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Os conflitos entre Israel – Árabe (1949, 1956, 1967 e 1973)

Definição do conflito

Segundo CAMARGO (2013, p. 427), as guerras Árabe-Israelenses estenderam-se ao


longo de grande parte da segunda metade do século XX e colocaram o controlo da
Palestina em disputa entre árabes e judeus.

As Guerras Árabe-Israelenses são a junção dos conflitos que envolvem a ocupação da


Palestina por palestinos e israelenses. A disputa pela Palestina tem como marco 1948,
ano em que a primeira guerra entre árabes e israelenses foi realizada. Ao longo do
século XX, uma série de conflitos aconteceu na região, e a indefinição acerca da questão
palestina ainda é grande, (idem).

Antecedentes

Os registros históricos confirmam que, ao longo de séculos, as relações entre


árabes e judeus realmente foram pacíficas e cordiais sob o controle dos turcos-
otomanos,” diz Daniel Aarão Reis. Nas primeiras décadas do século XX,
porém, essa harmonia daria lugar a um cenário sombrio, de muita violência e
destruição. Era o início de uma crise profunda, que rende notícias
desalentadoras até hoje, (ANTHONY, 1999, p. 567).

Tudo começou com a derrocada do Império Otomano na 1ª Guerra Mundial (1914-


1918). Derrotado pela Tríplice Entente, a aliança militar formada por Reino Unido,
França e Império Russo, o gigante se esfacelou. E a Liga das Nações, organização
antecessora da ONU, determinou que a administração da Palestina fosse entregue à Grã-
Bretanha. Começava ali, no ano de 1920, o Mandato Britânico. Àquela altura, viviam
em território palestino aproximadamente 1 milhão de muçulmanos. Eram descendentes
dos árabes que tinham chegado à região por volta do século VII, e de outros povos mais
antigos ainda como os cananeus, que já ocupavam a chamada Terra Santa milhares de
anos antes de Cristo, (idem).

Mas também havia judeus estabelecidos por lá, algo em torno de 100 mil imigrantes
oriundos principalmente da Europa Oriental, que, nas décadas anteriores, tinham
deixado lugares como a Rússia e a Romênia por causa do antissemitismo em seus países
de origem. É provável que a convivência pacífica entre eles em nada tivesse sido
alterada não fosse um detalhe: o aumento incessante e exponencial da população
judaica. A imigração era incentivada pelo sionismo, movimento internacional criado
havia não muito tempo com o objetivo de fundar um Estado judeu em solo palestino.
Estima-se que, entre 1882 e 1903, os imigrantes tenham sido algo entre 20 mil e 30 mil.
Outros 35 mil chegariam até 1914. E mais 35 mil no período de 1918 a 1923. A Grã-
Bretanha apoiava o movimento e prometia aos sionistas algo difícil de cumprir: criar na
Palestina um “lar nacional” para os judeus viverem em segurança, sem violar os direitos
dos árabes que já moravam ali. Só que a imigração judaica em larga escala criava
óbvios conflitos entre os dois povos. Um deles, especialmente sangrento, ocorreria na
cidade de Jaffa logo no segundo ano de mandato, em maio de 1921. Teve como
resultado pelo menos uma centena de mortos, (ANTHONY, 1999, p. 570)

Revolta árabe

Nos anos seguintes, novos distúrbios foram se repetindo, ainda que menos intensos. Os
choques se tornaram comuns, em decorrência, principalmente, das disputas por terras e
por água, bens cada vez mais escassos e disputados devido ao aumento progressivo da
população. Até que, em 1929, uma chacina de judeus ocorreu em Hebron, (OMER,
2017, p. 43).

Naquele episódio, os árabes assassinaram nada menos que 69 pessoas, entre


homens, mulheres e crianças. Um verdadeiro massacre, motivado por rumores
de que os judeus planejavam tomar o Monte do Templo em Jerusalém (hoje
também conhecido como Esplanada das Mesquitas, lugar sagrado para os
islâmicos). Casas, comércios e sinagogas foram queimadas, num frenesi de
violência que obrigou as autoridades britânicas a retirar de Hebron todos os
400 e tantos judeus sobreviventes. Era o prenúncio de algo que estava por vir: a
Rebelião Árabe de 1936, (CAMARGO apud OMER, 2017, p. 44).

A revolta duraria três anos, até 1939. Começou com greves e protestos de rua contra o
domínio britânico, liderados pela elite árabe urbana, mas evoluiu para um movimento de
extrema violência capitaneado por camponeses nas zonas rurais. Os alvos, dessa vez,
não eram só os judeus, mas também as autoridades coloniais, que reprimiram
brutalmente o levante popular. Algumas estimativas indicam que o número de árabes
mortos durante a rebelião pode ter passado de 5 mil. Mais de 10% da população
islâmica masculina adulta, com idade entre os 20 e os 60 anos, teria sido atingida de
alguma maneira, entre mortos, feridos, presos e exilados, (idem).
A catástrofe

Enquanto a Palestina pegava fogo, com árabes, judeus e britânicos se engalfinhando, o


movimento sionista internacional seguia estimulando a imigração em massa para lá.
Convencidos de que o contínuo aumento da população judaica só levaria a tensão a
níveis ainda mais críticos, os britânicos acabaram recuando em sua promessa de criar
naquele território um Estado judeu. Restrições imigratórias começaram a ser adotadas.
E a resposta foi imediata, com a comunidade judaica organizando uma rede de apoio à
imigração ilegal.

Entre 1945 e 1948, cerca de 85 mil judeus chegariam à “Terra Prometida” por vias
extraoficiais. Bloqueios navais e patrulhas de fronteira não surtiam o efeito desejado.
Até que os britânicos, na ânsia de deter o fluxo imigratório, deram um autêntico tiro no
pé. Em 1947, a Grã-Bretanha ordenou o retorno à Europa do navio Exodus, que havia
zarpado da França com mais de 4,5 mil judeus a bordo, a maioria absoluta composta de
sobreviventes do Holocausto. A embarcação foi cercada pela Marinha britânica na costa
da Palestina e impedida de atracar no porto de Haifa. O incidente deixou perplexa a
comunidade internacional, que ainda digeria o que havia acontecido com os judeus nos
sórdidos campos de concentração da Alemanha nazista durante a 2ª Guerra Mundial
(1939-1945).

Paralelamente, grupos armados eram organizados pelos judeus para infernizar a vida
dos mandatários. Um deles era a Haganah, embrião das atuais Forças de Defesa de
Israel. Havia também grupos terroristas criados por dissidentes da Haganah, como o
Lehi, também conhecido como Gangue Stern (nome de seu fundador, Avraham Stern), e
o Irgun, notório pelo atentado a bomba contra o Hotel King David, em Jerusalém, no
ano de 1946. O hotel era usado por oficiais e burocratas da Coroa Britânica e seus
familiares, àquela altura considerados tão inimigos quanto os árabes. Saldo da explosão:
91 mortos.

Uma guerra civil estava instaurada e o reflexo mais dramático dela parecia ser o êxodo
de palestinos. De 1947 a 1948, mais de 700 mil abandonariam seu lar e rumariam para
territórios vizinhos, formando gigantescos campos de refugiados. Uma das maiores
tragédias humanitárias do século 20, batizada pelos árabes de al-Nakbah (“A
Catástrofe”). Nas zonas rurais, algo entre 400 e 600 vilas palestinas foram saqueadas e
incendiadas pelos judeus, enquanto a população árabe urbana era praticamente
exterminada.

Causas dos confliotos entre Israel – Árabe

Causas politicas

 A criação do Estado de Israel

À medida que a população judaica crescia na Palestina, os problemas com os palestinos


– habitantes históricos da região – aumentavam consideravelmente. A disputa entre
judeus e palestinos foi reforçada pela acção colonial dos ingleses, que realizaram as
mesmas promessas territoriais e de criação de um Estado nacional tanto para palestinos
quanto para judeus. Paralelo a esse aumento considerável da quantidade de judeus na
Palestina, o nacionalismo árabe entre os palestinos fortaleceu-se, bem como a exigência
para a criação de um Estado nacional (promessa feita pelos ingleses). Os ingleses,
percebendo a complexidade da situação, entregaram a questão palestina para que a
Organização das Nações Unidas (ONU) tomasse as medidas necessárias, (CAMARGO,
2013, p. 423).

A saída encontrada pela ONU foi decretar a criação de dois Estados distintos: o Estado
da Palestina e o Estado de Israel. A criação do Estado de Israel deu-se a partir da
resolução 181 da ONU, realizada em novembro de 1947. Essa resolução contou com 33
votos a favor da criação do Estado de Israel (incluindo o voto do Brasil) e 13 votos
contra. Com a decisão da ONU, foi determinado que 53,5% do território da Palestina
faria parte do Estado de Israel, enquanto 45,4% faria parte do Estado da Palestina (os
palestinos, mesmo tendo maior população, ficaram com parcela menor do território).
Jerusalém – reivindicada pelos dois – ficaria sob controle internacional. A criaçao do
Estado de Israel fez que o desejo de criar umm Estado da ´Palestina fosse mais almejada
pelos árabes e foi esse motive que fez com que entrassem em conflito porque eles
queriam que a Palestina fosse reconhecida pela ONU como um Estado como aconteceu
com Israel, (idem).

 Sionismo

A origem dos conflitos entre árabes e israelenses está diretamente relacionada com o
surgimento do sionismo no final do século XIX. O sionismo teve origem oficialmente
em 1896, a partir de um livro publicado por um jornalista húngaro que se chamava
Theodor Herzl. Esse livro chamava-se O Estado Judeu e defendia a ideia da criação de
um Estado para os judeus. Nesta perspectiva o:

O sionismo surgiu no auge dos nacionalismos europeus do final do século XIX


e foi uma resposta ao antissemitismo (ódio e aversão aos judeus) que ganhava
força na Europa, especialmente no leste europeu. A partir daí, formou-se uma
série de organizações sionistas, que passaram a defender politicamente a
formação desse Estado judeu, e começou-se a investigar a possibilidade de que
esse Estado surgisse na Palestina, (CAMARGO, 2013, p. 425).

Causas regionais

O principal confronto entre palestinos e israelitas se dá em torno da soberania e do


poder sobre terras que envolvem complexas e antigas questões históricas, religiosas e
culturais. Tanto árabes quanto judeus reivindicam a posse de territórios nos quais se
encontram seus monumentos mais sagrados, ou seja, uma das causas que levou este
conflito a acontecer é devido a regiao da Palestina que cada povo seja os Judeus e
Arabes se auto intitulam como sendo os donos desta região histórica, e este conflito se
faz sentir até na actualidade, (TEMBE, 2003, p. 114).

Causas económicas

Outra causa tem a ver com a economia onde as potências capitalistas desejam
estabelecer um ponto estratégico na mais rica região petrolífera. Israel domina a maior
da economia da Palestina, ou seja, controla as actividades económicas como o de pesca,
agricultura assim como a água. Esta situação não agrada os palestinos, pois eles
entendem esta situação como sendo uma colonização económica e se sentem
dependentes e lutam para alcançar a sua soberania política, (ANTHONY, 1999, p. 580).

Causas religiosas

Sob o ponto de vista de CAMARGO (2013, P. 427), o conflito foi de carácter religioso,
devido a posição do judaísmo e do islão, um conflito étnico pelo antagonismo dos
judeus e dos árabes.
Fases do conflito

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