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LiteraturaNorte-Americana

Prof.a Denise Voltolini

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof.a Ma. Denise Voltolini

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

V938l

Voltolini, Denise

Literatura norte-americana. / Denise Voltolini. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

150 p.; il.

ISBN 978-85-515-0366-9

1. Literatura norte-americana. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo


Da Vinci.

CDD 810.9

Impresso por:
Apresentação
Dear students! Para compreendermos todo o processo e evolução
da literatura americana é necessário compreender a história dos Estados
Unidos primeiramente.

Toda a história americana teve influência na sua literatura, por


conta disso, na Unidade 1, compreenderemos como viviam os primeiros
colonizadores e a formação das treze colônias. Nesta unidade também
entenderemos a divisão dos Estados Unidos entre o Norte e o Sul, a Guerra
Civil e os grandes líderes americanos.

Na Unidade 2 daremos continuidade às escolas literárias, focando no


Romantismo, Transcendentalismo e no Realismo. Desta maneira, entraremos
no mundo dos escritores que mais tiveram evidência neste período.

Na Unidade 3 veremos os autores do Modernismo e Pós-Modernismo


e também quem são os escritores e obras atuais que estão em evidência.

Explore tudo o que oferecemos a você a partir da ferramenta Uni,


das dicas de vídeos, sugestões de leituras e acesse também a trilha de
aprendizagem da disciplina em seu ambiente virtual de aprendizagem
(AVA), que é recheada de informações para que você cresça sempre mais
como profissional da educação.

Esperamos que a partir deste material você possa ampliar o seu


conhecimento acerca da literatura americana, os autores que mais se
destacaram em diferentes períodos e suas influências na evolução da escrita
e evolução da literatura.

Estaremos a sua disposição para auxiliar, sanar dúvidas, discutir e


trocar ideias sobre os temas abordados.

I’m glad to be part of your learning! I hope you love literature as I do.

Prof.ª Ma. Denise

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – THE BEGINNING........................................................................................................... 1

TÓPICO 1 – O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA........................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 3
2 O PERÍODO COLONIAL AMERICANO........................................................................................... 3
2.1 OS PRIMEIROS A CHEGAR NAS AMÉRICAS............................................................................. 4
2.2 AS PRIMEIRAS COLÔNIAS INGLESAS........................................................................................ 4
2.3 A MUDANÇA DE COLÔNIAS À NAÇÃO................................................................................... 6
3 AS 13 COLÔNIAS.................................................................................................................................... 6
3.1 O INÍCIO DA GUERRA..................................................................................................................... 8
3.2 A INDEPENDÊNCIA DAS COLÔNIAS......................................................................................... 9
3.3 A CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS............................................................................. 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 15

TÓPICO 2 – OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO......................................................................... 17


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 17
2 RESPONSÁVEIS POR UMA NAÇÃO.............................................................................................. 17
2.1 ANNE HUTCHINSON.................................................................................................................... 17
2.2 BENJAMIN FRANKLIN.................................................................................................................. 18
2.3 GEORGE WASHINGTON............................................................................................................... 20
3 A GUERRA CIVIL................................................................................................................................. 20
3.1 O NORTE E O SUL........................................................................................................................... 21
3.2 OS AFRODESCENDENTES APÓS A GUERRA CIVIL............................................................... 23
3.3 AS MULHERES NOS ESTADOS UNIDOS................................................................................... 24
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 26
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 27

TÓPICO 3 – A LITERATURA AMERICANA...................................................................................... 29


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 29
2 O INÍCIO DA LITERATURA AMERICANA................................................................................... 29
2.1 OS ÍNDIOS E SUA LITERATURA.................................................................................................. 30
2.2 OS PRIMEIROS ESCRITOS AMERICANOS................................................................................ 32
3 O ILUMINISMO.................................................................................................................................... 33
3.1 THE AGE OF FAITH........................................................................................................................ 35
3.2 THE AGE OF REASON.................................................................................................................... 37
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 39
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 42
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 43

UNIDADE 2 – PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS.......... 45

TÓPICO 1 – ROMANTISMO................................................................................................................. 47
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 47

VII
2 O PERÍODO ROMÂNTICO E SUA EVOLUÇÃO.......................................................................... 47
3 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO.............................................................. 49
3.1 O ROMANCE.................................................................................................................................... 49
3.2 SIMBOLISMO.................................................................................................................................... 49
3.3 NATUREZA....................................................................................................................................... 49
3.4 INDIVIDUALISMO.......................................................................................................................... 49
3.5 EMOÇÃO........................................................................................................................................... 49
3.6 IMAGINAÇÃO................................................................................................................................. 50
3.7 DEMOCRACIA E LIBERDADE..................................................................................................... 50
4 O ROMANTISMO E SEUS ESCRITORES....................................................................................... 50
4.1 RALPH WALDO EMERSON.......................................................................................................... 50
4.2 HENRY DAVID THOREAU............................................................................................................ 52
4.3 WALT WHITMAN............................................................................................................................ 53
4.4 HERMAN MELVILLE...................................................................................................................... 54
4.5 NATHANIEL HAWTHORNE........................................................................................................ 57
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 62
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 63

TÓPICO 2 – TRANSCENDENTALISMO ........................................................................................... 65


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 65
2 O MOVIMENTO EM TORNO DO TRANSCENDENTALISMO............................................... 65
3 ESCRITORES DO MOVIMENTO TRANSCENDENTALISTA................................................... 67
3.1 MARGARET FULLER...................................................................................................................... 68
3.2 EMILY DICKINSON......................................................................................................................... 69
3.3 CHRISTOPHER PEARSE CRANCH............................................................................................. 72
3.4 WILLIAM ELLERY CHANNING.................................................................................................. 74
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 76
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 77

TÓPICO 3 – REALISMO, NATURALISMO E REGIONALISMO................................................. 79


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 79
2 REALISMO E NATURALISMO......................................................................................................... 79
2.1 REALISMO........................................................................................................................................ 79
2.1.1 Honoré de Balzac..................................................................................................................... 81
2.1.2 Samuel Clemens (Mark Twain)............................................................................................. 81
2.1.3 William Dean Howells............................................................................................................ 83
2.1.4 Rebecca Harding Davis........................................................................................................... 84
3 NATURALISMO.................................................................................................................................... 86
3.1 ÉMILE ZOLA..................................................................................................................................... 87
3.2 THEODORE DREISER .................................................................................................................... 87
3.3 FRANK NORRIS............................................................................................................................... 88
4 REGIONALISMO.................................................................................................................................. 89
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 90
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 93
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 94

UNIDADE 3 – DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO............................................................. 97

TÓPICO 1 – MODERNISMO................................................................................................................. 99
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 99
2 O MOVIMENTO MODERNO.......................................................................................................... 100
2.1 LOST GENERATION..................................................................................................................... 101

VIII
3 AUTORES DA ERA MODERNISTA............................................................................................... 102
3.1 T. S. ELIOT....................................................................................................................................... 102
3.2 EZRA POUND................................................................................................................................ 104
3.3 F. SCOTT FITZGERALD................................................................................................................ 105
3.4 WILLIAM CARLOS WILLIAMS.................................................................................................. 106
3.5 ERNEST HEMINGWAY................................................................................................................. 107
3.6 GERTRUDE STEIN......................................................................................................................... 107
3.7 JAMES JOYCE................................................................................................................................. 108
3.8 VIRGINIA WOOLF........................................................................................................................ 111
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 112
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 113

TÓPICO 2 – PÓS-MODERNISMO..................................................................................................... 115


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 115
2 O PÓS-MODERNISMO E SEUS AUTORES................................................................................. 117
2.1 JOHN HERSEY................................................................................................................................ 118
2.2 LAWRENCE FERLINGHETTI...................................................................................................... 119
2.3 THEODORE ROETHKE................................................................................................................ 120
2.4 ROBERT HAYDEN......................................................................................................................... 122
2.5 JAMES BALDWIN.......................................................................................................................... 123
2.6 MARTIN LUTHER KING JR......................................................................................................... 124
2.7 ARTHUR MILLER.......................................................................................................................... 126
2.8 JULIA ALVAREZ............................................................................................................................. 127
2.9 ANNA QUINDLEN....................................................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 130
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 132

TÓPICO 3 – LITERATURAS E ESCRITORES DA ATUALIDADE.............................................. 133


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 133
2 A ESCRITA NA ATUALIDADE........................................................................................................ 133
2.1 AUTORES E GÊNEROS QUE SE DESTACAM NA ATUALIDADE....................................... 134
2.1.1 George R. R. Martin............................................................................................................... 134
2.1.2 Veronica Roth ........................................................................................................................ 135
2.1.3 James Patterson...................................................................................................................... 136
2.1.4 John Green.............................................................................................................................. 137
2.1.5 Danielle Steel.......................................................................................................................... 138
2.1.6 Jeff Kinney.............................................................................................................................. 139
2.1.7 Rick Riordan........................................................................................................................... 140
2.1.8 Dan Brown.............................................................................................................................. 141
2.1.9 Gillian Flynn........................................................................................................................... 142
2.1.10 Suzanne Collins.................................................................................................................... 143
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 144
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 147
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 148

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 149

IX
X
UNIDADE 1

THE BEGINNING

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer o processo de colonização dos Estados Unidos;

• entender o motivo que buscou os americanos a declararem a independência


da Inglaterra;

• compreender a importância das treze colônias para a independência


americana;

• entender a separação dos Estados Unidos entre o Sul e o Norte;

• conhecer os primeiros escritores dos Estados Unidos e suas influências


para a literatura americana;

• identificar os primeiros escritores americanos;

• compreender a influência dos Native Americans na produção textual;

• entender a era do Iluminismo, os principais autores e as diferenças entre


Age of Faith e Age of Reason.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

TÓPICO 2 – OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO

TÓPICO 3 – A LITERATURA AMERICANA

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

1 INTRODUÇÃO
A literatura de um país ou local está totalmente ligada à sua história. É por
isso que antes de navegarmos pela rica literatura norte-americana, precisamos
voltar ao início, onde tudo começou.

Além disso, você, como professor de língua inglesa, precisa ter


conhecimento de história de países falantes do inglês, bem como o surgimento e
a evolução da língua.

Aprender uma língua estrangeira vai muito além de gramática ou


linguagem. A cultura e costumes são importantes tanto para aquele que ensina a
língua quanto para aquele que aprende.

Se algum aluno lhe questionar por que a bandeira americana tem treze
listras ou por que são cinquenta estrelas, você saberia responder? É interessante
que o professor de língua inglesa também trabalhe um pouco de Social Studies
nas suas aulas, por exemplo.

Que tal, quando você trabalhar interpretação de texto, usar materiais que
também trabalhem a história e cultura americana? Dessa maneira as suas aulas
serão mais ricas e você envolverá os alunos cada vez mais com a língua inglesa.

2 O PERÍODO COLONIAL AMERICANO


Muito antes da descoberta das américas, já havia habitantes por aquelas
terras. Mas você sabe quem foram os primeiros povos a ocupar a América?

Talvez você já tenha ouvido falar dos Native Americans quando realizou
alguma leitura sobre Thanksgiving. Essa nomenclatura é utilizada para se referir
aos primeiros habitantes americanos.

Ainda há muitos Native Americans nos Estados Unidos. Alguns moram


em reservas destinadas somente a eles. Outros moram em pequenas vilas e
cidades. Alguns Native Americans ainda sabem falar a língua da sua tribo.

3
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

2.1 OS PRIMEIROS A CHEGAR NAS AMÉRICAS


Durante a Era do Gelo, muitos caçadores foram da Ásia para as Américas
atrás de suas presas. Mas como eles chegaram lá?

O clima naquela época era muito mais frio que nos dias atuais e ainda
havia um pedaço de terra, ou gelo, que conectava o continente americano e
asiático. Observe o mapa:

FIGURA 1 – ICE AGE MAP

FONTE: <http://twixar.me/4Vj1>. Acesso em: 25 abr. 2019.

Acredita-se que os caçadores migraram até os Estados Unidos na era do


Gelo atrás de comida. Eles caçavam mamutes, cavalos, caribus (um tipo de rena
grande) e bisões.

Essa migração demorou muitos anos para acontecer. No início, essas


tribos mudavam de lugares rapidamente, pois não sabiam plantar, apenas caçar.
Com o passar do tempo, isso mudou.

Havia várias tribos espalhadas pelos Estados Unidos quando os primeiros


europeus chegaram. Naquela época, os europeus chamavam essas tribos de
Indians. Hoje, elas são chamadas de Native Americans, pois foram as primeiras
pessoas a se estabelecerem na América.

2.2 AS PRIMEIRAS COLÔNIAS INGLESAS


No final do século XVI e início do século XVII, as colônias britânicas
se estabeleceram na América do Norte. A primeira colônia foi estabelecida na
Carolina do Norte, em torno de 1587, entretanto, a colônia desapareceu depois de
alguns anos. Uma colônia permanente se estabeleceu na Virgínia, em 1607.

4
TÓPICO 1 | O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

A colônia era liderada pelo capitão John Smith e os colonizadores não se


deram muito bem com os Native Americans. Isso porque John Smith contou uma
história aos colonizadores de que tinha sido capturado pelo chefe dos Native
Americans e que apenas sobreviveu porque a filha do chefe, Pocahontas, salvou
a sua vida. Ninguém sabe se a história é verdadeira, mas Pocahontas realmente
existiu. Anos mais tarde, ela se casou com um inglês e se mudou para Londres.

Dois eventos marcantes aconteceram nessa colônia na Virgínia. Primeiro,


eles se reuniram e criaram um comitê responsável pela colônia e estabeleceram
algumas regras. Outro evento ocorrido foi a chegada do primeiro navio com
escravos vindos da África.

A segunda colônia inglesa foi fundada em Massachusetts. Os Pilgrims,


como eram chamados os colonizadores ingleses, formaram essa colônia. Eles
queriam liberdade para seguir a sua própria religião e isso não acontecia na
Inglaterra. Por isso, viajaram até a América.

No outono de 1620, os Pilgrims navegaram da Inglaterra até os Estados


Unidos em um navio pequeno, mas muito mencionado nos livros de história,
chamado Mayflower.

FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DO NAVIO MAYFLOWER

FONTE: <https://www.mercurynews.com/wp-content/uploads/2018/11/mayflower.jpg?w=527>.
Acesso em: 1 mar. 2019.

A princípio, o plano era navegar até a foz do rio Hudson, mas chegaram
em Cape Cod, em Massachusetts. A colônia estabelecida por eles se chamava
Plymouth Colony e, antes mesmo de descerem do navio, fizeram um acordo, que
foi chamado Mayflower Compact.

5
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

O acordo dizia que a colônia viveria sob um governo e que eles criariam e
obedeceriam às próprias leis. Entretanto, no início, não foram as leis o problema.
A colônia enfrentou um inverno rigoroso e muitos pilgrims morreram.

Ao chegar a primavera, os pilgrims trabalharam duro. Uma tribo amigável


e vizinha ajudou os colonizadores a plantarem milho, a pescar e fazer o seu maple
syrup. Finalmente, os pilgrims conseguiram ter uma ótima colheita no outono.
Por isso, na primeira colheita de 1621, eles fizeram uma celebração.

Os pilgrims convidaram a tribo que lhes ajudou e, desde então, a colheita


é celebrada na quarta quinta-feira do mês de novembro. Essa comemoração é
conhecida como Thanskgiving ou Dia de Ação de Graças.

FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DO PRIMEIRO THANKSGIVING ENTRE PILGRIMS


E NATIVE AMERICANS

FONTE: <https://thumbs-prod.si-cdn.com/fHxdtgWzjcP6ha4gsvvIWMQD3mc=/800x600/filters:no_
upscale()/https://public-media.si-cdn.com/filer/Ask-an-Expert-First-Thanksgiving-631.jpg>.
Acesso em: 1 mar. 2019.

2.3 A MUDANÇA DE COLÔNIAS À NAÇÃO


Após conseguirem se tornar independentes e criarem as suas próprias
regras, as colônias cresceram e estavam cada vez mais perto de se tornarem o que
são hoje: uma nação.

Para compreendermos melhor esse processo, veremos agora como as


treze colônias formadas no início da colonização nos Estados Unidos foram
fundamentais para a formação do país.

3 AS 13 COLÔNIAS
Já vimos que Jamestown e Plymouth foram as primeiras colônias
permanentes no norte dos Estados Unidos. Nos cem anos seguintes, a Inglaterra
ainda estabilizou mais colônias ao longo da costa do Atlântico. Ao final do século
dezoito, havia treze colônias na América do Norte.
6
TÓPICO 1 | O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

As treze colônias são divididas em três grupos: New England Colonies,


Middle Colonies e Southern Colonies.

FIGURA 4 – AS TREZE COLÔNIAS

FONTE: <https://d2jmvrsizmvf4x.cloudfront.net/i1FHVkKHRAypIJV0FsA2_13_colonies_divided_
new_england_middle_and_south_colonies.jpg>. Acesso em: 28 maio 2019.

As New England Colonies eram quatro colônias: Massachusetts, Rhode


Island, Connecticut e New Hampshire. O estado de Maine já foi parte da colônia
de Massachusetts. Nesta parte da América, o plantio era difícil, já que as terras
eram muito rochosas, entretanto, a pesca era abundante. Muitos colonizadores se
tornaram pescadores. As florestas também eram uma excelente fonte de madeira.
O forte das New England Colonies consistia de peixes e madeira.

As quatro colônias que faziam parte das Middle Colonies eram New
York, New Jersey, Pennsylvania e Delaware. A parte onde Vermont está hoje
também fazia parte de New York. A agricultura era forte nas Middle Colonies,
principalmente o cultivo de trigo.

E para completar as treze colônias havia o grupo das Southern Colonies,


formado pela Virgínia, Maryland, North Carolina, South Carolina e Georgia. A
agricultura também era forte na região e seus principais produtos eram o tabaco,
arroz e algodão. Como as terras dessa região eram muito grandes, os colonizadores
começaram a comprar escravos da África para trabalharem em suas terras.

7
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

Até aquele momento ainda era o rei da Inglaterra que mandava nas treze
colônias, mas cada colônia ainda tinha suas próprias regras e leis.

3.1 O INÍCIO DA GUERRA


Aos poucos, os colonizadores deixaram de gostar do governo do rei da
Inglaterra e, após a Proclamação de 1763, a relação entre a coroa e as colônias
piorou ainda mais.

Nesta proclamação, o rei da Inglaterra decretou que as terras a oeste das


montanhas de Appalachian pertenciam aos Native Americans. Segundo o rei, os
colonizadores não poderiam se instalar naquelas terras. Muitos não deram ouvido
ao novo decreto e permaneceram nas terras mesmo assim. A segunda razão para
que os colonizadores estivessem insatisfeitos com o rei era o Stamp Act.

Alguns anos antes, entre 1754 e 1760, os franceses e ingleses se envolveram


em diversas guerras ao redor do mundo, onde os dois tinham colônias. A guerra na
América do Norte foi chamada The French and Indian War. A disputa, nesta ocasião,
foram as terras das montanhas Appalachian. Os franceses se entregaram em 1760.

NOTA

O Stamp Act determinava que os colonizadores ajudassem a pagar pelos custos


da guerra e a manter os soldados ingleses, já que eles protegeram a colônia.

Com o Stamp Act, várias leis foram criadas e uma delas foi que todos os
jornais e certidões de nascimentos deveriam ser impressos em um stamped paper,
ou papel timbrado (por isso o nome Stamp Act). Os colonizadores pagavam taxas
para adquirir esse papel e isso não deixou muitos deles satisfeitos.

Os colonizadores solicitaram ao parlamento e ao rei para pararem


com o Stamp Act. Segundo eles, não era justo pagar taxas sem terem nenhum
representante no parlamento inglês. Os colonizadores queriam que representantes
deles também tivessem direito ao voto. Finalmente, o Stamp Act foi revogado,
entretanto o rei e os parlamentares continuaram fazendo os colonizadores
pagarem outros tipos de taxas e não concordaram que estes pudessem ter
representatividade no parlamento.

8
TÓPICO 1 | O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

3.2 A INDEPENDÊNCIA DAS COLÔNIAS


Muitos colonizadores estavam insatisfeitos com as regras britânicas
e começaram a pensar que as treze colônias deveriam ser independentes da
Inglaterra, pois assim ficariam livres das regras britânicas.

Em 1774, na Filadélfia, aconteceu o First Continental Congress. As colônias


se encontraram para tomarem algumas decisões sobre a sua ligação e lealdade à
Inglaterra, ao rei e ao parlamento. Neste encontro ficou decidido que as treze colônias:

• Não obedeceriam ao Intolerable Acts. Esse ato condenava as pessoas que


participaram do Boston Tea Party, um protesto realizado contra as taxas sob a
importação de chás da Inglaterra.
• Solicitariam ao parlamento mais liberdade para se autogovernarem.
• Não comprariam ou venderiam nada para a Inglaterra.
• Lutariam contra a Inglaterra se fosse necessário.

O rei da Inglaterra, que naquele tempo era George III, ficou enfurecido
com as treze colônias. Ele acreditava que as colônias estavam em rebelião e
decidiu que não daria mais liberdade para eles. Ao invés disso, solicitou que os
soldados britânicos, que estavam na América do Norte, parassem com a rebelião.
E que se fosse necessário, podiam usar a força.

Assim, na primavera de 1775, a guerra da independência começou.


Os soldados britânicos achavam que pegariam os colonizadores de surpresa,
entretanto, eles tinham suplementos para a guerra e estavam prontos. Nesta
batalha inicial, em torno de 100 americanos foram mortos ou feridos, assim como
250 soldados britânicos também morreram ou se feriram.

Após essa batalha inicial, o Second Continental Congress aconteceu.


Nesse encontro das treze colônias, George Washington se tornou o chefe das
tropas das colônias.

Muitas batalhas ocorreram entre americanos e britânicos. Em junho de


1776, as treze colônias decidiram que se tornariam independentes da Inglaterra.
Eles pediram a um membro do conselho, Thomas Jefferson, para escrever uma
declaração citando os motivos pelos quais eles estavam se tornando independentes.

Thomas Jefferson então escreveu a Declaração da Independência e ela


foi aceita pelas treze colônias no dia 4 de julho de 1776. É por isso que o dia
da independência nos Estados Unidos, até hoje, é celebrado no dia 4 de julho, o
famoso “fourth of July”.

9
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

FIGURA 5 – THE DECLARATION OF INDEPENDENCE

FONTE: <http://www.historytube.org/2013/07/thomas-jefferson-on-the-fourth-of-july/
declaration-of-independence-broadside-1776-jamestown-yorktown-foundation-3/>.
Acesso em: 29 maio 2019.

A Declaração da Independência Americana foi dividida em três partes. A


primeira falava que o governo adquire o seu poder por meio daqueles que são
governados, ou seja, o povo. A segunda parte continha uma lista dos motivos que
levaram os colonos a desejarem se separar da Inglaterra. A última parte falava
como os colonizadores pediram para o governo inglês parar de fazer coisas que
eles achavam injustas, como taxas e outras atitudes que não agradaram. Por conta
de tudo isso, os representantes dos Estados Unidos da América se declararam
independentes da Inglaterra.

As treze colônias foram muito importantes para a formação dos Estados


Unidos e elas são lembradas até hoje, principalmente no dia de Ação de Graças,
mas também no dia a dia por meio da bandeira americana.

10
TÓPICO 1 | O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

Aliás, no início deste tópico, falamos sobre a importância de o professor de


inglês saber um pouco da história e origem dos países falantes da língua inglesa.
Agora você tem um grande conhecimento sobre os E.U.A. Você já consegue saber
o significado da bandeira americana? Vamos lá!

FIGURA 6 – BANDEIRA DOS ESTADOS UNIDOS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Flag_of_the_United_States>. Acesso em: 29 maio 2019.

Como você pode observar, há 13 listras horizontais na bandeira americana.


Você já deve imaginar o motivo de serem TREZE listras, certo? Isso mesmo, as
listras representam as treze colônias. Há também 50 estrelas que representam
os cinquenta estados que compõem o país. A cor vermelha simboliza o valor e a
resistência. A cor branca, pureza. A cor azul simboliza a justiça e a perseverança.

DICAS

A bandeira americana já passou por muitas mudanças até chegar na bandeira


atual. Que conhecer todas elas? Acesse: https://www.allstarflags.com/facts/american-flag-history/.

3.3 A CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS


A Constituição Americana e a Declaração da Independência são os dois
documentos mais importantes da história dos Estados Unidos. Nós já aprendemos
sobre a Declaração da Independência, agora vamos entender um pouco sobre a
Constituição dos Estados Unidos.

A constituição nada mais é do que um plano de governo. Quando as


treze colônias se formaram, cada uma tinha o seu próprio governo. Estes treze
governos trabalharam juntos sob um plano chamado Articles of Confederation.

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UNIDADE 1 | THE BEGINNING

Passados muitos anos, as pessoas que faziam parte das treze colônias decidiram
que os Articles of Confederation precisavam de mudanças. Os representantes das
colônias se reuniram na Filadélfia, em 1787, para realizar as mudanças, entretanto,
escreveram um novo plano de governo, e este plano de governo era a Constituição.
Esse encontro ficou conhecido como a Convenção Constitucional.

A constituição inicia com o seguinte dizer:

FIGURA 7 – THE PREAMBLE

FONTE: <https://slideplayer.com/slide/9249282/>. Acesso em: 17 jun. 2019.

A intenção deste preâmbulo era definir os objetivos da constituição. O


restante da constituição mostra como esses objetivos seriam conquistados.

A constituição americana está dividida em três partes. A primeira


mostra como o governo está organizado em três ramos: Legislativo, Executivo e
Judiciário. A segunda parte é conhecida como o Bill of Rights. São dez emendas
escritas em 1789 e adicionadas à constituição em 1791. Essas emendas descrevem
os direitos que os cidadãos americanos dos Estados Unidos têm. A terceira parte
da constituição fala das emendas criadas após o Bill of Rights.

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TÓPICO 1 | O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

FIGURA 8 – BILL OF RIGHTS

FONTE: <https://www.allposters.com/-sp/Bill-of-Rights-U-S-A-Posters_i10717321_.htm>.
Acesso em: 17 jun. 2019.

O Bill of rights descreve alguns direitos que cada americano tem. O


documento afirma que cada um pode seguir a religião que quiser, que eles
podem falar livremente ou que o governo não pode impedir jornais e revistas de
publicarem coisas que não são aceitas pelo governo.

DICAS

Quer detalhes do que cada emenda do Bill of Rights significa? Acesse https://
www.suapesquisa.com/historia/bill_of_rights.htm.

São dez emendas pertencentes ao Bill of Rights. Há mais 17 emendas


aprovadas após o Bill of Rights. Para se ter ideia, a 11ª emenda foi aprovada em
1798, enquanto a última, a 27ª, foi aprovada em 1992.

A constituição é um documento muito importante, que também serviu de


modelo para a constituição de outras nações.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Native Americans é a nomenclatura utilizada para se referir aos primeiros


habitantes americanos.

• No final do século XVI e início do século XVII, as colônias britânicas se


estabeleceram na América do Norte.

• No outono de 1620, os pilgrims navegaram da Inglaterra até os Estados


Unidos em um navio pequeno, mas muito mencionado nos livros de história:
o Mayflower.

• Os pilgrims convidaram a tribo que lhes ajudou na colonização e, desde


então, a colheita é celebrada na quarta quinta-feira do mês de novembro. Essa
comemoração é conhecida como Thanskgiving ou Dia de Ação de Graças.

• As treze colônias, que se formaram no início da colonização americana,


são divididas em três grupos: New England Colonies, Middle Colonies e
Southern Colonies.

• Aos poucos, os colonizadores deixaram de gostar do governo do rei da


Inglaterra e queriam ser independentes.

• O Stamp Act determinava que os colonizadores ajudassem a pagar pelos custos


da guerra e a manter os soldados ingleses, já que eles protegeram a colônia.

• Na primavera de 1775, a guerra da independência começou.

• Thomas Jefferson escreveu a Declaração da Independência e ela foi aceita pelas


treze colônias no dia 4 de julho de 1776.

• A Declaração da Independência Americana foi dividida em três partes.

• A Constituição Americana e a Declaração da Independência são os dois


documentos mais importantes da história dos Estados Unidos.

• A constituição americana está dividida em três partes. A primeira mostra como


o governo está organizado em três ramos: Legislativo, Executivo e Judiciário. A
segunda parte é conhecida como o Bill of Rights. São dez emendas escritas em
1789 e adicionadas à constituição em 1791.

• O Bill of rights descreve alguns direitos que cada americano tem.

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AUTOATIVIDADE

1 Você já sabe como e quando aconteceu a colonização americana, bem como os


documentos importantes pertencentes aos Estados Unidos. De acordo com o
que você aprendeu até aqui, complete com as informações que estão faltando:

a) O documento que diz como os Estados Unidos é governado se chama


_________________.
b) A Constituição foi escrita __________ anos depois da Declaração da
Independência.
c) As emendas de 1 a 10 também são chamadas de __________________.

2 Relacione o vocabulário a seguir com o seu significado:

a) Allow
b) Import
c) Pass a law
d) Repeal a law
e) Representative
f) Taxes

( ) To cancel or do away with a law.


( ) To let someone do something.
( ) Money that has to be paid a government.
( ) To bring products into a country in order to sell them.
( ) A person who is chosen to help decide about laws for a group of people,
state or country.
( ) To make or enact a law.

3 Answer the questions according of what you have learned:

a) When was the Proclamation of Independence written?


b) There was a law that said that all written materials, such as newspaper or birth
certificates must be printed on a stamped paper. What was the name of this law?
c) A new tax, on the tea, was created by England. It made all colonists protest.
How was this protest known?

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UNIDADE 1
TÓPICO 2

OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Por trás de toda revolução há grandes responsáveis. Da colonização à
formação de um país, os Estados Unidos tiveram grandes personalidades que
foram fundamentais para que o país pudesse chegar onde chegou.

Neste tópico, abordaremos alguns destes nomes para que você conheça
quem são eles. Nossa disciplina de Literatura Norte-americana exige que você
conheça um pouco da história do país para poder mergulhar nas profundezas da
nossa literatura, que é muito rica.

Vamos lá? Você tem muito a aprender.

2 RESPONSÁVEIS POR UMA NAÇÃO


Há muitas pessoas importantes na formação da nação americana, mas
a partir deste tópico, conforme mencionado anteriormente, mencionaremos
algumas delas. Você conhecerá um pouco da vida da puritana e religiosa Anne
Hutchinson, do líder Benjamin Franklin e do importantíssimo George Washington.

Está pronto para adentrar um pouco mais a fundo na história dos estados
Unidos? Então embarque conosco nesta jornada.

2.1 ANNE HUTCHINSON


Anne Hutchinson foi uma colonizadora que fez parte da colônia em
Massachusetts. As pessoas que faziam parte dessa colônia queriam liberdade
para seguir a sua própria religião. Essas pessoas eram chamadas de puritanas.

Anne gostava muito de falar sobre religião. Ela era muito inteligente e
acreditava que cada pessoa deveria ser livre para escolher a sua própria religião
e crença. Ela teve muitos problemas com os líderes da região por causa das suas
ideais, pois eles não queriam que as pessoas tivessem ideias diferentes das suas.

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UNIDADE 1 | THE BEGINNING

FIGURA 9 – ANNE HUTCHINSON

FONTE: <https://litushistory.weebly.com/114a.html>. Acesso em: 2 jul. 2019.

Anne foi expulsa da colônia onde vivia e, anos depois, foi morta em um
ataque de índios. Mas o pensamento de Anne logo se espalhou pela nação. Os
Estados Unidos são um país livre e cada cidadão pode escolher no que ou em
quem quer acreditar.

2.2 BENJAMIN FRANKLIN


Benjamin Franklin foi um dos mais importantes na história
americana. Durante a guerra francesa e com os índios, ele estava presente na
representatividade inglesa da colônia. Ele foi uma figura importante que fez os
ingleses compreenderem os problemas das colônias.

Nascido em Boston, em 1706, ele foi para a escola por apenas dois anos.
Depois, foi trabalhar com o seu pai, fazendo sabonetes e velas. Ele aprendeu
sozinho matemática, ciências além de francês, alemão, espanhol, italiano e latim,
mostrando-se assim uma pessoa muito inteligente.

Benjamin se tornou um grande escritor, inventor e cientista na época


colonial americana. Ele publicou no jornal um artigo que falava sobre maneiras
diferentes de tornar a Filadélfia um lugar melhor para viver e trabalhar.

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TÓPICO 2 | OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO

Além de escritor, se tornou um grande cientista. Ele realizou diversas


experiências e inventou muitas coisas. As suas invenções mais conhecidas são o
para-raios e o fogão que servia para aquecer casas.

Em 1757, Benjamin Franklin foi à Inglaterra como representante das


colônias. Ele ficou por lá durante 18 anos. Conseguiu convencer o parlamento inglês
a cancelar algumas taxas que eram cobradas da colônia. Ele também fez parte do
Second Continental Congress e ajudou a planejar a Declaração da Independência.

FIGURA 10 – BENJAMIN FRANKLIN

FONTE: <https://www.ebiografia.com/benjamin_franklin/>. Acesso em: 2 jul. 2019.

Os americanos consideram Benjamin Franklin muito importante para a


história deles, isso porque o consideram um excelente cientista, provando para
pessoas de outros países que eles também podiam ter um grande cientista. Ele
também fez parte dos dois documentos mais importantes da história americana:
a Declaração da Independência e a Constituição.

DICAS

Para saber mais sobre a biografia de Benjamin Franklin, acesso o link a seguir:
https://www.ebiografia.com/benjamin_franklin/.

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UNIDADE 1 | THE BEGINNING

2.3 GEORGE WASHINGTON


George Washington nasceu em 1732. Embora sua família fosse muito bem
desenvolvida financeiramente, eles trabalhavam bastante em suas terras. Além
de ir para a escola, George também era ensinado por seus pais e seu meio-irmão.
Em 1753, se juntou ao exército na Virgínia e lutou tanto na guerra contra a França
quanto na Indian War. Também se tornou líder do exército.

Quando as treze colônias decidiram lutar contra a Inglaterra, escolheram


George Washington para ser seu comandante. Os colonizadores confirmavam
nele e o achavam corajoso e confiável. George foi uma figura muito importante na
independência americana e por isso ele sempre foi lembrando com muito carinho
e respeito pelos americanos.

Quando a constituição foi aprovada, George Washington se tornou o primeiro


presidente dos Estados Unidos. Ele ficou na presidência por oito anos e depois se
aposentou. Morreu em 1799 e, no seu testamento, libertou os seus escravos.

FIGURA 11 – GEORGE WASHINGTON

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/search/george+washington>. Acesso em: 2 jul. 2019.

A capital dos Estados Unidos, Washington, foi fundada em 1800 e o nome


da cidade é uma homenagem ao ex-presidente.

3 A GUERRA CIVIL
Os anos se passaram e os Estados Unidos continuaram a crescer. Ao
mesmo tempo que crescia, ele também se separava. As diferenças entre os estados
do Norte e os estados do Sul eram cada vez mais evidentes.

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TÓPICO 2 | OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO

A maneira de viver, as taxas e até a maneira de votar eram diferentes entre o


Norte e o Sul. Inclusive, o número de representantes no congresso não era o mesmo.

No Sul haviam muitas terras, por isso era necessário um número muito
alto de escravos para trabalhar em todas essas terras. Cotton, tabaco e arroz eram
produzidos em grande escala e vendidos para vários lugares.

Já nos estados do Norte, as fazendas eram pequenas e a produção de


vários produtos era realizada apenas para o que eles precisavam consumir.

O Norte tinha mais fábricas do que o Sul. A maior renda do Norte vinha
da manufatura e produções realizadas em fábricas. Já no Sul, a maior renda
vinha da agricultura.

Os estados do Norte queriam que o governo cobrasse taxas para a matéria-


prima que vinha de fora dos Estados Unidos, já que não achavam justo as pessoas
importarem um produto mais barato, pois assim não haveria uma competição
justa. Já os estados do Sul não queriam que taxas fossem cobradas, já que desta
forma poderiam comprar de outros países sem pagar mais.

Outra grande diferença entre os estados do Norte e do Sul era que a


representatividade no congresso dependia da quantidade de habitantes no
estado. O Sul queria que os escravos contassem como o número total de sua
população, entretanto, não queriam que eles votassem ou participassem de
nenhum tipo de decisão.

Já os habitantes do Norte não queriam que a população de escravos fosse


considerada na contagem de habitantes. Essas diferenças levaram à guerra mais
sangrenta de toda a história dos Estados Unidos.

3.1 O NORTE E O SUL


Em 1860, havia dezoito estados sem escravos e quinze estados com
escravos. Os estados do Norte não tinham mais escravos. A maioria da população
já era contra a escravidão e queria a libertação de todos. Entretanto, os estados
do Sul ainda tinham escravos e, por conta disso, queriam se separar dos Estados
Unidos, já que a maioria dos estados era contra a escravidão.

A maioria dos habitantes do Norte acreditava na liberdade dos escravos e


achava que a escravidão deveria acabar.

Em 1860, Abraham Lincoln ganhou as eleições americanas e a maioria dos


seus votos veio de estados do Norte.

Abraham Lincoln acreditava que não deveria ter mais escravos nos
Estados Unidos. Isso fez com que onze estados abandonassem os Estados Unidos
e criassem o Confederate States of America.

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UNIDADE 1 | THE BEGINNING

FIGURA 12 – OS ESTADOS CONFEDERADOS

FONTE: <https://www.outsidethebeltway.com/memo-to-south-carolina-your-secession-is-
nothing-to-celebrate/>. Acesso em: 20 jun. 2019.

Com essa separação, em 1861 se iniciou a Guerra Civil, que foi uma
guerra entre dois grupos americanos divididos em norte e sul, ou em “a favor da
escravidão” e “contra a escravidão”.

Lincoln dizia que os onze estados confederados ainda faziam parte dos
Estados Unidos e, que ao tentarem abandonar o país, tinham quebrado várias
regras. Os líderes dos Estados Confederados não concordavam com isso.

À direita do mapa, na parte inferior, é possível ver um asterisco vermelho


em For Sumter. Este lugar marcado no estado da Carolina do Sul está destacado
pois simboliza o início da Guerra Civil americana.

Tudo começou quando Lincoln enviou navios com mantimentos para


aquela região e ao chegar lá seus navios foram atacados pelos soldados dos Estados
Confederados. Com isso, o presidente Lincoln enviou mais 75.000 soldados para
a região e a guerra começou.

Os Estados Confederados tinham a sua própria bandeira.

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TÓPICO 2 | OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO

FIGURA 13 – A BANDEIRA DOS ESTADOS CONFEDERADOS

FONTE: <http://autoetecnica.band.uol.com.br/wp-content/uploads/2015/07/maxresdefault-
1024x576.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2019.

Os soldados, no início, eram a maioria brancos. Entretanto, em 1862,


soldados negros reforçaram as tropas do Norte.

Essa guerra é conhecida como uma guerra muito sangrenta, pois muitos
soldados morreram. O Norte perdeu em torno de 365.000 soldados, enquanto o
Sul, 250.000.

A Guerra Civil terminou em 1865, com a vitória do Norte, mas isso não
foi o fim dos problemas de separação do país. O presidente Lincoln queria que
a nação se unisse novamente de maneira rápida, por isso ele queria perdoar o
Sul. Entretanto, no mesmo ano do final da guerra, ele foi assassinado e Andrew
Johnson assumiu a presidência americana.

3.2 OS AFRODESCENDENTES APÓS A GUERRA CIVIL


Após a Guerra Civil, três emendas que fazem menção aos afrodescendentes
foram adicionadas à Constituição Americana. Vamos conhecê-las?

• A 13ª emenda foi o fim da escravidão e a libertação dos escravos. Ficou decidido
que nos Estados Unidos não haveria mais escravidão.
• A 14ª emenda dizia que todos que estavam nos Estados Unidos, inclusive os
ex-escravos, eram cidadãos americanos e tinham os mesmos direitos de todos.
• A 15ª emenda dizia que todos os homens, a partir dos 20 anos, podiam votar,
independentemente da sua raça ou cor, ou porque havia sido escravo.

A reconstrução dos Estados Unidos foi muito difícil, muito mais para o Sul
do que o Norte, isso porque o Sul precisou libertar todos os seus escravos. Também,
por causa da guerra, que na sua maioria aconteceu nos estados do Sul, muitas
cidades, pontes e estradas estavam em ruínas e teriam que ser reconstruídas.

23
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

Muitos escravos, sem ter para onde ir, ficaram nas plantações onde tinham
trabalhado (como escravos), mas agora em um sistema diferente. Os donos da
terra alugavam suas terras aos escravos e, dessa maneira, eles podiam trabalhar
e ter renda própria.

Após a reconstrução do país, os estados do Sul começaram a ganhar força


novamente e muitos direitos dados aos negros foram retirados. O período de
segregação ainda foi longo nos Estados Unidos, quando negros ainda não podiam
estudar com brancos, utilizar os mesmos banheiros ou dividir o banco do ônibus
com os brancos.

3.3 AS MULHERES NOS ESTADOS UNIDOS


Você já deve ter percebido que houve muitas desigualdades na constituição
do país, não é mesmo? Nem todas as conquistas foram conseguidas facilmente.
Assim como os negros não tinham os mesmos direitos dos brancos, as mulheres
americanas também não tinham os mesmos direitos que os homens.

Em 1800, iniciou-se um movimento pela igualdade de homens e mulheres,


e em 1848 o Women’s Rights Convention aconteceu em Nova Iorque. As pessoas
presentes nesse momento escreveram a Declaration of Sentiments, que descrevia
o que as pessoas acreditavam ser correto em relação aos direitos das mulheres.

Uma das primeiras mudanças que aconteceu foi o direito ao voto, já que,
no início, apenas homens podiam votar. Em torno de 1920, na maioria dos estados
americanos, as mulheres podiam votar. Acompanhe no mapa a seguir qual foi o
ano de decisão para a votação das mulheres:

FIGURA 14 – ESTADOS QUE PERMITIAM A VOTAÇÃO DAS MULHERES

FONTE: <https://stimsonclassroom.weebly.com/womens-suffrage-map.html>. Acesso em: 20 jun. 2019.

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TÓPICO 2 | OS GRANDES LÍDERES DA NAÇÃO

Você pode perceber, analisando o mapa apresentado, que os estados do


Sul foram os mais resistentes para permitir que as mulheres pudessem votar.
Com o passar do tempo, esta diferença foi minimizando, mas foram dias de
muitas lutas e reivindicações.

Findamos, assim, mais um tópico. Vamos agora, ao resumo?

25
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Anne Hutchinson foi uma colonizadora que fez parte da colônia em


Massachusetts. Ela era muito inteligente e acreditava que cada pessoa deveria
ser livre para escolher a sua própria religião e crença.

• Benjamin Franklin foi um dos mais importantes na história americana. Durante


a guerra francesa e com os índios, ele estava presente na representatividade
inglesa da colônia.

• Quando as treze colônias decidiram lutar contra a Inglaterra, eles escolheram


George Washington para ser seu comandante. Os colonizadores o achavam
corajoso e confiável. George Washington se tornou o primeiro presidente dos
Estados Unidos.

• Após o crescimento dos Estados Unidos, ocorreu uma divisão entre os estados
do Sul e do Norte. Havia muitas diferenças entre eles e a principal é que o Norte
queria a libertação de todos os escravos, mas o Sul não concordava com isso.

• Além da escravidão havia outras ideias e maneiras de governar que dividiam os


Estados Unidos entre Norte e Sul, como a cobrança de taxas e o estilo de vida.

• Em 1860 havia dezoito estados sem escravos e quinze estados com escravos.
Muitos brancos que viviam no Sul queriam se separar dos Estados Unidos para
se tornarem um outro país.

• Em 1861 se iniciou a Guerra Civil, que foi uma guerra entre dois grupos
americanos divididos em Norte e Sul, ou em “a favor da escravidão” e “contra
a escravidão”.

• A reconstrução dos Estados Unidos foi muito difícil, muito mais para o Sul do
que para o Norte, isso porque o Sul precisou libertar todos os seus escravos.

• Assim como os negros não tinham os mesmos direitos dos brancos, as mulheres
americanas também não tinham os mesmos direitos que os homens.

• Em torno de 1920, na maioria dos estados americanos, as mulheres podiam votar.

• Os estados que vetaram a participação das mulheres na votação são praticamente


os mesmos que não queriam que a escravidão acabasse.

26
AUTOATIVIDADE

1 Sobre a Guerra Civil, complete as frases a seguir:

a) Após a Guerra Civil os escravos estavam ______________.


b) _________________ foi o primeiro presidente americano.
c) Nos estados do Sul, a ________________ fez com que negros não pudessem
estudar junto aos brancos, sentar-se no mesmo banco de ônibus ou
frequentar a mesma escola.
d) A 14ª emenda dizia que todos os americanos tinham os mesmos ___________.

2 Assinale a alternativa correta das perguntas a seguir:

a) Qual era o maior sistema de produção dos Estados do Norte?


( ) Manufatura ( ) Agricultura

b) Qual era o maior sistema de produção dos Estados do Sul?


( ) Manufatura ( ) Agricultura

c) Quais estados faziam parte dos Estados dos Confederados?


( ) Estados do Sul ( ) Estados do Norte

d) Qual parte dos Estados Unidos queria manter a escravidão?


( ) Sul ( ) Norte

3 Sobre a divisão dos Estados Unidos entre os estados do Sul e do Norte,


marque V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

a) ( ) Os estados com mais habitantes tinham mais voz no congresso.


b) ( ) Os estados do Sul queriam que os escravos contassem como habitantes
e que eles pudessem votar.
c) ( ) Os estados do Norte não consideravam escravos como número de
habitantes.
d) ( ) As mulheres sempre tiveram os mesmos direitos que os homens.
e) ( ) As mulheres passaram a lutar por seus direitos e, em torno de 1920,
vários estados permitiram que elas pudessem votar.

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28
UNIDADE 1
TÓPICO 3

A LITERATURA AMERICANA

1 INTRODUÇÃO
Assim como grandes conquistas, os Estados Unidos também se
mostraram uma grande potência quando se trata da literatura. Este é o foco do
nosso material. Assim, a partir de agora, trataremos mais especificamente de
temas relacionados a isso.

Com grandes escritores, o país é uma referência na produção de excelentes


obras até os dias atuais.

Agora que você já conheceu um pouco mais sobre a colonização americana,


entenderá como foi o início da literatura americana.

Está pronto? So, let’s go!

2 O INÍCIO DA LITERATURA AMERICANA


Você já parou para pensar como surgiram os primeiros escritos em uma
cultura tão ampla quanto a americana? Vamos refletir um pouco sobre isso.

Podemos dizer que o início da literatura americana começa com a chegada


dos europeus de língua inglesa no que se tornaria os Estados Unidos. No início,
a literatura americana era naturalmente uma literatura colonial, de autores que
eram ingleses e que pensavam e escreviam como tal.

John Smith, que foi presidente do conselho de Jamestown, é creditado com


o início da literatura americana. Seus principais livros incluíam A True Relation of
Virginia (1608) e The Generall Historie de Virginia, New England e Summer Isles (1624).

Naquela época, o objetivo ao publicar esses livros era justamente contar e


explicar as oportunidades de colonização aos ingleses. Com o tempo, cada colônia
foi similarmente descrita: Breve descrição de Nova York, de Daniel Denton (1670).

É possível encontrar várias obras elogiando a América como uma terra de


promessa econômica. Os livros que falavam especificadamente de uma região,
de certa forma, podem ser considerados uma propaganda, já que enalteciam o
melhor daquelas terras, convidando novos colonizadores para a região.

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UNIDADE 1 | THE BEGINNING

2.1 OS ÍNDIOS E SUA LITERATURA


A literatura nativa americana escrita nos séculos XVIII e XIX é considerada
uma literatura de transição entre a tradição oral, que floresceu antes que os
europeus chegassem ao continente e no início da década de 1960, quando o
renascimento do nativo americano começou.

A literatura do século XIX, de autoria de americanos nativos, foi baseada


em texto e escrita em inglês, o que resultou principalmente do inglês ensinado
nas escolas missionárias. A maioria dos escritores dos séculos XVIII e XIX usou
os gêneros literários comuns, como a autobiografia e o romance.

A escrita dos primeiros indígenas americanos exibiu a luta que eles


experimentaram pelos autores para encontrar sua própria voz dentro da cultura
da América, mas, foi mais tarde, na década de 1960, que a sua escrita começou a
expressar a humilhação sentida pelos povos nativos americanos perante os ingleses.

Esses primeiros escritores foram motivados por sua consciência do poder


da escrita como uma ferramenta, mas levaria muito tempo até que isso superasse
os profundos preconceitos moldados durante os conflitos entre euro-americanos
e nativos nas sangrentas guerras indígenas dos séculos XVIII e XIX.

Os primeiros escritores indígenas tiveram que trabalhar dentro de um


ambiente político que era hostil ao seu sucesso e dentro de uma tradição literária
que tolerou e sentimentalizou a morte dos índios. De alguma forma, eles foram
capazes de envolver seus detratores e criar seus próprios relatos de americanos
nativos que desafiaram as imagens estereotipadas e mostraram que eles não
permaneceriam em silêncio nem iriam desaparecer.

Um dos gêneros primários que os nativos americanos emprestaram dos


escritores da sociedade dominante da época foi a autobiografia, que eles usaram
para abordar suas próprias experiências e preocupações. Essas autobiografias
envolveram, principalmente, experiências relacionadas à conversão ao
Cristianismo e sua educação nas escolas missionárias.

Às vezes, eles adotavam a voz do nativo americano "autêntico", que tinha


o conhecimento das práticas e tradições da tribo, mas, ao mesmo tempo, foram
educados e cristianizados na sociedade dominante.

30
TÓPICO 3 | A LITERATURA AMERICANA

FIGURA 15 – A SON OF THE FOREST

FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51kBjcGMTZL._SX331_
BO1,204,203,200_.jpg>. Acesso em: 7 ago. 2019.

Neste livro, A son of the forest, William Apess descreve sua fuga de uma
infância abusiva ao se converter ao Cristianismo. Embora foi lhe proporcionado
o mesmo acesso à educação religiosa e a igreja dos brancos, Apess ainda sofria
preconceito por causa da sua cor. Nesta obra, ele relata as suas experiências
contínuas de discriminação, vivendo em um mundo branco, lembraram-lhe que
esse ideal era elusivo para ele.

Em suas escritas, o autor rejeita o estereótipo dos índios e faz isso


documentando suas próprias realizações relacionadas às atividades que a
sociedade branca valoriza. Ele também escreveu sobre a importância de manter o
orgulho da identidade indígena.

George Copway escreveu outra importante autobiografia do século XIX,


chamada A Vida, História e Viagens de Kah-ge-ga-Gahbowh, escrita em 1847. Semelhante
a Apess, o texto fala sobre a sua infância e sua eventual conversão ao Cristianismo.

A literatura indígena americana primitiva estava preocupada em tentar


mudar o status político e social de seu povo. Elias Boudinot foi um dos primeiros
escritores nativos a realmente expressar seu conceito de que os índios deveriam
rejeitar sua própria cultura e abraçar a cultura do que ele chamava de Sociedade
Civilizada. Ele acreditava que a aculturação era a única maneira pela qual os
Cherokees poderiam sobreviver.

Elias se tornou um porta-voz da nação Cherokee, falando em todo o país,


divulgando as habilidades e formas civilizadas do povo Cherokee, enquanto
arrecadava dinheiro para construir uma escola e o jornal Cherokee chamado
The Cherokee Fénix.

31
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

A Lei de Remoção do governo dos EUA, de 1830, exigiu que os Cherokees


fossem transferidos para o Território Indiano (Oklahoma). Muitos índios da
tribo não concordaram com essa mudança. Elias, ao contrário, disse que a tribo
precisava aceitá-la.

Uma guerra violenta acabou com a vida de um terço dos Cherokees. Elias
Boudinot foi considerado um traidor. A sua obra An Address to the Whites mostra
a sua crença à aculturação.

A obra The Life and Adventures of Joaquín Murieta, the Celebrated California
Bandit (1854) é considerada o primeiro romance escrito na Califórnia, bem como o
primeiro escrito por um índio americano. A Vida e as Aventuras de Joaquín Murieta
foi extremamente popular e foi amplamente pirateado. Versões apareceram
como livros, foram serializadas em periódicos e traduzidas para várias línguas.
Adaptações apareciam em versos, e pelo menos um filme era baseado na história
do autor, John Rollin Ridge. Embora muitas versões tenham sido produzidas no
século XIX, outras apareceram mais recentemente, incluindo o drama de 1967, de
Pablo Neruda, Fulgor y Muerta de Joaquín Murieta.

Outro famoso romance escrito por um índio, ou melhor, uma índia, foi
Wynema: A Child of the Forest, escrito em 1891 por S. Alice Callahan. O romance é
muito importante porque, além de ser escrito por um Native American, também
inicia a presença da mulher como escritora.

2.2 OS PRIMEIROS ESCRITOS AMERICANOS


O século XVIII trouxe importantes mudanças no campo da literatura na
Inglaterra. Este foi o tempo da ascensão do romance, com escritores como Daniel
Defoe (Robinson Crusoé), Samuel Richardson (Clarissa Harlowe, Pamela, romances
sentimentais), Henry Fielding (Tom Jones, Joseph Andrews, romances satíricos) ou
Walter Scott. Todas essas histórias foram um pouco adaptadas na América.

Nos EUA, o primeiro romancista profissional foi Charles Brockden Brown


(1771-1810), que adaptou o romance gótico inglês para os ambientes americanos.

Romances góticos (como O Castelo de Otranto, de Horace Walpole) foram


caracterizados por ambientes exóticos (castelos em ruínas, abadias), o uso da
magia e do sobrenatural (fantasmas, mistérios, horror) e a predominância de
suspense, profundidade psicológica e poder emocional. Nos romances de Brown,
o vilão é um rebelde contra a sociedade, que é como os americanos se viam na
época, e talvez seja por isso que esse vilão gótico se torna o antecedente do herói
em romances americanos posteriores. Na verdade, Brown é um precursor do
romance americano representado por escritores como Poe, Melville e Hawthorne.
Seu melhor romance é Wieland (1798).

32
TÓPICO 3 | A LITERATURA AMERICANA

Washington Irving (1789-1859) adaptou lendas europeias ao contexto


americano, fornecendo uma espécie de passado histórico que parecia estar
faltando. Em The Sketch Book (1819) ele escreveu contos curtos como Rip Van Winkle
ou A História de Sleepy Hollow. Embora de origem europeia, eles se tornaram parte
do folclore americano. Ele passou vários anos na Espanha, depois que escreveu
The Alhambra (1832), contos com um sabor mourisco. Ele teve grande sucesso em
seu tempo, mas tem menos prestígio nos dias de hoje.

Outras adaptações aconteceram por meio de James Fenimore Cooper


(1789-1851). Em seu Leatherstocking Tales, ele adaptou os romances históricos
de Walter Scott à situação americana e criou o protótipo dos westerns. Embora
suas habilidades literárias e artísticas tenham sido questionadas por alguns
críticos, suas histórias ainda têm grande poder épico e mítico. Além disso, ele é
provavelmente o primeiro escritor americano a lidar com um tema que se tornaria
uma característica da literatura americana: homem versus natureza.

Leslie Fiedler, um crítico americano, escreveu em Love and Death in the


American Novel que a literatura americana parece ser incapaz de lidar com a
sexualidade adulta e é patologicamente obcecada com a morte. Personagens
masculinos tendem a fugir da sociedade e do amor convencional e se juntam a
outros homens em ambientes naturais.

Os exemplos que Fiedler usou foram Twain, Melville, Cooper, Hemingway


e outros. Talvez seja essa a razão pela qual os romances sentimentais nunca foram
populares nos EUA.

3 O ILUMINISMO
O Iluminismo foi um movimento intelectual e cultural no século XVIII
que enfatizou a razão sobre a superstição e a ciência sobre a fé cega.

Usando o poder da imprensa, pensadores do Iluminismo como John


Locke, Isaac Newton e Voltaire questionaram o conhecimento aceito e espalharam
novas ideias sobre abertura, investigação e tolerância religiosa em toda a Europa
e nas Américas. Muitos consideram o Iluminismo um importante ponto de virada
na civilização ocidental, uma era de luz substituindo uma era de escuridão.

Várias ideias dominaram o pensamento iluminista, incluindo racionalismo,


empirismo, progressismo e cosmopolitismo.

O racionalismo é a ideia de que os humanos são capazes de usar sua


faculdade da razão para obter conhecimento. Esta foi uma mudança brusca na
ideia predominante de que as pessoas precisavam confiar nas escrituras ou nas
autoridades da igreja para obter conhecimento.

33
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

O empirismo promove a ideia de que o conhecimento vem da experiência


e da observação do mundo. O progressismo é a crença de que, através de
seus poderes de razão e observação, os seres humanos podem fazer progresso
ilimitado e linear ao longo do tempo; essa crença foi especialmente importante
como resposta à carnificina e reviravolta das guerras civis inglesas no século XVII.

Finalmente, o cosmopolitismo reflete a visão dos pensadores do Iluminismo


de si mesmos como cidadãos ativamente engajados do mundo, em oposição aos
indivíduos provincianos e de mente fechada. Ao todo, os pensadores do Iluminismo
se esforçavam para serem governados pela razão, não pelo preconceito.

Os maçons eram membros de uma sociedade fraternal que defendia os


princípios de investigação e tolerância do Iluminismo.

A maçonaria originou-se nas cafeterias de Londres no início do século


XVIII, e as lojas maçônicas — unidades locais — logo se espalharam pela Europa
e pelas colônias britânicas. Um proeminente franco-maçom, Benjamin Franklin, é
a personificação do Iluminismo na América Britânica.

Como já vimos, Franklin nasceu em Boston, em 1706, e era filho de uma


grande família puritana. Ele adorava ler, embora encontrasse pouco além das
publicações religiosas na casa de seus pais.

Em 1718, ele foi aprendiz de seu irmão para trabalhar em uma gráfica,
onde ele aprendeu a ser um bom escritor, copiando o estilo que encontrou no
Spectator, que seu irmão imprimiu. Aos 17 anos, o independente Franklin fugiu,
acabando por terminar na Quaker Filadélfia. Lá, ele começou a publicar a Gazeta
da Pensilvânia, no final da década de 1720.

Franklin assinou o deísmo, uma crença da era iluminista em um Deus que


criou, mas não tem envolvimento contínuo no mundo e nos eventos dentro dele.
Os deístas também avançaram a crença de que a moralidade pessoal — a bússola
moral de um indivíduo, levando a boas obras e ações — é mais importante do que
doutrinas estritas da igreja. O deísmo de Franklin guiou muitos de seus projetos
filantrópicos. Em 1731, ele estabeleceu uma biblioteca de leitura que se tornou a
Library Company of Philadelphia. Em 1743, fundou a American Philosophical Society
para incentivar o espírito de investigação. Em 1749, ele forneceu a fundação para a
Universidade da Pensilvânia e, em 1751, ajudou a fundar o Hospital da Pensilvânia.

Sua carreira como impressor fez Franklin rico e respeitado. Quando se


aposentou em 1748, dedicou-se à política e a experimentos científicos. Seu trabalho
mais famoso, sobre eletricidade, exemplificou os princípios do Iluminismo. Franklin
observou que os raios atingiam objetos de metal e argumentou que ele poderia
direcionar raios através da colocação de objetos metálicos durante uma tempestade
elétrica. Ele usou esse conhecimento para defender o uso de para-raios: postes de
metal conectados a fios direcionando a carga elétrica do raio para o chão, poupando,
assim, casas de madeira em cidades como Filadélfia, de incêndios catastróficos. Ele
publicou suas descobertas em 1751, em Experiments and Observations on Electricity.

34
TÓPICO 3 | A LITERATURA AMERICANA

Franklin também escreveu sobre seu conto Farra para a riqueza — seu livro
de memórias — nas décadas de 1770 e 1780. Essa história lançou as bases para o
sonho americano de mobilidade social ascendente.

O alcance do pensamento iluminista era amplo e profundo. Na década de


1730, levou, até mesmo, à fundação de uma nova colônia.

Tendo testemunhado as terríveis condições da prisão dos devedores, bem


como os resultados da liberação de devedores sem dinheiro nas ruas de Londres,
James Oglethorpe — membro do Parlamento e defensor da reforma social —
solicitou ao rei George II uma carta para iniciar uma nova colônia.

George II, entendendo a vantagem estratégica de uma colônia britânica


como amortecedor entre a Carolina do Sul e a Flórida, concedeu a carta a
Oglethorpe e vinte proprietários com a mesma mentalidade em 1732. Oglethorpe
liderou o assentamento da colônia, que foi chamada de Geórgia, em homenagem
ao rei. Em 1733, ele e 113 imigrantes chegaram ao navio Anne. Na década seguinte,
o parlamento financiou a migração de 2.500 colonos, fazendo da Geórgia o único
projeto colonial financiado pelo governo.

A visão de Oglethorpe para a Geórgia seguiu os ideais da Era da Razão. Ele


viu a Geórgia como um lugar para os “pobres dignos” da Inglaterra começarem
de novo. Para incentivar a indústria, ele deu a cada imigrante masculino 50 acres
de terra, ferramentas e um ano de suprimentos.

A visão de Oglethorpe pedia que o álcool e a escravidão fossem banidos.


No entanto, os colonos que se mudaram de outras colônias — especialmente da
Carolina do Sul — desconsideraram essas proibições. Apesar da visão inicial de
seus proprietários de uma colônia guiada pelos ideais do Iluminismo e livre da
escravidão, na década de 1750, a Geórgia estava produzindo quantidades de
arroz cultivadas e colhidas por pessoas escravizadas.

3.1 THE AGE OF FAITH


A primeira fase do Iluminismo ficou conhecida como a Era da Fé ou Age
of Faith, que durou de 1607 a 1750.

A Era da Fé foi o começo da literatura americana. De 1607 a 1750, os que


viriam a ser conhecidos como os primeiros americanos, na sua maioria, eram
formados por colonos britânicos que imigraram para a América por razões
religiosas ou econômicas. Os principais autores deste período incluem: John
Smith, William Bradford, Anne Bradstreet, Edward Taylor, Sarah Kemble Knight,
William Byrd e Jonathan Edwards.

35
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

Muitos dos textos originais foram baseados na descrição da nova terra e


livros inspiradores religiosos, como o The Bay Psalm Book, que foi o primeiro livro
publicado na América. Alguns dos primeiros americanos acreditavam que Deus
lhes havia dado a América como um refúgio seguro da tirania da Inglaterra. No
entanto, nem todos os imigrantes estão lá por razões religiosas.

O gênero literatura deste momento eram sermões, diários, narrativas


pessoais, narrativas de escravos com estilo instrutivo e simples.

A primeira fase do Iluminismo ficou conhecida como The Early


Enlightenment e o período entre ela aconteceu entre 1685 a 1730.

O Iluminismo é conhecido por proporcionar uma revolução científica, já


que as obras estão carregadas de conhecimento científico, matemático e filosófico.
Alguns autores importantes deste movimento são: Francis Bacon, Thomas
Hobbes, Renée Descartes, Galileu, Kepler e Leibniz.

Duas obras enaltecem esse momento. Isaac Newton publicou Principia


Mathematica, em 1686, e Locke publicou Ensaio Sobre o Entendimento Humano, em
1689. Você consegue perceber a proximidade do lançamento das obras? As duas
publicações estão ligadas ao tema da ciência, matemática e razão.

Locke argumentou que a natureza humana era mutável e que o


conhecimento era adquirido através da experiência acumulada, em vez de
acessar algum tipo de verdade exterior. As teorias de cálculo e ópticas de
Newton forneceram as poderosas metáforas do Iluminismo para uma mudança e
iluminação precisamente mensuradas.

Não havia um único e unificado Iluminismo. Ao invés disso, é possível


falar do iluminismo francês, do iluminismo escocês e do iluminismo inglês,
alemão, suíço ou americano. Os pensadores individuais do Iluminismo
frequentemente tinham abordagens muito diferentes. Locke diferia de Hume,
Rousseau, de Voltaire; Thomas Jefferson, de Frederico, o Grande. Suas diferenças
e divergências, no entanto, emergiram dos temas comuns do Iluminismo, do
questionamento racional e da crença no progresso através do diálogo.

Podemos listar os principais autores e obras desse período:

a) Anne Bradstreet (1612-1672)


• First published american poet.
• To My Dear and Loving Husband:
◦ “If ever two were one, then surely we. If ever man were lov'd by wife, then thee”.

b) Edward Taylor (1645-1729)


• Minister; considered the finest Puritan poet.
• Huswifery:
◦ “Make me, O Lord, Thy spinning wheel complete”.

36
TÓPICO 3 | A LITERATURA AMERICANA

c) Jonathan Edwards
• Minister.
• Sinners in the Hands of an Angry God:
◦ View of God as punitive and distant; view of man as basically evil.

d) John Smith (1580-1631)


• Adventurer; writer; difficult to get along with.
• The Generall Historie of Virginia.
• Pocahontas legend.

3.2 THE AGE OF REASON


A razão predominou a segunda fase do Iluminismo, também conhecida
como The High Enlightenment, que aconteceu entre 1730 e 1780.

O gênero literário predominante desse momento eram panfletos políticos,


ensaios, redação de viagens, discursos, documentos e o estilo de escrita era
altamente ornamentado.

Centrado nos diálogos e publicações dos filósofos franceses (Voltaire,


Rousseau, Montesquieu, Buffon e Diderot), pode-se dizer que o Alto Iluminismo
foi um caos de ideias claras.

O mais importante deles era a noção de que tudo no universo poderia ser
racionalmente desmistificado e catalogado. A assinatura da publicação do período
foi a Enciclopédia de Diderot (1751-1777), que reuniu os principais autores para
produzir uma compilação ambiciosa do conhecimento humano.

Era uma época de déspotas iluminados como Frederico, o Grande, que


unificou, racionalizou e modernizou a Prússia entre brutais guerras plurianuais
com a Áustria e de revolucionários aspirantes esclarecidos como Thomas Paine e
Thomas Jefferson, cuja Declaração de Independência (1776) enquadrou a Revolução
Americana em termos retirados dos ensaios de Locke.

Foi também uma época de inovação religiosa (e antirreligiosa), à medida


que os cristãos buscavam reposicionar sua fé ao longo de linhas racionais e
deístas, e materialistas argumentavam que o universo parecia determinar seu
próprio curso sem a intervenção de Deus.

Sociedades secretas — os maçons, os Illuminati da Baviera, os Rosacruzes


— floresceram, oferecendo aos homens europeus (e algumas mulheres) novos
modos de comunhão, ritual esotérico e assistência mútua. Cafés, jornais e salões
literários surgiram como novos locais para a circulação de ideias.

A Revolução Francesa de 1789 foi a culminação da visão do Alto


Iluminismo de expulsar as velhas autoridades para refazer a sociedade em linhas
racionais, mas se transformou em terror sangrento que mostrou os limites de suas
próprias ideias e levou, uma década depois, ao surgimento de Napoleão.

37
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

Ainda assim, seu objetivo de igualitarismo atraiu a admiração da primeira


feminista, Mary Wollstonecraft, e inspirou tanto a guerra de independência
haitiana quanto o inclusivismo racial radical do primeiro governo pós-
independência do Paraguai.

A racionalidade iluminada deu lugar à selvageria do Romantismo, mas o


Liberalismo e o Classicismo do século XIX — para não mencionar o Modernismo
do século XX — todos têm uma dívida enorme com os pensadores do Iluminismo.

Neste momento, destacam-se os seguintes autores e obras:

a) Ben Franklin
• Autobiography & Poor Richard's Almanac:
◦ Symbol of success gained by hard work and common sense.
◦ “Early to bed, early to rise, makes a man healthy, wealthy, and wise”.
◦ “God helps them that help themselves”.
◦ “Haste makes waste”.

b) Thomas Jefferson
• Declaration of Independence:
◦ Considered the finest writer of the era.
◦ “We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal”.

c) Thomas Paine
• Pamphleteer.
• The American Crisis:
◦ helped propel the United States into war.
◦ Remains a model of effective propaganda.
◦ “These are the times that try men's souls”.

38
TÓPICO 3 | A LITERATURA AMERICANA

LEITURA COMPLEMENTAR

A STUDY OF THE ENLIGHTENMENT AND ROMANTIC PERIODS

Victoria K. Walker

During the eighteenth and nineteenth centuries, the literary world


witnessed the birth of the Enlightenment and Romantic Periods. There were
similarities as well as very notable differences between the two. There were also
two prominent voices that gained notoriety during each of these two periods.
Voltaire is the pioneer of the power of reason and Rousseau is looked upon as a
legendary figure of nineteenth-century Romanticism. This analysis will evaluate
the two eras, both writers and a literary piece.

The Enlightenment Era gave way to an age of reasoning. During this time,
the writers were regarded as philosophers. They came up with diverse theories and
possessed different points of view. Never the less, the philosophers were amalgamated
based on worldly, civilization, broad-based, and self-determination. (Gay, 3) The
Enlightenment liberties were free of capricious authority, allowed free expression
and exchange, consented to the fulfilment of individual aptitudes, permitted artistic
reactions, and endorsed man’s right to self-determination. (Gay, 3)

Another recurring theme of The Enlightenment was happiness. Happiness


was considered the most important factor of The Enlightenment deliberations. It
was happiness in the present and nothing outside of that moment. Happiness was
viewed as an entitlement that all men were privileged to have and only ignorance
along with peripheral barriers could refute them. (Anderson, 367)

Lastly, church and government were also two foundations that served
as ethical conductors for human manners during the Enlightenment Era. These
foundations helped to restrain people’s ignoble proclivity. In other words, rules
and guidance were needed to keep people on the right path, otherwise, they were
bound to behave immorally. 

Romanticism was an era when writers and poets strayed away from
reasoning or rational thinking. The focus is now shifted to individualism, emotions,
and nature. (James 485) These themes provided new ideas and different means to
interpret and understand the world in a whole new light. Reasoning was no longer
the most important concept that guided society’s way of looking at the world. 

During the Romantic Era, the individual became more important than in
the past. According to J.M. Cohen, this era encouraged people to look at themselves
not as fragments extending from heaven to the natural world but as inimitable
entities eminent in their own authenticity. (Cohen, 7) This idea indicates that man
is a distinct being entitled to explore and express his own feelings and thoughts.
Simply put, examine the man as an individual and not as a unit. 

39
UNIDADE 1 | THE BEGINNING

The Romantic Era was a period of that examined emotions and put them
into words. Romantics abandoned the logical traditional Western World thought
which believed that intelligence was the method used to understand the world.
However, the Romantics opted to espouse imagination and feelings as a veritable
approach to empathize the world. (James ,488)

Lastly, the Romantic Era blended human emotions with nature. The
interfacing of emotion and nature was emblematic of Romantic poetry, whether
it engrossed the idea of bequeathing human emotions to an innate article like a
river or connecting the scenery to the temperament of the writer. (James, 491) This
kind of beauty that is portrayed in the world may not actually exist; however, it
is evoked from personal acuity and passion as seen through the eyes of the poet.

When comparing The Enlightenment to Romanticism, there were two


similar characteristics. First, they were both rebellions. The Enlightenment was
a revolution against religion. The previous period placed more emphasis on
God and the natural order of the universe as opposed to rationalism. (James, 1)
On the other hand, Romanticism was a revolution against The Enlightenment.
Romantics felt that every occurrence in the world could not be determined by
logic and that beauty as well as imagination was an important aspect of life. The
two periods also presented thoughts on individualism. The Enlightenment looked
at the individual based on their personal reasoning while Romantics focused on
individual feelings. Although their basic idea on the individual was different,
both periods emphasized the personal right to power of their own person.

The Enlightenment differed from Romanticism in many ways. First, The


Enlightenment placed immense importance on thoughts and reasoning while
Romantics focused on emotions and self- experience. The Enlightenment poets
were dexterous in using true-life events to create realistic works depicting an
illusory individual. Unlike the Enlightenment, Romantic poetics constructed
elegiac pieces that exhibited personal feelings. The Enlightenment writers devised
poetry that allowed readers to see the other person from the poet’s perspective
while Romantics permitted readers to see the poet in the leading role. One last
difference is that The Enlightenment writers used human beings as their principal
focus in poetry while Romantics used nature.

Voltaire was a writer during The Enlightenment period and was known
as one of the dominant philosophers in his era. His literary form was displayed
by characteristics of tradition and heroism. The literary mode he presented was
satiric and filled with reasoning. His reality was based on principles of experience
and observation. The plot in his compositions was motivated by consequence,
knowledge, and logic. The characters were fictional common individuals. He also
felt that man should be happy regardless of his confinements. 

40
TÓPICO 3 | A LITERATURA AMERICANA

Rousseau composed literary compositions during the Romantic Period


and unlike Voltaire, he wrote from a very different perspective. Rousseau was
an iconic figure for the Romantic Era. The literary forms that his stories took on
were novel and unique. The literary modes displayed in his compositions were
full of personal accounts and emotions. His reality was internal because the focus
took an account of his personal feelings. The plots assigned to his compositions
were inspired by the character, feelings, passion, and poignant conclusions. His
characters were rebels, outcasts, and distinctive. Also, he felt that man was born
innately moral but was corrupted by unscrupulous environments.

Candide is a literary piece written by Voltaire that uses irony and sarcasm
to critique imperfections. In this composition, Voltaire uses fictional characters to
represent the world as he sees it. Candide is presented as the hero in the story. The
events and journeys provided knowledge and discussed many ideas. For instance,
Voltaire used the idea of a garden to discuss thoughts about happiness. Candide
found happiness by returning to a simple life where he worked hard and supported
himself through that process. The principles of experience and observation are
displayed throughout the story; one example would be the existence of Eldorado.
Eldorado represented the idea that better opportunities could exist if man was in
tune with the temperament of the world and God. Candide had suffered so many
terrible events and now he sees life in a different perspective. The plot in Candide is
that he loses the love of his life and travels all over the world to find her; however,
he gains knowledge and wisdom in the process.

The Confessions is an autobiography written by Rousseau. In this literary


opus, Rousseau focuses on his individual emotions and experiences to express
his own personal point of view. The plot in this work was driven by him along
with his passions and emotions. In the Confessions, Rousseau uses his feelings
and desires as the focal point of his writings. Since the Confessions are part of
the Romantic period, it depicts the espousing of imagination and feelings as a
veritable way of interpreting the world. In the Confessions, Rousseau paints
himself as a non-conformist. He has little respect for discipline and lacks patience
which is evident in his writings. Also, in the Confessions, Rousseau shares
his thoughts about the nature of human beings. He indicates that man is born
inherently honest but is sullied by debauched establishments. 

In conclusion, The Enlightenment and Romantic periods were based on


very different perspectives. Intellect and reasoning rule The Enlightenment while
feelings and emotions reigned over The Romantic period. Despite the differences,
they both originated from a revolutionary form. Voltaire and Rousseau were
phenomenal writers from two different literary worlds. However, they prompted
people to open their minds and explore the world from opposing standpoints.

FONTE: <https://www.victoriakwalker.com/blog/2017/11/26/effie-gray>. Acesso em: 20 jun. 2019.

41
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A literatura americana começa com a chegada dos europeus de língua inglesa


no que se tornaria os Estados Unidos. No início, a literatura americana era
naturalmente uma literatura colonial, de autores que eram ingleses e que
pensavam e escreviam como tal.

• John Smith, que foi presidente do conselho de Jamestown, é creditado com o início
da literatura americana. Seus principais livros incluíam A True Relation of Virginia
(1608) e The Generall Historie de Virginia, New England e Summer Isles (1624).

• A literatura nativa americana escrita nos séculos XVIII e XIX é considerada


uma literatura de transição entre a tradição oral que floresceu antes que os
europeus chegassem ao continente e no início da década de 1960, quando o
renascimento do nativo americano começou.

• A escrita dos primeiros indígenas americanos exibiu a luta que eles


experimentaram pelos autores para encontrar sua própria voz dentro da
cultura de América.

• Os primeiros escritores índios tiveram que trabalhar dentro de um ambiente


político que era hostil ao seu sucesso e dentro de uma tradição literária que
tolerou e sentimentalizou a morte dos índios.

• A literatura indígena americana primitiva estava preocupada em tentar mudar


o status político e social de seu povo.

• Nos EUA, o primeiro romancista profissional foi Charles Brockden Brown (1771-
1810), que adaptou o romance gótico inglês para os ambientes americanos.

• O Iluminismo foi um movimento intelectual e cultural no século XVIII que


enfatizou a razão sobre a superstição e a ciência sobre a fé cega.

• O racionalismo é a ideia de que os humanos são capazes de usar sua faculdade


da razão para obter conhecimento. Esta foi uma mudança brusca na ideia
predominante de que as pessoas precisavam confiar nas escrituras ou nas
autoridades da igreja para obter conhecimento.

• Os maçons eram membros de uma sociedade fraternal que defendia os


princípios de investigação e tolerância do Iluminismo.

• A primeira fase do Iluminismo ficou conhecida como a Era da Fé ou Age of


Faith, que durou de 1607 a 1750.

• A razão predominou a segunda fase do Iluminismo, também conhecida como


The High Enlightenment, que aconteceu entre 1730 e 1780.
42
AUTOATIVIDADE

1 “Um dos principais princípios iluministas é ____________”. Assinale a


alternativa que completa corretamente a sentença:

a) ( ) Igualdade civil e absolutismo.


b) ( ) Servidão e racionalismo.
c) ( ) Liberdade religiosa e racionalismo.
d) ( ) Sociedade estamental e liberdade de expressão.
e) ( ) Liberdade econômica e mercantilismo.

2 Qual dos iluministas citados a seguir foi a pessoa que criou a Enciclopédia?

a) ( ) Voltaire.
b) ( ) Rosseau.
c) ( ) Diderot.
d) ( ) John Locke.
e) ( ) Charles Brockden Brown.

3 Leia o trecho a seguir e responda:

“Classificar, delinear, dividir, sistematizar, criar um mapa-múndi do saber.


Esta era a ideia dos iluministas Diderot e D’Alambert: ordenar o mundo
em categorias em uma enciclopédia com 17 volumes de texto. O projeto
enciclopedista talvez seja a influência mais visível do iluminismo em nosso
cotidiano. A escola, a divisão do conhecimento em disciplinas específicas, os
livros didáticos, os telejornais revelam claramente essa busca classificatória. A
Enciclopédia iniciava com um quadro esquemático do conhecimento humano,
uma permanência que perpassa desde organogramas de empresas até as
classificações da biologia”.

FONTE: DARNTON, Robert. O Grande massacre de gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 272-273.

Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a(s)
afirmativa(s) correta(s) a respeito do Iluminismo:

a) ( ) O impulso renovador das ideias iluministas provocou, na Europa, um


grande interesse pelos problemas da vida em sociedade, possibilitando
o surgimento de novas ideias e de teorias econômicas.
b) ( ) Em seu conjunto, os iluministas sustentavam a tese de que só um Estado
ditatorial, controlado pela classe trabalhadora, seria capaz de eliminar a
resistência burguesa e abolir as desigualdades entre as classes sociais.
c) ( ) O espírito renovador, presente no Iluminismo, conduziu a um profundo
estudo das ciências, campo onde ocorreu um grande avanço.
d) ( ) Originado na Inglaterra, difundido pela França, o Iluminismo pregava
a razão, a liberdade do espírito, a livre crítica e a tolerância religiosa,
contrapondo-se, assim, ao peso da tradição, do dogmatismo religioso e
filosófico e ao absolutismo monárquico.

43
e) ( ) O Iluminismo, em seu conjunto, fazia uma incisiva crítica ao mundo
civilizado e propunha um retorno às formas de vida da sociedade primitiva.

4 O escritor e filósofo francês, Voltaire, que viveu no século XVIII, é considerado


um dos grandes pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Sobre a
importância de manter acesa a chama da razão, ele afirma o seguinte:

“Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem algumas
cabeças da hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero
e que suas goelas são menos devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e
todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido. Deve-se
permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja e
a calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade
não deve mais se esconder diante dos monstros e que não devemos abster-nos
do alimento com medo de sermos envenenados”.

FONTE: <https://www.infoescola.com/historia/iluminismo/exercicios/>. Acesso em: 20 ago. 2019.

Identifique a opção que melhor expressa esse pensamento de Voltaire:

a) ( ) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não é um sábio, pois
corre um risco desnecessário.
b) ( ) A razão é impotente diante do fanatismo, pois este sempre se impõe
sobre os seres humanos.
c) ( ) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade deve munir-se da
coragem para enfrentar o obscurantismo e o fanatismo.
d) ( ) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do passado e por isso a razão
não precisa mais estar alerta.
e) ( ) A razão envenena o espírito humano com o fanatismo.

5 A respeito do Iluminismo, movimento filosófico que se difundiu pela


Europa ao longo do século XVIII, considere as seguintes afirmativas:

I- Muitos filósofos franceses, dentre eles Montesquieu, Voltaire e Diderot,


foram leitores, admiradores e divulgadores da filosofia política produzida
pelos ingleses, como John Locke, com sua crítica ao absolutismo.
II- Quanto à organização do Estado, os filósofos iluministas não eram contra a
monarquia, mas contra as ideias de que o poder monárquico fora constituído
pelo direito divino e de que ele não poderia ser submetido a nenhum freio.
III- A descoberta da perspectiva e a valorização de temas religiosos marcaram
as expressões artísticas durante o Iluminismo.
IV- Em Portugal, o pensamento iluminista recebeu grande impulso das
descobertas marítimas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) ( ) As afirmativas I e II são verdadeiras.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
d) ( ) As afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) ( ) As afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

44
UNIDADE 2

PRINCIPAIS AUTORES E AS
CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o período romântico americano;

• identificar as principais características das obras literárias do Romantismo;

• conhecer os autores que tiveram mais influência neste período;

• identificar as obras literárias que se destacaram no Romantismo;

• compreender o movimento romântico nos Estados Unidos;

• entender o início do movimento naturalista na América;

• identificar as características das obras realistas;

• conhecer os importantes autores desse movimento;

• compreender o desdobramento do Realismo ao Naturalismo;

• entender a influência da ciência na literatura;

• compreender o movimento regionalista nos Estados Unidos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ROMANTISMO

TÓPICO 2 – TRANSCENDENTALISMO

TÓPICO 3 – REALISMO, NATURALISMO E REGIONALISMO

45
46
UNIDADE 2
TÓPICO 1

ROMANTISMO

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico. Seja bem-vindo a mais um tópico de extrema importância
para a Literatura Americana e também mundial. O período do Romantismo
representou uma revolta contra o Classicismo e seus valores como razão e forma.

A variante americana do Romantismo foi diferente da europeia de uma


certa maneira. Houve um grande interesse pelos índios e sua cultura. Os escritos
foram menos políticos e religiosos, os tópicos eram em sua maioria americanos, e
os escritores enfatizavam a imaginação, natureza e individualismo.

2 O PERÍODO ROMÂNTICO E SUA EVOLUÇÃO


O movimento romântico se originou na Alemanha, mas rapidamente se
espalhou pela Inglaterra, França até chegar nos Estados Unidos, por volta de 1820.

Na América, assim como na Europa, uma nova visão tomava conta dos
grupos intelectuais e artísticos.

A solidificação de uma identidade nacional e o surgimento do idealismo e


paixão do romancista nutriu a obra prima The American Renaissance.

Pode-se dizer que o período mais rico da literatura foi entre 1830 a 1865,
durante o conhecido American Renaissance.

Este período produziu autores como Ralph Waldo Emerson, Henry David
Thoreau, Walt Whitman, Herman Melville, Nathaniel Hawthorne, Edgar Allan
Poe e Emily Dickinson.

Uma distinção é tradicionalmente feita entre os chamados autores leves


ou otimistas (Emerson, Thoreau e Whitman) e os sombrios ou pessimistas
(Poe, Hawthorne e Melville), com Emily Dickinson, ocupando um meio-termo,
alternando entre a luz e a escuridão.

Temas otimistas incluíam beleza milagrosa da natureza, verdades


espirituais por trás do mundo físico, a primazia da imaginação poética e a
divindade potencial de cada indivíduo.

47
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Os pessimistas incluíam mentes assombradas, impulsos perversos ou


criminosos, dúvidas e ambiguidades.

Os americanos sondaram esses temas com intensidade especial, em grande


parte devido à herança puritana da nação. Os pregadores calvinistas de John
Cotton, através de Jonathan Edwards, dedicaram suas vidas a sondar questões
fundamentais sobre a morte, Deus e a natureza humana. Quando esse impulso
metafísico colidiu com o ceticismo e o secularismo do século 19, o resultado foi a
literatura que variou do arrebatador ao inquietante, das afirmações de Emerson
às ambiguidades de Hawthorne e Melville.

Os autores americanos foram fortemente influenciados pela literatura


estrangeira, desde os antigos até os românticos. Essa influência transnacional
misturava-se com os estilos e expressões idiomáticas de uma cultura popular
emergente que era distintamente americana, dividida entre escritos convencionais
ou grotescamente humorísticos.

Integrando temas e imagens dessa cultura popular diversificada, os


autores principais também projetaram em suas obras os paradoxos de uma nação
que promoveu tanto o individualismo quanto a união, que defendiam a liberdade,
mas toleravam a escravidão, pregavam a igualdade, mas testemunhavam amplas
divisões de classe e a opressão as mulheres, negros e nativos americanos. Esses
grupos oprimidos produziram um corpo literário próprio que já foi negligenciado,
mas que assumiu um lugar significativo na parte bíblica americana.

As ideias românticas eram centradas em torno da arte como inspiração.


A arte, aliás, tinha muito mais influência do que a ciência, neste momento. Os
romancistas argumentavam e conseguiam se expressar melhor. Eles também
ressaltavam a importância da arte para o indivíduo e também para a sociedade.

De acordo com os autores desse período, se a natureza e o indivíduo


fossem um só, a autoconsciência seria uma maneira de abrir o universo. O
indivíduo também seria mais humano e seria moralmente obrigado a acabar com
a desigualdade social e o sofrimento humano.

No período romântico, a ideia de self (eu, próprio) foi definida e novas


palavras compostas positivistas foram surgindo como: self-realization, self-
expression, self-reliance.

O Romantismo foi positivo para a maioria dos poetas americanos.


As montanhas, desertos e trópicos do americano simbolizavam o sublime. O estilo
romântico combinava com a democracia americana: destacava o individualismo
e valorizava a pessoa comum.

Os autores do Transcendentalismo com certeza foram inspirados por toda


essa positividade do Romantismo.

48
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

3 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO


Vamos listar algumas características das obras do período romântico antes
de trabalharmos os autores desse movimento.

3.1 O ROMANCE
O romance é uma parte muito importante do movimento romântico nos
Estados Unidos. Os autores gostavam de obras longas e o romance (novel) se
encaixou bem nas necessidades dos autores.

Para você ter uma ideia, quando o movimento romântico aconteceu na


Inglaterra, a maioria das obras foram baseadas em poesia e não romances.

3.2 SIMBOLISMO
Os românticos americanos são realmente inteligentes em usar símbolos
para aludir algumas verdades ou conhecimentos que existem além da
racionalidade. Alguns dos maiores símbolos da literatura americana nos foram
dados pelos românticos.

3.3 NATUREZA
A natureza é um grande tema do romantismo americano e britânico. Na
verdade, uma obsessão por árvores, flores, campos e pores-do-sol é o que faz do
Romantismo (seja da variedade americana ou britânica) romantismo.

3.4 INDIVIDUALISMO
Não é você; sou eu, eu e eu. O individualismo é o valor americano por
excelência. Os escritores românticos americanos são não conformistas. Eles
querem que sigamos nossas próprias mentes e façamos o que queremos, não
importa quanta pressão nos seja imposta para nos conformarmos.

3.5 EMOÇÃO
Desgosto, felicidade, admiração e raiva: essas emoções (e todas as emoções)
são muito importantes na literatura romântica americana. Isso porque os escritores
dessa literatura acreditavam que as emoções moldam nossa experiência e nosso
conhecimento do mundo. Emoções são centrais para nossa identidade.

49
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

3.6 IMAGINAÇÃO
Para os românticos americanos, a imaginação é tão importante porque nos
permite expressar nossa própria individualidade. Também nos permite acessar
experiências e conhecimentos além de nossas mentes "racionais".

3.7 DEMOCRACIA E LIBERDADE


Os EUA são construídos sobre o princípio da democracia. É por isso que as
treze colônias americanas se revoltaram contra o Império Britânico, em primeiro
lugar, durante a Revolução Americana — para criar uma nação democrática.
Democracia e liberdade são valores que são valorizados pelos estudiosos
escritores românticos americanos.

4 O ROMANTISMO E SEUS ESCRITORES


Neste subtópico, vamos destacar autores americanos importantes no
período romântico que se tornaram fundamentais para esse movimento.

4.1 RALPH WALDO EMERSON


Ralph Waldo Emerson era um homem de muitos talentos. Escreveu
ensaios e poesia, e foi associado não apenas ao romantismo americano, mas
também a um movimento chamado de irmão, o transcendentalismo, que
veremos no próximo subtópico.

FIGURA 1 – RALPH WALDO EMERSON

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Ralph_Waldo_Emerson>.
Acesso em: 01 de jul. 2019.

50
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

Em seu trabalho, você encontrará uma enorme ênfase no individualismo,


que é um dos temas centrais do romantismo americano. Ele desempenhou um
papel importante na elaboração de ideais individualistas, como a autoconfiança.
Suas ideias influenciaram também outros importantes românticos norte-
americanos, incluindo Henry David Thoreau e Walt Whitman.

Emerson era muito bom em escrever ensaios. Ele usou a forma de ensaio
para comunicar suas ideias a um público amplo, e através desses ensaios ele se
tornou uma figura muito influente na vida pública. Sua eloquência está em plena
exibição em Essays: First Series (1841).

Encontramos muitos ensaios importantes de Emerson neste livro,


incluindo Autossuficiência (Self-Reliance), que explica por que todos nós devemos
confiar em nós mesmos. "Eu faço o que eu quero" era o slogan deste autor.

Embora Emerson seja mais conhecido como ensaísta que poeta, ele
também escreveu importantes obras de poesia. Os temas de sua poesia ecoam os
da obra de outros românticos norte-americanos.

O Rhodora não é apenas um poema sobre uma flor; é um poema sobre a beleza
e o poder da natureza. A natureza, é claro, é um tema enorme na literatura romântica
americana. O poema de Emerson reflete os românticos norte-americanos.

The Rhodora

On Being Asked, Whence Is the Flower?

IN 1 May, when sea-winds pierced our solitudes,


I found the fresh Rhodora in the woods,
Spreading its leafless blooms in a damp nook,
To please the desert and the sluggish brook.
The purple petals, fallen in the pool, 5
Made the black water with their beauty gay;
Here might the red-bird come his plumes to cool,
And court the flower that cheapens his array.
Rhodora! if the sages ask thee why
This charm is wasted on the earth and sky, 10
Tell them, dear, that if eyes were made for seeing,
Then Beauty is its own excuse for being: 2
Why thou wert there, O rival of the rose!
I never thought to ask, I never knew:
But, in my simple ignorance, suppose 15
The self-same Power that brought me there brought you.

FONTE: <https://www.bartleby.com/370/15.html>. Acesso em: 1º jul. 2019.

51
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

No poema, percebemos o enaltecimento da beleza e a característica da


natureza e universo, característica marcante do Romantismo.

4.2 HENRY DAVID THOREAU


Henry David Thoreau viveu uma vida extraordinária. Ele passou
dois anos vivendo quase em completa solidão em uma cabana na floresta, em
Massachusetts, que ele mesmo construiu. Ele queria fugir da sociedade e ver
como era viver sozinho e ser completamente independente.

FIGURA 2 – HENRY DAVID THOREAU

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_David_Thoreau>.
Acesso em: 1º jul. 2019.

Thoreau, como Emerson, escreveu ensaios, poesia e jornalismo. Ele era


um abolicionista que frequentemente escrevia sobre os males da escravidão.
Ele acreditava que todos nós devíamos enfrentar nossos governos se eles não
estivessem fazendo a coisa certa.

O livro de Thoreau, Walden, é uma reflexão sobre seus dois anos vivendo
na floresta perto de Walden Pond, em Massachusetts.

O livro incorpora muitos temas românticos americanos: Thoreau fala sobre


a natureza, a importância de permanecer fiel a nossa própria individualidade e a
necessidade de autoconfiança.

O Walden, de Thoreau, está repleto de muitas descrições bonitas da


natureza — um tema importante na escrita romântica americana. Veja a descrição
que Thoreau fez na sua obra sobre um lago:

52
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

FIGURA 3 – CITAÇÃO DE WALDEN

FONTE: <https://slideplayer.com/slide/5142565/>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Nesta obra intitulada Walden, podemos perceber uma das maiores


características da era romântica: o enaltecer da natureza.

4.3 WALT WHITMAN


Walt Whitman é o poeta mais importante do movimento romântico
americano. Ele é creditado com o desenvolvimento de um estilo de poesia que
era claramente americano e democrático em suas perspectivas. Ele escreveu em
linguagem simples, para que pessoas comuns pudessem acessar sua poesia com
facilidade. Soa muito bem para nós.

FIGURA 4 – WALT WHITMAN

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Walt_Whitman>. Acesso em: 1º jul. 2019.

53
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

A poesia de Whitman aborda muitos dos temas que eram importantes


no romantismo americano. Encontraremos grandes doses da natureza em
seu trabalho, bem como reflexões sobre liberdade e democracia, e ênfase no
individualismo e na imaginação.

Leaves of Grass (1855) é uma coleção de poesia que ele trabalhou e revisou
ao longo de um período de trinta anos, publicando várias edições ao longo do
caminho. E é incrível.

Os poemas são escritos no estilo de assinatura de Whitman. A linguagem


é simples e os poemas são frequentemente compostos em "verso livre". Whitman
não acreditava em manter as convenções poéticas, por isso sua poesia não foi
escrita de acordo com as convenções métricas. Ele também não usou rima. Sua
experimentação poética foi bastante radical para a época.

Democratic vistas (1871) é um trabalho de prosa escrito por Whitman no


final de sua vida. Nele, ele reflete a identidade americana e o significado da
democracia americana.

A preocupação do livro com questões de democracia e liberdade está


alinhada com a ênfase do romantismo americano nessas questões. Mas é um
livro longo e muito complicado, muito diferente das suas poesias, quando a
preocupação era o uso de uma linguagem simples para que a população em geral
conseguisse compreendê-lo.

4.4 HERMAN MELVILLE


Graças a Herman Melville temos o épico americano Moby Dick (1851).
Melville é uma grande parte do movimento romântico americano porque suas
obras se relacionam com os grandes tópicos do romantismo americano: natureza,
individualismo, imaginação e liberdade. E claro, baleias.

FIGURA 5 – HERMAN MELVILLE

FONTE: <https://www.infoescola.com/biografias/herman-melville/>. Acesso em: 1º jul. 2019.

54
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

Moby Dick conta a história de marinheiros em um navio baleeiro. No


centro da história está o capitão Ahab, um capitão excêntrico, de uma perna só,
que está em uma missão para rastrear e matar uma cachalote, que, segundo as
lendas, era uma baleia gigante. Ahab busca vingança em Moby Dick, a enorme e
assustadora baleia albina que mastigou sua perna.

FIGURA 6 – MOBY DICK

FONTE: <https://www.kobo.com/us/en/ebook/moby-dick-or-the-whale-33>.
Acesso em: 1º jul. 2019.

No romance de Melville, você encontrará algumas das mais belas


descrições do mundo natural, e especialmente do oceano, para sair do romantismo
americano. Como bônus, você também aprenderá muito sobre a caça às baleias e,
por meio disso, também é possível perceber a condenação da caça, pois o valor à
natureza vai contra a matança de baleias. O autor também descreve os produtos
feitos a partir do animal e mostra detalhes dos barcos baleeiros.

Inicialmente, a obra foi muito criticada por mostrar a crueldade do ser


humano contra os seres marinhos, mas, com o passar do tempo, se tornou um
clássico e uma obra muito respeitada, levando Melville ao patamar de um dos
maiores escritores estadunidenses.

Herman Melville usa o simbolismo de maneira magistral. A baleia branca


é um símbolo central em seu romance Moby Dick.

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UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Emoções também são centrais para no romance Moby Dick. O capitão


Ahab se apresenta como um homem muito emotivo. A seguir, podemos perceber
isso em seu discurso contra a baleia branca nesta citação do romance:

"Who told thee that?" cried Ahab; then pausing, "Aye, Starbuck; aye,
my hearties all round; it was Moby Dick that dismasted me; Moby Dick that
brought me to this dead stump I stand on now. Aye, aye," he shouted with a
terrific, loud, animal sob, like that of a heart-stricken moose; "Aye, aye! it was
that accursed white whale that razeed me; made a poor pegging lubber of me
for ever and a day!" Then tossing both arms, with measureless imprecations he
shouted out: "Aye, aye! and I’ll chase him round Good Hope, and round the
Horn, and round the Norway Maelstrom, and round perdition’s flames before
I give him up. And this is what ye have shipped for, men! to chase that white
whale on both sides of land, and over all sides of earth, till he spouts black
blood and rolls fin out. What say ye, men, will ye splice hands on it, now? I
think ye do look brave" (MELVILLE, 1851, p. 257).

FONTE: <https://www.planetebook.com/free-ebooks/moby-dick.pdf>. Acesso em: 1º jul. 2019.

A baleia branca é baseada em um cetáceo da vida real chamado Mocha Dick.


Nomeado após a ilha chilena de Mocha (perto da qual o animal foi encontrado pela
primeira vez), ele era um cachalote albino com uma reputação formidável. Com
mais de 20 metros de comprimento, o mamífero era famoso por nadar suavemente
ao lado dos barcos baleeiros. No primeiro sinal de agressão, no entanto, a baleia
entraria em ação e tentaria destruir qualquer barco que o atacasse.

Quando o animal notório foi finalmente derrubado por volta de 1839,


pelo menos 19 arpões foram encontrados em seus lados. No ano seguinte, The
Knickerbocker Magazine publicou um artigo intitulado Mocha Dick: ou A Baleia
Branca do Pacífico. Para o seu romance, Melville substituiria a palavra “Mocha”
por “Moby” (embora ninguém saiba ao certo o porquê). Mas o conto também foi
fortemente influenciado por um evento que ocorreu no Sul do Pacífico, mais de
uma década antes do desaparecimento de Mocha Dick.

O outro evento que influenciou o romance Moby Dick aconteceu em 20 de


novembro de 1820, um navio baleeiro chamado Nantucket, o Essex, foi atacado
e afundado por um diferente cachalote irritado. A tripulação de 20 homens
sobreviveu ao ataque subindo em três barcos a remo, mas como tinham poucos
suprimentos, morreram antes de serem resgatados perto do Chile.

Vale lembrar que Moby Dick foi adaptada para o cinema e você pode
conhecer a história também por meio do filme.

56
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

DICAS

Ficou com vontade de ler esse clássico americano? Acesse: https://www.


planetebook.com/free-ebooks/moby-dick.pdf

4.5 NATHANIEL HAWTHORNE


Nathaniel Hawthorne é outro escritor americano romântico conhecido
por sua ficção. Junto a Melville, ele ajudou a tornar o gênero romance uma grande
parte da tradição romântica americana.

FIGURA 7 – NATHANIEL HAWTHORNE

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Nathaniel_Hawthorne>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Hawthorne, que veio da Nova Inglaterra, costumava definir suas obras de


ficção naquela região. Suas obras são notáveis ​​por sua complexidade psicológica, por
sua ênfase na emoção e por serem discutidas em salas de aula de inglês do ensino
médio. Isso porque a sua obra mais importante, The Scarlet Letter (1850), sempre foi
também muito polêmica e costuma acender uma grande discussão em torno do tema.

Seus romances também costumam aparecer nos primórdios da


América, quando os puritanos desembarcaram e estabeleceram colônias em
lugares como Boston.

A sua obra mais importante é The Scarlet Letter (1850), traduzida para o
português como A Letra Escarlate.
57
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

FIGURA 8 – THE SCALET LETTER

FONTE: <https://www.shmoop.com/scarlet-letter/summary.html>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Esse grande clássico começa com um longo preâmbulo sobre como o livro
veio a ser escrito. O narrador sem nome era o pesquisador da alfândega em Salem,
Massachusetts. No sótão da alfândega, ele descobriu uma série de documentos,
dentre eles um manuscrito que foi empacotado com um retalho de pano escarlate
bordado a ouro na forma de um "A”, que remete a ‘adulteress’(adúltera).

O manuscrito, o trabalho de um antigo inspetor, detalhou eventos que


ocorreram cerca de duzentos anos antes do tempo do narrador. Quando o
narrador perdeu seu posto alfandegário, ele decidiu escrever um relato fictício
dos eventos registrados no manuscrito. A letra escarlate é o produto final.

A história começa na Boston do século XVII, depois em um assentamento


puritano. Uma jovem, Hester Prynne, é conduzida da prisão da cidade com sua filha
pequena, Pearl, em seus braços e a letra escarlate “A” no peito. Um homem no meio
da multidão diz a um espectador idoso que Hester está sendo punida por adultério.

O marido de Hester, um estudioso muito mais velho do que ela, mandou-a


para a América, mas ele nunca chegou a Boston. O consenso é que ele se perdeu
no mar. Enquanto espera por seu marido, Hester aparentemente teve um caso e
deu à luz uma criança. Ela não revelará a identidade de seu amante, no entanto, a
letra escarlate, junto a sua vergonha pública, é sua punição por seu pecado e seu
sigilo. Neste dia, Hester é levada para o andaime da cidade e discutida pelos pais
da cidade, mas ela novamente se recusa a identificar o pai de seu filho.

58
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

O espectador idoso é o marido desaparecido de Hester, que agora pratica


medicina e se chama Roger Chillingworth. Ele se instala em Boston, com a intenção
de se vingar. Ele não revela sua verdadeira identidade a ninguém além de Hester,
a quem lhe jurou segredo. Vários anos se passam. Hester se sustenta trabalhando
como costureira, e Pearl se torna uma criança voluntariosa e mal-educada. Evitadas
pela comunidade, vivem em uma pequena cabana nos arredores de Boston.
Autoridades da comunidade tentam tirar Pearl de Hester, mas com a ajuda de
Arthur Dimmesdale, um pastor jovem e eloquente, a mãe e a filha conseguem ficar
juntas. Dimmesdale, no entanto, parece estar definhando e sofrendo de problemas
cardíacos misteriosos, aparentemente causados por​​ problemas psicológicos.

Chillingworth liga-se ao ministro enfermo e, por fim, vai morar com ele
para que ele possa cuidar do paciente 24 horas por dia. Chillingworth também
suspeita que possa haver uma conexão entre os tormentos do ministro e o segredo
de Hester, e ele começa a testar Dimmesdale para ver o que ele pode aprender.
Uma tarde, enquanto o ministro dorme, Chillingworth descobre uma marca no
peito do homem (cujos detalhes são mantidos pelo leitor), o que o convence de
que suas suspeitas estão corretas.

A angústia psicológica de Dimmesdale se aprofunda e ele inventa


novas torturas para si mesmo. Enquanto isso, os atos de caridade de Hester e
a humildade silenciosa lhe renderam alívio do desprezo da comunidade. Uma
noite, quando Pearl tem cerca de sete anos de idade, ela e sua mãe estão voltando
para casa, de uma visita a um moribundo, quando encontram Dimmesdale no
alto do andaime da cidade, tentando se punir por seus pecados. Hester e Pearl
se juntam a ele. Dimmesdale recusa o pedido de Pearl para que ele a reconheça
publicamente no dia seguinte, e um meteoro marca um “A” vermelho-claro
no céu noturno. Hester pode ver que a condição do ministro está piorando e
resolve intervir. Ela vai para Chillingworth e pede que ele pare de aumentar o
autotormento de Dimmesdale. Chillingworth se recusa.

Hester organiza um encontro com Dimmesdale na floresta, pois ela está


ciente de que Chillingworth provavelmente supõe que ela planeja revelar sua
identidade para Dimmesdale. Os antigos amantes decidem, então, fugir para a
Europa, onde podem viver com Pearl como uma família. Eles iriam pegar um
navio que irá sair de Boston em quatro dias. Ambos sentem uma sensação de
alívio, e Hester retira sua letra escarlate e solta o cabelo. Pearl, brincando nas
proximidades, não reconhece sua mãe sem a letra.

No dia anterior à partida do navio, as pessoas da cidade se reúnem para uma


festividade e Dimmesdale prega seu sermão mais eloquente de todos os tempos.
Enquanto isso, Hester descobriu que Chillingworth sabe de seu plano e reservou
passagem no mesmo navio. Dimmesdale, saindo da igreja após seu sermão, vê
Hester e Pearl em pé diante do cadafalso da cidade. Ele impulsivamente sobe ao
andaime com sua amante e sua filha, e confessa publicamente, expondo uma letra
escarlate gravada na carne de seu peito. Ele cai morto, enquanto Pearl o beija.

59
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Frustrado em sua vingança, Chillingworth morre um ano depois. Hester


e Pearl saem de Boston e ninguém sabe o que aconteceu com elas. Muitos anos
depois, Hester retorna sozinha, ainda usando a letra escarlate, para morar em
seu antigo chalé e retomar seu trabalho de caridade. Ela recebe cartas ocasionais
de Pearl, que se casou com um aristocrata europeu e estabeleceu sua própria
famíla. Quando Hester morre, ela é enterrada ao lado de Dimmesdale. Os dois
compartilham uma única lápide, que tem um “A” escarlate.

A letra escarlate de Nathaniel Hawthorne critica os valores antidemocráticos


da antiga América puritana. Se você vivesse na América puritana representada
pela letra escarlate, veria que roubar seria tão grave quanto dirigir sem habilitação:
não há diferença entre a lei de Deus e a lei do homem. Quebrar a lei colonial é o
mesmo que quebrar a lei de Deus.

Nesta obra, diversos temas são discutidos, como vingança, feminismo,


compaixão e perdão, pecado, hipocrisia, culpa, justiça e julgamento, isolamento,
liberdade de escolha e o ser humano e a sua relação com o mundo natural.

FIGURA 9 – TEMAS ABORDADOS EM THE SCARLET LETTER

FONTE: <https://www.shmoop.com/scarlet-letter/chart-themes.html>. Acesso em: 1º jul. 2019.

60
TÓPICO 1 | ROMANTISMO

DICAS

Assim como Moby Dick, The Scarlet Letter também virou filme e você pode
acompanhar toda a história por meio dele. O filme tem o mesmo título do livro.

Assista ao filme legendado acessando: https://www.youtube.com/watch?v=QNulxWxE7QA

Outra obra importante de Hawthorne, lançada um ano após The Scarlet


Letter, em 1851, foi The House of the Seven Gables. Esta obra é um romance histórico.
Conta a história da família Pyncheon. Os Pyncheons são atormentados por uma
maldição por causa do coronel Pyncheon, um forbear que construiu a casa da
família sacrificando a vida de um homem inocente.

Essa novela reflete a preocupação de Hawthorne com a primitiva América


puritana, e nela nós o encontramos lutando com questões de liberdade e justiça.
Os personagens de Hawthorne, neste livro, como seus personagens em suas
outras obras, são motivados por emoções fortes, que são uma força motriz central
nessa trama. Eles sentem todas as sensações.

61
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O período do Romantismo representou uma revolta contra o Classicismo e


seus valores como razão e forma.

• Os escritos foram menos políticos e religiosos, os tópicos eram, em sua maioria,


americanos, e os escritores enfatizavam a imaginação, natureza e individualismo.

• O movimento romântico se originou na Alemanha, mas rapidamente se espalhou


pela Inglaterra, França até chegar nos Estados Unidos, por volta de 1820.

• Pode-se dizer que o período mais rico da literatura foi entre 1830 a 1865, durante
o conhecido American Renaissance.

• Uma distinção é tradicionalmente feita entre os chamados autores leves ou


otimistas (Emerson, Thoreau e Whitman) e os sombrios ou pessimistas (Poe,
Hawthorne e Melville).

• Temas otimistas incluíam beleza milagrosa da natureza, verdades espirituais


por trás do mundo físico, a primazia da imaginação poética e a divindade
potencial de cada indivíduo.

• Os pessimistas incluíam mentes assombradas, impulsos perversos ou


criminosos, dúvidas e ambiguidades.

• As ideias românticas eram centradas em torno da arte como inspiração. A arte,


aliás, tinha muito mais influência do que a ciências, neste momento.

• No período romântico, a ideia de self (eu, próprio) foi definida e novas


palavras compostas positivistas foram surgindo como: self-realization, self-
expression, self-reliance.

• Ralph Waldo Emerson era um homem de muitos talentos. Escreveu ensaios


e poesia.

• O livro de Thoreau, Walden, é uma reflexão sobre seus dois anos vivendo na
floresta perto de Walden Pond, em Massachusetts.

• Walt Whitman é o poeta mais importante do movimento romântico americano.

• Herman Melville escreveu o épico americano Moby Dick.

• Nathaniel Hawthorne é outro escritor americano romântico conhecido por sua


ficção. Ele escreveu o clássico A letra de Escarlate.

62
AUTOATIVIDADE

1 Quais valores o Romantismo americano idealiza?

a) ( ) Materialismo e competição.
b) ( ) Liberdade e democracia.
c) ( ) Conformismo.
d) ( ) Ganância.

2 Qual alternativa é um grande tema do Romantismo americano?

a) ( ) Natureza.
b) ( ) Infância.
c) ( ) Gênero.
d) ( ) Cidades.

3 Qual gênero é uma grande parte do Romantismo americano?

a) ( ) O épico.
b) ( ) O romance.
c) ( ) A Igreja.
d) ( ) Tragédia.

4 A baleia é um símbolo de qual livro?

a) ( ) The Scarlet Letter.


b) ( ) The Prairie.
c) ( ) Moby Dick.
d) ( ) The House of the Seven Gables.

5 Sobre o período romântico, relacione o autor a sua obra:

a) Ralph Waldo Emerson ( ) Leaves Of Grass


b) Henry David Thoreau ( ) The Scarlet Letter
c) Walt Whitman ( ) The Rhodora
d) Herman Melville ( ) Moby Dick
e) Nathaniel Hawthorne ( ) Walde

6 A obra A Letra Escarlate ou The Scarlet Letter se tornou um grande sucesso


mundial. Não apenas o livro, como também o filme que foi adaptado por causa
dessa obra. A letra “A” tem um significado muito importante tanto para o livro
quanto para o filme. Qual o significado da letra A na obra The Scarlet Letter?

63
64
UNIDADE 2 TÓPICO 2

TRANSCENDENTALISMO

1 INTRODUÇÃO
Transcendentalismo é uma palavra um tanto formal que descreve uma
ideia muito simples. Pessoas, homens e mulheres igualmente têm conhecimento
sobre si mesmos e sobre o mundo ao seu redor que "transcende" ou vai além do
que eles podem ver, ouvir, provar, tocar ou sentir.

Este conhecimento vem por meio da intuição e imaginação e não através da


lógica ou dos sentidos. As pessoas podem confiar em si mesmas para serem suas
próprias autoridades sobre o que é certo. Um transcendentalista é uma pessoa
que aceita essas ideias não como crenças religiosas, mas como uma maneira de
entender as relações de vida.

2 O MOVIMENTO EM TORNO DO TRANSCENDENTALISMO


O movimento transcendentalista aconteceu no início do século 19.
Ele estava intimamente ligado ao movimento romântico. É por isso que você
encontrará autores do período romântico que também eram transcendentalistas.

Os indivíduos mais intimamente associados a esse novo modo de pensar


estavam conectados livremente através de um grupo conhecido como The
Transcendental Club, que se reunia na casa de George Ripley, em Boston. Sua
publicação principal era um periódico chamado The Dial, editado por Margaret
Fuller, uma radical política e feminista cujo livro, Mulheres do Século XIX, estava
entre os mais famosos de sua época.

O clube teve muitos pensadores extraordinários, mas concedeu a posição


de liderança a Ralph Waldo Emerson, um dos autores mais influentes do
movimento romântico, autor da obra The Rhodora.

O Clube Transcendental funcionou com diversos autores entre 1836 e


1860. Um dos participantes que merece destaque foi Henry David Thoreau, que
tentou colocar o transcendentalismo em prática. Ele era um grande admirador
de Emerson, mas era descrito de forma variada como estranho, gentil, fanático,
egoísta, um sonhador, um individualista teimoso.

65
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Já vimos que, por dois anos, Thoreau realizou a mais famosa experiência
de autoconfiança quando foi para a Walden Pond, construiu uma cabana e tentou
viver de maneira autossuficiente, sem as armadilhas ou a interferência da sociedade.
Mais tarde, quando escreveu sobre a simplicidade e a unidade de todas as coisas na
natureza, sua fé na humanidade e seu vigoroso individualismo, Thoreau lembrou a
todos que a vida é desperdiçada buscando riqueza e seguindo os costumes sociais.

Essa valorização da natureza e crucificação da sociedade em geral pode


ser observada no trecho a seguir da obra de Thoreau, Walden.

"I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only
the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and
not, when I came to die, discover that I had not lived. I did not wish to live what
was not life, living is so dear; nor did I wish to practice resignation, unless it was
quite necessary. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life, to live
so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad
swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest
terms, and, if it proved to be mean, why then to get the whole and genuine
meanness of it, and publish its meanness to the world; or if it were sublime,
to know it by experience, and be able to give a true account of it in my next
excursion. For most men, it appears to me, are in a strange uncertainty about it,
whether it is of the devil or of God, and have somewhat hastily concluded that
it is the chief end of man here to "glorify God and enjoy him forever."

"Still we live meanly, like ants; though the fable tells us that we were long
ago changed into men; like pygmies we fight with cranes; it is error upon error,
and clout upon clout, and our best virtue has for its occasion a superfluous
and evitable wretchedness. Our life is frittered away by detail. An honest man
has hardly need to count more than his ten fingers, or in extreme cases he may
add his ten toes, and lump the rest. Simplicity, simplicity, simplicity! I say, let
your affairs be as two or three, and not a hundred or a thousand; instead of a
million count half a dozen, and keep your accounts on your thumb-nail. In the
midst of this chopping sea of civilized life, such are the clouds and storms and
quicksands and thousand-and-one items to be allowed for, that a man has to
live, if he would not founder and go to the bottom and not make his port at all,
by dead reckoning, and he must be a great calculator indeed who succeeds.
Simplify, simplify" (THOREAU, 1854, p. 49).

FONTE: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/gu000205.pdf>. Acesso em: 1º


jul. 2019.

66
TÓPICO 2 | TRANSCENDENTALISMO

DICAS

As obras de Henry David Thoreau são de domínio público e você pode


encontrá-las no link: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_
action=&co_autor=160.

Como grupo, os transcendentalistas conduziram a celebração do


experimento americano como individualismo e autoconfiança. Eles adotaram
posições progressistas sobre os direitos das mulheres, abolição, reforma e educação.
Eles criticaram o governo, a religião organizada, as leis, as instituições sociais e a
industrialização progressiva. Criaram um "estado de espírito" americano em que
a imaginação era melhor que a razão, a criatividade era melhor que a teoria, e a
ação era melhor que a contemplação.

Listamos para você algumas características do pensamento


transcendentalista:

• tinham respeito pelas instituições;


• abstinham a competição (o que difere, no geral, do pensamento atual americano,
conhecido hoje por ser muito competitivo);
• buscavam um estilo de vida crítico e solitário;
• evitavam influências e também a sociedade em geral;
• continuavam apreciando bastante a natureza;
• respeitavam o governo apenas se ele defendesse as leis em que acreditavam;
• não votavam ou participavam de missões religiosas;
• rejeitavam a rotina e aguardavam ordens divinas.

3 ESCRITORES DO MOVIMENTO TRANSCENDENTALISTA


Vários escritores fizeram parte do movimento transcendentalista, e como já
vimos anteriormente, pode-se dizer que esse movimento é irmão do Romantismo,
e um escritor romântico também pode fazer parte do transcendentalismo.

Apresentaremos alguns escritores e suas obras que se destacaram neste


período. Emerson, Thoreau e Whitman também eram transcendentalistas, mas já
vimos sua vida e obra ao abordarmos o Romantismo, já que eles também faziam
parte desse período.

67
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

3.1 MARGARET FULLER


Por mais que nomes como Ralph Waldo e Henry David sejam usados ​​em
lugares transcendentais, nem todos os escritores transcendentalistas eram homens.
Margaret Fuller era uma mulher muito ativa no círculo transcendentalista.

FIGURA 10 – MARGARET FULLER

FONTE: <https://www.biography.com/writer/margaret-fuller>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Fuller é uma importante transcendentalista por algumas razões. Para começar,


ela foi uma das primeiras integrantes do Clube Transcendental, fundado em 1836.
Além disso, ela foi editora do The Dial por dois anos, o periódico transcendentalista,
desde quando foi fundado em 1840 até 1842. Fuller também foi uma importante
reformadora social e ativista, especialmente sobre os direitos das mulheres.

Viajando para a Itália em 1847, Margaret Fuller conheceu Giovanni


Angelo, dez anos mais jovem e de princípios liberais. Eles tiveram um filho em
1848 e se casaram no ano seguinte. Envolvida na Revolução Romana de 1848,
Fuller e seu marido fugiram para Florença em 1849. Eles viajaram para os Estados
Unidos, mas o navio naufragou em uma tempestade perto de Nova York, e seus
corpos nunca foram encontrados.

Uma das suas principais obras, Woman in The Nineteenth Century, é sobre a
triste situação das mulheres americanas no século XIX. O governo certamente não
concedia às mulheres muitos direitos na época. Elas não podiam votar, não tinham o
mesmo acesso à herança do que os homens, e, na maioria das vezes, eram obrigadas
a serem donas de casa, trabalhando duro para seus maridos e famílias.

68
TÓPICO 2 | TRANSCENDENTALISMO

Em seu livro, Fuller argumenta que as mulheres no século XIX não eram
muito melhores do que os escravos, e argumenta que algumas sérias reformas
sociais e políticas tiveram que ocorrer para que a situação das mulheres melhorasse.

Outra obra de sua autoria interessante foi The Great Lawsuit. Man versus Men.
Woman versus Women. Este ensaio, publicado pela primeira vez em The Dial, em 1843,
é como um precursor do livro de Fuller, Woman in the Nineteenth Century. Nele, Fuller
expressa sua raiva pela situação das mulheres, mais ou menos trabalhando para as
reivindicações maiores que ela faz em seu livro alguns anos depois.

Quando Fuller publicou o ensaio, ela não era mais a editora do The Dial, mas
continuou a contribuir ativamente para a revista, e não apenas para o periódico,
também para os grandes jornais. Ela foi uma grande jornalista, tornando-se uma
das primeiras correspondentes estrangeiras para um jornal, The Tribune, em 1846.

Fuller era uma feminista que buscava sempre com que a mulher tivesse os
mesmos direitos do que os homens.

3.2 EMILY DICKINSON


Outra grande mulher deste momento na literatura americana que não
podemos deixar de fora é Emily Dickinson.

Emily Dickinson é uma das poetisas americanas mais lidas e bem


conhecidas. Embora ela não se enquadrasse exatamente na categoria dos
transcendentalistas, foi bem considerada por Emerson.

FIGURA 11 – EMILY DICKINSON

FONTE: <http://rascunho.com.br/o-enigma-emily-dickinson/>. Acesso em: 1º jul. 2019.

69
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Em 1850, seu amigo Benjamin Newton lhe deu a primeira coleção de


Poemas de Emerson para seu deleite, um volume que inclui A Esfinge, O Problema,
Dê Tudo para Amar, Merlin I e Merlin II.

Eram todos poemas cujo estilo e assunto parecem ressoar em sua poesia.
Mais tarde, ela expressou admiração pela escrita de Thoreau.

Dickinson se manteve escrevendo, assim como suas intenções literárias, o


mais simples possível.

Ironicamente, por desejar ser apenas ela mesma, Dickinson estava


seguindo um ideal transcendental: ela estava sendo fiel a si mesma e sendo uma
pessoa a todo custo, em oposição a se conformar com um mundo de seguidores.
Mantendo a famosa reclusão de Dickinson em mente, pode-se dizer que em sua
vida ela não era nem líder, nem seguidora.

Dickinson nunca se ligou a uma escola específica de pensamento ou


filosofia, ela era simplesmente ela mesma. Talvez isso seja o suficiente para
considerá-la transcendental.

Alguns poemas de Emily Dickinson parecem ser transcendentais, ainda


que não completamente. Ela parece buscar as verdades universais e investigar
as circunstâncias da condição humana: senso de vida, imortalidade, Deus, fé
e lugar do homem no universo. Emily Dickinson questiona os absolutos e sua
argumentação é multifacetada.

Pode-se perceber a influência de Emerson — o transcendentalismo —


nesses poemas, mas a profunda diferença aqui é que Emily Dickinson não assume
o papel de profeta, redentora e professora do mundo. Em vez disso, a sua escrita
mostra uma busca solitária pela verdade; ela rejeita a fé convencional como o
caminho mais fácil para a salvação. A autoanálise, a autodisciplina e a autocrítica
são as ferramentas de sua busca.

Talvez por causa da qualidade mundana de sua vida diária, no final da


década de 1850, Dickinson começou a levar sua poesia mais a sério. Em 1858,
ela começou o projeto de copiar todos os poemas escritos anteriormente em
livros. Ela também publicou alguns poemas nessa época no jornal republicano de
Springfield. Dickinson abominou a publicação, e apenas alguns de seus poemas
foram publicados durante sua vida.

Leia um de seus poemas a seguir:

70
TÓPICO 2 | TRANSCENDENTALISMO

Uma palavra se abre


Como um sabre —
Pode ferir homens armados
Com sílabas de farpa
Depois se cala —

Mas onde ela caiu


Quem se salvou dirá
No dia de desfile
Que algum Irmão de armas
Parou de respirar.

Aonde vá o sol sem ar —


Por onde vague o dia —
Lá está esse assalto mudo —
Lá, a sua vitória!
Observa o atirador arguto!
O tiro mais perfeito!
O alvo do Tempo
O mais sublime
É um ser “ignoto!”

There is a word
Which bears a sword
Can pierce an armed man —
It hurls its barbed syllables
And is mute again —
But where it fell
The saved will tell
On patriotic day,
Some epauletted Brother
Gave his breath away.

Wherever runs the breathless sun —


Wherever roams the day —
There is its noiseless onset —
There is its victory!
Behold the keenest marksman!
The most accomplished shot!
Time’s sublimest target
Is a soul “forgot!”

(c. 1858)
– Emily Dickinson – ‘Não sou ninguém’. Poemas. [traduções Augusto de
Campos]. Campinas: Unicamp, 2009.

FONTE: <https://www.revistaprosaversoearte.com/emily-dickinson-poemas/>. Acesso


em: 1º jul. 2019.

71
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Perceba que a autora tem uma escrita simples, fácil de ser compreendida.

DICAS

Quer ler mais poemas de Emily Dickinson? Acesse https://www.revistaprosa-


versoearte.com/emily-dickinson-poemas/.

3.3 CHRISTOPHER PEARSE CRANCH


Como Emerson, Christopher Pearse Cranch começou como ministro
unitarista. À medida que seu interesse pelo transcendentalismo se desenvolveu,
por causa de sua amizade com o próprio Ralph e alguns outros transcendentalistas,
ele abandonou o ministério e assumiu o mundo da poesia e da arte.

Apesar de não ser um dos transcendentalistas mais conhecidos, Cranch


era uma parte importante do grupo transcendentalista em Massachusetts.
Sua poesia exemplifica muitos temas transcendentalistas importantes como a
natureza, individualismo e espiritualidade.

FIGURA 12 – CHRISTOPHER PEARSE CRANCH

FONTE: <https://www.goodreads.com/author/show/321324.Christopher_Pearse_Cranch>.
Acesso em: 1º jul. 2019.

Correspondences é o título de uma das suas mais famosas poesias. O poema de


Cranch está ligado ao relacionamento entre nós, Deus e natureza. O orador do poema
sugere que só podemos verdadeiramente conhecer a Deus estudando a natureza.

O poema também exemplifica a ideia transcendentalista de


"Correspondência". Leia o poema a seguir:

72
TÓPICO 2 | TRANSCENDENTALISMO

Correspondences
By Christopher Pearse Cranch (1813-1892)

ALL things in Nature are beautiful types to the soul that will read them;
Nothing exists upon earth, but for unspeakable ends.
Every object that speaks to the senses was meant for the spirit:
Nature is but a scroll,—God’s handwriting thereon.
Ages ago, when man was pure, ere the flood overwhelmed him, 5
While in the image of God every soul yet lived,
Everything stood as a letter or word of a language familiar,
 Telling of truths which now only the angels can read.
Lost to man was the key of those sacred hieroglyphics,—
Stolen away by sin,—till with Jesus restored. 10
Now with infinite pains we here and there spell out a letter;
Now and then will the sense feebly shine through the dark.
When we perceive the light which breaks through the visible symbol,
What exultation is ours! we the discovery have made!
Yet is the meaning the same as when Adam lived sinless in Eden, 15
Only long-hidden it slept and now again is restored.
Man unconsciously uses figures of speech every moment,
Little dreaming the cause why to such terms he is prone,—
Little dreaming that everything has its own correspondence
Folded within it of old, as in the body the soul. 20
Gleams of the mystery fall on us still, though much is forgotten,
And through our commonest speech illumines the path of our thoughts.
Thus does the lordly sun shine out a type of the Godhead;
Wisdom and Love the beams that stream on a darkened world
Thus do the sparkling waters flow, giving joy to the desert, 25
And the great Fountain of Life opens itself to the thirst.
Thus does the word of God distil like the rain and the dew-drops,
And the green grass and the flowers are signs of the regeneration.
O thou Spirit of Truth! visit our minds once more! 30
Give us to read, in letters of light, the language celestial,
Written all over the earth,— written all over the sky:
Thus may we bring our hearts at length to know our Creator,
Seeing in all things around types of the Infinite Mind.

FONTE: <https://www.bartleby.com/339/37.html>. Acesso em: 1º de jul. 2019.

Perceba no poema como o autor enaltece a natureza (nature) e a associa


a Deus (God). Para o autor, tudo se corresponde e está relacionado, por isso do
título do poema Correspondences.

73
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Veja outra grande obra de Cranch:

I in Thee, and Thou in Me


By Christopher Pearse Cranch (1813–1892)

I AM but clay in thy hands, but thou art the all-loving artist;
Passive I lie in thy sight, yet in my selfhood I strive
So to embody the life and love thou ever impartest
That in my sphere of the finite I may be truly alive.
Knowing thou needest this form, as I thy divine inspiration, 5
Knowing thou shapest the clay with a vision and purpose divine,
So would I answer each touch of thy hand in its loving creation,
That in my conscious life thy power and beauty may shine.
Reflecting the noble intent thou hast in forming thy creatures;
Waking from sense into life of the soul, and the image of thee; 10
Working with thee in thy work to model humanity’s features
Into the likeness of God, myself from myself I would free.
One with all human existence, no one above or below me;
Lit by thy wisdom and love, as roses are steeped in the morn;
Growing from clay to statue, from statue to flesh, till thou know me 15
Wrought into manhood celestial, and in thine image reborn.
So in thy love will I trust, bringing me sooner or later
Past the dark screen that divides these shows of the finite from thee
Thine, thine only, this warm dear life, O loving Creator!
Thine the invisible future, born of the present, must be. 20

FONTE: <https://www.bartleby.com/339/39.html>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Podemos observar que neste poema há um foco mais específico de Deus.


Somos uma extensão de Deus e Deus é uma extensão de nós.

É possível perceber uma ênfase similar de Cranch na ideia de


"Correspondência". Mais uma vez a sua obra aponta mais para a noção
transcendentalista do que as coisas se refletem. Segundo o poema, nós nos
refletimos em Deus, e Deus se reflete em nós.

3.4 WILLIAM ELLERY CHANNING


Channing foi uma figura de liderança no desenvolvimento do
transcendentalismo da Nova Inglaterra e de tentativas organizadas nos EUA para
eliminar a escravidão, a embriaguez, a pobreza e a guerra.

Ele estudou teologia em Newport e em Harvard, e logo se tornou um


pregador de sucesso em várias igrejas na área de Boston.

74
TÓPICO 2 | TRANSCENDENTALISMO

FIGURA 13 – WILLIAM ELLERY CHANNING

FONTE: <https://www.britannica.com/biography/William-Ellery-Channing>.
Acesso em: 1º jul. 2019.

Preferindo evitar pontos de doutrina obscuros, ele pregou moralidade,


caridade e responsabilidades cristãs. Ele se tornou um orador popular em ocasiões
cerimoniais e alcançou um público ainda maior escrevendo para periódicos
liberais de Boston, um dos quais era The Christian Disciple.

Em 1815, ele foi atacado pelo periódico calvinista ortodoxo The Panoplist,
cujo editor, Jedidiah Morse, denunciou o clero de Boston como "unitário"
em vez de cristão. Durante os próximos cinco anos, Channing emitiu várias
defesas de sua posição.

Aceitando com relutância o rótulo do unitarismo, Channing descreveu


sua fé como um sistema racional e amável.

Embora ele não desejasse fundar uma denominação, acreditando que a


ortodoxia seria tão opressiva quanto qualquer outra, ele formou uma conferência
de ministros liberais da Congregação, e cinco anos mais tarde reorganizada como
a Associação Unitária Americana.

É fácil associar Channing ao Transcendentalismo, já que ele estava


diretamente ligado à igreja, e já vimos que uma das características desse período
é a relação entre o homem e Deus.

75
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Transcendentalismo descreve uma ideia muito simples: pessoas, homens e


mulheres igualmente têm conhecimento sobre si mesmos e sobre o mundo
ao seu redor que "transcende" ou vai além do que eles podem ver, ouvir,
provar, tocar ou sentir.

• O movimento transcendentalista aconteceu no início do século 19. Ele estava


intimamente ligado ao movimento romântico. É por isso que você encontrará
autores do período romântico que também eram transcendentalistas.

• Os autores desse período estavam conectados livremente através de um grupo


conhecido como The Transcendental Club.

• O clube teve muitos pensadores extraordinários, mas concedeu a posição


de liderança a Ralph Waldo Emerson, um dos autores mais influentes do
movimento romântico, autor da obra The Rhodora.

• O Clube Transcendental funcionou com diversos autores entre 1836 e 1860. Um


dos participantes que merece destaque foi Henry David Thoreau, que tentou
colocar o transcendentalismo em prática.

• Como grupo, os transcendentalistas conduziram a celebração do experimento


americano como individualismo e autoconfiança.

• Emerson, Thoreau e Whitman também eram transcendentalistas.

• Fuller é uma importante transcendentalista.

• Uma das principais obras de Fuller, Woman in The Nineteenth Century, é sobre a
triste situação das mulheres americanas no século XIX. O governo certamente
não concedia às mulheres muitos direitos na época.

• Outra mulher de destaque deste momento na literatura americana é Emily


Dickinson.

• Emily Dickinson é uma das poetisas americanas mais lidas e bem conhecidas.

• Christopher Pearse Cranch começou como ministro unitarista. À medida


que seu interesse pelo transcendentalismo se desenvolveu, por causa de
sua amizade com o próprio Ralph e alguns outros transcendentalistas, ele
abandonou o ministério e assumiu o mundo da poesia e da arte.

• Channing foi uma figura de liderança no desenvolvimento do


transcendentalismo da Nova Inglaterra e de tentativas organizadas nos EUA
para eliminar a escravidão, a embriaguez, a pobreza e a guerra.
76
AUTOATIVIDADE

1 Vimos que algumas características são bem específicas do movimento


Transcendentalista. Você lembra quais são? Leia as características a seguir e
assinale a(as) alternativa(s) correta(s):

a) ( ) Não tinham respeito pelas instituições.


b) ( ) Buscavam um estilo de vida crítico e solitário.
c) ( ) Eram influenciáveis.
d) ( ) Continuavam apreciando bastante a natureza.
e) ( ) Votavam.
f) ( ) Participavam de missões religiosas.
g) ( ) Rejeitavam a rotina e aguardavam ordens divinas.

2 Sobre o movimento literário que vimos até aqui, o Transcendentalismo,


escolha a melhor alternativa que completa a questão.

Transcendentalismo é um _____________________________.

a) ( ) Movimento literário.
b) ( ) Movimento filosófico.
c) ( ) Uma reforma social.

3 As seguintes reformas sociais aconteceram durante o transcendentalismo,


EXCETO:

a) ( ) Direitos das mulheres.


b) ( ) Abolição da escravidão.
c) ( ) Trabalho infantil.

4 Quem podemos dizer que foi o pai fundador do Transcendentalismo?

a) ( ) Throreau.
b) ( ) Emerson.
c) ( ) Whitman.

5 Sobre os autores do movimento Transcendentalista, relacione:

a) Margaret Fuller ( ) Autor do famoso Correspondences.


b) Emily Dickinson ( ) Feminista e ativista.
c) Cranch ( ) Pregador de sucesso em diversas igrejas.
d) Channing ( ) Grande poetista americana.

77
78
UNIDADE 2 TÓPICO 3

REALISMO, NATURALISMO
E REGIONALISMO

1 INTRODUÇÃO
Após todo o período romântico, cheio de emoção e amor à natureza e a
Deus, chegamos ao Realismo.

É importante lembrar que o Romantismo teve início nos Estados Unidos


por volta de 1820 e a Guerra Civil americana aconteceu entre os anos de 1861
e 1865. Você já consegue imaginar a tragédia que a Guerra Civil, que vimos na
Unidade 1, trouxe aos americanos, e é possível ver esse impacto também na
literatura. Sendo assim, chegamos ao Realismo.

2 REALISMO E NATURALISMO
Entre 1870 e 1910, houve dois movimentos principais que ocorreram na
literatura americana: Realismo e Naturalismo.

O Realismo era um movimento literário que se concentrava em personagens


comuns, situações cotidianas da vida e histórias realistas.

O Naturalismo era um ramo do Realismo. Como o Realismo representava


pessoas reais em situações reais, os naturalistas também acreditavam em forças
maiores que o indivíduo, como a natureza, o destino e a hereditariedade. Os
naturalistas acreditavam que essas forças moldavam os indivíduos e seu destino.

Embora eles diferem um pouco, o Naturalismo e o Realismo descrevem


a vida e as experiências do homem comum americano. Esse movimento ajudou
os americanos a lidar com a percepção de que suas vidas nem sempre seriam tão
otimistas quanto os românticos acreditavam que seria.

Por acaso você já leu clássicos como War and Peace ou Anna Karenina de
Leo Tolstoy, ou ainda, Great Expectations, de Charles Dickens? Esses são alguns
clássicos da literatura mundial e eles têm algo em comum: são obras do Realismo.

2.1 REALISMO
O Realismo é um movimento literário que se desenvolveu em meados do
século XIX, na França, logo espalhou-se rapidamente por todo o resto da Europa
até a Rússia e depois para os EUA.

79
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

O Realismo, como você pode imaginar por seu título, retrata a vida real.
Escritores realistas escrevem sobre pessoas comuns, como donas de casa entediadas,
corrupção, pessoas pobres, adolescentes, todos nas suas vidas simples e comuns.

O escritor realista mostra vidas comuns e as transforma em dramas


significativos que despertam o interesse do leitor.

Alguns desses escritores estavam reagindo contra o movimento Romântico,


que frequentemente enfatizava a natureza sobre a cultura, o indivíduo solitário
contra a sociedade.

Escritores realistas, ao contrário dos românticos, gostam de se concentrar


em grupos de pessoas e na sociedade a qual a pessoa está inserida.

Como o Realismo nos dá a visão geral, ele tende a ser associado ao gênero
romance, que é enorme e flexível. A maioria dos famosos realistas, como Tolstoy
e Dickens, eram romancistas que escreviam obras gigantescas.

Embora o Realismo tenha terminado na virada do século, as suas técnicas


continuaram. Muitos dos romances escritos hoje usam linguagem direta sobre
questões contemporâneas.

Se você parar para pensar, perceberá que os romances da era realista são
muito longos. Sabe por quê? Porque eles estão cheios de detalhes. Os realistas
amam detalhar tudo, desde a roupa que o personagem está vestindo até a comida
que ele está comendo. Isso porque, quanto mais detalhes você, leitor, tem, mais
realista a escrita parecerá.

No Realismo, o narrador geralmente é onisciente. O narrador sabe de


tudo e pode estar em vários lugares ao mesmo tempo.

Mesmo sendo um romance longo, a linguagem do realismo tende a ser


bastante simples, mesmo que o assunto seja complexo. A linguagem realista nada
mais é que a linguagem que usamos em nossa fala cotidiana.

Outra característica forte do realismo é a verossimilhança, que é a


aparência de ser verdadeiro. Como assim? Bem, nas obras desse período, você
não encontrará nenhum unicórnio, por exemplo, porque os autores realistas
querem que acreditemos que o que estamos lendo está realmente acontecendo. A
história precisa parecer real.

O romance é o gênero favorito de autores realistas e eles adoravam colocar


em suas obras todos os detalhes do dia a dia da vida como ela realmente é. O
cotidiano faz parte de um livro realista.

Agora que você já conhece as características das obras dessa escola literária,
vamos conhecer melhor os principais autores desse período e também o seu trabalho.

80
TÓPICO 3 | REALISMO, NATURALISMO

2.1.1 Honoré de Balzac


Balzac é reconhecido como um dos fundadores do Realismo. Durante
sua vida, ele empreendeu um projeto gigantesco, que ele chamou de La Comédie
humaine ou The Human Comedy. É uma série de romances e contos que retratam
todos os aspectos da sociedade francesa.

Como são mais de oitenta obras, foi necessário muito trabalho duro para
conseguir esse feito e muitas vezes ele trabalhava em torno de 15 horas por dia.

Balzac foi um dos primeiros autores a concentrar seu trabalho na vida dos
cidadãos franceses comuns. Ele tentou retratar a vida e a sociedade como elas
realmente eram. Tanto o caráter do personagem quanto a sua psicologia eram
temas centrais da sua obra.

FIGURA 14 – HONORÉ DE BALZAC

FONTE: <https://www.pensador.com/autor/honore_de_balzac/>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Uma das suas principais obras e que faz parte do projeto La Comédie
Humaine foi Cousin Bette. Essa história fala sobre a prima Bette, uma parente pobre
dos Hulots, aristocratas franceses que não a tratam muito bem e, durante a trama,
ela se vinga deles. Balzac gostava de retratar a sociedade mostrando o mundo dos
ricos e também dos pobres.

2.1.2 Samuel Clemens (Mark Twain)


Nos estados Unidos, um dos primeiros nomes do Realismo é Samuel
Clemens, mais conhecido pelo seu codinome, Mark Twain.

O autor americano é reconhecido mundialmente como um dos escritores


mais influentes da língua inglesa. Ele tem tanta influência na literatura americana
que já foi chamado de "pai da literatura americana".

81
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

FIGURA 15 – MARK TWAIN

FONTE: <https://bocasfoleiras.blogs.sapo.pt/2015/11/>. Acesso em: 1º jul. 2019.

O primeiro grande sucesso de Mark Twain como escritor foi o conto The
Celebrated Jumping Frog, mas há duas obras grandiosas realizadas por ele: The
Adventures of Tom Sawyer e Adventures of Huckleberry Finn, referido por muitos
como o grande romance americano.

As Aventuras de Tom Sawyer é uma das obras mais famosas da literatura


infantil. Conta a história de um menino que cresceu ao longo do rio Mississippi,
na década de 1840. O romance é ambientado na cidade fictícia de São Petersburgo,
inspirada na casa de infância de Twain, em Hannibal, perto de St. Louis, no
Missouri. Alguns eventos do livro são autobiográficos e muitos dos lugares nele
são reais. O romance tem elementos de humor e também crítica social.

Praticamente, todos os americanos conhecem a história de Tom Sawyer,


um menino americano, travesso, mas um bom menino.

Já a outra grande obra de Twain, Adventures of Huckleberry Finn, conta


a história em primeira pessoa de Huckleberry "Huck" Finn, um menino que
morava na rua e tinha um pai bêbado. Huck Finn é amigo de Tom Sawyer. Ele
recentemente adquiriu algum dinheiro e está aprendendo a ser um cavalheiro.
Um dos principais personagens do livro é Jim, um escravo negro adulto que
fugiu. Ao longo da história, Huck está em conflito moral devido aos valores que
ele aprendeu na sociedade, mas ele faz uma escolha da amizade de Jim com base
em sua própria avaliação.

Adventures of Huckleberry Finn é a obra mais famosa de Mark Twain,


considerado um dos maiores romances americanos.

82
TÓPICO 3 | REALISMO, NATURALISMO

2.1.3 William Dean Howells


William Dean Howells foi um autor realista americano e também crítico
literário. Ele era conhecido pela história de Natal, Christmas Every Day, e o romance
The Rise of Silas Lapham.

Howells escreveu uma série de poemas, romances, esboços, histórias e


muitas outras obras. Ele teve uma longa presença no cenário americano literário.
Ele tem muitos livros publicados, mas uma das suas histórias mais conhecidas é
a história de natal.

FIGURA 16 – WILLIAM DEAN HOWELLS

FONTE: <https://www.britannica.com/biography/William-Dean-Howells>.
Acesso em: 1º jul. 2019.

No conto Christmas Every Day, uma garotinha pede ao pai que lhe conte
uma história. O pai começa contando sobre um porquinho, entretanto a menina
pede uma história de natal e o pai começa a contar uma história sobre um Natal
que ocorre todos os dias.

As percepções das crianças sobre o natal perfeito são baseadas na ganância.


O primeiro dia de natal é perfeito, claro. Os presentes são maravilhosos, a árvore
é linda, o jantar excelente. A menina come muito doce de manhã, pudim de
ameixa, nozes, passas e laranjas no período da tarde, e como resultado fica uma
dor de estômago. O pai observa. Resumindo, como em todos os maravilhosos
natais, este é tão agitado que a garotinha da história está exausta no final do dia.

Mas ela é acordada na manhã seguinte por seus irmãos e irmãs, clamando
que é o dia de Natal. A criança reclama por ter que acordar tão cedo dois dias
seguidos. Pior, os presentes do dia anterior ainda estão pela sala, junto aos novos
que não foram abertos.

83
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

A menina novamente come muito doce de manhã, pudim de ameixa,


nozes, passas e laranjas à tarde, e novamente fica uma dor de estômago. Os
adultos ficam mais bravos do que nunca. No dia seguinte é natal de novo, e
todos os dias são assim. Depois de algum tempo, os perus chegaram a ser muito
escassos, sendo vendidos por cerca de mil dólares cada um. Todos os bosques
e pomares foram cortados para árvores de natal. Depois de um tempo, eles
tiveram que fazer árvores de natal com trapos. Havia muitos trapos, porque as
pessoas ficavam tão pobres comprando presentes umas para as outras, que não
conseguiam roupas novas e usavam as velhas em farrapos. Já os confeiteiros, os
lojistas e os vendedores de livros ficaram muito ricos.

Ao final do livro, a criança pede que o natal volte a ser como antes, uma
vez ao ano. Você estava esperando uma história linda e cheia de emoção por ser
natal? Não esqueça que estamos falando de Realismo e, por aqui, as coisas são
um pouco diferentes.

2.1.4 Rebecca Harding Davis


Ensaísta e escritora americana, Davis é lembrada principalmente por
sua história Life in the Iron Mills, que é considerada uma obra de transição do
Realismo americano.

Ela era uma ávida leitora e começou a escrever sobre versos e histórias
em sua juventude. Algumas de suas primeiras obras foram publicadas, mas sua
reputação como autora de retratos de vida surpreendentemente realistas, às vezes
sombrios, começou apenas com a publicação de sua história Life in the Iron Mills,
na Atlantic Monthly, em 1861.

FIGURA 17 – REBECCA HARDING DAVIS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Rebecca_Harding_Davis>. Acesso em: 1º jul. 2019.

84
TÓPICO 3 | REALISMO, NATURALISMO

Nas três décadas seguintes, a ficção de Rebecca Davis, histórias infantis,


ensaios e artigos apareceram regularmente na maioria das principais revistas da
época e, a partir de 1869, ela foi também, durante vários anos, editora colaboradora
do New York Tribune.

Life in the Iron Mills é um conto sobre Hugh Wolfe, um operador de forno
em uma das fábricas de ferro de Kirby e John. O principal trabalho de Hugh
é cuidar de grandes barris de ferro fundido. O conto é narrado a partir da
perspectiva de um narrador anônimo e onisciente.

O narrador nos conta que a casa em que ele mora era o lar da família
Wolfe, três décadas atrás. A família consistia em Hugh, seu pai Old Wolfe e sua
prima Deborah.

Deborah é descrita como uma mulher leve e simples. Ela tem uma leve
corcunda nas costas, o que a torna pouco atraente para a maioria dos homens.

O narrador revela que Deborah ama Hugh, mas sabe que seu amor nunca
poderá ser correspondido. De sua parte, Hugh é um homem quebrado. Seu
apelido é "Molly Wolfe" porque os outros trabalhadores o consideram ineficaz.

De sua parte, Hugh despreza seu trabalho. Sua única felicidade na vida
parece ser sua arte. Em seu tempo livre, Hugh esculpe figuras bonitas do korl, que
é um subproduto do minério de ferro fundido. Seu passatempo favorito dava
desprezo, principalmente, aos seus colegas de trabalho masculinos.

Uma noite, um grupo de homens de aparência ilustre visitam o moinho de


ferro. Entre os homens estão Clark Kirby (filho de um dos proprietários dos moinhos),
o supervisor, o Dr. May (médico) e Mitchell (repórter de um jornal do Norte).

Antes de saírem, os homens tropeçam em uma das esculturas de Hugh.


May acha que a figurinha feminina se assemelha a uma mulher trabalhadora com
o rosto de um "lobo faminto". Hugh afirma que a estatueta de korl está com fome,
mas não por "carne". Antes de os homens saírem, o Dr. May diz a Hugh que ele
pode fazer algo de si mesmo, se quiser. De sua parte, Hugh pergunta se o médico
irá ajudá-lo, mas o médico responde que não há como fazer isso.

Mais tarde, Deborah revela que pegou um valor do bolso de Mitchell. Ela dá
a Hugh o grande maço de dinheiro, mas, a princípio, ele fica com medo de aceitá-lo.

Eventualmente, depois de muita discussão sobre o seu "direito" ao dinheiro,


Hugh sucumbe à tentação. Sua decisão leva à sua condenação por roubo e ele é
condenado a 19 anos de prisão. Como cúmplice, Deborah deve servir por 3 anos.

O narrador revela que Hugh morreu na prisão, depois de cortar seus


pulsos. Deborah finalmente deixa a prisão depois de cumprir seu tempo e começa
uma nova vida entre a comunidade Quaker.

85
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

A história termina com o narrador retornando ao presente. Ele revela que


ele tem a estátua de korl da mulher, vista no moinho, escondida atrás de uma
cortina. Enquanto ele está escrevendo, tem um pensamento fantasioso: os braços
estendidos da figura apontados para o Oriente, dando boas-vindas à madrugada.

3 NATURALISMO
O movimento literário Naturalista, que iniciou a partir da década de
1860, desenvolveu-se parcialmente em resposta a algumas grandes descobertas
científicas que estavam sendo feitas sobre o mundo natural da época.

Você já deve ter ouvido falar de Charles Darwin, não é mesmo? Ele
foi o cientista que mostrou ao mundo que não somos apenas descendentes de
macacos, mas também que todas as espécies se desenvolvem como resultado de
um processo natural chamado evolução.

As ideias de Darwin também causaram um grande impacto no mundo


literário. Os primeiros escritores naturalistas estavam muito interessados ​​nas
descobertas de Darwin.

Esses escritores procuraram aplicar as ideias de Darwin ao estudo da


sociedade e da natureza humana. Na ficção naturalista desta escola de escritores, os
personagens são retratados como produtos de seu ambiente social, da mesma forma
que as espécies animais, nas teorias de Darwin são um produto de seu ambiente
natural. Além disso, esses escritores gostavam de explorar temas "darwinistas",
como sobrevivência e hereditariedade, mas dentro de um contexto social.

O romance ainda continua sendo o gênero literário favorito dos escritores


naturalistas. O romance é grande e longo, e permitiu que os escritores naturalistas
observassem e registrassem ambientes sociais em grande detalhe.

Os escritores naturalistas queriam observar e entender como a sociedade


funcionava. Por essa razão, seu trabalho muitas vezes assume um tom narrativo
clínico e individual.

Nesse momento literário, encontramos uma escrita mais depressiva, sem


finais felizes. As pessoas morrem ou acabam mais pobres do que começaram.

No Naturalismo, a hereditariedade é bastante trabalhada, mas não apenas


na aparência física, mas também nas características sociais, como a maneira de
pensar e se comportar.

O Realismo foi um movimento literário que antecedeu o Naturalismo, que


colocou ênfase em retratar a sociedade e a personalidade como elas realmente
são. O Naturalismo nada mais é que um desdobramento do Realismo.

86
TÓPICO 3 | REALISMO, NATURALISMO

3.1 ÉMILE ZOLA


Zola é considerado o grande pai do Naturalismo. Ele iniciou o movimento
na década de 1860 na França, tentando escrever um novo tipo de romance. Zola
foi fortemente influenciado pelas ideias científicas de Darwin, o que o levou a se
interessar pelo modo como o ambiente influencia as pessoas.

Sua novela conhecida como Les Rougon-Macquart  traça a vida de duas


famílias que vivem no Segundo Império da França. O trabalho de Zola foi uma
grande inspiração para muitos naturalistas que vieram depois dele.

FIGURA 18 – ÉMILE ZOLA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Zola>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Uma de suas melhoras obras é Thérèse Raquin, lançada em 1867. Esse


romance conta a história de Thérèse, uma pessoa muito infeliz, casada com
Camille, uma pessoa muito egoísta. Quando o casal se muda para Paris, ela se
envolve com Laurent e os dois amantes tramam o assassinato de Camille.

Este é um ótimo exemplo de um romance naturalista. Zola, no prefácio do


livro, diz que o objetivo é estudar temperamentos e não personagens. O autor faz
a observação e descreve os personagens como se fosse um cientista.

3.2 THEODORE DREISER 


Dreiser nos dá uma boa visão de Naturalismo americano. Um dos grandes
temas em sua ficção é a ambição. Esse tema era relevante na sociedade americana,
porque estavam em uma época (talvez ainda estejam) em que todos queriam se
tornar ricos e grandiosos.

87
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

FIGURA 19 – THEODORE DREISER

FONTE: <https://www.britannica.com/biography/Theodore-Dreiser>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Um desses exemplos é a sua obra An American Tragedy, de 1925. A história


retrata um homem pobre que é levado sob a asa de um tio rico.

Clyde, o personagem principal, se envolve em alguns relacionamentos e


um deles leva à morte de uma mulher e ele acaba na cadeira elétrica. Bom, como
diz o título, só podíamos esperar por uma tragédia, não é mesmo?

3.3 FRANK NORRIS


Norris foi um escritor americano influenciado tanto pelas obras de Zola
quanto as teorias de Darwin sobre a evolução.

Norris foi um dos escritores que levou o Naturalismo para a América.


Como outros naturalistas, ele observava e escrevia sobre o meio influenciar o
caráter de uma pessoa e o interesse dele estava voltado para o contexto americano.

FIGURA 20 – FRANK NORRIS

FONTE: <https://www.britannica.com/biography/Frank-Norris>. Acesso em: 1º jul. 2019.

88
TÓPICO 3 | REALISMO, NATURALISMO

Ele escreveu o clássico naturalista McTeague,  em 1899. O personagem


principal, McTeague, teve um passado pobre. Ele consegue escapar de sua
pobreza sendo um dentista charlatão.

Por meio de seu amigo Marcus, ele conhece Trina, por quem se apaixona
e se casa. Marcus não gosta disso, pois também é apaixonado por Trina.

Uma vez que McTeague se casa com Trina, os problemas realmente


começam. McTeague perde o emprego e fica pobre. Trina, por sua vez, ganha na
loteria. McTeague então mata a esposa para ficar com todo o dinheiro. Mais uma
vez a tragédia marca uma obra naturalista.

4 REGIONALISMO
Para finalizarmos o nosso tópico, vamos compreender um pouco sobre
Regionalismo. O Regionalismo é composto por características que concentram
dialetos, costumes e demais características de uma região específica.

Essa maneira de escrever aconteceu entre a Guerra Civil e o final do século


XIX, e tornou-se dominante na literatura norte-americana.

Neste movimento é possível encontrar influências tanto do Romantismo como


do Realismo. A ênfase é frequentemente na natureza e nas limitações que ela impõe.

Uma escritora que vale a pena destacar nesse momento literário é Harriet
Beecher Stowe.

FIGURA 21 – HARRIET BEECHER STOWE

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Harriet_Beecher_Stowe>. Acesso em: 1º jul. 2019.

Ela escreveu a grande obra Uncle Tom’s Cabin. O livro fala sobre a forma
desumana de como os escravos eram tratados na parte Sul dos Estados Unidos.

Alguns dizem que esse livro deu início à Guerra Civil americana, mas, na
verdade, apenas aumentou uma discussão que já estava ocorrendo em diversos
lugares: o fim da escravidão.

89
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

LEITURA COMPLEMENTAR

O INVENTOR DE ESCRITORES

Luís Antônio Giron

Como Luiz Antonio de Assis Brasil formou 300 autores, muitos de sucesso,
com ensinamentos agora reunidos no manual “Escrever ficção”?

Muitos se perguntam por que o Rio Grande do Sul produziu tantos


ficcionistas de qualidade nas últimas três décadas. Seria devido ao dom inato
dos nativos, ao sistema de educação local ou mesmo ao intenso convívio entre
intelectuais? Nada disso. A razão para os cerca de 300 autores sulistas publicados
entre 1985 e 2019 se deveu menos ao gênio intrínseco deles do que ao trabalho do
professor e romancista Luiz Antonio de Assis Brasil.

“Prefiro o realismo ao romantismo, o iluminismo à barbárie” –  Luiz


Antonio de Assis Brasil, escritor

Em 1985, esse escritor de 74 anos e 20 romances realistas – não gosta


de fantasia e mistério – traduzidos em várias línguas, iniciou em Porto Alegre
a Oficina de Criação Literária para capacitar escritores de contos, novelas e
romances. “O propósito era modesto: usar minha experiência para transmiti-la a
alunos jovens e transformá-los em ficcionistas”, diz Assis Brasil à ISTOÉ. “Mas o

90
TÓPICO 3 | REALISMO, NATURALISMO

projeto cresceu.” E virou referência. Abrigada junto à Faculdade de Letras da PUC-


RS, a oficina se tornou a mais antiga do gênero no Brasil. Hoje, é venerada como
o mais potente acelerador de neurônios literários da língua portuguesa. Além
disso, deu origem em 2008 a um programa de pós-graduação em escrita criativa.
O curso forma anualmente dezenas de mestres e doutores… em criatividade.
“No momento, oriento oito produções de romances”, afirma. “Vamos ver se sai
alguma coisa boa dali.”

Por certo algo sairá, a contar com o que esse discreto inventor de escritores
produziu ao longo do tempo. Entre seus pupilos estão autores premiados e com
carreira internacional. Como afirma a autora e ex-aluna Carol Bensimon: “Assis
Brasil, ao introduzir a escrita no País, possibilitou à nossa literatura um grande
salto em qualidade e diversidade”.

Um dos pré-requisitos para o candidato ser recebido nessa concorrida


academia de penas extraordinárias é renunciar ao talento. “Um escritor completo
não precisa disso”, diz. “Trata-se de um conceito que separa os escolhidos do
resto. Prefiro ‘vocação’. Qualquer um pode escrever se assimilar uma técnica”.

Sob pressão dos curiosos que não se matricularam no curso, mas anseiam
em publicar obras-primas, Assis Brasil revela agora os segredos que guardou
por anos. Reuniu o resultado de leituras, reflexões e atividades em aula no livro
“Escrever ficção: um manual de criação literária”, lançamento da Companhia das
Letras. “Mais que um guia, consiste em um estojo de ferramentas”, afirma. “Uma
coleção de tudo que aprendi na interação com meus alunos”.

91
UNIDADE 2 | PRINCIPAIS AUTORES E AS CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS

Forma de viver

O compêndio pode servir como um manual, com dicas úteis para conquistar
o sucesso na literatura. Ele apresenta um gráfico da progressão de conflitos para
ser aplicado em uma história longa. Entre os autores que cita, constam tanto os
clássicos como os alunos. Mas “Escrever ficção” também contém uma reflexão
sobre a literatura e como ela pode se converter em uma forma de viver.

“Revisei muitas vezes minha maneira de escrever por causa da oficina”,


diz. Aos alunos, costuma dar um conselho que deveria ser adotado por muitos
autores profissionais: “Seja claro e escreva com simplicidade”. Diz que não tem
a pretensão de sagrar-se um evangelista do estilo, mas ensina: “Você será um
ficcionista por inteiro no dia que tiver apagado o meu livro da memória. Cada
um segue seu caminho”.

FONTE: <https://istoe.com.br/o-inventor-de-escritores/>. Acesso em: 01 de jul. 2019.

92
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Entre 1870 e 1910, houve dois movimentos principais que ocorreram na


literatura americana: Realismo e Naturalismo.

• O Realismo era um movimento literário que se concentrava em personagens


comuns, situações cotidianas da vida e histórias realistas.

• O Naturalismo era um ramo do Realismo. Como o Realismo, representava pessoas


reais em situações reais, mas os naturalistas também acreditavam em forças maiores
que o indivíduo, como a natureza, o destino e a hereditariedade. Os naturalistas
acreditavam que essas forças moldavam os indivíduos e seu destino.

• O Realismo é um movimento literário que se desenvolveu em meados do século


XIX, na França, logo se espalhou rapidamente por todo o resto da Europa até a
Rússia e depois para os EUA.

• O escritor realista mostra vidas comuns e as transforma em dramas significativos


que despertam o interesse do leitor.

• No Realismo, o narrador geralmente é onisciente. O narrador sabe de tudo e


pode estar em vários lugares ao mesmo tempo.

• Balzac é reconhecido como um dos fundadores do Realismo.

• O movimento literário Naturalismo, que iniciou a partir da década de 1860,


se desenvolveu parcialmente em resposta a algumas grandes descobertas
científicas que estavam sendo feitas sobre o mundo natural da época.

• As ideias de Darwin também causaram um grande impacto no mundo literário.

• Escritores procuraram aplicar as ideias de Darwin ao estudo da sociedade e da


natureza humana.

• O romance ainda continua sendo o gênero literário favorito dos escritores


naturalistas.

• O Realismo foi um movimento literário que antecedeu o Naturalismo, que


colocou ênfase em retratar a sociedade e a personalidade como elas realmente
são. O Naturalismo nada mais é do que um desdobramento do Realismo.

• O Regionalismo é composto de características que concentram dialetos,


costumes e demais características de uma região específica.

• O Regionalismo aconteceu entre a Guerra Civil e o final do século XIX, e tornou-


se dominante na literatura norte-americana.
93
AUTOATIVIDADE

Após compreender o movimento realista, responda:

1 Com qual tema os escritores do Realismo gostam de se envolver?

a) ( ) Crítica de moda.
b) ( ) Crítica culinária.
c) ( ) Crítica social.
d) ( ) Crítica arquitetônica.

2 Em que aspecto da vida os escritores realistas tendem a se concentrar?

a) ( ) Extraordinário.
b) ( ) Cotidiano.
c) ( ) Surreal.
d) ( ) Trágico.

3 Qual destes é um grande tema da literatura realista?

a) ( ) Solidão.
b) ( ) Política.
c) ( ) Classe.
d) ( ) A cidade.

Os autores do realismo escreviam sobre o cotidiano das pessoas e, muitas


vezes, a obra parecia ser um tanto pessimista, com finais trágicos. Escolha a
melhor alternativa sobra as obras e autores deste período.

4 Qual gênero está mais associado ao Realismo?

a) ( ) Épico.
b) ( ) Soneto.
c) ( ) Romance.
d) ( ) Elogio.

5 Quem escreveu War and Peace, o romance mais longo já escrito?

a) ( ) Fyodor Dostoevsky.
b) ( ) Leo Tolstoy.
c) ( ) George Eliot.
d) ( ) Stendhal.

94
6 Qual autor escreveu La Comédie Humaine (The Human Comedy)?

a) ( ) Gustave Flaubert.
b) ( ) Charles Dickens.
c) ( ) Honoré de Balzac.
d) ( ) Fyodor Dostoevsky.

7 Agora que você já sabe diferenciar o Romantismo, Realismo, Naturalismo


e Regionalismo, identifique as características de cada escola literária
utilizando R para Romantismo, RE para Realismo, N para Naturalismo e
REG para Regionalismo:

a) ( ) As escritas se concentram nas características, dialetos, costumes e


demais características de uma região específica.
b) ( ) Os romances são carregados de emoção.
c) ( ) As descobertas de Darwin têm grande impacto na produção literária.
d) ( ) As produções são sobre o cotidiano de pessoas comuns e muitas vezes
possuem um final trágico.
e) ( ) As obras geralmente são pessimistas.
f) ( ) Idealização do amor.
g) ( ) Escritores se comportam como cientistas e passam a observar para
escrever e escrevem sobre suas observações.

95
96
UNIDADE 3

DO MODERNO AO
CONTEMPORÂNEO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os fatos que levaram a literatura à era Moderna;

• reconhecer as características de escrita deste período;

• compreender a influência do momento histórico com o movimento


literário;

• conhecer os primeiros escritores americanos e suas obras de maior


relevância;

• identificar as características das obras literárias do período moderno e


pós-moderno;

• conhecer os principais autores americanos do momento que fazem


sucesso ao redor do mundo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – MODERNISMO

TÓPICO 2 – PÓS-MODERNISMO

TÓPICO 3 – LITERATURAS E ESCRITORES DA ATUALIDADE

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98
UNIDADE 3
TÓPICO 1

MODERNISMO

1 INTRODUÇÃO
Já vimos a era Colonial Americana, passamos pelo Iluminismo,
Romantismo e chegamos ao Realismo.

Agora é hora de falarmos um pouco sobre a era Moderna da literatura


americana. Se antes você talvez não conhecia muito bem os autores que
descrevemos nos períodos citados anteriormente, agora não há mais desculpas.

Ter o hábito de leitura não é apenas importante para o professor, mas para
todo aquele que almeja ampliar o seu conhecimento, o seu vocabulário e a sua escrita.

E sendo mais específica sobre o professor, que tem o dever de incentivar


o hábito da leitura em seus alunos, deixamos uma pergunta: como incentivar um
aluno se o próprio professor não tem esse hábito?

O Modernismo foi uma onda cultural que se originou na Europa e se


espalhou pelos Estados Unidos durante o início do século XX. Ele impactou a
música, a arte e a literatura ao deixar para trás as formas tradicionais, expressando
um sentido da vida moderna como uma brusca ruptura com o passado e suas
rígidas convenções.

Na literatura, os elementos do modernismo são temáticos, formais e


estilísticos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o mundo observou o que a raça


humana da era Moderna era capaz de fazer.

A literatura modernista americana produzida durante o tempo reflete


esses temas de destruição e caos. Você perceberá que muitas das obras produzidas
nesse momento são consequências da guerra, quando o caos e a destruição
dominaram países e, consequentemente, observamos esse sentimento nas obras
literárias no período pós-guerra.

Modernistas literários comemoraram a quebra das formas convencionais.


Os romances modernistas destroem as convenções ao reverter as normas
tradicionais, como os papéis raciais e de gênero, notáveis ​​em The Great Gatsby, de
F. Scott Fitzgerald, por exemplo.

99
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

Eles também quebram as formas convencionais de linguagem ao deixar


de lado regras de sintaxe e estrutura. O romance de William Faulkner, The
sound and the fury, por exemplo, abandona as regras da linguagem à medida
que Faulkner inventa novas palavras e adota um método narrativo em primeira
pessoa, mostrando também narrativas desarticuladas e não lineares.

2 O MOVIMENTO MODERNO
A América entrou no século XX com otimismo como uma potência mundial
rica e forte. Embora esse período de tempo tenha começado com prosperidade,
logo se tornou um momento caracterizado por duas guerras mundiais e uma
grave depressão econômica.

Esses eventos desencadearam uma nova era na literatura americana, o


Modernismo, quando os escritores começaram a tentar expressar a vida moderna
com suas obras.

 A era modernista foi uma era de ousadia e vida acelerada. A cultura viu
o Renascimento do Harlem e a Era do Jazz.

Foi um tempo de riqueza tanto na vida quanto na arte, um dos motivos


que levou o país à Grande Depressão.

Na literatura, a época foi caracterizada por um afastamento dos estilos


tradicionais de poesia e outros tipos de escrita. Ezra Pound começou o movimento
Imagist. Esta poesia abandonou toda a forma tradicional e procurou retratar uma
única imagem no tempo. Foi nessa época que os autores começaram a experimentar
diferentes estilos de escrita e ganharam aclamação internacional dos EUA.

Embora suas obras fossem muito diferentes, os autores modernos


compartilhavam um propósito comum: captar a essência da vida moderna. Esse
propósito é o motivo pelo qual a maioria da literatura modernista foi escrita de
maneira pessimista. A maioria das obras modernas reflete os pensamentos e a
confusão da maioria dos americanos, especialmente durante a Grande Depressão
e as duas Guerras Mundiais.

A literatura revelou a confusão do povo americano ao tentar entender


o que estava acontecendo ao seu redor. Houve também uma perda de fé e
esperança no povo americano durante este período de tempo e uma quebra de
moralidade e valores.

A literatura da época foi muitas vezes fragmentada para causar confusão e


intencionalmente quebrar o fluxo de palavras na literatura. Dois grandes temas da
época foram confusão e desilusão. Esses temas e esse movimento literário, como
um todo, refletiam a nova mentalidade do povo americano após a virada do século.
Foi por causa dessa mentalidade e da perda de esperança no sonho americano que
os principais autores do período, como Fitzgerald, Hemingway, Faulkner, Eliot e
Pound ficaram conhecidos como Lost Generation (Geração Perdida).

100
TÓPICO 1 | MODERNISMO

FIGURA 1 – A MODERNIST TIMELINE

FONTE: <https://www.slideshare.net/jhazle/american-literature-introduction-to-the-modern-period>.
Acesso em: 20 jul. 2019.

2.1 LOST GENERATION


Para você, que nunca ouviu falar no Lost Generation, ele foi um grupo de
escritores americanos que ascendeu durante a Primeira Guerra Mundial e ficou
conhecido na literatura na década de 1920. O termo também é usado de forma
mais geral para se referir à geração pós-Primeira Guerra Mundial.

A geração foi "perdida" no sentido de que seus valores herdados não eram
mais relevantes no mundo pós-guerra. Os valores agora eram outros, já que os valores
do Romantismo, por exemplo, não faziam mais sentido nesse novo momento.

Os autores, na sua maioria, estavam entre seus vinte e trinta anos e


estavam vivendo um momento de guerra, em que muitas vidas terminavam sem
necessidade e muitos inocentes morriam.

Alguns temas recorrentes desse momento eram a idealização do passado,


impotência e o papel do homem e da mulher na sociedade moderna.

Os autores mais conhecidos do Lost Generation eram T. S. Eliot, F. Scott


Fitzgerald, Gertrude Stein e Ernest Hemingway.

Vamos conhecer alguns dos autores mais influentes do Modernismo?

101
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

3 AUTORES DA ERA MODERNISTA


Muitos autores e obras que veremos a seguir você com certeza já ouviu
falar. Suas obras influenciaram o mundo literário.

Além dos autores modernistas americanos, também veremos James Joyce


e Virginia Woolf, que, embora não fossem americanos, tiveram grande influência
nas obras literárias americanas da era moderna.

3.1 T. S. ELIOT
T. S. Eliot, que viveu entre 1888-1965 é amplamente conhecido como um
escritor moderno. Tudo sobre sua poesia mostra o alto modernismo: seu uso do
mito para embasar e ordenar a experiência moderna atomizada; sua justaposição
colada de diferentes vozes, tradições e discursos; e seu foco na forma como o
portador do significado.

Thomas Stearns Eliot nasceu em 26 de setembro de 1888 em St. Louis,


Missouri, e era filho de uma rica família, por isso teve uma ótima educação.

FIGURA 2 – THOMAS STEARNS ELIOT

FONTE: <https://www.erealizacoes.com.br/blog/t-s-eliot-biografia-frases-livros-e-poemas/>.
Acesso em: 20 jul. 2019.

Em Harvard, Eliot se interessou pela poesia simbolista francesa,


encontrando-se particularmente atraído por Rimbaud, Verlaine e Laforgue.
Autores que influenciaram suas obras.

102
TÓPICO 1 | MODERNISMO

Em 1911, Eliot se matriculou como estudante de doutorado em Harvard,


lendo profundamente o budismo e aprendendo sânscrito. Ele também estudou
na Alemanha e em Oxford, e se estabeleceu na Inglaterra após a Primeira Guerra
Mundial, trabalhando como professor e, notoriamente, como banqueiro.

Eliot foi uma figura de destaque na cena artística de Londres. Ele se casou
com Vivienne Haigh-Wood, em 1915. O casamento não foi bem-sucedido: os
dois se separaram em 1933 e Eliot se casou com Esmé Valerie Fletcher, sua antiga
secretária. Os dois ficaram felizes juntos até a morte de Eliot, em 1965. Seu poema
A dedication to my wife é uma rara declaração pública do profundo afeto que sentia
por sua segunda esposa.

A dedication to my wife
To whom I owe the leaping delight
That quickens my senses in our waking time
And the rhythm that governs the repose of our sleeping time,
the breathing in unison.

Of lovers whose bodies smell of each other


Who think the same thoughts without need of speech,
And babble the same speech without need of meaning.

No peevish winter wind shall chill


No sullen tropic sun shall wither
The roses in the rose-garden which is ours and ours only

But this dedication is for others to read:


These are private words addressed to you in public.

FONTE: <https://genius.com/Ts-eliot-a-dedication-to-my-wife-annotated>. Acesso em: 20 jul.


2019.

FIGURA 3 – (ESME) VELERIE ELIOT E T.S. ELIOT

FONTE: <https://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw17325/Esme-Valerie-Eliot-ne-
Fletcher-TS-Eliot>. Acesso em: 20 jul. 2019.

103
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

No poema, Eliot deixa claro que foi feito para a sua esposa. Na verdade,
ele enfatiza que o poema é para outros lerem. Que estas são palavras privadas
endereçadas em público à esposa.

O primeiro verso verdadeiramente amadurecido de Eliot, The love song of


J. Alfred Prufrock, escrito principalmente quando Eliot tinha apenas vinte e dois
anos, foi pioneiro no uso do monólogo interior, em sua estrutura fragmentada e
em sua surpreendente linguagem figurativa.

Surpreendeu Ezra Pound, três anos mais velho que Eliot, por sua
modernidade, que Eliot conseguira sem nenhum contato direto com movimentos
de vanguarda. Pound ajudou na publicação de Prufrock e a partir das publicações
que ocorreram, Eliot foi proclamado como o mais importante dos poetas modernos.

Em 1922, seu status foi confirmado pela publicação de The Waste Land.
Aparecendo no mesmo ano de Ulysses, de James Joyce, o poema de 434 linhas
ajudou a marcar 1922 como um ano mágico no alto modernismo. Alusivo, musical
e formal, The Waste Land diagnosticou o caos da modernidade. Como Ulysses,
imitava e explorava as diferentes vozes da vida urbana.

Após a conversão de Eliot ao Anglicanismo, sua poesia assumiu uma tendência


mais teológica, enquanto lutava com questões de temporalidade e eternidade.

Eliot recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1948.

3.2 EZRA POUND


Pound foi um dos grandes poetas americanos do século XX. Ele foi muito
importante na tradição da poesia modernista e influenciou outros autores do
período, como o T. S. Eliot.

Pound e seus amigos discordaram dos futuristas e dos dadaístas, que


queriam abandonar tudo do passado. Na verdade, Pound procurou tradições
antigas e as usou em seu trabalho.

FIGURA 4 – EZRA POUND

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ezra_Pound>. Acesso em: 20 jul. 2019.

104
TÓPICO 1 | MODERNISMO

Pound também pesquisou trabalhos acadêmicos sobre as tradições literárias


chinesas e japonesas e produziu "traduções" de obras chinesas clássicas. Pound
achava que, em vez de jogar fora todas as ideias e tradições ultrapassadas, poetas
e artistas tinham que reunir as probabilidades e os fins do passado e reutilizá-las.

Ezra Pound fez parte de dois grandes movimentos modernistas: o


Imagismo e o Vorticismo. Ele era líder e representante do Imagismo, que foi um
movimento literário da poesia americana que favorecia a exatidão das imagens e
uma linguagem clara e objetiva. Já o Vorticismo foi uma teoria estética criada por
Pound, em que o escritor mantém diversos aspectos do Imagismo e acrescenta
estilização gráfica aos seus poemas.

Entre os seus trabalhos de destaque está Ripostes (1912), que reúne vinte
e cinco poemas.

Um fato curioso sobre Pound foi que, em 1945, um jornal americano


perguntou: Ezra Pound deveria ser baleado?

Isso ocorreu devido ao seu apoio ao fascismo europeu. Pound tornou-se


cada vez mais polêmico à medida que a primeira metade do século XX avançava.
Seu antissemitismo sincero nas décadas de 1930 e 1940 é, sem dúvida, uma razão
pela qual seu trabalho não é tão lido quanto o de Eliot, além disso a sua poesia
também é mais difícil de ser lida do que a de T. S. Eliot.

Além disso, Ezra também foi um defensor do fascismo italiano e conheceu


Mussolini na década de 1930.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele fez algumas transmissões de rádio


contra os americanos e judeus, enquanto vivia na Itália. Você já pode imaginar que
o autor não foi muito bem visto nos Estados Unidos por causa disso, não é mesmo?

Infelizmente, o fim de Ezra não foi muito feliz. Ele foi acusado de traição
logo após a Segunda Guerra Mundial e trancado no St. Elizabeth’s Hospital, uma
instituição psiquiátrica em Washington DC. O autor morreu logo depois.

3.3 F. SCOTT FITZGERALD


Fitzgerald também foi um autor de destaque do Modernismo e da
chamada Era do Jazz. Aliás, foi esse autor que inventou esse nome.

Os anos vinte foram um período de prosperidade econômica selvagem,


florescimento cultural e uma agitação de costumes sociais. Foi também a época
definidora da vida de Fitzgerald como escritor. Ele alcançou o auge de sua fama
com a publicação de 1925, The Great Gatsby, um livro que capturou perfeitamente
os humores e estilos da época.

105
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 5 – FRANCIS SCOTT FITZGERALD

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/F._Scott_Fitzgerald>. Acesso em: 20 jul. 2019.

Outra grande obra de Fitzgerald lançada em 1921 foi The curious case of
Benjamin Button, que narra a vida de uma pessoa que nasce com setenta anos e, ao
invés de envelhecer, começa a rejuvenescer.

Essas duas grades obras de Scott Fitzgerald viraram filmes premiados.

3.4 WILLIAM CARLOS WILLIAMS


Em contraste com um poeta como Eliot ou Pound, que afetam tons
europeus quando leem seus trabalhos, embora sejam tão americanos quanto
Williams, este parece uma pessoa que você pode encontrar pelas ruas de Nova
Iorque. A sua escrita é simples e casual. Para ler as suas obras você não precisa de
dicionário, como ao ler os trabalhos de Eliot e Pound.

Entre os seus poemas mais famosos está The red wheelbarrow. Nesse
importante poema modernista, Williams escreve sobre um carrinho de mão
vermelho em vez de escrever sobre abstrações. É um poema curto e doce.

FIGURA 6 – WILLIAM CARLOS WILLIAMS

FONTE: <https://www.britannica.com/biography/William-Carlos-Williams>.
Acesso em: 20 jul. 2019.

106
TÓPICO 1 | MODERNISMO

Outra obra de destaque é This is just to say, baseada em uma nota deixada na
geladeira que se transformou em poema. Williams dizia que a poesia está em toda
parte, então, não é estranho ele transformar uma nota de geladeira em poesia.

3.5 ERNEST HEMINGWAY


Hemingway produziu dez romances, cinco livros de não ficção e dezenas de
contos, ensaios e poemas antes de tirar sua vida aos 61 anos. Um original americano,
nascido em Illinois, ele passou o resto de sua vida saindo da sua zona de conforto.

Hemingway não era um estudioso; ele nunca foi para a faculdade. A obra-
prima que conquistou seu lugar no cânone de grandes nomes literários, The man
and the sea, lançado em 1952, é uma novela magra que comprime a luta épica de
vida e morte em uma história sobre um velho lutando com um peixe. Essa obra
lhe rendeu o Pulitzer Prize.

FIGURA 7 – ERNEST HEMINGWAY

FONTE: <http://www.trbimg.com/img-55956868/turbine/la-me-ernest-hemingway-19610703>.
Acesso em: 3 set. 2019.

Hemingway sempre acreditou que a melhor escrita veio da experiência


pessoal, e seus romances e histórias foram influenciados fortemente pelas
configurações de sua própria vida. Sua ficção refletia seus vários interesses
e experiências, fossem as touradas, a caça africana de grandes animais ou a
condução de uma ambulância na Primeira Guerra Mundial. Mais do que apenas
autobiografia velada, Hemingway usou a base pessoal de seu trabalho como um
desafio para si mesmo como escritor.

3.6 GERTRUDE STEIN


A autora modernista, Gertrude Stein, nasceu em 1874, em Allegheny,
Pensilvânia, mas se mudou para Paris em 1903.

Gertude Stein foi uma escritora influente e imaginativa no século XX.


Filha de um comerciante rico, ela passou seus primeiros anos na Europa com sua
família. Os Steins se estabeleceram em Oakland, Califórnia.

107
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 8 – GERTRUDE STEIN

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Gertrude_Stein>. Acesso em: 20 jul. 2019.

Já em Paris, ela e seu irmão começaram a colecionar pinturas pós-


impressionistas, ajudando vários artistas importantes, como Henri Matisse e
Pablo Picasso. Ela e seu irmão, Leo, fundaram um famoso salão literário e artístico.
Leo mudou-se para Florença, na Itália, em 1912, levando muitas das pinturas com
ele. Stein permaneceu em Paris com sua assistente, Alice B. Toklas, que conheceu
em 1909. Toklas e Stein se tornariam companheiras de toda a vida.

Gertrude Stein realizou diversas palestras nos Estados Unidos, em 1934,


mas retornou à França, onde residiu durante a Segunda Guerra Mundial.

Entre as suas obras mais famosas estão The making of americans (1925) e The
autobiography of Alice B. Toklas (1933). 

A autobiografia sobre a sua parceira foi aclamada pela crítica. Em 1998, foi
eleito um dos vinte melhores livros de não ficção em inglês.

3.7 JAMES JOYCE


Embora James Joyce seja irlandês, não podemos deixar de citá-lo devido à
sua influência na literatura americana. Joyce é mais conhecido por seus romances,
mas ele também escreveu poesia, peças de teatro e ensaios. Suas alusões e
trocadilhos multilíngues são características marcadas em suas obras.

Joyce se destacou na literatura mundial e sempre foi muito bem criticado


por suas obras, mas nem todos os modernistas eram seus fãs.

108
TÓPICO 1 | MODERNISMO

FIGURA 9 – JAMES JOYCE

FONTE: <https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=03197>.
Acesso em: 20 jul. 2019.

Virginia Woolf, famosa escritora que veremos mais à frente, não se


importava muito com Joyce ou seu trabalho. Ela chegou a comparar a sua escrita
com uma universitária enjoada coçando suas espinhas. Outros autores também
criticaram as suas obras, e sua esposa, após a publicação da sua obra prima,
Ulysses, questionou o motivo de ele não escrever livros mais simples que possam
ser compreendidos pelos leitores com mais facilidade.

Entre as suas obras mais importantes temos Dubliners (1914), que consiste
em quinze contos que falam sobre a vida na cidade e seus habitantes. Entre os
contos mais famosos está The dead.

A história se passa antes, durante e depois de uma noite de festa de


Natal com a presença de Gabriel e Gretta Conroy e seus amigos e parentes. Leva
gradualmente à epifania de fim de noite de Gabriel sobre sua vida e casamento,
quando uma canção carinhosa lembra Gretta de um menino que morreu de amor
por ela. Mas James Joyce é mais conhecido por sua obra prima, Ulysses, escrito
entre 1914 e 1921. Podemos dizer que ele foi um livro polêmico. Ulysses foi banido
em alguns países porque é bem sujo: há masturbação e sexo em abundância.

A história também é famosa por sua estratégia de mudar estilos narrativos


e pontos de vista de um capítulo para outro e por justapor a vida cotidiana de
Dublin a eventos e figuras mitológicas da Odisséia de Homero.

Talvez você já tenha ouvido falar em Leopold Bloom, o herói de Ulysses.


Você sabia que em Dublin, na Irlanda, no dia 16 de junho, é celebrado o
Bloomsday? A data é para homenagear Leopold Bloom, personagem do livro de
Joyce. No mundo inteiro é a única data que homenageia um personagem de um
livro. Veja algumas fotos desse festival:

109
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 10 – BLOOMSDAY FESTIVAL

FONTE: <https://www.e-dublin.com.br/bloomsday-festival-2018/>. Acesso em: 20 jul. 2019.

FIGURA 11 – BLOOMSDAY FESTIVAL JAMES JOYCE

FONTE: <https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2017/06/epoca-negocios-bloomsday-
celebra-o-escritor-james-joyce.html>. Acesso em: 20 jul. 2019.

DICAS

Quer conhecer mais sobre este festival?

Acesse https://www.e-dublin.com.br/bloomsday-festival-2018/.

110
TÓPICO 1 | MODERNISMO

3.8 VIRGINIA WOOLF


Outra autora britânica que também influenciou a literatura americana
durante o movimento do modernismo foi Virginia Woolf.

Woolf foi uma feminista e revolucionária. Ela falava sobre a figura


feminina e às proibições que eram feitas às mulheres durante o período Vitoriano.

FIGURA 12 – VIRGINIA WOOLF

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia_Woolf>. Acesso em: 20 jul. 2019.

Entre as suas principais obras está Mrs. Dalloway, escrito em 1925, que
demonstra particularmente a corrente da técnica da consciência, marca das
obras de Woolf.

Em 28 de março de 1941, ela encheu os bolsos do casaco com pedras e se


afogou no Rio Ouse, próximo a sua casa. 

111
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O Modernismo foi uma onda cultural que se originou na Europa e se espalhou


pelos Estados Unidos durante o início do século XX.

• A literatura modernista americana produzida durante o tempo reflete temas


de destruição e caos.

• Modernistas literários comemoraram a quebra das formas convencionais.

• A América entrou no século XX com otimismo como uma potência mundial


rica e forte. Embora este período de tempo tenha começado com prosperidade,
logo se tornou um momento caracterizado por duas guerras mundiais e uma
grave depressão econômica.

• A era Modernista foi uma era de ousadia e vida acelerada. A cultura viu o
Renascimento do Harlem e a Era do Jazz.

• Ezra Pound começou o movimento Imagist.

• Embora suas obras fossem muito diferentes, os autores modernos compartilhavam


um propósito comum, que era captar a essência da vida moderna.

• Escritores como Fitzgerald, Hemingway, Faulkner, Eliot e Pound ficaram


conhecidos como Lost Generation (Geração Perdida).

• Lost Generation foi um grupo de escritores americanos que ascendeu durante


a Primeira Guerra Mundial e ficou conhecido na literatura na década de 1920.
O termo também é usado de forma mais geral para se referir à geração pós-
Primeira Guerra Mundial.

• A geração foi "perdida" no sentido de que seus valores herdados não eram mais
relevantes no mundo pós-guerra. Os valores agora eram outros, já que os valores
do Romantismo, por exemplo, não faziam mais sentido nesse novo momento.

• Eliot foi um dos pioneiros do Modernismo dos Estados Unidos. Eliot recebeu o
Prêmio Nobel de Literatura em 1948.

• Pound foi um dos grandes poetas americanos do século XX. Ele foi muito importante
na tradição da poesia modernista e influenciou outros autores do período.

• Ezra Pound fez parte de dois grandes movimentos modernistas: Imagismo e


Vorticismo.

• Fitzgerald também foi um autor de destaque do Modernismo e da chamada


Era do Jazz. Ele foi o inventor desse nome.
112
AUTOATIVIDADE

1 Sobre os autores do movimento Moderno, quais autores a seguir não eram


americanos?

a) ( ) T.S. Eliot.
b) ( ) Ezra Pound.
c) ( ) James Joyce.
d) ( ) F. Scott Fitzgerald.
e) ( ) Virginia Woolf.
f) ( ) William Carlos Williams.
g) ( ) Ernest Hemingway.
h) ( ) Gertrude Stein.

2 Durante todo o movimento literário, desde as primeiras escritas até o


Modernismo, há apenas uma data comemorativa no mundo que foi criada
para homenagear um personagem fictício de um livro. Diante disso, responda:

a) Qual o nome do autor?


b) Qual o nome do livro?
c) Qual o nome do famoso personagem?

3 O que mais impactou a era Moderna e suas obras? Assinale a alternativa


CORRETA:

a) ( ) O romance entre os casais contemporâneos e modernos.


b) ( ) O caos da Guerra Mundial.
c) ( ) A modernidade das máquinas e da tecnologia.
d) ( ) A realidade dura da vida cotidiana.
e) ( ) Todas as alternativas anteriores.

113
114
UNIDADE 3
TÓPICO 2

PÓS-MODERNISMO

1 INTRODUÇÃO
A era pós-modernista, é claro, aconteceu após o movimento do
Modernismo. O movimento se iniciou nos Estados Unidos, em 1945, e considera-
se que as produções atuais, são obras pós-modernistas.

Os eventos que inspiraram o movimento pós-moderno foram o fim da


Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria
e o movimento pelos direitos civis.

Os trabalhos pós-modernistas foram caracterizados por múltiplas


qualidades. Essas obras contemporâneas geralmente apresentavam lugares
comuns e retratavam uma liberação de significado, uma vontade de corrigir o
passado e uma vontade de se divertir.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a descoberta do holocausto e da


bomba atômica, a sociedade americana começou a ver a realidade como subjetiva.
Novos tipos de arte exibiam essa nova mentalidade, assim como a literatura.
Houve também um forte desejo de corrigir os erros que ocorreram durante as
duas Guerras Mundiais.

Com os avanços na tecnologia e nos direitos civis, os americanos


começaram a compreender melhor a sua posição na sociedade.

Os americanos agora viam a si mesmos como uma grande potência


mundial por causa de suas bombas atômicas. Mulheres e afro-americanos também
começaram a desenvolver uma voz e identidade distintas na cultura americana.
Com pessoas como Martin Luther King e Malcolm X liderando o Movimento
dos Direitos Civis, a identidade afro-americana começou a ser reconhecida pela
sociedade. Como nem todos apoiaram isso, o racismo também se tornou outro
tema importante da era Contemporânea.

Esses eventos influenciaram os escritos dessa época que mostram a


diversidade, o materialismo e o orgulho vistos em toda a América.

115
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS PRÉ-MODERNA, MODERNA E PÓS-MODERNA

FONTE: <https://blacklabellogic.com/2017/01/05/the-post-modernism-of-social-justice/>.
Acesso em: 21 jul. 2019.

Os autores começaram a descrever a vida cotidiana e a nova tecnologia.


O pós-modernismo se concentrou no presente e no futuro. Foi e é um período
contínuo e em evolução da literatura americana.

O pós-modernismo é conhecido por sua abordagem rebelde e disposição


para testar limites. Bem diferente do que vimos no Iluminismo, por exemplo, nos
séculos XVII e XVIII, quando tudo era sobre ordem, unidade e razão.

Mas lembre-se de que os pós-modernistas não foram os primeiros a irem


contra a maré, pois o Romantismo e o Modernismo já haviam feito diversos
questionamentos de que a América não era tão perfeita como nos livros literários.

Uma diferença visível é que os pós-modernistas enaltecem a desordem e


adotam uma abordagem mais lúdica.

O pós-modernismo é um dos grandes movimentos literários do nosso


tempo e nos deu alguns dos textos mais incríveis dos séculos XX e XXI.

116
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

FIGURA 13 – MODERNISM X POSTMODERNISM

FONTE: <https://rdln.wordpress.com/2015/06/10/from-the-vaults-staring-into-the-postmodern-
abyss-1990/>. Acesso 21 jul. 2019.

2 O PÓS-MODERNISMO E SEUS AUTORES


O período pós-modernista se concentra em vários temas que são evidentes
nas obras do período de tempo.

Os temas de identidade, racismo e busca de bondade na humanidade são


os principais temas da era pós-moderna.

A identidade é um tema encontrado em muitos trabalhos afro-americanos


quando eles começaram a escrever sobre sua cultura e herança. O tema da
identidade também pode ser visto no movimento dos direitos civis das mulheres
na época em que as mulheres lutavam por seu lugar na sociedade.

O título de "pós-modernismo" se encaixa bem nesta época, porque


descreve como as pessoas reagiram aos eventos da era Moderna. Durante a era
Moderna, duas grandes guerras mundiais e a Grande Depressão deixaram muitos
americanos à procura de esperança na sociedade. O holocausto e as bombas
atômicas deixaram os americanos em busca de esperança na humanidade. Os
autores tentaram refletir a sociedade e a humanidade de uma forma que mostrou
que ainda havia alguma bondade nela, apesar de todo o caos ocorrido.

Você verá que todos esses acontecimentos refletem nas obras dos autores
mais renomados da era pós-moderna. Vamos conhecer alguns deles?

117
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

2.1 JOHN HERSEY


John Hersey foi um romancista e jornalista americano notável por sua
ficção documental sobre eventos catastróficos na Segunda Guerra Mundial.

Ele se formou na Universidade de Yale em 1936 e serviu como


correspondente estrangeiro no Leste da Ásia, Itália e na União Soviética para as
revistas Time e Life, de 1937 a 1946.

FIGURA 14 – JOHN HERSEY

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Hersey>. Acesso em: 21 jul. 2019.

Seu primeiro romance foi A Bell for Adano (1944), que retratava a ocupação
de uma cidade siciliana durante a Segunda Guerra Mundial. Por essa obra, ele
ganhou um Prêmio Pulitzer.

Os próximos livros de Hersey demonstraram seu dom de combinar a


habilidade de um repórter em transmitir fatos com uma imaginativa ficção. Tanto
The Wall (1950), sobre a desordem do gueto de Varsóvia, quanto Hiroshima (1946),
um relato da explosão da bomba atômica, são baseados em fatos, mas também
são histórias pessoais de sobrevivência na Polônia e no Japão na Segunda Guerra
Mundial. Aliás, Hiroshima é a sua obra mais conhecida.

Os romances posteriores de Hersey abrangem uma ampla variedade de


assuntos e vão desde tratamentos de questões políticas e sociais contemporâneas
a previsões do mundo do futuro. Essas obras interligam a crítica social e os
objetivos moralistas de seu autor com enredos e premissas imaginativos.

Como já vimos anteriormente, as obras pós-modernas fazem críticas


sociais às consequências causadas pelas guerras ao redor do mundo.

John Hersey morreu em 1993 e deixou uma lista de obras que consagraram
a sua vida como escritor.

118
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

2.2 LAWRENCE FERLINGHETTI


Nascido em Nova Iorque, Lawrence passou boa parte da sua infância na
França e depois retornou aos Estados Unidos.

Ele é o autor de mais de trinta livros de poesia. Um deles resultou a sua


prisão. Ferlinghetti publicou o livro Howl and other poems, de Allen Ginsberg, que
resultou em sua prisão pela polícia de São Francisco por publicar, de acordo com
a polícia, um trabalho obsceno.

FIGURA 15 – LAWRENCE FERLINGHETTI

FONTE: <https://poets.org/poet/lawrence-ferlinghetti>. Acesso em: 21 jul. 2019.

O seu julgamento atraiu a atenção da mídia internacional. No final, o juiz


concluiu que Howl não era obsceno e Ferlinghetti foi solto.

Ferlinghetti também ficou conhecido por ter ajudado a despertar o


renascimento literário de São Francisco dos anos 1950 e o Movimento Beat.

Esse movimento foi um termo para descrever um grupo de autores, na


sua maioria, poetas e escritores, que tiveram uma influência um tanto hippie em
suas obras. O movimento foi tão grande que inspirou o nome de uma das maiores
bandas de todos os tempos: The Beatles.

O poema do escritor libanês Kahlil Gibran, Pity the Nation, publicado


postumamente no livro O Jardim do Profeta, em 1933, inspirou o poeta da Geração
Beat, Lawrence Ferlinghetti.

119
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

PITY THE NATION


(After Khalil Gibran)

Pity the nation whose people are sheep


And whose shepherds mislead them
Pity the nation whose leaders are liars
Whose sages are silenced
And whose bigots haunt the airwaves
Pity the nation that raises not its voice
Except to praise conquerers
And acclaim the bully as hero
And aims to rule the world
By force and by torture
Pity the nation that knows
No other language but its own
And no other culture but its own
Pity the nation whose breath is money
And sleeps the sleep of the too well fed
Pity the nation oh pity the people
who allow their rights to erode
and their freedoms to be washed away
My country, tears of thee
Sweet land of liberty!
 — Lawrence Ferlinghetti

San Francisco, January 2006

FONTE: <http://beespace.net/pity-the-nation/>. Acesso em: 21 jul. 2019.

Neste poema, percebe-se a crítica que Ferlinghetti faz sobre o seu país. Diz
que os governantes enganam o seu povo e esse perde seus direitos e liberdades.

Essa é uma característica forte do movimento pós-moderno, cheio de


crítica social e questionador dos direitos dos americanos e da humanidade.

Outras grandes obras de Ferlinghetti foram Constantly Risking


Absurdity, City Lights e A Coney Island of the Mind.

O autor continua escrevendo e atualmente trabalha na sua livraria, City


Lights Books.

2.3 THEODORE ROETHKE


Roethke é mais um poeta de destaque americano. Nascido em Michigan,
passou por vários desafios pessoais, como bipolaridade e obesidade.

120
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

Ele era um ávido leitor. A fonte de grande parte da poesia de Roethke


eram os cadernos que ele guardou obedientemente ao longo de sua vida.

FIGURA 16 – THEODORE ROETHKE

FONTE: <https://owlcation.com/humanities/Analysis-of-poem-My-Papas-Waltz-by-Theodore-
Roethke>. Acesso em: 21 jul. 2019.

Embora Roethke não seja geralmente considerado um escritor prolífico,


um relato mais preciso do tempo e do esforço gasto desenvolvendo seu verso é
aparente neste acúmulo extensivo de críticas, sobre ele mesmo e outras pessoas,
pensamentos abstratos, reflexões sobre a infância e, é claro, poesia.

Roethke ensinou inglês em várias universidades e teve estudantes que


se tornaram grandes poetas também, como Ack Gilbert, James Wright, Richard
Hugo, Carolyn Kizer e David Wagone ao longo de todos os seus anos como
professor. 

Durante seus anos de escrita, Roethke ganhou o Prêmio Pulitzer e também


o National Book Award.

Os seus trabalhos mais notórios são Cuttings, Open House, The Waking, The
Far Field, The Lost Son e Words for the Wind.

Cuttings by Theodore Roethke


This urge, wrestle, resurrection of dry sticks,
Cut stems struggling to put down feet,
What saint strained so much,
Rose on such lopped limbs to a new life?
I can hear, underground, that sucking and sobbing,
In my veins, in my bones I feel it --
The small waters seeping upward,

121
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

The tight grains parting at last.


When sprouts break out,
Slippery as fish,
I quail, lean to beginnings, sheath-wet.
FONTE: <http://famouspoetsandpoems.com/poets/theodore_roethke/poems/16321>. Acesso
em: 21 jul. 2019.

Esse poema mostra a atenção de Roethke para o mundo das plantas e sua
identificação com ele. Seu senso de unidade com o resto da vida transcende o
comum e se torna uma experiência espiritual, ao mesmo tempo em que permanece
fundamentado na realidade cotidiana, características dos poemas desse autor.

2.4 ROBERT HAYDEN


Hayden veio de uma família pobre e teve uma infância difícil. Ele foi
criado por pais adotivos. Tinha um sério problema de miopia e essa foi uma das
razões que o levou a escolher livros ao invés de esportes.

Com uma bolsa de estudos, se formou em literatura inglesa pela


Universidade de Michigan. Como professor, ele foi o primeiro membro do corpo
docente negro no departamento de inglês do Michigan.

FIGURA 17 – ROBERT HAYDEN

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Hayden>. Acesso em: 21 jul. 2019.

122
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

Hayden foi o primeiro afro-americano a ser apontado como Consultor em


Poesia para a Biblioteca do Congresso.

Suas coleções de poesia incluem Heart-Shape in the Dust (1940), Figure of


Time (1955), A Ballad of Remembrance (1962), entre outras.

A Ballad of Remembrance ganhou o grande prêmio no Primeiro Festival


Mundial de Artes Negras em Dakar.

A base histórica para grande parte da poesia de Hayden resultou de seu


extenso estudo da história americana e afro-americana. Iniciado na década de
1930, quando ele pesquisou a história negra para o Projeto dos Escritores Federais
em sua cidade natal, Detroit, Hayden estudou a história dos negros desde suas
raízes na África até sua condição atual nos Estados Unidos.

Não é à toa que a sua obra premiada é sobre poder e corrupção, religião e
necessidade, família e identidade, racismo e assassinato.

2.5 JAMES BALDWIN


Baldwin foi um ensaísta, dramaturgo e romancista considerado um
escritor altamente perspicaz e icônico. Entre suas obras destacam-se The fire next
time e Another country.

Nasceu em Nova Iorque, em 1924, e quase trinta anos depois lançou um


romance que foi aclamado pela crítica: Go tell it on the mountain (1953). O público
aplaudiu os seus insights sobre raça, espiritualidade e humanidade.

FIGURA 18 – JAMES BALDWIN

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/James_Baldwin>. Acesso em: 21 jul. 2019.

123
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

Assim como Hayden, Baldwin também teve uma infância difícil. Nascido
no Harlem, bairro mais pobre de Nova Iorque, nunca soube quem era o seu pai.

O seu primeiro romance, Go tell it on the mountain, é um pouco autobiográfico


e enfoca a vida de um jovem que cresceu no Harlem lutando contra os problemas
do pai e sua religião.

Baldwin teve uma referência de pai. Aos três anos de idade, a mãe se casou
com um ministro da igreja batista.

O seu romance seguinte, Giovanni's room, contou a história de um


americano que vive em Paris e abriu novos caminhos para a representação
complexa da homossexualidade, um assunto que até então era tabu.

O amor entre os homens também foi explorado em um romance posterior


de Baldwin, Just above my head (1978). O autor também usou seu trabalho para
explorar relações inter-raciais, outro tema controverso para os tempos, como
visto no romance de 1962, Another country.

Baldwin foi aberto sobre sua homossexualidade e teve relacionamentos


com homens e mulheres. Ele acreditava que o ser humano era livre para relacionar-
se com quem quisesse.

Outra importante obra do autor, que infelizmente não foi terminada, é


Remember this house. Mas você consegue compreender um pouco sobre o que se
trata no documentário baseado na obra I am not your negro.

Esse documentário foi aclamado pela crítica em 2019, foi narrado por
Samuel Jackson e nominado ao Oscar em 2017. 

2.6 MARTIN LUTHER KING JR.


O que Martin Luther King Jr. está fazendo entre os autores pós-modernos
da literatura americana? Bem, você já conhece a história dele, não é mesmo?

Martin foi um ativista americano e também era pastor. Lutou pelos direitos
civis dos negros nos Estados Unidos e é o autor da famosa frase “I have a dream...”.

124
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

FIGURA 19 – MARTIN LUTHER KING JR.

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Luther_King_Jr.>. Acesso em: 21 jul. 2019.

DICAS

Você pode ler o discurso completo de Martin Luther King Jr. acessando
este link: http://www.let.rug.nl/usa/documents/1951-/martin-luther-kings-i-have-a-dream-
speech-august-28-1963.php

Como ativista político, Martin Luther King Jr. participou de vários


protestos, mas um deles, em Birmingham, Alabama, o levou para a prisão e foi
lá que escreveu uma carta que foi considerada uma obra literária. Letter from a
Birmingham jail fala da luta do afro-americano nos Estados Unidos e a dificuldade
enfrentada por Martin e demais negros na luta pela igualdade racial.

DICAS

A obra Letter from a Birmingham jail pode ser lida na íntegra aqui: https://
www.africa.upenn.edu/Articles_Gen/Letter_Birmingham.html

125
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

2.7 ARTHUR MILLER


Miller foi um dramaturgo americano que combinou a consciência social
com uma preocupação em busca da vida interior de seus personagens. Sua obra
de destaque é Death of a Salesman (1949).

FIGURA 20 – ARTHUR MILLER

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_Miller>. Acesso em: 21 jul. 2019.

Por essa obra o autor ganhou o Prêmio Pulitzer. O livro retrata a história de
um homem que sacrificou a sua vida em busca do tão famoso sonho americano. A
peça foi posteriormente adaptada para a TV e foi revivida várias vezes na Broadway.

Coincidência ou não, Miller também nasceu no bairro do Harlem e estudou


na Universidade de Michigan. Após a formatura, em 1938, ele foi convidado a
trabalhar como roteirista em Hollywood, entretanto, disse não! Em vez disso, se
juntou ao Projeto Federal de Teatro.

O primeiro grande sucesso na carreira de Miller como escritor foi a peça All My
Sons. A peça é baseada em uma controversa história real sobre motores de aeronaves
defeituosos sendo aprovados para uso militar apesar de estarem com defeito.

A peça foi dirigida por Elia Kazan e estreou na Broadway em janeiro de 1947.
A peça foi um grande sucesso, concorrendo a quase 330 apresentações até 1949.

No final dos anos 1960, Miller fez campanha por escritores separatistas na
União Soviética para estarem livres de perseguição. Como resultado, as peças de
Miller foram banidas pelo governo soviético durante anos.

126
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

Miller morreu de câncer no dia 10 de fevereiro de 2005. Coincidentemente,


o dia de sua morte foi também o 56º aniversário da estreia de Death of a Salesman's
na Broadway!

2.8 JULIA ALVAREZ


Julia Alvarez nasceu em 27 de março de 1950, em Nova Iorque. Explorando
sempre culturas diferentes, Alvarez mostrou isso no seu romance, How the García
girls lost their accents (1991). O sucesso continuou com seu segundo romance, In
the time of butterflies, publicado em 1994.

Alvarez nasceu em Nova Iorque, entretanto, cresceu na República


Dominicana e aos dez anos voltou para a América. Essa mistura de culturas era
marca registrada nas suas obras.

FIGURA 21 – JULIA ALVAREZ

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Julia_Alvarez>. Acesso em: 21 jul. 2019.

Uma artista versátil, Alvarez criou livros para crianças, incluindo The
secret footprints (2000) e Tía Lola came to visit stay (2001) e um romance para jovens
adultos, Before we were free (2002). Ela também escreve ensaios e poesia. Seu último
volume de poesia, The woman i keep to me, foi publicado em 2004.

Alvarez é considerada uma das escritoras latinas mais críticas e comerciais


do seu tempo.

2.9 ANNA QUINDLEN


Outra mulher influente na literatura americana pós-modernista é Anna
Quindlen. Ela é uma colunista e romancista americana que em 1992 se tornou a
terceira mulher a ganhar um Prêmio Pulitzer por comentários.

127
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

Quindlen começou sua carreira jornalística como repórter no New York


Post, quando ainda era estudante no Barnard College, em Nova Iorque. Em 1977,
passou a trabalhar para o The New York Times para ser uma repórter. De 1981 a
1983, quando se tornou vice-editora metropolitana, escreveu a coluna quinzenal
About New York.

FIGURA 22 – ANNA QUINDLEN

FONTE: <https://www.goodreads.com/author/show/3500.Anna_Quindlen>.
Acesso em: 21 jul. 2019.

Em 1985, Quindlen deixou o The New York Times para ficar em casa com
seus dois filhos e trabalhar em um romance, mas ela retornou no final de 1986 para
escrever a coluna A vida nos 30. Dentro de dois anos, estava sendo publicado em
cerca de 60 jornais. O nascimento de sua filha, no final de 1988, levou-a a renunciar
novamente, mas um ano depois ela foi atraída de volta para o The New York Times,
desta vez com uma oferta para escrever uma coluna na página de opinião.

Public & Private começou no início de 1990 e sua popularidade continuou


a crescer. Quindlen foi notada por parecer falar diretamente com cada um de seus
leitores sobre as questões que os preocupavam, e ela trouxe uma visão perspicaz
e pessoal para questões políticas, especialmente questões específicas de gênero.

Enquanto colunista, Quindlen começou a escrever romances. Object


lessons, uma história sobre amadurecimento, surgiu em 1991 e tornou-se um best-
seller. A experiência de deixar temporariamente a faculdade para cuidar de sua
mãe, que estava morrendo de câncer, formou a base de seu segundo romance,
One true thing (1994), que se tornou uma adaptação cinematográfica estrelada por
Meryl Streep e William Hurt e foi lançada em 1998.

Outras obras de destaque dessa autora são Black and Blue  (1998), que
retrata a violência doméstica, Blessings (2002), que conta a história de um bebê
abandonado e Alternate side (2018), uma história sobre um incidente violento que
causa um grande impacto na vizinhança.

128
TÓPICO 2 | PÓS-MODERNISMO

Outra mulher respeitada no mundo literário americano é Rita Dove, uma


poetisa e ensaísta americana. Dove foi a primeira afro-americana a ser consultora
de poeta na Biblioteca do Congresso.

Dove fez sua estreia literária formal em 1980 com a coleção de poesias The
yellow house on the corner, que recebeu elogios por seu senso de história combinado
com detalhes individuais.

Outra importante obra sua foi Thomas e Beulah (1986), vencedor do


Prêmio Pulitzer e On the bus com Rosa Parks (1999), finalista do National Book
Critics Circle Award.

Dove trata de históricos eventos com um toque pessoal, abordando as


batalhas e os triunfos da era dos Direitos Civis e a carreira esquecida do violinista
negro e amigo de Beethoven, George Polgreen Bridgetower.

O trabalho de Dove é conhecido por seu lirismo e beleza, bem como seu
senso de história e alcance político.

Como vimos no início desse tópico, a política e os acontecimentos


históricos tanto na América quanto no mundo, impactaram os trabalhos dos
escritores pós-modernos.

129
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• A era pós-modernista aconteceu após o movimento do Modernismo. O


movimento se iniciou nos Estados Unidos em 1945.

• Os eventos que inspiraram o movimento pós-moderno foram o fim da Segunda


Guerra Mundial, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria e o
movimento pelos direitos civis.

• Os trabalhos pós-modernistas foram caracterizados por múltiplas qualidades.


Essas obras contemporâneas geralmente apresentavam lugares comuns e
retratavam uma liberação de significado, uma vontade de corrigir o passado e
uma vontade de se divertir.

• Com os avanços na tecnologia e nos direitos civis, os americanos começaram a


compreender melhor a sua posição na sociedade.

• Mulheres e afro-americanos também começaram a desenvolver uma voz e


identidade distintas na cultura americana.

• O pós-modernismo se concentrou no presente e no futuro. Foi e é um período


contínuo e em evolução da literatura americana.

• O pós-modernismo é conhecido por sua abordagem rebelde e disposição para


testar limites. Bem diferente do que vimos no Iluminismo, por exemplo, nos
séculos XVII e XVIII, quando tudo era sobre ordem, unidade e razão.

• Os pós-modernistas não foram os primeiros a irem contra a maré, pois o


Romantismo e o Modernismo já haviam feito diversos questionamentos de que
a América não era tão perfeita como nos livros literários.

• Uma diferença visível é que os pós-modernistas enaltecem a desordem e


adotam uma abordagem mais lúdica.

• O pós-modernismo é um dos grandes movimentos literários do nosso tempo e


nos deu alguns dos textos mais incríveis dos séculos XX e XXI.

• Os temas de identidade, racismo e busca de bondade na humanidade são os


principais temas da era pós-moderna.

130
• John Hersey escreveu Hiroshima, em 1946, uma grande obra literária relatando
a bomba atômica.

• Ferlinghetti publicou o livro Howl and other poems que resultou em sua prisão,
pois a obra foi considerada muito obscena para a época.

• Hayden, Baldwin e Dove são escritores pós-modernistas afro-americanos que


escreviam sobre o racismo vivido pelos negros nos Estados Unidos.

131
AUTOATIVIDADE

1 Vimos que não há necessidade de você ser autor de diversos livros para que
uma obra sua seja considerada um destaque literário. Isso aconteceu com
um ativista americano que buscava a igualdade racial nos Estados Unidos.
Diante disso, responda:

a) Qual o nome do ativista americano que teve uma carta considerada uma
obra da pós-modernidade?
b) Qual o nome da sua obra literária?

2 Qual dos escritores a seguir NÃO é considerado um escritor pós-moderno?

a) ( ) Hersey.
b) ( ) Ferlinghetti.
c) ( ) Baldwin.
d) ( ) Hemingway.
e) ( ) Dove.

3 A escrita pós-moderna, muitas vezes, usa ___________ e __________ como


dispositivos literários. Assinale a alternativa que completa esta sentença:

a) ( ) Humor negro; metaficção.


b) ( ) Metáforas; ironia verbal.
c) ( ) Hipérbole; personificação.
d) ( ) Simbolismo; imagens.
e) ( ) Alusão bíblica; alusão mítica.

132
UNIDADE 3
TÓPICO 3

LITERATURAS E ESCRITORES
DA ATUALIDADE

1 INTRODUÇÃO
Para a maioria das pessoas, o primeiro encontro mais aprofundado com
a literatura acontece na escola. Estar interessado em um grupo de personagens
escritos em um livro que pode ou não ser uma ficção é sensacional. O leitor vive
cada palavra descrita no que ele considerou um bom livro.

As opções de leituras nos dias atuais ultrapassam milhões e conseguem


encontrar e cativar leitores de idades e gostos diferentes. Os livros abordam
assuntos plurais e sempre nos ensinam algo novo, enriquecem nova vida, nosso
vocabulário e ampliam nossos horizontes. A literatura permite que uma pessoa
volte no tempo e aprenda sobre como era a vida antes mesmo dela nascer.

Por meio da leitura, podemos reunir uma compreensão melhor da cultura


e ter uma maior apreciação sobre ela. As palavras têm o poder de gerar um
significado e mudar uma nação. Os livros são portais para o passado, presente
e futuro e no mundo tecnológico em que vivemos, quando a leitura não é feita
apenas por meio de papéis ou quando a escrita não acontece apenas utilizando
caneta e lápis, percebemos que as produções literárias continuam crescendo e
encantando e conquistando novos leitores dia após dia.

A literatura é um reflexo da humanidade e uma maneira de nos


entendermos. A sua grande importância é o seu propósito em nossa sociedade,
desde uma crítica social a um romance fictício.

2 A ESCRITA NA ATUALIDADE
Muito se questiona se a literatura realmente ocupa o lugar que deveria nos
dias atuais. Quando realizamos leituras sobre a era romântica ou realista, a primeira
impressão talvez fosse de que os movimentos de arte e literatura eram muito maiores
e os autores da época pareciam ter um propósito muito maior para suas obras.

Há quem acredite que nos dias de hoje a literatura, no geral, serve apenas
para entreter e nada mais.

Quando você pensa nas obras dos dias atuais, o que vem a sua cabeça?
Livros de Youtubers? Livros na linha de Harry Potter? George R. R. Martin?

133
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

Quais são os livros e escritores que marcam a nossa literatura atual? A


partir de agora, conheceremos alguns autores americanos que estão fazendo o
seu nome no universo literário mundial.

2.1 AUTORES E GÊNEROS QUE SE DESTACAM NA


ATUALIDADE
Há diversas obras e autores que se destacam no cenário atual mundial,
mas vamos dar um enfoque aos escritores americanos, já que estamos falando de
literatura americana. Os textos literários continuam organizados em três gêneros:
narrativo, lírico e dramático.

No gênero narrativo (também chamado de épico) há sempre um narrador


responsável por contar a história. Já o gênero lírico expressa muito mais emoção
e sentimento e pode-se perceber uma função poética na linguagem. No gênero
dramático, a voz da narrativa fica por conta dos personagens que apresentam a
história por meio de diálogos e até monólogos.

2.1.1 George R. R. Martin


Martin é um escritor de fantasia que se tornou muito mais conhecido
depois que o seriado Game of Thrones foi adaptado a partir da sua obra A Song of
Ice and Fire.

Martin vendeu seu primeiro conto, The Hero, para a revista de ficção
científica Galaxy, que publicou o trabalho em 1971. Continuando a escrever
contos, ele lançou uma coleção de seus contos como A Song for Lya and Others, em
1976. Seu primeiro romance, Dying of the Light, saiu no ano seguinte.

FIGURA 23 – GEORGE R. R. MARTIN

FONTE: <https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2019/05/21/george-rr-martin-diz-
que-livros-finais-de-game-of-thrones-terao-3-mil-paginas.htm>. Acesso em: 8 ago. 2019.

134
TÓPICO 3 | LITERATURAS E ESCRITORES

Vale ressaltar que a primeira parte de A Song of Ice and Fire não foi um
sucesso instantâneo. No quarto volume de 2005, A Feast for Crows, Martin encontrou
seu trabalho no topo da lista de best-sellers. Os livros foram apresentados a um
público ainda maior com a adaptação da HBO de Game of Thrones, que estreou em
2011 e recebeu inúmeros prêmios a caminho de se tornar um dos maiores e mais
influentes programas de televisão da história.

Foi neste mesmo ano que Martin publicou o quinto título da série, A Dance
with Dragons. Você já pode imaginar que, novamente, Martin teve um livro seu na
lista dos mais vendidos.

Mesmo com o fim da série em 2019, Martin ainda prepara duas edições
intituladas The Winds of Winter e A Dream of Spring para serem publicadas.

2.1.2 Veronica Roth


FIGURA 24 – VERONICA ROTH

FONTE: <https://informationcradle.com/usa/veronica-roth/>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Veronica Roth é nova iorquina e nasceu em 1988. Ela é famosa por sua
trilogia de livros chamada Divergent. Se trata de uma série de livros de ficção
científica. O público-alvo são jovens e adultos.

Ela escreveu a primeira parte da trilogia ainda na faculdade. Roth levou


seu manuscrito para uma conferência de escritores em 2010 e conseguiu que um
agente apresentasse a sua obra.

Em 2011, o livro já era o número seis na lista de best-sellers do New York


Times. Já o segundo livro, Insurgent, lançado em 2012, conquistou o primeiro
lugar da lista.

135
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

A autora cativou um público que já vinha consumindo literaturas como


Crepúsculo e Jogos Vorazes. Quando o terceiro livro da série, Allegiant, saiu, a lista
de livros pré-encomendados foi um sucesso para a editora.

A trilogia foi um enorme sucesso comercial, com mais de 30 milhões de


cópias vendidas até 2015.

Em 2017, a autora lançou outro livro de ficção científica para o mesmo


público, Carve the Mark. Desta vez, o livro será dividido em duas partes e não
mais uma trilogia.

2.1.3 James Patterson


Nascido em 1947, em Newburgh, Patterson ostenta um Guiness Book
Record: ter mais livros na lista de best-sellers do The New York Times.

Seu primeiro livro publicado, The Thomas Berryman Number, saiu em 1976.
Ele ganhou um Edgar Award, um prêmio principal para escritores de mistério.

FIGURA 25 – JAMES PATTERSON

FONTE: <https://pittsburghlectures.org/lectures/james-patterson/james-patterson/>.
Acesso em: 8 ago. 2019.

Ele escreveu vários romances, mas foi em 1993 que alcançou sucesso com
Along Came a Spider.

O nome de Patterson aparece em mais livros do que a maioria dos outros


autores, isso porque ele lançou 13 livros entre 2012 e 2013 e 14 livros em 2011.

Essa grande produção só é possível porque ele tem ajuda de coautores.


Seu primeiro trabalho em coautoria foi Miracle on the 17th Green (1996), escrito
com Peter de Jonge.
136
TÓPICO 3 | LITERATURAS E ESCRITORES

Ao trabalhar com outro escritor, Patterson primeiro escreve um esboço


extenso, que é então enviado ao coautor. O coautor produz um primeiro rascunho,
com Patterson mantendo um olho na progressão da história e revisão antes que o
livro seja publicado.

Não é à toa que ele detém o título do Guiness Record. Com tantos livros
assim, fica mais fácil levar os livros ao caminho do sucesso.

2.1.4 John Green


Podemos dizer que John Green é um nome mais recente na literatura
americana. Além de diversos vídeos educativos on-line, o autor é conhecido pelo
famoso livro A culpa é das estrelas. Neste livro, a personagem Hazel Grace é uma
adolescente de 16 anos que tem um câncer em um estágio avançado, o que a
obriga a andar com um cilindro de oxigênio para poder respirar.

Seu nome completo é John Michael Green. Ele nasceu em 24 de agosto de


1977, em Indianápolis. Ganhou dois diplomas de graduação em inglês e estudos
religiosos no Kenyon College.

FIGURA 26 – JOHN GREEN

FONTE: <https://www.saraiva.com.br/autor/john-green>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Seu objetivo inicial era se tornar um padre episcopal. No entanto, trabalhou


durante um tempo em um hospital e o tempo que passou entre as crianças com
doença terminal estimulou-o a se tornar um escritor.

137
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

Green escreveu inúmeras resenhas sobre ficções literárias, principalmente


sobre gêmeos siameses ou religião do Islã.

Outros livros famosos de John Green não só no Brasil, mas no mundo inteiro
são: O teorema Katherine, Cidades de Papel, Quem é você, Alasca? e Deixe a neve cair.

Se você trabalha com o ensino médio, apresentar as obras de John Green


pode ser uma excelente proposta de leitura.

O livro A culpa é das estrelas ficou ainda mais conhecido por conta do filme,
que fez um grande sucesso entre jovens e adultos.

2.1.5 Danielle Steel


FIGURA 27 – DANIELLE STEEL

FONTE: <https://cdn.britannica.com/13/136513-004-686FFDDF.jpg>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Danielle Steel nasceu em Nova Iorque, em 1973. O seu primeiro romance,


Going Home, foi publicado em 1973. Diversos manuscritos posteriores foram
rejeitados, mas ela voltou ao topo com Passion's Promise, em 1977.

Através de obras populares como A Perfect Stranger (1983), Kaleidoscope (1987),


Zoya (1988), Heartbeat (1991) e The Gift (1994) Steel estabeleceu um estilo definitivo.

Os seus romances geralmente são centrados em mulheres fortes e


glamurosas que superam grandes obstáculos a caminho do amor e da realização.
Embora às vezes criticada pelos críticos como "estereotipada", a autora continua
a quebrar as listas de best-sellers.

138
TÓPICO 3 | LITERATURAS E ESCRITORES

2.1.6 Jeff Kinney


FIGURA 28 – JEFF KINNEY

FONTE: <https://www.wook.pt/autor/jeff-kinney/558218>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Nascido em 19 de fevereiro de 1971, Jeff Kinney é um escritor americano


talentoso. Ele também é cartunista, produtor e designer de jogos, além de ser o
autor mais vendido por causa da série Diary of a Wimpy Kid (Diário de um banana).

Quando criança, Jeff gostava muito de ler. Ele passou a estudar na


Universidade de Maryland, em College Park, durante o início dos anos 1990. Foi
durante a sua vida de estudante na Universidade que Kinney gerou a ideia e
criou Igdoof, a sua famosa banda desenhada que apareceu no jornal do campus,
The Diamondback. O sucesso de Igdoof encorajou Jeff a ser cartunista.

Jeff começou a trabalhar no Diário de um banana em 1998, no entanto, não


foi publicado até a primavera de 2007. A série ganhou popularidade rapidamente
e alcançou a posição número um em paradas importantes, com uma venda
mundial de 42 milhões de cópias até 2010.

A série Diary of a Wimpy Kid foi adaptada para a tela de cinema com o
lançamento em 19 de março de 2010 pela 20th Century Fox. Jeff contribuiu para
o filme como produtor executivo. Com críticas mistas dos críticos, o filme se saiu
bem nas bilheterias. Um segundo filme Diary of a Wimpy Kid: Rodrick Rules foi
lançado em 25 de março de 2011.

Além de encabeçar a lista do autor de best-sellers do New York Times, o


nome de Jeff Kinney também apareceu na lista das 100 pessoas mais influentes
da revista Times no mundo. Ganhou o prêmio Dorothy Canfield Fisher Children's
Book, em 2009. O prêmio é uma prova da imensa popularidade de Kinney entre
os jovens leitores, uma vez que é votado por crianças.

Então, como é tão popular com crianças, esse é um ótimo autor para
trabalhar com o ensino fundamental.

139
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

2.1.7 Rick Riordan


FIGURA 29 – RICK RIORDAN

FONTE: <https://www.saraiva.com.br/autor/rick-riordan>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Riordan é um autor Americano nascido em 5 de junho de 1964. Ele é muito


conhecido pela série de livros Percy Jackson.

Durante o ensino superior, Rick se matriculou na Universidade do Texas,


em Austin, com especialização em inglês e história. Por 15 anos, Rick ensinou
inglês, história e mitologia grega em várias escolas de ensino médio.

Em 2002, ele foi agraciado com o primeiro Master Teacher Award do St.
Mary's Hall por seus excepcionais serviços de ensino.

Rick começou a gostar de escrever desde cedo. Ele fez muitas tentativas
frustradas de publicar seus contos na adolescência. Na escola, Rick foi nomeado
editor do jornal do ensino médio.

O filho de Riordan, Haley, foi diagnosticado com TDAH e dislexia. Ele


tinha um grande interesse em mitologia grega. Então, na segunda série, Haley
costumava pedir a Rick que contasse histórias inspiradas nas mitologias gregas.
A fim de satisfazer ao pedido de seu filho, Riordan rapidamente inventou o
personagem de Percy Jackson, um garoto de doze anos que de repente descobre
que é o filho de um deus grego.

Riordan começou um conto imaginativo e criativo da expedição de Percy


para trazer de volta o relâmpago de Zeus na América atual. Depois que Rick
terminou de contar a história em três noites, Haley pediu que ele escrevesse a
história como um livro. Para não decepcionar o seu filho, Riordan tirou tempo
para escrever a história. Para mostrar seu respeito e cuidado com crianças
disléxicas, Riordan atribuiu algumas características desta doença a Percy. Assim,
a mundialmente famosa série Percy Jackson, de Riordan, surgiu.

140
TÓPICO 3 | LITERATURAS E ESCRITORES

2.1.8 Dan Brown


FIGURA 30 – DAN BROWN

FONTE: <https://danbrown.com/>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Brown nasceu em New Hampshire. Depois de se formar na escola, Brown


foi para o Amherst College para se formar em inglês e espanhol. Ele se formou
no ano de 1986 e depois passou vários anos tentando se estabelecer como cantor,
compositor e pianista, mas infelizmente não teve tanto sucesso.

Em 1993, ele decidiu voltar para a Inglaterra e conseguiu um emprego de


professor de inglês, na Phillips Exeter Academy.

Em 1997, Dan Brown lançou seu primeiro thriller, Fortaleza Digital. Nesta
mesma época, ele escreveu Anjos e Demônios. Mas a sua obra-prima, O Código
Da Vinci, foi publicada em março de 2003 e vendeu quase 6000 cópias em seu
primeiro dia e chegou à lista de mais vendidos do New York Times em sua
primeira semana.

A Origem, Inferno e O Símbolo Perdido também fazem parte das obras de


Brown. A simbologia é um ponto fundamental nas suas escritas.

141
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

2.1.9 Gillian Flynn


FIGURA 31 – GILLIAN FLYNN

FONTE: <https://www.wook.pt/autor/gillian-flynn/43643>. Acesso em: 8 ago. 2019.

Flynn nasceu no Missouri e é muito conhecida por seus livros cheios de


suspenses e assassinatos.

Ela frequentou a Universidade do Kansas, graduando-se em inglês e


jornalismo. Embora inicialmente pretendesse se tornar uma repórter criminal, em
vez disso, trabalhou como jornalista no periódico US News & World Report antes
de aceitar uma posição como redatora da revista Entertainment Weekly.

Na sua última publicação, ela realizou relatos sobre como os sets de


filmagem aconteciam e acabou se tornando uma crítica de televisão.

Flynn escreveu Sharp objects (2006; série de TV em 2018) e Dark places (2009;
filme em 2015). Sharp objects se refere a uma repórter de jornal que retorna a sua
cidade natal, no Missouri, para investigar uma série de assassinatos de meninas.
A narrativa, enredada em temas de abuso infantil e autoagressão, foi notada por
sua sutil evocação do medo. Dark Places é centrada em uma jovem cujo irmão foi
condenado pelo brutal assassinato de sua família e por seus esforços, décadas
depois, em mostrar o que realmente aconteceu.

Gone Girl (2012) também investigou mal-estar e ameaça de cidade


pequena. Sua exploração sutilmente arrepiante de um casamento desestruturado
e do desaparecimento da esposa e a suspeita subsequente de seu marido foram
aplaudidos por muitos críticos, que elogiaram o ritmo acelerado de Flynn e sua
visão do mal humano. O livro se tornou um best-seller, e Flynn vendeu os direitos
do filme por US$ 1,5 milhão. A versão cinematográfica, escrita por Flynn, foi um
sucesso de bilheteria e rendeu a ela uma indicação ao Globo de Ouro de 2014, de
melhor roteiro adaptado.

142
TÓPICO 3 | LITERATURAS E ESCRITORES

2.1.10 Suzanne Collins


Nascida em Connecticut, em 1962, Collins foi uma escritora talentosa de
televisão infantil. Em 2003, Collins publicou Gregor the Overlander, o primeiro
livro de The Underland Chronicles. O livro conta a história de um menino e sua
descoberta de um mundo novo que ele descobre quando acidentalmente cai pela
grade da lavanderia em seu prédio de apartamentos em Nova Iorque.

FIGURA 32 – SUZANNE COLLINS

FONTE: <https://www.distrito13.com.br/suzanne-collins/suzanne-collins-e-vencedora-em-
premio-literario-por-year-jungle/>. Acesso em: Acesso em: 8 ago. 2019.

Gregor recebeu sucesso crítico e se tornou um best-seller do New York


Times. A série Underland Chronicles foi composta por este e quatro livros adicionais.

Em 2008, o primeiro livro da série Jogos Vorazes foi publicado. Sua trilogia
de livros, Hunger Games, se tornou uma série de filmes estrelados por Jennifer
Lawrence como Katniss Everdeen e foi um sucesso de bilheteria, além de
impulsionar a venda de livros.

143
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

LEITURA COMPLEMENTAR

OS LIVROS E ESCRITORES MAIS LIDOS NO MUNDO

Célio Martins

Nunca se imprimiu tantos livros como nos últimos anos. Os best-sellers


mundiais vendem milhões de exemplares e muitos autores são grandes estrelas do
mundo da cultura. Mas a popularização da internet, que já abalou jornais, revistas
e outros veículos de comunicação, coloca em dúvida o futuro do livro físico.

Quando Miguel de Cervantes conseguiu autorização do rei Felipe II para


publicar Dom Quixote de la Mancha, em 1604, a primeira edição teve apenas
300 exemplares. No ano passado, a tiragem inicial do livro A Espiã, do escritor
brasileiro Paulo Coelho, foi de 150 mil exemplares só nos Estados Unidos. E a
última obra do americano John Green – autor do best-seller A Culpa é das Estrelas
– que leva o título nada sugestivo Tartarugas Até Lá Embaixo, será lançado agora
em outubro no Brasil com 200 mil exemplares apenas para o público tupiniquim.

A simples comparação evidencia como o livro impresso conquistou


leitores e atravessou com firmeza as grandes revoluções na comunicação. Em
quase seis séculos desde aquele acontecimento histórico protagonizado por
Cervantes, jornais e revistas se popularizaram, veio o telefone, o rádio, a televisão
e, mais recentemente, a internet, invento que abalou todas os outros meios de
comunicação. Mas o livro impresso seguiu sua jornada (quase) inabalável.

A cada ano surgem grandes “estrelas” do mundo dos chamados best-


sellers. Nomes como J.K. Rowling (Harry Potter), J. R. R. Tolkien (O Senhor dos
Anéis), Dan Brown (O Código Da Vinci) e Paulo Coelho (O Alquimista) compõem
um universo de autores que já venderam mais de 100 milhões de exemplares de
suas obras e movimentam centenas de bilhões de dólares todos os anos.

Nos dias atuais, no entanto, em que jornais, revistas e outros meios de


comunicação buscam novos modelos para se manterem vivos na aldeia digital
(termo que deve substituir o famoso conceito de “aldeia global”, criado pelo
teórico da comunicação Marshall McLuhan), surge o questionamento inevitável
se o livro impresso vai superar essa nova revolução tecnológica. Como não
poderia ser diferente em se tratando do futuro de um formato de distribuição
de conhecimento, cultura e entretenimento, as previsões são divergentes: de um
lado os que acreditam que o livro se perpetua, independentemente do que vier
pela frente; de outro, os que veem o mesmo fim destinado aos outros impressos.

Muito já se disse sobre o fim do livro impresso, frente à evolução do


digital, mas o que aparentemente se desenha não é a extinção de um em função
do outro, mas a coexistência das duas plataformas como diferentes experiências
de leitura”, diz Danielle Machado, editora executiva da Intrínseca, que tem no
seu catálogo campeões de venda como John Green e Walter Isaacson.

144
TÓPICO 3 | LITERATURAS E ESCRITORES

Opinião parecida tem o diretor de marketing da Record, Bruno Zolotar,


e a diretora de comunicação da Editora Rocco, Cintia Borges. “Você vai numa
Bienal do livro e vê uma multidão de jovens comprando livros físicos. O Umberto
Eco dizia que o livro físico jamais seria substituído como aconteceu com o cd,
por exemplo, porque o livro de papel é uma plataforma perfeita para a leitura”,
argumenta Zolotar. “Enquanto a principal característica do mundo digital é a
transitoriedade, a sobreposição de informações e conteúdo, o livro é um objeto
tangível e de vida longa”, complementa Cintia.

Mas esse otimismo não é compartilhado por gente como o jornalista e


escritor paranaense Laurentino Gomes, autor de obras campeãs de venda no
país como 1808 e 1822. “No longo prazo, todos os formatos de distribuição que
utilizam a plataforma papel vão desaparecer. É uma questão de lógica econômica
e ambiental. O livro, mais denso e menos perecível, ainda resistirá um pouco mais
de tempo no papel. Mas é só questão de tempo até que livro digital se imponha
definitivamente sobre o formato papel”, prevê.

Agatha Christie, um ícone dos best-sellers. Na chamada biblioteca de


best-sellers, com infindáveis títulos e autores em suas prateleiras, é interessante
observar que a onda de escritores dos milhões de exemplares, chamados de
comerciais — ou literatura de entretenimento, como preferem classificar muitos
literatos para diferenciá-los da ‘alta literatura’ — não começou recentemente.

A campeã e uma das precursoras dessa história é Agatha Christie. O


Guiness Book descreve a escritora britânica como a romancista mais bem-sucedida
da história da literatura popular mundial em número total de livros vendidos, uma
vez que suas obras, juntas, venderam cerca de três bilhões de cópias. Seu maior
sucesso, O Caso dos Dez Negrinhos, é de 1939 e bateu os 100 milhões de exemplares.

Outra estrela de maior grandeza desse universo é o norte-americano


Sidney Sheldon – o autor de O Outro Lado da Meia-Noite é o escritor mais
traduzido do planeta, segundo o Guinness.

Não é só ficção. Além dos autores os quais se pode classificar como de


ficção, há escritores de milhões de exemplares em vários outros setores, como
religião, ciência, autoajuda, jornalismo, biografias, literatura infantil e até livros
para colorir".

Augusto Cury tem livros publicados em 80 países. Entre os livros mais


vendidos no Brasil neste ano, por exemplo, o primeiro colocado — de acordo
com levantamento do site publishnews — é um livro religioso e o segundo, de
autoajuda: Batalha Espiritual – Entre Anjos e Demônios (Editora Petra), do Padre
Reginaldo Manzotti, e O Homem mais Inteligente da História (Editora Sextante),
de Augusto Cury. Ambos com mais de 100 mil exemplares só neste ano.

Os livros escritos por religiosos, aliás, transformaram-se numa mina de ouro


para as editoras. O Padre Marcelo Rossi, por exemplo, fez milagre ao vender mais de
8 milhões de exemplares de Ágape e obter tiragem inicial de 500 mil de Kairós.

145
UNIDADE 3 | DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO

No campo da chamada autoajuda, o médico psiquiatra e professor Augusto


Jorge Cury superou as fronteiras do Brasil há muito tempo e virou um astro
internacional. Seus livros já foram publicados em quase 80 países. Só no Brasil ele
vendeu mais de 20 milhões de exemplares, segundo números divulgados pelo
site do Grupo Educacional Augusto Cury. Felicidade roubada — um romance
psicológico sobre os fantasmas da emoção, é uma de suas obras de grande sucesso.

Gabriel García Márquez. O fenômeno das grandes tiragens de livros


físicos não se resume aos títulos considerados comerciais ou populares. Obras da
chamada alta literatura também exibem números impressionantes.

Além de Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, citado no


início desta reportagem, estão no topo das vendas ainda nos dias atuais obras
como Um Conto de Duas Cidades (200 milhões de exemplares), de Charles
Dickens, O Pequeno Príncipe (140 milhões), de Antoine de Saint-Exupéry,

Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez; Lolita, de Vladimir


Nabokov; e O Nome da Rosa, de Umberto Eco, esses com mais de 50 milhões de
livros vendidos.

A galáxia juvenil. Não é de hoje que livros destinados ao público juvenil


fazem sucesso. Os autores mais “curtidos” por adolescentes e jovens formam
uma galáxia que ajuda a movimentar o grande universo da indústria do livro.
Mundialmente, além de J.K. Rowling (Harry Potter), outro dos grandes nomes
atuais desse nicho é a norte-americana Meg Cabot. Autora de mais de 70 livros,
bateu recordes com a série de onze volumes de O Diário da Princesa.

No Brasil também existem grandes estrelas desse universo. Só para citar


um exemplo, uma escritora de grande sucesso no momento é a mineira Paula
Pimenta, que esteve em Curitiba na sexta-feira (21) para o lançamento de sua
nova obra Minha Vida Fora de Série – 4ª Temporada. Paula ficou conhecida com
a série Fazendo Meu Filme e já vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares. Seus
livros são lidos em Portugal, Espanha, Itália e toda a América Latina.

“Ainda fico surpresa quando vou ao salão de beleza ou à padaria e as


pessoas pedem pra tirar foto comigo! Eu achava que essas coisas aconteciam só
com os popstars e atores de televisão, e não com escritores”, relata a escritora ao
comentar seu sucesso.

FONTE: <https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/certas-palavras/os-livros-e-escritores-mais-
lidos-no-mundo/>. Acesso em: 31 jul. 2019.

146
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• As opções de leituras nos dias atuais ultrapassam milhões e conseguem


encontrar e cativar leitores de idades e gostos diferentes.

• Por meio da leitura, podemos reunir uma compreensão melhor da cultura e ter
uma maior apreciação sobre ela.

• A literatura é um reflexo da humanidade e uma maneira de nos entendermos.


A sua grande importância é o seu propósito em nossa sociedade, desde uma
crítica social a um romance fictício.

• Os textos literários continuam organizados em três gêneros: narrativo, lírico e


dramático.

• No gênero narrativo (também chamado de épico) há sempre um narrador


responsável por contar a história.

• Já o gênero lírico expressa muito mais emoção e sentimento e pode-se perceber


uma função poética na linguagem.

• No gênero dramático, a voz da narrativa fica por conta dos personagens que
apresentam a história por meio de diálogos e até monólogos.

• George R. R. Martin atingiu o sucesso ao ter a série de tv Game of Thrones


adaptada a partir dos seus livros.

• Veronica Roth é famosa por sua trilogia de livros chamada Divergent.

• James Patterson ostenta um Guiness Book Record: ter mais livros na lista de best-
sellers do The New York Times.

• John Green é um escritor recente na lista dos mais vendidos mundialmente.


Seu maior sucesso veio com a obra A culpa é das estrelas.

• Jeff Kinney é um escritor americano talentoso e o autor mais vendido por causa
da série Diary of a Wimpy Kid.

• Riordan é muito conhecido pela série de livros Percy Jackson.

• Dan Brown publicou O Código Da Vinci e vendeu quase 6000 cópias em seu
primeiro dia, e chegou à lista de mais vendidos do New York Times em sua
primeira semana.

• Suzanne Collins vendeu milhões de livros ao escrever Jogos Vorazes, que


também foi um sucesso nas telas de cinema.
147
AUTOATIVIDADE

1 É provável que boa parte dos escritores americanos contemporâneos


estudados já fossem seus conhecidos, já que eles vivem em evidência. Será
que você consegue relacionar as obras aos autores que as escreveram?

a) George R. R. Martin.
b) John Green.
c) Jeff Kinney.
d) Veronica Roth.
e) Rick Riordan.
f) Dan Brown.
g) Gillian Flynn.
h) Suzanne Collins.

( ) O Código da Vinci.
( ) A song of Ice and Fire.
( ) Gone Girl.
( ) The hunger games.
( ) A Culpa é das Estrelas.
( ) Divergent.
( ) Diary of a Wimpy Kid.
( ) Percy Jackson.

2 Nas obras dos novos autores é possível verificar algumas características


similares em muitas obras. Quais características podemos encontrar nas
obras citadas dos escritores contemporâneos?

a) ( ) Romance, idealização feminina e machismo.


b) ( ) Ficção científica, romance e machismo.
c) ( ) Ficção científica e suspense.
d) ( ) Suspense e idealização feminina.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

3 Vimos que os textos literários continuam organizados em três gêneros:


narrativo, lírico e dramático. Identifique cada gênero a seguir:

a) No gênero ______________, a voz da narrativa fica por conta dos personagens


que apresentam a história por meio de diálogos e até monólogos.
b) Já o gênero ______________ expressa muito mais emoção e sentimento e
pode-se perceber uma função poética na linguagem.
c) No gênero ______________ há sempre um narrador responsável por contar
a história.

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