resultado do fato de a colocação
Segundo a literatura (Lyles & Taylor, 2006), a sinali- de placas e marcações ter ocorrido em curvas com
zação horizontal da direção e do fundo leva a um au- mais acidentes. Não houve controle para velocidade
mento da velocidade e a menos acidentes e faz com e não se mencionou até que ponto os resultados são
que os condutores mantenham uma distância maior estatisticamente confiáveis.
da linha lateral. Os impactos nos acidentes são maio-
res à noite, em curvas acentuadas e em combinação Velocidade recomendada: o impacto da velocidade
com sinalização horizontal da linha lateral. recomendada nos acidentes foi pesquisado por Mc-
Camment (1959), Hammer (1969) e Rutley (1972).
Uma possível objeção às medidas para curvas ines- Não foram encontradas pesquisas mais recentes que
peradas e/ou particularmente fechadas é que elas só pudessem ser incluídas na meta-análise. A colocação
transferem os problemas de acidentes para outras de placas de velocidade sugerida nas curvas reduz o
curvas. Nas pesquisas norueguesas sobre sinalização número de acidentes com vítimas em 13% (-22; -2)
horizontal direcional ou de fundo em curvas (Eick e e os acidentes com danos materiais em 29% (-50;
Vikane, 1992; Eriksen, 1993; Stigre, 1993B) as alte- -0). Pode parecer um tanto surpreendente que apa-
rações no número de acidentes nos trechos designa- rentemente tenha-se encontrado maior diminuição
dos das curvas com marcações também foram pes- de acidentes com danos materiais do que de aci-
quisados. Nos trechos onde as curvas inesperadas dentes com vítimas, mas a diferença no impacto
foram marcadas com indicações de direção e fundo, dos dois tipos de acidentes não é estatisticamente
o índice de acidentes aumentou 8%. Em seguida, muito significativa. É importante que as placas que
foi levado em consideração o desenvolvimento do mostram a velocidade recomendada sejam realistas
número de acidentes com saída de pista e colisões e não recomendem uma velocidade que a maioria
frontais no mesmo período em todo o país. O au- dos motoristas achem muito baixa. O estudo britâ-
mento não era estatisticamente confiável. Em tre- nico (Rutley, 1972) pôs ênfase em evitar-se a colo-
chos onde as barreiras de proteção foram pintadas, cação de placas com uma velocidade recomendada
218 O Manual de Medidas de Segurança Viária
irrealisticamente baixa, mas houve pouco efeito da de velocidade recomendada e a forma da curva. O
velocidade recomendada na velocidade média. Des- impacto nos acidentes parece ser maior e positivo.
cobriu-se que a velocidade recomendada realista era Uma possível explicação é que as recomendações le-
próxima ou acima da velocidade que os conduto- vam a um aumento da atenção e, por isso, a um risco
res realizavam previamente. As placas não tiveram, de acidentes reduzido.
portanto, nenhum outro impacto senão verificar a
precisão da velocidade que os motoristas já haviam Diminuição do limite de velocidade: o impacto da
escolhido antes de as placas serem colocadas. diminuição do limite de velocidade nos acidentes
pode ser calculado com o modelo de potência basea-
As pesquisas sobre os impactos da velocidade reco- do no impacto na velocidade (Elvik, Christensen &
mendada no nível médio de velocidade são incon- Amundsen, 2004). A redução da velocidade é geral-
sistentes (Lyles & Taylor, 2006). Algumas pesquisas mente menor que a redução do limite de velocidade.
não encontraram nenhuma relação entre a veloci- As pesquisas com medições de velocidade antes e
dade recomendada e a velocidade média; outras depois de os limites de velocidade serem diminuídos
pesquisas encontraram uma redução na velocidade. mostram que a diminuição média da velocidade de
Rutley (1972) encontrou uma velocidade reduzida condução por meio da redução do limite de veloci-
em curvas que receberam placas com velocidade re- dade pode ser calculada como uma função linear do
comendada de aproximadamente 25 km/h, 30 km/h limite de velocidade antes e depois da redução: alte-
ou 50 km/h, e uma velocidade aumentada em cur- ração da média de velocidade = (limite de velocidade
vas onde outras velocidades foram recomendadas. depois - limite de velocidade antes) * 0,2525+1,2204.
Os impactos da diminuição do limite de velocidade
Uma pesquisa da Nova Zelândia (Koorey et al., foram calculados com o modelo de potência, com
1998) mostrou que a velocidade média em curvas base na alteração estimada da velocidade.
foi por volta de 5 km/h mais alta quando a veloci-
dade recomendada foi de 50 km/h e 20 km/h mais Como mostrado na tabela 1.17.3, pode-se esperar
alta do que para a velocidade recomendada de 70 que a diminuição do limite de velocidade leve a re-
km/h. Badeau et al. (1998) explicam que a falta de duções significativas no número de acidentes com
efeito das recomendações sobre a velocidade é mui- vítimas. Os efeitos esperados sobre os acidentes fa-
to consistente e tem pouco a ver com o quão rápido tais foram maiores que os efeitos esperados sobre os
se pode conduzir/quão perigosa seja a curva. Uma acidentes com feridos. Estes resultados são, entre-
adaptação da velocidade recomendada para a real tanto, puramente hipotéticos. É possível que tenha
não é recomendável, já que a maioria dos conduto- havido efeitos de interação e que o impacto sobre a
res espera que seja seguro conduzir acima da veloci- velocidade e os acidentes, por exemplo, seja depen-
dade recomendada em curvas. dente do raio da curva, da visibilidade ou de outras
características da curva. Os resultados das pesquisas
Juntos, estes resultados indicam que o impacto da acerca do impacto sobre a velocidade pressupõem
velocidade recomendada sobre a velocidade de que o impacto das alterações no limite de velocida-
condução é pequeno e dependente das expectativas de sobre a velocidade seja maior e mais consistente
que os condutores têm sobre a relação entre nível que a sinalização de uma velocidade recomendada.
Tabela 1.17.3: Impacto da diminuição do limite de velocidade nos acidentes (calculados com
modelo de potência). Variação porcentual no número de acidentes.
2,88
3,0
2,59
Razão líquida de custo-benefício
2,5
2,0 1,84
1,47
1,5
1,0 0,87
0,5
0,05
0,0
0 -0,28 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
-0,5
VDMA (veículos)
Figura 1.17.1: Razão de custo-benefício líquido para medidas URF em curvas (velocidade
recomendada e sinalização horizontal de direção e fundo).
220 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Responsabilidade e procedimentos formais tos, é maior à noite que à luz do dia para todos
os grupos de usuários. Para veículos motorizados,
Iniciativa para a medida o risco de acidentes à noite é aproximadamente
entre 1,5 e 2 vezes maior que à luz do dia (OECD,
A iniciativa para as medidas apresentadas neste 1979; Vaaje, 1982; Bjørnskau, 1993). O risco de
capítulo são essencialmente tomadas pelas autori- acidentes à noite aumenta mais consideravelmente
dades viárias com base no número de acidentes re- para condutores jovens que para os de outras fai-
gistrado se/ou na aplicação do programa URF em xas etárias (Massie, Campbell e Williams, 1995).
determinados trechos viários. O risco de acidentes à noite também é maior para
pedestres, se comparado ao risco para os ocupan-
tes de veículos.
Requisitos e procedimentos formais
Cerca de 35% de todos os acidentes com vítimas
O Manual 050 Placas de trânsito (2009) fornece os registrados na polícia acontecem ao anoitecer ou à
critérios para sinalização com placas de perigo, para noite. A taxa é a mesma fora dos trechos urbanos.
a sinalização horizontal de direção e de fundo e para A taxa de acidentes à noite é maior para aciden-
a instalação de placas com velocidade recomendada tes envolvendo pedestres e saídas de pista (Elvik e
em curvas. A colocação de placas deve seguir as nor- Muskaug, 1994). Aproximadamente de 20 a 25%
mas de placas. As medidas apresentadas nesta se- do tráfego ocorre à noite. Segundo uma pesquisa
ção podem comumente ser implementadas na área americana (Griffith, 1994), aproximadamente 25%
viária existente e não exigem que seja desenvolvido do trânsito ocorre à noite, ao passo que 50% dos
nenhum plano de regulamentação ou algum outro acidentes fatais ocorrem no mesmo período. Mäkelä
plano em conformidade com o Planejamento e Lei & Kärki (2004) estimaram, com base em diversas
da Construção Civil. pesquisas, que o risco para acidentes com vítimas
é aproximadamente 1,5 vez maior à noite do que à
luz do dia. Acidentes no escuro também são mais
Responsabilidade pela execução da medida graves. O risco de acidentes mais elevados à noite
pode, em parte, ser explicado pelas condições vi-
A Agência Nacional de Administração de Vias Pú- suais. Outros possíveis fatores que podem contri-
blicas da Noruega tem autoridade para a sinalização buir para o aumento do risco de acidentes são, entre
viária de vias federais, estaduais, municipais e priva- outros, o nível de álcool no sangue, a fadiga, o ex-
das. Para as vias municipais, é a autoridade máxima cesso de velocidade, a menor taxa de condutores e
do trânsito no município ou o gerente técnico auto- passageiros que utilizam o cinto de segurança e as
rizado que resolve sobre a colocação de placas. Os próprias condições viárias.
custos das placas de trânsito são cobertos como des-
pesas viárias, ou seja, pelo governo federal para vias A iluminação reduz o risco de acidentes à noite
federais, pelo governo estadual para vias estaduais e por tornar mais fácil a percepção da via, de outros
pelo município para vias municipais. usuários e do entorno mais imediato. Outras fina-
lidades da iluminação viária incluem tornar menos
desconfortável conduzir à noite e prevenir a crimi-
1.18 Iluminação viária nalidade.
Tabela 1.18.1: Impacto da iluminação viária nos acidentes. Variação porcentual no número de acidentes
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade do acidente Tipos de acidentes Melhor Intervalo
afetados estimativa de confiança
Acidentes à noite em todos os tipos de vias
Acidentes fatais Todos os acidentes -60 (-62; -57)
Acidentes com feridos Todos os acidentes1 -14 (-23; -4)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes -16 (-23; -10)
não especificada Colisões frontais -52 (-57; -46)
não especificada Colisões traseiras -54 (-68; -33)
não especificada Acidentes individuais -39 (-64; +3)
Acidentes fatais Acidentes com pedestres -75 (-82; -65)
Acidentes com feridos Acidentes com pedestres -54 (-67; -36)
não especificada Acidentes em interseções1 -25 (-35; -15)
Acidentes à noite fora das áreas urbanas
Acidentes fatais Todos os acidentes -87 (-98; -34)
Acidentes com feridos Todos os acidentes1 -13 (-37; +21)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes -27 (-62; +40)
Acidentes com feridos Acidentes em interseções -22 (-28; -15)
Acidentes com danos materiais Acidentes em interseções -30 (-39; -20)
Acidentes à noite em áreas urbanas
Acidentes fatais Todos os acidentes1 -40 (-61; -7)
Acidentes com feridos Todos os acidentes1 -27 (-33; -21)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes -14 (-20; -8)
Acidentes fatais Acidentes de pedestres -78 (-88; -62)
Acidentes com feridos Acidentes de pedestres -50 (-57; -43)
Acidentes com feridos Acidentes em interseções -40 (-51; -27)
Acidentes com danos materiais Acidentes em interseções -32 (-47; -13)
Acidentes à noite em rodovias
Gravidade não especificada Todos os acidentes1 -6 (-26; +21)
Gravidade não especificada Colisões traseiras -20 (-36; +0)
Gravidade não especificada Acidentes individuais +44 (-2; +110)
Gravidade não especificada Acidentes em interseções -41 (-64; -5)
1
Ajuste do viés de publicação.
A iluminação viária parece diminuir o número de Impactos sobre diferentes tipos de acidente: a ilu-
acidentes fatais à noite em aproximadamente 60%. minação viária tem maior impacto em acidentes
Para acidentes com feridos, foi encontrada uma com pedestres à noite (redução de aproximadamen-
redução estatisticamente significativa de 14%. O te 50%) do que em outros tipos de acidente. De
impacto nos acidentes com danos materiais é basi- modo geral, o impacto em acidentes de pedestres
camente o mesmo. é basicamente o mesmo em áreas urbanas e em ou-
tros ambientes de tráfego. Isto se dá provavelmente
Os resultados parecem ser afetados pelo viés de pu- porque a grande maioria dos acidentes de pedestres
blicação. Há um ajuste do viés de publicação para incluídos nos dados ocorreu em áreas urbanas.
resultados baseados em um número muito grande
de estimativas de efeito (ver Parte 1). Os resultados Para colisões frontais, traseiras e individuais foram
sem ajuste do viés de publicação são baseados em encontradas reduções entre 40 e 50% aproximada-
um pequeno número de estimativas de efeito. Estes mente. Estes impactos são mais fortemente afetados
resultados podem, ainda assim, terem sido afetados pelos resultados de Wanvik (2007B). Esta pesquisa
pelo viés de publicação e por isso podem mostrar foi baseada em um grande banco de dados, mas não
impactos superestimados. houve controle de variáveis perturbadoras e tenden-
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 223
ciosas. Quando não se inclui esta pesquisa nas aná- normalmente no interior e têm piores condições viá-
lises, os impactos são os seguintes: rias durante a noite e porcentual de condução com
embriaguez mais alto no período noturno (Wanvik,
• colisões frontais: -20% (-54; +44); 2007A, 2007B).
• colisões traseiras: -41% (-71; +21);
• acidentes individuais: -5% (-50; +79). Acidentes sob diferentes condições viárias e me-
teorológicas: os resultados dos impactos da ilumi-
Estes impactos foram menores e não significativos, nação viária em diferentes condições viárias e me-
mas a ordem manteve-se a mesma. O maior impacto teorológicas foram muito inconsistentes. Portanto,
foi em acidentes de colisão traseira e, o menor, em estes resultados não estão incluídos na tabela 1.18.1.
acidentes individuais.
sas também podem dizer algo sobre as melhorias no Richards, 1981 (EUA);
nível de iluminação. Os resultados dos estudos sobre Lamm, Klöckner e Choueiri, 1985 (Alemanha);
os impactos da redução do nível de iluminação são Ludvigsen e Sørensen, 1985 (Dinamarca);
mais detalhadamente discutidos no próximo tópico. Pfundt, 1986 (Alemanha);
Com base nas pesquisas listadas acima, o impacto Danielsson, 1987 (Suécia) e
nos acidentes de se melhorar a iluminação existente Yin, 2005 (EUA).
é estimado nos números fornecidos na tabela 1.18.2.
A forma mais comum de se reduzir a iluminação é
O aumento do nível de iluminação em até 2 vezes em apagando uma de cada duas lâmpadas. Pode-se di-
relação ao nível anterior apresenta um impacto mo- zer, portanto, que as pesquisas em termos gerais re-
desto no número de acidentes. A melhor estimativa presentam o efeito da redução à metade do nível de
é uma diminuição entre 1% e 8%, que não é estatis- iluminação. Por conta destas pesquisas, o impacto
ticamente confiável. Quando o nível de iluminação nos acidentes de reduzir-se o nível de iluminação à
aumenta de 2 a 5 vezes em relação ao nível original, metade é estimado na tabela 1.18.3.
o número de acidentes à noite é reduzido de 9% a
13%. Quando o nível de iluminação aumenta acima A diminuição do nível de iluminação à metade leva
de 5 vezes em relação ao nível original, o impacto a um aumento no número de acidentes de aproxi-
nos acidentes é tão grande quanto quando se instala madamente 15-25%.
iluminação em uma via antes não iluminada, ou seja,
a redução no número de acidentes com vítimas à
noite é de 32% e a redução de acidentes fatais, de Postes flexíveis de iluminação
50%. Os resultados mostram claramente que o im- A iluminação viária pode tornar os acidentes de saí-
pacto da melhoria da iluminação existente sobre os da de pista mais graves em caso de colisão com um
acidentes está relacionado ao tamanho da melhoria. poste de iluminação. Entre 2001 e 2005 houve em
média 300 acidentes com vítimas envolvendo coli-
Redução da iluminação existente são contra postes de iluminação na Noruega (60%
contra postes de madeira e 40% contra postes de
Em alguns países, a iluminação das vias e ruas foi aço). A gravidade dos acidentes em que há colisão
diminuída por um período para fins de economia com um poste pode ser reduzida utilizando-se pos-
de energia. O impacto da redução da iluminação no tes flexíveis de iluminação. Há dois tipos principais
número de acidentes foi pesquisado por: destes postes (Statens vegvesen, Håndbok 017,
1993). Há postes colapsíveis, que são montados de
Huber e Tracy, 1968 (EUA); modo que rompam a partir da base devido à colisão,
Box, 1976 (EUA); e postes de deformação, que se deformam com o
Friis, Jørgensen e Schiøtz, 1976 (Dinamarca); impacto.
O impacto da instalação de postes flexíveis de ilumi- via Ev 18 no trecho Aust-Agder atua sobre o nível
nação na probabilidade de ferimentos dada uma co- de velocidade e sobre a atenção dos condutores. A
lisão foi estudado na Grã-Bretanha (Walker, 1974) e figura 1.18.1 mostra os resultados da pesquisa rela-
EUA (Ricker, Banks, Brenner, Brown e Hall, 1977; tivos ao nível de velocidade.
Kurucz, 1984). Estima-se, com base nestas pesqui-
sas, que os postes flexíveis de iluminação reduzem a A figura 1.18.1 mostra a velocidade média em km/h,
probabilidade de ferimentos em caso de colisão em em segmentos retos e em curvas, à luz do dia e à
aproximadamente 50% (-72%; -25%). noite, antes e depois da instalação da iluminação. A
velocidade aumenta à noite, especialmente em seg-
Apenas duas pesquisas estudaram os impactos de mentos retos. Caso se analise o desenvolvimento da
postes flexíveis de iluminação no número de aciden- velocidade antes e depois à luz do dia como referên-
tes (Corben et al., 1997; Ricker et al., 1977). As duas cia, o aumento da velocidade no escuro pode ser cal-
pesquisas encontraram uma diminuição no núme- culado em aproximadamente 3% nos segmentos re-
ro de acidentes (acidentes com vítimas e acidentes tos e nas curvas. A pesquisa sugere, também, que os
com danos materiais juntos) de 29% (-40%; -14%). condutores mantenham menor atenção ao conduzir
Ambas as pesquisas levaram em conta locais com em vias iluminadas que nas não iluminadas à noite.
maior frequência de ocorrências, mas não controla-
ram o efeito de regressão para a média no índice de Pesquisas estrangeiras mais antigas de como a ilu-
acidentes. Por isso, não se pode excluir que a dimi- minação afeta o nível de velocidade (Huber e Tracy,
nuição na taxa de acidentes, total ou parcialmente, 1968; Cornwell, 1972) não conseguiram identificar
possa ser devido à regressão. alterações consistentes. Mäkelä & Kärki (2004)
não encontraram nenhum impacto da iluminação
viária sobre a velocidade, independentemente do
Impacto na mobilidade limite (80 e 100 km/h). Várias pesquisas holande-
sas indicaram o aumento da capacidade de estradas
Uma pesquisa norueguesa (Bjørnskau e Fosser, iluminadas em comparação às vias sem iluminação
1996) estudou como a iluminação viária da rodo- com os mesmos padrões (Folles et al., 1999). Não
84
82 81,4
80 79,0
Velocidade média (km/h)
78,0 77,8
78
76
74
72,1
72 70,8 71,3
70,3
79
68
66
64
Segmento reto / Curva / Segmento reto / Curva /
luz dodia luz do dia Noite Noite
Antes Depois
há nenhuma sugestão consistente que afirme que a via. O custo operacional e de manutenção da ilumi-
iluminação afete a distribuição de tráfego ao longo nação viária é de anualmente NOK 11.000-40.000
do dia. (Elvik, 1995). por quilômetro de via, dependendo do padrão da
instalação.
Duas pesquisas indicaram que a iluminação das vias • o custo de colocação por quilômetro viário é de
reduz a criminalidade. Uma pesquisa dos Países NOK 450.000;
Baixos (Schreuder, 1993) mostrou que há relatos de • o custo anual é entre NOK 11.000 e NOK 40.000,
menor número de crimes nos períodos da tarde e da dependendo do volume de tráfego;
noite em ruas com altos níveis de iluminação do que • em rodovias, o número de mortos e feridos muito
em ruas com baixos níveis de iluminação. Um estu- graves em acidentes à noite é reduzido em 10%, e
do avaliativo sobre dois projetos de iluminação de o número de feridos muito graves e leves em aci-
vias na Grã-Bretanha também indicou uma redução dentes à noite é reduzido em 5%;
significativa na criminalidade como consequência • em outras vias fora das áreas urbanas, o número
da iluminação e um aumento da atividade nas vias de mortos e feridos muito graves em acidentes à
durante a noite (Painter, 1998). O número de crimes noite diminui 60% e o número de feridos graves e
(roubos, assaltos, ameaças) diminuiu em 22% nas leves em acidentes à noite diminui 14%.
áreas iluminadas em comparação às áreas vizinhas
sem iluminação. O efeito é ainda maior em relação A razão de custo-benefício foi calculada para as
às áreas residenciais que não estão localizados nas rodovias e para outras vias fora das áreas urba-
imediações. Além disso, verificou-se o aumento da nas, com diferentes volumes de tráfego. O risco
atividade nas ruas à noite. de acidentes nessas vias foi estimado com base nas
rodovias norueguesas (com todos os limites de ve-
locidade) e outras vias com limite de velocidade
Custos de 80 km/h. Levou-se em consideração diferentes
riscos de acidentes para diferentes VDMAs (risco
O custo da instalação de iluminação viária é de mais baixo para VDMAs mais altos). O VDMA e o
aproximadamente NOK 450.000 por quilômetro de risco de acidentes apresentaram valores médios em
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 227
Tabela 1.18.4: Razão de custo-benefício da iluminação viária em vias com diferentes VDMAs.
Ambiente de tráfego VDMA (veículos) Frequência de acidentes Razão de CB
Rodovia ClasseA 30.000 0,072 0,56
Rodovia 80 km/h 2.500 0,164 1,02
Rodovia 80 km/h 3.000 0,161 1,21
Rodovia 80 km/h 5.000 0,152 1,81
Rodovia 80 km/h 10.000 0,142 3,04
Rodovia 80 km/h 15.000 0,136 3,88
Rodovia 80 km/h 20.000 0,132 4,68
Rodovia 80 km/h 30.000 0,126 6,07
Rodovia 80 km/h 50.000 0,120 8,82
céu aberto encontram-se em áreas pouco povoadas, dos nas normas rodoviárias (Statensvegvesen,Hån-
sendo a maioria em cidades e municípios, e nelas o dbok021, 2006). Considerando a segurança dos tú-
risco de acidentes com feridos é maior do que nas neis, este capítulo busca expor as seguintes medidas:
rodovias com túneis.
• escolha entre a construção de rodovias com túneis
Os estudos da frequência de vários incidentes nos e rodovias a céu aberto;
túneis (Amundsen, 1993, 1996) sugerem que a fre- • extensão do túnel;
quência relativa dos incidentes, quando o número de • largura do túnel;
acidentes com feridos é definido como igual a 1, é é • inclinação nos túneis;
em torno de 2 para acidentes com danos materiais, • raio das curvas horizontais do túnel;
entre 0,1 e 0,2 para veículos de bombeiros e entre 40 • iluminação dos túneis;
e 80 para outros eventos (de parada do motor, etc.). • perfuração dupla dos túneis vs. túnel de um tubo;
• túneis subaquáticos vs. subterrâneos
O projeto dos túneis é de grande importância para
a segurança. Ele mostra, entre outras experiências, Os fatores que podem impactar sobre a segurança
como o túnel de Vålerenga em Oslo (Hvoslef 1991), dos túneis, mas não são discutidos neste capítulo,
onde uma combinação desfavorável de um declive são os pontos de socorro, de ventilação, de emergên-
acentuado(cerca de 60/1000l) e um raio de curvatu- cia e a área da câmera de monitoramento de tráfego.
ra pequenolevou a muitos acidentes por um período A razão pela qual estas medidas não são discutidas
logo após o túnel ter sido aberto para o tráfego. O mais adiante é que elas não têm uma documentação
número de acidentes no túnel Vålerenga foi mais que relate seu impacto sobre os acidentes.
tarde reduzido, em parte devido à introdução do
controle automático de tráfego no túnel.
Impacto sobre os acidentes
Túneis seguros devem assegurar que acidentes em
túneis não sejam maiores do que nas rodovias aber- O impacto sobre os acidentes das várias medidas
tas e devem ocorrer em escala menor, pois o resgate nos túneis dos estudos de referência mencionados
de acidentes em túneis é mais difícil que em rodo- acimaencontram-se na tabela 1.19.1.
vias a céu aberto.
Rodovias com túneis são mais seguras do que rodo-
vias a céu aberto em cidades e vilas. Em áreas ru-
Descrição da medida rais e nas autoestradas, não há diferença no risco de
acidentes em vias com túneis e viasa céu aberto. A
Os túneis em áreas rurais são construídos principal- iluminação nos túneis,o aumento da largura do tú-
mente para encurtar e alinhararodovia e manter a ro- nel e a redução das inclinações ajudam a aumentar
dovia aberta no inverno. Nas áreas urbanas, os túneis a segurança nos túneis. O mesmo ocorre também
construídos também existem para evitar conflitos em túneis longos,mas isso se deve ao fato de que as
com os edifícios já existentes e melhorar o ambiente. zonas de transição contribuem menos para o risco
Os requisitos para a criação dos túneis são encontra- em um túnel longo do que em um túnel curto.
230 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 1.19.1: Impactos sobre o número de acidentes com feridos, considerando as várias medidas de segurança nos túneis.
Variação porcentual relativa do número de acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Medidas Tipos de acidente As melhores Intervalo de confiança
e seus impactos estimativas (95%)
Estrada de túnel vs estrada a céu aberto Acidentes nas autoestradas -2 (-15; +12)
Acidentes em rodovias -4 (-17; +11)
Acidentes em área urbana -61 (-77; -35)
Iluminação nos túneis Acidentes nos túneis -35 (-51; -14)
O aumento da largura do túnel (de menos de 6m para
Acidentes em túneis -40 (-49; -30)
mais de 6m)
Redução do aumento de acidentes para mais de 50 por
Acidentes em túneis -71 (-84; -49)
mil em rodovias planas
Raios de curvas duplicadas Acidentes em túneis -35 (-45; -24)
Túnel de perfuração duplavs. túnel de perfuração única Acidentes em túneis -5 (-15; +6)
Túnel subaquático vs. túnel subterrâneo Acidentes em túneis +16 (-15; +38)
Ao dobrar-se o raio das curvas horizontais,redu- pacto no deslocamento nos aclives, onde diminuem
zem-se os acidentes nos túneis. Túneis duplos são para 30 a40 km/h (Stabell, 1992). Nos túneis onde
mais seguros que os de um tubo único, mas a di- há grande inclinaçãopodem, consequentemente,
ferença não é estatisticamente significativa. Dados ocorrer diferenças de velocidade entre os veículos
noruegueses (Amundsen e Engebretsen, 2008) su- grandes, leves e pesados. A diferença de velocidade
gerem que os túneis duplos são mais seguros que os é maior nos declives.
túneis de tubo único em áreas pouco povoadas, mas
não em áreas urbanas. Túneis subaquáticos parecem
ter um risco ligeiramente maior de acidentes que os O impacto no meio ambiente
túneis subterrâneos. Isso provavelmente é causado
devido ao fato de os túneis subaquáticos terem incli- Nos túneis com tráfego pesado a boa ventilação
nações mais acentuadas que os túneis subterrâneos. é um pré-requisito para manter a qualidade do ar
aceitável no túnel. Os requisitos para ventilação dos
túneis são fornecidos pelos padrões das rodovias
Impacto na mobilidade (Statensvegvesen, Håndbok 021, 1992).
O impacto dos túneis na mobilidade depende em Túneis em áreas urbanas que removem o tráfego
grande parte do ambiente de tráfego em que o túnel das áreas residenciais podem melhorar as condições
foi construído. Nas autoestradas o nível de velocida- ambientais para os residentes ao longo da via. Uma
de em túneis é quase o mesmo que nas autoestradas análise dos efeitos do pequeno túnel de Vålerenga
a céu aberto. Túneis em rodovias nas zonas rurais (Kolbenstvedt, Aspelund, Hanssen, Larssen e Sol-
podem proporcionar ganhos de tempo de viagens berg, 1990) mostrou que o número de casas que
em comparação com a rodovia aberta, porque o ali- foram expostas ao ruído exterior de 65 decibéis ou
nhamento da via é reduzido e as curvas são evitadas. mais diminuiu. Para salas de estar, observa-seuma
Túneis vias em áreas urbanas também podem pro- redução de aproximadamente 8%, enquanto que
porcionar ganhos de tempo de viagem para veículos para o quarto em cerca de 28%. A carga de polui-
motorizados uma vez que o número de paradas em ção, medida com a concentração de monóxido de
interseções e junções é reduzido e há pouco tráfego carbono (CO) e dióxido de azoto (NO2) por metro
de pedestre e bicicleta no túnel.. cúbico de ar, também diminuiu.
A medição da velocidade no túnel Ellingsøy em Åle- Algumas pessoas podem se sentir inseguras ao traba-
sund (3.481 metros de extensão, a maior inclinação lharem em túneis por serem locais escuros e fechados
de 85 por mil e limite de velocidade de 80 km/h) (Rein 1986). Estima-se que 6,3 em cada 1.000 pessoas
mostra que os caminhões leves mantêm uma velo- sofram de claustrofobia em graus mais leves. Estima-
cidade entre 80 e 90 km/h, sendo pouco afetados se que existam 2,2 em cada 1.000 pessoas que sofram
pelos aclives. Para os veículos pesados há mais im- de claustrofobia grave (incapacitante).
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 231
Dirigir por muito tempo sem pausas diminui a capa- Conforme Sagberg (1999), dos fatores que são mais
cidade do condutor e pode levar a um aumento dos visados em acidentes, destacam-se o cochilo e a
acidentes (Fosser, 1988). Depois de algumas horas fadiga, juntamente com o limite de velocidade e a
na direção, a maioria dos condutores tem necessida- pista seca. Flatley et al. (2004) mostraram que os
des de alimentação, descanso, ir ao banheiro ou fa- acidentes relacionados ao cansaço podem ocorrer
zer outra tarefa que não seja a de dirigir. Condutores com mais frequência em rodovias com volumes de
profissionais, por lei, são obrigados a fazer pausas tráfego elevado do que em outras rodovias.
regulares. As áreas de parada para descanso ou de
serviços ao longo da rodovia destinam-se a cobrir Estudos relacionados à direção sem descanso e aci-
estas necessidades. dentes entre os condutores profissionais mostram
que os acidentes começam a aumentar após cerca de
É muito difícil quantificar quantos acidentes são 6 horas de direção sem uma pausa. Em um período
causados por direção prolongada sem pausa ou de direção de até 10 horas, o risco de não se fazer
por falta de paradas ao longo da rodovia. Isto ocor- pausa aumenta de 10 a 80%. Em um período de
re tanto em acidentes que têm mais de uma causa direção de mais de 10 horas sem pausa, o risco sobe
quanto em longos trajetos cuja longa distância não de 100 a 250% (Fosser, 1988). Sagberg e Bjørnskau
está associada à causa do acidente. Sendo assim, (2004) mostraram que a fadiga proporcional aos aci-
nestes casos é difícil de afirmar se o condutor faria dentes é de 3,9% em viagens com mais de 150 km, e
uso deste serviço na rodovia, caso existisse. de 1,1% em viagens inferiores a 150 km.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 233
Um estudo norte-americano mostrou que a fal- de parada e serviços e atividades comerciais deve
ta de parada e serviços ao longo da rodovia leva estar de acordo com o Håndbok 204.
o condutor a parar no acostamento (King, 1989).
Acidentes com veículos estacionados e atingidos A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
nos acostamentos dos EUA estão estimados em 1 blicas da Noruega, Håndbok 204 (1997), recomen-
a 5% entre todos os acidentes nas autoestradas em da que as áreas de parada e serviços maiores sejam
áreas rurais. Em 1988 na Noruega, 84 boletins de instaladas a cada 45 km nas rodovias e as áreas de
ocorrência policial relataram acidentes com feridos descanso de parada e serviços menores, a cada 15
em que um veículo estacionado tinha sido atingido, km, conectadas por uma rede de rodovias secun-
além de mais 41 acidentes relacionados a veículos dárias. As áreas de parada e serviço maiores devem
estacionados. Este valor corresponde a 1,5% de to- ser equipadas com mesas, cadeiras, latas de lixo e
dos os acidentes com feridos que a polícia registrou vaso sanitário. Em rodovias, recomenda-se que estas
nesse ano (Agência Central de Estatística, 1989). A áreas sirvam apenas a pista de uma direção da rodo-
maioria dos acidentes ocorreu no estacionamento via. Ao longo das rodovias turísticas (rodovias de
em áreas urbanas. belas paisagens) recomenda-se uma oferta variada,
a curtas distâncias, com áreas de parada e serviços
Uma pesquisa norueguesa feita entre os condutores em lugares privilegiados. Nos trechos com um gran-
em 2003 (Nordbakke e Sagberg, 2006) mostrou que de número de viagens de trabalho, com paisagem
a maioria dos condutores tem um bom conhecimen- monótona e muitas ofertas comerciais, recomenda-
to sobre os riscos na direção e sabem que devem se uma oferta mais uniforme de áreas de parada e
fazer uma pausa quando estão cansados, mas que serviços e maiores distâncias entre elas.
muitos ainda continuam a dirigir sem pausa, mesmo
cansados. Áreas de paradas são pontos simples na lateral da
rodovia que podem ser utilizados para uma parada
Áreas para paradas de veículos e outras instalações curta ou estacionamento. Pontos de paradas maio-
de serviço ao longo da rodovia inibem o condutor a res também podem ser utilizados como local de fis-
parar no acostamento ou na pista, proporcionando calização.
aos condutores pontos de serviços que se estendem
por toda a rodovia, mostrando, assim, que a direção Local para instalação de correntes. Local onde veí-
sem pausa é algo que pode ser evitado. culos pesados podem colocar correntes nos pneus.
Estes locais devem ser de pelo menos 5 m de largura
e ter barreiras de contenção ou refúgios de prote-
Descrição da medida ção. Os locais devem ser iluminados. Antes e depois
das passagens por montanhas deve haver pontos de
Áreas de parada e serviços incluem, além dos res- parada dimensionados para que caminhões possam
taurantes de rodovia, outros espaços de serviço des- instalar correntes.
tinados às paradas (Statens vegvesen, 1997, Hån-
dbok 204). Local de fiscalização: pode ser localizado em áreas
de parada e descanso. As exigências para a constru-
Atendimento: Os serviços comerciais de atendi- ção dos espaços de fiscalização estão descritas na
mento, sejam vendas de combustíveis ou alimenta- Statens vegvesen, Håndbok 017 (2008).
ção em restaurantes de rodovia, geralmente se adap-
tam às necessidades de viagens de longas distâncias. Outros serviços de rodovias são: telefones de emer-
Este tipo de serviço é geralmente instituído perto gência, quiosques e acomodações (Ragnøy, 1978).
das principais cidades e bairros. Não há registros sobre como muitos desses lugares
se encontram nas vias públicas da Noruega e as mu-
Áreas de parada e serviços são projetadas principal- danças anuais da disponibilidade destes serviços.
mente para os viajantes de negócios e lazer. As áreas
de parada e serviços têm estacionamento, bancos e
banheiros. As áreas de parada e serviços podem ser Impacto sobre os acidentes
às vezes utilizadas como pontos de fiscalização. No
que diz respeito à fiscalização de veículos pesados, Foram encontrados dois estudos que tentam es-
têm-se as exigências específicas apenas para projeto timar o efeito da instalação de áreas de paradas e
do espaço local. A inserção da fiscalização em áreas serviços sobre os acidentes.
234 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Um estudo do Reino Unido (Reyner, Horne e agradáveis. Uma pesquisa com condutores que
Flatley, 2010) comparou o número de acidentes em utilizaram os pontos de parada em 1978 mostrou
trechos de 16 km antes e depois de serem instituí- que o intervalo para a refeição e o descanso era
dos os pontos de parada e serviços nas autoestradas uma das principais razões para o uso dos pontos de
britânicas. O número total de acidentes com feridos parada. A média do tempo de parada era de 15 a
(após se instituírem os pontos de parada e servi- 30 minutos (Ragnøy, 1978). A taxa de quem parou
ços) foi 14% menor do que antes. Os números dos ao longo da rodovia tinha uma clara relação com a
acidentes associados à fadiga foram 22% menores. extensão do percurso. Para jornadas de menos de
Esta relação, no entanto, não é encontrada quando 50 km, 11% pararam na rodovia. Este índice subiu
se consideram apenas os meses de verão ou os aci- para 35% em viagens de 51 a 100 km, 61% das
dentes nas primeiras horas da manhã. Também não viagens de 101 a 200 km e mais de 85% em viagens
foi encontrada relação entre a distância até o ponto com mais de 200 km por dia. Um estudo britânico
de parada e o número de acidentes. (Reyner et al., 2010) mostrou que 50% de todos os
condutores que pararam em áreas de parada e des-
Outro estudo (King, 1989) mostra que a falta de canso pararam por menos de 10 minutos. A maio-
oferta de pontos de parada leva o condutor a parar ria usou a área de lazer para ir ao banheiro. Um
no acostamento. Supõe-se que as áreas de parada estudo norueguês realizado de 1995 a 1997 mos-
e descanso ajudem a prevenir acidentes em que os trou que 70% de todos os condutores que pararam
veículos estacionados no acostamento são atingidos. em áreas de parada e descanso ao longo das rotas
Para a rede de autoestradas nos Estados Unidos du- turísticas o fizeram para apreciar a vista (Statens
rante o ano 1981 estimou-se que o número de aci- vegvesen, 1997).
dentes envolvendo colisões com veículos estaciona-
dos no acostamento teria sido cerca de 50% maior As áreas de lazer podem ajudar a reduzir o lixo ao
sem as áreas de parada e descanso existentes nas ro- longo das rodovias, uma vez que o condutor faz pe-
dovias naquele ano. A distância média entre as áreas quenas paradas, onde pode jogar seu lixo.
de parada e descanso nas autoestradas dos Estados
Unidos em 1981 era de cerca de 70 km. Este é um
cálculo puramente hipotético. O relatório aponta Custos
que existem maiores problemas metodológicos as-
sociados ao cálculo do efeito dos pontos de parada Não há dados relativos aos custos de construção ou
sobre os acidentes, porque é difícil dizer que tipos manutenção de áreas de parada ou outras instala-
de acidentes são reduzidos pela influência dos pon- ções de serviço ao longo da rodovia. Os custos de
tos de parada (King, 1989). construção dependem da natureza, dimensão e con-
dições de solo do local. Os custos de construção,
Não foram encontrados outros estudos relaciona- manutenção e operação das áreas de lazer podem
dos à ocorrência de acidentes. ser reduzidos quando se compartilha o local com
outras instalações comerciais (como postos de gaso-
lina). Nestas áreas de descanso, a responsabilidade
Impacto na mobilidade pela manutenção e operação pode ser transferida
das Rodovias de Administração Pública para o se-
Não foram encontrados estudos que mostram os tor privado, que pode instituir rodovias de acesso
efeitos das áreas de parada ou outras instalações de ao público com áreas de lazer e outras facilidades,
serviço ao longo da rodovia sobre a mobilidade. As diminuindo-se o lixo jogado nas rodovias (Statens
medidas não são destinadas a aumentar a mobilida- vegvesen, 1997).
de, mas a cobrir outras necessidades.
Avaliações de custo-benefício
O impacto no meio ambiente
Não foi encontrada nenhuma análise do custo-be-
Não foram encontrados estudos que mostram os nefício norueguês sobre áreas de parada e serviços.
efeitos dos pontos de parada ou outras instalações Os dados necessários para realizar uma análise do
de serviço ao longo da rodovia sobre fatores físi- custo-benefício das áreas de parada e outras insta-
cos ambientais. Estas instalações podem, contudo, lações de serviço ao longo das rodovias na Noruega
contribuir para que as viagens longas sejam mais não estão indisponíveis.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 235
têm como objetivo aumentar a distância entre os flu- Abdel-Aty & Radwan, 2000 (EUA);
xos opostos e minimizar o risco de que os condutores Sawalha & Sayed, 2001 (EUA);
inadvertidamente adentrem na pista contrária. Além Strathman et al., 2001 (EUA);
disso, os canteiros centrais limitam as oportunidades Chin & Quddus, 2003 (Singapura);
de retorno ou travessia das vias apenas para os locais Oh et al., 2003 (EUA);
onde há aberturado canteiro central. Frawley & Eisele, 2004 (EUA);
Kweon & Kockelmans, 2004 (EUA);
Shankar et al., 2004 (EUA);
Descrição da medida Gattis et al., 2005 (EUA);
Saito et al., 2005 (EUA);
Os canteiros centrais são áreas que separam fluxos Savolainen & Tarko, 2005 (EUA);
opostos que podem ser constituídas por um canteiro Lewis, 2006 (EUA);
elevado com bordos recuperáveis ou formadas gra- Jonsson et al., 2007 (EUA);
ma, aterro, valas ou gramado plantado. O canteiro Fitzpatrick et al., 2008 (EUA);
central elevado com bordos recuperáveis é utilizado Malyshinka, Mannering &Tarko, 2009 (EUA);
apenas em menor grau na Noruega, sendo o tipo de Schulz et al., 2010 (EUA);
canteiro central mais estudado. Na Noruega a maio- Jiang et al., 2011 (EUA);
ria dos canteiros centrais é formada por um ater- Mauger, 2011 (EUA);
ro de grama ou vala, mas tais canteiros são pouco Zou et al., 2011 (EUA);
estudados empiricamente. A largura dos canteiros Alluri et al., 2012 (EUA);
centrais varia, alguns canteiros chegam a ter mais de Geedipally, Lord & Dhaval, 2012 (EUA);
30 metros de largura. Muitas vezes, são colocadas Stephan & Newstead, 2012 (Austrália);
barreiras de contenção nos canteiros centrais. Este Whittaker, 2012 (Austrália);
capítulo abrange apenas os canteiros centrais, sem Castro et al., 2013 (EUA);
barreiras de contenção. Os sistemas de barreiras de Haleem et al., 2013 (EUA);
contenção estão descritos no capítulo 1.15. Hallenbeck et al., 2013 (EUA);
Chimba et al., 2014 (EUA) e
Hosseinpur et al., 2014 (Malásia).
Impacto sobre os acidentes
A maioria dos estudos comparou o risco de aciden-
Os resultados aqui apresentados têm por base as se- tes entre vias com e sem canteiro central. A tabela
guintes investigações: 1.21.1 mostra a melhor estimativa do impacto so-
bre os acidentes nas rodovias com canteiro central
Kihlberg & Tharp, de 1968 (EUA); (sem sistema de contenção) com base nestas inves-
UT2 Leong, 1970 (Austrália); tigações. Os acidentes referem-se a trechos em reta.
Thorson & Mouritsen, 1971 (Dinamarca); Não estão incluídos os acidentes nas intersecções,
Andersen, 1977 (Dinamarca); mas a maioria dos estudos não especifica se eles fo-
Muskaug, 1985 (Noruega); ram retirados ou não da amostra.
Harwood, 1986 (EUA);
Blakstad & Giæver, 1989 (Noruega); Canteiro central nos trechos em reta: Introduzir
Squires & Parsonson, 1989 (EUA); canteiros centrais elevados com bordos recupe-
Bretherton et al., 1990 (EUA); ráveis em trechos em reta onde geralmente não se
Banks et al., 1993 (EUA); tinha canteiro central parece reduzir o número de
Köhler & Schwamb 1993 (Alemanha); acidentes com vítimas, mas não o número de aci-
Bowman & Vecellio, 1994 (EUA); dentes com danos materiais. O efeito é, portanto,
Bretherton, 1994 (EUA); maior para os acidentes mais graves. Muitos estudos
Claessen & Jones, 1994 (Austrália); não especificam se os acidentes nas intersecções fo-
Oregon Dept. of Transportation, 1996 (EUA); ram considerados ou não. Provavelmente na maio-
Parsons, 1996 (EUA); ria dos estudos estes acidentes estão incluídos. Os
Bonneson & McCoy, de 1997 (EUA); resultados baseiam-se em diferentes tipos de estu-
Harwood et al., 1998 (EUA); dos de diferentes anos. Nem o tipo de estudo ou o
Wang et al., 1998 (EUA); ano em que foi realizado parecem afetar os resulta-
Brown & Tarko, 1999 (EUA); dos. Os resultados também não parecem afetados
Tarko et al., 1999 (EUA); por viés de publicação.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 237
Tabela 1.21.1: Impactos sobre os acidentes em rodovias com canteiro central elevado com bordos recuperáveis (sem sistema
de contenção). Variação porcentual do número de acidentes.
A explicação para que este tipo de canteiro cen- centrais e 16,6% com canteiros centrais) em rodo-
tral tenha maior impacto na redução dos acidentes vias com canteiros centrais (Beca Carter Hollings &
mais graves provavelmente é porque o canteiro cen- Ferner Ltd, 1998).
tral pode afetar a distribuição dos vários tipos de
acidentes, que, por sua vez, apresentam diferentes Canteiros centrais em intersecções: Os resultados
graus de danos. Gabler et al. (2005) mostraram que se aplicam às intersecções de vias com vs. sem can-
a instalação de divisões centrais reduz o número de teiros centrais (divisões centrais como canalização
colisões, mas leva a mais acidentes com menor seve- não foram incluídas nos resultados). Nas intersec-
ridade. Em outro estudo, verificou-se a redução de ções, os resultados mostram que os canteiros cen-
colisões laterais, porém o número de acidentes com trais elevados com bordos recuperáveis aumentam
colisões traseiras aumentou (Saito et al., 2005). As o número de acidentes, principalmente nas áreas
colisões laterais normalmente são mais graves que rurais. Os resultados não são estatisticamente signi-
as colisões traseiras. Em um estudo da Nova Zelân- ficativos, mas mostram o mesmo que os resultados
dia, verificou-se uma redução de 75% nas colisões para canteiros centrais vs. vias de mão dupla com
e uma menor taxa de acidentes fatais (7,2% sem conversão à esquerda; o canteiro central tem benefí-
canteiros centrais e 2,8% com canteiros centrais) e cio menor nas intersecções que nos trechos em reta.
acidentes com feridos graves (21,2% sem canteiros A explicação pode ser porque a intersecção com
238 O Manual de Medidas de Segurança Viária
canteiros centrais é geralmente maior e mais com- têm um efeito mais favorável ao longo trechos em
plexa que aquelas sem canteiro central, sendo que o reta nas intersecções. As intersecções com cantei-
canteiro central em uma intersecção constitui-se um ros centrais amplos (mais de 2 m) têm significa-
grande obstáculo. tivamente mais acidentes que as intersecções com
canteiros estreitos, porém trechos com canteiro
Região e tipo de rodovia: Em vias sem controle de central mais largo (com mais de 20 m) têm signi-
acessos (ou seja, com entradas/saídas e intersecções) ficativamente menos acidentes que trechos com
foram verificadas reduções de acidentes somente canteiro mais estreito.
em áreas densamente povoadas para trechos em
reta com canteiro central. O mesmo não se verifica Tipos de canteiros centrais: Vários estudos com-
em áreas rurais. Na maioria dos estudos conside- pararam acidentes nas vias com os diferentes tipos
rados, não se especifica se os acidentes nas inter- de canteiro centrais. Os resultados gerais indicam
secções foram incluídos na pesquisa ou não. Se os que ambos os tipos de divisões, marcadas por sina-
acidentes nas intersecções foram incluídos, é de se lização horizontal de divisão de fluxos opostos ou
esperar um efeito menos benéfico em áreas urbanas, canteiro central rebaixado, podem ter um melhor
isso porque não há provas de que canteiros centrais impacto do que canteiros centrais elevados com
tenham algum efeito na redução dos acidentes nas bordos recuperáveis. Os resultados são, no entanto,
intersecções. Uma explicação para o efeito dos can- parciais e contraditórios. Verificou-se que:
teiros centrais ser mais favorável em áreas urbanas
pode ser porque há mais pedestres em áreas urbanas • As divisões centrais por linhas horizontais para
e que o canteiro central pode tornar a travessia mais separação de fluxos opostos em trechos em reta
segura para eles. Em vias com controle de acessos têm maior efeito sobre o número de acidentes que
(ou seja, sem intersecções em nível ou entradas/saí- os canteiros centrais elevados com bordos recupe-
das), observou-se que a redução dos acidentes foi ráveis; para as divisões centrais por meio de sina-
superior à observada nas outras vias, o que pode lização horizontal para divisão de fluxos opostos
eventualmente ser explicado por não haver inter- (em vez de nenhuma divisão), foi encontrada uma
secções em nível nestas vias. redução no número de acidentes com gravidade
não especificada de 24% (intervalo de confiança
Canteiro central em vez de conversão à esquerda [- 43; ± 0]).
em ambos os sentidos: Considerando-se todos os • Vias com canteiros centrais elevados com bordos
acidentes do ano, encontrou-se uma redução de recuperáveis têm menos acidentes que vias com
24%. Uma redução ainda maior foi encontrada em divisões centrais por meio de linha horizontal
acidentes nos trechos entre intersecções. Na inter- para divisão de fluxos opostos (- 23%, intervalo
secção, no entanto, verificou-se um aumento de de confiança [- 39; - 4]). O resultado é basea-
50% no número de acidentes. Os resultados indi- do em dois estudos mais antigos (Scriven, 1986;
cam que o efeito dos canteiros centrais é melhor nos Claessen & Jones, 1994) e aplica-se a trechos em
trechos entre intersecções que na intersecção em si. reta (não inclui as intersecções).
O efeito é provavelmente maior em relação a aci- • Vias com canteiros centrais com guias (rebaixa-
dentes com pedestres (Parsons et al., 2000). das) têm menos acidentes que as vias com can-
teiros centrais elevadas com bordos recuperáveis
Largura dos canteiros centrais: Vias com canteiros (- 68%; intervalo de confiança [- 71; - 65]); re-
centrais largos apresentaram menos acidentes que sultado que se aplica aos acidentes em vias sem
as vias com canteiros mais estreitos. Nas retas, no intersecções ou acessos (Wang et al., 2009).
entanto, o efeito é pequeno, apesar de ser estatis- • Vias com canteiros centrais com guias (rebaixa-
ticamente significativo. Em intersecções, o efeito das) têm mais acidentes que vias com outros tipos
é maior, mas não é estatisticamente significativo. de divisões centrais (+ 23%; intervalo de confian-
Que o aumento da largura do canteiro central de- ça [11; 37]); resultado que se aplica a acidentes
veria ter um efeito melhor do que nos cruzamentos em vias sem intersecções ou acessos (Malyshkina
não é esperado nos resultados relacionados a vias et al., 2009).
com canteiro central vs. vias sem canteiro central, • Vias com canteiros centrais com guias (rebaixa-
porque o canteiro central se mostrou como causa- das) têm menos acidentes que vias sem canteiro
dor da redução dos acidentes em retas, e não no central (- 49%; intervalo de confiança [- 55; - 43]);
cruzamento. Os resultados das duas últimas linhas resultado que se aplica a acidentes em rodovias
da tabela 1.21.1 sugerem que os canteiros centrais com intersecções ou acessos (Gattis et al., 2005).
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 239
Tabela 1.22.1 – Impactos das rodovias 2 + 1, com sistema de contenção no meio da pista
sobre o número de acidentes (Carlsson 2009A, B).
Variação porcentual do número de acidentes
Grau de lesão em acidentes Acidentes em rodovias Melhores Intervalo de
com limites de velocidade estimativas confiança
Acidentes com feridos 90 km/h -13 (-3%; -22%)
Acidentes com feridos 110 km/h +8 (-4%; -20 %)
Mortos ou gravemente feridos 90 km/h -63 (-52%; -74%)
Mortos ou gravemente feridos 110 km/h -51 (-38%; -64%)
Mortos 90 km/h -77 (-63%; -91%)
Mortos 110 km/h -76 (-61%; -90%)
242 O Manual de Medidas de Segurança Viária
(faixas), o impacto sobre o número de acidentes é me- tos anuais de manutenção das rodovias 2 + 1 são
nor do que em rodovias com sistema de contenção no de aproximadamente SEK 85.000 a 95.000, ou seja,
meio da pista. A redução do número de vítimas fatais maiores do que os custos em rodovias regulares de
ou gravemente feridas foi estimada em 32% na Suécia 2 faixas com largura de 13 m. Existem autoridades
(Carlsson, 2009A, B). O risco de acidentes fatais e de rodoviárias que são responsáveis por cobrir custos.
acidentes com feridos diminuiu 36% na Alemanha e Os custos dos acidentes são de aproximadamente
na Finlândia. Estima-se que o risco de acidentes com SEK 65.000 a 95.000 por ano – 75% por danos ma-
feridos seja quase o mesmo que nas rodovias de duas teriais aos veículos e o restante pela manutenção do
pistas convencionais (Potts e Harwood, 2003). sistema de cabos. Estes custos são pagos, em parte,
pelos condutores e, em parte, pelas seguradoras.
Segundo Carlsson (2009A), as alterações provoca- Com base nestes pressupostos, o custo-benefício
das por impactos e emissões ambientais são peque- para a conversão de uma rodovia normal – 13 m de
nas. No tráfego, a velocidade pode alterar entre um e largura – é de 2,6 (o benefício é 2,6 vezes maior que
dois trechos, levando a um aumento do consumo de os custos). A relação custo-benefício para uma se-
combustível e das emissões de CO2. As medições não miautoestrada é de 6,5.
mostram nenhum efeito, uma vez que essa redução da
velocidade média, para a totalidade do trecho, com- O limite de velocidade nas rodovias com largura da
pensa o efeito do aumento da variação de velocidade. pista de 13 m geralmente é de 90 km/h. Se o limite
de velocidade for elevado a 100 km/h, nas rodovias
O sistema de contenção instalado no meio da pista é 2 + 1 a conversão aumenta o custo-benefício para
uma barreira que permite, por exemplo, que animais, 3,1, devido à economia de tempo de viagem.
pedestres e ciclistas não possam atravessar a rodovia.
Se a vida útil estimada for reduzida em 20 anos, as
rodovias 2 + 1 ainda são economicamente mais ren-
Custos táveis. O custo-benefício para uma rodovia 2 + 1
será de 2,0 e de 4,1 para uma semiautoestrada. Se
Os custos do sistema de cabos estão resumidos no o limite de velocidade aumentar para 100 km/h, a
capítulo 1.15. Segundo Carlsson (2009A, B), os cus- rodovia 2 + 1 terá um custo-benefício de 2,4.
Parte II: 1. Projetos e equipamentos viários 243
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2 Manutenção viária
2.1 Restauração geral do pavimento – expiração do tempo de vida útil e os danos que não
recapeamento são reparados geralmente levam a um aumento nos
acidentes (Statens vegvesen, 2011). As vias norue-
O capítulo foi revisado em 2014 por Alena Høye guesas têm uma defasagem de tempo significativa
(TØI) em relação a renovação e melhorias dos pavimen-
tos, defasagem esta que tem aumentado nos últimos
Danos no pavimento podem levar a má fluidez, anos. Em 2003, a defasagem na renovação do as-
danos no veículo e aumento no risco de acidentes. falto da rede viária (rodovias principais e secundá-
A manutenção do pavimento por meio do recapea- rias, que equivalem a 27.400 km) gerou um custo de
mento não demonstrou uma redução significativa NOK 1,85 bilhão ou, em média, NOK 68 por metro
dos acidentes, possivelmente porque a velocidade é de via (de NOK 20 a 60 por metro na rodovia prin-
maior nos pavimentos novos do que nos antigos. As cipal e de NOK 40 a 120 por metro nas rodovias
rodovias asfaltadas têm, em média, menor risco de secundárias, Bjørvik, 2006). Nas rodovias estaduais
acidentes do que as estradas de terra, mas, quando a defasagem em 2003 foi de NOK 7,9 bilhões ou
se consideram as outras diferenças entre elas, as es- NOK 292 por metro. Em 2010, a defasagem na ma-
tradas de terra têm menor risco que as rodovias de lha viária (10.500 km) foi de NOK 5 a 8 bilhões ou
asfalto, possivelmente porque a velocidade é menor. NOK 481 e NOK 769 por metro (Lofthaug, 2011).
Os números valem apenas para atrasos relacionados
a renovação e melhorias da fundação da pista e dos
Problema e finalidades pavimentos. Em 2010 essas defasagens representa-
vam cerca de 20% de todo o investimento de ma-
Tráfego, condições atmosféricas e condições natu- nutenção e também incluem atrasos ligados à ma-
rais submetem os pavimentos ao desgaste. Trilhas nutenção de túneis, equipamentos da via, pontes,
de roda, trincas, sulcos e desnivelamento no pavi- instalações de esgoto e de drenagem.
mento podem levar a uma direção perigosa, reduzir
a fluidez e causar danos no veículo. A água acumu- As manutenções dos pavimentos adiarão ou limi-
ladanas trilhas de roda do pavimento aumenta o pe- tarão o desenvolvimento de danos no pavimento,
rigo por causa da aquaplanagem. Trilhas e sulcosno preservando, assim, as funções da via, como fluidez,
pavimento podem dificultar um curso estável em segurança, conforto de condução, aderência e capa-
um veículo motorizado. Grandes buracos no pavi- cidade de suportar cargas (Statens vegvesen, 2011).
mento podem danificar o veículo e causar a perda
de controle sobre o veículo. De acordo com os rela-
tórios dos grupos de análise de acidentes da Agên- Descrição da medida
cia Nacional de Administração de Vias Públicas da
Noruega, buracos e outros defeitos no pavimento As manutenções dos pavimentos compreendem
têm sido um fator contribuinte em cerca de 5% dos tanto manutenções preventivas, como, por exem-
acidentes fatais na Noruega de 2008 a 2012, e os es- plo, por meio de selagem, remendagem, manuten-
tudos de Khalili e Pakgohar (2013) apresentam um ção da superfície ou fresagem e renovação de todo
aumento no risco de acidentes de 43% (intervalo de o pavimento (recapeamento). A renovação do pavi-
confiança de 95% [+16; +77]). mento pode ocorrer com ou sem a manutenção de
sua base estrutural.
O tempo de vida esperado para as camadas de as-
falto na Noruega é de 5 a 16 anos, dependendo do As manutenções dos pavimentos nas rodovias na-
tipo de asfalto e do volume de tráfego. Entretanto, cionais da Noruega são realizadas quando o pavi-
os pavimentos nem sempre são substituídos após a mento atinge um ou mais critérios do padrão de ma-
272 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 2.1.1: Resultados do recapeamento no número de acidentes. Modificação porcentual do número de acidentes
Modificação porcentual do número de acidentes
Grau de seriedade do acidente Intervalo
Tipo de acidente ocorrido Melhor avaliação
de Confiança
Acidentes com vítima Todos os acidentes -3 (-11; +6)
Grau de dano não especificado Todos os acidentes +2 (-2; +6)
Acidentes com vítima Acidentes em pavimento seco -7 (-24; +14)
Acidentes com vítima Acidentes em pavimento molhado -4 (-30; +32)
Grau de dano não especificado Acidentes com derrapagem em pavimento seco -37 (-64; +11)
Grau de dano não especificado Acidentes com derrapagem em pavimento molhado -32 (-62; +20)
Parte II: 2. Manutenção viária 273
minui após o recapeamento, mas os resultados não escuro. Com a utilização de tipos de pedras mais
são estatisticamente significativos e as diferenças en- claras, o pavimento pode ficar mais claro, algo que
tre pavimentos secos e molhadosnão são significa- aumenta a extensão da visibilidade no escuro em
tivas. Foram encontradas grandes reduções apenas 10 a 20% (Thurmann-Moe & Dørum, 1980). Em
em acidentes com derrapagem após o recapeamen- contrapartida, a sinalização da via parece ser mais
to, mas esses resultados também não são estatistica- bem visualizada quando em pavimentos escuros.
mente significativos (e são baseados em apenas uma De acordo com Amundsen (1983), seja o pavimento
pesquisa antiga: Miller & Johnson, 1973). claro ou escuro, não há nenhuma relação significati-
va com relação ao número de acidentes, com ou sem
Os resultados não indicam se o efeitomudacom o luminosidade (no ambiente escuro ou no claro). No
decorrer do tempo após o recapeamento, ou que o geral, foi encontrado 1% a mais de acidentes com
efeito é diferente entre os trechos em reta ou trechos vítimas em vias com os pavimentos mais claros (in-
curvas (não demonstrado na tabela 2.1.1). Algumas tervalo de confiança de 95% [-11; +15]).
pesquisas não inclusas nos resultados da tabela 2.1.1
descobriram, no entanto, que o risco de acidentes Asfaltamento em estradas de terra: pistas de terra
aumenta imediatamente após o recapeamento e di- têm muito menos aderência do que vias asfaltadas,
minui a longo prazo (Hauer, Terry & Griffith, 1994; exceto se a pista estiver seca ou molhada (Macken-
Harwoodet.al., 2003). zie & Anderson, 2009). Há também muitas outras
diferenças entre estradas de terra e vias asfaltadas,
Vida útil do pavimento e índice para o padrão da como, por exemplo, as estradas de terra são sem-
via: um estudo antigo sobre vida útil dos pavimen- pre mais estreitas e têm piores traçados e condição
tos não descobriu nenhuma diferença no número de de visibilidade do que as vias asfaltadas. Se essas
acidentes entre pavimento antigo e pavimento novo diferenças não forem consideradas, as estradas de
nos países nórdicos (Leden & Salusjärvi, 1989). terra têm 40% mais risco de acidentes com vítimas
Schandersson (1981, 1989) pesquisou a relação en- do que as vias com camadas asfaltadas, 20% mais
tre o risco de acidentes e um índice da condição do riscos de acidentes com vítimas do que as vias com
pavimento, formado, entre outras coisas, por pro- camadas de macadame (Carlsson & Öberg, 1977)
fundidade das trincas, nivelamento e sulcos, tanto e 95% mais risco de acidentes fatais (Mao et al.,
a relação entre o risco de acidente e o tempo de 1997). Se forem consideradas essas diferenças entre
vida útil do pavimento quanto às modificações no estradas de terra e vias asfaltadas, Mao et al. (1997)
número de acidentes com o recapeamento da pis- indica que as camadas de terra têm 50% menos
ta. Os resultados indicam que pistas em condições risco de acidentes fatais (intervalo de confiança de
melhores têm 4% a menos de acidentes com vítimas 95% [-63; -22]) e 17% menos risco de acidentes
(intervalo de confiança de 95% [-13; +7]) e 6% a com vítimas [-22; -11]. Um estudo da Lituânia in-
mais de acidentes com danos materiais [-2; +14], dica que o risco de acidentes geralmente aumenta
mas nenhum desses resultados é estatisticamente após o asfaltamento das vias de terra.
significativo.
2.2 Melhoria das vias, correção O desgaste na pista em trechos de retas longas leva a
de irregularidades e afundamento uma formação de sulcos. A água se concentra nesses
da pista sulcos e, com isso, compromete a estabilidade late-
ral do veículo e a dirigibilidade.
O capítulo foi revisado em 2008 por Alena Høye
(TØI) A melhoria na irregularidade da via consiste em
tampar buracos, fendas, corrigir danos após conge-
lamento do solo e outras medidas que têm relação
Problema e finalidades com a irregularidade anormal do pavimento. Estas
medidas reduzem a megatextura da via, mas não
Buracos e outras irregularidades no pavimento são levam a uma melhor aderência. Melhorias no pavi-
perigosos, pois podem levar à perda de controle do mento, que geralmente levam a uma melhor unifor-
condutor sobre o veículo. As irregularidades no pa- midade do pavimento, são tratadas no capítulo 2.1.
vimento aumentam o desgaste do veículo e podem Os critérios para a melhoria nas irregularidades do
danificá-lo. pavimento estão indicados no padrão de manuten-
ções da Agência Administração de Vias Públicas da
É desconhecida qual é a relevância das irregularida- Noruega (Statens vegvesens, Håndbok111, 2003):
des no pavimento como fator de risco nos acidentes
de trânsito na Noruega. Em 1988, o fator “buraco • O afundamento da pista não deverá estar acima
na pista” foi indicado por 10 acidentes de trânsito de 16,5 mm em pelo menos 90% da rede viá-
notificados para a polícia, no total de 8.167 aciden- ria principal com Volume Diário Médio Anual
tes com vítimas notificados no ano (Statistisk sen- (VDMA) acima de 5.000 veículos. Em outras vias,
tralbyrå, 1989). Isso significa 0,1% dos acidentes. o afundamento da pista não deve estar acima de
As irregularidades no pavimento podem contribuir 17 e 18,5 mm em pelo menos 90% da rede viária,
para a ocorrência de acidentes de trânsito, mesmo dependendo do tipo de via e do VDMA.
que o fator, visto de maneira isolada, não seja deci- • O IRI (índice para o desnivelamento, megatextu-
sivo para o acidente. ra) não deve estar acima de 2,5 em pelo menos
90% da rede viária principal, com Volume Diário
A melhoria das condições do pavimento da via re- Médio Anual (VDMA) acima de 5.000 veículos.
moverá irregularidades perigosas, de modo a redu- Em outras vias, o IRI não deve estar acima de 3 a
zir a probabilidade de perda de controle sobre o 6 em pelo menos 90% da rede viária, dependendo
veículo. Outro objetivo da medida é reduzir o des- do tipo de via e do VDMA.
gaste do veículo e dos pneus, como também aumen- • O coeficiente de atrito (microtextura) não deve
tar a fluidez e o conforto. estar abaixo de 0,40 (medido em pista molhada à
velocidade de 60 km/h).
• As trincas não devem ter mais do que 20 mm de
Descrição da medida
largura. Aquelas que tiverem mais do que 4 m de
extensão não deverão ter mais do que 10 mm de
A irregularidade do pavimento é entendida como largura.
uma megatextura, isto é, quando há variações na su-
• A declividade da pista deverá ser suficiente para
perfície entre 50 e 500 mm (Cairney & Styles, 2005).
a drenagem da água (o efeito da declividade da
A megatextura reflete em que grau a água é drena-
pista em acidentes está descrito no capítulo 1.11).
da da via. A baixa megatextura reduz o desgaste no
sistema de amortecedores do veículo. Um desnive- • Não deve haver buracos na via ou no meio-fio,
lamento elevado (buracos, fendas) na via causa a pois podem trazer risco ao tráfego.
redução da estabilidade do veículo e aumenta a dis- • O desnível entre a pista e o acostamento não deve
tância de frenagem. O índice mais comum para me- ser maior que 10 mm. Desníveis superiores a 15
gatextura é o IRI (International Roughness Index). mm são considerados perigosos para o tráfego.
• A diferença de nível na pista (de maneira longi-
Pequenas irregularidades no pavimento da pista tudinal ou transversal, com exceção da formação
(entre 0,5 e 50 mm) são conhecidas como macro- de trilhas no pavimento) não deve ultrapassar os
textura e irregularidades abaixo de 0,5, como mi- valores marginais entre 20 e 50 mm, dependendo
crotextura. O efeito da micro e macroestrutura em da época do ano, do tipo de via e da direção (lon-
acidentes é descrito no capítulo 2.3. gitudinal ou transversal).
276 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• O congelamento do solo não deve ser perigoso dentes ou nenhum efeito. Não parece haver diferen-
para o tráfego. ças sistemáticas entre os resultados em dependência
• A diferença de altura entre o meio-fio e o pavi- de qual grau são determinados por outros fatores.
mento não deve ser superior a 3 cm.
Uma possível explicação sobre os resultados incon-
sistentes é que a relação entre IRI e acidentes é di-
Impacto sobre os acidentes ferente em pistas de qualidade superior e inferior.
Cenek e Davies (2004) mostraram que um desnive-
Foi descoberta uma série de pesquisas que investi- lamento em excesso causa menos acidentes quando
garam a relação entre acidentes, irregularidades do o IRI é inferior a 2, mas causa mais acidentes quan-
pavimento (megatextura) e afundamento da pista. do é superior a 2.
Esses resultados não podem ser compreendidos
como efeitos da medida específica. Algumas pes- Um resultado consistente é que todas as pesquisas
quisas investigaram o efeito da reforma do desnive- que indicaram resultados para os acidentes com um
lamento da via, isto é, remendo do asfalto, preenchi- único veículo ou com mais veículos envolvidos des-
mento de buracos. cobriram um maior número de acidentes em vias
mais desniveladas. Al-Masaeid (1997) explica que
isso se deve a um maior número de correções de
Uniformidade do pavimento (megatextura) direção e frenagem brusca para evitar o choque com
buracos ou outros defeitos no pavimento.
A relação entre a uniformidade do pavimento com
os acidentes foi investigada em vários estudos de di- Uma possível explicação sobre a menor ocorrência
versos países. Uma vez que não é possível avaliar de acidentes em vias com pavimento mais irregula-
um efeito em conjunto (entre outras coisas porque res é que a velocidade é menor em vias de qualidade
o índice de nivelamento e os tipos de acidentes são inferior (Al-Masaeid, 1997; Christensen e Ragnøy,
diferentes entre as pesquisas e porque não há infor- 2006; Oxley et al., 2004).
mações suficientes sobre a margem de variação do
desnivelamento de todas as pesquisas), é fornecida Os resultados das pesquisas norueguesas e suecas
uma breve visão sobre os resultados na tabela 2.2.1. são opostos. Na Noruega, foi descoberto que um
IRI elevado leva a uma redução do número de aci-
Os resultados divergem muito. Algumas pesquisas dentes. Quando o IRI é reduzido de 4 para 2, o nú-
descobriram um número elevado de acidentes em mero de acidentes aumenta em 7%; quando o IRI
vias desniveladas, outras descobriram menos aci- é reduzido de 8 para 2, o número de acidentes au-
Tabela 2.2.1: Pesquisas sobre a relação entre a irregularidade do pavimento e o número de acidentes.
Pesquisa Tipo de acidente Efeito nos acidentes Comentários
Acidente com um único
Diminuem
veículo Controlado por outros fatores;
Al-Masaeid 1997 (Jordan; IRI)
Acidente com vários padrão de via ruim
Aumentam
veículos envolvidos
Diminuem(IRI < 2);
Cenek e Davies, 2004 (Nova Zelândia; IRI) Todos Controlado por mais fatores
Aumentam(IRI > 2)
Christensen e Ragnøy, 2006 (Noruega; IRI) Todos Diminuem Controlado por outros fatores
DeSilva, 2001 Custos dos acidentes Nenhum efeito Controlado por mais fatores
Não é controlado por outros
Gothie, 2001 (França; IRI) Custos dos acidentes Nenhum efeito
fatores
Todos Aumentam Parcialmente controlado por
Com um único veículo, outros fatores
Ihs, Velin e Wiklund, 2002 (Suécia) Aumentam
Colisão frontal bom padrão de via (IRI
Outros Indefinido < 5,1mm em 95% das vias)
Nelson English, 1988 (Austrália; índice de Não controlado por outros
Todos Diminuem
desnivelamento) fatores
Souleyrette et al., 2001 (EUA; IRI) Colisão frontal Diminuem Controlado por outros fatores
Parte II: 2. Manutenção viária 277
menta em 23%. Na Suécia foram encontrados mais Na pesquisa sueca, não foram encontradas relações
acidentes em pistas mais desniveladas. De acordo evidentes quando todos os acidentes são analisados
com Christensen e Ragnøy, uma possível explicação juntos.
para os resultados opostos é que o padrão da pista
na Suécia é geralmente bom (compare o resultado Não é possível avaliar um efeito em conjunto, mas os
de Cenek e Davis, 2004) e que a pesquisa norue- resultados indicam uma tendência de que o aumen-
guesa foi determinada por outros fatores (como, por to no afundamento da pista leva a mais acidentes.
exemplo, limite de velocidade, VDMA). Não há uma relação sistemática entre os resultados
e em qual grau as pesquisas foram verificadas por
outras características da pista. Os resultados norue-
Afundamento da pista gueses, entretanto, indicam que o efeito do afunda-
mento da pista em acidentes é dependente de uma
A relação entre o afundamento da pista e os aci- série de outros fatores, entre eles a irregularidade do
dentes foi investigada em vários estudos de diversos pavimento (consulte trechos anteriores e seguintes).
países. Os resultados estão demonstrados na tabela
2.2.2.
Uniformidade do pavimento e afundamento da pista
Nas pesquisas norueguesas e norte-americanas,
ocorreram mais acidentes nas pistas com trilhas de Na pesquisa norueguesa da relação entre o estado do
roda mais profundas. O maior aumento no núme- pavimento e a segurança viária (Christensen e Rag-
ro de acidentes na pesquisa norte-americana ocor- nøy, 2006), foi avaliado como o número de acidentes
reu em vias com afundamento da pista superior a é modificado em uma via ao longo do tempo, quan-
7,6 mm. do aumentam o afundamento da pista e o IRI. Pre-
sume-se que um aumento médio do IRI e do afun-
Na pesquisa norueguesa, o número de acidentes damento da pista leva a um aumento no número de
diminuiu em 5% quando o afundamento da pista acidentes em 2,3% após 10 anos e de 4,8% após 20
foi reduzido de 10 para 0, e o número de aciden- anos. Espera-se que a redução tanto do IRI quanto
tes diminuiu em aproximadamente 15% quando o do afundamento da pista sem outras medidas (quer
afundamento da pista foi reduzido de 30 para 0. O dizer, recapeamento sem outras medidas para me-
resultado vale para todos os tipos de acidente en- lhorias) possam reduzir o número de acidentes em
volvidos na análise (com exceção dos acidentes com 2,2% após 10 anos e em 4,6% após 20 anos. O re-
animais e em cruzamento). O efeito é maior em co- capeamento, contudo, também melhora a aderência
lisões frontais e em saídas de pista. da pista, de maneira que o efeito da melhoria da ade-
rência também deve ser considerado em tal análise.
Tanto na pesquisa norueguesa quanto na norte-a-
mericana, o número de acidentes não varia linear- O efeito nos acidentes ao melhorar tanto as irregu-
mente com relação ao afundamento da pista. Isso laridades quanto as trilhas de roda no pavimento foi
se explica por adaptações de comportamento, que, pesquisado por Al-Masaeid, Sinha e Kuczek (1993).
em trilhas de roda de profundidade intermediária, Foi descoberto um aumento do número de aciden-
levam a um risco menor de acidentes do que nas tri- tes em 8%, que não é confiável estatisticamente.
lhas com menor afundamento da pista (sem adapta- Uma explicação possível, de acordo com Al-Ma-
ção de comportamento) ou trilhas muito profundas saeid, é que a velocidade aumentou e a aderência
(Christensen e Ragnøy, 2006). não foi melhorada após tais medidas.
Tabela 2.2.2: Pesquisas sobre a relação entre o afundamento da pista e o número de acidentes.
Efeito do afundamento da pista nos
Pesquisa Afundamento da pista Comentários
acidentes
entre 1,3 e 10 mm x acima Aumenta (cerca de 16% por aumento Não determinado por
Start, Kim e Berg, 1996 (EUA)
de 10mm de 2,5mm) outros fatores
Christensen e Ragnøy, 2006 entre 0 e 25 mm x acima Aumenta (cerca de 5% por aumento Determinado por uma
(Noruega) de 25mm de 5 – 10mm) série de outros fatores
Ihs, Velin e Wiklund, 2002 entre 0 e 18 mm x acima Nenhuma relação evidente: mais Parcialmente determinado
(Suécia) de 18mm acidentes no inverno e menos no verão por outros fatores
278 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Está documentado que as irregularidades do pa- Não foi encontrada nenhuma análise de custo-bene-
vimento levam a uma diminuição da velocidade fício para a melhoria da irregularidade do pavimen-
(Anund, 1992; Karan, Haas & Kher, 1976). A va- to e de trilhas de roda. Para demonstrar os possíveis
riação da velocidade depende, entre outras coisas, efeitos da medida, é realizada uma previsão de custos.
do volume de tráfego e de quão irregular está o
pavimento. Esta variação pode ser de até 10 km/h Como base para as previsões de custo, são criadas
aproximadamente. as mesmas hipóteses que a renovação geral do pavi-
mento. Consulte o capítulo 2.1, com exceção de dois
pontos. Em primeiro lugar, não são previstos efeitos
Impacto no meio ambiente no número de acidentes. Em segundo lugar, é previs-
to que o custo da medida é de 10% do custo para a
renovação comum do pavimento e que o tempo de
Não foram encontradas pesquisas que demonstram vida útil é de dois anos. A previsão de custos mostra
como a melhoria das irregularidades do pavimento que o benefício com a reforma da camada do asfalto
influencia as condições do meio ambiente. Buracos é vantajoso em vias com um VDMA de no mínimo
na pista e formação de sulcos criam poças d’água 2.000 veículos. Se a durabilidade for de apenas um
que podem levar a frequentes jorros de lama. Isso ano, a reforma será vantajosa, caso haja um volume
pode ser um problema tanto para o condutor do de tráfego de no mínimo 7.000 veículos. Por conta
veículo quanto para os pedestres, como também disso, é vantajoso socioeconomicamente manter um
para os ciclistas. A irregularidade na pista pode alto padrão no pavimento, mesmo que isso não con-
aumentar os ruídos, por exemplo, do veículo, que tribua para a melhoria da segurança da via.
passa sobre um buraco, ou também por causa da
frenagem brusca e das acelerações que o veículo
realiza para tentar evitar o choque com o buraco Responsabilidade e procedimentos formais
na pista.
Veja capítulo 2.1.
Custos
2.3 Melhoria da superfície das vias,
Os custos para a melhoria da irregularidade do pa- atrito e asfalto poroso
vimento e de trilhas de roda dependem, entre ou-
tras coisas, de quão danificado está o pavimento que O capítulo foi revisado em 2008 por Alena Høye (TØI)
deve ser melhorado, de quão abrangente deve ser a
obra e de qual a extensão do trecho que precisa ser
melhorado. Numa hipótese simples, os custos para Problema e finalidades
reformas pontuais totalizam 10% dos custos para
o recapeamento com o preço do metro quadrado a Uma boa aderência é um pressuposto básico para
NOK 200 (veja o capítulo 2.1). um deslocamento seguro de veículos. A aderência ou
Parte II: 2. Manutenção viária 279
atrito influencia tanto na direção do veículo quanto elevadas, os valores-limite são maiores: 0,6 na Fin-
na distância de frenagem. O atrito oferece resistência lândia, por exemplo (Noyce et al., 2005).
ao deslizamento entre duas superfícies que se tocam.
O atrito depende da microtextura e da macrotextu- Em pavimento seco, o atrito tem pouca relação
ra do pavimento da via. A microtextura representa com a velocidade (Brudal, 1961; Ivey, Keese, Neill
variações na superfície do pavimento da via abaixo & Brenner, 1971; Thurmann-Moe, 1976; Hegmon,
de 0,5 mm. Ela é responsável pela adesão entre o pa- 1987). Em pavimento molhado, por outro lado, o
vimento da via, o pneu do veículo e a distância de atrito diminuiu com o aumento da velocidade.
frenagem em velocidades baixas. A macrotextura re-
presenta variações entre 0,5 e 50 mm e causa tanto Pesquisas demonstram que os condutores não ajus-
deformação do pneu em contato com o pavimento da tam a velocidade o suficiente para compensar a
via, quanto influencia no escorrimento da água entre diferença na aderência entre o pavimento seco e o
o pneu e o pavimento da via, como a drenagem da pavimento molhado (Cleveland, 1987; Wallman &
água, por exemplo, e na formação de sulcos e, com Åström, 2001; Noyce et al., 2005). De acordo com
isso, no risco de aquaplanagem. pesquisas suecas e finlandesas, os condutores ajus-
tam a velocidade mais pela impressão visual que têm
A baixa macrotextura e a microtextura reduzem o das condições na direção do que pelas condições
atrito e causam um aumento no tempo de frenagem. reais de aderência. Há pouca relação entre como os
A baixa macrotextura também diminui o ruído e o condutores sentem a aderência e de como ela real-
desgaste do pneu. A macro e a microtextura têm mente é. Por causa disso, há pouca relação entre
um baixo índice de dependência entre si, isto é, um atrito e velocidade (Wallman & Åström, 2001).
trecho com baixa macroestrutura não tem necessa-
riamente baixa microtextura. O risco de acidente, portanto, é maior em super-
fícies molhadas do que em superfícies secas (Sat-
As variações na superfície da via acima de 50 mm terthwaite, 1976; Ivey, Griffin, Newton & Lytton,
são chamadas de megatextura (desnivelamento). O 1981; Brodsky & Hakkert, 1988; Ragnøy, 1989).
efeito da macro e megatextura em acidentes está Se o risco de acidentes com vítimas em superfícies
descrito no capítulo sobre o nivelamento da super- secas é definido como 1,0, o risco em superfícies
fície da via (capítulo 2.1). molhadas é estimado em cerca de 1,2 durante o dia
e 1,4 durante a noite, visto que os condutores têm
O atrito é medido com um coeficiente que varia entre um tempo de reação mais lento. O aumento no ris-
0 e 1. Se o coeficiente de atrito diminuir de 0,5 para co com superfícies molhadas cresce com o nível de
0,3, a distância de parada para um veículo se deslo- pluviosidade, especialmente em pavimentos antigos
cando na velocidade de 80 km/h será aumentada de (Schandersson, 1989).
73 para 106 metros (Ragnøy, 1986). Prevê-se que o
tempo de reação do condutor é de 1 segundo. Os va- Em pavimentos secos, o atrito é geralmente melhor
lores comuns para o atrito na superfície da via são no inverno do que no verão. Isso se deve à diferen-
0,7 a 0,9 em pavimento seco; 0,4 a 0,7 em pavimento ça de temperatura. Em altas temperaturas, o asfalto
molhado e 0,1 a 0,4 em pavimento coberto de neve fica mais fluido e se mistura mais facilmente com
ou gelo. O aumento do atrito (com o recapeamento, os agregados. Isso faz com que a camada de rola-
por exemplo) leva a uma diminuição da distância de mento fique mais lisa e o atrito diminua. Além disso,
frenagem. O aumento do atrito de 0,4 para 0,6 equi- após longos períodos de seca no verão, nos primei-
vale a uma redução da velocidade de 40 para 33 km/h ros instantes de chuva, o pavimento pode ficar liso.
ou de 60 para 49 km/h (Cairney & Styles, 2005). A poeira e rastros de óleo, por exemplo, e outros
produtos contribuem para deixar os agregados do
O coeficiente de atrito pode ser medido por meio pavimento lisos.
da relação entre diferentes tipos de equipamentos
de medida e diferentes velocidades. Geralmente há Na Noruega, o pavimento da via normalmente tem
muitas fontes errôneas relacionadas às medidas de ótima aderência, por causa do atrito do pneu de
atrito, e medidas de atrito de outros países ou pes- neve, das condições da temperatura e da utilização
quisas divergentes, que não podem ser comparadas. de tipos de agregados maiores no pavimento da via,
Os valores-limite para uma aderência aceitável em diferente de alguns outros países, como a Grã-Bre-
uma velocidade abaixo de 80 km/h costumam ser tanha e os EUA. Mas também na Noruega, como
de 0,3 a 0,4 aproximadamente. Em velocidades mais já mencionado, o risco de acidentes em pavimentos
280 O Manual de Medidas de Segurança Viária
molhados é mais elevado. Nos invernos, as condi- O atrito no pavimento também pode ser melhorado
ções de dirigibilidade contribuem para uma redução com medidas de manutenção preventivas, como, por
significativa da aderência. A melhoria na aderência exemplo, selagem, remendagem e tratamento super-
das vias tem como objetivo garantir atrito suficiente ficial, recapeamento de camadas finas e limpeza com
para a realização de manobras seguras e frenagem alta pressão de água. Como tratamento da superfície,
sob todas as condições de dirigibilidade e climáticas primeiramente a via é borrifada com o conglutinante
e em condições de tráfego comuns. e, em seguida, um material de pedras trituradas é es-
palhado por cima. O tratamento da superfície pode
ser utilizado em vias com VDMA de 3.000 veículos.
Descrição da medida As camadas finas são mais utilizadas em áreas urbanas
para o reparo de pequenos danos e na manutenção
A melhoria na aderência das vias pode ser obtida de das camadas de asfalto em que não há a necessidade
várias maneiras. A mais comum é colocar por cima de um aumento na espessura da camada para fortale-
da camada antiga uma nova camada com aderência cer sua estrutura (Statens vegvensens, Håndbok 018).
extra ou uma boa capacidade de drenagem. Estes
pavimentos são chamados de pavimentos de alta A rugosidade é utilizada em pavimentos impermeá-
aderência. Este tipo de asfalto é o asfalto poroso veis para melhorar o escoamento da água e para redu-
(porous asphalt). O asfalto poroso é utilizado mais zir o “spray” de água dos veículos. A rugosidade do
em rodovias e tem como principal objetivo a redu- pavimento não é comum na Noruega e tem um tempo
ção do ruído e o aumento no desempenho da rodo- de vida limitado porque são desgastados ou preenchi-
via em climas chuvosos. dos novamente. Ele também aumenta o ruído.
Tabela 2.3.1: Efeitos em acidentes em função do aumento do atrito da superfície da via. Modificação porcentual do
número de acidentes.
ney e Styles, 2005, Caliendo et al., 2007, Davies et Cairney e Styles, 2005 (Austrália);
al., 2005, DeSilva, 2001, Parry e Viner, 2005, Viner Davies Cenek e Henderson, 2005 (Nova Zelândia);
et al., 2005). Não é possível resumir os resultados da Cairney, 2006 (Austrália).
mesma maneira que os resultados na tabela 2.3.1. As
pesquisas demonstram que Os resultados estão resumidos na tabela 2.3.2.
• O atrito tem mais efeito nos riscos de acidentes O risco de acidentes é menor em pistas com alta
que a macrotextura ou o desnivelamento (mega- macrotextura para a maioria dos tipos de acidente,
textura, IRI); mas nem todos os resultados são confiáveis estatis-
• O atrito tem mais efeito nos acidentes em pistas ticamente. Nas áreas rurais, as rodovias são subdi-
com baixa macrotextura; vididas entre as com macrotextura inferior 0,4e as
• O atrito tem mais efeito nos riscos de acidentes com macrotextura superior a 0,4; em áreas urbanas,
em curvas com raio curto do que em curvas com 0,3 é utilizado como valor-limite. O maior efeito foi
raio mais longo ou trechos retos. encontrado sobre acidentes em trechos em reta e
cruzamentos fora da área urbana. Os acidentes com
Os resultados destas pesquisas são bastante consis- vítimas em trechos em reta e acidentes em curvas
tentes, levaram em consideração também uma série fora da área urbana não são influenciados pela ma-
de outras propriedades da via e têm relativamente crotextura. Acidentes em superfícies molhadas são
um bom controle metodológico. influenciados em menor grau pela macrotextura do
que todos os acidentes juntos.
Tabela 2.3.2: Efeito da alta macrotextura ao invés da baixa macrotextura no número de acidentes. Modificação porcentual
do número de acidentes. Fonte: TØI
Tabela 2.3.3: Efeitos da rugosidade sobre os acidentes. Modificação porcentual no número de acidentes.
Modificação porcentual no número de acidentes
Grau de seriedade do acidente
Tipos de acidentes ocorridos Melhor estimativa Intervalo de Confiança
Acidentes com vítimas Todos os acidentes nas vias +8 (-25; +57)
Acidentes em superfícies molhadas -39 (-73; +36)
Acidentes em superfícies secas +39 (-27; +163)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes nas vias -13 (-20; -6)
Acidentes em superfícies molhadas -67 (-74; -58)
Acidentes em superfíciessecas -1 (-9; +8)
Grau de danos não especificado Acidentes em superfíciesmolhadas 1
-29 (-55; +14)
Parte II: 2. Manutenção viária 283
Tabela 2.3.4: Efeitos do asfalto poroso sobre os acidentes. Modificação porcentual do número de acidentes.
Modificação porcentual do número de acidentes
Grau de seriedade do acidente
Tipos de acidentes ocorridos Melhor estimativa Intervalo de Confiança
Não especificado (todos os acidentes) Acidentes em superfície molhada -3 (-33, +40)
Acidentes em superfície seca 1 (-31, +48)
Todos os acidentes na via -13 (-26, +3)
Tabela 2.3.5: Efeitos do asfalto poroso em diferentes fatores de risco. Fonte: Elvik e Greibe, 2005.
Fator de risco Efeito por meio do asfalto poroso
Ruído no veículo Nenhum efeito
Atrito, distância de frenagem Nenhum efeito
“Spray” de água, visibilidade Efeito positivo
Drenagem de água Efeito positivo
Reflexo da luz Efeito positivo
Formação de sulcos Efeito positivo
Condição de dirigibilidade no inverno Efeito negativo (o asfalto poroso congela mais facilmente)
Velocidade Efeito negativo (velocidade maior, menor redução de velocidade em superfície molhada)
Desgaste O asfalto poroso deve ser recapeado duas vezes mais que o asfalto comum.
284 O Manual de Medidas de Segurança Viária
duradouro que o asfalto poroso quando se leva em con- A rugosidade na superfície da via aumenta o nível
ta o atrito, isto é, ela fornece maior aderência durante de ruído.
um período mais longo (Hudson e Mumm, 2003).
Custos
Impacto na mobilidade
O asfalto poroso gera mais custos que o asfalto im-
A melhoria da aderência nas vias tem influência na permeável comum por causa do aumento nos cus-
velocidade do veículo, especialmente se a irregula- tos do recapeamento, do tempo de vida reduzido,
ridade do pavimento da via também for melhorada da necessidade do aumento na aplicação de sal e da
(Karan, Haas e Kher, 1976, Cooper, Jordan e Young, limpeza. Em uma análise de custo-benefício do re-
1980, Cleveland, 1987, Anund, 1992). Um aumento capeamento pelo asfalto poroso em uma via princi-
de até 10 km/h foi encontrado, mas os valores mais pal com cinco faixas e Volume Diário Médio Anual
frequentes são de 2 a 5 km/h. (VDMA) de 25.000 veículos, Sælensminde (2002)
levou em consideração o custo apresentado na tabe-
O asfalto poroso aumenta a transitabilidade em su- la 2.3.6. Foi previsto que novas técnicas de recapea-
perfícies molhadas porque há uma melhoria na dre- mento seriam postas em uso para o asfalto poroso e
nagem de água e o spray de água é reduzido. seria realizado o recapeamento em duas camadas,
uma na superfície e uma camada interna. A camada
na superfície deve ser renovada depois de 3 anos,
Impacto no meio ambiente enquanto a duração prevista da camada interna é de
7 anos. A duração prevista do asfalto comum é de 7
Com espessuras normais nas camadas do asfalto anos. Os custos do asfalto poroso são maiores que
poroso alcança-se uma redução de ruído de tráfego os do asfalto normal.
de 3 a 5 dB ao ar livre perto da via. O maior valor
é atingido quando uma camada de asfalto antiga e
gasta é substituída por uma camada nova, com alta Avaliações de custo-benefício
porosidade e pedras com tamanho de até 16 mm.
Isso também vale para vias com velocidade-limite Sælensminde (2002) fez uma análise de custo-bene-
acima de 50 km/h, com uma fluidez de tráfego ra- fício em que o asfalto poroso é comparado com o
zoavelmente homogênea. asfalto comum em uma via principal com cinco fai-
xas e com Volume Diário Médio Anual (VDMA) de
Os efeitos relativos à redução do ruído no asfalto 25.000 veículos. A análise foi realizada para limites
poroso são válidos imediatamente após a implemen- de velocidade em 80 km/h e 60 km/h. Pressupõe-
tação da medida. Mas, tanto para o asfalto poroso se que o asfalto poroso reduz o ruído em 3,5 deci-
quanto para os pavimentos impermeáveis com bai- béis (A) em um período de 3 anos com um limite
xo ruído, os efeitos no tempo de vida são incertos. de velocidade de 60 km/h, e diminua em 4,5 deci-
béis (A) no mesmo período, mas com um limite de
É possível supor que o asfalto poroso tem cerca da velocidade de 80 km/h.Também pressupõe-se que
metade do tempo de vida do asfalto impermeável. o asfalto poroso não tenha efeito nem no número
A necessidade do aumento na aplicação de sal no de acidentes, nem também na velocidade do veículo
asfalto poroso durante o inverno tem efeito negativo nem nos custos de utilização do veículo. O benefí-
para o meio ambiente. cio da medida consiste apenas na redução do ruído.
Tabela 2.3.6: Custos do asfalto poroso e do asfalto comum em uma via principal da
cidade. Fonte: Sælensminde, 2002.
Os possíveis efeitos no aumento da aplicação de sal de neve, ventos fortes ou aumento de temperatura.
não se integram na análise. A avalanche de neve liquefeita consiste em neve em
estado líquido e pode ser originada em terrenos com
Com um limite de velocidade de 80 km/h, o be- pouca inclinação. Ela tem muitas características co-
nefício é de até NOK 16,3 milhões (valor atual) e muns à avalanche de neve solta e é tratada aqui, por
os custos, de até NOK 5,9 milhões (valor atual). conta disso, da mesma maneira que esse tipo de ava-
O benefício é claramente maior que os custos. Se, lanche (Statens vegvesens, 2012A).
além do recapeamento do asfalto poroso, o limite
de velocidade for diminuído para 60 km/h, o be- Rochas sólidas: a avalanche que consiste de rochas
nefício aumentaria para NOK 18,8 milhões (valor sólidas e pode ser dividida, de acordo com o tama-
atual). Os custos seriam os mesmos. A análise indica nho da avalanche, em deslizamento de pedras, ava-
que o asfalto poroso pode ser uma medida vantajosa lanche de pedras e avalanche de rochas. Essas ava-
nas cidades e aglomerados populacionais, tanto so- lanches podem ser originadas, entre outras coisas,
cial quanto economicamente, mesmo que a medida como consequência do deslocamento da água pelas
não melhore a segurança no trânsito. Se a segurança rachaduras das montanhas. A água causa a corrosão
também fosse considerada, o benefício seria ainda química junto com a dilatação formada pelo gelo,
maior do que o calculado na análise acima. algo que expande as rachaduras e, como consequên-
cia, as pedras se soltam.
Não foram calculadas análises de custo-benefício de
outras maneiras para melhorar a aderência. Há vá- Massa solta: A avalanche de massa solta pode ser
rias medidas diferentes e os custos são dependentes, dividida em deslizamento de terra, avalanche torren-
entre outras coisas, da técnica empregada, do volu- cial e avalanche de barro. Deslizamento de terra con-
me de tráfego e do tipo de via. siste em pedras, cascalhos, areia ou lama. Geralmen-
te essas avalanches ocorrem em terreno íngreme. A
avalanche torrencial consiste em massas soltas de
Responsabilidade e procedimentos formais terra e água e costuma ocorrer ao longo dos cursos
de riachos e rios. A avalanche de lama geralmente
Consulte capítulo 2.1. contém uma grande quantidade de barro e não pre-
vê um terreno íngreme. A argila de Leda é formada
por grande quantidade de sal acumulada ao longo
2.4 Medidas de proteção das vias do tempo, algo que pode levar à fluidez se for so-
contra avalanches e rajadas de neve brecarregada e agitada. O fator desencadeador para
a ocorrência da avalanche de massa solta é sempre
O capítulo foi revisado em 2012 por Alena Høye (TØI) a água. O aumento da quantidade de pluviosidade,
de oscilações de temperatura por volta do zero grau
nos invernos e grandes atividades de construção em
Problema e finalidades terrenos íngremes podem levar a um aumento no pe-
rigo de ocorrência desse tipo de avalanche.
A avalanche é uma “denominação comum sobre
eventos naturais em que uma massa acumulada em A rajada de neve pode ser um problema para mui-
forma de neve, pedras ou terra se move ladeira abai- tas vias em local montanhoso, com grandes áreas
xo” (Olje- og Energidepartementet, 2011-2012). Há abertas e muito vento. A neve forma massas de neve
dois tipos de avalanche, de acordo com o tipo de acumuladas nas áreas a sota vento, o que prejudica
massa acumulada que está em movimento: a fluidez nas rodovias. Sob condições especialmen-
te desfavoráveis, essas massas de neve acumuladas
Neve: A avalanche de neve é dividida geralmente em deixam a via intransitável durante alguns minu-
avalanche de neve solta, avalanche de placa de neve tos após a retirada da neve. No entanto, o maior
e avalanche de neve liquefeita. A avalanche de neve problema com a rajada de neve é a visibilidade.
solta geralmente é originada na superfície de uma ca- Ela pode ser tão ruim a ponto de tornar o tráfe-
mada de neve que contém neve solta. Na avalanche go inapropriado, mesmo se afluidez não estiver
de placa de neve, a camada de neve sólida desliza reduzida. Nas rodovias em montanhas altas, que
como consequência do desencadeamento de tensão fazem parte da rede viária principal, pode ocorrer
na camada de neve. Via de regra, ela é desencadeada o bloqueio da rodovia (para retirada de gelo) de 20
em terrenos íngremes e sob ou após intensa queda a 200 vezes por inverno, enquanto a formação de
286 O Manual de Medidas de Segurança Viária
comboios (quando veículos enfileirados, em mesma pressuposto de que o tráfego é seguro contra ava-
velocidade e distância um do outro, seguem um veí- lanche de neve o ano todo (quer dizer que o risco é
culo autorizado que retira o gelo) de 50 a 400 vezes significantemente maior somente nos períodos com
por inverno (Statens vegvesens, 2012B). maior queda de neve). Na maior parte da rede viá-
ria, a probabilidade de ser atingido por avalanches é
Na Noruega, desde o ano de 1900 foram registradas significantemente menor.
cerca de 30.000 avalanches, em que 500 pessoas per-
deram a vida. Dessas, 380, por avalanche de neve, Dezoito por cento das pessoas dentro de veículos
125, por deslizamento de pedras ou de rochas e 60, que foram soterrados por avalanches de neve na
por avalanches de massa solta (Olje- og Energide- Suíça de 1946 a 1999 morreram. O risco de morrer
partementet, 2011-2012). Isso compreende todas as é maior em grandes avalanches, quando a via está
avalanches e mortes, não apenas as avalanches nas localizada em terreno íngreme e a neve é densa.
rodovias. A maioria das avalanches é registrada na
região de Sogn og Fjordane e Hordaland, seguidas A medida de proteção nas rodovias contra avalan-
por Nordland e Troms. Há uma grande variação no ches e rajadas de neve reduzirá a probabilidade de
número de avalanches registradas de ano a ano. que a via seja atingida por uma avalanche ou rajadas
de neve e, com isso, também diminuirá o número
Em média na Noruega morre cerca de 1 pessoa por de veículos que podem ser soterrados pela avalan-
ano por causa de avalanche junto às vias. As prin- che, enquanto as rodovias estiverem bloqueadas.
cipais vítimas das avalanches são as equipes de de- A medida de proteção contra avalanches também
sobstrução e os condutores que estão em áreas de tem como objetivo assegurar construções ou outras
risco aguardando a limpeza da via após a avalan- infraestruturas contra as avalanches. A medida de
che. Não foi encontrado nenhum estudo nacional proteção para as rodovias contra as rajadas de neve
abrangendo todo o país sobre quantos veículos fo- tem como principal objetivo reduzir os problemas
ram atingidos por avalanches. Entre 1988 e 1989 foi relacionados à má visibilidade e à fluidez.
estimado que 10 a 15 veículos foram atingidos por
avalanches de neve a cada inverno.
Descrição da medida
Os bloqueios mais comuns são os bloqueios de rodo-
vias por motivos de avalanche ou de rajada de neve. A medida contra avalanches pode ser dividida da
Elas configuram 55% de todos os bloqueios de vias seguinte maneira:
registrados (Statens vegvesens, 1993). Por este motivo,
a avalanche de neve é a grande responsável por preju- • Aviso de risco de avalanche e bloqueio de via
dicar a fluidez na rede viária. Os bloqueios de rodovia • Introdução da medida em área de risco de ocor-
em áreas em que não há possibilidades de passagem rência de avalanche
podem causar grandes problemas para a comunidade • Medida no curso da avalanche. Aqui ocorre prin-
local, tanto para indivíduos quanto para a vida econô- cipalmente a remoção dos detritos da avalanche.
mica, e também para o nível de prontidão com relação Os detritos da avalanche formam novos detritos,
a outros eventos, como o transporte de doentes e aten- aumentando o volume da avalanche.
dimento do Corpo de Bombeiros e da polícia. • Medida na área de desembocadura onde a avalan-
che é depositada.
O risco de que um veículo em deslocamento seja
casualmente pego por uma avalanche é calculado Estas medidas estão especificadas a seguir, de manei-
em algumas rodovias específicas que têm o risco ra geral ou específica, para cada tipo de avalanche.
de sofrer uma avalanche de neve. Tøndel (1977)
calculou o risco de sofrer uma avalanche em um Aviso sobre risco de avalanches e bloqueios de vias
trajeto na Noruega entre 1 por 96.000 e 240.000 em risco durante períodos de iminência: As princi-
veículos. Na Suíça, em um desfiladeiro nos Alpes pais áreas em risco de avalanche são vias em áreas
com o maior risco de avalanche de neve, o risco é montanhosas ou vilas com baixo volume de tráfego.
estimado em 1 por 521.000 veículos (Margreth et Em muitos desses trechos, os túneis ou superestru-
al. 2003). Na Nova Zelândia, o risco de bloqueio turas (túnel aberto de um lado) ao lado da rodovia
da rodovia com o maior risco de avalanche de neve são as únicas medidas seguras. Outras medidas pos-
é estimado a 1 por 192.000 veículos (Hendrikx et síveis mais baratas, como a vigilância no local, alertas
al. 2006). As duas últimas estimativas servem como e bloqueios do trecho deixam a via mais segura, mas
Parte II: 2. Manutenção viária 287
não resolvem o problema da interdição da pista e iso- tamento), o equilíbrio da área de risco em potencial,
lamento de comunidades locais. Em alguns casos, o principalmente o florestamento, a modificação das
tempo de bloqueio pode ser reduzido com o desen- condições de drenagem de maneira que a corrente
cadeamento controlado da avalanche (Statens vegve- de água seja reduzida e também a proteção contra a
sens, Vestland, 2012). O alerta sobre a avalanche de erosão nos cursos da drenagem. Um manual sobre o
neve é realizado na Noruega tanto em nível nacional funcionamento e proteção das vias contra avalanches
para grandes áreas quanto em nível local, por aqueles torrenciais e avalanches de neve liquefeita de está
que administram a região. As avaliações e o desenvol- sendo elaborado pela Statens vegvesens (2012A).
vimento de alerta de risco de avalanches estão em an-
damento no momento. A vigilância sobre a iminência Medidas de proteção contra deslizamento de pedra
de deslizamento de rochas na Noruega ocorre prin- ou de neve no curso da avalanche e na área de de-
cipalmente em nível local. Um serviço de alerta para sembocadura por meio de túneis e superestruturas:
avalanches de massa solta está em desenvolvimento na os túneis e superestruturas podem ser utilizados para
Noruega (Olje- og Energidepartementet, 2011-2012). proteger as vias tanto contra a avalanche de neve
quanto a de pedras. Ambas as construções são con-
Medidas contra avalanche de neve, de pedra ou de sideravelmente caras e geralmente apenas relevantes
massa solta em áreas de risco: florestas. Avalanches onde os outros métodos de segurança não são satis-
raramente ocorrem em áreas florestais. A floresta fatórios. O planejamento e a construção de túneis
pode, por conta disso, proteger contra as avalanches são tratados na Statens vegvesens, Håndbok 021.
de neve, de pedra e de massa solta (Statens vegve-
sens, 2012A). Florestas grandes e densas têm o me- A superestrutura (túnel aberto de um lado) pode
lhor efeito preventivo contra avalanches. ser construída de maneira que a via mantenha sua
disposição enquanto o curso da avalanche é eleva-
Medida contra avalanche de neve em áreas de ris- do, algo que pode acarretar o alargamento do curso
co: cercas de neve (prevenções de apoio). Para im- da avalanche em comparação com o curso anterior
pedir a ocorrência de avalanches de neve, cercas de antes da construção da superestrutura. Alterna-
neve (cerca instalada a 90° na direção do vento para tivamente, o curso da avalanche pode manter sua
prevenir que a neve seja jogada na pista) podem ser disposição enquanto a via é rebaixada em relação
instaladas ao longo de trecho em declive que se en- ao trajeto da avalanche. A parede do lado de fora
contra em uma área de risco. da superestrutura pode ser aberta ou fechada. Uma
parede externa aberta com colunas que apoiam a
Medida contra avalanche de rochas e de pedras em estrutura fornece melhor iluminação, mas pode dei-
área de risco: a ocorrência dessas avalanches pode xar o pavimento congelado e com gelo dentro da
ser impedida com a remoção de partes montanhosas superestrutura. Por conta disso, é geralmente re-
instáveis, a drenagem de água que acarreta instabili- comendado construir a superestrutura com parede
dade no terreno ou rupturas causadas pela formação externa fechada. A parede externa aberta pode ser
de gelo entre as pedras na área de risco, plantação interessante se o terreno abaixo do túnel for muito
ou manutenção da vegetação (florestas), proteção íngreme (Statens vegvesens, 2011A). A superestru-
de partes das montanhas ou rochas com fixação va- tura também pode ser construída na forma de tú-
riadas (Statens vegvesens, Håndbok 215, Fjellbol- neis feitos por tubo de metal corrugado ou de cons-
ting), utilização de redes para a proteção contra as truções circulares de cimento. Estas superestruturas
rachaduras nas montanhas, contra deslizamento de também são denominadas túneis contra massa solta.
rochas, contra as formações de rochas grandes e sol-
tas e contra desfiladeiros ou a utilização da aplicação Medidas de proteção contra avalanche de neve no
de concreto para evitar que as rochas ou pedras se curso da avalanche e na área de desembocadura: ro-
soltem dos desfiladeiros (Statens vegvesens, 2011B). dovias que atravessam o curso da avalanche podem
ser protegidas com uma ponte sobre o trajeto da ava-
Medida contra avalanche de massa solta em uma lanche ou com diferentes tipos de medidas para ter-
área de risco: o fator desencadeador da avalanche de renos (Statens vegvesens, 2011A). As medidas têm o
massa solta é a água, e a medida tem como principal objetivo de impedir que a avalanche alcance as áreas
objetivo o controle da água. As medidas possíveis que ela pode prejudicar (por meio de muros e guia)
que podem impedir a ocorrência desta avalanche são ou desacelerar a avalanche para que não alcance a ro-
as restrições do uso irregular do terreno (principal- dovia (barreiras de retenção e montes de obstrução).
mente construções ao longo das rodovias e desma- A medida para terrenos compreende muros e guias
288 O Manual de Medidas de Segurança Viária
que podem mudar a direção da avalanche, barreiras • Localização da via em terrenos em que haja pouca
e guias de retenção na transversal ao curso da avalan- formação de neve acumulada ou deslocamento de
che para parar ou desacelerar a avalanche e montes neve sobre a via.
de obstrução de 4 a 6 metros de altura que são dis- • Construção de um perfil transversal na via de
postos de maneira enfileirada para bloquear a avalan- forma que ela fique acima da camada de neve na
che de neve e reduzir a distância da desembocadura. lateral e que a rajada de neve se acumule fora da
superfície da via. Adicionalmente, a via e a área
Medidas de proteção contra deslizamento de pe- lateral devem ser construídas de maneira que a
dras no trajeto da avalanche e na área de desem- manutenção e as operações de inverno possam ser
bocadura: quando a medida de proteção na área de executadas.
risco não é prática porque, por exemplo, a área é • Remoção de pequenos declives ou aclives ao lado
de difícil acesso ou exige medidas muito difusas, as da via que levam ao acúmulo de neve. As guias
medidas possíveis são, entre outras, cercas de re- também fazem com que a rajada de neve se acu-
tenção, que podem impedir tanto a queda quanto mule na via. Se elas forem removidas, pode ser
o deslizamento de pedras, como também a queda relevante melhorar o terreno lateral da via para
de neve em menor escala (Margreth e Roth, 2008). reduzir o risco de saída da pista.
Outras medidas possíveis são muros e barreiras de • Construção de cercas de neve para impedir que
retenção. Em casos isolados, pode-se elevar o nível a neve seja levada para a via. As cercas de neve
da via de maneira que ela mesma forme uma barrei- podem ser construídas com plantação de árvores
ra contra o deslizamento de pedras. para sotavento com o mesmo objetivo que as cer-
cas de neve.
Medidas de proteção contra a avalanche de massa • Regulamentação do tráfego, isto é, interdição da
solta no curso da avalanche e na área de desembo- via e formação de comboios.
cadura: as vias ficam protegidas contra a avalanche
de massa solta com o bloqueio da erosão no curso da Medidas de proteção contra avalanche na Norue-
avalanche (em trajetos de rios podem ser construídas, ga: o plano de proteção contra desmoronamento de
por exemplo, soleiras que diminuem a velocidade da 2010-2013 (www.vegvesen.no) contém a proposta
água e, com isso, o potencial de erosão), com a cons- para a medida na rede das rodovias regionais (os
trução de açudes de controle (de concreto, pedra ou projetos possuem diferentes status de planejamen-
rede) para reduzir a quantidade de massa carregada to). No total, o planejamento compreende 53 proje-
e aumentar a perda de energia, com a construção de tos e melhorias de 110 pontos com risco de desmo-
barreiras de contenção para evitar que as avalanches ronamento (alguns dos projetos compreendem mais
se propaguem para os lados ou para proteger certas medidas). As seguintes medidas foram propostas:
áreas contra o alcance das avalanches, aumentar a
segurança das vias que atravessam o trajeto da ava- • Limpeza, fixação das rochas, redes, cercas e simi-
lanche por meio de pontes ou com a instalação de lares: 19 projetos (30 pontos com risco de desmo-
bacias de sedimentação na área de desembocadura ronamento)
para estancar a avalanche; eventualmente, junto com • Túnel: 15 projetos, 30 pontos com risco de des-
os açudes de controle, podem ser utilizadas vias de moronamento (na maioria dos projetos vigoram
escoamento e muros de retenção. Muitas dessas me- túneis existentes)
didas também podem ser combinadas. Além disso, • Intervenção no terreno/ valeta / terraplanagem /
as medidas devem ser instaladas de maneira que o guias, barreiras 10 projetos (27 pontos com risco
trabalho de manutenção e a remoção da massa acu- de desmoronamento)
mulada possam ser executados de um modo simples. • Reestruturação da via: 8 projetos (27 pontos de
risco de desmoronamento)
Reestruturação da via e modificação da utilização da • Superestrutura: 5 projetos (5 pontos com risco de
área: em áreas em que não há uma segurança satisfa- desmoronamento)
tória contra avalanches, é possível considerar a proi-
bição de novas construções ou a mudança da rodo- Para priorizar a medida, a Agência Nacional de Ad-
via, povoados ou empresas para áreas de menor risco. ministração de Vias Públicas da Noruega utiliza um
modelo prioritário baseado nos seguintes fatores
Medida contra rajada de neve: vias em áreas com (valores em parênteses; Statens vegvesens, Vestland,
rajadas de neve podem ser protegidas de diversas 2012): volume de tráfego (0,20), fator de avalanche
maneiras (Statens vegvesens, 2012B): (frequência de avalanche * extensão da via atingida)
Parte II: 2. Manutenção viária 289
(0,20), extensão do desvio em horas (0,15), número nores. Em um inverno particularmente com muita
de vezes que a via é bloqueada por motivos de ava- neve e grandes avalanches na Suíça, quase nenhuma
lanche (0,10), risco de novas avalanches na área em das avalanches foi desencadeada na área de flores-
que o tráfego está bloqueado após a avalanche (0,10). tas, enquanto uma parte delas se iniciou em áreas
desmatadas (Wilhelm et al., 2000). Após uma tem-
pestade que destruiu grande quantidade de árvores
Impacto sobre os acidentes em áreas com risco de avalanche na Suíça, ocorreu
um aumento significativo no risco de avalanches nas
Os efeitos nos acidentes por meio da medida de pro- áreas desmatadas, enquanto que os troncos deitados
teger as vias contra avalanches dependem de qual é continuaram a fornecer alguma proteção contra a
a amplitude de danos que está desprotegido. A am- avalanche de neve (Frey og Thee, 2002).
plitude dos danos depende, entre outras coisas, de
qual frequência e da extensão da via que foi atingida As prevenções de apoio contra avalanche de neve im-
pela avalanche, do número de veículos que trafegam pediram o desencadeamento de grandes avalanches
na via e da velocidade dos veículos (Wilhelm, 1998). de neve na Suíça, mesmo com áreas completamen-
A realização de trabalhos de manutenção, resgate e te cobertas com neve sob um inverno rigoroso com
interdição da via também influenciam a amplitude grandes avalanches de neve (Wilhelm et.al., 2000).
de danos. Além disso, o efeito da medida de prote-
ção contra avalanches depende de como as medidas Medidas para terrenos contra avalanches de neve:
influenciam a segurança em geral (isto é, quando o efeito das medidas para terrenos em diferentes ti-
não há avalanches). pos de avalanche na via diverge. A rodovia Fv 65
ao longo do Hjørundfjorden em Møree Romsdal,
Por meio de alguns bloqueios de vias especiais con- no período de 1986 a 1990 foi protegida com uma
tra o risco de avalanche de neve na Suíça e na Nova extensa utilização destas medidas para terrenos e
Zelândia, estima-se que a medida de segurança teve o efeito de proteção observado até 1993 (Sta-
existente reduz o número de condutores que vêm tens vegvesens, 2011A). Ficou demonstrado que
a óbito entre 80 e 98% por motivo das avalanches as medidas para terrenos absorveram 135 das 159
de neve. Não se especifica como as vias estão prote- avalanches (isto é, 85% das avalanches), que teriam
gidas contra a avalanche de neve, mas são utilizadas causado, sem a medida para terrenos, o bloqueio da
diferentes medidas: físicas, bloqueios da via e de- via. Com relação aos diferentes tipos de avalanche,
sencadeamentos controlados de avalanches de neve. foram absorvidas:
Os desencadeamentos controlados de avalanches • 95% das avalanches de neve úmida (107 avalan-
com o bloqueio provisório da via podem reduzir o ches),
risco de avalanches nas vias em 80 a 95% de acordo • 74% das avalanches de neve seca (38 avalanches) e
com Margreth et al. (2003). Para obter tal redução • 43% das avalanches de neve liquefeita (14 avalan-
no risco sem o desencadeamento controlado de ava- ches).
lanches, as vias devem ser bloqueadas por um perío-
do de tempo maior do que com o desencadeamento Em um estudo com 37 medidas para terrenos de-
controlado. Na Suíça o desencadeamento controlado senvolvidas entre 1976 e 1995, Hammersland et al.
de avalanches mostrou ser uma medida efetiva con- demonstraram (2000) que 95% das medidas tiveram
tra grandes avalanches (Wilhelm et al., 2000). Mes- um efeito de proteção de 70% ou mais, enquanto
mo assim, as avalanches desencadeadas de maneira 20% das medidas tiveram um efeito de proteção de
controlada também causam uma parcela de estragos, 90%. Em montanhas altas, onde há grande quantida-
porque elas podem ser maiores do que o esperado. de de neve e muitas avalanches de neve seca, as medi-
das tiveram o pior efeito. Havia, contudo, pequenas
Florestas: As florestas podem impedir o desenca- diferenças no efeito quando se realizava um agrupa-
deamento de avalanches de neve pelo pressuposto mento em relação à frequência original da avalanche
de que elas são bastante densas e altas (Viglietti et e os custos para as medidas. A causa para a ineficácia
al., 2010; Teich e Bebi, 2009). As florestas no topo de da medida de proteção para terreno contra avalanche
uma área com risco de avalanches têm o maior efei- de neve seca é que as avalanches quase que anulam os
to, mas as florestas na parte inferior, em sua grande efeitos das medidas tomadas e as medidas para ter-
parte, podem impedir que a avalanche se propague reno não têm nenhum efeito negativo na segurança
para os lados e pode desacelerar avalanches me- viária (como tem, por exemplo, a superestrutura).
290 O Manual de Medidas de Segurança Viária
As experiências da Suíça mostram que as medidas 50% (Tabler e Furnish, 1982; consulte também o
que canalizam a avalanche de neve em muitos casos capítulo 2.6, Manutenção de inverno das vias).
impedem grandes avalanches de neve ou reduzem
seu volume. Uma vez que não há informações sobre o
número desses cursos de avalanche canalizados, não Impacto na mobilidade
é possível tirar conclusões sobre a redução do risco.
As avalanches que levam a um bloqueio de via po-
Túneis em áreas com população espalhada têm dem causar enormes atrasos aos condutores. Certas
aproximadamente o mesmo risco de acidentes que áreas podem ser isoladas do mundo exterior quando
as vias. Nas áreas urbanas, o risco de acidentes em há uma avalanche em áreas críticas, algo que pode
túneis é menor que nas vias (veja capítulo 1.19, ser prejudicial para os moradores, para a economia
Proteção dos túneis). Os túneis fornecem pratica- e também para o trabalho preventivo de outros blo-
mente total proteção contra deslizamento de pedra queios.
e de neve (Statens vegvesens, 2012). No entanto, se
a extensão do túnel for muito curta, poderá causar
obstrução na entrada e na saída do túnel. Impacto no meio ambiente
A superestrutura pode, teoricamente, reduzir o Muitas das medidas para proteger as vias contra ava-
risco de avalanches na via com uma garantia de lanches envolvem grande intervenção na natureza
100%, se ela for longa o bastante (Margreth et al., e modificam a forma paisagística ou a vegetação da
2003). Hammersland et al. (2000) indicaram que a paisagem. Isso pode ter efeitos positivos e negativos
frequência de avalanches na rodovia é reduzida em ao meio ambiente. À medida que impede ou reduz a
70% após a construção da superestrutura. Para su- erosão, tem provavelmente mais efeitos positivos ao
perestruturas menores do que 30m, a frequência de meio ambiente. O efeito estético discutido em uma
avalanches é de apenas 50%; já as maiores do que série de publicações sobre a proteção contra ava-
200m, de 95%. Uma causa para a ineficácia de uma lanches também pode ser tanto negativo (grandes
superestrutura reduzida é que as massas acumula- construções com camada de concreto e longas fileiras
das se elevam perto das guias construídas no final com cercas de neve, por exemplo) quanto positivo
da superestrutura e obstruem o trajeto da avalanche (vegetação ao invés de cercas de neve, por exemplo).
por baixo da superestrutura. Outra causa possível
seria o tamanho reduzido da superestrutura, o que
pode ser problemático se o curso da avalanche au- Custos
mentar como consequência da elevação do mesmo.
No plano nacional de transporte de 2010 até
A superestrutura pode ter, em geral, um efeito ne- 2019reservou-se uma verba de NOK 1 bilhão por
gativo na segurança viária. As condições de lumi- ano especialmente para as medidas contra avalan-
nosidade podem, por exemplo, ser afetadas se a su- ches, o que é quase o triplo da verba reservada nos
perestrutura tiver uma parede lateral aberta, assim planos nacionais de transporte anteriores. Metade
como o congelamento da pista também pode difi- será utilizada na rede de rodovias nacionais e a ou-
cultar o tráfego (Statens vegvesens, 2011A). tra metade, nas rodovias regionais. O incentivo para
a medida nas vias regionais é concedido anualmente
Com a transposição da via para um terreno mais pelo orçamento do Estado, que subsidia os municí-
seguro contra avalanches, o efeito no número de pios. Isso vem somar à prioridade dos municípios
acidentes depende do nível de risco da nova via e com relação às medidas de proteção contra avalan-
de quão longa e segura ela é em comparação com a ches sob orçamento próprio.
via anterior.
A verba referente à proteção da rede de rodovias
Cercas de neve: uma pesquisa norte-americana so- principais contra avalanches é estimada em NOK
bre cercas de neve em um trecho montanhoso, cons- 25 a 30 bilhões, dependendo do que é considera-
truídas para impedir rajadas de neve e formação de do como risco de avalanche (Statens vegvesens,
neve acumulada na via, apontou que acidentes sob 2008A).
fortes ventos e rajadas de neve foram reduzidos em
cerca de 10% quando a instalação de cercas de neve Os planos de proteção contra avalanche para as
ao longo da extensão da via aumentou de 0 para regiões da Agência Nacional de Administração de
Parte II: 2. Manutenção viária 291
Vias Públicas da Noruega contêm a estimativa de • rede para gelo (incluindo limpeza e fixação –pa-
custos para as melhorias dos pontos de avalanche rafusagem): NOK 1.600 por metro quadrado, e
nas rodovias nacionais, estaduais e nas vias locais. • fixação: NOK 5.300 por pedaço.
O custo médio varia entre NOK 3 milhões e acima
de NOK 300 milhões por ponto de risco de avalan- Para projetos isolados, os custos podem divergir dos
che. Via de regra, os custos são maiores em rodovias preços unitários.
nacionais do que em rodovias regionais e vias locais
e em pontos de avalanche com alta prioridade do Um túnel contra proteção de avalanches de 780 me-
que com média ou baixa prioridade de risco. Os tros de comprimento na rodovia Fv 347 em Langf-
custos médios estimados por ponto de risco de ava- jorden em Arnøya construído em 2008,por exemplo,
lanche na rede de rodovias em Vestland, por exem- custa 120 milhões de coroas norueguesas ou 154 mi-
plo (Statens vegvesens, Vestland, 2012), é de NOK lhões por quilômetro de rodovia (Statens vegvesens,
65 milhões em Hordaland, NOK 105 milhões em 2008B). As superestruturas custam, na prática, cer-
Rogaland e NOK 312 milhões em SognogFjordane ca do dobro do custo do túnel (Statens vegvesens,
para pontos com alta prioridade, e entre NOK 3 e 2011B). Os túneis contra massa solta custam, em
8 milhões para pontos de média e baixa prioridade. contrapartida, menos do que as superestruturas de
Os custos estimados para pontos de avalanche com concreto, se as condições do local estiverem favorá-
alta prioridade nasrodoviasregionais é de NOK 10 veis para tal e especialmente quando um trecho ex-
milhões em Hordaland, NOK 30 milhões em Ro- tenso deve ser protegido, pois os túneis contra massa
galand e NOK 73 milhões em SognogFjordane, e solta via de regra devem ter uma construção maior do
entre NOK 3 e 22 milhões para pontos de média ou que as superestruturas (Statens vegvesens, 2011A).
baixa prioridade. Não há estimativa de custos para
outros pontos de avalanche. Para as prevenções de apoio, não há preços unitá-
rios. Os apoios por redes metálicas geralmente são
As estimativas de custo contêm todos os custos, mais favoráveis que as prevenções momentâneas, ou
dentre eles terraplanagem, administração de cons- também, por exemplo, a construção de túneis. (Sta-
truções e ligação das vias existentes. As estimativas tens vegvesens, 2011A).
são relativamente incertas (+/- 40%). Para projetos
maiores, com objetivos mais amplos do que a pro-
teção contra avalanches, estima-se qual é a porcen- Avaliações de custo-benefício
tagem do projeto destinada à proteção contra ava-
lanches. Caso contrário, as estimativas de custo são As apreciações do custo de utilização da medida
baseadas nos seguintes preços unitários no histórico que protege as vias contra avalanches são difíceis de
de custos da Agência Nacional de Administração de ser executadas porque o efeito das medidas no ris-
Vias Públicas da Noruega (seleção): co das avalanches em rodovias e os efeitos gerais na
segurança viária são pouco conhecidos e porque os
• túnel de duas faixas na montanha: NOK 5.000 custos para a medida dependem, em grande escala,
por metro; das condições locais. Além disso, a medida contra as
• túnel tubular de aço/concreto (duas faixas): NOK avalanches pode ter uma série de outras consequên-
231.000 por metro; cias, como, por exemplo, melhoria da mobilidade,
• superestrutura de concreto:NOK 231.000 por proteção contra o impacto das avalanches em mo-
metro; radias, no meio ambiente, na economia e nos habi-
• ponte construída sobre a área de passagem da tantes, que ficariam isolados sem a medida durante
avalanche: NOK 236.000 por metro; a ocorrência de avalanche.
• muro de contenção: NOK 8.300 por metro qua-
drado; Na Noruega, no período de 2010 e 2019, está reser-
• barreira de contenção/guia de proteção contra vado o montante anual de 1 bilhão de coroas para as
massa solta (6m de altura): NOK 15.500 por metro; medidas de proteção contra avalanches. Isso pode
• deslocamento da massa solta: NOK 300 por me- influenciar muito em relação ao número de aci-
tro cúbico; dentes causados pela avalanche. Os custos socioe-
• explosão da montanha, incluindo deslocamento: conômicos com acidentes fatais são de cerca de 30
NOK 750 por metro cúbico; milhões de coroas(Veisten et al., 2010). O benefício
• cercas de retenção (rede de arame): NOK 36.000 socioeconômico dos demais efeitos da medida de
por metro; proteção contra avalanches é desconhecido.
292 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Por outro lado, de acordo com Niska (2006), os aci- parcial ou totalmente foi de 21%. A taxa de vítimas
dentes ficam mais graves porque os veículos sempre fatais ou gravemente feridas nas vias cobertas com
sofrem derrapagem e se envolvem mais em colisão gelo ou neve parcial ou totalmente foi de 9,9%, en-
lateral do que em colisões traseiras quando a pis- quanto essa taxa em pistas secas foi de 11,4%. Com
ta está escorregadia e porque as pessoas dentro do isso, a taxa de vítimas fatais ou gravemente feridas é
veículo estão menos protegidas durante as colisões 7% menor em vias cobertas com neve ou gelo do que
laterais do que em colisões frontais. em pistas secas. Nas vias com limite de velocidade em
70 km/h ou acima, a taxa de vítimas fatais de todos
O aumento da frequência do risco de acidentes ao os acidentes é 26% menor em pista com neve ou gelo
dirigir nas vias no inverno depende da frequência em do que em pistas secas, a taxa de acidentes graves é
que há neve ou gelo na pista. Quanto mais raro for o 20% menor e a taxa de acidentes leves é 4% maior.
tráfego nas vias durante o inverno, maior será o au-
mento no risco de acidentes quando houver tráfego A manutenção das vias no inverno tem como objeti-
nestas vias durante o inverno. O aumento é maior vo reduzir o número de acidentes durante o inverno
para os tipos de tráfego de maior risco quando em com a remoção de neve e gelo da pista e, com isso,
condições normais. Isso foi demonstrado em vários melhorar as condições de aderência.
estudos (Norem, 2009; Ragnøy, 2005; Wallman et al.,
2006). Elvik (2006) desenvolveu a figura 2.5.1 com
base nos dados suecos coletados de Niska (2006). Descrição da medida
A relação entre a aderência e os acidentes, junto As principais medidas de manutenção das vias no
com o efeito da medida de manutenção das vias du- inverno são desobstrução da neve, aplicação de
rante o inverno, parece diminuir ao longo do tempo areia e aplicação de sal. As diretrizes para a utili-
(Bjørnskau, 2011; Qiu og Nixon, 2008). As expli- zação dessas medidas nas rodovias nacionais estão
cações prováveis são que muitos veículos possuem estabelecidas, como padrão, para as operações e
sistemas de apoio à direção, como o programa ele- manutenções realizadas pela Administração de
trônico de estabilidade (ESP), que faz com que a Agência Nacional de Administração de Vias Públi-
direção seja mais segura em condições de aderência cas da Noruega (Statens vegvesen, Håndbok 111,
ruins, e que a manutenção das vias no inverno se 2012). Na Noruega, a rede viária é dividida em cin-
modificou ao longo do tempo. co classes de manutenção das vias no inverno, de
acordo com sua condição:
Na Noruega entre 2006 e 2011, a taxa de vítimas
fatais ou feridas em vias cobertas com gelo ou neve A. pavimento (seco ou úmido);
25
Risco relativo de acidentes em neve/gelo
(risco relativo em pavimento seco = 1)
20
15
10
y = 1,7319x-0,635
R2 = 0,8345
5
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Porcentagem do tráfego em neve/gelo
Figura 2.5.1: Risco relativo ao dirigir durante o inverno em função da porcentagem do tráfego
nas vias durante o inverno (risco relativo em pavimento seco = 1; Elvik, 2006, com base em
Niska, 2006).
Parte II: 2. Manutenção viária 295
B. pavimento (seco ou úmido), neve sólida/gelo fora como consequência da má condição de dirigibilida-
da pista por período limitado; de constante. Imediatamente após a introdução da
C. pavimento (seco ou úmido) em períodos amenos medida, o risco cai substancialmente. Em seguida,
e neve sólida/gelo em períodos frios; o risco diminui lentamente até o nível aproximado
D. neve sólida/gelo; anterior ao da condição ruim. A partir disso, ocorre
E. neve sólida/gelo; aderência abaixo de 0,20; não que o efeito calculado de uma medida de manuten-
utilizado na rodovia. ção das vias no inverno depende significantemen-
te de qual período que está sendo considerado. O
A classe da manutenção das vias durante o inverno efeito é imediatamente maior após a medida, mas
é escolhida principalmente de acordo com o volume é diminuído se for considerado num período mais
de tráfego em um trecho da via. Adicionalmente, longo. O efeito por toda uma estação de inverno de-
são considerados a categoria da via, a composição pende da frequência da queda de neve ou da ocor-
do tráfego, o padrão geométrico, etc. rência das condições climáticas que desencadeiam
a medida de manutenção das vias no inverno e de
O sal é utilizado na classe de manutenção das vias quão rapidamente a medida pode ser efetuada.
no inverno A e B como medida preventiva e para
mantê-las e restaurá-las. Em vias da classe de ma- Outro fator que tem influência no efeito da medi-
nutenção C e D, o sal pode apenas ser utilizado em da de manutenção das vias no inverno é o limite da
condições especiais para prevenir que elas se tor- velocidade (Bjørnskau, 2011). A velocidade geral-
nem escorregadias por causa de gelo de camada fina mente aumenta quando o pavimento está seco em
ou geada. Se não, utiliza-se a areia. As exigências comparação com um pavimento coberto de neve ou
para a manutenção das vias no inverno estão des- gelo. Mas em vias com limite de velocidade eleva-
critas detalhadamente na Statens vegvesen (2012). do, geralmente a velocidade aumenta mais quando
o pavimento está seco (ao invés de coberta por gelo
Neste capítulo descreve-se o efeito nos acidentes ou neve) do que em vias com limite de velocidade
por meio das seguintes medidas que são uma parte baixo. Em vias com limite de velocidade elevado,
da manutenção das vias no inverno: pode ocorrer que o aumento de velocidade seja tão
elevado que ele compensa a redução do risco que
• desobstrução de neve; se deve à melhoria da aderência e que aumenta o
• aplicação de areia em locais escorregadios; número de acidentes graves.
• aplicação de sal;
• aumento da prevenção;
• aumento geral do padrão da manutenção das vias Padrões e prevenção da manutenção
no inverno;
• cercas de proteção contra neve em trajetos com Em todos os países nórdicos, as vias públicas são
risco de rajadas de neve; divididas em classes de manutenção, em primeiro
• sistema de degelo instalado permanentemente. lugar com base no volume de tráfego e na importân-
cia da via no sistema de transportes. Geralmente são
A manutenção de calçadas, faixas de pedestres e ci- divididas em três ou quatro classes de manutenção.
clovias durante o inverno é estudada no capítulo 2.6. As exigências da manutenção no inverno das vias da
classe de manutenção superior são mais rígidas do
que para as vias de classe de manutenção inferior.
Impacto sobre os acidentes O aumento do padrão de manutenção com a clas-
se I demonstrou em estudos anteriores (Bertilsson,
Como mencionado anteriormente, a medida de 1987; Eriksen & Vaa, 1994; Ragnøy, 1985; Schan-
manutenção das vias no inverno é executada após dersson, 1988) diminuir o número de acidentes com
o início da neve (desobstrução, aplicação de areia) vítimas em 12% [-14; -10] e o número de acidentes
ou quando é anunciada a condição climática que com danos materiais em 30% [-32; -29]. O fato de
pode causar a diminuição da aderência (aplicação se encontrar uma maior queda no número de aci-
de sal preventiva). Se a medida não for executa- dentes com danos materiais do que no número de
da, a diminuição da aderência leva normalmente a acidentes com vítimas deve ser porque o ato de diri-
um aumento no risco de acidentes (Schandersson, gir nas vias no inverno aumenta o risco de acidentes
1986; Sävenhed, 1994). No período antes da medi- com danos materiais mais que os riscos de acidentes
da, o risco de acidentes aumenta substancialmente com vítimas (Hvoslef, 1976).
296 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Em uma pesquisa sueca (Björketun, 1983) foram Em um dos dois trechos foi encontrada uma dimi-
pesquisados os efeitos nos acidentes à noite por nuição no número de acidentes de 49% [-69; -17];
meio de duas medidas de manutenção preventiva no outro trecho não foi encontrado nenhum efeito
da via. Uma das formas era o estabelecimento de significativo no número de acidentes. Por conta dis-
um caminhão de sal para patrulhar a via duran- so, o efeito é incerto.
te esse período. A outra forma era um sistema de
alerta em que um agente acompanhava de perto as
notificações de trânsito e do clima. Os dois sistemas Aplicação de sal
mostraram reduzir o número de acidentes em uma
média de 8% [-14; -1]. Antigos estudos com relação à introdução da aplica-
ção de sal (Lie, 1981; Nilsson & Vaa, 1991; Øberg,
Um estudo norte-americano (Ye et al., 2013) apon- 1994; Sakshaug & Vaa, 1995) e à suspenção da
tou que um aumento dos custos para a manuten- aplicação de sal (Väg- och Vattenbyggnadsstyrel-
ção das vias durante o inverno reduz o número de sen, 1972; Øberg et al., 1985; Kallberg, 1993; Vaa,
acidentes quando se controla o volume de tráfego, 1996) indicam um efeito de segurança positivo da
a extensão do trecho e as condições climáticas. O aplicação de sal. Ao introduzir a aplicação de sal
efeito estimado de um aumento das despesas em durante toda a estação de inverno, descobriu-se
X%, contudo, depende do valor do aumento das uma redução no número de acidentes com vítimas
despesas no ponto anterior ao da medida, e o resul- de 15% [-22; -7] e uma redução no número de aci-
tado não pode ser generalizado. dentes com danos materiais de 19% [-39; +6]. Ao
suspender a aplicação de sal durante toda a estação
de inverno, descobriu-se um aumento no número
Desobstrução da neve de acidentes com vítimas em 12% [-3; +30] e um
aumento de acidentes com danos materiais em 1%
Um estudo antigo (Schandersson, 1986) descobriu [-15; +21]. Em rodovias menores, o número de aci-
uma grande, mas incerta, redução do número de dentes não foi muito modificado. Um estudo mais
acidentes: 35% [-59; +3] nas primeiras 24 horas recente, que comparou o risco de acidentes em vias
após a desobstrução. Em contrapartida, Fu et al. que sofreram e não sofreram a aplicação de sal e ao
(2005) apontaram que o número de acidentes não mesmo tempo eram controladas por uma sequência
é influenciado nem pela triplicação do número de de outros fatores (Fu et al., 2005), não descobriu
quilômetros de via que devem ser desobstruídos nenhum efeito da aplicação de sal. Outro estudo
nem pela desobstrução ou não-desobstrução de mais recente, que comparou o número de acidentes
uma via. Esse estudo calculou modelos de acidentes e sua seriedade em vias que sofreram e não sofreram
em que o número de acidentes diário no trecho é a a aplicação de sal, também não descobriu nenhuma
variável dependente. O número de quilômetros de diferença (Crinson & Martin, 2008). Aqui, contudo,
via onde se aplicam diferentes medidas de manuten- elas não foram controladas por outros fatores como,
ção das vias no inverno são variáveis independentes. por exemplo, as condições climáticas.
Além disso, ele é controlado estatisticamente pela
condição climática (pluviosidade e temperatura). O Os resultados que divergem entre pesquisas que
efeito da desobstrução no número de acidentes é, encontraram efeitos de segurança positivos da apli-
por conta disso, incerto. cação de sal podem provavelmente ser esclarecidos
total ou parcialmente pelas diferenças entre as vias
que sofreram a aplicação de sal e aquelas que não
Aplicação de areia sofreram, velocidade média, padrão da via e volume
de tráfego (Elvik, 2003). As vias que sofreram a apli-
Os resultados são mais ou menos parecidos comos cação de sal normalmente têm limites de velocida-
da desobstrução da neve. Um estudo antigo (Schan- de, padrão de via e volume de tráfego maiores que
dersson, 1986) descobriu que, nas primeiras 24 ho- os das vias que não sofreram.
ras após a aplicação de areia, ocorria uma redução
elevada, mas incerta, no número de acidentes. Por Aplicação de sal e limites de velocidade: as primei-
outro lado, não foi descoberto nenhum efeito ao ras pesquisas de aplicação de sal, especialmente a
triplicar o número de quilômetros em que a areia pesquisa finlandesa de 1975 (Väg- och Vattenbygg-
deveria ser aplicada. Para a utilização ou não-utili- nadsstyrelsen, 1972), foram executadas em vias com
zação da medida (Fu et al., 2005), o efeito é incerto. velocidade livre. Os resultados indicam um aumen-
Parte II: 2. Manutenção viária 297
to do número de acidentes com vítimas. Acredita-se pavimento está seco ao invés de coberto de neve ou
que os limites de velocidade desestimulam a tendên- gelo (Bjørnskau, 2011). Análises baseadas em dados
cia do condutor em aumentar a velocidade quando suecos apontam que a segurança é mais comprome-
ocorre a melhoria das condições de aderência. tida quando a taxa do tráfego existente nas vias du-
rante o inverno é de cerca de 30% (Norem, 2009).
Um estudo sueco (Norem, 2009) apontou que o Se for introduzida a aplicação de sal em uma via que
risco de acidentes nas partes sul da Suécia é menor é escorregadia 30% do tempo e que se pretende
nas vias que receberam aplicação de sal do que nas mantê-la sem neve e gelo abaixo de 20% do tempo
vias que não receberam. No norte da Suécia é o pela aplicação de sal, pode-se, portanto, esperar que
inverso: o risco de acidentes é maior em vias que o número de acidentes diminua. Se, por outro lado,
receberam a aplicação de sal do que nas vias que for introduzida a aplicação de sal em uma via que
não receberam. O estudo não foi controlado pelos é sempre escorregadia e que se pretende que fique
fatores como padrão da via e volume de tráfego e, somente cerca de 30% do tempo escorregadia pela
por conta disso, é incerto em qual grau as diferen- aplicação de sal, pode ocorrer que o número de aci-
ças se devem à aplicação de sal ou a outros fatores. dentes aumente (Norem, 2009).
Uma possível explicação é que os limites de veloci-
dade no norte da Suécia são maiores e que a velo- Aplicação preventiva de sal: a aplicação preventi-
cidade, por conta disso, é superior em pavimentos va de sal reduz o número de acidentes de acordo
secos do que as do sul da Suécia (Bjørnskau, 2011). com Fu et al. (2005) em cerca de 1%. De acordo
Outras possíveis explicações atestam que é sempre com Gilfillan (2000), o número total de acidentes
muito frio no norte da Suécia, de maneira que o durante ou após a queda de neve é 30% menor
sal tem um efeito de segurança favorável (Norem, [-47; -8] em pistas que sofreram a aplicação de sal
2009) e que os condutores, em grande parte, estão de maneira preventiva do que em pistas onde são
dispostos a conduzir em pavimentos cobertos de utilizadas aplicações de sal ou areia após a queda
gelo e neve. de neve. O número de acidentes relatados à polí-
cia, entretanto, é mais ou menos modificado (-3%
Aplicação de sal e clima: o efeito da aplicação [-43; +63]).
de sal para a aderência depende da temperatu-
ra e da quantidade de neve e gelo. A aplicação de Consequência da aplicação de sal no verão: a apli-
sal tem efeito negativo em baixas temperaturas e cação de sal no inverno pode levar a mais derreti-
quando há muita neve. Como base nos resulta- mento de gelo e, com isso, criar rachaduras nas vias,
dos do norte da Suécia, Norem (2009, p. 53) con- algo que pode ter um efeito negativo na segurança
clui que há motivos para recomendar areia umi- no verão porque o pavimento irregular da via au-
dificada com calor (areia consistente) quando a menta o risco de acidentes (Bjørnskau, 2011).
temperatura no pavimento da via está abaixo de
- 8ºC em mais que 20% do tempo. Em grandes Outras consequências da aplicação de sal: a apli-
quantidades de neve, a aplicação de sal não pode cação de sal pode influenciar tanto no desgaste das
remover a neve, mas na verdade reduz a aderência vias (criação de fissuras) quanto dos veículos (pneu
integrada da neve, algo que pode levar à diminuição e freios, por exemplo) e nas condições de visibilida-
da aderência causada pela aplicação de sal. Por isso, de entre os vidros, os faróis e as placas de trânsito.
em queda intensa de neve é recomendável a remo- Isso pode influenciar a segurança; entretanto, não
ção mecânica (desobstrução). foram encontrados estudos empíricos que quantifi-
quem essas consequências.
Aplicação de sal e frequência com que o pavimento
fica escorregadio: muitos estudos mostraram que o
risco é maior em vias que raramente ficam escor- Aplicação de areia
regadias do que em vias que sempre estão escorre-
gadias (veja acima em Problema e finalidades). Se Com relação à aplicação de areia, foi descoberta
a medida não consegue manter o pavimento seco no estudo uma redução de acidentes elevada, mas
todo o tempo, a pergunta, por conta disso, é se o au- incerta, nas primeiras 24 horas. Em outro estudo,
mento do risco nesses períodos em que o pavimento os resultados da aplicação de areia são muito in-
está escorregadio, apesar da manutenção das vias no certos. Um efeito possível pela redução de aciden-
inverno, leva a um aumento de acidentes que com- tes foi apenas descoberto em um dos trechos (Fu
pensa a redução do risco nesses períodos em que o et al., 2005).
298 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Há embasamento para acreditar que o efeito da de qualidade é o principal objetivo da maioria das
aplicação de areia diminui consideravelmente du- medidas de manutenção das vias durante o inver-
rante o tempo, porque a areia desaparece quando os no. Sob períodos de neve, os estudos noruegueses
veículos passam. Uma pesquisa sueca (Öberg, 1978) descobriram reduções de velocidade entre cerca de
apontou que a aplicação de areia possibilitava um 5 e 15 km/h. Os estudos suecos descobriram maio-
aumento no coeficiente de aderência de cerca de 0,1 res reduções de velocidade, algo que possivelmente
a partir de um nível anterior de cerca de 0,2-0,3. A pode ser explicado pelo fato de que os limites de ve-
velocidade aumentou em média cerca de 2,4 km/h. locidade e também a velocidade no pavimento seco
Mesmo assim, alcançou-se uma redução da distân- são maiores na Suécia que na Noruega (Bjørnskau,
cia de parada de cerca de 8 metros (correspondente 2011). A distância de segurança entre veículos tam-
a cerca de 10% da diminuição). Após a passagem de bém fica maior sob condições de neve (Ruud, 1981;
cerca de 300 veículos, a maior parte da areia foi re- Möller, Wallman e Gregersen, 1991).
movida da via. Por conta disso, o efeito na aderência
e na distância de parada desapareceu. Isso mostra Uma série de pesquisas estudou como diferentes
que a aplicação de areia deve ser feita repetidamen- medidas de manutenção das vias durante o inverno
te para manter o efeito nas vias com muito tráfego. influenciam a velocidade (Kilpeläinen e Summala,
2007; Möller, Wallman e Gregersen, 1991; Ruud,
1981; Sakshaug e Vaa, 1995; Wallman et al., 2005;
Cercas de proteção contra neve Öberg, 1981; Öberg et al., 1985, 1991). Estas pes-
quisas indicam que a medida de manutenção das
Uma pesquisa americana (Tabler e Furnish, 1982) vias durante o inverno aumenta a velocidade média
sobre um trecho em declive acentuado, onde a ro- do tráfego em até 7 km/h. O aumento da velocidade
dovia estava sempre em risco de sofrer rajadas de depende do nível da melhoria que as medidas reali-
neve, mostra que o número de acidentes (com da- zam nas condições de aderência.
nos materiais e vítimas) sob fortes ventos e rajadas
de neve diminuiu em 11% [-24; +6] quando cercas Sob condições climáticas ruins, os condutores po-
de proteção contra neve protegeram 50% da via. O dem escolher entre cancelar ou adiar uma viagem
número sobre o efeito nos acidentes é incerto. A via que, caso contrário, teriam realizado. Diferentes
pesquisada sofria especialmente o risco de rajadas pesquisas chegaram a resultados contraditórios a
de neve. Não foi considerado um eventual efeito de respeito de quão comum é um ajuste de comporta-
regressão no número de acidentes. Por conta disso, mento. Uma pesquisa sueca concluiu que o volume
de modo geral a validade do resultado da pesquisa de tráfego em uma via coberta de neve era 1 a 5%
é incerta. menor que na mesma via seca. Outra pesquisa sueca
(Möller, Wallman e Gregersen, 1991), em que se es-
tudou a variação do volume de tráfego durante todo
Sistema de degelo instalado permanentemente o dia, não descobriu nenhum sinal de que o volu-
em pontes me de tráfego de veículos diminuiu sob condições
de neve. O número de ciclistas, por outro lado, era
Uma pesquisa americana (Birst e Smadi, 2009) ates- bem sensível com relação às condições climáticas.
tou uma redução no número de acidentes em 50%
[-66; -26] em várias pontes onde foi instalado um Foi realizada uma série de pesquisas com perguntas
sistema que automaticamente despeja produtos quí- que indicam que alguns condutores cancelam a via-
micos no pavimento e que controla as informações gem devido às condições ruins das vias e do clima no
do sensor no asfalto em uma estação climática. En- inverno. Em uma pesquisa norueguesa no inverno de
tretanto, é um simples estudo de etapa anterior e 1986 (Gabestad, Amundsen e Skarra, 1988), em que
posterior, sem grupo de controle. Não é controlado uma amostra representativa da população acima de
pela condição climática ou por outros fatores que 15 anos recebeu um questionário pelo correio, 9%
poderiam ter influenciado no número de acidentes. responderam que tinham cancelado uma ou mais
saídas de automóvel durante o inverno. A pesquisa
sobre o hábito de viajar que englobou todo o país
Impacto na mobilidade em 1984-1985 (Stangeby, 1987) apontou que o nú-
mero médio de viagens canceladas (veículos e outros
A manutenção das vias durante o inverno tem gran- meios de transporte) durante o inverno representou
de importância para a mobilidade. Uma mobilidade mais do que 10% dos usuários. As entrevistas no in-
Parte II: 2. Manutenção viária 299
verno de 1985-86 e 1986-87 apontaram que 6% dos é difícil de ser isolado, tendo em vista que muitos
entrevistados na Noruega declararam que tinham fatores influenciam no processo de corrosão dos
cancelado ou adiado uma ou mais viagens por moti- veículos. Estudos sobre placas de aço não tratadas
vos das condições climáticas e das condições ruins da que foram expostas à aplicação de lama misturada
via (Gabestad, Amundsen e Skarra, 1988). Um ques- com água salgada durante um inverno mostram que
tionário na Finlândia apontou que os condutores que o processo de corrosão pode ser triplicado ou até
souberam das condições difíceis de dirigibilidade an- mesmo quintuplicado. Com relação a veículos trata-
tes da viagem, sempre escolhiam cancelar a viagem, dos contra corrosão, o efeito do processo de corro-
diferentemente dos outros condutores, especialmen- são é duplicado.
te se a viagem tinha como propósito atividades ao ar
livre (Kilpeläinen e Summala, 2007). Muitos condutores têm uma postura crítica com re-
lação à aplicação de sal nas vias. Em uma pesquisa
norueguesa no inverno de 1992-1993 (Holt, 1993),
Impacto no meio ambiente 65% dos condutores declararam-se total ou parcial-
mente em desacordo com a alegação de que “a apli-
As medidas de manutenção das vias durante o inver- cação de sal é desejável” e apenas 19% consideraram
no, especialmente a aplicação de sal, podem ter uma o aumento na aplicação de sal como muito impor-
série de efeitos nas condições do meio ambiente. tante ou pouco importante. Uma pesquisa de 2010
realizada pela NAF demonstrou resultados parecidos
Terra e água: a aplicação de sal na via aumenta sig- (Bu, 2010). Dentre os pesquisados, 66,3% acham
nificantemente a quantia de sal na água subterrânea que há muita aplicação de sal e apenas 27% são total
e no solo próximo à via (Bäckman, 1980; Johansson ou parcialmente de acordo com a afirmação de que
Thunqvist, 2003; Öberg et al., 1985, 1991). Quanto “a aplicação de sal é importante para a segurança e
mais perto da via, maior é o aumento. A aplicação para a mobilidade”. Dentre os entrevistados, 61,7%
de sal também pode aumentar a quantidade de sal e dizem que o sal das vias leva à corrosão nos veículos.
metais pesados nos lagos, rios e bacias (Amundsen
et al., 2010).
Custos
Vegetação: foram evidenciados danos na vegetação
como consequência do aumento da quantidade de Não foi encontrado um número atual relativo aos
sal na terra e na água, combinado com a aplicação custos para a manutenção das vias durante o inver-
de lama misturada com sal nas árvores localiza- no. Os custos da manutenção das vias durante o
das perto da via. (Bäckman, 1980; Aronsson et al., inverno variam dependendo do volume de tráfego
1995). Öberg et al. (1991) descobriram um aumen- nelas, o número de habitantes, o padrão da manu-
to de árvores mortas em 750% e uma redução do tenção e se é realizada a aplicação de sal na via.
número de árvores jovens em 50%. Tendo em vista
que diferentes vegetações reagem de maneira dife-
rente no contato com o sal, a aplicação de sal pode Avaliações de custo-benefício
modificar a vegetação ao lado das vias (Brod, 1993).
Foi executada uma série de análises de custo-benefício
Rodovias: a aplicação de sal aumenta o desgaste do de diferentes medidas dentro da manutenção das vias
pavimento, especialmente porque uma maior parte durante o inverno na Noruega, Dinamarca e Suécia.
do tráfego se realiza em pavimentos úmidos (Öberg
et al., 1985, 1991). O atrito do pneu de neve em su- Uma análise sueca (Öberg, 1978) da aplicação de areia
perfície úmida é cerca do dobro do atrito em super- mostrou que o benefício da aplicação de areia, con-
fície seca. O sal desgasta as construções de concreto forme se tornou prática na Suécia nos anos 70, prova-
(Arnfelt, 1943), o que pode afetar as pontes (Öberg velmente excede os custos. O benefício compreende
et al., 1985).Em vias que sofreram a aplicação de uma redução dos custos de acidente e uma redução
sal, deve-se, por conta disso, esperar um aumento do tempo de viagem. Acredita-se que os efeitos sobre
da necessidade de manutenção das pontes durante os acidentes por meio da aplicação de areia eram tão
os invernos. significativos quanto o efeito do pneu de neve.
Veículos: o sal contribui para um aumento da fer- Uma análise dinamarquesa da aplicação de sal (Ve-
rugem nos veículos (Öberg et al., 1991).O efeito jdirektoratet, 1979) concluiu que a medida certa-
300 O Manual de Medidas de Segurança Viária
climáticas aprimoradas pode deixar a manutenção mantidas pela Agência Nacional de Administração
das vias durante o inverno mais rentável. No exem- de Vias Públicas da Noruega por meio de contratos
plo estudado, o índice de custo-benefício foi 11. de manutenção. O município tem responsabilidade
pela manutenção das vias municipais durante o in-
O sistema de degelo instalado permanentemente verno.
pode ser rentável, de acordo com um estudo da lite-
ratura. Este tipo de sistema acarreta altos custos, e a
efetividade dos custos depende, entre outras coisas, 2.6 Manutenção das áreas circulação
do investimento, da condição climática, da localiza- de pedestres e ciclovias no inverno
ção da via e da acessibilidade às informações climá-
ticas (Shi et al., 2007). O capítulo foi revisado em 2011 por GudrunØberg
(VTI)
pondentes foram, respectivamente, 20 e 40 (Öberget destres pode, por conta disso, ter grande relevância
al., 1996). Além disso, entre os ciclistas acidentados, para o número de acidentes de queda no inverno.
há uma grande porcentagem que não está represen-
tada na estatística oficial de acidentes. Muitos deles A manutenção das vias no inverno também pode
se acidentam em acidentes com o próprio veículo. ter relevância em relação à ocorrência de acidentes
(Öberget al., 1996; Thulin e Niska, 2009). com pedestres e ciclistas. Os restos de areia nas vias
aumentam o número de acidentes entre pedestres e
Em muitos acidentes com queda de pedestres, o solo ciclistas. Em abril, cerca de 15% dos acidentes indi-
escorregadio é um fator desencadeador. O número viduais com bicicletas ocorreram por causa da areia
de acidentes com queda em que a neve e o gelo são na superfície da via. (Thulin e Niska, 2009; Öberg,
indicados como fatores desencadeadores correspon- 2011).
deu a 35% de todos os acidentes de queda por ano
(Lund, 1989, baseado no registro de acidentes do A manutenção das vias no inverno também pode ter
Instituto Nacional de Saúde Pública em 1985-86). relevância em relação à ocorrência de acidentes com
A taxa de acidentes com queda causados por solo pedestres. Este fato foi apontado em estudos do Ja-
coberto de gelo ou de neve no inverno é estimada pão (proibição de pneus com pregos; Ishida, 2006)
em até 83% (Ragnøy, 1985; Hagen, 1990; baseado e da Suécia (suspensão da aplicação de sal; Öberg,
nos dados dos centros médicos). Novos estudos sue- Gustafson e Axelson, 1991). Em pontos de ônibus,
cos apontam basicamente para o mesmo resultado. a via pode ficar escorregadia devido à frenagem dos
A taxa de pedestres acidentados em solo coberto de ônibus, o que causa problemas para os pedestres
neve ou gelo é estimada em até 35% de todos os aci- (Hjort et al., 2008).
dentes com pedestres por ano, de acordo com Lars-
son (2009), e até 45%, de acordo com Öberg (2011). A manutenção de inverno nas calçadas, vias para bi-
cicletas e pedestres e de outras áreas para circulação
Muitos acidentes com bicicleta também podem ter de pedestres deixará a locomoção nessas áreas tão
relação com o padrão da manutenção de inverno atrativa durante o inverno como as áreas para circu-
das rodovias e nas vias urbanas (Hvoslef, 1994). Na lação de veículos, uma vez que assegura aos pedes-
Suécia, a taxa de acidentes individuais com bicicleta tres e ciclistas uma melhor aderência sob todas as
ocorridos em pavimento escorregadio é de cerca de condições climáticas.
70% no inverno e de 10% durante o ano (Thulin
e Niska, 2009). O pavimento escorregadio é, entre-
tanto, fator desencadeador menos frequente para Descrição da medida
acidentes com ciclistas do que para acidentes de
queda entre os pedestres, porque o uso da bicicleta A manutenção de inverno das calçadas, das vias
tem outra distribuição durante o ano, comparado à para bicicletas e pedestres e de outras áreas para
circulação de pedestres (são poucos os que utilizam circulação de pedestres (locais de parada de ônibus,
a bicicleta no inverno). cruzamentos, etc.) compreende desobstruir e limpar
a neve, aplicar areia ou sal e aquecer a calçada para
A manutenção deficiente das áreas de circulação de impedir que a neve congele e se fixe no pavimento.
pedestres e de ciclistas durante o inverno pode levar
indiretamente a um aumento de acidentes de trânsi-
to em que ciclistas ou pedestres são atropelados por Impacto sobre os acidentes
veículos, tendo em vista que os pedestres e ciclistas
escolhem se locomover em áreas de circulação de Foi encontrada apenas uma pesquisa que mediu
veículos quando percebem que a área para bicicletas diretamente os efeitos da manutenção de inverno
e de passagem de pedestres está muito escorrega- aprimorada nas áreas de passagem de pedestres com
dia. Quando a profundidade da neve é maior que 5 relação aos acidentes de queda (Möller, Wallman e
cm, cerca de metade dos ciclistas utiliza a faixa para Gregersen, 1991). A pesquisa considerou uma área
veículos ao invés da ciclovia ou ciclofaixa para bi- residencial na cidade Skellefteå, na Suécia, onde a
cicletas (VTI Årsrapport 1990/1991). O número de manutenção de inverno foi reforçada por meio da
acidentes que ocorrem deste modo é desconhecido. desobstrução e aplicação de sal ou areia. A pesqui-
sa apontou que o número de acidentes com queda
A manutenção de inverno em ruas, calçadas, vias aumentou em 57% após o reforço da manutenção
para bicicletas e pedestres ou outras áreas de pe- de inverno (intervalo de confiança de 95% [+1%;
Parte II: 2. Manutenção viária 303
+145%]). Isso mostrou que a manutenção refor- pedestres em pavimentos cobertos de neve e gelo,
çada de inverno não foi suficiente para melhorar maior será o risco total de acidentes de queda, jun-
as condições de solo nas áreas de circulação para tando todas as condições de locomoção.
pedestres. A porcentagem do solo coberto de gelo
e neve não diminuiu. Ressalta-se que as áreas de Outro estudo sueco (Öberg et al., 1996) aponta que
passeio ficaram mais escorregadias após intensificar o risco de acidentes com pedestres ou ciclistas em
a desobstrução. Isso pode ter ocorrido porque o gelo e neve é maior quando há apenas uma peque-
lado inferior do limpa-neve “vitrificou” a superfície na parte das vias que está coberta de gelo e neve
onde ocorreu a desobstrução (Möller et al., 1991). do que quando a maior parte está coberta de gelo
Os pesquisadores recomendam desobstruir as áreas e neve. Quando há neve e gelo em mais de 75%
de circulação de pedestres com um limpador “cane- das vias, a taxa de acidentes em neve ou gelo é de
lado”, e não com um limpador liso na parte inferior 87%. Quando há neve e gelo em menos de 25% das
do limpador. vias, a taxa de acidentes em neve ou gelo é ainda de
48%. Uma possível explicação é que uma pequena
Outras pesquisas podem indiretamente esclarecer porcentagem de pessoas acredita que o solo esteja
os efeitos potenciais no número de acidentes de escorregadio quando há pouca neve ou gelo e, por
queda ao reduzir a porcentagem do solo coberto de conta disso, há menos cautela, algo que faz com que
neve ou gelo nas áreas de passeio. Uma pesquisa em elas caiam mais facilmente ao passar por um pavi-
Oslo (Ragnøy, 1985) apontou que a porcentagem mento escorregadio.
de quedas que ocorreram em solo coberto de neve
e gelo variou entre os seis distritos que dividem a Baseado no mesmo estudo, a figura 2.6.1 mostra o
cidade e que realizaram a manutenção de neve. O risco de acidentes para pedestres e ciclistas em duas
estudo apontou que o risco de acidentes com queda faixas etárias, tanto no verão quanto no inverno.
no inverno diminuiu quando foi reduzida a porcen- “Pavimento seco” no inverno significa que há neve
tagem das áreas de circulação de pedestres cobertas ou gelo em menos de 25% dos pavimentos. “Neve/
com gelo e neve. O risco de acidentes com queda é gelo” no inverno significa que há neve ou gelo em
calculado por meio da soma do número de locais de mais de 75% dos pavimentos. Numa condição de
trabalho e de habitantes por distrito que realiza a inverno “mista” há neve e gelo em 25 a 75% dos
manutenção de neve. pavimentos. A extensão de percurso estimada se
baseia no levantamento do número de pedestres e
Uma pesquisa sueca (Möller, Wallman e Gregersen, ciclistas e no número de habitantes.
1991) apontou que o risco de queda de pedestres
é significativamente maior em pavimento coberto O risco de acidentes para pedestres em pavimento
de neve e gelo do que em pavimento seco. O risco seco no inverno é cerca de duas a três vezes maior
de acidentes com queda em pavimento coberto de do que no verão. Com relação aos ciclistas, o risco
neve e gelo era 5 vezes maior do que em pavimen- no pavimento seco no inverno é quase o mesmo que
to seco em Gotemburgo e 7 a 10 vezes maior em no verão. Quando há neve ou gelo no inverno, o ris-
Skellefteå. A taxa do tráfego de pedestres realizado co para pedestres é cerca de três vezes maior do que
em pavimento coberto de neve e gelo era entre 14 e nas vias com pavimento seco no inverno. Com rela-
34% em Gotemburgo e entre 88 e 95% em Skellef- ção aos ciclistas, o aumento do risco é menor, com
teå. Em Linköping foram registradas 30 vezes mais exceção dos ciclistas de terceira idade quando há
ocorrências de pedestres acidentados e tratados em muita neve ou gelo nas vias, pois o número de aci-
hospitais quando havia chuva congelada do que em dente é maior. Pedestres e ciclistas de terceira idade
um dia comum de inverno. Acredita-se que o risco têm, sob todas as condições de pavimento, maiores
de acidentes aumentou significantemente porque há riscos de acidentes que jovens, e estes acidentes são
muito menos pedestres nas vias em dias comuns de de maior gravidade (Thulin e Niska, 2009; Öberg,
inverno. 2011).
Ambos os estudos apontam que a variação na por- Com base nos resultados de Oslo, Gotemburgo e
centagem de acidentes com queda que ocorre em Skellefteå, estima-se que a redução de 10% do trá-
pavimentos cobertos com neve e gelo provavelmen- fego de pedestres em neve e gelo pode reduzir o
te reflete a variação na porcentagem do tráfego de número de acidentes de queda no inverno em 15%
pedestres que se sucede em tais condições. É plau- (intervalo de confiança de 95% [-22; -7]) e que a re-
sível presumir que quanto mais tráfego houver de moção de toda a neve e gelo pode reduzir o número
304 O Manual de Medidas de Segurança Viária
60 149,5
50
39,8
40
33,5 Pedestres (15-65)
30 28 Pedestres (>65)
Ciclistas (15-65)
Ciclistas (>65)
20 18,3
15,2 15,3
11,1 11,5
10 7,9 7,1 7,5 8,3
6,3
2,7
0,9
0
Verão Inverno Inverno Inverno
Via Livre Condição Neve/Gelo
Mista
Figura 2.6.1: risco de acidentes com pedestres e ciclistas no verão e inverno (Öberg, 1996).
de acidentes de queda no inverno em 52% (interva- o motivo citado mais frequente. Dos entrevistados,
lo de confiança de 95% [-62; -39]). 45% responderam que gostariam de sair com mais
frequência durante os invernos. Cerca de 1/3 de-
Entretanto, é difícil remover a neve e o gelo das áreas clarou que precisa de ajuda para resolver assuntos
de passeio apenas por meio da desobstrução e da externos durante o inverno.
aplicação de areia. Isso é o que mostra o estudo em
Skellefteå (Möller et al., 1991), entre outros. Varrer Os estudos em Linköping e Luleå (Bergström e
a área e aplicar sal, ao invés de desobstrui-la e apli- Magnusson, 2002) apontaram que a utilização da
car de areia, aumentou a taxa de pavimento seco de bicicleta no inverno aumentaria em até 18% com
12% para 17% (Bergström, 2003). A medida mais uma manutenção de inverno aprimorada.
efetiva para remover completamente a neve e o gelo
das áreas de circulação de pedestres é provavelmen-
te o aquecimento dessas áreas (Hagen, 1990). Um Impacto no meio ambiente
estudo em Umeå apontou que a taxa de pavimento
seco nas áreas aquecidas é de cerca de 85%, enquan- Não foi encontrada nenhuma pesquisa que docu-
to a taxa era entre 20 e 25% em áreas com manuten- menta os efeitos nas condições do meio ambiente
ção normal de inverno (Öberg et al, 1991). com a realização de uma manutenção aprimorada
de inverno nas áreas de circulação de pedestres. A
areia deve ser varrida na primavera. Isso pode oca-
Impacto na mobilidade sionar, de modo passageiro, problemas de poeira no
local. O sal que entra nas casas deve ser varrido.
A neve e o gelo em áreas de circulação reduzem tan-
to a mobilidade dos pedestres quanto dos ciclistas.
Muitos preferem ficar dentro de casa ou utilizar veí- Custos
culo a andar a pé em pavimentos cobertos de neve
e gelo. Isso vale especialmente para alguns grupos, Não foi encontrado um custo atual para a manuten-
como o de terceira idade, o de pessoas que usam ca- ção de inverno nas áreas de passeio para pedestres
deira de rodas ou que estão com carrinhos de bebê. e ciclovias.
A desobstrução habitual não parece reduzir o núme- culação de pedestres. A responsabilidade pela
ro de acidentes de queda entre os pedestres. O aque- manutenção das rodovias nacionais é do Estado
cimento da calçada pode, contudo, ser uma alterna- e pelas outras vias e rodovias, dos governos es-
tiva eficaz. Nos invernos com muita neve, quando a tadual e municipal. O Estado se encarregou da
realização da desobstrução e da aplicação de areia e responsabilidade pela manutenção das vias para
sal é sempre necessária, o aquecimento das calçadas bicicletas e pedestres ao longo das rodovias na-
não é mais caro que a desobstrução e a aplicação de cionais a partir de 1995. Anteriormente era tarefa
areia e sal. Uma realocação de recursos da desobs- dos municípios.
trução e aplicação para o aquecimento pode fornecer
um efeito eficaz no número de acidentes. Entretanto,
não sabemos qual é a melhor combinação da eficácia 2.7 Melhorias na sinalização de
do aquecimento dos passeios e outros tipos de manu- trânsito
tenção de inverno. A variação no volume tráfego de
pedestres é importante nesta discussão. O capítulo foi revisado em 2011 por Juned Akhtar
(TØI)
A desobstrução e a aplicação de sal e areia são reali- As pesquisas apontam, entretanto, que estas dire-
zadas quando os critérios de necessidade são preen- trizes nem sempre são seguidas na prática. Uma
chidos, isto é, sob ou após a queda de neve. pesquisa sobre a condição e manutenção das placas
de trânsito (Amundsen, 1986) apontou que 32%
das 6.484 placas investigadas estavam danificadas.
Responsabilidade pela execução da medida Havia danificações em 19% dos postes das placas.
A pesquisa também apontou que em muitas placas
Os responsáveis pelas vias e seus proprietários antigas as propriedades de reflexo eram ruins, isto
devem realizar a manutenção das áreas de cir- é, tornavam difícil lê-las no escuro.
306 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Um registro de 731 placas em 8 trechos na Norue- Presume-se também que as placas de indicação
ga (Ragnøy, Vaa e Nilsen, 1990) apontou que havia de vias que estão defeituosas, sem visibilidade ou
erros em 60% das placas. Foram diferenciados os mal-colocadas aumentam o risco de acidentes no
seguintes tipos de erros (porcentagem dos erros em trânsito.
parênteses):
As placas localizadas de acordo com a norma, onde Foram encontradas apenas duas pesquisas so-
se espera que sejam vistas pelos condutores, aumen- bre o efeito nos acidentes por meio da melhoria
ta a chance de elas serem visualizadas e processadas da sinalização por placas de trânsito. Uma delas é
cognitivamente (Borowsky, Shinar et al., 2008). uma pesquisa norte-americana (Lyles, Lighthizer,
Drakopoulus e Woods, 1986) sobre a melhoria da
A melhoria da sinalização de trânsito tem como ob- sinalização em cidades de maneira que esteja de
jetivo assegurar que a sinalização e a manutenção acordo com o Manual on Uniform Traffic Control
das placas estejam de acordo com as diretrizes le- Devices (“Manual sobre Dispositivos Uniformes de
gais, de maneira que as placas possam atingir os fins Controle de Trânsito”, ou MUTCD). O MUTCD
desejados. corresponde às Normas das Placas da Noruega. A
Parte II: 2. Manutenção viária 307
pesquisa apontou que as melhorias das placas em e 13% em curvas compostas e curvas com raio
relação ao MUTCD levaram a uma queda de 15% variado.
no número de acidentes com vítimas (limite inferior,
queda de 25%; limite superior, queda de 3%). Os Demarcação de passagem de pedestres: o Instituto
acidentes com danos materiais foram reduzidos em de Economia de Transportes avaliou em 2010, sob
7% (limite inferior, queda de 14%; limite superior, o comando da Agência Nacional de Administração
queda de 0,3%). Entretanto, os autores da pesquisa de Vias Públicas da Noruega, 85 faixas de pedestres
concluem que as melhorias de sinalização não redu- nas vias em 50 regiões em Oslo. Apenas seis faixas
ziram o número de acidentes. de pedestres não tinham a pintura demarcada, sina-
lização ou placas. O problema apontado com maior
A outra pesquisa (Ford e Calvert, 2003) avaliou os frequência era relacionado às placas (Sørensen,
efeitos de um programa de baixo custo nos EUA Mosslemi et al., 2010).
que consistia em realizar a manutenção das placas
detrânsito com base nos resultados de vistorias. Era
um estudo simples, com pesquisa antes-depois, que Impacto na mobilidade
apontou uma redução no número de acidentes fatais
em 55%. O número de acidentes com vítimas caiu Não foram encontradas pesquisas que indicam como
31% e o de acidentes com danos materiais, 46%. a melhoria das placas influencia na mobilidade.
A pesquisa não foi controlada pela regressão até a
média, e a medida foi implementada nas áreas de
alto risco. Por conta disso, provavelmente os efeitos Impacto no meio ambiente
verdadeiros da medida são significantemente mais
baixos do que a pesquisa indica (Elvik, 2006). Não foram encontradas pesquisas que indicam como
a melhoria das placas influencia no meio ambiente.
Uma vez que foram encontradas apenas duas pes-
quisas, seus resultados devem ser compreendidos
de maneira cautelosa, pois não se sabe quão repre- Custos
sentativos são. As pesquisas não esclarecem quais
tipos de erros das placas de trânsito foram aprimo- Em 2005, os custos calculados para as medidas re-
rados e quão graves eles eram. lacionadas às placas eram o seguinte (Statens vegve-
sen, 2005, Håndbok 222):
Acidentes fatais na Noruega, 2005-2009: no banco
de dados nacional dos grupos de análise de aciden- • Placa de sinalização de trânsito, nova, por placa,
tes (UAG), as “placas/sinalizações incorretas” são as placas de indicação de vias e de faixas de pedes-
indicadas como um possível fator desencadeador tres não incluídas: NOK 1.000.
em 55 acidentes (5,2% dos acidentes fatais) de 2005 • Placa da faixa de pedestres (duas placas, ou duas
a2009. Além do mais, a medida “melhoria das pla- placas no mesmo poste): NOK 2.000.
cas” foi recomendada para 102 acidentes (9,6% de • Poste da placa e alicerces: NOK 2.000 (NOK
todos os acidentes fatais) no mesmo período em que 1.000 – 3.000).
foram analisados 1058 acidentes. Os acidentes com • Placas de indicação de direção, incluindo o poste
“melhoria das placas” como medida recomendada e os alicerces: NOK 4.000.
são distribuídos da seguinte maneira: • Medida URF em curvas, por curva: NOK 27.500
(NOK 15.000 – 40.000).
• tipo de via: 54% em rodovias nacionais, 25% em • Substituição da placa padrão pelo tipo maleável:
rodovias européias, 17% em rodovias estaduais e NOK 12.500 (NOK 15.000 – 40.000).
5% em vias municipais; • Postes de placa maleáveis (desprovidos da junta
• condição de luminosidade: 62% sob a luz do dia, de intercepção): NOK 4.500.
16% à noite em via iluminada, 15% à noite em • Adaptação no padrão existente: NOK 3500
vias não iluminadas e 6% no crepúsculo; (2.000 – 5.000).
• limite de velocidade: 62%, 70 ou 80 km/h, 31%, • Mudança da placa: NOK 2.000.
50 ou 60 km/h, 3%, 30 ou 40 km/h e 6%, 90 ou • Mudança do portal das placas: NOK 10.000.
100 km/h;
• local dos acidentes: 38% em trechos retos, 28% Os preços se baseiam nos custos médios da obra e
em curvas acentuadas, 20% em curvas normais de orçamento em 2004. Os preços não incluem a ad-
308 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Avaliações de custo-benefício
Responsabilidade pela execução da medida
Não foram encontradas apreciações de custo-bene- As autoridades de trânsito são responsáveis pela
fício com relação à melhoria das sinalizações. Com manutenção das sinalizações de acordo com as de-
base nas informações fornecidas, podem-se prever terminações vigentes e também pela execução das
os custos que ilustram os possíveis efeitos da me- medidas necessárias para assegurar que isso ocorra.
dida. Os custos para a melhoria das sinalizações inade-
quadas nas rodovias nacionais são cobertos pelo Es-
Pressupõe-se que a melhoria da sinalização pode ser tado; das rodovias regionais, pelos órgãos regionais
executada a um custo de NOK 25.000 por quilô- e das vias municipais, pelos municípios.
metro de via. Uma execução da medida é prevista
em uma via de um povoado com um tráfego médio
diário anual de 6.000 e 0,40 acidente com vítimas 2.8 Sinalização em canteiro de obras
por 1 milhão de quilômetros-veículo. Prevê-se uma na via
redução de 15% no número de acidentes com víti-
mas. A previsão é de que o efeito da medida dure O capítulo foi revisado em 2013 por Alena Høye (TØI)
cinco anos, com 4,5% de aumento. O custo médio
por acidente com vítimas notificado pela polícia é Os acidentes em área de obras nas vias são em média
de NOK 3,56 milhões em 2005 (Statens vegvesen, mais frequentes (especialmente quando as pistas estão
2006, Håndbok 140). fechadas) do que quando as pistas permanecem aber-
tas ao tráfego. Os acidentes mais comuns em áreas
O benefício fica em cerca de NOK 2,11 milhões de obras são colisões traseiras e outras colisões entre
por quilômetro de via, algo que é cerca de 85 vezes veículos na mesma direção. As medidas que têm sido
o custo da medida. Em outras palavras, a melho- mostradas para reduzir conflitos, ou potenciais confli-
ria da sinalização é rentável socioeconomicamente, tos em áreas de obras, dependem da situação (antes e
mesmo se o efeito nos acidentes fossem considera- depois) no entrelaçamento, bem como da separação
velmente menores ou os custos, consideravelmente física entre as pistas de transição e o contrafluxo do
maiores do que o previsto neste exemplo. tráfego, da variação de limites de velocidade, da velo-
cidade recomendada, da iluminação ao longo do tre-
cho e da fiscalização policial. A maioria das medidas
Responsabilidade e procedimentos formais também tem impactos positivos sobre a capacidade
da via. Medidas que provavelmente possuam nenhum
ou pouco impacto sobre os acidentes são reduzidas de
Iniciativa para a medida
forma permanente, considerando o limite de veloci-
dade e as medidas de sinalização horizontal.
A iniciativa para a melhoria de erros de sinalização
pode, por exemplo, vir da Agência Nacional de
Administração de Vias Públicas da Noruega ou da Problema e finalidades
própria equipe de manutenção durante o trabalho.
As notificações provenientes dos usuários também O aumento do tráfego e o consequente desgaste da
podem desencadear a medida. via aumentam a necessidade de manutenção e a re-
Parte II: 2. Manutenção viária 309
paração de vias públicas, uma vez que a redução da briram mais acidentes graves em áreas de obras do
capacidade da via deve ser evitada. A maioria das que em outras vias (Garber e Zhao, 2002).
obras nas vias é realizada quando a via está liberada
para o trânsito. Isso produz um inconveniente extra Os resultados de Srinivasan et al. (2011), conforme
para os usuários da via e poderá proporcionar maior Figura 2.8.1, sugerem que existem diferenças consis-
risco de acidentes. Os trabalhadores na obra são es- tentes no risco relativo de acidentes entre o período
pecialmente vulneráveis nas imediações do tráfego. diurno e o noturno. Em outros estudos, no entan-
Muitos estudos mostram que o risco de acidentes to, descobriu-se que os acidentes nas vias durante
de trânsito aumenta em áreas em obras. Os resulta- a noite são mais graves que os acidentes durante o
dos variam bastante (de riscos inalterados a quase o dia (Arditi et al., 2007; Garber e Zhao, 2002). Arditi
dobro de riscos) e nem todos são significativos (ver, et al. (2007) encontraram cinco vezes mais riscos de
por ex., Freeman et al., 2004; Jin et al., 2008; Khat- acidentes fatais em vias com obras à noite que em
tak et al., 2002; Tsyganoff et al., 2011). comparação com as vias com obras de dia.
A figura 2.8.1 mostra a variação do número de aci- Segundo Tsyganoff et al. (2002), o risco de acidentes
dentes em áreas em obras em comparação com o é maior em áreas de obras urbanas do que em áreas
número esperado de acidentes nas mesmas vias sem rurais, muito por conta da extensão das áreas em
obras, com base em um estudo de acidentes em 64 obras (obras em pontes, reconstrução de vias exis-
locais em obras (Srinivasan et al., 2011). Os resul- tentes) e das obras menores nas rodovias (trabalho
tados mostram que o crescimento dos acidentes é sobre as instalação de barreiras, recapeamento e
maior em áreas de construção com vias fechadas e alargamento da pista).
menor quando a via está liberada. Outras relações
também foram encontradas. Daniel et al. (2000) Resultado de estudos que examinaram o risco de
e Tsyganoff et al. (2002), por exemplo, encontra- acidentes em diferentes áreas em obras. A maio-
ram em geral um aumento maior de acidentes em ria dos estudos mostra que os riscos de acidentes
vários casos de pistas fechadas. Os resultados de são mais elevados em zonas de atividade (rodovias
Srinivasan et al. (2011), conforme figura 2.8.1, tam- em obras; por ex., Freeman et al., 2004; Garber &
bém mostram que os acidentes envolvendo danos Zhao, 2002; Lindheimer, 2010), e alguns apontaram
materiais aumentam mais do que os acidentes com maior risco de acidentes em anéis rodoviários antes
feridos, o que é consistente com os resultados de de a pista ser fechada (Ishak et al., 2012; Tsyganoff
uma série de outros estudos. Alguns estudos desco- et al., 2002).
1,46
Período diurno, mortos/feridos 1,17
1,02
1,81
Período diurno, danos materiais 1,40
1,20
1,42
Período noturno, mortos/feridos 1,41
1,11
1,75
Período noturno, danos materiais 1,67
1,33
O tipo mais comum de acidentes em vias em obras de obras, que foram projetadas de uma maneira que
são as colisões traseiras (Garber & Zhao, 2002). Ou- gerava pontos cegos maiores para os veículos pesa-
tros tipos de acidentes são os acidentes envolvendo dos. O estudo mostra que muitas vezes não se tem
vários veículos (especialmente em colisões laterais uma “perspectiva da via”adequada devido a reorga-
entre dois veículos na mesma direção) e o choque nização de padrões de direção, avisos e proteção, o
contra objetos sólidos, enquanto que o número to- que facilita a indução ao erro de interpretação sobre
tal de acidentes é normalmente reduzido (Graham a alteração do tráfego. O projeto dos canteiros de
et al., 1978; Khattak et al., 2002; Tsyganov et al., obras e vias de acesso são muitas vezes projetados
2002). Outros acidentes típicos em áreas de obras para trechos curtose com alta demanda, porém com
são os atropelamentos de trabalhadores na pista. padrões elevados, visando à segurança dos conduto-
Não foram encontrados números de quantos aci- res e trabalhadores.
dentes deste tipo aconteceram na Noruega. Sayer
& Mefford (2004) mostraram que mais da metade O objetivo do canteiro de obras é assegurar um es-
dos trabalhadores que foram atropelados em áreas paço seguro para os trabalhadores e o fluxo de trá-
de obras viárias foi atingida por algum veículo que fego, para que o trabalho resulte em um mínimo de
passava na via. atrasos e inconveniências possíveis para os usuários,
permitindo o desempenho eficiente e econômico da
Tsyganov et al. (2002) mostraram que os fatores co- via (Statens vegvesen, 2012).
muns que contribuem para os acidentes no local das
obras nas vias são as filas (colisões traseiras), largura
da via reduzida, máquinas na via e pisos irregula- Descrição da medida
res. Estes fatores causam erros típicos, que contri-
buem para os acidentes em áreas de obras, como, Com a sinalização nas áreas de obras visa-se ao es-
por exemplo, a desatenção por breves intervalos forço em notificar, administrar e regular os locais
de tempo e o desrespeito às placas de sinalização. de tráfego anteriormente em obras, próximo às vias
O excesso de velocidade não é mencionado como públicas. Na Statens vegvesen (2012), existe a dis-
um dos fatores que contribuem para os acidentes tinção entre a orientação e a segurança. A orienta-
típicos. Estudos de várias medidas sugerem que a ção tem o propósito de:
alta velocidade nem é um dos maiores problemas,
mas que há mais variação de velocidade entre os veí- • fazer com que os condutores estejam conscientes
culos, o que contribui para conflitos e atrasos (ver de que as obras na via estão em andamento.
impacto sobre os acidentes). • informar os usuários da via sobre o tipo de traba-
lho executado.
A Statens vegvesen (2011) estudou os resultados a • regular o tráfego.
partir de uma análise detalhada de 23 acidentes fa- • direcionar com segurança o tráfego posterior à
tais que ocorreram em conexão com vias em obras área em obras.
ou construções próximas avias na Noruega durante
o período de 2005 a2009. Entre estes acidentes, 14 As barreiras destinam-se a evitar colisões com traba-
aconteceram em trechos onde havia obras em an- lhadores e máquinas, resguardando os condutores
damento, em uma via com cinco faixas, sendo três de entrarem na área em obras e limitando os danos
bloqueadas para a execução operacional referente à para os usuários da via, caso colidam com as barrei-
obra(incluindo o transporte de equipamentos). Ne- ras. A maioria das medidas descritas neste capítulo
nhum dos acidentes foi de colisão traseira. O estudo são medidas de alerta. As medidas estão divididas
mostra que os pedestres, os ciclistas, as crianças (os nos seguintes grupos:
usuários vulneráveis) e os veículos pesados foram
os
mais atingidos. Metade dos mortos eram pedestres e O tráfego de pedestres em meio às obras viárias lo-
20% eram crianças com menos de 16 anos. Sessen- cais: Estas medidas afetam os padrões de direção atra-
ta e cinco por cento dos veículos envolvidos eram vés das obras viárias, onde se tem áreas com vias fe-
veículos pesados. As causas que mais contribuíram chadas e tráfego das várias pistas fundidas em uma só.
para os acidentes em menor grau foram “atitudes
perigosas” e a falha na sinalização. As obras nas ro- A marcação (sinalização horizontal) inclui linhas
dovias e a sinalização (ausência ou falha) eram defi- demarcadas e tachas ao longo de todo o trecho, ten-
cientes em dois terços dos acidentes. 22% dos aci- do o objetivo de alertar os condutores a reduzirem
dentes ocorreram em saídas em direção ao canteiro a velocidade. Para a demarcação regular de faixas
Parte II: 2. Manutenção viária 311
na pista, linhas de bloqueio, etc. tem-se os resulta- das pelo órgão de administração viária sobre a ins-
dos de estudos sobre o impacto no tráfego ou nos talação de obras na via pública (Statens vegvesen,
acidentes. 2012, Håndbok 051).
O trabalho noturno pode ser feito em áreas com O tráfego nas áreas em obras
obras nas vias, seja para melhor andamento (opera-
ção contínua) ou para evitar problemas de tráfego Contrafluxo com tráfego parcial vs. contrafluxo
durante o dia, quando, por exemplo, as várias pistas com tráfego total: Em três estudos anteriores, onde
são fechadas ou quando toda a via é fechada perio- houve comparações de acidentes de trânsito, ob-
dicamente. servou-se o desvio com redirecionamento total (ou
seja, a pista em sentido contrário é reduzida e uti-
Os sistemas de proteção aqui descritos incluem lizada pelo tráfego em ambos os sentidos) em rela-
amortecedores de impacto montados nos cami- ção ao desvio com redirecionamento parcial (isto é,
nhões, que visam proteger os trabalhadores e usuá- apenas uma parte da pista em sentido contrário é
rios do tráfego ao longo do trecho em obras na via, utilizada): Summersgill (1985), Marlow & Coombe
e barreiras concretas que dividem as pistas. Não foi (1989), Burns et al. (1989). Os resultados mostram
encontrado nenhum estudo do efeito na velocidade que o número de acidentes (em todos os graus de
ou nos acidentes por outros sistemas de proteção. danos) foi reduzido em 23% (intervalo de confian-
Como se costuma utilizar várias medidas simulta- ça de 95% [-28%; -17%]), quando um redirecio-
neamente, estas medidas dependem, por exemplo, namento parcial (apenas parte da pista contrária foi
de normas de trânsito, dos níveis de velocidade, utilizada)foi substituído pela utilização de um re-
dos volumes de tráfego e dos tipos de obras viárias. direcionamento total (a pista em sentido contrário
Orientações complementares foram regulamenta- foi reduzida e utilizada pelo tráfego em ambos os
312 O Manual de Medidas de Segurança Viária
sentidos). Uma possível explicação é que a veloci- tardias de faixa e aumentou a distância de segurança
dade é menor diante da utilização do desvio com entre os veículos.
redirecionamento no contrafluxo, e os condutores
se mantêm mais atentos devido ao tráfego em am- No tráfego pesado, a utilização do entrelaçamento
bos os sentidos. precoce gera alguns conflitos, aumenta o risco de
acidentes, gera filas mais longas e aumenta o risco
Regulamentação de mudança de faixas – mudan- de colisões traseiras. Esses problemas podem ser re-
ça separada vs mudança combinada: Summersgill duzidos com o entrelaçamento tardio, ou “princípio
(1985) examinou as mudanças de faixa nas rodo- de fecho”, como é chamado em alemão e dinamar-
vias. Mudança separada (de faixa) significa que o quês, ou seja, a mudança de faixa é feita o mais tarde
tráfego é redirecionado para a faixa contrária, sem possível (McCoy & Pesti, 2001; Pesti et al., 2008).
que seja possível mudar de faixa na zona de transi- O entrelaçamento tardio pode ser introduzido por
ção. Mudança combinada (de faixa) significa que é meio de instruções sobre painéis de mensagens va-
possível mudar de faixa também na zona de transi- riáveis, trecho por trecho, para que os veículos per-
ção. Conforme aponta a pesquisa, com a utilização maneçam na mesma faixa. Com o entrelaçamento
da mudança separada, em geral a segurança é menor tardio, o número de conflitos entre os veículos que
que com a utilização de mudança combinada(au- mudam de faixa no início e ao final pode ser reduzi-
mento do número de acidentes de 35%, intervalo do, e a fila pode ser diminuída, o que pode reduzir
de confiança de 95% [+ 5% +; 75%]). A pesquisa os riscos de colisões traseiras. No entanto, quando
não aponta para qualquer explicação deste resulta- há pouco tráfego e alta velocidade, o entrelaçamen-
do. to tardio pode levar a confusões e conflitos (McCoy
& Pesti, 2001).
Curva de redução de velocidade: Nygaard & Pet-
terson (1982) mostraram que a velocidade média foi Para utilizar a estratégia de entrelaçamento mais
reduzida em 20 km/h quando o tráfego é conduzido adequada, as mensagens podem ser exibidas e de-
através de uma curva de redução de velocidade an- terminadas a partir de valores pré-determinados
tes de atingir a obra na via. de volumes de tráfego ou de velocidade média. A
seleção da estratégia de entrelaçamento mais ade-
O estreitamento da largura da faixa com cones: um quada pode exercer influência sobre os conflitos e
estreitamento das faixas para 1,5m utilizando cones acidentes (Radwan et al., 2009). Uma determinada
em um trecho de rodovias foi estudado por Bham estratégia pode ser melhor, dependendo em grande
(2011). Foi a única medida que reduziu a velocidade parte das condições locais (Pesti et al., 2008).
média para abaixo do limite de velocidade. A redu-
ção da velocidade foi maior para os veículos pesa- Outra possibilidade para organizar o entrelaçamen-
dos do que para os automóveis e a redução foi mais to é direcionar o tráfego das duas faixas em uma fai-
significativa em trechos de obras em andamento do xa no meio da rodovia, antes que o tráfego alcance
que em trechos sem obras rodoviárias. a faixa liberada, (“incorporação conjunta”). Essas
áreas de entrelaçamento levam a uma velocidade
Áreas de entrelaçamento: Quando o número de média reduzida, sobretudo na faixa que permanece
vias é reduzido em uma área com obras, as várias liberada e nas extremidades das áreas de entrelaça-
áreas de entrelaçamentos e diferem. Como regra mento, onde há menos interrupções na pista (Idewu
geral, o tráfego é desviado da pista bloqueada para & Wolshon, 2010; Wolshon et al., 2012), levando à
a pista aberta. Quando os veículos deslocam-se da redução da variação da velocidade e a menos desa-
pista fechada com antecedência, ao primeiro sinal celerações bruscas(Ishak et al., 2012).
de aviso de pista fechada, tem-se o entrelaçamen-
to precoce. Quando os veículos são desviados mais
tardiamente, isso pode levar a conflitos e acidentes Marcações
(Tsyganoff et al., 2002). Para evitar esses conflitos,
os motoristas são direcionados ao entrelaçamen- As faixas de sinalização (ou de demarcação hori-
to precoce através de sinalizações que
desencora- zontal) podem ser inseridas na via para alertar os
jam ou proíbem a ultrapassagem (McCoy & Pesti, condutores sobre a existência de obras à frente na
2001). FHWA (2008) mostrou a dinâmica do entre- via. As faixas de sinalização podem ser instaladas
laçamento precoce com proibição de ultrapassagens sob a forma de tiras removíveis, sendo coladas ou
até o final do trecho, o que diminuiu as mudanças fixadas sobre a pista (Horowitz & Notbohm, 2010).
Parte II: 2. Manutenção viária 313
0
0
-5
-7,2
-10 -8,2 -8,9
-11,6 -11,3
-15 -12,6
-16 -16,1
-20 -19
-20,4
km/h
-21,9
-25 -24
-30 -29
-32
-35 -33,3
-40
-40
-45
-50 -48
O respeito ao limite de velocidade depende de o cia entre o primeiro sinal de limite de velocidade e o
quanto o limite de velocidade é reduzido (quanto início da obra: quanto maior for a distância, maior a
maior a redução do limite de velocidade, menores velocidade no local das obras.
serão as adesões) e depende se o limite de velocida-
de é razoável ou não do ponto de vista dos conduto- As placas de limites de velocidade no estudo de Hall
res. A redução dos limites de velocidade é desneces- & Salário (1997) não foram mais eficazes quando
sária, induz a infrações e pode diminuir o respeito foram inseridas as luzes intermitentes. No estudo de
pelos limites de velocidade no trecho em obras e nas Huebschman et al. (2003), porém, a velocidade mé-
vias em geral (Bham, 2011; Garber & Srinivasan, dia foi ligeiramente reduzida.
1998; Outcalt, 2009). Uma diminuição do limite de
velocidade acentuada pode resultar em um aumento Limites de velocidade variáveis: Considerando li-
da variação de velocidade entre os veículos, o que mites de velocidade variáveis em trechos de via em
de acordo com Garber & Zhao (2002), Migletz et obras, é possível adaptar o limite de velocidade às
al. (1999) e Outcalt (2009), pode gerar conflitos e condições locais, como, por exemplo, trechos viá-
aumentar os riscos de acidentes. A explicação é que rios com obras em andamento ou não. Esta é pro-
muitos acidentes em trechos em obras são colisões vavelmente a principal razão do por que geralmen-
traseiras e a frequência deste tipo de colisão é menor te se adere aos limites de velocidade variáveis com
em tráfego com velocidade constante do que quan- maior frequência do que aos limites de velocidade
do existem alterações significativas de velocidade. fixos (Bham, 2011; Debnath et al, 2012; Outcalt,
2009). Estudos sobre o limite de velocidade variá-
Embora muitos diminuam a velocidade quando o vel demonstram por vários exemplos que a eficácia
limite de velocidade é reduzido, a velocidade média é maior quando os sinais são colocados dentro dos
geralmente se mantém acima do limite de velocida- trechos em obras do que quando são fixados antes
de, e muitos deixam para desacelerar no momento do local (Benekohal & Shu, 1992). A razão mais
que atingem as áreas em obras ou até mesmo não provável é que muitos dos condutores não reduzem
desaceleram (Debnath et al., 2012, Friberg, 2007, a velocidade, mesmo se o limite de velocidade foi
Huebschman et al., 2003). A sinalização de limi- reduzido antes da área com obras. (Debnath et al.,
tes de velocidade geralmente é ineficaz quando 2012).
instalada antes do local de início das obras. A re-
dução da velocidade em áreas com obras na pista Riffkin et al. (2008) examinaram o impacto de placas
são menores quanto maior for a distância entre o de limite de velocidade ao instalá-las antes e depois
sinal de limite de velocidade e o início do trecho das áreas em obras. O limite de velocidade era 121
em obras(Abraham et al., 2007; Huebschman et al., km/h antes da primeira placa variável e entre 105
2003). Miller et al. (2009) mostraram que a veloci- ou 89 km/h imediatamente antes e em meio às áreas
dade média no trecho em obras depende da distân- em obras. A velocidade média ocorreu em todas as
Parte II: 2. Manutenção viária 315
situações onde houve o limite de velocidade no local 2 km/h e acima de 10 km/h (Brewer et al., 2006;
das obras rodoviárias e até mesmo um pouco abaixo Garber & Srinivasan, 1998; Mattox et al., 2007;
do limite de velocidade, ficando estável por todo o Hall & Wrag,1997; Sandberg et al., 2001; Wang
trecho. As reduções de velocidade são, em outras et al., 2003). A redução do excesso de velocidade
palavras, substancialmente maiores do que o espe- também ocorreu em 60% no estudo de Dixon &
rado a partir da redução do limite de velocidade Wang (2002) e em 32% no estudo de Mattox et al.
(ver capítulo 3.11). Uma possível explicação é que (2007). Os resultados são aplicáveis ao trecho em
a velocidade média também tinha sido reduzida e que ocorreu a variação de velocidade, mas a redu-
o limite de velocidade não havia sido colocado em ção de velocidade é mantida como uma regra ao
locais com obras rodoviárias. longo de toda a via (Benekohal et al., 2010; Wang
et al., 2003). A redução da velocidade é geralmen-
É difícil estimar o impacto dos limites de velocidade te menor para os veículos pesados do que para os
variáveis sobre o número de acidentes. Um proble- automóveis em geral, possivelmente porque é mais
ma é que, na maioria das vezes, os efeitos sobre a comum que os veículos pesados desacelerem em
velocidade foram estudados a partir de estudos de trechos em obras.
simulação. Outro problema é que os sinais de limite
de velocidade variável (em vez fixar os limites de Velocidade recomendada: Tudor et al. (2003) ava-
velocidade e de acordo com estudos de simulação) liaram a sinalização com mensagens para obras nas
levam principalmente à obediência do limite de rodovias, como “REDUZA O LIMITE DE VELO-
velocidade e à redução da variação da velocidade CIDADE PARA XX MPH”, seguidas de “YY MI-
(por ex., Fudala & Fontaine, 2010). Como os limi- NUTOS DE ATRASO”, considerando que a velo-
tes de velocidade podem ser adaptados às condições cidade das rodovias era 16km/h mais lenta do que a
atuais, os limites de velocidade(e, portanto, a velo- velocidade antes da obra, e essas informações eram
cidade média) muitas vezes podem estar acima dos expostas apenas quando o tráfego estivesse pesado.
limites determinados pela sinalização fixa de limite O número de mortes por milhão de veículos por
de velocidade. Um terceiro problema é que o efei- quilômetros foi 33% menor do que em dois outros
to dos limites de velocidade variáveis depende em trechos, enquanto o número de colisões traseiras foi
grande parte de como um determinado limite de 7% menor. Há pouca informação para poder afir-
velocidade é mostrado (Fudala & Fontaine, 2010). mar se estes resultados são confiáveis.
Alerta de velocidade: Várias formas de alerta de ve- A Statens vegvesen (2006) avaliou o impacto da ins-
locidade no trecho que antecede obras na via foram talação de sinalizações horizontais que indicavam a
investigadas em um número relativamente grande velocidade recomendada. A velocidade recomenda-
de estudos. As mensagens de excesso de velocidade da foi de 30 km/h, enquanto que o limite de velo-
exibidas aos condutores variam. Às vezes, informa- cidade ficou entre 70e 110 km/h. A alta velocidade
se a velocidade atual (e dão-se informações sobre o nas ultrapassagens desses veículos é muitas vezes
limite de velocidade); outras vezes, exibem-se várias um problema. As recomendações de velocidade
mensagens que declaram “dirigindo rápido ou di- são usadas porque a regulamentação de sinais não
rigindo devagar demais”. Com base nos seguintes permite mover sinais de limites de velocidade. A ve-
estudos, estima-se um efeito combinado sobre a ve- locidade média foi reduzida em 29% (de 76 km/h
locidade média: para 54 km/h) em rodovias largas (mais de 10 m)
e em 9% (de 45 km/h para 41 km/h) nas rodovias
Meyer, 2000 (EUA); estreitas (menos de 10 m). A redução do número de
Fontaine & Carlson, 2001 (EUA); veículos ao longo dos 70 km/h foi ainda maior.
Dixon & Wang, 2002 (EUA);
Pesti & McCoy, 2002 (EUA); Aviso de congestionamento: Pesti et al. (2008) ava-
Bowie, 2003 (EUA); liaram o sistema de aviso de congestionamento e
Sorrell et al., 2007 (EUA) e não encontraram nenhum efeito sobre a velocidade
Benekohal et al., 2010 (EUA). média, mas uma redução da variação de velocidade
de quase 50% e uma redução no número de con-
Em média, verificou-se uma redução de 7% na flitos entre os veículos no tráfego. Não foram en-
velocidade (variação entre 2% e 18% na redução contrados muitos estudos sobre os avisos de con-
de velocidade). Uma série de outros estudos tam- gestionamento em trechos com obras rodoviárias.
bém encontrou reduções na velocidade média entre Estudos de avisos de congestionamento nas rodo-
316 O Manual de Medidas de Segurança Viária
vias comuns estão descritos no capítulo sobre pai- ção só ocorreu quando a fiscalização de controle de
néis de mensagens variáveis (capítulo 3.20). velocidade foi introduzida. Uma hora após finalizar
a fiscalização de velocidade, não foram encontrados
quaisquer impactos sobre a média de velocidade.
A fiscalização policial Mais reduções de velocidade permanentes podem
ser esperadas pelos controles frequentes e imprevisí-
Policiamento visível: Viaturas policiais visíveis ge- veis (Bham, 2011). O controle de velocidade é mais
ralmente reforçam a obediência ao limite de veloci- eficaz para os veículos pesados do
que para os leves.
dade. Com o policiamento visível, as alterações de
velocidade são geralmente limitadas ao trecho e não Considerando a dificuldade de alertar os veículos
se mantêm ou se estendem para trechos sem policia- que dirigem em alta velocidade nos trechos de vias
mento visível (Debnath et al., 2012). No estudo de em obras, seria mais apropriado instituir um contro-
Benekohal (1992) a velocidade média nas áreas em le automático de velocidade onde a velocidade do
obras em rodovias diminuiu em cerca de 7% enquan- infrator fosse punida por multa recebida por correio
to houve uma viatura policial no trecho. Benekohal et (Fontaine et al., 2002). Quando o limite de velocida-
al. (2010) encontrara uma redução de velocidade de de no trecho em obras for estabelecido, o impacto
11% para automóveis de passageiros e de 8% para do controle de velocidade será provavelmente maior
os veículos pesados em trechos próximos
de um po- quanto mais a velocidade diminuir. (Quanto mais o
liciamento visível. Não houve alteração da velocida- limite diminuir, maior a aceleração. Ver acima.)
de quando a viatura policial tinha as luzes acionadas
ou quando as luzes estavam desligadas. Conforme Painéis de mensagens variáveis mostrandoo número
estudo de Huebschman et al. (2003), a redução de de multas nos locais em obras até aquele momento
velocidade no trecho com a presença da viatura poli- não demonstraram ter qualquer impacto sobre a ve-
cial foi maior (-19%),a redução foi aos 2,4 km antes locidade (Huebschman et al., 2003).
da viatura policial (-11%). Após 3,4 quilômetros da
viatura policial, a velocidade estava de volta quase ao O aumento das multas de velocidade: Nos EUA,
normal (-2%), ao contrário do estudo de Benekohal muitos estados apostam em alternativas especiais
et al. (2010), em que a viatura não acendeu as luzes, para conter o excesso de velocidade em trechos de
estando apenas visível. No estudo de Huebschman rodovias em obras. Vários estudos que foram re-
et al. (2003), a velocidade e a observância do limite sumidos por Debnath et al. (2012) mostraram um
de velocidade durante os períodos em que o carro da aumento das multas por dirigir acima do limite de
polícia não estava no local foram excluídos da análise. velocidade em trechos de rodovias em obras,o que
não significou mudanças na velocidade média ou na
Controle de velocidade: Uma série de estudos re- proporção que dirigia acima do limite de velocidade.
sumidos por Bham (2011) mostrou o controle de
velocidade em trechos em obras, bem como a pro-
porção de condutores que aderem ao limite de velo- Equipamento de proteção individual
cidade. Radares estacionários têm maior efeito que
o patrulhamento de viatura policial, mas abrangem Trabalhar com roupas refletivas aumenta a distância
um trecho menor. A velocidade é geralmente redu- de visibilidade e detecção de pedestres e trabalha-
zida no trecho da via onde se implementou o con- dores em obras na via. A cor mais visível é o ama-
trole e enquanto o controle estava implementado. relo, seguido pelo vermelho-alaranjado. O impacto
Benekohal et al. (2010) descobriram uma redução de uma roupa é tanto maior quanto for a superfície
da velocidade de 10% na área de fiscalização (poli- em cores com sinais reflexivos. O impacto da sinali-
ciamento visível com equipamento de medição por zação com cores e roupas refletivas é menos efetivo
radar), sendo 3%,ou seja, 2,4 km abaixo da velocida- durante o dia (Sayer & Mefford, 2004; Sayer & Buo-
de antes da fiscalização. Em situações onde o limite narosa, 2008; Haworth et al., 2002).
de velocidade era 65 mph (105 km/h)e foi reduzido
para 55 mph (89 km/h), houve uma redução de cer-
ca de 80%. Joerger (2010) encontrou uma redução Trabalho noturno
de 27,3%, na proporção de veículos que ultrapas-
saram 72 km/h em trechos com obras na via onde O trabalho noturno envolve uma série de desvantagens
o limite de velocidade era de 64 km/h enquanto o para as obras nas vias (como, por exemplo, o trabalho
controle de velocidade era feito por radar. A redu- árduo, a fadiga e a dificuldade em obter materiais ou
Parte II: 2. Manutenção viária 317
peças de reposição) e para aqueles que vivem nas pro- Impacto na mobilidade
ximidades, pois considera-se o ruído. Assim, a escolha
pelo trabalho noturno pode ser pela vantagem de re- Muitas das medidas descritas neste capítulo des-
duzir os problemas do tráfego, especialmente em vias tinam-se a reduzir a velocidade média nos trechos
com tráfego intenso (Bryden & Mace, 2002). Dois es- em obras nas vias. No entanto, estas medidas não se
tudos mostraram que os acidentes nas vias aumentam apoiam em leis que regulamentam trechos em obras
mais à noite do que durante o dia (Summersgill, 1985; nas vias. Muitas vezes a velocidade média diminuiu
Ullmann et al., 2007). Diversos estudos mostraram que apenas em uma parte de todo o trecho ao longo da
os acidentes nas rodovias são mais graves à noite que obra (como, por exemplo, nos entrelaçamentos), le-
durante o dia (Arditi et al., 2007; Garber e Zhao, 2002). vando a uma distribuição de velocidade mais suave
Entre as possíveis explicações está a de que à noite as e a uma melhor gestão do tráfego.
condições de visibilidade na via são deficientes e que a
iluminação dos trechos em obras pode ofuscar os con- Os exemplos destas medidas são o entrelaçamento
dutores, que muitas vezes estão cansados ou estão mais tardio, os limites de velocidade e a velocidade reco-
propensos a influências de álcool ou drogas durante a mendada. O entrelaçamento tardio pode (em combi-
noite do que durante o dia (Bryden & Mace, 2002). No nação com os sinais de limites de velocidade variáveis)
entanto, também existem diferenças entre os trechos reduzir as filas e os atrasos do tráfego pesado (Beacher
em obras à noite e durante o dia. Por exemplo, encon- et al., 2004; Radwan et al., 2011). Os limites de velo-
tram-se mais pistas fechadas à noite do que de dia. O cidade variáveis em rodovias com trechos em obras
trabalho noturno influencia o número total de aciden- normalmente são utilizados para aumentar a seguran-
tes, que também depende do volume de tráfego (ou ça, mas também podem ser utilizados para melhorar
seja, o volume de tráfego é geralmente muito menor à o fluxo de tráfego e para aumentar a capacidade do
noite do que durante o dia; porém o trabalho à noite trecho (Kang et al., 2004; Kwon et al., 2007; Lin et
pode reduzir o número de acidentes, embora os aci- al., 2004; Lyles et al., 2003). Os sinais de mensagens
dentes aumentem mais à noite do que durante o dia). variáveis com
velocidade recomendada em um trecho
em obras podem aumentar a capacidade da rodovia
no local (Kwon et al., 2007; Tudor et al., 2003).
Sistemas de proteção
Painéis de mensagens variáveis com informações
Amortecedores em veículos de carga: A fim de pro- sobre viagens e rotas alternativas, podendo afetar a
teger os trabalhadores nas rodovias, um caminhão forma como o tráfego é distribuído na rede viária e
com amortecedor traseiro se posiciona/locomove reduzir, assim, os atrasos devido a obras rodoviárias
imediatamente em direção aos trabalhadores na via. (FHWA, 2008; Lee & Kim, 2006).
O amortecedor de choque é um dispositivo que ab-
sorve a maior parte da energia de impacto, se for Trabalho noturno: Com o fechamento de algumas
atingido por trás. Assim, por conta dos amortecedo- ou de todas as faixas da via, tem-se menos atrasos no
res, a gravidade dos ferimentos será menor para os tráfego noturno do que no diurno. A obra pode ser
trabalhadores e o dano aos veículos também será di- menos eficaz à noite (Mushtaq, 2011). O trabalho no-
minuído, além da diminuição do risco com feridos. turno pode ser ainda absolutamente necessário para
(Haworth et al, 2002). Bryden (2007) mostrou que evitar grandes problemas no tráfego, especialmente
as colisões com o amortecedor montado na traseira nas estradas que têm ambos os problemas de capaci-
do caminhão em trechos em obras onde se encon- dade e a necessidade de obras (Bryden & Mace, 2002).
tram os amortecedores ou barreiras são muitas ve-
zes mais perigosas que as colisões com o obstáculo
que está sendo protegido. Isso mostra que o amorte- Impacto no meio ambiente
cedor montado na traseira do caminhão em si pode
ser um fator de risco, que deve ser pesado contra o Os impactos dos ruídos e a poluição referente às
risco de quando não se utiliza este tipo de proteção. medidas discutidas neste capítulo não foram docu-
mentadas. Algumas medidas têm demonstrado uma
A separação física entre as pistas ou entre trechos redução da variação de velocidade e das filas, o que
em obras nas rodovias: Consolazio et al. (2003) normalmente reduz as emissões. O trabalho notur-
mostraram que as barreiras de concreto baixas po- no pode provocar ruído, o que pode ser um pro-
dem reduzir o risco de o veículo sair da pista, sem blema para os residentes perto do local das obras
aumentar os riscos de capotamento. viárias.
318 O Manual de Medidas de Segurança Viária
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3 Regulamentação de trânsito
As vias de bairros e cidades antigas foram projeta- Descrição da medida. A moderação (ou reordena-
das para um volume de tráfego menor que o que mento) de tráfego é o uso coordenado de medidas
se tem hoje. As áreas mais antigas não foram plane- de controle de tráfego em uma área maior e definida
jadas de acordo com os princípios da separação e com o propósito de melhorar a segurança viária e
diferenciação da rede viária (Forskargruppen Scaft, as condições ambientais. As medidas mais comuns
1972), que atualmente tem sido a base do planeja- inclusas na moderação (ou reordenamento) de trá-
mento das vias (Statens vegvesen, 2008a). O tráfego fego são:
passa em meio a estas áreas em bairros residenciais.
O tráfego em áreas residenciais aumenta o risco de • proibir o tráfego em ruas/vias de acesso residen-
acidentes e contribui para a insegurança, limitando ciais usando sinalização de trânsito, regulamenta-
a circulação de crianças e pedestres nestes locais. ção das vias e fechamento físico de determinadas
vias;
De modo geral, as melhorias ocorrem em áreas mais • medidas de redução da velocidade nas ruas/vias
necessitadas, onde são aplicadas importantes me- de acesso residenciais tanto usando sinalização de
didas em prol da segurança viária (Hvoslef, 1974; limite de velocidade (que costuma ser de 30 km/h
Christensen, 1988; Statens vegvesen, 2007). Essa nestas áreas) quanto usando medidas físicas (lom-
estratégia nem sempre é capaz de resolver os pro- badas, estreitamento de vias) em conjunto com as
blemas de tráfego se não houver a diferenciação medidas de tráfego;
dos usuários. Em áreas distintivamente residenciais, • regulamentação sistemática das ruas/vias de aces-
a ocorrência de acidentes segue uma distribuição so residenciais para impedir a passagem;
mais aleatória na rede viária do que nas vias prin- • retificação das vias principais, por exemplo na
cipais (OCDE, 1979; Kraay, Mathijssen e Wegman, forma de proibição de estacionamento, tornando
1984). A maioria dos acidentes tem características seguras as paradas de ônibus e bondes, regulari-
próprias, sendo difícil a identificação de padrões na zando a sinalização de interseções e de travessias
acidentalidade. O risco, calculado por meio da taxa de pedestres.
de acidente por milhão de veículos-quilômetro per- • alteração da regulamentação do estacionamento
corridos, é elevado. Para melhor segurança deve-se, nas ruas/vias de acesso residenciais, por exemplo,
portanto, ou diminuir o fluxo de tráfego ou reduzir na forma de estacionamento reservado para os re-
o número de acidentes por meio de intervenções na sidentes.
rede viária.
Outras medidas também podem fazer parte de uma
A moderação (ou reordenamento) do tráfego é o estratégia de moderação ou reordenamento de trá-
uso sistemático dos princípios da separação e di- fego, como a criação de corredores de ônibus, ruas
ferenciação do tráfego em áreas desenvolvidas. A de pedestres ou vias urbanas com áreas de recreação.
utilização da regulamentação do tráfego deverá Estas medidas estão descritas em capítulos separa-
reordená-lo removendo o tráfego de passagem das dos. Este capítulo descreve o impacto sobre os aci-
332 O Manual de Medidas de Segurança Viária
De acordo com esta análise, a redução do número Vis, 1992 (Países Baixos);
de acidentes com feridos em áreas de moderação Engel e Thomsen, 1992 (Dinamarca)*;
de tráfego foi de cerca de 15%, incluindo todas Brilon e Blanke, 1990b (Alemanha)*;
as vias reestruturadas e também as principais vias Brilon e Blanke, 1993 (Alemanha)*;
adjacentes. Blanke, 1993 (Alemanha)*;
Yamanakamet al., 1998 (Japão);
Nas vias adjacentes principais, o número de aci- Agustsson, 2001 (Dinamarca);
dentes com feridos diminuiu em cerca de 8%.Nas Perez, 2006 (Espanha) e
vias locais reestruturadas, o número de acidentes Webster e Layfield, 2007 (Grã-Bretanha).
de trânsito com feridos diminuiu em cerca de 34%.
Um novo estudo dinamarquês envolvendo os im- Os resultados da meta-análise de Bunnet al. (2009)
pactos de projetos de moderação de tráfego envol- encontram-se resumidos na tabela 3.1.2. De acordo
vendo 49 via sem Copenhague aponta uma redução com as análises de Elvik (2001), os resultados mos-
significativa do número de acidentes nas vias locais, tram que a moderação de tráfego (traffik calming)
de 29% (-40; -15), o que corresponde ao efeito indi- proporciona uma redução significativa no número
cado na tabela 3.1.1. Além disso, o estudo constatou de feridos: cerca de 15%. A redução é maior para
que o número de pessoas feridas diminuiu em 23% os acidentes fatais e menor para os acidentes com fe-
(-52; +22) (Jensen, 2007). ridos; porém, os resultados para os acidentes fatais
e para todos os acidentes (acidentes com feridos e
Elvik (2001) comparou os efeitos em estudos rea- acidentes com danos materiais) não são estatistica-
lizados nas décadas de 1970, 1980 e 1990 e não mente confiáveis.
encontrou nenhuma indicação de que os efeitos da
aplicação da moderação de tráfego sejam maiores Um exame mais detalhado das investigações, inclu-
ou menores em cada época. sive na meta-análise de Elvik em 2001, mostra que
a moderação ou reordenamento do tráfego nas vias
Bunnet al. (2009) conduziram uma meta-análise de impactadas pelas medidas de moderação de tráfego
22 estudos do tipo antes- depois que foram contro- faz com que a maior parte do declínio no número de
lados por fatores que interferem na avaliação. Os es- acidentes nas vias residenciais seja atribuída à redu-
tudos são da Alemanha, Reino Unido, Austrália, Paí- ção do volume de tráfego. A queda no número de
ses Baixos, Dinamarca, Espanha e Japão e datam de acidentes nas vias principais deve-se principalmente
1989 a2007. Estudos subsequentes incluídos na meta à redução dos riscos. O tráfego aumenta ligeiramen-
-análise (os estudos que também foram incluídos na te (1-5%) nas vias principais. O aumento do tráfego
análise de Elvik de 2001estão marcados com *): nas vias principais é em média menor que a redução
do tráfego nas vias residenciais (20-30%).
Dalby e Ward, 1981 (Grã-Bretanha)*;
Walker, Gardner e McFetridge, 1989 (Grã-Bretanha)*; Outra explicação para a redução do número de aci-
Walker e McFetridge, 1989 (Grã-Bretanha)*; dentes está na diminuição da velocidade. Conforme
Ward, Norrie, Sang e Allsop, 1989A (Grã-Bretanha)*; uma série de projetos dinamarqueses, os limites mé-
Ward, Norrie, Sang e Allsop, 1989B (Grã-Bretanha)*; dios de velocidade nas vias que receberam interven-
Ward, Norrie, Sang e Allsop, 1989C (Grã-Bretanha)*; ções sofreram redução de 7 a 32% (Fosting e Pape,
Brilon e Blanke, 1990 (Alemanha)*; 1999;Herrstedt, 2004; Nielsen e Lahrmann, 2008).
Fairlie e Taylor, 1990 (Austrália)*; Uma revisão da literatura dos EUA, Reino Unido e
Janssen, 1991 (Países Baixos)*; Alemanha mostra que a velocidade média é reduzi-
Tabela 3.1.2: Impactos da moderação (reordenamento) do tráfego sobre o número de acidentes. Variação porcentual do
número de acidentes. Fonte: Bunnet al., 2009.
da em até cerca de 30 km/h, sendo que a redução da 1999). A moderação de tráfego (traffic calming) nos
velocidade média é de cerca de 15 km/h em muitos EUA, Reino Unido e Alemanha tem levado a uma
projetos (Svensson, 2001). redução na velocidade média de cerca de 15 km/h
(Svensson, 2001).
Bunnet al. (2009) não encontraram alterações no
número de acidentes com pedestres. Nielsen e
Lahrmann (2008) consideram que, em alguns casos, O impacto no meio ambiente
pode haver mais acidentes de trânsito com pedes-
tres devido ao maior fluxo de pedestres e devido ao A moderação de tráfego pode reduzir o ruído, ali-
estreitamento das vias, que reduz a distância entre viando significativamente as residências expostas aos
os automóveis e os ciclistas. impactos sonoros devido a uma redução do tráfego
em vias residenciais e ao controle do tráfego em vias
de pouco movimento. O limite recomendado de ruí-
Impacto sobre a mobilidade do exterior em torno das residências é de 55 dBA
medidos a dois metros da fachada. As medições
O impacto da moderação de tráfego (traffic cal- mostram que é preciso diminuir o fluxo de veícu-
ming) sobre a mobilidade foi examinado em áreas los em cerca de 500 veículos por dia para alcançar
onde ocorreu este tipo de intervenção na Noruega condições satisfatórias. A duplicação ou redução
(Muskaug, 1976a, 1976b, 1983b; Haakenaasen, pela metade do volume de tráfego muda em 3dBA
1981; 1982), Dinamarca (Fosting e Pape, 1999; Herr- o nível médio de ruído. Alterações de 10/08 dBA no
Bramstedt, 2004; Nielsen e Lahrmann, 2008) nos nível de ruído são percebidas como uma duplicação/
EUA, Reino Unido e Alemanha (Svensson, 2001). redução pela metade do nível. Ao reduzir o volume
Diversas pesquisas mostraram que o tempo para de tráfego nas vias de tráfego moderado, podem-se
atravessar áreas que sofreram moderação (reorde- alcançar melhorias significativas, mesmo que com
namento) do tráfego aumenta. Isto porque a regula- reduções relativamente pequenas no número de veí-
mentação das vias aumenta certas rotas, e os novos culos. Os pequenos aumentos correspondentes nas
limites de velocidade e outras medidas de redução de vias principais, que já possuem um elevado volume
velocidade forçam o condutor a dirigir mais devagar de tráfego, proporcionam pouca mudança no nível
ao longo de uma rota específica. O tempo de con- de ruído nessas vias (Øvstedal,1996). A tabela 3.1.3
dução nas rotas selecionadas dentro e fora da área mostra as mudanças alcançadas no nível de ruído em
que sofreu moderação (reordenamento) de tráfego áreas onde houve a aplicação da moderação de trá-
também mostra um ligeiro aumento. Isso pode ser fego (traffic calming) na Noruega (Øvstedal, 1996).
parcialmente devido ao fato de que as áreas com mo-
deração de tráfego (traffic calming) possuem menos A moderação de tráfego (traffic calming) em Ro-
pontos de acesso para outra área de tráfego. Por ou- senborg/Möllenberg em Trondheim em 1976 provo-
tro lado, uma pesquisa realizada na Inglaterra (Dalby cou uma redução de ruído maior que 3 dBA, perce-
e Ward, 1981) mostrou que a aplicação da modera- bida em 425 apartamentos, sendo que deste total 285
ção de tráfego possui pouco impacto no tempo de apartamentos sentiram uma redução de mais de 6 dBA.
condução ao longo das vias principais. Simultaneamente cerca de 70 apartamentos sentiram
um aumento dos níveis de ruído em 3 dBA, como re-
Em áreas com medidas de redução de velocidade, sultado do aumento do tráfego em algumas vias.
a velocidade média foi reduzida em 15 a 25 km/h.
Isto significa um declínio de 5 a10 km/h em relação Em Grønland/Toyen, o tráfego foi significativa-
ao nível anterior à aplicação das medidas. Uma revi- mente reduzido na maioria das vias dentro da área,
são dos projetos de moderação (reordenamento) de mas aumentou ligeiramente em partes da nova rede
tráfego na Dinamarca, onde foram medidas a velo- viária principal. Várias das ruas tiveram uma redu-
cidade média nas vias incluídas em um plano de mo- ção significativa na emissão de ruído. Estima-se que
deração de tráfego antes e depois da implementação cerca de 500 moradores tenham sido beneficiados
das medidas, aponta que a velocidade diminui em 4 pela redução de ruído de 3-4 dBA, cerca de 600 mo-
a 15 km/h, o que corresponde a uma redução de 7 radores sentiram a redução dos níveis de ruído de
a 27% (Herrstedt, 2004). A moderação de tráfego e 5-8 dBA e cerca de 700 sentiram reduções de até
o controle de velocidade em uma área em Gladsaxe, 9-13 dBA. Do total de 8.500 moradores, 1.700 fica-
município na Dinamarca, resultou em uma redução ram expostos aos ruídos, sendo que este índice está
na velocidade média de 19 a 32% (Fosting e Pape, muito abaixo do padrão recomendado. Apenas 200
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 335
Tabela 3.1.3: Impactos da moderação de tráfego na redução do nível dos ruídos em algumas cidades norueguesas. Fonte:
Øvstedal 1996.
Local Redução de Ruído Aumento de ruído
Rosenborg/Møllenberg, Trondheim 285 apartamentos: 6 dBA
70 aptos: 3 dBA
140 apartamentos: 3 dBA
Greenland/Toyen, Oslo 700 moradores: 9-13 dBA
600 moradores: 5-8 dBA 200 moradores: 3-5 dBA
500 moradores: 3-4 dBA
Ruseløkka/Skillebekk, Oslo Taxa de moradores > 60 dBA: de 95 a 65%
Poucas mudanças nas vias principais
Taxa de moradores > 75 dBA: de 18 a 12%
Grünerløkka Oslo Taxa de moradores > 60 dBA: de 87 a 77%
Taxa de moradores > 75 dBA: de 18 a 12%
Eiksmarka, Østerås, Voll em Bærum 2-6 dBA nas vias locais 1-2 dBA nas vias principais
Centro de Sandefjord Até 10 dBA
moradores tiveram agravo da situação ao constata- lume de tráfego, fluxo de tráfego e poluição do ar.
rem um aumento no nível de ruído de 3-5 dBA em Em vias onde houve uma redução significativa do
suas residências. volume de tráfego, o problema da poluição do ar foi
resolvido. Porém, uma vez que se tenha um aumen-
Em Ruseløkka/Skillebekk, a taxa de moradores que to do volume total de tráfego e do tempo de viagem,
são expostos a ruídos na parte externa de sua residên- espera-se um aumento no consumo de combustível
cia de mais de 60 dBA diminuiu de 65-95% nas vias de 7 a 8%. As emissões de CO2 aumentam propor-
locais. Nas vias principais houve pouca mudança. Em cionalmente. As emissões de outros componentes
Grünerløkka a taxa de apartamentos com ruídos aci- que contribuem para a poluição do ar também au-
ma de 60 dBA diminuiu de 87 para 77%. A taxa de mentarão dependendo das condições do tráfego. As
apartamentos com ruídos acima de 75 dBA diminuiu emissões de CO e de HC no congestionamento e em
em12-18%. Em Eiksmarka/Østerås/Voll em Bær um marcha lenta têm aumento relativamente maior que
o nível de ruído diminuiu de 2-6 dBA nas vias locais, as emissões de NOx (Øvstedal, 1996).
mas aumentou de 1-2 dBA nas vias principais.
Tabela 3.1.4: Custos médios de construção para as medidas individuais que muitas vezes são incluídas nos planos de
moderação de tráfego: Fontes: Sørensen, 2011, Erke e Elvik, 2007, Herrstedt, 2004 e Elvik, 1996, 1999.
Medidas Custo necessário para a construção, 2011
Vias para pedestres e ciclovias NOK 6.000-10.000 por metro
Passarela NOK 2.000-8.000 por metro
Isolamento das áreas de pedestres com acesso restrito NOK 5-22.000.000 por passarela
Fechamento físico com cercas e portão NOK 15.000-35.000 por fechamento
Instalação de redutores de velocidade NOK 10.000-30.000 por fechamento
Chicanas NOK 10.000-70.000 por redutor
Pintura de faixa de pedestres NOK 5.000-11.000 por marcação
Construção de travessia elevada de pedestres NOK 60.000-140.000 por construção
Ilha de tráfego NOK 10.000-20.000 por ilha de tráfego
Ampliação da largura do pavimento nas interseções NOK 100.000-200.000 por ampliação
Semaforização nas interseções NOK 1,4-2,4 Mill por cruzamento
Semaforização nas travessias de pedestres em trecho de reta NOK 350.000-450.000 por sinal
Iluminação de travessias de pedestres NOK 250.000-350.000 por cruzamento
Construção de baia de ônibus NOK 200.000-300.000 por ponto de ônibus
Sinalização vertical NOK 2.000-4.000 por reestruturação de tráfego
modas ou desagradáveis. Estas iniciativas também diferentes medidas para a redução de velocidade,
poderão ser tomadas pelo município, como parte do que fazem com que a via seja mais atrativa para pe-
trabalho de adequação dos planos de uso das vias. destres, ciclistas e outras iniciativas que melhorem
o desenvolvimento e a estética locais. Na maioria
dos casos, as vias ambientais reduzem a velocidade
Requisitos e procedimentos formais média e, por isso, também diminuem o número de
acidentes. Para acidentes com vítimas, foi encon-
A moderação de tráfego (traffic calming) exige a ela- trada uma redução média de 35%, que se acredita
boração de um plano de uso das vias em que a rede ser superestimada. As condições de tráfego nas vias
viária na área seja dividida entre vias principais e ambientais são geralmente com prioridade para o
vias locais e em que seja definido o padrão de trá- tráfego local, pedestres e ciclistas, em detrimento
fego desejado. Um plano de uso das vias para uma do tráfego motorizado.
área com moderação de tráfego pode ser concebido
como um zoneamento. Devem ser seguidas as dis-
posições estabelecidas para zoneamento. Problema e finalidades
Não há regulamentações técnicas para a implanta- Em muitas cidades e áreas urbanizadas na Noruega
ção de medidas de moderação de tráfego, porém a existem congestionamentos na via principal devido
regulamentação do tráfego pode ser encontrada em ao tráfego de passagem (Elvik, 1993). Gradualmen-
inúmeros manuais publicados pela Agência Nacio- te foram construídas vias arteriais em muitos luga-
nal de Administração de Vias Públicas da Noruega. res; mas, ainda assim, há muitas áreas urbanas sem
Os mais importantes são os seguintes: Manual 017, tais vias, devido às condições de terreno ou às edi-
Estradas e projetos de rua, Manual 050, sobre o Trá- ficações. Quando o projeto e dimensionamento de
fego, Manual 062, Equipamentos de segurança no uma via principal é mais adaptado ao tráfego de pas-
trânsito, Manual 072, Medição da redução da velo- sagem, o trânsito costuma ser um problema para os
cidade, Manual 115, Análise dos locais de acidentes, moradores e pessoas que convivem com a rotina da
Manual 140, Avaliações dos impactos, Manual 232, via, especialmente quando a velocidade é alta. Um
Facilitação do uso dos transportes, Manual 263, volume de tráfego elevado com velocidade alta leva
Projeto geométrico das rodovias e cruzamentos de a um alto risco de acidente e gera ruído, poluição e
ruas, e Manual 278,Projetos das vias e ruas. insegurança.
Uma via que se torna uma rua de pedestres ou uma O objetivo das vias ambientais é reduzir os conflitos
via em uma área residencial de acesso restrito deve entre a função de tráfego (da via) e a necessidade de
ser reclassificada. Estas vias geralmente são muni- segurança e prosperidade no local. Mais especifica-
cipais. mente, as vias ambientais têm como finalidade redu-
zir a velocidade, permitindo, ao mesmo tempo, que
a mobilidade do tráfego motorizado continue “boa
Responsabilidade pela execução da medida o suficiente”, aumentar a segurança e melhorar as
condições para pedestres e ciclistas, estimular o de-
A responsabilidade pela moderação de tráfego ge- senvolvimento local e melhorar a qualidade visual e
ralmente recai sobre o município, já que a autori- arquitetônica. Outra finalidade pode ser contribuir
dade municipal é responsável pela maioria das ruas para a transferência do tráfego para uma nova via
incluídas em um plano de moderação de tráfego. Há (Statens vegvesen, 2014A; Tor & Bjarte, 2011).
a queixa de que muitos planos de moderação de trá-
fego não são cumpridos. (Stabæk, 1982).
Descrição da medida
3.2 Vias ambientais Uma via ambiental é uma via com permissão de pas-
sagem, mas onde várias medidas reduzem a velocida-
O capítulo foi revisado em 2014 por Alena Høye de do tráfego motorizado e facilitam o deslocamento
(TØI) para pedestres e ciclistas. Uma medida comum em
vias ambientais é a redução da largura da via por um
Uma via ambiental é uma via principal em um mu- longo trecho, além de outras medidas de redução de
nicípio, em geral com tráfego de passagem, com velocidade, como, por exemplo, lombadas e/ou fai-
338 O Manual de Medidas de Segurança Viária
xas de pedestres elevada ou estreitamento alternado de antes-depois, com diferentes grupos de controle,
da faixa de rodagem (ziguezague), calçadões e ciclo- encontraram efeitos sobre o número de acidentes
vias. Outras possíveis medidas são o alargamento da com vítimas entre -21% e +4%. O efeito médio é
calçada em cruzamentos, guia nas laterais da via no uma redução de 14%. Com controle de modelos de
cruzamento para reforçar a preferencial, bolsões de regressão, foram encontrados efeitos entre -27% e
ônibus delimitados por guia, marcação da área de +7%, em que o efeito médio foi uma redução de
estacionamento combinada com a proibição de esta- 9%. Isso sugere que os resultados do estudo original
cionar fora da mesma, refúgios nas faixas de pedes- podem ter sido afetados por modelos de regressão.
tre, colocação de plantas e móveis na calçada, ilhas
e iluminação (Statens vegvesen, 2014A). Com base A velocidade média diminuiu de 54,9 km/h para
nos diferentes grupos de usuário, o limite da veloci- 46,0 km/h. O volume de tráfego diminuiu em média
dade deve ser de 30 km/h ou 40 km/h (Statens veg- em torno de 3,5%. A figura 3.2.1 mostra a relação
vesen, 2014B), mas na prática muitas vias ambientais entre o efeito sobre a velocidade média e o efeito
na Noruega têm um limite de 50 km/h (Statens veg- sobre o número de acidentes, baseada nos estudos
vesen, 2003). Para criar uma aparência esteticamen- listados acima. Quanto maior a queda do índice de
te agradável, utilizam-se materiais de qualidade e de acidente, maior a queda da velocidade. A coluna na
design diferenciado, como diferentes tipos de pedras extremidade esquerda da figura 3.2.1 sugere que
e revestimentos, por exemplo, nos pavimentos e nas o número de acidentes com vítimas aumentou em
faixas de pedestres elevadas. 56% nas cidades, e isso é significativo.
Foram realizadas várias pesquisas sobre os impactos Vias ambientais levam à diminuição da velocidade
das vias ambientais sobre os acidentes. Os resulta- do tráfego de passagem através das áreas urbanas de
dos, apresentados aqui, foram construídos sobre as grande volume de tráfego. Se a velocidade é reduzi-
seguintes pesquisas: da de 50 km/h para 45 km/h ao longo de um trecho
de 500 metros, equivale ao aumento de 4 segundos
Borges, Hansen & Meulengracht-Madsen, 1985 (Di- no tempo de condução. Duas pesquisas (Solberg,
namarca); 1986; Nielsen e Herrstedt, 1993) sugerem que a
Stølan, 1988 (Noruega); velocidade aumenta em vias fora das áreas de gran-
Angenendt, 1991 (Alemanha); de volume de tráfego onde foram contruídas vias
Freiholtz, 1991 (Suécia); ambientais. Ainda verificou-se que a espera para o
Baier et al., 1992 (Alemanha); tráfego nos cruzamentos nas vias laterais pode ter
Schnüll & Lange, 1992 (Alemanha); sido ligeiramente reduzido com a construção de vias
Aakjer-Nielsen & Herrstedt, 1993 (Dinamarca); ambientais, pois uma velocidade mais baixa na via
Herrstedt et al., 1993 (Dinamarca, França); principal torna mais fácil encontrar um intervalo de
Engel & Andersen, 1994 (Dinamarca); tempo adequado para decidir-se cruzá-la.
Wheeler & Taylor, 1995 (Grã-Bretanha) e
Statens vegvesen, 2003 (Noruega).
Impacto no meio ambiente
Estudos mais recentes sobre o efeito de vias am-
bientais sobre o número de acidentes não foram Os impactos das vias ambientais sobre o meio am-
encontradas. Em média foi encontrada uma redu- biente dependem, entre outros, de como essas vias
ção do número de acidentes com vítimas em 35% interferem na velocidade e no volume de tráfego. Ve-
(intervalo de confiança de 95% [-43; -26]) e uma locidade menor e mais suave geralmente resulta em
redução do número de acidentes com danos mate- menos ruído e menos emissões de poluentes. Expe-
riais em 27% (intervalo de confiança de 95% [-36; riências de várias cidades norueguesas sugerem que
-18]). Ambos os impactos são estatisticamente sig- as melhorias têm proporcionado uma base para mais
nificativos. A diminuição dos acidentes pode, entre- atividades ao ar livre e há mais pedestres e ciclistas nas
tanto, ser superestimada, pois em nenhum dos estu- vias ambientais. Algumas medidas em vias ambientais
dos houve controle dos modelos de regressão. Elvik podem, entretanto, levar ao aumento do ruído. Aí in-
(2012) analizou novamente o estudo da Statens cluem-se principalmente faixas de pedestres elevadas
vegvesen (2003) com diferentes métodos. Estudos e pedras no pavimento (www.tiltakskatalog.no).
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 339
80
40
20
-20
-18,9
-40 -35,2
-45,8 -45,4
-60 -55,9
-70,1
-80
Nenhum < 5% 5 - 99% 10 - 14.9% 15 - 19.9% 20 - 49.9% > 25%
Mudança na velocidade média
Figura 3.2.1: Alteração nos acidentes com vítimas como consequência da alteração da velocidade
média.
matéria de zoneamento são tomadas pelo municí- ção de pessoas e o alto volume de tráfego nas vias
pio. Se houver objeções ao plano, qualquer decisão transversais criam muitos conflitos entre o tráfego
poderá ser tomada pela prefeitura. Despesas com as de veículos e o de pedestres, e a alta densidade de
vias ambientais são consideradas como despesas da interseções e vias de acesso.
própria via e são cobertas em conformidade com as
regras das vias públicas para a distribuição de tais Por meio de um planejamento voltado para os usuá-
custos entre o estado, a região e o município. rios não motorizados nas áreas comerciais, dimi-
nuem-se os conflitos entre o tráfego motorizado e
os transeuntes. Isso também facilita a implantação
3.3 Ruas de pedestres–“calçadão” de medidas ambientais, como o plantio de vegeta-
ção e, possivelmente, o comércio ao ar livre duran-
O capítulo foi revisado em 2011 por Astrid Amund- te o verão. Quando uma via é reorganizada para os
sen e Alena Høye (TØI) pedestres, é importante assegurar que os problemas
não sejam transferidos para as vias adjacentes.
Problema e finalidades
Descrição da medida
Em ruas comerciais do centro da cidade, em que o
tráfego de veículos é permitido, o risco de acidentes Considera-se uma área de pedestres uma via onde a
muitas vezes é relativamente elevado. Estudos mais condução motorizada não é permitida, exceto para
antigos da Noruega mostraram que o risco onde há entregas em determinados períodos do dia. As áreas
vias com muitas lojas é 1,3 vez maior que em todas de pedestres são normalmente dotadas de sinaliza-
as outras vias em áreas urbanas (Blakstad, 1990); 1,6 ção de proibição de tráfego de veículos em ambas as
vez maior que o risco em todas as vias de uma mes- extremidades de sua extensão, exceto para as entre-
ma cidade (Hvoslef, 1980), e 3,9 vezes maior que gas devidamente sinalizadas. É comum a constru-
nas vias nacionais como um todo (Muskaug, 1981). ção de áreas de pedestres, de modo que a distinção
Nas vias centrais, os riscos são 2,8 vezes maiores que entre a via pavimentada e a calçada desapareça; as
nas vias nacionais como um todo (Muskaug, 1985). áreas de pedestres normalmente são pavimentadas.
O alto risco de acidentes nos centros comerciais Com base nestes estudos, tem-se uma melhor esti-
com tráfego misto tem várias razões: as manobras de mativa do impacto da construção de áreas de pedes-
estacionamentos e de carga/descarga criam muitas tres sobre os acidentes, o que se especifica na tabela
situações complexas de trânsito; a grande circula- 3.3.1 para diferentes ambientes.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 341
Tabela 3.3.1: O impacto nas áreas de pedestres quanto ao número de acidentes. Variação porcentual do número de
acidentes:
Áreas de pedestres proporcionam um forte declínio áreas de pedestres (Frøysadalet al.,1979). Nas vias
no número de acidentes. Esta diminuição deve-se adjacentes, o aumento do nível de ruído foi em tor-
principalmente a uma redução acentuada do tráfego no de 3 dB. Em Odda, registrou-se um número bem
motorizado. No entorno dessas vias há uma tendên- menor de habitantes e comerciantes incomodados
cia, estatisticamente não significativa, de aumento com ruídos após o estabelecimento das áreas de pe-
dos acidentes. Com a utilização da área de pedes- destres (Frøysadalet al., 1979). Considerando uma
tres, os acidentes decrescem. Os estudos não apre- área de pedestres, acredita-se que as condições para
sentam o controle do volume de tráfego e, portanto, os usuários de veículos e serviços de carga/descarga
não dizem nada sobre a segurança. Estima-se, ain- tenham piorado após a regulamentação das referi-
da, que os estudos sobre a implantação de áreas de das vias, ainda que os lucros não tenham diminuído.
pedestres sejam, em parte, focados em áreas onde Em Prästgatan (Ostersund), a concentração de mo-
antes havia um número elevado de atropelamentos. nóxido de carbono por metro cúbico de ar nas áreas
Portanto, espera-se um impacto menor em locais de pedestres foi reduzida em 75% após a mudança
onde os atropelamentos eram um problema menos (Lillienberg, 1971). A emissão de vários outros ga-
evidente. ses também foi reduzida.
Não foram encontrados estudos relacionando a mo- Os custos com a reestruturação de uma área de pe-
bilidadee as áreas de pedestres. As áreas de pedes- destres variam de acordo com as condições locais.
tres também beneficiam, além dos próprios pedes- O principal custo com a construção de uma área de
tres, os ciclistas, de modo que os conflitos com o pedestres é a reestruturação do local que será trans-
tráfego motorizado desaparecem ou são minimiza- formado. Os custos unitários variam de acordo com
dos. As condições de entrega de produtos também a quantidade, tipo e qualidade do material.
podem melhorar, ou seja, não há competição com os
clientes das lojas por vaga de estacionamento para a Considere uma ampla rua de 8 metros que deve
realização da entrega, por exemplo. A disponibili- sofrer modificações ao se transformar em área de
dade de comércio em áreas de pedestres restringe pedestres; os custos totais estimam-se em aproxima-
aqueles clientes que desejam ter acesso de carro até damente NOK 800.000, com base tanto nos custos
a porta do estabelecimento comercial. Se as áreas de unitários quanto nas informações de Trondheim
pedestres contribuem para o aumento do volume de de 1990 (Øvstedal, 1996). Isso não inclui todo o
tráfego nas vias adjacentes, as condições de fluxo trabalho de reestruturação da área de pedestres.
nessas vias podem piorar. Não foram encontrados Quaisquer atividades de plantio de vegetação, por
estudos que possam confirmar ou refutar estas su- exemplo, não se incluem neste caso. Não foram en-
posições. contrados mais dados recentes relativos aos custos
da construção de áreas de pedestres.
que tenha um VDMA de 5.000 veículos e 1,1 milhão de 2008) e de sinalização (Statens vegvesen, Hån-
de acidentes por veículo por quilômetro percorrido dbok050, 2009), os princípios para o projeto e sina-
seja convertida em uma área de pedestres, supondo- lização de áreas de pedestres foram apresentados e
se que 40% do tráfego seja transferido para uma via ilustrados na literatura citada. Por meio da criação
adjacente com um VDMA anteriormente de 3.000 de uma área de pedestres, a paisagem urbana passa
veículos e uma taxa de acidentes de 0,6 acidentes a ter maior destaque; por outro lado, o fechamento
com ferido por milhão de veículos por quilômetro de uma via ao tráfego motorizado afeta os padrões
percorrido; assume-se que 40% do tráfego tenha de- de trânsito nas vias do entorno, que devem ser in-
saparecido. O declínio total do volume de tráfego na cluídas no plano de intervenções da área de pedes-
área de pedestres é, portanto, de 80%. Prevê-se que tres. Geralmente é necessário desenvolver um novo
o número de acidentes diminua em 60% nas áreas zoneamento da área. O município tem autoridade
de pedestres e tenha um aumento de 50% nas vias reguladora e autonomia para a aprovação dos refe-
adjacentes, em que o volume de tráfego aumenta. ridos planos.
Os custos ambientais declarados, tanto das áreas de
pedestres quanto das vias adjacentes, mudaram pro-
porcionalmente às alterações do volume de tráfego. Responsabilidade pela execução da medida
À construção das áreas de pedestres foi atribuído um
custo de NOK 4 milhões dos orçamentos públicos. De modo geral, as áreas de pedestres têm âmbito
municipal. Na maioria dos casos, os custos com a
Com base nestes pressupostos, a economia estimada construção e manutenção das referidas áreas de
de custos de acidentes é de NOK 23,1 milhões. A pedestres são de responsabilidade do município.
estimativa de perda de benefício devido ao tráfego A área para pedestre é introduzida com a placa de
desviado é de NOK 14,3 milhões. A economia de trânsito 548 – Pedestre.
custos ambientais estimada é de NOK 6,1 milhões.
O benefício total estimado é de NOK 14,9 milhões.
Estima-se que o custo econômico da medida seja de 3.4 Áreas de Recreação
NOK 4,8 milhões. Os benefícios, neste caso, são sig-
nificativamente maiores que os custos. O capítulo foi revisado em 2011 por Astrid Amund-
sen e por Alena Høye (TØI)
Isso não significa necessariamente que qualquer
via comercial deva ser convertida em uma área de
pedestres. Em muitos lugares o carro pode ser ne- Problema e finalidades
cessário como base para as atividades comerciais,
como, por exemplo, em postos de gasolina e em al- As vias urbanas em áreas residenciais muitas vezes
gumas lojas que vendem artigos de grande volume têm uma função social. O aumento do tráfego e da
ou elevado peso, como lojas de móveis. demanda por estacionamento a ele associada pode
reduzir esta função social (Appleyard e Lintell,
1972; Rasmussen, 1990). Uma pesquisa norueguesa
Responsabilidade e procedimentos formais (Blakstad e Giæver, 1989) mostrou que o risco de
acidentes com feridos por milhão de veículos por
Iniciativa para a medida quilômetro nas vias de acesso a essas áreas é cer-
ca de duas vezes maior que o das vias urbanas em
Iniciativas para a criação de áreas de pedestres po- aglomerações intermediárias e cerca de 2,5 vezes
dem ser tomadas pelas autoridades municipais ou a maior que nas vias principais em aglomerações. Um
partir de um órgão competente. Os moradores tam- estudo dinamarquês (Greibe, 2003) mostrou que as
bém podem ter interesse em reduzir o impacto do áreas urbanas com muitos condomínios apresentam
grande movimento de veículos. risco 1,5 vez maior, uma vez que há grande aglome-
ração de pessoas.
em áreas de recreação melhora o ambiente e aumen- tráfego baseada nos princípios SCAFT pode ser uma
ta a segurança viária, além de reduzir a velocidade. condição necessária para a construção de áreas de re-
O propósito das áreas de recreação é proporcionar creação. O bairro de Møllenberg, na cidade de Tron-
aos residentes um ambiente externo que seja segu- dheim, levou seus residentes a iniciar construções
ro e atrativo; sem isso, o ambiente será bem menos de áreas de recreação depois que a área sofreu uma
cômodo. reordenação de tráfego. Quando as vias possuem trá-
fego de passagem, torna-se difícil construir áreas de
recreação que funcionem como o pretendido.
Descrição da medida
As áreas aqui mencionadas foram construídas a par-
A área de recreação é uma medida cuja finalidade tir de áreas residenciais que abrangiam uma parte
é de preferência, promover a estada e a recreação maior da cidade em bairros da Noruega nos anos
das pessoas em lugares onde o tráfego motorizado 70. Essas áreas de recreação são delimitadas pelos
tenha um alcance limitado. As áreas de recreação sinais de trânsito 540 e 542. Segundo as normas de
com tráfego moderado são uma mistura de usuá- sinalização (Statens vegvesen, Håndbok 050, 2009),
rios de tráfego, incluindo pedestres, e elas podem as áreas de recreação podem ser definidas como tal
ser incluídas como um dos vários instrumentos que apenas se atenderem as seguintes configurações:
podem ser usados no reordenamento do tráfego de
uma área. • a área não tem tráfego de passagem;
• nenhuma via residencial dentro da área de recrea-
As áreas de recreação podem ser equipadas com ção está a mais de 300 metros da saída desta área;
plantas, caixas de areia, playgrounds, mesas e ban- • a divisão entre a pista de rolamento e as calçadas
cos, entre outros equipamentos, conforme a neces- é removida;
sidade. As vias não devem ser retilíneas e não devem • são introduzidas medidas de redução da velocida-
ser marcadas por meios-fios ou outra diferença en- de, lombadas, nas passagens de veículos;
tre a altura da faixa de rolamento e os demais espa- • espaços de estacionamento para veículos têm si-
ços. Os locais de estacionamento devem ter sinaliza- nalização especial;
ção específica. A entrada nessas áreas e a saída delas • as entradas para as áreas e as saídas delas devem
devem ocorrer acima da altura do meio-fio e estas apresentar desnível.
áreas não deveriam ter tráfego de passagem.
Não foram encontrados estudos sobre a quantidade
Este capítulo também discute áreas de estar e de la- de áreas de recreação construídas na Noruega.
zer, adaptação do termo dinamarquês para as áreas
de recreação. As áreas de estar e de lazer devem ter As áreas de recreação são semelhantes ao “espaço
uma sinalização que indique o limite de velocidade compartilhado” ou à “área de uso comum” (veja o
em 15 km/h e deve haver medidas de redução de capítulo 3.24). A principal diferença é que os espa-
velocidade a cada 50 metros. ços compartilhados tendem a localizar-se no centro
das cidades, de modo que os usuários da via não
As áreas de recreação devem basear-se primeira- são somente os residentes, podendo ocorrer, assim,
mente em medidas ambientais, embora essas medi- o conflito entre os diferentes grupos de usuários.
das melhorem também a segurança viária. A idéia Pequenas aplicações têm sido utilizadas em áreas
dessas áreas teve origem nos Países Baixos, onde com VDMA de 2.000 a cerca de 15.000 veículos.
foi lançada como uma alternativa para os princípios Nas áreas de recreação, o número de veículos deve
SCAFT (Stadsbyggnad, Chalmers, Arbetsgruppen ser menor do que este.
För Trafiksäkerhet) para separação e diferenciação
da rede viária (Kraay, Mathijssen e Wegman, 1984).
Estes princípios podem ter sido parcialmente criti- Impacto sobre os acidentes
cados, pois uma divisão funcional rigorosa do sis-
tema viário pode criar um ambiente de lentidão de Os impactos das áreas de recreação sobre os aci-
tráfego. dentes foram pesquisados na Noruega (Muskaug,
1983), na Alemanha (Kahrmann, 1988), nos Países
Na prática não há necessariamente qualquer contra- Baixos (Janssen e Verhoef, 1989) e na Dinamarca
dição entre os princípios SCAFT e as áreas de recrea- (Engel e Krogsgaard Thomsen, 1990). A maioria
ção. Ao contrário, uma excelente reordenação do das pesquisas envolvia áreas de recreação com reor-
344 O Manual de Medidas de Segurança Viária
denamento de tráfego em projeções mais extensas mais agradável ser um pedestre ou um ciclista nessas
e confiáveis, incluindo a aplicação de medidas de ruas e geralmente deixam seus filhos brincarem fora
moderação de tráfego. de casa (Muskaug, 1983).
As melhores estimativas sobre o impacto das áreas Pode haver vários carros estacionados nas áreas
de recreação com relação ao número de acidentes de recreação. Em Sofienberg, houve um aumento
mostram uma redução em 25% (-45; -5) nos aciden- do tempo de estacionamento. Foram demarcadas,
tes com feridos e uma redução de 20% (-40; +5) por exemplo 100 vagas para estacionamento, mas já
nos acidentes envolvendo danos materiais. Estes houve casos de haver 200 carros estacionados nessas
impactos aplicam-se somente às vias que são trans- áreas de recreação. (Muskaug, 1983).
formadas em áreas de recreação, e não à área total
do tráfego. O declínio dos acidentes deve-se prova-
velmente à combinação da redução do volume de Custos
tráfego e da velocidade. Isso coincide com o fato
de que as áreas de recreação podem ser intencional- Os gastos com conversão em áreas de recreação va-
mente usadas como espaços de bem-estar. riam muito, dependendo, entre outros, do tamanho
das áreas e do padrão das medidas. O principal cus-
to com os recursos de construção dessas áreas de
Impacto na mobilidade recreação é a reestruturação do revestimento.
As áreas de recreação podem reduzir a mobilidade Se uma rua de 8 por 200 metros for convertida, além
para condutores de automóveis, porém podem au- da fixação de seis placas de trânsito, o custo total
mentar a mobilidade nas áreas de passeio e para os estimado será de NOK 800.000, baseado no custo
ciclistas. O volume de tráfego motorizado diminuiu unitário e nas informações de Trondheim, muni-
significativamente em duas áreas de recreação em cípio de Sommeren, 1990 (Øvstedal, 1996). Além
Sofienberg e em Sandefjord. A velocidade foi re- disso, consideram-se também os custos de planeja-
duzida para 15 a 25 km/h, uma redução de cerca mento da área e de plantios e jardinagem.
de 20% em relação ao nível de velocidade anterior,
além do fato de muitos condutores terem deixado A manutenção das áreas de recreação no inverno
de usar as vias (Muskaug, 1983). A proporção de pode ser mais cara do que a manutenção das outras
pedestres em atividades de lazer nas ruas aumentou ruas da cidade na mesma época, por ser mais difícil
nas áreas de recreação. A duração média do tempo o uso de máquinas de neve (Amundsen, 1984). As
de atividades externas nestas áreas aumentou en- áreas de recreação devem ser planejadas de modo a
tre 10 e 30%. Em ruas comparáveis, sem áreas de evitar o acúmulo de neve, o que tem impacto sobre
recreação, o tempo de permanência registrado nas os custos de manutenção (Amundsen, 1984).
ruas é entre 10 a 30% menor. As áreas de recreação
podem gerar atrasos e reduzir a mobilidade para os Um levantamento das despesas com as áreas de re-
veículos de emergência e de manutenção. creação no inverno (Amundsen, 1984) mostrou que
a despesa geral, sem a remoção da neve, é de NOK
0,14 a 6,87 por metro quadrado. Com a remoção
Impacto no meio ambiente da neve, gastava-se mais do que o dobro, ou seja,
mais de NOK 16 por metro quadrado. Há, portan-
Não foram encontradas pesquisas documentan- to, muito que se economizar ao projetar as áreas de
do os impactos das áreas de recreação em relação recreação de modo a eliminar a necessidade de re-
à limpeza, ruídos e poluição do ar. A implantação moção da neve, ou então de forma que a necessida-
de áreas de recreação normalmente gera uma dimi- de de executar essa atividade seja menos frequente
nuição da velocidade e a redução do porcentual de (Amundsen, 1984).
trânsito pesado. Isso pode contribuir para menos
ruídos (Haakenaasen, 1982).
Avaliações de custo-benefício
As áreas de recreação recriam áreas comuns ao ar li-
vre, convidativas à recreação e às atividades sociais. Não foram encontradas pesquisas sobre a análise de
Isso implica na melhoria da qualidade de vida nes- custo-benefício das áreas de recreação da Noruega.
ses ambientes. As pessoas consideram mais fácil e A rentabilidade econômica do projeto é desconheci-
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 345
da. Para se ter uma ideia da extensão deste trabalho, de planejamento são fornecidos nos seguintes livros
em 1997 foi elaborado um exemplo de cálculo. Ele publicados pela Agência Nacional de Administra-
suponha uma via de acesso com um VDMA de 500 ção de Vias Públicas da Noruega: Håndbok 017,
veículos e uma taxa de 1,1 acidente com feridos por Estrada e projeto de ruas; Håndbok 050, Sinaliza-
milhão de veículos/km convertida em áreas de re- ções do trânsito, e Håndbok 072, Medidas de redu-
creação. Supõe-se que o número de acidentes com ção da velocidade em áreas de recreação. Hoem et
feridos caia 25% e o número de acidentes envol- al. (1979) e Dyring e Bettum (1982) também discu-
vendo danos materiais 20%. Assume-se que a velo- tem os princípios para o planejamento de áreas de
cidade diminuiu de 30 para 20 km/h. Velocidades recreação, bem como o custeio das várias medidas.
baixas neste patamar causam aumento tanto dos
custos operacionais dos veículos quanto da emissão
de poluentes. Não obstante, presume-se que o be- Responsabilidade pela execução da medida
nefício ambiental chegue a NOK 0,09 por veículo/
km (Grue, Langeland e Larsen, 1997). Este ganho As despesas de reordenamento para a implantação
corresponde ao aumento do valor dos imóveis, bem de áreas de recreação são geralmente pagas pelo
como à redução de 1 veículo/km de condução nas município. O governo estadual em alguns casos
proximidades das residências projetadas para a ci- fornece subsídios para estas iniciativas. As áreas de
dade de Oslo. Espera-se que o incremento do valor recreação normalmente estão em vias municipais. O
das moradias se reflita em benefícios sociais, tais município cobre os custos com a manutenção. Em
como o aumento da sensação de segurança, maior alguns casos, os responsáveis são obrigados a rea-
oportunidade para deixar as crianças brincando so- lizar determinadas manutenções durante o período
zinhas fora de casa e menores níveis de ruídos. de inverno (Amundsen, 1984).
acesso da forma mais segura possível e distribuindo veículo. Os resultados deste estudo mostram um
o tráfego entre as vias de ligação de tal forma que os aumento no número de acidentes com mais de um
riscos de acidentes sejam minimizados. veículo com o aumento do número total de acessos;
tem-se também o aumento de acidentes envolven-
do um único veículo com o aumento do número de
Descrição da medida acessos para áreas residenciais. Quando há um au-
mento do número de acessos a postos de gasolina,
Este capítulo descreve a relação entre o número de revela-se, no entanto, uma redução no número de
acessos e o número de acidentes. Além disso, tem-se acidentes envolvendo um único veículo. A expli-
a descrição das seguintes medidas: cação, de acordo com os autores, é que os postos
de gasolina são muito iluminados e a maioria dos
• Construção de rodovias sem acessos; acidentes com um único veículo acontece durante
• Fechamento de acessos; a noite. A redução dos acidentes seria um reflexo,
• Fusão de acessos; portanto, principalmente das condições de ilumina-
• Acessos mais bem projetados. ção e não da presença do acesso em si.
Não há estatísticas norueguesas que mostram o im- O aumento dos acidentes com o aumento do nú-
pacto dessas medidas. mero de acessos também foi encontrado em um
levantamento sobre o risco nas rodovias noruegue-
sas durante o período 1977-1980 (Muskaug, 1985).
Impacto sobre os acidentes Esta pesquisa não foi atualizada para toda a rede
rodoviária nacional, mas uma pesquisa similar mais
Correlação entre o número de acessos e o número de recente, abrangendo uma variedade de trechos ro-
acidentes doviários, apresentou a mesma tendência (Blakstad
e Giæver, 1989). Com base no estudo de Muskaug
A correlação entre o número de acessos em um tre- (1985), a relação entre o número de acessos por qui-
cho de rodovia e o número de acidentes foi exami- lômetro de rodovia e o risco relativo de acidentes
nada por: é apresentada na figura 3.5.1. A taxa de acidentes
(número de acidentes por milhão de veículos-km)
Vogt e Bared, 1998 (EUA); neste estudo é de 0,11 para rodovias de Classe B.
Wang, Hughes e Stewart, 1998 (EUA); A figura 3.5.1 mostra também a relação entre o nú-
Ivan, Wang e Bernardo, 2000 (EUA) e mero de acessos e o risco de acidentes com base nos
Cafiso, Di Graziano, Di Silvestro, La Cava e Per- resultados combinados dos quatro estudos previa-
saud, 2010 (Itália). mente descritos.
4 4,3
4,0
3,5
3
2,6
2,5 2,5
2
1,9 1,7
1 1,2 1,3
1,0 1,1
0,7
0
Nenhum Nenhum 0-5 6-10 11-15 16-30 Acima de Centro
acesso - acesso - acessos acessos acessos acessos 30 acessos (acima de
rodovia A rodovia B por km por km por km por km por km 50 acessos
por km)
outras rodovias locais. A construção de uma rodovia O fechamento de acessos e a redução do tráfego as-
sem acessos não necessariamente contribui para a sociada à medida reduzem o número de acidentes
uma diminuição do número de acidentes, porque com feridos em torno de 25-30%, quando a den-
geralmente há um aumento no volume de tráfego. sidade de acessos é reduzida para cerca da metade
do número original. Salienta-se que estes números
referem-se à redução da densidade de acessos junta-
Fechamento de acessos mente com o tráfego associado a eles.
Acessos mais bem projetados A remoção ou fusão dos acessos pode dificultar a
acessibilidade para os condutores de áreas resi-
A importância do projeto de acessos individuais denciais adjacentes à rodovia. Em alguns locais, os
sobre o nível de risco foi investigada em um estu- acessos foram desativados dando lugar à construção
do norueguês (Hovd, 1979). A pesquisa levou em de ciclovias e caminhos para pedestres, permitindo
conta a extensão dos acessos e o raio da curva e o acesso à rodovia e a outras propriedades. Isso é
constatou que o aumento da extensão do taper de adotado apenas em lugares onde há relativamente
acesso na rodovia principal não reduz o número poucas propriedades que utilizam as vias de pedes-
de acidentes nos acessos. O aumento do compri- tres e as ciclovias como acesso à rodovia.
Tabela 3.5.2: Riscos nos acessos com diferentes densidades, dependendo do volume de
tráfego nas saídas. Fonte: TØI.
o gerenciamento do tráfego se todas as interseções Por volta de 1970, a maior parte da rede nacional de
forem reguladas pela regra de preferência de quem vias/rodovias em áreas rurais na Noruega tinha re-
vem pela direita, que parece ser uma regra não efi- gulamentada a prioridade de passagem (Amundsen,
caz principalmente em interseções entre uma via de 1973A, 1973B). Nas pequenas e grandes cidades na
fluxo intenso e outra com pouco tráfego (Johannes- Noruega, grande parte da rede viária ainda é regu-
sen, 1984). Quase metade dos condutores dirige nas lada pela regra de prioridade de quem vem pela di-
vias mais congestionadas como se tivessem priori- reita. Por volta de 1990, a proporção da rede viária
dade de passagem em relação às vias com menos nas cidades de Oslo, Trondheim, Stavanger, Tromsø
tráfego nas interseções. Se devidamente respeitada e Larvik quanto à regulamentação de prioridade
nas pequenas e grandes cidades, a regra de priorida- de passagem variava entre 10% e 15% (Elvestad,
de de quem vem pela direita impõe atrasos, já que Freiesleben, Poutanen, Thormar e Helmers, 1991).
o fluxo mais intenso pode ser obrigado a dar prio-
ridade para quem vem pela direita, favorecendo a
formação de filas e a redução da fluidez do tráfego. Impacto sobre os acidentes
Tabela 3.6.1: Alterações de velocidade devido à regulamentação da prioridade de passagem. Velocidade média em km/h.
Tentativas (km/h) Controle (km/h) Alterações na
Pesquisas Local
Antes Depois Antes Depois porcentagem
Tabela 3.6.2: Mudanças no cumprimento das regras de preferência em interseções e passagens de pedestres nas vias em que
se introduziu a regulamentação de prioridade de passagem. Porcentagem dos que cumprem as regras de preferência.
interseções em que uma via é mais larga do que a danos materiais por milhão de veículos nas vias de
outra ou apresenta um volume de tráfego significati- acesso são 1,8 vez mais altas nas interseções em X
vamente maior. Nesses casos, o cumprimento da re- reguladas apenas pela regra da preferência de pas-
gra de preferência de passagem nas interseções tor- sagem para quem vier pela direita que nas interse-
na-se prejudicado. Apenas cerca de 50 a 60% dos ções em X reguladas com sinalização de preferência
usuários da via obedecem a regra da preferência de de passagem. As taxas de acidentes nas interseções
passagem nas interseções. A falta de clareza sobre a em T reguladas apenas pela regra da preferência de
preferência de passagem para quem vem pela direi- passagem para quem vier pela direita são 3,4 vezes
ta nas interseções pode induzir a comportamentos mais altas que nas interseções em T reguladas com
de risco e provocar acidentes. sinalização de preferência de passagem. (Erke e El-
vik, 2006).
Com o aumento do tráfego nas interseções regu-
ladas pela regra da preferência de passagem para A figura 3.7.1 mostra as proporções de todos os
quem vier pela direita, muitas vezes ocorrem si- boletins policiais de acidentes com vítimas fatais na
tuações dúbias, ou seja, a preferência de passagem Noruega entre 1995 e 2000. Não há informações re-
não é clara. Há situações em que certo número de centes sobre o tipo de interseção em que ocorreram
condutores deve, mutuamente, ceder a passagem e, os acidentes registrados. Para limites de velocidade
com isso, muitos condutores ficam em dúvida so- de 30 km/h, há uma maior probabilidade de que
bre como agir (Bjørnskau, 1994). O fluxo de tráfe- o condutor seja morto em interseções reguladas
go torna-se instável e lento. Isso pode gerar atrasos, apenas pela regra da preferência de passagem para
especialmente para quem atravessa uma avenida de quem vier pela direita do que em interseções regu-
uma cidade ou bairro onde há muitas interseções. ladas com sinalização de preferência de passagem.
Para limites de velocidade mais elevados, a pro-
Nas interseções reguladas apenas pela regra da pre- porção de mortes é maior em interseções reguladas
ferência de passagem para quem vier pela direita, com sinalização de preferência de passagem. Nesses
os custos dos acidentes com danos materiais são casos, a maioria das vítimas tinha o direito de pas-
normalmente maiores do que nas interseções com sagem. Nestes resultados foram incluídos todos os
a preferência sinalizada. As taxas de acidentes com tipos de veículos, bem como os pedestres.
5%
4%
3%
2%
1%
0%
30 50 60 70 80
go. A obrigatoriedade de parada em uma interseção de parada obrigatória nas quatro vias de aproxima-
visa melhorar a segurança, dando aos condutores ção de uma interseção. Nessas interseções, o fluxo
mais tempo para a observação do tráfego, principal- é regulado por meio da regra de que o primeiro a
mente em condições desfavoráveis de visibilidade. chegar é o primeiro cruzar.
São instaladas placas de parada obrigatória ao longo Há uma série de estudos sobre o impacto dos aci-
das laterais das vias onde os condutores são obriga- dentes com a instalação de sinalização de parada
dos a parar. A placa é complementada com sinaliza- obrigatória nas interseções. Os resultados aqui apre-
ção horizontal de retenção na faixa de rolamento. sentados são baseados nas seguintes investigações:
A Regulamentação das Placas de Sinalização para
sinalização de parada obrigatória abrange as placas Pegrum, Lloyd e Willett, 1972 (Austrália);
204, que indicam os sinais de “Pare”, precedidas pe- Andersson, 1982 (Países Nórdicos);
las placas 202, de alerta de redução de velocidade, e Cedersund, 1983 (Suécia);
as placas 824, de “Aviso Antecipado de Parada”. A Rosenbaum, 1983 (EUA);
placa 204 regulamenta a condição de preferência na Polus, 1985 (Israel);
interseção, da mesma forma que a placa 202 indica Frith e Harte, 1986 (Nova Zelândia);
a obrigatoriedade de parada completa do veículo Lovell e Hauer, 1986 (EUA e Canadá);
antes de entrar na interseção as normas (Statens ve- Frith e Derby, 1987 (Nova Zelândia);
gvesen, Håndbok 050, 2009) indicam que a sinali- Trafiksäkerhetsverket, 1988 (Suécia);
zação deve ser usada com bastante cautela para que McGee e Blankenship, 1989 (EUA);
produza um resultado dentro do esperado. A sinali- Brüde e Larsson, 1990 (Suécia);
zação de parada obrigatória deve ser usada somente Brüde e Larsson, 1992 (Suécia);
nos seguintes casos: Kulmala, 1995 (Finlândia);
Helberg, Hemdorff, Højgaard, Lund e Ludvigsen,
1. Em interseções onde a visibilidade é totalmen- 1996 (Dinamarca) e
te inadequada; em áreas urbanas em locais com Persaud, Hauer, Retting, Vallurupalli e Mucsi, 1997
histórico de acidentes devido ao desrespeito à (EUA).
preferência de passagem ou devido ao excesso de
velocidade. Os resultados diferem substancialmente. As estima-
2. Em interseções onde é absolutamente necessário tivas aqui apresentadas referem-se ao impacto da
que os condutores parem para ter uma visão ge- instalação de sinalização de parada obrigatória em
ral da área da interseção ou da situação do tráfe- interseções nas quais os efeitos da regressão para a
go antes de iniciarem o cruzamento, ainda que a média e da tendência de longo prazo foram contro-
visibilidade seja satisfatória. lados. Os resultados são mostrados na tabela 3.8.1.
Tabela 3.8.1: Impactos da sinalização de parada obrigatória sobre o número de acidentes. Variação porcentual do número
de acidentes.
Um estudo sueco (Henriksson, 1992) mediu o atra- A regulamentação da parada na interseção consiste
so médio por veículo em uma interseção em X com na instalação de sinalização de parada obrigatória.
sinalização de parada obrigatória nas duas aproxi- Os custos das placas e sinalização horizontal com-
mações transversais, chegando ao valor de cerca plementar estão em torno de NOK 2.000 a 5.000
de 7 segundos. Em interseções com sinalização de por interseção. Além disso, há custos menos conhe-
parada total (em todas as suas aproximações) o cidos, de análise dos acidentes, inspeções e outros
atraso médio por veículo foi estimado em aproxi- procedimentos.
madamente 11 segundos. Em uma interseção com
o mesmo volume de tráfego, semaforizada em vez
de regulada com sinalização de parada obrigatória, Avaliações de custo-benefício
o atraso médio por veículo seria da ordem de 12 se-
gundos. Não foram encontradas novas análises norueguesas
sobre o custo-benefício da implantação de sinaliza-
ção de parada obrigatória em interseções. Para de-
Impacto no meio ambiente monstrar o impacto potencial da medida, em 1997
foi elaborado um exemplo de cálculo. O exemplo
Uma pesquisa de campo sueca (Henriksson, 1992) aplica-se a duas formas da medida: (1) sinalização
revelou que a sinalização de parada obrigatória alte- de parada obrigatória na via secundária de uma
ra as emissões veiculares de HC, CO, CO2 e NOx. interseção em T em áreas rurais e (2) sinalização
As emissões resultaram de 10 a 20% maiores em in- de parada obrigatória nas quatro aproximações de
terseções com obrigatoriedade de parada em todas uma interseção de quatro pernas em área urbana.
as aproximações se comparadas àquelas com obri- A última medida não é aplicada na Noruega, mas
gatoriedade de parada em apenas duas das quatro foi incluída para mostrar seus possíveis efeitos. Os
aproximações. As emissões em outras formas de cálculos são realizados a partir das seguintes pre-
regulamentação do direito de passagem em interse- missas:
358 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• Para o primeiro caso, assume-se um VDMA de mais apropriadas a partir de uma avaliação global
5.000 veículos, dos quais 20% correspondem ao dos impactos sobre a segurança viária, mobilidade e
tráfego na via secundária. A taxa de acidentes condições ambientais.
considerada é de 0,10 acidente com ferido por
milhão de veículos cruzando a interseção. Estima-
se uma redução de 20% no número de acidentes Responsabilidade e procedimentos formais
com feridos e de 10% no número de acidentes
envolvendo danos materiais. Foram estimados Iniciativa para a medida
5 segundos de atraso para os veículos da via se-
cundária. É esperado que as emissões de gases As iniciativas para a medida geralmente são toma-
aumentem, de modo que os custos ambientais se- das pelo departamento das vias regionais ou mu-
riam de NOK 0,05 por veículo que se aproxima nicipais.
na via secundária.
• No segundo caso, assume-se um VDMA de 7.500
veículos, dos quais 40% correspondem ao tráfego Requisitos e procedimentos formais
nas vias secundárias. A taxa de acidentes consi-
derada é de 0,20 acidente com ferido por milhão Os critérios formais para a introdução de sinaliza-
de veículos cruzando a interseção. Estima-se uma ção de parada obrigatória em interseções são padro-
redução de 45% no número de acidentes com fe- nizados (Statens vegvesen, Håndbok 050, 2009). A
ridos e de 35% no número de acidentes envolven- análise dos acidentes e a realização de inspeções nas
do danos materiais. Foram estimados 9 segundos interseções são muitas vezes necessárias para verifi-
de atraso para os veículos das vias secundárias. É car o cumprimento dos critérios para a implantação
esperado que as emissões de gases aumentem, de da medida.
modo que os custos ambientais seriam de NOK
0,09 por veículo que se aproxima em cada via se-
cundária. Responsabilidade pela execução da medida
• Para o primeiro caso, tem-se a economia com
custos de acidentes (valor presente de 10 anos) Os custos para a implantação de sinalização de pa-
estimada em NOK 690.000. Os custos com o rada obrigatória em interseções são de responsabili-
aumento do tempo de viagem são estimados em dade do órgão gestor da via, que pode ser estadual
NOK 356.000 e os custos adicionais da poluição ou municipal.
do ar, em NOK 128.000. O benefício total é esti-
mado em NOK 205.000. O custo de implantação
da medida é estimado em NOK 30.000 por inter- 3.9 Controle semafórico em
seção. Os benefícios são, portanto, maiores que interseções
os custos.
• Para o segundo caso, tem-se a economia com cus- O capítulo foi revisado em 2011 por Alena Høye
tos de acidentes (valor presente de 10 anos) es- (TØI)
timada em NOK 4,9 milhões. Os custos com o
aumento do tempo de viagem são estimados em
NOK 4,8 milhões e os custos adicionais da polui- Problema e finalidades
ção do ar, em NOK 1,7 milhão. O benefício total
é estimado em NOK 1,6 milhão. O custo de im- As interseções de cidades e áreas densamente urba-
plantação da medida é estimado em NOK 30.000 nizadas são geralmente pontos de concentração de
por interseção. Os benefícios são, portanto, tam- acidentes de trânsito, incluindo todos os grupos de
bém maiores que os custos. usuários (Elvik e Muskaug, 1994). Com o aumento
do trânsito de veículos, aumenta a probabilidade de
Os cálculos mostram que a sinalização de parada conflitos entre os diversos usuários das vias públicas
obrigatória pode ser economicamente rentável em nos pontos de interseção, afetando negativamente o
interseções em X e em T, onde a proporção do trá- fluxo de tráfego.
fego na via secundária é pequena. Em cruzamentos
mais movimentados em que o trânsito é distribuí- O controle semafórico nas interseções distribui a
do mais uniformemente entre as aproximações, passagem das diferentes correntes de tráfego no
devem-se buscar outras formas de regulamentação tempo e tende a melhorar o fluxo de trânsito. As
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 359
normas de sinalização indicam as seguintes cinco • ampliação do tempo de limpeza – vermelho geral
finalidades do controle semafórico em interseções (o tempo durante o qual todas as correntes de trá-
(Statens vegvesen, Håndbok 050, 2009A): fego têm luz vermelha);
• estabelecimento de fase para conversão à esquer-
• melhorar a segurança viária; da;
• reduzir os atrasos; • fase separada para conversão à esquerda obriga-
• tornar seguro o caminho até as escolas; tória;
• priorizar o transporte coletivo, e • diagrama de fases livre de conflito (fases próprias
• eliminar a necessidade do direcionamento manual para cada corrente de tráfego);
do tráfego. • alteração do diagrama de fases (alteração da dura-
ção e sequência de fases);
O impacto em cada uma das diferentes finalidades • melhoria da visibilidade do semáforo e do poste;
varia conforme as circunstâncias em cada interse- • melhoria da sinalização horizontal e canalização
ção. da interseção;
• introdução de semáforos atuados pelo tráfego (ao
invés de semáforos com tempo fixo);
Descrição da medida • sincronização de semáforos (“onda verde”);
• sinal verde intermitente como alerta de mudança
O controle semafórico é introduzido por meio da de fase;
instalação de focos luminosos (faróis de trânsi- • sinal amarelo intermitente em momentos de pou-
to) que podem ser tanto programados por tempo co tráfego;
(as fases mudam depois de certo tempo conforme • permissão para conversão à direita na luz verme-
o volume de tráfego) quanto atuados pelo tráfego lha (com dever de dar a preferência).
(a duração das fases adapta-se conforme surgem
os veículos, até uma duração máxima de fase). O Nem todas estas medidas estão em uso atualmente
sistema de semáforos pode ser dimensionado com na Noruega, mas discute-se a experiência adquirida
fases próprias para cada corrente de tráfego de uma em países onde as várias medidas têm sido implan-
interseção (controle livre de conflitos) ou com fa- tadas, já que pode ser interessante considerar um
ses compartilhadas para as correntes de tráfego. Na possível uso delas na Noruega.
Noruega, é normal que o fluxo de tráfego fazendo
a conversão à direita compartilhe a fase com pe-
destres atravessando a via e que o fluxo de tráfego Impacto sobre os acidentes
fazendo a conversão à esquerda compartilhe a fase
com o fluxo reto no sentido oposto. Novos sistemas de semáforo
Em 1992, havia cerca de 800 interseções semafo- Muitas pesquisas foram realizadas, tanto na No-
rizadas na Noruega (Elvik, 1993). A maioria delas ruega quanto em outros países, sobre o impacto do
situadas nas cidades de Oslo, Bergen e Trondheim. controle semafórico nos acidentes nas interseções.
Nos últimos anos, o controle semafórico nas inter- Os resultados aqui apresentados foram construídos
seções tornou-se menos comum, pois em muitas in- com base nas seguintes pesquisas:
terseções construíram-se rotatórias. Não se conhece
o número anual de novas interseções com controle Young, 1967 (EUA);
semafórico ou de interseções reformadas, por exem- Andreassen, 1970 (Austrália);
plo, com a troca ou com a alteração das durações Cribbins e Walton, 1970 (EUA);
das fases ou de sua sequência. Gunnarsson e Olsson, 1974A, 1974B (Suécia);
Johannessen e Heir, 1974 (Noruega);
Este capítulo discute a introdução do controle se- King e Goldblatt, 1975 (EUA);
mafórico em interseções previamente reguladas de Amundsen, Daas, Hvoslef, Magnussen e Sakshaug,
outra forma, assim como as seguintes melhorias nos 1976 (Noruega);
sistemas de semaforização existentes: Grønnerød, 1976 (Finlândia);
Hoff e Overgaard, 1976 (Dinamarca);
• instalação de semáforo repetidor (semáforo extra Vodahl e Johannessen, 1977 (Noruega);
ao lado do cruzamento); Hakkert e Mahalel, 1978 (Israel);
• instalação de semáforo de pedestres; Vaa e Johannessen, 1978 (Noruega);
360 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 3.9.1: Impactos do controle semafórico em interseções sobre o número de acidentes. Alteração porcentual no
número de acidentes.
esperar qualquer melhoria da segurança pelo con- semafórico sobre os acidentes são fornecidas na
trole semafórico em interseções com muitos aciden- tabela 3.9.2.
tes, do tipo colisão traseira, por exemplo.
A grande maioria dos estudos é metodologicamen-
te pouco consistente, ou seja, na maioria deles não
Melhoria do sistema semafórico existente houve controle de variáveis de confusão ou efeitos
da regressão para a média. Muitas das pesquisas
Foram realizadas muitas pesquisas sobre o impacto foram realizadas em interseções com alto índice de
de diferentes melhorias do sistema semafórico nos acidentes (pontos críticos), em que os pontos fra-
acidentes. Os resultados aqui apresentados foram cos do sistema semafórico eram evidentes. Deve-se,
obtidos com base nas seguintes pesquisas: portanto, ter cautela ao generalizar os resultados
para todas as interseções com controle semafórico.
Malo, 1967 (EUA);
Andreassen, 1970 (Austrália); Foram encontrados estudos metodologicamente
Crook, 1970 (Grã-Bretanha); confiáveis, que realizaram o controle de variáveis de
Grønnerød, 1976 (Finlândia); confusão (ainda que de forma experimental, usando
McGee e Warren, 1976 (EUA); grupo de controle, ou pelo uso de métodos de análise
McGee, 1977 (EUA); multivariada), para os seguintes casos: sinal amarelo
Hakkert e Mahalel, 1978 (Israel); intermitente em momentos de baixo fluxo de tráfe-
Bastable, 1980 (Austrália); go, alterações no diagrama de fases, permissão de
Baier e Schlabbach, 1981 (Alemanha); conversão à direita no vermelho (para acidentes de
De Werd, 1982 (Países Baixos); gravidade não especificada e para todos os acidentes),
Preusser, Leaf, DeBartolo, Blomberg e Levy, 1982 fase separada para conversão à esquerda e semáforo
(EUA); atuado pelo tráfego. Para essas medidas, a tabela 3.9.1
Senneset e Skjetne, 1982 (Noruega); mostra os resultados que foram baseados nos estudos
Zador, Moshman e Marcus, 1982 (EUA); metodológicos mais consistentes (exceto no caso do
Zegeer, Opiela e Cynecki, 1982 (EUA); sinal amarelo intermitente em momentos de baixo flu-
Wu, Lee, Machemehl e Williams, 1982 (EUA); xo de tráfego, para o qual só existe o resultado de um
Perfater, 1983 (EUA); estudo metodologicamente mais consistente, porém
Mahalel e Zaidel, 1985 (Israel); baseado em uma amostra muito pequena de aciden-
Schlabbach, Sharffetter, Lauer e Guttenberger, tes). Os resultados para essas medidas não diferem
1984 (Alemanha); muito dos resultados dos estudos menos consistentes.
Bach e Jørgensen, 1986 (Dinamarca); Entretanto, nos estudos mais confiáveis encontraram-
Craven, 1986 (EUA); se reduções de acidentes geralmente maiores.
Greiwe, 1986 (EUA);
Hodge, Daley e Nguyen, 1986 (Austrália); As melhorias que parecem reduzir o número de aci-
Barbaresso, 1987 (EUA); dentes em interseções com controle semafórico são:
Zaidel e Hocherman, 1987 (Israel);
Bhesania, 1991 (EUA); • instalação de semáforo de pedestres (fase separa-
Hauer, 1991 (EUA); da ou compartilhada com os veículos):foram en-
Lalani, 1991 (EUA); contradas reduções no número de acidentes com
Kølster Pedersen, Kulmala, Elvestad, Ivarsson e veículos motorizados, mas não com pedestres;
Thuresson, 1992 (Dinamarca); com fases compartilhadas, foi encontrado um
Shebeeb, 1995 (EUA); aumento no número de acidentes com pedestres
Poch e Mannering, 1996 (EUA); que, no entanto, não é estatisticamente significa-
Hanbali e Fornal, 1997 (EUA); tivo;
Stamatiadis e Agent, 1997 (EUA); • tempo de limpeza ampliado (fase em que todos os
Retting, Chapline e Williams, 2002 (EUA); sinais ficam no vermelho – vermelho geral);
Chin e Quddus, 2003 (EUA); • fase exclusiva de conversão à esquerda: esta me-
Kumara, Chin e Weerakoon, 2003 (Singapura) e dida foi pesquisada em três estudos em que houve
Harkey, Srinivasan, Baeket al., 2008 (EUA). controle de variáveis de confusão, para os quais a
tabela 3.9.1 mostra os resultados. Pesquisas que
Por meio destas pesquisas, as melhores estimati- não controlaram as variáveis de confusão encon-
vas do impacto de diferentes melhorias do sistema traram reduções maiores no número de acidentes;
362 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 3.9.2: Impactos da melhoria do sistema semafórico existente sobre o número de acidentes em interseções com
controle semafórico. Alteração porcentual no número de acidentes.
Instalação de semáforo de pedestre Acidentes com feridos envolvendo pedestres -18 (-39; +11)
(fase exclusiva) Acidentes com danos pessoais com veículo motorizado -19 (-27; -9)
Tempo de limpeza (vermelho geral)
Gravidade não especificada -55 (-66; -40)
ampliado
Estabelecimento de fase para
Gravidade não especificada em curva à esquerda -15 (-28; +1)
conversão à esquerda
Fase separada para conversão à
Gravidade não especificada, todos os acidentes -28 (-44; -6)
esquerda obrigatória
Acidentes com feridos -73 (-89; -35)
Diagrama de fases livre de conflitos
Acidentes com danos materiais -24 (-64; +61)
Alterações no diagrama de fases Gravidade não especificada, todos os acidentes -8 (-16; +0)
(sequência e duração) Gravidade não especificada, colisões traseiras +12 (-7; +35)
Melhorias gerais na sinalização Acidentes com feridos -1 (-36; +53)
horizontal e visibilidade Gravidade não especificada -40 (-51; -25)
Semáforos atuados pelo tráfego
Gravidade não especificada -5 (-17; +8)
(ao invés de tempo fixo)
Acidentes com feridos em zonas de semáforos sincronizados -19 (-24; -13)
Sincronização semafórica
(“onda verde”) Acidentes com danos materiais em zonas de semáforos
-26 (-39; -11)
sincronizados
Sinal verde intermitente para alerta
Acidentes com feridos +40 (-3; +102)
de troca de fase
Sinal amarelo intermitente em Acidentes com feridos sob amarelo intermitente +57 (-7; +166)
momentos de pouco tráfego Acidentes com danos materiais sob amarelo intermitente +18 (-22; +76)
Acidentes com feridos, todos os acidentes +8 (+4; +13)
Permissão para convergir à direita Gravidade não especificada, todos os acidentes +32 (-25; +134)
no sinal vermelho (com dever da dar
a preferência) Acidentes com feridos envolvendo pedestres +56 (+35; +80)
Acidentes com feridos envolvendo ciclistas +71 (+47; +99)
• Diagrama de fases livre de conflito: foi encontra- dos em estudos metodologicamente mais consis-
da uma redução no número de acidentes com feri- tentes;
dos, mas não no número de acidentes com danos • melhorias gerais na sinalização horizontal e vi-
materiais. sibilidade: o número de acidentes com feridos
• coordenação de semáforos (“onda verde”). permaneceu quase inalterado, mas foi encontrada
• Melhorias que levaram a menos acidentes, mas uma redução significativa de acidentes com gravi-
nas quais os efeitos não foram estatisticamente dade não especificada. Os resultados podem ter
significativos: sido afetados pela deficiência metodológica das
• instalação de semáforo repetidor (semáforo extra pesquisas;
ao lado do cruzamento); • semáforos atuados pelo tráfego (ao invés de tem-
• alteração do diagrama de fases (sequência e du- po fixo): o resultado foi baseado em estudos me-
ração): foi encontrada uma redução do número todologicamente mais consistentes.
total de acidentes e um aumento do número total • Alterações que parecem levar a mais acidentes em
de colisões traseiras. Os resultados foram basea- interseções com controle de semafórico são:
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 363
• sinal verde intermitente para alerta de mudança de peito ao sinal vermelho acontece com muito maior
fase resultou no aumento do número de acidentes frequência entre pedestres e ciclistas do que entre
com feridos, mas o efeito não foi significativo; condutores de veículos motorizados.
• sistema de amarelo intermitente em momentos
de pouco tráfego resultou no aumento de ambos Várias medidas e características das interseções e
os acidentes, com danos materiais e com feridos, do sistema semafórico podem afetar a incidência do
mas os efeitos não foram significativos. Um gran- desrespeito ao sinal vermelho:
de aumento no número de acidentes foi também
encontrado em um dos estudos metodologica- • a ampliação do tempo de amarelo na mudança en-
mente mais consistentes; tre os sinais reduz a frequência da ultrapassagem
• permissão de conversão à direita no sinal verme- do vermelho (Van der Horst e Wilmink, 1986);
lho (com dever de dar a preferência) resultou no • a fiscalização eletrônica de ultrapassagem do sinal
aumento do número de acidentes com feridos; o vermelho com câmera reduz a frequência, mas pa-
aumento foi grande para acidentes envolvendo pe- rece aumentar o número de acidentes;
destres e ciclistas. O resultado que se refere aos • largura da via: quanto mais larga a via, menos pe-
acidentes de gravidade não especificada(todos os destres atravessam no sinal vermelho;
acidentes) foi baseado em estudos metodologica- • tempo de espera: quanto mais curto o tempo de es-
mente mais consistentes. A conversão à direita no pera, menos pedestres atravessam no sinal vermelho;
sinal vermelho é permitida, entre outros locais, nos • alterações no diagrama de fases: a mudança das
EUA. A medida e seu impacto sobre os acidentes fases pode causar confusão no período inicial.
e sobre a mobilidade são amplamente debatidos.
O impacto de diferentes medidas contra o desres-
peito do sinal vermelho foi pouco documentado
Medidas contra o desrespeito ao sinal vermelho (Bach, 1984).
ch, sincronização, Lauer e Guttenberger, 1984) Estimou-se que o aumento das emissões tenha ele-
mostrou que a sincronização semafórica pode levar vado os custos ambientais em NOK0,03 por veícu-
a um menor consumo de combustível e, portanto, lo. O custo para a instalação do controle semafóri-
menos emissões. O impacto da medida depende de co nas interseções é estimado em NOK0,9 milhão.
o quanto a sincronização do sistema semafórico me- • Assumiu-se que uma interseção em X com
lhorou o fluxo de tráfego. VDMA de 20.000 veículos, sendo 40% de trânsi-
to na via secundária e uma taxa de 0,20 acidente
com feridos por milhão de veículos que cruzam
Custos passou a ser controlada por semáforo. Constatou-
se uma redução de 30% no número de acidentes
Uma compilação de dados relativos aos custos de com feridos e de 35% no número de acidentes
várias de fontes (Elvik, 1996) mostra que o custo com danos materiais. Considerou-se que, em mé-
médio da instalação de controle semafórico em dia, os veículos passaram a economizar 3 segun-
interseções norueguesas foi estimado em NOK1,1 dos na interseção. Estimou-se que o aumento na
milhão(±NOK0,15 milhão)a preços de 1995. Os emissão de gases eleva se os custos ambientais em
custos operacionais anuais podem ser estimados NOK0,07 por veículo. O custo de instalação do
em NOK50.000 por interseção. Para vias em áreas controle semafórico nas interseções é estimado
menos densas, os valores correspondentes ficam em em NOK 1,44 milhão.
aproximadamente NOK430.000(± NOK42.000) • Assumiu-se ainda um exemplo de melhoria de
para a instalação de controle semafórico em interse- interseção em X com controle semafórico com
ções e NOK30.000 por ano para operação e manu- VDMA de 15.000 veículos e taxa de 0,25 acidente
tenção. Não foram encontradas informações sobre com feridos por milhão de veículos que cruzam.
os custos das melhorias em controladores semafó- Constatou-se que o número de acidentes tenha
ricos existentes. sido reduzido em 20%. O tempo gasto e as emis-
sões não teriam sido afetados. O custo de instala-
ção seria de NOK0,72 milhão.
Avaliações de custo-benefício • Para as interseções em T, os custos economizados
em acidentes foram calculados em NOK2,3 mi-
Avaliações de custo-benefício do controle semafóri- lhões. Estima-se o aumento dos custos do tempo
co dependem de como as medidas atuam sobre os perdido em NOK1,4 milhão e dos custos am-
acidentes e sobre a mobilidade. Uma análise de cus- bientais em NOK1,5 milhão. O benefício total foi
to-benefício norueguesa (Elvik, 1993) baseada nas negativo, cerca de –NOK0,6 milhão. A medida,
informações para vias nacionais em 1986 concluiu em outras palavras, não é socioeconomicamente
que o controle semafórico nas interseções apresen- rentável em relação às premissas adotadas.
ta relação custo-benefício igual a aproximadamente • Para as interseções em X, os custos economiza-
2,7. Assumiu-se, em seguida, uma diminuição de dos em acidentes foram calculados em NOK15,6
20% nos acidentes e alterações não significativas no milhões. O benefício do tempo economizado foi
tempo gasto por veículo que passa pela interseção. calculado em NOK7,1 milhões e o aumento dos
custos ambientais, em NOK6 milhões. O bene-
Depois que esta análise foi realizada, ambos os cus- fício total foi de NOK16,8 milhões. O custo de
tos de acidentes e do tempo foram revisados. Há, instalação da medida foi calculado em NOK2,1
portanto, razões para se realizar uma nova avaliação milhões, incluindo o valor presente dos custos de
de custo-benefício, considerando os diferentes im- operação e manutenção. O benefício é, portanto,
pactos. Foram preparados dois exemplos de cálculo significativamente, maior que os custos. O mes-
com as seguintes premissas: mo aplica-se às melhorias do sistema semafórico
em interseções em X. A economia de custos de
• Assumiu-se que uma interseção em T com VDMA acidentes foi calculada em NOK9,5 milhões e o
de 12.000 veículos, sendo 25% de trânsito na via custo da medida, em NOK1,1 milhão.
secundária e uma taxa de 0,10 acidente com fe-
ridos por milhão de veículos que cruzam, passou Os cálculos sugerem que o controle semafórico em
a ser controlada por semáforo. Constatou-se que interseções em T é socioeconomicamente rentável
o número de acidentes caiu 15%. Considerou-se apenas quando o volume de tráfego é relativamente
que os veículos que chegavam à interseção passa- grande (até 15.000 veículos) e há uma alta taxa de
ram a sofrer um atraso em média de 1 segundo. trânsito nas vias secundárias (pelo menos 25%).
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 365
Responsabilidade e procedimentos formais para os pedestres. Os condutores, por sua vez, nem
sempre cumprem com a obrigação de ceder passa-
Iniciativa para a medida gem aos que desejam atravessar a rua na faixa de
pedestres (Amundsen et al., 1976; Muskaug, 1979).
A iniciativa para a instalação do controle semafórico A cada ano, muitos pedestres são atropelados em
em interseções pode normalmente ser tomada pelas au- interseções. Para facilitar as possibilidades de passa-
toridades viárias, além de moradores e usuários da via. gem, pode-se instalar um semáforo para a travessia
de pedestres.
Daly, McGrath e Van Emst, 1991 (Grã-Bretanha); resultados são altamente incertos e provavelmente
Ward, Cave, Morrison, Allsop, Evans, Kuiper e influenciados por outros fatores, como deficiências
Willumsen, 1994 (Grã-Bretanha); metodológicas dos estudos e variáveis não controla-
Summersgill e Layfield, 1996 (Grã-Bretanha); das, incluindo, por exemplo, o volume de tráfego, o
Gårder, 2004 (EUA). número de faixas ou interseções vs meio de quadra.
A tabela 3.10.1 mostra a melhor estimativa do im- Nas travessias Pelikan – onde anteriormente não
pacto das faixas de pedestres semaforizadas sobre havia faixas de pedestres semaforizadas, encontrou-
os acidentes, calculadas com base nestes estudos. se uma redução do número de acidentes com pe-
destres, mas não do número de acidentes com veí-
As faixas de pedestres com semáforos comuns culos. Onde antes havia apenas faixas de pedestres,
– onde antes não havia faixas de pedestres não re- não foram encontrados impactos sobre os acidentes
sultaram em impacto sobre o número de acidentes. com os pedestres; houve, porém, um decréscimo
Houve uma grande redução dos atropelamentos em dos acidentes envolvendo veículos.
meio de quadra, porém estatisticamente isso não é
significativo. Os resultados são, no entanto, hetero-
gêneos, e a maioria dos estudos não utiliza nenhum Impacto na mobilidade
grupo de controle.
É esperado que a semaforização de uma travessia
Nas faixas de pedestres semaforizadas em locais para pedestres afete os tempos de espera tanto para
onde antes existia apenas a faixa de pedestres, o os pedestres quanto para os condutores de veículos.
resultado foi de redução dos atropelamentos de Um estudo britânico (Hunt 1990) comparou a mé-
pedestres e aumento dos acidentes com veículos. dia de tempo de espera para pedestres e condutores
O resultado dos acidentes com veículos foi basea- em diferentes tipos de pontos de travessia. A figu-
do em apenas dois estudos em que não foram ve- ra 3.10.1 mostra os resultados deste estudo para os
rificadas variáveis como, por exemplo, o volume pedestres. Os resultados mostram curvas típicas do
de tráfego. A maioria dos estudos sobre o impacto tempo de espera obtidas de 42 locais.
dos acidentes com pedestres não utilizou qualquer
grupo de controle e nenhum estudo levou em con- A figura 3.10.1 mostra que uma faixa de pedestre
sideração a exposição de pedestres e dos veículos. comum proporciona o menor tempo de espera por
Os grandes intervalos de confiança mostram que os parte dos pedestres, independentemente do volume
Tabela 3.10.1: Impactos das faixas de pedestres semaforizadas sobre os acidentes com pedestres.
Variação porcentual do número de acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade do acidente Melhor Intervalo de
Tipos de acidentes afetados
estimativa confiança
Travessias semaforizadas vs travessias não semaforizadas
Acidentes com feridos Atropelamentos no meio da quadra -49 (-81; +35)
Acidentes com feridos Atropelamentos nas interseções -2 (-48; +84)
Travessias semaforizadas vs faixas de pedestres demarcadas
Acidentes com feridos Atropelamentos -27 (-59; +29)
Acidentes com feridos Acidentes com veículos +53 (-45; +309)
Acidentes com feridos Todos os acidentes -23 (-56; +32)
Travessias Pelikan vs ausência das faixas de pedestres
Acidentes com feridos Atropelamentos -20 (-34; -2)
Acidentes com feridos Acidentes com veículos +3 (-22; +36)
Acidentes com feridos Todos os acidentes -9 (-21; +5)
Travessias Pelikan vs travessias de pedestres sinalizadas com marcações viárias
Acidentes com feridos Atropelamentos +3 (-25; +42)
Acidentes com feridos Acidentes com veículos -23 (-35; -10)
Acidentes com feridos Todos os acidentes -16 (-30; +1)
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 367
30
Semáforo coordenado
Semáforo atuado pelo fluxo
25 Local aleatório
Semáforo de tempo fixo
Atraso médio por pedestre (seg.)
Faixa de pedestres com ilha de refúgio
20 Faixa de pedestres comum
15
10
0
0 500 1000 1500 2000
Número de veículos por hora
Figura 3.10.1: Atraso médio por pedestre (em segundos) para atravessar nas faixas
de pedestres semaforizadas em diferentes tipos de travessia. Fonte: Hunt 1990.
de tráfego. Este resultado provavelmente é baseado Todos os tipos de travessia semaforizadas resultam
no pressuposto de que todos os condutores cum- em tempos de espera mais longos para os pedes-
pram a obrigação de dar prioridade aos pedestres tres, devido à necessidade de espera pela fase de
na travessia. Nesse caso, tem-se apenas um tempo travessia. Em média, os pedestres devem aguardar
mínimo de espera para os pedestres na travessia. por cerca de ½ ciclo até que possam atravessar.
As travessias com ilha de refúgio exigem um tempo O tempo de espera para os veículos, em vários ti-
maior que as travessias comuns. Isso pode acontecer pos de travessia é mostrado na figura 3.10.2, que
porque alguns pedestres optam por fazer a travessia também é derivada dos estudos de Hunt (Hunt,
em duas etapas e esperam nessa ilha de refúgio. 1990).
35
25
Faixa de pedestre (200 pedestres/h)
Semáforo de tempo fixo (60 s)
20 Semáforo coordenado
15
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Número de veículos por hora
Figura 3.10.2: Tempo médio de espera (em segundos) por veículo em diferentes
tipos de travessia. Fonte: Hunt 1990.
368 O Manual de Medidas de Segurança Viária
O gráfico mostra que os semáforos de tempo fixo semaforizadas. Suponha que o local de travessia te-
que fazem parte de um sistema de coordenação se- nha um VDMA de 15.000 veículos e 5.000 pedes-
mafórica proporcionam um menor tempo de espera tres. Suponha que durante o dia (8 horas por dia) o
para os veículos. Faixas de pedestres comuns po- número de veículos por hora seja de 1.000 e o nú-
dem fornecer uma longa espera se tanto o tráfego mero de pedestres seja de 400; considera-se que o
de pedestres quanto o tráfego de veículos forem in- local tenha 0,05 acidente com veículos por milhão
tensos. A figura 3.10.2 mostra uma curva para um de veículos; assume-se uma redução de 12% nos
caso com 200 pedestres por hora e uma curva para atropelamentos, enquanto que o número de aciden-
um caso com 400 pedestres por hora fazendo a tra- tes com veículos reduziria em 2%. O tempo de atra-
vessia. so é estimado com base nos dados das figuras 3.10.1
e 3.10.2, ou seja, o tempo médio de atraso para o
A figura 3.10.2 mostra que existe certo conflito de dia como um todo é de pouco menos de 3 segundos
interesses entre pedestres e veículos motorizados tanto para os pedestres quanto para os veículos.
no que diz respeito aos semáforos que proporcio-
nam menor tempo de espera. As faixas de pedestres A economia com os custos dos acidentes está es-
proporcionam pouca espera para os pedestres, mas timada em cerca de NOK 0,9 milhão. O aumento
podem resultar em uma longa espera para o tráfego com os custos do tempo de atraso é estimado em
motorizado. Semáforos coordenados resultam em torno de NOK 7,1 milhões. O benefício total é,
menor tempo de espera para o tráfego motorizado, portanto, negativo, - NOK 6,2 milhões. Este cálculo
mas numa longa espera para os pedestres. não inclui uma avaliação econômica da maior sensa-
ção de segurança proporcionada aos pedestres.
Uma pesquisa norueguesa (Blakstad, 1993) analisou
a taxa dos condutores que sofreram atrasos devido Pode-se argumentar que os atrasos de três segundos
à travessia de pedestres na faixa (não semaforizada). sejam irrelevantes. Esse atraso é, no entanto, apenas
Ela variou entre 20% e 40%, dependendo do nú- uma média. Os atrasos não são distribuídos uniforme-
mero de pedestres atravessando, que variou de 10 a mente. Alguns podem estar, por exemplo, um minuto
175 por hora. O tempo de atraso não foi estudado. atrasados, enquanto os outros não sofrem nenhum
atraso. O fato de que em torno de 25% dos pedestres
atravessem irregularmente quando o semáforo está
Impacto no meio ambiente vermelho (Askildsen, Leite e Muskaug, 1996) suge-
re que até mesmo os poucos segundos economizados
Os pedestres sentem-se mais seguros ao atravessar pelos pedestres são percebidos como uma vantagem
na faixa de pedestres semaforizada que em outras suficientemente grande para que eles aceitem um
faixas sem esse controle (Schioldborg, 1979). maior risco de acidente ao atravessar irregularmente.
pedestres. Esse plano deve ser aprovado pela auto- Os limites de velocidade indicam a velocidade má-
ridade responsável pela sinalização. Uma exigência xima permitida para a condução e têm por objetivo
do plano é que a polícia e o município analisem o prevenir que os condutores exponham a si mesmos
projeto antes que a autoridade responsável pela si- e aos outros a altos riscos que a condução impru-
nalização envie o projeto para a administração de dente em alta velocidade envolve. Ao mesmo tempo
vias públicas, ou seja, a Agência Nacional de Admi- é necessário garantir uma velocidade suficientemen-
nistração de Vias Públicas da Noruega. te alta para que a via possa cumprir com sua função
de escoamento do tráfego de forma adequada.
pulosas e servem as áreas residenciais. Essas vias em A mudança do limite de velocidade afeta a segurança
geral têm limite de velocidade de 30 km/h. As princi- viária por influenciar a velocidade média, que, por
pais vias que escoam o tráfego por grandes distâncias sua vez, afeta o número e a gravidade dos acidentes.
normalmente têm limites de velocidade de 80, 90 ou
100 km/h. As vias de acesso em áreas residenciais cos- A correlação entre mudanças na velocidade e mudan-
tumam ter um limite de velocidade de 30 km/h. ças no número de acidentes, discriminada pela gravi-
dade dos ferimentos, pode ser descrita por um mo-
Além dos limites de velocidade como estabelecidos delo exponencial (Elvik, 2011). É desenvolvida uma
acima, têm-se dois tipos de limites de velocidade função para acidentes fatais, uma para acidentes com
específicos na Noruega: os limites de velocidade feridos e uma para acidentes com danos materiais. A
nas rodovias durante o inverno, visto que no inver- figura 3.11.2 mostra a função para os acidentes fatais.
no acidentes ocorrem em maior número do que o
normal, e o limite de velocidade ambiental. O limi- As mudanças na velocidade são mostradas em interva-
te de velocidade no inverno é 10 km/h mais baixo los de 10 km/h. A velocidade mais elevada é 115 km/h.
que o limite de velocidade adotado durante o verão. O primeiro intervalo apresenta uma redução para 105
Além dos limites de velocidade sazonais introduzi- km/h; a próxima redução, para 95 km/h, e assim por
dos durante o inverno, na cidade de Oslo adota-se o diante, até os 25 km/h. O número de acidentes rela-
limite de velocidade ambiental, com o propósito de tivo à velocidade mais elevada é igual a 100. Então é
reduzir a emissão de partículas soltas por conta do calculado o porcentual de redução dos acidentes, con-
contato entre os pneus e a superfície do pavimento. siderando que a velocidade média do tráfego diminui
O limite de velocidade ambiental é 20 km/h mais de 115 para 105 km/h, de 105 para 95 km/h, e assim
baixo que o limite de velocidade ao longo do ano. por diante, até alcançar a redução de 35 para 25 km/h.
Modelo exponencial
80,00 Modelo potencial
70,00
highest initial speed)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120
Velocidade basica (km/h)
Figura 3.11.2: Comparação dos modelos potencial e exponencial para acidentes fatais.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 371
relação entre a velocidade e a segurança viária, com locidade e a segurança viária predominantemente ba-
um modelo alternativo. Os modelos de potência seada em modelos exponenciais em vez de potenciais.
assumem que determinada mudança porcentual de
velocidade produz o mesmo impacto sobre os aci- As curvas apresentadas nas figuras 3.11.2, 3.11.3 e
dentes, independente de quão elevada seja a velo- 3.11.4 representam exclusivamente a relação entre as
cidade. Isto é, considera-se uma mudança de 100 mudanças na velocidade e as mudanças na segurança
para 50 km/h como produzindo o mesmo efeito de viária. A mudança na velocidade média é apenas a
uma mudança de 10 para 5 km/h. Esta suposição é consequência destas mudanças estudadas junto ao
razoável. É mais razoável considerar que a última modelo. A fim de se declarar algo sobre o impacto da
mudança com relação à velocidade teve menos im- mudança dos limites de velocidade sobre o número
pacto sobre os acidentes com mortos que a mudan- de acidentes e feridos, deve-se, entretanto, conhecer
ça anterior. A função exponencial é mais consistente como determinada mudança no limite de velocidade
em relação a essa hipótese. afeta a velocidade média do trânsito. Para resumir o
conhecimento acerca do assunto, é conduzida uma
A figura 3.11.2 trata de um modelo potencial – com análise especial de 125 pontos de dados relaciona-
um expoente constante para todos os níveis de velo- dos às mudanças do limite de velocidade, em que se
cidade – desenhado com uma linha tracejada e com- considera o limite de velocidade antes e depois da
parado ao modelo exponencial que melhor se ajuste mudança do limite e onde a mudança da velocidade
aos pontos de dados. Além do caso dos acidentes fa- média de tráfego também começou a ser observada
tais, apresentam-se também outras duas funções. A (Elvik, 2009). A figura 3.11.5 mostra o padrão destes
figura 3.11.3 mostra a curva equivalente ao número 125 pontos de dados.
de acidentes com feridos. Para acidentes com feridos,
o modelo exponencial se enquadra melhor do que o Um polinômio de segundo grau proporciona um
modelo potencial, especialmente quando se trata de melhor ajuste aos pontos de dados. O aumento do
alta velocidade. A figura 3.11.4 mostra as duas fun- limite de velocidade parece ter menos impacto so-
ções para acidentes com danos materiais. O modelo bre a velocidade média do tráfego do que a diminui-
exponencial se enquadra melhor aos dados de aci- ção do limite de velocidade. A figura 3.11.5 abrange
dentes com danos materiais que o modelo potencial. os limites de velocidade como um todo.
Como um todo, sugere-se uma análise em que se ob- A redução do limite de velocidade parece conduzir a
tenham descrições mais precisas da relação entre a ve- uma maior diminuição da velocidade média do trân-
Modelo exponencial
80,00 Modelo potencial
70,00
highest initial speed)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120
Velocidade basica (km/h)
Figura 3.11.3: Comparação dos modelos potencial e exponencial para
acidentes com feridos.
372 O Manual de Medidas de Segurança Viária
70,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120
Velocidade basica (km/h)
sito quando se tem limites baixos do que quando se em 1 significa que o trânsito em geral mantém uma
tem limites altos. Isso pode ser devido, em parte, à se- velocidade acima do limite estabelecido.
veridade deste limite de velocidade, que pode ser de-
finido como uma razão entre a velocidade média do Os impactos referentes às atuais mudanças nos limi-
tráfego e o limite de velocidade anterior à mudança. tes de velocidade na Noruega são calculados con-
Se, por exemplo, a média de velocidade é de 77 km/h forme mostra a tabela 3.11.2. A redução dos limites
e o limite de velocidade é de 80 km/h, a severidade de velocidade apresenta maior impacto porcentual
é de 77/80 = 0,963. O valor da severidade estando sobre o número de acidentes fatais ou com feridos.
15,0
Linha pontilhada = mudança
hange in the mean speed of traffic (km/h) -vertical line
5,0
0,0
-40 -30 -20 -10 0 10 20 30
-5,0
-10,0
-15,0
y = -0,0058x2+ 0,2781x -0,2343
R2 = 0,5404
-20,0
-25,0
Mudanças no limite de velocidade (km/h) -eixo horizontal
Figura 3.11.5: Relação entre as mudanças do limite de velocidade e a mudança na velocidade média do tráfego (km/h).
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 373
Tabela 3.11.2: Impactos esperados das mudanças nos limites de velocidade (km/h) sobre o número de acidentes considerados
mais relevantes na Noruega.
Impacto na mobilidade correlação mais linear do que ela é. Isso significa que
os condutores acreditam que um pequeno aumento
Há uma correlação direta entre a velocidade e o da velocidade já é suficiente para obter uma elevada
tempo de viagem. A figura 3.11.6 mostra esta rela- economia de tempo. Essa ideia está refletida na figura
ção. A figura também mostra uma curva que indica 3.11.6, em que se percebe que a curva da percepção
como os condutores percebem a relação entre velo- de relação entre velocidade e tempo de condução é
cidade e tempo de viagem (Elvik, 2010). mais baixa do que a curva em baixa velocidade e mais
elevada do que a curva em alta velocidade.
A curva mostra como os condutores percebem a rela-
ção entre velocidade e tempo de viagem, baseando-se Os cálculos apontam que, se o cumprimento do li-
nos experimentos psicológicos a que Elvik (2010) se mite de velocidade atingir 100%, o tempo total de
referiu. Os usuários da via estão experimentando uma viagem aumentaria em torno de 5,6%.
9,00
8,00
7,00
6,00
Contexto percebido = 12.9?
exp(?0.025 ? v)
5,00
4,00
3,00
Realidade percebida =
100/v
2,00
1,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140
Velocidade = km/h
Figura 3.11.6: Tempo de viagem (horas) para uma distância de 100 km e a percepção dos usuários no que se
refere à relação entre velocidade e tempo de viagem.
374 O Manual de Medidas de Segurança Viária
5 500
4 400
3 300
CO2
2 200
CO
1 100
PM 10 × 10
NMHC
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Velocidade média = km/h
Figura 3.11.7: Emissões em função da velocidade. Fonte: OECD, 2006.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 375
metria e a densidade de acessos por km de via. é que a velocidade ideal nas rodovias é de 80 km/h,
As vias com uma boa geometria e poucas saídas enquanto que trechos dessas rodovias têm um limite
teriam um maior limite de velocidade do que as de velocidade de 90 km/h. Outra exceção é que o li-
rodovias com geometria inadequada e muitas mite de velocidade ideal nas rodovias fora das áreas
saídas. urbanizadas é de 70 km/h. Atualmente, a maioria
3. Determina-se o limite de velocidade no limite de dessas rodovias possui um limite de velocidade de
tolerância humana para o choque biomecânico 80 km/h.
(limites de velocidade adotados no Programa
Visão Zero). O limite de velocidade em questão Na Suécia, o limite de velocidade ideal é mais bai-
não deve ser maior do que 30 km/h em vias com xo que o limite de velocidade atual nas vias para o
tráfego de pedestres; não deve exceder 50 km/h tráfego motorizado e em vias fora da área urbana.
nas interseções e onde os veículos motorizados O limite de velocidade ideal em vias em áreas urba-
podem colidir lateralmente uns com os outros, nas na Suécia é aparentemente maior que o limite
e não deve ultrapassar os 70 km/h nas rodovias de velocidade atual. A principal razão para isto é
com possibilidade de colisões frontais. que o tempo de viagem é relativamente muito valo-
4. Escolhe-se o limite de velocidade, considerando- rizado na Suécia. A diminuição da velocidade em,
se a economia dos custos para o fluxo de tráfe- por exemplo, 10 km/h a partir de 50 km/h aumenta
go, isto é, a soma dos custos com os acidentes, o muito mais o tempo de viagem que a redução da
custo de tempo, o custo da operação do veículo, velocidade em 10 km/h a partir de 100 km/h.
os custos ambientais e os custos com as rodo-
vias, que devem ser o menor possível. O limite É importante enfatizar que qualquer cálculo com li-
de velocidade é estabelecido por um princípio mite de velocidade ideal possui algumas limitações.
conhecido como limite de velocidade ideal. Na As principais limitações são:
prática, quase sempre se tem uma mistura dos
vários princípios para a determinação dos limi- 1. É discutível se todos os impactos relevantes estão
tes de velocidade. Na Noruega, atribui-se uma incluídos. A lista de impactos incluídos nesses
grande importância à densidade de acessos para cálculos torna-se cada vez mais longa, uma vez
se determinar o limite de velocidade. Também se que as avaliações econômicas passaram a fazer
enfatiza o tráfego de pedestres e ciclistas, que po- parte dos impactos. É provável que parte dos im-
dem se misturar ao trânsito de automóveis ou ser pactos não tenha sido incluída, tais como a segu-
separados dele. rança de pedestres e ciclistas.
2. A avaliação de impactos não é uma ciência exata.
Nenhum dos países nórdicos adotou limites de A análise do limite de velocidade ideal na Norue-
velocidade com o intuito de minimizar os custos ga e na Suécia mostra que muitos dos impactos
econômicos para o tráfego. O limite de velocidade são avaliados de modo distinto entre dois países
ideal na Noruega e na Suécia é, no entanto, calcula- (Elvik, 2002).
do e comparado ao limite de velocidade presente e 3. Nas autoestradas, o limite de velocidade ideal
à velocidade atual. Os resultados destes cálculos são encontra-se em um patamar indefinido entre 70
mostrados na tabela 3.11.3. km/h e 110 km/h, uma vez que a curva de custo é
quase constante nesse aspecto. O limite de velo-
Na Noruega, o limite de velocidade atual está pró- cidade entre 70 e 110 km/h apresenta diferentes
ximo do ideal. Uma importante exceção a esta regra consequências para a segurança viária.
Tabela 3.11.3: Impactos esperados sobre o número de vítimas em relação a mudanças nos limites de velocidade (km/h) –
dados considerados mais relevantes na Noruega.
Velocidade média Limite de velocidade atual Limite de velocidade ideal
Tipo de rodovia
(km/h) (km/h) (km/h)
Autoestrada 95 (109) 90 ou 100 (110) 100 (110)
Rodovia (velocidade = 110 km/h) 86 (108) 90 ou 80 (110) 80 (90)
Rodovia (velocidade = 90 km/h) - (96) - (90) - (80)
Via rural 77 (95) 80 (90) 70 (80)
Arterial urbana 50 (50) 50 (50) 50 (60)
Via de acesso 40 (39) 30 (30) 40 (60)
376 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Lombadas são elevações artificiais na via. Uma Mackie et al., 1993; Mackie e Webster, 1995). Além
lombada normalmente é formada com uma parte do uso extensivo de lombadas, as “zonas 30” in-
circular (segmento de círculo), uma parte trapezoi- cluem também outras medidas, como elevação dos
dal ou curva sinusoidal. As lombadas também são cruzamentos, pequenas lombadas/postes baixos, es-
projetadas de modo a serem utilizadas como faixas treitamento da faixa de rodagem e (mini) rotatórias
de pedestre elevada. Lombadas invertidas (depres- (Mackie e Webster, 1995).
sões artificiais na via) não são mais usadas. Em 1973
Watts sugeriu lombadas circulares após testes com O manual 072 da Agência Nacional de Administra-
vários designs (Watts, 1973). Lombadas circulares ção de Vias Públicas da Noruega fornece orientação
geram um desconforto crescente quando se passa sobre como as medidas de redução física de velo-
sobre elas em alta velocidade. A desvantagem é que cidade devem ser projetadas para atingir seu efei-
a curvatura do círculo forma uma retorcedura (do- to de forma otimizada (Statens vegvesen, 2004). O
bra fechada) na transição entre o segmento circular caderno de instruções Sikrere, roligere, renere (Mais
e o perfil longitudinal da pista que é percebida como seguro, menos ruído e menos poluição) fornece
um choque no carro. Isso pode ser evitado com a orientação sobre medidas de redução de velocidade
concepção de lombadas em curvas senoidais. Uma em vários tipos de via (Vegdirektoratet, Statens fori-
curva senoidal não tem ponto de interrupção no per- rensningstilsyn og Miljøverndepartementet, 1992).
fil longitudinal da via. Experimentos dinamarqueses
indicam que lombadas curvas em forma de ondas
senoidais podem proporcionar a atenuação da velo- Impacto sobre os acidentes
cidade sem choque (Lahrmann e Mathiasen, 1992).
Lombadas construídas como faixas de pedestre ele- Impactos do controle físico da velocidade foram
vadas têm rampas planas e superfície plana, geral- estudados em várias pesquisas. Os resultados, aqui
mente na mesma altura da guia da calçada. disponíveis, foram baseados nas seguintes análises:
Cruzamentos elevados significa que a área de inter- Kermit e Hein, 1962 (faixa sonorizadora, EUA);
seção é elevada para o mesmo nível do pavimento Owens, 1967 (faixa sonorizadora, EUA);
da calçada. A elevação é uma rampa construída até Kermit, 1968 (faixa sonorizadora, EUA);
a altura da área elevada no cruzamento. O cruza- Hoyt, 1968 (faixa sonorizadora, EUA);
mento elevado pode ser combinado com a expansão Bellis, 1969 (faixa sonorizadora, EUA);
da calçada, junto com pequenos postes na guia da Illinois Division of Highways, 1970 (citado segundo
calçada para separar pedestres de veículos. Harwood, 1993) (faixa sonorizadora, EUA);
Sumner e Shippey, 1977 (faixa sonorizadora, Grã
Faixa sonorizadora (ranhuras) é uma alteração no -Bretanha);
pavimento da via que gera impacto, vibração e/ou Helliar-Symons, 1981 (faixa sonorizadora, Grã-Bre-
ruído dentro do veículo. A faixa sonorizadora pode tanha);
ser colocada usando-se superfícies grossas e irregu- Baguley, 1982 (lombadas, Grã-Bretanha);
lares (ranhuras) ou com tiras de plástico longitudi- Mailand, Obst e Strack, 1987 (zona de velocidade,
nais dispostas no pavimento da via. Alemanha);
Moore, 1987 (faixa sonorizadora, EUA);
Estreitamento da largura da faixa de rodagem, Behrendt, Ernst, Hartkopf, Hotop, Kockelke, Met-
obstáculos laterais, chicanas reduzirão a largura da z-Dörner e Pfafferott, 1989 (zona de velocidade,
via – a guia, por exemplo – seja é duplicada unila- Alemanha);
teralmente ou dos dois lados ou construída como Blakstad e Giæver, 1989 (lombadas, Noruega);
um padrão zigue-zague. O alargamento da calçada Engel e Krogsgård Thomsen, 1989 (zona de veloci-
nos cruzamentos também é considerado como um dade, Dinamarca);
estreitamento. Engel e Krogsgård Thomsen, 1990 (zona de veloci-
dade, Dinamarca);
Controle de área – Combinação de várias medidas Forschungsgesellschaft für Strassen- und Verkehr-
de controle físico da velocidade dentro de uma swesen, 1989 (zona de velocidade, Alemanha);
área: esta medida aparece sob nomes como “zonas Giæver e Meland, 1990 (lombadas, Noruega);
30” e “vias tranquilas”. A zona pode incluir grandes Virginia Department of Highways and Transporta-
áreas residenciais e vilas (Engel e Thomsen, 1989; tion, 1991 (citado segundo Harwood, 1993) (faixa
Forschungsgesellschaft, 1989; Behrendt et al., 1989; sonorizadora, EUA);
378 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Baier, 1992 (zona de velocidade, Alemanha); As pesquisas (especialmente Baguley, 1982; Webs-
Faure e de Neuville (zona de velocidade, França); ter, 1993; Webster e Mackie, 1996) mostram que o
Schnüll, Haller e Lübke, 1992 (cruzamento elevado, volume de tráfego diminui em vias onde as lomba-
Alemanha); das são colocadas. A diminuição média do trânsito
Harwood, 1993 (faixa sonorizadora, EUA); foi calculada em aproximadamente 18%. Isso su-
Mackie, Hodge e Webster, 1993 (zona de velocida- gere que as vias tinham certo tráfego de passagem
de, Grã-Bretanha); antes das lombadas terem sido colocadas. A tabela
Webster, 1993 (lombadas, Grã-Bretanha); 3.12.1 fornece os impactos das lombadas sobre o
Webster e Layfield, 1993 (faixa sonorizadora, Grã risco de acidentes, ou seja, sobre o número de aci-
-Bretanha); dentes em um determinado volume de trânsito. A
Mackie e Webster, 1995 (zona de velocidade, Grã razão para isso é que em muitas das vias na Noruega
-Bretanha); onde foram instaladas lombadas são ruas sem saída
European Transport Safety Council, 1996 (lomba- ou vias apenas com tráfego local, onde não se pode
das, Dinamarca); esperar qualquer diminuição no volume de trânsito
Webster e Mackie, 1996 (lombadas, Grã-Bretanha); quando se instalam lombadas.
Al-Masaeid, 1997 (lombadas, Jordânia);
Eriksen e Agustsson, 1999 (lombadas, Dinamarca); Os primeiros estudos sobre lombadas indicam que
Ewing, 1999 (lombadas, EUA) e o tráfego foi transferido para vias paralelas sem
Agustsson, 2001 (lombadas, Dinamarca). lombadas, onde o número de acidentes aumentou.
Pesquisas posteriores refutaram esta tendência. Os
A tabela 3.12.1 mostra os impactos do controle físi- acidentes em vias nos arredores da via com lomba-
co de velocidade sobre o número de acidentes, cal- das não aumentam.
culados com base nestas pesquisas.
Em média, para todas as pesquisas em que há in-
As lombadas reduzem o número de acidentes com formações sobre a velocidade, a velocidade (mé-
vítimas, em dado volume de tráfego, em aproxi- dia) diminuiu de 47,7 km/h para 36,3 km/h em
madamente 40%. Os resultados foram baseados vias onde as lombadas foram instaladas. Isso cor-
em pesquisas simples de antes-depois, em que não responde a uma redução na velocidade na via de
houve controle de eventuais efeitos de regressão no 24%. Com base no conhecimento geral sobre a
índice de acidente. Os resultados são, por isso, bas- relação entre velocidade e acidentes, seria de se
tante incertos. esperar que essa mudança na velocidade reduzis-
se o número de acidentes com vítimas em 42%, o cidade de 35 km/h para 25 km/h pode causar um
que é surpreendentemente bom, com os resultados atraso de no máximo 20 segundos por veículo. Em
acima e sugere que a falta de controle dos efeitos uma pesquisa, 35% das empresas de ônibus entre-
de regressão possivelmente não é fonte de erro nas vistadas responderam ser negativas em relação às
pesquisas. lombadas. Os argumentos mais comuns contra as
lombadas nas ruas com tráfego de ônibus foram
Em alguns trechos são necessárias duas ou mais relacionados a lesões na coluna dos motoristas, le-
lombadas. Para atingir-se uma velocidade média de sões nos passageiros e desgaste material (Amund-
aproximadamente 30 km/h entre duas lombadas sen, 1986). Pesquisas que documentam essas lesões
circulares de 100 mm de altura, a distância entre não foram encontradas. Não há evidências de que
elas deve ser menor que 85 m (Mackie e Webster, lombadas causem problemas durante a manuten-
1995). Na Dinamarca também se recomenda a dis- ção de inverno nas vias.
tância de 85 metros entre as lombadas, quando a ve-
locidade desejada é 40 km/h. Com uma velocidade
desejada de 50 km/h, recomenda-se uma distância Impacto no meio ambiente
de 150 m (Nielsen, 1993).
Medições em três localidades na Inglaterra onde fo-
Os cruzamentos elevados parecem causar um pouco ram instaladas lombadas mostraram uma redução
mais de acidentes, mas nenhum dos resultados é es- de ruído devido à redução do volume de tráfego e
tatisticamente confiável. Não foi utilizado nenhum da velocidade (Sumner e Baguley, 1979A, 1979B).
grupo de controle no estudo, e os autores não acon- A faixa sonorizadora pode aumentar o nível de ruí-
selham a generalização dos resultados. do de 2 a 6 decibéis (Statens vegvesen, 1981). Em
uma pesquisa dinamarquesa mais recente, mediu-se
As faixas sonorizadoras têm sido particularmente o ruído de cinco diferentes tipos de faixa sonori-
utilizadas nos cruzamentos elevados. Os resultados zadora (Høj, 1990). O aumento no nível de ruído
compreendem, portanto, acidentes em cruzamen- nesse caso variou entre 1,6 e 3,7 decibéis. Ele foi
tos. As faixas sonorizadoras reduzem o número de menor para revestimento de paralelepípedos e mais
acidentes com vítimas em aproximadamente 33% alto para ranhuras fresadas (faixas sonorizadoras).
e o número de acidentes com danos materiais em O aumento de 2 decibéis é o limiar da percepção
aproximadamente 25%. Pesquisas realizadas com auditiva.
diferentes métodos mostram a mesma tendência
para acidentes com vítimas. As emissões de poluentes provenientes dos veícu-
los pode aumentar devido à velocidade particular-
O controle físico de velocidade, com o uso combi- mente baixa. A figura 3.12.1 mostra uma estima-
nado de diferentes medidas dentro de uma zona, tiva das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx),
parece reduzir o número de acidentes com vítimas monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos
em aproximadamente 25%. Para acidentes com da- (HC) em gramas na condução de 250 metros em
nos materiais, a diminuição parece ser algo menor, uma via com uma parada incluída e velocidade má-
aproximadamente 16%. Deve-se acrescentar que a xima de, respectivamente, 20 km/h, 30 km/h e 50
maioria dos resultados decorre das pesquisas sim- km/h (Vegdirektoratet, Statens forurensningstilsyn
ples de antes-depois. Não houve nenhum controle og Miljøverndepartementet, 1992). A figura 3.12.1
do efeito de regressão no índice de acidentes. se baseia nos resultados alemães. As emissões de
monóxido de carbono aumentam quando a velo-
cidade é inferior a 30 km/h. As emissões de hi-
Impacto na mobilidade drocarbonetos são praticamente as mesmas a uma
velocidade de 20 km/h e a uma velocidade de 30
Todas as medidas de controle físico de velocida- km/h. As emissões de nitrogênio aumentam com o
de reduzem a mobilidade por reduzirem o nível aumento da velocidade. Possíveis efeitos à saúde
de velocidade. As medidas podem, também, fazer dessas variações nas emissões não foram documen-
com que o volume de tráfego diminua. As medi- tadas. Na maioria das vias de acesso, o volume de
das de controle físico de velocidade parecem espe- tráfego é tão pequeno que se deve considerar que
cialmente desagradáveis para os veículos pesados as diferenças nos níveis de emissões em diferentes
(Amundsen, 1986). Em uma típica via de acesso níveis de velocidade têm pouco ou nenhum impac-
com extensão de até 0,5 km, uma redução da velo- to sobre a saúde.
380 O Manual de Medidas de Segurança Viária
(250m) 4 3,78
0,96
1 0,68 0,81
0,66
0,42 0,27
0,27
0,27
0
20 km/t 30 km/t 50 km/t
Nox CO HC
Figura 3.12.1: Emissões em diferentes velocidades. Gramas por 250 m conduzidos.
• complementar e reforçar informações proporcio- sentidos opostos. As linhas de divisão podem fazer
nadas pela sinalização vertical. a distinção entre as faixas com diferentes funções
no caso de fluxos no mesmo sentido. Na Noruega,
as marcas longitudinais de cor amarela indicam a
Descrição da medida separação de fluxos em sentidos opostos. Todas as
outras marcações são feitas com a cor branca. As
A sinalização horizontal inclui as seguintes medidas: marcações consistem em vários tipos de linhas (ver
também figura 3.13.1), conforme:
• marcações de linhas longitudinais nas rodovias,
que podem ser à tinta ou plásticas; • as linhas de bordo (com linhas sólidas ou traceja-
• marcas rodoviárias perfiladas; das) indicam uma borda de via;
• marcação das linhas centrais e • linha divisória de fluxos (traço curto com espaça-
• marcação de vias duplas com acesso à esquerda. mento longo) pode ser usada tanto como linha di-
visória de fluxos no mesmo sentido quanto como
Além disso, neste capítulo, trata-se das seguintes linha central no caso de fluxos opostos;
medidas: • linha de advertência (traço longo e espaçamento
curto) pode ser usada como linha divisória ou
• refletores das rodovias; como linha central;
• delineadores; • linha de divisão (linha contínua) pode ser usada
• marcadores de distância; como linha divisória, sendo que as linhas divisó-
• combinação de múltiplas medidas de sinalização rias não devem ser ultrapassadas ou não se pode
horizontal, nas quais há a combinação da sinaliza- passar dirigir sobre elas;
ção horizontal com outras medidas e • linhas combinadas (linha divisória/linha de adver-
• melhoramento sistemático das marcações das ro- tência) podem ser usadas como linhas de divisão
dovias, conforme as normas. de fluxos no mesmo sentido ou linhas centrais,
separando fluxos opostos;
A sinalização horizontal nas interseções e corredo- • linhas combinadas (linha divisória/linha indican-
res de ônibus serão discutidas em outros capítulos. do proibição de passagem; linha de alerta/linha
indicando proibição de passagem; linha dupla in-
Marcações de linhas longitudinais das rodovias: As dicando proibição de passagem) podem ser usa-
marcas longitudinais nas rodovias são utilizadas na das como linhas centrais e
Noruega e estão descritas nas regulamentações per- • divisórias (linhas largas tracejadas).
tinentes (Statens vegvesen, Håndbok 049, 2001). As
marcas longitudinais mais utilizadas são as linhas Marcas em relevo consistem em linhas regulares
de bordo, que indicam a beira da estrada, e as li- marcadas com perfis transversais elevados, tipo Lon-
nhas de divisão de fluxos no mesmo sentido ou em gflex, como mostra a figura 3.25.2, no capítulo 3.25.
Linha de bordo
Linha divisória
Linha de advertência
Essas marcas produzem vibrações e ruídos quando Marcas de canalização e distância são símbolos
os veículos passam sobre elas. O impacto dos ruídos angulares marcados no pavimento que auxiliam os
é, em geral, mais fraco do que os ruídos das ranhuras condutores a manterem uma distância suficiente do
(ver capítulos 3.25 e 3.26, que tratam das linhas de veículo dianteiro. As marcações de distância podem
bordo reforçadas e das linhas centrais reforçadas). As ser combinadas com sinais que mostram qual deve
marcas em relevo são mais visíveis em clima úmido ser a distância que se deve manter do veículo à fren-
que as marcas comuns (Lindly e Wijesundera , 2003). te, como, por exemplo, um símbolo angular seguido
As marcas em relevo são utilizadas na Noruega e na de outro.
Nova Zelândia (audio tactile lane markings). As mar-
cas em relevo têm como finalidade produzir som e As medidas combinadas têm por finalidade combi-
vibração quando um veículo dirige sobre a linha, o nar as medidas de sinalização horizontal menciona-
que alerta o condutor se o veículo estiver prestes a das, tais como as linhas de bordo e os balizadores, as
deixar a pista ou a cruzar a divisão central. linhas divisórias centrais e linhas de bordo ou cen-
trais. Normas sobre como as marcas longitudinais
Marcação de refúgio para conversão à esquerda são usadas para regulamentar o tráfego são forne-
são faixas no meio da via destinadas a veículos que cidas nas normas de sinalizações (Statens vegvesen,
necessitam convergir à esquerda em ambos os senti- 2009).
dos. Não é utilizada na Noruega, mas está presente
nas rodovias de múltiplas faixas dos Estados Uni- O melhoramento sistemático das marcações das
dos, onde há várias interseções e acessos com de- rodovias conforme as normas é uma medida que
manda de tráfego que deseja convergir à esquerda. deve ser combinada com uma inspeção do sistema
de viário em que se verifique se as marcações estão
Marcações de linhas centrais indicando proibição de de acordo com às exigências das normas.
transposição (marcação horizontal no meio da pista,
como linhas de uma barreira) são uma extensão das
linhas centrais na forma de linha diagonal marcadas Impacto sobre os acidentes
entre os dois sentidos do tráfego. É proibido dirigir
sobre essas linhas, apesar de não constituírem um Existem muitos estudos sobre os impactos dos va-
obstáculo físico. Diferentemente das marcas longi- riados tipos de marcações nos acidentes em rodo-
tudinais e marcas em relevo utilizadas em retas, esta vias. Os resultados apresentados aqui foram basea-
marcação é mais utilizada nas interseções ou perto dos nas seguintes investigações:
delas. Veja abaixo seus impactos sobre os acidentes.
Thomas, 1958 (EUA, fronteiras);
O impacto das medidas de linhas centrais em inter- Musick, 1960 (EUA, fronteiras);
seções não foi descrito neste capítulo (veja o capí- Williston ,1960 (EUA, fronteiras);
tulo 1.5). Basile, 1962 (EUA, fronteiras);
Sawhil e Neuzil, 1963 (EUA, vias duplas com curvas
Tachas com elementos retrorrefletivos são disposi- à direita);
tivos com elementos de vidro colorido fixados no
Taylor e Foody, 1966 (EUA, delineadores de estra-
asfalto que refletem a luz dos faróis dos veículos.
da);
Podem ser usadas como divisores centrais lumino-
Tamburri, Hammer, Glennon e Lew, 1968 (EUA,
sos, fixadas no pavimento ao longo das linhas cen-
linhas centrais e fronteiras);
trais. Na Noruega, realizaram-se experimentos com
tachas com elementos retrorrefletivos em linhas Roth, 1970 (EUA, fronteiras e delineadores de es-
centrais (Samferdsel, 9/2005); na Nova Zelândia, trada);
eles já existem em grande quantidade e resultaram Hoffman, 1974 (EUA, vias duplas com curvas à di-
na redução das colisões. reita);
Johns e Matthias, 1977 (EUA, transição da linha
Balizadores são postes plásticos de aproximada- branca para a linha central amarela);
mente 1 m de altura equipados com elemento refle- Daas, 1978 (Noruega, delineadores de estrada);
tivo na parte superior. Eles são inseridos em ambos Charnock e Chessell, 1978 (Grã-Bretanha, frontei-
os lados da rodovia, com espaçamento de 50 metros ras);
entre eles em trechos retos e de 25 metros em cur- Bali, Potts, Fee, Taylor e Glennon, 1978 (EUA, mui-
vas. Os balizadores marcam os bordos da pista. tos tipos de marcações);
384 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Åkerlund e Johansson, 1980A (Suécia, delineadores Bonneson e McCoy, 1997 (EUA, vias duplas com
de estrada); curvas à direita);
Åkerlund e Johansson ,1980B (Suécia, delineadores Corben, Deery, Newstead, Mullan e Dyte, 1997
de estrada); (Austrália, vários tipos de sinalização horizontal);
McBean, 1982 (Grã-Bretanha, fronteiras); Brown e Tarko, 1999 (EUA, vias duplas com curvas
Engel e Krogsgård Thomsen, 1983 (Dinamarca, li- à direita);
nhas centrais e linhas da pista); Giæver, Sakshaug, Jenssen e Berge, 1999 (Noruega;
Rosbach,1984 (Dinamarca, fronteiras); linha média perfilada);
Thakkar, 1984 (EUA, vias duplas com curvas à di- Welch, 1999 (EUA, vias duplas com curvas à direita);
reita); Drakopoulos e Vergou, 2003 (EUA, marcas de dis-
Willis, Scott e Barnes, 1984 (Grã-Bretanha, fronteiras); tância nas rodovias);
Glennon, 1985 (EUA, linhas centrais); Ford e Calvert, 2003 (EUA, inspeções rodoviárias);
Harwood e St John, 1985 (EUA, vias duplas com Jurisich, Segedin, Dunn e Smith, 2003 (Nova Zelân-
curvas à direita); dia, marcações das linhas centrais);
Johansson, 1986 (Suécia, delineadores de estrada); Lindly e Wijesundera, 2003 (EUA, fronteiras per-
Yee e Bell, 1986 (Grã-Bretanha, linhas da pista); filadas) e
Hall, 1987 (EUA, fronteiras amplas); Persaud, Bahar, Mollett e Lyon, 2004 (EUA, refle-
Cottrell, 1988 (EUA, fronteiras amplas); tores de estrada).
Creasey, Ullman e Dudek, 1989 (EUA, refletores de
estrada); A tabela 3.13.1 mostra a melhor estimativa do efeito
Griffin, 1990 (EUA, refletores de estrada); das várias medidas de sinalização horizontal sobre os
Lum e Hughes, 1990 (EUA, fronteiras amplas); acidentes, calculadas com base nestas investigações.
Haynes, Copley, Farmer e Helliar-Symons, 1993 Considerando-se que há tanto pesquisas metodolo-
(EUA, marcas de distância); gicamente relevantes quanto pesquisas metodolo-
Kallberg, 1993 (Finlândia, delineadores de estrada); gicamente irrelevantes, são apresentados apenas os
Bowman e Vecellio, 1994 (EUA, vias duplas com resultados daquelas metodologicamente relevantes.
curvas à direita);
Fitzpatrick e Balke, 1995 (EUA, vias duplas com A principal impressão da tabela 3.13.1 é de que
curvas à direita); muitas medidas de sinalização horizontal parecem
Helliar-Symons, Webster e Skinner, 1995 (marcas ter um impacto relativamente pequeno sobre o nú-
de distância nas rodovias); mero de acidentes nas rodovias. As medidas combi-
Persaud, 1996 (marcas de distância nas rodovias); nadas podem conduzir a uma redução significativa
do número de acidentes. As melhorias sistemáticas Linhas divisórias centrais em relevo são adotadas
na sinalização horizontal nas rodovias como resulta- nas autoestradas da Suécia (Carlsson & Brüde,
do das auditorias de segurança viária visam atingir 2005), o que levou à redução do número de mor-
uma redução significativa no número de acidentes. tos ou feridos graves em 40% e do número de feri-
mentos leves em 7%. O número total de feridos ou
As explicações sobre os resultados são pouco co- mortos diminuiu em 16%. Nenhuma das alterações
nhecidas. Alguns estudos têm mostrado que vários é estatisticamente significativa. O estudo não apre-
tipos de sinalização horizontal de rodovias podem senta o controle da regressão para a média.
levar a um aumento da velocidade, quando se refere
à fluidez do tráfego. Uma meta-análise dos efeitos Marcação de refúgio para conversão à esquerda:
da sinalização horizontal – linhas divisórias centrais a reconstrução de uma rodovia de quatro para três
e linhas de bordo – em relação à rodovia sem sina- faixas com sentido duplo com refúgio central para
lização horizontal anterior apontou como resultado conversão à esquerda (em ambos os sentidos) reduz
da sinalização horizontal um aumento da velocidade o número de acidentes com feridos, porém não pos-
e menor distância da lateral da pista (Davids et al., sui impactos significativos sobre os acidentes com
2004). Isso pode ser assumido como um impacto danos materiais. Os resultados parecem ser impac-
negativo para a segurança, porém o impacto sobre tados por viés de publicação. Os resultados sobre
os acidentes não foi examinado na meta-análise. a gravidade dos ferimentos nos acidentes são, por-
tanto, baseados em “ajustes e complementos” que
Linhas de bordo comuns, linhas divisórias centrais geraram, respectivamente, 7 e 2 novas investigações,
e linhas divisórias centrais indicando proibição de conforme a tabela 3.13.1.
transposição, cor da linha e espessura da linha: para
linhas de bordo comuns, linhas divisórias centrais Linhas divisórias centrais: os impactos da marca-
e linhas divisórias centrais com proibição de trans- ção de linhas divisórias centrais sobre o número
posição, não há nenhum impacto sobre o número de acidentes foram examinados na Nova Zelândia
dos acidentes. Isso acontece independentemente do (Jurisich et al., 2003), onde as linhas divisórias cen-
tipo, largura e cor. trais podem proporcionar conversão à esquerda –
considerando o tráfego à esquerda – e a conversão
Linhas de bordo e linhas divisórias centrais em rele- do para a direita. As linhas divisórias centrais não
vo: as linhas em relevo parecem reduzir o número de podem ser utilizadas como faixas regulares ou de ul-
acidentes. As linhas de bordo em relevo têm maior trapassagem. Sendo assim, as linhas divisórias cen-
efeito sobre os acidentes com feridos e acidentes trais na Nova Zelândia na prática possuem a mesma
em declives, e as linhas divisórias centrais em relevo função que a marcação de refúgio para a esquerda
têm maior impacto sobre as colisões. Os resultados nos EUA (ver Capítulo 3.13).
aplicam-se a todos os tipos de acidentes e, como um
todo, não são estatisticamente significativos. O resul- Foi observada uma redução de 28% nos acidentes
tado com relação ao impacto dos acidentes em decli- fatais, mas nenhum impacto é significativamente
ves onde não há linhas de bordo em relevo foi corri- estatístico. Os impactos variam muito entre as di-
gido em relação ao viés de publicação. As linhas de ferentes rodovias estudadas, de modo que os mais
bordo em relevo parecem ter um impacto maior do positivos foram observados à noite, com acidentes
que as linhas divisórias centrais em relevo. As linhas envolvendo pedestres, acidentes nos quais o condu-
de bordo em relevo têm maior impacto sobre as co- tor perde o controle do veículo.
lisões durante a noite. Os impactos são ligeiramente
afetados pelo viés de publicação. Não há informação Em outro estudo da Nova Zelândia foram encon-
suficiente que compare os impactos dos diferentes trados aumentos significativos em alguns tipos de
tipos de marcas em relevo. acidentes associados às conversões à direita e coli-
sões traseiras devido à fila formada. Não foi relatado
Não houve efeitos colaterais negativos das marcas nenhum impacto sobre os acidentes como um todo.
em relevo, nem mesmo em relação à migração dos As linhas divisórias centrais deste estudo são da ci-
acidentes (Griffith, 1999). Um estudo da Finlândia dade de Auckland.
mostrou que tanto a velocidade quanto a variação
da posição lateral dos veículos foram reduzidas; po- Tachas com elemento retrorrefletivo: a medida pa-
rém, isso não acarretava uma sobrecarga mental aos rece contribuir com um pequeno declínio no núme-
condutores (Räsänen, 2002). ro de acidentes com feridos e no número de aciden-
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 387
tes em que o condutor perde o controle do veículo. damente. Tal afirmação aplica-se, em particular, à
Os resultados não parecem ser afetados pelo viés de combinação de linhas de bordo, linhas divisórias
publicação. centrais e balizadores em curvas.
(1999). As linhas de bordo em relevo podem levar à de trabalho para a realização dos serviços (Cottrell
redução da mobilidade dos ciclistas (Perrillo, 1998), & Hanson, 2001). Os riscos de acidentes com os
além de poderem apresentar desvantagens para veí- operários que executam o serviço dependem do
culos de emergências e ambulâncias, quando preci- tipo de sinalização horizontal (lavestrisiko for vaf-
sarem trafegar em alta velocidade. fel-teip, Cottrell e Hanson, 2003).
A instalação de refúgios centrais para a conversão Os custos da implantação de linhas em relevo nas
à esquerda em uma rodovia de pista simples onde rodovias, não incluindo manutenção, está entre
antes havia 4 faixas (duas em cada sentido) tem um US$ 0,38 e US$ 3,63 por metro nos EUA (em 2005,
impacto negativo relativamente pequeno sobre a ca- isso correspondia a NOK 2,5 e 24,5), dependendo
pacidade e a velocidade média da rodovia, mas pos- da extensão da sinalização (Perillo, 1998). Marcas
sui efeitos positivos para o tráfego em cruzamento, em relevo devem ser renovadas ou substituídas re-
para os pedestres atravessando a via e para veículos gularmente. A frequência depende, entre outras
de emergência. coisas, do tipo de pavimento, e varia entre 2 e 6
anos. O custo de manutenção é por volta da meta-
de dos investimentos para a implantação (Mason,
Impacto no meio ambiente 1999). As linhas em relevo são mais propensas a
danos nas rodovias onde se utiliza o frisador mecâ-
A sinalização horizontal não possui qualquer impac- nico na manutenção de inverno (Vegdirektoratet,
to sobre os ruídos e sobre a poluição do ar. A sina- 2000).
lização horizontal com tinta ou substância plástica
geralmente contém componentes químicos que ofe-
recem riscos para a saúde quando em altas concen- Avaliações de custo-benefício
trações. A exposição a tais substâncias é um risco
principalmente para os operários das rodovias que Criou-se um exemplo de cálculo separado mos-
realizam os serviços. A Agência Nacional de Ad- trando os benefícios e custos de melhorias siste-
ministração de Vias Públicas da Noruega pretende máticas das marcações rodoviárias para a Norue-
proibir a sinalização rodoviária à base de solvente ga. Considera-se que a rodovia tenha um VDMA
e instituir sinalização com substâncias plásticas em de 2.000 veículos e 0,10 acidente com feridos por
todas as rodovias. milhão de veículos-km. Espera-se que o número
de acidentes com feridos caia em 30% ao longo
de cinco anos. Espera-se que o efeito dure por 5
Custos anos. Então é feita a manutenção. Assume-se que
as melhorias tenham um custo por quilômetro de
Uma visão geral dos custos da sinalização horizontal via de NOK 85.000. As economias com os custos
nas rodovias da Noruega (Statens vegvesen, Hån- dos acidentes por km de rodovia estão estimadas
dbok 222) pode ser observada na tabela 3.13.2, que em NOK 247.000 – valor sobre cinco anos. O
mostra alguns exemplos. Além disso, para conside- benefício claramente excede o custo da medida.
rar os custos com a administração das construções, O cálculo mostra que a renovação da sinalização
recomenda-se adicionar mais 35% para taxas adi- horizontal deve ser economicamente rentável, em-
cionais. bora o impacto sobre o número dos acidentes seja
relativamente pequeno: a diminuição no total dos
Os custos com instalação ou renovação da sinaliza- acidentes, por exemplo, varia de 2 a 5%. A incer-
ção horizontal nas rodovias dependem do material teza com relação aos resultados obtidos no futuro é
utilizado, do volume de tráfego, da quantidade de muito grande para se considerar estes efeitos como
quilômetros sinalizados e do tamanho do contrato estatisticamente confiáveis.
A frequência de renovação da sinalização horizon- O risco de ser ferido ou morto no trânsito varia
tal é adotada segundo o volume de tráfego (Statens fortemente com a idade dos pedestres (Bjørnskau,
vegvesen, Håndbok 111, 2003). Nestas normas de 2009). A média para todas as faixas etárias (acima
manutenção também se estabelecem critérios de vi- de 13 anos) é de 0,47. O risco equivalente para con-
sibilidade da marcação horizontal antes de ela ser dutores de automóvel é de 0,15. O risco mais baixo
renovada. As sinalizações estão relacionadas aos entre os pedestres encontra-se na faixa etária de 45
procedimentos de decisão sobre marcações rodo- a 54 anos (aproximadamente 0,23 ferido ou morto
viárias. por milhão de passageiros-km). Nos grupos etários
acima de 64 anos, o risco aumenta para 0,37 (65 a 74
anos), 0,67 (75 a 79 anos) e 1,35 (80 anos ou mais).
Responsabilidade pela execução da medida Entre os pedestres mais velhos, o risco entre as mu-
lheres é aproximadamente 1,5 a 3 vezes maior do
As despesas com a sinalização horizontal das ro- que entre os homens.
dovias são consideradas como despesas da própria
rodovia e estão em conformidade com as regras das As regras de trânsito para pedestres têm, entre ou-
Rodovias Públicas para a distribuição desses custos tras, a finalidade de melhorar a segurança para eles,
entre o estado, a região e o município. ao diferenciar entre o deslocamento de pedestres e
o tráfego motorizado ou ao conduzir os pedestres
para locais de travessia segura. Outra finalidade
3.14 Controle de tráfego de pedestres pode ser melhorar a mobilidade dos pedestres ao,
por exemplo, reservar-lhes partes de áreas viárias ou
O capítulo foi revisado em 2009 por Alena Høye das ruas.
(TØI)
Descrição da medida
Problema e finalidades
O controle de tráfego de pedestres inclui as seguin-
A cada ano cerca de 850 pedestres são mortos ou tes medidas:
feridos em acidentes de trânsito na Noruega, de
acordo com estatísticas oficiais de acidentes (Sta- • calçadas, divisões físicas entre o deslocamento de
tistisk Sentralbyrå, 2001-2006). Isso é aproximada- pedestres e veículos motorizados;
mente 8% de todos os acidentes com vítimas notifi- • redirecionando de pedestres para locais seguros
cados à polícia. O número de pedestres mortos por de travessia;
ano é de aproximadamente 33, ou 13% de todos • maior mobilidade de pedestres.
os mortos em acidentes com vítimas notificados à
polícia (SSB, 2001-2006). O porcentual de pedes- Outras medidas que podem melhorar as relações en-
tres feridos e mortos em áreas urbanas é de aproxi- tre os pedestres e o tráfego motorizado são as vias de
madamente 40%. Antes de 1998, o porcentual era pedestres e ciclofaixas combinadas, iluminação viá-
de cerca de 80%. A mudança aparente ao longo ria, drenagem de tráfego, controlador semafórico em
do tempo provavelmente se deve às mudanças no cruzamento, controlador semafórico de faixa de pe-
que diz respeito a quais acidentes são considerados destres fora do cruzamento, adoção de mão única nas
acidentes urbanos. vias. Essas medidas são tratadas em outros capítulos.
390 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Não há estatísticas nacionais que mostrem o alcance Normalmente é asfaltada ou pavimentada com con-
do uso das medidas discutidas neste capítulo. creto/pedras. Os resultados que são apresentados
na tabela 3.14.1 mostram que há menos acidentes
envolvendo pedestres e ciclistas em vias com calça-
Impacto sobre os acidentes das do que em vias sem calçadas, mas mais aciden-
tes com veículos motorizados. Todos os resultados
Os impactos de diferentes medidas de controle viá- são referentes ao risco de acidentes, ou seja, houve
rio foram estudados nas seguintes pesquisas: controle do volume de tráfego. No entanto, não se
leva em consideração que o risco de acidentes para
Mackie e Older, 1965 (Grã-Bretanha); os pedestres é geralmente mais baixo quando há
Jacobs, 1966 (Grã-Bretanha); tráfego de pedestres mais intenso do que quando
Jacobs e Wilson, 1967 (Grã-Bretanha); há pouco tráfego de pedestres. Acredita-se que haja
Wilson e Older, 1970 (Grã-Bretanha); mais pedestres em vias com calçada do que em vias
Jørgensen e Rabani, 1971 (Dinamarca); sem. O risco de acidentes reduzido para pedestres
Herms, 1972 (EUA); pode, por isso, estar superestimado. Nenhum dos
Pegrum et al., 1972 (Austrália); estudos usou grupo de controle.
Lalani, 1977 (Grã-Bretanha);
Cameron e Milne, 1978 (Austrália); A faixa de pedestres com pintura convencional tem
Polus e Katz, 1978 (Israel); como finalidade dar aos pedestres melhores possi-
Inwood e Grayson, 1979 (Grã-Bretanha); bilidades de travessia e canalizá-los para um local
Pfefer, Sorton, Fegan e Rosenbaum, 1982 (Japão); seguro de travessia. A marcação pode consistir em
Bagley, 1985 (Grã-Bretanha); faixas brancas paralelas, mostrando as bordas exte-
Vodahl e Giæver, 1986B (Noruega); riores da faixa de pedestres, e/ou listras zebradas de
Yagar, 1986 (Canadá); diferentes padrões. Na Noruega sempre se utiliza o
Yagar, Ropret, Kaufman, 1987 (Canadá); formato de zebra. Na maioria dos países, os veículos
Boxall, 1988 (Grã-Bretanha); motorizados devem dar prioridade aos pedestres na
Ekman, 1988 (Suécia); faixa de pedestres e, em alguns países, eles devem
Frøysadal, 1988 (Noruega); dar prioridade também para pedestres que querem
Stewart, 1988 (Grã-Bretanha); atravessar a via. A taxa dos veículos que cumprem
Stølan, 1988 (Noruega); tal obrigação varia muito, mas geralmente está longe
Blakstad e Giæver, 1989 (Noruega); de 100%, ou seja, não são todos os que aderem à
Hunt e Griffiths, 1989 (Grã-Bretanha); obrigação de ceder passagem ao pedestre. Em mui-
Dijkstra, 1990 (Países Baixos); tos países a pintura de faixa de pedestres é comple-
Daly, McGrath e VanEmst, 1991 (Grã-Bretanha); mentada com placas. Em alguns países (Noruega,
Blakstad, 1993 (Noruega); Suécia e Alemanha, por exemplo) todas as faixas de
Borger e Frøysadal, 1993 (Noruega); pedestres devem ser sinalizadas com placas; em ou-
Downing, Sayer e Zaheer-Ul-Islam, 1993 (Paquis- tros países (EUA, por exemplo) as faixas de pedes-
tão); tres não são sinalizadas, mas as placas normalmente
Jones e Farmer, 1993 (Grã-Bretanha); são instaladas antes, ao lado ou acima da faixa de
Matsumara, Seo, Umezawa e Okutani, 1993 (Japão); pedestres, para que os condutores atentem para a
Borger e Frøysadal, 1994 (Noruega); faixa de pedestres e a preferencial dos pedestres.
Bowman e Vecellio, 1994 (EUA);
Wachtel e Lewiston, 1994 (EUA); A pintura de faixa de pedestres foi pesquisada em
Ward et al., 1994 (Grã-Bretanha); um grande número de estudos. Na maioria deles, no
Summersgill e Layfield, 1996 (Grã-Bretanha); entanto, não houve controle para o volume de tráfe-
Jones e Tomcheck, 2000 (EUA); go (pedestres e veículos motorizados). Os resultados
Koepsell et al., 2002 (EUA); da tabela 3.14.1 são relativos a acidentes de pedes-
Gårder, 2004 (EUA) e tres com base nos estudos em que houve controle
Zegeer et al., 2005 (EUA). tanto do volume de tráfego quanto do número de
pedestres. Em duas vias de duas faixas houve uma
A calçada é geralmente elevada em 10 a 20 cm em diferença significativa no risco de acidentes para os
relação ao pavimento da via e separada desta por pedestres dentro e fora das faixas de pedestres pin-
um meio-fio. A calçada tem circulação de pedes- tadas. Em vias com mais de duas faixas, no entanto,
tres e ciclistas possivelmente em ambos os sentidos. o risco de acidentes para os pedestres foi maior na
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 391
Tabela 3.14.1: Impactos das medidas de controle de tráfego para pedestres em acidentes. Alteração porcentual no número
de acidentes.
faixa de pedestres do que fora dela. Entretanto, o Em estudos em que não houve controle do volume
resultado não é estatisticamente significativo. Além de tráfego e do número de pedestres, encontrou-se
disso, quando se atenta para todos os tipos de via, um aumento médio no número de acidentes com
encontra-se um aumento não significativo no risco pedestres na faixa de pedestres de 18% (intervalo
de acidentes na faixa de pedestres. Os resultados de confiança de 95% [-14; +61]). Em estudos em
não parecem ser afetados por viés de publicação ou que houve controle ou do volume de tráfego ou
efeitos de regressão. Os resultados dos maiores es- do número de pedestres (mas não de ambos), tam-
tudos sobre faixa de pedestres (Zegeer et al., 2005) bém encontrou-se um aumento não significativo do
mostram que o risco de acidentes para pedestres au- número de acidentes na faixa de pedestres (+17%
menta mais na faixa de pedestres em vias com múl- com intervalo de confiança de 95% [-13; +58]). Ne-
tiplas faixas com VDMA acima de 12.000 veículos. nhum desses estudos forneceu o número de faixas
392 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ou o volume de tráfego. A maioria dos resultados de apenas um sentido por vez e têm duas travessias
se refere à faixa de pedestres em interseções; apenas curtas ao invés de uma longa. Os refúgios podem ser
poucos estudos pesquisaram o impacto da faixa de instalados em faixas de pedestres pintadas e com con-
pedestres em trechos retos. trole semafórico e sem nenhuma outra medida. Um
refúgio por si só (sem pintura de faixa de pedestres)
Costuma-se esperar que um índice de acidentes mais não dá aos pedestres prioridade sobre os veículos.
elevado na faixa de pedestres se deva a um compor-
tamento de falta de atenção na faixa de pedestres, Quando uma pintura de faixa de pedestres é instala-
mais que nos outros lugares. Contudo, os estudos da com refúgios onde anteriormente não havia faixa
que examinaram o comportamento dos pedestres de pedestres, o número de acidentes não tem ne-
dentro e fora da faixa de pedestres não encontra- nhuma alteração, como mostra a tabela 3.14.1. O re-
ram nenhum comportamento mais descuidado sultado se baseia em dois estudos em que não houve
ou desatento na travessia (Knoblauch et al., 2001; controle nem do volume de tráfego nem do número
Mitman et al., 2008; Nitzburg e Knoblauch, 2001). de pedestres. Quando um refúgio é instalado sobre
Muitos estudos também mostraram que o risco de uma faixa de pedestres com marcações existentes,
acidentes dos pedestres é maior nas distâncias de 0 os resultados mostram que o número de acidentes
a 50 metros da faixa de pedestres (Mackie e Older, de pedestres diminui, enquanto que o número de
1965; Jørgensen e Rabani, 1971; Vodahl e Giæver, acidentes com veículos motorizados aumenta. Am-
1986A,B; Ekman, 1988). bos os resultados são referentes ao risco de aciden-
tes, de modo que houve controle de ambos volume
Faixa elevada para travessia de pedestres é a faixa de de tráfego e número de pedestres. Nenhum dos re-
pedestres sobre uma lombada com perfil trapezoidal sultados é estatisticamente significativo.
(com uma parte superior plana da mesma altura do
passeio), conhecida como “plataforma” ou “lombo- Iluminação da faixa de pedestres: Foi encontrada
faixa”. Sua finalidade é reduzir a velocidade dos veí- uma grande e significativa redução do número de
culos. Quando as faixas elevadas para travessia de pe- acidentes durante a noite. O resultado se baseia em
destres são instaladas em locais onde não havia faixa dois estudos, ambos com grupo de controle. Ne-
de pedestres, o número de acidentes diminui, como nhum dos estudos, entretanto, leva em considera-
mostram os resultados da tabela 3.14.1. Os resulta- ção as diferenças do volume de tráfego ou outras
dos se referem a interseções e trechos em reta. Nem possíveis variáveis de confusão.
todas as faixas são pintadas e em algumas pesquisas
a maioria das faixas de pedestres estão instaladas em A passagem em desnível para pedestres reduz os
trechos retos. Em nenhum dos estudos houve con- acidentes de pedestres (túnel ou passarela). O resul-
trole do volume de tráfego ou do número de pedes- tado se refere ao índice de acidente antes e depois
tres. Acredita-se que ambos o volume de tráfego e a da construção de passarela. O volume de tráfego ou
velocidade diminuíram depois que foram instaladas outras variáveis de confusão não foram controladas.
faixas elevadas para travessia de pedestres.
Uma barreira de proteção para pedestres pode obs-
Quando são instaladas faixas elevadas de travessia truir a visibilidade entre veículos e pedestres que
de pedestres como melhoria da faixa de pedestres andam ao longo da barreira e estão prestes a sair
existente, o número de acidentes diminui significa- para atravessar a via (Stewart, 1988). Este problema
tivamente, como mostra a tabela 3.14.1. Contudo, pode ser evitado com os chamados “gradis visíveis”:
o resultado se baseia em apenas um estudo, em que algumas unidades são removidas do gradil para tor-
houve controle do volume de tráfego, mas não do ná-lo mais transparente. Estes gradis parecem ter
número de pedestres (Bowman e Vecellio, 1994). maior impacto sobre os acidentes do que as barrei-
Um estudo em que não houve controle nem do vo- ras ou gradis convencionais.
lume de tráfego nem do número de pedestres en-
controu um aumento não significativo – de 19% – A realização de travessias em grupo em frente a es-
em ambos os acidentes com pedestres e os acidentes colas (“patrulha escolar”) pode levar a menos aci-
com veículos motorizados (Blakstad, 1993). dentes envolvendo pedestres, mas a diminuição não
é estatisticamente confiável pelo material em que os
O refúgio na faixa de pedestres geralmente é instala- referidos estudos se baseiam. A redução no número
do entre os dois sentidos do tráfego motorizado. Os de acidentes pela introdução de “patrulha escolar”
pedestres que atravessam devem observar o tráfego pode estar relacionada à redução de velocidade dos
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 393
automóveis. Uma pesquisa dinamarquesa concluiu poluição. A parada e a saída dos veículos na faixa
que as travessias em grupo nas escolas reduzem a de pedestres pode levar a um aumento do ruído e
velocidade dos automóveis em três km/h, compara- da emissão de gases. Não foi encontrada nenhuma
do à velocidade quando a patrulha não está presente pesquisa qua documentasse os impactos das me-
(Kjærgaard e Lahrmann, 1981). didas de controle de tráfego de pedestres sobre o
meio ambiente. As faixas elevadas para travessia de
pedestres podem ter os mesmos impactos que as
Impacto na mobilidade lombadas, ou seja, aumento do ruído e emissões re-
ferentes à frenagem e à aceleração.
A pintura de faixa de pedestres aumenta o número
de pedestres que atravessam na faixa (ao invés de em
outros pontos da via) e reduz o tempo de espera dos Custos
mesmos em relação a locais de travessia sem pintura
ou com controlador semafórico (Hunt, 1990; Zegeer Os seguintes índices de custo podem ser forneci-
et al., 2005). O tempo de espera é ainda mais curto e dos para as medidas tratadas neste capítulo (tabela
o porcentual de condutores que acatam a preferência 3.14.2).
aos pedestres aumenta quando se tem faixas elevadas
para travessia de pedestres ou quando se tem refúgios Os custos totais de diferentes medidas não é conhe-
sobre a faixa de pedestres (Blakstad, 1993; Huang e cido, mas os números da tabela 3.14.3 envolvem
Cynecki, 2001; Jones e Farmer, 1993). uma parte das medidas deste capítulo e se baseiam
nos custos estebelecidos pela Statens vegvesen (Al-
nes, 1994).
Impacto no meio ambiente
Estes valores de custo não se aplicam a medidas
As medidas tratadas neste capítulo provavelmente específicas para regular o tráfego em favor exclu-
têm pouco ou nenhum impacto sobre o ruído ou a sivamente de pedestres e ciclistas. O porcentual de
Tabela 3.14.2: Custos para medidas de controle de tráfego para pedestres e ciclistas.
Preços de 1995.
Medida Custo em coroas de 1995
Colocação de placas de trânsito 2.000 (±1.000)
Pintura de faixa de pedestres convencional 5.000 (±3.000)
Sistema de refúgio na faixa de pedestres 10.000 (±3.000)
Colocação de gradis, por metro 500 (±100)
Sistema de faixa elevada de travessia de pedestres 50.000 (±10.000)
Ampliação da calçada em interseções 100.000 (±50.000)
Controle semafórico da faixa de pedestres 270.000 (±25.000)
Pintura da ciclofaixa, por metro 700 (±120)
Tabela 3.14.3: Custos totais do controle de tráfego para pedestres e ciclistas. Coroas de
1993.
Custos totais em 1993 em milhões
Medida de coroas
Vias nacionais Vias locais
Colocação de guias (sistema de passeio) 30,8 2,5
Colocação de placas de trânsito (todos os tipos) 42,2 2,5
Estabelecimento de sistemas de semáforos (todos os tipos) 16,1 0,3
Colocação de gradis 0,5 0,1
Sinalização horizontal (todos os tipos) 130,5 18,6
Operação de medidas de controle de tráfego 24,8 23,9
Total, todas as medidas 244,9 47,9
394 O Manual de Medidas de Segurança Viária
entrando ou saindo de uma vaga ao longo de uma (cerca de NOK 13.000) e 40% das lesões em todos
curva, por exemplo. os tipos de acidentes fora das cidades (cerca de
NOK 17.000).
Em média, entre 2001 e 2009 foram registrados 199
feridos e 3,7 mortos em acidentes que aconteceram Um desejo de melhor qualidade de vida ou melhor
da colisão com veículos em marcha a ré ou estacio- gestão de tráfego é muitas vezes a base para a exi-
nados. Isso representa 1,9% de todos os relatórios gência de uma regulamentação melhor para os esta-
policiais sobre feridos e 1,4% de todas as mortes em cionamentos. A melhoria dos centros das cidades,
acidentes de trânsito que a polícia registrou no mes- do transporte público e a redução do trânsito são
mo período. Os acidentes associados às manobras metas importantes na regulamentação para os espa-
de estacionamento ou à existência de estacionamen- ços de estacionamentos (Usterud Hanssen e Stens-
to ao longo das vias são: tadvold, 1993). Nem sempre a finalidade é uma me-
lhor segurança viária.
• pedestres atropelados por um veículo em marcha
à ré (29%); O controle de parada e de estacionamento pode
• entrada de veículos nos estacionamentos (28%); afetar a segurança do tráfego, removendo ou redu-
• colisão de um pedestre atravessando a via saindo zindo as vagas na via, especialmente quando elas
por trás de um veículo estacionado (18%); causam uma situação muito prejudicial, evita que
• colisão frontal ao ultrapassar veículo estacionado o veículo fique parado ou estacionado em lugares
ou parado (15%); onde ele reduz a visibilidade ou a acessibilidade de
• veículo parado/estacionado na mesma direção outros usuários à via, incluindo os pedestres.
(10%).
O valor médio das indenizações por danos aciden- • em frente a interseções semaforizadas, previnem
tais em colisão de marcha a ré ou colisão de veículos que o veículo parado esconda o semáforo;
estacionados é de aproximadamente NOK 7.000, • em cruzamentos com curvas à direita, evitam pa-
tanto dentro quanto fora das cidades. Isso é um radas que impedem a realização da curva à direita;
pouco mais da metade da indenização média por • em faixas de ônibus, pois estes são reservados
danos para todos os tipos de acidentes nas cidades para o transporte público.
396 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Estacionamento proibido – introduzido com a pla- DeRose, 1966 (EUA, proibição limitada de estacio-
ca 372 de proibido estacionar. Em ruas onde há a namento);
proibição do estacionamento, as paradas momen- LaPlante, 1967 (EUA, proibição limitada de esta-
tâneas de carga/descarga e de embarque/desem- cionamento);
barque são permitidas. No entanto, a proibição do Madelin e Ford, 1968 (Grã-Bretanha, proibição de
estacionamento impede as entregas de mercadoria. estacionamento na via);
Crossette e Allen, 1969 (EUA, proibição de estacio-
A proibição limitada de estacionamento (permis- namento na via);
são limitada) – é introduzida com a placa 552 – a Good e Joubert, 1973 (Austrália, proibição de esta-
extensão do trecho permitido é indicada na placa. cionamento na via);
A sinalização também é usada para reservar o esta- Cleveland, Huber e Rosenbaum, 1982 (EUA, várias
cionamento para um usuário ou grupos de veículos medidas);
em uma via específica e para introduzir o estacio- Main, 1983 (Canadá, proibição de estacionamento
namento pago. Os exemplos para limitar as possi- na via);
bilidades são: Westman, 1986 (Suécia, proibição de estacionamen-
to na via);
• estacionamento por tempo limitado; Blakstad e Giæver, 1989 (Noruega, proibição de es-
• estacionamento reservado; tacionamento na via);
• áreas/espaços de estacionamento limitado; Dijkstra, 1990 (Países Baixos, medidas diversas);
• taxa de estacionamento. McCoy, Ramanujam, Moussavi e Ballard, 1990
(EUA, forma de alinhamento e marcação de esta-
A sinalização pode ser usada para referir-se a locais cionamento);
com determinadas especificidades. Esta forma de McCoy, McCoy, Haden e Singh, 1991 (EUA, modo
regulação já foi tentada em Estocolmo e em alguns de alinhamento) e
lugares de Oslo, com a proibição do estacionamento Bonneson e McCoy, 1997 (EUA, proibição de esta-
nos dias úteis. A finalidade dessa proibição é facili- cionamento).
tar a manutenção de inverno.
A tabela 3.15.1 resume os impactos da regulamenta-
Posição de parada – em ruas onde o estacionamen- ção de estacionamento sobre os acidentes com base
to é permitido, o veículo é estacionado de várias nessas investigações.
maneiras. A mais comum, na Noruega, é o estacio-
namento paralelo ao meio-fio. Estacionamentos na Muitos dos estudos nesta área são relativamente
diagonal (45o) também podem ocorrer. Diferentes fracos em termos de metodologia. Trata-se de es-
métodos de alinhamento podem ser indicados por tudos antes-depois, simples, em que não se leva
marcações viárias. em conta uma possível regressão para a média ou
tendência de longo prazo nos acidentes. Em mui-
Regulamentação de zona de estacionamento – por tos casos, tem-se a regulamentação do estaciona-
meio da introdução da placa 376 – zona de estacio- mento combinada com outras medidas, de modo
namento, até ser revogada pela placa 378 – fim da que o impacto da regulamentação do estaciona-
zona do estacionamento. mento em si torna-se difícil de ser determinada.
Vários estudos também não fazem distinção entre
Taxa de estacionamento – pode ser usada para re- os acidentes com feridos e os acidentes com da-
gular a demanda por estacionamento por um pe- nos materiais.
ríodo mais curto. Ao aumentar a taxa de estaciona-
mento em determinado período, pode-se alcançar a A introdução da proibição de estacionamento em
redução do tempo médio do estacionamento (maior uma via parece reduzir o número de acidentes em
rotatividade). 20 a 25%. As pesquisas, no entanto, dizem apenas
que a proibição do estacionamento funcionou nas
vias onde ela foi introduzida. Em certa medida, a
Impacto sobre os acidentes demanda por estacionamento pode ser transferida
para outras vias adjacentes, de modo que deveria
Os resultados aqui apresentados baseiam-se nos se- ser levado em conta o aumento dos acidentes nes-
guintes estudos sobre os impactos nos acidentes de sas vias, onde a procura por estacionamento tor-
vários tipos de regras de estacionamento: nou-se maior.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 397
A transição do estacionamento irrestrito para restrito, ças nos padrões de tráfego e cargas em vias locais
ou seja, o estacionamento só acontece em pontos sina- podem melhorar a segurança viária, caso o aumento
lizados de acordo com as regras, parece impactar pou- da capacidade não seja totalmente esgotado pelo au-
co o número de acidentes com feridos. O número de mento de tráfego.
acidentes com danos materiais apresenta um aumento.
maior fluxo de veículos na área. Isso pode levar a da proibição de estacionamentos em uma via com
um aumento nos níveis de ruído e de poluição. É um VDMA de 3.000 veículos, dos quais 300 eram
concebível que o tráfego de veículos buscando por associados aestacionamento. Supõe-se que a via
vagas sofra um aumento quando da reorganização tenha um índice de acidentes com feridos de 0,7
do estacionamento. Isso pode ser evitado por um por milhão de veículos-km; supõe-se que metade
sistema referenciado de estacionamento. Investiga- já não possa estacionar e, portanto, terá de encon-
ções realizadas logo após serem introduzidas taxas trar estacionamento em outros lugares, buscan-
de estacionamento para os cerca de 15.000 quar- do vagas por mais 500 metros. Assume-se que os
teirões centrais em Copenhague em 1990 mostrou efeitos durem dez anos. Os impactos da proibição
que a extensão dos estacionamentos foi reduzida em de estacionamento estão estimados em cerca de
torno de 25%. Isso contribuiu para que o trânsito NOK 2,6 milhões em economias com os custos
nas áreas centrais fosse reduzido em cerca de 10% de acidentes, NOK 720.000 em custos adicionais
(Hanssen 1996). para o tráfego associado ao estacionamento trans-
ferido para outras ruas e cerca de NOK 440.000
em perda de benefícios relacionados ao trânsito.
Custos O benefício total é estimado em cerca de NOK
1.450.000. O custo econômico do projeto é esti-
O estacionamento e sua regulamentação implicam mado em NOK 60.000. Os benefícios claramente
custos de sinalização, aplicação, operação e manu- superam os custos.
tenção. As despesas operacionais incluem salários,
uniformes, carros e equipamentos de estacionamento Crossette e Allen (1969) apresentam uma análise
(Solberg, 1986a,b). Principalmentenas maiores cida- de custo-benefício da proibição de estacionamento
des, onde a demanda por vagas de estacionamento em duas das principais ruas de Yuma, no Arizona,
é grande, a receita com estacionamentos pode ser EUA. A utilidade em termos de redução dos custos
grande. dos acidentes foi estimada em US$46 milhões, de
forma que o custo para implementar a medida é
de US$ 3.920. Os impactos sobre o meio ambiente
Avaliações de custo-benefício não foram incluídos nesta análise de custo-bene-
fício.
Uma análise de custo-benefício da proibição de es-
tacionamentos depende, por exemplo, das premissas
adotadas para a definição dos seus possíveis efeitos. Responsabilidade e procedimentos formais
Uma possibilidade é que o tráfego associado ao es-
tacionamento cesse completamente. Isso significa Iniciativa para a medida
um custo na forma da perda de benefício gerado por
este trânsito que cessou. Outra possibilidade é que o As iniciativas para mudar as regras de estacionamen-
tráfego associado ao estacionamento seja transferido to em uma avenida ou em uma rua podem partir de
de uma via onde o estacionamento foi proibido para moradores, empresas ou das autoridades viárias.
outras vias próximas. Nesse caso, os acidentes nas
vias que receberam o fluxo tendem a aumentar. Além
disso, é razoável considerar que a transferência dos Requisitos e procedimentos formais
locais de estacionamento aumente a distância percor-
rida para encontrar uma vaga na outra via. Uma ter- Os critérios para a introdução de sinalização de
ceira possibilidade é que o estacionamento na via seja proibição e controles de parada e estacionamen-
transferido para um estacionamento subterrâneo, to seguem as normativas relativas à sinalização
de modo que todo o trânsito associado ao estacio- (Statens vegvesen, Håndbok050, 2009). No nível
namento será transferido para essa garagem. Vários municipal, é normal que as metas globais de esta-
ajustes também podem ocorrer simultaneamente. cionamento sejam de responsabilidade municipal,
É difícil elaborar uma análise de custo-benefício da enquanto que a regulação mais detalhada da ofer-
regulamentação do estacionamento sem conhecer os ta de estacionamento encontra-se especificada no
efeitos sobre os volumes e padrões de tráfego. zoneamento correspondente. O estacionamento
costuma ser incluído como um item no plano de
Para exemplificar uma relação de custo-benefí- circulação viária, plano de transportes ou plano di-
cio, considere que, em 1997 fez-se uma análise retor do município.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 399
Responsabilidade pela execução da medida ciais, reconduzindo-o à rede viária principal que
tiver sido construída predominantemente para
Medidas como a introdução do estacionamento receber esse tráfego. A finalidade é melhorar a
pago, estacionamento em zona residencial e aplica- segurança, principalmente daqueles usuários viá-
ção de regras de estacionamento municipal exigem, rios mais vulneráveis e criar um ambiente resi-
em princípio, que as decisões partam de órgãos dencial mais agradável.
municipais e estaduais. A decisão é seguida por 3. A adoçãoda mão única pode fazer parte de um
um planejamento detalhado (Fuglum e Granquist, plano viário para o fluxo mais eficiente e seguro,
1980). A sinalização e controle de estacionamento no qual a malha urbana tem suas vias regulamen-
são feitos de acordo com as diretrizes estabelecidas tadas para a mão única. Em vias de mão única,
nas normas (Statens vegvesen, Håndbok 050, 2009). teoricamente o número de pontos de conflito
nas interseções pode diminuir significativamen-
te (Stemley, 1998). Normalmente, vias comduas
3.16 Via de mão única faixas de tráfego, sendo uma em cada sentido,
oferecem 32 pontos de conflito para o tráfego
O capítulo foi revisado em 2011 por Michael W J veicular nas intersecçõe sem X. Ao utilizar duas
Sørensen (TØI) faixas em mão única, o número de pontos de con-
flito é reduzido para 16. Além disso, simplifica-se
a tarefa de travessia dos pedestres, a capacidade
Problema e finalidades viária aumenta e o controle semafórico pode ser
otimizado.
Via sem áreas mais antigas no meio urbano geral-
mente não foram projetadas e construídas para su- Por outro lado, vias de mão única resultam em uma
portar o volume de tráfego que existe hoje em dia; quantidade mais elevada de quilômetros percorri-
elas normalmente são mais estreitas e/ou têm guias dos. O aumento da quilometragem pode ser parti-
com estacionamento. Com tráfego em ambos os sen- cularmente um problema para o tráfego de bicicle-
tidos, deve-se manter uma velocidade mais reduzi- tas, que é mais sensível à distância que o tráfego de
da e frequentemente há a necessidade de frear para automóveis.
dar passagem a outro tráfego, situações em que os
pontos de conflito e de decisão de preferencial são Uma malha viária composta por vias de mão única
muitos. Isto afeta em particular o fluxo de tráfego. também pode se tornar confusa para os usuários en-
contrarem seu caminho em comparação com uma
Em áreas residenciais pode haver tráfego de passa- malha viária com vias de mão dupla (Stemley, 1998;
gem, que tanto pode aumentar o risco de acidentes Walker, Kulash e McHugh, 2003).
quanto contribuir para o aumento da insegurança.
Para os pedestres, a situação torna-se difícil quando
o tráfego vem de várias direções diferentes, espe- Descrição da medida
cialmente em interseções onde os pedestres normal-
mente escolhem para atravessar a via. Os ciclistas A adoçãoda mão única é introduzida com a coloca-
também podem experimentar situações difíceis de ção da placa 526, “Via de mão única”, onde começa
travessia. o trecho regulamentado para operar emmão única.
A placa indica com uma seta o sentido permitido.
A adoçãodo sentido único de circulação (mão úni- No extremo oposto é usada a placa 302, “Proibido
ca) em uma via pode ter uma ou mais entre as três seguir adiante” (Statens vegvesen, 2009).
finalidades principais, conforme elencadas a seguir;
sendo que as duas primeiras delas muitas possuem A adoçãode vias de mão única na Noruega muitas
vezes uma relação direta entre si (Allen, 2006): vezes é incluída nos planos de utilização das vias
ou de moderação do tráfego (traffic calming) (veja
1. A adoção da mão única pode contribuir para re- o capítulo 3.1), em que várias vias são analisadas
solver o problema do excesso de tráfego em vias em conjunto e a adoção da mão única é combina-
estreitas. da com medidas de áreas com limite de velocidade,
2. A adoção da mão única pode fazer parte de um de redução da velocidade, de proibição de passa-
plano de recuperação viária que pode ajudar a gem, de fechamento de vias, de regulamentação de
deslocar o tráfego de passagem de vias residen- estacionamento e de melhoria das viasprincipais.
400 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 3.16.1: Impactos da adoção de via de mão única sobre o número de acidentes. Alteração porcentual no número de
acidentes. Fonte: TØI.
O possível impacto de fatores de confusão como A permissão demão dupla nas ciclofaixas em vias de
alterações no volume de tráfego e tendências no mão única em Mainz, na Alemanha, levou à tripli-
desenvolvimento dos acidentes (tendência de longo cação do tráfego de bicicletas sem nenhum registro
prazo) não está incluído nestes estudos. Conside- de acidente no período posterior (Tebbe, 1994; Hal-
rações sobre oefeito da regressão para a médiasão dorsen, 2000).
menos relevantes neste contexto. Em muitos casos,
o impacto associado à segurança foi pesquisado Em Saarbrücken, na Alemanha, a mão dupla em ci-
usando-se indicadores indiretos para a segurança, clofaixas foi permitida em cerca de 90 vias de mão
tais como o número de conflitos. A quantidade e única no começo da década de 1990. Depois da
a qualidade dos estudos demonstram que não é mudança, foram registrados apenas três acidentes
possível resumir os resultados sob a forma de uma envolvendo bicicletas. Não há nenhum registro de
meta-análise. problemas entre veículos e bicicletas circulando em
sentidos opostos (Haldorsen, 2000).
Os estudos e experiências realizados sugerem que
a medida como um todo não causa problemas de Um estudo alemão mais antigo com uma amostra
segurança viária; pelo contrário, melhora a seguran- de 4.500 acidentes envolvendo bicicletas em cinco
ça viária. Ao mesmo tempo, parece mais perigoso cidades da Baviera concluiu que é mais seguro pe-
utilizar a bicicleta no mesmo sentido do fluxo da dalar no sentido oposto do que no mesmo sentido
via que no sentido oposto. Abaixo se apresentam os da via de mão única (Hülsen, 1993). Esta pesquisa
resultados das pesquisas mais importantes. foi um documento importante para que a instalação
de ciclofaixas no sentido oposto ao da via de mão
Estudos de Haldorsen (2000), Krag (2008) e Pucher, única fosse formalizada nas normas viárias alemãs
Dill e Handy (2010) concluíram que possivelmente (Haldorsen, 2000).
a medida tenhaum impacto positivo na segurança,
especialmente se sua criação e regulamentação fo- Uma revisão de 165 acidentes envolvendo bicicletas
rem conduzidas de forma adequada. de 2005 a 2007 em seis municípios da região de Bru-
xelas em 588 km de vias (3.386 trechos retos) mos-
A maior e melhor pesquisa sobre a medida vem da trou que 16 acidentes (9,7%) ocorreram em 91 km
Alemanha (Alrutz e outros 2002). Ela engloba 669 de vias (731 trechos retos) com fluxo de bicicletas
vias locais com ambas as análises antes-depois, ou no sentido oposto ao permitido na via. Isso significa
seja, com e sem a medida em estudo. Realizou-se o que essas vias tiveram 0,18 acidente por km e 0,022
monitoramento dos acidentes com e sem a medida, acidente por trecho reto, enquanto que toda a rede
ou seja, no período antes e no período depois da viária teve 0,28 acidente por km e 0,049 acidente
implementação. No geral, foram registrados muito por trecho reto. Entre os acidentes, houve apenas 3
poucos acidentes nessas 669 vias. Em 80% delas a 8 acidentes que ocorreram entre veículos no sen-
não foi registrado nenhum acidente envolvendo tido contrário.
bicicleta e em apenas 3% das vias houve mais de
um acidente envolvendo bicicleta em um período Uma revisão de 1.136 acidentes envolvendo bicicle-
de 3a4 anos. A comparação entre as vias regulamen- tas na Antuérpia, Bélgica, entre 2000 e 2008 mos-
tadas com mão única com permissão de mão dupla trou que 28 deles (3,1%) aconteceram em vias com
nas ciclofaixas e as vias locais equivalentes de mão ciclofaixas com permissão para circular no sentido
dupla mostrou que as vias de mão dupla têm maior oposto ao da mão única. Nessas vias (23,5 km) hou-
número de acidentes (0,46 acidente por km) que as ve, portanto, 1,2 acidente por km ao longo de um
vias de mão única com permissão de mão dupla para ano. No restante da rede viária (137,5 km) houve
ciclofaixas (0,30 acidente por km). Pesquisas antes- 8,1 acidentes por km (Dupriez, 2009).
depois mostraram que o número de acidentes dimi-
nuiu em aproximadamente um quarto, de 0,31 para Uma pesquisa antes-depois da permissão das bi-
0,23 por km, quando a mão dupla foi permitida nas cicletas no sentido oposto ao da via de mão única
ciclofaixas. A gravidade dos acidentes envolvendo em duas vias em Roskilde mostrou que, no perío-
bicicletas também diminuiu. A análise antes-depois do de 66 meses antes da medida, tinha havido 10
mostrou também que não acontecem mais acidentes acidentes com bicicleta (0,151 acidente por mês) e
envolvendo bicicletas em ciclofaixas na mão oposta que, no período de 36 meses depois, houve 5 aci-
se comparadas àquelas que acompanham o sentido dentes com bicicletas (0,139 acidente por mês). Isso
da via. corresponde a uma redução de 8% no número de
402 O Manual de Medidas de Segurança Viária
acidentes, obtida mesmo tendo havido um aumen- • A medida coloca mais bicicletas nas ruas, o que
to no tráfego de bicicletas. O risco de acidente de torna os ciclistas mais visíveis no cenário viário e,
bicicleta parece, então, ter diminuído. O número portanto, aumenta a atenção dos condutores de
total de acidentes foi reduzido em quase 50%, de automóvel para este grupo de usuários.
0,636 acidente para 0,330 acidente por mês, o que • Acaba havendo menos tráfego de automóveis nas
pode estar relacionado ao tráfego menorde veículos ruas.
(Roskildekommune, 2004). • O nível de velocidade dos automóveis diminui nas
vias estreitas quando há tráfego de bicicletas no
Uma comparação em Copenhague entre 10 km de sentido oposto à mão única.
vias de mão única onde o fluxo contrário de bicicle- • A medida implica um deslocamento do tráfego de
tas não era permitido e 9 km de ruas de mão única bicicletas das vias principais congestionadas para
onde era permitido de modo geral não possibilitou as vias locais, onde o risco de acidente e o grau
que se chegasse à conclusão de que o fluxo de bici- de gravidade para os usuários vulneráveis são me-
cletas no sentido oposto da mão da via na maioria nores.
das ruas de Copenhague levaria a mais acidentes de • As viagens de bicicleta são mais curtas.
bicicleta (Agerlin e Jensen, 2008). • Pode acabar havendo menos acidentes com car-
ros estacionados, se, como parte da medida, for
Uma análise mais antiga em Copenhague dos aci- proibido estacionar nas vias.
dentes de bicicleta em 61 vias de mão única com • A medida parece reduzir o número de acidentes
ciclofaixas de mão dupla mostrou que entre 1991 e de bicicleta com crianças e jovens.
1996 não houve nenhum registro de acidente entre
veículos e bicicletas nessas vias (Haldorsen, 2000). Há, entretanto, alguns problemas de segurança viá-
ria com a medida:
Uma pesquisa em Nakskov mostrou que o número de
acidentes com bicicletas no centro, apesar do maior • Os acidentes com bicicletas se concentram nas
tráfego de bicicletas, permaneceu inalterado depois interseçõese nas entradas e saídas de vias de mão
que foram feitas as marcações de ciclofaixas em am- única. Esses locais representam os maiores desa-
bos os sentidos em vias de mão única. O número de fios à segurança. Alteração na forma da interse-
feridos diminuiu (Christiansen e Rasmussen, 1993). ções, melhor visibilidade, semáforo e marcações
complementares na área de bicicletas e restrições
O tráfego de bicicletas foi monitorado por câme- em relação ao estacionamento nas ruas podem mi-
ras em seis vias de Bristol, Chichester e Oxford na nimizar os problemas.
Grã-Bretanha, onde o fluxo de bicicletas no sentido • As curvas podem causar problemas se o fluxo de
oposto ao da rua foi permitido. Não houve registro bicicletas na contramão da corrente estiver no
de nenhum conflito grave, nem entre automóveis e lado interno da curva e a visibilidade for ruim.
bicicletas, nem entre bicicletas e pedestres (Ryley e Isto porque há risco de o automóvel invadir apar-
Davies, 1998; DfT, 1998). te interna das curvas.
• Acaba havendo vários conflitos e acidentes com
Há várias razões para que a segurança viária pareça pedestres que atravessam quando eles não espe-
melhorar para os ciclistas com a permissão das ci- ram que uma bicicleta possa aparecer na contra-
clofaixas de mão dupla em vias de mão única. mão e por isso não prestam atenção a esse sentido.
• A medida exige algumas adaptações e, portanto,
• O número de conflitos e acidentes entre ciclistas e pode muito bem haver alguns conflitos logo após
automóveis é maior para o ciclista que pedala no sua introdução.
sentido da via do que para o ciclista que pedala na • Os ciclomotores podem representar um proble-
contramão, o que pode ser esclarecido pelo fato ma, provavelmente devido à alta velocidade.
de que “quatro olhos veem melhor que dois”.
• Acaba havendo um menor fluxo de bicicletas na
calçada, o que reduz os conflitos e acidentes entre Impacto na mobilidade
ciclistas e pedestres na calçada.
• No geral, é mais seguro para os ciclistas pedala- Plano de circulação ou plano para fluidez do tráfe-
rem na faixa de rodagem do que na calçada, já go: A adoção de via de mão única pode gerar rotas
que isso reduz o risco de acidentes graves em in- mais longas para os automóveis em 20 a 50%, assim
terseções. como aumentar a capacidade das vias de 10 a2 0%.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 403
A capacidade das interseções também é melhorada velocidade mais baixa na área, o que pode reduzir a
(Dorroh e Kochervar, 1996; Stemley, 1998; Walker, poluição e o número de residências impactadas pelo
Kulash e McHugh, 2003), o que pode levar a um au- excesso de ruído. O ambiente residencial na área
mento no tráfego. Pesquisas antes-depois nos EUA também é aprimorado. A medida, contudo, acarreta
(Parsonson, Nehmad e Rosenbaum, 1982) indica- o aumento de emissões de CO2 como resultado do
ram que aumentos de tráfego entre 10 e30% em vias aumento da distância percorrida (Kolbenstvedt,A-
urbanas principais não são incomuns. A regulamen- mundsen, Sørensen e Aas, 2011). A avaliação teórica
tação da via de mão única também pode aumentar a de Sørensen e Mosslemi (2009) concluiu que a ado-
velocidade (Walker, Kulash e McHugh, 2003). Em ção de via de mão única como parte de um projeto de
pesquisas antes-depois na Grã-Bretanha e nos EUA circulação aumenta a sensação de segurança entre os
(Bruce, 1967; Parsonson, Nehmad e Rosenbaumm, usuários vulneráveis da via. Isso é explicado por um
1982), foi encontrada redução do tempo de viagem cenário de trânsito menos complicado, com menos
entre 20% e 60%, dependendo da gravidade dos tráfego e velocidade mais baixa. Em alguns casos, to-
problemas de congestionamento anteriores. Um mi- davia, a velocidade pode aumentar.
cro estudo de simulação sobre o efeito da conversão
de uma rede viária hipotética de vias de mão dupla Adoçãode via de mão única para a fluidez do trá-
para vias de mão única constatou que a rede viária fego: Não foi encontrada nenhuma pesquisa empí-
regulamentada para mão única melhora o fluxo de rica mostrando o quanto a regulamentação da via
tráfego, uma vez que há menos paradas, menor nú- de mão única (quando a finalidade é simplificar o
mero de atrasos e maior velocidade média do tráfe- fluxo de tráfego) atua sobre o meio ambiente. O flu-
go (Meng e Thu 2004). xo de tráfego e a velocidade maiores podem levar a
um maior nível de ruído, de poluição e de emissões
Fluxo de bicicletas no sentido oposto ao da via de de CO2. Por outro lado, um melhor fluxo de tráfe-
mão única: Potenciais rotas mais longas em vias de go pode reduzir os níveis de ruído e causar menos
mão única são especialmente problemáticas para o poluição (Cunneen e O’Toole,2005). Um estudo de
tráfego de bicicletas, que é mais sensível à distân- microssimulação concluiu que a adoçãodevia de
cia que os automóveis. A solução deste problema mão única em uma rede viária, numa visão global,
é regulamentar as ciclofaixas de mão dupla em vias gera menos poluição e emissões de gases de efeito
de mão única. Isso proporciona uma melhoria sig- estufa que uma rede viária formada por vias de mão
nificativa na mobilidade para os ciclistas. Antes ha- dupla (Meng e Thu, 2004).
via muitas bicicletas irregularmente na contramão
em vias de mão única, mas a medida legaliza este Fluxo de bicicletas no sentido oposto ao sentido
comportamento. Ao mesmo tempo, acaba havendo da via de mão única – meio ambiente e clima: A
menos ciclistas que pedalam nas calçadas e mais que permissão do fluxo de bicicletas no sentido oposto
pedalam na faixa de rolamento, onde eles têm me- ao da via de mão única melhora as condições para
lhor mobilidade. A permissão de pedalar no sentido os ciclistas: fornece uma rede mais ampla de ciclo-
oposto ao sentido da via de mão única implica fre- faixas; encurta a rota das bicicletas e/ou legaliza o
quentemente, de acordo com experiências dinamar- comportamento antes irregular entre os muitos ci-
quesas e alemãs, uma diminuição da velocidade dos clistas de transitar na contramão; e, o benefício sim-
veículos quando há ciclistas se aproximando. Em bólico de os ciclistas se sentirem muito mais bem-
vias estreitas na Alemanha, a velocidade de aproxi- vindos e priorizados. Isso pode ajudar a fazer com
mação diminuiu 20 km/h. Isso significa um tempo que mais pessoas usem a bicicleta (Haldorsen, 2000;
de viagem mais longo para os condutores, embora o Aas, 2002; Bakken, 2008; Krag, 2008). Se antes es-
aumento seja limitado à presença de ciclistas na via ses ciclistas utilizavam automóvel e agora usam a bi-
(Christiansen e Rasmussen, 1993; Haldorsen, 2000; cicleta, isso terá um efeito positivo sobre o meio am-
Alrutz et al.; Krag, 2008). biente e o clima do local. A cidade de Copenhague
estimou que a permissão do fluxo de bicicletas no
sentido oposto ao da via pode fornecer um aumento
Impacto no meio ambiente de 20% no tráfego de bicicletas em determinadas
rotas e, assim, ajudar a atingir a meta de que 50%
Regulamentação de via de mão única como parte de do deslocamento da cidade seja feito de bicicleta em
plano de circulação: Caso a medida faça parte de um 2015 (Agerlin e Jensen, 2008). Contagens de fluxo
plano de circulação para uma área maior, a adoção em Roskilde e Nakskov mostraram que havia mais
da via de mão única pode implicar menor tráfego e ciclistas e menos condutores de automóveis nas ruas
404 O Manual de Medidas de Segurança Viária
depois que a medida foi implementada. Em uma das se sentiram um pouco inseguros, e não houve ne-
vias de Roskilde, o tráfego veicular foi reduzido à nhum que tivesse se sentido muito inseguro (Ryley
metade e em outra foi reduzido de cerca de 6.000 e Davies, 1998; DfT, 1998). A pesquisa de ciclofai-
automóveis por dia para o tráfego limitado somen- xas de mão dupla em vias regulamentadas de mão
te para entregas e afins (Christiansen e Rasmussen, única em Münster, na Alemanha, mostrou que 60%
1993; Rasmussen kommune, 2004). A medida tam- dos ciclistas se sentiram seguros. Entre os motoris-
bém implicou o aumento do tráfego de bicicletas tas, entretanto, mais da metade achou que a medida
em cidades alemãs. Em Saarbrücken, por exemplo, levou a um aumento da insegurança (Haldorsen,
o uso da bicicleta aumentou e em Mainz, triplicou 2000; Muskaug, 1994). A permissão do fluxo de
(Haldorsen, 2000). bicicletas no sentido oposto ao sentido da via de
mão única normalmente faz com que menos ciclis-
Fluxo de bicicletas no sentido oposto ao sentido da tas pedalem nas calçadas (Haldorsen, 2000; Krag,
via de mão única – segurança e princípios: Ciclistas 2008). Na Alemanha, a taxa dos que pedalam na
e diferentes organizações interessadas consideram- contramão na calçada, por exemplo, é de 20% nas
que esta é, no geral, uma boa medida e que melhora ruas onde a medida foi introduzida e de 60% nas
as condições para os ciclistas. A Associação de Ci- ruas sem a medida (Alrutz et al., 2002). Isso é algo
clistas na Noruega vem trabalhando há muitos anos que pode melhorar a sensação de segurança dos
para obter a permissão para o fluxo de bicicletas no pedestres. Como descrito anteriormente, a medida
sentido oposto ao sentido da via de mão única. Con- faz com que mais pessoas usem a bicicleta. Mais ci-
dutores, motoristas profissionais e pedestres são ge- clistas, por sua vez, terão uma maior sensação de
ralmente menos favoráveis à medida. A polícia, em segurança, uma vez que a atenção dos condutores
muitos casos, mas não em todos, também é cética aumenta sobre este grupo de usuários.
em relação à medida (Haldorsen, 2000; Aas, 2002;
Bakken, 2008; Agerlin e Jensen, 2008; Kristiansen,
2008; Pucher, Dill e Handy, 2010). Em relação aos Custos
testes com a medida em Oslo, Bjørnskau, Fyhri e
Sørensen (2011) realizaram uma pesquisa prelimi- Os custos diretos da introdução da regulamentação
nar com 429 ciclistas, 537 pedestres e 213 motoris- da via de mão única são pequenos. Eles incluem os
tas, em que foram perguntados sobre o que achava custos de planejamento e de sinalização vertical e
da medida. A escala de resposta foi de 1 (muito in- horizontal. Os impostos podem variar de lugar para
satisfeito) a 7 (muito satisfeito). Os ciclistas foram lugar. O mínimo exigido é a colocação da placa 526,
os mais favoráveis, com uma média de 5,8. Os pe- “Via de mão única”, e da placa 302, “Proibido se-
destres também foram, em média, favoráveis, mas guir em frente”. O custo por placa é entre NOK
em menor grau que os ciclistas (média de 4,9). Os 2.000 e NOK 4.000. O respeito à regra de via de
motoristas tiveram uma média de resposta de 3,9 e, mão única é maior que o respeito a muitas outras
portanto, foram os menos favoráveis. Uma pesquisa regras de trânsito (Daas, 1980). Algumas operações
em Mainz, Alemanha, mostrou que 77% dos ciclis- de controle provavelmente ainda são necessárias.
tas e 51% dos moradores eram favoráveisà medida
(Haldorsen, 2000). O estabelecimento da permissão Os custos da introdução da permissão do fluxo de
do fluxo de bicicletas na contramãoem duas ruas bicicletas no sentido oposto ao sentido da via de
de Roskilde, no centro da Dinamarca, não levou a mão única variam, dependendo de diferentes con-
nenhum questionamento sobre a insegurança por dições. Em vias de mão única com baixo nível de
parte dos ciclistas. A associação dos ciclistas tam- velocidade, pouco volume de tráfego e condições fí-
bém apoiou o projeto. Os motoristas de ônibus, no sicas que assim o permitam, o fluxo de bicicletas em
entanto, foram mais críticos em relação à solução mão dupla pode ser permitido com a colocação de
(Roskilde kommune, 2004). Em Nakskov, na Di- placas e sem grandes mudanças físicas. Em vias com
namarca, a taxa de ciclistas que se sentiram segu- mais trânsito, nível de velocidade mais elevado, per-
ros aumentou de 30% para 76% nas vias onde a missão de estacionamento, permissão de entrega de
medida foi introduzida (Christiansen e Rasmussen, mercadorias e muitos cruzamentos, a medida deve,
1993). Um levantamento sobre a medida em seis além da colocação de placas, envolver marcação da
vias de Bristol, Chichester e Oxford na Inglaterra ciclofaixa ou construção de ciclovias (Haldorsen,
mostrou que quase todos os ciclistas acharam as 2000; DfT, 1998; CTC, 2011). A marcação de ciclo-
soluções mais seguras que ter que escolher outras faixa custa cerca de NOK 1.000 por metro e a cons-
rotas: 79% dos ciclistas se sentiram seguros, 18% trução de ciclovia, NOK 6.000 a 10.000 por metro.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 405
sam fluir e evitar congestionamentos. Uma alterna- • Há a possibilidade de colisões durante a transição
tiva para aumentar a capacidade, ao invés de cons- entre um sentido para o sentido oposto, se o tre-
truir mais faixas de rodagem, é transformar uma ou cho de transição não for suficientemente longo.
mais faixas de rodagem já existentes em reversíveis.
Uma faixa reversível é projetada para servir o tráfe- Por outro lado, há também vários argumentos de
go em ambas os sentidos, dependendo do sentido que a implantação da medida de faixa reversível te-
em que o volume de tráfego esteja maior. Em um nha um efeito positivo, ou pelo menos um efeito não
momento determinado, a faixa está aberta para o negativo sobre a segurança do tráfego (Ragnøy &
tráfego em um sentido apenas, como, por exemplo, Eikanger, 1983; Blakstad, 1990; Markov, Royer &
no período da manhã em direção à cidade e para Dorroh, 1995; Bretherton & Elhaj, 1996; Wolshon
sair da cidade no período da tarde. O sentido per- & Lambert, 2006):
mitido é indicado por meio de semáforos lumino-
sos. A luz verde é acionada para mostrar o sentido • A faixa reversível pode melhorar o fluxo de trá-
permitido ao tráfego, e a luz vermelha é acionada fego escoando o tráfego congestionado das vias
para o sentido oposto. locais para vias mais seguras ou outros sistemas
viários.
Há diferentes opiniões e experiências sobre o efeito • Muitos condutores da rede viária principal nas
da segurança da faixa reversível. Por um lado, a fai- áreas urbanas trafegam na via diariamente e rapi-
xa reversível é considerada prejudicial à segurança damente se familiarizam com as faixas reversíveis
do tráfego. As inúmeras razões estão apresentadas e o sentido que devem seguir. Quando há muito
abaixo (Ragnøy & Eikanger, 1983; The California tráfego, há também uma tendência de seguir o
Department of Transportation, 1989; Blakstad, veículo da frente e, assim, ser direcionado à fai-
1990; Markov, Royer & Dorroh,1995; Bretherton & xa correta. Diante de um potencial aumento do
Elhaj, 1996; Wolshon & Lambert, 2006): índice de acidentes, ao se introduzir a medida de
faixa reversível, pode-se obter uma diminuição do
• Os condutores que não estão familiarizados com número de acidentes.
a faixa reversível podem se confundir com os si-
nais alternativos e marcas rodoviárias, e o risco de No geral, portanto, não é imediatamente óbvio que
confundir as faixas é elevado. uma faixa reversível resulte num impacto negativo
• O aumento da capacidade pode trazer mais trá- ou positivo sobre a segurança do tráfego.
fego, o que poderia significar mais acidentes no
trecho da via.
• A finalidade da faixa reversível é melhorar o fluxo Descrição da medida
do tráfego e aumentar a velocidade média no tre-
cho. Isso pode aumentar a gravidade do acidente. A faixa reversível é uma medida de controle de trá-
• Se uma faixa reversível for estabelecida em uma fego. O controle do tráfego inclui regulamentação,
via já existente pela transformação da faixa do separação de faixas para tipos especiais de veículos
sentido oposto na parte central, isso pode aumen- e pedágios que funcionam como medidas para redi-
tar o risco de colisões graves. recionar, regulamentar e orientar o tráfego, visando,
• A faixa extra significa que os condutores devem por exemplo, uma otimização em vias com distri-
prever uma via mais larga e com isso podem ter buição desigual nos diferentes sentidos de tráfego
problemas para se deslocar de um lado da via para (Obenberger, 2004).
o outro em direção às saídas.
• As conversões à esquerda na via principal são pe- A faixa reversível pode ser estabelecida junto à
rigosas. Pode ocorrer a conversão à esquerda na construção de um novo trecho de via, sendo, no en-
via principal à frente do tráfego no sentido da fai- tanto, normalmente realizada em vias já existentes,
xa reversível. Ao realizar a conversão à esquerda quando o aumento do volume tráfego indicar que
na via principal à frente, contra o tráfego oposto, a via está com a capacidade reduzida de manhã e à
haverá as faixas adicionais que deverão ser cruza- tarde, nas horas de pico.
das em número maior do que o normal. Podem
ocorrer colisões traseiras próximas à conversão Faixas reversíveis podem ser introduzidas diante
à esquerda quando os condutores não estiverem da má fluidez do tráfego nas horas de pico e tam-
cientes de que a conversão à esquerda é proibida bém pode ser estabelecida diante da necessidade de
sobre a faixa reversível. escoamento do tráfego durante ocasiões especiais
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 407
como grandes eventos esportivos ou musicais. Essa mudança de sentido, a faixa se torna reversível e,
medida também pode ser estabelecida em conexão nesse momento, é fechada para qualquer tráfego
com vias com número reduzido de faixas. Finalmen- em período longo o suficiente, até que seja esva-
te, desde o final da década de 1990 a faixa reversível ziada.
também foi introduzida para a evacuação em casos • A faixa reversível pode ser usada em vias com três
extremos, como, por exemplo, erupções vulcânicas ou mais faixas.
e terremotos e nos últimos anos também tem sido
considerada uma medida que pode ser usada para a Idealmente a faixa reversível será estabelecida para
evacuação em caso de atos terroristas. Uma revisão servir à distribuição de um sentido do trânsito. Em
dos 45 sistemas viários norte-americanos existentes uma via com seis faixas de rodagem, portanto, de-
e extintos com faixa reversível mostra que 35% dos vem ser oferecidas quatro faixas em um sentido e
sistemas existentes são estabelecidos para reduzir duas faixas na outra direção, se o sentido de distri-
o congestionamento do tráfego nas horas de pico, buição for de 2:1. Em vias com três faixas, é normal
23% são usados em ocasiões especiais e 21% são que a faixa central seja reversível, de modo que a
construídos para fins de evacuação, enquanto que via tenha duas faixas de rodagem para a cidade no
13% são usados durante obras rodoviárias. A eva- período da manhã e duas faixas de rodagem saindo
cuação é o argumento mais frequente que as au- da cidade no período da tarde. Em baixo volume
toridades rodoviárias norte-americanas ponderam de tráfego, a faixa reversível pode ser tanto fechada
sobre a futura implantação da faixa reversível (Wol- em ambas as direções como aberta em uma direção.
shon & Lambert, 2004, 2006, 2006a). Ao enfrentar-se uma evacuação, normalmente todas
as faixas ficam abertas, direcionando o tráfego para
A faixa reversível é mais utilizada em rodovias, onde fora da área a ser evacuada.
o volume de tráfego é maior e não há cruzamentos
regulamentados. A medida também é usada na rede O sentido permitido da faixa reversível é indicado
viária principal. Finalmente, utiliza-se a medida em por meio de sinais ao longo da via e mediante sinais
pontes e túneis existentes, onde é difícil e caro ex- suspensos acima da via. Uma luz verde ou uma seta
pandir o número de faixas. mostram o sentido permitido e uma luz vermelha ou
uma faixa de proibição indicam a faixa por onde cir-
Nos EUA várias autoridades listaram os critérios cula o tráfego no sentido oposto. O sentido também
ou recomendações sobre quando a faixa reversível pode ser especificada com as marcações na via ou
pode ou deve ser estabelecida em vias já existentes. barreiras móveis. Em zonas de obras normalmente
Os critérios podem ser resumidos como prioritários utilizam-se elementos removíveis. As faixas reversí-
quando (Wolshon & Lambert 2004): veis devem ser separadas e sinalizadas para evitar
um aumento no número de acidentes.
• O congestionamento é previsível, recorrente e pe-
riódico. O uso da faixa reversível tem uma tradição de mais
• O sentido de distribuição do tráfego é de ao me- de 75 anos nos Estados Unidos, sendo que a medida
nos 2:1 e preferencialmente 3:1 quando houver a é cada vez mais aplicável por força do aumento con-
faixa reversível. tínuo do tráfego (Wolshon & Lambert, 2004). Na
• A velocidade média na hora de pico é ao menos Inglaterra há também vários sistemas viários rever-
25% menor que a velocidade média fora da hora síveis (McKenna & King, 1987). A faixa reversível é
de pico. utilizada na Noruega, embora tenha sido mais utili-
• Não há medidas alternativas relevantes como o zada em Oslo, Bergen, Trondheim e Bodø (Ragnøy
uso ou expansão de rotas paralelas adjacentes ou & Eikanger, 1983; Kirste 1989).
expansão de mais faixas nas vias existentes. Esta
último é particularmente relevante para as vias em
áreas urbanas, onde não há espaço reservado para Impacto sobre os acidentes
a expansão, ou em pontes e nos túneis, cuja ex-
pansão é muito cara e talvez impossível. Embora o uso da faixa reversível tenha uma longa
• A faixa reversível deve ser concebida com capa- história e atualmente existam relativamente muitos
cidade de acessos e saída suficiente, de fácil tran- sistemas viários reversíveis ativos em todo o mundo,
sição de um sentido para o outro, a fim de evitar principalmente nos EUA, somente alguns dos estu-
estrangulamentos e outros problemas de trânsito, dos concluíram uma avaliação quantitativa de sua
além do congestionamento existente. Durante a importância tanto para a segurança viária quanto
408 O Manual de Medidas de Segurança Viária
para a mobilidade e o meio ambiente (Wolshon & o número de faixas disponíveis; (2) não resulta em
Lambert, 2004). aumento de volume de tráfego, mas em 3 a 7% a
mais de congestionamento, e (3) diminui o tempo
O impacto da faixa reversível sobre o número de de viagem em ambas as direções. Para o tráfego na
acidentes foi apenas investigado na Noruega (Rag- direção em que se aumentou a capacidade com a
nøy & Eikanger, 1983; Kirste, 1989) e nos EUA faixa reversível, tem-se um aumento na velocidade
(DeRose, 1966; Upchurch, 1975; Agent & Clark, média e uma diminuição do tempo viagem de 16
1982; Bretherton & Elhaj, 1996). Com base nestes a 40%. Para o tráfego no sentido oposto, o tempo
estudos, estima-se o efeito sobre os acidentes onde de viagem aumentará proporcionalmente. No geral,
há o estabelecimento de uma faixa reversível, con- ainda há redução de tempo, uma vez que o volume
forme resumo da tabela 3.17.1. de tráfego é geralmente maior no sentido em que
se aumentou a capacidade com a implementação da
O estabelecimento da faixa reversível não levou a faixa reversível.
mudanças significativas no número de acidentes,
mas sim a uma tendência de aumento do número Uma medida possível para melhorar a segurança das
de acidentes. faixas reversíveis é fechar uma faixa de circulação en-
tre a faixa reversível e as faixas em sentido oposto
Os resultados noruegueses propõem o estabeleci- ao sentido de circulação da faixa reversível. Este ato
mento de uma faixa reversível em uma rodovia de só é possível em vias com muitas faixas. Em uma via
três faixas. As rodovias ou já tinham duas faixas e fo- com seis faixas, por exemplo, podem-se abrir quatro
ram estendidas para três faixas ou tinham três faixas faixas em uma direção e somente uma faixa no senti-
onde duas eram faixas permanentes para uma dire- do oposto, deixando uma faixa sem utilização entre
ção. Os resultados norte-americanos referem-se ao ambos os sentidos opostos de circulação. Obviamen-
estabelecimento de uma ou duas faixas reversíveis em te, reduz-se a capacidade total da via e podem surgir
uma pista de cinco ou seis faixas onde antes eram de congestionamentos no sentido com menos faixas de
duas ou três faixas permanentes para cada direção. circulação abertas. Para evitar este problema, as bar-
reiras móveis são usadas de vez em quando (Depar-
A presente pesquisa se aplica apenas aos impactos tamento de Transporte da Califórnia, 1989). Outro
nas vias que já tinham faixas reversíveis. Uma even- problema é que é raro que a capacidade de escoa-
tual migração de tráfego de outra via como resulta- mento da faixa reversível seja plenamente explorada.
do da melhoria da capacidade não foi estudada. As Um exame da distribuição de tráfego em um trecho
pesquisas focaram somente na faixa reversível para de quatro faixas em um sentido mostra que a faixa
a melhoria do escoamento de tráfego na hora de reversível próxima ao tráfego em sentido oposto é
pico e na faixa não reversível para eventos especiais, utilizada por apenas 12% do tráfego em horário de
para evacuação ou para obras na via. pico, uma vez que os usuários evitam uma situação
de risco, dirigindo próximo à faixa de fluxo contrá-
rio, sem barreira de divisão (Cather & Salazar, 1996;
Impacto na mobilidade Wolshon & Lambert, 2004).
A faixa reversível é principalmente uma medida Nos EUA recomenda-se, para vias com mais de 4
para melhorar a mobilidade. As pesquisas (DeRo- faixas, que, diante da diminuição da mobilidade, ao
se, 1966; Upchurch, 1975; Agent & Clark, 1982; menos duas faixas estejam abertas para o tráfego em
Ragnøy & Eikanger, 1983; Wolshon & Lambert, cada direção. Com isso, o fluxo de tráfego na faixa
2004) mostram que a faixa reversível (1) melhora de sentido menos congestionado pode sofrer com
o fluxo de tráfego na direção em que se aumentou tráfego lento de veículos.
Tabela 3.17.1: Impactos da faixa reversível no número de acidentes. Variação porcentual do número de acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Gravidade do acidente
Tipos de acidentes afetados Melhor estimativa Intervalo de confiança
Acidentes com feridos Todos os acidentes +18 (-16; +66)
Não especificado Acidentes em horário de pico +15 (-3; +37)
Não especificado Todos os acidentes +4 (-5; +13)
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 409
Para cada medida haverá um efeito positivo sobre a liado em 329.000 dólares; o aumento anual do custo
capacidade de deslocamento, o que é fundamental dos acidentes foi de 9.350 dólares, e os custos anuais
para que o acesso à faixa reversível e a saída dela se- financeiros e operacionais foram de 43.250 dólares.
jam projetados de modo que não se tornem pontos
de estrangulamento. É igualmente importante que Para demonstrar os possíveis efeitos das faixas rever-
o trecho de transição de um sentido para o sentido síveis, foi elaborado um exemplo de cálculo para a
oposto seja o mais curto possível. instalação desta medida na Noruega. Partiu-se da hi-
pótese da construção de 1 quilômetro de extensão de
faixa reversível em uma via com um volume de tráfego
O impacto no meio ambiente de 40 mil veículos por dia e 0,108 ferido por milhão
de veículos-km. Considera-se que o custo de investi-
Com base nos conhecimentos sobre a relação entre mento desta faixa seja de NOK 3 milhões; também
a qualidade do tráfego e as emissões de poluentes, estimou-se que os custos de manutenção anuais sejam
estima-se (Agente e Clark, 1982) que os poluentes de NOK 30.000. Considera-se que a faixa será usada
do ar sejam significativamente reduzidos com a fai- somente nos horários de pico e que terá uma vida útil
xa reversível. Para os ruídos não foi encontrada ne- de 15 anos. Estima-se o congestionamento proporcio-
nhuma alteração. nal como sendo de 25% em relação ao tráfego atual.
O custo-benefício é calculado sob diversas premissas
em relação ao impacto sobre a velocidade e o impac-
Custos to sobre os acidentes. Sobre a velocidade na hora de
pico, é esperado um aumento de 30 a 50 km/h ou de
Não há números dos custos noruegueses atuais para 40 a 60 km/h. A melhora da mobilidade no horário
o estabelecimento de uma faixa reversível. Os cus- de pico reduz os custos operacionais dos veículos em
tos dependem, entre outros fatores, da extensão do NOK 0,30 por veículo-km e dos custos ambientais em
trecho e se a via já tem um número suficiente de NOK 0,10 por veículo-km. Considera-se que o núme-
faixas antes da implantação da faixa reversível ou, ro de acidentes na hora do pico aumente em de 0,5 ou
em caso contrário, se é preciso construir uma nova 15%. Os resultados estão resumidos na tabela 3.17.2.
faixa. Partindo do princípio de que os custos são Os benefícios excedem os custos. O aumento do nú-
similares àqueles decorrentes da reconstrução das mero de acidentes tem pouco efeito sobre o custo-be-
vias para se atingir o mesmo padrão viário, o custo nefício. Presume-se que o custo-benefício seja mais
será em torno de NOK 3 a 5 milhões por quilôme- dependente do tempo de viagem.
tro de via. Além disso, devem-se adicionar os custos
operacionais e de manutenção anuais.
Responsabilidade e procedimentos formais
Uma análise norte-americana do custo-benefício Geralmente é a autoridade viária que toma a inicia-
(American Agent & Clark, 1982) concluiu que a re- tiva de estabelecer uma faixa reversível permanente.
lação custo-benefício era de cerca de 7. A análise Isso melhora o fluxo de tráfego nas principais vias
mostrou que o ganho de tempo anual podia ser ava- com tráfego intenso.
Ônibus e bondes se envolvem mais frequentemente Ônibus e bondes rodam mais em tráfego urbano
em acidentes em que um maior número de usuários que veículos de passeio, que é muito denso e com-
se fere em comparação aos demais tipos de veículos. plexo. Isso ajuda a explicar o alto risco de causar
A tabela 3.18.1 mostra os índices de danos dividi- ferimentos aos outros. Ambos ônibus e bondes são
dos entre condutores e passageiros de um lado e, do também veículos pesados e têm características de
outro lado, os demais usuários de outros veículos de manobra e de frenagem piores que as dos veículos
passeio, ônibus e bondes. de passeio. Vários estudos mostraram que o risco de
Tabela 3.18.1: Distribuição dos danos entre as diferentes partes envolvidas nos acidentes de acordo com o tipo de veículo
(média anual, 2001-2008).
Canteiro central
Canteiro central
Área de uso misto
Figura 3.18.1: Localização da faixa exclusiva para o transporte público ou para veículos com
alta ocupação.
los com alta ocupação. O primeiro são as faixas com Faixa reservada: é uma via reservada para o trans-
acesso limitado (limited access lanes), em que a faixa porte público durante certo horário do dia.
é marcada com linha dupla contínua, ou fisicamente
separada das faixas convencionais, e onde a transição Faixa com restrições de circulação para veículos
para a faixa exclusiva para o transporte público ou pesados: para vias com um grande porcentual de
para veículos com alta ocupação somente é possível veículos pesados existem diversas medidas possíveis
em trechos especialmente sinalizados ou adaptados. para reduzir os problemas de congestionamento e
O segundo tipo são as faixas com acesso geral (con- conflitos entre veículos pesados e leves, permitindo
tinuous access lanes), em que a faixa exclusiva para o que uma ou mais faixas possam ser reservadas para
transporte público ou para veículos com alta ocupa- veículos leves ou que uma ou mais faixas possam
ção é sinalizada com linha tracejada, sem delimitação ser reservadas para veículos pesados (Burke, 2005;
de onde é possível ou não o acesso dos veículos pro- Rodier & Johnston, 1999).
venientes da faixa de tráfego misto (Boriboonsomsin
& Barth, 2008). A faixa exclusiva para o transporte
público ou para veículos com alta ocupação pode ser Impacto sobre os acidentes
projetada como faixa reversível, ou seja, o sentido
pode ser invertido segundo a necessidade (geralmen- Faixa exclusiva para o transporte coletivo
te entre os picos da manhã e da tarde). ou para veículos com alta ocupação
Faixas para veículos com alta ocupação e tarifa- As seguintes pesquisas incluem seus impactos quan-
ção viária: a faixa para veículos com alta ocupação, to ao número de acidentes:
além de ser usada por ônibus, táxis e veículos de
passeio com passageiros, pode ser utilizada por veí- LaPlante, 1967 (EUA; faixa coletiva);
culos sem passageiros mediante o pagamento de um Miller, Deusar, Wattleworth & Wallace, 1979 (EUA,
imposto. Essas faixas podem ser utilizadas quando faixa de uso comum, faixa coletiva);
há pouco tráfego na faixa para veículos com alta Christiansen, Miler, Cunagin, Bissell & Rosenbaum,
ocupação e quando há problemas de capacidade 1982 (EUA; faixa de uso comum, faixa coletiva);
nas outras faixas. Ao se permitir o uso da faixa para LaPlante & Harrington, 1984 (EUA; faixa coletiva);
veículos com alta ocupação mediante pagamento de Amundsen, 1986 (Noruega; faixa coletiva);
uma taxa, permite-se que sua capacidade seja mais Devenport, 1987 (Grã-Bretanha; faixa coletiva);
bem aproveitada, mantendo-se, ao mesmo tempo, Golob, Recker & Levine, 1989 (EUA; faixa de uso
o incentivo para que os automóveis de passeio ro- comum);
dem com mais pessoas (ou que se use o transporte Henry & Mehyar, 1989 (EUA; faixa de uso comum);
coletivo) (Rodier & Johnston, 1999). Esta medida Nygaard, 1989 (Noruega; faixa coletiva);
e seus impactos sobre os acidentes são descritos no Sullivan & Devadoss, 1993 (EUA; faixa de uso co-
capítulo 10.10. mum);
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 413
Sagberg & Sætermo, 1997 (Noruega; faixa coletiva); va. Um estudo que comparou diretamente as faixas
Bauer, Harwood, Richard & Hughes, 2004 (EUA; para veículos com alta ocupação e as faixas exclusi-
faixa de uso comum); vas para o transporte coletivo mostrou o contrário:
Cothron, Ranft, Walters, Fenno & Lord, 2004 foram encontrados menos acidentes na faixa para os
(EUA; faixa de uso comum); veículos com alta ocupação que na faixa exclusiva
Lee, Dittberner & Sripathi, 2007 (EUA; faixa de para o transporte coletivo (Miller et al., 1979). É,
uso comum); portanto, difícil estabelecer quaisquer conclusões
Jang, Chung, Ragland & Chan, 2008a (EUA; faixa sobre qual tipo de faixa é mais vantajosa sob o pon-
de uso comum) e to de vista da segurança.
Kobelo, V. & Mussa, 2008 (EUA; faixa de uso co-
mum). Os resultados mostram que a faixa exclusiva para
o transporte coletivo no contrafluxo oferece maior
Os resultados estão reunidos na tabela 3.18.2. e mais significativo aumento no número de aciden-
tes. A faixa exclusiva para o transporte coletivo
O estabelecimento de faixa exclusiva para o trans- no contrafluxo geralmente é estabelecida na faixa
porte coletivo ou para veículos com alta ocupação mais interna, no sentido oposto (ver C na figura
parece levar a um aumento do índice de acidentes. 3.18.1). Os resultados não sugerem que o impacto
O aumento parece ser algo maior para a faixa para sobre o número de acidentes seja diferente entre
veículos com alta ocupação que para a faixa exclusi- faixas com acesso limitado ou faixas com acesso
va para o transporte coletivo. Contudo, a diferença contínuo. Em contraste, os estudos que compara-
não é nem grande nem estatisticamente significati- ram diretamente os diferentes tipos de faixas para
Tabela 3.18.2: Impactos da faixa exclusiva para o transporte coletivo ou para veículos com alta ocupação no número de
acidentes. Alteração porcentual no número de acidentes.
veículos com alta de ocupação mostraram que há alta ocupação e as demais contribuem para que a
mais acidentes para as faixas de acesso limitado maior parte dos acidentes esteja relacionada à faixa
que para as faixas com acesso contínuo (Chung, para veículos com alta ocupação (Cooner & Ranft,
Chan, Jang, Ragland & Kim, 2007; Cothron et al., 2006; Cothron et al., 2004; Hughes, 1999). Muitos
2004; Jang et al., 2008a). A maioria dos acidentes acidentes que acontecem na faixa para veículos com
em faixas para veículos com alta ocupação com alta ocupação estão relacionados à mudança irre-
acesso limitado acontece quando o trecho de aces- gular entre a faixa convencional e a destinada aos
so é curto e há pouca distância até os acessos (Jang, veículos com alta ocupação. Os problemas também
Chung, Ragland & Chan, 2008b). podem ocorrer quando as faixas de aceleração/
desaceleração ou de entrelaçamento não possuem
A maioria dos estudos é do tipo antes-depois. Uma comprimento suficiente em relação ao volume de
suposição é a de que o impacto sobre os acidentes tráfego e velocidade (Chung et al., 2007). Na No-
esteja relacionado ao fato de a capacidade da via ruega, é permitido andar de bicicleta, ciclomotor e
aumentar, e não seu tráfego. Quando a faixa ex- motocicleta nas faixas destinadas aos veículos com
clusiva para o transporte coletivo ou para veículos alta ocupação. Isso significa que veículos mais leves
com alta ocupação é uma faixa nova adicionada à e mais pesados misturam-se em uma mesma faixa.
pista convencional existente, o número de acidentes Um estudo nos EUA sugere que motos na faixa para
mantém-se basicamente inalterado. Por outro lado, veículos com alta ocupação não representam risco
encontrou-se um aumento no número de acidentes para a segurança (Jernigan & Lynn, 1996); contudo,
quando a faixa exclusiva para o transporte coletivo o referido estudo baseia-se apenas em alguns pou-
ou para veículos com alta ocupação é estabelecida cos acidentes. Para realizar conversões à direita em
em uma faixa já existente. Isso pode ter relação com interseções, pode ser necessário cruzar uma faixa
o fato de a capacidade ser normalmente reduzida para veículos com alta ocupação, algo que poten-
quando uma faixa exclusiva para o transporte co- cialmente gera conflitos.
letivo ou para veículos com alta ocupação é estabe-
lecida em substituição a uma faixa convencional,
algo que leva a mais filas e congestionamento nas Faixa exclusiva
faixas convencionais restantes (Sullivan & Deva-
doss, 1993). A maior redução na capacidade acon- Os impactos das faixas coletivas sobre o núme-
tece quando há poucos veículos que usam a faixa ro de acidentes foram estudados nos EUA por
exclusiva para o transporte coletivo ou para veículos Edminster & Koffman (1979) e Christiansen et
com alta ocupação. al. (1982), na Noruega por Sagberg & Sætermo
(1997) e na Suécia por Kollektivtrafikberedningen
Quando se observam todos os acidentes ao longo (1982). Com base nestas pesquisas, a tabela 3.18.3
do dia, não há grandes diferenças entre a medida fornece os impactos sobre o número de acidentes.
permanente e a provisória nos horários de pico. Os resultados sugerem que na maioria dos tipos de
Para a medida provisória nos horários de pico, en- faixas exclusivas tem-se um aumento no número
tretanto, encontrou-se um aumento maior e esta- de acidentes. Contudo, nenhum dos resultados é
tisticamente significativo no número de acidentes. estatisticamente significativo e há muitos fatores
A redução do número de acidentes fora da hora de confusão.
de pico não é significativa e possui alto grau de
incerteza.
Faixas com restrições de circulação para veículos
Pode-se pensar em diversos motivos para que a fai- pesados
xa exclusiva para o transporte coletivo e a faixa para
veículos com alta ocupação levem a mais acidentes. As restrições de circulação para veículos pesa-
A faixa para veículos com alta ocupação normal- dos foram estudadas em três pesquisas dos EUA
mente é estabelecida na divisão central de rodovias, (Kobelo et al., 2008; Lord, Middleton & Whitacre,
ou seja, onde o tráfego é mais rápido. Para entrar 2005; Moses et al., 2007). Os resultados mostram
e sair dessa faixa podem ser necessárias algumas que o número de acidentes em todas as faixas di-
mudanças de faixa (as rodovias de maior capaci- minuiu em 47% quando uma das faixas era proibi-
dade dos EUA têm geralmente 3, 4 ou 5 faixas em da para o tráfego pesado. O número de acidentes
cada sentido). Vários estudos mostraram que dife- diminuiu em 13% na faixa fechada para o trânsito
rentes velocidades entre a faixa para veículos com pesado.
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 415
Tabela 3.18.3: Impactos das faixas exclusivas sobre o número de acidentes. Alteração
porcentual no número de acidentes.
Tabela 3.18.4: Impactos das restrições de circulação para veículos pesados (no mínimo uma faixa proibida para o tráfego
pesado) sobre o número de acidentes. Alteração porcentual no número de acidentes.
Se o atraso é grande, mas o porcentual de veículos ças de faixa, algo que torna o fluxo de trânsito mais
com passageiros é relativamente pequeno, uma fai- suave e aumenta a capacidade da faixa. Assim, no
xa para veículos com alta ocupação com tarifação geral, a faixa para veículos com alta ocupação au-
viária pode ser mais eficaz (Dahlgren, 2002). A fai- menta a capacidade nos engarrafamentos, embora
xa para veículos com alta ocupação com tarifação a capacidade da faixa para veículos com alta ocupa-
viária pode ser usada por veículos de passeio sem ção não seja utilizada (Cassidy, Jang & Daganzo de
passageiros mediante o pagamento de um imposto. 2010; Menendez & Daganzo, 2007).
Essas faixas são mais flexíveis que as faixas de uso
comum quando se trata do impacto sob diferentes O grau de aumento de veículos de passeio com no
circunstâncias, mas sua implementação e operação mínimo um passageiro na faixa para veículos com
são mais caras. alta ocupação varia entre diferentes estudos. Ne-
nhuma alteração no porcentual de veículos de pas-
Um estudo da Califórnia mostrou que a faixa para seio com passageiros foi encontrada no estudo de
veículos com alta ocupação faz com que mais auto- Kwon & Varaiya (2008). Porcentuais maiores foram
móveis pratiquem a carona solidária e que o tempo encontrados por Jang et al. (2008b) e Martin &
de viagem seja reduzido para veículos com passagei- Lahon (2004).
ros. O mesmo estudo mostrou que os condutores
superestimam o grau em que a faixa de uso comum Faixa com restrições para veículos pesados: o es-
encurta o tempo de viagem. Embora o ganho de coamento do trânsito é melhor em vias onde as fai-
tempo real em um trecho tenha sido de 5,7 minutos xas têm restrições para veículos pesados do que em
durante a hora pico, os condutores sem passageiros vias sem essas restrições (Moses et al., 2007), prin-
pensaram que era, em média, de 12,3 minutos e os cipalmente para aclives íngremes onde os veículos
condutores que compartilhavam o veículo com ou- pesados vão bem mais devagar que os outros (Bu-
tros acharam que era, em média, de 17,1 minutos tton, Hensher, Pitfield & Watson, 2001). Os pro-
(Southern California Association of Governments, blemas podem aparecer quando há muitos veículos
2004). pesados nos acessos, visto que eles podem bloquear
a faixa da direita e, consequentemente, a passagem
Vários exemplos mostram que a faixa para veícu- aos acessos (Albert & Jo, 2003; Button et al., 2001).
los com alta ocupação pode aumentar o número de
pessoas transportadas, mesmo que o porcentual de O desgaste em vias ou faixas sem veículos pesados
veículos seja inalterado ou reduzido. O estudo de diminui (de Palma, Kilani & Lindsey, 2008), algo
Martin & Lahon (2004) mostrou que a faixa para que pode aumentar o conforto e a mobilidade.
veículos com alta ocupação é utilizada por 73%
menos veículos que as faixas convencionais, mas
por apenas 33% menos pessoas na hora de pico da Impacto no meio ambiente
manhã. No pico da tarde, houve 48% menos au-
tomóveis na faixa para veículos com alta ocupação, Faixa exclusiva para o transporte coletivo
enquanto que o número de pessoas foi 9% maior
na mesma faixa em relação às faixas convencionais. Há pouca documentação quanto ao impacto no
O ganho de tempo na faixa para veículos com alta meio ambiente de medidas que melhoram a mobi-
ocupação foi de 46% na hora de pico da tarde, de lidade para o transporte coletivo. Mesmo assim, há
13% na hora de pico da manhã e de 5% fora da conhecimento sobre como estes padrões de con-
hora de pico. Na Ponte Bay Bridge, na Califórnia, dução e velocidade média afetam condições como
quatro faixas para veículos com alta ocupação trans- a poluição atmosférica e sonora. Há também o co-
portam metade de todas as pessoas que cruzam a nhecimento sobre as emissões dos ônibus compa-
ponte, enquanto as 14 faixas restantes transportam rativamente às do transporte individual. Com base
a outra metade (Williams, 1999). nisso, é possível estimar os efeitos das condições
ambientais de faixas exclusivas para o transporte
A faixa para veículos com alta ocupação pode levar coletivo.
a problemas de escoamento em engarrafamentos,
quando o volume de tráfego na faixa para veícu- Um amplo estudo dinamarquês (Eriksen, 1996) in-
los com alta ocupação for menor que a capacidade vestigou a relação entre a velocidade dos ônibus e
(Menendez & Daganzo, 2007). Ao mesmo tempo, os fatores de emissão de uma série de substâncias
porém, a faixa de uso comum leva a menos mudan- nocivas ao meio ambiente. As substâncias, incluídas
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 417
na pesquisa, são CO, HC, NOx e partículas. Para A partir de 1º de junho de 2005, carros elétricos e
todas as substâncias referidas, as medições mostram carros de emissão zero, que usam hidrogênio como
uma acentuada diminuição das emissões a veloci- combustível, tiveram a circulação permitida nas
dades mais elevadas, e isso se aplica especialmente faixas para veículos com alta ocupação na Norue-
a velocidades de 10 a 20 km/h, as que geralmente ga (NOU, 2004: 11). Se as faixas exclusivas para o
ocorrem em áreas centrais. transporte coletivo e para veículos com alta ocupa-
ção tornam seu uso mais atrativo por esse tipo de
Faixa para veículos com alta ocupação: um estudo veículos, isso levaria a efeitos ambientais positivos.
americano mostrou que o uso de gasolina dimi-
nuiu em 12% e as emissões de monóxido de car-
bono, em mais de 59% na faixa para veículos com Custos
alta ocupação em relação às faixas convencionais.
Há controvérsias se a faixa para veículos com alta No período de planejamento viário, de 2010 a 2019,
ocupação leva ao aumento ou à redução de emis- NOK 178 milhões anuais foram disponibilizados
sões, e vários estudos não encontraram reduções para medidas de tráfego destinadas ao transporte
de emissões após a implementação de faixa para coletivo no planejamento de transporte nacional
veículos com alta ocupação (Rodier & Johnston, (Samferdselsdepartementet, 2008-2009). Este mon-
1999). Se as emissões aumentam ou diminuem tante deve ser utilizado principalmente para ajustar
depende, entre outros fatores, de como a referida a infraestrutura existente e planejada (principal-
faixa afeta a capacidade da via, em que grau o nú- mente para terminais) dentro do princípio de de-
mero total de veículos-km são afetados e se as filas sign universal. Além disso, serão construídos 80 km
nos congestionamentos diminuem. O impacto será de faixas exclusivas para transporte coletivo em vias
diferente quando uma via for expandida com uma nacionais. A distribuição do financiamento entre
nova faixa ou se uma faixa existente é convertida estes dois tipos de ações não é conhecida. O plano
em faixa para veículos com alta ocupação. Se o de transporte nacional não envolve a construção de
porcentual de veículos de passeio que rodam com faixas para veículos com alta ocupação.
passageiros aumentar e o número de veículos-km
por pessoa diminuir, as filas nos congestionamen- Faixa para veículos com alta ocupação: Daniels &
to e as emissões diminuirão. Quando a faixa para Stockton (2000) estimaram a média de custos por
veículos com alta ocupação aumentar a capacida- milha (aproximadamente 1,6 km) para a faixa para
de da via, o número total de veículos-km aumen- veículos com alta ocupação reversível da seguinte
tará, assim como as emissões (Boriboonsomsin & maneira: USD 5,8 milhões em custos de construção
Barth, 2008). Se o aumento da capacidade reduzir (incluindo acessos), USD 3 milhões para estaciona-
as filas, isso poderá levar a uma redução de emis- mentos e terminais de ônibus junto às faixas para
sões. Uma vez que a faixa convencional geralmen- veículos com alta ocupação e USD 0,3 milhão para
te tem maior volume de tráfego que a destinada sistemas de controle, vigilância e comunicação. Os
para veículos com alta ocupação, uma nova faixa custos de investimento somam, em média, USD 9,1
convencional pode ter maior impacto sobre as fi- milhões por milha. Os custos operacionais anuais
las nos congestionamentos e sobre as emissões do são estimados em USD 351.500 por milha. Para a
que uma nova faixa para veículos com alta ocupa- faixa para veículos com alta ocupação comum con-
ção (Dahlgren, 1998). vencional (não reversível) são estimados entre USD
1,7 e USD 2,8 milhões de custos de investimento e
Para um trecho de uma rodovia nos EUA, Choo- entre USD 283.000 e USD 566.000 em custos ope-
charukul, Sinha & Nagle (2002) estimaram que as racionais e de controle policial. Todos os custos es-
faixas para veículos com alta ocupação reduzem tão em valores de 1995.
as emissões de CO em 6,6%, de NO em 10,2% e
de HC em 7,0%. Boriboonsomsin & Barth (2008) Faixas com restrições para veículos pesados: as
compararam faixas para veículos com alta ocupação faixas reservadas para veículos leves não precisam
com liberdade de acesso e com acesso limitado, e ser construídas de modo a suportar tráfego pesado,
os resultados mostram que faixas para veículos com o que resulta em menores custos de investimento e
alta ocupação com liberdade de acesso implicam manutenção. As faixas para tráfego pesado deman-
emissões mais baixas que as de acesso restrito, pois dam custos mais altos, mas os custos totais serão
nas primeiras há mais frenagens e acelerações do igualmente mais baixos segundo de Palma et al.
que nas de acesso restrito. (2008).
418 O Manual de Medidas de Segurança Viária
trução de instalação de tráfego coletivo geralmente em contagens de tráfego, por exemplo, com a utili-
são desenvolvidos pela repartição viária regional ou zação de equipamentos de medição automática no
municipal. É importante que as partes interessadas, pavimento, ou monitoramento por câmeras. Pode-se
ou seja, as empresas de transportes, os proprietários distinguir entre dois tipos diferentes de sistema:
de táxis, a polícia, os representantes dos usuários e
dos comerciantes sejam mantidos informados sobre 1. As informações são apresentadas a todos os con-
os planos e que lhes seja dada a oportunidade de se dutores por uma sinalização eletrônica de tráfego.
pronunciarem sobre os projetos. 2. As informações são enviadas para aparelhos den-
tro dos veículos (a que nem todos os usuários têm
acesso).
Responsabilidade pela execução da medida
O primeiro tipo de controle de seleção dinâmica de
As autoridades viárias são responsáveis por imple- rota utiliza sinais eletrônicos de tráfego que
podem
mentar medidas para o tráfego coletivo em vias pú- exibir informações sobre as ocorrências atuais, re-
blicas. comendações de rotas alternativas, estimativas de
tempo de viagem, congestionamentos ou outros
fatores. O sistema é instalado em pontos estratégi-
3.19 Seleção dinâmica de rota cos da rede viária. A finalidade destas informações
é ajudar o condutor a escolher rotas adequadas para
O capítulo foi revisado em 2011 por Tor-Olav Næ- evitar atrasos desnecessários (Chatterjeeet al., 2002).
vestad e Alena Høye (TØI)
O segundo tipo de sistema assume que o veículo
esteja equipado com uma unidade que combina
Problema e finalidades informações de mapas digitais com informações
de trânsito atualizadas continuamente. Os veículos
Nas cidades maiores, os congestionamentos são um em geral também serão equipados com sistemas de
problema, principalmente na hora de pico. Os con- navegação que podem orientá-los sobre o itinerá-
gestionamentos geram atrasos e irritação e podem rio escolhido. A navegação pode ajudar o usuário
levar alguns condutores a escolher vias adjacentes a encontrar o caminho mais curto ou mais rápido
através de áreas residenciais. Nem todos os condu- com base em dados históricos armazenados em um
tores sabem, no entanto, qual a rota mais vantajosa mapa digital. A navegação dinâmica também utiliza
em termos de tempo, custos do veículo, impactos informações em tempo real sobre as condições do
ambientais e risco de acidentes. Desta forma, os tráfego. Com base nas informações atualizadas de
usuários nem sempre escolhem uma rota que, como tráfego, levando em conta o tempo de viagem entre
um todo, envolva os custos mais baixos. Uma con- dois pontos determinados, são calculadas diferen-
sequência também pode ser que os condutores não tes seleções de rota, de modo que o condutor pode
encontram seu destino de imediato ou se percam escolher a rota que proporcione o menor tempo de
procurando o caminho correto, o que aumenta o viagem. Esses sistemas exigem que os veículos sejam
volume de tráfego e de acidentes. equipados com unidades receptoras. O RDS-TMC
(Radio Data System–Traffic Message Channel ou Sis-
A principal finalidade da seleção dinâmica de rota é tema de Dados de Rádio do Canal de Mensagens do
utilizar melhora capacidade da melhor rede viária, Tráfego) atualmente é o único sistema de seleção pa-
prevenindo escolhas de rotas erradas, e reduzir os dronizado e independente da linguagem dinâmica
congestionamentos e tempos de viagem. de rota existente na Europa (Vägverkek, 2003). Em
2005, o sistema contava com cinco milhões de re-
ceptores na Suécia, Dinamarca, Alemanha, França,
Descrição da medida Países Baixos, Espanha, Grã-Bretanha, Finlândia,
Suíça, Itália, Noruega e Bélgica (Vägverkek, 2005).
A seleção dinâmica de rota tem como objetivo me-
lhorar o fluxo de tráfego, especialmente em áreas ur-
banas, fornecendo informações sobre as condições Impacto sobre os acidentes
de tráfego atuais e, em alguns casos, também sobre
as rotas alternativas possíveis ou recomendadas A principal finalidade da escolha de uma rota é me-
para os usuários das vias. A informação é baseada lhorar o fluxo de tráfego, e não a segurança. A se-
420 O Manual de Medidas de Segurança Viária
gurança pode ser igualmente afetada por efeitos na mero de acidentes (Tarry e Pyne, 2003, 2004). Em
rede viária como por efeitos locais. todos os três estudos foram avaliados sistemas que
funcionaram por um curto período antes e durante
Impacto na segurança da rede viária: A informação a avaliação, assim sabe-se o que o número de aci-
que leva a uma redistribuição do tráfego pode cau- dentes é bastante pequeno para prover resultados
sar uma mudança na quantidade total de veículos estatisticamente confiáveis. Nenhum dos estudos
-km rodados, uma vez que a seleção das rotas altera apresenta o controle de variáveis como volume de
o tráfego eo conduz por vias relativamente mais se- tráfego ou tendência da acidentalidade em longo
guras, alterando o volume de tráfego e, por conse- prazo.
guinte, os acidentes e a velocidade média (conforme
diminuem os congestionamentos) (Chatterjee e Mc- Toft Wendelboe (2003) avaliou um sistema de noti-
Donald, 2004; Høye et al., 2011). Assim, o número ficação de incidentes em rotas, bem como informa-
de acidentes pode se alterar tantonas vias principais ções e recomendações de viagens em rotas alternati-
quanto nas vias para onde o tráfego é redirecionado vas na autoestrada de Køge, ao sul de Copenhague.
(Annino, 1998). O sistema foi utilizado durante a ampliação da
autoestrada de quatro para seis faixas. Observou-
Impactos locais na segurança: Quando os condu- se uma redução do número de acidentes durante o
tores recebem informações sobre as condições de período de realização das obras.
tráfego atuais ou sobre rotas alternativas, isso pode
levar à distração ou amudanças de comportamento. Tarry e Pyne (2003) avaliaram o impacto da sina-
A distração geralmente aumenta os riscos de aci- lização eletrônica de texto variável que notificava
dentes (Rothengatteret al., 1997; Vaa et al., 2006). ocorrências na autoestrada M90, ao norte de Edim-
Se os condutores mudam sua maneira de dirigir, burgo. Tarry e Pyne (2004) avaliaram uma tentativa
isso também pode levar a um aumento dos aciden- de regular o tráfego na autoestrada que atravessa
tes, como, por exemplo, ao frear ou mudar de fai- Glasgow (M8) utilizando um controle nos acessos e
xa (Erke e Gottlieb, 1980; Abdulhai e Distressed, a sinalização eletrônica de textos com informações
2003; Erkeet al., 2007). As razões para as mudanças sobre o estado das vias e encorajando os condutores
de comportamento podem ser, por exemplo, por- a utilizar as rotas alternativas. Em ambos os estudos
que os condutores precisam de tempo para ler ou o número de acidentes permaneceu inalterado.
para compreender as informações ou para entender
as possíveis mudanças de rota antes de alcançarem a Os efeitos locais das informações na sinalização ele-
próxima saída ou porque eles serão mais cautelosos trônica sobre segurança viária foram estudados na
ao receberem um aviso de congestionamento na via. Noruega por Erkeetal. (2007) e Høye et al. (2011) a
partir de observações de um vídeo. Os estudos con-
Existem poucos estudos que avaliam os efeitos dos duzidos por Erkeet al. (2007) sugerem que vários
sistemas de seleção de rotas dinâmicas sobre o núme- condutores freiam quando se deparam com uma
ro de acidentes. A realização de estudos de segurança informação de aviso para uma rota alternativa em
é muitas vezes difícil, pois ainda há poucos sistemas uma sinalização eletrônica, o que pode levar a um
em uso e porque muitos dos sistemas existentes não aumento do número dos acidentes. No estudo de
estão totalmente desenvolvidos ou ainda foram pou- Høye et al. (2011), verificou-se uma possível redu-
co testados. Além disso, os efeitos são consideravel- ção do número de veículos que circulam porcurtos
mente dependentes das condições locais e atuais da intervalos de tempo quando aparece o aviso de con-
rede viária e do tráfego, de modo que é difícil extrair gestionamento (juntamente com a notificação de in-
conclusões gerais (Vägverket, 2003). cidentes). A velocidade média e o tempo de viagem
permaneceram inalterados.
te foram equipados com GPS, controle de seleção Uma das explicações para o aumento do número de
de rota e informações detráfego em tempo real. Não acidentes é que a velocidade de muitas vias aumenta
houve diferença no número de acidentes nosveícu- conforme o uso do GPS. Outra explicação é que
los com e sem estes equipamentos. muitos veículos passam a percorrer mais por rotas
locais em que não passariam se não fosse pela indi-
cação do GPS. O risco de acidentes é geralmente
Estudos simulados de impactos da rede de navegação mais elevado em vias locais, com padrões viários
na seleção dinâmica de rota inferiores e vários cruzamentos. Determinadas vias
são mais utilizadas com a seleção dinâmica de rotas
Existem estudos de simulação que tentam avaliar o im- do que sem a seleção (Maheret al., 1993; Abdulhai e
pacto de diferentes tipos de seleção dinâmica de rota Look, 2003; Høye et al., 2011).
sobre o número de acidentes em toda a rede viária.
Os estudos realizados por Maher et al. (1993) e
Um estudo que simula as informações sobre inciden- Høye et al. (2011) mostram que a redução do tempo
tes em placas eletrônicas de textos em
Trondheim de viagem está associada ao aumento do número de
(Høye et al., 2011) sugere que a redistribuição do acidentes. A explicação para esse fato é que o tempo
tráfego devido a determinado incidente conduz a de viagem total é distribuído o mais uniformemente
um aumento no número de acidentes entre 3 e 6%, possível ao longo de toda a rede viária, de modo que
dependendo da gravidade dos ferimentos. nenhuma parte da rede viária se torne mais conges-
tionada do que outras. Esta distribuição do tráfego,
Foram realizadas várias simulações dos impactos no entanto, cria muitas situações de conflitos de
dos sistemas de seleção dinâmica de rota em que tráfego em cruzamentos e, assim, contribui para o
as informações são enviadas diretamente para o aumento do número dos acidentes.
veículo. Alguns dos resultados não mostram os im-
pactos sobre os acidentes (Stoneman, 1992; Perez Dois estudos realizaram simulações em que o siste-
et al., 1996), outros mostram um aumento no nú- ma de seleção dinâmica de rota é modificado para
mero de acidentes (Maher, Hughes, Smith e Gha- que ele não leve o condutor às interseções das vias
li, 1993; Abdulhai e Look, 2003) ou, ainda, uma ou às vias com alto risco de acidentes (Abdulhai e
diminuição do número de acidentes (Jeffrey et al., Distressed, 2003;Chatterjee e McDonald, 1999).
1987; Chatterjee e McDonald, 1999) quando do Recomendações aos condutores evitam o alto risco
aumento na taxa de usuários do sistema de seleção nas interseções ou em rodovias menores que não
dinâmica de rota. Uma vez que os resultados são primam pela redução de acidentes.
inconsistentes, não é possível extrair conclusões
sobre a forma como estes sistemas afetam o núme-
ro dos acidentes. Impacto na mobilidade
Nos estudos que mostram que o número de aciden- O tempo de viagem, de acordo com vários estudos,-
tes diminui quando se usa a seleção dinâmica de diminui ao se levar em conta uma informação sobre
rota (Jeffrey et al., 1987; Chatterjee e McDonald, incidentes exibida na sinalização eletrônica (Høye
1999), assume-se que o número de veículos-km et al., 2011).
percorridos diminuem devido à seleção dinâmica
de rota e que o número de acidentes diminui pro- Informações de tráfego mostradas aos usuários
porcionalmente à redução da distância percorrida. nas sinalizações eletrônicas: Vários estudos têm
A suposição é de que o número total de veículos-km mostrado que as informações sobre ocorrências e
percorridos diminua conforme uma seleção dinâ- recomendações de rotas alternativas indicadas na si-
mica de rota realista. Ao observar-sea presença de nalização eletrônica levam
a uma redistribuição do
tráfego pesado, pode-se dinamicamente selecionar tráfego (por ex.: Toft Wendelboe, 2003; McKenna,
uma rota; no entanto, isso leva a um aumento do 2001; Richards, 2000). A taxa de condutores que
número de quilômetros percorridos e ao mesmo alteram a seleção de rota varia muito e raramente
tempo muitos vão buscar desvios a fim de poupar o supera os 40% (Davidsson e Taylor, 2003; Ramsky
tempo de viagem (Høye et al., 2011). A suposição é e Lucas, 1997; Lindkvist, 1995; Cummings, 1994;
de que as mudanças do número de acidentes sejam Chatterjeeet al., 2002; Arch et al., 2007). A taxa é
proporcionais às mudanças na quantidade de veícu- maior quando se refere a congestionamentos maio-
los-km percorridos; porém, isso é discutível. res do que a pequenos congestionamentos, assim
422 O Manual de Medidas de Segurança Viária
como é maior quando aparecem informações so- na corrente de tráfego. Os estudos que calculam o
bre as possíveis rotas alternativas do que quando tempo economizado ao se alterar a rota por ocasião
só se exibem informações sobre um incidente ou de um determinado incidente ou acidente mostram
um atraso. uma redução entre 15 e 55% no tempo de viagem,
dependendo da proporção dos veículos com sele-
A avaliação da tentativa de regular o trânsito na au- ção de rota regulamentada na corrente de tráfego
toestrada M8 que atravessa Glasgow utilizando o (Levinson, 2003).
controle de acessos e sinalização eletrônica mostrou
que o tempo de viagem diminui em 13% e que os
atrasos gerais diminuíram em 9% entre 16 e 17h. Impacto no meio ambiente
No mesmo período, houve um aumento do volume
de tráfego entre 3 e4% (Tarry e Pyne, 2004). As simulações do tráfego mostram que as informa-
ções sobre ocorrências em sinais eletrônicos (sem
Informações enviadas aos usuáriosem seus veícu- informações sobre rotas alternativas) em Trondheim
los: Os estudos que tentam quantificar os efeitos da acarretam uma redistribuição de 0,02 a 1,9% do
regulamentação da seleção dinâmica de rota sobre tráfego, considerando um aumento das emissões
a mobilidade são realizados também com base em de gases de menos de 1% e um aumento dos cus-
simulações. Todos os estudos mostraram uma re- tos associados à poluição sonora de NOK 30.000
dução do tempo de viagem em diferentes porcen- (Høye et al., 2011). Os efeitos são estimados para
tagens a partir de dispositivos de informações em toda a rede viária do centro de Trondheim median-
veículos que recebem dados de seleção dinâmica de te a ocorrência de um incidente(o fechamento de
rota, especialmente sobre incidentes. Os resultados uma ou duas faixas) com duração de meia hora no
,no entanto, variam de estudo para estudo. horário de pico. Não se leva em conta uma série de
fatores relevantes nas simulações, incluindo as dife-
Um modelo de cálculo japonês (Kawashima, 1991) renças entre o tráfego leve e pesado. Os resultados
mostrou que os veículos com controle de seleção são incertos, e os impactos ambientais são conside-
dinâmica de rota podem economizar até 11% do rados como superestimados.
tempo de viagem. Um modelo de cálculo para Lon-
dres (Stoneman, 1992) mostrou uma redução de 6 Um estudo sobre os impactos do controle de aces-
a7% no tempo das viagens com regulamentação de sose da sinalização eletrônica que são instalados
seleção dinâmica de rota. Chatterjee e McDonald junto aos acessos das rodovias demonstrou que as
(1999) estimaramos impactos do sistema de seleção emissões de óxido denitrogênio, hidrocarbonetos e
dinâmica de rota sobre os acidentes em um sistema CO2 diminuíram (Tarry e Pyne, 2004).
viário urbano de alta densidade de tráfego.Os re-
sultados mostram que 30% dos usuários com con-
trole de seleção dinâmica de rota em Southampton Custos
obtiveram redução no tempo de viagem de 2,4% e
redução da distância total anual viajada de 0,7%. Três tipos de custos estão associados à sinalização o
Para15% dos veículos, o tempo de viagem total foi dinâmica de rota. São eles:
reduzido em 1,5%. Se 100% dos veículos tivessem
o equipamento, a redução do tempo da viagem esti- • Custos com a montagem das placas eletrônicas;
mada seria de 6%. • Custos com a operação e reparo das placas ele-
trônicas;
Em um resumo das pesquisas existentes sobre a es- • Custos de investimento na depreciação.
colha da rota dinâmica regulamentada de Levinson
(2003), foram contabilizados os resultados de dez De acordo com Halsen Bidar, Larsson e Robøle
estudos que analisam a redução média do tempo de (2009), o custo de montagem da sinalização ele-
viagem devido à seleção dinâmica de rota. Quan- trônica está entre NOK 100.000 e 500.000. Os cus-
do não estão incluídos os estudos que calculam o tos operacionais anuais correspondem a cerca de 5
tempo economizado devido ao redirecionamento a 8% do custo de montagem. O tempo de depre-
por motivo de acidentes ou incidentes, os resul- ciação é estimado em 3 a 5 anos. Os custos anuais
tados variam entre 1 e 20% de redução no tempo exigem um orçamento de NOK 83.623 por painel
de viagem, dependendo da proporção dos veícu- de mensagem, segundo Høye et al. (2011). Isto se
los com seleção dinâmica de rota regulamentada aplica supondo-se que a sinalização eletrônica cus-
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 423
te NOK 300.000 para ser montada e que o custo Requisitos e procedimentos formais
operacional anual compreenda 7% do custo da
montagem e do prazo de amortização, que é de Até momento não foram desenvolvidos quaisquer
quatro anos, incluindo uma taxa de desconto de requisitos formais para a regulamentação da intro-
4,5%. Quando a soma do custo de investimento dução da medida de seleção dinâmica de rotana
(calculada como anuidade) e os custos operacio- Noruega. Estes requisitos têm de ser fornecidos
nais são multiplicados por um preço adicionalde pela autoridade viária.
20% (ou seja, o custo é multiplicado por 1,2), o
custo total por cada painel de mensagenschega a
NOK 125.548 ao ano. Responsabilidade pela execução da medida
responde a uma redução no número de mortes de como alertas sobre as mesmas, a velocidade média
30% e a uma redução no número de acidentes com em geral diminui, algo que provavelmente terá um
vítimas de 13%. O limite de velocidade nesse estu- efeito positivo sobre a segurança (Karlberg, 2002;
do foi reduzido para 40 km/h quando a distância de Pilli-Sihvola e Rämä, 1997; Rämä et al., 2001; Ul-
visibilidade era menor do que 200m. farsson et al., 2005). O mesmo se aplica para men-
sagens de alertas de condições de condução difíceis
Martin & Perrin (2000) encontraram uma redução junto com uma recomendação de diminuição da
nas diferenças de velocidade quando o limite de ve- velocidade (Karlberg, 2002). Os resultados para va-
locidade foi diminuído sob neblina. Isso se deve, em riação de velocidade, no entanto, estão misturados,
parte, porque alguns (mas não todos) dirigiram mais isto é, foram encontradas tanto maior quanto menor
lentamente e outros, mais rápido do que teriam feito variação de velocidade.
em outras condições.
Rämä et al. (2001) mostraram que o impacto dos
Mesmo com painéis de mensagem com limites de ve- painéis de mensagem de limites de velocidade va-
locidade variável ainda há muitos condutores que di- riáveis em relação à velocidade praticada pelos con-
rigem muito acima do limite (MacCarly, 2006; Stei- dutores varia de acordo com o limite, período do
nhoff et al., 2000). Uma possível explicação para o ano e condições climáticas. As alterações de velo-
fato de os condutores não respeitarem os painéis de cidade em comparação com um trecho de controle
mensagem variável de limite de velocidade é que eles de limite de velocidade estabelecido em 100 km/h
não confiam na informação. Hogema et al. (1996) (placa de limite de velocidade fixa) estão resumidas
encontraram uma velocidade reduzida sob neblina na tabela 3.20.1.
apenas a uma distância da visibilidade de 50 m ou
mais. Com uma distância da visibilidade de 35 m, os A interpretação de Rämä et al. (2001) dos resulta-
resultados mostram que a velocidade é mais alta do dos é que o limite de velocidade mais baixo reduz
que sem o alerta de neblina e limite de velocidade a velocidade sob condições de condução difíceis. O
(cerca de 45 km/h x cerca de 30 km/h). Isso pode aumento da velocidade média quando é mostrado
ser explicado pelo fato de o limite de velocidade ser um limite alto de velocidade no painel de mensa-
colocado a 60 km/h quando a distância da visibilida- gem variável sugere que os condutores não levam
de é menos de 70 m. Pode-se pensar que alguns con- em conta as condições reais de condução de forma
dutores interpretam que uma velocidade próxima suficiente. Assim, painéis de mensagem variável po-
a 60 km/h pode ser justificável quando o limite de dem aumentar o risco de acidente se o limite de ve-
velocidade não é menor. Uma alteração na distância locidade mostrado for demasiadamente elevado em
para com o veículo à frente não foi encontrada por relação às condições de condução.
Hogema et al. (1996).
Também outros estudos mostram que painéis com
mensagem de limites de velocidade variável nem
Painel com limites de velocidade variáveis com sempre são positivos para a segurança. Quando os
alertas de condições difíceis de condução painéis mostram limites de velocidade inalterados
sob condições de condução difíceis ou informações
Quando painéis de mensagem com limites de velo- sobre boas condições climáticas, a velocidade média
cidade variáveis mostram uma diminuição do limite aumenta, segundo as pesquisas de Ulfarsson (1997),
de velocidade sob condições difíceis de condução, Boyle (1998) e Boyle e Mannering (2004). No estu-
do de Perrin (2000) e MacCarlay et al. (2006), a ve- veis. Segundo Robinson (2000), a redução do limi-
locidade média aumentou, mesmo quando o limite te na Autobahn (estrada) da Alemanha (100, 80 ou
de velocidade foi diminuído. No último estudo, a 60 km/h, dependendo do volume de tráfego) levou
velocidade média com distância curta de visibilida- a uma redução no número de acidentes de 20% a
de aumentou (100-150 pés ou 30-46 metros). 30%. Segundo a UK Highways Agency (2004), foi
observada uma queda de 10% nos acidentes. O limi-
O estudo de Boyle e Mannering (2004) e Ulfarsson te de velocidade nessa pesquisa foi diminuído de 70
et al. (2005) mostrou que os condutores reduzi- para 60 mph com 1.650 veículos por hora e por faixa
ram a velocidade apenas em áreas com painéis de para 50 mph com 2.050 veículos por hora e por faixa
mensagens com alertas textuais, mas que a maioria em autoestradas nos arredores de Londres.
depois estava dirigindo mais rápido que os condu-
tores que não haviam visto os painéis com alertas Vários estudos encontraram reduções em ambas ve-
textuais. Como não foi realizada nenhuma análise locidade média e variação de velocidade em trechos
de acidentes, não está claro se o impacto total so- com diminuição de limite de velocidade em áreas de
bre a segurança é positivo ou negativo. Ambos os tráfego denso (Hoogen e Smulders, 1994; Lee e Ab-
estudos foram realizados no mesmo trecho, mas em del-Aty, 2008; Pilli-Sihvola e Rämä, 1997). Além dis-
diferentes horários e com diferentes mensagens nos so, a diminuição do limite em áreas de tráfego denso
painéis de mensagem. pode manter a fluidez, mesmo em situações em que
poderiam se formar filas de congestionamento. Nes-
sas situações, a velocidade média resultante é mais
Painel com mensagem de limites de velocidade alta que sem a diminuição do limite de velocidade.
variável e alerta de velocidade em área escolar Na pesquisa de Bertini et al. (2006), o tráfego teve
uma velocidade média de 30 a 40 km/h. Nas filas
Na Noruega, foram testados painéis com mensa- de congestionamento, o número de acidentes com
gem de limite de velocidade variável em área escolar danos materiais geralmente aumenta, enquanto que
(Amundsen, 1988). Registros de nove escolas reu- o de acidentes com vítimas é menor que sem o con-
nidos mostraram que a velocidade média diminuiu gestionamento. As velocidades de 30 a 40 km/h em
11%, de 57 para 51 km/h para todas as escolas. Po- autoestradas (não em tantas) não resultaram em ne-
de-se esperar que essa redução de velocidade possa, nhum aumento significativo no número de aciden-
segundo o modelo de potência (Elvik, 2009), levar tes com feridos.
a uma redução de 25% no número de acidentes fa-
tais e reduzir em 12% os acidentes com vítimas feri-
das. Lee et al. (2006) mostraram que os painéis com Painel com mensagem de alerta de velocidade
mensagem de alerta para velocidade próximas às (alerta coletivo)
escolas levaram a uma redução da velocidade média
de 12,4%, algo que, segundo o modelo de potência Os painéis de mensagem variável com alerta coleti-
(Elvik, 2009), pode se esperar que leve a uma redu- vo da velocidade mostram o porcentual de condu-
ção no número de acidentes com vítimas feridas de tores que não conduziram acima do limite de velo-
15% e de 29% para acidentes fatais. cidade na semana, dia ou hora anteriores e o menor
porcentual medido até aquele momento. Foram en-
contrados três estudos que pesquisaram o impacto
Painel com limite de velocidade variável para deste tipo de painel de mensagens sobre o número
melhorar a mobilidade de acidentes:
O painel com mensagem de limite de velocidade Van Houten, Nau e Marini, 1980 (Canadá);
variável utilizado para melhorar a mobilidade pode Van Houten e Nau, 1981 (Canadá) e
afetar a segurança por alterar a velocidade e a va- Van Houten et al., 1985 (Canadá e Israel).
riação da mesma. Foram encontrados dois estudos
que elucidam algo do impacto sobre o número de Com base nesses três estudos, o impacto da redução
acidentes (Robinson, 2000; UK Highways Agency, no número de acidentes (grau de dano não especi-
2004). Nenhum deles, entretanto, especificou qual o ficado) foi de 50% (-62; -32). Todos os três estudos
número de acidentes ou qual o método que foi utili- são, entretanto, simples análises de antes- depois em
zado para calcular essa diminuição, razão pela qual que não houve controle de outros fatores. O resulta-
os resultados não podem ser considerados confiá- do deve, portanto, ser considerado bastante incerto,
428 O Manual de Medidas de Segurança Viária
e a diminuição de acidentes pode estar superestima- exibida junto à realização de controles de velocida-
da. Os resultados de todos os três estudos mostram, de. Na pesquisa de Woo et al. (2007), a mensagem
também, que a proporção entre painéis e conduto- de alerta não teve nenhum efeito significativo sobre
res que dirigiram com velocidade elevada diminuiu. a velocidade média, mas fez com que mais condu-
Em vias adjacentes, sem painéis com mensagens tores mantivessem o limite de velocidade. O estudo
de alerta de velocidade, não foi observada nenhu- de Woolley e Dyson (2003) mostrou que o efeito da
ma alteração na velocidade ou nos acidentes (Van mensagem de alerta individual diminuiu com o tem-
Houten et al., 1985). Algumas outras pesquisas têm po e que é limitado ao local, ou seja, a velocidade
tentado refutar os resultados desses três estudos. apenas é diminuída no local com a mensagem de
Entre eles, há dois que também encontraram uma alerta de velocidade.
redução no porcentual dos que conduziram com ve-
locidade mais elevada (Ragnarsson e Björgvinsson, No estudo de Almqvist (1988), a placa com o tex-
1991; Muskaug e Christensen, 1995) e um que não to “Você está dirigindo muito rápido – pense nas
encontrou nenhuma alteração no porcentual dos crianças a caminho da escola” foi mostrada aos con-
que conduziram a velocidades muito altas (Roqué dutores que dirigiam com velocidade elevada sobre
e Roberts, 1989). Uma vez que a maioria dos estu- uma faixa de pedestres com controlador semafórico
dos não relatou nenhuma alteração na velocidade utilizada por muitos estudantes a caminho da esco-
média, não foi calculada a alteração da velocidade la. Foram observadas reduções tanto na velocidade
média. média quanto na velocidade do 85º percentil, de até
4 km/h.
(33,56 mph) do que para caminhões para os quais de Høye et al. (2011), foram encontradas possíveis
não foi mostrada a mensagem de velocidade reco- diminuições no número de veículos que circulam
mendada (41,14 mph). Isso corresponde, de acordo muito próximo do veículo à frente quando são mos-
com o modelo de potência (Elvik, 2009), a uma re- tradas mensagens de alertas de congestionamento
dução no número de acidentes fatais de 57%, uma (junto com mensagens de alerta de ocorrências)
redução no número de acidentes com vítimas feri- nos painéis de mensagens variáveis. Por outro lado,
das de 28% e no número de acidentes com danos a velocidade média e a distância de segurança per-
materiais de 26%. As reduções de acidentes refe- maneceram inalteradas. Hogema e Goebel (2000)
rem-se apenas a caminhões. mostraram, em um estudo de simulação, que os
condutores frearam mais cedo com o painel com
mensagens de alerta de congestionamento do que
Painel com mensagem de alerta de filas sem o painel.
de congestionamento
O painel com mensagens de alerta de filas de con-
O impacto de painel com mensagens de alerta de gestionamento fazem com que o veículo mude a
filas de congestionamento sobre o número de aci- rota, algo que também pode afetar o número de aci-
dentes foi pesquisado por Cooper et al. (1992) e dentes. Isso está descrito mais detalhadamente no
Persaud et al. (1995). Os resultados mostram que capítulo 3.19.
os alertas de filas de congestionamento com a re-
dução do limite de velocidade (50 km/h) reduziu o
número de acidentes com feridos em 4% (-22; +17) Painel com mensagens de alerta de distância
e aumentou o número de acidentes com danos ma- do veículo à frente
teriais em 16% (-27; -4). Painel com alertas de filas
de congestionamento sem redução do limite de ve- Curtas distâncias do veículo à frente normalmente
locidade reduziu o número de colisões traseiras em são fatores que contribuem para acidentes, sobretu-
24% (-37; -10). Em um estudo realizado por Duff do para colisões traseiras (Lierkamp, 2003). Helliar
(1971) na Grã-Bretanha, os painéis com mensagens -Symons e Ray (1986) pesquisaram o impacto sobre
variáveis que alertam sobre acidentes aparentemen- os acidentes dos painéis de mensagem variável que
te reduziram o número de acidentes com vítimas mostram uma das duas mensagens quando o veículo
em autoestradas em 44% (-59; -21). O último estu- está a uma distância menor que 1,6 segundo do veí-
do é, entretanto, a única pesquisa de antes-depois culo à frente: “direção muito próxima do veículo”
sem grupo de controle, razão pela qual o resultado ou “direção muito próxima, afaste-se”. Os resulta-
deve ser considerado incerto. As diferenças entre dos mostram que o porcentual de veículos sendo
os resultados de alguns estudos podem ser conse- dirigidos a uma distância menor que 1 segundo do
quência de diferenças nas condições locais e nos veículo à frente diminuiu, mas não foi encontrado
aspectos metodológicos das análises. Os resultados, nenhum impacto estatisticamente significativo so-
portanto, não podem ser facilmente generalizados bre o número de acidentes. O número total de aci-
(é pouco provável, por exemplo, que o painel com dentes com feridos diminuiu em 6% (-56; +102) e
mensagens de alertas de filas de congestionamento o número de acidentes com feridos que ocorreram
sem limite de velocidade reduzido no geral leve a devido à direção muito próxima do veículo à frente
maiores reduções de acidentes do que o painel com diminuiu 77% (-97; +99). A grande incerteza dos
mensagens de alertas de congestionamento com li- resultados se deve ao pequeno índice de acidentes.
mite de velocidade reduzido).
Vários estudos mostraram que o painel com mensa- Painel com mensagens de alerta de distância
gens de alerta de congestionamento podem alterar do veículo à frente como complemento da placa
o comportamento do condutor, de modo a tornar de PARE
conflitos e acidentes menos prováveis. Holm e Ko-
tituomi (2000) mostraram que ambas a velocidade e Creaser et al. (2007) pesquisaram, em um estudo
a variação de velocidade diminuíram. Pesti (2008) de simulação, os impactos de diferentes tipos de
não encontrou nenhum impacto na velocidade mé- painéis de mensagens que alertam condutores que
dia, mas mostrou que a variação de velocidade e o precisavam cruzar uma via dupla com alto volume
número de conflitos (entre eles frenagem brusca e de tráfego com canteiro central em intervalos curtos
mudança de faixa forçada) diminuíram. No estudo de tempo. Os painéis foram colocados como placas
430 O Manual de Medidas de Segurança Viária
complementares sob placas de PARE. Os painéis de melhorar a mobilidade (Erke e Gottlieb, 1980). A
mensagem variável mostraram apenas uma adver- UK Highways Agency (2004) estudou o impacto
tência geral sobre o tráfego perigoso na via principal dos painéis de mensagem variável de limite de ve-
ou onde estavam situados os veículos na via princi- locidade nas autoestradas ao redor de Londres que
pal em relação ao cruzamento, ou quantos segundos foram colocados para melhorar o fluxo de tráfego
faltavam para que o veículo da via principal chegas- e evitar congestionamento. O limite de velocidade
se até o cruzamento. Todos os tipos de mensagem foi diminuído de 70 para 60 mph (de 113 para 96
fizeram com que os condutores esperassem um in- km/h) para 1.650 veículos por hora por faixa e para
tervalo de tempo maior do que esperariam apenas 50 mph (aproximadamente 80 km/h) para 2.050
com a placa de PARE. Os condutores, no entanto, veículos por hora por faixa. O tempo de viagem e
ficaram também um pouco confusos com os painéis o perigo nos congestionamentos diminuíram, o que
e nem todos perceberam a sua importância. pode ser explicado, em parte, pelo limite de veloci-
dade reduzido ou pelo aumento da adesão ao limite
de velocidade (mais o controle da polícia). Segundo
Painel com mensagens de alerta para faixas Allaby (2006), os limites de velocidade variáveis em
de pedestres muitos casos podem harmonizar o fluxo de tráfego
e, assim, evitar filas, mas, quando há engarrafamen-
Os painéis com mensagens de alerta coletivo para tos, não pode impedir as filas nem reduzir o tempo
a faixa de pedestres que mostra o porcentual dos de viagem.
veículos que cumpriram a obrigação de ceder a pre-
ferência aos pedestres foram examinadas por Ma- Os painéis de mensagem variável mostrando vagas
lenfant e Van Houten (1989). Foi encontrada uma de estacionamento em áreas centrais podem reduzir
redução no número de acidentes com pedestres o tráfego de busca por vagas e, assim, melhorar a
com vítimas de 65%, que é bastante incerta e es- mobilidade no tráfego. Isso foi o que mostrou um
tatisticamente não confiável (intervalo de confiança estudo do sistema de direcionamento em estaciona-
de 95% [-96; +199]). mento em Helsingborg (Fredriksson, 2005).
Outros critérios mais detalhados para a utilização Supressão de cruzamentos em nível. A melhor
de painéis de mensagem variável são fornecidos nas maneira de evitar os acidentes em cruzamentos em
normas para placas (Statens vegvesen, Håndbok nível é eliminando-os. Com o fechamento do cruza-
050, 2009) e no Manual 053, uso de painéis de men- mento em nível, ou o fluxo de usuários desaparece
sagem variável de trânsito (Statens vegvesen, 2004). ou ele é deslocado para outro local com oportuni-
Painéis ao longo de vias públicas devem atender aos dade de travessia. Isso pode ser feito por meio de
requisitos das normas para placas (Statens vegvesen, passagens em desnível ou por sinalização de prefe-
Håndbok 050, 2009). Para painéis de mensagem va- rência no nível de passagens.
riável também será necessário o estabelecimento de
requisitos para a confiabilidade dos mesmos e para Proteção dos cruzamentos em nível. O impacto
seus fornecedores. sobre os acidentes em cruzamentos com a utiliza-
ção de sinalização, iluminação e alertas sonoros foi
investigado em vários estudos. Os dados aqui apre-
Responsabilidade pela execução da medida sentados baseiam-se nos seguintes estudos:
Schoppert e Hoyt, 1968 (EUA); Com base nestes estudos, tem-se a melhor estimati-
Berg e Oppenlander, 1969 (EUA); va do impacto sobre os acidentes das várias medidas
Schultz, Berg e Oppenlander, 1969 (EUA); de segurança nos cruzamentos em nível (variação
Planovergangsutvalget, 1970 (Noruega); porcentual do número de acidentes):
Van Belle, Meeter e Farr, 1975 (EUA);
Coleman e Stewart, 1976 (EUA); A maioria dos estudos é do tipo simples, antes-de-
Herbert e Smith, 1976 (Austrália); pois, ou seja, sem o controle de variáveis interve-
Schulte, 1976 (EUA); nientes. Os resultados apresentados na tabela 3.21.2
Ricker, Banks, Brenner, Brown e Hall, 1977 (EUA); são baseados apenas em estudos controlados pela
Zalinger, Randers e Johri, 1977 (Canadá); regressão e endogeneidade em modelos multivaria-
Amundsen, 1980 (Noruega); dos de previsão de acidentes.
Ekblom, Kolsrud e Möller, 1981 (Suécia);
Eck e Halkias, 1985 (EUA); A sinalização sonora e luminosa e as barreiras auto-
Halkias e Eck, 1985 (EUA); máticas levam a reduções substanciais no número
Eck e Shanmugam, 1987 (EUA); de acidentes nos cruzamentos em nível. A sinaliza-
Hauer e Persaud, 1987 (EUA); ção de advertência melhora a visibilidade e também
Abrahamsson, Ohlsson e Sjölinder, 1991 (Suécia); reduz o número de acidentes.
Wigglesworth e Uber, 1991 (Austrália);
Gitelman e Hakkert, 1997 (Israel); Medidas para aumentar o respeito pelas medidas
Austin e Carson, 2002 (EUA); de segurança. Os acidentes são frequentemente
Park e Saccomanno, 2005 (Canadá); associados à falta de respeito para com o sistema
Saccomanno e Lai, 2005 (Canadá); de segurança, como a obediência a um sinal de luz
Saccomanno, Park e Fu, 2007 (Canadá) e vermelha, por exemplo. Acontece, também, que os
Millegan et al., 2009 (EUA). veículos quebram sobre as passagens de nível.
Tabela 3.21.2 Impactos da proteção de cruzamentos em nível entre rodovias e ferrovias. Variação porcentual do número
de acidentes.
Um estudo canadense (Wilde, Cake e McCarthy, foram documentados. A utilização de alertas sono-
1976) mostrou que o respeito à regulamentação (sinal ros pode ser desconfortável em áreas residenciais,
e sonoridade) está relacionado com a extensão e va- especialmente à noite. A emissão de gases do esca-
riação do tempo de advertência antes que o trem ul- pamento dos veículos poderia aumentar devido às
trapasse o cruzamento em nível. Quanto mais cedo o paradas, retenções e retomada de movimento dos
alerta sonoro começar em relação à chegada do trem veículos. Os efeitos reais não foram quantificados.
e quanto mais esse período de espera variar de trem
para trem, menor é o respeito às normas de trânsito.
Custos
É possível utilizar alertas visuais e sonoros com tem-
pos pré-fixados de ativação, como, por exemplo, Os custos da proteção dos cruzamentos em nível
um dispositivo que adapte o tempo de advertência variam conforme as condições locais do terreno e
e de descida da cancela de acordo com a velocida- o escopo das medidas. Os custos médios aproxima-
de do comboio ferroviário, de modo que a cancela dos (na Noruega) para as diferentes medidas são:
sempre descerá quando faltar determinado tempo
fixo para o trem passar, como, por exemplo, 30 se- • Sinalização de advertência: NOK 5.000 a 10.000;
gundos. Estudos americanos (Halkias e Eck, 1985; • Sinalização sonora e luminosa: NOK 400.000 a
Bowman, 1987) sugerem que a sinalização luminosa 600.000;
e o sistema sonoro, assim como o tempo fixo de ati- • Barreira automática NOK 600.000 a 1.000.000;
vação da cancela, resultam em cerca de 20% menos • Custo operacional anual das barreiras: NOK
acidentes do que os sistemas similares, com tempo 5.000 a 10.000.
de ativação variável. Os resultados são baseados em
poucos acidentes e não são estatisticamente confiá-
veis; no entanto, sugerem que tais sistemas podem Avaliações de custo-benefício
melhorar a segurança nos cruzamentos em nível.
O número anual médio de acidentes por cruzamen-
to em nível nas vias públicas é de cerca de 0,007 aci-
Impacto na mobilidade dente (média de 2003 a 2007). O número anual mé-
dio de acidentes por cruzamentos em nível em vias
A utilização de barreiras em cruzamentos rodofer- privadas é de aproximadamente 0,00096 acidente.
roviários em nível resulta em maiores tempos de es- Estes números são muito baixos. A maioria dos aci-
pera nos pontos de passagem, inclusive mais do que dentes nos cruzamentos em nível nas vias públicas
o estritamente necessário para a passagem do trem acontece nas passagens em nível já sinalizadas com
no cruzamento. Considerando o número de com- alertas visuais e sonoros ou barreiras. A maioria dos
boios ferroviários diários, na maioria dos locais este acidentes em cruzamentos em nível em vias privadas
valor é significativamente menor do que o número ocorre em passagens sem medidas de segurança, ou
de usuários diários das rodovias, dos quais apenas seja, cruzamentos onde há apenas um portão, que o
uma minoria estará sujeito a determinado atraso. próprio usuário abre e fecha.
O Comitê de Passagens de Nível norueguês (1970)
estima uma média de tempo de atraso por veículo O número anual de acidentes por cruzamento em
de 0,8 segundo, considerando-se as seguintes con- nível é tão baixo que dificulta a identificação de
dições: cruzamento em nível com média de tráfego pontos críticos de acidentes com base nos registros
anual de 10.000 veículos na rodovia; 15 trens du- de acidentes. É extremamente raro que um cruza-
rante a noite e mais 15 trens durante o dia; tempo mento em nível tenha mais de um acidente por ano.
de atraso gerado por cada comboio ferroviário igual O número anual de acidentes registrados em um
a 40 segundos (tempo durante o qual a cancela está cruzamento em nível resulta, em grande parte, do
abaixada), e chegada de veículos no cruzamento acaso e não pode ser interpretado como uma medi-
distribuída aleatoriamente. da confiável do nível de segurança do cruzamento
em nível em longo prazo.
investimento de, por exemplo, NOK 1 milhão cor- Responsabilidade pela execução da medida
responderia a um valor presente repetido ao longo
de 25 anos (4,5% ao ano de juros) para evitar 0,067 A Rede Ferroviária Norueguesa (NSB) é, juntamen-
acidente com feridos por ano. Este valor é muito te com a autoridade da via pública ou o proprietário
maior do que a taxa média anual de acidentes atual dos terrenos, responsável por garantir as passagens
por cruzamento em nível, tanto em vias públicas de nível. Os custos das passagens de nível nas vias
como privadas. públicas são incorporados pela ferrovia. Os custos
para a construção e segurança das novas passagens
Isso não significa que as medidas de segurança im- de nível são normalmente cobertos pelos responsá-
plementadas não valham a pena. Uma estimativa em veis pela construção das vias. A Rede Ferroviária
uma edição anterior deste livro (Elvik, Vaa e Østvik Norueguesa (NSB) pode fornecer suporte se a obra
1989, s 215) mostra que a Rede Ferroviária Norue- exigir o fechamento da passagem de nível existente.
guesa (NSB), no período de 1972 a 1979, quando Os custos com a sinalização dos cruzamentos em
houve grandes investimentos no tratamento dos nível nas vias públicas são abrangidos pela rodovia
cruzamentos em nível em vias públicas, investiu estadual, distrital ou municipal ou, ainda, pelo con-
cerca de NOK 100.000 por acidente com ferido evi- selho das vias municipais.
tado. Este investimento é baixo, se considerarmos
que o custo médio atual para a prevenção de um aci-
dente com ferido na Noruega é de NOK 3.560.000. 3.22 Áreas ambientais
(2001- 2002), a área ambiental foi definida da se- calming), criação de novas ciclovias, park and ride
guinte forma: (que é a facilidade de estacionamento em conexão
com o transporte público) e várias medidas coleti-
Uma área geográfica claramente definida dentro vas (Amundsen et al. 2003).
das áreas urbanas, considerada vulnerável, onde
há uma necessidade de medidas específicas desti- Na Noruega, há abertura para o uso de várias medi-
nadas a reduzir/prevenir vários impactos ambien- das nas áreas ambientais. Quais requisitos deverão
tais (especialmente aqueles gerados pelo tráfego). ser estipulados variará de região para região, depen-
Estas medidas devem ser vistas no conjunto. dendo de seus problemas ambientais. Para que as
medidas tenham o melhor impacto, é preciso que
Exigências ou medidas específicas que devem ser as condições atuais sejam bem documentadas. Tam-
aplicadas dentro de uma área ambiental podem ser bém é necessário identificar como as condições mu-
determinadas localmente, em razão de problemas darão com o tempo, caso a área ambiental não seja
ambientais da região, em função da qualidade am- criada. Os resultados dessa avaliação serão, então,
biental desejada e das condições climáticas e topo- comparados com o impacto previsto das diversas
gráficas locais. Para algumas medidas, também de- medidas de melhoria do meio ambiente.
pende-se de decisões autorizadas pelas autoridades
centrais. Meios disponíveis, custos associados à im- Onde as áreas ambientais são adequadas? Áreas
plementação, opções de controle e/ou organização ambientais são apropriadas principalmente em par-
prática constituem possíveis limitações. A escolha tes das cidades (e áreas urbanas) que são sobrecarre-
das medidas também deve ser adaptada à perspec- gadas especificamente de poluição sonora, emissão
tiva de tempo que se tem para que a qualidade am- de poluentes e tráfego motorizado. Na Suécia usa-se
biental que se deseja seja alcançada. Em algumas a área ambiental em áreas que são particularmente
áreas, haverá a necessidade de se adotarem medi- sensíveis a interferências de tráfego (SOU 1994: 92).
das com efeito imediato, enquanto que em outros Com isso, quer-se dizer áreas que (Markung, 1997):
lugares será possível investir em medidas de longo
prazo. • contenham muitas residências;
• tenham ruas com muitos pedestres e ciclistas;
• tenham urbanizações que sejam sensíveis ao trá-
Descrição da medida fego;
• tenham parques ou espaços verdes lesados por
Na Noruega, somente o município de Drammen in- emissões do tráfego motorizado.
troduziu uma área ambiental. As medidas que foram
introduzidas incluem: regras de estacionamento, bi- Áreas ambientais são particularmente adequadas
cicletas urbanas, facilidades para estacionamento em áreas com diferentes tipos de problemas am-
de bicicletas e outros (Amundsen et al., 2003). Em bientais e podem ser úteis para examinar diversas
Oslo está em progresso o desenvolvimento de uma medidas relacionadas.
área ambiental em Groruddalen, (Administrativ ar-
beidsgruppe Groruddalen, 2003). Este projeto se Delimitação da área: a delimitação geográfica da
concentrará em medidas que reduzam o transporte área deve ser simples e clara. A delimitação é de-
motorizado, incluindo facilidades para pedestres terminada por aquilo a que as áreas são sensíveis
e ciclistas, bem como a melhoria do ambiente em (número de residências/número de pessoas que
subáreas específicas. permanecem ao ar livre na área) e, pela localização/
distribuição de poluentes e outros problemas am-
Na Suécia foram estabelecidas áreas ambientais em bientais. A área deve ser de tamanho especificado.
quatro cidades: Estocolmo, Gotemburgo, Malmö e
Lund. Lá escolheu-se usar uma mesma medida es- Os requisitos aplicáveis em uma área ambiental ge-
tabelecendo os requisitos para a utilização de filtros ralmente serão mais rigorosos que os aplicáveis em
de partículas nos veículos pesados que não cum- áreas vizinhas. A área ambiental deve, portanto, ser
pram determinadas normas ambientais. Na Ingla- diferenciada e sua delimitação deve se enquadrar
terra foi introduzido um projeto-piloto equivalente nos requisitos conforme diferentes disposições.
ao de áreas ambientais (clear zones ou “áreas deso- Devem, também, ser estabelecidos sistemas de fis-
bstruídas”). As medidas introduzidas neste caso são calização e controle, de modo que os impactos am-
uma combinação de moderação de tráfego (traffic bientais sejam como pretendidos e que aqueles que
436 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Uma opção pode ser a de proibir um ou mais tipos Impacto no meio ambiente
de veículos na área durante todo o dia ou em deter-
minados períodos. A proibição de veículos pesados à Os impactos de uma área ambiental no meio am-
noite e em horários do dia em que muitos pedestres biente variarão, dependendo de quais medidas fo-
caminham ao ar livre, por exemplo, dão impactos rem implementadas. Nas três cidades suecas, a emis-
ambientais mais positivos. A poluição do ar e a po- são de partículas de veículos pesados foi reduzida,
luição sonora diminuem e, além disso, as vias ficam como mostra a tabela 3.22.1. Em 1999, as exigências
mais seguras para pedestres e ciclistas. ficaram mais restritivas e levará alguns anos antes
que o impacto possa ser descrito com mais precisão.
Limites de velocidade especialmente baixos tam-
bém podem ser usados para restringir o tráfego na Em 2001 os impactos reais das vias ambientais de
área, reduzindo o impacto ambiental e reduzindo Estocolmo foram avaliados com a ajuda de dados
vítimas em caso de acidentes. sobre a frota de veículos, medições e cálculos (Bur-
man e Johansson, 2001). Encontrou-se que 90%
As condições de tráfego e a segurança dos usuários dos veículos pesados que trafegavam por vias am-
vulneráveis devem ser priorizadas acima da mobi- bientais em 2000 atendiam às exigências ambientais.
lidade de outros usuários da via. Medidas viárias
mais abrangentes podem ser túneis/passagens ou Com base nestes dados, os cálculos mostraram que
desvios. Outras medidas adequadas podem ser fai- várias das metas de redução de emissões foram al-
xas de rodagem mais estreitas para veículos motori- cançadas. Comparando-se a uma situação sem uma
zados e que a área beneficie os usuários vulneráveis. área ambiental, na área ambiental observou-se que:
Tabela 3.22.1: Redução de emissões de veículos pesados como resultado da área ambiental
em Estocolmo, Gøteborg e Malmø. Redução esperada para 2001 e redução real entre
1996-1997. Porcentual de emissão na situação anterior. Fonte: Trivector 1997.
Partículas Hidrocarboneto Óxidos de nitrogênio
Cidade Esperado Real Esperado Real Esperado Real
Estocolmo 35 15 16 5 9 8
Gøteborg 34 21 20 9 2 2
Malmø 34 17 20 8 2 1
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 437
Novos componentes e benefícios estão relacionados Para o estabelecimento de instalações físicas para
aos impactos no meio ambiente, na saúde e na segu- pedestres e tráfego de bicicletas, a distribuição de
rança. Além dos custos, deve-se, além da medida, responsabilidades variará de acordo com as condi-
considerar os gastos com aqueles que sofrerem des- ções das vias. O responsável pelas vias deverá arcar
vantagens como resultado da medida. com a limpeza, sistemas antirruído e vegetação.
faixas, quando muitos veículos tentam entrar na ro- é uma medida tipicamente utilizada em rodovias de
dovia. Os tipos mais comuns de acidentes em aces- maior capacidade, podendo ser também relevante
sos são as colisões traseiras e laterais, que ocorrem para outras rodovias de menor capacidade com cer-
quando os veículos freiam ou mudam de faixa na ta densidade de acessos. No acesso, instala-se um
rodovia para abrir espaço aos veículos provenientes semáforo que regula a entrada dos veículos na ro-
do acesso (Cleavenger e Upchurch, 1999). Ocorrem dovia expressa. Quando a luz fica verde, geralmente
mais acidentes na rodovia em função da entrada/ apenas um veículo é liberado para passagem (figura
saída de veículos que no acesso em si. Os conges- 3.23.1). A capacidade é ajustada pela duração da luz
tionamentos e os acidentes podem ser reduzidos vermelha. Desta forma, grandes grupos de veículos
diminuindo-se o número de veículos que acessa as são dissolvidos. A frequência em que é permitida
rodovias e também quando este acesso é realizado a passagem de um veículo depende da densidade
por meio de uma única faixa (ou seja, um veículo do tráfego na rodovia expressa. Uma grande quan-
por vez acessa a rodovia). tidade de veículos na rodovia expressa pode gerar
congestionamento e atrasos na entrada de veículos a
O controle da velocidade nos acessos tem o objetivo partir de acessos. Para evitar problemas de conges-
de otimizar o fluxo de tráfego nas rodovias, evitan- tionamento em outras partes do sistema rodoviário,
do assim, desacelerações e retomadas de velocidade. o controle da entrada de veículos é geralmente pro-
O controle da velocidade no acesso também reduz gramado de modo que o número de veículos libera-
as variações de velocidade nas rodovias e mantém dos para entrar na rodovia aumenta à medida que
a distância de segurança em relação ao veículo à aumenta o número de veículos esperando no aces-
frente, aumentando as condições de segurança. O so. O controle de velocidade no acesso geralmente
controle da velocidade em acesso é usado princi- é desativado quando há pouco volume de tráfego
palmente em momentos de congestionamento mais na rodovia expressa e quando a velocidade média é
intenso, podendo ser utilizado também em caso alta. Nessas situações, o controle da velocidade não
de acidentes ou de outros tipos de incidentes que é necessário, e sua intervenção pode causar proble-
criam problemas de congestionamento (Papageor- mas devido à alta velocidade na rodovia expressa.
giou e Papamichail, 2007).
O controle de velocidade nos acessos é mais eficaz
quando o acesso tem capacidade de comportar mais
Descrição da medida veículos e quando há a necessidade de uma longa
distância para a aceleração. Além disso, pode ser
O controle da velocidade no acesso é descrito aqui necessário dar um aviso prévio sobre o controle no
como um controle dinâmico de tráfego, cuja finali- acesso, a fim de evitar conflitos e colisões traseiras
dade é melhorar o fluxo de tráfego por meio da li- nos acessos (Piotrowicz e Robinson, 1995).
mitação da entrada de veículos a partir de um acesso
(ou outra forma de entrada) a uma rodovia principal A forma mais comum de controle de velocidade
(Bellemans et al., 2006). O controle de velocidade no acesso é o chamado controle cronometrado
nos acessos, também conhecido como “controle de (operação em tempo fixo), ou seja, o veículo é li-
acessos” (Statens vegvesens, Håndbok 048, 2007), berado para entrar na rodovia em intervalos fixos.
Os resultados podem variar dependendo da condi- expressas. Além disso, a medida também pode ser
ção típica do tráfego em diferentes períodos do dia; aplicada ao longo do trajeto de uma rodovia, como,
porém, não se levam em consideração as condições por exemplo, para o controle do tráfego em estrei-
reais do tráfego no momento. Esses sistemas podem tamentos de faixas (devido a alguma interdição) em
aumentar a segurança, uma vez que grandes aglo- pontes e túneis (Piotrowicz e Robinson, 1995).
merações de veículos querendo entrar na rodovia
são desfeitas, mas haverá certo impacto indesejado Na Noruega, o controle de velocidade em acessos
sobre o fluxo da rodovia (Piotrowicz e Robinson, também é usado em alguns lugares para melhorar
1995; Kotsialos e Papageorgiou, 2004). a mobilidade para o transporte público (cedendo
prioridade para os ônibus em Østensjøveien, Oslo,
A forma mais avançada de controle de velocidade por exemplo).
no acesso é o chamado controle atuado pelo tráfe-
go. Nos sistemas de controle atuados pelo tráfego,
os intervalos de luz verde dependem das condições Impacto sobre os acidentes
vigentes do tráfego tanto na rodovia expressa quan-
to no acesso. Sendo assim, pode-se alcançar grande O controle de velocidade em acessos pode redu-
melhoria para o fluxo de veículos nas rodovias, sen- zir acidentes de várias maneiras. Com o controle,
do possível adaptar o sistema a eventos imprevis- não ocorre uma grande concentração de veículos
tos que venham a ocorrer, tais como os acidentes. entrando na rodovia, pois ele faz com que apenas
A Noruega deve, conforme o Manual 048 (Statens um veículo de cada vez tenha acesso à rodovia. Isso
vegvesens, 2007), controlar os acessos em rodovias. melhora o fluxo de tráfego na rodovia e reduz os
As duas formas mais comuns da gestão do controle congestionamentos, bem como a necessidade de de-
de acessos são a “demanda-capacidade” e a “acei- saceleração e retomada de velocidade (Abdel-Aty et
tação de gaps” (ou brechas) (Kang e Gillan, 1999). al., 2007; Kang e Gillen, 1999; McLean et al., 1998;
Com o método demanda-capacidade, os intervalos Papageorgiou e Papamichail, 2007). Um estudo ba-
de luz verde dependem da quantidade de veículos seado em observações de vídeos em áreas de acesso
nas rodovias e no acesso. O objetivo do método de mostrou que o controle de velocidade em acessos
“aceitação de gaps” é liberar a entrada do maior nú- reduz o número de veículos mudando de faixa na
mero de veículos possível na rodovia expressa quan- rodovia expressa. Enquanto que com o controle de
do houver gaps. acessos apenas 3% dos veículos mudaram de faixa
em uma área de acesso, na rodovia sem controle de
Os controles de velocidade em vários acessos em acessos 10% dos veículos mudaram de faixa em uma
uma rodovia podem estar conectados entre si para área de acesso. O mesmo estudo mostrou que com
formar um controle viário coerente. O número de o controle de acessos havia também menos veículos
veículos liberados para entrar na rodovia, então, de- que desaceleravam na rodovia para ceder espaço
pende não só das condições do tráfego local, mas aos veículos provenientes dos acessos (McLean et
também do tráfego a montante e a jusante do aces- al., 1998). Distâncias curtas em relação ao veículo à
so. O controle de velocidade em acessos também frente podem levar a colisões traseiras, e a mudança
pode ser implementado como parte de um controle de faixa pode causar acidentes com colisões laterais
de tráfego mais abrangente, isto é, com limites de (Erke et al., 2005; Rämä e Kulmala, 2000).
velocidade variáveis (ver capítulo 3.20) e seleção
dinâmica de rota (Bellemans et al., 2006; ver tam- Vários estudos mostraram que os congestionamen-
bém o capítulo 3.19). Quando o acesso é utilizado tos aumentam o risco dos acidentes (Sullivan, 1990;
pelo transporte coletivo, como ocorre na Noruega, Noland e Quddus, 2005). Uma melhor gestão do
as faixas de ônibus devem estar fora do sistema de tráfego envolve menos variações de velocidade e
controle semafórico que regula o acesso (Statens ve- menos veículos trafegando a uma pequena distância
gvesens, 2007, Håndbok 048). Se houver a necessi- do veículo à frente. Outros estudos apontam que a
dade de controlar a entrada dos ônibus também, ela relação entre o fluxo de tráfego, velocidade, densi-
deve ser regulada por um controle semafórico (ver dade de veículos e risco de acidente nem sempre é
capítulo 3.18) (Piotrowicz e Robinson, 1995). linear, e a redução dos congestionamentos nem sem-
pre reduziria o risco de acidentes (Garber e Subra-
O mesmo tipo de controle de velocidade em aces- manyan, 2001; Golob e Recker, 2004). Em Wang et
so também pode ser utilizado em ligações rodoviá- al. (2009) não foram encontradas correlações entre
rias, isto é, em acessos que ligam a outras rodovias os congestionamentos e os acidentes quando vários
440 O Manual de Medidas de Segurança Viária
outros fatores foram controlados. Além disso, os mentado para solucionar problemas de tráfego, e
acidentes sob trânsito intenso (em baixa velocidade) não pela elevada taxa de acidentes.
tendem a ser menos graves que aqueles ocorridos
em condições de fluxo livre e em alta velocidade Nenhum dos estudos abordou especificamente a
(Noland e Quddus, 2005). gravidade dos acidentes ou apresentou resultados
para diferentes gravidades de lesões. Os acidentes
A relação entre as variações de velocidade e aciden- sob condições de trânsito pesado ou congestiona-
tes também é um tanto controversa. Vários estudos mento geralmente ocorrem em velocidades mais
encontraram uma relação entre a alta variação da baixas que a dos outros tipos de acidentes (Noland
velocidade e o risco de acidentes (Aljanahi et al, e Quddus, 2005). O controle de velocidade em
1999, por exemplo). Por outro lado, outros estudos acessos deve, portanto, ter um maior impacto sobre
mostram que essas relações podem ser explicadas os acidentes menos graves do que sobre os acidentes
pela relação entre velocidade média e variação de mais graves.
velocidade (Elvik et al., 2004), pelo uso de dados
agregados nas análises (Davis, 2002), ou podem Vários outros estudos conduzidos nos EUA exami-
ser resultante de erros nas medições de velocidade naram o impacto do controle de acessos sobre os
(Hauer, 2003). acidentes, porém os resultados não foram incluídos
nas meta-análises, porque não foi possível calcular
Há muitos estudos utilizando simuladores para ana- seus pesos estatísticos. São os seguintes estudos:
lisar o impacto do controle de acessos. Contudo, o
impacto dos acidentes só foi pesquisado em alguns • Lee et al. (2006): O número de acidentes dimi-
poucos estudos. Os resultados apresentados ba- nuiu entre 5 e 37%. Os resultados baseiam-se na
seiam-se nos seguintes estudos sobre os efeitos nos observação e simulação dos impactos sobre o flu-
acidentes: xo de tráfego e em um modelo de correlação entre
as diferentes variações do fluxo de tráfego (volu-
Cleavenger e Upchurch, 1999 (EUA); me, velocidade, distância do veículo à frente e va-
Cambridge Systems Inc., 2001 (EUA); riação de velocidade, por exemplo) e acidentes;
Olmstead, 2004 (EUA) e • Piotrowicz e Robinson (1995): O número de aci-
Henry e Meyhar, 1989 (EUA). dentes por acesso com controle de velocidade se-
ria entre 25 e 50% mais baixo que em um acesso
O efeito combinado de 18% na redução dos aci- sem controle. O resultado baseia-se em certo nú-
dentes não foi estatisticamente significativo (inter- mero de estudos de caso em que foram realizadas
valo de confiança de 95% [-37; 7]). Todos os re- análises antes-depois ingênuas;
sultados aplicam-se aos acidentes de um segmento • Persaud et al. (1996): Os resultados dos modelos
da rodovia onde havia um acesso, bem como aos de regressão mostram que o número de acidentes
acidentes no próprio acesso. Cleavenger e Up- do tipo colisão traseira diminuiu entre 18 e 28%.
church (1999) mostram que o controle de aces- Outros acidentes diminuíram entre 1,4 e 8%. Os
sos reduz o número de acidentes nas rodovias, resultados aplicam-se apenas aos acidentes nas
enquanto que o número de acidentes aumentaria rodovias. Os acidentes nos acessos não foram le-
nos acessos; o impacto total seria uma redução no vados em consideração pela análise.
número de acidentes, pois há menos acidentes nos
acessos que nas rodovias. Há poucos resultados Um estudo simulado (Abdel-Aty e Vikash, 2008)
para que sejam elaboradas análises mais deta- mostrou que o controle de velocidade em acesso
lhadas sobre, por exemplo, as características do pode acarretar a migração de acidentes, ou seja,
controle de acessos que resultou em uma maior uma redução do número de acidentes em determi-
redução dos acidentes. nado local e o aumento do número de acidentes em
outros locais próximos no sistema viário.
A maioria dos estudos apresentou um controle sa-
tisfatório de variáveis de confusão, de modo que ou
foi aplicado algum tipo de controle ou utilizaram-se Impacto na mobilidade
modelos multivariados a fim de controlar as variá-
veis de confusão. Os resultados provavelmente não O principal objetivo do controle de velocidade em
são impactados pela regressão para a média, uma acessos é melhorar o fluxo de tráfego. Em vários es-
vez que o controle nos acessos geralmente é imple- tudos foram observados o aumento da capacidade, a
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 441
redução dos congestionamentos, o aumento da velo- O controle de velocidade em acesso pode ser com-
cidade média e a redução da variação da velocidade binado a outros sistemas de controle de tráfego,
(Gomes et al., 2008; Piotrowicz e Robinson, 1995, como, por exemplo, os limites de velocidade variá-
e Papageorgiou e Papamichail, 2007, por exemplo). veis. Os limites de velocidade variáveis por si só, de
Embora o controle resulte em atrasos nos acessos, acordo com Carlson et al. (2009), não têm nenhum
o tempo total das viagens é reduzido (Gomes et al., impacto sobre o tráfego, porém estudos de simula-
2008). A redução do tempo total de viagem foi en- ção mostram que os limites de velocidade variáveis
contrada em diferentes estudos: 33% (Kotsalis et combinados ao controle de acesso têm maior impac-
al., 2004); entre 20 e 48% (Henry e Meyhar, 1998; to sobre o fluxo de tráfego que o controle de acesso
citado por US DOT, 1996); 22% (Cambridge Sys- por si só (Carlson et al., 2009). Shah e Wunderlich
tematics, 2001), e acima de 26% (Hellinga e Van (2001) avaliaram um controle de acessos abrangen-
Aerde, 1995). A capacidade aumentou em 22%, e te, que consistiu na disponibilização de informações
a velocidade média aumentou de 34 a 46 mph (55 a via internet para o planejamento de viagens, infor-
74 km/h) em um estudo de Henry e Mayhar (1998; mação do tráfego no rádio, controle de velocidade
citado por US DOT, 1996). A Cambridge Systema- e placas de mensagens de texto variável. Os resul-
tics (2001) mostra que a capacidade diminuiu em tados mostram que o sistema como um todo reduz
9% fora do horário de pico e em 14% durante o os atrasos tanto nas condições normais quanto nas
horário de pico quando da desativação do controle eventuais, e que as melhorias no controle de acessos
de acessos. podem levar a grandes melhorias para a mobilidade.
culado com base em observações do tráfego e simu- ma de controle de acessos nas rodovias regionais e
lações. As análises de sensibilidade foram realizadas estaduais, caso estas tenham importância nacional.
para diferentes valores de tempo de viagem e para O controle dos acessos incluído como parte de um
diferentes suposições sobre o futuro desenvolvi- projeto maior pode, opcionalmente, ser financiado
mento do tráfego. Os benefícios superam os custos pela arrecadação do pedágio.
em todos os cenários. A redução dos custos de aci-
dentes não está incluída na análise.
3.24 Espaço compartilhado
Uma análise de custo-benefício mais recente tam-
bém foi conduzida pela Cambridge Systematics O capítulo foi escrito em 2010 por Michael W J
(2001). Os custos e os benefícios foram estimados Sørensen (TØI)
para a implementação coerente do controle de aces-
sos em quatro rodovias. Os benefícios foram cal-
culados para o tempo de viagem total, a segurança Problema e finalidades
viária (26% menos acidentes com o controle de ve-
locidade) e para as emissões de gases e consumo de As vias e espaços urbanos muitas vezes têm múlti-
combustível. Os custos foram calculados para todo plas funções. Elas devem ser capazes de escoar o
o sistema de controle de velocidade em acessos (que tráfego que muitas vezes consiste tanto em veículos
inclui faixas exclusivas de ônibus com controle de particulares como de transporte público, tráfego de
acesso) e o controle de entradas por si só. Os re- mercadorias, ciclistas e pedestres. Simultaneamen-
sultados mostram que os benefícios são cinco vezes te, os moradores e visitantes da cidade utilizam o
maiores que os custos de todo o sistema e 15 vezes espaço viário para o comércio e lazer. A partir dos
maiores que o custo do controle da velocidade em anos 1960, em função do forte crescimento do trá-
acessos. fego, intensificou-se o foco na garantia do fluxo do
tráfego nas cidades. Nessa época, com o intuito de
Rafferty (2008) mostrou que os benefícios do con- melhorar o fluxo de tráfego e também a segurança
trole de acessos são mais que o dobro do custo. Os viária, segregaram-se as várias funções do tráfego e
benefícios incluem a redução dos custos com atra- os grupos de usuários da via no tempo e no espaço.
sos e com acidentes. Essas medidas foram realizadas usando, entre ou-
tros, túneis, pontes, controle semafórico, diferentes
tipos de barreiras, restrições e controle. Esta abor-
Responsabilidade e procedimentos formais dagem de planejamento tem algumas desvantagens.
Ela cria, por exemplo, áreas degradadas para pedes-
Iniciativa para a medida tres em ambientes urbanos menos atraentes. Além
disso, aparentemente a segregação não tem tido o
Geralmente é a autoridade rodoviária que toma a efeito de segurança esperado (Hamilton-Baillie e Jo-
iniciativa de estabelecer o controle de acessos. nes, 2005; Monderman, Clarke e Hamilton-Baillie,
2006, Hamilton-Baillie, 2008, 2008a).
de recreação” alemãs. No final dos anos 1970, nos A ideia é que os usuários se sintam como “convi-
Países Baixos, iniciaram-se as tentativas de utilizar dados” na área e, como consequência, adaptem o
este princípio de planejamento em áreas urbanas seu comportamento no trânsito de acordo com o
com tráfego pesado. E depois, em vários países comportamento social, em que as pessoas nas áreas
europeus, especialmente na Suécia, Dinamarca, expostas sigam as leis de trânsito acima de tudo.
Alemanha, Bélgica, Espanha e, mais tarde, no Rei-
no Unido. Durante o final dos anos 1990 e início A ideia é também equacionar as características das
dos anos 2000, também se começou a aplicar es- áreas de trânsito e a vida das pessoas por meio do
tes princípios em áreas urbanas. O princípio deste escoamento do tráfego com maior fluidez do que
planejamento tornou-se conhecido em conexão ao nas tradicionais ruas e cruzamentos, onde o objeti-
projeto europeu “Espaço compartilhado” de 2004 vo principal é o tráfego. Ao contrário das ruas tra-
a 2008, em que a expressão “Espaço compartilha- dicionais para pedestres, onde os carros devem dar
do” foi formulada pela primeira vez (Shared space, preferência aos pedestres e respeitar a travessia de
2005, 2008; Monderman, Clarke e Hamilton-Bai- pedestres, os pedestres e os carros têm igualdade
llie, 2006; Hamilton-Baillie, 2008). de direitos nas áreas de compartilhamento. Aqui é,
portanto, onde as regras gerais de trânsito e os mo-
Existem várias finalidades para o “Espaço compar- vimentos são regulados pela regra da preferência de
tilhado” ou “Área de uso comum” na Noruega. A quem vem pela direita (Myrberg et al., 2008).
principal finalidade da iniciativa é criar espaços de
tráfego urbano esteticamente agradáveis, ou seja, es- Por fim há a ideia de que o comportamento social,
paços urbanos adequados para residência, comércio o aumento do sentimento de aparente insegurança
e lazer junto aos moradores da cidade e pedestres, resultante da integração e o aumento da incerteza
simultaneamente com a operação de trânsito, de com relação aos seus direitos consequente da falta
forma eficiente. Vários, mas não todos os projetos de regulamentação tanto em relação aos condutores
existentes, são concluídos em pontos críticos de como para os outros usuários aumentem a atenção e
acidentes da cidade, em interseções, cujo propósito o respeito a outros usuários. Neste sentido, no que
é reduzir o número e a gravidade dos acidentes de se refere à atenção e consideração a outros usuários
trânsito. Em outros casos, afirma-se explicitamente da via, o tráfego lento e os baixos níveis de velocida-
que a melhoria da segurança viária não é a finalida- de possuem impactos positivos na segurança viária
de da medida. Em outros casos, ainda, especificam- (Shared space, 2005, Johansson e Oeste Man, 2007;
se as melhorias ambientais em termos de redução de Wallberg, Stjärkvist e Ahlman, 2008; Myrberg et al.,
emissões e de ruído, bem como melhoria da mobili- 2008).
dade para o tráfego de automóveis (Myrberg et al.,
2008; Reid, Kocak e Hunt, 2009; Sørensen, 2009). A medida é utilizada para todos os centros de ci-
dade, especialmente em cidades históricas, praças,
trechos e interseções nas cidades e bairros. Uma
Descrição da medida pré-condição para o uso de áreas compartilhadas
em áreas urbanas é que haja uma rede viária prin-
O espaço compartilhado é descrito como uma for- cipal próxima e de maior capacidade que conduza
ma alternativa para planejar e alinhar áreas de tráfe- a uma área externa à área de uso comum (Hoegh,
go em projetos urbanos, e inspirada em desenhos de Blenski e Swenson, 2008). De acordo com Myrberg
ruas residenciais como as áreas woonerf (“áreas resi- et al. (2008), os espaços compartilhados são utiliza-
denciais com baixo tráfego e prioridade para pedes- dos nas seguintes situações:
tres”) e praças. Como afirma a designação em inglês
(shared space), considera-se a premissa conforme a • no centro da cidade;
qual a via e o espaço urbano sejam compartilhados • como parte de uma importante rota (que propor-
por diferentes grupos de usuários. O conceito é, cione economia de tempo);
em outras palavras, um planejamento e projeto de • com os principais destinos e empresas nas proxi-
paisagem urbana com ou sem regulamentação, sem midades;
sinalização e segregação dos transportes públicos, • onde há atrações e locais para se assentar;
dos veículos pesados, de automóveis e de pedestres • onde há número suficiente de pedestres;
em determinado tempo e espaço. Em vez disso, os • onde há equilíbrio entre automóveis e pedestres;
condutores, por meio do contato visual, devem “ne- • como parte de um plano maior que inclui medi-
gociar” e concordar sobre qual dos dois deverá sair. das em vias adjacentes.
444 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tendo-se pedestres suficientes e equilíbrio entre sobre a entrada em outro ambiente de tráfego. Em
automóveis e pedestres, considera-se que quanto alguns casos, a entrada para este espaço é projetada
mais automóveis houver, mais pedestres deve haver com uma parada de ônibus na forma de “ampulhe-
para que o espaço ou a travessia funcione a contento ta”, que também tem um efeito de redução de velo-
(Tyrens, 2007). cidade (Myrberg et al. 2008, Sørensen, 2009).
No que diz respeito ao volume de tráfego, os es- A definição das áreas de espaço compartilhado é
paços compartilhados têm sido usados alternativa- muito ampla. Em muitos casos, pode-se, portanto,
mente para volumes de tráfego de no mínimo cerca discutir sobre um projeto concreto de uma área de
de 2.000 veículos por dia e até 14.000-15.000 veí- tráfego em que se tem um espaço compartilhado ou
culos diários na via mais movimentada através da não. No entanto, é difícil classificar os projetos, de
interseção. modo que a ideia de áreas de compartilhamento se
adapta ao projeto do meio ambiente local, sendo
Em várias áreas regulamentadas como espaços com- cada projeto, portanto, único. Assim, verificam-se
partilhados, tem-se o tráfego de ônibus; geralmente três propostas para uma possível classificação.
também são autorizados caminhões maiores ou me-
nores, para garantir o transporte de carga para as Quimby e Castle (2006) propõem dividir áreas de
lojas e restaurantes. Normalmente o tráfego pesado compartilhamento nas três categorias a seguir:
é limitado apenas ao necessário para suprir a refe-
rida área. O problema com a operação de veículos • espaços compartilhados são áreas sem controle
pesados em áreas compartilhadas é especialmente o físico ou com prioridades em diferentes grupos
risco de acidentes entre grandes caminhões e pedes- de via;
tres (Wallberg, Stjärkvist e Ahlman, 2008). • sinais, marcas e elementos físicos são removidos
ou reduzidos, mas as prioridades e os direitos nor-
Para garantir a melhor interação entre o tráfego mo- mais para os diferentes grupos de usuários da via
torizado e os pedestres e para que qualquer colisão são mantidos;
não tenha consequências graves para os pedestres, • sinais, marcas e elementos físicos são mantidos,
deve-se adequar o nível de velocidade para que mas as prioridades e os direitos normais para di-
este seja inferior a 30 km/h, de acordo com Tyréns ferentes grupos de usuários da via são removidos.
(2007), mantendo-se uma média entre 15 a 20 km/h. • Brenner (2006) propõe dividir as áreas de espaços
Isto é assegurado por medidas de redução de velo- compartilhados nas duas categorias a seguir:
cidade, sendo que muitos projetos têm também um • espaços viários desorganizados, ou seja, são espa-
limite de velocidade de 30 km/h ou velocidade reco- ços viários sem regulamentação física e com igual-
mendada de 20 a 30 km/h. dade de direitos para todos os grupos de via
• espaços viários organizados, ou seja, são espaços
Especialmente em praças sem regulamentação e com viários com regulamentação física, sob a forma de,
muito espaço, há um risco de que haja muitos veícu- por exemplo, marcações diferentes de via, pilares e
los estacionados de forma inadequada em relação ao sinalizações específicas quanto às regras de trânsito.
tráfego e/ou bloqueando entradas. Em vários lugares,
mas não em todos, portanto, é proibido estacionar. Myrberg et al. (2008, 2009) propõem aumentar a ca-
Pode haver vagas de estacionamento para pessoas tegorização de Brenner para três categorias:
com deficiência ou vagas perto da praça (Wallberg,
Stjärkvist e Ahlman, 2008; Myrberg et al., 2009). • área de compartilhamento total (sem controle);
• área de compartilhamento com alguma regula-
A área para a aplicação do espaço compartilhado mentação (baixo nível de controle);
muitas vezes é sinalizada de forma chamativa. O • área de compartilhamento com maior grau de re-
ambiente especial de tráfego também é demarcado gulamentação (alto nível de controle).
por plantas, iluminação, entradas visíveis para lojas,
vasos de flores, bem como diversas formas de mobi- Na primeira categoria, utilizam-se todas as vias de
liário urbano decorativo, como vasos de flores e es- uma área comum e todos têm de se adaptar uns aos
culturas. As áreas destinadas ao tráfego de veículos outros. O projeto estético indica, entre outras medi-
geralmente iniciam-se após rampas construídas em das, o uso de revestimento no pavimento comum e
seção de estreitamento da via e se estabelecem por- uniforme em toda a área. Na segunda e terceira cate-
tais ou similares para reduzir a velocidade e alertar gorias têm-se o maior ou menor grau de regulamen-
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 445
tação de trânsito. Isso pode ser necessário para con- Swinburne, 2006 (Reino Unido);
trolar os fluxos de pedestres para locais designados NHL, 2007 (Países Baixos);
ou como controle de tráfego de partes específicas de Bull, 2007 (Suécia);
uma praça. O projeto estético envolve o controle de Gerlach et al., 2008, 2008a (Países Baixos);
uso de pilares (ou postes), trechos rebaixados, dife- Van der Velde e Bos, 2008 (Países Baixos);
rentes texturas, cores e padrões de revestimento bem Gerlach, Ortlepp e Voss, 2009 (Países Baixos, Ale-
como vasos de flores e outros tipos de mobiliário. manha e Suíça) e
Reid, Kocak e Hunt, 2009 (Países Baixos e Reino
As áreas de espaços compartilhados com diferen- Unido).
tes graus de regulamentação foram implementadas
em muitas cidades europeias, mas alguns dos mais O impacto dos espaços compartilhados é muito in-
famosos exemplos são (Quimby e Castle, 2006; certo. Em duas das sete situações especificadas, os
Wallberg, Stjärkvist e Ahlman, 2008; Reid, Kocak efeitos não são estatisticamente confiáveis. As esti-
e Hunt, 2009): mativas são simultaneamente descritas conforme
descrito abaixo. Visto inicialmente longe de fontes
• Laweiplein, Drachten, Países Baixos; de erro, aplica-se o seguinte:
• Operação/Torenstraat/Kaden, Drachten, Países
Baixos; No geral, para todos os tipos de espaços compar-
• Brink, Oosterwolde, Países Baixos; tilhados, houve uma redução de 17% em todos os
• Rijksstraatweg, Haren, Países Baixos; acidentes (com vítimas e acidentes com danos ma-
• Skvallertorget, Norrköping, Suécia; teriais), e uma redução de 21% nos acidentes com
• Plano Central, Värnamo, Suécia; feridos, considerando o controle do viés de publica-
• Mercado de peixe, Västervik, Suécia; ção. Nenhuma dessas estimativas é estatisticamente
• Plano de estudos, Borlänger, Suécia; confiável. A estimativa para acidentes com feridos
• Christianfeld, Dinamarca; é estatisticamente confiável, se não for afetada por
• Kensington High Street, Londres, Reino Unido. viés de publicação.
Na Noruega existem também exemplos de lugares Em praças e interseções parece haver uma redução
que, em maior ou menor grau, podem ser caracte- de acidentes com vítimas e acidentes envolvendo
rizados como áreas de uso comum: Praça Christia- danos materiais de 14%, enquanto que há uma re-
nia em Oslo; área de St. Olav de Oslo; Millennium dução significativamente maior de acidentes com
em Stavanger; Bekkestua em Bærum, e o centro de feridos em 46%. A diminuição do número de feri-
Asker (Myrberg et al., 2009). dos é significativa.
Tabela 3.24.1: Impactos de diferentes projetos de espaços compartilhados. Variação porcentual do número de acidentes.
Os resultados estão superestimados e devem ser acatados com cautela. Todas as estimativas, excluindo o efeito de trechos
em retas sobre acidentes com vítimas, baseiam-se em pesquisas antes-depois ingênuas, sem qualquer forma de controle de
fatores intervenientes.
Conforme descrito na seção de mobilidade, são for- menor risco de acidentes, caso a redução do volume
necidas áreas de uso comum com um nível de velo- de tráfego de veículos e pedestres tenha sido pro-
cidade mais baixo. A baixa velocidade, acompanha- porcionalmente maior na área. A qualidade dos es-
da de uma maior interação e atenção de uns com os tudos existentes também foi criticada por Quimby e
outros e do aumento da sensação de insegurança e Castle (2006), Methorst et al. (2007) e Firth (2009),
da presença de pedestres, são susceptíveis de ter um todos os quais apelam para estudos com maiores e
efeito positivo sobre a segurança em geral, ou seja, melhores avaliações.
na segurança dos usuários vulneráveis da via (Søren-
sen, 2009, 2009a). Quimby e Castle (2006), Methorst et al. (2007) e
Firth (2009) também criticam os estudos existentes
Todos os resultados se baseiam em pesquisas antes- em uma série de outros pontos. Em primeiro lugar,
depois, exceto os de Swinburne (2006), que indire- parece haver uma discrepância entre a filosofia de
tamente inclui a importância da evolução geral de base para espaços compartilhados e o projeto real
acidentes no que se refere à estimativa de efeitos de regulamentação. Eles apontam, por exemplo,
de regulamentação de trechos de acidentes com que a Kensington High Street, em Londres, que
feridos. Todas as outras pesquisas são simples, tipo muitas vezes é descrita como um espaço comparti-
antes-depois, e não possuem alguma forma de con- lhado, tem tanta regulamentação nas ruas que não
trole sobre a importância dos seguintes aspectos: 1) há nada relacionado com espaço compartilhado. O
evolução da acidentalidade em geral, 2) alteração do comentário dos 24 projetos aqui avaliados também
volume de tráfego com inclusão do tráfego moto- mostra que existem apenas cinco praças e uma in-
rizado e dos pedestres, 3) regressão para a média, terseção que, em maior ou menor grau, podem ser
4) migração de acidentes resultantes da alteração caracterizados como áreas “reais” de compartilha-
de padrões de tráfego. Todos os quatro parâmetros mento. Não é possível estimar um efeito sobre os
são relevantes para controlar a implementação de acidentes relacionados com essas seis localidades,
espaços compartilhados. Em alguns casos, quando uma vez que há grande heterogeneidade nos seus
o local do acidente não é identificado e a finalidade resultados.
não tenha sido a de melhorar a segurança rodoviá-
ria, pode-se argumentar que o controle de regressão Em segundo lugar, a medida muitas vezes faz parte
não é necessário. A falta de controle dessas variá- de um “pacote” de medidas mais abrangentes, de
veis intervenientes geralmente significa uma super modo que este “pacote” é que influencia a tendên-
estimativa do efeito, pois a estimativa para além do cia real. O efeito positivo da mudança do cruza-
efeito da medida inclui também o efeito da melho- mento de Laweiplain em Drachten também pode
ria geral da segurança viária, regressão para a média ser devido ao impacto de outros cruzamentos com
e redução do volume de tráfego. As estimativas da quatro sinais de regulamentação nas rotatórias, uma
tabela 3.24.1 são, portanto, provavelmente muito vez que estas são parcialmente sem regulamentação.
vantajosas e devem ser tomadas com considerável
cautela. Além disso, uma redução no número de Finalmente, as avaliações são baseadas em um nú-
acidentes não é necessariamente um sinônimo de mero muito baixo de acidentes e, em muitos casos,
Parte II: 3. Regulamentação de trânsito 447
o período “depois” é bem mais curto que o período (2007) acredita que o nível de velocidade não deva
“antes”. É, portanto, difícil obter efeitos significati- ser superior a 15-20 km/h, para garantir a interação
vos. Vários estudos apontam, no entanto, que mes- ideal entre o tráfego motorizado e os pedestres.
mo que o período “depois” seja muito curto para
concluir que a medida tenha um efeito positivo, no As medições de velocidade nos diferentes espaços
mínimo considera-se que a medida aparentemente compartilhados mostram que a meta de baixo ní-
não tem um efeito negativo sobre a segurança (Ja- vel de velocidade é cumprida. Na praça central em
redson, 2002; Brenner, 2006). Värnamo, a velocidade média situa-se entre 19 e 22
km/h, enquanto que a referência de velocidade per-
Uma comparação dos efeitos de espaços comparti- to da praça é de 27 km/h (Brenner, 2006). Em Sk-
lhados em praças, interseções e em trechos de via vallertorget, em Norrköping, a velocidade média é
respectivamente de curto e longo prazo, indica que de 16 a 20 km/h (Tyréns, 2007). No mercado de pei-
o efeito de curto prazo é maior que o efeito de lon- xes em Västervik, a velocidade média é de 17 km/h,
go prazo no caso das praças e interseções, enquanto enquanto que no espaço mais próximo é de 28
que o oposto se aplica para o caso dos trechos de km/h. Stortorget, em Ystad, possui uma média de
via. Isto indica que os usuários em praças e inter- velocidade de 13 km/h, enquanto que no próximo
seções sem regulamentação estão em local aparen- espaço é de 18 km/h (Hammarin e Warnelid, 2006).
temente menos seguro, o que exige mais atenção e Na área Curriculum, em Borlänge, a velocidade mé-
redução da velocidade – a velocidade aumenta e o dia foi reduzida de 25 km/h para 20 km/h; e em Nya
cuidado diminui conforme eles se adaptam ao lo- Boulevarden, em Kristianstad, a velocidade média
cal. Os trechos de via podem melhorar o efeito em foi reduzida, respectivamente, de 29-37 km/h para
longo prazo em relação ao efeito em curto prazo, o 24-29 km/h (Wallberg , Stjärkvist e Ahlman, 2008).
que explica por que as pessoas cometem erros no Em projetos holandeses, registrou-se uma redução
início e gradualmente vão aprendendo e se adaptan- de velocidade de até 40% (Wallberg, Stjärkvist e
do. Quando do aumento do número de locais inves- Ahlman, 2008).
tigados, é concebível que a estimativa do efeito de
segurança das praças e interseções torne-se menor e Esta desaceleração pode, em alguns casos, ser des-
a área de estudo, maior. crita como uma mobilidade reduzida. Isso porque a
remoção da regulamentação indica a ocorrência de
Pode-se resumir que à primeira vista os espaços menos paradas e, portanto, menores atrasos. Os es-
compartilhados têm um efeito positivo na segu- paços compartilhados, em outras palavras, propor-
rança. No entanto, isto pode ser explicado por um cionam um ritmo mais constante, apesar do nível
método de avaliação fraco, havendo necessidade de inferior de velocidade das viagens através da inter-
melhores avaliações antes de se dar uma estimativa seção (Hamilton-Baillie, 2008). Em Laweiplein, em
confiável dos efeitos sobre a segurança. Contudo, Drachten, o tempo médio gasto para a passagem nas
não há razão para crer que a medida em curto prazo interseções diminuiu de 50 a 30 segundos (LNH,
resultará em mais acidentes nas praças e nas interse- 2007). Em Christianfeld, na Dinamarca, o conges-
ções ou em longo prazo em trechos de reta. A prin- tionamento diminuiu nos horários de pico como
cipal explicação para um provável impacto positivo resultado da mudança da interseção regulada por
na segurança é o nível mais baixo de velocidade e a semáforo para um espaço compartilhado (Myrberg
maior atenção, conforme descrito na próxima seção. et al., 2008).
te da sinalização, resultando em um maior tempo de vist e Ahlman, 2008). Finalmente, existem também
viagem. Em Laweiplein, em Drachten, o tempo mé- os exemplos de reduções de volume de tráfego. Em
dio para a passagem dos ônibus pela interseção foi Skvallertorget, o VDMA caiu em torno de 11.000
reduzido de 50 para 26-38 segundos (NHL, 2007). a 10.000 veículos (Brenner, 2006); em Shrewbury,
Em Skvallertorget Norrkoping, o tempo de viagem houve uma redução de 34% (Reid, Kocak e Hunt,
dos ônibus passou de quatro para sete a oito minu- 2009), e em Kensington High Street também houve
tos entre as praças onde estão localizados os pontos uma redução no tráfego (Quimby e Castle, 2006).
de parada (Wallberg, Stjärkvist e Ahlman, 2008).
Apesar de o tema não ter sido abordado nos estu-
A mobilidade pode melhorar para os ciclistas. Eles dos, verificou-se que vários tipos de pedras no pavi-
podem realizar um deslocamento direto de um ponto mento, em vez de asfalto liso, podem fornecer mais
A para um ponto B. Sobre a preferência de passagem ruídos e vibrações.
entre automóveis e bicicletas, em 35 a 86% dos casos,
o automóvel cede a preferência (Brenner, 2006; Wall- O aumento da confusão, a menor distância entre au-
berg, Stjärkvist e Ahlman, 2008). Em outro exemplo, tomóveis e pedestres e a incerteza sobre as regras de
tem-se que em 14 a 75% dos casos os ciclistas que trânsito levam a um aumento da sensação de inse-
têm que parar e esperar até que o automóvel passe, o gurança entre os usuários vulneráveis da via. No en-
que diminui a mobilidade dos ciclistas. tanto, esta é também uma das principais ideias por
trás dos espaços compartilhados. Parece, no entan-
A mobilidade para os pedestres provavelmente to, que o sentimento de insegurança torna-se menor
melhora em maior grau do que para os ciclistas. A conforme pedestres e ciclistas se familiarizam com
maioria dos condutores está mais atenta aos pedes- o local. Considerando o comportamento médio do
tres que aos ciclistas. Isto significa que os pedestres tráfego, tem-se a familiarização e o sentimento de
terão que parar menos. Em Skvallertorget, a ideia é segurança por transitar por praças e cruzamentos,
de que 90% dos carros dão preferência aos pedes- e estabelece-se, por si, regulamentação para grupos
tres. A proporção é um pouco menor em Fiskare- especiais, como os de crianças, idosos, deficientes
torget e em Stortorget, onde a proporção é de 50 a visuais e qualquer outro que esteja associado a um
63%. Em trechos em retas a proporção é levemente nível especial de insegurança. É difícil para os de-
menor do que nas praças. (Wallberg, Stjärkvist e ficientes visuais “negociar” sobre a preferência de
Ahlman, 2008). passagem por meio do contato visual (Wallberg,
Stjärkvist e Ahlman, 2008; Myrberg et al., 2008; So-
A mobilidade e a disponibilidade de espaço dimi- rensen, 2009; Reid, Kocak e Hunt, 2009).
nuem para os deficientes visuais. Em comparação
ao projeto tradicional, não há linhas de orientação A principal finalidade do espaço compartilhado é
nem contrastes de textura no pavimento e para este que seja normal criar áreas de tráfego esteticamente
grupo muitas vezes é melhor que haja a separação agradáveis e urbanas que se prestem à abertura de
dos outros grupos de usuários da via. Por um lado, comércio e lazer para os moradores e visitantes da
alguns tipos de revestimentos são ineficazes em rela- cidade. As avaliações dos vários projetos demons-
ção às pessoas com deficiência que usam cadeiras de tram inequivocamente que este princípio foi bem-
rodas e andadores. Por outro lado, a superfície lisa sucedido.
não produz diferenças de níveis para os deficientes
visuais (Myrberg et al. 2008; Sørensen, 2009).
Custos
Não há segregação de tráfego para os espaços com- Ranhuras sulcadas são moldadas no asfalto por meio
partilhados. Neste caso, usa-se como referência as de pressão/rolagem sobre o asfalto novo quando ele
pequenas dicas inseridas no espaço. Em alguns pro- ainda está fresco. As ranhuras sulcadas são a forma
jetos estrangeiros, estipula-se o limite de velocidade mais utilizada de ranhuras de segurança, porém não
de 30 km/h ou velocidade recomendada de 20 a 30 são utilizadas na Noruega. Enquanto as ranhuras
km/h, e em alguns projetos são espaços comparti- sulcadas têm um perfil, conforme mostrado na fi-
lhados com diferentes formas de sinalização para os gura 3.25.1 (A), as ranhuras fresadas senoidais têm
veículos e para os pedestres. A sinalização de proi- outro perfil (B na figura 3.25.1). Tanto as ranhuras
bição de estacionamento também têm sido utilizada sulcadas quanto as fresadas produzem uma vibração
(Myrberg et al., 2009). e um ruído quando o condutor se desloca sobre elas;
o grooving senoidal produz menos ruídos externos
que as ranhuras convencionais. As ranhuras geral-
3.25 Linha de bordo externa reforçada mente possuem cerca de 30-40 cm de largura.
Problema e finalidades
B: Ranhuras senoidais (perfil)
Os acidentes de saídas de pista estão entre os
acidentes mais graves na Noruega. Entre 2000 e Figura 3.25.1: Ranhuras de segurança nas faixas sonorizadoras
2009, 26% de todas as pessoas feridas ou mortas
em acidentes de trânsito foram vítimas em aciden- Na Noruega aplicam-se ranhuras de modo que a li-
tes de saída de pista. Desta porcentagem, 33% fo- nha de sinalização seja marcada sobre a superfície
ram vítimas fatais ou gravemente feridas. Entre os rugosa. Em outros países, como nos EUA, as ranhu-
fatores que contribuem para os acidentes de saída ras são geralmente inseridas ao lado da linha de si-
de pista destacam-se a falta de atenção, a fadiga e nalização, no lado de fora da pista (entre a linha de
o sono. bordo externa e o acostamento da rodovia).
Uma análise dos acidentes com automóveis nos A ranhura fresada consiste em uma faixa em que o
EUA (Najmet al., 2003) mostrou que 88% de todos asfalto é fresado. A sinalização horizontal é aplica-
os acidentes são eventos envolvendo um único veí- da sobre a ranhura fresada. Os tipos de sinalização
culo em saída de pista. Entre os acidentes de saída horizontal utilizados nas ranhuras fresadas são mos-
de pista, destacam-se os acidentes envolvendo um trados na figura 3.25.2. As ranhuras fresadas provo-
único veículo em que o condutor não perdeu o con- cam um efeito de vibração. Além disso, a sinalização
trole nem realizou manobra evasiva: 35% das ocor- horizontal fica mais protegida do desgaste.
rências (25% em trechos retos e 10% emcurvas).
Nesses acidentes, destacam-se como fatores contri-
buintes a desatenção, a fadiga e o álcool.
A: Linha Sólida
O reforço das linhas de bordo externas destina-se
a alertar os condutores que estão prestes a sair da
pista.
B: Linha Texturizada
Tabela 3.25.1: Impactos do reforço das linhas de bordo reforçadas sobre os acidentes. Variação porcentual do número de
acidentes
Efeitos sobre o comportamento dos condutores: A economia com custos de acidentes é mais evidente
Não houve efeitos adversos, tais como reações de em rodovias com um VDMA a partir de1.200 veículos.
pânico ou migração dos acidentes (Griffith, 1999).
Um estudo da Finlândia mostrou que tanto a veloci-
dade quanto a variabilidade da posição lateral dimi- Responsabilidade e procedimentos formais
nuíram, mas que isso não acarreta uma sobrecarga
mental aos condutores (Räsänen, 2002). Iniciativa para a medida
te 38% ocorrem em curvas (Najm, Sen, Smith e produzem ruído e vibração quando o condutor passa
Campbell, 2003). por cima delas, de modo que a finalidade é alertar os
condutores que o veículo está em risco de atravessar
Na Noruega, de 2000 até 2009, 19% de todos os a linha de bordo interna. As faixas sonorizadoras cos-
feridos ou mortos em acidentes registrados pela tumam ser ranhuras fresadas, mas também podem ser
polícia foram em colisões frontais. Entre as vítimas impressas no afasto quando ele ainda está fresco, por
fatais de acidentes registrados pela polícia, 39% fo- rolagem (rolled rumble strips). As faixas sonorizadoras
ram em colisões frontais. impressas por rolagem são utilizadas, entre outros lu-
gares, nos EUA, mas não na Noruega. A forma fresa-
As análises dos acidentes com vítimas fatais na No- da é mais efetiva em produzir ruído e vibração e mais
ruega entre os anos de 2005 e 2008 mostram que a barata de ser instalada (Chen, 1994). As ranhuras das
sonolência e a falta de atenção têm sido as causas faixas sonorizadoras podem ter um perfil sulcado,
decisivas para 3 em cada 18 (17%) colisões frontais como demonstra a Figura 3.26.1 (A), ou podem ter
com carretas em que elas foram a parte desenca- um perfil senoidal, como mostra a Figura 3.26.1 (B),
deadora do evento, e pelo menos 19 de 64 (30%) que produz menos ruído exterior que o sulcado.
colisões frontais com carretas em que o outro veícu-
lo foi a parte desencadeadora do evento (Analyser
e Sørensen, 2010). Uma análise dos acidentes com A: Ranhuras sulcadas (perfil)
vítimas fatais entre 1991 e 1998 na Finlândia mostra
que 31% de todas as colisões frontais nesse perío-
do foram devido a erro de percepção ou sonolên-
B: Ranhuras senoidais (perfil)
cia; 36% devido a erro de operação; 15% devido a
escolha errada da faixa de condução; 10% devido Figura 3.26.1: Tipos de faixas sonorizadoras (ranhura de
a suicídio, e 9% devido a outras causas (Summala, segurança) em relação ao perfil
Karola, Radun e Couyoumdjian, 2003). Os acidentes
devido a ultrapassagens são em torno de 2% de to- As ranhuras de segurança ou faixas sonorizadoras
dos os acidentes com feridos na Noruega. A maioria devem ter, por regra, de 30 a 40 cm de largura e
dos acidentes de ultrapassagem ocorre em faixas co- devem ser instaladas internamente às duas linhas de
muns; apenas cerca de 2% deles ocorrem nas faixas bordo internas, e podem ser linhas sólidas ou tex-
de ultrapassagem (Børnes, Sakshaug e Aakre, 2004). turizadas (Figura 3.26.2). O espaçamento entre as
linhas marcadas é de cerca de 1 metro.
A marcação reforçada da linha de bordo interna tem
como finalidade conduzir o tráfego, mostrar como o Na Noruega também tentou-se instalar faixas so-
alinhamento da rodovia se desenvolve e advertir os norizadoras texturizadas, conforme a Figura 3.26.2
condutores de que estão em risco de cruzar a linha (B), do lado externo das linhas de bordo internas
de bordo interna. Ela pode ser uma alternativa para (Giæver, Engen e Haukland, 2010).
os separadores físicos em rodovias onde a constru-
ção dessa segregação não interessa. Comparadas às
medidas de segregação física, a marcação reforçada
da linha de bordo interna é mais barata e apresenta A: Linha Sólida
menores níveis de exigência relacionados à largura
da rodovia e impede, mesmo que em menor grau,
que os fluxos opostos se cruzem ou mesmo o fluxo
oriundo das vias laterais e acessos.
B: Linha Texturizada
Tamburri, Hammer, Glennon e Lew, 1968 (EUA); delas. Não foram encontrados estudos de faixas so-
Monsere, 2001 (EUA); norizadoras com perfil senoidal.
Outcalt, 2001 (EUA);
Noyce e Elango, 2004 (EUA); A redução de acidentes é maior para as colisões
Persaud, Retting e Lyon, 2004 (EUA); frontais (-25% acidentes com feridos) do que para
Hirasawa, Asano e Saito, 2005 (Japão); os acidentes como um todo (-11% acidentes com
Briese, 2008 (EUA); feridos). Um estudo que também utilizou grupo de
van Schalkwyk e Washington, 2008 (EUA); controle e avaliou o impacto esperado sobre o nú-
Karkle, Russell e Rys, 2009 (EUA). mero de acidentes, mas que não está incluído nos
resultados da tabela 3.26.3, mostra que o número de
Os resultados estão resumidos na tabela 3.26.3. colisões frontais e saídas de pista à esquerda (com o
cruzamento da linha de bordo interna) diminuiu em
Os resultados referentes à instalação de faixa sono- 29,3% em rodovias com faixa sonorizadora na linha
rizadora interna ou externamente às linhas de bor- de bordo interna (Sayed, deLeur e Pump, 2010).
do internas são apresentados na tabela 3.26.3. Os Este resultado está de acordo com aquele apresen-
resultados se baseiam apenas em estudos que utili- tado na tabela 3.26.3 para colisões frontais.
zaram o grupo de controle (Noyce e Elango, 2004;
Persaud et al., 2004; van Schalkwyk e Washington, A maior redução foi encontrada em acidentes com
2008), e os últimos dois estudos consideraram os vítimas fatais. Não parece, entretanto, que o impac-
efeitos da regressão para a média. O resultado refe- to seja maior em acidentes com feridos do que em
rente aos acidentes com vítimas fatais é baseado em acidentes com gravidade não especificada (aciden-
uma única pesquisa que utilizou grupo de controle, tes com feridos e com danos materiais).
mas não controlou os efeitos da regressão para a mé-
dia (Monsere, 2001). Os resultados dos estudos sem grupo de controle
não foram considerados nos resultados referentes às
Os resultados da tabela 3.26.3 mostram reduções faixas sonorizadoras na tabela 3.26.1. O cálculo dos
significativas do número de acidentes em rodovias impactos com base em todos os estudos, com e sem
com faixas sonorizadoras nas linhas de bordo inter- o grupo de controle, resulta em maiores reduções
nas. A maioria dos estudos não especificou como que as apresentadas na tabela 3.26.1: para todos os
as faixas sonorizadoras foram instaladas em relação acidentes (-29% para acidentes com gravidade não
à marcação da linha de bordo. Todas as pesquisas especificada) e para as colisões frontais (-45% para
foram realizadas em rodovias de pista simples em acidentes com gravidade não especificada e aciden-
zonas rurais. As faixas sonorizadoras tinham de 30 tes com feridos). Todos os resultados são estatisti-
e 40 cm de largura e eram fresadas no asfalto, geral- camente significativos. Com o controle do viés de
mente entre as linhas de bordo internas ou ao longo publicação, os impactos serão ainda maiores do que
quando os resultados são baseados apenas em estu- mostrou em um estudo norueguês que uma faixa
dos com grupo de controle. Isso indica a influência separadora de sentidos de 1 metro, com linhas per-
nos resultados da falta do grupo de controle e que filadas marcadas e faixas sonorizadoras entre as
os impactos maiores resultam dos efeitos da meto- linhas, reduziu a velocidade de condução em 2,7
dologia. km/h em média em uma rodovia com limite de ve-
locidade em 80 km/h. Com relação a outra forma
Com relação às faixas sonorizadoras instaladas ex- de marcação de linha de bordo interna reforçada
ternamente às linhas de bordo internas, não foram (faixas transversais verdes de 1 metro de compri-
encontradas modificações significativas no número mento pintadas sobre a marcação comum da linha
de acidentes. O resultado se baseia em apenas um de bordo interna), não se demonstra nenhum im-
único estudo (Briese, 2008), que se trata de uma pacto sobre a velocidade. Nesta pesquisa, a linha
pesquisa antes-depois sem grupo de controle. de bordo externa foi deslocada lateralmente para o
lado de fora da rodovia, de maneira que a largura
Uma explicação sobre o impacto na redução dos das faixas de rolamento não se modificasse com as
acidentes gerado pelas faixas sonorizadoras é que medidas de marcação.
os condutores que estão em risco de cruzar a linha
de bordo interna por falta de atenção ou cansaço
“acordam” com o efeito sonoro. Outra explicação Impacto no meio ambiente
é que a faixa sonorizadora faz com que os veículos
mantenham maior distância do eixo da rodovia e As faixas sonorizadoras/ranhuras de segurança pro-
isso leva a um aumento de distância entre os sen- duzem ruído quando os veículos passam sobre as
tidos opostos de fluxo (Giæver et al., 2010; Por- linhas. Em princípio, não se planeja que o veículo
ter, Donnell e Mahoney, 2004; Pratt, Miles e Carl- passará sobre as linhas ou as cruzará, mas, se isso
son, 2006; Sagberg, 2007). No estudo de Sagberg acontecer, as faixas sonorizadoras poderão ser ino-
(2007), o impacto sobre o afastamento lateral dos portunas para o meio ambiente. As faixas sonori-
veículos era maior para segmentos com linhas de zadoras produzem mais barulho externo quando o
bordo internas reforçadas (como mostra a Figura perfil é de forma retangular e menos barulho exter-
3.26.2 (A)) do que para um tipo alternativo de mar- no quando têm perfil senoidal (Giæver et al., 2010).
cação das linhas de bordo internas (faixas transver-
sais verdes de 1 metro de comprimento pintadas
sobre a marcação da linha de bordo sem efeito so- Custos
noro). Pratt et al. (2006) constatou um aumento do
afastamento da linha de bordo interna em rodovias O custo para a instalação da marcação da linha de
com faixa sonorizadora mediana apenas em trechos bordo interna reforçada dupla com faixa sonoriza-
retos e resultados incertos nas curvas. No estudo de dora interna senoidal é de cerca de NOK 150 por
Porter et al. (2004), a variação do afastamento da metro, no preço atual. Com a instalação em maior
linha de bordo interna diminuiu em rodovias com extensão, o custo é consideravelmente menor (apro-
faixas sonorizadoras medianas. De acordo com o ximadamente NOK 100 por metro). Os preços não
estudo de Pratt (Pratt et al., 2006), as ultrapassa- incluem as taxas de juros, o planejamento, a gestão
gens não foram influenciadas pelas faixas sonori- da construção ou eventuais inconvenientes para os
zadoras. condutores. A recomendação geral para levar em
conta esses custos é acrescentar 35%.
número de acidentes relacionados ao embarque e • paradas do tipo 3, 4 e 5 (ver a seguir) devem ser
desembarque de veículos de transporte coletivo. construídas de acordo com as normas de acessibi-
Pontos de parada bem projetados podem também lidade universal; isso significa, entre outras coisas,
reduzir conflitos ou acidentes entre os veículos a necessidade de embarque em nível em ônibus e
que operam nos pontos (ônibus e trem) e outros bondes.
veículos.
Há os seguintes tipos de pontos de parada:
Tabela 3.27.1: Impactos de diferentes tipos de locais de parada para ônibus e bondes sobre
o número de acidentes. Modificação porcentual do número de acidentes:
vegvesen, 2009) fornecem os critérios para a avalia- tes muito graves, especialmente em rodovias com
ção da necessidade de diferentes tipos de parada. separação física entre os fluxos de sentidos opostos
e de alta velocidade, em que nem sempre é possível
que um condutor, quando dirigindo na contramão,
Requisitos e procedimentos formais retorne ou que outros carros realizem uma manobra
evasiva a uma distância segura.
O Håndbok 017, vegnormalene (Statens vegvesen,
2008) e o Håndbok 232, Regulamentação para Não há informações precisas sobre a incidência da
transporte público por via (Statens vegvesen, 2009) condução na contramão. Registros sobre a condu-
fornecem os requisitos formais para a construção de ção na contramão não têm provado serem indicado-
baias de ônibus e outros terminais para os meios de res confiáveis sobre
o tema (Scaramuzza e Cavegn,
transporte coletivos. As regras de sinalização para 2006). Na Noruega, de 2002 a 2009 foram registra-
os pontos de parada e outros terminais são forne- dos apenas 15 relatos policiais de acidentes com fe-
cidas nas normas de sinalização (Statens vegvesen, ridos em que “condutores dirigindo na contramão”
2009). O planejamento para a construção das ins- estavam envolvidos, com um total de cinco mortos;
talações para o transporte coletivo via de regra é sete feridos graves e 19 feridos leves (Statens veg-
elaborado pela agência regional viária ou pelo mu- vesen, 2011). Na Dinamarca, houve um aumento
nicípio. É importante que as partes interessadas, ou marcante de casos de condução na contramão entre
seja, companhias de transporte coletivo, proprietá- 2000 e 2010 (Larsen e Carstensen, 2011).
rios de táxis, polícia, representantes dos condutores
e representantes do comércio recebam informações Acidentes envolvendo condução na contramão são
sobre o planejamento e tenham a oportunidade de muito mais graves que outros acidentes. Na Norue-
expressar suas ideias a respeito. ga e em outros países (Dinamarca, Finlândia, Japão,
Países Baixos, Noruega, Estados Unidos e Áustria),
esses acidentes constituem apenas 0,5% ou menos
Responsabilidade pela execução da medida do total dos acidentes nas rodovias. A proporção
entre os acidentes fatais nas rodovias em que um
As autoridades viárias são responsáveis pela execu- dos veículos conduzia na contramão é grande. A
ção da medida relacionada ao transporte coletivo proporção é estimada entre 3 e 6%. Os resultados
em vias públicas. baseiam-se em vários estudos de diferentes países
(Karner, 2003; Scaramuzza e Cavegn, 2006; Karhu-
nen, 2003; SWOV, 2005; Larsen e Carstensen,
3.28 Medidas para evitar a condução 2011). Pesquisas com 155 acidentes envolvendo a
na contramão condução na contramão na Áustria mostram que há,
em média, 2,47 pessoas mortas ou feridas nesses aci-
O capítulo foi escrito em 2013 por Alena Høye (TØI) dentes, das quais 0,48 é morta; 1,14 é ferido grave e,
0,85 é ferido leve. A pesquisa também mostrou que
Dirigir na contramão é incomum e pode levar a aci- 77% dos veículos infratores envolvidos eram veícu-
dentes muito graves. O risco de um condutor dirigir los registrados em localidades próximas.
na contramão pode ser afetado, por exemplo, pela
disposição física dos elementos do sistema vário, pela Existem alguns fatores de risco da condução na con-
configuração de entradas/saídas e pela sinalização. tramão, de acordo Sagberg (2003), Scaramuzza e
Alguns dispositivos acionados nos veículos, como, Cavegn (2006) e Larsen e Carstensen (2011), como,
por exemplo, a luz dos faróis que é refletida na pis- por exemplo, as más condições de visibilidade – es-
ta de rolamento, podem reduzir o risco da condução curidão, neblina, chuva e neve – e a idade dos con-
na contramão. Resultados empíricos para o impacto dutores. Os resultados dos vários estudos também
sobre o número de acidentes não foram encontrados. sugerem que a intoxicação, por álcool, drogas ou
medicamentos, estresse e doenças (como, por exem-
plo, a demência) aumentam o risco da condução na
Problema e finalidades contramão, de modo que os homens apresentam um
risco maior de tal comportamento que as mulheres.
O condutor que dirige na contramão é um condutor Na Áustria e nos Países Baixos, mais de 80% de to-
infrator. Conduzir na contramão não é um fenôme- dos os condutores envolvidos em acidentes com veí-
no muito frequente, mas muitas vezes leva a aciden- culos conduzindo na contramão eram homens (Sca-
460 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ramuzza e Cavegn, 2006), e na Dinamarca essa taxa Outras possíveis medidas físicas são as instalações
é de cerca de 75%. O baixo volume de tráfego pode de alertas no pavimento, que impedem a condução
aumentar o risco da condução na contramão, já que de veículos no sentido errado nas saídas (dispositivo
é menos provável encontrar veículos trafegando no de deflação dos pneus que podem ser transpassados
sentido correto à frente, que serviriam para indicar quando se está no sentido correto, mas que dani-
por onde se deve ir (Sørensen, 2011). ficam os pneus se o veículo se deslocar no sentido
errado). Essas medidas são, no entanto, pouco es-
Quase todos os “condutores que dirigem na con- tudadas e podem causar problemas também para o
tramão” dirigem um veículo de passeio. Aproxima- tráfego que se desloca na direção certa (Scaramuzza
damente 80% de todos os acidentes envolvendo e Cavegn, 2006; Larsen e Carstensen, 2011). Além
condução na contramão ocorrem em rodovias com disso sua instalação e operacionalização são caras.
várias faixas, e o condutor desloca-se para a faixa da
esquerda, o que o leva para a faixa do sentido opos- Foram feitas algumas pesquisas com um sistema au-
to. Os motivos mais comuns de veículos conduzin- tomático, que detecta o sentido de fluxo dos veícu-
do na contramão são: alguém adentrar na rodovia los em acessos de saídas das rodovias. Informações
no sentido contrário ao sair de um acesso; fazer um sobre veículos conduzindo na contramão podem
retorno na rodovia a fim de evitar o pagamento de gerar alertas para outros condutores (Scaramuzza e
pedágio; fazer um retorno pelo acostamento ao vi- Cavegn, 2006). No entanto, os alarmes falsos são um
sualizar uma saída, dirigir do lado errado da faixa problema, principalmente se forem enviados alar-
central em rodovia que não tem divisão central ou mes sobre outros veículos (que não existem), além
virar numa via de mão única (Karner, 2003; Scara- do veículo real que entrou de fato na contramão.
muzza e Cavegn, 2006; Larsen e Carstensen, 2011).
A detecção automática de veículo na contramão nas
A finalidade das medidas que evitam a condução na saídas das rodovias (acionada pelo próprio veículo),
contramão é evitar que os condutores trafeguem no que alerta os condutores sobre veículos na con-
sentido errado. As medidas também têm a intenção de tramão, existe, por exemplo, na Dinamarca e nos
alertar outros condutores, o Centro de Gerenciamento EUA. Existe uma luz vermelha (na Dinamarca) e
de Tráfego Rodoviário, a polícia, as agências de resgate branca (nos EUA) na rodovia ou um sinal de “pare”
e os próprios veículos que estão na contramão. piscante sobre a placa 302 “Sentido Proibido” (Sta-
tens vegvesen, 2010).
Tampouco são encontradas estimativas de quantos ser eficazes. No entanto, não é possível quantificar
veículos na contramão em acessos são evitados com seus impactos.
as várias medidas para evitar a direção na contra-
mão ou quantos acidentes envolvendo veículo na
contramão podem ser evitados. Impacto na mobilidade
Uma análise de 15 acidentes causados por veículos As medidas de prevenção contra a condução na
conduzindo na contramão do tráfego na Noruega contramão não têm efeito comprovado sobre a mo-
(Statens vegvesen, 2010) mostra que nenhum dos bilidade. No entanto, supõe-se um efeito positivo,
condutores que dirigia na contramão e se envolveu uma vez que os acidentes graves nas rodovias muitas
em acidente tinha adentrado o acesso onde havia o vezes provocam longas filas e longos atrasos.
sinal 302 de “Sentido proibido”; em alguns casos,
não havia o sinal 302.
Impacto no meio ambiente
De acordo com SWOV (2005), o número de aci-
dentes devido à condução na contramão diminuiu As medidas que impedem a condução na contramão
fortemente nos Países Baixos depois que todos os não têm nenhum efeito comprovado sobre o meio
acessos foram equipados com sinalização de “Sen- ambiente.
tido proibido” mais o alerta de “Volte”. O número
de acidentes voltou a cair depois que muitos aces-
sos foram equipados com um sinal amarelo gran- Custos
de com uma mão alertando e placas de “Sentido
proibido”. Não se pode esquecer que a redução de Os custos de um sistema para a detecção de um veí-
acidentes pode ser atribuída a variações aleatórias, culo na contramão em acessos de rodovias foram
que podem ser substanciais quando não há muitos estimados em 2002 em: sem vídeo-monitoramento,
acidentes. Um estudo conduzido em uma rotató- 12.000 euros, e com vídeo-monitoramento, 19.000
ria na Noruega, onde muitos condutores dirigem euros (Scaramuzza e Cavegn, 2006).
da rotatória para uma via lateral (Sørensen, 2011),
sugere que a geometria tem um efeito maior do que O custo do sinal de “Pare” vermelho piscante (dos
a sinalização. A sinalização vertical e a horizontal sinais de “Sentido proibido”), ativado por um veí-
podem, portanto, não ter muito efeito quando a culo na contramão foi estimado em cerca de NOK
geometria não for adequada. Os resultados de um 150.000 em 2010 (Statens vegvesen, 2010).
estudo realizado nos EUA (Copelan, 1989) sobre a
utilização de luz branca acionável quando um veí- Sinais 565 de “Direção errada”, com uma mão aler-
culo trafega na contramão em um acesso rodoviário tando, o sinal 302 de “Sentido proibido”, com uma
sugere que essa luz pode até parar a maioria dos mão alertando e fundo vermelho, custam aproxima-
condutores, mas não impede que todos os veícu- damente NOK 20.000, incluindo seus respectivos
los adentrem o sentido oposto. Uma das vantagens postes (Statens vegvesen, 2010).
dessa medida, de acordo com Copelan (1989), é
que os condutores que estão sob a influência de
álcool, muitas vezes, prestam maior atenção à ro- Avaliações de custo-benefício
dovia e menor atenção às sinalizações. A luz na vias
pode, portanto, ser mais eficaz contra este grupo de É difícil realizar análises de custo-benefício sobre
risco do que as sinalizações. as medidas de prevenção do fluxo na contramão
quando não se tem informações específicas sobre o
Um estudo simulado (Laurie et al., 2004) mostrou impacto das medidas no número de acidentes.
que um sinal comum de “Proibido” nos acessos
têm maior efeito sobre o número de condutores que Um estudo suíço mostrou que a notificação de condu-
conduzem na contramão que o sinal tridimensional tores na contramão pelo rádio tem um benefício anual
de “Sentido proibido” (faixas brancas são pintadas de cerca de NOK 6 milhões. Esses dados se baseiam
sobre um cone vermelho tridimensional). em modelos de cálculos da probabilidade de acidentes
envolvendo condutores na contramão com e sem in-
De modo geral, estes estudos constatam que as me- formações de trânsito na rádio (B + S Engenharia AG
didas para evitar a condução na contramão podem et al., 2004; citada por Scaramuzza e Cavegn, 2006).
462 O Manual de Medidas de Segurança Viária
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Tecnologia de veículos e equipamentos
4 de proteção pessoal
Tabela 4.1.1: Impacto do aumento da profundidade do sulco dos pneus em relação aos acidentes. Variação porcentual no
número de acidentes.
profundos (Johansen, 1975). As diferenças são pe- tação Veicular. Ao alterar estas normas, deve ser ob-
quenas. A principal característica de um pneu, no tida uma declaração dos interessados envolvidos, o
que diz respeito ao ruído de trânsito e outros impac- que inclui, entre outros, a indústria automobilística.
tos ambientais, é se ele tem pregos ou não.
Descrição da medida que dirigiam com pneus com pregos era de 11,1%
em Bergen, 13,5% em Oslo, 26,8% em Stavanger /
O uso de pneus de inverno com pregos ou cravos é Sandnes e 29,0% em Trondheim (Nygaard, 2011).
permitido no sul da Noruega no período de 1º de No inverno de 2011 (fevereiro), 44,5% dos desloca-
novembro até a primeira segunda-feira depois da mentos fora das áreas urbanas foram realizados por
Páscoa. No norte da Noruega (Nordland, Troms e veículos usando pneus com pregos.
Finnmark) é permitido no período de 15 de outu-
bro a 1º de maio. Determinações sobre o número e
as características de prego ou cravos são dadas na Impacto sobre os acidentes
Regulamentação de Veículos, Capítulo 13.
Foram feitas inúmeras pesquisas quanto aos efeitos
Em Oslo, Bergen e Trondheim, introduziu-se uma taxa do uso de pneus com pregos no número de aciden-
para a utilização de pneus com pregos com o objetivo tes no inverno. Estes estudos são de dois tipos: o
de reduzir sua utilização. A intenção é diminuir as des- primeiro compara os riscos entre veículos com e
vantagens do seu uso, que consistem basicamente na sem pneus com pregos, estudo que se destina a de-
dispersão de partículas do pavimento, que são corta- monstrar um panorama do impacto dos pneus com
das e espalhadas no ar devido aos pregos dos pneus. pregos junto aos veículos individualmente; o segun-
do diz respeito à introdução da proibição do uso
A utilização de pneus de inverno com pregos nas ou outros tipos de regulamentação do uso de pneus
maiores cidades da Noruega nos últimos anos é com pregos. que tem como objetivo esclarecer sobre
apresentada no quadro 4.2.1 (Fridstrøm, 2000; El- o efeito das mudanças nas regras do uso de pneus
vik e Kaminska, 2011). Os números mostram o uso com pregos para o número total de acidentes na
máximo de pneus com pregos durante a tempora- área em que essas regras se aplicam.
da. Parece que esse uso diminuiu significativamente
nos últimos 15-20 anos, particularmente em Oslo e Os estudos sobre os efeitos do uso de pneus com
Trondheim. Em fevereiro de 2011, a proporção dos pregos em acidentes de veículos incluem:
Tabela 4.2.1: Porcentagem de utilização de pneus com pregos nas maiores cidades da Noruega, no
período compreendido entre 1991 a 2009. Fonte: Fridstrøm, 2000; Elvik e Kaminska, 2011.
Os resultados destes estudos variam consideravel- Todas estas pesquisas, exceto as duas últimas (Frids-
mente, dependendo, em parte, da forma como as trøm, 2000; Elvik e Kaminska, 2011) são pesquisas
diferentes pesquisas são controladas por outros fa- antes-depois. Elas mostram resultados que variam
tores que afetam o risco de acidentes. As pesquisas entre os números inalterados de acidentes e um au-
metodologicamente mais eficazes foram realizadas mento de aproximadamente 10% no número de aci-
por Ingebrigtsen e Fosser (1991), Fosser e Sætermo dentes. As últimas experiências com a proibição do
(1995) e Roine (1996). Os resultados destes estudos uso dos pneus com pregos vem do Japão. Segundo o
foram resumidos por Elvik (1999). Com base neles, estudo de Hokkaido, no Japão o número de aciden-
a tabela 4.2.2 mostra os efeitos no risco de aciden- tes aumentou após a proibição do uso de pneus com
tes para veículos que utilizam pneus de inverno com pregos em aproximadamente 3% (+ 2%, + 5%) em
pregos em comparação aos que usam pneus de in- comparação com o índice de acidentes no verão,
verno sem pregos. durante o mesmo período (Elvik, 1999). O uso de
pneus com pregos diminuiu de aproximadamente
Veículos equipados com pneus com pregos parecem 90% para cerca de 10%.
ter menor risco de acidente no inverno do que veículos
equipados com pneus de inverno sem pregos, especial- As duas pesquisas norueguesas (Fridstrøm, 2000
mente em pistas com neve ou gelo. A diferença não é e Elvik e Kaminska, 2011) examinaram os efeitos
estatisticamente significativa. Strandroth et al. (2012) sobre os acidentes pela alteração do uso de pneus
examinaram os efeitos de pneus com pregos nos aci- com pregos nas maiores cidades norueguesas no
dentes fatais na Suécia. A pesquisa é a única que se período de 1991 (a partir de 1992 ou 1993 em al-
aplica a acidentes fatais e não estão inclusos os índices gumas cidades) a 2009. A última foi possível pelo
referentes aos efeitos referidos na tabela 4.2.2. A pes- uso dos dados, até agora únicos, do primeiro estu-
quisa constatou que veículos com pneus com pregos do. Os resultados das duas pesquisas foram, assim,
têm risco de acidente 42% (± 6%) mais baixo do que comparados (Elvik, Fridstrøm, Kaminska e Meyer,
veículos sem pneus com pregos na neve ou gelo, mas 2012). Em cada cidade, o primeiro ano do estudo é
6% (± 30%) mais risco de acidente em pistas secas ou definido como ano de referência. Mudanças no uso
molhadas do que veículos sem pneus com pregos. de pneus com pregos e acidentes são, então, calcu-
lados para cada ano após o ano de referência. Com
Em boa parte do globo, ou o uso de pneus com base na tabela 4.2.1, 1993 foi, por exemplo, o ano de
pregos é proibido ou existe uma tentativa de sua referência para Oslo, na primeira pesquisa. O uso
Tabela 4.2.2: Comparação do efeito do uso de pneus com e sem pregos nos acidentes com
veículos leves no inverno. Diferença porcentual nos acidentes.
do pneu de inverno com prego foi, então, de 85,1%. Na figura 4.2.1 há seis pontos de dados que se re-
No último ano da primeira pesquisa (1999-2000) o ferem ao uso de pneus com pregos inferior a 20%.
uso em Oslo foi de 35,6%. A queda no uso de pneus Além deles, há três pontos de dados que se referem
com pregos foi, assim, de 49,5%. Ao definir um ano ao uso desses pneus entre 20 e 25 por cento. Há
de referência em cada cidade e calcular as mudanças uma tendência de que esses pontos de dados de-
na utilização de pneus e nos acidentes a cada ano monstrem um maior aumento no índice de aciden-
consecutivo, desenvolveram-se 63 pontos de dados tes do que outros pontos. Este fato talvez possa ser
com base nas duas pesquisas. Cada ponto de dado explicado pelo fato de que, quando o uso de pneus
representa a mudança do ponto porcentual na utili- de pregos é baixo, reduz-se o impacto favorável que
zação de pneus com pregos e a mudança do porcen- eles têm na dirigibilidade em uma via com neve e
tual do índice de acidentes com vítimas durante o gelo (Krokeborg, 1998).
período de pneus com pregos. A figura 4.2.1 mostra
os pontos de dados e a função a eles relacionada.
Impacto na mobilidade
Enfatiza-se que cada ponto de dados é calculado
utilizando um modelo multivariado, que contém As pesquisas sobre a velocidade de deslocamento
mais que 20 variáveis além do uso de pneus de pre- com e sem pneus com pregos mostraram resultados
gos. O uso deste modelo garante a obtenção de um contraditórios. Carlsson e Öberg (1976) não encon-
bom controle de outras possíveis explicações para traram nenhuma diferença de velocidade entre veícu-
as mudanças nos índices de acidentes, além de so- los com pneus com pregos e sem pregos nas vias. Em
mente a mudança no uso de pneus com pregos. vias com neve ou gelo, veículos com pneus com pre-
gos tiveram uma média aproximada de deslocamento
A função na figura 4.2.1 mostra uma relação me- de 2 segundos a menos por quilômetro que os veí-
dida–efeito clara entre mudanças no uso de pneus culos sem pneus com pregos. Uma velocidade de 60
com pregos e quanto ao número de acidentes. km/h corresponde a uma diferença de 2 km/h (uma
Quando o uso de pneus com pregos é reduzido em vez que um veículo a 60 km/h usa 60 segundos por
50 pontos porcentuais (por exemplo, de 80 para quilômetro). Estudos posteriores chegaram a resulta-
30 por cento), o aumento no número de acidentes dos diferentes. Öberg (1989) não encontrou diferen-
com vítimas durante o período foi de aproxima- ças sistemáticas de velocidade entre os veículos com
damente 6%. O aumento do uso de pneus com e sem pneus com pregos em diferentes condições de
pregos de até aproximadamente 20 pontos porcen- via. Fosser e Ingebrigtsen (1991) também não encon-
tuais resulta em cerca de 2% a menos de acidentes traram diferenças sistemáticas de velocidade entre os
com feridos. veículos com diferentes tipos de pneus.
10,0
8,0
0,0
-60,0 -50,0 -40,0 -30,0 -20,0 -10,0 0,0 10,0 20,0 30,0
-2,0
-4,0
Variação nos pontos porcentuais do uso de pneus com pregos a partir de um
nível de referência definido
Figura 4.2.1: Relação entre a variação porcentual do uso de pneus com pregos e a variação
porcentual no número de acidentes com feridos durante o período de uso de pneus com pregos.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 497
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Figura 4.2.2: Quantidade estimada de emissões de PM10 na Noruega entre 1994 e 2010.
Fonte: Agência do Clima e Poluição.
498 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A figura 4.2.2 mostra a quantidade estimada de foi estimado em NOK 50 por veículo leve (quatro
emissões de PM10 na Noruega de 1994 a 2010. Ob- pneus por carro) e NOK 58 por pneu de veículo
serva-se que a quantidade de emissões diminuiu. pesado (Gabestad e Ragnøy, 1986). Convertida em
Isso pode ser, em parte, devido à redução do uso de preços de 2011, essa quantia equivale, respectiva-
pneus com pregos durante esse período. mente, a cerca de NOK 100 e NOK 116. Os custos
indiretos são discutidos na seção sobre avaliações de
O uso de pneus com pregos geralmente contribui custo.
para o aumento de ruído do rolamento dos pneus
em ambos veículos leves e pesados (Storeheier, A introdução de taxas para o uso de pneus com pre-
1985). Dependendo do volume de tráfego e do tipo gos provoca custos administrativos de cobrança de
de superfície da via, os estudos antigos demons- taxas e despesas relacionadas à fiscalização. Estes
tram um aumento diário de ruído equivalente a custos podem ser cobertos pela taxa. A própria taxa
2-3 dB(A), com 10 a 15% do tráfego de veículos pode ser considerada como um pagamento pelo cus-
pesados (ruído diário equivalente = nível médio de to ambiental que o uso de pneus com pregos causa.
ruído em 24 horas). O ruído isolado dos pneus com
pregos de um veículo de passeio aumenta o nível Se o responsável pela concessão da via, em adição
de ruído diário equivalente de 3 a 10dB(A), depen- à medida para reduzir o uso de pneus com pregos,
dendo da velocidade, tipo de pneu e qualidade da mudar seus esforços de manutenção, isso resultará
borracha. Uma mudança do ruído de 2-3 dB está no num aumento dos custos. As autoridades viárias su-
limiar auditivo. Uma mudança de 10 dB é percebida geriram que os custos das operações e manutenção
como uma redução pela metade ou dobro de ruído. de inverno das vias regionais e municipais devem
É como um aumento em 100% do ruído inicial, em aumentar em um fator de 1,5 a 2,0 em áreas nas
caso de aumento. quais o uso de pneus com pregos é reduzido de 80
a 20 por cento no tráfego. Presume-se que não haja
Pesquisas norueguesas recentes mostram que pneus necessidade de aumentar a operação e a manuten-
de inverno sem pregos a 50 km/h são de 2 a 3 dB ção no inverno junto às rodovias nacionais (Ragnøy,
(A) mais silenciosos que pneus com pregos e 1,5 Karlsen e Larssen, 2000).
dB (A) mais silenciosos do que pneus de inverno
com pregos ecológicos (Berge, 1996). Um possível
efeito indireto da transição para um maior uso de Avaliações de custo-benefício
pneus com pregos pode ter sido o fato de eles serem
usados em pavimentos mais silenciosos de vias com Uma série de análises custo-benefício das mudan-
tráfego pesado. ças no uso de pneus com pregos já foi feita. Estas
análises são antigas e baseadas em suposições que
Pneus com pregos fazem um ruído pouco maior não mais são consideradas suficientemente realistas
do que os pneus de verão (Bang, 1996). Dados no- hoje. Para ilustrar os possíveis efeitos das mudanças
ruegueses disponíveis demonstram que o ruído do no uso de pneus com pregos foi, portanto, prepa-
tráfego no inverno aumenta em aproximadamente 2 rado um exemplo de cálculo com base em dados
a 3 dBA com o tráfego de 15-25% de veículos pesa- de Oslo.
dos em pista normal, com superfície lisa e velocida-
de nivelada entre 70-90 km/h. Com uma proporção A operação de trânsito anual em Oslo (município
menor de veículos pesados, os níveis de ruído au- de Oslo, 2011) é de aproximadamente 3.115 mi-
mentam em 3-5 dBA, mas apenas em 1-2 dBA no lhões de veículos-km. Destes, estima-se que 1,4
trânsito urbano. milhões de quilômetros sejam realizados na tem-
porada de pneus com pregos e 1.715 milhões de
quilômetros, fora dessa temporada. Em 2002, 32%
Custos dos condutores de Oslo utilizavam pneus com
pregos; em 2009 esta estimativa foi reduzida para
Os custos de utilização de pneus com pregos são de 16,5%. Supõe-se que um veículo com pneus com
dois tipos: diretos e indiretos. Os custos diretos são pregos produza 5 gramas de partículas por quilô-
os custos de raspagem de pneus. Os custos indire- metro percorrido. A quantidade de partículas que
tos são todos os relacionados às consequências não teria sido produzida em 2009, caso o uso dos pneus
intencionais de uso, tais como maior desgaste da tivesse sido tão elevado quanto em 2002, pode, as-
via, poluição e ruído. Em 1985, o custo de raspagem sim, ser calculada em:
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 499
Iniciativa para a medida O capítulo foi revisado em 2014 por Alena Høye
(TØI)
Determinações relativas à utilização de pneus com
pregos devem ser aprovadas pelas autoridades ro- O sistema de freios antitravamento (ABS) e o sis-
doviárias, ou seja, a Agência de Administração de tema de travamento assistido (BAS) são sistemas
vias Públicas da Noruega e o Ministério dos Trans- de frenagem que podem aperfeiçoar o efeito da
portes. frenagem. Os freios ABS impedem o bloqueio das
rodas, de modo que o veículo mantém a dirigibili-
dade. Eles provavelmente não têm nenhum efeito
Requisitos e procedimentos formais no número total de acidentes. O BAS visa atingir a
mais curta distância possível de travamento duran-
Normas sobre o projeto técnico e o número de pre- te uma frenagem de emergência. Estudos e análises
gos a serem utilizados estão estabelecidas na Regu- sobre acidentes e dados indicam que o BAS pode
lamentação de Veículos. A regulamentação relativa afetar cerca de 9% de todos os acidentes fatais, ou
à utilização de veículos indica o período do ano em seja, tanto pode evitá-los quanto torná-los menos
que os pneus com pregos podem ser utilizados. En- graves. Entre os acidentes com colisões traseiras,
tretanto, o condutor sempre deve se assegurar de até 25% podem ser afetados pelo BAS e entre os
que seu veículo tenha aderência suficiente à con- acidentes fatais envolvendo pedestres, até 12% po-
dição de neve, se é necessário o uso de pneus de dem ser afetados pelo BAS.
inverno, com ou sem pregos, correntes ou similares.
Ambas as regulamentações se aplicam a toda con-
500 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Sistemas de freios antitravamento destinam-se a Sistema de travamento assistido (brake assist sys-
evitar bloqueio das rodas de modo que a estabili- tem, BAS): O objetivo do BAS é diminuir ao má-
dade direcional e o controle possam ser mantidos ximo a distância da frenagem de emergência. Estas
durante a frenagem. Em algumas situações, o ABS situações são detectadas a partir do modo como o
também fornece distâncias de travamento mais cur- condutor freia (melhor dito, pela força com que o
tas do que os freios convencionais; no entanto, este condutor pressiona o pedal de freio). Sem o BAS,
não é seu objetivo principal. a maioria dos condutores não atinge um efeito de
frenagem suficiente, e foi demonstrado que o BAS
Um sistema de travamento assistido destina-se a pode reduzir a distância de frenagem em até 50%,
ajudar o condutor a desacelerar o veículo de uma dependendo de como o condutor freia sem o BAS
forma otimizada sob as condições apropriadas (Lawrence et al., 2006). Além disso, o BAS está liga-
para evitar uma colisão. Este sistema pode geral- do a sistemas como ABS e ESC (ver capítulo sobre
mente identificar uma frenagem de emergência de sistema antiderrapagem), de tal modo que a estabi-
acordo com a força com que o condutor pressiona lidade direcional e a controlabilidade, na medida do
o pedal do freio. Este capítulo descreve os sistemas possível, são mantidas. O BAS está no mercado des-
de freio que são ativados apenas quando o condu- de aproximadamente 1996. Na Noruega em 2009
tor freia. cerca de 80% de todos os veículos novos vendidos
possuíam BAS (Høye, 2011).
Alguns sistemas de frenagem podem ativar os
freios e eventualmente iniciar uma frenagem sem Ele também pode ser conectado ao sistema autô-
que o condutor freie (ou até que o condutor come- nomo de regulagem de distância ou outros sistemas
ce a frear), utilizando informações provenientes de que dão início a uma desaceleração que toma como
sensores do lado de fora do veículo. Estes sistemas base informações do exterior do veículo, o que é
são descritos em outro capítulo sobre controle au- muitas vezes o caso especialmente em veículos pe-
tônomo de distância e freio automático de emer- sados (Anderson et al., 2011). Sistemas de apoio ao
gência. condutor utilizam informações de fora do veículo
(sobre a distância de outros veículos ou pedestres,
por exemplo), sobre o regulamento autônomo de
Descrição da medida distância. Sistemas antiderrapagem podem usar os
freios em cada uma das rodas individualmente para
Este capítulo descreve os sistemas de freio que po- evitar derrapagens. Os freios ABS em motocicletas
dem aperfeiçoar o efeito de frenagem em situações estão descritos no capítulo 4.31.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 501
Ao todo, a partir dos estudos mais recentes, os re- • O ABS reduz as distâncias de frenagem na maio-
sultados não indicam que os freios ABS tenham ria das superfícies (pistas secas, escorregadias e
um efeito significativo no número de acidentes ou molhadas);
que existam algumas diferenças sistemáticas entre • O ABS aumenta a distância de frenagem em neve
o impacto para diferentes gravidades de acidente. solta e cascalho, o que se explica pelo bloqueio
Nem os estudos que consideraram uma variedade das rodas nessas superfícies que cria um “efeito
de variáveis de confusão, como, por exemplo o peso guilhotina” e encurta a distância de frenagem.
do veículo, ano de registro e acidentes anteriores do
veículo (Cummings & Grossman, 2007), encontra- Uma vez que vários estudos mais antigos encontra-
ram impacto significativo do uso do ABS. Outro es- ram aumentos no número total de acidentes ou em
tudo, cujos resultados não estão incluídos na tabela determinados tipos de acidentes, assumiu-se que
4.3.1 (Yannis et al., 2010), mostrou que o risco que ABS às vezes leva à adaptação comportamental e
uma pessoa envolvida em um acidente fatal tem de que os condutores de veículos com ABS dirigem de
ser morta é 27% menor (intervalo de confiança de maneira mais arriscada que os demais. Esta hipótese
95% [-44 ; -5]) em um automóvel com ABS do que parece ter sido confirmada por Aschenbrenner et
em um automóvel sem ABS. Para o risco de ser fe- al. (1987) em um estudo experimental com taxistas.
rido (mas não morto) em um acidente fatal, houve Os resultados provavelmente podem ser explicados
impacto significativo. pela percepção equivocada que os condutores ti-
nham quanto à função do ABS (Kahane, 1994). Es-
Em pista molhada, com neve ou gelo, os impactos tudos realizados a partir de 1995 não encontraram
são particularmente maiores que em todas as outras nenhuma evidência de que os condutores de auto-
condições de condução. Ainda assim, os impactos móveis com ABS dirigissem mais agressivamente ou
em sua maioria não são significativos e nem sempre que fizessem manobras que favorecessem a ocor-
são semelhantes sob todas as condições de condução. rência de saídas da pista, de maneira diferente dos
502 O Manual de Medidas de Segurança Viária
condutores de veículos sem ABS (Kahane & Dang, Page, Foret-Bruno & Cuny, 2005 (França) e
2009). Broughton & Baughan (2002) mostraram Page et al., 2009 (França).
que os condutores que conhecem o ABS têm maio-
res vantagens sobre o sistema no que diz respeito Page et al. (2005) mostraram que o BAS reduz o
ao envolvimento em acidentes do que os condutores número acidentes, onde sua função é relevante, em
que não possuem esse conhecimento. 19% [-52; 37]. Esses acidentes são todos aqueles em
que o veículo colide frontalmente com outro veícu-
lo, objeto ou via, ou em que os condutores perdem
Sistema de travamento assistido (BAS) o controle do veículo. Page et al. (2009) verificaram
uma redução no número de acidentes de 8% [-18;
O impacto do BAS no número de acidentes foi pes- 4] e uma redução no número de feridos graves ou
quisado em dois estudos: mortos de 15% [-32; 7].
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 503
Uma série de outros estudos tentou estimar os im- por apenas 4,6% deles quando um obstáculo espera-
pactos possíveis ou prováveis do BAS no número de do aparecia. Depois que os indivíduos participantes
acidentes por meio de diferentes metodologias. Os foram orientados a respeito de como eles deveriam
resultados estão resumidos na tabela 4.3.2. Em um frear para ativar o sistema BAS, 28% o ativaram.
estudo, realizou-se um teste de simulador em que os
acidentes foram reconstituídos da maneira mais rea-
lista possível, com a diferença de que o veículo tinha Impacto na mobilidade
um simulador de BAS. Os outros estudos analisaram
os resultados das estatísticas de acidentes ou diferen- O ABS e o BAS não têm efeitos documentados no
tes estudos aprofundados de acidentes para estimar: que diz respeito à mobilidade.
dentes. A partir de uma perspectiva de segurança, (automóveis novos de fábrica antes de serem ven-
o ABS, portanto, não é economicamente rentável. didos) para assegurar que os regulamentos estão
sendo respeitados. O Instituto Tecnológico realizou
Em relação ao BAS, as informações a respeito dos testes técnicos de freios ABS.
custos são insuficientes e, portanto, não é possível
calcular a relação custo-benefício.
4.4 Terceira luz de freio (brake light)
Responsabilidade e procedimentos formais O capítulo foi parcialmente revisado em 2011 por
AlenaHøye (TØI)
Iniciativa para a medida
cada lado do vidro traseiro. Este sistema não é mais Avaliações de custo-benefício
utilizado. A terceira luz de freio é item de série em
alguns modelos de veículos, mas não é obrigatória Existem várias avaliações de custo-benefício rela-
na Noruega. Nos EUA, ela é obrigatória em todos os cionadas à terceira luz de freio. A análise de custo
automóveis novos entregues desde 1986. Registros -benefício dinamarquesa (Somers e Hansen, 1984)
relativos à campanha “Mantenha a Distância” em estimou em 201,5 milhões de coroas dinamarquesas
1996 (Gjensidige, 1996) mostraram que 36% dos o custo de equipar todos os veículos dinamarque-
veículos de passeio tinham terceira luz de freio. Des- ses com terceira luz de freio (despesas em preços
ses, 51% das luzes foram colocadas posteriormente. e frota de 1980). O custo adicional anual de equi-
par apenas veículos novos com luz de freio extra foi
estimado em 12 milhões de coroas dinamarquesas.
Impactos obre os acidentes Calculado como valor presente líquido ao longo de
17 anos (tempo que leva para substituir toda a fro-
Os resultados apresentados se baseiam nas seguin- ta), com 6% de juros anuais, representa cerca de
tes pesquisas: 125 milhões.
Malone, Kirkpatrick, Kohl e Baker, 1978 (EUA); O valor atual do benefício de redução de acidentes
Reilly, Kurke e Buckenmaier, 1980 (EUA); calculado durante 17 anos, com 6% de taxa anual
Rausch, Wong e Kirkpatrick, 1982 (EUA); de juros, foi estimado em 133,2 milhões de coroas
Marburger, 1983 (Alemanha); dinamarquesas, caso todos os veículos tenham ins-
Kahane, 1989 (EUA) e talado terceiraluz de freio e 72,0 milhões, se ape-
Farmer, 1996 (EUA). nas veículos novos ainstalarem. Estes resultados se
aplicam para uma redução de 15% nos acidentes. A
Os três primeiros estudos foram experimentos com vantagem na diminuição de acidentes não é grande
táxis no trânsito urbano. Eles mostraram que a ter- o suficiente para compensar o custo de instalação
ceiraluz de freio poderia reduzir o número de coli- do dispositivo.
sões traseiras em cerca de 50%. Pesquisas recentes
mostram um impacto bastante reduzido. A melhor Uma análise finlandesa de custo-benefício (Salus-
estimativa para o impacto atualmente é a diminui- järvi e Potinkara, 1987) concluiu que uma terceira
ção de colisões traseiras em 14% (-15%; -13%). A luz de freio é economicamente rentável para veícu-
melhor estimativa do impacto é a diminuição de 9% los novos, caso a diminuição de colisões traseiras
em colisões traseiras (-13%; -4%). Os números são tenha superado os 15% na Dinamarca;os 11% na
relativos à redução de acidentes para automóveis Finlândia; os 7%, na Noruega; e os 13% na Suécia.
equipados com terceiraluz de freio em comparação Há rentabilidade socioeconômica de instalação em
aos não equipados. Eles se aplicam a acidentes com todos os veículos,caso a diminuição de colisões tra-
feridos e com danos materiais como um todo. seiras ultrapasse os 17% na Dinamarca;os 11% na
Finlândia;os 8% na Noruega e os 15% na Suécia.
destes acidentes, contados por 7,5 anos (presume-se parecem ser afetadas pelo fato de os veículos utili-
que a instalação da terceira luz de freio em veículos zarem faróis diurnos. Também foi mostrado que a
que não a tenhamenvolve principalmenteveículos imposição de faróis diurnos reduz colisões frontais
mais velhos, com vida útil restante menor que os e laterais, acidentes em tempo chuvoso e colisões
veículos novos), com juros de 7% é de aproximada- entre veículo e pedestre ou ciclista à luz do dia, mas
mente NOK625 milhões. Soma-se a isso a economia os efeitos são menores que os efeitos do uso de
dos custos de acidentes com danos materiais, que é faróis diurnos para alguns veículos em particular.
estimada em cerca de NOK470 milhões. Ao todo, Para colisões frontais e laterais à luz do dia, a redu-
o benefício é de NOK 1.095.000. Isso fornece uma ção é de cerca de 6-7%. Colisões entre automóveis
relação custo-benefício de aproximadamente 4,1. e motos não parecem ser afetadas. Os resultados
não indicam que haja diferenças no impacto entre
diferentes graus de lesão ou entre diferentes tipos
Responsabilidade e procedimentos formais de faróis de condução (faróis baixos vs faróis es-
peciais diurnos, por exemplo). O uso de faróis de
Iniciativa para a medida circulação diurna implica apenas um ligeiro au-
mento no consumo de combustível, e faróis diur-
Uma possível imposição do uso da terceira luz de nos especiais consomem muito menos que o farol
freio na Noruega deve ser adotada pela Agência de baixo. Se é economicamente rentável que todos os
Administração de vias Públicas da Noruega. Em al- veículos da Noruega usem faróis diurnos especiais,
guns modelos, este item já é padrão. Caso contrário, dependerá do custo. Se assumirmos uma redução
dependerá de cada proprietário de veículo. no número de acidentes com vários veículos à luz
do dia em 4%, os faróis na frente do veículo não
serão economicamente rentáveis caso todos usem
Requisitos e procedimentos formais faróis baixos como faróis diurnos, mas poderá ser
rentável se muitos usarem farol diurno especial.
Requisitos de iluminação de veículos estão especifi-
cados na Regulamentação de Veículos, Seção 28. É
permitida a montagem de duas luzes extras de freio Problema e finalidades
superiores.
Muitos acidentes de trânsito ocorrem porque os
usuários não percebem uns aos outros a tempo, ou
Responsabilidade pela execução da medida em nenhum momento. Isso se aplica tanto a aciden-
tes de tráfego no escuro quanto a acidentes de trân-
A importadora de veículos é responsávelpelo cum- sito a luz do dia. A visibilidade de veículos é, portan-
primento, nos veículos novos de fábrica em todos to, um dos fatores que afetam o acidente (Attwood,
os momentos,das homologações concedidas. O pro- 1981; Rumar, 1980; Helmers, 1988; NHTSA, 2000).
prietário do veículo é responsável por garantir que Aproximadamente 47% de todos os acidentes com
o veículo esteja em bom estado de funcionamento. danos pessoais relatados à polícia na Noruega são
acidentes com vários veículos envolvidos e à luz do
dia (com base em dados de acidentes 2008-2012).
4.5 Faróis diurnos em veículos Os olhos respondem a contrastes e alterações de
contrastes no seu campo de visão. Quando as con-
O capítulo foi revisado em 2014 por Alena Høye dições de iluminação são particularmente difíceis,
(TØI) como ao entardecer, com chuva ou nevoeiro, todos
os elementos de tráfego são mais difíceis de detec-
Mostrou-se que o uso de faróis diurnos, ou seja, tar. Um farol forte quando o sol está baixo sobre o
iluminação de condução na frente do veículo du- horizonte também torna difícil distinguir diferentes
rante o dia, reduz em torno de 12% o envolvimento elementos de trânsito no ambiente. Essas condições
em colisões frontais e laterais à luz do dia para al- só ocorrem com maior frequência em países em al-
guns veículos, o que também se aplica aos aciden- tas latitudes norte do que em outros países (Nor-
tes em condições de visibilidade difíceis mesmo à disk Trafikksikkerhetsråd, 1976; Koornstra, 1993).
luz do dia. Para colisões entre veículos e pedestres O uso de faróis diurnos no carro sob todas as con-
ou ciclistas, foi encontrada uma redução de cerca dições de iluminação reduzirá o número de aciden-
de 20%. Colisões entre automóveis e motos não tes com vários veículos envolvidos por aumentar a
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 507
Tabela 4.5.1: Impactos em diferentes acidentes à luz do dia com faróis diurnos do veículo aceso, impacto individual.
Porcentual de alteração no índice de acidentes
Tipos de acidente sobre os quais atuam Grau de lesão Estimativa Incerteza Estimativa Intervalo de
otimista da medida conservadora confiança
Acidentes com outros veículos envolvidos Não especificado -7 (-17; +5) -6 (-16; +5)
Colisões frontais/laterais Não especificado -13 (-14; -12) -12 (-14; -10)
Acidentes ao amanhecer/entardecer Não especificado -9 (-16; -1)
Acidentes com outros veículos envolvidos em
Não especificado -12 (-16; -8)
clima chuvoso
Colisões traseiras Não especificado -11 (-22; +3) -1 (-9; +9)
Acidentes entre automóvel e moto Não especificado -2 (-13; +10) 0 (-8; +8)
Acidentes entre automóvel e bicicleta Não especificado -42 (-48; -35)
Acidentes entre automóvel e pedestre Não especificado -24 (-39; -4) -23 (-37; -7)
Acidentes entre automóvel e pedestre/bicicleta Não especificado -19 (-27; -9) -18 (-29; -6)
Tipos de acidentes: todos os resultados aplicam-se torná-los mais difíceis de serem detectados por
a acidentes à luz do dia. A maioria dos resultados motocicletas e bicicletas/pedestres. Brouwer et al.
sugere que os veículos com faróis diurnos sejam me- (2004), todavia, mostraram que as motocicletas são
nos envolvidos em acidentes do que os veículos sem mais fáceis de detectar quando os carros são condu-
estes faróis e a maioria dos resultados é estatistica- zidos com faróis diurnos do que sem, independente
mente significativa. Para colisões frontais e laterais, de as motos terem ou não farol diurno.
foram encontradas reduções entre 12% e 13%. No
caso de acidentes com outros veículos envolvidos Para colisões entre automóvel e pedestre ou ciclista,
em condições difíceis de visibilidade (amanhecer, no entanto, a maioria dos resultados sugere que o
anoitecer, chuva), os impactos são quase iguais. Es- número de acidentes deste tipo está diminuindo e
tes são os tipos de acidentes que se espera que se- que nessas colisões o impacto parece ser maior do
jam mais afetados pela iluminação. Para o número que o impacto sobre as colisões frontais e laterais.
total de acidentes com outros veículos envolvidos, Os resultados relativos a colisões entre automóvel
verificou-se uma redução menor e não significativa, e pedestre ou ciclista são baseados nos resultados
entre 6% e 7%, embora também tenha sido encon- incluídos acima, de veículo e pedestre e automóvel
trada uma redução relativamente grande do número e bicicleta, junto com alguns resultados que se apli-
de colisões traseiras. Ela, contudo, não é estatisti- cam a ambos os tipos de colisão.
camente, significativa (e a estimativa conservadora
não indica nenhum impacto). Espera-se que aciden- Graus de lesão: entre os diferentes graus de lesão,
tes envolvendo colisões traseiras não sejam afetados não se provou haver qualquer diferença consisten-
pelo uso de faróis diurnos (em muitos países, só se te (acidentes fatais, acidentes com feridos, aciden-
aplica o uso de faróis diurnos frontais e os faróis tes com danos materiais, grau não especificado de
traseiros não se acendem ao dirigir com os faróis lesão). Os resultados para todos os graus de lesão
diurnos). estão, portanto, misturados. Vários estudos forne-
ceram resultados para diferentes graus de lesão. Ao
Para colisões entre automóvel e motos não foi en- comparar os resultados entre os graus de lesão, eles
contrado nenhum impacto. Assim, os resultados divergem e, portanto, não é possível tirar nenhuma
tampouco sugerem que os faróis diurnos nos auto- conclusão sobre os diferentes efeitos para diferentes
móveis afetem a segurança dos motociclistas de ma- graus de lesão. Sparks et al. (1989) encontraram im-
neira negativa. Argumenta-se, por vezes, que estes pactos significativamente maiores em acidentes com
faróis nos automóveis anulem a vantagem do farol danos materiais do que em acidentes sem danos ma-
diurno da moto e que as motos tornem-se menos teriais; nos estudos de Schützenhof et al. (1989) e
perceptíveis no trânsito (Williams, 2005). Estudos Tessmer (2004) há apenas pequenas diferenças nos
sobre o comportamento do condutor apresentam impactos entre os diferentes graus de lesão; enquan-
resultados contraditórios. Cavallo e Pinto (2012) to Krajizec & Schears (2010) encontraram um im-
mostraram, em um estudo experimental, que os pacto maior para acidentes com danos materiais do
faróis de circulação diurnos em veículos poderiam que para acidentes fatais. Wang (2008) encontrou
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 509
um impacto maior sobre acidentes fatais entre auto- seou em diferentes métodos de cálculo e, com pou-
móvel e pedestre do que em acidentes menos graves cas exceções (colisões frontais e laterais, acidentes
também entre automóvel e pedestre, mas apenas entre automóvel e moto), houve relativamente boa
diferenças inconsistentes entre os graus de lesão de concordância entre os resultados para os diferentes
outros tipos de acidentes. graus de lesão que foram combinados.
Tipos de farol diurno: a maioria dos estudos não Tipos de acidente: a maioria dos resultados sugere
especificou o tipo de farol diurno examinado (fa- que a imposição de faróis diurnos reduza o número
rol especial diurno ou farol baixo que liga automa- de acidentes. Os impactos são menores do que os
ticamente quando o motor arranca, por exemplo). impactos individuais e a maioria dos resultados não
Portanto, não é possível tirar conclusões sobre qual é estatisticamente significativa, com duas exceções
tipo de farol diurno tem o maior impacto ou se, por (colisões frontais e laterais e acidentes com vários
exemplo, este farol baixo tem maiores efeitos inde- veículos envolvidos em clima chuvoso). Colisões
sejados do que os faróis diurnos especiais. Estudos frontais e laterais são os tipos de acidente sobre os
experimentais não encontraram nenhuma diferença quais se esperaria que o impacto dos faróis diurnos
em como faróis diurnos, convencionais ou especiais fosse maior (ver tópico anterior). Para colisões tra-
afetam a facilidade com que os veículos são vistos seiras e colisões entre automóveis e motos, os resul-
sob boas condições de iluminação (Schönebeck et tados indicam que os faróis diurnos não têm qual-
al., 2005). quer impacto. Jenness et al. (2011) mostraram que
o uso de faróis diurnos nos veículos pode causar um
Os impactos combinados dos faróis diurnos são es- aumento no risco de acidente para os motociclistas
timados como mostra a tabela 4.5.2, com base nos em rodovias (os resultados são incertos), mas que
seguintes estudos: este impacto não existe fora dessas regiões.
Allen & Clark, 1964 (EUA); Impactos combinados vs individuais: que a obriga-
Andersson et al., 1976 (Finlândia); toriedade de faróis diurnos tenha um impacto me-
Andersson & Nilsson, 1981 (Suécia); nor no número total de acidentes do que no veículo
Vaaje, 1986 (Noruega); individualmente e na possibilidade de seu envolvi-
Hocherman & Hakkert, 1991 (Israel); mento em acidentes pode indicar que essa obrigato-
Elvik, 1993 (Noruega); riedade não implica necessariamente em um aumen-
Hansen, 1993 (Dinamarca); to do uso de faróis diurno de 0% para 100%. Outra
Hansen, 1995 (Dinamarca); explicação possível é que os faróis diurnos têm um
Arora et al., 1994 (Canadá); maior impacto para o veículo individual quando
Hollo, 1995 (Hungria); poucos outros veículos o utilizam; enquanto veí-
Hollo, 1998 (Hungria); culos sem esses faróis têm um risco maior de aci-
Winkelbauer, 2007 (Áustria) e dentes, quando o porcentual de veículos com faróis
Bullough, 2012 (EUA). diurnos aumenta. Elvik et al. (2003) mostraram que
o porcentual de aumento do uso de faróis diurnos
Quanto aos resultados para os impactos individuais não têm ligação com o impacto sobre os acidentes
dos faróis diurnos, é certo que a maioria deles se ba- que foram encontrados em alguns estudos.
Tabela 4.5.2: Impacto sobre o índice de acidentes à luz do dia dos faróis diurnos no veículo, impacto combinado.
Porcentual de alteração no número de acidentes
Tipos de acidente sobre os quais atuam Grau de lesão Estimativa Incerteza Estimativa Intervalo de
otimista na medida conservadora confiança
Acidente com outros veículos envolvidos Não especificado -4 (-7; +15) -3 (-7; +1)
Acidentes com outros veículos envolvidos em clima chuvoso Acidentes fatais -17 (-27; -7) -8 (-18; +3)
Colisões frontais/laterais Não especificado -6 (-12; 0) -2 (-9; +5)
Colisões traseiras Não especificado +2 (-5; +10)
Acidentes entre automóvel e moto Não especificado +1 (-8; +10) +2 (-3; +7)
Acidentes entre automóvel e bicicleta Não especificado -10 (-23; +4) -2 (-5; +2)
Acidentes entre automóvel e pedestre Não especificado -9 (-19; +3)
510 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.6.1: Impactos do farol diurno de ciclomotores e motocicletas no número de acidentes (todos os graus de lesão)
à luz do dia.
tros veículos envolvidos à luz do dia de 10%, o que graves (todos os resultados aplicam-se a acidentes
em termos estatísticos é significativo. O número de com outros veículos envolvidos à luz do dia). Os
acidentes individuais também parece ter sido redu- resultados de Yuan (2000) mostram uma grande di-
zido (menos que os acidentes com outros veículos minuição do número de acidentes fatais e impactos
envolvidos e quase de modo estatisticamente sig- menores em acidentes menos graves (tabela 4.6.1).
nificativo). Para todos os acidentes, verificaram-se Quddus et al. (2002) estudaram os efeitos indivi-
reduções impactantes que foram quase tão grandes duais do farol diurno para ciclomotor e motocicle-
quanto a redução encontrada para acidentes com ta e encontraram uma redução no número de aci-
outros envolvidos à luz do dia. dentes fatais de 21%, uma redução no número de
acidentes com lesões graves de 16% e um número
Tipos de acidente: que o número de acidentes praticamente inalterado de acidentes com ferimen-
com outros veículos envolvidos à luz do dia tenha tos leves. Quddus et al. (2002) não forneceram os
sido reduzido, era de se esperar. Faróis diurnos intervalos de confiança e os resultados; por conse-
tornam ciclomotores e motocicletas mais visíveis guinte, não estão incluídos nos impactos reunidos
à luz do dia e, portanto, particularmente os aci- na tabela 4.6.1.
dentes à luz do dia em que dois veículos colidem
(colisões, acidentes associados à curva, à esquer- Impactos individuais vs combinados: é esperado
da, etc.) e colisões laterais em ângulos retos, são que os impactos individuais dos faróis diurnos so-
os acidentes que se acreditam mais afetados pelos bre ciclomotores e motocicletas pareçam ser maio-
faróis diurnos. Também foram encontradas redu- res do que os impactos combinados, principalmen-
ções no número de acidentes com um único veí- te porque a introdução da obrigatoriedade do farol
culo à luz do dia e parece ilógico que o impacto diurno geralmente não levaria a um aumento na
no número total de acidentes (independente das utilização dos mesmos de zero a 100% (conforme
condições de iluminação) pareça ser tão grande capítulo 4.5). A maioria dos estudos sobre os efei-
quanto (ou maior que) o impacto em acidentes tos combinados não forneceu o porcentual de uti-
com outros veículos envolvidos à luz do dia. Os lização dos faróis antes e depois da introdução da
resultados, no entanto, são geralmente muito he- obrigatoriedade. Portanto, não é possível encontrar
terogêneos, sem que seja possível encontrar quais- qualquer correlação entre as alterações nos índices
quer diferenças sistemáticas entre os estudos que de acidentes e o uso de faróis diurnos em relação à
poderiam explicar essa heterogeneidade. É pos- introdução da imposição.
sível, portanto, que as diferenças entre os vários
tipos de acidentes também sejam, até certo ponto, Uso de faróis diurnos entre outros veículos moto-
resultado do acaso. Consequentemente, é preciso rizados: nenhum dos estudos forneceu o porcentual
também ter cuidado para não se generalizarem os de outros veículos que usam faróis diurnos, mas
impactos encontrados por acidentes com outros provavelmente ele é baixo, pois estes faróis não são
veículos envolvidos à luz do dia. obrigatórios em alguns dos países em que os estu-
dos foram realizados. Portanto, não é possível exa-
Graus de lesão: pode-se supor que o efeito dos minar como o porcentual de outros veículos com
faróis diurnos seja maior sobre acidentes mais gra- faróis diurnos afeta o impacto do farol diurno em
ves. Se os ciclomotores e as motocicletas com fa- ciclomotores e motocicletas. Também não é possí-
rol diurno forem mais visíveis e puderem ser mais vel concluir que o impacto de faróis diurnos em ci-
facilmente percebidos a tempo, os outros veículos clomotores e motociclos seja como mostra a tabela
poderão frear ou manobrar à distância. Assim, mes- 4.6.1 quando a maioria dos outros veículos também
mo que nem sempre o acidente possa ser evitado, utiliza luzes diurnas.
estando-se a uma velocidade mais baixa, o grau de
lesão geralmente pode diminuir. No entanto, quan- Diferentes tipos de faróis frontais: diferentes for-
do se olha para os resultados de todos os estudos mas alternativas de faróis em motocicletas têm-se
em conjunto, vê-se que não foram encontradas di- mostrado, em estudos experimentais, favoráveis
ferenças sistemáticas entre os impactos de diferen- para tornar mais fácil sua detecção no trânsito,
tes graus de lesão e os impactos para todos os graus especialmente quando outros veículos também
de lesão; assim, eles foram reunidos na tabela 4.6.1. utilizam faróis diurnos (Pinto et al., 2014; Rößger
Foram encontrados apenas dois estudos que deram et al., 2012). Contudo, os resultados, de acordo
os impactos para diferentes graus de lesões e ambos com Craen et al. (2011), devem-se em parte à con-
encontraram maiores impactos em acidentes mais figuração não convencional de faróis alternativos,
514 O Manual de Medidas de Segurança Viária
que geraram um efeito de surpresa nos condutores dos) entre 2007 e 2012. Os custos por pessoa morta
e, portanto, é difícil extrair qualquer conclusão ou ferida foram descritos em Veisten et al. (2010).
sobre os possíveis impactos (a longo prazo) nos Acredita-se que o número de mortes tenha sido re-
acidentes. duzido em 21 ou 45%; o número de gravemente
feridos, em 16 ou 30%; já o número de lesões mais
leves, acredita-se que se tenha mantido inalterado
Impacto na mobilidade com o uso de faróis diurnos (este é o resultado dos
dois estudos que deram os impactos para os graus
Não há nenhum impacto documentado do uso de de lesões; os impactos aplicam-se a acidentes com
farol diurno em ciclomotores e motocicletas na mo- outros envolvidos à luz do dia). Assume-se, ainda,
bilidade à luz do dia. que todos os ciclomotores e motocicletas usados
usem farol diurno atualmente. Nessas condições,
se nenhum ciclomotor ou motocicleta tivesse usado
Impacto no meio ambiente farol diurno, teria havido 12 ou 29 mortos ou feri-
dos a mais por ano, o que equivale a um custo de
Não há nenhum impacto documentado em relação danos de NOK 560 ou NOK 1.470 por ciclomotor/
ao meio ambiente à luz do dia quanto à utilização motocicleta registrado, dependendo do impacto
de farol diurno em ciclomotores e motocicletas. O esperado dos acidentes. Assim, os custos evitados
uso de farol diurno provoca um ligeiro aumento no de acidentes são substancialmente mais elevados
consumo de combustível. que os custos estimados para a utilização dos faróis
diurnos.
Custos
Responsabilidade e procedimentos formais
Com base nas informações fornecidas pelo ETSC
(2003), o custo anual da utilização de faróis diur- Iniciativa para a medida
nos durante o dia em ciclomotores e motocicletas é
estimado em aproximadamente NOK 80. Para au- A exigência de utilização de faróis diurnos durante
tomóveis, o custo médio é estimado em NOK 140 o dia foi aprovada pelo Ministério dos Transportes.
por ano por veículo. Os custos dependem da qui- Este é o Ministério que tem autoridade para alterar
lometragem e, uma vez que ela é consideravelmen- as regras de trânsito.
te mais elevada em média para automóveis do que
para ciclomotores ou motocicletas, os custos anuais
consequentemente serão para eles significativamen- Requisitos e procedimentos formais
te menores do que para os automóveis.
Os requisitos técnicos para os faróis veiculares estão
na regulamentação de veículos. No lugar do farol
Avaliações de custo-benefício diurno, pode ser usado o farol baixo, o farol bai-
xo com tensão reduzida, o farol diurno especial ou
Com base nos resultados incertos do impacto sobre o farol de curva/nevoeiro. Faróis diurnos especiais
o número de acidentes e as incertezas em relação ao devem ter o número de aprovação da Agência Na-
impacto de quando também a maioria dos outros cional de Administração de Vias Públicas da Norue-
veículos utiliza faróis diurnos e uma falta de dados ga inscrito na lente. Faróis de curva/nevoeiro devem
relativos aos custos reais, é difícil fazer uma análise ter a marca da UE. As disposições veiculares con-
de custo-benefício. Foi feito, ademais, um cálculo têm uma lista de faróis diurnos aprovados.
que mostra os possíveis efeitos socioeconômicos do
farol diurno em ciclomotores e motocicletas. Os po-
tenciais benefícios socioeconômicos são estimados Responsabilidade pela execução da medida
segundo as seguintes premissas: em 2012, foram re-
gistrados em torno de 317 mil ciclomotores, moto- O condutor do ciclomotor ou da motocicleta é
cicletas leves e pesadas; o número anual de vítimas responsável por acender o farol diurno. A não-uti-
fatais ou feridos em acidentes com outros veículos lização do referido farol à luz do dia pode levar à
envolvidos à luz do dia com estes veículos é em mé- imposição de uma multa. Atualmente ela é de NOK
dia de 431 (destes, 58 mortos ou gravemente feri- 2.000.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 515
4.7 Melhoria nos equipamentos de compreensão visual dos outros veículos sob diferen-
iluminação dos automóveis tes condições de visibilidade.
A melhoria da iluminação automotiva tem como fi- Os automóveis, além disso, podem ter os seguintes
nalidade dar aos condutores maior visibilidade sem equipamentos de iluminação (somente os mais rele-
causar ofuscamento aos demais, além de facilitar a vantes são mencionados):
516 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• Faróis com suporte giratório/de nevoeiro; A maioria dos estudos dos efeitos dos equipamentos
• Luz de presença lateral (branco/vermelho); de iluminação na distância de percepção foi reali-
• Reflexivos frontais (dispositivo refletivo branco); zada em pistas de teste, em que objetos ou pessoas
• Reflexivos laterais (dispositivo refletivo amarelo); são colocados sobre a via ou ao lado dela. Foi regis-
• Luz de ré (branca); trado a partir de qual distância os condutores de-
• Faróis de neblina (vermelhos). tectam objetos ou pessoas com diferentes tipos de
equipamentos de iluminação e em várias situações
A Agência Nacional de Administração de Vias Pú- (por exemplo: curva vs. reta, diferentes condições
blicas da Noruega e a polícia podem monitorar se o climáticas e visibilidade, com e sem tráfego em sen-
veículo tem os faróis necessários e se estes estão em tido contrário). Em alguns experimentos, o veículo
bom estado de funcionamento. à frente ou os que se aproximam são os objetos a
serem detectados.
Ofuscamento e acidentes: O ofuscamento é defini- toda a sua vida útil. Lâmpadas tradicionais incan-
do como diminuição da visão ou desconforto cau- descentes perdem a luz de saída ao longo do tempo
sado pela visão de um farol automotivo no sentido devido à formação de depósitos no interior da lente.
contrário ou no espelho retrovisor (Bullough et al., Hoje, faróis halógenos ainda são comuns em muitos
2008). O ofuscamento pode causar redução da dis- automóveis, mas o número de veículos com lâmpa-
tância de percepção de objetos na via devido à luz das HID está aumentando. Faróis halógenos pro-
dispersa, que reduz o contraste e aumenta o tempo porcionam uma distância de percepção um pouco
de reação (Theeuwes & Alferdinck, 1997; Akashi, maior que as lâmpadas incandescentes e reduzem
van Derlofske, Raghavan & Bullough, 2007). o risco potencial de acidentes em cerca de 7% (Ru-
Theeuwes & Alferdinck (1997) mostraram que os mar, 1968).
condutores diminuem a velocidade em situações
de luz ofuscante, especialmente em rodovias escu- Faróis HID (descarga de alta intensidade): Em fa-
ras e nas curvas. O ofuscamento persiste por um róis HID, ou popularmente chamados de Xenon,
tempo depois que as luzes se dissipam do campo utiliza-se uma descarga de gás (geralmente xenon)
visual, pois os olhos precisam de algum tempo para para produzir luz. As lâmpadas HID têm luz mais
se adaptar à escuridão novamente. Os condutores forte, iluminam mais as laterais, têm transição mais
mais idosos são particularmente propensos ao ofus- nítida entre a área iluminada e não iluminada e vida
camento e precisam de mais tempo para que sua mais longa que as lâmpadas halógenas (Sivak, Flan-
visão se normalize (Bullough et al., 2008). Por mais nagan, Schoettle & Adachi, 2003). Estes faróis fo-
desconfortável que seja, não é sempre que o ofus- ram usados primeiramente como faróis diurnos em
camento leva à diminuição da distância de percep- automóveis em 1991 e desde 2001 também como fa-
ção (Rea, Bierman, McGowan, Dickey & Havard, rol alto (Jebas, Schellinger, Klinger, Manz & Kooss,
1997). 2008). Estão disponíveis como item de série ou op-
cional em muitos modelos e são mais comuns em
Distância curta de percepção e tempo de reação automóveis nas faixas mais altas de preço. Na Ale-
maior são fatores de risco para acidentes. No en- manha em 2008, cerca de 10% de todos os veículos
tanto, de acordo Bullough et al. (2008), até então de passeio registrados tinham faróis HID (Reilhac,
não havia resultados empíricos que documentassem Moizard & Reiss, 2008). Na Noruega em 2009, mais
uma relação direta entre ofuscamento e acidentes. da metade dos 30 modelos mais vendidos tinham
Análises de registros de acidentes demonstraram faróis HID como padrão em algumas variantes do
que o ofuscamento pode ter sido um fator contri- modelo.
buinte em 0,3% dos acidentes fatais noturnos (NH-
TSA, 2007). O impacto sobre a distância de percepção foi exa-
minado nos seguintes estudos: Akashi et al., 2007;
O problema na tentativa de reduzir o ofuscamento é Bullough et al., 2008; Hankey, Bakanco, Gibbons,
que são as próprias características dos faróis diantei- McLaughlin & Dingus, 2005; R. Neumann, 2004;
ros (que contribuem para uma boa visibilidade) que Rose Hahn & Hamm, 2001; Rose Hahn & Hamm,
também provocam o ofuscamento da visão dos con- 2004, e Sigl, 2007. A maioria dos estudos mostra
dutores em outros veículos (Bullough et al., 2008). que a distância de percepção é maior com os faróis
O ofuscamento é um problema maior em vias sem HID. Com base no efeito da distância de percepção,
iluminação do que nas vias iluminadas ou em áreas o efeito médio de faróis HID é a redução de 15% no
com muita luz (NHTSA, 2007). Em rodovias com risco potencial de acidentes. No entanto, existe uma
canteiros ou plantas centrais, esse problema entre variação considerável nos resultados. Os resultados
veículos em sentidos contrários é reduzido, mas isso variam entre -30 e + 20% de risco potencial de aci-
não reduz os problemas com os veículos no mesmo dentes. No estudo de Hankey et al. (2005) o uso de
sentido. Faróis elevados oferecem maiores distân- faróis HID resultou em média em menor distância
cias de percepção (Bullough et al., 2008), mas ofus- de percepção que o uso de faróis de halogêneo. O
cam mais que faróis inferiores (Akashi et al., 2007). resultado é oposto aos resultados de todos os outros
estudos encontrados sobre faróis HID, e não se sabe
Faróis halógenos: Os faróis halógenos foram intro- como tal discrepância pode ser explicada.
duzidos em 1959. As lâmpadas de halogêneo têm
vida significativamente mais longa que os tipos Os condutores geralmente preferem os faróis HID
mais antigos de lâmpadas, sua eficiência luminosa aos faróis halógenos (Sivak, Flannagan, Schoettle
é 100% maior e ela permanece constante durante & Mefford, 2004A; Hankey et al., 2005). A luz das
518 O Manual de Medidas de Segurança Viária
lâmpadas HID é levemente azulada e assemelha-se próximas ao veículo. Partículas de água na névoa
mais à luz do dia. Quando os condutores são ques- difundem a luz dos faróis convencionais que ficam
tionados sobre as várias características dos faróis, a enfraquecidos (Hisdal, 1974B). Quando a névoa
maioria prefere HID, até quando se trata de pro- fica densa, o efeito dos faróis regulares enfraquece
priedades em que o HID não é necessariamente me- muito. Devido à grande propagação lateral destas
lhor que o halogêneo (Sivak et al., 2004A). luzes de neblina, elas também ajudam na realização
de curvas fechadas, mesmo quando a visibilidade
Os condutores que se aproximam no sentido con- é boa. Por isso se chamam faróis de neblina ou de
trário normalmente percebem os faróis HID como curva.
mais ofuscantes que os halógenos. Isto pode ser
porque a luz é mais forte ou porque a superfície lu- Os faróis de neblina não parecem aumentar a dis-
minosa das lâmpadas é menor que a das lâmpadas tância de percepção. É somente para distâncias
de halogêneo. Apesar dos faróis HID serem perce- muito curtas (até 10 m) que o farol de neblina pro-
bidos como mais ofuscantes, não foram encontra- porciona melhor visibilidade que os faróis diurnos
dos quaisquer efeitos negativos na visão no tráfego convencionais. Em distâncias de 15 m ou mais, os
em sentido contrário (Bullough et al., 2008). Faróis convencionais proporcionam melhor visibilidade,
HID têm uma transição mais nítida entre a área mesmo sob neblina (Hisdal 1974B; Koth etc. 1978;
iluminada e não iluminada; portanto, menos luz é Yokoi e Hashimoto, 1999; Kreysar Folks, 2001). Em
refletida de lâmpadas HID que das alógenas, que distâncias de 15 m ou mais, os faróis diurnos for-
têm mais luz dispersa (Sivak, Schoettle & Flanna- necem melhor funcionamento, mesmo em caso de
gan, 2006). neblina (Hisdal, 1974B; Koth et al. 1978; Yokoi e
Hashimoto, 1999; Folks e Kreysar, 2001). Os faróis
Vários estudos mostraram que é menos cansativo de neblina fornecem uma curta distância de percep-
conduzir com faróis HID que com halógenos tra- ção, especialmente para o tráfego em sentido con-
dicionais. Schlag, Petermann, Weller & Schulze trário (Hisdal, 1974B). A distância mais longa para
(2009) e Sivak et al. (2003) mostraram que os con- a percepção de objetos sem iluminação na névoa (vi-
dutores fazem menos movimentos de correção de sibilidade superior a 100 m) é oferecida pelo farol
direção com faróis HID que com halógenos. Eles alto. Na névoa densa (visibilidade inferior a 100 m),
também oferecem uma melhor iluminação das late- os faróis comuns proporcionam a menor distância
rais da via (Schlag et al., 2009). de percepção para objetos sem iluminação (Grupo
de Pesquisa da OECD, 1974).
Faróis de LED: Os faróis de LED (Light Emitting
Diodes) produzem luz usando a tecnologia de semi- O farol de neblina espalha mais luz para os lados
condutores. Os faróis com lâmpadas LED têm vida que o farol diurno convencional, o que em teoria
ainda mais longa, menor consumo de energia e tam- torna mais fácil manter o veículo na pista e evitar
bém uma luz mais azul que as lâmpadas HID. Eles acidentes de saída de pista. Contudo, não há evidên-
geralmente têm uma vida útil quase tão longa quan- cias de que o risco de acidentes com saída da pista
to a do veículo e, por conseguinte, raramente preci- aumente com a neblina (ao contrário, são as colisões
sam ser substituídos. A tecnologia LED é utilizada entre veículos que aumentam). Por isso, é pouco
atualmente em alguns modelos de veículos. Muitas provável que se tenha algum (grande) impacto no
vezes o LED é usado em apenas algumas lâmpadas, número de acidentes de saída de pista que ocorrem
e não em todas (, raramente como farol alto, por sob neblina (Flannagan, 2001), mas o farol de ne-
exemplo). Um estudo de 2004 (Sivak et al. 2004B) blina aumenta o conforto para os condutores. Caso
mostrou que os faróis de LED oferecem maior ofus- leve ao aumento da velocidade nas curvas ou sob
camento para os condutores em sentido contrário. neblina, o impacto na segurança pode ser negativo.
Os LEDs mais recentes possivelmente diminuíram
este problema. A tecnologia ainda está em desenvol- Os faróis de neblina na parte traseira do veículo
vimento, e não há estudos do seu impacto na distân- têm como finalidade torná-lo mais visível e reduzir
cia de percepção ou nos acidentes. o risco de colisões traseiras. Sob neblina, a maioria
das pessoas avalia a distância do veículo dianteiro
Faróis de neblina: Os faróis de neblina são luzes erroneamente, o que explica o risco relativamente
instaladas na parte mais baixa do veículo e que alto de colisões traseiras nestas condições. Em uma
possuem alta abrangência lateral. Estas lâmpadas simulação, a distância estimada do veículo dianteiro
proporcionam mais luz para a via e para as laterais aumentou 60% sob neblina em uma visibilidade de
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 519
5 a 15 m (Cavallo, Colomb e Dore, 2001). Desde Os faróis polarizados ampliam a distância de per-
1979 todos os automóveis novos na Europa devem cepção e reduzem o risco potencial de acidentes
ter faróis de neblina traseiros. em 29% em média (Johansson, Rumar, Forsgren e
Snöborgs, 1969A, B), mas esta estimativa é muito
Limpadores de farol: Os limpadores de farol nor- incerta. Além disso, não é levado em conta o au-
malmente utilizam jato, mas podem (em veículos mento do ofuscamento para pedestres, ciclistas,
mais antigos) também consistir em limpadores au- condutores de ciclomotores e motociclistas.
tomáticos dos vidros dos faróis durante a condução.
São particularmente úteis quando se conduz em pis- Faróis elipsoidais: Os faróis elipsoidais não são
ta molhada e com sal no inverno e quando se usam mais encontrados no mercado. Eles visavam resol-
pneus com pregos. Sob tais condições, as lentes su- ver o problema da aproximação da luz. Era um farol
jam rapidamente. A sujeira reduz a intensidade da que propiciava uma transição entre a área ilumina-
luz, que também é propagada para direções indese- da e não iluminada mais acentuada que a do farol
jadas, o que aumenta o ofuscamento do tráfego no baixo convencional europeu. A intensidade da luz
sentido contrário (Orth, 1995). Em lâmpadas HID, na área iluminada é mais forte que a do farol bai-
que têm maior potência de iluminação que as outras xo normal (Jebas et al., 2008). Os faróis elipsoidais
lâmpadas, os limpadores são, portanto obrigatórios prolongavam a distância de percepção e reduziam o
(Jebas et al., 2008). risco potencial de acidentes em 9% (Helmers, Fer-
nlund e Ytterbom, 1990). No entanto, dada a tran-
Cox (1968) e Rumar (1973) estudaram os efeitos sição abrupta entre área iluminada e não iluminada,
da sujeira no vidro dos faróis e, assim, potenciais eles tinham uma configuração muito sensível.
melhorias para os limpadores. A sujeira de faróis
recobertos com respingos pode reduzir o brilho em Pisca-alerta: O pisca-alerta consiste no uso de to-
até 90% ao dirigir em rodovias (Cox, 1968; Rumar, dos os indicadores de direção do veículo (as setas)
1973). Aproximadamente 40% do fluxo de trânsito ou para avisar uma situação de emergência, como
em rodovias que recebem sal no inverno na Norue- uma parada emergencial em rodovia. É utilizado em
ga acontecem em superfície molhada (VAA, 1995). todos os veículos. Seu efeito é uma redução de 4%
Em rodovias que não recebem sal, a proporção cai do risco potencial de acidentes (Knoblauch e Tobey,
para cerca de 14%. Sob tais circunstâncias, as lentes 1980). O impacto é medido de uma forma um pou-
se sujam muito rapidamente. co diferente que a dos outros tipos de equipamentos
de iluminação. Em vez da distância de percepção,
Com base em estudos especializados no aumento usa-se o tempo para a colisão como medida da mar-
da potência dos faróis (duplicação de potência), gem de segurança. O tempo para a colisão depende
estima-se que os limpadores reduzam o risco po- da antecedência com que um veículo é detectado
tencial de acidentes em 5% em média (Johansson e como o condutor adapta a velocidade depois de
et al., 1969; Helmers & Rumar, 1974; Helmers et perceber um veículo com pisca-alerta ligado. Veí-
al., 1990). Além disso, faróis limpos causam menos culos com pisca-alerta ligado são ultrapassados por
ofuscamento ao trânsito em sentido contrário. outros veículos a uma velocidade um pouco menor
do que os veículos que não estavam com o pisca
Faróis polarizados: Os faróis polarizados não são -alerta ligado, mas a diferença é muito pequena. Em
mais utilizados hoje em dia. A luz polarizada é uma vários países, incluindo a Alemanha, ele também é
luz amplificada que aumenta a sua própria visibi- utilizado nas rodovias como alerta da necessidade
lidade. A luz é emitida por meio de um polariza- de redução de velocidade para os veículos que vêm
dor. Isso faz com que seja possível evitar o ofusca- na retaguarda. Na Dinamarca, em 2003 tornou-se
mento no trânsito em sentido contrário quando se obrigatório seu uso nas rodovias em situações de
equipam os veículos com um filtro complementar congestionamento inesperado. O objetivo é evitar
de para-brisa. A luz que passa por esse filtro enfra- colisões traseiras. Alguns automóveis o ativam au-
quece bastante. Assim, é preciso uma grande inten- tomaticamente durante uma frenagem brusca. Não
sidade de iluminação inicial. O problema é que o foram encontrados estudos que examinassem o im-
farol polarizado vai ocasionar um forte ofuscamento pacto desta medida, mas é provável que ela tenha
para os pedestres, ciclistas e outros veículos que não um impacto positivo.
estejam equipados com filtros polarizadores. Neste
caso, para evitar o ofuscamento, é preciso usar ócu- Luz de presença lateral: Luzes de presença lateral
los especiais. são pequenas lâmpadas instaladas na lateral do veí-
520 O Manual de Medidas de Segurança Viária
culo para realçar as dimensões do mesmo. Elas for- róis convencionais. Também os pedestres tornam-se
necem uma luz branca para frente e uma luz verme- mais visíveis no escuro e com a maioria dos tipos de
lha para trás. Estas luzes são obrigatórias nos EUA roupa. As luzes de materiais das cores cinza e preto
(Kahane, 1983) e comuns na Europa em caminhões não podem ser detectadas com maior antecedência
e automóveis maiores. Um estudo americano (Kaha- com a luz UV do que com a luz comum.
ne, 1983) mostra que a luz de presença lateral em
automóveis reduz o número de colisões laterais com O efeito quanto à distância de percepção foi exami-
feridos em cerca de 8% (± 1,5%) no escuro e, cer- nado por Helmers et al. (1993), Fast (1994), Turner,
ca de 7% (± 1%) no caso de acidentes com danos Nitzburg & Knoblauch (1997) e Lestina, Miller,
materiais. Não foram encontrados os impactos com Langston, Knoblauch & Nitzburg (2002). Os poten-
relação ao número de acidentes fatais. Um estudo ciais riscos de acidente com a luz UV, com base na
holandês (Theeuwes & Alferdinck, 1997) mostrou distância de percepção, diminuíram 27% em média.
que automóveis com luzes de presença laterais são A maioria dos resultados é relativa à distância de
mais fáceis de detectar e reconhecer. percepção em rodovias para sinalização horizontal,
pedestres ou ciclistas. Existe uma grande variação
Faróis autoajustáveis: Os faróis autoajustáveis são nos resultados, e a distância de percepção não au-
equipados com mecanismos de ajuste automático menta em todas as situações. Em outras palavras, os
para garantir que a luz seja disposta de forma ade- resultados dizem muito pouco a respeito de como o
quada, independentemente de como o veículo es- risco de acidentes pode ser afetado na prática.
teja carregado (Yerrell, 1971; Hisdal 1975). Faróis
com ajuste manual são muitas vezes mal utilizados, Luz infravermelha (luz IV): não é visível ao olho hu-
ou seja, a luz aponta demasiado para cima ou para mano e pode ser usada para capturar imagens com
baixo. Faróis que focam mais para cima parecem câmeras específicas de pessoas ou objetos na frente
ofuscantes para os outros usuários da via; os que fo- do veículo que são invisíveis para o condutor. Com
cam mais para baixo reduzem a própria visibilidade. uma câmera termossensível, é possível explorar a ra-
Os faróis autoajustáveis são exigidos em todos os diação infravermelha natural (infravermelho remo-
carros da UE desde 1996. As lâmpadas podem ser to) de objetos que têm uma temperatura diferente
ajustadas manualmente pelo condutor, de dentro do que está em seu entorno. Além disso, o veículo é
do veículo, durante a condução ou automaticamen- equipado com luzes infravermelhas (infravermelho
te, dependendo de como o veículo está carregado próximo), de modo que a câmera possa capturar a
(Huhn, 1999). luz que é refletida a partir dos arredores. A vantagem
de usar o infravermelho próximo é que a sinalização
Sistema de visão noturna: Existem várias possi- horizontal rodoviária torna-se mais visível; isso, em
bilidades técnicas para aumentar a visibilidade de parte, faz com que seja mais fácil calcular a distância
objetos ou pessoas à noite. Há: 1) o uso da luz UV dos objetos (Knoll, Eschl, Grimm & Lopez, 2003).
para tornar alguns tipos de superfícies, pessoas e As imagens capturadas pela câmera infravermelha
objetos mais visíveis; 2) as câmeras que utilizam ra- podem ser exibidas no interior do veículo por um
diação infravermelha regular ou luz infravermelha display no para-brisa (head-up display) ou no painel.
nas lanternas do veículo, que são refletidas pelos Estas imagens podem também ser usadas como “de-
objetos e mostradas em um display dentro do veí- tectores de pedestres”, que faz com que os condu-
culo; 3) os radares que detectam objetos, sistemas tores tomem ciência dos pedestres (ou objetos) na
baseados no infravermelho que são vendidos atual- frente do veículo. Os sistemas de visão noturna com
mente como acessórios opcionais de alguns mode- luz infravermelha estão no mercado desde 1999, ge-
los mais caros. ralmente como item opcional para automóveis de
faixas mais altas de preço.
Luz ultravioleta (UV) é a luz que não pode ser per-
cebida pelo olho humano. A luz ultravioleta reflete Menores distâncias de percepção com luz infraver-
a luz (luminescente) de materiais fluorescentes ou melha foram encontradas por Hankey et al. (2005),
materiais que possuem em parte essas proprieda- Sullivan, Bärgman, Adachi & Schoettle (2004),
des. É utilizada, por exemplo, na sinalização hori- Gish, Staplin & Perel (1999), Gish, Shoulson &
zontal, em delineadores e outros objetos em que são Perel (2002) e Sullivan et al. (2004). Ward, Staple-
aplicados ou que contêm naturalmente materiais ton & Parkes (1994) não encontraram, no entanto,
fluorescentes, de modo a torná-los visíveis para o nenhum aumento da distância de percepção com
condutor muito antes de serem iluminados pelos fa- o uso da luz infravermelha. Os resultados de Sulli-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 521
van et al. (2004) se relacionam à detecção do calor • Nas curvas: Faróis de curva iluminam mais à di-
de animais. Hankey et al. (2005) mostraram que a reita/esquerda, dependendo do ângulo no volante
utilização de luz infravermelha proporciona maio- e as setas indicadoras de direção (ver a próxima
res vantagens para o operador que a luz de UV. Foi seção).
encontrado um aumento na distância de percepção
com luz infravermelha para os condutores mais jo- Os faróis adaptáveis podem ter “aplicações” para
vens que para os condutores mais velhos (Sullivan diferentes tipos de ambientes (cidade e diferentes
et al., 2004; Gish et al., 1999; Gish et al., 2002). Isso tipos de rodovia, por exemplo) com características
se explica pelo fato de os condutores mais velhos especiais que se adaptem ao contexto atual (Sullivan
estarem menos dispostos a utilizar um sistema deste & Flannagan, 2002).
tipo que os condutores mais jovens.
Não foram encontrados estudos sobre os impactos
As desvantagens dos sistemas de visão noturna po- da maioria dos tipos de faróis adaptáveis na distân-
dem ser, por exemplo, a distração do condutor e a cia de detecção ou acidentes. Em simulações, Sivak,
não-apreensão de objetos nas laterais da via, que Flannagan, Schoettle & Nakata (2001) mostraram
não aparecem no visor (Gish et al., 2002). Ward et que a iluminação de rodovias melhora as condições
al. (1994) mostraram que a tensão mental e as varia- de visibilidade em alta velocidade. Huhn (1999)
ções de velocidade são maiores para os condutores não encontrou nenhum aumento da distância de
que usam sistemas de visão noturna. Não houve di- percepção de objetos à beira da pista com automó-
ferença significativa entre a localização do display veis equipados com faróis diurnos que iluminam
no para-brisa ou no painel, de acordo com o estudo especialmente as laterais, o que indica que não se
de Sullivan et al. (2004). pode esperar que esses dispositivos tenham grandes
efeitos de segurança.
Faróis adaptáveis: Faróis adaptáveis são faróis de
circulação diurna que se adaptam automaticamente Farol alto inteligente/automático : Estudos ameri-
a fatores relevantes, como outros veículos, geome- canos demonstram que a condução no escuro, em
tria da via e condições meteorológicas/visibilidade sua maioria, é feita com farol baixo (Hisdal, 1974A),
(Bullough et al., 2008). São destinados a iluminar, o mesmo em situações em que os faróis altos devem
melhor possível, a via e objetos sobre suas laterais e ser utilizados (Hare & Hemion, 1968). Outro es-
nas suas laterais e para aumentar a distância de per- tudo americano recente (Sullivan et al., 2003) não
cepção, ao mesmo tempo em que reduz o máximo encontrou qualquer mudança na utilização de faróis
possível o ofuscamento para outros usuários (Sivak altos. Mefford, Flannagan & Bogard (2006) mostra-
et al., 2007). Variam em uma ou mais das seguintes ram que apenas 3,1% da condução no escuro é feita
características (Huhn, 1999): com farol alto. Em estradas de terra e sem tráfego
no sentido contrário, a proporção foi de 25,4%. Em
• Em clima úmido: A iluminação frontal do veículo um estudo alemão, a proporção foi de 8% (Reilhac
pode ser reduzida em tempo de chuva para evitar et al., 2008). Não há pesquisas norueguesas dispo-
o brilho e o ofuscamento para os condutores de níveis. Há uma série de outros sistemas que devem
veículos no sentido contrário; tornar possível o uso do farol alto sem ofuscar o trá-
• No trânsito urbano ou nas curvas: Iluminação re- fego no sentido contrário, entre eles:
forçada na lateral do veículo. A iluminação pode
ser melhorada com lâmpadas laterais adicionais • farol alto convencional que liga e desliga automa-
que iluminam o exterior (ao dirigir nas cidades ticamente dependendo das condições do ambien-
para aumentar a visibilidade de pedestres, por te, da via e do trânsito;
exemplo) ou movendo as luzes externas ao dirigir • farol alto adaptável ou “inteligente” que pode evi-
em curvas; tar luz excessiva para veículos dos quais se apro-
• Na rodovia: Iluminação reduzida na lateral do xima à frente ou em direção contrária;
veículo em alta velocidade para evitar o reflexo da • iluminação de rodovias que iluminam longas dis-
luz dos guard-rails, e variação do alcance dos fa- tâncias na via, mas muito pouco nas laterais (ver
róis, de longo alcance em alta velocidade e alcance faróis adaptáveis).
mais curto em baixa velocidade. Alguns sistemas
também levam em consideração a aproximação Um estudo alemão (Reilhac et al., 2008) estimou
de veículos à frente ou no sentido contrário (farol que o farol alto automático poderia aumentar o uso
alto inteligente, veja a próximo seção); do farol alto em 8% por um fator de 4,7. Não foram
522 O Manual de Medidas de Segurança Viária
encontrados estudos que mostrassem como isso po- Faróis de curva: Faróis de curva são faróis comuns
deria interferir nos acidentes. (halógenos ou HID) que podem alterar a área ilu-
minada na via, dependendo da sua direção. Ân-
Dois tipos de faróis altos adaptáveis foram estuda- gulos do movimento da direção e seta direcional
dos por Böhm, Luschinski & Locher (2008). Os são utilizados para determinar a direção em que
resultados mostram que a distância de percepção, as luzes devem iluminar. Existem muitos sistemas
tanto dos veículos dianteiros dos quais se aproxi- diferentes (faróis adicionais que iluminam o lado
ma quanto daqueles em sentido contrário, aumenta de fora e que podem ser ligados e desligados, por
de forma significativa para ambos os tipos de fa- exemplo, ou faróis que ficam ligados o tempo todo
róis altos adaptáveis. O primeiro tipo de farol alto e que podem ser girados em diferentes direções)
adaptável regula a transição da área iluminada para que funcionam por meio de algoritmos para que o
a área mais escura, assim o limite da luminosidade ângulo dos faróis seja calculado. O farol de curva
sempre termina antes do outro veículo. A distância atualmente é vendido como acessório extra para
de percepção aumenta entre 16 e 56%. Mas no ou- uma variedade de modelos de carros das classes
tro tipo, o farol alto dinâmico, as luzes são sempre Premium.
ajustadas de forma a iluminar somente as áreas não
iluminadas ocupadas por outros veículos. A varian- Os efeitos de faróis de curva na distância de detec-
te dinâmica aumenta a distância de percepção entre ção foram estudados por:
53 e 95%.
Sivak, Flannagan, Traube, Aoki & Sayer, 1994
Farol alto com controle fade-out (fading high beam (EUA);
control): Durante o encontro entre veículos em sen- Ewerhart, Wolf & Gall, 2001 (Alemanha);
tidos opostos no escuro, é comum mudar de farol Grimm, 2001 (Alemanha);
alto para farol médio antes que ocorra o ofuscamen- Ewerhart, 2002 (Alemanha);
to (Bjørnskau 1989, 1994). Isso pode levar a uma McLaughlin, Hankey, Green & Larsen, 2004
má condição de visibilidade desnecessária. Foram, (EUA);
portanto, especialmente desenvolvidos faróis de Cieler, 2 003 (Alemanha);
encontro entre veículos em sentidos opostos com C. Neumann, 2003 (Alemanha);
mecanismos que retardam o ofuscamento do farol R. Neumann, 2004 (Alemanha) e
alto, para fornecer aos condutores melhores condi- Rosehahn & Hamm, 2004 (Alemanha).
ções de visibilidade no momento do encontro (fa-
ding high beam). O retardamento do ofuscamento A maioria dos estudos a respeito deles demonstrou
do farol alto não parece favorável para a distância que a distância de percepção de objetos na pista e
de percepção (Helmers e Ytterbom, 1984). O ofus- ao lado aumenta nas curvas. Com base na alteração
camento extremo causado compensa negativamente da distância de percepção, a redução média do risco
os benefícios do próprio aumento de visibilidade. potencial de acidentes é de 18%. Existe uma he-
Na Suécia, também foram feitas pesquisas sobre um terogeneidade considerável nos resultados. A alte-
farol no encontro de dois veículos chamado RE- ração do risco potencial de acidente situa-se entre
MARK (Morén e Olausson, 1986). Este é, em prin- -47% e + 32%. Há uma tendência de que os efei-
cípio, um farol alto adicional que só acende voltado tos de vários estudos sejam um pouco maiores nas
para a margem direita da via e não para os veículos curvas de raio maior que nas curvas de raio menor
que se aproximam no sentido oposto à esquerda. (Ewerhart, 2002; McLaughlin et al., 2004; Ewerhart
Por volta de 100 motoristas profissionais foram et al., 2001). Teoricamente, no entanto, o farol de
convidados a fornecer uma avaliação sobre o farol curva tem suas maiores vantagens em curvas de raio
depois de tê-lo testado no tráfego normal. Mais da pequeno, curvas à esquerda e com objetos de difí-
metade declararam que ele deu maior visibilidade à cil detecção (Cieler, 2003; McLaughlin et al., 2004;
distância durante o encontro do veículo em sentido Neuman, 2003; Schwab & Gall, 2003). O farol, no
oposto. Foram também realizadas entrevistas com entanto, oferece uma menor visibilidade para o ou-
mais de 100 condutores de carros que dos quais se tro lado da pista (o lado direito nas curvas para a es-
aproximavam os veículos com este farol. Dentre es- querda e o lado esquerdo nas curvas para a direita),
ses, 30% relataram que o farol de encontro causou em especial nas curvas de grande raio (Sivak et al.,
ofuscamento. O equipamento para retardar o ofus- 1994). Sivak et al. (2001) apontaram que o ofusca-
camento de farol alto não existe no mercado atual- mento aumenta em curvas para a esquerda, mas não
mente. em curvas para a direita.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 523
Existem os seguintes dados relativos aos custos das Faróis HID: Realizou-se um cálculo que mostra
medidas descritas neste capítulo (custos referentes os benefícios e os custos de equipar todos os auto-
aos acessórios adicionais disponíveis para modelos móveis novos na Noruega com faróis HID. O cál-
de veículos normalmente de classe média alta, em culo é feito de acordo com as seguintes premissas:
2010): anualmente 842,5 pessoas em média são mortas ou
feridas de acordo com os registros oficiais de aci-
• Faróis halógenos: Faróis principais com lâmpada dentes com vítimas envolvendo veículos de passeio
halógena em veículos de passeio custam cerca de que acontecem no escuro em via sem iluminação
NOK100; na Noruega (SSB). Atualmente, 10% de todos os
• Faróis HID custam cerca de NOK 7.800-8.500 ou automóveis já têm faróis HID. Os faróis HID re-
€ 1.050-2.000. Eles têm uma vida útil mais longa duzem em 15% os acidentes no escuro em via sem
que os halógenos; iluminação. Esta é uma estimativa máxima baseada
• Faróis de neblina custam cerca de NOK 2.500 ou no impacto de faróis HID na distância de percep-
€ 180; ção. Como opcionais os faróis HID custam aproxi-
madamente NOK 8.000 por automóvel. O número
• Limpadores de farol custam por volta de € 300;
de automóveis e vans registrados com um peso total
• Equipamentos de visão noturna (câmera de calor,
inferior a 3,5 toneladas na Noruega em 2008 foi de
detector automático de pessoa, display no interior 2.575.450 (SSB). A média de idade dos veículos de
do veículo) custam NOK 23.000 ou entre €1.500 passeio é de cerca de 10 anos. A frota de veículos
e € 2.000; aumenta por ano aproximadamente 2,7% (SSB). A
• Assistente de farol alto (farol alto que liga e desli- taxa de juros é de 4,5%. A relação custo-benefício
ga automaticamente) custa cerca de NOK 1.300- da instalação de faróis HID em todos os automóveis
1.700 ou € 150; de passeio novos é de 0,12. Assim, de acordo com
• Espelhos de escurecimento automático (internos as condições consideradas, não seria socioeconomi-
e externos) custam cerca de NOK 6.000 ou € 550 camente rentável instalar faróis HID em todos os
para todos os espelhos; NOK 2.400 ou € 210 ape- automóveis novos, caso apenas se leve em conta o
nas o espelho interno; possível efeito de redução de acidentes.
• Faróis de curva: entre NOK 5.000-14.000 ou €
450-1.500. Faróis de curva geralmente são ven- Se uma medida (faróis HID ou outras quaisquer)
didos apenas em conjunto com os faróis HID. que reduz o número de acidentes no escuro em vias
As estimativas de preços mais baixos se aplicam sem iluminação em 15% não custar mais de NOK
quando os veículos já possuem faróis HID, e a co- 900 por veículo, será economicamente rentável
tação mais alta se aplica à combinação HID mais equipar todos os veículos novos com ela.
faróis opcionais.
Faróis de LED: Um estudo alemão (Schonebeck
Um estudo americano (Kahane, 1983) estimou o et al., 2005) mostrou que o uso de faróis diurnos
custo da luz de presença lateral em USD 21 (va- durante o dia tem uma relação custo-benefício
lor de 1982) por veículo durante sua vida útil. O de cerca de 1,6, isso se todos os veículos usarem
custo foi distribuído em cerca de USD 17 para faróis convencionais (halógenos). Os custos uti-
a instalação e USD 4 em aumento do consumo lizando faróis convencionais são estimados em €
de combustível e energia. Em coroas noruegue- 630 milhões por ano (utilização de luzes diurnas
sas (preços de 1995) isso corresponde a cerca de em todos os automóveis na Alemanha). Da mes-
NOK 250-275. ma forma, os custos da utilização de faróis de LED
são estimados em € 60 milhões por ano. A relação
Os custos dos equipamentos de iluminação obri- custo-benefício para o uso de faróis de LED, ao in-
gatórios ou padrão estão incluídos no preço de vés de faróis convencionais de circulação diurna, é,
fábrica básico do automóvel e podem ser difíceis portanto, de aproximadamente 10,5, assumindo-se
de distinguir. Isso se aplica a faróis halógenos e que os benefícios sejam os mesmos. O custo-bene-
pisca-alerta. Alguns outros tipos não estão dispo- fício do uso de faróis de LED no lugar de qualquer
níveis atualmente no mercado (faróis polarizados, outro farol diurno é igual a 16,7, assumindo-se que
faróis elipsoidais, retardador de ofuscamento de os benefícios sejam os mesmos que os dos faróis de
farol alto). halogêneo.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 525
Limpadores de farol: Por volta de 20% dos aciden- oportunidade para que as indústrias e organizações
tes com feridos registrados oficialmente acontecem automotivas as comentem.
em pista molhada. No inverno, isso equivale a cerca
de 600 acidentes por ano. Considerando-se que o
uso efetivo de limpadores de farol pode impedir 5% Responsabilidade pela execução da medida
desses acidentes, equivale a dizer que a medida evita
30 acidentes por ano. As economias em custos des- O proprietário do veículo é responsável por cum-
ses acidentes constituem cerca de NOK 60 milhões prir todas as determinações vigentes de equipamen-
ao ano. O custo anual dos limpadores pode ser esti- tos de iluminação e deve arcar com os custos de
mado em cerca de NOK 30 milhões (anuidade). O aquisição e utilização. A Agência Nacional de Ad-
custo total fica em cerca de NOK 60 milhões. Este ministração de Vias Públicas da Noruega e a polícia
cálculo sugere que o uso de limpadores de farol na são responsáveis pela fiscalização.
Noruega, pode ser uma medida economicamente
rentável (60/60 = 1,0).
4.8 Material refletivo e roupa para
A visão noturna: Uma análise de custo-benefício da pedestres, ciclistas e motociclistas
luz UV e sinalização horizontal com material fluo-
rescente foi realizada por Lestina et al. (2002). Os O capítulo foi revisado em 2013 por Alena Høye
resultados mostram que pode ser rentável equipar (TØI)
todos os veículos com luz UV se isso reduzir o núme-
ro de acidentes com pedestres e ciclistas no escuro Pedestres, ciclistas, condutores de ciclomotor ou
em 10% ou mais e se as luzes não custarem mais de motociclistas são, frequentemente, envolvidos em
NOK 100 por automóvel. Alternativamente, pode acidentes porque eles são ignorados pelos outros
ser rentável equipar todos os veículos com lâmpadas usuários da via. Roupas com cores fluorescentes ou
UV e todas as rodovias com material fluorescente se reflexivas provaram tornar pedestres, ciclistas, con-
todos os acidentes no escuro forem reduzidos em dutor de ciclomotor e motociclistas mais visíveis e
pelo menos 5,5% e se as luzes não custarem mais de reduzir os acidentes. Isso se aplica, particularmen-
NOK 100 por automóvel. Não foi especificado sob te, a roupas ou material refletivos que tornam o
quais suposições (por exemplo, custos de acidentes) padrão de movimento visível (biomotion). Cores
isso se aplica. brilhantes (não fluorescentes) e refletivas em capa-
cetes ou calças têm pouco ou nenhum efeito. Mo-
tociclistas podem, efetivamente, proteger-se contra
Responsabilidade e procedimentos formais parte das lesões com jaquetas e calças de proteção
com forro, luvas e botas pesadas, e um protetor de
Iniciativa para a medida coluna separado (encosto para a coluna). O efeito
sobre as lesões mais graves são limitados.
Os requisitos para equipamentos de iluminação dos
automóveis são fornecidos na Regulamentação de
Veículos. A iniciativa para mudanças pode ser toma- Problema e finalidades
da pela agência viária, indústria automotiva (ex. sob
a forma de pedidos de aprovação de novos tipos de Pedestres, ciclistas e condutores de ciclomotor ou
equipamentos), ou como resultado da participação motocicleta podem ser facilmente ignorados pelos
da Noruega na cooperação internacional em rela- condutores de automóveis, ônibus e caminhões,
ção à harmonização dos requisitos técnicos para os especialmente no escuro, quando estão muito mais
veículos. Os requisitos são baseados em diretivas da vulneráveis a acidentes seguidos de lesão que os
União Europeia. ocupantes de automóveis. Uma grande proporção
de acidentes envolvendo esta categoria mais frágil
acontece como resultado de os condutores não te-
Requisitos e procedimentos formais rem visto a pessoa (Statens vegvesen, 2009; Vlaho-
gianni et al., 2012). Ciclistas e motociclistas são
Os requisitos técnicos para os faróis e equipamentos particularmente fáceis de ignorar por terem uma
de iluminação são muito extensos e detalhados. É silhueta estreita e, na maioria dos casos, apenas um
o que mostra a Regulamentação de Veículos. Nas farol. Além disso, a velocidade deles acaba sendo
alterações das determinações, é normal que se dê a subestimada e em muitas situações os condutores
526 O Manual de Medidas de Segurança Viária
nos outros veículos não esperam se deparar com tor de veículo que tem a preferencial é maior quan-
pedestres, ciclistas ou motociclistas (Brenac et al., do a moto está a uma velocidade mais elevada do
2006; Clarke et al., 2007; Horswill et al., 2005; Pai, que a uma velocidade mais baixa (Clabeaux et al.,
2011). Os conflitos entre os ciclistas e os condutores 2012; Horswill et al., 2005). No entanto, de acordo
de veículos automotores muitas vezes são causados Clabeaux et al. (2012), isto se aplica apenas à área
porque a atenção dos condutores está voltada aos urbana. Em rodovias não foram encontradas rela-
outros usuários do tráfego e porque muitos condu- ções entre a velocidade das motos e o fato de serem
tores não gostam de ciclistas nas vias, não respeitam negligenciadas por condutores de outros veículos.
a obrigatoriedade de dar preferência ao ciclista ou
porque os ciclistas estão conduzindo a uma distân- O risco de ser ferido ou morto a cada milhão de pas-
cia insuficiente (insegura) dos veículos. Os conflitos sageiros/km é 2,4 vezes maior para um pedestre do
também podem surgir quando o comportamento que para um condutor de veículo de passeio com air-
do ciclista é imprevisível para os outros usuários bag; 5,4 vezes maior para um ciclista; 5,7 vezes maior
da via, o que é frequente quando as ciclovias são para uma pessoa em ciclomotor; 15,1 vezes maior
mal-adaptadas (Bjørnskau et al., 2012). Vários estu- para uma pessoa em motocicleta e 4,7 vezes maior
dos a respeito de acidentes de moto mostram que para uma pessoa em motocicleta pesada (Bjørnskau,
cerca de dois terços de todas as colisões entre uma 2011). Entre os pedestres, ciclistas e motociclistas
motocicleta e outro veículo são causados pelo outro que são feridos em um acidente, o porcentual de fe-
veículo (Clarke et al., 2004; Nordkvist & Gregersen, rimentos graves ou mortes é cerca de duas a quatro
2010; de Rome e Senserrick, 2011). vezes maior do que entre as pessoas em automóveis,
de acordo com as estatísticas de acidentes noruegue-
Uma análise dos acidentes fatais com motociclis- sas (Statistics Norway, 2006-2011).
tas na Noruega entre 2005 e 2009 (NPRA, 2011)
mostra que o comportamento do motociclista foi O risco de ser morto ou ferido é maior à noite do que
fator desencadeante para o acidente em 66% dos durante o dia. Vários estudos empíricos e estatísticas
acidentes fatais (não há distinção entre os aciden- norueguesas de acidentes mostram que pedestres,
tes com um único veículo e colisões com outros ciclistas e motociclistas têm pelo menos duas vezes
veículos). Em 43% dos acidentes, foram infrações maior risco de serem mortos ou gravemente feridos
e comportamentos de risco ou condução perigosa no escuro do que à luz do dia (Bíl et al., 2010; Bou-
da motocicleta (incluindo abuso de substâncias e fous et al., 2012; Jonah & Engel, 1983; Kim et al.,
comportamento agressivo) os fatores contribuintes 2008; Savolainen et al., 2011; Ward et al., 1994). Isso
para o acidente. Barreiras, postes e sinalizações con- se aplica a acidentes com um único veículo e a coli-
tribuíram nas lesões em 14% dos acidentes. Falhas sões com outros veículos e tanto em vias iluminadas
técnicas do motociclista foram fator contribuinte quanto sem iluminação. O aumento do risco é pro-
para o acidente em apenas 3% de todos os aciden- vavelmente maior para os ferimentos mais graves. O
tes (pneus usados, pressão do ar, defeitos, falha de maior risco é no escuro, em via sem nenhuma ilumi-
motor, moto reconstruída). nação; ciclomotores e motocicletas leves parecem ter
risco maior que outros grupos de usuários.
Exemplos de acidentes típicos entre um ciclista ou
motociclista e um automóvel em que a causa pro- As lesões que os pedestres, ciclistas e motociclistas
vável é o fato de o ciclista/motociclista não ter sido sofrem nos acidentes são proporcionalmente distri-
visto ou de sua presença ter sido subjugada são co- buídas em todas as partes do corpo. Os tipos de le-
lisões frontais com veículos fazendo curva à esquer- são mais comuns foram estudados em uma pesquisa
da, colisões com veículo na preferencial atravessan- alemã, com análise em profundidade de um grande
do cruzamento ou ciclofaixa e colisões traseiras de número de acidentes (Otte et al., 2012; figura 4.8.1).
veículo fazendo curva à direita (Bjørnskau, 2011; As lesões mais comuns são lesões nas pernas e pés,
Pai et al., 2009). Em colisões com motos, de acor- seguidas pelas lesões nos braços. Entre os motoci-
do com o Craen et al. (2011), somente no primei- clistas, as lesões nas pernas são as mais frequentes.
ro tipo de acidente (veículo vira para a esquerda e Provavelmente devido ao uso de capacete, as lesões
colide com moto que se aproxima) os condutores na cabeça são mais raras entre motociclistas e ciclis-
raramente respeitam a preferencial da motocicleta tas (não foi especificado quantos dos feridos usa-
que se aproxima, diferente do respeito à preferência vam essa proteção). Os resultados são muito simila-
para outros tipos de veículos automotores. O perigo res aos de outros estudos (Ankarath et al., 2002; de
de uma motocicleta não ser percebida pelo condu- Rome et al., 2011; Phan et al., 2008).
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 527
Cabeça
Perna/pés
Braços
Peito
Tórax
Pelvis
Pedestres
Ciclistas
Pescoço Motociclistas
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Figura 4.8.1: Porcentagem de todos pedestres, ciclistas e motociclistas feridos com lesões em
diferentes partes do corpo (Otte et al., 2012).
A finalidade do uso de cores visíveis e materiais re- produzidos com materiais retrorrefletores. Materiais
fletivos por pedestres, ciclistas e motociclista é torná retrorrefletores têm a propriedade de refletir a luz de
-los mais visíveis para que seja mais fácil detectá-los volta para a fonte de luz, enquanto roupas de mate-
e reconhecê-los, mesmo em situações em que não riais comuns transmitem apenas uma pequena fração
sejam esperados, e para que o cálculo equivocado de volta para a fonte de luz (Nordisk Trafikksikkerhe-
de velocidade seja reduzido. A finalidade do ves- tsråd, 1980).Roupas refletivas, fluorescentes ou de co-
tuário de proteção para os motociclistas é reduzir a res mais visíveis incluem coletes luminosos ou de ma-
extensão dos ferimentos em caso de acidente. terial fluorescente com um refletor fixo e outros tipos
de roupas com materiais refletivos, material fluores-
cente ou cores particularmente bem visíveis, incluin-
Descrição da medida do jaquetas neon amarelas para ciclistas, roupas de
motociclista e similares. Cores fluorescentes são cores
Material refletivo e roupas com material refletivo, que refletem uma maior proporção da luz do dia do
material fluorescente ou cores visíveis que outros tipos de cores. São, portanto, mais satura-
das e muito mais visíveis do que as cores usuais.
Material refletivo pode ser, por exemplo, itens refle-
tivos pendurados ou adesivos refletivos presos aos As medidas mais inovadoras são, por exemplo, co-
braços ou pernas. Os refletivos de pedestres seguem letes, jaquetas e capacetes com pisca e/ou brake li-
os conceitos de segurança viária descritos na CE EN ght e setas que sinalizam quando o ciclista for frear
13356. A estatística nacional da utilização de mate- ou virar e também airbag para ciclistas (Sorensen,
riais refletivos por pedestres adultos realizada pelo 2013). No entanto, as experiências com essas medi-
Tráfego Seguro em novembro de 2011 mostrou que das que poderiam indicar seus impactos nos aciden-
26% dos pedestres utilizam material refletivo nas tes não estão documentadas.
ruas do centro da cidade, enquanto 41% os usam nas
rodovias. A parcela de mulheres usando material re- Um estudo sueco sugere que apenas cerca de 10%
fletivo dentre os usuários é um pouco maior do que a de todos os motociclistas usam colete refletivo en-
de homens e há uma grande variação entre os municí- quanto conduzem a motocicleta e que um terço
pios (a taxa de quem usa reflexo é de 19% em Oslo, dos motociclistas utilizam o colete ocasionalmente
50% em Sogn e Fjordane e 28% em média para todo (Nordqvist & Gregersen, 2010). A utilização do
o país). Este é um aumento significativo em relação vestuário refletivo e de roupas visíveis entre os ci-
aos censos anteriores, que se mantiveram em torno clistas é relativamente pouco estudada e, para todos
de 16% em todo o país. Todos os tipos de material os grupos de usuários da via a que se aplica, as taxas
refletivo que se destinam à utilização no tráfego são de uso são muito diferentes nos diversos estudos.
528 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Roupa de proteção para motociclistas gerem que o uso de equipamentos de proteção é es-
tável ao longo do tempo e é pouco influenciado por
A roupa de proteção para motociclistas inclui casa- experiências. O estudo mostrou que a maioria dos
cos, jaquetas, calças, luvas, botas e coletes de segu- motociclistas que se envolveu em acidentes e que
rança/protetores de coluna e capacete (o capacete não estava usando capacete/vestuário de proteção
é descrito capítulo 4.11). Na Europa, padrões de antes do acidente continuou a não usá-los após o
vestuário de proteção foram desenvolvidos para acidente.
motociclistas com estes requisitos: (a) proteção
contra arranhões, cortes e ferimentos similares; (b) Outras medidas que incluem materiais ou roupas
absorção e distribuição de choque/impacto usando refletivas estão descritas em outros capítulos: o
estofamento para joelhos, cotovelos e costas, entre capacete, no capítulo 4.10; o capacete para condu-
outros (de Rome et al., 2012). Os protetores de co- tores de ciclomotores e motociclistas, no capítulo
luna geralmente são feitos de um amortecedor de 4.11; os materiais retrorrefletores em veículos pesa-
espuma por dentro e plástico duro do lado de fora. dos, no capítulo 4.23; as cores refletivas e visíveis
Alguns motociclistas usam a chamada jaqueta com para motocicletas, no capítulo 4.24, e os materiais
humps (lombadas) nas costas, que visa melhorar a retrorrefletores para bicicleta, no capítulo 4.25.
aerodinâmica (roupas originalmente desenvolvidas
para corridas, mas que também são usadas por al-
guns motociclistas em vias públicas). Impacto sobre os acidentes
Na Noruega todos os motociclistas usam roupas de Material refletivo e roupas com refletivo, material
proteção. A taxa dos que usam equipamentos de fluorescente ou cores visíveis
proteção é de 76% para calças de motociclista, 93%
para jaquetas e luvas, 81% para botas próprias de O impacto do material refletivo e de roupas com
motociclistas e 49% para a proteção de coluna. A material refletivo, material fluorescente e cores vi-
proteção de pescoço é usada, mas não pela maioria síveis no número de acidentes foi empiricamente
(93% nunca a utilizam). Os equipamentos que au- examinado por:
mentam a visibilidade são sempre usados por 25%,
apenas algumas vezes por 37%, e não são usados Elvik, 1996 (Noruega): Refletivos para pedestres;
nunca por 37%. Para os condutores de ciclomoto- Wells et al., 2004 (Austrália): Roupas e equipamen-
res não foram encontrados estudos que mostrassem tos para motociclistas com refletivos/luz/cores fluo-
a frequência de utilização de equipamentos de pro- rescentes; e
teção. Thornley et al., 2008 (Nova Zelândia): Roupas para
ciclistas em cores fluorescentes.
Estudos dos Estados Unidos, França e Austrália (de
Rome et al., 2002, 2011; Phan et al., 2008; Reeder Com relação ao uso de materiais refletivos para pe-
et al., 1996) demonstram que o uso de roupas de destres, foi encontrada uma diminuição significati-
proteção e material refletivo ou outras roupas par- va no número de acidentes com pedestres no escuro
ticularmente mais visíveis é mais comum entre os (tabela 4.8.1). O resultado é baseado numa compa-
motociclistas maiores de 25 anos, com carteira de ração de pedestres usando refletivos e não usando
habilitação, que conduzem com frequência, são refletivos que se envolveram em acidentes com ví-
membros de algum clube de motociclistas e que timas no escuro e em condições de tráfego normal.
acreditam que a proteção efetivamente protege O resultado deve ser considerado como altamente
contra lesões. O uso de equipamentos de proteção incerto e provavelmente superestimado. Em primei-
é mais comum entre os condutores do que entre os ro lugar, o número de pedestres mortos e feridos no
passageiros da moto, e mais comum entre os moto- escuro em que o uso de refletivo está documentado
ciclistas do que entre os condutores de ciclomoto- não é grande. Em segundo lugar, não há consistência
res. Os equipamentos de proteção mais utilizados entre definição de áreas urbanas e rurais nos dados
foram jaquetas e luvas (usados quase tanto quanto da SSB relativos aos acidentes nem da divisão nas
o capacete nos EUA, na Austrália e na maior parte contagens da Segurança Viária (Trygg Traffiks) en-
da França), enquanto a calça de proteção é o equi- tre ruas centrais e rodovias do interior. Em terceiro
pamento menos usado em todos os três países (8% lugar, não há controle de outras diferenças entre pe-
nos EUA, 38% na França e 45% na Austrália). Os destres com e sem refletivos e pode-se pensar que os
resultados de outro estudo (Mangus et al., 2004) su- que usavam refletivos, por exemplo, são geralmen-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 529
Tabela 4.8.1: Impacto de refletivos e roupas com refletivos, material fluorescente ou cores visíveis no número de acidentes
envolvendo pedestres, ciclistas ou motociclistas.
te mais cautelosos e menos influenciados pelo uso ção, reconhecimento e tempo de reação. Em uma
de substâncias entorpecentes que aqueles que não revisão da literatura, Kwan & Mapstone (2004)
os utilizam. Esta falta de controle é provavelmente encontraram 37 estudos desse tipo. Eles mostram
a maior deficiência, porque leva a uma estimativa que as cores fluorescentes em roupas para pedes-
sistemática do impacto dos refletivos. Além disso, é tres e ciclistas melhoram a distância de detecção, o
provável que nem todos os tipos de refletivos para reconhecimento e o tempo de reação à luz do dia.
pedestres sejam igualmente eficazes (as bandanas Para distância de detecção, foi encontrado em mé-
refletivas em volta dos tornozelos e/ou pulsos, por dia um aumento de 10%. No escuro, foi constatada
exemplo, provavelmente são mais eficazes que um uma melhoria na distância de detecção, no reco-
simples pedaço de material refletivo dependurado; nhecimento e no tempo de reação para materiais
veja biomotion abaixo). retrorrefletores amarelos e vermelhos. A distância
de detecção é em média duas vezes maior (média
Para roupas de ciclismo em cores fluorescentes, ve- não ponderada dos resultados resumidos em Kwan
rificou-se uma grande e significativa redução no nú- & Mapstone, 2004). Apenas um estudo (Balk et al.,
mero de acidentes com vítimas em bicicleta. Isso se 2008) não encontrou nenhum impacto sobre a dis-
aplica a todos os acidentes, tanto à luz do dia quanto tância de detecção do uso de colete refletivo. Quan-
no escuro (tabela 4.8.1). O resultado é baseado no do o veículo usa farol alto, a distância de detecção
uso autorrelatado de roupas refletivas e fluorescen- aumenta para além de 400 metros (Nordisk Trafikk-
tes e lesões significativas também autorrelatadas que sikkerhetsråd, 1975; Blomberg, Hale e Preusser,
levaram ao afastamento do trabalho por pelo me- 1984). Hagel et al., (2007) mostraram, em pesquisas
nos um dia (Thornley et al., 2008). Há um controle de campo, que o amarelo, o laranja e o vermelho
de um grande número de outros fatores (incluindo têm um impacto maior sobre a visibilidade de ci-
idade, sexo, experiência com bicicleta e velocidade clistas do que o branco e que a cor sobre o tronco
média dos ciclistas) e, portanto, não se pode expli- tem um impacto maior do que a cor na calça ou no
car os resultados somente pelas diferenças do uso capacete.
ou não-uso de roupas mais visíveis entre os ciclistas.
Watts (1984) demonstrou que a distância entre o
Foram realizados muitos estudos que examinam veículo e a bicicleta aumenta quando os veículos
o impacto das cores refletivas e fluorescentes para passam perto de ciclistas que usam coletes refleti-
pedestres e ciclistas em relação à distância de detec- vos. Estudos noruegueses antigos mostraram que a
530 O Manual de Medidas de Segurança Viária
distância de detecção de pedestres em vias sem ilu- locidade da motocicleta ser subestimada pelos ou-
minação aumenta de 25-40 metros (sem refletivos) tros usuários (Olson et al., 1981; Huang & Preston,
para 130-140 metros (com refletivos). Com base nos 2004). Os resultados da pesquisa de Brenac et al.
resultados a respeito das roupas de motociclistas (2006) sugerem que o aumento da visibilidade tem
com cores refletivas ou fluorescentes (ver abaixo), o maior efeito sobre o número de acidentes em alta
pode-se imaginar que elas tornam mais fácil para velocidade, o que pode ser explicado pelo fato de as
os condutores calcular a velocidade dos ciclistas, o cores visíveis facilitarem a avaliação do movimen-
que reduz o risco de os condutores não obedece- to e que é especialmente difícil para os condutores
rem à prioridade dos ciclistas nas situações em que calcularem a velocidade de veículos com contrastes
o ciclista estiver mais rápido que o condutor (p. ex., fracos (Horswill & Plooy, 2008). Elliott et al. (2003)
quando o veículo vai virar à esquerda, enquanto um mostraram, em ambos experimentos de laboratório
ciclista no sentido oposto se aproxima rapidamente e pesquisas de campo, que jaquetas ou coletes em
em declive). cores fluorescentes tornam mais fácil detectar os
motociclistas, enquanto que as cores fluorescentes
Uma série de estudos mostrou que as medidas para em um capacete ou nas calças não têm nenhum efei-
aumentar a visibilidade são mais eficazes para pe- to significativo, o que confirma os resultados de es-
destres e ciclistas quando o padrão de movimento tudos de acidentes (tabela 4.8.1).
torna-se visível (biomotion), quando, por exemplo,
eles utilizam fita refletiva em volta dos tornozelos, No entanto, há alguma discordância sobre se as co-
pulsos, braços e pernas (Wood et al., 2012). Para res visíveis e refletivas de fato aumentam a probabi-
ambos pedestres e ciclistas existe uma série de es- lidade de os condutores verem os motociclistas no
tudos que mostram que a detecção e a percepção trânsito real (ref. Elliott et al., 2003; Nordkvist &
da distância com o uso do colete refletivo é de duas Gregersen, 2010), pois alguns estudos mostraram
a cinco vezes maior do que com roupas pretas, en- que pode haver teoricamente certas situações em
quanto que com refletivos com biomotion (além do que os motociclistas vestidos de preto sejam mais
colete) a detecção e a percepção da distância é de visíveis (Gershon et al., 2012; Hole et al., 1996).
6 a 9 vezes maior (Balk et al., 2008; Luoma et al., No entanto, apenas em situações específicas a rou-
1998; Tyrrell et al., 2009; Wood et al., 2005, 2012). pa preta pode ser mais visível que as roupas com
Os Nestes estudos os refletivos com biomotion pro- cores fluorescentes ou luminosas, como, por exem-
porcionaram de duas a três vezes maior detecção/ plo, quando se vê a silhueta do motociclista contra
percepção da distância do que os coletes refletivos. um céu brilhante. Em ambientes mais complexos,
Os refletivos com biomotion são igualmente eficazes como, por exemplo, nas cidades, todos os estudos
tanto em um ambiente com muita distração visual mostraram melhor visibilidade com roupas em co-
quanto em áreas mais calmas, conforme mostra- res fluorescentes ou luminosas.
do na pesquisa de campo de Tyrrell et al. (2009).
Apenas em um estudo (Moberly et al., 2002) não Gershon & Sinar (2013) mostraram em um expe-
foi encontrada nenhuma diferença significativa na rimento que um pisca-pisca no capacete da moto-
distância de detecção entre o uso de colete refletivo cicleta pode tornar mais fácil para os condutores
e o do refletivo com biomotion. detectarem uma motocicleta no cruzamento. En-
tretanto, os pisca-piscas que foram testados não são
As roupas de motociclista com cores refletivas/ adequados para o uso diário.
fluorescentes reduzem o número de acidentes de
motocicleta principalmente no escuro, mas também
durante o dia. Para roupa ou capacete em cores lu- Roupa de proteção para motociclistas
minosas, no entanto, não foi encontrado nenhum
impacto significativo no número de acidentes (ta- Foram encontradas as seguintes pesquisas que
bela 4.8.1). Os estudos do efeito sobre o tempo de quantificam o impacto de roupas de proteção em
reação e distância de detecção mostraram que a diferentes tipos de lesão em acidentes de motoci-
roupa do motociclista com materiais e cores retror- cleta:
refletoras ou fluorescentes aumenta a visibilidade e
a distância de detecção, que o efeito neste caso é Aldman, Cacciola, Gustafsson, Nygren e Wersäll,
maior que o efeito das mesmas cores/materiais da 1981 (Suécia);
motocicleta e que essas cores e materiais nas rou- Hurt, Ouellet e Thom, 1981 (EUA);
pas e capacetes também reduzem o risco de a ve-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 531
Danner, Langwieder, Polauke e Sporner, 1984 et al., 2008). Em mais da metade de todos os aciden-
(Alemanha); tes com vítimas envolvendo motocicleta, o motoci-
Aldman, Kajzer, Gustafsson, Nygren e Tingvall, clista desliza sobre uma longa superfície da pista ao
1985 (Suécia); ser arremessado (Baldock et al., 2011) e, portanto,
Otte et al., 2002 (Alemanha); em muitos acidentes a proteção contra arranhões e
König & Berg, 2006 (Alemanha); queimaduras pode reduzir as lesões. Também tem
Phan et al., 2008 (França); sido afirmado que o vestuário de proteção reduz a
de Rome, Ivers, Fitzharris, Du, Haworth, Heritier exposição à sujeira, o risco de infecção e o risco de
& Richardson, 2011 (Austrália) e fraturas graves e expostas (Aldman et al., 1981; de
McIntyre et al., 2011 (Austrália). Roma et al., 2011; Otte et al., 2002). No estudo de
Otte et al. (2002), encontrou-se um importante por-
O resumo dos resultados está na tabela 4.8.2. centual de redução de fraturas graves. Quando se
analisa o impacto em diferentes tipos de acidentes,
Os resultados da tabela 4.8.2 indicam que a maioria parece que ele é maior (-72%) em colisões a uma ve-
dos tipos de roupa reduz o risco de lesão nas partes locidade relativa abaixo de 30 km/h, enquanto que
do corpo em que se aplica a proteção. Possivelmen- o impacto é menor (-18%) e estatisticamente não
te devido ao pequeno número de acidentes, muitos significativo em acidentes a uma velocidade relativa
dos resultados não são estatisticamente confiáveis. superior a 30 km/h (não mostrado na tabela 4.8.2).
Jaquetas e calças de proteção protegem contra le-
sões nos membros (braços e pernas), mas em menor O impacto contra lesões mais graves provavelmente
escala contra as lesões nas partes superior e inferior é limitado. No entanto, também foram encontrados
do corpo. De maneira geral, protegem os motoci- porcentuais de redução de ferimentos graves (ao
clistas contra a maioria dos ferimentos leves, tais invés de somente ferimentos leves) com o uso de ja-
como arranhões, cortes, queimaduras e feridas ex- quetas e calças de proteção, de redução de lesões in-
postas e em menor grau contra fraturas (Hurt et al., ternas com o uso de jaqueta protetora e de redução
1981; de Rome et al., 2011; Elliott et al., 2003; Phan de fraturas ósseas mais complicadas com o uso de
Tabela 4.8.2: Impactos do uso de roupas de proteção para motociclistas quanto às lesões em acidentes
de motocicleta:
calças de proteção. Aqui não há diferenciação entre Uma medida que não foi empiricamente pesquisa-
os tipos de roupa, como, por exemplo, distinção en- da é a lombada de redução de velocidade. Não há
tre acolchoado integrado à roupa ou não. pesquisa que mostre como as lombadas atuam sobre
as lesões em acidentes. Experiências com motoci-
Conforme mostraram de Rome et al. (2012), a taxa clistas feridos mostraram que as lombadas podem
de motociclistas que se recuperaram inteiramen- tornar mais difícil para que os paramédicos realizem
te depois de seis meses do acidente foi 6,22 vezes os primeiros socorros básicos e as lesões nas costas
maior entre aqueles que usavam capacetes, jaquetas podem eventualmente piorar (Hinds et al, 2007).
e calças de proteção do que entre aqueles que não
usavam jaqueta de proteção (e nenhuma outra peça As medidas que até o momento só foram testadas em
do vestuário, exceto capacete) e 4,68 vezes maior testes de colisão e que não são de uso comum dos
entre aqueles que usavam capacetes e jaquetas acol- motociclistas em vias públicas são o protetor de pes-
choadas do que entre aqueles que não os utilizavam. coço e as roupas de proteção com airbags. Os prote-
A diferença entre aqueles que usam calças de pro- tores de pescoço visam evitar lesões no pescoço, que
teção e os que não usam (incluindo os que usam são raras, mas podem ser muito graves e muitas ve-
capacete e jaqueta de proteção) pode ser explicada zes difíceis ou impossíveis de tratar (Nawrocki et al.,
pelo fato de que aqueles que usam o conjunto de 2004). Os protetores de pescoço estão disponíveis
jaqueta e calças de proteção normalmente também no mercado, mas apenas em lojas especializadas para
usam botas, luvas e roupas de proteção com estofa- automobilismo. Entretanto, não foram encontrados
mento, ao contrário daqueles que não usam calças testes que mostrassem se este equipamento realmen-
de proteção. te protege contra lesões no pescoço. As proteções
para o pescoço foram desenvolvidas e testadas em
Os resultados da tabela 4.8.2 mostram que o impac- experimentos de colisão da BMW e KTM. O vestuá-
to do uso de jaquetas e calças é maior quando estas rio de proteção com airbags até agora só foi testado
são acolchoadas. Para botas e luvas foram encon- em testes de colisão e ainda não está no mercado. Os
tradas grandes diferenças entre acolchoadas ou não. resultados indicam que estes equipamentos podem
As botas podem proteger especialmente contra le- reduzir as lesões especialmente na medula e no tron-
sões no calcanhar quando o pé fica preso nas rodas. co (Di Tanna & Pieve, 2007).
Estas lesões podem requerer hospitalização e pro-
longado período de recuperação (Suri et al., 2007).
Impacto na mobilidade
Para protetor de coluna independente foi encontra-
da uma redução de 23% no número de lesões nas Não foi documentado nenhum impacto das medi-
costas. Os protetores de coluna integrados à jaque- das tratadas neste capítulo em relação à mobilida-
ta, no entanto, parecem aumentar o número de le- de. Se a visibilidade da roupa significa que outros
sões nas costas. É incerto se o resultado se deve a usuários respeitarão a preferencial em maior grau,
coincidências nos dados (ambos os resultados não conclui-se que esta medida levará a uma melhoria
são estatisticamente confiáveis) ou se o protetor de na mobilidade.
coluna integrado pode realmente ter um efeito ne-
gativo. Diferentemente do protetor de coluna inde-
pendente, que é fixado diretamente sobre o corpo, Impacto no meio ambiente
o protetor integrado pode deslizar para o lado junto
à jaqueta e, assim, perder o efeito esperado de redu- Tem-se discutido se os materiais retrorrefletores podem
ção de lesões. ter impacto ofuscante. Os refletivos convencionais para
pedestres e os refletivos na bicicleta não parecem cau-
Os estudos de Hurt & Wagar (1981) e McCartt et al. sar ofuscamento. Não foi comprovado nenhum outro
(2011) sugerem que os motociclistas que usam equi- impacto das medidas no meio ambiente.
pamentos de proteção estão menos envolvidos em
acidentes do que os que não os utilizam. Os resul-
tados da tabela 4.8.2 são baseados em estudos que Custos
comparam diferentes tipos de lesão sofridos por
motociclistas em acidentes. Portanto, os resultados Os custos de diferentes materiais refletivos e das
provavelmente não são influenciados pelas diferen- roupas de proteção variam. As peças retrorrefleto-
ças no risco de acidentes. ras são frequentemente distribuídas de forma gra-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 533
tuita. As bandanas para pedestres e os adesivos re- te baixa. Por exemplo, o benefício de uma jaqueta
fletivos podem custar até várias centenas de coroas. de ciclista que custa NOK 1.000 é 1,795 vez maior
As calças e jaquetas de proteção para motociclistas que o custo quando se pedalam 2.000 km por ano
podem ser encontradas em diferentes faixas de pre- e 4,489 maior caso se pedalem 5.000 km por ano.
ço e podem custar NOK 10.000 ou mais. A rentabilidade será ainda maior se for levado em
consideração que se deve ter uma jaqueta. Caso so-
mente se use um colete simples, que custa cerca de
Avaliações de custo-benefício NOK 100, a rentabilidade será 10 vezes maior.
Não há nenhuma análise norueguesa de custo-be- As roupas de motociclista com cores refletivas ou
nefício das medidas discutidas neste capítulo. Para fluorescentes podem custar acima de NOK 4.000
fazer uma avaliação simplificada para verificar se para uma quilometragem anual de 2.000 km (e con-
pode ser socioeconomicamente rentável usar roupas sideravelmente mais que isso em quilometragens
refletivas ou fluorescentes, calcula-se um teto de o anuais maiores), dos quais a rentabilidade reside
quanto estes equipamentos podem custar sem que somente na possível economia dos gastos relativos
sejam economicamente desvantajosos. Isso é feito de às lesões evitadas.
acordo com as seguintes premissas: o número médio
de mortos ou feridos por milhão de passageiros/km Para equipamentos de proteção de motocicleta,
é de 0,62 e 0,54 para os ciclistas e para os motoci- existem inúmeras e diferentes estimativas do im-
clistas (Bjørnskau, 2011). As informações sobre res- pacto em relação às lesões. Na tabela 4.8.3, toma-se
pectivamente mortos, ferimentos gravíssimos, graves como base um valor médio aproximado (-30%) e
ou leves foram retiradas dos bancos de dados do Es- também calcula-se a expectativa do custo das lesões
critório Central de Estatística da Noruega (Statistisk dos acidentes evitados, supondo-se que apenas os
Sentralbyrå, 2006-2011). Os custos socioeconômicos ferimentos leves tenham sido afetados. Estes resul-
de lesões pessoais com diferentes graus de lesões fo- tados mostram que o uso pode ser rentável, mesmo
ram retirados de Veisten et al. (2010). A durabilidade com uma quilometragem anual de 2.000 km (depen-
do equipamento é estimada em três anos (na prática, dendo da faixa de preço e do tipo de roupa que se
os equipamentos podem durar muito mais do que usa). Quando se assume que a roupa só evita lesões
isso). A taxa de juros calculada é de 4,5%. Com base leves, a utilização será provavelmente pouco rentá-
nestes pressupostos, os custos das lesões esperados vel. A maioria dos estudos mostra que até mesmo
que uma pessoa pode evitar com o uso de diferentes as lesões graves podem ser evitados até certo ponto.
tipos de roupas/equipamentos de proteção em um
período de três anos é estimado como mostra a ta-
bela 4.8.3. Os impactos no número de feridos são Responsabilidade e procedimentos formais
tomados a partir das tabelas 4.8.1 e 4.8.2.
Iniciativa das medidas
A tabela 4.8.3 mostra que a roupa de ciclista em co-
res fluorescentes é provavelmente a mais rentável, As autoridades viárias decidem os requisitos relati-
mesmo com uma quilometragem anual relativamen- vos ao uso das roupas de proteção com materiais
Tabela 4.8.3: Custos esperados de lesões (NOK) que uma pessoa pode evitar com o uso de diferentes
tipos de roupas/equipamentos de proteção em um período de três anos.
refletivos. Novas exigências técnicas podem ser in- sum e Sorensen, 2010). Nos Estados Unidos, em
troduzidas, tais como novos regulamentos do Códi- 2000, a taxa de capotamentos entre todos os aciden-
go de Trânsito Viário ou por modificações na Regu- tes envolvendo veículos de passeio foi de 2,6%, en-
lamentação de Veículos. quanto para os acidentes fatais envolvendo veículos
de passeio 20% foram capotamentos (Deutermann,
2002). Na Austrália, de 1999 a 2003, a taxa de capo-
Requisitos e procedimentos formais tamentos entre todos os acidentes registrados foi de
2,4%, mas entre todos os acidentes fatais e graves
Hoje são obrigatórios os refletivos de pedal e refle- foi de 11% (Keall et al., 2006). Para os veículos pe-
tor traseiro para bicicletas, a sinalização retrorre- sados e SUVs (Sport Utility Vehicle), a taxa de aci-
fletora nos veículos e os refletivos na parte traseira dentes fatais com capotamento é ainda maior que
nos veículos. Para os trabalhadores em rodovias, os para veículos de passeio convencionais. Nos EUA,
requisitos estipulados são vestuário de trabalho e em 1999 a taxa de capotamentos foi de 53% entre
colete de proteção (Statens vegvesen, 1979). O Pa- todos os acidentes fatais envolvendo veículos pesa-
drão Norueguês 9370 estabelece os requisitos para dos. Entre os veículos de passeio, a taxa foi de 29%
os diferentes tipos de refletivos pessoais (Norges de todos os acidentes fatais (Stevens et al., 2001).
standardiseringsforbund, 1994).Para os motoci- Estes resultados mostram que o capotamento tam-
clistas, o uso do capacete é obrigatório. Os demais bém contribui para aumentar a gravidade de um
equipamentos de proteção pessoal não são obriga- acidente. Também aumenta a probabilidade de a
tórios, mas no capítulo 46 sobre regulamentação de pessoa ser atirada para fora do veículo e ferida con-
veículos são descritos os requisitos para a roupa de tra o próprio interior, por exemplo, quando o teto é
proteção e as roupas aprovadas. Para maiores infor- pressionado. As lesões mais graves nesses acidentes
mações sobre capacete de ciclomotoristas e motoci- ocorrem quando o veículo capota várias vezes (Ei-
clistas, veja o capítulo 4.11. gen, 2005).
com o peso e a posição da carga. O condutor tem se bloquearão acima de 40 km/h. Se o bloqueio não
pouca oportunidade de controlar o movimento do funcionar, poderá haver uma redução da estabilida-
reboque carregado e assim saber quais manobras de (Assum e Sorensen, 2010). Um eixo traseiro dire-
seriam arriscadas. Quando surge perigo de capota- cional ativo pode, além disso, proporcionar melhor
mento, normalmente não há tempo hábil para que estabilidade a altas velocidades e quando a situação
o condutor o perceba antes que seja tarde demais do trânsito exigir mudanças de sentido repentinas
(Winkler e Ervin, 1999). Em aproximadamente (Gies, 1991; Kharrazi, Lidberg, Lingman, Svensson
20% de todos os acidentes com capotamento envol- e Dela, 2008).
vendo veículos leves nos EUA, outros veículos tam-
bém estavam envolvidos. Estes acidentes geralmen- Suspensão e amortecimento incluem, essencialmen-
te são mais graves que os individuais (Eigen, 2005). te, diversos mecanismos localizados entre a roda e o
chassi que absorvem a energia do movimento ver-
Direção, suspensão e amortecimento devem coope- tical (devido a buracos ou solavancos na via ou nas
rar para aumentar a estabilidade do veículo e tornar curvas, por exemplo). As molas da suspensão absor-
possível fazer todas as manobras usuais (e todas as vem e depois expandem, ou seja, a energia origina-
manobras de emergência previsíveis) sem que se da pelo impacto é armazenada na mola antes de ser
perca o controle do veículo. convertida em energia cinética na direção oposta.
Um automóvel com apenas a suspensão (sem amor-
tecimento) saltaria muito para cima e para baixo.
Descrição da medida A tarefa do amortecimento é conter esse salto, pri-
meiro absorvendo com a mola a energia cinética do
A direção é necessária para que o condutor possa impacto e depois liberando energia quando a mola
mudar o sentido do veículo. Os movimentos de dire- se expande. A maior parte da energia cinética é con-
ção são transmitidos às rodas normalmente por meio vertida em calor.
de uma série de instalações mecânicas e hidráulicas.
Alguns sistemas de direção também podem utilizar Há muitos tipos diferentes de suspensão (incluindo
sistemas eletrônicos. As rodas podem, por exemplo, a mola helicoidal e a mola de lâmina) e amortecedo-
girar menos ao mesmo movimento do volante a uma res (hidráulicos e pneumáticos) com características
velocidade elevada do que a uma velocidade baixa. diferentes. Alguns veículos têm amortecedores ati-
Os sistemas exclusivamente eletrônicos (steer-by-wi- vos que são controlados eletronicamente, que tra-
re) não estão atualmente no mercado, mas foram balham conforme a situação de condução. Esses sis-
demonstrados por vários protótipos. temas não são difundidos e estão disponíveis apenas
entre os automóveis de maior preço. Este capítulo
Eixo traseiro direcionável: Na maioria dos veículos, trata apenas das relações gerais entre as característi-
controla-se apenas as rodas dianteiras. Alguns veí- cas dos amortecedores e a segurança.
culos têm direção nas quatro rodas, de modo que as
rodas do eixo traseiro também são controladas. A fi- A finalidade da suspensão e do amortecedor é me-
nalidade do eixo traseiro direcionável é aumentar a lhorar a dirigibilidade e o conforto para o condu-
capacidade de manobra em baixa velocidade e redu- tor e os passageiros. A suspensão e o amortecedor
zir os requisitos de espaço quando da condução em atuam sobre o atrito em diferentes situações de con-
curvas ou para aumentar a estabilidade à velocidade dução, como, por exemplo, em curvas, em superfí-
elevada. À baixa velocidade, as rodas traseiras são cies irregulares ou ao frear e, portanto, em relação
controladas na direção oposta a das rodas da frente, às características de direção e frenagem do veículo.
enquanto a velocidades mais elevadas (geralmente Os amortecedores do veículo também contribuem
de 30 a 60 km/h), as rodas traseiras são controladas para a sustentação da carga e interferem no seu des-
em paralelo com as rodas dianteiras. O eixo traseiro locamento em maior ou menor grau.
direcionável é particularmente relevante para os veí-
culos longos e caminhões articulados. Existem eixos A estabilidade descreve todas as características de
traseiros direcionáveis passivos e ativos. As rodas de um veículo que afetam sua controlabilidade ou ca-
um eixo direcionável passivo (traseiras autônomas) pacidade de manobra. Quanto melhor a estabilida-
podem ser giradas em curvas fechadas à baixa ve- de, menor a probabilidade de o condutor perder o
locidade principalmente, para reduzir o desgaste controle do veículo. Se o condutor perder o con-
dos pneus (Taramoeroa e de Pont, 2009). Os eixos trole, o veículo irá desordenadamente para outras
direcionáveis em caminhões-reboque normalmente direções que não a desejada por ele e poderá girar
536 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ou capotar. A estabilidade é influenciada por muitas normal. Uma folga muito grande no volante pode
características diferentes do veículo, incluindo di- ser configurada como perigosa.
reção, suspensão e absorção de choque, como des-
crito neste capítulo. Os fatores que, entre outros, Eixo traseiro direcionável: Kharrazi et al. (2008)
afetam a estabilidade são: dimensões e geometria do demonstraram por meio de testes de pista que veí-
veículo e distribuição de peso, aerodinâmica, pneus culos pesados com eixo traseiro direcionável exe-
e sistemas eletrônicos (como freios ABS, controle cutam inversões e mudanças de pista com maior
eletrônico de estabilidade ou controle de capota- estabilidade e requerem menos movimentos de vo-
gem). Não existem estatísticas que quantifiquem e lante que os que não dispõem desse eixo. Durante
caracterizem a direção, a suspensão, a absorção de a frenagem, numa superfície com diferentes forças
choque e a estabilidade dos veículos noruegueses. de atrito para o lado direito e para o lado esquerdo
(split-mu braking), quando o veículo freia na super-
Os impactos dos sistemas eletrônicos que aumen- fície da via com um coeficiente de atrito assimétri-
tam a estabilidade do veículo (sistemas antiderra- co para a esquerda e para a direita, os veículos com
pagem e controle de capotamento) são descritos no eixo traseiro direcionável tiveram uma distância de
capítulo 4.29, Sistemas ativos de manobra. frenagem cerca de 10% menor que aqueles sem este
eixo. Estudos noruegueses mais detalhados, com 15
acidentes individuais de caminhões articulados e 18
Impacto sobre os acidentes de colisões em que os caminhões articulados foram
responsáveis, indicaram que problemas com o eixo
Há muito poucos estudos a respeito de como a dire- de direção (eixo não bloqueado) em um semirrebo-
ção, a suspensão e a absorção de choque afetam os que provavelmente foram fatores contribuintes em
acidentes. Há apenas resultados de testes de pista dois dos acidentes envolvendo um único veículo e
ou de estudos de simulação que mostram como as em uma das colisões (Assum e Sorensen, 2010). Não
propriedades desses sistemas podem afetar a dirigi- foram encontrados estudos de como o eixo traseiro
bilidade do veículo. Contudo, o envolvimento em direcionável afeta os acidentes.
acidentes de diferentes tipos de veículos e a relação
entre o centro de gravidade do veículo e o risco de Frouxidão no sistema de suspensão: Experimentos
acidente foi investigado em vários estudos. com sistema de suspensão de veículos com frouxi-
dão mostraram que isso não reduz o desempenho
Direção: Falhas e deficiências no mecanismo de do condutor (Arnberg e Odsell, 1978). Na pesquisa,
direção: Foram realizadas pesquisas sobre as con- no entanto, não foi incluída uma frouxidão maior
dições técnicas de caminhões articulados em que se que a esperada devido ao desgaste de utilização nor-
estimou o efeito da incidência de falhas, inclusive mal.
no dispositivo de direção, no risco relativo de ser
envolvido em acidentes. Nos Estados Unidos, Jo- Amortecedores defeituosos: Amortecedores de-
nes e Stein (1989) apontaram que houve erros no feituosos afetam o comportamento da condução e
dispositivo de direção em 21% dos caminhões ar- podem afetar a segurança. A existência de amorte-
ticulados envolvidos em acidentes. O risco de ser cedores defeituosos não é registrada nos boletins de
envolvido em acidentes foi duas vezes maior para os ocorrência de acidentes. Na Alemanha, pelo menos
caminhões articulados que tinham estas falhas (in- um entre quatro automóveis apresentam defeito nos
tervalo de confiança de 95% [1,2; 3,4]). amortecedores (Tromp, 1989).
Experimentos de pista demonstraram que não há Centro de gravidade e estabilidade contra capota-
maior risco de perder o controle sobre veículos mento: Um centro de gravidade alto aumenta o ris-
de passeio quando há deficiências como folga do co de tombamento e capotamento. Há uma estreita
volante e suspensão frouxa. A capacidade de evi- relação entre o risco de capotamento e o chamado
tar obstáculos inesperados na rodovia foi quase a “fator de estabilidade estática” (Static Stability Fac-
mesma de quando não há folga nem frouxidão. Os tor, SSF, a relação entre a metade do comprimento
condutores de automóveis com folga no volante longitudinal do veículo e altura do centro de gravi-
pareceram ter que compensar mais essa deficiência dade em relação à superfície do pavimento). Uma
(Arnberg e Odsell, 1978). Deve ser enfatizado que razão próxima a 1 oferece o maior porcentual de
a folga investigada não foi maior do que a normal- acidentes; para que o porcentual de acidentes se
mente esperada como resultado do desgaste do uso aproxime de zero, a razão fica em torno de 1,5 a
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 537
1,6 (Allen, Szostak, DH, Rosenthal e Owens, 1992). nhões o limite é muitas vezes inferior a 0,5 g. Com
Outro indicador do risco de capotamento é o cha- a carga completa, o limite pode ser inferior a 0,2 g.
mado “índice de inclinação ortostática” (Tilt Table Os caminhões-tanque normalmente têm limites em
Ratio, TTR). Quando um veículo está sobre uma torno de 0,35 g. Nos EUA, as curvas são construí-
superfície que se inclina em um dos lados em um das de forma que a aceleração lateral seja de 0,17 g.
ângulo tal que as rodas de um lado do veículo co- Na prática, porém, ela fica acima de 2 g. Dados de
meçam a perder contato com o solo é o índice de acidentes entre 1987 e 1991 mostram que há uma
inclinação ortostática (Farmer e Lund, 2002). A me- estreita correlação entre a aceleração máxima lateral
dida mais direta da estabilidade é o limite estático e o porcentual de capotamentos dentre todos os aci-
de capotamento (SRT), que é expresso como g ou dentes com veículos individuais (Winkler e Ervin,
força centrífuga necessária para tombar o veículo. 1999). Um aumento do valor-limite da aceleração
Quanto mais baixo o g, mais fácil é o capotamento lateral máxima para 0,1 g implica uma redução do
do veículo. Um veículo com SRT de 0,3 ou menos risco de capotamento de 50%. Isso se aplica aos va-
sofre quatro vezes mais acidentes com capotamen- lores entre 0,4 e 0,7 g (Sampson e Cebon, 2001).
to ou perda de controle por parte do condutor que
veículos com um SRT igual ou maior que 0,5 (Tara- Estabilidade de capotamento de veículos de pas-
moeroa e de Pont, 2009). seio versus SUVs/picapes/vans: SUVs e picapes
têm o centro de gravidade mais alto que os veículos
Automóveis largos e baixos têm baixo risco de ca- de passeio em relação à superfície da pista (Whit-
potamento; automóveis estreitos e altos têm alto field e Jones, 1995). Vários estudos mostraram que
risco capotamento/instabilidade (Harwin e Brewer, estes veículos capotam com maior frequência que os
1990; Robertson, 1989; Robertson e Kelley, 1989; automóveis de passeio. Em um estudo de 1989 (Ro-
Whitfield e Jones, 1995). A forma exata desta re- bertson, 1989), alguns modelos como o Ford Bron-
lação é influenciada por vários fatores, entre eles co (1974-1987), o Jeep das categorias CJ-5 (1963-
o sistema de suspensão, a distância entre os eixos 1987) e o CJ-7 (1976-1986) apresentaram um risco
(comprimento do veículo) e a massa do veículo de 6 a 20 vezes maior de capotamento.
(peso). Kallan e Jermakian (2008) mostraram que
SUVs com um SSF maior que 1,2 têm 69% menos Os modelos mais recentes têm menor risco de ca-
risco de capotamento do que SUVs com baixo SSF potamento que os modelos mais antigos. Com o
(intervalo de confiança de 95% [-80; -52]). Outros aumento da idade dos veículos, Strashny (2007)
fatores que afetam o risco de capotamento e que fo- mostrou que o risco de capotamento aumenta 1,7%.
ram pesquisados são: dimensões do automóvel, con- Kindelberger e Eigen (2003) mostraram que o risco
trole eletrônico de estabilidade, idade do condutor aumenta 3% e Keall et al. (2006), que aumenta 2%.
e embriaguez. Allen et al. (1992) mostraram que a Todos os três estudos controlaram também diversos
relação entre o SSF e a proporção de acidentes in- outros fatores, incluindo a idade dos condutores.
dividuais com capotamento apresenta um r = 0,769. No entanto, estudos mais recentes também mostra-
Os resultados de testes padronizados de condução ram que as SUVs têm maior risco de capotamento
em pista são mais esclarecedores sobre o risco de ca- que os veículos de passeio. A tabela 4.9.1 mostra as
potamento do que indicadores estatísticos (Farmer melhores estimativas do risco de acidentes com ca-
e Lund, 2002). potamento e o risco de ser morto em um deles em
diferentes tipos de veículos. Todos os resultados se
O maior fator de risco de capotamento é um centro aplicam ao risco de um tipo em particular de veículo,
de gravidade mais alto em situações de aceleração em comparação ao risco para os veículos de passeio.
lateral. Na Noruega, o centro de gravidade alto foi Os resultados baseiam-se nos seguintes estudos:
fator contribuinte para o tombamento ou capota-
mento de oito dos quinze acidentes individuais en- Viner, Council e Stewart, 1994 (EUA);
volvendo caminhões articulados entre os anos 2005 Bligh e Mak, 1999 (EUA);
e 2008 (Assum e Sørensen, 2010). Deutermann, 2002 (EUA);
Farmer e Lund, 2002 (EUA);
Estudos dos EUA (Winkler, 2000; Winkler e Ervin, Khattak e Rocha, 2003 (EUA);
1999) mostraram que os veículos de passeio nor- Viano e Parenteau, 2004 (Austrália);
malmente toleram acelerações laterais superiores a Keall et al., 2006 (Austrália);
1g. Para picapes, SUVs e vans a aceleração lateral Keall e Newstead, 2007 (Austrália, Nova Zelândia) e
máxima geralmente fica entre 0,8 e 1,2 g. Para cami- Strashny, 2007 (EUA).
538 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Os resultados mostram que, de acordo com os núme- risco significativamente mais elevado que os veículos
ros oficiais registrados de acidentes com capotamen- de passeio. O estudo realizado por Khattak e Rocha
to, SUVs, picapes e outros veículos leves com tração (2003) também encontrou que as SUVs, ao capotar,
nas quatro rodas capotam com maior frequência que fazem mais voltas que veículos de passeio, o que su-
os veículos de passeio. Controlaram-se uma série de gere que acidentes de capotamento com SUVs são
fatores, tanto presentes entre os SUVs quanto con- mais graves que aqueles com automóveis de passeio.
tribuintes para o risco de capotamento. Por exem-
plo: condutores jovens, excesso de velocidade e ál- Em relação ao risco de ser morto em um acidente
cool e direção em áreas rurais (Farmer e Lund, 2002; com capotamento em diferentes tipos de veículos,
Rudin-Brown, 2004). No estudo de Farmer e Lund os resultados não são consistentes. Os estudos mos-
(2002), SUVs e picapes têm probabilidade duas traram que o risco é maior:
vezes maior de capotamento em acidentes que os
veículos de passeio. Quando, no cálculo estatístico, • para os condutores de automóveis com tração nas
controlam-se as diferenças entre os condutores de quatro rodas que para os condutores de veículos
diferentes modelos de automóveis, tamanhos e am- de passeio com tração em duas rodas, de acordo
biente rodoviário, o risco ainda é 1,8 vez maior para com Keall et al. (2006);
SUVs e picapes. Quando as estimativas controlam os • para os condutores de veículos com tração em
tipos de veículo e outros fatores, não há relação en- duas rodas que para os condutores de veículos
tre o tamanho do veículo e o risco de capotamento. com tração nas quatro rodas, de acordo Kallan e
Quando uma SUV é atingido na lateral, o risco de Jermakian (2008);
capotamento, de acordo com (Farmer, Braver e Mit- • para os condutores de SUVs que para os conduto-
ter, 1997), é cerca de 14 vezes mais alto que quando res de veículos de passeio, de acordo Deutermann
um veículo de passeio é atingido na lateral. (2002);
• para os condutores de veículos de passeio que
O risco de SUVs, picapes e vans em comparação aos para os condutores dos SUVs e picapes, de acor-
veículos de passeio não mudou de 1991 a 2000 (com do com Strashny (2007) e Khattak e Rocha (2003);
base em dados apresentados por Deuterman, 2002). • para os condutores de SUVs que de picapes e
maior em SUVs pequenos que em SUVs e picapes
Quando se atenta para o risco de capotamento de grandes (Donelson, Karunaramachandran e Kali-
um veículo envolvido em um acidente, verifica-se nowski, 1999).
que SUVs e picapes capotam com maior frequência
que os automóveis de passeio. Isso vale também para O maior risco de morte ou ferimentos graves em
os caminhões pesados. As vans não apresentaram um acidentes com capotamento em SUVs, em compara-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 539
ção ao risco em veículos de passeio encontrado por A facilidade de tombamento do caminhão articula-
Khattak e Rocha (2003) e Strashny (2007), segundo do também depende da suspensão, dos amortecedo-
Khattak e Rocha, pode ser explicado pelo fato de a res e da rigidez do chassi. Quando o chassi absorve
SUV proteger melhor seus ocupantes que os veículos muitos movimentos do veículo, uma carga colocada
de passeio e uma melhor proteção nos capotamentos de maneira desfavorável pode fazer com que uma
que muitas vezes levariam a lesões mais graves do que parte do veículo tombe enquanto todo o resto do
em veículos de passeio. Estes dois estudos incluíram veículo gire em torno do seu próprio eixo (Winkler
o controle de uma variedade de fatores, incluindo ca- e Ervin, 1999). A estabilidade do reboque afeta o
racterísticas do condutor e da via. Esses elementos não risco de capotamento do caminhão articulado mais
foram controlados no estudo de Deutermann (2002), do que a estabilidade da própria unidade de tração.
que mostrou que o risco de acidentes de capotamento A razão é que o movimento do reboque torna-se
é maior em SUVs que em veículos de passeio. mais forte do que do caminhão-trator, por exemplo,
em manobras evasivas (Strandberg, 1978). Para os
Viner et al. (1994) não encontraram correlação entre condutores de caminhões articulados, é difícil ou
o tipo de veículo e o risco de ferimentos graves. Os impossível conhecer os movimentos e a aceleração
efeitos combinados da tabela 4.9.1 não apresentam lateral do reboque ou semirreboque e saber quando
diferenças significativas entre os diferentes tipos de o caminhão articulado se aproxima da aceleração
veículos. lateral máxima, em que ele tomba (Sampson e Ce-
bon, 2001; Winkler e Ervin, 1999). Por isso, é difí-
Passageiros e estabilidade contra capotamento: cil adaptar-se à condição da carga que muda a cada
Assentos situados acima do centro de gravidade do viagem. Uma diferença entre caminhão com rebo-
veículo aumentam o risco de acidentes com capo- que e caminhão trator com semirreboque é que, se
tamento (Whitfield e Jones, 1995). Uma das prin- o reboque de um caminhão tombar, o caminhão não
cipais razões pela qual os veículos de passeio têm necessariamente tomba. Se o semirreboque tombar,
risco de capotamento relativamente baixo é que o no entanto, o caminhão-trator também tombará.
condutor e os passageiros sentam-se em um plano Tratores com semirreboque estão altamente repre-
mais próximo do centro de gravidade do veículo do sentados em acidentes com capotamento em curvas
que as pessoas em SUVs e picapes. Para SUVs, o em comparação com outros tipos de caminhões ar-
risco de capotamento é 40% maior com passagei- ticulados (Assum e Sorensen, 2010).
ros do que no veículo sem; para micro-ônibus com
15 lugares, o risco triplica com 15 passageiros em Um problema com caminhões e caminhões-tratores
relação ao veículo sem passageiros (Subramanian, é o fato de a boleia muitas vezes ficar completa-
2005). Strashny (2007) mostrou que a presença de mente esmagada em acidentes de capotamento, de
passageiros (3 a 5 pessoas no veículo vs. 1 a 2 pes- modo que ela não é segura para o condutor (Brum-
soas no veículo) aumenta o risco de capotamento below, Teoh, Zuby e McCartt, 2009). Uma maior
em acidentes envolvendo um único veículo em 40% estabilidade do teto de veículos pesados, portanto,
para os veículos de passeio, em 36% para picapes e reduz o número de condutores mortos ou feridos
em 29% para SUVs. gravemente em acidentes de capotamento (Brumbe-
low et al., 2009).
Veículos pesados: A estabilidade contra capotamen-
to de caminhões articulados depende de uma série Caminhões-tanque: Na maioria dos caminhões,
de fatores. Entre outros, caminhões articulados têm a carga está protegida para que não se mova nem
o centro de gravidade mais alto que veículos de pas- mude de lugar durante a viagem. Em alguns casos,
seio. O centro de gravidade pode, além disso, ser no entanto, a carga se movimenta. Isso ocorre es-
deslocado desfavoravelmente devido à má acomo- pecificamente em caminhões-tanque. Da mesma
dação da carga ou quando ela se desloca durante a forma, caminhões que transportam animais vivos
viagem. Essa mudança do centro de gravidade pode ou abatidos (suspensos) possuem carga móvel. A
tornar os caminhões articulados instáveis e propen- carga líquida pode reduzir a estabilidade contra
sos a tombamento. Em um experimento inglês em capotamento, especialmente quando o tanque não
escala real, mostrou-se que um semirreboque com está completamente cheio e durante manobras mais
a carga e o centro de gravidade a 2,5 m acima do bruscas. Nessas situações, o líquido pode atingir
solo pode tombar a uma velocidade de apenas 24 uma dinâmica própria e se agitar para a frente e
km/h em uma curva de 20 m de raio (Kemp, Chinn para trás, o que reduz a estabilidade do veículo-
e Brock, 1978). tanque.
540 O Manual de Medidas de Segurança Viária
A estabilidade contra capotamento depende da al- por sua vez, levar à derrapagem. É especialmente
tura do tanque, da forma, do nível de enchimento, perigoso se a parte traseira deslizar mais que a dian-
da movimentação e das propriedades do líquido teira, ou seja, o veículo ficar mais próximo de rea-
no tanque (Kang, Rakheja e Stiharu, 1999). Com o lizar uma rotação. Quanto à aderência ser melhor
tanque cheio, há pouca diferença no limite de capo- nas rodas dianteiras ou traseiras, depende das ma-
tamento entre as diferentes formas do tanque (cir- nobras de condução e se o veículo tem tração dian-
cular, elíptica, superelípticas; Strandberg, 1978). Os teira, traseira ou nas quatro rodas. Na maioria das
estudos mostram que a maior estabilidade contra situações, no entanto, é mais vantajoso ter melhores
capotamento se dá em tanque de forma elíptica com pneus traseiros que dianteiros: é o que demonstra-
três compartimentos verticais e nível de preenchi- ram pesquisas de pista realizadas por montadoras e
mento entre 50% e 70%. organizações de automobilismo (FDM, 2010).
Pode haver vazamentos de gasolina, cloro e outros além daqueles impostos por limitações da altura do
produtos químicos, com possibilidades de incêndio, veículo, comprimento, largura e peso, não foram
explosão ou outra contaminação ambiental. definidos. Caminhões-tanque que transportam mer-
cadorias perigosas e que são aprovados de acordo
Amortecedores que convertem a energia cinética com o ECE 111 devem ter um limite estático de
em energia elétrica foram desenvolvidos nos últi- tombamento de pelo menos 0,42g (Taramoeroa e de
mos anos (Kynan, Iovenitti e Toncich, 2000). Eles Pont, 2009; United Nations Economic Commission
reduziriam o consumo de combustível, o que seria for Europe, 2005).
positivo para o meio ambiente. O consumo de com-
bustível pode ser reduzido em cerca de 2% em as-
falto liso e em até 10% em pista esburacada (Zuo, Responsabilidade pela execução da medida
Scully, Shestani e Zhou, 2010). Estes amortecedores
não estão no mercado atualmente. O fabricante ou importador de veículos é responsá-
vel por garantir que os requisitos para veículos novos
e as homologações concedidas sejam cumpridos. A
Custo Agência Nacional de Administração de Vias Públicas
da Noruega realiza verificações aleatórias de veículos
Não foram encontrados dados sobre os custos de homologados (carros novos de fábrica antes de se-
melhorias relacionadas à direção, suspensão e esta- rem vendidos) para garantir que as regras estão sendo
bilidade. respeitadas. Direção, suspensão e amortecedores são
controlados pelos atuais regimentos da UE.
Avaliações de custo-benefício
4.10 Capacete para ciclistas
Por análise de regressão, nos Estados Unidos esti-
ma-se que uma melhoria de 10% na estabilidade O capítulo foi revisado em 2012 por Rune Elvik
estática poderia reduzir em pelo menos 9 aciden- (TØI)
tes fatais com capotamento a cada 100.000 veícu-
los registrados (Robertson, 1989). O custo de tal
melhoria na estabilidade estática é, contudo, des- Problema e finalidades
conhecido. A relação de custo-benefício, portanto,
não pode ser calculada. Para as outras medidas não Andar de bicicleta é associado a um alto risco de
existe nenhum dado que sirva de base para o cálculo lesão. Estima-se (Veisten et. al., 2007) que apenas
do custo-benefício. em torno de 13% de todos os acidentes envolvendo
bicicleta sejam registrados nas estatísticas oficiais
sobre acidentes de trânsito na Noruega. O núme-
Responsabilidade e procedimentos formais ro real de acidentes envolvendo ciclistas é prova-
velmente de cerca de 5.000 por ano. As estatísticas
Iniciativa para a medida oficiais de acidentes dos últimos anos mostram que
cerca de 600 a 700 ciclistas são feridos por ano, com
A iniciativa das mudanças na regulamentação dos certa tendência à diminuição de ano para ano (de
veículos pode ser tomada pela Agência de Admi- 736 em 2005 para 557 em 2010).
nistração de vias Públicas da Noruega, indústrias
automotivas ou como resultado da participação Os registros nos hospitais (Schrøder Hansen, En-
norueguesa na cooperativa técnica automobilística gesæter e Viste, 2003) mostram que pouco mais de
internacional. 30% dos ciclistas feridos que recorrem a um hospital
ou centro médico para tratamento têm lesões faciais
e/ou na cabeça. Ferimentos graves na cabeça podem
Requisitos e procedimentos formais ter consequências significativas no tocante à incapa-
cidade e à qualidade de vida. Por conseguinte, é im-
Atualmente, há requisitos baseados em diretivas da portante evitar essas lesões ou torná-las menos graves.
UE para os eixos do veículo, suspensões, amortece-
dores e direção (Regulamentação de veículos, capí- O capacete pode reduzir a incidência e a gravida-
tulos 12 e 21). Os requisitos formais de estabilidade, de das lesões na cabeça entre os ciclistas. Em vários
542 O Manual de Medidas de Segurança Viária
países, o uso do capacete é obrigatório, tanto entre Spaite, Murphy, Criss, Valenzuela e Meislin, 1991
as crianças quanto nos demais ciclistas. Na Norue- (EUA);
ga seu uso é facultativo. O uso do capacete entre McDermott, Lane, Brazenor e Debney, 1993 (Aus-
os ciclistas é pesquisado anualmente pela Agência trália);
Nacional de Administração de Vias Públicas da No- Maimaris, Summer, Browning e Palmer, 1994 (Grã
ruega (Nygaard, 2010). Em 2010, 79% dos ciclistas -Bretanha);
com menos de 12 anos de idade usavam capacete, Thomas, Acton, Nixon, Batistutta, Pitt e Clark,
22% dos jovens entre 12 e 17 anos e 53% dos ciclis- 1994 (Austrália);
tas com mais de 17 anos. Em média, para todas as Scrøder Hansen, Hansen, Walløe e Fjeldsgård, 1995
faixas etárias, 49% dos ciclistas usavam capacete em (Noruega);
2010. Tem havido uma tendência geral de aumento Finvers, Strother e Mohtadi, 1996 (Canadá);
do uso de capacete após 1999. Houve um aumento Thompson, Rivara e Thompson, 1996 (EUA);
considerável, especialmente depois de 2008. Thompson, Nunn, Thompson e Rivara, 1996 (EUA);
Rivara, Thompson e Thompson, 1997 (EUA);
O uso de capacete, bem como medidas para incen- Jacobson, Blizzard e Dwyer, 1998 (Austrália);
tivar sua maior utilização, é destinado a proteger os Linn, Smith e Sheps, 1998 (Canadá);
ciclistas de ferimentos na cabeça e reduzir a gravi- Shafi, Gilbert, Loghmanee, Allen, Caty, Glick, Gar-
dade dessas lesões. den e Azizkhan, 1998 (EUA);
Hausotter, 2000 (Alemanha);
Schrøder Hansen, Engesæter e Viste, 2003 (Noruega);
Descrição da medida Heng, Lee, Zhu, Tham e Seow, 2006 (Singapura) e
Amoros, Chiron, Ndiaye, Laumon, 2009 (França).
Há uma grande variedade de capacetes. Usualmente
estabelece-se uma distinção entre capacetes rígidos A maioria das pesquisas é norte-americana, mas duas
e macios: um capacete rígido tem um casco duro, delas são norueguesas. Os resultados destes estudos
enquanto que um capacete macio consiste de uma foram agrupados segundo o tipo de lesão (trauma-
camada protetora mais porosa, sem casco duro. tismo craniano, lesão facial, ferimentos na garganta/
Para este grupo, também consta o chamado capace- pescoço) e tipo de capacete. A tabela 4.10.1 mostra
te “estilo banana”, com casco macio. os impactos estimados do capacete em diferentes ti-
pos de lesão. Salienta-se que o tipo de capacete não
Podemos distinguir os efeitos do uso do capacete é especificado em todas as pesquisas. Portanto, os
em dois tipos: ação individual do ciclista individual resultados apresentados para os tipos específicos de
e o efeito total da porcentagem de ciclistas que capacetes não estão incluídos nas mesmas pesquisas
passaram a utilizar o capacete como resultado, por que os resultados que se aplicam a todos os tipos de
exemplo, de campanhas ou pela obrigatoriedade do capacetes. Os impactos indicados de determinado
seu uso. Descreve-se primeiro o impacto individual tipo de capacete podem, por esta razão, ser tanto
e em seguida serão discutidos os impactos do fato maiores quanto menores que os impactos previstos
de vários ciclistas terem começado a usar capacete. para os tipos de capacetes como um todo.
duzir as lesões. Os capacetes rígidos proporcionam (Robinson, 2007). As principais questões contro-
uma maior redução nas lesões que capacetes ma- versas dizem respeito aos seguintes pontos:
cios. A maioria dos resultados, entretanto, é incerta.
• Efeitos do uso obrigatório de capacetes entre ci-
A reavaliação de uma meta-análise anterior de estu- clistas;
dos sobre capacetes (Attewell, Glase e McFadden, • Possibilidade de adaptação comportamental para
2001) sugere que os resultados podem ser afetados o uso de capacete entre os ciclistas;
por viés de publicação (Elvik, 2011). Isso significa • Possibilidade de recrutamento seletivo de ciclistas
que os resultados que mostram pequenos efeitos para uso de capacetes;
de capacetes são publicados com menor frequên- • Tipos de acidentes em que o capacete atua me-
cia que os resultados que mostram maior efeito. A lhor.
reavaliação também constatou uma tendência dos
estudos recentes de encontrar efeitos menores, dife- A fim de medir os impactos no número de lesões na
rentemente dos estudos mais antigos. Caso se consi- cabeça entre os ciclistas de acordo com a modifica-
derem os estudos publicados a partir de 2000, tem- ção dos padrões de uso dos capacetes, é necessário
se que corrigir o viés de publicação e utilizar um um programa de estudos avançados para identificar
modelo de análise de efeito aleatório, em que quais esses impactos. Um possível efeito em cadeia é es-
o impacto do capacete desaparece completamente. quematizado na figura 4.10.1.
Isso levanta a questão em relação a quais pesquisas
devem ser consideradas quando se quer apresentar Vários estudos resumidos por Robinson (2006) su-
conhecimentos mais recentes no que diz respeito ao gerem que o uso obrigatório do capacete leva alguns
impacto do uso do capacete. Na tabela 4.10.1, os re- ciclistas a parar de usar a bicicleta. As mudanças no
sultados são de novos estudos, embora alguns deles padrão de utilização da bicicleta pela introdução
difiram de acordo com o tipo de capacete. Os dados de uso obrigatório de capacetes variam. Em média,
da tabela 4.10.1 para diferentes tipos de capacetes os estudos de Wood e Milne (1988), Cameron et.
superestimam os efeitos prováveis do capacete para al. (1994), Scuffham e Langley (1994) e Robinson
ciclistas. (1996) mostram uma diminuição de 27%. Salien-
ta-se que todas essas pesquisas foram realizadas na
Austrália e na Nova Zelândia, onde se tem um clima
Impactos de medidas para aumentar a utilização de quente, de modo que se pode pensar que nesses lu-
capacetes gares o uso do capacete seria mais desconfortável
que em países com um clima mais frio.
Os impactos das medidas para incentivar o aumen-
to da utilização de capacetes, especialmente quando A queda na utilização da bicicleta não é um efeito
seu uso é obrigatório, são altamente controversos pretendido pela legislação e pela obrigatoriedade do
Tabela 4.10.1: Impactos individuais do capacete de acordo com o tipo de lesão e de capacete.
Variação porcentual do número de lesões
Melhor Intervalo de confiança de
Tipo de lesão Tipo de capacete
estimativa 95%
Lesão na cabeça Todas as pesquisas recentes -44 (-64, -11)
Rígido -62 (-73, -47)
Macio -33 (-64, +22)
Lesão facial Todas as pesquisas recentes +17 (-22, +76)
Rígido -19 (-59, +59)
Macio -16 (-64, +99)
Lesão na garganta/pescoço Todas as pesquisas recentes +24 (-15, +82)
Rígido -25 (-60, +40)
Macio +38 (-25, +153)
Cabeça, face ou pescoço Todas as pesquisas recentes 0 (-22, +27)
Rígido -49 (-61, -34)
Macio -17 (-43, +22)
544 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Figura 4.10.1: Possível efeito em cadeia das medidas para aumentar a utilização de capacetes.
uso de capacetes. Muitos considerariam esse efeito Wood e Milne, 1988 (Austrália);
negativo e indesejável, tendo em vista que o trans- Vulcan, Cameron e Watson, 1992 (Austrália);
porte cicloviário ajuda a melhorar a saúde pública. Cameron, Vulcan, Finch e Newstead, 1994 (Austrália);
Não se sabe se os ciclistas que pararam de utilizar Scuffham e Langley, 1994 (Nova Zelândia);
a bicicleta devido à obrigatoriedade do capacete Robinson, 1996 (Austrália);
substituíram o ciclismo por outras atividades físicas. Povey, Frith e Graham, 1999 (Nova Zelândia) e
Scuffham, Alsop, Cryer e Langley, 2000 (Nova Ze-
Algumas pesquisas (Cameron et al., 1994, Robinson, lândia).
1996) sugerem que o risco dos ciclistas por quilô-
metro viajado aumenta quando da não-obrigatorie- A figura mostra a comparação entre um grande au-
dade do capacete. Isso pode ser interpretado como mento e um aumento insignificante na utilização do
uma adaptação comportamental, em que o uso da capacete, de modo a apenas demonstrar uma ligeira
proteção acaba gerando certa negligência que, sem tendência de redução do número de lesões na cabeça.
a medida, não existiria. Ainda há uma considerável
incerteza em relação a este fato. Isso pode, entre outros motivos, ter relação com o
fato de que os ciclistas têm um menor risco de aci-
Sob circunstâncias similares, seria de se esperar que dente assim que começam a usar o capacete. Uma
um maior uso do capacete ocasionasse um maior vez que estes ciclistas são raramente envolvidos em
declínio no número de lesões na cabeça entre os ci- acidentes em comparação aos demais, o aumento do
clistas. Os presentes estudos não mostram esta rela- uso de capacetes neste grupo dá um impacto rela-
ção. Os resultados apresentados na figura 4.10.2 são tivamente pequeno quanto ao número de ciclistas
baseados nas seguintes pesquisas: feridos.
50
Redução porcentual do número de lesões
40
y = 0,0065x2 - 0,3036x + 20,517
na cabeça entre os ciclistas
30 R2 = 0,0626
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70
-10
-20
Aumento porcentual do uso do capacete
Figura 4.10.2: Relação entre o aumento porcentual do uso do capacete e a redução
porcentual de lesões na cabeça entre os ciclistas.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 545
A maioria das pesquisas em relação ao impacto in- Andar de bicicleta é um meio de transporte ambien-
dividual do capacete foi realizada em hospitais ou talmente amigável. Se medidas para maior utilização
prontos-socorros onde os ciclistas deram entrada. do capacete resultarem na substituição da bicicleta
Os estudos sobre os impactos do uso obrigatório do por transportes menos amigáveis ao meio ambiente,
capacete são, no entanto, elaborados sobretudo por isso isoladamente já pode ser considerado prejudi-
intermédio de estatísticas oficiais de acidentes em cial. Não há documentação dos impactos reais.
que os registros ou boletins de ocorrência são muito
incompletos. É razoável supor que o uso do capa-
cete tem um menor efeito de proteção em acidentes Custos
que envolvam veículos motorizados que em outros
acidentes envolvendo bicicleta (Robinson, 2007). O Capacetes estão disponíveis em várias categorias de
capacete não oferece nenhuma proteção em caso de preço. Os preços regulares giram em torno de NOK
colisão com um veículo motorizado em alta veloci- 500 para o modelo infantil e em torno de NOK
dade, mas oferece boa proteção em acidentes em 1.000 para o modelo adulto.
que a velocidade de colisão é menor. Nos materiais
a respeito de lesões fornecidos por hospitais, há re-
lativamente mais acidentes em baixa velocidade que Avaliações de custo-benefício
o que se tem registrado nas estatísticas oficiais.
Custos e benefícios para o ciclista
Ao todo, os resultados de diferentes pesquisas são
muito divergentes e há muitas fontes de erro para a Cálculos de risco com base em estatísticas oficiais de
quantificação do impacto da utilização do capacete acidentes (Bjørnskau, 2008) mostraram que ciclistas
em relação às lesões. com idade entre 6 e 12 anos apresentaram um risco
1,4
Risco relativo de envolvimento em acidentes
1,2
1,0
0,8
0,2
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Porcentual de ciclistas que usam capacete
Figura 4.10.3: Recrutamento seletivo de ciclistas para o uso de capacete.
546 O Manual de Medidas de Segurança Viária
de lesão de 0,77 acidente por milhão de bicicletas infantil possa ser usado durante cinco anos, o valor
-km entre 2005 e 2007. Ciclistas com 13 anos ou presente do benefício, calculado com uma taxa de
mais apresentaram um risco de lesão de 0,82 aciden- juros de 4,5% ao ano, é de aproximadamente NOK
te por milhão de bicicletas-km. Estes números são 550. Trata-se do mesmo custo assumido para a aqui-
baseados no total de 675 ciclistas feridos por ano no sição de capacete.
período de 2005 a 2007. Caso a subnotificação fosse
corrigida, o número de ciclistas feridos seria estima- No entanto, esta é uma consideração média, com
do em cerca de 5.000 por ano (Veisten et al., 2007), base no pressuposto de que todas as crianças com
dividido em 800 crianças e 4.200 adultos. idade entre 6 e 12 anos usem a bicicleta no mesmo
tanto. Este não é o caso. Entre as crianças que usam
O uso do capacete no período de 2005 a 2007 foi muito a bicicleta, a probabilidade de lesão é maior
em torno de 63% entre as crianças e de 31% entre que a média e o benefício do capacete, portanto,
os adultos (acima de 12 anos). O risco atual entre também é mais elevado. Se a criança usa a bicicleta
as crianças, portanto, reflete principalmente uma regularmente, provavelmente o benefício do capa-
situação em que a maioria usa capacete, enquanto cete será maior que os custos.
o risco atual entre os adultos reflete uma situação
oposta, em que a maioria não o utiliza. O risco médio de ser ferido em um acidente en-
volvendo bicicleta entre os adultos é de 0,001
Supõe-se que em 33% dos acidentes com ciclistas (4.200/4.000.000). Acredita-se que o risco seja ligei-
haja lesão na cabeça, de modo que com o uso do ramente maior entre os que não usam capacete: apro-
capacete 44% dessas lesões seriam reduzidas. Isso ximadamente 0,0011. Usando-se o capacete, este ris-
corresponde a um risco total de lesão reduzido em co pode ser reduzido em aproximadamente 18%, o
aproximadamente 18%. Acredita-se que isso se apli- equivalente a 0,00020 lesão evitada por adulto por
que tanto entre as crianças quanto entre os adultos. ano. Supondo-se que o custo socioeconômico médio
por lesão seja de NOK 470.000, o benefício por ano
Assumiu-se, ainda, que o risco de ser envolvido em de um capacete é de cerca de NOK 90. Usando-se o
acidentes é independente do uso ou não do capa- capacete por 10 anos, o valor presente do benefício
cete. Esta hipótese pode ser questionada. Por um calculado com uma taxa de juros de 4,5% é de apro-
lado, há indícios de que aqueles que usam capacete ximadamente NOK 735 por ano. Isso é menos que o
se envolvem em acidentes com menor frequência custo estimado da aquisição de um capacete.
que aqueles que não usam capacete. Por outro lado,
há indícios de que o risco de ser envolvido em aci- Mais uma vez, deve-se ressaltar que esta é uma con-
dentes aumenta quando a pessoa começa a usar um sideração média para todos os cidadãos com mais
capacete. Em qualquer um dos casos, as indicações de 12 anos. Alguns deles usam muito mais a bici-
são incertas. A hipótese mais simples é, portanto, de cleta, outros nem tanto. Para aqueles que a usam
que o capacete somente afeta o risco de lesão uma muito, o benefício de um capacete será maior que
vez ocorrido o acidente, mas não a probabilidade de os custos.
ser envolvido em um acidente.
O risco médio anual e individual para cada crian- Benefícios e custos da imposição do uso de capacetes
ça com idade de 6 a 12 anos de ser ferida em um
acidente envolvendo bicicleta entre 2005 e 2007 Já foram realizadas duas análises de custo-bene-
foi de 0,0019 (800/420.000). Acredita-se que o fício do uso obrigatório de capacetes (Hendrie et
risco entre aqueles que não usam capacete seja li- al., 1999, Taylor e Scuffham, 2002). Em uma des-
geiramente mais elevado que a média (já que a mé- tas análises (Hendrie et al., 1999), não foi possível
dia de risco chega a 63% usando capacete), 0,002 extrair qualquer conclusão definitiva. Dependendo
lesão por criança por ano. Com o uso do capacete dos pressupostos que foram estabelecidos, o bene-
reduz-se o número esperado de lesões em 18%, ou fício poderia ser tanto maior quanto menor que os
seja, para 0,00036 lesão por criança por ano. Pres- custos. O segundo estudo (Taylor e Scuffham, 2002)
supõe-se que um custo socioeconômico médio por concluiu que os benefícios foram maiores que os
criança ferida seja de NOK 350.000 (Veisten et al., custos para crianças de 5 a 12 anos. Para todos os
2007). O benefício socioeconômico de evitar uma outros, o benefício foi menor que os custos. Para
lesão é, portanto, de aproximadamente NOK 125 todas as faixas etárias juntas, o benefício foi menor
por criança ao ano. Supondo-se que um capacete do que os custos.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 547
Os impactos de um eventual uso obrigatório de capa- de lesão por milhão de passageiros-km que os usuá-
cetes são tão incertos que não foi feita nenhuma aná- rios de automóveis. Muitas lesões não são, no entan-
lise de custo-benefício. Deve-se, contudo, considerar to, notificadas à polícia. Baseando-se nos registros
como relativamente pouco provável que os benefícios de lesões do Instituto Nacional de Saúde Pública
superem os custos, uma vez que o benefício individual (SIFF), os usuários de ciclomotores e de motocicle-
não é necessariamente maior que os custos individuais ta têm de 12 a 15 vezes maior risco de lesão no trân-
(ver cálculos anteriores) e uma imposição implica al- sito que os usuários de automóvel. Em 1995, 546
guns custos adicionais, em parte para se preparar a usuários de ciclomotores e 592 motociclistas foram
legislação, divulgar e fazer cumprir a legislação. feridos ou mortos em acidentes registrados na polí-
cia (Escritório Central de Estatística, 1996).
Pouquíssimos destes estudos esclarecem sobre o A média do uso do capacete por parte dos usuários
uso do capacete na condução de ciclomotores e de ciclomotores e motocicletas aumentou de 58%
motocicletas antes e depois da introdução ou re- em 1976 para 93% em 1980. O número de lesões
vogação do uso obrigatório do capacete. Portanto, deste grupo de usuários viários aumentou de 1.286
não é possível encontrar uma correlação entre as para 1.506. Este aumento não pode ser explicado
mudanças atingidas pelo uso obrigatório do capa- pelo aumento do uso de ciclomotores e motocicle-
cete no número de lesões. Com base nas pesquisas tas. Houve um aumento no número de usuários de
sobre a melhor estimativa do impacto da introdução ciclomotores e motocicletas feridos por milhão de
ou revogação do uso obrigatório de capacetes para passageiros-km. No mesmo período, o número de
usuários de ciclomotores e motociclistas, são apre- feridos apresentou uma diminuição tanto no nú-
sentados os dados na tabela 4.11.2. mero absoluto quanto no calculado por milhão de
passageiros-km.
A introdução do uso obrigatório do capacete reduz
o número de usuários de ciclomotores e motociclis- Estes números contradizem os resultados de estudos
tas feridos em cerca de 20 a 30%. A revogação do estrangeiros. Não se pode, no entanto, concluir que
decreto levou a um aumento de aproximadamente o aumento do uso de capacetes não tenha reduzido
30% no número de vítimas fatais e a um aumento o número de feridos na Noruega. Os índices acima
um pouco menor, entre 5 e 10%, no número de podem ter outras explicações, como, por exemplo,
feridos. a mudança na faixa etária dos condutores, o nível
culo; 0,1% foram queimados em incêndio e 0,1% na Noruega, e desde 1985 é obrigatória a instalação
se afogaram. Os demais se feriram por outras razões dos referidos cintos nos bancos traseiros dos automó-
desconhecidas. Choques contra o interior do veícu- veis, sendo uma obrigatoriedade o uso deste equipa-
lo são, portanto, de longe a forma mais comum de mento de segurança sempre que estiverem instalados,
lesão nos acidentes de automóvel. independentemente do assento utilizado e da idade
da pessoa. Esta disposição foi introduzida em 1988.
Os cintos de segurança protegem os ocupantes do
veículo contra colisão com o interior do mesmo e os Automóveis e vans novos deverão ser equipados
mantêm em seus assentos em caso de acidente. Sem com cintos de segurança de três pontos, do tipo ho-
o cinto de segurança, os ocupantes, em caso de aci- mologado, em todos os assentos. O uso de cintos
dente, continuam a se mover na mesma velocidade de dois pontos (cinto de segurança abdominal) é
em que o veículo estava antes do acidente e, com permitido apenas nos assentos do meio do banco
isso, colidirão contra as partes do interior do veículo de trás e em assentos onde é impossível instalar cin-
ou serão lançados para fora do veículo (ser lançado tos de três pontos. O equipamento deverá ser au-
para fora do veículo aumenta muito a probabilidade tomático e retrátil, ou seja, um cinto que se ajuste
de ferimentos graves) (Partyka 1979, Grime 1987, automaticamente ao usuário e, assim, fique sempre
Harms 1992). devidamente ajustado (Fosser, Vaa e Torp, 1992).
Tem sido difícil alcançar um elevado uso contínuo Em 2008, a taxa de condutores que usavam cinto de
dos cintos de segurança sem que haja leis para isso. segurança, de acordo com pesquisas situacionais da
A imposição do uso obrigatório do cinto de segu- Agência Nacional de Administração de Vias Públi-
rança levou a um aumento significativo no uso deste cas da Noruega, foi de aproximadamente 90% nas
equipamento (Bérard-Andersen, 1978). Na Norue- áreas urbanas e em torno de 95% nas áreas rurais.
ga, a inserção do decreto de obrigatoriedade do uso Em fiscalizações em 2011, 1.271 pessoas foram mul-
de cintos de segurança nos bancos da frente em veí- tadas por não estarem usando o cinto de segurança.
culos leves deu-se em 1975; a taxa de uso aumentou De aproximadamente 63.000 abordagens, concluiu-
de 17% para 33% nas áreas urbanas e de 47% para se que a taxa de uso do cinto foi de cerca de 98%.
62% nas zonas rurais. Até 1979, as violações da re-
ferida liminar não eram punidas, e a introdução de No caso da não-utilização dos cintos de segurança,
multas por não usar o cinto de segurança nesse ano a polícia ou a Agência Nacional de Administração
levou a um aumento na taxa de utilização de 35% de Vias Públicas da Noruega impõem uma multa de
para aproximadamente 75% nas zonas urbanas e de NOK 1.500. O condutor assume a responsabilidade
65% a próximo de 90% nas áreas rurais. criminal pela segurança das pessoas menores de 15
anos de idade.
Em caso de acidente, um ocupante usando o cin-
to de segurança permanecerá em seu assento e sua
velocidade diminuirá junto com a do veículo, de Impacto sobre os acidentes
modo que a exposição do corpo ao impacto mecâ-
nico diminui bastante. Isso diminui a probabilidade A utilização dos cintos de segurança em si não afeta
de lesão e diminui sua gravidade. O uso adequado o número de acidentes, apenas a probabilidade de
do cinto de segurança tem a finalidade de reduzir a ser ferido em caso de acidente. O impacto dos cin-
probabilidade de acidentes com vítimas e fazer com tos de segurança é, portanto, medido levando-se em
que as lesões inevitáveis sejam menos graves. conta como a gravidade do acidente é distribuída
entre os ocupantes dos veículos envolvidos. É feita
A obrigatoriedade imposta pelo decreto tem como uma distinção de quatro graus de lesões pessoais:
finalidade assegurar um elevado uso dos cintos de morto, ferido grave, ferido leve e ileso. Se o uso do
segurança, de modo que o número de pessoas feri- cinto de segurança, por exemplo, reduz a probabi-
das em veículos diminua. lidade de ser morto, haverá, em caso de acidente e
sob as mesmas condições, relativamente menos mor-
tes entre aqueles que usam os cintos do que entre
Descrição da medida aqueles que não os utilizam.
Desde 1971 é obrigatória a instalação de cintos de se- O uso dos cintos de segurança não é o único fator
gurança nos bancos da frente dos automóveis e vans que influencia a gravidade dos acidentes. A veloci-
552 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ximadamente entre 20-30%; estes valores são uma rios do cinto de segurança é, em muitos estudos, tão
média para todos os tipos de acidentes. Pesquisas grande que dificilmente poderia ser explicado por
mais detalhadas sugerem que os cintos de segurança uma possível seleção limitada de feridos. Em todo
são mais eficazes em colisões frontais e em aciden- caso, está claro que o cinto de segurança não reduz
tes de saída de pista, em que a probabilidade de ser as lesões no pescoço tanto quanto reduz outros ti-
lançado para fora do veículo sem o uso do cinto de pos de lesões e estas lesões ainda podem piorar em
segurança é muito grande (Evans, 1990). se tratando de colisão traseira.
Possíveis impactos negativos do cinto de seguran- O contato entre o corpo e o cinto de segurança tam-
ça: o cinto de segurança mantém o corpo no banco, bém pode levar a lesões menores, como hematomas,
mas não pode impedir que a cabeça seja jogada para ou, na pior das hipóteses, fratura da costela. Mas,
frente ou para trás em caso de acidente. Alega-se em caso de acidentes tão graves a ponto de o uso do
que os cintos de segurança aumentam a probabili- cinto levar a essas lesões, é muito provável que os
dade de lesões no pescoço em acidentes de colisões problemas no geral teriam sido mais graves sem o
traseiras, porque eles ajudam a reforçar o movimen- uso do cinto de segurança.
to da cabeça em relação ao resto do corpo. Algumas
pesquisas em relação às lesões a que os usuários e Impactos do cinto de segurança automático: uma
não usuários dos cintos de segurança são expostos pesquisa americana (Nash, 1989) mostra que os
em caso de acidente mostram que uma taxa maior cintos de segurança automáticos no Toyota Cressi-
daqueles que utilizam o cinto sofreram lesões no da nos EUA reduziram o número de mortes nestes
pescoço em relação aos não usuários (Huelke, Law- veículos em 40% (± 8%). Os cintos de segurança
son, Scott e Marsh, 1977; Sabey, Grant e Hobbs, automáticos são fixados na porta e envolvem o con-
1977; Cameron, 1980; Nygren, 1984; Krafft, Nygren dutor quando a porta fecha. O efeito é praticamente
e Tingvall, 1990). Na maioria destas pesquisas, en- o mesmo que o encontrado para cintos de segurança
tretanto, as vítimas ilesas não foram incluídas. Um manuais. Não há nenhuma pesquisa norueguesa so-
aumento na taxa de feridos com determinado tipo bre o impacto dos cintos de segurança automáticos.
de lesão não significa necessariamente que o cinto
de segurança aumenta sua incidência. Caso o cinto Impactos da obrigatoriedade do uso de cintos de
de segurança reduza a incidência de alguns tipos de segurança: o uso obrigatório dos cintos de seguran-
lesão mais que a de outros, as lesões menos reduzi- ça em veículos leves foi pesquisado em vários locais.
das representarão um maior porcentual dentre to- Os resultados aqui apresentados têm por base as se-
dos os tipos de lesão entre os usuários de cintos de guintes investigações:
segurança que entre os não usuários (Christensen e
Borger, 1992). Isso pode ser demonstrado com um Foldvary e Lane, 1974 (Vitória, Austrália);
exemplo numérico (tabela 4.12.2). Vaughan, Wood e Croft, 1974 (Nova Gales do Sul,
Austrália);
O exemplo mostra que a taxa de feridos com lesão Crinion, Foldvary e Lane, 1975 (Austrália Meridio-
no pescoço foi próxima de 42% entre os usuários nal, Austrália);
do cinto de segurança, em comparação com 33% Andreasson e Roos, 1977 (Suécia);
entre os não usuários, embora o número de ocupan- Hvidberg Jørgensen, 1977 (Dinamarca);
tes com esta lesão tenha diminuído 10%. O aumen- Jørgensen e Lund, 1977 (Dinamarca);
to do porcentual de lesões no pescoço entre os usuá- Møller, 1977 (Dinamarca);
Tabela 4.12.2: Impactos – Possíveis efeitos do cinto de segurança em ferimentos no pescoço e outros tipos de lesões.
Nielsen, Eriksen, Nordentoft e Weeth, 1977 (Dina- que quando o aumento é pequeno. Há uma menor
marca); diminuição porcentual no número de feridos que
Toomath, 1977 (Nova Zelândia); no número de mortos em automóveis. Quando os
Conybeare, 1980 (Austrália); resultados são ponderados e agrupados, a melhor
Hakkert, Zaidel e Sarelle, 1981 (Israel); estimativa do impacto da obrigatoriedade do uso do
Jonah e Lawson, 1984 (Quebéc, Ontário, Saskat- cinto de segurança é a seguinte (tabela 4.12.3):
chewan, Colúmbia Britânica, Canadá);
Mackay, 1985 (Grã-Bretanha); O uso obrigatório do cinto de segurança levou,
UK Department of Transport, 1985 (Grã-Bretanha); em média, a uma diminuição de aproximadamente
Harvey e Dublin, 1986 (Grã-Bretanha); 10-15% do número de mortos e feridos graves em
Campbell e Campbell, 1988 (alguns estados dos veículos leves. O número total de pessoas feridas
EUA); em veículos leves foi reduzido em pouco menos de
Salmi, Thomas, Fabry e Girard, 1989 (França); 10%. Quanto mais aumenta o uso dos cintos de se-
Tunbridge, 1989 (Grã-Bretanha); gurança, maior é a diminuição comprovada no nú-
Reinfurt, Campbell, Stewart e Stutts, 1990 (Caroli- mero de feridos em veículos leves. A maior redução
na do Norte, EUA); obtida é por volta de 15-20%.
States et al., 1990 (New York, EUA);
Asch, Levy, Shea e Bodenhorn, 1991 (Nova Jersey, Há exemplos de que, mesmo um aumento relati-
EUA); vamente grande na taxa de utilização dos cintos
Evans e Graham, 1991 (alguns estados dos EUA); de segurança, como, por exemplo, mais de 30%,
Rock, 1993 (Illinois, EUA); só levaram a uma pequena diminuição (inferior a
Elvik, 1995 (Noruega) e 10%) no número de feridos em veículos leves. Isso
Koushki, Ali e Al-Saleh, 1996 (Kuweit). pode ser devido ao fato de serem os condutores
mais preocupados com a segurança aqueles que co-
Os resultados destas pesquisas variam. Há uma meçam a usar primeiro os cintos de segurança, por
tendência maior para a diminuição porcentual do serem os mais propensos a cumprir tal determina-
número de pessoas mortas ou feridas em automó- ção. Pesquisas dinamarquesas (Jørgensen e Lund,
veis quando do aumento relativo na utilização dos 1977), norueguesas (Nordisk trafikksikkerhetsråd,
cintos de segurança com a introdução de uma lei 1984) e americanas (Evans, 1987) sugerem que os
Tabela 4.12.3: Impactos do uso obrigatório do cinto de segurança no número de pessoas feridas.
Porcentual de alteração no número de pessoas feridas.
Porcentual de alteração no número de pessoas feridas
Gravidade da lesão
Grupo de usuário Melhor estimativa Intervalo de confiança
Obrigatoriedade que levou a um aumento de no mínimo 25% no uso dos cintos de segurança
Mortos Ocupantes de veículo leve -7 (-9; -5)
Todas as lesões Ocupantes de veículo leve +0,7 (+0,4; +1)
Obrigatoriedade que levou a um aumento entre 25% e 49% no uso dos cintos de segurança
Mortos Ocupantes de veículo leve -8 (-9; -7)
Todas as lesões Ocupantes de veículo leve -14 (-15; -13)
Obrigatoriedade que levou a um aumento maior do que 50% no uso do cinto de segurança
Mortos Ocupantes de veículo leve -21 (-22; -20)
Todas as lesões Ocupantes de veículo leve -16 (-16; -15)
Impacto médio de todo o uso obrigatório do cinto de segurança
Mortos Ocupantes de veículo leve -11 (-12; -10)
Feridos graves Ocupantes de veículo leve -18 (-19; -18)
Feridos leves Ocupantes de veículo leve -8 (-8; -7)
Todos os tipos de lesões Ocupantes de veículo leve -12 (-15; -10)
Impacto do uso obrigatório do cinto de segurança para usuários não incluídos no decreto
Mortos Não ocupantes de veículo leve +7 (+5; +8)
Todos as lesões Não ocupantes de veículo leve +7 (+6; +8)
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 555
ocupantes-viajantes por veículo por ano (a ocupa- aprovada por um regulamento UNECE ou por uma
ção média é de 1,82 pessoa por viagem). Se os cintos diretiva da União Europeia.
de segurança forem usados por todas as pessoas em
todas as viagens, o tempo necessário para colocar
e tirar os cintos por carro por ano é de 4 horas. O Responsabilidade pela execução da medida
custo do tempo disso equivale a aproximadamente
NOK 340 por ano, total para todos os assentos do A polícia e a Agência Nacional de Administração de
veículo de passeio, ou, em valor presente, em torno Vias Públicas da Noruega podem controlar o uso
de NOK 3.115 para toda a vida útil do veículo. Para do cinto de segurança. Para pessoas com mais de 15
efeito de comparação, o benefício do uso do cin- anos, pode ser imposta uma multa de NOK 1.500
to de segurança é estimado em aproximadamente pela não-utilização do cinto de segurança. Os con-
NOK 29.000 para todos os assentos no veículo de dutores são responsáveis pela segurança de pessoas
passeio como um todo. O custo é pequeno e pouco com menos de 15 anos de idade.
significa para o valor de custo-benefício do uso dos
cintos de segurança.
4.13 Segurança de crianças em veículos
Um cálculo (Elvik, 1997) mostra que o número de
mortes poderia ser reduzido entre 23-65 se todos O capítulo foi revisado em 2013 por Alena Høye
usassem o cinto de segurança. O número de feridos (TØI)
poderia ser reduzido entre 285-865 pessoas. Calcu-
la-se que uma triplicação nas fiscalizações do uso do Crianças que são transportadas de acordo com os
cinto de segurança, alcance uma diminuição de 100 requisitos e recomendações legais de segurança têm
feridos no número total de acidentados, incluindo uma diminuição de 50% no risco de serem mortas
cerca de 8 mortes a menos. O benefício desse au- ou feridas comparado ao risco das crianças que via-
mento das fiscalizações é estimado em NOK 270 jam sem as recomendações legais de segurança, e
milhões, e o custo, em NOK 75 milhões. 30-40% menos risco de serem mortas ou feridas do
que crianças que viajam de forma incorreta em re-
lação às exigências de segurança. Crianças de colo,
Responsabilidade e procedimentos formais quando apropriadamente transportadas de forma
segura segundo a lei, têm cerca de 60% menos risco
Iniciativa para a medida de ferimentos do que as crianças que viajam somen-
te com um cinto de segurança afivelado. Os resulta-
Os requisitos para a utilização dos cintos de segu- dos podem ser um pouco superestimados, porque
rança segue a regulamentação sobre o uso de equi- não há estudos que controlam as atitudes ou com-
pamento de proteção pessoal durante a condução portamentos de risco dos condutores. Crianças de
de veículo a motor, tal como determinado pelo Mi- até três anos no banco de trás têm 55% menos risco
nistério dos Transportes. A iniciativa para alterações de serem mortas ou feridas gravemente do que as
pode ser tomada, entre outros, pelas autoridades crianças da mesma idade no banco da frente, e 30%
viárias. menos risco de serem feridas no geral. Para crianças
maiores, a diferença de risco entre assentos trasei-
ros e dianteiros é menor e estatisticamente insigni-
Requisitos e procedimentos formais ficante. Para crianças acima de 8 anos, não parece
haver nenhuma diferença. Quando as crianças se
Os requisitos para a instalação dos cintos de segu- sentam no banco traseiro, há aquelas que se sentam
rança são regulamentados pelas diretivas da União no meio do banco, que aparentemente tem o menor
Europeia e regulamentos da UNECE, que são in- risco, mas a diferença entre os assentos não é signi-
corporados à legislação norueguesa por meio dos ficativa. Geralmente a criança que está sentada no
regulamentos veiculares. O uso de cintos de segu- lado da colisão é a que sofre maior lesão.
rança é, segundo a regulamentação veicular, obriga-
tório para todas as pessoas em veículos leves em que
estes dispositivos estejam disponíveis. Os requisitos Problema e finalidades
técnicos para os cintos de segurança estão previs-
tos nos regulamentos veiculares. Os cintos de segu- Crianças sendo transportadas em veículo sem cinto
rança devem ter a marca da União Europeia, que é de segurança ou sem outros sistemas de retenção
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 557
têm alto risco de lesão em acidentes e podem ser um Os requisitos do sistema de retenção para o trans-
perigo para as pessoas no banco da frente (Roberts, porte de crianças em veículos são estabelecidos por
1983; Nordisk Trafikksikkerhetsråd, 1984). O nú- meio de regulamentos específicos: “Regulamenta-
mero anual de crianças menores de 15 anos passa- ções sobre o uso de dispositivos de retenção pes-
geiras em veículos leves que foram feridas ou mortas soal durante a condução de um veículo automotor”
em acidentes de trânsito de 2008 a 2012 foi de 396. (Grondahl Dreyer, 1995). A partir de 9 de maio de
Destas, 22% tinham três anos ou menos; 46%, entre 2006, os regulamentos tornaram-se mais rigorosos.
4 e 10 anos, e 32%, entre 11 e 14 anos. A proporção Agora é obrigatório o uso de dispositivo de retenção
das crianças que foram mortas ou gravemente feri- para o transporte de crianças em veículos homolo-
das varia muito entre os grupos etários: a taxa entre gado, adequado para seu peso, até que a criança
0 e 3 anos de idade foi de 3%; entre as crianças na atinja 135 cm de altura. Os regulamentos não fazem
faixa dos 4 aos 10 anos foi de 4%, e 7% entre as nenhuma exigência quanto ao uso de dispositivos
de 11 a 15 anos. Outros estudos também sugerem de retenção para o transporte de crianças maiores
que crianças têm um risco mais baixo do que adultos de 135 cm. Crianças entre 135 e 150 cm devem usar
quanto aos ferimentos em acidentes de trânsito (No- dispositivos de retenção aprovados, caso estes es-
rin et al., 1978; Norin et al., 1980; Nordisk Trafikk- tejam disponíveis no veículo, e recomenda-se que
sikkerhetsråd, 1984; Mayrose & Priya, 2008). todas as crianças os utilizem até que atinjam o tama-
nho apropriado para o uso do cinto de segurança.
Se a segurança das crianças nos veículos fosse vo- É de responsabilidade do condutor garantir que a
luntária, nem todos os pais optariam por fazê-la de criança esteja, em todos os momentos, devidamente
forma adequada. Antes que esta exigência se tor- protegida. A polícia e a Agência Nacional de Admi-
nasse obrigatória nos veículos na Noruega em 1988, nistração de Rodovias Públicas da Noruega (2011)
menos de 50% das crianças eram transportadas de- recomendam os seguintes dispositivos de retenção
vidamente em segurança com cintos de segurança para crianças de diferentes grupos de peso:
ou cadeirinhas para veículos. Esse porcentual au-
mentou consideravelmente depois que os sistemas Grupo de peso 0/0+ (0-13 kg; 0-12 meses): A crian-
de retenção para o transporte de criança tornaram- ça deve sentar-se em cadeirinha infantil para bebês
se obrigatórios (ver tópico seguinte, Descrição da (bebê-conforto), voltada para trás. Até 9 kg, a cadei-
medida). rinha (bebê-conforto) é obrigatória.
Equipamentos de proteção ou sistemas de retenção Grupo de peso 1 (9-18 kg; aproximadamente 9 me-
para o transporte de crianças em veículos servem ses a 4 anos): A partir de 9 kg, a criança deve sentar-
para manter as crianças no banco, de modo que, se em cadeirinha infantil para veículos, instalada na
durante uma frenagem ou colisão, elas não sejam posição virada para a frente ou para trás. O limite de
jogadas contra o interior do veículo ou para fora do peso é no mínimo 18 kg, mas existem várias cadeiri-
mesmo. O sistema de retenção deve ser capaz de nhas infantis viradas para trás que permitem até 25
absorver a energia cinética, sem infligir lesões signi- kg. De acordo com as normas de segurança viária,
ficativas à criança, além de ser fácil de manusear. A recomenda-se que as crianças sentem-se voltadas
lei a respeito da segurança de crianças em veículos para trás, independente de o limite de 18 kg ter sido
deve reduzir o número de crianças feridas, por exi- ultrapassado.
gir que elas sejam transportadas de forma segura.
Grupos de peso 2 (15-25 kg) e 3 (22-36 kg): Nestes
grupos de peso, o cinto de segurança de três pon-
Descrição da medida tos comum pode ser combinado com uma almofada
ou cadeira que eleve a criança e controle a altura
Dispositivos de retenção para o transporte de crian- do cinto para que este possa ser afivelado confor-
ça em veículo significam as seguintes medidas: tavelmente sobre ela, tanto sobre o ombro quanto
nos quadris. As normas de segurança viária reco-
• Escolha do assento para crianças no carro (dian- mendam o uso de assento com proteção lateral para
teiro ou traseiro); coluna e cabeça até que a criança atinja altura entre
• Sistema de retenção com cadeirinha elevada e/ou 135-150 cm ou passe o limite de peso de 36 kg.
cinto de segurança;
• Dispositivo de retenção obrigatório para trans- Crianças no veículo e airbags: É proibido o trans-
porte de criança em veículo. porte de crianças na posição virada para trás no
558 O Manual de Medidas de Segurança Viária
banco da frente, onde está o airbag. A exceção é se má colocação do cinto); entretanto, a taxa mais gra-
o airbag estiver desativado. Para crianças com me- ve de uso indevido foi maior entre as crianças mais
nos de 140 centímetros, geralmente desencoraja-se novas. Nenhuma das crianças neste estudo estava
que se sentem no banco do passageiro enquanto o completamente insegura. Além disso, observou-se
airbag estiver ativado. que 24% de todas elas estavam em veículos em que
havia objetos soltos, que teriam constituído risco de
A taxa de crianças protegidas por dispositivos de acidente. Em estudos de outros países, a taxa de uso
retenção/cinto de segurança, de acordo com pes- incorreto varia de 15 a 80% (Decin e Lococo, 2005,
quisas situacionais da Agência Nacional de Admi- Arbogast et al., 2005, Amundsen, 2004, Anund et
nistração de Rodovias Públicas da Noruega entre al., 2003, Decin et al., 1997). Erros comuns incluem
1999 e 2005 era de 94 a 97% entre os menores (0-3 cintos não suficientemente apertados ou colocados
anos), 84 a 93% entre as crianças mais velhas (4 a sobre o pescoço da criança ou sob os braços, ou a
14 anos) e 67 a 87% entre as crianças com mais de cadeira não fixada corretamente ao banco do veí-
14 anos. Pesquisas situacionais não fornecem infor- culo. O uso inadequado do dispositivo de retenção
mações a respeito da taxa de crianças transportadas geralmente reduz seu efeito (Arbogast et al., 2004).
corretamente, conforme a lei (o uso incorreto de
dispositivos não é levantado pelas pesquisas). Tam-
bém em outros países (Suécia, EUA, Reino Unido e Impacto sobre os acidentes
Austrália), a utilização de dispositivos de retenção
para o transporte de crianças pequenas está em tor- Escolha do assento no carro
no de 90 a 95% (Amundsen, 2004; US Department
of Transportation, 2004; Anund et al., 2003). As seguintes pesquisas estudaram o impacto da es-
colha de como se sentar no veículo no risco de lesão
Um estudo norueguês, que foi realizado consideran- nas crianças:
do a fiscalização regular nas rodovias com limites de
velocidade em 70 km/h ou superior (Skjerven-Mar- Nielsen, 1974 (Dinamarca);
tinsen et al., 2013), mostrou que 38% das 1.260 Williams & Zador, 1977 (EUA);
crianças de 0 a 15 anos estavam protegidas com Norin et al., 1978 (Suécia);
sistema de retenção instalados incorretamente (em Dalmotas et al., 1984 (EUA);
24% dos casos, a montagem incorreta foi conside- Kahane, 1986 (EUA);
rada grave).A taxa de uso indevido foi maior entre Tingvall, 1987 (EUA);
crianças de 4 a 7 anos (a causa mais frequente foi a Agran, Castillo & Winn, 1992 (EUA);
Tabela 4.13.1: Impacto no risco de acidentes com crianças, de acordo com a escolha de assentos no
carro. Variação porcentual do risco de lesão.
Braver et al., 1998 (EUA); 11% maior no lado esquerdo do que no centro. Em
Petridou et al., 1998 (EUA); comparação com o lado direito, o risco é 3,6% mais
Berg et al., 2000 (EUA); elevado do que no lado esquerdo.
Smith & Cummings, 2004 (EUA);
Durbin et al., 2005 (EUA);
Lennon et al., 2008 (EUA) e Segurança de crianças em veículo com cadeirinha e/
Mayrose & Priya, 2008 (EUA). ou cinto de segurança
Com base nestes estudos, o impacto no risco de lesão O impacto da medida de segurança para o trans-
ao escolher o banco de trás, em detrimento do dian- porte de crianças em veículos no risco de lesões
teiro, está indicado nos números na tabela 4.13.1. em acidentes foi pesquisado em diversos estudos,
a maioria deles realizados nos Estados Unidos. Os
Para crianças sentadas no banco da frente, foi en- resultados estão resumidos na tabela 4.13.2 e se ba-
contrado maior risco tanto para ferimentos quan- seiam nos seguintes estudos:
to para morte do que para as crianças sentadas no
banco de trás. Para o risco de morte ou ferimentos Williams & Zador, 1977 (EUA);
graves, a diferença do risco é maior do que para o Melvin et al., 1978 (EUA);
risco de acidentes com lesões em geral. A diferença Norin & Andersson, 1978 (Suécia);
de risco parece ser igual para crianças transportadas Norin et al., 1978 (Suécia);
de forma segura ou não; os resultados de ambas as Scherz, 1979 (EUA);
situações foram, portanto, unificados. O risco da Norin et al., 1980 (Suécia);
escolha pelo banco dianteiro ao invés do traseiro é Dalmotas et al., 1984 (Canadá);
maior para as crianças mais novas (até 3 anos). Para Wagenaar, 1985 (EUA);
crianças maiores, o risco é menor, e os resultados Kahane, 1986 (EUA);
não são estatisticamente significativos. Aldman et al., 1987 (Suécia);
Carlsson et al., 1987 (Suécia);
Para crianças que se sentam no banco de trás, os Tingvall, 1987 (Suécia);
resultados sugerem que o risco de morte é menor Partyka, 1988 (EUA);
quando se senta no meio do banco traseiro. O resul- Langwieder & Hummel, 1989 (Alemanha);
tado, entretanto, não é estatisticamente significati- Agran et al., 1992 (EUA);
vo. E, para ferimentos, tampouco foi encontrado um Berg et al., 2000 (EUA);
impacto relevante. Um dos três estudos, que estão Lutz et al., 2003 (EUA);
na base dos resultados (Howard et al., 2004) encon- Arbogast et al., 2004 (EUA);
trou diferentes impactos significativos relacionados Nance et al., 2004 (EUA);
ao espaço do lado da colisão com outro veículo ou Lund, 2005 (EUA);
objeto em comparação com o lado oposto. Crian- Brown et al., 2006 (EUA);
ças sentadas no meio do assento, de acordo com os Chen et al., 2006 (EUA);
resultados de Howard et al. (2004), têm risco 60% Durbin et al., 2006 (EUA);
menor de morte do que as crianças sentadas no lado Elliott et al., 2006 (EUA);
da colisão e risco de morte 30% mais alto do que as Garcia-Espana & Durbin, 2006 (EUA);
crianças do lado oposto da colisão. Isso se aplica a Henary et al., 2007 (EUA);
crianças utilizando o dispositivo de retenção. Para Lee et al., 2008 (EUA);
as crianças que não utilizavam o sistema de reten- Lennon et al., 2008 (EUA) e
ção, o risco é 16% maior para o lado da colisão e Arbogast et al., 2009 (EUA).
46% mais baixo para o lado oposto. Na Noruega
a taxa de crianças mortas e severamente feridas em Poucos estudos examinaram o impacto de tipos es-
veículo de passeio que atingiu outro veículo ou ob- pecíficos de dispositivos de retenção para crianças.
jeto ou foi atingido por outro veículo ou objeto no A maioria das pesquisas comparou o uso do disposi-
lado direito foi de 6%, enquanto a taxa de colisão tivo de retenção obrigatório (ou recomendado) para
no lado esquerdo foi de 8% (taxas de 1983 a 1999; o transporte de criança em veículos com:
para os anos mais recentes, não há informações so-
bre o ponto de colisão). Diante desses resultados, • Dispositivos de retenção em desacordo com as
pode-se calcular que o risco de morte ou ferimento normas/recomendações ou usados incorretamen-
grave é 7% maior no lado direito do que no meio e te (“inadequadamente protegidas”);
560 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.13.2: Impacto do uso do sistema de retenção para o transporte de crianças em veículo no risco
de acidente com crianças como passageiros. Variação porcentual do risco de lesão.
• uso somente do cinto de segurança; estudos que não especificaram o tipo de disposi-
• não-uso de dispositivo de retenção ou cinto de se- tivo de retenção ou se seu uso é obrigatório/reco-
gurança (“não protegidas”). mendado ou não. Os resultados também indicam
que o impacto da proteção é um pouco maior para
O que é exigido ou recomendado depende da idade ferimentos mais graves do que para lesões menos
e/ou do peso da criança. Assim, “transportado de graves. Dividindo-se os resultados por idade ou por
forma segura conforme a norma” para um bebê sig- tipos específicos de dispositivo de retenção para o
nifica que a criança está segura a uma cadeira (bebê- transporte de crianças, não há diferenças sistemáti-
conforto) para veículo e virada para trás, enquan- cas no impacto entre os grupos etários ou tipos de
to que “transportado de forma segura conforme a cadeirinhas. Os resultados são, assim, apresentados
norma” para uma criança de 7 anos normalmente para todas as faixas etárias e todos os tipos de dis-
significa que ela está segura a uma cadeira infantil, positivos de retenção. Ainda assim, é possível que
conforme as exigências (ou recomendações) para diferentes tipos de dispositivos de retenção para o
esta faixa etária. transporte de crianças tenham impactos diferentes.
Kapoor et al. (2011) mostraram, por exemplo, em
Os resultados mostram que o risco de lesão para testes de colisão, que as crianças podem ser feri-
crianças é minimizado pelo dispositivo de retenção, das mais gravemente principalmente na cabeça
tanto o exigido quanto o recomendado. O risco é em cadeirinhas para veículos presas com cinto de
maior com uso incorreto dos mesmos (“inadequa- segurança do que quando fixadas com ISOFIX.
damente protegidas”) ou com somente o uso do Também é possível que a utilização de sistemas de
cinto de segurança, e o maior de todos os riscos retenção para crianças tenha um impacto maior nas
é quando não se usa o dispositivo de retenção. O crianças menores do que entre as crianças mais ve-
resultado relacionado a “todas as variáveis vs não lhas, embora os resultados apresentados não justifi-
transportadas com segurança (todas)” se baseia em quem essa conclusão.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 561
Os resultados não parecem ter sofrido viés de pu- das com segurança no veículo aumentam justifica-
blicação. A maioria dos estudos controlou certo velmente a taxa de crianças transportadas de forma
número de variáveis, incluindo a idade da criança apropriada (Lennon, 2012; Winston et al., 2007;
e a posição no carro (dianteira ou traseira). No en- Zaza et al., 2001). Foi encontrado um aumento de
tanto, ainda é possível que o impacto da redução 5% a 40%.
de lesões pelo dispositivo de retenção para o trans-
porte de criança seja superestimado. Nenhum dos
estudos analisou as atitudes dos condutores (ou Impacto na mobilidade
pais) ou o comportamento na direção. Sem um sis-
tema de retenção exigido para as crianças, há pais Não há impacto direto sobre a mobilidade do trans-
que são menos conscientes em relação à segurança porte de crianças em segurança no veículo ou da sua
no geral e que poderiam, pelo mesmo motivo, ter legislação.
um comportamento de condução mais arriscado do
que pais de crianças que são transportadas confor-
me a legislação (Lee et al., 2012). Como exemplo, Impacto no meio ambiente
Schlotthauer et al. (2011) mostraram que crianças
em veículos em que o condutor estava embriagado Não há impacto direto no meio ambiente por se
estavam, na maioria, sendo transportadas mais ina- transportarem crianças em segurança em veículos
dequadamente do que crianças em veículos em que ou da sua legislação.
os condutores não apresentavam embriaguez.
Custos
Legislação sobre segurança no transporte de crianças
em veículo Os preços para os diferentes tipos de dispositivos
de retenção para o transporte de crianças em veícu-
O impacto da obrigatoriedade do sistema de reten- los para o ano de 2013 estão apresentados abaixo.
ção para o transporte de crianças foi pesquisado na Preços para cintos de segurança não são fornecidos,
Noruega e nos EUA. Os resultados apresentados pois são equipamentos padronizados (itens de fábri-
aqui se baseiam nas seguintes pesquisas: ca em todos os carros). O custo total poderia ser
menor se reutilizados, mas a Agência Nacional de
Lawless & Siani, 1984 (EUA); Administração de Vias Públicas da Noruega adverte
Guerin & MacKinnon, 1985 (EUA); contra a compra de equipamentos usados.
Wagenaar, 1985 (EUA);
Wagenaar, Webster & Maybee, 1987 (EUA); • Cadeirinha para veículo (voltada para trás)
Evans & Graham, 1990 (EUA); 0-13 kg: NOK 1500 a 2600;
Elvik, 1995 (Noruega) e • Cadeirinha para veículo (voltada para a frente ou
Rock, 1996 (EUA). para trás) 0-18 kg/0-25 kg: NOK 1300 a 4200;
• Cadeirinha para veículo (voltada para a frente ou
Com base nestes estudos, a melhor estimativa do para trás) 9-18 kg/9-25 kg: NOK 2000 a 4700;
impacto da obrigatoriedade do sistema de retenção • Cadeirinha para veículo (voltada para a frente)
para o transporte de criança em veículo é uma que- 9-36 kg: NOK 2800 a 3500;
da de 15% (± 1%) no número de crianças feridas • Conjunto para veículo (cadeirinha voltada para a
nos grupos etários abrangidos pela legislação. Na frente, com cinto de segurança) 15-36 kg: NOK
Noruega, a redução do número de crianças feridas 700 a 2500.
entre 1983 e 1987 (antes da lei) e entre 1989 e 1993
(depois de sua implementação) é de cerca de 17%,
quando os condutores são utilizados como grupo Avaliações de custo-benefício
de controle. A taxa média de crianças transporta-
das com segurança conforme a norma aumentou de Foi feita uma análise de custo-benefício simplificada
42%, no período anterior, para 82%, no período para mostrar aproximadamente quantos ferimentos
depois da implementação. entre crianças são anualmente evitados com o uso
dos dispositivos de retenção obrigatórios, qual o va-
Vários estudos também mostraram que as leis que lor investido para atingir o nível atual de utilização e
especificam como as crianças devem ser transporta- quais são os benefícios socioeconômicos da redução
562 O Manual de Medidas de Segurança Viária
das lesões relacionados ao sistema de retenção para crianças. A instalação deve ser feita de acordo com
o transporte de crianças em veículos. as instruções fornecidas no produto.
Os próprios proprietários de veículos podem insta- O capítulo foi revisado em 2007 por Alena Høye
lar os dispositivos de retenção para transporte de (TØI)
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 563
Problema e finalidades lesão que o airbag pode causar, ou seja, aquela lesão
que não teria ocorrido sem ele. Os primeiros air-
O uso dos cintos de segurança reduz os ferimentos bags que chegaram ao mercado foram projetados
causados em acidentes de trânsito, mas não pode para que a inflagem acontecesse muito rápido e com
proteger contra todos os tipos de lesão; eles não uma pressão muito alta. A intenção era que o air-
ajudam, por exemplo, a manter a cabeça presa no bag inflasse mais rápido que a cabeça e o tronco do
lugar em caso de acidente e não podem evitar que condutor/passageiro pudessem avançar contra o vo-
ela se choque contra partes do interior do veículo, lante ou o painel frontal. Os airbags foram testados
como o volante ou as colunas A ou B. Ao equipar- em situações de colisão com impacto de altíssima
se o veículo com airbags, pode-se ter uma melhor energia, que resultaram em muitos acidentes com
proteção contra as lesões que os cintos de segurança vítimas que não teriam ocorrido de outra forma,
nem sempre podem impedir. Airbags, juntamente especialmente no caso de acidentes com baixa velo-
com os cintos de segurança, podem dar melhor pro- cidade. Os airbags tornam-se especialmente perigo-
teção contra lesões graves em caso de acidente aos sos para condutores e passageiros pequenos e leves.
condutores e passageiros dos assentos dianteiros. Entre crianças e mulheres jovens, o porcentual de
mortes ou ferimentos devido aos airbags é maior
que entre os homens jovens de estatura mediana.
Descrição da medida A grande maioria das pessoas mortas em acidentes
em que o airbag é a causa de morte são crianças ou
Um airbag é um balão comprimido que infla em mulheres pequenas. As lesões fatais provocadas por
caso de colisão. Existem vários modelos de airba- airbags em condutores adultos ou passageiros são
gs que, em distintos tipos de acidentes, evitam que principalmente lesões no peito. As lesões fatais em
diferentes partes do corpo se choquem contra o in- crianças provocadas por airbags são principalmente
terior do veículo e, em parte, também podem pro- na cabeça, nas vértebras e danos no sistema nervoso
teger para que a pessoa não seja arremessada para (McKay e Jolly, 1999).
fora do automóvel.
Com base nestes resultados, buscou-se desenvolver
airbags que evitassem essas lesões. Nos Estados Uni-
Airbags dianteiros dos é obrigatório equipar os veículos com airbags
frontais para condutor e passageiro. Antes de 1997,
Os primeiros modelos de airbags introduzidos fo- os airbags tinham de ser testados em testes de colisão
ram os dianteiros, que são instalados no volante ou e, a partir de 1997, tornou-se obrigatório testar os
no painel frontal do passageiro dianteiro. Estes air- airbags com os chamados “testes de impacto” com
bags visam proteger contra lesões de cabeça, face, menor energia de impacto. Os airbags testados são
pescoço e torso em caso de colisão frontal: no im- inflados mais lentamente e com energia mais baixa,
pacto da colisão, sensores que medem a desacele- para que causem o menor número de lesões e com
ração do veículo fazem com que os airbags inflem. menor gravidade possível. O valor-limite para libe-
A inflagem leva no máximo 5/100 segundo (Fosser, ração foi otimizado para que os airbags não fossem
Vaa & Torp, 1992). Depois de cerca de 0,5 segundo, acionados em acidentes em que eles provavelmente
o airbag é novamente desinflado. Em outros tipos imporiam lesões adicionais ou mais graves que os
de acidentes, os airbags inflam quando a redução de que poderiam impedir. Além disso, tornou-se legal
velocidade é tão grande e abrupta quanto em uma instalar um botão on-off para que o airbag pudesse
colisão frontal. Acidentes em que os airbags frontais ser desligado para crianças e condutores que têm de
não têm nenhum efeito são aqueles em que eles não se sentar a uma distância muito pequena em relação
são acionados (por exemplo, na maioria dos impac- ao volante (menos de aproximadamente 25 cm).
tos laterais e capotamentos, por exemplo), aciden-
tes em que o veículo está completamente destruído, Não existem dados sobre o número de veículos
acidentes de intrusão de objetos ou partes de outros equipados com airbags na Noruega. Quase todos
veículos na cabine e acidentes envolvendo afoga- os automóveis novos vendidos têm airbags frontais.
mento ou incêndio. Uma lista de modelos de veículos vendidos na Ale-
manha em 2003 mostra que a maioria dos modelos
Os airbags frontais variam quanto ao tamanho, ao era equipado com airbags para o condutor (96%) e
tempo e à pressão de inflagem; estas variações afe- passageiro do banco da frente (93%; Klanner et al.,
tam a eficiência da prevenção de lesões e o grau de 2004) como item de série.
564 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Geralmente os airbags são muito confiáveis, mas em atropelamentos por automóveis. Para reduzir as
podem ocorrer problemas. Eles podem ser acio- lesões decorrentes do uso do cinto de segurança em
nados sem acidente ou em acidentes que não são colisões, foi feito um teste com cintos de segurança
tão graves a ponto de eles serem acionados. Isso infláveis em que a pressão sobre os ombros, tronco
pode levar a lesões mais leves ou graves, além de e parte inferior do corpo era distribuída sobre uma
poder causar acidentes que não teriam aconteci- área maior.
do, devido ao susto ou pela visibilidade reduzida,
por exemplo. Pode acontecer também de o air-
bag não ser acionado em acidentes graves em que Impacto sobre os acidentes
ele deveria ser acionado, o que reduz sua eficá-
cia, mas não inflige lesões que sem ele não teriam Airbags dianteiros
ocorrido.
Impactos de airbags frontais nos condutores e
passageiros adultos mortos ou feridos: A maioria
Airbags laterais dos estudos sobre airbags investiga airbags frontais,
ou seja, aqueles no volante ou no painel frontal do
Airbags laterais têm como finalidade proteger a ca- passageiro. Existem vários estudos que comparam
beça ou o peito em colisões laterais. Existem vários o risco de ser morto ou gravemente ferido em um
tipos de airbags laterais: os que protegem o torso veículo com airbag com o mesmo risco em um veí-
ou o tórax, montados nas portas ou nos encostos e culo sem airbag. Os resultados aqui apresentados se
os airbags de cortina, para proteção da cabeça, que baseiam nas seguintes pesquisas:
protegem contra colisão entre a cabeça e o interior
do veículo, possivelmente até mesmo contra ser lan- Zador & Ciccone, 1993 (EUA);
çado para fora do veículo. Há também combinações Edwards, 1995 (EUA);
destes airbags: alguns modelos laterais estão equi- Ferguson, Lund & Greene, 1995 (EUA);
pados com sensor de capotamento, para que tam- Joksch, 1995 (EUA);
bém sejam ativados em caso de acidentes em que Kahane, 1996 (EUA);
os airbags frontais geralmente não são acionados Malliaris et al., 1996 (EUA);
(Kahane, 2007). Os airbags laterais dianteiros foram Lenard et al., 1998 (Grã-Bretanha);
introduzidos em veículos de passeio em 1996 e os Segui-Gomes, 2000 (EUA);
airbags de cortina, em 1998; mas só depois de 2000 Cuerden et al., 2001 (Grã-Bretanha);
eles começaram a ser instalados em maior número. Cummings et al., 2002 (EUA);
Em 2003, cerca de 20% de todos os veículos de pas- Braver, Kyrychenko & Ferguson, 2005 (EUA);
seio novos nos EUA eram equipados com airbags Meyer & Finney, 2005 (EUA);
laterais (Kahane, 2007). Segundo Klanner, Ambos Kahane, 2006 (EUA) e
& Paulus (2004), em 2004 75% de todos os auto- Olsen et al., 2006 (EUA).
móveis novos na Alemanha tinham airbags laterais
dianteiros como item de série. Os airbags de cabeça A maioria dos estudos foi realizada nos EUA, e a
e cortina são itens de série em apenas 7% de todos maior parte dos airbags que foram examinados é
os veículos novos. Outros tipos de airbag (como o da “primeira geração”, ou seja, aqueles testados em
toráxico na parte traseira, por exemplo) são muito situações de colisão com energia de alto impacto.
mais raros, e os airbags para proteção dos joelhos e A tabela 4.14.1 fornece os efeitos sobre o número
dos pés ainda não estão muito difundidos no pano- de mortos ou feridos com base nestas investigações
rama atual. sobre os airbags. É mostrado o impacto líquido de
airbags, ou seja, a redução das lesões causadas pelo
airbag menos as lesões que ocorrem por sua causa.
Outros airbags Os impactos se baseiam apenas nos resultados para
os quais o uso do cinto foi especificado ou estatisti-
Outros tipos de airbags estão em desenvolvimen- camente controlado. Quando o uso do cinto não é
to: airbags que protegem os pés e as pernas contra especificado, geralmente encontra-se maior redução
choques no interior de veículos; airbags para mo- de mortes que a apresentada na tabela 4.14.1, por-
tocicletas, para a proteção dos membros inferiores que o uso do cinto em geral é maior em veículos
ou como componente do vestuário, por exemplo, e com airbag que nos veículos sem airbag (Meyer &
airbags de capô, que protegem pedestres ou ciclistas Finney, 2005).
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 565
Os resultados mostram que os airbags frontais re- O impacto dos airbags no número de feridos graves
duzem o número de mortos e feridos graves entre parece ser quase tão grande quanto no número de
condutores e passageiros que usam os cintos de se- vítimas fatais.
gurança em aproximadamente 15%. O maior efei-
to é encontrado em colisões frontais. Entretanto, o Uma análise mais profunda mostra que os resul-
efeito não é maior em colisões frontais em que a co- tados são muito heterogêneos, e é provável que
lisão atinge o veículo diretamente de frente (colisões tenham sido influenciados por outros fatores rela-
de posição 12 h) do que em outras colisões frontais cionados aos airbags, aos condutores, aos veículos
secundárias (colisões frontais geralmente incluem ou aos acidentes que não foram levados em conta
todas as colisões em que a colisão ocorre na frente, nas pesquisas. O controle estatístico para tais fato-
isto é, na posição aproximada entre 14 h e 10 h). To- res pode alterar tanto a magnitude quanto o regis-
dos os resultados para os condutores e passageiros tro dos impactos estimados (Farmer, 2006; Meyer,
com cinto de segurança são significativos, exceto em 2006). Embora a maioria dos resultados seja signi-
acidentes que não são colisões. Os efeitos baseados ficativa, os impactos devem ser considerados como
em levantamentos em que o uso do cinto de segu- incertos. Alguns fatores que podem afetar a eficá-
rança foi estatisticamente controlado não são signi- cia dos airbags dianteiros são descritos nos itens a
ficativos, e o impacto sobre os acidentes como um seguir.
todo é menor quando o uso do cinto de segurança
é controlado do que quando o impacto é estimado Airbags dianteiros com energia de impacto redu-
apenas para condutores com cinto de segurança. zida: Na tabela 4.14.2, os impactos dos airbags em
veículos anteriores a 1997 (testados contra colisão
Entre os condutores que não usam o cinto de se- com energia de alto impacto) são comparados aos
gurança para todos os acidentes, em geral o airbag impactos dos airbags em veículos posteriores a
não apresenta nenhum impacto. Em caso de aciden- 1997. Os airbags que foram testados em situações
tes exceto colisões (a maioria dos acidentes indivi- de colisão antes de 1997 são mais “agressivos” que
duais), o número de mortes entre os condutores sem os testados após 1997, ou seja, eles são liberados
cinto aumenta. mais rapidamente e com maior energia. Os airbags
566 O Manual de Medidas de Segurança Viária
mados quando variáveis múltiplas são controladas também entre condutores e passageiros com cinto
em uma análise estatística. de segurança (Atkinson et al., 2002; Barnes et al.,
2002; Frampton et al., 2000; Jernigan & Duma,
Impactos nos ferimentos na cabeça: Como mostra a 2003; Johnston et al., 1997; Lenard et al., 1998;
tabela 4.14.1, os airbags reduzem o risco de ferimen- Morris et al., 2001). As lesões nos braços são, em
tos graves. Nestes resultados, não se fez distinção sua maioria, deslocamentos (Jernigan et al., 2005)
entre as diferentes regiões do corpo. Vários estudos e fraturas, que podem ocorrer como resultado do
identificaram que os airbags reduzem o risco de contato direto entre o braço e o airbag ou como um
lesões na cabeça e no pescoço entre os condutores resultado do choque do braço contra o interior do
com cinto de segurança (Barnes et al., 2002; Morris veículo (Johnston et al., 1997). O risco de fratura
et al., 2001). Fraturas de mandíbula foram reduzi- no braço entre os condutores depende da forma em
das em aproximadamente 50% a 70%, dependen- que seguram o volante (Atkinson et al., 2002).
do do uso do cinto de segurança (maiores reduções
com o cinto de segurança) (Mouzakes et al., 2001). Impactos nos ferimentos no peito: Matthes et al.
Na pesquisa realizada por Lenard et al. (1998) para (2004) compararam o risco de ferimentos no peito
veículos equipados com airbags, os porcentuais de entre os condutores que usam o cinto de seguran-
ferimentos graves e ferimentos na cabeça, especial- ça em veículos com e sem airbags. O risco de feri-
mente fratura craniana, diminuem, enquanto que os mentos no peito é 30% maior entre os condutores
porcentuais de pequenas lesões e ferimentos no pei- de veículos equipados com airbags do que entre os
to e nos braços aumentam. Uma análise de dados de condutores de veículos sem este equipamento. A
acidentes da Alemanha e da Grã-Bretanha mostrou diferença não é significativa. Lesões no peito estão
que airbags reduzem o número de ferimentos graves entre as lesões causadas por airbags que podem ser
na cabeça e no rosto (condutores) em acidentes em fatais (Cunningham et al., 2000).
que o condutor estava utilizando um cinto de segu-
rança e foi gravemente ferido. Impacto no número de crianças mortas no banco do
passageiro dianteiro: Os impactos dos airbags sobre
Duma et al. (2005) encontraram significativamente o número de crianças mortas foram examinados por
menos lesões oculares em acidentes envolvendo air- Kahane (2006), Glass et al. (2000) e Graham et al.
bags com energia reduzida que em acidentes em que (1998). Uma vez que a amostra não é grande, a maio-
o airbag foi acionado com maior energia (anteriores ria dos resultados não é significativa. Foi encontrado
a 1997). Os airbags aumentam o risco de lesões ocu- um número significativo maior de crianças mortas
lares entre condutores e passageiros com óculos. em veículos com airbags em combinação com outros
fatores como idade, uso de sistema de retenção e tipo
Em uma pesquisa, a probabilidade de lesões faciais de acidente, como mostra a tabela 4.14.5.
foi reduzida (Frampton et al., 2000), mas aumentou
em outras (Barnes et al., 2002; Dalmotas et al., 1996). O risco para as crianças pode ser reduzido por in-
termédio das seguintes medidas (Kahane, 1996):
Impactos nos ferimentos nos braços: As lesões mais
comuns causadas por airbags ocorrem nos braços • as crianças devem sentar-se no banco traseiro;
e nas mãos (Frampton et al., 2000). O aumento do • quando uma criança está sentada em uma cadeiri-
risco de lesões nos membros superiores em veículos nha ou em um bebê-conforto voltado para trás no
com airbags foi identificado em muitas pesquisas; banco do passageiro, o airbag deve ser desligado;
Tabela 4.14.5: Impacto dos airbags no número de crianças mortas. Variação porcentual no
número de crianças mortas no banco do passageiro dianteiro.
• estão sendo desenvolvidos sensores de peso para centual de feridos ou mortos devido aos airbags é de
o banco dianteiro do passageiro que possam iden- crianças e jovens adultos. A distância mínima reco-
tificar o peso colocado sobre o assento e desligar o mendada é de aproximadamente 25-30 cm. Em mui-
airbag se a carga indicar a presença de uma crian- tos modelos de automóveis, a distância fica abaixo
ça no assento; deste limite se o banco estiver em sua posição mais
• uso de airbags mais suaves. para frente possível. As lesões também podem ocor-
rer quando o airbag infla e o condutor ou passageiro
De acordo com Evans (2004), se as crianças são não estão sentados na posição correta (“out of posi-
colocadas no banco traseiro devido ao airbag, isso tion”). Esta é uma possível explicação de por que
pode aumentar o risco de acidentes, pois crianças frequentemente muito mais lesões devido ao airbag
que se sentam atrás distraem o condutor (pais) mais são encontradas entre os passageiros do que entre
que crianças que se sentam ao lado e na frente. Não os condutores (Langwieder, Hummelt & Mueller,
foram encontradas pesquisas sobre como os aciden- 1997). Por isso, há tentativas de programarem-se os
tes são influenciados pela posição em que os filhos airbags para que possam detectar os erros posturais
se sentam no veículo. Pode-se assumir que os resul- e, assim, quando uma posição inadequada for de-
tados que mostram um risco reduzido de ferimen- tectada, os airbags não serem acionados. Nos EUA
tos para crianças que se sentam no banco traseiro há requisitos definidos para testes de airbags para se
incluem tanto o efeito da redução destes ferimentos avaliar os riscos de lesões para crianças e mulheres
em caso de acidente quanto o (presumido) aumento mais baixas em posição inadequada.
do risco de acidentes.
A NHTSA (1997; citando Graham et al., 2000) es-
Lesões decorrentes dos airbags: As lesões que po- timou que aproximadamente 75 condutores sobre-
dem acontecer quando os airbags frontais inflam po- vivem a um acidente por causa do airbag para cada
dem ser: ferimentos faciais, na cabeça e no pescoço condutor morto por conta do mesmo. Para 5-10
(lesões de pele, fratura craniana, politraumatismos, passageiros adultos que sobrevivem a um acidente
etc.); lesões nos braços e nas mãos (lesões de pele e devido ao airbag, há aproximadamente uma crian-
fraturas); perda de audição e doenças respiratórias ça morta devido ao equipamento em questão. Es-
(por causa dos gases do airbag). Em uma pesquisa tas condições podem vir a ser menos desfavoráveis
sobre condutores mortos em veículos com airbags especialmente para as crianças no banco do passa-
entre 1989 e 1996 (Cammis et al., 2000), 15% (9 de geiro, quando airbags mais macios forem usados e
59) morreram em decorrência de ferimentos causa- quando o airbag for desligado para que uma criança
dos pelo airbag. Os ferimentos fatais mais comuns seja colocada em uma cadeirinha/bebê-conforto no
causados por airbags são lesões no tórax (dissecção banco da frente.
da artéria coronária, por exemplo) e deslocamento
das vértebras cervicais (Cunningham et al., 2000). Kahane (2006) estimou o número de condutores e
passageiros mortos que teriam sobrevivido a coli-
Estes ferimentos ocorrem frequentemente quando sões se não houvesse airbags no veículo. Os resulta-
um condutor ou passageiro se senta a uma pequena dos são mostrados na tabela 4.14.6. Kahane também
distância do airbag. Por este motivo, o maior por- comparou o risco de morte de crianças (de 0-12
anos) em veículos com airbags rígidos e macios. O como os airbags são projetados, o pescoço ou a co-
risco em veículos com airbags rígidos é 5,7 vezes luna vertebral ainda podem estar suscetíveis a lesão.
maior que em veículos com airbags macios. Nos testes de colisão foram encontradas reduções
significativas nos ferimentos na cabeça em veículos
com airbags de cortina (Kahane & Tarbet, 2006).
Airbags laterais
Tabela 4.14.7: Impacto dos airbags laterais no número de condutores e passageiros adultos mortos em caso de acidente.
Variação porcentual da probabilidade de lesões.
Variação porcentual no número de feridos
Gravidade das lesões Melhor Intervalo de
Tipos de acidentes afetados
estimativa confiança
Todos os acidentes
Condutores mortos -32 (-42; -20)
(uso do cinto de segurança não especificado)
Colisões
Condutores mortos -34 (-54; -6)
(uso do cinto de segurança não especificado)
Acidentes com um único veículo
Condutores mortos -12 (-26; +5)
(uso do cinto de segurança não especificado)
Colisões
Condutores/passageiros mortos -11 (-22; +2)
(uso do cinto de segurança controlado)
Colisões laterais, choque no lado do condutor/passageiro
Condutores/passageiros mortos -22 (-28; -15)
(uso do cinto de segurança controlado)
Colisões laterais, choque no lado oposto ao condutor/
Condutores/passageiros mortos passageiro -20 (-34; -4)
(uso do cinto de segurança controlado)
Condutores/passageiros mortos, lançados Colisões laterais
-11 (-31; +15)
para fora do veículo (uso do cinto de segurança controlado)
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 571
Impacto no meio ambiente fícios do airbag dianteiro são maiores que os custos,
apenas se os custos não forem maiores que NOK
Após a inflagem dos airbags, o hidróxido de sódio é 4.680, quando o número de mortos ou feridos gra-
liberado e, após a reação com o ar, ele forma um pó. ves diminuir em 15%. Correspondentemente, caso
Este pó é inofensivo. o número de mortos ou feridos graves diminua em
5%, os custos serão de NOK 2.400. Os benefícios
dos airbags laterais são maiores que os custos, se os
Custos custos não ultrapassarem NOK 10.700 e se o nú-
mero de mortos ou gravemente feridos diminuir em
Não há dados relativos aos custos dos airbags na No- 20%, ou ainda NOK 5.350, se o número de mortos
ruega. Os preços de varejo de veículos com e sem ou feridos graves diminuir em 10%.
airbags são enganosos, de modo que a carga tribu-
tária em relação aos veículos distorcem os custos so- Veículos com airbags laterais geralmente são equi-
cioeconômicos da medida (isso se aplica mesmo que pados com airbags frontais também. Não se sabe se
os airbags sejam isentos de encargos fiscais extras). os impactos de airbags frontais e laterais podem ser
somados ou se os impactos dos airbags laterais são
Em um estudo anterior sobre os impactos de com- menores (ou maiores) em veículos com airbags fron-
binações de medidas de segurança viária (Christen- tais que em veículos sem esses airbags.
sen, 1991), o custo socioeconômico da montagem
de um airbag foi estimado em cerca de NOK 5.000.
Responsabilidade e procedimentos formais
Evans (2004) estima o custo de substituição dos airba-
gs dianteiros, após terem sido acionados, em cerca de Iniciativa para a medida
USD 1.000 para o airbag do passageiro e USD 1.200
para o airbag do condutor. Reconhece-se que o vidro Os airbags atualmente não são obrigatórios na No-
da janela, em muitos casos, é quebrado pelo airbag e ruega, mas são itens de série na maioria dos veícu-
também tem que ser substituído. O número médio de los novos. Cabe ao comprador escolher um veículo
airbags acionados por ano é estimado em 0,007 para equipado com airbags. Uma eventual obrigatorieda-
airbags do condutor e 0,003 para airbags do passagei- de da instalação de airbags nos veículos deve antes
ro da frente. O preço para equipar um veículo novo ser incorporada aos regulamentos técnicos interna-
com airbag não foi fornecido. Além disso, de acordo cionais para veículos. A Agência Nacional de Ad-
com Evans (2004), surgem vários outros custos: au- ministração de Vias Públicas da Noruega participa
mento dos preço do seguro, encaixe dos airbags, des- ativamente de comitês técnicos da União Europeia
conexão do airbag para crianças ou passageiros jovens e das Nações Unidas (regulamentação UNECE).
e reparos. Em 1993, o custo de instalação do airbag Os testes de acordo com o EURO-NCAP fornecem
foi estimado em USD 278 (NHTSA). boas avaliações quanto à segurança interna dos veí-
culos. Este teste leva em consideração toda a estru-
tura do veículo, e não somente os airbags isolada-
Avaliações de custo-benefício mente. Isso proporciona uma melhor avaliação do
que aquela em que fossem considerados apenas os
Foram realizadas análises de custo-benefício para a requisitos de instalação destes airbags.
instalação de airbags dianteiros e laterais (de tórax e
de cortina) em todos os veículos. Os custos de insta-
lação dos airbags em veículos novos são desconhe- Requisitos e procedimentos formais
cidos. Estimou-se qual seria o custo máximo para
a rentabilidade da instalação de airbags em todos Atualmente não há exigências técnicas formais para
os veículos novos. Os cálculos foram feitos dentro airbags na Noruega. Se houver necessidade que re-
das seguintes premissas: airbags frontais reduzem quisitos técnicos sejam formulados, a Agência Na-
o número de mortos ou feridos graves em 15% ou cional de Administração de Vias Públicas da Norue-
em 5% entre condutores e passageiros que usam o ga será a entidade responsável. Os requisitos devem
cinto de segurança, cujo uso médio é de 90%. Os ser concebidos em conformidade com os acordos
airbags laterais reduzem o número de mortos ou fe- internacionais e consultas junto à indústria automo-
ridos graves em 20% ou 10%. Nenhum impacto foi bilística. A Noruega é, neste contexto, vinculada ao
estimado sobre o número de feridos leves. Os bene- Acordo EEE.
572 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Responsabilidade pela execução da medida de veículos, é relativamente mais raro que ocupan-
tes de veículos pesados sejam mortos ou gravemente
O comprador escolhe se deverá comprar um veículo feridos. No entanto, o risco de lesão, especialmente
com ou sem airbag. Quaisquer requisitos técnicos de lesão grave, é maior para pessoas sem cinto de
para uma liminar deverão ser adotados pela Agên- segurança, mesmo em veículos pesados. Nos ôni-
cia Nacional de Administração de Vias Públicas da bus, os passageiros muitas vezes não usam cintos de
Noruega. segurança e são, portanto, suscetíveis a lesões resul-
tantes do choque contra o interior do ônibus ou por
serem jogados para fora do ônibus, ou mesmo a ma-
4.15 Cintos de segurança em veículos chucar os outros passageiros. Acidentes em que há
pesados ônibus envolvidos podem levar a um número muito
elevado de lesões, justamente por haver muitas pes-
O capítulo foi revisado em 2013 por Alena Høye soas a bordo. Até agora, no pior acidente de ônibus
(TØI) na Noruega, em 1988, 15 pessoas foram mortas.
Em veículos pesados, o uso de cintos de segurança A tabela 4.15.1 mostra o porcentual de mortos e
continua menos habitual que em veículos leves. En- severamente feridos (M/SF) entre condutores e
tre os passageiros de ônibus, o porcentual é ainda passageiros, em ônibus e caminhões, tanto no to-
menor. As estatísticas mostram que o porcentual tal quanto com a distinção de com e sem o cinto
entre todos os mortos ou feridos é significativa- de segurança (o uso do cinto é desconhecido para
mente mais elevado entre pessoas em veículos pe- grande parte dos casos de mortes ou ferimentos gra-
sados que não usavam o cinto de segurança do que ves). Os números se baseiam nos dados de acidentes
entre aqueles que o usavam, principalmente entre do Escritório Central de Estatística (2007-2011). A
os condutores. Estudos empíricos mostram que o coluna “risco de ser M/SF com cintos de seguran-
uso do cinto de segurança entre os condutores de ça” mostra a redução calculada do risco de morte
veículos pesados reduz o risco de ser ferido em um ou ferimentos graves (ao invés de ferimentos leves)
acidente em 40%. Entre os passageiros de ônibus usando-se cinto de segurança. Isso não pode ser in-
também foram encontrados efeitos de redução de terpretado como um efeito do cinto de segurança,
lesões, especialmente para as lesões graves, mas pois não foram examinados quaisquer outros fato-
este impacto não pôde ser quantificado. res (tais como o tipo de veículo pesado ou o am-
biente viário).
Problema e finalidades Nos ônibus, o risco dos passageiros não está só re-
lacionado a acidentes de trânsito, mas também à
De forma geral, em caso de acidente os veículos pe- frenagem brusca e aos movimentos de conversão
sados, por suas dimensões, proporcionam melhor que podem fazer com que os passageiros, particu-
proteção para o condutor e os passageiros do que os larmente aqueles em pé, sejam atirados contra o in-
veículos menores. Em comparação com outros tipos terior do ônibus, uns contra os outros ou caiam do
Tabela 4.15.1: Condutores e passageiros mortos e feridos em acidentes com feridos registrados pela polícia em ônibus e
caminhões, entre 2008 e 2012, e os porcentuais de mortos ou feridos graves (M/SF).
O uso de cintos de segurança aumentou conside- Existem poucos estudos que avaliaram o efeito do
ravelmente entre os condutores de veículos pesa- cinto para os passageiros de ônibus. Estudos apro-
dos. No início da década de 1980 (Fosser, 1984), fundados em relação aos acidentes de ônibus con-
o cinto de segurança era instalado em apenas 10% cluíram que muitas das lesões mais comuns entre os
dos bancos de condutores de caminhões. Hoje pro- passageiros provavelmente poderiam ter sido evita-
vavelmente em quase todos os veículos pesados há das com o uso de cintos de segurança (Albertsson et
cintos de segurança no banco do condutor e dos al., 2006; Chang et al., 2006). A razão é que muitos
passageiros da frente. A taxa de condutores de veí- ferimentos graves ocorrem quando os passageiros
culos pesados que utiliza os cintos de segurança era são atirados contra o interior do próprio ônibus,
de 60,5% em 2011 e 70% em 2012, de acordo com contra passageiros ou para fora do ônibus. Um estu-
pesquisas situacionais da Agência Nacional de Ad- do de simulação (Gueler et al., 2009) apontou que
ministração de Vias Públicas da Noruega. Os resul- os passageiros de ônibus sem cinto têm alto risco
tados são baseados em registros de áreas fora das de ferimentos graves em acidentes de capotagem,
zonas urbanas. Não há informações sobre o uso de de modo que este risco diminui significativamente
cintos de segurança entre os passageiros de veículos com o uso do cinto. O impacto do cinto de dois e de
pesados. Comparativamente, o uso de cinto em veí- três pontos foi praticamente o mesmo. Chu (2014)
culos leves é 90% maior. indicou, com a ajuda de modelos multivariados, que
574 O Manual de Medidas de Segurança Viária
o uso de cinto reduz o risco de lesões graves entre os Vias Públicas da Noruega, que é responsável pelo
passageiros de ônibus, mas o impacto não foi quan- projeto de regulamentação dos veículos.
tificado. Comparando-se os porcentuais com e sem
cintos de segurança, entre mortos e outros passa-
geiros de ônibus (e condutores), não se encontra, Requisitos e procedimentos formais
entretanto, nenhum efeito de redução de ferimentos
devido ao uso do cinto de segurança. Requisitos para a instalação de cintos de segurança
são especificados no Capítulo 16 da Regulamenta-
Segundo Mátyás (2013), cintos para passageiros ção de Veículos. Se existirem no veículo, os cintos
de ônibus podem ter efeitos não esperados em aci- devem ser usados.
dentes de capotagem. Entre outros problemas, em
capotamentos pode haver enforcamento se o cinto
ficar travado. O estudo mostra, também, que o uso Responsabilidade pela execução da medida
dos cintos nem sempre pode evitar que os passa-
geiros sejam parcialmente jogados contra as janelas A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
laterais. blicas da Noruega é responsável pela concepção da
regulamentação no que diz respeito aos veículos. O
indivíduo usuário da via é responsável por cumprir
Impacto na mobilidade a exigência de utilização do cinto de segurança.
Não foram encontrados estudos que mostrassem A probabilidade de ferimentos (graves) em aciden-
como o uso do cinto de segurança nos veículos pe- tes depende, em grande parte, da proteção interna
sados impactaria o meio ambiente. que o veículo possui contra colisões. Programas de
teste para automóveis novos, como, por exemplo,
o Euro NCAP, examinaram os sistemas internos de
Custos proteção contra colisão em testes de colisão padro-
nizados. Os resultados desses testes, juntamente
Não foram encontrados valores dos custos dos cin- com uma série de estudos empíricos, apresenta-
tos de segurança para veículos pesados na Noruega. ram relação entre a gravidade dos acidentes reais
e os resultados de laboratório; ou seja, automóveis
com bons resultados nos testes em geral oferecem
Avaliações de custo-benefício melhor proteção para as pessoas. Da mesma for-
ma, automóveis com bons resultados causam aos
Não existe informação suficiente para fazer análises pedestres lesões menos graves em atropelamentos.
de custo-benefício. Esta relação, no entanto, não é “perfeita”, entre
outros motivos porque nos testes não é possível re-
construir todas as situações possíveis de acidentes.
Responsabilidade e procedimentos formais
A iniciativa para a instalação e utilização do cinto Os veículos de passeio estão envolvidos na maioria
de segurança em veículos pesados pode ser tomada dos acidentes de trânsito. Usuários de veículos de
pela indústria automobilística e de transporte, as- passeio (condutores e passageiros) totalizaram, nos
sim como por organizações de ônibus turísticos ou anos de 2008 a 2012, 56% de todos os mortos ou
pelas autoridades locais. Qualquer decisão deve ser feridos graves e 69% dos feridos leves nos registros
tomada pela Agência Nacional de Administração de de acidentes com vítimas da polícia norueguesa.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 575
A taxa de todos os feridos ou mortos em automó- energia cinética (Wood et al., 2007). Em colisões a
veis diminuiu de 4,8% em 1970 para 2,3% no pe- uma velocidade muito alta, a energia cinética pode
ríodo1990-2000, e de 1,9% no período 2001-2010 ser tão grande que as pessoas no veículo acabam não
para 1,5% no período 2011-2012. A taxa de mortos conseguindo sobreviver, não importa quão bem o
ou feridos graves diminuiu de 11,5% no período veículo as proteja.
1991-2000 para 8,7% no período 2000-2010 e, ain-
da, para 8,2%, no período 2011-2012. Isso ocorreu Esta seção descreve os resultados de testes padrão
mesmo apesar do fato de o peso e a velocidade dos de colisão, melhorias gerais de proteção interna
veículos terem aumentado durante esse período. In- contra colisão e algumas outras características dos
formações das companhias de seguros sugerem que automóveis no tocante à probabilidade de ferimen-
há uma taxa crescente de acidentes de trânsito en- tos graves.
volvendo apenas danos materiais.
Testes de colisão. Nos testes de colisão, as forças
Uma estrutura de proteção interna contra colisão que atuam sobre o condutor e os passageiros du-
inclui todas as propriedades da montagem dos veí- rante uma colisão são medidas por meio da utiliza-
culos que visam reduzir as lesões dos ocupantes do ção de corpos de prova/manequins padronizados.
veículo durante um acidente. As características dos Nos EUA, todos os automóveis novos são testados
automóveis que influenciam na gravidade dos atro- de acordo com os critérios definidos pelo NCAP
pelamentos de pedestres ou outras lesões junto à (Programa de Avaliação de Carros Novos). Na Eu-
segunda parte envolvida na colisão também podem ropa, os automóveis também devem cumprir uma
ser consideradas como estrutura de proteção contra série de requisitos de segurança. Além disso, muitos
colisão. automóveis são voluntariamente testados pelo Euro
NCAP (Programa Europeu de Avaliação de Carros
Os capítulos 4.19 e 4.22 descrevem como as carac- Novos). O Euro NCAP existe desde 1997. As se-
terísticas de um veículo afetam o risco de lesão em guintes características internas de proteção contra
outro veículo em uma colisão. colisão dos automóveis foram testadas:
significativo). Para certas partes do corpo não foram Lie & Tingvall, 2002 (Euro NCAP);
encontradas quaisquer relações significativas entre Newstead et al., 2002 (USNCAP, IIHS resultado total);
os resultados do teste e a gravidade das lesões. Farmer, 2005 (IIHS resultado total);
Harless & Hoffer, 2007 (USNCAP);
Os resultados destes estudos não podem neces- Page et al., 2009 (Euro NCAP) e
sariamente ser transferidos para outros tipos de Kullgren et al., 2010 (Euro NCAP).
acidentes. Automóveis novos são, muitas vezes,
mais adaptados às exigências dos testes NCAP e, O risco que se tem em automóveis com quatro
portanto, não há certeza de que os automóveis que estrelas para todos os estudos foi fixado em 1. O
oferecem boa proteção em experimentos de colisão IIHS classifica a segurança como “pobre”, “mar-
específicos forneçam a mesma proteção em aciden- ginal”, “aceitável” ou “boa”. O valor “aceitável”
tes em geral. Em alguns casos, as melhorias que são é aqui definido como igual a 4 estrelas, de acordo
adaptadas em consequência dos testes de colisão com o Euro NCAP e o USNCAP. Esta é apenas uma
NCAP até mesmo fazem com que os automóveis aproximação e não há precisão ao igualar o núme-
ofereçam menos proteção em outros tipos de aci- ro de estrelas da classificação do USNCAP com o
dentes ou para pessoas maiores ou menores que os do Euro NCAP. Por isso, não são estimados efei-
manequins usados nas simulações (Samaha et al., tos combinados. Todos os resultados do programa
2010). Euro NCAP foram considerados a partir do sistema
de avaliação posterior a 2009, baseados nos testes
O segundo grupo de estudos pesquisou a relação de impacto frontal e lateral.
entre os resultados em testes de colisão e o risco
de ferimentos e mortes em acidentes em geral. A figura 4.16.1 mostra que todos os estudos en-
Esses estudos são geralmente baseados em muitos contraram uma tendência de melhores resultados
acidentes. Três estudos mais antigos não encontra- de teste associada a menores riscos de morte e feri-
ram nenhuma relação (Campbell, 1982; Grush et mentos graves nos acidentes reais, mas que a relação
al., 1983; Stewart & Rodgman, 1985). Estudos re- nem sempre é grande no mesmo sentido (a maioria
centes mostraram que os resultados dos testes estão das curvas tem pequenas oscilações). Newstead et
relacionados principalmente para as lesões graves. al. (2002) mostraram haver uma relação entre os
A figura 4.16.1 mostra a relação entre os resultados resultados dos testes e a gravidade dos ferimentos
dos testes e o risco relativo de morte ou ferimento quando se combinam os resultados de testes do
grave encontrada nos seguintes estudos: USNCAP e do IIHS, mas isso não acontece para
1,6
(risco no resultado do teste = 4 é estabelecido como 1)
1,4
Risco relativo de ser gravemente ferido/morto
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2 Kullg
Page m. fl (2009)
0,0
2 3 4 5
Resultado no teste de colisão
Figura 4.16.1: Relação entre os resultados em experimentos de colisão e o risco de
morte ou lesão grave em todos os acidentes ou colisões.
578 O Manual de Medidas de Segurança Viária
todos os testes. Os resultados são mais expressivos entretanto o de AIS3+, não. O risco de lesão perma-
quando combinados com o risco de morte e lesão nente também é significativamente inferior ao ser
em impacto frontal do que em acidentes em geral. atropelado por automóvel com duas estrelas. Este
Os resultados do teste não apresentam nenhuma re- fato aplica-se a acidentes em vias com limite de velo-
lação com ferimentos mais leves, segundo Pequenas cidade de 50 km/h ou inferior. Em vias com limites
e Tingvall (2002) e Harless & Hoffer (2007). Estu- de velocidade mais elevados, não há nenhuma rela-
dos realizados na Austrália (Newstead & Cameron, ção. Para automóveis com três ou quatro estrelas,
1997, 1999; não apresentados na figura 4.16.1), en- não há nenhum resultado.
contraram uma forte relação entre os resultados dos
testes de colisão australianos (ANCAP) e o risco de
morte ou lesão em um acidente. Melhorias gerais da proteção interna dos automóveis
contra colisão
Os resultados para os testes do Euro NCAP estão
detalhados na tabela 4.16.1. Os resultados mostram Foram encontrados quatro estudos que examina-
consistentemente que mais estrelas significa menor ram a relação entre o ano de registro do veículo e
risco de lesões e que a relação entre o número de o risco de lesão, com o controle de uma série de va-
estrelas e o risco de lesão é maior para lesões mais riáveis de confusão e outras mudanças ao longo do
graves. tempo. Desses, três estudos concluíram que auto-
móveis novos são mais seguros (Martin e Lenguer-
Baseados em todos os resultados de Kullgren et al. rand, 2008; Broughton, 2003; Broughton, 2008),
(2010), Elvik et al. (2014) estimaram que em 2012 enquanto o quarto estudo concluiu que automóveis
haveria 10% a mais de mortos ou gravemente feri- mais antigos são mais seguros (Fosser et al., 2000).
dos em automóveis se todo o fluxo de trânsito não Um quinto estudo (Anderson et al., 2013) examinou
fosse composto por veículos com quatro ou cinco as colisões entre dois automóveis de diferentes anos
estrelas Euro NCAP; ao contrário: o número teria de registro em que um dos condutores foi morto.
permanecido inalterado, como no nível de 2000. Os resultados demonstram que é geralmente o con-
Estima-se que a taxa de todo o fluxo realizado pelo dutor do automóvel mais velho que morre ou fica
tráfego de veículos, com quatro ou cinco estrelas, gravemente ferido, enquanto para o condutor do
tenha aumentado de 7% em 2000 para 71% em automóvel mais novo na maioria dos casos não há
2012. morte ou lesão. A explicação para que os automó-
veis mais novos pareçam mais seguros é que pro-
A relação entre os resultados Euro NCAP para pro- vavelmente a proteção interna contra colisão tenha
teção de pedestres e a gravidade dos ferimentos en- melhorado ao longo dos tempos. Os condutores
tre eles foi examinada por Strand Roth et al. (2011). também podem sofrer alterações comportamentais.
Os resultados mostram que pedestres atropelados Os condutores de carros mais antigos podem dirigir
por automóveis com duas estrelas relativas à pro- com maior cautela,o que poderia explicar os resulta-
teção de pedestres têm 17% menor risco de lesões dos encontrados em Fosser et al. (2000).
AIS2+ e 28% menor risco de lesões AIS3+ que os
pedestres que foram atingidos por automóveis com A tabela 4.16.2 mostra o risco de morte e lesões
uma estrela quanto à proteção de pedestres. O re- para automóveis de diferentes anos de registro com
sultado de AIS2+ é estatisticamente significativo, base nos quatro estudos. O risco estabelecido para
Tabela 4.16.1: Relação entre os resultados do Euro NCAP (testes de colisão frontal e lateral) e o
risco de ser gravemente ferido ou morto em colisões entre dois automóveis.
Kullgren et al., 2010 Lie & Tingval, 2002 Page et al. (2009)
(colisões entre dois automóveis) (colisões entre dois automóveis) (todos os acidentes)
Estrelas
Lesões graves Lesões graves Lesões graves/
Lesão Morte Lesão
/morte /morte morte
5 0,89 0,93 0,47 0,83 0,65
4 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
3 0,99 1,17 1,21 1,18
2 0,99 1,20 1,51 1,36
1 1,55
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 579
o grupo de automóveis antigos em cada um dos es- ferimentos graves em automóveis entre1990 e 1996
tudos é estabelecido em 1. Os resultados de Fosser era basicamente o mesmo nos bancos frontais e tra-
et al. (2000) sugerem, em contraste com os outros seiros para pessoas acima de 15 anos de idade, o ris-
estudos, que o risco aumenta para anos de registro co em automóveis entre 1997 e 2007 foi maior nos
mais recentes quando as pesquisas controlam a qui- bancos traseiros. Para pessoas com idades entre 9
lometragem anual, a idade dos proprietários, o sexo a 15 anos, os resultados mostram que, entre todos
e o local de residência. Broughton (2003) estimou o os lugares dos automóveis, os assentos traseiros são
número de mortos e feridos graves em acidentes em mais seguros, mas que a diferença no geral entre os
1990 e 1998, sob o pressuposto de que a segurança traseiros e os dianteiros tornou-se menor ao longo
do automóvel fosse alterada desde 1980 e mostra do tempo.
que o número real de acidentes caiu em relação às
estimativas. Martin e Lenguerrand (2008) estuda-
ram a relação entre a idade dos veículos e a probabi- Impacto na mobilidade
lidade de o condutor ser gravemente ferido ou mor-
to em uma colisão frontal. Os resultados mostram Não há evidência de qualquer impacto da proteção
que o risco de ser morto aumenta com a idade do interna contra colisão no que diz respeito à mobili-
veículo. Uma série de outros fatores foi controlada, dade.
incluindo o peso e a potência do motor de ambos
os veículos colididos, idade e sexo dos dois condu-
tores, ponto de impacto e tipo de via. Broughton Impacto no meio ambiente
(2008) estimou o risco de morte em uma colisão
entre dois automóveis, verificando controles como Algumas medidas para uma melhor proteção in-
ano de registro e tamanho dos dois automóveis. Os terna contra colisão aumentam o peso do veículo.
resultados mostram que o risco de ser morto ou gra- Aumentar o peso dos veículos aumenta o consumo
vemente ferido no próprio automóvel diminui em de combustível, e as emissões estão diretamente re-
veículos mais novos (tabela 4.16.2), enquanto o ris- lacionadas ao consumo de combustível.
co de ser morto ou gravemente ferido no outro veí-
culo aumenta (resultados não mostrados na tabela
4.16. 2). Isso significa que os automóveis mais novos Custos
tornaram-se mais “agressivos” em colisões com ou-
tros automóveis.
Não há dados relativos aos custos das medidas des-
critas neste capítulo. A proteção interna contra coli-
Bilston et al. (2010) examinaram como as melhorias são é essencialmente parte da montagem do veículo
internas contra colisão dos automóveis afetaram o e os custos, portanto, não podem ser separados dos
risco de lesões graves nos bancos frontais versus custos do mesmo. O preço do automóvel não é um
bancos traseiros. Os resultados mostram que os bom indicador dos custos, porque há muitos ou-
bancos da frente se tornaram relativamente mais tros fatores que afetam os preços dos automóveis,
seguros ao longo do tempo. Enquanto o risco de tais como impostos e demanda. Tampouco foram
Tabela 4.16.2: Risco relativo de ser ferido/morto em acidentes com automóveis de diferentes anos de registro.
Fosser et al. Broughton Martin e
Broughton (2008)
(2000) (2003) Lenguerrand (2008)
Ano de registro Psu1 Ano de registro Psu2 Ano de registro Mortos3 Ano de registro Morto4
Idade 1962-70 1,00 1980 1,00 Antes de 1991 1,00 Pré-1988 0,78
Recentes 1971-75 1,36 1990 0,91 1991 - 93 0,95 1988-91 1,00
… 1976-81 1,47 1998 0,80 1994 - 96 0,86 1992-95 0,76
… 1982-85 1,80 1997 - 99 0,79 1996-99 0,57
… 1986-92 1,95 2000 - 02 0,62 2000-03 0,43
Mais novos 2003 - 05 0,57 2004-05 0,20
1
Acidentes com vítimas;
2
Acidentes com mortos/gravemente feridos;
3
Mortos em colisão frontal;
4
Mortos em colisão entre dois automóveis.
580 O Manual de Medidas de Segurança Viária
das com relativa rapidez, quer dizer, como resultado • Quando se conduz um veículo novo, é preciso
da experiência e da utilização, deixa-se de repensar tempo para aprender um novo conjunto de con-
sobre cada uma das ações e sobre como os contro- troles e instrumentos e como eles funcionam;
les e instrumentos devem ser utilizados. Pode, no • Ao usar veículos da empresa ou alugados, os con-
entanto, surgir um problema quando se muda de dutores terão que se adaptar a controles de dife-
um automóvel com o qual se tem familiaridade para rentes manuseios, o que aumenta a probabilidade
um novo. O uso de controles e instrumentos mui- de erros.
tas vezes deve ser aprendido novamente, antes que
as ações sejam novamente automatizadas, podendo Há um estudo americano (Perel, 1976) que tentou
haver um risco de confusão. calcular em que grau os problemas com os contro-
les do veículo foram fatores causadores em 114.000
Tanto o projeto dos controles do cockpit do veículo acidentes de trânsito na Carolina do Norte entre
quando o dos instrumentos são importantes para a 1974 e 1975. Nos registros policiais, problemas com
segurança enquanto se dirige. O design do ambiente funções de controle manual foram mencionados em
do condutor poderá, em diferentes graus, ser adap- relação a 78 dos acidentes, ou seja, uma proporção
tado à antropometria, aos sentidos, à percepção e ao muito pequena. O problema dominante registrado
processamento de informações. Assim, o ambiente foi principalmente que o condutor não estava atento
veicular contribui para aumentar a probabilidade à condução enquanto operava o limpador de para
de erros se o projeto for particularmente mal adap- -brisa, o rádio/player, o aquecedor e o desembaça-
tado a quem conduz. dor, etc. Este tipo de problema ocorreu em 35 dos
78 acidentes registrados (45%). Ainda há motivos
As partes relevantes do ambiente do operador in- para acreditar que o número é muito maior devido
cluem: à subnotificação desse tipo de causa e porque foi
usado um método indireto, em que as informações a
• volante, engrenagem, pedais e freio de mão (força respeito das causas dos acidentes passam por muitas
do pedal); fases, podendo ter se perdido.
• painel, medidores, controles e funções de contro-
le (por exemplo, faróis, piscas, limpadores, luzes A finalidade desta medida é conceber controles e
de advertência, etc.); instrumentos do veículo de tal forma que o número
• rádio, CD player, sistema de viva-voz, sistema de de falhas diminua e que a probabilidade de conse-
navegação; qüências graves na forma de um acidente seja mini-
• pilares A e B, outros obstáculos visuais, espelho mizada.
(visão frontal, traseira e lateral, pontos cegos);
• banco do condutor: em geral deve servir para to-
dos, variando entre o 5º porcentil das mulheres e Descrição da medida
o 95º porcentil dos homens (Babbs, 1979);
• encosto de cabeça. Os requisitos técnicos das autoridades para a ins-
talação de dispositivos e controles estão na Regu-
Este capítulo aborda os controles e instrumentos lamentação Veicular, § 19-1, formulados da seguin-
que o condutor deve operar ou ler a partir de seu as- te forma: “Todos os dispositivos de comando que
sento durante a condução. A maioria das funções é serão utilizados durante a condução devem ser
controlada por interruptores, alavancas, puxadores concebidos e instalados para que o condutor possa
ou alças, e cada um destes pode ter várias funções. operá-los de uma forma fácil e segura”. Os regula-
Os vários controles podem ter uma forma, cor, posi- mentos detalhados, com exigências mais específicas
ção e marcas iconográficas que, em graus variados, para o design, localização, marcação e operação de
dizem como devem ser utilizados para se alcançar dispositivos de controle de segurança, são dados em
um resultado particular. Qualquer problema even- diretivas da União Europeia.
tual do condutor com os controles e instrumentos
enquanto dirige pode ser devido a vários fatores:
Impacto sobre os acidentes
• Má ergonomia/interface entre condutor e carro,
ou seja, instrumentos concebidos e colocados de Existem apenas quatro estudos que analisaram
modo que sua utilização seja complicada, mesmo as relações entre os controles e instrumentos e os
depois da prática; acidentes. Todos os quatro abordam os diferentes
582 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tipos de retrovisores e seus efeitos em relação aos Tem-se afirmado que o espelho convexo provoca
acidentes. O espelho plano fornece pontos cegos em uma tendência a julgar equivocadamente a velo-
sua visão para trás. Foram testados, portanto, vários cidade e distância dos veículos refletidos na zona
tipos de espelhos convexos (espelho angular), com não plana (Mortimer e Jorgeson, 1974; Luoma et
o objetivo de abranger também os pontos cegos. Em al., 1995). Em um estudo realizado nos EUA, mos-
todos os estudos o grupo de controle é o espelho traram-se algumas diferenças entre um espelho re-
plano. trovisor plano convencional e um espelho convexo
(Mortimer e Jorgeson, 1974):
Smith et al., 1985 (espelhos convexos do lado direi-
to e planos do lado do condutor; espelhos planos e • Um automóvel subsequente é considerado menos
convexos em ambos os lados; Cross, 1991 (espelho visível por um retrovisor traseiro convexo;
plano no lado esquerdo e convexo no direito, ambos • Os condutores usam o espelho retrovisor plano
os espelhos planos e convexos em ambos os lados); com mais frequência que um convexo;
Behrensdorff e Klit Hansen, 1994 (Dinamarca: es- • Os condutores preferiram um espelho plano;
pelho convexo e esférico do lado do passageiro) • Houve uma tendência a subestimar a velocidade
do automóvel passante.
Luoma et al., 1995 (Finlândia: espelho convexo nor-
mal, no lado do condutor; espelhos multifocais, isto Não há estudos que mostrem como alguns tipos de
é, que têm uma parte central convexa, enquanto a comandos e instrumentos atuam em relação aos aci-
parte periférica tem um raio de curva reduzido pro- dentes, mas houve algumas pesquisas que demons-
gressivamente até a borda do espelho. traram como o comportamento dos condutores
pode variar com diferentes projetos. Este tipo de
Experimentos com diferentes tipos de espelhos não pesquisa tem ocorrido em laboratórios e aplica-se ao
parecem apontar qualquer efeito claro em relação tempo de percepção e reação, frequência de erros,
aos acidentes. No estudo dinamarquês, vê-se um facilidade de apreensão, frequência de confusão, etc.
efeito quase paradoxal, em que os acidentes com Também é calculado e registrado quantas vezes o
feridos aumentam (estatisticamente não significati- condutor usa controles diferentes (Green, 1979).
vo) e os acidentes fatais diminuem (estatisticamente
significativo). Acidentes em interseções com o fluxo
conflitante à direita foram classificados como aci- Impacto na mobilidade
dentes em que não se espera nenhum efeito especial
(Behrensdorff e Klit Hansen, 1994). Vê-se, no en- Uma melhoria dos controles e instrumentos deve
tanto, a mesma tendência paradoxal para acidentes reforçar o domínio do condutor quanto à condução
em curva à direita: aumento de acidentes com feri- do veículo e não apresentar efeitos negativos. Uma
dos e redução de acidentes fatais. Nenhuma dessas redução dos erros pode ter um efeito indireto quan-
tendências é estatisticamente significativa. to à mobilidade e fluxo de tráfego, pois o número
Tabela 4.17.1: Impactos de diferentes tipos de espelhos quanto ao número de acidentes. Variação porcentual do número de
acidentes.
Custos
O capítulo foi revisado em 2014 por Alena Høye
(TØI)
A melhoria e a padronização dos comandos e instru-
mentos dos veículos dificilmente aumentam os cus-
O controle automático de distância e o freio auto-
tos para quaisquer partes. Na produção em massa de
mático de emergência são sistemas de assistência
componentes como interruptores, luzes indicadoras
para que a velocidade e a desaceleração do veí-
etc., a padronização também fornecerá benefícios
culo possam ser controladas quando se está em
econômicos. A pesquisa e o desenvolvimento, que
rota de colisão com outro veículo, isso por meio
são responsabilidades do produtor e da montadora,
de informações externas, independente da reação
devem ser incorporados no preço de varejo.
do condutor (de frear ou não, por exemplo). Estes
sistemas podem reduzir o número de mortes em
Avaliações de custo-benefício veículos de passeio em cerca de 19%, o número de
feridos graves em aproximadamente15% e o nú-
A falta de informações quanto aos custos das me- mero total de feridos em cerca de 6%. Os estudos
didas dificultam a realização de avaliações de cus- mostram como estes sistemas afetam o pagamento
to-benefício. de seguros e as encomendas de peças de reposição
específicas. O controle automático de distância e
os freios automáticos de emergência provavelmen-
Responsabilidade e procedimentos formais te afetam o comportamento do condutor por man-
ter uma distância maior do veículo à frente, mas,
Iniciativa para a medida por outro lado, há sinais de que os condutores fi-
cam menos atentos.
O trabalho internacional de padronização pode for-
mar a base para a evolução das necessidades técni-
cas. Caso contrário, é o fabricante quem determina Problema e finalidades
o projeto do ambiente do condutor. Os fabricantes
também têm a sua própria experiência e habilidades Quando os condutores não têm conhecimento do
de projeto ergonômico e personalização da interface tráfego à frente ou se mantêm a uma curta distância
entre o condutor e seu ambiente/veículo. do veículo à frente em relação à velocidade, há um
aumento do risco de acidentes com colisões trasei-
ras, seja porque o condutor freia muito tarde, freia
Requisitos e procedimentos formais muito pouco ou nem freia. A maioria dos acidentes
envolvendo colisões traseiras ocorre em velocidades
As atuais exigências para dispositivos operacionais abaixo de 30 km/h, principalmente no trânsito ur-
e instrumentos estão, de forma geral, no § 19 da bano (Distner et al., 2009). As estatísticas noruegue-
584 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• Sistema AEB urbano, que pode evitar colisões O HLDI (ou Instituto de Dados de Perdas em Ro-
com veículos dianteiros por intermédio do trava- dovias) (2012) analisou acidentes com e sem vítimas
mento em velocidades de até 20 km/h (80% de relatados às seguradoras de automóveis com e sem
todas as lesões cervicais ocorrem em velocidades os sistemas Distronic (ACC com FCW) e Distronic
abaixo de 20 km/h); Plus (ACC com FCW e AEB) da Mercedes. Schitte-
• Sistema AEB para rodovias, que alerta o motoris- nhelm et al. (2013) compararam os pedidos de pe-
ta caso o veículo esteja prestes a colidir com outro ças de reposição para automóveis com e sem Distro-
veículo e que pode freá-lo quando ele está a uma nic Plus. Só foram incluídos na análise os ferimentos
velocidade de pelo menos 50 a 80 km/h; que resultaram de colisões entre dois veículos ou
• Sistema AEB de pedestres, que pode detectar colisões traseiras. Os resultados destes dois estudos
quando o veículo está em rota de colisão com um estão resumidos na tabela 4.18.1.
pedestre; alguns sistemas também podem detec-
tar ciclistas. Os resultados indicam que o AEB por si só pode ter
um impacto maior que o ACC com FCW e que o
O aviso de colisão frontal, doravante denominado impacto é maior para as lesões mais graves. Para to-
Frontal Collision Warning (FCW), alerta os opera- dos os três sistemas (ACC, FCW e AEB), estima-se
dores quando o veículo está em rota de colisão com que o número de acidentes em que dois veículos co-
outro veículo, com um pedestre ou com um objeto. lidiram frontalmente diminuiu em aproximadamen-
O FCW pode ser associado tanto ao ACC quanto te 35% e que a gravidade dos acidentes diminuiu
ao AEB. em mais de 18%.
A diferença entre o AEB e o sistema de travamento A redução em 6% no número de acidentes com veí-
assistido (BAS), conforme descrito no capítulo 4.3, culos atingidos por trás (e mais de 18% de redução
é que o AEB reage às informações externas ao veí- na gravidade das lesões) pode ser explicada pelo
culo, enquanto o BAS utiliza exclusivamente infor- fato de os veículos com ACC e AEB frearem antes
mações a respeito de como o condutor freia. e menos bruscamente, além de que, com estes siste-
mas, também reduz-se o risco de o veículo de trás
O ACC, o AEB e o FCW podem ser combinados não ter tempo suficiente de frear.
de tal modo a, por exemplo, manter o veículo a uma
velocidade constante em um fluxo de tráfego livre, a Diante destes resultados, estima-se que o número
uma distância ideal do veículo dianteiro em tráfego total de mortes em veículos de passeio com ACC,
pesado, a alertar o condutor e a fazer uma frenagem FCW e AEB tenha diminuído em 19%; o número
poderosa quando o veículo da frente frear de forma total de feridos graves, em 15%, e o número total de
brusca e inesperada, ou quando um pedestre ou ci- acidentes, em cerca de 6%. Este valor é calculado
clista inesperadamente surgir na frente do veículo. a partir do número de pessoas feridas em veículos
de passeio em colisão frontal entre dois veículos,
de modo que são calculados os impactos nas lesões
Impacto sobre os acidentes graves e leves, segundo Schittenhelm et al. (2013).
Estes resultados estão de acordo com os resultados
Não foram encontrados estudos que examinassem o do HLDI (2012). Os resultados do HDLI (2012)
impacto do ACC sobre o número de acidentes, mas para acidentes com vítimas aplicam-se aos paga-
foram encontrados dois estudos que examinaram o mentos de seguro (ao valor dos pagamentos, e não
impacto nos pagamentos de seguros e nos pedidos ao número de pagamentos), ou seja, lesões mais
de peças de reposição, conforme descrito no item a graves têm maior peso e, por isso, o resultado será
seguir. Além disso, foi encontrada uma série de es- mais próximo do número de feridos graves que do
tudos que estimou os efeitos teoricamente possíveis número total de feridos.
no número de acidentes ou lesões com base em es-
tatísticas e análises de acidentes e em reconstruções
ou simulações de acidentes.
586 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.18.1: Impactos do ACC, FCW e AEB nos pagamentos de seguros e nos pedidos de
peças de reposição.
Impacto na
Tipos de acidentes / danos que podem ser afetados gravidade do
acidente
HLDI, 2012: Impacto nos pagamentos de seguros
ACC e FCW Danos materiais, todos os acidentes -3%
Feridos, todos os acidentes -4%
ACC, FCW e AEB Danos materiais, todos os acidentes -7%
Feridos, todos os acidentes -16%
Schittenhelm et al., 2013: Impacto nos pedidos de peças de reposição
ACC, FCW e AEB Danos materiais menores1, batido por outro carro -5%
Danos materiais moderados1, batido por outro carro -15%
Danos materiais maiores1, batido por outro carro -22%
Acidentes com colisão frontal1 -35%
Acidentes com colisão traseira1 -6%
Mortos em veículos de passeio -19%
Feridos graves em veículos de passeio -15%
Todos os feridos em veículos de passeio -6%
1
Parte dos acidentes pode ser sem vítimas.
Impactos teoricamente possíveis com base em quotidianos são equipados com uma variedade de
estatísticas, análises e reconstituição de acidentes sensores e medidores que registram informações a
respeito do veículo, do entorno e do condutor du-
Foram encontrados muitos estudos em diversos rante a condução. Estes estudos examinam como
bancos de dados que estimaram a quantidade de os sistemas de assistência ao condutor, como o
acidentes que podem teoricamente ser influencia- ACC e o AEB, afetam o comportamento e as si-
dos ou impedidos por vários sistemas de assistência tuações críticas de condução e, a partir desses re-
ao condutor: sultados, estimam possíveis impactos no número
de acidentes.
• Estatísticas e análises de acidentes: os resultados
destes estudos devem ser interpretados como esti- Os resultados de todos os tipos de estudos estão
mativa máxima teórica, ou seja, os números mos- resumidos na tabela 4.18.2. Os estudos diferem no
tram como muitos acidentes podem ser afetados, que diz respeito à rigidez dos critérios que devem
de modo que o número de acidentes realmente ser atendidos para que um acidente seja considera-
afetados ou impedidos na prática tende a ser pro- do “sensível” e, portanto, também há uma grande
vavelmente menor; variação nas estimativas de possíveis impactos.
• Reconstituição de acidentes a partir de análises
aprofundadas: estes estudos consistem em recons- Vários estudos antigos estimaram que o ACC teo-
tituições de acidentes que realmente aconteceram ricamente pode afetar o número de todos os aci-
e têm por objetivo examinar como o resultado dentes com colisões traseiras de 45 a 52% e entre
teria sido caso os veículos envolvidos estivessem 2 e 12% no caso de todos os acidentes (Marburger
equipados com vários sistemas de assistência ao et al., 1989; Malaterre & Fontaine, 1993; Farber &
condutor; os resultados são provavelmente mais Bailey, 1993; Farber & Paley, 1993; Chira Chavales
realistas que os do caso anterior, mas também & Yoo, 1994).
tendem a ser superestimados; o sistema de assis-
tência, por exemplo, pode levar a alterações com- A tabela 4.18.3 mostra a média de impactos do
portamentais do condutor, fator que não aparece ACC e do AEB no número total de ocupantes de
neste tipo de estudo; automóveis mortos e feridos e no de pedestres. Os
• Testes operacionais de campo (FOT, Field opera- impactos são calculados como a média não ponde-
tional tests): em estudos FOT, os veículos parti- rada dos resultados na tabela 4.18.2. Os resultados
culares conduzidos no tráfego regular para fins de ambos os tipos de estudos são reunidos, e os
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 587
Tabela 4.18.2: Impactos teoricamente possíveis de diferentes sistemas de assistência ao condutor no número de acidentes/
lesões.
Pedestres atropelados
-35%
Pedestres mortos, atropelados por automóvel
Hummel et al., 2011 -30%
Pedestres gravemente feridos, atropelados por
-15%
automóvel
FCW em caminhões pesados Kingsley, 2009 Acidentes com caminhões pesados -24%
Reconstituição de acidentes em estudos aprofundados
AEB Doecke et al., 2012 Acidentes entre 50 e 110 km/h -4% a -18%
FCW e AEB Kusano & Gabler, 2011 Colisões traseiras -7,7%
Condutores mortos ou gravemente feridos com
-50%
cinto de segurança em acidentes de colisão traseira
AEB pedestres Lindman et al., 2010 Pedestres mortos, atropelados por automóvel -24%
AEB em automóveis e Feridos graves em colisões entre automóvel e
Strandroth et al., 2012 -52% e -73%
veículos pesados veículo pesado
Testes de campo operacionais (FOT)
ACC com FCW Najm et al., 2006 Colisões traseiras -6% a -15%
ACC e AEB em
Lehmer et al., 2007 Colisões traseiras -28%
caminhões pesados
resultados dos impactos nas colisões traseiras são A conclusão de que o impacto do ACC sozinho
traduzidos em impactos no número total de mortos/ seria maior que o do AEB sozinho no número de
feridos entre os ocupantes de veículos de passeio. Os feridos parece mais forte que no número de vítimas
resultados gerais sugerem que o ACC e o AEB, em fatais, isso porque a taxa de todas as mortes foi de
conjunto, têm um impacto significativamente maior apenas 2%, enquanto a taxa de todos os feridos foi
do que quando são usados como uma medida em se- de 20% em colisões traseiras. Os resultados são de
parado e que o AEB sozinho provavelmente tem um estudos muito diferentes e, por conseguinte, é difícil
impacto maior que o ACC sozinho. Os resultados do comparar suas dimensões.
ACC e AEB combinados sugerem que estes sistemas
não conseguem impedir grande parte de todos os Os resultados do impacto do AEB para pedestres
acidentes que podem teoricamente ser afetados. Os na tabela 4.18.3 indicam que o impacto no número
resultados também indicam que o impacto é maior de pedestres mortos ou feridos é uma redução de
para as mortes do que para o número de feridos. cerca de 23-24%. Isso é um pouco superestimado,
588 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.18.3: Impactos médios do ACC e do AEB no número total de pessoas mortas e
feridas (como ocupantes de veículos e pedestres).
porque nem todos os pedestres feridos ou mortos • Melhores interações com pedestres e ciclistas nas
foram atingidos por um automóvel. interseções (Adell et al., 2011; experimentos em
tráfego real);
Uma análise mais detalhada a respeito de quantos • Nenhum impacto no comportamento dos con-
acidentes envolvendo colisões traseiras poderiam dutores, mas pouca confiança no sistema, o que
ter sido evitados foi realizada por Schittenhelm et pode indicar que a atenção não é reduzida (Sayer
al. (2013). Os resultados mostram que aproximada- et al., 2011; baseado em estudo FOT).
mente 35% dos acidentes poderiam ter sido evita-
dos caso o condutor do veículo tivesse freado mais Embora estes resultados sugiram que há uma mu-
forte e que cerca de 50% dos acidentes poderiam dança comportamental positiva, outros resultados
ter sido evitados se o condutor do veículo tivesse mostram que o comportamento do condutor é afe-
freado mais forte e 0,3 de segundo mais cedo. Para tado de uma forma que pode contribuir para o au-
cada 0,1 de segundo mais cedo que os condutores mento de acidentes:
tivessem começado a desacelerar, estima-se que
11% dos acidentes poderiam ter sido evitados, • Mais ultrapassagens e maior variação de posição
para até 0,5 de segundo. Breuer et al. (2007) de- na pista (mais “oscilação”; Adell et al., 2011; Ru-
monstraram, em testes de simulação, que 89% das din-Brown & Parker, 2004; experimentos no trá-
colisões que teoricamente são evitadas com uma fego real);
frenagem mais potente poderiam ter sido evitadas • Várias frenagens bruscas em sinal vermelho (Adell
com o AEB. Estes resultados mostram que o AEB et al., 2011; experimentos no tráfego real);
potencialmente evita acidentes, mas ele não mostra • Percepção tardia de situações perigosas (Rudin
realmente quantos acidentes poderiam ter sido evi- -Brown & Parker, 2004; experimentos no tráfego
tados ou afetados. real).
Em 2009 o ACC custava cerca de € 1.300 como As relações entre os pesos são fundamentais na ten-
equipamento opcional. tativa de explicar diferenças no risco de lesão entre
os diferentes grupos de usuários das vias. Vários
pesquisadores encontraram relações entre o peso
Avaliações de custo-benefício do veículo e o risco de lesão que podem ser consi-
deradas regulares nos acidentes de trânsito em que
Não há avaliações de custo-benefício do ACC nem há veículos envolvidos, quando mantidos iguais os
do EBA. Seus efeitos no número de acidentes são outros fatores (Campbell e Reinfurt, 1973; Negri
relativamente incertos. e Riley, 1974; Grime e Hutchinson, 1979; Evans,
1990; van Kampen, 2000; Kahane, 2003; Sum-
mers, Hollowell & Prasak, 2003; Broughton, 2008):
Responsabilidade e procedimentos formais Quanto maior o peso do veículo, mais bem prote-
gidos estão seus ocupantes; por outro lado, é maior
Iniciativa para a medida o risco de lesões graves para os ocupantes do outro
veículo envolvido na colisão. Isso se aplica a uma
O controle automático de distância foi desenvol- vasta gama de veículos, incluindo bicicletas, ciclo-
vido e avaliado nos projetos europeus de pesquisa motores, motocicletas, automóveis pequenos, au-
PROMETEUS e DRIVE e em projetos similares no tomóveis maiores, caminhões pequenos e grandes,
Japão e nos EUA. Na Noruega, esta medida pode etc. (Evans e Frick, 1993).
ser avaliada pelas autoridades rodoviárias.
Nos últimos 30 anos na Noruega e em outros países,
tem havido uma mudança significativa nas vendas
Requisitos e procedimentos formais de automóveis novos, pois a procura tem sido por
automóveis maiores e de maior peso. A proporção
Até então não foram desenvolvidos quaisquer re- de automóveis novos com massa de mais de 1,3 to-
quisitos formais para o controle automático de nelada era de 4,7% em 1980, 24,1% em 1995 e em
distância em automóveis novos na Noruega. Estes torno de 65% em 2009. Aproximadamente 40% de
requisitos têm de ser fornecidos pelas autoridades todos os automóveis novos em 2009 tinham mais de
rodoviárias, por meio de regimes de homologação, 1,5 tonelada (OFV dados do veículo).
por exemplo.
A figura 4.19.1 mostra a taxa de pessoas ilesas (entre
todos os envolvidos) e mortas (entre mortos e feridos)
Responsabilidade pela execução da medida em acidentes com vítimas registrados pela polícia na
Noruega no período de 2000 a 2009. A visão geral
A medida não requer o desenvolvimento ou a in- mostra que o porcentual de ilesos é maior para os veí-
trodução de novas tecnologias no sistema viário. Os culos mais pesados. Há uma distinção essencial entre
compradores de automóveis terão a liberdade de automóveis e veículos maiores de um lado e veículos
escolher um veículo com este equipamento ou com- de duas rodas e pedestres do outro lado. Para auto-
prá-lo como um acessório opcional. Os custos do móveis e veículos maiores, a taxa de pessoas ilesas em
desenvolvimento da medida são de responsabilida- acidentes com vítimas é de mais de 40%. Para pedes-
590 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tres e condutores de veículos de duas rodas, a taxa danos materiais de caminhões são mais caros se a
de ilesos é de 6%. Pedestres e ciclistas são chamados segunda parte envolvida no acidente for outro ca-
de usuários vulneráveis da via, porque eles absorvem minhão do que se for um veículo de passeio. No
a energia cinética de um acidente com o seu próprio entanto, não há grande diferença na extensão dos
corpo. Eles não têm estrutura protetora que possa danos nos automóveis de passeio em colisões com
absorver essa energia. Ocupantes de automóveis são outros automóveis ou caminhões. A extensão dos
muito mais protegidos e poupados dessa absorção de danos em veículos de passeio é menor se a segunda
energia, porque a maior parte dela ocorre na carroce- parte for um ciclista ou pedestre. Danos de maior
ria do veículo, e não somente nos corpos dos ocupan- monta para automóveis ocorrem em colisões com
tes. Veículos maiores têm mais massa que os automó- trens, bondes ou animais grandes (alces, por exem-
veis para absorver a energia em uma colisão. plo) e em acidentes envolvendo um único veículo.
Os resultados se baseiam apenas em danos mate-
A taxa de mortos dentre todos os feridos tem menos riais que foram relatados às seguradoras. Os danos
relação com o peso do veículo quando se analisam materiais de acidentes com vítimas são inclusos nas
todos os tipos de veículos em conjunto. Entre todos estatísticas, mas as lesões, não. Acidentes com danos
os veículos com quatro ou mais rodas, quanto maior materiais menores via de regra não são registrados e
o veículo, maior a taxa de mortos. Também entre por isso os resultados não mostram a extensão dos
os veículos de duas rodas, quanto maior o veículo, danos materiais de um acidente médio.
maior a taxa de mortos. Isso é o contrário do que se
poderia esperar a partir da relação entre o peso e a Um fator importante para explicar a relação entre
taxa de ilesos. Nos veículos de duas rodas, todos os o peso do veículo e o risco de lesão é a variação da
ocupantes estão basicamente pouco protegidos pelo velocidade em uma colisão. Em uma colisão frontal
veículo, mas a velocidade é maior nos veículos de entre dois automóveis, a variação de velocidade re-
maior massa, o que pode explicar as porcentagens re- lativa (ΔV) é inversamente proporcional à relação
lativamente altas de mortos em motocicletas maiores. de pesos entre os veículos (Harms, 1992; Evans,
1994). Quando dois veículos, um de 20 toneladas e
A figura 4.19.2 mostra, com base em estatísticas de um de 2 toneladas, ambos com uma velocidade de
lesões das seguradoras (TRAST, 2000-2010), que os 80 km/h colidem frontalmente, a mudança de velo-
Veículo articulado
Veículo articulado
Ônibus
Van
Taxi
Veículos de
passeio
Moto pesada
Moto leve
Ciclomotor
Bicicleta
Pedestre
cidade é de 14,5 km/h para o veículo de maior peso o número total de pessoas feridas no trânsito seja
e 145,5 km/h para o veículo menor. A soma das mu- o menor possível, com um determinado número de
danças de velocidade é igual à velocidade de colisão veículos e um dado risco de acidentes por quilôme-
relativa (80 + 80 km/h = 160 km/h). A probabilida- tro percorrido.
de de lesão em um acidente depende fortemente da
variação de velocidade relativa do acidente. O peso
do veículo pode influir tanto em como as lesões são Descrição da medida
distribuídas entre os diferentes grupos de veículos e
usuários da via quanto no número total de lesões. O Medidas que podem ser relevantes para regular o
peso do veículo tem, no entanto, relação com uma peso dos veículos incluem:
série de outras características que também estão
relacionadas a acidente ou risco de lesão. Veícu- • Informar os consumidores sobre a relação entre
los mais pesados são muitas vezes mais altos, mais o peso do veículo e o risco de lesão para os ocu-
largos e mais rígidos que veículos mais leves (ver pantes do veículo e outras pessoas, no caso de
capítulo 4.22). Os veículos maiores têm melhores colisões;
condições de absorção da energia de colisão na de- • Regulamentar a concessionária de rodovia (que
formação que os veículos menores. Segundo Wood cobra pedágio) com o objetivo de aperfeiçoar a
(1997), o tamanho do veículo tem maior impacto no distribuição de peso sobre o pavimento na frota
risco de lesão em caso de colisão do que seu peso. de veículos;
• Proibir a utilização de veículos abaixo de um de-
As variações no risco de lesão relacionadas ao peso terminado peso;
dos automóveis são uma questão de distribuição de • Proibir a utilização de veículos acima de um de-
riscos entre os grupos de veículos e de usuários. Isso terminado peso.
afetará o número total de vítimas no trânsito. A fi-
nalidade de qualquer regulamentação do peso dos Não foram encontrados estudos de avaliação dessas
veículos como medida de segurança viária é afetar medidas. Este capítulo resume o conhecimento so-
a distribuição da massa dos veículos, de modo que bre a relação entre o peso dos automóveis e o núme-
Veículos de passeio
Caminhões
Motocicletas
Ciclistas
Pedestres
Trens, bondes
Animais
Outros bens
ro de feridos ou mortos em um acidente no veículo (1) Risco próprio: Risco de lesão para ocupantes do
em questão e nos ocupantes do outro veículo nos veículo 1
casos de colisões.
Estudos que examinaram a relação entre o peso do
O peso dos veículos está relacionado a várias outras veículo e o risco próprio compararam o risco de le-
características significativas para a ocorrência de le- são em veículos de diferentes pesos em diferentes
sões tanto no próprio veículo quanto no segundo acidentes. Em colisões com outros veículos, o peso
veículo envolvido no acidente com colisão. Estas do segundo veículo varia. A tabela 4.19.1 mostra
características incluem seu tipo, altura, rigidez e es- uma visão geral do risco próprio relativo para os
tabilidade. A relação entre estes fatores e o risco de condutores em veículos de diferentes pesos. Os re-
acidentes e lesões está descrita no capítulo 4.22. sultados se baseiam nos seguintes estudos:
do envolvido na colisão veículos mais leves que os Tolouei e Titheridge (2009) e Broughton (1996b) uti-
veículos da frota atual. Em segundo lugar, houve lizaram o mesmo método para calcular o risco próprio
uma significativa melhora na segurança passiva dos de diferentes tipos de veículos. Ambos os estudos são
veículos após a publicação dos estudos e também baseados em acidentes no Reino Unido. No estudo
muitos dos veículos mais pesados foram projetados mais recente, a média do risco próprio é mais elevada
de forma mais compatível com veículos menores. As e o impacto de uma redução da massa é menor que no
diferenças de massa podem, portanto, ser de menor estudo mais antigo. Isso se explica pelo fato de a mas-
importância na frota atual, tanto porque os veículos sa da frota de veículos ter aumentado e o risco próprio
tornaram-se mais seguros, quanto porque as dife- depender tanto da própria massa do veículo quanto
renças de altura diminuíram (que, em grande parte, da distribuição das massas do restante da frota.
estão relacionadas às diferenças de massa). Esta hi-
pótese é confirmada quando se atenta para os re- Dois estudos compararam o risco de morte para
sultados relativos ao risco próprio de ser ferido em condutores em veículos de diferentes tamanhos
um acidente, baseando-se nos estudos mais recentes (Broughton, 2008; Wenzel e Ross, 2005 (ver tópico
(Tolouei e Titheridge, 2009). abaixo que trata do risco próprio e de terceiros –
risco global de lesão). Os resultados de ambos os
O resultado da tabela 4.19.1 relativo ao risco próprio estudos mostram que o risco para condutores de
de ser gravemente ferido em uma colisão lateral tem veículos de passeio na maior parte diminui quan-
base no estudo de Farmer et al. (1997). Os resulta- do os veículos aumentam de tamanho. Isso não se
dos deste estudo mostram que, para cada 100 libras aplica a veículos esportivos, SUVs, picapes e vans.
(cerca de 45 kg) de aumento da massa do veículo de Os veículos esportivos e as picapes têm o risco mais
passeio, o risco de lesões graves diminui 7% para os elevado de todos os tipos de veículos, seguido dos
ocupantes do lado da colisão e 13% para os ocupan- automóveis de categoria mini. O menor risco pró-
tes do outro lado. Houve controle do tipo de veículo prio é dos automóveis grandes e de luxo. Estes re-
(de passeio X SUV/picapes), características do con- sultados mostram que a massa (ou tamanho) não é o
dutor e a massa do outro veículo na colisão. Não foi único fator que afeta o risco de lesão e que existem
fornecida nenhuma informação a respeito da massa outras propriedades de diferentes tipos de carros
dos veículos incluídos no estudo, mas há todos os ti- que têm impactos tão significativos quanto o peso
pos de veículos: utilitários esportivos, picapes e vans ou o tamanho (ver capítulo 4.22).
de até 5 toneladas. A redução dos riscos em veículos
mais pesados em comparação aos menos pesados pa- Resumindo os resultados, os ocupantes em veículos
rece improvavelmente grande, mas não foi encontra- mais pesados estão mais protegidos em caso de co-
da nenhuma explicação para isso. lisão com outros veículos do que os ocupantes em
veículos mais leves, quando mantidas inalteradas
Com base nos estudos que estão resumidos na ta- todas as outras características.
bela 4.19.1, estima-se que um aumento da massa
em 100 libras em média resulta em uma redução do
risco de se ferir, em caso de acidente, de 7,1%. O (2) Risco de terceiros: Risco de lesão para os
impacto é um pouco maior entre os veículos mais le- ocupantes do veículo 2 que colide com o veículo 1
ves que entre os veículos mais pesados, mas há uma
variação considerável nos efeitos estimados entre as Estudos que examinaram a relação entre a massa
categorias de massa. dos veículos e o risco para terceiros compararam o
594 O Manual de Medidas de Segurança Viária
número de lesões entre os condutores dos veículos mas também o risco de ser envolvido em um aci-
que colidiram (veículo 2) com os veículos em ques- dente.
tão (veículo 1). A massa dos outros veículos varia. A
tabela 4.19.2 mostra uma visão geral do risco relati- Os resultados referentes ao risco de morte em co-
vo para terceiros para veículos de diferentes massas. lisões frontais ou laterais se baseiam nos resultados
O risco é igual a 1 para veículos entre 1.300 e 1.500 para os veículos de passeio no estudo de O’Neill e
kg. Os resultados se baseiam nos seguintes estudos: Kyrychenko (2004). Nesse estudo não se encontra
nenhum efeito decrescente da massa em relação ao
Evans e Wasiliewski, 1987 (EUA); risco para terceiros entre os automóveis mais pesa-
Bjørketun, 1992 (Suécia); dos. O estudo mostrou que o risco para terceiros
Evans e Frick, 1992 (EUA); em colisões frontais aumenta mais expressivamente
Tapio et al., 1995 (Finlândia); para SUVs que para veículos de passeio quando a
Broughton, 1996a (Grã-Bretanha); massa aumenta, enquanto o aumento do risco para
O’neill e Kyrychenko, 2004 (EUA) e terceiros em colisões laterais é menor para SUVs
Wenzel e Ross, 2005 (EUA). que para veículos de passeio quando a massa é
maior. Para veículos de passeio, um aumento de 250
Os resultados da tabela 4.19.2 mostram que o risco libras na massa leva a um aumento de 1,8% no risco
de lesão em terceiros aumenta até cerca de 1.300- de terceiros em uma colisão frontal e de 10,3% em
1.500 kg. Quando os veículos possuem massa de colisão lateral. Os aumentos correspondentes para
1.500 kg ou mais, o risco para terceiros aumenta o risco de terceiro para SUVs são, respectivamente,
muito pouco. de acordo com o exposto, 6,1% e 8,3%.
Os resultados se baseiam principalmente em estu- Dois estudos compararam o risco de morte para os
dos mais antigos. A maioria dos veículos corres- condutores em automóveis de diferentes tamanhos
pondentes à segunda parte envolvida nos acidentes (Broughton, 2008; Wenzel e Ross, 2005; ver tópico
incluídos nos estudos é, portanto, de menor mas- abaixo que trata do risco próprio e para terceiros –
sa que os automóveis da frota atual. Isso pode ser risco global de lesão). Nenhum dos estudos mostra
parte da razão pela qual o risco para terceiros difi- que os riscos para terceiros têm qualquer relação
cilmente aumenta para veículos com mais de 1.500 consistente com o tamanho dos automóveis. Uma
kg. Antes de 1996, a maioria dos veículos de massa vez que existem modelos de veículos semelhantes e
superior a 1.500 kg teve veículos mais leves como não houve outro fator controlador, exceto a massa,
segundo veículo envolvido na colisão. O único es- os resultados podem mostrar um impacto do tipo
tudo posterior ao ano de 2000 incluído nos resulta- de veículo mais expressivo que o impacto da massa
dos da coluna da esquerda da tabela 4.19.2 (Wenzel do veículo, embora alguns tipos de automóveis te-
e Ross, 2005) não mostrou nenhuma grande relação nham massas diferentes.
entre a massa e o risco para terceiros. No entanto,
isso pode ser explicado pelo fato de o risco, neste Em suma, os resultados apresentados neste tópico
estudo, ter sido calculado como o número de lesões demonstram que veículos mais pesados represen-
por veículo registrado, enquanto o risco nos outros tam um risco maior para o segundo veículo envolvi-
estudos foi calculado como o número de lesões por do na colisão do que veículos mais leves. A relação
acidente. Em outras palavras, no estudo de Wenzel entre o peso e o risco para terceiros é mais fraca e
e Ross o risco estimado para terceiros não é só uma menos consistente que a relação entre peso e risco
função do risco de ferimentos em caso de colisão, próprio. Os resultados sugerem que as diferenças
Tabela 4.19.2: Risco relativo para terceiros para veículos de peso diferente.
Risco de lesão em Risco de morte em colisão Risco de morte em colisão
Massa (kg)
terceiros frontal para terceiros lateral para terceiros
<900 0,59 0,92 0,62
900 – 1100 0,78 0,94 0,71
1100 – 1300 0,89 0,97 0,84
1300 – 1500 1,00 1,00 1,00
1500 – 2000 0,99 1,06 1,35
> 2000 1,08 1,19 2,59
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 595
de peso são menos significativas para o risco para da frota e pela distribuição da massa que os resul-
terceiros entre veículos mais pesados que entre veí- tados apresentados nos tópicos de risco próprio e
culos mais leves. riscos de terceiros.
log (Risco de morte do condutor do veículo 1/Risco de relativo de morte ou ferimentos graves no veículo de
morte do condutor do veículo 2) = 4 * log (Massa do menor massa (em comparação com o risco no veícu-
veículo 2/Massa do veículo 1) lo de maior massa da colisão) em colisões entre dois
veículos de diferentes massas. Não existe nenhuma
Broughton (1996a) descreve o risco relativo de lesão informação a respeito da massa dos tipos de veículos.
em caso de colisão como uma função da diferença Os resultados são apresentados, portanto, para dife-
entre as massas dos dois veículos envolvidos. O ris- rentes tipos de veículos que têm massas diferentes.
co relativo de lesão aumenta em torno de 27% a
cada 100 kg de diferença de massa. Evans (2001) mostrou que o risco de morte em um
veículo de passeio com passageiros é 7,5% mais
A figura 4.19.3 mostra o risco relativo de morte (ris- baixo que no veículo sem passageiros. Contudo, o
co de morte para o condutor do veículo 1/risco de risco de ser morto em uma colisão com um veículo
morte para o condutor do veículo 2) em relação à de passeio com passageiros é 8,1% maior que em
massa do veículo 2 em colisões entre os veículos 1 uma colisão com um veículo sem passageiros. Isso
e 2 em que o veículo 1 possui massa de 1.400 kg. mostra, segundo Evans (2001), que o veículo estan-
Todas as três funções têm aproximadamente a mes- do mais pesado reduz o risco para os ocupantes do
ma forma, mas evoluções diferentes. O risco do veículo em questão, mas o risco aumenta para os
condutor do veículo 1 aumenta em maior grau com ocupantes do segundo veículo envolvido na colisão.
a função exponencial que com a função logarítmi-
ca. Ambos, expoente e constante, podem variar na Os resultados abordados neste tópico podem ser as-
função logarítmica e, quando o expoente é 1,75, as sim sintetizados: o risco relativo de morte ou lesão
duas funções são praticamente idênticas. O maior em colisões entre dois veículos aumenta com o au-
aumento no risco relativo é encontrado com função mento da diferença de massa entre eles, e o risco au-
diferencial (Broughton, 1996a). A relação entre as menta em maior grau quanto maior for a diferença
três funções altera-se dependendo da massa do veí- de massa. As funções estimadas são, na maioria das
culo 1, utilizada como base. Na figura 4.19.3, o risco vezes, estimadas com base em relações teóricas en-
relativo é igual a 1 quando o veículo 1 tem massa de tre massa, variação da velocidade e deformação na
1.400 kg. Se, por exemplo, o risco relativo é defini- colisão. As relações são, da mesma forma, validadas
do igual a 1 quando o veículo 1 tem massa de 1.000 pelos dados empíricos de acidentes. As explicações
kg, a diferença de massa fica mais parecida com a para a relação entre as diferenças de massa e o risco
função exponencial e a diferença entre a função ex- de lesão variam. A massa é, na maioria dos estudos,
ponencial e a logarítmica aumenta. o fator mais significativo para o risco de lesão em
colisões entre veículos de diferentes massas. Alguns
Com base no estudo de Broughton (2008), foi elabo- estudos, no entanto, afirmam que o tamanho dos
rado um resumo na tabela 4.19.4, que contém o risco veículos é mais importante que a massa, mas que
16
Risco relativo de lesão (explicação no texto)
Função exponencial
14 (expoente 3,74)
12 Função logarítmica
(Joksch et al., 1998)
10
0
850 1.000 1.200 1.400 1.750 2.500
Massa do veículo 2
Figura 4.19.3: Relação entre a massa do veículo 2 e risco de morte do condutor
do veículo 1 em uma colisão em que o veículo 1 possui massa de 1.400 kg.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 597
tamanho e massa estão tão inter-relacionados que meros ao lado das barras manifestam o risco global
o risco relativo de lesão também pode ser descrito de lesão. O risco próprio na figura 4.19.4 é calcula-
como uma função da massa (Wood, 1997; Woods e do como na tabela 4.19.1 (coluna da esquerda), mas
Simms, 2002). os resultados do estudo de Wenzel e Ross (2005)
foram omitidos, porque se aplicam a todos os tipos
Os resultados deste capítulo referem-se apenas ao de acidentes, e não apenas às colisões. O risco para
risco relativo de lesão. Os resultados não dizem nada terceiros na figura 4.19.4 são conforme mostrados
sobre se a massa combinada de ambos os veículos na tabela 4.19.2 (coluna da esquerda).
afeta o risco da ocorrência de acidentes ou se o risco
em colisões entre dois veículos de mesma massa au- A figura 4.19.4 mostra que, quanto maior a massa
menta ou diminui com o aumento da massa. do veículo 1, menor é o risco global de lesão para os
condutores de ambos os veículos em uma colisão.
Os resultados devem ser interpretados com caute-
(5) Risco próprio e para terceiros em colisões entre la no que diz respeito à sua aplicabilidade à frota
veículos de diferentes massas (risco global de lesão) atual (ver explicações no texto sob as tabelas 4.19.1
e 4.19.2).
Com base nos estudos resumidos nos parágrafos
anteriores, a figura 4.19.4 mostra o risco global de Broughton (2008) e Wenzel e Ross (2005) compa-
ferimentos como uma soma do risco próprio e para raram o risco de morte para os condutores de veí-
terceiros para diferentes grupos de massas. Os nú- culos de vários tamanhos. Os resultados do estudo
1,08 1,7
>2.000 0,64
1
0,99 1,7
1.500-2.000 kg 0,78
8
Massa do veículo 1
1,00 2,0
1.300-1.500 kg 1,00
0
0,89 2,0
1.100-1.300 kg 1,18
7
0,78 2,1
900-1.100 kg 1,37
6
de Broughton (2008) baseiam-se em colisões entre feridos em alguns estudos, mais mortos ou feridos
dois automóveis, mas os resultados para Wenzel e em outros estudos e, ainda, nenhuma mudança no
Ross se baseiam em todos os tipos de acidentes. A número de mortos ou feridos em alguns estudos. Na
massa média dos automóveis nos diferentes grupos maioria dos estudos, acredita-se que o risco de lesão
não foi fornecida, e ambos os estudos têm diferentes em caso de colisão seja influenciado tanto pela massa
agrupamentos de tipos de automóveis. Os resultados total de ambos os veículos quanto pela diferença de
dos dois estudos são, por conseguinte, resumidos na massa entre eles.
tabela 4.19.5 separadamente. A tabela mostra o risco
relativo, de modo que o risco em automóveis médios Estudo que mostra que a massa reduzida resulta-
é definido igual a 1 em todas as colunas da tabela. ria em menos mortes ou lesões: Broughton (1995)
Os resultados de ambos os estudos demonstram que mostrou que uma redução de 5% na massa de todos
na maioria das vezes o risco próprio diminui e que o os automóveis na Grã-Bretanha levaria a uma dimi-
risco para terceiros aumenta quando o tamanho dos nuição do número de pessoas gravemente feridas
automóveis aumenta. Entretanto, isso diz respeito em áreas urbanas em 3,8% e uma diminuição de
apenas a veículos de passeio. As SUVs têm maior ris- 2,9% no número de ocupantes de automóvel grave-
co para terceiros e maior risco total que os veículos mente feridos em acidentes em áreas rurais.
de passeio. As picapes têm maior risco próprio e para
terceiros e, por isso, também têm maior risco global Estudos que mostram que a massa reduzida cau-
que as SUVs. Para os automóveis esportivos, os resul- saria mais mortes ou lesões: Os resultados dos es-
tados dos dois estudos são contraditórios. tudos que estão resumidos na figura 4.19.4 indicam
que o número total de vítimas fatais aumentaria se
todos os automóveis tivessem sua massa reduzida.
(6) Número total de mortos/feridos se a massa média
de toda a frota mudar Klein, Hertz e Boren (1991) estimaram os efeitos da
redução da massa média dos veículos a partir de cer-
Vários estudos estimaram os efeitos em relação ao ca de 1.680 kg para 1.225 kg nos estados do Texas e
número total de lesões com a mudança da massa mé- de Maryland (EUA). Para o Texas, estimou-se que
dia da frota de veículos. Os resultados não podem o número de pessoas feridas aumentaria em 11%;
ser resumidos com meta-análise, porque os estudos para Maryland, o aumento previsto seria de 4%.
estimam efeitos de diferentes alterações de massa.
Os cálculos são hipotéticos e só levam em conta as Buzeman et al. (1998) mostraram, com a ajuda de
mudanças na massa do veículo. Na maioria dos estu- modelo de cálculos, que uma redução da massa
dos, não é levado em conta se as alterações de massa média dos automóveis em 20% resultaria em um
podem ter efeitos diferentes entre os veículos mais aumento do número de feridos em 1,5% e em
leves e mais pesados. Os resultados são inconsisten- um aumento do número de mortes de 5,4%. No
tes: uma massa reduzida significa menos mortos ou entanto, uma redução das diferenças de massa de
20% (por meio da redução das massas maiores ou mortos ou feridos não mudaria se todos os automó-
aumento das massas menores), de acordo com o veis tivessem sua massa aumentada em 1000 libras.
modelo de cálculos, conduziria a uma redução do
número de feridos de 0,9% e a uma redução do nú- A maioria dos resultados que estão resumidos neste
mero de mortes de 3,2%. tópico sugere que uma redução da massa média de
toda a frota resultaria em um aumento do número de
A NHTSA (National Highway Traffic Safety Ad- mortos ou feridos. Se uma mudança da massa média
ministration, EUA )(1997) mostrou que a redução afeta o número de mortos ou feridos, ele também
da massa média dos veículos de passeio em 100 li- é afetado pela distribuição da massa (diferenças de
bras aumentaria o número total de vítimas fatais em massa) e pelos tipos de veículos (por exemplo, se os
acidentes com automóveis em 1,1%. O número de automóveis mais pesados forem principalmente veí-
feridos graves aumentaria em 1,6%, e o número de culos de passeio ou SUVs). Se os condutores tives-
feridos leves aumentaria em 3,2%. O número de sem a impressão de que os automóveis os protegiam
mortos poderia aumentar mais em acidentes de ca- menos do que hoje em dia, não é inconcebível que
potamento e colisões com SUVs, picapes e vans (es- isso os teria levado a um comportamento de condu-
tes veículos foram tomados na análise como tendo a ção mais cuidadoso, que teria surtido tanto impacto
massa inalterada). Em colisões com pedestres, ciclis- no número de acidentes com feridos quanto a mu-
tas, motociclistas e outros automóveis, o número de dança na massa em si.
mortes diminuiria. Em colisões entre automóveis de
passeio, o número de mortos diminuiria em 0,62%
(sem significância estatística). Se a massa média de Impacto na mobilidade
caminhões leves (SUVs, picapes e vans) fosse redu-
zida em 100 libras, os resultados mostram que o nú- Medidas que visam alterar a distribuição de massas
mero de mortes em acidentes envolvendo caminhões em uma determinada frota de veículos podem ter
leves diminuiria em 0,3%, o número de feridos gra- efeitos indiretos na mobilidade. Medidas que dife-
ves diminuiria em 1,3% e o número de feridos leves renciem um grupo leve e/ou pesado de veículos ou
aumentaria em 1,5%. Os resultados se aplicam a to- tenham em vista uma distribuição mais uniforme da
dos os envolvidos em acidentes em, respectivamen- massa na frota podem levar a um comportamento
te, automóveis de passeio e caminhões leves. Pedes- mais uniforme no trânsito em termos de menores
tres e ciclistas estão inclusos apenas nos resultados variações de velocidade, por exemplo. Isso pode
do impacto em relação ao número de vítimas fatais; tanto oferecer melhor mobilidade no trânsito quan-
não há resultados do impacto em relação ao núme- to menos necessidade de ultrapassagens. Estes im-
ro de feridos. O número de acidentes fatais poderia pactos não estão documentados empiricamente.
aumentar em colisões com objetos fixos e veículos
mais pesados, enquanto o número de acidentes fa-
tais poderia diminuir em acidentes envolvendo pe- Impacto no meio ambiente
destres, ciclistas ou motociclistas e em colisões com
automóveis. Acredita-se que a massa dos veículos de Mudanças no peso dos veículos podem afetar as
passeio tenha permanecido inalterada. Em colisões condições ambientais, porque há uma relação entre
entre caminhões leves, o número de mortos diminui- o peso dos veículos e o consumo de combustível. A
ria em torno de 0,54% (sem significância estatística). redução do peso dos veículos em 10% levaria a uma
redução média do consumo de combustível de 6 a
Estudos com outros resultados: Os resultados de 7% (Cheah et al., 2007).
Evans e Frick (1992) mostram que o número relati-
vo de acidentes fatais poderia aumentar de 1,0 a 1,4 Com base nas informações a respeito das 46 varie-
se a massa de todos os veículos aumentasse de 830 dades dos 30 modelos de automóveis mais vendidos
kg para aproximadamente 1,2 tonelada. Se todos os na Noruega em 2009 (Opplysningsrådet for vei-
veículos tivessem massa de 1,4 tonelada ou mais, o trafikken, bildata, 2010), a figura 4.19.5 estabelece
número relativo de mortes cairia abaixo de 1,0. No uma relação entre massa e consumo de combustível
entanto, é um cenário improvável que todos os veícu- medida em litros por milha, em tráfego misto. Já a
los em uma frota tenham exatamente a mesma massa. figura 4.19.5 demonstra que os veículos de maior
massa consomem mais combustível que os veículos
Com base em um modelo matemático, Wang e Ko- de menor massa. Isso resulta em um aumento das
ckelmans (2005) estimaram que o número total de emissões.
600 O Manual de Medidas de Segurança Viária
0,6
0,4
y = 0,0006x - 0,1358
R2 = 0,7666
0,2
0,0
0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000
Massa do veículo
Figura 4.19.5: Relação entre massa e consumo de combustível em automóveis
(Conselho de Informações de Tráfego Rodoviário).
Não há valores de custo específicos para as possíveis A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
medidas descritas neste tópico. blicas da Noruega e a polícia têm a autoridade e a
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 601
responsabilidade por assegurar que os veículos ile- A potência máxima do motor dos automóveis nos
gais não trafeguem. dias de hoje não é regulamentada formalmente, mas
automóveis com motores potentes costumam ter um
preço mais elevado e em vários países têm impostos
4.20 Regulamentação da potência dos mais altos que os automóveis com motores menos
automóveis potentes. A demanda pela redução da potência do
motor (em termos de potência máxima permitida)
O capítulo foi parcialmente revisado em 2012 por que possibilite uma redução no excesso de velocida-
Rolf Hagman e Alena Høye (TØI) de é vista como uma medida específica.
quanto à do motor a gasolina (ver figura 4.20.1). A ponderação dos resultados destas investigações
Com um alto torque é, contudo, possível acelerar por meio de meta-análise não foi possível. As pes-
rapidamente e haverá maior conforto para dirigir quisas fornecem apenas o índice de risco, não o nú-
que no veículo a gasolina sob maior potência má- mero de acidentes em que ele se baseia. Além disso,
xima do motor. A alta potência máxima do motor é tanto o risco quanto a potência do motor são medi-
uma forma tradicional para promover veículos com dos de formas diferentes nas diferentes pesquisas.
motores potentes. Uma curva de torque elevada e
constante indica que é possível conduzir a altas ve- A maioria dos estudos mostra que automóveis com
locidades em todas as condições de condução. desempenho particularmente elevado do motor têm
maior risco que automóveis com desempenho co-
Nos automóveis modernos, a maioria dos recursos mum do motor, se o peso for o mesmo. No entan-
e funções é de controle eletrônico. O controle ele- to, não foram verificados outros fatores relevantes,
trônico de velocidade, tal como descrito no capítulo como quilometragem anual, características princi-
4.34, seria uma das medidas mais adequadas e mais pais e proteção interna contra colisão.
precisas para controlar a aceleração máxima de um
automóvel que a limitação de potência máxima. Um estudo norueguês baseia-se em estatísticas de
danos de uma companhia de seguros (Elvik e Skaan-
sar, 1989). O estudo comparou os acidentes relata-
Impacto sobre os acidentes dos à seguradora de seis categorias de automóvel.
Cada veículo foi classificado como convencional ou
É difícil tirar conclusões definitivas a partir de pes- GTI. Modelos GTI têm motores significativamente
quisas estatísticas sobre a relação entre a potência mais potentes que os modelos convencionais. Para
do motor e os acidentes. Os resultados não mostram todas as seis categorias de automóveis, os modelos
qualquer efeito da potência do motor isoladamen- GTI têm mais acidentes que os modelos convencio-
te, mas sim misturada com um conjunto de vários nais. O número de acidentes por veículo foi entre
outros fatores que também afetam o risco. Existem 22% e 142% (média 75%) maior para os modelos
algumas pesquisas a respeito da relação entre a po- GTI. Isso, no entanto, pode estar associado a outros
tência do motor dos automóveis e os acidentes: fatores além da potência do motor, como, por exem-
plo, as características dos condutores.
Bock et al., 1989 (Alemanha);
Elvik e Skaansar, 1989 (Noruega); O Departamento Britânico de Transportes (UK De-
Depto de Transportes do Reino Unido, 1993 (Grã partment of Transport, 1993) comparou o número
-Bretanha); de veículos envolvidos em acidentes entre automó-
Fontaine e Gourlet, 1994 (França) e veis de tamanhos diferentes e diferentes potências
Schepers e Schmid, 1996 (Alemanha). de motor. Automóveis com motores mais potentes
Força do motor
tiveram 14% mais acidentes registrados por veícu- Em rodovias com velocidade permitida acima de
lo que automóveis com motores de potência média. 120 km/h, automóveis com motores menos poten-
A diferença foi maior para os automóveis menores, tes podem constituir um obstáculo para uma boa
entre 40 e 50%. Para automóveis grandes não foi transitabilidade. Um estudo (Schepers e Schmid,
encontrada nenhuma relação entre a potência do 1996) que mostra uma menor relação de riscos de
motor e o risco de acidentes. Este estudo tampouco acidente com automóveis de motores potentes, in-
controlou características do condutor ou quilome- dica que um motor menos potente pode ser um pro-
tragem anual. Uma análise adicional mostra que as blema em rodovias da Alemanha.
diferenças de quilometragem durante o ano podem
explicar a diferença no número de acidentes entre Veículos elétricos pequenos (EVs) normalmente têm
automóveis com motor de potências diferentes. alto torque, mas baixa potência máxima do motor,
e podem causar problemas à mobilidade nas rodo-
Um estudo francês (Fontaine e Gourlet, 1994) mos- vias que ligam cidades grandes. No tráfego urbano,
trou que a relação entre a potência/massa do motor com partidas e paradas rápidas, porém, os EVs têm
(kW por tonelada) e o número de acidentes é dife- excelentes propriedades para uma boa mobilidade.
rente entre os automóveis de diferentes categorias
de massa. Analisando-se todas as classes de massa,
automóveis com mais de 50 kW por tonelada têm Impacto no meio ambiente
25% mais acidentes do que automóveis com menos
de 50 kW por tonelada. Uma relação consistente en- Uma alta potência máxima do motor está direta-
tre a potência do motor e os acidentes foi encontrada mente relacionada ao seu tamanho. Geralmente
apenas para kW por tonelada entre 800 e 1.000 kg e motores maiores do mesmo tipo (diesel ou gasolina)
para condutores jovens. Para os condutores com ida- têm maior emissão de CO2 que os motores menores
de entre 30 e 64 não foi encontrada nenhuma relação. equivalentes. As emissões de gases CO2 são, portan-
to, proporcionais à potência máxima, que, por sua
Um estudo alemão (Schepers e Schmid, 1996) mostra vez, é proporcional ao tamanho do motor. Downsi-
o número de acidentes com feridos por um milhão de zing, ou diminuição das dimensões, é uma medida
quilômetros percorridos e compara automóveis com eficaz, mas mais duvidosa que as medidas de segu-
diferentes potências de motor. A idade dos condu- rança viária em si (Hagman et al., 2002).
tores foi controlada por meio da criação de análises
separadas em quatro faixas etárias. Este estudo mos- As emissões de gases nocivos são totalmente contro-
tra claramente que automóveis com motores mais po- ladas pela tecnologia do motor (diesel ou gasolina)
tentes têm menos acidentes que os automóveis com e por sistemas para purificação de gases dentro da
motores menos potentes. No entanto, outras caracte- faixa de velocidade de 0-120 km/h para veículos de
rísticas do condutor não foram controladas. passeio. Para velocidades acima de 130 km/h, as
emissões de gases nocivos provenientes de moto-
res a gasolina e diesel são significativamente maio-
Impacto na mobilidade res que para velocidades inferiores a 130 km/hora
(a explicação é que a homologação de emissões
Automóveis com motor com torque elevado (em dos automóveis ocorre a velocidades inferiores a
Nm), considerando toda sua capacidade de traba- 130 km/h). Uma vez que é difícil e desconfortável
lho (RPM), podem andar mais rápido no tráfego ir muito rápido em automóveis com potência baixa
real que automóveis cujo motor tem alta potência de motor, o downsizing acaba sendo uma medida
máxima e baixo torque em baixas rotações. Acele- com bons resultados, tanto para a redução das emis-
ração e ultrapassagens são mais fáceis com motores sões de poluentes quanto para gases de efeito estufa
que têm torque alto. (Hagman et al., 2011).
4,5
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1985 1992 1998 2001 2005 2010
Figura 4.21.1: Risco de lesão para os condutores e passageiros de ciclomotor,
motocicleta e automóvel (Bjørnskau et al., 2011).
A explicação é que, nos anos anteriores, as motoci- feridos e levemente feridos em diferentes tipos de
cletas eram conduzidas principalmente por jovens acidentes entre 2006 e 2011 na Noruega. Na parte
devido a uma situação econômica desfavorável que esquerda da tabela, os tipos de acidentes estão dis-
surgiu no final da década de 1980; com o passar do tribuídos para as diferentes gravidades; na parte do
tempo, cada vez mais as motocicletas se tornaram meio, estão as várias categorias de motocicletas, e na
um veículo de “adulto” (Bjørnskau et al., 2008). O parte da direita, é mostrado o porcentual de todos
aumento do uso de equipamentos (e mais avança- os motociclistas e passageiros feridos e mortos nos
dos) de proteção também pode ter contribuído para diferentes tipos de acidentes e o número total de
a redução do risco, principalmente entre os condu- mortes/lesões por ano.
tores de motocicletas pesadas. No entanto, o risco
de ambos, motociclistas e condutores de ciclomo- A tabela mostra que a maioria das mortes e lesões
tores, é ainda significativamente mais elevado que o ocorreu em acidentes com um único veículo, em
risco dos condutores de automóvel. colisões ou acidentes em interseções. O porcentual
de acidentes com um único veículo é maior entre
A tabela 4.21.1 mostra o número de condutores e motocicletas pesadas, enquanto acidentes em in-
passageiros de motocicletas mortos, gravemente terseções são mais frequentes entre ciclomotores
Tabela 4.21.1: Porcentual de mortos, feridos graves e feridos leves dentre motociclistas e passageiros de motocicletas em
vários tipos de acidentes (SSB, 2006-2011).
e motocicletas leves. Isso provavelmente pode ser lação com a velocidade máxima e a aceleração que
explicado pelo ambiente de tráfego típico dos di- a potência (kW ou cv) ou relação entre potência e
ferentes tipos de motocicletas. Os outros tipos de peso. Isso ocorre porque informações sobre o volu-
acidentes são distribuídos de forma relativamente me estão muito mais prontamente disponíveis que
uniforme entre as diferentes categorias de motoci- informações sobre a potência (o volume geralmen-
cletas. Os acidentes mais graves são colisões frontais te consta nas especificações do modelo, enquanto
e acidentes com um único veículo (respectivamente o motor pode variar em alguns modelos). Motoci-
29% e 21% de todas as mortes/lesões graves). Em cletas leves, com um motor de pequeno volume,
comparação, 38% de todas as mortes e 41% de to- podem, ainda assim, atingir altas velocidades (uma
dos os feridos graves eram condutores e passageiros moto off-road leve com 125 cm3 de motor, por exem-
de automóveis em acidentes envolvendo um único plo, pode ultrapassar os 100 km/h).
veículo. E, dentre todos os ocupantes dos veículos
que foram feridos em acidentes com apenas um veí- Na Noruega, os ciclomotores e as motocicletas es-
culo, 12% é a taxa de mortos ou feridos graves. tão divididos em classes baseadas no desempenho
do motor, no volume do motor (cm3), na potência
A velocidade é de grande importância na definição (kW) e na velocidade máxima superior, conforme a
da gravidade de um acidente. Na maioria dos países Regulamentação de Veículos (www.lovdata.no):
de maior motorização, tem-se tentado regulamentar
o desempenho da velocidade e do motor de ciclo- • ciclomotor: máx. 50 cm3, máx. 4 kW, velocidade
motores e motocicletas para reduzir os acidentes e máxima 45 km/h;
os ferimentos (Mayhew & Simpson, 1989). A for- • moto leve: máx. 125 cm3, máx. 11 kW, nenhuma
ma mais comum de regulamentação é a divisão de limitação de velocidade máxima;
ciclomotores e motocicletas em diferentes classes • moto média: nenhuma limitação de volume, máx.
com base no desempenho do motor, combinado 25 kW ou máx. 0,16 kW por kg, nenhuma limita-
com diferentes requisitos para os condutores dos ção de velocidade máxima;
diversos tipos de ciclomotores e motocicletas. A re- • moto pesada: acima de 125 cm3 ou acima de 11
gra comum é, por exemplo, que apenas às pessoas, kW, nenhuma limitação de velocidade máxima.
que tenham experiência de condução sejam conce-
didas licenças para motocicletas maiores. Também As disposições acerca da licença de condução para
é comum estabelecer limites sobre o volume do condutores de ciclomotores e motocicletas estão re-
motor para diferentes tipos de ciclomotores e mo- sumidas em outro capítulo.
tocicletas, além de proibir modificações (tuning)
que aumentem o desempenho do motor acima dos Até o final de 2011, foram registrados cerca de
limites estabelecidos. A regulamentação do volume 166 mil ciclomotores, 20.000 motocicletas leves e
ou potência do motor e as determinações sobre a 122.000 motocicletas pesadas na Noruega (OFV,
licença de conduzir destinam-se a reduzir o risco de 2012). Desde 2000 a frota teve um aumento de 44%
ferimentos para condutores de motocicletas e ciclo- de ciclomotores, 125% de motos leves e 59% de
motores. motos pesadas. A frota de veículos teve um aumento
de 28% no mesmo período.
• proibição de condução de motocicletas pesadas ladas, por exemplo, a quilometragem anual, a idade
por jovens. e a experiência de condução do condutor, além de
diversos outros fatores. Estudos que não controlam
Não foi encontrado nenhum estudo que tenha em- esses fatores não fornecem um quadro preciso da si-
piricamente investigado proibições ou outras regu- tuação. Haworth et al. (1997), por exemplo, identifi-
lamentações de motos com um motor de grande vo- cou que motocicletas maiores têm mais acidentes que
lume ou grande potência. Os resultados da relação motocicletas menores (acima de 250 cm3 vs. abaixo
entre o volume/potência do motor sobre o risco de de 250 cm3). No entanto, não foi controlada a qui-
acidentes pode, entretanto, indicar um possível im- lometragem e, uma vez que as motocicletas grandes
pacto dessas medidas. geralmente rodam mais que pequenas (Haworth &
Mulvihil, 2005), não se pode concluir que as motoci-
A relação entre equipamentos de segurança para cletas grandes tenham maior risco.
motocicletas e risco de acidentes junto a envolvi-
mento em acidentes para diferentes tipos de moto-
cicletas está descrita em outro capítulo. Relação entre volume de motor e risco de acidente –
motos pequenas
Zulkipli et al. (2012) não encontraram nenhuma re- rias categorias de peso entre as motocicletas maio-
lação significativa entre o volume do motor e o por- res (desde motos com volume de motor maior de
centual de motociclistas com lesões na coluna verte- 250 cm3 e até acima de 1.250 cm3):
bral. As motocicletas estão agrupadas neste estudo
segundo o volume do motor da seguinte maneira: Ingebrigtsen, 1990 (Noruega);
abaixo de 100 cm3, 100-149 cm3, 150 cm3 ou mais. Schulz, 1995 (Alemanha);
Shankar & Mannering, 1996 (EUA);
Haque et al. (2009) mostraram que o envolvimento Schulz, 1998 (Alemanha);
em acidentes em que a motocicleta é fator desen- Langley et al., 2000 (Nova Zelândia);
cadeador aumenta em rodovias em cerca de 4% a Harrison & Christie, 2005 (Austrália);
cada 200 cm3, o que se explica pela velocidade mais Smith, 2009 (França, Alemanha, Países Baixos,
elevada. O envolvimento em acidentes em que a Espanha, Itália) e
motocicleta é fator desencadeador diminui em cerca Mattson & Summala, 2010 (Finlândia).
de 13% a cada 200 cm3 de volume de motor. Para
acidentes em outras vias e em interseções não foi Baseada nos estudos de Ingebrigtsen (1990), Lan-
encontrada nenhuma relação. gley et al. (2000) e Harrison e Christie (2005), a figu-
ra 4.21.2 mostra a relação entre o volume e o núme-
Os resultados gerais indicam que o aumento do volume ro relativo de acidentes para motocicletas com um
envolve o aumento do risco de morte ou de ferimentos volume acima de 250 cm3 (o risco mínimo de aci-
graves e crescente risco de ser causador de acidentes dente para volume do motor é igual a 1). Em todos
em rodovias. Para o risco de acidente com ferimentos os estudos, a quilometragem anual foi controlada.
leves, no entanto, não foi detectada nenhuma relação. Ingebrigtsen (1990) e Langley et al. (2000) também
As motocicletas destes estudos em sua maioria têm examinaram uma série de outros fatores, incluindo
motores pequenos e os resultados não são, portanto, a idade e a experiência dos condutores.
necessariamente representativos para países onde a
maioria delas tem volume de motor muito maior. A figura 4.21.2 mostra que o risco relativo de aci-
dentes (gravidade não especificada) é quase inal-
terado, independentemente do volume do motor.
Relação entre o volume do motor/potência e risco de Harrison & Christie (2005) constataram que mo-
acidente – classes de peso para motocicletas maiores tocicletas entre 250 e 500 cm3 têm 3,2 vezes mais
alto risco de acidente que motocicletas com motor
Estudos posteriores examinaram a relação entre o de volume acima de 500 cm3. Isso provavelmente
volume e o risco de acidente e de morte para vá- aplica-se porque no primeiro grupo a maioria dos
1,6
1,4
1,2
Risco relativo de acidente
1,0
0,8
0,6
condutores são jovens e portadores de licenças re- trafegarem mais em rodovias e as motos leves, mais
centes de condução. O resultado geral na figura nas cidades.
4.21.2 fornece apenas um pequeno impacto, que
não é estatisticamente confiável. Um estudo alemão (Schulz, 1995) mostrou que o
risco de acidentes individuais com R-bikes (“répli-
O risco de morte ou ferimentos graves em um único cas de corrida”) aumenta com o aumento do vo-
acidente entre veículos, de acordo com Shankar & lume do motor. Para outros tipos de motocicleta,
Mannering (1996), é 57% maior em motocicletas não houve associação entre volume do motor e aci-
acima de 500 cm3, em comparação com as motoci- dentes. Houve controle, entre outros, da quilome-
cletas abaixo de 500 cm3. Para outros tipos de aci- tragem anual. Outro estudo alemão (Schulz, 1998)
dentes, não há resultados neste estudo. Smith (2009) mostrou que motocicletas com mais de 74 kW (100
não encontrou nenhuma relação entre o volume do cv) são mais frequentemente envolvidas em aciden-
motor e o risco de morte em acidentes de motoci- tes individuais quando o condutor tem um estilo
cleta - o que se aplica a todos os tipos de acidentes. mais “esportivo”. Entre os outros condutores, não
foi encontrada qualquer conexão, e o número de
Um estudo finlandês (Mattson & Summala, 2010) colisões não apresentou nenhuma relação com a
mostrou que as motocicletas maiores (com potência potência do motor. Os resultados são baseados em
de 100 kW ou 136 cv) têm 3,42 vezes maior risco acidentes autorregistrados, e não houve controle de
de envolvimento em um acidente fatal que as mo- quilometragem, nem de outros fatores.
tocicletas menores (com potência abaixo de 50 kW
ou 68 cv). Esta associação foi encontrada também Os resultados gerais indicam que os condutores de
entre condutores jovens (21-30 anos) e mais velhos motocicletas grandes geralmente não têm um risco
(acima de 30 anos), e este contexto é quase o mes- de acidente maior que os outros. O risco de acidentes
mo quando se olha para a relação entre potência graves, entretanto, aumenta com o aumento do vo-
e peso, em vez de apenas potência. Neste estudo lume do motor para certos tipos de motocicletas, de
houve controle da quilometragem, que, no entan- condutores e de acidentes (as R-bikes, os condutores
to, foi estimada com base em questionários junto a “esportivos” e acidentes individuais, por exemplo).
diversos condutores e é, portanto, incerta. Mattson
& Summala (2010) também analisaram a relação
entre a potência do motor e a velocidade nos aci- Proibição de alteração de ciclomotores
dentes. Motocicletas com potência acima de 75 kW
(102 cv), com uma frequência de acidentes 4,8 vezes Um estudo norueguês mais antigo (Fosser & Chris-
maior do que as outras, estavam 20 km/h acima do tensen, 1992) mostrou que ciclomotores modifica-
limite. No mesmo estudo, não foi encontrada ne- dos têm 1,18 vez mais acidentes com danos mate-
nhuma associação entre potência ou a relação entre riais que os não modificados (intervalo de confiança
potência e peso e o risco de acidentes para os aci- [1,03; 1,37]) e 1,48 vez mais acidentes com feridos
dentes autorregistrados sem mortes. (intervalo de confiança [1, 10; 2,01]). A partir destes
resultados, pode-se calcular que, se não houvessem
Os resultados de alguns estudos sugerem que mo- ciclomotores modificados, o número de acidentes
tocicletas com diferentes volumes de motor estão com vítimas poderia diminuir em aproximadamen-
envolvidas em distintos tipos de acidentes. Clarke te 14% (-21%; 4%) e com danos materiais em cerca
et al. (2007) mostraram que o envolvimento em de 7% (-11%; -1%). Um estudo alemão (Löffelholz
acidentes em que uma das partes não tenha res- et al., 1977) confirmou estes resultados. A pesquisa
peitado a preferencial é menor entre as motoci- mostrou que os ciclomotores cujo volume do motor
cletas com volume do motor maior, enquanto que foi alterado em 50 cm3 tiveram cerca de 2,8 vezes
acidentes em curva são mais frequentes com um mais risco de acidentes com vítimas que os ciclomo-
aumento do volume do motor. Estatísticas norue- tores não modificados.
guesas de acidentes mostram que as motocicletas
pesadas estão envolvidas em acidentes individuais
em maior grau do que as motos leves e os ciclomo- Proibição aos jovens de conduzir motocicletas
tores e em menor grau em acidentes em interseções pesadas
ou na contramão (ver “Problema e finalidades”).
Ambos os resultados podem, pelo menos em parte, Os novos condutores, portadores de licenças com
ser explicados pelo fato de as motocicletas pesadas restrições (de acordo com o programa de treinamen-
610 O Manual de Medidas de Segurança Viária
to e licenciamento gradual), têm, segundo Haworth noite (proibição de dirigir entre as 22 h e 5 h); álcool
et al. (1997), cerca de 50% maior risco de acidentes (máximo 0,3). Depois de seis (ou três) meses, a restri-
que os condutores com licença completa. Esta dife- ção de velocidade é reduzida, enquanto outras restri-
rença entre os condutores com habilitação limitada ções ainda se aplicam até 18 meses (ou nove meses,
e completa é menor entre motociclistas que entre os mediante curso). Reeder et al. (2009) mostraram que
condutores de automóveis, fato que pode ser expli- o número de acidentes entre motociclistas de 15 a 19
cado por haver mais condutores de motocicleta com anos diminuiu 22% (intervalo de confiança [-39; -1]).
carteira limitada que têm muita experiência e mui- No entanto, a queda provavelmente se deve-se, pelo
tos com carteira ilimitada com pouca experiência. menos em parte, a uma redução global de condução
de motocicletas nesta faixa etária. Entretanto, não
A proibição aos jovens condutores da condução de se pode concluir que as restrições (ou restrição refe-
motocicletas pesadas foi introduzida na Austrália e rente ao volume do motor) foram responsáveis pela
no Reino Unido. Em Victoria, na Austrália, condu- redução nos acidentes. Outro estudo da Nova Zelân-
tores em vias de formação e condutores com licença dia, em que os condutores com menos instrução não
recente (primeiro ano depois de passar no exame de têm permissão para conduzir uma motocicleta com
habilitação) são proibidos de conduzir motocicle- mais de 250 cm3 (Langley et al., 2000), mostrou que a
tas com cilindrada superior a 260 cm3 (Troup et al., condução ilegal da motocicleta com mais de 250 cm3
1984). Uma pesquisa do tipo antes- depois mostrou não implica maior risco de acidentes. Condutores
que o número de lesões por condutor habilitado di- em formação que guiaram motocicletas com menos
minuiu 33% entre os condutores com a proibição de 250 cm3 tiveram, neste estudo, 1,2 vez [0,72; 1,9]
(intervalo de confiança [-38; -27]); entre aqueles mais acidentes que condutores que dirigiam ilegal-
que não foram abrangidos pela proibição, não foi mente motocicletas com mais de 250 cm3.
encontrada nenhuma mudança significativa no nú-
mero de acidentes (+ 8% [-3, 21]). A pesquisa não Um estudo realizado em New South Wales, na Aus-
fornece informações sobre as mudanças no universo trália, mostrou que motocicletas com motor entre
do motociclismo como resultado da proibição. 250 e 500 cm3 têm 2,4 vezes mais risco de acidentes
que motocicletas com motor menor que 250 cm3 e,
Na Grã-Bretanha, condutores com licença recente 3,3 vezes maior risco que motocicletas com motor
(“permissão para dirigir”) foram proibidos de con- de mais de 500 cm3 (Harrison & Christie, 2005).
duzir ciclomotores/motocicletas com mais de 125 Houve controle de idade e em New South Wales
cm3 em 1982 (Broughton, 1987). Antes, o limite era o limite de volume do motor para condutores em
de 250 cm3. Uma pesquisa do tipo antes-depois mos- formação é de 660 cm3 (e 150 kW por tonelada).
trou que o número de acidentes com feridos entre Assim, é concebível que o elevado risco neste grupo
os novos condutores de ciclomotores acima de 125 seja devido a um porcentual relativamente elevado
cm3 diminuiu em 79% (intervalo de confiança [-80; de jovens condutores.
-77]). Esta queda, no entanto, foi mais que com-
pensada por um aumento no número de acidentes Os resultados gerais indicam que o risco e a quanti-
envolvendo ciclomotores com menos de 125 cm3 (+ dade de acidentes aumentam na categoria em que a
24% [21; 29]). No geral, portanto, o número de aci- maioria dos condutores são jovens e que o número
dentes não diminuiu para os novos condutores (+ total de acidentes não necessariamente diminui, mes-
2% [1; 5]). Para os condutores experientes, houve mo que o risco e o número de acidentes devido à
no mesmo período um decréscimo de cerca de 10% proibição para os jovens condutores diminua. Isso é
no número de acidentes com feridos. Embora os re- coerente com os resultados dos estudos quanto à re-
sultados não digam nada sobre o risco de acidentes, lação entre volume e risco de acidentes, que mostram
não se pode afirmar com base nisso que a medida que há relativamente pouca conexão entre eles e que
tenha melhorado a segurança dos novos condutores. é principalmente o estilo de condução dos condutores
que têm maior influência na ocorrência de acidentes.
Na Nova Zelândia, um sistema de licença gradual
para dirigir foi introduzido para os motociclistas em
1987. Na fase de formação (seis meses, ou três meses Impacto na mobilidade
mediante curso), aplicam-se algumas restrições. En-
tre outras, é proibido conduzir motocicleta com mais As medidas de restrição de velocidade podem re-
de 250 cm3. Outras restrições são relativas à velocida- duzir a mobilidade. Medidas de proibição da utili-
de (máxima de 70 km/h); passageiros (não); dirigir à zação de um determinado tipo de motocicleta para
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 611
um grupo específico de condutores reduzem a liber- tas pode ser tomada pelas autoridades rodoviárias
dade de escolha dos mesmos em relação ao tipo de ou outras partes interessadas. As determinações são
motocicleta. estabelecidas pela Agência Nacional de Adminis-
tração de Vias Públicas da Noruega após consulta
junto à indústria e ao Ministério dos Transportes.
Impacto no meio ambiente
Avaliações de custo-benefício
4.22 Compatibilidade dos veículos em
Se não houvesse ciclomotores modificados, o núme- caso de acidente
ro de acidentes com vítimas poderia ser reduzido
em aproximadamente 14%. Estimou-se, a partir do O capítulo foi escrito em 2010 por Alena Høye
registro oficial de acidentes para o ano de 1995, que (TØI)
cerca de 75 feridos por ano são evitados. Isso repre-
senta uma economia de cerca de NOK 110 milhões.
Se fosse possível retirar todos os ciclomotores mo- Problema e finalidades
dificados do trânsito a um custo menor, esta seria,
portanto, uma medida economicamente rentável. Em colisões entre diferentes tipos de veículos, as
Não há cálculos recentes, pois não existem dados lesões mais graves geralmente ocorrem nos ocu-
atuais a respeito de ciclomotores modificados. pantes do veículo mais leve ou menor. As colisões
costumam ser mais graves quando os veículos não
são “compatíveis”. A compatibilidade significa a
Responsabilidade e procedimentos formais capacidade do veículo de proteger o condutor e
os passageiros no seu interior, bem como os outros
Iniciativa para a medida usuários da via em caso de acidente (Abdel-Aty e
Abdelwahab, 2004; van Kampen, 2000). A extensão
A iniciativa para novas regulamentações referentes em que dois veículos são compatíveis em um aci-
à potência do motor de ciclomotores e motocicle- dente depende do peso de cada um (ver também o
612 O Manual de Medidas de Segurança Viária
capítulo 1.19), da altura e da rigidez (Barbat et al., usuários da via. Para obter o menor número possí-
2005). vel de lesões, todos deveriam escolher um carro que
reduzisse o risco de lesão, e isso somente é possível
A compatibilidade reflete tanto a proteção interna para o condutor se os demais escolhessem veículos
contra colisão quanto a agressividade (Abdel-Aty e semelhantes, ao invés de um veículo com maior pro-
Abdelwahab, 2004). A proteção interna contra co- teção interna somente para quem o ocupa, à custa
lisão descreve em que grau um veículo protege seus de maior risco de ferimentos para os outros.
ocupantes durante um acidente (ver também o ca-
pítulo 4.16), e a agressividade descreve em que grau
um veículo inflige consequências aos ocupantes do Descrição da medida
outro veículo envolvido ou usuários da via em um
acidente. A agressividade e a proteção interna con- Podem-se distinguir diferentes aspectos a respeito
tra colisão são, em muitos casos, inversamente pro- da compatibilidade em caso de acidente: compati-
porcionais. Quanto mais seguros forem os veículos bilidade geométrica, compatibilidade de rigidez e
para aqueles que neles trafegam, maior será o risco compatibilidade de peso.
de lesões para os demais em caso de acidente (van
Kampen, 2000). Quando os veículos novos são tes- Compatibilidade geométrica: descreve principal-
tados, geralmente é a proteção interna que é testada mente a quantidade de absorção de energia das par-
(em programas de colisão de veículos novos EuroN- tes do veículo. Os veículos são compatíveis quando
CAP ou USNCAP, por exemplo) e não em que grau suas partes de absorção de energia estão posiciona-
o veículo inflige ferimentos aos demais usuários das de modo a encontrar umas as outras no caso
ou aos ocupantes dos demais veículos. No EuroN- de uma colisão. Se os veículos não são compatíveis,
CAP, testa-se em que grau pedestres são feridos em uma estrutura de absorção de energia de um veículo
atropelamento por automóveis. Os automóveis são, atingirá o segundo veículo em um lugar em que ele
portanto, concebidos de modo que proporcionem a não tem tal estrutura e consequentemente o condu-
melhor proteção possível, principalmente para seus tor ou passageiro serão expostos a um maior risco
ocupantes, o que poderá ter consequências negati- de lesão do que se uma estrutura de absorção de
vas para as pessoas nos outros automóveis. Outro energia tivesse sido atingida.
problema encontrado nos experimentos de colisão é
que, quando um veículo colide contra uma barreira Com diferenças de altura entre os veículos, o mais
fixa, ele não necessariamente protege seus ocupan- baixo (um veículo de passeio, por exemplo), pode,
tes da mesma maneira que em colisões contra outros total ou parcialmente, entrar sob o outro veículo
veículos, mesmo que maiores e mais pesados, embo- (um caminhão, por exemplo), de modo que a ener-
ra o total de energia de colisão seja basicamente o gia de impacto não pôde ser absorvida pelas partes
mesmo (Barbat et al., 2005). do veículo de passeio, ainda que ele as tenha. Isso
pode fazer com que toda a cabine seja quebrada, o
A variação do risco de lesões relacionadas à com- que na maioria dos casos leva a lesões muito mais
patibilidade dos veículos é essencialmente uma graves do que se esse “encaixe” tivesse sido evita-
questão de distribuição de riscos entre os grupos do (Baker, Nolan, O’Neill e Genetos, 2008; Fosser,
de usuários e de veículos. Isso afeta o número to- 1979; Hashemi, Walton e Anderson , 2006). Segun-
tal de feridos em acidentes de trânsito. O objetivo do Braver et al. (1997), em torno de 50% de todos
de aumentar a compatibilidade dos automóveis é os acidentes fatais são colisões entre veículos de pas-
reduzir os ferimentos causados em todos os envol- seio e caminhões em que o veículo de passeio entra
vidos no acidente. Ao contrário da proteção interna embaixo do caminhão, conhecidas como “colisões
dos veículos contra colisão, em caso de acidente a de encaixe”. Os acidentes mais graves deste tipo
compatibilidade concentra-se nos ferimentos tanto são os frontais. Colisões laterais entre veículos de
dos ocupantes do veículo em questão quanto nos passeio e caminhões são menos comuns (Hashemi
demais usuários da via. et al., 2006). Motociclistas, ciclistas e pedestres são
particularmente vulneráveis a lesões graves caso eles
Para o usuário, surge um dilema do tipo “dilema acabem embaixo de um caminhão.
do prisioneiro”: se todos escolhem o veículo “mais
seguro para si”, o número total de lesões é maior Além disso, pequenas diferenças de altura entre os
que se todos escolhessem um veículo menos seguro veículos podem causar grandes danos materiais,
para si, mas que infligisse menos lesões aos demais conforme mostram as análises do IIHS (IIHS,
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 613
2010A). O mais crucial para garantir proteção ade- Os resultados dos testes de colisão indicam que as
quada é que os para-choques dos veículos em coli- diferenças geométricas entre os veículos têm maior
são estejam na mesma altura. significado para a compatibilidade do que ambos,
peso e rigidez (Meyerson e Nolan, 2005; O’Neil e
Ainda, em acidentes que não envolvem encaixe em- Kyrychenko, 2004).
baixo de caminhões, a diferença de altura ou outras
diferenças geométricas entre os dois veículos fazem Compatibilidade de peso: diferenças de peso mui-
com que um deles seja atingido em partes que não tas vezes envolvem menos lesões para os ocupantes
são destinadas à absorção de energia, como, por do veículo de maior peso em detrimento de lesões
exemplo, a porta lateral. Ferimentos poderiam ter para os ocupantes do veículo de menor peso (veja o
sido evitados se o veículo tivesse sido atingido em capítulo 4.19).
partes de absorção de energia, ou seja, caso a com-
patibilidade geométrica entre os veículos tivesse Diferentes tipos de veículo: muitas SUVs, picapes e
sido melhor. Essas diferenças de altura são muitas vans são pouco compatíveis com veículos de passeio,
vezes encontradas entre veículos de passeio mais porque são mais altos, têm maior peso e são mais rí-
baixos de um lado e veículos de passeio mais altos gidas (Gabler e Hollowell, 2000). Em 1997 nos Esta-
do outro, como as SUVs e as picapes. dos Unidos, as SUVs tinham em média uma massa de
410 kg a mais que os automóveis de passeio (Kahane,
Compatibilidade de rigidez: a rigidez é a capacidade 1997). Em colisões entre um automóvel e uma SUV ou
de resistir à deformação (Kahane, 1997). Uma maior picape nos Estados Unidos, a taxa de todas as vítimas
rigidez pode, por um lado, impedir que a cabine em fatais foi de 81% entre os ocupantes do automóvel de
que estão os ocupantes de um veículo seja deformada passeio segundo Gabler e Hollowell (2000) e de 76%
em uma colisão e, assim, protegê-los contra a intrusão de acordo com Mayrose e Jehle (2002). Os danos tí-
de objetos externos. Por outro lado, as partes mais picos para ocupantes de automóveis de passeio em
rígidas absorvem menos energia de colisão que as colisões laterais com SUVs, entre outros, são lesões
menos rígidas (mais flexíveis e menos duras). Conse- na cabeça e no torso, por conta do para-choque das
quentemente, a parte da energia a ser absorvida pelos SUVs, que atinge o automóvel no reforço da porta.
ocupantes no veículo aumenta e, com isso, o risco de Os danos típicos para os ocupantes de automóveis de
lesão. A cabine é, portanto, em geral relativamente passeio em colisões frontais com as SUVs são fraturas
rígida para evitar a intrusão, enquanto a frente e as nos braços e pernas, lesões na cabeça e no peito devi-
partes laterais do veículo têm maior absorção de ener- do ao volante e ao painel, que se achatam por conta
gia e são menos rígidas (O’Neill e Kyrychenko, 2004). do para-choque das SUV ao atingir a parte superior
do para-choque dos automóveis de passeio (Acierno,
As diferenças de peso e de rigidez dos veículos afe- Kaufman, Rivara, Grossman e Mock, 2004).Para re-
tam a compatibilidade, pois os veículos de menor duzir a agressividade das SUVs e picapes, em 2003 as
peso e menos rígidos absorvem mais energia no montadoras dos EUA introduziram novas diretrizes
impacto em caso de colisão com veículos de maior (voluntárias) para aumentar a compatibilidade entre
peso e mais rígidos (Barbat et al., 2005). Ao mesmo SUVs/picapes e automóveis de passeio. As diretrizes
tempo, os veículos de menor peso e menos rígidos incluem a altura máxima das partes frontais de ab-
têm menos capacidade de proteger seus ocupantes sorção de energia. Para aumentar a compatibilidade
que os veículos de maior peso e maior rigidez. Os entre SUVs/picapes e os automóveis de passeio, ins-
veículos mais rígidos protegem melhor seus ocu- tala-se um dispositivo sob as partes de absorção de
pantes contra intrusão, mas, por outro lado, a frente energia, na frente dos veículos, na mesma altura da
do veículo pode absorver menos energia. Isso pode parte dianteira de um automóvel de passeio médio.
expor os ocupantes a uma maior desaceleração e,
portanto, maior risco de lesões, como, por exemplo, Medidas específicas: uma medida em veículos pesa-
em colisões com objetos fixos. Os veículos peque- dos para aumentar a compatibilidade com automó-
nos, ao tornarem-se mais rígidos, tornam-se tam- veis é o dispositivo de proteção contra o encaixe em
bém mais seguros, pois seus ocupantes estarão mais colisão. É um dispositivo, como uma viga ou uma
protegidos contra intrusão. Os veículos pequenos grade instalada na frente, atrás ou na lateral e entre os
têm pouca possibilidade de absorção de energia de eixos em um caminhão ou trailer. O obstáculo pode
impacto e seus ocupantes estão, dessa forma, susce- ser feito de aço ou de metal de liga leve, ser inteira-
tíveis a ferimentos causados pela intrusão de objetos mente rígido ou ter estrutura flexível, de boa absor-
no veículo (Mizuno e Kajzer, 2005). ção de energia. O dispositivo de proteção na frente
614 O Manual de Medidas de Segurança Viária
do veículo, de acordo com a Diretiva da União Eu- dos ferimentos em acidentes com a ajuda de mode-
ropeia, deve fazer parte da estrutura do veículo. A los multivariados. Houve controle de uma série de
proteção contra o encaixe em colisão em caminhões características dos condutores, dos acidentes e das
e veículos de grande porte evita que automóveis de vias em que os acidentes ocorreram. Os resultados
passeio e outros veículos menores entrem embaixo de mostram que em média as lesões são menos graves
veículos de grande porte em acidentes de colisão tra- em SUVs, picapes, vans e caminhões pesados do
seira e frontal. O objetivo do dispositivo de proteção que nos automóveis, quando se analisa os aciden-
lateral é principalmente evitar que pedestres e pessoas tes como um todo. As lesões são menos graves em
em veículos de duas rodas sejam atropeladas por estas caminhões pesados. Para acidentes envolvendo vá-
vigas presentes no espaço aberto entre os eixos das rios veículos, o resultado é o mesmo. Para acidentes
rodas dos veículos de grande porte. O dispositivo de envolvendo um único veículo, porém, as lesões são
proteção contra o encaixe aumenta a compatibilidade mais graves em SUVs, picapes e caminhões pesados
entre caminhões e outros automóveis sem aumentar o do que em automóveis de passeio.
risco de lesão para os ocupantes do caminhão.
As estatísticas de seguradoras nos Estados Unidos
Uma medida que reduz a compatibilidade entre os mostram que as indenizações referentes às lesões em
veículos e especialmente entre automóveis e pedes- pessoas no próprio veículo são menores para carros
tres são os para-choques de impulsão, que consis- maiores (IIHS, 2010b). Isso se aplica a automóveis
tem em uma estrutura rígida que pode ser instalada de passeio, SUVs e picapes. Em média as indeniza-
na parte da frente de um automóvel ou caminhão. ções são mais baixas para SUVs e picapes do que
Como o nome sugere, estas estruturas protegem o para os veículos de passeios (ver tópico abaixo sobre
veículo de danos em colisões com animais de grande proteção interna contra colisão vs Agressividade).
porte. Os para-choques de impulsão não têm como
finalidade tornar os veículos mais compatíveis com
outros usuários (menos agressivos contra eles). Proteção interna contra colisão vs agressividade
30
Condutores gravemente feridos no veículo 2
25
da colisão frontal com o veículo 1
20
15
y = -0,2719x + 23,134
R2 = 0,053
10
0
0 5 10 15 20 25 30
Condutores gravemente feridos no veículo 1
em acidente de colisão frontal
Figura 4.22.1: Relação entre os condutores gravemente feridos no veículo 1 e nos
outros veículos. Baseado em van Kampen (2000).
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 615
automóvel está relacionado ao número menor de número de modelos. As indenizações estão apresen-
gravemente feridos no outro veículo. A relação é, tadas como um porcentual da média para todos os
no entanto, pouco consistente. veículos por tipo de pagamento. Uma indenização
média de 128 por danos materiais do Chevrolet
Wenzel e Ross (2005) calcularam quantos conduto- Tahoe 4WD, por exemplo, significa que as inde-
res de diferentes tipos de veículos foram mortos em nizações para este modelo de SUV são em média
acidentes (todos os tipos de acidentes) e quantos ocu- 28% acima da média para todos os outros tipos de
pantes do segundo veículo envolvido foram mortos automóveis. A figura 4.22.3 mostra o valor das inde-
em colisões com os veículos em questão. Os resulta- nizações por lesão por ocupante do veículo1 e por
dos estão na figura 4.22.2. Para a maioria dos tipos ocupante do veículo 2 em um acidente para veículos
de veículos, vê-se que um maior número de mortes de passeio (4 portas), SUVs e picapes.
no próprio veículo (veículo 1) está ligado a um maior
número de mortos no outro veículo (veículo 2). Além Para os veículos de passeio, as indenizações mais
disso, quando se observa o número médio de mortes elevadas de lesões no veículo 1 e no veículo 2 estão
em diferentes tipos de veículos, vê-se que os tipos de relacionadas. A este respeito, para SUVs e picapes
veículos que têm o maior número de mortes como há apenas uma relação pouco consistente.
veículo 1 também têm maior número de vítimas como
veículo 2. Há dois tipos de veículos que se distinguem. O resultado está de acordo com os resultados do
Picapes grandes enquanto veículo 1 têm um risco estudo de Wenzel e Ross (2005). Ambos os estudos
médio para seus condutores, mas maior risco para o incluem vítimas no veículo 1 em todos os tipos de
outro veículo do que qualquer outro tipo de veícu- acidentes, incluindo acidentes envolvendo um úni-
lo. Automóveis esportivos têm um risco relativamen- co veículo, enquanto as lesões no veículo 2 incluem
te alto para os condutores do veículo 1, mas o risco apenas lesões resultantes de colisões. Os resultados
para os ocupantes do veículo 2 não é maior. As SUVs do estudo de van Kampen (2000), no entanto, ba-
têm em média aproximadamente o mesmo alto risco seiam-se somente em lesões em colisões. Isso pode,
para seu condutor quanto os automóveis médios, mas pelo menos em parte, ser uma possível explicação
maior risco para o veículo 2. Os resultados aplicam-se para os resultados conflitantes.
ao número de mortos por milhão de registros. Não
houve controle de exposição nem de outros fatores. Com base nas estatísticas sobre as indenizações das
seguradoras (IIHS, 2010B), a figura 4.22.4 mostra os
O Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária pagamentos médios para diferentes tipos de veículos
norte-americano (IIHS, 2010B) publicou a média (automóveis com quatro portas, SUVs e picapes) de
de indenizações pagas por veículo para um grande diferentes tamanhos. Na figura 4.22.4, as indeniza-
350
Mortos no segundo veículo envolvido (veículo 2)
Automóvel pequeno
300 Automóvel médio
por milhão de registros (colisões)
Automóvel grande
250 Automóvel de luxo
Automóvel esporte
200 Van
SUV
Picape compacta
250
Picape grande
100
150
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Motoristas mortos no veículo 1 por milhão de registros
(todos os tipos de acidente)
Figura 4.22.2: Relação entre o número de condutores mortos no veículo 1 e no veículo
2. Baseado em Wenzel e Ross (2005).
616 O Manual de Medidas de Segurança Viária
180
160
100
80
60
Veículos de passeio
40
SUVs
20
Picapes
0
0 50 10 150 200
Indenizações por lesão em ocupantes do veículo 1 (todos os tipos de acidente)
Figura 4.22.3: Indenizações por lesão em ocupantes do veículo1 e no segundo veículo
envolvido (veículo 2) em acidentes (IIHS, 2010b).
Automóvel pequeno
Automóvel médio
Automóvel grande
SUV pequena
SUV média
SUV grande
SUV extragrande
Picape pequena
Picape grande
Picape extragrande
ções para cada grupo de automóvel foram calculadas 1 é maior do que para a o veículo 2. Para SUVs e
como média não ponderada de todos os modelos no picapes é o inverso: as indenizações por danos ma-
grupo de automóveis segurados (não há informações teriais para o veículo 2 no acidente são maiores do
sobre quantos veículos estão incluídos nos resulta- que para o veículo 1. A relação entre os tipos de
dos de cada modelo). veículos e o valor da indenização é inconsistente.
Um fator que pode ter contribuído para os resul-
A figura 4.22.4 mostra que, para veículos de pas- tados inconsistentes é que os danos para veículos
seio, as indenizações por danos materiais no veículo grandes são em média mais caros para veículos me-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 617
nores, de modo que os pagamentos dizem apenas Gabler e Hollowell, 2000 (EUA);
parcialmente algo sobre as extensões dos danos. Mayrose e Jehle, 2002 (EUA);
Kahane, 2003 (EUA);
Quando se atenta para as indenizações por lesão dos Summers, Hollowell e Prasak, 2003 (EUA);
ocupantes do veículo 1 e do veículo 2, verificam-se Newstead, Watson, Delaney e Cameron, 2004 (Aus-
os mesmos padrões encontrados para danos mate- trália);
riais. Para os automóveis de passeio, as indenizações Austin, 2005 (EUA);O’Neill e Kyrychenko, 2004
por lesão no veículo 1 são maiores que para o veícu- (EUA);
lo 2. Para SUVs, ao contrário, as indenizações por Gabler & Hollowell, 2005 (EUA) e
lesão no veículo 2 são maiores do que no veículo 1. Fredette, Mambu, Chouinard e Bellavance, 2008
(Canadá).
Todos os tipos de indenização por lesão em auto-
móveis grandes segurados são menores, portanto Baseada nestes estudos, a tabela mostra o risco re-
são menores para as SUVs e picapes do que para os lativo de morte para os condutores em veículos de
veículos de passeio. Isso mostra que os automóveis passeio ou caminhões leves em colisões com dife-
maiores protegem melhor seus ocupantes do que os rentes tipos de veículos. O risco relativo quando o
automóveis menores. veículo 2 na colisão for um automóvel de passeio
médio é definido como 1. Os resultados foram ba-
As indenizações por lesão por ocupante do veículo seados em estudos em geral e em estudos em que
2 não apresentou nenhuma relação com o tamanho houve controle do peso dos veículos. Em alguns es-
dos automóveis. Para automóveis de passeio e pica- tudos, em que houve controle do peso, houve tam-
pes, quanto maior for o veículo, menores serão as bém controle de uma série de outros fatores. Não
indenizações. Para as SUVs, ao contrário, quanto há diferenças sistemáticas em estudos com ou sem
maior o veículo, maiores as indenizações; entretan- o controle de mais fatores além do peso. Há muito
to, esta relação é pouco consistente. pouca informação para se calcular os pesos estatís-
ticos de todos os estudos. Os resultados da tabela
4.22.1 são, portanto, apresentados como médias
Diferentes tipos de agressividade dos veículos não ponderadas e sem intervalos de confiança. O
risco relativo é calculado tanto para colisões frontais
Muitos estudos pesquisaram o risco para ocupantes de quanto para todos os outros tipos de colisão. Não
veículos de passeio e caminhões leves em colisão com existem diferenças sistemáticas entre os resultados
outros veículos. Os resultados, que estão resumidos na para colisões frontais e para todos os tipos de coli-
tabela 4.22.1, baseiam-se nos seguintes estudos: são; os resultados estão, portanto, misturados.
Tabela 4.22.1: Risco relativo de morte para os condutores de veículos de passeio ou caminhões
leves em colisões com diferentes tipos de veículos. Risco relativo se o veículo 2 for um
automóvel de passeio médio = 1.
sentados na figura 4.22.5 para mostrar a dispersão veículos com o mesmo peso (Gabler & Hollowell,
nos resultados. 2005).
Os resultados da tabela 4.22.1 e da figura 4.22.5 A diferença no risco quando o veículo 2 na colisão
mostram que os riscos de morte em uma colisão são é um veículo de passeio ou SUV/picape é maior em
maiores se o veículo 2 for uma SUV, uma picape colisões frontais que em outras colisões, de acordo
ou um 4x4 (muitas SUVs e picapes são 4x4, assim com Joksch (1999). As possíveis explicações para
como alguns veículos de passeio). Estes resultados que muitos estudos encontrem maior agressividade
também se aplicam quando há controle do peso dos em picapes que em SUVs é que as picapes muitas
veículos. O aumento do risco é muito maior quando vezes transportam carga, o que leva a um peso bruto
não há controle do peso na análise, o que sugere que superior ao das SUVs; além disso, as picapes circu-
as diferenças de peso contribuem para o elevado ris- lam com maior frequência em rodovias que as SUVs
co de colisões com SUVs e picapes, mas que as dife- e, por isso, estão mais envolvidas em colisões em alta
renças de peso não podem explicar o aumento total velocidade (O’Neill e Kyrychenko, 2004).
do risco. Quando se observa o risco de ferimentos
em colisões com diferentes tipos de veículos, mas Resultados semelhantes também foram obtidos em
com mesmo peso, pode-se ver que o risco de coli- outros estudos que não puderam ser incluídos nas
dir com uma picape pequena é significativamente análises acima e encontram-se resumidos a seguir.
maior do que com um veículo de passeio médio,
mesmo ambos estando quase na mesma categoria Abdel-Aty e Abdelwahab (2004) mostraram que o
de peso (Gabler & Hollowell, 2005). número médio de mortes por colisão é 1,144 quan-
do um caminhão leve colide na lateral de um veículo
Outro fator que contribui para riscos elevados dos de passeio e 1,112 quando é o veículo de passeio
condutores que colidem com SUVs ou picapes é que colide na lateral do caminhão leve. O resultado
que estes veículos são bem maiores e mais rígidos aplica-se ao número total de mortos em ambos os
que os veículos de passeio. Veículos de maior peso veículos envolvidos na colisão. A diferença é estatis-
são, muitas vezes, mais rígidos que aqueles de me- ticamente significativa. Em uma colisão lateral entre
nor peso; no entanto, esta relação não é muito con- dois veículos ou dois caminhões leves, o número
sistente e há uma grande variação de rigidez entre os médio de mortes por colisão é de 1,13.
Mayrose e Jehle (2002) compararam o número de Kockelmans & Kweon (2002) demonstraram que
pessoas mortas em colisões frontais entre veículos de os ocupantes do veículo de passeio que colide com
passeio e SUVs. A taxa de vítimas fatais foi maior uma SUV, picape ou caminhão pesado têm lesões
nos veículos de passeio (56%) que nas SUVs (18%), mais graves que as pessoas em veículo de passeio
independentemente do tamanho de ambos. A taxa que colide com outro veículo de passeio. O efeito
de ocupantes mortos no veículo de passeio é maior é maior quando o veículo colide com um caminhão
em automóveis pequenos em colisões com SUVs de pesado. Houve controle de uma série de caracterís-
maior peso (70%). A taxa de mortos em SUVs em ticas dos condutores, do acidente e da rodovia, além
colisões com automóveis pequenos é de 3%. A taxa da idade dos veículos.
de mortos em ambos os veículos para todas as coli-
sões entre veículo de passeio e SUV fica entre 35 e Broughton (2008) mostrou que o número de con-
37%. A exceção são as colisões com um automóvel dutores mortos e gravemente feridos por veículo
de médio porte, em que a taxa média de mortos é de registrados anualmente é mais baixo em veículos
40%. Em colisões entre um automóvel grande e uma mais novos que nos mais antigos. Por outro lado,
SUV padrão, em que o automóvel tem maior peso colisões com automóveis mais novos levam a mais
que a SUV, a taxa é ainda maior para os mortos nos mortes e lesões graves no veículo 2 (colidido pelo
automóveis de passeio (46%) que nas SUVs (27%). veículo 1). Isso pode indicar que o aumento da pro-
Isso mostra que as diferenças de peso por si só não teção interna contra colisão resulta no aumento da
podem explicar as diferenças porcentuais de mortes agressividade. Há uma comparação dos números de
em veículos de passeio. Outros fatores que podem mortos/gravemente feridos por automóvel registra-
explicar a maior agressividade das SUVs são a altura do anualmente, mas não há controle de exposição
e a rigidez (Gabler e Hollowell, 2000; Joksch, 1999). nem de outros fatores.
O estudo de Verma et al.(2005) mostrou, em simu- pequeno ou de passeio. Isso mostra, segundo Tay
lações, testes e análises de dados que uma SUV que (2002), que a redução da agressividade dos veículos
tem a frente tão baixa que as partes de absorção de tem um impacto maior no número total de mortos e
energia se sobrepõem à frente do veículo de passeio feridos no trânsito do que as melhorias na proteção
pode levar a uma maior intrusão, maior energia de interna contra colisão.
colisão e ferimentos mais graves para os ocupantes
no veículo de passeio que uma SUV típica, que é Com base em modelos de cálculos, Wang e Kockel-
mais alta que o veículo de passeio. Em outras pa- mans (2005) estimaram que o número total de mor-
lavras, o impacto é o oposto do que seria de se es- tos ou feridos não mudaria se todos os veículos de
perar. passeio fossem 1.000 libras mais pesados. Se todos
os veículos de passeio tivessem sido substituídos
por SUVs ou picapes, o número total de feridos
Impactos sobre o número total de feridos ou mortos seria 26% mais elevado e o número total de mor-
em colisões: Dilema dos prisioneiros tes, 64% mais alto. Isso é explicado pelo fato de
as SUVs e picapes serem mais agressivas, mas não
Os condutores podem afetar tanto seu próprio mais seguras que os veículos de passeio para os seus
risco de morte ou lesão em uma colisão quanto o ocupantes.
de outros condutores pela escolha de seu próprio
veículo. O número total de feridos ou mortos é
afetado pelas características de ambos os automó- Dispositivo de proteção contra encaixe
veis na colisão. Quando ambos os condutores es-
colhem veículos que oferecem a melhor proteção Antes dos dispositivos de proteção contra o encaixe
individual possível, isso pode levar a um dano to- serem comuns em veículos pesados, muitos estudos
tal maior do que se ambos tivessem escolhido um mostraram que o encaixe contribuía para muitos aci-
veículo individualmente “menos seguro”. Este dentes graves e que as proteções provavelmente po-
problema é ilustrado nas tabelas 4.22.2 e 4.22.3, deriam ter tornado muitos desses acidentes menos
que se baseiam em estudos respectivamente de Tay graves. Antes da introdução de requisitos para pro-
(2002, com base em resultados de Mizuno e Kajzer, teção contra encaixe, 35% dos acidentes fatais eram
1999) e Fredette et al. (2008). As tabelas mostram colisões entre caminhão com veículos de duas rodas
o risco relativo de ser morto para os condutores de ou pedestres na Suécia (Högström, Svenson, Wei-
ambos os veículos envolvidos em colisões frontais mar e ThörnQuist, 1973). Um estudo norte-ameri-
entre dois automóveis. Se ambos escolhem o veícu- cano estima que 90% dos automóveis que colidem
lo “menos seguro”, a soma do risco relativo é igual na traseira de um caminhão total ou parcialmente
a 2,0. Se ambos escolhem o veículo mais seguro, acabam sob o caminhão (Minahan e O’Day, 1977).
o valor total dos danos é, respectivamente, 2,6 e Dentre todas as colisões entre veículos de passeio e
3,01. Um automóvel grande ou uma SUV só será caminhões, 75% foram colisões laterais. Um estudo
vantajoso para o condutor caso o outro veículo seja norueguês sobre a distribuição dos pontos de im-
Tabela 4.22.2: Dilema dos prisioneiros 1: Risco relativo de morte para condutores de veículos de passeio em uma colisão com
outro veículo de passeio (Mizuno e Kajzer, 1999; Tay, 2002).
Tabela 4.22.3 - Dilema dos prisioneiros 2: Risco de morte para os condutores de veículos de passeio e SUVs em uma colisão
com um veículo de passeio ou SUV (baseado em Fredette et al., 2008).
SUVs e picapes são em média de maior peso que os o dispositivo de proteção contra encaixe nos Países
veículos de passeio e, portanto, têm maior consumo Baixos. van Kampen e Schoon (1999) estimaram
de combustível. que 25% das mortes a cada milhão de euros inves-
tido poderiam ter sido evitadas com a instalação da
proteção frontal e traseira contra encaixe em todos
Custos os caminhões. O para-choque adicional dianteiro
poderia ter salvado 7,5 mortes por milhão de eu-
Uma estimativa de custo do dispositivo de proteção ros e não seria rentável. O dispositivo de proteção
contra encaixe nos EUA em 2009 foi de menos de contra encaixe traseiro poderia salvar 5,2 mortes
US$ 200 (em torno de NOK 1.200) (www.underri- por milhão de euros e seria rentável. As frações de
denetwork.org). Um estudo holandês (van Kampen custo-benefício da proteção lateral, frontal e traseira
e Schoon, 1999) estimou os custos do dispositivo ficam, segundo Langeveld e Schoon (2004), entre
de proteção frontal contra encaixe em 5.000 florins 0,36 e 0,43. A redução estimada no número de feri-
(aproximadamente NOK 5.300) e o traseiro em dos em acidentes que são relevantes para as medidas
1.000 florins (cerca de NOK 1.000). é de 25% para o dispositivo de proteção frontal e
traseira contra encaixe e entre 25 e 35% para a pro-
teção lateral contra encaixe.
Avaliações de custo-benefício
Uma análise de custo-benefício para a questão do
Melhorias de compatibilidade em veículos de dispositivo de proteção contra encaixe na Austrália
maior peso: foi feito um cálculo que mostra até que foi conduzida por Haworth e Symmons (2003). Na
ponto as melhorias de compatibilidade de veículos análise, presume-se que a proteção frontal e lateral
de maior peso com outros automóveis em acidentes reduzem o número de mortos em acidentes com en-
podem custar sem que sejam socioeconomicamente caixe em 15% e o número de gravemente feridos
desvantajosas. em 30%. Para a proteção traseira, presume-se que o
número de mortos e feridos graves seja reduzido em
Nos anos de 2001 a 2008, em média anualmente 118 30%. Os custos dos acidentes são estimados em cer-
condutores e passageiros em veículos de passeio fo- ca de AUS$ 2,5 milhões (NOK 45,7 milhões) para
ram mortos e feridos em colisões com caminhões acidentes fatais, e em AUS$ 610.000 (NOK 11,2 mi-
ou caminhões com carreta na Noruega; destes, 14,6 lhões em 2010) para acidentes com feridos graves.
morreram e 2,3 tiveram ferimentos gravíssimos. Os Os custos estimados para a proteção contra encaixe
custos dos danos totalizam NOK 593,5 milhões frontal são de AUS$ 100 ou 200; para o lateral, de
anuais. O número de caminhões e caminhões com AUS$ 200, e para o traseiro, também AUS$ 200.
carreta registrados na Noruega era de cerca de A proteção traseira pode custar até AUS$ 500 e as
85.000 em 2004. Os custos dos ferimentos para ocu- proteções contra encaixe com absorção de energia,
pantes em veículos de passeio para cada caminhão até AUS$ 1.500. A vida útil estimada é de 15 a 25
pesando acima de 3,5 toneladas registrado na No- anos. A taxa de juros calculada é de 7%. O custo
ruega foi dede NOK 6.982 por ano. Neste cálculo -benefício é superior a 1 para todos os tipos de ca-
não foram levados em conta os automóveis estran- minhões e sob diferentes hipóteses. Aos 15 anos de
geiros. Se as melhorias em veículos pesados redu- vida, a fração de custo-benefício para o dispositivo
zem os custos dos danos em 5%, ou seja, em torno de proteção frontal contra encaixe é de 5,1; para a
de NOK 350 por caminhão por ano, poder-se-iam lateral, de 3,1, e para a traseira, de 1,8.
utilizar NOK 1.536 para melhorias com durabili-
dade de 5 anos, ou NOK 2.769 para melhorias de Elvik (1999) fez uma análise de custo-benefício do
durabilidade de 10 anos (com uma taxa de juros de dispositivo de proteção contra encaixe em cami-
4,5%). Se as melhorias frontais nos veículos pesa- nhões na Noruega. O custo da proteção frontal,
dos não custarem mais que, respectivamente, NOK traseira e lateral foi estimado em NOK 13.500 por
1.536 e NOK 1.769, elas serão socioeconomicamen- caminhão. A expectativa de vida útil é de 15 anos, e
te rentáveis. O resultado deve ser considerado como a taxa de juros, de 5%. O valor presente da redução
incerto, inclusive porque o impacto sobre os custos dos custos dos acidentes com caminhões em 10% é
de sinistros não são conhecidos. em torno de NOK 40.000. O benefício de equipar
novos caminhões com o protetor contra encaixe é,
Dispositivo de proteção contra encaixe: foram en- portanto, maior que os custos, apesar de os custos
contradas duas análises de custo-benefício sobre a dos acidentes serem reduzidos em apenas 5%.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 623
As decisões que alterem a Regulamentação de Veí- Dispositivos de segurança em veículos pesados in-
culos são tomadas pela Agência Nacional de Admi- cluem os seguintes tipos de equipamentos e regu-
nistração de Vias Públicas da Noruega. A Agência lamentações, que visam à redução do número de
Nacional de Administração de Vias Públicas da No- acidentes e extensão dos ferimentos:
ruega emite homologações e supervisiona para que
estas sejam cumpridas. A Agência Nacional de Ad- • sistemas de freios: distância de frenagem, freios
ministração de Vias Públicas da Noruega e a polícia ABS, sistema de freio eletrônico;
624 O Manual de Medidas de Segurança Viária
• retrovisores e câmeras para ponto cego; troduzida para reduzir acidentes específicos em que
• maior visibilidade: luz de presença lateral, marca- um ciclista colide com um caminhão que realiza cur-
ção de contorno; va à direita em interseção. Um estudo antes-depois
• medidas para aumentar o uso do cinto de seguran- (Behrensdorff e Hansen, 1994) mostra uma tendên-
ça em veículos pesados, cintos de segurança e uso cia de aumento do número de acidentes com vítimas
do cinto obrigatório para passageiros de ônibus; (+ 11% [-3, 27]) e diminuição do número de aciden-
• melhorias de falhas técnicas; tes fatais (-17% [-10; 14]). Nenhuma das alterações
• inspeção de transporte e certificação. é estatisticamente significativa. A pesquisa mostrou
• Além dos elementos listados, neste capítulo são que mais da metade dos espelhos angulares grandes
também mencionados:freios ABS (ver capítulo 4.3); e auxiliares foram instalados de forma incorreta.
• estabilidade contra capotamento e anteparos em
caminhão tanque (ver capítulo 4.9); De acordo com as directivas da União Europeia, os
• cintos de segurança (ver capítulo 4.15); retrovisores de ponto cego são obrigatórios desde
• limitadores de velocidade e adaptação automática 2003. Na Noruega, entre 2005 e 2008, houve 7 aci-
da velocidade (ver capítulo 4.20); dentes em que um ciclista foi morto em uma coli-
• proteção contra encaixe e proteção lateral (ver são com um caminhão. Em 5 dos casos, o ciclista se
capítulo 4.22); encontrava no ponto cego e foi atingido, apesar de
• trava antiálcool (ver capítulo 8.10). o condutor ter verificado todos os espelhos. Vários
espelhos de ponto cego, segundo informações dos
grupos de análise de acidentes, provavelmente têm
Impacto sobre os acidentes sido capazes de prevenir acidentes (Karner e Søren-
sen, 2010).
Sistemas de freio: freios defeituosos em caminhões
ou rodotrens foram fator contribuinte em 6 das 76 Não foram encontrados quaisquer estudos sobre os
colisões entre caminhões/rodotrens e veículos de efeitos das câmaras de ponto cego sobre os aciden-
passeio; em 1 de 4 acidentes de colisão traseira e em tes.
4 de 15 acidentes de saída de pista na Noruega entre
2005 e 2008 (Assum e Sørensen, 2010). Maior visibilidade: luz de presença lateral, sinaliza-
ção de contorno com fita retrorrefletiva: nos países
Distância de frenagem e risco de acidente: diferen- europeus, de acordo com o ETSC (2006), a má vi-
tes tipos de freio, com diferentes efeitos de frena- sibilidade de veículos pesados é um fator que con-
gem, foram estudados em um simulador veicular tribui em cerca de 5% de todos os acidentes graves
(Grygier et al., 2007). Os resultados mostram que os envolvendo este tipo veículo. Fatores contribuintes
freios a disco com ar comprimido têm uma distância podem ser os condutores dos veículos de passeio
de frenagem 30% menor que outros freios padrão que não veem um caminhão, não veem que o outro
(freios a tambor, S-cam) sob condições normais de veículo é um caminhão, não apreendem a distân-
ensaio. Em vários tipos de emergências simuladas, cia ou interpretam mal a velocidade do caminhão
os freios a disco tiveram em média distância de fre- (Reinberg, 2004).
nagem 16% menor que os freios padrão e o número
de colisões diminuiu em 54%. Com freios a ar, os A maior visibilidade de veículos pesados pode aju-
veículos também oscilaram menos sob frenagem e o dar a reduzir os acidentes à noite, quando outro
deslocamento lateral do veículo durante a frenagem veículo colide de lado ou por trás de um veículo
de emergência diminuiu em média 10%. pesado. A visibilidade pode ser aumentada com
fita refletora nas laterais e na traseira dos veículos
Freio automático de emergência: pode evitar co- pesados. Em experimentos de laboratório, pode-se
lisões. Estes sistemas são obrigatórios em todos os constatar que contornos (em todos os quatro lados
veículos pesados novos nos países da União Euro- do caminhão) em branco ou amarelo são mais efica-
peia desde 2013. Não foram encontrados estudos zes e que as listras aleatórias são menos eficazes que
empíricos sobre o impacto do freio automático de os contornos (Cook, Quigley e Clift, 1999). Colocar
emergência em acidentes. o contorno em veículos pesados não é obrigatório
atualmente.
Retrovisores e câmeras de ponto cego: na Dinamar-
ca, ambos os retrovisores grande e auxiliar no lado Os impactos da marcação do contorno com fita re-
direito são obrigatórios desde 1988. A medida foi in- fletora no número de acidentes foram avaliados em
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 625
dois estudos dos Estados Unidos: Smith, Burger, as lesões mais graves ocorreram em passageiros que
Ziedman e Mulholland (1985) e Morgan (2001). O foram atirados contra o interior do ônibus. Conclui-
impacto total sobre os acidentes no escuro é uma se que uma grande proporção de mortes e ferimen-
redução estatisticamente significativa de 19% (-29; tos graves poderia ter sido evitada se os passageiros
-9). Neste estudo experimental, 2.000 veículos pesa- tivessem usado o cinto de segurança. Outros estu-
dos foram equipados com fitas refletoras laterais. O dos aprofundados sobre capotamento de ônibus
envolvimento em acidentes foi comparado com ou- concluíram que o uso do cinto de segurança pelos
tros 2.000 veículos pesados sem marcação de con- passageiros poderia ter impedido alguns ferimentos
torno (Smith et al., 1985). O segundo estudo foi ba- entre eles (Chang, Guo Lin e Chang, 2006).
seado em estatísticas de acidentes (Morgan, 2001).
Melhorias de falhas técnicas: controles técnicos
Um estudo alemão mostrou que entre 1.000 cami- mostram que muitos caminhões e carretas de rodo-
nhões equipados com as fitas retrorrefletivas de trens possuem falhas técnicas (Fosser, 1987). Du-
contorno, houve em média um acidente por ano em rante uma inspeção de 271 rodotrens em Solum, na
que o caminhão foi atingido na lateral ou na traseira província de Vestfold, 39% dos veículos de tração e
no escuro. O número desses acidentes entre 1.000 61% das carretas apresentaram falhas técnicas. Es-
caminhões sem a fita foi de 15 por ano (Reinberg, tes defeitos podem aumentar o risco de acidentes.
2004). Além dos equipamentos de segurança mencionados
acima, também a retificação de defeitos técnicos
A luz de presença lateral em veículos (leves e pesa- pode, por conseguinte, ser considerada um requisi-
dos) reduz o número de colisões laterais no escuro to de segurança para os veículos pesados.
em 7% (intervalo de confiança de 95% [-6; -8]) de
acordo com Kahane (1983). Rodotrens com um ou mais defeitos técnicos têm
72% (intervalo de confiança de 95% [35; 118])
Medidas para aumentar o uso do cinto de seguran- maior risco de acidentes que aqueles sem defeitos
ça em veículos pesados: um estudo realizado nos técnicos (Jones e Stein, 1989). Isso sugere que a re-
EUA em 2006 mostrou que 59% de todos os con- tificação de falhas e defeitos técnicos como resul-
dutores de caminhões pesados utilizavam cintos de tado da inspeção veicular pode reduzir o número
segurança (Bahouth et al., 2007). Dentre todos os de acidentes envolvendo caminhões. As falhas mais
condutores de veículos pesados que foram mortos comuns em caminhões semitrailers envolvidos em
em acidentes na Noruega, há informações sobre o acidentes foram freios defeituosos (56%) e erros na
uso de cinto em 43% dos condutores, dos quais direção (21%). Os resultados mostram que as falhas
38% estavam usando o cinto de segurança. Dentre nos equipamentos de direção dobram o envolvi-
todos os condutores de veículos pesados que foram mento em acidentes e freios defeituosos aumentam
mortos ou feridos, há informações sobre o uso do o envolvimento em 50%. As falhas nos conjuntos de
cinto para 38% dos condutores, dos quais 51% pneus não estão relacionadas ao envolvimento em
estavam usando o cinto de segurança. Estudos da acidentes.
Alemanha mostram que o uso de cinto entre os con-
dutores de veículos pesados é de apenas entre 5% e Inspeção de transporte e certificação: nos EUA as
10% (Langwieder, Gwehenberger e Bende, 2000). empresas de transporte são submetidas a uma ins-
peção, ou à chamada “inspeção de conformidade”,
Cintos de segurança e uso obrigatório para passa- se houver suspeita de não-cumprimento de regula-
geiros de ônibus: um estudo com análise em pro- mentos relacionados à segurança. Em uma inspeção
fundidade de 103 acidentes fatais com ônibus na de conformidade, investiga-se como a empresa lida
Finlândia (Soininen, 2004) mostrou que os cintos com o cumprimento de períodos de condução e
de segurança para os passageiros poderiam ter evi- descanso, manutenção de veículos, qualificação de
tado duas mortes e 20 feridos entre os passageiros motoristas, teste de nível alcoólico no sangue (as
de ônibus. O número total de passageiros de ônibus empresas de transportes nos EUA são obrigadas
mortos e feridos nos 103 acidentes não é conhecido. a realizar testes regulares de álcool entre seus fun-
Um estudo sueco com análises aprofundadas de três cionários), acidentes, produtos perigosos e várias
acidentes de ônibus com 128 feridos (Albertsson, regulamentações e regras (Chen, 2008). As inspe-
Falkmer, Kirk, Mayrhofer e Björnstig, 2006) mos- ções foram introduzidas em 1986 para evitar que
trou que todas as lesões fatais ocorreram em pessoas o descumprimento da regulamentação do setor de
que foram arremessadas para fora do veículo e que transportes prejudicasse a segurança (Moses e Sa-
626 O Manual de Medidas de Segurança Viária
vage, 1992). Moses e Savage (1994) mostraram que 1994. As empresas certificadas são principalmente
as empresas que não relatam acidentes notificáveis empresas que transportam mercadorias perigosas
têm 9 vezes mais acidentes que as outras empresas. ou veículos. Antes da certificação, as companhias
As empresas que não monitoram o cumprimento tinham o mesmo número de acidentes que um dos
dos períodos de condução e repouso dos motoristas grupos de controle de empresas. Depois da certi-
tiveram 30% mais acidentes que as outras empresas. ficação, o número de acidentes diminuiu entre as
empresas certificadas (-4% acidentes fatais, -11%
A primeira pesquisa sobre as inspeções de confor- acidentes com vítimas). As empresas certificadas
midade (Moses e Savage, 1992) estudou o seu im- também tiveram melhores resultados financeiros.
pacto com base em acidentes entre 1986 e 1989. Os
resultados não mostram nenhum impacto da inspe- Alerta automático de pressão: a partir de 2012 na
ção, o que explica, em parte, que a probabilidade União Europeia passou a ser obrigatório para todos
de ser inspecionado é muito baixa e que há apenas os veículos pesados novos ter um sistema de alerta
poucas empresas que recebem um “não aprova- para a pressão de ar dos pneus e a partir de 2014
do” (5% dos inspecionados). Uma nova inspeção estes sistemas tornaram-se obrigatórios em todos os
de empresas que não foram aprovadas na primeira veículos pesados. Não foi encontrado nenhum es-
vez comprovou ter havido redução de acidentes. Se tudo sobre como o alerta de pressão de ar afeta o
todas as empresas que não cumprem os requisitos número de acidentes.
fossem inspecionadas e reinspecionadas, os autores
estimam que o número total de acidentes envolven-
do veículos pesados seria reduzido em 1,8% e o nú- Impacto na mobilidade
mero de mortos e feridos, em 2,1%.
Os veículos pesados podem reduzir a mobilidade
A FMCSA (2005) estudou o impacto das inspeções para outros usuários, especialmente em rodovias
de conformidade e estimou a redução do número com poucas oportunidades de ultrapassagem. Os
de acidentes em 12,6% no primeiro ano após a ins- veículos pesados perdem força em aclives longos.
peção. Também em curvas fechadas os rodotrens muitas
vezes mantêm uma velocidade mais baixa que os
Chen (2008) mostrou que as empresas que foram veículos leves, pois exigem mais espaço e têm es-
inspecionadas apresentavam um aumento na mé- tabilidade inferior contra capotamento. Um estu-
dia anual de acidentes antes da inspeção e, após a do sueco (Kommunikationsdepartementet, 1977)
inspeção, apresentaram uma diminuição da média mostrou que o número de ultrapassagens por 1.000
anual de acidentes. Os resultados sugerem que as veículos-km foi de 27 para rodotrens de 24 metros
inspeções reduzem o número de acidentes. comprimento contra 25,3 para rodotrens de 18 me-
tros. A margem de segurança para o tráfego de mão
Todos os resultados dizem respeito ao impacto das dupla foi menor em ultrapassagens de rodotrens
inspeções nas empresas inspecionadas. Os resulta- com 24 metros que para aqueles com 18 metros de
dos não dizem nada quanto ao possível impacto dis- comprimento (a taxa de encontro com brecha de 3
suasivo de uma eventual inspeção. segundos ou menos foi de 53% para rodotrens de 24
metros e de 50,9% para os rodotrens de 18 metros).
Na Austrália, as companhias de transporte certifi-
cam-se para diferentes tipos de certificação (Baas, Os custos do transporte de mercadorias diminuem
2008). A certificação é principalmente voluntária, com o aumento das dimensões dos veículos pesados
mas pode ser um pré-requisito para concessões de (Hagen, 1995). Em cálculos econômicos, incluem-
transporte. As empresas certificadas têm em média se tanto o custo referente ao tempo dos usuários e
65% menos acidentes que as empresas sem certifi- o custo direto do transporte (custos operacionais
cação. No entanto, isso pode ser devido a diferenças dos veículos) como elementos de mobilidade. Estes
entre as empresas que se permitem certificar e as dois elementos atuam em sentidos diferentes para
empresas que não se permitem ser certificadas. O os veículos pesados. O aumento das dimensões
resultado não reflete necessariamente o impacto da reduz os custos diretos do transporte, mas prova-
certificação. velmente aumenta os custos de tempo tanto para
veículos pesados quanto para outros usuários da
Naveh e Marcus (2007) estudaram o efeito da cer- via (pois os veículos pesados geram atrasos para os
tificação de empresas de acordo com a ISO 9002: outros usuários).
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 627
marcações de contorno retrorrefletivas para os anos Sistemas de freios: os requisitos de sistemas de freio
de 1999-2001. Com base em dados de ocorrência estão estipulados na Regulamentação de Veículos.
de acidentes entre 1997 e 1999 presumiu-se que o O ESC (controle eletrônico de estabilidade) é, de
número de acidentes envolvendo veículos pesados acordo com a diretiva da União Europeia, obrigató-
atingidos na lateral ou na traseira pôde ser reduzido rio em todos os veículos pesados novos produzidos
em pelo menos 15%. A relação de custo-benefício em países da União Europeia a partir de novembro
é estimada em 1,58. São levados em conta os custos de 2011;
socioeconômicos dos acidentes.
Marcação de contorno com fita retrorrefletiva:
Uma análise dos Países Baixos (Langeveld e Schoon, não é obrigatória, mas há orientações são dadas no
2004) para a marcação de contorno com fita retror- ECE105 da UNECE (Comissão Econômica das Na-
refletiva estimou a relação de custo-benefício em ções Unidas para a Europa);
1,77. Isso se aplica com o pressuposto de que todos
os novos veículos estão equipados com essas fitas e Retrovisor de ponto cego: é obrigatório desde 2003,
que a fita deve ser renovada após a metade do tem- de acordo com a diretiva da União Europeia;
po de vida útil do veículo. A redução estimada no
número de feridos em acidentes em que a má visibi- Inspeção e certificação: devem ser realizadas inspe-
lidade de caminhões pode ser um fator contribuinte ções de segurança em que o período de condução e
é de 21% a 38% (de Niet, Goldenbeld e Langeveld, de repouso do motorista devem ser inspecionados.
2002). Os custos por veículo (taxa única de mate-
riais e instalação) são de cerca de € 407.
Responsabilidade pela execução da medida
Retrovisores e câmeras de ponto cego: uma aná-
lise dos Países Baixos (Langeveld e Schoon, 2004) O proprietário do veículo é sempre o responsável
estimou que a relação de custo-benefício para o pelo cumprimento das disposições relativas a di-
retrovisor de ponto cego é de 6,33 e da câmera é mensões, segurança e outros requisitos dos veícu-
de 1,67. Isso se aplica sob a condição de que todos los. A Agência Nacional de Administração de Vias
os caminhões que não tinham retrovisor de ponto Públicas da Noruega e a polícia realizam o controle
cego ou câmera em 2001 devem ser equipados com destas disposições em inúmeros postos de inspeção
estas medidas (ou espelho ou câmera), com o que externos. Se o veículo, durante a verificação, não
o número de feridos em acidentes envolvendo pro- se mostrar em bom estado, a polícia ou a Agência
blemas de ponto cego deve diminuir em 40%. Os Nacional de Administração de Vias Públicas da No-
custos por veículo são de cerca de € 150 para o re- ruega, nos termos do Código da Via, impõem proi-
trovisor e € 900 para a câmera. bições ao seu uso e relatam a infração.
refletivas e visíveis nas motocicletas provavelmente tas estarem em menor número não explica todo o
têm pouca ou nenhuma associação com o envolvi- problema; de acordo com o Craen et al. (2011), os
mento em acidente. condutores não têm maior risco durante o inverno
e a primavera, quando há apenas algumas poucas
motos nas vias, diferente do que ocorre no verão.
Problema e finalidades Contudo, provavelmente também há diferenças
entre os motociclistas que conduzem no inverno e
Os usuários de motocicleta/ciclomotor têm maior os motociclistas do verão. Além disso, os conduto-
risco de acidentes e maior risco de ferimentos (gra- res de outros veículos muitas vezes têm dificuldade
ves) em acidentes que os outros usuários. Para as para avaliar a velocidade das motocicletas, de modo
pessoas em ciclomotor, motocicleta leve e motoci- que muitas vezes são subestimadas, e os condutores
cleta pesada, os riscos de morte ou ferimentos em têm, em média, menos margens de segurança e acei-
um acidente (por milhão de passageiros-km) são, tam menores intervalos de tempo quando entram
respectivamente, 5,7 vezes maior, 15,1 vezes maior, em uma rodovia ou mudam de faixa na frente de
e 4,7 vezes maior que os de condutores de veículo uma motocicleta do que na frente de outro veículo
de passeio (Bjørnskau, 2011). As taxas de mortos ou (Brenac et al., 2006; Clarke et al., 2007; Haque et al.
gravemente feridos (dentre todos os feridos) em um 2012; Horswill et al., 2005). Segundo de Craen et al.
ciclomotor, motocicleta leve e motocicleta pesada (2011), os condutores respeitam menos a preferen-
são, respectivamente, 1,4 vez maior, 2,7 vezes maior, cial de motocicletas que de automóveis em situações
e 4,1 vezes maior que entre os condutores de veícu- em que o condutor deve virar à esquerda e dar prio-
los de passeio (cuja taxa é 5,9%; SSBs ulykkessta- ridade ao tráfego que se aproxima.
tistikk, 2006-2011); riscos semelhantes também são
encontrados em outros estudos (Craen et al., 2011; O estilo de condução dos motociclistas também
Keall & Newstead, 2012, por exemplo). Houve em pode contribuir para o elevado risco de acidentes e
média 1.010 motociclistas mortos ou feridos a cada lesões. Eles normalmente conduzem um pouco mais
ano na Noruega entre 2006 e 2011. Dentre estes, 31 rápido e fazem ultrapassagens com maior frequên-
mortos, 138 feridos graves e 842 feridos leves. De cia que os condutores de automóveis. Horswill &
todos os feridos ou mortos, 433 conduziam motoci- Helman (2003) mostram, ao menos para condutores
cletas pesadas; 137 conduziam motocicletas leves e de motocicletas pesadas, que esse comportamento
441 conduziam ciclomotores. não é capaz de explicar toda a diferença no risco de
acidentes entre motocicletas e outros veículos e que
Há outros fatores que contribuem para o alto risco os motociclistas são melhores na detecção de situa-
de acidente. Mais da metade dos acidentes envol- ções perigosas de tráfego do que os próprios condu-
vendo motocicleta são colisões com outros veículos, tores de automóveis. Além disso, as estatísticas de
tanto na Noruega (ver capítulo 4.21) quanto em acidentes noruegueses indicam que a ultrapassagem
outros países (de Craen et al., 2011). Vários estu- não é uma das principais causas do maior risco de
dos mostram que cerca de dois terços de todas as acidentes com motocicletas. Os acidentes de ultra-
colisões entre uma motocicleta e outro veículo são passagem não são os acidentes mais frequentes nem
causadas pelo outro veículo (Clarke et al., 2004; os mais graves (ver capítulo 4.21).
Haque et al., 2009; Nordkvist & Gregersen, 2010;
de Rome & Senserrick, 2011). Um problema para A alta velocidade pode contribuir para uma par-
os ciclomotores e motocicletas em particular é que te dos acidentes envolvendo um único veículo.
muitas vezes eles não são vistos pelos condutores A maioria dos acidentes individuais na Noruega
dos outros veículos (Vlahogianni et al., 2012). Pode acontece em curvas com saída de pista para o lado
haver várias razões para isso: em primeiro lugar, as oposto (para a direita em curvas à esquerda e para a
motocicletas são menores que os automóveis e ge- esquerda em curvas à direita, totalizando 38% dos
ralmente são equipadas com apenas um farol (elas acidentes) envolvendo um único veículo, ou capota-
podem ser, portanto, difíceis de detectar, especial- mento na rodovia (24% dos acidentes individuais;
mente de frente); em segundo lugar, os condutores SSB-2006-2011). Estes acidentes podem ser causa-
de outros veículos muitas vezes não estão prepara- dos por excesso de velocidade; entretanto, o pavi-
dos para ver as motocicletas, inclusive porque estas mento escorregadio ou com areia/cascalho também
são menos presentes no trânsito que, por exemplo, pode ser fator contribuinte. De acordo com Rome
os automóveis (Huang & Preston, 2004; Bjørnskau & Senserrick (2011), a alta velocidade é um fator
et al., 2010;). No entanto, o fato de as motocicle- que contribui em 84% dos acidentes individuais em
630 O Manual de Medidas de Segurança Viária
curvas e em 13% em trechos retos (cerca de metade dução em ambientes de tráfego complexos (Hawor-
dos acidentes com apenas um veículo neste estudo th et al., 1997). Vários estudos mostraram que o
aconteceram em curvas; os demais, em trecho reto). risco de acidentes (número de acidentes por 1.000
veículos-km) diminui com o aumento da quilome-
Segundo Bjørnskau et al. (2010), uma velocidade tragem (Bjørnskau et al., 2010; Harrison & Christie,
muito elevada da motocicleta foi uma das principais 2005). Os condutores que dirigem menos de 2.000
causas de acidentes em interseções onde um condu- km por ano têm risco de 2 a 4 vezes mais elevado
tor, prestes a realizar curva à esquerda, não concede que os condutores que dirigem acima de 6.000 km
a preferencial a um motociclista que se aproxima. anuais. Homens e mulheres não tiveram, em ne-
Em alguns desses acidentes, a motocicleta estava a nhum dos estudos mencionados, diferentes riscos
uma velocidade tão alta que dificultou a estimati- de acidentes. A diferença entre homens e mulheres
va do intervalo de tempo para a manobra, além de é que a maioria de homens feridos ou mortos eram
possivelmente ter sido difícil para o condutor do os condutores das motociclistas, enquanto que um
automóvel perceber a aproximação da motocicleta. terço das mulheres mortas e feridas eram passagei-
ras das motocicletas (de Craen et al., 2011).
Uma análise de acidentes fatais envolvendo mo-
tocicletas entre 2005 e 2009 na Noruega (Statens O fato de a gravidade das lesões entre os ocupantes
vegvesen, 2011) mostra que o comportamento do de ciclomotores e motocicletas ser, em média, maior
condutor da motocicleta foi fator determinante em que entre os ocupantes de automóveis confirma que
66% dos acidentes fatais. Para estes, não houve dis- ciclomotores e motocicletas fornecem apenas a pro-
tinção entre acidentes individuais e colisões com ou- teção mínima contra lesões em acidentes. A análise
tros veículos. Em 43% dos acidentes, transgressões de acidentes fatais com motocicletas na Noruega
e comportamento de risco ou perigoso do condutor (Statens vegvesen, 2011) mostra que cercas e pos-
da motocicleta (incluindo abuso de drogas e com- tes de sinalização ou iluminação contribuíram para
portamento agressivo) foram fatores contribuintes as lesões em 14% dos acidentes. Os equipamentos
para o acidente. Destes condutores, 80% já haviam de proteção podem proteger contra lesões até certo
sido denunciados à polícia por outras situações. Isso ponto.
sugere que há um número reduzido de motociclis-
tas com comportamentos extremos, porém que são Equipamentos de segurança em ciclomotores e mo-
responsáveis por grande parte da diferença de riscos tocicletas devem reduzir o número de acidentes em
entre condutores de automóvel e motociclistas. que estes veículos estão envolvidos e a gravidade
dos mesmos, fazendo, por exemplo, com que se tor-
Segundo a Agência Nacional de Administração de nem mais visíveis, mais fáceis de controlar e propor-
Vias Públicas da Noruega (2011), falhas técnicas na cionem maior proteção contra lesões em condutores
motocicleta foram um fator contribuinte em ape- e passageiros.
nas 3% de todos os acidentes (pneus desgastados,
pressão do ar inadequada, falha de motor e moto
reconstruída). Também um estudo da MAIDS Descrição da medida
(MAIDS, 2009) mostra que essas falhas foram um
fator contribuinte para apenas uma pequena por- Este capítulo resume estudos sobre:
centagem de acidentes.
• relação entre diferentes tipos de motocicleta e en-
Entre as características dos motociclistas associadas volvimento em acidentes;
ao risco de acidentes estão, entre outras, a idade e • quando os passageiros em motocicletas afetam o
a quilometragem anual. A idade demonstrou estar risco de acidente;
associada aos acidentes em vários estudos. Motoci- • cores refletivas e visíveis que aumentam a visibi-
clistas com menos de 35 anos têm entre 2 a 4 vezes lidade da motocicleta no trânsito;
maior risco que aqueles com mais de 50 anos de ida- • barra de segurança (rollbar) e revestimentosm,
de (Haworth et al., 1997; Harrison & Christie, 2005; que têm a função, respectivamente, de proteger
Bjørnskau et al., 2010; Keall & Newstead, 2012). Na a moto e fornecer melhor aerodinâmica, além de
Noruega a faixa etária de 50 a 64 anos é a que tem o proteger os membros inferiores do condutor em
mais baixo risco de acidentes. Entre as explicações caso de colisão ou capotamento;
para o alto risco entre os jovens condutores está a • outras medidas que são pesquisadas empiri-
pouca experiência, o excesso de velocidade e a con- camente em menor grau: faróis em forma de T,
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 631
para-brisa, proteção do raio, airbags e célula de cicleta). Para as medidas de segurança passiva, como
segurança ao redor do condutor. airbags, células de proteção e capas para motociclis-
tas, geralmente é difícil estimar o efeito a partir de
As medidas são descritas mais detalhadamente a avaliações teóricas ou testes de colisão, por conta da
seguir. Diversas medidas de ITS para motocicle- complexidade da sequência dos acidentes e da gran-
tas ainda não estão disponíveis de forma padrão e de variação entre eles (Di Tanna & Pieve, 2007).
não há resultados empíricos que possam fornecer
uma indicação de seus possíveis efeitos em relação
aos acidentes. Exemplos de medidas de ITS para Tipos de moto
motocicletas: displays no capacete com informa-
ção de velocidade e limite de velocidade; aviso de Um tipo de motocicleta que, segundo Bjørnskau
colisão; controle adaptativo de cruzeiro; sistemas et al. (2010), está sobrerrepresentado em todos os
de amortecimento e suspensão ativa; freio auto- tipos de acidentes, e especialmente nos acidentes
mático de emergência e notificação automática de fatais, são as chamadas motocicletas R (“réplicas de
acidente. motocicletas de corrida”). As motocicletas R repre-
sentam cerca de metade de todas as motocicletas
O controle de estabilidade, que tem sido respon- envolvidas em acidentes fatais na Noruega. O ris-
sável por uma grande redução do número de aci- co de acidentes (por veículos-km), de acordo com
dentes de automóveis, não necessariamente pode Bjørnskau (2010) e Harrison & Christie (2005), é
ser transferido para as motocicletas. No entanto, cerca de duas vezes maior que para uma motocicle-
considera-se que os sistemas de suspensão ativa re- ta média. As motocicletas Standard e Touring têm
duzam o risco de perder o controle da motocicleta cerca de 50% menor risco que a média; as Scooters
em algumas situações (Landerl et al., 2010; Seine et têm um risco 75% menor de acidentes (Harrison
al., 2012). & Christie, 2005). O elevado risco de acidentes das
motocicletas R também é encontrado quando se
Testes com adaptação inteligente de velocidade (In- controla uma variedade de outros fatores, incluindo
telligent Speed Adaptation, ISA) têm sido realizados a idade dos motociclistas, o comportamento e a qui-
para motocicletas (p. ex., Bayly et al., 2007). Um lometragem (Bjørnskau et al., 2010). No entanto,
sistema que determina o controle do motorista no estas provavelmante não são todas as diferenças en-
que diz respeito à gasolina pode ser perigoso para tre os condutores de diferentes tipos de motocicle-
a motocicleta, já que sua capacidade de manobras tas representadas nos questionários sobre atitudes
depende do controle de gasolina. Sistemas ISA in- e comportamentos (outra, por exemplo, seria a fre-
formativos, que alertam o motorista quando o limite quência com que se ultrapassa a velocidade limite).
de velocidade é excedido, podem ser mais apropria- Entretanto, ainda assim, pode ser o comportamento
dos (NMR, 2012). do condutor, e não a motocicleta R em si, o respon-
sável pelo elevado risco.
Outras medidas para motociclistas estão descritas
em outros capítulos: faróis, no capítulo 4.6; roupas Teoh & Campbell (2010) mostram que as motoci-
refletivas, no capítulo 4.8; capacete, no capítulo cletas R têm mais que o dobro de acidentes fatais
4.11; regulagem da potência do motor e a rela- por ano de registro que os outros tipos de moto-
ção entre a potência do motor e envolvimento em cicleta, e que as motocicletas Supersport (motoci-
acidente, no capítulo 4.21; diferentes sistemas de cletas R que são construídas como motocicletas de
freio para motocicletas, incluindo freios ABS, no competição) têm mais de quatro vezes o número de
capítulo 4.31. acidentes fatais por ano de registro. No estudo de
De Rome & Senserrick (2011), o número de aci-
dentes por ano de registro foi cerca de 1,5 vez mais
Impacto sobre os acidentes elevado com as motocicletas Supersport, variação
esportiva da moto R; o número das motocicletas
Há poucos estudos que tratam dos impactos de di- Scooters foi igual ao dos outros tipos de motocicle-
ferentes medidas para motocicletas sobre o número ta, enquanto que as motocicletas Off-road e Touring
de acidentes ou ferimentos em motociclistas. Para a apresentaram apenas metade da média do número
maioria das medidas, há apenas os resultados dos tes- de acidentes por ano de registro. Em ambos os estu-
tes de colisão (airbags, por exemplo) ou estudos de dos não houve controle de outros fatores, tais como
laboratório (cores refletivas e fluorescentes na moto- a quilometragem anual (pois as diferenças no núme-
632 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ro em comparação com acidentes sem passageiros. instaladas como item opcional (como anteriormen-
No entanto, isso pode ser explicado pelo fato de te), e os resultados provavelmente não são relevan-
que há mais pessoas envolvidas em acidentes com tes para motocicletas mais recentes.
passageiros se comparado aos acidentes sem pas-
sageiros.
Cores refletivas e visíveis
Os passageiros têm, segundo Preusser et al. (1998),
impactos distintos em diferentes faixas etárias. O Há poucos estudos empíricos sobre como cores re-
estudo mostra quem entre os motociclistas mortos, fletivas e visíveis afetam o risco de acidente. Foram
a taxa dos que levavam passageiros é mais elevada identificados dois estudos (Olsson et al., 1981; Wells
entre jovens de 16 anos (65%) e diminui com o au- et al., 2004), e nenhum deles encontrou correlação
mento da idade, até 35% entre os motociclistas com entre cor ou refletivos nas motocicletas e envolvi-
mais de 30 anos. Motociclistas que levavam passa- mento em acidentes com vítimas. Cores refletivas
geiros e foram mortos em acidentes têm, neste es- e fluorescentes no revestimento da motocicleta, no
tudo, se comparados a condutores sem passageiros, entanto, parecem ter um efeito favorável.
chance 36% [+31; +40] maior de serem o culpado
pelo acidente na faixa etária de 16-24 anos, chance
9% [-13; -5] menor de serem o culpado na faixa Outras medidas
etária de 25-29 anos e chance 33% [-35; -32] me-
nor de ser o culpado na faixa etária de 30 anos ou Faróis em forma de T: Rößger et al. (2012) mostra-
mais. Isso sugere que os motociclistas jovens estão ram, em um teste de laboratório, que motocicletas
dirigindo de forma mais arriscada com passageiros com vários faróis em um dispositivo em forma de T
do que sem passageiros, enquanto os motociclistas (faróis regulares e várias lanternas no guidão e for-
mais velhos conduzem de maneira mais cautelosa quilha) são mais fáceis de detectar que motocicletas
com passageiros. com faróis convencionais. No entanto, isto pode, de
acordo com a Craen et al. (2011), ser devido a um
efeito surpresa, e não significa necessariamente que
Barra de proteção e capa/revestimento (carenagem) as motocicletas com estes faróis sejam menos pro-
pensas a serem negligenciadas no tráfego em relação
A finalidade de utilizar uma espécie de capa (care- às motocicletas com faróis convencionais. Atual-
nagem) é principalmente melhorar a aerodinâmica; mente não existem no mercado faróis exatamente
já as barras de proteção têm como finalidade princi- iguais a estes utilizados no referido estudo, mas al-
pal proteger a moto em caso de capotamento. Am- gumas motocicletas têm faróis ordenados de forma
bas barras de proteção e carenagem, dependendo similar, com um farol largo (ou várias lâmpadas uma
do design, também reduzem as lesões nos membros ao lado da outra) e, em alguns casos, as lanternas
inferiores dos condutores de motocicleta em aciden- também são instadaladas sobre a forquilha. Não fo-
tes em que pode haver compressão do osso (Elliott ram encontrados estudos empíricos sobre diferentes
et al., 2003). Alguns estudos mais antigos mostra- disposições de faróis.
ram que barras de proteção e carenagem reduzem
ferimentos nas pernas, mas que o número de lesões O quebra-vento pode, segundo Hurt et al. (1981),
na cabeça e no tronco aumentam (Hurt et al., 1981; tornar as motocicletas mais visíveis e, assim, reduzir
Ross, 1983; Otte, 1994). Os testes de colisão suge- os acidentes. Não é certo que isso também se apli-
rem que as barras de proteção podem levar a lesões que a quebra-ventos em motocicletas mais recentes.
mais graves na cabeça e no tronco e a lesões ósseas Não foram encontrados estudos de como os que-
possivelmente múltiplas, mas isso depende da for- bra-ventos afetam as taxas de lesão.
ma da queda (Di Tanna & Pieve, 2007). Segundo
Hurt et al. (1981), carenagens e quebra-ventos re- A proteção de raios pode evitar lesões graves em
duzem o número total de acidentes com vítimas, o que o passageiro do ciclomotor e da motocicleta
que é explicado pelo fato de eles tornarem a motoci- fique com o pé preso entre os raios da roda (Suri,
cleta mais visível, reduzindo, portanto, o número de 2007). Ambos os sapatos resistentes e a proteção de
acidentes. O projeto de ambas barras e carenagens raios em ciclomotor/motocicleta podem reduzir o
mudou muito após a realização de estudos. As care- risco dessas lesões. Entretanto, não foram encon-
nagens, entre outros, agora são normalmente parte trados estudos empíricos que tenham quantificado
integrante da moto e, com menos frequência, são estes impactos.
634 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Airbags podem ser intalados na frente da motoci- compra e é, portanto, difícil de especificar. O preço
cleta para proteger em caso de colisão frontal. Es- das motocicletas varia muito, mesmo dentro de um
pecialmente a cabeça e o tronco são as partes mais mesmo tipo de veículo. As barras de proteção po-
propensas a lesões em colisões frontais, mas também dem ser compradas como item opcional e normal-
pode haver lesões abaixo da cintura e nas pernas, se mente custam entre NOK 500 e 1.500. Os airbags
estas ficarem presas à motocicleta durante o choque. não estão no mercado atualmente.
Estas lesões podem ser reduzidas com airbags. Con-
tudo, isso foi testado apenas em testes de colisão (Di
Tanna & Pieve, 2007). Em colisões em que a moto- Avaliações de custo-benefício
cicleta não está na vertical ou quando colide em um
ângulo oblíquo, os airbags provavelmente têm pou- Não foram encontradas análises de custo-benefício
co ou nenhum efeito (Haworth & Schulze, 1996). para as medidas de segurança para ciclomotores e
Huang & Preston (2004) mostraram que os airbags motocicletas descritas neste capítulo.
para motocicletas podem aumentar as lesões em al-
guns acidentes. Os resultados de um estudo america-
no (McCartt et al., 2007) sugerem que a maioria dos Responsabilidade e procedimentos formais
pilotos não acreditam que os airbags possam reduzir
as lesões em um acidente (65% dos entrevistados) e Iniciativa para a medida
que a maioria não consideraria adquirir uma motoci-
cleta com airbag (79% dos entrevistados). A iniciativa de novos requisitos de segurança para
ciclomotores e motocicletas pode ser tomada pelas
Uma “barra de segurança” em torno do condutor, autoridades, pela indústria e por organizações do
como nas BMWs, obteve bons resultados em testes setor. A Agência Nacional de Administração de Vias
de colisão, mas levou a uma redução significativa da Públicas da Noruega tem a autoridade para definir
capacidade de manobra e à elevação do centro de os regulamentos veiculares. Hoje, os regulamentos
gravidade. Não houve demanda para o produto (Di noruegueses são em grande parte definidos com
Tanna & Pieve, 2007), de modo que estas motos, base nas ações legislativas da UE.
portanto, não estão mais no mercado.
A maioria dos tipos de equipamentos para moto- O capítulo foi revisado em 2013 por Michael W. J.
cicletas está incluída como parte do preço total de Sørensen e Alena Høye (TØI)
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 635
Os ciclistas têm risco mais alto que a maioria dos 2005; Akhtar et al., 2010). Um estudo holandês mos-
outros grupos de usuários da via. O risco pode ser tra que 30% dos ciclistas que sofreram um acidente
reduzido com o uso de faróis, inclusive durante o no escuro poderiam tê-lo evitado se tivessem equipa-
dia. Refletores na traseira da bicicleta, nos raios ou do suas bicicletas com faróis (Schoon, 1996).
sobre as rodas provavelmente têm pouco ou ne-
nhum efeito sobre os acidentes. Freios ineficientes Não foram encontrados quaisquer registros de quan-
ou que travam as rodas podem levar a acidentes, tos acidentes envolvendo bicicleta estariam relacio-
mas a relação entre o tipo de freio e o envolvimento nados aos freios. Um estudo norueguês mostra que
em acidentes é incerta. Bicicletas clássicas, baratas 75% de todos os acidentes envolvendo bicicleta são
e antigas têm o menor risco de acidente, o que pro- individuais e que 20% destes são acidentes em que
vavelmente está relacionado à velocidade média. o ciclista freou abruptamente e “caiu de cabeça”;
Crianças transportadas na bicicleta em uma cadeira 25% dos acidentes envolvendo um único veículo fo-
infantil têm menor risco de lesão na cabeça quan- ram acidentes em que o ciclista deslizou e capotou,
do utilizam capacete, cinto de segurança e encosto entre outros motivos, porque havia areia e cascalho
alto. Trailers infantis têm muito menor risco que na pista (Bjørnskau, 2005). O estudo utilizou um
a cadeirinha infantil de bicicleta, mas podem facil- questionário com mais de 4.200 ciclistas, dos quais
mente ser negligenciados no trânsito. 470 tiveram um ou mais acidentes nos últimos anos.
Um estudo sueco com cerca de 18.000 acidentes de
bicicleta registrados em hospitais entre 2003 e 2006
Problema e finalidades (Thulin & Niska 2009) mostrou que 72% deles fo-
ram individuais e que falhas na bicicleta contribuí-
De acordo com as estatísticas oficiais, a cada ano ram em 3,5% deles. As falhas incluem não só freios,
de 5 a 10 ciclistas são mortos, de 50 a 70 são gra- mas também a correia que soltou, guidão solto e
vemente feridos e entre 500 e 700 são levemente perfurante e selim ou rodas soltas. Uma frenagem
feridos em acidentes viários na Noruega (Statistisk excessiva contribuiu em 4,8% dos acidentes indivi-
Sentralbyrå, 2012). As lesões em bicicleta são subs- duais. Objetos que entraram nas rodas da bicicleta e
tancialmente mal registradas nas estatísticas oficiais forçaram freadas bruscas (roupa, bolsa, galhos, pé,
de acidentes, especialmente nos casos de acidentes etc.), contribuíram em 5,6% dos acidentes indivi-
individuais. Bjørnskau (2005) mostra que o número duais. Em duas pesquisas norueguesas mais antigas,
real é provavelmente cerca de 5.000 vítimas. Muitas estimou-se que uma maior taxa de acidentes autorre-
das lesões são leves. Os ciclistas têm de 5 a 6 vezes latados estaria relacionada a questões que têm a ver
mais risco de acidentes que os condutores e risco de com a bicicleta, incluindo freios (10-15% para adul-
20 a 25 vezes mais alto, caso leve-se em considera- tos, 2,8% para crianças; Borger & Frøysadal 1993,
ção o baixo grau de notificação (Bjørnskau, 2008, 1994). Um estudo holandês mostra que 6% de todos
2011). Em 2010 foram vendidas cerca de 420.000 os acidentes com uma bicicleta acontecem como re-
bicicletas na Noruega (www.holtetskiogsykkel.no). sultado de o ciclista perder o controle da bicicleta
devido à frenagem incorreta ou à falha nos freios
Os ciclistas são “pequenos” no trânsito e, portanto, (Schepers & Wolt, 2012). Esses acidentes ocorrem
fáceis de ignorar. O farol é uma das medidas que mais frequentemente com ciclistas que pedalam pou-
visa tornar os ciclistas mais visíveis nas vias públicas co do que com aqueles ciclistas que pedalam muito.
(outras medidas com a mesmo finalidade estão des- Outro estudo holandês mostra que 7% dos ciclistas
critas no capítulo 4.8). Cerca de 80% dos acidentes que se envolveram em um acidente relataram falhas
com bicicletas ocorrem em cidades e áreas urbanas e técnicas na bicicleta (freios defeituosos e outros erros
mais de 80% dos acidentes notificados envolvendo técnicos) como motivo do acidente, enquanto 12%
ciclistas são colisões com automóveis, geralmente em disseram acreditar que as falhas técnicas podem ter
interseções e acessos, ou atravessando a via. A partir contribuído para o acidente (Schoon, 1996).
dos acidentes entre bicicletas e automóveis na No-
ruega, vê-se que os condutores de veículos motori- Diferentes tipos de bicicletas podem ter diferentes
zados normalmente têm dificuldade em perceber os riscos de acidente, em parte por terem diferentes ca-
ciclistas, especialmente em interseções e situações racterísticas, tais como freios, número de marchas,
em que o condutor se distrai. Além de obstáculos na direção, tamanho de roda, tamanho de pneu, e em
visibilidade, ambiente de condução e geometria da parte porque há diferenças entre os ciclistas. As
via inadequados, a baixa visibilidade da bicicleta e do características dos ciclistas que têm relação com o
ciclista é fator contribuinte em acidentes (Bjørnskau, risco de acidente foram examinadas na Nova Zelân-
636 O Manual de Medidas de Segurança Viária
dia (Thornley et al., 2013) e na Noruega (Bjørnskau, tornem mais visíveis, mais fáceis de manobrar e de
2005). Os resultados são parcialmente diferentes, parar.
algo que pode estar relacionado ao fato de os dois
estudos terem controlado diversas outras variáveis
definidas de forma diferente. Os resultados podem Descrição da medida
ser resumidos como a seguir:
Equipamentos de iluminação e refletores
• Segundo o estudo norueguês, o risco de acidente é
maior quanto mais jovem for o ciclista. No estudo De acordo com os “Regulamentos para bicicletas”
da Nova Zelândia, há uma tendência semelhante, (Samferdselsdepartementet, 2007), os equipamentos
mas a relação não é estatisticamente significativa. de iluminação e refletores são obrigatórios na bicicle-
• Os homens têm cerca de 30% a 40% mais aci- ta: deve haver refletor vermelho atrás (“olho de gato”);
dentes que as mulheres, de acordo com o estu- em ambos os lados os pedais devem conter refletores
do norueguês, mas o número de acidentes não é brancos ou amarelos, do tipo homologado. Ao andar
diferente quando se controla o comportamento de bicicleta no escuro ou ao anoitecer em áreas ou
(calculou-se um índice de comportamento para vias regulares, a bicicleta deve dispor de iluminação
classificar comportamentos de risco). No estudo com luz amarela ou branca e/ou luz multifuncional,
da Nova Zelândia não houve nenhuma diferença que pode fornecer luz branca piscante ou contínua na
entre homens e mulheres. frente. Na traseira, a bicicleta deve dispor de ilumina-
• Os ciclistas esportistas têm risco de acidente cerca ção com luzes vermelhas piscantes ou contínuas. Isso
de 40% maior que os outros ciclistas; no estudo também se aplica ao andar de bicicleta em calçadas e
norueguês, esta diferença desaparece quando há ciclovias. O farol frontal deve fornecer luz adequada
controle das características da bicicleta e de com- sem ofuscamento. O farol traseiro deve ser claramen-
portamentos. te visto a uma distância de 300 m. O farol piscante
• A experiência do ciclista reduz o risco de aciden- deve piscar com pelo menos 120 disparos por minuto.
tes. De acordo com o estudo da Nova Zelândia, os Os faróis devem ser presos à bicicleta.
ciclistas com mais de dois anos de experiência têm
de 20% a 30% menos acidentes e menor gravida- Uma pesquisa situacional feita com a população
de de lesões que os ciclistas com menos de dois sobre o conhecimento, comportamentos e atitudes
anos de experiência. para segurança viária na Noruega mostra que a taxa
• Os ciclistas com uma velocidade média abaixo de de usuários que sempre/frequentemente usam fa-
20 km/h têm cerca de duas vezes mais acidentes róis no escuro é de 48%, enquanto a taxa dos que
que aqueles com uma velocidade média mais ele- nunca usam faróis é de aproximadamente 30%. Es-
vada, segundo o estudo na Nova Zelândia. tes valores aplicam-se para o ano de 2011. Houve
• Os ciclistas que ocasionalmente pedalam off-road muito pouca mudança no uso da iluminação de bi-
têm aproximadamente 70% mais acidentes que cicletas nos últimos 10 anos (Fyhri, 2012).
outros ciclistas (incluindo tanto os acidentes em
vias públicas quanto aqueles off-road). O farol de bicicleta pode ser a dínamo, mas a maioria
• Os ciclistas com um estilo de condução arriscada das biciletas tem iluminação a bateria. O farol a dína-
têm aproximadamente 10% mais acidentes que mo pode funcionar mal em dias chuvosos ou sob neve
os outros ciclistas, conforme estudo norueguês. e a maioria deles não acende quando a bicicleta está
parada. Há, no entanto, o dínamo magnético, que fun-
As crianças podem ser transportadas de diferentes ciona independente do clima e a luz de dínamo ilumina
maneiras na bicicleta. Anualmente, entre todas as víti- ainda por um tempo depois que a bicicleta para. Há
mas ciclistas na Noruega, houve cerca de duas crian- vários tipos de faróis a bateria. Os faróis a bateria não
ças de três a quatro anos e seis crianças de cinco a dependem do clima e também acendem quando a bici-
seis anos de idade mortas e feridas (totalizando 1,2% cleta está parada (mas não quando as baterias acabam).
de todos os ciclistas mortos ou feridos; SSB, 2012). Muitos faróis a bateria têm a função piscante (flash).
Não foi registrado quantas dessas crianças andavam
em uma bicicleta própria ou eram passageiras em uma
bicicleta de adulto ou em um reboque de bicicleta. Freios
vem ter pelo menos dois freios separados que ope- • em uma cadeira infantil presa ao tubo do assento,
rem de forma independente, um na roda dianteira e garupa ou bagageiro para que a criança se sente
outro na roda traseira. A bicicleta deve ser capaz de atrás do adulto; indicado para crianças a partir de
parar de maneira segura, rápida e eficiente. Os dis- cerca de um ano e até cerca de 20 kg. Crianças de
positivos operacionais (alças, pedais) devem operar até aproximadamente 10-15 kg podem se sentar,
de forma independente e devem ser usados com as como alternativa, em um assento infantil montado
duas mãos no guidão. no guidão, na frente dos adultos, mas isso pode
prejudicar um pouco a estabilidade da bicicleta;
Há muitos tipos diferentes de freios de bicicleta; em • em trailers infantis, que podem ser para uma ou
geral, podem-se distinguir freio a tambor, freio de duas crianças. Trailers infantis podem ser usados
aro (V-brake) e freios a disco. O efeito na frenagem para todas as crianças que não excedam os limi-
depende em grande parte do peso e habilidade do tes de peso (os limites de peso variam um pouco
ciclista, bem como do amortecimento, geometria, entre diferentes modelos, sendo que os maiores
tamanho da roda, etc. (Beck, 2004). O efeito na fre- modelos, para duas crianças, têm limite máximo
nagem e os vários fatores que o influenciam estão permitido de 45 kg), mas não são recomendados
descritos no tópico Impacto sobre os acidentes. por fisioterapeutas para as crianças que não po-
dem se sentar de forma independente;
• em bicicletas tandem infantis, que podem ser usa-
Tipos de bicicleta das com crianças de 4 a 8 anos. As bicicletas tandem
infantis têm roda traseira própria e são presas ao
As bicicletas devem estar de acordo com os “Re- tubo de assento ou à garupa da bicibleta do adulto.
gulamentos para bicicletas” (Samferdselsdepar-
tementet, 2007): devem ser montadas, adaptadas, Maiores informações sobre cadeiras infantis e trai-
equipadas e mantidas de modo que possam resistir lers podem ser encontradas em www.tryggtrafikk.
às tensões às quais normalmente são expostas e pos- no. As bicicletas tandem não são muito difundidas
sam ser usadas sem causar perigo desnecessário ou na Noruega. De acordo com os “Regulamentos so-
inconveniente. Há muitos tipos diferentes de bici- bre a utilização de veículos” (Samferdselsdeparte-
cletas. A partir de estudos dos impactos sobre os mentet, 2012), permitem-se os seguintes passageiros
acidentes, foram obtidos resultados quanto às bici- em bicicleta regular, se os limites de peso não forem
cletas híbridas, off-road, de corrida e clássicas. As ultrapassados e se o transporte for realizado de for-
bicicletas híbridas geralmente têm rodas de aro de ma segura:
28 polegadas, pneus de largura média e guidão reto;
algumas têm garfo de suspensão. As bicicletas of- • duas crianças com menos de 6 anos ou uma crian-
f-road têm pneus largos, garfo de suspensão e algu- ça menor de 10 anos na bicicleta. Se a bicicleta
mas têm suspensão traseira e pedais clip. A maioria for equipada com trailer, só poderá transportar na
tem rodas com aro de 26 polegadas, mas as moun- bicicleta uma criança menor de 10 anos;
tain-bikes também começaram a vir com rodas de • duas crianças com menos de 6 anos ou uma pes-
29 polegadas. A posição do assento é ligeiramente soa no trailer da bicicleta.
inclinada para a frente. As bicicletas de competição
geralmente têm guidão curvo, a posição do assen-
to é relativamente bem inclinada para a frente e a Pino de distância
maioria tem pedais clip. Todos estes tipos de bici-
cletas nomalmente têm muitas marchas (de 21 a 27 Um pino de distância é um plástico laranja com re-
marchas, por exemplo). As bicicletas clássicas têm flexo que pode ser montado na garupa, sobressaindo
um design mais antiquado, nenhuma marcha ou 30 cm para o lado esquerdo. A finalidade é que os
poucas, via de regra freio a tambor e a posição de condutores mantenham uma distância maior da bi-
seu assento deixa o ciclista montado relativamente cicleta. Estes pinos não são mais muito difundidos.
na vertical.
• Campainha de bicicleta: segundo os “Regulamen- de acidentes. A tabela 4.25.1, resumida a seguir, for-
tos para bicicletas” (Samferdselsdepartementet, nece uma visão geral dos resultados e dos próprios
2007), todas as bicicletas devem ter campainha. estudos.
Outros aparelhos de aviso são proibidos.
• Luz/iluminação especial: várias luzes especiais Biegler et al. (2012, Austrália): a taxa de ciclistas
podem tornar os ciclistas mais visíveis, como, por gravemente feridos em acidentes é 66% menor en-
exemplo, faróis, piscas, luzes vermelhas, luzes tre os ciclistas que pedalam em bicicletas com faróis
particularmente evidentes nas rodas ou pedais, que entre aqueles que não têm farol na bicicleta,
além de luzes para marcação de ciclovias ou zonas quando há controle em relação à iluminação (nubla-
de segurança (virtuell sykkelfelt; Sørensen, 2013). do vs não nublado).
• Computador de bordo na bicicleta, que pode me-
dir distâncias, velocidade e velocidade média, for- Washington et al. (2012, Austrália): não encontra-
ça da pedalada, pulso, queima de calorias, altitude ram a associação significativa entre o uso autorrela-
em relação ao nível do mar, navegação, quando é tado de faróis de bicicleta e o número de acidentes
hora de lubrificar a correia, entre outros. (não mostrado na tabela 4.25.1).
Tabela 4.25.1: Impactos dos equipamentos de iluminação e freios da bicicleta no número de acidentes.
Porcentual de mudança no risco de acidente
Tipo de equipamento Melhor Intervalo
Tipos de acidentes afetados
estimativa de confiança
Uso de farol diurno (contra o não-uso) Acidentes com feridos graves
-66 (-84; -26)
(Biegler et al., 2012) (contra acidentes com feridos leves)
Farol permanente (Madsen et al., 2013) Todos os acidentes com feridos -19 (-39; +9)
Acidentes com feridos durante o dia -18 (-43; -18)
Acidentes com feridos ao anoitecer -51 (-82; +35)
Acidentes com feridos à noite 0 (-44; +79)
Acidentes com feridos com segunda
-47 (-69; -9)
parte envolvida
Acidentes com feridos individuais 0 (-30; +43)
Equipamentos de iluminação em boas
Colisão com outros veículos -61 (-77; -35)
condições (Martínez-Ruiz et al., 2013)
Acidentes com um único veículo +36 (-42; +219)
Uso do farol no escuro Condução constante com farol traseiro
-37 (-57; -9)
(Thornley et al., 2013) no escuro
Condução sempre com farol dianteiro
+20 (-21; +84)
no escuro
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 639
fato de que a maioria dos ciclistas sempre conduz cicleta não pareceu afetar a distância de detecção.
com faróis acesos no escuro. O farol traseiro intermitente provou ser mais eficaz
que o constante, e verificou-se que muitos faróis
Martínez-Ruiz et al. (2013, Espanha): bicicletas com dianteiros têm relativamente pouco efeito.
equipamento de iluminação em boas condições têm
61% menor risco de serem envolvidas em uma colisão Para os dispositivos refletivos instalados no pedal
com outro veículo que bicicletas com equipamentos e nas rodas, foi encontrado um impacto positivo
de iluminação defeituosos. Isso se aplica somente a na distância de detecção ou probabilidade de de-
colisões em que o ciclista tenha praticado uma viola- tectar um ciclista, sendo que os refletores nas rodas
ção das regras de trânsito. Os equipamentos de ilumi- podem aumentar a chance de reconhecimento dos
nação não parecem afetar os acidentes com um único ciclistas, e para o pedal com reflexo foi encontrado
veículo (a bicicleta), o que é esperado. O estudo tem um aumento de 75% na distância de detecção.
várias deficiências metodológicas, e o grande impacto
sobre as colisões pode ter sido superestimado. Ao todo, os resultados indicam, a partir de estudos
de acidentes, que o farol de bicicleta pode reduzir
Thornley et al. (2013; Nova Zelândia): os ciclistas o risco de acidentes tanto durante o dia quanto no
que sempre pedalam no escuro com farol traseiro escuro. Para os faróis dianteiros, os resultados são,
têm 37% menor risco de acidente que outros ci- entretanto, um pouco incertos (um dos estudos não
clistas. Para a condução da bicicleta no escuro com encontrou nenhum efeito). Uma vez que não ser visto
farol frontal, não houve nenhuma associação com o de frente é um problema maior para os ciclistas que
risco de acidentes. Os resultados são baseados em não ser visto por trás (Gale & Cairney, 1998), seria
acidentes autorrelatados sobre o uso do farol da bi- de se esperar que o farol dianteiro proporcionasse
cicleta e houve controle de muitos outros fatores, uma maior eficácia que o traseiro. No estudo houve
incluindo uso de roupas com cores fluorescentes. controle do uso de roupa de cores fluorescentes, de
modo que o resultado não pode ser explicado pelo
O impacto dos equipamentos de iluminação ou re- fato de que aqueles que utilizam faróis em maior
fletores nas bicicletas na distância de detecção no grau que os outros também usam roupas com cores
escuro foi pesquisado nos seguintes estudos: fluorescentes. Uma possível explicação é que mui-
tos faróis são insuficientes e que os condutores que
Burg & Beers, 1978; ignoram o ciclista de frente têm menos tempo para
Matthews & Boothby, 1980; frenagem, assim que percebem o ciclista, do que os
Watts, 1984A, B, C; condutores que não veem um ciclista por trás.
Blomberg, Hale e Preusser ,1984;
Gale & Cairney, 1998; Os resultados dos estudos sobre o impacto na dis-
Kumagai, 1999; tância de detecção sugerem que os faróis têm pou-
Hagel et al., 2007 e co ou nenhum efeito se o ciclista também estiver
Wood et al., 2009. usando colete refletivo e refletores nos tornozelos
e joelhos. No entanto, não é certo que isso possa
Os resultados diferem entre os estudos. Para o farol ser generalizado, uma vez que esses estudos sempre
dianteiro, constante ou intermitente, encontrou-se investigam um número muito limitado de casos.
todo tipo de resultado, desde nenhum efeito até um
aumento de 40% na distância de detecção quando o Os refletores na traseira da bicicleta, nos raios ou
ciclista não usa roupas particularmente visíveis nem sobre as rodas provavelmente têm pouco ou ne-
refletoras. Wood et al. (2009) não encontraram ne- nhum impacto no risco de acidentes. Os refletores
nhum efeito positivo do farol de bicicleta, constante nos pedais podem reduzir o risco, mas isso talvez
ou intermitente, em relação à distância de detecção, não se aplica se o ciclista utilizar faixas reflexivas em
independentemente se o ciclista vestia roupas pre- torno dos tornozelos (que geralmente são mais visí-
tas, colete refletivo ou refletores em torno de tor- veis e de mais direções que os refletores de pedal).
nozelos e joelhos. Quando o ciclista usava colete,
tornezeleiras e joelheiras refletoras, a distância de
detecção foi até mesmo mais longa sem farol do que Freios
com farol (ver o capítulo 4.8). Para o farol traseiro,
foi encontrado um aumento da distância de detec- Um estudo espanhol (Martínez-Ruiz et al., 2013) su-
ção de 40%, enquanto que um refletor atrás da bi- gere que freios em boas condições, sem falhas, na bi-
640 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tudos sobre o envolvimento em acidentes. Deve centro de gravidade muito baixo e é, portanto, difí-
ser provavelmente devido ao pequeno predomínio cil de tombar/capotar. Muitos deles são, além disso,
destes modelos. Nas bicicletas reclinadas, em que o construídos de modo que as crianças estejam, em
assento do ciclista é baixo e em uma posição recli- certa medida, protegidas nas laterais de um possí-
nada, tem-se a vantagem da possibilidade de frear vel tombamento/capotamento ou colisão (Murray
fortemente sem capotar. A desvantagem é que es- & Ryan-Krause, 2009). A desvantagem dos trailers
sas bicicletas não têm boa estabilidade, são baixas é que, por serem baixos, podem ser facilmente ne-
e, portanto, difíceis de serem vistas no trânsito e, gligenciados no trânsito. Os ferimentos decorrentes
ademais, são difíceis de manobrar (Wood, 1999). de quedas são, como esperado, menores que para
crianças em cadeiras infantis (72% em cadeiras in-
fantis vs 50% em trailers). Quanto a outras lesões
Transporte de crianças em bicicletas que ocorrem em colisões contra a bicicleta ou rodas
dos trailers, tem-se 9% em cadeiras infantis vs 33%
Não foram encontrados estudos ou estatísticas de em trailers (Powel & Tans, 2000).
acidentes que pudessem fornecer uma indicação so-
bre o envolvimento em acidentes de bicicletas com Os trailers devem ser equipados com cinto de se-
cadeiras infantis, trailers ou bicicletas tandem. gurança e tanto o cinto quanto o capacete devem
ser usados, segundo Murray & Ryan Krause (2009).
As cadeiras infantis podem tornar a bicicleta instá- Muitos veículos também são equipados com uma
vel porque o centro de gravidade fica mais alto, o bandeira no topo para se tornarem mais visíveis. O
que aumenta o risco de tombamento. Em um estu- uso de refletor é obrigatório e deve ser aliado, no
do com bonecos, Miyamoto & Inoue (2010) exami- escuro ou quando há pouca visibilidade, ao uso do
naram o impacto do encosto alto, do cinto de segu- farol traseiro no trailer. É especialmente importan-
rança e do capacete em cadeiras infantis no grau de te que a bicicleta com um trailer tenha bons freios.
lesão quando da queda da bicicleta. Os resultados Não foi encontrado nenhum estudo que examinasse
mostram que: o impacto do cinto, da bandeira e dos refletores no
envolvimento em acidentes.
• o capacete reduz os ferimentos, independente-
mente de qualquer outro equipamento de segu- Para as bicicletas tandem não foram encontrados
rança sendo utilizado; estudos sobre o envolvimento em acidentes ou o
• o cinto reduz a extensão dos ferimentos, à exce- risco de lesão.
ção de quando aliado a um encosto baixo, situa-
ção em que o cinto pode levar ao aumento das Tanto a cadeira infantil quanto o trailer e a bicicleta
taxas de lesão; tandem aumentam a distância de frenagem, o que
• o encosto alto reduz a extensão dos ferimentos, pode aumentar o risco de envolvimento em aciden-
exceto quando nem o cinto nem o capacete são tes, dado que a velocidade seja igual à de uma bici-
utilizados; o aumento na extensão dos ferimentos cleta sem cadeira infantil/trailer.
com o uso do encosto alto mas sem cinto nem
capacete provavelmente pode ser explicado pelo
fato de a criança sentar-se ligeiramente mais eleva- Proteção dos raios
da em um assento de encosto alto.
As pessoas sentadas na garupa de uma bicicleta, na
Apenas com a utilização do capacete, do cinto e do maioria das vezes crianças, podem ter ferimentos
encosto alto, os resultados dos testes indicaram a significativos nos pés se estes forem prensados con-
possibilidade de se evitar uma fratura craniana. O tra os raios (Suri, 2007). Ambos sapatos resistentes
impacto dos equipamentos de segurança quando a e proteção dos raios podem reduzir o risco dessas
bicicleta capota em velocidade elevada não foi in- lesões. Segundo Borger (1995), a proteção dos raios
vestigado. Além de encosto alto e cinto, as cadeiras reduz em 25 a 30% a probabilidade de se incor-
infantis devem ter proteção para os pés que impeça rer em uma lesão que requeira tratamento médico.
que estes sejam prensados pela roda ou pelos raios Isso, no entanto, provavelmente aplica-se àqueles
da bicicleta. que pedalam e não aos que se sentam na garupa.
Os resultados baseiam-se em relativamente poucos
O trailer infantil é provavelmente a maneira mais acidentes e devem ser considerados como incertos.
segura de transporte, porque este reboque tem um Outros estudos que quantifiquem o impacto da
642 O Manual de Medidas de Segurança Viária
proteção dos raios ou a resistência dos sapatos não de itens, como lâmpadas, cadeiras e trailers infantis,
foram encontrados. geralmente são acessórios. Os custos dos equipa-
mentos de segurança variam muito, dependendo do
tipo e da qualidade:
Pino de distância
• Tipos de bicicleta: NOK 50 - 5.000;
Alguns estudos mais antigos mostraram que o uso • Cadeiras infantis: NOK 400 - 2.000;
de pinos de distância aumenta a distância de pas- • Trailers: NOK 1.000 - 20.000.
sagem (proximidade) em aproximadamente 5% a
10% (Oranen, 1975; Watts 1984A; Angenendt &
Hauser 1989). Avaliações de custo-benefício
Responsabilidade pela execução da medida • veículos de passeio com trailer de camping: 0,49
(0,29; 0,81);
O usuário da bicicleta é responsável por suprir a bici- • caminhão com reboque de eixo ou semirreboque:
cleta com os equipamentos de segurança exigidos, de 1,01 (0,97; 1,06);
acordo com os Regulamentos sobre Bicicletas de 19 • carreta/cavalo mecânico com semirreboque: 1,30
de fevereiro de 1990. Os equipamentos de segurança (1,21; 1,40).
para a bicicleta são, em sua maioria, responsabilidade
do próprio usuário ou proprietário. A Agência Na- Conduzir com trailers de camping e reboques ou se-
cional de Administração de Vias Públicas da Norue- mirreboques nos caminhões não parece levar a um
ga e a polícia podem realizar fiscalização para verifi- aumento do risco de acidente. Os semirreboques de
car o cumprimento das determinações. carreta, no entanto, parecem proporcionar cerca de
30% mais risco que a condução do cavalo mecânico
sozinho. Salienta-se que estes números são incertos
4.26 Requisitos para reboques e que não são levadas em conta quaisquer outras di-
ferenças entre dirigir com e sem um reboque que
O capítulo foi parcialmente revisado em 2011 por possam afetar o risco de acidente.
Alena Høye (TØI)
Os requisitos para reboques nos veículos têm a fi-
nalidade de tornar a condução com reboque o mais
Problema e finalidades segura possível e de preferência tão segura quanto
conduzir sem ele.
Conduzir com reboque resulta em maiores exigên-
cias em relação ao condutor do que conduzir sem re-
boque. Estabilidade, tração, aceleração e frenagem Descrição da medida
mudam ao se transportar um reboque. A marcha a
ré com um reboque pode causar certos problemas As medidas relevantes para reduzir as taxas de aci-
para muitos condutores. dentes e riscos de acidentes na condução com rebo-
que incluem, entre outros:
Os veículos com reboques envolvidos em acidentes
de trânsito devem ser devidamente discriminados • proibição de dirigir com reboque em toda a rede
quando do registro do acidente. Da mesma forma, viária ou em parte dela;
o reboque sem o veículo trator, ou seja, um rebo- • regulamentação dos tipos de reboque com uso
que estacionado sozinho, por exemplo, deve ser autorizado;
registrado pela polícia nos boletins de ocorrência
• limite especial de velocidade para certas combina-
de acidentes de trânsito. A estatística de acidentes
ções de veículo e reboque;
para os anos de 2005 a 2009 mostra que em mé-
• limite de peso total para reboque;
dia 386 veículos com reboque foram envolvidos em
acidentes com vítimas. Dentre eles, 12 veículos de • melhores freios para reboque;
passeio ou vans com trailers de camping, 84 veículos • melhores suspensão e amortecimento no reboque;
de passeio ou vans com reboque, 14 caminhões com • melhores estabilidade, direção e controle do re-
reboque (de 1 eixo), 88 caminhões com reboque (de boque.
2 eixos), 35 caminhões ou veículos combinados com
reboque, 7 caminhões-tanque com reboque e 144 Os requisitos técnicos devem ser adaptados para
semirreboques. cada tipo de reboque. Os três tipos principais de
reboques são:
Várias pesquisas norueguesas estimaram o risco
de acidente ao conduzir com um reboque em rela- • Reboque: o reboque traseiro é aquele com um ou
ção ao risco de conduzir sem reboque (Gabestad, mais eixos, concebido de tal modo que as forças
1979; Hvoslef ,1990; Borger, 1991; Sætermo, 1995). verticais podem ser transmitidas para o engate do
Com base nestes estudos, o risco relativo durante reboque no veículo trator.
a condução com reboque é calculado da seguinta • Semirreboque: para o semirreboque, as forças ver-
maneira (para um risco de condução sem reboque ticais não podem ser transmitidas por um engate
igual a 1,00 (intervalo de confiança de 95%, entre no veículo trator. O semirreboque é constituído
parênteses): por dois ou mais eixos.
644 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.26.1: Números estimados de quilômetros rodados e acidentes com proibição e permissão da
condução com reboque.
há nenhum resultado que mostre claramente que al- completo consiste em pastilhas de freio em rodotrens
guns tipos de reboques sejam mais seguros que outros. em que todo o efeito de frenagem do rodotrem pode
ser regulado pelo condutor com o mesmo movimen-
Limite de velocidade especial durante a condução to de controle (Forlaget Last e Buss A/S, 1995).
com reboque: Em trechos com limite de velocidade
especial acima de 80 km/h, os veículos com 3.500 kg Durante a frenagem com freios de inércia, o peso
ou mais e veículos com reboque não devem ultrapassar do reboque é transferido para a bola de engate no
80 km/h. Os veículos motorizados com reboque sem veículo trator. Se a pressão na bola de engate (força
freios com uma massa total de 300 kg podem circular exercida sobre a bola de engate) aumenta, diminui
no máximo a 60 km/h, caso não haja nenhuma outra a pressão sobre o eixo do veículo. Isso pode levar a
sinalização especificada (Grondahl Dreyer, 1995). Es- um travamento antecipado da roda dianteira do veí-
tas determinações foram introduzidas em 1980. culo durante a frenagem (Odsell, 1978). A transfe-
rência de peso pode ser reduzida por longas barras
Não foi encontrada nenhuma outra pesquisa que de alinhamento no reboque e um centro de gravi-
mostrasse os impactos do limite de velocidade da dade o mais baixo possível no mesmo. A pressão
condução com reboque no número de acidentes. sobre a bola de engate pode ser influenciada pela
Em um estudo americano (Garber e Gadiraju, 1992) variação da pressão de ar nos pneus do reboque e
sobre os efeitos de manter o limite de velocidade em a distribuição uniforme de sua carga. Para a maio-
55 milhas por hora (88 km/h) para veículos pesados ria dos reboques, a pressão ótima sobre a bola de
quando do aumento para 65 milhas por hora (105 engate fica provavelmente por volta de 50 a 75 kg,
km/h) para veículos leves, concluiu-se que este limi- considerando-se as características de condução e
te diferenciado de velocidade não melhorou a segu- das funções do freio (Odsell, 1978).
rança. A uma mesma conclusão chegou um estudo
sueco (Carlsson, Nilsson e Wretling, 1992) em que Um estudo sueco sobre trailers de camping de me-
foram considerados os impactos do limite máximo nor uso mostrou que freios de inércia funcionam
de velocidade de 80 km/h para veículos pesados. mal após apenas 1-2 anos (Odsell, 1978). Isso diz
respeito principalmente ao mau ajuste e à má lubri-
Um problema com limites de velocidade diferencia- ficação dos freios e mecanismos de freio e à pressão
dos é que maiores diferenças de velocidade entre os excessiva sobre a bola de engate. Presumivelmente,
veículos levam a várias situações de aceleração e ul- o conhecimento do condutor quanto à má atuação
trapassagens. Isso contraria os ganhos de segurança da pressão da bola sobre as funções do freio tam-
que uma velocidade reduzida oferece isoladamente, bém pode influenciar.
de modo que o impacto geral sobre o número de
acidentes é perto de zero. Nenhuma pesquisa a respeito dos padrões do freio
de inércia foi realizada na Noruega, mas uma pes-
Limite da massa total para reboques: Para os veícu- quisa norueguesa entre os proprietários de trailers
los tratores com permissão de até 3.500 kg, a massa de camping mostrou que estes veículos tinham uma
permitida do reboque com freios não pode ser maior idade média de 3,4 anos (Gabestad, 1979). Os veí-
que a massa total da unidade tratora. A massa permi- culos mais antigos foram conduzidos muito menos
tida do reboque não deve, sob nenhuma circunstân- que os mais novos, mas não houve diferença no ris-
cia, exceder 3.500 kg. A massa permitida para rebo- co de acidente autorrelatado entre veículos novos
ques sem freios não pode ser superior à metade da e mais velhos. Com base nos resultados de Odsells
massa do veículo trator e não deve ultrapassar 750 sobre a capacidade reduzida dos freios, já com 1-2
kg. (Forlaget Last e Buss A/S, 1995). Desconhece-se anos poder-se-ia esperar que isso resultaria no au-
em que grau ocorre sobrecarga nos reboques de veí- mento do risco de acidentes na condução de trailers
culos de passeio. O aumento da massa do reboque de camping mais antigos, mas isso não foi compro-
significa, mantidas todas as outras condições, um vado. Por conseguinte, não se pode dizer com cer-
prolongamento da distância de frenagem. teza qual o impacto sobre os acidentes que pode ser
alcançado com a melhoria dos sistemas de freios.
Melhores freios de reboque: Existem diferentes ti-
pos de freios para reboques. Freios de inércia são Melhores suspensão e amortecimento no reboque:
dispositivos de freio para reboque com pastilhas em Os reboques que são projetados para velocidades aci-
que o freio é ativado pelo impulso do próprio re- ma de 40 km/h devem ter suspensão. Estes reboques
boque contra o veículo trator. Um sistema de freios também devem ter sistemas de amortecimento ade-
646 O Manual de Medidas de Segurança Viária
quados para amortecer os movimentos da suspensão muitos aclives. A mobilidade pode ser aumentada
quando sua massa total for acima de 500 kg, mas não pela construção de uma faixa de ultrapassagem em
superior a 2.000 kg. O requisito para a suspensão não trechos com rampas positivas íngremes e/ou longas,
se aplica quando o reboque é destinado ao transporte para que se aumentem as possibilidades de ultra-
de mercadorias especiais, quando, então, é necessária passagem. Até certo ponto, conduzir com reboque
uma preocupação extra com a estabilidade do rebo- substitui o uso de vários veículos por um único, e
que. Para estes reboques, deve haver uma marcação isso ajuda a reduzir o número de veículos nas vias.
traseira indicando velocidade máxima de 30 km/h
(Forlaget Last e Buss A/S, 1995).
Impacto no meio ambiente
Um estudo sueco utilizando modelos de simulação teve
Um veículo com reboque tem um consumo de com-
como objetivo avaliar quais seriam as características de
bustível mais elevado que um veículo sem reboque.
suspensão e amortecimento desejáveis relacionadas
A quantidade de gases de escape, por conseguinte,
à segurança viária do reboque de eixo único (Bunis,
também aumenta. A condução com reboque consti-
Mäkiaho e Odsell, 1978). Os resultados mostraram
tui uma porcentagem tão pequena do número total
que a combinação suspensão/amortecimento determi-
de quilômetros rodados que deve ser considerada
na a aderência do veículo à pista. As características da
como uma questão de menor importância. Contudo,
suspensão e do amortecimento de choques não podem
o número de veículos-km provavelmente aumenta-
ser determinadas separadamente. Uma suspensão sua-
ria se os reboques fossem proibidos e tivessem de
ve aumenta a tração durante a condução sobre pisos
ser substituídos por vários veículos sem reboque.
irregulares, mas também pode fazer com que o rebo-
que se incline nas curvas. Isso pode ser revertido com
a montagem do estabilizador de tensão. Neste estudo Custos
sueco, os resultados dos modelos de cálculos foram
comparados com os resultados de pesquisas de cam- Não há dados detalhados relativos aos custos que
po. Concluiu-se que o modelo era satisfatório para o mostrem o acréscimo dos diferentes componentes
estudo da condução real com reboque. de segurança dos reboques (freios, luzes, etc.) nos
custos totais. Tampouco os custos de novas regras
Melhor estabilidade do reboque: A estabilidade do para o uso de reboques podem ser estimados com
veículo trator e do reboque pode aumentar man- base nas informações presentes.
tendo-se o centro de gravidade do reboque o mais
baixo possível em relação à superfície do pavimen-
to. Uma distribuição uniforme da carga contribui Avaliações de custo-benefício
para que o reboque não tombe/capote nem fique
sobrecarregado nem atrás nem na frente e aumenta As avaliações de custo-benefício de diferentes regula-
a controlabilidade e capacidade de frenagem. mentações sobre o uso e os requisitos dos reboques
serão hipotéticas e muito incertas enquanto o conhe-
Uma avaliação da estabilidade estática contra capota- cimento sobre os custos do impacto de diferentes
mento para reboques com comprimento de 18, 19 ou medidas sobre os acidentes for tão precário quanto é
22 metros com o auxílio de simulações concluiu que hoje. A imposição de uma proibição da condução com
os fatores mais importantes para a estabilidade contra reboques para caminhões aumentaria os custos de
o capotamento são a altura do centro de gravidade, a transporte da indústria, pois o custo por tonelada-km
largura, as molas da suspensão e a altura do centro de cai com o aumento das dimensões do veículo (Hagen,
rolagem (Karlsen, 1991). O risco dinâmico de rolagem 1995). O custo de usar, por exemplo, dois caminhões,
em manobras bruscas é mais afetado dependendo da cada um com 8 toneladas de carga útil, é maior que o
rapidez das manobras da direção (ou seja, o quão rá- custo de um rodotrem com carga útil de 16 toneladas.
pido o condutor vira o volante) (Karlsen, 1991).
Responsabilidade e procedimentos formais
Impacto na mobilidade
Iniciativa para a medida
Um veículo com reboque pode reduzir a mobilida-
de de outros veículos no trecho que percorre. Isso A iniciativa para a regulamentação do uso e para
acontece especialmente em rotas com relativamente novos requisitos referentes aos reboques pode ser
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 647
Tabela 4.27.1: Queimaduras em acidentes com vítimas registrados junto à polícia entre 2001 e 2009
(média por ano) Fonte: TØI.
Gravidade Lesões em geral Lesões em incêndios Queimaduras por 10.000 feridos
Mortos 254 2,9 113,74
Severamente feridos 92 0,3 36,36
Gravemente feridos 861 0,3 3,87
Levemente feridos 9.102 2,3 2,56
Todos os feridos/mortos 10.309 5.9 5,71
648 O Manual de Medidas de Segurança Viária
“concebido, localizado, fixado e protegido para que entre as várias localizações de motor e do tanque
não danifique as resistências mecânicas ou térmicas de combustível podem ser devido ao fato de auto-
e que o risco de incêndio em caso de vazamento seja móveis distintos terem diferentes riscos de envolvi-
evitado tanto quanto possível”. mento em acidentes. No entanto, parece haver uma
tendência para acidentes quando o motor e o tan-
Neste capítulo discutem-se os impactos das seguintes que de combustível estão localizados próximos um
medidas para reduzir o risco de incêndio veicular: do outro. O número de automóveis com o tanque
de combustível e o motor atrás se refere ao modelo
• requisitos de segurança para sistemas de com- NSU Prinz, que foi o único que apresentou esse de-
bustível nos EUA (Federal Motor Vehicle Safety sign, e não é mais fabricado.
Standard 301);
• localização do tanque de combustível do veículo; Uma pesquisa sueca equivalente (Rångtell, 1973)
• configuração do duto de combustível e da tampa. com 79 incêndios causados por gasolina em aciden-
tes de trânsito mostrou que 68% deles ocorreram
Além destes pontos, o extintor, no veículo ou em em veículos com tanque de combustível atrás e
outros locais acessíveis, pode ajudar a reduzir a ex- 32%, em automóveis com o tanque na frente. As
tensão de incêndios. taxas de automóveis em relação à frota foram, res-
pectivamente, 80% e 20%. Isso sugere que o risco
de incêndio causado pela gasolina é cerca de 1,9 vez
Impacto sobre os acidentes superior quando o tanque de combustível é locali-
zado na frente do que quando é situado na parte de
Os requisitos de segurança para sistemas de combus- trás dos veículos.
tíveis nos EUA incluem a fixação e a durabilidade do
tanque de combustível contra tensões mecânicas (ra- A mesma pesquisa (Rångtell, 1973) estudou al-
chaduras, ferrugem, deformação em acidentes, etc.), terações nos incêndios por gasolina com a marca
materiais (materiais inflamáveis), isolamento contra Volkswagen depois que o modelo de 1968 teve um
sistemas de escape do veículo e configuração dos du- novo duto até o tanque de combustível e uma nova
tos e tampa. Uma pesquisa sobre o impacto destas tampa de tanque. O número anual de incêndios por
medidas na frequência de incêndios em acidentes gasolina diminuiu de 17, em 1967, para entre 5 e 11,
(incêndios por 1.000 acidentes; Parsons, 1995) mos- anualmente, de 1968 a 1971.
trou que o número total de incêndios veiculares, em
acidentes com veículos de passeio diminuiu 20% (±
5%), enquanto o número de incêndios veiculares em Impacto na mobilidade
acidentes com vítimas envolvendo veículos de pas-
seio diminuiu 12% (± 2%). Não houve alterações no Medidas contra incêndio veicular não têm nenhum
número de incêndios em acidentes fatais com veícu- impacto documentado na mobilidade.
los de passeio, nem no número de incêndios em aci-
dentes envolvendo caminhões ou ônibus escolares.
Impacto no meio ambiente
Um estudo dinamarquês (Fredriksen,1971) mos-
trou a seguinte frequência de incêndios (incêndio Medidas contra incêndio veicular não têm nenhum
por 1.000 veículos registrados) para automóveis impacto documentado no meio ambiente.
com diferentes localizações do motor e do tanque
de combustível:
Custos
• motor na frente e tanque de combustível atrás:
0,19; Não há informações sobre quanto custam as medi-
• motor atrás e tanque de combustível na frente: das contra incêndio veicular na Noruega.
0,25;
• motor e tanque de combustível atrás: 0,70.
Avaliações de custo-benefício
Estes números mostram incêndios por automóvel
registrado e não incêndios por acidente em que O número anual de vítimas em incêndios veiculares
os automóveis estariam envolvidos. As diferenças na Noruega é muito pequeno e pode ter grandes va-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 649
riações de um ano para outro. Enquanto os custos de dutos perigosos são formalmente definidos como
medidas contra incêndio veicular forem desconheci- substâncias consideradas perigosas de acordo com
dos, não serão feitas análises de custo-benefício. a Convenção ADR ou que tenham propriedades e
grau de perigo semelhantes. A ADR divide as subs-
tâncias e artigos perigosos em classes de risco com
Responsabilidade e procedimentos formais base em suas propriedades. As classes de perigo na
ADR são as seguintes (Vegdirektoratet og Direkto-
Iniciativa para a medida ratet for brann- og eksplosjonsvern, 1994):
A iniciativa para a medida pode ser tomada por au- • Classe 1 Substâncias explosivas e objetos;
toridades viárias e outros órgãos competentes. • Classe 2 Gases comprimidos, liquefeitos ou dis-
solvidos sob pressão;
• Classe 3 Líquidos inflamáveis;
Requisitos e procedimentos formais • Classe 4.1 Sólidos inflamáveis;
• Classe 4.2 Substâncias sujeitas à combustão es-
A Agência Nacional de Administração de Vias Pú- pontânea;
blicas da Noruega adota regulamentações veiculares • Classe 4.3 Substâncias que libertam gases inflamá-
e formula determinações sobre veículos em coope- veis em contato com a água;
ração com a indústria automobilística e participan- • Classe 5.1 Substâncias oxidantes;
do de cooperações técnicas internacionais de veí- • Classe 5.2 Peróxidos orgânicos;
culos. Novos requisitos técnicos de incêndio para • Classe 6.1 Substâncias tóxicas;
materiais utilizados em ônibus foram aprovados – • Classe 6.2 Substâncias infecciosas;
reg. 118 da ECE. • Classe 7 Material radioativo;
• Classe 8 Substâncias corrosivas;
Veículos registrados para mais de 8 passageiros, am- • Classe 9 Substâncias e objetos perigosos diversos.
bulâncias e tratores devem ser equipados com extin-
tores de incêndio. Outros requisitos para sistemas As informações sobre o grau de periculosidade dos
de combustível veicular aparecem no capítulo 22 da produtos nas classes individuais de risco que são
regulamentação veicular. transportados em vias públicas na Noruega estão
nos periódicos de pesquisa sobre caminhões das
Estatísticas da Noruega (Statistisk Sentralbyrå).
Responsabilidade pela execução da medida As informações sobre produtos ADR vieram pela
primeira vez nas pesquisas de 2003. Antes desse
A indústria automobilística é responsável pelo cum- período, havia informações a respeito de produtos
primento dos requisitos veiculares pelos veículos petrolíferos refinados, como os listados a seguir, em
novos, importados para a Noruega ou montados 10 Substâncias e produtos explosivos e 30 Líquidos
no país. A Agência Nacional de Administração de inflamáveis. O resumo da tabela 4.28.1 mostra o de-
Vias Públicas da Noruega testa amostras de veículos senvolvimento de 1993 a 2006 no âmbito do trans-
homologados para se certificar da obediência ao sis- porte de produtos perigosos nas vias da Noruega,
tema de homologação. de acordo com as pesquisas sobre caminhões da
Estatísticas da Noruega.
em transporte terrestre) e 8,45 pessoas ficaram feri- to para acidentes com vítimas isso somente ocorre
das (das quais 8,09 em acidentes de viação e 0,36 em em cerca de um de cada três. A explicação para
acidentes de trem). estas diferenças é provavelmente de que há uma
distribuição desigual entre os tipos de acidentes. A
Segundo Rødseth et al. (2008), entre 1995 e 2005 maioria dos acidentes com danos materiais são saí-
cerca de 90% dos acidentes ocorreram em vias ter- das de pista com capotamento. A maioria dos aci-
restres e 7% em vias férreas. Dos acidentes, 67% dentes com vítimas são colisões. Fogo ocorre muito
estão relacionados com o transporte e 33% estão raramente, para um total de pouco menos que 3%
relacionados com o manuseio de produtos perigo- dos acidentes. As consequências potenciais dos aci-
sos. A maioria (71%) dos acidentes acontece com dentes durante o transporte de produtos perigosos
carga em tanques; 29%, com carga geral. Entre os ainda é muito grande.
65 acidentes com vítimas que ocorreram entre 1995
e 2005, a relação com transporte de produto perigo- Dados dos EUA mostram que 99% das mortes e fe-
so tem sido de grande importância para a causa do rimentos, ocorridos em acidentes envolvendo veícu-
acidente em 23% dos casos (Rødseth et al., 2008). los que transportam produtos perigosos ocorreram
devido à própria colisão, e não ao produto perigoso
As consequências dos acidentes durante o transpor- que transportavam. Apenas 13-15% de todos os
te de produtos inflamáveis em vias da Noruega são acidentes envolvendo produtos perigosos levam a
geralmente bem pequenas. A figura 4.28.1 mostra vazamentos (Harwood, Russell e Viner, 1989).
as possibilidades das diferentes consequências dos
acidentes durante a condução, calculados com base O risco de acidentes com vítima durante a condu-
em todos os acidentes registrados no período de ção de caminhão-tanque com produtos inflamáveis
1990 a 1995. para o período 1990-1994 foi estimado em 0,12 aci-
dente com vítima por milhão de veículo-km (Bor-
A possibilidade de que apenas ocorram danos ma- ger, 1996). Este risco é consideravelmente menor
teriais em um acidente durante o transporte de que o risco de acidentes para os veículos pesados
produtos perigosos é de cerca de 85%. Em cerca em geral (Sætermo, 1995). A diferença no risco de
de dois a cada três acidentes com danos materiais acidente é comentada em detalhes no item Impacto
ocorre vazamento de produtos inflamáveis, enquan- sobre os acidentes.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 651
Incêndio
Vazamento (0.01)
(0.66)
Sem Incêndio
Danos materiais (0.99)
(0.85)
Incêndio
Sem vazamento (0.01)
(0.34)
Sem Incêndio
(0.99)
Accidentes
Incêndio
Vazamento (0.00)
(0.34)
Sem Incêndio
Vítimas (0.99)
(0.15)
Sem vazamento Incêndio
(0.66) (0.05)
Sem Incêndio
(0.95)
Figura 4.28.1: A árvore de possibilidades para as consequências dos acidentes durante o
transporte de produtos inflamáveis nas vias da Noruega entre 1990 e 1995.
As metas das medidas de segurança para produtos tos formais). A formação em transporte de produtos
perigosos a que este capítulo se refere são: perigosos é descrita no capítulo 6.7.
trofes e suas consequências é pouca, porque esses produtos inflamáveis na Suécia não é de forma al-
eventos são raros. guma conhecida.
O risco de acidente durante o transporte de pro- Escolha do modo de transporte para o transporte
dutos perigosos em comparação com outros pro- de produtos perigosos: Há alguns estudos em que
dutos: Há um cálculo do risco de acidentes com foram comparados diferentes meios de transporte
vítimas durante o transporte de produtos inflamá- com o número de acidentes esperados durante o
veis em comparação com o transporte de outros transporte de um determinado tipo de produto pe-
produtos na Noruega para o período de 1980 a rigoso em uma determinado trecho (Jenssen, 1977,
1985 (Elvik, 1988) e de 1990 a 1994 (Borger, 1996) Elvik, 1985, Purdy, 1993, Freden, 1994). A tabela
e na Suécia para o período de 1988 a 1990 (Nilsson, 4.28.3 resume os resultados destes estudos.
1994). Os resultados dos cálculos são mostrados na
tabela 4.28.2. As várias análises não mostram resultados conclu-
sivos, e é difícil generalizar. Parece claro que possa
Tabela 4.28.2: Os riscos durante o transporte viário de haver grandes diferenças de risco entre as diferentes
produtos perigosos em comparação com o transporte de soluções de transporte de produtos perigosos. Se um
outros produtos.
determinado tipo de produto perigoso transportado
Acidentes com vítimas regularmente em grandes quantidades em uma região
País Período por milhão de veículo-km específica em que é possível escolher entre soluções
Perigo de incêndio Outros produtos de transporte diferentes, deve-se considerar, portanto,
o risco que cada modo de transporte pode acarretar.
Noruega 1980-85 0,15 0,59
Nem sempre é possível escolher a solução que ofereça
Noruega 1990-94 0,12 0,48
o menor risco, caso isso possa ter outras desvantagens
Suécia 1988-90 0,49 0,46
que se queiram evitar. Ainda assim, o conhecimento
sobre os níveis de risco em diferentes modos de trans-
O risco de acidentes com vítimas durante o trans- porte é relevante na avaliação de alternativas.
porte de produtos inflamáveis nas rodovias da
Noruega foi, tanto para o período de 1980 a 1985 Experiências com proibições de transporte e re-
quanto de 1990 a 1994, aproximadamente 75% me- comendação de transporte em determinadas vias:
nor que o risco de vítimas durante o transporte de Pode ser obrigatória a utilização de determinadas
outros produtos. Uma diferença semelhante foi en- vias para o transporte de produtos perigosos. Em
contrada na Suécia. um experimento em Windsor, na Inglaterra, não se
conseguiu demonstrar qualquer impacto sobre os
Os requisitos de segurança são mais rigorosos para acidentes com a proibição de veículos pesados em
o transporte de produtos inflamáveis que para o determinadas vias (Barton, 1980). O número de aci-
de outras mercadorias. Na medida em que estes dentes com vítimas com veículos pesados aumentou
requisitos são cumpridos, é natural supor que esta de 24 para 26. Outros acidentes com vítimas dimi-
diferença de risco entre produtos inflamáveis e ou- nuíram de 244 para 240. Não foram dadas informa-
tros produtos no mínimo se deva aos requisitos de ções a respeito da proibição.
segurança. No entanto, não é possível dizer mais
concretamente quais dos requisitos de segurança Uma proibição de transporte de carga semelhante
explicam a diferença de risco. A explicação para em Lymm (Christie e Prudhoe, 1980) levou a uma
o elevado nível de risco de caminhões-tanque com diminuição de 65% no tráfego pesado pela cidade.
O número de acidentes envolvendo veículos pesa- produtos perigosos não estão disponíveis. As esta-
dos caiu de 3, no período de quatro anos antes da tísticas oficiais da receita do frete por toneladas-km
proibição, para 0, nos primeiros dez meses após a não sugerem que estes difiram significativamente
proibição. Estes números são muito pequenos para entre produtos perigosos e outras mercadorias.
se tirarem conclusões estatisticamente confiáveis a
respeito da mudança no número de acidentes.
Avaliações de custo-benefício
Avaliação de possíveis medidas contra acidentes
durante o transporte de produtos perigosos: Russell Não existem estudos sobre o valor do custo-bene-
(1993) descreveu 11 tipos de acidentes concebíveis fício das medidas atuais de segurança dos produ-
durante o transporte de produtos perigosos para tos perigosos. O risco de acidentes com vítimas no
uma seleção de especialistas e pediu-lhes que ava- transporte de mercadorias que não são classificadas
liassem os efeitos das diferentes medidas possíveis como perigosas é cerca de 4 vezes maior do que o
para reduzir a probabilidade e as consequências dos transporte de produtos perigosos. Se o transporte
diferentes acidentes possíveis. As pesquisas foram de produtos perigosos tivesse o mesmo risco que
feitas pelo chamado método Delphi, em que a meta outros transportes viários de mercadorias em 1997,
principal era chegar a um consenso entre os especia- foi estimado que o número anual de acidentes com
listas sobre os impactos das diferentes medidas. vítimas aumentaria em cerca de 18 por ano. O custo
de 18 acidentes com feridos em 2011 seria de aproxi-
Um dos tipos de acidente foi o de saída de pista com madamente NOK 88,7 milhões. Se o custo anual da
vazamento de carga perigosa perto de uma área den- segurança de produtos perigosos for menor que isso,
samente povoada. Saída de pista com subsequente as medidas seriam socioeconomicamente rentáveis.
vazamento, de acordo com estatísticas norueguesas, é
um tipo comum de acidente durante o transporte de Uma análise socioeconômica de melhores conexões
produtos perigosos nas rodovias. Para evitar este tipo viárias entre a refinaria Esso, em Slagentangen, e a
de acidente, uma rampa de escape para saídas de pis- E18 mostrou que os ganhos da sociedade podem
ta para veículos pesados foi considerada uma medida justificar investimentos na ordem de NOK 80-110
potencialmente mais eficaz, com um impacto estima- milhões (Nicolaysen, 1995). Os possíveis efeitos dos
do em 70% de redução de acidentes. Uma barreira investimentos nos acidentes e no meio ambiente não
de contenção reforçada foi considerada capaz de re- foram incluídos nesta avaliação. Só foram conside-
duzir estes acidentes em 30% (Russell, 1993). radas as economias diretas nos custos de transporte.
classificação, rotulagem dos produtos e normas de re a derrapagem do veículo. Os motivos podem ser
embalagem. As determinações ADR são parte inte- alta velocidade em curva horizontal, tentativa de
grante da regulamentação do transporte internacio- evitar o choque com um obstáculo, pista molhada
nal de produtos perigosos. O ADR é atualizado a ou mesmo a combinação de todos esses fatores. Na
cada dois anos. De acordo com o órgão em questão, combinação desfavorável de velocidade, direção do
é permitido entrar em acordos multilaterais sobre o veículo e atrito, o automóvel pode ter um comporta-
transporte de produtos perigosos que difiram das mento sobresterçante ou subesterçante. O sobrester-
disposições do ADR. çamento pode fazer com que o veículo sofra uma ro-
tação para o mesmo lado (para a esquerda em curvas
Os motoristas que transportam produtos perigosos à esquerda, por exemplo); o subesterçamento, que
devem passar por um curso de formação especial leva à perda de controle, pode fazer com que o veí-
em organizações credenciadas. A Agência Nacional culo vire em menor grau do que deveria e vá mais em
de Administração de Vias Públicas da Noruega é linha reta que em linha curva. Os acidentes em que
responsável por aprovar e controlar os veículos de o condutor perde o controle do veículo podem levar
transporte de produtos perigosos e emitir o certifi- à saída de pista, capotamento ou colisão lateral e são
cado de aprovação ADR, de acordo com as disposi- com frequência mais graves que outros acidentes.
ções do ADR, Parte 9.
Para a maioria dos condutores é difícil reagir apro-
priadamente quando o veículo começa a derrapar.
Responsabilidade pela execução da medida Uma reação apropriada, no geral, é tirar o pé do
acelerador e dirigir com menor movimentação de
É o DSB que supervisiona se as determinações das volante, para que as rodas mantenham-se o mais
regulamentações de transporte terrestre estão sendo paralelas possível à direção desejada. Uma grande
obedecidas. O DSB, a Agência Nacional de Admi- movimentação do volante ou dos freios pode agra-
nistração de Vias Públicas da Noruega, a polícia e a var a situação. O condutor não tem, como em um
alfândega têm autoridade de supervisão e controle sistema antiderrapagem, a possibilidade de retificar
do transporte viário de produtos perigosos. uma derrapagem somente com os freios das rodas.
• velocidade angular (rotação horizontal do veículo • controle de torque (Engine Drag torque Control,
em torno de seu próprio eixo), velocidade e ace- EDC): O EDC aumenta a estabilidade lateral
leração lateral; das rodas traseiras, aumentando a velocidade das
• atividades do condutor (movimentos de volante, RPM do motor, de acordo com a frenagem com
pisada no acelerador/freio); ABS. Assim, evita-se a redução da controlabilida-
• tração, câmbio e RPM; de dos veículos de tração dianteira e da estabili-
dade em veículos de tração traseira, decorrente
• velocidade da rotação das rodas.
do efeito da frenagem do motor e da inércia das
rodas após a frenagem.
Para reduzir a derrapagem, o ESC pode frear uma
única roda e regular a força da tração individual- O ESC pode, em muitos casos, impedir a derrapa-
mente entre as rodas. No sobresterçamento, a força gem e o capotamento do veículo, mas nem sempre
de frenagem é particularmente reforçada externa- pode compensar o baixo atrito ou os erros, tais
mente nas rodas dianteiras, que são freadas de for- como em curvas em alta velocidade.
ma mais potente por um breve momento. No subes-
terçamento, a força de frenagem é particularmente
O ESC tem sido vendido como equipamento espe-
reforçada de forma interna nas rodas traseiras. O
cial para automóveis de luxo desde 1995 e, a par-
torque do motor pode ser reduzido para aumentar
tir de 1997, foi introduzido como equipamento de
o atrito e desacelerar. Normalmente o ESC não atua
série em vários veículos. Em 2009, cerca de 93%
contra as ações do condutor (frenagem, aceleração,
de todos os automóveis novos vendidos na Norue-
etc.), exceto em algumas situações.
ga eram equipados com o ESC como item de série;
em 2011, eram 99%. Alguns caminhões têm um
Para obter um melhor efeito, o ESC pode ser conec- controle análogo ao ESC, que tem como principal
tado a outros sistemas de direção veículo, tais como: finalidade evitar que o rodotrem ou o semirreboque
capotem.
• sistema de freios antitravamento (Antilock Brake
System, ABS; veja o capítulo 4.3) O ABS impede
o travamento das rodas durante a frenagem para Impacto sobre os acidentes
que não se perca o controle do veículo;
• distribuição eletrônica da força de frenagem/ O ESC pode atuar sobre acidentes em que o veícu-
bloqueio do diferencial (Electronic Brake lo perde a tração total ou parcialmente e derrapa
power Distribution, EBD): O EBD distribui ou capota. As causas destes acidentes podem ser
a força de frenagem entre os eixos dianteiro e a velocidade muito elevada durante uma curva ou
traseiro para melhor performance durante uma em manobras evasivas e reações bruscas do condu-
frenagem mais forte. O aumento da força de tor (como, por exemplo, virar a direção no sentido
travamento sobre as rodas traseiras proporcio- oposto). O impedimento de um acidente depende
na uma distância de frenagem mais curta; no de fatores como condições de condução, velocidade
entanto, o travamento das rodas traseiras pode e objetos de colisão (como outros veículos, árvores
fazer com que o condutor perca o controle do e postes). Os acidentes que não são evitados com o
veículo. Com o EBD, uma parte maior da for- ESC ainda podem ter suas consequências minimi-
ça de frenagem é destinada às rodas traseiras; zadas se o veículo não chegar a capotar ou colidir
se estas começam a ser bloqueadas, a força de lateralmente com um objeto fixo ou outro veículo,
frenagem é retirada das rodas traseiras e passa por exemplo (Newgard et al., 2005).
para as dianteiras;
• sistema de controle de tração (Traction Control Os impactos do ESC sobre o número de acidentes
System, TCS): O TCS impede a rotação das rodas foram pesquisados nos seguintes estudos:
e, portanto, pode evitar derrapagens quando se
acelera. O TCS usa o EBD para regular o giro das Aga & Okada, 2003 (Japão);
rodas. O controle do motor também reduz suas Bahouth, 2005 (EUA);
rotações por minuto, de modo que a aderência Farmer, 2006 (EUA);
das rodas à superfície do pavimento é recupera- Green & Woodroffe, 2006 (EUA);
da. O TCS pode, em certa medida, evitar o su- Kreiss et al., 2006 (Alemanha);
besterçamento em veículos de tração dianteira e o Lie et al., 2006 (Suécia);
sobresterçamento em veículos de tração traseira; Page & Cuny, 2006 (França);
656 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.29.1: Impactos do ESC no número de acidentes (com base em estudos com controle das características dos
condutores). Porcentual de alteração no número de acidentes; AV: Acidentes com vítimas, AF: acidentes fatais.
efeitos pequenos. Não foi encontrada nenhuma al- com ESC dirigem mais rápido do que deveriam em
teração significativa sobre os acidentes que envol- relação às características da via ou às condições de
vem pedestres, ciclistas ou animais. condução, ou que alguns condutores dirigem sob
condições mais difíceis do que fariam sem o ESC.
Gravidade dos acidentes. Os resultados para vários Por outro lado, pode-se supor que os condutores
tipos de acidentes sugerem que o ESC tem maiores em veículos com ESC estavam “mais seguros” que
impactos nos acidentes fatais que nos acidentes de os outros (Høye, 2010), enquanto o ESC era op-
menor gravidade. Os resultados para acidentes com cional em alguns modelos de veículos. Esta mesma
feridos e acidentes com gravidade não especificada tendência foi observada para o sistema ABS e para
estão misturados na tabela 4.29.1, pois não há dife- airbags (Winston et al., 2006).
renças sistemáticas ou significativas entre os efeitos
sobre acidentes com lesões e acidentes com gravida-
de não especificada. Impacto na mobilidade
SUVs/vans vs veículos de passeio. O ESC apresen- O ESC não tem nenhum impacto documentado em
ta maior efeito em SUVs/vans que em veículos de relação à mobilidade. É possível que alguns con-
passeio para a maioria dos tipos de acidentes, o que duzam mais rápido ou em condições mais adversas
é explicado pela maior chance de capotamento das (neve, gelo) com um veículo equipado com ESC do
SUVs/vans em comparação aos veículos de passeio, que fariam sem o ESC.
em razão do seu centro de gravidade mais alto.
Pista molhada vs pista seca. Foi demonstrado que Impacto no meio ambiente
o ESC tem um impacto maior em pista molhada
que em pista seca. A explicação é que a maioria O ESC não tem nenhum impacto documentado so-
dos condutores não adapta a velocidade de con- bre o meio ambiente. Em combinação com pneus
dução ao estado do pavimento, ou seja, o compor- de inverno adequados, o ESC melhora a dirigibili-
tamento em pista molhada que proporciona me- dade na neve ou no gelo, o que pode reduzir a ne-
nor atrito não necessariamente é compensado por cessidade de pneus com pregos. O peso e a energia
um modo mais prudente de conduzir (Vaa et al., para o sistema ESC implicarão apenas um aumento
2002). Portanto, provavelmente há mais acidentes mínimo no consumo de combustível.
que envolvem derrapagens em pista molhada que
em pista seca.
Custos
Condutores (jovens) inexperientes. São sobre re-
presentados nos acidentes individuais em que o Em 2005 o custo médio adicional para um veículo
condutor perde o controle do veículo, de modo de passeio novo com ESC foi estimado em aproxi-
que o ESC pode, por este motivo, ser considerado madamente € 250 (European Commission, 2005).
como tendo maior efeito entre os jovens do que Em 2010, o ESC custava, como item opcional, entre
entre os condutores mais experientes. Em 20% de NOK 4.000 e 5.000. Hoje em dia quase todos os
todos os acidentes que envolvem condutores jovens, automóveis novos têm ESC como item de série.
a derrapagem é fator determinante, enquanto que
na faixa etária entre 56-65 este é o caso em apenas
5% dos acidentes (Zobel et al., 2000). Uma possível Avaliações de custo-benefício
explicação é que os condutores experientes têm me-
lhor controle sobre o veículo em situações críticas Elaborou-se um cálculo para estimar os custos dos
(Breuer, 1998). danos que o ESC pode impedir quando instalado
em um veículo novo comprado em 2011. Os custos
Adaptações comportamentais. Ainda não se inves- totais esperados das lesões para condutores e pas-
tigou se o ESC leva a mudanças comportamentais sageiros neste veículo é de cerca de NOK 45.400
dos condutores, mas estudos antigos mostraram que (valor presente). Caso assuma-se que o ESC reduz
a maioria não sabia o que é ESC ou se seu carro os custos das lesões em 10% e se seu custo adi-
tinha ESC ou não. No entanto, isso pode ter sido cional não for mais que NOK 4.540, comprar um
alterado pelo fato de o ESC ter se tornado mais automóvel com ESC será socioeconomicamente
comum. Pode-se imaginar que alguns condutores rentável.
658 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Os custos dos danos esperados são calculados de do com a lei de administração pública. Isso significa
acordo com as seguintes premissas: o automóvel que as partes interessadas devem ter a oportunidade
roda por 18 anos e roda mais quando mais novo de opinar antes que uma mudança seja adotada. Os
do que quando mais velho. O número esperado de requisitos para automóveis novos afetam principal-
mortos e feridos em acidentes envolvendo estes veí- mente a indústria automobilística. A indústria auto-
culos para cada ano seria entre 2.011 e 2.028 (calcu- mobilística deve ter a oportunidade de pronunciar-
lado com base na projeção do número de mortos e se antes da adoção de alterações.
feridos e do número de veículos entre 1983 e 2009).
Os custos dos danos para mortos, feridos graves e
feridos leves seriam conforme recomendados em Responsabilidade pela execução da medida
Veisten et al. (2010). A taxa de juros é de 4,5%.
Os fabricantes ou importadores de veículos são
responsáveis por garantir que os requisitos de veí-
Responsabilidade e procedimentos formais culos novos e as homologações concedidas sejam
cumpridas. Os postos da Agência Nacional de Ad-
Iniciativa para a medida ministração de Vias Públicas da Noruega realizam
verificações aleatórias de veículos homologados
A iniciativa para mudanças na regulamentação de (automóveis novos de fábrica antes de serem vendi-
veículos podem ser tomadas pela Agência Nacio- dos) para assegurar o cumprimento das regulamen-
nal de Administração de Vias Públicas da Norue- tações.
ga, pela indústria automotiva ou como resultado
da participação da Noruega na cooperação técnica O Ministério das Finanças é responsável pelos im-
automobilística internacional. postos sobre os veículos e pode impor deduções
para automóveis equipados com ESC.
A redução de impostos para veículos novos com
ESC pode ser estipulada pelo Ministério da Fazen-
da. As seguradoras podem reduzir os prêmios de 4.30 Regulamentação de tamanho
seguro para veículos equipados com sistema ESC. e peso dos veículos pesados
As seguradoras podem impor reduções de prêmios O capítulo foi escrito em 2010 por Alena Høye
de seguro para veículos com ESC. Uma vez que o (TØI)
efeito do ESC é essencialmente limitado aos aciden-
tes sem danos de terceiros, as reduções dos prêmios
de seguro provavelmente seriam limitadas a um Problema e finalidades
seguro contra lesões e danos materiais correspon-
dentes ao veículo segurado. As reduções de prêmios Acidentes com veículos pesados são frequentemen-
de seguro para terceiros provavelmente seriam de te mais graves que outros acidentes. Eles constituem
pouco interesse para as seguradoras. por seu maior peso, um perigo para os outros usuá-
rios da via. Em acidentes em que veículos pesados
estão envolvidos, normalmente é a contraparte que
Requisitos e procedimentos formais tem os maiores danos. As estatísticas da SSB (2000-
2008) mostram quantos condutores de diferentes
Não estão estabelecidos requisitos formais nos Re- tipos de veículos e quantas outras pessoas ficaram
gulamentos Noruegueses para as características dos feridas em acidentes (tabela 4.30.1). A tabela mostra
veículos, características de condução, controle de também a razão matemática das lesões entre outras
derrapagem e estabilidade, além das exigências de pessoas e as lesões nos condutores do tipo presente
limites de altura, comprimento, largura e peso. Não de veículo envolvido e a mesma razão para mortos.
há nenhum benefício fiscal para veículos com siste- A tabela mostra, por exemplo, que para caminhões
ma ESC. Os pré-requisitos no tocante às exigências com carreta há 3,45 vezes mais lesões de ocupantes
ou impostos são uma definição aprovada, testes e nos outros veículos envolvidos no acidente que nos
critérios para o funcionamento do ESC. condutores dos caminhões com carreta, e que há
8,63 vezes mais mortos nos outros veículos envol-
Alterações na Regulamentação Veicular devem ser vidos no acidente que entre os condutores de cami-
tratadas como uma alteração regulamentar de acor- nhões com carreta.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 659
Tabela 4.30.1: Lesões por acidente nos ocupantes do próprio veículo (veículo 1) em questão e nos ocupantes do segundo
veículo envolvido na colisão (veículo 2).
Razão Razão
Número de lesões por acidente nos Número de lesões por
Tipo de veículo lesões veículo 2/ mortos veículo 2/
condutores do veículo 1 acidente no veículo 2
veículo 1 veículo 1
Ônibus 0,10 0,90 9,06 16,4
Caminhão (sem carreta) 0,23 1,00 4,34 7,14
Caminhão com carreta (reboque/
0,30 1,03 3,45 8,63
semirreboque)
Veículo de passeio 0,67 0,30 0,44 0,38
Motocicleta 1,04 0,09 0,08 0,02
Na Suécia, a razão entre mortos em caminhões e os acidentes com danos materiais. Em colisões en-
outras pessoas é de 13,3 (Vierth, Berell e McDa- tre caminhões e outros veículos, 80% de todos os
niel, 2008). Na Finlândia, a razão entre mortos em mortos são condutores ou passageiros dos outros
ônibus (condutores, passageiros e outras pessoas) é veículos (Stevens et al., 2001).
de 9,1 (Soininen, 2004). Na Holanda, a razão entre
mortos no veículo 1 (em questão) e mortos no veí- As informações existentes sobre o fluxo de cami-
culo 2 (contraparte) na colisão é de 4,0 para vans, nhões são insuficientes (Borger, 1991; Sætermo,
16,7 para caminhões e 2,2 para veículos de passeio. 1995). O índice de risco é, portanto, incerto. As se-
guintes estimativas foram fornecidas pela frequên-
Na Grã-Bretanha, os veículos pesados compreen- cia em que diferentes tipos de veículos estão envol-
dem 1,3% de todos os veículos registrados, rodam vidos em acidentes com vítimas notificados à polícia
5,8% do total dos quilômetros rodados por veículos por milhão de veículos-km (figura 4.30.1).
motorizados e estão envolvidos em 18,2% de todos
os acidentes fatais (Robinson, Watterson, Dodd,
Minton e Gard, 2009). Nos EUA, os caminhões aci- Descrição da medida
ma de 10.000 libras são 3% de todos os veículos,
rodam 7% de todos os veículos-km e estão envol- Neste capítulo estão descritas as relações entre os
vidos em 8,7% de todos os acidentes fatais, 2,4% acidentes e o peso total de veículos pesados, o com-
de todos os acidentes com vítimas e 4,2% de todos primento de caminhões com carreta, os diferentes
0,19
Caminhão com carreta 0,12
0,07
0,23
Caminhão 0,13
0,04
0,39
Ônibus 0,04
0,01
0,09
Van 0,06
0,01
0,22
Veículo de passeio 0,15
0,04
0,76
Motoc. pesada 0,88
0,44
1,04
Motoc. leve 0,48
1,39
0,72
Ciclomotor 0,16
1,22
0,48
Bicicleta 0,19
1,16
0,17
Pedestres 0,62
0,26
tipos de caminhões com carreta, como, por exem- tre 2005 e 2008 mostram que, em geral, cavalos me-
plo, bitrens e caminhões com múltiplas carretas. cânicos com semirreboques estiveram envolvidos
em 12 de 15 (80%) dos acidentes com saída de pista
com caminhões com carreta, enquanto os mesmos
Impacto sobre os acidentes constituem apenas 50% de todos os caminhões com
carretas envolvidos em todos os acidentes fatais com
Peso total dos caminhões e caminhões com carreta: este tipo de veículo. Embora o número de aciden-
vários outros estudos têm mostrado que o aumen- tes seja pequeno e a exposição seja desconhecida,
to do peso total de caminhões ou caminhões com os resultados indicam que cavalos mecânicos com
carreta com cerca de 3 a 5 toneladas reduz o risco semirreboques têm maior risco de saída de pista que
de acidentes com danos materiais em 4% (-15; +8) outros caminhões (Assum e Sørensen, 2010).
e aumentam o risco de acidentes com vítimas em
22% (+11; +33) (Vallette, McGee, Sanders e Enger, Bitrem: o padrão da União Europeia para cami-
1982; Statistisk Sentralbyrå, 1994). O número de nhões com carreta é um comprimento máximo de
acidentes fatais aumenta em 96% (Hertz, 1988). O 18,75 m e massa de 40 toneladas. Na Noruega, a
aumento no risco de acidentes graves pode, entre massa máxima permitida é de 50 toneladas e, para
outros motivos, estar relacionado à maior distância caminhões com carreta transportando madeira, é de
de frenagem gerada pelo aumento do peso. Os veí- 22 toneladas em alguns municípios. No território
culos mais pesados também costumam ser maiores norueguês foram realizados testes com caminhões
(em largura e comprimento) que outros veículos de no máximo 25,25 m/60 toneladas em trechos
pesados. selecionados de rodovias. Na Suécia e na Finlândia
esses caminhões já são permitidos. Em outros países
Ainda assim, não necessariamente se deve afirmar europeus, como nos Países Baixos, por exemplo,
que restrições mais rigorosas de peso de veículos pe- foram e estão sendo realizados testes com bitrens.
sados reduzirão o número de acidentes. Restrições O sistema modular torna possível montar longas
de peso mais rigorosas significam que uma determi- plataformas de veículos, normalmente incluídas nas
nada quantidade de mercadoria, calculada em tone- combinações de comprimentos aceitos nos requi-
ladas, deverá ser dividida entre mais veículos que os sitos gerais da União Europeia (16,5m ou 18,75m;
que circulam atualmente. Isso aumentaria o número Eidhammeret al., 2000):
de quilômetros percorridos, o que contribuiria para
mais acidentes. A diferença de peso entre veículos • cavalo mecânico e semirreboque com compri-
pesados e leves, mesmo depois de uma significativa mento de 13,6 m e reboque com comprimento de
redução da massa total (de, por exemplo, 50 para 25 carga de 7,825m;
toneladas), continuaria tão grande que, da mesma • caminhão com comprimento de carga de 7,825m,
forma, os veículos pesados continuariam causando dolly e semirreboque com comprimento de carga
danos aos demais usuários (Harms, 1992). de 13,6m;
• cavalo mecânico e semirreboque com comprimen-
Comprimento dos caminhões com carreta: o au- to de carga de 7,82 m e semirreboque no semirre-
mento de 1 metro no comprimento dos caminhões boque com comprimento de carga de 13,6 m.
com carreta com extensão entre 10 e 25 metros pa-
rece ter pouco impacto no número de acidentes (+ Com o bitrem, o número de veículos-km com veí-
2%; intervalo de confiança de 95% [-7, 12]) (Valle- culos pesados pode ser reduzido, mas é provável
tte et al., 1981; Kommunikationsdepartementet, que os acidentes sejam mais graves do que com os
1977). Caminhões com carreta longos ocupam mais caminhões mais leves (Eidhammer, Sørensen e An-
espaço e levam mais tempo para ultrapassar veí- dersen, 2009). As desvantagens relativas à seguran-
culos mais curtos. Estes fatores, de forma isolada, ça são, entre outras, que os bitrens têm maior peso
provavelmente aumentam o risco de acidente. Por total, distância de frenagem mais longa, menor es-
outro lado, veículos longos podem carregar mais tabilidade e são mais difíceis de manobrar que os
carga que os mais curtos. Regulamentações mais ri- caminhões com apenas uma carreta. Os assistentes
gorosas provavelmente aumentariam o número de de freio eletrônicos para veículos pesados que exis-
caminhões e veículos pesados nas rodovias. tem não são para os caminhões com mais de dois
elementos. Alguns dos bitrens consistem de três
Diferentes tipos de caminhões com carreta: análises elementos e por isso têm problemas com sistemas
aprofundadas sobre acidentes fatais na Noruega en- eletrônicos de freio (Åkerman e Jonsson, 2007).
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 661
Até agora há pouca experiência com os bitrens e por dade acima de 65 km/h. Segundo Clarke e Wiggers
isso há poucas avaliações empíricas dos impactos (1998), os caminhões com várias carretas têm risco
no risco de acidentes. Estudos da Suécia sugerem 11% mais alto de envolvimento em acidentes fatais
que os custos de acidentes por veículo-km não têm que com apenas uma carreta. O maior aumento de
nenhuma relação com o peso total da combinação. risco para os caminhões com várias carretas foi en-
Os custos por veículo-km são de SEK 0,67 para ca- contrado nas rodovias nacionais.
minhões com carreta de 34-40 toneladas, SEK 0,63
para os de 40-50 toneladas e SEK 0,47 para os de 50-
60 toneladas. Segundo Vierthet al. (2008), os custos Impacto na mobilidade
de acidentes com caminhões com carreta aumenta-
riam entre 22% e 37% se os bitrens não fossem per- Bitrens e caminhões com várias carretas são mais
mitidos na Suécia, porque os caminhões com carre- longos e mais difíceis de manobrar que caminhão
ta convencionais precisam rodar mais quilômetros com carreta convencional, o que pode fazer com
que os bitrens para transportar a mesma quantidade que partes da rede rodoviária a ser utilizada por
de mercadoria (Vierthet al., 2008). O aumento do bitrens tenha que ser adaptada. Com bitrens no
risco de acidentes, entretanto, depende se o tráfego, lugar de caminhões com carreta comuns, estima-se
agora realizado com bitrens, passar a ser realizado que o número total de quilômetros percorridos por
com caminhões com carreta convencionais ou, em caminhões com carreta poderia ser reduzido entre
parte, com trens. Um estudo dos Países Baixos con- 24% e 32% (Trafikministeriet, 2004). Um estudo
cluiu que o esquema de permitir bitrens em trechos dos Países Baixos estimou que os engarrafamentos
da rede viária evita anualmente entre 4 e 7 mortes poderiam ser reduzidos entre 0,7% e 1,4% com a
e entre 13 e 25 lesões, principalmente pela redução permissão dos bitrens nas rodovias (Arcadis, 2006).
do número de veículos-km (Arcadis, 2006).
Não há números que mostrem os custos diretos as- Iniciativa para a medida
sociados às mudanças nas regras de peso e compri-
mento de veículos longos. Com essas mudanças, é A iniciativa de regulamentação sobre o peso e o ta-
provável que os maiores custos sejam os indiretos, manho dos veículos pode ser tomada pelo Minis-
sob a forma de aumentos nos custos do setor de tério dos Transportes, pela Agência Nacional de
transporte. Administração de Vias Públicas da Noruega, pela
indústria automotiva, por organizações empresariais
e industriais, empresas de transportes e indústria de
Avaliações de custo-benefício turismo. A Agência Nacional de Administração de
Vias Públicas da Noruega é responsável por adotar
Limites de peso: é difícil estimar o valor do custo qualquer alteração referente à regulamentação vei-
-benefício de limites de peso mais rigorosos para cular e aos regulamentos de uso dos veículos.
veículos pesados. Elaborou-se um exemplo de cál-
culo para um sistema de transporte hipotético em
que os veículos mais pesados conduzem 100 mi- Requisitos e procedimentos formais
lhões de quilômetros por ano e transportam 1,5 bi-
lhão de toneladas-km de mercadorias (15 toneladas Os requisitos técnicos para veículos pesados, in-
por quilômetro percorrido). Supondo-se que anual- cluindo os requisitos para peso e dimensões para ho-
mente o número de acidentes com vítimas com o en- mologação, estão previstos na regulamentação vei-
volvimento desses veículos seja de 75 por ano (0,75 cular. As regras sobre peso e dimensões permitidos
por milhão de veículos-km) a um limite de massa de para veículos em uso nas vias públicas da Noruega
75 toneladas, o número de quilômetros percorridos seguem os regulamentos sobre o uso de veículos.
em uma aproximação grosseira duplicaria para 200.
Supondo-se que o número de acidentes por milhão As disposições relativas ao peso e dimensões máxi-
de veículos-km tenha diminuído para 0,45, o núme- mos dos veículos individuais e caminhões com car-
ro de acidentes com vítimas será de 90 (200 x0,45), reta são encontradas no Anexo 1 dos regulamentos
o que quer dizer 15 a mais que antes de o limite de sobre o uso de veículos. O anexo também contém
velocidade ser introduzido. Além disso, o custo do uma lista de vias que especificam o comprimento e
transporte por toneladas-km praticamente triplica- o peso máximo permitidos para o trecho (cujo valor
rá. Este exemplo simples mostra que quase não há é atualizado anualmente). Da mesma forma, as listas
nenhum propósito em se introduzirem restrições de são publicadas para as vias das províncias e muni-
peso para os veículos pesados muito mais rigorosas cípios. O comprimento máximo admissível para os
que as que existem hoje para evitar acidentes de veículos individuais e caminhões com carreta de-
trânsito. pende se as vias são classificadas como vias de 12,40
m, 15 m ou 19,50 m. O peso máximo total depende
Bitrem: Eidhammeret al. (2000) realizaram análises da classe de uso (Bk) em que a via é classificada.
de custo-benefício da permissão de bitrens na No- O maior comprimento permitido de um caminhão
ruega na totalidade ou parte da rede rodoviária. Os com carreta é 19,50 metros em rodovias que na lista
resultados mostram que teria sido rentável permitir de vias são classificadas como vias de 19,50 m. A
o bitrem em toda a rede rodoviária, exceto em rotas massa máxima total admissível é de 50 toneladas nas
regulares em Hordaland, Sogne, Fjordane e Nor- vias listadas como Bk 10-50 toneladas.
dland. O benefício é de aproximadamente NOK
281 milhões (custos de transporte reduzidos, emis-
sões de CO2 e emissões locais), o custo é de cerca Responsabilidade pela execução da medida
de NOK 106 milhões (em acidentes, investimentos,
operação e manutenção da rede rodoviária). Teria O proprietário do veículo é responsável pelo cum-
sido menos rentável permitir bitrens em toda a rede primento das disposições em matéria de peso e di-
rodoviária e em outras vias de risco em todo o país, mensões e outros requisitos veiculares a qualquer
exceto Hordaland, Sogne, Fjordane e Nordland. momento. A Agência Nacional de Administração
Em Hordaland, Sogne, Fjordane e Nordland, os de Vias Públicas da Noruega realiza inspeções para
custos de investimento teriam sido tão altos que não verificar se os requisitos são cumpridos durante o
seria rentável permitir bitrens. uso. Uma multa é imposta pela sobrecarga, depen-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 663
Os freios ABS nas motocicletas têm como meta Highway Loss Data Institute, 2009 (EUA);
reduzir o perigo de que as rodas sejam travadas. Teoh, 2010 (EUA) e
Outra finalidade é reduzir a frenagem ineficiente, Rizzi et al., 2009 (Suécia).
provocada pelo receio do condutor de que, ao frear,
ele possa travar as rodas. Os resultados estão resumidos na tabela 4.31.1.
664 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.31.1: Impacto dos freios ABS em motocicletas na gravidade dos acidentes.
Porcentual de mudança no número de acidentes
Gravidade da lesão
Tipos de acidentes afetados Melhor estimativa Intervalo de confiança
Mortos Todos -36 (-53; -13)
Mortos Todos, exceto colisões -48 (-79; +27)
Feridos Todos -30 (-45; -12)
Feridos Todos, exceto colisões -38 (-78; +78)
Danos materiais Todos -22 (-28; -15)
Os freios ABS em motocicletas não têm nenhum im- Requisitos para freio de veículos estão estabelecidos
pacto documentado no meio ambiente. no capítulo 26 da regulamentação veicular. Em caso
de alteração, é dada a oportunidade aos interessa-
dos, tais como a indústria de motociclística, de pro-
Custos nunciarem-se (ref. forvaltningsloven).
ou Lane Keeping Aid (LA), destina-se a auxiliar os rológicas e de luminosidade, além de depende-
condutores quando o veículo está prestes a cruzar a rem de marcações viárias claramente visíveis e
linha divisória de faixas por falta de atenção, evitan- não cobertas por neve ou gelo (Lundkvist e Fors,
do, assim, uma saída da pista e/ou possíveis colisões 2010). Outros sistemas que têm sido propostos
com veículos nas faixas adjacentes. para uso associado ao LDW/LA são os identifi-
cadores de radiofrequência ou RFID (Radio Fre-
quency Identification), mapas digitais em com-
Descrição da medida binação com sistemas de navegação por GPS
combinados aos sensores de aceleração e rota-
Podem-se fazer as seguintes distinções entre os dois ção, sensores de luz e medidores de distância.
tipos diferentes de alertas de transposição involun-
tária de faixa, dependendo se o sistema for LDW (2) O momento em que o sistema deve ser ativado
(Lane Departure Warning) ou LA (Lane keeping (alertando o condutor ou reconduzindo o auto-
Aid). O LDW é um sistema de assistência ao con- móvel de volta para a faixa) geralmente é deter-
dutor que o alerta quando o veículo está prestes a minado pela proximidade com a sinalização da
cruzar a linha divisória de faixas em uma situação faixa e o tempo estimado para que o veículo a
em que o condutor não tem a intenção de mudar de cruze. O sistema é ativado pouco antes de o veí-
faixa e/ou de “ziguezaguear”; o condutor deve, nes- culo cruzar a linha divisória de faixas, quando
te caso, reconduzir o veículo adequadamente para não há nada que sugira que esta é a intenção do
a faixa. A maioria dos sistemas alerta tanto quando condutor, como, por exemplo, acionamento da
o veículo está prestes a cruzar a linha divisória de seta direcional, grande alteração do ângulo de
faixas da esquerda quanto a da direita. Dessa for- direção ou aceleração lateral.
ma, o LDW tem função semelhante às guias sonoras
(faixas sonorizadoras). (3) vO condutor pode ser notificado de diferentes
maneiras (com sinais visuais, sonoros ou por vi-
O LA, por sua vez, detecta quando o veículo está brações junto ao volante ou ao assento). O ob-
prestes a sair da pista sem a intenção do condutor, jetivo do alerta é aumentar a segurança dentro
da mesma forma que o LDW. Entretanto, diferente- do possível, obtendo uma resposta positiva do
mente do LDW, o LA reconduz o veículo de forma condutor em relação ao sistema.
automática de volta à sua faixa de origem por meio
da alteração do ângulo de direção. O movimento do Alguns fabricantes de automóveis oferecem o sis-
volante pode funcionar como um aviso para o con- tema de alerta de transposição involuntária de fai-
dutor; porém o LA também pode alertar o condu- xa como item opcional. Em princípio, também é
tor de outras maneiras, assim como o LDW. Com o possível instalá-lo posteriormente. Na Noruega os
LA, a tarefa é mais automatizada que com o LDW; sistemas de alerta de transposição involuntária de
teoricamente, o LA mantém o automóvel dentro da faixa estão disponíveis como equipamento opcional
faixa, sem o controle do condutor. No entanto, a para 4 dos 30 modelos de veículos mais vendidos
alteração angular de direção usada geralmente é pe- em 2009 (Høye, 2010).
quena, e o condutor pode controlar o sistema.
Alkim et al. (2007) estimaram que o LDW pode faixa. Estas análises são baseadas em suposições
reduzir o número de acidentes em 0,9% em vias sobre a eficácia do equipamento em questão para
principais e em 2,7% em vias secundárias. De acor- evitar acidentes. Como não existem estudos em-
do com Lind (2008), o número de acidentes fatais e píricos sobre os impactos nos acidentes em con-
acidentes com resultados potencialmente fatais se- dições reais de tráfego, os resultados são muito
ria reduzido em 2%, caso 10% de todos os veículos incertos.
fossem equipados com o LDW. Zeljko et al. (2003)
estimaram que em torno de 23% de todas as saídas Robin (2009) conclui que as empresas de transpor-
de pista de caminhões pesados em rodovias pode- te teriam um benefício entre USD 1,37 e 6,55 para
riam ter sido evitadas com o LDW. cada dólar gasto em dispositivos de alerta de trans-
posição involuntária de faixa. Lind (2008) estimou
O LDW pode ter um impacto indireto sobre a segu- os benefícios socioeconômicos desses alertas entre
rança, ao fazer com que os condutores sejam “for- 1,9 e 2,7 vezes maior que os custos.
çados” a usar a seta de forma consistente (este im-
pacto foi observado por Dingus et al. (2006)). Não
foi encontrada nenhuma tentativa de quantificar o Responsabilidade e procedimentos formais
impacto potencial no número de acidentes.
Iniciativa para a medida
Outro impacto indireto possível na segurança é o
fato de os condutores, por confiarem muito no sis- A iniciativa para alterações na regulamentação vei-
tema, tornarem-se menos atentos. cular pode ser tomada pela Agência Nacional de
Administração de Vias Públicas da Noruega, pela
indústria automotiva ou como resultado da partici-
Impacto na mobilidade pação da Noruega na cooperação técnica automobi-
lística internacional.
O alerta de transposição involuntária de faixa não
tem nenhum impacto documentado em relação à
mobilidade. Requisitos e procedimentos formais
4.33 Limitador de velocidade máxima Para os veículos que não estão sujeitos a limites
específicos de velocidade (como ciclomotores, tra-
O capítulo foi escrito em 2012 por Rune Elvik (TØI) tores, veículos pesados), o limitador de velocidade
máxima é definido acima do limite mais alto. Na
Noruega, o limite de velocidade é de 100 km/h. Um
Problema e finalidades limitador de velocidade máxima, por conseguinte,
provavelmente não pode ser fixado a uma velocida-
Segundo estudos aprofundados sobre acidentes fa- de inferior a cerca de 110 km/h.
tais da Agência Nacional de Administração de Vias
Públicas da Noruega, a velocidade inadequada, tanto É comum que a injeção de combustível para o mo-
em relação às condições de segurança quanto aque- tor seja controlada eletronicamente. Um limitador
la claramente acima do limite, foi fator contribuinte de velocidade máxima pode, portanto, ser ligado de
em 41% dos acidentes fatais em 2010 (Haldorsen, forma eletrônica ao velocímetro e limitar o forneci-
2011). Por velocidade claramente acima do limite mento de combustível, de modo que não será possí-
quer-se dizer uma velocidade que teria levado o con- vel atingir uma velocidade mais elevada que aquela
dutor à perda da habilitação em caso de fiscalização. estipulada no limitador. Um limitador de velocidade
Em vias com limite de 80 km/h, por exemplo, seria máxima em 110 km/h, por exemplo, não vai impe-
uma velocidade de 120 km/h ou mais. Este excesso dir que se ultrapassem limites de velocidade inferio-
de velocidade foi um fator contribuinte em 14% dos res a 100 km/h e vai tolerar pequenas violações do
acidentes fatais em 2010. Para uma comparação, es- limite de velocidade de 100 km/h.
tima-se que cerca de 0,2% do volume de tráfego seja
realizado a uma velocidade de 25 km/h acima do li- Muitos automóveis atualmente vêm equipados com
mite na Noruega (Elvik, 2010). Assim, parece óbvio controle de cruzeiro. O controle de cruzeiro faz com
que a alta velocidade aumenta significativamente o que seja possível definir uma velocidade específica
risco de envolvimento em acidentes fatais. para que o veículo a mantenha constante. Um con-
trole de cruzeiro não é um limitador de velocidade
A maioria dos veículos de passeio e motocicletas máxima e pode, a qualquer momento, ser desligado
pode atingir uma velocidade máxima que ultrapassa ao se acionar o acelerador.
de forma significativa o limite de velocidade, po-
dendo geralmente chegar a 150-200 km/h. O limite
de velocidade na maioria das rodovias da Noruega Impacto sobre os acidentes
é de 100 km/h.
Não foram encontradas pesquisas mais recentes
A finalidade do limitador de velocidade é evitar sobre o impacto nos acidentes do limitador de ve-
este tipo de velocidade abusiva nas vias públicas e, locidade máxima. Uma pesquisa norueguesa mais
assim, ajudar a reduzir o número de acidentes que antiga sugere que o limitador de velocidade má-
ocorrem a esta velocidade claramente acima do li- xima tem impactos positivos na segurança (Fos-
mite. ser e Christensen, 1992). O estudo comparou o
risco de acidente para ciclomotores modificados
e não modificados (“tunados”). O “tuning” em
Descrição da medida ciclomotores possibilita uma velocidade máxima
maior. Os resultados mostram que ciclomotores
Uma possível medida para evitar a condução sob modificados apresentam um risco de acidentes
uma velocidade explicitamente acima do limite é o com vítimas 1,48 (1,10; 2,01) vez maior que os ci-
limitador de velocidade. O limitador de velocida- clomotores não modificados e risco de acidentes
de é um dispositivo técnico que faz com que seja com danos materiais 1,18 (1,03; 1,37) vez maior. A
impossível ultrapassar uma velocidade máxima partir desses índices de risco, combinados a dados
preestipulada. O limitador de velocidade máxima é sobre quilometragem de ciclomotores modifica-
atualmente obrigatório em ciclomotores e veículos dos e não modificados, pode-se calcular que, se
pesados (veículos com massa bruta superior a 3,5 nenhum ciclomotor tivesse sido modificado, o ín-
toneladas). Para ciclomotores, a velocidade máxima dice de risco de acidentes com vítimas diminuiria
permitida é de 45 km/h; para veículos pesados, é de em aproximadamente 25% (-59%; -6%) e o de
90 km/h, e outros veículos não têm limitadores de acidentes com danos materiais, em cerca de 11 %
velocidade máxima. (-23%; -2%).
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 669
Outros estudos mais antigos em que se comparou o veículos com sistema de adaptação inteligente de
risco de acidente envolvendo automóveis equipados velocidade.
com limitadores de diferentes velocidades máximas
sugerem que os automóveis em velocidade maior es- É pouco provável que a Noruega seja capaz de im-
tão mais frequentemente envolvidos em acidentes em por unilateralmente um pedido de um limitade de
comparação àqueles com velocidade máxima mais velocidade máxima em 110 km/h. É incerto se qual-
baixa (Elvik, Mysen e Vaa, 1997). Na maioria destas quer limitade de velocidade máxima seria aceito
pesquisas houve, entretanto, um baixo grau de con- pelos órgãos internacionais. A única possibilidade
trole das características dos condutores. Não se pode aceita pelos órgãos internacionais de obter uma de-
excluir, por exemplo, a possibilidade de que automó- terminação de um limitador de velocidade máxima
veis mais rápidos sejam atraentes para condutores que seria configurá-lo em uma velocidade tão alta que
apresentam maior risco de acidentes do que outros. estaria acima dos limites de velocidade das rodovias
com os limites mais altos da Europa. A maioria das
Um limitador de velocidade máxima, por exemplo, rodovias expressas alemãs tem limite de velocida-
em 110 km/h, tem pouco impacto nos acidentes de muito mais elevado, tendo uma velocidade re-
quando os limites de velocidade são de 70 km/h, comendada de 130 km/h. A velocidade mais baixa
pois o condutor ainda será capaz de violar um limi- de qualquer limitador de velocidade máxima seria,
te de velocidade de 70 km/h em até 40 km/h. Por portanto, fixada em provavelmente 140 km/h. Nes-
conseguinte, pode-se supor que um limitador de ve- se caso, o limitador muito provavelmente teria um
locidade máxima só terá impacto nos acidentes que impacto mínimo na segurança viária na Noruega.
ocorrem entre os limites de velocidade de 80, 90 e
100 km/h. Em média, para estas velocidades para os
anos de 2009 e 2010, houve 122 mortes, 343 feridos Impacto na mobilidade
graves e 2.721 feridos leves.
Um limitador de velocidade máxima fixado em 110
Nos estudos aprofundados sobre acidentes de trân- km/h teria um pequeno impacto na mobilidade.
sito fatais para o ano de 2010 não está claramente Considera-se que cerca de 1,2% do volume de trá-
indicado se o excesso de velocidade (acima do limi- fego nas rodovias com várias faixas e com limite de
te) ocorre com maior frequência em alguns limites velocidade de 90 km/h seja realizado a uma veloci-
de velocidade do que em outros. A contribuição dade de 110 km/h ou mais. Cerca de 6,7% do volu-
da velocidade acima do limite em mortes é estima- me de tráfego nas rodovias com limites de velocida-
da em 14%. No que se segue, presume-se que esta de de 100 km/h são realizados a uma velocidade de
taxa seja a mesma em todos os limites de velocidade. 110 km/h ou mais. Para todas as vias consideradas
Uma velocidade comprovadamente acima do limi- em conjunto, cerca de 0,5% do volume de tráfego
te é definida como 120 km/h em um limite de 80 na Noruega é realizado a uma velocidade de 100
km/h, 130 km/h em um limite de 90 km/h e 140 km/h ou mais. Um limitador de velocidade máxima
km/h em um limite de 100 km/h. teria, portanto, impacto mínimo sobre a velocidade
média do tráfego.
Dessa forma, um limitador de velocidade máxima em
110 km/h reduzirá os acidentes que ocorrem a uma Há de se lembrar que a velocidade de 110 km/h em
velocidade bem acima de 110-120 km/h, quando o rodovias com limite de velocidade de 90 km/h ou
limite de velocidade é de 80 km/h. Num limite de 100 km/h é ilegal e, consequentemente, a isso não
velocidade de 90 km/h, a velocidade será reduzida pode ser atribuído qualquer benefício social em
de 130 para 110 km/h. Num limite de velocidade de uma análise de custo-benefício. As infrações não
100 km/h, será reduzida de 140 para 110 km/h. Esti- representam nenhum benefício social (Elvik, 2006).
ma-se que os impactos destas reduções de velocidade
possam resultar em uma diminuição no número de
mortes em 8 por ano (de 210 mortes), uma diminui- Impacto no meio ambiente
ção no número de feridos graves em 16 por ano (de
755 feridos graves) e uma diminuição no número de Em velocidades muito altas, aumentam-se o con-
feridos leves em 77 por ano (de 8.105 feridos leves). sumo de combustível, o ruído e as emissões. Um
limitador de velocidade máxima pode limitar estes
Estes impactos são muito mais modestos que os impactos, mas só terá um efeito marginal sobre os
estimados como resultado de se equipar todos os problemas de ruídos e emissões provenientes do
670 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tráfego viário, uma vez que apenas 0,5% dele é rea- Requisitos e procedimentos formais
lizado em velocidade tão alta e passível de ser afeta-
da por um limitador de velocidade máxima. Atualmente o limitador de velocidade é obrigatório
para ciclomotores e veículos com massa bruta supe-
rior a 3,5 toneladas. Para ciclomotores, a velocidade
Custos máxima é de 45 km/h. Para veículos pesados, é de
90 km/h. Outros veículos não têm limitadores de
Não foram encontrados números relativos aos cus- velocidade máxima.
tos do limitador de velocidade máxima, que é mais
simples que um adaptador inteligente de velocidade
e muito provavelmente custaria menos. Na análise Responsabilidade pela execução da medida
de custo-benefício a seguir, foi usado como exemplo
um custo de NOK 1.000 por carro. As novas exigências para veículos raramente são re-
troativas, ou seja, que devem ser aplicadas a toda
a frota. Os requisitos para veículos novos, a partir
Avaliações de custo-benefício de uma determinada data, são voltados principal-
mente para importadores de automóveis. É por isso
Com base nos impactos descritos acima, os benefí- que são eles os responsáveis por garantir que as
cios do limitador de velocidade máxima foram esti- disposições sejam cumpridas. A Agência Nacional
mados em NOK 3,642 bilhões sob a forma dos cus- de Administração de Vias Públicas da Noruega é a
tos de acidentes evitados. Se todos os automóveis e autoridade controladora que supervisiona os regu-
motocicletas na Noruega fossem equipados com o lamentos técnicos dos veículos.
limitador (exceto os veículos pesados, que já o têm),
isso custaria cerca de NOK 3 bilhões. Portanto,
pode parecer que os benefícios de um limitador de 4.34 Adaptação inteligente de
velocidade máxima sejam maiores do que os custos, velocidade (ISA)
mas há uma incerteza considerável quanto ao cál-
culo dos impactos na segurança viária. No entanto, O capítulo foi escrito em 2012 por Rune Elvik (TØI)
isso se aplica ao pressuposto de que a velocidade
máxima seria definida em 110 km/h. A introdução
do limitador de velocidade máxima provavelmen- Problema e finalidades
te não seria permitida (ver o tópico Impacto sobre
os acidentes). E é com base nisso que não é consi- O excesso de velocidade é um dos principais proble-
derado interessante prosseguir com os cálculos de mas de segurança de trânsito em todos os países al-
custo-benefício das várias opções para a introdução tamente motorizados. O problema existe há tempos,
do limitador de velocidade máxima para diferentes e as medidas tradicionais para garantir uma melhor
públicos, como os condutores jovens, motoristas conformidade com os limites de velocidade não foram
profissionais ou condutores condenados por exces- suficientes para resolvê-lo. Na Noruega, quase 50%
so de velocidade. do tráfego é realizado acima do limite de velocidade
(Elvik, 2010A). Nos últimos anos tem-se visto uma
tendência para velocidades mais baixas. No entanto,
Responsabilidade e procedimentos formais o excesso de velocidade ainda contribui de forma sig-
nificativa para acidentes e lesões no trânsito. A con-
Iniciativa para a medida tribuição do excesso de velocidade pode ser expressa
em termos da contribuição do risco (risco atribuível)
As novas disposições sobre veículos na Noruega que o excesso de velocidade representa. A contribui-
surgem principalmente como resultado da coopera- ção de risco mostra o quanto o número de feridos ou
ção técnica automobilística internacional. É difícil de mortos no trânsito poderia ser reduzido se os li-
para a Noruega exigir requisitos que difiram muito mites de velocidade fossem cumpridos em 100%. A
dos que se aplicam nos países que produzem os au- tabela 4.34.1 mostra um novo cálculo da contribuição
tomóveis. A iniciativa para a regulamentação norue- de risco do excesso de velocidade (Elvik, 2012).
guesa sobre o limitador de velocidade máxima deve
ser tomada pela Agência Nacional de Administra- Os índices na tabela 4.34.1 mostram o quanto o nú-
ção de Vias Públicas da Noruega. mero de feridos ou mortos pode ser reduzido, elimi-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 671
Tabela 4.34.1: Contribuições de risco de excesso de da em vias mais movimentadas. Deve, portanto, ser
velocidade na Noruega em três momentos diferentes. considerado irrealista que as medidas tradicionais
Período de contribuição de risco para garantir a conformidade com os limites de ve-
de excesso de velocidade a que locidade possam algum dia atingir que 100% deles
Grau de lesão o cálculo se aplica sejam cumpridos.
1980-84 2004-06 2009-10
Mortos 0,257 0,239 0,195 O sistema de adaptação inteligente da velocidade
Ferimentos graves 0,184 0,173 0,134
(ISA, Intelligent Speed Adaptation) é uma medida
Ferimentos leves 0,098 0,093 0,069
técnica veicular que tem a finalidade de alertar o
condutor sobre o limite de velocidade atual e difi-
cultar ou tornar impossível que o condutor dirija
nando-se o excesso de velocidade. As novas estima- acima dele.
tivas (construídas a partir dos dados de 2009-2010)
mostram que, com 100% de observância dos limites
de velocidade, o número de mortos pode ser reduzi- Descrição da medida
do em 19,5%; o de gravemente feridos, em 13,4%,
e o de levemente feridos, em 6,9%. Com base nos O sistema de adaptação inteligente da velocidade
valores médios para os anos de 2009 e 2010 (210 (ISA) está disponível em três variedades principais
mortos, 755 gravemente feridos e 8.105 levemente (Almqvist, 2006; Lai, Carsten e Tate, 2011):
feridos), isso corresponde a uma diminuição ao ano
de 41 no número de mortos, de 101 no número de 1. ISA alarme/informativo: o sistema significa que
gravemente feridos e de 563 no número de leve- o condutor é notificado sobre o limite de velo-
mente feridos. A contribuição do risco de excesso cidade e sobre qualquer violação de velocidade.
de velocidade tem diminuído ao longo do tempo. Isso pode ser feito por meio de sinais visuais e/ou
Neste cálculo, 100% de observância dos limites de sonoros ou por um leitor de voz que pode dizer
velocidade é definida como um tráfego onde 97,7% algo como: “Você está dirigindo muito rápido;
(média mais dois desvios padrão da distribuição de diminua a velocidade”;
velocidade) mantêm velocidade igual ou inferior 2. ISA de controle manual: ocorre uma contrapres-
ao limite, enquanto 2,3% conduzem cerca de 10% são no acelerador quando se tenta conduzir mais
acima do limite de velocidade. Esta definição foi rápido que o limite de velocidade. O condutor
escolhida, pois as imprecisões nos medidores de ve- pode anular o efeito do ISA, pisando mais fundo
locidade e sistemas de adaptação inteligente da ve- no pedal do acelerador. Isso requer uma pisada
locidade (ISA) mais a possibilidade de alguém ma- pelo menos 5 vezes mais forte no acelerador que
nipular o sistema tornam pouco realista a suposição o normal;
de que absolutamente todos manterão uma veloci- 3. ISA compulsório: o fornecimento de combustível
dade que é igual ou inferior ao limite. Os cálculos para o motor é controlado eletronicamente e é
também assumem que aqueles que atualmente man- bloqueado caso se tente dirigir mais rápido que o
têm uma velocidade aproximada de cerca de 3 a 5 limite de velocidade. O bloqueio da alimentação
km/h abaixo do limite não mudarão de velocidade, não faz com que o motor pare, mas impede que
caso sejam introduzidas medidas com a finalidade seja alimentado com uma maior quantidade de
de garantir 100% de cumprimento dos limites de combustível, necessária para aumentar a veloci-
velocidade. Os cálculos pressupõem que a velocida- dade. O condutor não pode anular um sistema
de é normalmente distribuída. deste tipo.
As medidas atualmente utilizadas para garantir o Todos estes sistemas são baseados na possibilidade
respeito pelos limites de velocidade são as medidas de determinação da posição do veículo usando-se
de controles automáticos, controles efetuados por um GPS (Global Positioning System) e as informa-
policiais uniformizados ou civis e medidas físicas ções sobre o limite de velocidade armazenadas em
nas vias, especialmente lombadas em vias residen- mapas digitais, que são eletronicamente integrados
ciais. Nenhuma destas medidas pode ser usada de nos instrumentos de veículos, no pedal do acelera-
forma contínua e em toda a rede viária. A capaci- dor e de regulagem do abastecimento de combus-
dade policial é limitada. O controle automático de tível. Na pesquisa relativamente adiantada sobre
tráfego não é adequado em todas as vias. O custo do ISA (Karsten e Tate, 2005), uma quarta variedade
controle automático faz a medida ser mais adequa- possível do ISA também foi mencionada. Há um
672 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ISA integrante e compulsório que, além de estar Na mesma pesquisa, o número oficial de acidentes
ligado ao limite de velocidade, também é ligado a relatados à polícia por condutor por ano foi 0,0027
instrumentos que registravam atrito e visibilidade e, (antes) e 0,0092 (depois) para condutores com ISA
por conseguinte, ele é capaz de adaptar a velocidade e 0,0042 (antes) e 0,0046 (depois) para condutores
às condições da via e de visibilidade. Em estudos sem ISA. Estes números sugerem que o uso da ISA
recentes, esta forma de ISA não é mencionada. A está associado a um aumento no número de aci-
apresentação se limita, portanto, às três formas de dentes. Mas os condutores com ISA tiveram uma
ISA mencionadas acima. taxa de acidentes mais baixa no período anterior
(0,0027) que os condutores sem ISA (0,0042); então
O ISA é um sistema que está ligado ao limite de neste caso parte do aumento no número de aciden-
velocidade. Ele não é o mesmo que um limitador tes se deve à regressão a partir de um número anor-
de velocidade máxima. Um limitador de velocida- malmente baixo de acidentes.
de máxima torna impossível ir mais rápido que uma
determinada velocidade preestabelecida, como, A conclusão é que é difícil dizer algo em relação aos
por exemplo, 90 km/h para veículos pesados ou 45 impactos sobre os acidentes com base nos experi-
km/h para os ciclomotores. Um limitador não impe- mentos feitos com o ISA. Estes experimentos tive-
de as violações de limites mais baixos de velocidade, ram um alcance muito limitado para que o número
que estão abaixo daquele estipulado em sua trava. de acidentes fornecesse uma base estatisticamente
significativa para a estimativa dos impactos. Os im-
pactos esperados do sistema ISA sobre os acidentes
Foi realizada uma série de pesquisas de campo com
podem ser mais bem estimados, tomando-se como
o sistema ISA em muitos países europeus e na Aus-
ponto de partida a velocidade no momento e com
trália. Nestes experimentos, os carros foram equi-
base nas relações conhecidas entre velocidade e nú-
pados com ISA e conduzidos no tráfego normal. As
mero de acidentes (Elvik, 2011A).
alterações na velocidade e no excesso de velocida-
de foram gravadas. As experiências mostram que a
Com base nas informações sobre as alterações na ve-
tecnologia funciona adequadamente. O sistema ISA
locidade, em Lund (Varhelyi et al., 2004) os impac-
pode ser instalado em carros mais antigos. O ISA
tos esperados no número de acidentes com lesões
hoje em dia não está disponível como item de série
podem ser calculados com uma diminuição entre 0
nos veículos e praticamente não há nenhum auto-
e 12% para diferentes limites de velocidade. O sis-
móvel equipado com ele.
tema ISA não teve impacto na velocidade que estava
claramente abaixo do limite, como nas ruas centrais
da cidade de Lund.
Impacto sobre os acidentes
Se todos os veículos estivessem equipados com o
Na maioria dos experimentos de campo com o ISA, sistema ISA, poder-se-ia, em princípio, obter uma
há apenas impactos sobre a velocidade medida, mas diminuição no número de feridos ou mortos no
não sobre os acidentes. A única pesquisa que apre- trânsito próxima dos números apresentados na ta-
senta mudanças no número de acidentes é um es- bela 4.34.1.
tudo realizado em Lund (Varhelyi et al., 2004). De
acordo com ele, o número de acidentes autorrelata- Impactos no comportamento de condução: Possí-
dos por condutores por ano baixou 49%, levando- veis adaptações comportamentais com o uso do ISA
se em conta que é a variação do número de aciden- foram pouco estudadas. Almqvist (2006) afirmou
tes em um grupo controle. Este valor provavelmente que a interação entre condutores e outros usuários
não oferece uma estimativa correta sobre o impacto da via são melhores (melhores observâncias da pre-
do sistema ISA. Os condutores de veículos equipa- ferencial e menos conflitos, por exemplo) quando o
dos com o sistema ISA relataram muito mais aciden- veículo é equipado com o sistema ISA do que quan-
tes por condutores por ano no período anterior do do não possui o sistema. Os condutores que antes
que os condutores sem ISA. A redução das taxas de eram negativos em relação ao ISA tornaram-se mais
acidentes entre os condutores com ISA é, portanto, positivos depois de experimentá-lo.
provavelmente em parte resultado da regressão à
média. Assumindo-se que 85% da variação no nú- Wallén Warner e Åberg (2008) examinaram os efei-
mero de acidentes entre os condutores é aleatória, a tos a longo prazo do sistema ISA/alarme informati-
diminuição esperada de acidentes é de 9%. vo em Borlänge. Eles descobriram que o efeito di-
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 673
minui ao longo do tempo. O excesso de velocidade sar seus efeitos favoráveis sobre a velocidade. Por
diminuiu significativamente no primeiro ano, mas conseguinte, pode-se supor que os impactos do ISA
aumentou no segundo e no terceiro quase ao nível nos acidentes sejam transferidos para os impactos
de antes de o sistema ISA ser adotado. na velocidade e que os impactos nos outros fatores
de risco sejam pequenos, e poucos provavelmente
Um experimento em que 20 condutores dirigiram cancelariam o impacto favorável na velocidade.
aproximadamente 50 km com o veículo equipado
com o sistema ISA em tráfego real mostrou que o Atitudes dos condutores: Foi feita uma série de es-
comportamento de condução foi mais “caótico” tudos sobre as atitudes dos condutores com o uso
com o ISA (a linha divisória de faixa central foi cru- de veículo equipado com ISA. A mais relevante para
zada com maior frequência, houve muitas frenagens as condições norueguesas foi a pesquisa periódica
bruscas para evitar atravessar um farol vermelho), sobre “O conhecimento dos usuários das vias sobre
mas houve menos mudança de pista e melhor cum- a atitude em relação à segurança viária”. Esta pes-
primento da preferencial de pedestres (Adell et al., quisa, que foi realizada pela primeira vez em 1998,
2011). Os condutores relataram que sentiram que inclui um conjunto de pesquisas da Agência Nacio-
a velocidade foi menor. Além disso, os condutores nal de Administração de Vias Pública da Noruega
disseram que foi mais cansativo conduzir o veículo sobre as condições de tráfego nas vias. Os resultados
com o sistema ISA do que sem, que experimenta- mostram que em média nos anos 1998 a 2011 65%
ram mais frustração e que o prazer de dirigir dimi- discordavam, parcial ou totalmente, da afirmação:
nuiu. A redução, na possibilidade de levar multa “Deve haver um dispositivo nos veículos que torne
por velocidade, foi indicada como o principal im- desconfortável dirigir mais rápido do que o limite de
pacto favorável do ISA. velocidade”. Dos respondentes, 32% concordaram
completa ou parcialmente enquanto 3% não soube-
Em um estudo de simulação, Young et al. (2010) não ram responder. Os condutores foram convidados a
encontraram nenhum impacto do ISA na distância tomar uma posição sobre uma afirmação formulada
do veículo à frente ou no tempo de reação. Jame- quanto a uma descrição que poderia ser interpreta-
son, Chorlton e Carsten (2011) analisaram a forma da aproximadamente como sendo a de um ISA de
como o ISA afeta o comportamento de ultrapassa- controle manual. Há uma diferença notável entre a
gem em um simulador de direção. Com o sistema Noruega e a Suécia quando se trata de atitudes em
ISA de controle manual, o número de tentativas de relação ao ISA. Na Suécia, 55% dos usuários disse-
ultrapassagem diminuiu de 117, quando o sistema ram em 2010 que concordavam com a afirmação:
estava desligado, para 114, quando o sistema estava “Todos os carros devem ter um apoio técnico para
ligado. Com o sistema ISA compulsório, o núme- que o condutor possa manter mais facilmente o li-
ro de tentativas de ultrapassagem reduziu de 120, mite de velocidade” (Trafikverket, 2010).
quando o sistema estava desligado, para 78, quando
o sistema estava ligado. As ultrapassagens que fo- Há uma interação entre atitudes e comportamentos.
ram realizadas com o ISA levaram mais tempo do Muitos dos que inicialmente foram negativos a uma
que sem ele, e a margem de segurança diminuiu nas ajuda técnica que os auxiliaria a cumprir o limite
ultrapassagens. de velocidade tiveram uma visão mais positiva em
relação a esse dispositivo depois de tê-lo experimen-
Estes resultados são um tanto fragmentários e não tado. Na Suécia, foram estudados o entendimento e
totalmente consistentes. Há indícios, por exemplo, a atitude dos condutores em relação ao ISA, depois
de tanto de que os condutores acham mais cansa- de utilizá-lo por um longo período (entre seis meses
tivo conduzir o veículo equipado com ISA do que e um ano) (Adell e Varhelyi, 2008). Entre os con-
sem (Adell, 2009) quanto de que a condução não é dutores que anteriormente foram positivos quanto
percebida como mais cansativa (Adell et al., 2011). ao ISA, 86% responderam que apoiavam a ideia da
Quaisquer alterações no tempo de reação parecem proposta de um acelerador ativo (ISA de controle
ser pequenas, mas nada sugere que o ISA tenha efei- manual) depois de tê-lo experimentado. Entre os
to hipnótico e induza o aumento do tempo de rea- condutores que previamente foram negativos, 59%
ção por parte do condutor. O ISA pode fazer com responderam que apoiavam a ideia de um pedal de
que as ultrapassagens sejam realizadas com menor acelerador ativo depois de tê-lo experimentado.
frequência. Contudo, os estudos não indicam que a Apenas 14% continuaram negativos. Assim, não se
adaptação comportamental gerada pelo ISA seja de pode excluir que a experiência com o ISA muda a
tal natureza e intensidade que poderiam compen- atitude para com o sistema.
674 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Um problema que pode ocorrer, se o ISA for ofere- estufa CO2 diminuiriam proporcionalmente. Os cál-
cido como item opcional nos veículos, é se aqueles culos indicaram, ainda, uma diminuição de 2% nas
que seriam os mais beneficiados por esta medida emissões de CO. As emissões de NOx, de acordo
comprariam o sistema ou se apenas os condutores com estes cálculos, não mudaram. Para emissões de
mais cautelosos e que raramente desrespeitam o li- HC, encontrou-se um aumento insignificante nas
mite de velocidade procurariam pelo sistema. Um emissões (estatisticamente não significativo) de 1%.
estudo realizado em Leeds (Jameson, 2006) tentou
descobrir isso. A análise foi realizada com simula- Os cálculos correspondentes para Lund (Varhelyi et
dor e em tráfego real. Os condutores dirigiram com al., 2004) mostraram uma diminuição de 11% nas
o ISA com controle manual, isto é, um sistema que emissões de CO, de 7% nas emissões de NOx e de
poderiam desligar. Foi registrada a frequência em 8% nas emissões de HC.
que os condutores o mantinham ligado. A pesquisa
mostrou que os condutores que disseram que gosta- No mais, estes cálculos indicam que o sistema ISA
vam de dirigir rápido e quebrar os limites de veloci- pode levar a uma pequena redução nas emissões.
dade escolheram usar o ISA com menos frequência Em velocidades muito baixas (abaixo de cerca de
que os condutores que declararam ser importante 30 km/h), as emissões de gases aumentam. O por-
cumprir os limites de velocidade. A conclusão foi centual de tráfego realizado com baixa velocidade,
que aqueles que precisam mais do ISA eram os me- no entanto, é pequeno, e é improvável que seja afe-
nos propensos a utilizá-lo. tado pelo sistema ISA, uma vez que está relacionado
a engarrafamentos nas cidades, onde o movimento
de qualquer maneira é muito abaixo do limite de
Impacto na mobilidade velocidade. Não foram encontradas pesquisas em
que foram calculados os impactos no ruído. O ruído
Os possíveis impactos na mobilidade dos diferentes aumenta com o aumento da velocidade; pode-se es-
sistemas ISA na frota foram estimados na cidade de perar, portanto, certa redução de ruído com 100%
Leeds, com um programa de simulação de tráfego de utilização do sistema ISA.
(Liu e Tate, 2004). Liu e Tate descobriram que, se
todos os veículos estivessem equipados com o sis-
tema ISA, o tempo de viagem na hora de pico au- Custos
mentaria em 2,6%. O tempo de viagem fora da hora
de pico aumentaria em 6,4%. Durante todo o dia, Uma análise de custo-benefício britânica (Lai, Kars-
como um todo, o aumento do tempo de viagem foi ten e Tate, 2011) é a fonte mais recente do conhe-
estimado em 4,1%. Foi pressuposto que os veículos cimento a respeito dos custos do sistema ISA. Nela,
tinham o sistema ISA compulsório. o custo de instalação do ISA em veículos novos de
fábrica foi estimado em GBP 90 por veículo em
Um cálculo total do tempo de viagem em vias públi- 2010 para o sistema ISA/alarme, e GBP 200 por
cas na Noruega, com a observância atual dos limites veículo em 2010 para o sistema ISA compulsório.
de velocidade e com 100% de adesão aos mesmos, Estimou-se que estes custos a partir de 2020 devem
mostrou um aumento geral do tempo de viagem diminuir para cerca de GBP 60 (alarme) e GBP 135
em cerca de 5,6%. A velocidade média de tráfego é por veículo (compulsório). Os custos da montagem
convertida para o tempo de viagem por quilômetro do sistema ISA em um veículo mais antigo são de
e somada ao tempo de viagem atual e com 100% de GBP 247 por veículo em 2010 para o sistema ISA/
adesão aos limites de velocidade calculados. alarme e GBP 357 por veículo em 2010 para o sis-
tema ISA compulsório. Estimou-se que os custos da
montagem do sistema ISA em veículos mais antigos
Impacto no meio ambiente aumentam ao longo do tempo.
As emissões de consumo de combustível e ruído Os custos da atualização de mapas digitais com limites
estão relacionadas à velocidade. Os cálculos de mo- de velocidade não foram especificados, mas afirmou-
delo realizados para a cidade de Leeds (Liu e Tate, se que estes custos são pequenos em comparação com
2004) mostram que, se 100% dos veículos estives- o custo para montar o sistema ISA no veículo.
sem equipados com o sistema ISA, poder-se-ia es-
perar uma redução no consumo de combustível de Em curto prazo, parece mais realista que ocorra o uso
um pouco mais de 8%. As emissões do gás de efeito voluntário do sistema ISA. Parece pouco provável
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 675
que as montadoras ofereçam ISA de série de imedia- mente 70 km/h. Estas economias são incluídas em
to. Se isso ocorresse, seria razão para se acreditar que sua totalidade, tanto na perspectiva social quanto na
os custos são mais baixos do que aqueles utilizados perspectiva do condutor. Também se pode assumir
na análise de custo-benefício do próximo tópico. To- que o ISA reduza os impactos ambientais associados
ma-se, portanto, como base um custo de instalação ao tráfego. Na perspectiva social, inclui-se o bene-
de GBP 357 por veículo. O valor médio da libra em fício ao meio ambiente em sua totalidade. Na pers-
2010 foi de NOK 9,34. Convertido a esta taxa o custo pectiva do condutor, eles não são incluídos de forma
seria de NOK 3.334. Em média, o nível dos custos é alguma, já que os impactos no meio ambiente por
maior na Noruega do que na Grã-Bretanha. Quando se dirigir veículo são considerados externos a partir
o custo é corrigido equivalendo-se o poder aquisiti- do ponto de vista do condutor (Elvik, 2010B). Os
vo entre Noruega e Grã-Bretanha, ele fica em NOK resultados de uma análise de custo-benefício em que
5.072, o que se arredonda para NOK 5.000. se considera que 100% dos veículos da Noruega te-
nham ISA são mostrados na tabela 4.34.2. A partir
Os custos anuais para atualizar os mapas digitais são de uma perspectiva social, os benefícios superam os
de NOK 100 por veículo. custos. Da perspectiva do condutor, o benefício é
negativo. A principal razão para isso é que os con-
dutores perdem a vantagem atualmente alcançada
Avaliações de custo-benefício com o excesso de velocidade. Este benefício não está
incluído no ponto de vista social, mas considera-se
Em uma análise de custo-benefício do sistema ISA, adequado incluí-lo na perspectiva do condutor, uma
é importante precisar em qual perspectiva a análise vez que se deve presumir que os condutores violam
é baseada. Pode-se distinguir entre duas perspecti- o limite de velocidade, pois acreditam tirar algum
vas principais: uma social e outra do condutor. Na tipo de proveito disso. Neste contexto, é irrelevan-
perspectiva social, são incluídos os custos dos aci- te se este benefício é chamado de ganho de tempo,
dentes evitados em sua totalidade. Na perspectiva aumento do prazer de condução, melhor aproveita-
do condutor, são incluídos apenas 60% dos custos mento da potência do motor do veículo ou de qual-
dos acidentes evitados, porque parte destes custos quer outra coisa. O benefício é avaliado com base na
são externos, visto do ponto de vista do condutor, ou valorização do tempo de viagem dos usuários.
seja, cobertos pelo Estado ou por outros que não o
próprio condutor (Elvik, 1994). A perda de tempo Com a implantação do sistema ISA em 100% dos
devido a não se poder violar o limite de velocidade veículos na Noruega, poder-se-ia esperar, calculan-
não está incluída na análise com base na perspectiva do-se a partir de valores médios para os anos de
social. O ganho de tempo obtido por violar a lei não 2009 e 2010, uma diminuição no número de mortes
é considerado nenhum benefício social. No entanto, em 40, de 98 para os gravemente feridos e de 527
está incluída uma perda de tempo a uma velocidade para os levemente feridos.
quando todos os carros tenham o sistema ISA e pro-
vavelmente estarão um pouco abaixo do limite de ve- Interação entre ISA e medidas no Plano de Trans-
locidade. O tempo perdido onde não se pode manter porte Nacional 2014-2023: Como parte do trabalho
uma velocidade exatamente no limite, mas na prática com o Plano de Transporte Nacional entre 2014 e
um pouco abaixo, é estimado como uma extensão do 2023, o TØI calculou as taxas da diminuição no nú-
tempo de viagem em cerca de 7% com o uso do ISA. mero de feridos ou mortos que pode ser alcançada
A maior parte desta extensão de viagem deve-se, con- até 2024 com medidas diferentes, ou caso diferentes
sequentemente, ao fato de que o excesso de velocida- metas potenciais sejam atingidas (Elvik, 2011B). Uma
de é eliminado, mas não que a velocidade legal seja das finalidades incluídas nos cálculos foi a melhor
diminuída. Assume-se que os condutores incluam aderência aos limites de velocidade. Se isso for alcan-
todo o tempo perdido na avaliação de benefícios e çado, o impacto potencial do ISA será reduzido. Os
custos do ISA, independentemente de ser impossível cálculos foram revistos no início de 2012. Se todas
que esta perda de tempo com excesso de velocidade as metas potenciais no NTP forem atingidas, o nú-
ocorra ou se o ISA está acionado para não realizar mero esperado de mortos e gravemente feridos em
uma velocidade que seja exatamente igual ao limite. 2024 será de 645 pessoas. Calcula-se que o número
de mortos diminuirá mais que o número de grave-
Pode-se assumir que o ISA reduza os custos ope- mente feridos. Calcula-se, também, que o número
racionais do veículo, principalmente porque estes esperado de mortes em 2024 será de 130; de grave-
aumentam com a velocidade acima de aproximada- mente feridos, 515 e, de levemente feridos, 6.160.
676 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 4.34.2: Resultados da análise de custo-benefício para equipar toda a frota na Noruega com o sistema ISA.
Montante em milhões de coroas – valor presente
Componentes do benefício e do custo
Perspectiva social Perspectiva do condutor
13.403
Custos de acidentes evitados 22.339
(Incluído com uma taxa de 60%)
Menos atrasos em menos acidentes 128 128
Perda de tempo ao manter a velocidade legal (não incluído) -56.713
Perda de tempo ao manter a velocidade abaixo do limite -4.170 -4.170
Custos operacionais do veículo mais baixos 2.155 2.155
Menos ruído e emissões 2.854 (não incluído)
Total em benefícios 23.305 -45.197
Custos de montagem do ISA 11.629 11.629
Atualização dos mapas digitais 2.955 2.955
Custos totais 14.584 14.584
Valor líquido atual 8.721 -59.781
Razão custo-benefício 1,60 indefinida (negativa)
Isso significa que o ISA terá menos feridos em que Responsabilidade pela execução da medida
operar do que atualmente. Um cálculo baseado no
número esperado de mortes ou lesões em 2024 mos- As novas exigências para veículos raramente são re-
tra que ter 100% dos veículos equipados com o ISA troativas, no sentido de que devam ser aplicadas a
resultará em 25 mortes a menos, menos 69 feridos toda a frota. Os requisitos para os carros novos, a
graves e 400 ferimentos leves a menos. A razão de partir de uma determinada data, são voltados prin-
custo-benefício é estimada em 1,08, ou seja, a medi- cipalmente para os fabricantes de automóveis. É por
da ainda é socioeconomicamente rentável, mas me- isso que são eles que são responsáveis por garantir
nos rentável do que quando se calculam benefícios que essas disposições sejam cumpridas. A Agên-
com base em números de danos atuais. A conclusão é cia Nacional de Administração de Vias Pública da
que, caso se consiga reduzir o número de mortos ou Noruega é a autoridade que supervisiona os regula-
gravemente feridos conforme as aspirações do Plano mentos técnicos de veículos.
Nacional de Transporte para 2014-2023, o ISA ainda
será socioeconomicamente rentável em 2024.
4.35 Veículos elétricos (VE)
Responsabilidade e procedimentos formais
O capítulo foi escrito em 2015 por Alena Høye e
Iniciativa para a medida Erik Figenbaum (TØI)
Novas disposições sobre veículos na Noruega sur- Veículos com motores elétricos (VE), ao invés de
gem principalmente como resultado da cooperação motor de combustão interna, reduzem o consu-
técnica automobilística internacional. É difícil para mo e a dependência dos combustíveis fósseis e as
a Noruega exigir requisitos que difiram muito dos emissões de CO2. Os veículos elétricos mais ven-
que se aplicam nos países fabricantes de veículos. A didos que estão no mercado hoje são semelhantes
iniciativa para as disposições norueguesas quanto à aos veículos de pequeno e médio porte com mo-
potência do motor dos automóveis deve ser tomada tor de combustão interna, em termos de seguran-
pela Agência Nacional de Administração de Vias ça passiva e ativa e também de peso. Os VEs são
Públicas da Noruega. silenciosos a baixa velocidade, o que pode causar
um aumento do risco para pedestres e ciclistas. As
baterias em VEs poderiam potencialmente causar
Requisitos e procedimentos formais um risco de incêndio, tanto decorrente de aciden-
tes quanto durante seu carregamento, mas eles
Não existem requisitos formais para a adaptação in- têm diferentes sistemas de segurança que lidam
teligente da velocidade. com esta questão.
Parte II: 4. Tecnologia de veículos e equipamentos de proteção pessoal 677
Segurança passiva: há uma série de testes de veícu- Segurança contra incêndio: as baterias de íon-lítio
los elétricos no programa de testes da Euro NCAP. em VEs poderiam potencialmente gerar um risco
Entre os VEs mais vendidos na Noruega, todos os de incêndio em certas situações (superaquecimen-
três modelos que foram testados em 2011 recebe- to, curto-circuito, sobrecarga; Wu et al., 2013). No
ram quatro estrelas (Citroen C-Zero, Peugeot ION entanto, os VEs são equipados com interruptores
e Mitsubishi MiEV) e os três modelos testados en- que desconectam a bateria em caso de acidente. Em
tre 2012 e 2014 receberam cinco estrelas (Nissan testes de colisão até agora não há relatos de ocor-
Leaf, em 2012; Renault ZOE, em 2013, e Tesla S, rência em que a bateria ou o carro pegaram fogo
em 2014). A maioria dos outros veículos elétricos (euroncap.com). Uma diferença para com os outros
recentes também recebeu cinco estrelas (euroncap. veículos é que o risco de incêndio, curto-circuito
com). Portanto, os VEs em geral não têm seguran- e problemas do gênero também estão presentes
ça passiva pior que a de outros veículos. Entre os quando o veículo está sendo carregado em casa, na
modelos de VEs mais vendidos hoje, todos têm garagem. O carregamento normalmente se dá sem
airbags frontais e laterais e alerta de cinto de se- vigilância, enquanto que o reabastecimento de veí-
gurança. culos normais só é possível com a presença do con-
678 O Manual de Medidas de Segurança Viária
dutor. Os sistemas de segurança do veículo elétrico os créditos e, isso significa que há um limite para a
e o carregador devem lidar com esta questão pelo quantidade de emissões. Se o consumo de energia
monitoramento do processo de carregamento, da aumentar pela substituição de outros automóveis
temperatura da bateria e de se o aterramento entre o por VEs, a energia deverá ser renovável ou deve-
veículo e a rede de energia está presente. Se ocorrer rá ser implementada uma medida limitando algum
um erro, o carregador é automaticamente desligado. outro segmento dos setores que estão sujeitos a cré-
ditos de carbono na quantidade correspondente ao
aumento das emissões pela energia que os veículos
Impacto na mobilidade usam. O impacto líquido é que os veículos elétricos
não dão origem ao aumento das emissões prove-
Os VEs têm autonomia menor que a de outros veí- nientes da produção de eletricidade. Além disso, os
culos. Atualmente a maioria deles tem autonomia de veículos elétricos têm melhor eficiência para a pro-
cerca de 80-150 km, dependendo dos padrões de pulsão, ou seja, usam menos energia que os veículos
condução e da estação do ano; alguns modelos têm com motores de combustão.
autonomia de até 400 km. O carregamento de um
veículo elétrico leva normalmente cerca de 9 horas As baterias devem primeiro ser produzidas; em se-
e o carregamento rápido demora cerca de 30 mi- guida, usadas nos veículos elétricos e opcionalmen-
nutos para carregar 80% do total da carga. Há um te usadas em outros setores (como, por exemplo,
número crescente de estações de carregamento rá- uma fonte de alimentação de emergência), antes de
pido em grandes cidades e, até certo ponto, também serem recicladas ou de se tornarem de outra forma
nas rodovias entre elas. No total, são cerca de 130 em materiais recicláveis.
pontos de carga rápida na Noruega (Figenbaum &
Kolbenstvedt, 2013). Se os incentivos para VEs fizerem com que a maio-
ria dos usuários utilizem veículos elétricos em vez
Um estudo entre os proprietários de veículos elé- de utilizar a bicicleta ou o transporte público, a
tricos na Noruega em 2014 mostrou que há mais longo prazo isso implicará em engarrafamentos e
pessoas utilizando mais o veículo e com menor problemas de trânsito. Isso deve ser pesado contra
freqüência se deslocando a pé, de bicicleta ou em o desenvolvimento tecnológico iniciado como con-
transportes públicos depois de terem adquirido um sequência do uso realmente crescente de VEs.
veículo elétrico (do que o inverso; Figenbaum et al.,
2014). Um número crescente de veículos elétricos Os impactos no meio ambiente são descritos de for-
pode reforçar os problemas de tráfego existentes e, ma mais detalhada no catálogo de medidas no site
assim, reduzir a mobilidade, especialmente nas áreas tiltakskatalog.no (Hagman & Kolbenstvedt, 2013).
urbanas, onde há mais altos índices de VEs. Os VEs
também podem reduzir a mobilidade do transporte
público na faixa de ônibus, já que podem utilizá-la. Custos
caros enquanto medida climática. A longo prazo, pal incentivo refere-se a estacionamento e pedágios
em que as emissões da Noruega deverão ser redu- gratuitos, tarifas reduzidas em balsas e uso permi-
zidas para um nível suficientemente baixo para que tido do corredor de ônibus; questões que, juntas,
a meta de 2°C da política climática seja alcançada, estão sob o âmbito do Ministério dos Transportes.
parte da frota deverá se dividir em eletricidade ou O último refere-se às isenções com as quais os veí-
hidrogênio, produzidos a partir de fontes de ener- culos elétricos se beneficiam e que na realidade são
gia renováveis. A política de veículos elétricos de renovadas anualmente na Proposição Parlamentar 1
hoje contribui para um mercado global de veículos do Ministério das Finanças.
elétricos, em que os fabricantes testam tecnologia,
inovação e processos mercadológicos que possam
melhorar a tecnologia e reduzir os custos ao mesmo Responsabilidade pela execução da medida
tempo. Isso levará a veículos elétricos melhores e
mais baratos no futuro. A responsabilidade pela segurança dos veículos elé-
tricos é partilhada entre o Diretório de Proteção Ci-
vil e Planejamento de Emergências (DSB), que tem
Responsabilidade e procedimentos formais a responsabilidade formal sobre requisitos de segu-
rança para equipamentos elétricos, e pela Agência
Iniciativa para a medida Nacional de Administração de Vias Públicas da
Noruega, que é responsável pelo acompanhamento
Os incentivos para os VEs estão vinculados à polí- de requisitos técnicos veiculares. Os regulamentos
tica climática do governo no parlamento e ao com- e diretivas da UE, que são continuamente inseridos
promisso climático que todos os partidos, exceto o nas regulamentações veiculares norueguesas, estão
Partido Progressista, assinaram em 2012. cada vez mais comprometidos com todos os requisi-
tos relevantes para a segurança de veículos elétricos,
de modo que a Agência Nacional de Administração
Requisitos e procedimentos formais de Vias Públicas da Noruega tem responsabilidade
primária. O Diretório de Proteção Civil e Planeja-
A maioria dos incentivos é autorizada por regula- mento de Emergências é responsável pelos requisi-
mentações ou leis nacionais ou na aprovação do or- tos técnicos, aprovações e estações de carregamento
çamento anual do Estado no parlamento. O princi- conectadas à rede elétrica.
680 O Manual de Medidas de Segurança Viária
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5 Inspeção veicular e de oficinas mecânicas
O capítulo foi escrito em 1997 (TØI) 1. assegurar que o veículo novo de fábrica satisfaça
os requisitos técnicos nas regulamentações veicu-
lares aplicáveis a veículos novos e também asse-
Problema e finalidades gurar que ele não tenha defeitos técnicos;
2. assegurar que os veículos importados, reforma-
Os requisitos de segurança para veículos novos têm dos e usados, tenham o mesmo padrão técnico
sido continuamente intensificados. Os EUA têm li- dos veículos novos de fábrica;
derado este desenvolvimento, enquanto outros paí- 3. simplificar o processo de homologação de veícu-
ses motorizados têm se adaptado às exigências veicu- los novos.
lares estipuladas pelas autoridades americanas, entre
outras razões, para poderem vender veículos para Para garantir que o sistema de homologação em
o mercado dos Estados Unidos. Novos requisitos série seja respeitado, são realizados controles alea-
técnicos para os veículos são em grande parte deter- tórios dos veículos homologados. O controle do re-
minados como resultado de uma cooperação inter- gistro de veículos mais antigos deve assegurar que
nacional técnica automobilística. É colocada grande os veículos com defeitos técnicos não sejam comer-
ênfase na harmonização internacional das regras cializados.
nesta área, principalmente a fim de evitar barreiras
no comércio e assegurar o máximo possível a con-
corrência no mercado internacional da indústria au- Descrição da medida
tomobilística em diferentes países. A Noruega, que
é um país relativamente pequeno, sem a sua própria As medidas descritas neste capítulo são: a homologa-
indústria automobilística, está altamente adaptada às ção em série; os controles aleatórios e a homologação
exigências consagradas pela cooperação técnica au- individual, sempre tratando-se de veículos novos.
tomobilística internacional.
Homologação em série: é a aprovação de uma de-
Na Noruega os requisitos veiculares gerais estão es- terminada marca ou tipo de automóvel com base
tabelecidos nas Regulamentações Veiculares (Forla- no controle de um ou mais exemplares, originais de
get Last og Buss A/S, 1995). Disposições relativas fábrica, da respectiva marca ou tipo. O esquema de
a veículos novos são direcionadas principalmente homologação em série abrange apenas veículos novos,
para os importadores e revendedores de automóveis de fábrica, que são produzidos em série. A homologa-
novos de fábrica. Para assegurar que estas disposi- ção em série é obrigatória para automóveis de passeio,
ções sejam cumpridas, introduziu-se um sistema de vans e veículos combinados com massa total inferior a
homologação em série de automóveis. A homologa- 3,5 toneladas, ambulâncias, motos e ciclomotores, e é
ção em série significa um reconhecimento geral de voluntária para motos, tratores, reboques, trailers de
uma determinada marca ou um tipo de veículo com camping e carretas. Quando a homologação em série
base no controle de um exemplar do mesmo. O sis- é voluntária, o fabricante do veículo simplesmente de-
tema de homologação em série aplica-se apenas a termina se este deverá ser aprovado pelo sistema de
automóveis produzidos em série. homologação em série ou individual.
Os automóveis não abrangidos pelo sistema de ho- Controles aleatórios: os controles aleatórios de veícu-
mologação em série devem ser aprovados indivi- los homologados devem assegurar que o sistema seja
dualmente – a chamada “homologação individual”. respeitado.
718 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Homologação individual: é obrigatória para veícu- usuários de veículos motorizados em função do au-
los novos que não são abrangidos pelo sistema de mento da proteção.
homologação em série. Isso se aplica a automóveis
reformados, importados, usados e veículos mais pe- Os resultados de Peltzman e sua interpretação so-
sados, incluindo ônibus e caminhões. bre eles têm sido fortemente debatidos nos EUA
e geraram uma série de estudos de verificação de
suas teorias. As pesquisas que tentaram investigar os
Impacto sobre os acidentes impactos de requisitos de segurança mais rigorosos
para veículos nos EUA são:
O impacto sobre os acidentes em relação à homo-
logação em série, aos controles aleatórios de veícu- Peltzman, 1975;
los homologados e à homologação individual não Joksch, 1976;
é conhecido. O impacto é indireto e depende de Robertson, 1977A;
como os requisitos estipulados afetam a segurança Robertson, 1977B;
dos veículos. Se a intensificação dos requisitos de Robertson, 1981;
segurança dos veículos melhora a segurança, a in- Crandall e Graham, 1984;
trodução e o controle desses requisitos logicamente Graham, 1984;
contribuem para uma maior segurança. Graham e Garber, 1984;
Orr, 1984;
Nos Estados Unidos realizou-se em 1970 uma série Robertson, 1984;
de pesquisas sobre como a introdução de requisitos Garbacz, 1985 e
de segurança afetou a segurança viária, principal- Crandall, Gruenspecht, Keeler e Lave, 1986.
mente em relação ao número de mortes no trânsi-
to. Estes requisitos de segurança incluem quesitos Estas pesquisas foram realizadas em diferentes mo-
para sistema de frenagem de circuito duplo, para os mentos depois de os requisitos de segurança terem
apoios de cabeça, para o para-brisa laminado, para sido introduzidos. Primeiro, por volta de 1980, a fro-
a coluna de direção flexível e quais os veículos que ta de veículos nos Estados Unidos foi renovada a tal
devem ter cintos de segurança e/ou airbags (Cran- ponto que a maioria dos veículos atendia aos quesitos
dall, Gruenspecht, Keeler e Lave, 1986). de segurança. A projeção dos impactos sobre as mor-
tes no trânsito está resumida na tabela 5.1.1.
A primeira pesquisa foi realizada por Peltzman
(1975), que concluiu que a segurança dos veículos A pesquisa de Peltzman e as outras pesquisas mais
havia melhorado para condutores e passageiros, antigas referem-se aos impactos na segurança até
mas diminuído para outros usuários da via, espe- meados de 1972, quando nem todos os requisitos
cialmente pedestres e ciclistas. Ele interpretou isso eram cumpridos e estava-se muito longe de uma si-
como resultado de adaptações comportamentais tuação em que toda a frota fosse beneficiada pelos
por parte dos condutores. A ideia era que os requisi- requisitos implementados nessa época. A única pes-
tos de segurança para veículos protegessem melhor quisa que estudou o impacto de todos os requisitos
os ocupantes dos respectivos veículos contra danos listados acima foi a de Crandall e t al. (1986). Este
em caso de acidentes, mas haveria redução da se- estudo concluiu que o número total de mortes no
gurança dos outros usuários da via como resultado trânsito nos EUA em 1981 foi aproximadamente
de uma condução menos cuidadosa por parte dos 30% inferior ao que teria sido sem os requisitos de
Tabela 5.1.1: Impactos de requisitos de segurança veicular mais rigorosos sobre o número de mortos
nos EUA.
segurança mais rigorosos. Houve uma diminuição Os requisitos de segurança que foram pesquisados
de cerca de 40% no número de mortos em auto- nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 1980 não
móveis e um aumento de cerca de 7% no número têm nenhum impacto documentado nas condições
de mortos nos outros grupos de usuários das vias ambientais. Alguns desses requisitos (requisitos
(pedestres, ciclistas e motociclistas). para o sistema de circuito duplo de freio, coluna de
direção flexível, vigas nas portas e para-brisa lami-
Não se pode dizer, em absoluto, que estes resulta- nado) aumentam a massa do veículo e, assim, o con-
dos apoiem os pressupostos de Peltzman. Tem ha- sumo de combustível. O aumento da massa é, con-
vido uma diminuição no número total de mortos, tudo, muito pequeno, inferior a 50 kg para todos os
no trânsito, mas um sutil aumento no número de tipos de equipamentos de segurança em conjunto.
mortos fora dos veículos. Entretanto, este aumento
pode ser igualmente devido ao aumento do tráfego,
que gera alterações comportamentais nos conduto- Custos
res. Pode-se também encontrar uma clara “relação
dose–resposta” no impacto de requisitos de segu- Os custos de requisitos mais rigorosos de segurança
rança para automóveis. Quanto mais requisitos são para veículos e sistema de homologação em série ou
introduzidos, maior é o porcentual da frota que individual podem ser de dois modelos. O primei-
atende aos requisitos e maior a diminuição do nú- ro corresponde aos custos da Agência Nacional de
mero de mortos de ocupantes de automóveis. Administração de Vias Públicas da Noruega para
a emissão de homologações em série e individuais
Na medida em que as autoridades norueguesas es- e controles aleatórios de veículos homologados. O
tabeleceram requisitos rigorosos semelhantes para segundo corresponde aos custos adicionais para a
veículos novos importados para a Noruega, pode-se compra arcados pelo proprietário; é dessa forma
supor que eles têm ajudado a melhorar a segurança que os novos requisitos de segurança veicular têm
viária no país. contribuído para o aumento do custo do veículo.
Não há informações atualizadas sobre os custos
mencionados.
Impacto na mobilidade
por si mesma quanto como resultado da participa- do Estado. Os custos de produção de um veículo
ção norueguesa na cooperação técnica automobilís- que preenche os requisitos de segurança são cober-
tica internacional. tos pelos compradores.
Os requisitos relativos a veículos novos são direcio- O capítulo foi revisado em 2012 por Rune Elvik
nados principalmente aos fabricantes, importado- (TØI)
res e distribuidores dos veículos. Quem quer que
queira fabricar um automóvel para ser homologado,
deverá apresentar um pedido à Agência Nacional Problema e finalidades
de Administração de Vias Públicas da Noruega. Um
exemplar do veículo deve ser fabricado para a reali- Em uso normal, muitas partes do veículo motori-
zação do controle. zado são expostas ao desgaste, que pode em certo
momento evoluir para graves defeitos técnicos. As
O importador pode fazer alterações no veículo en- regulamentações veiculares, juntamente com o sis-
tregue pelo fabricante. A realização dessas mudanças tema de homologação em série e controle aleatório
deve ser solicitada, e a Agência Nacional de Admi- dos veículos homologados, garantem que o veículo
nistração de Vias Públicas da Noruega determina os de fábrica esteja em bom estado de funcionamen-
parâmetros possíveis de mudanças que o importador to antes de ser vendido. O código de trânsito exige
pode fazer, sem que seja necessário fabricar o veículo que o condutor garanta que o veículo esteja perma-
para aprovação individual. Os controles aleatórios de nentemente em condição satisfatória. No entanto,
veículos homologados são realizados pela Agência Na- a maioria dos condutores acaba não tendo oportu-
cional de Administração de Vias Públicas da Noruega. nidade de detectar nada antes que se torne uma fa-
A solicitação de homologação individual de um auto- lha grave e evidente no veículo. Os veículos de hoje
móvel deve ser dirigida à Agência Nacional de Admi- são, em muitos aspectos, mais difíceis para que o
nistração de Vias Públicas da Noruega e, por meio de proprietário os supervisione e os repare do que os
acordo, o veículo é produzido para a inspeção. veículos de 30 ou 40 anos atrás.
Quando um veículo é produzido para homologa- Um estudo norueguês (Christensen e Elvik, 2007)
ção em série ou individual, a inspeção é realizada concluiu que as deficiências técnicas de veículos
de acordo com uma orientação fixa de inspeção. Se leves aumentaram o risco de acidente. Automóveis
quaisquer falhas ou faltas forem descobertas, serão com 8 defeitos técnicos (que está próximo do nú-
impostas retificações antes de ser realizado o regis- mero mais alto encontrado) tiveram em média 27%
tro ou dentro de um determinado prazo. Se neces- mais risco de envolvimento em acidentes registra-
sário, o automóvel é vistoriado novamente após a dos pelas seguradoras que automóveis sem quais-
verificação. Com a homologação, são impostas me- quer falhas técnicas.
lhorias de eventuais falhas para todos os veículos de
um mesmo tipo. Foi, portanto, introduzido um sistema de inspeção
veicular periódica (Forskrift om periodisk kontroll
av kjøretøy, 2011). Neste sistema, os veículos leves
Responsabilidade pela execução da medida devem ser inspecionados pela primeira vez quando
completam quatro anos; depois eles devem ser ins-
O importador ou proprietário do veículo é respon- pecionados a cada dois anos. Os veículos pesados,
sável pelo cumprimento das regras em matéria de ambulâncias e táxis devem ser inspecionados pela
homologação em série e individual, assim como primeira vez quando completam um ano; a partir
pela produção de veículos para inspeção em con- de então, eles devem ser inspecionados anualmente.
formidade com as regras de homologação em série
e individual. A Agência Nacional de Administração A inspeção periódica deve contribuir para evitar
de Vias Públicas da Noruega pode realizar controles acidentes devido a falhas técnicas e irregularidades
aleatórios de veículos homologados. Os custos dos nos veículos e, quando se detectam problemas, eles
controles realizados pela agência citada em relação devem ser corrigidos, ou eventualmente, se o veícu-
aos veículos homologados são de responsabilidade lo possuir falhas graves, ele deve deixar de circular.
Parte II: 5. Inspeção veicular e de oficinas mecânicas 721
Tabela 5.2.1. Porcentuais de aprovação na inspeção veicular periódica na Noruega no período 2002-2008 (fonte: Statens
vegvesen, 2009).
2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002
Veículo leve (≤ 3.500 kg)
Freios 70,1 70,0 70,3 71,3 72,6 73,2 73,5
Rodas/suspensão 75,3 75,2 75,0 75,8 76,4 76,9 78,1
Luz/refletor/equipamentos elétricos 84,0 83,9 84,1 84,9 85,5 85,6 86
Direção 91,1 91,0 90,8 90,7 90,7 90,6 91,1
Ambiente 92,6 92,1 91,6 91,6 91,5 91,0 90,6
Carroceria/reboque/... 93,2 92,7 92,0 91,7 91,1 90,4 89,2
Visibilidade 96,6 96,6 96,6 96,6 96,8 96,7 96,7
Outros equipamentos 98,4 98,4 98,3 98,3 98,3 98,2 98,1
Veículos médios (> 3.500 kg e ≤ 7.500 kg)
Freios 68,7 69,1 70,2 71,9 73,2 73,4 74,3
Rodas/suspensão 77,4 77,8 77,8 78,6 78,2 79,4 80,5
Luz/refletor/equipamentos elétricos 78,9 78,2 78,4 80,2 80,3 81,2 82,3
Carroceria/reboque/... 88,4 87,9 88,3 88,6 88,6 88,5 88,4
Direção 88,9 88,5 88,5 88,5 88,0 88,6 89,2
Outros equipamentos 91,8 94,6 93,9 92,9 89,6 90,3 90,7
Ambiente 94,7 94,6 94,4 94,7 94,6 94,6 94,2
Visibilidade 96,2 96,1 96,1 96,3 96,3 96,2 96,2
Veículo pesado (> 7.500 kg)
Freios 54,8 52,7 52,7 54,2 55,0 55,9 57,5
Carroceria/reboque/... 69,8 69,7 70,3 72,6 73,7 74,0 74,8
Rodas/suspensão 70,6 69,0 68,5 69,3 69,5 70,0 69,7
Luz/refletor/equipamentos elétricos 74,6 72,9 73,5 75,7 77,0 77,6 78
Outros equipamentos 89,9 87,7 86,6 86,3 81,5 82,6 83,5
Direção 92,1 91,5 91,6 91,6 91,7 91,6 91,5
Ambiente 92,4 91,9 92,4 93,3 93,6 93,5 93,6
Visibilidade 93,9 93,9 94,3 94,5 94,9 95,3 95
mente (ou por quilômetro percorrido). O resultado Os resultados dos dois estudos noruegueses não
aplica-se a veículos leves com até cerca de 12 anos sugerem que a inspeção veicular periódica ajude a
de uso. reduzir o número de acidentes com o envolvimento
de veículos leves.
Em um estudo norueguês recente (Christensen e
Elvik, 2007), os efeitos da inspeção veicular periódi- Encontrou-se somente um estudo que pode dizer
ca foram examinados usando-se um modelo de re- algo sobre os efeitos da inspeção veicular periódica
gressão binomial negativo. Este estudo não pode ser de veículos pesados sobre o número de acidentes
considerado tão bom metodologicamente quanto o (Moses e Savage, 1992). A pesquisa é referente ao
primeiro estudo norueguês. Os resultados foram, no controle geral das empresas que possuem frota de
entanto, bastante semelhantes. Para os veículos que caminhões, em que, além do estado técnico do veí-
foram inspecionados uma vez em cinco anos, houve culo, também são incluídas verificações de cumpri-
um aumento nos acidentes notificados às segurado- mento de normas de condução e descanso e condi-
ras (principalmente acidentes com danos materiais) ções da licença para o funcionamento da empresa.
de 2,6% (-0,7%, + 6,0). Este aumento não foi esta- A pesquisa distingue três grupos de empresas:
tisticamente significativo. Para os veículos que fo-
ram inspecionados duas vezes em cinco anos, o au- • Satisfatórias: empresas que cumprem as regras sa-
mento de acidentes foi de 8,4% (+3,9%, + 13,2%). tisfatoriamente;
Para os veículos que foram inspecionados três vezes • Aprovadas com restrições: empresas que são ele-
em cinco anos, o aumento de acidentes foi de 4,0% gíveis, desde que certas deficiências sejam corri-
(-23,6%, +41,5%). gidas;
Parte II: 5. Inspeção veicular e de oficinas mecânicas 723
• Não aprovadas: empresas envolvidas na violação parações divergem, de modo que é razoável que se
de regras. calcule a média ponderada.
Foi calculado o risco de acidente para cada grupo O tempo de duração do impacto da inspeção é in-
de empresas, e a tabela 5.2.2 mostra os resultados. certo. Com base nos conhecimentos sobre a relação
entre a idade e o número de falhas técnicas ou irre-
As empresas que obtiveram a aprovação com restri- gularidades dos veículos leves, dificilmente pode-se
ções tiveram o menor risco de acidente. Uma série de esperar que o impacto das inspeções periódicas dos
comparações pode ser feita entre os três grupos. Os re- veículos pesados sobre os acidentes dure mais de
sultados com relação ao impacto de medidas para cor- um ano.
rigir os erros, ou seja, alcançar o mesmo padrão entre
empresas não aprovadas e satisfatórias, varia de acor-
do com as comparações realizadas (ver tabela 5.2.3). Impacto na mobilidade
As diversas comparações mostram que os possíveis Não foram encontrados estudos que mostrem como
impactos das inspeções dependem de quão preciso a inspeção veicular periódica atua sobre a mobilida-
é o serviço das autoridades na seleção dos veículos de. Se a medida reduz a probabilidade de paradas
para inspeção. Se a maioria dos veículos seleciona- emergenciais no trânsito devido a falhas técnicas,
dos para serem inspecionados tem falhas e com a isso pode ajudar a melhorar a mobilidade.
inspeção eles atingem uma condição técnica satisfa-
tória, pode-se obter uma diminuição relativamente É concebível que o comportamento do condutor
grande no número de acidentes com vítimas. Espe- seja afetado pelo conhecimento do estado técnico
ra-se que uma seleção menos rigorosa de veículos do veículo. Uma pesquisa americana constatou que
gere menos impacto sobre os acidentes. os condutores de automóveis mais antigos mantêm
uma distância maior para com o veículo da frente
Para as inspeções periódicas, uma média pondera- que os condutores de automóveis novos (Evans e
da das duas comparações em que dois grupos são Wasielewski, 1983). Os automóveis mais antigos
comparados em relação a um terceiro (as duas últi- têm falhas técnicas mais frequentemente que os
mas linhas da tabela 5.2.3) pode dar uma indicação automóveis novos. Uma pesquisa norueguesa (Inge-
sobre os possíveis impactos nos acidentes. No caso brigtsen e Fosser, 1991) mostra que os condutores
de acidentes com vítimas, há uma diminuição em adaptam o comportamento de condução no inverno
torno de 8% no índice de acidentes (-13%, - 3%) de acordo com o quão bons eles pensam que seus
para veículos com defeitos técnicos. Para o índice pneus estão. Esta adaptação é fator importante para
total de acidentes, os resultados das diferentes com- os acidentes.
Tabela 5.2.2: Risco de acidente em diferentes grupos de empresas com frotas de caminhões
nos EUA. Fonte: Moses e Savage, 1992.
Não há nenhuma base para quantificar os impac- com diferentes cargas e sob um ciclo de condução
tos da adaptação comportamental dos condutores específico numa “esteira de rodagem” (Hagman,
devido ao estado técnico do veículo na mobilidade 2002, 2011). A inspeção de emissões que a Agência
em geral. Nacional de Administração de Vias Públicas da No-
ruega prescreve, que deve ser realizada em conjunto
com a inspeção veicular periódica, inclui: inspeção
Impacto no meio ambiente de motor ocioso, de fumaça e de partículas de emis-
são para motores em aceleração livre.
As características ambientais que são controladas
pela inspeção veicular periódica são: ruído, emissões Todos os veículos modernos a gasolina que têm
de escape, o ruído de rádio e vazamentos de vários ti- catalisador de três vias emitem significativamente
pos (poluição). De acordo com o panorama da Agên- menores quantidades de componentes prejudiciais
cia Nacional de Administração de Vias Públicas da à saúde (CO, HC e NOx) que os automóveis sem ca-
Noruega, a quota de aprovação no período de 2002 a talisador. Com defeito no catalisador ou no motor,
2008 dos veículos homologados submetidos à inspe- as emissões destes componentes aumentam signifi-
ção veicular periódica (os mesmos da tabela 5.2.1) no cativamente.
que diz respeito ao meio ambiente foi entre:
O sistema de ignição, o carburador e outras funções
• 90,6 – 92,6 % para veículos leves; reguladoras em veículos mais antigos com motor a
• 94,2 – 94,7 % para veículos semipesados; gasolina fabricados antes de 1989 podem estar gas-
• 91,9 – 93,6 % para veículos pesados. tos e desajustados, o que aumenta o consumo de
combustível e as emissões de vários componentes
O panorama do porcentual de veículos aprovados nocivos. A inspeção veicular periódica pode detec-
mostra somente o porcentual ambiental total. Não tar desajustes e desgastes, influenciando no impacto
é mostrado o porcentual desagregado de veículos ambiental dos veículos mais antigos.
aprovados para cada uma ou apenas uma das quatro
características ambientais. Em veículos a gasolina modernos, com controle
preciso da relação de mistura de ar e gasolina, bem
No uso normal, muitas partes do veículo são expos- como catalisador de três vias, a medição dos gases
tas a desgastes que podem eventualmente agravar as do escapamento na inspeção veicular periódica ga-
características ambientais. Em veículos produzidos rantirá que não haja problemas graves com o con-
antes da década de 1990, muitas funções eram con- trole do motor ou com o catalisador de três vias.
troladas e reguladas mecanicamente. Os veículos Uma falha grave com o motor ou catalisador de três
modernos têm controle eletrônico do motor e con- vias fará com que as emissões de gases nocivos au-
trole avançado do sistema de escapamento. mentem consideravelmente no tráfego real.
Testes e resultados referentes ao escapamento de- Em veículos com motor a diesel, o controle do mo-
pendem do tipo de controle de escapamento reali- tor determina quanto das emissões do escapamento
zado e com qual sistema de limpeza de escapamento é de óxido de nitrogênio (NOx), de partículas (PM)
o veículo está equipado (Torp, 1996). Pode-se dis- e de CO2 no tráfego real. Altas emissões de NOx
tinguir entre: normalmente levam a baixas emissões de PM e CO2.
Na inspeção veicular periódica, a fumaça e as par-
1. Inspeção de motor ocioso, em que se mede a tículas de emissão dos veículos a diesel são inspe-
quantidade de gases CO e HC emitidos pelo es- cionadas por meio da medição da média de visibi-
capamento dos veículos com motor ocioso; lidade das emissões dos gases do escapamento (na
2. Medição da transparência dos gases de combus- aceleração livre do motor), quando o veículo está
tão com a aceleração livre do motor, que é a me- parado. Se a transparência não for suficiente para
dida da fumaça e das partículas emitidas; cumprir a exigência estipulada, muitas vezes é sufi-
3. Medição das emissões do escapamento durante ciente conduzir o veículo em alta velocidade e com
a execução de um ciclo de condução específico. alta aceleração para ser aprovado por um novo con-
trole de fumaça e partículas de emissão de veículos
A medição das emissões representativa do que acon- a diesel. A medição de emissões de veículos a diesel
tece em tráfego real só é possível em um laboratório modernos é considerada como tendo um impacto
de escapamento, onde os veículos são conduzidos insignificante no meio ambiente.
Parte II: 5. Inspeção veicular e de oficinas mecânicas 725
O escapamento pode apresentar vazamentos devido Para veículos pesados, espera-se que estes custos
a um longo tempo de uso sem inspeção. Além de au- sejam mais altos.
mentarem as emissões, os vazamentos no sistema de
escapamento também aumentam os níveis de ruído Considerando o porcentual de trabalho de tráfego
dos veículos. realizado por veículos leves movidos a diesel e ga-
solina, a média das emissões por quilômetro per-
Um estudo da literatura no tema realizado para a corrido pode ser estimada em NOK 0,15. O total
Comissão Europeia (Rompe e Seul, 1985) concluiu de custos das emissões para veículos leves em 2009
que, corrigindo-se a ignição e o sistema de injeção foi estimado em cerca de NOK 5.700 milhões. Se
de combustível desajustados como resultado da ins- a inspeção veicular periódica ajudar a reduzir as
peção veicular periódica, podem-se reduzir todos os emissões em 8-10% ou mais, seu benefício poderá
tipos de emissões. No sistema de controle do esca- exceder seus custos anuais. Os impactos reais das
pamento dos veículos modernos, a substituição de inspeções veiculares periódicas sobre as emissões
catalisadores e dos sistemas de controle defeituosos são desconhecidos.
também reduz todos os tipos de emissões de gases
nocivos, apesar de os resultados do estudo de 1985
serem obsoletos, já que nenhum automóvel fabrica- Responsabilidade e procedimentos formais
do depois de 1988 possui carburador.
Iniciativa para a medida
Realizou-se uma série de análises de custo-benefício A inspeção veicular periódica é realizada pelas au-
das inspeções veiculares periódicas. Todas elas esti- toridades responsáveis mediante o registro de quais-
maram que a medida reduz o número de acidentes, quer falhas e faltas eventuais usando-se uma ficha de
o que deve ser considerado pouco provável para os verificação padronizada (checklist). As inspeções são
veículos leves. Para os veículos pesados, é concebí- realizadas com base em orientações que especificam
vel que a inspeção veicular periódica reduza o nú- o que deve ser verificado, o método a ser utilizado
mero de acidentes, mas o porcentual de impacto é e sob quais condições. As autoridades responsá-
muito incerto. veis pela aplicação devem encaminhar diariamente
os resultados das inspeções realizadas em formato
O impacto da inspeção veicular periódica sobre eletrônico à Agência Nacional de Administração de
as emissões é incerto. Com base nos valores de Vias Públicas da Noruega.
emissão fornecidos por Hagman e Akhtar (2011)
juntamente com o último estudo de avaliação no-
rueguês (Samstad et al., 2010), os custos socioeco- Responsabilidade pela execução da medida
nômicos das emissões de veículos leves podem ser
estimados em cerca de NOK 0,10 por quilômetro A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
percorrido para a veículos a gasolina e cerca de blicas da Noruega é responsável por garantir que o
NOK 0,19 por quilômetro para veículos a diesel. país tenha um esquema de inspeção veicular perió-
726 O Manual de Medidas de Segurança Viária
dica que cumpra os requisitos das diretivas da CEE Nos últimos anos, o número de inspeções de veí-
e dentro dos moldes do Acordo EEE. O proprietá- culos nas vias diminuiu, ao passo que o número de
rio do veículo é responsável por garantir que ele es- inspeções periódicas (obrigatórias) aumentou. Em
teja preparado para inspeção e aprovação até o final 2010, a Agência Nacional de Administração de Vias
do seu mês de controle. Públicas da Noruega (Statens vegvesen, årsrapport,
2010) realizou:
Com o uso normal, uma série de partes do veícu- A polícia detecta problemas e defeitos técnicos nos
lo está sujeita ao desgaste. A falta de inspeção e de veículos por meio de suas inspeções. As inspeções
manutenção regulares dos veículos pode causar im- técnicas e sistemáticas de veículos (isto é, inspeções
perfeições e defeitos prejudiciais ao tráfego. De ma- executadas exclusivamente para investigar as con-
neira geral, os veículos antigos estão em condições dições técnicas do veículo) são, entretanto, pouco
técnicas inferiores aos veículos novos. Uma pesquisa prioritárias.
realizada em 1990 sobre a condição técnica dos veí-
culos de passeio no tráfego (Fosser e Ragnøy, 1991) Um benefício em executar a inspeção técnica no
apontou que foram encontrados nos veículos com tráfego na via é que se podem fiscalizar os veículos
até 4 anos de uso em média 0,89 problema e defei- no momento em que estão sendo utilizados e, na
to técnico por veículo. Nos veículos que tinham 13 prática, identificar os veículos com problemas. Uma
anos ou mais de uso, foram encontrados em média limitação é que não se pode executar a inspeção que
5,57 problemas e defeitos técnicos por carro. Com exige equipamentos técnicos avançados. Entretan-
relação aos veículos pesados, a relação entre idade, to, é possível descobrir problemas graves e defeitos
condição técnica e risco de acidentes é menos co- em pneus, freios, sistema de iluminação e segurança
nhecida. É sabido, entretanto, que muitos veículos da carga.
pesados têm problemas e defeitos técnicos (Ragnøy
e Sagberg, 1999).
Impacto sobre os acidentes
Uma pesquisa norte-americana (Jones e Stein, 1989)
apontou que caminhões com carretas com proble- Há pesquisas quanto aos efeitos da inspeção de veí-
mas e defeitos técnicos tinham 1,7 vez mais chances culos na via em relação aos acidentes. As seguintes
de risco de acidentes do que carretas sem esses pro- pesquisas foram encontradas:
blemas e defeitos.
Crain, 1980 (EUA);
A inspeção de veículos na via tem como objetivo VanMatre e Overstreet, 1981 (EUA);
identificar veículos com problemas e defeitos téc- Fridstrøm e Bjørnskau, 1989 (Noruega), compare
nicos enquanto se deslocam no tráfego, e reduzir o Fridstrøm e Ingebrigtsen, 1991;
número de acidentes ao fazer com que esses pro- Jones e Stein, 1989 (EUA);
blemas e defeitos sejam reparados ou com que os Moses e Savage, 1992 (EUA);
veículos sejam retirados de circulação. Gou, Clément, Birikundavyi, Bellavigna-Ladoux e
Abraham, 1999 (Canadá);
Thakuriah, Yanos, Lee e Sreenivasan, 2001 (EUA) e
Descrição da medida Elvik, 2002 (Noruega).
A inspeção de veículos na via engloba uma inspeção Estas pesquisas relacionam-se entre si de maneira
que é realizada pela Agência Nacional de Adminis- bem diferente e, por isso, são difíceis de ser resu-
tração de Vias Públicas da Noruega e pela polícia, midas. Duas pesquisas (Crain, 1980; VanMatre e
tanto de maneira conjunta quanto separadamente. Overstreet, 1981) comparam o nível de risco no
Parte II: 5. Inspeção veicular e de oficinas mecânicas 727
tráfego entre os estados dos EUA que executam e defeitos técnicos, isso deve ser compreendido como
os que não executam a inspeção de veículos na via. uma estimativa do maior efeito concebível das ins-
Essas pesquisas apontam que os estados que fize- peções técnicas de veículos pesados na via.
ram a inspeção de veículos na via têm em torno de
15% menos riscos de acidentes fatais (± 1%) do Uma pesquisa americana (Thakuriah et al., 2011)
que os estados que não a realizaram. Com relação a descobriu uma pequena tendência daqueles auto-
acidentes com feridos, nos estados que realizaram a móveis em que durante uma inspeção no ano ante-
inspeção de veículos na via o risco é 14% menor (± rior foram apontados problemas e defeitos técnicos
0,2%) do que nos estados que não a realizaram a in- de se envolverem em mais acidentes em comparação
seção. As pesquisas nada constatam em relação aos com aqueles que não tinham nenhum problema ou
impactos da inspeção de veículos na via em diferen- defeito técnico.
tes grupos de veículos. Elas também nada constatam
quanto à quantidade ou à qualidade das inspeções Uma pesquisa norueguesa (Fridstrøm e Bjørnskau,
de veículos na via nos estados que a realizam. Tam- 1989; Fridstrøm e Ingebrigtsen, 1991) estudou os
bém é incerto se as pesquisas consideraram outras fatores que descrevem as variações no número de
condições que podem diferenciar o risco no tráfego acidentes por região/mês na Noruega no período de
entre os estados em que se realizou a inspeção de 1974 a 1986. A pesquisa avaliou que as inspeções de
veículos na via ou não. Todas as pesquisas, contudo, veículos na via medidas pela frequência média de
foram controladas por outros fatores (cerca de 8 a inspeção por região/mês no período de 1974 a 1986
10) que podem esclarecer as diferenças no nível de podem reduzir o número de acidentes com vítimas
risco entre os estados. em torno de 0,4% (-2,3%; +1,4%). O impacto não
foi significativo estatisticamente. Uma análise mais
Duas pesquisas (Jones e Stein, 1989; Moses e Sava- meticulosa apontou que as inspeções de veículos na
ge, 1992) dizem respeito ao risco de acidentes em via, da maneira como foram realizadas, no período
veículos pesados com e sem os problemas e defei- entre 1974 e 1986 tinham estatisticamente uma rela-
tos técnicos. Estas pesquisas podem apenas dizer ção com o número de acidentes que em média cor-
algo sobre o efeito teórico ou, no máximo, prová- respondia a 5% da queda no número de condutores
vel, com relação ao risco de acidentes ao reparar acidentados por região e mês, porém correspondia
os problemas e os defeitos técnicos em veículos a 5% de aumento no número de pedestres e ciclistas
pesados. Uma das pesquisas (Jones e Stein, 1989) acidentados por região e mês. Para todos os aciden-
aponta, teoricamente, uma queda de risco esperada tes, ocorreu uma queda de 1,5% por região e mês.
de 37% (- 50%; -20%) ao reparar os problemas e Este resultado não era significativo estatisticamente
defeitos técnicos em veículos pesados. Isso englo- no nível de 5%.
ba tanto acidentes com vítimas quanto com danos
materiais. A outra pesquisa (Moses e Savage, 1992) Em uma outra pesquisa norueguesa (Elvik, 2002),
aponta, teoricamente, uma queda de risco atingível foi realizada a tentativa de calcular os impactos das
de 26% (-35%; -16%) em acidentes com vítimas e inspeções de veículos pesados na via em relação ao
16% (-18%; -13%) em acidentes com danos mate- número de acidentes. A pesquisa estudou a rela-
riais ao reparar os problemas e defeitos técnicos em ção entre a frequência de inspeção e o número de
veículos pesados. Esses resultados não dizem nada acidentes por veículo pesado no período de 1985 a
sobre quantas inspeções são necessárias para alcan- 1997. Ela foi controlada pelas modificações na por-
çar esse efeito. Na prática, nem sempre se prevê um centagem de novos condutores de veículos pesados
número elevado de inspeções, pois as pessoas estão e pelas modificações nas conjunturas econômicas
seguras de que todos os veículos pesados sempre no mesmo período. A pesquisa chegou à conclusão
estão em boas condições de manutenção. Na prá- de que, ao dobrar a frequência das inspeções de veí-
tica, o impacto em acidentes que se pode obter é, culos pesados na via (inspeções por veículo/ano),
por conta disso, menor do que o impacto calculado foi gerada uma queda de 6,7% (-18,4%; +5,1%)
teoricamente. no número de acidentes em que os veículos pesados
estariam envolvidos. Esta queda não é significativa
Uma pesquisa canadense (Gou et al., 1999) estimou estatisticamente no nível de 5%.
que os problemas e defeitos técnicos em veículos
pesados contribuíram para cerca de 15% dos aci- De maneira geral, estas pesquisas fornecem uma
dentes. Em paridade com os estudos do aumento base muito incerta para quantificar o efeito da ins-
no risco de acidentes relacionado com problemas e peção de veículos na via no número de acidentes.
728 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Todos os resultados apontam que a existência da ultrapassagem dos veículos que estão estacionados
inspeção de veículos ou o aumento da frequência na via.
da inspeção contribuem para a redução no núme-
ro de acidentes. Além disso, parece servir de base
para dizer que o impacto nos acidentes é maior Impacto no meio ambiente
com relação aos veículos pesados do que aos veí-
culos leves. Não foram encontradas pesquisas que mostram
como a inspeção de veículos na via influencia as
Foi escolhido dar mais importância para os resul- condições do meio ambiente. Na inspeção de veícu-
tados noruegueses. Pressupõe-se que os resultados los na via é possível executar a chamada “inspeção
das pesquisas de Fridstrøm e Bjørnskaus (1989), de verificação de emissões” com veículo em ponto
que tratam do número de pessoas acidentadas como morto. Além do mais, pode-se, por meio da inspe-
variável dependente, representem os impactos das ção visual, determinar até certo grau se a emissão de
inspeções de carros leves na via, uma vez que a gases está desproporcional. Vazamentos no sistema
maioria das pessoas acidentadas ou está em carros de emissões, pelo menos em casos graves, são julga-
leves ou foi ferida por carros leves. Os impactos dos pelo ruído.
estimados com um aumento de 50% na frequência
de inspeção quanto ao número de acidentes com ví- Uma vez que a emissão de gases e possíveis vaza-
timas é -0,7% (-1,7%; +0,3%) para carros leves e mentos em seu sistema são inspecionados na inspe-
-3,4% (-9,2%; +2,5%) para veículos pesados. Estes ção de veículos na via, fazendo com que os proble-
impactos são válidos para todos os acidentes com mas e defeitos sejam consertados, poderá ocorrer a
veículos leves e pesados, não apenas acidentes em redução dos problemas ao meio ambiente relaciona-
que os carros inspecionados estão envolvidos. Não dos à emissão de gases. Impactos reais da inspeção
foi registrada na estatística dos acidentes quando de veículos na via na emissão de gases poluentes não
um veículo foi inspecionado pela última vez. Por foram documentados.
conta disso, não é possível realizar uma separação
dos veículos inspecionados pela última vez na es-
tatística de acidentes. Acredita-se que os impactos Custos
das inspeções na condição técnica podem durar no
máximo um ano. A respeito da atividade com materiais de base do
Plano Nacional de Transportes, são calculados os
benefícios e custos com o aumento das inspeções
Impacto na mobilidade de veículos pesados na via. Pode-se estimar que a
Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
Não foram encontradas pesquisas que informam blicas da Noruega utiliza a cada ano por volta de
a respeito de como a inspeção de veículos na via NOK 80 milhões na inspeção de veículos pesados
influencia a mobilidade. As inspeções geralmente na via, incluindo a inspeção da direção e tempo de
são realizadas em posto de inspeção de veículos, na descanso.
via e em locais de estacionamento ou de descanso,
para não haver interferência no tráfego. O tráfego
ao lado de um posto de inspeção pode, por conta Avaliações de custo-benefício
disso, realizar-se quase normalmente.
Foi realizada uma análise do custo-benefício em di-
Com relação aos condutores, o tempo efetivo de ferentes níveis com relação ao aumento das inspe-
inspeção é normalmente mais curto na inspeção de ções de veículos pesados nas vias. A análise aponta
veículos na via do que em inspeção periódica. Esti- que o benefício de aumentar as inspeções excede os
ma-se que o tempo necessário para a inspeção seja custos, quando se aumentam as inspeções até cer-
de cerca de 15 minutos por veículo leve e cerca de ca de seis vezes em relação ao volume de inspeções
30 minutos por veículo pesado. diárias. Com seis vezes mais inspeções, o número
de mortos pode ser reduzido em quase 9 pessoas
As inspeções técnicas de veículos podem levar à di- por ano e o número de acidentes com pessoas gra-
minuição dos danos causados por veículos com pro- vemente feridas, em 16 pessoas por ano. O aumento
blemas. Os veículos danificados podem atrapalhar das inspeções para além de seis vezes não é vantajo-
o tráfego, especialmente em túneis, dificultando a so socioeconomicamente.
Parte II: 5. Inspeção veicular e de oficinas mecânicas 729
Iniciativa para a medida Para que o veículo esteja de acordo com as exigên-
cias de segurança, ele deve passar por revisões. Essas
A inspeção de veículos ao longo das vias é realiza- revisões sempre levam ao conserto do veículo, visto
da pela Agência Nacional de Administração de Vias que componentes e equipamentos estão submetidos
Públicas da Noruega e pela polícia. ao desgaste. O veículo também deve ser reparado
após acidentes e outros danos.
cal, equipamentos e máquinas, pátio para veículos e defeitos técnicos que foram reparados de maneira
controle de dados dos reparos. As oficinas também satisfatória foi de 86,5% nas oficinas credenciadas
podem ser autorizadas para determinados tipos de e de 84,8% de maneira particular. Com relação às
trabalho em veículos, como, por exemplo, equipa- oficinas que cumpriram as exigências das normas,
mentos de luz, rodas e instalação de escapamentos. a taxa de consertos satisfatórios foi de 90,3%. Com
relação às oficinas que não cumpriram as exigências
Uma parcela dos trabalhos de manutenção e de das normas, a taxa de consertos satisfatórios foi de
reparos em veículos é isenta da autorização obriga- 81,7% (Elvik, 1983). Estas diferenças são peque-
tória. Isso é válido principalmente para consertos e nas, mas indicam que as oficinas que cumprem as
trocas que não englobam estruturas fundamentais e exigências das normas executam um trabalho mais
partes vitais do veículo, como, por exemplo, a troca satisfatório do que aquelas que não cumprem.
de toda a roda, mas não a troca do pneu.
Deve-se, contudo, saber que muitos desses defeitos
técnicos pesquisados são aqueles que os próprios pro-
Impacto sobre os acidentes prietários dos veículos podem consertar. Trata-se, por
exemplo, de má calibragem do pneu, troca de pneus
O impacto em relação aos acidentes como resulta- gastos, reposição de lanternas queimadas ou do lim-
do da autorização e inspeção das oficinas e órgãos pador de para-brisa. Com relação a atividades mais
de inspeção não foram documentados. A relação é complicadas, as qualificações profissionais e o acesso
indireta e difícil de ser investigada. A figura abaixo a ferramentas e equipamentos corretos influenciam
mostra a conexão refletida entre as normas das ofi- mais na qualidade. A pesquisa também não constata
cinas de inspeção veicular e acidentes: nada a respeito de como seria a qualidade nas ativida-
des das oficinas sem as exigências das normas.
Exigência para as oficinas → padrão das oficinas →
padrão de conserto → estado técnico → acidentes
Impacto na mobilidade
Ao impor exigências para as oficinas, deseja-se al-
cançar uma melhoria em seu padrão. A segunda A lei a respeito das oficinas de inspeção veicular não
previsão é que isso leve a uma melhora no padrão documentou nenhum impacto na mobilidade.
nos consertos realizados pelas oficinas, de maneira
que os veículos tenham poucos defeitos técnicos.
Pressupõe-se que um número menor de defeitos Impacto no meio ambiente
técnicos em veículos reduza o número de acidentes.
A lei a respeito das oficinas de inspeção veicular não
Não há nenhuma pesquisa em que tenham sido ana- documentou nenhum impacto no que diz respeito
lisados todos os elementos nesta cadeia de causas. às condições do meio ambiente.
Uma pesquisa de como são exercidas as normas das
oficinas de veículos (Elvik, 1983) apontou que as
oficinas fiscalizadas frequentemente para inspeção Custos
de veículos (Agência Nacional de Administração de
Vias Públicas da Noruega, estações de tráfego) cum- Não há um número atual dos custos. Em 1997, os
prem com mais frequência as exigências das normas custos da Agência Nacional de Administração de
em comparação com as oficinas que raramente são Vias Públicas da Noruega para a autorização de
fiscalizadas. Dentre 72 oficinas, que em média foram oficinas de inspeção eram na ordem de NOK 2 mi-
fiscalizadas de dois em dois anos aproximadamen- lhões por ano.
te, 68% cumpriam as exigências das normas para
oficinas. Dentre 88 oficinas, que em média foram
fiscalizadas a cada 8 anos aproximadamente, 42% Avaliações de custo-benefício
cumpriam as exigências das normas para oficinas.
Não estão documentados os efeitos da lei das ofi-
Nesta pesquisa, a qualidade na retificação de defei- cinas de inspeção veicular nos acidentes. Por conta
tos técnicos foi apontada no controle de 682 veícu- disso, não há bases para realizar as apreciações de
los. Destes, 247 foram reparados de maneira par- custo-benefício da lei. Os custos anuais para a auto-
ticular e 435, nas oficinas credenciadas. A taxa de rização de oficinas de inspeção veicular e órgãos de
Parte II: 5. Inspeção veicular e de oficinas mecânicas 731
inspeção correspondem aos custos em um acidente As normas de inspeção periódica do veículo forne-
com vítimas notificado para a polícia. cem regras mais precisas a respeito de quais tipos de
veículos que são submetidos à inspeção periódica,
quem poderá executar a inspeção e qual é o conteú-
Responsabilidade e procedimentos formais do preciso dessas inspeções. Os órgãos de inspeção
também devem seguir determinadas exigências para
Requisitos e procedimentos formais os locais, equipamentos e competência para que
possam ser credenciados.
As exigências em relação ao estabelecimento e ope-
rações estão determinadas nas normas das oficinas
de inspeção veicular e nas normas da inspeção pe- Responsabilidade pela execução da medida
riódica dos veículos.
A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
As normas das oficinas de inspeção veicular forne- blicas da Noruega, no escritório das vias regionais,
cem regras mais precisas quanto aos tipos de con- tem a competência para autorizar e inspecionar o
sertos obrigatórios para a aprovação e para quais funcionamento e autorização das oficinas de inspe-
veículos a obrigatoriedade para aprovação é válida. ção veicular obrigatória e os órgãos de inspeção para
Para que uma oficina seja autorizada, os locais e os a inspeção periódica. O escritório das vias regionais
equipamentos técnicos devem ser apropriados para pode revogar a autorização das oficinas e órgãos de
a finalidade e o funcionamento deve documentar inspeção, caso as exigências para o estabelecimento
que eles possuem um líder técnico que preencha e operação sejam rompidas e também se a qualidade
determinadas exigências de competência. no trabalho não for satisfatória.
732 O Manual de Medidas de Segurança Viária
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de habilitação de idade é fornecida na tabela 6.1.1. (ver o tópico
Responsabilidade e procedimentos formais).
Capítulo parcialmente revisado em 2011 por Alena
Høye (TØI) As carteiras nacionais de habilitação para categorias
A, A2, A1, AM, B, B1, BE, M, S e T têm, por regra,
15 anos de validade para condutores abaixo de 75
Problema e finalidades anos. Para condutores de 75 anos ou mais velhos, a
carteira nacional de habilitação é válida apenas por
O risco de o condutor se envolver em acidentes com meio de uma avaliação médica. As carteiras nacio-
vítima varia consideravelmente de acordo com a ida- nais de habilitação das outras categorias têm, por
de. O risco é menor para o condutor entre 25 e 54 regra, 5 anos de validade e é necessário uma avalia-
anos e aumenta se sua idade estiver abaixo ou acima ção médica de todos os condutores também durante
desta faixa etária. Condutores jovens (homens) têm a renovação das mesmas. Isso vale para condutores
o maior risco. Este modelo encontra-se tanto na No- abaixo de 70 anos. Para condutores de 70 anos ou
ruega como em outros países (ver Parte 1 do Manual mais velhos, a validade da carteira nacional de habi-
da Segurança Viária). A relação entre a idade e o ris- litação é de apenas um ano.
co de acidentes é mais conhecida junto aos conduto-
res de veículos de passeio, mas entre os condutores
de ciclomotores e motocicletas os mais jovens tam- Impacto sobre os acidentes
bém têm o maior risco (Ingebrigtsen, 1989, 1990).
O impacto da idade do condutor sobre o risco
A finalidade do limite de idade para a carteira na- de acidentes com novos condutores
cional de habilitação é limitar o número de aciden-
tes com condutores que, com base na idade, estão Durante os primeiros 5-7 anos em que se dirige um
inaptos para dirigir um veículo automotor. veículo, o número de acidentes diminui drastica-
mente. O risco de se ferir entre condutores de 20 a
24 anos de idade é cerca de 50 a 60% do risco de se
Descrição da medida ferir entre condutores entre 18 e 19 anos. Uma pes-
quisa norueguesa em que o número registrado de
Atualmente os limites de idade estabelecidos para a acidentes se apresentava em função do número de
carteira nacional de habilitação válidos na Noruega meses após o exame prático de direção encontrou
referem-se a: uma redução no número de acidentes de aproxima-
damente 50% no grupo de condutores que tinham
• quando se iniciam as aulas de direção; recebido a carteira nacional de habilitação dentro
• quando, de forma mais breve, é possível adquirir do período de 8 a 10 meses, quando comparado
regularmente a carteira nacional de habilitação com os condutores recentes, que tinham recebido a
pela primeira vez; carteira em 1 a 2 meses (Sagberg, 1997). O risco de
• quando, de forma mais longa, é possível adquirir acidentes após a realização do exame prático pode
regularmente a carteira nacional de habilitação depender de quando se iniciam as aulas práticas de
pela primeira vez. direção e da quantidade de aulas práticas realizadas
antes da prova. Descobriu-se, numa pesquisa sueca
Os limites de idade para a carteira nacional de habi- sobre o efeito do limite de idade de 16 anos para as
litação estão detalhados e descritos no §4-1 do Re- aulas práticas, uma redução no risco de acidentes
gulamento sobre a carteira nacional de habilitação em 35% no primeiro ano após a realização da prova
736 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 6.1.1: Idade mínima de acordo com a 3a. diretriz da carteira nacional de habilitação e norma para atividade
remunerada.
Direção de veículo de passeio Direção profissional de acordo com a norma para atividade remunerada
Com formação básica compacta Com formação básica completa
Idade mínima desde 2013
(140 horas) (280 horas)
AM 16 anos1
A 24 anos 2
A1 16 anos
A2 18 anos
B 18 anos
BE 18 anos
C1 18 anos 18 anos 18 anos
C1E 18 anos 18 anos 18 anos
C 21 anos 21 anos 18 anos
CE 21 anos 21 anos 18 anos
D1 21 anos 21 anos 21 anos
D1E 21 anos 21 anos 21 anos
D 24 anos 23 anos 21 anos
DE 24 anos 23 anos 21 anos
1
18 anos para ciclomotores de três e quatro rodas com peso específico (menos peso da bateria em motores elétricos) acima de 150 kg
2
em aquisição direta. Para outras regras por etapas de aquisição, consulte lovdata.no
prática nos condutores que foram autorizados a ini- Drummond, 1986 (Austrália, condutor de veículo
ciar as aulas práticas a partir de 16 anos (Gregersen, de passeio);
1997). Em uma pesquisa similar na Noruega, após Glad, 1988 (Noruega, condutor de veículo de pas-
a introdução do limite de 16 anos não se verificou seio);
nenhuma diferença entre os condutores que tiveram Engel e Krogsgård-Thomsen, 1989 (Dinamarca,
a oportunidade de realizar as aulas práticas de di- limite de idade para ciclomotor);
reção a partir dos 16 anos e aqueles que seguiram Ingebrigtsen, 1990 (Noruega, condutores de motos
o limite de idade de 17 anos (Sagberg, 2002). Esta pesadas);
diferença entre Noruega e Suécia pode ter relação Maycock, Lockwood e Lester, 1991 (Reino Unido,
com a quantidade de aulas práticas de direção, que condutor de veículo de passeio);
é essencialmente maior na Suécia que na Noruega. Forsyth, Maycock e Sexton, 1995 (Reino Unido,
condutor de veículo de passeio);
A diminuição do risco durante os primeiros anos Rutter e Quine, 1996 (Reino Unido, condutor de
como condutor de veículo deve-se à combinação da moto).
idade, experiência e outros fatores. Condutores jo-
vens também são, por regra, inexperientes. Por con- Dentre estas pesquisas, destacam-se os dois estudos
ta disso, é difícil distinguir o impacto da idade em britânicos mais recentes sobre condutores de veícu-
relação ao impacto da experiência e da quilometra- los de passeio (Maycock, Lockwood e Lester, 1991;
gem anual. Em uma parte das pesquisas, no entanto, Forsyth, Maycock e Sexton, 1995). Estas pesquisas
conseguiu-se calcular o efeito parcial (aumento) da apontam como a idade do condutor, vista de manei-
idade, ou seja, quando é verificado pelo impacto de ra isolada, influencia o risco de acidentes nos pri-
outras variáveis como experiência e quilometragem. meiros anos, quando é controlada por uma série de
Isso vale para as seguintes pesquisas: outros fatores que influenciam o risco.
Ferdun, Peck e Coppin, 1967 (EUA, condutor de Contudo, esses resultados pouco dizem a respeito
veículo de passeio); dos possíveis impactos da mudança dos limites de
Shaoul, 1975 (Reino Unido, condutor de veículo idade para a carteira nacional de habilitação em um
de passeio); determinado tipo de veículo. As mudanças nos limi-
Spolander, 1983 (Suécia, condutor de veículo de tes de idade podem afetar os acidentes com meios
passeio); de transporte alternativos, não apenas o tipo de veí-
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 737
culo para o qual vigora o limite de idade modifica- anos leva a uma diminuição de risco de 16% [1 -
do, pode-se pensar, por exemplo, que a direção do (0,94 x 0,94 x 0,95)]. É essencialmente menor que
ciclomotor seria menos atrativa para os jovens, se a diferença no nível de risco que se encontra no trá-
o limite de idade para a carteira nacional de habi- fego entre condutores de 18 anos e de 21 anos. A
litação para veículo de passeio fosse reduzido para diferença no nível de risco entre estas duas faixas
16 anos. Por outro lado, poder-se-ia pensar que a etárias é de cerca de 50-60%. A explicação sobre a
direção de ciclomotores/motocicletas aumentaria grande diferença entre estes dois números é que os
em volume, se o limite da idade para a carteira na- números acima mostram o impacto isolado sobre o
cional de habilitação de veículo de passeio aumen- risco da idade por si só, enquanto a queda total de
tasse. Uma medida que envolve a mudança do limite risco aponta o efeito conjunto da idade, experiência
de idade para carteira de habilitação afeta tanto os e outros fatores que afetam o risco do condutor.
acidentes de veículos de passeio quanto os aciden-
tes de ciclomotores. Contudo, há poucas pesquisas Nas pesquisas britânicas, foi possível estimar a con-
a respeito dos impactos conjuntos da mudança dos tribuição anual da idade e da experiência na queda
limites de idade para a carteira nacional de habili- no risco de condutores jovens nos primeiros anos de
tação. direção. A figura 6.1.1 mostra os resultados desses
cálculos (Maycock, Lockwood e Lester, 1991; For-
Com base nas pesquisas mencionadas, especialmen- syth, Maycock e Sexton, 1995). A figura mostra, na
te as britânicas mais recentes, o impacto sobre o parte superior, a linha da queda de risco atribuída
risco com acidentes de condutores de veículos de à idade. Essa linha inicia com o valor 1,0 para con-
passeio com um aumento de um ano na idade para dutores de 17 anos (que é o limite de idade para
a aprovação no exame de direção pode ser calcula- carteira nacional de habilitação no Reino Unido).
do conforme os seguintes números apresentados na As linhas sólidas, que descem de cada faixa etária
tabela 6.1.2. até a próxima, apontam o efeito no risco de aciden-
tes da experiência em um ano. Essas linhas caem
O aumento em 1 ano na idade inicial como condutor muito mais abruptamente que a linha estipulada
de veículo de passeio no intervalo dos 16 anos para para a idade. Isso significa que um segundo ano de
os 21 anos reduz o risco de acidentes no primeiro experiência contribui de maneira mais consistente
ano em cerca de 5-10%. O impacto é diminuído para reduzir o risco que um ano a mais de idade. A
com o aumento da idade. Não é confiável estatisti- última linha de experiência, de 21 para 22 anos, ter-
camente para algumas faixas etárias, contudo é pro- mina no nível de risco que os condutores de 22 anos
vavelmente real porque todas as estimativas seguem têm, comparado com os condutores de 17 anos, ou
a mesma direção e são encontradas em todas as pes- seja, por volta da metade como alto risco (valor 0,5
quisas citadas acima. Uma análise correspondente na figura).
para condutores de motos pesadas (Ingebrigtsen,
1990) aponta que o aumento na idade de início em
1 ano de 18 para 19 anos reduz o risco de acidentes Impactos das mudanças do limite de idade para a
em cerca de 10% (-16; -4). carteira nacional de habilitação
Os números acima apontam uma queda de risco de Apenas duas pesquisas foram encontradas sobre
5-10% por ano em que o condutor adia o início de os impactos da mudança do limite de idade para a
sua atividade de condutor. O aumento da idade de carteira nacional de habilitação. Em Quebec, Ca-
início da habilitação de, por exemplo, 18 para 21 nadá, o limite de idade para a carteira nacional de
Tabela 6.1.2:- Impacto do aumento de um ano na idade inicial como condutor de veículo
no risco de acidentes de trânsito no primeiro ano.
Melhor Intervalo de
Aumento da idade inicial Acidentes ocorridos
estimativa confiança
De 16 para 17 anos Todos os acidentes -10 (-20; +5)
De 17 para 18 anos Todos os acidentes -7 (-15; +1)
De 18 para 19 anos Todos os acidentes -6 (-17; +4)
De 19 para 20 anos Todos os acidentes -6 (-22; +13)
De 20 para 21 anos Todos os acidentes -5 (-29; +27)
738 O Manual de Medidas de Segurança Viária
1,0
(iniciante de 17 anos = 1)
0,9
Risco relativo
0,8
0,7
0,6
0,5
15 16 17 18 19 20 21 22 23
Idade
habilitação foi diminuído de 18 para 16 anos em Estas pesquisas da Noruega e da Suécia apresen-
1962. Calculou-se que isso levou a um aumento no tam resultados conclusivos para os condutores na
número de acidentes (de todos os níveis de gra- faixa etária de 65 a 74 anos. Estes condutores pos-
vidade e para todos os grupos de condutores) de sivelmente têm um pouco mais de risco de sofrer
12%, um aumento do número de feridos de 4% ferimentos do que a média de todos os condutores,
e um aumento no número de fatalidades de 24% mas a diferença é pequena. Entretanto, os condu-
(Gaudry, 1987). Na Dinamarca o limite de idade tores com idade acima de 75 anos têm claramente
para a direção de ciclomotores subiu de 15 para maior risco de lesão que a média dos condutores.
16 anos em 1980. O número de acidentes com ví- Pode-se pensar que, tanto na Noruega quanto na
timas em condutores de ciclomotores com 15 anos Suécia, o aumento do risco para os condutores mais
ou menos diminuiu 80% (± 2%) quando os con- velhos diminuiu ao longo do tempo. Uma explica-
dutores de 20 anos ou mais foram utilizados como ção concebível para esta tendência é que agora os
grupo de controle (Engel e Krogsgård-Thomsen, condutores mais velhos têm mais experiência e, em
1989). A pesquisa não esclarece se o número de maior grau, estão acostumados com uma sociedade
acidentes de jovens com 15 anos aumentou em ou- com muito mais veículos, diferente dos condutores
tros grupos de condutores. mais velhos de épocas anteriores, em que o número
de veículos era reduzido.
Risco dos condutores idosos – limites superiores Apesar do risco elevado, o número absoluto de víti-
de idade mas entre os condutores idosos é significativamente
menor que entre os condutores mais jovens. Mui-
Os condutores idosos têm maior risco de lesão que tos condutores idosos utilizam pouco o veículo e o
os condutores de meia-idade. Se o risco com lesões fazem somente em certas condições de tráfego, ou
para todos os condutores for definido como 1,00, seja, na luz do dia, em vias que lhes são familiares e
o risco correspondente para os condutores idosos em períodos em que as vias estão menos congestio-
será calculado da seguinte forma em uma parte da nadas. Nenhum país introduziu um limite máximo
pesquisa (tabela 6.1.3). de idade para a carteira nacional de habilitação.
Tabela 6.1.3: Risco de lesão em condutores idosos na Noruega e na Suécia de acordo com
algumas pesquisas (risco médio = 1,00).
Média = 1,00
Pesquisa País e ano
65-74 anos 75 anos e mais velhos
Bjørnskau, 1988 Noruega, 1984-85 0,83 3,30
Bjørnskau, 1993 Noruega 1991-92 1,54 1,65
Bjørnskau, 2000 Noruega 1997-98 0,94 1,94
Bjørnskau, 2003 Noruega 2001-02 0,81 2,06
Thulin, 1987 Suécia 1984-85 1,20 5,00
Thulin e Nilsson, 1994 Suécia 1992 0,69 2,19
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 739
Na Noruega, uma avaliação médica é exigida dos bilidades de deslocamento ou mobilidade: quanto
condutores acima de 70 anos, para garantir que os mais rigorosos são os limites de idade, um menor
condutores mais velhos incapacitados a dirigir se- número de usuários tem a oportunidade de se deslo-
jam impedidos de fazê-lo. Entretanto, sabe-se que, car como condutores; estas pessoas precisam suprir
mesmo com esta regra (Brækhus, 1996), uma parce- a necessidade de deslocamento de outra maneira ou
la dos condutores idosos, mesmo com debilitações desistir da viagem. Outro impacto possível vale para
de saúde que aumentam o risco de acidentes, ainda a qualidade da fluidez: pode-se imaginar, por exem-
está dirigindo. plo, que remover os condutores idosos do trânsito
que dirigem mais devagar que os outros melhoraria
Em uma pesquisa norueguesa, foi avaliada a vali- a fluidez em dadas situações (Bjørnskau, 1994). Ne-
dade de diferentes testes de acuidade visual, testes nhum dos dois impactos aqui mencionados foram
cognitivos e fatores que podem afetar a habilidade documentados.
na direção veicular (Ulleberg e Sagberg, 2003). Na
pesquisa, a habilidade de dirigir foi avaliada por
avaliadores experientes e por vários testes. Detec- Impacto no meio ambiente
tou-se que os condutores acima de 75 anos tinham
habilidade ligeiramente menor que os condutores Não há efeitos diretos no meio ambiente por conta
na faixa etária entre 69 e 74 anos. Os resultados, dos limites de idade para a carteira nacional de ha-
porém, apontaram que a idade por si só tem um bilitação. Na medida em que tais limites contribuem
pequeno valor de predição quando se trata do de- para restringir o volume total de veículos (o que não
sempenho na direção. Quatro diferentes testes fo- é evidente, uma vez que muitos jovens que ainda
ram, entretanto, mais apropriados para explicar as são muito jovens para obter a carteira nacional de
diferenças no desempenho na prova de direção. Re- habilitação são transportados a diferentes locais no
fere-se, aqui, à redução da acuidade visual diante de veículo dos pais, por exemplo), eles também contri-
ofuscamento, à deficiência visual em pelo menos um buem para restringir o volume dos problemas am-
olho, ao tempo maior para percepção de elemen- bientais que a direção veicular pode causar.
tos, aos problemas para perceber vários elementos
e ao declínio cognitivo/demência. Utilizando estes
quatros testes relativamente simples, pode-se pre- Custos
ver corretamente o desempenho na direção de 78%
dos participantes. Os testes cognitivos e os testes Os custos diretos na administração do sistema dos li-
de acuidade visual tiveram um valor preditivo in- mites de idade para a carteira nacional de habilitação
dependente, ou seja, eles identificaram diferentes são pequenos. Pode-se julgar que o sistema possua
participantes com habilidades de direção veicular custos indiretos, uma vez que aqueles que não se en-
“em níveis não aceitáveis para aprovação”. quadram nos limites de idade geram custos a outros
modos de transporte. Isso acarretará, entretanto, um
Apesar de os testes mostrarem uma capacidade aumento dos custos se os outros meios de transporte
preditiva em relação ao desempenho na direção forem mais caros do que aquele que o condutor teria
veicular, eles apresentaram alguns erros. É fato que escolhido caso se enquadrasse nos limites de idade.
os testes não detectam tudo o que é julgado como O sistema que trata da avaliação médica para condu-
habilidade “não aceitável”, uma vez que há motivos tores idosos acarreta uma parcela de custos interliga-
para acreditar que há mais elementos envolvidos dos à emissão de certificados médicos.
do que a acuidade visual e as habilidades cogniti-
vas medidas que afetam o desempenho na direção
(Ulleberg e Sagberg, 2003). No entanto, infelizmen- Avaliações de custo-benefício
te os testes podem resultar em alguns resultados fal-
so-positivos. Na Noruega, foi estimado em 1997 que o sistema de
informações médicas para condutores idosos pode
ser vantajoso economicamente, se considerar-se que
Impacto na mobilidade os acidentes para este grupo hoje são mais do que 1%
abaixo do que teriam sido se o sistema não existisse.
Julga-se que os limites de idade para a carteira na-
cional de habilitação tenham dois impactos na aces- Numa apreciação socioeconômica, deve-se também
sibilidade. Um impacto possível vale para as possi- envolver, entretanto, como o sistema de informações
740 O Manual de Medidas de Segurança Viária
médicas para condutores idosos, influencia em suas veículos mais leves, o limite da idade será maior do
opções de deslocamento. Se forem limitados num que anteriormente, por motivos de segurança.
grau significativo, há um custo que deverá ser con-
siderado. As novas regras de faixa etária para veículos pesados
seguem as regras estabelecidas na Diretriz de Moto-
Até que ponto a medida é vantajosa socioeconomi- rista Profissional (2003/59/EØF). A norma da ativi-
camente depende, entre outras coisas, de o quão dade remunerada de 2008 regulamenta esta diretriz
rígidas são as exigências definidas. Com maior rigi- na Noruega e inclui, entre outras coisas, exigências
dez, muitos daqueles que não estão aptos para dirigir para aprendizagem prática e idade mínima. Dife-
perderão o direito de dirigir e o efeito de segurança rencia-se aqui claramente entre direção de veículos
será equivalentemente maior. Entretanto, haverá de passeio da direção de veículos pesados e para a
muitos que perderão o direito de dirigir e que não atividade remunerada, em que há diferentes regras
deveriam perder. Esses falsos positivos ocorrem em para a idade mínima.
qualquer teste, uma vez que nenhum teste é total-
mente livre de erros. Definir uma exigência menos
rígida reduzirá o número de falsos positivos, mas Responsabilidade pela execução da medida
apenas excluirá grande parte dos condutores menos
aptos e o efeito da segurança será consequentemen- Os limites de idade para a carteira nacional de habi-
te menor. Não há conhecimento sobre o benefício litação são de responsabilidade do próprio usuário.
socioeconômico para a carteira nacional de habili- Entretanto, existe uma minoria de menores que di-
tação para pessoas idosas. Quanto maior for o be- rige ilegalmente.
nefício e mais idosos perderem o direito de dirigir
por motivos de negligência ou resultados de testes
incorretos, menor será a probabilidade de ser vanta- 6.2 Exigências de saúde para
joso economicamente, uma vez que estes conduto- condutores
res poderão acionar a justiça para reaver o direito de
dirigir (Heikkinen et al., 2010). Capítulo revisado em 2002 e parcialmente revisado
em 2011 (TØI)
Os limites de idade para a carteira nacional de ha- Em um estudo retrospectivo das autópsias de 230
bilitação são estipulados nas regulamentações da condutores que sofreram acidentes fatais, foi cons-
carteira nacional de habilitação. Uma nova diretriz tatado que 27 deles (12%) morreram de causas
para a carteira nacional de habilitação (3. førerkort- naturais, ou seja, antes da ocorrência do aciden-
direktiv, 2006/126/EC) entrou em vigor desde 2009 te (Alvestad e Haugen, 1999). As principais cau-
e levou a uma mudança nos limites de idade para sas dessas mortes repentinas foram relacionadas a
alguns tipos de veículos. Foi introduzido um princí- doenças cardiovasculares. Ainda, em 17 casos (7%)
pio de aquisição gradual dos direitos de dirigir, ou foram julgadas sérias doenças do coração, doenças
seja, o condutor muda de uma categoria de veículo no sistema nervoso central e complicações em rela-
leve para uma categoria de veículos pesados com ção com o diabete, como fatores substancialmente
base na faixa etária. Caso se deseje obter uma cartei- causadores do acidente. O suicídio foi indicado em
ra nacional de habilitação na classe de veículos pesa- 6 casos (2,5%) como possível causa em algumas
dos antes de ter-se obtido habilitação nas classes de outras ocorrências. Além do mais, o estudo observa
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 741
que todos os acidentes causados por doenças car- visão, transtornos das funções cerebrais (epilepsia,
diovasculares ocorreram em baixas velocidades ou entre outros) que ocorrem por meio de ataques,
em saída de pista, sem danos com grandes conse- doenças psíquicas graves, retardo mental ou desvio
quências, algo que pode apontar para a possibilida- de personalidade, abuso do álcool ou outras dro-
de de o condutor acidentado ter recebido um aviso gas e demais condições patológicas. Com relação à
prévio do ataque e, por conta disso, ter sido capaz carteira nacional de habilitação para caminhões e
de reduzir a amplitude de danos do acidente antes ônibus, os requisitos são mais severos. Para cami-
de morrer. nhões e ônibus, também são impostos requisitos
com relação ao diabete e às doenças do coração,
Nas regras para a carteira nacional de habilitação fo- força muscular e coordenação motora. Para a cartei-
ram impostas mais exigências concretas com relação ra nacional de habilitação de ônibus, são impostos
à saúde do condutor. A finalidade dessas exigências requisitos com relação ao tom de voz e, além destes,
com relação à saúde do condutor é assegurar que os requisitos com relação a transtornos das funções
todos eles cumpram as condições mínimas de saúde cerebrais e diabetes são mais severos.
para dirigir e, assim, limitar o número de conduto-
res inaptos no tráfego. Não é conhecido em que grau os condutores de veí-
culos motorizados satisfazem os requisitos de saúde
exigidos. Com base na pesquisa de 1995 sobre as
Descrição da medida condições de vida realizada pelo Escritório Central
de Estatística (Statistisk sentralbyrå, 1996), é possí-
As exigências de saúde do condutor estão relacio- vel ter uma visão geral sobre a difusão de diferentes
nadas na Norma para Carteira Nacional de Habi- problemas de saúde na população (tabela 6.2.1).
litação, entre outros (www.lovdata.no). A avaliação
médica é exigida para a carteira de habilitação nas Deve-se considerar que as informações sobre estes
classes A, A2, A1, AM, B, B1, BE, M, S e T se o problemas de saúde são declaradas pela própria po-
condutor tiver 75 anos ou mais. Aos condutores que pulação. Observa-se que o aparecimento de diferen-
tiverem diabete, que deve ser tratado com insulina tes problemas de saúde aumenta com a idade. Os
ou outros medicamentos, a validade da carteira de resultados no que se refere à visão estão de acordo
habilitação é reduzida para no máximo 5 anos. Com com a pesquisa sobre a acuidade visual de condu-
relação às categorias de carteira de habilitação res- tores, que indica que cerca de 3% não satisfazem
tantes, exige-se a avaliação médica de todos os con- os requisitos de acuidade visual para condutores(S-
dutores na emissão da carteira de habilitação. Ela tensholt, Bergsaker e Skog, 1992).
deve ser renovada a cada cinco anos para conduto-
res abaixo dos 70 anos. Os condutores que têm 70
anos ou mais devem renovar a carteira nacional de Impacto sobre os acidentes
habilitação anualmente.
Risco em acidentes de trânsito por conta de doenças
A exigência de saúde para a carteira de habilitação e deficiências na saúde
nas diferentes categorias de veículos estão descritas
de maneira detalhada no Anexo 1 da Norma para No projeto da UE IMMORTAL (Impaired Mo-
Carteira Nacional de Habilitação, entre outros. As torists, Methods of Roadside Testing and Assess-
exigências se referem a acuidade visual, campo de ment for Licensing) foi realizada uma meta-análise
baseada nos grupos de doenças e condições des- doenças neurológicas, doenças mentais, alcoolis-
critas no Anexo III na diretriz de conselho da UE mo e utilização/abuso de medicamentos e drogas
CD 91/439/EEC com relação à carteira nacio- psicoativas. Nesse grupo, o aumento de risco é de
nal de habilitação (The Council of the European 58-100%. O diabete está entre o grupo de baixo
Communities, 1991). A meta-análise compreende e de alto risco, com um aumento de risco de 56%
62 estudos e 298 resultados dentro dos principais (Vaa, 2003).
grupos de doenças e condições de saúde descritas
no Anexo III (Vaa, 2003). A tabela 6.2.2 mostra as O Anexo III também indica certos subgrupos de
melhores avaliações para o risco relativo com rela- doenças e condições de saúde de importância para
ção aos principais grupos de doenças e condições de a emissão da carteira nacional de habilitação. Para
saúde compreendidas pela diretriz mencionada. A alguns destes subgrupos, foi possível calcular o risco
Noruega sugere os mesmos grupos de doenças e de- relativo. As doenças e condições de saúde que apa-
ficiências principais que a diretriz do conselho CD recem com o maior risco relativo são os transtornos
91/439/EEC – Anexo III. mentais (sérios), alcoolismo, medicamentos/drogas
consumidas de maneira abusiva e drogas psicoativas
As pesquisas que dão fundamento aos cálculos de com risco relativo, respectivamente, em 2,01, 2,00,
risco variam parcialmente no escopo e na qualidade. 1,96 e 1,96. Os maiores riscos relativos descobertos
Um problema de muitas pesquisas é que elas não com base no cálculo do estudo IMMORTAL foram
controlam o impacto de outros fatores que influen- os transtornos de sono, incluindo a apneia e a narco-
ciam o risco de acidentes, além da doença ou da de- lepsia. Para este grupo sob estas condições de saú-
ficiência estudada. Muitas pesquisas baseiam-se em de, o risco relativo total foi de 3,71 (Vaa, 2003). Este
uma amostra relativamente pequena. Nem todas as grupo de condições não está figurado no Anexo III
pesquisas têm bons dados explicativos sobre as dis- da diretriz da UE.
tâncias percorridas dos grupos de condutores que
estão sendo comparados. Também não está cons- A visão estática significa a capacidade do olho de
tatado, na maioria das pesquisas, se foram inves- perceber detalhes de maneira nítida quando os
tigados apenas os acidentes com vítimas ou todos objetos estão em repouso. A tabela 6.2.3 mostra o
os acidentes, ou seja, incluindo os com danos ma- aumento de risco para diferentes graus de nitidez
teriais. Supõe-se que estes últimos são mais comuns. reduzida.
Na tabela está indicado qual aumento no risco de
acidentes que diferentes doenças e deficiências na A tabela mostra que a redução da acuidade visual
saúde acarretam. O risco para condutores saudáveis em 20% ou mais resulta num aumento de risco
é definido como 1,00. entre 14-24%; porém, ao mesmo tempo não há
uma diferença significativa nos grupos com 20, 50
Todos os grupos principais de doenças, com ex- ou 75% de redução na acuidade visual. Isso talvez
ceção das deficiências renais, apontam para um signifique que a redução da visão é compensada de
aumento significativo no risco de o condutor se tal maneira que não pareça causar um risco relativo
envolver em um acidente. O maior aumento re- maior. A deficiência corrigida por meio de lentes de
lativo ao risco está relacionado com o alcoolis- correção causa uma redução pequena, mas signifi-
mo, que aumenta o risco em 100% com relação cativa, no risco relativo de acidente.
à condutores saudáveis, enquanto as deficiências
visuais aumentam apenas 9%. O alcoolismo é um Um estudo norueguês pesquisou a segurança do trá-
diagnóstico médico e não deve ser confundido fego em relação a condutores com deficiências em
com a embriaguez ao volante, que possui um ris- veículos adaptados para necessidades específicas
co relativo ainda maior (Glad, 1985). Os grupos (Sagberg et al., 2003). Uma análise de envolvimento
principais na tabela 6.2.2 podem ser divididos em em acidentes notificados pelo seguro por meio de
um grupo de baixo risco e em um grupo de alto uma seleção de condutores com veículos adaptados
risco, em que o aumento do risco no grupo de alto não aponta que eles correm alto risco.
risco é significativamente maior que no grupo de
baixo risco. O grupo de baixo risco compreende Em um estudo baseado em informações de segu-
deficiências visuais, deficiências auditivas, limita- radora sobre quilômetros percorridos, descobriu-
ção de movimentos e doenças cardiovasculares, se que o envolvimento de condutores com veícu-
que têm aumentos de risco na ordem de grande- los adaptados em acidentes foi de 10,3 acidentes
za 9 - 23%. O grupo de alto risco compreende por milhão de quilômetros (Sagberg et al. 2003).
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 743
Tabela 6.2.2:Risco relativo de se envolver em um acidente com 10 condições médicas (grupos principais) pertencentes aos
subgrupos compreendidos no CD 91/439/EEC – Anexo III. Resultados da meta-análise (risco relativo para condutores sem
condições médicas conhecidas = 1,00) Fonte: Vaa, 2003.
Com base na estatística de acidentes de tráfego Em geral, a estimativa de risco baseada em poucos
TRAST para os anos de 1998 a 2000 (Finansnærin- resultados deve ser interpretada com cuidado. Em
gens Servicekontor, 1999; 2000; 2001), junto com todos os grupos principais, com exceção da defi-
cálculos do total de distâncias percorridas para veí- ciência auditiva e do alcoolismo, é empregado um
culos de passeio (Rideng, 2001), descobriu-se que modelo de análise que leva em consideração a exis-
o risco de envolvimento em acidentes notificados tência de uma variação sistemática nos resultados
pelo seguro para veículos de passeio é geralmen- que dão base para os cálculos de risco. A relação
te de 10,1 acidentes por milhão de quilômetros. É abaixo estuda a análise da importância de várias
praticamente o mesmo que o dos condutores de doenças e condições sobre o risco:
veículos adaptados.
Deficiência visual (Hofstetter, 1976; Hill e Burg,
Isso pode indicar que os condutores compensam a 1977; Janke, 1983; Decina e Staplin, 1993; Gresset
dificuldade na direção tomando muito mais cuida- e Meyer, 1994; Marottoli et al., 1994; McCloskey
do, dirigindo mais devagar, concentrando-se mais et al., 1994; Lewandowsky, 1995; Johansson, 1997;
no tráfego e evitando condições difíceis de tráfego Maag et al., 1997; Owsley et al., 1998; McGwin et
(Sagberg et al. 2003). al., 2000; Owsley et al., 2002);
744 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Deficiência auditiva (Coppin e Peck, 1965, Ysander, O significado das doenças e deficiências com relação
1965; McCloskey et al., 1994); ao número total de acidentes na Noruega
Mobilidade reduzida/artrite (Mäki e Linnoila, 1976; As figuras apresentadas indicam em que grau as di-
MacPherson et al., 1984; Koepsell et al., 1994; Mc- ferentes doenças e deficiências influenciam o risco
Gwin et al., 2000; Vernon, 2002); de acidente para cada condutor afetado. O signifi-
cado destas doenças e deficiências com relação ao
Doenças cardiovasculares (Waller, 1965; Waller, 1967; número total de acidentes de tráfego é determinado
Crancer e Quiring, 1968; Crancer e O’Neall, 1969; pela predominância de cada doença, ou seja, quan-
MacPherson et al., 1984; Koepsell et al., 1994; Johans- tos condutores sofrem das diferentes doenças e de-
son, 1997; McGwin et al., 2000; Vernon, 2002); ficiências. Uma doença que aumenta o risco em, por
exemplo, 50%, terá uma maior relevância no núme-
Diabetes(Waller, 1965; Crancer e Quiring, 1968; ro de acidentes se 20% dos condutores a tiverem
Ysander, 1970; MacPherson et al., 1984; Hansotia doença, diferente de se 5% a tiverem.
e Broste, 1991; Koepsell et al., 1994; McGwin et al.,
2000; Vernon, 2002); Não há nenhuma estatística que aponta qual a por-
centagem de condutores que sofrem das diferentes
Doenças neurológicas (Waller, 1965; Hansotia e doenças e deficiências acima. Para algumas das
Broste, 1991; Janke, 1993; Koepsell et al., 1994; doenças e deficiências, pode-se, entretanto, dar uma
Adler et al., 2000; McGwin et al., 2000; Lings, 2001; estimativa da ocorrência entre os condutores de veí-
Schulteis et al., 2002; Vernon, 2002); culos de passeio. A tabela 6.2.4 mostra essas estima-
tivas para uma parte das doenças e deficiências.
Distúrbio mental (Waller, 1967; Mäki e Linnoila,
1976; MacPherson et al., 1984; Friedland et al., 1988; Os números para deficiência auditiva, mobilidade
Ball e Owsley, 1991; Drachman e Swearer, 1993; reduzida, doença do coração e transtorno psíquico
Cooper et al., 1993; Janke, 1993; Levielle et al., 1994; foram levantados da tabela 6.2.1 acima e ajustados
Marottoli et al., 1994; Koepsell et al., 1994; Fitten et estimativamente para baixo, para considerar que
al., 1995; Trobe et al., 1996; Johansson, 1997; Na- a porcentagem da população que tem carteira na-
da-Raja et al., 1997; Bedard et al., 1998; Withaar e cional de habilitação é menor do que 100%, espe-
Brouwer, 1999;McGwin et al., 2000; Vernon, 2002); cialmente nos grupos de idade em que as diferentes
doenças ocorrem com mais frequência.
Alcoolismo (Janke, 1993; Vernon, 2002);
Quando o risco relativo e a exposição de uma dada
Medicamentos e drogas psicoativas (Bø et al., 1975; condição de saúde X são conhecidos, podem ser
Mäki e Linnoila, 1976; Smart e Fejer, 1976; Honka- calculados quantos acidentes poderiam ter sido evi-
nen et al., 1980; Hingson et al., 1982; MacPherson et tados, se os condutores com a condição de saúde
al., 1984; Benzodiazepin group, 1993; Beylich et al., X fossem removidos do tráfego (Elvik, 2000). Com
1994; Levielle et al., 1994; Koepsell et al., 1994;Ma- base nos números das tabelas 6.2.2 e 6.2.4, é pos-
rottoli et al., 1994; Hemmelgarn et al., 1997; Neutel, sível estimar que o número de acidentes de tráfego
1998; McGwin et al., 2000; Longo et al., 2000; Longo na teoria pode ser reduzido: em 0,39% ao remover
et al., 2001; Mathijssen et al., 2002; Vernon, 2002); do tráfego condutores com problemas na acuida-
de visual; em 0,38%ao remover do tráfego con-
Doenças renais (Ysander, 1965, McGwin et al., 2000). dutores com problemas na acuidade auditiva; em
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 745
1,67% ao remover do tráfego condutores com mo- condutores que realizaram os checkups médicos são
bilidade reduzida; em 2,25%, ao remover do tráfego comparados com condutores com saúde normal do
condutores com doença do coração e em 3,47%ao mesmo gênero, idade e origem étnica.
remover do tráfego condutores com doenças psí-
quicas. No total, seriam 8,16%. Entretanto, é quase A tabela 6.2.5 mostra que o grupo de condutores
correto somar estes números, tendo em vista que que realizou a avaliação médica anteriormente teve
uma parcela dos condutores tem várias das doenças significativamente mais acidentes que o grupo de
simultâneas(visão e mobilidade reduzidas e demên- condutores que não porta nenhuma doença. Essa
cia, por exemplo). avaliação médica é realizada na Carolina do Nor-
te quando um condutor, com base no registro de
Os cálculos pressupõem que os condutores porta- acidentes oficial (que mantém informações sobre o
dores de diferentes doenças utilizam o veículo tanto histórico de acidentes dos condutores), se envolve
quanto os demais condutores. Na medida em que em vários acidentes incomuns e, por isso, suspeita-
os condutores, portadores de doenças e deficiências se que seja devido a problemas de saúde. O motivo
diminuem a utilização do veículo, os cálculos supe- mais comum para a avaliação médica é a suspeita
restimam o potencial de redução de acidentes, ao de alcoolismo. Os condutores deste grupo não são
remover do tráfego condutores portadores de doen- apresentados na tabela 6.2.5.
ças e deficiências.
Determina-se, por meio da avaliação médica, qual
doença o condutor possui. São prescritos o trata-
Impactos da avaliação médica no número mento e os medicamentos necessários. Além do
de acidentes mais, o médico aconselha sobre como o condutor
deve adaptar a direção veicular à doença. Em alguns
Foi encontrada apenas uma pesquisa que tentou casos, também são solicitadas restrições na carteira
medir os impactos nos acidentes por meio da avalia- nacional de habilitação. A tabela 6.2.5 mostra que o
ção médica de condutores (Popkin e Stewart, 1992). número de acidentes por condutor e ano diminuiu
A pesquisa é da Carolina do Norte, EUA, e compara em todos os grupos de doença após a avaliação mé-
o número de acidentes por condutores e ano, antes dica. Entretanto, esta redução deve-se, total ou par-
e após a realização do check-up médico. Os resulta- cialmente, aos efeitos de regressão, dada a maneira
dos da pesquisa estão resumidos na tabela 6.2.5. Os em que os condutores são selecionados. Popkin e
Tabela 6.2.5: Modificações no número de acidentes por condutor por ano antes e depois da
avaliação médica de condutores na Carolina do Norte, EUA, distribuídos por diferentes
doenças. Fonte: Popkin e Stewart, 1992.
Acidentes por condutor por ano
Número de
Grupos de doença Antes da avaliação Depois da avaliação Condutores
condutores
médica médica sem doenças
Doenças cardíacas 1274 0,069 0,048 0,044
Derrame, desmaio, ataque 1035 0,218 0,088 0,058
Doenças somáticas 289 0,166 0,074 0,054
Deficiências da visão 263 0,090 0,038 0,052
Doenças mentais 265 0,119 0,072 0,062
746 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Stewart (1992) não tentam calcular quão amplo é Impacto no meio ambiente
o efeito de regressão e, por conta disso, não podem
constatar qual amplitude da redução de acidentes Não foi documentado nenhum efeito no meio am-
que se deve ao efeito de regressão e qual se deve à biente por conta das exigências de saúde dos con-
avaliação médica. dutores.
uma visão corrigida também aumenta o conforto ao em seis vezes. Os cálculos provisórios podem, por
dirigir. conta disso, indicar que regulamentar esses pro-
blemas de saúde e negar a carteira de habilitação
O número médio anual de acidentes, incluindo da- acarretam uma perda líquida de benefício para a
nos materiais, por condutor e por ano na Noruega comunidade. No geral, as análises provisórias no
é aproximadamente 0,09 (255.000 vítimas distribuí- IMMORTAL indicam que, partindo-se puramen-
das em 2.720.000 condutores(Norges forsikrings- te do ponto de vista socioeconômico, não é vanta-
forbund, 1995). Uma redução de 6% neste número joso fazer qualquer tipo de exigência de saúde aos
como consequência da avaliação médica(ver tabela condutores.
6.2.5) corresponde a 0,0054 acidente evitado por
condutor e por ano, do qual se totaliza em torno
de 0,0003 acidente com vítimas e cerca de 0,0051 Responsabilidade e procedimentos formais
acidente com danos materiais. Poupa-se cerca de
NOK 675 por condutor por ano. A avaliação mé- Iniciativa para a medida
dica anual, que tem um custo menor por condutor
e por ano, consequentemente, é vantajosa socioeco- Para obter a carteira nacional de habilitação de veí-
nomicamente. culos motorizados, são impostas certas exigências
relacionadas à acuidade visual, auditiva, à saúde e
Na prática, não se pode contar com um alcance à mobilidade. Estas exigências resultam do Anexo 1
de 6% de redução no número de acidentes para da Norma da Carteira Nacional de Habilitação. As
todos os condutores, porque a maioria dos con- exigências de saúde são comuns na UE/EEE e são
dutores certamente não possui problemas e saúde reguladas na forma de diretrizes.
significativos, que levem a um risco de acidentes.
De acordo com a tabela 6.2.4, apenas cerca de no
máximo 30% dos condutores têm problemas de Requisitos e procedimentos formais
saúde que podem aumentar o risco de acidentes.
Os números para diferentes tipos de doenças se Mesmo que a Direção Geral Viária seja responsável
encontram somados. O que não está totalmente pela regulamentação referente à carteira nacional de
correto, tendo em vista que alguns têm várias des- habilitação, o anexo é administrado com as exigên-
tas doenças ao mesmo tempo. cias de saúde da Diretoria Geral de Saúde Públi-
ca. A Diretoria Geral de Saúde Pública é um órgão
No projeto IMMORTAL da União Europeia de- para questões de saúde tratadas junto ao pessoal do
vem ser realizadas análises de custo-benefício da município(médico do município). Ela divulga as di-
exigência da avaliação médica para condutores. retrizes complementares. Para fornecer suporte aos
Em sua grande maioria, as regras sobre saúde médicos no trabalho com as questões da carteira
hoje em dia são concebidas de maneira que, se o nacional de habilitação, a Diretoria Geral de Saú-
condutor não cumprir todas essas exigências, a de Pública criou uma orientação chamada IS-1437.
carteira nacional de habilitação em questão é ne- Também foram criadas diretrizes para o pessoal do
gada. A pergunta que a análise de custo-benefício município para tratar das questões da carteira na-
dessas regras pretende responder é se o benefício cional de habilitação, a IS-1348 (verwww.helsedi-
para a comunidade, ao negar a carteira de habili- rektoratet.no).
tação para o condutor com problemas de saúde,
é maior do que a perda do benefício que causaria
a esses condutores por não poderem dirigir. Para Responsabilidade pela execução da medida
poder responder a essa pergunta, deve-se calcular
o benefício de dirigir um veículo(lucro embutido Há diferentes exigências para a saúde para as di-
por um ano de direção). É difícil, mas os cálcu- ferentes categorias habilitação, isto é, para veícu-
los provisórios indicam que o benefício de diri- los leves e pesados. Uma declaração própria sobre
gir um veículo é tão grande que a causa de uma a saúde pode ser suficiente para as categorias de
perda líquida de benefício para a comunidade, ao carteira de habilitação de veículos mais leves. Se o
negar a carteira de habilitação para condutores solicitante sofrer de uma doença ou quiser carteira
que têm um alto risco, é 6 vezes maior do que a de habilitação para veículos pesados, ele terá que
média. Não se considera que nenhum desses pro- apresentar a avaliação médica em um formulário
blemas de saúde descritos acima aumente o risco especial.
748 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Capítulo revisado parcialmente em 2011 por Alena A aprendizagem de habilidades especiais na direção
Høye (TØI) compreende, entre outras coisas, o curso de dire-
ção, o curso de direção em pistas escorregadias e o
curso para condutores idosos. O curso para condu-
tores infratores é descrito no capítulo 8.6. O curso
Problema e finalidades
de direção em pista escorregadia e o curso de di-
reção noturna têm como objetivo deixar os condu-
Conhecimentos e habilidades mínimas são necessá- tores mais atentos quanto aos riscos de dirigir em
rios para se dirigir veículos automotores de maneira pistas escorregadias ou escuras. A maioria dos cur-
segura. Se as autoridades não impuserem certas exi- sos deste tipo, que foram pesquisados nos estudos
gências mínimas em relação aos conhecimentos e ha- empíricos, tem também como finalidade transmitir
bilidades do condutor para obter a carteira nacional habilidades de direção em situações críticas, como,
de habilitação, esses requisitos variarão muito. As por exemplo, manobras evasivas em pistas escorre-
exigências mínimas em relação aos conhecimentos e gadias e curvas. As aulas para condutores idosos é,
habilidades dos condutores impedirão que pessoas por regra, optativa e tem como finalidade melhorar
incapacitadas de dirigir um veículo motorizado, por as habilidades de direção básicas do condutor. Estes
desconhecimento ou falta de habilidade, obtenham cursos se baseiam na hipótese de que as habilidades
a carteira de habilitação. Elas representam uma di- de direção diminuem a partir dos 65 anos de idade
retriz para os candidatos à carteira nacional de ha- aproximadamente.
bilitação, autoescolas e demais órgãos em relação
ao que é necessário para ser aprovado no exame de
direção. Há diferentes tipos de cursos e instruções Impacto sobre os acidentes
que assegurarão o cumprimento das exigências mí-
nimas pelo condutor. Os impactos no número de acidentes foram pesqui-
sados tanto para as exigências concretas aos con-
A exigência dos conhecimentos e habilidades dos dutores quanto para as medidas de aprendizagem
condutores impedirá que eles se envolvam em aci- específicas.
dentes devido à falta de competências básicas. Ou-
tra finalidade destas exigências é estimular a mo-
bilidade ao impor obrigatoriedades mínimas em Exigência para conhecimentos e habilidades
relação à adaptação do condutor ao tráfego.
A relação entre conhecimentos teóricos do condu-
tor e envolvimento em acidentes foi pesquisada por:
Descrição da medida
Waller e Goo, 1969 (EUA);
As exigências relacionadas aos conhecimentos e Wallace e Crancer, 1971 (EUA);
habilidades dos condutores na Noruega compreen- Hoinville, Berthoud e Mackie, 1972 (Reino Unido);
dem, entre outras coisas, o conhecimento de como, Pedersen e Christensen, 1973 (Noruega);
por exemplo, o cansaço, a idade, o uso de drogas Raymond e Tatum, 1977 (Reino Unido);
e as doenças afetam o comportamento e o desem- Dreyer e Janke, 1979 (EUA);
penho na direção; conhecimentos sobre o veículo Stoke, 1980 (EUA);
(como identificar se os freios, pneus, aro, direção, Strang, Deutsch, James e Manders, 1982 (Austrália).
luz e equipamentos de segurança estão de acordo
com as normas); conhecimento em relação a causas O principal dado encontrado é que não há uma re-
dos acidentes de trânsito; conhecimentos da via e lação estatística clara entre diferentes indicadores
do ambiente do tráfego (incluindo regras e sinaliza- de habilidades do condutor e envolvimento em aci-
ção de trânsito). As exigências para as habilidades dentes.
básicas de direção compreendem, entre outras coi-
sas, habilidades técnicas na direção, conhecimento Uma pesquisa britânica mais antiga estudou a re-
sobre comportamento correto em cruzamentos e lação entre o conhecimento teórico e o risco de
quando ultrapassar, avaliação da velocidade e dis- acidentes entre motociclistas (Raymond e Tatum,
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 749
Tabela 6.3.1: Impactos das habilidades e do treinamento de habilidades do condutor sobre o número de acidentes por condutor.
Variação porcentual do número de acidentes
Gravidade do acidente Melhor Intervalo
Tipos de acidentes ocorridos
estimativa de confiança
Curso de direção em pista escorregadia
Não especificada Acidentes com veículos de passeio em pista escorregadia +12 (+7; +18)
Não especificada Acidentes com ambulâncias em pista escorregadia +45 (-35; +220)
Não especificada Acidentes com veículos pesados em pista escorregadia +22 (+9; +36)
Curso de direção noturna para condutores de veículos de passeio
Não especificado Acidentes no escuro +11 (+4; +20)
Curso para condutores idosos
Não especificado Acidentes com condutores idosos -1 (-5; +1)
Condutores que dirigem veículos esportivos vs outros condutores
Acidentes com vítimas Todos os acidentes -48 (-69; +48)
Acidentes com danos materiais Todos os acidentes -37 (-49; -23)
750 O Manual de Medidas de Segurança Viária
aos condutores que as pistas escorregadias podem 48% menor do que o risco dos condutores comuns.
proporcionar perigos com os quais os condutores O risco dos condutores de veículos esportivos de
não conseguem lidar, ao invés de dar importância se envolver em acidentes com danos materiais era
em como dominar situações de perigo. Os impactos 37% menor do que os condutores comuns. Os
do novo curso de direção em pistas escorregadias condutores de veículos esportivos percorrem uma
sobre o número de acidentes não foram pesquisados maior distância anual que os condutores comuns.
até o momento. Isso talvez seja uma explicação para a diferença no
risco de acidentes. O risco de acidentes por quilô-
O curso de direção noturna não parece aumentar metro percorrido diminui quanto mais quilômetros
o número de acidentes por condutor. Glad (1988) o condutor percorrer por ano (Forsyth, Maycock e
descobriu que o curso de direção no escuro na fase Sexton, 1995).
2 da aprendizagem reduziu o número de acidentes
no escuro por condutor em 37% (-70%; -4%). Este A maioria dos resultados não apresenta uma redu-
impacto ocorreu apenas entre homens e para os dois ção do número de acidentes devido ao treinamento
primeiros anos após o curso. Os resultados corres- em habilidades especiais na direção veicular. Há
pondentes não foram encontrados para o curso de uma tendência para o contrário. A partir disso, não
direção no escuro na fase 1 da aprendizagem. Este se pode concluir que as habilidades de direção se-
resultado é comentado no relatório como segue jam contrárias à segurança do tráfego. A explicação
(Glad, 1988, pg. 36): “É de se estranhar que (a redu- dos resultados acima provavelmente é devido ao
ção em acidentes) parece ser aplicável somente para modo como um condutor escolhe utilizar suas habi-
condutores do sexo masculino. É também de certa lidades no tráfego. Um condutor que sabe que tem
forma estranho que o curso deveria obter o impacto boas habilidades em uma ou outra área pode ficar
desejado na realização da fase 2, mas não na realiza- tentado a escolher um comportamento de direção
ção da fase 1”. Isso indica que os homens dirigem menos cauteloso do que um condutor que é mais
com uma margem de segurança menor do que as inseguro quanto às suas próprias habilidades. O
mulheres. Por causa disso, eles têm maiores poten- desafio profissional daqueles que trabalham com o
ciais de aumento de segurança quando dirigem mais ensino em autoescolas é consequentemente oferecer
cautelosamente. Isso pode ser uma explicação para um treinamento das habilidades com esse conteúdo
o curso de direção no escuro ter tido efeito na redu- e de tal forma que evite passar para os condutores
ção de acidentes apenas entre os homens. uma percepção irreal de suas habilidades.
podem indiretamente acarretar custos, pois a apren- que cumpram as exigências de ensino determinadas.
dizagem é parte necessária para o cumprimento das No exame prático, fiscaliza-se se o condutor tem as
exigências. Os custos da aprendizagem são tratados habilidades e conhecimentos necessários para obter
em capítulos específicos. a carteira nacional de habilitação.
Não há apreciações de custo-benefício das exigên- Capítulo revisado em 2011 por Astrid Amundsen
cias impostas relacionadas às habilidades e conheci- (TØI)
mentos do condutor. Não é possível calcular o valor
do custo-benefício destas exigências sem abordar os
custos para a aprendizagem, que é necessária para Problema e finalidades
o cumprimento das obrigatoriedades citadas. Os
custos e benefícios do treinamento são tratados nos A direção segura exige, entre outras coisas, bons
capítulos 6.4, 6.5, 6.7 e 6.8. conhecimentos, habilidades e compreensão dos
riscos. Estas aptidões são treinadas por meio de
avaliações contínuas e sua utilização no tráfego.
Responsabilidades e procedimentos formais Por conta disso, os condutores com grande expe-
riência são muito mais seguros do que aqueles com
Iniciativa para a medida pouca experiência. Isso explica, entre outras coi-
sas, porque os condutores jovens e inexperientes
São as autoridades de trânsito, principalmente o têm mais riscos de sofrer acidentes do que os ou-
Ministério dos Transportes e a Direção Geral de tros condutores. Dados sobre exposição e acidente
Viação, que determinam quais exigências serão im- da Noruega apontam que os condutores de 18 e 19
postas com relação à competência do condutor na anos de idade têm 4 (mulheres) e 9 (homens) vezes
Noruega. A iniciativa das modificações destas exi- mais riscos do que um condutor de meia-idade e 6
gências pode ser realizada por estas autoridades, (mulheres) e 17 (homens) vezes mais riscos que os
autoescolas, políticos, entre outros. condutores de 45 a 54 anos de idade (Bjørnskau,
2008).
Os acidentes com condutores jovens e inexperientes conhecimentos sobre o veículo, sobre as responsa-
são, por conta disso, um grande problema em muitos bilidades na direção e sobre direção ecológica. A
países. Foram realizadas pesquisas abrangentes para etapa é concluída com uma aula de instruções para
resolver este problema (Marek e Sten, 1977; Summala, avaliar se estas habilidades estão suficientemente
1985; Jonah, 1986; Michon, 1988; Gregersen, 1995). adquiridas para se iniciar a etapa 3.
A pergunta frequente é: Como é possível divulgar o
conhecimento de que o aumento de experiência pro- Etapa 3: No tráfego. A etapa consiste em aulas prá-
porciona uma direção segura aos novos condutores ticas de direção em uma autoescola e/ou com ins-
para que o alto risco de acidentes possa ser reduzido? trutor particular. O aluno deve ter pelo menos 16
O processo básico de formação de condutores tem a anos. O objetivo é aprender a dirigir em situações
finalidade de proporcionar aos novos condutores um reais variadas. No fim desta etapa será realizado um
menor risco de acidentes e antecipar a queda no risco curso obrigatório de segurança viária na via. O cur-
de acidentes que se sucede de maneira gradual com o so dura 4 horas (das quais pelo menos 2 horas são
aumento de experiência na direção. de prática no veículo). A etapa é concluída com uma
aula de instruções para avaliar se o aluno está prepa-
rado para iniciar a etapa 4.
Descrição da medida
Etapa 4: Treinamento final. Os alunos poderão di-
A formação básica de condutor pode ocorrer por rigir de maneira responsável e harmônica com os
meio de uma formação formal ou formação integra- outros grupos de condutores. Em adição às aulas de
da de novos condutores, ou seja, de condutores que prática de direção suplementares, será realizado um
nunca dirigiram um veículo antes. A formação for- curso obrigatório de segurança de 13 horas. Neste
mal de condutor é organizada de maneira tradicio- curso, pelo menos 5 horas serão aulas práticas de di-
nal e de acordo com um plano de aprendizagem em reção em rodovias e de ultrapassagens e pelo menos
autoescolas privadas ou públicas. A formação inte- 3 horas de direção em situações variadas de trânsito.
grada é uma combinação organizada de formação
de condutor formal (aulas/horas de direção nas au- Exame teórico. O exame contém 45 perguntas. O
toescolas) e aulas particulares na direção com acom- aluno deve acertar pelo menos 85 por cento para
panhamento dos pais ou de outros responsáveis. ser aprovado. Os candidatos têm 90 minutos para
responder às perguntas.
A formação obrigatória e formal de novos conduto-
res foi inserida na Noruega em 1979, quando foi inse- Exame prático. De 55 a 60 minutos de direção em
rido o sistema com formação em duas fases. Partes da tráfego variado.
formação do condutor consistiam, entre outras, num
curso teórico obrigatório e num curso prático de di-
reção em pistas escorregadias. A formação sofreu vá- Impacto sobre os acidentes
rias modificações desde então, como, por exemplo,
em 1989 e em 1994/95. Em 2005 foram novamente Formação formal comparada com a formação
inseridas modificações na formação de condutores integrada
na Noruega. A formação de condutor hoje consiste
em quatro etapas (Statens vegvesen, 2005): Uma série de pesquisas comparou a formação for-
mal de condutores com a formação integrada. Os
Etapa 1: Fundamentos de segurança viária. O curso resultados apresentados aqui foram construídos por
é obrigatório e tem 17 horas. Nele estão incluídos meio das seguintes pesquisas:
os cursos de primeiros socorros e de direção. Ele
pode ser realizado a partir dos 15 anos. Quando o Ferdun, Peck e Coppin, 1967 (EUA);
curso for cumprido, o aluno receberá uma licença Skelly, 1968 (Grã-Bretanha);
para aulas práticas de direção. McGuire, 1971 (EUA);
Harrington, 1972 (EUA);
Etapa 2: Conceitos básicos sobre veículos e habi- Shaoul, 1975 (Grã-Bretanha);
lidade na direção. A etapa é executada em uma Schuster, 1978 (EUA);
autoescola ou com um instrutor particular (os pais Dreyer e Janke, 1979 (EUA);
ou condutor habilitado). Os objetivos são apren- McKnight e Edwards, 1982 (EUA);
der como utilizar o veículo e a tecnologia, adquirir Strang, Deutsch, James e Manders, 1982 (Austrália)
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 753
Stock, Weaver, Ray, Brink, Sadof, 1983 (EUA); tretanto, há uma série de características na forma-
Wynne-Jones e Hurst, 1984 (Nova Zelândia); ção formal que pode influenciar seu impacto. Estas
Lund, Williams e Zador, 1986 (EUA); características estão relacionadas aos objetivos da
Glad, 1988 (Noruega); formação (conhecimentos, habilidades, nível de ris-
Keskinen, Hatakka, Katila e Laapotti, 1992 (Finlân- co, etc.), às habilidades de ensino e aprendizagem
dia); entre alunos e professores, aos conteúdos do curso
Gregersen, 1993 (Suécia) e e à metodologia. Com base na pesquisa menciona-
Hatakka, Keskinen, Katila e Laapotti, 1996 (Finlân- da acima, não é possível dizer algo sobre o peso de
dia). todas estas características no impacto da formação
formal de condutor. As características sobre as quais
Boa parte dos resultados varia, dependendo de quais se pode dizer algo hoje dia são as seguintes, relacio-
métodos são utilizados nas pesquisas. As melhores nadas às aulas práticas de direção durante a forma-
pesquisas foram realizadas como experimentos em ção (horas de direção):
que os condutores são distribuídos aleatoriamente
entre os que tiveram formação formal e integrada. • Escopo da formação (número de horas)
Estas pesquisas apontam que os condutores que • Conteúdo da formação (quais habilidades concre-
passaram por uma formação formal sofrem exata- tas são importantes no treinamento),
mente o mesmo número de acidentes por condutor • Método da formação (formação em simulador/
(0 ±4%) que aqueles que não passaram e também aulas práticas em áreas reservadas/tráfego real/
sofrem 11% (+8%; +15%) mais acidentes por qui- formação integrada).
lômetro rodado que os condutores que não tiveram
a formação formal. Entretanto, descobriu-se uma Escopo. Uma parte das pesquisas mencionadas aci-
tendência de que os condutores que passaram por ma indica o número de horas de aulas práticas na
uma formação formal dirigem menos do que aque- direção que os alunos tiveram na formação formal.
les que não receberam. Os condutores com uma A figura 6.4.1 mostra a relação estimada entre o nú-
distância de direção anual menor têm mais riscos do mero de horas de prática na direção e o impacto da
que aqueles com uma distância de direção maior. formação formal sob o risco de acidentes do con-
O aumento do risco de acidentes entre esses con- dutor por quilômetro rodado. Entretanto, os resul-
dutores pode, com isso, ser uma consequência de tados de cada estudo variam parcialmente na linha
poucas horas de exposição na direção, e não neces- apresentada na figura 6.4.1 (R2 = .482).
sariamente (apenas) da formação.
Quanto mais horas de aula prática de direção hou-
Se todos os resultados das pesquisas forem vistos ver na formação formal, mais aumenta o risco de
em conjunto, independente da qualidade metodoló- acidentes por quilômetro rodado. É um resultado
gica, eles demonstrarão que os condutores que pas- inesperado, uma vez que seria de se esperar que o
saram por uma formação formal sofrem 2% menos aumento da quantidade de treinamento reduziria
acidentes (-4%; 0%) por condutor que os condu- o risco de acidentes. Os resultados na figura 6.4.1
tores que não passaram pela formação formal e 4% são formados principalmente nas pesquisas expe-
(6%; -2%) menos acidentes por quilômetro rodado rimentais. Por conta disso, não é possível explicar
que os condutores sem tal formação. o resultado inesperado de que haveria alunos com
pré-condições de aprendizagem ruins que escolhem
Os resultados dizem respeito, de maneira ampla, ao mais horas de aula prática. Nas pesquisas que dão
número de acidentes por condutor ou por quilô- base para a figura 6.4.1, os alunos não escolheram o
metro rodado nos primeiros 1-2 anos após o exame número de horas de aulas práticas, mas foram dis-
prático de direção. Os resultados não indicam se a tribuídos aleatoriamente em um programa de for-
formação formal de condutores reduz o número de mação em que o número de horas é determinado
acidentes de novos condutores nesse período. previamente.
35
25
y = 13,9651n(x) - 21,851
20
rodado
15
10
0
0 5 10 15 20 25
Tempo de direção em formação formal de condutor
Figura 6.4.1: Relação entre as horas de aulas práticas de direção e o impacto da formação
formal no risco de acidentes do condutor.
habilidades especiais na direção. O impacto da for- reservada sofreram 12% (-33%; +17%) menos aci-
mação em habilidades específicas (direção em pistas dentes por quilômetro rodado do que condutores
escorregadias e direção no escuro) nos acidentes está que apenas tiveram a formação integrada. Um gru-
descrito no capítulo 6.3. Com base nos resultados, po de condutores que tiveram partes da formação
conclui-se que até agora não foi descoberto um con- formal em área reservada e partes em tráfego real
teúdo na formação formal de condutores que pareça sofreram 15% menos acidentes (-11%; +48%) por
reduzir o número de acidentes dos novos condutores. quilômetro rodado do que aqueles que só tiveram
formação informal. Nenhuma destas diferenças era
Método. A forma mais comum é a aula prática de confiável estatisticamente. É difícil tirar conclusões
direção em situação de trânsito comum. Outros gerais com base nestas pesquisas.
métodos, porém, já foram tentados. Uma pesquisa
americana antiga (Jones, 1973) apontou que não Na Suécia foram pesquisados os impactos da forma-
havia diferença no risco de acidentes entre condu- ção integrada de condutor nos acidentes (Greger-
tores que realizaram as aulas práticas de direção em sen, 1993, 1994). A formação de direção integrada
simulador e aqueles que as realizaram no trânsito consistia em aumentar a quantidade de horas de
real. Os simuladores de direção utilizados, entretan- prática de direção dos novos condutores por meio
to, eram bastante simples e foram praticadas poucas de uma sistemática colaboração entre as autoescolas
horas de direção (abaixo de 10). e os responsáveis pelo aluno. Não foi possível indi-
car nenhum impacto nos acidentes com o sistema de
Duas pesquisas (Dreyer e Janke, 1979; Strang, Deu- formação pesquisado.
tsch, James e Manders, 1982) compararam a forma-
ção realizada em áreas reservadas para prática de Na França foi oferecida uma formação de condu-
direção com a formação realizada no tráfego real. tor em parceria com uma seguradora de veículo
Uma área reservada é uma local separado do trânsi- no fim dos anos 80 (Heggdal, Pedersen e Conradi,
to real onde um sistema viário simples é construído. 1990). Uma pesquisa dos impactos da formação do
Os alunos dirigem em grupos e podem ser direcio- condutor em parceria com a seguradora na França
nados pelo professor por meio do rádio. Uma das nos acidentes (Belloc e Ivaldi, 1991) concluiu que
pesquisas (Dreyer e Janke, 1979) apontou que os a medida reduziu o risco de acidentes anuais dos
condutores que tiveram formação na área reservada participantes por quilômetro rodado em cerca de
sofreram cerca 33% (-52%; -5%) menos acidentes 24%. A pesquisa não considerou eventuais variáveis
por condutor do que aqueles que tiveram forma- relacionadas à autosseleção, ou seja, que a medida
ção em situação de trânsito real. A outra pesquisa considerou os condutores que já dirigiam com mais
(Strang, Deutsch, James e Manders, 1982) apontou segurança. Não se pode concluir que esta variável
que os condutores que tiveram formação na área influenciou no resultado.
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 755
ções teriam sido inaceitáveis. ... O treinamento cos- • custos dos alunos para a formação formal (horas
tumar se iniciar em vias não movimentadas, onde se pagas na autoescola), manuais, formação informal
dirige muito vagarosamente. Gradualmente, o novo (aulas de direção particulares), custos de viagem
condutor é submetido a maiores desafios e aprende para a autoescola e da autoescola, custos das ho-
que não é necessário ter medo de velocidades mais ras para leitura dos manuais, custos para o exame
altas, distâncias mais curtas, congestionamento, etc. de direção.
Quanto mais se elimina o medo de acidentes, mais
perto o condutor está de adquirir as habilidades ne- Destes custos, as atividades das autoescolas públi-
cessárias para passar no exame prático de direção. cas e a fiscalização das autoescolas são consideradas
... O treinamento das habilidades é, na realidade, so- custos do conhecimento e habilidades. Os custos
mente uma eliminação sistemática do medo que sur- dos candidatos e da Agência Nacional de Adminis-
ge em situações particularmente perigosas (systema- tração de Vias Públicas da Noruega para os exames
tic desensitization of fear in more risky situations)”. são considerados como uma parte dos custos para
esta medida, não para a formação em si.
Impacto na mobilidade
Avaliações do custo-benefício
Não há pesquisas que apontam como a formação
formal de condutor tem impacto na mobilidade. Não há análises do custo-benefício da formação
Um dos objetivos com essa formação é ensinar aos básica de condutores da maneira como é realizada
condutores boas adaptações no tráfego, ou seja, um hoje na Noruega. Em 1995 os custos totais com a
comportamento que não atrapalhe o outro no tráfe- formação correspondiam aos custos anuais de cerca
go. Na medida em que este objetivo é alcançado, a de 400 acidentes com vítimas notificados pela polí-
mobilidade é favorecida. cia. Em 1995 foram registrados 519 condutores de
18 e 19 anos acidentados em acidentes com vítimas
notificados pela polícia. Além disso, os condutores
Impacto no meio ambiente de 18 e 19 anos se envolveram em acidentes com
vítimas em que eles próprios não se machucaram.
Não há pesquisas que apontam como a formação Com base nos resultados apresentados, deve ser
formal de condutores tem impacto na condição do considerado como duvidoso se a formação do con-
meio ambiente. De acordo com o Planejamento dutor norueguês de hoje contribui para impedir cer-
Normal para formação de condutores na catego- ca de 400 acidentes com vítimas por ano. É muito
ria B (Statens vegvesen, Vegdirektoratet, 1994), os provável que o impacto apenas nos acidentes seja
alunos devem ter conhecimentos sobre os proble- pequeno demais para justificar os custos com a me-
mas causados ao meio ambiente pelo tráfego das dida.
vias e adquirir um comportamento que os limite.
Em pequena escala é especificado de que consis- O motivo mais importante em aprender a dirigir
te esse comportamento, que inclui, por exemplo, um veículo, no entanto, não é o desejo de evitar
evitar dirigir desnecessariamente no ponto morto, acidentes. A capacidade de dirigir um veículo au-
evitar aceleração rápida e manter os limites da ve- menta significativamente as possibilidades de via-
locidade. gem do indivíduo pelas vantagens no que se refere
a, por exemplo, instrução, escolha profissional,
escolha da moradia ou atividades no tempo livre.
Custos Pelo benefício deste bem-estar fornecido ao indiví-
duo de alcançar essas atividades é que a carteira de
Os custos para a formação básica de condutores habilitação é um bem tão valioso na sociedade de
consistem dos seguintes componentes (Borger, hoje. O valor deste bem-estar e dos impactos pos-
1992, Christensen, 1992, 1995, 1997): síveis que a formação da direção pode ter para a
mobilidade e para as condições do meio ambiente
• custos para as operações de autoescolas públicas; é muito pouco conhecido para que sejam possíveis
• custos da Agência Nacional de Administração de análises de custo-benefício significativas. Este va-
Vias Públicas da Noruega para fiscalização das lor deve ser estimado como sendo independente
autoescolas, exames de direção e emissão de car- das exigências que as autoridades impõem para a
teiras de habilitação; formação.
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 757
tores que passaram no teste de direção tradicional Exames teóricos e práticos mais rígidos: uma tercei-
na primeira tentativa. ra pesquisa norte-americana (Hagge e Romanowicz,
1996) investigou os impactos de um exame de di-
Na pesquisa de Hoinville et al. (1972), podem-se de- reção mais rígido, tanto o teórico quanto o prático,
finir três diferentes limites com relação à reprovação nos condutores de veículos pesados na Califórnia. O
no teste de direção avançado. Podem-se considerar número de acidentes com vítimas aumentou em 5%
os condutores dos grupos 2-4 como reprovados, os (+4%; +6%) depois de inserido o exame de direção
condutores dos grupos 3 e 4 como reprovados ou mais rígido. É incerto o porquê desse aumento.
apenas os condutores do grupo 4 como reprovados.
A taxa de reprovação entre os condutores estuda- Revogação do exame de renovação na Noruega: com
dos varia de 22% até 54%, dependendo de o quão base em um abrangente estudo de bibliografia (Chris-
rígida é a base do julgamento. Com os resultados tensen, Glad e Pedersen, 1974), o exame de renova-
interpretados por Hoinville et al. (1972) com rela- ção foi revogado na Noruega em 1975. A regra era de
ção ao teste de direção tradicional na Grã-Bretanha que a carteira de habilitação tinha de ser renovada a
e os resultados da pesquisa de Stock et al. (1983), cada dez anos e com mais frequência em condutores
obtém-se a base para realizar um estudo da relação idosos. O último ano em que os exames de renova-
entre a taxa de reprovação no exame prático e a di- ção foram realizados em totalidade foi 1974 e havia
ferença no risco entre os condutores que passaram 158.000 deles. Para pesquisar as possibilidades de
no exame e os que foram reprovados. impacto na segurança do tráfego por conta da revo-
gação do exame de renovação, foram comparados os
Quanto maior a taxa de reprovação no exame prá- números de acidentes com veículos em 1974 e 1976.
tico, maior é a diferença no risco de acidentes en-
tre os condutores que passam e que são reprovados Se os exames de renovação fossem significativos
nos respectivos exames. Isso pode ser interpretado para a segurança, seriam esperadas modificações
como um indício para que um exame prático difí- nos números de acidentes para os condutores com
cil separe mais claramente os condutores seguros e carteira de habilitação de 10 anos ou mais. A evolu-
perigosos do que um exame prático mais fácil. Essa ção de 1974 para 1976 para este grupo de conduto-
relação é comprovada por uma pesquisa britânica res, entretanto, não se diferencia essencialmente da
(Fazakerley e Downing, 1980), que apontou que, evolução de acidentes com relação a outros grupos
quanto mais longo for o exame prático, mais os de condutores. Por conta disso, não foram eviden-
aprendizes cometem erros decisivos. Um erro de- ciados impactos na segurança do tráfego por conta
cisivo é aquele que leva à reprovação. A pesquisa da revogação do exame de renovação na Noruega
apontou que 18% dos candidatos cometeram um em 1975. Isso está de acordo com o que se espera
erro decisivo após 30 minutos. Após 90 minutos, a com base no estudo da bibliografia (Christensen,
taxa aumentou para 41%. Glad e Pedersen, 1974).
Os custos dos exames de direção são de dois tipos: As regras da solicitação de carteira de habilitação,
(1) custos do aluguel do veículo para a realização o tratamento do requerimento e o exame de dire-
do exame de direção e pagamento das tarifas por ção resultam das normas da carteira de habilitação
conta do candidato e (2) custos da Agência Nacio- e das normas sobre a aprendizagem de trânsito e
nal de Administração de Vias Públicas da Noruega sobre o exame de direção. O exame teórico deve
para a realização dos exames de direção e a emis- ser realizado antes do exame prático. Se ocorrer a
são da carteira de habilitação. Em princípio, as ta- invalidação do exame teórico, ele poderá ser reali-
xas cobrirão os custos da Agência em questão. Em zado apenas após duas semanas. Se ocorrer a inva-
1º de janeiro de 2011, custava 490 coroas norue- lidação do exame prático, ele poderá ser realizado
guesas para realizar a prova teórica e 860 coroas novamente apenas após quatro semanas. Não há a
norueguesas para realizar a prova prática (catego- possibilidade de fazer queixa da avaliação do exa-
ria B). A emissão da carteira de habilitação custa minador sobre o desempenho no exame prático de
220 coroas norueguesas, junto com um pagamen- direção.
to da foto que custa 65 coroas (Statens vegvesen,
2011b). O empréstimo do veículo para a realização
do exame (categoria B) varia, dependendo de qual Responsabilidade pela execução da medida
veículo é alugado, mas está na faixa de 2.000-2.500
coroas norueguesas na maioria das autoescolas (em A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
2011). blicas da Noruega é responsável pela execução dos
exames de direção e emissão de carteiras de habili-
tação. Por meio do exame de direção, o candidato
Avaliações de custo-benefício é considerado um condutor de veículo automotor.
Os custos dos exames de direção geralmente são
Não há avaliações de custo-benefício do exame de cobertos pelo próprio candidato. A carteira de ha-
direção da maneira como é praticado na Noruega. bilitação para dirigir caminhões, ônibus e carretas é
A taxa de reprovação na categoria B em 2010 foi sempre coberta pela administração pública.
de um pouco menos de 25%. A maioria daqueles
que são reprovados inscrevem-se novamente e pas-
sam no exame. Não se sabe o número de candi- 6.6 Treinamento e testes de motoristas
datos que se inscrevem e não obtêm a carteira de de ciclomotores e motos
habilitação.
Capítulo revisado em 2011 por Juned Akhtar e Ale-
Os resultados das pesquisas apresentadas apontam na Høye (TØI)
que os reprovados no exame de direção têm cerca
de 5% mais risco do que os aprovados. Entretanto,
a maioria deles obtém a carteira de habilitação na Problema e finalidades
Noruega porque se inscrevem várias vezes para o
exame de direção; portanto, é impossível quantifi- Motoristas de ciclomotores e motociclistas têm
car o eventual benefício que os exames de direção maior risco de acidentes de lesão no tráfego do que
na Noruega fornecem hoje para contribuir com a a maioria dos outros grupos de motoristas. A figura
diminuição do risco do condutor ou manter aqueles 6.6.1 mostra o risco de lesão para motoristas e passa-
especialmente perigosos fora do tráfego. geiros em ciclomotores, motos, bicicletas, pedestres
e carros na Noruega de 1985 até 2005, expressado
como número de pessoas acidentadas por milhão
Responsabilidade e procedimentos formais de passageiros-km transportados (RPK), calculado
com base nos acidentes com lesão notificados à po-
Iniciativa para a medida lícia (Bjørnskau, 2008).
Aquele que deseja obter a carteira de habilitação Com relação às motos ou aos ciclomotores, o risco
deve solicitar um formulário padrão em um posto para pessoas em motocicletas leves ou ciclomotores
da Agência Nacional de Administração de Vias Pú- foi entre 6 a 9 vezes maior que o risco para as pes-
blicas da Noruega. soas em automóveis a partir de 1990. O risco para
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 761
4,5
Ciclomotores
Motocicletas leves
4,0
Motocicletas pesadas
3,0
km transportados
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1985 1992 1998 2001 2005
Figura 6.6.1: Número de pessoas acidentadas ou vítimas fatais por milhão de passageiros-km
transportados para diferentes grupos de motoristas (Bjørnskau, 2008).
pessoas em motocicleta pesada baixou de cerca de A figura 6.6.2 mostra o risco relacionando motos
9 vezes em relação ao risco do condutor de veículo leves, pesadas e carros em diferentes faixas etárias
de passeio em 1992 para 4 vezes em 2005. O risco (Bjørnskau, 2010). O risco maior encontra-se entre
de todos os três grupos baixou consideravelmente motoristas de motos leves na faixa etária de 16 a 17
de 1985 até 1992. A principal explicação para esta anos. O risco diminui consideravelmente com o au-
significativa redução com relação às motos é de que mento da idade.
muitos jovens dirigiam motos (pesadas) nos anos
80. Isso se tornou pouco difundido nos anos 90, por O treinamento formal e o exame para motoristas de
conta do aumento de taxas e dos seguros mais ca- motos e ciclomotores têm por finalidade reduzir o
ros. Além disso, as motos pesadas tornaram-se mais risco de acidentes ao fornecer-lhes conhecimentos e
comuns entre os motoristas de meia-idade. Grande habilidades para uma direção segura.
parte da explicação para estas mudanças é que as
motos gradualmente se adaptaram aos grupos etá-
rios que geralmente têm menos risco de acidentes Descrição da medida
(Bjørnskau, 2008). Com relação às motos leves,
a melhora foi menos expressiva do que para mo- O treinamento formal é obrigatório para os moto-
tos pesadas após 1998. As mudanças de impostos ristas de motos e ciclomotores. O treinamento ocor-
em 1997 contribuíram para que fosse mais barato re de acordo com um plano de aulas determinado
comprar motos leves e, por conta disso, este veículo pela Direção Geral de Viação.
tornou-se novamente mais comum entre os jovens
(Bjørnskau, 2005).
Classes de carteira de habilitação
As alterações relacionadas aos ciclomotores são mais
difíceis de explicar, mas uma possível explicação no São duas as classes de carteira de habilitação para
aumento do risco após 1998 seria porque houve um ciclomotores: Classe M146 (ciclomotores de duas
aumento nas vendas de lambretas, algo que acarre- rodas) e classe M147 (ciclomotores de três e quatro
tou um grande aumento no número de motoristas rodas). O treinamento para a classe M146 é feito em
jovens e inexperientes (Bjørnskau, 2008). quatro etapas.
762 O Manual de Medidas de Segurança Viária
14,0
Motocicletas leves
10,0
km transportados
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
16-17 18-24 25-34 50-64 65+
Figura 6.6.2: Número de pessoas acidentadass ou vítimas fatais por milhão de passageiros-km
transportados em motos e carros em diferentes faixas etárias (Bjørnskau, 2010).
A etapa 2 é para ciclomotores. Nela os candidatos • treinamento facultativo escolhido pelos motoris-
devem aprender somente a conduzir o ciclomotor, tas;
sem ter a atenção voltada para os outros usuários. • treinamento formal e obrigatório;
Esta etapa também inclui direção econômica e eco- • exame de direção;
lógica. O treinamento ocorre em área reservada e • proibição de dirigir motos pesadas aplicada a no-
são obrigatórias no mínimo três horas. A etapa 2 é vos motoristas;
dividida em duas partes para as motocicletas A1 e • restrições no tamanho da moto aplicadas a novos
A. A primeira parte é teórica, com o mínimo de três motoristas.
horas de aprendizagem obrigatória. Esta etapa inclui
“direção de motocicletas, meio ambiente, segurança As pesquisas que tratam dos impactos nos acidentes
e treinamento prático”. Os alunos dominarão técni- por conta destas medidas são:
cas de direção da motocicleta. Não há uma exigência
mínima determinada para o treinamento de direção. Kraus, Riggins e Franti, 1975 (EUA, treinamento
facultativo);
A etapa 3 é o treinamento em estradas movimenta- Raymond e Tatum, 1977 (Reino Unido, treinamento
das, com o mínimo de seis horas obrigatórias para a facultativo);
classe M146. Para as classes A1 e A, o conteúdo é o Russam, 1979 (Japão, treinamento facultativo);
mesmo que o da etapa 3, com exceção do “curso de Satten, 1980 (EUA, treinamento facultativo);
segurança em técnica de direção precisa classe A”, Hurt, Ouellet e Thom, 1981 (EUA, treinamento fa-
cujo foco principal é a técnica de direção durante cultativo);
a frenagem e a direção. O curso é obrigatório ape- Jonah, Dawson e Bragg, 1981 (Canadá, exame de
nas para a classe A e consiste tanto de parte teórica direção);
quanto de parte prática. O curso tem, no total, qua- Jonah, Dawson e Bragg, 1982 (Canadá, treinamento
tro horas de aula, das quais três horas serão práticas. facultativo);
Mortimer, 1984 (EUA, treinamento facultativo);
A etapa 4 é apropriada para a classe 146. Trata-se Troup, Torpey e Wood, 1984 (Austrália, proibição
de um treinamento final, com foco nas compreen- de dirigir motos pesadas, aplicada a novos motoris-
sões do risco e do sistema de tráfego. São quatro tas);
horas de treinamento obrigatório, das quais em pelo Adams, Collingwood e Job, 1985 (Austrália, treina-
menos três o aprendiz deverá dirigir na estrada. O mento facultativo);
exame final é apenas teórico. Com relação às classes Daltrey e Thompson, 1987 (Austrália, exame de di-
A1 e A, a etapa consiste de um curso de segurança reção);
na estrada, em adição às oito horas obrigatórias de Broughton, 1987 (Reino Unido, proibição de dirigir
aula para a classe A, das quais quatro deverão ser motos pesadas, aplicada a novos motoristas);
práticas. Para a classe A1, a etapa 4 consiste do mes- Mortimer, 1988 (EUA, treinamento facultativo);
mo curso de segurança, mas apenas com quatro ho- Steffens, Gawatz e Willmes, 1988 (Alemanha, trei-
ras de aula obrigatórias, das quais três deverão ser namento facultativo);
práticas. Caso se queira ampliar a carteira de habili- Engel e Krogsgård Thomsen, 1989 (Dinamarca,
tação de A1 para A, deverá ser realizada a etapa 3 e treinamento obrigatório);
depois deverá ser cumprida a etapa 4 para classe A. McDavid, Lohrmann e Lohrmann, 1989 (Canadá,
treinamento facultativo);
Para as classes M147, o treinamento não foi elabora- Ingebrigtsen, 1990 (Noruega, treinamento obriga-
do até 2010. Por conta disso, o treinamento para esta tório);
categoria por enquanto é executado de acordo com Koch, 1991 (Alemanha, proibição de dirigir motos
o antigo sistema em duas partes: treinamento básico pesadas aplicada a novos motoristas);
e treinamento no tráfego. Os alunos do M147, con- Waller, 1992 (EUA, treinamento facultativo) e
tudo, já terão realizado o curso básico de tráfego. Lloyd et al., 1994 (EUA, treinamento facultativo).
Tabela 6.6.1: Impactos do exame e treinamento formal dos motoristas de motos e ciclomotores no número de acidentes
(grau de acidentes não especificado).
Variação porcentual do número de acidentes
Medida Melhor Intervalo de
Tipos de acidentes causados
estimativa Confiança
Treinamento formal facultativo
- (acidentes por motorista) Todos os tipos de acidentes +18 (+1; +37)
- (acidentes por quilômetro rodado) Todos os tipos de acidentes +44 (+33; +56)
Treinamento formal obrigatório
Todos os tipos de acidentes -3 (-8; +1)
(acidentes por motorista)
Exame de direção (acidentes por motorista) Todos os tipos de acidentes -13 (-14; -1)
Proibição de dirigir motos pesadas aplicada a novos
Todos os tipos de acidentes -0 (-7; +6)
motoristas (acidentes por motorista)
Proibição de que novos motoristas dirijam motos pesadas (acidentes no total)
Acidentes com motos pesadas -74 (-77; -71)
Acidentes com motos mais leves +17 (+8; +26)
Todos os acidentes com motos +14 (+8; +20)
das pesquisas a respeito do treinamento facultativo que aqueles sem treinamento formal (Raymond e
de motoristas de ciclomotores e motos fornecem Tatum, 1977; Satten, 1980) e que os motoristas que
poucos esclarecimentos sobre o que consiste o trei- dirigem pouco têm mais risco por quilômetro roda-
namento e de como ele é realizado. De qualquer do que os motoristas que dirigem muito.
forma, parece claramente que o treinamento de ap-
tidão na estrada é apenas uma parte de muitas pos- A inserção do treinamento obrigatório de direção
sibilidades de treinamento. de ciclomotores na Dinamarca (Engel e Krogsgård
Thomsen, 1989) e Noruega (Ingebrigtsen, 1990)
Esse treinamento pode dar aos motoristas uma con- não acarretou modificações significativas no núme-
fiança em excesso que eles podem controlar a moto ro de acidentes por motorista.
em situações difíceis. Duas pesquisas norueguesas
apontaram que as habilidades de direção melho- Um estudo norte-americano pesquisou vários fato-
raram em um curso de aperfeiçoamento para mo- res no nível de estados que influenciam o número
tociclistas (Stene e Fjerdingen, 2003; Tronsmoen, de lesões e de vítimas fatais em acidentes com motos
2003). Além disso, o estudo de Tronsmoen (2003) em todos os estados americanos de 1990 até 2005.
indicou que, após a realização do curso, os motoris- Os resultados indicam que o treinamento de dire-
tas tinham melhores habilidades de direção subjeti- ção obrigatório reduz o número de lesões em aci-
vas, menores riscos de acidentes subjetivos, melhor dentes com motos (sem vítimas) em cerca de 10%
aptidão subjetiva para evitar acidentes e aumento (não incluídos nos resultados da tabela 6.6.1). O
das margens de segurança. Estes resultados confir- impacto é estatisticamente significativo e fiscaliza-
mam a hipótese de que o treinamento facultativo do por um grande número de variáveis. O modelo
pode levar a um comportamento de direção mais estatístico utilizado, entretanto, é um modelo de re-
arriscado. Uma avaliação de um programa de trei- gressão linear. Mas um modelo mais adequado não
namento para motoristas experientes de motos, na encontrou impactos no número de acidentes com
Escócia apontou que a maioria dos motoristas dizia lesão ou acidentes fatais (French et al., 2009). Outro
que eles dirigiam de forma mais defensiva. Entre- estudo norte-americano apontou que também não
tanto, a taxa dos que disseram que sempre dirigiam está documentado que o treinamento de direção
acima do limite de velocidade aumentou depois que obrigatório tem algum impacto nos conhecimentos
os motoristas realizaram o programa de treinamento e habilidades do motociclista (Elliott et al., 2003).
(Ormston et al., 2003).
Os exames de direção pretendem reduzir o número
Outra explicação possível para o fato de que os de acidentes por motorista. Uma pesquisa australia-
motoristas que realizaram treinamento facultativo na (Daltrey e Thompson, 1987) apontou que a in-
sofrem mais acidentes que os outros é que os mo- serção de um exame de direção obrigatório, combi-
tociclistas com treinamento formal dirigem menos nado com o treinamento, levou a um menor número
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 765
Não foram documentados impactos na mobilida- Os resultados apresentados não apontam que o trei-
de por conta das medidas descritas neste capítulo. namento formal dos motoristas de ciclomotores e
Exigências mais rígidas para o treinamento e para motos reduz o número de acidentes. Por conta dis-
os exames de direção podem fazer com que poucos so, não se pode pressupor que esse treinamento for-
comecem a dirigir ciclomotores ou motos. Para pes- neça algum benefício em forma de menos acidentes.
soas na faixa etária de 16 a 18 anos, as alternativas
para ciclomotores ou motos são ir a pé, utilizar a bi- No que se refere aos exames de direção, os resulta-
cicleta, viajar de forma coletiva ou como passageiro dos são contraditórios, mas apontam na direção de
em carro. Com relação às pessoas acima de 18 anos, que aqueles que passaram no exame têm perto de
um carro privado também pode ser uma alternativa. 13% menos acidentes do que os que não passaram
ou não realizaram o exame. Não há uma estatística
que mostre quantos daqueles que são reprovados
Impacto no meio ambiente na prova de direção de ciclomotores ou no exame
de direção para motos desistem de tentar obter a
Não foram documentados os impactos das medidas carteira de habilitação. A maioria daqueles que são
descritas neste capítulo no meio ambiente. Uma vez reprovados no exame de direção faz um novo exa-
que as medidas contribuem para limitar a abrangên- me e obtém a carteira de habilitação. Não é possível
cia total da direção de ciclomotores e motos, elas pressupor que os resultados reproduzidos sejam re-
também contribuem para limitar os problemas do presentativos para esses motoristas. Por conta disso,
meio ambiente que estes veículos podem causar. não há base para as avaliações de custo-benefício
766 O Manual de Medidas de Segurança Viária
dos exames de direção para motoristas de ciclomo- proporciona a eles a experiência das mais variadas si-
tores e de motos. tuações de risco e sobre o que pode ser feito para evi-
tar acidentes. Uma série de estudos apontou que os
Dificilmente o principal motivo para que os jovens motoristas profissionais têm cerca da metade do risco
aprendam a dirigir ciclomotores ou motos será o de- de envolvimento em acidentes que os outros condu-
sejo de evitar acidentes. Por conta disso, o benefício tores e, ainda, que eles raramente contribuem para a
para cada indivíduo de poder conduzir ciclomoto- ocorrência dos acidentes (Wang, Knipling e Blincoe,
res ou motos encontra-se em outras áreas, mas não 1999; Craft, 2000). Por ouro lado, muitos motoristas
no aumento de segurança no tráfego. profissionais conduzem veículos grandes e pesados,
que expõem os outros condutores ao risco. Por este
motivo, impõem-se normas mais rígidas aos motoris-
Responsabilidade e procedimentos formais tas profissionais que aos outros condutores.
Tabela 6.7.1: Risco de sofrer acidentes/ acidentes com feridos/ acidentes fatais para condutores de vários tipos de veículos.
Com base nos números oficiais de acidentes e em dados de exposição do SSB (2007-2009).
Envolvidos em
Veículo envolvido em acidentes com vítima
acidentes/vítimas fatais
Milh.veíc.km. por por milh. por por milh.veíc. por milh.veíc.km
(2007-2009) ano veíc.km ano km (1988-1993)
Veículo particular 32.531 4.117 0,13 8,741 0,27 0,44
Táxi 647 17 0,03 60 0,09 0,31
Ônibus 687 17 0,02 192 0,28 0,86
Caminhão 91 411 0,45
Carreta 79 256
Caminhão/carreta 170 0,02 667 0,07
Outros veículos pesados 2 7
Caminhão-tanque com carga inflamável1 51,5 5 0,095 0,12
Bondes 11,40
1
Número de veículos-km e número de vítimas fatais/acidentados com base nos dados de acidentes e de exposição de 2001 a 2004; o número de vítimas
fatais/acidentados é o número total de vítimas fatais/acidentados com caminhões-tanque de gasolina e produtos de óleo mineral (Erke e Elvik, 2006).
Mesmo que os motoristas profissionais geralmente do o motorista do veículo pesado é jovem, em con-
não pareçam estar em maior risco de sofrer aciden- trapartida, na maioria dos casos é o motorista do
tes com vítimas por quilômetro percorrido no tráfe- veículo pesado que é tido como culpado.
go do que outros motoristas, eles têm, mesmo assim,
uma profissão perigosa. Isso se apresenta quando se O treinamento formal e a realização de provas pe-
compara o risco do motorista por milhão de horas los motoristas profissionais têm como finalidade
trabalhadas na profissão com o risco corresponden- evitar que motoristas inaptos recebam a permissão
te em outras profissões (Hvoslef, 1990; Fosser e El- de exercer a profissão e proporcionam aos moto-
vik, 1996). O número de óbitos por 100 milhões de ristas profissionais um menor risco de acidentes do
horas trabalhadas em 1988-1993 era de cerca de 9,5 que teriam se não os tivessem. Além disso, pode se
para motoristas profissionais e de 3,0 para as outras entender como desejável almejar que os motoristas
profissões. Outros condutores tinham um risco de profissionais tenham menores riscos de acidentes
21,8 óbitos por 100 milhões de horas trabalhadas que os outros condutores.
(Fosser e Elvik, 1996). Essas comparações podem
apenas ser feitas para os óbitos, porque a notifica-
ção de outras lesões é muito deficiente e irregular Descrição da medida
em cada profissão.
O treinamento e a prova para os motoristas profis-
Os motoristas profissionais inexperientes se en- sionais compreendem as seguintes medidas direcio-
volvem mais frequentemente em acidentes que os nadas para esses condutores:
experientes. Isso foi apontado por uma pesquisa
sobre ambiente de trabalho e acidentes entre mo- • Treinamento formal de novos motoristas profis-
toristas profissionais, dos quais a maioria (87%) era sionais;
motorista de ônibus que dirigia o ônibus nas rotas • Treinamento de motoristas profissionais expe-
das maiores cidades norueguesas (Nygård e Tellnes, rientes;
1994). Os motoristas com experiência profissional • Exames de direção para motoristas profissionais;
abaixo de 5 anos têm mais que o dobro de chance • Treinamento especial de motoristas que transpor-
de sofrer acidente em relação aos motoristas com tarão cargas perigosas.
experiência de 15 anos ou mais. Um modelo corres-
pondente é encontrado para motoristas de veículos O treinamento de motoristas de veículos de emer-
particulares e motoristas de ciclomotores e motoci- gência está descrito no capítulo 6.11.
cletas. Um estudo norte-americano de colisões entre
um veículo pesado e um veículo leve apontou que, Treinamento de motoristas de caminhão, bonde e
na maioria dos casos, é o condutor do veículo leve ônibus (carteiras de habilitação das classes C, CE,
que é julgado como culpado (Blower, 1996). Quan- D, DE): o treinamento de motoristas cujas cartei-
768 O Manual de Medidas de Segurança Viária
ras de habilitação fazem parte das categorias C, CE bilitação em transportes que têm programa de habi-
(caminhão e bonde), D e DE (ônibus e ônibus biar- litação reconhecido para cargas perigosas.
ticulados) pode ocorrer no ensino secundário ou
nas autoescolas. Além disso, o treinamento também A primeira parte consiste em um treinamento inicial
pode ocorrer pelas Forças Armadas da Noruega e de 18 horas chamado de “treinamento básico”. A
por empresas privadas. O treinamento de direção aprovação no exame gera um certificado de com-
de veículos pesados é fornecido em um curso de 19 petência relacionado a cargas perigosas que não são
semanas em 11 escolas de ensino secundário por transportadas em tanques de todas as classes, com
toda a Noruega. exceção de materiais radioativos e explosivos.
A Direção Geral de Viação determinou que todos os A parte ampliada é chamada de “treinamento espe-
motoristas profissionais devem ter, além da carteira cial”, que pode ser para a classe 1 (explosivos), clas-
de habilitação para veículos pesados, competência se 7 (materiais radioativos) e para caminhões-tan-
profissional. Há normas próprias relacionadas às que. Cada curso especial compreende um mínimo
competências para o transporte de pessoas e de car- de 8 horas de treinamento. A aprovação no exame
gas. Deve ser realizado um curso de 280 horas, das gera um certificado de competência nas respectivas
quais 20 horas são de prática de direção. O curso classes. Exige-se uma carteira de habilitação válida
será sucedido por uma prova teórica. Alternativa- no mínimo na classe B antes da emissão do certifica-
mente, é possível realizar um curso reduzido de 140 do de competência.
horas, mas ele é fundamentalmente para motoristas
acima de 23 anos. Para ampliar a certificação de As determinações sobre o treinamento, exames e
competência de transporte pessoal para transporte certificados de competência resultam do § 11 da
de bens ou vice-versa, é necessário um curso adicio- norma de 1º de abril de 2009 sobre o transporte de
nal de 70 horas (35 horas, se reduzido). Além disso, cargas perigosas no país (Direktoratet for samfunns-
é necessário que os motoristas profissionais realizem sikkerhet og beredskap, 2009).
um curso de pós-formação de 35 horas a cada cinco
anos. Atualmente, são válidos os seguintes planos de Os certificados de competência valem por 5 anos.
aula que descrevem em detalhes os objetivos para o Para a renovação, o interessado deve realizar o cur-
treinamento e o conteúdo: so de reciclagem e passar nas provas corresponden-
tes. As agências de trânsito emitem o certificado de
• Plano de aula para as categorias de carteira de ha- competência (Aall Myhre, 1993).
bilitação D, DE (Statens vegvesen, 2005);
• Plano de aula para as categorias de carteira de ha- A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
bilitação C, CE (Statens vegvesen, 2005b); blicas da Noruega impõe uma taxa de 335 NOK
• Plano de aula para o curso de motorista profissio- para a realização da prova e de 200 NOK para a
nal (Statens vegvesen, 2008). emissão do certificado de competência.
Há normas próprias de avaliação de saúde para as Treinamento de taxistas: os taxistas devem ter um
carteiras de habilitação D, DE, C e CE. O limite de certificado de identificação, além da carteira de
idade para as classes D e DE é 21 anos; para as clas- habilitação. Fora isso, não são exigidos cursos for-
ses C e CE, 18 anos. mais para se tornar taxista. São impostas exigências,
dentre outras, como o atestado de boa conduta, de
Em 2008 foram realizados 2.250 exames de direção saúde e idade para obter a identificação (førerkor-
nas classes C e CE; 2231 nas classes D e DE e 4572 tforskriften; Grøndahl Dreyer, 1995). O chefe da
na classe DE. O número se refere ao teste prático polícia poderá determinar que, para obter o certifi-
(pplysningsrådet for veitrafikken, 2009). cado de identificação para taxista, deverá ser reali-
zada a prova de conhecimentos (Grøndahl Dreyer,
Treinamento para transporte de carga perigosa: o 1995). Na prática, essa prova é realizada nas cidades
treinamento para o transporte de carga perigosa é e grandes centros regionais. Outras exigências para
obrigatório para todos os que querem obter a car- se tornar taxista variam entre as diferentes centrais
teira de habilitação na categoria C ou CE pela pri- de táxi e são vistas como um tipo de concorrência.
meira vez. A realização da prova pelo candidato é Um tempo de serviço de dois anos como motorista
facultativa. O treinamento pode ser fornecido pelas de táxi por tempo integral nos distritos é a exigên-
autoescolas ou escolas secundárias com área de ha- cia mínima para a solicitação do alvará de taxista. O
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 769
curso para obter o alvará é facultativo (NKI nettstu- Downing, 1988 (Paquistão)
dier, www.nki.no), mas pode contribuir para obter Beilock, Capelle e Page, 1989 (EUA)
o reconhecimento da promoção de antiguidade de Gray, 1990 Gregersen e Morén, 1990 (Reino Unido)
um ano. O atestado de boa conduta deve ser apre- Lähdeniemi, 1995 (Finlândia)
sentado novamente a cada 5 anos pelo detentor da Christensen e Glad, 1996 (Noruega)
licença. Hagge e Romanowicz, 1996 (EUA)
King, 1996 (EUA)
Treinamento dos condutores de bonde: a direção Valset, 1996 (Noruega)
de bondes não é compreendida pelo regulamento Gregersen, Bremer e Morén, 1996 (Noruega)
das carteiras de habilitação. A própria companhia
de bondes forma os próprios motoristas de bonde A qualidade metodológica das pesquisas varia. Uma
e aplica-lhes a prova. Os motoristas de bonde da parte das pesquisas, como, por exemplo, a de Gray
Oslo Sporveier devem, por exemplo, realizar um (1990), são pesquisas ingênuas de antes e depois, em
curso de 13 semanas em que estão inclusas tanto que o impacto da regressão para a média no número
a parte teórica como a direção. Eles devem reali- de acidentes pode ter tido um papel importante nos
zar provas de trajeto antes da realização do exame resultados. Outras pesquisas, como, por exemplo,
de direção. No treinamento, dá-se importância à a de Gregersen e Morén (1990), são experimentos
segurança e à orientação dos clientes. Além disso, com total controle de todas as fontes de erro. Dá-
há um treinamento para diferentes tipos de bonde, se mais importância aos resultados das pesquisas
tarifas, infraestrutura e linhas. O interessado deve, metodológicas. Os resultados estão resumidos na
anteriormente, realizar um teste de idiomas. Além tabela 6.7.2.
disso, são exigidas saúde (percepção de cores) e
idade (entre 20-50 anos) e carteira de habilitação O treinamento de motoristas profissionais em dire-
para veículo de passeio. O curso é finalizado com ção defensiva reduz o número de acidentes em uma
uma prova prática. ordem de grandeza de 20%. Em empresas maiores,
essas medidas são sempre combinadas com sistemas
de bônus ou outros sistemas de recompensas para
Impacto sobre os acidentes aqueles que dirigem sem se envolver em acidentes.
Foi realizada uma série de pesquisas sobre os im- O curso de direção em pista escorregadia parece
pactos do treinamento formal para motoristas pro- contribuir para a ocorrência de mais acidentes, tan-
fissionais nos acidentes. O contexto inclui pessoas to para os motoristas de ambulâncias quanto para os
que dirigem muito em função da profissão (moto- motoristas de caminhões e bondes.
ristas de caminhão, por exemplo) na Noruega e no
exterior. Os resultados apresentados aqui foram co- Exames de direção mais rígidos acarretam um au-
letados das seguintes pesquisas: mento no número de acidentes. É desconhecida a
explicação para isso. Os autores (Hagge e Roma-
Payne e Barmack, 1963 (EUA) nowicz, 1996) apontam para o fato de que os pro-
O’Day, 1970 (EUA)Eriksson, 1983 (Suécia) blemas de metodologia podem ser uma possível ex-
Manders e Rennie, 1984 (Austrália) plicação para os resultados da pesquisa.
Tabela 6.7.2: Impactos do treinamento e dos testes de motoristas profissionais no número de acidentes.
Variação porcentual do número de acidentes
Medida Melhor Intervalo de
Acidentes ocorridos estimativa confiança
Curso de direção defensiva para motoristas experientes Todos os tipos de acidentes, gravidade
-21 (-34; -5)
(acidentes por quilômetro percorrido) não especificada
Curso de direção em pista escorregadia para motoristas Acidentes em pista escorregadia,
+45 (-35; +220)
de ambulância (acidentes por motorista) gravidade não especificada
Curso de direção em pista escorregadia para motoristas Acidentes em pista escorregadia,
+22 (+9; +36)
de veículos pesados (acidentes por quilômetro percorrido) gravidade não especificada
Exames de direção mais rígidos para motoristas de veículos Todos os tipos de acidentes, acidentes
+5 (+4; +6)
pesados (número total de acidentes) com vítimas
770 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Um estudo experimental realizado na Suécia por veículo e às diferenças no ambiente de tráfego e ro-
Gregersen et al. (1996) entre 900 motoristas de dovias pelas quais circulam os caminhões-tanque de
veículos para a Televerket apontou que um trei- produtos inflamáveis e os outros caminhões. O fato
namento de direção geral (treinamento de direção de os motoristas saberem que um acidente com esse
geral e direção em pista escorregadia), discussões tipo de veículo pode causar grandes consequências
em grupo sobre a segurança de trânsito e um siste- (queimadas, explosões, etc.) talvez contribua para
ma de bônus que recompensa condutores livres de uma direção mais cautelosa e para o baixo risco de
acidentes reduziram o número de acidentes dois acidentes.
anos após a aplicação da medida. As informações
para os motoristas sobre os níveis de segurança no
trânsito não tiveram nenhum impacto no número Impacto na mobilidade
de acidentes (nenhum resultado mostrado na ta-
bela 6.7.2). Não foram documentados impactos na mobilidade
devido às medidas de treinamento aplicadas aos
Uma avaliação sobre os programas de treinamento motoristas profissionais descritas neste capítulo.
para motoristas de ônibus escolares (Crews, 1997) Uma das finalidades do treinamento é que o mo-
não encontrou nenhuma relação entre a extensão do torista conduza de uma maneira que seja o menos
programa de treinamento e o impacto nos aciden- incômoda possível para os outros condutores e que
tes. O estudo também não aponta se o treinamento não reduza desnecessariamente a capacidade de es-
(seja qual for sua extensão) tem algum impacto no coamento do tráfego.
número de acidentes (nenhum resultado mostrado
na tabela 6.7.2).
Impacto sobre o meio ambiente
Os números de risco apresentados inicialmente
mostraram que os caminhões-tanque de produtos Não foi documentado como as medidas de treina-
inflamáveis têm significativamente menos risco de mento descritas neste capítulo influenciam o meio
acidentes que os outros caminhões. A tabela 6.7.3 ambiente. Uma das finalidades do treinamento é
mostra a justaposição do número de risco relaciona- que os motoristas conduzam de forma a evitar, em
do aos caminhões-tanque de produtos inflamáveis e maior nível possível, impactos prejudiciais ao meio
os caminhões em geral nos períodos de 1980 a 1985, ambiente.
1990 a 1994 e 1996 a 2004 (Muskaug, 1984; Elvik,
1988; Borger, 1996; Christensen e Glad, 1996; Erke Os problemas de saúde associados ao meio ambien-
e Elvik, 2006). te são relativamente difundidos entre os motoristas
profissionais. Não foi documentado se o treina-
Os caminhões-tanque de produtos inflamáveis têm mento pode contribuir para reduzir os problemas
de 70 a 80% menos risco de sofrer acidentes que os de saúde condicionados pela profissão entre os
caminhões em geral. As possíveis explicações para motoristas profissionais. O baixo nível de acidentes
essa diferença são as diferentes normas aplicadas e relacionado aos caminhões-tanque para produtos
os treinamentos mais rígidos para os motoristas dos inflamáveis é uma vantagem para o meio ambiente,
caminhões-tanque. Outros fatores podem estar re- pois acidentes com esses veículos podem acarretar
lacionados às exigências mais rígidas aplicadas ao grandes danos ambientais.
faixa de 16 a 19 anos. Isso se aplica internacional- reitos aos condutores. As restrições incluem a proi-
mente (Elvik et al., 2009). Já nos primeiros meses bição de direção à noite, direção com passageiros,
após a licença ser adquirida, o risco de acidente co- direção em rodovia ou após a ingestão de álcool.
meça a diminuir consideravelmente para os novos Outros fatores que contribuem para o elevado risco
condutores (Glad, 1996; Sagberg, 1996). O risco de de acidentes entre os condutores jovens não estão
acidentes diminui tanto com a idade quanto com a incluídos nas restrições. De acordo com Ferguson
experiência, ou seja, o risco de acidentes para um (2003), os principais fatores de risco são a forma
novo condutor é menor quanto mais velho ele for ao arriscada de direção, o álcool, a não utilização do
prestar o exame de direção (Maycock et al., 1991). cinto de segurança, a distração, a sonolência e a es-
colha de veículo.
Vários estudos examinaram os fatores que contri-
buem para o alto risco de acidente de condutores A educação do condutor na Noruega até então não
jovens. Novos condutores jovens são particularmen- havia conseguido reduzir o risco dos condutores
te vulneráveis a acidentes individuais, que muitas novos de forma significativa. Em 2005, portanto,
vezes acontecem devido à alta velocidade, à direção foram introduzidas novas regras para a formação
arriscada e à perda de controle do condutor sobre o de condutor e sem todas as categorias da carteira
veículo (Lam, 2003; Masten, 2004; Kirk e Stamatia- de habilitação. O treinamento consiste em quatro
dis, 2001). As colisões frontais, que em muitos casos etapas, que incluem aulas teóricas, práticas e trei-
são causadas por uma forma arriscada de direção nos particulares de direção. A idade mínima para
(ultrapassagens) ou por alta velocidade, e os aciden- a licença de direção de veículos de passeio (Classe
tes no escuro e em pista escorregadia também es- B) é de 18. A prática de direção pode ter início aos
tão sobre representados entre os condutores jovens 16 anos. Não há relações entre tempo de exame ou
(Sten, Hole, Borch e Thingelstad, 1977; Williams; regras especiais com pontuações de carta de habili-
1985; Massie, Campbell e Williams, 1995). Diferen- tação para novos titulares de licenças.
temente da maioria dos outros condutores, os con-
dutores jovens têm maior risco de acidentes quando
estão dirigindo com passageiros (Lam, 2003; Mas- Descrição da medida
ten, 2004). Na maioria das vezes, este risco diminui
durante os primeiros 6 meses da prática na direção Existem três tipos de medidas que se enquadram
(Mayhew, Simpson e Pak, 2003). àquilo que geralmente é chamado de carteira de ha-
bilitação gradual e restrições de circulação:
Outras possíveis explicações são a falta de habilida-
des na direção veicular e sobrecarga cognitiva em • proibição de direção noturna;
condições de direção mais exigentes (Gregersen, • carteira de habilitação probatória;
1995). Para os condutores inexperientes, nem todos • carteira de habilitação gradual (as restrições va-
os aspectos da direção veicular estão automatiza- riam entre os programas GDL).
dos da mesma forma que para os condutores ex-
perientes. Condutores inexperientes precisam usar Carteira de habilitação probatória: foi introduzida
mais de sua capacidade mental para a direção em na Alemanha em 1986 e na Áustria em 1992. O pe-
si do que motoristas experientes. Em condições de ríodo probatório é de dois anos. Os condutores que
direção mais exigentes, isso pode levar a uma so- forem presos por diferentes infrações de trânsito
brecarga. Além disso, os jovens condutores tendem durante esse período deverão passar por um curso
a superestimar suas habilidades e subestimar os pe- especial na Alemanha. Na Áustria o período proba-
rigos do trânsito (Johansson, 1982; Spoland, 1983; tório é prolongado por um ano; além disso, o treina-
Rumar, 1985) e dirigem de forma mais arriscada que mento psicológico deverá ser reavaliado.
os motoristas mais experientes (Masten, 2004). O
resultado é um elevado risco de acidentes. Carteira de habilitação gradual (Graduated Dri-
ving License, GDL) foi introduzida na maioria
A carteira de habilitação gradual e as restrições de dos estados dos EUA e no Canadá. Outros países
circulação foram concebidas para limitar a direção que também possuem programas GDL são a Nova
em condições de risco particularmente elevado e Zelândia, a Austrália e a Suécia. A Alemanha está
para reduzir a dificuldade da direção. À medida realizando testes com a GDL. A GDL geralmente
que os condutores tornam-se mais experientes, as inclui três fases: uma fase de treinamento, em que
restrições são revogadas e são concedidos plenos di- a direção requer a supervisão dos pais ou outro
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 773
condutor habilitado; uma fase intermediária, com Foss, Feaganes e Rodgman (2001): Carolina do
diferentes restrições, e o estágio final, sem restri- Norte, EUA;
ções. As restrições incluem limites mais rígidos de Mayhew e Simpson (2001): Ontário, Canadá;
álcool no sangue, proibição de dirigir à noite, proi- Mayhew et al. (2001): Nova Escócia, Canadá;
bição de direção em rodovias, número limitado de Shope et al. (2001): Michigan, EUA;
passageiros e limitações para infrações no trânsito. Ulmer et al. (2001): Connecticut, EUA;
Alguns programas são combinados com exigências Simard et al. (2002): Quebec, Canadá;
de formação ou testes de conhecimento, ou dão a Cooper, Gillen e Atkins (2004): Califórnia, EUA;
possibilidade de formação abreviada ou interfase, Rice, Peek-Asa e Kraus (2004): Califórnia, EUA;
mediante curso ou teste. Um panorama detalhado Shope e Molnar (2004): Michigan, EUA;
das descrições dos programas GDL nos EUA é en- Wiggins (2004): Colúmbia Britânica, Canadá;
contrado em Shope e Molnar (2004) e Williams e Dow e Hildebrand (2005): Nova Brunswick, Cana-
Mayhew (2004). Os programas de GDL nos EUA dá;
foram classificados pelo Insurance Institute for Hi- Morrisey, Grabowski, Dee e Campbell (2006):
ghway Safety (Morrisey et al., 2006) como bom, re- EUA, meta-análise, programas GDL bons vs regu-
gular, marginal ou fraco, dependendo da duração lares vs marginais.
do período de formação e das restrições.
A tabela 6.8.1 apresenta a melhor estimativa do efei-
to sobre acidentes quanto a estas medidas.
Impacto sobre os acidentes
Proibição de direção pela limitação de horário à
Os impactos da proibição temporária de direção noite: proporciona uma redução de acidentes, não
durante a noite sobre os acidentes foram investiga- significativa, de 7% ao longo de todo o dia. No pe-
dos em quatro estudos dos EUA: ríodo de proibição da direção noturna, o número de
acidentes com vítimas diminuiu significativamente:
McKnight, Hyle e Albrecht (1983): Maryland, EUA; 36%. Um possível efeito adicional também durante
Preusser, Williams, Zador e Blomberg (1984): 12 o dia para a faixa etária acometida (13-17 anos) é
estados dos EUA; sugerido no estudo de Preusseret al. (1993).
Preusser, Williams, Lund e Zador (1990): Detroite,
Cleveland, Columbia, EUA; Carteira de habilitação probatória: tem um efeito
Preusser, Zador e Williams (1993): 47 cidades nor- significativo de redução de acidentes de 3% para
te-americanas. motoristas muito jovens e aqueles em seu primeiro
ano depois do exame prático de direção.
Há duas pesquisas sobre carteira de habilitação
probatória:
Impactos da GDL sobre os acidentes
Meewes&Weissbrodt (1992): Alemanha;
Bartl (2004): Áustria. A melhor estimativa para o impacto sobre os aci-
dentes da carteira de habilitação gradual equivale
Há no total 23 estudos que pesquisaram o impacto a uma diminuição de 19% em acidentes com gra-
da carteira de habilitação gradual nos acidentes. A vidade não especificada. O efeito é maior para os
maioria foi realizada nos EUA e no Canadá: acidentes mais graves: para acidentes com vítimas, a
diminuição foi calculada em 14% e, para acidentes
McKnight, Hyle e Albrecht (1983): Maryland, EUA; fatais, em 26%. Todos os impactos são estatistica-
Hagge e Marsh (1986): Califórnia, EUA; mente significativos.
Jones (1994): Oregon, EUA;
Langley et al. (1996): Nova Zelândia; O maior efeito de redução de acidentes da carteira
Boase e Tasca (1998): Ontário, Canadá; de habilitação gradual encontra-se nos acidentes no-
Driver Education (1998): Ontário, Canadá; turnos (-31%) e acidentes individuais (-21%). Para
Ulmer et al.(1999): Louisiana, EUA; acidentes por embriaguez, a melhor estimativa de re-
Bouchard et al. (2000): Quebéc, Canadá; dução no número de acidentes é de 23%, mas esse
Gregersen et al. (2000): Suécia; impacto não é significativo. Ele é baseado em duas
Ulmer et al. (2000): Flórida, EUA; pesquisas sobre GDL que não incluíram restrições
Agent et al. (2001): Kentucky, EUA; especiais sobre o consumo de álcool.
774 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 6.8.1: Impactos das medidas de apoio à formação do condutor sobre os acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade do acidente Melhor Intervalo de
Tipos de acidentes afetados
estimativa confiança
Limitação de horário para proibição de direção à noite
Acidentes com vítimas Acidentes durante todo o dia -7 (-17; +5)
Acidentes com vítimas Acidentes em horário da proibição noturna -36 (-43; -28)
Carteira de habilitação probatória
Acidentes com vítimas Todos os acidentes -3 (-4; -1)
Carteira de habilitação gradual
Não especificado Todos os acidentes -19 (-24; -13)
Acidentes com vítimas Todos os acidentes -6 (-12; -1)
Acidentes fatais Todos os acidentes -26 (-45; -1)
Não especificado Acidentes noturnos -31 (-46; -12)
Não especificado Acidentes individuais -21 (-29; -13)
Não especificado Acidentes com embriaguez -23 (-56; +35)
Carteira de habilitação gradual, EUA, “bons” [1]
Acidentes fatais Todos os acidentes -19 (-33; -6)
Acidentes fatais Acidentes diurnos -29 (-49; -9)
Acidentes fatais Acidentes noturnos -10 (-30; +10)
Carteira de habilitação gradual, EUA, “regulares”1
Acidentes fatais Todos os acidentes -5 (-13; +4)
Acidentes fatais Acidentes diurnos +2 (-9; +12)
Acidentes fatais Acidentes noturnos -13 (-24; -1)
Carteira de habilitação gradual, EUA, “marginais”1
Acidentes fatais Todos os acidentes -1 (-12; +10)
Acidentes fatais Acidentes diurnos +1 (-15; +17)
Acidentes fatais Acidentes noturnos +2 (-15; +18)
Carteira de habilitação gradual (motocicletas)
Acidentes com vítimas Todos os acidentes -25 (-36; -12)
Todos os programas de GDL incluídos na análise da que não são diretamente afetados pelas restrições
tabela 6.8.1, com exceção da Suécia, concluíram que do programa GDL.
as restrições para novos condutor esse tornaram mais
rígidas. O limite de idade para a formação do condu- Acredita-se que o efeito de redução de acidentes
tor não foi alterado ou estabelecido. Antes de a GDL durante a prática de direção se deve, em grande
ser introduzida, as aulas particulares de prática veicu- parte, à exposição reduzida devido às restrições e ao
lar eram possíveis, na maioria dos casos, apenas com aumento da idade média dos principiantes (Shope e
pequenas restrições ou condições prévias. Os resulta- Molnar, 2003; McKnight e Peck, 2002).
dos são, portanto, acerca dos impactos das restrições
de acordo com as práticas de direção, mas nada dizem O tipo e o alcance das restrições dos programas de
sobre os acidentes depois que elas foram alteradas. GDL são relevantes para os impactos nos acidentes.
Resultados dos programas classificados em “bom”,
Os impactos da GDL após as restrições terem sido “razoável” e “marginal” baseiam-se na meta-análise
alteradas foram investigados por Agent et al. (2001; de Morrisey et al., 2006: os programas “bons” têm
Kentucky, EUA), Mayhew et al. (2003; Nova Escó- a maior redução de acidentes para acidentes fatais,
cia, Canadá) e Ulmer et al. (2000, 2001; Flórida e enquanto que programas “razoáveis” e “marginais”
Connecticut, EUA). Em todos os estudos, a GDL geralmente têm impactos menores e não significa-
teve um grande impacto de redução de acidentes tivos. Uma redução significativa de acidentes fatais
durante a prática na direção, mas não há nenhum noturnos somente foi encontrada nos programas
impacto ou impactos negativos para condutores “razoáveis”. Os resultados não mostram quantos
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 775
dos programas de GDL, nos três grupos, tinham nistralidade de 23% no grupo etário em questão.
restrições para direção noturna. Tendo em conta a tendência (redução de aciden-
tes em outras faixas etárias) eles resultam em uma
Existem poucos estudos que investigaram os impac- redução de acidentes de 7%.
tos da GDL em homens e mulheres e não há resulta- • Existem vários estudos sobre a GDL na Califór-
dos claros sobre as diferenças entre os gêneros. Em nia que forneceram resultados diferentes depen-
uma pesquisa do Oregon (Jones, 1994), foi mostra- dendo da metodologia. Rice et al. (2004) estima-
do o impacto somente entre os homens (redução de ram que o número de acidentes por habitante
16%), mas não entre as mulheres. Na Suécia o im- na faixa etária 16-17 anos diminuiu em cerca de
pacto em homens e mulheres é praticamente igual 20% depois que a GDL foi introduzida. Masten
(Gregersenet al., 2000). e Hagge (2004) estimaram o impacto da GDL
na Califórnia com um modelo de série temporal
Todas as pesquisas sobre GDL aqui apresentadas (ARIMA) com o controle dos efeitos de tendên-
têm em comum o fato de os resultados terem sido cia de longo prazo e as mudanças no número de
baseados no número total de acidentes para os gru- condutores habilitados(imediatamente antes de
pos de condutores(16-17 anos e 18-24 anos, por a GDL ter sido introduzida, o número de novos
exemplo). Quando a GDL estava para ser intro- condutores habilitados na primeira fase da forma-
duzida, o número de habilitações novas aumentou ção de condutor). O resultado no geral é que a
imediatamente antes de o novo sistema entrar em GDL não tem nenhum impacto, mas que leva à
vigor e diminuiu imediatamente depois de ter entra- redução do número de acidentes noturnos e aci-
do em vigor. Isto ocorreu porque muitos dos novos dentes com vários passageiros no veículo (a GDL
condutores quiseram evitar as restrições da GDL inclui restrições sobre o número de passageiros e
(Simard et al., 2002). Na pesquisa não houve con- da direção noturna).
trole para as tendências gerais. Vários estudos que • Vanlaar et al. (2009) analisaram os efeitos da
encontraram uma diminuição no número de aciden- GDL fundindo dados de 46 estados dos EUA,
tes após a introdução da GDL mostraram que foi, Washington DC e 11 jurisdições canadenses. Al-
em grande parte, a continuação de uma tendência guns estados norte-americanos adotaram a GDL
(Mayhew e Simpson, 2001; Masten e Hagge, 2004). várias vezes no intervalo de poucos anos. Isso dá
Não é possível calcular em qual grau esses dois fato- um total de 78 resultados e fornece a base para
res conduzem a efeitos superestimados, como mos- uma análise de regressão multivariada associada
tra a tabela 6.8.1. Os resultados e as diferenças en- aos princípios de meta-análise. Eles investigaram
tre os resultados de várias pesquisas sugerem que os o impacto da GDL em acidentes fatais com jovens
efeitos fornecidos poderiam ter sido de 2 a 4 vezes de 16, 17, 18 e 19 anos de idade 12 meses antes e
maiores se o número de condutores habilitados e as 12 meses depois, mas não durante os próprios 12
tendências tivessem sido controlados: meses (antes e depois) da data de introdução da
GDL. Isso foi para evitar adaptações de compor-
• Alguns estudos estimam o impacto da GDL com tamento (muitos tiraram sua carteira de habilita-
base no número de acidentes por condutor habili- ção antes de o regime entrar em vigor para não
tado, ao invés do número de habitantes por faixa serem afetados pelas restrições que os sistemas
etária. Gregersen (2000) estimou o impacto da de GDL podem implicar). As fontes de dados fo-
GDL na Suécia com base no número de acidentes ram os acidentes fatais retirados de FARS (EUA)
por condutor habilitado e km. O resultado é uma e Traider (Canadá). Foram usados dados brutos
diminuição de 18%, que é também menor do que para evitar a possível existência de viés de publi-
o impacto médio por habitante neste grupo etário. cação nos efeitos relatados, pois os dados foram
• Existe apenas um estudo que informa ambos o colhidos diretamente a partir das estatísticas de
número total de acidentes e os acidentes por con- mortalidade em acidentes nos dois países. O gru-
dutor habilitado antes e depois da introdução da po de controle consistiu de acidentes fatais entre
GDL (Wiggins, 2004). Nesse estudo, o impacto condutores com idade de 25 a 54 anos. Eles en-
que é baseado no número total de acidentes dimi- contram um impacto de 19,1% de redução no ris-
nuiu 43% enquanto que o impacto que se baseia co de morte para jovens de 16 anos, mas não para
no número de acidentes por condutor habilitado outras faixas etárias. O cálculo deste impacto nos
diminuiu 10%. condutores de 16 anos de idade parece plausível,
• Na pesquisa da Nova Zelândia, de Langley et al. mas para os outros resultados relatados há muitas
(1996), estimou-se uma diminuição da taxa de si- condições repreensíveis relativas à metodologia,
776 O Manual de Medidas de Segurança Viária
em razão da qual não se atribuiu confiança aos re- Vários estudos sobre os impactos da formação con-
sultados apresentados. Isso inclui um elevado nú- forme a GDL mostram que ela não tem efeitos so-
mero de variáveis em relação ao número de resul- bre os acidentes, infrações ou estilo de direção arris-
tados (30 vs 78), a falta da correção de Bonferroni cado(Mayhew, 2003; McKennaet al., 2000; Masten,
no nível de significância (foram 92 as hipóteses 2004; Christie, 2001). Na França, onde a formação
testadas), distribuição muito distorcida de variá- do condutor profissional pode acontecer volunta-
veis dummy e falta de comunicação sobre a falta riamente, não foi encontrado nenhum impacto nos
de dados. Apesar dessas deficiências referentes à acidentes durante os dois primeiros anos depois da
metodologia, ainda confia-se no impacto sobre a aprovação no exame de prático de direção(Page et
redução de 19,1% do número de acidentes fatais al. 2004). Ao serem reduzidos os requisitos do trei-
entre condutores de 16 anos de idade (Vanlaar et namento prático na Noruega, Suécia, Dinamarca e
al., 2009). Finlândia, a taxa de acidentes não aumentou (Chris-
tie, 2001).
GDL: Efeitos da prática de direção De acordo com dois estudos do Canadá (Boase e
Tasca, 1998; Wiggins, 2004) e uma pesquisa em 47
Os programas de GDL, que estão incluídos nos re- estados nos EUA (Levy, 1990; antes da introdução
sultados da tabela 6.8.1, com exceção da Suécia, im- da GDL), o impacto da educação sobre os acidentes
plicam restrições mais rigorosas durante a prática de é menor do que o impacto da prática de direção. O
direção. Na Suécia (Gregersen et al., 2003) o limite treinamento pode, portanto, causar mais acidentes
de idade para formação de condutor foi reduzido(- quando este torna possível encurtar o período de
de 17,5 para 16 anos), mas o limite de idade para prática de direção. Wiggins (2004) encontrou 27%
a carteira da habilitação sem restrições manteve-se mais acidentes para aqueles que haviam participado
inalterado(18 anos). O risco de acidentes entre os de cursos credenciados. Isso esclarece que possibili-
condutores com a habilitação sem restrições (após tar a participação em cursos credenciados permite a
o período de restrições e de prática de direção) foi isenção de uma parte da prática de direção, que por
reduzido em 46% para aqueles que haviam come- sua vez leva ao aumento do número de acidentes.
çado a prática de direção aos 16 anos. Para aqueles Aqui é a prática de direção que assegura a redução
que não haviam começado a prática de direção mais no número de acidentes, mas os cursos que permi-
cedo do que era possível, antes que o novo sistema tem a redução da prática de direção favorecem o
fosse introduzido (17,5 anos), o risco de acidentes aumento do número de acidentes.
permaneceu inalterado. Embora aconteçam alguns
acidentes durante a prática de direção, a redução do Um estudo dinamarquês detectou um efeito de
número de acidentes depois da prática é grande o redução de acidentes para uma reestruturação da
suficiente para que sejam mais do que compensados educação formal do condutor: elementos importan-
os acidentes que possam ocorrer devido a uma fase tes da formação, tais como a formação em direção
prolongada de prática de direção. defensiva e situações de risco com ênfase na percep-
ção de riscos no trânsito e o aumento do conheci-
Um pré-requisito para que a GDL funcione é que mento sobre comportamento e risco associado aos
a prática de direção seja realizada. De acordo com demais usuários da rodovia. Este ensino começa
Mayhew (2003), a maioria dirige muito mais (2-3 com a teoria, depois vêm as aulas práticas de dire-
vezes por semana)e em situações de risco relativa- ção no trânsito em áreas de tráfego mais simples,
mente baixo, ou seja, não dirige em rodovias, por com a progressão para os exercícios de direção mais
exemplo. complexos(Carstensen, 2002). O estudo confirma
uma redução real no número de acidentes envol-
vendo condutores jovens após a reorganização da
GDL: Impactos da formação e exames de direção formação dos condutores no primeiro ano após o
exame de direção; no geral, trata-se de condutores
Os requisitos de formação são muito diferentes en- com idade entre 18-19 anos. Eles encontraram uma
tre os programas de GDL. Alguns programas não diminuição no risco relativo de cerca de 4,6 para
têm formação, alguns incluem treinamento teórico 3,85 para acidentes com terceiros(p <0,05), mas não
ou prático obrigatório ou voluntário, outros pro- para acidentes individuais e acidentes de manobra
gramas permitem encurtar a prática de direção com de marcha a ré(estacionamento). A redução pode
restrições. ser explicada por mudanças na população, redução
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 777
na frequência da ingestão de álcool ao dirigir, expo- sugere que a GDL, no entanto, não tem qualquer
sição menor, invernos suaves ou outras condições. impacto sobre os acidentes noturnos. A redução nos
Carstensen salienta a importância do ensino focado acidentes noturnos encontrada após a introdução
em detalhes, descrevendo ao que se deve atentar e o da GDL foi menor que a esperada em função da
que se fazer em caso de emergência. tendência da diminuição geral de acidentes notur-
nos nos anos anteriores à GDL. A restrição noturna
Os resultados da investigação sobre os impactos não teve impacto sobre o quanto os jovens conduto-
de exames práticos de direção na sua maioria não res dirigiam à noite.
encontraram nenhuma redução no número de aci-
dentes (Mayhew, 2003). Um teste para a percepção Os programas GDL com restrições especiais de in-
de risco, no entanto, mostrou uma correlação com gestão de álcool parecem ter menos impacto sobre
risco futuro para acidentes com vítimas (Congdon, os acidentes que outros programas (tabela 6.8.2).
1999). Os impactos da proibição de álcool provavelmen-
te limitam-se a acidentes que envolvem ingestão de
álcool, mas não é possível comparar os impactos so-
GDL: Impactos das restrições de direção noturna, bre esses acidentes (nenhuma das pesquisas sobre
consumo de álcool e número de infrações a GDL sem restrição à ingestão de álcool relata os
impactos nos acidentes relativos ao álcool).Vários
A tabela 6.8.2 mostra os impactos da GDL com e estudos sobre os impactos de restrições específicas
sem várias restrições sobre os acidentes (todos os de álcool, no entanto, encontraram uma redução de
níveis de gravidade). acidentes (Masten, 2004; Boase e Tasca, 1998). Esses
efeitos podem ser influenciados por uma tendência
A tabela 6.8.2 mostra que o impacto da GDL com geral (em longo prazo) que leva a uma redução dos
e sem restrições de direção noturna não é diferente acidentes relacionados com a ingestão do álcool ao
quando todos os tipos de acidentes são tratados em longo do tempo. Esses efeitos podem ser influencia-
conjunto, mas eles não são inteiramente compará- dos por uma tendência geral de reduzir os acidentes
veis, porque os programas de GDL sem proibição relacionados ao álcool a longo prazo. Na pesquisa
de direção noturna têm outras restrições que po- de Shope et al. (2001), os acidentes relacionados à
dem explicar o efeito geral da redução de acidentes. ingestão do álcool diminuíram após a introdução da
O impacto dos acidentes noturnos é muito maior GDL, embora em menor grau do que o que se espe-
quando a GDL inclui restrições noturnas. Vários raria por conta da tendência. Masten e Peck (2004),
estudos sobre os efeitos do componente proibição no entanto, controlaram os impactos de tendência e
noturna da GDL também encontraram grande di- encontraram uma diminuição nos acidentes envol-
minuição no número de acidentes (Shope e Molnar, vendo álcool e direção.
2003; Masten, 2004; Lin e Fearn, 2003; Boase e Tas-
ca, 1998). Doherty e Andrey (1997) estimaram uma Cerca da metade dos programas de GDL incluí-
diminuição de todos os acidentes em 10% e de aci- dos na análise da tabela 6.8.2 incluem medidas
dentes fatais em 24%, enquanto a direção diminuiu especiais como resultado de infrações de trânsito
apenas 4%. A investigação de Cooper et al., 2004, ou acidentes que são mais restritivas que para os
Tabela 6.8.2: Impactos de diferentes restrições sobre acidentes (todos os níveis de gravidade).
Variação porcentual no número de acidentes
GDL Tipos de acidentes sobre Melhor Intervalo de
os quais atuam estimativa confiança
Com proibição noturna Todos os acidentes -18 (-23; -12)
Sem proibição noturna Todos os acidentes -19 (-29; -9)
Com proibição noturna Acidentes noturnos -46 (-54; -36)
Sem proibição noturna Acidentes noturnos -10 (-15; -5)
Com limite de álcool no sangue Todos os acidentes -17 (-24; -9)
Sem limite de álcool no sangue Todos os acidentes -20 (-28; -12)
Número máximo de infrações Todos os acidentes -21 (-28; -14)
Sem número máximo de infrações Todos os acidentes -15 (-19; -11)
778 O Manual de Medidas de Segurança Viária
condutores com carteira de habilitação sem restri- evitar a autuação, o que também pode ser pensa-
ções. Estes programas têm maior efeito de redução do como um impacto favorável sobre os acidentes
de acidentes que outros (tabela 6.8.2). Um estudo (Goodwin e Foss, 2004).
alemão (Schade, 2005) pôde, ademais, mostrar uma
correlação entre as pontuações na carteira de habi-
litação e o risco futuro de acidente. Um limite mais Impacto na mobilidade
rigoroso no número máximo de infrações de trânsi-
to e outras medidas como consequência de exceder A medida que envolve restrições reduz a mobilida-
este número máximo podem, portanto, ser consi- de dos jovens condutores que as respeitam (proi-
derados como um componente eficaz da GDL. Na bição noturna, necessidade de supervisão de outro
Alemanha foi feita uma tentativa de registrar dados condutor habilitado, curso, possibilidade de reali-
sobre os diferentes parâmetros de direção nos au- zar trabalho). Com a mobilidade reduzida, as medi-
tomóveis de novos condutores, fazendo-se o pos- das também podem levar a menos acidentes entre os
sível para reconstruir o acidente, provando, assim, condutores jovens na primeira ou nas duas primei-
a culpa. Acreditava-se que isso levaria a um estilo ras fases de treinamento (Agent et al., 2001), o que
de direção mais bem adaptado, mas não foi encon- pode contribuir para a melhoria do fluxo de tráfego
trado nenhum impacto nem nos acidentes, nem nas para outros usuários da via.
infrações nem no estilo de direção (Heinzmann e
Schade, 2003). A medida que resulta na possibilidade de dirigir
mais cedo do que antes melhora a mobilidade.
O número de passageiros no veículo aumenta o
risco de acidentes para os jovens condutores (Lin e
Fearn, 2003). Há poucos estudos que pesquisaram Impacto no meio ambiente
o impacto das restrições do número de passageiros,
mas Masten e Hagge (2004) encontraram uma redu- Do mesmo modo que para mobilidade, a carteira de
ção significativa nos acidentes com mais passagei- habilitação gradual e as restrições de circulação po-
ros como resultado da introdução de um programa dem ter impactos indiretos sobre o meio ambiente,
GDL com restrições sobre o número de passageiros já que contribuem para reduzir o volume de tráfego.
durante a prática de direção nos primeiros 6 meses.
Além dos custos diretos, as restrições de circulação Responsabilidade pela execução da medida
para os jovens condutores têm um custo indireto
em termos de desvantagem devido à direção res- A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
trita. Essas desvantagens podem ser significativas blicas da Noruega é responsável por certificar-se de
quando muitos jovens condutores têm um grande que as autoescolas e os organizadores de curso de
prazer em dirigir e às vezes fazem-no somente por formação de condutores estejam em conformidade
esta razão. com os planos de ensino das diversas categorias de
habilitação. Como exame de direção, controlam-se
o conhecimento do condutor e as habilidades neces-
Avaliações de custo-benefício sárias para que a licença seja concedida.
para motoristas profissionais é aproximadamente to dura pode produzir o efeito oposto ao que se
metade do risco para os outros usuários da via. Isso quer alcançar (Dickens, 1986; Mann et al., 1991).
pode indicar que os motoristas profissionais são me- Por isso, pode ser mais vantajoso para as empresas
lhores condutores que a média dos condutores de usarem sistemas de motivação e/ou recompensa
automóvel. para influenciar o comportamento dos seus moto-
ristas.
Em uma pesquisa americana analisou-se se as ca-
racterísticas específicas das empresas poderiam ter Os sistemas motivacionais ou de recompensa nas
ligação com o índice de acidentes (Moses e Savage, empresas pretendem afetar o comportamento dos
1994). O indicador mais claro dessa relação foram funcionários motoristas (e/ou ambiente de traba-
os procedimentos internos de registro de acidentes lho) de tal forma que o índice de acidentes diminua.
das empresas. As empresas, que não tinham proce-
dimentos fixos para registros de acidentes, mostra-
ram uma taxa de acidentes nove vezes mais elevada Descrição da medida
que as empresas que tinham essas rotinas estabeleci-
das. As empresas que não controlavam ou não esta- Pode-se distinguir entre duas estratégias que têm
vam familiarizadas com as determinações do tempo potencial para afetar o índice de acidentes e/ou le-
de direção e descanso dos motoristas apresentaram sões entre os motoristas profissionais. Uma estraté-
30% mais acidentes que aquelas que realizavam gia inclui intervenções na estrutura corporativa e no
esse controle (Moses e Savage, 1994). ambiente de trabalho em geral (ou seja, as condições
subjacentes sob as quais os motoristas profissionais
É possível exercer influência sobre o comportamen- operam e que podem afetar o índice de acidentes)
to das pessoas e modificá-lo. A mudança de com- em termos de pressão relativa ao tempo, consciência
portamento pode ser alcançada pelo aprendizado, de segurança corporativa em geral e fatores motiva-
e a psicologia tem desenvolvido e estabelecido dife- cionais em função das condições externas e do am-
rentes teorias de aprendizagem (Chaplin e Krawiec, biente de trabalho.
1970). No uso diário normalmente se utilizam os
termos “penalidade” e “recompensa” para se referir Outra estratégia inclui o uso de medidas mais di-
a como essa aprendizagem acontece. A motivação retamente destinadas ao comportamento dos mo-
dos motoristas em dirigir com segurança é um fa- toristas profissionais que se acredita que estejam
tor importante sobre o risco de acidentes. Conhe- relacionadas aos acidentes, ou medidas para reduzir
cimentos, habilidades, projeto viário, sinalização e a severidade dos acidentes (como o uso de cintos de
informações não ajudam se a motivação do moto- segurança, por exemplo).
rista para a direção segura for ofuscada por outros
motivos, tais como a mobilidade, a satisfação com
a velocidade e a busca por situações de risco (Sa- Impacto sobre os acidentes
gberg, 1994).
Existem três estudos em que foi avaliado o impacto
Sanções sob a forma de penalidades como mul- sobre os acidentes de vários tipos de medidas de in-
tas, sistema de pontuação, suspensão da carteira centivo e motivação. Misumi (1982; Japão) estudou
de habilitação e similares só podem ser aplicadas o impacto do grupo de discussões sobre segurança
pelas autoridades. Outras organizações e empresas viária entre os condutores de uma empresa. Gre-
que necessitam de transporte para a sua ativida- gersen e Morén (1990; Suécia) e Gregersen et al.
de e que tenham condutores profissionais entre os (1996; Suécia) realizaram um estudo de quatro me-
seus contratados podem ter interesse em implantar didas diferentes: treinamento de direção; impacto
meios de reduzir o índice de acidentes. As empre- no comportamento de discussões em grupo; bônus
sas não têm autoridade legal para impor penali- para direção sem acidentes com vítimas e campa-
dades financeiras e devem adotar outros tipos de nhas. Sagberg (1994; Noruega) estudou o impacto
soluções se quiserem influenciar o comportamento de prêmios coletivos na redução de acidentes e dos
dos condutores. A empresa deve, também, ajustar cartazes informativos com estatísticas de acidentes
a aplicação de penalidade aos efeitos que isso terá com vítimas mensais, além de discussões em grupo.
na cultura corporativa em geral e na motivação dos O primeiro estudo é uma pesquisa de antes e de-
empregados durante a execução de trabalhos. Há pois, sem grupo de controle. Os dois últimos são de
motivos para argumentar-se que uma punição mui- antes e depois, com grupo de controle.
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 781
Em todos os três estudos as medidas não tiveram ser um fator que contribui frequentemente para
impacto sobre acidentes com danos materiais (-12; muitos acidentes.
13). Para acidentes com vítimas, há uma redução • Descobriu-se que empresas com políticas de segu-
de 18% (-28; -6), que é estatisticamente significa- rança, que consistiam em obter referências de ter-
tiva. ceiros para a contratação dos motoristas e valiam-
se da utilização de punições disciplinares contra
O resultado de uma pesquisa japonesa (Misumi, os motoristas que quebraram as regras de tempo
1982) é particularmente incerto e provavelmente de direção e descanso e possuíam como rotina o
inclui modelos de regressão não controlados. Há ra- monitoramento da velocidade na direção entre
zões para desconsiderar um dos resultados do estu- os motoristas, eram associadas a um aumento no
do norueguês (Sagberg, 1994), pois um dos grupos número de acidentes. Isso parece paradoxal, mas
foi submetido a mudanças organizacionais no perío- quando se trata das disposições sobre tempo de
do da pesquisa sob a forma de um forte crescimen- direção e descanso, parece haver uma diferença
to no volume de trabalho, resultando no aumento entre o motorista receber punição disciplinar pelo
da pressão sobre o tempo e o estresse. Isso levou a não-cumprimento (algo que aumentou o número
um aumento de 300% nos acidentes. Quando esses de acidentes) ou apenas ser controlado o não-
resultados são excluídos, ou seja, tanto a pesquisa cumprimento dessas disposições (o que reduziu o
japonesa quanto uma das pesquisas de Sagberg, a número de acidentes).
melhor estimativa do impacto da medida é uma re-
dução estatisticamente significativa do número de
acidentes em 18%. O melhor efeito foi obtido no Impacto na mobilidade
grupo que utilizou os impactos comportamentais
nas discussões em grupo. Neste grupo, os acidentes Os sistemas de recompensa e motivação não têm
foram reduzidos quase à metade. Nos grupos que nenhum impacto documentado sobre a mobilidade.
utilizaram o treinamento de direção, os bônus para
direção sem danos e as várias medidas que foram
utilizadas no estudo norueguês, foram obtidas redu- Impacto no meio ambiente
ções de acidentes de, respectivamente, 32%, 16%
e 20%. No último dos grupos não foram utilizadas Os sistemas de recompensa e motivação não têm
campanhas, de modo que houve um aumento de nenhum impacto documentado sobre o meio am-
36% nos acidentes. biente.
Tabela 6.9.1: Panorama dos custos e reduções de custo devido ao menor número de acidentes com
a utilização de programas de recompensa e motivação aplicados na empresa sueca Televärket. Em
SEK 1.000 (de Gregersen e Morén, 1990).
Custo da medida Alteração no custo de acidentes Tempo de retorno
Medida/grupo por 10.000 km por 10.000 km - 1987 e 1988 do investimento
Bônus 454 - 102 - 279 1,6 ano
Treinamento de direção 2.575 - 160 - 368 7 anos
Discussão em grupo 649 - 90 - 555 1,2 ano
Campanhas 938 - 26 - 342 2,7 anos
Controle 0 - 117 - 103 -
A pesquisa norueguesa foi baseada em um cálculo As regras em relação ao tempo de direção e des-
dos custos de danos reais que as empresas tiveram canso destinam-se a reduzir o risco de acidentes
em três tipos de acidentes diferentes (Sagberg, 1994). causados por motoristas de veículos pesados que,
Nos danos externos em que o motorista da empresa devido ao cansaço, adormecem ao volante. O ris-
foi responsável, as indenizações de seguro revelaram co de acidentes na décima e décima primeira horas
um custo de NOK 26.500 por dano. Os danos inter- de direção, o que é ilegal sob as regras atuais, é,
nos apresentaram um custo de NOK 6.500, enquan- respectivamente, 80% e 140% maior que na nona
to os danos no vidro dos faróis e outros danos des- hora de direção (a última hora do período legal).
cobertos na inspeção do veículo foram estimados em As pausas, necessárias após 4,5 horas de direção,
média em NOK 1.500 por dano. No departamento reduzem o risco de acidentes, sem que seja possível
para o qual o índice de acidentes diminuiu, a econo- quantificar o efeito. Os motoristas que cumprem
mia total foi estimada em cerca de NOK 422.000, ou um descanso diário mais curto que o limite legal
NOK 0,131 por quilômetro percorrido. No segundo (menos de 11 horas) têm em média risco 17%
grupo, o número de acidentes aumentou e o aumento maior de acidentes que os motoristas que cum-
dos custos foi estimado em cerca de NOK 745.000, prem um período de descanso diário legal. Para o
ou NOK 0,414 por quilômetro percorrido. tempo semanal de direção e descanso não foram
encontrados resultados empíricos que mostrassem
o impacto sobre o risco de acidentes. Outros fa-
Responsabilidade e procedimentos formais tores relacionados ao tempo de trabalho e direção
dos motoristas que aumentam o risco de acidente
Iniciativa para a medida foram, entre outros, o trabalho por turno (princi-
palmente em turnos irregulares), dirigir quando há
A empresa pode tomar a iniciativa de estabelecer a um grande volume de tráfego e um longo tempo de
medida. trabalho usado para carga e descarga.
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 783
para o descanso diário e 79% para o repouso semanal meira hora, tem-se que muitos motoristas começam
(Statens vegvesen, 2014). A observância do descanso a dirigir logo após acordar, o que pode significar
diário em 2013 foi menor que entre 1999-2002 (entre que eles estão cansados e pouco concentrados e por
91% e 93%; Amundsen & Karner, 2003). isso começariam a dirigir com risco mais alto.
9
8,92
Horas de direção
8 (nãoespecificadas)
Horas de direção
7 (Hanowski)
4 3,76
3
2,08
1,83
2 1,47 1,61
1,25
1,00 1,02 1,13 1,06
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tempo de direção
Figura 6.10.1: Relação entre o tempo de direção (por unidade de tempo) e o risco relativo de
acidentes (o risco é igual a ‘um’ nas primeiras horas de direção) entre os motoristas de caminhão.
mostraram que os motoristas que fazem um descan- antes da direção. Os condutores cuja noite de sono
so diário menor que o previsto em lei (menos de 11 foi de quatro horas apresentaram risco de acidentes
horas) têm um risco de acidentes em média 17% 20 vezes mais alto.
mais elevado que aqueles que descansam durante o
período diário previsto em lei. Entre os condutores
que descansam por um período relativamente curto Cumprimento das regras de tempo de direção
permitido por dia (11-26 horas), a redução de aci- e de descanso
dentes é menor (-14%) que entre os motoristas que
realizam o descanso em um período longo de des- McCartt et al. (2000) mostraram que os motoristas
canso diário (mais de 26 horas: -23%). de caminhão com jornadas de trabalho difíceis apre-
sentaram risco de adormecer ao volante 80% mais
As cabines (“boleia”) dos caminhões nos Estados alto que os demais. Por “jornada de trabalho difícil”
Unidos geralmente são equipadas com uma peque- entende-se aqui os motoristas que costumam dirigir
na cama atrás do banco do condutor). Uma pesquisa mais que as 10 horas permitidas por trecho, fazem
sobre o impacto que a quebra do descanso diário no menos que as oito horas obrigatórias de descanso
veículo (duas vezes de quatro horas de interrupção entre duas viagens e manipulam o controle de velo-
na direção, por exemplo) tem no risco de acidentes cidade, o que normalmente acusaria que poderiam
fatais (Hertz, 1988) constatou que os condutores que ter chegado a tempo sem infringir as regras de dire-
não tiveram um descanso diário tiveram um risco de ção e descanso e de limite de velocidade.
envolvimento em acidentes fatais três vezes maior
que aqueles que tiveram descansos diários contínuos Cantor et al. (2009) mostraram que o uso de tacó-
(intervalo de confiança de 95% [2,4; 3,9]). grafos eletrônicos permite maior conformidade com
as regras de direção e descanso e, portanto, redu-
zem o número de acidentes.
Sono noturno
de veículos pesados que afetam o cansaço e o risco Distribuição do tempo de trabalho semanal: Folkard
de acidentes além dos fatores regidos pelas regras & Lombardi (2006) mostraram que as mesmas jorna-
de direção e descanso. Entre outros, Amundsen & das semanais de trabalho podem levar a riscos de aci-
Karner (2003), com base em uma revisão da litera- dentes muito diferentes, dependendo da distribuição
tura, mostram que a quantidade e a qualidade do das horas de trabalho. Quando o risco de acidentes
sono antes da direção têm um impacto maior sobre para uma semana de 40 horas com cinco dias de 8
os acidentes que a própria quilometragem percorri- horas é definido como igual a um, foram verificadas
da. A seguir, são descritos os resultados de estudos as seguintes alterações para o risco de acidentes na
empíricos de como os diferentes fatores no trabalho semana de 48 horas:
e tempos de direção e de descanso entre os motoris-
tas de veículos pesados afetam o risco de acidentes. • seis dias de 8 horas (turno diurno): +3%;
• seis dias de 8 horas (turno noturno): +41%;
Hora extra: Dembe et al. (2006) mostraram que as • quatro dias de 12 horas (turno diurno): +25%;
horas extras aumentam o risco de acidentes com • quatro dias de 12 horas (turno noturno): +55%.
vítimas em muitas profissões diferentes (dentre as
quais “Transportes e Comunicações” representa Direção noturna: a direção noturna geralmente leva
apenas cerca de 8%). As pessoas que trabalharam a um risco de acidentes mais elevado que a diurna
12 horas ou mais por dia tiveram 37% mais aciden- (Jovanis et al., 2012). Park et al. (2005) mostraram
tes que as pessoas que trabalharam 60 horas por se- que os motoristas que conduzem mais à noite ou
mana ou mais, que tiveram 23% mais acidentes do muito cedo pela manhã têm risco de acidente entre
que as outras. 20% e 70% mais alto que aqueles que conduzem
no turno diurno normal. Por outro lado, Park &
Turnos: um estudo sobre motoristas de ônibus na Jovanis (2010) mostraram que os condutores com
Noruega (Phillips & Bjørnskau, 2013) mostrou que início do trabalho entre as 16hs e 21hs têm mais bai-
os motoristas de ônibus que trabalham por turnos xo risco de acidentes e os motoristas com início de
quebram as regras de direção e descanso com mais trabalho nos outros horários têm risco entre 80% e
frequência que aqueles que não trabalham por tur- 180% mais alto.
nos. Além disso, os motoristas de ônibus que traba-
lham por turno têm mais problemas de saúde que Dingus et al. (2006) e Hanowski et al. (2009) mos-
os outros, o que também pode contribuir para o au- traram, em um estudo naturalístico de direção, que
mento de acidentes. Uma pesquisa norueguesa mais as situações críticas normalmente ocorrem no pe-
antiga (Nygård & Tellnes, 1994) com aproximada- ríodo do final da tarde ou no começo da noite, com
mente 1.500 motoristas de ônibus mostrou que os volume de tráfego elevado. Ambos os estudos mos-
condutores que trabalham por turno têm risco de traram que o volume de tráfego tem um grande efei-
acidentes mais alto que os que têm horários fixos. to sobre a fadiga e ele pode ser maior que o impacto
Os resultados se referem a acidentes por motorista de um ritmo diário de direção.
e, por isso, não dizem nada sobre o risco de acidente
por quilômetro percorrido. Direção depois de prolongados períodos de repou-
so: Park et al. (2005) mostraram que os motoristas
Horários regulares vs irregulares: Jovanis et al. que começam a dirigir logo após um período de re-
(2005) e Park et al. (2005) mostraram que os moto- pouso prolongado (de mais de um dia) têm maior
ristas com horários irregulares de trabalho têm risco risco de acidentes que os outros. Segundo Park &
de acidentes até duas vezes mais alto que aqueles Jovanis (2010), quanto maior o período de repouso,
com horários regulares. Segundo Park et al. (2005), maior será o risco. Depois de um período de repouso
os condutores com turnos irregulares têm risco de de 35-45 horas, o risco de acidentes é 30% mais alto
acidente entre 30% e 80% mais alto que os outros que depois de períodos de repouso mais curtos e, de-
motoristas. Segundo Park & Jovanis (2010), os con- pois de um período de repouso de mais de 45 horas,
dutores com mudança regular em turno (turnos o risco de acidentes é 70% mais alto que depois de
que sempre começam ou mais cedo ou mais tarde um tempo de repouso de menos de 35 horas.
a cada dia) têm risco de acidentes 60% maior que
aqueles com horário de trabalho regular, enquanto Carga e descarga: Morrow & Crum (2004) mostra-
que os motoristas com turnos irregulares têm risco ram que parte das horas de trabalho que os moto-
de acidentes aproximadamente 150% maior que os ristas usam para carregar os veículos (carga e des-
condutores com horário de trabalho regular. carga) tem uma relação significativa com o número
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 787
de acidentes e que os condutores das empresas que O risco relativo de acidente por um tempo diário de
minimizam o carregamento passam por um número direção acima do limite legal pode ser estimado em
menor de situações críticas. Isso sugere que os efeitos cerca de dois, ou seja, que o risco de acidente nas
positivos de carga e descarga sobre a atenção e a vigi- horas que são ilegais, de acordo com as regras de
lância provavelmente são apenas de curta duração e direção, é cerca de duas vezes mais alto que dentro
que os efeitos negativos em longo prazo são maiores. das horas de direção conforme a legislação. Isso se
baseia nos resultados de direção que mostram que o
risco de acidentes na décima hora de direção é cerca
Mudanças nas regras de direção e descanso de 80% mais elevado que na nona hora e que o ris-
co na décima primeira hora é cerca de 140% mais
Nos EUA as regras de direção e descanso mudaram elevado que na nona hora. A parcela das horas de
em 2004 para reduzir as consequências adversas das direção em desacordo com a legislação em relação à
regras anteriores de padrão de sono dos motoristas de quilometragem diária legal é de cerca de 5%, caso
caminhão. As novas regras resultaram, entre outros, se suponha que aqueles que dirigem mais tempo que
em um descanso diário mínimo mais longo (10 horas o permitido conduzam em média 10,5 horas e que
ao invés de 8), um período de direção mais longo (11 os demais conduzam nove horas. Se todos os moto-
horas ao invés de 10) e uma jornada diária de trabalho ristas que conduzem o máximo de tempo possível
mais curta (14 horas ao invés de 15). Isso permitiu que por dia (ou seja, nove horas ou mais hoje em dia)
os condutores obtivessem um ritmo diário mais regu- cumprirem a regra do tempo máximo de direção,
lar nas 24 horas, enquanto o ritmo circadiano, com as o número de acidentes entre esses condutores, sob
regras anteriores, era muitas vezes mais curto, o que essas premissas, seria 4,8% menor do que é hoje.
podia levar a um sono de má qualidade e à privação
de sono. Segundo Hanowski et al. (2007), a média de O risco relativo de acidentes para o tempo de des-
sono à noite entre os dias de direção aumentou de 5,2 canso diário abaixo do limite legal é calculado em
a 6,3 horas. Dick et al. (2006) mostraram que as novas aproximadamente 0,83. A parcela das horas ilegais
regras no geral foram bem aceitas e que os motoristas de direção em relação ao descanso diário legal é de
em média sentiram-se mais completamente descansa- cerca de 32%, caso se assuma que aqueles que diri-
dos, o número de acidentes diminuiu 4%, o número gem depois de um tempo de descanso diário menor
de condutores feridos em acidentes baixou 8% e o que o limite legal em média conduzem tanto quanto
número total de feridos entre os motoristas diminuiu os outros motoristas. Se todos os condutores res-
12%. McCartt et al. (2008) também mostraram que, peitarem as regras de descanso mínimo, o número
com as novas regras, os condutores dormem mais e de acidentes, sob essas suposições, será 5,8% me-
por períodos de repouso mais longos, mas também nor do que é hoje. Isso diz respeito a motoristas aos
que em média conduzem mais e o porcentual dos que quais as regras de descanso diário sejam aplicáveis.
disseram ter adormecido ou quase adormecido du-
rante a direção aumentou. Esta só pode ser considerada uma estimativa precisa
se for aplicada a grupos específicos de motoristas de
veículos pesados. Não existe nenhuma informação
Cálculo do impacto sobre os acidentes de 100% de suficientemente detalhada sobre o cumprimento
obediência às novas regras de direção e descanso das regras de direção e descanso, nem sobre a forma
como estas afetam o risco de acidentes ou os pa-
Com base no mapeamento da obediência às regras de drões de direção entre todos os caminhoneiros, para
direção e descanso e na avaliação do risco de direção que se pudesse fazer um cálculo mais abrangente de
conforme a lei e contra a lei, é possível calcular a esti- como o cumprimento das regras de direção e repou-
mativa de quanto os acidentes podem diminuir, caso so afetariam o número total de acidentes envolven-
se atinja 100% de obediência às regras de direção e do veículos pesados.
descanso diários. Em 2013, a taxa de motoristas de
veículos pesados que cumpriram as regras de des-
canso diário foi de 68% e a taxa dos que cumpriram Impacto na mobilidade
as regras para o período de descanso semanal foi de
79% (Statens vegvesen, 2014). A taxa dos que cum- Uma razão importante para se quebrar as regras de
prem as regras de tempo máximo de direção diária direção e de descanso é que se pode economizar
considera-se como sendo a mesmo dos que cumprem tempo com isso. Assim, afirma-se que as regras de
as regras de descanso diário (68%). direção e descanso reduzem a mobilidade (aumen-
788 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tam o tempo de viagem). No entanto, é impossível A Agência Nacional de Administração de Via Públi-
dizer o quanto se prolongaria o período de direção cas da Noruega e a polícia supervisionam as regras
no dia, mantendo-se em conformidade com as re- de direção e descanso. O controle deve ocorrer em
gras de direção e descanso. conformidade com a legislação da EEE (Diretiva
88/599/CEE).
Custos
6.11 Normas de segurança para direção
Os custos da regulamentação do período de direção de veículos de emergência
e descanso são de dois tipos: o primeiro é de custos
diretos de controle; o segundo são os custos de tem- Capítulo revisado em 2011 por Alena Høye (TØI)
po extra associados ao respeito às regras. Estes cus-
tos adicionais são difíceis de estimar, uma vez que
não se sabe o tempo que o transporte levaria sem as Problema e finalidades
regras atuais de direção e descanso.
Para cumprir suas atividades, os veículos de emer-
gência (e em uma situação de emergência) depen-
Avaliações de custo-benefício dem da possibilidade de seguir em frente no trânsi-
to. Ao mesmo tempo as normas de segurança para a
Não há nenhuma análise norueguesa de custo-bene- direção devem ser zeladas. Não é sempre fácil con-
fício das regras de direção e repouso. ciliar estas normas. Para proporcionar aos veículos
de emergência o cumprimento de suas tarefas, seus
motoristas não são obrigados a seguir todas as de-
Responsabilidade e procedimentos formais terminações contidas no código de trânsito no que
se refere às regras de tráfego, de placas, de veloci-
Iniciativa para a medida dade, de estacionamento e de determinações que
regulam o tráfego (Vegtrafikklovens §§ 4, 5, 6, 7, 8,
As disposições relativas à direção e descanso estão 9 e 11). Os outros condutores têm a obrigação de
alinhadas às disposições correspondentes da União dar espaço para os veículos de emergência quando o
Europeia por meio do Acordo EEE. motorista aciona a sirene (Trafikkregler § 10).
Muitos estudos demonstraram que a direção em vítimas fatais ou feridas são os maiores em acidentes
emergência acarreta maiores riscos de acidentes. O em que uma ambulância ou veículo de polícia está
risco de acidentes durante a direção em emergên- envolvido. Isso pode ser explicado possivelmente
cia foi calculado em duas pesquisas norueguesas pelo fato de que a direção dos carros de polícia e
(Frøyland, 1983; Fosser, 1986) e em uma pesquisa das ambulâncias é maior que a dos carros dos bom-
sueca (Transportforskningsdelegasjonen, 1979) so- beiros, de modo que os números não dizem nada
bre ambulâncias, veículos de bombeiros e de polícia. sobre o risco de acidentes.
Os resultados estão apresentados na tabela 6.11.2.
O risco é apresentado como risco relativo, basea- Acidentes envolvendo ambulâncias são via de
do no número de acidentes com vítimas por milhão regra mais graves que acidentes com veículos de
de veículos-km percorridos (o número de acidentes polícia e de bombeiros. Isso é demonstrado tanto
com vítimas por milhão de quilômetros percorridos nos resultados na tabela 6.11.2 quanto em um es-
por veículos de emergência é de 0,41 para toda a tudo americano (Becker, et al., 2003). Na Noruega
Noruega). Os resultados mostram que todos os ti- cerca da metade dos participantes morre ou é fe-
pos de veículos de emergência apresentam maiores rido quando ocorre um acidente com o veículo de
riscos de acidentes que a média de todos os veícu- emergência. Esta taxa é maior para os veículos de
los. Durante uma emergência, o risco aumenta. Na polícia (60%) e menor para as ambulâncias (46%).
Noruega o aumento é maior para os veículos de Os ocupantes de ambulâncias especialmente po-
polícia; na Suécia, para as ambulâncias. Um estudo dem estarem perigo de sofrer ferimentos em coli-
norte-americano (Wilbur, 1994) demonstrou que os sões (compare os resultados na tabela 6.11.1). Isso
veículos de emergência apresentam cerca de três ve- vale principalmente para pacientes, enfermeiros e
zes mais chances de sofrer acidentes que os outros outros que permanecem na mesma área em que o
durante a emergência. paciente, já que, em muitos casos, não estão com
os cintos de segurança (Levick, 2001; Becker et al.,
Duas pesquisas norueguesas demonstraram que os 2003).
acidentes com vítimas que ocorrem durante a emer-
gência, em média, são mais graves que os acidentes A perseguição de criminosos em veículos de polí-
com vítimas em outros casos (Frøyland, 1983; Fos- cia representa um sério problema que a polícia deve
ser, 1986). Isso pode ter relação com a velocidade, encarar. A perseguição aumenta o risco de acidentes
que é maior. Um estudo norte-americano, por outro com vítimas dos policiais, dos perseguidos e de ou-
lado, demonstrou que os acidentes envolvendo veí- tros condutores. Uma pesquisa australiana demons-
culos de emergência são mais sérios quando ocor- trou que os veículos de polícia sofrem em média um
rem em direção normal do que em direção de emer- acidente por 85.000 quilômetros percorridos e du-
gência (Becker, et al., 2003). Isso valeria para todos rante a direção em perseguição há um acidente por
os tipos de veículos de emergência. cada 120 quilômetros percorridos (Rechnitzeret al.,
2002).
Os números médios anuais de pessoas que sofreram
acidentes com vítimas registrados pela polícia na Quase a metade de todos os acidentes com am-
Noruega entre 2001 e 2009 em que estava envolvida bulância ou veículo de polícia na Noruega ocorre
uma ambulância, veículo de polícia ou veículo de em interseções. Entre os acidentes com veículos de
bombeiro em emergência estão apresentados na ta- polícia, 45% ocorrem no escuro; com relação aos
bela 6.11.2. Os números de acidentes e o número de acidentes com ambulâncias e veículos de bombeiro,
Tabela 6.11.1: Risco relativo de acidentes referente a veículos de emergência e todos os demais veículos
(risco relativo referente a todos os tipos de veículos = 1) na Noruega (riscos de acidentes com vítima)
e na Suécia (acidentes notificados para as companhias de seguro).
Tabela 6.11.2: Número de acidentes com vítimas, vítimas fatais e acidentados por ano na Noruega em acidentes com o
envolvimento de veículos em emergência(número por ano, 2001-2009).
Vítimas fatais /
Vítimas fatais /
Vítimas fatais / Vítimas fatais / total de envolvidos
Vítimas total de envolvidos
Acidentes total de total de em veículos em
fatais m veículos em
envolvidos envolvidos emergência por
emergência
acidente
Ambulância 6,44 0,22 6,00 56 % 1,66 0,93
Veículo de polícia 6,67 0,00 5,11 60 % 1,28 0,77
Veículo de bombeiro 2,44 0,11 1,22 46 % 1,09 0,50
as taxas são menores (19% e 9%,respectivamente). de emergência, nas normas para condutores e em
Entre 22 e 32% dos acidentes envolvendo veículos outras medidas.
de emergência ocorrem no meio urbano; o restante
ocorre em áreas menos povoadas. Grande parte dos Normas para veículos: o veículo de emergência
outros condutores envolvidos nos acidentes é de deve ser equipado com luzes de emergência espe-
veículos de passeio. ciais. Com relação a ambulâncias, veículos de bom-
beiro e de polícia, a luz de emergência azul que rea-
Um estudo sueco (Ambulanseforum, 2009) basea- liza movimentos de rotação, instalada em cima do
do em acidentes notificados para as companhias de veículo, é a mais comum. A luz de emergência azul
seguro de 2003 a2005 demonstrou que 81% dos também pode ser colocada na grade do radiador do
acidentes ocorreram por causa do motorista da am- veículo, algo que é sempre utilizado nos automóveis
bulância e que 56% dos acidentes ocorreram em di- de polícia à paisana e em ambulâncias. A cor azul
reção de emergência. Em apenas 19% dos acidentes também é a mais utilizada como luz de emergência
o paciente estava na maca; 38% dos acidentes ocor- nos veículos de emergência em outros países.
reram em interseções e 19%, em pista escorregadia.
O pagamento médio do seguro por acidente foi de Na Noruega as cores comuns dos veículos de emer-
cerca de 153.000 SEK, dos quais 7.400 SEK (ou gência são: amarelo para ambulâncias; vermelho
3,9%) foram destinados às vítimas. para veículos de bombeiro e branco com uma fai-
xa vermelha e outra azul na horizontal de todo o
É difícil considerar que os problemas de aciden- veículo para os veículos de polícia. Desde 2011 os
tes vinculados à direção de emergência podem ser carros da polícia são marcados com faixas refletoras
completamente resolvidos ao impedir este tipo de amarelas e pretas em volta de todo o veículo. O au-
direção. Muito pelo contrário: a preservação da vida tomóvel de emergência é, por regra, equipado com
e a minimização dos danos dependem diretamente os textos “ambulância”, “veículo salva-vidas”, “po-
da velocidade em que a equipe de resgate chega ao lícia” ou similares. As cores dos veículos da Agência
local. Nacional de Administração de Vias Públicas da No-
ruega são cinza e laranja.
As normas de segurança para a direção de emergên-
cia limitarão os perigos vinculados a este tipo de di- O veículo de emergência deverá ter sirenes que avi-
reção e preferencialmente com o intuito de torná-lo sarão outros condutores e pedestres. As sirenes são
direção tão seguro quanto o tráfego normal. fáceis de serem ouvidas e dificilmente misturam-se
com outros barulhos, são fáceis de ser orientadas e
não causam fortes desconfortos para outros passa-
Descrição da medida geiros ou motoristas e para o próprio motorista de
emergência (Dahlstedt, 1980A).
Durante uma situação de emergência, um veículo
de emergência pode deixar de cumprir as leis de Em ambulâncias, as pessoas que estão na área do
trânsito. A condição para isso é a utilização do aviso paciente sempre se encontram em más condições de
de emergência com luzes azuis e/ou sirenes. Nesse segurança, e as áreas do paciente dificilmente são
caso, os outros condutores têm a obrigação de dar elaboradas para dar proteção em caso de acidentes
passagem e abrir caminho para o veículo em emer- (Levick, 2001). As regulamentações dos veículos
gência. As normas de segurança para a direção de contêm as normas para o projeto do interior do veí-
emergência estão incluídas nas normas do veículo culo; entre outras coisas, deve haver uma parede de
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 791
separação entre a área de direção e a área do pacien- cêndio consiste de voluntários que têm outros tra-
te e todos os equipamentos na área da maca devem balhos e apenas participam do Corpo de Bombeiros
poder ser fixados e dispostos no veículo de uma em emergências. Não lhes é proporcionado nenhum
maneira segura. A maca deverá estar equipada de treinamento de direção de emergência. Em grandes
modo que o paciente, deitado, possa ser sustentado cidades como, por exemplo, Oslo, são oferecidos
de forma segura (kjøretøyforskrift, §8-7). cursos aos funcionários sobre direção em pista es-
corregadia, entre outros.
Normas para motoristas: dirigir um veículo de
emergência é um trabalho árduo. A direção em A polícia fornece o treinamento para os instrutores
emergência exige alta concentração e rápida capa- de direção em Academias de Polícia. Os instrutores
cidade de reação. O motorista deve prever as situa- formados ministram cursos locais em cada delega-
ções do tráfego, julgar situações que podem ocorrer cia e posto policial. O curso de instrutor dura três
e fazer escolhas de ações completamente diferentes semanas, das quais duas tratam do treinamento prá-
da maioria dos condutores comuns. tico em direção de emergência.
Em emergência, ele deve, de acordo com as regula- Outras medidas: foram realizadas tentativas para
mentações de situações de emergência, entre outras que os veículos em emergência recebessem “onda
coisas, satisfazer as exigências médicas para a car- verde” nas interseções reguladas por semáforo por
teira de habilitação na Classe D, ter completado 20 meio da instalação de emissores de micro-ondas nos
anos, ter tido a carteira de habilitação para a classe veículos e receptores nos semáforos. Esse equipa-
B sem interrupções nos últimos 2 anos e ter com- mento pode reduzir o tempo de viagem e o número
petências especiais comprovadas para a direção de de congestionamentos que pode ocorrer com os veí-
emergência. A comprovação de competência pode culos em emergência (Honey, 1972; Griffine John-
ser adquirida por meio de curso realizado e reco- son, 1980; BosselhoffeSwiderski, 1984; Louisellet
nhecido pelo escritório regional de trânsito, além de al., 2004).
exames teóricos e práticos. O documento tem vali-
dade administrativa de 5 anos. A polícia pode emitir
comprovações de competência para seus servidores. Impacto sobre os acidentes
As normas de competência se baseiam nas normas
dos militares e pessoas da defesa civil que devem Normas para veículos: os estudos do impacto so-
conduzir veículos em emergência nos serviços de bre os acidentes são encontrados para as sirenes no
defesa civil ou em gestão de emergências durante teto e para as cores dos veículos de bombeiro. Me-
serviços militares. As Forças Armadas da Noruega didas adicionais foram estudadas apenas em pesqui-
ou a defesa civil são responsáveis por proporcionar sas sobre o impacto, por exemplo, da distância de
treinamentos suficientes para condutores isentos da detecção das sirenes. Esses estudos podem apenas
necessidade de comprovação de competência. esclarecer os possíveis impactos indiretos sobre os
acidentes.
O treinamento de motoristas de emergência va-
ria entre as instituições que possuem a direção de Sirenes no teto: em um experimento dos EUA, a
emergência como parte de suas áreas de responsa- sirene foi removida do teto do veículo em metade
bilidade. Os motoristas de ambulâncias, vinculados dos novos veículos identificados de polícia que fo-
ao departamento de emergência de Oslo, recebem ram disponibilizados durante um ano (Raub, 1985).
um treinamento extenso, de 2 anos de duração. Elas foram substituídas por luzes de emergência co-
Nesse treinamento, eles concluem, entre outros, o locadas na grade do radiador e na janela traseira.
curso de direção em pista escorregadia. O treina- Os dois grupos de veículos de patrulhamento eram
mento não é tão extenso em outros locais do país. parecidos em relação à identificação, quer dizer,
Os distritos são responsáveis pelos respectivos ser- faixas, símbolos e texto “State Police”. Os veículos
viços de ambulâncias e oferta de treinamento para com e sem as sirenes no teto foram aleatoriamente
os motoristas. distribuídos entre policiais que faziam patrulha-
mentos semelhantes em áreas rurais. Este serviço
Os municípios são responsáveis pelo Corpo de em Illinois ocorre de modo que cada funcionário re-
Bombeiros. Cada município deve ter um Corpo cebe seu próprio veículo de patrulha em uma base
de Bombeiros de acordo com as leis da brigada de permanente. Os motoristas que foram sorteados
incêndio. Em muitos municípios, a brigada de in- para conduzir veículos sem sirenes no teto não eram
792 O Manual de Medidas de Segurança Viária
previamente mais predispostos ou menos predis- tretanto, com relação aos acidentes com vítimas, a
postos a acidentes que aqueles que conduziram veí- amostra de acidentes é muito pequena. O número
culos com a sirene no teto. Foram registrados 65% de acidentes por milhão de quilômetros percorridos
menos acidentes por quilômetro percorrido entre os é 2,2 vezes maior para os veículos vermelhos e ver-
motoristas que conduziram veículos sem a sirene no melhos/brancos do que para os veículos amarelos.
teto. O consumo de combustível diminuiu 7% em Em Dallas (Texas), os veículos vermelhos e verme-
comparação ao dos veículos equipados com a sire- lhos/brancos têm risco de acidentes cerca de 22 ve-
ne. Também foi registrado um aumento de produti- zes maior que a média de todos os outros veículos,
vidade no controle e fiscalização de velocidade que enquanto os amarelos apresentaram um risco cerca
aumentou em 25%. Todas as modificações foram de 10 vezes maior.
estatisticamente significativas. Durante a entrevista,
os motoristas dos veículos sem sirene explicaram Visibilidade do veículo em emergência: as análi-
que eles sabiam que os veículos poderiam estar me- ses dos acidentes em que veículos em emergência
nos visíveis, o que os deixaram mais conscientes da colidiram com outros veículos demonstram que o
segurança. A explicação principal sobre a queda de condutor do outro veículo nem sempre havia perce-
acidentes parece ser de que os policiais conduzem bido as luzes de emergência, as sirenes ou a sinali-
de forma menos perigosa e mais cuidadosa quando zação do veículo (Transportforskningsdelegationen,
eles não possuem sirene no teto do veículo. 1979). A taxa daqueles que não perceberam as luzes
de emergência ou sirenes nas ambulâncias ou nos
Cor do veículo de bombeiros: em uma pesquisa veículos dos bombeiros foi de cerca de 40% e nos
norte-americana, estudou-se o impacto da cor do veículos da polícia, cerca de 50%. A taxa daqueles
veículo de bombeiros sobre os acidentes ao compa- que não perceberam os veículos da polícia foi de
rar um grupo de veículos de bombeiros vermelhos 44%, as ambulâncias, 31% e veículos de bombei-
e vermelhos/brancos com um grupo de veículos ros, 14%. O fato de que os veículos dos bombeiros
amarelo-limão/brancos no corpo de bombeiros em tenham sido mais bem visualizados que os veículos
Dallas, Texas (Solomone King, 1995). Foram estu- da polícia e as ambulâncias se deve ao seu tamanho,
dados os acidentes em interseções e durante o dia. pois geralmente são maiores que os outros veículos
Foram considerados apenas os acidentes em que e, como consequência, parecem mais visíveis em si-
estavam envolvidos pelo menos um veículo civil e tuações de emergência.
um veículo de bombeiros. O levantamento dos aci-
dentes cobriu o período de outubro de 1984 até se- Nível de barulho das sirenes: em um experimen-
tembro de 1988. Nesse período o corpo de bombei- to norte-americano, demonstrou-se que as sirenes
ros tinha veículos que possuíam as cores vermelho podem ter um nível de percepção relativamente
puro, vermelho/branco e amarelo-limão/branco. baixo (Potter et al., 1977). A pesquisa apontou que
Os acidentes foram calculados com base no número as sirenes não emitiam avisos satisfatórios durante a
de chamadas de emergência e particularmente pela direção nas rodovias em bairros afastados e na área
distância até a emergência, condições de clima e lu- urbana, quer os vidros dos demais veículos estives-
minosidade, densidade do tráfego, treinamento de sem abertos ou fechados e quer estivessem com o
direção, inspeção e manutenção do veículo. As sire- rádio ligado ou desligado. Um condutor dentro de
nes foram utilizadas em todas as emergências no ca- um automóvel fechado a 80km/h com o rádio liga-
minho até o foco do incêndio, mas não no caminho do não poderá ouvir uma sirene estridente antes que
de volta. Em 80% de todos os acidentes e em 93% a distância entre os veículos seja de 100 metros. Se
dos acidentes em interseções, ambas sirenes e luzes o rádio estiver muito alto, também há o perigo de
de emergência foram utilizadas. Foram registrados ele não ouvir a sirene (Moe, 1983). Muitas pesqui-
28 acidentes, dos quais 8 foram excluídos, porque sas concluíram que o nível de barulho nas sirenes
eles não podiam ser relacionados à visibilidade do deve ser aumentado consideravelmente para que os
veículo. Dos 20 acidentes restantes, os veículos ver- outros motoristas possam ouvi-las. O nível de baru-
melhos e vermelhos/brancos envolveram-se em 16 lho necessário para assegurar isso não seria aceitável
acidentes (7 com vítimas) e os amarelo-limão/bran- para os motoristas dos veículos em emergência, nem
cos em 4 (1 com vítimas). Os resultados apontam para os outros condutores, tampouco para os mora-
que os veículos vermelhos e vermelhos/brancos se dores ao longo dos trechos da emergência (Potter
envolvem cerca de 3,5 vezes mais em acidentes se et al., 1977, Dahlstedt, 1980A, 1980B, Dahlstedt,
comparados aos amarelo-limão/brancos; com re- 1991). Isso é uma condição de que os condutores
lação a acidentes com vítimas, 6,5 vezes mais. En- dos veículos em emergência devem ter conhecimen-
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 793
to para evitar noções irrealistas a respeito do grau “high-low” fazem um barulho com dois tons con-
em que as sirenes são de fato ouvidas pelos outros sistentes com diferentes alturas tônicas, com uma
condutores e pedestres. mudança regular entre o tom alto e o baixo (Rubin
e Howett, 1981). O mais comum é possivelmente o
Cores da luz de emergência: em boas condições de vi- sinal eletrônico de dois tons (“high-low” ou “hilo”).
sibilidade, ao se deparar com a luz azul, rapidamente Ele é considerado por alguns como a melhor opção,
é possível diferenciá-la do ambiente e, além disso, há porque é propagado no compartimento do passa-
poucas fontes de luz azul capazes de gerar confusão geiro em grandes emergências, em comparação com
com a luz de emergência azul. Porém, com relação à os outros modelos eletrônicos. Outras pesquisas,
intensidade luminosa e ao alcance, as luzes azuis não entretanto, indicam que o “high-low” é menos efeti-
são a “melhor escolha”. A maior intensidade lumino- vo como “indicação de emergência” que o “wail” e
sa é alcançada com as luzes brancas ou amarelas (Ru- o “yelp” (Potter et al., 1977).
bin eHowett, 1981). A luz vermelha é imediatamente
associada ao perigo e é bem visualizada, mesmo em Normas para os condutores –curso de direção em
condições de visibilidade ruins. Nos EUA utiliza-se a pista escorregadia: o treinamento dos motoristas de
cor vermelha ao lado da azul nas sirenes. emergência não é padronizado. Por este motivo, é
difícil generalizar sobre o impacto do treinamento
Cor dos veículos de bombeiros: a utilização da cor dos motoristas de emergência.
vermelha nos veículos de bombeiros deve-se prova-
velmente a motivos históricos. Não foram encon- Curso de direção em pista escorregadia: alguns
tradas bases em pesquisas a respeito da utilização motoristas de emergência recebem um treinamento
da luz vermelha por motivos de visibilidade, de se- especial para direção em pista escorregadia. O im-
gurança ou psicológico (Solomone King, 1995). Os pacto desse treinamento foi pesquisado na Suécia
resultados das pesquisas indicam preferencialmente (Eriksson, 1983). O treinamento durou quatro horas
o contrário. A visão das pessoas mostra-se mais sen- e ocorreu em pista escorregadia, e incluiu exercícios
sível às cores amarelo-limão, mas não ao vermelho de frenagem, manobras evasivas e derrapagens. A
(Southall, 1961). Um olho com visibilidade normal pesquisa apontou que os motoristas homens que re-
no escuro não enxerga o vermelho (Southall, 1961). ceberam o treinamento para direção em pista escor-
O campo de visão periférico enxerga o amarelo regadia estiveram com mais frequência em situação
1,24 vez mais facilmente que o vermelho (Traquair, de risco de acidentes em um período de seis meses
1949). Cerca de 8% dos homens têm dificuldades após a realização do treinamento se comparados aos
em diferenciar o vermelho e o verde, dos quais um motoristas que não realizaram o treinamento. Entre
quarto não enxerga o vermelho (Allen, 1970). O homens com menos de um ano de período de con-
dourado é a cor mais visível para todos, também tratação até o momento do curso, a diferença era es-
para aqueles que têm visibilidade limitada de co- tatisticamente significativa. Com relação às mulheres
res e/ou que são daltônicos (LahreHeinsen, 1959). e homens com maior tempo de contratação, não foi
Certas composições de cores são erroneamente con- possível demonstrar alterações estatisticamente con-
sideradas como benéficas com relação ao aumento fiáveis no que se refere ao número de acidentes, mas
de visibilidade. Entretanto, há certas cores e combi- havia uma tendência de queda para as mulheres. Re-
nações das mesmas que podem eliminar contornos ferente a todos os condutores vistos em conjunto, o
e contrastes que dificultem que os veículos sejam número de acidentes aumentou em torno de 45%.
percebidos. As combinações de vermelho e branco
são as menos visíveis, ao passo que as de vermelho e Outras medidas – priorização dos veículos em emer-
amarelo são as mais visíveis (Nathan, 1969). gência em interseções com semáforo: em uma ten-
tativa realizada em Northampton, 14 interseções fo-
Sirenes: há vários tipos de sirenes para os veícu- ram equipadas com receptores para captar sinais dos
los de emergência. Os tipos principais são “wail”, veículos de bombeiros em emergência, de maneira
“yelp” e “hilo” (Rubin eHowett, 1981). Os sinais que eles recebessem prioridade de sinal verde ao che-
“wail” fazem um barulho cíclico e continuado (se- garem às interseções. Uma avaliação apontou que a
melhante a um uivo), que aumenta e diminui regu- probabilidade de receber o sinal verde aumentou em
larmente. Os sinais “yelp” fazem um barulho que 90%, algo que proporcionou um tempo de desloca-
é percebido como diferente do “wail”, mas que de mento reduzido da estação de bombeiros até o local
fato consiste de um barulho “wail” com mudanças do acidente. O tempo de deslocamento foi reduzido
mais rápidas entre tons baixos e altos. Os sinais em cerca de 10% (Griffine Johnson, 1980). Em uma
794 O Manual de Medidas de Segurança Viária
pesquisa mais antiga, ao proporcionar aos veículos veículos de emergência não devem se expor mais
dos bombeiros em emergência uma “onda verde”, o que 30-60 minutos por dia, para que não haja danos
tempo de viagem foi reduzido em até 50% (Honey, permanentes à audição (Dahlstedt, 1980A).
1972). Além da redução do tempo de viagem, pes-
quisas alemãs também demonstram uma redução no O aumento da potência da sirene como medida para
número de infrações de trânsito que os veículos são avisar melhor os outros usuários da via é uma medida
obrigados a cometer quando na situação de emergên- em desuso, pois pode ser algo extremamente incô-
cia (BosserhofeSwidersi, 1984). Constatou-se que o modo. Entretanto, é possível isolar melhor o ruído
número de emergências com parte do percurso em ou proteger os condutores contra o ruído prejudicial
contramão foi reduzido de 43% para 12%; o número das sirenes de outra maneira. Porém, os demais usuá-
de passagens no sinal vermelho, de 63% para 0%; rios ainda estariam desprotegidos, especialmente os
as invasões de preferencial em interseções, de 13% pedestres e ciclistas, que não podem se proteger de
para 1%,e as situações críticas, de 10% para 0%. Os outra maneira além de cobrir os ouvidos. Um nível
eventuais impactos sobre os acidentes não foram es- de ruído muito alto pode danificar permanentemente
tudados nestas três pesquisas. os ouvidos, mesmo em curta exposição.
O aviso aos outros condutores e pedestres por meio Não há nenhum valor atual de custos com relação
de sirenes e/ou luzes azuis nos veículos tem como às normas de segurança para a direção de veículo
finalidade melhorar a mobilidade dos veículos de de emergência.
emergência. Um experimento no tráfego real de
Oslo demonstrou que as sirenes aumentam a mo-
bilidade quando são utilizadas juntamente com as Avaliações de custo-benefício
luzes azuis (Dahlstedt, 1980C). A economia de tem-
po foi, em média, em torno de 15 segundos por qui- As pesquisas apresentadas acima não indicam que
lômetro percorrido. A utilização apenas das sirenes as medidas para veículos de emergência (por meio
funciona melhor no tocante à mobilidade que ape- de sirenes, luzes azuis, cores especiais e treinamento
nas as luzes azuis. Em certas situações de trânsito, do condutor) atualmente implementadas na Norue-
também parece haver diferenças entre os tipos de ga contribuem para reduzir o risco de acidentes. Os
sirene no que se refere ao impacto na mobilidade. resultados apresentados demonstram, na verdade, o
contrário. A remoção da luz azul do teto do veículo
Em experimentos de proporcionar a “onda verde” reduziu o número de acidentes. O mesmo vale para
aos veículos de bombeiros em emergência, o tempo a pintura do veículo de bombeiros em outra cor (di-
de viagem durante a emergência reduziu-sede 10 ferente daquela atualmente utilizada na Noruega). O
a 50% (Honey, 1972; Griffine Johnson, 1980). O curso de direção em pista escorregadia mostrou au-
impacto de outras medidas sobre a mobilidade não mentar o número de acidentes. Em uma avaliação de
foi documentado como a utilização de medidas de custo-benefício das normas para direção de emergên-
cores em veículos de emergência e o treinamento do cia, também devem ser considerados os impactos na
motorista. mobilidade e a possibilidade de salvar vidas e limitar
os danos materiais. O benefício das normas de segu-
rança para a direção de emergência na Noruega é, no
Impacto no meio ambiente momento, pouco conhecido para permitir que sejam
realizadas avaliações de custo-benefício.
As sirenes nos veículos de emergência proporcio-
nam um ruído estridente, tanto dentro do veículo
quanto nos arredores. O valor médio de 73 sirenes Responsabilidade e procedimentos formais
foi em torno de 94 dB(A) na posição do motorista;
104 dB(A) 7 metros à frente do veículo e 105 dB(A) Iniciativa para a medida
21 metros à frente do veículo (Dahlstedt, 1980A).
A iniciativa para o treinamento de motoristas de
O barulho dentro do veículo prejudica a saúde com veículos de emergência é realizada pelo próprio
a exposição por longo período. Os motoristas de condutor ou pela repartição pública de emergências
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 795
(como o empregador). Para manter a competência ocorrer por meio da Academia de Polícia e Direção
profissional de emergência, cada motorista de emer- Geral da Polícia. A Academia de Polícia tem a res-
gência deve realizar treinamentos de manutenção ponsabilidade de que sejam seguidos o regulamento
sob a orientação de um instrutor autorizado. de emergência e as regras especiais.
A Agência Nacional de Administração de Vias Pú- Capítulo revisado em 2010 por Anna Anund e Su-
blicas da Noruega é responsável pelas normas dos sanne Gustafsson (VTI)
veículos, que incluem as normas técnicas especiais
para ambulâncias. No momento, não há normas es-
peciais harmonizadas para as ambulâncias da Euro- Problema e finalidades
pa. Entretanto, o padrão de ambulâncias EN 1789
está sendo avaliado para ser incorporado como nor- Há várias maneiras diferentes de as crianças e jo-
ma para ambulâncias a serem reconhecidas como vens irem para a escola: a pé, de bicicleta, em veí-
tipo EF. O regulamento dos veículos tem normas es- culos privados, em ciclomotores ou em transporte
peciais para materiais anti-incêndio em ambulâncias. público. O transporte público é realizado pelos ôni-
bus, micro-ônibus ou táxis, sendo o ônibus o meio
As características fundamentais das normas para de transporte público mais utilizado. De acordo
o treinamento especial, o exame e a competência com uma pesquisa norueguesa realizada por Fyhri
profissional para direção de veículos de emergência (2005), 43% de todos os alunos vão para a escola
são determinados pela Agência Nacional de Admi- utilizando este meio de transporte e 25% utilizam
nistração de Vias Públicas da Noruega. As determi- o automóvel. A taxa que vai a pé ou de bicicleta
nações que regulam o treinamento dos motoristas aumenta proporcionalmente com a idade, enquan-
de emergência são encontradas no Regulamento do to a taxa daqueles que vão de automóvel diminui
tráfego de estradas, no Código de Trânsito e nos re- de maneira correspondente. A taxa entre os alunos
gulamentos referentes às exigências para treinamen- de primeiro e segundo anos que são levados de
tos, exames e competências profissionais para dire- automóvel para a escola é de 40%, mesmo sendo
ção de emergência (regulamento de emergência), uma distância curta. A quantidade de crianças que
planos de aprendizagem e competência compro- utiliza o transporte público coletivo varia conside-
vada para a direção de emergência. Para efetuar as ravelmente entre os municípios. Nos municípios
aulas de direção com o intuito de realizar a prova de com povoação dispersa, a taxa de alunos que vão
competência de emergência, o aluno deve ter tido a de transporte público coletivo representa até 60%
carteira de habilitação na Classe B ininterruptamen- de todas as viagens de transporte coletivo (Statens
te e completado 20 anos de idade antes do início do vegvesen, 2009).
treinamento. O aluno deve satisfazer as exigências
médicas para a Classe D da carteira de habilitação. A forma como o transporte escolar é organizado com
Além disso, ele deve provar, mediante documentos, os meios de transporte público varia de acordo com
a competência exigida para as condições de traba- cada país europeu (ECBOS, 2001; Sörensen, Anun-
lho de emergência. deWretling, 2000; Sörensenet al., 2002). Em alguns
países, por exemplo, são utilizados ônibus comuns,
enquanto em outros são utilizados ônibus escolares
Responsabilidade pela execução da medida especiais, sinalizados com cores e símbolos. Em deter-
minados países, também é utilizado o transporte pú-
Os veículos de emergência devem ser autorizados blico regular. Mesmo que se utilize o transporte públi-
exclusivamente pela Agência Nacional de Adminis- co, todo o deslocamento escolar compreende sempre
tração de Vias Públicas da Noruega. Antes da auto- o caminho entre a residência e o ônibus e ainda entre
rização da ambulância, terá que haver uma confir- a escola e o ônibus, a espera no ponto de ônibus, o
mação da empresa de saúde regional ou de algum embarque e o desembarque.
órgão que autoriza a celebração de contrato do ser-
viço da ambulância com a empresa. O treinamento Os alunos estão expostos a muitas viagens no cami-
de motoristas de emergência é realizado por orga- nho de ida para a escola e volta dela quando utilizam
nizadores de cursos autorizados. Ele também pode o ônibus escolar (Kostyniuk, 2003; Newman, Cat-
796 O Manual de Medidas de Segurança Viária
chpole, TziotiseAttewell, 2002; ScottishExecutive ta dela ocorreram em bicicletas. Isso se deve, antes
Central Research Unit, 2004). Apesar disso, faltam de tudo, ao alto número de acidentes individuais em
informações de deslocamento sob a perspectiva bicicletas. Pouco acima de 10% dos acidentes ocor-
de porta a porta na estatística de acidentes (Euro- reram quando a criança era passageira em veículos
pean Commission Transport Road Safety, 2004). O privados ou em meios de transporte coletivo.
projeto da União Europeia SAFEWAY2SCHOOL
(Anund, Dukic, BörsboeFalkmer, 2010) concluiu Um estudo dos EUA, baseado em dados de 9 anos
que a estatística de acidentes europeus não permite e com três diferentes fontes de dados (TRB, 2002),
identificar os acidentes ou as crianças que foram feri- aponta que 800 alunos sofreram acidentes fatais
das entre o caminho de ida para escola ou volta dela. com veículos, dos quais 20 (2,5%) foram vítimas
em acidentes com ônibus escolares (15 como passa-
As estatísticas de acidentes norueguesas contêm in- geiros e 5 como pedestres). Entre os alunos feridos
formações sobre a finalidade do deslocamento até em acidentes (mas não fatais), a taxa foi de 3,9%
o ano 2000. Nos anos de 1995 até 2000, de acordo em ônibus escolares e de 10,9% como pedestres ou
com o registro oficial de acidentes, foram mortas ou ciclistas. Entretanto, o estudo não informa nada so-
acidentadas 236 pessoas entre 6 e 25 anos de ida- bre quantas crianças viajam de ônibus ou que vão a
de no caminho de ida para a escola ou volta dela. pé ou de bicicleta. Por conta disso, os números não
A tabela 6.12.1 mostra como os acidentes pessoais dizem nada sobre o risco relacionado às diferentes
associados a deslocamentos escolares distribuem-se formas de transporte escolar.
entre os meios de transporte do deslocamento e as
faixas etárias. A finalidade do deslocamento é infor- Um estudo realizado nos EUA de 2001 a 2003 en-
mada na estatística de acidentes apenas para moto- tre crianças e jovens abaixo dos 20 anos de idade
ristas. Isso significa que passageiros de veículos aci- apontou que a taxa de alunos feridos em acidentes
dentados nos deslocamentos em veículos escolares com ônibus escolares é maior que a avaliada em es-
não estão incluídos nos números apresentados. Por tudos anteriores (McGeehanet al., 2006). O estudo
conta disso, o número real de pessoas acidentadas é baseado em dados representativos para todos os
em deslocamentos escolares é maior que o número EUA (National Electronic Injury Surveillance Sys-
mostrado na tabela 6.12.1. tem All-Injury Program). Os resultados mostram
que há cerca de 17.000 crianças acidentadas por
Na Suécia, de acordo com uma estatística de aciden- ano, ou 21,1 por 100.000 habitantes. As crianças
tes entre 2003 e 2006, houveram 9 acidentes com ví- entre 10 e 14 anos representam a maior parte. A
timas fatais envolvendo crianças, 62 acidentes com maior taxa de todos os acidentes (42%) é de aci-
vítimas graves e 338 acidentes com vítimas leves no dentes com veículos de passeio. Em seguida, vem a
caminho para a escola. Todas as crianças tinham en- taxa (24%) dos acidentes que ocorrem quando as
tre 6 e 16 anos e os acidentes ocorreram no horário crianças embarcam ou desembarcam do ônibus ou
escolar (entre segunda e sexta-feira, das 6h até às se aproximam dele.
16h59min). Cerca da metade dos acidentados eram
passageiros de ônibus. Entre as mortes e os aciden- De acordo com Anund, Larsson e Falkmer (2003)
tes mais graves, os pedestres representam a maior e McCrayeBrewer (2002), o modo mais seguro para
parte (69%; Larsson, 2008). as crianças irem para a escola e virem dela é o ôni-
bus. O risco de acidentes é o maior para crianças
Em uma pesquisa sobre os acidentes entre crianças que viajam a pé ou de bicicleta. A maioria das crian-
de uma escola em Østfold, demonstrou-se que 75% ças feridas ou mortas em acidentes de trânsito no
dos acidentes no caminho de ida para a escola e vol- caminho de casa para a escola está a pé. A situação
Tabela 6.12.1: Número de pessoas feridas em acidentes com vítimas registrados pela polícia durante o deslocamento para a
escola de 1995 a 2000 (os passageiros não estão incluídos nas estatísticas).
Um estudo de simulação, na Suécia, pesquisou o nos ônibus escolares para avisar aos demais condu-
impacto de instalar uma placa de “30 km/h” e um tores que o ônibus está parado no ponto de ônibus
pisca-alerta amarelo nos ônibus escolares, além de e para lembrar sobre a norma de que os condutores
inserir novas normas de velocidade nos pontos de devem parar. No Canadá todos os ônibus escolares
ônibus. Os resultados mostram que o pisca-alerta têm quatro luzes vermelhas no teto, que avisam que
contribui para que os motoristas diminuam a velo- é proibido ultrapassar um ônibus que está parado
cidade antes que a placa “30 km/h” possa ser lida no ponto de ônibus. Além disso, alguns ônibus têm
(Kircher, Thorslund, Kircher, FalkmereAnund, quatro pisca-alertas amarelos no teto, que avisam
2007). que o ônibus vai parar no ponto de ônibus. Uma
avaliação (Bruneau, 1999) demonstrou que ambos
Segurança dos pontos de parada: as diretrizes para os sistemas (apenas luzes vermelhas e luzes ver-
o projeto dos pontos de parada são fornecidas nas melhas complementadas com pisca-alertas amare-
normas das estradas (Statens vegvesen, Håndbok los) reduzem o número de ultrapassagens ilegais.
017, 2008). Os pontos de parada devem ser locali- O sistema com pisca-alertas vermelhos e amarelos
zados de modo que a distância da plataforma seja a demonstrou ser efetivo em reduzir a velocidade e o
menor possível e que o fluxo em maior grau possa número de ultrapassagens ilegais. Os pisca-alertas
ocorrer nas passagens de pedestres ou em outras amarelos reduziram a velocidade de passagem entre
áreas que estão separadas do tráfego. os veículos em 10 km/h.
Os pontos de parada projetados como um “espaço Na Suécia os ônibus escolares devem ser equipados
reservado para ônibus” contribuem para uma me- com uma placa que mostra crianças junto com o
lhor segurança que os pontos de parada nas vias. pisca-alerta. Os medidores de velocidade não mos-
As grades de proteção nos espaços reservados para traram nenhuma redução de velocidade na utiliza-
ônibus também podem aumentar a segurança. A ção da placa e do pisca-alerta em vias com limite de
montagem de grades para pedestres entre as cal- velocidade de 50 km/h. Por outro lado, em vias com
çadas/plataformas e a via possibilita uma queda no limites de velocidade de 70 km/h, verificou-se que
número de acidentes tanto referente aos pedestres outros veículos reduziram a velocidade média em 9
quanto aos veículos. A segurança para as crianças km/h (Anund, KronqvisteFalkmer, 2005).
nos pontos de travessia com patrulhas escolares
também parece reduzir o número de acidentes, mas Sistema de vigilância dos alunos no ônibus: um sis-
os resultados são incertos. A iluminação dos espaços tema que ajudaria os motoristas de ônibus escolares
reservados para ônibus parece reduzir o número de a exercer um alto grau de controle foi elaborado e
acidentes. testado na Suécia (Anundet al., 2010). O sistema
consiste em uma forma de navegação com informa-
Uma forma de deixar os pontos de ônibus mais se- ções sobre os pontos de ônibus e de todas as crian-
guros é implantar placas antes do ponto de ônibus ças que deverão ser transportadas, equipamentos de
para avisar sobre a presença desses veículos nas pro- comunicação para utilização nos pontos de ônibus,
ximidades, inserindo na placa um pisca-alerta ama- detectores de utilização de cintos de segurança e
relo que é ativado quando um ônibus para no pon- câmeras de vigilância tanto na parte interior quan-
to. Um estudo sueco piloto demonstrou que esse to na parte exterior dos ônibus. Os resultados da
pisca-alerta pode reduzir a velocidade média dos avaliação apontam que os condutores dos ônibus
veículos em 13 km/h (Varedian, 2008). Nesse estu- exercem um alto grau de controle e têm melhores
do, os pisca-alertas foram ativados pelos pedestres, possibilidades para vigiar as crianças, algo que se es-
que tinham consigo pequenos rádios transmissores. tima que possa reduzir o risco de acidentes.
Um estudo norte-americano apontou que os pisca Instruções para as crianças: instruir as crianças de
-alertas amarelos em muitos casos podem reduzir a 5 a 12 anos de idade para que elas tenham um bom
velocidade de direção, mas não foram encontrados comportamento na travessia pode reduzir o núme-
impactos na redução de acidentes devido aos pisca ro de acidentes envolvendo crianças atravessando a
-alertas como sinalização em estações para ônibus rua em 10-20%.
escolares.
Informações e campanhas para condutores: um
Ônibus escolares mais seguros: nos EUA e Canadá estudo norte-americano mostrou que a maioria dos
utiliza-se a luz vermelha ou uma “cancela de pare” acidentes com ônibus escolares não são causados
Parte II: 6. Requisitos para o condutor, formação do condutor e de motoristas profissionais 799
pelos ônibus escolares, mas por outros condutores te por meio da modificação das rotas dos ônibus
(Yang et al., 2009). Pode-se concluir que as informa- escolares e dos meios de transporte; um táxi, por
ções para os outros condutores podem contribuir exemplo, poderia buscar as crianças em suas casas,
para a redução do número de acidentes com ônibus ao invés de elas irem para o ponto de ônibus. Entre-
escolares. Entretanto, não foram realizadas pesqui- tanto, os resultados só seriam válidos para crianças
sas empíricas. cujo ponto de ônibus se encontra em uma via com
limites de velocidade entre 90 e 110 km/h.
Impacto na mobilidade
Responsabilidade e procedimentos formais
O transporte escolar via de regra proporciona via-
gens escolares mais rápidas às crianças que os ou- Iniciativa para a medida
tros meios, com exceção do veículo particular. Isso
pode ser compreendido como um benefício de mo- A estimativa sobre quantos alunos necessitam do
bilidade, e não como um benefício de transitabilida- transporte escolar é elaborada por cada escola.
de. Não são conhecidos os impactos do transporte
escolar na transitabilidade, ou seja, na utilização do
tempo e o escoamento do trânsito através da rede Requisitos e procedimentos formais
viária.
O capítulo 7 da Lei da educação trata dos direitos
dos alunos ao transporte escolar. A escola primária é
Impacto no meio ambiente tratada no § 7.1 e o ensino secundário, no § 7.2. Os
direitos definidos no§ 7.2 valem para todos, tam-
Não foram documentados impactos do transporte bém para os adultos que recebem o ensino secundá-
escolar no ruído e na poluição. O nível de seguran- rio, de acordo com o § 3-1 da Lei de ensino (medida
ça experimentado nas viagens escolares pode ser ordinária).
melhorado pelo transporte escolar. Ir a pé ou de
bicicleta tem efeitos positivos tanto para o meio am- As normas associadas às exigências relacionadas ao
biente quanto para a saúde. transporte são baseadas na idade e na distância entre
a casa e a escola. Além disso, os alunos têm direito
ao transporte escolar, independente da distância, se
Custos morar em vias perigosas ou de difícil acesso. O pla-
nejamento do transporte escolar é instaurado ao ser
Não há valores de custo atualizado para as medidas definida a necessidade do mesmo. Com base nisso,
descritas neste capítulo. são realizadas as negociações com os profissionais
de transporte com a finalidade de cobrir a necessi-
dade e combinar o preço dos serviços de transporte
Avaliações de custo-benefício público.
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Ysander, L. (1970). Sick and handicapped drivers. Acta Chirurgica Scandinavia, Supplementum, 409.
7 Educação para o trânsito e informação
Tabela 7.1.2: Índice de crianças pedestres abaixo dos 7 anos de idade mortas em diferentes
tipos de acidentes, baseados na estatística oficial. Índice médio por ano (2001-2009).
Mortas Mortas/feridas
Pedestres atravessando a via 7,0 36,8% 244,0 56,0%
– destas, na faixa de pedestre 1,0 30,2% 42,0 16,8%
Pedestres andando ao longo da via/paradas na via 9,0 47,4% 97,0 22,2%
Crianças brincando na via 2,0 10,5% 75,0 17,2%
Pedestres atropeladas na calçada 1,0 5,3% 19,0 4,4%
Outras - 0,0% 1,0 0,2%
814 O Manual de Medidas de Segurança Viária
acontece quando a criança atravessa a via. Um es- sibilidade igualmente boa do tráfego quanto os adul-
tudo anterior mostrou que a maioria dos acidentes tos. A capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo
acontece perto de casa, em áreas onde a maioria tempo não está totalmente desenvolvida nas crianças
das crianças brincam e passam tempo diariamente mais novas. As crianças também não têm condições
(Bérard-Andersen, 1985). de generalizar as lições de uma situação para outra
como os adultos. Isso significa, por exemplo, que elas
O número real de lesões entre crianças no trânsito não conseguem simplesmente transferir regras para
é significantemente maior do que o mostrado nas uma travessia adequada de rua do lugar onde apren-
tabelas 7.1.1 e 7.1.2. Com base num estudo de 1991 deram para outro lugar. Crianças são pessoas lúdicas
(Borger, 1991), em que o número de pessoas feridas e muitas vezes lidam com as coisas impulsivamente.
registradas no Instituto Nacional de Saúde Pública As crianças que têm seis anos de idade ou menos não
foi comparado com o número de pessoas feridas re- têm capacidade de perceber a partir da perspecti-
gistradas pela Escritório Central de Estatística em va dos outros e, portanto, não conseguem imaginar
1990. O panorama pode ser visto na tabela 7.1.3. como uma situação de trânsito, por exemplo, confi-
gura-se do ponto de vista do condutor. Uma série de
Quando se analisam todos os grupos de usuários de estudos mostra que existe uma diferença significativa
uma vez, o grau de notificação para crianças entre entre crianças de seis e sete anos de idade, quando se
0 e 6 anos foi de 15%. Para usuários de outra faixa trata da capacidade de se deslocarem com segurança
etária, o grau de notificação foi de 37%. A tabela sozinhas e das condições de aprenderem sobre segu-
7.1.3 mostra que há um grau de notificação parti- rança no trânsito (Midtland, 1995).
cularmente baixo para acidentes de bicicleta com
crianças. Isso se deve principalmente ao grande nú- Para que se obtenha um resultado como pretendi-
mero de acidentes individuais de bicicleta, ou seja, do, as medidas educacionais da pré-escola devem
acidentes onde não há outros usuários envolvidos. ser adaptadas às condições de aprendizagem das
Acidentes com um ou mais veículos automotores crianças. Isso significa que palavras e conceitos
envolvidos têm maior taxa de notificação. Também teóricos e abstratos devem ser evitados; exercícios
para esses acidentes há, no entanto, uma tendência práticos devem acontecer onde as crianças passam
de que lesões infantis sejam menos relatadas do que tempo diariamente e onde o que aprenderam tem
lesões em adultos. uso; o comportamento a ser aprendido não deve ser
muito complicado e, de preferência, sem que elas
Crianças não têm as mesmas condições de aprender tenham que realizar várias tarefas simultaneamente.
sobre segurança viária que os adultos (Bérard-An- Medidas educacionais para a pré-escola devem:
dersen, 1985). Crianças abaixo da idade escolar não
entendem sinais e regras de trânsito nem as sinaliza- • afetar o comportamento das crianças, para que
ções da via. Elas não têm a mesma capacidade que os seus riscos de acidente como usuárias ativas seja
adultos e crianças mais velhas para julgar a velocida- reduzido;
de e a distância. Nelas, a visão e a audição não estão • dar conhecimento aos pais sobre as condições que
totalmente desenvolvidas. Elas tampouco conseguem crianças de diferentes idades têm de transitar com
reajustar o foco de longe para perto (e vice-versa) tão segurança, e
rapidamente quanto os adultos e têm mais dificulda- • motivar os pais para melhorar a segurança das
de em julgar de onde um som está vindo. As crianças crianças, principalmente por meio educativo e do
são pequenas de estatura e, portanto, não têm uma vi- uso de equipamentos de segurança adequados.
Tabela 7.1.3: Número oficialmente registrado e real estimado de pessoas feridas em acidentes
de trânsito em 1990.
Nas cidades de Los Angeles (Califórnia), Columbus 27 milhões). Outras fontes de renda são os fundos
(Ohio) e Milwaukee (Wisconsin), nos EUA, passa- locais dos municípios e outras cooperativas (cerca
ram um filme educativo sobre travessia adequada de NOK 16 milhões), contribuições de companhias
de vias na TV infantil e ao mesmo tempo distribuí- de seguros e da Confederação Empresarial (cerca
ram materiais informativos em pré-escolas e escolas de NOK 8 milhões) e cooperação com alguns ou-
(Blomberg, Preusser, Hale e Leaf, 1983). Uma pes- tros agentes em diferentes setores de medidas de
quisa antes-depois mostrou que a medida reduziu segurança viária. O restante do orçamento é cober-
o chamado “acidente de excitação” entre crianças to pela própria receita dos cursos, pagamentos de
de 5 a 9 anos em cerca de 10% (intervalo de con- anuidade, seminários e venda de materiais de trei-
fiança de 95% [-15; -7]). Acidentes de excitação são namento.
aqueles em que as crianças de repente correm para
a rua na frente de um carro. A medida foi destinada Os cursos para funcionários de pré-escolas são gra-
especialmente a este tipo de acidente. tuitos por meio do apoio financeiro do município
para segurança viária. Em 2009 a Trânsito Seguro
Bruce e McGrath (2005) realizaram um estudo de utilizou aproximadamente NOK 1,2 milhão por ano
literatura de pesquisas baseadas em grupos, sobre em trabalhos destinados a crianças de 0 a 6 anos.
educação de trânsito para crianças de 3 a 6 anos.
Foram encontrados nove estudos de como esta for-
mação afeta o conhecimento, o comportamento e/ Avaliações de custo-benefício
ou as atitudes. Cinco dos estudos mostraram que a
educação teve um impacto positivo na segurança; Não foi realizada nenhuma análise de custo-bene-
três encontraram resultados mistos e um estudo não fício das medidas educacionais na pré-escola na
encontrou nenhum efeito. Nenhum dos estudos Noruega. A análise de custo-benefício da campanha
pesquisou sobre os impactos no índice de acidentes. para reduzir acidentes de excitação em Los Angeles,
Columbus e Milwaukee concluiu que a medida era
muito rentável (OECD, 1986). O impacto do Clube
Impacto na mobilidade de Trânsito Infantil sobre acidentes entre as crian-
ças é muito incerto para que se faça uma análise de
A educação na pré-escola não tem nenhum efeito custo-benefício. O custo da medida Trânsito Seguro
documentado sobre a mobilidade no trânsito. (NOK 1,2 milhão) é menor do que os custos de um
acidente com vítimas no trânsito.
A Trânsito Seguro teve um orçamento em 2010 de Não há exigência da educação para o trânsito no
cerca de NOK 55 milhões. A maior parte da renda currículo atual da pré-escola, mas em alguns muni-
é subvenção do Ministério dos Transportes (NOK cípios ela é uma exigência.
Parte II: 7. Educação para o trânsito e informação 817
Tabela 7.2.1: Número de crianças menores de 7 anos feridas ou mortas em acidentes de trânsito, com base em estatísticas
oficiais de acidentes. Índice médio anual (2001-2009).
Tabela 7.2.2: Número oficial registrado e número real estimado de pessoas feridas no trânsito em 1990.
Crianças (7-14 anos) Adultos (15 anos ou mais)
Grupo de usuários da via
Oficial Estimado Grau de notificação Oficial Estimado Grau de notificação
Automóveis 237 324 73 % 7.650 14.223 54 %
Ciclomotores ou motocicletas 30 102 29 % 1.315 3.548 37 %
Bicicletas 277 3.426 8% 610 5.861 10 %
Pedestres 178 518 34 % 904 2.557 35 %
Total 722 4.370 17 % 10.479 26.189 40 %
dentes por meio do exercício do conhecimento e das • 6º ano: Teoria e prática do ciclismo dentro das re-
habilidades para que elas possam andar com a maior gras de trânsito;
segurança possível no ambiente de tráfego atual. • 7º ano: Ciclismo autossuficiente no trânsito.
e a Trânsito Seguro, em colaboração mútua, prepa- sional sobre dilemas éticos, cobertura de acidentes
raram orientações para as metas de competência so- pela mídia, uso de estatísticas, ensaios, contagens
bre educação no trânsito. e registros e no trabalho com saúde, segurança e
questões ambientais.
O diretório de ensino realizou, em colaboração com a
Trânsito Seguro, o mapeamento do conteúdo de edu- O Ministério dos Transportes, em colaboração com
cação de trânsito e seus níveis no ensino primário no- o Ministério do Governo Local e Desenvolvimento
rueguês no outono de 2009. Os resultados mostram Regional, levou a cabo um projeto-piloto de forma-
que há mais educação de trânsito nos anos iniciais ção de condutores em conjunto com as escolas de
do que nos anos finais do ensino primário norueguês. ensino secundário norueguês para jovens que vivem
Quanto ao conteúdo de educação de trânsito, a for- em áreas rurais (Samferdselsdepartementet, 2009).
mação prática, as regras de trânsito e a sinalização Seis escolas de ensino secundário norueguês parti-
para pedestres e atividades de reflexão são comuns ciparam de um projeto-piloto voluntário, sendo que
para os primeiros anos de estudo, enquanto o ciclis- cada uma das escolas recebeu NOK 115.000 para a
mo é particularmente importante nos anos interme- implementação do projeto, o que foi feito sob a or-
diários. A intensidade da educação parece diminuir ganização da própria escola ou em colaboração com
ao longo do tempo. Escolas que têm um instrutor de uma autoescola. A avaliação concluiu parecer natu-
trânsito responsável e têm seu próprio planejamen- ral que a formação de condutor e o ensino secundá-
to de tráfego estabelecido dão sequência à educação rio norueguês andem juntos e todos os envolvidos
de trânsito como parte do currículo Promoção do no projeto disseram que deve se dar sequência ao
Conhecimento mais do que as outras escolas. Essas projeto (Samferdselsdepartementet, 2009). O im-
escolas envolvem mais os pais no ensino de trânsito e pacto no número de acidentes não foi examinado.
usam em maior grau os materiais e recursos de apren-
dizagem (NIFU- STEP rapport 45/2009). Muitos locais realizam campanhas de segurança de
tráfego conduzidas por formandos do ensino secun-
Acontecem na escola formação geral de segurança dário norueguês. No entanto, não foi encontrada
no trânsito, treino e teste de caminhada, campanhas nenhuma avaliação do seu impacto no número de
de reflexão, educação e testes ciclísticos, incluindo acidentes.
atividades com a polícia.
Sargent e Sheppard, 1974 (Reino Unido, travessia condutor parece conduzir de maneira arriscada. Em
de vias); um estudo de avaliação (Backer-Grondahl, 2010),
Downing e Spendlove, 1981 (Reino Unido, travessia não foi encontrada nenhuma indicação de que a
de vias); campanha tenha tido algum efeito sobre atitudes ou
Fortenberry e Brown, 1982 (EUA, travessia de vias); comportamentos. No entanto, há uma tendência de
Blomberg, Preusser, Hale e Leaf, 1983 (EUA, tra- que as meninas tenham se tornado mais orientadas
vessia de vias); sobre segurança ao longo do tempo, independente-
Preusser e Lund, 1988 (EUA, travessia de vias); mente da sua participação no programa.
Preston, 1980 (Reino Unido, educação para bicicleta).
conteúdo são pouco conhecidos, é difícil dizer algo gratuitos e estão disponíveis para qualquer pessoa
específico sobre o valor do custo-benefício do ensi- na www.trafikkogskole.no. Além disso, a Trânsito
no atual. Seguro organiza cursos de segurança viária para os
professores nas escolas.
A iniciativa da educação de trânsito nas escolas O capítulo foi revisado em 2010 por Ross Owen
deverá ser tomada pelos professores de Educação Philipps (TØI)
Física nas escolas de ensino primário norueguês e
pelos professores de ciências nas escolas de ensino
secundário norueguês. A Trânsito Seguro toma a Problema e finalidades
iniciativa de cursos ministrados a professores e estu-
dantes de cursos de educação e desenvolve e revisa Várias formas de comportamento no trânsito levam
o material usado nas escolas. a um aumento de risco de acidentes e lesões. Estas
incluem violações do limite de velocidade (Munden,
1967; Wasielewski, 1984; Elvik et al., 2004), uso de
Requisitos e procedimentos formais álcool (Glad, 1985; Assum e Glad, 1990), passar o
sinal vermelho (Sakshaug e Sten, 1979; Farms, 1982;
A educação para o trânsito nas escolas de ensino Garber et al., 2007; Erke, 2009) e a não-utilização
primário norueguês está vinculada ao currículo Pro- do cinto de segurança (Nordisk Trafikksikkerhets-
moção do Conhecimento. É estabelecida como meta råd 1984; Evans, 1987). Calcula-se que, se os condu-
de competência do currículo do 4º, 7º e 10º anos do tores dirigissem em conformidade com a legislação
ensino primário norueguês. Não há carga horária de trânsito, o número de pessoas feridas no trânsi-
mínima. Desde 2013, o curso básico de trânsito é to seria reduzido em 27% (± 18%) e o número de
oferecido com 57 horas-aula como disciplina eletiva mortes poderia diminuir 48% (± 30%; Elvik, 1997).
nos últimos anos do ensino primário norueguês. No
ensino secundário norueguês, apenas a disciplina de Uma forma de reduzir o risco de acidente é, por
Serviço e Transporte tem uma meta de competência conseguinte, conseguir fazer com que os conduto-
relacionada ao trânsito. Não existem requisitos for- res dirijam de forma legal e segura. Educação, maior
mais de conhecimento para a educação de trânsito extensão do controle policial/multas (ver capítulo
no currículo de formação de professores. A partir 8) e campanhas são algumas medidas que podem ser
de 2010, o ensino foi difundido em dois: um para o utilizadas para esta finalidade.
1º-7º anos e outro para do 5º ao 10º anos. A Trânsito
Seguro oferece cursos para a maioria dos estudantes A maioria das campanhas de segurança viária su-
da Noruega. põe que certo porcentual de usuários da via não
se comporte de forma legal ou segura por falta de
conhecimento das regras de trânsito ou dos riscos
Responsabilidade pela execução da medida e/ou porque tem atitudes negativas. As campanhas
assumem que uma maior exposição às informações
Cada escola prepara seus currículos e, com eles, pode aumentar o conhecimento e que o discerni-
cumpre as metas do currículo chamado “Promoção mento pode levar a uma mudança positiva de ati-
do Conhecimento”. Diretores e professores têm a tude e, portanto, melhorar o comportamento dos
responsabilidade de fazer com que se alcancem as condutores e, assim, reduzir o risco de acidentes.
metas de competência. Diretores e donos de escolas
têm a responsabilidade de assegurar que as ativida- Uma pesquisa norueguesa mostrou que existe uma
des sejam programadas e realizadas de modo a im- relação entre atitude e acidentes autorrelatados (As-
pedir acidentes e lesões. O Diretório de Educação, sum, Midtland e Opdal, 1993). Os condutores que
em colaboração com a Trânsito Seguro, desenvol- consideravam as violações das leis de trânsito como
veu orientações para as metas de competência de aceitáveis tiveram maior risco de acidente do que os
trânsito. A Trânsito Seguro produz materiais didá- condutores que não as consideravam aceitáveis. A
ticos impressos e digitais para as escolas, que são relação é, no entanto, fraca. Isso provavelmente se
822 O Manual de Medidas de Segurança Viária
deve ao fato de que muitos outros fatores, que não (“Campanhas e Estratégias de Conscientização em
somente o conhecimento, entram em jogo quando Segurança no Trânsito”) (CAST; www.cast-eu.org)
se trata de comportamento de condução, tais como e nas seguintes pesquisas:
personalidade, educação, experiência, idade, sexo,
tipo de via, fadiga, mobilidade desejada, outros Worden, Waller e Riley, 1975 (EUA);
usuários, etc. Pergunta-se, pois, em que medida o Statens trafiksäkkerhetsverk, 1977 (Suécia);
comportamento pode ser alterado por meio de cam- Maisey e Saunders, 1981 (Austrália);
panhas de sensibilização e informações viárias. Simmonds, 1981 (Reino Unido);
Haynes, Pine e Fitch, 1982 (EUA);
Blomberg, Preusser, Hale e Leaf, 1983 (EUA);
Descrição da medida Sali, 1983 (EUA);
Wolfe, 1983 (EUA);
Informações ao usuário da via incluem informações Fischer e Lewis, 1984 (Austrália);
atuais pela mídia e campanhas especiais organizadas Fosser, 1984 (Noruega);
e que possam ser direcionadas a grupos específicos Gibb, 1984 (EUA);
de usuários. Os canais para essas campanhas podem Harte e Hurst, 1984 (Nova Zelândia);
ser, entre outros, jornais, revistas, periódicos, inter- Lane, Milne e Wood, 1984 (Austrália);
net, TV, rádio, DVD, cinema, cartas e brochuras Reznik, Best e Morey, 1984 (Austrália);
enviadas ao público-alvo, utilização de pessoas fa- Armour, Monk, South a Chomiak, 1985 (Austrália);
mosas, anúncios via cartazes e fotos de publicidade, Mercer, 1985 (EUA);
placas em geral ou de “Pare” ao longo das vias. Dowling, 1986 (EUA);
Glad, 1986 (Noruega);
As campanhas de informação na Noruega são uti- Blomberg, Preusser e Ulmer, 1987 (EUA);
lizadas principalmente pelas autoridades e orga- King, 1987 (Austrália);
nizações que têm o apoio do governo, como, por LaForest, 1987 (Canadá);
exemplo, para a Trânsito Seguro. As companhias de Moe, Sakshaug e Stene, 1987 (Noruega);
seguros, organizações automobilísticas e outras or- Ross, 1987 (Reino Unido);
ganizações também realizam campanhas informati- Homel, Carseldine e Kearns, 1988 (Austrália);
vas. Exemplos dessas campanhas nacionais em curso Stene, 1988 (Noruega);
na Noruega em 2010 são as da Agência Nacional de King, 1989 (Austrália);
Administração de Vias Públicas da Noruega, “Pare Spoerer, 1989 (Alemanha);
e durma”; “Use capacete”; “Seja visto”; “Lembre-se Moe e Stene, 1990 (Noruega);
do cinto de segurança” e “De qual lado do limite Schlabbach, 1990 (Suécia);
de velocidade você se encontra?”, e as da Trânsito Smith, Maisey e McLaughlin, 1990 (Austrália);
Seguro, “Crianças no carro” e “Campanhas do uso Studsholt, 1990 (Dinamarca);
de material refletivo”. Nagatsuka, 1991 (Japão);
Behrensdorff e Johansen, 1992 (Dinamarca);
Bill, 1992 (EUA);
Impacto sobre os acidentes Cameron, Cavallo e Gilbert, 1992 (Austrália);
Drummond, Sullivan e Cavallo, 1992 (Austrália);
Na prática, é difícil determinar os impactos das infor- Fosser, Christensen e Ragnoy, 1992 (Noruega);
mações para o usuário e das campanhas sob condições Oei e Polak, 1992 (Países Baixos);
adequadamente controladas. Uma sociedade sem Wells, Preusser e Williams, 1992 (EUA);
informações não existe. A única coisa que pode ser Cameron, 1993 (Austrália);
medida são os impactos de quantidades diferentes de Murry, Stam e Lastovicka, 1993 (EUA);
informação, informações com conteúdos diferentes Höök, 1994 (Suécia);
ou diferentes formas de transmissão de informações. Britt, Bergman e Moffat, 1995 (EUA);
Machemer, Rune, Wolf, Büttner e Tücke, 1995 (Ale-
Há uma série de estudos em que são analisados os manha);
impactos das campanhas de informação sobre o Stuster, 1995 (EUA);
número de acidentes. Os resultados, aqui apresen- Taylor e Ahmed, 1995 (EUA);
tados, são baseados em uma análise recente para Törnros, 1995 (Suécia);
o projeto da União Europeia chamado Campaigns Ytterstad e Wasmuth, 1995 (Noruega);
and Awareness Raising Strategies in Traffic Safety Graham, 1996 (EUA);
Parte II: 7. Educação para o trânsito e informação 823
Sävenhed, Brüde, Nygaard, Pettersson e Thulin, Delhomme, Vaa, Meyer, Harland, Goldenbeld, Jär-
1996 (Suécia); mark, Christie e Rehnova (1999).
Williams, Reinfurt e Wells, 1996 (EUA);
Baldcock e Bailey, 1997 (Austrália); Os resultados mostram que as campanhas levam a
Cameron, Diamantopoulou, Mullan, Dyte e Gant- uma redução significativa do número de acidentes
zer, 1997 (Austrália); com vítimas e acidentes por embriaguez. Não há ne-
Voas, Holder e Gruenewals, 1997 (EUA); nhum impacto significativo no número de acidentes
Vägverket, 1997 (Suécia); fatais.
Amundsen, Elvik e Fridstrøm, 1999 (Noruega);
Sakshaug, 2001 (Noruega); Principalmente as campanhas contra embriaguez
Agent, Green e Langley, 2002 (EUA); têm um grande e significativo impacto nos índices
Diamantopoulou e Cameron, 2002 (Austrália); de acidentes. No entanto, esta seleção inclui um
Agent, Green e Langley, 2003 (EUA); grande porcentual de campanhas de controle poli-
Cameron, Newstead, Diamantopoulou e Oxley, cial contra embriaguez na Austrália, que, de acor-
2003 (Austrália); do com Erke et al. (2009), são mais eficazes do que
Ulleberg, Elvik e Christensen, 2004 (Noruega); campanhas semelhantes realizadas em outros países.
Mullholland, Tierney e Healey, 2005 (Austrália);
Sørensen, 2005 (Dinamarca); As campanhas de velocidade não têm impactos sig-
Unknown, 2005 (Áustria); nificativos.
Whittam, Dwyer, Simpson e Leeming, 2006 (EUA);
Ulleberg e Christensen, 2007 (Noruega). Os impactos das campanhas em outras questões
de segurança viária foram analisados por Vaa et al.
Os resultados foram baseados em 119 impactos en- (2004), que não encontraram impactos significati-
contrados nestes estudos e são mostrados na tabela vos das campanhas de pedestres (a respeito dos aci-
7.3.1. O impacto do viés de publicação é estimado dentes com pedestres) e campanhas de saída de pis-
pelo impacto de várias campanhas no índice de aci- ta (que tratam dos acidentes de saída de pista). As
dentes antes e depois do ajuste para o viés. Outros campanhas para que se mantenha distância levaram
impactos não foram ajustados para viés de publica- a uma redução de colisões traseiras em 9%.
ção. O viés varia muito entre os impactos e ajustes,
o que tornaria difícil a comparação dos resultados. De acordo com análises atuais, não há diferença sig-
A análise baseia-se em análises semelhantes reali- nificativa entre campanhas acompanhadas ou não
zadas por Vaa, Assum, Ulleberg e Veisten (2004) e de uma maior fiscalização. No entanto, o impacto
Tabela 7.3.1: Impacto sobre os acidentes das campanhas e informações para o usuário da via. Porcentual de alteração no
número de acidentes.
foi menor sem controle policial. Efetivamente, De- na década de 2000, parecem ser menos eficazes do
lhomme et al. (1999) relataram que campanhas sem que as realizadas anteriormente. De acordo com as
controle policial tiveram um efeito significativo sobre metarregressões, isso independe de outros fatores.
os acidentes. A discrepância entre os resultados apre-
sentados e os resultados de Delhomme et al. (1999) A análise atual dos 119 impactos contém 27 impactos
pode ser explicada pelo fato de terem sido aplicadas de estudos que não usaram qualquer grupo de con-
diferentes estratégias analíticas. Delhomme et al. trole. Estes foram incluídos depois que se descobriu
(1999) não levaram em conta a heterogeneidade dos que havia pouca diferença entre os impactos contro-
impactos e utilizaram um modelo de impactos fixos. lados e não controlados, tanto em termos de tamanho
Se as demais análises tivessem feito o mesmo, tam- quanto em variedade dos impactos combinados.
bém ter-se-ia concluído que as campanhas com con-
trole policial têm significativamente maiores impac- Mais detalhes da análise são apresentados em Phillips,
tos nos acidentes do que as campanhas sem controle Ulleberg e Vaa (2011), que incluem uma análise de
policial. Vaa et al. (2004) mostraram, no entanto, que metarregressão, concluindo que o controle policial,
as campanhas sem controle policial não têm impacto a divulgação pessoal ou anúncios ao longo da via de
nos acidentes, mesmo que se use um modelo de efei- uma mensagem e sua concisão estão associados a
tos aleatórios. Uma explicação possível para os resul- uma maior redução no número de acidentes.
tados conflitantes é que as duas amostras consistem
em parte de diferentes estudos (no primeiro estudo, Impacto no comportamento: uma meta-análise foi
alguns estudos de Vaa et al. (2004) foram excluídos realizada por Vaa, Phillips et al. (2009) para resumir
e alguns novos, adicionados) e em parte em diferen- os impactos das informações dos usuários viários e
ças na operacionalização do conceito de “controle campanhas sobre as diferentes formas de comporta-
policial”. Neste estudo incluíram-se campanhas com mento. Os resultados são mostrados na tabela 7.3.2.
aplicação do controle policial primária ou secundá-
ria; Vaa et al. (2004), no entanto, só usaram a primei- Parece que o comportamento do usuário pode se
ra. Apesar de mais pesquisas serem necessárias para tornar mais seguro com o uso de informações e
esclarecer este assunto, deve-se notar que a análise campanhas, ou seja, pelo menos de acordo com as
de metarregressão, realizada como parte da análise avaliações disponíveis. Uma conclusão semelhante
atual, também mostra que a aplicação tem um impac- foi tirada por Elliott (1993), que usou meta-análise
to único e benéfico no número de acidentes quando para mostrar que as campanhas aumentaram o uso
implementada em conjunto com uma campanha. do cinto de segurança em 20%, reduziram a taxa
de condutores que dirigem muito rápido em 21%,
Encontraram-se duas outras principais conclusões reduziram a condução em estado de embriaguez em
sobre o impacto das campanhas em acidentes. A pri- 19% e aumentaram o uso do capacete de bicicleta
meira foi que as campanhas que utilizaram uma for- em 60% (Elvik, Høye et al., 2009).
ma de comunicação pessoal da mensagem (usando,
por exemplo, palestras, discussões em grupo, cartas A maioria dos tipos de comportamento mostrados
pessoais) tiveram efeitos vantajosos no número de na tabela 7.3.2 foi medida por meio de observa-
acidentes, o que consolida a descoberta anterior ções independentes, além de álcool ao volante, que
de Vaa et al. (2004); a segunda conclusão foi que muitas vezes foram autorrelatadas. Existem poucos
as campanhas realizadas nos últimos anos, ou seja, estudos de avaliação que tenham utilizado medidas
Porcentual de alteração
Melhores Intervalo de
Comportamento do usuário
estimativas confiança de 95%
objetivas contra álcool ao volante. O comportamen- que pode afetá-las é a transmissão ao longo da via e
to de autorrelato tem menos confiabilidade do que por fiscalização policial. Uma possível explicação é
o comportamento que se observa, o que pode expli- que as campanhas são mais eficazes quando a pes-
car o impacto muito variável e não significativo de soa-alvo identifica-se com a mensagem e a processa
campanhas sobre álcool e direção. ao mesmo tempo em que percebe o comportamento
de que trata a campanha (Vaa, Phillips et al., 2009).
O número de estimativas de impacto (133 impactos
foram combinados) tornou possível para que Vaa, No entanto, esta conclusão é baseada em resultados
Phillips et al. (2009) realizassem regressões para de uma meta-análise que resume avaliações dos im-
determinar quais fatores de uma campanha influen- pactos da campanha de curto prazo. Sabemos pou-
ciam o uso de cintos de segurança. A mensagem co sobre os impactos em longo prazo, e isso se refere
apresentada ao longo da via e a fiscalização policial especialmente aos programas em curso, que consis-
levaram a um grande aumento no uso do cinto de tem em uma série de campanhas interconectadas.
segurança. As campanhas realizadas em uma área
limitada, como, por exemplo, uma empresa ou
um estacionamento, também levaram a importan- Impacto na mobilidade
tes mudanças no comportamento. Quando o uso
do cinto de segurança foi inicialmente constatado A alteração do comportamento como resultado de
como baixo, as campanhas levaram a um aumento campanhas de informação combinadas com outras
maior de seu uso do que quando já aparecia inicial- medidas pode afetar a mobilidade, por exemplo,
mente elevado. Isso confirma várias descobertas an- diminuindo a velocidade e aumentando o tempo
teriores e, em parte, explica por que as campanhas de viagem. Maior respeito das preferenciais pode
da década de 2000 não são tão eficazes como as dos aumentar o tempo gasto para alguns usuários e re-
anos 1980 (dados não mostrados). Este fato signifi- duzi-lo para outros. No entanto, é difícil dizer algo
ca que é improvável que as campanhas de cintos de geral sobre como as informações para usuários e as
segurança atuais possam conseguir impactos iguais campanhas agem sobre a mobilidade.
aos que constam na tabela 7.3.2.
dos nos custos citados. A média dos “custos totais” Responsabilidade e procedimentos formais
que foram relatados para 25 campanhas são mostra-
dos na tabela 7.3.4. Iniciativa para a medida
É provável que estes números subestimem os custos A iniciativa de informações viária e campanhas ge-
das campanhas, porque os custos relacionados a ho- ralmente são tomadas pelas autoridades em segu-
mem-hora muitas vezes não estão disponíveis. rança viária e organizações interessadas.
Os benefícios e custos das informações para usuá- As autoridades têm, segundo o direito administra-
rios e campanhas variam muito, dependendo do tivo, o dever de informar sobre novas leis, regula-
tipo de informação ou de campanha utilizadas e de mentos e disposições. Fora isso, estes, ao tomarem
como são realizadas. No entanto, não há nenhuma a iniciativa, são responsáveis por implementar e fi-
análise de custo-benefício. nanciar as campanhas e etc.
Tabela 7.3.4: Despesas totais, de acordo com 25 avaliações. A inflação é levada em conta.
Média dos custos Média dos custos Cobertura
(Euros) (Euros) (Euros)
Campanhas locais 34.000 9.000 1.000 - 270.000
Campanhas regionais 698.000 86.531 5.400 - 3.600.000
Campanhas nacionais 780.000 555.000 185.000 - 3.000.000
Parte II: 7. Educação para o trânsito e informação 827
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de controle podem ser sinalizados por placas. Com Goldenbeld & van Schagen, 2005 (Países Baixos);
relação aos radares móveis ocultos, os postos de fis- D’Elia et al., 2007 (Austrália);
calização não são fáceis de identificar como sendo Cunningham, Hummer & Moon, 2008 (EUA);
um controle policial (porque, por exemplo, a polícia Jones et al., 2008 (Grã-Bretanha), corrigido por
utiliza veículo civil ou porque o radar é instalado Brenac, 2010; e
para ser visível ao mínimo para os condutores). No Tay, 2010 (Canadá).
entanto, ao executarem-se os controles de velocida-
de com radar oculto, sempre se instala uma placa Os resultados estão resumidos na tabela 8.1.1. Eles
no início de um trecho ou na entrada de uma área não parecem ter sido influenciados por viés de pu-
em que os controles de velocidade ocultos estão blicação ou por efeitos da regressão para a média.
sendo feitos, mas sem que os condutores consigam
reconhecer quando e como os controles estão sendo Como demonstrado na tabela 8.1.1, os radares mó-
realizados. veis com câmeras reduzem o número de acidentes
com vítimas ou com gravidade não especificada em
Radar pistola com mira a laser: o controle de ve- média em 17% e o número acidentes com vítimas
locidade com radar pistola a laser pode ser mais fatais ou gravemente feridas em 35%. Com relação
efetivo em rodovias movimentadas que os demais ao aumento e à redução da abrangência do controle,
equipamentos móveis (Delaney et al., 2003). Este constatou-se, respectivamente, uma redução e um
controle de velocidade tem como principal finalida- aumento no número de acidentes. O impacto do au-
de a intimidação, para que, com isso, as infrações de mento ou da redução da abrangência de controle é
velocidade diminuam. maior em acidentes mais graves. Isso confirma que
radares móveis com câmeras reduzem o número
Controles de velocidade por viaturas policiais em de acidentes e que o impacto é maior em aciden-
movimento: o controle de velocidade também pode tes mais graves, mesmo que os impactos não sejam
ser executado por meio de medições com radar estatisticamente significativos. Os resultados rela-
instalado em viaturas policiais em movimento, que cionados ao aumento ou à redução da abrangência
podem abordar e eventualmente perseguir veículos do controle baseiam-se em estudos com diferentes
que estiverem circulando acima do limite de velo- definições de aumento ou redução da abrangência
cidade. Este método é mais utilizado nos EUA. O do controle e diferentes formas de modificação da
método também foi utilizado na Austrália em mea- abrangência de controle. Os resultados sobre a re-
dos dos anos 90 e ainda é utilizado na Noruega e na lação entre a abrangência do controle e o impacto
Dinamarca, entre outros países. nos acidentes são discutidos detalhadamente no pa-
rágrafo a seguir.
Há uma série de outros métodos, e em muitos casos
utilizou-se uma combinação de métodos que não se Com relação a todos os tipos de radares móveis com
encaixam na classificação apresentada. câmeras considerados de maneira conjunta, não há
nenhuma diferença no impacto entre os controles
visíveis e os ocultos. Por outro lado, quando se di-
Impacto sobre os acidentes videm os resultados entre aqueles relacionados a
apenas acidentes na proximidade do radar ou aque-
Radar móvel com câmeras les relacionados a acidentes em trecho mais longo
(acima de 1 km do radar), há diferenças entre os
O impacto dos radares móveis com câmeras no nú- controles visíveis e os ocultos. O controle de ve-
mero de acidentes foi pesquisado por: locidade visível tem maior impacto em postos de
Parte II: 8. Controle e sanções 833
Tabela 8.1.1: Impacto dos radares móveis com câmera nos acidentes. Variação porcentual no
número de acidentes.
controle (-43% de acidentes com vítimas ou com modifica-se com o tempo. Com relação aos aciden-
gravidade não especificada; -45% de acidentes com tes envolvendo pedestres e ciclistas, foram observa-
vítimas fatais/feridos graves), e um efeito menor, dos impactos maiores que em acidentes envolvendo
mas ainda estatisticamente significativo, num trecho apenas veículos motorizados. Cameron & Delaney
mais longo (-11% de acidentes com vítimas ou com (2006) constataram maiores impactos na velocidade
gravidade não especificada; -28% de acidentes com em áreas urbanas que em áreas rurais.
vítimas fatais/feridos graves). O controle de veloci-
dade oculto, por outro lado, tem um efeito menor Jones et al. (2008) pesquisaram a hipótese de que o
em postos de controle (-9%) do que em trecho mais controle de velocidade pode levar ao aumento do
longo (-21%). A diferença entre o impacto em pos- número de acidentes em outros locais onde ele não
tos de controle e em um trecho mais longo pode é realizado. Este impacto de migração pode ocor-
se dever ao acaso. O resultado na última coluna da rer quando uma parcela dos condutores compensa
tabela 8.1.1, que trata do controle de velocidade a redução de velocidade em postos de controle di-
oculto ao invés do visível, baseia-se em um estudo rigindo mais rápido após ter passado por eles. Os
que pesquisou o impacto nos trechos mais longos resultados não mostram, entretanto, nenhum im-
em que placas informam sobre o controle de velo- pacto desse tipo. Todavia, outro estudo indica um
cidade. O controle de velocidade oculto tem maior aumento da velocidade média de 1% na extensão
impacto que o visível, provavelmente porque o con- de 1,5 km após o posto de controle (Champness et
trole de velocidade visível tem maior impacto nos al., 2005). Nas proximidades do posto de controle, a
postos de controle, ao passo que o controle oculto velocidade média diminuiu 6%; em um trecho 500
tem impacto na prevenção de acidentes em todo o m depois dele, 3%; e em um trecho 1 km depois
trecho. Isso indica que certo grau de imprevisibili- dele, 2%.
dade aumenta a efetividade dos radares móveis com
câmera quando se observa o impacto num trecho Na maioria dos estudos não há informações sobre
mais extenso. como os infratores são tratados (se são parados pela
polícia ou se recebem uma carta posteriormente)
Christie et al. (2003) pesquisaram o impacto dos ra- e, por isso, não é possível investigar como o méto-
dares móveis com câmeras em diferentes tipos de do para com os infratores influencia a efetividade
vias e não descobriram nenhuma diferença no im- dos controles. De Waard & Rooijers (1994) mos-
pacto para vias com diferentes limites de velocida- traram que o radar móvel com câmera, com o qual
de. Os resultados também não indicam se o impacto os condutores em nítido excesso de velocidade são
834 O Manual de Medidas de Segurança Viária
parados pela polícia, tem maior impacto na veloci- Os resultados não indicam se o controle com via-
dade média que quando esses condutores recebem turas visível tem algum impacto nos acidentes com
a multa posteriormente pelo correio. Redelmeier et feridos ou acidentes com gravidade não especifica-
al. (2003) mostraram que os condutores multados da, mas demonstram que eles reduzem os acidentes
por infração de velocidade tiveram risco 35% me- com vítimas fatais em 13%. Com relação aos con-
nor de envolvimento em um acidente fatal do que troles ocultos, foi observada uma redução de 9% no
se comparado a um mês sem aplicação de multas. número de acidentes com feridos ou acidentes com
No entanto, o impacto diminuiu consideravelmente grau de lesão não especificado. Nenhum dos resul-
ao longo do tempo e deixou de ser significativo três tados é estatisticamente significativo. No entanto, os
meses após a aplicação de multas. resultados indicam que certo grau de imprevisibili-
dade é necessário para que os controles possam ter
Vaa et al. (1995) e Andersson (1991) investigaram algum impacto. Diamantopoulou e Cameron (2002)
como os radares móveis com câmeras influenciam a apontaram que é possível alcançar um impacto
velocidade média após um período com controle in- maior com uma combinação entre o controle visível
tensivo de velocidade. Os estudos mostram que tan- e o oculto.
to a velocidade média quanto a infração por excesso
de velocidade diminuíram significativamente, 10 se- Todos os resultados fazem referência às áreas em
manas e 1 ano após o encerramento do período com que são feitos os controles de velocidade com a via-
controle intensivo de velocidade, respectivamente. tura em movimento. Os impactos nos acidentes fo-
ram pesquisados no mesmo dia em que os controles
de velocidade foram feitos, assim como cinco dias
Radar pistola a laser depois. Diamantopoulou et al. (1998) indicam que
o impacto foi maior alguns dias após a execução do
O impacto do controle de velocidade com radar controles de velocidade coma viatura em movimen-
pistola foi pesquisado por Fitzharris et al. (1999) to; não foi observado nenhum impacto posterior-
na Austrália. Constatou-se uma redução no número mente a quatro dias após o controle.
de acidentes com feridos graves ou vítimas fatais de
7%, que não é estatisticamente significativa (inter-
valo de confiança de 95% [-15; +2]). Relação entre a abrangência do controle e o impacto
nos acidentes
Controle de velocidade com viatura policial em Com base nos estudos dos impactos do controle
movimento móvel de velocidade (radar móvel com câmera) nos
acidentes resumidos na tabela 8.1.1, a figura a seguir
O impacto do controle de velocidade com viatura mostra uma relação entre a modificação da abran-
policial em movimento foi pesquisado por: gência do controle e a modificação no número de
acidentes. A relação entre a modificação da abran-
Diamantopoulou et al., 1998 (Austrália); gência do controle e o impacto nos acidentes não é
Diamantopoulou et al., 2002 (Austrália); e clara, principalmente com relação a acidentes com
Brackett & Beecher, 1980 (EUA). vítimas fatais ou feridos graves. Com relação a aci-
dentes com vítimas ou gravidade não especificada, a
Os resultados estão resumidos na tabela 8.1.2. relação é menos nítida ainda.
Tabela 8.1.2: Impacto do controle de velocidade com viatura policial em movimento nos
acidentes. Variação porcentual no número de acidentes.
50
Com vítimas/não especificado
40 44
Mortos/gravemente feridos
Com vítimas (Camerons et.
30
al., 2003)
20
-6 -3
-10
-20
-30
-40
-41
-50
redução redução aumento aumento aumento
de 30% de10 de10 de 30 demais
oumais a 30% a 30% a 100% de 100%
Âmbito de controle
Figura 8.1.1: Relação entre a modificação da abrangência do controle e a modificação no número
de acidentes.
Elvik (2011) pesquisou a relação entre a abrangên- et al. (2007), um aumento do número de horas de
cia do controle e o impacto no número de acidentes controle por câmera de 1% em uma área com con-
com base nos estudos de diferentes tipos de contro- trole oculto de velocidade acarreta uma redução de
les de velocidade, dos quais alguns, mas não todos, 0,09% no número de acidentes com vítimas (inter-
fazem parte do cálculo do impacto total no número valo de confiança de 95% [-16; -2]).
de acidentes descrito nos parágrafos anteriores. Os
resultados mostram que a relação entre a abrangên- Tay (2010) pesquisou como o número de horas de
cia do controle e o impacto nos acidentes é mais controle móvel de velocidade com radar e o núme-
bem descrita em uma ou duas funções apresentadas ro de multas influencia o número de acidentes. Os
na figura 8.1.2. A figura mostra que uma duplicação postos de controle eram visíveis e instalados em
da abrangência do controle acarreta uma queda mé- diferentes locais (parcialmente divulgados e par-
dia no número de acidentes de 20%, ao passo que cialmente imprevisíveis) por toda uma cidade. Os
uma multiplicação em 5 vezes pode acarretar uma resultados mostram que tanto o número de horas de
redução entre 29 e 40%, e o aumento de 10 vezes controle quanto o número de multas influenciam o
pode levar a uma redução entre 33 e 57% (ambas número de acidentes e que o impacto do número de
as funções descrevem estes dados também). Os re- multas se acrescenta ao impacto do número de ho-
sultados referem-se a diferentes tipos de controle de ras de controle; isso quer dizer que os controles de
velocidade (patrulhamento com viaturas policiais e velocidade são mais efetivos quanto mais controles
controle de velocidade móvel tanto visível quanto forem realizados e quanto mais multas de velocida-
oculto) e são utilizados diferentes indicadores da des forem emitidas.
abrangência do controle (entre outros, o número de
horas de controle, o número de veículos inspeciona-
dos e o número de multas de velocidade). A figura Impacto na velocidade
8.1.2 também mostra a modificação estimada no
número de acidentes como função da modificação O controle de velocidade pode reduzir a velocida-
do número de horas de controle oculto de velocida- de média e geralmente tem grande impacto na por-
de e do número de acidentes, com base no estudo centagem daqueles que conduzem acima do limite
de Bobevski et al. (2007). De acordo com Bobevski de velocidade (Walter et al., 2011). Nesse estudo,
836 O Manual de Medidas de Segurança Viária
1,0
0,4
como finalidade reduzir as infrações por excesso de de trecho: o trecho deve ter cerca de 2 a 10 km; o li-
velocidade e, com isso, o número de acidentes (gra- mite de velocidade deve ser igual em todo o trecho;
ves) em trechos de velocidade elevada. não pode haver nenhuma interseção no trecho com
VDMA > 250 veículos na via lateral, e a geometria
do trecho deve possibilitar que se conduza acima do
Descrição da medida limite de velocidade em todo ele (Statens vegvesen
& Politiet, 2009).
De um modo geral, o controle automático de veloci-
dade (CAV) visa à observação e ao registro de infra-
ções de trânsito e à identificação automática do veí- Impacto sobre os acidentes
culo/condutor, sem a necessidade da presença física
da polícia no local. A identificação ocorre por meio CAV pontual
da fotografia do veículo e do condutor. Na Noruega
o veículo e o condutor são fotografados pela frente Os impactos do CAV pontual no número de aciden-
e o CAV compreende apenas o controle de veloci- tes foram avaliados pelos seguintes estudos:
dade (não inclui, por exemplo, o controle de avan-
ço de sinal vermelho). O CAV pontual é um radar Oei & Polak, 1992 (Países Baixos);
eletrônico fotográfico instalado em cada sentido de Elvik, 1997 (Noruega);
condução que mede a velocidade em um ponto exa- DfT, 1997 (Grã-Bretanha);
to. O CAV pontual foi utilizado em grande escala Tay, 2000 (Nova Zelândia);
pela primeira vez no ano de 1989, em Victoria, Aus- Hess, 2004 (Grã-Bretanha);
trália (Belin et al., 2010). O CAV de trecho consiste Mountain, Hirst & Maher, 2004 (Grã-Bretanha);
em dois radares eletrônicos fotográficos instalados a ARRB, 2005 (Austrália);
certa distância um do outro, de modo que se mede Pérez et al., 2007 (Espanha);
a velocidade média entre eles a partir do tempo de Shin et al., 2009 (EUA);
viagem entre o primeiro e o segundo dispositivos. Larsson & Bruede, 2010 (Suécia);
Os radares são geralmente bem visíveis, e os trechos Novoa et al., 2010 (Espanha);
com o CAV são indicados por placas (na Noruega e Li et al., 2013 (Grã-Bretanha);
em outros países). Newstead & Cameron, 2013 (Austrália);
Skubic et al., 2013 (EUA) e
Na Noruega, o CAV pontual foi introduzido em ju- DePauw et al., 2014 (Bélgica).
nho de 1988 na rodovia federal E18, no trecho de
Telemark (Glad & Østvik, 1991). Em 2012 havia Os resultados estão resumidos na tabela 8.2.1 e
aproximadamente 366 radares eletrônicos fotográfi- fazem referência a todos os tipos de acidentes. Os
cos ao longo das rodovias norueguesas. Além disso, estudos utilizaram diferentes distâncias de percurso
havia o CAV de trecho no mínimo em 11 trechos, na avaliação e as distâncias mais longas são de até 10
dos quais muitos se encontravam em túneis. Na No- km. A maioria dos estudos, entretanto, não especi-
ruega apenas o condutor pode ser responsável por ficou a distância do percurso. No seu conjunto, foi
eventuais infrações de velocidade. Em alguns paí- encontrada uma redução do número de acidentes
ses, o proprietário do veículo pode ser responsável com vítimas ou com gravidade não especificada de
se o condutor não for identificado. 20% e uma redução do número de vítimas fatais
de 51%. Ambos os resultados são estatisticamente
Entre os critérios para a instalação do CAV na No- significativos. O resultado relacionado aos aciden-
ruega estão a velocidade média no trecho (quan- tes com vítimas ou com gravidade não especificada
do está acima do limite de velocidade) e os custos não parece ter sido influenciado pelo fenômeno da
gerados por acidentes (quando superiores a 30% regressão para a média ou pelo viés de publicação.
do que se entende como padrão em trechos seme- O resultado relacionado ao número de vítimas fa-
lhantes). Se apenas um dos critérios for satisfeito, tais é baseado em estudos que não consideraram os
o CAV também poderá ser implantado, caso este possíveis impactos da regressão para a média. Caso
critério seja atendido com uma boa margem e se a se suponha que o CAV pontual tenha sido instalado,
redução esperada dos custos gerados por acidentes geralmente em trechos com muitos acidentes gra-
for maior que os custos para a instalação, operação ves, uma parcela da queda de acidentes fatais pode
e manutenção do CAV. Além disso, os seguintes cri- ser atribuída ao impacto da regressão à média. O
térios devem ser seguidos para estabelecer o CAV impacto tende a ser, entretanto, da mesma magni-
Parte II: 8. Controle e sanções 839
tude que o impacto esperado sobre a velocidade, CAV pontual – impactos na velocidade
conforme explicam os parágrafos a seguir.
Foram encontrados muitos estudos que pesquisa-
A parte inferior da tabela 8.2.1 mostra os resultados ram o impacto do CAV pontual na velocidade tanto
de estudos que indicam os impactos sobre o número junto ao radar eletrônico quanto a diferentes distân-
de acidentes com vítimas em diferentes intervalos an- cias antes e após o radar:
tes e depois da instalação do radar eletrônico. Quan-
to maior for a distância até o radar eletrônico, menor Ali et al., 1997 (Kuwait);
é a redução do número de acidentes. O CAV pontual Keenan, 2002 (Grã-Bretanha);
não parece ter impacto significativo algum sobre os Ragnøy et al., 2002 (Noruega);
acidentes a mais de 1 km do radar eletrônico (em am- Andersson & Larsson, 2005 (Suécia);
bos os sentidos). É incerto porque o impacto total Mountain et al., 2004 (Grã-Bretanha);
sobre todos os trechos não é menor que aquele en- ARRB, 2005 (Austrália);
contrado junto aos radares eletrônicos. Uma possível Retting et al., 2008 (EUA);
explicação é que a redução do número de acidentes Shin et al., 2009 (EUA);
com vítimas em 20% seja algo superestimado. Vägverket, 2009 (Suécia);
Hels et al., 2010 (Dinamarca) e
A maioria dos radares eletrônicos é indicada por Brassøe et al., 2011 (Grã-Bretanha).
placas e costumam ser bem visíveis. Não é possí-
vel pesquisar, com base nos estudos considerados, Com base nesses estudos, a figura 8.2.1 mostra a
como a sinalização e a visibilidade têm impacto so- redução da velocidade média medida a diferentes
bre a eficácia do dispositivo. distâncias do radar eletrônico com CAV pontual. O
panorama aponta que a redução de velocidade, con-
Para investigar se a redução do volume de tráfego forme era esperado, é maior junto ao radar eletrôni-
em trechos com CAV pontual pode explicar em par- co e que ela diminui gradativamente nos primeiros
te a queda na acidentalidade, foram comparados os 500 metros após o radar. Junto ao radar, foram en-
resultados dos estudos considerados em relação ao contradas reduções de 6 a 15% na velocidade na
volume de tráfego em trechos com CAV e os resulta- maioria dos estudos. Nas análises de Keenan (2002)
dos de outros estudos. Se o volume de tráfego tives- e Ragnøy (2002), as medições de velocidade aponta-
se sido reduzido, de uma forma geral os estudos que ram que a maioria dos condutores freia 50 a 100 me-
consideram o volume de tráfego em trechos com tros antes do radar e acelera 100 a 200 metros após
CAV deveriam ter encontrado um impacto menor o mesmo. O fato de parecer que há uma redução
que o das outras pesquisas. Entretanto, não é este o da velocidade em uma distância de 2 km ou mais
caso. Em um estudo da Grã-Bretanha, foi encontra- após o radar eletrônico se deve aos resultados da
da uma queda do volume de tráfego em trechos com Suécia, em cujo estudo as medições de velocidade
CAV pontual após sua instalação, algo que pode ser foram realizadas em trechos com vários radares. Na
explicado pelo fato de que alguns escolhem dirigir maioria dos estudos, o impacto foi reduzido a cerca
por outras rotas para evitar os radares eletrônicos de zero entre 500 e 2.000 metros a jusante do radar.
(Mountain et al., 2004). Até que ponto esse impacto
pode ser generalizado é incerto e provavelmente de- Nenhum dos resultados aponta para o fato de que
pende da rede rodoviária (ou seja, da facilidade de a velocidade aumenta em maiores distâncias do
encontrar rotas alternativas). radar eletrônico, algo que pode ser esperado se
Tabela 8.2.1: Impacto do CAV pontual sobre os acidentes. Variação porcentual do número de acidentes:
Variação porcentual do número de acidentes
Distância do percurso Melhor Intervalo de
Gravidade do acidente
estimativa confiança
Todos (entre 0,5 e 10 km do radar eletrônico) Com vítimas/não especificada -20 (-25; -14)
Vítimas fatais -51 (-72; -12)
Até 250 metros do radar com vítimas/ não especificada -18 (-37; +6)
De 250 metros até 500 metros do radar com vítimas/ não especificada -12 (-20; -3)
De 500 metros até 1 km do radar com vítimas/ não especificada -8 (-25; +12)
Mais de 1 km do radar com vítimas/ não especificada -4 (-24; +21)
840 O Manual de Medidas de Segurança Viária
os condutores quiserem compensar a redução da nos acidentes com vítimas detectados empiricamente
velocidade junto ao radar (Shin et al., 2009). O são, em sua maioria, maiores que os impactos que fo-
estudo norueguês (Ragnøy, 2002) apontou que a ram detectados a partir dos impactos na velocidade.
velocidade também é reduzida em um trecho em Uma redução de velocidade de 11% corresponderia,
torno de 3,4 km de extensão após o radar, mas em de acordo com o modelo de potência, a uma redução
menor grau que junto ao mesmo. de 17% no número de acidentes com vítimas e a uma
redução de 54% nas vítimas fatais.
A taxa daqueles que conduzem acima do limite de
velocidade diminui em média em 63%. Há uma
grande variação nas taxas daqueles que dirigiam CAV de trecho
acima do limite de velocidade antes de o CAV ser
instalado. A queda dessa taxa é maior quanto mais Foram encontrados quatro estudos que pesquisaram
frequente tiver sido a condução acima do limite de o impacto do CAV de trecho no número de acidentes:
velocidade antes da instalação do CAV. A taxa mé-
dia de condução acima do limite de velocidade é de Stefan & Winkelbauer, 2005 (Áustria);
19% com o CAV e de 52% sem o CAV. No estu- Brassøe et al., 2011 (Grã-Bretanha);
do de ARRB (2005), a redução se anulou um a dois Montella et al., 2012 (Itália) e
anos após a instalação do CAV. Vägverket (2009) Broughton et al., 2012 (Escócia).
apontou que os veículos de passeio em média redu-
zem mais a velocidade que os veículos pesados. Em média, constatou-se uma redução no número
de acidentes com vítimas ou gravidade não especi-
Além disso, a figura 8.2.1 indica o impacto no núme- ficada de 30% (-36; -24) e uma redução no número
ro de acidentes com vítimas (PSU), que foi avaliado de vítimas fatais ou feridos graves de 56% (66; -42).
a partir do impacto médio sobre a velocidade, com o Os resultados provavelmente não foram (ou foram
auxílio de um modelo de potência (Elvik, 2009) e a apenas em um pequeno grau) influenciados pelos
partir do impacto no número de acidentes com víti- efeitos da regressão para a média. Soole et al. (2013)
mas detectado em estudos empíricos resumidos, que fazem referência aos resultados de uma sequência de
são apresentados na tabela 8.2.1. No geral, os resulta- estudos não publicados que compararam o número
dos estão relativamente de acordo, mas os impactos de acidentes em trechos antes e após a instalação do
-6%
-8%
-8%
-10%
00
0
25
50
75
25
50
75
00
15
10
0-
0-
0-
-1
-1
-1
-2
-2
0-
25
50
00
50
00
50
00
75
10
12
15
17
20
Figura 8.2.1: Impacto do CAV pontual sobre a velocidade e acidentes com vítimas (PSU) para
diferentes distâncias em relação ao radar eletrônico.
Parte II: 8. Controle e sanções 841
CAV de trecho. Todos os estudos encontraram gran- duções de cerca de 90%. Brassøe et al. (2001) cons-
de redução do número de acidentes e de vítimas fa- tataram uma redução média de 7,5% na velocidade
tais. A maioria das pesquisas aponta reduções de 20 média em trechos com CAV de trecho.
a 60%; algumas, de até 80%. Entretanto, nenhum
dos estudos considerou outros fatores como, por
exemplo, as modificações do volume de tráfego ou a Combinação de controle automático de velocidade e
tendência de longo prazo dos acidentes. Os resulta- avanço do sinal vermelho
dos de Montella et al. (2012) apontam que o impacto
do CAV de trecho diminui no decorrer do tempo. Os impactos da combinação de controle automáti-
co de velocidade e avanço do sinal vermelho foram
Nos Países Baixos, a Rijkswaterstaat Directie Zui- pesquisados nos seguintes estudos:
d-Holland (2003) pesquisou o impacto da introdu-
ção do CAV de trecho em uma rodovia cujo limite Brimson & Anderson, 2002 (Austrália);
de velocidade foi simultaneamente reduzido de 100 Nuyts, 2006 (Países Baixos);
para 80 km/h. Os resultados apontam que o núme- Budd et al., 2011 (Austrália);
ro de acidentes e de vítimas fatais diminuiu entre 40 DePauw et al., 2013 (Bélgica);
e 50%. Não é possível diferenciar o impacto da re- Vanlaar et al., 2014 (Canadá).
dução do limite de velocidade e do CAV de trecho.
Os resultados estão resumidos na tabela 8.2.2 e indi-
cam que o número total de acidentes, especialmente
CAV de trecho – impactos na velocidade os acidentes graves e o número de colisões laterais,
podem ser reduzidos, mesmo que a maioria dos re-
Em uma avaliação sobre o CAV de trecho na Norue- sultados não seja estatisticamente significativo. Um
ga em dois trechos em que anteriormente não havia estudo comparou o impacto no número total de
CAV pontual, encontrou-se uma redução média da acidentes e em acidentes que envolvem pelo menos
velocidade de 11% (Ragnøy, 2011). Esta redução é um veículo em uma das aproximações da interseção
similar ao impacto médio encontrado no CAV pon- equipada com a câmera. Este estudo constatou uma
tual junto aos radares. grande e significativa redução no número de aciden-
tes (-47%) em um dos acessos da interseção equipa-
Soole et al. (2013) resumiram os resultados de uma do com câmera, ao passo que o impacto no número
série de estudos em que a redução da velocidade total de acidentes é menor e não significativo estatis-
média resultou entre 8% e 28%. Via de regra, a ve- ticamente. Os estudos restantes não especificaram
locidade média diminuiu para perto do limite de ve- se todos os acidentes na interseção fazem parte da
locidade (ou um pouco abaixo). A taxa de conduto- análise ou se todas as aproximações da interseção
res que dirige acima da velocidade média caiu para foram equipadas com a câmera. O número total
abaixo de 1% na maioria dos estudos. A redução de acidentes de colisão na traseira parece aumen-
porcentual daqueles que dirigem dentro do limite tar, algo que também foi observado nos estudos do
de velocidade varia entre os estudos (provavelmente controle de avanço de sinal vermelho (sem controle
dependente da porcentagem antes da instalação do de velocidade). Há poucas informações para que se
CAV de trecho); muitos estudos apontam para re- possa investigar até que ponto os resultados podem
Tabela 8.2.2: Impacto do controle automático de avanço sinal vermelho combinado ao controle automático
de velocidade nos acidentes. Variação porcentual do número de acidentes.
ser influenciados pelos impactos da regressão para a tajoso se a possível redução dos custos de acidentes
média ou por viés de publicação. for pelo menos igual à esperada.
plamente reduzido pelo uso do cinto de segurança. A finalidade do controle dos equipamentos de pro-
Análises sobre o uso do cinto de segurança mostram teção individual é aumentar a segurança com o uso
que o risco de ser gravemente ferido ou morto pode do cinto de segurança entre condutores e passagei-
ser reduzido em 45-50% com o uso do cinto de se- ros nos veículos, para que seja possível reduzir o
gurança. É uma meta importante na segurança do número de vítimas.
tráfego, portanto, que o maior número possível de
usuários utilize o cinto de segurança e as cadeirinhas
para as crianças nas viagens de automóvel. Descrição da medida
A sinalização versus a não sinalização foi utilizada meta-análise (Hagenzieker e Davidse, 1997). Os re-
como um indicador de o quão visível são os pontos de sultados mostram um aumento do uso do cinto de
controle. Via de regra, acredita-se que o controle po- segurança de cerca de 10%. Os resultados podem
licial tenha maior impacto quando o controle é visível ser impactados pelo viés de publicação, de modo
aos condutores (Zaal, 1994). Com relação ao controle que os impactos podem ter sido superestimados.
do uso do cinto de segurança, é possível que os con-
dutores, diferentemente de outras formas de contro- Impactos do controle do uso do cinto de segurança
le, pensem que poderão colocar o cinto de segurança no número de acidentes e no número de mortes: dois
quando eles veem um ponto de controle sinalizado estudos pesquisaram os impactos no número de aci-
(Erke e Vaa, 2008). dentes (Wells, Preusser e Williams, 1992; Williams,
Reinfurt e Wells, 1996). O controle do uso do cinto
Os impactos não parecem variar para os diferentes de segurança resultou em uma redução de 4%, 6% e
grupos de ocupantes (passageiros–condutores, pas- 8%, respectivamente, em todos os acidentes, aciden-
sageiros dianteiros e passageiros traseiros). tes com mortos e acidentes com feridos. Nenhum dos
impactos nos acidentes foi estatisticamente significa-
A mudança na taxa de utilização é geralmente maior tivo. Salzberg e Moffat (2004) pesquisaram o impacto
quando a taxa de utilização do cinto de segurança é no número de mortos. Os resultados mostram que o
menor antes de o controle ser introduzido ou inten- número de mortos diminuiu 13% após a introdução
sificado (Shults et al., 2004). Com base nos estudos da campanha “Clique aqui e compre o seu ticket”
apresentados anteriormente, a alteração da taxa de (e o uso do cinto de segurança aumentou 17%). No
utilização é mais elevada (entre 70 e 80%) para uma entanto, não foram examinados outros fatores, e o
taxa de utilização de 20%. Para uma taxa de utili- resultado pode ser em parte devido a uma tendência
zação de mais de 90%, a realização de fiscalização geral de redução das mortes também por outras me-
parece não resultar em aumento do uso. didas de segurança.
Impactos dos programas de incentivo na taxa de Possíveis reduções do número de acidentes devido
uso do cinto de segurança: os impactos de diferentes ao aumento do uso do cinto de segurança: com base
campanhas e programas de incentivo na taxa de uso na relação entre o controle do uso do cinto de segu-
do cinto de segurança foram pesquisados em uma rança e o uso do cinto de segurança e na relação entre
846 O Manual de Medidas de Segurança Viária
o uso do cinto de segurança e o número de mortes em por Decina, Temple e Dorer (1994) na Pensilvânia
acidentes de trânsito, é possível estimar o impacto do (EUA). Os resultados mostram que o aumento do uso
aumento do controle do uso do cinto de segurança no dos sistemas de retenção para crianças foi de 13%, po-
número de mortos em acidentes de trânsito. Com base rém estatisticamente não é significativo (-7; +38).
no cenário de acidentes da Noruega, considerando-se
que todos utilizem os cintos de segurança, estimou-se
que o número de ocupantes de veículos mortos ou Impacto na mobilidade
gravemente feridos diminuiu em torno de 9% nas
áreas urbanas e em torno de 5% nas áreas rurais. O Não há informações documentadas acerca do im-
número de indivíduos gravemente feridos poderia di- pacto da medida na mobilidade.
minuir aproximadamente 4% nas áreas urbanas e 2%
nas áreas rurais, considerando-se que todos utilizem o
cinto de segurança. Este cenário é válido sob a condi- Impacto no meio ambiente
ção de que o uso do cinto de segurança reduz o risco
de ser morto ou muito gravemente ferido em torno de Não há informações documentadas acerca do im-
40% e o risco de ser gravemente ferido em 20%. pacto da medida no meio ambiente.
Os impactos da fiscalização com relação ao uso dos Baseado nas estatísticas de acidentes e nos impactos
sistemas de retenção para crianças foram pesquisados do aumento do uso do cinto de segurança sobre o
Parte II: 8. Controle e sanções 847
número de mortes e feridos muito graves em aci- para crianças e capacetes) podem ser tomadas por
dentes nas rodovias da Noruega, como mostrado autoridades rodoviárias ou ONGs. As disposições
acima, calculou-se quanto um aumento no cenário são dadas pelo Ministério das Regulamentações no
de controle para o uso do cinto de segurança pode Código de Trânsito. A iniciativa de controle do uso
custar, sem que seja economicamente inviável. Con- de equipamentos de proteção individual é tomada
sidera-se que o aumento do nível de controle con- pela polícia ou por autoridades rodoviárias.
duzirá a um aumento do uso do cinto de segurança
para 90% nas áreas urbanas e para 96% nas áreas
rurais. A quantidade estimada de mortes ou de feri- Requisitos e procedimentos formais
dos muito graves evitada e o custo socioeconômico
correspondente dos acidentes estão resumidos na As regras detalhadas do serviço de patrulhamento
tabela 8.3.2. Um exemplo de cálculo é conduzido policial são descritas no GP – 4027 “Instruções para
conforme as seguintes suposições: o uso do cinto o Serviço Policial do Tráfego”. As diretrizes detalha-
de segurança reduz em 40% o risco de ser morto das para o controle externo da Agência Nacional de
ou muito gravemente ferido em um acidente e em Administração de Vias Públicas da Noruega são da-
20% o risco de ser gravemente ferido em um aci- das por uma diretriz de controle externo das estradas
dente. Supõe-se também que o risco de acidentes públicas. Isso sugere, por exemplo, que os agentes
seja 40% maior entre os condutores que continuam que controlarão o uso de equipamentos de proteção
não usando o cinto de segurança que entre aqueles devem passar por um treinamento especial, forneci-
que já usam o cinto e que os acidentes são 10% mais do pela autoridade viária administrativa regional.
frequentes entre os condutores que atualmente não
usam o cinto de segurança, mas passarão a usá-lo
após o cenário de aumento do controle. Responsabilidade pela execução da medida
Infelizmente muitas pesquisas não informam a in- A administração da Polícia de Emergência Central
tensidade do aumento do controle por trás dos prepara um plano anual de controle. Isso determina-
resultados obtidos. No exemplo, estima-se que o rá como os patrulhamentos devem ser distribuídos
aumento do uso do cinto de segurança pode ser al- entre os 9 distritos e a capacidade de controle nas di-
cançado pela triplicação dos controles. As melhores ferentes partes do país. Cada distrito é liderado por
estimativas de economias com relação aos acidentes um administrador distrital, que é responsável pelo
são de aproximadamente NOK 100 milhões ao ano. planejamento prático das atividades de controle. A
polícia local de cada um dos 27 distritos policiais
deve fiscalizar o tráfego diversas vezes ao ano. A fre-
Responsabilidade e procedimentos formais quência do controle do tráfego pela polícia local está
prevista nas “Instruções do Controle de Tráfego”. A
Iniciativa para a medida polícia móvel pode coordenar seus patrulhamentos
junto ao patrulhamento da polícia local.
As iniciativas para a mudança do nível de fiscali-
zação do uso de equipamentos de proteção indi- O controle do uso dos equipamentos de segurança é
vidual (cintos de segurança, sistemas de retenção parte de uma ênfase especial da Agência Nacional de
Tabela 8.3.2: Impactos do aumento do uso do cinto de segurança no total de mortos ou feridos e o custo dos acidentes
evitados.
Estado físico das vítimas Valor exato Expansão Valor exato Expansão
Mortos 10 128 0.2 (2.1%) 2.2 (1.7%) 62.9
Feridos muito graves 4 52 0.1 (2.1%) 0.9 (1.7%) 17.4
Feridos graves 31 465 0.3 (0.9%) 3.1 (0.7%) 20.0
Feridos leves 888 5,278 0 (0%) 0 (0%) 0
Geral 932 5,923 0.5 6.1 100.3
848 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Administração de Vias Públicas da Noruega sobre a Vaa et al.,1995). A polícia busca, portanto, métodos
segurança no trânsito, sendo assim, isso foi expres- de monitoramento que cubram áreas geográficas
samente sugerido nas ações do Plano de Transporte maiores que as cobertas pelas atividades de controle
Nacional. O cenário de controle é determinado por estacionário. O “Controle Comportamental por pa-
regiões dentro do limite e atribuições permitidas trulhamento.” é a segunda maior atividade no âmbito
pelo orçamento do Estado, sendo as prioridades das competências de fiscalização e inclui, além de um
acertadas entre a diretoria da Agência Nacional de patrulhamento em si, o controle de cargas, do modo
Administração de Vias Públicas da Noruega e a au- de condução, das regulamentações sobre tempo de
toridade regional rodoviária em acordos anuais. descanso, ultrapassagens, distância do veículo à frente
e paradas. Em 1991 foi contabilizado um número de
O não-cumprimento das disposições relativas à uti- autuações feitas a partir deste tipo de controle de ope-
lização de equipamentos de segurança é punido por ração, que foi estimado em aproximadamente 30%
uma multa determinada por um regulamento espe- de todas as autuações. Em torno de um terço de todos
cífico de multas para determinadas irregularidades os condutores com alguma irregularidade são parados
em relação à legislação do trânsito. Uma exceção pela polícia devido à direção suspeita observada pelas
são as irregularidades relacionadas à responsabilida- unidades de patrulhamento (Ruud e Glad, 1990).
de do condutor pela segurança de crianças menores
de 15 anos, para as quais a infração é punida por A finalidade do controle do comportamento por
procedimentos simplificados, consistindo no acú- patrulhamento é manter ou aumentar o respeito às
mulo de pontos na carteira de habilitação. leis que regulamentam os condutores por meio da
manutenção de certo risco de detecção das irregula-
As despesas das atividades de controle da polícia e ridades no trânsito.
dos controles externos da Agência Nacional de Ad-
ministração de Vias Públicas da Noruega são finan-
ciadas pelo orçamento nacional do Estado. Descrição da medida
Foram realizadas tentativas para estimular a redu- nas com ambos, placa e intensificação do patrulha-
ção da velocidade com a presença de uma viatura; mento. Por intensificação do controle, estima-se
isto é, espera-se um impacto nos condutores quando que o tempo médio diário de controle tenha sido de
estes se deparam com um veículo policial e um veí- cerca de 6 horas, cobrindo uma extensão de apro-
culo civil parados no acostamento e um agente que ximadamente 15 km. Houve um provável impacto
parece estar aplicando uma multa. A maior parte em um sentido (sentido Oslo) nas primeiras duas
dos estudos mostrou que esta configuração é menos semanas apenas com a placa, porém não houve im-
eficaz que uma configuração de uma viatura poli- pactos além dos períodos subsequentes nem com
cial visível (Shinar e McKnight, 1985).É importante patrulhamentos intensificados aliados à placa nem
salientar que a configuração de um agente policial com o patrulhamento isoladamente.
supostamente aplicando uma multa pode causar
pouco efeito, uma vez que o agente já teria aborda- Patrulhamento com veículos à paisana: o posicio-
do um veículo e os demais veículos que passam pela namento de um veículo à paisana perpendicular-
cena estariam “livres” do risco de serem abordados. mente à via para simular uma unidade de controle
de velocidade foi comparado com outros métodos
Lund e Jørgensen (1974) estudaram os impactos de de controle e foi a única configuração que não sur-
16 horas de patrulhamento diárias no período de tiu qualquer impacto em relação ao nível de velo-
um ano em um trecho de 75 km cuja finalidade era cidade nem junto ao local do veículo, nem antes e
duplicar o nível de monitoramento. A concepção nem depois (Shinar e McKnight, 1985).
do estudo é aparentemente consistente, apesar de
o registro da velocidade ter sido escasso. Não foram Anteriormente nos EUA e na Noruega era um pro-
constatadas mudanças no nível de respeito à prefe- blema o fato de a polícia utilizar veículos à paisana
rencial de passagem, nos padrões de ultrapassagem para a observação do excesso de velocidade e outros
ou na escolha de velocidade. Entrevistas com usuá- comportamentos no trânsito, pois havia pouca va-
rios indicaram que não houve percepção do aumen- riação do veículo utilizado, de modo que os veícu-
to das atividades de fiscalização. los à paisana tornaram-se facilmente reconhecidos.
Recentemente houve um aumento da variação dos
Em um estudo de campo em 1993, foram avaliados tipos, modelos e cores (algo de que o público está
os efeitos da intensificação das atividades de patru- ciente por meio da mídia). No entanto, o efeito des-
lhamento no tráfego em um trecho de rodovia em tes veículos à paisana é desconhecido por não ter
Akershus (E6) (Vaa et al., 1993). O experimento sido estudado experimentalmente. Portanto, não se
iniciou-se com a implantação de uma grande placa pode afirmar que esta forma de monitoramento não
com o texto “Diminua a velocidade”. Duas semanas tenha efeito. É razoável, por exemplo, assumir que o
apenas com a placa foram seguidas por duas sema- uso de veículos civis no monitoramento do trânsito
Parte II: 8. Controle e sanções 851
rentes partes do território nacional. Cada distrito é mente, a todos os tipos de cruzamentos (excluindo
dirigido por um diretor regional, que é responsável os planos de cruzamento específico e as saídas); há
pelo planejamento prático das atividades de contro- pouca informação sobre as prioridades nas inter-
le. A polícia local em cada um dos 27 distritos poli- seções a ponto de se fazer uma análise relacionada
ciais do país tem a responsabilidade de conduzir os aos semáforos de tráfego e não há informações rele-
controles várias vezes ao ano. A frequência dos con- vantes para afirmar se a ultrapassagem do semáforo
troles policiais locais deve estar prevista nas “Instru- com luz vermelha é um fator contribuinte ou não.
ções para o controle do tráfego policial”. A polícia
móvel pode coordenar seu monitoramento com as Conforme uma pesquisa realizada nos EUA, o
atividades locais de controle policial. As despesas avanço do sinal vermelho contribui em torno de
com os respectivos controles são cobertas pelo Es- 30% para todos os acidentes fatais em interseções
tado, considerando-se o orçamento da União. semaforizadas e em torno de 20%, considerando-
se todos os acidentes com feridos (Retting, 2006).
De acordo com outra pesquisa realizada nos EUA
8.5 Controle automático de avanço (Zahnke et al., 2003), em torno de 50% de todos
do sinal vermelho em semáforos os acidentes fatais em interseções semaforizadas se-
riam devido ao avanço do sinal vermelho; conside-
Capítulo revisado por Alena Høye (TØI) em 2013 rando-se todos os acidentes, o valor seria de 22%.
Não há informações correspondentes na Noruega.
O controle semafórico tem sido usado a fim de
reduzir o número de colisões transversais, porém A Agência Nacional de Administração de Vias Pú-
ele tende a aumentar o número de colisões trasei- blicas da Noruega verificou a condição dos semá-
ras. O número total de acidentes pode, portanto, foros em uma pesquisa em 2003 e observou os veí-
permanecer inalterado. As colisões laterais são, culos que ultrapassavam o sinal vermelho nos três
em média, mais graves que as colisões traseiras. O primeiros segundos após o sinal fechar. O objetivo é
risco de colisão transversal em uma interseção se- que os casos de avanço do sinal vermelho não ultra-
maforizada é reduzido com o controle automático passem 5% dos veículos que cruzam a interseção.
de avanço do sinal vermelho. Os impactos são mais Para todos os tipos de interseções, em geral obser-
positivos quando há o controle de avanço do sinal va-se um potencial de 7,6% em relação às ultrapas-
vermelho nas aproximações da via principal, e não sagens nos faróis vermelhos. A taxa é maior nas vias
necessariamente em todas as aproximações. Em in- com duas faixas na interseção (17,6%) e menor nas
terseções sem o controle do semáforo localizadas vias com apenas uma faixa na interseção (6,3%); em
próximo a interseções com o controle semafórico, vias com três ou mais faixas na interseção, a taxa
o número de colisões laterais também diminui, en- de condutores que avançam no sinal vermelho foi
quanto que o número de acidentes envolvendo co- de 3,6%. A maioria dos casos de avanço do sinal
lisões traseiras permanece inalterado. vermelho ocorre nos três primeiros segundos do
tempo de vermelho. Passados esses três segundos,
apenas 0,5% dos condutores ousa avançar o sinal
Problema e finalidades vermelho.
O avanço do sinal vermelho pode levar a acidentes Um estudo dos EUA (Retting et al., 1999) mostrou
graves. Os acidentes que ocorrem devido ao avanço que há diferenças sistemáticas entre os condutores
do sinal vermelho geralmente são colisões transver- envolvidos em acidentes fatais com avanço do sinal
sais associadas às conversões à esquerda, e esses são, vermelho e outros condutores envolvidos em aci-
em média, mais graves que os acidentes de colisão dentes fatais. Aqueles que avançam o sinal vermelho
traseira. As estatísticas de acidentes na Noruega de geralmente são homens com menos de 30 anos e já
2005 a 2011 mostram a distribuição dos tipos de aci- têm antecedentes de infrações de trânsito, dirigem
dentes com mortos ou feridos graves em interseções alcoolizados com frequência e geralmente sua habi-
semaforizadas: 1,5% de colisões traseiras, 4,5% de litação está em situação irregular.
colisões entre direções conflitantes de tráfego na in-
terseção e 6,3% associados às conversões à esquer- O controle automático de avanço do sinal verme-
da. Estes tipos de acidente constituem, respectiva- lho reduz os acidentes nas interseções. Um indiví-
mente, 26%, 23% e 21% de todos os acidentes nos duo que avança o sinal vermelho aciona o registro
cruzamentos. Os resultados aplicam-se, respectiva- fotográfico automático do equipamento e recebe as
Parte II: 8. Controle e sanções 853
respectivas punições, que, assim, inibem o avanço Golob et al. (2002), EUA;
do sinal vermelho. Retting & Kyrychenko (2002), EUA;
Richardson (2003), Austrália;
Burkey & Obeng (2004), EUA;
Descrição da medida Yaungyai (2004), EUA;
Council et al. (2005), EUA;
Por meio do controle automático do semáforo, são Persaud et al. (2005), EUA;
instalados equipamentos de medição que detectam Fitzsimmons et al. (2007), EUA;
a aproximação do veículo na linha de parada e me- Garber et al. (2007), EUA;
dem sua velocidade. Uma câmera tira uma foto dos Shin & Washington (2007), EUA;
veículos que passam pela linha de parada a certa Dahnke et al. (2008), EUA;
velocidade (20 km/h, por exemplo) e aproximada- Kloeden et al. (2009), Austrália;
mente 1 segundo após com o intuito de verificar se Bradbury (2010), EUA;
o veículo passou pela interseção. A identificação é Cunningham & Hummer (2010), EUA;
feita por uma fotografia do veículo e do condutor, Malone et al. (2010), Canadá;
geralmente de frente (mas pode ser trás também). Budd et al. (2011), Austrália;
Diferentes critérios podem ser utilizados para de- Hu et al. (2011), EUA e
terminar a violação do sinal vermelho a partir de re- Walden et al. (2011), EUA.
gistros subsequentes. Por exemplo, o controle pode
ser acionado tanto a 0 m ou a 10 m de distância do Muitas vezes as pesquisas variam na sua qualidade
local onde o veículo deveria parar para o sinal ver- metodológica, e muitos dos resultados podem ser
melho. O tempo também pode ser utilizado como impactados pela fragilidade metodológica destes
parâmetro, por exemplo, para veículos passando estudos (Persaud et al., 2005; Shin & Washington,
por um determinado ponto X de segundos após a 2007; Retting et al. 2003). As fragilidades que mos-
mudança para o sinal vermelho. traram impactar os resultados relacionam-se prin-
cipalmente à falta de controle da regressão para a
Uma pesquisa sobre avanço do sinal vermelho na média (Høye, 2013). Os impactos da regressão ocor-
Noruega (Giæver & Tveit, 1998) constatou uma di- rem quando o controle de avanço do sinal vermelho
minuição das violações de 0,83% a 0,64% e uma é instalado em interseções com muitos acidentes
maior proporção das ultrapassagens durante o sinal graves em determinado período, de modo que não é
amarelo. Não foi observada qualquer adaptação da levado em conta que o número dos acidentes tende
velocidade. Após essa avaliação, o controle automá- a diminuir após este período, exatamente quando o
tico do semáforo deixou de ser utilizado (Tveit et controle de avanço do sinal vermelho é instalado.
al., 2007). A falta de controle, com relação à regressão para a
média, leva à redução dos acidentes devido à supe-
restimação do efeito do controle de avanço do sinal
Impacto sobre os acidentes vermelho.
Foram encontrados 30 estudos que analisaram os Os impactos dos acidentes referentes ao controle
impactos do controle automático de avanço de sinal automático das ultrapassagens do sinal vermelho
vermelho sobre os acidentes. São os seguintes: são mostrados na Tabela 8.5.1. Os resultados são
baseados apenas nos estudos que têm o controle da
Sul et al. (1988), Austrália; regressão. Esses estudos também controlam um nú-
Hillier et al. (1993), Austrália; mero de outros fatores, incluindo as características
Mann et al. (1994), Austrália; nos semáforos.
Andreassen (1995), Austrália;
MVA Consultancy (1995), Reino Unido; Com relação ao número total de acidentes, não fo-
Fox (1996), Reino Unido; ram encontrados impactos significativos do contro-
Hooke et al. (1996), Reino Unido; le automático de avanço do sinal vermelho; para os
Ng, Wong & Lum (1997), Singapura; acidentes fatais, houve uma redução significativa na
Giæver &Tveit (1998), Noruega; taxa: em torno de 17%.
Vinzant & Tatro (1999), EUA;
Charlotte (2001), EUA; Para as colisões transversais (acidentes com feridos),
Autoridades do Estado da Califórnia (2002), EUA; foi observada uma redução significativa, em torno
854 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 8.5.1: Impacto do controle de avanço do sinal vermelho nos acidentes. Variação porcentual do número de acidentes
em interseções semaforizadas.
de 33%, enquanto que os acidentes com feridos tabela 8.5.1 (Høye, 2013), mostra que o número de
resultantes de colisões traseiras demonstraram um colisões transversais também pode ser reduzido nas
aumento de 19%. Não foram encontrados impactos interseções sem controle automático de avanço do
significativos para os acidentes associados a avan- sinal vermelho, uma vez que o índice se mostrou
çar sinal vermelho, colisões e acidentes associados à próximo ao da interseção com controle de avanço
conversão à esquerda. do sinal vermelho. Os acidentes com colisões tra-
seiras, entretanto, não pareceram aumentar nessas
A maioria dos acidentes que ocorrem devido ao interseções. Isso sugere que os impactos de todos os
avanço do sinal vermelho são colisões transversais. acidentes, conforme mostrado na tabela 8.5.1, será
As colisões transversais são geralmente mais graves mais positivo se o indivíduo estiver ciente dos im-
que as colisões traseiras (Charlotte, 2001), o que pactos em todas as áreas de interseções com contro-
pode sugerir que os impactos nos acidentes, como le automático de avanço do sinal vermelho do que
um todo, sejam mais positivos com relação aos aci- apenas em algumas interseções com o controle. Por
dentes fatais. Uma pesquisa realizada pelo Washin- outro lado, os impactos podem (principalmente os
gton & Shin (2005) mostrou que houve uma redu- impactos referentes às colisões laterais) ser, de al-
ção das colisões transversais e que os acidentes em gum modo, afetados pelo viés de publicação e na
conversões à esquerda são maiores nas interseções realidade serem menores que os apresentados na
com tempo de ciclo mais longo, maior volume de tabela 8.5.1.
tráfego e velocidade mais elevada. O aumento do
número dos acidentes de colisões traseiras pode ser O mesmo estudo (Høye, 2013) sugere que o con-
explicado pelo fato de muitos dos condutores reali- trole automático de avanço do sinal vermelho pos-
zarem manobras de frenagem repentina quando da sui um impacto positivo maior (maior redução das
mudança para o sinal amarelo, uma atitude que não colisões transversais e menor aumento das colisões
é esperada pelo condutor do veículo traseiro. traseiras), quando nem todas as interseções com
controle automático de avanço do sinal vermelho
Várias pesquisas mostraram que o controle automá- são sinalizadas e apenas são instaladas placas de
tico do avanço do sinal vermelho reduz este tipo de alerta sobre o controle ao longo das vias principais
infração entre 20% e 80% (Arup, 1992; Chin, 1989; de uma cidade ou em uma área com controle au-
Retting et al., 1999). Em algumas pesquisas, foram tomático do avanço de sinal vermelho. A explica-
encontradas reduções no avanço do sinal verme- ção é que os condutores passam a respeitar mais o
lho também em interseções sem o citado controle sinal vermelho, pois sabem que em todas as inter-
(Andreassen, 1995; Fleck & Smith, 1999; McGee seções há sinalização sobre o controle automático
& Eccles, 2003). Uma análise mais detalhada dos de avanço do sinal vermelho, de modo que tanto
estudos, incluindo a meta-análise apresentada na as ultrapassagens do sinal vermelho quanto as fre-
Parte II: 8. Controle e sanções 855
O controle automático de avanço do sinal vermelho A administração viária pode tomar a iniciativa e
pode ter um impacto na mobilidade por meio de determinar as vias onde será instalado o controle
determinadas mudanças no estilo de condução, pois automático de avanço do sinal vermelho. As con-
tende a estimular a parada quando do sinal amarelo siderações deverão ser apresentadas ao Ministério
em vez do comportamento anterior de seguir e cru- da Justiça, que tomará uma decisão para cada caso.
zar a interseção. Isso pode, de algum modo, reduzir
o fluxo de tráfego.
Requisitos e procedimentos formais
Ainda é incerto se o controle de semáforo impacta Por “legislação para condução sob o efeito do ál-
no total do número de acidentes. No entanto, não cool” entende-se as leis que determinam os limites
foram realizadas quaisquer análises de custo-bene- do teor alcoólico no sangue, as leis que regulamen-
856 O Manual de Medidas de Segurança Viária
tam o controle e as multas para condução sob o com vítimas entre condutores com diferentes taxas
efeito do álcool e as leis que regulamentam a dispo- de alcoolemia no sangue: 2,1 (0,2 a 0,5g/l); 8,3 (0,5
nibilidade de álcool. Estas leis devem ser aplicadas a 0,8g/l); 17,6 (0,8 a 1,3g/l), e 87,2 (acima de 1,3g/l).
em cooperação com testes do etilômetro e multas e
reduzir a ocorrência da condução sob o efeito do A primeira diferença de risco pode ser encontrada
álcool para que o número de acidentes diminua. nos condutores jovens. Os condutores de 18 a24
anos com uma concentração de álcool no sangue
Teor alcoólico e risco de acidente: a influência do acima de 0,5 g/l têm por volta de 900 vezes mais
álcool entre os condutores é um dos fatores que risco de morte que os condutores no mesmo gru-
mais aumenta o risco de acidentes de trânsito (As- po etário com uma concentração de álcool no san-
sum & Glad, 1990). Entre outros fatores estão a gue abaixo de 0,5 g/l (Assum e Glad, 1990; Glad,
influência de drogas e a fadiga. O álcool e outras 1985B; Peck et al., 2008).
drogas levam a um enfraquecimento dos sentidos,
à redução da capacidade de processar informações De todos os acidentes com veículos de passeio na
e de tomar decisões e à deterioração da capacida- Noruega relacionados com álcool e direção entre
de psicomotora, além de que a exposição ao álcool 1983 e1999, a taxa foi de 14% para acidentes fatais
pode fazer com que os condutores percam as inibi- e em torno de 6% para todos os acidentes com víti-
ções (Glad & Vaas, 1993). mas como um todo (Statistisk Sentralbyrå). A taxa
de acidentes fatais na Noruega em que o álcool foi
Com base na pesquisa feita na Noruega sobre con- fator contribuinte para que o acidente acontecesse
dução sob o efeito do álcool entre 1981 e1982 e nas foi estimada em torno de 12% em 2006 (Haldorsen,
estatísticas oficiais de acidentes viários, pode-se cal- 2007). Nos EUA estimou-se que 18% de todos os
cular o índice de risco que mostra a diferença re- condutores que estiveram envolvidos em acidentes
lativa de acidentes entre um condutor sóbrio e um fatais estavam com uma concentração de álcool no
condutor afetado pelo álcool no sangue em diferen- sangue acima de 1,0g/l em 2000 contra 25% em
tes níveis (Glad, 1985; Assum e Glad, 1990; Glad e 1990 (NHTSA, 2001). Na Noruega os condutores
Vaas, 1993). Esta diferença no risco relativo aparece com taxa de alcoolemia acima de 1,5g/l compreen-
na figura 8.6.1. Os resultados dos novos cálculos dem 20% da condução sob o efeito do álcool (Glad,
praticamente não mudaram. Assum et al. (2005) en- 1985C), o que constitui mais de 50% de condutores
contraram o seguinte índice de risco para acidentes sob o efeito do álcool envolvidos em acidentes com
500
Envolvimento em acidentes com vítimas
450 Morte
400
350
Risco relativo (sóbrio=1)
300
250
200
150
100
50
0
Sóbrio 0,5 - 1,0 g/l 1,0 - 1,5 g/l acima de 1,5 g/l
Figura 8.6.1: Risco de diferentes taxas de alcoolemia em relação ao condutor sóbrio. Fontes:
Glad e Vaas (1993).
Parte II: 8. Controle e sanções 857
vítimas (Assum e Ingebrigtsen, 1990) e quase 80% várias vezes pela mesma razão e que os condutores
de condutores alcoolizados envolvidos em acidentes flagrados por dirigirem sob o efeito do álcool ha-
fatais (Glad, 1985C). viam conduzido em média aproximadamente 60 a
90 vezes sob o efeito do álcool anteriormente sem
Há várias características nos acidentes que envol- terem sido pegos (Jones & Lacey, 2000; Lapham et
vem álcool e direção que os distinguem de outros al., 2006; Quaye & Boase, 2004).
acidentes sem o envolvimento do álcool. Um grande
porcentual dos acidentes que envolvem álcool acon- Os grupos de condutores com alto risco de aciden-
tecem à noite nos finais de semana e são acidentes tes e de várias condenações futuras por embriaguez
individuais. Os acidentes em outros dias da semana são condutores que foram condenados várias vezes
durante o dia e as colisões envolvem baixa taxa de anteriormente por esse mesmo motivo, são condu-
alcoolemia. Os acidentes que envolvem álcool são tores que são alcoólatras e foram pegos com taxa de
via de regra mais graves que outros acidentes. alcoolemia elevada; têm um histórico de criminali-
dade e são na maioria jovens (Breckendridge et al.,
Entre os condutores que estavam sob o efeito do 2006; Harrison et al., 2003; Hubicka et al., 2008;
álcool e se envolveram em acidentes, os jovens e os Marowitz, 1998).
homens estão superrepresentados. Os condutores
sob o efeito do álcool com frequência também estão Os condutores que foram repetidamente conde-
sob o efeito de outras substâncias (Christophersen, nados por dirigir sob o efeito do álcool têm em
1990). média maior risco de envolvimento em acidentes
envolvendo álcool e direção e muitas vezes são fla-
Condutores detidos sob o efeito do álcool: muitos grados com níveis de álcool no sangue superiores
estudos verificaram que os condutores que dirigem aos dos condutores condenados pela primeira vez
sob o efeito do álcool formam um grupo especial por dirigir sob o efeito do álcool. As diferenças de
de condutores (Hubicka et al., 2008). Em muitas níveis de álcool no sangue entre os condutores com
pesquisas, descobriu-se que os condutores com uma ou várias condenações anteriores, entretanto,
uma ou mais autuações por condução sob o efeito nem sempre são grandes. Os condutores com vá-
do álcool são frequentemente homens jovens, com rias condenações por embriaguez parecem resistir
baixo status socioeconômico, que têm problemas às várias medidas contra condução sob o efeito do
de alcoolismo, cometem outras várias infrações de álcool, e as medidas não parecem surtir nenhum
trânsito, normalmente dirigem sem carteira de ha- efeito prolongado sobre eles (Caruana & Harvey,
bilitação, foram várias vezes condenados por crimes 2004; Lapham et al., 2006; Nochajski & Stasiewicz,
não relacionados ao trânsito, usam outros tipos de 2006). Os motivos para isso podem ser problemas
drogas e têm mais problemas psíquicos do que os de alcoolismo e um ambiente social que não apoia
outros (Assum & Glad, 1990; Ferguson et al., 1999; uma reorganização dos hábitos de álcool e direção
Glad & Vaas, 1993; Lapham et al., 2006; McMillen ou a abstinência de álcool (Ferguson et al., 1999).
et al., 1992; Ruud & Glad, 1990; Wheeler & His- Vários estudos mostraram que os grupos de con-
song, 1998). dutores que têm risco especialmente de conduzir
sob o efeito do álcool são influenciados em menor
Condutores autuados várias vezes sob o efeito do grau pelas medidas contra a condução sob o efei-
álcool: a reincidência entre os condutores que foram to do álcool, como, por exemplo, os controles pelo
flagrados dirigindo sob o efeito do álcool é grande etilômetro (Harrison et al., 2003) ou o tratamento
(Baca et al., 2001). Uma pesquisa norueguesa mos- para alcoolismo (Breckendridge et al., 2006). Jones
trou que, ao longo de um período de 6 anos, cerca & Lacey (2000) mostraram que os condutores com
de 40% dos condutores autuados por embriaguez várias condenações anteriores por dirigir sob o efei-
foram autuados novamente (Gjerde & Mørland, to do álcool têm menor risco de estarem envolvidos
1991). Entre os condutores que conduziam sob o em acidente sem envolvimento de álcool, algo que
efeito de altas concentrações de medicamentos ou pode ser devido a um maior cuidado na condução
outras substâncias psicoativas (Gjerde et al., 1989), ou por dirigirem menos, por exemplo, porque tive-
cerca de 50% foram presos novamente por dirigir ram a carteira de habilitação recolhida.
sob a influência de substâncias psicoativas durante
um período de 5 anos. Estudos dos EUA estima- Legislação sobre álcool e direção na Noruega:
ram que 28% de todos os autuados por dirigir sob historicamente, a condução sob a influência de ál-
o efeito do álcool pela primeira vez serão autuados cool na Noruega foi definida como um problema
858 O Manual de Medidas de Segurança Viária
10000
9000
8000
7000
6000
Números 5000
4000
3000
• Limites especiais, por exemplo, para novos con- muitas vezes as novas leis são introduzidas junto
dutores ou para condutores que já foram autua- com outras leis e medidas contra a condução sob o
dos por dirigir sob o efeito do álcool. efeito do álcool e repetidamente isso leva à cober-
• Leis considerando o recolhimento administrativo tura da mídia e a reforços na fiscalização policial.
da carteira de habilitação, o que facilita a aplica- Nesses casos não é possível determinar qual das
ção de penalidades em casos de se dirigir sob o medidas contribui para as alterações no número de
efeito do álcool. acidentes, nem com o uso de grupos de controle.
• Leis que proíbem acordos judiciais para obter pe- Os resultados apresentados neste capítulo, portan-
nalidades mais leves. to, se baseiam apenas em pesquisas em que houve
• O limite de idade para a proibição da venda de controle, entre outras coisas, de outras leis e me-
álcool a pessoas menores de certa idade. A “idade didas contra a condução sob o efeito do álcool. A
mínima para compra de bebidas alcoólicas” é, en- maioria desses estudos usou métodos multivariados
tão, muitas vezes maior que a idade para se obter para analisar a relação entre a taxa de acidentes e
a carteira de habilitação. as leis sobre álcool e direção em diversos estados
• Diferentes leis que regem a disponibilidade de ál- e ao longo de vários anos, quando houve ao mes-
cool, como, por exemplo, proibição de local de mo tempo controle de uma série de fatores con-
venda e os impostos sobre a venda de álcool. textuais (como, por exemplo, população, consumo
• Leis sobre testes aleatórios com o etilômetro (ba- de álcool e indicadores econômicos). Isso faz com
fômetro). que seja possível estudar em que grau as diferentes
• Grupos com interesse particular que podem afe- leis afetam o número de acidentes sem que os re-
tar tanto a legislação quanto diretamente a condu- sultados sejam influenciados por medidas impostas
ção sob o efeito do álcool. simultaneamente. Uma vez que foram utilizados
dados de um período de vários anos, os resultados
As leis que regem penalidades específicas por dirigir são apenas marginalmente afetados por variações
sob o efeito do álcool são discutidas no capítulo 8.12. de curto prazo na taxa de acidentes, variações es-
sas que poderiam estar relacionadas à, por exem-
plo, cobertura da mídia em relação à introdução
Impacto sobre os acidentes de uma nova lei. Em princípio, também é possível
estudar os efeitos da interação entre as diferentes
O impacto de várias leis nos acidentes foi pesquisa- leis, ou seja, o efeito de uma lei depende de ou-
do em muitos estudos de diferentes níveis de qua- tras leis sobre álcool e direção. No entanto, esses
lidade. Um problema em muitas pesquisas é que efeitos de interação raramente foram pesquisados
860 O Manual de Medidas de Segurança Viária
(ou os resultados não foram relatados). Villaveces das leis de álcool e direção per se tenha ocorrido em
et al.(2003) não encontraram efeitos da interação estados com maiores porcentuais de acidentes fa-
entre diferentes leis sobre álcool e direção, e esses tais envolvendo álcool que em outros estados (Voas
efeitos, portanto, não foram incluídos nos modelos. et al., 2000).
Também é possível que as leis só sejam eficazes sob
certas condições, como, por exemplo, quando as No entanto, vários estudos mostraram que há uma
leis são conhecidas e quando existe um nível ade- grande variação nos efeitos das leis sobre a taxa de
quado de fiscalização. alcoolemia per se entre os estados (Bernat et al.,
2004; Wagenaar et al., 2007). Os resultados indicam
Limite legal da taxa de alcoolemia per se: 1,0 e que a legislação sobre álcool e direção não tem ne-
0,8g/l (EUA): a maioria dos estados nos EUA tem nhum efeito em estados onde não foram introduzi-
limites de alcoolemia de 0,8 ou 1,0g/l, o que torna dos pontos de fiscalização de DUI (driving under the
ilegal dirigir com níveis maiores de álcool no san- influence ou “condução sob a influência do álcool”,
gue, independente do comportamento do condutor Tippetts et al., 2005) e que esta legislação é mais efi-
ou do envolvimento em acidentes (limites de álcool caz nos estados que têm a medida administrativa de
no sangue per se). Antes da introdução do limite le- recolhimento da carteira de habilitação do que em
gal da taxa de alcoolemia, beber e dirigir não era ile- outros estados (APSL et al., 1999).
gal, desde que os condutores não se envolvessem em
acidentes. Em 2001, 19 estados tinham limite legal Os resultados não são consistentes no que diz res-
na taxa alcoolemia, e em 2003, todos os estados, ex- peito aos impactos sobre os condutores com dife-
ceto Massachusetts (Bernat et al., 2004). A introdu- rentes taxas de alcoolemia. Wagenaar et al. (2007)
ção de limites de alcoolemia per se foi avaliada nos não verificaram nenhuma diferença no impacto
seguintes estudos, em que houve controle de várias sobre os condutores com diferentes taxas de al-
emendas e dos fatores contextuais: coolemia. Hingson (1996), ao contrário, constatou
grande impacto sobre acidentes fatais com condu-
Evans et al., 1991; tores com níveis mais altos do que com níveis mais
Bernat et al., 2004; baixos. Dee (2001) verificou maiores impactos em
Voas et al., 2000; finais de semana do que nos dias úteis.
Tippetts et al., 2005;
Kaplan & Prato, 2007; Redução no limite legal da taxa de alcoolemia; de
Dee, 2001; 0,8 para 05g/l: uma redução do limite legal da taxa
Eisenberg, 2001; de alcoolemia foi analisada pelas seguintes pesquisas:
Voas et al., 2003.
Henstridge et al., 1995 (Nova Gales do Sul e Queens-
Com base nestas pesquisas, os limites legais das land, Austrália);
taxas de alcoolemia per se reduzem o número de Homel, 1994 (Nova Gales do Sul, Austrália);
acidentes fatais em 6% (intervalo de confiança Smith, 1988 (Queensland, Austrália); e
de 95% [-7; -%]). Isso significa que o número de Bernhoft & Behrensdorff, 2000 (Dinamarca).
acidentes fatais diminui 6% quando se introduz o
limite de 1,0g/l de álcool no sangue (ao invés de Foram verificados os seguintes impactos nos aci-
nenhum limite) ou quando se introduz um limite de dentes envolvendo álcool ou nos casos em que se
0,8 g/l de álcool no sangue no lugar de um limite de acredita que o álcool estivesse envolvido com mais
1,0 g/l. Os resultados são consistentes entre os es- frequência do que em outros acidentes (acidentes
tudos e não parecem ser afetados por quaisquer va- noturnos, acidentes individuais à noite, acidentes
riáveis perturbadoras ou viés de publicação. Houve aos sábados): -2% de acidentes fatais (intervalo de
controle dos efeitos de tendências e de impactos confiança de 95% [-17, +6]) e -13% de acidentes
de outras leis sobre álcool e direção. A consistên- com vítimas (intervalo de confiança de 95% [-16,
cia entre os estudos provavelmente ocorre porque -9]). Não foi observado nenhum impacto nos aci-
todos são baseados mais ou menos nos mesmos dentes com vítimas durante o dia (-6%, intervalo de
acidentes (as diferenças entre as pesquisas são os confiança de 95% [-17, 8]). Outra pesquisa, reali-
períodos em que foram feitas, outros fatores con- zada na cidade australiana de Adelaide (McLean et
trolados e os modelos estatísticos utilizados). Os al., 1995), não encontrou nenhum impacto no por-
resultados podem, em certa medida, ser influencia- centual de condutores em acidentes com taxas de
dos por endogeneidade, ou seja, caso a introdução alcoolemia acima de 0,8g/l.
Parte II: 8. Controle e sanções 861
O limite legal da taxa de alcoolemia também foi ram que a nova lei não teve qualquer impacto nas
reduzido de 0,8 para 0,5 g/l na Áustria em 1998. reincidências ou acidentes.
Bartl & Esberger (2001) mostraram que o núme-
ro de acidentes com vítimas que envolvem álcool Redução do limite legal da taxa de alcoolemia para
diminuiu 10% (intervalo de confiança de 95% condutores jovens: os condutores jovens geralmen-
[-14, -5]). No entanto, não se sabe até que ponto te têm maior risco de acidente que outros conduto-
a redução do limite de alcoolemia contribuiu para res, e um estudo dos EUA (Peck et al., 2008) mos-
o resultado; no estudo não houve controle de ou- trou que o álcool aumenta o risco de acidentes em
tras medidas contra o álcool na direção que foram maior grau entre os condutores jovens (com menos
introduzidas simultaneamente, como penalidades de 21 anos) do que entre os condutores mais velhos.
mais severas e aumento da fiscalização, nem de ou- Nos EUA a maioridade para compra e consumo de
tros fatores. álcool é 21 anos em todos os estados desde 1989
(Voas, Tippetts & Fell, 2003). Leis que proíbem
Redução no limite legal da taxa de alcoolemia; de condutores com idade mínima de dirigir sob o efei-
0,5 para 0,2g/l (Suécia): Borschos (2000) e Nors- to do álcool (o limite de alcoolemia é geralmente é
tröm & Laurell (1997) avaliaram o impacto de duas de 0,1 ou 0,2 g/l) foram introduzidas em muitos es-
leis na Suécia regendo a redução do limite de alcoo- tados nos EUA e na Austrália. O impacto dessas leis
lemia de 0,5 para 0,2 g/l em 1990 e a redução do li- no número de acidentes que envolvem condutores
mite para infração gravíssima por dirigir sob o efeito jovens foi avaliado nos seguintes estudos, na maioria
do álcool e penalidades mínimas mais rigorosas para dos quais houve controle de mudanças nas leis e de
infração grave por dirigir com um nível (elevado) de fatores contextuais:
alcoolemia de 1,5 a 1,0g/l. Ambos os estudos encon-
traram reduções iguais no número de acidentes com Maisey, 1984 (Austrália);
feridos e acidentes fatais em torno de 10% depois Haque et al., 1986 (Austrália);
da introdução do limite de 0,2g/l. Borschos (2000) Haque & Cameron, 1989 (Austrália);
observou uma redução no número de acidentes fa- Hingson et al., 1994 (EUA);
tais de 14% e uma redução no número de acidentes Bartl & Esberger, 2000 (Áustria);
com feridos de 6% após a introdução da alteração Eisenberg, 2001 (EUA);
do limite de alcoolemia para autuações graves. To- Whetten-Goldstein et al., 2000 (EUA); e
dos os impactos são estatisticamente confiáveis. Voas et al., 2003 (EUA).
Não se pode excluir que tanto as tendências e as ou-
tras leis sobre dirigir sob o efeito do álcool quanto o Na maioria dos estudos existia um programa de
aumento da fiscalização policial contribuíram para GDL (carteira de habilitação gradual) quando o
os resultados. O número de condutores que foram limite legal da taxa de alcoolemia para condutores
fiscalizados dobrou em relação ao número anterior jovens foi reduzido. Estudos sobre a introdução de
depois da introdução do novo limite de alcoolemia programas de GDL que reduziram o limite legal da
(Glad e Vaa, 1997). taxa de alcoolemia não estão incluídos nesta análise.
Os resultados estão expostos na tabela 8.6.1. Foram
Redução do limite da taxa de alcoolemia para con- observadas reduções significativas no número de
dutores condenados por dirigir sob o efeito do acidentes fatais com envolvimento de álcool e con-
álcool: em 1988 em Maine (EUA) o limite da taxa dutores jovens. Outros acidentes com condutores
de alcoolemia foi reduzido para 0,5g/l para os con- jovens não parecem ter sido afetados. Os resultados
dutores detidos. Em 1995, esse limite foi reduzido são apenas marginalmente afetados por deficiências
para 0,0. Jones e Rodriguez-Iglesias (2004) mostra- metodológicas.
Tabela 8.6.1: Impacto de limites legais da taxa de alcoolemia para condutores jovens nos acidentes. Variação porcentual
no número de acidentes.
Legislação sobre o recolhimento da carteira de Estes estudos avaliaram o impacto geral das leis, ou
habilitação: a legislação sobre a medida adminis- seja, o impacto em todos os condutores. Os resulta-
trativa de recolhimento da carteira de habilitação dos foram resumidos na tabela 8.6.2.
permite que a polícia confisque as carteiras de habi-
litação dos condutores que forem pegos com limite Os resultados mostram que leis a respeito do reco-
ilegal de álcool no sangue, sem que eles devam ser lhimento da carteira habilitação por medida admi-
julgados em tribunal de trânsito. Às vezes, o reco- nistrativa levam a reduções pequenas no número de
lhimento da carteira de habilitação acontece como acidentes fatais, porém estatisticamente confiáveis.
uma punição obrigatória para os condutores julga- Isso se aplica tanto a acidentes envolvendo álcool
dos por condução sob o efeito do álcool no tribu- quanto a outros acidentes. O impacto é maior nos
nal. A legislação sobre a medida administrativa de acidentes com álcool envolvido. O resultado se ba-
recolhimento da carteira de habilitação foi avaliada seia principalmente em acidentes em que se sabe que
em vários estudos em que houve controle das leis pelo menos um dos condutores estava dirigindo sob
sobre álcool e direção. Os estudos foram realizados a influência do álcool. O resultado que se aplica a
nos EUA, exceto o de Sen (2001), que foi realizado acidentes envolvendo álcool (com o uso da variável
no Canadá: proxy) foi baseado em tipos de acidente em que o ál-
cool estava sobrerrepresentado (como, por exemplo,
Evans et al., 1991; acidentes à noite nos finais de semana). O impacto
Ruhm, 1996; nesses acidentes é um pouco menor do que o impac-
Voas et al., 2000; to nos acidentes em que se sabia que o álcool estava
Voas, Tippetts & Fell, 2000; envolvido, algo que pode explicar porque nem todos
Whetten-Goldstein et al., 2000; esses acidentes envolvem o álcool efetivamente.
Young Likens, 2000;
Dee, 2001; As leis sobre o recolhimento da carteira de habilitação
Eisenberg, 2001; pela justiça no tribunal parecem ser menos eficazes.
Sen, 2001; Não foi encontrado nenhum impacto sobre todos os
Voas, Tippetts & Fell, 2003; acidentes como um todo e somente uma redução em
Bernat et al., 2004; acidentes envolvendo álcool não é, estatisticamente,
Kaplan & Prato, 2007; confiável. O resultado é baseado, principalmente, em
Wagenaar et al., 2007. acidentes nos quais se sabe que pelo menos um dos
condutores estava dirigindo sob a influência de álcool.
A legislação sobre o recolhimento da carteira de ha-
bilitação pela justiça foi avaliada nas seguintes pes- Todos os resultados são, relativamente, consistentes
quisas realizadas nos Estados Unidos: entre os estudos e não parecem ser afetados por viés
de publicação ou variáveis perturbadoras.
Wagenaar et al., 2007;
Young & Likens, 2000; Lei antiacordo judicial: em alguns dos estados nor-
Whetten-Goldstein et al., 2000. te-americanos foram introduzidas leis que proíbem
Tabela 8.6.2: Impacto das leis de recolhimento da carteira de habilitação por medida
administrativa e pela justiça nos acidentes. Variação porcentual no número de acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade
do acidente Melhor Intervalo de
Tipos de acidentes afetados
estimativa confiança
Recolhimento da carteira de habilitação por medida administrativa
Acidentes fatais Todos os acidentes -4 (-5; -3)
Acidentes fatais Acidentes envolvendo álcool e direção -8 (-11; -5)
Acidentes envolvendo álcool e direção
Acidentes fatais -5 (-7; -3)
(com o uso da variável proxy)
Recolhimento da carteira de habilitação no tribunal
Acidentes fatais Todos os acidentes -2 (-7; +4)
Acidentes fatais Acidentes envolvendo álcool e direção -4 (-8; +0)
Parte II: 8. Controle e sanções 863
acordos entre os promotores e os acusados visando Na maioria dos estudos, controlou-se o número de
punições mais brandas (anti-pleabargaining). O im- acidentes com condutores que não estavam direta-
pacto nos acidentes foi estudado por Evans et al., mente afetados pelas alterações relacionadas à car-
(1991). Não foi encontrada nenhuma relação com teira de habilitação completa.
o número de acidentes fatais envolvendo álcool e
direção (+/- 0%; intervalo de confiança de 95% [-5; Lei contra a venda de bebida alcoólica (dram shop):
7]). Uma visão geral da reincidência nos estados que a lei contra a venda de bebida alcoólica (dram shop)
introduziram essa legislação (Surla & Koons, 1988) torna possível que pessoas físicas processem estabe-
sugere que a lei reduz o número de condutores con- lecimentos licenciados por servirem bebidas alcoó-
denados várias vezes por condução sob o efeito do licas a pessoas visivelmente alcoolizadas ou menores
álcool. Outros estudos de avaliação das leis antia- de idade que posteriormente poderiam ferir outras
cordo estudaram a introdução simultânea de novas pessoas. O impacto das leis contra a venda de bebi-
leis e, portanto, não foi possível avaliar o impacto da alcoólica (dram shop) nos acidentes foi investi-
das respectivas leis separadamente. gado nestes estudos realizados nos Estados Unidos:
reduzir os acidentes de trânsito que envolvem álcool cas”) do que em áreas sem tal proibição (“áreas mo-
e direção. A seguir, estão resumidos os estudos que lhadas”), e alguns estudos verificaram mudanças pe-
pesquisaram a relação dos acidentes viários com as quenas ou inconsistentes no número de acidentes.
diferentes leis que visam reduzir a disponibilidade
de álcool. Os resultados podem ser resumidos de modo que
haja muitas vezes mais acidentes em áreas secas, algo
Os resultados podem ser resumidos, o que faz com que pode ser devido a vários fatores, mas a proi-
que as tentativas para reduzir a disponibilidade de bição local sobre a venda de álcool provavelmente
álcool (proibição, redução do número de bares/ não está entre as razões. Em primeiro lugar, áreas
lojas, preços elevados) não pareçam ser eficazes secas têm mais acidentes porque os condutores es-
na redução de acidentes, apesar de vários estudos tão dirigindo mais para comprar o álcool. Em se-
terem verificado que um maior consumo de álcool gundo lugar, existem diferenças entre as áreas secas
(em uma área geográfica) está relacionado com vá- e molhadas que estão relacionadas com acidentes
rios acidentes relatados envolvendo álcool e direção envolvendo álcool e direção. Entre outros, as áreas
(Gruenewald & Ponicki, 1995; Kaplan & Prato, secas têm maiores porcentuais de zonas rurais, lon-
2007; Voas et al., 2003). gas distâncias e maiores porcentuais de condutores
detidos por estarem sob a influência de álcool, com
Proibição total da produção e venda de álcool: a problemas de alcoolismo e antecedentes criminais.
proibição foi introduzida em todos os estados dos Em terceiro lugar, a proibição local do álcool foi in-
EUA em 1920. Em alguns estados, uma proibição troduzida em áreas com acidentes em maior número
total da produção e venda de álcool já tinha sido e maior frequência (ligados ao álcool) do que em
introduzida em 1851. A proibição foi revogada em outras áreas. Quando houve controle do número
1933, quando então ela já ficado altamente enfra- de acidentes relacionados com o álcool antes da in-
quecida em muitos estados. Entre os motivos para trodução de proibição local, verificou-se que houve
revogar a proibição, estava o desejo de legalizar os menos acidentes relacionados com o álcool em áreas
ganhos com a venda de álcool. Sob a proibição, nem secas (Brown et al., 1996; Baughman et al., 2001).
a produção nem a venda e nem o consumo de álcool
cessaram, mas o consumo de álcool, a cirrose hepá- Lojas e locais licenciados: a relação entre a densi-
tica e o número de condutores presos com álcool no dade de distribuidores ou locais licenciados para a
sangue tinham diminuído, em especial no início da venda de álcool e os acidentes envolvendo álcool e
vigência da Lei Seca (Prohibition) e aumentou acen- direção foram pesquisados por:
tuadamente em seguida (Dills et al., 2005).
Colón &Conter, 1983;
Proibições locais da venda de álcool: a venda de Giacopassi & Russell, 1995;
álcool ainda é ilegal em alguns municípios e regiões Gruenewald & Ponicki, 1995;
dos estados norte-americanos. O impacto nos aci- Gemeu & Brown, 1995;
dentes foi estudado por: Stevenson et al., 1998;
Whetten-Goldstein et al., 2000;
Colón, 1983; McCarthy, 2003;
Colón, 1991; Meliker et al., 2004; e
Joksch, 1991; Treno et al., 2007.
Giacopassi & Winn, 1995;
Brown et al., 1996; As pesquisas são muito heterogêneas para que se
Ruhm, 1996; possa calcular o impacto combinado. Os resultados
Young & Likens, 2000; também são divergentes. Algumas pesquisas mos-
Baughman et al., 2001; traram que há mais acidentes nas áreas com mais
Schulte Gary et al., 2003; e estabelecimentos licenciados. Outras pesquisas, ao
Webster et al., 2008. contrário, não verificaram nenhuma relação entre a
densidade de lojas e locais licenciados e o número
Os estudos são muito heterogêneos para que se pos- de acidentes. Uma possível explicação para o fato
sa calcular o impacto combinado. Os resultados pa- de que algumas pesquisas encontraram mais aciden-
recem, num primeiro olhar, inesperados. A maioria tes na área com muitas lojas e locais licenciados é
dos estudos mostrou que há mais acidentes em áreas que essas áreas são densamente habitadas (Meliker,
com proibição local da venda de álcool (“áreas se- 2004). Uma possível explicação para que os resul-
Parte II: 8. Controle e sanções 865
tados sejam inconsistentes é que uma área pouco outras pesquisas não verificaram nenhuma ligação
habitada pode resultar em menor acesso ao álcool entre o preço da cerveja ou outra bebida alcoólica e
(preços mais elevados, distâncias mais longas), algo o número de acidentes fatais, independente de os aci-
que pode reduzir os acidentes relacionados com dentes terem ou não o envolvimento de álcool. Um
o álcool e viagens mais confortáveis para comprar estudo da Irlanda sugere que o consumo de álcool
álcool, o que pode causar um aumento tanto no está associado com o número de acidentes fatais, mas
número total de acidentes quanto no número de que a renda (indicadores econômicos e desemprego)
acidentes relacionados ao álcool (McCarthy, 2003). tem um impacto maior no consumo de álcool que os
preços do álcool (Walsh, 1987).
Preço das bebidas alcoólicas: a relação entre os pre-
ços das bebidas alcoólicas e os acidentes foi estuda- Leis sobre o consumo de álcool no veículo: nos
da por: EUA há, em muitos estados, leis que regulamen-
tam o consumo de álcool dentro do veículo. Nos
Saffer & Grossman, 1987; estados com a lei chamada “open container” (ou
Walsh, 1987; “recipiente aberto”) é ilegal ter recipientes abertos
Saffer & Chaloupka, 1989; de bebidas alcoólicas no veículo. Há também leis
Evans et al., 1991; que tornam ilegal que todos os passageiros bebam
Sloan et al., 1994; bebidas alcoólicas no veículo (leis anticonsumo).
Gruenewald & Ponicki, 1995; O impacto das leis contra recipientes abertos nos
Ruhm, 1996; acidentes foi pesquisado por Evans et al. (1991), Ei-
Dee, 1999; senberg (2001) e Whetten-Goldstein et al. (2000).
Whetten-Goldstein et al., 2000; As leis contra o consumo de álcool no veículo foram
Young & Likens, 2000; estudadas por Whetten-Goldstein et al. (2000). Os
Sen, 2001; resultados estão resumidos na tabela 8.6.3.
McCarthy, 2003;
Voas et al., 2003; e Leis sobre testes aleatórios de alcoolemia: as leis que
Kaplan & Prato, 2007. permitem que a polícia faça testes da alcoolemia de
condutores sem que haja uma suspeita concreta de
Não é possível calcular um efeito global, uma vez que condução sob o efeito do álcool foram examinadas
todos os estudos utilizaram diferentes indicadores nos seguintes estudos, todos dos Estados Unidos:
para os preços do álcool. Os resultados não são con-
sistentes e sugerem que os preços das bebidas alcoó- Evans et al., 1991;
licas não têm nenhum impacto direto no número de Eisenberg, 2001;
acidentes. Alguns estudos descobriram que os preços Ruhm, 1996;
mais elevados do álcool estavam ligados a menos mor- Whetten-Goldstein et al., 2000; e
tes em acidentes com e sem envolvimento de álcool e Saffer & Chaloupka, 1989.
direção. A relação com acidentes que não envolveram
álcool e direção, no entanto, indica que pode haver O impacto combinado do número de acidentes fa-
outros fatores que não os preços do álcool que teriam tais é uma redução de 1%, que não é estatisticamente
contribuído para os resultados (Dee, 1999). Várias confiável (intervalo de confiança de 95% [-4, +2]).
Tabela 8.6.3: Impacto das leis sobre o consumo de álcool dentro do veículo nos acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes.
Variação porcentual no número de acidentes
Gravidade
do acidente Melhor Intervalo de
Tipos de acidentes afetados
estimativa confiança
Lei open container
Acidentes fatais Acidentes envolvendo álcool e direção -9 (-13; -5)
Acidentes fatais Todos os acidentes -4 (-9; +0)
Lei anticonsumo
Acidentes fatais Acidentes envolvendo álcool e direção -3 (-11; +5)
Acidentes fatais Todos os acidentes -6 (-15; +3)
866 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Não existem diferenças significativas entre os aciden- vezes não são leis novas, mas sim várias regulamen-
tes envolvendo álcool e os outros acidentes. O impac- tações. Nesses casos, não é possível distinguir entre
to é possivelmente um pouco menos favorável para os impactos das diferentes partes da lei ou das leis.
os condutores jovens (+ 2%; intervalo de confiança Broughton e Stark (1986) examinaram o impacto de
de 95% [-6; 10]) que para os condutores como um uma nova lei sobre álcool e direção em 1983 na Grã
todo (-2%; intervalo de confiança de 95% [-4, 1]). -Bretanha. Com as novas leis, tornou-se possível reali-
zar testes aleatórios do bafômetro, as penalidades por
Grupos de interesse privado: a introdução de no- conduzir alcoolizado foram aumentadas e foi introdu-
vas leis geralmente vem associada a campanhas de zido o conceito de high-risk offender (infrator de alto
informação e à cobertura da mídia. A cobertura da risco). Epperlein (1987) pesquisou o impacto de um
mídia e a introdução de novas leis podem estar re- novo limite legal da taxa de alcoolemia per se, uma lei
lacionadas à atividade de vários grupos de interesse, contra acordo judicial, penas mínimas obrigatórias e
como o Mothers Against Drunk Driving (MADD, ou mais rigorosas e aumento da fiscalização da polícia no
“mães contra dirigir embriagado”) nos EUA. Rogers Arizona, EUA. Preusser et al. (1988) estudaram o im-
e Schoen (1994) estimaram que o MADD ajudou a pacto de penalidades mais rigorosas, do recolhimento
reduzir o número de acidentes envolvendo álcool e da carteira de habilitação para os condutores autua-
direção em cerca de 9% a 11% após a introdução de dos por embriaguez pela primeira vez e de uma lei
novas leis sobre alcoolemia (limite da taxa de alcoole- contra acordo judicial em Wisconsin, EUA. Voas et al.
mia per se, penalidades mais severas, procedimentos (1998) estudaram o impacto de novas leis nos aciden-
administrativos simplificados).Estima-se que o im- tes fatais com condutores jovens. As regulamentações
pacto das novas leis (com o controle de certo número incluem a simplificação dos procedimentos judiciais
de outros fatores) seja uma redução no número de e criminalização reduzida, testes de alcoolemia alea-
acidentes que envolveram álcool e direção de cerca tórios e um aumento nos pontos de fiscalização. Os
de 2% a 8%. Eisenberg (2000, 2001) também desco- impactos combinados e os impactos em determinados
briu que a atividade do MADD está relacionada com tipos de acidentes são apresentados na tabela 8.6.4.
a redução do número de acidentes e mortes de con- Observaram-se impactos maiores nos acidentes mais
dutores tanto com e sem o envolvimento de álcool. graves, maiores impactos nos acidentes ocorridos em
Nesses estudos muitos outros fatores relacionados à áreas rurais do que em áreas urbanas (com base em
condução sob o efeito do álcool, acidentes e aciden- Broughton et al., 1986) e maiores impactos nos aci-
tes envolvendo álcool e direção foram controlados. dentes à noite do que nos acidentes ocorridos durante
o dia (com base na Epperlein, 1987).
Não foi encontrado nenhum estudo sobre como
os grupos interessados na venda de álcool afetam a Em Taiwan foram observadas reduções de mais de
legislação ou os acidentes. Em uma revisão de lite- 50% no número de condutores mortos depois que
ratura, Nelson (2001) não encontrou nenhuma as- as novas leis foram introduzidas, em 1999, com taxa
sociação entre a publicidade de álcool e o consumo legal de alcoolemia reduzida (0,25g/l em vez de
e nenhum impacto da proibição da publicidade de 2,5g/l), multas elevadas, prisão e recolhimento da
álcool no consumo do mesmo. carteira de habilitação de condutores flagrados pela
primeira vez e grande cobertura da mídia (Chang e
Introdução simultânea de várias leis: quando novas Yeh, 2004). As leis foram introduzidas em resposta
leis ou regulamentações são introduzidas, muitas ao consumo de álcool assim como à condução sob
Tabela 8.6.4: Impacto da introdução de várias novas leis para condução sob o efeito do
álcool nos acidentes. Variação porcentual no número de acidentes.
o efeito do álcool que tinham aumentado considera- condutores jovens foram avaliados em uma análise
velmente depois de 1996, ano em que a publicidade de custo-benefício norte-americana (Miller, Lestina
legal do álcool e os preços das bebidas alcoólicas e Spicer, 1997). A análise aplicou-se a uma possível
diminuíram devido à redução nos impostos. Isso introdução de um limite zero para condutores com
levou a um forte aumento no número de acidentes menos de 21 anos (16 anos é a idade mais comum
envolvendo álcool e direção. para se tirar a carteira de habilitação nos EUA). O
benefício foi estimado em torno de USD 0,042 de
custos de acidentes reduzidos por quilômetro per-
Impacto na mobilidade corrido para os condutores com idade entre 16 e 21
anos. Os custos foram estimados em torno de USD
Não há evidência de qualquer impacto geral de 0,0038 por quilômetro percorrido pelos mesmos
algumas medidas na mobilidade. As leis que limi- condutores. Os custos consistiram na perda de be-
tam a disponibilidade de álcool mostraram levar ao nefícios pelo fato de a condução, previamente legal,
aumento do tráfego e a trajetos mais longos para ir ter-se tornado ilegal e pelos custos extras com as pe-
para as lojas e locais licenciados para a venda de ál- nalidades (recolhimento da carteira de habilitação e
cool e para voltar deles. eventuais procedimentos jurídicos). Calcula-se que
o benefício seja em torno de 11 vezes maior que os
custos. A mesma pesquisa mostrou que os custos so-
Impacto no meio ambiente cioeconômicos esperados de acidentes por conta de
dirigir sob o efeito do álcool com nível de alcoole-
Não há nenhum impacto direto de algumas medi- mia acima de 0,8g/l foram maiores que os benefícios
das nas condições ambientais. As leis que reduzem dos condutores nessas viagens.
a disponibilidade de álcool (proibição local, densi-
dade dos locais de venda/lojas, impostos) podem Não foram feitas análises de custo-benefício para
ter consequências na saúde e na sociedade positivas outras leis que regulam a condução sob o efeito
ou negativas se levarem à redução do consumo de do álcool. Faltam informações adequadas sobre os
álcool ou à atividade criminosa para a produção ou custos da introdução das leis e seu impacto no nú-
obtenção de álcool. mero de acidentes. Leis raramente são introduzidas
como uma medida única, e o impacto depende em
grande parte do grau em que a introdução das leis
Custos é complementada com, por exemplo, fiscalização
policial. Além disso, muitas das leis têm várias fina-
Os custos diretos relacionados com a regulamenta- lidades além da redução dos acidentes de trânsito,
ção de álcool e direção incluem custos de desenvol- e as análises de custo-benefício que não levam em
vimento, projeto e administração das leis, além dos conta, entre outros, os efeitos sociais e de saúde são,
custos relacionados ao cumprimento da legislação, portanto, incompletas.
como, por exemplo, a fiscalização policial. Algu-
mas leis podem afetar os custos administrativos dos
procedimentos judiciais. As leis referentes à medida Responsabilidade e procedimentos formais
administrativa de recolhimento da carteira de habi-
litação reduzem os custos dos processos judiciais; Iniciativa para a medida
outras leis podem levar a um aumento dos custos,
como, por exemplo, as leis que aumentam a possibi- Em princípio, todos podem tomar a iniciativa para
lidade de processar estabelecimentos ou indivíduos. as medidas aqui discutidas, mas a iniciativa prova-
As leis que regem a disponibilidade de álcool podem velmente terá um impacto maior se for tomada por
ter uma série de consequências econômicas, entre organizações como a Trygg Trafikk, Motorførernes
outras, por afetar os preços das bebidas alcoólicas Avholdsforbund ou outros grupos de interesse.
e as receitas de impostos sobre a venda de álcool.
aleatório, isto é, sem que haja uma desconfiança es- Voas, Rhodenizer & Lynn, 1985 (EUA);
pecífica de condução sob o efeito do álcool (Vaa, Frank, 1986 (Austrália);
1993). Entretanto, o número total de ocorrências de Åberg, Engdahl & Nilsson, 1986 (Suécia);
condução sob efeito do álcool que a polícia desco- Derby & Hurst, 1987 (Nova Zelândia);
bre em controles de tráfego, que não são controles Barnes, 1988 (Austrália);
específicos de alcoolemia (em controles de velocida- Homel, 1988 (Austrália);
de, por exemplo), é três vezes o número de ocorrên- King, 1988 (Austrália);
cias de condutores que são descobertos em contro- Evans, Nevile & Graham, 1990 (EUA);
les da alcoolemia (Hagen, 1992; Hagen, 1994). Glad Smith, Maisey & McLaughlin, 1990 (Austrália);
& Vaas (1992) avaliaram que apenas se detecta um Cameron, Cavallo & Sullivan, 1992 (Austrália);
em cerca de 600.000 condutores. Wells, Preusser & Williams, 1992 (EUA);
Bailey, 1995 (Nova Zelândia);
A polícia pode utilizar exames de ar alveolar expira- Jones et al., 1995 (EUA);
do ao invés de amostra sanguínea desde 1988. Uma Stuster & Blowers, 1995 (USA);
concentração em 0,25 mg de álcool por litro de ar Törnros, 1995 (Suécia);
exalado é equivalente a 0,5 g de álcool por litro de Mara, Davies & Frith, 1996 (Nova Zelândia);
sangue. Porém, utilizar resultados de testes de ar al- Mercer, Cooper & Kristiansen, 1996 (Canadá);
veolar expirado em tribunais não era uma prática Cameron et al., 1997 (Austrália);
comum antes de 1995 (Bryhni, 2007). Henstridge, Homel & Mackay, 1997 (Austrália);
Holder, Voas & Gruenwald, 1997 (EUA);
Lacey, Jones & Fell, 1997 (EUA);
Impacto sobre os acidentes Ryan, Hendrie & Allotey, 1997 (Austrália);
Diamantopoulou & Cameron, 1998 (Austrália);
Foram encontrados 40 estudos sobre o impacto dos Newstead, Cameron & Narayan, 1998 (Austrália);
controles da alcoolemia nos acidentes: Lacey & Jones, 2000 (EUA);
Agent, Green & Langley, 2002 (USA);
Cameron, Strang & Vulcan, 1981 (Austrália); Mathijssen & de Craen, 2004 (Países Baixos);
Cameron & Strang, 1982 (Austrália); Miller, Blewden & Zhang, 2004 (Nova Zelândia);
Ross, 1982 (Grã-Bretanha); Fell, Langston & Tippetts, 2005 (EUA);
Kearns & Goldsmith, 1984 (Austrália); Tay, 2005 (Austrália).
McLean et al., 1984 (Austrália);
Thomson & Mavrolefterou, 1984 (Austrália); A tabela 8.7.1 mostra os resultados mais importantes.
Armour, 1985 (Austrália);
Hardes et al., 1985 (Austrália); Todos os resultados na tabela 8.7.1 fazem referência
L’Hoste, Duval & Lassarre, 1985 (França); ao impacto dos controles de alcoolemia no número
Mercer, 1985 (Canadá); total de acidentes nas áreas em que os controles da
Tabela 8.7.1: Impacto dos controles da alcoolemia nos acidentes. Variação porcentual
do número de acidentes.
alcoolemia foram realizados. Não foram separados • Resume-se, a seguir, como vários outros fatores
os diferentes níveis de gravidade ou tipos de aciden- influenciam o impacto dos controles da alcoole-
te. Alguns estudos pesquisaram o impacto dos con- mia:
troles de alcoolemia com os chamados checkpoints, • o impacto é maior nos primeiros 6 meses após a
como uma nova forma de controle; outros pesqui- realização dos controles da alcoolemia ou após o
saram um aumento da abrangência de controle; no aumento da intensidade do controle;
entanto, o impacto não é diferente entre estes dois • o impacto é provavelmente maior quando os tes-
grupos. tes são realizados em todos os condutores parados
nos postos de controle do que apenas nos condu-
A tabela 8.7.1 mostra que, em grande escala, os tores dos quais há certa desconfiança de que este-
resultados são dependentes das características me- jam sob o efeito do álcool. Não é possível investi-
todológicas das pesquisas. Em todos os resultados, gar se o impacto é diferente com relação à parada
vistos uniformemente, encontrou-se uma redução obrigatória de todos os condutores, à parada dos
do número de acidentes em 17%. Com o controle condutores de acordo com um princípio aleatório
do viés de publicação, houve uma redução de 14%. ou à parada dos condutores quando se desconfia
Foram encontrados menos impactos em estudos que estejam sob o efeito do álcool;
com grupo de controle do que em estudos sem o • o impacto não parece ser diferente para diferentes
grupo de controle. níveis de gravidade de acidentes. A maioria dos
estudos investigou os impactos nos acidentes com
Foram encontrados mais impactos significativos na feridos ou acidentes com vítimas fatais. Apenas
Austrália do que em outros países. Os estudos da uma pequena porcentagem dos resultados fez re-
Austrália que utilizaram um grupo de controle des- ferência aos acidentes com nível de gravidade não
cobriram uma redução no número de acidentes de especificado;
13%. Este resultado não parece ter sido influencia- • o impacto também não parece ser diferente com
do pelo viés de publicação. Uma redução de 13% relação à existência ou não do envolvimento com
pode ser avaliada como o limite superior do impac- álcool nos condutores envolvidos nos acidentes.
to que pode ser esperado pelos controles de alcoole- Entretanto, isso talvez se deva ao fato de não ha-
mia, uma vez que o impacto na Austrália é maior do ver informações sobre o efeito do álcool na maio-
que em outros países e que este resultado se baseia ria dos estudos. Por conta disso, muitos estudos
nos estudos de melhor metodologia. pesquisaram o impacto nos acidentes em que se
julga que haja a presença do álcool, como, por
Há mais diferenças entre a Austrália e outros países exemplo, nos acidentes de sexta-feira ou sábado
que podem ter contribuído para os resultados posi- à noite. Mesmo que esses acidentes tenham a pre-
tivos dos controles da alcoolemia australianos: sença de álcool em níveis superiores do que em
outros acidentes, há uma mistura de acidentes
• na Austrália a direção sob o efeito do álcool era “com” e “sem” álcool, e o resultado poderia ser
mais difundida do que em outros países, e o ál- visto de outra maneira se houvesse o conhecimen-
cool estava envolvido em uma parcela maior dos to de que o condutor de fato estava ou não sob o
acidentes fatais do que em outros países; efeito do álcool.
• o número de controles da alcoolemia por con-
dutor habilitado é alto na Austrália. A taxa nos A frequência da realização de campanhas simulta-
estados de Victoria e Nova Gales do Sul era de neamente com controles da alcoolemia não parece
51% em 1994 e 37% em 1998. Na Suécia, a taxa ter alguma relação com o impacto dos controles ci-
fica em torno de 17% (e é quase a maior taxa da tados.
Europa, superada apenas pela Finlândia, mas a
Finlândia não está representada nos estudos de
controles da alcoolemia); Impacto na mobilidade
• os controles da alcoolemia na Austrália são
sempre executados nos chamados booze buses Não se considera que as medidas apresentadas neste
(“ônibus do álcool”). Os postos de controle são capítulo tenham influências gerais na mobilidade. A
bem visíveis, assim como é bem visível que se redução da velocidade ocorrerá para todos os con-
trata de fiscalização de condução sob o efeito dutores a serem testados em controles aleatórios de
do álcool. alcoolemia.
Parte II: 8. Controle e sanções 871
Impacto no meio ambiente NOK 340 milhões, das quais NOK 312 milhões cor-
respondem à redução dos custos com acidentes e
Não se considera que as medidas apresentadas NOK 2 milhões, à redução dos custos com o meio
neste capítulo tenham influências gerais no meio ambiente. A triplicação do número de controles
ambiente. custa cerca de NOK 266 milhões por ano. O be-
nefício é, consequentemente, maior que os custos,
sendo que a fração de custo-benefício é de 1,2.
Custos
Com base nos números de 1992 (Hagen, 1994), su- Responsabilidade e procedimentos formais
plementados pelos números de 1995 (Elvik, 1997),
podem ser calculados os custos socioeconômicos de Iniciativa para a medida
hoje nos controles e multas por conta da condução
sob o efeito do álcool (valores de 1995): O Ministério da Justiça é responsável pela atividade
de controle realizada pela polícia, tanto no que se
• controles da alcoolemia: NOK 40 milhões; diz a respeito à abrangência quanto à sua realiza-
• multas e penas de reclusão por condução sob o ção. Ele pode tomar a iniciativa de eventualmente
efeito do álcool: NOK 93 milhões; aumentar a atividade do controle.
• recolhimento da carteira de habilitação/custos
administrativos: NOK 17 milhões;
• novo exame de direção para obter nova carteira Requisitos e procedimentos formais
de habilitação: NOK 14 milhões;
• soma dos custos socioeconômicos: NOK 164 mi- Regras mais detalhadas sobre o controle policial são
lhões. fornecidas nas instruções para patrulhamento da
polícia móvel e notas do Ministério da Justiça para
No cálculo dos custos públicos, há um fator de os distritos policiais.
custo fiscal socioeconômico de 0,2 acrescentado
ao custo orçamentário. Os custos para novo exame As exigências técnicas para os equipamentos uti-
de direção são do candidato e incluem uma taxa lizados pelo controle policial e as regras para sua
para a emissão da carteira de habilitação que co- utilização são determinadas pelo Ministério da
brirá os custos da Agência Nacional de Adminis- Justiça. As bases legais para os controles policiais
tração de Vias Públicas da Noruega para o exame são encontradas no Código de Trânsito,§ 10, ca-
de direção e emissão da carteira. Por conta disso, pítulo 8.3.
não foram incluídos alguns custos adicionais para
esses exames de direção da Agência Nacional de
Administração de Vias Públicas da Noruega. É Responsabilidade pela execução da medida
previsto que todos que tiveram a carteira de habi-
litação recolhida se inscrevam para um novo exa- A gestão central de policiamento elabora anual-
me de direção para obter a carteira de volta. Além mente um planejamento geral para a atividade.
disso, é previsto que a taxa de reprovação nesses Isso determina como as patrulhas serão distribuí-
exames de direção seja igual à média para todos os das entre os 9 distritos de policiamento do país e,
respectivos exames. com isso, qual a capacidade de controle que ha-
verá em cada parte do país. Cada distrito de poli-
ciamento é administrado por um chefe de distrito,
Avaliações de custo-benefício que tem a responsabilidade pelo planejamento
prático da atividade de fiscalização. A polícia local
Foi realizada uma análise de custo-benefício para deve executar o controle de tráfego várias vezes ao
um aumento de controles da alcoolemia na Norue- ano. A frequência dos controles pela polícia local
ga com base nas seguintes pré-condições (Elvik, é determinada em Instruks for politiets trafikkon-
2006): uma triplicação do número de testes da taxa troll (Instruções para o Controle de Trânsito). O
de alcoolemia leva a uma redução no número de aci- policiamento móvel pode coordenar seus contro-
dentes com vítimas fatais de 3% e a uma redução les com os controles da polícia local. As despesas
no número de acidentes com feridos e com danos com os controles são cobertas pelo orçamento ge-
materiais de 1%. O benefício anual é calculado em ral do estado.
872 O Manual de Medidas de Segurança Viária
veículo de condutores condenados por dirigir sob o Recolhimento da carteira de habilitação: foram en-
efeito do álcool, como uma parte, por exemplo, de contrados três estudos que avaliaram o impacto es-
um programa de reabilitação em combinação com pecífico do recolhimento da carteira de habilitação,
uma liberdade condicional ou como alternativa ao ou seja, o impacto nos acidentes dos condutores que
recolhimento da carteira de habilitação ou do veí- tiveram a carteira de habilitação recolhida por diri-
culo. Outra possibilidade da utilização da trava an- gir sob o efeito do álcool (Hagen, 1978; Preusser
tiálcool é sua instalação em veículos de pessoas que et al., 1988; Siskind, 1996). Uma visão geral sobre
pertencem a um grupo de risco especial, como, por os resultados é fornecida pela tabela 8.8.1. Siskind
exemplo, táxis, ônibus ou veículos que se envolvem (1996) pesquisou o número de acidentes no perío-
com frequência em acidentes relacionados a álcool do em que os condutores tiveram suas carteiras de
(como motos de neve ou lanchas, por exemplo). habilitação recolhidas e comparou-o com o número
de acidentes após a devolução dessas carteiras para
os condutores. Isso explica que o impacto é maior
Impacto sobre os acidentes do que nas duas outras pesquisas, em que os condu-
tores não tiveram as carteiras de habilitação reco-
Na avaliação das medidas descritas neste capítulo, é lhidas em todo o período de prova. Siskind (1996)
necessário diferenciar entre impactos gerais e espe- comparou o impacto sobre os acidentes entre dife-
cíficos. Com relação aos impactos gerais, conside- rentes grupos de condutores. Os resultados mostra-
ra-se que o impacto sobre todos os condutores ou ram que o impacto foi maior entre condutores com
sobre os condutores em risco de serem afetados por uma ou duas condenações por dirigir sob o efeito
uma medida (como, por exemplo, condutores con- do álcool do que entre condutores com mais que
denados por dirigir sob o efeito do álcool que po- duas condenações anteriores por dirigir sob o efeito
dem ter o veículo retido se dirigirem mesmo com a do álcool. O impacto no número de condenações
carteira recolhida). Com relação aos impactos espe- por dirigir sob o efeito do álcool foi muito próximo
cíficos, considera-se o impacto da medida sobre os ao impacto sobre o número de acidentes. O número
condutores afetados por ela, ou seja, os condutores total de infrações de trânsito também diminuiu em
que tiveram a carteira de habilitação ou o veículo re- ordem de grandeza semelhante, mas sem nenhuma
colhidos ou os condutores em cujos veículos foram relação sistemática com o número de condenações
instaladas travas antiálcool (Nochajski & Stasiewicz, anteriores.
2006). Também é importante diferenciar o impacto
sobre os condutores que tiveram a carteira de ha- Diversos estudos mostraram que muitos condutores
bilitação ou o veículo retido ou em cujos veículos com carteira de habilitação recolhida continuaram
foram instaladas travas antiálcool e o impacto sobre a dirigir mesmo assim. A taxa avaliada varia entre
os condutores após a remoção das medidas. 32% (Williams et al., 1984) e 75% (Peck & Voas,
Tabela 8.8.1: Impacto do recolhimento da carteira de habilitação nos acidentes. Variação porcentual no número de
acidentes.
2002). Williams et al. (1984) mostraram que 61% do acesso ao veículo. Nem todos os veículos retidos,
de todos os condutores com carteira de habilitação quando liberados, são retirados pelo proprietário, e
recolhida que foram condenados por dirigir sob o os condutores que tiveram o veículo retido podem
efeito do álcool pela terceira vez haviam sido autua- ter dificuldades para conseguir veículos emprestados.
dos com infrações de trânsito no período em que sua
carteira de habilitação estava recolhida. De acordo Trava antiálcool: muitos estudos descobriram que
com um estudo americano (Parker, 2003), os condu- a trava antiálcool reduz a condução sob o efeito do
tores com carteira de habilitação recolhida estão en- álcool e novas condenações por dirigir sob o efei-
volvidos em um de cada cinco acidentes. No que se to do álcool no período em que ela é instalada no
refere ao impacto sobre as reincidências, mostrou-se veículo de condutores condenados (Beck et al.,
que o recolhimento da carteira de habilitação é mais 1999; Bjerre, 2005; Bjerre & Laurell, 2000; Bjerre &
efetivo quando ela é recolhida por no mínimo um Thorson, 2008; Coben & Larkin, 1999; Nochajski
ano e meio (Nochajski & Stasiewicz, 2006). & Stasiewicz , 2006; Voas et al., 1999). Em muitos
estudos, a participação em programas de instalação
Um estudo dinamarquês (Bernhoft og Behrensdor- da trava antiálcool é voluntária, sempre em troca de
ff, 2000) mostrou que cerca da metade de todos os redução de multas. Mostrou-se que quase todos os
condutores envolvidos em acidentes com feridos condutores escolhem a trava para terem suas multas
e que estavam com índice de alcoolemia acima do reduzidas (DeYoung, 2002; Voas & Marques, 2004;
limite permitido não tinha carteira de habilitação Voas et al., 2002). Há, por conta disso, prováveis
válida. Entre esses condutores, julga-se que o reco- grandes diferenças entre os condutores que parti-
lhimento da carteira de habilitação não tem nenhum cipam e os que não participam dos programas de
impacto sobre a condução sob o efeito do álcool. trava antiálcool. Além disso, a trava está, por regra,
interligada às medidas de tratamento e aos requi-
O impacto geral do recolhimento da carteira de ha- sitos para a abstinência do álcool. Por conta disso,
bilitação, isto é, o impacto das leis sobre o recolhi- provavelmente há outros fatores, além de apenas a
mento da carteira de habilitação nos acidentes com trava, que contribuem para as diferenças entre con-
outros condutores está descrito no capítulo 8.6. dutores com e sem a trava antiálcool.
Retenção do veículo: foram encontrados muitos es- Não foi encontrada uma redução de reincidências
tudos sobre a retenção do veículo e medidas simila- em todos os estudos, e alguns dos estudos dos EUA
res. Uma vez que há grandes diferenças entre essas descobriram que a trava antiálcool é menos efetiva
pesquisas de acordo com o tipo de medida, período em reduzir as reincidências do que o recolhimento
de análise, condutores, etc., não foi realizada uma da carteira de habilitação (DeYoung, 2002). Após a
análise em conjunto. Uma visão geral dos resultados remoção da trava dos veículos de condutores con-
é fornecida pela tabela 8.8.2. denados por dirigir sob o efeito do álcool, não fo-
ram encontradas, na maioria dos estudos, diferenças
Todos os estudos são relativamente bem controla- no número de novas condenações por envolvimento
dos e demonstram que a retenção do veículo e me- com álcool entre os condutores que por um perío-
didas parecidas reduzem a condução sob o efeito do do tiveram a trava antiálcool e os outros condutores
álcool, outras infrações e os acidentes tanto no pe- (Baxet al., 2001; Beck et al., 1999; DeYoung, 2002;
ríodo em que o veículo ficou retido quanto depois. Nochajski & Stasiewicz, 2006; Voas et al., 1999).
Alguns estudos também verificaram um impacto
geral e intimidador, ou seja, os condutores que estão A trava antiálcool foi testada em veículos comerciais
em risco de terem seus veículos retidos (porque a na Suécia (Bjerre & Kostela, 2008; Bjerre, 2005) e
carteira de habilitação foi recolhida, por exemplo) em ônibus na Noruega (Assum & Hagman, 2006).
cometem poucas infrações e se envolvem em poucos Nestes estudos, a trava foi instalada em todos os veí-
acidentes. Isso indica que a retenção do veículo tem culos das empresas que participaram da pesquisa.
um impacto mais forte e mais duradouro do que A taxa de todas as ignições bloqueadas pela trava
apenas o recolhimento da carteira de habilitação. foi de 0,34% no primeiro experimento na Suécia
(Bjerre, 2005; veículo pesado e táxi, limite de 0,2g/l)
O impacto pode ser devido à intimidação, ou seja, e 0,19% na segunda tentativa na Suécia (Bjerre &
os condutores evitam cometer infrações ou ter pro- Kostela, 2008; veículo pesado, limite 0,2g/l). Em um
blemas com pessoas de quem emprestam os veículos. estudo de trava antiálcool para condutores conde-
Os impactos também podem se dever à diminuição nados por dirigir sob o efeito do álcool no Cana-
Parte II: 8. Controle e sanções 875
Tabela 8.8.2: Impacto nos acidentes e infrações de trânsito da retenção do veículo. Variação porcentual no número de
acidentes.
Impacto
Estudo Condutores Grupo controle Acidentes/infração Melhor Intervalo de
estimativa confiança
Retenção do veículo (lei): impacto geral
Todos os condutores em
Todos os condutores em estados
estados com a medida
Sen (2001) sem a medida administrativa de Todos os acidentes -19% (-18; +54)
administrativa de retenção
retenção de veículo
de veículo
Retenção do veículo de condutores sem carteira de habilitação válida: impacto específico
Condutores com carteira
DeYoung Condutores1 ano após
de habilitação recolhida Todos os acidentes -29% (-41; -15)
(1999, 2000) a retenção do veículo
(antes da introdução da lei)
Condutores com carteira
Condutores com carteira de Nenhuma diferença
de habilitação recolhida Todos os acidentes
habilitação válida significativa
após a introdução da lei
Retenção de veículo dos condutores condenados por dirigir sob o efeito do álcool: impacto específico
Condutores condenados por
Condutores durante Dirigir sob o efeito do
Voas et al. dirigir sob o efeito do álcool que
o período de retenção álcool e outras infrações cerca de -50% - 60%
(1997; 2000) não tiveram os veículos retidos
do veículo de trânsito
(erro administrativo)
Condutores condenados por
Dirigir sob o efeito do
Condutores 1 ano após dirigir sob o efeito do álcool que
álcool e outras infrações cerca de -25% - 30%
a retenção do veículo não tiveram os veículos retidos
de trânsito
(erro administrativo)
Retenção de veículo dos condutores condenados por dirigir sob o efeito do álcool: impacto específico
Crosby Condutores com veículos
Infração de trânsito cerca de -50%
(1996) retidos
Etiquetas adesivas na placa dos veículos de condutores com carteira de habilitação apreendida: impacto específico
Voas, Condutores com carteira Condutores com carteira de
Tippetts & de habilitação recolhidas habilitação recolhidas antes Todos os acidentes -7 (-21; +10)
Lange (1997) sem etiqueta adesiva da introdução da lei
Condutores com carteira Condutores com carteira de
de habilitação recolhidas e habilitação recolhidas sem Todos os acidentes -13% (-17; -9)
etiqueta adesiva na placa etiqueta adesiva
Retenção da placa de veículos de condenados por conduzir sob o efeito do álcool: impacto específico
Rogers Condutores com placas Dirigir sob o efeito do
cerca de -50%
(1994) retidas, 2 anos álcool
dá, a taxa correspondente foi de 0,57% (Marques dentes em que o número de acidentes seja grande o
et al., 2001; limite0,4g/l). Uma vez que os condu- suficiente para que se possam fazer análises estatís-
tores sabiam que eles tinham de fazer um teste de ticas significativas.
alcoolemia para dar a partida no veículo, é provável
que isso não represente o número de vezes que um
condutor teria dado a partida no veículo se a trava Impacto na mobilidade
não tivesse sido instalada. Não é conhecido o quão
confiável é o teste de alcoolemia pela trava antiál- As medidas apresentadas neste capítulo influenciam
cool e qual a porcentagem de tentativas de ignição a mobilidade dos condutores que tiveram a carteira
que falharam devido a problemas técnicos ao invés de habilitação recolhida ou o veículo retido. Du-
do álcool. rante o recolhimento da carteira de habilitação é
possível, na Noruega, considerar em qual grau um
Não foram encontradas pesquisas sobre como a condutor depende de poder dirigir em determina-
trava antiálcool influenciou o envolvimento em aci- ção da pena. Quando o automóvel é retido, outras
876 O Manual de Medidas de Segurança Viária
pessoas também podem ser afetadas: membros da por conta de novos exames de direção e emissão de
família, por exemplo. A trava antiálcool impede que carteiras de habilitação quando se encerra o tempo
o condutor dirija sob o efeito do álcool e não afeta de recolhimento. Juntos, os custos totalizam NOK
outras pessoas que tenham a necessidade de utilizar 31 milhões. O benefício é significativamente maior
o veículo. que os custos (283/31 = 9,2).
álcool mantenham a carteira de habilitação. A trava utilizados em alguns países para aqueles que foram
também pode ser uma medida voluntária para asse- julgados várias vezes por dirigir sob o efeito do ál-
gurar a qualidade dos transportes, como, por exem- cool, muitas vezes em combinação com penalidades
plo, em empresas de transporte, como empresas de ou como uma alternativa para as mesmas. Algumas
transporte coletivo, táxis e transportadoras. características gerais do programa de tratamento
são descritas a seguir:
Responsabilidade pela execução da medida Foco nos problemas: o tratamento pode se concen-
trar em problemas de alcoolismo e ter uma aborda-
A polícia tem a responsabilidade pelo recolhimento gem terapêutica ou ter uma abordagem mais edu-
da carteira de habilitação ou pela retenção do veículo. cativa, com foco em comportamentos específicos.
Alguns programas podem não ter nenhum foco es-
pecífico ou moral. Os programas educacionais são
8.9 Tratamento para condutores os mais utilizados, enquanto o tratamento terapêu-
condenados por conduzir sob tico é efetuado principalmente junto aos condutores
o efeito do álcool com sérios problemas de alcoolismo. Uma desvan-
tagem das medidas terapêuticas é que a eficiência
Capítulo escrito por Alena Høye (TØI) em 2008 pode ser limitada quando a participação não é vo-
luntária (Ferguson et al., 1999).
os condutores. Muitas vezes, por exemplo, os con- contraram nenhum impacto significativo depois de
dutores com sérios antecedentes criminais são ex- um período de 4 anos de tratamento.
cluídos do tratamento. Os grupos de condutores
encaminhados para tratamento podem ser tanto Impacto da educação sobre a reincidência: Rider et
condutores com problemas menos graves, em que al. (2007) mostraram, em um estudo experimental,
há melhores oportunidades de alteração compor- que um programa com foco na condução veicular
tamental, quanto condutores com problemas mais foi mais efetivo em reduzir a reincidência entre os
graves, que representam um risco mais alto no trân- condutores condenados por embriaguez ao volante
sito por pessoa (“prevenção–paradoxo”), Woodall do que os programas com foco na bebida. O estudo
et al., 2004. levou em conta dois anos após o término do trata-
mento.
As medidas de tratamento ou reabilitação não es-
tão entre as penalidades por conduzir alcoolizado As medidas de formação geralmente não são eficazes
na Noruega e não levam a uma pena mais branda quando há dependência do álcool (McKnight, 1995).
nem fazem com que a carteira de habilitação fique
recolhida por menos tempo. Os programas em que os condutores condenados
devem ouvir as histórias de pessoas que foram fe-
ridas nos acidentes (Victim Impact Panel) foram
Impacto sobre os acidentes pesquisados em alguns estudos nos EUA e não
foi encontrado nenhum impacto na reincidência
Há um grande número de estudos de programas de (Wheeler et al., 2004).
tratamento para condutores condenados por con-
dução sob o efeito do álcool. Na maioria dos casos, Impactos do tratamento nos acidentes: em uma me-
no entanto, o tratamento não é a única medida e ta-análise de 105 estudos, Wells-Parker et al. (1995)
existem diferenças sistemáticas entre os condutores verificaram que as medidas de tratamento e educação
que recebem e os que não recebem o tratamento ci- levam a uma redução média de 7% a 9% tanto da
tado. Outro problema é que a maioria dos estudos condução sob o efeito do álcool quanto de acidentes
avaliou o impacto nos acidentes apenas durante o envolvendo álcool e condução. Há, entretanto, uma
período de tratamento. Mudanças de comporta- grande variação nos resultados, e o impacto combi-
mento durante o tratamento muitas vezes podem nado não é estatisticamente confiável. Fora isso, os
ser parcialmente explicadas pelo desejo de evitar maiores efeitos foram encontrados nos menores es-
penalidades ligadas à não-conformidade com as re- tudos, sugerindo que os resultados são afetados por
gras dos programas mencionados. viés de publicação. Estudos metodologicamente mais
fracos em média verificaram efeitos maiores em mé-
A maioria dos estudos examinou o impacto sobre dia, sugerindo que muitas vezes outros fatores além
a reincidência (novos processos de condução sob o do tratamento contribuíram para os resultados.
efeito do álcool). A reincidência, entretanto, depen-
de de coincidências, do comportamento do condu- Nochajski et al. (1993) mostraram que o tratamento
tor e do controle da polícia. Normalmente há muito é menos eficaz entre condutores alcoólatras ante-
poucos condutores que participam de programas riormente condenados por crime não relacionado
para que se possam tirar conclusões significativas ao trânsito do que entre os outros condutores.
sobre seu impacto nos acidentes.
Green et al. (1991) mostraram que os condutores
Impacto do tratamento sobre a reincidência: fo- que completaram o tratamento tiveram menos jul-
ram encontrados três estudos sobre o impacto dos gamentos por condução sob o efeito do álcool e aci-
programas de tratamento na reincidência, que fo- dentes do que os condutores que não terminaram o
ram relativamente bem controlados e que pesqui- tratamento, não importando que tipo de tratamento
saram o impacto por vários anos após o tratamento. tenham recebido. Não está claro se isto é um efeito
Duas pesquisas de Langworthy & Latessa (1993; do tratamento ou se a diferença se deve às caracte-
1996) sugerem que a reincidência é reduzida ime- rísticas dos condutores.
diatamente após o final do tratamento. No entanto,
não foi mostrado nenhum impacto do tratamento Impacto da educação nos acidentes: Bartl et al.
quando se considera um período em torno de 3,5 (2002), em uma revisão da literatura, encontraram
anos após o tratamento. Peck et al. (1994) não en- seis estudos sobre o efeito de cursos para conduto-
Parte II: 8. Controle e sanções 879
res sem problemas de alcoolismo condenados por Nochajski & Stasiewicz, 2006). DeYoung (1995;
condução sob o efeito do álcool. A reincidência di- 1999) mostrou que o tratamento combinado com
minuiu em cerca de 50% para períodos entre 1 e 6 o recolhimento da carteira de habilitação reduziu a
anos. Todos os estudos usaram grupos de controle reincidência, mas o tratamento sozinho, não. Estas
que, de acordo com Bartl et al., foram comparáveis descobertas se aplicam ao período de tratamento ou
com grupos experimentais, de modo que os resul- ao período em que a licença foi recolhida.
tados são em grande parte influenciados por outras
diferenças entre os condutores. Os cursos tiveram Os impactos do tratamento vs o recolhimento da
em comum o fato de terem sido realizados com não carteira de habilitação nos acidentes: três estudos
mais que 10 participantes ao longo de 3 a 8 semanas. investigaram o envolvimento em acidentes de con-
Os instrutores haviam sido treinados para discus- dutores que puderam escolher entre o recolhimento
sões com condutores problemáticos, e o foco dos da carteira de habilitação e o tratamento para con-
cursos foi autorreflexão, ao invés de educação. dutores. Os resultados mostram que os condutores
que escolheram o tratamento tiveram significativa-
Outros estudos de avaliação de medidas educacio- mente mais acidentes que não envolveram álcool do
nais não encontraram nenhuma redução de aciden- que os condutores que escolheram o recolhimento
tes ou reincidências. Conforme as avaliações de da carteira de habilitação (+ 27%; intervalo de con-
cursos para condutores condenados por condução fiança de 95% [20; 34]) e igual número de acidentes
imprudente relacionada ao álcool (alcohol-related envolvendo álcool (Preuss et al., 1976;. Hagen et al.,
reckless driving) na Califórnia (California Depart- 1979; Sadler et al., 1991). Os resultados aplicam-se
ment of Motor Vehicles, 2002, 2003, 2004, 2005, a um período de 4 anos após os condutores terem
2006, 2007, 2008), na maioria dos anos não houve sido condenados, e não houve controle de outras di-
diferenças no número de acidentes ao longo de um ferenças entre eles, exceto pela idade.
período de um ano após os condutores terem sido
condenados. O impacto combinado nos anos entre Um estudo de avaliação de um programa de pon-
2002 e 2008 foi uma redução do número de aciden- tuação da carteira de habilitação também mostrou
tes de 5%, que não é estatisticamente confiável (in- que os condutores com a carteira recolhida tiveram
tervalo de confiança de 95% [-13; 4]). significativamente menos acidentes que os condu-
tores que fizeram um curso e que teriam a carteira
Um estudo da formação para os jovens condutores recolhida se não o tivessem feito (Stephen, 2004).
(Lacey et al., 2003) não encontrou nenhum impac-
to nos acidentes. O programa destinava-se a jovens Impactos da prisão e do tratamento nos acidentes:
condutores em geral, ou seja, não era direcionado a Woodall et al. (2004) mostraram que o tratamento
condutores que haviam sido condenados por dirigi- em adição à prisão não tem nenhum impacto nos
rem alcoolizados. acidentes por um período entre 1 e 7 anos de pri-
são. Os condutores condenados a um mês de prisão,
Observou-se uma redução no número de julgamen- tratamento na prisão e um período de 6 meses de
tos de embriaguez na direção, mas não houve redu- acompanhamento foram comparados com os con-
ção no número de acidentes em um estudo que ava- dutores que foram sentenciados apenas com um
liou um programa que visa reduzir a disponibilidade mês de prisão. O impacto que se verificou no nú-
de álcool para adolescentes (Wagenaar et al., 2000). mero de acidentes foi uma redução não significativa
Os resultados aplicam-se ao número total de julga- de 6% (intervalo de confiança de 95% [-20; 9]). No
mentos e acidentes envolvendo jovens condutores entanto, verificou-se que os condutores com várias
em municípios onde o programa foi implementado. infrações de trânsito anteriores, que foram flagrados
com altas concentrações de álcool no sangue duran-
Impactos do tratamento e do recolhimento da car- te controle policial e que são mais jovens, tiveram
teira de habilitação na reincidência: diversos estu- significativamente mais acidentes (com ou sem en-
dos verificaram que o impacto do recolhimento das volvimento de álcool) no período posterior.
habilitações na reincidência é maior do que o im-
pacto do tratamento. Também se observou que as
medidas de tratamento têm um efeito maior sobre Impacto na mobilidade
a reincidência quando são combinadas com pena-
lidades do que quando não são acompanhadas das As medidas de tratamento e educação não têm ne-
mesmas (Watson, 1998; Wells-Parker et al., 1995; nhum efeito geral na mobilidade. Quando o trata-
880 O Manual de Medidas de Segurança Viária
infrações do trânsito, bem como sobre cursos e pa- de pontuação e do recolhimento da carteira de habi-
lestras. Quando um determinado número de pontos litação nos acidentes entre condutores afetados por
é acumulado na carteira, ela é recolhida. Em alguns esses esquemas.
esquemas de pontuação, os pontos podem ser redu-
zidos e o condutor participar de cursos especiais.
Impacto sobre os acidentes
O recolhimento da carteira de habilitação também
deve ocorrer como resultado de determinadas in- O sistema de pontuação norueguês, que foi intro-
frações no trânsito (particularmente devido à alta duzido em 2004, foi avaliado por Stene et al. (2008).
velocidade ou por dirigir sob o efeito do álcool), Não foi encontrado nenhum impacto no número
independente de qualquer esquema de pontuação. total de mortos ou severamente feridos na Norue-
ga, nem mesmo foram encontradas mudanças no
Um sistema de pontuação foi introduzido na Norue- nível geral de velocidade nas rodovias do país. Por
ga em 2004 e revisado em 2011. O sistema de pon- outro lado, foram encontradas algumas mudanças
tuação foi projetado de modo que exista uma relação de determinado comportamento na direção entre
entre os acidentes e as infrações incluídas no sistema os condutores com vários pontos na carteira. Ao
(Stene et al., 2008). As infrações que levam ao acú- atingir 6 pontos, uma carta de advertência é envia-
mulo de pontos são uma velocidade (10 km/h acima da ao infrator, e a licença é recolhida quando um
do limite, quando este for de 60 km/h ou menos, ou condutor atinge 8 pontos. Entre os condutores com
mais de 15 km/h acima do limite quando este for de poucos pontos ou nenhum ponto na carteira não se
70 km/h ou mais, avançar o sinal vermelho, ultrapas- verificou nenhuma mudança no comportamento. O
sagem em local proibido, violação das normas, ultra- número de condutores com muitos pontos e que,
passagem pela direita, pouca distância do veículo à segundo eles, mudaram de comportamento é muito
frente, dirigir em área restrita, dirigir motocicleta/ pequeno para provocar mudanças na velocidade ou
ciclomotor em condição ilegal, falta de sistema de nos acidentes do país.
retenção para passageiros menores de 15 anos e a fal-
ta do uso de equipamentos de proteção individual. Um estudo dos EUA (Li & Waller, 1976) pesqui-
A maior parte das infrações é registrada com três sou acidentes e infrações no trânsito, cometidos
pontos na carteira. Dirigir a uma velocidade abaixo por condutores classificados como infratores ha-
da permitida e deficiência/não-uso de equipamentos bituais ou contumazes. Uma vez que nem todos
de retenção para crianças são penalidades que geram os condutores com esse status foram formalmente
apenas dois pontos. Os condutores com carteira de informados a respeito, foi possível comparar os con-
habilitação provisória obtêm duas vezes mais pontos dutores que foram oficialmente classificados como
que os outros condutores e perdem sua habilitação infratores contumazes e os que não foram, embora
quando houver uma reincidência. Ao obter quatro tivessem as características. Não foram encontradas
pontos, o condutor recebe uma carta de advertência. diferenças entre os dois grupos, nem em termos de
Ao obter oito pontos ou mais num período de três infrações no trânsito nem de acidentes.
anos, o condutor tem a carteira de habilitação sus-
pensa por seis meses. Se o condutor é flagrado come- Não foram encontrados outros estudos que exami-
tendo uma infração, cabe às autoridades justificar a naram o impacto do sistema de pontuação como um
perda do direito (por dirigir embriagado, por exem- todo no número de acidentes. No entanto, foram
plo); os registros de pontos anteriores serão consi- encontrados alguns estudos que avaliaram os com-
derados na determinação dos direitos do condutor. ponentes individuais no sistema de pontuação e di-
versos estudos que avaliaram o impacto da perda de
Um questionamento que pode ser levantado é o carteira de habilitação em resposta a determinadas
quanto o sistema de pontuação consegue distinguir infrações de trânsito em acidentes.
entre os condutores que representam um “risco à
segurança” e os demais (Brown e Thiebaux, 1970; Cursos e cartas de advertência: os cursos para con-
Chipman, 1982; Smiley et al. 1989; Schade, 1992; dutores com (muitos) pontos foram avaliados por:
Chen et al. 1995). No exemplo encontrado por Chen
et al. (1995), observa-se que os acidentes anteriores Schuster, 1969 (EUA);
são um melhor indicativo para futuros acidentes do Helander, 1984 (EUA);
que as irregularidades do tráfego. Este capítulo, no Drummond e Torpey, 1985 (Victoria, Austrália);
entanto, refere-se somente ao impacto dos sistemas Utzelmann e Haas, 1985 (Alemanha);
882 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Kadell, 1987 (Califórnia, EUA); os cursos. Para as cartas de advertência, houve redu-
Bloch, 1997 (EUA); e ções de acidentes de 4%, que não são estatisticamen-
Stephen, 2004 (EUA) cursos em vez de suspensão te confiáveis. Para os cursos individuais e em grupo,
da licença. foram observadas reduções de, respectivamente, 5%
e 7%, ambas confiáveis estatisticamente.
Os impactos das cartas de advertência para condu-
tores com (muitos) pontos nos acidentes envolven- Alguns estudos compararam os diferentes tipos de
do esses condutores foram avaliados por: impacto das cartas de advertência. Os resultados
não são definitivos. Duas pesquisas demonstra-
Epperson e Harano, 1975 (Califórnia, EUA); ram que as cartas com conteúdo pouco ameaçador
Helander, 1984 (EUA); eram menos eficazes do que as cartas com conteú-
Jones, 1987 (Connecticut, EUA); dos ameaçadores (Kaestner et al., 1967; McBride &
Jones, 1997 (Oregon, EUA); Peck, 1970). Em duas outras pesquisas não foram
Kaestner, Warmoth e Syring, 1967 (Oregon, EUA); encontradas quaisquer diferenças entre as cartas
Lynn, Jernigan, Norris e Froning, 1993 (EUA); e com conteúdo mais ou menos ameaçador. (Epper-
McBride e Peck, 1970 (Califórnia, EUA). son & Harano, 1975; Jones, 1997). Jones (1997)
descobriu que as cartas com conteúdos ameaça-
A tabela 8.10.1 apresenta uma visão geral dos im- dores podem ser mais efetivas entre os condutores
pactos nos acidentes. Os resultados referentes às mais jovens, enquanto que as menos ameaçadoras
cartas de advertência parecem ser afetados por viés foram mais eficazes entre os condutores acima de
de publicação, sendo os resultados, portanto, apre- 45 anos e entre as mulheres. Essas diferenças entre
sentados com e sem viés de publicação. os diferentes grupos de condutores devem explicar
a razão pela qual não foi encontrada nenhuma dife-
Para ambos, cursos e cartas de advertência, foram rença para os condutores como um todo.
observadas reduções do número de acidentes em tor-
no de 10%. O impacto das cartas de advertência é Suspensão da carteira de habilitação: as pesquisas
estatisticamente confiável, mas o dos cursos, não. Os sobre a suspensão da carteira de habilitação variam
resultados se aplicam aos condutores que frequenta- muito no que diz respeito ao motivo para a compa-
ram os cursos ou que receberam uma carta de adver- ração de grupos; portanto, o cálculo de um efeito
tência de que sua carteira poderia ser suspensa por combinado não será significativo. Uma visão geral
diversas infrações no trânsito. Os cursos geralmente das investigações e dos resultados é mostrada na ta-
são voluntários e seu intuito é diminuir certo núme- bela 8.10.2 em ordem cronológica.
ro de pontos. Isso pode dificultar o julgamento de
seu impacto real. Quando o comparecimento a esses A suspensão da carteira de habilitação parece ser
cursos anula os pontos na carteira, isso também leva uma medida eficaz, embora vários estudos mos-
o condutor a um menor comprometimento com as traram que os condutores com a carteira suspensa
leis de trânsito. Além disso, não se sabe a duração continuam dirigindo ilegalmente. As consequências
desses impactos. Na meta-análise de Masten e Peck observadas se devem a uma frequência menor de
(2004), também foram observados aproximadamente condução e a mais cautela dos condutores para evi-
os mesmos impactos entre as cartas de advertência e tar de serem pegos (Masten & Peck, 2004).
Tabela 8.10.1: Impacto dos cursos para condutores com muitos pontos e das cartas de advertência
nos acidentes. Variação porcentual no número de acidentes.
Tabela 8.10.2: Impacto da suspensão da carteira de habilitação. Variação porcentual no número de acidentes.
Variação porcentual no número
de acidentes
Condutor Grupos de controle
Melhor Intervalo de
Impactos
estimativa confiança
Campbell e Todos os condutores, 1 ano após a Todos os condutores, antes da Todos os (não
-4
Ross (1968) introdução da nova lei introdução da nova lei acidentes significativo)
Kaestner e Condutores com carteira suspensa Condutores sem carteira suspensa Acidentes
Speight (1975) (1 ano, incluindo 1 mês com carteira (nenhuma medida) ou multas -2 (-29; +35)
suspensa)
Condutores com carteira provisória Condutores sem carteira suspensa Acidentes
-22 (-44; +8)
(1 ano, incluindo 1 mês de suspensão) (nenhuma medida) ou multas
Jones (1987) Condutores com carteira suspensa Condutores que receberam cartas Todos os
-37 (-67; +21)
de advertência acidentes
McKnight e Condutores jovens, aviso sobre a Aviso sobre a entrevista pessoal Todos os
-7 (-13; 0)
Edwards (1987) suspensão da carteira por 2 semanas acidentes
Condutores jovens, dois anos após Condutores que participaram de
Todos os
a suspensão da carteira por duas encontros pessoais ao invés de -9 (-18; 0)
acidentes
semanas terem a carteira suspensa
Stephen (2004) Condutores com carteira suspensa Condutores que participam Todos os
-57 (-62; -50)
de cursos acidentes
Condução sem medidas Todos os
-82 (-84; -80)
acidentes
Strathman et al. Condutores que recuperaram a Mesmo grupo de condutores Todos os
-11
(2007) carteira, 1,5 anos após a suspensão antes da carteira suspensa acidentes
Campbell e Ross (1968) avaliaram o impacto da advertência para uma entrevista pessoal após a se-
imposição de leis acerca da suspensão da carteira gunda infração e foi convidado para uma entrevista
de habilitação para todos os condutores flagrados após a terceira infração. Este foi um procedimento
por dirigir com excesso de velocidade. O resulta- padrão para os condutores jovens. O grupo de pes-
do pode ser influenciado tanto pelo aumento do quisa recebeu um aviso sobre a suspensão da car-
escopo da fiscalização por radar como por uma re- teira de habilitação devido a uma segunda infração
gressão. Esse resultado aplica-se ao número total de e, após a terceira infração, a carteira foi recolhida
acidentes envolvendo qualquer condutor. As outras por duas semanas. Os impactos nos acidentes fo-
investigações estudaram o impacto nos condutores ram pesquisados por um período de análise de dois
que tiveram suas carteiras suspensas. anos. O impacto das advertências é quase tão gran-
de quanto o impacto da suspensão. Os maiores im-
Kaestner & Speight (1975) e McKnight e Edwards pactos observados foram em ambos os avisos sobre
(1987) utilizaram um projeto de pesquisa experi- a suspensão da carteira de habilitação e sobre a sus-
mental. No estudo de Jones (1987), condutores com pensão da carteira de motorista mais entre mulheres
e sem carteira suspensa foram comparados em rela- que entre os homens.
ção às infrações anteriores e aos acidentes. Todos
os condutores foram apontados para ter sua carteira Stephen (2004) pesquisou o impacto de um progra-
suspensa. Um grupo de condutores não teve a car- ma para condutores que cometem várias infrações
teira suspensa devido a um erro administrativo. Ao no tráfego (“infratores contumazes”) nos EUA. Eles
invés da suspensão, eles receberam uma carta de ad- são convocados para um curso e aqueles que não
vertência, que dizia que futuras infrações poderiam comparecem têm sua carteira de habilitação sus-
levar à suspensão da carteira de habilitação. pensa. Os condutores que participam de cursos são
comparados aos que tiveram a carteira de habilita-
McKnight & Edwards (1987) conduziram um estu- ção suspensa e aos que tiveram apenas uma infração
do experimental em que os condutores recém-habi- registrada, que não têm motivos suficientes para se-
litados (com carteira de habilitação no máximo há rem convocados para o curso. Portanto, pode haver
dois anos) foram divididos aleatoriamente em dois diferenças sistemáticas entre os condutores com e
grupos. O grupo de controle recebeu uma carta de sem a carteira suspensa.
884 O Manual de Medidas de Segurança Viária
80 Zonas urbanas
70
60
50
40
30
20
Multa Multa Multa Multa
10 200 NOK 300 NOK 500 NOK 750 NOK
0
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Figura 8.11: Evolução do porcentual de uso do cinto de segurança no período entre 1973 e
2007 em áreas urbanas e rurais.
886 O Manual de Medidas de Segurança Viária
irregularidade de trânsito seja aplicada. Quando o tas, não serão registradas no centro de registro de
propósito é o de mudar o comportamento do usuá- multas. As multas e os procedimentos simplificados
rio, esta é uma prática ineficiente de aprendizado. É são direcionados a combater as violações do trân-
mais efetivo aplicar as sanções imediatamente após sito mais comuns; podem ser aplicados imediata-
a irregularidade (Chaplin e Krawiec, 1970). Há re- mente no lugar onde a infração foi cometida (o que
gras para a aplicação das sanções simplificadas para não exige outros procedimentos escritos, além do
que elas possam ser rápidas e eficazes contra as in- preenchimento de um formulário específico).
frações mais comuns no tráfego. Há duas formas
de sanções simplificadas no trânsito viário: multas As cobranças devem ser impostas para o estaciona-
e procedimentos simplificados. A finalidade deste mento ilegal e para determinadas irregularidades
tipo de sanção é simplificar sua aplicação; assim, as dentro da legislação de trânsito viário, inclusive
infrações mais comuns podem ter punições rápidas, pela ausência do uso dos equipamentos de proteção
e os custos associados podem diminuir. pessoal (cinto de segurança e capacete). Os proce-
dimentos simplificados impõem multas fixas para
excesso de velocidade, direção irregular, avanço do
Descrição da medida sinal vermelho, violação da sinalização, etc.
Há inúmeras medidas impostas contra as violações As multas para os procedimentos simplificados são
das leis de trânsito (Østvik, 1987). Algumas delas são emitidas no trânsito (Cappelen Akademisk Forlag,
consideradas criminais, no sentido legal, e resultam 2007), podendo variar entre NOK 600 milhões e
em um registro público da condenação. Outras, não NOK 6,8 bilhões. O valor mais baixo é cobrado
são consideradas criminalmente e devem ser impos- por violação do limite de velocidade em até 5 km/h
tas sem que a pessoa seja registrada criminalmente. e o mais alto é imposto por exceder o limite entre
31-35 km/h, quando o limite de velocidade for de
As contravenções no trânsito podem ser autuadas 70 km/h ou mais. As multas aumentaram em nú-
por procedimentos simplificados. Um condutor, mero nos últimos anos. A figura 8.11.2 mostra a
por exemplo, pode receber uma multa ao ser para- evolução ao longo do tempo das multas para aque-
do, sem que o poder judicial tome conhecimento. les que não utilizam o cinto de segurança, medida
Uma penalidade fixa é imposta, já que a multa é a preços constantes de 1979, e a multa média dos
considerada como uma punição. procedimentos simplificados, com relação ao ex-
cesso de velocidade, medida a preços constantes
As multas não são formalmente uma punição, mas de 1995. Como se pode observar, o valor real da
uma prática administrativa do mesmo modo que multa para os não usuários do cinto de segurança
os procedimentos simplificados; caso sejam impos- diminuiu por longos períodos, sendo, então, este
segurança) ou a preços constantes de 1995 (velocidade)
180
Valor relativo das multas ou taxas de procedimentos
simplificados a preços constantes de 1979 (cinto de
160 velocidade –
1979 = 100 para 1979 = 100 para
cinto de segurança velocidade
140 velocidade –
120 cinto de
100
80
60
40
20
0
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Figura 8.11.2: Evolução do valor real das multas para o não-uso do cinto de segurança e para
a taxa média de procedimentos simplificados para o excesso de velocidade. Baseado em Elvik
e Christensen (2004).
Parte II: 8. Controle e sanções 887
valor foi recuperado com o aumento do valor da son e Åberg (1986) estudaram os impactos na velo-
multa. Desde 1995, houve um aumento real da cidade por meio da duplicação das taxas de multas
taxa de multas e procedimentos simplificados. aplicadas na Suécia em 1982. Nenhuma estatística
apresentou mudança significativa passível de ser de-
Quando houver mais de uma infração determina- tectada com relação à velocidade ou proporcional à
da por procedimentos simplificados, elas podem velocidade. As pesquisas não apresentaram resulta-
ser determinadas pela imposição de uma multa re- dos detalhados.
duzida. Aqui se estipula que a penalidade máxima
imposta é o valor total de uma penalidade somado Andersson (1989) investigou se o aumento das mul-
ao valor da outra reduzida em 50%. Os procedi- tas por excesso de velocidade na Suécia em 1987
mentos simplificados não podem, sob qualquer (os aumentos que foram entre 33% e 50%), o que
hipótese, ser emitidos quando a multa ultrapassar resultou em mudanças no excesso de velocidade. A
NOK 10.000. Quando vários regulamentos forem taxa das transgressões foi mensurada em seis cida-
aplicáveis à mesma condição, no caso dos procedi- des. A média para estes seis lugares, considerando a
mentos simplificados será apenas considerada a vio- proporção da velocidade, ficou em torno de 49,5%
lação associada ao maior valor de multa (Cappelen antes do aumento das multas e 50,1% após o au-
Akademisk Forlag, 2007). mento das multas.
Em 2007 foram aplicadas 269.398 multas por irre- Fridstrøm (1999) estimou a partir de um mode-
gularidades no trânsito (NOS Kriminalstatistikk; tilg- lo econométrico como as taxas de uso do cinto
jengelig på www.ssb.no). O número de multas impos- de segurança na Noruega dependem, entre outros
tas aumentou nos últimos anos. Além disso, algumas fatores, do valor da multa para a falta de uso. Ele
irregularidades no trânsito, como dirigir sob o efeito constatou que um aumento de 10% do valor real da
de álcool, foram sancionadas por multas ordinárias. multa poderia levar a um aumento do uso do cinto
De todas as multas e penalidades aplicadas em 2007, de segurança de 70% até 72,5% em áreas urbanas.
102.740 tinham valor abaixo de NOK 2.000; 144.123, Nas áreas rurais, o impacto esperado é menor.
entre NOK 2.000 e 5.000; 33.312, entre NOK 5.000 e
10.000, e 2.036, acima de NOK 10.000. Elvik e Christensen (2004, 2007) investigaram os
impactos do aumento do valor das multas pelo não
-uso do cinto de segurança e por excesso de veloci-
Impacto sobre os acidentes dade. O aumento das multas por não-uso do cinto
de segurança em torno de NOK 100 (correspon-
O impacto das multas e dos procedimentos simpli- dente ao aumento do valor real de 1995 a 2004),
ficados com relação aos acidentes não foi quantifi- foi estipulado a fim de aumentar o uso do cinto
cado até o momento. Em algumas pesquisas, foram de segurança em 8,2% nas cidades e em 2,7% nas
estudadas as relações entre as mudanças nos valores áreas rurais. Ambos os aumentos foram estatistica-
das multas e dos procedimentos simplificados em mente significativos. No período de 1995 a 2004,
relação às mudanças na proporção das irregularida- houve um aumento do controle do uso do cinto de
des no trânsito. As seguintes pesquisas estudaram segurança; porém, não ficou claro se este aumento
esta relação: se relaciona somente ao aumento das multas ou se
o aumento do controle impactou o uso do cinto de
Nilsson e Åberg, 1986 (Suécia): duplicação de mul- segurança. Não houve mudanças significativas que
tas por excesso de velocidade; pudessem ser detectadas na taxa de desrespeito ao
Andersson, 1989 (Suécia): aumento do valor das limite de velocidade resultante do aumento do va-
multas por “disputa de corrida”; lor das multas. Observou-se uma ligeira tendência
Fridstrøm, 1999 (Noruega): aumento do valor das (não significativa) de uma menor taxa de excesso
multas por não-uso do cinto de segurança; de velocidade com a pontuação ATK e consequente
Elvik e Christensen, 2004, 2007 (Noruega): aumento registro no escritório ATK (Automatic Traffic Sur-
do valor das multas e procedimentos simplificados; veillance).
Cedersund, 2008 (Suécia): aumento do valor das
multas por “disputa de corrida”. Cedersund (2008) examinou os impactos na velocida-
de quando os valores das multas na Suécia foram du-
Os resultados destes estudos não são apropriados plicados em 2006. Em média, a taxa de irregularidades
para o contexto no formato de meta-análise. Nils- caiu de 40,6% para 32,2%. A diminuição é estatistica-
888 O Manual de Medidas de Segurança Viária
mente significativa. Foi esperado que um declínio na A sociedade ainda arca com o custo de um sistema
taxa dos acidentes tivesse maior impacto sobre os pon- de multas e procedimentos simplificados. Primeira-
tos ATK, em que o risco de detecção é mais elevado. mente, para manter certo nível do controle da velo-
Esse fato não foi encontrado; pelo contrário, o declínio cidade, de modo que as sanções tenham impactos
das infrações é mínimo nos pontos ATK. claros. Em segundo lugar, há os custos dos hono-
rários e formulários de multas que devem ser im-
Os resultados destas investigações são parcialmen- pressos e distribuídos. Em terceiro lugar, deve ha-
te coincidentes, sendo, às vezes, pouco divulgados. ver um recurso para tratar de todas as reclamações
Têm-se apenas dois estudos sobre o cinto de segu- relacionadas às multas. A administração de multas
rança; porém, seus resultados são congruentes e su- e os procedimentos simplificados não são gratuitos,
gerem que, a ação de aumentar as multas sobre o apesar de que, em si, não tenham um custo elevado
uso do cinto de segurança implicaria maior uso do para a sociedade.
mesmo. Em uma das duas pesquisas, não se pode
excluir que o aumento se deve, total ou parcial- Em 1991, Hagen (1992) estimou os custos e as re-
mente, ao aumento do controle durante o mesmo ceitas dos vários tipos de controle policial. Como
período. Há quatro pesquisas sobre multas por ex- parte deste cálculo, considerou-se também o custo
cesso de velocidade. Três destas pesquisas tiveram médio do controle (reação). O termo “reação” in-
pequeno ou nenhum impacto sobre a velocidade ou clui tanto a multa e os procedimentos simplificados
seu aumento. Na quarta pesquisa, constatou-se que quanto as multas ordinárias e a prisão. O modo mais
a redução das infrações por excesso de velocidade claro e comum de sanção ainda são os procedimen-
foi intensificada após a inserção de penalidades. tos simplificados.
É difícil estabelecer conclusões de forma clara com Os resultados mostram que a receita das multas, na
base nestas pesquisas em particular. As multas mais maioria dos tipos de controle, excede os custos para
altas e os procedimentos simplificados podem pro- sua aplicação. Uma vez que a receita beneficia o te-
porcionar mudanças nas infrações, porém não pa- souro do Estado e, em princípio, pode ser utilizada
rece ser deste modo. Quando se trata do excesso para financiar novas medidas de fiscalização poli-
de velocidade, a maioria dos estudos aponta que as cial, isso significa que o custo do sistema do governo
multas não surtem efeitos. para impor multas e procedimentos simplificados
na maioria dos casos é negativo, ou seja, as receitas
das multas são amplamente suficientes para cobrir
Impacto na mobilidade os custos da imposição de multas. Pode-se, no en-
tanto, escolher desconsiderar a receita das multas e
Não há impactos documentados das multas sobre a visualizar o controle dos custos por reação como uma
mobilidade. estimativa sobre o custo das multas e procedimentos
simplificados.
de condutores feridos. Estas análises indicam que a A destinação dos recursos públicos e a cobrança de
tendência da taxa de indivíduos feridos é altamente multas e procedimentos simplificados são realizadas
influenciada por outros fatores que impossibilitam pelo Estado. Inclui-se a fiscalização municipal das
isolar os impactos das multas pelo não-uso do cin- leis de estacionamento, cujos custos são de respon-
to de segurança. O impacto do aumento das multas sabilidade do município.
não pode ser observado de forma isolada do impac-
to das ações de fiscalização. Portanto, não é possí-
vel estabelecer uma análise de custo-benefício das 8.12 Multas e prisão
multas e dos procedimentos simplificados enquanto
medidas isoladas. Capítulo revisado por Alena Høye (TØI) em 2008
que o número de pessoas presas é de 0,42 por pes- pode ser difícil de avaliar, uma vez que a verdadeira
soa que recebe uma sanção. Entre os condenados frequência de crimes puníveis com multa ou prisão
por outros motivos além de dirigir em estado de em- é desconhecida. No trânsito, são poucas as infrações
briaguez, o número de pessoas detidas é de apenas de fato detectadas pela polícia. A mudança no nú-
0,3 por sanção. As penalidades são geralmente mais mero de crimes que são reconhecidos pela polícia
rigorosas por dirigir embriagado do que para ou- pode, em princípio, ser influenciada pela percepção
tros delitos. Os condutores embriagados têm mul- do risco de o crime ser identificado pela polícia, o
tas mais elevadas e muitas vezes são sentenciados à que altera a frequência real das irregularidades.
prisão (incondicional), sendo a prisão sentenciada
geralmente mais longa. A prisão por irregularidades Considera-se a seguinte distinção entre os impac-
além de dirigir sob efeito do álcool embriagado é tos gerais e específicos das sanções. Considerou-
aplicada principalmente nos casos mais sérios de ex- se também que os impactos globais significavam
cesso de velocidade e possui caráter punitivo, sendo efeitos sobre todos os condutores, independente-
associada a multa e suspensão da licença. mente de o condutor ter sido penalizado ou não.
Com impactos específicos e significativos, consi-
O número de sanções por outros delitos além de deram-se os efeitos sobre os motoristas que foram
dirigir embriagado aumentou de aproximadamente penalizados.
20.000 em 2000 para mais de 27.000 em 2007. A
quantidade de medidas de repressão impostas por Os impactos da legislação em termos de taxas míni-
dirigir embriagado, porém, manteve-se relativamen- mas de multas e prisão (efeito geral): o impacto da
te constante, mas o número de detenções caiu de legislação sobre as taxas mínimas de multas e penas
cerca de 1.900 antes de 2002 para menos de 1.800 de prisão para os condutores embriagados foi ava-
em 2002. O número de infrações de trânsito inves- liado em vários estudos dos Estados Unidos, que se
tigadas é aproximadamente duas vezes maior que baseiam em dados de acidentes de vários estados ao
o número de sanções. Considerando-se cada caso longo de muitos anos, além de haver uma série de
de direção por embriaguez investigado, tem-se uma outros fatores estatisticamente considerados para a
média de 0,53 punição. Para outras irregularidades utilização dos modelos de regressão. Em 2003, 26
no trânsito, o cenário é relativamente de menor in- estados americanos aprovaram leis de valores míni-
cidência, sendo a média de 0,45 punição por irre- mos para as multas, e 18 estados já haviam promul-
gularidade investigada. Estes aspectos deveriam ser gado leis sobre penas de prisão obrigatórias (Wa-
estáveis com o passar do tempo, porém o número gennar et al., 2007). A pena mínima de prisão é de
de irregularidades de algum modo aumentou nos um ou dois dias na maioria dos estados, sendo que
últimos anos. em nenhum deles ultrapassa 10 dias. Os resultados
aplicam-se aos impactos gerais das irregularidades,
ou seja, os impactos sobre todos os condutores, e
Impacto sobre os acidentes não apenas os condutores que são condenados às
multas ou penas de prisão.
Tradicionalmente, a teoria criminal é a punição mais
rigorosa, funcionando de modo dissuasivo em con- Evans et al., 1991;
dições idênticas. As pesquisas criminológicas for- Ruhm, 1996;
necem pouco apoio para esta suposição (Bratholm, Young & Likens, 2000;
1980). O fato é que existe uma sanção (e, talvez, Whetten-Goldstein et al., 2000;
especialmente a percepção do risco de sofrer uma Dee, 2001;
sanção por determinado delito considerado grave), Eisenberg, 2001;
o que é provavelmente mais importante que a pró- Sen, 2001 e
pria sanção em si. Wagenaar et al., 2007.
Um problema dos estudos de avaliação de multas Não foram encontrados quaisquer impactos sobre
e punições de prisão é que geralmente se utilizam o número de acidentes fatais, nem de taxas mínimas
combinações de várias sanções. Outro problema é de multas (- 1%, com intervalo de confiança 95%
que raramente é possível usar o sistema judicial em entre -9 e +7%) - ou de prisões obrigatórias (- 2%,
um projeto experimental, ou seja, para punir con- com intervalo de confiança 95% entre -5 e +2%),
dutores embriagados e condenados por um princí- independente de os acidentes envolverem álcool ou
pio aleatório. O impacto sobre o número de crimes não.
892 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Os impactos da prisão em acidentes (impactos ge- ma de 1,5 ou 2,0 gramas por litro). Observaram-se
rais): os seguintes estudos avaliaram o impacto das apenas pequenas mudanças no número de condu-
prisões em alguns estados nos Estados Unidos: tores que foram retidos com alta concentração de
álcool no sangue por fiscalizações policiais. Na Sué-
Ross et al., 1990 (EUA); cia, o número de multas por excesso de velocidade
Epperlein, 1987 (EUA); dobrou em 1982. Åberg et al. (1989) não encon-
Robertson et al.,1973 e traram nenhum impacto relacionado à velocidade.
Jones et al.,1988. Somente um terço dos condutores conhece as taxas
das multas.
Em nenhum destes estudos foram encontrados os
impactos da reincidência sobre os acidentes. Impactos das multas e prisões sobre os acidentes
(impactos específicos): Mann et al. (1991) avalia-
Os impactos do aumento das multas sobre os aci- ram os impactos das diferentes sanções sobre os aci-
dentes (impactos gerais): vários estudos avaliaram dentes com condutores em estado de embriaguez.
os impactos do aumento de multas em casos de con- Os resultados mostram que os condutores punidos
dução em estado de embriaguez ou excesso de velo- com multas ou prisão tinham um histórico maior
cidade sobre o número total de acidentes. de acidentes que os motoristas que haviam perdido
suas licenças.
Apenas um estudo bem controlado apontou que o
aumento das multas relaciona-se à diminuição das Impactos do aumento das taxas de multas sobre o
mortes em acidentes relacionados ao álcool (Young comportamento dos condutores (impacto específi-
& Likens, 2000). Neustrom & Norton (1993) en- co): Martin (1993) mostra que a reincidência não
contraram uma redução significativa do número de difere entre os condutores que foram condenados
acidentes noturnos em um período de 3 anos depois e aqueles que foram multados e ainda para aque-
de introduzidas as sanções mais severas para quem les que foram tanto multados quanto sentenciados
dirigisse embriagado (-9%; intervalo de confiança à prisão. DeYoung (1995) mostra que a reincidência
de 95% (-11; -8)). A mudança também pode ser é maior entre os condutores sentenciados à prisão
devido a outros fatores, como diferentes tipos de que entre os condutores condenados à perda de
punição. sua licença ou outros comportamentos. Este estudo
controlou uma série de outros fatores que podem
Nenhum dos outros estudos apontou que a severi- explicar os resultados.
dade das punições impacta o número de acidentes.
Briscoe (2004) não encontrou nenhum impacto so- Impactos da ação de aplicar multas ao invés da
bre o número de fatalidades ou aumento do número prisão sobre o número de acidentes (impactos ge-
de acidentes com vítimas após a aplicação de multas rais): uma transição da ordem de prisão para um
por condução em estado de embriaguez ser duplica- meio termo formado por multas e prisão condicio-
da em New South Wales (Austrália) em 1998. Hin- nal/incondicional, dependendo do nível de veloci-
gson et al. (1987) mostraram que os acidentes fatais dade em que o condutor tiver sido flagrado, foi ava-
consistiam em acidentes envolvendo um só veículo liada na Noruega e na Suécia (Ross & Klette, 1995;
durante a noite, de modo que foram sensivelmente Vaas & Elvik, 1992). Na Noruega a pena em geral
reduzidos após a introdução de sanções mais seve- para quem conduzisse em estado de embriaguez era
ras para quem conduzisse embriagado. Os impac- de três semanas de prisão até 1988. Em 1988, foi
tos não foram duradouros. Não foram encontrados estabelecida a sentença diferenciada, dependendo
quaisquer impactos dos autorrelatos sobre a condu- do nível de álcool no sangue, sendo que a puni-
ção em estado de embriaguez. Embora muitos con- ção agora varia entre multas e prisão condicional
dutores pensem que a probabilidade de ser multado ou incondicional (NOU 2003:4). No entanto, em
ao cometer uma irregularidade aumentará, muitos geral as sanções não são mais brandas (Ross et al.,
ainda consideram esta possibilidade como remota. 1992). Não houve alteração significativa no núme-
ro de acidentes com feridos (-3%, com intervalo de
Impactos do aumento da aplicação de multas sobre confiança de 95% entre -8 e 2%) e uma redução
o comportamento dos condutores (impacto geral): significativa no número de acidentes fatais, em um
McCartt & Northrup (2003) estudaram o efeito do total de 18% (com intervalo de confiança de 95%
aumento da aplicação das multas nos condutores entre -25 e -10%). As pesquisas não controlaram
com elevada concentração de álcool no sangue (aci- outros fatores além da tendência de longo prazo,
Parte II: 8. Controle e sanções 893
uma vez que não foi levado em conta que o número Impacto na mobilidade
de fiscalizações policiais aumentou após a nova lei
ser introduzida (o limite de álcool no sangue foi re- Não se pode demonstrar qualquer impacto geral
duzido de 0,5 para 0,2 grama por litro de sangue na da medida tal qual apresentada nesta seção sobre
Suécia, quase que ao mesmo tempo). Embora não a questão da mobilidade. No entanto, considera-se
haja, portanto, nenhuma certeza dos resultados cau- que as sentenças de prisão e as restrições associadas
sados pelas mudanças nas punições, não há indícios aos programas tribunais DUI reduzem a mobilidade.
de que a prisão seja necessária para impedir condu-
tores infratores.
Impacto no meio ambiente
Os impactos dos tribunais DUI e das sanções alter-
nativas de reincidência: foram encontrados vários O impacto no meio ambiente da medida não está
estudos que avaliaram o impacto dos tribunais DUI documentado.
nas infrações de trânsito e na condução em estado
de embriaguez por meio de um projeto de pesquisa
experimental ou de outra forma controlada para as Custos
diferenças entre condutores que foram condenados
e julgados em um tribunal DUI e condutores que fo- Não há números referentes aos custos atuais para
ram condenados por um tribunal regular (Brecken- as medidas descritas neste capítulo. O custo médio
dridge et al., 2000; Carey et al., 2008; Crancer, 2003; diário para manter-se uma pessoa na prisão é de
Eibner et al., 2006). Em três dos quatro estudos foi NOK 1.500 (Kriminalomsorgen, 2008). As multas
detectada uma reincidência mais baixa entre os con- têm custos mais baixos que a prisão. As sanções al-
dutores que haviam participado de um programa do ternativas significam redução dos custos relaciona-
tribunal DUI que entre os condutores que haviam dos à prisão, mas podem implicar custos mais eleva-
sido condenados por um tribunal regular. Uma bai- dos para os condutores condenados.
xa reincidência foi encontrada entre os condutores
que completaram todo o programa (condutores que Com base nos dados relativos a 1992 fornecidos
completaram vs os que não haviam completado o pela Hagen (1994), tem-se os custos econômicos do
citado programa) e entre os condutores com menos litígio e da prisão como resultado das infrações de
problemas de dependência e menos incidentes cri- trânsito na Noruega calculados em cerca de NOK
minais. Os resultados de todas as investigações apli- 112 milhões. Foram contabilizados NOK 93 mi-
cam-se a um período de dois anos a partir da senten- lhões em multas por dirigir embriagado, NOK 12
ça. Jones et al. (1996) mostraram que, após a prisão, milhões em multas por excesso de velocidade e
os condutores que foram condenados por dirigir NOK 7 milhões em sanções relacionadas a outros
sob efeito do álcool tinham participado de progra- tipos de irregularidades perante a legislação de trân-
mas de comportamento, testes e monitoramento da sito.
quantidade de álcool no sangue e tiveram menor
reincidência que os condutores que só haviam sido
condenados à prisão. Em contraste, a reincidência Avaliações de custo-benefício
não foi reduzida entre condutores condenados por
conduzirem em estado de embriaguez (tribunal Em uma antiga análise de custo-benefício noruegue-
DUI) e serem submetidos a um extenso programa sa (Sager, 1974), compara-se a aplicação de multas e
de monitoramento (“Centro de Relatório Diário”). a prisão como punição por conduzir em estado de
Em vez de prisão, este programa foi utilizado para embriaguez. Foram considerados três tipos de be-
a comparação com condutores que só receberam a nefícios com a transição da prisão para as multas:
sentença de prisão (Jones & Lacey, 1999). redução dos custos de prisão, redução da perda de
produção e maior liberdade no uso do tempo. O va-
Um estudo que comparou os tribunais DUI a um lor destes benefícios é questionável quando todos os
programa semelhante aos das extensas sanções, com condutores em estado de embriaguez são sentencia-
vários procedimentos de monitoramento e período dos à prisão, situação cujas penalidades tiveram valor
reduzido de prisão (Lapham et al.., 2006), constatou total estimado em NOK 17,3 milhões em 1970. Su-
que o programa se expandiu e reduziu o número de punha-se que o cenário de condutores em estado de
infrações de trânsito em cerca de 50% em relação embriaguez e o número de acidentes no tráfego não
ao clássico tribunal DUI. fossem afetados pela medida. A razão para isso é que
894 O Manual de Medidas de Segurança Viária
os valores das multas são tão elevados que no mínimo julgamento devem ser custeadas pelo réu, a não ser
equivalem aos custos de manter um condenado na que o poder público possa pagá-las por meio do re-
prisão. Considerou-se também como opção uma pe- gime de apoio judiciário para pessoas de baixa ren-
nalidade mais leve, em que se assumiu certo aumento da. Os principais requisitos formais e processuais
de acidentes de trânsito. Foi também por esta razão nesta matéria penal estão previstos no Código Penal
que as multas passaram a ser economicamente mais de 1981, bem como nas várias instruções para os po-
favoráveis como punição do que a prisão. liciais e promotores.
Alguns estudos apresentados posteriormente de- Quando um indivíduo é multado (uma advertên-
monstram que um condutor condenado à prisão cia oral é realizada pela polícia, que lhe aplica uma
não se envolve em menos acidentes que um con- multa se julgar que sua ação é passível de punição)
dutor condenado a pagar multas. Os resultados por meio de notificação, um formulário é preenchi-
também indicam que as sanções alternativas para do e devolvido e a multa é paga. Ao negligenciar o
casos graves de condução em estado de embriaguez pagamento, a multa pode seguir para execução. Ao
reduzem a reincidência de modo mais eficaz que recusar-se uma multa, o assunto é levado perante os
a prisão. Como tanto as multas quanto as sanções tribunais. O indivíduo pode ser condenado a pagar
alternativas são muito mais baratas que a prisão, é uma multa ou cumprir uma pena de prisão subsidiá-
óbvio que ambas as medidas serão economicamente ria, caso a multa não seja paga. A prisão, neste caso,
mais rentáveis nesta comparação. será relacionada à multa. Se o caso for muito grave,
de modo que a prisão seja executada, emite-se uma
acusação contra o autor do crime.
Responsabilidade e procedimentos formais
Apesar de o grau da justiça criminal diferenciar as O julgamento é preparado pela polícia. Já o réu,
contravenções dos crimes, os procedimentos ainda dada a confissão sem reservas, pode ir a julgamento
são mais facilitados na questão das contravenções pronunciado junto à Magistratura, sem julgamento.
do que na questão dos crimes (Statistisk sentralbyrå, Isso não é comum em casos envolvendo infrações
1996A). Em casos de contravenção, a polícia é quem de trânsito. O caso continua em primeira instância
vai decidir se irá processar ou não, enquanto que, em para o tribunal distrital e pode ser objeto de recurso
casos de crime, será o promotor. As contravenções para o tribunal de recursos e para a Suprema Corte,
podem ocorrer em maior medida que crimes resol- nos termos dispostos no Código do Processo Penal.
vidos por multas sem julgamento. Para as contraven-
ções geralmente não há possibilidade de defesa.
8.13 Seguros
A multa é imposta pela polícia. Quando a ação pas-
sível de aplicação da multa for detectada, o nome Capítulo revisado em 2011 e parcialmente revisado
e o endereço do autor são anotados pela a polícia. em 2008 por Alena Høye (TØI)
Convoca-se, assim, um testemunho oral na delega-
cia de polícia.
Problema e finalidades
negligente ou culpado do acidente. É comum com- mite de velocidade. Após o primeiro aviso, o con-
binar este sistema a limites mais baixos para o res- dutor recebe um sinal sonoro a cada 6 segundos e
sarcimento: despesas médicas menores que NOK é aplicada uma penalização por pontos. Para cada
10.000, por exemplo, não são ressarcidas. penalização, o bônus sobre o prêmio de seguro di-
minui. Os condutores sem pontos de penalização
Seguro contra danos materiais: o seguro contra da- recebem um bônus de 30% de desconto (www.
nos materiais cobre os danos do próprio veículo do sparpaafarten.dk).
segurado em um acidente que pode ter sido de sua
responsabilidade. O seguro contra danos materiais Mudança dos prêmios de seguro para determina-
é opcional. dos tipos de veículos: com as mudanças na legis-
lação de crédito no início de 1980, aumentaram os
O sistema de bônus: o sistema de bônus é deter- empréstimos bancários para habitação, automó-
minado pelo prêmio de seguro anual, que se baseia veis e motocicletas em meados dessa década. Essas
no vencimento do prêmio e bônus acumulados dos mudanças levaram a um aumento de acidentes em
segurados. No primeiro ano, o beneficiário do se- 1987, o que dificultou mais a aquisição de emprésti-
guro não recebe nenhum bônus e paga 100% do mos e tornou-a ainda mais cara. Além disso, houve
prêmio base. A cada ano, há uma redução no valor um aumento dos prêmios de seguros direcionados
do prêmio se não for notificada nenhuma lesão. Se para grupos específicos de condutores e veículos,
o segurado relata um sinistro com lesão, toda ou incluindo as motocicletas (Bjørnskau et al., 2010).
uma parte do bônus é perdida. O cálculo detalhado
do bônus varia de empresa para empresa. O maior Destaques do sistema de seguro de veículos na No-
bônus atingível é entre 75-80%. ruega: a legislação sobre responsabilidade sobre veí-
culo e as regulamentações associadas proporcionam
Nem todos os países possuem um sistema de bônus regras para quaisquer danos que serão ou podem
ou até mesmo chegaram a tê-lo para seguros de veí- ser cobertos pelo seguro, mas que não são cobertos
culos. Os sistemas de bônus existentes atualmente por lei. Estas regras não serão descritas em detalhes
não são tão rigorosos em todos os países. O rigor aqui. Os termos relativos à segurança no seguro de
do sistema de bônus refere-se ao quão grande é à um veículo são determinados por cada companhia
distância, medida em termos financeiros, entre os individualmente. As características principais são as
melhores bônus e entre as mais rigorosas penaliza- mesmas. Os prêmios dos seguros consistem em um
ções aplicadas, mostrando em qual teor o sistema prêmio-base e em uma parcela que varia conforme
pune os danos na forma de perda de bônus, ou seja, o bônus do segurado. Ao calcular o prêmio-base, o
o quanto de bônus você perde e em quanto tempo segurado é colocado em uma determinada classe de
(Lemaire, 1995). riscos. O prêmio varia entre estas denominadas clas-
ses de risco. Cada companhia de seguro diferencia
Pagamento de bônus acumulados em dinheiro: o seu prêmio em função do tipo de veículo (passagei-
sistema de bônus, atual, é expresso sob a forma de ro, van, caminhão, ônibus):
reduções dos prêmios. Outra forma de projetar o
sistema de bônus é permitir que o segurado pague • quilometragem anual (níveis fixos – até 8.000 km,
o prêmio, sem descontos, por um certo tempo, de 12.000 km, etc.);
modo a restituir o bônus acumulado no final do • localização;
período, na forma de dinheiro. Isso faz com que o • dedutível e opcional (para seguro contra danos
bônus seja mais visível que o sistema atual e pode, materiais).
assim, ser previsto para reforçar o impacto do siste-
ma de bônus. As variações no prêmio-base podem ser muito gran-
des. Além disso, o seguro individual diferencia-se
Redução de bônus por excesso de velocidade “Re- por existirem os prêmios por ano de fabricação do
duza a velocidade e economize”: Reduza a veloci- veículo, idade do condutor do veículo (somente o
dade e economize é um projeto introduzido na Di- segurado ou outros condutores), idade e sexo dos
namarca. Os indivíduos participantes deste projeto segurados, se o veículo é utilizado no contexto co-
instalaram o sistema ISA (adaptação inteligente da mercial e industrial, se o condutor do veículo está
velocidade) em seus veículos. O sistema mostra o em processo de abstenção de álcool ou não, e se o
limite de velocidade atual e dá um aviso sonoro ao veículo está equipado com controle antiderrapagem
condutor quando ele estiver dirigindo acima do li- (Electronic Stability Control, ESC).
Parte II: 8. Controle e sanções 897
As regras para o seguro de veículos contêm provi- segurados ganharam um bônus de 70% (Østviket
sões relativas a franquia, perda de bônus, sub-ro- al., 1990).
gação e redução de danos. A franquia é a parte do
custo dos danos coberta pelo próprio segurado. A
perda de bônus devido a um sinistro varia de 10% Impacto sobre os acidentes
a 40%, dependendo do tipo de bônus que o segura-
do contratou anteriormente e de quanto tempo esse Os estudos que quantificam o impacto dos vários
bônus durou. Com a sub-rogação, significa que a aspectos do seguro sobre os acidentes incluem:
seguradora busca ser ressarcida pelas indenizações
pelas quais tenha pagado relacionadas a um sinistro. Landes, 1982 (EUA);
Os pedidos de sub-rogação são realizados automa- Zador e Lund, 1986 (EUA);
ticamente, se o acidente tiver sido causado pelo fato Gaudry, 1987 (Canadá);
de o segurado ter agido com negligência considera- Ingebrigtsen e Fosser, 1991 (Noruega);
da grave. Resumindo, significa que o segurado não Vaaje, 1991 (Noruega);
receberá a indenização integral do seguro. Se, por Vaaje, 1992 (Noruega);
exemplo, o indivíduo percorrer 15.000 km ao ano, Bjørnskau, 1994 (Noruega);
mas só for segurado até 12.000 km, ele normalmen- Lemaire, 1995 (vários países);
te só recuperará a porcentagem de pedidos de in- Negrin, 1995 (vários países);
denização pagos coberta por um prêmio de seguro Cohen e Dehejia, 2004 (EUA)e
para 12.000 km anuais. Com base nas estatísticas Lahrmann et al., 2011 (Dinamarca).
de sinistro, a associação de seguros da Noruega de-
monstra o seguinte resumo na tabela 8.13.1 sobre a A tabela 8.13.2 fornece, com base nestes estudos,
frequência dos sinistros para os vários tipos de veí- a melhor estimativa do impacto sobre os acidentes
culos: dos vários elementos nos planos de seguro.
A tabela 8.13.1 mostra que cada usuário em média Seguro de responsabilidade civil: os resultados são
está envolvido em um acidente de trânsito a cada aplicáveis ao seguro de responsabilidade civil (“res-
sete anos, conforme relatado à companhia de se- ponsabilidade pelo delito”), que se baseou em es-
guros. A frequência de sinistros, na tabela 8.13.1 é tudos realizados por Gaudry (1987), no Canadá, e
calculada por veículo e não se levam em considera- por Cohen e Dehejia (2004), nos EUA. O seguro de
ção as diferenças de quilometragem anual entre os responsabilidade civil é obrigatório em Quebec, no
diferentes tipos de veículos. Canadá, desde 1961 e em 31 estados dos EUA des-
de 2004. O estudo de Gaudry (1987) baseia-se no
O sistema de bônus é basicamente adaptado a uma número de acidentes mensais em Quebec de 1956 a
maior taxa de número de sinistros envolvendo fe- 1982. Cohen & Dehejia pesquisaram acidentes fatais
ridos que se tem hoje na Noruega. A maioria dos em todos os estados americanos de 1970 a 1998. A
segurados possui grandes bônus em seu seguro. taxa do uso do seguro de responsabilidade civil para
Na prática, a maioria desses segurados paga altos automóveis aumentou de 70 para 85% no Canadá e
prêmios em seus seguros e ajudam a subsidiar os de 87% para 90% nos EUA. Estes resultados podem
segurados mais vulneráveis, que pagam prêmios ser interpretados propriamente que um seguro que
mais baixos (Lemaire, 1995). Em 1990, 54% dos seria prejudicial para a segurança do trânsito. Nem
Tabela 8.13.1: Frequência de sinistros no seguro de veículos entre 1998-2007. Fonte: TRAST, SSB.
2007 1998-2007
Tipo de veículo Frequência Frequência
Sinistros População Sinistro População
de acidentes de sinistros
Passageiro (abaixo de 3,5 t) 296.418 2.154.837 0,138 270.101 1.940.413 0,139
Caminhões (acima de 3,5 t) 19.387 151.762 0,128 15.800 170.369 0,093
Ônibus (acima de 3,5 t) 5.793 25.204 0,230 3.879 32.363 0,120
Ciclomotores 3.882 156.287 0,025 3.311 133.808 0,025
Motocicletas leves 306 16.589 0,018 437 11.201 0,039
Motocicletas pesadas 1.622 109.618 0,015 2.362 86.213 0,027
898 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 8.13.2: Impactos sobre os acidentes a partir dos vários elementos do seguro. Variação porcentual do
número de acidentes.
todos os resultados são estatisticamente confiáveis 1970 e1998 e concluiu que o princípio de “ausência
e Cohen & Dehejia (2004) encontraram apenas um deculpa” leva a uma condução menos cuidadosa.
ligeiro aumento no número de acidentes fatais, além
de resultados variados, dependendo da especifica- Seguro contra danos materiais: dois estudos no-
ção do modelo de análise multivariada. Cohen & ruegueses (Ingebrigtsen e Fosser, 1991, Bjørnskau,
Dehejia estimaram que o número de acidentes fatais 1994) sugerem que os segurados com seguro con-
aumenta em aproximadamente 2% para cada redu- tra danos materiais apresentam maiores frequências
ção de 1% do número de condutores sem o seguro. de sinistros (relatos de acidentes envolvendo danos
A introdução da responsabilidade absoluta provoca materiais) que os segurados sem este seguro. O re-
menos variações de custos aos segurados, uma vez sultado não é estatisticamente confiável. Em um
que há apenas a responsabilidade por uma certa estudo da Nova Zelândia (Blows et al., 2003), foi
porcentagem do custo de um acidente, não por to- encontrado que os condutores sem o seguro contra
dos os custos, uma vez que o culpado será cobrado danos materiais têm um maior risco de se envolve-
pelo sistema de responsabilidade extracontratual. rem em acidentes com vítimas. O seguro de respon-
Como se poderia esperar da teoria econômica (ver, sabilidade civil é obrigatório em ambos os países.
por exemplo, Abraham, 1986, Elvik, 1995, Lemaire, Todas as três pesquisas controlaram uma ampla
1995) a responsabilidade absoluta envolve um certo gama de fatores que impactam o risco de o condu-
aumento do número de acidentes. tor se envolver em acidente (status socioeconômico
e desemprego, por exemplo).
Seguro de responsabilidade civil pelo princípio
“ausência de culpa”: O seguro de responsabilidade Uma possível explicação para um maior risco de
civil pelo princípio de “ausência de culpa” também acidentes entre os condutores com seguro contra
mostrou que pode causar um aumento no número danos materiais é que aqueles que têm este seguro
de acidentes. Os resultados se baseiam em estudos são menos cautelosos que os outros, uma vez que
de Landes (1982), Zador & Lund (1982), Gaudry eles sabem que podem recuperar os danos em seus
(1987) e Cohen & Dehejia (2004). Cohen & Dehe- carros, ainda que sejam culpados em um acidente.
jia (2004) compararam os condutores com seguros É possível que existam seguros que estejam relacio-
baseados no “ausência de culpa”, com condutores nados tanto ao acidente quanto ao status do segu-
segurados pelo princípio de “responsabilidade pelo ro e que não sejam controlados e não é certo que
delito ” em 50 estados nos Estados Unidos entre os resultados da Nova Zelândia signifiquem que o
Parte II: 8. Controle e sanções 899
risco de ferimentos em acidentes diminuiria, caso Suíça como grupo de controle) e nos Países Baixos
o seguro contra danos materiais fosse obrigatório (tendo os países nórdicos como grupo de controle).
para todos. As pesquisas sugerem que a redução no número de
feridos no primeiro ano do sistema de bônus foi de
Sistema de bônus: o sistema de bônus foi introdu- cerca de 3%. Não houve mudanças estatisticamente
zido na Suíça em 1963; na Alemanha, em 1968; na confiáveis no número de fatalidades.
Bélgica, na França e na Áustria, em 1971; na Itá-
lia, em 1976, e nos Países Baixos em 1982 (Negrin, Pagamento de bônus acumulados em dinheiro: a
1995). Negrin (1995) argumenta com base no índi- seguradora GjensidigeForsikring introduziu um sis-
ce de frequência de sinistros do sistema de bônus tema de bônus para os segurados com idade entre
anual que foi introduzido e na frequência de sinis- 18-22 anos. Ao invés de um típico desconto no prê-
tros no mesmo país em 1993, que isso levou a menos mio, estes segurados acumulam bônus em dinhei-
acidentes de trânsito nos países acima mencionados. ro para cada ano de condução livre de sinistros no
Em todos os países, os acidentes envolvendo feridos trânsito entre 18 e 22 anos. Se não forem registrados
caíram significativamente com relação ao ano ante- sinistros durante esse período de cinco anos, serão
rior ao da introdução do sistema de bônus até 1993. pagos NOK 6.000 em bônus acumulados. Os estu-
No entanto, é questionável se a base do material dos (Vaaje, 1991, 1992) sugerem que esta medida
de Negrin proporciona cobertura para a conclusão reduziu a taxa de sinistros em 20% para esta faixa
que ele propõe. Primeiramente, o sistema de bônus etária.
impacta o relato dos sinistros para as seguradoras.
A possibilidade de perder o bônus traz razões para Redução de bônus por excesso de velocidade “Re-
não se relatar pequenos danos. Em segundo lugar, a duza a velocidade e economize”: em uma avaliação
extensão do período de Negrin é amplamente com- preliminar com 38 participantes, foram apresenta-
parada de país a país. Na Suíça, ele compara a taxa dos resultados apontando para uma redução do ní-
de sinistros de 1962 (um ano antes de o programa vel de velocidade em 2,4 km/h nas vias com limite
ter sido introduzido) com a taxa de feridos de 1993. de velocidade de 50 km/h e em 4,8 km/h nas vias
Com relação aos Países Baixos, ele compara a taxa com limite de velocidade de 80 km/h. De acordo
de sinistros de 1981 com a taxa de sinistros de1993. com o modelo de potência, a relação entre a velo-
No período após a introdução do Programa de cidade e os acidentes resultaria em uma redução de
Bônus ele, portanto, varia de 30 anos na Suíça e para 9% dos acidentes nas vias com limite de velocidade
12 anos nos Países Baixos. Durante esse período, a de 50 km/h e 11% nas vias com limite de velocidade
ocorrência de sinistros foi influenciada por um nú- de 80 km/h (Agerholm et al., 2007).
mero de fatores diferentes do sistema de bônus.
Em uma avaliação subsequente, que foi conduzida
A informação de Negrin sobre a introdução do sis- com 153 participantes (Lahrmann et al., 2011), os
tema de bônus nos vários países é utilizada como resultados mostram que o sistema ISA reduziu a
base para um simples exame elaborado sob o ponto proporção da quilometragem conduzida a 5 km/h
de vista da segurança viária utilizando-se o banco ou mais acima do limite de velocidade. Os partici-
de dados do IRTAD. Para cada país que introduziu pantes haviam conduzido mais de 13% de toda a
o sistema de bônus, foram escolhidos um ou mais quilometragem a 5 km/h ou mais acima do limite
países que formaram um grupo de controle. Países de velocidade em um período anterior sem o ISA.
que formavam um grupo de controle apresenta- Esta taxa caiu para menos de 4% após o ISA, aliada
vam um sistema de bônus inalterado ao longo de aos programas de incentivo. A redução é maior nas
um período e foram escolhidos com base no desen- vias com limite de velocidade superior a 80 km/h
volvimento dos acidentes em um período de cinco que nas vias cujo limite de velocidade é de 50 km/h.
anos antes da introdução do sistema de bônus. A Nas vias cujo limite de velocidade é de 80 km/h sem
pesquisa foi baseada em informações sobre o nú- o ISA,o número de condutores acima do limite de
mero de mortos e feridos no trânsito um ano antes velocidade é maior que nas vias cujo limite de velo-
e um ano após a introdução do sistema de bônus. cidade é de 50 km/h. A média de velocidade tam-
O ano em que o sistema de bônus foi introduzido bém foi reduzida de algum modo com o ISA, porém
foi excluído da pesquisa. Com essas limitações, foi em menor extensão que a taxa de quilometragem
possível examinar os impactos da introdução de um conduzida acima do limite de velocidade. A média
sistema de bônus na Bélgica (tendo os Países Bai- de velocidade diminuiu em torno de 1,1 km/h nas
xos como grupo de controle); na Áustria (tendo a vias com limite de velocidade de 80 km/h. Nas vias
900 O Manual de Medidas de Segurança Viária
com limite de velocidade de 50 km/h, a média de vel, incluindo outros cerca de NOK 11,5 milhões
velocidade permaneceu inalterada (+0,1 km/h). Os por passageiro (FNH). Isso inclui todas as cober-
resultados na tabela 8.13.3 são baseados nos estudos turas de um seguro, ou seja, também inclui outros
de Lahmannet al. (2011). A velocidade média é inal- tipos de seguro que não são apenas para o trânsito,
terada ou apenas ligeiramente reduzida, podendo como contraroubo e vandalismo. O prêmio médio
ser devido aos condutores buscarem uma condução do seguro por veículo foi registrado em cerca de
mais próxima do limite de velocidade, ou seja, diri- NOK 5.000 ao ano. O pagamento das indenizações
ge-semenos acima ou abaixo do limite de velocidade de segurosde automóvel em 2007 foi de NOK 4,3
se comparado à situação sem o ISA. bilhões(TRAST).
Mudanças nos prêmios de seguros para determina- As estimativas da indústria de seguros apontam que
dos tipos de veículos: o risco de passageiros feridos aproximadamente 0,5% dos prêmios pagos são des-
tanto para as motocicletas leves como pesadas caiu tinados às atividades que as seguradoras consideram
em torno de 4,2 mortos ou feridos por milhão de como medidas preventivas (Pihl e Hamre, 1989).
passageiros-km em 1985 para cerca de 1,6em 1992. Em 1995 este número chegou a aproximadamente
O alto risco associado às motocicletas em meados da NOK 37 milhões.
década de 1980 provavelmente estava relacionado à
grande quantidade de jovens que conduziam uma
motocicleta. No final da década de 1980, tornou- Avaliações de custo-benefício
se mais difícil financiar a compra de motocicletas,
pois seu seguro tornou-se caro. Isso significa que a Não foram encontradas quaisquer avaliações de cus-
motocicleta foi menos prevalente entre os jovens e to-benefício sobre os vários aspectos relacionados
que vários outros indivíduos começaram a conduzir aos seguros para veículos. Seguros privados finan-
uma motocicleta. Assim, foi crescente o número de ceiramente onerosos, desde que o segurado pague
pessoas com baixo risco de acidentes (meia-idade) pelo prêmio, em longo prazo podem custar mais do
utilizando motocicletas, ao invés de pessoas que que o dano que ele pode oferecer para a cobertura.
inicialmente corriam altos riscos de sofrer acidentes O prêmio também cobre os custos administrativos
(homens jovens) ao dirigir uma motocicleta (Bjør- e o lucro da empresa. Quando o seguro, no entanto,
nskau, Nævestad e Akhtar, 2010). O aumento dos surge como benéfico para muitos, é porque substi-
prêmios de seguro não foi o único fator que contri- tui despesas grandes e imprevisíveis, ocasionalmen-
buiu para este desenvolvimento. te com um fluxo mais constante das despesas previ-
síveis. A principal razão para se impor o seguro de
responsabilidade civil é também porque ele protege
Impacto na mobilidade as vítimas contra perdas financeiras importantes, de
modo que não impacte sobre o número de sinistros.
Não foram encontradas pesquisas que mostram
como o seguro impacta na mobilidade. A exigên- O seguro de responsabilidade civil pelo princípio
cia de que todos os veículos devam ser assegurados “ausência de culpa” demonstrou que provoca um
pode parecer um limitador do número de veículos aumento no número de acidentes. No entanto, di-
e, de modo indireto, impacta a mobilidade. Os im- minuíram os custos referentes ao seguro para proce-
pactos reais não são documentados. dimentos legais e administrativos que ocorrem du-
rante o princípio de “responsabilidade pelo delito”
(Cohen & Dehejia, 2004). Não se sabe quais destes
Impacto no meio ambiente dois impactos é maior.
Não foram encontradas pesquisas que mostram As mudanças em termos de políticas nos seguros
como os sistemas de seguros impactam o meioam- podem reduzir as taxas de sinistros sem aumento
biente. do custo administrativo, o que muitas vezes pode
ser comercialmente rentável para as seguradoras. A
rentabilidade econômica destas medidas depende
Custos de o quanto a taxa de sinistros é reduzida, ou se as
vítimas simplesmente mudaram de uma seguradora
Em 2007, foi pago um total de aproximadamente para outra. Nesse último caso, tem-se que atentar
NOK 14 bilhões em prêmios de seguros de automó- para afastar os clientes com alto risco de uma se-
Parte II: 8. Controle e sanções 901
guradora forçando-os para outras seguradoras. No recionar o segurado a encontrar a solução mais eco-
caso anterior, a segurança global é melhorada. nômica para si, no caso de este sofrer algum sinistro.
Sempre será pouco rentável cobrar os pequenos si-
nistros da seguradora; pode valer a pena o próprio
Responsabilidade e procedimentos formais segurado pagar por esses sinistros em separado.
co Impacto sobre os acidentes. Eles mostram que o 3. estudos sobre como o uso do aparelho celular im-
uso de aparelhos celulares ao dirigir aumenta o risco pacta a atenção e o comportamento do condutor;
de acidentes. Um grande número de países, portan- 4. estudos sobre a extensão do uso do aparelho ce-
to, introduziu restrições quanto ao uso de aparelhos lular no tráfego.
celulares ao volante e o mais comum é que foi proi-
bido o uso de celulares utilizando as mãos, porém Neste tópico, enfatizam-se os primeiros dois gru-
foi permitido o uso do celular via bluetooth. pos, porém também são discutidos os resultados
mais importantes dos estudos sobre a atenção e o
A finalidade de regulamentar o uso do telefone ce- comportamento.
lular ao dirigir é reduzir, se não eliminar, o aumento
de acidentes causados pelo uso do celular ao volante.
Os riscos dos acidentes relacionados ao uso
do aparelho celular
Descrição da medida
Pesquisa relevante: é difícil realizar uma pesquisa ge-
Em 2000 o uso de celulares ao conduzir um veículo ral sobre como o uso do aparelho celular impacta o
foi proibido na Noruega. Até então, era permitido risco de acidentes. Isso se deve principalmente a dois
utilizar todos os tipos de aparelhos celulares ao vo- fatores: primeiro, é difícil reunir informações confiá-
lante. O disposto no parágrafo 1 das regulamenta- veis sobre o uso do aparelho celular ao dirigir, parti-
ções proíbe o uso de celulares ao conduzir um veí- cularmente quanto a informações que mostram que o
culo motorizado (Cappelen, 2009): celular foi usado pouco antes de um acidente; em se-
gundo lugar, o impacto dos riscos de acidentes ocorre
“O condutor de um veículo motorizado não pode por muitas razões. Idealmente, pretende-se demons-
utilizar o aparelho celular ao dirigir, a menos que trar uma contribuição específica que o uso do apare-
o aparelho esteja preso a um suporte que esteja lho celular proporciona, uma vez que muitos fatores
firmemente fixado ao veículo. O suporte deve ser de risco podem estar presentes ao mesmo tempo.
instalado nas imediações do volante em um campo
comum perto da visão do condutor ao dirigir, a O que se pretende saber, na verdade, é quantos
não ser que o suporte seja uma parte integrante do acidentes ocorrem enquanto o aparelho celular é
painel original do veículo.” utilizado e em que situações o uso dos aparelhos ce-
lulares pode ser considerado como um fator contri-
O parágrafo 2 define os termos para aparelho celu- buinte para acidentes. Nenhum estudo, no entanto,
lar, direção e uso do mesmo. O último inclui qual- conseguiu obter essas informações. A maioria das
quer uso, seja de chamada, discagem, aceitação de pesquisas atém-se apenas ao uso do aparelho celular
chamada, envio ou recebimento de mensagens de ao dirigir e a qualquer acidente em que o celular seja
texto. Em caso de violação da proibição do uso do usado durante ou pouco antes dele. Nas seguintes
aparelho celular ao dirigir, a polícia deve impor uma pesquisas não foram encontrados impactos nos aci-
multa de NOK 1.300. Conforme as estatísticas da dentes devido ao uso do aparelho celular ao volante.
Agência Nacional de Administração de Vias Públi-
cas da Noruega, o número de multas impostas au- Violanti e Marshall, 1996 (EUA);
mentou de 2.709 em 2004 para 13.433 em 2008. Redelmeier e Tibshirani, 1997A (Canadá);
Sagberg, 1998 (Noruega);
Violanti, 1998 (EUA);
Impacto sobre os acidentes Laberge-Nadeau et al., 2003 (Canadá);
Wilson et al., 2003 (Canadá);
Há várias pesquisas em relação aos impactos do uso McEvoy et al., 2005 (Austrália);
do aparelho celular e sobre as regulamentações de Hahn e Prieger, 2006 (EUA);
seu uso em relação à segurança viária. Elas incluem Klauer et al., 2006 (EUA);
quatro principais tipos de estudos: Beck, Yan e Wang, 2007 (EUA);
Gras et al., 2007 (Espanha) e
1. estudos sobre a relação entre o uso do aparelho Backer-Grøndahl e Sagberg, 2009 (Noruega).
celular e os acidentes;
2. estudos sobre os impactos da regulamentação do Questões metodológicas na investigação sobre os
uso do aparelho celular; riscos da utilização de celulares: estes estudos po-
Parte II: 8. Controle e sanções 903
dem ser divididos em dois grupos: o dos que analisa- de incerteza sobre ele. A falta ou a imprecisão no
ram a relação entre o uso do aparelho celular duran- momento das chamadas móveis ou dos acidentes
te ou pouco antes de um acidente, além do risco de leva a uma grande perda dos dados, uma vez que
acidentes (este grupo inclui estudos de Redelmeier e pode levar a distorções na interpretação dos fato-
Tibshirani (1997A), Sagberg (1998), McEvoy (2005), res de risco. Além disso, o método pode controlar
Klauer et al. (2006) e Backer-Grøndahl e Sagberg apenas características relativamente estáveis dos
(2009)), e o dos que se valeram de participantes condutores. Se um condutor, por exemplo, estava
ocultos, analisando a relação entre o uso do aparelho mais cansado que o normal ou sob a influência de
celular e os acidentes em geral. Os dois grupos de outros fatores de risco, o risco atribuído ao celular
estudo apresentaram resultados diferentes. em uma situação de risco pode ser demasiadamen-
te alto, uma vez que outros fatores podem estar si-
Existem métodos distintos que foram utilizados nos multaneamente presentes. O método também não
estudos. Redelmeier e Tibshirani (1997A) e McEvoy controla as propriedades do tráfego que possam
et al. (2005) usaram o chamado método de “caso afetar o risco de acidentes, o tipo de via utilizado
cruzado”. Este é um método epidemiológico, rela- pelos condutores ou outras situações de tráfego de
tivamente pouco desenvolvido, em que os mesmos risco maior que o habitual; isso também pode criar
indivíduos são estudados em duas situações diferen- distorções.
tes: uma situação é definida como situação de risco
e a outra, como uma situação normal. O momento No estudo de Klauer et al. (2006), que faz parte do
em que o aparelho celular está em uso ao dirigir é estudo dos 100 carros nos EUA, assim como nas
definido como a situação de risco; quando o celular análises de Redelmeier e Tibshirani (1997A) e McE-
não está em uso ao dirigir, não se configura uma si- voy et al. (2005), o horário das chamadas e dos aci-
tuação de risco. Estes períodos são identificados o dentes e quase acidentes são gravados diretamente,
mais precisamente possível pelo uso de contas de e não fornecidos pelos próprios condutores. Este
empresas de celular em que o tempo de chamada é estudo deve ser, portanto, considerado metodolo-
gravado. Ao comparar os períodos em que o indi- gicamente robusto. Os estudos de Sagberg (1998)
víduo recebeu uma chamada de celular com o ins- e Backer-Grøndahl e Sagberg (2009) são baseados
tante do acidente, pode-se determinar se o telefone no uso declarado de telefones em registros de segu-
celular estava sendo usado durante o acidente ou radoras. Neste caso, a subnotificação não seria uma
pouco antes do evento. A duração dos períodos é possível fonte de erro. A subnotificação do uso de
utilizada para medir a exposição à situação de risco. telefones celulares não necessariamente conduzirá a
um cálculo errado dos riscos se o nível de subnoti-
Uma vez que os mesmos indivíduos foram estuda- ficação for estável ao longo do tempo e invariável
dos tanto nos períodos de risco quanto nos perío- entre os grupos que estão sendo comparados.
dos normais, considera-se que haja o controle to-
tal sobre todas as características individuais, assim A maioria dos outros estudos da lista a seguir trata
como os acessórios e objetos do veículo das pessoas de pesquisas de um tipo de condutores. Nelas são
que utilizam o mesmo veículo em todos os perío- fornecidas apenas as informações de que o indiví-
dos. Também é possível saber se o telefone celular duo utiliza o aparelho celular ao dirigir, mas não
foi utilizado ou não. O método é considerado por que necessariamente o celular estava sendo utiliza-
muitos como o melhor para identificar acidentes re- do durante o acidente ou pouco antes dele. Uma vez
lacionados à utilização do celular. A confiabilidade que as informações sobre o uso do aparelho celular
do método é, no entanto, inteiramente dependen- e dos acidentes estão um tanto generalizadas, o im-
te da possibilidade de identificação do horário das pacto do uso do telefone celular sobre os acidentes
chamadas de celular e do horário dos acidentes de parece diluído e subestimado.
modo suficientemente preciso. Também é impor-
tante atentar para chamadas iniciadas em um horá- O aumento projetado do risco ao utilizar o apare-
rio muito próximo ao do acidente, pois elas podem lho móvel: estudos por meio dos quais são obtidas
não ter relação com a ocorrência do acidente, mas informações sobre o uso do aparelho celular em
sim terem sido realizadas logo após o acidente ape- associação aos acidentes mostram que o risco re-
nas para chamar a polícia ou a ambulância. lativo e associado ao uso do aparelho celular é de
2,42 (1,47; 3,97), ou seja, que o risco aumenta mais
Embora o método em princípio seja bom, Redel- do que o dobro. Esta estimativa é baseada em seis
meier e Tibshirani (1997B) apontam várias fontes resultados, e os intervalos de confiança de 95% são
904 O Manual de Medidas de Segurança Viária
mostrados entre parênteses. O aumento do risco lar sejam em média mais experientes que os usuários
mostrou-se estatisticamente significativo. de celulares de15 anos atrás.
Estudos em que há somente informações gerais rela- Comparação entre o celular e o bluetooth: mudan-
tivas ao uso do aparelho celular mostram que o risco ças no risco de acidentes devido ao uso do telefone
relativo aumenta para 1,28 (1,12; 1,46). Este aumen- celular devem incluir comparações entre o uso do
to do risco é muito menor que aqueles encontrados celular com e sem o bluetooth.
em estudos com informações mais precisas quanto
ao uso do aparelho celular. A estimativa é baseada Redelmeier e Tibshirani (1997A);
em uma amostra de oito resultados.
Sagberg (1998);
A possibilidade de um viés de publicação está sen- Laberge-Nadeau et al. (2003);
do testada sob o método trim and fill (Høye e Elvik McEvoy et al. (2005) e
2010). Demonstrou-se um possível viés de publica- Backer-Grøndahl e Sagberg (2009).
ção em ambos os grupos de estudos. Ao corrigir o
viés de publicação, o risco relativo do atual uso do Juntas, estas cinco pesquisas estimam a diferença en-
aparelho celular decresceu de 2,42 para 1,15 (0,77; tre o risco de usar um celular utilizando as mãos e
1,72), o que mostra um substancial impacto de um via bluetooth. Cinco dessas pesquisas mostraram que
possível viés de publicação. Em estudos com in- o risco é maior quando se segura o celular com uma
formações gerais sobre o uso do aparelho celular, das mãos. Em média, os estudos mostram um au-
o risco relativo diminuiu de 1,28 para 1,04 (0,94; mento 20% do risco para o uso do celular utilizando
1,16). Estes resultados mostram que o aumento do as mãos se comparado ao seu uso via bluetooth. O
risco pode desaparecer quando o viés de publicação aumento não é estatisticamente significativo. Não foi
é corrigido. testado o viés de publicação nestes resultados.
Estudos baseados nas informações sobre o uso real Impactos da proibição do uso do aparelho celu-
do aparelho celular associado aos acidentes mos- lar: muitos países e estados dos EUA proibiram o
tram uma tendência maior para o aumento do risco uso do aparelho celular durante a condução de um
na última pesquisa que na mais antiga. Isso é mos- veículo motorizado. Existem poucos estudos sobre
trado na figura 8.14.1. os impactos desta proibição. O único estudo sobre
o impacto dos acidentes encontrado está relaciona-
Esta tendência é consistente com os estudos que do à proibição do aparelho celular no Japão (RoS-
sugerem que o risco de utilizar o aparelho celular PA, 2002). Os resultados desta pesquisa estão dis-
diminui quanto mais experiente for o usuário (Re- poníveis apenas em uma fonte secundária. A tabela
delmeier e Tibshirani, 1997A, Shinar et al., 2005). 8.14.1 sintetiza a variação no número de acidentes
Assume-se que os atuais usuários do aparelho celu- até um ano após a proibição ter sido introduzida.
7,00
6,00
5,00
4,30 4,10
4,00
3,00
2,24
2,00
1,58 1,51
1,00
0,00
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
Figura 8.14.1: Evolução do risco relativo associado ao uso dos aparelhos celulares
durante o acidente ou pouco antes dele.
Parte II: 8. Controle e sanções 905
Tabela 8.14.1: Acidentes envolvendo o uso do aparelho celular e o total de acidentes no Japão
antes e depois da introdução da proibição do uso de aparelhos celulares nos veículos.
Houve um declínio acentuado no número de aci- proibições é apresentada na tabela 8.14.2 (Draguti-
dentes de trânsito causados pelo uso do celular. A novic e Twisk, 2005).
diminuição do número de mortes foi ligeiramente
menor que o declínio no número de acidentes e O uso dos celulares utilizando as mãos diminuiu,
de pessoas feridas. O número total dos acidentes enquanto que o uso do celular via bluetooth aumen-
de trânsito não diminuiu. O número de acidentes tou. Entre os condutores em geral, observou-se uma
causados pelo uso do aparelho celular era maior diminuição do uso total do aparelho celular; porém,
no período anterior; no período depois, estes aci- entre os condutores de veículos pesados, não foi ob-
dentes passaram a representar uma pequena taxa servada uma diminuição do uso do aparelho celular.
de todos os acidentes – pouco mais de 0,1% dos
acidentes e um pouco menos de 0,3% do número O último registro é de 2009 (Department for Trans-
de mortos. port, 2010). Isso mostra uma contínua tendência de
declínio com relação ao uso do aparelho celular
Os dados sugerem que a proibição reduziu o nú- entre os condutores; porém, esse uso ainda cresce
mero dos acidentes para o público-alvo, porém não entre os condutores de veículos pesados.
se pode esperar que isso leve a um resultado sig-
nificativo sobre o número total de acidentes, pois Os dados mostram que não houve adesão à proibi-
ocorreram poucos acidentes relacionados ao uso do ção do uso do aparelho celular ao volante por todos
aparelho celular. os que dirigem veículos de passeio, mas que essa
proibição poderia levar a uma maior taxa de condu-
Na Grã-Bretanha, o uso do celular durante a dire- tores que utilizam o celular via bluetooth.
ção é proibido desde dezembro de 2003. O Centro
de Pesquisas dos Transportes (CPT) monitorou o Nos EUA, a proibição do uso de aparelhos celulares
uso do aparelho celular antes e depois de sua proi- utilizando as mãos foi aplicada em vários estados.
bição às margens das vias. Os observadores foram A última pesquisa sobre o impacto desta proibição
equipados com um dispositivo que mede a radiação data de 2009 (McCartt et al., 2009). Ela é válida no
de telefones celulares quando em uso; sendo assim, Distrito de Columbia, em Nova York e em Con-
também capturou o uso de telefones celulares via necticut. Os impactos são mensurados por meio de
bluetooth. A taxa do tráfego composta por usuários curvas de análise de regressão, em que se observou
que usavam o telefone celular antes e depois das uma série de dados sobre o período de uso do apa-
Tabela 8.14.2: Uso do aparelho celular nos veículos antes e depois da proibição de seu uso
na Grã-Bretanha.
relho celular utilizando as mãos. Com relação ao bluetooth. Por outro lado, a taxa dos acidentes en-
Distrito de Columbia, a análise mostrou um declí- volvendo o uso do aparelho celular, independente
nio do uso premeditado do celular de 7,41% para do tipo, se deve ao aumento de seu uso. O aumento
4,22%. Do mesmo modo, o declínio estimado foi de 0,37% para 0,65% é muito menor que o aumen-
de 6,04% para 2,14% em Connecticut e de 4,91% to do uso do aparelho celular para a população geral
para 3,74% em Nova York. Infelizmente o uso do indicado no período de 1997 até 2008. Os dados
aparelho celular via bluetooth não é mostrado nes- globais sugerem, portanto, que a proibição pode ter
te estudo. Como o uso dos telefones celulares via tido um efeito pequeno sobre os acidentes, poden-
bluetooth pode ter aumentado mais que o uso do do haver apenas contribuído para limitar o cresci-
telefone celular utilizando as mãos, o estudo não diz mento do uso do aparelho celular nos veículos.
nada sobre os impactos da proibição. A pesquisa é
inútil, uma vez que não fornece todas as informa-
ções relevantes sobre os impactos da proibição do Impactos dos aparelhos celulares na atenção
uso utilizando as mãos do aparelho celular. Foi feita e no comportamento
uma pesquisa similar quanto à proibição do uso do
aparelho celular utilizando as mãos entre jovens na Foram feitos muitos estudos, particularmente com
Carolina do Norte (Foss et al., 2009), que também simuladores de direção, sobre como o uso dos apa-
foi considerada sem valor, uma vez que não aponta relhos celulares impactam o desempenho na dire-
nada sobre as mudanças no uso do aparelho celular ção. Em Caird et al. (2008), foi feita uma meta-a-
via bluetooth. nálise dos resultados de 33 pesquisas. Constatou-se
que, com o uso do aparelho celular, tem-se: (1) o
Um estudo dos acidentes antes e depois ocorridos aumento do tempo de reação em 0,25 segundos; (2)
em Nova York (Nikolaev et al., 2010) encontrou há uma pequena redução da estabilidade, ou seja,
uma tendência para a diminuição do número de um pouco mais de movimentos laterais entre as fai-
acidentes, que deve ter várias razões que o estudo xas; (3) aumento da distância do veículo dianteiro,
não pôde associar diretamente à proibição do uso e (4) velocidade mais baixa. Duas destas mudanças
do aparelho celular. – maior tempo de reação e menor estabilidade – são
consideradas como negativas para a segurança. As
Na Noruega o uso do aparelho celular nos auto- outras duas – o aumento da distância do veículo à
móveis foi banido em 2000. Dados de seguradoras frente e a velocidade mais baixa – são consideradas
sobre o uso do telefone celular em acidentes rela- positivas para a segurança, se vistas isoladamente. A
tados foram coletados em 1997 (Sagberg, 1998) e questão é qual o resultado global que está relaciona-
2008 (Backer-Grondahl e Sagberg, 2009). Esses da- do às mudanças comportamentais trazidas pelo uso
dos não foram coletados com o objetivo de medir os do celular.
impactos da proibição do uso do aparelho celular
utilizando as mãos. Ainda pode haver o interesse em A maioria dos motoristas está ciente de que o uso
utilizar os dados para uma avaliação mais informal do aparelho celular tira sua atenção. Uma menor
dos possíveis impactos da proibição. Em 1997, in- velocidade e o aumento da distância entre o veículo
formações sobre o uso do aparelho celular estavam dianteiro podem ser interpretados como uma adap-
disponíveis em 23 de um total de 6.161 acidentes, o tação de comportamento mais ou menos consciente
equivalente a 0,37%, independente de o condutor (em muitos casos, estas mudanças no comporta-
estar ou não cometendo uma irregularidade. Em mento provavelmente não são deliberadas), como
2008, informações sobre o uso do aparelho celular uma compensação para a atenção reduzida e manu-
estavam disponíveis em 28 dos 4.307 acidentes, o tenção da margem de segurança.
equivalente a 0,65%, independentemente da culpa.
Em 1997, informações sobre o uso do aparelho ce- Um levantamento faz com que seja possível calcu-
lular utilizando as mãos estavam disponíveis em 15 lar as mudanças na margem de segurança indicadas
dos 23 acidentes envolvendo o uso do celular. Em por alterações na distância de parada, que não estão
2008, informações sobre o uso do aparelho celular incluídas na meta-análise de Caird et al. (2008), mas
utilizando as mãos estavam disponíveis em 12 dos sim nas análises de Törnros e Bolling (2006), em
28 acidentes. um simulador de condução no VTI. Os indivíduos
foram convidados a dirigir em cinco ambientes de
Estes números sugerem que houve uma mudança tráfego diferentes. Em todos os ambientes, o tem-
no uso do celular utilizando as mãos para o uso via po de reação foi entre 0,1 e 0,25 segundo. Em três
Parte II: 8. Controle e sanções 907
dos ambientes, o aumento do tempo de reação foi zando as mãos no trânsito aumentou de 2,7% para
maior para os aparelhos celulares sendo usados via 5,8% durante o período 2001- 2006. No Distrito
bluetooth, embora as diferenças fossem pequenas. A de Columbia, em New York e em Connecticut, o
velocidade foi reduzida durante as chamadas em to- uso de celulares utilizando as mãos em 2009 variou
dos os ambientes de tráfego, com exceção para uma entre 2% e 4% (McCartt et al., 2009). Não há re-
conversa com um celular sendo usado via bluetooth gistros correspondentes na Noruega, mas a partir
em uma via secundária com limite de velocidade de da elevada densidade de aparelhos, pode-se esti-
70 km/h. Houve uma menor redução da velocidade mar o uso do aparelho celular utilizando as mãos
para o uso de celulares sendo usados via bluetooth e no trânsito na ordem de 2,5% dos veículos. O uso
maior para os celulares utilizando as mãos. do aparelho celular via bluetooth (permitido) é
desconhecido.
O tempo de parada é calculado com o pressuposto
de que o tempo de reação sem o uso do celular se-
ria de 1 segundo. Supõe-se que a pista seja plana e o Impacto na mobilidade
coeficiente de atrito seja de 0,8. Os cálculos são ba-
seados nos resultados de Törnros e Bolling (2006). Sabe-se que a velocidade é reduzida durante uma
Em seguida, observa-se um aumento insignificante chamada de telefone celular ao volante. Pode haver
na distância de frenagem com o uso do aparelho ce- um impacto sobre a mobilidade. Este prejuízo é, no
lular utilizando as mãos em três dos cinco ambientes; entanto, pequeno, pois recai sobre uma pequena
uma redução insignificante da distância de parada parcela do volume de tráfego, apresentando quase
em um ambiente e uma redução de 4,5% em outro nenhum impacto mensurável sobre a mobilidade
ambiente. Em geral, as mudanças são descritas como em geral que altere, por exemplo, o tempo de via-
pequenas. Não há nenhuma base para afirmar que gem esperado entre os locais específicos.
a margem de segurança seja sensivelmente reduzida
pelo uso do aparelho celular utilizando as mãos. Para
os celulares sendo usados via bluetooth, houve um Impacto no meio ambiente
aumento da distância de parada em quatro dos cinco
ambientes, sendo ligeiramente reduzido no quinto Tanto as emissões do escapamento dos veículos
ambiente. Os resultados indicam que a margem de quanto as emissões de ruído estão relacionadas à
segurança é menor ao utilizar o celular via bluetooth velocidade. As mudanças na velocidade devido ao
do que ao usar o aparelho utilizando as mãos. Em uso do celular são pequenas e de curta duração e,
outras palavras, a adaptação comportamental é maior portanto, não afetam o nível de ruído ou o total das
com o uso do aparelho celular utilizando as mãos. emissões no trânsito.
tes com relação à medida aqui descrita, uma vez Responsabilidade e procedimentos formais
que se aplica à proibição total do uso do aparelho
celular ao dirigir. Em todas as análises, as perdas Iniciativa para a medida
de benefícios para o usuário em função da proi-
bição total do uso do celular desempenhariam um As iniciativas de mudanças que visam proibir o uso
papel importante. Isso não é relevante em termos de aparelhos celulares portáteis ao dirigir podem ser
da proibição do uso de celulares utilizando as tomadas por autoridades viárias, grupos de interes-
mãos, pois o uso do celular via bluettoth apresenta se ou outros.
as mesmas funções que o uso do celular utilizando
as mãos e não implica qualquer perda de benefício
para os consumidores. Requisitos e procedimentos formais
A questão é, portanto, se os benefícios da proi- Os regulamentos que proíbem o uso do celular utili-
bição do uso do celular utilizando as mãos, num zando as mãos ao dirigir um veículo são determina-
escopo de menos acidentes, representa um bene- dos pelo Ministério dos Transportes, nos termos do
fício econômico que exceda os custos do controle Código de Trânsito. A regulamentação complemen-
da proibição (fiscalização). Os estudos que foram ta a regra geral de cuidados para o tráfego no § 3 do
aqui apresentados sobre os impactos nos acidentes Código de Trânsito.
são referentes à proibição do uso do celular uti-
lizando as mãos e não apresentam nenhuma base
clara para responder a esta pergunta. Por outro Responsabilidade pela execução da medida
lado, dados japoneses mostram um decréscimo dos
acidentes associados ao uso do aparelho celular. Já A fiscalização das regulamentações e consequente
os dados noruegueses sugerem não haver correla- punição são realizadas pela polícia. A punição das
ção com a diminuição no número de acidentes em infrações ocorre por meio do sistema de pontuação,
que o aparelho celular é utilizado. Há também uma conforme o item n. 12 do § 1 do Código de Trânsito.
considerável incerteza sobre se os celulares utiliza-
dos via bluetooth representam menos risco que o
uso comum. Estudos apontam que o uso do celular 8.15 Regulamentação e controle
via bluetooth é um pouco mais seguro que o uso da condução sob o efeito de
do celular utilizando as mãos, mas a diferença não medicamentos e outras drogas
é estatisticamente significativa. Estudos compor-
tamentais utilizando simuladores de direção não Capítulo escrito por Rune Elvik (TØI) em 2012
sugerem que os celulares utilizados via bluetooth
cria uma maior margem de segurança que o uso do
celular utilizando as mãos. Problema e finalidades
Em outras palavras, as indicações apontam para A influência do álcool ou de outras substâncias psi-
sentidos diferentes. Todas as indicações carecem coativas aumenta significativamente o risco de aci-
de certeza na quantificação do impacto sobre os dentes. Os impactos da exposição ao álcool e o risco
acidentes ao proibir o uso do celular utilizando as de estar envolvido em acidentes de tráfego há muito
mãos do celular ao dirigir um veículo motorizado na vem sendo divulgados, ao menos desde o clássico es-
Noruega. Os custos da fiscalização seriam compen- tudo Grand Rapids, do início dos anos 1960. Pouco
sados se a medida evitasse uma série de acidentes se sabe sobre como as drogas impactam os acidentes.
com mortos ao ano, ou seja, acidentes fatais (15-25)
ou ainda com feridos. Mudanças muito pequenas O Código de Trânsito foi recentemente alterado
referentes às taxas de acidentes encontram-se den- com relação ao uso de drogas e esclareceu mais
tro de sua esfera de variação aleatória de ano para especificamente sobre as substâncias psicoativas à
ano e não podem ser detectadas estatisticamente. exceção do álcool. O parágrafo 22 do Código de
Baseado nisso, é razoável dizer que qualquer impac- Trânsito tem o seguinte teor:
to de proibição referente ao uso do celular utilizan-
do as mãos é provavelmente muito pequeno a ponto “Não se deve dirigir um veículo motorizado quan-
de ser demonstrado estatisticamente pelo número do o condutor estiver sob o efeito de álcool ou ou-
de acidentes. tras substâncias psicoativas.”
Parte II: 8. Controle e sanções 909
*Não são estabelecidos limites quando a relação entre a concentração de droga no sangue e o risco de acidentes/deterioração apresentada é altamente
variável e mal documentada. Pôde-se ver uma influência pronunciada em baixas concentrações, especialmente a qualquer momento após um consumo
maior de anfetamina/metanfetamina.
A polícia testou um aparelho para medir o potencial ça. Pela influência em grau equivalente àquele que
de influência de drogas utilizando amostras de sali- presumidamente corresponde a uma concentração
va. Conclui-se provisoriamente que o sistema apre- de álcool no sangue entre 0,5 e 1,2g/l, é suficiente
senta pouca credibilidade para ser utilizado, porém para que o condutor seja multado, tenha a carteira
seu desenvolvimento continua. Qualquer aparelho de habilitação recolhida ou até mesmo seja detido,
utilizado só será significativo se funcionar como um além de ter que se apresentar à Justiça, no nível mais
instrumento de triagem. Quando o resultado for po- alto de exposição, que supostamente corresponde a
sitivo, o condutor deverá ser encaminhado para um um nível de álcool de 1,2g/l, a penalidade resulta em
exame clinico, para que possa ser determinado se o multa e prisão, por determinação da Justiça.
impacto é superior aos limites indicados no quadro
8.15.1. Não há pesquisas de campo onde se tenha avaliado
o grau de influência na condução sob a influência
As penalidades para a condução sob a influência de drogas. As amostras das análises de sangue fei-
de outras substâncias psicoativas são equivalentes tas pela divisão do Instituto de Saúde da População
às penalidades para a condução sob a influência do podem indicar a tendência ao longo do tempo da in-
álcool. Em um grau de menor impacto, equivalente cidência do uso de medicamentos ou drogas, assim
a um nível de álcool no sangue inferior a 0,5, aplica- a polícia submete condutores suspeitos ao exame
se uma multa. O condutor não responde na Justi- clínico. Recentemente houve um aumento do núme-
Parte II: 8. Controle e sanções 911
ro de análises com resultados positivos relativos ao acidente usando substâncias psicoativas durante a di-
uso de drogas. Nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010 reção e divididos em 11 diferentes substâncias.
o número de amostras positivas encontradas foi
(Folkehelseinstituttet, 2008, 2009, 2010, 2011) 4339 A maioria das estimativas aponta para um aumento
(2007), 4525 (2008), 4590 (2009) e 4721 (2010). Re- de risco moderado. Quinze de 24 estimativas de ris-
centemente foram realizadas muitas análises sobre co mostram um aumento inferior a 100%, ou seja,
álcool e outras substâncias psicoativas pelo Instituto menos do que uma duplicação de risco. Apenas três
de Saúde da População. estimativas, todas relacionadas às anfetaminas, mos-
tram que o risco é cinco vezes maior.
Tabela 8.15.2: Os resultados dos estudos da meta-análise tratam da relação entre o uso de medicamentos e outras drogas
e a condução e os acidentes. Fonte: Elvik, 2012.
imediatamente antes de dirigir. Três fontes de dados ao conduzir um veículo. O aumento do risco de
são utilizadas para determinar o uso de substâncias acidentes envolvendo danos materiais relacionados
psicoativas: (1) Uso de autorrelato; (2) Uso de medi- ao consumo de anfetaminas (6,19) pode ter um im-
camento controlado de acordo com as receitas; (3) pacto significativo no número de acidentes, uma vez
Uso determinado por análise de amostras de sangue que 10% do tráfego ocorre com condutores que se
ou outros fluidos corporais. Somente a última fon- encontram sob a influência de anfetaminas, porém
te de dados forneceu informações objetivas sobre o apresenta-se um impacto insignificante, uma vez
uso de outras substâncias psicoativas bem como so- que 0,1/1000 do tráfego ocorre com condutores sob
bre as dosagens usadas. Somente uma minoria dos a influência da anfetamina.
estudos se baseia em análises laboratoriais.
Com todos os fatores considerados, não se pode
(2) A maioria dos estudos não tem um bom controle interpretar estas deficiências em relação aos resul-
de outros fatores que afetam o risco de acidentes do tados da tabela 2 como uma expressão das relações
além do uso de outras substâncias psicoativas. Foi causais. Eles mostram apenas a relação entre os da-
desenvolvida uma escala para a qualidade dos estu- dos estatísticos, o que, numa análise mais precisa,
dos com valores entre 0 (pior) e 1 (melhor) (Elvik, pode provar causalidade, mas também pode provar
2012). Nenhum estudo pontuou mais do que 0,65 que esse resultado se deve a dados mal coletados e
nesta escala. A correlação entre a qualidade das pes- à falta de controle para outros fatores de risco que
quisas e as estimativas de risco foi examinada onde impactam o risco de acidentes.
havia muitas e suficientes estimativas de risco. Isto
se aplica a 13 dos 24 resultados da tabela 8.15.2.
Em seis dos 13 casos mostrados (relativamente) Medidas que reduzem a condução sob a influência
as melhores pesquisas estimam menores riscos do de medicamentos e outras drogas
que (relativamente) as más pesquisas. Quatro dos
13 casos que mostraram pesquisas (relativamente) Várias medidas poderiam ser implementadas a fim
boas estimam maior risco que as pesquisas (relati- de reduzir a direção sob a influência de medicamen-
vamente) insatisfatórias. Os três últimos resultados tos e outras drogas. As principais são:
mostraram uma relação curvilínea entre a qualidade
de uma pesquisa e a estimativa de risco. 1. Informações em embalagens de medicamentos
para conscientizar o usuário dos perigos de diri-
(3) Foram testados os viés de publicação para 14 gir depois de tomar o medicamento.
dos resultados na tabela 2. O viés de publicação 2. A fiscalização policial contra a condução sob o
significa que os resultados não são estatisticamente efeito de substâncias psicoativas; possivelmente
significativos, ou que vão para uma direção oposta o policiamento também restringirá o acesso às
à que os pesquisadores esperavam (menor risco de drogas.
acidentes ao consumir drogas do que sem consu- 3. As opções de tratamento para viciados são vol-
mi-las, por exemplo), os resultados são publicados tadas ao desmame, que é uma transição para
em menor grau do que os resultados que são esta- substâncias menos perigosas ou até mesmo para
tisticamente significativos ou são consistentes com a abstinência.
as expectativas dos cientistas. Foram encontradas
provas disso em 10 dos 14 casos em que foram tes- Foi feita uma pesquisa literária limitada no Scien-
tados para o viés de publicação. A mais clara evi- ceDirect (http://www.sciencedirect.com/) a fim de
dência de viés de publicação mencionada foi sobre encontrar estudos sobre os efeitos destas medidas.
a benzodiazepina e a cânabis. Com os ajustes de viés A pesquisa literária mostrou que não existem es-
de publicação, estimou-se que o risco de acidentes tudos sobre as iniciativas destinadas a examinar o
com feridos pelo uso de benzodiazepinas diminuiu condutor sob a influência de drogas.
de 1,65 para 1,07. A estimativa do risco de acidentes
por danos materiais ao consumir cânabis foi reduzi- Os vários estudos avaliam os impactos das advertên-
da de 1,48 para 1,14. Em outros casos, os impactos cias estampadas nas embalagens de cigarro. Vários
das estimativas de risco de correção das publicações estudos avaliaram os alertas estampados nas emba-
foram bem menores. lagens dos sedativos. Um estudo de Lesch (2008)
mostrou que o acesso às informações pode melhorar
(4) Praticamente nenhuma pesquisa informou algo o entendimento de alertas sobre diferentes perigos.
sobre o quão comum é o uso das diferentes drogas Nenhum dos alertas estudados avaliou o perigo na
Parte II: 8. Controle e sanções 913
direção pelo uso de drogas. Webb et al. (2008) ana- substâncias psicoativas à exceção do álcool. O con-
lisaram o quão bem os pacientes entendiam os aler- trole do consumo de álcool comprovou reduzir os
tas estampados nas embalagens de medicamentos. acidentes em 17% (Erke, Goldenbeld e Vaa, 2009).
Os pacientes deram sugestões sobre como os alertas Os impactos do controle de acidentes por uso de
poderiam ser mais compreensíveis. Nenhum dos outras substâncias psicoativas à exceção do álcool
alertas abordou o perigo do uso de drogas no trân- são considerados menores, uma vez que estas subs-
sito. Um experimento (Schneider et al., 2012) mos- tâncias causam menos acidentes que o álcool.
trou que o uso de imagens nas embalagens de cigar-
ro, ao invés de textos que alertam contra os perigos
para a saúde ao fumar, aumentou a motivação para Impacto na mobilidade
se desistir de fumar. Não se sabe se este resultado
pode ser transferido para a condução de veículos, A regulamentação e o controle da condução sob o
ou seja, se imagens de acidentes de trânsito ou de efeito de medicamentos e outras drogas não têm im-
indivíduos feridos estampadas nas embalagens dos pacto direto sobre a acessibilidade. Se polícia deti-
medicamentos podem ter um impacto dissuasivo ver os veículos em meio a um controle, cada veículo
maior que uma advertência ou um texto que diz que sofrerá atrasos de poucos minutos.
não se deve dirigir após tomar o remédio.
Uma ampla revisão dos estudos sobre a fiscalização Impacto no meio ambiente
policial em ambientes de consumo de drogas (Kerr,
Small e Wood, 2005) conclui que esses controles A regulamentação e o controle da condução sob o
parecem ter impactos nocivos. Os controles fazem efeito de medicamentos e outras drogas não têm
com que os viciados sejam menos cautelosos ao qualquer impacto nas condições ambientais.
manusear suas seringas ou outros recursos que utili-
zam para consumir drogas. Isso aumenta o risco de
overdose, entre outros problemas para a saúde dos Custos
viciados. A redução temporária da disponibilidade
de drogas pode aumentar o preço delas, o que pode Não há números precisos sobre o custo da regula-
levar a um aumento do crime para obter-se o dinhei- mentação e do controle da condução sob o efeito de
ro para comprar drogas. medicamentos e outras drogas. Existem vários tipos
de custos para a regulamentação e o controle:
Krausz e Kaiser (2012) indicam que a abordagem da
sociedade para o tratamento da dependência de dro- 1. Os custos por projeto e adoção de leis e regu-
gas ainda demonstra sinais de criminalização e estig- lamentos que regem a condução sob o efeito de
matização, ao invés de uma aceitação do fato de que medicamentos e outras drogas.
a dependência é uma doença que deve ser tratada por 2. Os custos da condução sob o efeito de medica-
cuidados de saúde em pé de igualdade com todas as mentos e outras drogas, incluindo o custo do re-
outras doenças. A criminalização do uso de drogas é forço policial direcionado ao abuso de drogas a
extremamente crítica do ponto de vista ético, tendo fim de limitar o acesso a elas.
grandes efeitos adversos para pacientes que sofrem 3. O custo das sanções por dirigir sob o efeito de
desta doença. A história da medicina é, no entanto, medicamentos e outras drogas, incluindo o custo
cheia de exemplos de desordens psiquiátricas que com prisões.
não são tratadas como doenças, porém os pacientes
com este diagnóstico, ao invés de tratados, são crimi- O tráfego regulamentar nas vias onde se fiscalizava a
nalizados, estigmatizados e excluídos da sociedade. influência de outras substâncias psicoativas que não
o álcool mudou recentemente. O custo para a proje-
McHugh, Hearon e Otto (2010) resumem um gran- ção de novas provisões pode ser estimado em NOK
de número de estudos sobre terapia cognitivo-com- 10-15 milhões. Isto inclui trabalhos de pesquisas,
portamental para a dependência de drogas. Con- elaboração de novo projeto de lei, aprovação de lei
clui-se que essas terapias no todo reduzem o vício e promulgação da decisão.
de drogas em pacientes com este diagnóstico.
As despesas da polícia para controlar os condutores
Não foram encontrados estudos sobre o impacto do sob o efeito de substâncias psicoativas são estimadas
controle no trânsito direcionado ao uso de outras em 55 milhões ao ano (Elvik, 2010). Isso inclui tanto
914 O Manual de Medidas de Segurança Viária
os testes de bafômetro bem como outros métodos radas em 2010 e 2011 e entraram em vigor em 1º
de controle de drogas. Não se sabe como os custos de fevereiro de 2012. A iniciativa para controlar o
são distribuídos entre o controle de velocidade e os tráfego é tomada pela polícia. A polícia prepara um
controles de outras substâncias psicoativas. plano anual para o controle do tráfego.
Responsabilidade e procedimentos formais Se o resultado mostrar que o limite legal foi exce-
dido, cabe à polícia e aos procuradores a responsa-
Iniciativa para a medida bilidade de punir o condutor. Se as concentrações
forem baixas, impõe-se uma multa. Isso acontece
A iniciativa para alterar as disposições da legislação administrativamente e não requer tratamento for-
em matéria de trânsito por conta da influência de mal. Em concentrações mais elevadas, o condutor
medicamentos ou outras drogas é tomada pelo Mi- deve se apresentar ao tribunal para que seja imposta
nistério dos Transportes. As alterações foram elabo- a prisão condicional ou incondicional. O condu-
Parte II: 8. Controle e sanções 915
tor que confessar a infração pode ter sua sentença A questão é, portanto, que se pode promover um
proferida pelos magistrados sem julgamento. Para comportamento de condução mais seguro não so-
o condutor que não confessar, o caso deve ser admi- mente por meio de fiscalizações e punições. Nos
tido durante o processo principal, e a polícia deve últimos anos, houve um número significativamente
apresentar provas de que o condutor estava condu- maior que o habitual de oportunidades para recom-
zindo sob o efeito de medicamentos e outras drogas. pensar o comportamento seguro no trânsito. Uma
Os resultados dos exames clínicos são aceitos como recompensa pelo comportamento seguro requer
evidência do crime. que o comportamento seja passível de observação.
A tecnologia que torna isso possível está cada vez
mais barata e mais confiável. Portanto, realizou-se
8.16 Recompensa da condução segura uma série de experimentos nos quais o usuário foi
recompensado por um comportamento seguro. As
Capítulo escrito por Rune Elvik (TØI) em 2014 formas de comportamento que têm sido recompen-
sadas são: o cumprimento dos limites de velocidade,
Uma recompensa por uma condução segura nor- a redução da exposição (quantidade de quilômetros
malmente é oferecida sob a forma de um pagamen- percorridos), a manutenção da distância do veículo
to em dinheiro ou desconto no prêmio em uma à frente, a não-condução no escuro e a não-condu-
companhia de seguros. Experimentos a respeito de ção nas horas de maior movimento (horas de pico).
recompensas para diferentes formas de comporta-
mento seguro no trânsito mostram que é possível A finalidade de recompensar o comportamento se-
alcançar redução da condução em excesso de velo- guro dos usuários é incentivar esse comportamento
cidade, redução da exposição ao risco, manutenção e, assim, contribuir para menos acidentes e lesões
de uma distância suficiente do veículo à frente ou no trânsito.
ainda levar os condutores a não trafegar nos ho-
rários de pico nas cidades. A experiência em rela-
ção a recompensas por não conduzir à noite figura Descrição da medida
como a menos bem sucedida. Os experimentos
foram realizados com participantes voluntários, e As primeiras tentativas de utilizar recompensas por
não se pode afirmar que os resultados podem ser comportamento seguro foram realizadas como par-
generalizados para os condutores em geral. te de experimentos com adaptação inteligente de
velocidade (ISA – Intelligent Speed Adaptation). O
sistema ISA é um sistema que auxilia os condutores
Problema e finalidades a se manter dentro dos limites de velocidade. Isso é
possível porque o sistema fornece avisos quando o
As violações do código de trânsito e outros com- limite de velocidade é violado e cria uma resistência
portamentos negligentes na direção contribuem no pedal do acelerador de modo a tornar mais difícil
substancialmente para acidentes de trânsito e lesões violar o limite de velocidade, ou ainda pode-se res-
deles decorrentes. Calcula-se que, caso fosse pos- tringir a alimentação de combustível de modo que
sível eliminar 15 infrações de trânsito específicas, não seja possível ultrapassar o limite de velocidade.
incluindo o excesso de velocidade, o álcool ao vo- As tentativas que têm sido feitas estão relacionadas
lante e a não-utilização dos cintos de segurança, o com recompensas e têm sido associadas à antiga ver-
número de mortes diminuiria em mais de 50% e o são do ISA – o ISA de alerta.
número de vítimas, em 30% (Elvik, 2010). Muitas
infrações de trânsito ou outras formas negligentes A fim de recompensar o comportamento seguro, o
de comportamento na condução de um veículo são veículo deve estar equipado com um sistema que
cometidas porque os usuários se sentem em vanta- possa detectar esses comportamentos. A velocidade
gem com esses comportamentos e consideram que a do veículo é registrada pelo medidor de velocidade
chance de serem flagrados pela polícia é muito pe- do veículo e, para se recompensar o cumprimen-
quena. Não é possível que a polícia fiscalize todos to dos limites de velocidade, o veículo deve estar
os usuários viários em toda parte a todo o momento. equipado com um dispositivo GPS, associado a um
Também não é realista imaginar que as medidas de mapa digital com os limites de velocidade conecta-
controle automático (como o controle automático do ao velocímetro, possibilitando a associação das
de velocidade, por exemplo) podem ter abrangên- informações. Também deve haver um dispositivo
cia significativamente maior do que se tem hoje. que seja capaz de armazenar informações sobre qual
916 O Manual de Medidas de Segurança Viária
taxa do trajeto percorrido se deu acima ou abaixo Mazureck & van Hattem, 2006 (Países Baixos; ob-
dos limites de velocidade e, no final, que envie es- servância dos limites de velocidade e distância do
sas informações para um sistema de armazenamento veículo à frente);
central. Esses equipamentos podem ser instalados Reese & Pash-Brimmer, 2009 (EUA; redução da ex-
em qualquer veículo. Equipamentos que registram a posição);
distância do veículo à frente também podem ser ins- Ben-Elia & Ettema, 2011 (Países Baixos; não-con-
talados em qualquer veículo. Um controle dos horá- dução à noite ou horas de pico);
rios de condução do veículo associado aos horários Bolderdijk et al., 2011 (Países Baixos; observância
de luz do dia e noite possibilita a especificação do dos limites de velocidade e distância do veículo à
tempo de condução do veículo durante o dia e du- frente; não-condução à noite);
rante a noite. Em geral, as tecnologias necessárias Hultkrantz & Lindberg, 2011 (Suécia; observância
para registrar esses comportamentos significativa- dos limites de velocidade);
mente importantes para a segurança não são muito Lahrmann et al., 2012A (Dinamarca; observância
avançadas. dos limites de velocidade);
Greaves, Fifer & Ellison, 2013 (Austrália; observân-
O sistema mais comum para recompensar o com- cia dos limites de velocidade; redução da exposição;
portamento seguro é o seguinte: primeiro, regis- não-condução à noite);
tra-se o comportamento em um período em que a Stigson et al., 2014 (Suécia; observância dos limites
recompensa não é dada. O objetivo é identificar o de velocidade).
comportamento normal, ou seja, o comportamento
não influenciado pela recompensa. Posteriormente, Estes estudos foram revisados de forma crítica e re-
institui-se a recompensa pelo comportamento segu- sumidos por Elvik (2014A, 2014B) e Elvik e Ram-
ro. O valor da recompensa final tem variado muito jerdi (2014). A descrição abaixo baseia-se nestas re-
nos testes até então realizados. A maior recompen- visões. Nenhum dos estudos mediu os impactos nos
sa, que chega a 700 euros (cerca de NOK 5.800), foi acidentes. Foram medidos apenas os impactos no
oferecida em um teste dinamarquês (Lahrmann et comportamento, que, por sua vez, apresentam uma
al., 2012B). Os sistemas de recompensa geralmente relação conhecida com os acidentes.
são projetados de modo que só se possa alcançar a
recompensa máxima por realizar, em todos os mo-
mentos, comportamentos que são recompensados. Observância dos limites de velocidade
No que diz respeito à observância dos limites de ve-
locidade, o condutor deverá estar dentro dos limites O maior número de experiências se refere à obser-
de velocidade em todos os momentos. Toda vez que vância dos limites de velocidade. A figura 8.16.1
se ultrapassar o limite de velocidade, será deduzido mostra a relação entre “recompensa efetiva” e a
um valor a partir de um montante da recompensa. diminuição na incidência do excesso de velocidade
Ultrapassando-se frequentemente os limites de ve- (Elvik & Ramjerdi, 2014).
locidade, toda a recompensa vai sendo perdida.
As recompensas são convertidas a partir do euro,
Na maioria dos experimentos, a recompensa por utilizando-se uma taxa de câmbio de 8,25. O ter-
um comportamento seguro é oferecida sob a forma mo “recompensa efetiva” pode ser traduzido da
de pagamento em dinheiro, mas também podem ser seguinte maneira: no experimento mais eficaz, em
utilizadas outras formas de remuneração, tais como que a frequência de excesso de velocidade diminuiu
ingressos para diferentes eventos ou atividades de 79%, a recompensa máxima foi de EUR 700 (NOK
entretenimento. Boa parte dos experimentos de re- 5.775). A recompensa máxima poderia ser alcança-
compensa tem sido apoiada pelas companhias de da somente pela eliminação do comportamento de
seguro sob a forma de descontos no prêmio. excesso de velocidade. A diminuição do excesso de
velocidade foi de 79%; conclui-se, portanto, que a
média alcançada pelos condutores foi de 79% da re-
Impacto sobre os acidentes compensa máxima, ou seja, EUR 553 (NOK 4.562).
0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 500
-10
velocidade -30
-40
-60
-70
y = -14,27ln(x) + 49,334
-80 R2 = 0,6232
-90
Média de pagamento (NOK por condutor)
Figura 8.16.1:- Relação entre recompensa e diminuição efetiva na incidência de excesso de
velocidade.
5%, isso representará uma diminuição da frequên- de 10%. O número de acidentes por condutor não
cia de excesso de velocidade de 75%. aumenta na mesma proporção que sua exposição
(Elvik, 2014C). Uma diminuição de 10% na quan-
A figura 8.16.1 mostra que se pode conseguir uma tidade de quilômetros percorridos tende a levar a
diminuição significativa no excesso de velocidade, uma menor diminuição no índice de acidentes: em
recompensando-se os condutores por respeitar os torno de 3-6%.
limites de velocidade. O experimento dinamarquês
foi o mais eficaz (Lahrmann et al., 2012A). Para se
ter uma ideia do que a diminuição do excesso de ve- Evitar conduzir à noite
locidade pode significar para o número de aciden-
tes, calculou-se a alteração na média de velocidade Dois experimentos (Bolderdijk et al., 2011; Grea-
deste grupo em que o teste teve seu maior impacto. ves, Fifer & Ellison, 2013) recompensaram condu-
Em vias com limites de velocidade de 80 km/h, a tores por evitar a condução à noite, mas nenhum
velocidade média passou de 80,5 para 77,3 km/h. deles obteve êxito. Não houve diminuição na con-
Isso corresponde a uma redução de lesões em aci- dução à noite devido às recompensas. Em ambos
dentes de aproximadamente 10% (Elvik, 2013A). os casos, o valor da recompensa máxima atingível
Em vias com limite de velocidade de 50 km/h, a ve- era pequeno.
locidade média passou de 47,7 para 46 km/h, o que
corresponde a uma redução de lesões em acidentes
de aproximadamente 6%. Manter distância do veículo à frente
Evitar conduzir durante a hora de pico necessitam, portanto, ter seu comportamento muito
alterado para atingir um alto grau de cumprimento
Um teste (Ben-Elia & Ettema, 2011) recompensou dos limites de velocidade.
condutores por evitarem a condução nas horas de
maior movimento (hora de pico). A taxa dos que No geral, é provável que os impactos da recompen-
conduziram nas horas de pico diminuiu significati- sa apresentados a seguir se refiram especialmente
vamente. As maiores recompensas estavam associa- aos motoristas motivados. Não está claro se os im-
das a uma diminuição de mais de 60%. Uma série de pactos obtidos nesse grupo de condutores podem
estudos tentou determinar se as filas e o congestio- ser generalizados para os condutores em geral.
namento aumentam o risco de acidentes, ou seja, se
acontecem mais acidentes em tráfego congestiona-
do do que o implicado pelo aumento do volume de Impacto na mobilidade
trânsito por si só. Os resultados divergem em parte,
e não é possível tirar conclusões simples sobre a rela- As formas de comportamento que foram recompen-
ção entre as filas e congestionamentos e os acidentes. sadas podem afetar a mobilidade. Uma velocidade
O único resultado consistente é o de que os acidentes mais baixa significa mais tempo de viagem, mas as
em situação de congestionamento são menos graves alterações nos experimentos de recompensa dis-
que o habitual, o que pode ser explicado pela menor cutidas neste capítulo são pequenas. O tempo de
velocidade média. Portanto, não é possível quantifi- viagem, por exemplo, diminuiu 9,7% entre os con-
car de que forma a mudança de comportamento dos dutores que participaram de um teste de recompen-
condutores recompensados por não dirigir durante sa em Sydney, Austrália (Greaves, Fifer & Ellison,
as horas de pico impactou os acidentes. 2013), principalmente como resultado das reduções
de 9,8% da quantidade de quilômetros percorridos.
A variação no tempo de viagem por quilômetro per-
Comentários resumidos corrido foi, por conseguinte, extremamente peque-
na (aumento de 0,902/0,903 = 0,1%).
Os experimentos discutidos mostram que é possível
influenciar o comportamento do condutor com re- A redução do trânsito nas vias com trânsito pesa-
compensas pelos comportamentos desejados. As re- do pode melhorar o fluxo de tráfego (Elvik & Ka-
compensas podem reduzir o excesso de velocidade, minska, 2011). Nos testes de maior sucesso, o nú-
fazer com que os condutores reduzam a exposição, mero de quilômetros percorridos diminuiu 10%.
levá-los a manter uma distância adequada do veí- Os resultados de Elvik e Kaminska (2011) sugerem
culo à frente e levá-los a abster-se de conduzir no que uma redução de 10% na quantidade máxima
tráfego mais denso da hora pico. Até agora, não pa- de volume de tráfego aumenta a velocidade média
rece que a recompensa por não dirigir à noite tenha em torno de 1 km/h. Por outro lado, uma maior dis-
impactos positivos. tância entre os veículos em uma corrente de tráfego
obtida por meio do experimento de recompensa em
Entretanto, deve ser enfatizado que todas as tenta- princípio reduz a capacidade viária. Contudo, as
tivas de recompensa até então conduzidas tiveram medidas de recompensa até então aplicadas pare-
uma abrangência limitada. Na maioria dos expe- cem ter efeitos modestos sobre a mobilidade.
rimentos, apenas algumas centenas de conduto-
res participaram. Os condutores inscreveram-se
voluntariamente para participar. Por este motivo, Impacto sobre o meio ambiente
deve-se assumir que foram os condutores mais
motivados que se inscreveram para participar nos A alteração de ambos, velocidade e volume de tráfe-
testes. Esses condutores são, devido à sua motiva- go, pode afetar as emissões dos veículos e, assim, ter
ção, provavelmente mais fáceis de ser influenciados um impacto no meio ambiente. Um menor volume
pela recompensa que os demais. Parece claro que de tráfego, mantendo-se as demais condições, reduz
os condutores que se inscreveram no experimento o total de emissões. A velocidade da frota também
de recompensa por manter os limites de velocidade afeta as emissões, que atingem seu mínimo a uma
na Suécia e na Dinamarca (Hultkrantz & Lindberg, velocidade de cerca de 70 km/h. Caso se possa re-
2011; Lahrmann et al., 2012A) tinham naturalmen- duzir o excesso de velocidade nas vias cujo nível de
te muito mais respeito pelos limites de velocidade velocidade é de 70 km/h ou mais, poder-se-ia redu-
que a maioria dos condutores. Estes condutores não zir as emissões.
Parte II: 8. Controle e sanções 919
A tabela 8.16.1 mostra que o benefício é claramen- mentado (Desyllas & Sako, 2013) que a lógica “Pa-
te menor que os custos em todas as alternativas de gue conforme você dirige” (Pay-as-you-drive) é um
sistemas de recompensa. Caso se possa recrutar os bom negócio para as companhias de seguros. Exis-
10% dos condutores menos seguros para um siste- tem vários exemplos das ofertas de companhias de
ma com baixa ou média recompensa, o benefício seguro que oferecem seguros cujos prêmios depen-
será maior que os custos. Em todas as outras alter- dem do comportamento do condutor. Os termos
nativas, o benefício é significativamente menor que desse tipo de seguro é que o condutor deve concor-
os custos. O pagamento da recompensa é calculado dar em instalar o equipamento que detecta seu com-
como parte dos custos da medida. portamento no veículo. A experiência mostra que
esses seguros atraem os condutores mais seguros e
O resultado pode parecer surpreendente, uma vez cautelosos, o que já era esperado. Os condutores
que é comum afirmar que a recompensa é um ins- cautelosos sabem que para eles será mais fácil exer-
trumento mais eficaz para influenciar o comporta- cer comportamentos que lhes garantam um prêmio
mento que as multas. Deve-se, contudo, lembrar de seguro mais baixo.
que, em média, cerca de 50% dos condutores (sem
qualquer tipo de recompensa) já estão em confor-
midade com o limite de velocidade. Estes condu- Requisitos e procedimentos formais
tores, por respeitarem os limites de velocidade, se
qualificarão para a recompensa e serão pagos por Cabe à seguradora oferecer um seguro que se ba-
isso em um sistema de recompensa. Estes pagamen- seie no registro comportamental do condutor. Este
tos podem, de certa forma, ser considerados como seguro parece estar mais difundido do que nunca,
desperdício, porque estes condutores respeitariam tanto porque a tecnologia para registrar o compor-
os limites de velocidade de qualquer maneira. tamento do condutor está se tornando cada vez mais
sofisticada e barata quanto porque os regulamentos
Caso se opte por manter o pagamento das recom- internacionais não permitem mais que as segura-
pensas independentemente da análise, a opção de doras usem o gênero como critério no cálculo dos
recompensa de baixo valor não é rentável (benefi- prêmios. Na prática, isso significa que as mulheres
ciam menos do que custam). As alternativas com va- jovens pagam muito alto por um prêmio que subsi-
lores médios ou altos de recompensa têm benefício dia as perdas que as seguradoras têm com os jovens
maior que o custo, caso o pagamento da recompen- do sexo masculino.
sa não seja calculado como um custo.
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9 Primeiros socorros e cuidados médicos
fego em áreas de povoação dispersa (Brodsky, 1993; danos causados por facas ou objetos pontiagudos.
Virtanen, 2005), onde a distância até o hospital mais Há também uma série de diferenças entre os vários
próximo tende a ser muito longa. Maiores atrasos métodos de tratamento utilizados no ALS (fluidos
tendem a ocorrer sempre após acidentes com ape- intravenosos, por exemplo, acarretam maiores pe-
nas um veículo envolvido ocorridos em vias de áreas rigos de complicação que a intubação; Regel et al.,
com povoação dispersa e à noite. Esses acidentes 1997).
tendem sempre a ser graves e nem sempre há outros
usuários presentes que podem chamar a ambulância Um problema é que a equipe na ambulância nem
(Mäkelä & Kärki, 2004; Tiehallinto, 2005). sempre consegue determinar quais pacientes devem
ser tratados com o método ALS (Cone & Wydro,
O tempo pré-hospitalar total depende se o tempo 2001). Um estudo dos EUA demonstrou que cri-
decorrido foi longo ou curto após o acidente e a térios especificados sobre quais pacientes devem
chamada de emergência. Esse tempo de aviso e o receber o tratamento com o ALS reduziram a por-
impacto no desfecho do acidente estão descritos centagem de emergências em que os pacientes fo-
no capítulo 9.3. O atraso por conta do transporte, ram tratados com os métodos ALS quando não era
devido, por exemplo, à longa distância até o hos- necessário (Culley et al., 1994).
pital ou às condições do tráfego, contribui para o
período total decorrente anterior ao recebimento Tratamento no hospital: o tratamento de traumas é
de tratamento de uma pessoa acidentada. Os heli- mais efetivo em hospitais especializados, chamados
cópteros de salvamento estão descritos no capítulo de “centros de traumatologia”, do que em hospitais
9.2. Primeiros socorros por pessoas sem formação sem a especialidade (Sampalis et al., 1993; Morrisey
médica: em muitos países, o curso de primeiros so- et al., 1996). Os hospitais mais especializados ten-
corros é uma parte do treinamento para a obtenção dem a se localizar no centro das cidades, mas muitos
da carteira de habilitação e qualquer condutor pre- acidentes de tráfego ocorrem longe do hospital. As-
sente em um local de acidente é obrigado a prestar sim, o acesso a tratamentos mais avançados depende
os primeiros socorros. dos tempos médios de transporte necessários para
distâncias maiores que não representem um prejuí-
Estratégias de tratamento no local do acidente: zo significativo ao resultado desses tratamentos.
geralmente diferencia-se entre duas estratégias:
Advanced Life Support (ALS) e Basic Life Support A qualidade do tratamento hospitalar é decisiva
(BLS). A ALS significa que as pessoas acidentadas para a probabilidade de sobrevivência por conta da
recebem tratamento médico profissional no local gravidade do acidente. Pode haver uma parcela de
do acidente, o que pode incluir também os méto- pacientes com lesões críticas que morrem durante
dos de tratamento invasivos por profissionais com o tratamento e, de acordo com muitos estudos, há
formação especial de emergência médica ou por um também a possibilidade de erros de tratamento, que
médico. Esta estratégia costuma acarretar um atra- contribuem para levar o paciente a óbito (Henriks-
so no tempo de transporte para o hospital. Com o son et al., 2001; Morrisey et al., 1996). Os métodos
BLS (Loadandgo ou Scoopandrun), a pessoa aciden- de tratamento hospitalar e as medidas para melho-
tada é transportada o mais rápido possível para o rar sua qualidade estão, entretanto, fora do escopo
hospital. No local do acidente, são usados apenas deste livro.
métodos não invasivos para manter o acidentado em
vida durante o transporte. O ALS é mais comum Telemedicina: a telemedicina consiste no uso de
que o BLS em países mais desenvolvidos (Sethi et equipamentos de telecomunicação para diagnósti-
al, 2009). Entretanto, cabe à equipe da ambulância co e tratamento médico. Na maioria dos casos, por
avaliar, de acordo com cada acidente, quais pessoas exemplo, a telemedicina está relacionada ao trata-
receberão o tratamento de acordo com o princípio mento de pacientes (comunicação entre médico e
do ALS ou do BLS. paciente) e à transferência de imagens de pesquisas
radiológicas ou de tomografia computadorizada
Os impactos do ALS e do BLS diferenciam-se de (Benger, 2000; Currell et al., 2009). As aplicações
acordo com os tipos de acidentes. Os acidentes com possíveis dentro da medicina de emergência são a
parada cardíaca têm, por exemplo, maiores benefí- teleconsulta entre o pessoal de emergência ou ou-
cios com o BLS. Os pacientes com lesões causadas tras pessoas no local do acidente com o hospital,
por choques contra certos objetos têm maiores be- além da utilização de equipamentos portáteis de
nefícios com o método ALS que os pacientes com vídeo e de rádio.
Parte II: 9. Primeiros socorros e cuidados médicos 941
Brodsky e Hakkert (1983) encontraram maiores Outros estudos demonstraram, entretanto, que ha-
parcelas de vítimas fatais em áreas geográficas que bilidades aprendidas em cursos de primeiros socor-
em média possuem longo tempo de resposta e me- ros nem sempre são adequadas e são rapidamente
nores parcelas de vítimas fatais em áreas com curto esquecidas (em 6 meses) (Chamberlain et al., 2002).
tempo de resposta. Ao considerar outros fatores
(entre os quais o momento do acidente, a velocida- Ertle Christ (2007) pesquisaram como passantes
de da colisão e a idade dos envolvidos), a taxa de aleatórios prestaram primeiros socorros em duas
vítimas fatais foi 38% maior em áreas com longo situações de emergência (uma pessoa inconsciente
tempo de resposta que nas demais áreas. com lesões críticas e forte hemorragia e reanimação
cardiorrespiratória). Aqueles que não tinham ajuda
Na pesquisa realizada por Maio et al.(1992), a taxa tiveram resultados muito ruins (por exemplo, ape-
de vítimas fatais foi quase duas vezes maior em zonas nas 10% deles verificaram se as vias respiratórias
de povoação dispersa se comparada à taxa em zonas estavam livres). Aqueles que puderam utilizar um
urbanas (risco relativo em zonas urbanas = 1,96). Personal Digital Assistant (PDA ou “Assistente Pes-
942 O Manual de Medidas de Segurança Viária
soal Digital”) tiveram resultados significativamente Métodos de tratamento mais avançados são via de
melhores. O PDA transmitiu instruções padroniza- regra utilizados para pacientes com lesões mais gra-
das com fotos, textos e instruções em voz alta. ves. Se não se considerar a gravidade da lesão, se-
rão encontradas, por este motivo, maiores taxas de
Estratégias de tratamento no local do acidente: os vítimas que morrem devido às lesões entre pacien-
seguintes estudos compararam a taxa de vítimas fa- tes que são tratados com métodos mais avançados,
tais em acidentes entre pacientes que foram tratados mesmo se os métodos de tratamento aumentam a
por diferentes estratégias: probabilidade de sobrevivência (“Simpsonspara-
dox”, Oppe & DeCharro, 2001). Se os resultados
Murphy et al., 1993 (EUA); dos estudos que não consideraram a gravidade da
Sampalis et al., 1993 (Canadá); lesão forem sintetizados, a taxa de quem não so-
Rainer et al., 1997 (Grã-Bretanha); brevive é 152% (intervalo de confiança de 95%
Nichollet al., 1998 (Grã-Bretanha); [+37%; +362%]) maior entre pacientes que foram
DiBartolomeo et al., 2001 (Itália); tratados com métodos ALS, em relação ao BLS.
Oppe & DeCharro, 2001 (Países Baixos); Um resultado parecido foi descoberto em outra me-
Liberman et al., 2003 (Canadá); ta-análise (Liberman et al., 2000). Este estudo de-
Iirola, 2006 (Finlândia); monstrou que a taxa de não-sobreviventes foi 159%
Roudsari et al., 2007 (outros países) e maior entre os pacientes que foram tratados com
Shepherd et al., 2008 (Austrália). métodos ALS que entre aqueles que não receberam
este tratamento. A maioria dos estudos a respeito
Com base nestes estudos, foram avaliados os impac- desta meta-análise não considerou a gravidade da
tos em conjunto do tratamento de lesões críticas com lesão. Além disso, é possível haver diferenças entre
métodos mais avançados em relação a métodos menos os pacientes que foram tratados com os diferentes
avançados. Na maioria dos estudos, o ALS é compa- métodos, entre outras questões, como os tipos de
rado ao BLS. Os estudos que pesquisaram os impac- lesão e tempo de transporte.
tos em pacientes com lesões causadas por tiro ou com
parada cardíaca não estão incluídos na análise. Muitos estudos demonstraram que o tratamento
no local do acidente com ALS leva mais tempo
Apenas um dos estudos considerou a gravidade da que o BLS. Em média, o ALS leva 18,5 minutos
lesão, o tempo de resposta e o tratamento no hospi- e o BLS, 13,5 minutos, de acordo com a meta-a-
tal (Sampalis et al., 1993). Não foi encontrado im- nálise de Liberman et al. (2000). Isso se deve aos
pacto significativo da ALS em relação ao BLS na métodos de tratamento do ALS, que exigem mais
probabilidade de sobreviver às lesões. A ALS apre- tempo. A utilização do tempo no local do aciden-
sentou uma taxa de lesões fatais 8% maior (interva- te pode reduzir a probabilidade de sobrevivência,
lo de confiança de 95% [-36%; +82%]) em relação pois o tratamento no hospital é atrasado de manei-
ao BLS. ra correspondente.
Com base em todos os estudos, quando se calcula Há também um problema metodológico de que ge-
o impacto dos métodos de tratamento mais avan- ralmente não se pode comparar o impacto dos di-
çados na probabilidade de sobrevivência a lesões ferentes métodos de tratamento na taxa de óbitos
graves, não se encontra nenhum impacto significa- antes da chegada ao hospital. Isso se deve ao fato
tivo (+1%; intervalo de confiança de 95% [-25%; de que a equipe de emergência médica sem forma-
+38%]). Roudsari et al.(2007) compararam o tra- ção médica tem possibilidades limitadas de declarar
tamento por ALS realizado por médicos vs o trata- o óbito de um paciente. A quantidade porcentual
mento por ALS executado pelos agentes de emer- de pacientes que vêm a óbito no caminho para o
gência médica sem formação médica. Nesse estudo, hospital não é, por conta disso, sempre comparável
os médicos reduziram a taxa de pacientes que vi- entre os diferentes métodos de tratamento. Quando
riam a óbito em 30% (intervalo de confiança de se compara a porcentagem de pacientes que vêm a
95% [-46%; -7%]). Quando se exclui este estudo óbito após as primeiras horas de chegada no hos-
da análise em conjunto com base em todos os es- pital, tem-se que este resultado é mais influenciado
tudos, o resultado demonstra que o ALS aumenta pelo tratamento antes da chegada ao hospital que
a taxa de pacientes que não sobrevivem em 18% quando se compara o porcentual de pacientes que
(intervalo de confiança de 95% [-5%; +47%]) em vêm a óbito em um longo período de tempo já no
relação ao BLS. hospital.
Parte II: 9. Primeiros socorros e cuidados médicos 943
Telemedicina: não foram encontrados estudos de põe normas específicas tanto para as cidades quan-
como a utilização da telemedicina influencia nas to para as empresas de saúde. Ela também trata da
chances de óbito em acidentes de trânsito. Uma colaboração mútua entre o serviço de saúde e os
possível vantagem da utilização da telemedicina demais serviços de emergência.
(tecnologia que permite a comunicação das pessoas
no local do acidente com especialistas) é a redução
do uso de métodos de tratamentos avançados no Iniciativa para a medida
local do acidente e a redução do uso de helicópte-
ros. Isso foi apontado por um estudo realizado por Os serviços médicos de emergência são zelados
Mathews et al. (2008). Schmidt et al. (1992) pes- pelo serviço de saúde primário e especializado e
quisaram a probabilidade de sobrevivência a lesões compreendem, entre outros quesitos, serviços de
críticas entre pacientes que foram transportados notificação de emergência, centrais de comunica-
por helicópteros. A porcentagem de sobreviventes ção médica emergencial (centrais AMK), serviços
foi maior entre pacientes tratados por um cirurgião de ambulância, centrais de departamento de emer-
membro da tripulação do helicóptero que entre gência (centrais LV), departamentos de emergência,
aqueles que foram tratados pelos agentes de emer- serviços de cuidados e assistência, além de pronto-
gência médica por telemedicina. Os pacientes foram socorros nos hospitais para tratamento de proble-
comparados com relação à gravidade da lesão, ao mas psíquicos e somáticos.
tempo de transporte, etc.
9.2 Helicópteros de resgate
Impacto na mobilidade
Capítulo escrito por Alena Høye (TØI) em 2009
O acesso ao serviço médico não tem nenhum im-
pacto documentado sobre a mobilidade. Se os locais
dos acidentes forem mais rapidamente desobstruí- Problema e finalidades
dos, as filas podem diminuir.
Quando pessoas envolvidas em acidentes graves en-
contram-se longe do hospital mais próximo, pode
Impacto no meio ambiente levar um longo tempo até que uma ambulância che-
gue ao local do acidente e a vítima seja levada para
O acesso aos serviços médicos não tem nenhum im- o hospital e receba o tratamento adequado. O im-
pacto documentado no meio ambiente. pacto das lesões graves é sempre influenciado pelo
tempo, isto é, elas devem ser tratadas da maneira
mais rápida possível para evitar que se tornem per-
Custos manentes ou que o acidentado venha a óbito.
Não há informações sobre os custos para serviços Os helicópteros de resgate têm como finalidade
médicos de emergência em acidentes de trânsito. proporcionar tratamento médico para os pacientes
que se encontram fora do alcance da ambulância
convencional ou em locais muito distantes dos hos-
Avaliações de custo-benefício pitais que possam prestar um tratamento adequado.
Para pacientes que precisam de tratamento em um
Não foram encontradas análises de custo-benefício hospital especializado, a distância até o hospital ten-
relacionadas aos serviços médicos em acidentes de de a ser ainda mais longa.
trânsito.
Descrição da medida
Responsabilidade e procedimento formais
Os helicópteros de resgate podem ser utilizados tanto
Os serviços médicos de emergência são há muitos para ações de busca e resgate quanto para o transpor-
anos regulamentados por um conjunto de regras so- te de pacientes. A principal finalidade da utilização do
bre as normas relacionadas aos serviços médicos de helicóptero para transporte de pacientes é reduzir o
emergência fora do hospital. A regulamentação im- tempo de transporte, especialmente para grandes dis-
944 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Os helicópteros, ainda assim, são frequentemente utili- Os resultados estão resumidos na tabela 9.2.1.
zados até mesmo em casos em que não seriam necessá-
rios. Uma meta-análise (Bledsoe et al., 2006) apontou Os resultados apontam uma redução não significa-
que 60 a 70% de todos os acidentados transportados tiva do número de vítimas fatais entre os pacientes
por helicópteros não tinham lesões com risco de vida. com lesões ou doenças não especificadas. De um
A porcentagem é ainda maior em zonas urbanas. modo geral foi encontrado nenhum impacto entre
os acidentados. Apenas entre pacientes com lesões
Outro estudo apontou que mais de 60% de todas graves (ISS acima de 16 ou probabilidade de so-
as chamadas para transporte por helicópteros eram brevivência abaixo de 75%) os resultados mos-
desnecessárias (Norton et al., 1996). tram uma redução significativa do porcentual de
pacientes que não sobrevive. A maioria dos estudos Impacto no meio ambiente
comparou pacientes com diferentes gravidades de
lesão que não são significativamente diferentes. En- O transporte por helicópteros não tem nenhum impac-
tretanto, as lesões na maioria dos estudos são mais to documentado sobre as condições do meio ambiente.
sérias entre pacientes transportados por helicópte-
ros que os que não recebem tal transporte. A maio-
ria dos estudos não considerou estatisticamente a Custos
gravidade das lesões ou a probabilidade de sobrevi-
vência. Por conta disso, não está claro em que grau O transporte por helicópteros é muito mais caro que o
as diferenças na gravidade das vítimas podem ter transporte por ambulâncias. Na Noruega, foram utili-
influenciado os resultados. zados NOK 129,9 milhões em helicópteros de resgate
em 1997, ou seja, NOK 180 mil por resgate. O trans-
A maneira como o transporte por helicópteros in- porte de vítimas de acidentes de trânsito por helicóp-
fluencia a probabilidade de sobrevivência provavel- tero custa em torno de NOK 53 mil por atividade.
mente modificou-se ao longo dos anos. Em estudos
mais antigos, os pacientes que eram transportados
por helicópteros poderiam sempre ser tratados Avaliações de custo-benefício
com métodos mais avançados que pacientes que
eram transportados por ambulâncias. Em estudos Uma análise do custo-benefício dos helicópteros de
mais recentes, a maior vantagem do helicóptero é resgate estatais (Elvik, 1996) concluiu que o serviço
o tempo de transporte mais curto, uma vez que as diário executado por estes helicópteros apresenta
possibilidades de tratamento médico emergencial uma relação de custo-benefício de cerca de 5,4. Os
avançado melhoraram nas ambulâncias (Bledsoe, helicópteros de resgate executam tarefas de busca,
2003). Isso se confirma pelos resultados da tabela resgate e transporte de vítimas acidentadas em aci-
9.2.1, que mostra que foram encontrados maiores dentes de trânsito, que podem ser analisadas sepa-
impactos do transporte por helicópteros em estu- radamente. Para as atividades de busca e resgate,
dos antigos que em estudos recentes. O resultado a relação de custo-benefício do serviço diário foi
dos estudos após 1990 se baseia em duas pesquisas calculada em até 4,9. Com relação à atividade de
que consideraram estatisticamente a gravidade da transporte de vítimas, a relação de custo-benefício
lesão (Nicholl et al.,1995; Brathwaite et al.,1998). foi calculada em até 5,9. Estimou-se que 6% são de-
Além do mais, Brathwaite et al. (1998) pesquisou finitivas para a sobrevivência (ou seja, a vítima teria
o impacto do transporte por helicópteros entre morrido se não tivesse tido este tipo de atendimen-
pacientes com diferentes gravidades de lesão. Os to), 20% proporcionam melhor qualidade de vida,
resultados mostram que o transporte por helicóp- ao passo que 74% delas não têm nenhuma impor-
teros não acarreta modificações significativas da tância para a condição de saúde do paciente.
probabilidade de sobrevivência entre pacientes com
lesões mais leves (ISS – índice de severidade < 16) Os custos dos resgates estatais por vias aéreas se-
e entre aqueles com lesões muito graves (ISS > 60). riam de cerca de NOK 233,5 milhões por ano. O
O aumento da probabilidade de sobrevivência pelo número de atividades tarefas de resgate seria de
transporte por helicópteros foi encontrado apenas cerca de 4.400. Se 5% das atividades fossem consi-
entre pacientes com ISS entre 16 e 60. deradas como salvamento, o benefício seria calcula-
do em NOK 3,63 milhões anualmente. O benefício
Com base em todos os estudos incluídos nas análi- deve, então, ser comparado aos custos dos acidentes
ses na tabela 9.2.1, foi calculado que a taxa de tare- de trânsito. O benefício é claramente muito maior
fas dos helicópteros classificadas como salvamento que o custo do serviço. Mesmo se o benefício fosse
é de 3,7% (intervalo de confiança de 95% [3,4%; consideravelmente menor, o serviço ainda assim se-
4,1%]), ou seja, aquelas que foram definitivas para ria vantajoso socioeconomicamente.
a garantia da sobrevivência das vítimas.
Eles devem ser avaliados por médicos e tratados ime- O tempo de espera para que a vítima de acidente re-
diatamente. Se o tratamento vier com muito atraso, ceba primeiros socorros, de preferência por profis-
as lesões podem se agravar, se tornar irreversíveis sionais credenciados ou médicos, depende de quan-
ou levar à morte. Dois prazos são especialmente to tempo leva para a ambulância chegar ao local do
críticos para o tratamento de traumas (Champion, acidente. Isso depende de muitos fatores:
2005). Os primeiros socorros devem ser realizados
imediatamente e de preferência nos primeiros mi- • Tempo de notificação: A notificação do acidente
nutos após a ocorrência das lesões. Em seguida, é pode ser atrasada por diferentes causas, entre
necessário um tratamento mais abrangente. Ele elas, porque o condutor ou os passageiros não
também deve ser realizado o mais rápido possível. possuem celulares, já vieram a óbito, estão in-
As outras lesões, diferentes dos traumas, são depen- conscientes ou por algum motivo não estão em
dentes de tempo em menor grau, de modo que a condições de digitar o número de emergência ou
evolução da lesão não é influenciada por um rápido porque nenhum outro condutor está no local para
atendimento, como, por exemplo, nos casos em que poder telefonar para a emergência. O tempo de
o ferido vem a óbito imediatamente por conta dos notificação em zonas rurais nos EUA varia entre
ferimentos. Muitos tratamentos de lesões leves não 2,9 e 19,8 minutos (Evanco, 1999). Na Finlândia
exigem tratamento imediato. o tempo de notificação leva mais que cinco minu-
tos em 12,4 a 20,2% de todos os acidentes com
De acordo com muitos estudos, entre todos os aci- vítimas fatais. As maiores demoras foram encon-
dentados que vieram a óbito, entre 37% e 50% mor- tradas em vias com pouco tráfego, à noite e para
rem nos primeiros minutos após o acidente (Akella acidentes individuais em que o condutor perdeu o
et al., 2003:50%; Bachmann & Prezotti, 2001: 45%; controle do veículo (Virtanen, 2005).
Clark & Cushing: 37%; Henriksen et al., 2001: • Precisão sobre a indicação do local: As indicações
48%). Em uma pesquisa norueguesa (NOU, 1998) do local do acidente em notificações telefônicas
estimou-se que cerca de 15% de todos os pacientes são sempre imprecisas, algo que pode levar ao
que falecem após ferimentos generalizados ou trau- atraso da ambulância (Lindholm, 2004). A taxa
mas (incluindo acidentes de trânsito e também ou- de notificações imprecisas de local após acidentes
tros acidentes) vêm a óbito nos primeiros minutos fatais é maior que 50% na Finlândia, com taxas
após o acidente e poderiam possivelmente ter so- ainda maiores em zonas rurais (Virtanen, 2005).
brevivido em condições otimizadas de tratamento. • Distância para o hospital mais próximo: Maiores
“Condição otimizada de tratamento” inclui tanto o distâncias acarretam tempos mais longos até a
prazo quanto a qualidade do tratamento. De acordo chegada da ambulância no hospital. Com rela-
com NOU (1998), a maioria dos pacientes que vem ção a helicópteros, a distância é de menor im-
a óbito nos primeiros minutos após o acidente não portância.
Parte II: 9. Primeiros socorros e cuidados médicos 947
• Transitabilidade das ambulâncias até o local do sadas estavam relacionadas a acidentes de trânsito.
acidente: A transitabilidade depende da escolha Considera-se que os acidentes de trânsito possam ter
de rotas e das condições das vias e do tráfego. maior parcela de descrições imprecisas ou errôneas
• Outros fatores no serviço de socorros, como, por que outros eventos que contribuíram para que 113
exemplo, disponibilidade de veículo e de profis- ligações fossem realizadas, algo que pode contribuir
sionais credenciados de socorro ou médicos. para o longo tempo de resposta.
de veículos já requisitam a notificação automática de número de acidentes com óbito e que, por isso,
de acidentes como equipamento extra, mas estes proporcionam resultados - mais realistas (Clark e
sistemas funcionam apenas em marcas específicas Cushing, 2002; Virtanen, 2005).
de veículos e apenas em alguns países. Nenhum dos
sistemas estava em operação na Noruega até 2010, Clark & Cushing (2002) analisaram acidentes com
mas podem ser reprogramados de maneira que se- 30.875 mortos ou gravemente feridos no documen-
jam conectados ao eCall. to Fatality Analysis Reporting System (FARS). Os
possíveis impactos da ACN são avaliados com a
O eCall, da maneira como é concebido, utiliza a co- ajuda de modelos estatísticos que calculam a pro-
municação de satélite para o envio da informações. babilidade de sobrevivência para diferentes tempos
Isso é mais confiável que a tecnologia de celulares de notificação. O limite inferior (-1,5% de óbitos) é
que é utilizada para sistemas de aviso de acidentes baseado em todas as informações do banco de da-
que estão em desenvolvimento nos EUA. Na ava- dos; o limite superior (-5,8% de óbitos) é baseado
liação da ACN nos EUA (Bachmann & Prezotti, em um banco de dados ampliado, calculado para
2001), houve muitos casos em que os acidentes não considerar os acidentes com o mesmo risco teórico,
foram notificados e muitos alarmes falsos. No estu- mas sem óbitos reais. Não foi considerada melhoria
do de Akella et al (2004) havia também muitos casos da transitabilidade para ambulâncias.
em que os acidentes não foram notificados em razão
de outros fatores, além da má cobertura do celular. Virtanen (2005) realizou uma análise detalhada de
Uma causa possível para o não-aviso de muitos aci- todos os acidentes com óbito na Finlândia de 2001
dentes graves é que o sistema da ACN no veículo até 2003 (750 acidentes que envolvem no total 1.180
estava quebrado (Austroads, 2004). óbitos, dos quais 919 foram de condutores ou passa-
geiros de veículos motorizados). A análise é baseada
nas informações de relatórios policiais, hospitais e
Impacto sobre os acidentes dos serviços de socorros. Estima-se que 3,6% de
todos os condutores que vieram ao óbito na Finlân-
A ACN pode influenciar na evolução dos ferimentos dia teriam sobrevivido com grande probabilidade
após o acidente, mas não no número de acidentes se o eCall tivesse sido instalado em todos os veícu-
ou na gravidade do acidente. Não há pesquisas so- los. Isso se reduz a 3,3% se apenas fossem incluí-
bre os reais impactos no desfecho do ferimento após dos na análise os acidentes que envolvem veículos
o acidente, mas muitos estudos tentaram quantificar que teriam a possibilidade de ter instalado o eCall
possíveis impactos no número de óbitos na Europa (limite inferior do intervalo de confiança). Mais de
e nos EUA. Além do mais, duas pesquisas avaliaram 5% possivelmente teriam sobrevivido com o eCall
possíveis impactos no número de feridos graves. Os (a soma destas duas estimativas como limite supe-
resultados estão resumidos na tabela 9.3.1. rior do intervalo de confiança estão na tabela 9.3.1).
Nenhum pedestre que veio a óbito teria sobrevivido
Entre os estudos resumidos na tabela 9.3.1, há dois com o eCall. Estima-se que os níveis de ferimento
que se baseiam em análises detalhadas de um gran- daqueles que teriam sobrevivido com o eCall seriam
Queda estimada
Acidentes ocorridos N1
Mortos Ferimentos graves2
Clark & Cushing (2002) Todos 30.875 (-1; -6)
Evanco (1999) Em zonas rurais 25.761 -12
Henriksson et al. (2001) Em zonas rurais 474 -10
Lindholm (2004)3 Todos (-5; -15) (-10; -15)
Virtanen (2005) Todos 919 (-3;-8)
Vägverket (2003) 3
Todos (-2; -4) (-3; -4)
1
Número de óbitos ou acidentes considerados na pesquisa (explicações no texto).
2
A definição de ferimentos graves varia entre as pesquisas; os resultados não se baseiam nas análises dos dados de
acidentes (explicações no texto).
3
O número de óbitos ou acidentes considerados na pesquisa não está declarado.
Parte II: 9. Primeiros socorros e cuidados médicos 949
os seguintes: 20% teriam sobrevivido com sequelas esta estimativa não se baseia em análises de dados
permanentes, 40% com ferimentos graves reversí- de acidentes.
veis e 40% com ferimentos leves.
Há muitos fatores que influenciam a efetividade do
Os estudos restantes são baseados em medidas mais eCall e que são relevantes para o impacto que pode
indiretas do possível impacto sobre o número de ser esperado com a implementação do eCall na No-
óbitos/feridos e os resultados devem considerados ruega. O impacto da ACN é avaliado como maior
como incertos. em zonas rurais e para acidentes com um único veí-
culo (Bachmann &Prezotti, 2001; Clark & Cushing,
Evanco (1999) analisou os dados agregados de aci- 2002; Garrisonetal., 2002). As causas são a pouca
dentes dos EUA em nível estadual (N = 49) com possibilidade de ligar para o número de emergência
base nos dados FARS de 1990 (25.761 óbitos). A (cobertura de celular e outros veículos, por exem-
queda possível no número de óbitos é calculada plo) e ferimentos mais graves. Lindholm (2004)
com a ajuda dos modelos de regressão para a rela- estimou possíveis impactos do eCall com relação
ção entre tempo de notificação e número de óbitos. a quanto tempo leva para a ambulância chegar no
Com esta base estimou-se que um sistema de notifi- local do acidente em zonas urbanas e rurais. Foi es-
cação automático reduziria o número de óbitos em timado que o tempo pode ser reduzido em 50% (de
zonas urbanas em 11,9%. Este resultado deve ser 21,2 para 11,7 minutos) em zonas rurais e em 40%
considerado como muito incerto. (de 13 para 8 minutos) em zonas urbanas. Os tipos
de acidentes com a demora mais longa no serviço de
Henriksson et al. (2001) analisaram todos os aciden- socorros foram identificados (mais que 5 minutos):
tes com óbitos no norte da Suécia entre 1990 e 1994 são acidentes em vias com pouco tráfego, acidentes
com a ajuda dos relatórios de autópsia, análises to- noturnos e acidentes em que o condutor perde o
xicológicas, relatórios da polícia e do hospital. Dos controle do veículo (Virtanen, 2005).
474 óbitos da pesquisa, 48% foram classificados
como sem nenhuma chance de sobrevivência; 27% O tratamento que as pessoas gravemente feridas re-
de todos os óbitos foram avaliados como óbito por cebem depois que o serviço de socorros chega no
motivos que poderiam ter sido influenciados pelo local do acidente é decisivo para a continuidade do
eCall (resgate com muita demora , tratamento com tratamento. Muitas pesquisas sobre causas de morte
atraso, etc.). Além disso, deve ser considerado que após traumas encontraram muitos casos de pessoas
uma parte deles, entretanto, teria morrido duran- que vieram a óbito durante o tratamento ou por
te ou após o tratamento. Por conta disso, o efeito motivos de erros no tratamento (Henriksson et al.,
possível do eCall é avaliado em no máximo 10%. 2001; Morriseyet al., 1996). A causa disso é sempre
Esta estimativa é isolada (TØI), limitada a veículos a escolha errada do local de tratamento. A notifica-
em zonas rurais e deve ser considerada como muito ção automática de acidentes seria mais efetiva se os
incerta. pacientes que forem salvos rapidamente não vies-
sem a óbito posteriormente por consequência de
Lindholm (2004) realizou uma pesquisa por meio falta de tratamento ou erro nele.
de questionário entre operadores em centrais de
alarme e analisou resultados do projeto E-Merge A influência da menor distância até o hospital mais
da União Europeia. Os resultados não são basea- próximo depende de muitos outros fatores e não
dos em análises de dados de acidentes e devem ser pode ser avaliada de maneira geral. Se a distância
avaliados como muito incertos. Vägverket (2003) for tão curta a ponto de ser possível para a ambulân-
estimou possíveis impactos do eCall baseados em cia chegar ao local do acidente dentro de 10 minu-
análises de peritos em segurança suecos; 8% de to- tos (sob um pressuposto de notificação imediata), as
dos os mortos em trânsito na Suécia poderiam, de pequenas reduções no tempo de notificação podem
acordo com este estudo, no máximo ter sobrevivido ter um grande efeito. Quando a distância é grande,
com melhores recursos de socorros. Este potencial não se espera que pequenas reduções no tempo de
diminui 50% por motivos de restrições práticas notificação tenham efeito similar. Por outro lado,
(distância até o hospital mais próximo, por exem- espera-se que grandes reduções no tempo de noti-
plo). 40% de todo o potencial restante poderia ser ficação (quando o acidente seria notificado mesmo
influenciado pelo eCall. Isso está entre 2 e 4% de sem o ACN, por exemplo) influenciem no anda-
todos os óbitos na Suécia. O impacto nos feridos mento do tratamento da vítima também quando a
muito graves é avaliado como um pouco maior, mas distância até o hospital é grande.
950 O Manual de Medidas de Segurança Viária
O impacto da ACN deve depender de outros fa- instalação da infraestrutura de comunicação para o
tores que influenciam os acidentes. Se o número serviço de socorros.
de pessoas com ferimentos muito graves diminuir
como consequência de outras medidas, haverá pou- O sistema do veículo custa entre 100 e 150 € após
cos acidentes em que o ACN poderá influenciar montagem, de acordo com Abele et al. (2004). Além
no andamento do tratamento do ferido. Algumas disso, acrescentam-se 50 € pelos custos da monta-
medidas de segurança de trânsito, como, por exem- gem (Virtanen, 2005). A instalação em série do
plo, o controle eletrônico de estabilidade (ESC) e a eCall custa, de acordo com Virtanen (2005), cerca
sinalização com guias sonoras têm como alvo a re- da metade. Os custos variam entre diferentes tipos
dução de tipos similares de acidentes. Os limites de de veículos e são dependentes de outros sistemas de
velocidade, os controles de velocidade e os sistemas informação e de suporte ao condutor nos veículos.
nos veículos que reduzem a possibilidade de dirigir
acima do limite de velocidade também podem redu- Os investimentos no serviço de socorros compreen-
zir o número de acidentes e os níveis de ferimento dem a instalação da infraestrutura e os custos de
após o acidente. Estima-se que a utilização intensiva treinamento da equipe no serviço de socorros. Os
destas medidas pode reduzir a efetividade da ACN. custos são dependentes da infraestrutura existente
e se ela também é utilizada para outros objetivos
(Austroads, 2004). Por causa disso, é difícil estimar
Impacto na mobilidade os custos que estão diretamente associados à ACN.
Abele et al., (2004) estimam custos entre 30.000 €
A notificação automática de acidentes pode melho- e 50.000 € (NOK 240.000 a NOK 400.000.) por
rar a transitabilidade de outros condutores ao au- central de socorros. De acordo com uma apresen-
mentar a efetividade da prestação de socorros que tação do fórum do eSafety, os custos por central de
levam a tempos menores até os locais dos aciden- socorros são de apenas entre 1.000 e 10.000 €. Um
tes. O tempo de fila total até os acidentes na União relatório da rescue GST aponta custos de 10.000 até
Europeia poderá ser reduzido em 10-20% (Abele 15.000 € (incluindo a codificação das informações
et al., 2004), mas este efeito depende da densidade enviadas via eCall do veículo e a visualização do lo-
do tráfego. Na Suécia, estima-se que o potencial do cal do acidente, mas não inclui custos para o envio
eCall para reduzir filas seja algo menor e gere eco- de dados e a instalação do cartão digital na central
nomias entre 5 e 10 MSEK, como uma estimativa de socorros). Os custos para o serviço de socorros
cautelosa (Vägverket, 2003). serão gerados na medida que forem enviadas men-
sagens de erro sobre acidentes que não ocorreram
Pensa-se que a conexão do eCall a outros sistemas de ou que não precisam de ambulância.
transporte inteligentes pode ter efeito maior na tran-
sitabilidade tanto para os outros condutores quanto
para as ambulâncias caso os outros condutores se- Avaliações de custo-benefício
jam imediatamente notificados sobre quando e onde
ocorreu um acidente. Este efeito seria ainda maior Há uma análise de custo-benefício para o eCall
em vias com muito trânsito onde o potencial do para os 25 países membros da UE em 2004 (Abele
eCall geralmente não é grande (Jokinen et al., 2005). et al., 2004). A fração de custo-benefício é 1,3 em
condição de baixo impacto e altos custos e 8,5 em
condição de alto impacto e baixos custos. Os custos
Impacto no meio ambiente que servem de base para esta análise são de 100 €
a 150 € por veículo, de 30.000 € a 50.000 € para o
A notificação automática de acidente pode ter im- equipamento das centrais de alarme e de 300 € a 500
pactos positivos no meio ambiente da mesma ma- € para o treinamento de membros nas centrais de
neira que na transitabilidade, uma vez que filas me- alarme. Os impactos pressupostos nos acidentes são
nores reduzem a emissão de gases. de 5 até 15% de óbitos reduzidos para ferimentos
graves e de 10 até 15% de ferimentos graves redu-
zidos para ferimentos leves. Os custos de acidentes
Custos são estimados em até 1 milhão de euros por óbitos,
135 mil euros por ferimentos graves e 15 mil euros
Há dois tipos de custos associados à implementa- por ferimentos mais leves. Prevê-se que a redução
ção da ACN: a instalação do sistema no veículo e a dos custos seja de 15 a 30%.
Parte II: 9. Primeiros socorros e cuidados médicos 951
Virtanen et al. (2005) calcularam a fração de custo em casos em que não há como evitar que o ferimen-
-benefício em 0,55 sob o pressuposto de pequeno to leve ao óbito (Bachmann & Prezotti, 2001).
impacto e altos custos e de 2,32 sob o pressuposto
de grande impacto e baixos custos. Os custos são estimados como descritos anterior-
mente. No cálculo dos custos, tomou-se como base
Com relação à Noruega, foi calculada uma análise uma estimativa do número de veículos registrados
de custo-benefício do eCall sob os seguintes pres- de 1999 até 2004. A idade média dos veículos pri-
supostos. Assume-se que o benefício seja igual ao vados na Noruega era de 10 anos em 2004 (Bil e
da Finlândia (Virtanen, 2005), isto é, que o número Vei, 2005). Estima-se que os custos da infraestrutu-
de óbitos diminui entre 3,3% e 8,3%. Assume-se ra estejam entre 10.000 e 50.000 € ou entre 80.000
que o impacto nas pessoas com ferimentos graves e 400.000 para cada AMK utilizada. Há 44 AMKs
seja igual ao impacto no número de óbitos. Não se na Noruega em que a infraestrutura deve ser imple-
assume que o número de pessoas com ferimentos mentada. Estima-se que a durabilidade seja de 20
graves ou com ferimentos mais leves tenha sido anos (Abele et al., 2004). Os custos com treinamen-
influenciado. Além disso, assume-se que 33% da- to de pessoal a cada ano são entre 300 e 500 € (2400
queles que não viriam a óbito teriam ferimentos até 4000 kr.) para cada um dos 60 empregados na
muito graves e que 66% teriam ferimentos graves. central de socorros (Abele et al., 2004). Estima-se
Assume-se que aqueles que, por meio do eCall evi- que há 4 empregados em cada AMK que necessi-
tam ter ferimentos muito graves, teriam ferimentos tam de instrução a cada ano. Estimam-se que os
graves. Para considerar a incerteza no impacto so- custos para infraestrutura e treinamento totalizem
bre ferimentos muito graves, calcula-se a fração cus- 4.688.017 e 7.813.362 kr. por ano. Estes custos são
to-benefício tanto com quanto sem o efeito neles. iguais para todos os três cenários.
Os ganhos econômicos são estimados com base nos
custos estimados de acidentes por ferimento, tendo A relação custo-benefício para implementação do
em vista os custos de acidentes imediatos, queda de eCall na Noruega é calculada em três cenários:
produtividade e perda de qualidade de vida.
• Implementação completa de 2007 até 2016: o
É previsto que o eCall será 100% confiável, isso eCall é equipado em todos os veículos na Norue-
quer dizer que as informações serão enviadas ime- ga em 2007 e todos os veículos novos a partir do
diatamente de maneira completa e correta sobre to- mesmo ano vêm equipados como padrão com o
dos os acidentes graves para a AMK e que não serão eCall.
enviadas mensagens equivocadas sobre acidentes • Implementação sucessiva de 2007 até 2016: eCall
(que não aconteceram). Tais pressupostos não são não equipado, mas vem em série em todos os no-
totalmente realistas, mas podem ser atingidos por vos veículos a partir de 2007. A taxa registrada de
melhorias técnicas (Akella et al., 2003; Bachmann & veículos com eCall é de 6,9% em 2007 e de 64,9%
Prezotti, 2001). em 2016. O grau de implementação para todo o
período é de 37,17%.
O impacto nos custos de filas é avaliado com base • Implementação sucessiva de 2017 até 2026: o
no estudo de Vägverket (2005). Com base nes- eCall é equipamento em série em todos os veí-
ta análise e em vista das diferenças no número de culos novos de 2017 até 2026. A percentagem de
passageiros-km transportados na Suécia (EU Stat. veículos registrados com eCall é de 71% em 2017
Pocketbook) e na Noruega (Bil e Vei), calculou-se e 100% a partir de 2022. O grau de implementa-
uma economia entre 2.346.462 e 4.692.923 NOK a ção para todo o período é de 91,72%
cada ano. Entretanto, a análise realizada pela Agên-
cia Nacional de Administração de Vias Públicas da Para todos os cenários foram calculadas as estima-
Suécia é baseada em efeitos maiores do eCall do que tivas máximas e mínimas para custos e benefícios
naqueles pressupostos nessa análise. A relação de potenciais do eCall (tabela 9.3.2). A taxa de juros
custo-benefício é calculada, por conta disso, tanto considerada no cálculo é de 4,5% (Ministério dos
com quanto sem os custos reduzidos de filas. Transportes, 2006).
Um efeito do benefício possível do eCall não consi- Há uma grande variação nos resultados. O bene-
derado nesta análise é de que a notificação de aci- fício socioeconômico pode ser entre 0,26 e 5,42
dentes mais rápida pode aumentar a probabilidade vezes maior do que os custos. A relação de custo
de que uma pessoa receba órgãos para transplante -benefício é menor no cenário (1), com completa
952 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Tabela 9.3.2: Análise do custo-benefício para o eCall na Noruega, estimativa mínima e máxima
da relação custo-benefício.
Min. Máx.
Cenário (1): Implementação total, de 2007 até 2016
Redução de óbitos 0,26 1,30
Redução de óbitos e congestionamentos 0,26 1,31
Redução de óbitos e pessoas com ferimentos muito graves 0,33 1,66
Redução de óbitos, pessoas com ferimentos muito graves e congestionamentos 0,33 1,68
Cenário (2): Implementação sucessiva, de 2007 até 2016
Redução de óbitos 0,39 1,95
Redução de óbitos e congestionamentos 0,39 1,95
Redução de óbitos e pessoas com ferimentos muito graves 0,49 2,49
Redução de óbitos, pessoas com ferimentos muito graves e congestionamentos 0,49 2,50
Cenário (3): Implementação sucessiva, de 2017 até 2026
Redução de óbitos 0,84 4,22
Redução de óbitos e congestionamentos 0,84 4,23
Redução de óbitos e pessoas com ferimentos muito graves 1,07 5,41
Redução de óbitos, pessoas com ferimentos muito graves e congestionamentos 1,07 5,42
implementação a partir de 2007. Neste caso é mais também pode levar a uma melhoria na efetividade
provável que os custos sejam maiores que o benefí- e no tempo de resposta pré-hospitalares mais rápi-
cio do que o contrário. dos. Com isso, o benefício do eCall pode ser maior
que o previsto nos cálculos. Por outro lado, outras
O impacto do eCall sobre as vítimas fatais deve-se medidas de segurança de trânsito que evitam aci-
às reduções no tempo de notificação, mas isso é ape- dentes graves em situações em que a notificação de
nas uma parte de todo o procedimento de socorros. acidente pode ser atrasada faz com que o benefício
A taxa de pacientes com trauma após acidentes de do eCall seja menor que o previsto.
trânsito já tem diminuído consideravelmente nos úl-
timos anos em razão de uma melhoria no diagnósti-
co e tratamento. De acordo com uma pesquisa com Responsabilidade e procedimentos formais
todos os acidentes com feridos nos EUA de 1984 até
1997 (Noland, 2003), as melhorias no padrão médi- Iniciativa para a medida
co levaram a uma redução significativa do número
de óbitos. Além disso, a efetividade do serviço de A comissão da União Europeia trabalha em deter-
socorros, especialmente a escolha do local de trata- minar um sistema de regras do eCall que englobe
mento e meio de transporte, é decisiva para a proba- toda a Europa, com impacto para todos os veículos
bilidade de se sobreviver a um trauma. Morrisey et de passeio e de carga, conforme homologado após
al. (1996) concluiu que as medidas que melhoram a 2015.
eficácia do serviço de socorro podem ser mais efica-
zes em termos de custo que a notificação automática
de acidente quando não se considera apenas os trau- Requisitos e procedimentos formais
mas dos acidentes de trânsito, mas também outros
tipos de acidente. A implementação de um sistema de notificação au-
tomática de acidentes exige que todos os veículos
Foram planejadas algumas modificações no serviço sejam equipados com o sistema in-vehicle e a insta-
de notificação de emergência na Noruega que po- lação de uma infraestrutura correspondente para o
dem levar a uma alteração na relação de custo-be- serviço de socorros. A interligação dos equipamen-
nefício (Helse- og Omsorgsdepartementet, Hørin- to nos veículos ao serviço de socorros deve ser coor-
gsnotat – forskrift om medisinsk nødmeldetjeneste). denada na Noruega. Além disso, a implementação
Uma centralização e redução do número de AMKs do eCall deve estar interligada a um trabalho de
levariam a custos reduzidos de infraestrutura. Isso cooperação internacional.
Parte II: 9. Primeiros socorros e cuidados médicos 953
Na Noruega o projeto eCall é executado pelo Mi- A implementação do eCall exigirá um trabalho em
nistério das Comunicações dos Transporte, pelo conjunto entre os produtores/subfornecedores de
Ministério da Saúde e pelo Ministério de Justiça. O veículos, as companhias de seguro e possivelmente
Ministério de Saúde tem responsabilidade principal os operadores dos sistemas de comunicação via sa-
pela prontidão de emergência médica e pela deter- télite (Lindholm, 2004).
954 O Manual de Medidas de Segurança Viária
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10 Ferramentas fundamentais
A relação entre o interesse governamental os diversos setores. Os valores estão expressos nos
e o controle sobre as medidas de segurança viária preços de 2009.
O poder pode ser definido como um produto de Se as autoridades observarem os vários orçamentos
interesse e de controle (Hernes, 1975). Os interes- separadamente, a distribuição dos custos e benefí-
ses referem-se aos diferentes níveis de interesse em cios, conforme mostrado na tabela 10.1.1, resultaria
vários resultados possíveis a partir de uma decisão. em que as medidas de segurança viária poderiam
O controle significa a habilidade de aumentar a não ser consideradas rentáveis pelo impacto das re-
probabilidade de que resultados almejados possam ceitas e despesas do governo. Elvik (1993F), portan-
ocorrer (Elvik, 1993E; 1993G). to, propõe a modificação do uso de recursos com-
partilhados, de modo que a autoridade viária pague
Um problema que muitas pesquisas enfatizam (Trin- pelos custos com acidentes públicos utilizando seu
ca et al., 1988; Køltzow, 1990; 1993; Elvik, 1993A; orçamento. Não está documentado quais conse-
1993B) é que autoridades setoriais possuem pouco quências a priorização de tráfego teria no orçamen-
incentivo econômico direto para a melhoria da se- to público na prática.
gurança viária. O benefício econômico de poucos
acidentes visa primeiro à melhoria das vias, aos cui-
dados com elas, à saúde e o sistema de segurança Os sistemas de recursos de alocação pública –
social. Este benefício não aparece como forma de estímulos e sistemas de sanções
orçamento. No entanto, é no orçamento que se en-
contra a maior verba pública para aplicação nas me- O orçamento público será determinado de tal modo
didas de segurança viária. que se possa obter o máximo de benefício destas
medidas, financiadas por esses orçamentos. Na
Este fato está demonstrado na tabela 10.1.1, que Noruega tem-se sido discutido este assunto sobre
mostra o quanto custa um acidente e o custo das como os fundos do Estado dividem-se entre as re-
medidas de segurança viária que é dividido entre giões em relação aos investimentos viários. A distri-
os diversos setores da sociedade. A tabela foi pre- buição, que foi estabelecida pela criação do projeto
parada pela compilação de informações de recur- de Vias Norueguesas nos anos 1960, posteriormente
sos múltiplos (Veisten et al., 2010; OECD funding mostrou-se muito estável (Bjørnland, 1989; Elvik,
questionnaire 2005). Os custos com os acidentes de 1993A, 1995). A distribuição dos recursos é, no
tráfego incluem tanto acidentes com feridos quanto entanto, limitada diante da viabilidade econômica
acidentes envolvendo danos materiais e ambos pos- (Killi e Ryntveit, 1996). Elvik (1995) mostrou que a
suem um custo equiparável ao valor do bem-estar. distribuição regional dos fundos viários pode ser ex-
Assume-se a perda de bem-estar como um custo plicada de duas maneiras: um modelo de equilíbrio
para os usuários da via. O custo público dos aci- teórico, em que se assumiu que as regiões formavam
dentes consiste em custos com saúde, despesas com coalizões informais para assegurar uma distribuição
bem-estar e perda de renda por meio de prejuízos benéfica para a maioria das regiões, e um modelo
fiscais (devido ao absenteísmo, etc). A maior parte técnico viário, em que os fundos de investimentos
dos custos das medidas públicas são os custos de são distribuídos depois de estabelecidos os critérios
construção e manutenção das vias. Os valores da para as vias baseados em uma meta que visa atingir
tabela não devem ser interpretados como cálculos um padrão mínimo para elas em todas as regiões.
exatos. Eles, no entanto, dão uma impressão da dis- Um novo modelo econômico, em que a distribuição
tribuição aproximada entre os níveis de governo e é resultante de avaliações de viabilidade econômica,
Tabela 10.1.1: A distribuição dos custos dos acidentes anuais e os custos para medidas de
segurança viária entre os setores da sociedade (milhões de NOK, preços de 2009).
recebe pouco apoio (Elvik, 1995). Na prática, isso Responsabilidade pelo registro de acidentes
significa que a escassez dos recursos públicos para
reparos de trechos perigosos de vias é um problema Os registros de acidentes são um pré-requisito para
maior para algumas regiões do que para outras. A obter conhecimentos sobre os assuntos de segurança
redistribuição dos recursos entre as regiões pode, a viária (ver Parte Ideste Manual). O Escritório Cen-
princípio, possibilitar o alcance de melhores benefí- tral de Estatística da Noruega realiza estudos sobre
cios dos recursos. todas as vias públicas, não tendo responsabilidade
pelo uso das mesmas. A Agência Nacional de Ad-
Na Noruega o princípio da igualdade de distribui- ministração de Vias Públicas da Noruega possui um
ção de recursos entre as regiões geográficas tem for- registro para todas as rodovias nacionais, bem como
te concorrência com o princípio da utilização dos as rodovias regionais, vias municipais e outras vias
recursos escassos onde eles são mais eficientes do privadas. Diversos estudos indicam que uma mino-
ponto de vista de custo-benefício. Elvik (2009) mos- ria dos municípios possui algum tipo de registro sis-
tra, por meio de um modelo teórico, que as áreas temático de acidentes no sistema viário sob sua res-
mais densamente povoadas e as cidades mais abas- ponsabilidade (Frøyland, 1980; Kolbenstvedt, 1986;
tadas recebem medidas da segurança que estariam Christensen, 1988; Kolbenstvedt e Strand, 1988A;
mais dispersas do que as análises de custo-benefício 1988B). Poucos municípios disponibilizam um fun-
indicariam (Elvik, 2009). cionário em tempo integral para trabalhar com a se-
gurança viária. Isso pode, portanto, dificultar uma
Um problema que muitos países experimentaram é organização adequada de registros de acidentes.
que as autoridades locais nem sempre cumprem com
as ordens das autoridades nacionais de priorizar me- Durante os últimos 10 anos, os registros de acidentes
didas de segurança viária. Nos EUA, o governo fede- graves aumentaram em escopo e precisão. Em 2005 a
ral tentou resolver este problema por meio de amea- Agência Nacional de Administração de Vias Públicas
ças a estados que não cumpriam as políticas nacionais da Noruega conduziu análises abrangentes de todos
em relação aos recursos destinados à segurança viária os acidentes fatais nas vias norueguesas. Para isto, a
(Campbell, 1991). A experiência com estes sistemas Agência Nacional de Administração de Vias Públicas
de sanções possuem resultados diferentes. Por volta da Noruega criou um grupo de análise de acidentes
de 1970, o governo federal dos EUA forçou os Esta- por região e coletou seus relatórios anualmente. No
dos a adotarem o uso obrigatório de capacetes para mesmo ano, o Quadro de Investigação de Acidentes
a condução de motocicletas. Houve uma poderosa da Noruega expandiu criando um novo departamen-
oposição à medida, o que levou o governo federal a to viário. A missão do departamento é “examinar os
desistir dessa política em 1976. O resultado foi que acidentes de trânsito individualmente a fim de iden-
cerca de metade dos estados revogaram a liminar so- tificar as causas e projetar recomendações baseadas
bre a obrigatoriedade do capacete. O limite de veloci- nessas investigações” (Elvebakk, 2010). A polícia e
dade nacional de 55 mph (88 km/h), introduzido nos a Agência Nacional de Administração de Vias Públi-
EUA no início de 1974 para economizar combustível, cas da Noruega devem notificar o Quadro de Inves-
sofreu destino semelhante. As autoridades federais tigação de Acidentes da Noruega sobre os acidentes
ameaçaram os estados que não tinham estabelecido ocorridos em túneis envolvendo ônibus ou veículos
um limite de velocidade reter 10% de seus recursos de massa total de 7,5 toneladas, incluindo os veículos
para questões viárias. Quando o assunto foi trazido à que transportam cargas perigosas ou outros envolvi-
tona na primavera de 1987, o governo federal perdeu dos em acidentes graves. O Quadro de Investigação
e o limite de velocidade foi, pela primeira vez, aumen- de Acidentes escolhe quais acidentes serão analisados,
tado para 65 mph. Mais tarde, o limite de velocidade e todos os relatórios examinados até 2010 envolviam
nos EUA foi completamente revogado. Em outros veículos pesados (Elvebakk, 2010). Na maioria dos
casos, no entanto, o governo federal dos EUA saiu-se outros países, as comissões de investigação de aciden-
melhor ao pressionar os estados (Campbell, 1991). Os tes não investigam acidentes sem mortes. As exceções
estados foram, por exemplo, pressionados a estabe- incluem o Quadro de Segurança dos Transportes nos
lecer uma lei para subir o limite de idade de 18 para Países Baixos, o Quadro de Investigações de Aciden-
21 anos em que os condutores estariam totalmente tes na Finlândia, o Quadro de Investigação de Aci-
habilitados; alguns estados, ainda que relutantes, ado- dentes na Suécia e o Quadro de Segurança Nacional
taram a lei. Também ocorreu de o governo federal nos de Transportes nos EUA; contudo, assim como na
EUA pressionar alguns estados para adotarem o uso Noruega, não se examinam acidentes específicos, mas
obrigatório do cinto de segurança. sim todos os acidentes viários (Elvebakk, 2010).
960 O Manual de Medidas de Segurança Viária
Resumidamente, há um registro e uma análise dos Responsabilidade legal pelo projeto de manutenção
acidentes graves que têm sido amplamente aperfei- das vias públicas
çoados nos últimos 10 anos. No entanto, isso não
ocorreu com os acidentes leves. Não foi investigado O código viário é uma responsabilidade legal que evi-
se esse fato impactou os acidentes. ta acidentes inicialmente relacionados aos usuários
da via por meio de regras, que todos devem respeitar
para não causar danos ou perigos (vegtrafikkloven §
A responsabilidade pela iniciativa por novas medidas 3). Em muitos outros países, incluindo os EUA, as
– autoridades específicas da segurança viária autoridades públicas, principalmente as autoridades
viárias, têm a responsabilidade legal de manter as
Nenhuma agência governamental possui respon- vias em segurança. Na Noruega as autoridades viá-
sabilidade legal por propor ou desenvolver novas rias só assumem legalmente a responsabilidade por
medidas de segurança viária. Regionalmente, a res- acidentes de trânsito quando for demonstrado que a
ponsabilidade pela segurança viária é do Conselho causa foi por negligência relacionada à via.
Regional, o que pode ser interpretado como um
controle regional sobre a responsabilidade pelas As regras dos EUA implicam que as autoridades viá-
medidas de segurança viária. A Agência Nacional rias devem ser responsabilizadas por danos causados
de Administração de Vias Públicas da Noruega tem ou agravados por projetos ou manutenções inadequa-
a responsabilidade correspondente por medidas de das de vias (Baldwin, 1980). Como exemplo, as regras
segurança viária nacionais, como, por exemplo, os viárias dizem qual deve ser o tamanho das barreiras de
regulamentos de formação de condutores, a regula- segurança a serem instaladas. Em acidentes onde for
mentação dos veículos, alterações na legislação, etc. constatado que as proteções são muito baixas, pela lei
dos EUA a autoridade viária é responsabilizada por
A responsabilidade pela segurança viária está di- qualquer dano ocorrido ou agravado por esta razão
vidida entre os vários níveis de administração. As (veículos que foram jogados sobre o guardrail, por
autoridades criaram uma coordenação a partir da exemplo, em vez de terem sido contidos por ele).
Direção Viária, além da Agência Nacional de Ad-
ministração de Vias Públicas da Noruega em geral Esta responsabilidade funciona para as autoridades
(Køltzow, 1990, 1993). Diversos países, incluindo os viárias como um incentivo financeiro para manter as
EUA e a Suécia, têm ou têm tido essas diretorias vias em segurança (Baldwin, 1980). O esquema tam-
(Administração Nacional de Segurança de Tráfego bém pode ter aspectos indesejáveis. Nos EUA a res-
Rodoviário nos EUA, criada em 1966; Agência de ponsabilidade pela administração pública das vias é
Segurança Viária na Suécia, inaugurada em 1967 e definida claramente, sendo que qualquer trabalho
desativada em 1993; Administração da Segurança de reparo pode ser interpretado como uma admis-
dos Transportes Terrestres da Nova Zelândia). são indireta onde a via não estava suficientemente
segura (Baldwin, 1980). Isso, por sua vez, pode
Não há evidências de que os países que criaram levar as autoridades viárias a se abster desses tra-
essas autoridades de tráfego ao longo do tempo te- balhos de reparo. Esse fato pode, também, resultar
nham melhorado a segurança mais que os países no julgamento da segurança viária por um critério
que não estabeleceram suas próprias autoridades puramente formal, tal como indagar se os padrões
de segurança viária. Elvik (1993B) comparou a viários estão em conformidade com as normas viá-
mudança no número de fatalidades no tráfego em rias e sujeitos ao risco de acidentes (Hauer, 1993).
cinco países durante os períodos entre 1966-1970 e
1966-1990, e os países que possuem uma diretoria
de segurança viária não tiveram o número de mor- Supervisão pelo estado
tos reduzido em maior escala do que aqueles sem
diretoria (a mudança no número de fatalidade em A partir de 1980, as agências de administração no-
parênteses): rueguesas tornaram-se mais especializadas e foram
criados novos órgãos administrativos, responsáveis
• países que tinham uma diretoria nacional de segu- por conduzir as inspeções e supervisões no setor.
rança viária: EUA (-16%), Suécia (-34%); A justificativa para estes novos órgãos era a crença
• países que não tinham uma diretoria nacional de de que eles possibilitariam uma supervisão de modo
segurança viária: Dinamarca (-38%), Finlândia mais amplo (Christensen et al., 2002). A comissão
(-36%), Noruega (-21%). foi nomeada pelo governo em 2009 e estabelecia
Parte II: 10. Ferramentas fundamentais 961
uma supervisão independente no setor viário (Trygg em 2007 um acordo com a Lituânia para uma maior
Trafikk, 2010). Portanto, em 2012 iniciou-se a ati- cooperação entre os países envolvidos no programa
vidade visando supervisionar a infraestrutura viária. de transporte. A Noruega auxiliará principalmente a
As autoridades viárias estabeleceram uma unidade Lituânia a desenvolver um plano de segurança viária
na Agência Nacional de Administração de Vias Pú- de longo prazo por meio de uma assistência que de-
blicas da Noruega diretamente subordinada ao Mi- senvolva medidas específicas para a segurança viária
nistério dos Transportes, garantindo sistemas admi- (Samferdselsdepartementet, 2007). Outras agências
nistrativos mais adequados e efetivos, além de um relacionadas também devem cooperar com as agên-
sistema de fiscalização que garante o cumprimento cias semelhantes em outros países. Por exemplo, as
das exigências de segurança (Samferdselsdeparte- autoridades policiais adquirem experiências com a
mentet, 2010). As autoridades geralmente não acom- TISPOL (Rede Europeia de Trânsito) e da SANT Sa-
panham os incidentes individuais, que ficam a cargo marbeidsorgan Angående Nordiske Trafikkspørmål;
da polícia, do Quadro de Investigação de Acidentes Politiet, 2010). Os impactos deste intercâmbio inter-
e das autoridades viárias locais (Samferdselsdeparte- nacional nos acidentes não foram documentados.
mentet, 2010). O documento NOU 2009:3 descreve
a supervisão do setor viário países comparáveis.
Sistema político
Na Suécia foi inaugurada em 2009 uma Agência de
Transportes responsável pela supervisão de todo o
setor de transportes. A Agência de Transportes não O termo “sistema político” é utilizado para descre-
foi encarregada de supervisionar a infraestrutura ver novas formas de governança fora do controle do
atual; porém, a Suécia introduziu uma nova exigên- governo, o que envolve tanto os atores federais e es-
cia sobre a construção e administração das vias, de taduais como os privados (Pappi e Henning, 1998).
modo que os danos possam ser evitados e as exigên- O sistema político tem como finalidade coordenar
cias, monitoradas pelas autoridades (NOU, 2009). os indivíduos para que alcancem uma melhor conse-
O Ministério do transporte holandês e a Inspetoria cução dos objetivos, a fim de implementar medidas
Hídrica e Inspetoria do Trabalho (IVW) são res- mais apropriadas (Tonnesen, 2012). O projeto “Se-
ponsáveis pelas vias, hidrovias, aviação e ferrovias, gurança no trânsito nas escolas” é um exemplo de
porém só possuem responsabilidade pela supervisão que o sistema político trabalha pela segurança viá-
de tráfego e dos serviços de táxi no setor viário. Nos ria. O Fórum de prevenção a lesões está liderando
Países Baixos, em outras palavras, não há uma sepa- o projeto e trabalha com parceiros que inclui o Trá-
ração das organizações supervisoras que fiscalizam o fego Seguro, a Agência Nacional de Administração
proprietário da via e a infraestrutura viária. Nem na de Vias Públicas da Noruega e as escolas primárias
Grã-Bretanha ou na Nova Zelândia existem organi- norueguesas. O objetivo do projeto era aumentar a
zações separadas para a supervisão do setor viário. educação de tráfego nas escolas primárias (Skadefo-
rebyggende forum, 2012).
Apesar de a supervisão das vias ser uma medida re-
lativamente nova, não foram documentadas quais Outro exemplo é o sistema de ciclovias (2012), que
seriam suas consequências práticas para a segurança trabalha para aumentar a competência em relação
viária. à facilitação do ciclismo em municípios da Norue-
ga. A Associação Nacional de Vias e Ciclistas opera
uma rede que conta com 97 membros, dos quais 78
Intercâmbio internacional de conhecimento são municípios, 14 são regiões e 5 são escritórios
regionais da Agência Nacional de Administração
Os fóruns de cooperação internacionais, em que são de Vias Públicas da Noruega (Sykkelbynettverket,
trocadas experiências sobre a segurança viária entre 2012).
países, podem colaborar para melhorias na seguran-
ça viária nos países participantes. Já, de acordo com O projeto do túnel ferroviário de Gevingåsen é uma
o Tratado de Helsinque de 1962, declara-se que os colaboração entre a comunidade, a Agência Nacio-
países nórdicos deveriam coordenar esforços a fim nal de Administração de Vias Públicas da Noruega,
de melhorar a segurança viária. A Noruega também a polícia e a ferrovia nacional, que produziram so-
assinou um acordo de cooperação com a intenção luções para o tráfego ante os desafios surgidos em
de ajudar os outros países em seus trabalhos de se- conexão com o desenvolvimento de túneis ferro-
gurança viária. A Noruega, por exemplo, assinou viários. Essas soluções tiveram especialmente como
962 O Manual de Medidas de Segurança Viária
intenção zelar pelos usuários mais jovens da via em Impacto no meio ambiente
determinada área (Herjaune, 2009).
Os impactos das medidas organizacionais no meio
ambiente estão descritos no iltakskatalog.no.
Integração da segurança no trânsito