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NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER – PARTE 1

PRÉ-EDITAL DPU

SUMÁRIO

1. Direito Constitucional.........................................................................................02
2. Direito Administrativo ........................................................................................74
3. Direitos Humanos...............................................................................................106
DIREITO CONSTITUCIONAL1

CONSTITUCIONALISMO

• ACEPÇÕES:

O Constitucionalismo pode apresentar diversas concepções. Vejamos:


1) Movimento político-social de origens históricas que busca a limitação do poder arbitrário;
2) imposição de que haja cartas escritas;
3) indicar os propósitos mais latentes da Constituição;
4) evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.

• ESQUEMATIZAÇÃO DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

OBS.: A tabela a seguir toma como referência o livro Direito Constitucional Esquematizado, de Pedro
Lenza.

ANTIGUIDADE - Lei do Senhor (Hebreus)


- Democracia direta (cidades-estados
gregas)
IDADE MÉDIA - Magna Carta de 1215
IDADE MODERNA - Pactos e forais ou cartas de franquia
- Petition of Rights (1628)
- Habeas Corpus Act (1679)
- Bill of Rights (1989)
- Act os Settlement (1701)
CONSTITUCIONALISMO NORTE- - contratos de colonização
AMERICANO - Compact (1620)
- Fundamental Orders of Connecticut
(1639)
- Carta outorgada pelo rei Carlos II
(1662)
- Declaration of Rights do Estado da
Virgínia (1776)
- Constituição da Confederação dos
Estados Americanos (1781)
CONSTITUCIONALISMO MODERNO - Totalitarismo constitucional (Uadi

1 Por Gabrielle Ribeiro e Bruna Daronch


Lammêgo Bulos): os textos
sedimentam um importante conteúdo
social, por meio de normas
programáticas.
- Dirigismo comunitário (André
Ramos): trata-se de fase atual do
constitucionalismo globalizado, que
busca difundir a perspectiva de
proteção aos direitos humanos e de
propagação para todas as nações.
- Constitucionalismo globalizado.
- Direitos de segunda dimensão.
- Direitos de terceira dimensão
(fraternidade e solidariedade).
CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO Consolidação dos direitos de terceira
(DROMI) geração/dimensão. Perspectivas:
verdade; solidariedade; consenso;
continuidade; participação; integração;
universalidade.

CONSTITUCIONALISMO PLURALISTA - Ciclo multicultural: introdução do


(ANDINO OU INDÍGENA) direito à identidade cultural, junto com
NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO- a inclusão de direitos indígenas
AMERICANO específicos. É o caso do Brasil, com a
ESTADO PLURINACIONAL E Constituição de 1988.
INTERCULTURAL - Ciclo pluricultural: desenvolve o
conceito de nação multiétnica e estado
pluricultural; reconhece o pluralismo
jurídico, assim como novos direitos
indígenas e de afrodescendentes.
- Ciclo plurinacional: os povos indígenas
proclamam o reconhecimento não só
como culturas diversas, mas como
nações originárias ou sujeitos políticos
coletivos.

• NEOCONSTITUCIONALISMO

Marco histórico do neoconstitucionalismo: documentos a partir da Segunda Guerra Mundial, como


as Constituições da Itália (1947), da Alemanha (1949), de Portugal (1976), da Espanha (1978) e Brasil
(1988).
Marco filosófico: o pós-positivismo, filosofia que busca ir além da legalidade estrita, mas não
despreza o direito posto; procura empreender uma leitura moral do Direito, mas sem recorrer a
categorias metafísicas.

Mas, afinal, quais são as características do neoconstitucionalismo?

Em primeiro lugar, podemos dizer que essa fase sofreu profunda influência da doutrina de Konrad
Hesse, sobretudo de sua obra “A Força Normativa da Constituição”. Por conseguinte, a Constituição
deixou de ser vista como mera carta política ou carta de intenções e passou a ser concebida com
norma jurídica dotada de imperatividade.

Nesse contexto, houve desenvolvimento de estudos sobre as relações entre regras e princípios
constitucionais. Sobre o tema, cabe destacar “Levando Direitos à Sério”, do americano Ronald
Dworkin, “Teoria dos Direitos Fundamentais”, do alemão Robert Alexy. Na doutrina nacional,
podemos destacar “Teoria dos Princípios”, de Humberto Ávila, e “Entre Hidra e Hércules”, de
Marcelo Neves.

Outra caraterística importante é a expansão da jurisdição constitucional. Nesse aspecto, a


supremacia do legislativo deu lugar à supremacia do Judiciário. Isso ocorreu devido à criação dos
Tribunais Constitucionais, encarregados de exercer o controle de constitucionalidade, verdadeiros
guardiões do extenso rol de direitos fundamentais.

#OLHAOGANCHO: O Tribunal Constitucional Alemão é um dos protagonistas nesse papel. Sua


jurisprudência é citada com muita frequência pelos demais Tribunais Constitucionais. A título de
exemplo, podemos dizer que o debate sobre a eficácia horizontal dos direitos fundamentais e a
aplicação do princípio da proporcionalidade surgiram a partir do julgamento do célebre caso
Lüth.

Por fim, cabe destacar que o neoconstitucionalismo se caracteriza, também, por trazer uma nova
interpretação constitucional onde ganha relevo: a supremacia da Constituição, a presunção de
constitucionalidade das leis, interpretação conforme a Constituição, unidade da Constituição,
máxima efetividade, razoabilidade e proporcionalidade, entre outros.
#CONCLUSÃO: Desse modo, podemos concluir que o neoconstitucionalismo é marcado pelo
protagonismo da Constituição no ordenamento jurídico, estabelecendo uma ordem objetiva de
valores que servem de parâmetro para os demais ramos do Direito. Isso acarretou uma inevitável
judicialização das relações políticas e sociais, pois, via de regra, cabe ao Judiciário a palavra final
quanto à interpretação das normas constitucionais.

Obs.: o que seria a constitucionalização do direito? FOCA NA TABELINHA.

Neoconstitucionalismo Constitucionalização do Direito


Força normativa definitiva da CF Consagração de um expressivo
Prolixidade numero de normas de outros ramos
no texto constitucional.
Fortalecimento da jurisdição Reconhecimento da eficácia
constitucional e do Poder Judiciário. horizontal
Centralidade. Constitucionalização Interpretação das leis conforme CF
do Direito (filtragem constitucional)

CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO

• SENTIDOS:

A Constituição é a soma dos fatores reais


SOCIOLÓGICO: Ferdinand Lassale
de poder.
Constituição é a decisão política
POLÍTICO: Carl Schimit fundamental. Diferencia a Constituição
das Leis Constitucionais.
- Plano lógico-jurídico: norma
fundamental hipotética, plano do
suposto, fundamento lógico-
transcendental da validade da
JURÍDICO: Hans Kelsen
Constituição jurídico-positiva.
- Plano jurídico-positivo: norma posta
(positivada), norma posta suprema.
# NÃO ESQUEÇA! É TANTO SENTIDO DE CONSTITUIÇÃO...

#CEREJADOBOLO

CULTURALISTA: J. H. Meirelles Constituição é o produto de um fato


cultural. Ideia de Constituição Total
(complexidade intrínseca: reunião de
aspectos econômicos, sociológicos,
jurídicos e filosóficos).
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA: Marcelo - Legislação simbólica: aquela em que há
Neves predomínio ou hipertrofia da função
simbólica (essencialmente político-
ideológica) em detrimento da função
jurídico-instrumental (de caráter
normativo-jurídico).
- Tipologia tricotômica da legislação
simbólica: a) confirmação de valores
sociais; b) demonstração da capacidade
de ação do Estado (legislação-álibi, na
qual se cria uma imagem favorável do
Estado no que concerne à resolução de
problemas sociais); c) fórmula de
compromisso dilatório (adiamento de
solução dos conflitos).
- Amparo no modelo sistêmico proposto
por Niklas Luhmann. Constituição seria,
pois, um mecanismo que permite a
autonomia operacional do direito na
sociedade moderna e como
“acoplamento estrutural” entre os
sistemas político e jurídico.
- O conceito de constitucionalização
simbólica também é tratado em termos
de “alopoiese” do direito: reprodução do
sistema jurídico, com base em critérios,
programas e códigos provenientes de seu
ambiente.
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

Princípios da Hermenêutica: a) Supremacia da CF; b) Unidade Constitucional; c) Concordância


prática/harmonização; d) Efeito integrador/Eficácia Integradora; e) Justeza/Conformidade
Funcional; f) Correção Funcional; g) Máxima efetividade das normas constitucionais; h) Presunção
de constitucionalidade das leis (iuris tantum – relativa); i) Interpretação conforme a constituição; j)
Razoabilidade/Proporcionalidade.
- Regras: lógica do tudo ou nada. Princípios: lógica da ponderação (Dworkin). O conflito entre
regras é um conflito no plano abstrato - no plano da validade, o conflito de princípios se dá no plano
concreto - no plano da eficácia e da contingência.
- Método jurídico (hermenêutico clássico): a Constituição é uma lei como qualquer outra, devendo
ser interpretada usando as regras da Hermenêutica tradicional, ou seja, os elementos literal
(textual), lógico (sistemático), histórico, teleológico e genético.
- Método tópico-problemático (Viehweg): prevalência do problema sobre a norma. Parte-se de um
problema concreto para a norma.
- Método hermenêutico-concretizador (Konrad Hesse): prevalência do texto constitucional sobre o
problema. Parte da norma para aplica-la ao caso concreto.
- Método integrativo ou científico-espiritual (Smend): deve considerar a ordem ou o sistema de
valores subjacentes ao texto constitucional. Parte das influências externas para só então analisar o
encontro do caso com a norma.
- Método normativo-estruturante: A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao
contexto. Não há solução pronta para todos os conflitos. A cada caso será feito um novo encontro
entre a lei e a norma que dela possa se extrair. Este método considera que a norma jurídica é
diferente do texto normativo: esta é mais ampla que aquele, pois resulta não só da atividade
legislativa, mas igualmente da jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma,
deve-se utilizar tanto seu texto quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social
(contexto). A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto. Norma = texto
+ contexto.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO:
1. Método jurídico ou hermenêutico clássico: A Constituição deve ser encarada como lei, assim
todos os métodos tradicionais devem ser utilizados na tarefa interpretativa, por ex.: método
gramatical, lógico, teleológico, histórico.
2. Método tópico-problemático: O intérprete parte de um problema concreto para chegar a
norma.
3. Método hermenêutico-concretizador: Prevalência do texto constitucional sobre o problema.
4. Método científico-espiritual: Não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade
social e dos valores subjacentes do texto da Constituição.
5. Método normativo-estruturante: A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado
ao contexto. Inexistência de identidade entre norma jurídica e texto normativo. O teor literal da
norma, que será considerado pelo intérprete, deve ser analisado conforme a concretizado da norma
em sua realidade social. Em outras palavras, a norma constitucional só diz o início (conhecido como
a “ponta do iceberg”) e o intérprete deve alcançar todo o sentido da norma. Norma = texto +
contexto.
6. Método comparativo constitucional: O intérprete compara a Constituição de seu país com as
Constituições estrangeiras.

- Para Peter Häberle, jurista alemão cujo pensamento doutrinário tem influenciado o direito
constitucional brasileiro, a constituição deve corresponder ao resultado, temporário e
historicamente condicionado, de um processo de interpretação levado adiante na esfera pública por
parte dos cidadãos e cidadãs – Teoria da sociedade aberta dos intérpretes.
- A Constituição aberta é aquela que está apta a captar as mudanças da realidade social, o que
permite com que ela permaneça no tempo sem perder a sua força normativa.
- Pela eficácia direta se tem a possibilidade de se extrair uma regra do núcleo essencial do
princípio, permitindo a subsunção.
- Pela eficácia interpretativa entende-se que as normas jurídicas devem ter seu sentido e alcance
determinados de maneira que melhor realize a dignidade humana, que servirá como critério de
ponderação na hipótese de colisão de normas.
- A eficácia negativa, de caráter geral ou particular, paralisa ou neutraliza a incidência de regra
jurídica que seja incompatível com a dignidade humana.
- O princípio de interpretação da CF denominado Harmonização ou concordância prática. De
acordo com esse princípio, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir de forma
harmônica a fim de evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros. Para Uadi Bulos, o
princípio da concordância prática tem como meta coordenar, harmonizar e combinar bens
constitucionais conflitantes, evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros.
- Segundo o princípio da unidade da constituição, deve-se interpretar a CF em sua globalidade
para se evitar contradições (antinomias). A CF deve ser interpretada de maneira a evitar
contradições entre suas normas, devendo ser considerada como um todo. Assim, jamais deve o
intérprete isolar uma norma do conjunto em que ela está inserida.
- Uma das características da hermenêutica constitucional contemporânea é a distinção entre regras
e princípios; segundo Ronald Dworkin, tal distinção é de natureza lógico-argumentativa, pois
somente pode ser percebida por meio dos usos dos argumentos e razões no âmbito de cada caso
concreto. a) Regras = Lógica do Tudo ou Nada b) Princípios = Lógica da Ponderação.
- Não há um método de interpretação pré determinado para cada caso concreto.
- Antinomias APARENTES são os conflitos de normas ocorridos durante o processo de
interpretação que podem ser solucionados através da aplicação dos critérios hierárquico,
cronológico e da especialidade para solucionar o conflito.
- Antinomias REAIS são conflitos entre normas que NÃO são resolvidos com a utilização dos
referidos critérios. A solução de uma antinomia real é feita pelo intérprete autêntico, com a
utilização da analogia, dos costumes, dos princípios gerais de Direito e da doutrina, nos termos do
art. 4 da Lei de Introdução ao Código Civil, in verbis: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito”.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Os fundamentos do controle de constitucionalidade são a Supremacia da Constituição


(Supralegalidade) e a Rigidez Constitucional (Imutabilidade Relativa).
A ideia de controle difuso de constitucionalidade teve, como marco histórico, o voto do Juiz da
Suprema Corte Norte-americana, John Marshall, no célebre julgamento do caso Marbury vs Madison,
em 1803, no qual se afirmou que uma lei contrária à Constituição é nula e os tribunais, assim como os
demais poderes, são vinculados pela Constituição.

Tal modelo foi introduzido no Brasil a partir da Constituição de 1891, a qual sofreu grande influência
norte-americana. Tratando-se de órgão colegiado, a competência para declarar a
inconstitucionalidade é da maioria absoluta do órgão especial ou do pleno do tribunal (art. 97, da
CF/88), salvo se já houver prévia manifestação do STF ou da própria corte (art. 481, do CPC/73). Por
se tratar de processos subjetivos, nos quais a constitucionalidade é questão prejudicial, os efeitos da
decisão são ex tunc e inter partes, salvo se o Senado Federal, através de resolução, decidir suspender
a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional, por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal (art. 52, X, da CF/88).

Em 1920, a Áustria adotou um modelo de controle diferente daquele que havia nos EUA. Idealizada
por Hans Kelsen, foi criada a Corte de Justiça Constitucional como o único órgão competente para
exercer a fiscalização da constitucionalidade (controle concentrado), realizado em caráter abstrato e
principal, ou seja, independentemente de sua aplicação em casos concretos.

O Brasil passou adotar essa espécie de controle concentrado a partir da Emenda Constitucional nº
16/1965. A Constituição Federal de 1988 valorizou essa modalidade de controle mantendo a Ação
Direta de Inconstitucionalidade, porém, ampliando consideravelmente o rol de legitimados (art. 103,
da CF/88), sendo que 3 (três) destes precisam demonstrar a pertinência temática (incisos IV, V e IX,
art. 103, da CF/88). Prevê, também, a Ação de Inconstitucionalidade por Omissão. Além disso, após a
Emenda Constitucional nº 03/1993, houve o acréscimo da Ação Declaratória de Constitucionalidade e
da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Todas essas ações caracterizam-se por
ser um processo objetivo, no qual a declaração (in)constitucionalidade é o objeto principal.

Quanto aos efeitos, o modelo concentrado tem decisão erga omnes e ex tunc, salvo a possibilidade
de modulação prevista no art. 27 da Lei Federal nº 9.868/99, segundo a qual, em face de razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, por maioria de dois terços dos membros do
STF, a Corte poderá restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de
seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Por fim, é importante destacar
que o STF já aplicou essa possibilidade de modulação ao decidir em sede de controle difuso, vide
(REXT 197.917 – Município de “Mira Estrela”).

ATENÇÃO!

Controle de constitucionalidade é um tema que nós, em geral, já estudamos muito na


vida, não é verdade? Por isso, sugerimos que, na hora de revisar o tema, vocês façam
check-list das palavras-chaves grifadas no material próprio, bem como no sumário de
livro de doutrina.

Algo imprescindível é o estudo dos informativos da matéria. Aqui, vale muito a pena dar
uma revisada pelo Vade Mecum de jurisprudência do Dizer o Direito.

Vamos ver se você está afiado? Vamos listar aqui alguns pontos... confira se você já
está por dentro!

- Sistema austríaco (Kelsen) X Sistema Norte-Americano (Marshall).

- A flexibilização da teoria da nulidade no direito brasileiro, tanto no controle


concentrado (previsão do art. 27 da Lei nº 9.868/1999), quanto no controle difuso (caso
Mira Estrela – redução do número de vereadores, de 11 para 9, adequando-se ao mínimo
constitucional). #OBS.: valorização dos princípios da segurança jurídica, confiança, ética
jurídica e boa-fé.

- Espécies de inconstitucionalidade:
* Por ação: pode decorrer de vício formal, também denominado NOMODINÂMICA. O
vício formal pode ser ORGÂNICO (inobservância da competência legislativa), FORMAL
PROPRIAMENTE DITO (vício formal subjetivo, que diz respeito à iniciativa, ou vício
formal objetivo, que diz respeito às demais fases legislativas) ou POR VIOLAÇÃO A
PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO. Pode decorrer de vício material, o
NOMOESTÁTICA. Por fim, pode decorrer de vício de decoro parlamentar.
* Por omissão.

- Momento do controle:
* Prévio ou preventivo: legislativo (próprio parlamentar e CCJ), executivo (veto) e
judiciário (mandado de segurança impetrado por parlamentar).
* Posterior ou repressivo: político, jurisdicional (difuso e concentrado) e híbrido (tanto
o político quanto o jurisdicional).
- Cláusula de reserva de plenário (Full Bench):
A Cláusula do Full-Bench ou Cláusula de Reserva de Plenário diz respeito ao controle de
constitucionalidade difuso realizado pelos Tribunais de Justiça/ Tribunal Regional
Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça. Prevê a Constituição Federal de 1988: “Art.
97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público.” Seu fundamento é o princípio da presunção de
constitucionalidade das leis, exigindo-se um quórum qualificado pelo órgão colegiado
para que haja pronunciamento da inconstitucionalidade. Dessa forma, os órgãos
fracionários dos Tribunais não podem reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei
antes de esta ser declarada inconstitucional pela maioria absoluta do Tribunal ou de seu
Órgão Especial. Ao órgão fracionário é necessária a percepção de “estado de dúvida
constitucional” que deve ser objetivo, fundado e explicitado adequadamente pelo
órgão fracionário no encaminhamento ao órgão competente que irá respeitar a reserva
de plenário.
#SELIGANASÚMULA: A Súmula Vinculante 10 trata sobre o tema: viola a cláusula de
reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que,
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
A referida súmula vinculante busca evitar o escamoteamento da declaração de
inconstitucionalidade, ou seja, que esta seja feita por via transversa como no
afastamento ou mera não aplicação da lei. É uma norma protetiva da eficácia da
previsão do artigo 97 da Constituição Federal de 1988.

- Exceções à cláusula de reserva de plenário:


* Declaração de constitucionalidade: a reserva do plenário é necessária somente para a
declaração de inconstitucionalidade das normas. Considerando a presunção de
constitucionalidade, a decisão do órgão fracionário que mantém a lei em questão
constitucional dispensa o quórum qualificado.
* Declaração de não recepção (normas anteriores à constituição): trata-se da não
recepção, que não se confunde com a inconstitucionalidade. Por isso, nesses casos, o
órgão fracionário menor declarará que a lei ou ato normativo foram revogados ou não
recepcionados pela nova ordem constitucional.
* Interpretação conforme a constituição: nesses casos não se trata de forma de
interpretação, mas técnica de controle de constitucionalidade. Além disso, há o
reconhecimento de que a lei é constitucional, direcionando sua interpretação para que
se torne compatível com a carta magna. Portanto, dispensa-se a cláusula de reserva de
plenário.
* Existência de pronunciamento do plenário ou da corte especial do tribunal, bem como
do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (art. 481, parágrafo único, do
CPC antigo / art. 949, parágrafo único do novo CPC). No novo CPC, isso ocorre através
do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade.
* Juizados Especiais: o entendimento no sentido da ausência de Repercussão Geral no
Recurso Extraordinário nº 868.457/SC, ocasião em que o STF decidiu pela não aplicação
da reserva de plenário aos Juizados Especiais por entender que não se trata de órgãos
que funcionem no regime de Plenário ou de Órgão Especial (STF, RE 868457, Rel. Min.
Teori Zavascki – RIP- , DJ 27/04/2015, pp. 7-8).
* Atos normativos de efeitos concretos: Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a
decisão de órgão fracionário do Tribunal que declara inconstitucional decreto legislativo
que se refira a uma situação individual e concreta. Isso porque o que se sujeita ao
princípio da reserva de plenário é a lei ou o ato normativo. Se o decreto legislativo tinha
um destinatário específico e referia-se a uma dada situação individual e concreta,
exaurindo-se no momento de sua promulgação, ele não pode ser considerado como ato
normativo, mas sim como ato de efeitos concretos. STF. 2ª Turma. Rcl 18165 AgR/RR,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844)
* Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão
fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender
não haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida
mediante a sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à Constituição. Além
disso, a reclamação constitucional fundada em afronta à SV 10 não pode ser usada
como sucedâneo (substituto) de recurso ou de ação própria que analise a
constitucionalidade titucionalidade de normas que foram objeto de interpretação
idônea e legítima pelas autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP,
rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848).
* Nulidade de ato administrativo: não exige a cláusula do full bench - não é ato
normativo. Ainda que, entre outros fundamentos, sustente (mencione) a
inconstitucionalidade de lei estadual. (Info 546, STJ).

- Controle de constitucionalidade e ação civil pública:


A ACP não pode ser ajuizada como sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade,
pois, em caso de produção de efeitos erga omnes, estaria provocando verdadeiro
controle concentrado de constitucionalidade, usurpando competência do STF.

#SELIGANADIFERENÇA:

MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO


Natureza e finalidade Natureza e finalidade.
Trata-se de processo no qual é A finalidade é declarar que há uma
discutido um direito subjetivo. A omissão, já que não existe
finalidade é viabilizar o exercício de determinada medida necessária
um direito. Há, portanto, controle para tornar efetiva uma norma
concreto de constitucionalidade. constitucional. Temos, portanto,
processo objetivo, em que há
controle abstrato de
constitucionalidade.
Cabimento Cabimento
Cabível quando faltar norma Cabível quando faltar norma
regulamentadora de direitos e regulamentadora relacionada com
liberdades constitucionais e das qualquer norma constitucional de
prerrogativas inerentes à eficácia limitada.
nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

Legitimados ativos Legitimados ativos


MI individual: pessoas naturais ou Os legitimados da ADI por omissão
jurídicas que se afirmam titulares dos estão descritos no art. 103 da
direitos, das liberdades ou das CF/88.
prerrogativas.
MI coletivo: art. 12 da Lei nº 13.300/16.
Competência Competência
A competência para julgar a ação Se relacionada com norma da
dependerá da autoridade que figura CF/88: STF.
no polo passivo e que possui Se relacionada com norma da CE:
atribuição para editar a norma. TJ.

Efeitos da decisão Efeitos da decisão


Reconhecido o estado de mora Declarada a inconstitucionalidade
legislativa, será deferida a injunção por omissão, o Judiciário dará
para: ciência ao Poder competente para
I - determinar prazo razoável para que este adote as providências
que o impetrado promova a edição necessárias.
da norma regulamentadora; Se for órgão administrativo, este
II - estabelecer as condições em que terá um prazo de 30 dias para
se dará o exercício dos direitos, das adotar a medida necessária.
liberdades ou das prerrogativas Se for o Poder Legislativo, não há
reclamados ou, se for o caso, as prazo.
condições em que poderá o
interessado promover ação própria
visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo
determinado.
Obs.: será dispensada a
determinação a que se refere o inciso
I quando comprovado que o
impetrado deixou de atender, em
mandado de injunção anterior, ao
prazo estabelecido para a edição da
norma.

• JURISPRUDÊNCIA

Aqui, tomamos como base principal o Vade Mecum de Jurisprudência do Dizer o Direito:
#SOMOSTODOSMARCINHO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #VAICAIR

- Em regra, não é possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de
constitucionalidade, determinando o arquivamento. Exceções: proposta de emenda constitucional
que viole cláusula pétrea; proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja
ocorrendo com violação às regras constitucionais sobre processo legislativo (Info 711, STF).

- Associação que abranja apenas uma fração da categoria profissional não possui legitimidade para
ADI/ADPF de norma que envolva outros representados (Info 826, STF).

- É cabível a impugnação, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, de leis orçamentárias


(Info 817).
- A Resolução do TSE pode ser impugnada no STF por meio de ADI se, a pretexto de regulamentar
dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador (Info 747).

- Decisão administrativa de Tribunal de Justiça pode ser objeto de ADI se ela teve conteúdo
normativo, com generalidade e abstração (Info 734, STF).

- É possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle
concentrado (Info 786, STF).

- É possível propor uma nova ADI por inconstitucionalidade material contra ato reconhecido
formalmente constitucional (Info 787).

- O Estado-membro não dispõe de legitimidade para interpor recurso em sede de controle normativo
abstrato, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo governador (Info 703).

- Não cabe ADPF contra decisão judicial transitada em julgado (Info 810).

- A ADPF e a ADI são fungíveis entre si (Info 771).

- A ADPF é subsidiária. Está submetida, simultaneamente, ao requisito da relevância constitucional da


controvérsia suscitada e ao regime da subsidiariedade.

- É possível que o STF modifique entendimento firmado em controle concentrado, inclusive em sede
de julgamento de reclamação constitucional (Info 702).

- As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem
eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do art. 102 da CF/88). O Poder Legislativo,
em sua função típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF não proíbe que o Poder Legislativo
edite leis ou emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma
vedação prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária,
superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o
objetivo de reversão jurisprudencial. No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa)
proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas
hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso
editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado
tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea
ou o processo legislativo para edição de emendas. No caso de reversão jurisprudencial proposta por
lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção
relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar,
argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima. Assim, para ser
considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas
sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo
promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa. (Info 801).

- ADI. CONVERSÃO DE MP EM LEI. Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a
ação ser julgada, a MP é convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o
objeto e poderá ser conhecida e julgada. Como o texto da MP foi mantido, não cabe falar em
prejudicialidade do pedido. Isso porque não há a convalidação ("correção") de eventuais vícios
existentes na norma, razão pela qual permanece a possibilidade de o STF realizar o juízo de
constitucionalidade. Neste caso, ocorre a continuidade normativa entre o ato legislativo provisório
(MP) e a lei que resulta de sua conversão. Ex: foi proposta uma ADI contra a MP 449/1994 e, antes de
a ação ser julgada, houve a conversão na Lei nº 8.866/94. Vale ressaltar, no entanto, que o autor da
ADI deverá peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o aditamento da ação. STF.
Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851). #IMPORTANTE

- Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais


utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de
reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852). Resumindo: •
Em regra, quando os Tribunais de Justiça exercem controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais deverão examinar a validade dessas leis à luz da Constituição Estadual. • Exceção: os
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais
utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de
reprodução obrigatória pelos Estados. Obs: a tese acima fala em "leis municipais", mas ela também
pode ser aplicada para representações de inconstitucionalidade propostas no TJ contra "leis
estaduais". A tese falou apenas de leis municipais porque foi o caso analisado no recurso
extraordinário. #IMPORTANTE

LIMITES AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

• CONCEPÇÕES DOUTRINÁRIAS

* Vanossi: limites extrajurídicos

- Ideológicos: crenças e valores que operam no âmbito supraestatal;


- Estruturais: conformam o âmbito social subjacente, a infraestrutura, como o sistema
produtivo e as classes sociais.

* Jorge Miranda:

- Limites transcendentes: se impõem à própria vontade dos Estados, como os imperativos do


Direito Natural e os valores éticos superiores presentes em uma consciência coletiva.
- Limites imanentes: decorrem da noção e do sentido de poder constituinte formal enquanto
poder situado, que se identifica com certa origem e finalidade e se manifesta em certas
circunstâncias.
- Limites heterônomos: provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos –
Direito Internacional.

LIMITES AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE

* Princípios constitucionais sensíveis (enumerados): forma republicana, sistema


representativo e regime democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação
de contas; aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais em saúde e
educação.

* Princípios constitucionais estabelecidos: conjunto de normas que limitam a autonomia


estadual, como: repartição de competências, capacidade tributária, organização dos poderes etc.

* Princípios constitucionais extensíveis: decorrem do princípio da simetria.


Princípios Princípios extensíveis Princípios
sensíveis/apontados/enumerados estabelecidos/organizatórios
A expressão “sensível” remete Consubstanciam regras de Aqueles que limitam, vedam,
àquilo que é facilmente percebido organização da União, cuja ou proíbem a ação
pelos sentidos, claro, manifesto, aplicação se estende aos indiscriminada do Poder
sendo, portanto, princípios Estados, por força de regra Constituinte Decorrente. São
sensíveis aqueles expressa ou do princípio da determinados diretamente
indubitavelmente apontados na simetria. aos Estados, ainda que não de
Constituição, expressos em seu forma expressa. Podem gerar
texto. limitações expressas,
implícitas ou decorrentes.
Encontram-se enumerados no art. Ex.: normas relativas à Ex.: os Estados não podem
34, VII, da CF, podendo sua organização do Tribunal de dispor sobre as matérias que
infringência acarretar a Contas da União; regras constituem competência
intervenção federal no Estado. São básicas atinentes ao privativa da União.
eles: a) forma republicana, sistema processo legislativo federal.
representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa
humana; c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da
administração pública, direta e
indireta; e) aplicação do mínimo
exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida
a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde.

PODER CONSTITUINTE DIFUSO


O Poder constituinte difuso se encontra em estado de latência. Embora não previsto ou organizado
pela Constituição, realiza papel na criação e no desenvolvimento da eficácia das normas
constitucionais, sem alteração formal de seu texto.

Manifesta-se diante das imperfeições, obscuridades, omissões deixadas na CF. A correção é feita por
convenções constitucionais, costumes constitucionais e mutações constitucionais.

Suas normas criadas se sujeitam ao controle de constitucionalidade, pois não se sobrepõem formal
ou materialmente ao poder constituinte derivado.

Suas normas criadas se sujeitam ao controle de constitucionalidade, pois não se sobrepõem formal
ou materialmente ao poder constituinte derivado.

PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL

É o poder que cria uma constituição, no qual cada Estado cede uma parcela de sua soberania para
que uma constituição comunitária seja criada. O titular desse poder não é o povo, mas o cidadão
universal.

TEORIAS RELACIONADAS AO CONFLITO ENTRE NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS E NORMAS


CONSTITUCIONAIS SUPERVENIENTES

* Teoria da simples revogação: é a adotada no Brasil. Situa-se no plano da vigência. Aplica-se


às normas constitucionais originárias e às normas constitucionais decorrentes de emenda.

* Teoria da inconstitucionalidade superveniente: situa-se no plano da validade. Não é aceita


pela jurisprudência do STF. Teoria prevalente na Itália e em Portugal.

* Teoria intermediária.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: No RE 600.885/RS, o STF admitiu a modulação de efeitos da não


recepção.
A adequação FORMAL do diploma normativo recepcionado segue a regra do “tempus regit actum”.
Ex.: Código Tributário Nacional (foi recepcionado pela CF/88 como lei complementar). No caso,
reconheceu-se sua compatibilidade material com a CF/88 e se entendeu que, ao tempo de sua
aprovação, respeitou todas as regras formais do devido processo legislativo (aplicação do princípio
“tempus regit actum” para a avaliação da adequação formal).

Se de uma Constituição para outra Constituição que a sucede ocorre a alteração de distribuição de
competência legislativa, no momento da recepção das normas infraconstitucionais se proíbe a
federalização de normas estaduais ou a estadualização de normas municipais.

FILTRAGEM CONSTITUCIONAL

Determina que todo o ordenamento jurídico deve ser lido a partir do filtro axiológico das normas
constitucionais, servido como instrumental para a orientação e decisão de casos concretos. Através
dela se dá a constitucionalização do direito infraconstitucional.

OUTROS TEMAS DOUTRINÁRIOS

- Repristinação pressupõe a validade do dispositivo revogador. Logo, não se confunde com efeito
repristinatório. No controle concentrado de constitucionalidade, este é automático, mas pode ser
afastado por decisão expressa do STF (modulação de efeitos da decisão).

- A nulidade resultante da relação de inconstitucionalidade não pode ser convalidada pelo


constituinte derivado: não aceitação da tese da constitucionalidade superveniente.

- Interpretações corretivas: o poder constituinte derivado tem o poder de “corrigir”, em relação a


casos futuros, interpretações constitucionais anteriormente dadas pelo STF.

- Desconstitucionalização:
* Primeira acepção: é o instituto pelo qual as normas apenas formalmente constitucionais do regime
anterior, embora perdendo a supremacia constitucional, continuam a vigorar sob a égide de uma
norma Constituição, com status de legislação infraconstitucional.
* Segunda acepção: relaciona-se à parte flexível de uma constituição semirrígida.

- Teorias sobre retroatividade (direito intertemporal):

* Subjetivista (Savigny, Lassale, Gabba): nem toda retroatividade legal é censurável, mas somente
aquela que interfere em direitos subjetivos surgidos anteriormente.
* Objetivista (De Page e Roubier): ênfase em situações jurídicas criadas pela lei nova.

#OBS: adota-se a teoria subjetivista: proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa
julgada.

- Espécies de retroatividade normativa (Matos Peixoto, Moreira Alves e Maria Helena Diniz):

* Retroatividade máxima: a nova norma atinge a coisa julgada e os fatos já consumados (eficácia
restitutória).
* Retroatividade média: a nova norma atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes
dela (interfere em direitos já exigíveis, mas ainda não implementados).
* Retroatividade mínima: a nova norma atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores, mas
produzidos após a data de vigência dela. Para Roubier, não é caso de retroatividade mínima, e sim de
eficácia imediata da norma (eficácia ou efeito imediato forte). STF discorda (seria a tese da
retroatividade mínima).

#OBS.1: As normas constitucionais originárias podem desenvolver qualquer dos 3 tipos de


retroatividade, haja vista o caráter incondicionado do poder constituinte originário. Logo, descabe
invocar direito adquirido para obstar a incidência da nova Constituição.
#OBS.2: Só a retroatividade mínima é automática. As demais (média e máxima) devem ser expressas.
#OBS.3: Em relação às emendas constitucionais, a doutrina majoritária entende que elas se sujeitam
ao princípio da não retroatividade (tese negativa). O assunto não é pacífico na jurisprudência do STF
(MS 24.875 – tese da não retroatividade atenuada).
- As normas constitucionais estaduais estão sujeitas ao art. 5º. XXXVI, da CF (princípio da proibição da
retroatividade).

- A rejeição da medida provisória tem eficácia ex tunc (retroativa). Logo, o decreto legislativo, ao
regular os efeitos da rejeição da MP, poderá desconstituir retroativamente quaisquer atos, públicos
ou privados, que tenham aplicado a MP rejeitada.

EFICÁCIA NORMATIVA X EFICÁCIA EXECUTIVA DAS DECISÕES DO STF

O constitucionalismo moderno teve início no século XVIII, com a Constituição dos EUA (1787) e da
França (1791). Nesse contexto, sob o aspecto material, buscava-se limitar, normatizar, regulamentar
a atuação do Estado, através da separação dos poderes e da garantia e direitos individuais. Em
relação ao âmbito formal, criava-se uma norma que possuía força jurídica superior em relação às
demais espécies normativas.

Com efeito, os fundamentos do controle de constitucionalidade são a supremacia da Constituição


(supralegalidade) e a rigidez constitucional (Imutabilidade Relativa). Na obra The federalist papers,
Alexandre Hamilton destacou que: “nenhum ato legislativo pode ser válido se contrariar a
Constituição”. No mesmo sentido, no emblemático voto do Juiz da Suprema Corte dos EUA, John
Marshall no caso Marbury vs Madison em 1803: “uma lei contrária à Constituição é nula e os
tribunais, assim como os demais poderes, são vinculados pela Constituição”.

Em regra, o controle de constitucionalidade é realizado pelo Poder Judiciário, seja de forma difusa,
realizada por qualquer juiz em um caso concreto (modelo norte-americano), seja, de modo
concentrado, efetuado por um Tribunal Constitucional, analisando em tese, se a lei é constitucional
ou não (modelo austríaco/alemão). O exercício do controle de constitucionalidade repercute na
esfera normativa, ratificando a presunção de constitucionalidade ou excluindo a norma considerada
inconstitucional do ordenamento jurídico. Além disso, existe uma repercussão vinculante (eficácia
executiva) que incidirá nos casos em curso e nos casos futuros.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Recentemente, o STF enfrentou essa distinção no julgamento do


Recurso Extraordinário nº 730.462, sob a relatoria do Ministro Teori Zavaski. Esse julgamento fixou
pontos importantes para a compreensão do tema:
Primeiro, a decisão do STF que afirma a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito
normativo gera, no plano do ordenamento jurídico, a consequência de manter ou excluir a referida
norma do sistema de direito. Isso seria a chamada eficácia normativa.

Segundo, o efeito vinculante consiste em atribuir ao julgado uma qualificada força impositiva e
obrigatória em relação a supervenientes atos administrativos ou judiciais. Trata-se da eficácia
executiva ou instrumental, que tem como termo inicial a data da publicação do acórdão do STF no
Diário Oficial e atinge atos administrativos e decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não
os pretéritos, ainda que formados com suporte em norma posteriormente declarada.

A partir dessas duas premissas, o STF deliberou, como tese de repercussão geral, que “a decisão do
Supremo Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito
normativo não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham
adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a interposição do recurso
próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC,
observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalva-se desse entendimento, quanto à
indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da
sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado”.

Verifica-se, portanto, que o STF realizou a distinção entre eficácia normativa e eficácia executiva,
esclarecendo que o efeito vinculante de suas decisões em controle concentrado tem início a partir da
publicação do acórdão no Diário Oficial. Entretanto, aplicação não se dá de forma automática nos
casos em curso ou já transitado em julgado, dependendo, portanto, de recurso ou de ação rescisória,
respectivamente. A Reclamação Constitucional, assim, somente se aplicaria aos casos posteriores.
Percebe-se que a corte constitucional optou pela preservação da segurança jurídica, uma das
principais características do devido processo legal e do Estado Democrático de Direito.

ASSUNTOS “DECOREBA”
#nissoeunãoescorrego

- Crimes imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o regime democrático.
- Crimes inafiançáveis: tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura (que são os crimes
equiparados aos hediondos), crimes hediondos, racismo e ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o regime democrático.

- Brasileiros natos:
* nascidos no Brasil, ainda que filhos de estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
país;
* nascidos no estrangeiro, filhos de pai OU mãe brasileiros, que estejam a serviço do Brasil;
* nascidos no estrangeiro, filhos de pai OU mãe brasileiros, desde que: 1) sejam registrados em
repartição brasileira competente ou 2) optem, EM QUALQUER TEMPO, DEPOIS DE ATINGIDA A
MAIORIDADE, pela nacionalidade brasileira.

- Brasileiros naturalizados:
* os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas, aos originários de países que
falam a língua portuguesa, apenas: residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral;
* aos estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos,
sem condenação penal e desde que requeiram.

- Para concorrer a OUTROS CARGOS, o Presidente, governadores e prefeitos devem RENUNCIAR ao


mandato até 6 meses antes do pleito.

- São INELEGÍVEIS, no território de jurisdição do titular, o CÔNJUGE e os PARENTES consanguíneos


ou afins, até o 2º grau ou por adoção, do presidente, governadores, prefeitos ou de quem os haja
substituído nos 6 meses anteriores ao pleito, SALVO SE JÁ TITULAR DE MANDATO ELETIVO E
CANDIDATO À REELEIÇÃO.

- O mandato eletivo pode ser impugnado perante a justiça eleitoral no prazo de 15 dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

- Não há obrigatoriedade de vinculação das candidaturas em âmbito nacional, estadual e municipal.

- Criação de novos Estados:


* aprovação da população diretamente interessada – plebiscito
+
* Congresso Nacional – Lei Complementar

- Criação de Municípios:

* lei estadual;
* período determinado por lei complementar federal;
* consulta – plebiscito – população dos municípios envolvidos; e
* divulgação e publicação de estudos de viabilidade municipal.

- Faixa de fronteira: 150 Km.

- Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões: são criadas por lei complementar
estadual.

- Número de Deputados nas Assembleias Legislativas: triplo da representação do Estado na Câmara


dos Deputados. Contudo, atingido o número de 36, acrescem-se tantos quantos forem os deputados
federais acima de 12.

- Subsídios dos Deputados Estaduais: (i) lei de iniciativa da Assembleia Legislativa; (ii) até 75% do
subsídio dos deputados federais

- Subsídio do Governador, Vice-Governador e Secretários Estaduais: lei de iniciativa da Assembleia


Legislativa.

- Lei Orgânica dos Municípios:


* dois turnos
* interstício mínimo de 10 dias entre os turnos
* 2/3 dos membros da Câmara Municipal
* promulgação pela Câmara Municipal.
- Há segundo turno de votação para o chefe do Executivo municipal apenas em municípios com mais
de 200.000 eleitores. OBS.: não é população, e sim eleitores!

- Subsídio do Prefeito, vice-prefeito e secretários municipais: lei de iniciativa da Câmara Municipal.

- Subsídio dos Vereadores:


* lei de iniciativa da Câmara Municipal
* Fixado de uma legislatura para a subsequente;
* limites fixados na Constituição e na lei orgânica.

- Municípios com mais de 500.000 habitantes: subsídio máximo dos vereadores = 75% do subsídio dos
deputados estaduais.

- Total de despesa com remuneração de vereador: até 5% da receita do município.

- Iniciativa popular de leis municipais: manifestação de pelo menos 5% do eleitorado.

- A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de pagamento, incluídos os
subsídios dos vereadores.

- O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de 2/3 dos membros da Câmara Municipal.

- Princípios constitucionais sensíveis:

* forma republicana, sistema representativo e regime democrático;


* direitos da pessoa humana;
* autonomia municipal;
* prestação de contas;
* aplicação do mínimo exigido da receita resultantes de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na educação e saúde.
- Decreto de intervenção federal: submissão ao Poder Legislativo em 24h. Possibilidade de
convocação extraordinária do Congresso Nacional em 24h.

- Deverão ser remunerados por subsídio:


* Membros de Poder;
* Detentor de mandato eletivo;
* Ministros de Estado;
* Secretários estaduais e municipais;

- Poderão ser remunerados por subsídio: servidores que se organizem em carreira.

- Aposentadoria do servidor público:


1) Invalidez permanente:
* proventos proporcionais ao tempo de contribuição
* exceção: acidente de serviço, moléstia profissional ou doença contagiosa, grave e incurável, na
forma da lei.
2) Compulsória:
* proventos proporcionais ao tempo de contribuição
* Aos 75 anos, na forma de Lei Complementar (EC 88/2015)
ATENÇÃO! A LC 152/2015 regulamentou o art. 40, §1º, II da CF:
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015).2

O que a LC 152/2015 fez? Ela estendeu a aposentadoria compulsória de 75 para todos os


servidores públicos efetivos da União, Estados, Municípios e DF, incluindo Autarquias e
Fundações, membros do Poder Judiciário, MP, DP, Tribunais e Conselhos de Contas!

Ela também revogou a antiga norma (art. 1º, I, LC 51/85) que tratava da aposentadoria dos
membros da Polícia!

Idade da aposentadoria compulsória dos integrantes da Polícia Civil,


da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal
Antes da LC 152/2015 ATUALMENTE

2
Antes da EC 88/2015 a aposentadoria compulsória era de 70 anos para todo mundo. A referida EC trouxe duas novidades,
a primeira, aumentou imediatamente para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os cargos de Ministros do
STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU. A segunda, a EC 88/2015 autorizou que fosse editada Lei
Complementar aumentando para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos, que
foi o que a LC 152/2015 fez.
65 anos 75 anos

Ela também previu regra especial para os servidores do serviço exterior brasileiro:
Art. 2º (...) Parágrafo único. Aos servidores do Serviço Exterior Brasileiro, regidos pela Lei nº
11.440, de 29 de dezembro de 2006, o disposto neste artigo será aplicado progressivamente à
razão de 1 (um) ano adicional de limite para aposentadoria compulsória ao fim de cada 2 (dois)
anos, a partir da vigência desta Lei Complementar, até o limite de 75 (setenta e cinco) anos
previsto no caput.

Por último, atenção ao recente entendimento do STF:


Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da
aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes
de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de
nomeação a cargo em comissão.
Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o
servidor efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no cargo comissionado que já
desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que
não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. STF. Plenário.
RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).

3) Voluntária:
* 60 anos de idade + 35 de contribuição: homem; 55 anos de idade + 30 de contribuição: mulher.
* 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição.
OBS.: mínimo de 10 anos de efetivo serviço público, sendo 5 no cargo em que efetivamente
ocorrerá a aposentadoria.
4) Requisitos diferenciados
* pessoa com deficiência
* atividade de risco
* condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física
5) Professor: reduz 5 anos.

- No regime próprio de previdência, os inativos contribuem com o que exceder o teto do RGPS
(Regime Geral da Previdência Social). OBS.: se o beneficiário for portador de doença incapacitante,
esse valor do teto será dobrado.

- Estabilidade no serviço público: 03 anos.

- Fixação do número total de deputados federais e representação por Estado: necessidade de Lei
Complementar, devendo existir no mínimo 8 e no máximo 70 deputados federais por Estado.
- O Congresso Nacional fixa o subsídio dos membros do STF, do Presidente da República e do Vice-
Presidente, bem como dos ministros de Estado.

- Julgamento dos crimes de responsabilidade:

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações
penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.

- Prerrogativas dos congressistas:


* desde a diplomação, serão julgados pelo STF.
* desde a diplomação, não serão presos, salvo flagrante de crime inafiançável. Os autos serão
remetidos à Casa respectiva em 24h, para que resolva sobre a prisão, pelo voto da maioria dos seus
membros.
* denúncia por crime ocorrido após a diplomação: STF cientifica a Casa. Por iniciativa de partido
político + voto da maioria, é possível sustar o andamento da ação. Se o crime foi praticado antes da
diplomação, não haverá essa prerrogativa. O pedido de sustação será apreciado no prazo
improrrogável de 45 dias, contados do seu recebimento pela mesa.

- É vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação extraordinária do membro


do Congresso Nacional.

- Requerimento de 1/3: instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

- Projetos de lei são, em regra, votados pelas comissões. Mediante requerimento de 1/10 dos
membros da Casa, a votação poderá ser levada ao pleno.

- Lei de iniciativa popular (#DICA: para facilitar a memorização: 1503):

* 1% do eleitorado, distribuídos em
* 5 estados, manifestando-se em cada um deles
* 0,3% do eleitorado.
OBS.: Projetos de lei de iniciativa popular são apresentados à Câmara dos Deputados.

- Veto do Presidente da República a projeto de lei:

* 15 dias úteis. Silêncio = aprovação.


* 48h: comunicação dos motivos do veto ao presidente do Senado Federal.
* Derrubada do veto: 30 dias, sessão conjunta, votação da maioria absoluta.
* Promulgação em 48h pelo Presidente da República. Se este não o fizer, a promulgação
ocorrerá em até 48h, pelo Presidente do Senado. Se este se omitir, a promulgação ocorrerá em até
48h, pelo vice-presidente do Senado Federal.
- TCU: 09 ministros, de 35 a 65 anos, com notórios conhecimentos, reputação ilibada e 10 anos de
trabalho na área. Desse total, 1/3 é escolhido pelo Presidente da República, entre auditores e
membros do MP de Contas, indicados em lista tríplice pelo tribunal, mediante critérios de
antiguidade e merecimento. 2/3 são indiciados pelo Congresso Nacional.

- TCE: 07 conselheiros.

#NOVIDADE: Emenda Constitucional 86/2015: a União deve aplicar em saúde não menos que 15% da
receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro. O valor de contribuição dos Estados e
Municípios será definido em lei complementar, a qual será reavaliada pelo menos a cada 5 anos.

- Saneamento básico compreende: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário;


drenagem e manejo de águas pluviais urbanos.

- Educação básica obrigatória e gratuita: dos 04 aos 17 anos.

- Educação infantil: até os 05 anos.

- A União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os estados, DF e municípios, nunca menos de
25% da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino.

SÚMULA VINCULANTE

A súmula vinculante foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro através da Emenda


Constitucional nº 45/2004, conhecida como a “reforma do judiciário”. Ao inserir o artigo 103-A na
Constituição Federal, a referida emenda ampliou a competência do STF, criando a atribuição de, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar súmulas que terão como objetivo a validade,
a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre
órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
Desde a sua implantação, a súmula vinculante tem sido apontada como uma aproximação do stare
decisis característico da common law. Contudo, é preciso ter em mente que as súmulas não são
precedentes judiciais. Afinal, “o precedente é elemento da hipótese fática da norma que permite a
edição da súmula ”. Há quem defenda, inclusive que “caso o stare decisis brasileiro estivesse
institucionalizado, a importância das súmulas seria reduzida a nada ”.

Em relação à legitimidade, a EC nº 45/2004 já havia previsto que, sem prejuízo do que vier a ser
estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por
aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. Com o advento da Lei Federal nº
11.417/2006, o rol de legitimados para incluir também o Defensor Público-Geral da União, os Tribunais
Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais
Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os
Tribunais Militares. Além disso, o Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo
em que seja parte, o que não autoriza a suspensão do processo. Cabe lembrar que o STF também
poderá editar súmula vinculante de ofício, ou seja, independentemente de provocação por partes
dos referidos legitimados.

Quanto aos requisitos, formalmente, a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula


com efeito vinculante dependerão de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do
Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária. Sob o aspecto material, exige-se que a mesma verse
sobre controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de
processos sobre idêntica questão. Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação
ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

Em regra, os efeitos da súmula vinculantes surgem a partir de sua publicação na imprensa oficial, em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal. No entanto, existe a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal, por
decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir
que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse público. Percebe-se, assim, que semelhante ao que ocorre com as decisões
proferidas em sede de ADI, existe a possibilidade de modulação dos efeitos prospectivamente.
Ademais, a vinculação não atinge o Poder Legislativo, nem o próprio STF.
O artigo 5º, da Lei nº 11.417/2006, dispõe que, revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição
de enunciado de súmula vinculante, o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação,
procederá à sua revisão ou cancelamento, conforme o caso. Recentemente, o STF rejeitou a
proposta de cancelamento do enunciado 11 da Súmula vinculante, bem como rejeitou proposta de
revisão do teor do enunciado 25 da Súmula Vinculante. Em ambos os casos, asseverou que, para
admitir-se a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante, seria necessário demonstrar: a) a
evidente superação da jurisprudência do STF no trato da matéria; b) a alteração legislativa quanto ao
tema; ou, ainda, c) a modificação substantiva de contexto político, econômico ou social. Esclareceu,
ainda que o mero descontentamento ou eventual divergência quanto ao conteúdo de verbete
vinculante não autorizariam a rediscussão da matéria.

CONTRABANDO LEGISLATIVO

Inspirado na clássica obra de Montesquieu, o princípio da separação dos poderes está consagrado
logo no artigo segundo da nossa Constituição, o qual determina que os três poderes são
independentes e harmônicos entre si. Sua importância é de tamanha extensão que o referido
princípio figura entre uma das quatro hipóteses de cláusula pétrea. Assim, qualquer projeto de lei ou
emenda à Constituição tendente a abolir separação dos poderes será considerada inconstitucional.

A clássica tripartição prevista pelo Montesquieu prevê que cabe ao Legislativo editar as leis, ao
Executivo administrar com base na lei e ao Judiciário fazer cumprir a lei. No entanto, atualmente se
admite que cada poder tem a sua função típica, porém, eventualmente pode também exercer
funções atípicas. Isso ocorre, por exemplo, quando: o Legislativo e o Judiciário exercem funções
administrativas em relação aos seus servidores; o Judiciário edita regimentos internos; o Legislativo
julga crimes de responsabilidade; e o Executivo edita medidas provisórias.

As medidas provisórias podem ser editadas pelo chefe do Poder Executivo, desde que atenda aos
requisitos de relevância e urgência, previstos no caput do art. 62, além de outros requisitos previstos
nos parágrafos seguintes. Elas são editadas com força de lei e devem ser submetidas imediatamente
para que o Congresso Nacional aprecie no prazo de sessenta dias, uma única vez por igual período,
sob pena de perder sua eficácia desde a sua edição.
Não raras vezes, durante a apreciação das medidas provisórias, o Congresso Nacional insere
matérias distintas daquela tratada originariamente. Tal prática denomina-se “contrabando
legislativo” e foi enfrentada pelo STF no julgamento da ADI 5127, realizado no dia 15/10/2015
(informativo 803). Na oportunidade, a corte fixou a tese de que é incompatível com a Constituição a
apresentação de emendas sem relação de pertinência temática com medida provisória submetida a
sua apreciação.

O fundamento utilizado pelo STF foi no sentido que a medida provisória se trata de espécie
normativa de competência exclusiva do Presidente da República e excepcional, não seria possível
tratar de temas diversos daqueles fixados como relevantes e urgentes. Uma vez estabelecido o tema
relevante e urgente, toda e qualquer emenda parlamentar em projeto de conversão de medida
provisória em lei se limitaria e circunscreveria ao tema definido como urgente e relevante.

É importante destacar, por fim, que apesar de reconhecer que o contrabando legislativo é uma
prática contrária aos ditames constitucionais, a ação foi julgada improcedente. Em que pese a
aparente contradição entre o fundamento e o dispositivo da decisão, o STF ponderou que esta seria
a primeira oportunidade de enfrentar o tema, e compreensão diversa subtrairia a possibilidade de
diálogo entre os diversos ramos do Estado sobre a matéria. Além disso, essa prática alusiva à
conversão de medidas provisórias estaria arraigada, a resultar em diversas normas produzidas de
acordo com o procedimento. Assim, a decisão da Corte não poderia provocar insegurança jurídica,
de modo que estariam preservadas as leis fruto de conversão de medida provisória, no que diz
respeito à inconstitucionalidade formal.

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

1. Distinções Preliminares

1.1 Formas de Governo


a) Monarquia
1. Irresponsabilidade política do governante. 2. Hereditariedade. 3. Vitaliciedade.
b) República
1. Há responsabilização política do governante. 2. Eletividade: voto. 3. Temporariedade.
1.2 Sistemas de Governo

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO SEMIPRESIDENCIALISMO


1. Reunião do Chefe de Estado 1. Há divisão do Poder 1. Há dualidade do Poder
e Chefe de Governo em uma Executivo. O Chefe de Executivo. O Chefe de Estado
mesma pessoa. Estado é o Monarca ou é sempre o Presidente da
2. Prazo fixo de mandato. Presidente da República. O República. Exerce
3. Independência em relação Chefe de Governo é o importantes funções
ao Parlamento. Primeiro Ministro. políticas, bem como escolhe
* “Recall”. 2. Não existe prazo fixo o Primeiro Ministro, sendo
para exercício do poder este apenas aprovado pelo
pelo Primeiro Ministro, Parlamento.
escolhido pelo Parlamento.
3. Responsabilização do
Primeiro Ministro perante o
Parlamento.
“Moção de desconfiança”.

1.3 Principais Formas de Estado:

Confederação Federação
É uma pessoa jurídica de direito público. É um Estado para a sociedade
internacional.
Os membros de uma confederação, em A união é estabelecida por uma
regra, são unidos por tratados constituição.
internacionais.
Existe o direito de secessão. “Indissolubilidade do pacto
federativo” (art. 1°, Cf) + intervenção
federal (art. 34, I).
Direito de nulificação: os estados não As decisões dos órgãos centrais,
são obrigados a se submeterem a quando tomadas dentro dos limites
determinadas medidas adotados pelo de sua competência, são obrigatórias
parlamento comum. para todos os entes.
Geralmente trata de assuntos externos. Trata de assuntos externos e
internos.
Os cidadãos permanecem com a Os cidadãos têm a nacionalidade do
nacionalidade dos estados aos quais Estado Federal.
pertencem.
O único órgão em comum é o Congresso Os órgãos legislativo, executivo e
Confederal. Cada país permanece com judiciário compõem o poder central,
poder executivo e judiciário próprios. admitindo-se a possibilidade de os
entes regionais também terem seus
próprios órgãos.

FEDERAÇÃO:

Características essenciais do estado federal

(i) A descentralização político-administrativa é fixada pela Constituição.


(ii) Participação das vontades regionais na formação da vontade nacional.
(iii) Auto-organização dos entes federativos.

Requisitos para Manutenção da Federação


a) adoção de uma constituição rígida ou da forma federativa de estado como cláusula pétrea.
b) órgãos incumbidos de exercer o controle de constitucionalidade.

2. Soberania e Autonomia

Soberania é o poder político supremo e independente. Autonomia é a capacidade de elaboração


de normas próprias. Os entes federativos possuem as seguintes autonomias: auto-organização,
autogoverno, autolegislação e autoadministração.

3. Repartição de Competências

3.1 Campos específicos de competências legislativas e administrativas


a) Horizontais
A repartição de competência é horizontal quando não existe hierarquia entre as competências.

b) Poderes Enumerados
A União tem poderes enumerados (arts. 22 e 21).
Os Municípios têm poderes enumerados no art. 30.

c) Poderes Remanescentes
Os poderes remanescentes são atribuídos aos Estados Membros (art. 25, §1°, CF).
Obs.: o Distrito Federal titulariza competências estaduais e municipais.

3.2 Possibilidade de Delegação: União (art. 22, parágrafo único, CF): o requisito formal é a exigência
de LC.

#CUIDADO: a delegação pode ser feita para os estados e Distrito Federal, embora só exista previsão
expressa de delegação em relação aos estados, e não ao DF.

3.3 Competências Comuns

Competência administrativa (art. 23, CF). É atribuída a todos os entes da Federação. Leitura
obrigatória de TODOS os incisos.

3.4 Competências Concorrentes3

Trata da competência legislativa atribuída à União, Estados e DF (art. 24, CF). Leitura obrigatória de
todos os incisos.

Obs.: quando se trata das competências comuns e concorrentes, a repartição de competências é


vertical, não cumulativa. Os entes não tratam do mesmo aspecto. “Condomínio legislativo”.

3
Art. 24. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
Art. 24. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.

De acordo com o §1° do art. 24, cabe a União elaborar normas gerais. Segundo o §2°, cabe aos estados
suplementarem as normas gerais da União. Se houver inércia da União, e ela não estabelecer
normas gerais, os estados exercerão competência legislativa plena (art. 24, §3°).

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.

Prescreve o art. 24, §4° que a superveniência de lei federal sobre normas gerais apenas SUSPENDE A
EFICÁCIA da lei estadual no que lhe for contrário.

4. Organização Político-Administrativa do Estado Brasileiro

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,


os estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

#SELIGANASÚMULA: Súmula 637 do STF: não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal
de justiça que defere pedido de intervenção estadual em município.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

- Direitos fundamentais: É possível definir direitos fundamentais como todas as posições jurídicas
concernentes às pessoas (naturais ou jurídicas, consideradas na perspectiva individual ou
transindividual) que, do ponto de vista do direito constitucional positivo, foram, expressa ou
implicitamente integradas a Constituição e retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes
constituídos, bem como todas as posições jurídicas que, por seu conteúdo e significado, possam lhes
ser equiparadas, tendo, ou não, assento na Constituição formal.

De acordo com a teoria absoluta, o conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do direito
fundamental. Seria um núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse
conteúdo essencial é absoluto! Não pode ser relativizado.

#RESUMINDO: O conteúdo essencial de um direito fundamental é uma parte do seu conteúdo total.
Consiste no chamado “núcleo duro”, o qual é considerado absoluto e intransponível. Apenas a
outra parte (periférica do Direito: tudo aquilo que sobra após a retirada do núcleo duro) estaria
disponível para a regulamentação legislativa.

Exemplo: voto de Carlos Ayres Brito na ADPF 130 (recepção da lei de imprensa). Em seu voto, o
Ministro ressaltou que o núcleo duro diz respeito ao conteúdo das informações a serem veiculadas.
Mas, algumas matérias reflexas o legislador pode regular, como o direito de resposta em ofensa a
imprensas, proteção do telespectador, regulamentação de propagandas, etc. Isso compõe a
periferia do direito de liberdade de informação, que podem ser regulamentadas.

A segunda teoria é a relativa (é incompatível com a classificação de JAS de eficácia limitada, contida
e plena). Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais
mediante o recurso ao princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a
priori. É preciso antes analisar a medida à luz do princípio da proporcionalidade. Se a medida estatal
for proporcional, não atingiu o conteúdo essencial. Por outro lado, se concluiu-se que foi
desproporcional, é porque atingiu o conteúdo essencial naquele caso.

Pela teoria relativa, o conteúdo essencial não pode ser definido abstratamente, devendo ser
analisado no caso concreto por meio do princípio da proporcionalidade.

#LEMBRAR: Como se analisa a proporcionalidade? Vide tópico acima. Há três premissas: adequação
(o meio foi apto para se atingir o fim almejado?), necessidade (o meio foi o menos oneroso possível?)
e proporcionalidade em sentido estrito através da técnica da ponderação (a promoção de um direito
fundamental justifica a restrição do outro direito fundamental? Em caso positivo, a lei é
constitucional, pois o conteúdo essencial foi preservado. Em caso negativo, a lei é inconstitucional,
pois viola o conteúdo essencial).

#OLHAOGANCHO:
Proibição de Proteção Deficiente (Insuficiente, ou por Defeito):
No caso de ação estatal, é utilizado o princípio de proibição de excesso, que tem como escopo evitar
que o Estado se utilize de uma medida excessivamente gravosa.
Nos casos de omissão estatal (total ou parcial), é utilizado o princípio da proibição de proteção
deficiente que tem por finalidade exigir dos órgãos estatais o dever de tutelar de forma adequada e
suficiente os direitos fundamentais.

Existem duas teorias de fixação dos limites (ou restrições):

Teorias para definição do conteúdo essencial:

a) Teoria Absoluta: o direito fundamental possui um núcleo duro, absoluto,


intransponível, com contornos bem definidos através da interpretação. A outra
parte, chamada de periferia do direito, está disponível à regulamentação legal.
b) Teoria Relativa: impõe a necessidade de justificar as restrições aos direitos
fundamentais por meio de um recurso ao princípio da proporcionalidade.
Restrições aos Direitos Fundamentais
Teoria Interna – parte do pressuposto de que existe apenas um objeto: o direito
com os seus limites, os quais são fixados por um processo interno ao próprio
direito através da interpretação responsável por definir, a priori, quais são os
limites.
Teoria Externa – de acordo com esta teoria existem dois objetos: o direito e suas
restrições que são estabelecidas externamente pelos outros direitos. Só se sabe
qual o direito definitivo após fazer a ponderação entre os direitos.
Limites dos Limites: ao mesmo tempo em que os direitos fundamentais impõem
restrições à atividade estatal, os poderes públicos também podem estabelecer
restrições aos direitos fundamentais, Porém, a CF estabelece limites para os
limites que o Estado pode impor.
Dignidade da Pessoa Humana: núcleo do qual decorrem todos os direitos
fundamentais criados com a finalidade de proteger e promover a dignidade. É um
protoprincípio, princípio do qual derivam os demais princípios. Da dignidade da
pessoa humana podem ser extraídos três deveres do Estado:
Dever de respeito.
Dever de proteção.
Dever de promoção.
Possíveis usos da dignidade humana –
1 – CRIAÇÃO: fundamentação da criação jurisprudencial de novos direitos.
2 – INTERPRETAÇÃO.
3 – LIMITAÇÃO: eficácia negativa. Ex.: uso de algemas, uso de tortura.
4 – FUNDAMENTADOR – como mecanismo para solucionar colisão entre direitos
fundamentais, já que a dignidade é metano má.

Quais são esses requisitos que esses limites dos limites devem obedecer?

Primeiro: princípio da reserva legal (art. 5º, II). A limitação só pode ser feita por lei (lei ordinária,
delegada, lei complementar, medida provisória. Art. 62).

RESERVAS SIMPLES: Permissões de restrição a direito fundamental concedidas ao legislador pelo


constituinte sem condicionantes específica
RESERVAS QUALIFICADAS: autorizações concedidas de restrição legislativa a direito fundamental
determinado, mas que são acompanhadas de condições formais ou materiais.

Segundo: princípio da não retroatividade (art. 5º, XXXVI). Serve também como limite às leis que
restringem direitos fundamentais. A eficácia é ex nunc.
Terceiro: princípio da proporcionalidade: adequação (razoabilidade) + necessidade +
proporcionalidade em sentido estrito.
Quarto: princípio da generalidade e abstração. Não pode ser uma restrição individual e concreta, em
razão do princípio da isonomia. Isso significa que a restrição deve atingir todos.
Quinto: princípio da salvaguarda do conteúdo essencial: Tal critério se aplica à teoria absoluta, pois
para a relativa o princípio da proporcionalidade já protegeria o conteúdo essencial.
#ATENÇÃO: As limitações devem ser claras e precisas!
Em algum momento haverá suspensão de direitos fundamentais? SIM, nos casos de estado de sítio e
estado de defesa, desde que não se atinja o mínimo existencial.

O entendimento que predomina é o de que a dignidade não é um direito, pois não é algo concedido
pelo ordenamento. Ela é considerada uma “qualidade intrínseca do ser humano”. Todo o ser
humano já tem dignidade, não cabendo concessão dela.

Alguns autores consideram a dignidade como “algo absoluto”, o que não deve ser confundido com
“direito absoluto”. A autora francesa Beatrice Maurer sintetiza o tema: “a pessoa não tem mais ou
menos dignidade em relação a outra pessoa. Não se trata, destarte, de uma questão de valor, de
hierarquia, de uma dignidade maior ou menor. É por isso que a dignidade do homem é um absoluto”.

#CUIDADO: A dignidade não é um direito absoluto. Isso porque, além de partir da premissa de que
nenhum direito possui essa característica (e, de fato, não existe direito absoluto!), a dignidade não é
sequer um direito, mas sim de uma qualidade de todo e qualquer ser humano.

Na Constituição Federal, os direitos e garantias fundamentais estão insertas no Título II, e são
divididos em direitos e garantias individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo II),
direitos nacionais (capítulo III), direitos políticos (capítulo IV) e partidos políticos (capítulo V).
Ressalve-se que a maior parte dos direitos coletivos está inserida no capítulo dos direitos sociais.
Jellinek – Teoria dos status. Multifuncionalidade dos DF:
a) Status passivo: é aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Estado. É
um estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é meramente detentor de
deveres.
b) Status ativo: o indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal. Ex.
Direitos políticos por meio do voto.
c) Status negativo: é aquele em que o um espaço de liberdade diante das possíveis ingerências.
Ocorre a abstenção estatal.
d) Status positivo: É aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas
prestações positivas. Neste status, sente-se a necessidade do Estado suprir desigualdades fáticas,
mediante a sua intervenção nas relações jurídicas.
- Características dos Direitos Fundamentais:
PREDICADOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
HISTORICIDADE
UNIVERSALIDADE
INDISPONIBILIDADE
IMPRESCRITIBILIDADE
RELATIVIDADE

- Eficácia dos Direitos Fundamentais:

a) Eficácia vertical: Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas a eficácia vertical,
pois o indivíduo está subordinado ao Estado e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os
arbítrios do Estado, fala-se dessa eficácia vertical. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às
relações entre particulares e o Estado. É a eficácia clássica.

b) Horizontal/eficácia externa/eficácia privada/eficácia em relação a terceiros: Com o


desenvolvimento dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência conta o
indivíduo vem também de entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às
relações entre particulares.

c) Eficácia diagonal: Trata-se de classificação bastante recente. Consiste na aplicação dos direitos
fundamentais à relação entre particulares, nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da
relação trabalhista e consumerista.

DIREITOS POLÍTICOS

- Positivos: permitem a participação do indivíduo na vida política do Estado. Ex.: voto, plebiscito,
etc.
Direito de sufrágio: contém, em seu bojo, a capacidade eleitoral ativa e a passiva.
Voto: é o exercício do direito de sufrágio. O sufrágio pode ser universal ou restrito. O restrito pode
ser censitário (condição econômica), capacitário (capacidade especial, geralmente, intelectual) ou
em razão do sexo.
Escrutínio: é o modo como o direito de voto é exercido (secreto ou aberto).
A CF da RFB adota o sufrágio universal e escrutínio secreto.
Voto: direto, exceto no caso de eleição indireta pelo Congresso Nacional, quando da vacância dos
cargos de Presidente e Vice nos últimos 2 anos do mandato, livre, personalíssimo, com valor igual
para todos e periódico.

Art. 14 (...) § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

No Brasil, o alistamento eleitoral depende da iniciativa do nacional, não havendo inscrição de ofício
por parte da autoridade judicial eleitoral.

ALISTABILIDADE: é a capacidade eleitoral ativa, capacidade de votar.

São inalistáveis (art. 14, §2º, CF)4


→ Menores de 16 anos.
→ Estrangeiros.

Obs.: a “quase nacionalidade” é a única exceção à condição de inalistável dos estrangeiros.

→ Conscritos durante o serviço militar obrigatório.


Obs.: o conceito de conscritos estende-se aos médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que
estejam prestando serviço militar obrigatório.

4
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.
ELEGIBILIDADE: capacidade eleitoral passiva, direito de ser votado.
A “plena capacidade” somente é atingida aos 35 anos, pois é a idade mínima para os cargos de
Presidente, Vice e Senador.

#IMPORTANTE: a idade mínima deve ser exigida apenas na data da posse.

Art. 14 (...) § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei I - a nacionalidade brasileira; II - o


pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na
circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado
e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador.

- Negativos: são aqueles que estabelecem restrições ou impedimentos ao exercício dos direitos
políticos positivos.
4.2.1 Inelegibilidades: em regra, as hipóteses de inelegibilidade não podem ser interpretadas
extensivamente por serem consideradas de legalidade estrita (TSE e STF).

→ Absolutas: somente podem ser estabelecidas pela CF. Em geral estão relacionadas com condições
pessoais. São inelegíveis os inalistáveis (conscritos, estrangeiros e menores de 16 anos) e os
analfabetos (art. 14, § 4º, CF).
→ Relativas: podem ser estabelecidas por LC e, em geral, estão relacionadas a determinados cargos
quando previstas pela CF.

Quando relacionadas a cargos eletivos, mais precisamente ao de Chefe do Poder Executivo, se


vinculam a ideia da reeleição:

Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos


e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente.
Obs.: “a vedação prevista no parágrafo 5º do art. 14 não se aplica às hipóteses de substituição
temporária”. Somente quando há sucessão definitiva.

§ 6º: Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do


Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
pleito.

Obs.: prefeito itinerante é incompatível com o regime republicano.

Obs.: inelegibilidades dos cargos não eletivos (art. 14, § 8º) Juiz (95, pu, III) e MP (art. 128, §5º, II,
“e”).

Art. 14. § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

→ Inelegibilidade reflexa:

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou


afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

CUIDADO: a restrição do cônjuge se estende às hipóteses de união estável.

SÚMULA VINCULANTE 18: “a dissolução da sociedade ou vinculo conjugal no curso do mandato não
afasta a inelegibilidade prevista no § 7º, do art. 14, da CF”.

Não atrai a aplicação do entendimento constante da referida súmula a extinção do vínculo conjugal
pela morte de um dos cônjuges. STF, RE 758.461, j. 22.05.2014
Art. 14. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta.

⬄O STF decidiu ser inelegível para o cargo de Prefeito de município resultante de desmembramento
territorial o irmão do atual chefe do Poder Executivo do “município-mãe”.

-. Perda e suspensão do mandato:

A perda é definitiva e a suspensão é temporária.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado

II - incapacidade civil absoluta.

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII.

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º

Súmula 09 do TSE: “a suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada
em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de
prova de reparação dos danos”.

SISTEMAS ELEITORAIS

Sistema eleitoral é o conjunto de regras e técnicas previstas pela CF e pela lei para disciplinar a forma
como os candidatos ao mandato eletivo serão escolhidos e eleitos.

a) MAJORITÁRIO b) PROPORCIONAL
O mandato eletivo fica com o candidato ou Terminada a votação, divide-se o total de
partido político que obteve a maioria dos votos válidos pelo número de cargos em
votos. Ganha o candidato mais votado, disputa, obtendo-se assim o quociente
independentemente dos votos de seu eleitoral. Em seguida, pega-se os votos de
partido. cada partido ou coligação e divide-se pelo
quociente eleitoral, obtendo-se assim o
número de eleitos de cada partido (quociente
partidário). Os candidatos mais bem votados
desse partido irão ocupar tais vagas.
No Brasil, é o sistema adotado para a No Brasil, é o sistema adotado para a escolha
eleição de Prefeito, Governador, Senador e de Vereador, Deputado Estadual e Deputado
Presidente. Federal.

QUAIS SÃO AS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA DO POVO NA VIDA POLITICA DO ESTADO


BRASILEIRO? Plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei e ação popular.

Democracia direta: o povo exerce, por si mesmo, os poderes governamentais, elaborando


diretamente as leis, administrando e julgando as questões do Estado.
Democracia indireta ou representativa: o povo, em face da extensão territorial, da densidade
demográfica e da complexidade dos problemas sociais, outorga as funções de governo aos seus
representantes, que elege periodicamente.
Democracia semidireta ou participativa: combina a democracia representativa com alguns
institutos de participação direta do povo nas funções do governo, tais como o referendo e o
plebiscito. Essa é a forma adotada pela CF de 1988 (art. 1°, parágrafo único; art. 14).

DIREITOS INDIVIDUAIS

Destinatários:

→ brasileiros: pessoas físicas e jurídicas (de direito público e privado)


→ estrangeiros residentes no Brasil.

Obs.1: numa interpretação literal, os estrangeiros não residentes não poderiam invocar os direitos
individuais, MAS sendo a dignidade uma qualidade intrínseca a todo ser humano,
independentemente de sua nacionalidade, não se pode negar o exercício de um direito fundamental
a um indivíduo pelo simples fato dele não residir no país.

Obs.2: são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição


aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal;

Obs.3: contraditório, ampla defesa e devido processo legal podem ser invocados por pessoas
jurídicas de direito público.
→ São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de
nascimento; b) a certidão de óbito, c) habilitação, registro e primeira certidão de casamento civil.

→ São gratuitas para qualquer pessoa as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da


lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. Também é gratuita para qualquer pessoa a
celebração do casamento civil.

→ Crimes imprescritíveis e inafiançáveis na CF: racismo e ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

→ Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 05 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas.

Direito à vida:

Bem jurídico protegido: vida humana em seu sentido biológico. Dupla acepção:
(i) negativa: consiste no direito a permanecer vivo.
(ii) positiva: consiste no direito de exigir do Estado prestações para proteção do direito à vida,
assim como para uma existência digna.
Inviolabilidade: protege o direito contra a violação por parte de terceiros.
Irrenunciabilidade: protege o direito contra o seu próprio titular

RESTRIÇÕES À INVIOLABILIDADE
Pena de morte no caso de guerra declarada (art. 5º, XLVII, CF), aborto necessário/terapêutico, Aborto
sentimental (art. 128, CP), aborto de anencéfalos (ADPF 54).

Direito à igualdade:

Igualdade perante a lei: é a igualdade na aplicação da lei.


Igualdade na lei: elaboração das leis.

Obs.: ações afirmativas consistem em políticas públicas ou programas privados, em geral de caráter
temporário, desenvolvidos para reduzir desigualdades decorrentes de discriminações ou de
hipossuficiência, por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória dessas
condições.

Súmula nº 683 – STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do
art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a
ser preenchido.

Direitos de liberdade:

Liberdade de consciência, de crença e de culto (art. 5ª, VI).

Assegura a plena liberdade de culto e as suas liturgias, bem como o direito de não acreditar ou
professar nenhuma fé, devendo o Estado respeito ao ateísmo. A liberdade de consciência é a mais
ampla. Consiste na adesão de certos valores espirituais independentemente de qualquer conotação
religiosa.

Serviço militar obrigatório: uma pessoa pode alegar motivos religiosos para se eximir desta
obrigação legal, mas deverá cumprir uma prestação alternativa. A objeção de consciência deve ser
baseada em convicções seriamente arraigadas e que causem um grave tormento moral.
Dever de neutralidade do Estado (art. 19, CF)5. Com o advento da República, o Estado brasileiro
passou a ser laico.

Direitos à Privacidade (Gênero)

Vida privada, intimidade, honra e imagem (espécies).

SITUAÇÕES ESPECIAIS:

a) interceptação ambiental - em regra, só haverá ilicitude quando:


(i) houver violação de expectativa de privacidade;
(ii) houver violação de confiança decorrente de relações interpessoais ou profissionais.

b) gravação clandestina – em regra, não é ilícita. Haverá ilicitude, quando:


(i) Não houver justa causa. Ex: divulga cena sexual com o parceiro.
(ii) Houver violação de causa legal específica de sigilo ou de reserva de conversação.

c) quebra de sigilo: bancário, fiscal, telefônico e de dados informáticos. Dentre as autoridades com
legitimidade para determinar a quebra destes sigilos estão: (i) Juiz; (ii) CPI.

QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO


Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições
financeiras?
POLÍCIA NÃO (depende de autorização judicial).
NÃO (depende de autorização judicial) (STJ HC 160.646/SP, Dje
MP 19/09/2011). Excepcionalmente, poderá determinar a quebra
para fins de proteção do patrimônio público (MS 21.729).
RECEITA SIM. Nova posição do STF. Para maiores detalhes, leitura do
FEDERAL material de tributário.

5
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
NÃO (depende de autorização judicial) (STF. MS 22934/DF, DJe
TCU
de 9⁄5⁄2012)
SIM (seja ela federal ou estadual/distrital). Prevalece que CPI
CPI
municipal não pode.

d) interceptação das comunicações (art. 5º, XII):

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

Na jurisprudência do STF há precedentes de aceitação da quebra do sigilo de correspondências com


fundamento no princípio da segurança pública (HC 700.814). Ex.: intercepção de correspondência de
preso quando há suspeita de que este a utiliza como meio para práticas ilícitas.

Requisitos para interceptação das comunicações telefônicas:


(i) ordem judicial;
(ii) na forma que a lei estabelecer (Lei nº 9296/96)6;
(iii) para fins de investigação criminal ou instrução processual.

Nem CPI pode determinar quebra de interceptação das comunicações telefônicas.


Obs.: além da interceptação telefônica, a violação de domicílio (art. 5º, XI) a prisão por mandado e o
sigilo imposto a processo judicial (MS 27.483) envolve matérias de reserva de jurisdição.

Obs.: é possível utilização da interceptação telefônica para PAD.

6
Art. 2°, Lei nº 9296/96. Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução
processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.
Obs.: a 3ª Turma do STJ, no HC 203.405, admitiu, excepcionalmente, a possibilidade de se
determinar interceptação telefônica para fins civis, quando não haja outra medida que resguarde
os direitos ameaçados e quando o caso envolver indícios de conduta criminosa.

Inviolabilidade de Domicílio

Flagrante delito, desastre ou para prestar socorro: dia ou noite, sem necessidade de autorização
judicial.

O conceito de casa deve ser interpretado de uma forma bastante ampla, de modo a compreender
espaços privados, não abertos ao público, onde alguém exerce atividade profissional.

Obs.: a tutela da inviolabilidade do domicílio inclui quartos de hotel.


STF: admitiu invasão durante a noite de escritório de advocacia para que fosse feito interceptação
ambiental (INQ 2424), em conformidade com o princípio da proporcionalidade.

Direito de Propriedade:

Restrições ao direito de propriedade:

→ Desapropriação (art. 5º, XIV, CF).


→ Requisição (art. 5º, XXV, CF)
→ Confisco (art. 243, CF): glebas e bens.
→ Usucapião (art. 183 – urbanos e 191 – rurais).
→ Função social da propriedade

Obs.: em RE, o STF entendeu que o confisco é das glebas como um todo e não apenas da parte em
que é feita a plantação dos psicotrópicos.

Desapropriação-sanção: urbana - títulos da dívida pública (art. 182, §4º, III, CF) e rural – títulos da
dívida agrária (art. 184, CF).
Obs.: art. 184, §5º, CF “são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as ações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”.

Obs.: art. 185, CF: “são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: i) a pequena e
média propriedade rural, assim definida em lei; desde que seu proprietário não possua outra; ii) a
propriedade produtiva”.

• JURISPRUDÊNCIA DE DESTAQUE:

#OBS.: Informamos que os as decisões abaixo foram extraídas do Dizer o Direito.

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita,


mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a
posteriori”, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos
praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015
(repercussão geral) (Info 806).

QUEBRA DE SIGILO: As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações
sobre as movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art.
6º da LC 105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se
caracteriza como "quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos
bancos ao Fisco.

MANDADO DE INJUNÇÃO. O mandado de injunção até junho de 2016 não possuía regulamentação, e
aplicava-se, por analogia, a lei do mandado de segurança. Entretanto, em 23 de junho de 2016, a lei
que disciplina o processo e o julgamento do mandado de injunção foi sancionada, sem vetos, pelo
presidente interino Michel Temer em 23 de junho de 2016. O texto surgiu do projeto de lei (PL
6128/09), do ex-deputado Flavio Dino, aprovado pela Câmara, em março de 2015, e pelo Senado, no
início do mês de junho de 2016. #NOVIDADELEGISLATIVA
NACIONALIDADE: Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o Green Card decidir adquirir a
nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira. Não se pode afirmar que a
presente situação se enquadre na exceção prevista na alínea “b” do § 4º do art. 12 da CF/88.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO. É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado”


contida no art. 254 do ECA. "Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em
horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: Pena - multa de vinte a cem salários
de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a
suspensão da programação da emissora por até dois dias." O Estado não pode determinar que os
programas somente possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o
que é vedado pelo texto constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas
recomendar os horários adequados. A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória).
STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837). #IMPORTANTE

RACISMO. A prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões
(dizendo que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só haverá
racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de
direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais grupos. Por outro
lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar os "inferiores" para
que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual e, neste caso não haverá
conduta criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas fez comparações entre
as religiões, procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve tentativa de
subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e de que
uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver
o crime, seria indispensável que tivesse ficado demonstrado o especial fim de supressão ou redução
da dignidade do diferente, elemento que confere sentido à discriminação que atua como verbo
núcleo do tipo. STF. 1ª Turma. RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info
849).

COTAS. O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério ético-racial, é


constitucional (Info 663).
EXTRADIÇÃO. É possível conceder extradição para brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de
droga (art. 5º, LI, da CF/88). STF. 1ª Turma. Ext 1244/República Francesa, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 9/8/2016 (Info 834) #DPU

BIOGRAFIAS. Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do
indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia
seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela
CF/88. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos
foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio
de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de
nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

DIREITO À SAÚDE

• CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

Atenção especial, dentro do tópico saúde, para as ações judiciais que buscam medicamentos,
exames e cirurgias. Esse é dos maiores campos de atuação da Defensoria Pública. Por isso, é
essencial conhecer a jurisprudência do STF sobre o assunto.

O STF realizou, nos dias 27, 28 e 29 de abril, e 4, 6 e 7 de maio de 2009, Audiência Pública sobre o
assunto, convocada pelo então Presidente da Corte, o Ministro Gilmar Mendes, voltada à ampliação
do debate, à racionalização do assunto e à legitimação democrática das decisões.

Um dos primeiros entendimentos que sobressaiu, conforme se depreende do voto do Ministro


Gilmar Mendes no Agravo Regimental na Suspensão de Liminar nº 47/PE, foi o de que o problema
talvez não seja o da judicialização ou, simplesmente, da intervenção do Poder Judiciário no problema
das políticas públicas, haja vista que o que ocorre, em grande parcela dos casos, é apenas a
determinação judicial do efetivo adimplemento das policies já existentes, dado este importante para
a construção de um critério ou parâmetro para a decisão. Desta feita, tornou-se premente o
imperativo de observar a existência, ou não, da política pública.
Na ausência desta, surgem novas indagações: a não prestação daquele direito social parte de uma
omissão legislativa ou administrativa, de uma decisão administrativa de não fornecê-lo ou de uma
vedação legal à sua dispensação? Perquire-se, destarte, se houve motivo para o não fornecimento de
determinada ação de saúde pelo SUS, cenário no qual se depreendem mais duas situações: o SUS
oferece tratamento alternativo, mas não adequado ao paciente, ou o SUS não tem determinado
tratamento alternativo para a patologia.

Diante desse quadro, concluiu o Ministro, em síntese, que deve ser privilegiada o tratamento padrão
do SUS, em detrimento da opção diversa escolhida pelo paciente, sempre que não for comprovada a
ineficácia ou a impropriedade da política pública existente. Na hipótese, contudo, de se demonstrar a
imprescindibilidade do tratamento não fornecido regularmente, por razões específicas do organismo
que redundem na impropriedade da política para aquele caso, deve ser custeado o fármaco, exame
ou cirurgia não contemplado nas listas oficiais.

#DICA:
Conheça o voto do Ministro Celso de Mello na ADPF 45, decisão paradigmática
acerca do controle jurisdicional de políticas públicas.

Do voto do Ministro Relator se depreendem alguns importantes e precursores


critérios para o controle jurisdicional de políticas públicas, enfrentados como
obter dictum.

Inicialmente, apresentou-se que, apesar de a formulação e implementação das


policies não se incluir, ordinariamente, na seara das atribuições institucionais do
Poder Judiciário, isso poderá ser feito de forma excepcional, se e quando os
órgãos estatais competentes, diante do descumprimento (por ato comissivo ou
omissivo) dos encargos políticos-jurídicos, vierem a comprometer a eficácia e
integridade de direitos individuais ou coletivos constitucionalmente
resguardados.

Posteriormente, assentou-se que esse controle ocorre ainda que tais direitos
sejam derivados de cláusulas revestidas de conteúdo programático, uma vez que
estas não podem se converter em promessa constitucional inconsequente, uma
vez que o Poder Público, numa atitude de infidelidade governamental ao que
determina a própria Constituição da República, não pode fraudar as justas
expectativas nele depositadas pela sociedade.

Finalmente, afirmou-se que a incapacidade financeira do Estado, caso


comprovada objetivamente, afasta a possibilidade de se exigir razoavelmente a
imediata efetivação do comando positivado na Lei Fundamental. Não obstante
essa colocação, o Ministro é enfático ao prelecionar que o mínimo existencial, do
qual é corolário o estabelecimento de prioridades orçamentárias, pode conviver
produtivamente com a reserva do possível, impondo-se, para tanto, a verificação
da razoabilidade da pretensão individual ou social deduzida em face do Poder
Público.

Esses critérios são apontados, por Ada Pellegrini Grinover, como imperativos
ético-jurídicos postos à intervenção do Judiciário, traduzindo-se a sua estrita
observância como o ponto de coibição do excesso jurisdicional. Legitima-se, sob
essas premissas, a elucidada dimensão política da atuação de juízes e tribunais.

• UM POUCO MAIS DE JURISPRUDÊNCIA

"É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, a internação em
acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por
médico conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes." STF.
Plenário. RE 581488/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810).

É inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar para ter
acomodações superiores ou ser atendido por médico de sua preferência, a chamada "diferença de
classes". STF. Plenário. RE 581488/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral)
(Info 810).

#DICA: EXPRESSÕES MUITO UTILIZADAS EM DEMANDAS DE DIREITOS SOCIAIS, ESPECIALMENTE O


DIREITO À SAÚDE:

O se entende por macrojustiça? É realizada pelo Poder Executivo com fulcro na “justiça distributiva”,
configura-se como típicas opções políticas em vista do bem comum, tomando por base a amplitude
global da política pública e os seus potenciais destinatários.

O se entende por microjustiça? É realizada pelo Poder Judiciário, que está vocacionado apenas a
solucionar o caso concreto (em regra, individual) a partir de sua visão míope da realidade lato sensu
da política reclamada e à míngua de aferição acerca do prejuízo à política pública como um todo,
resultante da efetivação dos provimentos judiciais.

O que se entende por Minimum core approach? É o mínimo existencial ou abordagem do núcleo
mínimo, ou seja, trata-se do núcleo essencial (portanto, mínimo) que é intangível, devendo-se
manter incólume quando em contraste com a reserva do possível (ratio decidendi da ADPF 45). Sem
a garantia desse núcleo essencial, esvazia-se o conteúdo normativo do direito e há inadimplemento
do Poder Público do respectivo mandamento constitucional.

O que se entende por metodologia fuzzy ou fuzzismo? Cuida-se de expressão cunhada por José
Joaquim Gomes Canotilho para criticar o avanço desmedido do ativismo judicial, que se imiscuindo
ao Poder Executivo, promove a seu talante e de forma míope, a implementação dos direitos
econômicos, sociais e culturais. Entrementes, tal atuação é marcada pela nota da “imprecisão
metodológica”, uma vez que os juristas não sabem o que fazem e desconhecem os impactos de suas
decisões no que tange à universalidade da política pública, máxime quando abordam complexos
problemas dos direitos econômicos, sociais e culturais (in Metodología ‘Fuzzy’ y ‘Camaleones
Normativos’ en la Problemática Actual de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales e repetido
no Manual de Direito Constitucional de Gilmar Ferreira Mendes).

Vedação de retrocesso social. “Proibição de contrarrevolução social”. Proibição do


entrincheiramento ou amesquinhamento. Impede que a concretização alcançada por um direito
social seja objeto de um retrocesso.

PODER LEGISLATIVO

• CPI Federal (art. 58, §3°, CF)

A CPI pode investigar o Chefe do Executivo, pessoas físicas ou jurídicas, órgão ou instituições ligadas
à gestão da coisa pública ou que, de alguma forma, tenham que prestar conta sobre dinheiro, bens
ou valores públicos. É uma comissão TEMPORÁRIA do Congresso Nacional. Logo, não pode
investigar o que extravase as competências do Congresso.

REQUISITOS PARA CRIAÇÃO DE CPI


→ 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal
→ Investigar fato determinado.
→ Prazo certo de duração.

Normas de observância obrigatória para criação de CPI’S Estaduais e Municipais.


#CUIDADO: pode ser que um fato guarde relação com interesse nacional e estadual. Não há
problema nesse caso de instauração de CPI federal e CPI estadual. O que não pode acontecer é CPI
federal ser criada para investigar fatos de exclusivo interesse do Estado.

Inquérito 2245 – SFT – “fatos conexos inicialmente desconhecidos e revelados durante a


investigação também podem ser investigados, desde que haja um aditamento do requerimento de
criação da CPI”.

PODERES DA CPI
Poderes de investigação próprios de autoridade judicial, além dos previstos nos regimentos internos.
1. Quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados (STF, MS 25668).
2. Busca e apreensão de documentos e equipamentos, respeitados a inviolabilidade do
domicílio.
3. Determinar a condução coercitiva de testemunhas ou indiciados.
4. Determinar a realização de exames periciais.

LIMITES AOS PODERES DA CPI

1. Cláusula da reserva de jurisdição. Ex.: interceptação telefônica.


2. Direito de Não-Incriminação (art. 5°, LXIII, da CF)
3. Sigilo Profissional (art. 5°, LIV, da CF)
4. Não pode formular acusações, punir delitos e nem adotar medidas acautelatórias, tais como
indisponibilidade de bens (MS 23480), proibição de ausentar-se do país, arresto, sequestro e
hipoteca judiciária.

PODERES LIMITES
QUEBRA DO SIGILO TELEFONICO, RESERVA DE JURISDIÇÃO7 E DIREITOS
BANCÁRIO, FISCAL E DE DADOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CONDUÇÃO COERCITIVA DE DIREITO DE NÃO AUTO
TESTEMUNHAS E INDICIADOS INCRIMINAÇÃO

7
Matérias reservadas exclusivamente ao Poder Judiciário: (i) interceptação telefônica (art. 5°, XII da CF); (ii)
inviolabilidade domiciliar (art. 5°, XI da CF); (iii) prisão por mandado (art. 5°, LXI, da CF); (iv) quebra do sigilo imposto a
processo judicial (art. 93, IX , art. 5° X e LX, CF).
BUSCA E APREENSÃO, RESPEITADA SIGILO PROFISSIONAL
A INVIOLABILIDADE DOMICILIAR
DETERMINAR REALIZAÇÃO DE MEDIDAS ACAUTELATÓRIAS
PERÍCIAS

Autonomia Federativa: A CPI federal PODE investigar autoridade estadual caso haja investigação de
interesse nacional e não exclusivamente estadual.

• CPI Estadual

Obs.: a CPI estadual tem poderes simétricos à CPI federal.


Obs.: o STJ decidiu no AgR na Pet 1611: “CPIs estaduais não tem competência para investigar
autoridades com prerrogativa de foro em órgãos do judiciário federal”.

• CPI municipal

Deve haver previsão expressa na Constituição Estadual, Lei Orgânica do Município, etc. Além disso:
fato determinado, prazo certo e quorum. Prevalece no âmbito doutrinário que “por não haver órgão
judicial no município, a CPI municipal não pode ter poderes de investigação próprios de autoridade
judicial”.

• Garantias do Poder Legislativo


Visam assegurar aos parlamentares a liberdade necessária para que desempenhem suas funções.
Atualmente o STF tem o entendimento de que o afastamento do parlamentar suspende as
imunidades material e formal, mas não afasta a prerrogativa de foro.

Art. 53, § 8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos
de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução
da medida.

Suplentes: não possuem as garantias (imunidades e prerrogativa de foro) conferidas aos


parlamentares.
- Senadores e Deputados Federais

Foro por Prerrogativa de Função (art. 53, §1° e art. 102, I, “b”, da CF).

Art. 53, § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a


julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe: I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.

* PET 4089-AGR: em improbidade administrativa não há foro por prerrogativa de função.

IMPORTANTE: o art. 102, I, “b”, da CF prevalece sobre a regra do tribunal do júri insculpida no art. 5°,
XXXVIII.

Obs.: os membros do Congresso Nacional não respondem por crimes de responsabilidade. A única
exceção na CF/88 é a do Presidente da Câmara Municipal (art. 29-A, §3°, da CF):

Art. 29 (...) § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha
de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. § 3o Constitui crime de
responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.

Petição 3825-QO STF: “a iniciativa do procedimento investigatório de autoridades com prerrogativa


de foro no STF deve ser confiada ao MPF com a supervisão do ministro relator do STF. A Polícia
Federal não está autorizada a abrir de ofício IPL para investigar condutas dessas autoridades”.

A competência do STF tem início com a diplomação e se encerra com o fim do mandato. Se o
processo ainda não foi submetido a julgamento na ocasião do término do mandato, deve o STF
remeter os autos ao juiz de origem. Contudo, os atos praticados são válidos. Existem dois casos em
que o STF permanece competente para julgamento do processo mesmo com o término do mandato:
(i) quando o julgamento já tiver sido iniciado, (ii) renúncia com abuso de direito (Ação Penal 396) –
INFORMATIVO 741 DO STF.

Imunidades Materiais (Freedom of Speech)

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.

Quando proferidas fora do Congresso, o STF exige que a manifestação tenha conexão com o
exercício do mandato.

A imunidade material tem natureza jurídica de excludente de tipicidade (STF, INQ 2273 e PET 4934).

- Imunidade Formal

Incoercibilidade pessoal relativa. A imunidade formal se refere à prisão e processo.

Art. 53, § 2º, CF. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva
sobre a prisão.

A imunidade formal obsta a prisão cautelar do parlamentar, salvo em flagrante de crime inafiançável.
A proibição de prisão não alcança a prisão no caso de condenação definitiva transitada em julgado.

Obs.: não é mais necessária a autorização da Câmara ou Senado para que o parlamentar seja
processado e julgado. Atualmente, o PGR oferece denúncia perante o STF, que dará ciência à Casa do
respectivo parlamentar, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
maioria absoluta de seus membros poderá até a decisão final sustar o andamento da ação.

#CUIDADO: os crimes praticados ANTES da diplomação NÃO são abrangidos pela IMUNIDADE
PROCESSUAL, embora APLIQUE-SE A PRERROGATIVA DO FORO.
IMUNIDADE IMUNIDADE FORMAL FORO POR
MATERIAL Incoercibilidade PRERROGATIVA DE
Exclui a tipicidade. pessoal, salvo FUNÇÃO
flagrante crime
inafiançável.
Regra da
processabilidade.

REGRA: Deputados Federais e Senadores não poderão ser presos.


Exceção 1: poderão ser presos em Exceção 2: sentença judicial transitada
flagrante de crime inafiançável. pode ser preso para cumprir pena.
Trata-se de exceção prevista Trata-se de exceção construída pela
expressamente na CF/88. jurisprudência do STF.

Obs.: os autos do flagrante serão Obs.: o parlamentar condenado por


remetidos, em até 24h, à Câmara ou ao sentença transitada em julgado será
Senado, para que se decida, pelo voto preso mesmo que não perca o
aberto da maioria de seus membros, mandato. Ex.: um Deputado
pela manutenção ou não da prisão do condenado ao regime semiaberto que,
parlamentar. durante o dia vai até o Congresso
Nacional trabalhar e, durante a noite,
fica recolhido no presídio.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
OBS.: Informamos que os as decisões abaixo foram extraídas do Dizer o Direito.

IMPEACHMENT – ADPF 378: Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou
parcialmente procedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 378, que
discute a validade de dispositivos da Lei 1.079/1950 que regulamentam o processo de impeachment
de presidente da República. Com o julgamento, firmou-se o entendimento de que a Câmara dos
Deputados apenas dá a autorização para a abertura do processo de impeachment, cabendo ao
Senado fazer juízo inicial de instalação ou não do procedimento, quando a votação se dará por
maioria simples; a votação para escolha da comissão especial na Câmara deve ser aberta, sendo
ilegítimas as candidaturas avulsas de deputados para sua composição; e o afastamento de
presidente da República ocorre apenas se o Senado abrir o processo.

PROCESSO LEGISLATIVO: Emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa dos Tribunais de


Contas: A iniciativa de projetos de lei que tratem sobre a organização e o funcionamento dos
Tribunais de Contas é reservada privativamente ao próprio Tribunal (arts. 73 e 96, II, “b”, da CF/88). É
possível que haja emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa do Tribunal de Contas,
desde que respeitados dois requisitos: a) guardem pertinência temática com a proposta original
(tratem sobre o mesmo assunto); b) não acarretem em aumento de despesas. STF. Plenário. ADI
5442 MC/DF e ADI 5453 MC/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/3/2016 (Info 818).

PROCESSO LEGISLATIVO: É possível emenda constitucional de iniciativa parlamentar tratando sobre


os assuntos que, em caso de propositura de projeto de lei, seriam de iniciativa reservada ao chefe do
Poder Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88)? Emenda à Constituição Federal proposta por parlamentares
federais: SIM. Emenda à Constituição Estadual proposta por parlamentares estaduais: NÃO STF.
Plenário. ADI 5296 MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/5/2016 (Info 826).

PROCESSO LEGISLATIVO. CONTROLE EXTERNO. TRIBUNAL DE CONTAS: Em auditoria realizada pelo


TCU para apurar a gestão administrativa do Poder Legislativo, os servidores indiretamente afetados
pelas determinações do Tribunal não possuem direito de serem ouvidos no processo fiscalizatório.
Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal. A atuação do TCU ficaria inviabilizada se,
nas auditorias realizadas, fosse necessário intimar, para integrar o processo administrativo de
controle, qualquer um que pudesse ser alcançado, embora de forma indireta, pela decisão da Corte.
STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).

PROCESSO LEGISLATIVO. CONTROLE EXTERNO. TRIBUNAL DE CONTAS: É de cinco anos o prazo


para o TCU, por meio de tomada de contas especial (Lei nº 8.443/92), exigir do ex-gestor público
municipal a comprovação da regular aplicação de verbas federais repassadas ao respectivo
Município. STJ. 1ª Turma. REsp 1.480.350-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/4/2016 (Info
581)

TRIBUNAL DE CONTAS. O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias


de recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário. O acesso a tais dados é imprescindível à
atuação do TCU na fiscalização das atividades do BNDES.O STF possui precedentes no sentido de que
o TCU não detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem quebra de
sigilo bancário. No entanto, a Corte reputou que a situação acima relatada seria diferente dos demais
precedentes do Tribunal, já que se trata de informações do próprio BNDES em um procedimento de
controle legislativo financeiro de entidades federais por iniciativa do Parlamento. STF. 1ª Turma. MS
33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2015 (Info 787).

IMUNIDADE PARLAMENTAR: A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os


Deputados Federais e Senadores, qualquer que seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a
liberdade de opinião. No entanto, para isso é necessário que as suas declarações tenham conexão
(relação) com o desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão dela. Para
que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como "relacionadas ao exercício
do mandato", elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor político. Exemplos de afirmações
relacionadas com o mandato: declarações sobre fatos que estejam sendo debatidos pela sociedade;
discursos sobre fatos que estão sendo investigados por CPI ou pelos órgãos de persecução penal
(Polícia, MP); opiniões sobre temas que sejam de interesse de setores da sociedade, do eleitorado,
de organizações ou grupos representados no parlamento etc. Palavras e opiniões meramente
pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias não possuem vínculo com o
exercício das funções de um parlamentar e, portanto, não estão protegidos pela imunidade material.
No caso concreto, as palavras do Deputado Federal dizendo que a parlamentar não merecia ser
estuprada porque seria muito feia não são declarações que possuem relação com o exercício do
mandato e, por essa razão, não estão amparadas pela imunidade material. STF. 1ª Turma. Inq 3932/DF
e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 831).

PROCESSO LEGISLATIVO: É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que: - determina o


destino que o Poder Executivo deverá dar aos bens de empresa estatal que está sendo extinta; -
disciplina as consequências jurídicas das relações mantidas pelo Poder Executivo com particulares; -
cria conselho de acompanhamento dentro da estrutura do Poder Executivo. Tal norma foi declarada
inconstitucional, uma vez que é de iniciativa privativa Chefe do Poder Executivo as leis que
disponham sobre criação e extinção de Minitérios e órgãos da administração pública. STF. Plenário.
ADI 2295/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/6/2016 (Info 830).
PROCESSO LEGISLATIVO: Não viola a Constituição Federal lei municipal, de iniciativa parlamentar,
que veda a realização, em imóveis do Município, de eventos patrocinados por empresas produtoras,
distribuidoras, importadoras ou representantes de bebidas alcoólicas ou de cigarros, com a utilização
da respectiva propaganda. STF. 2ª Turma. RE 305470/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o ac. Min.
Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: É inconstitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança
em estacionamento de veículos.
STF. Plenário. ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/8/2016 (Info 835).

PODER LEGISLATIVO: O ex-Deputado Federal Eduardo Cunha impetrou mandado de segurança no


STF pedindo a suspensão do processo de cassação que tramitava contra ele na Câmara dos
Deputados por quebra de decoro parlamentar. O pedido do impetrante foi negado. O STF só pode
interferir em procedimentos legislativos (ex: processo de cassação) em uma das seguintes
hipóteses: a) para assegurar o cumprimento da Constituição Federal; b) para proteger direitos
fundamentais; ou c) para resguardar os pressupostos de funcionamento da democracia e das
instituições republicanas. Exemplo típico na jurisprudência é a preservação dos direitos das minorias,
onde o Supremo poderá intervir. No caso concreto, o STF entendeu que nenhuma dessas situações
estava presente. Em se tratando de processos de cunho acentuadamente político, como é o caso da
cassação de mandato parlamentar, o STF deve se pautar pela deferência (respeito) às decisões do
Legislativo e pela autocontenção, somente intervindo em casos excepcionalíssimos. Dessa forma,
neste caso, o STF optou pela técnica da autocontenção (judicial self-restraint), que é o oposto do
chamado ativismo judicial. Na autocontenção, o Poder Judiciário deixa de atuar (interferir) em
questões consideradas estritamente políticas. STF. Plenário. MS 34.327/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 8/9/2016 (Info 838). #IMPORTANTE

LEI 13.367/2016: Foi promulgada e publicada em 05/12/2016, com o objetivo de alterar a Lei 1.579/52,
que dispõe sobre Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI). #NOVIDADELEGISLATIVA

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA. É inconstitucional lei estadual que estabeleça normas sobre a


comercialização de títulos de capitalização, proibindo a venda casada e prevendo regras para a
publicidade desses produtos. STF. Plenário. ADI 2905/MG, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min.
Marco Aurélio, julgado em 16/11/2016 (Info 847).
ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

OBS.: Informamos que os a decisão abaixo foi extraída do Dizer o Direito.

O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência de um quadro de violação


generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e
persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de modo que apenas
transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de
autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O STF reconheceu que o sistema
penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada
de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios
acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação
deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos
Estados-Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas e
orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos
dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Assim, cabe ao STF o papel de
retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e monitorar os
resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida cautelar
determinando que: juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a
audiência de custódia; a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo
Penitenciário Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de
novos contingenciamentos. Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos
na análise da medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
9/9/2015 (Info 798).

OUTROS JULGADOS IMPORTANTES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que: determina o destino que o Poder
Executivo deverá dar aos bens de empresa estatal que está sendo extinta; disciplina as
consequências jurídicas das relações mantidas pelo Poder Executivo com particulares; cria conselho
de acompanhamento dentro da estrutura do Poder Executivo. STF. Plenário. ADI 2295/RS, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 15/6/2016 (Info 830).
- São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas
privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem
que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e
matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

- O Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de
idade. STF. Decisão monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 12/05/2016 (Info
826).

- É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética ("pílula do


câncer) por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna mesmo sem que existam estudos
conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário
da substância perante a ANVISA. Obs: trata-se de decisão cautelar, não tendo o julgamento sido
ainda concluído. STF. Plenário. ADI 5501 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/5/2016 (Info
826).

- É possível que emenda à Constituição Federal proposta por iniciativa parlamentar trate sobre as
matérias previstas no art. 61, § 1º da CF/88. As regras de reserva de iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da
CF/88 não são aplicáveis ao processo de emenda à Constituição Federal, que é disciplinado em seu
art. 60. Assim, a EC 74/2013, que conferiu autonomia às Defensorias Públicas da União e do Distrito
Federal, não viola o art. 61, § 1º, II, alínea "c", da CF/88 nem o princípio da separação dos poderes,
mesmo tendo sido proposta por iniciativa parlamentar. STF. Plenário. ADI 5296 MC/DF, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 18/5/2016 (Info 826).

- A competência para legislar sobre serviços de telecomunicações é privativa da União art. 21, XI e art.
22, IV, da CF/88). Logo, é inconstitucional lei estadual que determinou às empresas telefônicas que
criem e mantenham um cadastro de assinantes interessados em receber ofertas de produtos e
serviços, que deve ser disponibilizado para as empresas de telemarketing. STF. Plenário. ADI
3959/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2016 (Info 822)
- É inconstitucional norma resultante de emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa exclusiva
do Chefe do Poder Executivo, na hipótese em que a emenda apresentada acarrete aumento de
despesa (art. 61, § 1º, II, “a” e art. 63, I, da CF/88). STF. Plenário. ADI 2810/RS, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 20/4/2016 (Info 822).

- A iniciativa de projetos de lei que tratem sobre a organização e o funcionamento dos Tribunais de
Contas é reservada privativamente ao próprio Tribunal (arts. 73 e 96, II, “b”, da CF/88). É possível
que haja emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa do Tribunal de Contas, desde que
respeitados dois requisitos: a) guardem pertinência temática com a proposta original (tratem sobre
o mesmo assunto); b) não acarretem em aumento de despesas. STF. Plenário. ADI 5442 MC/DF e ADI
5453 MC/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/3/2016 (Info 818).

- Súmula vinculante 54: A medida provisória não apreciada pelo congresso nacional podia, até a
Emenda Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias,
mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição. STF. Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe
28/03/2016

- É inconstitucional lei estadual que veda ao Poder Público estadual exigir a revalidação de títulos
obtidos em instituições de ensino superior dos países membros do Mercado Comum do Sul –
MERCOSUL. A lei estadual que trata sobre revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino
superior dos países membros do MERCOSUL afronta o pacto federativo (art. 60, §4º, I, da CF/88) na
medida em que usurpa a competência da União para dispor sobre diretrizes e bases da educação
nacional (art. 22, XXIV). STF. Plenário. ADI 5341 MC- Referendo/AC, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
10/3/2016 (Info 817).

- Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da Câmara dos Deputados,
considerando que a garantia prevista neste dispositivo é destinada expressamente ao chefe do
Poder Executivo da União (Presidente da República). Desse modo, por se tratar de um dispositivo de
natureza restritiva, não é possível qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras
autoridades, notadamente do Poder Legislativo. STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816)

- Em regra, a decisão proferida pelo STF em processos individuais (ex: recurso extraordinário,
reclamação) possui eficácia inter partes. No entanto, no caso do RE 567.985/MT, do RE 580963/PR e
do Rcl 4374/PE é diferente. Isso porque o Plenário da Corte Suprema, no julgamento desses
processos não apenas resolveu o conflito individual deduzido naquela causa, mas realizou,
expressamente, a reinterpretação da decisão proferida pelo STF na ADI 1.232/DF. Em outras palavras,
a decisão proferida no processo individual ganhou eficácia erga omnes e efeito vinculante porque
reinterpretou e modificou uma decisão proferida em ADI, que possui tais atributos. Logo, por ter
"substituído" um entendimento do STF que tinha eficácia erga omnes e efeito vinculante, a nova
decisão proferida em sede de controle concreto ganhou contornos de controle abstrato. Dessa
forma, se uma decisão proferida por outro órgão jurisdicional violar o que foi decidido pelo STF no
RE 567.985/MT, no RE 580963/PR e no Rcl 4374/PE caberá reclamação para o Supremo. Obs: apenas
para esclarecer, em 1998, na ADI 1.232/DF, o STF havia decidido que o § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93
era constitucional. Em 2013, ao apreciar novamente o tema no RE 567.985/MT, no RE 580963/PR e no
Rcl 4374/PE, processos individuais julgados em conjunto, o STF mudou de entendimento e afirmou
que o referido § 3º é parcialmente inconstitucional. STF. Decisão monocrática. Rcl 18636, Rel. Min.
Celso de Mello, julgado em 10/11/2015 (Info 813).

#DEOLHONASÚMULA: SÚMULAS RELEVANTES

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
SÚMULA VINCULANTE 46

A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo


e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

SÚMULA VINCULANTE 39

Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar
e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.

SÚMULA VINCULANTE 2

É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de
consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

SÚMULA VINCULANTE 28
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial
na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

SÚMULA VINCULANTE 25

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

SÚMULA VINCULANTE 21

É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para


admissibilidade de recurso administrativo.

SÚMULA VINCULANTE 14

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

SÚMULA VINCULANTE 11

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à


integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado.

DIREITOS POLÍTICOS

SÚMULA VINCULANTE 18

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade


prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

IMUNIDADE PARLAMENTAR

SÚMULA 245 (STF)


A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa.

PRECATÓRIOS

SÚMULA VINCULANTE 17

Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora
sobre os precatórios que nele sejam pagos.

SÚMULA 655 (STF)

A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia,
não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem
cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.

TRIBUNAL DE CONTAS

SÚMULA VINCULANTE 3

Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa
quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

SÚMULA 653 (STF)

No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela
Assembléia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um
dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro a sua livre escolha.

SÚMULA 347 (STF)

O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e
dos atos do poder público.

SÚMULA 6 (STF)
A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado
pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a
competência revisora do Judiciário.

DIREITO ADMINISTRATIVO8

PARTE INICIAL DA MATÉRIA

• PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE: necessidade de o administrador não apenas observar a lei, mas,


sobretudo, observá-la em conjunto com os princípios gerais, costumes, jurisprudência (bloco de
legalidade).

• TEORIA DA AUTOVINCULAÇÃO ADMINISTRATIVA: ao fixar determinado entendimento, por


respeito à igualdade e à boa-fé, a Administração fica vinculada quando analisar relações jurídicas
distintas, porém similares, embora possa alterar seu entendimento, de forma motivada e sem
efeitos retroativos (“prospective overruling”).

OBS.: Se você ainda não souber os princípios da Administração Pública, o que é regime jurídico
administrativo e poderes da Administração Pública, consulte as palavras-chave do seu material!

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA - SETORES

• PRIMEIRO SETOR: Estado (Administração Pública Direta e Administração Pública Indireta).

• SEGUNDO SETOR: mercado (concessionárias e permissionárias de serviços públicos).

• TERCEIRO SETOR: (entes de cooperação/entidades paraestatais/setor público não-estatal):


sociedade civil. São organizações que, sem fins lucrativos e sem a perspectiva estatal, buscam o
atendimento de interesses coletivos. Não prestam serviço público. Licitação com procedimento
simplificado. Empregados – celetista.
• QUARTO SETOR: economia informal.
• QUINTO SETOR: excluídos sociais, isto é, aquela parcela mais pobre da sociedade, que vagueia na
marginalidade.

8 Por Gabrielle Ribeiro


ATOS ADMINISTRATIVOS

• TREDESTINAÇÃO: é o desvio de finalidade do ato, mudança do motivo, mas sem violação do


interesse público.

• EFEITO PRELIMINAR OU PRODÔMICO: acontece nos atos administrativos que dependem de duas
manifestações de vontade. Este efeito se configura com o dever da segunda autoridade se
manifestar quando a primeira já o fez. Esse dever vem antes do aperfeiçoamento do ato, que se
chama preliminar ou prodrômico.

• Súmula 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela
cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

• Segundo entendimento do STJ, uma vez impugnado o ato administrativo, seja pela via judicial, seja
pela via administrativa, não mais há possibilidade de convalidação.

• No recurso administrativo, não há proibição da reformatio in pejus. No pedido de revisão, sim.

• Recurso hierárquico impróprio é aquele dirigido à autoridade externa à pessoa jurídica prolatora da
decisão. Necessita de previsão legal.

ATENÇÃO! #cuidadoparanãoescorregar!
Teoria da encampação (não se confunde com a encampação na concessão de
serviço público): trata da admissão de mandado de segurança contra a autoridade
administrativa hierarquicamente superior, apontada por engano como coatora,
quando o mandamus deveria ter sido manejado contra autoridade subordinada
sua. Requisitos – C HI ME DU – COMPETÊNCIA, HIERARQUIA, MERITO E DÚVIDA
RAZOÁVEL.

• ATOS ADMINISTRATIVOS ABLATÓRIOS OU ABLATIVOS são aqueles que restringem direitos do


administrado, tais como a cassação de uma licença, revogação de ato administrativo, rescisão de
contrato administrativo ou declaração de nulidade de um contrato administrativo.
• O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem a dimensão
estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato
ilícito. Assim, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação de sanções
às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores. STF. 1ª
Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791).

• A pena aplicada deve ser executada imediatamente? Instado a se pronunciar sobre o tema, o STJ
entendeu que sim. Os principais argumentos utilizados foram a autoexecutoriedade dos atos
administrativos e a regra de o recurso administrativo não possuir efeito suspensivo.

SERVIDOR PÚBLICO

• Súmula 97 STJ: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação de servidor público
relativamente a vantagens trabalhistas anteriores à instituição do regime jurídico único.

• STJ: não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com fundamento em


denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por via de
consequência, ao administrador público.

• Informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não


configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da
Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e
matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das
comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo.
STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576).

• “Demissão a bem do serviço público” seria uma pena perpétua, na qual você, uma vez demitido,
jamais poderia voltar para o serviço público. Muito se fala que não seria recepcionado pela CF.
Todavia, ainda consta no art. 137, parágrafo único, da Lei nº 8.112/1990. O CESPE (se acha doutrinador
¬¬) considera como "certo" afirmar que existe "demissão a bem do serviço público".

• Súmula 680 STF: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
• Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo
valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos
diversos em função da idade da criança adotada. STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 10/3/2016 (repercussão geral) (Info 817).

• Restituição de valores recebidos pelo servidor:


I - decisão administrativa posteriormente revogada: não devolve.
II - decisão judicial posteriormente revogada: devolve.
III - sentença judicial transitada em julgado desconstituída (rescisória): não devolve.

• Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência
para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.

• Tem direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no
edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos
classificados em colocação superior.

• O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso


público, há de ser comprovado no momento da inscrição no certame. STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE,
Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

• A imposição de discrímen de gênero para fins de participação em concurso público somente é


compatível com a Constituição nos excepcionais casos em que demonstradas a fundamentação
proporcional e a legalidade da imposição, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia.

• É admitida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos se forem atendidos os


seguintes requisitos: previsão em lei, previsão no edital com a devida publicidade dos critérios
objetivos fixados e possibilidade de recurso.

• Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
• O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança no qual se
discuta regra editalícia que tenha fundamentado eliminação em concurso público é a data em que o
candidato toma ciência do ato administrativo que determina sua exclusão do certame, e não a da
publicação do edital do certame.

• O candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem
direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação,
aprovado dentro do número de vagas, for convocado e manifestar desistência.

• A ascensão funcional e a transposição constituem formas inconstitucionais de provimento


derivado de cargos por violarem o princípio do concurso público. Súmula vinculante 43-STF: É
inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia
aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira
na qual anteriormente investido.

• A Justiça competente para julgar qualquer direito relacionado à contratação do servidor nos
casos do art. 37, IX, é sempre a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal), não importando que a lei
estadual ou municipal estabeleça o regime da CLT, uma vez que o fez de forma indevida.

• Cumulação de cargos: somente se pode considerar que um cargo tem natureza técnica se ele
exigir, no desempenho de suas atribuições, a aplicação de conhecimentos especializados de alguma
área do saber. Não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a prática de
atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação específica.

• O STF entendeu pela possibilidade do TCU decretar, no início ou no curso de qualquer


procedimento de apuração que lá tramite, a indisponibilidade dos bens.

• Serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem
a Administração Pública, mesmo que desempenhem atividade de interesse público em cooperação
com o ente estatal, NÃO estão sujeitos à observância da regra de concurso.

• Proibição de tatuagem a candidato de concurso público é inconstitucional, decide STF. Por


maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão realizada no dia 17/08/2016, julgou
inconstitucional a proibição de tatuagens a candidatos a cargo público estabelecida em leis e editais
de concurso público. Foi dado provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 898450, com repercussão
geral reconhecida, em que um candidato a soldado da Polícia Militar de São Paulo foi eliminado por
ter tatuagem na perna. “Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com
tatuagem, salvo situações excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores constitucionais”, foi
a tese de repercussão geral fixada. O relator do RE, ministro Luiz Fux, observou que a criação de
barreiras arbitrárias para impedir o acesso de candidatos a cargos públicos fere os princípios
constitucionais da isonomia e da razoabilidade. Em seu entendimento, qualquer obstáculo a acesso a
cargo público deve estar relacionado unicamente ao exercício das funções como, por exemplo, idade
ou altura que impossibilitem o exercício de funções específicas. Salientou que a jurisprudência do
STF prevê que o limite de idade previsto em lei é constitucional, desde que justificável em relação à
natureza das atribuições do cargo a ser exercido. Por maioria de votos, o Plenário deu provimento ao
RE 898450 para impedir que o candidato seja eliminado do certame por ter tatuagem. Ficou vencido
o ministro Marco Aurélio, que entendeu não haver inconstitucionalidade no acórdão do TJ-SP.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ – REMUNERAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO


1) A questão relativa à indenização por omissão legislativa, decorrente da falta de
encaminhamento de lei que garanta aos servidores públicos o direito à revisão
geral anual dos seus vencimentos (art. 37, X, da Constituição Federal), tem
natureza constitucional, razão pela qual não pode ser apreciada em sede de
recurso especial.
2) Não compete ao Poder Judiciário equiparar ou reajustar os valores do auxílio-
alimentação dos servidores públicos.
3) É indevida a devolução ao erário de valores recebidos de boa-fé, por servidor
público ou pensionista, em decorrência de erro administrativo operacional ou nas
hipóteses de equívoco ou má interpretação da lei pela Administração Pública.
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 531)
4) É de 200 horas mensais o divisor adotado como parâmetro para o pagamento
de horas extras aos servidores públicos federais, cujo cálculo é obtido dividindo-
se as 40 horas semanais (art. 19 da Lei n. 8.112/90) por 6 dias úteis e multiplicando-
se o resultado por 30 (total de dias do mês).
5) O pagamento do adicional de penosidade (art. 71 da Lei n. 8.112/90) depende
de regulamentação do Executivo Federal.
6) A fixação ou alteração do sistema remuneratório e a supressão de vantagem
pecuniária são atos comissivos únicos e de efeitos permanentes, que modificam a
situação jurídica do servidor e não se renovam mensalmente.
7) A contagem do prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança contra ato que fixa ou altera sistema remuneratório ou suprime
vantagem pecuniária de servidor público inicia-se com a ciência do ato
impugnado.
8) Não cabe o pagamento da ajuda de custo prevista no art. 53 da Lei n. 8.112/90
ao servidor público que participou de concurso de remoção.
9) É devida ao servidor público aposentado a conversão em pecúnia da licença-
prêmio não gozada, ou não contada em dobro para aposentadoria, sob pena de
enriquecimento ilícito da Administração.
10) O prazo prescricional de cinco anos para converter em pecúnia licença-prêmio
não gozada ou utilizada como lapso temporal para jubilamento tem início no dia
posterior ao ato de registro da aposentadoria pelo Tribunal de Contas.
11) O termo inicial da prescrição do direito de pleitear a indenização por férias não
gozadas é o ato de aposentadoria do servidor.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ –CONCURSOS PÚBLICOS


1) A Administração atua com discricionariedade na escolha das regras do edital de
concurso público, desde que observados os preceitos legais e constitucionais.
2) A exoneração de servidor público em razão da anulação do concurso
pressupõe a observância do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa.
3) Os candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital possuem
direito subjetivo à nomeação caso surjam novas vagas no período de validade do
concurso.
4) O candidato que possui qualificação superior à exigida no edital está habilitado
a exercer o cargo a que prestou concurso público, nos casos em que a área de
formação guardar identidade.
5) O Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o
objetivo de anular concurso realizado sem a observância dos princípios
estabelecidos na Constituição Federal.
6) A nomeação tardia do candidato por força de decisão judicial não gera direito à
indenização.
7) O servidor não tem direito à indenização por danos morais em face da
anulação de concurso público eivado de vícios.
8) O militar aprovado em concurso público e convocado para a realização de
curso de formação tem direito ao afastamento temporário do serviço ativo na
qualidade de agregado.
9) O provimento originário de cargos públicos deve se dar na classe e padrão
iniciais da carreira, conforme a legislação vigente na data da nomeação do
servidor.
10) A Administração Pública pode promover a remoção de servidores
concursados, sem que isso caracterize, por si só, preterição aos candidatos
aprovados em novo concurso público.
11) Há preterição de candidatos aprovados se as vagas regionalizadas
estabelecidas no edital de concurso público forem preenchidas por remoção
lançada posteriormente ao início do certame.
12) O candidato aprovado dentro do número de vagas que requer transferência
para o final da lista de classificados passa a ter mera expectativa de direito à
nomeação.
13) O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem
direito subjetivo a ser nomeado no prazo de validade do concurso.
14) A desistência de candidatos convocados, dentro do prazo de validade do
concurso, gera direito subjetivo à nomeação para os seguintes, observada a
ordem de classificação e a quantidade de vagas disponibilizadas.
15) A abertura de novo concurso, enquanto vigente a validade do certame
anterior, confere direito líquido e certo a eventuais candidatos cuja classificação
seja alcançada pela divulgação das novas vagas.
16) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui
mera expectativa de direito à nomeação, que se convola em direito subjetivo
caso haja preterição na convocação, observada a ordem classificatória.
17) A simples requisição ou a cessão de servidores públicos não é suficiente para
transformar a expectativa de direito do candidato aprovado fora do número de
vagas em direito subjetivo à nomeação, porquanto imprescindível a comprovação
da existência de cargos vagos.
18) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui
mera expectativa de direito à nomeação, que se convola em direito subjetivo
caso haja preterição em virtude de contratações precárias e comprovação da
existência de cargos vagos.
19) Não ocorre preterição na ordem classificatória quando a convocação para
próxima fase ou a nomeação de candidatos com posição inferior se dá por força
de cumprimento de ordem judicial.
20) A surdez unilateral não autoriza o candidato a concorrer às vagas reservadas
às pessoas com deficiência.
21) Deverão ser reservadas, no mínimo, 5% das vagas ofertadas em concurso
público às pessoas com deficiência e, caso a aplicação do referido percentual
resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número
inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas
ofertadas, conforme art. 37, §§ 1º e 2º, do Decreto n. 3.298/99, e art. 5º, §2º, da Lei
n. 8.112/90.
22) O candidato sub judice não possui direito subjetivo à nomeação e à posse,
mas à reserva da respectiva vaga até que ocorra o trânsito em julgado da decisão
que o beneficiou.
23) A nomeação ou a convocação para determinada fase de concurso público
após considerável lapso temporal entre uma fase e outra, sem a notificação
pessoal do interessado, viola os princípios da publicidade e da razoabilidade, não
sendo suficiente a publicação no Diário Oficial.
24) Não se aplica a teoria do fato consumado na hipótese em que o candidato
toma posse em virtude de decisão liminar, salvo situações fáticas excepcionais.
25) É legítimo estabelecer no edital de concurso público critério de
regionalização.
26) É legítimo estabelecer no edital de concurso público limite de candidatos que
serão convocados para as próximas etapas do certame (Cláusula de Barreira).
27) O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na
posse e não na inscrição para o concurso público. (Súmula 266 do STJ)
28) Nos concursos públicos para ingresso na Magistratura ou no Ministério
Público a comprovação dos requisitos exigidos deve ser feita na inscrição
definitiva e não na posse.
29) A prorrogação do prazo de validade de concurso público é ato discricionário
da Administração, sendo vedado ao Poder Judiciário o reexame dos critérios de
conveniência e oportunidade adotados.
30) A banca examinadora pode exigir conhecimento sobre legislação
superveniente à publicação do edital, desde que vinculada às matérias nele
previstas.
31) O Poder Judiciário não analisa critérios de formulação e correção de provas
em concursos públicos, salvo nos casos de ilegalidade ou inobservância das
regras do edital.
32) A limitação de idade, sexo e altura para o ingresso na carreira militar é válida
desde que haja previsão em lei específica e no edital do concurso público.
33) Somente a lei pode estabelecer limites de idade nos concursos das Forças
Armadas, sendo vedado, diante do princípio constitucional da reserva legal, que a
lei faculte tal regulamentação a atos administrativos expedidos pela Marinha,
Exército ou Aeronáutica.
34) A aferição do cumprimento do requisito de idade deve se dar no momento da
posse no cargo público e não no momento da inscrição.
35) O edital é a lei do concurso e suas regras vinculam tanto a Administração
Pública quanto os candidatos.
36) O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso
público, às vagas reservadas aos deficientes. (Súmula 377 do STJ)
37) A exigência de exame psicotécnico é legítima quando prevista em lei e no
edital, a avaliação esteja pautada em critérios objetivos, o resultado seja público e
passível de recurso.
38) Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o candidato deve ser
submetido a nova avaliação, pautada por critérios objetivos e assegurada a ampla
defesa.
39) A exigência de teste de aptidão física é legítima quando prevista em lei,
guarde relação de pertinência com as atividades a serem desenvolvidas, esteja
pautada em critérios objetivos e seja passível de recurso.
40) É vedada a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no
caso de incapacidade temporária, salvo previsão expressa no edital.
41) É possível a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no
caso de gravidez, sem que isso caracterize violação do edital ou do princípio da
isonomia.
42) O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de
investigação social, em virtude da existência de termo circunstanciado, inquérito
policial ou ação penal sem trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da
pretensão punitiva.
43) O entendimento de que o candidato não pode ser eliminado de concurso
público, na fase de investigação social, em virtude da existência de termo
circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado ou
extinta pela prescrição da pretensão punitiva não se aplica aos cargos cujos
ocupantes agem stricto sensu em nome do Estado, como o de delegado de
polícia.
44) O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de
investigação social, em virtude da existência de registro em órgãos de proteção
ao crédito.
45) O candidato pode ser eliminado de concurso público quando omitir
informações relevantes na fase de investigação social.
46) Nas ações em que se discute concurso público, é dispensável a formação de
litisconsórcio passivo necessário entre os candidatos aprovados.
47) Nas ações em que se discute concurso público, é indispensável a formação de
litisconsórcio passivo necessário entre os candidatos aprovados quando possam
ser diretamente atingidos pelo provimento jurisdicional.
48) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de
segurança, na hipótese de exclusão do candidato do concurso público, é o ato
administrativo de efeitos concretos e não a publicação do edital, ainda que a
causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.
49) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado
segurança, na hipótese em que o candidato aprovado em concurso público não é
nomeado, é o término do prazo de validade do concurso.
50) O encerramento do concurso público não conduz à perda do objeto do
mandado de segurança que busca aferir suposta ilegalidade praticada em alguma
das etapas do processo seletivo.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


(PAD)
1) É possível haver discrepância entre a penalidade sugerida pela comissão
disciplinar e a aplicada pela autoridade julgadora desde que a conclusão lançada
no relatório final não guarde sintonia com as provas dos autos e a sanção imposta
esteja devidamente motivada.
2) Quando o fato objeto da ação punitiva da administração também constituir
crime e enquanto não houver sentença penal condenatória transitada em
julgado, a prescrição do poder disciplinar reger-se-á pelo prazo previsto na lei
penal para pena cominada em abstrato.
3) A portaria de instauração do processo disciplinar prescinde de minuciosa
descrição dos fatos imputados, sendo certo que a exposição pormenorizada dos
acontecimentos se mostra necessária somente quando do indiciamento do
servidor.
4) O prazo prescricional interrompido com a abertura do Processo Administrativo
Disciplinar PAD voltará a correr por inteiro após 140 dias, uma vez que esse é o
prazo legal para o encerramento do procedimento.
5) No Processo Administrativo Disciplinar PAD, a alteração da capitulação legal
imputada ao acusado não enseja nulidade, uma vez que o indiciado se defende
dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos legais.
6) Da revisão do Processo Administrativo Disciplinar PAD não poderá resultar
agravamento da sanção aplicada, em virtude da proibição do bis in idem e do
reformatio in pejus.
7) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
não ofende a Constituição (Súmula Vinculante nº 5 do STF).
8) As instâncias administrativa e penal são independentes entre si, salvo quando
reconhecida a inexistência do fato ou a negativa de autoria na esfera criminal.
9)É possível a utilização de prova emprestada no processo administrativo
disciplinar, devidamente autorizada na esfera criminal, desde que produzida com
observância do contraditório e do devido processo legal.
10) É possível a instauração de processo administrativo com base em denúncia
anônima.
Acórdãos
11) Instaurado o competente processo administrativo disciplinar, fica superado o
exame de eventuais irregularidades ocorridas durante a sindicância.
12) O excesso de prazo para conclusão do processo administrativo disciplinar não
conduz à sua nulidade automática, devendo, para tanto, ser demonstrado o
prejuízo para a defesa.
13) A autoridade administrativa pode aplicar a pena de demissão quando em
processo administrativo disciplinar é apurada a prática de ato de improbidade por
servidor público, tendo em vista a independência das instâncias civil, penal e
administrativa.
14) A decretação de nulidade no processo administrativo depende da
demonstração do efetivo prejuízo para as partes, à luz do princípio pas de nullité
sans grief.
15) O termo inicial do prazo prescricional em processo administrativo disciplinar
começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido pela Administração,
conforme prevê o art. 142, § 1º, da Lei 8.112/90.
16) O prazo da prescrição no âmbito administrativo disciplinar, havendo sentença
penal condenatória, deve ser computado pela pena em concreto aplicada na
esfera penal.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

• Se o agente se aposentou antes do início da Ação de Improbidade Administrativa, que resultou


na sua condenação à perda da função pública, não é lícito estender essa penalidade à perda da
aposentadoria.

• Súmula 535 STJ: não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa


exclusivamente em face de particular, sem a concomitante presença de agente público no polo
passivo da demanda.

• Consoante entendimento do STJ, a aplicação da pena de declaração de inidoneidade apenas


pode ter efeitos ex nunc, para frente, não justificando, por si só, o desfazimento de contratos
administrativos já firmados.

• A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade


administrativa NÃO está sujeita ao reexame necessário previsto no art. 19 da Lei de Ação Popular (Lei
4.717/65). STJ. 1ª Turma. REsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
4/9/2014 (Info 546).

• De quem será a competência para julgar ação de improbidade em caso de desvio de verbas
transferidas pela União ao Município por meio de convênio? Se, pelas regras do convênio, a verba
transferida deve ser incorporada ao patrimônio municipal, a competência para a ação será da Justiça
Estadual (Súmula 209-STJ). Ao contrário, se o convênio prevê que a verba transferida não é
incorporada ao patrimônio municipal, ficando sujeita à prestação de contas perante o órgão federal,
a competência para a ação será da Justiça Federal (Súmula 208-STJ).

• A indisponibilidade não pode recair sobre verbas salariais investidas em aplicação financeira.

• Configura ato de improbidade administrativa a propaganda ou campanha publicitária que tem


por objetivo promover favorecimento pessoal, de terceiro, de partido ou de ideologia, com utilização
indevida da máquina pública.
• Improbidade: não é possível o ajuizamento de ação civil de improbidade administrativa
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo
da demanda.

• Estagiário pode responder por improbidade.

• O prazo prescricional em ação de improbidade administrativa movida contra prefeito reeleito só


se inicia após o término do segundo mandato, ainda que tenha havido descontinuidade entre o
primeiro e o segundo mandato em razão da anulação de pleito eleitoral, com posse provisória do
Presidente da Câmara, por determinação da Justiça Eleitoral, antes da reeleição do prefeito em
novas eleições convocadas. (Info 571 STJ).

• INOVAÇÃO LEGISLATIVA – DEZEMBRO/2016: A LC 157/2016 alterou a Lei nº 8.429/92 e criou uma


quarta espécie de ato de improbidade administrativa:
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder,
aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art.
8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela LC 157/2016)
#NOVIDADELEGISLATIVASAINDODOFORNO

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

#éhojequeeuaprendo #dehojenãopassa!
1) Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de
Improbidade Administrativa, sem prejuízo da responsabilização política e
criminal estabelecida no Decreto-Lei 201/1967.
2) Os Agentes Políticos sujeitos a crime de responsabilidade, ressalvados os
atos ímprobos cometidos pelo Presidente da República (art. 86 da CF) e pelos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não são imunes às sanções por ato de
improbidade previstas no art. 37, § 4º da CF.
3) A ação de improbidade administrativa proposta contra agente político que
tenha foro por prerrogativa de função é processada e julgada pelo juiz de
primeiro grau, limitada à imposição de penalidades patrimoniais e vedada a
aplicação das sanções de suspensão dos direitos políticos e de perda do cargo
do réu.
4) A aplicação da pena de demissão por improbidade administrativa não é
exclusividade do Judiciário, sendo passível a sua incidência no âmbito do
processo administrativo disciplinar.
5) Havendo indícios de improbidade administrativa, as instâncias ordinárias
poderão decretar a quebra do sigilo bancário.
6) O afastamento cautelar do agente público de seu cargo, previsto no
parágrafo único, do art. 20, da Lei n. 8.429/92, é medida excepcional que pode
perdurar por até 180 dias.
7) O especialíssimo procedimento estabelecido na Lei 8.429/92, que prevê um
juízo de delibação para recebimento da petição inicial (art. 17, §§ 8º e 9º),
precedido de notificação do demandado (art. 17, § 7º), somente é aplicável para
ações de improbidade administrativa típicas. (Tese julgada sob o rito do artigo
543-C do CPC - TEMA 344).
8) A indisponibilidade de bens prevista na LIA pode alcançar tantos bens
quantos necessários a garantir as consequências financeiras da prática de
improbidade, excluídos os bens impenhoráveis assim definidos por lei.
9) Os bens de família podem ser objeto de medida de indisponibilidade
prevista na Lei de Improbidade Administrativa, uma vez que há apenas a
limitação de eventual alienação do bem.
10) Aplica-se a medida cautelar de indisponibilidade dos bens do art. 7º aos atos
de improbidade administrativa que impliquem violação dos princípios da
administração pública - no art. 11 da LIA.
11) O ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92 não
requer a demonstração de dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, mas
exige a demonstração de dolo, o qual, contudo, não necessita ser específico,
sendo suficiente o dolo genérico.
12) Nas ações de improbidade administrativa é admissível a utilização da prova
emprestada, colhida na persecução penal, desde que assegurado o
contraditório e a ampla defesa.
13) O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas
previstas no art. 12 da Lei 8.429/92, podendo, mediante adequada
fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a gravidade e as
consequências da infração.
14) É inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei 8.429/1992,
exigindo- se a presença de dolo nos casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o
enriquecimento ilícito e o atentado aos princípios administrativos,
respectivamente) e ao menos de culpa nos termos do art. 10, que censura os
atos de improbidade por dano ao Erário.
15) O Ministério Público tem legitimidade ad causam para a propositura de
Ação Civil Pública objetivando o ressarcimento de danos ao erário, decorrentes
de atos de improbidade.
16) O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal para atuar como
parte no Superior Tribunal de Justiça nas ações de improbidade administrativa,
reservando- se ao Ministério Público Federal a atuação como fiscal da lei.
17) A ausência da notificação do réu para a defesa prévia, prevista no art. 17, §
7º, da Lei de Improbidade Administrativa, só acarreta nulidade processual se
houver comprovado prejuízo (pas de nullité sans grief).
18) A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos autoriza o
recebimento fundamentado da petição inicial nos termos do art. 17, §§ 7º, 8º e
9º, da Lei n. 8.429/92, devendo prevalecer, no juízo preliminar, o princípio do in
dubio pro societate.
19) O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a
particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público
que praticou a ilicitude.
20) A eventual prescrição das sanções decorrentes dos atos de improbidade
administrativa não obsta o prosseguimento da demanda quanto ao pleito de
ressarcimento dos danos causados ao erário, que é imprescritível (art. 37, § 5º
da CF).
21) É inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente
público no polo passivo da demanda.
22) Nas ações de improbidade administrativa, não há litisconsórcio passivo
necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato
ímprobo.
23) A revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade
administrativa implica reexame do conjunto fático-probatório dos autos,
encontrando óbice na súmula 7/STJ, salvo se da leitura do acórdão recorrido
verificar-se a desproporcionalidade entre os atos praticados e as sanções
impostas.
24) É possível o deferimento da medida acautelatória de indisponibilidade de
bens em ação de improbidade administrativa nos autos da ação principal sem
audiência da parte adversa e, portanto, antes da notificação a que se refere o
art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92.
25) É possível a decretação da indisponibilidade de bens do promovido em
ação civil Pública por ato de improbidade administrativa, quando ausente (ou
não demonstrada) a prática de atos (ou a sua tentativa) que induzam a
conclusão de risco de alienação, oneração ou dilapidação patrimonial de bens
do acionado, dificultando ou impossibilitando o eventual ressarcimento futuro.
26) Na ação de improbidade, a decretação de indisponibilidade de bens pode
recair sobre aqueles adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de levar
em consideração, o valor de possível multa civil como sanção autônoma.
27) No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo
prescricional nas ações de improbidade administrativa deve ser contado a
partir do término do último mandato.
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

ANTES DE TUDO... MUITA, MUITA, MUITA ATENÇÃO ÀS SÚMULAS!!!


• Tombamento judicial: ACP e Ação Popular veiculam essa modalidade.

• Tombamento duplo: é aquele feito por duas entidades políticas. Por exemplo, o tombamento de
um bem é feito pelo Estado e pelo Município.

• Supremo Tribunal Federal negou a existência, no direito brasileiro, do chamado tombamento de


uso, que consiste no emprego do instituto para restringir o uso de bem imóvel a uma certa
destinação.

• A área situada em zona de fronteira pode ser objeto de usucapião.

• SERVIDÃO ADMINISTRATIVA: poder público constitui, em seu favor, um direito real sobre a
propriedade particular. Natureza jurídica de direito real sobre a coisa alheia. Indenização só se
houver dano.

• A desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade, fazendo com que o bem venha
livre de qualquer ônus ou direitos passados, os quais ficam sub-rogados no preço.

• Ordem (Estatuto da Cidade): parcelamento, edificação compulsória, IPTU progressivo e


desapropriação.

• RETROCESSÃO é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o mesmo
não tenha o destino para que se desapropriou ou outro de interesse público.

• Autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista,


concessionárias e permissionárias de serviço público podem promover desapropriações mediante
autorização expressa, constante de lei ou contrato.

• A desapropriação-sanção de imóvel rural compete à União. A desapropriação-sanção de imóvel


urbano compete ao município.
• Os estados e municípios podem desapropriar imóveis rurais para fins de utilidade pública. O que
não pode haver é a desapropriação-sanção (descumprimento da função social), que cabe
somente à União.

• Súmula 119 do STJ (superada): a ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos. Após o
CC/2002: 10 anos (art. 1238). Segundo o STJ, a ação de desapropriação indireta possui natureza
real e pode ser proposta pelo particular prejudicado enquanto não tiver transcorrido o prazo para
que o Poder Público adquira a propriedade do bem por meio da usucapião (dizer o direito).

• Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel


desapropriado dispensa a do respectivo cônjuge.

• Súmula 164 STF: no processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a
antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.

• STJ: A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois
esses restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas
também a expectativa de renda, considerando a possibilidade do imóvel “ser aproveitado a
qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu
valor à vista”. São indevidos juros compensatórios quando a propriedade se mostrar impassível de
qualquer espécie de exploração econômica, seja atual ou futura, em decorrência de limitações
legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situa a propriedade.

• Súmula 561 STF: em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo
pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de
uma vez.

• Súmula 69 STJ: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a


antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.

• Súmula 157 STF: É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação,
pelos Estados, de empresa de energia elétrica.
• Súmula 476 STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante, imitido na
posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.

• Súmula 416 STF: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização
complementar além dos juros.

• DESAPROPRIAÇÃO. Jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal, no sentido de que os


juros compensatórios são devidos, na desapropriação direta e indireta, no percentual de 12% ao
ano (Súmula nº 618/STF e ADI 2.332. (ARE 836516 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira
Turma, julgado em 09/08/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 24-08-2016 PUBLIC 25-
08-2016).

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ – DESAPROPRIAÇÃO


#éhojequeeuaprendo!

1) O valor da indenização por desapropriação deve ser contemporâneo à data da


avaliação do perito judicial.
2) Em se tratando de desapropriação, a prova pericial para a fixação do justo
preço somente é dispensável quando há expressa concordância do expropriado
com o valor da oferta inicial.
3) A revelia do desapropriado não implica aceitação tácita da oferta, não
autorizando a dispensa da avaliação, conforme Súmula 118 do extinto Tribunal
Federal de Recursos.
4) Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, constatar-se que
a área medida do bem é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis, o
expropriado receberá indenização correspondente à área registrada, ficando a
diferença depositada em Juízo até que, posteriormente, se complemente o
registro ou se defina a titularidade para o pagamento a quem de direito.
5) Na desapropriação é devida a indenização correspondente aos danos relativos
ao fundo de comércio.
6) A imissão provisória na posse não deve ser condicionada ao depósito prévio do
valor relativo ao fundo de comércio eventualmente devido.
7) A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins
de reforma agrária (Súmula 354/STJ).
8) Não incide imposto de renda sobre as verbas decorrentes de desapropriação
(indenização, juros moratórios e juros compensatórios), seja por necessidade ou
utilidade pública, seja por interesse social, por não constituir ganho ou acréscimo
patrimonial. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC TEMA 397)
9) O promitente comprador tem legitimidade ativa para propor ação cujo objetivo
é o recebimento de verba indenizatória decorrente de ação desapropriatória,
ainda que a transferência de sua titularidade não tenha sido efetuada perante o
registro geral de imóveis.
10) O possuidor titular do imóvel desapropriado tem direito ao levantamento da
indenização pela perda do seu direito possessório.
11) Nas desapropriações realizadas por concessionária de serviço público, não
sujeita a regime de precatório, a regra contida no art. 15-B do Decreto-Lei n.
3.365/41 é inaplicável, devendo os juros moratórios incidir a partir do trânsito em
julgado da sentença.
12) A ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos, nos termos da
Súmula 119 do STJ e na vigência do Código Civil de 1916, e em 10 anos sob a égide
do Código Civil de 2002, observando-se a regra de transição disposta no art. 2.028
do CC/2002.
13) A indenização referente à cobertura vegetal deve ser calculada em separado
do valor da terra nua quando comprovada a exploração dos recursos vegetais de
forma lícita e anterior ao processo expropriatório.
14) Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as
parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas
(Súmula 131/STJ)
15) A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel
rural para fins de reforma agrária é obrigatória, porquanto presente o interesse
público.
16) A ação de desapropriação direta ou indireta, em regra, não pressupõe
automática intervenção do Ministério Público, exceto quando envolver, frontal ou
reflexamente, proteção ao meio ambiente, interesse urbanístico ou improbidade
administrativa.
17) A imissão provisória na posse do imóvel objeto de desapropriação,
caracterizada pela urgência, prescinde de avaliação prévia ou de pagamento
integral, exigindo apenas o depósito judicial nos termos do art. 15, § 1º, do
Decreto-Lei n. 3.365/1941.
18) Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a
Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até
13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da súmula n. 618 do
Supremo Tribunal Federal. (Súmula 408/STJ)
19) Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros
compensatórios pela limitação de uso da propriedade. (Súmula 56/STJ)
20) A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros
compensatórios, pois eles restituem não só o que o expropriado deixou de
ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de renda,
considerando a possibilidade de o imóvel ser aproveitado a qualquer momento de
forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à
vista. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C - Tema 280)
21) Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a
antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva
ocupação do imóvel, calculados, nos dois casos, sobre o valor da indenização
corrigido monetariamente.
22) Na desapropriação, a base de cálculo dos juros compensatórios é a diferença
entre os 80% do preço ofertado e o valor do bem definido judicialmente.
23) Nas hipóteses em que o valor da indenização fixada judicialmente for igual ou
inferior ao valor ofertado inicialmente, a base de cálculo para os juros
compensatórios e moratórios deve ser os 20% (vinte por cento) que ficaram
indisponíveis para o expropriado.
24) O termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia 1º de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. (Tese julgada
sob o rito do art. 543-C do CPC - TEMA 210)
25) Nas ações de desapropriação não há cumulação de juros moratórios e juros
compensatórios, eis que se trata de encargos que incidem em períodos
diferentes: os juros compensatórios têm incidência até a data da expedição do
precatório original, enquanto que os moratórios somente incidirão se o
precatório expedido não for pago no prazo constitucional. (Tese julgado sob o
rito do art. 543-C do CPC - Temas 210 e 211).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

• STF: na ação de responsabilidade civil, não é possível acionar diretamente o agente público
causador do dano (SISTEMA DA DUPLA GARANTIA). STJ e doutrina majoritária: a opção de acionar
ou não cabe ao autor (vítima do dano).

• O STF, modificando sua tradicional jurisprudência, passou a entender que as concessionárias e


permissionárias de serviço público respondem objetivamente pelos danos causados por seus
empregados, ainda que a vítima não esteja na condição de usuária de serviço público.

• RESPONSABILIDADE POR ATOS DO PODER JUDICIÁRIO: só quando houver comportamento


doloso ou culposo por parte do magistrado, ou excesso de linguagem nas decisões. Ex: erro
judiciário, prisão em excesso, dolo, fraude, recusa, omissão e retardamento injustificado.

• RESPONSABILIDADE POR ATOS DO PODER LEGISLATIVO: leis de efeitos concretos que causem
danos ao particular.
• A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por danos morais
no caso de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional mantido
pelo Estado. Nessas hipóteses, não é necessário perquirir eventual culpa da Administração
Pública. Na verdade, a responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é objetiva
em face dos riscos inerentes ao meio no qual foram inseridos pelo próprio Estado – STJ. Trata-se
de caso de omissão específica.

• Doutrina: preso que fugiu do presídio e mata uma pessoa. O Estado responde objetivamente, pois
criou o risco. Quando o Estado cria um presídio no meio da cidade ele cria esse risco e é
responsável por ele. Se o preso foge do presídio e depois de 200km mata uma pessoa, o Estado
responde? Sim, mas com base na Teoria Subjetiva. Ex. Preso mata o outro no presídio. Responde?
Sim, com base na responsabilidade objetiva, pois a superlotação é a criação de um risco por parte
do Estado. O que o STF diz? Preso foge e mata alguém = não há nexo de causalidade direito e
imediato. Só há responsabilidade nos casos em que os crimes são cometidos na fuga do preso ou
quando o Estado tenha agido com culpa gravíssima, como quando deixa alguém fugir várias vezes
da prisão, sem que haja regressão do regime prisional.

• Suicídio em hospital: responsabilidade subjetiva. Suicídio em hospital psiquiátrico:


responsabilidade objetiva.

• O Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve inobservância
de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88. Exceção: o Estado
poderá ser dispensado de indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento não podia ser
evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal.
(repercussão geral) (Info 819).

• A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro
médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único
de Saúde (SUS). De acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais
credenciados ao SUS é do Município, a quem compete responder em tais casos.

• É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha ação de
indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de ônibus).
O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 14 c/c art.
27, do CDC.

• Prazo prescricional da ação de ressarcimento ao erário: é prescritível a ação de reparação de


danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu
um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação
no prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança
prejuízos que decorram de ato de improbidade administrativa que, até o momento, continuam
sendo considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º). STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 3/2/2016 (repercussão geral) (Info 813).

JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

#melhorassunto #ciclosdeamor

1) Os danos morais decorrentes da responsabilidade civil do Estado somente


podem ser revistos em sede de recurso especial quando o valor arbitrado é
exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade.
2) O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade
civil em face do Estado por ilícitos praticados por seus agentes é a data do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
3) As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais
ocorridas durante o regime militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo
quinquenal previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932.
4) O prazo prescricional das ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda
Pública é quinquenal (Decreto n. 20.910/1932), tendo como termo a quo a data do
ato ou fato do qual originou a lesão ao patrimônio material ou imaterial. (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 553)
5) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo
ser comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de
causalidade.
6) Há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que a omissão de seu
dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o agravamento de
danos ambientais.
7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por
seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de
ilicitude penal.
8) É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima
baleada em razão de tiroteio ocorrido entre policiais e assaltantes.
9) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de custodiado
em unidade prisional.
10) O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso ocorrido no interior
de estabelecimento prisional.
11) O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do
sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente
do ato de fuga.
12) A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do
dever de segurança e vigilância contínua das vias férreas, a responsabilização da
concessionária é uma constante, passível de ser elidida tão somente quando
cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o rito do
art. 543-C do CPC/73 - Tema 517)
13) No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a
concorrência de causas, impondo a redução da indenização por dano moral pela
metade, quando: (i) a concessionária do transporte ferroviário descumpre o dever
de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e
populosos, adotando conduta negligente no tocante às necessárias práticas de
cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima
adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado. (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 518)
14) Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em
decorrência de quebra de instituição financeira e a suposta ausência ou falha na
fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado de capitais.
15) A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei n. 6.880/1980)
não isenta a responsabilidade do Estado pelos danos morais causados em
decorrência de acidente sofrido durante as atividades militares.
16) Em se tratando de responsabilidade civil do Estado por rompimento de
barragem, é possível a comprovação de prejuízos de ordem material por prova
exclusivamente testemunhal, diante da impossibilidade de produção ou utilização
de outro meio probatório.
17) É possível a cumulação de benefício previdenciário com indenização
decorrente de responsabilização civil do Estado por danos oriundos do mesmo
ato ilícito.
18) Nas ações de responsabilidade civil do Estado, é desnecessária a denunciação
da lide ao suposto agente público causador do ato lesivo.

SERVIÇOS PÚBLICOS

• Não é legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do


consumidor decorrer de débitos pretéritos – princípio da continuidade dos serviços públicos.
JURISPRUDÊNCIA EM TESES – STJ –SERVIÇOS PÚBLICOS
1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação.
2) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões
de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de
notificação.
3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o
direito à saúde e à integridade física do usuário.
4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de
notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços
indispensáveis à população.
5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem os interesses de
proteção à vida e à saúde.
6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a
inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a
interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do
consumo.
7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos
de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida.
8) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito
irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor
por danos morais.
9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o
débito decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia
elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária.
10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o
imóvel que originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário
inadimplente.

MILITARES

• Os militares engajados da Força Aérea Brasileira, enquanto no serviço ativo, não são
considerados militares de carreira. Pertencem à categoria de militares temporários, nos termos do
art. 2º, parágrafo único, "b" e "c", da Lei n. 6.837/80 (fixa os efetivos da Força Aérea Brasileira em
tempo de paz) (REsp n. 1262913/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
11/04/2014).

• Não ofende o princípio da isonomia o tratamento distinto que é dado aos militares da
Aeronáutica (estabilidade com 8 anos para mulheres, enquanto para homens a estabilidade é
atingida com 10 anos), em razão do gênero, a exemplo do Corpo Feminino da Aeronáutica. 9.
Agravo a que se dá parcial provimento. (AgRg no REsp 931.108/RJ, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta
Turma, DJe 16/05/2012).

• Caso não alcançada a estabilidade advinda da permanência nas Forças Armadas por mais de 10
(dez) anos, o licenciamento do militar temporário pode ser determinado pela Administração com
base nos critérios de conveniência e oportunidade (AgRg no Ag n. 1213398/SP, Rel. Ministro Rogério
Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 16/04/2015).

• É assegurado ao militar, inclusive ao temporário, a estabilidade profissional quando ultrapassado


o decênio legal de efetivo serviço castrense, conforme o disposto no art. 50, IV, da Lei nº 6.880/1980 se
preenchidos os requisitos legais. (AgRg no REsp 1363911/CE). Mas, não basta o mero transcurso do
tempo, sendo necessário, também, a satisfação de condições previstas em lei ou regulamento
próprios. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 825.561/RS).

• É pacífico o entendimento desta Corte no sentido de que é ilegal o licenciamento do militar


temporário que, à época, encontrava-se incapacitado, necessitando de tratamento médico, razão
pela qual, uma vez determinada sua reintegração ao serviço ativo das Forças Armadas, serão devidas
as parcelas remuneratórias do período em que esteve licenciado (Precedentes: STJ, REsp
1.276.927/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 14/02/2012).

• Se o militar temporário se tornar incapaz, poderá ser reformado desde que respeite os seguintes
requisitos: a) se a incapacidade decorre de acidente de serviço, basta que o militar tenha se tornado
incapaz para o serviço militar; b) se a incapacidade não decorrer de acidente de serviço, o militar
deve comprovar que está incapaz tanto para os serviços militares como para qualquer trabalho civil.
Nesse caso, considera-se que o militar estará inválido. REsp 1.328.915-RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 4/4/2013.
SÚMULAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Súmula 6, STF: A revogação ou anulação, pelo poder executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro
ato aprovado pelo tribunal de contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal,
ressalvada a competência revisora do judiciário.
Súmula 8, STF: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso do mandato.
Súmula 15, STF: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
Súmula 16, STF: Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
Súmula 17, STF: A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.
Súmula 18, STF: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível
a punição administrativa do servidor público.
Súmula 19, STF: É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em
que se fundou a primeira.
Súmula 20, STF: É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de
funcionário admitido por concurso.
Súmula 21, STF: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem
inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.
Súmula 22, STF: O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.
Súmula 23, STF: Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a
declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na
indenização, quando a desapropriação for efetivada.
Súmula 25, STF: A nomeação a termo não impede a livre demissão pelo presidente da república, de
ocupante de cargo dirigente de autarquia.
Súmula 36, STF: Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade.
Súmula 39, STF: À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente, o seu
aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da administração.
Súmula 47, STF: Reitor de universidade não é livremente demissível pelo presidente da república
durante o prazo de sua investidura.
Súmula 157 STF: É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação,
pelos Estados, de empresa de energia elétrica.
Súmula 164, STF: No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a
antecipada imissão de posse, ordenada pelo Juiz, por motivo de urgência.
Súmula 346, STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 359, STF: Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei
vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários.
Súmula 378, STF: Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado do
expropriado.
Súmula 383, STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio,
a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a
interrompa durante a primeira metade do prazo.
Súmula 416, STF: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização
complementar além dos juros.
Súmula 443, STF: A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre,
quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação
jurídica de que ele resulta.
Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.
Súmula 476, STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante, imitido na
posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.
Súmula 477, STF: As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos
Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha
inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.
Súmula 479, STF: As margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de expropriação
e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
Súmula 480, STF: Pertencem ao domínio e administração da União, nos termos dos artigos 4º, IV, e
186, da CF/67, as terras ocupadas por silvícolas.
Súmula 561, STF: Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo
pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de
uma vez.
Súmula 567, STF: A Constituição ao assegurar, no parágrafo 3º do art. 102, a contagem integral do
tempo de serviço público federal, estadual ou municipal para o efeito de aposentadoria e
disponibilidade não proíbe a União, aos Estados e aos Municípios mandarem contar, mediante lei,
para efeito diverso, tempo de serviço prestado a outra pessoa de direito público interno.
Súmula 617, STF: A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença
entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
Súmula 618, STF: Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12%
(doze por cento) ao ano.
Súmula 650, STF: Os incisos I e XI do art. 20 da CF/88 não alcançam terras de aldeamentos extintos,
ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.
Súmula 652, STF: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Dec.-lei 3.365/1941 (Lei da
Desapropriação por utilidade pública).
Súmula 671, STF: Os servidores públicos e os trabalhadores em geral têm direito, no que concerne à
URP de abril/maio de 1988, apenas ao valor correspondente a 7/30 de 16,19% sobre os vencimentos e
salários pertinentes aos meses de abril e maio de 1988, não cumulativamente, devidamente corrigido
até o efetivo pagamento.
Súmula 672, STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas leis 8622/1993 e
8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais
compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.
Súmula 680, STF: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
Súmula 681, STF: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais
ou municipais a índices federais de correção monetária.
Súmula 682, STF: Não ofende a constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos
vencimentos de servidores públicos.
Súmula 683, STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do
art. 7º, XXX, da CF/88, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido
Súmula 684, STF: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso
público.
Súmula 685, STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.
Súmula 686, STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.
Súmula 726, STF: Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de
serviço prestado fora da sala de aula.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Súmula 12, STJ: Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.


Súmula 56, STJ: Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros
compensatórios pela limitação de uso da propriedade.
Súmula 67, STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez,
independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da
indenização.
Súmula 69, STJ: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada
imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.
Súmula 70, STJ: Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o
trânsito em julgado da sentença.
Súmula 85, STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como
devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as
prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.
Súmula 102, STJ: A incidência de juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações
expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.
Súmula 103, STJ: Incluem-se entre os imóveis funcionais que podem ser vendidos os administrados
pelas forças armadas e ocupados pelos servidores civis.
Súmula 113, STJ: Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na
posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
Súmula 114, STJ: Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação,
calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
Súmula 119, STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos. (SUPERADA pelo CC/02,
onde o prazo foi reduzido para 10 anos)
Súmula 120, STJ: O oficial de farmácia, inscrito no conselho regional de farmácia, pode ser
responsável técnico por drogaria.
Súmula 131, STJ: Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas
relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas.
Súmula 141, STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a
diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente.
Súmula 266, STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse
e não na inscrição para o concurso público.
Súmula 275, STJ: O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por farmácia ou drogaria.
Súmula 312, STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as
notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
Súmula 354, STJ: A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de
reforma agrária.
Súmula 373, STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo.
Súmula 377, STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às
vagas reservadas aos deficientes.
Súmula 378, STJ: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais
decorrentes.
Súmula 408, STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida
Provisória 1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e a partir de então, em
12% ao ano, na forma da Súmula 318 do Supremo Tribunal Federal.
Súmula 413, STJ: O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por uma farmácia e uma
drogaria ou por duas drogarias.
Súmula 434, STJ: O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do
débito.
Súmula 466, STJ: O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo
quando declarado nulo seu contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso
público.
Súmula 496, STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha
não são oponíveis à União.
Súmula 510, STJ: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não
está condicionada ao pagamento de multas e despesas.
Súmula 525, STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade
judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.
Súmula 552, STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para
o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
Súmula 561, STJ: Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as
farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter profissional legalmente
habilitado (farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos respectivos
estabelecimentos.

SÚMULAS VINCULANTES

SÚMULA VINCULANTE 55. O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
SÚMULA VINCULANTE 44. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
SÚMULA VINCULANTE 43. É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em
cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
SÚMULA VINCULANTE 42. É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.
SÚMULA VINCULANTE 37. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
SÚMULA VINCULANTE 5. A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.
SÚMULA VINCULANTE 3. Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

DIREITOS HUMANOS9

CONCEITO, ORIGEM, FINALIDADE E CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Inicialmente, vejamos os princípios constitucionais que regem o Brasil nas relações internacionais:

9 Por Daniel Arrais


Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

Passando tal ponto, indaga-se, o que seriam os Direitos Humanos? Até hoje a sua definição é alvo de
polêmica na Doutrina, vejamos principais opiniões:

Para Portela, direitos humanos são aqueles direitos essenciais para que o ser humano seja tratado
com a dignidade que lhe é inerente e aos quais fazem jus todos os membros da espécie humana,
sem distinções.

André de Carvalho Ramos define direitos humanos como um conjunto de direitos considerado
indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. Os direitos
humanos são, em suma, todos os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna, não havendo um
rol predefinido.

Quanto aos fundamentos dos Direitos Humanos, prevalece a Teoria JUSNATURALISTA Os


direitos humanos se fundamentam em uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável;

#POSIÇÃODEPROVA: O entendimento majoritário é o de que os direitos humanos não


encontram seu fundamento na positivação de suas normas.

No que diz respeito à classificação dos Direitos Humanos:

Classificação tradicional: A doutrina divide os direitos humanos em gerações.

PRIMEIRA GERAÇÃO: Direitos civis e políticos, ou direitos de liberdade. Afirma-se a partir de ideais
iluministas e liberais em voga nos séculos XVIII e XIX e dos movimentos político-sociais da
descolonização da América Latina. Tais direitos são oponíveis contra o Estado.
SEGUNDA GERAÇÃO: Refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. São também conhecidos
como “direitos de igualdade”. Relaciona-se com as consequências negativas da Revolução Industrial
e do liberalismo sobre significativos contingentes humanos. Exigem do Estado prestações positivas.

TERCEIRA GERAÇÃO: São os “direitos de fraternidade”, de caráter difuso, que não se distinguem
especificamente a um indivíduo ou a um grupo social, mas ao próprio gênero humano como um
todo. Ex.: direito ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade.

QUARTA GERAÇÃO (?) PAULO BONAVIDES defende a existência de uma quarta geração dos direitos
humanos, adequada ao período da globalização na área política e à formação de um mundo
marcado por fronteiras nacionais mais permeáveis, incluindo o direito à informação, à democracia e
ao pluralismo.

QUINTA GERAÇÃO (?) PAULO BONAVIDES defende ainda a existência de uma quinta geração de
direitos humanos, preocupada com a PAZ MUNDIAL, entendida como fundamento da ‘alforria
espiritual, moral e social dos povos, das civilizações e das culturas’ da forma de governar a sociedade
‘de modo a punir terrorista, julgar criminoso de guerra, encarcerar o torturador, manter invioláveis
as bases do pacto social, estabelecer e conservar por intangíveis as regras, princípios e cláusulas da
comunhão política.’

APROFUNDAMENTO: Para alguns autores, a caracterização dos direitos humanos em gerações fere
a indivisibilidade e a interdependência desses direitos, gerando uma visão fragmentária e
hierarquizada. Afinal, o surgimento desses direitos não necessariamente se deu em caráter
sucessivo, mas de forma concomitante, quando não em ordem diversa, como cita Mazzuoli ao
recordar a criação da OIT em 1919, quando muitos direitos sociais se consolidaram no campo
internacional antes dos direitos políticos.

Classificação conforme o Direito Internacional dos Direitos Humanos: as dimensões dos direitos
humanos:

A doutrina passou a classificar os direitos humanos em civis e políticos de um lado, e econômicos,


sociais e culturais de outro, formando as ‘dimensões’ dos direitos humanos a partir da celebração,
em 1966, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e políticos e do Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais.
1ª DIMENSÃO DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS, ‘a expansão da personalidade sem interferência do
Estado’ e ‘proteção dos atributos que caracterizam a personalidade moral e física do indivíduo.’ Os
direitos políticos seriam aqueles exercidos frente ao Estado ou no Estado, consistindo em ‘poderes
da pessoa de tomar parte na vida política e na direção dos assuntos políticos de seu país.’

2ª DIMENSÃO DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS. José Afonso da Silva afirma que
têm uma dimensão institucional, baseada no poder estatal de regular o mercado, em vista do
interesse público. Os direitos sociais teriam a ver com ‘prestações positivas proporcionadas pelo
Estado.’ Os direitos culturais são os que se relacionam aos elementos portadores de referência à
identidade, à ação, à memória de uma sociedade, sendo composto por bens físicos e espirituais.

3ª DIMENSÃO (?) Carlos Weis trata ainda da dimensão adicional dos direitos humanos, os “direitos
globais”, que corresponderiam aos direitos de terceira geração.

O termo “dimensão” é mais adequado para compor uma classificação dos direitos humanos, visto
que a expressão “geração” pode induzir a erro, dando a entender que tais direitos se substituem ao
longo da história, o que não é o caso. Assim, o termo dimensões reflete melhor a
complementariedade e a interdependência dos direitos humanos.

#ATENÇÃO: Em qualquer caso, o mero fato de os direitos serem classificados em gerações ou


dimensões não tem qualquer relação com sua eficácia.

#EXEMPLOS:
• Direitos civis: autonomia do indivíduo contra interferências do Estado ou de terceiros;
• Direitos políticos: De participação, ativa ou passiva, na elaboração das decisões políticas e
na gestão da coisa pública);
• Direitos econômicos: Organização da vida econômica, na ótica produtor-consumidor;
• Direitos sociais: Asseguram uma vida material digna, exigindo prestações positivas do
Estado);
• Direitos culturais: Participação do indivíduo na vida cultural de uma comunidade, bem
como a manutenção do patrimônio histórico-cultural, que concretiza sua identidade e a
memória.

QUADRO RESUMO:

GERAÇÕES CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO


INTERNACIONAL - DIMENSÕES
1ª geração: direito de liberdade Direitos civis e políticos
2ª geração: direito de igualdade Direitos econômicos, sociais e culturais
3ª geração: direito de fraternidade, Direitos globais.
vinculados à cooperação internacional
e à promoção da igualdade entre os
povos (paz, desenvolvimento, meio
ambiente, etc)

4ª geração: globalização dos direitos


humanos
5ª geração: paz

DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS, DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS E


DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO: DIFERENÇAS CONCEITUAIS E NORMATIVAS

A proteção dos direitos essenciais do ser humano no plano internacional recai em três sub-ramos
específicos do Direito Internacional Público: o Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH), o
Direito Internacional Humanitário (DIH) e o Direito Internacional dos Refugiados (DIR).

A inter-relação entre esses ramos é a seguinte: ao DIDH incumbe a proteção do ser humano em
todos os aspectos, englobando direitos civis e políticos e também direitos sociais, econômicos e
culturais; já o DIH foca na proteção do ser humano na situação específica dos conflitos armados
(internacionais e não internacionais); finalmente, o DIR age na proteção do refugiado, desde a saída
do seu local de residência, trânsito de um país a outro, concessão do refúgio no país de acolhimento
e seu eventual término.

Logo, o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o ramo do DIP que visa a proteger e a
promover a dignidade humana em caráter universal. Com isso, normas internacionais de direitos
humanos assumem o status de prevalência, devendo ser aplicadas antes de qualquer outra,
limitando a própria soberania nacional, passando a ser incluída dentre os preceitos de jus cogens.

- Os marcos iniciais do processo de internacionalização dos direitos humanos, segundo Flávia


Piovesan são: o Direito Humanitário; a Liga das Nações; a Organização Internacional do Trabalho
(OIT).

- Dignidade da pessoa humana: A dignidade humana possui uma dimensão negativa: a proibição de
se impor tratamento degradante ou discriminação odiosa a um ser humano. Ocorre que o princípio
possui, também, uma dimensão positiva: consiste na defesa da existência de condições materiais
mínimas de sobrevivência a cada ser humano.

- Usos possíveis da dignidade humana: a) fundamentação da criação jurisprudencial de novos direitos


(eficácia positiva do princípio). Exemplo: "direito à busca da felicidade"; b) criar limites à ação do
Estado (eficácia negativa do princípio) Exemplo: STF impôs limites ao uso desnecessário de algemas;
c) formatação da interpretação adequada das características de um determinado direito.
Exemplo: o STF reconheceu que o direito de acesso à justiça e à prestação jurisdicional do Estado
deve ser célere, pleno e eficaz (Rcl 5.758, 13/05/09); d) utilização da dignidade humana para
fundamentar o juízo de ponderação e escolha da prevalência de um direito em prejuízo do outro

*#PERGUNTA: No que consiste a interpretação “effet utile”? O princípio da efetividade


(interpretação effet utile) dos TIDH é o princípio de interpretação dos TIDH que determina que o
conteúdo das normas abertas, provindo da interpretação dinâmica, deve ser concretizado pelos
aplicadores da lei. Assim, se houver mais de uma possibilidade de interpretação de uma mesma
norma, deve ser priorizada aquela que melhor garanta a realização da finalidade do tratado, ou seja,
a que garanta a sua maior aplicação.

*#OUSESABER: O que são treaty bodies? Os principais tratados internacionais de direitos humanos
criam Comitês, a fim de realizar o monitoramento da situação dos direitos protegidos e acordados.
Tais monitoramentos são realizados por meio de envio de relatórios pelo Estado-membro, cabendo
ao Comitê analisa-los e emitir eventuais recomendações. Referidos Comitês também são
denominados treaty bodies. Exemplo: A convenção sobre a eliminação de Discriminação Racial
determinou a criação do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial.

*#OUSESABER: O que se entende por relatórios-sombra ou shadow reports? O controle e a


fiscalização dos direitos nos sistemas regionais ou mesmo no sistema universal de proteção dos
Direitos Humanos é realizado por diferentes formas, seja por meio de visitas in loco, inspeções,
recebimento de denúncias, condenações, emissão de medidas provisórias e cautelares. Nesse
contexto de fiscalização, os países prestam por meio de relatórios informações sobre o
cumprimento ou não dos direitos humanos, bem como os avanços ou retrocessos na proteção de
tais direitos. Esse sistema de relatórios é um importante mecanismo de tutela dos direitos
humanos. Obviamente, os relatórios apresentados pelos próprios Estados podem conter
parcialidades ou omissões deliberadas para evitar o embaraço internacional. Nesse contexto, os
sistemas de proteção dos direitos humanos possibilitam a prestação de informações por escrito
por organizações da sociedade civil (ONGs, estudiosos etc.) dos diversos Estados-parte ou mesmo
por organismos autônomos dos países (Defensoria Pública, p. ex.) para relatar de forma LIVRE a
situação dos direitos humanos nas diversas nações. ESSES RELATÓRIOS PRODUZIDOS PELA
SOCIEDADE CIVIL COM O FIM DE SE GARANTIR A INDEPENDENCIA EM RELAÇÃO AO ESTADO É O
QUE SE CHAMAM DE RELATÓRIOS-SOMBRA! Um exemplo de coleta de relatórios-sombra é o
Universal Periodic da ONU ou Revisão Periódica Universal, que permite que as organizações da
sociedade civil dos diversos países compartilhem os relatórios-sombra que produzirem para o
monitoramento e incidência sobre os compromissos assumidos internacionalmente.

NORMAS DE INTERPRETAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E A


COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

- Resolução de conflitos entre direitos humanos: (i) Colisão de direitos em sentido estrito:
Constatadas quando o exercício de um determinado direito prejudica o exercício de outro direito do
mesmo titular ou titular diverso; (ii) Colisão de direitos em sentido amplo: Consiste no exercício de
um direito que conflita ou interfere no cumprimento de um dever de proteção de um direito
qualquer por parte do Estado. Há duas teorias que solucionam esse conflito: Teoria interna (tudo
ou nada): os limites são fixados a priori, através da interpretação, em um processo interno ao próprio
direito, sem a influência de outras normas constitucionais. Esses direitos vão ter sempre a estrutura
de regras.

Teoria externa (ponderação de direitos): o conteúdo permitido de um direito vai depender da


análise de outros direitos envolvidos no caso, cabendo a análise do postulado da
PROPORCIONALIDADE, que possui os seguintes fundamentos:

Adequação das Necessidade das medidas Proporcionalidade em


medidas estatais à sentido estrito
realização dos fins
propostos
Examina-se se a Busca-se detectar se a decisão Ponderação (ou
decisão normativa normativa é indispensável ou equilíbrio) entre a
restritiva de um se existe outra decisão passível finalidade perseguida
determinado direito de ser tomada que resulte na e os meios adotados
fundamental resulta, mesma finalidade almejada, para sua consecução;
em abstrato, na mas que seja menos maléfica avaliação da relação
realização do objetivo ao direito em análise. custo-benefício da
perseguido; decisão normativa
avaliada.

A doutrina em geral aponta que a regra de interpretação das normas de proteção internacional dos
direitos humanos é a primazia da norma mais favorável, sempre buscando a maior proteção possível
do indivíduo.

- Discriminação direta: há um ato volitivo de discriminar, de retirar direitos ou colocar um grupo em


desvantagem. Discriminação indireta: quando um ato aparentemente neutro, inofensivo e
igualitário tem o efeito de colocar indivíduos ou grupos de desvantagem ou em perda de direitos,
trazendo consequências negativas.

- Nesse contexto, surgem as chamadas ações afirmativas, que consistem em medidas públicas ou
privadas, de caráter coercitivos ou não, adotadas com o fim de beneficiar grupos em situação de
desvantagem ou exclusão em virtude de uma condição que de algum modo cause, sob o ponto de
vista social, aquela situação de desvantagem ou exclusão (a chamada discriminação positiva),
buscando a realização de igualdade fática/real/substancial entre grupos a partir de medidas
formalmente desiguais

- Na responsabilidade internacional em face da violação de DH, há reconhecimento do dever


primário do Estado em prevenir violações de direitos protegidos, ou, ao menos, reparar os danos
causados às vítimas, para, somente após seu fracasso, poder ser invocada a proteção internacional.
Assim, no DIDH, o esgotamento dos recursos internos é condição de admissibilidade.Por isso, diz-se
que a atuação internacional é subsidiária.

- O Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) do art. 109, §5º, da CF é considerado um


instrumento jurídico decorrente do dever internacional do Estado Brasileiro de estabelecer recursos
internos eficazes e de duração razoável para a proteção dos direitos humanos.

- Neste IDC, debatem-se: (i) O direito violado no caso concreto; (ii) A violação da obrigação
internacional assumida pelo Estado brasileiro de prestar adequadamente justiça em prazo razoável.
#VAICAIRNAPROVA: Os requisitos do IDC são:
1) Legitimidade exclusiva de propositura do Procurador-Geral da República.
2) Competência privativa do Superior Tribunal de Justiça, para conhecer e decidir,
com recurso ao STF (recurso extraordinário).
3) Abrangência cível ou criminal dos feitos deslocados, bem como de qualquer
espécie de direitos humanos (abarcando todas as gerações de direitos) desde
que se refiram a casos de “graves violações” de tais direitos.
4) Permite o deslocamento na fase pré - processual (ex., inquérito policial ou
inquérito civil público) ou já na fase processual.
5) Relaciona-se ao cumprimento de obrigações decorrentes de tratados de
direitos humanos celebrados pelo Brasil.
6) Fixa a competência da Justiça Federal e do Ministério Público Federal para
atuar no feito deslocado.
#CONSTITUCIONALIDADE DO IDC: Prevalece na doutrina que a reforma
constitucional não ofende o federalismo: antes permite o equilíbrio, por meio de
um instrumento processual, cuja deliberação está nas mãos de tribunal de
superposição, o STJ, e ainda assegura que o Estado Federal possua mecanismos
para o correto cumprimento das obrigações internacionais contraídas.

TRATADOS, SEU PROCESSO DE INCORPORAÇÃO E INTERPETAÇÃO E CONTROLE DE


CONVENCIONALIDADE

Processo de incorporação dos tratados: (i) Celebração do tratado: Competência privativa do


Presidente da República; (ii) Referendo (resolução definitiva sobre tratados que acarretem
encargos): Anuência parlamentar (decreto legislativo); (iii) Ratificação: É competência do Presidente
(ato discricionário), após anuência do Congresso.

Teoria da junção de vontades ou teoria dos atos complexos: A Constituição exigiu um procedimento
complexo para a formação da vontade do Brasil no plano internacional, que une a vontade
concordante dos Poderes Executivo (art. 84, VIII, CF) e do Legislativo (art. 49, I, CF) no que tange aos
tratados internacionais.
10

#OBS1: Peculiaridade da incorporação dos tratados dos DH: rito especial do art. 5º, § 3º, CF. Este
rito é facultativo, deve ser requerido pelo Presidente da República, cabendo a escolha da sua
adoção ao Congresso Nacional.

#OBS2: As sentenças das Cortes Internacionais dispensam a homologação do STJ para serem
cumpridas no Brasil, sendo consideradas títulos executivos.

#RESUMO da natureza jurídica dos tratados de direitos humanos incorporados no ordenamento


jurídico brasileiro:

Até 1977 Todos os tratados revestiam-se de caráter SUPRALEGAL. Esse era o


posicionamento majoritário, muito embora houvesse precedentes
no caminho da tese da lei ordinária e do status constitucional.
Entre 1997 Nessa época, os tratados eram equiparados a LEI ORDINÁRIA. Tal
e 1988 visão era calcada no art. 102, III, “b”, da CRFB/88, que prevê a
competência do STF para julgar RE que tenha como objeto decisão
que declarar a inconstitucionalidade de tratado.
Atualmente Doutrina: Constitucionalidade material dos tratados de DH,
(CF/88) independentemente do procedimento de aprovação.
Jurisprudência:
ATÉ 2007: LEI ORDINÁRIA: A jurisprudência majoritária atual
(#POSIÇÃODEPROVA): SUPRALEGALIDADE (GILMAR MENDES),

10 Material gratuito “Ponto a ponto”: Por Danillo Guedes


salvo se aprovado com o procedimento das emendas
constitucionais – quórum qualificado de 3/5 e votação em 2 turnos
em ambas as casas, caso em que o status passa a ser
CONSTITUCIONAL (art. 5º, 2º);
Entendimento minoritário: CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL
(CELSO DE MELLO – HC 87.585/TO).

- Bloco de constitucionalidade: Em sentido amplo, abrange não apenas as normas constitucionais,


mas também normas infraconstitucionais vocacionadas a desenvolver a eficácia de preceitos da
Constituição. Há também o sentido estrito, que é mais utilizada pelo STF, mais precisamente pelo
Min. Celso de Mello, onde bloco de constitucionalidade é utilizado como parâmetro, restringindo-se
à CF, os princípios implícitos e os Tratados de DH aprovados a forma do art. 5 §3º. Qual a
consequência? As normas paramétricas de confronto no controle de constitucionalidade devem levar
em consideração não só a Constituição, mas também os tratados celebrados pelo rito especial.
Portanto, cabe acionar o controle abstrato e difuso de constitucionalidade, em todas as suas
modalidades, para fazer valer as normas previstas nesses tratados.

- Controle de convencionalidade: Trata-se do controle atribuído aos órgãos internacionais (ex: CIDH),
tendo como parâmetro a norma internacional e objeto a norma interna. NÃO CONFUNDIR com o
controle de constitucionalidade (difuso e concentrado) no âmbito interno. Diante da possibilidade
dos dois controles acima não serem coincidentes, André de Carvalho Ramos defende que os controles
nacionais e o controle de convencionalidade internacional interajam, permitindo o diálogo entre o
Direito Interno e o Direito Internacional. É a teoria do duplo crivo ou duplo controle de Direitos
Humanos teorizada por André de Carvalho Ramos.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Caso paradigmático do “beco sem saída” da interpretação


nacionalista dos tratados ocorreu no chamado “Caso da Guerrilha do Araguaia”. Pela primeira vez,
um tema (superação – ou não – da anistia a agentes da ditadura militar brasileira) foi analisado pelo
Supremo Tribunal Federal e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, havendo divergência
entre ambas.

#ATENÇÃO! Aplicação do entendimento da CIDH pelo STJ:


O crime de desacato não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico por ser incompatível com o
artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica.
A criminalização do desacato está na contramão do humanismo, porque ressalta a preponderância
do Estado - personificado em seus agentes - sobre o indivíduo.
A existência deste crime em nosso ordenamento jurídico é anacrônica, pois traduz desigualdade
entre funcionários e particulares, o que é inaceitável no Estado Democrático de Direito preconizado
pela CF/88 e pela Convenção Americana de Direitos Humanos. STJ. 5ª Turma. REsp 1640084/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 15/12/2016.
SISTEMA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Sistema Global: É administrado fundamentalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
seu principal órgão é o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos

1. ALTO 2. CONSELHO DE 3. COMITÊ DE DIREITOS HUMANOS


COMISSARIADO DIREITOS HUMANOS E PROTOCOLO FACULTATIVO AO
DAS NAÇÕES (UNHRC/CDH) PACTO DOS DIREITOS CIVIS E
UNIDAS PARA OS POLÍTICOS
DIREITOS
HUMANOS
(OHCHR)

É o principal O CDH é VINCULADO À Foi concebido para monitorar o


órgão da ONU, ASSEMBLEIA GERAL Pacto dos Direitos Civis e Políticos.
sendo parte da DA ONU, com sede em É, portanto, um órgão de tratado.
estrutura da Genebra. Ele O Comitê pode expedir
SECRETARIA- SUBSTITUIU A “recomendações finais”,
GERAL DA ONU. EXTINTA COMISSÃO expressando seu parecer acerca da
Função principal: DE DIREITOS aplicação do Pacto e apresentando
proteger e HUMANOS. as recomendações eventualmente
promover os FUNÇÃO GERAL: cabíveis. Pode também emitir as
direitos humanos promover o respeito “observações gerais”.
no mundo. NÃO universal aos direitos Pode também examinar,
EXAMINA humanos, podendo CONFIDENCIALMENTE, denúncias
CASOS. inclusive formular de violações dos direitos
COMPETÊNCIAS recomendações à consagrados no Pacto, observados
ESPECÍFICAS: Assembleia Geral. os seguintes requisitos:
apoio aos demais Ocupa-se de examinar a) o Estado acusado deve ser parte
órgãos da ONU; violações dos direitos do Protocolo, ou, se não for parte,
coordenação das humanos e de emitir ter reconhecido a competência do
atividades; apoio recomendações. Comitê.
aos Estados; PRINCÍPIOS DO b) A comunicação deve ser escrita;
prevenção de CONSELHO: c) Os recursos internos devem ter
violações; A) UNIVERSALIDADE; sido esgotados;
promover a B) IMPARCIALIDADE; d) Não haver litispendência
cooperação C) NÃO- internacional;
internacional. SELETIVIDADE; Por fim, o Comitê pode oferecer
No exercício de D) PROTEÇÃO DE seus bons ofícios para a solução de
sua função, TODAS AS um problema, inclusive por meio de
priorizará os DIMENSÕES DE uma “Comissão de Conciliação”.
casos mais DIREITOS HUMANOS E
urgentes de PROMOÇÃO DO Obs.1: o Comitê aceita PETIÇÕES
violação, DIÁLOGO INDIVIDUAIS ou DENÚNCIAS DE
especialmente os INTERNACIONAL. ESTADOS.
que envolvam o Obs.1: o Conselho
direito à vida e funcionará com base
grupos no diálogo e na ampla
vulneráveis. participação. Ele
Obs.: o Alto herdou da Comissão
Comissariado de Direitos humanos
NÃO EXAMINA os “procedimentos
CASOS. especiais”, que são
objeto de um mandato
conferido a um
especialista, chamado
“relator especial”
(special rapporteur).

Obs.2: tais
procedimentos podem
incluir visitas aos
Estados, desde que
haja prévia anuência
do Estado, através de
“convites
permanentes”
(standing invitations).
Obs.3: O Conselho
(CDH) NÃOACEITA
PETIÇÕES
INDIVIDUAIS.

a) DECLARAÇÃO A declaração NÃO É UM TRATADO, mas sim mera resolução,


UNIVERSAL DOS de caráter recomendatório, não vinculante. Suas normas
DIREITOS sejam consideradas materialmente regras costumeiras,
HUMANOS preceitos de soft law e princípios gerais do Direito.
A declaração não é exaustiva, permitindo outros direitos;
Orienta-se pelos princípios da UNIVERSALIDADE, IGUALDADE
E NÃO-DISCRIMINAÇÃO;
#OBS: Não trata da pena de morte.
Ao final, consagra a PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL.
b) PACTO Foi assinado em 1966 (Decreto 592/1992). Possui preceitos
INTERNACIONAL JURIDICAMENTE VINCULANTES(ao contrário da Declaração
SOBRE Universal).
DIREITOS CIVIS O seu art. 4º criar a possibilidade de DERROGAÇÃO
E POLÍTICOS TEMPORÁRIA DE CERTOS DIREITOS EM SITUAÇÕES
EXCEPCIONAIS QUE SEJAM PROCLAMADAS OFICIALMENTE
COMO TAL (ESTADO DE SÍTIO ETC.). Tal derrogação não pode
ser incompatível com as demais obrigações impostas aos
Estados pelo DIP, devendo ser respeitado um núcleo básico,
composto por:
- Proteção à vida e limitação à pena de morte (art. 6º);
- Proibição de tortura e tratamentos desumanos, cruéis ou
degradantes (art. 7º);
- Proibição da escravidão, servidão ou tráfico de escravos (art.
8º);
- Anterioridade da norma e irretroatividade da lei penal
maléfica;
- Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art.
16);
- Liberdade de pensamento, consciência e religião (art. 18).
c) PACTO Foi firmado em 1966 e promulgado Pelo Decreto 591/1992.
INTERNACIONAL Determina que os direitos sociais e culturais deverão ser
DOS DIREITOS exercidos sem discriminação. Todavia, os países em
ECONÔMICOS, desenvolvimento poderão determinar em que medida
SOCIAIS E garantirão os direitos reconhecidos no Pacto aos estrangeiros
CULTURAIS (art. 2, parágrafos 2º e 3º).
Consagra, dentre outros, direito ao trabalho; condições de
emprego justas e favoráveis; descanso, lazer, limitação das
horas de trabalho, alimentação, vestimenta e moradia
adequadas; proteção contra a fome, através de métodos de
produção, conservação e distribuição de alimentos e
educação nutricional;liberdade sindical; direito de GREVE (art.
8, parágrafo 1º, “d”);proteção especial às mulheres e crianças,
principalmente as mães; diminuição da mortalidade infantil,
prevenção ao tratamento de doenças; educação (primária,
secundária e técnico-profissional); proteção à família e ao
livre consentimento no ato de contrair matrimônio (art. 10);
direitos culturais e liberdade de criação;
d) TRATADO DE - TPI possui personalidade jurídica de direito internacional
ROMA (TPI) público;
- O TPI destina-se a julgar indivíduos, e não instituições como
os Estados. Os indivíduos estão sujeitas a ENTREGA (surrender
ou remise).
- Entrega ≠ extradição. A extradição é entre Estados. A
entrega é para o TPI, que é um organismo internacional.
- Imputabilidade internacional é atingida aos 18 anos;
- Responsabilidade penal internacional subjetiva;
- Princípio da irrelevância da qualidade oficial: as imunidades
diplomáticas não são oponíveis ao TPI;
- Pode examinar apenas atos cometidos no território dos
Estados-partes do Estatuto de Roma. Porém, poderá atuar
contra atos cometidos em territórios de Estados não
membros, desde que estes aceitem sua competência;
- Os juízes, procurador e secretário do TPI gozarão dos
mesmos privilégios e imunidades reconhecidos aos chefes de
missões diplomáticas;
- Sujeição aos princípios da legalidade, anterioridade da lei
penal, ne bis in idem, irretroatividade (salvo para beneficiar o
réu), vedação do emprego de analogia in malam partem,
igualdade, imparcialidade, contraditório, ampla defesa,
razoável duração do processo, publicidade, devido processo
legal etc.;
- Os Estados têm o dever de cooperar com o TPI quando
necessário;
- Não há pena de morte no TPI. Os crimes são imprescritíveis;
- O TPI possui alcance universal dos seguintes crimes: crimes
de guerra, crimes contra a humanidade, crimes de agressão e
genocídio.

#VAICAIRNAPROVA: Por fim, cabe sintetizar quais órgãos aceitam denúncias estatais e de indivíduos:

ÓRGÃO Aceita denúncias de ESTADOS? Aceita petições INDIVIDUAIS?


1) Alto Comissariado NÃO NÃO
2) Comitê (Pacto direitos NÃO NÃO
econômicos e sociais)
OBS: Consta no protocolo facultativo
tal possibilidade, porém não foi
aderido pelo BR
3) Conselho de DH SIM NÃO
4) Comitê para os Direitos das SIM NÃO
Crianças
OBS: Consta no protocolo facultativo
tal possibilidade, porém não foi
aderido pelo BR
5) Comitê de Direitos Humanos SIM SIM
(Pacto de direitos Civis)
6) Comitê Eliminação SIM SIM
Discriminação Racial
7) Comitê contra Tortura SIM SIM
8) Comitê Deficiência SIM SIM
9) Comitê sobre a Eliminação SIM SIM
da Discriminação contra a
Mulher

#DICAPARAMEMORIZAR: As temáticas que foram privilegiadas foram: MULHER, DEFICIÊNCIA,


TORTURA, RACIAL e DIREITOS CIVIS.

#QUADRO-RESUMO:

#REVISÃODEVÉSPERA:

a) CARTA DAS É o tratado que criou a Organização das Nações Unidas,


NAÇÕES UNIDAS também chamado de Carta da ONU, formada em 1945, em
São Francisco (Decreto 19.841/1945).

Ela não consagra direitos, nem cria órgãos específicos para


a sua proteção.
A proteção dos direitos humanos é prevista como objetivos
da Assembleia Geral e do Conselho Econômico e Social.

Obs.: não havendo ainda um tribunal internacional de


direitos humanos, nada impede que a Corte Internacional
de Justiça, principal órgão judiciário do Sistema das Nações
Unidas, também examine questões dessa natureza.

Mas se ligue: somente Estados acionam e são julgados pela


CIJ.

b) DECLARAÇÃO Proclamada em 1948, por meio de resolução da Assembleia


UNIVERSAL DOS Geral da ONU, a declaração NÃO É UM TRATADO, mas sim
DIREITOS mera resolução, de caráter recomendatório, não
HUMANOS vinculante.

MUITA ATENÇÃO: segundo PORTELA, na atualidade é


majoritário o entendimento de que os dispositivos
consagrados na Declaração são juridicamente vinculantes,
visto que os preceitos contidos em seu texto já foram
positivados em tratados posteriores e no Direito interno de
muitos Estados.

Seu prestígio faz com que suas normas sejam consideradas


materialmente regras costumeiras, preceitos de soft law,
princípios gerais do Direito ou princípios gerais do Direito
Internacional.

i. A declaração não é exaustiva, permitindo outros


direitos;

ii. Fundamenta-se no princípio de que todos nascem


iguais em dignidade e direitos;

iii. Orienta-se pelos princípios da UNIVERSALIDADE,


IGUALDADE E NÃO-DISCRIMINAÇÃO;

iv. Não trata da pena de morte.

v. Os direitos humanos não podem ser exercidos


contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
Unidas, pelo que o exercício de direitos não pode
justificar a violação de direitos de outrem (art. 29, III);

vi. Consagra:

• DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS:

o direito à vida, liberdade e segurança (art. 3º),


mas SEM REGULAR A PENA DE MORTE, que
ficou a cargo de instrumentos posteriores;

o Liberdade de pensamento, consciência,


religião, opinião e expressão, reunião e
associação pacíficas.

o Integridade pessoal, vedação da tortura,


direito de asilo;

o Direito a uma nacionalidade e a não ser


arbitrariamente privado de sua
nacionalidade;

o Direito de PROPRIEDADE, de não ser privado


arbitrariamente da sua propriedade (art. 17),
direito AUTORAL;

o Direitos POLÍTICOS: direito de tomar parte


no governo de seu país;

• DIREITOS SOCIAIS:

o Direito de FAMÍLIA (art. 14), de contrair


matrimônio;

o Direito DO TRABALHO: proibição da


escravidão, da servidão, do tráfico de
escravos, direito ao trabalho, a condições
justas e favoráveis, à proteção contra o
desemprego, igual remuneração, justa e
satisfatória, de organizar sindicatos,
repouso, lazer, limitação razoável das horas
de trabalho, férias remuneradas etc. (art. 23
e 24);

o Direito a um padrão de vida capaz de


assegurar o bem-estar, saúde, alimentação
vestuário etc.

o Proteção à maternidade;

o Direito à livre participação na vida cultural da


comunidade.

Ao final, consagra a PRIMAZIA DA NORMA MAIS


FAVORÁVEL.

Obs.1: a declaração não avança no sentido de estabelecer


órgãos específicos.

Obs.2: posteriormente, dois tratados diferentes foram


criados para complementar, que veremos abaixo.

c) PACTO Foi assinado em 1966 (Decreto 592/1992). Possui preceitos


INTERNACIONAL JURIDICAMENTE VINCULANTES (ao contrário da Declaração
SOBRE DIREITOS Universal).
CIVIS E POLÍTICOS Consagra:
(PACTO CIVIL)
i. Direito à autodeterminação dos povos (art. 1º)
NADA AUTORIZA QUALQUER AÇÃO QUE POSSA
AFETAR A INTEGRIDADE TERRITORIAL OU A
UNIDADE NACIONAL DE ESTADO JÁ EXISTENTE;

ii. O comprometimento do Estado em garantir a todos


os indivíduos que se encontrem em seu território os
direitos reconhecidos no Pacto;

iii. Igualdade entre todas as pessoas perante a lei (art.


26);
iv. Igualdade entre homens e mulheres;

v. Proteção às minorias étnicas, religiosas ou


linguísticas;

vi. Direito à vida;

vii. Para os Estados que recorram à pena de morte, o


Pacto determina sua imposição apenas nos casos de
CRIMES MAIS GRAVES;

viii. Proibição de tortura e vedação da imposição de uma


pessoa a experiências médicas ou científicas (art. 7º);

ix. Proibição de trabalhos forçados;

x. A prisão deve ocorrer apenas pelos motivos e dentro


dos procedimentos estabelecidos em lei. A pessoa
presa deverá ser informada desde logo dos motivos
de sua prisão e conduzida sem demora à autoridade
habilitada por lei;

xi. Proibição da prisão por mero descumprimento de


contrato (art. 11);

xii. Os presos provisórios devem ter tratamento distinto,


bem como os presos mais jovens;

xiii. Direito de ir e vir, livremente circular e sair de


qualquer país, bem como de não ser impedido de
entrar no Estado de sua nacionalidade;

xiv. Liberdade religiosa, de expressão etc. A liberdade de


expressão pode ser limitada por lei, com vista a
assegurar outros direitos, bem como proteger a
segurança nacional, a saúde ou a moral públicas;

xv. Direito de reunião pacífica e livre associação;

xvi. Direitos PROCESSUAIS: Igualdade das partes no


processo; Independência a imparcialidade dos
julgadores; Publicidade; Devido processo legal; Direito
à assistência de um intérprete; Presunção de
inocência; Direito a não depor contra si mesmo ou de
se confessar culpado; Julgamento célere; Indenização
por erro judiciário; Vedação do bis in idem; DIREITO
AO RECURSO À INSTÂNCIA SUPERIOR; anterioridade
da lei penal (salvo para beneficiar).

xvii. Direitos da CRIANÇA: direito ao nome, a uma


nacionalidade, de ser registrada após o seu
nascimento etc.

xviii. Direitos de proteção e reconhecimento da pessoa


jurídica (art. 16), proteção à família e ao casamento
(art. 23), acesso aos serviços públicos (art. 25);

xix. Direitos dos ESTRANGEIROS: direito contra a expulsão


arbitrária (art. 13);

xx. O seu art. 4º criar a possibilidade de DERROGAÇÃO


TEMPORÁRIA DE CERTOS DIREITOS EM SITUAÇÕES
EXCEPCIONAIS QUE SEJAM PROCLAMADAS
OFICIALMENTE COMO TAL (ESTADO DE SÍTIO ETC.).
Tal derrogação não pode ser incompatível com as
demais obrigações impostas aos Estados pelo DIP,
devendo ser respeitado um núcleo básico, composto
por:

o Proteção à vida e limitação à pena de morte


(art. 6º);

o Proibição de tortura e tratamentos


desumanos, cruéis ou degradantes (art. 7º);

o Proibição da escravidão, servidão ou tráfico


de escravos (art. 8º);

o Anterioridade da norma e irretroatividade da


lei penal maléfica;

o Direito ao reconhecimento da personalidade


jurídica (art. 16);

o Liberdade de pensamento, consciência e


religião (art. 18).

xxi. PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL

d) PACTO Foi firmado em 1966 e promulgado Pelo Decreto 591/1992.


INTERNACIONAL
Determina que os direitos sociais e culturais deverão ser
DOS DIREITOS
exercidos sem discriminação. Todavia, os países em
ECONÔMICOS,
desenvolvimento poderão determinar em que medida
SOCIAIS E
garantirão os direitos reconhecidos no Pacto aos
CULTURAIS
estrangeiros (art. 2, parágrafos 2º e 3º).

Consagra, dentre outros:

i. Direito ao trabalho;

ii. Condições de emprego justas e favoráveis, com igual


oportunidade de promoção a categoria superior;

iii. Descanso, lazer, limitação das horas de trabalho,


alimentação, vestimenta e moradia adequadas;

iv. Proteção contra a fome, através de métodos de


produção, conservação e distribuição de alimentos e
educação nutricional;

v. Liberdade sindical;

vi. Direito de GREVE (art. 8, parágrafo 1º, “d”) Mas


atente: a liberdade sindical pelos membros da
administração pública ou forças armadas e policiais
poderá ser restringido.

vii. Proteção especial às mulheres e crianças,


principalmente as mães;

viii. Diminuição da mortalidade infantil, prevenção ao


tratamento de doenças;

ix. EDUCAÇÃO:

o Educação PRIMÁRIA Obrigatória e


gratuita;

o Educação SECUNDÁRIA e a TÉCNICO-


PROFISSIONAL Deverão ser generalizadas
e tornar-se acessíveis a todos, com a
implementação progressiva do ensino
gratuito.

x. Autodeterminação dos povos (art. 1º);

xi. Proteção à família e ao livre consentimento no ato de


contrair matrimônio (art. 10);

xii. Direitos culturais e liberdade de criação;

xiii. PROMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL

e) Convenção para Firmada em 1948 (Decreto 30.822/52), logo após a II Guerra


a Prevenção e a Mundial.
Repressão do São puníveis não só o genocídio, como também o ACORDO,
Crime de O INCITAMENTO, A TENTATIVA E A CUMPLICIDADE NO
Genocídio
ATO (art. 3).

#IMPORTANTE: GENOCÍDIO NÃO É CRIME POLÍTICO!

f) Convenção Firmada pelo Brasil em 1966 (Decreto 65.810/1969), tendo


Internacional por objetivo o combate à discriminação racial, sob os
sobre a Eliminação princípios da:
de todas as formas
o UNIVERSALIDADE;
de Discriminação o IGUALDADE;
Racial
o NÃO-DISCRIMINAÇÃO.

A discriminação racial não inclui apenas a discriminação por


motivo de raça, mas também pela cor, descendência ou
origem étnica ou nacional (art. 1º).
Obs.: não configuram discriminação racial as distinções,
exclusões, restrições e preferencias entre cidadãos e não
cidadãos, estabelecidas pelos Estados. Da mesma forma, as
políticas de ações afirmativas são possíveis.

Pela Convenção, os Estados são obrigados a combater a


propaganda e as organizações que se inspirem em idéias ou
teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um
grupo étnico (art. 4º).

g) Convenção Firmada em 1979, promulgada pelo Decreto 86.460/84, visa


sobre Eliminação a conferir maior peso político e jurídico à proteção da
de Todas as dignidade da mulher, com a adoção pelos Estados de
Formas de medidas especiais (INCLUSIVE DE CARÁTER TEMPORÁRIO)
Discriminação destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e
contra a Mulher a mulher.

Além disso, os Estados devem combater o tráfico e a


exploração da mulher (Art. 6).

Por fim, consagra a proibição da discriminação por motivo


de casamento, consagrando ainda o direito da mulher ao
acesso a serviços médicos que atendam às peculiaridades
da condição feminina.

h) Convenção Foi celebrada em 1984.


contra a Tortura e
Para fins de Convenção, a tortura consiste no “ato pelo qual
outros dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são
Tratamentos ou
infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter,
Penas Cruéis,
dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de
Desumanos ou
castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha
Degradantes
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou
coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer
motivo baseado em discriminação de qualquer natureza;
quando tais dores ou sofrimentos são infligidos POR UM
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ou outra pessoa no exercício de
funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
consentimento ou aquiescência”.

De acordo com a Convenção, NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA


EXCEPCIONAL PODERÁ SER INVOCADA PARA JUSTIFICAR A
TORTURA, como a ameaça ou o estado de guerra,
instabilidade política etc.

Determina, ainda que:

o Os Estados são competentes para prender


indivíduos que se encontrem em seus territórios
(extraterritorialidade) e que tenham cometido atos
de tortura em outros Estados e, caso não os
extraditem, são também competentes para
processá-los e julgá-los;

o Os Estados deverão cooperar no combate do


problema, inclusive por meio do fornecimento de
provas de atos de tortura (art. 9);

o A EXTRADIÇÃO, EXPULSÃO OU DEPORTAÇÃO PARA


O ESTADO ONDE EXISTA RISCO DE QUE A PESSOA
POSSA SOFRER TORTURA SÃO ATOS INADMITIDOS
pela Convenção (art. 3). Por outro lado, a tortura é
entendida como crime extraditável em qualquer
tratado (art. 8);

o Nenhuma declaração prestada sob tortura poderá


ser invocada como prova em qualquer processo,
salvo contra uma pessoa acusada de tortura como
prova de que a declaração foi prestada (art. 15);

o O Estado deve assegurar o direito de a vítima de


tortura apresentar queixa a respeito perante as
autoridades competentes, tomando as medidas
cabíveis para protegê-la contra qualquer
intimidação.

i) Convenção Foi firmada em 1989 (Decreto 99.710/90). Orienta-se pelo


sobre os Direitos princípio de que a criança necessita de proteção especial,
da Criança e em razão de sua falta de maturidade física e mental.
Protocolos Para fins da convenção, CRIANÇA É TODO INDIVÍDUO
Facultativos MENOR DE 18 ANOS, SALVO SE, DE ACORDO COM A LEI
APLICÁVEL À CRIANÇA, A MAIOIDADE SEJA ALCANÇADA
ANTES (ART. 1º). Nesse sentido, a Convenção não distingue
crianças de adolescentes.

Assegura que:

o As crianças são titulares de direitos sem distinção


de qualquer espécie, inclusive por conta de
fatores como impedimentos físicos, nascimento
ou qualquer outra condição de seus pais,
representantes legais ou familiares (art. 2);

o A criança tem direito à vida (art. 6) e, logo ao


nascer, ao nome, à nacionalidade e ao registro
civil (art. 7);

o O Estado deve conferir proteção especial às


crianças. No entanto, a tarefa não deve
considerar os direitos e deveres que os pais, os
responsáveis e a família como um todo continuam
a ter na educação dos filhos (art. 5);

o Toda criança tem direito de conhecer seus pais e


de ser cuidada por eles. A responsabilidade dos
pais é primordial (art. 18);

o Nenhuma criança deve ser separada dos pais. No


entanto, essa separação pode ocorrer, em caso
de maus tratos ou de descuido por parte de seus
genitores, ou quando estes vivem separados, e
uma decisão deva ser tomada a respeito do local
da residência do menor;

o A criança privada de seu ambiente familiar faz jus


à proteção estatal;

o Direito à liberdade de expressão das crianças,


com liberdade de buscar, receber e transmitir
informações e idéias de todos os tipos,
independentemente de fronteiras, de forma oral,
escrita ou impressa;

o Liberdade de pensamento, consciência e de


crença, de associação e reunião pacíficas e à
privacidade.

o Direito de condições satisfatórias de saúde, com


atenção especial às portadoras de necessidades
especiais;

o Direito à educação, que deve ser OBRIGATÓRIA


NO NÍVEL PRIMÁRIO.

o Dever dos Estados de combater o tráfico de


crianças para o exterior (art. 11); os maus tratos
físicos ou mentais; a exploração, inclusive sexual
(art. 19 e 34), incluindo a participação de menores
de 18 anos em espetáculos ou na produção de
materiais pornográficos; exploração econômica
(art. 32);

o Necessidade de os Estados estabelecerem a


jornada e condições de trabalho para as crianças,
vedado o trabalho perigoso ou que interfira na
sua educação, ou que seja nocivo à saúde;

o Vedação do tráfico do tráfico de crianças (art. 35)


e o envolvimento de crianças em conflitos
armados MENORES DE 15 ANOS NÃO
PODERÃO SE ENVOLVER EM HOSTILIDADES QUE
ENVOLVEM OS CONFLITOS ARMADOS (art. 38);

o A adoção é regulada pela Convenção (art. 21),


devendo atender aos maiores interesses da
criança e ser concedida apenas pelas autoridades
competentes. A adoção por estrangeiros é
permitida, mas apenas apos esgotadas as
alternativas internas, não devendo envolver
benefícios financeiros;

Obs.1: a Convenção estabelecer que CABE AOS ESTADOS


DEFINIREM UMA IDADE MÍNIMA DA IMPUTABILIDADE
PENAL.

j) Protocolo Firmada em 2000, parte da necessidadade de proteção da


Facultativo à criança contra toda forma de exploração e de atos
Convenção sobre prejudiciais a seu desenvolvimento saudável.
os Direitos da
Parte também do princípio de que a abordagem da questão
Criança referente
deve ser HOLÍSTICA.
à Venda de
As medidas previstas no Protocolo incluem:
Crianças, à
Prostituição • Recursos à cooperação internacional;

Infantil e à • Assistência e recuperação de vítimas (art. 4-12);

Pornografia • O Protocolo Facultativo sobre os Direitos das

Infantil de 2000 Crianças relativo aos Envolvimento de Crianças em


CONFLITOS ARMADOS foi firmado em 2000. Ele
determina que os Estados devem proteger os
menores de 18 anos contra o impacto de guerra. Os
Estados também devem, progressivamente, elevar a
idade mínima de recrutamento, que atualmente é de
15 anos, exigência que não se aplica a escolas
operadas ou controladas pelas forças armadas dos
Estados Partes (art. 3), como colégios militares. A
norma também se aplica aos grupos armados
distintos das forças armadas de um Estado (art. 4).

l) Regras Mínimas No campo específico da proteção da criança e do


da ONU para adolescente, a comunidade internacional vem
Administração da demonstrando crescente preocupação com a situação dos
Justiça da Infância menores de 18 anos. Os principais documentos são:
e Juventude
i. Regras Mínimas da ONU para a Administração da
(REGRAS DE
Justiça da Infância e Juventude (Regras de BEIJING)
BEIJING), Regras
Resolução 40/33, de 1985;
Mínimas da ONU
ii. Regras mínimas da ONU para Proteção dos Jovens
para a proteção
Privados de Liberdade Resolução 45/113, de 1990;
dos Jovens
Privados de iii. Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da

Liberdade Delinquência Juvenil (Diretrizes de Riade)

(DIRETRIZES DE Resolução 45/112, de 1990.

RIADE) e Diretrizes
das Nações Unidas
para a Prevenção
da Delinquência
Juvenil

m) Declaração e Firmada em 1993, por ocasião da Conferência Mundial sobre


Programa de Ação Direitos Humanos. Seu objetivo é reafirmar os princípios da
de Viena (1993) proteção da dignidade da pessoa humana e atualizá-los ao
novo quadro internacional.

Tecnicamente, a Declaração de Viena NÃO É UM TRATADO,


consistindo apenas num documento de caráter político.
Assim, suas normas não são vinculantes (são soft law).

Destaca-se a preocupação com questões de caráter geral,


como a paz e o bem-estar, e temas específicos, como a
discriminação e a violência contra as mulheres e a situação
dos indígenas.
A Declaração salienta que os direitos humanos são “direitos
naturais”, de todos os seres humanos, e que sua natureza
universal está “fora de questão” (art. 1º).

#SELIGA: O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS


HUMANOS POSICIONA-SE OFICIALMENTE PELO
UNIVERSALISMO, EM DETRIMENTO DO RELATIVISMO.

De acordo com o art. 5º, os direitos humanos são


indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados,
devendo ser tratados pela comunidades internacional de
forma justa e equitativa.

Além disso, a soberania nacional não foi excluída da ordem


internacional, mas apenas limitadas. Assim, AS VIOLAÇÕES
A DIREITOS HUMANOS EM UM ESTADO DEVEM SER
OBJETO DE AÇÃO POR MEIO OU COM A ANUÊNCIA DA
ONU OU DE OUTRO ORGANISMO LEGITIMADO PARA TAL, e
nunca por iniciativa unilateral.

A Declaração reconhece que a extrema pobreza inibe o


pleno e efetivo exercício dos direitos humanos. Além disso,
manifesta preocupação com o manejo ilícito de substâncias
e de resíduos tóxicos.

Por fim, reitera que é dever prioritário dos Estados


ELIMINAR TODAS AS FORMAS DE RACISMO E
DISCRIMINAÇÃO RACIAL

n) Regras Mínimas As regras sobre tratamento de presos estão em vários


das Nações Unidas diplomas internacionais:
para o Tratamento 1º - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
de Presos
Por ela, os presos não poderão ser submetidos a tortura,
nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante (art. 5), regra repetida pelo Pacto dos Direitos
Civis e Políticos (art. 7), que amplia o marco legal da
proteção do recluso.

2º - PACTO DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

Consagra que:

i. A privação de liberdade não pode ocorrer


arbitrariamente;

ii. O preso deve ser informado das razões da prisão e


notificado, sem demora, das acusações;

iii. O preso deverá ser conduzido, sem demora, à


presença da autoridade judicial, com direito a ser
julgado em prazo razoável ou de ser posto em
liberdade;

iv. A prisão preventiva deve ser excepcional;

v. O preso tem direito a recorrer ao tribunal;

vi. O regime penitenciário terá como objetivo principal a


reforma e a reabilitação moral dos detentos;

vii. O preso poderá ser obrigado a trabalhar, sem que isso


configure trabalho forçado (art. 8, “c”, par. 1).

3 – REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DE RECLUSOS


(Res. de 1955, atualizada em 1957)

Objetiva estabelecer normas gerais de uma organização


penitenciária compatível com a dignidade humana e os
padrões internacionais mínimos relativos ao tratamento de
reclusos. Consagra que:

i. Regra geral, os presos não podem ser tratados de


maneira discriminatória;

ii. São detidos separadamente: mulheres e homens;


presos preventivos e condenados; reclusos do foro
civil e do foro criminal; jovens e adultos;
iii. No momento da admissão, cada recluso deve receber
informação escrita ou oral (se analfabeto) sobre o
regime aplicável aos detentos da sua categoria, as
regras disciplinares do estabelecimento e os meios
autorizados para obter informações e formular
queixas;

iv. Idealmente, salvo circunstâncias excepcionais, as celas


não devem ser ocupadas por mais de um recluso;

v. Os reclusos devem ter contato com o mundo exterior;

vi. Nenhum recluso pode ser punido sem ter sido


informado da infração de que é acusado e sem que
lhe seja dada uma oportunidade adequada de defesa;

vii. Todo menor de dezoito anos privado de sua liberdade


terá direito a manter contato com sua família, por
meio de correspondência ou de visitas, salvo em
circunstâncias excepcionais. Terá, por fim, direito a
assistência jurídica.

o) Protocolo de Foi assinado em 2000. Seu objetivo é promover a


Prevenção, cooperação internacional para prevenir e combater o tráfico
Supressão e de pessoas, especialmente mulheres e crianças, prevenindo
Punição do Tráfico e combatendo o tráfico de pessoas, com especial atenção às
de Pessoas, mulheres e às crianças; proteger e ajudar as vítimas do
especialmente tráfico, com respeito pleno aos seus direitos humanos; e
Mulheres e promovendo a cooperação entre os Estados Partes com a
Crianças, finalidade de atingir tais objetivos.
complementar à A expressão “tráfico de pessoas” abrange o recrutamento,
Convenção das
transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de
Nações Unidas
pessoas por meio de artifícios com a ameaça ou o uso da
contra o Crime força, a coação em geral, o rapto, a fraude, o engano, o
Organizado
abuso de autoridade, a situação de vulnerabilidade, ou,
Transnacional
ainda, a entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios
para obter o consentimento de uma pessoa que tenha
autoridade sobre outra para fins de exploração.

Cabe destacar que o CONSENTIMENTO DA VÍTIMA É


IRRELEVANTE CASO QUALQUER DOS MEIOS TENHA SIDO
EMPREGADO.

Também serão considerados ilícitos a TENTATIVA de tráfico,


a CUMPLICIDADE e a ORGANIZAÇÃO ou INSTRUÇÃO de
ações de tráfico de pessoas (art. 5).

Os Estados deverão tomar medidas para prevenir o tráfico


de pessoas, especialmente mulheres e crianças, o que
incluirá o intercâmbio de informações entre autoridades
competentes, mediante a assistência e proteção às vítimas
de tráfico de pessoas (inclusive proteção da privacidade e
da identidade das vítimas de tráfico de pessoas); medidas
que permitam a recuperação física, psicológica e social das
vítimas de tráfico de pessoas; segurança física das vítimas
de tráfico de pessoas; viabilização da possibilidade de, no
sistema jurídico, as vítimas obterem indenização por
danos sofridos; medidas que permitam às vítimas de
tráfico permanecerem no território do Estado Parte a
título temporário ou permanente.

*#NOVIDADELEGISLATIVA: Em 06 de outubro de 2016, foi


editada, no Brasil, a Lei 13.344/2016, que dispõe sobre
prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de
pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas; altera a Lei
no 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro),
o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), e o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal); e revoga art. 231 e art. 231-A do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal).
p) Convenção O Brasil é parte da Convenção de Nova Iorque e de seu
Internacional Protocolo Facultativo, assinados pelo Estado brasileiro em
sobre os Direitos 2007. (Decreto 6.949/2009).
das Pessoas com
Os tratados em apreço são os primeiros atos internacionais
Deficiência e seu que se revestem do status de emenda constitucional no
Protocolo Brasil.
Facultativo
A Convenção visa a promover, a proteger e a assegurar o
exercício pleno e equitativo dos direitos humanos por todas
as pessoas portadoras de deficiência e a fomentar o
respeito pela dignidade que lhes é inerente (art. 1º),
tratando-as em condições de igualdade, de modo a corrigir
as desvantagens sociais.

Entende-se por deficiência as pessoas que têm


impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdades de condições com as
demais pessoas.

Os princípios da Convenção de Nova Iorque estão em seu


art. 3, quais sejam:

a) Respeito pela dignidade inerente a todos os


portadores de deficiência;

b) Autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer


as próprias escolhas;

c) A independência das pessoas;

d) A não-discriminação;

e) A plena e efetiva participação e inclusão na


sociedade;

f) O respeito pela diferença e pela aceitação das


pessoas com deficiência como parte da diversidade
humana e da humanidade;

g) Acessibilidade;

h) Igualdade entre a mulher e o homem;

i) Respeito pelo desenvolvimento das capacidades das


crianças.

Os deficientes são titulares dos mesmos direitos de


qualquer outro ser humano, como o direito de não serem
discriminados, a proteção especial das mulheres e das
crianças com deficiência, o direito à vida, liberdade, acesso à
justiça, prevenção contra exploração etc.

Além disso, a Convenção tutela questões específicas dos


portadores de deficiência, tais como:

• Conscientização em relação à situação dessas


pessoas (art. 8);
• Acessibilidade (art. 9);
• Vida independente e inclusão na comunidade (art.
19);
• Mobilidade pessoal (art. 20);
• Habilitação e reabilitação (art. 26);
• Educação, saúde, trabalho etc.

q) Direitos O Sistema de Proteção Internacional dos Direitos Humanos


humanos e no âmbito global tem se importado bastante com a situação
comunidades das comunidades tradicionais, que incluem, no Brasil, os
tradicionais povos indígenas.

Tal atitude parte da noção de universalidade dos direitos


humanos, partindo do art. 27 do Pacto dos Direitos Civis e
Políticos, que dispõe: “Nos estados em que haja minorias
étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a
essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter,
conjuntamente com outros membros de seu grupo, sua
própria vida cultural, de professar e praticar sua própria
religião e usar sua própria língua.”.

Destacam-se:

i. DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O


DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS (RES. 1/2 DO
CONSELHO DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU DE
2006 E RES. 61/295, DE 2007, DA ASSEMBLEIA GERALD
A ONU) Como mera declaração que é, NÃO TEM
CARÁTER VINCULANTE.

Dispõe que os povos indígenas têm os mesmos


direitos de todos os demais grupos humanos.
Entretanto, fundamenta-se também na noção de que
tais povos devem ser respeitados em suas
particularidades.

Os povos indígenas têm direito à


AUTODETERMINAÇÃO, pelo qual “determinam
livremente sua condição política e buscam livremente
seu desenvolvimento econômico, social e cultural” e
“têm direito à AUTONOMIA ou ao AUTOGOVERNO nas
questões relacionadas a seus assuntos internos e
locais, assim como a disporem dos meios para financiar
suas funções autônomas” (arts 3-5).

A Declaração consagra também o direito a “manter e


desenvolver seus sistemas ou instituições políticas,
econômicas e sociais” e a “determinar e elaborar
prioridades e estratégias para o exercício do seu direito
ao desenvolvimento”(art. 20).

Os povos indígenas têm “direito à VIDA, à


INTEGRIDADE física e mental, à LIBERDADE e à
SEGURANÇA pessoal” e não poderão ser submetidos a
atos de genocídio, violência, transferência forçada de
crianças para outro grupo ou assimilação forçada,
privação de terras ou remoção compulsória das áreas
onde habitam e destruição de sua cultura, dentre
outros (arts. 7, 8 e 10).

Os artigos 11 a 16, 24, 25, 33 e 34 consagram o direito


de preservar sua CULTURA, TRADIÇÕES, COSTUMES e
práticas religiosas, incluindo o direito a conservar
locais e bens de relevância cultural.

Os povos indígenas também têm o direito de


estabelecer e controlar seus sistemas e instituições
educativos, que ofereçam educação em seus próprios
idiomas, em consonância com seus métodos culturais
de ensino e de aprendizagem.

Também têm o direito de desfrutar plenamente de


todos os direitos estabelecidos no direito trabalhista
internacional e nacional aplicável (art. 17).

O direito à TERRA é regulado pelos artigos 26 a 28 e


32. Por esses dispositivos, restou consagrado que “os
povos indígenas têm direito às terras, territórios e
recursos que possuem e ocupam tradicionalmente ou
que tenham de outra forma utilizado ou adquirido”.
Assim, devem os Estados estabelecer procedimentos
de reconhecimento das terras indígenas.

Por fim, têm direito à REPARAÇÃO PELAS TERRAS,


TERRITÓRIOS E RECURSOS QUE POSSUÍAM
TRADICIONALMENTE OU DE OUTRA FORMA
OCUPAVAM E TENHAM SIDO CONFISCADOS OU
TOMADOS.

Os ovos indígenas não podem ser privados ou


removidos à força de suas terras.

A proteção do MEIO AMBIENTE e PATRIMÔNIO


CULTURAL encontra previsão nos artigos 29 a 31.
Dentre os direitos elencados, está consagrada a
proibição de atividades militares, salvo no interesse
público ou livremente decididas com os povos
interessados, ou por estes solicitadas.

No que concerne às atividades culturais, os povos


indígenas têm o direito de manter, controlar,
proteger e desenvolver seu patrimônio cultural, seus
conhecimentos tradicionais, suas expressões culturais
tradicionais e as manifestações de suas ciências,
tecnologias e culturas, compreendidos os recursos
humanos e genéticos, os medicamentos, o
conhecimento das propriedades da fauna e da flora,
as tradições orais, as literaturas, os desenhos,
esportes e jogos tradicionais e as artes visuais
interpretativas.

ii. CONVENÇÃO 169 DA OIT SOBRE POVOS INDÍGENAS E


TRIBAIS

Firmada em 1989, a Convenção 169 da OIT versa sobre


os direitos das comunidades tradicionais em geral,
incluindo direitos relacionados ao universo laboral,
com teor muito semelhante ao da Declaração das
Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Atente: o Direito Internacional do Trabalho, embora


enfatize o universo laboral, se preocupa com a
melhoria da vida humana como um todo.

A convenção é regida pelo PRINCÍPIO DA NÃO-


DISCRIMINAÇÃO, segundo o qual “os povos indígenas
e tribais deverão gozar plenamente dos direitos
humanos e liberdades fundamentais, sem obstáculos
nem discriminação” (art. 3).
A Convenção visa a promover a maior participação
possível das comunidades tradicionais nas decisões
acerca de seus destinos, determinando o seu
envolvimento em qualquer iniciativa referente a
políticas de seu interesse. Objetiva também fortalecer
as comunidades tradicionais, conferindo-lhes o
direito a determinar suas próprias prioridades no
tocante aos respectivos processos de
desenvolvimento (arts. 6 e 7).

As comunidades tradicionais têm direito “a conservar


seus costumes e instituições próprias, INCLUSIVE
MÉTODOS AOS QUAIS OS POVOS INTERESSADOS
RECORREM TRADICIONALMENTE PARA A REPRESSÃO
DOS DELITOS cometidos pelos seus membros”, desde
que não sejam “incompatíveis com os direitos
fundamentais”.

Se ligue: as comunidades tradicionais PODEM


MANTER SEUS MÉRTODOS DE REPRESSÃO AOS
DELITOS, desde que compatíveis com os direitos
fundamentais.

Os Estados deverão reconhecer aos povos


interessados os direitos de propriedade e de posse
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, além
de tomar providências para salvaguardar o direito dos
povos interessados de utilizar terras que não estejam
exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais,
tradicionalmente, tenham tido acesso para suas
atividades tradicionais e de subsistência.

Em caso de pertencer ao Estado a prioridade dos


minérios ou dos recursos do subsolo, ou de ter
direitos sobre, ou de ter direitos sobre outros
recursos, existentes nas terras, os governos deverão
estabelecer ou manter procedimentos com vistas a
consultar os povos interessados. Além disso, os
povos interessados deverão participar sempre que
possível dos benefícios que essas atividades
produzam.

Os povos indígenas e tribais não deverão ser


transladados das terras que ocupam. Todavia, se a
saída for necessária, tal providência deve decorrer do
consentimento livre dos integrantes dessas
comunidades. Nesse caso, deverá ser providenciado o
retorno tão logo possível. Quando isso não for viável,
os povos interessados deverão idealmente receber
terras cuja qualidade e estatuto jurídico sejam pelo
menos iguais.

Por fim, os Estados deverão adotar medidas, inclusive


por meio de lei adequada, para impedir “toda intrusão
não autorizada nas terras dos povos interessados” ou
“todo uso não autorizado das mesmas por pessoas
alheias a eles”.

Deverão adotar medidas especiais para garantir aos


trabalhadores proteção eficaz em matéria de
contratação e condições de emprego, inclusive com
programas de formação profissional que atendam às
necessidades especiais dos povos, com ênfase no
artesanato, indústria rural e comunitária, atividades
tradicionais etc.

Por fim, a Convenção 169 se preocupa com questões


relativas à saúde e à seguridade social (arts. 24 e 25), à
educação, à cooperação entre comunidades
tradicionais e à administração de programas
governamentais.
Sistema Regional: Os mais conhecidos são o Europeu, o Africano e o Interamericano. O
interamericano é organizado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), sendo seus principais
órgãos: a Comissão e a Corte de Direitos Humanos.

COMISSÃO INTERAMERICANA DE CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS


DIREITOS HUMANOS HUMANOS
NÃO é órgão jurisdicional. É ÓRGÃO JURISDICIONAL.
COMPETÊNCIAS: formular COMPETÊNCIA: processar e julgar
recomendações; preparar estudos; qualquer caso relativo à interpretação e à
solicitar informações aos Estados; aplicação das disposições do Pacto de São
atender às consultas dos Estados; José; apreciar consultas; emitir pareceres;
prestar assessoramento; apresentar realizar controle de convencionalidade.
relatório anual à Assembleia Geral Sua competência é CONTENCIOSA E
da OEA. CONSULTIVA (arts. 61-64).
A comissão pode receber PETIÇÕES -
INDIVIDUAIS relativas a violações do
ESTADO.
Legitimidade para seu acionamento:
Somente os ESTADOS-PARTES e a
Estados; Órgãos da OEA; QualquerCOMISSÃO podem submeter casos à
pessoa/grupo/entidade não
Corte.
governamental legalmente
Além disso, SOMENTE ESTADOS PODEM
reconhecida em um ou mais Estados-
SER RÉUS.
membros da OEA. Assim, o indivíduo não tem legitimidade
ativa nem passiva na Corte.
ATENÇÃO: A CLÁUSULA QUE PREVÊ ATENÇÃO: A Corte somente pode atuar
O DIREITO DE PETIÇÃO INDIVIDUAL APÓS A APRECIAÇÃO DA SITUAÇÃO
É OBRIGATÓRIA, AO PASSO QUE A PERANTE A PRÓPRIA COMISSÃO!
CLÁUSULA DE COMUNICAÇÕES
INTERESTATAIS É FACULTATIVA.
REQUISITOS: REQUISITOS:

• Esgotamento dos recursos • Aceitação da competência;


internos, salvo ineficácia ou inércia; • Prévia avaliação pela Comissão;
• Petição apresentada dentro do • Quorum para deliberação: 5 juízes.
prazo de 6 (seis) meses após a Obs.: o Brasil reconheceu a competência
notificação da decisão interna obrigatória da corte por prazo
definitiva; indeterminado e fatos ocorridos após
• Matéria não pendente em 1998. Esse reconhecimento foi feito SOB
outro órgão internacional. RESERVA DE RECIPROCIDADE.

ATENÇÃO: NÃO É NECESSÁRIO O A sentença é obrigatória e INAPELÁVEL.
ENDOSSO DO ESTADO OU A Todavia, no caso de divergência, cabe
COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE pedido de esclarecimento, DENTRO DO
VÍTIMA. PRAZO DE 90 DIAS.
O exame do caso gera um relatório ALÉM DISSO, É DISPENSADA A
(solução amistosa), a partir do qual HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA NA
são elaboradas recomendações, ou CORTE PARA FINS DE APLICAÇÃO NO
encaminhamento do caso à Corte (a BRASIL.
própria comissão pode remeter à
corte).
Se nenhuma das alternativas do
relatório vier a ocorrer em TRÊS
MESES, a Comissão novamente fará
as recomendações e fixará novo
prazo. Após esse prazo, a comissão
decidirá, pelo voto da MAIORIA
ABSOLUTA, se o Estado tomou ou
não as medidas.

Atenção: a Comissão poderá


remeter o caso à Corte
INDEPENDENTEMENTE DE
QUALQUER AÇÃO DOS ESTADOS OU
DOS EVENTUAIS INTERESSADOS.

Obs.: o Brasil formulou RESERVAS ao


Pacto de São José, no que concerne
ao direito automático de a comissão
fazer visitas e inspeções in loco.

a) Pontos relevantes da Convenção Interamericana de Direitos Humanos (CIDH):

- Consagra o direito à VIDA “DESDE O MOMENTO DA CONCEPÇÃO”, proibindo o aborto, como regra
geral;

#ATENÇÃO: Dano a um projeto de vida é considerada pela CIDH uma das formas de violação de
direitos humanos, consistindo na lesão que compromete a liberdade de escolha de
determinado indivíduo e frustra, consequentemente, o seu projeto de vida.

- NÃO PROÍBE A PENA DE MORTE, mas VEDA O SEU RESTABELECIMENTO nos Estados onde tenha
sido abolida. A pena de morte não poderá ser imposta por CRIMES POLÍTICOS ou por ilícitos de
MENORES DE 18 ANOS;

- Veda o tráfico de mulheres, proibindo que presos sejam postos à disposição de particulares,
companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado (art. 6);

- Permite a prisão por dívida de pensão alimentícia, mas apenas nesse caso;
- GARANTIAS JUDICIAIS: julgamento célere, imparcialidade, igualdade das partes, presunção de
inocência, contraditório e ampla defesa; duplo grau de jurisdição; legalidade, irretroatividade penal
(salvo benéfica), direito à indenização por erro judiciário;

- DIREITOS CIVIS: direito de propriedade, liberdade de expressão, proibição da censura prévia,


exceto para proteger a infância e a adolescência, liberdade de expressão; proibição da expulsão
coletiva de estrangeiros;

- DIREITOS POLÍTICOS: direito de votar e ser votado;

Pergunta-se: Alguns direitos poderão ser suspensos em circunstâncias excepcionais? SIM! Em


caso de GUERRA ou de PERIGO PÚBLICO ou de OUTRA EMERGÊNCIA, estando em jogo a
independência e segurança do Estado, isso é possível.
#NÃO ESQUECER: Alguns direitos não podem ser suspensos: Direito ao reconhecimento da
personalidade jurídica e ao nome; Direito à vida e à integridade física; Proibição da escravidão e
da servidão; Princípios da legalidade e retroatividade; Liberdade de consciência e de religião,
proteção da família, direitos da criança, nacionalidade e direitos políticos.

- CLÁUSULA FEDERAL (art. 28): as normas da Convenção OBRIGAM O ESTADO INTEIRO, INCLUSIVE
AS UNIDADES FEDERAIS QUE O COMPÕEM. Essa cláusula, em realidade, orienta qualquer norma
internacional.

- Não se tolera o esquecimento penal de violações aos direitos fundamentais da pessoa humana,
nem legitima leis nacionais que amparam e protegem criminosos que ultrajaram, de modo
sistemático, valores essenciais protegidos pela Convenção.

- Medida provisória x Medida Cautelar: No sistema interamericano de proteção de direitos humanos,


em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos irreparáveis às
pessoas, existem medidas que podem ser tomadas tanto pela Comissão (chamadas de medidas
cautelares) quanto pela Corte (chamadas de medidas provisórias)11.

A Corte, nos casos sob sua análise, pode agir ex officio ou ainda por provocação das vítimas ou
representantes. Tratando-se de casos ainda não submetidos à sua consideração, a Corte só poderá
atuar por solicitação da Comissão.

11
Atenção à nomenclatura de ambas. O examinador pode trocá-las para tentar confundir.
b) Pontos relevantes protocolo adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em
Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PROTOCOLO DE SÃO SALVADOR): PRINCÍPIOS
NORTEADORES: Consagra os seguintes direitos: Seguridade social; Saúde; Direito ao meio ambiente
sadio (esse direito quase não é previsto no Sistema Global); Assistência especial à mãe; alimentação
das crianças; programas de formação familiar; Educação gratuita e obrigatória pelo menos no nível
básico; Normas específicas de proteção ao idoso; Proteção da velhice; Direitos dos deficientes.

c) Principais casos envolvendo o BRASIL na Corte Interamericana de DH:

4.5.1 Caso DECISÃO: Primeiro caso envolvendo o Brasil na CIDH, tendo sido
DAMIÃO condenado também a indenizar a família de Damião Ximenes Lopes
XIMENES e garantir a eficácia do processo judicial interno relativo ao caso e a
LOPES desenvolver um programa de formação e capacitação para o
pessoal vinculado ao atendimento de saúde mental.
4.5.2 Caso DECISÃO: por conta do “limitado suporte fático” de que dispunha,
NOGUEIRA a CIDH concluiu que não ficou demonstrado que o Estado tenha
DE violado os direitos às Garantias Judiciais e à Proteção Judicial
CARVALHO consagrados nos artigos 8 e 25 da Convenção Interamericana de
Direitos Humanos.
4.5.3 Caso DECISÃO: a CIDH declarou que o Brasil violou o direito à vida
ESCHER E privada e o direito à honra e à reputação de membros da ADECON e
OUTROS da COANA, bem como o direito à liberdade de associação e os
direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, fixando a
sentença a obrigação de o Estado brasileiro indenizar os
prejudicados e investigar os fatos que gerarem as violações
ocorridas nesse episódio.
4.5.4 Caso DECISÃO: a CIDH reconheceu que o Brasil violou o direito às
GARIBALDI garantias judiciais e à proteção judicial em prejuízo da família de
Sétimo Garibaldi e determinou a obrigação do Estado brasileiro de
indenizar seus familiares e de dar seguimento ao inquérito e
eventual processo judicial.
4.5.5 Caso DECISÃO: a CIDH declarou que “As disposições na Lei de Anistia
JÚLIA brasileira que impedem a investigação e sanções de graves violações
GOMES de direitos humanos são incompatíveis com aConvenção Americana,
LAND E carecem de efeitos jurídicos”.Assim, a CIDH condenou o Brasil a uma
OUTROS série de ações, dentre as quais a OBRIGAÇÃO DE INVESTIGAR OS
FATOS ligados à Guerrilha do Araguaia e de PUNIR OS
RESPONSÁVEIS, bem como de DETERMINAR O PARADEIRODAS
VÍTIMAS DESAPARECIDAS e, se for o caso, identificar e entregar os
restos mortais a seus familiares.
4.5.6. Trata do desaparecimento e trabalho escravo de diversas pessoas,
CASO em especial crianças e adolescentes, em fazendas localizadas em
FAZENDA Sapucaia/PA. Em sua condenação, a CIDH reconheceu pela primeira
BRASIL vez a existência de discriminação estrutural histórica, em razão do
VERDE contexto no qual ocorreu a violação dos direitos humanos das
vítimas, que eram pessoas extremamente hipossuficientes, que
eram escolhidas justamente por sua condição de extrema pobreza.

Atualmente temos ainda outros casos que foram submetidos pela Comissão à Corte e aguardam
julgamento:
- Caso Cosme Rosa Genoveva e outros vs. Brasil (“Caso Favela Nova Brasília”): O caso trata de
diversas execuções extrajudiciais realizadas por agentes da polícia civil na Favela Nova Brasília no Rio
de Janeiro, situada dentro do Complexo do Alemão. Algumas das vítimas eram adolescentes que
teriam submetidos a atos sexuais e tortura antes de serem assassinados.

- Caso Índios Xucuru vs Brasil: O caso está relacionado com a violação do direito à propriedade
coletiva do povo indígena Xucuru em consequência da demora excessiva no processo administrativo
de reconhecimento, titulação, demarcação e delimitação de suas terras e territórios ancestrais. A
Comissão Interamericana destacou a violação do direito à propriedade coletiva pela falta de
regularização total desse território ancestral desde 1998; b) violação dos direitos à integridade
pessoal dos indígenas Xucuru; e c) violação dos direitos às garantidas judiciais e proteção judicial.

- Caso Vladimir Herzog vs Brasil: Trata da prisão arbitrária, tortura e morte do jornalista Vladimir
Herzog em uma instalação do exército em 25 de Outubro de 1975, além da impunidade em curso por
conta da Lei de anistia promulgada durante a ditadura militar brasileira. A Comissão Interamericana
concluiu que o Estado brasileiro é responsável pelas violações ao direito à vida, direito às garantias
judiciais e proteção judicial (artigo 25.1, CADH). Além de violar também a Convenção Interamericana
de prevenção à tortura.

d) Casos envolvendo OUTROS PAÍSES, citados pelo STF:

Caso PALAMARA A CIDH decidiu que a jurisdição penal militar, em


IRIBARNE X REPÚBLICA tempo de paz, deveria julgar apenas militares, em
DO CHILE decorrência dos atos praticados no serviço ativo das
forças armadas. Assim, o julgamento de civis por foros
militares violaria o princípio do juiz natural.
Caso CANTORAL A CIDH decidiu que “é contrária à presunção de
BENAVIDES X inocência a exibição de uma pessoa aos meios de
REPÚBLICA DO PERU comunicação vestida com traje infamante”.

Opiniões consultivas utilizadas pelo STF:


A Opinião Consultiva nº 5 manifestou-se no sentido de
que não seria compatível com a Convenção
Opinião Consultiva nº Interamericana uma lei que impedisse o exercício da
5/1985 profissão para quem não tivesse formação
universitária.

O STF reconheceu a inconstitucionalidade da exigência


de diploma de jornalismo para exercício do labor de
jornalista, conforme decisão no Recurso Extraordinário
5119611, onde há a proteção ao direito de informação e
à liberdade de expressão.
O STF reconheceu o direito do estrangeiro de ser
Opinião Consultiva nº informado sobre a existência de assistência consular
16/1999 gratuita, aplicando a opinião consultiva número 16 de
1999 da Comissão Interamericana, na extradição n.
954/2006.

- 100 Regras de Brasília e desenvolvimentos no âmbito da Organização dos Estados Americanos


relacionados à Defensoria Pública: As presentes Regras têm como objetivo garantir as condições de
acesso efetivo à justiça das pessoas em condição de vulnerabilidade.

- Consideram-se em condição de vulnerabilidade aquelas pessoas que, por razão da sua idade,
género, estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, econômicas, étnicas e/ou culturais,
encontram especiais dificuldades em exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os direitos
reconhecidos pelo ordenamento jurídico.

- São destinatários destas regras: a) Os responsáveis pela concepção, implementação e avaliação de


políticas públicas dentro do sistema judicial; b) Os Juízes, Fiscais, Defensores Públicos, Procuradores
e demais servidores que laborem no sistema de Administração de Justiça em conformidade com a
legislação interna de cada país; c) Os Advogados e outros profissionais do Direito, assim como os
Colégios e Agrupamentos de Advogados; d) As pessoas que desempenham as suas funções nas
instituições de Ombudsman (Provedoria).
e) Polícias e serviços penais. f) E, com caráter geral, todos os operadores do sistema judicial e quem
intervêm de uma ou de outra forma no seu funcionamento.

- A privação da liberdade, ordenada por autoridade pública competente, ainda que legal, pode gerar
dificuldades para exercer com plenitude perante o sistema de justiça, o que justifica a aplicação das
regras.
- Impulsionar-se-ão as formas alternativas de resolução de conflitos naqueles casos em que seja
apropriado, tanto antes do início do processo como durante a tramitação do mesmo.

- Reflexos do Direito Internacional dos Direitos Humanos no direito brasileiro: O PNDH-1 provocou
duas grandes consequências no ordenamento jurídico brasileiro: tipificação do delito de tortura da
Lei n.º 9.455/97 (cumprimento do mandado de criminalização da CF/1988) e a criação do IDC em
casos de graves violações de direitos humanos (visto acima).

- O PNDH-2 estabelece diretrizes, objetivos estratégicos e ações programáticas voltadas a proteger


e promover os direitos humanos no Brasil, fixando EIXOS ORIENTADORES, sendo seus objetivos
estratégicos: promoção dos direitos humanos, monitoramento dos compromissos internacionais,
que abrange, como ações programáticas: (i) elaborar relatórios dirigidos aos órgãos de tratados da
ONU e às organizações do Sistema das Nações Unidas; (ii) institucionalizar fluxo de informações nos
órgãos governamentais de todas as esferas referentes aos relatórios internacionais de direitos
humanos e às recomendações;(iii) criar um banco de dados público sobre todas as recomendações
dos sistemas ONU e OEA feitas no Brasil.

- O Decreto 7.037/2009 aprovou o PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (PNDH-3) em que


o Poder Executivo tem papel protagonista na coordenação e implementação do PNDH-3, mas faz-se
necessária a definição de responsabilidades compartilhadas entre as seguintes entidades: União +
Estados + Municípios+ Distrito Federal+ Poderes Judiciário + Poder Legislativo + Ministério Público
e nas Defensorias.

COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

A Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil pelo desaparecimento forçado de


mais de 60 pessoas que lutaram contra a ditadura militar brasileira, na região do Araguaia, durante o
início da década de 70. Uma das determinações da CIDH foi a criação da Comissão Nacional da
Verdade que tem a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos
praticadas no período fixado no art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), a
fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional e teve
prazo até 16 de dezembro de 2014, para a conclusão dos trabalhos,
- A Comissão, composta de forma pluralista, será integrada por 7 (sete) membros, designados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros, de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados
com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos
direitos humanos, não podendo participar z que: (i) exerçam cargos executivos em agremiação
partidária, com exceção daqueles de natureza honorária; (ii) não tenham condições de atuar com
imparcialidade no exercício das competências da Comissão; (iii) estejam no exercício de cargo em
comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do poder público.

- Os dados, documentos e informações sigilosos fornecidos à Comissão Nacional da Verdade não


poderão ser divulgados ou disponibilizados a terceiros, cabendo ser resguardado o sigilo, sendo
dever dos servidores públicos e dos militares colaborar com a Comissão Nacional da Verdade.

#ATENÇÃO: As atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou


persecutório.

- As atividades desenvolvidas pela Comissão Nacional da Verdade serão públicas, exceto nos casos
em que, a seu critério, a manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para
resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas.

- As principais atribuições da Comissão são: (i) receber testemunhos, informações, dados e


documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do
detentor ou depoente, quando solicitada; (ii) requisitar informações, dados e documentos de
órgãos e entidades do poder público, ainda que classificados em qualquer grau de sigilo; (iii)
convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os
fatos e circunstâncias examinados; (iv) realizar audiência públicas.

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA E DIREIRO À SAÚDE MENTAL

- Pessoas em situação de rua e direito à saúde mental: Objetiva assegurar os direitos sociais da
população em situação de rua, criando condições para promover a garantia dos seus direitos
fundamentais, da sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.
- Tanto a política federal quanto estadual serão implementadas de forma descentralizada e
articulada entre os entes federativos que a ela aderirem por meio de instrumento próprio, sendo que
as atribuições e as responsabilidades serão compartilhadas.

- São princípios dessa Política Nacional: respeito à dignidade da pessoa humana; direito à convivência
familiar e comunitária; valorização e respeito à vida e à cidadania; atendimento humanizado e
universalizado; e respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade,
gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

- Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por intermédio da Secretaria


Nacional de Assistência Social, fomentar e promover a reestruturação e a ampliação da rede de
acolhimento a partir da transferência de recursos aos Municípios, Estados e Distrito Federal.

- No âmbito federal, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República instituirá
o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a População em Situação de Rua, destinado
a promover e defender os respectivos direitos.

MINORIAS E OUTROS GRUPOS VULNERÁVEIS

1. LGBTI: Segundo a Resolução 12/2015 do Conselho Nacional, deve ser garantido pelas instituições de
ensino o reconhecimento e a adoção do nome social àqueles cuja identificação civil não reflita
adequadamente sua identidade de gênero, mediante solicitação do próprio interessado. Deve ser
garantido, também o tratamento oral exclusivamente pelo nome social.

- Recomenda-se a utilização do nome civil para a emissão de documentos oficiais, garantindo


concomitantemente, com igual ou maior destaque a referência ao nome social.
- Segundo PIOVESAN, quatro princípios devem orientar direitos sexuais e reprodutivos: (a)
universalidade (b) indivisibilidade (c) diversidade e (d) democrático.
- Transexual: a retificação de registro de nascimento quanto ao nome e sexo de transgênero foi
analisada pelo STJ: A Turma, no REsp 737.993-MG, entendeu que, no caso, o transexual operado,
conforme laudo médico anexado aos autos, convicto de pertencer ao sexo feminino, portando-se e
vestindo-se como tal, fica exposto a situações vexatórias ao ser chamado em público
pelo nome masculino, visto que a intervenção cirúrgica, por si só, não é capaz de evitar
constrangimentos. Assim, acentuou que a interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei de
Registros Públicos confere amparo legal para que o recorrente obtenha autorização judicial a fim
de alterar seu prenome, substituindo-o pelo apelido público e notório pelo qual é conhecido no meio
em que vive, ou seja, o pretendido nome feminino. [...]. Nesse contexto, [...], decidiu-se autorizar a
mudança de sexo de masculino para feminino, que consta do registro de nascimento, adequando-se
documentos, logo facilitando a inserção social e profissional. Destacou-se que os documentos
públicos devem ser fiéis aos fatos da vida, além do que deve haver segurança nos registros
públicos. [...] Todavia, tal averbação deve constar apenas do livro de registros, não devendo constar,
nas certidões do registro público competente, nenhuma referência de que a aludida alteração é
oriunda de decisão judicial, tampouco de que ocorreu por motivo de cirurgia de mudança
de sexo, evitando, assim, a exposição do recorrente a situações constrangedoras e discriminatórias.
(STJ, REsp 737.993-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009 (Info n. 411)).
ENUNCIADO N. 42 do CNJ: quando comprovado o desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do
sexo oposto, resultando numa incongruência entre a identidade determinada pela anatomia de
nascimento e a identidade sentida, a cirurgia de transgenitalização é dispensável para a retificação
de nome no registro civil.
ENUNCIADO N. 43 do CNJ - É possível a retificação do sexo jurídico sem a realização da cirurgia de
transgenitalização.
Princípios de Yogyakarta: tratam-se de normas de direitos humanos e de sua aplicação a questões de
orientação sexual e identidade de gênero. O art. 3° dispõe: Toda pessoa tem o direito de ser
reconhecida, em qualquer lugar, como pessoa perante a lei. As pessoas de orientações sexuais e
identidades de gênero diversas devem gozar de capacidade jurídica em todos os aspectos da vida. A
orientação sexual e identidade de gênero autodefinidas por cada pessoa constituem parte essencial
de sua personalidade e um dos aspectos mais básicos de sua autodeterminação, dignidade e
liberdade. Nenhuma pessoa deverá ser forçada a se submeter a procedimentos médicos, inclusive
cirurgia de mudança de sexo, esterilização ou terapia hormonal, como requisito para o
reconhecimento legal de sua identidade de gênero. Nenhum status, como casamento ou status
parental, pode ser invocado para evitar o reconhecimento legal da identidade de gênero de uma
pessoa. Nenhuma pessoa deve ser submetida a pressões para esconder, reprimir ou negar sua
orientação sexual ou identidade de gênero.

- Crianças em condição de intersexo: O intersexo é uma condição de nascença em que os órgãos


sexuais e/ou reprodutivos não correspondem ao que a sociedade espera para o sexo masculino ou
feminino. Esta situação pode se expressar na dúvida sobre o sexo da criança ou, em adolescentes
criadas como meninas, na ausência de útero, ovário ou presença de testículo na região do abdome.

- Diferentemente da situação de intersexo, na transexualidade não há dúvida sobre o sexo da criança


ao nascimento. Para as pessoas transexuais, seu corpo não expressa a forma como se sentem e
como percebem seu gênero.

- No processo de definição do sexo do bebê a família é de extrema importância. A equipe


multidisciplinar deve dar suporte à família, sendo que o eixo orientador das decisões deve ser: a
dignidade, o bem-estar e a saúde integral da criança.

2. Mulheres: A violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no
âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em
qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação e de orientação sexual.

- Finalidades da Lei Maria da Penha:


a) coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher;
b) criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher (competência cível e
criminal);
c) Estabelece medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
d) Estabelece medidas de proteção à mulher em situação de violência doméstica e familiar.

- A mulher vítima de violência doméstica e familiar terá uma tríplice assistência:


a) assistência social
b) assistência à saúde(SUS)
c) assistência à segurança(art. 11 e art. 12).
- Segundo o STF, a LMP é constitucional, tendo predicados de ação afirmativa, fornecendo
instrumentos para garantir a igualdade a um destinatário. Trabalha a igualdade de fato.
- Violência de gênero: é a violência preconceito, tendo como motivação a opressão à mulher,
fundamento de aplicação da LMP. Trata-se da violência que se vale da hipossuficiência da vítima
mulher, discriminação quanto ao sexo feminino.
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

- São formas de violência: I - a violência física; II - a violência psicológica; III - a violência sexual; IV - a
violência patrimonial; V - a violência moral.

- Medidas protetivas de urgência à ofendida: encaminhamento da ofendida e seus dependentes a


programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; determinar a recondução da
ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos
filhos e alimentos; determinar a separação de corpos.

- Para fins de proteção patrimonial, asseguram-se: a restituição de bens indevidamente subtraídos


pelo agressor à ofendida; proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra,
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; suspensão das
procurações conferidas pela ofendida ao agressor; prestação de caução provisória, mediante
depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e
familiar contra a ofendida.

- Vale lembrar que a violência obstétrica pode ocorrer durante a gestação, parto e abortamento.
- Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e
multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de
violência sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social.

- Os serviços são prestados de forma gratuita a quem necessitar, compreendendo: I - diagnóstico e


tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas; II - amparo médico,
psicológico e social imediatos; III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão
de medicina legal e às delegacias especializadas com informações que possam ser úteis à
identificação do agressor e à comprovação da violência sexual; IV - profilaxia da gravidez; V -
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST; VI - coleta de material para realização do
exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia; VII - fornecimento de informações às
vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis.

- Lei 12.845/2013:
Art. 3o O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS,
compreende os seguintes serviços:
I - diagnóstico e tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas;
II - amparo médico, psicológico e social imediatos;
III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias
especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da
violência sexual;
IV - profilaxia da gravidez;
V - profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST;
VI - coleta de material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia;
VII - fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários
disponíveis.

- Descumprimento de medidas protetivas de urgência da Lei 11.340/06 (INFO 538, STJ)


- Pode ser fixado multa
- Pode ser decretada prisão preventiva
- Não configura crime de desobediência
Regra: Lei prevê sanção civil, administrativa ou processual penal (prisão cautelar) para a
desobediência de ordem específica
- Não configura o crime do art. 330, salvo se a própria lei fizer a ressalva expressa (“sem prejuízo da
sanção penal”)

- Aplicação da Lei Maria da Penha nas ações civis (INFO 535, STJ): Medidas protetivas de urgência não
tem natureza penal – podem ser aplicadas em ação cautelar civil de natureza satisfativa,
independentemente da existência de Inquérito Policial ou Ação Penal
- Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (INFO 564, STJ)
- Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada. (INFO 567, STJ)

3. Indígenas: Os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional ficam
sujeito ao regime tutelar especial de responsabilidade da União, que a exercerá através do
competente órgão federal de assistência aos silvícolas.

- São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade
indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente. Mas, atenção: não se
aplica a regra deste artigo no caso em que o índio revele consciência e conhecimento do ato
praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efeitos.

- Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto no
Estatuto do Índio, investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos
seguintes: I - idade mínima de 21 anos; II - conhecimento da língua portuguesa; III - habilitação para o
exercício de atividade útil, na comunhão nacional; IV - razoável compreensão dos usos e costumes da
comunhão nacional.

- Os nascimentos e óbitos, e os casamentos civis dos índios não integrados, serão registrados de
acordo com a legislação comum, atendidas as peculiaridades de sua condição quanto à qualificação
do nome, prenome e filiação, competindo administrativamente escriturados pelos Postos Indígenas
ou Administrações Executivas Regionais e Núcleos da FUNAI, em livros próprios, segundo Portaria
003/PRES, de 14 de janeiro de 2002.
4. Comunidades Tradicionais e Quilombolas: O Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007,
estabelecer a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais. Os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos serão beneficiários de
incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condições
ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à
saúde.

- Cabe à própria comunidade quilombola decidir quem é ou não quilombola: escolheu-se o critério da
autoafirmação.
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade (coletiva) definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

- A competência para demarcação da terra dos quilombolas é do INCRA, assistido pela Fundação
Cultural Palmares.

- Garífunas – grupo formado pela miscigenação de indígenas e quilombolas – espalhados por vários
países. Eles encerram essa questão de divisão étnica entre índios e quilombolas, mas sofrem
violações por terem que fazer a escolha por um ramo de proteção.

#ATENÇÃO: A Lei 13.043/2014 conferiu isenção de ITR aos imóveis oficialmente reconhecidos como
quilombos, ocupados e explorados pelos membros da comunidade.

Cabe tecer algumas diferenciações entre a propriedade quilombola e a posse indígena:

Posse Quilombola Posse Indígena


Propriedade (art. 68, ADCT) Posse/usufruto (art. 231, § 2º, CF)
Propriedade coletiva-privada (mas Propriedade da União (art. 20, XI)
inalienável, impenhorável e
imprescritível)
Isenção do ITR (Lei n. 13.043/14) Imunidade tributária recíproca (art. 150,
IV, a)
Advento da CF/88 (ou abolição da Advento da CF/88 constitui marco para
escravatura) não constitui marco para reconhecimento de suas áreas
seu reconhecimento. (ocupação).
5. Racismo Institucional: O racismo deve ser reconhecido também como um sistema, uma vez que se
organiza e se desenvolve através de estruturas, políticas, práticas e normas capazes de definir
oportunidades e valores para pessoas e populações a partir de sua aparência, atuando em diferentes
níveis: pessoal, interpessoal e institucional, excluindo seletivamente grupos racialmente
subordinados - negros, indígenas, ciganos, para citar a realidade latino-americana e brasileira da
diáspora africana.

Caso Paradigma do DECISÃO: Primeira vez que um país membro da OEA é


Racismo Institucional responsabilizado na Comissão Interamericana por
(SIMONE ANDRÉ racismo, tendo o caso se tornado paradigma do
DINIZ x Brasil) denominado “racismo institucional”. A Comissão
de 21 de outubro de recomendou ao Brasil: reparar material e moralmente a
2006 vítima pela violação de DH (art. 24 e art. 1.1 da CADH);
reconhecer publicamente a responsabilidade
internacional; conceder apoio financeiro à vítima para
iniciar e concluir curso superior; realizar modificações
legislativas e administrativas para que a legislação
antirracismo seja efetiva; realizar investigação completa,
imparcial e efetiva dos fatos; adotar e instrumentalizar
medidas de educação dos funcionais de justiça e da
polícia; promover um encontro com organismos
representados da imprensa brasileira para elaborar
compromisso para evitar a publicidade de denúncias de
cunho racista; organizar seminários estaduais com
representantes do PJ, MP e Secretárias de Segurança
Pública locais; solicitar aos governos estaduais a criação
de delegacias especializadas na investigação de crimes
raciais; solicitar aos MPEs e criação de Promotorias
especializadas; promover campanhas publicitárias contra
a discriminação racial e o racismo.

6. Assistência ao idoso e à pessoa com deficiência: Os princípios da assistência são: supremacia do


atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;
universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável
pelas demais políticas públicas; respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a
benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se
qualquer comprovação vexatória de necessidade; igualdade de direitos no acesso ao atendimento,
sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e
rurais; divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem
como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.
Um dos objetivos da assistência social brasileira é a garantia de um salário mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (idade igual ou superior a 65 anos) que
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei, nos termos do artigo 203, inciso V, da Constituição Federal: o
chamado “LOAS” ou “benefício de prestação continuada”.

- Pelo critério legal, considera-se incapaz de prover a sua própria manutenção a pessoa portadora de
deficiência ou idosa, em que a renda mensal per capita familiar seja inferior a 1/4 (um quarto) de
salário mínimo. De acordo com o STF, verificou-se um processo de “inconstitucionalização” do
critério legal da renda per capita menor que ¼ do salário mínimo, que havia sido fixado há 20 anos
(1993), especialmente pela adoção superveniente de outros critérios mais favoráveis aos
necessitados em leis assistenciais posteriores, como no Programa Bolsa-Família.

#ATENÇÃO: A decisão do STF não é vinculante, vez que não tomada em controle abstrato de
constitucionalidade, razão pela qual o INSS continua a adotar na via administrativa o critério legal da
renda per capita familiar.
#JURISPRUDÊNCIA: Interpretando o artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso12, o STF e o STJ
estão estendendo analogicamente a excepcional disposição legal a qualquer benefício previdenciário
no valor de um salário mínimo percebido por pessoa do grupo familiar, conquanto não haja qualquer
prévia fonte de custeio.

- O LOAS não poderá ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da
seguridade social ou de outro regime, salvo o da assistência médica ou pensão especial de natureza
indenizatória.

- Esse benefício não gerará gratificação natalina nem instituirá pensão por morte, tendo índole
personalíssima. Deve, ainda, ser revisto, pelo menos, a cada dois anos, possuindo, portanto, um
caráter precário.

- Segundo o Estatuto dos Deficientes (Lei 13.146/2015), pessoa com deficiência é considerada "aquela
que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em

12
Art. 34. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas”.

- Segundo o novo diploma, é importante ressaltar que a deficiência não afeta a plena capacidade
civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e
reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a
esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI -
exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Por isso, diz a doutrina que o Estatuto
modificou substancialmente a “teoria geral da incapacidade civil” do Direito Civil.

- O Estatuto da Pessoa com Deficiência vem fortemente influenciado pela Convenção de Nova York,
buscando assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

- A Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD) foi o primeiro tratado
internacional de direitos humanos aprovado pelo Congresso Nacional conforme o procedimento
qualificado do § 3º do art. 5º da Constituição Federal (promulgado pelo Decreto 6.949/2009 e em
vigor no plano interno desde 25/8/2009).

- A diferença entre o princípio da inclusão (adotado pelo Estatuto da Deficiência) e integração


social: o ponto de partida para a distinção concerne à atuação positiva do Estado, em sentido lato,
para efetiva inclusão dos deficientes no meio social. Não basta a adoção de mecanismos simbólicos
por parte do Estado, que apenas promovam uma abertura parcial e condicional aos deficientes
considerados aptos pelo sistema (integração social). O Poder Público não pode restringir sua
atuação a mudanças superficiais, tendo o dever constitucional de adotar políticas públicas que
estimule, viabilize e produza a concreta participação de pessoas com deficiência no meio social,
político, cultural, público (inclusão social).

- Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de


espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação,
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público,
de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida;
- São vedadas todas as formas de discriminação contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio
de cobrança de valores diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão de sua
condição.
- A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em todo o processo judicial, o poder público
deve capacitar os membros e os servidores que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Público, na
Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e no sistema penitenciário quanto aos direitos
da pessoa com deficiência.
- São constitucionais o art. 28, § 1o e o art. 30 da Lei no 13.146/2015, que determinam que as escolas
privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem
que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e
matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).
– É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para prover sua subsistência nem de
tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo (BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO
CONTINUADA).
- Atendimento Prioritário:

Art. 9o A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a
finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendimento
em igualdade de condições com as demais pessoas;
IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte coletivo de
passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque;
V - acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;
VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou
interessada, em todos os atos e diligências.
§ 1o Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência
ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
§ 2o Nos serviços de emergência públicos e privados, a prioridade conferida por esta Lei é
condicionada aos protocolos de atendimento médico.

- Direito a Moradia:

Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com
deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria,
observado o seguinte:
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com
deficiência;

- Direito a cultura, esporte e lazer:

Art. 43. O poder público deve promover a participação da pessoa com deficiência em atividades
artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo:
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento e de recursos adequados, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas;
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e nos serviços prestados por pessoa ou entidade
envolvida na organização das atividades de que trata este artigo; e
III - assegurar a participação da pessoa com deficiência em jogos e atividades recreativas,
esportivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive no sistema escolar, em igualdade de condições
com as demais pessoas.

Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos observando-se os princípios do
desenho universal, além de adotar todos os meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor.
(Vigência)
§ 1o Os estabelecimentos já existentes deverão disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de
seus dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade acessível.

- Direito ao transporte e à mobilidade

Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de uso público ou privado de uso
coletivo e em vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de
pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com deficiência com
comprometimento de mobilidade, desde que devidamente identificados.
§ 1o As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equivaler a 2% (dois por cento) do total,
garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as especificações de desenho e
traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
(…)
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis
à pessoa com deficiência.
§ 1o É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores adicionais pelo serviço de táxi
prestado à pessoa com deficiência.
§ 2o O poder público é autorizado a instituir incentivos fiscais com vistas a possibilitar a
acessibilidade dos veículos a que se refere o caput deste artigo.
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de
pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota.
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo, câmbio automático, direção hidráulica,
vidros elétricos e comandos manuais de freio e de embreagem.

- Acesso a Justiça:

Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem negar ou criar óbices ou condições
diferenciadas à prestação de seus serviços em razão de deficiência do solicitante, devendo
reconhecer sua capacidade legal plena, garantida a acessibilidade.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput deste artigo constitui discriminação em
razão de deficiência.

- Sem teto e regularização fundiária: Segundo Estatuto da Cidade, a política urbana tem como um
de seus objetivos a regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de
baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do
solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais.

- O plano diretor dos Municípios incluídos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis
à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos deverá conter: diretrizes para a regularização fundiária de assentamentos
urbanos irregulares e previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação
de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana, onde o uso
habitacional for permitido.

- Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado
ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir
previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for
considerado necessário para fins de: I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários; II –
preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social
ou cultural; III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por
população de baixa renda e habitação de interesse social.

REFUGIADOS

Segundo a lei, são refugiados: Devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça,
religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, encontre-se fora de seu país de
nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; Não tendo nacionalidade
e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a
ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior; Devido a grave e generalizada violação
de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro
país.

- O órgão responsável por essa temática no Brasil é o CONARE, órgão de deliberação coletiva, no
âmbito do MINISTÉRIO DA JUSTIÇA.

- Concessão do refúgio Compete ao CONARE decidir em primeira instância sobre cessação ou perda
da condição de refugiado, cabendo, dessa decisão, recurso ao Ministro de Estado da Justiça, no
prazo de 15 dias, contados do recebimento da notificação (= decisão negativa).

- A decisão que concede o refúgio, apesar de competir a órgão vinculado ao Poder Executivo, está
sujeita a controle jurisdicional no que tange à legalidade (info. 558 do STF).

Segundo o art. 3º da Lei, não se beneficiarão da condição de refugiado os indivíduos que:


I - Já desfrutem de proteção ou assistência por parte de organismo ou instituição das Nações
Unidas que não o ACNUR;
II - Sejam residentes no território nacional e tenham direitos e obrigações relacionados com a
condição de nacional brasileiro. Ex: NATURALIZADO.
III - Tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade, crime
hediondo, participado de atos terroristas ou tráfico de drogas; IV - Sejam considerados culpados de
atos contrários aos fins e princípios das Nações Unidas.

- Perda da condição de refugiado: I - A renúncia; II - A prova da falsidade dos fundamentos invocados


para o reconhecimento da condição de refugiado ou a existência de fatos que, se fossem conhecidos
quando do reconhecimento, teriam ensejado uma decisão negativa; III - O exercício de atividades
contrárias à segurança nacional ou à ordem pública; IV - A saída do território nacional sem prévia
autorização do Governo brasileiro (não é automática!).

#IMPORTANTE:
Princípio do non-refoulement (proibição de expulsão ou de rechaço): não se admite que o refugiado
seja enviado de volta ao Estado de onde proveio e em que corre risco de perseguição ou de vida.
Com isso, é proibida a deportação quando ela puder levar a pessoa ao território de um Estado onde
corra perigo, inclusive no caso de passageiros clandestinos ou irregulares. No mesmo sentido, é
proibida a expulsão.

- Súmula do CONARE: A perda da condição de refugiado em razão de saída do território nacional


sem prévia autorização do CONARE, conforme o art. 39, IV, não é automática e dependerá da
análise do caso concreto.

- Segundo STF, a expulsão de estrangeiro que ostente a condição de refugiado não pode ocorrer
sem a regular perda dessa condição. Assim, segundo o STF, mesmo que o refugiado seja condenado
com transito em julgado pela pratica de crime grave, antes de ele ser expulso devera ser instaurado
devido processo legal com contraditório e ampla defesa para se decretar a perda da condição de
refugiado, nos termos do art. 39, III, da Lei (Info 571).
- De acordo com a jurisprudência do STF, o reconhecimento superveniente de status de refugiado
obsta o prosseguimento de processo extradicional que tenha implicações com os motivos do
deferimento do refúgio.

#NÃOCONFUNDIR #MEGAIMPORTANTE:

ASILO REFÚGIO
A concessão é ato discricionário e A concessão é dever do Estado (é
soberano do Estado. OBRIGATÓRIO conceder).
Não existe foro internacional O controle da aplicação das normas
dedicado especificamente a sobre refúgio encontra-se a cargo de
acompanhar o tratamento do asilo. órgãos internacionais, como o
ACNUR.
Os motivos para a concessão são Pode se fundamentar em
políticos. perseguições por motivos de raça,
grupo social, religião e penúria.
Relevância dos motivos políticos. Aplica-se de maneira apolítica.
Perseguição individualizada. Perseguição a grupos maiores.
Pode ser solicitado no próprio país Só é admitido quando o indivíduo
de origem do indivíduo perseguido. está fora de seu país.

- Combate à tortura: O Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura- SNPCT, instituído pela
Lei 12.847/2013, possui como princípios: I - proteção da dignidade da pessoa humana; II -
universalidade; III - objetividade; IV - igualdade; V - imparcialidade; VI - não seletividade; e VII - não
discriminação; e como diretrizes: I - respeito integral aos direitos humanos, em especial aos direitos
das pessoas privadas de liberdade; II - articulação com as demais esferas de governo e de poder e
com os órgãos responsáveis pela segurança pública, pela custódia de pessoas privadas de liberdade,
por locais de internação de longa permanência e pela proteção de direitos humanos; e III - adoção
das medidas necessárias, no âmbito de suas competências, para a prevenção e o combate à tortura e
a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
- Fica instituído, no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Comitê
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura - CNPCT, com a função de prevenir e combater a tortura
e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, mediante o exercício das
seguintes atribuições, sendo composto por 23 membros, escolhidos e designados pelo Presidente da
República, sendo 11 representantes de órgãos do Poder Executivo federal e 12 de conselhos de
classes profissionais e de organizações da sociedade civil, tais como entidades representativas de
trabalhadores, estudantes, empresários, instituições de ensino e pesquisa, movimentos de direitos
humanos e outras cuja atuação esteja relacionada com a temática de que trata esta Lei.

#LEMBRAR: Os representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Defensoria Pública e de


outras instituições públicas participarão do CNPCT na condição de convidados em caráter
permanente, com direito a voz.

Exemplo de aplicação dos tratados internacionais de direitos humanos em Estados Federais (o caso
da penitenciária de Pedrinhas-MA). Disponível em:
http://www.corteidh.or.cr/docs/medidas/pedrinhas_se_01_por.pdf

A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, no uso das atribuições conferidas pelo artigo
63.2 da Convenção Americana e 27 do Regulamento,
RESOLVE:
1. Requerer ao Estado que adote, de forma imediata, todas as medidas que sejam necessárias para
proteger eficazmente a vida e a integridade pessoal de todas as pessoas privadas de liberdade no
Complexo Penitenciário de Pedrinhas, assim como de qualquer pessoa que se encontre neste
estabelecimento, incluindo os agentes penitenciários, funcionários e visitantes.
2. Requerer ao Estado que, mantenha os representantes dos beneficiários informados sobre as
medidas adotadas para implementar a presente medida provisória.
3. Requerer ao Estado que informe à Corte Interamericana de Direitos Humanos a cada três meses,
contados a partir da notificação da presente Resolução, sobre as medidas provisórias adotadas em
conformidade com esta decisão.
4. Solicitar aos representantes dos beneficiários que apresentem as observações que considerem
pertinentes ao relatório requerido no ponto resolutivo anterior dentro de um prazo de quatro
semanas, contado a partir do recebimento do referido relatório estatal.
5. Solicitar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que apresente as observações que
considere pertinentes ao relatório estatal requerido no ponto resolutivo
terceiro e às correspondentes observações dos representantes dos beneficiários dentro de um prazo
de duas semanas, contado a partir da transmissão das referidas observações dos representantes.
6. Dispor que a Secretaria da Corte notifique a presente Resolução ao Estado, à Comissão
Interamericana e aos representantes dos beneficiários.

REGRAS DE MANDELA

As Regras de Mandela consistem no documento internacional, da ONU, relativo às Regras Mínimas


para Tratamento de Presos, de 1955, atualizadas em 2015. O apelido de Regras de Mandela
(Mandela’s Rules) se deve ao fato de a atualização das Regras Mínimas de 1955 ter ocorrido na África
do Sul, do ex-presidente Nelson Mandela.
As Regras de Mandela foram alvo de análise crítica em 2010, por resolução da ONU, que apontou
diversos aspectos do dispositivo que poderiam ser aprimorados, tais como:

a) Respeito para a dignidade inerente da pessoa presa, e seu valor como ser humano;
b) Serviços de saúde e medicina;
c) Castigo e ações disciplinares, confinamento solitário e diminuição de comida como forma de
castigo;
d) Investigação de todas as mortes sob custódia do Estado, assim como sinais ou alegações de
tortura ou tratamento desumano e degradante;
e) Proteção e necessidades específicas de grupos vulneráveis que estão privados de liberdade,
tomando em consideração a realidade de países com situações difíceis;
f) Direito de acesso a justiça/representação legal;
g) Sistema de denúncias ou queixas e inspeção independente;
h) Substituição de terminologia desatualizada;
i) Treinamento de funcionários para implementação das Regras Mínimas;

Assim, tomando como base diversas reivindicações de grupos de Direitos Humanos, bem como
outros órgãos que promovem a justiça internacional, podem-se citar as principais alterações nas
regras de Mandela como as seguintes:
Atenção especial aos Regra 5.2 – O regime prisional deve procurar minimizar as
presos portadores de diferenças entre a vida no cárcere e aquela em liberdade que
deficiência e promoção tendem a reduzir a responsabilidade dos presos ou o respeito
da dignidade humana à sua dignidade como seres humanos.

2. As administrações prisionais devem fazer todos os ajustes


possíveis para garantir que os presos portadores de
deficiências físicas, mentais ou outra incapacidade tenham
acesso completo e efetivo à vida prisional em base de
igualdade.
Proibição de isolamento O novo documento dispõe que o teto para o isolamento é de no
penitenciário prolongado máximo 15 dias, tendo em vista que o confinamento solitário
prolongado é proibido.

Regra 44 – Para os objetivos destas Regras, o confinamento


solitário refere-se ao confinamento do preso por 22 horas ou mais,
por dia, sem contato humano significativo. O confinamento
solitário prolongado refere-se ao confinamento solitário por mais
de 15 dias consecutivos.
Diminuição de comida como A Regra 32.1 no antigo documento que previa a pena de redução
forma de penalidade, dentre de alimentação foi excluída.
outras punições proibidas
Regra 43.1 – Em nenhuma hipótese devem as restrições ou
sanções disciplinares implicar em tortura ou outra forma de
tratamento ou sanções cruéis, desumanos ou degradantes. As
seguintes práticas, em particular, devem ser proibidas:
(a) Confinamento solitário indefinido;
(b) Confinamento solitário prolongado;
(c) Encarceramento em cela escura ou constantemente iluminada;
(d) Castigos corporais ou redução da dieta ou água potável do
preso;
(e) Castigos coletivos
Proibição do uso de algemas Regra 48.2 – Os instrumentos de restrição não devem ser
em parturientes utilizados em mulheres em trabalho de parto, nem durante e
imediatamente após o parto.
Proibição do uso de Regra 60.2 – Os procedimentos de entrada e revista para visitantes
procedimentos de revista não devem ser degradantes e devem ser governados por
íntima em crianças13 princípios não menos protetivos que aqueles delineados nas
Regras 50 a 52. Revistas em partes íntimas do corpo devem ser
evitadas e não devem ser utilizadas em crianças.
Fixação da regra de Regra 71.1 – Não obstante uma investigação interna, o diretor da
investigação de mortes nas unidade prisional deve reportar, imediatamente, a morte, o
unidades prisionais, bem desaparecimento ou o ferimento grave à autoridade judicial ou a
como de qualquer sinal ou outra autoridade competente, independente da administração
alegação de tortura; ou prisional; e deve determinar a investigação imediata, imparcial e
tratamento ou punição efetiva sobre as circunstâncias e causas de tais eventos. A
desumanos, ou degradantes administração prisional deve cooperar integralmente com a
referida autoridade e assegurar que todas as evidências sejam
preservadas.
71.2 – A obrigação do parágrafo 1 desta Regra deve ser igualmente
aplicada quando houver indícios razoáveis para se supor que um
ato de tortura ou tratamento ou sanção cruéis, desumanos ou
degradantes tenha sido cometido na unidade prisional, mesmo
que não tenha recebido reclamação formal.
71.3 – Quando houver indícios razoáveis para se supor que atos
referidos no parágrafo 2 desta Regra tenham sido praticados,
devem ser tomadas providências imediatas para garantir que
todas as pessoas potencialmente implicadas não tenham
envolvimento nas investigações ou contato com as testemunhas,
vítimas e seus familiares.
Proteção e necessidades Regra 7 – Nenhuma pessoa será admitida em um estabelecimento
especiais dos grupos de prisional sem uma ordem de detenção válida. As seguintes
vulnerabilidade privados de informações serão adicionadas ao sistema de registro do preso
liberdade, levando em quando de sua entrada:
consideração países em
(a) Informações precisas que permitam determinar sua identidade
circunstâncias difíceis única, respeitando a sua autoatribuição de gênero;
(b) Os motivos e a autoridade responsável pela sua detenção,
além da data, horário e local de prisão;
(c) A data e o horário de sua entrada e soltura, bem como de
qualquer transferência;
(d) Quaisquer ferimentos visíveis e reclamações acerca de
maus-tratos sofridos;
(e) Um inventário de seus bens pessoais;
(f) Os nomes de seus familiares e, quando aplicável, de seus filhos,
incluindo a idade, o local de residência e o estado de sua custódia

13 Sim, é triste saber que precisamos de regras proibindo o óbvio...


ou tutela;
(g) Contato de emergência e informações acerca do parente mais
próximo
O direito à assistência Regra 43.3 – O preso deve ter direito a se defender pessoalmente,
jurídica, inclusive gratuita, ou por meio de assistência legal, quando os interesses da justiça
bem como a utilização de um assim o requeiram, particularmente em casos que envolvam
interprete, se necessário infrações disciplinares graves. Se o preso não entender ou falar o
idioma utilizado na audiência disciplinar, devem ser assistidos
gratuitamente por um intérprete competente.

Regra 54 – Todo preso, na sua entrada, deve receber informação


escrita sobre:
(a) A legislação e os regulamentos concernentes à unidade
prisional e ao sistema prisional;
(b) Seus direitos, inclusive métodos autorizados de busca de
informação, acesso à assistência jurídica, inclusive gratuita, e
procedimentos para fazer solicitações e reclamações;
(c) Suas obrigações, inclusive as sanções disciplinares aplicáveis; e,
(d) Todos os assuntos necessários para possibilitar ao preso
adaptar-se à vida de reclusão.
Direito da realização de Regra 56 1. Todo preso deve ter a oportunidade, em qualquer dia,
queixas ou solicitações, de fazer solicitações ou reclamações ao diretor da unidade
inclusive em inspeções prisional ou ao servidor prisional autorizado a representá-lo.
prisionais, vedada também a 2. Deve ser viabilizada a possibilidade de os presos fazerem
censura às reclamações dos solicitações ou reclamações, durante as inspeções da unidade
presos prisional, ao inspetor prisional. O preso deve ter a oportunidade de
conversar com o inspetor ou com qualquer outro oficial de
inspeção, livremente e em total confidencialidade, sem a presença
do diretor ou de outros membros da equipe.
3. Todo preso deve ter o direito de fazer uma solicitação ou
reclamação sobre seu tratamento, sem censura quanto ao
conteúdo, à administração prisional central, à autoridade judiciária
ou a outras autoridades competentes, inclusive àqueles com
poderes de revisão e de remediação.
4. Os direitos previstos nos parágrafos 1 a 3 desta Regra serão
estendidos ao seu advogado. Nos casos em que nem o preso, nem
o seu advogado tenham a possibilidade de exercer tais direitos,
um membro da família do preso ou qualquer outra pessoa que
tenha conhecimento do caso poderá exercê-los.
Ampliação das regras As possibilidades de comunicação foram ampliadas, além de não
relativas à comunicação do se exigir mais o requisito de “boa reputação” das pessoas com
preso com o mundo exterior quem o preso irá comunicar-se.

Regra 58.1 – Os prisioneiros devem ter permissão, sob a supervisão


necessária, de comunicarem-se periodicamente com seus
familiares e amigos, periodicamente:
(a) por correspondência e utilizando, onde houver, de
telecomunicações, meios digitais, eletrônicos e outros; e,
(b) por meio de visitas

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