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8º Encontro Nacional da ABRI

Relações Internacionais e Ciência na Era das Pandemias:

Olhares transdiciplinares sobre desafios globais

26 a 30 de julho de 2021

Evento Online

Área Temática: Teoria das Relações Internacionais

A NARRATIVA DO SIONISMO SOBRE OS PALESTINOS NO ORIENTE MÉDIO

HELENA LOPES ESTEVES

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – PPGRI

Bolsista FAPERJ
Resumo

A narrativa do Sionismo sobre os palestinos no Oriente Médio

O conflito Israel-Palestina em decorrência da partilha realizada pela ONU que deu origem
aos dois Estados em 1947 se estende até os dias atuais. Um dos movimentos nacionalistas
de Israel é o Sionismo que teve um papel forte sobre as narrativas das origens do conflito e
sobre os palestinos. Diante disso, este trabalho tem por seguinte pergunta: quais os
impactos da narrativa do Sionismo no final do século XIX e início do século XX sobre os
palestinos que vivem no Oriente Médio? Os objetivos principais são analisar quais são os
impactos do discurso e narrativa Sionista nos seguintes temas: imagem dos palestinos no
ocidente, a representatividade da OLP e os Direitos Humanos dos refugiados. Este trabalho
utilizará a perspectiva teórica pós-colonial de Edward Said em uma análise de narrativa que
terá como fontes trabalhos acadêmico de debates sobre o tema. Esta lente teórica permitirá
se fazer uma análise crítica da história sobre o conflito em dimensão colonialista e também
analisar como a imagem dos palestinos foi se desenvolvendo ao longo do tempo. Os
resultados da pesquisa foram que o Sionismo teve impactos na narrativa das origens do
conflito e nos refugiados palestinos.

Palavras-chave: Israel, Palestina, pós-colonialismo, narrativa sionista

Abstract

Zionism’s narrativa about Palestinians in the Middle East

The Israeli-Palestinian conflict as a result of the partition carried out by the UN that gave rise
to the two states in 1947 extends to the present day. One of Israel's nationalist movements is
Zionism which played a strong role in the narratives of the origins of the conflict and the
Palestinians. Given this, this work has the following question: what are the impacts of the
narrative of Zionism in the late nineteenth and early twentieth century on Palestinians living
in the Middle East? The main objectives are to analyze the impacts of Zionist discourse and
narrative on the following themes: image of the Palestinians in the West, the
representativeness of the PLO and the Human Rights of refugees. This work will use a post-
colonial theoretical perspective of Edward Said in a narrative analysis that will have
academic works of debates on the theme as sources. This theoretical lens allows for a
critical analysis of the history of the conflict in a colonialist dimension and also to analyze
how the image of the Palestinians has developed over time. The results of the survey were
that Zionism had an impact on the narrative of the origins of the conflict and on the
Palestinian refugees.

Keywords: Israel, Palestine, post-colonialism, Zionist narrative


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1.Introdução

A criação do Estado de Israel e da Palestina em 1947 e os desafios que se seguiram


por todo o século XX e atravessa o século XXI é um dos temas mais difíceis, complexos e
ainda sem um consenso no campo de estudo das Relações Internacionais. Muitas
pesquisas acadêmicas são feitas sobre o tema e sobre os impactos na região e no mundo,
sejam nos aspectos sociais, políticos, econômicos ou geoestratégicos.

Antes da partilha a região da Palestina foi controlada pela Grã-Bretanha de 1922 até
1948, depois do fim do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial. Em 1947 a
Assembleia Geral da ONU por meio da resolução 181 determinava a criação dos dois
Estados e a partilha da região da Palestina. Os dois povos buscavam a consolidação e
independência de seu país. “(...) foi aprovada resolução recomendando a partilha política do
território do mandato. Seriam criados um Estado árabe e outro judeu, associados entre si
numa unidade econômica. Jerusalém seria internacionalizada (...)” (OLIVEIRA, 2002, pg.
307). A maioria dos países ocidentais votou a favor da partilha, mas os países árabes e
outros países da região como Egito, Arábia Saudita, Afeganistão, Líbano, Iraque e Irã
votaram contra (SANTOS, 2000, pg. 25).

A formação dos dois Estados tinha influências nacionalistas bem distintas. O Estado
de Israel tinha diversos movimentos nacionalistas que contribuíram para a formação do país,
um deles era o Sionismo, que já vinha crescendo desde o século XIX. O Sionismo contribuiu
para a promoção da imigração judaica vinda especialmente da Europa para a região da
Palestina nas primeiras décadas do século XX (SAID, 2012; NETO, 2010). Com influência
religiosa judaica e também com influência do socialismo europeu, o movimento Sionista
ganhou muita força e sua “(...) coesão e a solidez interna de Israel e dos israelitas como
povo e como sociedade escapavam em geral à compreensão dos árabes.” (SAID, 2012, pg.
100).

A presença de judeus era muito menor se comparado com o de palestinos que já se


encontravam na região desde o Império Otomano (MOHAMMED, 2014; MONTENEGRO,
2007). Com os movimentos antissemitas na Europa, ondas de judeus migram para a região
da Palestina com o intuído de formar uma pátria. Estes movimentos se intensificaram com a
ascensão de Hitler na Alemanha e com o Holocausto nas décadas de 1930 e 1940.

Com a chegada de tantos judeus na região, iniciaram-se pequenos movimentos


contrários nas décadas de 1920 e 1930, de oposição ao movimento sionista por parte dos
palestinos (OLIVEIRA, 2001, pg.305). “Muito do que chamamos de autoafirmação palestina
surgiu como resposta ao fluxo de imigrantes judeus para a Palestina a partir da década de
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1880” (SAID, 2012, pg. 135). Mas este fato não impediu que a partilha e a formação dos
Estados fossem aprovadas pela Assembleia da ONU em 1947 por meio de uma resolução e
o estabelecimento das fronteiras.

O Estado da Palestina, por sua vez, também criado em 1947, através da resolução
181 na Assembleia Geral da ONU, teve um desenvolvimento diferente, mas construído
juntamente com o Estado de Israel e com o seu entorno. “(...) a identidade nacional
palestina foi gradativamente construída a partir de um processo de dupla diferenciação e
afirmação: em relação ao movimento sionista e em relação ao restante da população de
etnia árabe (...)” (NETO, 2010, pg., 125).

O Estado de Israel logo depois da partilha consegue sua independência em 1948, o


reconhecimento internacional e entrar como membro da ONU em 1949, depois da guerra de
independência ou guerra árabe-israelense. Esta guerra chamada pelos árabes de Nakba (o
grande desastre) levou à independência de Israel e também provocou um grande número de
refugiados palestinos. No entanto, a palestina permanece sem sua independência e com um
grande número de refugiados palestinos que se encontram em diversos países vizinhos.

2.Argumentação teórica

Depois da criação dos Estados de Israel e da palestina, uma das principais razões
para as relações tensas entre eles foi a forte influência do Sionismo como movimento
nacional judeu. Diante deste movimento nacional judeu muito mais fortalecido, os palestinos
não conseguiram alcançar os mesmos objetivos para a consolidação de um Estado
independente. Para Edward Said o movimento Sionista pode ser comparado com
colonização europeia na palestina. “(...) o sionismo nunca se afirmou explicitamente como
um movimento de libertação judaica, mas sim como um movimento colonial de
assentamento no Oriente.” (SAID, 2012, pg. 78).

A partir da independência o movimento Sionista agiu para manter controle político na


palestina e manter os árabes sobre controle. A partir de então o Estado de Israel começou a
fazer os assentamentos pela região descumprindo as determinações da resolução da
partilha de 1947, ignorando e não respeitando a presença palestina e consolidando sua
influência e poder sobre o território. Essas ações ganharam mais força depois da Guerra
dos seis dias em 1967, na qual os israelenses anexaram diversos territórios na Cisjordânia,
as colinas de Golã, o território de Sinai e parte da Faixa de Gaza. Essa guerra levou ao
aumento de tensões entre judeus e árabes e também ao aumento de refugiados palestinos.
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Diante disso, este trabalho tem por pergunta a seguinte questão: quais as
implicações da narrativa do movimento nacional Sionista no final do século XIX e início do
século XX sobre os palestinos que vivem em Israel, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e nos
países do entorno?

Este trabalho não tem por objetivo dar uma resposta ao problema, mas analisar
somente alguns dos obstáculos que este discurso colocou aos palestinos. Assim, os
objetivos principais são analisar quais são os impactos do discurso Sionista na vida dos
palestinos que vivem no Oriente Médio, utilizando os seguintes critérios: na imagem que os
palestinos têm no Ocidente, a representatividade da OLP (Organização para a Libertação da
Palestina) e Direitos Humanos dos palestinos.

Este trabalho buscará em primeiro lugar fazer uma análise do que foi este discurso
Sionista e suas expressões, utilizando como visão teórica o orientalismo de Edward Said, no
que se refere à construção do conhecimento sobre o conflito Israel e Palestina e os
impactos dos discursos utilizados pelos sionistas. “O Orientalismo de Edward Said trouxe
um importante aporte ao debate pós-colonial, tanto à crítica epistemológica das formas de
produzir conhecimento quanto à denúncia das assimetrias globais de poder.”(ABU-
LUGHOD, 2016, pg. 1027). A utilização dessa lente teórica permitirá que se possa fazer
uma análise crítica da história sobre o conflito em dimensão colonialista (HALABI e ZAK,
2014).

Além disso, possibilitará a análise de como o conflito e a imagem dos palestinos e


refugiados palestinos são vistos pelos países ocidentais. Também se poderá analisar como
a OLP se relaciona com Israel e com a comunidade internacional a partir de como sua
imagem foi criada pelos discursos e narrativas sionistas.

A visão de Said (2012) sobre o conflito Israel-Palestina mostra uma relação de


colonização e controle dos israelenses sobre os palestinos que vivem na região, sobre a
imagem dessas pessoas diante dos países ocidentais, sobre a ação da OLP e sobre os
refugiados palestinos.

Partindo da argumentação de Said (2012) o movimento Sionista tinha uma atuação


de colonização nos moldes europeus sobre a região da Palestina e sobre os palestinos que
lá viviam. Essa atuação se expressou de duas formas: ignorando os palestinos e excluindo-
os e impedindo suas reivindicações à autodeterminação. Isso foi possível pelo controle de
narrativas e discursos feito pelos Sionistas, até pelo menos a década de 1970, acerca do
desenrolar da Guerra de independência de Israel em 1948 e acerca do êxodo dos
refugiados palestinos.
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Este trabalho utilizará como fontes bibliográficas secundárias artigos acadêmicos


sobre o tema dos refugiados palestinos e do conflito de forma geral e os impactos na região.
Com este trabalho espera-se poder contribuir com futuras pesquisas sobre o tema Israel e
Palestina.

3.Construção da narrativa

Como surgiu a narrativa e o discurso Sionista? Com ela foi se reproduzindo ao longo
do tempo? A narrativa utilizada pelo movimento sionista no final do século XIX e nas
primeiras décadas do século XX se baseava em certa medida na frase de Israel Zangwill
“Uma terra sem povo para um povo sem terra” (SAID, 2011, pg. 11) com objetivo de se
formar uma nação judaica na região da Palestina. Esta frase teve impactos na formação do
próprio Estado de Israel, nos palestinos e nos países árabes ao redor, assim como na
imagem de Israel diante dos países ocidentais, em especial dos Estados Unidos e dos
países europeus. O Sionismo possuía uma grande influência europeia, tanto socialista como
de colonização, mas também com suas próprias características (NETO, 2010, pg.128;
PEREIRA, 2003, pg. 40; HABALI e ZAK, 2014, pg. 70-71).

“A criação de uma nova nação num território já habitado poderia somente


ser feita à força. Não era um caso de colonialismo clássico: o sionismo não
pretendia explorar a mão de obra palestina, mas conseguir suas terras (...)
processo de expropriação que terminou em 1949 com o deslocamento dos
palestinos para fora dos territórios controlados pelos sionistas.” (DEMANT,
2002, pg. 212).

Com essa primeira narrativa o Sionismo desenvolveu um espécie de colonização nos


moldes europeus na região da Palestina depois da partilha em 1947 com a intenção de levar
progresso para os árabes que eram considerados atrasados e cuidar de uma terra que
estava largada (ERLO, 2020, pg. 105). Tendo uma visão negativa dos árabes o Estado de
Israel começa uma espécie de colonização na palestina assim como a Europa fez nas suas
antigas colônias pelo mundo.

“Na verdade, uma parte importante dos sionistas fazia questão de ressaltar
a diferença: eles se viam como um grupo de pessoas civilizadas, portadoras
do progresso, ao contrario dos árabes, orientais e retrógados. Theodor
Herzl já enfatizava o Estado judeu como “baluarte da Europa contra a Ásia e
vanguarda da civilização em oposição à barbárie” (HERZL, 1988, p.96) (...).
Por fim, com as imigrações sionistas, emergia uma sociedade paralela à
pré-existente. E, para alojar as levas de novos habitantes, seria necessário
obter um recurso escasso na Palestina: terra.” (NETO, 2010, pg.129).

No entanto, a região da Palestina antes da chegada dos imigrantes judeus vindos da


Europa nos anos 1940 já tinha uma presença de palestinos vivendo lá há muitos anos.
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Antes da chegada de judeus vindos da Europa no início do século XX os palestinos já


tinham uma identidade local ligada a sua terra (DEMANT, 2002; MOHAMMED, 2014). A
palestina não era uma região vazia e largada, existia pelo menos dois milhões de palestinos
na região antes da criação dos Estados em 1947. Então como os judeus sionistas criaram
esse discurso de “terra vazia”?

Os impactos dessa narrativa podem ser sentidos até hoje em toda a região. “(...)
alguns líderes árabes identificaram o estabelecimento judaico na Palestina como um
movimento aos moldes do imperialismo europeu. Porém, para eles, o colonialismo judeu era
muito pior.” (NETO, 2010, pg. 130).

A narrativa sobre os efeitos do movimento Sionista e das ações de Israel na região


da Palestina pós-partilha foi criada a partir da visão de cada grupo. Segundo Nets-Zehngut
(2011) as narrativas são construídas pela visão da memória coletiva ou memória histórica
que são criadas pelo Estado, pelas instituições sociais e pela sociedade. Essas narrativas
vão ganhando legitimidade ao longo do tempo e se torna a história e memória coletiva de
uma sociedade.

Para Nets-Zehngut (2019), essa narrativa dos acontecimentos das guerras árabes-
israelenses de Israel afetou a esfera política, a memória nacional e internacional do conflito
Israel–Palestina. Isto foi possível através do controle que o Estado de Israel fazia sobre a
mídia local e também do que seria divulgado para mídia internacional. O Sionismo foi
controlando tudo o que se refere ao conhecimento, o discurso e reconhecimento sobre
qualquer tema sobre o conflito Israel-Palestina (SAID, 2012).

Para a narrativa Sionista de Israel, em um primeiro momento se alegava que a terra


estava vazia e abandonada (MONTENEGRO, 2007). Mas este discurso foi perdendo
validade, pois não se podia ignorar a presença de tantos palestinos e assim um segundo
discurso foi ganhando forma. Para os Sionistas, os palestinos saíram da região depois de
1948 (depois da guerra árabe-israelense) e 1967 (depois da guerra dos 6 dias) por várias
razões internas deles mesmos (NETS-ZEHNGUT, 2011).

Com o tempo, a partir dos anos 1970, pesquisadores de diversas partes do mundo
começaram a ter uma visão crítica sobre a narrativa do conflito Israel-Palestina. Para a
narrativa crítica, os palestinos foram expulsos pelo exército israelense (NETS-ZEHNGUT,
2011; ERAKAT, 2017). Uma das principais divergências entre narrativas sobre o conflito
Israel-Palestina são as causas para o êxodo dos milhares de refugiados palestinos.

A visão crítica sobre o conflito Israel-Palestina analisa por uma ótica de colonização
feita através dos assentamentos judeus na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Buscando
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entender os efeitos dessas ações que geraram opressão, invisibilidade e exclusão dos
palestinos. Os Sionistas, tendo como base essa narrativa crítica, acabaram por expulsar os
palestinos, garantindo assim a conquista da terra invadida.

Com isso Israel tirou de si a responsabilidade do êxodo de milhares de palestinos. A


narrativa crítica por meio de estudos e documentos históricos buscou entender as causas
que levaram os palestinos a saírem da região depois das duas guerras em 1948 e em 1967.
As principais conclusões foram que a terra não estava desocupada antes da chegada dos
judeus europeus e que as ações de Israel levaram ao êxodo dos palestinos (DEMANT,
2002, pg. 225).

Para se perceber quais foram os reais impactos dessa narrativa sionista na vida dos
palestinos e na região do Oriente Médio, as três próximas seções se dedicarão a mostrar os
efeitos em três áreas: na imagem dos palestinos e israelenses diante dos países ocidentais,
na atuação da OLP como uma entidade de representação do povo palestino e na vida dos
refugiados.

4.1 Percepção dos palestinos no Ocidente

O mundo pós Segunda Guerra Mundial inicia uma nova ordem tendo dois polos de
poder antagônicos, cada lado com sua estrutura e grupos de aliados. O bloco capitalista
liderado pelos Estados Unidos, tendo como aliados os países da Europa ocidental, forma o
que vamos usar nessa seção como países ocidentais e comunidade internacional. Não será
feita menção aos países do bloco socialista liderado pela URSS, mesmo que este tenha
participado de alguma forma no conflito, pois se tratar de uma região estratégica para eles
também. Porém, o discurso Sionista era dirigido para o ocidente capitalista devido ao seu
vinculo religioso judaico-cristão e valores culturais.

A relação dos países ocidentais com a região é bem antiga e diversas potências já
quiseram conquistar o Oriente. “(...) intervenções autoritárias e imperialistas das grandes
potências nos países árabes e em outras regiões consideradas inferiores e/ou atrasadas.”
(PEREIRA, 2003, pg. 35). A Grã-Bretanha atuou antes e depois da partilha em 1947, pois a
região tinha sido protetorado dos ingleses que apoiaram a migração de judeus para a
palestina. Depois disso, os Estados Unidos atuaram diretamente nas questões que
envolvem Israel e os países árabes devido aos seus interesses na região no contexto da
Guerra Fria e pela enorme influência do lobby judeu americano (SAID, 2001; PEREIRA,
2003, pg. 39).

As ações dos Estados Unidos pós Segunda Guerra Mundial segundo Erakat (2017)
se baseava em “(...) constantemente usar seu poder político, econômico e militar para
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sistematicamente blindar Israel de qualquer responsabilidade legal internacional e ajudar a


normalizar os argumentos legais.” (ERAKAT, 2017, pg. 20, tradução nossa).

A ONU desde 1945 até os anos 1990 foi a única organização internacional que atuou
diretamente sobre os conflitos por meio de suas agências internas. Pode-se destacar a
UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no
Próximo Oriente) que atua como ajuda humanitária para os milhares de refugiados
palestinos. A partir dos anos 1990 e depois na primeira década do século XXI novos atores
entraram como mediadores do conflito.

Mas como o ocidente tem se posicionado diante das ações de anexação e ocupação
de Israel sobre os territórios que de acordo com a partilha de 1947 e as diversas resoluções
da ONU pertencia aos palestinos? Como tem se envolvido diante do êxodo de milhares de
palestinos para toda a região desde 1948? Para Montenegro (2007) o “(...) avanço da
ocupação e do controle dos Territórios Ocupados pelo governo israelense e seus colonos
interventores vai de encontro a esses acordos, diante do silêncio da “comunidade
internacional” (...)” (MONTENEGRO, 2007, pg.143). Esse silêncio do ocidente por muito
tempo permitiu que o discurso Sionista ganhasse espaço e se fortalecesse.

O discurso Sionista levou ao ocidente a memória e história do que se passou na


região e dos conflitos entre Israel, os países árabes e os palestinos. Essa imagem perdurou
por muito tempo e a narrativa Sionista foi a única “fonte de conhecimento” que os países
ocidentais tinham acerca dessas questões. Isso se deve ao fato também da narrativa
palestina ser constantemente esquecida ou ignorada por Israel.

A narrativa Sionista passou ao ocidente uma imagem negativa dos árabes, em


especial dos palestinos (DEMANT, 2002). Sob a ótica do orientalismo de Said (2007) a
narrativa do Sionismo levou ao ocidente a visão de Israel sobre o conflito e sobre os
refugiados palestinos.

“(...) a tendência do Ocidente de fazer uma associação de cunho orientalista


entre palestinos e as representações negativas do árabe, do Oriente e do
Islã - a que se conecta sempre, é claro, o terrorismo -, e a substituição da
voz própria dos palestinos pelo discurso ocidental, especialmente sionista
(...)” (Said, 2012, pg. X).

Os israelenses com forte influência europeia criavam uma imagem dos palestinos
como diferente, como os “outros” por causa de diferenças culturais e religiosas. Israel olhava
para os palestinos como os europeus olhavam para suas ex-colônias, como um povo
atrasado que precisa ser civilizado.
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No entanto, em 1947 a ONU fez a partilha que dividia em dois Estados e não
somente Israel. Isso mostra que a comunidade internacional já reconhecia a presença dos
palestinos na região e que a melhor forma de resolver a questão entre os dois povos era
criar dois Estados separados. (NETO, 2010, pg.137; MOHAMMED, 2014, pg.59).

O discurso Sionista que prevaleceu sobre as ações israelenses na Palestina e a


narrativa criada pelo sionismo sobre como os palestinos tiveram que se refugiar nos países
vizinhos era usada para não responsabilizar Israel de suas ações diante da comunidade
internacional. Esse discurso divulgado para os países ocidentais tinha a intenção de passar
uma imagem para justificar suas ações nos territórios ocupados da palestina (ERAKAT,
2017, pg. 25-30). Sendo assim, segundo Pereira (2003) o ocidente não tinha a real
dimensão do que tem sido feito nos territórios ocupados por Israel.

“(...) Estado judeu contra a população palestina (...) esses ataques são
tolerados e transmitidos pela mídia internacional (...) noticiados pela
impressa internacional como “incursões” nos territórios “disputados” e não
como agressões aos “territórios ocupados”, termo este reconhecido e
utilizado pela própria Organização das Nações Unidas (ONU).” (Pereira,
2003, pg.39).

A partir dos anos 1970/1980 com o surgimento da narrativa crítica e do movimento


nacionalista palestino que ganhou força através da OLP a imagem e a história acerca do
conflito Israel-Palestina ganha uma nova perspectiva diante dos países ocidentais
(BAHOUR, 2020, NEST-ZEHNGUT, 2014).

Diante disso, passaram a ser condenadas as ações de Israel nos territórios


ocupados, as políticas discriminatórias e de controle sobre os palestinos. A mídia
internacional começou a divulgar as ações contra os palestinos de expulsão e discriminação
das políticas de Israel.

“(...) a crescente critica internacional à forma com Israel lidava com os


palestinos com mais uma certeza de sua própria visão sionista de um eterno
anti-semitismo contra o qual um Estado judeu forte fornecia proteção. A
direita fortemente opôs o reconhecimento da OLP, precisamente porque
(corretamente) previu que esse reconhecimento levaria à negociação , o
que por sua vez levaria Israel eventualmente a se retirar pelo menos de
parte dos territórios.” (Demant, 2002, pg. 223)

Desta forma, a narrativa sionista por mais de 30 anos era a única visão que o
ocidente tinha do conflito e dos impactos na vida dos palestinos. Com o tempo a
comunidade internacional começa a ter uma visão critica do conflito. Tentando fazer com
11

que Israel tome responsabilidade de suas ações e não mais acreditando exclusivamente nos
discursos de Israel.

4.2 A representatividade da OLP

A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) criada na década de 1960 com


a ajuda dos países árabes tem por objetivo ser o representante oficial dos anseios e
interesses palestinos na região e diante da comunidade internacional. Formada
internamente por diversos grupos políticos, muitos com visões divergentes, a OLP tem
algumas fragilidades internas e falta de reconhecimento internacional (MOHAMMED, 2014).

A OLP no seu início tinha pouco espaço no âmbito internacional, pois demorou a ser
reconhecida pela comunidade internacional, em especial pelos Estados Unidos e por Israel.
Até o final da década de 1980, Israel considerava a OLP uma organização terrorista. A OLP
só passa a ser reconhecida pela ONU em 1974 e por Israel somente nos anos 1990 como
representante oficial dos interesses palestinos no exterior durante as negociações dos
acordos de Oslo (SANTOS, 2000).

Da mesma forma, a OLP só reconhece a validade da partilha e da resolução 181 em


1988 e consequentemente a existência de Israel (SAID, 2011; MOHAMMED, 2014). Pois o
plano de partilha era visto como “(...) como sendo um instrumento da aliança do sionismo
com o imperialismo para ampliar sua influência e exercer a dominação territorial de uma
parte estratégica do Oriente Medio.”. (MOHAMMED, 2014, pg. 58)

O discurso Sionista por muito tempo tentou deslegitimar a representação da OLP


diante da comunidade internacional e garantir seu controle sobre os palestinos e sobre os
territórios ocupados.

“(...) a Palestina, que até pouco tempo atrás não era considerada um Estado
pela arena internacional, não era uma organização internacional, não era
uma ONG: era… Palestina! Uma entidade única, que não possuía um
território fixo, delimitado (e ainda assim o é), não possuía uma lei própria.
Ressalte-se, aliás, que a bem da verdade existe, sim, uma lei própria,
embora sui generis, posto que a Palestina possui um governo próprio há
muitos e muitos anos, com ministérios e estrutura de governo. Todavia,
padece uma situação muito difícil; por exemplo, todo o dinheiro que entra na
Palestina fruto de arrecadação de impostos pagos ou recebidos pelos
palestinos em suas relações internacionais passa antes por Israel, que
determina quanto e quando repassará, ou não, sendo certo que a qualquer
momento poderá reter esse repasse.” (MARTINS, 2011, pg.9)

Em 1988, a OLP declarou a independência da Palestina, mas poucos foram os


países que reconheceram. Mesmo assim, ainda não é reconhecida como um país
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independente e soberano e a ONU se mostrou ineficiente para conter os avanços de Israel


sobre os territórios ocupados (PEREIRA, 2003). Nos anos 1990 e 2000 a OLP já tinha
ganhado legitimidade internacional como ator político de representação dos palestinos.
Somente em 2011, a Palestina foi reconhecida oficialmente como membro observador.

Mesmo assim, a OLP ainda é deixada de lado em muitas negociações e decisões


que envolvem Israel e os países árabes sobre as tensões na região. Durante as reuniões
dos Acordos de Oslo nos anos 1990 as divergências nas negociações tem sua origem, em
certa medida, nas narrativas opostas sobre as causas dos conflitos entre as duas partes, em
especial sobre os refugiados palestinos (NETS-ZEHNGUT, 2014).

“(...) as negociações de paz (...) por Israel (...) como assumiu o próprio
premiê israelense, continuem com o processo de colonização (...) os
acordos atuaria não passam de uma série de manifestações vagas e
ambíguas com o objetivo de reforçar o domínio israelense sobre os
territórios ocupados (...)” (Pereira, 2003, pg.37)

A OLP tem um papel fundamental na disseminação da narrativa na visão palestina


diante da mídia internacional e da comunidade internacional. Mostrando assim que a
narrativa Sionista não é a única que existe e também que possui algumas inverdades.

4.3 Refugiados Palestinos

A questão dos refugiados palestinos é o tema mais sensível de todo o conflito Israel-
Palestina. Desde 1948 milhares de palestinos tiveram que sair de suas cidades e passar a
morar em campos de refugiados, em outros países árabes e mais recentemente em outros
países ao redor do mundo.

Mas afinal quem são os refugiados palestinos? Segundo Moulin (2011) os refugiados
são aqueles que foram expulsos de suas terras devido a ações violentas ou que passaram
as ser “(...) cidadãos de segunda classe (ou subcidadãos), para os quais as promessas de
inclusão nunca se efetivaram, seja por táticas de exclusão política, econômica e social (...)”
(MOULIN, 2011, pg.146)

No caso dos refugiados palestinos quem fornece ajuda humanitária na região e em


outros países é a UNRWA, agência da ONU. Para os palestinos que vivem em Israel e para
os que vivem nos territórios ocupados as ações e consequências do discurso do sionismo
afetam a vida cotidiana e o acesso à educação, recursos e mobilidade no território. “As
colônias são a base da política imperialista de Israel, pois com elas estão o exército para
proteger os “colonos” e toda uma estrutura industrial e de estradas ligando os
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assentamentos entre si e com Israel, inviabilizando o livre movimento da população


palestina.”( PEREIRA, 2003, pg. 36)

Como consequências sociais e econômicas decorrente da ocupação dos territórios


feitas por Israel a partir dos anos 1960 podem citar: a dificuldade de acesso a terra e água,
as arbitrariedades de Israel nos territórios ocupados, necessidade de permissão para se
deslocar através do território, controle de acesso a recursos, discriminação étnica,
desigualdade diante da Lei e a perda das áreas antes ocupadas pelos palestinos. Para
piorar a situação, temos o incessante crescimento dos assentamentos judeus na faixa de
Gaza e na Cisjordânia (MONTENEGRO, 2007; MOULIN,2011; PEREIRA, 2003).

A grande dificuldade que os palestinos enfrentam são as ações de Israel para barrar
qualquer tipo de reivindicação e ação dos palestinos para a obtenção de sua independência.
As “(...) dificuldades principais: uma comunidade dividida, dispersa, sem soberania territorial
própria, enfretamento a constante opressão sionista e a indiferença mundial, (...)” (SAID,
1992, pg. 139)

O problema da narrativa criada pelo movimento Sionista sobre como esses


refugiados surgiram esta ligada a falta de reconhecimento das ações de colonização nos
territórios ocupados na palestina e consequentemente afeta da falta de responsabilidade de
Israel de fazer algo para ajudar esses refugiados. Além disso, essas ações violam
constantemente os direitos fundamentais dos palestinos, como acesso a sua terra, liberdade
de locomoção e violações de tortura e discriminação (PEREIRA, 2003, pg. 44; MOULIN,
2011, pg. 147-150).

“(...) o direito à terra não é visto como uma questão de direitos humanos.
(...) No âmbito internacional, nenhum tratado ou declaração prevê
especificamente um direito à terra. Estritamente falando, não há um direito
humano à terra perante o direito internacional. (...) Historicamente, o
controle sobre o direito à terra tem servido de instrumento de opressão e
colonização.” (GILBERT, 2013, pg.121)

Diante disso, com uma narrativa que nega a existência e a não responsabilidade
sobre o êxodo de milhares de palestinos, as negociações de Israel com a OLP têm
dificuldade de seguir adiante. Os palestinos querem seu país soberano e seu território
inviolado, mas as ações de Israel impedem que isso possa ocorrer.

A Lei de retorno que tem por objetivo trazer os palestinos refugiados para a Palestina
também é ameaçada pelo discurso sionista. Para que os palestinos possam voltar para sua
terra em primeiro lugar eles precisam do reconhecimento de Israel e da comunidade
internacional de que eles foram tirados a força e que precisam de ajuda e proteção para
poder voltar.
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3.Conclusão

Este trabalho buscou analisar como foi se formando o movimento Sionista e quais os
impactos do discurso sionista sobre os palestinos e sobre os refugiados palestinos nos
últimos 70 anos na visão teórica do orientalismo de Edward Said. Os objetivos eram poder
entender como esse discurso foi usado e os impactos sobre a construção da memória e
história do conflito Israel-Palestina.

Como analisado ao longo do texto a narrativa Sionista tentou negar a existência dos
palestinos e depois quando isso não foi mais possível, tentou excluir os palestinos. Isso foi
feito por meio das ações de colonização nos moldes europeus que Israel promoveu nos
territórios ocupados e nas políticas discriminatórias e de controle contra os palestinos e
violação dos direitos humanos.

As ações de Israel tinham uma forte influência europeia na sua forma de colonização
com um viés orientalista que permeou a narrativa Sionista sobre o conflito. A narrativa
palestina sobre as causas e consequências do conflito de forma geral e sobre o êxodo dos
palestinos foi ignorada e silenciada pelo discurso sionista. Na década de 1970 uma narrativa
crítica surge buscando as causa do conflito colocando Israel e suas políticas de colonização
como o motivo para o surgimento dos milhares de refugiados nos países vizinhos. A OLP
também teve um papel fundamental em resgatar a memória palestina e criar uma narrativa
palestina sobre o conflito.

Essas divergências de narrativas afetaram como a história do conflito foi contada ao


longo tempo, afetou as negociações de paz entre as partes e as relações com os países do
Oriente Médio. As narrativas afetaram também as pesquisas acadêmicas nas universidades
em Israel e pelo mundo. Por muito tempo os dados coletados pelas pesquisas encontraram
somente a narrativa Sionista do contexto, das relações entre os atores e causas do conflito.
Com uma visão critica será possível estudos sobre as origens e consequências em diversas
perspectivas, em especial numa visão palestina.

Buscou-se também analisar quais os impactos reais da narrativa Sionista em três


áreas. No que se refere a imagem do conflito diante do ocidente, o Sionismo tentou
esconder suas ações ilegais no territórios ocupados, negar sua responsabilidade de
violações dos direitos humanos dos refugiados palestinos e levar uma versão sionista das
causas e consequências do conflito em uma visão colonialista.

O sionismo também teve impactos sobre a OLP, pois tentou deslegitimar a


representação da organização palestina ao chama-la por muito de grupo terrorista, não
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incluí-la nas negociações de paz e não reconhecendo a busca por autodeterminação do


povo palestino.

Por fim, o sionismo tentou esconder e não se responsabilizar pelo êxodo de milhares
de palestinos da região e de provocar uma crise humanitária com suas políticas de
colonização por meio dos assentamentos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

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