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História Antiga
Prof. José Antonio Teófilo Cairus
Prof. Simão Henrique Jakobowski
Indaial – 2021
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. José Antonio Teófilo Cairus
Prof. Simão Henrique Jakobowski
C136s
Cairus, José Antonio Teófilo
Sociedades ágrafas e história antiga. / José Antonio Teófilo Cairus;
Simão Henrique Jakobowski. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
207 p.; il.
ISBN 978-65-5663-598-9
ISBN Digital 978-65-5663-597-2
1. História antiga. - Brasil. I. Jakobowski, Simão Henrique. II.
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 900
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Sociedades
Ágrafas e História Antiga, um tema que consideramos indispensável para
a sua formação acadêmica, pois trata de aspectos constitutivos da sociedade
atual e de como a História advém de uma construção social estabelecida por
diversos tipos de civilizações.
Bons estudos!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
LEMBRETE
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO.......... 57
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 117
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 206
UNIDADE 1 —
SOCIEDADES ÁGRAFAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer como a história dos povos que não possuíam escritas é produzida
evidenciando materiais e métodos utilizados pelos pesquisadores;
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No decorrer deste livro, o período anterior à escrita não será tratado pela
nomenclatura Pré-história, termo dentro dos contextos atuais da pesquisa em
história que remete, muitas vezes, a uma sociedade sem história, ou seja, que
minimiza os povos que habitaram nesse tempo. Para melhor contextualizar, uti-
lizaremos o termo sociedades ágrafas, pois apenas remete aos povos que não es-
creviam, mas mantinham a construção e o desenvolvimento da cultura humana.
3
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
DICAS
4
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
DICAS
5
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
NTE
INTERESSA
Uma boa ideia quando falamos de arqueólogos é assistir aos filmes da franquia “In-
diana Jones” (1981, 1984, 1989 e 2008), que descrevem a rotina de um pacato professor de arque-
ologia que tem uma vida dupla, envolvendo muita aventura em seu contexto. Vale a pena conferir!
6
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
DICAS
7
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
8
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
NOTA
DICAS
9
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
DICAS
A reportagem “Homo sapiens chegou à Rússia antes do que ao resto da Europa, ga-
rantem arqueólogos” envolve o uso do método de termoluminescência para obter resultados nas
pesquisas com materiais arqueológicos. Vale a pena conferir, então acesse: https://bit.ly/2RQkxvI.
5 SOCIEDADES ÁGRAFAS
As sociedades ágrafas, através de descobertas arqueológicas, podem ser conhe-
cidas na atualidade, como aquelas que não desenvolveram nenhum tipo de escritura.
ATENCAO
É importante perceber que as sociedades ágrafas não são apenas aquelas que
existiram antes dos sumérios desenvolverem o sistema de escrita (que, por muitos, foi o
primeiro); várias civilizações mais contemporâneas são consideradas ágrafas, como a dos in-
cas, os indígenas brasileiros, entre outros. Mais adiante, adentraremos na pré-história, por isso
é importante desmitificar algumas situações e a linearidade da história é, talvez, a principal.
10
TÓPICO 1 — FORMAS DE REGISTRO DA HISTÓRIA: COMO SE PRODUZ HISTÓRIA?
Por ser um período em que os registros escritos não existiam, sua nomen-
clatura surgiu no século XIX, quando os estudos da história se intensificaram e os
pesquisadores da época a utilizavam para designar o momento em que a huma-
nidade ainda não possuía um sistema de escrita.
Por isso, podemos dizer que nosso posicionamento é voltado para uma
História inclusiva, não europeizada e, principalmente, contextualizada. A Pré-
-história foi um momento ímpar na história que merece grande atenção e, além
disso, um olhar particular para as diversidades em que está envolvida.
Assim, Morell et al. (2014, p. 7) mostram que a história não é linear (Figura 5).
11
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Sociedades ágrafas são aquelas que não desenvolveram nenhum tipo de escritura.
13
AUTOATIVIDADE
Estratigrafia
Carbono-14
Termoluminescência
FONTE: O autor
3 As sociedades ágrafas não tinham desenvolvido a escrita, por isso são conhe-
cidas por meio do trabalho de alguns pesquisadores. Escolha uma profissão
para criar um resumo evidenciando seus principais métodos de trabalho.
14
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
1 INTRODUÇÃO
15
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Outra divisão que pode ser considerada em algumas fontes é a Idade dos
Metais. Como o próprio nome diz, é o período em que as principais característi-
cas estão voltadas ao desenvolvimento da metalurgia, mas também do surgimen-
to do Estado, do comércio, das primeiras civilizações e da escrita.
FONTE: O autor
3 O PERÍODO PALEOLÍTICO
Como visto, é o período em que surge a espécie humana. Segundo dados
atualizados, isso ocorreu há aproximadamente 7 milhões de anos. Entretanto, há
pesquisas que trazem espécies que podem ser ligadas como o Ramapithecus,
datado há 13 milhões de anos atrás. No entanto, são apenas teorias, sendo impor-
tante trabalharmos com dados mais próximos da espécie conhecida como Austra-
lopithecus, que viveu nos períodos mais recentes entre 4,5 milhões de anos atrás.
16
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
17
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
18
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
3.1 AUSTRALOPITHECUS
Espécie que viveu há cerca de 3,2 milhões de anos na África Oriental. Com
o fóssil de Lucy como seu maior defensor, essa espécie media cerca de 1,20 metro
de altura e pesava em torno de 30 quilos. Sua alimentação era à base de frutos,
vegetais e raízes. Possuíam uma organização em grupos e eram bípedes, fato que
possibilitou maior defesa e a coleta de alimentos mais facilmente.
19
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
NOTA
O fóssil da Lucy foi encontrado na Etiópia, em 1974. Cerca de 40% de sua ossada
estava fossilizada, algo quase impossível se pensarmos que ela viveu há mais de 3 milhões de
anos. Seu nome foi dado em homenagem a música da banda Beatles “Lucy in the Sky with
Diamonds”. Para conhecer um pouco mais sobre a Lucy, acesse o dossiê: https://bit.ly/3hrUfKS.
20
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
Apesar de conseguir utilizar ferramentas, a caça não era muito a sua espe-
cialidade – pesquisas indicam que era carniceiro, aproveitando-se de animais já
mortos e disputando alimentos com abutres e hienas
21
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Sua altura girava em torno de 1,70 metro e seu peso era de, aproximada-
mente, 77 quilos. Um diferencial era do tamanho do cérebro em comparação ao
Homo Habilis, que era cerca de 50% maior.
22
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
Esta espécie chegou a viver na mesma época que o homem moderno, mas
por motivos desconhecidos ele foi extinto.
23
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Marcado pelo fim da última glaciação, esse período além da transição do Pa-
leolítico para o Neolítico, marcou a transição de uma economia por diversas vezes nô-
made, caçadora e coletora para uma economia sedentária com produção de alimentos.
Segundo estudos, também foi nesse período que houve a migração para
o continente americano (veremos mais adiante) e a arte e as crenças foram mais
acessadas como genuinamente humanas.
NOTA
4 O PERÍODO NEOLÍTICO
Período que tem início por volta de 12 mil anos atrás, quando o ser humano
conseguiu mais avanços em relação ao domínio com a natureza. Conhecido tam-
bém como o “período da pedra polida”, trouxe alguns avanços (HEUER, 2007):
24
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
25
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
ATENCAO
26
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
• A Teoria de Clóvis: cita que o ser humano teria feito sua migração para o con-
tinente americano por meio do Estreito de Bering, que, segundo pesquisado-
res, estava congelado nesse período, devido à glaciação que afetou fortemente
o planeta e congelou os mais de 1.600 km do Estreito. Contudo, essa travessia
não se deu de uma hora para outra, sendo estimado que os grupos humanos
tenham levado uma média de 20 mil anos para fazer a travessia, embora esse
tempo, muitas vezes, coloque em xeque a teoria, uma vez que as pessoas não
possuíam tecnologia para ficarem expostas a um frio tão intenso.
27
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
NOTA
28
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
O Um pouco mais ousada, essa teoria defende que os seres humanos teriam
chegado ao continente americano por volta de 35 mil anos atrás. Um dos
principais argumentos são os traços negroides encontrados em fósseis
como o da Luzia. Basicamente, isso deveria ter acontecido antes de as
populações asiáticas terem sofrido o processo de mongolização.
NTE
INTERESSA
Mongoloides nada mais são do que os traços das pessoas que vivem na Ásia e
em algumas regiões da Rússia, considerados “amarelos”.
POVOS MOGOLOIDES
29
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
30
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
Niède descobriu sobre estas pinturas rupestres através de turistas que vi-
sitavam o museu, em que trabalhava:
Ao observarem a exposição disseram que na cidade onde viviam, no
Estado do Piauí, também havia “pinturas e desenhos de índios”. Niè-
de anotou o nome da cidade: São Raimundo Nonato, e em 1970, já
estabilizada na França, fez uma viagem ao Brasil para acompanhar
a antropóloga Vilma Chiara numa pesquisa etnográfica sobre a tribo
Krahô no Estado de Tocantins, e assim aproveitaram para visitar as
tais pinturas da Serra da Capivara (GAUDÊNCIO, 2018, p. 79).
31
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Para Niède, uma via possível para ocupações humanas no nordeste brasi-
leiro ocorreu devido a uma:
32
TÓPICO 2 — AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
34
AUTOATIVIDADE
2 A historiadora Niède Guidon apresenta uma visão bem crítica sobre a che-
gada do ser humano à América. Pesquise e responda: por que os cientistas,
muitas vezes, não consideram seus estudos?
PERÍODO DESCRIÇÃO
FONTE: O autor
35
36
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 CAÇADORES E COLETORES
A partir do aparecimento dos primeiros seres humanos, alguns hábitos
foram moldados com o decorrer do tempo. No período Paleolítico, os seres hu-
manos viviam, basicamente, da caça e da coleta de alimentos.
Uma das ligações mais fortes com o nomadismo era a relação alimentícia.
Esses povos dependiam do “hoje”, ou seja, dependiam de “achar” alimentos ou con-
seguir caçar (nesse termo, podemos incluir a pesca) – basicamente, os primeiros seres
humanos dependiam de condições favoráveis para conseguirem se desenvolver.
ATENCAO
37
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
38
TÓPICO 3 — AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS E SEUS MODOS DE VIDA
DICAS
39
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Com mais tempo para realizar outras coisas, além de ficar apenas lutan-
do pela sobrevivência, os grupos humanos foram expandindo suas plantações e
criações, o que gerou aumento populacional e, consequentemente, a necessidade
de uma organização social.
40
TÓPICO 3 — AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS E SEUS MODOS DE VIDA
NTE
INTERESSA
Heuer (2007) ainda fala que as tribos eram formadas, em geral, por clãs
(organizações familiares) e tinham laços antepassados em comum. Nesse perío-
do, as decisões eram tomadas basicamente por pessoas mais antigas “patriarcas”,
que, após escolhidas pelo grupo, deveriam guiar e tomar as decisões importantes.
41
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
FIGURA 22 – MESOPOTÂMIA
DICAS
• Teoria de Clóvis: fala que o ser humano chegou a América pelo Estreito de Bering a
mais ou menos 20 mil anos atrás.
• Teoria Malaio-Polinésia ou Teoria da chegada pelo mar: cita que os seres humanos
chegaram a América através de embarcações que vieram pelas ilhas da Polinésia.
• Teoria Australiana ou Teoria das diversas ondas migratórias para a América: une as
duas teorias citadas anteriormente, porém com datas anteriores. O pesquisador brasi-
leiro Walter Neves é um dos grandes defensores dessa teoria.
Esses povos, que chegaram por volta de 20 mil anos atrás, já tinham al-
gumas construções históricas definidas, como uso de algumas ferramentas e de
fogo, e alguns conseguiam manter uma organização social.
43
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Esses povos eram dos mais variados tipos, muito voltados às condições
que lhes eram proporcionadas.
Por volta de 8000 e 6000 a.C., as armas ganharam um acabamento em
forma de pedúnculo, o que permitia maior eficiência na construção
de armas. As populações já se encontravam estabelecidas ao longo de
todo continente americano, buscavam diferentes processos de adapta-
ção. A caça e a coleta eram os principais meios de sobrevivência dessas
comunidades pré-históricas (SOUSA, c2021).
TUROS
ESTUDOS FU
44
TÓPICO 3 — AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS E SEUS MODOS DE VIDA
Esse achado refuta a teoria de que os seres humanos vieram para as Amé-
ricas apenas através do Estreito de Bering, valorizando a Teoria Australiana. A
partir de pesquisas sobre o fóssil de Eva, tem-se que:
O esqueleto dessa mulher, batizada de “Eva de Naharon” – ganhou este
nome porque foi encontrada no cenote de Naharon – estava a 22,6 me-
tros de profundidade. E foi encontrado bem preservado, com 80% da
estrutura original. Uma série de análises foi realizada pela Universidade
Nacional Autônoma do México para estimar dados sobre a mulher. Eva
media 1,41 metro de altura e tinha de 20 a 25 anos quando morreu. En-
tre 2002 e 2008, três laboratórios diferentes fizeram testes de datação. A
idade foi impressionante: com 13,6 mil anos, Eva de Naharon é o mais
antigo fóssil humano encontrado nas Américas (VEIGA, 2018).
Eva era caçadora e coletora, sendo pertencente a tribos nômades que ha-
bitavam a região. Uma curiosidade é que ela foi achada em uma caverna e foi
necessário muito tempo para a retirada de seu fóssil.
Luzia pode ter vivido há 12500 a 13000 anos e, durante um bom tempo, teve
o título de ser humano mais antigo das Américas, tendo sido encontrada no municí-
pio de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, na gruta da Lapa Vermelha. A equipe que
encontrou o fóssil era chefiada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire.
45
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
UNI
47
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
LEITURA COMPLEMENTAR
49
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
Nesse contexto, os arqueólogos são chamados para fora dos seus laborató-
rios, gabinetes, salas de aula e escavações. Eles são peças-chave nos debates sobre
gerenciamento dos bens culturais, preservação do meio ambiente, identificação de
territórios imemoriais. Enfim, são chamados a opinar na definição de diferentes polí-
ticas públicas. Assim, o arqueólogo se torna – como escreveu Hodder (1992) – um in-
térprete entre o passado e o presente e entre diferentes perspectivas sobre o passado.
Essa população indígena foi contatada em 1971 pelo Pe. Anton Luckesh e, em
1972, pela FUNAI. No período do contato, os Asurini estavam distribuídos em peque-
nos acampamentos, próximos às margens do Igarapé Ipiaçava e na aldeia Taiuviaka.
Após o contato, essa aldeia e acampamentos foram aos poucos abandonados e eles
instalaram novas aldeias (Akapepungui e Kuatinemu). Em 1982, eles foram transfe-
ridos para a aldeia atual, na margem direita do rio Xingu, também chamada de Kua-
tinemu. Segundo os Asurini, o contato com os brancos (FUNAI) foi uma necessidade
de sobrevivência, diante do que eles acreditavam ser o fim eminente de seu povo. Esse
motivado pelos ataques que eles sofriam há anos de outros indígenas (p. ex., Kayapó
e Araweté) e pelas doenças transmitidas pelos brancos (p. ex., gateiros, castanheiros
etc.) invasores de seu território. A história dos Asurini é repleta de belicosidade, baixas
populacionais e de deslocamentos e perdas territoriais. Mesmo depois do contato, eles
continuaram a sofrer com as doenças transmitidas pelos brancos. Isso gerou um dese-
quilíbrio na sua pirâmide etária, com graves consequências culturais.
50
TÓPICO 3 — AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS E SEUS MODOS DE VIDA
Durante todo o trabalho, debati com os meus colaboradores índios sobre temas
como a origem e expansão dos povos Tupi, o surgimento dos Asurini do Xingu como po-
pulação indígena, a natureza e a autoria dos vestígios arqueológicos. Todas as reflexões
Asurini foram pautadas em sua filosofia ameríndia sobre a relação entre os humanos, a
natureza e a sobrenatureza. Os mitos de Ajaré, Tauvuma, Maíra foram o substrato para as
explicações Asurini sobre a sua trajetória e de seus antepassados (Silva, 2002).
Numa noite antes da viagem ao Igarapé Ipiaçava e depois de uma longa con-
versa com alguns jovens sobre estes temas e de explanar com relativo detalhe as ex-
plicações linguísticas, antropológicas e arqueológicas que situam a origem dos povos
Tupi no sudoeste da Amazônia tive minha explicação questionada por um Asurini:
Sabe Fabíola, esta explicação pode estar certa para os outros índios,
mas não para os Asurini. Eu confio na nossa explicação. Eu acredito
que nós nascemos de Uirá e Ajaré... e as panelas que a gente encontra
são de Anumai. Eu acredito nesta história porque ela vem de muito
tempo... contada de pai para filho... não se perde... não se esquece...
por isso que ela é a mais certa prá mim (Kwain Asurini, jovem lideran-
ça indígena, vice-presidente da Associação Indígena Awaeté).
51
UNIDADE 1 — SOCIEDADES ÁGRAFAS
52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
53
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – F – V – F.
54
REFERÊNCIAS
FUNARI, P. P. Pré-História do Brasil: as origens do homem brasileiro antes de
Cabral. São Paulo: Contexto, 2002.
NEVES, W. A.; DA-GLORIA, P.; HUBBE, M. Lagoa Santa: em busca dos primei-
ros americanos. Cienc. Cult., São Paulo, v. 68, n. 4, p. 52-55, 2016. Disponível em:
https://bit.ly/3w6hcY9. Acesso em: 15 mai. 2020.
55
PALEOLÍTICO. Só História, c2009-2021. Disponível em: http://www.sohistoria.
com.br/ef2/periodos/p1.php. Acesso em: 5 maio 2020.
VEIGA, E. A verdadeira face da “Eva de Naharon”, a mulher mais antiga das Amé-
ricas. BBC. 2018. Disponível em: https://bbc.in/2QgrwNS. Acesso em: 13 maio 2020.
WELLER, M. Stratigraphic principles and practice. New York: Harper & Bro-
thers, 1960. 725 p.
56
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.
CHAMADA
57
58
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
POVOS DA ÁFRICA
1 INTRODUÇÃO
Auxiliados pelo rio Nilo e suas cheias, a civilização egípcia conseguiu usar
esse fenômeno natural para criar sistemas de irrigação e realizar plantações que
conseguiram garantir a sobrevivência da população e manter a sociedade ativa.
Como proferiu Heródoto, ainda no século V a.C., “Egito, uma dádiva do Nilo”
e, por muitos estudiosos assim também definido, em determinada época do ano, o rio
Nilo inundava as terras localizadas em suas margens ao longo de toda a sua extensão.
59
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
NTE
INTERESSA
Na região conhecida como crescente fértil, além dos egípcios, outras civi-
lizações se desenvolveram, como os povos mesopotâmicos. Na Figura 2, pode-
mos observar as regiões egípcias e mesopotâmicas próximas.
60
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA
DICAS
61
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
ATENCAO
62
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA
Em latim, Nilus significa “negro”, assim denominado por sua cor escura,
o rio Nilo carrega muitos dejetos oriundos da última glaciação, bem como massa
orgânica composta por vegetais e animais que estão depositados em suas margens.
Isso faz sua coloração ser mais escura que o normal. Atualmente, em questão de
extensão, é o maior rio do mundo, possuindo 882 km de comprimento.
63
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
DICAS
Para conhecer mais sobre a hipótese causal hidráulica, sugerimos a leitura do texto
clássico do escritor Ciro Flamarion Cardoso, que também cita o modo de produção asiático:
64
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA
NTE
INTERESSA
Mais adiante, falaremos sobre os deuses do Egito Antigo, porém, para contex-
tualizar, o deus Hórus era conhecido como deus dos céus e dos vivos, possuindo olhos que
representavam o sol e a lua e cabeça de falcão.
Esses “poderes” divinos não são resultado apenas de dizeres. Podem ser
considerados vários aspectos muito importantes na vida cotidiana da população:
No caso faraônico, o fetichismo de Estado aprofunda-se ao se mesclar
com o fetichismo religioso, já que o monarca é, também, um represen-
tante do mundo sobrenatural dos deuses. Estes deuses são responsáveis
não apenas pela vida de todos os seres humanos, como também pelo
funcionamento da natureza e, consequentemente, da produção. Isto faz
com que, como visto, o fruto do esforço produtivo dos homens não lhes
apareça como próprio, já que, por exemplo, a agricultura não depende
unicamente do trabalho humano, mas, principalmente, da dádiva da
providência divina. No fim, isto acaba por justificar o pagamento – que
recai sobre o trabalho da parcela produtiva da comunidade – de tributos
voltados, nas palavras de Marx acerca das “formações orientais”, em
parte para o déspota real, em parte para o deus (LIMA, 2016, p. 100).
65
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
Com isso, podemos perceber que a sociedade egípcia possuía uma estru-
tura muito parecida com as demais civilizações. Contudo, a questão teocrática
destoava das demais e mostrava a grande força da religião sobre as pessoas.
66
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA
DICAS
Para conhecer um pouco mais sobre a faraó Hatshepsut, a BBC organizou uma re-
portagem que traz vários elementos importantes sobre seu reinado. Acesse: https://bbc.in/3bqXFty.
67
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
NTE
INTERESSA
68
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA
NTE
INTERESSA
69
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
70
TÓPICO 1 — POVOS DA ÁFRICA
A partir dessa prática, muito do que sabemos sobre a cultura egípcia pôde
chegar até os dias atuais. Arqueólogos descobriram várias múmias nas pirâmides,
que continham vários objetos que eram enterrados para que as pessoas pudessem
usufruir durante a sua vida após a morte.
DICAS
Em Curitiba, Paraná, há o Museu Egípcio Rosa Cruz, que conta com espaços
temáticos e homenagens aos faraós, além de réplicas e peças originais. Acesse: https://bit.
ly/3okFZoO. Se possível, uma visita ao museu vale a pena!
71
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os egípcios eram governados pelo Faraó, que tinha poderes religiosos, admi-
nistrativos e militares.
• A tradição religiosa do Egito Antigo previa a vida após a morte, por isso os
egípcios desenvolveram um processo de mumificação.
72
AUTOATIVIDADE
FONTE: O autor
2 Realize uma pesquisa sobre o faraó Tutancâmon, que reinou sobre o Egito
Antigo e descreva de forma mais aprofundada sobre as principais mudan-
ças exercidas socialmente.
a) ( ) F – V – V – V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) V – V – F – F.
73
74
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
POVOS MESOPOTÂMICOS
1 INTRODUÇÃO
Durante muito tempo, essa terra foi muito disputada por diversos povos. Su-
mérios, babilônios, assírios e muitos outros passaram por esse território e, além disso,
desenvolveram grandes civilizações com importantes avanços para a humanidade,
como escrita, código de leis, entre outros, que auxiliaram o nosso desenvolvimento.
UNI
75
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
76
TÓPICO 2 — POVOS MESOPOTÂMICOS
FONTE: O autor
4 OS SUMÉRIOS
Um dos primeiros povos a se fixar na Mesopotâmia foram os sumérios.
Ali, surgiram as primeiras cidades conhecidas: Ur, Uruk, Lagash e Nippur. Na
região da Suméria, havia cheias violentas e, para contorná-las, os sumérios cons-
truíram barragens, diques, reservatórios e canais de irrigação, a fim de levar água
para regiões mais secas.
77
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
78
TÓPICO 2 — POVOS MESOPOTÂMICOS
Além da questão religiosa, sabe-se que os zigurates eram locais para de-
pósito de cereais, moradia para governantes, local para contemplação das estre-
las, de questões meteorológicas e para armazenar livros (biblioteca).
79
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
Assim, percebe-se a importância que a religião tinha para esses povos – suas
ações, seu sistema de governo, entre outros, estavam fortemente ligados a religião.
NTE
INTERESSA
A religião suméria tinha como base quatro deuses, Na (deus do céu), Ki (deusa da terra), Enlil
(deus do ar) e Enki (deus da água), ou seja, os quatro elementos essenciais para a vida na Terra.
Para aprofundar os conhecimentos a respeito dos sumérios, sugerimos a leitura do livro
No começo eram os deuses, de Jean Bottéro, que faz uma sistematização de como era a
vida na Mesopotâmia. Vale a pena a leitura!
BOTTÉRO, J. No começo eram os deuses. Tradução: Marcelo Jacques de Morais. Rio de
Janeiro: Covilização Brasileira, 2011.
5 A ESCRITA CUNEIFORME
Entre algumas inovações, é atribuída aos sumérios a invenção da escrita.
Por volta de 3500 a.C. na Suméria, surgiu o que conhecemos hoje como “escrita
cuneiforme”, na qual os objetos eram representados por uma ideia, o que dificultava
a representação de ações, sentimentos ou ideias abstratas. Os registros, normalmente,
eram feitos em placas de argila e escritos com um estilete que possuía formato de
cunha – a partir disso, chegou-se ao nome “cuneiforme” (BBC Brasil, 2010).
80
TÓPICO 2 — POVOS MESOPOTÂMICOS
6 OS BABILÔNIOS
Por volta de 2500 a.C., um povo conhecido como amoritas se aproveitou
do enfraquecimento das cidades sumérias (devido a conflitos internos) e domi-
nou grande parte do território da Mesopotâmia. Partindo do atual território onde
fica localizada a Síria, esse povo conquistou, primeiramente, uma cidade conhe-
cida como Babilônia e, por isso, ficou conhecido como babilônio.
81
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
ATENCAO
Conhecida pelo dito “olho por olho, dente por dente”, a lei do talião visava a
punir as pessoas de acordo com o crime que cometessem. Um exemplo disso pode ser
encontrado na seção 230: “Se uma casa mal construída causa a morte de um filho do dono
da casa, então o filho do construtor será condenado à morte”. Nesse sentido, essa lei fazia
traços gerais para tornar a sociedade igual.
Hamurábi tratou de impor um código sobre a justiça que, até antes, era
função religiosa. Segundo Giordani (2001, p. 155):
Hammurabi conferiu à justiça real supremacia sobre a justiça sacerdo-
tal; deu-lhe uniformidade de organização e regulamentou cuidadosa-
mente o processo das ações, compreendendo nessa regulamentação a
propositura, ou recebimento ou não pelo juiz, a instrução completada
pelo depoimento de testemunhas e diligências “in-loco” e, finalmente,
a sentença. Foi estabelecida então uma organização judiciária que in-
cluía até o ministério público e um direito processual.
Podemos perceber que o código abrangia um leque grande, por isso, atu-
almente, ainda serve como aporte histórico para muitas legislações.
82
TÓPICO 2 — POVOS MESOPOTÂMICOS
NTE
INTERESSA
7 OS ASSÍRIOS
Temidos pelos adversários, os assírios tinham fama de serem grandes guerrei-
ros e terem um exército muito poderoso. Vindos da região norte da Babilônia (onde,
atualmente, está localizado o Iraque), por volta de 2.400 a.C., fundaram a cidade de
Assur. No entanto, somente próximo a 1.300 a.C. conseguiram consolidar o império.
83
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
DICAS
A cidade de Nínive chama a atenção por sua biblioteca, descoberta pelos in-
gleses no século XIX, na qual foram achados mais de 25 mil tabletes de argila com escritas
cuneiformes. Além da biblioteca, a cidade era templo de adoração da deusa Ishtar.
Sugerimos a leitura do texto “A história da cidade Assíria de Nínive”, disponível em:
https://bit.ly/3uPxgNM.
85
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O primeiro povo a se estabelecer nas terras que viriam a ser a Mesopotâmia foram
os sumérios, conhecidos como os inventores da escrita. Também passaram pela
Mesopotâmia os babilônios, conhecidos por seu imperador Hamurábi, a quem é
atribuída a criação de um código de leis chamado de Código de Hamurábi.
86
AUTOATIVIDADE
87
88
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Conheceremos o povo hebreu, que era monoteísta e teve sua história vol-
tada a questões religiosas. Em busca da “terra prometida”, esse povo se estabele-
ceu na região da palestina e realizou seu processo de desenvolvimento em meio
a lutas constantes.
2 HEBREUS
Os povos que estudamos até aqui têm um ponto em comum: eram poli-
teístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Entretanto, os hebreus destoavam
por terem consolidado um novo tipo de crença, o monoteísmo ou, em outras pa-
lavras, a crença em um único Deus. Grande parte dos conhecimentos que temos
atualmente sobre esses povos advém da Bíblia cristã, mais especificamente dos
cinco primeiros livros do Antigo Testamento: Gêneses, Êxodo, Levítico, Números
e Deuteronômio – ou, como os cristãos chamam, Pentateuco, enquanto, para os
judeus, chama-se Torá.
89
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
NOTA
Desse modo, ficaram na região da Palestina até por volta do século XVIII
a.C., quando, em um período de seca, houve uma grande onda de fome, obrigan-
do-os a migrar para o Egito. Nessa época, os egípcios estavam sob o domínio dos
hicsos, que acolheram o povo hebreu, deixando-os viver livremente.
Contudo, esse período de calmaria não duraria muito, pois, por volta de 1580
a.C., os hicsos foram expulsos do Egito e os hebreus foram acusados de terem cola-
borado com eles, o que levou a sua escravização até por volta de 1250 a.C., quando:
Sob a liderança de Moisés, os hebreus iniciaram sua fuga do Egito em
direção a Palestina. Esse episódio é conhecido como Êxodo e durou
40 anos. Essa peregrinação é marcada pela travessia do Mar Verme-
lho, passando pela península do Sinai e o deserto. Durante a travessia,
houve um grande processo de unificação e reorganização religiosa do
povo hebreu. Nesse período, Moisés apresentou as Tábuas das leis
(dez mandamentos) e pregou o monoteísmo (TOMELIN, 2007, p. 51).
Essa divisão em tribos foi uma forma de manter o controle sobre o povo
hebreu, bem como ampliar a zona de efetividade. Quando havia problemas, as
tribos uniam-se e escolhiam um líder para exercer a autoridade, o qual era cha-
mado de juiz. Esse período ficou conhecido como o período dos juízes.
91
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
Salomão morreu em 926 a.C. e seu filho, Roboão, assumiu o governo com
uma política de altos impostos, o que gerou uma revolta interna e causou o gran-
de Cisma, que dividiu o reino em dois: o Reino de Israel, com capital em Sama-
ria, e o Reino de Judá, com capital em Jerusalém.
NTE
INTERESSA
92
TÓPICO 3 — POVOS DO ATUAL ORIENTE MÉDIO
Com isso, a história dos hebreus como povo unificado teve fim, o que iniciou sua
saga pelo mundo visando a encontrar um lugar para fixar território, em busca de paz.
3 FENÍCIOS
Os fenícios estabeleceram-se onde, hoje, se situa o Líbano, em uma pequena
parte da Síria, entre as montanhas e o mar Mediterrâneo. Essa faixa de terra tem
aproximadamente 30 quilômetros de largura e 200 quilômetros de extensão e, por ser
cercado por montanhas, foi possível criar um escudo natural contra invasores, o que:
[contribuiu] para a formação de núcleos urbanos isolados uns dos ou-
tros. Esse isolamento geográfico ajuda a explicar por que os fenícios
não formaram um Estado centralizado. Grandes cidades se desenvol-
veram de forma independente. Apesar de compartilharem a mesma
origem, a mesma língua e a mesma cultura, as cidades fenícias eram
política e economicamente autônomas, por isso são chamadas de cida-
des-Estado (APOLINÁRIO, 2014, p. 137, grifo no original).
Cortada por vários rios, a agricultura (estimulada por trigo e videiras) conse-
guiu se desenvolver, bem como a criação de gado e a exploração do cedro, o qual ser-
via como matéria-prima para a construção de navios. Entretanto, o território não era
propenso ao desenvolvimento agrícola, o que forçou os povos a se lançarem ao mar.
NOTA
93
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
94
TÓPICO 3 — POVOS DO ATUAL ORIENTE MÉDIO
95
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
Por fim, é importante falar que os fenícios eram politeístas, embora, como
citado, cada cidade tinha suas particularidades – e a religião acompanhava esse
raciocínio. Eles tinham a prática de sacrifícios para agradar aos deuses, geralmen-
te usavam animais, porém há relatos de crianças mortas para essa finalidade.
ATENCAO
4 PERSAS
Um dos maiores impérios de toda a antiguidade, o império persa era
situado onde atualmente é o Irã, cujos primeiros agrupamentos têm registro de
2 mil anos a.C. nas terras férteis e montanhosas entre a Mesopotâmia, a Índia e o
Golfo Pérsico (Figura 19).
96
TÓPICO 3 — POVOS DO ATUAL ORIENTE MÉDIO
97
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
ATENCAO
Com a morte do imperador Ciro, em 528 a.C., seu filho Cambisses, temendo
perder o trono para seu irmão Esmérdis, matou-o – uma demonstração de insanidade,
segundo o historiador Heródoto).
98
TÓPICO 3 — POVOS DO ATUAL ORIENTE MÉDIO
Dario I ainda precisou criar uma moeda única, devido à necessidade de co-
branças de impostos e de uma organização maior do comércio do reino. O dárico facili-
tou o comércio, além de impedir que os sátrapas fizessem moedas próprias (Figura 21).
FIGURA 21 – DÁRICO
Um dos aspectos mais interessantes dos persas foi a sua religião. A partir
das pregações de Zoroastro (Zaratustra), surgiu o zoroastrismo.
NTE
INTERESSA
Zoroastro foi um profeta persa, que, segundo crenças desse povo, havia nasci-
do de uma planta e de um anjo, o que era capaz de fazer as energias negativas serem afu-
gentadas. Evidentemente, os escritos contam que, desde jovem, Zoroastro, ou Zaratustra,
tinha grande sabedoria, realizando obras de caridade e ajudando as pessoas.
99
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
O império persa teve seu declínio a partir de várias revoltas internas, de-
sencadeadas a partir da derrota para Atenas. Isso enfraqueceu o seu domínio,
fazendo com que, em 332 a.C., Alexandre Magno, da Macedônia, pudesse con-
quistar definitivamente a Pérsia, colocando um fim ao seu império.
100
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Sua religião era monoteísta, destoando dos demais povos daquela época.
• A região dos fenícios possuía uma extensão de terras muito pequena, mas
bons portos, fazendo, assim, com que eles se desenvolvessem maritimamente.
• Os povos conquistados pelos persas podiam manter seus costumes, sua reli-
gião e suas particularidades em troca de servirem ao exército quando convo-
cados e de pagarem altos impostos.
• A religião do povo persa era baseada no dualismo entre o bem e o mal, cha-
mada de zoroastrismo.
101
AUTOATIVIDADE
3 O império persa possuía uma extensão muito grande, sendo de difícil contro-
le para aquele período. Explique como os reis persas conseguiam ter controle
sobre todas as terras, mesmo sem ter tecnologias avançadas como as atuais.
102
TÓPICO 4 —
UNIDADE 2
POVOS DA AMÉRICA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, veremos um pouco sobre a história das primeiras grandes ci-
vilizações que habitaram o continente americano: os astecas, os maias, os incas e os
povos indígenas. Sob um viés de muitos mistérios, será possível perceber que essas
civilizações possuem muitas semelhanças com os povos estudados anteriormente.
2 CIVILIZAÇÃO ASTECA
A civilização asteca é conhecida como pré-colombiana e se desenvolveu
na região onde atualmente é localizado o México. Seu mito de origem pode ser
encontrado em Boulos Júnior (2009, p. 185):
Eles viviam no norte da América e, certo dia, por serem um povo an-
darilho, decidiram deixar Astlán, sua terra natal, e caminhar em dire-
ção ao sul. Depois de muito caminhar, avistaram uma águia empolei-
rada num cacto, que trazia uma cobra presa ao bico e a uma das suas
patas. Os sacerdotes astecas consideraram aquela águia um sinal dado
por seu deus, Uitzilopochtli, de que era ali que eles deviam se fixar e
recomeçar a vida. E foi assim que fizeram.
103
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
FIGURA 22 – CHINAMPAS
NTE
INTERESSA
Na Figura 23, podemos ver como o império asteca era organizado até o
ano de 1519.
3 CIVILIZAÇÃO MAIA
O povo maia habitou a parte mais ao sul do México, bem como um trecho da
América Central, conhecido como Mesoamérica. Historiadores divergem sobre como
se deu a formação dos povoados, prevendo uma ocupação organizada em, aproxima-
damente, 1800 a.C. A Figura 24 mostra um mapa da organização da civilização maia.
105
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
FIGURA 24 – OS MAIAS
O termo maia é uma designação que incluía vários povos habitantes dessa
região, que tinham uma sociedade bem organizada e hierarquizada, constituída
por: imperador (considerado um representante de deus na Terra, o qual era cha-
mado de Ajaw), nobres (família real), sacerdotes, militares, administradores do
império e, por fim, camponeses, que, além de serem os menos privilegiados, eram
obrigados a pagar pesados impostos.
Como já visto, o rei era uma figura idolatrada, pois representava deus na
Terra. Seu cargo era repassado de geração em geração, constituindo uma prática
chamada de patrilinear. Um fato interessante é que o poder poderia ser assumido
por mulheres em algumas situações específicas, como no caso de o rei estar em
campo de batalha ou se não tivesse idade suficiente para assumir o trono.
106
TÓPICO 4 — POVOS DA AMÉRICA
NTE
INTERESSA
O plantio com auxílio de terraços é uma prática utilizada até hoje, que consis-
te, basicamente, em realizar contenções em terrenos com declive, para minimizar a erosão
causada pela água.
No site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), podemos conferir um
pouco mais sobre essa prática: https://bit.ly/33KcR0M.
FIGURA 25 – TERRACEAMENTO
107
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
Como visto, cada estado era independente, tendo governos, leis e costumes
próprios. Eles possuíam um hábito de construir templos em forma de pirâmide
com até 10 metros de altura, que eram uma forma de elevar os templos religiosos
para, assim, ficarem mais perto dos céus, ou melhor, mais perto dos deuses.
Após o ano 900 d.C., a civilização Maia viveu uma espécie de decadência, por
motivos ainda incertos entre os historiadores – embora evidências apontem que, du-
rante vários anos, houve colheitas pobres (devido ao esgotamento da terra), além de
um aumento da população e constantes guerras que fizeram com que os povos se dis-
persassem em busca de melhores condições de vida em outros locais da Mesoamérica.
4 CIVILIZAÇÃO INCA
Os incas, ou filhos do sol, como eram chamados, eram povos que viviam do
pastoreio e da agricultura na região onde ficam as montanhas dos Andes. Sua origem
se dá por meio dos personagens Manco Cápac e sua esposa (e irmã) Mama Ocilla.
NTE
INTERESSA
A origem de Manco Cápac está rodeada de mitos; uns dizem que é conhe-
cido como filho de Inti (deus do Sol), outros que nasceu em Tampotuco. Já Mama Ocilla
é conhecida como a deusa da fertilidade e, em um mito, aparece como irmã e esposa de
Manco Cápac. É uma história muito legal, vale a pena se aprofundar!
108
TÓPICO 4 — POVOS DA AMÉRICA
109
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
Além disso, havia algumas complicações em seu serviço. Suas terras eram
divididas em três partes: uma para o imperador, outra para os deuses (sacerdo-
tes) e outra para o povo Inca. Esses povos ainda podiam ser explorados em rela-
ção à prestação de serviços ao estado (de forma gratuita), denominado de mita.
Um dos aspetos que mais chama a atenção no império Inca é sua religião,
que era dualista, ou seja, dividida entre as forças do bem e do mal. O bem era
representado pelas coisas que auxiliavam o ser humano, como o sol e a chuva, e
o mal pela seca, pela guerra, enfim, pelas coisas do cotidiano.
Como outros povos, eles tinham a prática de realizar sacrifícios aos deuses. Isso
envolvia animais e, muitas vezes, humanos. Há relatos de um sacrifício de 200 crianças.
NTE
INTERESSA
Oscar Calavia Sáez publicou um artigo denominado O Inca pano: mito, história e
modelos etnológicos, em que podemos encontrar diversas histórias sobre o povo Inca e, con-
sequentemente, conhecer um pouco mais sobre como viviam. Acesse: https://bit.ly/3hqkEIY.
DICAS
110
TÓPICO 4 — POVOS DA AMÉRICA
111
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
UNI
112
TÓPICO 4 — POVOS DA AMÉRICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Além da rota principal, o caminho contava com rotas secundárias que atra-
vessavam o estado no sentido norte-sul. Uma das rotas secundárias vinha de São
Paulo, adentrando o Paraná, passando pelos municípios de: Salto do Itararé, Siquei-
113
UNIDADE 2 — POVOS DA ANTIGUIDADE NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
114
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• O povo Inca possuía uma religião dualista, com práticas de sacrifícios huma-
nos constantes.
CHAMADA
115
AUTOATIVIDADE
3 A partir dos estudos sobre a história das primeiras grandes civilizações que
habitaram o continente americano (astecas, maias, incas e povos indígenas),
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – F – V – F.
116
REFERÊNCIAS
APOLINÁRIO, M. R. Projeto Araribá: História (6º ao 9º ano). 4. ed. São Paulo:
Editora Moderna, 2014.
AZEVEDO, G.; SERIACOPI, R. História: projeto teláris (6º ao 9º ano). São Paulo:
Ática, 2015.
BAINES, J.; MALIK, J. Cultural Atlas of Ancient Egypt. London: Andromeda Ox-
ford Limited, 2008.
117
118
UNIDADE 3 —
GRÉCIA E ROMA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
119
120
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
121
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
122
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
123
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
DICAS
125
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
avanços culturais significativos. Por volta de 585 a.C., o primeiro filósofo grego,
Tales de Mileto, estava envolvido no que, hoje, seria reconhecido como investi-
gação científica na costa da Ásia Menor, e essas colônias jônicas fariam avanços
significativos na Filosofia e na Matemática (BURN, 1985).
DICAS
A Linear A é um dos dois sistemas de escrita da Creta minoica, que foi usado
antes de a Linear B micênica ser utilizada, posteriormente, para grafar a língua helênica dos
invasores oriundos do continente (1450 a.C.). A Linear A é um sistema ideo-silábico, isto
é, contém silabogramas e ideogramas. Entretanto, ao contrário da Linear B decifrada por
Michael Ventris, em 1952, a escrita minoica Linear A permanece desconhecida. A aplicação
dos valores dos signos da Linear B permite apenas um vislumbre parcial do seu conteúdo
(ideogramas, alguns topônimos e antropônimos e um punhado de termos administrativos)
e a sua língua, designada de “minoico”, não parece estar ligada a nenhuma língua conhecida.
126
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
Produto mais notável das obras públicas promovidas por Péricles, o magní-
fico Partenon foi construído em homenagem à deusa Atena, padroeira da cidade. Os
arquitetos Iktinos e Kallikrates e o escultor Fídias começaram a construir o templo em
meados do século V a.C. O Partenon foi construído no topo da Acrópole, um pedestal
natural feito de rocha que foi o local dos primeiros assentamentos em Atenas.
127
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
E
IMPORTANT
128
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
Em 323 a.C., Alexandre morreu e seu vasto império foi dividido entre quatro
de seus generais. Sua morte iniciou o que passou a ser conhecido pelos historiadores
como o período helenístico (323-31 a.C.), durante o qual o pensamento e a cultura
gregos se tornaram dominantes nas várias regiões sob a influência desses generais.
Após as guerras entre os sucessores de Alexandre, Antígono I estabeleceu a dinastia
Antigônida, na Macedônia, e passou a governar as cidades-estados gregas.
A república romana torna-se cada vez mais envolvida na política dos gre-
gos e, em 168 a.C., derrota a Macedônia na Batalha de Pydna. Após essa data, a
Grécia ficou sob a influência de Roma e, em 146 a.C., foi transformada em prote-
torado, iniciando uma tendência, entre os romanos, de imitar a moda, a Filosofia
e, até certo ponto, as sensibilidades gregas. Em 31 a.C., Otaviano César se anexa
à Grécia como província romana, após sua vitória, sobre Marco Antônio e Cleó-
patra, na Batalha de Áccio. Otaviano torna-se Augusto César e a Grécia parte do
Império Romano (FERGUSON, 1978).
Depois dos aristocratas, vinha uma segunda classe de não cidadãos, homens
que possuíam terras menos produtivas situadas mais longe da cidade, o que as tor-
nava menos protegidas do que a terra dos nobres próximas da cidade. Em alguns
casos, a terra podia estar tão longe da cidade que os proprietários precisavam morar
nelas, e não nas cidades. Esses cidadãos eram chamados de perioikoi ou “periecos”
em Esparta (moradores da região, em Esparta não era permitido a residência de es-
trangeiros). Em Atenas, essa segunda classe, chamada de métoikos, eram estrangeiros
que residiam, comerciavam e enriqueciam, mas não desfrutavam de poder político.
2.4.1 Mulheres
As mulheres tinham poucos direitos, em comparação aos cidadãos do
sexo masculino. Impedidas de votar, possuir terras ou herdar, o lugar de uma
mulher se limitava à esfera doméstica com o objetivo de procriar e criar os filhos.
O contato com homens, fora do círculo familiar, era desencorajado e as mulheres
ocupavam seu tempo com tecelagem e outras atividades domésticas. No entan-
to, as mulheres espartanas foram tratadas de maneira um pouco diferente, por
exemplo, elas podiam fazer treinamento físico como os homens, tinham direito
de possuir terras e podiam beber vinho.
131
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
132
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
2.4.3 Servos
A sociedade grega possuía um número maior de servos que escravos. Os
servos eram totalmente dependentes do dono da terra e o exemplo mais conhe-
cido eram os helots de Esparta, que não eram propriedade de um cidadão, em
particular, e não podiam ser vendidos como escravos. Geralmente, faziam acor-
dos com o dono da terra, como dar uma quantidade de seus produtos e guardar
o restante para si, como no sistema de colonato. Apesar de contar com a proteção
dos proprietários de terras, os helots nunca estavam realmente seguros, pois não
desfrutavam de um status legal sólido e eram duramente tratados. Em certos pe-
ríodos, como a guerra, eram obrigados a lutar. Caso se saíssem bem, podiam se
juntar aos grupos sociais intermediários que existiam abaixo do nível de cidadão,
em uma relação de dependência um pouco melhor.
133
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
2.4.4 Escravos
Na sociedade grega, os escravos eram adquiridos por meio de guerras, se-
questros e tráfico de cativos. Havia até argumentos intelectuais de filósofos como
Aristóteles, que afirmavam que os escravos eram inferiores e, portanto, a escravi-
dão era entendida como algo natural na percepção dos gregos antigos. É impos-
sível dizer, com precisão, o número e o percentual de escravos (douloi) entre os
gregos. Contudo, é improvável que, devido aos custos, todos pudessem obtê-los.
As estimativas da população escrava no mundo grego variam entre 15 e 40% da
população do total. No entanto, se nem todos os cidadãos tinham escravos, eles
certamente os desejavam, pois ser proprietário de escravos era considerada uma
questão de status. Os escravos não eram de propriedade apenas de particulares,
mas também do Estado, que os usava em obras e até como força policial.
134
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
E
IMPORTANT
2.4.5 Estrangeiros
Além dos escravos, a maioria das cidades gregas abrigava muitos estran-
geiros livres (xenoi), os quais trabalhavam com cerâmica e metalurgia. Eles ge-
ralmente tinham que registrar sua residência e, assim, tornavam-se uma classe
reconhecida (com status inferior ao dos cidadãos plenos), chamada de “metecos”
(metoikoi). Em troca dos benefícios desse status, precisavam encontrar um patro-
no local, pagar impostos e, às vezes, pagar impostos adicionais, contribuir com
os custos de pequenos festivais e, até mesmo, participar de campanhas militares,
quando necessário. Apesar das suspeitas e dos preconceitos contra os “bárbaros”
estrangeiros, que, muitas vezes, surgem em fontes literárias, em alguns casos, os
135
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
NOTA
136
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
137
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
138
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
139
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
E
IMPORTANT
• O culto privado ou doméstico caracterizava-se por ser um culto em honra dos deuses
protetores do lar. Era celebrado em casa, em família, junto a um pequeno altar e pre-
sidido pelo chefe de família com preces, oferendas de vinho, frutos e mel. Para honrar
os mortos, essa celebração era realizada nos cemitérios.
140
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
• O culto cívico era celebrado em público, nos templos e altares ou em festivais, sendo
presidido por sacerdotes e magistrados. Era dedicado aos deuses protetores das cida-
des. Eram realizadas orações, sacrifícios, procissões, banquetes e competições teatrais.
• O culto público ou pan-helênico era realizado em santuários e aberto a todos os ha-
bitantes da Grécia Antiga. Com destaque para o culto que honrava a Zeus, realizado
em Olímpia, a cada quatro anos, em festas religiosas e desportivas, como os Jogos
Olímpicos. Havia também o Oráculo de Delfos, realizado no Santuário de Apolo, de
caráter divinatório por intermédio da sacerdotisa Pitonisa.
DICAS
Deuses olímpicos
• Zeus: rei dos deuses e governante do monte Olimpo, deus do céu, do relâmpago, do
trovão e das tempestades, comandante dos ventos e das nuvens, deus da lei, da ordem
e da justiça. O filho mais novo dos titãs Cronos e Reia. Símbolos: raio, águia e carvalho.
• Hera: rainha dos deuses. Deusa do casamento, maternidade e das mulheres. Símbo-
los: cuco, pavão, vaca e romã. Filha de Cronos e Reia. Esposa e irmã de Zeus.
• Posidão: Deus dos mares, dos terramotos e dos cavalos. Símbolos: hipocampo, golfi-
nho e tridente. Filho de Cronos e Reia. Irmão de Zeus e Hades.
• Deméter: Deusa da agricultura, da natureza e das estações do ano. Símbolos: papoula
e cereais. Filha de Cronos e Reia, irmã de Zeus.
• Hades: Deus dos mortos, dos infernos e das riquezas da Terra. Símbolos: Elmo da es-
curidão, um bidente, um crânio e monstro de três cabeças. Filho do titã Cronos e de
Reia. Irmão de Zeus e Posidão.
• Héstia: deusa virgem do lar e da lareira. Símbolo: lareira. Filha de Cronos e Reia, e irmã de Zeus.
• Afrodite: deusa do amor, da beleza e da sexualidade. Filha de Urano e Tálassa. Símbo-
los: a pomba e o espelho.
• Apolo: deus do Sol, da cura, da peste, das artes, profecia e do tiro com arco. Símbolos
incluem a lira e o arco. Ártemis é sua irmã gémea. Filho de Zeus e de Leto.
• Ares: deus da guerra. Símbolos incluem o javali e a lança. Filho de Zeus e Hera.
• Ártemis: deusa virgem da caça, florestas, vida selvagem, lua e protetora das meninas.
Símbolos incluem o veado e o arco. Irmã gémea de Apolo, filha de Zeus e de Leto.
• Atena: deusa virgem da sabedoria, ofícios e estratégia militar. Símbolos são a oliveira e
o mocho. Filha de Zeus, de acordo com algumas tradições, com Métis.
• Dioniso: deus do vinho, das festas e do êxtase. O seu símbolo é a pantera e a videira.
Filho de Zeus e da mortal Sémele.
141
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
• Hefesto: ferreiro dos deuses; deus do fogo e da metalurgia. Filho de Zeus e Hera ou,
de acordo com algumas tradições, apenas de Hera.
• Hermes: mensageiro dos deuses; deus do comércio e dos ladrões. Símbolos incluem
o caduceu e as botas com asas. Filho de Zeus e da ninfa Maia.
144
TÓPICO 1 — CIVILIZAÇÃO GREGA: UMA INTRODUÇÃO
145
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A “Era de Ouro” dos gregos teve início com Péricles construindo a Acrópole.
• A sociedade grega era bem estratificada socialmente com papéis de cada gru-
po bem definidos.
146
AUTOATIVIDADE
1 O nome “Grécia” foi criado pelos romanos a partir de sua forma latiniza-
da. É comum, através da História, que povos venham a ser chamados por
denominações dadas por outros povos. No entanto, os antigos “gregos” se
autodenominavam por outro termo. Considerando a autodenominação dos
antigos gregos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Trácios.
b) ( ) Helenos.
c) ( ) Etruscos.
d) ( ) Micênicos.
a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) F – F – F – V.
d) ( ) V – F – F – F.
148
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A sociedade romana, na sua origem, era patriarcal, característica que iria per-
manecer ao longo da história da República (590-27 a.C.) e do Império (entre 27 a.C.
e 476 d.C. no Ocidente e entre 330-1453 no Oriente). Embora exista uma lenda sobre
uma troiana chamada “Roma” que viajava com o herói Eneias ter fundado Roma, o
mito dos irmãos Rômulo e Remo é o mais conhecido. Essa narrativa envolve o rapto
das mulheres sabinas pelos primeiros romanos. As tribos sabinas decidem, então,
recuperar suas mulheres, mas Hercília, uma das mulheres raptadas, se torna esposa
de Rômulo, convoca as outras mulheres e as convence a permanecer com seus rap-
tores romanos. Pensa-se que essa narrativa represente, de forma mitológica, o papel
vital das mulheres na sociedade romana como elo entre famílias e na manutenção de
relações pacíficas entre facções rivais por meio do casamento (BAUER, 2007).
149
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
2 REPÚBLICA ROMANA
No final do século VI a.C., Roma, então uma pequena cidade-estado,
substitui a monarquia pela república e, sob o novo regime, os romanos conquis-
tariam toda a península italiana, grandes partes do mundo mediterrâneo e além.
A República e suas instituições de governo perdurariam por cinco séculos até o
início das guerras civis, quando Roma foi transformada em um regime imperial.
No entanto, boa parte do aparato político, principalmente o Senado, criado no pe-
ríodo republicano, permaneceria no período imperial, apesar do poder reduzido.
Essa história propiciou aos romanos uma conexão com um passado clássico
grego. O conto mítico versa sobre Eneias, e seus discípulos, que, com a assistência da
deusa Vênus, escapa da cidade de Tróia, conquistada pelos gregos. Após uma breve
estada em Cartago, Eneias acaba rumando para o Lácio, cumprindo, assim, seu des-
tino. Seus descendentes eram os gêmeos Rômulo e Remo, filhos ilegítimos de Marte,
o deus da Guerra, e a Princesa Reia Silvia, filha do rei de Alba Longa. Salvo do afoga-
mento por uma loba e criado por um pastor, Romulo finalmente derrotou seu irmão
e fundou a cidade de Roma, tornando-se seu primeiro rei (BAUER, 2007).
150
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
E
IMPORTANT
Origem grega
Segundo outras fontes antigas, a fundação da cidade está relacionada com o mundo gre-
go, já que os fundadores tinham ascendência troiana. Essa lenda apresenta Eneias, prínci-
pe troiano, como antepassado direto de Rômulo e Remo e que, ao se casar com a filha do
rei latino, se tornou rei. Essa interpretação é encontrada não só em historiadores gregos,
como também foi defendida no mundo itálico contra outras tradições que atribuíam uma
origem arcádia, relacionadas com o “Mito de Evandro”, o aqueu, associando-a ao de Odis-
seu e Ulisses. Assim, a historiografia grega atribuiu uma origem divina e grega à fundação
de Roma, versão assumida posteriormente por essa. No entanto, não se pode considerar
admissível a tradição de uma origem troiana de Roma se comparada à data da destruição
de Troia (1200 a.C.) com os restos arqueológicos dos povoados de Lácio e Septimeontium,
semelhantes a outros muitos povoados do Bronze Final da Itália e que não são um povo-
ado importante, muito menos uma cidade.
italiana. Após a Batalha de Regalos (496 a.C.), quando Roma derrotou os latinos,
e a Guerra Pírrica (280-275 a.C.), contra Pirro de Épiro, Roma emergiu como uma
potência. A expansão militar ocorreu, simultaneamente, ao surgimento de uma
estrutura social e política na República, que um dia dominaria uma boa parte da
Europa atual, o norte da África e a parte ocidental do Oriente Médio. O Mar Me-
diterrâneo se tornaria um “lago romano” (Mare Nostrum).
NTE
INTERESSA
O termo Mare Nostrum foi, em sua origem, usado pelos romanos para se re-
ferir, durante as Guerras Púnicas com Cartago, ao Mar Tirreno, após a conquista da Sicília,
Sardenha e Córsega. Por volta de 30 a.C., o domínio romano estendeu-se à Península Ibé-
rica e ao Egito, e Mare Nostrum começa a ser usado no contexto de todo o Mar Mediterrâ-
neo. Outros nomes também foram empregados, incluindo Mare Internum (“Mar Interno”),
mas, curiosamente, não o termo moderno Mare Mediterraneum (Mar Mediterrâneo), que
foi uma criação latina tardia, apenas utilizada depois da queda de Roma.
Na atualidade, o termo “Mare Nostrum” foi escolhido como tema para a Con-
ferência Inaugural da Sociedade de Direito e Cultura Mediterrânica, realizada em ju-
nho de 2012, na Faculdade de Direito da Universidade de Cagliari, Sardenha, Itália (“La
Conferenza Inaugurale della Società di Diritto e Cultura del Mediterraneo”). No uso contem-
porâneo, o termo pretende contemplar a diversidade das culturas mediterrâneas, com
uma atenção especial ao intercâmbio e à cooperação entre as nações mediterrâneas.
152
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
No entanto, antes que pudesse se tornar uma potência militar, Roma pre-
cisava de um governo estável, sendo fundamental evitar a concentração de poder
nas mãos de um indivíduo. Assim, após a queda da monarquia, a república ficou
sob o controle dos patrícios (patres), membros das grandes famílias romanas. So-
mente os patrícios podiam ocupar cargos políticos ou religiosos. Os demais cida-
dãos, ou “plebeus”, não tinham poder político, embora muitos fossem tão ricos
quanto os patrícios. No entanto, esse arranjo não poderia e não iria durar.
153
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
• o “pretor”, único, exceto o cônsul, com poder (imperium), atuava como oficial
de justiça com jurisdição na cidade e na província;
• o “questor”, que atuava como administrador financeiro;
• o “edil”, que supervisionava a manutenção urbana, como estradas, água,
abastecimento de comida, os jogos e festivais anuais;
• o altamente cobiçado cargo de “censor”, que era eleito a cada cinco anos (mu-
danças posteriores limitaram o mandato em dezoito meses), era o recensea-
dor que examinava a lista de cidadãos e suas propriedades; podia, inclusive,
remover membros do Senado por comportamento impróprio.
2.2.2 Assembleias
Além dos magistrados, havia também as assembleias que funcionavam
como fórum para dar voz ao povo (apenas cidadãos do sexo masculino). A princi-
pal delas era o Senado Romano (um remanescente da antiga monarquia). Embora
não remunerados, os senadores eram vitalícios, exceto, se fossem removidos pelo
censor por má conduta pública ou privada. O Senado não tinha poder legislativo,
servia apenas como órgão consultor do cônsul e depois do imperador, mas, ainda
assim, detinha um grau considerável de autoridade. Por exemplo, podia propor
leis, supervisionar a política externa e a administração e as finanças. No entanto,
o poder de promulgar leis era uma atribuição das assembleias populares. Todas
as propostas do Senado tinham que ser aprovadas por uma das duas assembleias
populares: a Comitia Centuriata, que não apenas promulgava leis, mas também
elegia os cônsules e declarava guerra, e o Concilium Plebis, que representava os
desejos dos plebeus através de seus tribunos eleitos. Além desses dois principais
órgãos legislativos, havia também várias assembleias tribais menores.
2.2.3 A cúria
O Concilium Plebis surgiu como resultado do conflito entre os plebeus e os
patrícios pelo poder político. Além de aprovar leis pertinentes aos interesses dos
plebeus, seus membros elegiam tribunos que os representavam. Embora o “Con-
selho da Plebe” tenha, inicialmente, dado aos plebeus alguma voz no governo, ao
longo do tempo, isso provou não ser suficiente. Em 450 a.C., a lei das “Doze Tá-
buas” foi promulgada para apaziguar as demandas dos plebeus e tornou-se o pri-
meiro código de leis que daria origem ao Direito Romano. A lei abordava assuntos
domésticos, com ênfase à vida familiar e à propriedade privada. Por exemplo, os
plebeus não podiam mais ser presos por dívidas e tinham o direito de apelar da
decisão de um magistrado. Posteriormente, os plebeus chegariam a se casar com
patrícios e poderiam se tornar cônsules. Em 287, com a Lex Hortensia, todas as leis
aprovadas pelo Concilium Plebis passaram a valer para plebeus e patrícios.
155
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
O irmão mais novo de Tibério, Caio Graco, também apoiava a ideia de dis-
tribuir terras, mas seu destino foi selado quando propôs estender a cidadania a
todos os aliados dos romanos. Como seu irmão mais velho, suas propostas encon-
traram resistência, resultando na morte de três mil de seus apoiadores e no seu
suicídio. O fracasso dos irmãos Graco em implementar mudanças sociais em Roma
seria um dos vários indicadores de que a República estava fadada a desaparecer.
Décadas mais tarde, em 88 a.C., outro romano surgiu para iniciar uma série
de reformas. Um general chamado Lúcio Cornélio Sula marchou com seu exército
sobre Roma e tomou o poder. Sula derrotou o Rei Mitrídates, do Ponto, na Anatólia,
156
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
e esmagou os samnitas com a ajuda dos generais Pompeu e Crasso. Em seguida, ex-
purgou o Senado Romano e reorganizou os tribunais, promulgando uma série de re-
formas. Em 79 a.C., deixou o poder para se tornar um simples cidadão (LEWIS, 2003).
3 FIM DA REPÚBLICA
A República não entrou em colapso devido a ameaças externas, mas caiu
por problemas internos e pela incapacidade de se ajustar a um estado em cons-
tante expansão. Até as antigas profecias dos Oráculos Sibilinos previam que o
fracasso da República viria internamente, e não por causa de invasores estrangei-
ros. Os sinais que anunciavam a mudança não faltavam. No século I a.C. (90-88
a.C.), a exigência do status de cidadão pelos aliados de Roma foi um sinal dessa
agitação, que resultou na chamada “Guerra Social”. Durante anos, os aliados ro-
manos foram leais à República e forneceram soldados para a guerra, mas não
eram considerados cidadãos. Como os plebeus anteriormente, eles pleiteavam
reconhecimento e foi preciso uma guerra civil para que as coisas mudassem. Con-
trariando o Senado, a cidadania foi finalmente concedida a todos os habitantes da
península italiana (excluindo os escravos). Posteriormente, Júlio César estenderia
a cidadania além da Itália e a concederia aos habitantes da Ibéria e da Gália.
157
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
Os inimigos, e até aliados, viam o poder de César como uma séria ameaça
à República e, não obstante, sua popularidade por causa da reforma, que causou
o seu assassinato, em 44 a.C., decretou o fim da República. Seu herdeiro e entea-
do, Otaviano, venceu o rival, Marco Antônio, tornando-se o primeiro imperador
de Roma com o título de “Augusto” (HILL, 2009).
NTE
INTERESSA
“Et tu, Brute?” é uma expressão latina que significa “e tu, Brutus?” ou “até tu,
Brutus?”, que teria sido proferida, em 44 a.C., pelo ditador romano Júlio César, no momento
de seu assassinato, ao seu filho adotivo Marco Brutus.
158
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
imperador de Roma, ele nunca foi agraciado com o título de “imperador”. Júlio Ce-
sar foi escolhido pelo Senado como “ditador”, em virtude de seus feitos militares e
poder político. Em contrapartida, o Senado concedeu a Augusto o título de “impe-
rador” por ele ter destruído os inimigos de Roma e ter restituído sua estabilidade.
Augusto governou o Império de 31 a.C. até sua morte, no ano 14. Ele te-
ria declarado: “encontrei Roma como uma cidade de barro, mas a deixei como
uma cidade de mármore”. Augusto reformou as leis, estabilizou as fronteiras do
império, iniciou vastos projetos de construção e deixou um legado duradouro de
Roma como uma potência política e cultural. A Pax Romana (paz romana), tam-
bém conhecida como Pax Augusta, iniciada por Augusto, foi um tempo de paz e
prosperidade, até então, desconhecido e que durou mais de 200 anos.
DICAS
Vero governou, junto a Marco Aurélio, até a sua morte, em 169. Já Cómo-
do (180-192), filho e sucessor de Marco Aurélio, foi um dos piores imperadores
de Roma e morreu ao ser estrangulado por seu parceiro de luta livre, em 192,
terminando a dinastia nerva-antonina e elevando o prefeito Pertinax (que prova-
velmente planejou o assassinato de Cómodo) ao poder.
Caracala governou até 217, quando foi assassinado por seu guarda-costas.
No reinado de Caracala, a cidadania romana foi estendida para todos os homens
livres no Império. Dizia-se que a lei havia sido promulgada como meio de au-
mentar a receita tributária porque, após sua aprovação, haveria mais contribuin-
tes para pagar impostos. A dinastia dos Severos continuou, em grande parte, sob
a orientação e a manipulação de Julia Mesa (conhecida como a “imperatriz”), até
o assassinato de Alexander Severo, em 235, que mergulhou o império no caos
conhecido como “Crise do Terceiro Século” (235-284).
NOTA
A partir dos séculos II e III d.C., o Império Romano iniciou uma forte crise, que levou
à fragmentação de sua parte Ocidental, apesar de o lado Oriental permanecer existindo sob o
nome de Império Bizantino. Essa crise estava relacionada com a instabilidade política e econômi-
ca enfrentada por Roma. Esse processo foi acentuado com os ataques dos germânicos.
161
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
162
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
164
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
165
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
NTE
INTERESSA
O termo “bárbaro” tem origem do grego bárbaros e, na Grécia Antiga, era usa-
do para designar aqueles que não falavam grego e não seguiam os costumes gregos. Em
Roma, para designar os povos germânicos, celtas, gauleses, ibéricos, trácios, ilírios, berberes
e sármatas, entre outros. No início da Idade Moderna, os gregos bizantinos o usavam, de
maneira pejorativa, para identificar os povos turcos. Na China, na Antiguidade, tal nomencla-
tura era utilizada para identificar os povos que viviam além dos limites da civilização chinesa.
166
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
167
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
NOTA
DICAS
168
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
E
IMPORTANT
4.2 FAMÍLIA
Há muito mais fontes históricas sobre as famílias patrícias do que as ple-
beias, porém a estrutura era a mesma em ambas. O pai era o chefe da família e
tomava todas as decisões sobre finanças e criação dos filhos. Os pais tinham con-
trole total sobre os filhos, independentemente de idade ou estado civil, desde o
nascimento até a morte (embora um filho pudesse recorrer à justiça para exigir a
169
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
emancipação de seu pai, se comprovado que seu pai era incompetente ou que cla-
ramente agia contra os interesses do filho). O pai ainda tinha o direito de decidir
se seu filho recém-nascido seria criado ou abandonado.
O parto era feito em casa, com a participação dos escravos da mãe. Os ho-
mens não participaram do parto, embora, às vezes, em lares da elite romana, um
médico fosse chamado para estar disponível em caso de um parto difícil. Depois
que a criança nascia, era limpa e colocada no chão, esperando a decisão do pai, o
qual poderia pegar a criança, significando que ela era aceita na casa, ou se afastar,
rejeitando-a para que fosse retirada da casa e deixada nas ruas. Um pai podia
rejeitar o filho por qualquer motivo e sua vontade não podia ser contestada. É
provável que filhas tenham sido mais rejeitadas do que filhos, uma vez que os
filhos eram obrigados a continuar com o nome da família e a fortuna. Não obs-
tante, os recém-nascidos, de qualquer sexo, podiam ser abandonados por razões
financeiras, especialmente se a família já tinha um ou mais filhos saudáveis. Os
bebês abandonados eram frequentemente resgatados por comerciantes de escra-
vos, que os criavam para vendê-los mais tarde.
NTE
INTERESSA
Havia, pouco afeto, segundo os padrões modernos, entre pais e filhos na Roma Anti-
ga. A mãe ou um parente idoso ficava responsável por criar meninos e meninas, e, durante as refei-
ções, no âmbito doméstico, as crianças podiam se sentar à mesa, mas não participar da conversa.
4.2.1 Mulheres
As mulheres estavam sujeitas à vontade de seus pais durante toda a vida,
mesmo depois do casamento, e não tinham voz ou poder político. As filhas eram
educadas para administrar uma casa e cuidar de seus maridos. Nos estágios fi-
nais da República, embora tenham conquistado alguns direitos, ainda estavam
sob o controle de seus pais e maridos. Mesmo assim, podiam pedir o divórcio,
fazer abortos (com o consentimento do homem), herdar, gerenciar e vender pro-
priedades; já as mulheres mais pobres podiam trabalhar e vender seus produtos.
Elas não tinham direito legal sobre os filhos, que, em caso de divórcio, ficavam
sob a guarda do pai. Quando uma mulher alcançava 15 anos de idade, ou mesmo
antes, o pai arranjava o marido que julgava adequado – na maioria das vezes, o
casamento era realizado com homens mais velhos.
170
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
NTE
INTERESSA
Mulher e sexualidade
Desde o início da república romana, houve uma grande ênfase na virgindade da mulher.
Pudicitia (castidade) era uma deusa da pureza feminina adorada pelas mulheres romanas
e apenas as virgens eram autorizadas a entrar em seu templo. A vida sexual da mulher
começava com a consumação de seu casamento no cubículo do marido ou sala privada.
Nas casas romanas, era comum que homens e mulheres tivessem cada um o seu próprio
cubículo, o que permitia, em tese, terem uma vida sexual independente. Contudo, era
esperado que as mulheres tivessem relações sexuais apenas com seus maridos, embora,
para os homens, fosse comum ter várias parceiras sexuais. Depois do casamento, as mu-
lheres eram vigiadas para se manterem fiéis e castas. A mera possibilidade de adultério, por
parte da mulher, já era motivo suficiente para o divórcio.
4.2.2 Casamento
O casamento entre dois cidadãos romanos era legal apenas de forma con-
sensual, mas, não raro, era imposto. As cerimônias de casamento, geralmente,
aconteciam logo após o nascer do sol, simbolizando a nova vida em que o casal
estava iniciando. A cerimônia exigia dez testemunhas para ser legal e, embora
houvesse um sacerdote, ele não oficiava. A noiva recitava um voto tradicional
e, posteriormente, na festa de casamento, organizava-se um grande banquete. A
noiva, enquanto caminhava, jogava uma moeda dedicada aos espíritos das es-
tradas (uma oferta para dar sorte ao seu futuro caminho no casamento) e dava
duas moedas ao novo marido, uma para homenageá-lo e outra para homenagear
os espíritos da sua casa. Enquanto caminhavam juntos, o noivo distribuía nozes
e doces para a multidão e as pessoas os seguiam (em um ritual semelhante, nos
dias de hoje, ao jogar arroz nos casamentos) até chegarem à casa do noivo.
171
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
172
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
O lar era governado pelo pai, mas era mantido pela mãe em todos os
níveis, e isso incluía torná-lo um refúgio de paz e harmonia. Apesar de todos
os membros da família serem responsáveis por agradar aos deuses e espíritos,
cabia principalmente à mulher zelar para que os espíritos da família fossem res-
peitados. Os espíritos dos ancestrais e parentes eram homenageados durante o
festival da Parentália. Havia também as jubas (espíritos coletivos dos mortos) e
os lêmures (mortos na ira) homenageados e apaziguados no festival dos mortos
comunitário, chamado de Lemúria (origem do termo “lamúria”).
173
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
templo no monte Capitolino. Mais tarde, com a influência dos etruscos, a tríade
mudaria para incluir Júpiter, que continuava sendo o deus supremo, Juno, sua
esposa e irmã, e Minerva, filha de Júpiter.
174
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
175
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
DICAS
O termo latino legio significa “recrutamento”, que, por sua vez, tem origem
em legere (escolhido ou recrutado).
176
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
NTE
INTERESSA
177
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
4.4.2 Estratégias
Os “Comentários” de Júlio César sobre a “Guerra Gálica” descreveram
a importância da logística, da determinação e da confiança na estratégia militar
romana. De modo análogo, Júlio César destacou a inovação, o patriotismo e a
disciplina em seus efeitos positivos no moral das tropas. Além disso, ele ressaltou
o papel fundamental da inteligência para obter informações do inimigo antes da
batalha. Os comandantes podiam manter (como o próprio César) um consilium
ou conselho de guerra com seus oficiais, para apresentar e discutir estratégias de
ataque e utilizar a experiência dos veteranos. Ao longo dos séculos, os romanos
experimentaram vitórias e derrotas, mas é interessante observar que os coman-
dantes, geralmente, não eram responsabilizados e a culpa, invariavelmente, re-
caía sobre os soldados. De qualquer forma, seria uma combinação de todos esses
fatores que garantiria o domínio militar romano por séculos.
Uma das táticas utilizadas pelos legionários era Repellere équites (tática de
repelir cavaleiros), ao formar um quadrado cerrado com escudos combinados
com lanças (Figuras 28). Outra tática era a formação testudo ou da tartaruga, usa-
da principalmente em cercos.
178
TÓPICO 2 — INTRODUÇÃO À ORIGEM DE ROMA
4.4.3 Logística
O exército imperial marchava em uma ordem impecável e o aparato militar
romano incluía cavalaria, arqueiros, auxiliares, artilharia, porta-estandartes, trom-
petistas, servos, mulas de bagagem, ferreiros, engenheiros, topógrafos e construto-
res de estradas. Ao chegar ao seu destino, os romanos construíam um acampamen-
to fortificado e, graças a uma logística eficiente, eram abastecidos sem depender
dos recursos locais. Quando os suprimentos chegavam ao acampamento, eram ar-
mazenados em um celeiro (hórreo), construído sobre palafitas e bem ventilado, para
conservar bens perecíveis. Esses depósitos eram protegidos pelos gatos contra seus
principais inimigos, os ratos – pela mesma razão, os gatos também eram usados
em navios. O emprego de médicos (medici) e assistentes médicos (capsarii), ligados
às unidades militares, foi uma inovação do período imperial. Até mesmo hospitais
(valetudinarium) eram construídos dentro dos campos fortificados.
179
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
queça de que você é apenas um homem. Lembre-se de que um dia você vai mor-
rer”). Do período imperial em diante, apenas os imperadores podiam desfrutar
do “triunfo”, mas, na ocasião, a prática tinha se tornado menos frequente.
NOTA
Como visto, a Civilização Romana durou cerca de mil anos, período em que
Roma, a partir de uma cidade fundada à margem do rio Tibre, na Península Itálica, se tor-
nou a capital de um império de proporções e sofisticação inéditas até então. Os romanos,
como será visto no Tópico 3, deixaram um imenso legado em praticamente todas as áreas
conhecimento, que permanece vivo entre nós e cuja perenidade atestam, de forma inso-
fismável, sua importância cardinal.
181
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
DICAS
Uma sugestão de leitura são os dois volumes do livro História de Roma, pu-
blicado pela Universidade de Coimbra, em Portugal, que pode ser acessada por meio do
Google Books: https://bit.ly/3wi32mZ e https://bit.ly/3tRv86D.
182
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Júlio César, por meio de seus feitos militares, tornou-se ditador e, mais tarde,
imperador.
• A luta dos plebeus terminou com a conquista de direitos antes reservados aos
patrícios.
• No período imperial, Roma alcança sua expansão máxima com a dinastia ner-
va-antonina.
183
AUTOATIVIDADE
1 A adoção de mitos de criação era comum nas sociedades antigas para esta-
belecer uma origem divina, que justificasse não apenas o domínio de uma
elite dominante, mas também o domínio sobre outros povos. Roma não foi
diferente e adotou um mito criador. Analise as sentenças a seguir:
2 Dois políticos romanos, no século II, tentaram realizar uma reforma agrária,
além de outras reformas sociais em benefício dos segmentos mais vulnerá-
veis na sociedade romana. Eles eram tribunos, eleitos pela plebe, e acabaram
sendo vítimas dos senadores insatisfeitos com as medidas propostas. Quem
eram os tribunos romanos proponentes das reformas revolucionárias?
184
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
185
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
186
TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
DICAS
188
TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
NTE
INTERESSA
189
UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
2.5 MEDICINA
Os gregos consideravam a doença um castigo divino, embora, a partir do
século V a.C., tenha sido adotada uma abordagem mais científica e, tanto o diag-
nóstico quanto a cura, se tornaram mais precisos. Os sintomas e sua cura eram cui-
dadosamente observados, testados e registrados. Dieta, estilo de vida e constituição
individual foram todos reconhecidos como fatores importantes para o diagnóstico
da doença. Tratados médicos foram escritos, sendo os mais famosos elaborados por
Hipócrates (V-IV a.C.). Uma melhor compreensão do corpo humano aconteceu a
partir do estudo e da observação de soldados feridos, que mostrou, por exemplo, a
importância de se observar as diferenças entre artérias e veias, embora a dissecção
de seres humanos só tenha ocorrido no período Helenístico (III-II a.C.). Os me-
dicamentos foram aperfeiçoados com ervas, enquanto o aipo era conhecido por
ter propriedades anti-inflamatórias, a clara de ovo por ajudar a cicatrizar feridas
e o ópio por proporcionar alívio da dor ou funcionar como anestésico. Apesar de
a cirurgia ter sido evitada e ainda houvesse muitas explicações absurdas, pelos
padrões modernos, sem mencionar uma forte conexão com a religião, os médicos
gregos contribuíram, consideravelmente, para o avanço da medicina.
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TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
reuniam em todo o mundo grego para realizar grandes feitos esportivos e ganhar
favores dos deuses. As últimas Olimpíadas antigas ocorreram, em 393 d.C., após
293 olimpíadas consecutivas.
2.7 FILOSOFIA
Os grandes pensadores gregos abordaram questões que intrigavam os se-
res humanos. Figuras como Sócrates, Platão e Aristóteles, nos séculos V-IV a.C.,
questionaram e debateram, incessantemente, de onde viemos, como evoluímos,
para onde iríamos e se deveríamos nos preocupar com essas questões. Por exem-
plo, no século VI a.C., Anaximandro sugere que o universo é eterno e infinito e a
origem de todas as coisas finitas.
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NTE
INTERESSA
2.9 TEATRO
Em Atenas, no século VI, os gregos inventam a performance teatral. As
tragédias gregas tinham origem no recital de poemas épicos ambientados em mú-
sicas ou rituais que envolviam música, dança e máscaras em homenagem a Dioní-
sio, o deus do vinho. Essas tragédias, populares e gratuitas, foram apresentadas,
inicialmente, em festivais religiosos e interpretadas por atores profissionais em
teatros ao ar livre. As peças clássicas não eram apenas um passatempo fugaz, mas
eram parte essencial da educação do ateniense.
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NTE
INTERESSA
Foi na Grécia que surgiu a dramaturgia com Téspis, que também representou,
pela primeira vez, o deus Dionísio, criando o ofício de ator. Também na Grécia antiga sur-
giram dois gêneros do teatro: a tragédia e a comédia. Nas tragédias gregas, os temas eram
ligados às leis, à justiça e ao destino. Nesse gênero, eram contadas histórias que quase
sempre terminavam com a morte do herói. Os autores de tragédia grega mais famosos fo-
ram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Ao contrário da tragédia, na comédia grega as histórias
visavam o riso do espectador, eram formas engraçadas de perceber a vida chamadas sáti-
ras. Um grande autor de comédia grega foi Aristófanes. Todos esses autores influenciaram
muito o teatro que veio depois e suas peças são encenadas até hoje.
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TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
3.1 O LATIM
O latim, idioma da Roma antiga, permanece, em uso, na Idade Média,
pela Igreja Católica Romana, como latim eclesiástico e o latim vulgar, enquanto a
língua comum, dá origem as línguas românicas (principalmente italiano, francês,
espanhol, português e romeno).
NOTA
O latim é uma língua clássica pertencente ao ramo itálico das línguas indo-
-europeias. Era originalmente falado na área ao redor de Roma, na região central da atual
Itália (como demonstrado na figura a seguir), conhecida como Latium. Como resultado da
expansão inicial da República Romana, tornou-se a língua dominante na península italiana
e, posteriormente, em todo o Império Romano ocidental.
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UNIDADE 3 — GRÉCIA E ROMA
3.2 GOVERNANÇA
Uma das mais importantes contribuições romanas para a organização po-
lítica dos estados foi a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judi-
ciário, bem como a harmonia existente entre eles. No ramo Executivo de Roma,
durante a República, os responsáveis eram os cônsules, no Legislativo, as assem-
bleias e, no Senado Romano e juízes, o Judiciário. Embora Atenas, na Grécia, seja
o berço da democracia, foi em Roma que esse conceito se desenvolveu. O modelo
de governo e o conceito de república democrática e representativa seriam adota-
dos por quase todos os Estados modernos.
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TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
3.5 RELIGIÃO
As crenças e rituais religiosos romanos também influenciaram o desen-
volvimento posterior do cristianismo. Constantino, o Grande ditou o Credo Ni-
ceno fundamental em 325, que foi adotado pela Igreja Católica e, às vezes, de
forma modificada, por igrejas protestantes posteriores. Os conceitos do sacerdote
servindo a divindade pessoalmente, de transformação através do ritual, nomea-
ção de sacerdotes por uma junta (collegia), um sumo pontífice e padres menores,
recitação de um ritual religioso em latim e o uso de incenso em culto de adoração
era todas as tradições romanas adotadas pela Igreja, naturalmente, já que o cris-
tianismo foi oficialmente adotado e promovido pelos romanos.
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UNI
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TÓPICO 3 — LEGADO DAS CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
NTE
INTERESSA
O autor Martin Gardiner Bernal foi Professor Emérito de Estudos do Oriente Pró-
ximo na Universidade de Cornell, New York, Estados Unidos. Além de fluência em francês e
chinês, ele conhecia o grego, hebraico, árabe, latim, italiano, alemão, japonês, vietnamita, chi-
chewa (falado na África meridional) e várias línguas do Oriente Próximo. Martin Gardiner Ber-
nal, sinologista, historiador e cientista político, nasceu em 10/3/1937 e morreu em 9/6/2013.
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LEITURA COMPLEMENTAR
A. K. Jayesh
Quatro anos depois, Bernal lançou um segundo volume, dessa vez, para pro-
var a origem, no Oriente Próximo, da civilização ocidental. Essa nova abordagem ela-
borada por meio de plausibilidades, em vez de provas, baseava-se, ao contrário do
prometido, em evidências arqueológicas e documentais, uma análise de mitos, lendas
e rituais, ou através de estudos etimológicos. O livro, assim, exigia uma revisão radical
das cronologias aceitas, para o segundo milênio, da chamada era cristã, no Egito e no
Mar Egeu. O problema, porém, era que os argumentos e as evidências utilizadas para
tal revisão e a metodologia empregada não conseguiram convencer os especialistas.
Mesmo assim, o livro ganhou o Prêmio A. N. C. Kwanzaa (1991), foi o “Livro do Ano”
no Mainichi Shimbun (2004) e foi traduzido para o francês, italiano e japonês.
201
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Pitágoras (571-497 a.C.) foi o matemático grego mais famoso e criou o teorema
geométrico que ainda leva seu nome.
• Parmênides (530-460 a.C.) afirmava que não se pode confiar nos sentidos, devendo-
-se usar o raciocínio para cortar a névoa da superstição e do mito e usar quaisquer
ferramentas, à nossa disposição, para encontrar as respostas que procuramos.
202
• Estradas, edifícios, arcos e aquedutos romanos ainda existem mais de 2.000
anos depois de terem sido construídos.
CHAMADA
203
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) F – F – F – V.
d) ( ) V – V – F – V.
a) ( ) Tijolo.
b) ( ) Concreto.
c) ( ) Gesso.
d) ( ) Ferro.
3 O legado duradouro dos romanos não deveria ser nenhuma surpresa, pois,
ao longo de um milênio, os romanos se expandiram de sua pequena aldeia
nas margens do rio Tibre para se tornar a cultura dominante na bacia do
Mediterrâneo. No entanto, mais de 1.500 anos após seu colapso, os romanos
continuam a cativar a imaginação pelo valor perene de suas contribuições.
Analise as sentenças a seguir:
204
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
205
REFERÊNCIAS
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Press; 1998.
BAUER, S. W. The History of the Ancient World. New York: W. W. Norton &
Company; 2007.
DURANT, W. The Life of Greece. New York: Simon & Schuster; 2011.
FERGUSON, J. Political and social life in the great age of Athens. London: Ward
Lock Educational; 1978.
GIBBON, E. The History of the Decline and Fall of the Roman Empire. London:
Penguin; 2000.
HILL, D. Ancient Rome: From the Republic to the Empire. Bath: Parragon Books; 2009.
206
LEWIS, J. E. The Mammoth Book of Eyewitness Ancient Rome. Philadelphia:
Running Press; 2003.
207