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MUNDO EM QUESTÃO

EPISÓDIO 2 – QUESTÕES
Professores: Gabriel Léccas e Rogério Forti

Tema 1 – O PL das Fake News e a regulação das redes

1. (Unicamp 2020) John Milton and Freedom of Speech on Campus


By Daniel F. Sullivan

A few years ago, at a seminar meant to help college presidents think about the issues they face as campus
leaders, I read John Milton's Areopagitica: A speech for the liberty of unlicensed printing to the parliament of
England. Originally published in 1644, Areopagitica makes a powerful argument for freedom of speech and
against censorship in publishing. After twenty years as a college president, having experienced and observed
many calls to censor, I've come to believe that there is not much to know on the topic beyond what Milton
wrote over 350 years ago. Areopagitica was published in response “to Parliament's ordinance for licensing
the press of June 14, 1643.” The effect of the ordinance against which Milton wrote “was to give Archbishop
Laud, who was also Chancellor of the University of Oxford, control over every press in England, with power to
stop publication of any book contrary to the Doctrine of the Church of England.” This was disturbing to Milton,
who wrote, “as good almost kill a man as kill a good book: [he] who kills a man kills a reasonable creature;
but he who destroys a good book, kills reason itself.”

(Adaptado de https://www.questia.com/magazine/1P3-1048971311/milton-s-areopagitica-freedom-of-
speech-on-campus. Acessado em 15/05/2019.)

A relação entre o posicionamento do autor do texto e o de John Milton na publicação mencionada é de

a) divergência, pois o autor julga que as ideias de Milton sobre liberdade de expressão parecem ultrapassadas
em relação ao que ocorre hoje nas universidades.
b) divergência, pois diferentemente de Milton, o autor critica o fato de haver, nas universidades inglesas,
apelos para que a censura seja exercida no campus.
c) concordância, pois o autor apoia a mesma linha de pensamento de Milton quanto às críticas ao controle
da liberdade de imprensa.
d) concordância, pois o autor alinha-se a Milton quanto à ideia de que destruir um bom livro é o mesmo que
destruir uma criatura racional.
2. (Enem 2013) Novas tecnologias

Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente


aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”,
“maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os
em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas
o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um
aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto,
desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se
estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de
entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos
quanto somos controlados.

SAMPAIO, A. S. “A microfísica do espetáculo”. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br.


Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita
alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a
escolha das formas verbais em destaque objetiva

a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é
manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as
pessoas.
3. (Enem 2012) A marcha galopante das tecnologias teve por primeiro resultado multiplicar em enormes
proporções tanto a massa das notícias que circulam quanto as ocasiões de sermos solicitados por elas. Os
profissionais têm tendências a considerar esta inflação como automaticamente favorável ao público, pois
dela tiram proveito e tornam-se obcecados pela imagem liberal do grande mercado em que cada um, dotado
de luzes por definição iguais, pode fazer sua escolha em toda liberdade. Isso jamais foi realizado e tende a
nunca ser. Na verdade, os leitores, ouvintes, telespectadores, mesmo se se abandonam a sua bulimia*, não
são realmente nutridos por esta indigesta sopa de informações e sua busca finaliza em frustração. Cada vez
mais frequentemente, até, eles ressentem esse bombardeio de riquezas falsas como agressivos e se refugiam
na resistência a toda ou qualquer informação.

O verdadeiro problema das sociedades pós-industriais não é a penúria**, mas a abundância. As sociedades
modernas têm a sua disposição muito mais do que necessitam em objetos, informações e contatos. Ou, mais
exatamente, disse resulta uma desarmonia entre uma oferta, não excessiva, mas incoerente, e uma demanda
que, confusamente, exige uma escola muito mais rápida a absorver. Por isso os órgãos de informação devem
escolher, uma vez que o homem contemporâneo apressado, estressado, desorientado busca uma linha
diretriz, uma classificação mais clara, um condensado do que é realmente importante.

(*) fome excessiva, desejo descontrolado.


(**) miséria, pobreza.

VOYENNE, B. Informação hoje. Lisboa: Armand Colin, 1975 (adaptado)

Com o uso das novas tecnologias, os domínios midiáticos obtiveram um avanço maior e uma presença mais
atuante junto ao público, marcada ora pela quase simultaneidade das informações, ora pelo uso abundante
de imagens. A relação entre as necessidades da sociedade moderna e a oferta de informação, segundo o
texto, é desarmônica, porque

a) o jornalista seleciona as informações mais importantes antes de publicá-las.


b) o ser humano precisa de muito mais conhecimento do que a tecnologia pode dar.
c) o problema da sociedade moderna é a abundância de informações e de liberdade de escolha.
d) a oferta é incoerente com o tempo que as pessoas têm para digerir a quantidade de informação disponível.
e) a utilização dos meios de informação acontece de maneira desorganizada e sem controle efetivo.
Tema 2 – A reforma judicial em Israel

4. (G1 - cps 2019) Quando na mesma pessoa, ou no mesmo órgão de governo, o poder Legislativo está unido
ao poder Executivo, não existe liberdade […] E também não existe liberdade se o poder Judiciário (poder de
julgar) não estiver separado do poder Legislativo (poder de fazer as leis) e do poder Executivo (poder de
executar, de por em prática as leis.)

Montesquieu, O espírito das leis, 1748. In: FREITAS, G. de; 900 textos e documentos de História. Lisboa:
Plátano, 1978. V. III, p.24

Político, filósofo e escritor, o Barão de Montesquieu (1689–1755) se notabilizou por sua teoria sobre a
separação dos poderes, que organiza o funcionamento de muitos dos Estados modernos até a atualidade.

Ao formular sua teoria, Montesquieu criticou o regime absolutista e defendeu a divisão do governo em três
poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – como forma de
a) garantir a centralização do poder monárquico e a vontade absoluta dos reis, bem como defender os
interesses das classes dominantes.
b) desestabilizar o governo e enfraquecer o Judiciário, bem como garantir a impunidade dos crimes
cometidos pelos mais pobres.
c) evitar a concentração de poder e os abusos dos governantes, bem como proteger as liberdades individuais
dos cidadãos.
d) estabilizar o governo e fortalecer o Executivo, bem como liberar as camadas subalternas da cobrança de
impostos.
e) fortalecer o povo e eliminar os governos, bem como eliminar as formas de punição consideradas abusivas.
5. (Fmc 2021) Analise a imagem e o texto sobre o confronto entre judeus e muçulmanos.

No primeiro semestre de 2021, a rivalidade histórica entre israelenses e palestinos foi acentuada com uma
série de conflitos na Faixa de Gaza, território que pertence à Palestina. O território que compreende a Faixa
de Gaza, Cisjordânia e a sagrada cidade de Jerusalém é marcado por conflitos históricos e intermináveis.
Além da disputa religiosa entre judeus e muçulmanos, a região tem importância econômica, política e militar
para grandes potências, como Estados Unidos e Rússia. O conflito entre israelenses e palestinos na região
não é de agora. No entanto, considerando apenas o confronto de abril e maio de 2021, tudo começou com
ações de despejo de famílias palestinas no bairro de Sheikh Jarrah, que fica em Jerusalém Oriental, com uso
da força da polícia de Israel.

Disponível em: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/atualidades/conflitos-entre-israel-e-palestinos-


em-2021.htm. Acesso em: 31 maio 2021. Adaptado.

Esse confronto no bairro de Sheikh Jarrah entre judeus e muçulmanos tem como causa
a) a defesa da condição de Jerusalém como capital de Israel pelo Hamas.
b) o desrespeito ao Ramadã considerado o mês sagrado pelo povo judeu.
c) a divisão de Jerusalém em duas partes proposta pelo governo de Israel.
d) a decisão de não solicitar cessar-fogo aos confrontantes pelas Nações Unidas.
e) o valor estratégico do bairro para a ocupação integral de Jerusalém por Israel.
6. (Fuvest 2020) Dois eventos marcaram a diplomacia brasileira em relação ao Oriente Médio no início de
2019. Um deles foi o voto contra a resolução da ONU que pedia a desocupação militar das Colinas de Golã e
sua devolução à Síria. Outro evento foi o anúncio de transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para
Jerusalém, mesmo não tendo sido levada adiante até setembro de 2019. Em relação a esses eventos, é
correto afirmar que eles representam

a) I. uma aproximação do Brasil em relação à posição dos EUA.


II. um potencial distanciamento do Brasil em relação à posição da maioria dos
países do Conselho de Segurança da ONU.

b) I. um distanciamento do Brasil em relação à posição da Palestina e uma


aproximação em relação ao conjunto de países árabes.
II. uma potencial aproximação do Brasil em relação à posição da maioria dos
países do Conselho de Segurança da ONU.

c) I. um distanciamento do Brasil em relação à posição de Israel e uma aproximação


em relação aos palestinos.
II. um potencial distanciamento do Brasil em relação à posição da maioria dos
países do Conselho de Segurança da ONU.

d) I. um distanciamento do Brasil em relação à posição dos EUA.


II. uma potencial aproximação do Brasil em relação à posição da maioria dos
países do Conselho de Segurança da ONU.

e) I. uma aproximação do Brasil em relação à posição da Síria.


II. um potencial distanciamento do Brasil em relação à posição da maioria dos
países do Conselho de Segurança da ONU.
Tema 3 – A crise bancária nos EUA

7. (Ufjf-pism 3 2020) Leia os textos abaixo

Texto 1

“Esses anos (pós-guerra) também foram notáveis sob outro aspecto, pois à medida que o tempo passava,
tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as sementes de sua
própria destruição.”

J. K. Galbraith. Dias de boom e de desastre. In. J. M. Roberts (org.) História do século XX, 1974, p. 1331

Texto 2

“O que acontecia, como muitas vezes acontece nos booms de mercados livres, era que, com os salários
ficando para trás, os lucros cresceram desproporcionalmente, e os prósperos obtiveram uma fatia maior do
bolo nacional. Mas como a demanda da massa não podia acompanhar a produtividade em rápido
crescimento do sistema industrial nos grandes dias de Henry Ford, o resultado foi superprodução e
especulação. Isso, por sua vez, provocou o colapso.”

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995,
p. 104.

a) Cite e análise uma causa da crise de 1929.

b) Cite e análise um efeito da crise de 1929 no Brasil.


8. (Enem PPL 2019) A depressão que afetou a economia mundial entre 1929 e 1934 se anunciou, ainda em
1928, por uma queda generalizada nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator mais marcante foi a crise
financeira detonada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque.

Disponível em: http://cpdoc.fgv.br. Acesso em: 20 abr. 2015 (adaptado).

Perante o cenário econômico descrito, o Estado brasileiro assume, a partir de 1930, uma política de incentivo
à

a) industrialização interna para substituir as importações.


b) nacionalização de empresas estrangeiras atingidas pela crise.
c) venda de terras a preços acessíveis para os pequenos produtores.
d) entrada de imigrantes para trabalhar nas indústrias de base recém-criadas.
e) abertura de linhas de financiamento especial para empresas do setor terciário.
9. (Espm 2019) Bolha imobiliária: dez anos do gatilho da crise que parou o mundo

Faz dez anos que explodiu a crise das hipotecas subprime, ou hipotecas podres, assim chamadas porque
haviam sido concedidas, com juros altos, a pessoas físicas com elevado risco de créditos. O colapso dos
mercados foi tão drástico que obrigou o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) — e o Banco Central
Europeu (BCE) — a injetar centenas de bilhões de dólares e a baixar as taxas de juros.

Fonte: El País. 07/08/2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/05/econo-


mia/1501927439_342599.html. Acesso: 20/09/2018.

O texto faz alusão à crise mundial de 2008 que colapsou os mercados financeiros devido às hipotecas
podres que levaram à falência o (a):
a) Citygroup.
b) Leman Brothers.
c) Sumitomo Bank.
d) HSBC.
e) Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD).
10. (Uerj 2020) DECRETO Nº 295, DE 29 DE MARÇO DE 1890

(...) O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados
Unidos do Brazil, constituido pelo Exercito e Armada, em nome da Nação, considerando:

Que com prejuizo da ordem e da paz publica teem-se posto em circulação falsas noticias e boatos
aterradores, com o intuito manifesto e anti-patriotico de favorecer condemnaveis especulações;

Que taes noticias e boatos prejudicam consideravelmente o credito do paiz no exterior, abalando a confiança
na estabilidade das instituições e na responsabilidade dos compromissos contrahidos pela Nação; (...)

Art. 1º Ficam sujeitos ao regimen do decreto n. 85 A, de 23 de dezembro de 1889, todos aquelles que derem
origem ou concorrerem pela imprensa, por telegramma e por qualquer outro modo para pôr em circulação
falsas noticias e boatos alarmantes, dentro ou fóra do paiz, como sejam os que se referirem á disciplina dos
corpos militares, á estabilidade das instituições e á ordem publica. (...)

Sala das sessões do Governo Provisorio, 29 de março de 1890, 2º da Republica.

Manoel Deodoro da Fonseca.

M. Ferraz de Campos Salles.

www2.camara.leg.br

Desde sua implantação, a República Brasileira enfrenta o problema da circulação de falsas notícias.

Identifique duas características da política econômica nacional que serviram de justificativa para o decreto
do Governo Provisório de 1890. Em seguida, cite uma falsa notícia difundida no decorrer do século XX e sua
consequência direta sobre o processo político nacional.
11. (PUC-Rio 2009)
TEXTO 1
Epitáfio para um banqueiro

(PAES, José Paulo. In ARRIGUCCI JR. , Davi. (org.) Melhores poemas de José Paulo Paes. São Paulo: Global,
1998, p. 115.)

TEXTO 2
Levei vários anos até conquistar o ócio, isso é importante para o poeta, ele não pode ter a cabeça
virada só para coisas a resolver. Fiquei muitos anos arrumando minha vida, saldando dívidas, atendendo
papagaio. Há oito anos, cheguei aqui pra Mato Grosso, tomei pé aqui. Agora estou vagabundo, tenho direito
a isso. Herdei uma fazenda, em campo aberto, terra nua, sou fazendeiro de gado, vaca, não sou "o rei do boi,
do gado" mas vivo bem. Este é o meu caso: enquanto estava tomando pé da fazenda não escrevi uma linha.
Mas sabemos de outros casos, como o Dostoiévski, que escreveu perseguido por dívidas, ou o Graciliano
Ramos, que além das dívidas ainda tinha família pra criar.
Barros, Manuel de. Entrevista a André Luís Barros.
Jornal do Brasil - Caderno Ideias, 24/08/1996, p. 8.

a) O texto 1, "Epitáfio para um banqueiro", faz parte de um movimento literário de vanguarda iniciado na
década de 1950 e conhecido como concretismo ou poesia concreta. Liderado pelos irmãos Augusto e Haroldo
de Campos e por Décio Pignatari, o concretismo representou uma reação à literatura feita no Brasil naquele
momento histórico. Indique uma característica que comprova a filiação do poema de José Paulo Paes a esse
movimento.

b) A partir de uma leitura comparativa dos textos 1 e 2, determine o sentido empregado para o termo "ócio"
em ambos os textos.
TEMA EXTRA DE REDAÇÃO
(Fgv 2015)

Declaração de Chapultepec
(Redigida em 1994, por 100 especialistas, a pedido da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP),
foi assinada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1996, e pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em 2006. Seu assunto é a liberdade de expressão e de imprensa.)

Uma imprensa livre é condição fundamental para que as sociedades resolvam seus conflitos,
promovam o bem-estar e protejam sua liberdade. Não deve existir nenhuma lei ou ato de poder que restrinja
a liberdade de expressão ou de imprensa, seja qual for o meio de comunicação. Porque temos consciência
dessa realidade e a sentimos com profunda convicção, firmemente comprometidos com a liberdade,
subscrevemos esta declaração.

Quando lhe convém, a imprensa se denomina o quarto poder. E todo poder deve ser regulado pela
sociedade, por meio de lei. Imagine-se o poder financeiro sem regulação, o poder político sem fiscalização. E
até o poder religioso: de repente surge uma religião que permite sacrifícios humanos. E o único poder em que
não se pode tocar é o midiático? Temos que superar esses tabus.

Rafael Correa, Presidente da República do Equador. Folha de S. Paulo, 23 de julho 2014.

É preciso tratar de compreender esse discurso, que agora se torna raivoso, de uma direita que está
presente no espaço público e nos estádios de futebol e já disputa as eleições, com as armas que tem. (...) Seu
maior poder é o controle da mídia. É por meio dela que a direita disputa a opinião pública e impõe sua visão
de mundo.

Sílvio C. Bava, Le Monde diplomatique Brasil, Ano 7, Número 84, julho de 2014. Adaptado.

Apesar de já exercer um grande controle ideológico sobre o conteúdo dos meios de comunicação, a
esquerda quer asfixiá-los economicamente, consolidando o sonhado controle totalitário da imprensa.

José M. e Silva, Jornal Opção.

Os textos acima apresentam, de maneira enfática, diferentes opiniões sobre a questão da regulação da
imprensa em sociedades democráticas. Tendo em vista as sugestões neles contidas, redija uma dissertação
em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema Imprensa e democracia: a regulação da
imprensa nas sociedades democráticas.
GABARITOS E/OU COMENTÁRIOS

Tema 1 – O PL das Fake News e a regulação das redes

Questão 1:
[C]

A alternativa [C] está correta, pois o texto coloca: “After twenty years as a college president, having
experienced and observed many calls to censor, I've come to believe that there is not much to know on the
topic beyond what Milton wrote over 350 years ago” (Depois de vinte anos como administrador acadêmico,
tendo observado e passado por várias experiências de censura, eu percebi que não há muito o que falar sobre
o assunto além do que Milton escreveu 350 anos atrás).

Questão 2:
[D]

É correta a opção [D], pois o uso dos termos verbais em 1ª pessoa do plural (“carregamos”, ”podemos reduzir-
nos”, “desenvolvemos”, “somos”, “controlamos”) inclui o leitor nas apreciações que o autor emite ao longo
do texto.

Questão 3:
[D]

Segundo o texto, as sociedades modernas convivem com o desequilíbrio entre a excessiva oferta de
informação e a capacidade de assimilar os dados fornecidos, como se refere em [D].
Tema 2 – A reforma judicial em Israel
Questão 4:
[C]

A obra “O espírito das Leis” do pensador iluminista francês Montesquieu foi escrita em meados do século
XVIII, no auge do movimento Iluminista, com o intuito de criticar a concentração do poder nas mãos de uma
pessoa, no caso o Absolutismo. O autor defende que o poder deve ser contido pelo poder e sugere a divisão
do poder em três partes (Executivo, Legislativo e Judiciário) cada qual com sua função, o objetivo último é a
defesa das liberdades individuais. Somente a alternativa [C] está correta.

Questão 5:
[E]

Os problemas que dificultam um acordo de paz entre Israel e palestinos são variados, são exemplos a atuação
de extremistas judeus e árabes contrários à pacificação, a disputa por Jerusalém, uma vez que Israel
considera a cidade como sua capital indivisível, a permanência do muro de separação entre Israel e
Cisjordânia, além da repartição dos recursos hídricos. Um dos problemas mais graves é a ocupação de
territórios palestinos por Israel, a exemplo dos assentamentos de judeus na Cisjordânia a ocupação de bairros
com moradias árabes em Jerusalém Oriental. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental para ser sua
futura capital política.

Questão 6:
[A]

A partir de 2019, o Brasil passou a ter um governo de extrema direita alinhado com os Estados Unidos,
governado por Donald Trump. A mudança na política externa brasileira determinou também o alinhamento
com Israel, país que apresenta intrínseca relação com os Estados Unidos. Os governos do Brasil e dos Estados
Unidos são apoiados por fundamentalistas evangélicos, que defendem maior aproximação geopolítica com
Israel e maior beligerância com o mundo muçulmano. O Brasil abriu um escritório comercial em Jerusalém e
os israelenses contribuíram com os resgates no desastre de Brumadinho (MG), fatos que mostram a relação
mais próxima entre os países. A aproximação excessiva com Israel foi criticada pela Palestina e outros países
muçulmanos colocando em risco as exportações de commodities agropecuárias brasileiras. As Colinas de
Golã são um território sírio ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias (1967). Dos membros do
Conselho de Segurança, Rússia, China e França apresentam posicionamento crítico em relação a ocupação.
O uso do termo “combate ao terrorismo” pelo governo brasileiro após um ataque dos Estados Unidos no
Iraque com a morte de uma liderança do Irã também causou constrangimento.

Tema 3 – A crise bancária nos EUA

Questão 7:

a) Uma causa da crise de 1929 foi a superprodução da economia dos EUA que não encontrou mercado
consumidor suficiente.

b) A crise de 1929 afetou a economia agrária-exportadora do Brasil que dependia muito da exportação do
nosso principal produto, o café. Os EUA, grande comprador do café brasileiro, reduziu a importação de café.
A crise de 1929, provocou o fim da República Velha no Brasil através do movimento de 1930. Durante o
governo Vargas, 1930-1945, o Estado comprou café para regular o estoque.
Questão 8:
[A]

Sob forte incentivo de Vargas – incluindo importantes subsídios do Governo – o Brasil deu um salto na
produção industrializada interna, de 2% para 11% do PIB entre as décadas de 1930 e 1940.

Resposta da questão 9:
[B]

Em 2008, eclodiu uma grave crise financeira internacional com origem nos Estados Unidos. A política
econômica neoliberal reduziu a regulação do sistema financeiro pelo Estado, contribuindo para a
disseminação de produtos financeiros de alto risco. O estopim para a crise foi a alta inadimplência do setor
imobiliário devido aos numerosos clientes subprime (com menor capacidade de pagamento) que levou
empresas do setor a falência e causou prejuízos aos bancos financiadores. O Leman Brothers, responsável
por produtos financeiros baseados nas hipotecas de risco e um dos maiores bancos do país, quebrou. A crise
levou a prejuízos para as bolsas de valores, recessão e alta no desemprego. O quadro tornou-se grave
também devido ao alto deficit público e alta dívida pública dos Estados Unidos.

Questão 10:

A circulação de notícias falsas é muito comum no Brasil República. O decreto foi publicado durante o
contexto do Encilhamento, governo de Deodoro da Fonseca, ano de 1890, fracassada política de crédito
visando à industrialização, liderada pelo ministro Rui Barbosa, caracterizada pela intensa especulação na
Bolsa de Valores desde os últimos anos dos governos monárquicos. Nos primeiros anos da República, a
abertura de empresas-fantasma, a facilidade para contratação de crédito e a inflação gerada pela emissão de
papel moeda indicariam as características desse período, que ajudam a compreender a preocupação do
Governo Provisório em conter a circulação de boatos e falsas notícias. Dentre as diversas notícias falsas que
circularam na história nacional no século XX, algumas das mais conhecidas que impactaram o processo
político foram as chamadas “cartas falsas”, atribuídas ao então candidato à presidência da República, Arthur
Bernardes, cujas reações levariam à eclosão do Tenentismo, com a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana
em 1922. Outro exemplo muito conhecido foi a divulgação do Plano Cohen em 1937, uma farsa montada
para jogar a sociedade brasileira contra os comunistas e legitimar o golpe do Estado Novo em 1937.

Questão 11:
a) Espacialização do poema; Predominância da linguagem geométrica e visual; Valorização do conteúdo
sonoro das palavras; Atomização das palavras.

b) O termo ócio é empregado com objetivos diferentes nos dois textos. Em "Epitáfio para um banqueiro", o
termo é utilizado para mostrar criticamente o esvaziamento da vida do banqueiro, a ausência de valores. Na
entrevista do poeta Manuel de Barros, a palavra ócio é empregada para ressaltar o valor da ociosidade como
condição fundamental para a criação poética.
TEMA EXTRA DE REDAÇÃO
Uma charge de Laerte e quatro fragmentos de textos de diversas fontes e autorias servem de suporte para
a elaboração de um texto dissertativo que aborde o tema “Imprensa e democracia: a regulação da imprensa
nas sociedades democráticas”. A charge reproduz a manipulação de informações veiculadas pela mídia,
atribuindo ao governo a intenção de “controlar” a informação em benefício próprio. No último quadro, a
pergunta do personagem induz o leitor a refletir sobre quem, na atualidade, exerce realmente o controle da
informação. A aclaração que acompanha o excerto da Declaração de Chapultepec informa que tanto
Fernando Henrique Cardoso quanto Luis Inácio Lula se comprometem a rejeitar qualquer tipo de mecanismo
que cerceie a liberdade de imprensa e reconhecem que o exercício dessa liberdade é um direito inalienável
do povo. Na sequência, um texto de Rafael Correa chama a atenção para o controle exercido pelos oligopólios
da informação e considera inaceitável que o interesse comercial dos proprietários prevaleça sobre os da
população. O excerto de Sílvio Bava alerta para a influência negativa que determinadas notícias exercem
sobre as massas, quando atiçam manifestações de intolerância e violência, incompatíveis com um sistema
democrático. Finalmente, o texto de José M e Silva distorce o conceito de regulação de imprensa ao associá-
la à instalação de censura, como uma tentativa do governo de cercear a liberdade de expressão e transformar
o sistema democrático do país em outro de matizes totalitários. Assim, a tese deveria respeitar o tema na
defesa do objetivo da regulação midiática nas sociedades democráticas: promover a igualdade e o direito à
informação isenta a todos os setores da sociedade. No desenvolvimento, seria oportuno lembrar alguns
fatores que contribuem para alienação dos cidadãos que, desta forma, se tornam vulneráveis à manipulação
e à demagogia: falta de qualidade de programas que reduzem os espectadores a meros receptores de
conteúdo paupérrimo e de baixo nível, desrespeito à diversidade quando os noticiários ignoram culturas,
etnias e religiões que estão presentes na sociedade brasileira, exibição de programas que exacerbam o
aspecto emocional, que anulam o espírito crítico e induzem á violência, assim como os que promovem
políticas de informação que atentam aos princípios da dignidade humana. A reforçar os argumentos, poderia
citar-se o exemplo da sociedade estadunidense, que há algumas décadas estabeleceu regras de regulação de
mídia, a fim de que, entre outras, donos de empresas jornalísticas não possam controlar também canais de
rádio e Tv e evitar, assim, a concentração de poder em termos de difusão de informação. Ou ainda, uma
referência às medidas tomadas pelo governo uruguaio que, entre outras, estabeleceu a proibição da exibição
de programas policiais (similares ao “Cidade Alerta” e “Brasil Urgente”) entre 6h e 22h, depois de constatar
que essas “atrações televisivas” podem promover atitudes ou condutas violentas e discriminatórias.

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