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GUIA DE ESTUDOS

ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS- (AGNU)

“Conflito entre Israel e Palestina”

Organizadores:
Manuela Ramos Mora
Rafael Bueno de Godoi da Mota

Franca
2022
2

Sumário
Introdução
Funcionamento do CSNU 4
Resumo da temática 5
Importância da região - Questões econômicas, religiosas e territoriais 6
Atualidade 9
Fatores determinantes
Movimento Sionista 10
Questão Palestina 11
Influência da ONU 13
Faixa de Gaza 14
Hamas 15
Histórico
Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial 18
1ª Guerra Árabe-Israelense 18
O conflito de Suez 20
Criação da OLP 21
Guerra dos Seis dias 22
Guerra do Yom Kippur 24
Acordos de Camp David 25
Primeira Intifada e os Acordos de Oslo 26
Acordos de Oslo 28
Segunda Intifada 30
Conflitos recentes
Década de 2010 31
Despejos em Jerusalém Oriental 32
O Domo de Ferro 33
Dia de Jerusalém (10 de maio de 2021) 33
Bloqueio de recursos naturais 34
Posicionamento da Imprensa
Repercussão midiática no Ocidente 35
Jornalismo Palestino 37
Posicionamento por delegações:
Israel 38
Estados Unidos da América 39
Federação Russa 40
Reino Unido 41
República Popular da China 42
França 42
Iraque 43
Jordânia 44
3

Líbano 44
Alemanha 44
Síria 45
Egito 46
Brasil 46
Turquia 47
Emirados Árabes Unidos 47
Palestina(Imprensa) 47
4

Conselho de Segurança: conflito entre Israel e Palestina

● Introdução
○ Funcionamento do CSNU
O Conselho de Segurança, órgão permanente da ONU (Organização das Nações
Unidas), foi criado em 1945 com o poder de mediar conflitos e aprovar resoluções que devem
ser seguidas por todos os países-membros das Nações Unidas. Possui o objetivo principal de
investigar quaisquer situações que possam vir a representar uma ameaça à paz mundial1, isto
é, visa a manutenção da paz e da segurança internacional ao investigar qualquer situação que
possa, futuramente, transformar-se num conflito internacional.
Pode-se acrescentar, a esse objetivo apresentado, a determinação de criar, manter e
encerrar as Missões de Paz, a recomendação de métodos de diálogo entre os países, a
elaboração de planos de regulamentação de armamentos, a solicitação de que os países
apliquem sanções econômicas e outras medidas para impedir ou deter alguma agressão e, por
fim, a recomendação do ingresso de novos membros na ONU e da eleição de um novo
Secretário-Geral para a Assembleia Geral. 2
O órgão em questão possui quinze países membros, sendo cinco deles permanentes -
Estados Unidos da América, Federação Russa, Reino Unido, França e República Popular da
China - e dez temporários, sendo estes substituídos de dois em dois anos e sem possibilidade
de reeleição imediata. Estes membros, também chamados de rotativos, são escolhidos pela
Assembleia Geral a fim de que contribuam para a manutenção da paz e da segurança
internacionais. Para fins de conhecimento, existe um critério para a distribuição das cadeiras
rotativas, de forma que duas são reservadas para a África, duas para a América Latina e
Caribe, duas para a Ásia, duas para a Europa Ocidental e outros países, uma para a Europa
Oriental e uma para a África ou para a Ásia.3
Para que qualquer resolução que chegue ao Conselho de Segurança da ONU seja
aprovada, além de nove votos favoráveis dentre todos os membros, é necessário que seja

1
VIEIRA, T. L.; CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A. O conflito entre israel e palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445. Disponível em:
https://www.viannasapiens.com.br/revista/article/view/445. Acesso em: 26 ago. 2022.
2
NETO, Edmilson. “Como funciona o Conselho de Segurança da ONU?”. Politize!, 10 de jan de 2020.
Disponível em: <https://www.politize.com.br/conselho-de-seguranca-da-onu/>. Acesso em: 26 de ago de 2022.
3
FESCINA, Daniela. “Como funciona o Conselho de Segurança da ONU?” Super Interessante, 7 de abr de
2017. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-funciona-o-conselho-de-seguranca-da-onu/>. Acesso em: 26
de ago de 2022.
5

unânime a decisão do conselho permanente, ou seja, todos os países componentes do órgão


possuem direito de voto, apesar de apenas os cinco permanentes terem direito a veto. Com
base nisso, observa-se certa dificuldade na resolução de medidas consideradas críticas e
importantes, porque um voto negativo entre Estados Unidos da América, Federação Russa,
Reino Unido, França e República Popular da China significa um veto à resolução.
O responsável por conduzir as reuniões do Conselho de Segurança - que são mensais e
podem ser fechadas entre os membros ou abertas à participação de outros países, imprensa e
público - e representá-lo enquanto órgão das Nações Unidas é o Presidente, sendo este
definido rotativamente entre os membros do órgão na ordem alfabética (em inglês) do nome
do país por um período de um mês. Por fim, cada país-membro possui uma delegação com
três pessoas, que são o representante, o representante adjunto e o representante alterno. Eles
são escolhidos pelo chefe de Estado ou pelo ministro das Relações Exteriores de cada país,4
sendo os dois primeiros embaixadores e o último diplomata, ministro, conselheiro ou
secretário.

○ Resumo da temática
Esse texto tem o objetivo de apresentar, resumidamente, a temática da questão
Israel-Palestina, que possui raízes histórico-políticas e remonta à Antiguidade. A Palestina,
localizada no Oriente Médio, é considerada, por motivações religiosas, um lugar sagrado tanto
para os árabes quanto para os judeus. Como foi apontado no artigo “O Conflito entre Israel e
Palestina” (2018), a história do povo judeu foi marcada por diversas diásporas, como a
ocorrida em 153 d.C., por motivações do imperador romano da época5, a do período da
Revolução Industrial, que influenciou o discurso antissemita6 e a consequente das duas
Guerras Mundiais, principalmente em decorrência do nazismo.
Os conflitos entre Israel e Palestina foram influenciados pelos acontecimentos da
primeira metade do século XX, que contaram, por parte da Grã-Bretanha, com políticas
colonialistas e com posicionamentos contraditórios ao fazer promessas para os dois povos. O
território palestino anteriormente se encontrava sob o mandato do Império Otomano, porém

4
FESCINA, Daniela. “Como funciona o Conselho de Segurança da ONU?” Super Interessante, 7 de abr de
2017. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-funciona-o-conselho-de-seguranca-da-onu/>. Acesso em: 26
de ago de 2022.
5
Alterou o nome da região de Judeia para Palestina, a fim de retirar a lembrança da presença judaica da região.
6
Os judeus eram vistos como manipuladores do capital de parte do mundo e causadores da alta taxa de
desemprego vivenciada.
6

passou para o britânico por conta da dissolução do primeiro. A atuação contraditória da


Grã-Bretanha, como apontado, mostrou-se por meio da Declaração de Balfour7, pela
correspondência entre McMahon e Hussein8 e pelo acordo Sykes-Picot9. É válido ressaltar que
o interesse na Palestina decorria por esta ser uma região estratégica de fluxo militar e
comercial (situa-se entre o Mediterrâneo e o Oceano Índico).
Após a Segunda Guerra Mundial, em 1947, a ONU dividiu a região em duas partes
desiguais, visto que os judeus ficaram com 14.500 km2 para 700 mil indivíduos, enquanto os
palestinos ficaram com 11.500 km2 para 1,3 milhões10. Em decorrência da criação do Estado
de Israel, a Grã-Bretanha retirou seu comando do território e, por conta da divisão realizada,
os árabes declararam guerra. Diversos conflitos, como a Guerra Árabe-Israelita (1948)11, a
Guerra dos Seis Dias (1967)12 e a Intifada (1987)13, tiveram como consequência geral o
aumento do território ocupado pelos judeus.
Pode-se afirmar, assim como faz o artigo “O Conflito entre Israel e Palestina” (2018),
que
“[...]o conflito entre Israel e Palestina, atualmente, prende-se à luta dos palestinos
para conseguirem o seu território, suficiente para comportar todo o povo. Israel, por
outra via, argumenta que tem o objetivo de transformar aquele território em um
Estado judaico, o que contraria a fé dos palestinos”.

Por fim, sabe-se que o conflito ainda está longe de acabar e que sua resolução é
complexa, visto a resistência de determinadas entidades em reconhecer a Palestina como um
Estado soberano e a ONU ser influenciada pela política estadunidense, que apoia o Estado de
Israel, assistindo-o militar e financeiramente.

○ Importância da região - Questões econômicas, religiosas e territoriais

O conflito entre Judeus e Palestinos pelo território conhecido como Estado de Israel é
de longa data e permeado por diferentes aspectos que o ensejaram, bem como dificultam até
7
Seria criada uma nação judaica em Israel, mas, como constava na Declaração, “nada se fará que possa
prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas que vivem na Palestina, nem que
prejudique os direitos e disposições políticas de que os judeus gozam em todos os outros países” (VIEIRA,
CARDOSO, SCHEFFER, 2018, p. 341).
8
Promessa feita de se “recriar um Estado Árabe único e com independência” (VIEIRA, CARDOSO,
SCHEFFER, 2018, p. 340).
9
Jerusalém teria uma administração internacional e outras áreas do Oriente Médio seriam repartidas entre os
aliados.
10
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445.
11
Israel venceu e passou a deter mais da metade do território palestino.
12
Conquista, por Israel, da Península do Sinai, das Colinas de Golan, da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, regiões
que contavam com refugiados palestinos.
13
Movimento palestino com o objetivo de reclamar a tomada de territórios por parte de Israel.
7

os dias de hoje sua resolução, fazendo com que ele se “arraste” pelo tempo e espaço da
geopolítica mundial. As características do território, como a concentração de petróleo e água,
são fatores determinantes para a protelação do conflito. Primeiramente, é um território de
dimensões reduzidas, delimitados pelo Canal do Suez, indo até à fronteira da Síria com a
Turquia. Ainda, em termos de localização, o Canal de Suez tem importância política para a
região como única via do Mediterrâneo para o Índico e, ainda, representando único meio de
acesso ao mar Vermelho para alguns Estados externos a esta área14.
Em relação ao petróleo, o Oriente Médio dispõe de uma das maiores reservas
mundiais, o que resulta em sua importância no cenário mundial e atrai o interesse dos Estados
Unidos. Deste modo, quando Israel enxerga o acirramento do conflito na região, conta com
apoio dos EUA, que tiveram um papel decisivo para não houvesse derrota militar dos
israelenses15.
Além do petróleo, outro fator que motiva os conflitos é a questão do domínio das
águas, visto que a única bacia hidrográfica significativa da região é o rio Jordão e os países da
região já sofrem de situação de penúria em relação aos recursos de água potável disponíveis.
Ainda sim, Israel utiliza desses recursos como uma arma para exercer discriminação sobre os
palestinos. Mesmo contribuindo apenas em 23% da bacia, Israel é o território que mais faz
uso dela. Assim, Israel utiliza os poços do território como arma econômica contra a
comunidade palestina, pois, para que novos poços sejam perfurados, há necessidade de
autorização que apenas se conferem aos israelitas que, por sua vez, fazem-nas mais fundas de
modo que os poços se esgotem e sequem. Ademais, os poços dos palestinos que se refugiam
são confiscados, por estes estarem ausentes16.
Apesar de o rio Jordão estar totalmente em território palestino, os palestinos ainda
sofrem segregação em seu consumo, pois há uma limitação do uso de água para os palestinos
e, caso eles necessitem de mais água, devem comprá-la de uma empresa israelense que
explora a bacia, ainda que sejam, os verdadeiros donos do rio. Há, por exemplo, casos de
fazendeiros palestinos que têm sua água cortada por Israel, o que os impede de produzir na
terra17.

14
CORREIA, Pedro de Pezarat. Manual de geopolítica e estratégia. Lisboa: Edições 70, uma chancela de
Edições Almedina, S. A, 2018.
15
CORREIA, Pedro de Pezarat. Manual de geopolítica e estratégia. Lisboa: Edições 70, uma chancela de
Edições Almedina, S. A, 2018.
16
CORREIA, Pedro de Pezarat. Manual de geopolítica e estratégia. Lisboa: Edições 70, uma chancela de
Edições Almedina, S. A, 2018.
17
SAFATLE, Vladimir. A Cisjordânia e a "política da invisibilidade". Folha de São Paulo, 05 de dezembro de
2012.
8

Percebe-se, assim, que a distribuição geográfica de água não é apenas uma questão
geográfica e física, mas também política, pois é evidente que viver em região de escassez
hídrica não significa exatamente que o acesso a água seja escasso. O caso de Israel
exemplifica isso, já que, apesar de se situar em região de grande escassez, o uso das águas
entre os israelenses e palestinos é diferente e decorre de décadas de disputas territoriais,
inclusive por recursos hídricos. Os israelenses, dessa forma, garantiram um melhor acesso à
água, mesmo possuindo, geograficamente, menores recursos hídricos que os palestinos,
através de ações políticas que foram executadas tanto pelos britânicos durante o mandato,
quanto pelos próprios israelitas com a consolidação de seu Estado. Diante disso, o papel
geopolítico da água na região tornou-se claro, com um maior acesso dos israelenses, e
restrição pelos mesmos de seu uso pelos palestinos18. Além disso, durante as negociações para
a ocupação britânica da Palestina19, o movimento sionista já mencionava a importância da
questão hídrica para o planejamento das fronteiras de seu Estado.
Sobre os fatores religiosos que permeiam o território, a disputa envolve diferentes
religiões e também o controle do território de Jerusalém. Porém, como explica o professor
Marcelo Buzetto, a origem do conflito é a disputa territorial, e não é um conflito religioso,
pois os judeus, mulçumanos e cristãos viviam em paz até 1948 e foi só quando surgiu o
movimento sionista – nacionalista, colonialista, conservador, antidemocrático e racista que
começaram conflitos nesse sentido, pois esse movimento pretendia expulsar os árabes da
Palestina20.
Já o conflito sobre o território de Jerusalém tem sua origem nas heranças religiosas21:
“Jerusalém foi erguida no alto do Monte Moriah. Para os cristãos, esse foi o palco da
paixão de Cristo, onde Jesus foi crucificado, morto e sepultado. Para os
muçulmanos, é o lugar onde o profeta Maomé ascendeu aos céus. Já segundo a
tradição judaica, a cidade fundada pelo rei Davi é o local onde foi construído um
templo para guardar a Arca da Aliança, onde estariam as tábuas dos Dez
Mandamentos”.

18
RODRIGUES JUNIOR, Gilberto Souza. Geografia Política e os Recursos Hídricos
Compartilhados: o Caso Israelo-Palestino. 2010. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2010.
19
RODRIGUES JUNIOR, Gilberto Souza. Geografia Política e os Recursos Hídricos
Compartilhados: o Caso Israelo-Palestino. 2010. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2010.
20
BRASIL DE FATO. Pesquisador explica ataques de Israel contra Palestina: "Não é um conflito
religioso".
21
G1. O que faz de Jerusalém uma cidade tão sagrada e disputada.
9

Em 1947, houve a decisão do estabelecimento de um plano de partilha da Palestina


entre um Estado judeu e outro árabe Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
Dessa forma, a cidade de Jerusalém seria um corpo separado, sob controle internacional. No
entanto, não houve a implementação disso22. Em seguida, em 1948, ocorreu a declaração de
Independência do Estado de Israel e, posteriormente, iniciou-se a guerra árabe-israelense. A
consequência desse conflito foi a divisão de Jerusalém, cujo controle se estabeleceu em duas
partes: a ocidental por Israel e a oriental pela Jordânia23. Por fim, ressalta-se que a parte
oriental de Jerusalém é reivindicada pelos palestinos junto a sua capital, uma tentativa de
estabelecerem um acordos de paz a fim de alcançar a criação, ao lado de Israel, de um Estado
palestino24.

○ Atualidade
Desde muito tempo, os israelenses vêm ocupando ilegalmente, através de
assentamentos, regiões habitadas por palestinos, como ocorre na Cisjordânia e na parte
oriental de Jerusalém. Porém, esses assentamentos são constantemente atacados pelo
Conselho de Segurança da ONU, por serem considerados ilegais pela lei internacional. Desde
1976 até 2016, o Conselho vem reforçando essa ideia, afirmando, inclusive, que isso é uma
“violação flagrante da legislação internacional”25.
Ocorre que, recentemente, famílias palestinas de um bairro fora dos muros da Cidade
Velha de Jerusalém, chamado Sheikh Jarrah, estão sendo ameaçadas de despejo, o que
reacendeu ainda mais o conflito entre israelenses e palestinos, gerando mais violência, ainda
mais, porque tribunais israelenses deram ganho de causa a judeus que reivindicavam a região
de habitação dessas famílias palestinas. Diante disso, Jeremy Bowen, editor da BBC, afirmou
que isso está bem além do que uma disputa “por um punhado de casas”26.
Além disso, ainda há a questão do grupo radical islâmico Jihad, que vêm sofrendo
ataques das operações das forças israelenses quase que diariamente nos últimos tempos.
Nessas operações, em 2022, morreram pelo menos 57 palestinos, sendo que em uma delas
houve a morte de uma jornalista palestino-americana chamada Shirreen Abu Akleh, caso que
gerou grande repercussão, pois ela a mesma foi morta durante a cobertura do conflito. Através

22
G1. O que faz de Jerusalém uma cidade tão sagrada e disputada.
23
G1. O que faz de Jerusalém uma cidade tão sagrada e disputada.
24
G1. O que faz de Jerusalém uma cidade tão sagrada e disputada.
25
G1. Conflito entre Israel e palestinos: o que está acontecendo e mais 5 perguntas sobre a onda de
violência.
26
G1. Conflito entre Israel e palestinos: o que está acontecendo e mais 5 perguntas sobre a onda de
violência.
10

de investigações dos Estados Unidos e da ONU, descobriu-se que provavelmente foram


agentes de Israel que dispararam o tiro que a matou27.
Recentemente, em novos combates ao grupo Jihad, como ações de prevenção a
ataques terroristas, 43 palestinos morreram. O conflito só teve fim por intermediação do
Egito, através de um cessar-fogo. Durante essa operação, foram mortos duas pessoas
importantes do grupo: o líder do Jihad desde 2019, Tayseer Jabari, e Khaled Mansour, do alto
comando militar28.

● Fatores determinantes:
○ Movimento sionista
O movimento sionista - defesa a volta dos judeus à sua terra natal Jerusalém e da
criação de um estado judaico neste lugar - projeto concedido por Theodor Herzl29, o qual
defendia os direitos dos judeus, foi um dos principais motivos da criação do Estado de Israel,
com o principal objetivo de assegurar o direito dos judeus em desenvolver sua pátria no
território conhecido como “Terra Santa”. Segundo Herzl, no primeiro Congresso Sionista,
organizado na Basiléia (Suíça), era preciso ser empreendido um projeto de colonização em
alguma terra distante, de população “atrasada” e, por isso, passível de ser colonizada30. Dentro
dessa perspectiva, ficou definido que a Palestina deveria ser a criação de um Estado para o
povo judeu.
Para tal objetivo, criou-se o programa Sionista para alcançar tal meta, o qual era
composto de três pilares essenciais31: reconhecimento internacional do direito do povo judeu
de colonizar a Palestina; promoção da colonização judaica na Palestina em larga escala e a
criação de uma organização para unir os judeus no apoio ao sionismo. Além disso, motivado
pelos emergentes movimentos nacionalistas europeus do século XIX, o movimento se
intensificou como uma reação à preocupação de certos judeus com a perda de identidade de
seu povo, com isso, pode-se entender que o sionismo designa tanto de uma filosofia quanto
um movimento político, ou seja, seu objetivo central é a criação de um Estado nacional
judaico na região da Palestina como forma de mitigar o antissemitismo.32

27
FOLHA DE SÃO PAULO. Operação de Israel na Cisjordânia deixa 4 mortos dois dias após trégua em
Gaza.
28
FOLHA DE SÃO PAULO. Operação de Israel na Cisjordânia deixa 4 mortos dois dias após trégua em
Gaza.
29
Judeu austro-húngaro, nasceu em Peste, Hungria. Foi jornalista e fundador do moderno sionismo político.
30
GOMES, Aura Rejane. A questão da Palestina e a Fundação de Israel. p.12.
31
GOMES, Aura Rejane. A questão da Palestina e a Fundação de Israel. p.13
32
OLIVEIRA, Julia Souza. Sionismo como projeto identitário.
11

A Segunda Guerra Mundial (1919-1945) foi o período de maior extermínio de judeus


pelos nazistas. A erupção desse antissemitismo moderno e racial, no final do século XIX,
serviu de catalisador do sionismo hertzliano33, cujo lema dizia, “uma terra sem povo para um
povo sem terra”; o qual buscava convencer a opinião pública mundial quanto à necessidade da
criação de um lar34 judeu. Esse conflito causou a migração de famílias judias para fora do
continente europeu, que em princípio, a perseguição designava apenas aos indivíduos vindos
dos campos para os centros urbanos, disputando mercado de trabalho operário com a
população não judaica; entretanto, a consequência de tal questão foi uma ampliação
abrangendo os judeus emancipados - profissionais liberais, classes média e alta35 - o que
resultou em um contingente considerável de migrantes para a Palestina, onde seria criado
anos depois, em um contexto de disputa entre uma maioria árabe autóctone (o povo palestino)
e uma minoria estrangeira (judeus que migravam vindos da Europa e outras regiões do
Oriente Médio e Norte da África), o Estado de Israel.36

Fonte: Bergmann, 2009.

○ Questão Palestina
A raiz da questão palestina encontra-se no processo de constituição dos Estados
Modernos no Oriente Médio no início do século XX37, entretanto, com o surgimento do

33
MILGRAM,, Avraham. Reflexões sobre o sionismo e Israel. Revista do instituto cultural judaico marc chagall
v.1 n.1 (jan-jun) 2009.
34
Cabe mencionar que o termo “Estado” era evitado para não despertar reações antagônicas do governo turco e
de muitos judeus que poderiam ser contrários. (GOMES, 2011, p.13)
35
GOMES, Aura Rejane. A questão da Palestina e a Fundação de Israel. 2001. p.11.
36
BERGMANN, Lia. Israel 3.700 anos de história. In: Solução para a paz: entendendo o oriente médio. São
Paulo: Associação Beneficente e Cultural do Brasil, 2009.
37
PEREIRA, C. M; SANTOS, Willian; TROITINHO, B. R; VIEIRA. B. R. Refugiados Palestinos: a Construção
da Identidade Nacional e Impactos na Questão da Palestina. 2015. p.8
12

Estado de Israel em 1948, no pós Segunda Guerra Mundial, tal quadro ganha notoriedade
diplomática e territorial. Segundo Edward Said38:

“Segundo os cálculos mais precisos realizados até hoje, cerca de 780 mil
árabes-palestinos foram expropriados e desalojados em 1948 para facilitar a
‘reconstituição e a reconstrução’ da Palestina. Trata-se de refugiados palestinos que
somam atualmente bem mais que 2 milhões”. (SAID, 2012, p.17).

As forças britânicas, como principal apoio à formação de um Estado árabe israelense


único e independente39, retiraram da Palestina seu comando, principalmente, por influência
dos Estados Unidos no Conselho de Segurança e, também, problemas políticos. Nesse
sentido, foi delegado à ONU (Organização das Nações Unidas, criada em 1945) a busca de
uma solução para a questão judaico-palestina, resultando rapidamente na implementação do
projeto sionista na Palestina, cujo lideranças judaicas, em geral socialistas, proclamam a
independência do Estado de Israel. Como consequência, a partilha da Palestina concedida
pelo secretário-geral da ONU, Harry Truman, determinou que os palestinos (1,3 milhão de
indivíduos) ficariam com 11.500km², enquanto aos judeus com (700 mil indivíduos)40 seriam
concedidos 14.500km².
A migração forçada dos palestinos, os quais foram obrigados a deixarem a região após
a criação de Israel, fez com que buscassem refúgio principalmente nos países árabes vizinhos
como Jordânia e Egito. Com isso, à medida que passam a se organizar politicamente, os
palestinos começaram a ser reprimidos pelos próprios governos árabes, forçando muitos a se
refugiarem41 novamente em outros locais. Segundo Edward Said42:

“Segundo os cálculos mais precisos realizados até hoje, cerca de 780 mil
árabes-palestinos foram expropriados e desalojados em 1948 para facilitar a
‘reconstituição e a reconstrução’ da Palestina. Trata-se de refugiados palestinos que
somam atualmente bem mais que 2 milhões”.(SAID, 2012, p.17).

38
SAID, Edward. A Questão Palestina. São Paulo: Editora Unesp, 2012. 368 p. Tradução de Sonia Midori.
39
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445...
40
ÂNGELO, Miguel. Judeus, Palestinos, piadas e petróleo. Revista artigo 5º. Ano IV. 19. ed. mar/abr. 2011.
41
Os refugiados palestinos, no entendimento da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos
Refugiados Palestinos), são aquelas pessoas forçadas à migração pelo conflito de 1948. (PEREIRA, SANTOS,
TROITINHO, VIEIRA. 2015)
42
SAID, Edward. A Questão Palestina. São Paulo: Editora Unesp, 2012. 368 p. Tradução de Sonia Midori.
13

Diante desta prerrogativa, os árabes, revoltados com a distribuição de terras aos


judeus, declararam guerra no mesmo ano. O resultado do conflito foi o aumento territorial
além do estipulado pela ONU para o novo Estado de Israel, o qual gerou uma indignação
geral, pois não houve sanções impostas. Com isso, a soberania de Estado e de governo
contribui para a manifestação de um poder absoluto e exclusivo na região; com relação a esse
aspecto, observa-se uma perpetuação do conflito diante da conquista desse território43, uma
vez que os Palestinos buscavam conseguir seu território para comportar todo o seu povo,
enquanto Israel, buscava transformar o território em um Estado judaico, o que contraria a fé
dos palestinos44.
Por fim, com a vitória na famigerada “Guerra dos 6 dias”, Israel conquistou diversas
áreas importantes para sua dominação territorial como a Península do Sinai, as Colinas de
Golan, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, o qual trouxe um aumento expressivo do conflito,
tendo em vista que os Palestinos se refugiaram em muito desses países45.

○ Influência da ONU
A criação da ONU (Organização das Nações Unidas, em 1945) foi um dos principais
marcos do pós-Segunda Guerra Mundial, principalmente, em virtude da busca pela proteção à
vida, à paz e da responsabilização de alguns Estados pelos crimes praticados contra a
humanidade. Neste sentido, uma das relevantes questões discutidas nos tratados estava
intrinsecamente ligada ao extermínio do povo judeu, o que resultou na busca por um lar que
assegurasse os direitos e a cultura desse povo.
Dentro dessa perspectiva, a Palestina, denominada anteriormente no Congresso
Sionista na Basiléia, foi partilhada por votação na Assembleia da ONU, em 1947, com 33
votos a favor dentre 56 estados46. O posicionamento da ONU em relação a partição em
questão, seria o caminho para satisfazer ambos os lados, o qual seriam regidos pelas Nações
Unidas47. Tal plano, não foi acordado entre as partes, tendo em vista o descontentamento dos
Palestinos. A partir disso, é importante notar que, os aspectos jurídicos envolvidos no papel

43
Segundo Dallari, para ser Estado, é preciso ter território e este não pode ser privado, caso contrário, não
poderá receber essa denominação. (DALLARI, 2013)
44
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445..
45
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445..
46
GOMES, Aura Rejane. A questão da Palestina e a Fundação de Israel. p.7.
47
(G1 NOTÍCIA, 2017). Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/entenda-por-que-o-reconhecimento-de-jerusalem-como-capital-de-israel-pel
os-eua-e-tao-polemico.ghtml
14

da ONU diante desta decretação contribuíram para que o quadro de violação dos direitos
fundamentais dos palestinos fosse questionado, uma vez que, foram expulsos de seu país pela
massa de judeus que adentraram o país.
Neste contexto, fica evidente que a ONU não possui autonomia para tomar decisões
políticas e implementá-las, seja por meio de intervenções ou sanções, tendo em vista sua
estrutura delimitada pelo Conselho de Segurança, uma vez que os Estados Unidos são aliados
do Estado de Israel. Entretanto, cabe ressaltar, no que concerne à opinião da ONU sobre o
conflito, que a mesma declara e entende que a condição conflituosa entre Israel e Palestina é
intolerável48. Quanto à influência da organização, é possível apenas mediante consulta de seus
membros, a qual pode cobrar esforços das potências mundiais para que a paz seja atingida e
emitir resolução acerca de reivindicações da Palestina, ou seja, possuem um papel apenas
paliativo, mas essencial.

○ Faixa de Gaza
Para compreender minimamente as origens da formação da Faixa de Gaza é
necessário, principalmente, voltar as atenções ao século XX, a partir dos anos pós-Segunda
Guerra Mundial. O Reino Unido, que era responsável pela Palestina desde a derrocada do
Império Turco-Otomano com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), tinha como
missão legal fazer com que os palestinos formassem seu próprio Estado. No entanto,
verificou-se um aumento intensivo de migração de judeus para a Palestina entre 1920 e 1947,
permitida pelos britânicos no que ficou conhecido como a Declaração de Balfour, fazendo
com que houvesse 30% de judeus e 70% árabes-muçulmanos no total da população
palestina49.
Os conflitos territoriais na Palestina, advindos da hostilidade da população árabe local
por conta da migração intensa de judeus para a região, foram aumentando com o fim da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) até o ponto de o Reino Unido passar essa situação
conflituosa para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Somado o
contexto pelo qual os judeus haviam passado com o regime nazista alemão, a ONU decidiu
realizar a partilha da Palestina em 1947 para também abrigar os judeus.

48
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445.
49
CAMPOS, Eduardo; CASTELAN, Marcio; SANTOS, Sinval Neves. Oriente Médio. Pré-vestibular Geografia -
Livro 4. São José dos Campos: Poliedro, 2020.
15

Em 1948, os judeus declararam sua independência do Reino Unido e a formação do


Estado de Israel em sua porção de território definida pela partilha da Palestina. Todavia,
unidos aos palestinos, prejudicados e incomodados com a partilha que dividia sua população
desreguladamente, outros países como Jordânia e Egito participaram do conflito com os
judeus. O primeiro conflito se estendeu até 1949 e os israelenses acabaram vencendo os
árabes. No fim, os territórios destinados aos palestinos na partilha foram anexados por Israel,
com exceção da Faixa de Gaza, que permaneceu com o Egito e a Cisjordânia, sob controle da
Jordânia.
Em 1967, as Forças Armadas de Israel fizeram um ataque surpresa ao Egito, à
Jordânia e à Síria, num evento que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias. Por conta
desse conflito, o Egito perdeu a Faixa de Gaza, incluída na Península do Sinai, a Jordânia
perdeu a Cisjordânia e a Síria teve as Colinas de Golã controladas militarmente por Israel. No
fim, os israelenses haviam aumentado ainda mais o tamanho de seu território, causando uma
intensificação da disputa territorial entre eles e os palestinos. Além de expandir seu domínio,
Israel começou a atacar seus vizinhos árabes e impor colônias agrícolas, conhecidas como
assentamentos, em outros territórios.
No entanto, com mudanças de governo e na própria política internacional a partir dos
anos 1970 e 1980, surgiram os sinais de um início da pacificação entre israelenses e
palestinos. Em 1992, o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Yitzhak
Rabin iniciaram negociações de reconhecimento dos territórios e identidades. Israel
reconheceu a Organização para Libertação da Palestina (OLP), formada na década de 1950, a
qual foi renomeada de Autoridade Nacional Palestina (ANP). Enquanto isso, a Palestina
reconheceu Israel como um país. Os Acordos de Oslo, como ficaram conhecidas essas sessões
de negociações, tratavam em um primeiro momento da devolução da Faixa de Gaza e da
Cisjordânia para os palestinos. Contudo, algumas partes desses territórios ainda continuavam
sob controle civil e militar israelense. A Faixa de Gaza, por sua vez, não apresentava muito
interesse para Israel devido a fatores climáticos e relacionados ao solo; por isso, foi devolvida
totalmente aos palestinos. A Cisjordânia, como dito acima, sofreu algumas fragmentações no
que dizia respeito ao controle palestino e ao controle israelense.
As negociações foram perdendo força ao passo que um setor mais conservador em
Israel ascendeu ao poder e continuava a criar mais colônias judaicas, impondo restrições e
proibições a palestinos em seus territórios. Essa situação resultou na piora da crise econômica
que assolava os palestinos, deixando muitos sem acesso a bens básicos e, inclusive,
16

desempregados. Nesse contexto, os palestinos voltaram a se rebelar contra tal realidade nas
regiões da Faixa de Gaza e da Cisjordânia em 2000; porém, a violência nos dois lados
aumentou, com mais perdas para o o povo palestino.
Já em 2005, houve esforço do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon em retirar
colônias judaicas da Faixa de Gaza, devolvendo-a aos palestinos. Contudo, a insatisfação dos
palestinos continuou devido ao fato de que ainda havia assentamentos na Cisjordânia. Em
relação a esses territórios devolvidos, os quais deveriam ser controlados pela ANP, tem-se a
problemática da divisão do povo palestino entre os partidos Fatah e Hamas. Este último
venceu as eleições parlamentares em 2006 e controla a Faixa de Gaza, enquanto a Cisjordânia
é administrada pelo Fatah.
A Faixa de Gaza sofre um bloqueio econômico e político desde 2007 por Israel,
apoiado pelos Estados Unidos; ou seja, o fluxo de alimentos, produtos, pessoas, entre outros é
controlado por forças militares israelenses. Essa estratégia diz respeito à tentativa de Israel em
enfraquecer o grupo radical Hamas, considerado terrorista. Essa região é constantemente
palco de invasões e ataques militares por conta dessa disputa e, não menos importante, as
condições de vida nessa região cada vez mais se deterioram em relação à falta de acesso a
recursos essenciais, trabalho e moradia.

○ Hamas
O Hamas é um grupo de resistência que teve origem após a primeira Intifada palestina
contra a ocupação israelense na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, em 1987. Também é um
partido político com uma rede de assistência social aos palestinos e surgiu como oposição à
Organização pela Libertação da Palestina (OLP), com métodos considerados mais violentos e
radicais. Em 2006, o partido começou a ter mais envolvimento político ao vencer as eleições
legislativas daquele ano e ao eleger o Primeiro Ministro da Autoridade Nacional Palestina
(ANP). Assim, derrotou no processo político-eleitoral outro movimento que também tinha
força, o Fatah, o que criou certa instabilidade entre os dois grupos e suas áreas de influência.
Embora tenha havido tentativas de reaproximação, ações concretas não foram bem articuladas
até então50.
Países como Israel, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, entre outros, negam a
atuação e poder do Hamas e tentam miná-lo a qualquer custo. Além disso, consideram-no um
grupo terrorista com práticas e técnicas extremamente violentas e perigosas. Devido a isso,

50
EHL, David. O que é o Hamas e quem o apoia? DW, 15 mai. 2021. Disponível em:
https://amp.dw.com/pt-br/o-que-%C3%A9-o-hamas-e-quem-o-apoia/a-57537671. Acesso em: 12 set. 2022.
17

muitas guerras já aconteceram em Gaza entre o grupo e Israel, com suas potências militares e
estratégicas. Por outro lado, Turquia, Catar e Egito, por exemplo, são países que apoiam o
Hamas e dão apoio a essa região, que sofre com bloqueios econômicos e políticos desde
então.
Em seu Estatuto de 1988, o Hamas declarou que não reconhece a existência de Israel
como um Estado e fez ataques ao povo judeu. Além disso, excluía possibilidades de diálogo
de paz com o governo israelense. No entanto, em 2017, o texto foi reformulado com uma
linguagem mais moderada para que suas posições fossem interpretadas de uma forma mais
branda. Por último, o documento focava em ir contra aos invasores sionistas, que ocuparam o
território palestino, além de pontuar que a luta não é diretamente contra os judeus.
Em vista disso, juntamente com seus aliados ocidentais, Israel aplicou duras sanções
internacionais contra o Hamas. Principalmente desde 2007 a 2013, não só sanções, mas as
guerras travadas na Faixa de Gaza entre o Estado israelense e o grupo militar também são
parte da problemática. Israel responsabiliza o Hamas pelos ataques nessa porção, fora as
acusações de que o grupo é terrorista. Mesmo que o partido político tenha saído bastante
prejudicado dessas lutas, tem ganhado mais apoio palestino justamente por tomar frente aos
embates51.
No ano de 2014, a tensão aumentou e a guerra entre eles foi responsável por mais
mortes. O Hamas, possuidor de foguetes militares, continuou seu arsenal mesmo com o
constante bloqueio por conta de Israel. Além das mortes, os civis habitantes de Gaza vivem
em situações deploráveis e desumanas sob essas agressões, com a economia aos pedaços,
altos níveis de desemprego, falta de acesso à comida, medicamentos, eletricidade e água.
Outra questão é que acredita-se que o Hamas tenha um excelente arsenal, cuja
quantidade não é possível de ser calculada em sua totalidade. Em maio de 2021, o grupo havia
lançado foguetes contra Israel, mais especificamente 130 projéteis, desafiando o poderio
militar israelense. Um dos gatilhos para o conflito foram os confrontos entre a polícia
israelense e manifestantes palestinos em um local sagrado muçulmano e judeu em Jerusalém.
Assim, o Hamas começou a disparar foguetes contra o território israelense, e Israel respondeu
com bombardeios na Faixa de Gaza. O conflito durou 11 dias; porém, causou preocupação
nos países ao redor e na comunidade internacional. A troca de bombas foi finalizada com um

51
HAMAS: o que é o grupo palestino que enfrenta Israel. BBC, 14 mai. 2021. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57114157.amp. Acesso em: 12 set. 2022.
18

cessar-fogo, apesar de ainda permeada de pequenos ataques, como o assassinato de um guia


turístico israelense em Jerusalém por um professor palestino apoiador do Hamas.

● Histórico:
○ Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial
O conflito remonta há mais de séculos, quando Napoleão ofereceu a Palestina como
um lar aos judeus, em 1799. Por volta de dois séculos depois, a Grã-Bretanha tomou controle
do território que hoje é conhecido como Palestina e o proclamou na Declaração Balfour como
território nacional para o povo judeu, após o antigo soberano do Império Otomano ser
derrotado na Primeira Guerra Mundial, o que foi aprovado pela Liga das Nações em 1922.
O território em questão era habitado em sua maioria por árabes e em minoria por
judeus, os quais já viviam em tensão. Essa situação piorou quando a comunidade
internacional deu a tarefa à Inglaterra de transformar a Palestina em um lar para os judeus,
que a consideravam como o seu território ancestral. No entanto, os palestinos árabes
reivindicavam o território, portanto, se opuseram à medida. Ademais, houve um aumento do
fluxo de judeus na região entre 1920 e 1940, principalmente por conta das perseguições na
Europa e do Holocausto, o que deteriorou o clima de animosidade com os árabes e britânicos.
A situação somente piorou com a votação da ONU de 1947 de separar a Palestina em dois
Estados: um judeu e um árabe, transformando Jerusalém em uma cidade internacional
(resolução 181).
Incapaz de resolver as tensões crescentes entre os dois povos, a Inglaterra se retirou do
território em 1948 e os líderes judeus decretaram a criação do Estado de Israel. Os palestinos
se contrapuseram ao decreto e a guerra que ficou conhecida como I Guerra Árabe-Israelense
começou com a invasão de Israel por tropas de países árabes vizinhos. Com isso, muitos
palestinos tiveram que fugir de suas casas, o que deu ao conflito de Al Nakba o nome de “a
Catástrofe". Por fim, Israel acabou tendo vantagem e, quando já se aproximavam do cessar
fogo, ganhou o controle da maioria do território.

○ 1ª Guerra Árabe-Israelense
A 1ª guerra árabe-israelense tratou-se do primeiro conflito travado entre essas duas
etnias durante o século XX. Tal embate opôs, de um lado, o recém-criado Estado de Israel e,
de outro, alguns países da Liga Árabe, dentre eles Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria e
19

Arábia Saudita, e teve como motivação base o descontentamento das nações árabes com a
criação formal do Estado de Israel, por decisão da ONU (Organização das Nações Unidas).
O conflito iniciou-se em 15 de maio de 1947, com a declaração de guerra por parte dos
árabes e durou até 10 de março de 1948. No dia 14 de maio, o líder judeu David Ben-Gurion
declarou, no salão do antigo Museu Nacional de Tel Aviv, o Estado de Israel como
independente. Entretanto, se, por um lado, houve ampla aceitação e reconhecimento de tal
independência pelas potências da atmosfera bipolar - Estados Unidos e União Soviética -, por
outro lado, os países membros da Liga Árabe se levantaram em descontentamento e
declararam guerra ao Estado recém-criado.
Os confrontos tiveram início no dia seguinte, em 15 de maio de 1948, quando
exércitos árabes combinados atacaram Israel por três frentes diferentes. Apesar de,
inicialmente, a força israelense ter sido reduzida, logo, a Força de Defesa de Israel (FDI) - o
exército israelense -, recebeu auxílio das tropas da República Popular da Tchecoslováquia e
dos Estados Unidos, derrotando, assim, os exércitos árabes.
Os israelenses, ao saírem vencedoras de tal conflito, ampliaram o seu domínio por
uma área de 20 mil km². Deste modo, Jerusalém foi dividida em duas partes: a parte ocidental
pertencente a Israel, e a oriental, a Jordânia. - levando a denominação de tal região da
“Cisjordânia”. A Faixa de Gaza ficou sob o comando do Egito. Outra consequência grave
dessa guerra é conhecida entre os palestinos como “nakba”, palavra que, em árabe, significa
“tragédia” e representa a diáspora de cerca de 700 mil palestinos que foram obrigados a fugir
da Palestina por conta da violência das tropas israelenses.52

52
PENA, Rodolfo F. Alves. "Questão Palestina"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/questao-palestina.htm. Acesso em 19 de outubro de 2022.
20

○ O conflito de Suez
O conflito de Suez, ou Guerra de Suez, tratou-se de uma disputa de caráter econômico
e político que envolveu a ação de Israel, França e Inglaterra, com liderança inglesa, contra o
Egito. Tal conflito se desenrolou em meados do século XX e teve como objetivo o controle do
comércio marítimo do Mar Vermelho por meio do domínio do canal artificial de Suez.
O canal de Suez - o qual foi construído aindo no século XIX, com a união do capital
britânico com a tecnologia francesa - constitui o canal artificial mais longo do mundo, além
de se demonstrar um ponto estratégico ao ligar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, ligando
a Europa à Ásia diretamente e facilitando a logística no que tange ao comércio marítimo
internacional. Ademais, o canal encontra-se na região da península do Sinai, em território
egípcio.
Durante o primeiro século após sua construção, o canal foi amplamente administrado
pelos britânicos em conjunto com a dinastia dominante no Egito - a dinastia Muhammad Ali -,
tornando-se imprescindível para o bom funcionamento da economia da Inglaterra e,
principalmente, para o seu contato com suas colônias. Entretanto, em 1952, ocorreu uma
revolução republicana no Egito liderada por oficiais do exército egípcio, os quais possuiam
grandes ambições de industrialização do país e levaram à expulsão das tropas britânicas dos
territórios nacionais.
Ao serem anunciados os projetos reformistas egípcios, os soviéticos declararam seu
apoio ao governo do oficial Gamal Abdel Nasser resultando, devido à atmosfera de tensão
gerada pelo período de Guerra Fria, não só ao descontentamento das potências do bloco
capitalista - sobretudo Israel, França e Inglaterra -, mas também ao fim do financiamento
estadunidense aos projetos reformistas do novo governo do Egito. Em resposta ao fim de tal
financiamento, o oficial Nasser declarou a nacionalização do canal de Suez, a fim de usar o
capital recebido pelas tarifas pagas pelos navios, para financiar os seus projetos.
Tal medida tomada pelo governo de Nasser resultou, em 1956, no advento que ficou
conhecido propriamente como “Crise de Suez”, na medida em que as nações capitalistas -
Israel, França e Inglaterra - se mobilizaram e invadiram o território da península do Sinai,
visando recuperar o controle do canal e garantir a continuidade do seu poderio imperialista.
Entretanto, durante o breve período no qual aconteceu a guerra, o canal de Suez permaneceu
fechado, resultando em um grande prejuízo econômico para o comércio internacional em
âmbito geral. Contudo, com a pressão realizada pelos Estados Unidos e pela União Soviética
21

para que o canal fosse reaberto, a guerra chegou aos seus dias finais. Após a intervenção das
Nações Unidas, as tropas israelenses, francesas e inglesas se retiraram do território egípcio
permitindo, assim, que a União Soviética tomasse o controle da influência na região.
O conflito terminou em 7 de novembro de 1956, com os soviéticos tendo tido sucesso
em conquistar uma zona de influência efetiva no mundo árabe. O canal de Suez foi reaberto
em 1957, apresentando-se, ainda, como um ponto estratégico imprescindível para o trânsito
marítimo.53

○ Criação da OLP

Como forma de resistência, os palestinos se organizaram e criaram uma entidade que


representasse o seu povo na luta contra as invasões sionistas israelenses e árabes. Assim, em
1964, realizou-se uma reunião de cúpula entre todos os países membros da Liga dos Estados
Árabes e palestinos, e em maio do mesmo ano celebrou-se o primeiro Conselho Nacional
Palestino (CNP), o parlamento palestino em exílio, articulado pelo advogado Ahmad
Shuqueire. A reunião contava com aproximadamente 400 membros representantes dos países
da região, a saber: Síria, Líbano, Qatar, Kuwait, Egito, Kuwait, Líbia, Iraque, Faixa de Gaza
e Jordânia, esta última responsável por convocar os integrantes da Liga Árabe para
participarem da cúpula.
Posteriormente, o Conselho foi transformado na Organização para a Libertação da
Palestina (OLP), a qual só foi reconhecida oficialmente pela ONU como representante

53
Fracassa tentativa de desencalhar navio no Canal do Suez nesta sexta-feira. Estado de Minas Internacional,
2021. Disponível em:
<https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/03/26/interna_internacional,1250819/fracassa-tentativa-
de-desencalhar-navio-no-canal-do-suez-nesta-sexta-feira.shtml> Acesso em: 6 set. 2022
22

legítima do povo palestino em 1974. Contudo, a organização já não contava mais com a
presença de Ahmad Shuqueire, assim como, de Mahmoud Abbas (conhecido como Abu
Mazen, atual presidente da Autoridade Nacional Palestina), que se uniram para participar da
fundação do partido revolucionário mais antigo e relevante à causa dos palestinos: o Al Fatah
(que em árabe é uma sigla para “Movimento de Libertação Nacional da Palestina”). Alguns
outros integrantes do partido de maior relevância são: o guerrilheiro Yasser Arafat, Khalil Al
Wazir (também chamado de Abu Jihad) e Mahmoud Zeidan Abbas.
Assumindo uma estrutura de guarda-chuva, a OLP abriga estudantes, trabalhadores
urbanos e rurais, mulheres e partidos políticos palestinos, entre eles: Al Fatah, Frente Popular
para a Libertação da Palestina, Frente Democrática para a Libertação da Palestina, Frente de
Libertação da Palestina, União Democrática Palestina, Partido Popular Palestino, As-AS’Iqa e
a Frente de Libertação Árabe. A Organização foi assumida pelo líder guerrilheiro Yasser
Arafat em 4 de fevereiro de 1969 e ficou sob seu comando até 29 de outubro de 2004, poucos
dias antes de sua morte.Atualmente, ela é reconhecida internacionalmente como “uma
organização da resistência unificada e unitária dos palestinos” (MIRHAN, 2021)54, como a
única e legítima representante da luta do povo palestino.

54
MIRHAN, Lejeune. A OLP, Arafat e a luta do povo palestino. Fundação Maurício Grabois, São Paulo, 31
maio 2022. Disponível em: https://grabois.org.br/2021/05/31/a-olp-arafat-e-a-luta-do-povo-palestino/. Acesso
em: 14 set
2022.
23

○ Guerra dos Seis Dias55

A guerra dos 6 dias (ou Terceira Guerra árabe-israelense) teve seu início no dia 5 de
junho de 1967 e envolveu o conflito entre Israel e seus vizinhos Egito, Síria e Jordânia. Tal
conflito foi pautado em uma resposta árabe à criação do estado de Israel. Entretanto, o
estopim da guerra foi dado pelo próprio Estado de Israel, o qual realizou um ataque
preventivo aos países árabes no mesmo dia.
Dentre seus antecedentes, em 1964, durante a Segunda Conferência do Cairo (Egito), a
Liga Árabe - constituída pelos estados árabes do Oriente Médio - determinou que um dos seus
principais objetivos era a destruição do Estado de Israel. Diante disso, a força aérea israelense
lançou um ataque preventivo contra as bases da força aérea egípcia no Sinai (Operação Foco).
Israel alegou que o Egito se preparava para fazer a guerra contra a sua nação, assim, sua
operação se encaixaria dentro de um caráter preventivo.
A partir de então, iniciou-se um processo denominado de “guerra-relâmpago”, devido
a velocidade com que as tropas israelenses foram capazes de dizimar os exércitos árabes, dada
a sua potencialidade bélica. Durante o período de guerra, Israel conseguiu expandir seu
território e conquistar a Faixa de Gaza e a Península do Sinai; as Colinas de Golã e a
Cisjordânia, incluindo a porção oriental de Jerusalém.56
55
BEZERRA, Juliana. Guerra dos Seis Dias. Toda Matéria. Disponível em
<https://www.todamateria.com.br/guerra-dos-seis-dias/> Acesso em: 4 set. 2022
56
BEZERRA, Juliana. Guerra dos Seis Dias. Toda Matéria. Disponível em
<https://www.todamateria.com.br/guerra-dos-seis-dias/> Acesso em: 4 set. 2022
24

Ao final do conflito, Israel saiu vitorioso e mais forte não apenas no quesito territorial,
mas também quanto a sua capacidade de ofensiva. No dia 7 de junho, o Conselho de
Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu o cessar-fogo, que foi
imediatamente aceito por Israel e Jordânia. O Egito aceitou no dia seguinte e a Síria o fez no
dia 10 de junho. Porém, Israel não aceitou a devolução dos territórios ocupados dos países
vizinhos. Essa postura unilateral resultou anos depois em um novo conflito, a Guerra do Yom
Kippur, quando o Egito e a Síria atacaram simultaneamente Israel para retomar as terras
ocupadas.

○ Guerra do Yom Kippur

A Guerra do Yom Kippur foi um conflito envolvendo árabes e israelenses, em 1973,


durante os preparativos para o feriado judeu do Yom Kippur, o “dia do perdão”, na região do
canal de Suez. Tal conflito teve origens religiosas, econômicas e territoriais e apresentou-se,
principalmente, como uma revanche síria e egípcia à presença israelense na região - a qual se
fortaleceu após a expansão territorial israelense na Guerra dos Seis Dias. Por isso, o objetivo
da Guerra do Yom Kippur, além de uma nova tentativa de expulsão dos judeus do Oriente, era
também retomar o controle da região sob o domínio israelense.
A deflagração do conflito ocorreu no dia 6 de outubro de 1973, devido ao ataque sírio
e egípcio às bases militares israelenses, uma vez que tais nacionalidades se opunham
fortemente à formação do novo Estado de Israel sob presença judaica. As forças do Egito e da
Síria se cruzaram, respectivamente, nas linhas de cessar-fogo no Sinai e nas colinas do Golã,
25

territórios que haviam sido capturados por Israel, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias,
formando, assim, duas frentes de batalha distintas.57

Esse desenvolvimento conflituoso levou as duas superpotências da época - os Estados


Unidos, a favor dos interesses de Israel, e a URSS, favorável aos países árabes - a uma tensão
diplomática. Entretanto, devido ao seu esmagador poder bélico, Israel logo iniciou uma
resposta à ofensiva inimiga, com bombardeios às capitais da Síria - Damasco - e do Egito -
Cairo. Em poucos dias, Israel conseguiu impor-se contra os árabes e terminou vitorioso no
conflito. Entretanto, um cessar-fogo, obtido por intermédio das Nações Unidas, entrou em
vigor, em 25 de outubro de 1973, e em 1978, israelenses e egípcios assinaram um Acordo de
Paz em Camp David, nos Estados Unidos. O Egito reconheceu a existência do Estado de
Israel, tornando-se o primeiro país árabe a tomar tal atitude. Esse acordo retomou as relações
diplomáticas entre israelenses e egípcios.
Apesar do conflito formal ter terminado ao final de 1973, suas consequências puderam
ser sentidas por todo o globo mesmo depois de tal data. Uma de suas principais consequências
foi o boicote generalizado dos países pertencentes à OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) aos países que apoiaram Israel na guerra, causando o aumento
significativo nos preços dos barris de petróleo e, culminando no evento que ficou conhecido
como Primeira Crise do Petróleo - desenvolvendo uma imensa crise capitalista mundial.

57
GIORDANI. Guerra do Yom Kippur. Cavok; Asas da Informação, 2017. Disponível em:
https://www.cavok.com.br/guerra-do-yom-kippur Acesso em: 5 set. 2022
26

○ Acordos de Camp David


Os Acordos de Camp David consistiram em dois documentos políticos assinados em
17 de setembro de 1978, pelos governos do Egito e de Israel, visando a reconciliação entre
árabes e israelenses, os quais já sofriam com conflitos entre si desde 1948 - Primeira Guerra
árabe-israelense. Os encontros ocorreram entre os dias 05 e 17 de setembro de 1978, tendo
sido o primeiro encontro entre representantes de um Estado Árabe – Egito, e o Estado de
Israel, mediados pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter. Tais negociações
ocorreram em Camp David - base militar e casa de campo localizada em Maryland, Estados
Unidos, a qual denominou o nome dos acordos.
O primeiro acordo, além de firmar a paz entre Egito e Israel, também permitiu que o
Egito recuperasse a Península do Sinai, a qual havia sido perdida após a Guerra dos Seis Dias.
O segundo acordo, por outro lado, estabeleceu uma conduta necessária para a ocorrência das
negociações a respeito de um regime autônomo nos territórios da Cisjordânia e em Gaza.
O presidente egípcio Anwar Sadat e o primeiro-ministro israelense Menachem Begin
dividiram o Prêmio Nobel da Paz de 1978 pelos seus esforços empregados no acordo de
Camp David. Entretanto, em 6 de outubro de 1981, o Sadat foi assassinado por membros da
Jihad Islâmica Egípcia durante o desfile anual da vitória realizado no Cairo para celebrar a
travessia do Canal de Suez.58

58
Os acordos de Camp David, 40 anos depois. ShareAmerica, 2018. Disponível em:
<https://share.america.gov/pt-br/os-acordos-de-camp-david-40-anos-depois/> Acesso em: 10 set. 2022.
27

○ Primeira Intifada e os Acordos de Oslo

Inicialmente, deve-se entender o que é uma intifada. Muitas vezes traduzida como
“revolta”, “rebelião” ou “insurreição”, a palavra de origem árabe significa “livrar-se de algo
ou alguém por meio de um movimento de agitação ou sacudida" (JANJETOVIC, 2017). No
contexto do conflito histórico entre Israel e Palestina, a intifada se refere ao levante contra o
Exército Israelense, organizado pelos palestinos.
O conflito que ficou conhecido como a Primeira Intifada na Faixa de Gaza ocorreu
entre os anos de 1987 e 1993. O seu estopim ocorreu em 8 de dezembro de 1987, quando um
caminhão israelense se chocou contra uma camioneta que transportava trabalhadores
palestinos do campo de refugiados de Jabalya, deixando quatro mortos e dez feridos, o que foi
visto como uma retaliação dos israelenses à morte de um judeu na região de Gaza poucos dias
antes. Dessa forma, no dia 9 de dezembro do mesmo ano, as ruas foram tomadas por protestos
contra os policiais e tropas israelenses, com queimas de pneus, coquetéis molotov sendo
atirados, construção de barricadas para impedir a entrada de veículos militares israelenses e
bairros sendo tomados. No entanto, a maioria dos manifestantes estava indefesa, pois não
possuíam armas e se defendiam atirando pedras contra tanques de guerra e soldados
treinados. Ainda assim, o exército de Israel retaliou e atirou contra os manifestantes em
Jabalya, ferindo 16 jovens e matando um de 17 anos. Posteriormente, Israel mandou
paraquedistas a Gaza, numa tentativa de suprimir a violência e conflitos que se espalhavam
pela Cisjordânia, na época também ocupada por Israel.
Faz-se ressaltar que mesmo com o estopim, as insatisfações contra Israel não eram
novidade, visto que a região da Cisjordânia e da Faixa de Gaza já era ocupada pelos
israelenses há vinte anos, com a sua conquista após a Guerra dos Seis Dias e o respaldo da
ocupação pelo governo de Tel Aviv. O que fez com que o protesto só aumentasse com o
tempo, passando a incluir dezenas de milhares de pessoas, até mesmo crianças e mulheres, e
principalmente aqueles que cresceram à sombra da ocupação militar brutal e violação dos seus
direitos humanos.
Após um ano de conflito, já somavam 300 palestinos mortos, 20.000 feridos e 5.500
detidos por Israel, segundo a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos
Refugiados da Palestina)59. Além disso, estima–se que entre 23.600 a 29.000 crianças, um

59
HASAN, Hana. Relembrando a Primeira Intifada. Monitor do Oriente, 9 dez. 2020. Disponível em:
https://www.monitordooriente.com/20201209-relembrando-a-primeira-intifada/. Acesso em: 14 set. 2022.
28

terço tendo menos que dez anos de idade, tiveram que passar por tratamento médico ou
dependiam do mesmo por causa da violência sofrida nos primeiros dois anos da Intifada,
segundo a organização Save the Children60.
A Primeira Intifada também foi importante para mostrar que a imagem de Israel como
bode expiatório, até então vista pela comunidade internacional como “uma nação judaica
cercada por vizinhos árabes hostis”(HASAN, 2020)61. Principalmente com o papel da mídia
de registrar a violência desigual entre civis palestinos desarmados e a brutalidade das tropas
israelenses, com destaque para um vídeo de 1988 que flagrava oficiais israelenses espancando
e quebrando deliberadamente os braços de dois adolescentes palestinos.
Tendo em vista a escalada do conflito, os líderes palestinos, em especial, Yasser
Arafat, se organizaram juntamente às Nações Unidas para conduzir esforços e tentar controlar
a situação. Entretanto, obtiveram pouco sucesso, já que um novo movimento de resistência e
alternativa à OLP acabara de surgir e só se fortalecia na Faixa de Gaza: o movimento de
resistência islâmica Hamas. Cada vez mais ganhando atenção dos palestinos, ele pregava os
princípios básicos de luta nacional, sobretudo, a libertação da Palestina, encorajando os
ataques contra Israel pela resistência palestina. O Hamas é considerado uma organização
terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
O conflito começou a chamar ainda mais atenção quando o Rei Hussein da Jordânia
rompeu seus vínculos administrativos e econômicos com a Cisjordânia em 1988 e a ausência
de um Estado-nação dos palestinos ganhou notoriedade entre a mídia internacional. Dessa
forma, enquanto a Intifada ocorria, o apelo por um Estado palestino independente foi ouvido
pelo Conselho Nacional Palestino, que consentiu a solução de dois Estados proposta em uma
resolução da ONU de 1974.
Deve-se acrescentar que entre 1989 e 1990, os Estados Unidos mantiveram o seu veto
no Conselho de Segurança toda vez que alguma resolução reagisse ao não-cumprimento dos
termos da Quarta Convenção de Genebra e à violação dos direitos humanos, por parte de
Israel. Foi somente em 1991, quando o país convocou a Conferência de Madri e reconheceu a
OLP como o único representante legítimo dos palestinos, que Israel foi convencido a entrar
em negociações. Repleto de conversas secretas entre a OLP e Tel Aviv, o diálogo ocorreu por
incentivo norueguês no mesmo ano e resultou na criação dos Acordos de Oslo, um tratado que
reivindicava uma período de transição de cinco anos, em que deveriam retirar-se as tropas

60
Ibid.
61
Ibid.
29

israelenses dos territórios ocupados, para dar voz à Autoridade Palestina e permitir a criação
de um Estado independente. Dois anos após a sua idealização, o tratado foi assinado no jardim
da Casa Branca pelo Primeiro-Ministro de Israel Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, por
intermédio do Presidente Bill Clinton.
Finalmente, o conflito se encerrou, mas não sem deixar perdas, com cerca de 1.500
palestinos e 185 israelenses mortos, assim como mais de 120.000 palestinos presos, o que,
somado à brutalidade do conflito, consideraram assimétricos sobre o lado palestino,
provocando repúdio da comunidade internacional no geral. Essas circunstâncias levaram o
Conselho de Segurança a formular as resoluções 607 e 608, as quais exigiam o fim da política
israelense de expulsão de palestinos do seu território.

○ Acordo de Oslo62

Os acordos de Paz
de Oslo consistiram em
uma série de acordos
firmados em 1993, na cidade
de Oslo, entre o governo
israelense e a OLP
(Organização para a
Libertação da Palestina). Tais
acordos, os quais foram mediados pelo então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton,
simbolizaram o momento em que Israel, representado por Yitzhak Rabin, passou a reconhecer

62
LEAL, Bruno. Acordos de Paz de Oslo: 20 anos depois. Café História, 2013. Disponível em:
<https://www.cafehistoria.com.br/acordos-de-paz-de-oslo-20-anos-depois/> Acesso em: 4 set. 2022.
30

a OLP como representante dos palestinos e esta, por sua vez, reconheceu o direito de
existência de Israel.
Após uma série de tentativas de propostas oferecidas pelo país mediador - a Noruega,
representada pelo primeiro-ministro Johan Jorgen Holst -, uma foi aceita em 1993. O plano de
Oslo se estendia por seis anos (1993-1999), em três etapas: primeira, uma retirada israelense
da Faixa de Gaza e de sete cidades da Cisjordânia, e a transferência de poderes à OLP; na
segunda, a transferência de aldeias intermediárias na Cisjordânia, eleições dentro de três
meses, livres movimentação entre os territórios transferidos e, finalmente, discussões sobre o
futuro dos 140 assentamentos judeus nos territórios e em Jerusalém.
Diante da convergência de um entendimento entre Israel e Palestina, a proclamação do
consenso entre as partes foi realizada em agosto de 1993, na cidade de Oslo, cuja assinatura
do documento oficial se deu em 13 de setembro de 1993, em Washington, EUA. Em 1994, o
então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, o ministro israelense de relações exteriores
Shimon Peres e Yasser Arafat, o presidente da OLP, receberam o Prêmio Nobel da Paz após a
assinatura dos acordos,"por seus esforços para criar a paz no Oriente Médio".63

Entretanto, apenas a
primeira fase foi concretizada, principalmente devido à ação do Hamas em tentar destruir a
OLP. Em 4 de novembro de 1995, quando participava de um comício pela paz na antiga Praça
dos Reis (atual Praça Yitzhak Rabin), em Telaviv, o primeiro-ministro israelense Rabin foi
assassinado por Yigal Amir, um estudante judeu ortodoxo, militante de extrema-direita que se
opunha às negociações com os palestinos.

63
LEAL, Bruno. Acordos de Paz de Oslo: 20 anos depois. Café História, 2013. Disponível em:
<https://www.cafehistoria.com.br/acordos-de-paz-de-oslo-20-anos-depois/> Acesso em: 4 set. 2022.
31

Ao final da década de 1990, a relação entre Palestina e Israel não tinha os mesmos
contornos dos anos anteriores e a consecutiva eleição de Benyamin Netanyahu reduzia
quaisquer chances de cumprimento do Acordos de Paz de Oslo. Assim, o retorno da
instabilidade diplomática entre Israel e Palestina, bem como o crescimento de movimentos
extremistas islâmicos, aboliram as provisões dos Acordos de Paz de Oslo, gerando, meses
depois, a Segunda Intifada como um marco da revolta civil palestina.

○ Segunda Intifada

A Segunda Intifada teve seu estopim no dia 28 de setembro de 2000, quando o


Monte do Templo em Jerusalém Oriental foi visitado pelo líder da oposição no Parlamento de
Israel, Ariel Sharon, acompanhado de soldados e policiais israelenses fortemente armados.
Além da desconfiança gerada pelo fracasso dos acordos de paz de Camp David, sua atitude
foi vista pelos líderes palestinos como uma reivindicação não somente dos territórios
ocupados, mas como dos locais sagrados do Monte do Templo para o islamismo. Algumas
fontes divergem quanto o intuito da sua visita; algumas, como o jornal alemão DW, dizem que
o líder evitou visitar a mesquita Al-Aqsa, mesmo que fortemente escoltado, enquanto outras,
como o MEMO (Monitor do Oriente Médio), afirmam que a sua visita na mesquita ocorreu
para assegurar o direito dos israelenses de acessar e de manter a sua soberania sobre a
mesquita. De qualquer forma, seu ato provocou um levante entre os palestinos, que atacaram
os oficiais que protegiam Sharon e seus colegas parlamentares.
O conflito escalou rapidamente, e apenas um dia após o evento, protestos começaram
a ocorrer em toda a Cidade Velha de Jerusalém, deixando sete palestinos mortos e cerca de
trezentos feridos. No dia seguinte, ocorreu um tiroteio na Faixa de Gaza, que acabou tirando a
vida do jovem Muhammad al-Durrah, de apenas 12 anos, enquanto o mesmo tentava se
proteger das balas ao lado de seu pai. Assim, em 6 de outubro de 2000, o Hamas declarou um
“dia de fúria” e clamou que o povo palestino atacasse postos militares de Israel, agravando
ainda mais a situação.
Diferentemente da Primeira Intifada, a Segunda já não era mais feita apenas com
coquetéis molotovs e pedras. Ela contou com um levante em massa, organizado em partes
pelo Hamas e outros grupos, que entrou em uma luta armada contra soldados e bombardeou
cidades israelenses. Além das represálias violentas aos militares israelenses, como ataques
aéreos na Faixa de Gaza, o Hamas também cometeu brutalidades, como na utilização de
terroristas suicidas para matar civis israelenses.
32

Como tentativa de solucionar o conflito violento e chegar a um acordo de paz,


diversos esforços foram feitos pelos líderes palestinos: em 2001, com tentativas falhas de
negociar com Sharon, agora eleito Primeiro-Ministro de Israel; em 2002 quando a Árabia
Saudita criou a Iniciativa de Paz Árabe, apoiada pelos palestinos; e em 2003, com a nomeação
de Mahmoud Abbas como Primeiro-Ministro da Autoridade Palestina e o surgimento de um
plano de paz assinado pela ONU, União Europeia, Rússia e EUA.
As violências apenas continuaram, até que no final de 2004, Arafat faleceu por causas
desconhecidas, entre elas uma suposta hemorragia cerebral. Ainda que as causas de sua morte
sejam incertas e Ahmad Jibril, líder da Frente Popular pela Libertação da Palestina, tenha
afirmado que ele tenha sido envenenado pelos serviços secretos israelenses, muitos
consideram que esse tenha sido o marco para o fim do conflito conhecido como Segunda
Intifada. Após os apelos de paz por Abbas, o novo presidente da OLP, foi declarado
cessar-fogo em 8 de fevereiro de 2005. Entretanto, diversos ataques ainda continuaram a
ocorrer, causando prejuízos às partes envolvidas.

● Conflitos recentes
○ Década de 2010
A problemática entre Israel e Palestina estendeu-se por todo o século XX,
prolongando-se também no século XXI. Com períodos de cessar-fogo e outros de intensos
conflitos diretos, o conflito envolve questões que vão muito além de fatores religiosos. É
inegável a relevância desse embate no campo das Relações Internacionais por diversos
aspectos, sendo um deles a sua contemporaneidade.
No início da década de 2010, por influência do ex-presidente estadunidense, Barack
Obama, o então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o líder da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, voltaram a negociar uma possibilidade de paz
permanente. Entretanto, o governo isralense, de forma irredutível, não facilitou o andamento
das tratativas. No ano de 2012, houve uma troca de ataques entre Israel e os palestinos. Os
eventos deixaram cerca de 24 pessoas mortas, sendo 21 palestinos e 3 israelenses64. Já no ano
de 2014, a tensão voltou a aumentar quando 3 jovens judeus foram assassinados em um
atentado que foi atribuído ao Hamas65. Apesar de o grupo ter negado a autoria do ataque, um

64
G1. Ataques de Israel matam 3 em Gaza, e foguete cai na costa de Tel Aviv. Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/11/bombardeio-de-israel-mata-2-em-gaza-e-explosao-e-ouvida-em-tel-
aviv.html. Acesso em: 17 de out. 2022.
65
SILVA, Daniel. Conflitos entre Israel e Palestina. Mundo Educação. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/o-conflito-entre-israel-palestina.htm. Acesso em: 30 de ago de
2022.
33

palestino foi morto por um extremista israelense. Esse foi o estopim para o rompimento da
aparente pacificidade da região. Nesse episódio, cerca de 65 soldados de Israel perderam a
vida, enquanto que mais de dois mil palestinos, sendo combatentes e civis, foram mortos66.
Esses ataques de Israel são, alegadamente, uma forma de desestruturar e,
eventualmente, pôr um fim na existência do Hamas, que é considerado um grupo terrorista.
Além disso, as discussões sobre o próprio território da cidade de Jerusalém continuam.

○ Despejos em Jerusalém Oriental


A região de Jerusalém Oriental é o centro de uma extensa e complexa disputa de posse
entre israelenses e palestinos. Os judeus consideram que toda a cidade de Jerusalém é a
capital de seu Estado; os palestinos, por sua vez, requerem que a região oriental da cidade seja
considerada, eventualmente, a capital do também futuro Estado da Palestina. A convivência
entre os novos habitantes e os palestinos que já residiam nessa região perdurou por décadas,
até a ocorrência da guerra árabe-israelense (1948-1949)67. Após este conflito, houve um
processo de mudança dos ocupantes da área, principalmente após Jerusalém Oriental passar a
ser de responsabilidade da Jordânia. Não foi apenas o território que passou ao jugo do
governo jordanês, mas também os refugiados palestinos que viam nessas terras uma saída.
Destarte, houve um desenvolvimento de uma comunidade de palestinos no lugar,
principalmente num bairro chamado de Sheikh Jarrah. Nunca foi concedido a essas famílias,
no entanto, um título de propriedade oficial, apesar de essa atribuição ter sido prometida.68
Com o passar dos anos, outro conflito se deu na região: a guerra de junho de 1967. O conflito
teve como resultado a ocupação israelense sobre o território de Jerusalém Oriental e,
consequentemente, a imposição de leis do Estado de Israel sobre a região. Assim, foi decidido
que as terras de Sheikh Jarrah deveriam retornar aos seus antigos proprietários, ou seja, os
israelenses que ali moravam antes do conflito de 1948.
Como resultado desses acontecimentos, uma parte dos palestinos passaram a ser
considerados inquilinos das casas que moravam. Foi em 1990, porém, que essas famílias
deixaram de pagar seus aluguéis, o que fez com que os proprietários israelenses abrissem
processos judiciais contra elas69. Esses processos se arrastaram ao longo do tempo, até que em

66
Ibid.
67
Por que os palestinos estão perdendo suas casas em Jerusalém Oriental. BBC News, 2021. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58118262. Acesso em 23 de ago de 2022.
68
Ibid
69
Por que os palestinos estão perdendo suas casas em Jerusalém Oriental. BBC News, 2021. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58118262. Acesso em 23 de ago de 2022.
34

2020 um tribunal de Jerusalém decidiu em favor dos judeus requerentes, o que levou a
emissão de ordens de despejo às famílias palestinas70.
Após elucidar e compreender esse contexto, deve-se considerar também o
posicionamento da ONU nesse assunto. Para a organização, as leis aplicadas para decidir
aqueles que têm direito às propriedades no território são discriminatórias, haja vista que
consideram exclusivamente as origens do proprietário. O Estado de Israel, por sua vez, alega
que como a cidade de Jerusalém é sua capital, ele tem o direito de construir na cidade, além
de reiterar a legitimidade da aplicação de suas leis.

○ O Domo de Ferro
O “Domo de Ferro” é o sistema de defesa aérea e antimíssil do Estado de Israel.
Segundo as próprias autoridades do país, o mecanismo é capaz de defender cerca de 90% dos
ataques que possam atingir o espaço aéreo israelense. Foguetes de curto alcance e morteiros
lançados de até 70 quilômetros são exemplos de artilharias barradas pelo Domo71.
Trata-se de um sistema que divide-se em 3 principais etapas. Inicialmente, um radar
identifica a ameaça e rastreia de onde ela está sendo disparada. Em seguida, de forma
tecnológica bastante avançada, um software consegue calcular a rota do projétil, com uma
previsão de toda a sua trajetória. Destarte, um interceptador, que se trata de um outro míssil, é
disparado do território de Israel para destruir, ainda no ar, o foguete inimigo, tornando-o
inofensivo para as estruturas do país. Devido ao alto grau de desenvolvimento, é um sistema
bastante oneroso e, portanto, utilizado principalmente em regiões habitadas. Estima-se que
cada disparo efetuado pelo Domo de Ferro custe 66 mil euros para os cofres de Israel72.

○ Dia de Jerusalém (10 de maio de 2021)


Em 06 de maio de 2021, iniciou-se um ataque massivo do Estado de Israel contra a
Faixa de Gaza, região ocupada pelos palestinos. O conflito entre israelenses e palestinos
voltou a se agravar após a confirmação israelita de que os despejos na região de Sheikh Jarrah
realmente aconteceriam.
70
Ibid.
71
Entenda como funciona o Domo de Ferro, sistema de defesa antiaéreo de Israel. Segurança Eletrônica, 2021.
Disponível em:
https://revistasegurancaeletronica.com.br/entenda-como-funciona-o-domo-de-ferro-sistema-de-defesa-antiaereo-
de-israel/. Acesso em: 22 de ago de 2022.
72
STEINWEHR, Uta. Como funciona o Domo de Ferro, sistema antimísseis de Israel. DW, 2021. Disponível
em:
https://www.dw.com/pt-br/como-funciona-o-domo-de-ferro-sistema-antim%C3%ADsseis-de-israel/a-57531509.
Acesso em: 22 de ago de 2022.
35

Mas foi no dia 10 de maio que embates na Esplanada das Mesquitas, na cidade de
Jerusalém, deixaram mais de 100 pessoas feridas. Essa data, no calendário hebraico, é
considerada o “Dia de Jerusalém”, pois celebra a conquista de Israel da Jerusalém Oriental e
da chamada Cidade Velha, no ano de 1967. O dia 10 marcou também a marca de cerca de 500
feridos desde o reinício dos conflitos.
O plano de fundo desses problemas foi, novamente, a questão do direito à cidade de
Jerusalém. Israel continua a posicionar-se contrário a divisão da cidade, que é considerada
sagrada tanto para os judeus, quanto para os muçulmanos. Os últimos, por sua vez,
reivindicam seus direitos sobre as terras na região de Sheikh Jarrah e que Jerusalém seja
considerada a capital do futuro Estado da Palestina.

○ Bloqueio de recursos naturais


Uma das muitas problemáticas provenientes do conflito Israel e Palestina diz respeito
ao uso de recursos naturais presentes em territórios palestinos pelo governo israelense. O
relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas), Michael Lynk, apontou que se
trata de uma violação das responsabilidades do país e de um “roubo de recursos vitais”73.
Segundo o relatório elaborado por Lynk, a questão da água é um dos tópicos primordiais. Isto
é, a degradação de fontes naturais de água e a consequente dificuldade dos palestinos da
região da Cisjordânia terem acesso a esse recurso de forma potável, são alguns dos efeitos da
exploração de Israel. Além de significar um ataque aos Direitos Humanos, o especialista
indica como se trata também de uma ameaça ao próprio meio ambiente. Em questão de
número, o relatório apresentado às Nações Unidas revelou que desde 2017, cerca de 96% da
principal fonte de água da região da Faixa de Gaza tornou-se imprópria para os moradores da
área74.
Ainda sobre o tópico da água, Michael pontua que os problemas provêm de diferentes
razões. As principais são: extração demasiada; contaminação por dejetos de esgoto; as
próprias guerras, que prejudicaram consideravelmente as estruturas de acesso à água, além de
destruírem redes de eletricidade, o que causa uma instabilidade permanente. É imprescindível
destacar que o relator pontuou que essas práticas são danosas, em alguns casos, ao próprio
povo israelense.

73
Uso de recursos de palestinos por Israel é violação de direitos humanos, diz especialista da ONU. ONU News,
2019. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/03/1664731. Acesso em 29 de ago de 2022.
74
Ibid
36

● Posicionamento da Imprensa
○ Repercussão no ocidente
Desde a intermediação de acordos, envio de tropas e recursos até a opinião pública no
Ocidente, a influência e participação dos Estados Unidos durante o conflito Israel-Palestina é
um fator evidente. Contudo, quando uma potência hegemônica escolhe um dos lados do
conflito a fim de realizar seus próprios interesses, acaba por elaborar um discurso voltado para
o enaltecimento de seus aliados, o que muitas vezes resulta na distorção da realidade e na
reprodução de dados unilateral. Deste modo, manifestações pró-Israel, a defesa da criação do
Estado de Israel em detrimento de um Estado Palestino não reconhecido oficialmente, e
camuflagem da limpeza étnica e ataque sofridos pelos palestinos são ocorrências frenquentes
no contexto atual. Uma das maiores formas de expressão da perspectiva americana é através
dos meios de comunicação, entre eles, se destacam a cobertura midiática de grandes jornais
estadunidenses, como as matérias realizadas pelo The New York Times.
Em primeiro lugar, é notável como a mídia pró-Israel tenta fortalecer a manipulação
sobre a opinião pública ocidental contra o povo palestino. São utilizados frequentemente
argumentos e acusações a respeito do antissemitismo, terrorismo e sionismo para defender as
atrocidades causadas contra esse povo e para sucitar uma visão negativa sobre o movimento
palestino75. Outra questão é como uma predominância midiática ocidental torna a divulgação
dos acontecimentos limitada e incompleta. A luta e violência diária enfrentadas por esses
grupos são informações em grande parte deixadas de fora, o que se coloca como um desafio
para a compreensão total dessa guerra pelos espectadores de notícias.

Destarte, através de publicações e notícias publicadas pelos tablóides americanos é


possível notar a dominação e discurso tendencioso desses meios de comunicação sobre o
conflito Israel-Palestina. Em 13 de maio de 2022, ocorreu um ataque da polícia israenlense
contra pessoas que carregavam o caixão da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, no qual
eram evidentes os atos de violência sofridos por esses indivíduos. Contudo, a rede televisão

75
MÍDIA OCIDENTAL E AS MENTIRAS SOBRE A RESISTÊNCIA PALESTINA. Barão de Itararé.
Disponível
em<https://baraodeitarare.org.br/site/noticias/internacional/midia-ocidental-e-as-mentiras-sobre-a-resistencia-pal
estina>. Acesso em: 03 out. 2022.
37

MSNBC76, o canal Fox News77 e o jornal Wall Street Journal78 usaram o termo confrontos em
seus títulos para se referir e mascarar a situação.
Outros títulos semelhantes também foram empregados em notícias em abril de 2022,
quando a polícia israelense atacou fiéis na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, durante o
Ramadã, o mês mais sagrado da cultura.79 Na ocasião, 152 palestinos foram feridos por balas
de borracha e cassetetes80. Enquanto isso, muitos canais de comunicação colocaram a situação
como um embate e não retratam as consequências enfrentadas pelos mulçumanos.
Em uma análise realizada em 2019 por pesquisadores canadenses, na qual foram
examinadas 100 mil manchetes em 50 anos de cobertura do conflito por 5 jornais dos EUA,
inferiu-se que “a cobertura do conflito pela mídia hegemônica dos EUA favorece Israel em
termos tanto de quantidade de histórias cobertas, quanto em dar a Israel mais oportunidades
de ampliar seu ponto de vista". Em adendo, o estudo apontou que os conceitos "confronto" e
"choques" em casos de violência eram mais usados mais frequentemente em casos referentes
aos palestinos do que aos israelenses.
Contudo, é possível enxergar que a maneira de obtenção pelas pessoas vem se
alterando, até mesmo o paradigma da população norte-americana sobre o conflito entre Israel
e Palestina está progredindo. Principalmente os estadunidenses mais jovens, estão menos
inclinados a buscar os grandes canais de informação para se instruir no assunto81. Além disso,

76
NASSAR, Maha. "Confronto": mídia dos EUA desinforma sobre pancadaria de Israel em funeral de jornalista.
Revista Forum.
Disponível<https://revistaforum.com.br/blogs/socialista-morena/2022/5/18/confronto-midia-dos-eua-desinforma
-sobre-pancadaria-de-israel-em-funeral-de-jornalista-117539.html>. Acesso em 03 out. 2022.
77
NASSAR, Maha. "Confronto": mídia dos EUA desinforma sobre pancadaria de Israel em funeral de jornalista.
Revista Forum.
Disponível<https://revistaforum.com.br/blogs/socialista-morena/2022/5/18/confronto-midia-dos-eua-desinforma
-sobre-pancadaria-de-israel-em-funeral-de-jornalista-117539.html>. Acesso em 03 out. 2022.
78
NASSAR, Maha. "Confronto": mídia dos EUA desinforma sobre pancadaria de Israel em funeral de jornalista.
Revista Forum.
Disponível<https://revistaforum.com.br/blogs/socialista-morena/2022/5/18/confronto-midia-dos-eua-desinforma
-sobre-pancadaria-de-israel-em-funeral-de-jornalista-117539.html>. Acesso em 03 out. 2022.
79
CONFRONTOS COM POLÍCIA ISRAELENSE DEIXAM AO MENOS 152 PALESTINOS FERIDOS NA
ESPLANADA DAS MESQUITAS EM JERUSALÉM. O GLOBO, 2022. Disponível
em<https://oglobo.globo.com/mundo/confrontos-com-policia-israelense-deixam-ao-menos-152-palestinos-ferido
s-na-esplanada-das-mesquitas-em-jerusalem-25476243>. Acesso em: 03 out. 2022.
80
CONFRONTOS COM POLÍCIA ISRAELENSE DEIXAM AO MENOS 152 PALESTINOS FERIDOS NA
ESPLANADA DAS MESQUITAS EM JERUSALÉM. O GLOBO, 2022. Disponível
em<https://oglobo.globo.com/mundo/confrontos-com-policia-israelense-deixam-ao-menos-152-palestinos-ferido
s-na-esplanada-das-mesquitas-em-jerusalem-25476243>. Acesso em: 03 out. 2022.
81
KALOGEROPOULOS, Antonis. How Younger Generations Consume News Differently. Digital News
Report, 2022. Disponível
em<https://www.digitalnewsreport.org/survey/2019/how-younger-generations-consume-news-differently>.
Acesso em 03 out. 2022.
38

uma nova pesquisa do Pew Research Center mostrou que os jovens norte-americanos em geral
tem simpatizado mais com os palestinos.
○ Jornalismo palestino (Al Jazeera e CNN)
Como uma tentativa de conter as ilusões e manipulação das cooporações míditica
estadunidense e ocidentais, o jornalismo palestino e árabe propõe uma nova análise de fatos
no conflito Israel-Palestina, trazendo novas versões e perspectivas da guerra. Desta
forma, visando a publicação de manchetes fidedignas, sem o uso de termos ou frases
tendenciosas, essa imprensa também entra em confronto com as tentativas da mídia
norte-americana e do governo Israelense de influenciar e controlar a opinião pública. Um dos
exemplos é a Jazeera Media Network, uma emissora do Catar, com sede em Doha, que busca
retratar todos lados de um debate, isto é, tanto de Israel quanto de países árabes, de maneira
objetiva.
Diante disso, em um artigo escrito pela jornalista palestina-americana, Laura Albast, e
pela escritora de ascendência palestina e colombiana, Cat Knarr82, é tratada a questão da
repetição nociva de um discurso pró-Israel na cobertura midiática. Segundo elas,:
“Quando as forças israelenses atacam nossos bairros no meio da noite, bombardeiam
nossos filhos, demolem nossas casas, colonizam nossas terras e matam nosso povo,
somos de alguma forma instigadores iguais. As descrições da mídia regularmente
implicam uma falsa simetria entre ocupante e ocupado, sustentando narrativas
antipalestinas e islamofóbicas que culpam o povo palestino pela agressão
israelense”.
Deste modo, as autoras ressaltam a importância das redações relatarem as ações do
exército israelense e dos colonos israelenses bem como é feito com os abusos na Ucrânia e em
outros países. Elas também alegaram que o governo israelense tem muita ciência do potencial
da mídia de expor esses abusos. Em maio de 2019, forças israelenses bombardearam
escritórios de imprensa na Faixa de Gaza e atacaram jornalistas como Nasreen Salem em
Al-Aqsa. Outro caso foi a morte de Shireen Abu Akleh, repórter palestino-americana que
realizava a cobertura do conflito na Csijordânia, a qual de acordo com uma inestigação feita
pela agência de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) foi baleada por
solados israelenses no rosto.

82
WADI, RAMONA. Israel e os EUA são cúmplices da ambiguidade e da impunidade. MEMO. Disponível
em<https://www.monitordooriente.com/20220907-israel-e-os-eua-sao-cumplices-da-ambiguidade-e-da-impunida
de/>. Acesso em: 03 out. 2022.
39

Em 2020, mais de 500 jornalistas assinaram uma carta aberta condenando a má


conduta prejudicial à cobertura da mídia dos EUA sobre a Palestina, no entanto, reportagens
tendenciosas continuam sendo a norma. Em abril do mesmo ano, a Associação de Jornalistas
Árabes e do Oriente Médio pediu aos jornalistas que estivessem atentos à linguagem e ao
contexto e compartilhou novamente as diretrizes de reportagem emitidas por Israel em 2019
durante o ataque mortal a Gaza que matou 259 palestinos, incluindo 66 crianças. O guia pede
aos jornalistas que reconheçam que os palestinos estão sujeitos a um sistema injusto e
desigual que grupos internacionais como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional,
bem como o grupo israelense de direitos humanos B'Tselem, documentaram como apartheid.
Por outro lado, o governo de Israel tem se colocado como um obstáculo para a difusão
dessas notícias e da propagação de fontes confiáveis e divergentes sobre o conflito. Um
exemplo evidente é a pretensão do governo israelense de fechar o escritório da Al Jazeera,
acusando o jornal de "incitar" a violência. Na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,
Bahrein e Egito, países que mantêm relações diplomáticas com o Estado de Israel, barraram o
acesso ao canal.

● Posicionamento por delegações:


○ Israel
Antes mesmo da fundação e nacionalização do Estado de Israel, já havia uma tensão
existente entre comunidades judaicas e árabes na Palestina, principalmente desde o final do
século XVIII , quando Napoleão ofereceu o território aos judeus. Por volta de dois séculos
posteriores, a Grã-Bretanha tomou a região em questão e a proclamou território nacional do
povo judeu na Declaração Balfour, após a derrota do antigo soberano do Império Otomano na
Primeira Guerra Mundial, sendo aprovada pela Liga das Nações em 1922. Com o fim da
Segunda Guerra Mundial e a descoberta do Ocidente dos horrores do Holocausto e do
Nazismo na perseguição de judeus europeus, que imigravam clandestinamente à Palestina,
houve uma comoção mundial, principalmente dos Estados Unidos, em favor da criação de
uma pátria judáica, no chamado Movimento Sionista.
Dessa forma, após uma votação realizada na ONU em 1947, estabeleceu-se na
resolução 181 a separaração do território palestino em dois Estados, um judeu e um árabe,
com a transformação de Jerusalém em uma cidade internacional. Assim, o Estado nacional de
Israel foi oficialmente fundado em 14 de maio de 1948, com 14 mil km², uma faixa que vai de
Haifa e Tel Aviv, incluindo a Galileia Oriental, o deserto de Neguev e o Golfo de Ácaba, o
40

que corresponde a 56% do território original da Palestina; e uma população de quase 498 mil
judeus e 497 mil árabes, com David-Ben Gurion como seu primeiro chefe de Estado. A
resolução ainda resguardava o direito de independência territorial, assim como a liberdade de
costumes, religião, tradição cultural e linguística de ambos Estados após dois meses da
retirada das forças armadas britânicas.
Já dotados de poderio bélico antes mesmo à criação de Israel, as organizações
paramilitares Haganá e o Palmach, ambos com milhares de soldados – inicialmente formadas
para combater os britânicos que ocupavam o território, mas depois redirecionados para
combater Hitler com auxílio e treinamento inglês– são as bases para o que seria a atual FDI
(Forças de Defesa de Israel), que está entre os esforços militares mais experientes em batalhas
no mundo. Dessa forma, quando houve oposição dos palestinos à criação de Israel e a I
Guerra Árabe-Israelense começou, Israel ganhou o controle sob a maior parte do território e
conquistando vantagem, mesmo próximo ao cessar-fogo.
Atualmente, as preocupações na área da segurança que tangem o conflito com os
palestinos são um dos principais e constantes fatores no meio político israelense. Elas também
afetam as suas relações externas, especialmente com os palestinos e os seus países vizinhos
árabes, vivendo em situação de tensão e hostilidades constantes. Outrossim, o seu interesse na
Faixa de Gaza é algo constante em sua história: apesar das tentativas de negociação de paz no
início dos anos 2010, pelo ex-presidente americano Barack Obama e o líder da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, o então primeiro-ministro de Israel, o país lançou o
território novamente em 2012 e 2014, com o pretexto de desestruturar o Hamas, grupo
islãmico que assumiu o controle da região e reforçou seu poder em junho de 2007.
Finalmente, o seu principal aliado político atual é os Estados Unidos.

○ Estados Unidos da América


Inicialmente contrários a formação de Israel, com o medo de estragar as suas relações
já estabelecidas com os países árabes, segundo (ZUCCHI, 2020, p.151), os Estados Unidos
apoiaram o Movimento Sionista quando houve um movimento de aproximação soviética aos
judeus com interesses de desestabilizar a região e afetar o Império Britânico. Somente após
onze minutos da proclamação da independência de Israel, o presidente Harry S. Truman
reconheceu o Estado, marcando o começo de uma nova aliança, marcada por valores comuns,
políticas internacionais contrárias a quaisquer resoluções anti-israelenses, acordos econômicos
e cooperação na troca de informações militares e secretas.
41

Alguns destaques a essa aliança são o governo de George H. W. Bush que adotou
diversas políticas de apoio a Israel na sua guerra contra o terrorismo, com o endossamento de
diversas iniciativas como paz de Israel (1989) e a Conferência de Paz de Madrid (1991).
Seguindo seu legado, o governo Clinton também foi fundamental no processo de paz do
Oriente Médio, mediando e apoiando ativamente os Acordos de Oslo (1993) entre israelenses
e palestinos, o Tratado de Paz entre a Jordânia e Israel, assim como promovendo negociações
com a Síria e iniciativas de cooperação regional. Tudo isso, mas sem deixar de privilegiar os
seus interesses.
Em 2002, o presidente George W. Bush assumiu uma tentativa de criação do Estado da
Palestina até o ano de 2005, mas fracassou devido às falhas tentativas de diálogo.
Posteriormente, em 2007, promoveu uma nova tentativa em Anápolis, mas o Hamas se negou
a aceitar o resultado das negociações, não chegando a um consenso. Um ano decorrido da
última negociação, a Palestina se retirou das negociações com a operação militar na Faixa de
Gaza. Tais tentativas se estenderam ao governo de Barack Obama, mas foram delegadas ao
Secretário do Estado-Norte Americano John Kerry, em 2013, e desfalecendo pouco a pouco as
tentativas de paz entre os dois grupos.
O governo de Donald Trump foi marcado de forma conturbada na política exterior
com Israel e os países árabes, como com a mudança da embaixada americana de Tel Aviv para
Jerusalém em 2017, reconhecendo a reivindicação israelense da cidade como legítima. No
entanto, o então presidente também foi capaz de promover um acordo entre Israel e dois
Estados Árabes: Bahrein e Emirados Árabes, que promovia uma diminuição da anexação de
territórios palestinos por parte dos israelenses, em troca da normalização das relações dos três
países. Deve-se ressaltar que um grande fator que levou à negociação do acordo é o acesso de
Bahrein e Emirados Árabes ao mercado de armas dos Estados Unidos, principalmente ao caça
F-35, que era vendido exclusivamente a Israel na região. Mesmo que seja um feito inédito,
considerando o histórico de tensão e hostilidade na região, os conflitos no Oriente Médio e a
Questão Palestina Israelense ainda se encontram longe de serem resolvidos.

○ Federação Russa
A Rússia, em 2017, por meio de sua capital Moscou, fez um anúncio inesperado
reconhecendo Jerusalém Ocidental como a capital de Israel, ao mesmo tempo em que o
presidente dos Estados Unidos, Trump, estava planejando deslocar a embaixada dos EUA em
42

Tel Aviv para Jerusalém.83Tal posicionamento contradiz o que até o momento a Rússia se
prontificou a defender, ou seja, o apoio e os esforços em busca da unidade palestina
Segundo o presidente Vladimir Putin, a posição da Rússia em relação à Israel
permanece inalterada84:
O problema palestino deve ser resolvido de acordo com as resoluções anteriores do
Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas] e em uma base
justa que leve em consideração os interesses de todas as pessoas que vivem na
região, com base no conceito de 2 Estados”.

Fonte: Infográfico do G1

○ Reino Unido
O Reino Unido tem laços históricos próximos com a formação do Estado de Israel e o
conflito na Palestina após mobilizar os judeus, intensamente perseguidos e atacados durante a
Segunda Guerra Mundial pelo governo nazista alemão, para o território palestino. O discurso
britânico girava em torno de oferecer um lar aos judeus e ajudá-los a se desenvolver a partir
daquele momento num espaço que os abarcasse e tornasse isso possível. O resultado foi a sua
coexistência com os palestinos num cenário que traria, mais tarde, diversos conflitos
étnico-geográficos e a gênese de grupos radicais e ilegais.
O governo britânico, em novembro de 2021, declarou o grupo político Hamas como
ilegal e terrorista pelo parlamento inglês. Alinhado aos Estados Unidos e outros países
alinhados a Israel e a sua narrativa, o Reino Unido concluiu que a organização terrorista tinha

83
Atualmente, a maioria dos países mantém suas embaixadas em Tel Aviv, justamente pela falta de consenso na
comunidade internacional sobre o status de Jerusalém. (G1 NOTÍCIA, 2017). Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/entenda-por-que-o-reconhecimento-de-jerusalem-como-capital-de-israel-pel
os-eua-e-tao-polemico.ghtml
84
(PODER 360). Disponível em:
https://www.poder360.com.br/internacional/a-posicao-da-russia-sobre-a-questao-palestina-permanece-inalterada-
diz-putin/
43

recursos significativamente perigosos, muitos armamentos sofisticados e instalações


terroristas. No país, ser membro do Hamas, organizar encontros para o grupo ou hastear
bandeiras será considerado um ato que infringe a lei de acordo com a Lei de Terrorismo,
podendo o infrator pegar até 14 anos de prisão.
Enquanto o governo israelense elogiou a decisão do Reino Unido, afirmando que o
Hamas é um grupo motivado a destruir o Estado de Israel e atacar israelenses civis inocentes,
o grupo militar chamou tal ação de deplorável contra todo o povo palestino e a história da sua
existência e da sua cultura. Dessa forma, o Reino Unido se apresenta como favorável a Israel
e junto com a maioria dos demais países ocidentais com interesses na região da Palestina,
palco de mortes, invasões e bombardeios há décadas.

○ República Popular da China

A China mostra-se favorável e simpática à causa Palestina, principalmente por causa


dos últimos discursos de seus Ministros de Relações Exteriores e diplomatas. Por exemplo,
com os intensos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza em 2021, a China se ofereceu para
mediar um acordo de paz entre Israel e Palestina.
Durante uma reunião do Conselho de Segurança, o ministro das Relações Exteriores
chinês, Wang Yi, pediu novamente um cessar-fogo imediato entre os dois lados.85 A China
ainda disse que os Estados Unidos deveriam aceitar suas responsabilidades e que o Conselho
de Segurança deveria se envolver mais ativamente para solucionar o conflito. As soluções
propostas seriam um acordo de paz, cessar-fogo e a criação de um Estado Independente da
Palestina com as fronteiras de 1967.
Assim, a China se mostra disposta a resolver o conflito entre Israel e Palestina. O país
quer se mostrar como um mediador sólido de conflitos no Oriente Médio, por isso chama a
atenção de Israel para manter suas obrigações internacionais.86

○ França
A França, em 2016, mostrou-se disposta a tentar solucionar o problema entre Israel e
Palestina, tendo em vista que tais esforços deveriam ser o primeiro passo para uma tentativa

85
CHINA quer mediar negociações entre Israel e Palestina. Exame. 17 de Maio de 2021. Disponível em:
https://exame.com/mundo/china-quer-mediar-negociacoes-entre-israel-e-palestina/. Acesso em: 02 de novembro
de 2022.
86
KOBIERSKI, Łukasz. China and the Israeli-Palestinian Conflict. Warsaw Institute. Warsaw, Poland, 25 de
Maio de 2021. Disponível em: https://warsawinstitute.org/china-israeli-palestinian-conflict/. Acesso em: 02 de
novembro de 2022.
44

plausível de resolução e, como consequência, se tal fato for negligenciado o país encararia sua
responsabilidade e reconheceria o Estado da Palestina.87
Em 2017, numa cerimônia para relembrar o ataque ao velódromo de inverno de Paris,
o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, encontrou-se com o presidente da França,
Emmanuel Macron, em que houve uma manifestação de posicionamento do presidente da
França sobre a questão de reatar as negociações com israelenses e palestinos.88 Tal questão
está relacionada ao fato do presidente francês buscar o respeito das aspirações legítimas dos
dois lados, buscando uma posição equilibrada diante do conflito.89
Nesta conferência, Macron, deixou registrado que a “França está pronta para apoiar
todos os esforços diplomáticos neste sentido. Israel e Palestinos devem ter condições de viver
lado a lado em fronteiras seguras e reconhecidas, com Jerusalém como a capital”.90

○ Iraque
Atualmente, o Iraque não tem nenhuma relação diplomática com Israel, sendo essa
realidade incentivada pelo governo e por outras forças políticas. Desde a criação do Estado
israelense, a relação entre esses países vêm sendo adversas. Nos anos de 1948, 1967 e 1973,
as forças militares iraquianas participaram de ações contra os Israel e durante a Guerra do
Golfo (1961), lançaram contra o mesmo, diversos mísseis balísticos contra o mesmo. Em
1981, Israel destruiu o reator nuclear iraquiano de Osirak. Após os anos de guerra, cerca de
700 mil-900 mil judeus foram expulsos dos países árabes onde habitavam devido a um
sentimento anti-judeu.
Em 26 de maio de 2022, o Parlamento do Iraque estabeleceu, em geral concordância,
uma lei que proibia as tentativas de normalização das relações com Israel. Deste modo,
instituições sionistas ou construir laços econômicos, militares ou culturais com a ocupação é
ato passível de punição. Além disso, líderes de vinte clãs iraquianos assinaram uma

87
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445..
88
CARDOSO, P. da S.; SCHEFER, L. de A.;VIEIRA, T. L.; O conflito entre Israel e Palestina. Revista Vianna
Sapiens, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 24, 2018. DOI: 10.31994/rvs.v9i2.445..
89
Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2021/05/14/franca-proibe-manifestacao-pro-palestina-e-acirra-deb
ate-sobre-conflito-israelo-palestino.htm#:~:text=Fran%C3%A7a%20pro%C3%ADbe%20manifesta%C3%A7%
C3%A3o%20pr%C3%B3%2Dpalestina,%2F05%2F2021%20%2D%20UOL%20Not%C3%ADcias
90
FOLHA DE SÃO PAULO. Presidente francês pede retomada de negociações entre Israel e Palestina.
Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/11/hollande-pede-que-israelenses-e-palestinos-retomem-negociacoes.h
tml
45

declaração se comprometendo com a luta palestina, “até a libertação da Palestina e conquista


de seus direitos”, declarou o diplomata iraquian Ahmad Aqel à agência de notícias Shehab.
○ Jordânia
A Jordânia possui relações diplomáticas com Israel desde 1994, quando foi assinado
um acordo (o segundo de paz entre um país árabe e Israel) que permitiu a abertura de
fronteiras e o intercâmbio de visitantes. Apesar disso, o ministro jordano das Relações
Exteriores, Ayman Al-Safadi, reitera a necessidade de que Israel pare de construir e estender
suas colônias, de demolir casas palestinas e outras práticas ilegais que prejudicam a resolução
do conflito Israel-Palestina, que seria dado, segundo ele, pela existência de dois Estados.

○ Líbano
A República do Líbano não possui relações diplomáticas com Israel por estarem
formalmente em guerra. As capitais Beirute e Tel-Aviv disputam uma área marítima de
reserva, até hoje não explorada, de petróleo e gás natural. As negociações sobre essa área, que
tiveram início em 2020 com mediação dos Estados Unidos, foram suspensas em 2021,
indicando disputas geopolíticas e fronteiriças, além de divergências, principalmente no que se
refere ao Hezbollah, grupo xiita pró-irariano no Líbano que prega o fim do Estado israelense.
Apesar disso, observou-se uma aproximação entre Israel e Líbano em um momento de
crise econômica para o segundo (80% da população na faixa de pobreza e queda do PIB).
Enquanto isso, esse país mostra apoio à questão palestina, visto que, em 2021, dezenas de
pessoas cruzaram a fronteira Líbano-Israel por conta do nível de violência observado na Faixa
de Gaza.

○ Alemanha
A Alemanha ocupa uma posição de destaque no contexto europeu. Com o maior PIB
(Produto Interno Bruto) do continente, a nação tem forte influência em assuntos internos e
externos, como o caso da questão Israel e Palestina. O posicionamento alemão acerca dessa
problemática internacional sempre foi bastante pacífico e conciliador, com enfoque na
resolução dos conflitos a partir da criação de dois Estados, ou seja, um Estado israelense e um
eventual Estado palestino reconhecido e respeitado internacionalmente.
A ex-chanceler do país, Angela Merkel, por exemplo, era uma defensora dessa
resolução. Em 2019, ela recebeu o líder Mahmud Abbas, líder palestino, em Berlim. Nessa
ocasião, ela foi enfática em advogar em favor do direito do povo palestino de ter uma “vida
boa do ponto de vista econômico e social”. Além disso, ela se comprometeu que a Alemanha
46

continuaria a auxiliar nesse caminho de coexistência pacífica entre os dois diferentes povos. O
Estado alemão também é um dos principais doadores em favor da causa palestina, com cerca
de 110 milhões de euros destinados em 2018.
Atualmente, com a mudança de governo na Alemanha - eleição de Olaf Scholz para o
cargo de Primeiro-Ministro - o posicionamento geral parece o mesmo. Houve, no entanto, no
último mês de agosto, um desentendimento entre as lideranças alemã e palestina. Quando
Mahmud Abbas disse em Berlim que Israel era responsável por 50 holocaustos contra o povo
palestino, Scholz manifestou-se contrariamente e condenou a forma que o termo holocausto
foi relativizado, haja vista o passado da alemanha, responsável pelo masscre de cerca de 6
milhoes de judeus durante a 2° Guerra Mundial. O líder alemão chegou a dizer que estava
“enojado com as observações ultrajantes do presidente palestino”.
Ademais, o gabinete alemão também protestou contra o uso do termo apartheid feito
por Abbas para caracterizar a realidade conflituosa entre israelenses e palestinos. Em sua
defesa, o presidente palestino argumento que em momento algum quis relativizar o holocausto
judeu durante a 2° Guerra, ele apenas queria “destacar crimes cometidos contra o povo
palestino pelas mãos das forças israelense”.

○ Síria
Israel e Síria estão formalmente em guerra, no entanto, foi estabelecido um
cessar-fogo na fronteira entre esses dois países desde 1974, sendo a última tentativa de paz
desfeita em 2000. Em novembro de 1947, a Síria se opôs ao plano de partição de Israel na
ONU e, em 1948, atacaram o Estado judáico junto ao Egito, Iraque, Líbano e Transjordânia.
Outros ataques também ocorreram na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do Yom Kippur, com
a conquista, seguida da perda das Colinas de Golã.
Após os conflitos, em 1990, o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e o ministro
das Relações Exteriores da Síria Farouk al-Sharaa se reuniram visando a negociação entre
esses dois Estados. Em junho de 2007, Israel se mostrou disposto à busca da paz e a trocar
suas terras com a Síria, caso o presidente sírio Bashar al-Assad encerrasse sua relação com o
Irã.
Em outubro do mesmo ano, Israel realizou um ataque aéreo para destruir um reator
nuclear sírio, construído com o apoio norte-coreano. Por fim, em 2008, ambos países
negociaram indiretamente a paz por mediação turca, o que foi interrompido pelo o início de
um novo conflito entre eles.
47

○ Egito
O Egito empenhou-se e ainda empenha-se para tentar estabelecer a paz entre Israel e
Palestina. Em 2021, por exemplo, durante o embate que aconteceu entre as duas regiões,
forças diplomáticas egípcias trabalharam de forma consistente para proporcionar um
cessar-fogo e evitar o aumento do número de vítimas ocasionadas pelo embate.
Entretanto, esse mesmo cessar-fogo foi considerado frágil, haja vista seu caráter
parcial justificado pela maior aproximação egípcia do governo israelense. Um exemplo desse
alinhamento é o caso do bloqueio existente na fronteira entre Israel e Egito. Esse bloqueio se
trata de um isolamento econômico e comercial imposto sobre a Faixa de Gaza, região ocupada
por cerca de 2 milhões de palestinos.

○ Brasil
O Estado brasileiro tenta promover boas relações bilaterais tanto com Israel quanto
com a Palestina. Em 2010, o Brasil havia reconhecido o Estado palestino assim como mais de
100 países. Anteriormente, também havia reconhecido a Organização para Libertação da
Palestina (OLP) como representante do povo palestino em 1975. Além disso, em 1993 foi
permitida a abertura da Delegação Especial Palestina, tendo seu status equiparado a uma
embaixada três anos depois. A posição do Brasil é justamente defender a existência dos dois
Estados e continuar a estabelecer relações diplomáticas, comerciais e tecnológicas com
ambos.
Após ataques na Palestina em 2021, vários participantes de uma audiência pública na
Câmara dos Deputados voltaram a reforçar a importância de reafirmar o compromisso com a
Palestina e o direito à sua existência, especialmente a de seu povo. Tais ataques na região
representaram, também, ataques diretos aos direitos humanos e ao direito internacional. Desse
modo, o posicionamento brasileiro encontra tensões ao passo que os conflitos internacionais
se intensificam e requerem da comunidade internacional decisões e notas de apoio ou repúdio.
Por outro lado, também em 2021, no final do ano, a Câmara dos Deputados aprovou o
acordo de cooperação entre o Brasil e Israel, direcionando-se ao Senado Federal. Tal tratado
prevê a transferência e troca de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, treinamento e
processos logísticos e técnicos relacionados a assuntos de defesa. Esse intercâmbio também
inclui troca de pessoas e relações comerciais mais facilitadas entre os países. O acordo obteve
abstenções e votos contra por partidos como PT, PCdoB e Psol justamente baseados no
48

compromisso para com a solidariedade palestina. Nota-se, portanto, a atuação política


brasileira focada em se manter amigável com Israel e Palestina, dois atores apoiados
principalmente por grandes potências com interesses claros na política internacional, e se
percebe quais caminhos o governo brasileiro toma de acordo com seus próprios objetivos de
curto, médio e longo prazo.

○ Turquia

A Turquia sempre apoiou a causa palestina, sendo que recentemente restabeleceu as


relações diplomáticas com Israel, o que foi anunciado em agosto deste ano. Porém, apesar
essa reaproximação, ressaltou que ela não abandonará a causa palestina, através de seu
ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, que ainda afirmou que “"Foi decidido elevar
mais uma vez o nível das relações entre os dois países para o de plenas relações diplomáticas
e devolver embaixadores e cônsules gerais dos dois países", bem como disse que esse
restabelecimento das relações diplomáticas representa um "ativo importante para a
estabilidade regional e uma notícia econômica muito importante para os cidadãos de Israel".
O objetivo da Turquia é essa retomada para também estabelecer uma cooperação energética e,
ainda, um projeto de gasoduto no Mediterrâneo Oriental.

○ Emirados Árabes Unidos


Desde 2020, os Emirados Árabes Unidos, grande potência regional afetada pela
questão Israel-Palestina, posiciona-se ao lado dos judeus. Foi assinado, nesse ano, um acordo
(o terceiro de paz árabe-israelense) que determinava o estabelecimento de relações
diplomáticas dos Emirados Árabes e Bahrein com Israel e a interrupção, por este, das
anexações de grande parte dos territórios palestinos ocupados. Além disso, haveria uma
cooperação nas áreas diplomática, comercial, de segurança e tecnológica, principalmente na
espacial. Por fim, é válido salientar que os Emirados Árabes possuem proximidade
diplomática com os EUA, o qual é aliado histórico dos israelenses e também possui
hostilidade com o Irã.

○ Palestina ( Imprensa)
Em 1918, com o fim da Primeira Guerra Mundial, ocorreu o avanço da Inglaterra na
região da Palestina. No mesmo período, os judeus iniciaram seu movimento de retorno,
enquanto os palestinos mostravam ressalvas contra essa chegada. Após a Segunda Guerra
Mundial(1939-1945), o movimento sionista se intensificou como consequeência do
49

movimento antissemita disseminado na Europa durante essa época, o que fez com que as
tensões entre israelenses e palestinos aumentassem.
Em 1974, a ONU dividiu formalmente a Palestina com a resolução 181 e, um ano
depois, o Estado de Israel foi estabelecido. Além de não ter sido reconhecida como um
Estado, a maior parte das terras palestinas permaneceu em posse dos judeus, o que não foi
aceito pelo povo árabe, e cerca de 45% do território foi destinado a eles. Como consequência
desse processo ocorrerram a Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949), a Guerra dos
Seis Dias(1967) e a Guerra do Yom Kippur(1973). Com o tempo, o território de Israel
continua a se expandir e, como podemos ver no mapa fornecido, a área dedicada aos
palestinos está diminuindo gradualmente.
Em resposta a injusta divisão, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi
criada em 1964, com o objetivo de defender os direitos do povo palestino protegendo seus
territórios e reivindicando o estabelecimento de um Estado palestino. Essa organização é
oficialmente reconhecida pelas Nações Unidas e possui o estatuto de observador nas Nações
Unidas (não de representante de um estado-membro), com direito de voz mas não de voto. Na
década de 1990, por meio dos Acordos de Oslo, a Palestina ganhou controle territorial sobre
certas áreas, mas não criou um Estado-nação. Como resultado, um governo interino da
Autoridade Nacional Palestina (ANP) foi formado. O conflito com os israelenses não parou,
mais recentemente em maio de 2021.
Atualmente, a Palestina se localiza na Faixa de Gaza, Cisjordânia e no Estado de
Israel. Os palestinos continuam a lutar pelo reconhecimento de seu Estado e por maior
autonomia política. Cada vez mais, o povo palestino também sofre com uma situação de vida
precária; segurança instável devido ao ataque de diversos mísseis; perda de direitos e
represália da comunidade internacional, a qual acaba por, na maioria das vezes, tomar partido
de Israel, negligenciando as hostilidades que a população em questão enfrenta diariamente.

ESCRITORES:
Anita Bueno Tavares
Beatriz Paiva Fantinel
Júlio Fernandes dos Reis
Laura perinotto capucci
Letícia Laurenti Olivi
Manuela Ramos Mora
Natália Lima da Silva
50

Nícolas Rafael Dias de Souza

REFERÊNCIAS

ALTMAN, Max. Hoje na História: 2004 - Morre Yasser Arafat, Nobel da Paz e líder da
resistência palestina. Opera Mundi Uol, São Paulo, 11 nov. 2021. Disponível em:
https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/32353/hoje-na-historia-2004-morre-yasser-ara
fat-nobel-da-paz-e-lider-da-resistencia-palestina. Acesso em: 14 set. 2022.

ÂNGELO, Miguel. Judeus, Palestinos, piadas e petróleo. Revista artigo 5º. Ano IV. 19. ed.
mar/abr. 2011.

ARANHA, Carla. Paz entre Israel e Líbano? Acordo entre os dois países deve irrigar o mundo
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<https://exame.com/mundo/paz-entre-israel-e-libano-acordo-entre-os-dois-paises-deve-irrigar
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BERGMANN, Lia. Israel 3.700 anos de história. In: Solução para a paz: entendendo o
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