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HOME > GEOGRAFIA > GEOPOLÍTICA > CONFLITOS ENTRE ISRAEL E PALESTINA
O conflito entre palestinos e israelenses se iniciou na década de 1940 e foi motivado pela disputa da Palestina.
Mais recentemente falando, muitos analistas apontam que o confronto atualmente envolve
novos aspectos, os quais estão em torno da maneira violenta pela qual Israel trata a população
palestina que reside seja em Israel, seja nos territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de
Gaza.
Assim, a população palestina luta para conseguir a sua autodeterminação — uma vez que o
Estado da Palestina não existe, oficialmente falando —, mas também para conquistar melhores
condições de vida, pois alegam que Israel os mantém em condições degradantes, limitando o
acesso da população a recursos básicos, como água, e sufocando a população de Gaza com
um bloqueio econômico que se estende desde 2007, entre outros fatores.
Israel, por sua vez, defende suas ações afirmando que elas se justificam no contexto de
combate ao Hamas, organização considerada terrorista pelos israelenses e que comanda a
Faixa de Gaza desde 2006. Sendo assim, Israel afirma que seus ataques e todas as outras
ações que são tomadas visam exclusivamente a prejudicar o Hamas. Israel ainda acusa o
Hamas de usar a população civil da Palestina como escudo humano.
A escolha do local se deu pelo fato de que a Palestina era o local onde os judeus residiam na
Antiguidade, antes da diáspora. A migração de judeus para lá se iniciou na década de 1880,
mas começou a acontecer de maneira organizada a partir de 1897, logo depois do Primeiro
Congresso Sionista.
Tensão na Palestina
Os sionistas começaram a defender sua causa politicamente a nível internacional, e o
primeiro grande passo para isso aconteceu em 1917, quando os judeus receberam uma
garantia dos britânicos de que o Reino Unido os apoiaria na criação de um Estado judeu na
Palestina. O vazamento dessa promessa espalhou tensão em toda a Palestina.
As tensões aumentaram consideravelmente na década de 1930 e cada vez mais à medida que
a população judaica na Palestina aumentava. Esse aumento populacional foi documentado
pelos historiadores, e Karen Armstrong, por exemplo, aponta que a população judaica na
Palestina aumentou de 18,9%, em 1933, para 27,7%, em 1936|2|. Daí a violência começou a se
manifestar dos dois lados.
Criação de Israel
O aumento da tensão e a escalada na violência dos dois lados levaram os ingleses, que
governavam a região desde o fim da Primeira Guerra Mundial, a propor a divisão da Palestina
para criar um Estado para os judeus e outro para os árabes. Esse plano não avançou, mas a
violência dos dois lados seguiu crescendo e a Inglaterra decidiu retirar-se da região.
Essa proposta foi levada para a Assembleia Geral do ONU, no dia 29 de novembro de 1947, e
foi aprovada. Os judeus sionistas automaticamente concordaram com a proposta, aceitando,
inclusive, o fato de Jerusalém ficar sob controle internacional. Os árabes, por sua vez,
rejeitaram o plano de divisão da Palestina.
Os ingleses anunciaram que suas tropas seriam retiradas da Palestina em outubro de 1948,
mas essa saída foi antecipada para abril do mesmo ano. Logo após a saída das tropas
britânicas, as autoridades sionistas na Palestina proclamaram a fundação do Estado de Israel,
em 14 de maio de 1948. O Estado judeu contou com reconhecimento internacional, com
exceção dos países árabes.
Durante esse conflito, Israel foi atacado por tropas do Egito, Síria, Iraque, Líbano e
Transjordânia (atual Jordânia), mas as preparadas forças armadas israelenses conseguiram se
impor no conflito, enfrentando grandes dificuldades apenas no combate contra a
Transjordânia. A violência se manifestou dos dois lados, e a expansão israelense e os ataques
contra civis palestinos forçaram a fuga de milhares.
Ao longo do século XX, uma série de outros conflitos aconteceu, destacando-se os seguintes:
Crise de Suez;
Primeira Intifada;
Segunda Intifada.
A Crise de Suez, ou Guerra de Suez, remonta ao ano de 1956, quando França e Reino Unido
tiveram uma crise diplomática com o Egito pelo controle do Canal de Suez. Essa crise resultou
em uma ação militar contra o Egito na qual Israel tomou parte. Israel aproveitou-se da
circunstância para invadir e ocupar a Península do Sinai, mas foi forçado a abandonar essa
região tempos depois.
Em 1967, foi a vez de ser iniciada a Guerra dos Seis Dias, como consequência de ataques de
Israel contra a Síria. Esses ataques aconteceram sob a alegação de que a Síria abrigava
guerrilheiros palestinos que faziam parte do Fatah, grupo vinculado à Organização pela
Libertação da Palestina (OLP).
Nesse conflito, as forças de Israel demonstraram ser muito superiores às das nações árabes e,
em seis dias de conflito, Israel conquistou uma série de novos territórios: Faixa de Gaza,
Península do Sinai, Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Colinas de Golã. Uma resolução da ONU
emitida depois do conflito ordenou que Israel abandonasse esses territórios, o que só
aconteceu, parcialmente, tempos depois.
Anos depois, em 1973, um novo conflito se iniciou. Conhecido como Guerra de Yom Kippur,
teve início quando as nações árabes deram início a um ataque surpresa contra Israel, visando
recuperar os territórios tomados pelos israelenses no conflito de 1967. Essa guerra se encerrou
de maneira indefinida, uma vez que nenhuma das forças conseguiu se sobrepor à outra.
Por fim, as Intifadas foram rebeliões populares realizadas pelos palestinos. A Primeira
Intifada aconteceu em 1987, e a segunda, no ano de 2000. Nesses levantes, a população se
armou de paus e pedras e partiu para o confronto contra as tropas israelenses. Estima-se que
cerca de 1200 palestinos morreram na Primeira Intifada, e cerca de 3300, na segunda|4|.
Acordos de paz foram negociados entre as duas partes, com destaque para os Acordos de
Oslo, em que Yitzhak Rabin, primeiro-ministro israelense, e Yasser Arafat, líder da OLP,
reuniram-se com Bill Clinton, presidente americano na época, para acordar a paz. Esse acordo
fracassou porque, no final da década de 1990, o novo governo israelense (de extrema-direita)
se recusou a cumprir o que havia sido acordado.
Leia também: Guerra Civil Síria — conflito responsável pela morte de 600 mil pessoas no
Oriente Médio
Hamas
Os conflitos entre Israel e Palestina seguiram ao longo do século XXI e, sempre que há um
atrito, Israel promove ataques na Faixa de Gaza ou Cisjordânia, e um grupo de resistência
palestino responde com mísseis ou convocando a população para resistir. Esse grupo é o
Hamas, que é um ator importante nesse conflito.
O Hamas é uma organização fundamentalista que se coloca como resistência a Israel. O governo israelense
considera o Hamas uma organização terrorista.[1]
O Hamas é uma organização que é classificada como fundamentalista, em razão de seu viés
religioso. Surgiu em 1987 e se transformou em um dos principais nomes da resistência
palestina, ao lado do Fatah (de tendências seculares e moderadas). O Hamas possui
diferentes áreas de atuação, possuindo um braço militar, outro político e um voltado para
ações sociais.
O braço militar do Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel e outros países,
como os Estados Unidos e as nações da União Europeia. Quando o Hamas surgiu, o estatuto
desse grupo defendia a erradicação completa de Israel, mas analistas internacionais afirmam
que a posição da organização se tornou um pouco mais moderada nos últimos anos.
Atualmente, entende-se que o Hamas aceita que o Estado da Palestina seja criado nos
territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Desde 2006, o Hamas entrou na política e passou
a governar a Faixa de Gaza, aumentando a rivalidade com o Fatah. A ascensão política do
Hamas fez Israel impor um bloqueio econômico à Faixa de Gaza.
Nesse bloqueio, Israel proibiu a entrada em Gaza de tudo que poderia ser utilizado na
produção de armas, permitindo a entrada apenas de itens básicos. Entretanto, denúncias
frequentes acontecem de que mercadorias normais, como itens de limpeza e alimentos, são
barradas pelas autoridades israelenses. Observadores internacionais apontam que o bloqueio
contribui para aumentar a insegurança alimentar da população palestina.
Todas as vezes que a frágil paz da região é quebrada, o Hamas responde lançando centenas,
às vezes milhares, de mísseis contra Israel. Entretanto, a maioria desses mísseis é
interceptada pelo sistema antimíssel desenvolvido por Israel e conhecido como Iron Dome.
O jornalista Mohammed Omer aponta que parte da população palestina não aprova os
métodos do Hamas, mas ele afirma que, a cada ataque israelense contra a Faixa de Gaza, o
apoio ao Hamas aumenta, uma vez que os ataques israelenses resultam na morte de centenas,
às vezes milhares, de civis, sendo muitos deles crianças|5|.
Por fim, o Hamas sofre críticas internacionais pela forma como governa a Faixa de Gaza.
Esse grupo é conservador e autoritário, e denúncias de grupos dos Direitos Humanos apontam
que o Hamas persegue críticos e opositores políticos, prendendo-os arbitrariamente e
utilizando práticas de tortura.
Questão Palestina
Atualmente o Estado de Israel é uma nação consolidada, com boa infraestrutura e um dos
melhores índices de qualidade de vida do Oriente Médio. Os palestinos, em contrapartida, não
possuem um Estado nacional e as condições de vida de sua população, seja na Faixa de
Gaza, seja na Cisjordânia, têm piorado cada dia mais.
Outros grupos têm denunciado algumas práticas impostas à população palestina. A Humans
Rights Watch, entidade que observa a defesa dos Direitos Humanos no mundo, aponta, em
relatório de 2021, que Israel beneficia a população israelense, enquanto discrimina
abertamente a população palestina.
O relatório ainda aponta que o governo israelense atua sistematicamente para perpetuar o
controle demográfico, político e territorial da região por meio das leis e do poder policial. Por
fim, o relatório aponta que as condições de vida degradantes que são impostas aos palestinos
em algumas regiões de Israel são tão severas que constituem crimes contra a humanidade por
imposição de um regime de apartheid, isto é, um regime de segregação|6|.
Mohammed Omer afirma que um dos locais que mais sofrem é a Faixa de Gaza, um estreito
pedaço de terra no sul da Palestina habitado por cerca de dois milhões de pessoas, fazendo
desse local um dos mais densamente habitados do mundo. Ele aponta que a situação na Faixa
de Gaza é tão degradante que, no ano de 2015|7|:
Passados mais de sete décadas de conflito, muitos ainda defendem que a saída para essa
guerra entre israelenses e palestinos é a criação de dois Estados, um israelense e outro
palestino, na região.
Notas
|1| ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 431.
|5| OMER, Mohammed. Em estado de choque: sobrevivendo em Gaza sob ataque israelense. São Paulo: Autonomia
Literária, 2017, p. 49.
|6| A Threshold Crossed: Israeli authorities and the Crimes of Apartheid and Persecution. Para acessar, clique aqui
[em inglês].
|7| OMER, Mohammed. Em estado de choque: sobrevivendo em Gaza sob ataque israelense. São Paulo: Autonomia
Literária, 2017, p. 19.
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