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FEMINICÍDIO COMO QUESTÃO SOCIAL: UM OLHAR SOBRE A ATUAÇÃO DA

CASA DAS MULHERES EM VIÇOSA-MG

RESUMO

O presente artigo baseia-se em uma pesquisa em andamento sobre feminicídio como


uma expressão máxima e fatal da violência doméstica. Dados mostram o alarmante
número de casos de feminicídios registrados na Cidade de Viçosa mg, que vão além da
média nacional. Diante do exposto é de suma importância discutir a responsabilidade do
Estado em garantir assistência a essas mulheres, com o objetivo de garantia de proteção
de direitos, no enfrentamento a violência com a finalidade de diminuir o número de
casos de feminicídio no município. Por fim, este estudo busca analisar o atendimento
realizado na “Casa das Mulheres” localizada em Viçosa Mg, no enfrentamento a
violência doméstica no combate ao feminicídio como sua expressão máxima, dessa
questão social. Este estudo é de natureza qualitativa, e o método da pesquisa consistirá
em pesquisa bibliográfica e documental, tendo como referência os principais autores
Marilda Iamamoto, Lisboa e Pinheiro que fazem uma discussão sobre a atuação do
Assistente Social frente a violência doméstica; Marcela Lagarde que trata do
feminicídio; e, Marilena Chauí, Barsted, Cavalcanti e Saffioti, que analisam a violência
doméstica contra a mulher e sua relação com a questão de gênero.
Palavras-Chave: Violência Doméstica, Feminicídio, Políticas Sociais.

1. INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher se constitui como uma construção social


desenvolvida dentro de uma sociedade de origem machista e patriarcal, que ao longo do
tempo submeteu a mulher a uma posição desigual de poder entre os gêneros, tornando
as mulheres objetos de violência, especificamente dentro do lar.
Embora a questão da violência doméstica contra a mulher seja recorrente em
todas as sociedades ao longo da história da humanidade segundo os autores Pinafi,
2007; Silva, 2010; Saffioti,1997), o assunto só ganhou notoriedade e se tornou pauta das
políticas sociais a partir da mobilização de grupos feministas, que tiveram suas ações
amplamente divulgadas pela mídia(BANDEIRA, 2014; FON, 2014). Porém, na década
de 90, um fenômeno se desponta como uma das piores expressões da violência
doméstica contra a mulher: a mortalidade feminina, também conhecida como
feminícidio. Este fenômeno se caracteriza em decorrência da agressão. O aumento do
feminicídio no Brasil, tem chamado a atenção de órgãos nacionais e internacionais,
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde
(OMS). Segundo o Mapa de Violência 2015, a taxa de feminicídio no Brasil é a 5ª mais
alta do mundo. Nos anos de 1980 a 2013, 106.093 mulheres foram assassinadas. De
acordo com Rodrigues (2016) o número de mortes que em 1980 registrava 2,3 por 100
mil mulheres, sobe para 4,8 por 100 mil mulheres em 2013. Segundo o autor, nesse ano
13 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Esses dados obrigaram o Estado a
implementar políticas públicas de enfrentamento e campanhas de conscientização
voltadas para esse segmento, haja visto que o feminícidio se tornou um problema social
e também de responsabilidade do Estado, dada a sua complexidade. ; (HORST, 2009;
FON, 2014; RODRIGUES, 2016)
Estudos realizados por Marx apud Dietz (1914, 1833) mostram que as
transformações sociais e econômicas ocorridas no mundo do trabalho, a partir da
Revolução Industrial impactaram a sociedade, na qual o processo de acumulação de
capital resultou em um antagonismo entre a classe proletária, que possui a força de
trabalho, e a classe burguesa, que detém os meios de produção. Imerso à este contexto,
predominou-se a exploração da mão de obra pelo capital, o que favoreceu a
desvalorização do trabalho da mulher nas fábricas e também da figura feminina
(PARANÁ, 1997; RODRIGUES, 2015). Para Filho (2001) a violência contra a mulher,
no Brasil tem origem na sociedade escravista e de colônia de exploração. A condição de
país dependente e periférico em relação aos países de economia central favorece a
superexploração do trabalho e as desigualdades sociais inerentes do sistema capitalista,
gestando “as expressões da questão social” (LIMA, 2017). Por sua vez Horst, 2016
afirma que “a marginalização” socioeconômica são mecanismos de exploração e
discriminação que não afetam as relações humanas apenas no âmbito do trabalho, mas
também nas relações sociais e familiares, que fortalece a desvalorização, discriminação
e exploração feminina”, contribuindo para desencadear a violência doméstica e o
feminicídio.(LAGARDE apud HORST, 2016). Neste sentido, a violência contra a
mulher é considerada uma das expressões da Questão Social.
Para tanto, faz-se necessário problematizar a violência contra a mulher, sob uma
perspectiva relacional capital-trabalho, que com o avanço do neoliberalismo e sua
política de mínimo social, trouxe á baila a retração nos direitos sociais e políticas cada
vez mais assistencialistas, afetando de forma desigual a classe trabalhadora, em
particular, as mulheres.
Considerando o aumento do feminicídio a nível nacional, e os dados do Mapa da
Violência (2015) citado por Moreira e Souza (2017) a média nacional de homicídio foi
de 33,2% em comparação a média do município que é de 71%, segundo Mello ET alll
2017. Diante dos dados torna-se inegável a importância deste artigo que se propõe a
fazer um recorte do feminicídio como consequência terminal da violência doméstica em
Viçosa, considerando que há uma lacuna na bibliografia atual referente ao assunto.
Além disso, este poderá ensejar melhorias das políticas públicas de enfrentamento à
violência pelos agentes dos órgãos públicos. Considerando o expressivo aumento de
casos de feminicídio na cidade de Viçosa MG este estudo visa problematizar a relação
entre o aumento do feminicídio como consequência do fortalecimento do Estado
neoliberal, que vitimizam as mulheres deixando-as vulneráveis privando o acesso aos
seus direitos. Muitos casos de feminicídio acontecem na cidade por falta de políticas
públicas eficazes no enfrentamento a violência que acometem as mulheres. Diante do
exposto, quais estratégias estão sendo articuladas pela rede social de proteção à mulher,
dentre a qual, a casa das mulheres está inserida, tendo em vista que a mesma apresenta
um número crescente de vítimas de violência doméstica e feminicídio; qual é o papel do
assistente social nesse enfrentamento.
______________________
¹ Dados do Programa Casa das Mulheres(NIEG/UFV) Observatório da violência contra
a mulher.

Este artigo tem como objetivo analisar a atuação do “Programa casa das
mulheres” no enfrentamento da violência doméstica, como uma expressão da questão
social na cidade de Viçosa-MG.
b) Apontar as tendências dos estudos sobre o feminícidio no Brasil e seus
principais desafios no campo da assistência social

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 – CONTEXTO HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL E NO


MUNDO
A violência surgiu no início do século XIII e o termo vem do francês e do latim
vis, “designando ‘a força’, ou o ‘vigor’, caracteriza um ser humano com um caráter
colérico e brutal”, inerente do homem e usado para subjugar e coagir o outro
(MUCHEMBLED, 2012 p. 7).
O mesmo autor acrescenta que a violência na Idade Média era um fenômeno
comum, algo tolerado pela sociedade, sendo uma forma de confirmar o homem como
forte e viril, em contraposição a figura da mulher frágil que necessita do homem para
lhe proteger definindo o seu papel apenas para a procriação, controlando e naturalizando
a violência contra a mulher (MUCHEMBLED, 2012 p. 8).
Maciel confirma que a violência se expressa “como um fenômeno social e de
espectro global [...], ou seja, a violência é desencadeada dentro das relações que os seres
humanos desenvolvem com os outros indivíduos na sociedade (MENDES; CAMPOS,
2018, p.203 citado por MACIEL 201. p.15).
Nessa perspectiva, Marx e Engels (1973) citado por Costa e Clemente (2012)
analisa a violência discorrendo sobre a expansão mercantil iniciada no final do século
XIV inicio do século XV influenciada pela acumulação primitiva de Capital que
submeteram os povos colonizados, especialmente o caso do Brasil a invasão de forma
violenta, haja vista que o território foi invadido, impuseram a nova cultura, extraíram a
riqueza, a terra, assassinando povos tradicionais e cultura. Soares (2016) confirma
dizendo que a violência sempre esteve presente desde o processo de colonização
brasileira dominando os povos nativos e escravizando os negros. Dessa forma,
propagavam a ideologia da superioridade dos países centrais aos países periféricos. Essa
cultura da violência no Brasil foi sendo naturalizada e criando suas raízes sendo
institucionalizada sua principal base, a família patriarcal.
Lira (2015) colabora dizendo que a família regida sobre o sistema patriarcal
estabelecia a dominação do homem sobre todos, inclusive a mulher. Para Freyre (2003)
apud Lira (2015) os homens se achavam donos das mulheres. “Essa posição de
patriarca, considerada comum e natural, foi construída há milênios”. Neste sistema, as
mulheres ficavam restritas ao âmbito privado, responsáveis pelo cuidado da casa, dos
filhos e do marido, e este responsável pelo sustento da família. Reforçando essa
concepção de mulher submissa, Souza e Guedes (2016) afirma que os homens por sua
condição de provedor da família tinham acesso ao âmbito público e privado, e as
mulheres somente ao âmbito privado e o cuidado do lar.
No Brasil colônia os costumes portugueses foram associados aos costumes dos
brasileiros, principalmente na questão da estrutura familiar. O modelo familiar
predominante nesta época era a família nuclear patriarcal, em que o pai era a figura
predominante, concentrava todo poder em suas mãos, numa imagem de prepotência e
virilidade. O homem foi constituído o provedor, ou seja, aquele que sustenta a família,
pois é o que trabalha na esfera pública e traziam para casa o sustento, enquanto as
mulheres ocupavam o espaço privado cuidando do lar e da prole, tendo como principal
papel a procriação.
De acordo com Dias, 2005 “O modelo familiar da época era hierarquizado pelo
homem, sendo que desenvolvia um papel paternalista de mando e poder, exigindo uma
postura de submissão da mulher e dos filhos” Dias (2005).
Dessa forma, se constata que a família dos dias atuais manteve resquícios da
família patriarcal, mesmo que de forma implícita e despercebida, fortalecendo as
relações de poder, que submete a mulher ao domínio e controle dos homens.
Diante do contexto histórico em que o Brasil esteve submerso e com os marcos
políticos legitimados, quais sejam, a independência Brasileira em 1822, Proclamação da
República em 1889, a abolição da escravatura em 1888, ainda assim, a “cultura da
violência” persiste e esta presente ate mesmo nas instituições do Estado, como por
exemplo no aparelho da Polícia atuando na segurança (Estado tendo o controle), que é
“violência legitima” que vai punir os que infligem as leis, e, a “violência ilegítima”
quando o indivíduo põem em risco a vida de uma pessoa, conforme aponta Muchembled
(2012).
Segundo o mesmo autor, o desenvolvimento das sociedades e a imposição das
leis e normas contribuíram para que a violência fosse deslocada do âmbito público para
o privado, sendo assim, a casa deixa de ser um ambiente de proteção para se tornar um
lugar de violação de direitos.
Por isso, Fonseca et al (2018 p.50), relata que a violência contra a mulher não é
um fato novo mas só começa a ganhar destaque, a partir da década de 60, quando
passou a ser divulgado pelos meios de comunicação de massa como a televisão e a
internet através das redes sociais, se tornando foco de pesquisa na esfera acadêmica, no
civil e no jurídico.
Santos (2008, p.12) corrobora dizendo que a partir dos anos de 1960, a temática
se tornou alvo de discussões na sociedade civil principalmente no universo feminino
bem como na academia em âmbito nacional e mundial passando a ser vista com um
fenômeno social conforme aponta Lisboa e Pinheiro (2005) que deve ser combatida
através de um conjunto de intervenções políticas e sociais; por se tratar de uma
expressão da questão social segundo Santos et al (2016).

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E GÊNERO

A violência contra a mulher ganha essa denominação através da mobilização da


luta feminista na década de 70 apontando a classe feminina como principal vitima de
violência em decorrência da sua total submissão em relação aos homens LISBOA e
PINHEIRO (2005). A partir desta concepção, podemos afirmar que a violência
doméstica se expressa pela desigualdade de homem e mulher podendo ser entendida
também como uma violência de gênero.
Entende-se por gênero à concepção que se moldou na sociedade sobre o que é
homem e o que é mulher. “O gênero é a definição cultural da conduta entendida como
apropriada aos sexos numa sociedade dada e numa época especifica”(SILVA, 2005).
Por outro lado, cabe ressaltar que gênero na perspectiva marxista está ligada a relação
de produção e reprodução na divisão social do trabalho que garantia a propriedade que
era a base da opressão no casamento, o que conduzia a subordinação das mulheres nas
relações capitalistas de classe (MARX e ENGELS apud HARAWAY, 2004).
É notório que ao longo da história o papel da mulher sempre foi reservado a um
lugar de menor destaque, seus direitos e seus deveres estavam sempre voltados para a
criação dos filhos e os cuidados do lar, portanto, para a vida privada; paradoxalmente é
neste lugar que para Galeano (2000, p. 69) citado por Hoffmeister Et all (2019), os
direitos humanos deveriam começar, em casa.
Em contrapartida, Muchembled (2012) afirma que a partir da evolução da
civilização e as leis jurídicas, a violência sai do âmbito público e adentra para o âmbito
privado destinado a um lugar de proteção.
Portanto, Santi (2010) assevera que a violência contra a mulher ocorre no espaço
determinado socialmente para as mulheres. Maciel colabora dizendo que é na própria
casa que as agressões acontecem pelo companheiro ou ex-companheiro da vítima
(Maciel, 2018 p.34) e pode ser de ordem moral, física, sexual, dentre outras (SANTOS,
2016 p.90).
Heiremans (1994) citado por Oliveira et al (2007 p.40) reforça que a violência é
definida como “uma forma de exercer poder sobre alguém situado em uma posição de
inferioridade ou de subordinação na escala hierárquica” HEIREMANS, 1994 p.23).
Mostrando que há uma correlação de poder em que o homem se coloca numa posição
privilegiada em relação à mulher desde os primórdios da humanidade. As características
biológicas reforçam essa dominação do homem ate mesmo na divisão social do trabalho
que define os papeis para homens e mulheres. Conforme reforçado por Bourdieu ( )
apud Fonseca et al (2018).
Segundo Barsted (2006) citado por Azambuja e Nogueira (2008), uma grande
vitória para os casos de violência contra a mulher foi a promulgação da Lei 11.340 em
2006, a Lei Maria da Penha como uma política pública de segurança das mulheres que
se destina especificamente à violência doméstica e familiar e a reconhece como uma
violação dos Direitos Humanos.
Com base na lei Maria da Penha, o artigo 7º estabelece as formas de violência
que se enquadram como violência doméstica contra a mulher, as quais sejam: violência
física que atenta contra o seu corpo; psicológica que causa prejuízo emocional; sexual
que constrange, intimida, ameaça com uso da força; patrimonial que impede a
sobrevivência material e moral que causa difamação, calúnia e injúria (AZAMBUJA,
2008).

LEI DE PROTEÇÃO A MULHER

Em resposta as reivindicações dos movimentos organizados da sociedade,


acontece, em 1993, uma Conferencia das Nações Unidas sobre Direitos Humanos que
fica definido a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos, a
vida e a integridade física e psicológica, assegurando os direitos fundamentais de
dignidade humana (MELLO Et al 2014).
Uma das primeiras iniciativas no Brasil para combater a violência doméstica
contra a mulher, foi a criação em 2003, da Secretaria de Políticas para as mulheres com
o intuito de tornar forte a luta no enfrentamento a violência doméstica, além de criar
políticas específicas no combate esse crime, pois até então, conforme registrou (Lopes,
2017 p. 9), não havia políticas especificas de enfrentamento a violência contra a mulher.
No Brasil um marco no enfrentamento da violência contra a mulher, foi a Lei
Federal Nº 11.340/2006, sancionada em 07 de agosto de 2006, conhecida como a Lei
Maria da Penha que trata da violência doméstica contra a mulher, como sendo “qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (LOPES, 2017 p. 9), com o objetivo de
aumentar o rigor da Lei para os crimes contra a mulher nos espaços doméstico e
familiar e garantir proteção às mulheres dentro do ambiente domiciliar.
A lei 13.104, que tipificou o feminicídio, foi aprovada pelo Congresso e
sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff no dia 9 de março de 2015, e altera o art.
121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 do código penal que determina
o feminicídio como qualificadora o assassinato de mulheres em razão do gênero
(feminicídio), enquadrado no rol de crimes hediondos, a fim de punir com mais rigor o
autor do crime e diminuir os números de crime praticados contra a mulher no Brasil.
De acordo com o Atlas da violência (2019) no ano de 2017 houve um
crescimento dos homicídios femininos no Brasil, chegando a 13 assassinatos por dia.
No total, 4.936 mulheres foram mortas, vítimas da violência. Com o crescimento do
número de feminicídio no Brasil foi promulgada em 9 de março de 2015 a Lei
13.104/15, conhecida como a Lei do Feminicídio, a fim de coibir a ação criminosa.
Um homicídio só se constitui feminicídio se comprovado agressões á vítima de
qualquer ordem, sejam elas, psicológicas, físicas, sexual, ou qualquer outro tipo de
violência que cause a morte da mulher (BRASIL, 2015).
Conforme Capez (2014), o feminicídio é uma qualificadora em relação aos
motivos do crime. O fato do crime se configurar como feminicídio pode ser um fator
determinante para punir o assassino..
A Lei do Feminicídio se assenta sobre o parágrafo 8° do art. 226 da
Constituição Federal de 1988, que prevê a família como base da sociedade e tem
proteção especial do Estado, o qual garante assistência à família criando mecanismos de
coibição da violência no âmbito das suas relações. Nessa referida Lei configura-se como
Feminicídio quando atentar contra a vida da mulher por razões da condição do sexo
feminino. A condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e
familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher implica em crime
(BRASIL, 2015).
O homicídio qualificado tem pena prevista de 12 a 30 anos de reclusão. Além
disso, a Lei 13.104/2015 estipula a previsão de um possível aumento da pena no seu
parágrafo 7°: “durante a gestação ou nos 3 (três) meses após o parto; menor de 14
(quatorze) anos e maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência e na presença de
descendente ou ascendente a vítima” (BRASIL, 2015).
Para punir com mais rigor, a Lei do Feminicídio passou por uma alteração no
inciso I do art. 1° da Lei n. 8.072/1990 que trata da Lei dos Crimes Hediondos, dentre as
quais estão o homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121,
§2°, I, II, III, IV, V e VI) (BRASIL, 2015).

2.2 FEMINICÍDIO: EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL

O termo feminicídio, na sua origem, começou a ser usado a partir do ano de


1970, como nome de feminicídio, sendo este termo utilizado pela Diana Russel
socióloga anglo-saxã, para expressar a morte de mulheres praticada pelos homens
(PONCE, 2011, p. 108). Posteriormente, esse termo passou a ser tratado de forma
específica, sendo analisado por diversos autores que lapidaram a concepção em questão
como Meneghel 2017 et al que caracteriza o termo, como o homicídio de mulheres por
homens, instigado por vários motivos, dentre eles o sentimento de posse, de vingança e
de ira. O fenômeno ocorre de várias formas, como mutilação, estupro e espancamento.
Russel (1992), corrobora dizendo que o feminicídio está ligado à dominação do
poder do homem sobre a mulher oriunda de uma sociedade culturalmente machista e
patriarcal que reforça as desigualdades entre os gêneros. Segundo a mesma autora, o
feminicídio vai além do relacionamento afetivo entre casal, pois é perpassado por
questões culturais e sociais. Sendo assim, a sociedade e a cultura são determinantes
para influenciar a ocorrência do feminicídio.
O feminicídio se caracteriza como um fim de um processo que se inicia com
implícitas demonstrações de posse e de ciúme exagerado, do homem em relação à
mulher. Com o passar do tempo, o ciúme e o sentimento de posse se transforma em
agressões, puxões de cabelo, empurrões, beliscões. Após essas agressões, o agressor
sempre se apresenta à vítima com pedido de desculpas, que se, aceitas pela vítima, não
faz o agressor mudar, pelo contrário, serve como incentivo para o agressor continuar e
intensificar as agressões, causando-lhe a morte.
O Instituto de Pesquisa Data Senado (2017) a partir dos estudos de Walker
(2009) relata que o feminicídio acontece após o episódio de violência, o agressor
demonstra um sentimento de arrependimento com o objetivo de sensibilizar a vitima
fazendo-a esquecer do ocorrido e permanecer num circulo vicioso de violência. O autor
acrescenta que “[...] a cada retomada do ciclo a fase da explosão se torna mais violenta,
podendo chegar ao assassinato da mulher pelo agressor.” (WALKER, 2009).
Para Eleonora Menicucci, ex-secretária de Políticas para as Mulheres o
feminicídio se configura como um processo que se inicia com agressões e desencadeia
no homicídio e “essa forma de assassinato não constitui um evento isolado e nem
repentino ou inesperado; ao contrário, faz parte de um processo contínuo de violências,
cujas raízes misóginas caracterizam-se pelo uso de violência extrema. Inclui uma vasta
gama de abusos, desde verbais, físicos e sexuais, como o estupro, e diversas formas de
mutilação e de barbárie”.
O feminicídio se expressa como conseqüência de um processo contínuo da
violência doméstica, levando à vítima a morte em razão da origem sócio-histórica e
econômica que promove diversas desigualdades e discriminações que desdobra em
múltiplas violências, dentre elas, o assassinato de mulheres. Filho (2019) confirma que
os casos de assassinatos de mulheres são cometidos “por parentes, parceiros ou ex que,
motivados por um sentimento de posse, não aceitam o término do relacionamento ou a
autonomia da mulher” (FILHO, 2019).
A questão da violência remonta desde a antiguidade, sendo intensificada no
modo de produção e reprodução capitalista que se inicia no final do século XIV e início
do século XV, caracterizado pela acumulação primitiva de capital, ou seja, pela
concentração de terra nas mãos de poucos proprietários, enquanto um grande
contingente de pessoas é desprovido da propriedade privada, tendo apenas a força de
trabalho para vender a nova classe que estava surgindo, os burgueses. Neste período, os
grandes líderes de Estado em acordo com os burgueses subsidiaram a expansão
marítima, sendo que, muitos países, principalmente da América Latina, se tornaram
colônia de exploração, servindo de mercado consumidor dos produtos das nações
européias ocidentais, tendo a Inglaterra como pioneira nesse tipo de empreendimento.
O capitalismo passou por diversas etapas, e a cada fase sendo inseridos novos
elementos para manter o processo de valorização do capital e aumento do lucro,
atingindo seu amadurecimento no século XVI (LIMA et al, 2009, p. 3).
No fim do século XVIII, após a revolução industrial, surge o capitalismo
monopolista que segundo Netto (2010), “recoloca em patamares mais alto o sistema
totalizante de contradições que confere à ordem burguesa seus traços basilares de
exploração e alienação.” (NETTO, 2010 p. 19). Nesta fase, há um agravo da “Questão
Social”, e a desigualdade entre ricos e pobres aumenta, enquanto a burguesia
concentrava recursos econômicos.
Colaborando com a temática, Reis et all (2010), afirma que o modo de produção
do capital na fase monopolista intensifica a busca pela dominação em países periféricos
com o objetivo de explorar a mão de obra mais barata, característicos desses países
(REIS et all 2010, p. 8).
Com o acirramento das expressões da questão social e a exploração do trabalho,
a classe trabalhadora se organiza para exigir melhores condições de trabalho, e o Estado
passa a intervir na economia capitalista, acarretando “mudanças, no que tange a
proteção social” (REIS et all 2010). Netto, (2010, p. 27) afirma que o Estado é o
“comitê executivo da burguesia”, e quando ele toma para si a responsabilidade de
intervir na Questão Social, o faz no limite que a burguesia permite para a garantia da
força de trabalho explorada. O Estado passa a conceber a "questão social", com
responsabilidade no tratamento, e não como fruto do processo de exploração capitalista.
Ele vê as expressões da questão social como natural e de responsabilidade do sujeito,
culpabilizando o indivíduo.
No Brasil não houve a política de proteção social que é pautada na garantia de
direitos sociais o “Welfare State”, deixando a classe trabalhadora brasileira desprovida
de direitos e proteção social. (REIS et al 2010). Esse fator contribuiu para fortalecer o
pauperismo e as refrações da questão social como falta de moradia, desemprego, fome,
violência, etc.
No processo de expansão, o capitalismo foi atingido por diversas crises mundiais
que marca o percurso desde a sua implantação, com destaque às crises de 1929 e de
1970, e as crises do petróleo ocorridas em 1973 e 1979, estão relacionadas à intensa
necessidade de acumulação do capital provocando crises no campo social, econômico e
político.
Almeida (2009, p. 40), analisa o contexto em que se operou essas crises
mundiais no fim do Estado de Bem Estar Social. Este é expresso por um Estado
provedor procurando amenizar as desigualdades sociais conforme apontado por Cruz
(1994). O Estado investia fortemente nos gastos sociais, porém as crises não são
dissociadas do sistema capitalista que ao atingir um certo patamar a taxa de lucro tende
a cair causando novos ciclos de crises.
Marx (1998) citado por Mota (2012) diz que quando o capitalismo tenta superar
as crises “(...) o faz por meio de movimentos restauradores que, ciclicamente, repõem
novas barreiras ao seu desenvolvimento. Este processo é determinado pela incessante
busca de lucros e mediado por iniciativas econômicas e políticas (...)” (MARX 1998
apud MOTA 2012).
Na década de 80, o Brasil e a América Latina vivenciaram uma dessas crises
econômicas. Conforme afirma Leite (2016), para vencer a crise, os Estados Unidos
convocou em Novembro de 1989 uma reunião com os organismos internacionais com
os lideres dos países dependentes e funcionários americanos – Consenso de Washington
afim de concessão de auxílios financeiros para os países latino americanos desde que
esses submetessem a política neoliberal - que tem como principal fundamento o Estado
mínimo, tirando a responsabilidade do Estado de ser o provedor, reduzindo as políticas
sociais com o discurso de que os gastos em políticas sociais na era do “Welfare State”
eram responsáveis pelas crises do capital, e que o neoliberalismo proporcionaria
desenvolvimento ao Brasil e aos países da América Latina.
Sobre esse assunto Marx (1985) menciona que o capitalismo se sustenta em uma
contradição fundamental, sendo as crises inerentes do sistema de produção e reprodução
capitalista.
A perspectiva materialista, histórica e dialética, busca refletir as relações sociais
e as contradições da sociedade capitalista na perspectiva da totalidade. Cisne (2008),
relata que as desigualdades entre raça e classe “ configuram as múltiplas expressões da
questão social”. De acordo com Marx (2008) é “O modo de produção da vida material
condiciona o processo de vida social, política e intelectual”. As relações materiais
afetam a vida do ser humano em todas as esferas.
Em questão, Cisne (2008) apud Kosik (2002), dá a sua contribuição sobre o
assunto afirmando que o materialismo histórico dialético possibilita analisar as
relações humanas a partir de um viés crítico embasado na perspectiva da
totalidade; o que favorece entender os fenômenos sociais de forma aprofundada na
sua realidade.
Sendo assim, é impossível entender as desigualdades entre homem e mulher
separada da visão da totalidade, haja vista que, a violência contra a mulher se expressa
na sociedade através da lógica de dominação patriarcal.
Saffioti (1979), explica que para haver um reconhecimento e elevação da mulher
à emancipação, é preciso romper com a mentalidade acostumada a promover a
inferiorização da mulher na sociedade. E isso só se concretizará com uma transformação
societária que possibilitará uma sociedade cada vez mais igualitária.
Colaborando com a discussão, Lopes (2017) destaca que a desigualdade de
gênero não surge com a sociedade capitalista, mas é sustentado por ela, haja vista que,
não há alteração na estrutura do patriarcado, ao contrario, essa condição é reforçada
colocando as mulheres como vítimas da exploração e da desigualdade de gênero. “[...] à
violência contra a mulher está intimamente relacionada ao patriarcado que surge em
decorrência da sociedade capitalista, esse último, se apresenta de forma mais
contundente em seu estagio monopolista”. (Lopes, 2017 p.7).
A violência é um fenômeno social e estrutural resultado das desigualdades
sociais e econômicas inerentes do modo de produção capitalista e umas das faces dessa
expressão é a violência contra a mulher tendo como uma das suas expressões, o
feminicídio, que se tornou um problema sem controle na sociedade atual.
Segundo Iamamoto (1999), as expressões da questão social podem ser definidas
como
O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista
madura, que têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais
coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a
apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por
uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 1999, p. 27).

Em razão disso, enfatiza-se que o feminicídio é uma particularidade da violência


doméstica que se expressa pela criminalidade e a negação dos direitos da mulher por
parte do Estado oriundo do perverso, contraditório e antagônico sistema capitalista.
Sendo assim, o Brasil tem registrado altíssimos números de homicídios contra as
mulheres ocupando no ranking internacional a 5ª colocação, junto com mais 83 países
com as maiores taxas de feminicídio segundo o Atlas da Violência (2018) apud
(MACIEL, 2014).

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES NO ESTADO


NEOLIBERAL.

A Consolidação da Assistência Social como política social não contributiva


direcionada àqueles de quem dela necessita está prevista na Constituição Federal de
1988 e na Lei Orgânica da Assistência Social de 1993 onde no seu primeiro artigo diz
que: a assistência social é direito do cidadão e obrigação do Estado como prevê a
Constituição Federal de 1988.
Para tratar da questão de políticas específicas para Mulheres foi criada a
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres em Janeiro de 2003 com a função de
elaborar, articular e executar políticas direcionadas à eqüidade de gênero.
De acordo com Lisboa e Pinheiro (2005), o grande desafio para o enfrentamento
da violência contra a mulher, no âmbito da política social é a efetivação de uma rede de
serviços que contemple os diferentes programas e projetos, consolidando uma política
pública para o seu atendimento.
No senso comum, o surgimento do Serviço social está atrelado a igreja católica
e ao viés doutrinário cristão. Porém, de acordo com Montano (2009), existem duas teses
sobre esse surgimento: A perspectiva Endogenista e a Perspectiva Histórico Crítica.  A
primeira está relacionada à análise de autores que fazem uma leitura a partir de uma
perspectiva tradicional e conservadora sobre a gênesis da profissão, afirmando que o
Serviço Social evoluiu a partir da caridade, da ajuda e da filantropia, baseada na teoria
positivista³ desenvolvida por Comte e nas encíclicas papais. Um dos autores que
defendem essa perspectiva é Natálio Kisnerman (1980) que relaciona a origem do
Serviço Social ao Positivismo de Augusto Comte, século XIX. Segundo o autor esta
tese não é completa, porque, não considera o processo de institucionalização do Serviço
Social, fechando os olhos para os aspectos da conjuntura histórica, social e política que
influenciam a dinâmica da sociedade.
Sobre esta questão Morais (2012) apud Montano (2009), esclarece que não se
pode dissociar história e sociedade, sendo entrelaçadas num enredo contínuo no
desenrolar histórico. Essa visão simplista e reducionista reduz a profissão a um campo
conservador que operacionaliza as políticas sem a visão crítica da realidade
(MONTAÑO, 2009, p. 17).
Na segunda tese, o autor faz uma análise do surgimento da profissão dentro de
uma visão de totalidade para explicar a institucionalização da profissão dentro da
sociedade capitalista, com o objetivo de intervir nas expressões da questão social
oriunda das desigualdades geradas pela relação capital e trabalho.
Em se tratando dessa perspectiva Netto (2010), afirma que é no sistema
econômico de monopólios dentro da sociedade capitalista que favorece as condições
necessárias para o surgimento da profissão.
É Neste mesmo raciocínio que Czapski (2012), diz “O Serviço Social é uma
profissão historicamente determinada, tem sua gênese intrinsecamente ligada às relações
sociais construídas com o surgimento do sistema capitalista, essas relações sociais desde
a industrialização - marco do sistema capitalista (...) (CZAPSKI, 2012)”.

_____________________
³ Teoria Positivista é a teoria desenvolvida por Augusto Comte no século XIX baseada
nos princípios ideológico do desenvolvimento da sociedade por meio da ciência e
acreditava que através da regeneração, o homem era capaz de superar sua situação de
pobreza.
4 – Encíclicas Papais são os documentos da Igreja Católica nas quais o Papa orientavam
os leigos na condução das questões pertinentes ao problemas vivenciados por todos.

Ao encerrar o assunto das duas teses, o autor faz uma relação entre as duas
perspectivas numa visão conjunta “Serviço Social-formas de ajuda”, se na primeira tese
a natureza é a mesma, tendo características diferentes, na segunda a natureza é distinta,
tendo características semelhantes” (MONTAÑO, 2009, p. 31/32).
O profissional de Serviço Social surge no Brasil para atender as demandas das
expressões da questão social consequente do contraditório e antagônico modo de
produção capitalista instaurado no governo de Getúlio Vargas. Assim, a profissão nasce
no capitalismo, servindo a classe dominante no sentido de atenuar as refrações da
questão social.
Segundo Netto, (2009) os assistentes sociais são “executores terminais de
políticas sociais”, atuando em espaços ocupacionais de enfrentamento às violências.
Entende-se que a violência é uma das expressões que precisa ser senão sanada, pelo
menos amenizada através de políticas públicas para o seu enfrentamento.
Iamamoto e Carvalho (1983) diz que o objeto de trabalho do Serviço Social
compõe-se das expressões da questão social, entendidas como as consequências das
desigualdades originadas pelas relações sociais de produção e reprodução do sistema
capitalista.

De acordo com Lisboa e Pinheiro (2005) o assistente social, é essencial na


realidade em que atua, a fim de compreender como os sujeitos sociais experimentam e
vivenciam as situações sociais, e para o trabalho da violência contra a mulher, o
profissional necessita aprofundar seu conhecimento sobre as múltiplas determinações
que decorrem da mesma.
Considerando o aumento das mortes das mulheres, vítimas das diversas formas
de violência, sobretudo da violência doméstica, é de suma importância discutir a
responsabilidade do Estado em garantir assistência a essas mulheres, no sentido de
garantia de proteção de direitos, a fim de diminuir o número de casos de feminicídio no
Brasil. Porque quando a sociedade civil não dá conta de enfrentar com eficiência um
problema,” Filho (2019), destaca que a responsabilidade de solucionar o problema se
torna do Estado, sendo assim, o feminicídio é um crime de responsabilidade do Estado
(LAGARDE, 2004, p. 6).
Contudo, para uma atuação profissional junto ás vítimas da violência doméstica,
as teorias vazias de conhecimento dos fatos implicados dentro do contexto são
insuficientes para entender e agir a partir das necessidades impostas.
Assim sendo, Mioto (2003 p.6): diz que a prática profissional a priori exige um
conhecimento prévio do objeto de trabalho numa visão de totalidade, frente ao desafio
da contradição entre o capital-trabalho afim de que sua intervenção seja efetiva.
No início da década de 1990 o Brasil adere à política neoliberal, atendendo as
propostas do consenso de Washington e o país adentra na economia mundial com o
objetivo de “propiciar uma base produtiva integrada às necessidades dos oligopólios
internacionais, graças ao apelo ao crédito externo para o financiamento daquela base e
sua expansão” (MOTA, 2012 p. 3).
O neoliberalismo é representado por Mota (2009) apud Reis et al (2010) um
conjunto de políticas econômicas que buscam os interesses do capital, em detrimento
aos direitos da classe trabalhadora (MOTA, 2009 p. 8).
Por isso, o avanço do neoliberalismo no contexto atual repercute diretamente nas
ações dos Assistentes sociais e as políticas públicas sofrem uma redução no valor dos
recursos destinadas a sua operacionalização, principalmente àquelas destinadas às
mulheres, impedindo a implementação e execução das políticas sociais nos Estados e
Municípios. “Assim, presenciamos hoje a retração do Estado e conseqüentemente a
fragilização das políticas e de direitos historicamente conquistados. Sem proteção, a
violência massifica-se, aumentado os casos de feminicídio no país”. (LOPES, 2017 p.
10).
Uma das formas de enfrentamento á violência contra a mulher está prevista na
Lei Maria da Penha segundo Dias (2015), que prevê a criação de uma rede integrada de
serviços sócio assistenciais e de saúde para as mulheres em situação de violência, o que
vem a reafirmar a importância da mesma.
A “Casa da mulheres” faz parte dessa rede integrada de serviços sócio
assistenciais, uma rede não especializada de acolhimento e encaminhamento de
mulheres em situação de violência, criada pelo Conselho Municipal de Direitos da
Mulher de Viçosa (2009) e tem como referência os Estudos Feministas e o Plano
Nacional de Políticas para Mulheres.
O Programa Casa das Mulheres é resultante de um conjunto de ações voltadas
para o enfrentamento da violência contra às mulheres na microrregião de Viçosa, MG.
A articulação da rede de proteção à mulher foi criada a partir da iniciativa do
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.
Sobre a rede protetiva, Ferreira et all (2017), discorre que ela “é composta pela
Polícia Militar e Civil, Centro de Referência Especializado da Assistência Social
(CREAS), Defensoria Pública, Centro Estadual de Atenção Especializada, Vigilância
Epidemiológica (SMS), Hospitais, Casa das Mulheres, entre outras.” (FERREIRA et all,
2017).
De acordo com Santos (2013),
No que tange o âmbito da formação, o projeto capacita
profissionais das diversas áreas de atuação, de Viçosa e municípios da
Comarca, discutindo gênero e violência contra a mulher, tendo como
matriz pedagógica os eixos que compõem o Pacto Nacional de
Enfrentamento à Violência contra a Mulher. São eles: Garantia de
Aplicabilidade da Lei Maria da Penha; Ampliação e Fortalecimento
das Redes de Serviço para Mulheres em Situação de Violência;
Garantia de Segurança Cidadã e Acesso à Justiça; Garantia de Direitos
Sexuais e Reprodutivos, Enfrentamento à Exploração Sexual e ao
Tráfico de Mulheres; Garantia da Autonomia das Mulheres em
Situação de Violência e Ampliação dos seus Direitos ( SANTOS,
2013 p. 4).

Na cidade de Viçosa Mg, o número de assassinatos contra a mulher tem crescido


além da média nacional. De acordo com os dados do DATASUS expostos no estudo de
Melo (2019) entre os anos de 2010 a 2016, a média foi de 162 assassinatos sendo 6,2%
destes, as vitimas foram as mulheres. A mesma autora levantando os dados do
observatório da Violência contra a mulher, projeto ligado ao programa Casa das
Mulheres revela que “ 71% das mulheres que foram vítimas de homicídio, no período
de 2010 a 2014, tinham registros de violência cometidas por seus companheiros ou ex
companheiros antecedentes ao crime[...]”. Muitas mortes poderiam ser evitadas se as
vítimas tivesse recebido uma atenção maior por parte do Estado, por meio de políticas
sociais no atendimento a essas mulheres após sofrerem a violência “uma vez que para se
chegar a este desfecho, previamente muitas delas já tenham sido vítimas de uma série de
atos de violência” (MACIEL, 2014 p.35).
Diante do exposto, compreendemos que essas mulheres vivenciavam situações
de violência anteriores ao seu assassinato, caracterizando crime de feminicídio. Além da
problemática do desmonte de políticas sociais públicas, sabe-se que os recursos
financiados pra esse setor são para municípios com mais de 100 mil habitantes
inviabilizando a eficácia das ações para erradicar a violência em municípios de menor
porte.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em função da natureza qualitativa do estudo empregaremos como metodologia a


pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, explorando as potencialidades das
fontes de informações secundárias sobre a Casa das Mulheres para verificar a
efetividades de suas ações no combate a violência doméstica, na qual utilizou-se
metodologicamente uma revisão sistemática da literatura corrente sobre o tema.
A revisão bibliográfica tem como finalidade reunir informações e dados a partir da
temática da mesma em livros, periódicos e artigos científicos que tratem da temática da
violência doméstica contra a mulher e feminicídio de forma separada e interligada. A
pesquisa trata-se de um estudo de natureza qualitativo de abordagem exploratória.
A análise qualitativa é um método que tem como características conhecer a
realidade da vida dos indivíduos com o objetivo de aprofundar nos “diferentes
significados de uma experiência vivida, auxiliando a compreensão do indivíduo no seu
contexto” (ALVES; SILVA, 1992, p. 61). Além de se mostrar bastante eficaz para
compreender a vida humana e suas relações dentro de um contexto sócio-cultural,
histórico e político.
A pesquisa será realizada no município de Viçosa, Minas Gerais, Zona da Mata
Mineira. O município de Viçosa recebeu primeiramente o nome de Santa Rita do Turvo,
depois passou a chamar-se Viçosa de Santa Rita em 1876. E em 1911 passou a chamar-
se apenas Viçosa (IBGE, 2010). A população do município é de 73.333 habitantes
(DAB, 2013).
O município é reconhecido por sua tradição na educação, devido à concentração
de instituições de ensino superior, com destaque para as instituições privadas, em
número de quatro, e uma universidade pública: o campus da Universidade Federal de
Viçosa que tem recebido estudantes de várias partes do país e do exterior. Essa
população flutuante não é considerada na contagem populacional, entretanto estima-se
que esse número é de cerca de 12 mil (Câmara Municipal de Viçosa, 2012).

Diante disso, o município experimenta um grande surto de expansão de suas


atividades econômicas, principalmente construção civil, para prover habitações para esse
enorme contingente de população, assim como a demanda por serviços se intensifica
(PMV, 2015).
Situado à Zona da Mata Mineira, o município de Viçosa conta com pouco mais
de setenta mil habitantes; com renda proveniente, basicamente, de três setores, a saber,
agropecuária, indústria e serviços, a cidade é conhecida por abrigar a Universidade
Federal de Viçosa.
Esta pesquisa será realizada na sede da Casa das Mulheres e na Delegacia de
Polícia Civil, localizada na cidade de Viçosa, MG. O “Programa Casa das Mulheres”
iniciou suas atividades no ano de 2010, e foi implementado a partir da iniciativa popular
Lei 2417/2014 e instituída pelo decreto 4781 onde ficam definidos os parceiros da rede
de proteção para as mulheres vítimas de violência, no caso dessa pesquisa em particular
a nossa amostra é definida por esses dois parceiros da rede de proteção.
Essa rede visa integrar os órgãos institucionais e não-institucionais com o
objetivo de construir uma articulação para fortalecer as políticas públicas de
enfrentamento à violência contra a mulher.
O Programa faz parte dessa rede criada pelo Conselho Municipal dos Direitos da
Mulher de acolhimento e encaminhamento de mulheres de situação de violência, e visa
fortalecer a rede não especializada para enfrentamento à violência contra a mulher
incluindo ações ligadas a saúde, segurança pública e judiciária, assistência social dentre
outras.
A casa das mulheres é uma referência no enfrentamento da questão social que é
a violência que desencadeia o feminicídio. Sua sede se localiza próximo a delegacia
civil, do quartel da Polícia Militar, Defensoria Pública e o Fórum, situado no entorno
dos equipamentos de Proteção Social ligado a Assistência Social do município tais
como o CRAS e o CREAS. Ela contribui também Segundo Santos (2017) “na
construção de um banco de dados sobre essa violência que permita identificar as
características do fenômeno em Viçosa”. Além disso, oferece atendimento humanizado
as vítimas de violência doméstica em contraposição às políticas focalizadas e paliativas
existentes.
A Pesquisa será realizada na Casa das Mulheres porque o Programa desde a sua
implementação vem contribuindo de forma efetiva para atender as demandas das
mulheres em situação de vulnerabilidade social e através das suas ações buscam
formular e implementar políticas públicas eficazes no enfrentamento das expressões da
questão social, inclusive a violência doméstica.
A delegacia de Polícia civil de Viçosa é um parceiro dessa rede protetiva de
enfrentamento a violência que visa acolher, atender, notificar e encaminhar os casos
para as instituições competentes, dentre elas, a “Casa das Mulheres”.
Na primeira fase do artigo fez-se uma busca exaustiva por materiais
bibliográficos, tais como livros, teses, revistas, periódico, artigos científicos, dentre
outros, que fundamentou os tópicos abordados. Tendo como instrumentos utilizados
para coleta de dados a análise e revisão bibliográfica.
Na segunda fase fez-se uma análise minuciosa dos dados da literatura e dos
apontamentos dos autores citados, que contribuíram para a compreensão da temática
abordada os quais foram dividos nos seguintes tópicos: divido femicídio, a legislação
contexto histórico da violência no brasil e no mundo, violência doméstica e gênero, Lei
de proteção a mulher, o feminicídio e a expressão da questão social e por última e não
menos importante Políticas públicas para as mulheres no Estado Neoliberal.
Após as análises das discussões dos autores citados por meio de dados
documentais, conclui-se que as contradições socioeconômicas de produção na
perspectiva da teoria materialista histórico de Marx, têm como desdobramentos as
desigualdades sociais, sendo uma delas, o fenômeno da violência e o feminicídio como
expressão da questão social.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das atribuições dos assistentes sociais é intervir no enfrentamento às


violências nos seus variados tipos; no entanto, cabe destacar que, com o avanço dos
ideais neoliberais, o Assistente social fica limitado nas suas ações, tendo em vista, a
falta de recurso provocado pela redução das políticas sociais. Os dados de feminicídio
no país são alarmantes, e muitas mortes poderiam ser evitadas se as vítimas recebessem
uma atenção maior por parte do Estado, por meio de políticas sociais no atendimento a
essas mulheres após sofrerem a violência, haja vista que em muitos casos, o feminicídio
acontece por negligência de ações estatais que não favoreceram a vítima que
continuamente sofre com vários tipos de violência no seu dia a dia.

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viés educativo que pautou a proposta proporcionou um espaço coletivo,


democrático, de formação e debate sobre o tema. Como não há garantias de
continuidade das políticas de enfrentamento das violências contra as mulheres no
Brasil, acredita-se que esse compromisso dependerá, também, da sensibilidade,
disposição técnica e do comprometimento político de cada um dos envolvidos com
as políticas públicas do município. São os atores institucionais que, mobilizados,
colocam os documentos em movimento, criam espaços de debate e confrontam os
problemas. A mudança que se espera ver depende, essencialmente, da mobilização
dos trabalhadores para com essa violação de direitos e da disposição de se
comprometerem, em parceria com a comunidade e com o poder público local, com
novas e melhores estratégias de acolhimento, atendimento e acompanhamento das
mulheres em situação de violência.

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