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1.

INTRODUÇÃO

Os países árabes possuem uma longa história de luta contra o imperialismo


europeu, remontando momentos da própria Idade Média, aos dias atuais. Os
caminhos consequentes dessa luta deram forma à situação em que se encontra o
Egito atualmente, tanto em suas relações com o Mundo Árabe, quanto com a própria
situação Israel-Palestina no cenário global.

O movimento do pan-arabismo possui papel crucial nesta trajetória, pois o


sentimento anti-imperialista proporcionou a criação da Liga Árabe, a qual, através da
visão de políticos egípcios, como Gamal Abdel Nasser, buscava o não-alinhamento
com ambos blocos divisores ideológicos, o ocidental e o oriental comunista. Porém,
com o aumento da imigração de judeus para a região da Palestina, acendeu-se uma
luz vermelha nos países árabes da região.

“(...) a única questão que consistentemente encontrou eco


entre as populações urbanas e educadas de fala árabe do
Oriente Médio foi o crescente perigo da imigração judaica na
Palestina. Ali estava uma preocupação que uniria os
nacionalistas árabes, os islamistas e os crentes na Grande Síria.”
(DAWISHA, 2016, p. 107).

Em meio a tudo isso, o Egito passou a ter cada vez mais protagonismo na
região. A partir do nacionalismo popular de Gamal Abdel Nasser, uma trajetória de
conflitos na região toma conta da do palco geopolítico, tornando a interferência
internacional cada vez mais cautelosa, resultando em uma situação de razoável
estabilidade entre Egito e Israel.
1.CONFLITO ISRAEL X PALESTINA

1.1 UMA BREVE REVISÃO SOBRE A HISTÓRIA DA REGIÃO E O


COMEÇO DE TUDO

Os conflitos entre judeus e árabes remonta há mais de três mil e duzentos


anos, cuja origem são os conflitos do povo judeu com os povos locais da região de
Canaã, cujos remanescentes são atualmente árabes e seguidores do islã. A região
era dominada pelos persas, e estes permitiram o retorno do povo judeu ao território
após destronarem o Rei Cyrus da Babilônia, o qual os havia expulsado ou
aprisionado em seu reino. Este território passou a ter sua posse disputada por
muitos outros povos, como os Romanos, que durante muito tempo mantiveram a
região tanto como um client state, como uma região anexada, que, em meio a
revoltas do povo judeu e instabilidades do Império Romano, passou a ser posse do
já dividido Império Romano do Oriente, império este cristão.

Após anos de enfraquecimento em meio a derrotas contra o Império


Sassânida, os exércitos árabes muçulmanos do Califado Rashid Un, tomaram a
região da Palestina. Após um longo período, o território passou a ser controlado por
um povo árabe (data), prevalecendo uma maioria religiosa islâmica, mudando
apenas o Califado que possuía o controle territorial ao longo dos anos (data).

Apesar das tentativas europeias de “recuperar” a terra sagrada por meio das
Cruzadas, ao longo dos séculos XI ao XIII, a região em disputa foi submetida ao
controle dos Turco-Otomanos. Em meio a todos estes conflitos, a diáspora dos
judeus para outras regiões do mundo apenas cresceu, espalhando-os pela Europa e
até mesmo pelo continente africano, restando poucos na região. Assim, após anos
de hegemonia Otomana na região, a pressão dos países europeus começou a
fraquejar o poderoso Império, dando início à situação que hoje vemos.

1.2 ANTISSEMITISMO E O SIONISMO


Apesar de a diáspora ter se espalhado por várias regiões do mundo, o foco da
análise do antissemitismo é voltado ao continente europeu. Na Europa, o
antissemitismo é propagado desde o período da idade média; quando as cidades
começavam a enfrentar problemas de crescimento populacional exagerado, as
atenções eram voltadas aos judeus, conflagrando em esvaziamentos de bairros
judeus inteiros, dado que havia desconfiança com relação à população judia. Apesar
de muitos judeus se considerarem europeus, tanto quanto os franceses por
exemplo, as massas europeias não os viam assim, nem mesmo os protestantes, que
(foram os primeiros a divergir de maneira significativa e enfrentar a hegemonia
católica. Seus líderes como Lutero os viam como outro inimigo a ser superado.

A perseguição se estendia da península ibérica até as terras frias do leste


europeu. No período do domínio Mouro sobre a península ibérica, do século VIII ao
século XVII, a convivência dos judeus junto aos árabes muçulmanos era mais
conveniente do que quando estavam sob domínio europeu, fazendo até mesmo
danças ritualísticas para amenizar as tensões entre os grupos(referência).

Em meio ao antissemitismo europeu, surge a figura de Theodor Herzl. Ele


encabeçou o sionismo, como uma das primeiras figuras modernas famosas que
buscava pelo Estado judeu. O objetivo principal era que, se o povo judeu retornasse
para a Palestina, terra de onde foram exilados dois mil anos atrás, o antissemitismo
no mundo desapareceria, e eles deixariam de ser vistos como o “outro”. Entretanto
essa ideia foi rechaçada pelas lideranças das comunidades judaicas durante muito
tempo, pois essa ideia era tida como uma espécie de “dupla lealdade”, dado que
seria muito difícil ser leal a um país, e ainda sim clamar por outro estado próprio.

Inclusive pessoas próximas a Theodor Herzl pensavam de maneira distinta,


que mesmo se os judeus tivessem um Estado próprio, o antissemitismo ainda
existiria. Um detalhe curioso sobre Herzl é que uma de suas primeiras propostas de
resposta ao antissemitismo, era a conversão em massa dos judeus ao cristianismo,
e assim a assimilação do povo judeu ao resto do mundo. (referência de datas)
Porém, ao se deparar com o caso Dreyfus, um tenente coronel francês e judeus,
quando ele observa o local onde o julgamento ocorria, ele se depara com centenas
de pessoas clamando a “morte ao judeu”, após ver isso ele percebe que a
assimilação não seria uma solução viável, pois o Jewish problem, era não apenas
um conflito religioso, mas também um conflito étnico.

1.3 A PRIMEIRA GUERRA E AS PROMESSAS EUROPEIAS


Durante a Primeira Grande Guerra, os britânicos fizeram acordos com líderes
de tribos árabes insatisfeitas com sua situação, na tentativa de enfraquecer o
Império Otomano. O oficial T.E Lawrence, mais conhecido como Lawrence da
Arabia, ficou conhecido por coordenar estrategicamente suas tropas, e promover o
acordo oferecido pelos britânicos. O acordo faria com que o Reino Unido
reconhecesse os califados sob o comando de um profeta, porém ao fim da Guerra,
desentendimentos entre britânicos e árabes fez com que o mesmo não fosse
cumprido, e as potências europeias dos países vitoriosos controlariam a região.

A Palestina, que ficou sob controle britânico, se utilizou de tal para se


aproximar dos judeus e assim ajudá-los a efetuar o plano sionista da comunidade
judaica, levando milhares de judeus a se assentarem na região, ignorando a
população palestina já presente.
REFERÊNCIAS

 SMALLWOOD, E. Mary . The Jews under Roman Rule from Pompey to


Diocletian: A Study in Political History. Segunda edição, Brill Academic
Publishers INC, Boston – 2001
 OMAN, Charles. The History of Byzantine Empire. DigiCat, 2022
 De Farias, Victor Cecchini. O “NACIONALISMO POPULAR” DE GAMAL
ABDEL NASSER. ANPUH-Brasil-30º SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA,
Recife,2019
 Fronteiras Invisíveis do Futebol #50 Egito Pt.2, Locução de Felipe Figueredo
e Mathias Pinto, São Paulo, Produção da Central 3 podcast, 28 de fevereiro
de 2018, acesso:
https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly93d3cuc3ByZWFrZXIuY29tL3
Nob3cvNDcxMTc4Ny9lcGlzb2Rlcy9mZWVk/episode/
aHR0cDovL3d3dy5jZW50cmFsMy5jb20uYnIvP3A9MjkzOTY?ep=14
 A3: Simulação da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas,
Tópico: Admissão da Organização para a Libertação da Palestina na ONU –
19741, GUIA DE ESTUDOS

 MORERA, X. LUIS. Performative Subjugation and the Invention of Race


The Danzas de Judios y Moros, Festivals, and Ceremonies in Late Medieval
Iberia. Volume 43, 2022. Medieval Unfreedoms in a Global Context.

 PENSLAR, Derek. Theodor Herzl, The Charismatic Leader. 2020, Yale,


University Press, New Haven and London

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