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Querido Mundo:
Acabamos ficando tão aborrecidos por incomodar você, querido mundo, que decidimos
deixá-lo – por assim dizer – e estabelecemos um Estado judeu. O argumento era que,
vivendo em contato próximo com você, como estrangeiros-residentes nos vários países
que o compõem, nós o incomodávamos, irritávamos e perturbávamos. Portanto, seria
uma excelente idéia deixá-lo para que você nos amasse. Assim, decidimos voltar para
casa – para o mesmo país de origem do qual fomos expulsos há 1900 anos por um
romano que, aparentemente, também incomodamos.
Infelizmente, porém, querido mundo, parece que você é difícil de agradar. Tendo
deixado você e seus pogroms e inquisições, cruzadas e holocaustos, tendo nos afastado
do mundo em geral para vivermos em paz no nosso pequeno Estado, continuamos a
incomodá-lo. Você está aborrecido porque reprimimos os pobres palestinos. Está
profundamente irado pelo fato de não abrirmos mão dos territórios de 1967, que
obviamente são o obstáculo para a paz no Oriente Médio. Moscou está aborrecida, e
Washington está triste. Os árabes "radicais" estão perturbados e os gentis e moderados
egípcios estão chateados.
Os pobres palestinos, que hoje matam judeus com explosivos, bombas incendiárias e
pedras, são parte do mesmo povo que – quando tinha todos os territórios que agora
exige para seu Estado – tentou jogar o Estado judeu para dentro do mar. As mesmas
faces retorcidas, o mesmo ódio, o mesmo grito de "itbach-al-yahud" (massacrem os
judeus!), que vemos e ouvimos atualmente, eram vistos e ouvidos naquela época. O
mesmo povo, o mesmo sonho – destruir Israel. O que eles não conseguiram fazer no
passado, sonham fazer no presente, mas não devemos "reprimi-los".
Querido mundo, você ficou indiferente durante o Holocausto. Em 1948, quando sete
países deflagraram uma guerra, que a Liga Árabe orgulhosamente comparou aos
massacres mongóis, você assistiu de camarote. Quando Nasser, barbaramente
aclamado por uma turba selvagem em todas as capitais árabes do mundo, jurou atirar
os judeus ao mar em 1967, você não se abalou. E você assistiria de camarote amanhã,
se Israel estivesse enfrentando a extinção.
Como sabemos que os árabes-palestinos sonham todos os dias com essa extinção,
faremos todo o possível para permanecermos vivos em nosso próprio país. Se isso o
aborrece, querido mundo, bem – pense sobre quantas vezes no passado você nos
aborreceu. Em cada evento, querido mundo, quando você se sente incomodado por
nós, eis aqui um judeu em Israel que não lhe dá a mínima.
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