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ÍNDICE

INTRODUÇÃO
O que é a Igreja Messiânica Mundial.....................................................9
Doutrina da Igreja Messiânica Mundial...............................................10
Formação do mundo novo....................................................................11
O primeiro mundo................................................................................12

Capítulo 1
CARACTERÍSTICAS DA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL
O que é a verdadeira salvação.............................................................17
Características da salvação pela Igreja Messiânica Mundial..............18
Igreja abrangente..................................................................................20
Ultra-Religião..........................................................................................21
Religião ativa..........................................................................................23
Religião criadora de pessoas felizes....................................................26
Religião que revela Deus........................................................................29
Eliminação da tragédia.........................................................................30
A Luz de Deus e a doutrina..................................................................32

Capítulo 2
VERDADE
Concretização da Verdade.....................................................................37
Verdade, Bem e Belo.............................................................................39
Verdade e Pseudoverdade.....................................................................42
Eu escrevo a Verdade............................................................................44
A dialética da harmonia.......................................................................46
Capítulo 3
CRIAÇÃO DA CULTURA
Palestra ao público em Tóquio................................................................49
Daijo, Shojo, Izunome...........................................................................59
O Bem e o Mal são relativos..................................................................61
Criação da Cultura.................................................................................61
A transição da Velha Cultura para a Nova Cultura............................63
A construção do Paraíso e a eliminação do Mal.................................66
O Bem e o Mal.......................................................................................72
A época semicivilizada e semi-selvagem.............................................75
Era semicivilizada...................................................................................77
Materialismo e Espiritualismo...............................................................79
O materialismo cria o homem mau........................................................80
A Ciência cria as superstições...............................................................82
Inadequação do estudo.........................................................................84
A respeito do ateísmo.........................................................................88
A Cultura de “Su”..................................................................................90

Capítulo 4
TEMPO

O Juízo Final.........................................................................................95
Ciclos Cósmicos.....................................................................................98
A grande transição do mundo...............................................................99
Concretização da profecia do Reino dos Céus
– o Paraíso Terrestre.................................................................100
Capítulo 5
JOHREI
Transição da Noite para o Dia..............................................................105
Sou um cientista em Religião...............................................................109
O espírito precede a matéria...............................................................113
Medicina espiritual.............................................................................115
Princípio do Johrei.................................................................................117
A força absoluta...................................................................................124
Sermão, Johrei e felicidade................................................................127
O Johrei é tratamento científico (1).......................................................129
O Johrei é tratamento científico (2).......................................................131

Capítulo 6
O FUNDADOR MEISHU-SAMA
6.1 – Sua personalidade
Deus existe?........................................................................................137
O valor do homem reside no seu espírito de justiça.........................139
Está errado dizer que os honestos saem perdendo.............................141
Minha natureza..................................................................................144
Ostentação religiosa..............................................................................145
Minha maneira de pensar...................................................................147

6.2 – Sua força de Salvação


Eu e a Igreja Messiânica Mundial...........................................................150
Estado de união com Deus.................................................................156
Minha Luz............................................................................................157
Quem é o Salvador..................................................................................160
O Herói da Paz.....................................................................................161

O QUE É A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

A Igreja Messiânica Mundial tem por finalidade construir o Paraíso


Terrestre, criando e difundindo uma civilização religiosa que se desenvolva
lado a lado com o progresso material.
Não há dúvida de que “Paraíso Terrestre” é uma expressão que se refere ao
mundo ideal, onde não existe doença, pobreza nem conflito. O “Mundo de
Miroku”, anunciado por Buda, a chegada do “Reino dos Céus”, profetizada por
Cristo, a “Agricultura Justa”, proclamada por Nitiren, e o “Pavilhão da Doçura”,
idealizado pela Igreja Tenrikyo, têm o mesmo significado. A diferença é que não
se fez indicação de tempo. Mas eu cheguei à conclusão de que o momento se
aproxima. E o que significa isto? É a hora da “Destruição da Lei”, prevista por
Buda, e do “Fim do Mundo” ou “Juízo Final”, profetizado por Cristo.
Seria uma felicidade se o Paraíso Terrestre pudesse ser estabelecido sem
que isso afetasse o homem. Antes, porém, é indispensável destruir o velho
mundo a que pertencemos. Para a construção do novo edifício, faz-se necessária
a demolição do prédio velho e a limpeza do terreno. Deus poupará o que for
aproveitável – e a seleção será feita por Ele. Eis a razão pela qual é importante
que o homem se torne útil para o mundo vindouro.
Ultrapassar a grande fase de transição significa ser aprovado no exame
divino, e a Fé é o único caminho para obtermos aprovação. As qualificações
para ultrapassar essa fase são as seguintes:
a) tornar-se um homem verdadeiramente sadio, e não apenas na aparência;
b) um homem que se libertou do sofrimento da pobreza;
c) um homem que ama a paz e detesta o conflito.
Deus resguardará aqueles que tiverem essas três grandes qualificações e
deles se utilizará, como entes preciosos, no mundo que vai surgir. Certamente
não há discordância entre os desígnios de Deus e os ideais do ser humano.
Portanto, haverá um caminho que permita estabelecer as condições requeridas.
Mas como poderemos obtê-las?
Nossa Igreja tem por objetivo orientar as pessoas e transmitir-lhes a Graça
Divina, possibilitando-lhes criar tais condições.
25 de janeiro de 1949

DOUTRINA DA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

Nós, messiânicos, cremos em Deus, Criador do Universo. Cremos que, desde


o início da Criação, Deus objetivou estabelecer o Céu na Terra e tem atuado
continuamente para a concretização desse objetivo. Com tal propósito, fez do
ser humano o Seu instrumento para servir ao bem-estar da humanidade,
condicionando a ele todas as demais criaturas e coisas. Cremos, portanto, que a
história humana do passado constitui estágios preparatórios, degraus para se
alcançar o Céu na Terra. Para cada época, Deus envia o Seu mensageiro e as
religiões necessárias, cada qual com sua missão.
Cremos que, no presente, quando o mundo vagueia em tão caótica situação,
Deus enviou o Mestre Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial,
com a suprema missão de realizar o Seu sagrado objetivo de salvar toda a
humanidade. Por conseguinte, visando à concretização do Mundo Ideal, de
eterna paz, perfeitamente consubstanciado na Verdade-Bem-Belo, empenhamo-
nos em fazer sempre o melhor, erradicando a doença, a pobreza e o conflito, as
três grandes desgraças que assolam este mundo.
11 de março de 1950

FORMAÇÃO DO MUNDO NOVO

Conforme venho esclarecendo, a nossa Igreja é uma religião que abarca


todos os campos da atividade humana e que poderia ser denominada Empresa
Construtora do Novo Mundo. Entretanto, como isso pareceria fachada de
alguma construtora civil, o jeito é chamá-la, por enquanto, Igreja Messiânica
Mundial. O objetivo dessa organização religiosa é o progresso e
desenvolvimento da civilização conciliando a ciência material e a ciência
espiritual.
Sabemos que o conhecimento científico caminha velozmente, ao passo que
o espiritual, baseado na Religião, caminha desesperadamente lento. A religião
conservou seu estado inato, sem alcançar muito progresso, desde o início da
civilização, há milhares de anos. Isso explica a grande distância entre ela e a
Ciência. Esta última veio a destacar-se, e a parte espiritual distanciou-se a ponto
de desaparecer da nossa vida. Por fim, o homem tornou-se indiferente ao
espírito, chegando a confundir Ciência com Civilização. Ele se ajoelha diante do
trono da Ciência e se satisfaz na sua condição de escravo. Este é o aspecto do
mundo moderno. Por acaso o homem não prova isso entregando nas mãos da
Ciência o que ele tem de mais precioso, que é a vida? Embora ela não consiga
garantir a vida humana, os homens modernos não o percebem e continuam
depositando-lhe cega confiança.
Deus compadeceu-se dessa cegueira e está procurando orientar o homem
através de nossa Igreja. Por meio da realidade, o Todo-Poderoso revela que a
vida não pertence à matéria, que apenas ela é invisível aos olhos humanos, mas
possui existência absoluta sob Sua direção. A melhor prova consiste no fato de
que pessoas desenganadas pela medicina são salvas freqüentemente pelo Poder
Divino.
Surge, então, a seguinte pergunta: “Por que uma questão de vital
importância, como a vida, permaneceu na obscuridade?” Efetivamente, isso
ocorreu pela necessidade de impulsionar a cultura científica até certo ponto.
Tal acontecimento faz parte da Providência Divina; é um fenômeno passageiro,
proveniente da época e, na sua fase transitória, levado ao exagero. Mas Deus
corrigirá tal exagero. Como Ele esclarece, nitidamente, o limite entre a ciência
material e a ciência espiritual, esta acertará os passos com a primeira,
progredindo e desenvolvendo-se até constituir-se um mundo realmente
civilizado. Em resumo, o mundo presente termina aqui para dar origem a um
novo mundo.
30 de julho de 1952

O PRIMEIRO MUNDO

Ao analisarmos a civilização atual, percebemos que a base de sua estrutura


é a ciência da matéria. Escreverei sobre isso a seguir, mas, em primeiro lugar,
explicarei a constituição do Universo. Serão dispensados os detalhes que não se
relacionam diretamente com o homem, abordando-se apenas os pontos mais
importantes.
O Universo é constituído de três elementos fundamentais: Sol, Lua e Terra.
Esses elementos são formados respectivamente pela essência do fogo, da água e
da terra, que constituem o Mundo Espiritual, o Mundo Atmosférico e o Mundo
Material, os quais se fundem e se harmonizam perfeitamente. Até agora, no
entanto, só eram conhecidos o Mundo Atmosférico e o Mundo Material;
desconhecia-se a existência de mais um mundo, isto é, o Espiritual, que a
ciência da matéria não conseguiu detectar. A cultura atual formou-se com o
progresso obtido naqueles dois mundos, razão pela qual ela abrange apenas dois
terços. Na realidade, porém, o Mundo Espiritual, justamente o terço
considerado inexistente, é mais importante que os outros dois juntos,
constituindo a fonte da força fundamental. Ignorando-se a sua existência,
jamais surgirá a civilização perfeita. O fato do homem, apesar do considerável
avanço da cultura baseada no Mundo Material e no Mundo Atmosférico, não
conseguir realizar o seu maior desejo – a felicidade – comprova muito bem o
que estou afirmando.
Examinando-se atentamente a origem dessa contradição, descobrimos que
há uma profunda razão para ela. Se a humanidade, desde o começo, conhecesse
a existência do Primeiro Mundo, ou seja, o Mundo Espiritual, a civilização
material não teria alcançado o maravilhoso progresso que vemos hoje. Isso
porque do desconhecimento do Mundo Espiritual é que nasceu o pensamento
ateísta, que deu origem ao mal. Atormentada pelo sofrimento decorrente da luta
entre o mal e o bem, a humanidade só teve um recurso: desenvolver a cultura
material. Portanto, pensando bem, que representa isso senão o profundo Plano
de Deus? Há um perigo, contudo: ocorrer um colapso da cultura material se ela
progredir além de certo limite. A invenção da bomba atômica é uma das facetas
desse progresso, mas, atingido esse nível, é chegado o tempo determinado pelos
Céus de haver uma grande mudança no desenvolvimento da cultura. Como
primeiro passo, está sendo revelada a toda a humanidade a existência do
Primeiro Mundo, do qual não se tinha conhecimento; tratando-se, porém, de
uma existência invisível, logicamente não se poderá comprová-la pelos métodos
científicos. Daí a manifestação de uma grandiosa força jamais experimentada
pela humanidade, isto é, o Poder de Deus. Como o homem contemporâneo há
longo tempo está obstinado na concepção materialista, é muito difícil convencê-
lo. Entretanto, em nossa Igreja existe o único método para se conseguir isso: o
milagre do JOHREI. Por mais ateísta que seja, o indivíduo não poderá deixar de
aceitar e se submeter. Assim, à medida que o JOHREI se tornar conhecido por
toda a humanidade, haverá inevitavelmente uma mudança de cento e oitenta
graus no rumo da cultura, surgindo, então, a Verdadeira Civilização, comum ao
mundo todo.
Resta, no entanto, um problema: como a cultura atual foi erigida ao longo de
milhares de anos, não se sabe quanto mal foi praticado até agora. Por “mal”
refiro-me obviamente ao pecado e, conseqüentemente, às máculas espirituais,
cujo grande acúmulo constituirá um obstáculo para a construção do mundo
novo. É como se durante a construção de uma casa houvesse sujeira espalhada
por todo lado, como pedaços de madeira, tijolos quebrados, etc., tornando-se
indispensável uma ação de limpeza. Deve ser isto o Juízo Final profetizado por
Cristo.
Os maravilhosos e incontáveis milagres manifestados pela nossa Igreja não
poderão ser senão o plano de Deus para mostrar a existência do Primeiro
Mundo. E Deus me encarregou desta grandiosa missão.
4 de julho de 1951

O QUE É A VERDADEIRA SALVAÇÃO

Hoje em dia, a crítica mais freqüente em relação à nossa Igreja é que,


tratando-se de uma entidade religiosa, não deveria empenhar-se na cura de
doenças. Entretanto, se pensarmos bem, concluiremos que não há nada tão sem
sentido como essa observação. Ela provém do pensamento limitado dos críticos,
segundo os quais a Religião deve ocupar-se apenas da salvação do espírito, não
lhe cabendo a salvação da matéria. Para eles, a cura de doenças é uma questão
material, e por isso acham que ela não compete à Religião. Excluem das
atribuições religiosas a salvação material, limitando a essência da Religião à
parte espiritual. Logicamente, de acordo com o seu conceito, a salvação
espiritual, em síntese, consiste na renúncia. Não tendo o Poder da Salvação
para eliminar materialmente o sofrimento e não encontrando outro recurso, as
religiões, pelo menos, tentam diminuí-lo espiritualmente, através da renúncia.
Essa é a maneira como muitas pessoas têm encarado a Religião até agora.
Não obstante, se a Religião excluir a matéria e preocupar-se unicamente
com a salvação do espírito, ela não estará promovendo a verdadeira salvação,
pois a crença na possibilidade da solução dos problemas materiais é que nos
permitirá obter a verdadeira tranqüilidade espiritual. Quando sentimos fome,
por exemplo, só podemos ficar tranqüilos se tivermos certeza de que alguém
nos trará comida; se soubermos que ninguém o fará, é natural que fiquemos
desesperados, temendo morrer de inanição. O mesmo acontece em relação à
doença, dificuldades financeiras e outros problemas. Só pelo reconhecimento
de que tudo será solucionado através da Fé teremos tranqüilidade absoluta.
Dessa forma, a salvação das duas partes – a material e a espiritual – é que nos
fará sentir-nos salvos, alcançando o estado de verdadeira paz e segurança.
A base da salvação material e espiritual – aquela que é a mais perfeita –
consiste, portanto, unicamente, em eliminar a doença, tornando as pessoas
sadias. Por maior que seja a nossa fortuna ou a quantidade e variedade dos mais
saborosos alimentos, provenientes do mar e da terra, em nossas refeições, por
maiores honrarias e por mais elevada posição social que tenhamos, isso de nada
adiantará, se estivermos sofrendo com doenças. A primeira condição para
salvação da humanidade é, antes de mais nada, alcançar a saúde. Por esse
motivo, a meta de nossa religião é formar indivíduos e sociedades saudáveis.
24 de dezembro de 1949

CARACTERÍSTICAS DA SALVAÇÃO
PELA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

A missão da nossa Igreja é tirar as pessoas das torturas do Inferno e


conduzi-las ao Céu, transformando a sociedade num paraíso.
Para que o homem seja conduzido ao Céu, é necessário que ele próprio se
eleve, tornando-se um ente celestial, a fim de que, por sua vez, possa salvar o
seu semelhante. Isso significa pendurar a escada do Céu até o Inferno e estender
as mãos para puxar o homem, degrau por degrau. É nesse ponto que nossa
religião difere das demais, sendo antes o seu oposto.
Todos sabem que os antigos religiosos contentavam-se com o mínimo
necessário à sua subsistência. Eles se entregavam a penitências e procuravam
salvar o próximo colocando-se numa situação miserável. Isso significa que
estavam usando a escada em sentido contrário. O salvador empurrava os
necessitados de baixo para cima, ao invés de puxá-los lá do alto; é fácil calcular
o duplo esforço exigido. Mas não havia alternativa, visto que, nessa época,
ainda não existia a noção do plano do Paraíso.
Naturalmente não havia chegado o tempo, pois a noite cobria o Mundo
Espiritual. Entretanto, a partir de 1931, o Mundo Espiritual vem gradualmente
se transformando em dia, facilitando a construção do Paraíso na Terra. Sendo
Deus o construtor, a obra progride à mercê do tempo, bastando ao homem agir
de acordo com a Vontade Divina. Deus traçou o plano, fiscalizando e utilizando
livremente um número considerável de criaturas.
A idéia exata que se pode ter da minha função, é a de mestre-de-obras local.
Os nossos fiéis sabem perfeitamente que estou construindo o protótipo do
Paraíso Terrestre, como parte dessa função. Aparecem-me, então, vendedores
que me oferecem terrenos em momentos e locais inesperados. Assim que
percebo a Vontade Divina de adquirir determinado terreno, surge a quantia
requerida, sem que eu empregue o mínimo esforço. Logo a seguir consigo,
infalivelmente e à vontade, não só os mais adequados projetistas, engenheiros e
construtores, como também o material necessário. Até mesmo uma árvore
aparece oportunamente, já existindo lugar apropriado para ela. Às vezes eu me
sinto perplexo ao receber árvores às dezenas, de uma só vez. Planto-as
estudando o espaço, interpretando a Vontade Divina, e verifico que elas se
encaixam maravilhosamente no jardim, sem falhas nem excesso. Sempre que
isso acontece, não posso deixar de sentir, claramente, a Vontade de Deus em
tudo. Se desejo colocar uma pedra ou uma planta em determinado lugar,
recebo-as dentro de um ou dois dias no máximo. O que vêm a ser todas essas
ocorrências senão milagres? Caso eu começasse a enumerá-los, não acabaria
mais. E o que estou dizendo não passa de uma pequena parte do que pretendo
expor com o tempo.
Escrevi este capítulo com o objetivo de ajudar os leitores a compreenderem
que o homem nada empreende, que ele apenas age sob a Orientação Divina.
Pelos fatos relatados, fica bem claro que Deus pretende formar o protótipo do
Paraíso como início do advento do Paraíso Terrestre. Mas isso não é o bastante.
Compete a cada homem tornar-se um ente celestial, e é chegado esse momento.
Naturalmente, seu lar será paradisíaco e todos os componentes da família virão
a ter uma vida celestial. Somente assim poderão ser salvas as pessoas que
sofrem no “inferno”.
Daí a razão por que aconselho os fiéis a criarem uma vida sem sofrimentos,
que é a Vontade do Altíssimo. Enquanto o homem não conseguir eliminar as
três desgraças – doença, pobreza e conflito – não poderá ser salvo. Isso era
impossível na Era das Trevas, mas hoje é possível. Terminou a época de
sofrimento a que se referiu Sakyamuni. Se os leitores compreenderem o sentido
desta verdade, sentir-se-ão dominados por uma alegria infinita, ainda
desconhecida na experiência da humanidade.
5 de outubro de 1949

IGREJA ABRANGENTE

Poderão compreender melhor a nossa Igreja, se a compararmos com uma


loja de departamentos. A comparação talvez não seja muito apropriada, mas
considero-a a mais adequada e de mais fácil compreensão. Eis os motivos:
Sempre tenho afirmado que a Igreja Messiânica Mundial abrange o
cristianismo, o xintoísmo, o budismo, o confucionismo, a Filosofia, a Ciência, a
Arte, enfim, todas as expressões da cultura. Entre elas, dedicamos especial
atenção aos problemas concernentes à doença, à saúde e à agricultura, no
campo da Ciência, e também às artes.
Logicamente, como o seu nome está mostrando, a nossa Igreja tem por
objetivo empreender a grandiosa obra de Salvação do Mundo. É natural,
portanto, que apontemos as falhas existentes em todos os setores relacionados
com a vida do homem, dispensando a este a mais elevada orientação.
Não obstante o maravilhoso progresso da cultura contemporânea, as falhas
apresentadas por ela são tão numerosas que causam espanto. As falhas
superficiais não são muito graves, porque a própria sociedade as percebe e pode
corrigi-las; as falhas interiores, no entanto, por não serem divisadas a olho nu,
só podem ser corrigidas por um meio: desvelando-as através da Luz de Deus.
Por essa razão, estamos dissecando todos os setores da cultura atual, a fim de
que, trazendo à tona a verdadeira natureza de cada um deles, possamos planejar
a concretização de um mundo melhor. Somente dessa forma poderemos
alimentar esperanças quanto ao advento da era da Civilização Celestial.
Eis, em breves palavras, o sentido da expressão “Igreja Abrangente.”
28 de março de 1951
ULTRA-RELIGIÃO

Qualquer pessoa tomará por um sonho descabido o objetivo da nossa Igreja


– construir um mundo sem doenças, pobreza e conflitos, ou seja, o Paraíso
Terrestre, que corresponde ao “Advento do Reino dos Céus”, pregado por Cristo,
ou à “Vinda do Messias”, da religião judaica. Sakyamuni disse que, depois de
sua morte, surgiria um mundo perfeito. Não afirmou, entretanto, que esse
mundo estivesse iminente; ao contrário, disse estar infinitamente longe:
5.670.000.000 de anos.
Todas essas profecias foram de grande utilidade. Se não houve referência a
um plano de execução, devemos interpretar que ainda não era chegado o tempo,
mas sabemos que a aceitação e a prática dos ensinamentos pregados pelas
religiões antigas tornaram-se o alicerce das religiões atuais. Naturalmente, cada
religião criou e divulgou os seus protótipos, formas e métodos, adaptáveis aos
diferentes povos e países. Evidentemente, as religiões foram criadas sob o
desígnio de Deus, para serem condicionadas a determinadas épocas,
localidades, povos, tradições, costumes, etc. Graças a essa força, a cultura
alcançou o deslumbrante progresso que hoje apresenta. Não fossem as religiões,
o mundo estaria à mercê de Satanás, ou talvez, destruído.
Ao refletirmos sobre esses assuntos, não podemos deixar de levar em
consideração os grandes méritos dos fundadores de religiões. Todavia, embora
estas últimas hajam evitado a destruição do mundo, é duvidoso que o seu poder
seja eficiente para o mundo atual ou para o futuro. Isto porque a humanidade
padece de um sofrimento infernal, o que comprova a deficiência das Igrejas, as
quais não conseguem conduzir os sofredores ao estado celestial. Só um número
restrito de povos participa dos benefícios da civilização moderna.
Presentemente, a humanidade carece muito do espírito de paz.
Uma observação sobre o mundo atual faz com que as pessoas prudentes
sintam a necessidade do aparecimento de uma grande luz que dissipe as trevas,
isto é, o poder salvador de uma Ultra-Religião. Nesse sentido, consciente da
responsabilidade que lhe cabe como sendo esta Ultra-Religião, nossa Igreja vem
apresentando resultados surpreendentes.
20 de julho de 1949

RELIGIÃO ATIVA

Os leitores poderão estranhar quando eu disser que há religiões ativas e


religiões inativas. É justamente o que pretendo explicar agora.
Religião ativa é aquela que está relacionada com a vida prática, e a inativa
ou morta, exatamente o oposto. Infelizmente, é raro encontrar uma religião,
dentre as muitas existentes, que esteja perfeitamente entrosada com a vida
prática.
As doutrinas são elaboradas com perfeição, mas não podemos esperar muito
do seu poder doutrinário. No período da fundação de muitas religiões, há
centenas ou milhares de anos, talvez suas doutrinas estivessem de acordo com a
situação social da época, exercendo sobre ela grande influência. Sabemos, no
entanto, que esse poder foi enfraquecendo com o passar do tempo, até atingir o
estado em que hoje se encontra. Lamentavelmente, esta é a ordem natural das
coisas; tudo sofre essa mudança, que acabou ocorrendo também no âmbito da
Religião. O surto de novas religiões adaptadas à época no decorrer destes anos,
é um fato inegável, observado em todos os países. Mas essas religiões acabam
sempre desaparecendo, por faltar-lhes poder suficiente para superar as
anteriores.
Exemplifiquei as mudanças ocorridas nas religiões; agora desejo falar sobre
as características das religiões modernas.
É do conhecimento geral que o desenvolvimento da Ciência, a partir do
século XVIII, vem constituindo uma verdadeira ameaça para as religiões, e não
se pode negar que ele tenha contribuído para a sua decadência. A Ciência
dominou a tal ponto a mente humana, que o homem só aceita aquilo que tem
explicação científica. O fato ainda seria desculpável, se não tivesse dado origem
ao pensamento ateísta e à corrupção moral sem fim, criando confusão social e
transformando este mundo num verdadeiro caos. Ainda há religiões antigas que
se esforçam para doutrinar o povo com ensinamentos, os quais foram sendo
aperfeiçoados após sua elaboração, centenas de anos atrás. Mas falta poder
doutrinário a essas religiões, distantes da atualidade, e a carência de realismo
torna sua existência equivalente à das antigüidades. Na época em que surgiram,
elas foram úteis, mas hoje seu valor não vai além de uma preciosidade histórica
e cultural. Dentre as novas religiões, há algumas que se aproveitam dessas
preciosidades históricas adornando-as ricamente, para atrair as pessoas; mas,
com certeza, terão seus dias contados.
Diante de tudo isso, é admissível que a Religião tenha ficado abandonada
por muito tempo, sendo superada pelo maravilhoso progresso da cultura.
Exemplificando, é como se quiséssemos usar carro de bois numa época em que
nos servimos de aviões, automóveis e telégrafo. A nossa Igreja respeita a
História, mas não se prende a ela, progredindo de acordo com a Vontade Divina
e através dos seus próprios métodos.
As atividades relativas à obra que estamos realizando, abrangem a reforma
da agricultura e da medicina, apontam as falhas de todas as culturas e adotam,
como princípio orientador, o ideal de uma nova civilização. Uma de suas
principais realizações vem a ser a construção do protótipo do Paraíso Terrestre
e do Museu de Arte. Além de servir-se dessas construções como recintos
sagrados, onde os espíritos maculados e exaustos possam se sentir
reconfortados, a Igreja pretende, visando o enobrecimento do caráter do
homem, torná-las um baluarte contra os divertimentos fúteis e pecaminosos de
hoje em dia.
De acordo com o exposto acima, a atividade da Igreja Messiânica Mundial,
no plano individual, consiste em salvar o homem da pobreza e contribuir para
sua saúde física e mental; no plano social, sua finalidade é construir uma
sociedade sadia e pacífica. Sentimo-nos imensamente felizes ao saber que,
ultimamente, o nosso trabalho está sendo reconhecido pelos eruditos e
tornando-se alvo de suas atenções. Embora, no momento, seja uma obra
insignificante, no dia em que ela for ampliada e difundida no mundo inteiro,
surgirá em todos os países a idéia de um mundo ideal, repleto de paz e
felicidade. Afianço que isso não é um sonho.
Que vem a ser, portanto, uma religião ativa, viva, senão a nossa, com todos
esses exemplos? Infelizmente, a sociedade atual olha as novas religiões com
indiferença e desprezo, e isso se acentua principalmente na classe dos
intelectuais, que assumem uma atitude cautelosa perante o povo, mesmo
quando se referem à nossa Igreja. Entretanto, eu compreendo perfeitamente a
razão dessa atitude. As religiões antigas geralmente contam com espantoso
número de adeptos, mas estes, na maioria, são pessoas de pouca cultura. Entre
as religiões novas, há algumas que não despertam nenhum interesse, devido às
suas palavras e práticas excêntricas; outras, possuem elementos supersticiosos
em grande proporção, que o bom senso nos leva a repelir. Creio que isso não
durará por muito tempo, mas desejo que os responsáveis por essas religiões
usem de reflexão.
Há, também, teólogos que, para adaptá-las à época, reproduzem e vestem de
uma nova roupagem as doutrinas dos antigos santos, sábios e mestres. Isso
confere a elas uma aparência progressista e de fácil aceitação pela classe
intelectual, mas resta dúvida quanto à sua validade em relação à vida prática.
O assunto me faz recordar o pragmatismo de William James, o famoso
filósofo americano. Essa doutrina filosófica preconiza a “filosofia em ação”, e eu
pretendo estendê-la também à Religião, isto é, a Religião deve ser prática e
ativa.
4 de novembro de 1953

RELIGIÃO CRIADORA DE PESSOAS FELIZES

A Religião não é nada mais do que a cristalização do amor de Deus para


guiar os infelizes ao caminho da felicidade. Ninguém ignora que muitos lutam
em vão para conseguir a felicidade almejada; raras são as pessoas que a
conseguem, depois de uma vida inteira de lutas.
É de pouca utilidade colocar em prática a teoria que nos foi legada através
da instrução e de biografias e leituras referentes aos exemplos de grandes
personagens. A teoria bem formada merece admiração, mas todos sabem, por
experiência própria, que é difícil pô-la em prática.
Tem-se como crédulo ou simplório aquele que age com honestidade;
entretanto, se a pessoa procede diferente, cai no descrédito social e nas malhas
da Lei. Por fim, o indivíduo não sabe como agir. O que os homens consideram
bem-viver e se apressam por adotar, é a vida desonesta sob a capa da
honestidade. Os melhores adeptos dessa filosofia tornam-se os campeões dos
bem-sucedidos, razão por que as pessoas tendem a seguir tais exemplos e o mal
social não diminui.
Dizem que os honestos levam desvantagem, e tudo nos faz chegar a tal
conclusão, a julgar pelo aspecto do mundo, de modo que quanto mais honesto
for o indivíduo, tanto mais ele se arrisca a cair no conceito de “antiquado”.
Observa-se com freqüência que os homens que proclamam a justiça são
repelidos e fracassam na sociedade.
É enorme o meu esforço para manter constantemente o conceito de justiça
diante de semelhante mundo. O homem comum escarnece das minhas palavras,
que ele considera crendices. Julga-me caprichoso e covarde, porque não sou
interesseiro. Sente-se importunado por enfrentarmos o mal e destemidamente
escrevermos a respeito, e também pelo nosso rápido progresso. Ultimamente,
porém, em vista da firmeza de atitude com que nos temos mantido, apesar de
todas as pressões – atitude que visa unicamente o bem – está despertando certa
consideração por nós no espírito das pessoas. Alegra-nos, acima de tudo, que a
situação tenha abrandado, facilitando o nosso trabalho. Isso se deve à
resistência que oferecemos a todas as perseguições, tendo Deus por nosso apoio,
e ao fato de a Igreja Messiânica Mundial possuir o Johrei, inexistente nas
demais religiões.
Felizmente, alcançamos a liberdade religiosa com o advento da democracia.
O ambiente ficou favorável, em comparação com o do Japão anterior à Guerra,
tornando possível, através da justiça, eliminar o mal e caminhar ao encontro do
bem.
A seguir, tratarei do problema concernente à felicidade do homem.
Naturalmente, o bem constitui a base da felicidade, sendo óbvio insistir
sobre a necessidade de ele ter força suficiente para vencer o mal. Até agora,
entretanto, na sua maioria, as religiões careciam dessa força; por conseguinte,
não proporcionavam a felicidade desejada. Sendo assim, tiveram de pregar a
Iluminação para satisfazer o povo, no seu desejo de atingir, pelo menos, a paz
espiritual, uma vez que não conseguiam obtê-la na sua totalidade, isto é,
espiritual e materialmente. Ou então pregaram a resignação, através do espírito
de expiação e do princípio de não-resistência contra o mal. Criaram, portanto, a
teoria da negação da graça na vida presente, o que explica ser classificada de
superior a religião que visa a salvação do espírito, e de inferior aquela que
consegue obter, também, os benefícios do mundo. Mas essa teoria não passou
de um recurso para determinada época. Darei exemplos.
Há pessoas que, embora torturadas por uma doença prolongada, dizem-se
alegres, alegando estarem salvas quando na realidade estão apenas resignadas,
sufocando seus verdadeiros sentimentos. Isso é uma espécie de auto-traição. Por
natureza, a verdadeira satisfação nasce com o restabelecimento da saúde, se for
esse o caso.
Em todos os tempos houve famílias que, não obstante o ardor de sua fé, não
foram agraciadas materialmente, permanecendo vítimas de desgraças. Dessa
forma, acabaram por se iludir, julgando que a essência da Religião só objetiva a
salvação espiritual.
A Igreja Messiânica Mundial salva tanto o espírito como a matéria. Podemos
afirmar que vai além disso. As obras de construção dos protótipos do Paraíso
Terrestre em diversas localidades, assim como a construção de museus de arte
que estamos realizando dependem inteiramente dos donativos dos fiéis. A Igreja
abomina a exploração, contando apenas com recebimento do donativo
espontâneo. Apesar disso, é realmente milagroso o fato de se conseguir a
quantia necessária para o empreendimento de uma obra de tal envergadura. Isso
prova a prosperidade dos fiéis. O donativo, longe de ser temporário, tende a
aumentar, razão por que nunca me preocupei com dinheiro.
Na época em que apareceram as religiões antigas, os ensinamentos podiam
ser de caráter limitado, de Fé “Shojo”, mas hoje a realidade é outra. Tudo
adquiriu caráter universal, de modo que é preciso uma organização grandiosa,
para salvar a humanidade. Quanto maior a organização, maior o número de
pessoas salvas. Por isso, ao tomar conhecimento dos seus objetivos, ninguém
deixará de reconhecer a importância da nossa Igreja.
10 de junho de 1953

RELIGIÃO QUE REVELA DEUS

Quando incentivamos as pessoas descrentes a crerem em Deus, a maioria


reage, pede que provemos com clareza a Sua existência, e assume uma atitude
intelectual, dizendo não poder perder tempo com superstições.
Essa tendência é notadamente acentuada entre as pessoas cultas. Mas não
podemos criticá-las, porque elas têm suas razões. Sua atitude explica-se pelo
fato de que a maior parte das religiões é anticientífica, sendo raras as que não
estão afetadas por superstições. Muitas não conseguem dar provas claras da
existência de Deus e criam hesitação entre a Sua existência ou inexistência.
Portanto, não é de se estranhar que haja tantas pessoas indiferentes à Fé.
A Igreja Messiânica Mundial mostra claramente a existência de Deus. Todos
aqueles que entram em contato com ela, sentem-se maravilhados ante a
constatação dessa verdade. A melhor prova está nos inúmeros milagres e graças
alcançados, através da Igreja, pelos seus fiéis. Infelizmente, são pouquíssimas as
pessoas que crêem por meio da simples leitura ou explanação oral das
experiências de fé dos fiéis. A maioria acha-se impedida de aceitar os fatos
como realmente são, por professarem uma fé de baixo nível. Em parte, isso se
entende, mas não deixa de ser deplorável. Costumo sempre afirmar que a nossa
Igreja não é uma religião, e sim uma Ultra-Religião, uma grandiosa obra
salvadora.
Os novos fiéis costumam dizer que, no início, quando leram as nossas
publicações pela primeira vez, não conseguiram crer integralmente no que elas
expunham, achando a doutrina messiânica muito diferente não só das doutrinas
professadas por outras Igrejas, como também das teorias científicas.
Considerando que nenhuma experiência é perdida, eles começaram a receber
Johrei cheios de desconfiança. Assombrados com o fato de ele consistir apenas
no levantar das mãos, pensaram em desistir, julgando impossível a cura por
meio de um ato tão simples. Entretanto, sentindo-se mais dispostos no dia
seguinte, continuaram a recebê-lo e melhoraram rapidamente. Esse é o
testemunho unânime dos que relatam sua experiência.
É justamente porque a nossa Igreja evidencia graças imediatas, pouco
comuns, que os intelectuais cometem um engano, chamando a isso de
superstição. Esse modo de interpretar e pensar não deixa de ser um grande
obstáculo; contudo, dentre os que se têm na conta de eruditos, há muitas
pessoas de mente sã que se tornam felizes por ingressarem na Fé, aceitando
plenamente a realidade evidenciada. Tanto os mais obstinados, como os
devotos da Ciência, acabam se dando por vencidos diante das provas da
existência de Deus apresentadas pela Igreja Messiânica Mundial através de
milagres sem conta, nunca manifestados antes.
9 de janeiro de 1952
ELIMINAÇÃO DA TRAGÉDIA

Entre todas as coisas do mundo, o que o homem mais detesta é a tragédia.


Eliminá-la totalmente é impossível, mas, de certo modo, não será tão difícil
diminuí-la. Passemos a estudar sua natureza.
A realidade evidencia que a maioria das tragédias é causada pela doença.
Entretanto, elas também são geradas por problemas sentimentais e pela
desonestidade proveniente de interesses materiais. Através de uma pesquisa
acurada, no entanto, descobri que todas as tragédias têm sua raiz na
enfermidade espiritual. Dizem que um espírito são habita um corpo são, e isso é
uma grande verdade. Verifiquei, após longos anos de pesquisa, que a
imoralidade, a injustiça, a impaciência, o alcoolismo, a preguiça e a corrupção
de jovens existem quase sempre em físicos doentes.
Infelizmente, ainda não se descobriram métodos positivos para solucionar o
problema da doença e restabelecer a saúde física e espiritual, nem mesmo
apelando para a medicina ou para outros meios. Ainda que se tivesse
encontrado a causa das doenças, não existiria uma forma para resolver o
problema verdadeiramente. Há quem se orgulhe de ter descoberto a origem
delas e o processo de cura; a maioria dos processos, contudo, não passa de
paliativos. É realmente desolador. Todavia, dentre os casos milagrosos relatados
em nossas publicações, encontramos muitos exemplos da cura de doenças
gravíssimas, e a alegria e gratidão dos agraciados nos comovem até as lágrimas.
A verdadeira solução das doenças e de outras desgraças depende de uma
força invisível, e só aos que a experimentaram é dado reconhecer o
incomensurável Poder Divino. Os homens modernos não se convencem senão
através da realidade ou de provas; portanto, sem a apresentação de resultados
concretos, é inútil pregar princípios elevados e divulgá-los. Para esses homens,
a salvação da humanidade e a obra em prol da sociedade não passam de um
sonho.
A essência da verdadeira Fé consiste em mover o que é visível por ação de
um poder invisível. Esse poder maravilhoso está sendo manifestado pela nossa
Igreja e, por essa razão, creio eu, poderíamos dizer que ela é a Religião do Poder.
Como a maioria das religiões hoje existentes se limita a pregar doutrinas,
suas forças agem do exterior para a alma. Mas o ato purificador empregado pela
Igreja Messiânica Mundial – o Johrei – projeta a Luz Espiritual diretamente na
alma, despertando-a instantaneamente. Isto é, a Igreja converte a pessoa sem a
intervenção humana, deixando os sermões para segundo plano. Os que nela
ingressam, alcançam rapidamente uma percepção superficial, e, em seguida,
uma percepção mais profunda. Além de superarem as suas próprias tragédias,
tornam-se aptos, também, a eliminar as tragédias alheias.
11 de junho de 1949
A LUZ DE DEUS E A DOUTRINA

Não é a doutrina mas sim a Luz de Deus que transforma o homem. As


pessoas que consideram a Igreja Messiânica Mundial uma religião comum,
muitas vezes se perguntam por que ela não possui uma doutrina. Não penso
que ela seja importante. A doutrina é um conjunto de regras e preceitos; não
pode salvar o homem. Desde os tempos antigos quase todas as religiões tiveram
algumas de suas doutrinas bem elaboradas e consideradas. Conseguiram elas
aperfeiçoar o mundo?
Numa novela que li recentemente, o autor faz um dos seus personagens
contar o seguinte: “Quando eu era jovem assistia a aulas de religião e, um dia,
comentamos os milagres narrados na Bíblia. Alguns acreditaram neles,
enquanto que outros não. Os comentários transformaram-se em inflamado
debate. Já que eu próprio não acreditava em milagres, ao voltar para casa,
procurei arrancar as páginas da Bíblia que a eles se referiam. Mas, quando voltei
a ler, já sem essas passagens, constatei que a Bíblia era apenas um livro de
Moral”.
Isto é bastante interessante. E é verdade. Se a religião consistisse apenas em
doutrina, não ofereceria mais do que padrões morais. Eles não bastam.
Fundamentando os princípios de moral, a religião deveria dar a consciência do
grandioso poder místico e operador de milagres em ação no Universo, e que não
pode ser explicado pela lógica. A força da religião está na apresentação deste
poder místico. Quanto maiores milagres uma religião evidenciar, tanto mais
valiosa poderá ser considerada.
Vou explicar. Os mandamentos são como leis decretadas para evitar os
crimes. As leis são feitas para manter a ordem estabelecida pela sociedade e
impor penalidades nos casos de violação. Muitas religiões são fundamentadas
em mandamentos. Os mais antigos, dos conhecidos, são os Dez Mandamentos
dados a Moisés os quais, durante a Era das Trevas foram fundamentais. Mas:
“Você deve fazer isto...” ou “Você não pode fazer aquilo...” implicam
penalidades — penalidades espirituais e não físicas.
As ameaças e os castigos não são os melhores meios para evitar que o
homem pratique maldades. Um alcoólatra provavelmente não deixará de beber
apenas porque lhe dizem que o álcool lhe faz mal. Um meio muito melhor é
dissolver as máculas do seu corpo espiritual, elevando-o a um nível onde a sua
Divina natureza possa ser despertada, o que o levará a sentir uma natural
repugnância pelo álcool, ou pela maldade, conforme o caso.
É a tendência para fazer o mal ou agir desonestamente que deve ser
eliminada, pois a pessoa inclinada à prática de ações corruptas, têm preferência
por elas. Por exemplo, a essas pessoas parece, por vezes, que ganhar dinheiro
por meios desonestos é mais fascinante do que adquiri-lo honestamente. Em
tais casos, a natureza Divina ou primária encontra-se num estado enfraquecido,
enquanto que a natureza animal ou secundária está fortalecida, o que significa
que a alma está num nível baixo. Quando a alma está em plano mais elevado, a
pessoa é incapaz de tais ações.
Até que a sociedade supere esse baixo nível de consciência, é perigoso ficar
sem regulamentos legais e instituições penais. A despeito da forte ação
coercitiva das leis reguladoras, existirão muitas pessoas inclinadas a transgredi-
las. Entre elas podem ser incluídos homens que ocupam altas funções e que têm
responsabilidade social, homens que são vistos como grandes personagens.
Posição social e cargos políticos não indicam necessariamente desenvolvimento
espiritual.
Abster-se de fazer o mal, apenas pela ameaça das penalidades ou da crítica,
não é o bastante. Somente quando o homem atinge um nível onde não sente
mais o desejo de fazer o mal, onde não são as leis e regulamentos que o
impedem, quando realmente encontrou a alegria de fazer o Bem, é que ele
desperta para a sua verdadeira natureza.
O homem pode não atingir subitamente os níveis mais altos, mas deve
alcançá-lo degrau por degrau. Os dogmas são necessários de certo modo, mas o
supremo objetivo é muitíssimo mais elevado. A Igreja Messiânica Mundial
empenha-se em elevar o indivíduo ao mais iluminado estado de consciência.
A invisível Luz de Deus, canalizada através do Johrei, alcança as
profundezas do espírito e o ilumina, mesmo quando o Johrei é recebido com
atitude cética. O Johrei desperta a natureza Divina do homem, colocando-o em
contato com a sua alma. Por isso a nossa religião não é uma religião comum.
Do ponto de vista material, esta compreensão pode ser difícil. Mas quando
se experimenta o efeito do Johrei, intui-se a Luz de Deus. Mesmo aqueles que
dão excessiva importância ao intelecto serão despertados para o poder do
Espírito sobre a Matéria, e curvarão a cabeça reverentemente.
Extraído do livro “Os Novos Tempos”

CONCRETIZAÇÃO DA VERDADE

O verdadeiro objetivo da Religião é a concretização da Verdade.


Mas que é a Verdade?
A Verdade é o próprio estado natural das coisas. O Sol desponta no
nascente e desaparece no poente; o homem inevitavelmente caminha para a
morte (essa morte a que o budismo se refere com as expressões “tudo que nasce
está sujeito a desaparecer” e “todo encontro está condenado à separação”). O
homem manter-se vivo através da respiração e da alimentação também é
Verdade. A mente humana anda tão confusa, que preciso insistir sobre assunto
tão óbvio.
Observando os revoltantes acontecimentos deste mundo, o caos reinante na
sociedade, os conflitos, a desordem, o pecado, é impossível negar que tudo
contribui mais para a infelicidade do que para a felicidade do homem.
Precisamos, pois, conhecer a razão de tais coisas. Tudo se baseia no fato de
estarmos longe da Verdade – isso é evidente. O problema é que não temos
consciência disso.
Vou explicar meu ponto de vista.
Vejo que o homem moderno perdeu a noção da Verdade. Parece que a vida
se mostra tão difícil para ele, que lhe falta tempo para refletir sobre o assunto. A
Religião, também, até hoje não tinha condições para esclarecer o que é a
Verdade, e transmitia noções falsas acreditando serem verdadeiras. Se a
Verdade pudesse ter sido revelada tal qual é, a situação humana seria muito
melhor. Talvez até tivéssemos construído algo semelhante ao Paraíso Terrestre.
Mas é chegado o tempo de revelar a Vontade de Deus e pregar a Verdade,
para que esta possa se concretizar. E a Vontade de Deus é que ela seja
transmitida claramente. Se aqueles que lerem minhas palavras tiverem a mente
livre de preconceitos, certamente hão de obter a correta visão da Verdade.
Gostaria de dar uma explicação que todos compreendessem.
O homem adoece porque se distancia da Verdade e por motivo idêntico não
consegue curar-se. Política errônea, má ideologia, aumento de crimes, crise
financeira, inflação e deflação, tudo isso se deve, também, ao fato de o homem
desviar-se da Verdade.
Tudo que desejamos logo se realizaria se estivéssemos de acordo com a
Verdade; foi com esse propósito que Deus criou a sociedade humana. Eis por
que não é difícil a formação de uma sociedade ideal, nem é impossível ser feliz.
Nisto reside a possibilidade do advento do Paraíso Terrestre.
Alguns, talvez, achem estranhos os meus pontos de vista, mas não há razão
para isso. Tudo que estou dizendo tem muita lógica. Minhas idéias só parecerão
estranhas a quem não estiver voltado para a Verdade. Quanto mais absurdas
elas parecerem, mais evidente se tornará a distância do mundo em relação à
Verdade.
Deus concedeu ao homem a liberdade infinita. Eis a Verdade. As outras
criaturas, como os animais e os vegetais, gozam de liberdade limitada. Aqui se
percebe a superioridade do homem. Falar da sua liberdade, é dizer que ele
ocupa o ponto médio entre os dois extremos – o animal e o Divino.
Quando ele se eleva, torna-se Divino; quando se corrompe, equipara-se ao
animal. Se desenvolvermos esse princípio, veremos que basta o homem querer
para que o mundo se converta em paraíso. Caso contrário, ele faz do mundo um
inferno. Esta é a Verdade. Não há dúvidas quanto à escolha: a não ser uma
pessoa de espírito satânico, ninguém desejará ocupar a extremidade animal.
De acordo com o que acabamos de expor, a formação do Paraíso Terrestre
vem a ser o objetivo final do ser humano, e o único recurso para atingi-lo é a
concretização da Verdade. Sendo esta a missão básica da Religião, eu prego a
Verdade e me esforço e trabalho incessantemente para concretizá-la.
16 de julho de 1949

VERDADE, BEM E BELO

Conforme tenho dito, o Paraíso Terrestre que idealizamos é um mundo de


perfeita Verdade, Bem e Belo. Mas gostaria de escrever a respeito com maiores
detalhes.
Para seguir a ordem, começarei explicando o que entendemos por
VERDADE. Evidentemente, referimo-nos à manifestação concreta da Verdade,
isto é, a própria realidade, autêntica, expressa corretamente, sem o mínimo erro,
impureza ou obscuridade. A cultura desenvolvida até o presente vinha
confundindo e considerando como verdade muita coisa que não o era, e por isso
muitos conceitos falsos eram tidos como verdadeiros. Entretanto, ninguém
percebeu isso, porque, obviamente, a cultura era de baixo nível.
Basta observarmos a sociedade atual para percebermos que a maioria dos
homens são forçados a trabalhar desde a manhã até a noite para ganhar o pão de
cada dia, fazendo-o sem nenhuma parcela de ânimo, alegria e esperança, mas
apenas para se manterem vivos. Embora estejam se afogando num lamaçal de
preocupações, motivadas pela doença, pelas dificuldades financeiras e pelo
medo da guerra, eles insistem em dizer que este mundo em que vivemos é
avançado, civilizado. Não obstante, observando com rigorosa imparcialidade,
percebemos que quase todos os homens lutam entre si, odeiam-se e entram em
choque, tal como os animais, agonizando num redemoinho de insegurança e
ansiedade; é como se estivéssemos olhando o próprio Inferno. E este é
justamente o resultado da cultura da pseudoverdade, à qual me referi há pouco.
Os próprios intelectuais não percebem isso e, acreditando tratar-se de um
mundo civilizado, continuam a enaltecê-lo. Coitados, são dignos de nossa
compaixão...
O mesmo acontece com a doença, por exemplo. Justamente porque a
Medicina está em desacordo com a Verdade, todos os lugares estão repletos de
pessoas doentes. É tuberculose, é disenteria infecciosa, é meningite, é derrame
cerebral, é paralisia infantil, enfim são inúmeras espécies de doenças. E eis a
justificativa que dão para isso: “Antigamente também existiam várias
enfermidades, só que a Medicina não estava desenvolvida a ponto de descobri-
las; hoje, porém, ela adquiriu essa capacidade”. Insistindo sobre o assunto, o
que nós desejamos é que o número de doentes diminua e o número de homens
realmente saudáveis aumente. Apenas isso. Vejamos.
Os homens contemporâneos temem exageradamente a doença. Por essa
razão, as autoridades e os especialistas preocupam-se com a higiene e
empenham-se na prevenção das doenças. O mais engraçado nisso é a vacina
preventiva: ela mesmo é que não cura; não passa de simples paliativo. Dessa
forma, a Medicina nem ao menos sabe distinguir a cura temporária da cura
verdadeira e radical. E, mesmo que soubesse, não adiantaria nada, pois
desconhece o método para erradicar a doença. Além do mais, como ignora
completamente que ela é uma Providência de Deus para aumentar a saúde,
empenha-se tão simplesmente em deter sua marcha, pensando que isso é
progresso. Outrossim, por total desconhecimento de que esse método se torna
origem da doença – como mostra a realidade – quanto mais a Ciência progride,
mais se multiplicam as enfermidades e o número de doentes, diminuindo cada
vez mais a resistência física. Por isso, os homens sofrem de cansaço e insônia,
não têm persistência, não podem fazer qualquer excesso; caso pratiquem um
exercício um pouco pesado, acabam sentindo-se “quebrados”. Por quê? Isso não
é incompreensível? A realidade mostra-nos, porém, que, seguindo-se o
princípio da doença ensinado pela nossa Igreja e recebendo-se Johrei, as
doenças desaparecem e as pessoas tornam-se verdadeiramente saudáveis.
A seguir, escreverei a respeito do BEM, que, evidentemente, é o contrário do
MAL. Mas o que é o MAL? Ele é causado pelo ateísmo nascido do pensamento
materialista, e o Bem é o seu oposto: nasceu do teísmo. Esta é a Verdade.
Entretanto, como a razão da Ciência consiste na negação do teísmo, que é a
Verdade, quanto mais ela progride, mais aumenta o Mal; sendo assim, o
progresso da cultura não passa de superficial. Dessa forma, reconhecemos os
méritos da Ciência, mas não podemos deixar de levar em conta o Mal que ela
produz. Sem perceber isso, os homens enaltecem apenas os seus pontos
positivos e, elaborando habilidosas teorias para ocultar-lhe os pontos negativos,
subjugam as classes dirigentes e levam-nas a concluir que, sem a Ciência, nada
terá solução. Assim, acabaram por afastar-se da felicidade espiritual.
Em seguida, analisemos o BELO, que também constitui um problema.
De fato, acompanhando o desenvolvimento da cultura, os elementos
representativos do Belo multiplicaram-se e, individualmente, estão em nível
satisfatório, mas o povo não consegue usufruir deles. Somente uma parte – a
classe privilegiada – desfruta de boas roupas, boa alimentação e boas moradias,
enquanto a classe popular mal consegue alimentar-se, não tendo condições para
pensar no Belo. Talvez isso ocorra apenas no Japão, mas essas pessoas dispõem
de alimento simplesmente para matar a fome; de casa, para dormir; de ruas,
para passagem e condução, e onde têm de enfrentar os empurra-empurras. Da
mesma forma, a sociedade não consegue gozar das belezas naturais, que são
dádivas de Deus, tal como as montanhas, as águas, as plantas e as flores, nem
das belezas artísticas criadas pelo homem. Assim, não obstante o grande
desenvolvimento da civilização, uma vez que toda a humanidade não pode
usufruir de tais dádivas, o mundo contemporâneo é realmente o paraíso dos
ricos e o inferno dos pobres. A causa disso é a existência de uma grande falha
em algum lugar da civilização; quando essa falha for corrigida e a felicidade
desfrutada eqüitativamente, o mundo será de fato civilizado. Essa é a missão da
Igreja Messiânica Mundial.
Por tudo que aqui foi exposto, creio que puderam entender o verdadeiro
significado da Verdade, do Bem e do Belo, mas o mais importante é o poder de
concretizá-los. De nada adiantarão as palavras se elas constituírem apenas um
lema pintado num quadro. Todavia, devemos alegrar-nos, pois este sonho tão
almejado está para se tornar uma realidade em nosso planeta.
25 de setembro de 1953

VERDADE E PSEUDOVERDADE

Desde tempos remotos fala-se a respeito da Verdade, mas parece que sobre a
Pseudoverdade, ou melhor, sobre a verdade aparente, ninguém fala. Entretanto,
para analisarmos qualquer problema, é necessário saber diferenciá-las, pois essa
distinção exerce enorme influência no resultado da análise. Muitas vezes a
Pseudoverdade passa por Verdade e as pessoas comuns não o percebem.
A Verdade e a Pseudoverdade existem na Religião, na Filosofia, na Arte e
até na Educação. A Pseudoverdade desmorona com o passar dos anos, porém a
Verdade é eterna. Quando surge uma nova teoria ou se faz alguma descoberta,
as pessoas acreditam tratar-se da maior de todas as verdades; todavia, com o
aparecimento de novas teses e descobertas, é comum que aquelas venham a ser
superadas. Da mesma forma, por mais notável que seja uma religião, quem pode
garantir que ela não se extinguirá após centenas ou milhares de anos? Não seria
uma extinção total, e sim a extinção de sua parte falsa; é óbvio que se
preservaria a parte verdadeira. Contudo, mesmo que não houvesse algo a
preservar, essa religião não seria alvo de críticas, pois cumpriu sua missão para
o progresso da cultura. Quanto mais próxima da Verdade estiver a
Pseudoverdade, mais longa será sua vida; quanto mais distante, vida mais curta.
Isso é inegável.
Apesar da distinção entre a Verdade e a Pseudoverdade caber aos
intelectuais e aos dirigentes de cada época, raros são aqueles que têm esse
poder de discernimento. Às vezes, a Pseudoverdade pode ser mantida por longo
tempo. O absolutismo e o feudalismo usaram-na como Verdade. O mesmo se
pode dizer em relação ao fascismo de Mussolini, ao nazismo de Hitler e ao
“hakkoiti-u” (“fazer do mundo uma só casa”) de Tojo, que tiveram pouca
duração. É interessante que, na época, o fato passou despercebido, e
momentaneamente os povos acreditaram tratar-se da Verdade. Por causa dessa
crença, até se sacrificaram vidas humanas levianamente, e não podemos
esquecer quantas pessoas foram vítimas de tais enganos. Diante disso,
percebemos como é terrível a Pseudoverdade.
A respeito da Verdade e da Pseudoverdade, não podemos deixar de observar
que elas, como já dissemos, também existem na Religião. Quantas religiões já
surgiram e já desapareceram! Apesar de terem sido gloriosas no início, tiveram
vida curta, não deixando qualquer vestígio. Isso ocorreu por serem religiões
falsas. Entretanto, se for uma religião com valor idêntico ao da Verdade, mesmo
que por algum tempo sofra uma forte perseguição, um dia, sem dúvida alguma,
conseguirá expandir-se e tornar-se uma grande religião. Podemos fazer essa
afirmativa observando as grandes religiões da atualidade.
30 de janeiro de 1950

EU ESCREVO A VERDADE

Comecei a escrever há mais de dez anos; naturalmente, apenas sobre


assuntos relacionados à Fé. Ao contrário de outros fundadores de religiões,
procurei eliminar formalidades e palavras difíceis, utilizando uma linguagem
que todos pudessem compreender facilmente.
De modo geral, as religiões são boas. Entretanto, se por um lado elas
possuem o que poderíamos chamar de característica peculiar a toda religião, por
outro lado têm um certo mistério que ora julgamos entender, ora nos parece
incompreensível, e talvez seja por isso mesmo que elas exercem atração. Sendo
difícil compreendê-las, as religiões podem ser interpretadas de várias maneiras,
dependendo da pessoa, o que facilita a formação de seitas. Além disso, quanto
mais adeptos tiver uma religião, mais probabilidade ela terá de subdividir-se. A
História nos mostra a luta que travaram entre si essas facções. Assim, não
conseguindo captar a essência da Fé, os fiéis sentem freqüentes dúvidas,
tornando-se difícil alcançarem a verdadeira paz e iluminação espiritual.
Através dos métodos utilizados até agora, não conseguiremos obter a
unificação harmoniosa nem mesmo de uma só religião. Conseqüentemente, a
unificação de todas elas torna-se uma utopia. Esse deve ser, também, o motivo
do aparecimento de novas religiões a cada ano que passa. Observando somente
o Japão, notamos que a tendência atual é aumentar o número de religiões
proporcionalmente ao aumento da população.
Jeová, Deus, Logos, Tentei, Mukyoku, Amaterassu-Okami, Kunitokotati no
Mikoto, Cristo, Shaka, Amida e Kannon constituem o alvo da adoração de
diversas religiões. Além destes, que são os principais, poderíamos citar Mikoto,
Nyorai, Daishi e inúmeros outros. Sem dúvida alguma, não levando em conta
Inari, Tengu, Ryujin e mais alguns, que pertencem a crenças inferiores, todos
eles são divindades de alto nível.
Remontando às origens, é óbvio que só existe um deus verdadeiro, isto é,
DEUS. Até hoje, contudo, cada religião se considera mais elevada que as
demais, havendo, também, certa dose de discriminação entre elas. Dessa forma,
é impossível promover-se a união de todas. Apesar disso, o objetivo final de
todas as religiões é o mesmo; não há uma sequer que não deseje o Céu ou o
Paraíso neste mundo, ou melhor, a concretização do Mundo Ideal, um mundo
onde todas as criaturas sejam felizes.
Mas o que é preciso para que esse mundo se concretize?
É preciso que surja uma religião universal, que englobe o mundo inteiro.
Deverá ter as características de uma Ultra-Religião, ser tão grandiosa que toda a
humanidade possa crer nela incondicionalmente. Não quero dizer que essa
religião seja a Igreja Messiânica Mundial, mas a missão de nossa Igreja é ensinar
o meio que possibilitará a realização do Mundo Ideal, ou seja, mostrar como
elaborar o plano, o projeto para a construção desse mundo. Na medida em que
aumentar, em cada país, o número de intelectos conscientes disso, estaremos
marchando passo a passo para atingir nosso objetivo.
Em síntese, será a concretização da Verdade. Através dela, todos os erros se
tornarão claros e serão corrigidos, surgindo o Mundo de Luz, claro e límpido.
Naturalmente, a humanidade se libertará do Mal; o Bem, que estava subjugado
por ele, triunfará, e o homem alcançará a felicidade. Portanto, em primeiro
lugar, é fundamental que a Verdade seja conhecida pelas pessoas do mundo
inteiro. O empreendimento que agora estou realizando – um grande esforço
para revelar a Verdade através de explanações escritas – constitui uma fase
importantíssima para a concretização desse mundo.
25 de setembro de 1951

A DIALÉTICA DA HARMONIA

Harmonia é um velho termo que impressiona bem e sugere um princípio da


Verdade. Contudo, não deve ser aceito cegamente, pois, embora essa
interpretação não esteja errada, é muito superficial. Sendo assim, precisamos
aprofundá-la.
Tudo que há no Universo acha-se em perfeita harmonia. Só há desarmonia
para quem vê as coisas superficialmente – é um erro de ponto de vista. A
desarmonia que se apresenta aos olhos do homem, é apenas aparente. Isso
porque ela é criada pelos homens, e a sua causa é a ação antinatural. Ou seja, do
ponto de vista da Grande Natureza, a desarmonia decorrente da ação
antinatural é a verdadeira harmonia. Essa é a Verdade Absoluta.
Neste sentido, basta que o homem obedeça às Leis do Universo, para que
todas as coisas se harmonizem e progridam normalmente. Assim, quando se
provoca desarmonia, surge a desarmonia; caso contrário, surge a harmonia.
Nisto consiste a Grandiosa Harmonia da Natureza. Para ser feliz, o homem
precisa aprofundar seu conhecimento sobre este assunto. Temos tido freqüentes
provas de que, com o tempo, a desarmonia momentânea se transforma em
harmonia, e vice-versa. Essa é a realidade da vida, e reclama profunda reflexão.
Sintetizando: a desarmonia é produto da visão estreita (“Shojo”); a
harmonia, produto da visão ampla (“Daijo”).
1º de outubro de 1952

PALESTRA AO PÚBLICO EM TÓQUIO

Creio que minha palestra é bastante original. Pretendo tratar de assuntos


que nunca foram tratados antes.
Em primeiro lugar eu gostaria de dizer que muita gente, confundindo
cultura com civilização, diz que a cultura da atualidade é avançada, ou que
estamos na Era da Cultura. Na verdade, porém, cultura e civilização são coisas
diferentes. Civilização é um mundo ideal, sem nenhuma selvageria; a isso nós
chamamos de mundo civilizado. Já a cultura é o estágio intermediário entre a
selvageria e a civilização. Portanto, o que se chama BUN-NO-KE, ou seja,
BUNKA (Cultura), é uma sombra, é um fantasma.
Observando o estado atual da humanidade, notamos que os homens estão
apaixonados por essa sombra, achando que ela é o que há de melhor e que, com
o seu progresso, o mundo se tornará aprazível. Mas o mundo civilizado a que eu
me refiro é diferente daquilo que as pessoas têm em mente.
O que é a verdadeira civilização? Em palavras simples, é sinônimo de vida.
Deve ser a época em que a humanidade possa viver com segurança. Mas, como
o Sr. Suzuki disse há pouco, hoje há coisas realmente temíveis, como a bomba
atômica, a bomba bacteriológica, o Juízo Final, etc. São temíveis porque põem
em risco a segurança da vida. Isso não é um mundo civilizado. É a cultura; a Era
da Cultura. Isto é, estamos na fase de transição entre a selvageria e a civilização.
O que vou falar agora não é sobre a cultura, e sim sobre a civilização.
As doenças e as guerras são o que mais põe em risco a vida. Se não
tivéssemos guerras nem doenças, teríamos garantia de vida, e este seria o
verdadeiro mundo civilizado. Já chegamos à época em que precisamos ir até aí.
Daí a razão de ser do lema da Igreja Messiânica Mundial: o mundo
absolutamente isento de doença, pobreza e conflito. Como a guerra é um
conflito em maior escala, propomos a construção do mundo sem doença,
pobreza e guerra.
Todos os infortúnios são decorrentes da doença. Costuma-se entender como
doença aquilo que provoca dores, coceira ou outras reações; interpreta-se
sempre no sentido físico. Mas não é bem assim. Há dois tipos de doenças:
doenças físicas e doenças do espírito. Dizem que este ano a tuberculose e outras
doenças contagiosas, a disenteria, etc. aumentaram bastante e por isso as
pessoas estão receosas. Entretanto, se hoje não se conseguir encontrar solução
para esse problema, jamais se formará um mundo civilizado, nem mesmo daqui
a centenas ou milhares de anos.
Quanto à pobreza, sua origem é a doença do corpo. Basta escolher uma
pessoa pobre e procurar saber a causa da sua pobreza. É invariavelmente a
doença. São casos como a perda de emprego devido à enfermidade, ou a
impossibilidade de trabalhar pelo mesmo motivo. A doença, acrescida do fato
de não se receber salário, constitui uma dose dupla de sofrimento. Isso se reflete
negativamente não só no próprio doente como em seus parentes e amigos.
A causa das guerras também é a doença. Trata-se da doença mental. É
comum utilizar-se a expressão “fabricantes de guerras”, para aqueles que as
causam. Observando-se a História, encontramos inúmeros exemplos. E eles
recebem o nome de heróis. Esses indivíduos importantes têm força e
inteligência, mas no fundo sofrem de uma espécie de doença nervosa. Por isso
torna-se necessário erradicar não só a doença do corpo como também a do
espírito. Quanto à do corpo, as pessoas acreditam que é possível curá-la através
da Medicina e se esforçam nesse sentido, mas não há nada que resolva a doença
espiritual. Para isso, só existe um meio: a Religião.
Na teoria pode ser assim, mas surge a dúvida: conseguir-se-á, na prática,
erradicar ambos os tipos de doenças? Aí é que entra o JOHREI, ao qual se
referiu há pouco o Sr. Suzuki: ele irá erradicar a doença da mente e a do corpo.
Dessa forma, surgirá o mundo civilizado.
Observando o estado em que se encontra a humanidade e a cultura, concluo
que de maneira alguma isto é civilização. Pelo contrário, é até um estado
extremamente bárbaro. As guerras de hoje são mais terríveis que as da época
selvagem. Sendo assim, podemos afirmar que a cultura ou civilização da
atualidade não passa de aparência; a humanidade está iludida com essa
aparência, e as pessoas se sentem gratas. Analisando seu conteúdo, veremos que
ele é selvagem; ou melhor, meio civilizado e meio selvagem. A cultura
contemporânea assemelha-se a uma bela mulher, vestida com um bonito
quimono, com a qual todos ficassem impressionados, mas que, quando tirasse a
roupa, se mostrasse corroída pela sífilis, toda coberta de pus.
Acredito, por conseguinte, que a nossa Igreja Messiânica Mundial não é
uma religião. Se fosse possível resolver os problemas do homem com a Religião,
eles já teriam sido resolvidos, pois até o presente apareceram importantes
líderes e fundadores de religiões, filósofos, moralistas, etc. É verdade que
selvagens nus e de rosto pintado restam poucos. Conseguiu-se, também, que
tudo assumisse um aspecto bonito, culto. Mas ainda não foi possível garantir a
vida humana, porque as religiões que surgiram até hoje não tinham força
suficiente. Tiveram força para tornar cultos os selvagens, mas não para ir além,
ou seja, para tornar os homens civilizados.
Há, ainda, inúmeros inventos que não são utilizados no bom sentido; muito
pelo contrário. Dizem que a bomba atômica pode matar vinte milhões de
pessoas de uma só vez; entretanto, se essa energia for aplicada para o bem, com
uma pequena porção do tamanho da ponta de um dedo, poder-se-á fazer rodar
trens ou automóveis por muitos dias. O avião, sendo utilizado como meio de
transporte, não existe nada mais rápido e útil; utilizado para lançar bombas, não
há máquina mais temível.
Esta é a cultura científica de hoje. Chegamos até aqui com o progresso da
cultura científica, mas falta algo – algo muito importante. Devido a essa falta
tende-se a fazer mau emprego das coisas. Eis o motivo da aflição da
humanidade. Para utilizar as coisas em sentido positivo, torna-se necessário ir
às raízes, isto é, ao Espírito. Mudando o Espírito das criaturas do mal para o
bem, elas saberão utilizar tudo no bom sentido e assim se conseguirá um
mundo maravilhoso. Cristo referiu-se a isso com a expressão “É chegado o
Reino dos Céus”. Sakyamuni, por sua vez, disse: “Após a extinção do Budismo,
aparecerá Miroku Bossatsu, e surgirá o Mundo de Miroku”. Só que Sakyamuni
falou que seria após 5,67 bilhões de anos. Acredito, entretanto, que ele quis
apenas se referir aos números 5, 6, 7. Se realmente estivesse profetizando algo
para daí a 5,67 bilhões de anos, Sakyamuni não estaria bom da cabeça, pois não
há nenhum sentido em profetizar algo para um futuro tão distante. Nessa época,
a humanidade e a Terra já teriam passado por uma mudança tão grande que
nem se poderia imaginar.
Os messiânicos conhecem bem o significado dos números 5, 6, 7. Caso eu
fosse explicá-lo, isso me tomaria bastante tempo e aí eu não poderia falar de
coisas importantes.Com relação à profecia de Cristo, ao invés de dizer “E
chegado o Reino dos Céus”, ele poderia ter dito “Vou construir o Reino dos
Céus”. Mas naquela época o mundo ainda não havia alcançado o estágio
necessário para isso, ou seja, o progresso da cultura ainda era insuficiente para
a construção do verdadeiro mundo civilizado.
No entanto, a cultura material progrediu, chegando ao estágio em que se
encontra atualmente; o progresso foi tal, que se estendeu ao mundo todo. O que
eu estou dizendo pode ser ouvido, através dos modernos meios de
comunicação, nos quatro cantos do mundo. Os meios de transporte se
desenvolveram tanto, que é possível ir de avião até os Estados Unidos num dia.
Dessa forma, o progresso da cultura material já atingiu o ponto em que estão
preenchidas quase todas as condições necessárias ao mundo civilizado. O
primordial dessa questão é que a alma humana ainda não se evoluiu o
suficiente para utilização do progresso no bom sentido. Sobre essa alma, é
imperativo empenhar-nos para que as pessoas a utilizem positivamente e, ao
mesmo tempo, para que a humanidade tome conhecimento disso. Em várias
oportunidades falei sobre o assunto, e os fiéis já têm alguma noção a respeito.
A propósito, comecei a escrever, há cerca de seis meses, um livro intitulado
“A Criação da Civilização”. Meu objetivo é esclarecer que a civilização atual não
é a verdadeira civilização e que, nesta, a Medicina, a Política, a Educação, a
Arte, etc. serão bem diferentes. A parte que se refere à Medicina já está quase
pronta, mas tenciono escrever, ainda este ano, a parte referente às outras áreas.
Quando o livro estiver concluído, pretendo traduzi-lo para o inglês e tomar
providências para que ele seja lido por professores universitários, cientistas,
enfim, por intelectuais do mundo inteiro. Vou enviá-lo, também, à Comissão
Examinadora do Prêmio Nobel, mas acredito que, no início, não o receberão
bem, pois a Comissão é integrada por eminentes personalidades da cultura
material. Todavia, como se trata de um livro que aborda justamente aquilo que
as pessoas eminentes estão buscando, acredito que os integrantes da Comissão
não deixarão de entendê-lo e exclamar: “É isto!” Assim, poderiam conceder-me
dez ou vinte Prêmios Nobel. Quando esse livro for publicado, eu gostaria que
todos os povos o lessem.
Dessa forma, ao mesmo tempo que mostramos como estará constituída a
verdadeira civilização, damos a conhecer o JOHREI. Com o JOHREI as doenças
saram milagrosamente, mas ele não se destina a curar doenças. Em resumo, o
JOHREI cura o espírito, ou seja, o mal que existe nele. Em termos mais claros, o
mal é o caráter selvagem, e este não pode ser removido, pois não se pode viver
sem espírito. O que se pode fazer é mudar a maneira de pensar das pessoas, ou
seja,diminuir-lhes as partes más, fazendo com que as partes boas aumentem.
Assim, todos farão apenas coisas boas, isto é, acharão que devem fazer o bem.
Costumo dizer aos fiéis que os homens da atualidade estão sempre
pensando em praticar o mal. Mesmo que não queiram fazê-lo, acham que é
bobagem praticar o bem, que isso só traz prejuízos, que se deve fazer as coisas
de maneira mais “fácil”. Entretanto, essa forma de pensar é o oposto da verdade.
Faço tal afirmativa porque já houve época em que eu também pensava assim.
Gradativamente, porém, comecei a ter melhor compreensão sobre Deus, através
da Fé, e vi que estava totalmente do “avesso”. Aí passei a querer praticar o bem
e sempre buscava um meio para isso. Estava sempre procurando fazer algo em
benefício das outras pessoas, algo que as deixasse felizes, satisfeitas. Com essa
atitude, minha sorte melhorou. Mesmo antes de me dedicar inteiramente à Fé,
aconteciam-me coisas boas quando eu ficava nesse estado de espírito. Assim,
pensei como seria bom se as pessoas soubessem os benefícios que nos advêm
quando procuramos fazer a felicidade do próximo.
À medida que eu ia acumulando tais experiências da vida real, comecei a
ter plena compreensão de que realmente Deus e o demônio existiam. A partir
daí passei por uma fase de aprimoramento espiritual. Com a ocorrência de
vários milagres, pude compreender a grande missão que me era destinada. Foi
assim que instituí a Igreja Messiânica Mundial e estou desenvolvendo minhas
atividades.
Outro ponto que eu gostaria de abordar é o “Juízo Final”, do cristianismo, e
o “Fim do Budismo”, profetizado por Sakyamuni. Apesar de muitos líderes e
fundadores de religiões terem feito profecias semelhantes, vou tratar, aqui,
apenas destas duas.
Que vem a ser o Juízo Final? Os homens estão imaginando que virá um deus
para fazer o julgamento neste mundo, mas isso não corresponde à verdade. É
um ponto de difícil entendimento para os não-fiéis, mas o Mundo Espiritual é
uma realidade. O mundo em que vemos e sentimos a matéria é o Mundo
Material; além deste, há o Mundo Espiritual e, no meio dos dois, o Mundo
Atmosférico. Este último já é conhecido, mas ainda não se conhece o Mundo
Espiritual. É como a ordem em que se dispõem a era do barbarismo, a era da
cultura e a era da civilização. Da mesma forma, o Universo obedece a uma
constituição tripla: Mundo Material. Mundo Atmosférico e Mundo Espiritual.
Há, ainda, os ciclos do mundo: assim como existe transição entre o claro e o
escuro, entre o dia e a noite no espaço de um dia, há a mesma transição no
espaço de um ano. O claro e o escuro em um ano podem ser comparados ao
verão e ao inverno, respectivamente. Os raios solares são mais furtes no verão e
mais fracos no inverno, ocasionando o contraste entre o claro e o escuro. E
existem períodos idênticos no espaço de dez e de cem anos. A História registra
épocas de paz e de guerra, que correspondem ao claro e ao escuro. Refiro-me,
portanto, a esse ritmo. Igual período existe também no espaço de mil e de dez
mil anos.
Estávamos até agora na escuridão, no período das trevas; vamos passar para
o período da claridade. Passando-se para o período da claridade, tudo que
existia no período das trevas sofrerá uma seleção. Esses ciclos do mundo, nós os
designamos com as expressões Mundo da Noite, Mundo do Dia, Cultura da
Noite, Cultura do Dia. Assim, desaparecerá uma série de coisas que não serão
mais necessárias. Durante o dia, por exemplo, não é preciso lâmpadas. Tudo
aquilo que pertence à Era da Noite e se tornar desnecessário será eliminado.
O Juízo Final representa a separação do que é do Dia e do que é da Noite.
Oque for inútil ficará inativo ou será destruído. A partir de agora, as coisas do
Dia irão sendo construídas gradativamente.
O que acontecerá quando o Mundo Espiritual se tornar claro? Vejamos o
homem. Nele, entre a matéria e o espírito existe a água, que corresponde ao ar.
Ela existe em grande quantidade no corpo humano. Assim, o homem apresenta
uma constituição tripla; dela, faz parte o espírito a que também se poderia
chamar alma. O espírito está subordinado ao Mundo Espiritual. Tornando-se
claro esse mundo, aqueles cujo espírito não corresponder a essa claridade terão
de ter as suas máculas removidas. Não significa que elas serão arrancadas, mas
ocorrerá naturalmente a purificação, para limpar o que está sujo. À medida que
o Mundo Espiritual vai clareando, as pessoas possuidoras de máculas no
espírito passam por uma limpeza, que é o sofrimento. O princípio da doença
obedece a essa explicação. Através dela pode-se compreender perfeitamente o
que é a doença.
Até agora não se conhecia o espírito. Desprezava-se a sua existência. Como
o Sr. Tokugawa disse há pouco, é uma questão de alma. A ação da alma é muito
grande.
Ontem fui visitado por uma pessoa que eu não via há cerca de um ano.
Anteontem eu tinha pensado: “Como estará ele passando?” No dia seguinte ele
apareceu. Aí eu disse para mim mesmo: “Ah, o espírito dele veio aqui antes!”
Digamos, por exemplo, que o Sr. Tokugawa pense: “O Sr. Matsunami está
escrevendo com afinco.” Então este pensamento vai até o Sr. Matsunami,
penetra no seu corpo e se aloja na sua cabeça. Aí, ele se lembra do Sr.
Tokugawa. É como se a pessoa chegasse, após ter avisado. Nessas ocasiões, as
criaturas se comunicam através dos elos espirituais. O trabalho desses elos, no
caso do relacionamento amoroso, é muito interessante. Mas o meu objetivo, no
momento, não é o problema do amor. O assunto se tornará claro, para os
senhores, quando abraçarem a Fé. O amor é muito bom, mas quase sempre
acaba em tragédia. Para entender melhor esse fim trágico, é necessário conhecer
o lado espiritual, a existência dos elos espirituais. Isso não pode ser
menosprezado. Em vários problemas da vida há mulheres; dizem mesmo que
por trás dos crimes existe sempre uma mulher, ou melhor, o amor. Com a
compreensão das causas, é possível eliminar as tragédias e os males sociais.
Mas vamos deixar este assunto por aqui.
Como eu estava falando há pouco, as máculas do espírito irão sendo
eliminadas para ele corresponder à claridade do Mundo Espiritual. Se isso
terminar numa simples doença, está tudo bem, mas pode acontecer que a
pessoa fique gravemente enferma e acabe falecendo. A doença chega aos
poucos, e por isso é que se chama doença. Se vier de uma vez, a pessoa morre.
Juízo Final é isso. Com o clarear do Mundo Espiritual, a transformação pode
ocorrer repentinamente e aí as criaturas não resistiriam. Haveria mortes em
massa. Deus quer evitá-las e por isso manda avisos. E vontade de Deus que a
humanidade seja avisada, para que ela se salve. E Ele me incumbiu dessa tarefa.
Estou, portanto, avisando.
Tanto Sakyamuni como Cristo profetizaram o advento do Paraíso, a chegada
do Novo Mundo. Eles foram os profetas, e eu sou o concretizador. Deus me
ordenou que concretizasse essas profecias, ou seja, que eu construísse o Paraíso
Terrestre, livre de doença, pobreza e conflito. Entretanto, eu não me canso, pois
não sou eu quem planeja. Tudo é planejado por Deus. Apenas dou forma às
coisas. Isso realmente é fácil, mas de enorme responsabilidade. Provavelmente
não houve ninguém com responsabilidade maior que a minha em toda a
história da humanidade. Dessa maneira, as profecias de Cristo e Sakyamuni
começam a ter sentido; se elas não tivessem possibilidade de ser concretizadas,
seriam falsas profecias. Falsas profecias significam mentiras. Mas não seria
possível pessoas tão importantes terem mentido. Por conseguinte, era preciso
haver alguém que tornasse realidade tais profecias, e o escolhido fui eu. Na
verdade, me é penoso afirmar um empreendimento de tamanha grandeza. Não
falei nisso até agora justamente por ser uma missão demasiado grande. Mas o
tempo se aproxima, já é chegada a Era do Dia. Para salvar a humanidade,
preciso avisar rapidamente o maior número de pessoas, e é por isso que estou
hoje falando aos senhores.
O Sr. Suzuki falou há pouco sobre o Dilúvio e a Arca de Noé, mas isso é
algo semelhante ao Juízo Final. Há duas versões a respeito: uma diz que choveu
quarenta dias seguidos, outra diz que foram cem dias. Fossem quarenta ou cem,
o que interessa é que choveu durante muitos dias consecutivos. A água foi
subindo cada vez mais e se tornou um dilúvio, salvando-se apenas os que
estavam na arca. Aqueles que estavam em barcos comuns ou que subiram às
montanhas acabaram perecendo; estes últimos, devorados por animais que
também haviam subido. Apenas oito pessoas se salvaram, e dizem que os
representantes da raça branca são seus descendentes. Acredito que, em linhas
gerais, essa história não está errada.
No Japão, conta-se a história de Izanagui-no-Mikoto e de Izanami-no-
Mikoto. Estes dois deuses, de cima da ponte flutuante dos Céus, empunhando
uma espada, mexeram algo semelhante a espuma, e daí surgiram as ilhas e os
continentes. Essa deve ter sido a causa do Dilúvio. De acordo com a tese
xintoísta, houve ação da maré alta e da maré baixa. A maré baixa é o recuo das
águas, e Izanagui-no-Mikoto encarregou-se disso. O nascimento das ilhas e das
nações significa que se jogou fora a água do Dilúvio, fazendo emergir aquilo que
estava submerso. Penso que essa ocorrência corresponde à época do Dilúvio.
Com relação ao cristianismo, dizem que João fez o batismo pela água e
Cristo fará o batismo pelo fogo. Agora está para vir o batismo pelo fogo, o
extraordinário acontecimento que promoverá a eliminação do Mal. Isso tem
muitos outros sentidos, mas, como já está se esgotando o tempo, vou parar por
aqui.
Palestra de Meishu-Sama
no “Hibiya Public Hall”, Tóquio
22 de maio de 1951

DAIJO, SHOJO, IZUNOME


“Daijo” ilustra o aspecto horizontal da vida; “Shojo”, o vertical. A atividade
de “Daijo” é semelhante à da água, que se estende perpetuamente em nível
horizontal. “Shojo” é a atividade do fogo. Restrito, queima em profundidade e
dirige suas chamas para o alto; une o homem a Deus. “Daijo” une irmão com
irmão.
O princípio de “Shojo” é estrito e intransigente. A vida das pessoas com
temperamento “Shojo” é regida por padrões freqüentemente rígidos e restritos.
O indivíduo “Shojo” tende a ser mais crítico do que os outros e a classificar as
coisas como “boas” ou “más”.
Os indivíduos de temperamento “Daijo” são geralmente liberais e estão
sempre dispostos a mudar. Por outro lado, podem tender a um liberalismo
excessivo, faltando-lhes uma orientação espiritualmente profunda.
Izunome simboliza a cruz equilibrada, indicando a perfeita harmonia entre
os princípios horizontal e vertical.
Até agora, o Leste se manteve no nível vertical e o Oeste no nível horizontal.
Durante a Era da Noite, foi assim que a Providência Divina estabeleceu o plano
espiritual.
Os povos orientais mostram-se mais inclinados a reverenciar o culto aos
ancestrais, a virtude da lealdade e a piedade filial. Por isso, mantêm um estrito
sistema hierárquico.
No Oeste, enfatiza-se a afeição entre marido e mulher, expandindo o amor
ao próximo e a toda a humanidade.
O Cristianismo é “Daijo” e, assim, difundiu-se pelo mundo inteiro. Nele se
acentua a importância do amor fraterno, atividade em nível horizontal.
O Budismo é “Shojo”; sua essência fica restrita a grupos específicos.
Acentua-se a importância da meditação, com o fim de alcançar a sabedoria e a
auto-realização. Essa atividade é vertical — profunda e dirigida para o alto — e
induz seus discípulos a viverem retirados do mundo.
Como o Leste representa o nível vertical e o Oeste o nível horizontal, há
muito pouca compreensão entre ambos, o que freqüentemente tem dado
margem a conflitos.
É chegado, contudo, o momento de os princípios vertical e horizontal se
harmonizarem para formar a cruz equilibrada — Izunome. O resultado será
uma feliz união das civilizações oriental e ocidental. Só então a humanidade
poderá viver o Paraíso na Terra. A Igreja Messiânica Mundial nos dá a
consciência de que esse Paraíso pode tornar-se uma realidade através da Luz de
Deus.
Devemos ser flexíveis e agir de acordo com as situações, ora aderindo ao
princípio de “Shojo”, ora aplicando o método “Daijo”, mas sempre voltando ao
ponto central, Izunome. “Daijo” é abrangente incluindo tudo, inclui também
“Shojo”. De modo geral, é bom agir conforme as circunstâncias, mas nunca
esquecendo o princípio sobre o qual baseamos a nossa ação. Mesmo tendo
“Shojo” como princípio orientador, convém agir à maneira “Daijo”.
Não obstante, seria perigoso empregarmos somente “Daijo”. Os jovens,
especialmente, poderiam tender a uma demasiada auto-indulgência. “Shojo”
estabelece o princípio vertical, no qual tudo deve ser baseado, antes de adotar o
princípio “Daijo”, de expansão horizontal. Assim, pode-se atingir o perfeito
equilíbrio entre ambos, ou seja a cruz equilibrada Izunome.
Extraído do livro “Os Novos Tempos”
O BEM E O MAL SÃO RELATIVOS

Há leis naturais no Universo que regem todos os processos e mutações.


Essas leis também governam a Religião, a Filosofia, a Ciência, a Política, a
Educação, a Economia, as Artes, a paz e a guerra, o Bem e o Mal.
Quando nos adaptamos a essas leis naturais e reguladoras, o nosso caminho
se torna mais suave. Quando fazemos resistência a elas, surgem as dificuldades.
As criaturas de pensamento “Daijo” falam menos no Bem e no Mal ou nos
erros alheios do que as criaturas de pensamento “Shojo”. Como o Bem e o Mal
são termos relativos de uma determinada situação, verdadeiramente não
podemos julgar os atos alheios. Deveríamos, portanto, aplicar a tolerância do
pensamento “Daijo” em todos os nossos relacionamentos.
Quando pensamos e agimos de acordo com as imutáveis Leis Divinas, que
regem toda a criação e todas as ações, os resultados são benéficos. A despeito da
opinião dos homens, o que importa é o resultado final.
Extraído do livro “Os Novos Tempos”

CRIAÇÃO DA CULTURA

A nossa religião é denominada Igreja Messiânica Mundial. Naturalmente,


tendo ela surgido para promover a última salvação do mundo, não há
disparidade entre seu nome e sua missão, mas também poderíamos chamá-la de
Igreja Criadora. Explicarei por quê.
Durante dezenas de séculos, a humanidade veio empregando todas as suas
forças para o progresso e desenvolvimento cultural, e, como podemos constatar,
atingimos uma cultura notável e exuberante, que chega a deixar-nos
maravilhados. Não haveria palavras suficientes para enaltecer esse mérito. O
ideal da humanidade, obviamente, era promover a felicidade do homem;
entretanto, graças à descoberta da desintegração do átomo, a realidade foi bem
diferente daquilo que se esperava. O adjetivo “pavoroso” ainda seria fraco para
qualificar tal descoberta, pois ela é capaz de ceifar milhares de vidas num
instante.
Indubitavelmente, o sonho de felicidade foi traído, mais do que se possa
imaginar. Quem poderia prever tão grande desgraça? Haverá existido maior
desencontro que esse em toda História? A humanidade – ou pelo menos os
homens cultos – precisa descobrir a verdadeira causa do problema, pois,
enquanto ela não for descoberta e solucionada, o progresso da cultura obtido de
agora em diante não terá nenhum sentido. A própria energia atômica, no
entanto, torna-se demoníaca porque é utilizada como arma de guerra; se não o
for, logicamente torna-se um maravilhoso anjo da paz. De acordo com esse
princípio, não há motivo para fazermos alarde contra a bomba atômica, pois o
problema está na guerra em si; conseqüentemente, não existe problema mais
importante que o da sua extinção. Há milhares de anos, com efeito, a
humanidade vem empregando todos os seus esforços para fugir desse horror; é
um fato que todos estão fartos de conhecer. Não obstante, ao invés de ele
estacionar, a realidade mostra o seu incremento, a cada guerra que é travada.
Talvez isso também seja motivado pelo crescimento demográfico, mas a causa
principal é o aperfeiçoamento das armas, que culminou com a invenção da
bomba atômica. O que mais poderia estar indicando esse acontecimento senão a
aproximação da hora de colocar-se um ponto final nas guerras? Acredito que
este é o “Fim do Mundo” profetizado por Cristo.
Pensando dessa forma, podemos considerar que a civilização atual seja um
sucesso, mas também não podemos deixar de admitir a existência de uma falha
tão grande que anula esse sucesso. Analisando desse ângulo, o certo seria
despertar das falhas da cultura, as quais descrevi acima, e partir para a criação
de uma cultura nova e inédita. Em outras palavras, seria o reinício da cultura.
E como se criaria essa nova cultura? Eis o grande desafio que a humanidade
vive atualmente. Acredito que a Igreja Messiânica Mundial foi criada para
corresponder a esse propósito. Portanto, com tão importante missão, ela visa a
desenvolver, de acordo com a Ordem de Deus, a grandiosa obra de construção
do Paraíso Terrestre. Como condição básica para atingir esse objetivo, propomo-
nos, antes de tudo, a eliminar a doença da humanidade. Julgo desnecessário
falar muito a esse respeito, dados os maravilhosos resultados que vimos
obtendo. Obviamente, a verdadeira causa da guerra é a doença; não somente a
doença física, mas também a espiritual – a dos doentes do espírito que ainda
não são considerados loucos ou insanos. Fazer deles pessoas verdadeiramente
saudáveis, deverá ser a base para solucionar o problema da guerra. Acredito que
as demais soluções apontadas não passam de palavras vazias.
13 de setembro de 1950

A TRANSIÇÃO DA VELHA CULTURA


PARA A NOVA CULTURA

A cultura atual, comparada à cultura primitiva, de milhares de anos atrás,


alcançou um progresso assombroso e está se expandindo cada vez mais.
Todavia, o homem muito sofreu e lutou para chegar a esse ponto, enfrentando
catástrofes naturais, guerras, doenças e outros males. A história da humanidade
mostra-nos as terríveis batalhas que viemos travando contra esses sofrimentos.
É desnecessário dizer que, por trás dos objetivos do progresso, havia um
plano no sentido de proporcionar a todos os homens um mundo mais feliz, de
eterna paz. Para a concretização desse ideal, no entanto, os homens
promoveram apenas o progresso da cultura material e consideraram a Ciência
como única verdade, não dando atenção a nada mais. Toda vez que havia uma
descoberta ou invenção, a humanidade as aplaudia, achando-as maravilhosas,
crente de que, através delas, a felicidade aumentaria e, passo a passo, aquele
ideal estaria mais próximo. Foi assim que os homens viveram correndo atrás do
sonho de alcançar a felicidade.
Entretanto, o progresso da Ciência atingiu o ponto de se descobrir a
desintegração do átomo. Essa grande descoberta deveria ser digna de
comemoração, mas, ao contrário do que se esperava, foi uma descoberta
aterradora. O caminho que percorríamos pensando ser o caminho para o Céu,
na verdade era o caminho indesejável para o Inferno. Inventou-se um material
que, num segundo, pode acabar com milhares de vidas. Talvez a História ainda
não tenha registrado nenhum acontecimento tão contrário à previsão dos
homens.
A humanidade ou, mais especificamente, os povos civilizados que
inventaram esse terrível material, acabaram criando, também, o problema de
precisarmos fugir, a todo custo, da ameaça que paira sobre as nossas cabeças. É
realmente paradoxal. Contudo, pensando bem, trata-se de uma invenção que,
em si mesma, nada tem de temível; pelo contrário, é uma maravilha que vem
contribuir para a felicidade do homem. Ela é temida porque pode ser empregada
como instrumento de guerra, mas, se for utilizada para a paz, será realmente
uma grande aquisição para a humanidade. No primeiro caso, seu emprego está
baseado no mal; no segundo caso, está baseado no bem. Logo, tanto pode se
tornar um instrumento benéfico como maléfico. Nesse sentido, se a pessoa que
o manipula estiver do lado do bem, não haverá nenhum problema.
Mas o caso não é tão simples assim. Em termos concretos, é preciso
transformar o mal em bem. Torna-se desnecessário dizer que esta é a sagrada
missão da Religião. Até agora, a Religião, a Moral, a Educação e a Lei
contribuíram para isso de certa forma, conseguindo alguns bons resultados,
porém, ainda hoje, ao contrário do que se esperava, o bem está sendo subjugado
pelo mal. A preocupação existente de que o material atômico venha a ser
utilizado por este último, é uma prova do que dizemos. Entretanto, precisamos
aprofundar outro aspecto da questão. Se o ato diabólico e destruidor
representado pelo lançamento da bomba atômica for permitido, obviamente
advirá o fim da humanidade. Sendo assim, é inadmissível que o Criador do Céu
e da Terra e de tudo que neles existe, e também arquiteto do progresso atingido
pela civilização, consinta passivamente essa catástrofe.
Interpretando desse modo, que mais poderia ser isso senão o “Fim do
Mundo” profetizado por Cristo? Caso não houvesse nenhuma outra profecia, a
humanidade nada mais teria a fazer do que aguardar seu fim, mas Cristo
também disse: “É chegado o Reino dos Céus”. Torna-se evidente, portanto, que
essas duas grandes profecias estão indicando o futuro do mundo, ou seja, que
virá o Fim do Mundo e se estabelecerá o Céu na Terra.
Foi previsto, ainda, o Retorno de Cristo e a Vinda do Messias. A propósito,
também devemos pensar que, para ficarmos absolutamente livres da destruição
atômica, é necessário transformar o mal em bem, conforme já explanei. E quem
poderia ter força ou poder para isso senão o próprio Messias? Não obstante,
mesmo ocorrendo essa grande transformação, haverá muitos que não se
converterão ao bem. A estes, para os quais não é possível esperar mais nada, só
poderá acontecer o pior dos piores. Cristo referiu-se a esse acontecimento com a
expressão “Juízo Final”.
Com base no que acabo de expor, os homens devem conscientizar-se de que
estamos na fase imediatamente anterior à efetiva transição do Mal para o Bem,
da Destruição para a Construção, da Velha para Nova Cultura. O plano para a
Nova Cultura já está muito bem preparado. Não foi elaborado pela inteligência
nem pela força humana; há milhares de anos Deus o vem preparando com toda
a meticulosidade. Estou vendo tudo isso de forma muito clara, e não apenas
espiritualmente, mas inclusive através de fenômenos de ordem material. Vejo
realmente com tanta clareza que, sem vacilação, posso afirmar que não há, em
absoluto, nenhuma parcela de erro no que estou dizendo.
6 de setembro de 1950

A CONSTRUÇÃO DO PARAÍSO
E A ELIMINAÇÃO DO MAL

Para que este mundo se transforme em Paraíso – objetivo de Deus – existe


uma condição fundamental: eliminar a maldade que a maioria dos homens traz
no mais profundo recanto de suas almas. Pelo senso comum, as criaturas
desaprovam o mal e temem o contato com ele. A Moral, a Ética e a Educação
procuram reprimi-lo. A Religião, também, tem por ensinamento básico
recomendar a prática do bem e combater o mal. Observando a sociedade, vemos
que os pais repreendem os filhos; os maridos, as esposas; as esposas, os
maridos; os patrões, os empregados. A tudo isso, acrescentam-se as leis, que,
por meio de sanções, tentam impedir o mal. Entretanto, apesar de todo esse
esforço, a quantidade de pessoas más é incalculavelmente maior que a de
pessoas boas; para termos uma idéia mais precisa, entre dez, pessoas, talvez
nove sejam más.
Falando em homens maus, devemos lembrar-nos de que existem vários
níveis de mal: os grandes, os médios e os pequenos. Citemos alguns exemplos: o
mal premeditado, praticado conscientemente; o mal que cometemos
inconscientemente, sem perceber que o estamos cometendo; o mal que
praticamos por não haver outro recurso; o mal que fazemos acreditando ser um
bem. O primeiro não necessita de maiores esclarecimentos; o segundo é o que
mais se vê; o terceiro, em termos de povos, é praticado pelos selvagens, e, em
termos individuais, pelos loucos e pelos retardados, conseqüentemente não é
tão grave; já o quarto, isto é, o mal que se faz pensando ser um bem, é o mais
prejudicial, pelo empenho com que as pessoas o praticam, sem o esconder.
Deixarei os detalhes para o fim; agora quero mostrar a forma como
geralmente se encara o mal, do ponto de vista do bem.
Observando o mundo contemporâneo, constatamos que o predomínio do
mal é tão grande, que podemos perfeitamente dizer que ele é o mundo do mal.
A História nos dá inúmeros exemplos de homens bons que foram atormentados
pelos perversos; da situação inversa eu nunca ouvi falar. Como o mal possui
mais adeptos que o bem, enquanto os malvados vivem burlando as leis e agindo
como bem entendem, os bons ficam subjugados, vivendo constantemente sob
terror. Esta é a situação do mundo atual. Por serem mais fracos, os bons são
sempre atormentados e maltratados pelos maus.
A democracia surgiu em contraposição a esse absurdo estado de coisas e por
isso tem uma origem natural. O Japão, que viveu sob o domínio do pensamento
feudal, insistiu em manter uma sociedade onde os fracos são vítimas dos fortes,
mas, felizmente, com a ajuda do exterior, conseguiu implantar o regime
democrático. Por esse motivo, ao invés de dizermos que, no Japão, a democracia
teve uma origem natural, devemos dizer que ela foi um resultado natural. Eis
um raro exemplo da vitória do bem sobre o mal. Contudo, a democracia
japonesa ainda não está muito firme; em vários setores há resquícios de
feudalismo. E talvez eu não seja a única pessoa a perceber isso.
Vejamos, também, a relação entre o mal e a cultura.
O aparecimento daquilo a que se costuma chamar cultura pode ser
explicado da seguinte maneira:
Na era subdesenvolvida e selvagem, os fortes pressionavam os fracos
tolhendo-lhes a liberdade, impondo-lhes a força, cometendo assassinatos e
agindo como bem entendiam. Como resultado, os fracos inventaram vários
meios de defesa: fabricaram armas, construíram muralhas, facilitaram os
transportes, etc. Em grupos ou mesmo sozinhos, eles se esforçavam de todas as
maneiras possíveis. Isso, naturalmente, serviu para desenvolver a mente
humana. Com o correr do tempo, para garantir a segurança dos fracos, fizeram-
se contratos entre grupos, os quais, possivelmente, deram origem aos acordos
internacionais de hoje. Socialmente, foi criado algo semelhante às leis, com o
objetivo de limitar o mal; transcrito em forma de códigos, isso deu origem às
modernas legislações.
Entretanto, com métodos tão superficiais, não foi possível eliminar o mal
que há no ser humano. Conforme podemos ver, da era primitiva até hoje os
homens vêm lutando contra o mal, em defesa do bem. E quanto a humanidade
tem sofrido com isso! Quantas pessoas boas foram sacrificadas! Para aliviar tão
grande sofrimento, apareceram vários religiosos de grande porte. Como os
fracos eram sempre atormentados pelos fortes e não tinham forças suficientes
para se defender, esses religiosos pelo menos tentaram amenizar
espiritualmente suas aflições e dar-lhes esperança. Ao mesmo tempo, para
combater o mal, pregaram a Lei da Causa e Efeito, na tentativa de obter o
arrependimento e a conversão dos perversos. É inegável que obtiveram alguns
resultados positivos, mas não conseguiram mudar a maioria.
Por outro lado, materialmente, instituíram-se os estudos, desenvolvendo-se
a cultura material como uma tentativa para combater, através do seu progresso,
a infelicidade acarretada pelo mal. O progresso dessa cultura foi muito além do
que se podia imaginar; entretanto, não só ela foi inútil no sentido de evitar o
mal – seu primeiro objetivo – mas acabou sendo usada para fins maléficos,
gerando atos de crueldade cada vez maiores. Essa foi a razão pela qual as
guerras passaram a ser realizadas em grande escala, até que acabou se
inventando a monstruosa e terrível bomba atômica. Atingindo esse ponto,
podemos dizer que chegamos a uma época em que se tornou impossível fazer a
guerra. Falando sem reservas, é realmente uma ironia a cultura material ter
progredido com a ação do mal e, através deste, ter se chegado a um tempo em
que a guerra é impraticável. Naturalmente, no fundo de tudo isso está o milenar
e profundo Plano de Deus.
Tanto os espiritualistas como os materialistas desejam um mundo de paz e
felicidade, mas isso não passa de um ideal, porque a realidade que nos cerca é
bem diferente. Assim, os intelectuais vivem cercados por um mar de dúvidas,
batendo a cabeça contra as paredes. Entre eles, existem os que procuram a
Religião, a Filosofia e outros meios para decifrar esse enigma; a maioria, no
entanto, acredita que o progresso científico resolverá todos os problemas O fato
é que a humanidade continua sofrendo, sem perspectivas de uma situação
melhor.
A seguir, descreverei como será o futuro do mundo.
Se o mal é a causa fundamental da infelicidade humana, conforme
dissemos, levanta-se a seguinte questão: por que Deus o criou? Esta é a pergunta
que mais tem atormentado o homem até os dias de hoje. Eis, porém, que
finalmente Deus esclareceu a Verdade, que eu passo agora a anunciar.
O mal foi necessário até o momento porque, através do conflito entre ele e o
bem, a cultura material pôde progredir até chegar ao ponto em que se encontra.
É surpreendente! Embora nem em sonho pudéssemos imaginar que o motivo
fosse realmente esse, é a pura verdade. A propósito, falarei primeiramente sobre
a guerra.
A guerra ceifou milhares de vidas e, por ser tão trágica, os homens a temem
mais do que tudo. Para fugir a essa catástrofe, usaram todos os recursos da
inteligência humana, e nem precisamos falar o quanto isso contribuiu para o
progresso da cultura. Entre outras coisas, a História nos mostra claramente que,
após as guerras, tanto os países vencedores como os vencidos progrediram
enormemente. Todavia, se elas chegassem ao extremo ou se prolongassem
demasiadamente, os países seriam totalmente aniquilados, o que representaria a
destruição da cultura. Sendo assim, Deus as detém num certo ponto, fazendo
com que retorne a paz. Através dos relatos históricos, vemos que sempre houve
alternância de períodos de guerra e períodos de paz.
Na sociedade, a situação é idêntica. Os criminosos e as autoridades vivem
fazendo competição de inteligência. Os desajustes de relacionamento entre as
pessoas também são decorrentes da luta entre o bem e o mal. Podemos
entender, no entanto, que essas divergências contribuem para o
desenvolvimento da inteligência humana.
Ora, se até hoje a cultura progrediu graças aos atritos entre o bem e o mal, é
lícito afirmar que este foi imprescindível. Contudo, precisamos saber que não é
uma necessidade eterna, ou seja, há um limite para ela. A esse respeito, devo
dizer que, atrás de tudo isso, está o objetivo de Deus, que comanda o Universo.
Em termos filosóficos, a expressão seria Ser Absoluto, ou Vontade Universal.
A começar por Cristo, todos os fundadores de religiões fizeram profecias
sobre o “Fim do Mundo”, mas essa expressão, em verdade, significa o fim do
mundo do mal e o advento de um mundo ideal – o Paraíso Terrestre, isento de
doença, pobreza e conflito, o Mundo de Verdade, Bem e Belo, o Mundo de
Miroku, o Reino dos Céus, etc. Os nomes diferem, mas o significado é um só.
A construção de um mundo tão maravilhoso requer um preparo à altura; um
preparo completo, que preencha todas as condições, tanto do ponto de vista
espiritual como do ponto de vista material. Deus determinou que primeiro se
efetuasse o progresso material, pois o progresso espiritual não está preso ao
tempo, podendo ser efetuado de uma só vez, ao contrário daquele, que necessita
de muitos e muitos anos. Para preencher a primeira condição, fez com que,
inicialmente, os homens ignorassem Sua existência, concentrando-se apenas
nas coisas materiais. Foi assim que surgiu o ateísmo, condição básica para a
criação do mal. Assim fortificado, o mal impingiu maiores sofrimentos ao bem
e, prosseguindo na luta, atirou o homem ao abismo do sofrimento. Mas o
homem sempre se debateu, na ânsia de sair desse abismo, o que desencadeou a
força geradora de um grande impulso no progresso da cultura. Foi trágico,
porém inevitável.
Com tudo que dissemos, creio que puderam ter uma noção básica sobre o
bem e o mal. Tendo finalmente chegado o tempo em que o mal não será mais
necessário, ou seja, o tempo presente, a questão é seriíssima. Não se trata de
previsão nem sonho; é a pura realidade. Acreditando ou não, o fato já está
saltando aos nossos olhos, através do extraordinário progresso da ciência
nuclear. Por conseguinte, se estourasse uma nova guerra, não seria uma simples
guerra e sim a destruição total, a extinção da humanidade. Não obstante, esse
progresso é uma forma de extinguir o mal e, por isso, torna-se motivo de alegria.
Como resultado, a cultura, que até hoje foi aproveitada pelo mal, sofrerá uma
reviravolta, ficando à inteira disposição do bem. Daí surgirá o tão almejado
Paraíso Terrestre.
13 de agosto de 1952

O BEM E O MAL

O mundo apresenta um aspecto multiforme, com a mescla do bem e do mal.


Tragédia e comédia, desgraça e felicidade, guerra e paz, tudo é impulsionado
pelo bem ou pelo mal. Há homens bons e homens maus. Precisamos, portanto,
ser esclarecidos sobre a existência de uma causa básica, determinante desses
dois elementos. No momento, parece-me indispensável conhecê-la, e por isso
desejo explicá-la.
Por uma inclinação normal, o homem odeia o mal e procura o bem. Com
raras exceções, tanto os governos, como a sociedade ou a família, amam o bem,
porque sabem que o mal não gera paz ou felicidade.
Há dois pontos a salientar na definição do bem e do mal. “Homem bom é
aquele que crê no invisível; mau é o que não crê.” O primeiro crê em Deus: é
espiritualista; o segundo, pelo fato de não O ver, não crê: é materialista.
A boa ação parte do amor, da compaixão ou da justiça social, isto é, do amor
à humanidade. Há pessoas que praticam o bem por saberem que a boa ação
produz bom fruto, e a má ação, mau fruto. Outras socorrem o próximo
impelidas pela compaixão. Os quatro princípios do budismo – evitar o
desperdício, ser moderado, fazer economia e tudo poupar – são práticas do bem.
O desejo de ser simpático, gentil, fiel à profissão, almejar o benefício e a
felicidade do próximo, render graças, manifestar gratidão e esforçar-se no
sentido de agradar a Deus, também são práticas do bem. Ainda existem várias
outras práticas, mas creio que essas sejam as mais comuns.
A má ação, produto do pensamento destrutivo fechado à existência Divina,
justifica o delito, contanto que se consiga ludibriar os outros. Então, a fraude é
praticada como ação perfeitamente normal; torturam-se inocentes, não
importando se isso desgraça os homens e a sociedade, e chega-se até ao cúmulo
da prática do homicídio.
A guerra é um homicídio coletivo. Desde a antigüidade, os homens
considerados heróis provocaram guerras para conseguir poderes e satisfazer
desatinadas ambições. Diz um provérbio: “O vitorioso domina o mundo, mas
este o subjuga quando readquire seu equilíbrio.” A História nos mostra o fim,
quase sempre trágico, desses “heróis” que brilharam apenas temporariamente,
como conseqüência natural do mal que cometeram.
Se fosse certo o conceito popular de que “não importa enganar, contanto
que não se seja descoberto”, seria até mais vantajoso e inteligente praticar toda
espécie de maldades e viver luxuosamente.
O mal surge, ainda, da crença de que, após a morte, o homem retorna ao
Nada; é a negação da vida após a morte, isto é, da vida no Mundo Espiritual.
Embora a sorte o favoreça durante algum tempo, a realidade evidente é que
o faltoso está fadado à ruína. Aquele que comete delitos vive inquieto e
atormentado pelo receio de ser preso. Sob a tortura da sua consciência
acusadora, é induzido ao arrependimento, sendo freqüente o caso de criminosos
que se entregam ou se alegram em cumprir a pena, porque assim adquirem
tranqüilidade. Isto significa que sua alma, através do elo espiritual, está sendo
censurada por Deus, seu Criador. Portanto, ao praticar o mal, mesmo que
consiga enganar os outros, a pessoa não pode enganar a si mesma e muito
menos a Deus Onisciente, ao qual todo homem está ligado por um elo
espiritual. Por essa razão, jamais o crime compensa.
Existem pessoas que deixam de praticar ações condenáveis, entre outros
motivos, por estes dois: por autodefesa, pois, apesar de pretenderem o mal,
temem o descrédito da sociedade, e por covardia, não obstante desejarem os
seus proveitos. Por outro lado, muitos praticam o bem por conveniência,
sabendo que as boas ações conquistam simpatia e são compensadoras; ou
melhor, praticam o bem na esperança de retribuição. Isso não passa de uma
transação, pois essas pessoas vendem favores para comprar gratidão. Tais ações
não oprimem o próximo nem afetam a sociedade, sendo melhores que as más,
porém, não são verdadeiramente benéficas. Portanto, perante Deus, cujo olhar
penetra no íntimo do homem, nelas não há honestidade. A dúvida quanto a isso
é decorrente da superficialidade do ponto de vista humano. Essas atitudes são
perigosas, próprias dos que não crêem no Ser Invisível; os que as praticam são
levados, no momento oportuno, a cometer algum mal que possa passar
desapercebido na sociedade.
Ao contrário, quem realmente crê em Deus, não se deixa ludibriar por
“brilhantes perspectivas”. Ainda que seja considerado um homem de bem, do
ponto de vista terreno e objetivo, se o indivíduo não crê em Deus, situa-se na
esfera do mal, visto estar propenso a transformar-se num mau elemento a
qualquer instante. Por isso eu insisto: ter fé, crer naquele Ser Invisível, é o
atributo essencial do autêntico homem de bem. Estou convencido de que nada,
além da Fé, nos poderá salvar dos conceitos excessivamente desmoralizadores
que caracterizam a época atual.
Embora o homem continue criando leis, polícia, tribunais e prisões para
impedir a ocorrência de crimes, tudo isso é como ele construir jaulas de ferro
para animais ferozes, a fim de proteger-se do perigo. Dessa forma, os criminosos
não estão recebendo tratamento apropriado a seres humanos. E haverá maior
infelicidade para alguém do que terminar a vida descendo às condições de
animal, quando foi criado como um ser superior a todos os demais?
“O homem se tranforma em animal quando se corrompe, e em ser Divino,
quando se eleva.” Esta é uma verdade secular. O homem é realmente um ser
intermediário entre Deus e a besta. De acordo com esta verdade, o verdadeiro
civilizado é aquele que se libertou do instinto animal. Creio que se pode
conceituar o progresso da civilização como a evolução do homem animal para o
homem Divino. E o lugar onde se reúnem homens Divinos poderá ser outro que
não o PARAÍSO TERRESTRE?
25 de janeiro de 1949
A ÉPOCA SEMICIVILIZADA
E SEMI-SELVAGEM
Talvez todos pensem que a época mais próspera da civilização mundial seja
a época contemporânea. Entretanto, quando analisamos bem seu conteúdo,
observamos que ela apresenta muitas falhas, como podemos constatar todos os
dias através dos jornais, que estão repletos de artigos sobre criminosos e
criaturas desventuradas. Analisando com justiça, verificamos que as coisas
ruins são muito mais numerosas do que as coisas boas. Há pouco tempo, por
exemplo, tivemos um caso de corrupção que se tornou um problema muito
sério. Quando as autoridades começaram a investigar, o caso se diversificou
tanto que nem podemos imaginar até onde se multiplicará. Portanto, ele
também não seria uma pequena parte de um “iceberg”? Aliás, se investigarmos
as coisas profundamente, quantas pessoas íntegras encontraremos no mundo
político e econômico? Poderíamos arriscar-nos a dizer que nenhuma.
Pensando bem sobre o assunto, existe algo difícil de se entender. Se as
pessoas relacionadas ao caso em questão fossem camponeses de instrução
primária, ainda seria compreensível. Mas todas elas são pessoas civilizadas, que
receberam educação esmerada. Em geral, acredita-se que, quando as pessoas
recebem educação apurada, sua mente se desenvolve e elas se tornam criaturas
civilizadas, de modo que, assim, os crimes tendem a diminuir. Entretanto,
vendo fatos como o que ora se nos apresenta, ficamos desapontados, só
podendo dizer que tudo isso é realmente incompreensível. Portanto, como eu
disse no título deste artigo, a época em que vivemos é semicivilizada e semi-
selvagem, e acho que, analisando a realidade que temos diante dos nossos
olhos, ninguém conseguiria fazer o contrário.
Que devemos fazer então? A solução do problema não é absolutamente
difícil; pelo contrário, é muito fácil. Como sempre tenho explicado, basta
despertar as pessoas da educação materialista que receberam para a educação
espiritualista. Em termos mais claros, destruir o pensamento errôneo de que se
deve acreditar somente nas coisas que possuem forma e desacreditar daquelas
que não a possuem. A única maneira de se conseguir isso é fazer com que seja
reconhecida a existência de Deus através do poder da Religião.
Estendendo-se esse entendimento das classes dirigentes a todas as pessoas,
corrigir-se-á o conceito errado de que se pode cometer crimes, contanto que eles
não cheguem ao conhecimento de terceiros. Assim, não haverá mais criminosos
e, conseqüentemente, formar-se-á um mundo onde impere o bem e a alegria.
Parece, no entanto, que ninguém entende um princípio tão simples e claro
como este, visto que só se procura controlar o mal por meio de fortes redes e
prisões chamadas leis. Isso, porém, é tratar os homens como se fossem animais,
não sendo à toa que o método não surte resultados positivos.
Ora, se não se consegue manter a disciplina da sociedade nem mesmo com
as malhas da lei, torna-se necessário descobrir onde está a causa do problema.
Mas ninguém a percebe. A sociedade continua sendo uma coletividade
constituída de seres que são meio-homens e meio-animais. Por esse motivo, está
demasiado claro que já não é possível eliminar o caráter animalesco do homem
através da educação materialista. O ensino ministrado até hoje, como se pode
ver pelos seus resultados, não passa de uma técnica para encobrir esse caráter.
Dessa maneira, não podemos sequer imaginar quando se edificará uma
sociedade verdadeiramente civilizada. Portanto, para solucionar o problema, é
fundamental eliminar as características animalescas da alma do homem. Não há
método mais eficiente.
Eis a missão da Religião. Mas é estranho que, quanto mais elevada é a
educação que se recebe, mais se despreza a Religião. Por quê? Talvez seja esta a
grande falha da civilização. A causa está no caráter animalesco existente no
interior dos homens, o qual recusa a Religião. Ou seja, é porque o mal não gosta
do bem. Daí podermos dizer que a educação da atualidade forma as
“inteligências” do mal. Entretanto, chegou a hora em que tal coisa não mais será
permitida, porque surgiu a Igreja Messiânica Mundial, que prova a existência de
Deus e consegue fazer com que as pessoas O alcancem. Talvez achem
impossível algo tão maravilhoso, mas, na realidade, pode-se conseguir isso sem
nenhuma dificuldade. Pelo simples contato com a nossa Igreja, a pessoa obtém
a certeza da existência de Deus, através do milagre. A melhor prova do que
dizemos são as inúmeras bênçãos maravilhosas manifestadas por ela. Creio que
isso representa a manifestação da Grandiosa Providência de Deus, que
finalmente corrigirá essa civilização falha, semicivilizada e semi-selvagem,
fazendo com que Espírito e Matéria caminhem lado a lado, para a construção do
verdadeiro mundo civilizado.
14 de abril de 1954

ERA SEMICIVILIZADA

É consenso geral que estamos vivendo um momento em que a civilização


atingiu um nível nunca antes alcançado. Se compararmos a época atual com a
selvageria e o subdesenvolvimento da era primitiva, veremos que houve de fato
um grande progresso. Entretanto, foi um progresso apenas no sentido material,
pois espiritualmente permanecemos no estado de semi-selvageria.
Desde tempos remotos, continuamente os povos vêm desperdiçando a maior
parte de suas energias com a guerra, a maior de todas as violências. Eles em
nada diferem dos animais ferozes, que lutam mostrando suas presas e garras. É
verdade, também, que existem os pacifistas, os quais não medem esforços para
evitar a guerra. Podemos dizer que os primeiros são seres animalescos, e os
pacifistas são seres humanos realmente. Cada uma dessas duas espécies
contrastantes de homens procura satisfazer seus próprios desejos. É um
dualismo que a História veio registrando através dos tempos e perdura em
nossos dias. Logicamente, existe essa dualidade de pensamento também a nível
individual, mas a violência está sendo evitada pela Lei, e vem sendo mantida,
ainda que precariamente. Os bons e justos, no entanto, são sempre pressionados
pelos maus, dos quais se tornam vítimas constantes.
Vejamos outro aspecto da questão.
Atualmente, graças ao progresso da Ciência, são feitas grandiosas invenções
e descobertas, as quais, dependendo da vontade das pessoas que as manipulam,
podem ter resultados funestos ou, ao contrário, contribuir para o aumento do
bem-estar da humanidade. O atrito entre esses dois pensamentos opostos – o
selvagem e o civilizado – podem tornar-se causa da guerra, na qual essas
invenções e descobertas também poderiam ser empregadas para fins maléficos.
Analisando o assunto sob outro prisma, constatamos que os povos belicosos
não são religiosos, ao contrário dos povos pacifistas; daí a necessidade da
Religião. Portanto, não seria demais dizer que, apesar de apregoarem que
estamos numa era de elevado nível cultural, na verdade estamos vivendo um
período de semi-selvageria, ou semi-civilização, de modo que precisamos elevar
seu nível, transformando a semicivilização em civilização total, com perfeita
unidade espírito-matéria. Assim, a missão dos religiosos, daqui por diante, é
realmente importantíssima.
25 de junho de 1949

MATERIALISMO E ESPIRITUALISMO

A maioria dos comentários que fazem sobre a nossa Igreja é que se trata de
uma religião supersticiosa. Mas qual a razão dessa afirmativa? A verdade é que
o ponto de vista daqueles que tecem tais comentários difere do nosso. Eles
analisam as questões espirituais tomando por base a matéria. Material, como o
próprio nome está indicando, é aquilo que podemos perceber claramente
através da visão ou dos demais sentidos, e por isso qualquer pessoa consegue
compreender. O espírito, todavia, não é visível, conseqüentemente torna-se fácil
negar a sua existência. Assim, se fizermos uma simples comparação, teremos de
concordar que o espiritualismo encontra-se em situação desvantajosa em
relação ao materialismo.
A visão materialista está limitada pelos cinco sentidos; tem, portanto, uma
existência pequena, ao passo que a visão espiritualista não tem limites. É como
se fosse o tamanho da Terra comparado com o tamanho do Universo, que é um
espaço sem fim. Daqui onde estou só consigo ver até o Monte Fuji, e olhe lá...
Não passam de algumas dezenas de quilômetros. O pensamento, entretanto, que
não podemos ver, num instante pode estender-se até o infinito. Diante dele, a
imensidão da Terra é insignificante. É como se a visão espiritualista fosse o
oceano, e a visão materialista fosse o navio que nele flutua. Baseados nisso,
podemos comparar o materialismo com o macaco Songoku, o qual, tentando
fugir dos domínios espirituais de Buda, percorreu milhares de milhas, mas,
quando percebeu, ainda estava na palma da mão de Buda, e se arrependeu do
que fizera. Entre outros conceitos espiritualistas sobre o materialismo, podemos
citar: “Tudo é nada”, “Tudo que nasce está condenado à extinção” e “Todo
encontro está fadado à separação”, de Sakyamuni, ou, segundo o zen-budismo:
“As coisas que possuem forma infalivelmente desaparecerão”.
Pela exposição acima, acredito que entenderam como está errado analisar as
coisas espirituais do ponto de vista da matéria, pois esta é finita, enquanto
aquelas têm vida eterna e são infinitas. É a mesma coisa que querer colocar um
elefante dentro de um pote ou ver todo o céu através de um orifício, ou seja, é
ter uma visão limitada das coisas.
Materialistas! Depois de conhecerem esta verdade, ainda têm algo a dizer?
Pensem no que farão!
20 de dezembro de 1949
O MATERIALISMO CRIA O HOMEM MAU

Talvez estas palavras pareçam demasiado fortes, mas não posso evitá-las,
pois correspondem à pura verdade. Segundo nosso ponto de vista, o
materialismo, ou seja, o ateísmo, pode ser considerado o pensamento mais
perigoso que existe. Vejamos. Se Deus não existisse, eu também ganharia
dinheiro enganando o próximo habilmente, de modo que não fosse descoberto;
faria o que bem entendesse e, além de viver uma vida de luxo, estaria ocupando
uma posição de maior destaque na sociedade. Entretanto, consciente da
existência de Deus, de forma alguma sou capaz de proceder assim. Tenho de
percorrer o caminho mais correto possível e tornar-me um homem que deseja a
felicidade das outras pessoas. Caso contrário, jamais poderia ser feliz e levar
uma vida que vale a pena ser vivida.
O que eu estou dizendo não é mera teoria ou algo parecido. Como podemos
ver através de inúmeros exemplos que a História nos mostra desde os tempos
antigos, por mais que a pessoa prospere por meio do mal, essa prosperidade não
dura muito, acabando por desmoronar. É um fato que deveria ser percebido
facilmente, mas parece que isso não acontece. A sociedade continua assolada
pelos crimes. Crimes horripilantes, como assaltos, fraudes e assassinatos; casos
de corrupção de pessoas que ocupam posições elevadas, os quais se tornam
objeto de comentários sociais; incontável número de crimes de pequeno e
médio porte, etc. Tudo isso é uma conseqüência do pensamento ateísta; por
conseguinte, podemos dizer que esta é a verdadeira causa dos crimes. Está,
pois, mais do que claro que só há um meio de eliminar os crimes deste mundo:
destruir o ateísmo. Atualmente, porém, os intelectuais, as autoridades e os
pedagogos estão confundindo pensamento teísta com superstição e tentando
obter bons resultados com apoio nos regulamentos da lei, no ensino, nos
sermões, etc. Dessa forma, por mais que eles se esforcem, é natural que nada
consigam. As notícias publicadas diariamente nos jornais mostram-no
claramente.
Assim, para criar uma sociedade limpa e pura, é preciso estimular
intensamente o pensamento teísta. Por infelicidade, o Japão encontra-se em tal
situação que, quanto mais instruída é a classe, maior o número de pessoas
ateístas. Além disso, é comum acreditar-se que esta é uma qualificação dos
intelectuais e dos jornalistas, de modo que, quanto mais a pessoa enfatiza o
ateísmo, mais progressista ela é considerada. Por esse motivo, se não houver
uma mudança radical, no sentido de que os ateístas sejam vistos como
ultrapassados, e os teístas, como vanguarda intelectual da época, a sociedade
não se tornará alegre e feliz.
7 de maio de 1952
A CIÊNCIA CRIA AS SUPERSTIÇÕES

De uns tempos para cá, alguns jornalistas do Japão vêm tachando as


religiões novas de supersticiosas e trapaceiras. Dizem eles que, após a Segunda
Guerra Mundial, o povo japonês passou a viver uma situação muito confusa, e
que, aproveitando-se disso, começaram a aparecer religiões trapaceiras e
supersticiosas, confundindo ainda mais as pessoas. Assim eles se expressam a
respeito, mas não tentam descobrir as causas do fato. Acham que as religiões
novas são todas iguais e formulam definições baseadas apenas no seu
entendimento pessoal e nos boatos.
Não podemos deixar de nos sentir decepcionados com a superficialidade do
julgamento desses jornalistas, e achamos que é responsabilidade nossa orientá-
los e ensiná-los a pensar de modo correto. Entretanto, não queremos negar
totalmente sua atitude, pois, como a base de seu raciocínio é materialista, é
natural que eles definam como superstição tudo aquilo que não vêem. Se
estivéssemos em seu lugar, obviamente agiríamos da mesma forma. Negando-se,
porém, a existência do invisível, como ficaria o mundo? Talvez o materialismo
o levasse a uma situação calamitosa. As relações de amizade e amor entre as
pessoas, inclusive o relacionamento entre pais e filhos ou entre irmãos,
passariam a ser meros cálculos de vantagens e desvantagens. A sociedade seria
fria como um cárcere de pedra, e nem mesmo os materialistas poderiam
suportá-la. Vemos, pois, que o modo de pensar dos jornalistas a que nos
referimos encontra-se entre duas posições, sem definição precisa.
Analisemos, a seguir, a situação real do mundo em que vivemos.
É considerável o número de pessoas supersticiosas entre os intelectuais. Há
tempos, li uma estatística dos diferentes tipos de superstições que existem em
cada país; a Alemanha, considerada uma das nações mais avançadas no ensino
das ciências, acusava o maior número. Desse modo, notamos que as
superstições crescem proporcionalmente ao progresso científico. Eis como
interpretamos o fato:
Durante longo tempo, recebemos, nas escolas, um ensino materialista cuja
base é a lógica; entretanto, quando terminamos os estudos e nos integramos na
sociedade, encontramos uma realidade diferente, que está em desacordo com a
lógica. Em conseqüência, a maioria das pessoas começa a ter dúvidas, porque,
quanto mais age em conformidade com ela, piores são os resultados. Os mais
inteligentes pensam, então, em estudar uma nova sociologia que esteja de
acordo com a realidade social em que vivem. Como não existe esse tipo de
curso, começam a estudar sozinhos. Se forem rápidos, conseguirão atingir seu
objetivo em pouco tempo; alguns, todavia, levam muitos anos. Trata-se, em
verdade, de um segundo aprendizado, completamente diferente do primeiro,
que custou tanto sacrifício. Contudo, é um aprendizado real, seguro, e pode ser
aplicado no dia-a-dia. Os mais bem dotados, tendo enfrentado as amarguras e
doçuras da vida, adquirem larga experiência, tornando-se “doutores” nessa
sociologia. A maioria deles, quando se acham a um passo disso, já estão velhos,
sendo que muitos acabam a vida como pessoas comuns. Existem, no entanto,
aqueles que sobressaem, como por exemplo o Sr. Yoshida, primeiro-ministro do
Japão, o qual se destacou pela sua superioridade e habilidade política.
Com essa explicação, penso que entenderam a causa das superstições. Em
resumo, se falhamos quando tentamos aplicar os conhecimentos adquiridos na
escola – nos quais acreditávamos piamente – é fatal cairmos na dúvida. Nesse
momento, torna-se muito fácil as pessoas ingressarem em religiões
supersticiosas e trapaceiras. Podemos dizer, entretanto, que nenhuma das
religiões existentes realmente esclarece dúvidas. Assim, compreendemos que a
culpa de tudo cabe ao ensino ministrado nas escolas, o qual está muito
distanciado da realidade, e concluímos que, em parte, as superstições são
criadas por certo aspecto da Educação contemporânea.
Para finalizar, quero dizer que reconhecemos serem numerosas, atualmente,
as religiões supersticiosas e trapaceiras, como dizem os jornalistas, mas
achamos errado generalizar, porque, sem dúvida, existem algumas às quais não
cabem tais designações. Ora, chamar de superstição aquilo que não o é, também
constitui uma espécie de superstição. Nesse sentido, queremos prevenir aos
jornalistas que escrevam sobre as religiões supersticiosas e trapaceiras, mas que
não definam com esses termos qualquer religião, pois esse procedimento
representa um obstáculo para o progresso da cultura.
30 de janeiro de 1950

INADEQUAÇÃO DO ESTUDO

Costumamos referir-nos ao estudo como se só houvesse uma modalidade.


Entretanto, existe o estudo vivo e o estudo morto. Parece estranho, mas vou
esclarecer o que isso significa. Aprender por aprender é estudo morto, enquanto
aprender algo para ser utilizado na sociedade é estudo vivo. O estudo para
pesquisar a Verdade é diferente, e muito importante. Mas, vejamos, em primeiro
lugar, o que é estudo.
Atualmente, nas escolas primárias, secundárias e superiores, utilizam-se os
livros didáticos, ou melhor, a teoria, como linha vertical; o que é ensinado pelo
professor, constitui a linha horizontal. Esse método de ensino foi elaborado
após grandes esforços e inúmeras experiências feitas por didatas. Logicamente,
novas descobertas e novas teorias surgiram e desapareceram; algumas surgiram
e foram ultrapassadas por outras mais recentes, as quais aproveitaram daquelas
apenas o que tinha validade para ser incorporado. Aquilo que em outra época
era considerado verdade e respeitado como regra de ouro, foi desaparecendo
sem deixar nenhum vestígio, na medida em que aparecia algo que o superava.
Existem, contudo, algumas teorias descobertas que se mantêm vivas até hoje,
concorrendo para tornar a sociedade mais feliz.
É o tempo que determina o valor de todas as coisas. Por esse motivo, embora
tenhamos plena certeza de que uma teoria seja absolutamente verdadeira,
inalterável e eterna, não podemos saber quando aparecerá outra que a destrua,
nem quem o fará. Vários exemplos podem ser citados, desde tempos antigos.
Quando aparecem novas descobertas, é natural que elas não se encaixem nos
moldes das tradicionais; quanto menos se encaixam, maiores são os seus
valores. Resumindo, é uma ruptura das formas enraizadas; na medida em que
for mais intensa, maior a sua validade. Desse modo, é evidente que as velhas
teorias são afastadas devido ao aparecimento de teorias novas, superiores a elas.
Se a verdade em que acreditávamos é ultrapassada, é porque surgiu outra de
maior Luz. É assim que se processa o desenvolvimento cultural.
Analisemos mais profundamente. O ensino tradicional foi sedimentando-se
através dos anos, mas o progresso cultural faz com que ele se dissocie dessa
forma estática numa rapidez incrível. Um dia destes, ouvi do presidente de uma
empresa o seguinte comentário: “Embora seja muito inteligente, uma pessoa que
saiu da universidade há mais de dez anos não consegue situar-se, em face dos
problemas reais do presente. Isso acontece por não haver correspondência entre
o que ela aprendeu naquela época e o tempo atual, especialmente no que se
refere aos técnicos.” Essas palavras vêm ao encontro daquilo que eu explanava,
porque, pela sua própria natureza, os conteúdos das matérias estudadas devem
se referir à época do estudo, mas, se eles não acompanharem o progresso
cultural, fatalmente o estudo perderá sua validade. Exemplifiquemos.
Dizem que os políticos contemporâneos tornaram-se muito “pequenos”, o
que significa dizer que é difícil encontrar políticos de grande envergadura. Os
ministros de hoje não são nada hábeis; o máximo que eles conseguem é resolver
problemas do momento. Isso ocorre porque, na atualidade, os estadistas de
nível ministerial são formados pelas Universidades Federais e deixam-se levar
facilmente pelas velhas teorias aprendidas. Racionais em tudo, eles não sabem
que existe algo além da lógica. É a mesma coisa que utilizar o cavalo como meio
de transporte numa rodovia, ou aprender a dirigir charrete ao invés de carro.
O estudo destina-se ao desenvolvimento do cérebro humano. É para edificar
uma base, como se fosse o alicerce de uma casa. Sobre essa base, precisamos
fazer uma nova construção, ou seja, utilizar o estudo, desenvolvê-lo e com ele
criar coisas novas. Isso significa ajustar os passos ao contínuo progresso
cultural. E não é só isso. O verdadeiro estudo vivo é aquele que avança ainda
mais, desempenhando a função de orientar a cultura. Recentemente, o
presidente Truman, dos Estados Unidos, declarou que, por volta de 1921, ele
era um simples comerciante de variedades. Não se pode imaginar o quanto lhe
foi benéfica essa experiência na realidade social.
Há mais de dez anos, proclamei uma nova teoria relacionada com a
Medicina; tão logo, porém, eu a publiquei em livro, este foi apreendido. Como
isso aconteceu três vezes, sem que eu pudesse fazer nada, desisti. O motivo da
apreensão é que a minha tese é contrária aos princípios da Medicina atual. Em
relação à porcentagem de curas alcançadas por meio desta, os efetivos
resultados obtidos através do meu método comprovam que ele é dez vezes mais
eficaz. Além disso, não se trata de cura temporária, mas definitiva. O que estou
dizendo constitui a pura verdade, sem o mínimo alarde. No prefácio do livro, eu
até escrevi: “Estou pronto para comprová-lo a qualquer hora.” Entretanto, como
as autoridades e os especialistas não deram a mínima atenção, nada mais pude
fazer.
O objetivo da Medicina é curar os doentes, preservar a saúde do homem e
prolongar-lhe a vida. Que objetivo poderia ter além deste? Por mais que se
preguem teorias, que se aperfeiçoem instalações e que haja aparelhagens super-
sofisticadas, tudo isso será inútil se não corresponder ao referido objetivo.
Baseadas apenas na diferença entre a minha teoria e as da medicina tradicional,
as autoridades e os especialistas ignoraram-na sem ao menos tentar discuti-la,
revelando-se, portanto, verdadeiros traidores do progresso da cultura. Como os
governantes são crédulos e não levantam nenhuma dúvida, só posso dizer que
os homens de hoje não passam de ovelhas indefesas.
Mas qual será a finalidade da minha arrojada teoria? Eu não sou nenhum
louco. Se não tivesse absoluta certeza da sua veracidade, não faria tanto
empenho em divulgá-la.
Na Medicina, tão orgulhosa do progresso que alcançou, eu descobri uma
grande falha. Entre as grandes descobertas efetuadas até o presente, nenhuma se
compara à descoberta que eu fiz, porque ela é de importância radical para a
solução de todos os problemas relacionados à vida humana. Enquanto os
homens não despertarem para essa grande falha, as doenças jamais serão
eliminadas. Prevejo, entretanto, que, num futuro próximo, quando a Medicina
alcançar um progresso maior, minha teoria será confirmada.
Voltando nossa atenção para a sociedade, todos nós poderemos ver como é
elevado o número de criaturas que estão sofrendo, acometidas de doenças
graves ocasionadas pela medicina errada. Diante disso, não podemos ficar
tranqüilos. No momento, porém, nada nos resta fazer senão orar: “Ó Deus,
Todo-Poderoso! Fazei, por favor, com que a Medicina abra os olhos, o quanto
antes, para as suas falhas e, assim, torne saudáveis todos os homens!”
25 de junho de 1949

A RESPEITO DO ATEÍSMO

Parece regra geral desenvolver o raciocínio do ponto de vista religioso,


quando se escreve sobre ateísmo, mas eu pretendo discorrer sobre esse tema
sem tocar em Religião, colocando-me a mim próprio na posição de ateu.
Quando uma criança nasce, o seio materno lhe fornece o leite para sua
nutrição. A criança cresce normalmente e os pais ministram-lhe alimentação
adequada à primeira dentição. Assim, ela vai vencendo várias fases de seu
desenvolvimento, até atingir a adolescência. A alimentação, portanto, é a base
do crescimento. O homem se nutre suficientemente de calorias ao ingerir
alimentos com prazer, graças ao paladar. Creio ser esse o maior de todos os
prazeres humanos.
O físico e também a inteligência vão se desenvolvendo gradualmente
através da instrução e, na mocidade, o ser humano está apto a exercer as
funções normais de um adulto. Surgem-lhe, então, diversas ambições, como a
ânsia de poder, o espírito de competição e de progresso e, no plano físico, em
forma de diversões, folguedos e namoros.
Dessa maneira, o homem está pronto para participar da vida social,
característica de um ser superior, com os sofrimentos e alegrias que nascem da
razão e do sentimento.
Consideremos, agora, a Natureza.
No Universo, não só os fenômenos visíveis, como o sol, a lua, as estrelas, a
via-láctea, a temperatura, o vento, a chuva, os animais, os vegetais e os
minerais, que estão diretamente relacionados com o ser humano, mas também
os fenômenos invisíveis, tudo está sob a ação e controle do poder da Natureza.
Esta é a própria figura do mundo. Observando-a calmamente e sem idéias
preconcebidas, qualquer pessoa – a menos que seja insensível – fica embevecida
com seu encanto misterioso.
A Natureza é dotada de mistério profundo e insondável. Grandioso é o Céu
que contemplamos e ilimitada é a sua extensão. Como se apresenta o centro da
Terra? Qual o número certo de estrelas, o peso exato do globo terrestre, a
quantidade das águas marítimas? Se começarmos a enumerar coisas e fatos, não
acabaremos nunca.
A especulação nos deixa abismados com o movimento metódico dos astros,
a formação da noite e do dia, o fenômeno das estações, o sentido esotérico dos
365 dias do ano, a evolução de todas as coisas, o progresso ilimitado da
civilização, etc. Quando surgiu este mundo? Qual a sua extensão? Ele é finito
ou infinito? Qual o limite da população mundial? E o futuro da Terra?
Tudo permanece envolvido em mistério. Tudo caminha silenciosamente,
sem a mínima falha ou atraso, obedecendo a uma ordem determinada.
Ainda nos deparamos com os seguintes problemas: Por que viemos a este
mundo e que papel devemos desempenhar? Até quando poderemos viver?
Voltaremos ao Nada, após a morte, ou existe o desconhecido Mundo Espiritual
onde iremos habitar em paz? As reflexões sobre o assunto nos deixam ainda
mais confusos, permanecendo tudo na obscuridade. Não há outro qualificativo
a não ser o que dizem os bonzos: “A Realidade é um Nada, e o Nada é uma
Realidade.”
Vasta, ilimitada e infinita é a existência do mundo. O ser humano, com a
pretensão de desvendar este mundo misterioso, vem empregando todos os
meios, principalmente a pesquisa; apesar de seus esforços, só consegue
conhecer uma pequena parcela dos fenômenos infinitos. Daí atinarmos com a
insignificância da inteligência humana em relação à Natureza. É significativa a
expressão “sombrio vazio”, também citada pelos bonzos. Entretanto, a vaidade
humana, em sua tola presunção, excede-se a ponto de querer subjugar essa
mesma Natureza. Sábio é o homem que, antes de mais nada, procura conhecer a
si mesmo, submete-se a ela e participa das suas graças.
Analisando a Natureza sob o aspecto da vida humana e do ambiente que a
rodeia, subsiste um enigma que sobrepuja todos os outros: “Quem construiu
este mundo maravilhoso e o governa à sua vontade?” Ninguém poderá deixar de
refletir sobre o seu Criador, nem sobre o propósito com o qual foi construído
um mundo tão esplendoroso. Procuremos imaginar esse Criador.
Um lar é governado pelo chefe da família; um país, pelo rei ou presidente.
Logicamente, este mundo deve ser dirigido por alguém. E quem poderia ser
senão o Ente conhecido como Deus? Não encontro outra conclusão. Por
conseguinte, negar Deus significa negar o mundo em si mesmo. Tal lógica não
permite dúvidas; se alguma pessoa duvidar, coloca-se num plano de obstinado
preconceito. Nesse caso, assemelha-se aos irracionais: é desprovida de
inteligência.
Nossa missão é extirpar do homem essa irracionalidade, transformando-o
em verdadeiro ser pensante, numa verdadeira obra de reforma humana. Até
mesmo o ateu deve convir que a grandiosidade do Universo e a perfeição
cósmica só podem partir de um princípio perfeito: DEUS.
6 de janeiro de 1954
A CULTURA DE “SU”

Para falar desse tema, começarei por explicar o significado da forma (“su”).
Como se pode ver, é uma circunferência () com um ponto () bem no centro. Se
fosse apenas isso, não teria um significado muito importante; entretanto, nada é
tão significativo.
A circunferência expressa a forma de todas as coisas no Universo. A Terra,
o Sol, a Lua e até mesmo os espíritos desencarnados e as divindades tomam
esse formato para se moverem de um lugar para outro. Isso está bem
comprovado pela conhecida expressão “Bola de Fogo”. A “Bola de Fogo” das
divindades é uma esfera de luz; a dos espíritos humanos desencarnados não
possui luz, é apenas algo embaçado ou desfocado, de cor amarela ou branca.
Tratando-se de espírito masculino, é amarela, e de espírito feminino, branca,
correspondendo respectivamente ao Sol e à Lua.
Mas vamos ao mais importante. Naturalmente, este mundo também tem o
formato circular; mas não passa de um círculo, pois o seu interior está vazio. No
caso do ser humano, significa não ter alma; assim, colocar-lhe um ponto no
centro, ou seja, colocar-lhe alma, é torná-lo um ser vivente. Só dessa maneira
ele pode desempenhar atividades. Por conseguinte, a circunferência com um
ponto no centro simboliza uma forma vazia na qual se pôs alma. Isso equivale à
expressão “colocar espírito”, usada pelos pintores antigos. Com base no que
acabamos de dizer, podemos afirmar que até agora o mundo era vazio, não
possuía alma. Eis, portanto, o que significa “Cultura Superficial”, sobre a qual já
escrevi em outra oportunidade.
A prova do princípio exposto acima evidencia-se em todos os setores da
cultura. O tratamento alopático das doenças, como sempre digo, também é uma
manifestação desse princípio. As dores e a coceira são adormecidas por meio da
aplicação de injeções ou de remédios passados no local; a febre, baixa-se com
gelo; corta-se, também, a purificação tomando-se remédios. Dessa forma, o
doente livra-se dos sofrimentos durante algum tempo, mas, como não se atingiu
a raiz da doença, a cura completa é impossível; com o tempo, a doença retorna.
Em verdade, o que acontece é apenas o seu adiantamento. Sendo assim,
também a causa das enfermidades está na alma, porém até agora não se
compreendeu isso.
O mesmo se verifica em relação a outros males, como os crimes, por
exemplos. Atualmente, eles são evitados de uma só maneira: fazendo-se o
criminoso cumprir uma pena dolorosa. Trata-se de um processo idêntico ao
tratamento alopático empregado pela Medicina. Por isso é que, quando alguém
comete um crime, geralmente vem a cometer outros. Existe quem pratique
dezenas deles, e até mesmo quem os cometa a vida inteira, passando mais
tempo preso do que em liberdade. A causa disto está na falta do ponto, ou seja,
da alma.
Sobre a guerra pode-se dizer a mesma coisa. Aumentando-se o poderio
militar, o inimigo sentirá que não tem condições de vencer e desistirá da luta
por algum tempo. Mas isso não passa de um meio de adiar a guerra; a História
tem demonstrado que um dia, inevitavelmente, ela recomeçará. Assim,
podemos entender que a cultura existente até agora era apenas uma
circunferência sem um ponto no centro.
Eu sempre falo sobre a teoria dos noventa e nove por cento e do um por
cento. Se numa circunferência entrar um ponto, significa que por meio de um
por cento modificam-se noventa e nove por cento. Em outras palavras,
representa destruir noventa e nove por cento do mal com a força de um por
cento do bem. Seria o mesmo que tornar branca uma circunferência preta
unicamente com a força desse um por cento. Relacionando isso ao mundo,
significa colocar conteúdo, ou melhor, colocar alma numa civilização vazia.
Assim, estamos vivificando a civilização que até agora só apresentava forma,
como se fosse um objeto inerte. É o nascimento de um novo mundo.
10 de setembro de 1952

O JUÍZO FINAL

Os cristãos e todas as pessoas em geral devem estar muito interessados em


saber quando e como virá o Juízo Final, profetizado por Cristo. Visto que está se
aproximando a hora, vou esclarecer a questão parcialmente. Não se trata de
interpretação minha, e sim de um conhecimento que me veio totalmente por
intuição espiritual. Por isso, quero que tomem minhas palavras apenas como
mais uma referência ou teoria.
Em primeiro lugar, é necessário definir se realmente haverá um Juízo Final.
Ora, um ser Divino como Cristo, que hoje é alvo da fé de milhares de seguidores
no mundo inteiro, entre os quais se contam povos de nações
superdesenvolvidas, não profetizaria algo que não acontecerá. Caso sua profecia
não se concretize, ele não passará de um simples mentiroso. Portanto, embora
não sejamos cristãos, acreditamos nela piamente. As palavras do fundador da
Religião Oomotokyo: “O que Deus diz não tem qualquer margem de erro, nem
sequer da largura de um fio de cabelo”, sem dúvida alguma podem ser aplicadas
à profecia sobre o Juízo Final.
Sobre o bem e o mal também existem as seguintes profecias: “Destruirei o
mal pela raiz e construirei o Mundo do Bem”; “O Mundo do Mal já acabou”; “O
Mundo do Mal atingirá o seu ápice aos noventa e nove por cento, e, com a ação
de um por cento, será transformado no Mundo do Bem”; “Finalmente está
chegando a hora da transição do mundo”. Todas elas, creio eu, não podem dizer
respeito a outra coisa senão ao Juízo Final. É aquilo a que estamos nos referindo
constantemente como sendo a Transição da Noite para o Dia. Há uma frase
também relacionada a essa transição: “O momento crítico deste mundo está
prestes a chegar; por isso, nosso espírito precisa estar polido”. Tais palavras
significam que é impossível o ser humano transpor esse período estando cheio
de máculas.
Tomando a Bíblia como base e analisando o sentido das profecias citadas,
podemos afirmar que nos encontramos na iminência de um grande perigo; para
ultrapassá-lo, precisaremos estar com o espírito purificado. Isso quer dizer que
o homem mau será eliminado para sempre. Se assim for, torna-se
imprescindível purificarmos nosso espírito através de uma fé correta, a fim de
que possamos transpor essa fase com segurança.
Os materialistas podem não acreditar, podem dizer que é um absurdo, que
Deus é apenas fruto da imaginação do homem; entretanto, quando chegar o
momento decisivo e, aflitos, eles quiserem voltar-se para Deus, já será tarde
demais. Isso é mais claro que a luz do dia. Naturalmente, o amor de Deus é
infinito e Seu desejo é salvar o maior número possível de criaturas. Nós, que
seguimos Sua Vontade, estamos repetidamente advertindo os homens, através
da palavra oral e escrita.
Sobre o mesmo assunto existe outra advertência: “Deus está querendo salvar
os homens, mas, se eles não tomarem cuidado e não derem importância a tantos
avisos, encarando-os simplesmente como o canto do galo que estão
acostumados a ouvir, chegará a hora em que, prostrados, terão de pedir perdão a
Deus. No entanto, quando chegar essa hora, Deus não poderá ficar se ocupando
dos homens. Assim, eles terão de resignar-se ante a situação criada pelas suas
próprias mãos.” Acho que essas palavras têm exatamente o mesmo sentido
daquilo que eu acabei de explicar.
A propósito, falarei resumidamente sobre o Dilúvio e a Arca de Noé.
O fato deve ter acontecido há milhares de anos, num antigo país europeu,
onde viviam dois irmãos de nome Noé. No estado que hoje chamamos de
“transe”, o mais velho foi avisado sobre a iminência de um dilúvio e por isso
deveria alertar seu povo. Muito apreensivos, eles anunciaram aos homens o
perigo iminente, mas ninguém acreditou em suas palavras. Passados alguns
anos, finalmente eles conseguiram convencer seis pessoas. Então Deus lhes
ordenou que construíssem uma arca, e os oito entraram nela.
Pouco tempo depois, começou a chover ininterruptamente. Uns dizem que
choveu durante quarenta dias; outros dizem que cem. O certo é que foi um
longo período de fortes chuvas. As águas subiam cada vez mais, inundando as
casas; apenas o cume das montanhas ficava de fora. Os homens tentavam entrar
na arca ou refugiar-se nas montanhas, mas os animais ferozes e as cobras
venenosas, querendo salvar-se, faziam o mesmo. Como a arca possuía tampa,
ninguém conseguiu entrar. Famintos, os animais devoravam todos os homens;
salvaram-se apenas as oito pessoas que estavam na arca. Elas são consideradas
antepassados da raça branca.
No Novo Testamento, existe uma passagem na qual se diz que João faria o
batismo pela água e Cristo faria o batismo pelo fogo. Se o Dilúvio representou o
início do batismo pela água, o batismo pelo fogo, atribuído a Cristo, só poderá
ser o Juízo Final que está prestes a chegar. Acontece que a água é material, e o
fogo é espiritual. Por isso, aquilo que estamos realizando atualmente – a
purificação do espírito através do espírito – nada mais é que o batismo pelo
fogo. Como o espírito se reflete na matéria, a influência que esse batismo
exercerá sobre ela deverá produzir uma mudança extraordinária. Mas
precisamos saber que existe perigo apenas para o mal, e não para o bem.
Este artigo, eu o ofereço às pessoas descrentes.
20 de janeiro de 1950
CICLOS CÓSMICOS

O homem vive num ilimitado e misterioso mas ordenado Universo, que


evolui e reevolui em ciclos. Um ciclo é um período de tempo durante o qual
certos aspectos ou movimentos de corpos celestes se realizam e ao fim do qual
irão ser repetidos em novo ciclo — um período de anos ou idades — no qual
certos fenômenos ocorrem, os quais, por sua vez, se inter-relacionam com toda
a vida. Há ciclos de órbitas nos céus, ciclos das estações na Terra, ciclos do dia
e da noite. Existem também, os ciclos das idades.
As mudanças ocorrem em pequena, média e ampla escala. Ciclos menores
ou maiores podem ocorrer cada dez, mil, três mil, dez mil anos e assim por
diante, repetindo-se continuamente dentro da eterna marcha do tempo. Na
verdade, o Universo é infinitamente misterioso — tão misterioso, que o
entendimento do homem atual ainda não pode compreendê-lo.
Após uma Era de aproximadamente três mil anos de relativa obscuridade,
encontramo-nos agora no alvorecer de uma nova Era de Luz. A mutação é tão
sem precedentes, que se torna difícil a compreensão de sua integral
importância. É uma mudança que nenhum dos nossos antepassados teve o
privilégio de experimentar. Como somos afortunados, nós que vivemos neste
período de tempo, por podermos entender ainda que parcialmente, o verdadeiro
significado desta mutação, adquirir os meios — através do Johrei — a fim de
tornar esta transição mais fácil para cada um, e servir a Deus e à Humanidade.
Extraído do livro “Os Novos Tempos”

A GRANDE TRANSIÇÃO DO MUNDO

Vou explicar detalhadamente como nasceu o JOHREI criado por mim e a


razão pela qual ainda não se descobriu a causa das doenças e os erros de quase
todos os tratamentos.
No Grande Universo, a começar do espaço, que se estende infinitamente, até
as mais minúsculas existências, impossíveis de serem detectadas mesmo com
uso de microscópios, todas as matérias, sejam elas grandes, médias ou
pequenas, cada qual obedecendo à Lei da Concordância, nascem, crescem,
unem-se e separam-se, aglomeram-se e espalham-se, destroem-se e constroem-
se, numa seqüência infinita na cadeia da evolução. Além disso, existe o positivo
e o negativo em tudo, a diferença entre o frio e o calor durante o ano, entre o dia
e a noite no espaço de um dia e num período de dez, cem, mil, dez mil anos, e
assim por diante. Por essa razão, em vários milhares ou milhões de anos
também há, naturalmente, períodos de transição da noite para o dia.
Atualmente está se aproximando esse tempo. Encontramo-nos no momento
correspondente ao alvorecer. E provável que, fixados na idéia da existência do
dia e da noite no espaço de um só dia, muitos leitores estranhem o que estou
dizendo. Dessa forma, a explicação torna-se muito difícil, mas creio que ela
poderá ser compreendida por qualquer pessoa.
O mundo em que vivemos, como já expliquei minuciosamente, é
constituído de três planos: o Mundo Espiritual, o Mundo Atmosférico e o
Mundo Material. Poderíamos também separá-lo em dois planos, pois o elemento
água, do ar, e o elemento terra, do globo terrestre, são materiais, ao passo que o
espírito, ou seja, o elemento fogo, é totalmente imaterial. Se distinguirmos o
espírito da matéria, teremos o Mundo Espiritual e o Mundo Material.
Para mostrar a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material, é
importante entenderem que todo acontecimento ocorre primeiramente no
Mundo Espiritual e depois se reflete no Mundo Material. Fazendo uma
comparação, é como se aquele fosse o filme, e este, a tela de projeção. Essa é a
absoluta Lei do Céu e da Terra. Quando o homem movimenta os braços ou as
pernas, por exemplo, a vontade, invisível aos olhos, é que age primeiro e, pelo
seu comando, os membros se movimentam. Analogamente, o Mundo Espiritual
representa a vontade, e o Mundo Material, os membros.
A transição da noite para o dia, que, segundo dissemos, advém em vários
milhares ou milhões de anos, é um fenômeno ocorrido no Mundo Espiritual.
Assim, o mundo até hoje encontrava-se num longo período noturno, mas agora
está iminente a transição para o Mundo do Dia. Isso está simbolizado na
abertura da Porta da Rocha do Céu, que consta no “Kojiki” (coletânea de
histórias antigas do Japão). O aparecimento do deus Amaterassu Omikami
também constitui uma grande profecia do advento desse mundo. Acredito que a
expressão “Luz do Oriente”, usada no Ocidente desde a antigüidade, refere-se à
mesma profecia.
23 de outubro de 1943

CONCRETIZAÇÃO DA PROFECIA DO REINO DOS CÉUS – O


PARAÍSO TERRESTRE

Creio que, para o momento atual, os pontos mais importantes da Bíblia


estão resumidos nestes três: “Juízo Final”, “Advento do Reino dos Céus” e
“Segunda Vinda de Cristo”. Um estudo sério sobre tais fatos leva-nos a crer que
o Juízo Final é obra de Deus, que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá no seu
devido tempo, dispensando, portanto, qualquer explicação, e que somente o
Reino dos Céus será construído com a força do homem. Nesse caso, é
indispensável que alguém se torne o arquiteto e execute a construção. Quanto
ao tempo, segundo o nosso conceito, trata-se do presente; quanto ao construtor,
a nossa Igreja. A obra já foi iniciada por nós. Referi-me diversas vezes, neste
livro, ao protótipo do Paraíso, que está sendo construído atualmente.
A profecia de Cristo se realizará com a construção do Paraíso Terrestre,
efetuada pela nossa Igreja. Mas não pretendo que, desse fato, advenha orgulho,
pois a concretização da profecia bíblica se deve ao Amor Universal de Deus, que
utiliza Seus escolhidos para a construção do Mundo Ideal, segundo a
necessidade da época. Portanto, como a obra que estamos efetuando foi
profetizada há dois mil anos por Cristo, considero cada um de nossos fiéis como
participante da missão de concretizar tal profecia.
20 de março de 1950
TRANSIÇÃO DA NOITE PARA O DIA

Conforme dissemos no capítulo anterior, explicando a relação entre o


Mundo Espiritual e o Mundo Material, tudo o que acontece no Mundo Material
é reflexo do Mundo Espiritual. Neste último, está ocorrendo atualmente uma
grande transição; conhecendo esse fato, tudo se torna claro aos nossos olhos.
Todas as coisas existentes no Universo nascem e crescem, são criadas e
destruídas, numa evolução infinita, pela ação dos dois mundos. Se observarmos
com visão ampla, veremos que o Universo, ao mesmo tempo que é
macroinfinito, também é o Mundo Material, um corpo constituído de
microinfinitos. Por sua contínua transformação, há uma ininterrupta evolução
da cultura. Meditando sobre isso, não podemos deixar de sentir a “vontade” do
Universo, isto é, o objetivo e os planos de Deus. Em tudo há positivo e negativo,
claro e escuro; assim, também, há diferença entre noite e dia. Quando
observamos a mudança das quatro estações do ano, o progresso e declínio de
todas as coisas, notamos que isso se encaixa perfeitamente à vida humana.
Existe diferença entre o grande, o médio e o pequeno em tudo. Com relação ao
tempo, temos o contraste entre o dia e a noite não só no espaço de um dia, mas
também em intervalos de um, dez, cem, mil, milhares ou milhões de anos. É um
fenômeno que ocorre no Mundo Espiritual; no Mundo Material, entretanto, só
notamos essa diferença no espaço de vinte e quatro horas.
No Mundo Espiritual, é chegada a hora da transição que se processa em
intervalos de milhares ou milhões de anos. Trata-se de um fato extremamente
importante, cujo conhecimento, além de nos permitir entender o princípio do
JOHREI, torna possível a previsão do futuro do mundo e nos dá paz e
tranqüilidade. Explicarei, a seguir, como essa mudança está se refletindo no
Mundo Material.
Até agora era noite no Mundo Espiritual. Nele, da mesma forma que no
Mundo Material, a noite é escura, e só periodicamente há luar. Como
conseqüência, predomina o elemento água. Quando a lua se esconde, resta
apenas a luz das estrelas; se estas forem encobertas pelas nuvens, a escuridão
será completa. Observando-se os fatos do Mundo Material, que são a projeção
do que ocorre no Mundo Espiritual, isso se torna muito claro. Pelas marcas
deixadas até os nossos dias, os períodos de guerra e paz, de ascensão e queda
das nações, podem ser comparados às fases crescentes ou minguantes da lua. É
chegada, portanto, a hora de se iniciar mais um ciclo, ou seja, encontramo-nos
na iminência da mudança para o dia. Estamos justamente na fase do seu
alvorecer.
A transição da noite para o dia no Mundo Espiritual ocasionará uma
experiência inédita para a humanidade. Uma grande, espantosa, temível e ao
mesmo tempo feliz mudança está para ocorrer, e seus sinais já estão
aparecendo. Vejamos.
O dia, no Mundo Espiritual, é como no Mundo Material: primeiro aparecem
pinceladas de luz do sol no horizonte, a leste. Atentem, por exemplo, para a
grande transformação ocorrida no Japão, o País do Sol Nascente. Nele já se
iniciou o colapso da cultura da noite, ou seja, da cultura já formada. Observem,
também, o desmoronamento das grandes metrópoles da cultura, a situação
calamitosa da economia industrial, a queda dos superpoderes, das classes
privilegiadas, etc. Tudo isso é conseqüência da mudança a que nos referimos.
Logo virá a construção da Cultura do Dia, que também já está raiando,
representada, no Japão, pelo desarmamento total, seguido da ascensão da
democracia. Esses dois fatos, absolutamente imprevisíveis desde a instituição
do país como Nação, há dois mil e seiscentos anos, será o primeiro passo para o
estabelecimento da eterna paz mundial.
O Mundo da Noite é um mundo de trevas, caracterizado pelas lutas, pela
fome, pelas doenças. Em contraposição, o Mundo do Dia é um mundo de luz,
caracterizado pela paz, pela abundância e pela saúde. O Japão atual expressa
bem a fase de transição entre esses dois mundos. O sol que desponta no leste
deverá atingir o zênite. E o que significa isso? Significa o colapso total da
Cultura da Noite; ao mesmo tempo, ouvir-se-á o brado do nascimento da
Cultura do Dia. Pode-se mais ou menos ter uma idéia disso pelos fatos ocorridos
no Japão, os quais, em pequena escala, já mostram um modelo da nova cultura.
Assim, aproxima-se o momento decisivo para toda a humanidade, e ninguém
poderá escapar. Resta ao homem apenas esforçar-se para tornar os efeitos dessa
ocorrência o mais brandos possível. Para isso, ele só tem um meio: conhecer o
princípio do JOHREI e unir-se ao trabalho de construção da cultura do dia.
Há um trecho da Bíblia que diz que seria pregado o Evangelho do Paraíso ao
mundo inteiro e depois viria o fim. Que quer dizer isso? Acredito firmemente
que essa missão será cumprida pelos meus Ensinamentos.
Para explicar o princípio do JOHREI, eu tive de avançar até o destino do
mundo. Todavia, era sumamente importante que o fizesse, pois tanto a
descoberta dos erros da Medicina como o princípio do JOHREI apóiam-se
fundamentalmente neste ponto: a Transição da Noite para o Dia.
Se a causa das doenças, como já expliquei, são as máculas do espírito, e se a
única maneira de acabá-las é a eliminação dessas máculas, resta uma grande
dúvida: por que não se descobriu isso antes da descoberta do JOHREI?
O princípio do JOHREI está baseado na misteriosa luz invisível emanada do
corpo humano. E qual é a natureza dessa luz? Ela é uma espécie de energia
espiritual, peculiar ao corpo humano, e seu componente principal é o elemento
fogo. Portanto, na ministração do JOHREI, necessita-se de grande quantidade
desse elemento; à medida, porém, que se aproxima o Mundo do Dia, ele
aumenta gradativamente, pois sua fonte de irradiação é o Sol. Assim, além de
ser eficiente na eliminação das doenças, o elemento fogo possui mais um fator
de importância decisiva: seu incremento no Mundo Espiritual acelera o
processo de purificação do corpo material, porque a transformação ocorrida
naquele mundo causa influência direta no corpo espiritual. O aumento do
elemento fogo tem a função de auxiliar a intensificação da energia purificadora
das máculas espirituais. Por isso, ao mesmo tempo que se torna mais fácil
surgirem doenças, o tratamento solidificador empregado pela Medicina atual
terá efeitos cada vez menores, acabando por se tornar impraticável. No Mundo
da Noite, era preciso que transcorressem vários anos para haver uma nova
liquefação das toxinas anteriormente solidificadas, mas esse período irá
diminuindo para um ano, meio ano, três meses, um mês, até ser impossível a
solidificação.
Pelo exposto, os leitores poderão entender que pouco a pouco está se
processando a Transição da Noite para o Dia. No Mundo da Noite, para o
tratamento das doenças era mais vantajoso solidificar as toxinas que derretê-las,
pois não havia quantidade suficiente do elemento fogo para promover sua
liquefação. Assim, era inevitável adotar-se provisoriamente o método de
solidificação. Eis, portanto, o grave erro que se tornou a causa dos sofrimentos
da humanidade, como as guerras, a fome, as doenças, a abreviação da vida, etc.
5 de fevereiro de 1947

SOU UM CIENTISTA EM RELIGIÃO

Se eu, um religioso, disser que sou também cientista, todos estranharão,


mas estou certo de que, ao término desta leitura, hão de concordar comigo.
Sempre digo que a Ciência atual ainda está num nível muito baixo, nem
podendo ser considerada como Ciência. Sua importância reside, sem dúvida, na
descoberta e no estudo de corpos microscópicos. É claro que isso se deve ao
aperfeiçoamento do microscópio, graças ao qual o avanço nesse estudo é
impressionante. Conseguem-se distinguir corpúsculos extremamente pequenos,
frações da ordem de um milésimo, milionésimo ou bilionésimo. Trata-se de um
avanço contínuo, chegando-se ao extremo do microscópico; atualmente se está
quase prestes a entrar no mundo do infinito. A palavra espírito, muito
empregada ultimamente, deve estar indicando esse mundo.
É evidente que o conhecimento do mundo do infinito não se deve a
experiências de natureza científica; entretanto, ao aprofundar-se nos estudos
científicos, o homem levantou uma tese hipotética sobre ele, baseada na
dedução. Se não fosse assim, acabar-se-ia num beco-sem-saída. Ora, o mundo a
que nos referimos é justamente o Mundo Espiritual, o que significa que a
Ciência, finalmente, está chegando ao lugar certo. Dessa maneira, deixando de
lado os subterfúgios, ela, que por tanto tempo insistiu em negar a existência do
espírito, acabou derrotada. Caso venha a apreendê-la com precisão, elevar-se-á a
um nível mais alto e terá dado mais um passo em busca da Verdade. Sendo
assim, tomará como objeto de seus estudos o espírito e não mais a matéria, de
modo que a ciência que até agora raciocinava com base na matéria será
considerada como ciência da primeira fase, e a ciência baseada no espírito,
como ciência da segunda fase. Com isso haverá uma mudança de cento e
oitenta graus no rumo da Ciência. Em termos mais claros, será traçada uma
linha demarcatória no mundo científico: a ciência da matéria ficará situada
abaixo, e a ciência do espírito acima. Esta é uma visão no sentido vertical; no
sentido horizontal, a primeira seria a parte externa, e a segunda, a interna ou
conteúdo. Em outras palavras, significa que haverá uma evolução da ciência do
concreto para a ciência do abstrato, o que é realmente motivo de alegria.
Mas aqui se apresenta um problema: não adianta apenas conhecer a
existência do Mundo Espiritual; é necessário apreender sua natureza e colocá-lo
a serviço da humanidade. A ciência da matéria não tem meios para isso, pois,
para o espírito, o meio deve ser o espírito; todavia, é possível superar esta
dificuldade. Aliás, ela já foi superada: tenho obtido resultados admiráveis na
resolução de problemas espirituais através do espírito. Refiro-me justamente à
questão das doenças. Explicando de forma sucinta, a causa de todas as doenças
são as impurezas acumuladas no espírito, tornando-se evidente que, se
eliminarmos tais impurezas, as doenças serão erradicadas, de acordo com a Lei
do Espírito Precede a Matéria. Meu método consiste na irradiação de um
espírito específico que pode ser considerado como a bomba atômica espiritual
para queimar as impurezas. Esse método, denominado JOHREI, constitui uma
fórmula científica de alto nível. Não se limitando apenas ao campo da
Medicina, ele consegue resolver problemas que nenhuma religião ou ciência
conseguiu. Se isso não é uma superciência, o que será?
A ciência que trata da matéria ainda se encontra em baixo nível,
evidenciando-se que, através dela, é impossível resolver problemas vitais de um
ser de tão elevado nível como o homem. Isso se torna claro ao observarmos que
doenças graves, consideradas incuráveis pela Medicina, estão sendo vencidas
facilmente, por meio do JOHREI. Dessa forma, a ciência do espírito pode ser
considerada como o suporte da ciência da matéria.
A natureza do Mundo Espiritual é constituída pela essência do Sol, da Lua e
da Terra, que, na Ciência, correspondem, respectivamente, ao oxigênio, ao
hidrogênio e ao nitrogênio. O Mundo Espiritual, segundo a doutrina messiânica,
é a junção do elemento fogo, do elemento água e do elemento terra. A Terra é a
natureza da matéria; o Sol é a natureza do espírito, e a Lua é a natureza do ar. O
elemento fogo e o elemento água controlam a atmosfera que preenche o espaço
terrestre. Embora o elemento fogo seja o mais forte, por ser extremamente
rarefeito, não foi possível detectar, através da ciência da matéria, a não ser suas
propriedades de luz e calor, razão pela qual sua natureza como espírito ainda
não é conhecida. Assim, a Ciência tomou como objeto de estudo apenas os
elementos água e terra, e por isso a cultura está baseada nesses dois elementos,
o que constitui a maior falha da civilização atual.
Agora devo falar sobre um acontecimento extraordinário. Como já
explicamos, os fenômenos do Mundo Material são produzidos pela união dos
elementos Sol, Lua e Terra. A distinção entre o dia e a noite é decorrente da
alternância do Sol e da Lua. Acontece que no Mundo Espiritual também existe
dia e noite. Evidentemente, a ciência da matéria não consegue compreender
isso, mas a ciência espiritual o consegue. O acontecimento extraordinário a que
me refiro é a grande mudança que está para ter início no mundo. Um
acontecimento surpreendente, jamais imaginado pela humanidade, isto é, um
fenômeno histórico: a Transição da Noite para o Dia. Para entendê-lo, torna-se
necessário um estudo do ponto de vista Tempo.
No Mundo Espiritual há transição da noite para o dia em períodos de dez,
cem, mil ou milhões de anos. Portanto, assim como a Terra é formada pelos três
elementos fundamentais – o fogo, a água e a terra – o número três é a base de
todo o Universo. Isso constitui uma lei imutável. Mesmo o dia e a noite são
formados de três, trinta, trezentos, três mil anos e assim por diante. É claro que,
dependendo do caráter das coisas e da sua grandeza – maior, média ou menor –
elas se refletem do espírito para a matéria com maior ou menor rapidez, mas o
essencial move-se com precisão. Agora está justamente ocorrendo a transição de
um período de três mil anos; estamos no alvorecer de um novo período. Já me
referi a isso antes, e até a data acha-se bem definida. Foi a 15 de junho de 1931
que o Mundo Espiritual começou a se transformar em dia. A mudança se
processará até certo tempo e gradualmente se refletirá no Mundo Material.
Gostaria de dar uma explicação mais profunda, mas vou abreviá-la, porque teria
de entrar no campo da Religião. Entretanto, é preciso acreditar no que estou
dizendo, pois se trata da verdade absoluta.
O fato de o Mundo Espiritual estar se tornando dia significa que há uma
intensificação do elemento fogo. Apesar de ser uma mudança gradativa,já está
se projetando no Mundo Material. Assim, o mundo em que a água predominava
sobre o fogo, tornar-se-á o mundo em que o fogo predominará sobre a água.
Através da ciência da matéria não se pode perceber tal fenômeno, mas as
pessoas dotadas de alta espiritualidade conseguem percebê-lo plenamente. Com
essa mudança, todos os problemas para os quais não se encontrava solução,
serão resolvidos de maneira clara e precisa. Com base no que acabo de expor,
vou criar a Verdadeira Civilização elevando o nível da Ciência atual.
7 de abril de 1954

O ESPÍRITO PRECEDE A MATÉRIA

Vou tecer considerações sobre a relação entre o Mundo Espiritual e a


doença.
O homem é constituído pela união do corpo e do espírito. O corpo é uma
matéria visível, e por isso todos podem compreendê-lo; o espírito é invisível,
mas existe, sendo uma espécie de éter. Assim como o corpo é uma existência do
Mundo Atmosférico, o espírito é uma existência do Mundo Espiritual. O Mundo
Espiritual, conforme já expliquei, é transparente, mais rarefeito que o ar,
comparando-se ao nada. Na realidade, porém, ele é a fonte geradora da força
infinita e absoluta, que por ora chamaremos de força cósmica. É um mundo
fantástico, impossível de ser imaginado, cuja natureza está formada pela fusão
das essências do Sol, da Lua e da Terra. Com a força cósmica tudo nasce, tudo
se transforma e cresce, mas ao mesmo tempo acumulam-se impurezas, que são
submetidas à purificação. É como o acúmulo de sujeira no corpo humano, que
necessita de banho. Portanto, quando se juntam impurezas na atmosfera, elas
são concentradas num determinado ponto e aí surge uma ação purificadora
denominada “baixa pressão”, que executa a limpeza. Os raios e os incêndios
causados pelo homem têm a mesma explicação. Se houver aglomeração de
impurezas, surgirá a ação purificadora, que tem início no espírito.
As sujeiras, ou seja, as máculas acumuladas no espírito humano, que é
transparente, são opacidades surgidas em alguns pontos. Há dois tipos de
máculas: as que se originam no próprio espírito e as que são reflexo do corpo.
Vejamos o primeiro tipo.
O interior do espírito está constituído de três camadas dispostas de forma
centrípeta. Analisando-o a partir do centro, seu núcleo é a alma, a partícula do
homem que se instala no ventre da mulher e que resultará no nascimento de
outro ser. A alma está envolta pela consciência, e esta, pelo espírito. O que
acontece na alma se reflete na consciência e, daí, no espírito, e vice-versa.
Assim, a alma, a consciência e o espírito estão interrelacionados, constituindo
uma trilogia. Naturalmente, todas as pessoas, assim como praticam o bem,
também praticam o mal durante sua vida. Se o mal é maior que o bem, a
diferença entre eles constituirá o pecado, que, refletindo-se na alma diminui-se
o brilho; por esse motivo, a consciência ficará maculada e, em seguida, o
espírito. Através da ação purificadora, é realizada a eliminação das máculas.
Durante o processo, o volume delas diminui provisoriamente; com isso, elas se
tornam mais densas, concentrando-se em determinadas parte do corpo. O
interessante é que, dependendo do pecado, o local da concentração é diferente.
Por exemplo: os pecados da vista, nos olhos; os pecados da cabeça, na cabeça;
os pecados do tórax, no tórax, e assim por diante, tudo enquadrado na
concordância.
Passemos, agora, ao segundo tipo de máculas, isto é, as que se refletem do
corpo para o espírito. Neste caso, primeiro o sangue se suja e, como
conseqüência, o espírito fica maculado. Originariamente, o sangue é a
materialização do espírito e, reciprocamente, o espírito é a espiritualização do
sangue. Isso mostra a identidade do espírito e da matéria. Assim, quando as
máculas se tornam densas e se refletem no corpo, transformam-se em sangue
sujo, e este, concentrando-se mais, transforma-se em toxinas solidificadas.
Estas, depois de dissolvidas e liquefeitas, são eliminadas por diversos pontos do
corpo. O sofrimento decorrente desse processo constitui aquilo a que se dá o
nome de doença.
Mas por que o sangue se suja? A causa é bastante surpreendente: são os
remédios, que paradoxalmente ocupam a posição de maior destaque nos
tratamentos médicos. Como todo remédio é veneno, só de ingeri-lo o sangue já
se suja e os fatos são a maior prova do que estamos dizendo. Portanto, não há
nada de estranho em que, estando a pessoa sob tratamento médico, a doença se
prolongue ou piore, ou que até surjam outras doenças.
Se o sangue sujo existente no corpo se reflete no espírito em forma de
máculas e estas se tornam a causa das doenças, o próprio processo de cura das
doenças acaba se tornando o meio de provocá-las. Não se obterá a erradicação
completa se primeiramente não forem removidas as máculas do espírito, de
acordo com a Lei Universal do Espírito Precede a Matéria. Como o JOHREI é a
aplicação dessa lei, purificando-se o espírito as doenças saram pela raiz. É por
isso que ele tem esse nome JOHREI – que significa “purificação do espírito”.
Desconhecendo tal princípio, a Medicina despreza o espírito e tenta curar
apenas o corpo. Assim, por mais que ela progrida, as curas serão sempre
efêmeras.
15 de agosto de 1951

MEDICINA ESPIRITUAL

Mostrei, sob diversos ângulos, que a Era do Dia é o mundo em que o espírito
precede a matéria. Aplicando isso ao corpo humano, as toxinas – causa de todas
as doenças – são matérias estranhas acumuladas no corpo. Mas, nesse caso,
como se encontra o espírito da pessoa? Nos locais do corpo espiritual
correspondentes aos pontos onde se encontram as toxinas, estão as máculas.
Quando se procura anular as toxinas promovendo apenas a sua eliminação do
corpo, isso terá um efeito temporário; com o passar do tempo, elas surgirão
novamente, de acordo com a Lei do Espírito Precede a Matéria. Assim, para
eliminá-las radicalmente, devemos eliminar as máculas do corpo espiritual.
Como todos os métodos utilizados até agora basearam-se unicamente na
eliminação das toxinas ou então na sua solidificação, tomando apenas o corpo
como objeto do tratamento, é óbvio que eles propiciassem uma cura passageira,
mas jamais a cura radical, o que está bem caracterizado pelo uso da palavra
recaída. Conforme já explanei, os métodos empregados pela Medicina são dois:
a solidificação e a remoção cirúrgica. Entre as formas populares de tratamento
existe a solidificação por meio de banhos de luz ou eletricidade e a queima
através da moxa, método este que consiste em queimar determinados pontos
para concentrar neles o pus e eliminá-lo. O nosso JOHREI, todavia, fundamenta-
se na eliminação das máculas do corpo espiritual. O método consiste em
irradiar, pela palma da mão, uma espécie de ondas espirituais, que têm como
agente principal o elemento fogo. Por ora, vou chamar essas ondas de raios
misteriosos. Todas a pessoas os possuem em determinada quantidade, ou
melhor, esses raios existem em número ilimitado no espaço aéreo acima do
Planeta, isto é, no Mundo Espiritual. Mas por que será que ninguém descobriu
antes esse método que consiste na eliminação das máculas através das ondas
espirituais? Foi porque, conforme já dissemos, era noite no mundo, ou seja, o
mundo estava às escuras. Como luz, existia apenas uma claridade semelhante à
da Lua, e por isso era impossível obter-se a força para curar as doenças, ou seja,
raios misteriosos em quantidade suficiente para apagar as máculas. Não é que
eles fossem totalmente nulos, tanto assim que alguns religiosos e ascetas
procediam ao tratamento das doenças e até certo ponto tinham êxito. Como é do
conhecimento de todos, os fundadores de algumas religiões ganharam
considerável fama. Acontece, porém, que o principal componente da luz da Lua
é o elemento água, e por essa razão a força para curar as doenças limitava-se a
algumas espécies ou a efeitos temporários. Com base no elemento água, essa luz
é de natureza fria, e por isso sua aplicação torna-se um tratamento solidificador.
No JOHREI, entretanto, o principal agente é o elemento fogo, capaz de queimar
qualquer mácula; por conseguinte, ele apresenta efeitos extraordinários. O
principal motivo que me levou a descobri-lo foi o conhecimento sobre a
Transição da Era da Noite para a Era do Dia e o conseqüente aumento de
partículas do elemento fogo, que, concentrando-os no corpo produz-se uma
poderosa luz purificadora. Irradiando-a, então, no local afetado, há um efeito
extraordinário.
23 de outubro de 1943

PRINCÍPIO DO JOHREI
PRIMEIRA PARTE
O princípio do JOHREI é um assunto por demais difícil para a compreensão
das pessoas da atualidade, dado o seu nível de instrução. Isso é inevitável, já
que a educação está totalmente baseada no materialismo. Por outro lado, através
de documentos escritos e da tradição oral, constatamos que invariavelmente os
fundadores de diversas religiões realizaram milagres. O fato é mais evidente nas
grandes religiões. No entanto, pelo nível cultural daquela época, era possível
convencer o povo apenas pela concessão de benefícios e pela realização de
milagres, pois ele não buscava esclarecimentos sobre a teoria ou o conteúdo das
religiões. O lamentável é que, se não tivesse havido a redenção, Cristo, quem
mais milagres realizou, talvez conseguisse, durante a sua vida, salvar uma
grande parte da humanidade e ampliar muito mais a sua doutrina. Seu período
de atuação foi bastante curto, sem dúvida por causa da força de Satanás, que, na
época, era inegavelmente mais forte, em virtude da prematuridade do tempo no
Mundo Espiritual. Entretanto, finalmente o tempo amadureceu e adveio a
grande transição naquele mundo. Através da nossa percepção espiritual,
podemos ver claramente que a força de Satanás está enfraquecendo dia a dia.
Por Revelação Divina foi-me esclarecida a causa de vários fatos até hoje
considerados mistérios do mundo. Assim, me é possível distinguir o justo e o
satânico, determinar a raiz do bem e do mal, corrigir o erro de todas as coisas.
Em face do desequilíbrio do mundo contemporâneo, decorrente do progresso
unilateral da cultura, ou seja, o progresso apenas da cultura material, vou
incrementar extraordinariamente a cultura espiritual e, com o desenvolvimento
paralelo de ambas, fazer surgir o mundo perfeito: o Paraíso Terrestre.
Como eu disse anteriormente, diferindo dos homens primitivos e dos
homens de épocas de baixo nível cultural, o homem da atualidade não
consegue confiar apenas em milagres, mesmo que estes sejam manifestados
concretamente. Ele não se convence sem uma explicação teórica dos fatos. Uma
das causas da decadência das religiões tradicionais é justamente elas negarem a
cultura material e não conseguirem proporcionar benefícios concretos aos fiéis.
Vou explicar agora o princípio do JOHREI, um dos métodos pelos quais os
fiéis da nossa Igreja vêm obtendo magníficos resultados, expressos sob a forma
de surpreendentes milagres. Quando se estende a mão em direção à pessoa
enferma, as doenças mais difíceis e os enfermos mais graves começam a
melhorar. Mesmo as dores mais fortes são aliviadas ou extintas em curto espaço
de tempo. Portanto, só podemos dizer que se trata de “milagre”.
A Medicina atual é o resultado de milhares de anos de estudo e prática
constante realizada por renomados estudiosos de vários países, e suas terapias
minuciosas e refinadas são dignas de elogio. Entretanto, um indivíduo comum
obtém resultados notáveis ministrando JOHREI em doentes que não
conseguiram se restabelecer com o trabalho das autoridades médicas, formadas
à custa de elevadas despesas com estudos e pesquisas durante dezenas de anos.
É realmente um fato que está além da razão. Não seria, pois, exagero definir o
JOHREI como a maravilha do século. Todavia, pelo simples conhecimento dos
seus resultados reais através de notícias, as pessoas não o aceitam facilmente.
Mais do que isso: vêem-no pela ótica da superstição ou da anormalidade
psíquica, o que talvez seja uma reação natural.
O aparecimento do JOHREI é um grande acontecimento, inédito na História.
A afirmação, feita por nossa Igreja, de que irá construir um “mundo livre de
doença, pobreza e conflito” não seria possível se ela não estivesse
absolutamente convicta do que está dizendo. Se não tivesse competência para
isso, ela estaria enganando o mundo e cometendo um delito imperdoável. Para
nós, no entanto, como eu disse anteriormente, milagres como os que citamos,
não são milagres. Eles possuem uma base totalmente fundamentada na
explicação científica e ocorrem porque devem ocorrer. Vou, a seguir, explicá-los
mais profundamente.

SEGUNDA PARTE
Para explicar o princípio do JOHREI, torna-se indispensável o conhecimento
de um fato: todas as coisas existentes no Universo são constituídas não apenas
da parte material, mas também de uma parte espiritual, invisível aos nossos
olhos. O homem, logicamente, também está constituído de matéria e espírito.
Numa classificação sumária, o espírito é a essência do Sol; o corpo físico, a
essência da Lua e da Terra. Em termos mais compreensíveis, o espírito é fogo,
positivo, masculino, frente, vertical e dia; o corpo, por sua vez, é água, negativo,
feminino, verso, horizontal e noite. Entretanto, a Ciência não admite a
existência do espírito, objetivando somente a matéria. Ora, se o homem fosse
desprovido de espírito, não passaria de um simples objeto. Seria uma matéria
como o pau e a pedra, sem vida e sem atividade mental. Não compreender essa
teoria tão simples constitui o erro fundamental da Ciência até hoje. Para os
cientistas, no espaço só existe o ar, nada mais. Mas a verdade é que, além do ar,
existe um número incalculável de elementos invisíveis; lamentavelmente a
Ciência ainda não progrediu a ponto de detectá-los. Por felicidade eu descobri a
natureza desses elementos, tendo dado aos conhecimentos obtidos o nome de
Ciência Espiritual. Com essa descoberta, evidentemente, chegou-se à época em
que terá início a eliminação das doenças, o maior sofrimento da humanidade.
A seguir, vou mostrar a causa do aparecimento das doenças. Conforme eu já
disse, o homem é constituído de duas partes – a material e a espiritual. O fato
dele estar vivo e se movimentar acha-se relacionado à estreita união entre o
espírito e a matéria, ou seja, esta é movida pelo espírito. O espírito possui a
mesma forma do corpo físico, e dentro dele localiza-se a consciência, no centro
do qual, por sua vez, está a alma. A atividade dessa trilogia manifesta-se como
vontade-pensamento, a qual é invisível. Essa vontade-pensamento é que
governa o corpo; portanto, o espírito é o principal, e a matéria, o secundário,
isto é, o espírito precede a matéria. Quando uma pessoa movimenta os braços e
as pernas, eles não se movem livremente, por si próprios, mas sim obedecendo
à vontade da pessoa. Todas as partes do corpo, sem exceção, inclusive a boca, o
nariz, os olhos, etc., movimentam-se dessa forma. Até a doença obedece ao
mesmo princípio. Para que possam entender bem, vou exemplificar com o
furúnculo, do qual todo mundo tem experiência.
O furúnculo surge como uma pequena protuberância e vai inchando
gradualmente e tomando uma cor avermelhada. Normalmente vem
acompanhado de febre, e a pessoa começa a sentir dores e coceiras no local.
Esse fenômeno constitui uma atividade de eliminação das toxinas do corpo
físico, por ação fisiológica natural. As toxinas acumuladas em determinada
parte do corpo são dissolvidas pela febre e liquefeitas, para que sua eliminação
seja mais fácil. É a atuação da força de recuperação natural. Para formar um
orifício de saída, a pele fica muito fina e flácida. Portanto, a coloração
avermelhada é o sangue impuro, visível através da pele, que se tornou fina e
transparente. Depois, abrindo-se um pequeno orifício, o sangue purulento
começa a sair imediatamente; com essa eliminação de pus, termina a
purificação.
A explicação acima diz respeito ao corpo. Mas em que condições se
encontra o espírito nessa ocasião? Ele apresenta uma espécie de nebulosidade
igual ao furúnculo; em outras palavras, máculas. Quanto mais grave a doença,
mais densas são as máculas. E por que motivo elas ficam concentradas numa
parte do espírito? E pela ação purificadora constante. Depois que as máculas
espalhadas por todo o espírito se reúnem em determinado local, surge a ação
eliminatória. Isso constitui a doença. Existe, pois, uma relação inseparável entre
o espírito e o corpo.
Falei há pouco sobre o princípio do Espírito Precede a Matéria, mas ele não
se aplica apenas ao ser humano; todas as coisas do Universo, sem exceção,
obedecem a esse princípio. Por conseguinte, o objetivo do JOHREI é eliminar as
máculas espirituais. Através dele, as máculas ficam no estado de morte. Em
outras palavras, o JOHREI tira-lhes a vida. Mortas, obvia- mente elas perdem
toda a sua força e deixam de pressionar os nervos. Esta é a razão do
desaparecimento das dores.

TERCEIRA PARTE
O método do JOHREI que tenho empregado atualmente, consiste em
outorgar às pessoas um papel onde está escrita a palavra HIKARI, ou seja, LUZ.
Os efeitos se manifestam quando esse papel é usado no peito, pendurado ao
pescoço. Isso acontece porque da palavra HIKARI se irradiam poderosas ondas
de Luz, as quais são transmitidas através do corpo, do braço e da palma da mão
do fiel que ministra o JOHREI.
E por que motivo se irradiam ondas de Luz da palavra HIKARI? Essas ondas
são emitidas do meu corpo e, pelo elo espiritual, transmitem-se
instantaneamente à palavra em questão. É muito semelhante às ondas de rádio.
Todavia, se as ondas de Luz são emitidas do meu corpo e transmitidas através
do elo espiritual, surge a seguinte pergunta: que segredo existe no meu espírito?
Quando compreenderem isto, a dúvida desaparecerá. No meu ventre há uma
bola de Luz que normalmente mede uns 6 cm de diâmetro; ela já foi vista por
algumas pessoas. Dela, as ondas de Luz irradiam-se infinitamente. A fonte dessa
bola está no “Nyoi-no-Tama” de Kanzeon Bossatsu, no Mundo Espiritual; daí
me é fornecida uma Luz infinita. Esse é o PODER KANNON, também conhecido
como Poder Incognoscível ou Poder da Inteligência Superior. A bola que
Nyoirin Kannon traz consigo é igual à de Kanzeon Bossatsu.

QUARTA PARTE
Convém falar aqui a respeito de Kanzeon Bossatsu. Dentre muitos budas,
Ele era considerado o mais oculto. Há nisso um profundo mistério, mas não
posso divulgá-lo totalmente, pois ainda não chegou o tempo certo. Pretendo
fazê-lo tão logo Deus me permita. Sendo assim, escreverei apenas sobre o
mistério relacionado com o JOHREI.
A atuação de Kanzeon Bossatsu vem desde o advento do budismo, mas
daquela época até pouco tempo atrás Ele promovia tão somente a salvação do
espírito. Evidentemente, através da oração conseguiam-se graças, mas estas
eram extremamente limitadas. A razão disso está no fato de que a Luz era
formada pela união do elemento fogo e do elemento água, mas faltava o
elemento terra. Como havia apenas dois elementos, a força era insuficiente.
Entretanto, chegou a hora de uma grande mudança no Mundo Espiritual: é o
Final dos Tempos, o Juízo Final citado na Bíblia. Tornou-se necessária,
portanto, uma força poderosa e absoluta que salvasse toda a humanidade. Essa
força é constituída pela união do fogo, da água e da terra; a força da terra é o
elemento da matéria e corresponde ao corpo humano. Ao passar pelo corpo, a
Luz é acrescida do elemento terra e daí nasce a força da trilogia, ou seja, o
PODER KANNON. Explicando de maneira mais acessível, a Luz emitida pelo
“Nyoi-noTama” de Kanzeon Bossatsu, passando pelo meu corpo, manifesta-se
como PODER KANNON, o qual, através do corpo do messiânico, torna-se a
força purificadora.
Exemplificarei o que acabo de dizer. É sabido, desde a antigüidade, que orar
diante da imagem de Kanzeon Bossatsu traz como benefício a solução das
doenças e dos infortúnios, mas os fiéis da nossa Igreja têm obtido resultados
várias vezes mais poderosos com o JOHREI. Isso porque as ondas de Luz
emitidas pelas imagens ou estátuas de Kanzeon Bossatsu são constituídas
apenas pela força dos elementos fogo e água; nelas não está incluída a
importante força do corpo. Outra razão é a grande transição a que eu já tenho
me referido várias vezes, ocorrida no Mundo Espiritual. Ela teve início em
meados de junho de 1931. Até essa data havia muito elemento água e pouco
elemento fogo no Mundo Espiritual, mas a partir daí a quantidade deste último
começou a aumentar gradativamente. É verdade que a grande transição já havia
se iniciado dezenas de anos antes dessa data, mas o elemento fogo ainda estava
bastante rarefeito. Se a Luz é forte, significa que há maior quantidade de
elemento fogo. Da mesma forma, no caso das lâmpadas elétricas, quanto mais
intensa é a luz, maior é a quantidade de calor emitido.
Outro exemplo é a existência de uma massa de elemento fogo em meu
ventre. As pessoas falam que minha temperatura é bem mais alta que a das
pessoas comuns. Praticamente todas as noites fazem-me massagens nos ombros,
e todos dizem que de mim emana muito calor. No inverno, sempre acabo
tirando um ou dois agasalhos. Se permaneço num cômodo durante algum
tempo, as pessoas acham que ele ficou aquecido, e muitas vezes brinco dizendo
que substituo o aquecedor. Mesmo em dias de frio costumo ficar uma ou duas
horas de pijama, após o banho. Além disso, gosto especialmente de banhos
mornos. Isso obedece ao princípio do aumento de calor quando se joga água no
fogo, e do frio mais intenso nos dias ensolarados de inverno.
30 de maio de 1949

A FORÇA ABSOLUTA

Seria desnecessário dizer que a fonte de todas as atividades e de todos os


fenômenos do Universo é a Força de Deus. Todos os nascimentos e
transformações são a manifestação da Força, e a ela se deve o movimento ou a
inércia de todas as coisas. Começando pelo homem, todos os animais e mesmo
as bactérias nascem e morrem graças à Força. Em suma, ela é o Senhor Absoluto
e Infinito. Vou deter-me aqui, pois o assunto é inesgotável, mas, resumindo, o
Universo em si é a própria Força. Assim, tecerei considerações a respeito sob
diversos ângulos.
Analisemos o espírito da palavra TIKARA (força): TI significa sangue,
espírito; KARA significa vazio, corpo, matéria. A formação do termo mostra-nos,
portanto, que a força nasce da união do espírito e da matéria. Analisando agora
a palavra HITO (pessoa), HI é espírito e TO é parar; por conseguinte, HITO é
“espírito parado no corpo”.
Para se escrever o ideograma correspondente à palavra força (TIKARA), faz-
se um traço vertical e, em seguida, um traço horizontal, formando uma cruz; a
partir do fim do traço horizontal puxa-se um traço um pouco inclinado, com a
ponta virada para cima e para dentro (*** tikara.tif ***). Isso quer dizer que
logo que se verifica o cruzamento do horizontal e do vertical ocorre a atividade
e começa a rotação da esquerda para a direita, isto é, a ação da força. Assim,
pode-se perceber que tanto o espírito das palavras como as letras foram criadas
por Deus.
Vamos agora analisar na prática. Em sentido amplo, isso está representado
pelas duas grandes correntes ideológicas: o pensamento teísta e o pensamento
ateísta, ou seja, o espiritualismo e o materialismo, a cultura espiritual e a
cultura material. Vejamos do aspecto religioso, pois assim é mais fácil
compreender.
O budismo e o cristianismo, as duas grandes religiões do mundo, são a
manifestação desses dois pensamentos. O budismo é oriental e, como sempre
digo, constitui o aspecto vertical, espiritual, enquanto o cristianismo é ocidental
e representa o aspecto horizontal, material. Até agora o vertical e o horizontal
estavam separados e por isso não conseguiam produzir a verdadeira força. A
prova é que, como não foi possível realizar a unificação universal, a
humanidade não foi salva.
O objetivo das principais religiões era, sem dúvida, a concretização de um
mundo ideal, mas, como podem ver, a situação do mundo se apresenta caótica,
cheia de conflitos e problemas sem fim, havendo uma grande distância entre o
sonho e a realidade. Assim, aquele objetivo está demasiadamente fora do nosso
alcance. É inegável que a causa dessa situação seja a falta de força, que, por sua
vez, se deve à falta de cruzamento do vertical e do horizontal. Mas isso também
era uma questão de tempo e, do ponto de vista do Plano Divino, não havia outra
alternativa.
Explicando minha missão, creio que entenderão melhor o que acabei de
expor. A atividade que agora estou realizando, está centralizada no JOHREI.
Meus discípulos sabem muito bem que basta colocar no peito o OHIKARI (Luz
Divina), que contém um papel escrito por mim, para ser-lhes concedida uma
força capaz de gerar milagres, até mesmo no caso de doentes desenganados
pelos médicos. Já outorguei milhares de OHIKARI, mas mesmo que seu número
aumente infinitamente, não haverá nenhuma alteração nessa força. E os
milagres do JOHREI não se limitam à doença; há uma reforma do espírito
humano, a personalidade se eleva, e a pessoa é salva de perigos iminentes.
Dessa forma, graças aos inúmeros milagres ocorridos a cada dia, aumenta
significativamente o número de pessoas felizes. E tudo isso se deve à força
emanada do OHIKARI. Não tenho a pretensão de vangloriar-me de tais feitos,
mas, como se trata da pura verdade, creio que não há problema em divulgá-la. É
desnecessário dizer que até agora a História não registrou o aparecimento de
uma pessoa com força tão poderosa quanto a minha. Os inúmeros milagres a
que nos referimos são registrados como experiências de fé; logo, não há do que
duvidar. Essa é a força gerada pelo cruzamento do horizontal com o vertical. Em
termos budistas, é o PODER KANNON ou Poder da Inteligência Superior; em
termos cristãos, é o Poder do Messias.
Atualmente, a força manifesta-se mais no sentido espiritual, mas um dia
atuará no sentido material. Nessa ocasião, será alcançado o objetivo de Deus,
nascendo a verdadeira cultura, resultante do cruzamento da cultura espiritual
do Oriente e a cultura material do Ocidente. Essa é a Vontade Divina. Será,
portanto, executada a maior obra de salvação da humanidade desde a criação do
mundo.
16 de janeiro de 1952

SERMÃO, JOHREI E FELICIDADE

Desde os tempos antigos, as religiões sempre se basearam em dogmas,


transmitindo-os através de sermões. Em nossa Igreja – os messiânicos o sabem –
quase não se utiliza esse recurso. Vou explicar por quê, levando em conta que
alguns fiéis ficam embaraçados quando estranhos lhes fazem perguntas sobre o
assunto.
A finalidade da Religião é eliminar erros e incentivar a prática das virtudes.
Contudo, essa prática só é realmente possível quando as máculas espirituais são
eliminadas. Uma vez que o espírito esteja purificado, cessarão os atos
condenáveis e a pessoa se tornará honrada, útil ao seu meio social e a toda a
humanidade.
Os sermões são processos purificadores que agem através do sentido da
audição. Os livros sagrados, como a Bíblia, a sutra budista, e os ensinamentos
de várias religiões, agem mediante o sentido da visão e o espírito das palavras.
A Igreja Messiânica Mundial também se utiliza desses meios, mas possui ainda
o processo purificador denominado Johrei.
O Johrei não visa curar doenças; é, antes, um método de criar felicidade. Ele
não pode ter como objetivo a cura das doenças, porque estas são formas de
purificação; sua finalidade é eliminar as máculas do espírito. O resultado da
erradicação dessas máculas é a extinção dos sofrimentos humanos.
Costumo ensinar que a doença, a pobreza e o conflito são processos
purificadores. A doença é o principal, porque afeta a própria base da vida.
Quando conseguirmos vencê-la, também solucionaremos o problema da
pobreza e do conflito. Portanto, a base da felicidade é a eliminação das máculas
espirituais. O Johrei é o método mais simples e infalível para erradicá-las. É,
pois, evidente que ele não visa a própria doença, e sim as suas causas.
Como já escrevi em outras oportunidades, o corpo material do homem vive
no Mundo Material, e o espírito, no Mundo Espiritual. Sendo assim, a situação
do Mundo Espiritual influi sobre o espírito e se reflete sobre o corpo, de modo
que o destino do homem se origina no Mundo Espiritual.
O Mundo Espiritual está dividido em três planos: Superior, Intermediário e
Inferior. Cada plano é constituído de três níveis, e cada nível se subdivide em
vinte camadas. Ao todo, são cento e oitenta camadas, mais uma – acima de
todas – ocupada por Deus. Temos, pois, cento e oitenta e uma camadas.
Qualquer entidade, por mais elevada que seja, acha-se numa das cento e oitenta
camadas.
Essa explicação tem por base o sentido vertical. Horizontalmente, a
extensão de cada plano varia no sentido do Inferno até o Céu.
Suponhamos que um espírito se encontre no nível inferior do Plano
Inferior; isto significa que ele se acha no fundo do Inferno. Como nesse local o
sofrimento do espírito é muito intenso, há terrível reflexo sobre o corpo físico,
que passa a ser espantosamente atormentado. No nível médio do Plano Inferior,
o reflexo é menos danoso. Então o sofrimento se torna mais suave, mais
tolerável. E assim por diante. Os padecimentos variam de acordo com a posição
do espírito nas várias camadas do Mundo Espiritual.
Ultrapassando-se as sessenta camadas do Plano Inferior, atinge-se o Plano
Intermediário, que corresponde à vida na Terra. Acima do Plano Intermediário
está o Plano Superior, o Reino dos Céus, onde se acham os anjos e onde se pode
desfrutar uma vida de felicidade.
Como se vê, a posição em que se acha o espírito de uma pessoa reflete-se no
seu destino. Por isso, devemos esforçar-nos para elevar o nosso nível espiritual,
o que significa reduzir os nossos sofrimentos e, proporcionalmente, aumentar a
nossa felicidade. Assim, não mais serão necessários os sofrimentos
purificadores. É inútil apelar para a inteligência e envidar esforços enquanto o
espírito estiver no Plano Inferior, porque esta é a Lei de Deus. E a Lei do
Espírito Precede a Matéria também é inviolável.
Concluímos, portanto que, para ser feliz, é necessário crer em Deus
Absoluto, adorá-Lo, compreender e praticar a Sua Vontade, somar méritos e
purificar o espírito de modo que o seu habitat espiritual se eleve ao Céu. Não há
outro processo para alcançarmos a felicidade, e nisso reside o profundo
significado do Johrei.
25 de março de 1952

O JOHREI É TRATAMENTO CIENTÍFICO

(...) Desde os tempos antigos está determinado que a doença deve ser curada
pelos médicos e pelos remédios. Como o homem da atualidade, que confia
somente na Ciência e tornou-se fiel ao princípio da Ciência Superior, sofre para
entender, é lógico que ele tenha vontade de fazer perguntas. A propósito disso,
é de suma importância, antes de tudo, conhecer a relação entre a Medicina e a
Ciência.
Realmente, todas as coisas podem ser solucionadas através da Ciência, com
exceção da Medicina, que está por demais fora do alvo. Isto porque o homem e
todas as coisas além do homem são fundamentalmente diferentes. Antes de
mais nada, o homem é um ser de nível superior entre todas as criaturas.
Realmente é um grande mistério, absolutamente incompreensível por meio da
inteligência humana. Entretanto, como a Ciência desconhece totalmente a
profundidade desse ponto, considera o homem um animal. Ela veio objetivando
apenas o corpo físico, que é matéria; portanto, entende que a doença é
prejudicial ao corpo físico. Sua maneira de pensar é extremamente simples,
pois tenta curar a doença por meio de medicamentos e de máquinas. Mas a
realidade não é tão simples assim. No homem existe, espiritualmente, um corpo
sólido muito mais importante que o corpo físico, denominado força de vida.
Esta, encontra-se numa relação muito íntima com o corpo físico, por isso o
homem consegue viver e trabalhar. Todavia, como o espírito equivale quase ao
nada, a Ciência material não conseguiu detectá-lo. Dessa forma, ao observar, por
exemplo, a dissecação de um cadáver, podemos compreender muito bem que a
Ciência veio se dedicando somente à pesquisa do corpo físico. Embora se diga
que ela progrediu, como se trata de progresso unilateral, ele é coxo, de modo
que todos os esforços serão em vão.
Como dissemos, o homem está constituído de espírito e matéria. O espírito
é primordial, e a matéria, secundária. Essa é a lei universal. Quanto à doença, as
toxinas existentes no corpo físico refletem-se no corpo espiritual e
transformam·se em máculas. Aí surge a purificação natural, e as máculas são
eliminadas. Ao mesmo tempo, elas se refletem novamente no corpo físico.
Conseqüentemente, as toxinas são dissolvidas e eliminadas. A isso se denomina
doença. A primeira é ação horizontal, baseada na Lei de Identidade Espírito-
Matéria, e a segunda, ação vertical, baseada na Lei do Espírito Precede a
Matéria. É importante que se compreenda bem essa teoria.
Mas qual é a verdadeira essência da mácula? Denomina-se mácula uma
opacidade surgida no espírito, a qual é incolor e transparente. Ela é a verdadeira
causa da doença; por isso, eliminando-se a mácula, evidentemente a doença
será curada. Esse método é o Johrei. De acordo com os ideogramas que
compõem a palavra, é um método de purificar as máculas do espírito. E esta é a
verdadeira Medicina. Portanto, devem compreender que, além do Johrei, todos
os outros tratamentos são uma antimedicina.
O que acabamos de expor é o princípio fundamental da origem da doença e
o seu tratamento. Em suma, a doença é o sintoma que se manifesta na parte
externa, e a causa da doença está nas máculas localizadas na parte interna. A
eliminação das máculas vem a ser o verdadeiro método de tratamento da
doença. No entanto, por desconhecer esse princípio, a Medicina considera que
basta eliminar o sintoma que se manifesta. Mesmo que haja um efeito, é
temporário, e disso, os médicos têm tido experiência constante. (...)
13 de janeiro de 1954

O JOHREI É TRATAMENTO CIENTÍFICO

Nem é preciso dizer que a energia do Sol, da qual já falei, é, naturalmente, o


espírito do Sol. Entretanto, por que até agora ele não se manifestou na Terra?
Existe um motivo profundamente misterioso, que eu vou explicar
minuciosamente.
Como eu já disse, o homem está constituído de espírito e matéria. Da
mesma forma, a Terra está constituída pelos Mundos Espiritual e Material. O
Mundo Espiritual, por sua vez, está constituído por dois elementos. O primeiro
é o Mundo da Essência Espiritual, e o segundo, o Mundo da Essência
Atmosférica. A característica do primeiro é “o fogo precede a água”, e a do
segundo, “a água precede o fogo”, ou seja, o positivo e o negativo.
De acordo com esse princípio, todas as coisas são criadas pelas energias do
Sol e da Lua, que, juntas, as envolvem. É como se fosse o pai e a mãe, os quais,
pela colaboração mútua, educam os filhos. Dessa maneira, a força da natureza
surge por meio da trilogia Sol, Lua e Terra e, através dela, todas as coisas
nascem e se desenvolvem; esta é a situação real do Universo.
O homem é o senhor, é o centro de tudo; depois de Deus, ele é a existência
máxima. Por esse motivo, todas as outras coisas existem em função do homem,
para sua sobrevivência.
Tudo que eu falei, representa a relação entre o homem e o Universo, mas
agora se aproxima uma grande e surpreendente mudança. Trata-se de um fato
sem precedentes na História. Até o presente, o mundo era noturno, mas está
prestes a se tornar um mundo diurno. A aurora deste mundo é a época atual;
portanto, as pessoas certamente estão perdidas, sem saber o que está ocorrendo.
Talvez elas riam, dizendo: “O dia e a noite só existem no espaço de um dia.
Ligar isso às épocas é absurdo demais”. E eu lhes dou toda a razão. O mesmo
poderia ocorrer comigo; se eu não tivesse conhecimento dessa realidade,
evidentemente pensaria assim. Todavia, desde que eu a conheci através da
Revelação Divina, não posso deixar de acreditar. Trata-se de uma verdade;
portanto, se lerem atentamente o presente artigo, com certeza hão de
compreender.
Assim, a Terra está envolvida pelo Mundo Atmosférico, constituído pelo
Mundo da Essência Espiritual, cuja característica é “o fogo precede a água”, e
pelo Mundo da Essência Atmosférica, cuja característica é “a água precede o
fogo”. O dia e a noite perceptíveis pelos nossos cinco sentidos correspondem ao
dia e à noite materiais, mas precisamos conhecer o dia e a noite espirituais, que
transcendem o tempo. Isso tem um significado sumamente importante e
constitui um grande mistério do Universo. É como se fosse a ampliação infinita
do dia e da noite, assemelhando-se ao vazio, por isso não pode ser percebido
pelo homem. Mas o fato é que está ocorrendo uma constante mudança, de
forma bem ordenada. Essa mudança ocorre a cada dez, mil, dez mil anos, em
escala pequena, média e ampla. Cada período está subdividido em 3, 6 e 9, cuja
soma é 18; esta é a situação real do mundo. O ensinamento de Buda diz que o
Mundo de Miroku viria dali a 5.670.000.000 de anos, mas, se interpretarmos
literalmente, é distante demais e na realidade não tem sentido. Trata-se apenas
de uma alusão aos números citados.
Voltando ao que dissemos no início, o mundo noturno era presidido pela
Lua, e, como esta é água e matéria, houve o progresso da cultura material. Ao
contrário, o mundo diurno será presidido pelo Sol. O Sol vem a ser o fogo, que
por sua vez é espírito. Se classificarmos em Bem e Mal, o espírito é o Bem, e a
matéria é o Mal. Esta é a Verdade. No mundo de até agora o Mal precedia o
Bem. Daqui para frente, ele se transformará no mundo civilizado em que o Bem
precederá o Mal. Devido ao predomínio do Mal sobre o Bem, surgiu o mundo
que vemos atualmente, semelhante ao Inferno. Se isso continuar por muito
tempo, evidentemente chegará a época em que a humanidade será extinta. A
descoberta da bomba atômica também não passa de um dos indícios dessa
ocorrência. Por conseguinte, a parte profunda do Plano de Deus, não pode, em
absoluto, ser entendida pela inteligência humana.
Com o que acabamos de dizer, creio que puderam entender, de modo geral,
a mudança que ocorrerá no mundo daqui para frente. O “Fim do mundo” e o
“Advento do Reino dos Céus”, profetizados por Cristo, referem-se a essa
mudança. A extinção da doença, da pobreza e do conflito, proclamada por mim,
também é uma condição básica para isso. E a extinção da doença, por sua vez, é
a condição fundamental. Como Deus me concedeu a chave, tenho por objetivo
principal, atualmente, a solução do problema da doença.
Analisando o que expusemos acima, vemos que este grandioso Plano é uma
obra sem precedentes. Em conseqüência, a civilização será revolucionada e,
logicamente, surgirá a Segunda Era. Por se tratar de uma teoria por demais
maravilhosa, acho que a simples leitura deste artigo deixará as pessoas atônitas,
com dificuldade para compreender. Mas a verdade é sempre verdade, e, como
essa época está bem próxima, desejo que se conscientizem disso o quanto antes.
Existe, no entanto, um ponto muito importante. Como eu já tive
oportunidade de falar, trata-se da sedimentação dos pecados cometidos no
longo período de predomínio do Mal sobre o Bem, durante o transcurso do
desenvolvimento da cultura material. Relacionando isso ao homem,
materialmente, são as toxinas medicinais; espiritualmente, são as máculas
geradas pelo Mal. Com o aumento do elemento fogo no Mundo Espiritual, a
purificação se intensificará e no final haverá um decisivo acerto de contas. Se
isso for o “Juízo Final” profetizado por Cristo, então o ser humano precisa
ultrapassar essa barreira. Se fracassar, seja ele quem for, será extinto para
sempre. Isso não foi afirmado agora por mim, mas vem sendo profetizado por
vários profetas e sábios há milhares de anos. Crer ou não crer, fica a critério das
pessoas. Atualmente, como prova para as pessoas crerem, estou manifestando
milagres que não dão margem a qualquer dúvida.
10 de fevereiro de 1954

SUA PERSONALIDADE

DEUS EXISTE?

Pude intuir esta maravilha que é o Johrei graças ao conhecimento que tive
sobre a existência do espírito e ao princípio fundamental de que, com a
purificação do espírito, o corpo volta à normalidade.
Esse princípio deve ser considerado como um prenúncio da cultura do
futuro. Realmente ele representa uma grande revolução para a Ciência, e, se o
aplicarmos em todos os setores da vida, o bem-estar da humanidade aumentará
incalculavelmente. E não é só isso. Aprofundando-se a pesquisa desse princípio
fundamental, pode-se prever que ele influenciará até a essência da própria
Religião.
A controvérsia sobre a existência de Deus é uma questão que tem desafiado
os tempos e continua sempre presente. E isso se justifica porque, apenas do
ângulo de visão materialista, obviamente as pessoas nada podem compreender a
respeito de Deus, que é Espírito, o qual, para elas, equivale ao Nada. Mas, pela
Ciência Espiritual que estou propondo, é possível reconhecer a existência de
Deus e, ao mesmo tempo, responder a indagações sobre problemas como a vida
após a morte, a reencarnação, a verdade sobre o Mundo Espiritual, os
fenômenos de encosto e incorporação e outras questões relativas ao Mundo
Desconhecido, que chamo também de Mundo Intemporal.
Primeiramente devo explicar como se processou a evolução do meu
pensamento. Quando jovem, eu era extremamente materialista. Até mais ou
menos quarenta anos nunca entrei em templo algum. Achava tolice adorar ou
rezar para uma pedra, um espelho ou um papel escrito, que constituem a
imagem de Deus nos templos xintoístas e são colocados num recipiente com
formato de caixa, feito por carpinteiros, com tábuas de cânfora, e chamado
“Omiya”. Nos templos budistas também se adora um Buda desenhado em papel,
ou as estátuas de Kannon, Amida e Buda talhadas em madeira, pedra ou metal.
Eu costumava afirmar que Kannon e Amida só existiam na imaginação do
homem; por conseguinte, achava que era uma adoração ainda mais sem sentido,
não passando de idolatria.
Naquele tempo, li a tese do famoso filósofo alemão Rudolf Eucken (1846-
1926), o qual diz que o homem possui o instinto inato de adorar qualquer coisa
e, assim, criou e adora os seus próprios ídolos, caindo na auto-satisfação. Como
prova disso, acrescenta ele, todas as oferendas depositadas no altar estão
voltadas para o lado dos homens e não para o lado de Deus.
Senti-me perfeitamente identificado com a tese e até considerava que a
existência de templos era prejudicial ao progresso da Pátria, porque as nações
que possuíam muitos templos estavam em declínio e aquelas que quase não os
tinham achavam-se em franco desenvolvimento. Apesar disso, mensalmente eu
contribuía com uma modesta quantia para o Exército da Salvação, e por esse
motivo era visitado por um sacerdote que sempre insistia em que eu me
convertesse ao cristianismo. Ele me dizia: “As pessoas que contribuem para o
Exército da Salvação geralmente são cristãs. Por que o senhor contribui, se não
é cristão?” Então expliquei: “O Exército da Salvação trabalha para a recuperação
de ex-presidiários, transformando-os em pessoas de bem. Se não existisse,
talvez um deles tivesse entrado em minha casa para me roubar. Portanto, se o
Exército da Salvação está impedindo que isso aconteça, é natural que eu seja
agradecido e colabore nas suas obras”.
Houve muitos casos semelhantes, porém, na época, apesar de fazer o bem,
eu não acreditava em Deus nem em Buda. Sendo assim, poderão compreender
quão forte era a minha tendência a jamais acreditar naquilo que não se pode
ver.
Naquele tempo, as minhas atividades comerciais iam muito bem, e eu
estava no auge da autoconfiança, mas um de meus empregados me fez perder
tudo. A sorte adversa, manifestada através do falecimento de minha primeira
esposa, dos embargos judiciais sofridos da falência e de outras desgraças,
arrastaram-me para o fundo do abismo. Como resultado, acabei recorrendo
àquilo a que todos recorrem nessas ocasiões: a Religião. Também eu fui à
procura da salvação no xintoísmo e no budismo, como era de praxe, e assim
tive conhecimento da existência de Deus, do Mundo Espiritual, da vida após a
morte, etc. Refletindo sobre o meu passado, arrependi-me da vida inútil que
levara até então.
Após esse despertar, meu conceito sobre a vida deu uma volta de cento e
oitenta graus. Compreendi que o homem é protegido por Deus e que, se ele não
reconhecer a existência do espírito, não passa de um ser vazio. Também entendi
que, mesmo na pregação moral, se não fizermos com que as pessoas
reconheçam a existência do espírito, ela não terá nenhum valor. Por isso, caros
leitores, faço votos de que “abram os olhos” para os esclarecimentos que darei
sobre os fenômenos espirituais.
5 de fevereiro de 1947

O VALOR DO HOMEM RESIDE


NO SEU ESPÍRITO DE JUSTIÇA

O meio mais eficiente para a avaliação de uma pessoa, é o conhecimento do


grau do seu espírito de justiça. O processo mais correto é determinar o padrão
de honestidade, o senso de responsabilidade e a confiança que ela inspira.
Realmente, creio que o espírito de justiça é a essência do homem. Quem não o
possui, assemelha-se à medusa, vulgarmente conhecida como água-viva, a qual
é destituída de ossos, de modo que não merece confiança alguma.
Devemos distinguir, em primeiro lugar, o certo e o errado das coisas. Se a
pessoa que de nós discorda estiver desorientada, é nosso dever ajudá-la com
espírito de justiça, sem nos intimidarmos. Essa atitude poderá causar momentos
amargos, em nossa vida, mas promete a realização dos nossos desejos, não
havendo motivos para preocupação.
Atualmente, o mundo está repleto de pessoas más. Basta a menor distração
para cairmos nas malhas de seus enganos e explorações. Isso provém da falta de
um espírito de justiça inabalável. Minha longa experiência é a melhor prova do
que estou dizendo, e por essa razão vou tomá-la como exemplo.
Na época em que eu era comerciante (antes de me tornar religioso), muitas
vezes fui vítima de embustes e experiências pavorosas. Por felicidade, possuo
inquebrantável espírito de justiça. Lutei contra todos os obstáculos, indiferente
às conseqüências monetárias. O esforço empreendido na preservação da justiça
acarretou-me muitas desvantagens, que felizmente foram passageiras. Com o
tempo, a situação melhorou e acabei por vencer, não só recuperando como
ganhando muito mais do que tinha perdido. Involuntariamente tive três ou
quatro casos judiciais, e um deles vem se prolongando até hoje.
No tempo em que eu vivia na pobreza, uma associação perseguiu-me,
aproveitando-se do seu dinheiro e posição. Com o decorrer do tempo, fui
favorecido pelas circunstâncias e essa associação teve de desistir. Foi o
seguinte:
Eu possuía uma fábrica de objetos de fantasia e obtive, em dez países a
patente de um artigo que teve extraordinária aceitação, propiciando-me um
contrato especial com certa firma. Como o artigo tivesse entrado em moda,
recebi uma proposta sumamente egoísta de uma associação de lojas varejistas
de objetos de fantasia, sediada em Tóquio, a qual me pedia que lhe vendesse
uma das duas exclusividades reservadas àquela firma. Vendo-se rejeitada pela
minha honestidade, tentou boicotar-me com a colaboração de todas as lojas do
gênero, a fim de obrigar-me a ceder. Dois anos de resistência me acarretaram
considerável prejuízo, mas a associação deu-se por vencida e entramos em
acordo.
Outro caso interessante foi quando, em protesto contra uma injustiça
comercial, tentei suspender determinada transação. O encarregado, surpreso,
disse-me ter sido eu a primeira pessoa que rompera a tradicional obediência às
imposições feitas aos comerciantes. Reconhecendo que eu estava com a razão, a
firma desculpou-se, e o caso foi resolvido.
Após tornar-me religioso, por diversas vezes passei momentos
agitadíssimos, de sério perigo. Nessa época, bastava a religião ser nova para
sofrer pressão e perseguição. Não havia meios para reagir, e eu padeci bastante.
Mas, afinal, a pressão e a perseguição cessaram, o que prova a vitória da justiça.
Por essas experiências, vemos que, embora o bem se renda temporariamente
ao mal, a perseverança assegurará a sua vitória definitiva. Daí a conclusão de
que o homem deve abraçar a justiça e marchar destemidamente, tornando-se,
assim, sustentáculo da comunidade, baluarte contra o mal social e construtor de
uma sociedade sadia, porque Deus não deixará de ajudar os justos, como jamais
deixou.
10 de outubro de 1951

ESTÁ ERRADO DIZER QUE OS HONESTOS SAEM PERDENDO

Há muito tempo ouve-se dizer que as pessoas honestas saem perdendo.


Entretanto, refletindo profundamente, pergunto a mim mesmo se essas palavras
não soam mal para a sociedade e para os indivíduos. Sendo assim, ainda que
pouco adiante afirmar o contrário, pois os fatos parecem comprovar a
veracidade daquela afirmação, minha experiência me faz garantir que não existe
nada tão falso. Vejamos.
Quando observamos minuciosamente a sociedade, notamos que existem
duas maneiras de ver as coisas: a curto prazo e a longo prazo. Em geral, os
homens tendem a julgar o bem ou o mal através de resultados momentâneos.
Ao verem, por exemplo, o sucesso obtido por pessoas desonestas que enganam
o próximo ou vendem gato por lebre, ficam deslumbradas e definem que os
honestos sempre saem perdendo. Mas é preciso que tais coisas sejam vistas a
prazo mais longo, pois, inevitavelmente, a farsa virá à tona e aquelas pessoas
passarão por grandes vexames, podendo-se até afirmar que acabarão arruinadas.
Em contrapartida, ainda que por um momento os honestos sejam mal
interpretados, prejudicados ou colocados em posição desvantajosa, com o
passar do tempo, infalivelmente, a verdade será esclarecida. Vou contar minha
experiência a esse respeito.
É constrangedor eu falar de mim mesmo, mas desde jovem eu era muito
honesto. Não conseguia mentir de maneira alguma. Por isso, sempre me diziam:
“Um rapaz honesto como você nunca vai alcançar sucesso. Se você não mudar
seu pensamento e não for hábil no mentir, dificilmente será bem-sucedido na
vida”. Achando que essas palavras eram sensatas, menti bastante durante algum
tempo, mas não estava bem comigo mesmo. Sentia uma angústia insuportável,
minha vida se tornava sombria, meus dias eram só de tristeza. Não havia, pois,
condição para eu obter bons resultados nos meus empreendimentos.
Naquela época, eu era comerciante, de modo que as “técnicas” de negociar
deveriam ser muito mais vantajosas para mim. Mas eu não conseguia me sair
bem e acabei decidindo voltar à honestidade, traço próprio de meu caráter. O
engraçado é que, depois disso, os resultados começaram a ser melhores do que
eu esperava. Em primeiro lugar, adquiri maior crédito no mundo dos negócios,
as coisas passaram a se processar num ritmo excelente e em pouco tempo
consegui um grande capital. Com isso, deixei-me levar pela corrente. Quando já
tinha estendido demais a mão, deparei com a crise do mundo econômico e
decaí a ponto de não conseguir mais recuperar-me. Foi isso que me fez abraçar a
vida religiosa.
Entretanto, até hoje continuei seguindo os princípios da honestidade, da
qual determinei jamais me apartar. Obviamente, os resultados são ótimos.
Durante um período relativamente longo, houve ocasiões em que fui mal
interpretado, criticado, pressionado, enfrentando caminhos espinhosos, cheios
de dificuldades, mas nunca perdi a confiança das pessoas, o que ainda hoje
atribuo, com toda convicção, à minha honestidade.
Parece que os homens contemporâneos têm uma visão a curto prazo e se
deixam encantar por resultados momentâneos. É, pois, necessário que, diante
de qualquer situação, eles observem os fatos com os olhos voltados para a
eternidade. Isso é válido para todas as circunstâncias. Exemplifiquemos. Um
político que força a situação para conseguir o poder, não o reterá nas mãos por
muito tempo. É o mesmo que colher um caqui ainda verde, não esperando que
ele amadureça e caia, e ficar frustrado com a sua cica. Existe um ditado que diz:
“Os grandes políticos pensam em termos de cem anos; os políticos de nível
médio, em termos de dez anos; os de nível inferior, em termos de um ano”. É
exatamente assim. Entretanto, hoje em dia, por infelicidade, parece que o
número de políticos de nível inferior é bem maior.
O mesmo princípio se aplica à Agricultura Natural, por mim preconizada.
Vemos que a agricultura praticada até hoje conseguiu bons resultados com o
uso de adubos, mas, como os adubos corroem a terra, esta se torna cada vez
mais pobre. Sem perceber isso, as pessoas mostram-se deslumbradas com os
resultados momentâneos. Por fim, tanto a terra como o homem ficam
intoxicados.
O princípio também é válido para a medicina atual. Durante algum tempo,
os medicamentos e os tratamentos através de aparelhos surtem efeito; pouco a
pouco, no entanto, surgem efeitos contrários e a pessoa piora. Sempre
deslumbrada com os resultados momentâneos, ela volta a utilizar o mesmo
método e vai piorando cada vez mais.
Meu objetivo, com esses exemplos, é chamar atenção para as conseqüências
da visão a curto e a longo prazo, a que me referi inicialmente.
20 de abril de 1949
MINHA NATUREZA

Já escrevi um artigo intitulado “Como eu me vejo”. Agora, ao invés de me


colocar na posição de terceiros, tentarei analisar-me de forma subjetiva, dando
uma visão mais profunda de mim mesmo.
Creio que, atualmente, não existe uma pessoa tão feliz quanto eu, e por isso
minha gratidão a Deus é constante e profunda. Mas qual será a causa da minha
felicidade? De fato, eu não sou uma pessoa comum, sobretudo porque Deus me
atribuiu uma grandiosa missão. Esforço-me dia e noite para cumpri-la, e todos
os messiânicos sabem que, através dela, um incontável número de pessoas está
sendo salvo. Entretanto, a felicidade tem um segredo fácil de ser praticado
mesmo pelas pessoas comuns, ou melhor, por aqueles que não têm uma missão
especial como eu.
Primeiramente, desejo abrir meu coração, mostrando aquilo que é uma
tônica em meu íntimo.
Desde jovem gosto de dar alegria ao próximo, a ponto de isso se tornar
quase um “hobby” para mim. Sempre estou pensando no que devo fazer para
que todos fiquem felizes. Quando acordo pela manhã, por exemplo, minha
primeira preocupação é saber o estado de ânimo dos meus familiares. Se houver
uma só pessoa mal-humorada, já não me sinto bem. Na sociedade acontece
justamente o contrário: os subordinados é que se preocupam com o estado de
ânimo dos seus superiores. Como sou diferente, acho isso estranho e até fico um
pouco desapontado. Por esse motivo, algo que me deixa muito triste é escutar
gritos de raiva, lamentações inúteis e reclamações. Também me é difícil ouvir
repetidas vezes um mesmo assunto. Minha natureza é sempre pacífica e alegre.
O resultado do que acabo de expor é um dos fatores determinantes da
minha felicidade. Por isso eu sempre afirmo: “Se não fizermos a felicidade do
próximo, não poderemos ser felizes.” Acredito que meu maior objetivo – o
Paraíso Terrestre – estará concretizado quando meu estado de espírito encontrar
ressonância e expansão no coração de todos os homens.
Este artigo parece um auto-elogio, mas se, depois de sua leitura, ele puder
levar algum benefício às pessoas, ficarei satisfeito.
30 de agosto de 1949

OSTENTAÇÃO RELIGIOSA

Todos que vêm a mim pela primeira vez, dizem a mesma coisa: “Antes de
conhecê-lo, eu pensava que o senhor fosse uma criatura pouco acessível, que
sempre estivesse rodeado de pessoas. Imaginava que, para dirigir-me ao senhor,
deveria fazê-lo com o maior protocolo. Foi com muito medo que resolvi visitá-
lo, mas, ao contrário do que esperava, tudo foi tão simples e fácil que fiquei
surpreso.”
Realmente, quando se trata de um fundador de religião ou de um chefe, a
tendência geral é pensar que eles vivem cercados de aparato. Em tempos
passados, vários de meus subordinados quiseram que eu procedesse dessa
forma. Entretanto, eu não sentia vontade alguma de agir assim e continuei a ser
a pessoa simples que sempre fui.
Muita gente deve estar curiosa, perguntando a si mesma por que eu não
assumo uma atitude ostentosa, comportando-me como se fosse um deus. Vou
explicar a razão.
Talvez pelo fato de ter nascido em Tóquio, jamais gostei de exibicionismo.
Como detesto a falsidade, acho que aparentar aquilo que não sou e criar
diversos aparatos é uma forma de mentir; além do mais, à vista dos outros, pode
ser até uma atitude desagradável. Afinal de contas, o melhor é a pessoa se
mostrar como realmente é.
Na posição em que me encontro, talvez fosse melhor eu ficar no fundo da
nave, junto ao altar, como um deus, e ali dar audiências, porque assim eu me
valorizaria muito mais. Não gosto disso, porém. Àqueles que não aprovam meu
procedimento, eu sempre digo que não precisam permanecer comigo. Todavia,
com o passar do tempo, como a realidade mostra a constante expansão da nossa
Igreja, constato que o número de pessoas que aceitam minha maneira de agir é
cada vez maior, e isso me deixa muito satisfeito.
Devo acrescentar que considero minha natureza muito diferente da de
outras pessoas. Detesto imitar o que os outros fazem. Esse é um dos motivos
pelos quais não me porto com ostentação. Quero ter sempre a aparência de
pessoa comum. Agindo assim, também estou quebrando a tradição geral, mas
esta característica contribuiu muito para que eu pudesse descobrir a forma
revolucionária de curar todos os males: o Johrei. Como os fiéis sabem, manifesto
o poder de curar doenças através do Ohikari, que confecciono escrevendo uma
letra numa folha de papel, não diferencio Deus de Buda, estou construindo o
protótipo do Paraíso Terrestre, empenho-me na promoção da Arte, evito a
ostentação religiosa, etc. Se eu quisesse, poderia enumerar uma infinidade de
realizações minhas que realmente quebram a tradição. A propósito, dias atrás,
fui visitado por uma jornalista do Fujim Koron, que me disse ter ficado
surpreendida ao chegar à entrada da Sede Provisória e não ver nenhum aparato
que lembrasse uma Igreja. Ela achou muito estranho. Daqui por diante pretendo
realizar uma intensa atividade religiosa em todos os campos da sociedade, mas
de forma absolutamente inédita.
13 de maio de 1950

MINHA MANEIRA DE PENSAR

Tenho o costume de pensar profundamente sobre todas as coisas.


Suponhamos que eu faça um projeto qualquer. A maioria das pessoas, quando
elaboram um projeto, ficam ansiosas, querendo logo pô-lo em prática, e, mais
do que isso, com a esperança de poderem contar com a ajuda da sorte e obterem
resultados positivos. As coisas, porém, não ocorrem como elas esperavam e
geralmente redundam em fracasso. Tais pessoas só pensam no sucesso, não
levando em conta a possibilidade de fracasso, o que é muito perigoso. Eu, no
entanto, faço o contrário. Desde o começo imagino o insucesso. Elaboro,
também, um plano à parte, para quando isso acontecer. Assim, se o projeto
falhar, o fato não me atinge muito; eu aguardo um pouco mais. Agindo dessa
maneira, é fácil eu me recuperar, em caso de fracasso.
Em relação ao dinheiro, procedo do mesmo modo. Divido-o em três partes:
se a primeira não der, começo a usar a segunda; caso esta ainda seja
insuficiente, recorro à terceira. Seguindo esse método, a probabilidade de falta
de recursos é mínima.
À primeira vista, parecerá perda de tempo fazer um planejamento muito
detalhado, tomando todas as precauções para as eventualidades que possam
surgir; contudo, se procedermos dessa forma, tudo correrá mais rapidamente,
pois não haverá falhas. Fazendo como eu faço, não há desperdício de dinheiro,
nem de tempo, nem de trabalho. Somando tudo isso, representa um inesperado
e considerável lucro. Todos sabem que tenho planejado grandes
empreendimentos, uns após outros, e os tenho executado sem qualquer
preocupação; tudo sempre corre muito bem. Ainda que eu haja elaborado um
plano detalhadamente e todos os preparativos estejam em ordem, não o ponho
logo em prática; aguardo o tempo certo. Quando aparece uma boa oportunidade,
começo a executá-lo com todo o empenho. Depois, é só esperar, sem pressa ou
afobação. O homem nunca deve precipitar-se. Se o fizer, estará forçando a
situação e, procedendo assim, nada dará certo. Pensando naqueles que
fracassaram, vemos que, por sua pressa, todos eles, sem exceção, forçaram
situações.
A propósito, lembro-me sempre da Segunda Guerra Mundial. No início, as
coisas corriam bem, e por esse motivo os japoneses ficaram orgulhosos,
vaidosos; mesmo quando tudo mudou, eles pensaram que não era nada e
forçaram a situação. Como se mantiveram nessa atitude, o resultado foi aquele
triste fim. Naquela época, senti que, com tanta afobação, as autoridades
fatalmente nos levariam a perder tudo, mas silenciei, pois não podia comentar
esse meu pensamento com ninguém. Se, desde o começo, tivessem considerado
a hipótese da derrota, o resultado não teria sido tão desastroso, por isso foi
grande a minha decepção. Obviamente, o fato ocorreu devido à falta de
planejamento por parte das autoridades competentes.
Quando as pessoas me observam, às vezes me acham apressado; outras
vezes, calmo e despreocupado. À primeira vista, é natural que elas fiquem
confusas. Tudo se deve, logicamente, à grande proteção de Deus, mas todos se
espantam pela maneira rápida com que as minhas obras são executadas.
Poderão compreendê-lo melhor atentando para a incrível rapidez com que se
processa a expansão da nossa Igreja.
Desejo, agora, chamar atenção para a necessidade de uma mudança na
mentalidade do homem. Existem pessoas que se concentram num único
trabalho, sem descanso; muitas vezes, entretanto, não conseguem ser eficientes.
Isso acontece porque elas acabam entediadas, saturadas, mas ficam agüentando
e insistindo no trabalho. Esse procedimento não é certo. Nessas ocasiões, o
melhor é parar um pouco e até mesmo procurar uma recreação, a fim de
espairecer a mente. Muitos pintores dizem que, quando não se sentem
inspirados ou quando estão sem vontade, não pegam de modo algum no pincel.
Na minha opinião, é uma atitude bastante sensata. Até certo ponto, a liberdade
pode gerar muito mais eficiência. Nesse sentido, não gosto de ficar preso a uma
só tarefa; estou sempre mudando de uma para outra. Agindo dessa forma, sinto-
me mais disposto, trabalho com satisfação e minha cabeça funciona melhor.
Pode acontecer, no entanto, de acordo com a situação de cada um, que essa
recomendação seja impraticável. Por isso, conhecendo bem o princípio que
acabo de expor e procedendo de acordo com as possibilidades e circunstâncias
do momento, a pessoa terá um grande proveito. É isso que estou tentando
ensinar.
25 de junho de 1952

SUA FORÇA DE SALVAÇÃO

EU E A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

A Igreja Messiânica Mundial é completamente diferente das outras religiões,


e quem nela ingressar entenderá por quê. Mas em que aspecto ela difere das
demais? No momento ainda não posso entrar em detalhes, mas falarei em linhas
gerais.
Em primeiro lugar, observando bem as religiões existentes, parece-nos que
elas se classificam em dois tipos. A umas nem cabe o nome religião, tal a sua
simplicidade; trata-se, em poucas palavras, de fé passiva. É aquela que consiste
em·ir ao templo rezar de vez em quando, receber talismãs e amuletos, queimar
incenso, ver a sorte e, se a pessoa tem posses, mandar executar músicas sacras,
fazer doações e oferendas e voltar para casa agradecida, sentindo-se bem. É uma
fé popular, que se costuma chamar de devoção. Entretanto, esse tipo de fé pode
ser considerado religião, pois, no fundo, possui normalmente uma estrutura
religiosa. O outro tipo poderia ser chamado de fé pura. Nela se faz o registro de
todos os fiéis, havendo dirigentes, funcionários, ministros e até encarregados de
difusão, que se dedicam profissionalmente às atividades religiosas. Constitui,
portanto, genuinamente, uma religião. Ao contrário da fé passiva, seus fiéis
agem com seriedade e, quando se aprofundam, dedicam-se fervorosamente, de
corpo e alma, às suas tarefas. Entre essas religiões, existem as recentes e as
antigas. As antigas, em sua maioria, são pouco atuantes, devido, talvez, à
mudança dos tempos; algumas, segundo dizem, só a muito custo conseguem
manter-se na atual posição. As recentes foram fundadas aproximadamente do
fim do xogunato ao início da Era Meiji, (1867), e são as que apresentam maior
atividade e progresso. Entre elas, destaca-se o xintoísmo. No campo do
budismo, só uma seita – a Nitiren – apresenta algum fôlego; as demais são
praticamente inativas.
Num rápido exame das religiões, observamos que elas apresentam várias
formalidades, mas em geral têm como alicerce os ensinamentos de seu fundador
ou o espírito que norteou sua fundação, os quais são divulgados e transmitidos
aos fiéis. Estes, por sua vez, oferecem-lhes sua devoção, em agradecimento pela
proteção recebida de Deus. Obviamente não se pode generalizar, pois até
mesmo na fé existem altos e baixos.
Concordamos plenamente que todas as religiões têm como objetivo a
concretização de um mundo melhor e por isso tentam satisfazer o conceito de
felicidade do homem. A maioria, entretanto, toma como principal fator o
aspecto espiritual, demonstrando pouco interesse pelos benefícios materiais.

A VERDADEIRA SALVAÇÃO
Na Igreja Messiânica Mundial, não negligenciamos de maneira alguma a
salvação do espírito, mas julgamos que, salvando o homem apenas
espiritualmente, sua salvação não é perfeita, ou seja, ele não está realmente
salvo. Temos de salvar-lhe também a parte material, e neste ponto é que reside a
grande diferença entre a nossa religião e as demais. Ainda que como ser
humano seu espírito esteja salvo, essa idéia não basta para ele ser
verdadeiramente feliz. Numa sociedade complexa como esta em que vivemos,
não se sabe quando tal felicidade será destruída, e isso está claramente provado
pela realidade que nos cerca.
Exemplificando, há pessoas que adoecem, que são roubadas, que têm
prejuízos, que são enganadas por indivíduos inescrupulosos, que sofrem devido
a elevadas taxações de impostos, etc. No caso dos impostos elevados, podemos
apontar, entre outras causas, a existência de malfeitores, que justifica a
necessidade de polícia e tribunais; o surto de muitas doenças, cujo combate
requer a aplicação de dinheiro; uma pessoa errada que provoca uma grande
guerra, acarretando despesas decorrentes de indenizações, e assim por diante.
Devido a tais fatores, atingir um estado de segurança e de paz espiritual torna-se
utopia. Portanto, num mundo como este, se não houver salvação espiritual e
material, não se poderá obter a verdadeira felicidade. A nossa Igreja promove a
salvação em ambos aspectos. Individualmente, isso se expressa através de
benefícios materiais; socialmente, através do progresso da cultura. Entretanto,
segundo a Revelação Divina, há um grande erro na cultura moderna, apesar de,
até agora, ninguém o ter percebido. É um erro tão surpreendente, que o que se
faz pensando ser bom, na verdade é o contrário, e por causa disso a
humanidade tem sofrido sérios danos. Em poucas palavras, o que se julgava
contribuir para o aumento da felicidade acabava por resultar em aumento da
infelicidade. Os fatos, melhor do que qualquer outra coisa, comprovam o que
estamos dizendo.
Houve um grande progresso da cultura, mas a felicidade deixou de
acompanhar esse ritmo; aliás, o sofrimento do homem é cada vez maior. Se a
cultura moderna foi edificada graças ao esforço conjunto de sábios, santos e
outros grandes personagens que vêm se sucedendo há milênios, poder-se-á
dizer que se trata de uma cultura do mais elevado nível. É difícil, portanto,
imaginar que em seu conteúdo possa existir um erro marcante. Como eu já
disse, conhecendo o grande erro da cultura moderna, desejo, o mais breve
possível, não só fazer com que o maior número de pessoas o compreendam, mas
também compartilhar com elas dessa felicidade e, ao mesmo tempo, mostrar-
lhes as diretrizes para a formação do Novo Mundo, caracterizado por uma
cultura nova, ideal. Essa é a Vontade de Deus.
Agora vou falar sobre mim. Pelo que já passei em minha vida, sou uma
pessoa comum, igual a tantas outras. Tenho, porém, uma vida tão mística, que
não encontra paralelo na história de toda a humanidade. Digo isso porque me
fizeram nascer com a grande missão de salvar o mundo, completamente
diferente da missão de famosos religiosos como Sakyamuni, Cristo e Maomé.
Ou seja, fui investido do poder de executar aquilo que esses grandes
personagens não puderam realizar. Isso é absoluta verdade, como todos os fiéis
estão cientes.
Por exemplo, qualquer coisa que eu desejar saber, eu fico sabendo. Tomo
conhecimento de tudo que for importante, a começar dos três mundos – Divino,
Espiritual e Material – assim como também do passado, do presente e do futuro.
É claro que isso está limitado ao que concerne à salvação da humanidade e à
construção do Paraíso Terrestre. Antevejo como será o mundo daqui a um ano
ou a vários anos, e também o meu próprio destino. É até engraçado. E note-se,
pela experiência que tenho tido até agora, que geralmente os fatos previstos por
mim acabam acontecendo, isto é, as visões tornam-se realidade. Tenho
elaborado e executado vários planos, e tudo tem corrido conforme os meus
desejos.
Com relação à literatura, se penso em escrever um artigo, as palavras me
fluem naturalmente, o quanto eu desejar. Como todos sabem, dedico-me
também à composição de poemas e não encontro nenhuma dificuldade nisso;
componho cerca de cinqüenta em uma hora. Gostaria, inclusive, de escrever
haicais, poemas satíricos, obras de ficção, dramas, etc. mas não o tenho feito por
falta de tempo. Além desses gêneros, escrevo sátiras e comédias; como elas têm
sido publicadas; os leitores devem conhecê-las. As orações entoadas pelos fiéis
também são de minha autoria, e parece-me que, apesar de eu não ter tido,
anteriormente, qualquer experiência nesse sentido, elas ficaram muito boas.
Por outro lado, já é do conhecimento de todos que estou construindo um
protótipo do Paraíso Terrestre de grande porte; nessa obra, as pedras, as árvores,
as flores, enfim, tudo sou eu quem escolho e planejo. Naturalmente, o projeto
do jardim e dos prédios e até a ornamentação também são trabalhos meus. O
Templo Messiânico, que se erguerá no Solo Sagrado de Atami, mas que ainda
está em fase de projeto, seguirá um estilo mais moderno que o do arquiteto
suíço Le Corbusier, estilo esse que nos últimos anos se tornou moda
arquitetônica no mundo inteiro. Portanto, quando o templo for inaugurado,
deverá ser alvo da atenção mundial. Só de estar no local e olhar o terreno, us
prédios e os jardins se projetam aos meus olhos, não havendo necessidade de
pensar. Na verdade nunca estudei esses assuntos, nem ninguém me ensinou
nada a respeito; entretanto, se quero fazer algo, imediatamente brotam, dentro
de mim, excelentes idéias. Além disso, faço vivificações florais, escrita a pincel
e pinto quadros. Dessas atividades, a única que estudei um pouco foi pintura,
mas nas outras sou totalmente leigo. Com relação à Política, Educação,
Economia, Filosofia e Medicina, sei das coisas que irão acontecer até daqui a
um século. Sei principalmente o erro em que está baseada a cultura atual e fico
impaciente quando penso que, se ele fosse logo corrigido, a humanidade seria
salva e a felicidade reinaria no mundo. Nada, porém, pode ser feito enquanto
não chegar o tempo certo. Atualmente, seguindo a ordem Divina, estou apenas
apontando o problema da doença e os erros da agricultura, questões
fundamentais para a construção do Paraíso Terrestre.

UTILIZAÇÃO DO ESPÍRITO
O que eu acho mais misterioso em mim é que, utilizando o espírito, estou
fazendo com que os fiéis erradiquem as doenças. Os resultados são realmente
excelentes. Cristo e muitos santos e profetas também praticaram milagres em
relação às enfermidades; entretanto, na maioria das vezes eram curas de uma
pessoa para outra. Ora, uma só pessoa não poderia salvar milhões; para salvar
toda a humanidade é preciso que seja concedida a cada indivíduo uma força
ilimitada, capaz de eliminar as doenças. É o que estou fazendo atualmente, com
resultados admiráveis. A expansão da nossa Igreja é a melhor prova do que
digo. Como já falei, é uma obra que nem Cristo nem Buda puderam realizar.
Não pretendo dizer que a minha força seja superior à dos grandes santos,
mas expresso a realidade tal como ela se apresenta, e isso porque, chegado o
tempo, Deus me faz falar sobre o assunto. Quando penso que uma força tão
grandiosa foi concedida à minha pessoa, sinto a enorme importância da minha
missão. Naturalmente Deus não cria nada além do que é preciso. Tudo é criado
e eliminado de acordo com as necessidades. Sendo essa a Verdade, que eu
sempre afirmo, fica bem clara a minha missão, determinada pelos Céus. A mim
é dado conhecer todos os mistérios, sendo-me atribuído, de maneira ilimitada, o
poder da Inteligência Superior. Sob a Orientação Divina, estou trabalhando para
levar esse fato ao conhecimento de toda a humanidade e edificar a nova cultura,
a cultura ideal. Todavia, como o homem da atualidade possui uma inteligência
muito desenvolvida, ele não iria aceitar que lhe dessem uma explicação de
maneira simples como nos tempos antigos. Segundo a Vontade de Deus, é
necessário mostrar-lhe milagres comprobatórios e, ao mesmo tempo, transmitir-
lhe as teorias de forma que elas possam ser aceitas. É por essa razão que Ele faz
ocorrer milagres em grande quantidade. Nesse sentido, por um lado apontam-se
os erros; por outro, dão-se provas através de milagres. Sinto-me, portanto,
extremamente grato e sensibilizado pela grandeza da Providência de Deus.
Observando-se a Divina tarefa que no momento estou executando, não
haverá qualquer margem para dúvidas sobre a veracidade de minhas palavras.
Provavelmente a humanidade jamais sonhou com uma obra de tão grande porte
e de absoluta salvação. Por conseguinte, se uma pessoa, tomando conhecimento
dela, não consegue despertar, é porque é cega de alma e não tem possibilidade
de ser salva pela eternidade. Além disso, se forem submetidos, no futuro
próximo, ao supremo perigo representado pelo “Fim do Mundo”, aqueles que
não estiverem preparados serão tomados de pânico e irão se arrepender, mas aí
já será demasiado tarde.
25 de novembro de 1950

ESTADO DE UNIÃO COM DEUS

Desde os tempos antigos, muito se tem falado sobre pessoas que vivem em
estado de perfeita união com Deus, mas eu creio que jamais existiu alguém que
realmente tivesse vivido nesse estado. De fato, os três grandes religiosos –
Sakyamuni, Jesus Cristo e Maomé – pareciam unos com Deus, mas, em verdade,
eram apenas mensageiros da Vontade Divina; em termos mais claros, eram
mensageiros de Deus. Dessa forma, não se sabia fazer diferença entre uma
pessoa em estado de união com Deus e um mensageiro de Deus.
Os mensageiros de Deus atuam através de encostos ou seguindo as
determinações Divinas. Por esse motivo, sempre rezam a Deus e pedem Sua
proteção. Eu, porém, não faço nada disso. Como os fiéis sabem, não oro a Deus
nem lhe peço orientação. Basta-me agir de acordo com a minha própria
vontade, o que é muito fácil. Visto que poderão estranhar o que estou dizendo,
por ser algo inédito, explanarei apenas os pontos que não acarretam nenhum
problema.
Como sempre digo, há uma Bola de Luz em meu ventre. Essa Bola é o
Espírito de Deus, de modo que Ele mesmo maneja livremente meus atos,
minhas palavras, tudo. Ou seja: em mim não há distinção entre Deus e o
homem. Este é o verdadeiro Estado de União com Deus. Como o Espírito Divino
que habita o meu ser é o mais elevado, não existindo nenhum deus superior a
este, não faz sentido reverenciar outros deuses. A melhor prova são os milagres
manifestados diariamente pelos fiéis. Ora, se até os meus discípulos evidenciam
milagres que não são inferiores aos manifestados por Cristo, poder-se-á, através
desse único fato, imaginar a minha hierarquia divina.
Acrescente-se, ainda, que todos os religiosos existentes até agora previram a
concretização de um mundo paradisíaco, mas não disseram que seriam eles os
construtores desse mundo. Isto porque seu nível divino era inferior, e seu
poder, insuficiente. Mas eu afirmo que o Paraíso Terrestre, mundo sem doença,
pobreza e conflito, será construído por mim. Daqui para a frente evidenciarei
inúmeras realizações surpreendentes, nunca vistas até agora, e por isso gostaria
de que as observassem com muita atenção. Surgirão inúmeras ocorrências
inconcebíveis em termos de realização humana.
07 de maio de 1952

MINHA LUZ

Escrevi, sobre o budismo, muitas coisas que ninguém até hoje havia
explicado. Os leitores talvez se surpreendam, mas todo o meu conhecimento eu
o obtive através da Revelação Divina. São revelações que não tinham sido feitas
até agora devido ao fator Tempo. Ainda não se havia chegado ao grande marco
de épocas que é a Transição da Noite para o Dia, ou seja, o desaparecimento do
prolongado mundo das trevas para dar lugar a um mundo esplendoroso de luz
solar. Entretanto, embora fosse um mundo de trevas, podia-se enxergar alguma
coisa, pois existia a luz da Lua, e o homem se contentava com esse pouco. Essa
luz eram os ensinamentos da aparente verdade da Lua, isto é, o budismo.
As coisas não podiam ser enxergadas nitidamente porque a intensidade da
luz da Lua é cerca de 1/60 da luz solar. Durante a noite, é óbvio que nada se
enxergava direito, inclusive as religiões; por isso os homens estavam
desorientados e não obtinham a verdadeira tranqüilidade. Com a chegada do
dia, sob a luz solar, tudo sobre a face da Terra ficará visível e não existirá mais
dúvida alguma. Assim, cabendo a mim a missão de criar a Civilização do Dia, é
lógico que eu tenha conhecimento de tudo.
Vou aprofundar a relação que existe entre minha pessoa e o Mundo do Dia.
Meu corpo abriga a bola de Luz Divina conhecida desde a antigüidade pela
expressão CINTAMANI (palavra sânscrita que serve para designar a fabulosa
bola com poder de atender a todos os pedidos do homem). Já me referi a isso
antes, mas vou explicar mais detalhadamente.
Falando-se em Luz, os leitores poderão pensar na luz solar, mas não é bem
assim. Na verdade, trata-se da união do Sol e da Lua. Como a natureza da Luz
que se abriga em meu corpo é constituída pelos dois elementos extremos,
forma-se a trilogia fogo-água-terra, já que o corpo é constituído pelo elemento
terra. Mas será que as pessoas comuns são formadas apenas por esse elemento?
Absolutamente. Elas também possuem luz, embora pouca e fraca. Minha Luz,
no entanto, é extraordinariamente forte: é milhões de vezes superior à de uma
pessoa comum, ultrapassando os limites da imaginação; chega praticamente ao
infinito.
Tomemos como exemplo o OHIKARI, que pode ser de três tipos: HIKARI
(Luz), KOMYO (Luz Divina) e DAIKOMYO (Grande Luz Divina). Colocando-o
junto ao corpo, manifesta-se imediatamente a força capaz de conseguir a
erradicação das doenças. Isso se deve à força da Luz irradiada da palavra escrita
por mim no OHIKARI. Entretanto, nunca precisei rezar ou fazer qualquer coisa
especial para escrevê-la. Simplesmente escrevo rapidamente, palavra por
palavra. Levo em média sete segundos em cada uma e escrevo facilmente cerca
de quinhentas por hora. Com apenas essa folha de papel, milhares de doentes
podem ser beneficiados; doravante, mesmo que eu conceda milhares ou
milhões de OHIKARI, o efeito de cada um será o mesmo. Creio que com isso
poderão compreender o quanto é poderosa a força da minha Luz.
Possuindo tal força, não há nada que eu desconheça. Como os fiéis sabem,
nunca tenho dificuldade em responder a qualquer pergunta que me é dirigida.
Às vezes recebo telegramas solicitando-me auxílio para pessoas distantes e
muitas obtêm a graça apenas com esse pedido. Isso ocorre porque, no momento
em que tomo conhecimento do problema, minha Luz se subdivide e liga-se a
essa pessoa. Assim, através do elo espiritual, ela recebe a graça. Dessa forma, é
uma Luz muito prática e eficiente, pois pode aumentar milhões de vezes e
alcançar qualquer local, por mais distante que ele seja. Para melhor
compreensão, a Luz irradiada de mim é como se fossem “balas” de luz. A
diferença entre ela e uma bala de fuzil, por exemplo, é que esta mata, mas eu
dou vida às pessoas; aquela é limitada, ao passo que eu sou infinito.
A explicação acima corresponde apenas a uma pequena parte da minha
força. Não é fácil explicá-la totalmente. O ideal seria que os leitores
acompanhassem atentamente o trabalho que vou realizar daqui para frente. Se
forem ágeis de inteligência, poderão entender até certo limite. Do ponto de vista
da fé, as pessoas compreendem de acordo com o seu nível espiritual, e por isso
o melhor a fazer é polir a alma e deixá-la sem máculas, pois aí terão sabedoria
para compreender a virtude do meu poder.
25 de maio de 1952
QUEM É O SALVADOR?

Acho o título acima bem inusitado, e sem dúvida os leitores pensarão da


mesma forma. A propósito dele, pretendo fazer uma análise psicológica da
minha pessoa. Gostaria, porém, de deixar claro que se trata de uma análise
objetiva do meu interior e que não há nada inventado ou fictício. Portanto,
espero que leiam com esse espírito.
A palavra Messias, ou seja, Salvador, é muito usada no mundo inteiro, sem
distinção de tempo e de lugar, tanto no Ocidente como no Oriente. Com
exceção de uma parcela de pessoas religiosas, a grande maioria considera que a
vinda ou o nascimento do Salvador tão esperado, possuidor de poder sobre-
humano, não passa de um grande sonho, ou uma grande esperança utópica. É
verdade que já apareceram pessoas que se auto-proclamavam Messias, mas,
com o passar do tempo, acabaram desaparecendo, donde se conclui que ainda
não surgiu o verdadeiro Salvador.
Devo confessar que não gosto de afirmar que sou o Salvador, mas por outro
lado também não posso dizer que não o seja. Sendo algo tão sério, inédito em
toda a história da humanidade, a vinda do Salvador é um assunto que não pode
ser discutido de maneira leviana. Contudo, não se pode também afirmar que se
trate apenas de um sonho, nem deixar de acreditar na sua viabilidade, pois a
Segunda Vinda do Cristo, a Vinda do Messias e o Nascimento de Miroku foram
previstos por grandes profetas e santos.
Há muito tempo venho pensando na condição número um que deve ser
preenchida pelo Salvador. Antes de tudo, ele deve ter força para livrar as
pessoas das doenças. Por conseguinte, além de conceder-lhes o método absoluto
para obterem plena saúde e completarem o tempo de vida que lhes foi
predestinado, ele deve possuir força para a concretização desse objetivo. Essa é
a qualificação fundamental do Salvador.
É óbvio que a saúde do corpo deve acompanhar a saúde do espírito. Cristo
disse que de nada adianta o homem ganhar o mundo se vier a perder a vida.
Parece-nos que essa afirmativa evidencia a verdade acima. Assim, as religiões e
os líderes religiosos que não possuem força para eliminar as doenças da
humanidade, têm valor limitado. Eu sempre abracei essa tese, e certo dia, mais
de dez anos após entrar na vida da fé, obtive conhecimento sobre o princípio
fundamental das doenças e a sua solução. Ah, ninguém poderá imaginar o
espanto e a alegria que senti naquela hora, pois nunca ninguém fizera uma
descoberta tão importante! Se a compararmos com as grandes descobertas ou as
grandes invenções, estas não chegariam a seus pés.
Realmente eu sou uma pessoa que nasceu com um destino misterioso.
20 de outubro de 1948

O HERÓI DA PAZ

Atualmente, só de ouvir a palavra “herói” algumas pessoas sentem uma


espécie de admiração. Por outro lado, existem outras, como eu, que sentem uma
certa rejeição, porque essa palavra lhes inspira um pouco de tristeza. Como
podemos ver através da História, por trás das magníficas realizações dos heróis,
estão ocultos os crimes que eles cometeram, fazendo do povo de sua época uma
vítima de seus desejos egoístas e causando-lhe, conseqüentemente, grandes
prejuízos. São fatos que não podemos ignorar e tampouco apagar da nossa
memória. Não obstante, devemos agradecer-lhes os temas que proporcionaram à
literatura, ao teatro, ao cinema, etc., e que tanto têm contribuído para o nosso
deleite.
Não levando em conta o aspecto artístico, parece que o mundo confunde
herói com grande personagem. Cristo, Sakyamuni e Maomé, por exemplo, são
realmente grandes religiosos, mas não são heróis. Se pensarmos um pouco,
poderemos entender que a diferença está em suas realizações. É desnecessário
dizer que esses três grandes religiosos tentaram, a qualquer preço, salvar a
humanidade, mas salvar no sentido espiritual. Assim, comparando suas
realizações às da Ciência, torna-se evidente que o mérito da construção da
magnífica civilização atual pertence a esta última.
Isso é apenas o aspecto que veio à tona e se tornou perceptível, mas não
podemos deixar passar despercebidas as atividades dos religiosos no outro
aspecto da questão. O que acontece é que, não sendo visíveis, elas não atraíram
muita atenção. Muito pelo contrário: vieram sendo interpretadas erroneamente,
como se fossem coisas separadas, e não se pode imaginar quanta infelicidade
isso causou aos seres humanos. Na realidade, é justamente com a força dos dois
lados – matéria e espírito, frente e verso, luz e sombra – que a civilização pôde
alcançar o nível atual. Naturalmente, isto foi obra da Providência de Deus. Em
termos humanos, o progresso da parte material pode ser considerado como
contribuição dos heróis e cientistas, e o da parte espiritual, fruto da realização
dos grandes religiosos.
Todavia, embora a civilização tenha alcançado tão grande progresso, não
podemos esperar que ela vá além disso. Significa que a civilização chegou a um
beco sem saída. Realmente, como podemos constatar, a infelicidade e a
intranqüilidade dos homens aumentam a cada dia; se continuar assim, nem
poderemos ter idéia de quando virá o mundo de Paz e Felicidade, que é o ideal
de todos os seres humanos. Conseqüentemente, faz-se necessária a construção
de uma civilização ainda mais elevada, através de um grande salto da
civilização atual. Por grande felicidade, este momento chegou. Deus mostrou-
me claramente os fundamentos desse Mundo Ideal e atribuiu-me um grande
poder, de modo que já comecei a executar a sua construção. Talvez as pessoas
se espantem com as minhas palavras e cheguem a pensar que se trata de auto-
elogio, mas não tenho outra alternativa, porque o que estou dizendo é a pura
verdade. Observando a transformação que se processará no mundo daqui para
frente e o desenvolvimento paralelo de meus trabalhos, poderão entender que
não estou mentindo.
Retrocedendo ao que dizia antes, falarei mais um pouco sobre a Ciência e a
Religião.
Até hoje, os fundamentos das religiões eram de caráter “Shojo”, isto é, as
pregações dos fundadores não eram muito profundas. Poderão certificar-se
disso observando que sempre houve muita hesitação e que a verdadeira Paz e
Iluminação não foram alcançadas. Isso era inevitável, devido ao Tempo. Mas
Deus revelou-me até os fundamentos absolutos e infinitos, só que não me é
permitido expô-los agora, razão pela qual escrevo apenas até certo ponto.
A esse respeito, como podemos ver pelas religiões tradicionais, geralmente
as religiões se utilizam de dois meios de salvação: os Ensinamentos Sagrados,
através das escrituras, e os sermões, através das palavras.
Além das religiões, restam-nos, como herança principal de nossos
antepassados, o desbravamento de matas e terras, construções, objetos
artísticos, etc. Entretanto, quando faço uma análise mais profunda, vejo que é
imperioso o aparecimento de uma força com capacidade para liderar o mundo
daqui para frente.
Agora, torna-se necessário que eu fale a meu respeito. Como todos sabem,
escolhi três locais para Solo Sagrado – Hakone, Atami e Kyoto, no Japão –
lugares extremamente aprazíveis, onde estou construindo, atualmente, um
pequeno protótipo do Paraíso Terrestre. Meu objetivo é criar um ambiente
paradisíaco cujas características internas e externas estejam harmonizadas:
enormes jardins com a beleza das montanhas e das águas, um palácio das belas-
artes, construções inéditas entre as religiões, etc. Dedico-me, também, ao
desenvolvimento revolucionário da medicina e da agricultura; além disso,
através de infinitos e fabulosos milagres, empenho-me em fazer com que o
homem se conscientize da existência de Deus. Enfim, faço difusão religiosa por
métodos ainda não explorados, ainda não utilizados por nenhum homem. Estas
atividades constituem o importantíssimo alicerce do mundo de perfeita
Verdade, Bem e Belo.
Gostaria de acrescentar que todas as atividades de construção a serem
realizadas de agora em diante, da primeira à última, já estão elaboradas na
minha mente, só restando esperar pelo tempo certo. Com o passar do tempo,
tudo irá se concretizando. Trata-se de um plano por demais grandioso; pode-se
dizer que é a criação da nova civilização mundial.
Como se pode ver, a Igreja Messiânica Mundial não é propriamente uma
religião, e não estamos conseguindo sequer dar-lhe um nome adequado. Além
do mais, tudo veio se concretizando conforme o Plano de Deus; chega mesmo a
assustar-me a exatidão com que isso vem se processando. Iniciada como religião
em agosto de 1947, nossa Igreja conseguiu, em apenas seis anos, a magnífica
expansão que vemos atualmente. Se observarmos que ela conseguiu tamanho
progresso enfrentando a pressão das autoridades, a incompreensão dos
jornalistas e os mais variados obstáculos durante esse período, teremos de ad-
mitir que isso não seja obra do homem. Naturalmente, daqui por diante,
continuaremos caminhando de acordo com o programa definido por Deus e,
dessa forma, um dia se descortinará o grande Drama Divino que tem o mundo
como palco. A esse simples pensamento, sentimo-nos tomados de grande
interesse e curiosidade. Além disso, doravante se evidenciarão, uns após outros,
milagres surpreendentes e cenas de eufórica alegria. Portanto, desejo que
aguardem com muita atenção.
Em suma, eu me considero o Herói da Paz.
11 de maio de 1953

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