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Franca
2023
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Franca
2023
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Agradecimentos
Agradeço a Deus pela força e inspiração que me concedeu durante esta jornada
acadêmica. À minha amada família, que sempre me apoiou incondicionalmente, aos amigos
que caminharam ao meu lado e à universidade que me proporcionou esta oportunidade de
aprendizado e crescimento.
Às quase cinco mil crianças que tiveram seus sonhos interrompidos pelo racismo
colonial euro-americano, aos quase cinco mil pais que assistiram aos enterros de seus filhos,
à Gaza e Al-Quds um só desejo: Palestina livre, do rio ao mar!
1
ٰ ٱلرحْ هم ِن
Do árabe, em nome de Allah, o clemente, o misericordioso (ٱلرحِ ِيم ِ ٰ !) ِبس ِْم ه
ٰ ٱَّلل
4
O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim
por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.
Albert Einstein (1993)
5
ABSTRACT: Inserted in the area of International Relations, with a focus on Peace, Defense
and International Security, this project seeks to perceive the inefficiency of the United Nations
(UN) in the face of the Israeli-Palestinian conflict after the creation of the State of Israel (1948).
The question that guides the work is: how was the conflict between Israel and Palestine
addressed in the United Nations Security Council (UNSC) after the creation of the Jewish State?
The hypothesis presented is that the existence of a society, especially Euro-American,
composed of Zionist academics, intellectuals and politicians directly influences the debate on
the case at the UN; that is, the conflict cannot be resolved, as there is a significant portion of
the population benefiting from it, whether financially or socially. To this end, John
Mearsheimer's neorealist theory was chosen as a theoretical reference, especially the debate that
the author brings about the instrumentalization of international organizations by state actors.
This debate was also chosen to better represent the inefficiency of the United Nations when the
aim is to promote peace in places devastated by imperialism. The methodology will involve
bibliographical review, as content analysis of UNSC documents and resolutions, with the aim
to understand the evolution of the strife, but mainly the interests involved and the UN's actions.
Keywords: UNSC. Israel-Palestine conflict. Offensive Realism. Lobby.
6
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Resoluções do CSNU concernentes ao conflito Israel-Palestina 10
Sumário
1. Introdução............................................................................................................................8
1.1. Problema de pesquisa e hipótese…………………………………………………….12
1.2. Objetivos (Geral e Específicos)...................................................................................13
2. Revisão bibliográfica.........................................................................................................13
3. Procedimentos de pesquisa...............................................................................................16
4. Cronograma de execução.................................................................................................18
5. Referências.........................................................................................................................19
8
1. INTRODUÇÃO
Inserida nos estudos sobre Paz e Resolução de Conflitos, a presente proposta busca
analisar a eficiência da Organização das Nações Unidas (ONU) na promoção de recursos
suficientes para a segurança internacional e uma existência pacífica entre os Estados de Israel
e Palestina. Nesta introdução, será realizada uma conexão entre os três eixos temáticos que
conduzem a pesquisa: o conflito travado entre colonos e colonizados na Palestina; a
interferência das Nações Unidas; e as contribuições do marco teórico neorrealista na
abordagem do caso.
Os distúrbios entre o Estado de Israel e os Territórios Palestinos não se resumem a
uma disputa religiosa por locais e terras consideradas sagradas por judeus e muçulmanos, mas
ultrapassa o desrespeito às principais instituições do Direito Internacional (Fachini, 2021, n.
p.), tal como a autodeterminação dos povos. Nesse sentido, é possível compreender o conflito
como uma manifestação do colonialismo eurocêntrico financiado por nações imperialistas,
cujos principais objetivos serão analisados no decorrer deste projeto.
A questão aqui analisada surge com a proposta de criação do Estado israelense em
1947, a partir da Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, a qual institui a
Partilha da Palestina; isto é, propôs a divisão do antigo Mandato Britânico da Palestina –
habitado majoritariamente por árabes muçulmanos – entre a população local (47%) e os
colonos judeus (53%). No entanto, para entender o porquê dessa expatriação em massa, faz-
se necessário compreender os eventos que se passavam na Europa, região com maior
concentração da população judaica até então.
Lamentavelmente, o antissemitismo esteve presente na sociedade europeia, e
posteriormente na americana, desde que grandes populações judaicas foram forçadas a migrar
para tais regiões, a partir do século I d.C. Extermínios, saques e destruições em comunidades
judias eram cada vez mais frequentes e ganharam impulso com a Inquisição dos reis católicos
da Península Ibérica a partir do século XV. O surgimento de pogroms — campos de
concentração ou guetos na Europa Oriental, sobretudo no Império Russo — culminou no
êxodo de mais 600 mil judeus e no extermínio de outros 100 mil, principalmente na Ucrânia
Soviética (Modelli, 2022, n. p.), cenário este que se intensificou drasticamente com o avanço
do nazifascismo após o término da Primeira Guerra Mundial.
vitoriana dos britânicos, em 1920, após a derrota do Império Otomano. Enquanto uma parcela
das narrativas aponta uma simpatia de Londres em relação à causa sionista antes e após o
Holocausto, outra linha argumentativa destaca o acentuado antissemitismo desses Estados
ocidentais e explora um possível interesse em defender a criação de um Estado que pudesse
recepcionar os judeus europeus (Chomsky; Pappé, 2015).
Contudo, as tensões entre nativos e hebreus, agora europeizados, foram impulsionadas
com a consolidação do Estado de Israel em 1947, quando a Grã-Bretanha cedeu a posse da
Palestina aos diplomatas e embaixadores da ONU, responsáveis diretos pelo futuro de milhões
de palestinos. A Partilha da Palestina desencadeou a Independência de Israel e a Guerra Árabe-
Israelense, que desde 1948 já soma milhões de refugiados palestinos, roubos de terras,
massacres rotineiros e torturas (Globo, 2023, n. p.). Tal crise será objeto da análise aqui
presente, com o propósito de compreender as razões da sua persistente não-resolução, tendo
em base a ineficácia do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) com o caso e sua
ausência na busca por uma paz efetiva que atenda aos diversos interesses envolvidos.
Desse modo, o primeiro eixo temático do trabalho envolve a disputa perpetrada entre
colonos e colonizados na Palestina. O primeiro passo envolve justamente o tensionamento
acerca do termo “guerra” e se ele pode ou não ser utilizado neste caso. Para Raymond Aron
(2002), esta não se refere apenas à ausência de segurança; é um ato de violência tomado por
intenções hostis que não objetivam apenas o desarmamento do inimigo, mas sua submissão
aos interesses da força ocupante. É nesse sentido que Clausewitz define a guerra enquanto a
continuação da política e que Eduardo Mei argumenta que se trata de um “confronto violento
entre grupos politicamente organizados, [...] um fenômeno intrinsecamente político e, como
todo fenômeno histórico-social, a sua compreensão está sujeita à perspectiva do observado”
(Mei, 2018, p. 644).
Desse modo, nota-se a ligação entre o conflito em questão e casos de limpeza étnica
de caráter colonial e imperialista, como o observado ao longo do avanço europeu nas
Américas, a fim de consolidar o projeto sionista de um Estado de Israel “limpo e unido” dos
judeus e para os judeus, tal como o descrito pela Lei Básica do estado-Nação do Povo Judeu,
aprovada em 2018 pelo Knesset, cujo direito ao exercício da autodeterminação nacional é
exclusivo à população judia. A Lei não apenas exclui os mais de 20% de árabes residentes no
país, além de estabelecer sua língua como oficial, promovendo Jerusalém como capital
indivisível do Estado, e incentivando o avanço dos assentamentos predatórios nos Territórios
Ocupados da Cisjordânia.
10
Quantidade de
Ano Resoluções
Resoluções
12 92, 93, 95, 100, 101, 106, 107, 108, 111, 113, 114, 127.
1951-1960
162, 171, 228, 233, 234, 235, 236, 237, 240, 242, 248, 250, 251, 252,
26
256, 258, 259, 262, 265, 267, 270, 271, 273, 279, 280, 285.
1961-1970
298, 313, 316, 317, 331, 332, 338, 339 344, 346,
347, 350, 362, 363, 368, 369, 371, 378, 381, 390,
50 396, 398, 408, 416, 420, 425, 426, 427, 429, 434,
438, 441, 444, 446, 449, 450, 452, 456, 459, 465,
1971-1980 467, 468, 469, 470, 471, 474, 476, 478, 481, 483
485, 487, 488, 493, 497, 498, 501, 506, 508, 509,
511, 515, 516, 517, 518, 519, 520, 523, 524, 529,
531, 536, 538, 543, 549, 551, 555, 557, 561, 563,
64 573, 575, 576, 583, 584, 586, 587, 590, 592, 594,
596, 599, 603, 605, 607, 608, 609, 611, 613, 617,
624, 630, 633, 636, 639, 641, 645, 648, 655, 659,
1981-1990 672, 673, 679, 681.
684, 694, 695, 701, 722, 726, 734, 756, 768, 790,
16
1991-2000 799, 803, 830, 852, 887, 904.
1397, 1402, 1403, 1405, 1435, 1515, 1544, 1850,
10
2001-2023 1860, 2334.
Embora os apelos e acordos conduzidos pelas Nações Unidas tenham sido respeitados
em diversos locais e contextos, não é o que se pode observar no conflito israelo-palestino,
onde Israel continua menosprezando as variadas acusações que lhe seguem e perpetuando
diversas violações. Tendo em vista esse recorrente desrespeito em relação às resoluções
aprovadas no âmbito da ONU, o último eixo temático desta proposta envolve a análise do
papel e das limitações das organizações internacionais na promoção da paz e da segurança
internacional. Para tanto, terá como suporte o marco teórico neorrealista de John Mearsheimer.
O autor analisa a preponderância de atores estatais em detrimento de outros no que tange às
ações em nível internacional, especialmente no que se refere a um dos problemas mais
clássicos das Relações Internacionais: a sobrevivência de um Estado. Segundo o autor,
Os Estados mais poderosos do sistema criam e moldam instituições para que possam
manter sua parcela de poder mundial, ou mesmo aumentá-la. Nessa visão, as
instituições são essencialmente "arenas para representar relações de poder. Para os
realistas, as causas da guerra e da paz são principalmente uma função do equilíbrio
de poder, e as instituições refletem em grande parte a distribuição de poder no
sistema. o equilíbrio de poder é a variável independente que explica a guerra, as
instituições são apenas uma variável interveniente no processo (Mearsheimer, 1995,
p. 13. Tradução nossa)2.
Nesse sentido, é possível argumentar que as organizações internacionais, a exemplo da
ONU, podem ser instrumentalizadas por Estados como uma espécie de terceirização, a fim de
alcançar maiores objetivos sem ferir a legitimidade dos atores envolvidos. É neste sentido que
a presente proposta será articulada à teoria neorrealista, ao propor uma investigação dos
bastidores da atuação onusiana no caso palestino, identificando interferências excessivas dos
membros do CSNU ou até mesmo a ineficiência deste em tal debate.
Como consequência desta instrumentalização, o Estado israelense surgiu atendendo
aos interesses de uma elite influente na política e economia euro-americanas, fundando um
Estado racista cercado de inimigos, assim como viam os árabes. O sionismo político, desde
que fora codificado nas Conferências da Basileia (1897), idealizado pelo austro-húngaro
Theodor Herzl, instituiu a ideia de criação de um Estado Judeu na Palestina, baseado na
percepção de “um povo sem terra para uma terra sem povo”. Ao longo dos anos, os sionistas
passaram a pressionar as grandes potências para que o Estado de Israel fosse finalmente criado,
o que foi possível principalmente após a Declaração de Balfour3, um documento em que o
2
The most powerful states in the system create and shape institutions so that they can maintain their share of global
power, or even increase it. In this view, institutions are essentially "arenas for representing power relations. For
realists, the causes of war and peace are primarily a function of the balance of power, and institutions largely
reflect the distribution of power in the system. Balance of power is the independent variable that explains war,
institutions are just an intervening variable in the process (Mearsheimer, 1995, p. 13).
3
A obra de Theodor Herzl (2005) apresenta um panorama geral da realidade enfrentada por grande parte da
população judia na Europa e na América. A partir desta, o sionismo político - tal como o definiu-, ganhou força
não só entre os judeus, mas também entre cristão simpatizantes, sobretudo no Reino Unido. Como exemplo, tem-
12
A pergunta que orienta esta pesquisa é: de que forma o conflito entre Israel e Palestina
foi abordado no Conselho de Segurança das Nações Unidas após a criação do Estado Judeu?
Sendo assim, a hipótese aqui apresentada é que a existência de uma sociedade, sobretudo euro-
americana, composta por acadêmicos, intelectuais e políticos sionistas, influencia diretamente
no debate do caso na ONU.
1.2 Objetivos (Geral e Específicos)
se a Declaração de Balfour (1917), um marco na história do sionismo, que segundo Herzl foi concebido para
conduzir uma nação apátrida a uma região desabitada.
13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
A set of rules that stipulate the ways in which states should cooperate and compete with each other. They
prescribe acceptable forms of state behavior and proscribe unacceptable kinds of behavior. These rules are
negotiated by states, and according to many prominent theorists, they entail the mutual acceptance of higher norms,
which are "standards of behavior defined in terms of rights and obligations. These rules are typically formalized
in international agreements and are usually embodied in organizations with their own personnel and budgets
(Mearsheimer, 1995, p.9).
15
Além disso, a bibliografia estudada explora o tema em dois núcleos distintos - embora
diretamente ligados aos eixos temáticos supracitados: a configuração e manutenção do
conflito; e a estrutura da Organização das Nações Unidas (ONU), seus mecanismos de poder
e histórico de resoluções.
O primeiro núcleo será conduzido por uma bibliografia tangente ao conflito travado
entre israelenses e palestinos. Em um primeiro momento, será realizado um estudo acerca da
sustentação do conflito e legitimação que Israel tem conseguido para expandir suas fronteiras
às vilas e cidades palestinas, dizimando a população. Autores como Mearsheimer e Walt
(2007), Moraes (2018), Rodrigues (2016), Said (1996) e Tenório (2022) trarão abordagens
acerca da atividade decisiva de lobistas sionistas espalhados entre as grandes potências e o
papel destes na manutenção das políticas externas dos paymasters da ONU, além de criticar a
posição distorcida e segregacionista de que Israel é o legítimo herdeiro das terras que ocupa,
baseando-se em eventos históricos. De acordo com Tenório,
Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem
nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, suas águas, sua
liberdade, tudo. Nem sequer têm o direito de eleger seus governantes. Quando votam
em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se
em uma ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições de
2006. A democracia é um luxo que nem todos merecem. (Tenório, 2022, p. 206).
Em seguida, será abordada a interferência das Nações Unidas e, sobretudo, demais
nações no conflito através das obras de Cardoso (2015), Kneel (2017), Saab (2016) e Tenório
(2022). Também serão mobilizadas as pesquisas realizadas por Huberman (2014),
Loewenstein et al. (2012), Piva (2021), entre outros, acerca do presente e futuro da Palestina,
e quais opções ainda se mostram viáveis à solução do caso.
Por fim, além da análise das resoluções aprovadas pela ONU e os planos para
independência dos palestinos que nunca foram respeitados, o projeto trabalhará com autores
especializados na análise do sistema onusiano e as características que configuram o chamado
“fracasso das organizações internacionais”, segundo proposto pelo neorrealismo. Neste ponto,
a presente proposta se aproxima do grupo de autores que destacam as limitações e traçam
críticas à atuação da ONU, reforçando seu histórico de fracassos, disputa de poder dentro do
Conselho de Segurança, interferências políticas, lobbies, entre outros, como Culpi e Rodrigues
(2012), Mearsheimer (1995; 2001) e Sato (2003). Destacam-se também autores como Bigatão
(2015) e Lopes (2007), que esmiuçam as operações de paz, seus fracassos e reformas; e que
fazem uma análise da atuação das Nações Unidas para o reconhecimento do Estado palestino
e os fatores que levaram os organismos e atores internacionais a oscilar entre a defesa dos dois
Estados ou a criação de um Estado único. Segundo Lopes,
16
Quando a concepção pode ser conciliada com a posição da maior parte dos membros
do Conselho de Segurança, como nos casos de Somália e Bálcãs, os objetivos da
ONU podem ser aprofundados. Do contrário, há consequências nefastas para a
ordem internacional e a legitimidade do Conselho. (Lopes, 2007, p. 53).
3. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
Lobby and the U. S. Policy de Mearsheimer e Walt (2007) 5 , bem como suas referências
especializadas no assunto, a exemplo de Chomsky (2006), além de analisar fontes como
Rodrigues (2016), Said (1996) e Tenório (2022). Essas fontes auxiliarão a identificar os
parâmetros da conduta sionista frente às demais nações, sua contraditória performance como
Estado democrático e defensor dos direitos humanos, cercado de ditaduras autoritárias,
antagônicas aos padrões ocidentais; além de apurar a continuação do propósito imperialista
idealizado pelo pai do sionismo político, Theodor Herzl (2005), e como a última diáspora
judaica tem contribuído para o financiamento de atores poderosos, sobretudo os Estados
Unidos, em socorro ao Estado Judeu.
Neste sentido, o papel do lobby israelense também será analisado a partir da leitura de
artigos e demais obras que exponham a convergência entre tal fenômeno e os chamados
cristãos sionistas, e como estes estão diretamente ligados à defesa incondicional de Israel no
tocante a seus crimes internacionais. Este grupo que compõe parte significativa da sociedade
ocidental também é objeto de estudo para autores como Berman (2007), Findley (2003) e
Williams (1959). Neste momento, será fundamental a análise de tais fontes, que realizam um
trabalho crítico sobre o lobby, sua origem, desenvolvimento e participação, especialmente, na
política externa dos Estados Unidos.
Para melhor compreender a atuação da ONU no conflito, buscar-se-á analisar a ligação
entre seu papel como mediadora e promotora da paz e sua mal sucedida participação no embate
aqui analisado. Culpi e Rodrigues (2012), Lopes (2007), Saab (2016) e Sato (2003) são autores
que colaborarão com a compressão do que as Nações Unidas puderam ou até poderiam fazer
para trazer estabilidade à região, sem negar seu envolvimento no conflito. Vale ressaltar que
o projeto também vai analisar os relatórios disponibilizados no portal virtual das Nações
Unidas, que apresenta uma biblioteca completa com todas as resoluções discutidas e aprovadas
pelo Conselho de Segurança desde 1946 até os dias atuais.
A análise de todos os documentos pertinentes à pesquisa será realizada a partir de uma
estruturação em três etapas indicadas por Laurence Bardin: pré-análise; exploração do
material; tratamento e interpretação dos resultados. Em um primeiro momento, a leitura é
realizada com o objetivo de identificar os principais elementos do texto e quais são os mais
pertinentes ao estudo realizado. Na sequência, as observações e fichamentos serão realizados
5
Nesta obra, os autores realizam uma análise sobre a estrutura do lobby sionista, isto é, um conjunto de atores
responsáveis por orientar a política externa dos Estados Unidos a uma direção pró-Israel, além de debater os
prejuízos e consequências deste a ambos os países envolvidos, destacando a participação dos cristãos sionistas
não só no lobby como no sionismo em geral e, principalmente, a elite neoconservadora.
18
com maior rigor, manifestando de maneira sintética o pensamento do(a) autor(a) concernente
ao objetivo específico. Em seguida, os dados e informações obtidos seguirão para análise final,
a fim de realizar a confirmação da hipótese aqui testada e a real ligação do chamado lobby
sionista ou lobby judeu com o fracasso onusiano de promover segurança, desenvolvimento,
equilíbrio e segurança aos palestinos, quer refugiados ou remanescentes.
Por fim, aventa-se o desenvolvimento de um período sanduíche na Cisjordânia,
Jerusalém e Faixa de Gaza, para que o contato direto com a população contribua com o
desenvolvimento da pesquisa. Este intercâmbio seria financiado pela ONG euro-americana,
com filial no Brasil, FFIPP (do inglês, Rede Educacional pelos Direitos Humanos em
Palestina/Israel). A ONG financia esse perfil de projetos para estudantes da área de Segurança
Internacional ou Direitos Humanos interessados na Questão Palestina e que queiram ampliar
os debates acerca do tema, a fim de trazer o conflito a uma solução justa e que atenda à
determinação palestina, respeito a suas fronteiras, economia e política. A convivência direta
com as vítimas também servirá para facilitar o acesso lusófono à realidade por elas vivida.
4. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Alinhamento do Projeto X
Disciplinas Cursadas X X
Levantamento Documental X X
Levantamento Bibliográfico X X
Análise de Conteúdo X X X
Análise da Bibliografia X X
Redação da Qualificação X X
Revisão do material X X
Defesa da dissertação X
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