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MOVIMENTOS DE MIGRAÇÕES

Em geografia, aprendemos que os movimentos migratórios são os


fenômenos que explicam a transição de grupos de pessoas de um lugar para outro.
Essa dinâmica favorece a ampliação de diferentes culturas, enriquecendo o
aprendizado de ambas as partes: ao povo que está chegando e aos que estão
recebendo os novos moradores.
No entanto, nem sempre esse processo é feito de forma agradável e pacífica.
Existem os motivos das migrações, as quais ocorrem de duas formas: forçada e
espontânea. Vejamos um pouco mais sobre isso!

O HOLOCAUSTO

Holocausto é o nome que se dá para o genocídio cometido pelos nazistas ao


longo da Segunda Guerra Mundial e que vitimou aproximadamente seis milhões de
pessoas entre judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes
físicos e mentais, opositores políticos etc. De toda forma, o grupo mais foi vitimado no
Holocausto foi o dos judeus. Estes, por sua vez, preferem referir-se a esse genocídio
como Shoah, que em hebraico significa “catástrofe”.
Entre a ascensão nazista ao poder, em 1933, e a rendição da Alemanha
nazista, em 1945, mais de 340.000 judeus deixaram a Alemanha e a Áustria.
Tragicamente, quase 100.000 deles encontraram refúgio em países que
posteriormente foram conquistados pela Alemanha, e as autoridades daquele país
deportaram e mataram a grande maioria daqueles que tentaram fugir do nazismo.
Após a anexação da Áustria pela Alemanha, em março de 1938, e,
principalmente, após os violentos massacres de Kristallnacht, a Noite dos Cristais,
entre 9 e 10 de novembro de 1938, as nações da Europa ocidental e das Américas
temiam que uma grande massa de refugiados batesse às suas portas. Entre março de
1938 e setembro de 1939 um total de 120.000 imigrantes judeus tentou emigrar para
os Estados Unidos, mas apenas 80.000 conseguiram fazê-lo, pois o número de
imigrantes aceitos era muito menor do que o número de pessoas em busca de refúgio.
No final de 1938, 125.000 candidatos faziam fila nas portas dos consulados
norte-americanos na Europa, na esperança de obter um dos 27.000 vistos permitidos
dentro da cota de imigração existente. Em junho de 1939, o número de candidatos já
era de mais de 300.000, mas a maioria deles não obteve êxito. Na Conferência de
Evian, em julho de 1938, apenas a República Dominicana declarou estar preparada
para receber um grande número de refugiados; e a Bolívia, que na época não se
manifestou, acabou por admitir mais de 20.000 imigrantes judeus entre 1938 e 1941.
Em um evento altamente noticiado entre maio e junho de 1939, os Estados
Unidos se recusaram a receber mais de 900 refugiados judeus que haviam cruzado o
oceano no navio St. Louis. partindo de Hamburgo, na Alemanha em busca de
salvação. Os passageiros do St. Louis, que acreditaram ter obtido vistos de trânsito
em Cuba, onde aguardariam a aprovação de seus vistos norte-americano, no último
momento não obtiveram permissão para desembarcar, e o navio então inicou uma
jornada desesperada em busca de abrigo, mas ao aproximar-se da costa da Flórida
não obteve permissão das autoridades norte-americanas para atracar. Sem permissão
para aportar nos Estados Unidos, o navio foi forçado a retornar à Europa, onde
navegou por alguns países para os quais os refugiados imploravam refúgio. A Grã-
Bretanha, a França, a Holanda e a Bélgica acabaram por aceitar alguns dos
passageiros como refugiados, e os restantes tiveram que retornar para a Alemanha.
Sabe-se que dos 908 passageiros do St. Louis que retornaram à Alemanha, 254
(quase 28%) morreram no Holocausto; 288 refugiaram-se na Grã Bretanha; e dos 620
que foram forçados a retornar à Europa central, 366 (pouco mais de 59%)
sobreviveram à Guerra.
Mais de 60.000 judeus alemães imigraram para a terra de seus ancestrais no
Mandato Britânico, a então Palestina, durante a década de 1930, a maioria sob os
termos do Acordo Haavara (Transferência). Este acordo entra a Alemanha e as
autoridades judaicas que viviam sob o Mandato Britânico facilitou a emigração dos
judeus para a região na época. O maior obstáculo da emigração dos judeus da
Alemanha para o Mandato era a legislação alemã que proibia a exportação de moeda
estrangeira, fazendo com que assim os refugiados não pudessem vender seus bens e
trocar o dinheiro adquirido por para outras moedas, como o dólar ou a libra britânica.
Segundo o acordo, os judeus se desfariam de seus bens Alemanha de modo
organizado, e o dinheiro resultante seria transferido para o Mandato Britânico através
de produtos alemães para lá exportados.
Para dificultar ainda mais a emigração judaica em busca de salvação de suas
vidas, em maio de 1939 o parlamento britânico aprovou uma declaração política
denominada White Paper, que determinava medidas que limitavam rigorosamente a
entrada de judeus em seu Mandato no Oriente Médio. À medida que diminuia o
número de países dispostos a aceitar os refugiados, dezenas de milhares de judeus
alemães, austríacos, e poloneses emigraram para Xangai, na China, um destino que
não exigia visto. A Área de Reassentamento Internacional em Xangai, na época sob
controle japonês, recebeu 17.000 judeus.
Durante o segundo semestre de 1941, enquanto notícias não confirmadas de
assassinatos em massa cometidos pelos nazistas chegavam ao Ocidente, o
Departamento de Estado Norte-Americano estabelecia limites no número de
imigrantes ainda mais rígidos, baseados em alegações de segurança nacional. Apesar
das restrições britânicas, durante a Guerra alguns judeus entraram na região do
Mandato Britânico através de imigrações "ilegais", a chamada Aliyah Bet. A Grã-
Bretanha limitou a entrada de imigrantes entre 1938 e 1939 mas, ao mesmo tempo, o
governo britânico permitiu a entrada na Inglaterra de cerca de 10.000 crianças judias,
através do programa especial Kindertransport, Transporte de Crianças. Na
Conferência das Bermudas, em abril de 1943, os Aliados não fizeram qualquer
proposta concreta para resgate dos perseguidos pelo nazismo.
A Suíça acolheu aproximadamente 30.000 judeus que entraram no país, mas
recusou quase o mesmo número em suas fronteiras. Cerca de 100.000 judeus
conseguiram chegar até a Península Ibérica. A Espanha acolheu um número limitado
de refugiados e, logo em seguida, enviou-os para o porto de Lisboa, em Portugal. De
lá, milhares destes refugiados conseguiram embarcar rumo aos Estados Unidos entre
1940 e 1941, mas milhares de outros não conseguiram obter os vistos de entrada para
os Estados Unidos.
Após a guerra, centenas de milhares de sobreviventes encontraram abrigo na
Alemanha desnazificada, na Áustria, e na Itália, em campos administrados pelos
Aliados. Nos Estados Unidos, as restrições à imigração ainda eram vigentes, embora a
Diretiva Truman, de 1945, mandasse que fosse dada prioridade aos deslocados de
guerra dentro do sistema, o que permitiu que 16.000 sobreviventes judeus entrassem
nos Estados Unidos.
A imigração judaica para a área do Mandato Britânico no Oriente Médio,
denominada em hebráico Aliyah, permaneceu extremamente restrita pelos ingleses,
até que o Estado de Israel conseguiu obter sua independência em maio de 1948.
Entre 1945 e 1948, milhares de sobreviventes do Holocausto tentaram entrar na
região, mas as autoridades britânicas os encarceraram em campos de detenção na
ilha de Chipre.
Com o estabelecimento do Estado de Israel, em maio de 1948, os
sobreviventes começaram a fluir para o novo estado judeu soberano, onde não seriam
mortos pelo fato de serem judeus, e cerca de 140.000 sobreviventes do Holocausto
entraram em Israel nos anos seguintes. Entre 1945 e 1952, os Estados Unidos
admitiram em seu território 400.000 sobreviventes do nazismo, deslocados de guerra,
e entre eles 96.000, cerca de 24%, eram judeus.
O TERREMOTO NO HAITI

Nos anos que se seguiram ao terremoto que assolou o Haiti em janeiro de


2010, houve uma grande intensificação da migração para o Brasil. Segundo dados da
Polícia Federal, aproximadamente 93 mil haitianos entraram em território brasileiro
entre 2010 e 2017.
Entre os fatores envolvidos o interesse do governo e das empresas brasileiras
em explorar a mão de obra barata haitiana na construção civil, muito aquecida devido
aos grandes eventos (como a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada 2016). Ainda, a
política externa brasileira de abertura aos refugiados após o terremoto, que facilitou
que adquirissem visto e documentação para trabalhar. A perspectiva de usar a
migração para o Brasil como etapa intermediária para chegar aos Estados Unidos ou
ao Canadá e uma imagem absolutamente equivocada do Brasil como um lugar sem
racismo também foram atrativos importantes.
O Brasil já tinha uma presença forte no imaginário haitiano desde os anos
1960, por causa do futebol. Seguy afirma que o primeiro grande evento a ser
transmitido logo após a chegada da televisão no país foi a Copa de 1958 e, desde
então, existe uma grande comunidade de torcedores haitianos da Seleção Brasileira.
Durante a Minustah, o Consulado Brasileiro investiu em fortalecer esses laços e, em
2008, é fundado o Centro Cultural Brasil-Haiti (CCBH), com o propósito de difundir a
cultura brasileira, por meio de aulas de português, capoeira e samba, entre outras
atividades.
A partir de 2004, os mercados no Haiti passam a importar muitos produtos de
empresas brasileiras, que também investem em propaganda e incentivos para atrair
haitianos a virem trabalhar no Brasil.
Esse conjunto de fatores políticos, econômicos e culturais contribuiu para um novo
fluxo de imigrantes vindos do Haiti provocado pelo terremoto de 2010, e para que o
Brasil fosse um dos principais destinos visados.

O ÊXODO RURAL

"Êxodo rural é o processo de migração de pessoas do campo para a cidade.


Muitas causas podem ser associadas a ele, como a modernização da produção
agrícola, a concentração fundiária, a busca por melhores condições de vida e
melhores empregos, entre outros fatores.
Entre as suas consequências estão o esvaziamento das zonas rurais e o
crescimento desordenado das cidades. No Brasil, o êxodo rural ganhou força com a
industrialização e se intensificou entre 1970 e 1980, quando mais da metade da
população passou a viver nas cidades.
"A partida de um grande número de pessoas das áreas rurais em direção aos centros
urbanos pode ocorrer de forma espontânea ou forçada, da mesma forma como
acontecem com as migrações no geral. Os motivos que levam a esse deslocamento
são diversos, estando associados à reestruturação produtiva de um determinado
território – portanto, um fator estrutural –, à conjuntura econômica ou questões
financeiras particulares e até mesmo a condicionantes naturais (desastres naturais,
secas severas e outros).
A principal causa do êxodo rural é a modernização do processo produtivo no
campo. Com o advento da Revolução Verde em meados do século XX, um grande
número de novas tecnologias foi incorporado nas cadeias produtivas agropecuárias, o
que condicionou a transformação do perfil de mão de obra empregada, que passou a
exigir maior qualificação e também a substituição de postos de trabalho pelos
maquinários. Com isso, muitas pessoas que perderam os seus trabalhos emigraram
para os centros urbanos em busca de emprego e um recomeço.

MIGRAÇÕES NO CONTINENTE AFRICANO

O movimento de pessoas entre países africanos é uma caraterística que define a migração no
continente. O maior movimento dos trabalhadores migrantes no continente é atribuído às regiões da
África Ocidental, Oriental e Austral. Os jovens do Oeste Africano são tidos como os que mais se
deslocam em busca do trabalho. Este fato pode estar ligado, em parte, ao acordo de cooperação
regional que reconhece direitos individuais de deslocamento e assentamento.

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