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Paz e Segurança: um Direito de Israel

Elwood McQuaid

Fica cada vez mais claro que a maior barreira a impedir a paz entre
Israel e os palestinos não é a alegada recusa de Israel em fazer
concessões e atender às exigências árabes. Na realidade, quanto mais
Israel oferecia (sob o governo de Barak), mais os palestinos exigiam.

Em Hebrom – uma localidade em que 450 judeus vivem em meio a


130.000 palestinos – os residentes judeus permaneceram em um
virtual estado de sítio depois que as tropas israelenses foram retiradas
da Cisjordânia. Os vizinhos árabes não interpretaram a "paz" como
sendo uma razão para conceder aos judeus o direito básico a algum
grau de tranqüilidade para eles e suas famílias. A pressão para que
todos os judeus fossem expulsos foi constante.

Os habitantes de Belém também têm tido sua parcela de problemas desde que a cidade do
nascimento de Jesus foi passada às mãos de Yasser Arafat e dos palestinos. Muitos cristãos
árabes se sentiram constrangidos a fugir ou enfrentaram a ira de elementos islâmicos radicais. As
alterações na população de Belém foram dramáticas. A proporção, que era de 80% de cristãos e
20% de muçulmanos, simplesmente se inverteu: hoje são 20% de cristãos e 80% de muçulmanos.

O fato de Arafat não ter negociado de boa fé é agora uma realidade concretamente visível, que não
pode mais ser minimizada pelos seus defensores como sendo apenas uma exibição de rancor
árabe [por supostas injustiças sofridas].

No final das contas, chegamos a uma conclusão inescapável: a atual liderança da Autoridade
Palestina (AP) e a vasta maioria dos líderes islâmicos querem Israel fora da terra que eles
reivindicam como propriedade exclusiva dos seguidores de Alá. Essa motivação, que é pouquíssimo
entendida no mundo ocidental, constitui um elemento fundamental na atual reivindicação de Arafat e
de líderes muçulmanos radicais: que o objetivo final tem de ser o de ganhar toda a Palestina para o
islã. Para eles, isso é uma cruzada – uma firme determinação de verem, como já indicam seus
mapas, uma Palestina sem Israel e sem judeus. Não nos enganemos! Para os radicais islâmicos,
esta é uma guerra religiosa, em que o islã luta contra os infiéis em Israel, nos Estados Unidos e nas
nações ocidentais.

Se a religião constitui um fator com algum grau de relevância nas atuais controvérsias que afligem o
processo de paz, então é importante entender o que a Bíblia diz sobre o assunto. Esta não é uma
questão irrelevante, que devêssemos deixar nas mãos de teóricos e filósofos da religião. Trata-se
de um aspecto fundamental, que deve ser trazido para a discussão sobre os direitos dos judeus à
terra no Oriente Médio. Sem dúvida, ele tem profundo significado no que se refere às reivindicações
islâmicas sobre a região. De fato, a justificativa para a formação de regimes islâmicos tirânicos –
tais como no Irã e no Sudão – baseiam-se numa interpretação do Corão que aprova a jihad (guerra
santa) como instrumento de criação de um mundo islâmico.

Na atualidade, Arafat e outros líderes islâmicos afirmam que são ilegítimas as reivindicações de
Israel baseadas em seus vínculos com a região em tempos remotos. Eles chegaram até mesmo ao
ponto de procurar dar credibilidade à ridícula idéia de que os antigos judeus não tiveram presença
no Monte do Templo em Jerusalém. Mas, apesar de tais exercícios para incitar pessoas
historicamente mal-informadas, a arqueologia e uma abundante quantidade de documentos
confirmam os direitos históricos, morais e legais dos judeus à terra de Israel. A principal fonte que
autentica as relações e os direitos dos judeus no Oriente Médio está nas páginas da Bíblia, onde
são relatadas alianças, doações e promessas para o futuro, que devem ser consideradas como
irrevogáveis. Diversos fatores são fundamentais para compreender a relação de Deus com o povo
judeu e sua associação com a terra de Israel.

Identificando Israel

Muitas vezes surgem conflitos entre muçulmanos e judeus no que se refere a quem seria o povo
escolhido, o legítimo herdeiro das promessas da aliança delineadas nas Escrituras: "Deus lhe
respondeu: De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque; estabelecerei com
ele a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência. Quanto a Ismael, eu te ouvi:
abençoá-lo-ei, fá-lo-ei fecundo e o multiplicarei extraordinariamente; gerará doze príncipes, e dele
farei uma grande nação. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei com Isaque, o qual Sara te dará
à luz, neste mesmo tempo, daqui a um ano" (Gn 17.19-21).

Nesse trecho, Deus fala a Abraão sobre o futuro de seus filhos, Isaque e Ismael. Os árabes traçam
a sua origem a partir de Ismael; o povo judeu o faz a partir de Isaque. Reparemos que a promessa
da aliança foi concedida a Isaque e seus herdeiros, e não a Ismael. Isso é importante, mas não é
um ato de discriminação – como muitas vezes se afirma. A Ismael foram feitas promessas de
enorme alcance; ele recebeu grandes porções de terra e a garantia de reinados. Um exame
superficial de um mapa atual do Oriente Médio evidencia que a extensão dos territórios controlados
pelas nações árabes e muçulmanas excede em muito a de Israel.

A Terra Prometida

Quando Deus prometeu uma terra a Abraão, Isaque, Jacó e sua posteridade, a garantia foi feita
incondicionalmente. Quer o povo judeu estivesse habitando nela, ou sofrendo as muitas expulsões
que teve de suportar, a região hoje comumente chamada de Palestina foi e é a terra dos judeus:
"Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta
terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates" (Gn 15.18).

Um elemento importante para estabelecer a posse da terra por parte do Israel antigo é a cidade de
Jerusalém. Depois de haver reinado em Hebrom durante sete anos e meio, Davi transferiu a capital
do Estado judeu para Jerusalém. Um fator decisivo para a mudança foi a aquisição do Monte do
Templo de um certo jebuseu chamado Araúna (veja 2 Sm 24.24). É importante frisar que Israel e o
povo judeu nunca colocaram aquele local sagrado à venda. Embora hoje ele seja reivindicado pelos
muçulmanos, trata-se de uma área que ainda deve ser considerada como propriedade de Israel
desde uma época muito anterior ao surgimento do próprio islã.

A preservação da nação judaica

Uma coisa é reivindicar uma terra em nome de uma nação antiga. Outra coisa, totalmente diferente,
é o fato dessa nação fazer-se presente milhares de anos depois, para efetivar a transação. No caso
dos judeus, essa é uma das mais enigmáticas ocorrências históricas. Como poderia um povo, com
um número reduzido de descendentes, sobreviver após ter sido sujeitado a uma seqüência quase
ininterrupta de tentativas de varrê-lo da face da terra? Expulsões, pogroms, inquisições e o infame
Holocausto sufocaram o povo judeu em seu próprio sangue repetidas vezes. Adolf Hitler não estava
sozinho ao anunciar "uma solução final para o problema judeu". Apesar de tudo isso, Israel
sobreviveu. Espalhados entre as nações como o foram, o fato dos judeus não terem sido varridos
para fora do cenário mundial ou assimilados – como aconteceu com a maioria de seus
contemporâneos antigos – é, em si mesmo, um mistério singular da história. Como isso pode ter
acontecido? Embora as questões envolvendo a sobrevivência dos judeus sejam complexas, a fonte
de sua preservação pode ser explicada de forma simples.

Antecipando tudo o que iria atingir o povo judeu ao longo dos milênios, a Bíblia faz uma predição
que apenas o próprio Deus estaria qualificado a articular: "Assim diz o SENHOR, que dá o sol para
a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as
suas ondas; SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz
o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para
sempre. Assim diz o SENHOR: Se puderem ser medidos os céus lá em cima e sondados os
fundamentos da terra cá embaixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo
quanto fizeram, diz o SENHOR" (Jr 31.35-37).

Faríamos bem em lembrar que essas palavras são uma declaração contrária a qualquer
possibilidade. Apenas Deus poderia ser competente para fazer com que ela se cumprisse.

O retorno a Eretz Israel

Durante dois milênios, junto a qualquer mesa pascal ao redor do mundo, os judeus pronunciaram as
solenes palavras: "No próximo ano em Jerusalém". Poucos realmente acreditavam que isso poderia
se realizar – mas foi o que ocorreu. E eu suponho, de um modo muito intenso, que nós, que
vivemos para testemunhar esse acontecimento, podemos realmente dizer: "Vimos um milagre".
Biblicamente, nunca houve dúvidas a respeito: "então, o Senhor, teu Deus, mudará a tua sorte, e se
compadecerá de ti, e te ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia espalhado... O
Senhor, teu Deus, te introduzirá na terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem e te
multiplicará mais do que a teus pais" (Dt 30.3,5).

O fato inegável com o qual convivemos todo dia é que Israel, depois de todos esses séculos, está
de volta ao seu lar – exatamente como a Bíblia disse que aconteceria.

O futuro dia da restauração

Existe um fato final que não pode ser desconsiderado. Com a mesma ênfase com que a Bíblia
descreveu o passado remoto de Israel e sua situação presente, ela também delineou o futuro. Tudo
o que acontece ao redor de nós move-se para uma consumação. Há esperança no horizonte para
todos que se debatem diariamente com questões como, por exemplo, a forma de lidar com o Irã,
com Saddam Hussein e seus assemelhados. A mesma Bíblia em que Deus pronunciou e então
realizou atos muito acima de nossa capacidade de imaginar ou realizar, também contém outra
declaração. Mais uma vez, Israel é a chave: "Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-
lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de
seus filhos. ...Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra,
de todo o meu coração e de toda a minha alma" (Jr 32.38-39, 41).

Essa é a fase à qual o Novo Testamento se refere com a expressão "todo o Israel será salvo" (Rm
11.26). Sim, para Israel existe a profecia de um dia nacional de reconciliação, mas essa também
será uma era em que "o Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e
um só será o seu nome" (Zc 14.9).

Em tudo isso há duas coisas que deveríamos manter em mente:

Primeiro, as passagens da Escritura citadas acima representam apenas uma parte mínima dos
textos a esse respeito. A Bíblia está carregada de afirmações referentes ao futuro de Israel e do
povo judeu.

Segundo, não devemos negligenciar – pois seria para dano nosso – estas palavras das Escrituras
que têm sido experimentadas pelas nações: "De ti (Abraão) farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.2-
3). (Elwood McQuaid - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)

Elwood McQuaid é editor-chefe de "The Friends of Israel".

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, outubro de 2002.

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