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Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Renan Subtil Torres
T693s
ISBN 978-65-5663-347-3
ISBN Digital 978-65-5663-342-8
CDD 300
Impresso por:
Apresentação
Saudações, caro acadêmico! O presente material, o qual se encontra
em suas mãos ou na tela de seus aparelhos digitais, é fruto de um zeloso
trabalho da UNIASSELVI que almeja apresentar a você a relevância das
principais abordagens e autores trabalhados na Sociologia Brasileira. Por
meio de nosso livro didático, entraremos em contato com o desenvolvimento
da Sociologia em território brasileiro, tão como conheceremos um pouco do
trabalho intelectual de cada um dos autores que mais contribuíram para o
pensamento acerca da sociedade de nosso país.
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 109
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 168
UNIDADE 1 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 — A
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
3
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
FONTE: <https://www.sohistoria.com.br/ef2/indios/index_clip_image002.jpg>.
Acesso em: 30 abr. 2020.
4
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
DICAS
Muitos dos registros acerca da cultura dos povos nativos, que viveram na
época das primeiras expedições portuguesas ao Brasil, foram retratados pela Carta de Pero
Vaz de Caminha, escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral, que destinou, ao então
rei de Portugal, Dom Manuel, suas primeiras impressões sobre o território recém explorado.
A carta pode ser acessada por meio do endereço eletrônico a seguir: http://
objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf.
5
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
FONTE: <https://escolaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2020/01/ciclo-do-pau-brasil-
-2-750x430.jpg>. Acesso em: 6 maio 2020.
A extração da madeira no Brasil demandava uma autorização concedida
pelo rei de Portugal. Essa autorização se chamava estanco. A primeira pessoa a
receber o estanco foi Fernando de Noronha, que hoje é o nome de uma das ilhas
do litoral nordestino brasileiro. O Pau-brasil extraído pelas pessoas que recebiam
o estanco da realeza portuguesa era armazenado em feitorias, ou seja, armazéns
espalhados pela costa brasileira que serviam de depósito para a madeira que,
posteriormente, era enviada por meio de embarcações para a metrópole europeia.
6
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
Por volta do ano de 1534, o então rei de Portugal, Dom João III, divide o
Brasil em sesmarias, que consiste em pedaços de terras demarcados por meio de
linhas imaginárias traçadas vertical e horizontalmente com relação ao mapa do
território nacional. Cada um desses pedaços de terra era destinado a um nobre
escolhido pelo rei. As terras delimitadas não eram posse de seus destinatários, os
chamados donatários.
A Carta Foral, por sua vez, era o documento em que constavam as diretrizes
de posse da sesmaria, ou seja, as instruções acerca daquilo que o donatário pode
ou não pode fazer em relação à ocupação do espaço que tomaria conta a partir do
momento em que recebesse sua Carta de Doação.
8
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
As faixas de terra, cuja gestão era passada de pais para filhos, foram
batizadas de Capitanias Hereditárias. A partir do ano de 1934, o país passou
a ser dividido em 15 Capitanias Hereditárias que seriam distribuídas entre
12 donatários. Cada uma das sesmarias que vieram a se tornar Capitanias
Hereditárias, recebia um nome e era concedida aos respectivos donatários,
incumbidos da tarefa de ocupar e produzir riquezas em seus territórios.
FONTE: <http://opiniaoenoticia.com.br/wp-content/uploads/tordesilhas.jpg>.
Acesso em: 15 maio 2020.
9
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
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TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
A Guerra dos Bárbaros foi um massacre contra o povo Tapuia, que era
composto por grupos culturais que compreendia o povo Jê, Tarairiu, Cariri e
outros grupos que não eram classificados pelos cronistas da época. Alguns dos
povos que podem ser citados entre os não batizados pelos colonizadores são os
Sucurú, os Bultrim, os Ariu, os Pega, os Panati, os Corema, os Paiacu, os Janduí,
os Tremembé, os Icó, os Carateú, os Carati, os Pajok, os Aponorijon e os Gurgueia.
Toda essa diversidade fora ignorada pelos invasores europeus que, por meio de
um processo de aculturação que operava através da catequização e alfabetização
11
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
DICAS
A mão de obra escrava proveniente dos negros africanos foi fruto do tráfico
de pessoas, intensificado durante as expedições portuguesas à costa africana no
século XV. Após esse período, o comércio escravista se tornou uma atividade
muito lucrativa para os colonizadores. Os escravos negros possuíam habilidades,
tanto no cultivo da cana-de-açúcar – que já era uma das atividades portuguesas
12
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
nas ilhas do Atlântico – quanto na criação de gado. Conforme Boris (1996), entre
os anos de 1550 e 1855, cerca de 4 milhões de negros, em sua maioria jovens e do
sexo masculino, entraram no Brasil pelos portos utilizados para seu comércio.
Não por acaso, a partir da década de 1570 incentivou-se a importação
de africanos, e a Coroa começou a tomar medidas através de várias
leis, para tentar impedir o morticínio e a escravização desenfreada dos
índios. As leis continham ressalvas e eram burladas com facilidade.
Escravizavam-se índios em decorrência de "guerras justas", isto é,
guerras consideradas defensivas, ou como punição pela prática de
antropofagia. Escravizava-se também pelo resgaste, isto é, a compra
de indígenas prisioneiros de outras tribos, que estavam para ser
devorados em ritual antropofágico. Só em 1758 a Coroa determinou
a libertação definitiva dos indígenas. Mas, no essencial, a escravidão
indígena fora abandonada muito antes pelas dificuldades apontadas
e pela existência de uma solução alternativa (BORIS, 1996, p. 28-29).
Cabe salientar que o povo negro brasileiro muito sofreu após a abolição
da escravidão. Assolados pela fome, escassez de empregos remunerados, falta
de moradias, o povo negro foi empurrado para longe do convívio do branco,
concentrando-se em localidades que hoje são chamadas de periferias.
Ao português estranho ao continente cumpre juntar o negro,
igualmente alienígena. A importação começou desde o estabelecimento
das capitanias e avultou nos séculos seguintes, primeiro por causa da
cultura da cana, mais tarde por causa do fumo, das minas, do algodão
e do café. Depois da supressão do tráfico em 1850, o café provocou
deslocações consideráveis na distribuição interna; o mesmo efeito
produziu a abolição (ABREU, 2009, p. 16).
13
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
• Quilombo dos Palmares: liderado por Zumbi dos Palmares e sua esposa
Dandara, foi o maior quilombo brasileiro, situado onde hoje fica o estado
do Alagoas, concentrando boa parte dos escravos fugitivos e soltos
voluntariamente.
14
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
15
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
16
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
19
AUTOATIVIDADE
2 O povo negro que foi trazido por meio de tráfico negreiro e hoje compõe
mais da metade da população brasileira, sempre foi combativo em relação
aos abusos cometidos pelos senhores de engenho do período colonial
brasileiro e às sequelas sociais iniciadas nesse tempo. Embora sejam
diversos os relatos históricos que atribuem à Princesa Isabel e ao 13 de maio
à liberdade do povo negro no Brasil, estudamos que o trabalho realizado a
favor da plena emancipação dessas pessoas continua contemporaneamente,
porém, protagonizado pelo próprio movimento. Foram diversos os levantes
20
dos escravos negros, que se rebelavam e se concentravam em quilombos,
reivindicando por direitos que vão desde melhores condições de vida nas
senzalas à liberdade de manifestações culturais e religiosas. Com base nos
principais conflitos que ocorreram em nome da liberdade do povo negro no
Brasil, analise as sentenças a seguir:
I - Zumbi dos Palmares foi um grande líder negro que orientou a resistência
do quilombo dos Palmares, o maior e mais populoso do Brasil, onde ele e
sua esposa Dandara trabalharam a favor da emancipação de seu povo.
II - Era muito comum a prática do suicídio entre o povo negro na época das
senzalas, tão como os abortos realizados por escravas que eram vítimas
frequentes de estupros cometidos pelos senhores de escravos.
III - Dentre as práticas de resistência, que fizeram parte da luta a favor da
emancipação do povo negro no período colonial, estão as greves e os
levantes contra os abusos sofridos durante o regime escravagista.
IV - Apesar da Lei Áurea propor, no dia 13 de maio de 1888, a libertação
dos escravos no Brasil, as dificuldades sociais junto à discriminação e
preconceito contra os negros são sequelas do período escravista até os
dias de hoje.
21
22
TÓPICO 2 — A
UNIDADE 1
SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO
BRASIL
1 INTRODUÇÃO
A Sociologia no Brasil emergiu de um processo histórico no qual as
demandas pela construção de uma teoria social que atendesse a alguns tipos
de interesse. No presente tópico, abordaremos o processo de organização da
Sociologia Brasileira anterior a sua formalização e institucionalização. Ou
seja, analisaremos o período de nascimento das primeiras análises sociais
documentadas por autores genuinamente brasileiros, que vivenciaram boa
parte da história de nosso povo e nossa sociedade. Desse modo, conseguiremos
acompanhar, mesmo que de maneira resumida, a trajetória que percorreram
as análises sociais brasileiras. Serão estudadas desde as experiências de estudo
social pioneiras, realizadas em ambiente e por profissionais não pertencentes ao
meio propriamente sociológico, até o pensamento social científico/acadêmico
contemporâneo, metodologicamente mais avançados.
23
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
Além dos direitos da mulher, Nísia Floresta reivindicava, por meio de seus
escritos, pelos direitos fundamentais dos índios e dos escravos negros brasileiros.
Ela escreveu sobre os direitos das mulheres e os abusos cometidos pelos homens
na sociedade patriarcal na qual estamos inseridos.
24
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
25
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
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TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
27
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
FONTE: <https://s.ebiografia.com/assets/img/authors/go/nc/goncalves-dias-l.jpg>.
Acesso em: 19 maio 2020.
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Nesta criação de 1881, o autor nos mostra a
perspectiva de um narrador, Brás Cubas, que decide contar sua história de vida
após sua morte. O livro é cercado de ironia e críticas aos privilégios e a elite da
época, uma das principais obras de Machado de Assis e sempre exigido nos
vestibulares.
Dom Casmurro – Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1899 e traz o olhar
minucioso do autor sobre a sociedade e um tema polêmico: o ciúme. Isso, além
de uma das mais famosas personagens da literatura brasileira: Capitu.
28
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
FONTE: <https://beduka.com/blog/materias/literatura/principais-obras-machado-assis/>.
Acesso em: 19 maio 2020.
FONTE: <http://machado.mec.gov.br/templates/machado/img/machado.png>.
Acesso em: 19 maio 2020.
29
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
30
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
32
AUTOATIVIDADE
( ) Nísia Floresta, por ser considerada uma das pioneiras não só dos debates
feministas brasileiros como também da ascensão acadêmica feminina,
tendo em vista as dificuldades que a mulheres sofriam e sofrem até hoje
em relação ao ingresso na carreira de educador no Brasil.
( ) Dentre os autores nacionais que escreviam, ainda no século XVIII,
sobre o cenário social brasileiro, muitos trabalhavam como jornalistas,
professores, políticos, poetas e diversas outras ocupações.
( ) Os autores que trabalhavam a favor do abolicionismo escravocrata no
Brasil nem sempre eram de origem afrodescendente, sendo alguns deles
políticos, intelectuais, artistas e outros simpatizantes não negros da causa.
( ) O indianismo é uma das vertentes que surgiram da necessidade que
alguns autores tiveram de resgatar o protagonismo indígena na formação
do povo brasileiro, ou seja, reatribuir aos povos nativos do Brasil o título
de brasileiros legítimos, cuja cultura e etnia foram reduzidas drástica e
cruelmente frente à dominação europeia.
34
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
SOCIOLOGIA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico, daremos sequência à reconstituição e síntese histórica
iniciada no primeiro tópico, contextualizando o nascimento da Sociologia no
Brasil como campo do conhecimento independente. Trabalharemos também
a trajetória dos estudos sociais brasileiros, analisando a maneira com a qual é
inserida, suspensa e retorna à educação pública nacional.
35
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
36
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
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UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
Período
Entre 1888 e 1934 Entre 1934 e 1957 Entre 1957 e 2002
aproximado
Gramsci;
Escola de Chicago;
Althusser;
Marx;
Lombroso; Elias;
Weber;
Spencer; Habermas;
Influências Manheim;
Comte; Durkheim; Foucault;
Goldman;
Dewey. Giddens;
Luckàcks;
Bourdieu;
Sartre.
Weber.
38
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
Multiculturalismo;
Raças;
Identidade Gênero;
Nacional; Direitos Humanos;
Relações Raciais e
Miscigenação Violência;
Democracia Racial;
Racial (Visão Desigualdades Sociais;
Estudos de
Pessimista); Religiões;
Temas Comunidade;
Escola Nova e Representações
Transição para a
Democratização; Sociais;
Modernidade;
Miscigenação Identidades Sociais;
Dois Brasis.
Racial (Visão Novos Movimentos
Otimista). Sociais;
Reativação da
Sociedade Civil
PENSADORES
SOCIOLOGIA CRISE E
SOCIAIS (Não
CIENTÍFICA DIVERSIFICAÇÃO
formais);
Etapas da (Cursos de Sociologia (Cassações e Censura);
SOCIOLOGIA
sociologia e Política na USP; NOVA IDENTIDADE
DE CÁTEDRA
Escola Livre SOCIOLÓGICA
(Cátedras em
Sociologia e Política). (Contemporaneidade).
Escolas Normais).
FONTE: Adaptado de Liedke Filho (2005)
FONTE: <https://cafecomsociologia.com/wp-content/uploads/2016/02/Untitled-
-1-2280x1052_c.jpg>. Acesso em: 3 jun. 2020.
40
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
FONTE: <https://www.correio24horas.com.br/fileadmin/acervo/tt_news/Midia_Santana/recor-
te_jornal013.jpg>. Acesso em: 4 jun. 2020.
41
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
• Ferreira Gullar
• Oscar Niemeyer
42
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
FONTE: <https://www.academia.org.br/sites/default/files/academicos/fotografias/ana-maria-ma-
chado.jpg>. Acesso em: 4 jun. 2020.
• Glauber Rocha
43
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
• Fernando Gabeira
• Augusto Boal
FONTE: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/alvaro_vieira_pinto>.
Acesso em: 4 jun. 2020.
• Darcy Ribeiro
44
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
• Paulo Freire
45
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
46
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
DICAS
O vídeo pode ser acessado por meio do endereço eletrônico a seguir: https://www.
youtube.com/watch?v=6r7QDo9yHJk. Suas análises são muito importantes e capazes de
ampliar nossas perspectivas sobre a Ditadura Militar no Brasil e suas implicações na Ciência,
em especial, as Ciências Sociais brasileiras.
47
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
se produz, logo entra na trama das relações sociais, no jogo das forças
que organizam e movem, tensionam e rompem a tessitura e a dinâmica
da realidade social (IANNI, 1997, p. 25).
48
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
50
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
51
AUTOATIVIDADE
52
Essa teoria pode fundamentar algumas políticas adotadas durante o período
da Ditadura Militar do Brasil, principalmente quando consideramos o esforço
por parte dos militares para fechar as universidades, proibir o ensino de
Sociologia nas escolas, censurar literaturas e manifestações artísticas, exilar e
matar muitos intelectuais brasileiros. De acordo com algumas teorias sociais,
o referido tipo de prática é voltado à perpetuação de determinada dinâmica
política imposta a certo território. Com base nos possíveis impactos da
Sociologia na política brasileira quando disseminada por meio da educação
pública, analise as sentenças a seguir:
53
REFERÊNCIAS
ABREU, C. Capítulos da história colonial. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de
Pesquisa Social, 2009. 195 p. Disponível em: https://static.scielo.org/scielobooks/
kp484/pdf/abreu-9788579820717.pdf. Acesso em: 5 jun. 2020.
54
MACHALA, B. N. A reforma do Ensino Médio no Brasil e seu impacto no ensino
da sociologia. Revista Três Pontos, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 17-25, 2017.
Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistatrespontos/article/
view/12360. Acesso em: 5 jun. 2020.
55
56
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
57
58
TÓPICO 1 — A
UNIDADE 2
SOCIOLOGIA E A INTERPRETAÇÃO DO
BRASIL
1 INTRODUÇÃO
O presente tópico tem como objetivo introduzir a trajetória e as principais
colaborações dos autores que são considerados os pensadores clássicos da Teoria
Social Brasileira. A partir do contexto histórico-espacial, no qual cada um deles
foi formado e produziu, entenderemos alguns fatores que os influenciaram a
tecer seus estudos e atuação política em seus respectivos objetos de interesse.
FONTE: <http://editoraunesp.com.br/blog/icone/homenagem-a-gilberto-freyre>.
Acesso em: 11 jun. 2020.
59
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
60
TÓPICO 1 — A SOCIOLOGIA E A INTERPRETAÇÃO DO BRASIL
FONTE: <https://d2xsuil29zvzbt.cloudfront.net/imagens/img_m/717/364971.jpg>.
Acesso em: 11 jun. 2020.
FONTE: <https://s3.static.brasilescola.uol.com.br/be/2020/03/sergio-buarque-de-holanda.jpg>.
Acesso em: 11 jun. 2020.
61
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
FONTE: <https://sebodomessias.com.br/imagens/produtos/0/3665_866.jpg>.
Acesso em: 11 jun. 2020.
FONTE: <https://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2017/06/diagnostico-
-florestan-fernandes-racismo-resgatado.jpg>. Acesso em: 12 jun. 2020
63
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
FONTE: <https://d1o6h00a1h5k7q.cloudfront.net/imagens/img_m/7863/3358961.jpg>.
Acesso em: 12 jun. 2020.
64
TÓPICO 1 — A SOCIOLOGIA E A INTERPRETAÇÃO DO BRASIL
65
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
Os pais de Caio Prado Júnior, Caio e Antonieta Silva Prado, sempre foram
ligados à política, portanto, desde jovem o sociólogo teve contato com o meio,
iniciando sua carreira nas atividades no campo pelo Partido Democrático (PD)
no ano de 1928, contribuindo ativamente com a Revolução de 1930. Filiou-se ao
Partido Comunista Brasileiro (PCB), viajou para estudar na União Soviética em
1933, assumiu a vice-presidência da Aliança Nacional Libertadora, foi preso por
dois anos e se exilou na Europa. Quando retornou ao Brasil, em 1940, publicou
Formação do Brasil Contemporâneo (PRADO JÚNIOR, 1961), considerada sua mais
importante obra e um clássico do Pensamento Social Brasileiro, no qual disserta
sobre a formação histórica do Brasil. Juntamente a nomes como Monteiro Lobato,
Caio Prado Júnior funda a Editora Brasiliense.
66
TÓPICO 1 — A SOCIOLOGIA E A INTERPRETAÇÃO DO BRASIL
67
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
68
AUTOATIVIDADE
70
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
Dito de outra forma, seria a ideia de que o contato entre brancos e negros, índios e
brancos, índios e negros entre a multiplicidade de outras combinações entre raças
humanas, poderia afetar as instâncias física e/ou intelectuais dos descendentes
dessas relações. Ou seja, a miscigenação seria algo ruim para a humanidade. Freyre
(2003; 2013) rompe com tal concepção e propõe a ideia de que a miscigenação
poderia ser algo positivo aos seres humanos e às sociedades.
DICAS
72
TÓPICO 2 — GILBERTO FREYRE, SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
73
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
sensualidade de nossos povos seria então aflorada pelo clima. O pensador sustentava
a ideia de que as condições climáticas colaborariam com o desenvolvimento de
uma suposta falta de pudor dos brasileiros. Cabe relembrarmos que muitos relatos
da mestiçagem entre brancos e negros no Brasil ocorreu de maneira compulsória,
ou seja, as negras escravas eram comumente estupradas por seus senhores, sendo
equivocada a perspectiva freyriana de que isso acontecia de forma natural, bonita
ou romântica. A linguagem utilizada por Freyre (2003) no trecho a seguir evidencia
sua perspectiva “hipersexualizada” acerca do papel da negra: mulher destinada
à satisfação das inúmeras necessidades do homem branco, inclusive as sexuais.
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam
nossos sentidos, na música, no andar, na fala. no canto de ninar menino
pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida. Trazemos quase
todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos
embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria
amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou
as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos
tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou
no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira
sensação completa de homem. Do moleque que foi o nosso primeiro
companheiro de brinquedo (FREYRE, 2003, p. 367).
75
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
E
IMPORTANT
Uma personagem que ilustra muito bem as torturas sofridas pelos escravos,
em especial as escravas brasileiras, é a escrava Anastácia. Ela foi um dos inúmeros exemplos
de luta e resistência aos maus tratos, tortura e abusos, inclusive sexuais, cometidos pelos
seus senhores. Era conhecida por uma beleza particular que chamava a atenção de seus
estupradores, porém, relutante em se entregar aos abusos, sofria a ira de seus donos que a
sentenciaram a usar uma máscara de ferro pelo resto de sua vida, retirada apenas quando
se alimentava. Depois de uma vida inteira de sofrimento, Anastácia teve seus restos mortais
enterrados na Igreja do Rosário, que logo desapareceram em um incêndio. Anastácia é
considerada santa por religiões de matriz afro-brasileira e possui muitos devotos no Brasil.
Segundo eles, Anastácia realizava milagres, dentre eles o da cura de enfermos e feridos. Sua
biografia é recontada em diversos livros
Antonio Candido (1993, 1995), por exemplo, foi um dos críticos a dar
mais ênfase a uma interpretação dualista de Gilberto Freyre. Tanto no
famoso prefácio a Raízes do Brasil, quanto no artigo “Aquele Gilberto”,
publicado à época da morte de Freyre e depois republicado em
Recortes, Candido constrói um esquema dualista para entender Freyre.
Para ele, o autor de Casa grande & senzala seria um escritor que ainda
detinha a visão senhorial e aristocrática da história brasileira e que, no
entanto, também havia sido um inovador capaz de ter seus momentos
progressistas e de trazer no bojo de sua interpretação do Brasil
elementos que problematizavam a visão senhorial do país. Fernando
Henrique Cardoso (1993, p.25) segue o mesmo padrão argumentativo
de Candido ao afirmar que “[o] encanto do livro de Gilberto Freyre é
que ele, ao mesmo tempo em que desvenda, oculta e mistifica”. O que
se pode concluir da leitura de Candido e Cardoso é que tanto a lucidez
crítica quanto a mistificação saudosista fazem parte da obra de Freyre.
Entretanto, não há em seus argumentos nenhuma explicação de como
essa configuração peculiar funciona, ou seja, como tais linhas de força
ideológicas interagem entre si (MELO, 2009, p. 280).
ATENCAO
77
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
78
TÓPICO 2 — GILBERTO FREYRE, SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
Os tipos ideais não são conceitos inflexíveis, que objetivam colocar fenômenos
sociais dentro de caixas conceituais, mas sim, conceitos que podem variar de acordo
com a evolução do raciocínio em relação a determinado objeto social.
79
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
FONTE: <https://teletime.com.br/wp-content/uploads/2017/02/tratado-de-tordesilhas.jpg>.
Acesso em: 12 jul. 2020.
80
TÓPICO 2 — GILBERTO FREYRE, SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
81
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
O “trabalhador”, por sua vez, é o sujeito que volta sua atenção muito mais
ao trabalho em sua manifestação prática e nos seus resultados diretos em relação
a sua sobrevivência. Utilizando o mesmo exemplo empregado ao aventureiro,
podemos dizer que o trabalhador se preocupa muito mais na forma com a qual
realizará o trabalho na lavoura (que não será realizado pelo aventureiro) e na
maneira com a qual ele proverá seu sustento. De outro modo, o trabalhador é
aquele indivíduo que pensa no resultado imediato de seus serviços e nos motivos
pelo qual dispende sua energia no trabalho por ele realizado.
A imagem da Figura 14 ilustra o par ideal composto pelo aventureiro
e o trabalhador intrínsecos à “cultura do café” (termo que trabalharemos
detalhadamente mais adiante) brasileira. Podemos observar o seguinte: o sujeito
aventureiro, incorporado pelo homem branco montado ao cavalo no lado direito
da pintura, que pode ser concebido como o proprietário da plantação de cana-de-
açúcar e o trabalhador, encarnado pelos negros que dependiam diretamente de
seu trabalho braçal para garantir sua sobrevivência em dado regime.
82
TÓPICO 2 — GILBERTO FREYRE, SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
83
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
FIGURA 15 – REFLEXÃO SOBRE NOVAS ROUPAGENS PARA A CULTURA COLONIAL QUE SO-
BREVIVE NA CONTEMPORANEIDADE
FONTE: <http://joseliamaria.com/wp-content/uploads/2019/06/IMG_6762-1024x739.jpg>.
Acesso em: 13 jul. 2020.
85
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
86
TÓPICO 2 — GILBERTO FREYRE, SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
cargos que demandam esforços acadêmicos, busquem a esfera pública por meio
de outras funções políticas. Porém, sua atuação se limita aos valores e costumes
apreendidos no seio familiar, o que a faz, comumente, lançar mão de políticas
públicas alinhadas aos interesses domésticos.
Essa aptidão para o social está longe de constituir um fator apreciável
de ordem coletiva. Por isso mesmo que relutamos em aceitar um
princípio superindividual de organização e que o próprio culto
religioso se torna entre nós excessivamente humano e terreno, toda a
nossa conduta ordinária denuncia, com frequência, um apego singular
aos valores da personalidade configurada pelo recinto doméstico.
Cada indivíduo, nesse caso, afirma-se ante os seus semelhantes
indiferente à lei geral, onde esta lei contrarie suas afinidades emotivas,
e atento apenas ao que o distingue dos demais, do resto do mundo
(HOLANDA, 1995, p. 155).
87
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
88
AUTOATIVIDADE
89
( ) Os tipos ideais “aventureiro” e “trabalhador”, que Sérgio Buarque de
Holanda considerava as classes mais fundamentais que compuseram
a sociedade brasileira, eram formados, basicamente, por aqueles que
objetivavam lucrar com atividades econômicas e aqueles que trabalhavam
para suprir as suas necessidades imediatas, respectivamente.
( ) Sérgio Buarque de Holanda acreditava que a sociedade brasileira carrega
heranças sociais advindas do modo de vida dos povos ibéricos, uma vez
que Espanha e Portugal, com suas particularidades políticas em relação
ao resto da Europa, obtiveram maiores vantagens no desenvolvimento
mercantilista, garantindo maior autonomia no comércio, exploração e
suprimento de suas demandas familiares.
( ) O homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda, é aquele sujeito
altruísta, educado e pacífico que foi responsável por solidificar nossas
bases culturais e políticas voltadas ao atendimento das necessidades do
povo em detrimento de suas demandas pessoais e familiares.
( ) O caráter hereditário da trama política brasileira, ou seja, a cultura da
valorização dos laços familiares sobre as aptidões políticas no momento
da nomeação de cargos públicos por gestores do Estado, possui pouca
relação com a cordialidade intrínseca aos governos que regem o Brasil
desde o período colonial.
90
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O terceiro e último tópico da Unidade 2 de nosso material apresentará as
ideias centrais de outros dois grandes nomes do Pensamento Social Brasileiro:
Florestan Fernandes e Caio Prado júnior. Abordaremos os principais conceitos
trabalhados em suas obras mais importantes, destacando suas abordagens e
inovações em relação à perspectiva sociológica construída no Brasil.
92
TÓPICO 3 — FLORESTAN FERNANDES E CAIO PRADO JÚNIOR
DICAS
94
TÓPICO 3 — FLORESTAN FERNANDES E CAIO PRADO JÚNIOR
FONTE: <https://observatorio3setor.org.br/wp-content/uploads/2019/04/1-racismo.jpg>.
Acesso em: 14 jul. 2020.
95
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
FONTE: <https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2019/04/negros.jpg>.
Acesso em: 14 jul. 2020.
O intelectual disserta sobre toda uma cultura que nasce em torno das
atividades econômicas centrais do Brasil, desde sua colonização. Ele concebe,
por exemplo, o clico econômico da cana-de-açúcar, como fator originário de uma
“cultura da cana”, que moldou aspectos culturais e políticos brasileiros que,
até a contemporaneidade, pouco sofreram mudanças estruturais significativas
(PRADO JÚNIOR, 1961).
98
TÓPICO 3 — FLORESTAN FERNANDES E CAIO PRADO JÚNIOR
99
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
FONTE: <https://conhecimentocientifico.r7.com/wp-content/uploads/2018/11/destaque.jpg>.
Acesso em 15 de julho de 2020.
100
TÓPICO 3 — FLORESTAN FERNANDES E CAIO PRADO JÚNIOR
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
103
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL
Também se sugeriu que esse mesmo par não apenas diferencia sindicatos
e ligas camponesas, negociação e confronto, pressão por políticas públicas
e reivindicação de terra, como também, no fundo, configura dois estilos de
mobilização agrária. Vistos de um ponto amplo, tais polaridades expressam
linhagens de interpretação do Brasil, cujas construções explicitam – isso é
importantíssimo – modos desiguais de conceber a conexão teoriaprática;
ponto este sempre reivindicado pelos grandes nomes desses mesmos campos
intelectuais, sobressaindo-se Caio Prado Júnior como outsider do primeiro deles.
Vale dizer, um militante pouco valorizado pelo partido comunista como um dos
clássicos do nosso ensaísmo e não assumido plenamente, mediante interpelações
a sua teoria do Brasil e excursos sobre a revolução, proveitosos que teriam sido
para o pecebismo contemporâneo.
104
TÓPICO 3 — FLORESTAN FERNANDES E CAIO PRADO JÚNIOR
[...]
FONTE: SANTOS, R. Agraristas políticos brasileiros. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesqui-
sas Sociais, 2008. p. 13-20. Disponível em: https://static.scielo.org/scielobooks/59grm/pdf/san-
tos-9788599662816.pdf. Acesso em: 7 out. 2020.
105
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
106
AUTOATIVIDADE
2 Caio Prado Júnior representa outro intelectual brasileiro que inovou em sua
perspectiva acerca da formação do Brasil contemporâneo. Para o sociólogo,
a economia assumiu um papel importante na formação de nossa cultura e,
consequentemente, de nossa política. O pensador acreditava também na
existência de um “sentido da colonização”, que orientava as transformações
culturais brasileiras a partir de seu desenvolvimento histórico. Outros
dois conceitos importantes trabalhados em sua obra são os de “colônia de
exploração” e “colônia de povoamento”, que consistem em classificações
das colônias americanas de acordo com a intenção dos colonizadores
europeus em relação a ocupação do novo continente. Sobre a teoria de Caio
Prado Júnior, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
107
( ) Caio Prado Júnior focou seus estudos no papel dos povos indígenas e do
negro no desenvolvimento do cultural do Brasil.
( ) Ao analisarmos a obra de Caio Prado Júnior, identificamos o papel
preponderante da Economia no desenvolvimento social do Brasil.
( ) Para Caio Prado Júnior, o Brasil pode ser considerado uma colônia de
povoamento, uma vez que os povos ibéricos sempre tiveram a intenção
de fixar colônias de seus povos aqui a fim de desenvolver a Economia da
colônia.
( ) Caio Prado Júnior identificou diferentes padrões de colonização nos
Estados Unidos da América em relação aos países latino-americanos.
( ) O pensador brasileiro Caio Prado Júnior, identifica em sua obra um
sentido explorador no que tange à ocupação ibérica em nosso território.
108
REFERÊNCIAS
BASTOS, E. R. Sessenta anos da publicação de um relatório exemplar. Sinais
Sociais, Rio de Janeiro, v. 10, n. 28, p. 29-54, maio/ago. 2015.
109
110
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
111
112
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O conteúdo estudado nas unidades anteriores enfatizou, dentre outros
assuntos, a multiplicidade de matrizes étnicas que compõem o Brasil. Tal fato
contribui para que os debates em torno do tema raça estejam constantemente
presente no meio sociológico brasileiro. Além disso, os debates identitários
de maneira geral, ganham amplo espaço de discussões, sobretudo na
contemporaneidade.
113
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
Portanto, não é novidade, pelo menos desde o começo do século XX, que
os negros africanos trazidos para o Brasil constituem boa parte de nossa história.
No entanto, devemos estar cientes da luta desse povo pelo reconhecimento de sua
condição de ator fundamental na construção de nossa sociedade, por condições
iguais de trabalho, habitação, sociabilidade e, enfim, melhores condições de vida
no Brasil contemporâneo.
114
TÓPICO 1 — RAÇA E IDENTIDADE NO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO BRASILEIRO
FONTE: <https://escravidaobrasil.weebly.com/uploads/4/2/0/7/42076079/8328419.jpg?399>.
Acesso em: 4 ago. 2020.
Outro autor que ressalta a importância do negro, no que tange à
formação do povo brasileiro, é Darcy Ribeiro, destacando em sua obra o histórico
apagamento de seu papel crucial em nossa formação como sociedade (RIBEIRO,
1995). O referido pensador, nosso conterrâneo, evidencia as sucessivas tentativas
de negação e soterramento das tradições negras em nosso país por parte dos
colonizadores europeus e seus descendentes ao decorrer da história do Brasil.
115
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
ATENCAO
116
TÓPICO 1 — RAÇA E IDENTIDADE NO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO BRASILEIRO
FONTE: <http://artememoria.org/wp-content/uploads/2018/11/ATO-CONTRA-O-RACISMO-
1024x691.jpg>. Acesso em: 5 ago. 2020.
DICAS
117
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
NTE
INTERESSA
Para quem não sabe, Zacimba Gaba foi princesa de Cabinda, na Angola, foi
captura e trazida para o Brasil há cerca de 300 anos. Quem arrematou Zacimba, entre
aproximadamente doze negros trazidos para o Porto da Aldeia de São Matheus, situado na
Capitania do Espírito Santo, foi o fazendeiro português José Trancoso. A princesa sofreu
diversos tipos de violência durante anos, inclusive estupro. Ela é mais um, entre múltiplos
exemplos de pessoas capturadas na África e trazidas ao Brasil para trabalhar sob o regime
de escravidão. Prova do desrespeito branco em relação à nobreza africana, submetida aos
terrores do regime escravocrata brasileiro.
118
TÓPICO 1 — RAÇA E IDENTIDADE NO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO BRASILEIRO
119
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
FONTE: <http://www.aracruz.es.gov.br/arquivos/turismo/Dana_dos_Guerreiros.jpg>.
Acesso em: 9 ago. 2020.
O debate racial em torno dos povos negro e nativo, hoje, transcendem o espaço
acadêmico, ganhando as ruas e as mais diversas instâncias sociais. Os diálogos e
enfrentamentos objetivam, principalmente, a emancipação dos povos que constituem
a civilização brasileira. O sentido da palavra emancipação aqui empregado, consiste
na busca por condições mais justas de sobrevivência frente à parcela da sociedade
mais privilegiada em relação ao sistema social, político, econômico e cultural
predominante no Brasil. Esse sistema é imposto desde os tempos coloniais brasileiros
e perdura, sem grandes modificações estruturais, até os dias de hoje.
120
TÓPICO 1 — RAÇA E IDENTIDADE NO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO BRASILEIRO
121
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/fe/mi/feminismo_lobby_do_baton_bb.jpg>.
Acesso em: 14 ago. 2020.
122
TÓPICO 1 — RAÇA E IDENTIDADE NO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO BRASILEIRO
Como vimos na Unidade 1 de nosso livro, Nísia Floresta Augusta foi uma
das precursoras do ideal libertário feminista no Brasil. Influenciada pelas ideias
da inglesa Mary Wollstonecraft, Nísia escreveu diversas obras com o intuito
de orientar as mulheres brasileiras em direção a uma vida digna e mais igual
em relação aos homens. A professora brasileira foi grande influência no meio
educacional e político, incentivando inúmeras mulheres a resistir aos abusos e
violências patriarcais.
123
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/un/os/unoscuantospiquetitosfridakahlo-cke.jpg>.
Acesso em: 18 ago. 2020.
• Lésbica: mulheres que sentem atração romântica ou sexual por outras mulheres.
• Gay: homens que sentem atração romântica ou sexual por homens. O termo
também pode ser utilizado para mulheres homossexuais.
• Bissexual: pessoas que sentem atração (afetiva ou sexual) por ambos os sexos.
• Transgênero: pessoas que não se identificam com seu sexo biológico e estão
em trânsito entre gêneros.
• Transsexual: são pessoas que se identificam com um sexo diferente do seu
nascimento. Por exemplo: uma pessoa que nasceu homem, mas se identifica
como mulher, é uma mulher transgênero.
• 2/Two-Spirit (Dois-Espíritos): utilizado por nativos norte-americanos para
representar pessoas que acreditam ter nascido com espíritos masculino e
feminino dentro delas.
• Queer: pode ser considerado um termo “guarda-chuva”, englobando
minorias sexuais e de gênero que não são heterossexuais ou cisgênero.
• Questionando: pessoas que ainda não encontraram seu gênero ou orientação
sexual – estão no processo de questionamento, ainda incertos sobre sua
identidade.
• Intersex: é uma variação de características sexuais que incluem cromossomos
ou órgãos genitais que não permitem que a pessoa seja distintamente
identificada como masculino ou feminino.
• Assexual: é a falta de atração sexual ou falta de interesse em atividades
sexuais – pode ser considerado a “falta” de orientação sexual.
• Aliado: são pessoas que se consideram parceiras da comunidade LGBTQ+.
• Pansexual: é a atração sexual ou romântica por qualquer sexo ou identidade
de gênero.
FONTE: <https://cutt.ly/VgYljFz>. Acesso em: 18 ago. 2020.
125
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
126
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O povo brasileiro foi formado por três raças fundamentais: brancos, negros e
nativos americanos.
• A multiplicidade de raças e identidades brasileiras engendrou conflitos raciais
e diversos tipos de violência.
• A resistência negra, assim como o movimento dos povos nativos brasileiros, é
muito forte no Brasil, conquistando por meio de lutas, conflitos e resistências,
múltiplos direitos a esses dois povos cruelmente dominados pela colonização
europeia.
• O movimento de luta feminista no Brasil é responsável pela emancipação e
garantia de direitos de milhões de mulheres, além de ajudar no combate ao
machismo e à violência contra a mulher que o sistema patriarcal estimula.
• A luta LGBTQ+ é protagonista da resistência contra a homofobia e outras
violências ocasionadas pela desigualdade de gênero no Brasil.
127
AUTOATIVIDADE
1 O Brasil é um país cujo povo é formado por múltiplas etnias, uma das
consequências sociais de toda essa riqueza racial coexistente num mesmo
território é a discriminação e o racismo – graves problemas sociais que
abrem espaço para a violência. Como todo o tipo de opressão é passível
a resistências de inúmeras naturezas, não seria diferente com relação à
violência racial brasileira que oprime, principalmente, pessoas de matrizes
étnicas africanas e nativas, desde o período colonial. Nesse contexto de
desigualdade racial, emergem movimentos sociais a favor da emancipação,
reivindicação por igualdade de oportunidades, fim da crueldade contra
classes menos privilegiadas socialmente dentre outras lutas. Os movimentos
negro e indígena do Brasil foram muito importantes para esses dois grupos
étnicos. Considerando os desafios e conquistas de tais movimentos sociais,
analise as sentenças a seguir:
129
130
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
1 INTRODUÇÃO
Além da demanda por mão de obra livre, pois essa também seria
consumidora da produção nacional, multiplicando os lucros dos grandes
produtores, ainda existia a demanda por extensões mais vastas de terra para o
cultivo do café. Foi o que aconteceu na expansão para a produção em direção ao
oeste paulista: imensidões de mata atlântica foram derrubadas para a implantação
daquela cultura extensiva. Com as terras já preparadas para o cultivo, faltava
agora a modernização dos “braços” que produziam o café. Sendo assim, foram
implantadas, com mais intensidade, técnicas mecanizadas transporte, pilagem,
ensacamento, pesagem. entre outros.
131
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
E
IMPORTANT
FONTE: <https://amantesdaferrovia.com.br/blog/a-baroneza-o-primeiro-trem-do-brasil>.
Acesso em: 25 ago. 2020.
132
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
133
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
por outro, existe uma maioria de indivíduos que sofre com a superexploração do
trabalho, com a miséria, com a violência e outras sobras da produção de riquezas
no país. Contemporaneamente, nosso território é marcado por um abismo social
que pode ser retratado pela Figura 8, a qual mostra como algumas pessoas são
privilegiadas economicamente, vivendo em apartamentos seguros e confortáveis
no Rio de Janeiro, habitam ao lado de uma grande quantidade de brasileiros que
vivem as piores mazelas do capitalismo.
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/media/uploads/legacy/2018/11/28/favela-
-rj-1116795.jpg>. Acesso em: 26 ago. 2020.
134
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
135
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
FONTE: <https://informa.life/wp-content/uploads/2012/09/old_radio_1.jpg>.
Acesso em: 24 ago. 2020
NTE
INTERESSA
136
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
ATENCAO
137
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
E
IMPORTANT
FONTE: <https://mst.org.br/wp-content/uploads/2019/11/84-861.png>.
Acesso em: 25 ago. 2020.
138
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
139
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
Uma das causas desse retrocesso quanto ao abismo social entre classes
econômicas no Brasil foi, dentre outras, a entrada de uma política trabalhista que
desrespeita as normas da Consolidação das Leis do Trabalho brasileira.
140
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
141
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
Para Pacheco Júnior (2018), Caio Prado sustenta a ideia de que no Brasil
e na maioria dos países da América Latina, existiu um padrão de colonização
explorador, no qual o lucro destinado aos países do exterior se sobressaía em
detrimento das demandas internas do país. Enquanto isso, nas zonas temperadas
da América, a ocupação das terras pelos colonizadores era muito mais voltada à
habitação e enriquecimento locais.
142
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
FONTE: <https://outraspalavras.net/wp-content/uploads/2020/07/ASasASasAS.jpg>.
Acesso em: 28 ago. 2020.
143
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
144
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA
145
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
146
AUTOATIVIDADE
148
TÓPICO 3 — A
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Devemos ter em mente que a Sociologia Brasileira, assim como qualquer
outro estudo, prática, trabalho ou quaisquer manifestações humanas, passou e
passa por um processo histórico que a molda de maneira constante. Isso significa
que o pensamento humano, por se tratar de algo fluido e integralmente em estágio
de metamorfose, está passível a sofrer modificações ao passar dos tempos, de
acordo com os fatores externos, materiais e imateriais que o influenciam.
ATENCAO
FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/images/dm10(1).jpg>.
Acesso em: 29 ago. 2020.
DICAS
Rosa, Ribeiro Júnior e Torres (2018) identificam em sua obra uma tendência
à adoção de métodos educacionais estadunidenses em escolas brasileiras,
semelhante ao que ocorreu durante o regime militar brasileiro. Esse fato evidencia
que o modelo educacional implementado durante a ditadura militar ainda possui
resquícios na educação contemporânea.
151
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
A educação superior foi a mais lesada com essa disputa ideológica que
resultou em censuras de obras de diversas naturezas, destruição de acervos
inteiros de livros, perseguição, exílio, tortura e morte de intelectuais, dentre uma
infinidade de outras barbaridades cometidas pelos militares em solo brasileiro.
E
IMPORTANT
152
TÓPICO 3 — A SOCIOLOGIA BRASILEIRA PÓS-1970: NOVOS OLHARES
Isso quer dizer que a Sociologia recebeu maior atenção em diversas partes
do mundo, sendo concebida como um campo independente do conhecimento em
vários países. Até então, os estudos sociológicos haviam alcançado um momento de
maior cientificidade e desprendimento de ideologias em relação aos períodos ante-
riores. Ou seja, nascia uma ciência livre de utilitarismos e voltada muito mais à com-
preensão dos fenômenos sociais do que a busca pelo enriquecimento, por exemplo.
Em síntese, entre 1940 e 1970 a sociologia parecia estar assentada
sobre bases sólidas. Predominou neste contexto uma preocupação
de identificar e defender um paradigma teórico particular que
consubstanciasse os princípios básicos da epistemologia sociológica.
Embora não fosse consensual, havia por parte de muitos sociólogos
um acordo tácito de que os princípios morfológicos básicos sobre os
quais assentavam cientificamente o entendimento do mundo social – o
grau de generalizações abstratas e universais, tanto a nível conceitual
quanto metodológico – já estavam construídos ou parcialmente
construídos. Nessa perspectiva, a sociologia estava entrando
finalmente nos “eixos”, isto é, em processo de rigorosa delimitação
do seu campo científico, cuja plena consolidação poderia estabelecer
mútuas conexões entre as diferentes orientações teóricas existentes.
A sociologia marchava a largos passos para finalmente atingir um
estágio tão desejado de maior maturidade científica: desvincular-se
definitivamente das tradições filosóficas e ideológicas. A vitória do
sonho comtiano [...] (ALVES, 2010, p. 18-19).
153
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
154
TÓPICO 3 — A SOCIOLOGIA BRASILEIRA PÓS-1970: NOVOS OLHARES
155
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
FONTE: <https://static.poder360.com.br/2018/12/Top-Midia-1-868x644.jpg>.
Acesso em: 30 ago. 2020.
156
TÓPICO 3 — A SOCIOLOGIA BRASILEIRA PÓS-1970: NOVOS OLHARES
FONTE: <https://iberoamericasocial.com/wp-content/uploads/2018/04/America-Invertida.jpg>.
Acesso em: 30 ago. 2020.
158
TÓPICO 3 — A SOCIOLOGIA BRASILEIRA PÓS-1970: NOVOS OLHARES
histórico pelo qual o Brasil esteve e está inserido. A partir da compreensão de tal
processo histórico é possível entender melhor as condições de desenvolvimento
de nosso país, condições que podem ajudar a explicar nossas disparidades sociais.
E a gente então começou, era um grupo grande, era muita gente
envolvida... nós começamos [a estudar O Capital [...] fomos interrompidos
pelo golpe [...] A ideia da teoria da dependência não tinha desabrochado.
Claro que nas teses da Polop já havia, já se percebia, já estava anotado
que as burguesias nacionais eram vinculadas ao imperialismo, a ideia
da classe dominante dominada, que a gente vai desenvolver depois
no Chile... Eu me lembro que você me perguntou pelo telefone... se
por acaso a teoria da dependência tinha surgido na UnB. Eu digo que
não, que realmente ela desabrochou, a equipe mesmo... foi composta
na Faculdade de Economia da Universidade do Chile e no Centro de
Estudios Socio-Económico (Ceso) (BAMBIRRA, 2013, p. 32).
159
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
LEITURA COMPLEMENTAR
SUBDESENVOLVIMENTO E REVOLUÇÃO
As simplificações nas quais, por sua limitação natural, este trabalho possa
incorrer não devem fazer o leitor esquecer esta premissa fundamental.
161
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
162
TÓPICO 3 — A SOCIOLOGIA BRASILEIRA PÓS-1970: NOVOS OLHARES
163
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA
164
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
165
AUTOATIVIDADE
167
REFERÊNCIAS
ALVES, P. C. A teoria sociológica contemporânea: da superdeterminação pela teo-
ria à historicidade. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 25, n. 1, jan./abr. 2010.
Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/5510.
Acesso em: 23 out. 2020.
AZEVEDO, F. et al. Manifestos dos pioneiros da educação nova (1932) e dos edu-
cadores (1959). Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
BRASIL, Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensi-
no de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em: https://www2.cama-
ra.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaoori-
ginal-1-pl.html#:~:text=Fixa%20Diretrizes%20e%20Bases%20para,graus%2C%20
e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.&text=%C2%A7%20
1%C2%BA%20Para%20efeito%20do,m%C3%A9dio%2C%20o%20de%20segun-
do%20grau. Acesso em: 23 out. 2020.
DAMATTA, R. A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. 5. ed.
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