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Material Teórico
Animais Radiados (Filos Cnidária e Ctenophora) e Filo
Platyhelminthes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Animais Radiados (Filos Cnidária e
Ctenophora) e FIlo Platyhelminthes
·· Introdução
·· Filo Cnidaria
·· Filo Ctenophora
·· Filo Platyhelminthes
Podemos ser instruídos com o conhecimento de outro, mas não podemos ser
sábios com a sabedoria de outro (Michel de Montaigne).
Nesta Unidade aprenderemos sobre dois importantes filos do reino animal que incluem
animais invertebrados: um Filo inclui os animais com simetria radial, bem conhecidos como
“águas-vivas”; já o outro Filo inclui animais com simetria bilateral e são popularmente
conhecidos como “vermes achatados”.
Para uma melhor aprendizagem e memorização do assunto abordado, leia com atenção
o conteúdo do material teórico e complementar, assim como consulte as referências
bibliográficas e os vídeos indicados.
Recomenda-se também a pesquisa a outras fontes, a fim de contribuir e abranger seus
conhecimentos e aprendizado.
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Unidade: Animais Radiados (Filos Cnidária e Ctenophora) e FIlo Platyhelminthes
Contextualização
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Introdução
Os Filos Cnidaria e Ctenophora são representados pelos animais que possuem simetria radial,
a qual acredita ser a simetria ancestral dos eumetazoários. Além disso, a simetria radial é uma
adaptação satisfatória para esses animais, que podem ser sésseis, sedentários ou livre-natantes,
pois permite sentir o ambiente por todos os lados igualmente.
Uma importante contribuição biológica que surgiu nos cnidários foi a presença de epitélio e
outros tipos de tecido. Evolutivamente, o surgimento dos epitélios permitiu um maior domínio
e independência do meio interno com relação ao meio externo, promovendo um aumento da
homeostase interna, o que possibilitou a evolução de outros sistemas teciduais com funções
cada vez mais específicas.
Filo Cnidaria
O Filo Cnidaria inclui animais familiares, como as hidras, águas-vivas, anêmonas e corais.
O nome Cnidaria é devido às células chamadas de cnidócitos, que podem conter organelas
urticantes, denominadas de nematocistos, as quais são características do Filo.
Os cnidários podem habitar todos os ambientes marinhos e algumas poucas espécies
habitam água doce. São encontrados principalmente em águas rasas, com temperaturas mais
quentes e em regiões tropicais. Algumas vezes podem viver em simbiose com outros animais,
frequentemente como comensais em conchas ou outras superfícies de seus hospedeiros.
Glossário
Simbiose é o convívio de duas espécies em uma relação íntima. O simbionte sempre se beneficia,
o hospedeiro pode se beneficiar, não ser afetado ou ser prejudicado – mutualismo, comensalismo e
parasitismo (HICKMAN; LARSON; ROBERTS, 2004).
Diferente das esponjas, os cnidários possuem uma cavidade intestinal revestida de endoderme,
referida nesse táxon como cavidade gastrovascular, pois atua na circulação e digestão. Essa
cavidade abre externamente em uma extremidade para formar a boca, a qual é rodeada por
tentáculos, esses que auxiliam na captura e ingestão de alimentos.
A parede corporal dos cnidários é composta por três camadas: uma externa, denominada de
epiderme; uma interna, denominada de gastroderme; e uma que se localiza entre essas duas
camadas, chamada de mesogleia, a qual consiste de uma matriz gelatinosa (Figura 1).
Embora todos os cnidários possuam simetria radial e sejam tentaculados, há duas formas
dentro do filo: o pólipo, geralmente séssil e a outra denominada de medusa, comumente
livre-natante (Figura 1). Muitas espécies exibem um ciclo de vida dimórfico, ou seja, incluem
morfologias adultas diferentes, uma forma polipoide e uma forma medusoide.
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A forma polipoide geralmente é tubular, com uma boca rodeada por tentáculos em uma
extremidade, enquanto a outra extremidade se encontra fixa a um substrato, anêmonas-do-mar
são um exemplo de pólipos (Figura 2).
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Figura 3 – Representante da forma medusoide.
Cnidócitos: são células especializadas e únicas dos cnidários. Têm como função auxiliar
na defesa e na captura de alimento. Estão localizadas por toda a epiderme, sendo mais
abundante nos tentáculos. São células ovoides que contêm em seu interior uma cápsula com
tubo enrolado denominada nematocisto. Frente a algum estímulo mecânico ou químico, os
cnidócitos descarregam os nematocistos, os quais podem prender, paralisar ou ainda inocular
substâncias tóxicas na presa. Há alguns tipos de nematocistos, entre os quais os penetrantes, os
volventes e os glutinantes (Figura 4).
Figura 4 – À esquerda, a estrutura de uma célula urticante. À direita, uma porção da parede
do corpo de uma hidra.
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Os cnidários são os animais mais simples a possuírem células nervosas verdadeiras, entretanto,
apresentam uma rede nervosa difusa, sem um sistema nervoso central. As sinapses ocorrem de
forma simétrica, ou seja, transmitem impulsos em ambas direções, e assimetricamente, na qual
a sinapse é unidirecional.
O sistema muscular encontrado nesses animais é do tipo epitélio-muscular, com uma camada
externa de fibras longitudinais na base da epiderme e uma camada interna de fibras circulares
na base da gastroderme.
A maioria dos cnidários se alimenta de zooplâncton, embora alguns se alimentem de partículas
maiores, e outros se alimentem de matéria particulada em suspensão. A presa é capturada pelos
tentáculos e imobilizada pelos cnidócitos. A digestão inicialmente é extracelular e posteriormente
intracelular.
A respiração, excreção e circulação ocorrem por difusão simples.
Esses animais apresentam os dois tipos de reprodução, assexuada, que ocorre basicamente
por brotamento; e sexuada, na qual os espermatozoides são liberados na água e nadam à
procura de um óvulo, que pode também ser liberado na água. A fecundação do óvulo por um
espermatozoide dá origem ao zigoto, que se desenvolve originando as formas adultas.
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Figura 5 – Hydra de água doce.
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Fonte: slideplayer.com.br
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Você Sabia ?
Que a caravela portuguesa é responsável pelo maior número e gravidade dos acidentes no
Brasil ocasionados por cnidários?
Para saber mais sobre esses acidentes, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0365-
05962011000300038&script=sci_arttext.
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Filo Ctenophora
Esse filo é composto por menos de cem espécies. São animais marinhos planctônicos,
conhecidos popularmente como nozes-do-mar ou águas-vivas-de-pente (Figura 14). A maioria
dos ctenóforos é transparente, mas alguns são brilhantemente coloridos ou possuem manchas
de pigmentos brilhantes.
São animais triblásticos, a parede corporal é composta por uma epiderme externa, possuindo
células sensoriais e glandulares mucosas. Abaixo da epiderme há uma camada de células
musculares lisas verdadeiras. A mesogleia é espessa, composta por um material gelatinoso com
fibras de amebócitos derivados da mesoderme.
Esse táxon possui uma simetria birradial, ou seja, o corpo pode ser dividido em dois
hemisférios. A boca em um lado forma o polo oral, a ponta diametralmente oposta ao corpo
possui um órgão apical, sendo o polo aboral. O corpo é dividido em seções iguais por meio
de oito faixas ciliadas, denominadas de fileiras de pente, as quais são características dos
ctenóforos. O polo aboral é constituído por placas transversais curtas de cílios longos e fundidos,
denominados de pentes, os quais proporcionam o poder locomotor para esses animais.
Diferentemente dos cnidários, os ctenóforos não possuem nematocistos, mas sim células
adesivas, chamadas de coloblastos, uma célula que possui a extremidade ancorada na
mesogleia tentacular com uma junção sináptica com uma célula nervosa. Um cordão helicoide
intracelular enrola-se em volta do eixo longitudinal da célula, dando origem às fibras irradiantes
menores na extremidade distal, essas fibras terminam em um grânulo preenchido com material
adesivo, que é liberado quando entra em contato com a presa.
O sistema digestório (Figura 15) é composto por um complexo de canais birradiais, esses
que surgem de um estômago central e a boca leva ao interior de uma faringe ciliada longa e
achatada, que se estende ao longo do eixo polar até o estômago.
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Filo Platyhelminthes
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Como citado, esses animais são denominados bilaterais acelomados (Figura 16), pois
possuem um único espaço interno, a cavidade digestiva, com a região entre o ectoderma e o
endoderma preenchida com mesoderma na forma de fibras musculares e mesênquima. Mostram
mais especialização e divisão de trabalho entre seus órgãos quando comparados com animais
radiais, pois o mesoderma torna possível ter órgãos mais elaborados. Dessa forma, atingem um
nível de organização organogênico-sistêmico.
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Os platelmintos desenvolveram alguns órgãos dos sentidos, como os ocelos, esses que são
sensíveis à luz; além de células táteis e quimiorreceptoras, que estão distribuídas por todo o
corpo do animal.
Virtualmente, todos os platelmintos são monoicos (hermafroditas), entretanto, há espécies
que se reproduzem assexuadamente, por fissão, e outras sexuadamente.
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Figura 18 – Planária.
Fonte: slideplayer.com.br
Os tubelários possuem camadas musculares que distendem, contraem e percorrem todo o
corpo do animal.
O trato digestivo é incompleto, a boca é a única abertura. Possuem uma faringe que pode
produzir muco e enzimas proteolíticas que auxiliam na ingestão e digestão, respectivamente. A
forma do intestino é usada para distinguir as ordens de tubelários, podem estar presentes ou
ausentes, serem simples ou ramificados, e a faringe pode ser simples, plicada ou bulbosa.
Esses animais são hermafroditas, ou seja, possuem sistemas reprodutores feminino e masculino,
entretanto, não há autofecundação. Dado que a fecundação é cruzada, os dois indivíduos
transferem os espermatozoides um para o outro e ambos colocam ovos, que são armazenados no
útero ou desovados seguidamente. O desenvolvimento é direto, sem estágio larval.
··Classe Trematoda: são em sua totalidade vermes parasitas e, como adultos, quase todos
são endoparasitos de vertebrados, fazendo com que surgissem estruturas adaptadas a essa
vida parasitária. A presença de ventosas adesivas orais, tegumento com cutícula protetora que
impede a ação de enzimas digestivas dos hospedeiros e ausência de órgãos dos sentidos são
adaptações para a vida parasita. Além disso, existe produção de muitos ovos na reprodução
com o objetivo de facilitar a sobrevivência e infestação de novos hospedeiros.
Os tremátodeos possuem um canal alimentar bem desenvolvido, mas com a boca localizada
na extremidade anterior.
Esses animais apresentam uma epiderme modificada, denominada de tegumento, o qual é
responsável pelas trocas gasosas e excreção.
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Além dessa espécie, a ordem Trematoda conta com outras espécies de parasitas, como
por exemplo: Clonorchis sinensis (parasita o fígado); Paragonimus spp. (parasita os pulmões);
Fasciolopsis buski (parasita o intestino); entre outras espécies.
··Classe Monogenea: todas as espécies de monogeneos são parasitas, principalmente
de brânquias e superfícies externas de peixes. Alguns são encontrados nas bexigas
urinárias de rãs e tartarugas e uma espécie parasita o olho de hipopótamos. O ciclo de
vida é direto, com apenas um hospedeiro. A larva ciliada eclodida se fixa ao hospedeiro
através de ganchos localizados na extremidade posterior, esses ganchos são chamados
de opistáptor nos adultos e podem possuir ganchos de diferentes tamanhos, ventosas
e sistemas de ancoragem. A alimentação, tegumento e excreção são semelhantes aos
tremátodeos. Um exemplo é a espécie encontrada na bexiga urinária de rãs, Polystoma
sp (Figura 20).
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Figura 20 – Monogeneo parasita de rãs, Polystoma sp.
Os céstodes possuem músculos bem desenvolvidos e seus sistemas excretor e nervoso são
similares aos dos outros grupos de platelmintos.
Seu corpo é dividido em três partes (Figura 21): há uma estrutura denominada escólex, que
se localiza na região anterior e é adaptada para se fixar no hospedeiro, possuindo ganchos e
ventosas. Posterior à essa estrutura, há o colo, de onde se originam as proglótides.
Representantes dessa classe, como as tênias, podem atingir um comprimento de até doze
metros (Figura 22). As proglótides mais jovens se localizam mais próximas ao colo, aumentando
de tamanho e maturidade em direção à região posterior do animal.
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Figura 22 – Imagem mostrando o grande comprimento que uma tênia pode atingir.
A teníase é uma doença causada pelas espécies de cestódeos Taenia solium e Taenia
saginata, ou popularmente conhecida como solitária. Abaixo, descreveremos de forma sucinta
sua transmissão e ciclo de vida:
··Transmissão: ocorre por meio da ingestão de carne suína ou bovina crua ou mal cozida,
contaminada com os cisticercos da tênia. A ingestão de ovos de tênia, eliminados por
portadores de teníase, leva ao desenvolvimento da cisticercose humana. A transmissão
pode ocorrer de algumas formas, a autoinfecção externa se dá quando um portador
de tênia elimina os ovos e proglotes e os leva acidentalmente à boca, através de mãos
contaminadas. Há a autoinfecção interna, que pode ocorrer durante vômitos, de modo
que quando as proglotes grávidas ou os ovos de tênia atingem o estômago, sofrem a
ação do suco gástrico, promovendo a ativação das oncosferas no intestino delgado. A
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heteroinfecção ocorre quando o homem ingere os ovos de tênia por meio de água ou
alimentos contaminados;
··Ciclo da doença: as proglótides maduras com ovos são eliminadas pelas fezes do
homem infectado. Quando chegam ao meio externo são ingeridos pelo hospedeiro
intermediário, no caso, o porco. Os ovos eclodem e as larvas oncosferas atravessam
a parede intestinal, caindo na corrente sanguínea e sendo transportadas para qualquer
tecido mole, onde se desenvolvem em um estágio chamado cisticerco. Essa fase é ovalada
e apresenta o escólex invaginado. Quando o homem come a carne suína crua ou mal
cozida acaba ingerindo o cisticerco. No intestino, essa estrutura libera o escólex, que
agora é evaginado, desenvolvendo-se no verme adulto, fixando-se à parede intestinal
(Figura 23).
Além do Filo Platyhelmintes, há mais dois filos que englobam animais bilaterais acelomados, o
Filo Nemertea e o Filo Gnathostomulida. Consulte os livros indicados nas referências bibliográficas
para abranger um pouco mais seu conhecimento sobre esses animais, bem como acerca das outras
diversas doenças causadas por esses.
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Referências
HICKMAN, C. P.; LARSON, A.; ROBERTS, L. S. Princípios integrados de Zoologia. 11. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
______. Integrated principles of Zoology. 11. ed. New York: McGraw-Hill, 2001.
RUPPERT, E. E.; FOX, R.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados. 7. ed. São Paulo:
Roca, 2005.
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Anotações
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