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Norma Jurídica:
Noção: A norma jurídica é uma regra que visa orientar os comportamentos das
pessoas enquanto membros de uma sociedade, no entanto, algumas normas podem
não ter presente essa função, como por ex:. As normas sancionatórias que fixam
coimas ou multas, normas sobre a vigência da lei (art.º 5.º CC), normas sobre
interpretação (art.º 8.º a 11.º CC) ou normas revogatórias (art.º 7.º CC).
Estrutura da norma jurídica: A norma prevê uma situação a qual correspondem certos
efeitos jurídicos, como por ex: “Quem matar outrem é punido com pena de prisão de 8
a 16 anos”. Assim, a norma é composta por dois elementos: previsão e a estatuição
a) previsão: determinada situação que se deve verificar para que a norma seja aplicada.
Contudo, nem sempre a previsão e estatuição estão na mesma norma, por vezes é
necessário conjugar mais do que uma norma. Ex: “quem não tiver 18 anos de idade é
menor” e o art.º 123 dispõe “os menores carecem de capacidade para o exercício de
direitos”. Ou seja, conjugando as duas normas conclui-se que quem não tiver 18 anos de
idade (previsão) não tem capacidade para o exercício de direitos (estatuição). Pode ainda
acontecer que haja inversão dos elementos, como por ex:. Art.º 284.º “A Assembleia da
República pode rever a Constituição …” (estatuição) … decorridos 5 anos da data da
publicação da última lei de revisão ordinária (previsão).
Características da norma:
a) A generalidade: traduz-se no facto da norma jurídica se dirigir não a uma só pessoa, mas a
todas as pessoas que se possam encontrar na situação.
b) A abstração: traduz-se no facto da norma não se aplicar a um caso específico, mas antes a
um número indeterminado de casos, e não a situações determinadas.
No entanto, há normas que não são imperativas porque não obrigam a uma conduta.
Classificação da norma:
A) Critério da vontade dos destinatários:
Normas imperativas: são normas que se aplicam independentemente da vontade das pessoas
destinatárias. ex: normas que regulam o trânsito.
Podem ser:
a) Percetivas: normas que impõem um comportamento (facere). ex: norma que obriga a pagar
imposto
a) Proibitivas: normas que proíbem ou impedem uma dada conduta (non facere). ex: as
pessoas não devem ofender a integridade física, honra, liberdade, ou a norma que proíbe o
casamento de menores
Normas dispositivas (ou facultativas): são aquelas que se aplicam atendendo à vontade dos
seus destinatários. Ex: “o falecido pode dispor dos seus bens como quiser para depois da sua
morte”.
Podem ser:
a) Permissivas: são normas que autorizam certos comportamentos. Ex: a norma que permite
ao cônjuge requerer o divórcio, se o outro violar os deveres conjugais.
a) Supletivas: são normas que visam suprir a falta de manifestação de vontade das partes em
determinado ato jurídico. Ex: Num contrato de compra e venda, geralmente as partes apenas
indicam o objeto da venda/vendido, o preço, as circunstâncias da entrega e de pagamento. Se
por acaso a coisa tiver defeito aplicam-se supletivamente as normas que regulam a venda de
coisa com defeito.
a) Normas autónomas (ou completas): são normas que têm por si só um sentido pleno, delas
pode-se retirar um conteúdo sem necessidade de serem combinadas com outras normas.
Ex: Normas que autorizam certos comportamentos ou norma que permite a feitura de um
testamento.
a) Normas não autónomas (ou incompletas): são normas que por si só não têm um sentido
completo, só obtendo em combinação com outras normas.
a) Normas gerais ou comuns: são normas que definem regra para a generalidade de situações
– reportam-se a um grupo de relações e regulam-no na sua plenitude. Ex: norma que obriga os
trabalhadores a pagarem impostos, etc.
b) Normas especiais: são normas que estabelecem um regime diferente para uma situação de
facto específica, mas que não é oposto ao regime geral. Ex: As normas de direito do trabalho
ou direito comercial são especiais dentro do direito civil geral. Nestes casos aplicam-se as
normas especiais e não as gerais.
c) Normas excecionais: são normas que também estabelecem um regime diferente para uma
situação de facto específica, mas que agora se apresenta diretamente oposto ao regime da
generalidade das situações. Por ex: regime que isenta de certo imposto um grupo de cidadãos
(pessoas deficientes) e que pela regra geral estariam obrigados ao seu pagamento.
Podem ser:
Leis mais que perfeitas: correspondem às normas cuja violação importa, ao mesmo tempo, a
nulidade do ato e uma pena de prisão. Ex: punição do infrator pelo crime de bigamia
Leis perfeitas: Correspondem às normas cuja violação importa a nulidade do ato, mas sem
pena;
Leis menos que perfeitas: Cabe a terceira designação àquelas normas cuja violação importa
uma pena, mas não a nulidade do ato.
Leis imperfeitas: correspondem às normas cuja violação não importa qualquer espécie de
sanção.
Podem ser:
Normas regionais: são as que se aplicam apenas a uma região (normas contidas em Decretos
Legislativos Regionais);
Normas locais: aplicam-se apenas no território de uma autarquia local (normas contidas numa
postura municipal).
Cessação da vigência
Tirando as lei temporárias ou de emergência (atender a circunstâncias graves) que cessa com
o seu próprio termo, a Lei pode cessar:
a) Por suspensão, decorrente de um outro ato legislativo que impõe a não produção de efeitos
durante um determinado lapso de tempo à norma;
c) Por revogação, situação mais frequente em consequência da aprovação de uma nova lei (de
valor igual ou superior), podendo ser uma revogação parcial ou totalmente.
Imagine que é aprovada a Lei n.º 21786/2019 que tem por objeto a aprovação do Estatuto dos
Emigrantes. Esta lei foi publicada no Diário da República, de 13 de setembro de 2019, e
disponibilizada online, no mesmo dia, no sítio da internet gerido pela Imprensa Nacional –
Casa da Moeda.
a)No seu art.º 2.º dispõe-se “Esta lei entra imediatamente em vigor”;
b)A Lei n.º 21786/2019 nada determina acerca da sua entrada em vigor;
c)No seu art.º 2.º dispõe-se “A presente lei entra em vigor no prazo de 60 dias a contar da sua
publicação”;
d)No seu art.º 2.º dispõe-se “A presente lei entra em vigor 2 meses após a sua publicação;
RESOLUÇÃO
Ver art.º 2.º, n.º 1, da Lei n.º 74/98, de 11/11 “em caso algum, o início da vigência se
verificará no próprio dia da publicação”, sendo esta lei ordinária pode ser derrogada por
outra de valor igual ou superior, o que sucederá em casos de situações de urgência. No
caso, tendo o legislador optado expressamente pela entrada imediata em vigor, parece-
nos que estará em causa uma situação de urgência, logo poderá afastar a regra do art.º
2.º, n.º 1 da Lei n.º 74/98, e entrar em vigor no dia 13 de setembro de 2019 (dia da
publicação em diário da república).
Não determinando nada acerca da sua entrada em vigor, de acordo com o art.º 5.º, n.º 2, do
C.C., aplica-se o prazo supletivo de 5 dias que está previsto no art.º 2.º, n.º 2, da Lei n.º 74/98,
de 11/11. Assim, entrará em vigor em 18 de setembro de 2019, sem contar o dia da publicação
e os feriados e domingos (contam-se mas não podem calhar num destes dias)
c) No seu art.º 2.º dispõe-se “A presente lei entra em vigor no prazo de 60 dias a contar da sua
publicação”:
Neste caso, nos termos do art.º 5.º, n.º 2, do C.C., fixando a própria lei um prazo de entrada
em vigor, e contando 60 dias, contando com o dia da publicação (art.º 279.º, alínea b), do
C.C.), logo entrará em vigor no dia 11 de novembro de 2019.
d) No seu art.º 2.º dispõe-se “A presente lei entra em vigor 2 meses após a sua publicação”:
A Lei fixou um prazo de entrada em vigor, em meses, que deve ser contado nos termos do
art.º 279.º, alínea c), do C.C., logo o prazo termina às 24h do dia 13/11/2019, entrando em
vigor às às 00:00h do dia 14/11/2019). NOTA: Conta-se desde o dia da publicação.
Solução:
O critério geral da lei portuguesa está consagrado no artigo 12.º do C.C. Deste artigo resulta
que a lei apenas vigora para o futuro. Mas que em certos casos também pode ser conferido à
própria lei eficácia retroativa;
O n.º 1 do art.º 12.º C.C. demonstra que embora a regra seja da não retroatividade, a mesma
pode conter retroatividade que, no entanto, não afeta os efeitos já produzidos, assegurando a
segurança e certeza jurídica das situações já constituídas;
a) Para as condições de forma de factos e seus efeitos; ex:. se a nova lei exige forma escrita
para determinado contrato, só pode aplicar-se a factos novos praticados depois da Lei nova
entrar em vigor.
b) Para as condições de validade substancial de factos e seus efeitos; ex: se a nova lei para
certo contrato proíbe certo conteúdo ou a sua celebração com certas pessoas, todos os
contratos já celebrados são válidos. A Lei nova só se aplica a contratos novos.
1. Os efeitos não se podem desligar do facto que os origina – aplica-se o 12.º, n.º 2, 1.ª
parte, do C.C. Ex: Lei nova que fixa os termos de cálculo e o montante de uma
indemnização, no caso de haver responsabilidade civil, não abstrai do facto que lhes
dá origem, logo aplica-se a Lei antiga.
2. Os efeitos abstraem (podem desligar-se) do facto que os origina – aplica-se o 12.º, n.º 2,
2.ª parte, do C.C., isto é a Lei Nova ex: A Lei Nova que vem regular o âmbito do direito de
propriedade.
ARTIGO 130º (Efeitos da maioridade): Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire
plena capacidade de exercício de direitos, ficando habilitado a reger a sua pessoa e a dispor
dos seus bens.
1. O menor que casar sem ter obtido a autorização dos pais ou do tutor, continua a ser
considerado menor quanto à administração de bens ate à maioridade, mas dos
rendimentos desses bens ser-lhe-ão arbitrados os alimentos necessários ao seu
estado.
2. Os bens subtraídos à administração do menor são administrados pelos pais, tutor ou
administrador legal, não podendo em caso algum ser entregues à administração do
outro cônjuge durante a menoridade do seu consorte; além disso, não respondem,
nem antes nem depois da dissolução do casamento, por dívidas contraídas por um ou
ambos os cônjuges no mesmo período.
O Património
Noções prévias:
Relação jurídica: em sentido restrito, trata-se das relações da vida social reguladas pelo Direito
mediante a atribuição a uma pessoa de um direito e a imposição a outra de um dever jurídico.
Coisa: é tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas. (art.º 202.º C.C.)
Obrigação: é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à
realização de uma prestação. É o que vulgarmente se chama de dívida.
A) Noção de Património
Património global: conjunto das relações jurídicas ativas (direitos) e passivas (obrigações)
avaliáveis em dinheiro de que uma pessoa é titular.
NOTA: Não se trata de um conjunto de móveis e imóveis ou créditos porque as coisas são o
objeto das relações jurídicas e os créditos são relações jurídicas.
B) Tipos de Património
Artigo 136.º do Código de Processo Civil (lei reguladora da forma dos atos e do processo)
Artigo 7.º
(Cessação da vigência da lei)
1. Quando se não destine a ter vigência temporária, a lei só deixa de vigorar se for revogada
por outra lei.
3. A lei geral não revoga a lei especial, exceto se outra for a intenção inequívoca do legislador.
4. A revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogara.
Artigo 5.º
(Começo da vigência da lei)
1. A lei só se torna obrigatória depois de publicada no jornal oficial.
2. Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de
fixação, o que for determinado em legislação especial.
Lei n.º 74/98, de 11 de novembro (republicada pela Lei n.º 43/2014, de 11/07):
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Diferença entre casamento dos menores sem consentimento dos pais e com
consentimento
O que é o património (da pessoa ou global; ativo: o que integra. Passivo: obrigações) e o
património autónomo (o que é) e herança e responsabilidade social
Caso pratico:
Art 5 do CC remete para a lei nº7498. – Se a lei não tiver um prazo de entrada em vigor..
Se o menor casar sem consentimento dos pais, quais são as consequências (responder c/
normas perfeitas, etc)