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Guia de Estudos – UNESCO

AleMUN 1
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SUMÁRIO

SUMÁRIO ................................................................................................................................ 2

CARTA DAS MESAS ............................................................................................................. 3

SAMUEL SILVA................................................................................................................... 3

RODRIGO TOLOI................................................................................................................. 3

VINICIUS RIGO.................................................................................................................... 4

HISTÓRICO DO COMITÊ .................................................................................................... 5

SAQUES E COLONIALISMO .............................................................................................. 7

PATRIMÔNIO CULTURAL E CASO PRÁTICO ............................................................ 10

ACORDOS INTERNACIONAIS PRÉVIOS ...................................................................... 14

CONVENÇÃO DE HAIA DE 1954 .................................................................................... 14

CONVENÇÃO DA UNESCO DE 1970.............................................................................. 15

CONVENÇÃO DO INSTITUTO INTERNACIONAL PARA A UNIFICAÇÃO DO


DIREITO PRIVADO DE 1955 (UNIDROIT) ..................................................................... 17

O TRATADO MODELO DA ONU DE 1990 ..................................................................... 18

OUTROS TRATADOS E CONVENÇÕES IMPORTANTES: .......................................... 19

MERCADO INTERNACIONAL ARQUEOLÓGICO ...................................................... 20

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24

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CARTA DAS MESAS

SAMUEL SILVA

Olá, senhores delegados! É com grande prazer que eu lhes recebo para a 4.ª edição da
AleMUN.

Meu nome é Samuel, mas podem me chamar de Samis, e serei parte da mesa que há de
dirigir esse comitê cheiroso. Me apresentando rapidamente, eu tenho 19 anos, sou estudante de
Relações Internacionais na Universidade Estadual do Maranhão, sou muito fã da Taylor Swift
e Phoebe Bridgers e sou Secretario-Chefe do Acadêmico da AleMun.

Bom, não quero me estender aqui, até porque o importante é os senhores delegados se
aterem ao guia de estudos, então vejo vocês em breve!!

RODRIGO TOLOI

Olá senhoras e senhores delegados! Tudo bem com vocês? É uma honra estar aqui com
vocês, delegados que tenho certeza que conseguiram fazer o inusitado, o diferente, tornar o
crível no incrível! E é um prazer ainda maior, poder mesar o melhor comitê da 4 edição da
Alemun…
Bem, meu nome é Rodrigo Toloi, mas o pessoal costuma me chamar só pelo
sobrenome mesmo, Toloi, então fiquem a vontade! :D. Tenho 17 anos e ainda estou no terceiro
ano do ensino médio, pretendendo cursar direito aqui em São Paulo. Diferentemente do Samis,
curto músicas soviéticas hahahahaha um pouquinho diferente, mas juro para vocês, são muito
boas!
Enfim, bons estudos e uma excelente simulação! Qualquer coisa, estamos aqui para
vocês!

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VINICIUS RIGO

Olaaaa delemonios!Tudo bem?

Meu nome é Vinicius e serei uma de suas beneméritas mesas neste comitê. Aos que não
me conhecem, saibam que eu detesto crises e faço de tudo para que elas fiquem bem fáceis
(01010011 01010001 01001110). A demais é isso, espero que vocês não destruam o mundo e
não entrem em guerra nas primeiras 2 sessões. Brincadeiras à parte, já fiz o meu trabalho de
pesquisador não diplomado com cada um de vocês e sei que vocês serão excelentes delegados
em um comitê nada simples como o nosso! Meu privado está aberto 25 horas por dia 8 dias por
semana para dúvidas, pataquadas, conversas, uma amizade sincera... até mais e beijinhos da
Anitta

Vinicius Rigo

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HISTÓRICO DO COMITÊ
A UNESCO, ou melhor, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura ( United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) é uma das 15
agências especializadas da Organização das Nações Unidas. Inicialmente seu papel é ligado
fundamentalmente à promoção da educação, sobretudo de grupos socialmente invisibilizados,
das diferentes e complementares ciências e preservação e mantenimento das culturas ao redor
do globo. Porém, seu papel se entrelaça entre todas essas características e as bordas das
mesmas, se tornando, assim, uma das mais importantes agências das Nações Unidas.

A UNESCO surge oficialmente no dia 16 de Novembro de 1945 em Londres através


da aprovação da sua constituição na presença de 37 países membros vitalícios da recém-
formada Organização das Nações Unidas. Porém, a história de uma organização que visava a
preservação cultural, tal qual a educação e ciência, em um panorama internacional, surge ainda
na Liga das Nações, através da Comissão Internacional de Cooperação Intelectual (1922-1946)
pessoas físicas formavam comitês e comissões agregadas para estudar e atuar na comunidade
internacional acerca dos assuntos abrangentes a educação e ciência, vale ressaltar que por ser
uma comissão meramente consultiva suas atribuições não eram levadas como prioridade na
comunidade internacional. Mesmo se mantendo até 1946, a CICI perde grande parte da
relevância internacional já no início da Segunda Guerra Mundial, levando a uma defasagem
gradual da comissão. Ainda na antecedência da UNESCO, a Oficina Internacional de Educação
(OIE) se forma em 1925, existindo até hoje, porém, como uma Oficina integrante permanente
da secretaria da UNESCO. A OIE abotoa como uma organização focada completamente na
educação internacional — por internacional, diz se aqui, países da Europa, em sua maioria —,
e por isso, possui uma grande importância na formação da UNESCO em 1945, após a Segunda
Grande Guerra.

No contexto da formação da UNESCO, é interessante ressaltar que mesmo em um


contexto fortemente marcado pela divisão e recuperação socio-financeira das potências
formadoras da ONU, foi posto como uma urgência a formação de uma Agência focada apenas
na Educação, Ciência e Cultura. E ainda levando mais adiante, o fato da comunidade
internacional reconhecer que tais elementos se completam, e porquanto, devem ser tratados de
forma suplementar, mostra um empenho dos países na recuperação de um status quo marcado
pela Paz e Ciência. Ainda há um lado que defende que a formação de uma Agência submetida

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às Nações Unidas focada nas estruturas da UNESCO é uma forma das potências ocidentais em
dominar o campo em questão, falsificando um falso ideal de cooperação internacional. Mas
mesmo diante desses dois posicionamentos, o fato é que a UNESCO surge como uma das
maiores e mais importantes Agências Especializadas da ONU, e que cada vez mais conversa
com comunidades marginalizadas da comunidade internacional, tal qual com um compromisso
com o desenvolvimento sustentável.

Por fim, cabe aqui ressaltar uma das séries de objetivos postos pela UNESCO no seu
documento de comemoração de 70º ANIVERSÁRIO DE CRIAÇÃO:

A organização tem seu foco centrado, particularmente, em duas grandes prioridades:


• África;
• Igualdade de gênero.
Além disso, desenvolve ativamente uma série de Objetivos Globais:
1. alcançar a educação de qualidade para todos e a aprendizagem permanente ao
longo de toda a vida;
2. mobilizar o conhecimento científico e as políticas relativas à Ciência com vistas
ao desenvolvimento sustentável;
3. enfrentar e resolver os novos problemas éticos e sociais; promover a
diversidade cultural e o diálogo intercultural por uma cultura de paz;
4. construir sociedades do conhecimento inclusivas e integradoras com apoio da
informação e da comunicação.

Sendo assim, esperamos que os senhores delegados encontrem na UNESCO uma forma
de discutir, não só, a Reapropriação e Contrabandos de Artefatos Históricos, mas também toda
a lógica de formação cultural, educacional e cientifica no Século XXI, mostrando as devidas
competências e habilidades de: Negociação, diplomacia e conhecimento do mundo.

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SAQUES E COLONIALISMO

A história da humanidade é marcada por um processo colonial extremamente


sanguinolento, um capítulo sombrio de exploração, opressão e violência infligida aos povos
originários de diversas partes, América, Ásia e África e Oceania. Ao longo dos séculos, os
colonizadores europeus impuseram seu domínio sobre vastas extensões de território, deixando
um legado de impactos profundos e duradouros nas culturas e sociedades locais.

O processo colonial nas Américas começou com a chegada de Cristóvão Colombo em


1492, marcando o início de um período de invasões e incursões entrementes violentas e
sangrentas. Os colonizadores europeus, ansiando por riquezas e poder, impuseram-se aos povos
indígenas que já habitavam a região um regime escravista, utilizando de mão de obra forçada
para dar inicio aos assentamentos europeus no continente. A busca por ouro, prata e terras
férteis levou à exploração desenfreada, à escravização em massa e à disseminação de doenças
que devastaram as populações nativas, causando o fim de diversos povos e o apagamento de
inúmeras culturas com milhares de anos de existência. A colonização também trouxe a
imposição de crenças religiosas e culturais estrangeiras, ignorando completamente as ricas
tradições das civilizações indígenas, exemplos das incursões religiosas são as missões jesuítas,
responsáveis por um irreparável processo de canonização forçada dos povos originários no
Brasil. A colonização na América espanhola é um capítulo significativo da história das
Américas. No final do século XV, exploradores espanhóis, como Cristóvão Colombo,
desembarcaram nas terras do que hoje são conhecidos como América Latina. Eles foram
motivados pela busca de riquezas, fama e a disseminação do cristianismo.

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No processo espanhol de colonização, a Espanha rapidamente estabeleceu um vasto


império colonial na América, dominando regiões que hoje incluem o México, América Central,
América do Sul e partes dos Estados Unidos. Durante esse período, o ouro, a prata e outros
recursos naturais foram extraídos em grande quantidade, alimentando a economia espanhola e
europeia. O processo também é marcado pelo apagamento cultural e a destruição das culturas
originárias a medida que os espanhóis avançavam em suas conquistas, eles frequentemente
impunham sua cultura, língua e religião sobre as populações nativas. Muitas culturas indígenas
ricas e diversas, como os astecas, incas, maias, e várias outras civilizações mesoamericanas e
andinas, foram subjugadas e, em considerável parte dos casos, aniquiladas. Suas línguas
nativas foram suprimidas em favor do espanhol, e as crenças religiosas tradicionais foram
substituídas pelo cristianismo, com a conversão forçada sendo uma prática comum. Isso
resultou na perda de conhecimentos ancestrais, tradições e rituais que eram fundamentais para
as identidades culturais das comunidades indígenas. Além disso, a exploração desenfreada de
recursos naturais muitas vezes devastou o ambiente e os modos de subsistência tradicionais das
populações nativas. A introdução de doenças europeias também causou uma catástrofe
demográfica entre os indígenas, diminuindo drasticamente suas populações. O apagamento
cultural e a destruição de culturas originárias são aspectos sombrios da colonização na América
Latina. Essas consequências profundas ainda são sentidas hoje, com muitas comunidades
indígenas lutando para preservar e revitalizar suas culturas e línguas tradicionais em um
contexto de desafios contínuos. Essa parte sombria da história da colonização espanhola
destaca a importância de reconhecer e respeitar as culturas indígenas e promover a justiça
cultural e histórica.

Na Ásia, as potências coloniais europeias, como o Reino Unido e a França, estenderam


seu domínio sobre vastas áreas do continente. Isso incluiu a Índia, partes do Sudeste Asiático
e outras regiões. Os colonizadores buscavam recursos naturais valiosos, como especiarias,
tecidos e minerais, muitas vezes às custas das populações locais. Os ataques a povos originários
envolveram a apropriação de terras, a imposição de impostos opressivos e a exploração dos
trabalhadores locais em condições precárias. A colonização europeia também levou à
disseminação de línguas e culturas estrangeiras, influenciando profundamente a identidade das
nações asiáticas. Embora diferentemente da América, o processo colonial europeu na Ásia não
tenha sido tão sanguinolento, isso se deve em virtude da forte resistência dos povos asiáticos
as tentativas de tomada e da dificuldade geográfica de acesso, diversos relatos contam sobre a
resistência dos povos asiáticos, represado fortemente quem se atravesse a tentar tomar suas

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terras. Isso não impediu os processos de colonização entre os povos asiáticos, tal qual o Japão
infringiu sobre a península Coreana.

Na África, os colonizadores impuseram seu domínio através da escravidão em massa,


da extração brutal de recursos naturais e da reconfiguração arbitrária de fronteiras, muitas vezes
ignorando as divisões étnicas existentes. Os povos originários africanos sofreram horrores
inimagináveis durante o comércio transatlântico de escravos, sendo forçados a cruzar o oceano
sob condições desumanas. Mesmo após a criminalização da escravidão há um impacto
duradouro da colonização europeia na África que continua a moldar as realidades políticas,
sociais e econômicas do continente. Em todas essas regiões, os povos originários enfrentaram
uma luta desigual contra o avanço colonial. Em África, também foi uma forma de domínio o
roubo cultural de artefatos etnográficos e seu envio para as sociedades europeias. Desde os
Saques franceses ao Egito até o roubo de artefatos no Sudão, as nações europeias encheram
seus museus e universidades de matérias tomados em especial de África.

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PATRIMÔNIO CULTURAL E CASO PRÁTICO

Durante o processo de colonização ao redor do mundo, ocorreram inúmeros casos de


roubo de artefatos importantes e históricos. Esses incidentes muitas vezes resultaram na perda
irreparável de peças valiosas da cultura e da história das civilizações nativas. Os colonizadores
frequentemente viam os artefatos como troféus de suas conquistas, saqueando tesouros
culturais valiosos das comunidades indígenas e de outras culturas nativas, esses artefatos eram
levados para as metrópoles colonizadoras, onde eram exibidos em museus ou coleções
particulares, longe de suas origens de maneira legal ou clandestina privando os povos nativos
do acesso à sua própria história e cultura.

Esses eventos contribuíram significativamente para a perda do patrimônio cultural de


diversas comunidades e para a disseminação de sua história e cultura para longe de suas
origens. Hoje, muitos esforços estão sendo feitos para repatriar esses artefatos roubados e
devolvê-los às comunidades de origem, reconhecendo a importância de preservar a herança
cultural e histórica das civilizações que sofreram com esses roubos durante o período de
colonização. A repatriação de artefatos históricos é um tópico de discussão cada vez mais
relevante e complexo nos dias de hoje. Trata-se da devolução de objetos culturais e históricos
que foram retirados de seus países de origem, muitas vezes durante períodos de colonização,
guerra ou expedições arqueológicas. Essa prática levanta questões fundamentais sobre a
propriedade de tais artefatos e a necessidade de preservar a herança cultural e histórica de
nações ao redor do mundo.

Um dos pontos centrais das rixas sobre a repatriação de artefatos históricos é o


pertencimento desses objetos. Muitas vezes, os artefatos foram adquiridos por instituições de
outros países de maneira questionável, por meio de compra, saques ou negociações desiguais.
Isso levanta a questão ética sobre quem realmente possui o direito legítimo de possuir e exibir
esses objetos. Muitos argumentam que os artefatos devem ser devolvidos aos países de origem
como um ato de justiça histórica e cultural. Por outro lado, há aqueles que argumentam que a
repatriação de artefatos históricos pode prejudicar a preservação e o acesso público a esses
objetos.

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Muitos museus e instituições ao redor do mundo abrigam coleções significativas de


artefatos de diversas origens. Eles alegam que a devolução de tais objetos pode levar a um
isolamento cultural, impedindo que as pessoas tenham acesso a uma ampla gama de culturas e
contextos históricos em um único local. Além disso, a repatriação muitas vezes levanta
questões práticas sobre como garantir a segurança e a preservação adequada dos artefatos
quando eles retornam ao seu país de origem. Muitos países em desenvolvimento enfrentam
desafios significativos em termos de infraestrutura e financiamento para a conservação de
objetos históricos.

Um exemplo notório de rixa sobre a repatriação de artefatos históricos envolve as


discussões em torno dos Mármores de Elgin, também conhecidos como os Mármores do
Partenon. Essas esculturas antigas foram retiradas do Partenon em Atenas no início do século
XIX pelo diplomata britânico Lord Elgin e, desde então, têm sido exibidas no Museu Britânico
em Londres. A Grécia tem buscado a repatriação desses artefatos há décadas, argumentando
que foram retirados ilegalmente de seu país de origem. No entanto, o Museu Britânico defende
que os Mármores de Elgin são uma parte importante de sua coleção e são acessíveis a um
público global.

A devolução de artefatos arqueológicos é um tópico importante e complexo que levanta


questões éticas, culturais e legais. Nos últimos anos, tem havido um crescente movimento
internacional em direção à restituição de artefatos a seus países de origem, especialmente
aqueles que foram adquiridos durante períodos de colonização e saque.

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Um exemplo notável de devolução de artefatos arqueológicos é o caso das "Máscaras


de Benin". Essas esculturas de bronze foram saqueadas pela Grã-Bretanha em 1897 durante
uma expedição punitiva ao Reino do Benin, na África Ocidental. Por muitos anos, essas
máscaras e artefatos relacionados estiveram em exibição no Museu Britânico, causando
controvérsia. No entanto, em 2014, o Museu Britânico concordou em emprestar algumas das
máscaras ao Museu Nacional da Nigéria, marcando um passo significativo em direção à
devolução desses itens culturais.

Outro exemplo é o caso das "Moai" da Ilha de Páscoa, no Chile. Várias estátuas gigantes
de pedra (moai) foram retiradas da ilha e estão em exibição em museus ao redor do mundo. O
governo chileno tem feito esforços para negociar a devolução de algumas dessas estátuas,
argumentando que são parte fundamental da herança cultural da ilha.

Além disso, a Grécia tem buscado a restituição de várias peças arqueológicas, incluindo
o famoso caso das esculturas do Partenon, também conhecidas como "Mármores de Elgin".
Essas esculturas foram removidas do Partenon em Atenas no início do século XIX pelo
diplomata britânico Lord Elgin e agora estão em exibição no Museu Britânico. A Grécia tem
solicitado sua devolução por muitos anos.

Um outro exemplo que pode ser citado, é o das coleções adquiridas de maneira irregular
dentro do próprio território, por via da coleta irregular de sítios arqueológicos para a
Incrementação de coleções particulares como a coleção Balbino de Freitas, hoje sobre posse só
Museu Nacional da UFRJ, sendo uma das primeiras coleções tombadas pelo Instituto do

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Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) ainda em 1938. A coleção Balbino de


Freitas foi fortemente afetada pelo incêndio que atingiu o Museu Nacional em 2018, foi salva
pela corajosa equipe do resgate que tem feito fundamental trabalho na preservação do acervo
e atualmente encontra-se ao menos parcialmente afetada pelos danos do incêndio.

Esses exemplos destacam a crescente conscientização global sobre a importância de


devolver artefatos arqueológicos aos seus países de origem, reconhecendo o valor cultural e
histórico que esses objetos têm para suas comunidades de origem. No entanto, a questão da
devolução de artefatos arqueológicos muitas vezes envolve debates complexos sobre
propriedade, herança cultural e os direitos dos museus que detêm essas peças. Portanto, o
assunto continua a ser objeto de discussão e negociação em todo o mundo.

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ACORDOS INTERNACIONAIS PRÉVIOS

“Pois isto pode ser dito dos homens em geral: que eles são ingratos, volúveis,
hipócritas” sintetizou Nicolau Maquiavel, o fundador da ciência política. “Todos os homens
seriam tiranos se pudessem” condenou John Adams, fundador da democracia Americana.
“Somos descendentes de uma interminável série de gerações de assassinos” diagnosticou
Sigmund Freud, fundador da psicologia moderna. A doutrina de que os humanos são egoístas
natos tem uma tradição consagrada no cânone ocidental. Grandes pensadores, como Tucídides,
Agostinho, Maquiavel, Hobbes, Lutero, Calvino, Burke, Bentham, Nietzsche, Freud e os
patriarcas fundadores dos Estados Unidos tinham a própria visão sobre o egoísmo do homem.
Em 410 a.c, a cidade inteira de Roma, foi saqueada pelos bárbaros e visigodos, liderados por
Alarico. Em 1204 e todo o século XV, XVI e XVII, a cidade de Constantinopla e as
civilizações pré-colombianas foram vítimas dessas mesmas barbáries, respectivamente.
Recentemente, Síria, Egito, Iraque e muitos outros países foram alvos de contrabando de
artefatos históricos. São efemérides históricas como essas que corroboram a manifestação do
instinto egoísta inerente à natureza humana, teorizada por pensadores a mais de 2 milênios.

É sobre este contexto que, a Organização das Nações (ONU), com seus objetivos
confinados pelos seus progenitores da década de 40 e motivada pelos fundamentos jurídicos e
pelo verdadeiro multilateralismo, adotou uma série de acordos internacionais para prevenir que
a expropriação de bens materiais ligados a artefatos históricos aumentassem e continuassem a
manchar a história. Dessa forma, acordos e tratados como a convenção de Haia de 1954;
convenção da Unesco de 1970; a convenção do Instituto Internacional para a Unificação do
Direito Privado de 1955 (UNIDROIT) e vários outros se tornaram realidade para tentar
prevenir que os atos do passado continuassem no futuro.

CONVENÇÃO DE HAIA DE 1954

“...qualquer dano a bens culturais, independentemente do povo a que pertença, é um


dano ao patrimônio cultural de toda a humanidade, porque cada povo contribui para a cultura
mundial…”- Preâmbulo da convenção de Haia de 1954
A Convenção para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado, ou para
os mais íntimos, convenção de Haia de 1954, é o único instrumento internacional que visa

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proteger o património cultural (PC), como artefatos históricos, em tempos de guerra, como por
exemplo a guerra do Iraque de 2003 ou os atuais conflitos na síria. Com os seus dois Protocolos,
contém uma série de disposições que são geralmente orientadas em torno da proibição e
prevenção de roubo, pilhagem, apropriação indébita (incluindo exportação ilícita) ou
destruição de PC em territórios ocupados durante um conflito armado. O Primeiro Protocolo
tem atualmente 100 Estados membros; já o Segundo Protocolo apenas 55. A própria
Convenção tem 123 Estados partes, sendo a ratificação mais recente a dos Estados Unidos da
América em Março de 2009. Conclui-se assim que as disposições da Convenção e dos seus
dois Protocolos são notáveis por serem tão simples quando comparado com as disposições por
vezes complexas no que diz respeito à restituição e devolução contidas em outros instrumentos
internacionais. Para exemplificar pode-se ver abaixo uma das cláusulas da convenção
“se objetos são retirados do território a situação é bastante clara: devem ser
apreendidos”

CONVENÇÃO DA UNESCO DE 1970

A convenção da UNESCO foi adotada primeiramente na 16ª Conferência Geral de


UNESCO em novembro de 1970. Porém seu uso efetivo só começou em 1972 devido às
questões burocráticas da época e por causa do baixo número de ratificação dos Estados de
mercado. Por exemplo, os Estados Unidos foi o primeiro grande país importador de artes e
artefatos históricos a ratificar a convenção, isso apenas em 1983, 13 anos após a sua
criação. Entretanto, em anos mais recentes, a convenção da UNESCO vem ganhando
notoriedade no sistema internacional, com muitos países de mercado ratificando a convenção.
Até agosto de 2023, 144 membros ratificaram as cláusulas nela presente.

Dessa forma, assim como os EUA, entre os principais importadores e os estados de trânsito
que agora fazem parte da Convenção são Canadá (1978), Australia (1989), França (1997),
Reino Unido e Japão (2002), Suécia, Dinamarca, Suíça e África do Sul (2003), Noruega e
Alemanha (2007), Bélgica e Holanda (2009). As principais características da Convenção é:

1. o comprometimento dos Estados membro de se opor a mercados ilícitos de artefatos


históricos, por qualquer meio a disposição deles, (artigo 2);

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2. a cooperação entre a UNESCO, a Organização Mundial alfandegária (WCO) e os órgão


de importação e exportação dos governos para a aplicação de “selos” e certificados em
patrimônios culturais, possibilitando assim a criação de uma rede de controles de
importação/exportação, sendo capaz de impactar substancialmente o mercado ilícito
(artigo 3 e 6);

3. a criação de inventários de patrimônios culturais e de serviços nacionais especializados


para a proteção de PC e de artefatos históricos (artigo 5). O padrão Object ID, forma
de determinar PC roubados, teve sua ratificação durante a 30ª Assembleia Geral da
UNESCO em 1999 e, desde então, tem sido amplamente reconhecido como uma
abordagem que oferece uma maneira altamente eficaz de alinhar padrões mínimos no
processo de criação de inventários. As listagens divulgadas por organizações como a
Interpol, o Conselho Internacional de Museus (ICOM), a Fundação Internacional para
Pesquisa Artística (IFAR) e o Art Loss Register agora desempenham um papel
significativo como meios pelos quais os Estados podem considerar a divulgação de
objetos que foram perdidos;

4. proibir a importação de PC roubado do inventário de museus ou monumentos, e


devolvê-los mediante solicitação;

5. para evitar que os museus adquiram PC exportado ilegalmente (artigo 7.º), no entanto,
não exige um certificado de exportação como condição para aquisição, e não oferece
grande benefício, a não ser se o Estado Parte importador não admitir pedidos de
devolução de bens roubados por Estados estrangeiros;

6. para educar o público sobre a importância de patrimônios culturais e artefatos


históricos, além de evidenciar os malefícios do mercado ilegal destes;

Dessa forma, vale notar que a convenção da UNESCO de 1970, não se aplica de forma
retroativa. Por exemplo, apesar do artigo 7 do documento oficial expressar, abertamente uma
referência a propriedade “ilegalmente removido do Estado após a entrada em vigor desta
convenção em ambos os Estados” no entanto, o artigo 3.º deixa a possibilidade de um Estado
membro declarar ilegais todas as importações futuras de PC que foram exportados ilegalmente
a qualquer momento. Alguns países, como a Austrália, no artigo 14 da sua Lei de Protecção do
Património Cultural Móvel de 1986, tomou esta linha e estão preparados para apreender objetos
importados que tenham sido ilegalmente exportados de qualquer país estrangeiro (não apenas

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dos Estados Partes) a qualquer momento, visto que há uma quantidade significativa de artefatos
histórico do povo Aborígenes, nativos australianos, apropriados por outros Estados.

Outrossim, é notório que a convenção supracitada, pode ser utilizada de diferentes


formas, devido a sua flexibilidade burocrática. Por exemplo, alguns membros utilizam do artigo
9 para permitir a ratificação de acordos bilaterais a nível de solicitação de países de origem
cujo patrimônio cultural está em perigo. Apesar da convenção aspirar grande objetivos, estes
que em âmbitos internacionais são cumpridos, ainda há uma grande disparidade de leis internas,
dos Estados membros – muitas vezes pré-existentes – e regulamentos que, embora cumpram
tecnicamente os seus requisitos de diversas maneiras interpretados, nem sempre correspondem
aos níveis de proteção que a Convenção claramente aspira em seu espírito.

CONVENÇÃO DO INSTITUTO INTERNACIONAL PARA A


UNIFICAÇÃO DO DIREITO PRIVADO DE 1955 (UNIDROIT)

Percebe-se, que a UNIDROIT, complementa, de forma íntegra a convenção da


UNESCO de 1970, já mencionada, no guia. Isto se dá pelo fato que a convenção da UNESCO
se aplica apenas para as relações Estado-a-Estado, em contrapartida a UNIDROIT apresenta
um série de disposições aplicáveis a pedido de um restituição e regresso, para artefatos
históricos, por parte de uma entidade privada, indivíduo ou figura não governamental/estatal.
Apesar da importância, no meio “micro” do Sistema Internacional, é perceptível que esta
convenção é pouco conhecida por países e indivíduos, uma vez que apenas 65 membros das
nações unidas ratificaram a convenção. Assim sendo, podemos sumarizar a UNIDROIT como
uma instituição focada para indivíduos e entidades privadas, retomarem artefatos históricos
contrabandeados ou roubados dados a eles, para os países de origem.

Apesar de parecer, a UNIDROIT não se opoẽ ao comercio legal de antiguidades, nem


ao menos, de outros meio de intercâmbio desses patrimônios culturais, como empréstimos para
fins culturais, isto que já é perceptível no preâmbulo da convenção “é de importância
fundamental a proteção dos bens culturais, património e de intercâmbios culturais para
promover a compreensão entre os povos, e a difusão da cultura para o bem-estar da
humanidade e o progresso da civilização". Consequentemente, a UNIDROIT é potencialmente
de grande valor para Estados com grandes depósitos subterrâneos (ou herança cultural de outra
forma não descoberta ou não catalogada). Perceptível quando vemos que China, Egito, Irã,

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Iraque, Turquia e muitos outros países com uma quantidade significativas de heranças não
catalogadas em seu território, fazem parte do Instituto, mas estranho a ausência de nações como
Síria, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e outros com quantidades semelhantes.
Ademais, a convenção, em seus artigos, estabelece os alicerces para a devolução e
reapropriação de artefatos históricos, visando assim criar um equilíbrio entre os legítimos
interesses dos possuidores e a preservação do patrimônio cultural global. Consequentemente,
o artigo 3 da convenção, prevê que todo e qualquer indivíduo privado, com posse ilegal de um
artefato historico ou patrimonio cultural, deve devolve-lo. Subsequentemente, a Convenção
também aborda a devolução de objetos culturais ilegalmente exportados. Nesse contexto, um
Estado importador pode ordenar a devolução desses objetos, desde que a exportação ilegal
prejudique um interesse definido do Estado solicitante, conforme estipulado nos artigos 5-7.

O TRATADO MODELO DA ONU DE 1990

O Tratado Modelo para a Prevenção de Crimes que Infringem o Patrimônio Cultural


Patrimônio dos Povos sob a Forma de Bens Móveis (TMO), sim, esse é o nome do tratado…
Foi primeiramente confeccionada pelo oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção
do Crime e o Tratamento do Infratores, realizada em 1990, e posteriormente acolhida pela
resolução 45/121 de 14 de dezembro de 1990 da Assembleia Geral. O Tratado Modelo é muitas
vezes referenciado em outras convenções com temas semelhantes, sendo a Carta de
Courmayeur de 1992 e a Declaração do Cairo de 2004 sobre a Proteção dos Bens Culturais, os
mais relevantes. Sugerimos que deem uma olhada nesses dois textos mencionados, também.

O Tratado é um texto, confeccionado pelos estados membros do Congresso supracitado,


em que estes podem o utilizar como base para as relações bilaterais ou plurilaterais, a respeito
da movimentação de bens culturais e históricos. Apesar de ser mencionado em outros tratados
de grande importância, o TMO permanece muitas vezes inutilizado. Algo a se estranhar uma
vez que estas relações Estado-a-Estado de forma bilateral estão estipulado no artigo 15 da
convenção da UNESCO, porém menos destrinchada como no TMO. Isto posto, acredita-se
que seja de suma importância uma ampliação e aplicação de forma multilateral do TMO,
semelhante ao que foi feito com a convenção da UNESCO nos anos seguintes a sua ratificação.

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OUTROS TRATADOS E CONVENÇÕES IMPORTANTES:

A Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial Patrimônio e a


Convenção sobre a Proteção e Promoção do Patrimônio a Diversidade de Expressões
Culturais

Estas foram adotadas pela Conferência Geral da Unesco de 17 de outubro de 2003 e 20


de outubro de 2005, respectivamente. Apesar destas não serem tão importantes e referenciadas
para a prevenção de tráfico e contrabando de patrimônio cultural e artefatos históricos, elas
ainda são de suma importância para uma discussão rica e com perspectivas divergentes.

A Declaração da UNESCO sobre a Destruição Intencional do Patrimônio Cultural

Feito pela Conferência Geral da UNESCO em sua trigésima segunda sessão em 2003,
este contém uma série de declarações de princípio e sugestões para proteção contra atos de
destruição intencional, como no caso dos Budas de Bamiyan, caso este, onde o grupo
extremista Talibã destruiu grandes estátuas de Budas, com a maior alcançando 53 metros de
altura. Metaforicamente, budistas locais dizem que “Buda desabou de vergonha”, com a
chegada do Talibã.

Resolução 1483 do Conselho de Segurança de 2003

Adotado em 22 de maio de 2003, refere-se à restituição do PC do Iraque. Todos os


artefatos retirados ilegalmente do Iraque desde 6 de Agosto de 1990 serão devolvidos. Embora
os Estados sejam obrigados a proibir o comércio de tais objetos, o princípio da não
retroactividade exige que apenas o comércio pós-2003 possa ser assim proibido. Objetos que
saíram ilegalmente do Iraque depois de 1990 e foram comercializados antes de 2003 não
podem, portanto, não poderão mais ser comercializados e deverão ser apreendidos pelo Estado
e devolvidos.

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MERCADO INTERNACIONAL ARQUEOLÓGICO

O comércio de antiguidades ilícitas explodiu nos últimos 60 anos. Eles são arrancados
de monumentos existentes, escavados secretamente no solo ou roubados de museus. Sítios com
significado histórico, cultural ou religioso são, constantemente, vandalizados ou destruídos
para fornecer antiguidades que são comercializadas em todo o mundo antes de eventualmente
serem incluídas nas colecções públicas e privadas da Europa e da América do Norte e, cada
vez mais, do Extremo Oriente. Para agravar a problemática, nota-se que a extração e o
contrabando ilgeal de artefatos históricos, estão ligados com outras atividades ilegais, incluindo
o tráfico de drogas e a extração de madeira.

O comércio é em grande parte clandestino, de modo que a sua dimensão, ou os danos


que causa, não podem ser facilmente quantificados. As estimativas do seu valor monetário vão
de apenas US$ 400 milhões até US$ 4 bilhões por ano, dessa forma mais se sabe sobre os danos
causados no terreno, do que o próprio lucro. Um estudo realizado em 1982 mostrou que 58%
de todos os sítios maias em Belize foram visitados por saqueadores (Cutchen, 1982).
Outrossim, uma pesquisa regional no Mali em 1991 descobriu 830, teoricamente novos, sítios
arqueológicos, mas 45 por cento já tinham sido danificados e 17 por cento gravemente. Em
1996, uma amostra de 80 foi revisitada e a incidência de pilhagens aumentou 20 por cento
(Bedaux e Rowlands, 2001). No distrito de Charsadda, no norte do Paquistão, quase metade
dos santuários, estupas e mosteiros budistas foram seriamente danificados ou destruídos por
escavações ilegais de antiguidades.

Para entender o mercado internacional arqueológico, é necessário saber que os


indivíduos presentes nele, são separados por papéis. O acadêmico de Harvard, Paul M. Bator,
observou-os pela primeira vez, afirmando que o comércio começa com “escavadores locais,
que vendem os seus achados através de um mercado negro a intermediários, que por sua vez
os revendem a negociantes locais ou estrangeiros” que depois revendem artefactos a
colecionadores. Estudiosos posteriores fizeram distinções de papéis semelhantes; no entanto, a
razão por detrás destes papéis não foi explicada de forma satisfatória. Uma vez que os papéis
são encontrados de forma onipresente em todo o comércio, qual é a base empírica por trás
deles? A especialização de funções foi observada noutras redes de tráfico para cumprir tarefas
específicas, uma vez que se pode esperar uma taxa de sucesso mais elevada dos especialistas.

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Os papéis especializados no tráfico de antiguidades incluem localização de locais,


transporte, contrabando transnacional, lavagem e história da arte. Quatro estágios gerais são
observáveis no comércio – saqueador, intermediário ou intermediário em estágio inicial,
intermediário em estágio final e colecionador – e mais de um indivíduo pode ocupar um papel,
em certa organização. O lucro parece favorecer os mais especializados, uma vez que os
saqueadores rurais não possuem os conhecimentos de transporte dos contrabandistas, que por
sua vez não possuem as competências de avaliação dos galeristas.

Vários casos bem documentados de tráfico de antiguidades são excelentes exemplos


das quatro fases. O julgamento de Giacomo Medici, contrabandista de antiguidades e
negociante de arte italiano, e a subsequente condenação forneceram uma riqueza de
informações sobre o comércio, que é apresentada na obra seminal “A Conspiração dos Medici”.
Os “tombaroli” (saqueadores) locais saquearam sítios arqueológicos e a família Medici atuou
como intermediários iniciais, comprando artefatos dos tombaroli e seus associados. Devido às
leis alfandegárias “relaxadas” no Freeport, museu suiço, os Medici poderiam vender as
antiguidades internacionalmente para negociantes em países de mercado a partir deste país de
trânsito. Medici nunca vendeu diretamente a colecionadores, em vez disso vendeu os artefatos
a negociantes, principalmente Robert Hecht, que então revendeu as antiguidades. No seu papel
de intermediário tardio, Hecht lavou as antiguidades no mercado lícito para facilitar as vendas
a colecionadores como o Museu J. Paul Getty e o Museu Metropolitano de Arte. À medida que
as antiguidades recentemente legitimadas foram parar em vitrines de museus, a fase final do
tráfico terminou.

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O Tesouro Lídio é outro caso bem


documentado que demonstra claramente a
estrutura de quatro estágios. Em 1965, um
grupo de agricultores turcos saqueou um
túmulo e vendeu o seu conteúdo ao
contrabandista Ali Bayirlar. Bayirlar os vendeu
para dois intermediários avançados, o negociante suíço George Zacos e o negociante nova-
iorquino John Klejman, que vendeu os artefatos ao Metropolitan Museum of Art de 1966 a
1970.

A resposta às redes criminosas pode ser adaptada às condições geopolíticas de cada


país. Porque é que há saqueadores de subsistência no Iraque e não em Itália, onde há tombaroli?
Por que os intermediários afegãos são compostos por gangues de contrabandistas, enquanto na
Itália e na Suíça Medici trabalhava sozinho como intermediário? É importante saber por que as
antiguidades de todos esses grupos diferentes nas duas primeiras etapas acabam juntas nas
mesmas galerias? Os criminologistas que examinam outros tipos de tráfico observaram:
“Compreender as culturas e subculturas que facilitam o crime organizado pode fornecer uma
base importante para o planejamento” e, em última análise, para a antecipação de redes. O
crime depende da sua localização e contexto, e desenvolve-se com base na economia e na
legislação e visões culturais em cada país.

Os estudos de caso são bons exemplos do contexto de cada país. O tipo de saqueador
depende em grande parte da situação econômica. Os saqueadores de subsistência, saqueadores
de “nível baixo”, são encontrados em países com elevado desemprego, enquanto os tombaroli
ou huaqueros, saqueadores mais “importantes” e mais “preparados” são encontrados em
economias com menos de 10% de desemprego. Os elementos violentos e tradicionais do crime
organizado também dependem das condições locais. Em casos de saque como no Afeganistão,
Iraque e Bulgária são mais violentos do que por exemplo a Itália e da Turquia, que têm
economias e governos mais estáveis. Os estudos atingiram um nível em que, se a taxa de
desemprego de um país for conhecida, então é indiscutivelmente possível estimar o tipo de
saqueadores presentes.

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Portanto conclui-se que o Mercado Internacional Arqueológico ilegal se expandiu de


forma exponencial nas ultimas decadas e apesar de medidas para tentar soluicionar a
problemtaicas terem sido tomadas, não se mostrou os resultados esperados. Ademais nota-se
que este comércio varia de país para país, economia para economia, política para política ETC.
Diante desse cenário, é crucial que sejam adotadas medidas de natureza internacional e
multilateral para abordar efetivamente essa questão. É fundamental que essas medidas levem
em consideração a situação geopolítica e econômica de todas as nações ao redor do mundo,
não se restringindo apenas às grandes potências regionais e globais.

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REFERÊNCIAS

1. https://www.unesco.org/pt

2. https://d1p480y8ywg81t.cloudfront.net/media/signorelli/colegio/unesco/outros-

documentos2.pdf

3. https://pt.unesco.org/courier/2020-4/devemos-punir-os-saqueadores-mas-tambem-os-

compradores

4. https://pt.unesco.org/courier/2020-4/devemos-punir-os-saqueadores-mas-tambem-os-

compradores

5. https://chicagounbound.uchicago.edu/cjil/vol8/iss1/10/

6. https://www.unodc.org/documents/treaties/organized_crime/Background_note_UNO

DC_CCPCJ_EG1_2009_CRP1_E.pdf

7. https://www.ohchr.org/sites/default/files/Documents/Issues/CulturalRights/Destruction

Heritage/NGOS/A.P.Vrdoljak_text2.pdf

8. https://www.researchgate.net/publication/259433955_The_Illicit_Antiquities_Trade_

as_aTransnational_Criminal_Network_Characterizing_and_Anticipating_Trafficking

_of_Cultural_Heritage

9. https://crsreports.congress.gov/product/pdf/IF/IF11776

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