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Belém
2020
Preâmbulo
Nesse sentido, durante o que se tem produzido acerca da história colonial amazônica,
nota-se a presença indígena ligados a subtemas ou em segundo plano em demais problemáticas.
Isso é reflexo de uma concepção institucional que contaminou essa historiografia clássica com
um caráter colonizador.
Além da corrente cientificista, com o estímulo do IHGP e do próprio D. Pedro II, que
fomentavam a “vida intelectual” e ao qual, a temática indígena era bastante forte, embora
“sabia-se muito pouco a respeito dos indígenas, mas a literatura carrega a imagem do chefe e do
indígena heroicos” (SCHWARCZ, 1999, p. 131. Grifos meus).
História dos Índios: Uma História Relacional
Uma problemática urge, “até que ponto é historicamente legítimo propor uma história
dos índios?”. Nesse sentido, evidencia-se dois pontos, a visão dos brancos e o relato dos
contatos entre os índios e europeus. Ademais, é deveras importante realizar a história dos índios
junto a história dos portugueses, mestiços, negros e demais povos. É na diferença, no atrito entre
as culturas que se pode fazer as comparações, ou seja, só há como definir “índios” se estiverem
em relação aos “não-índios”.
Destarte o ano de 1723, o chefe Manao Ajuricaba atirou-se ao rio e morreu afogado da
embarcação ao qual era cativo, isto foi o ponto de ignição para vários conflitos entre os
portugueses e os grupos autóctones do Médio Rio Negro, e com isso, o jogo político colonial
ganha nova configuração.
Os Manao
O ingresso a do médio Rio Negro era deveras significativo, porque permitia fundar uma
rota para os rios Solimões, Branco e Orinoco, embora o território era historicamente ocupado
por vários aldeamentos Manao e desde o fim do século XVII ou antes, havia um comércio
volumoso de ouro, armas e escravos por parte dos Manao, os holandeses e quem falava a língua
Caribe, claro, desde que na área ao qual havia interesse dos portugueses em possuí-la.
Outra razão para que a Guerra Justa fosse estabelecida, se deu no assassinato do
Principal Carunamã, um “fiel vassalo de Sua Majestade e amigo dos portugueses”, isto
tensionou o declamo da guerra entre os Mayapenas e os Manao. Outro fator também, remete-se
no ato do chefe Ajuricaba, portar uma bandeira em sua condução marítima e expô-la por todo o
rio Negro.
Interessante notar que a relação entre os índios Manao e os holandeses não era tão
amistosa e com isso, indica que os “Maganout” geravam consternação aos colonos holandeses
de Essequibo. Logo, o Conselho Político de Essequibo tramou um ataque defensivo, já no ano
posterior de 1724 foi notificado de novos rechaços dos índios Manao contra os Akawaio e
Caribes, provocando uma investida por parte deste Conselho de “extirpar e aniquilar” os Manao.
No século XVIII, algumas etnias eram vistas como pagãs pela Legislação Indigenista, e
permitia de forma jurídica a “guerra justa” contra outras tribos e exigia ainda, o trabalho
missionário de “conversão”. Logo, nos conflitos lusitanos havia a inevitável escravidão e as
alianças, e com isso, os aldeamentos e a catequese, essa escala, claro, não se configurava da
mesma forma todas as vezes, assim como a própria legislação que era aplicada com diferentes
fins.
Sabe-se que havia um interesse mútuo das nações europeias nos territórios das Guianas
e da Amazônia desde o século XVI com as diversas expedições se enselvaram nestas áreas.
Além de uma primeva ocupação no Pará no mesmo século planejada pelos ingleses e
holandeses.
Nesse contexto três questões alvorecem. “1) Qual a importância política e econômica da
região entre a bacia hidrográfica do rio Orinoco e o vele do Amazonas no processo de expansão
dos Estados europeus, no século XVI? 2)Como compreender as interações dos interesses
políticos e militares europeus que enforcaram o noroeste da Amazônia, entre os séculos XVI e
XVII, mais as relações políticas expressas na rede de comércio entre os grupos indígenas que
habitavam a mesma região? 3) Que papel exercem os índios Manao na rede de alianças e
conflitos intertribais e interétnicos que caracterizam o processo de contatos entre os europeus e
as sociedades indígenas, no noroeste da Amazônia?”
As conclusões à essas questões podem emergir, em parte, nos relatos das expedições
realizadas, ao passo que o terreno púbere estava a ser desbravado, consequentemente, haveriam
especulações, boatos acerca das possíveis, inúmeras e pujante riquezas que ali residiriam. Logo,
mitos e lendas mesclavam-se com a bagagem cultural em um caldo, junto das realidades que os
oprimia de todas as direções.
Mais além, vale ressaltar a “exterioridade” da grande parcela dos relatos acerca do
terreno analisado. Onde nota-se como a Inglaterra renascentista, a Espanha barroca, a Boêmia
dos jesuítas desejava estas terras. Ainda que por mais contraditório que pareça, não há como
distinguir a história da Amazônia da história das nações europeias (especificando os ingleses,
holandeses, espanhóis, franceses e também os portugueses).
Uma parte considerável das descrições acerca de Manoa, é oriunda nas narrativas
inglesas e do epistolário espanhol. Ainda que Sérgio Buarque de Holanda em seu Visão do
Paraíso apresente as “Índias de Castela” como origem da lenda, Luis Weckmann, recorda a
primeira aparição de Eldorado na cartografia portuguesa sobre o Brasil.
Não obstante, Walter Raleigh foi o pioneiro em fornecer dados substanciais dos
costumes das tribos indígenas guianenses. O aventureiro, colonizador e intelectual inglês,
favorito de Elizabeth I, conquistando o seu espaço na corte inglesa como um notável
conhecedor da arte náutica, alquimia, história e poesia, ao qual, lhe foi atribuído as “origens
intelectuais da Revolução Inglesa”.
Raleigh estava determinado a ratificar a existência do ouro das Guianas e, portanto, era
imperativo que a Inglaterra instaurasse a sua conquista de territórios coloniais na América e
contrapor-se ao império espanhol. Posteriormente, os franceses, holandeses e portugueses
ingressariam nessa disputa para possuir “os melhores quinhões da América”, em confronto com
a Inglaterra e Espanha.
Raleigh, honrado em ser o fundador do império colonial inglês, erigiu um discurso
colonialista explicitando provas contundentes acerca da viabilidade e necessidade de
investimentos coloniais na América, visando a urgência dos ingleses em chegarem à Amazônia.
Com isso ele elaborou descrições com finalidades políticas para induzir o colonialismo inglês
nessas terras, e por isso, além das paisagens, indígenas, há a citação de monstros, animais
fantásticos ou sinistros.
Este tempo lhe foi suficiente para registrar a abundância de ouro entre seus habitantes,
um dos rituais registrados, “os guerreiros eram banhados com o ouro em pó, soprado com um
tubo sobre os corpos nus, até que brilhassem dos pés à cabeça”. A visualização da presença do
ouro nos templos, placas, armaduras e escudos utilizados nas guerras, ocasionou por Martínez
conferir à cidade a alcunha de “El Dorado”.
A cidade de Manoa permaneceu oculta para Raleigh, e embora não ter êxito em carregar
seus navios com a abundância de ouro que ansiava, ele deixou as Guianas com a convicção que
a cidade existia, junto do mesmo ouro que enriqueceu os espanhóis. Mas também, a figura dos
homens acéfalos, as amazonas, os macróbios, podem ser entendidos como uma criação europeia
que que foi introduzido no processo de (re)significação, há uma releitura de insígnias, imagens
de uma bagagem cultural externa e que entra em contato com o repertório do “Novo Mundo”,
há um “estranhamento” com o que foi presenciado e isso gera uma boa parte dos mitos e lendas
que sobrevoam esse imaginário e integram uma “nuvem simbólica, mística”.
Em continuidade a busca do ouro feita por Raleigh, vários ingressos aos rios Amazonas
e Negro foram estabelecidas, isto na primeira metade do século XVII. Houve diversas tentativas
de os holandeses em se fixar na Amazônia no século XVI. O primeiro forte erigido em 1613
pelos batavos, exprimiu esse objetivo, “Kilkoveral” representou a sua instalação.
Em um dos documentos que trata do modo de estabelecer e manter esses contatos (o
comércio com os índios, mas nos conformes da natureza comercial), nota-se algo recorrente, a
associação constante entre o comércio objetivado pela Companhia de Comércio holandesa com
intuito em chegar a El Dorado, a cidade de Manoa, ou seja, os holandeses ansiavam por
descobrir o Eldorado.
Os itens a serem trocados com os “naturais” ou com seus chefes, viriam junto de outros
objetos e ferramentas aptas a auxiliar a análise e detecção de uma provável existência de ouro
ou prata no subsolo dos domínios indígenas. O envolvimento dos Manao nesse tráfico se dá em
1724, período este ao qual, ocorre a guerra dos portugueses contra os Manao nas áreas do rio
Negro, já os Maganout confrontavam os Karinya, (aliados dos holandeses). A origem deste
confronto se justifica na “supremacia e acesso privilegiado ao tráfico [de escravos indígenas]”.
A busca por ouro fomentada com o triunfo da exploração colonial espanhola, continuou
suscitando expedições inéditas e pelas terras amazônicas já na primeira metade do século XVII.
E com isso, na referida data de 28 de outubro de 1637, o “sertanista” Pedro Teixeira determinou
(com a recomendação pelo então governador-geral do Estado do Maranhão e Grão-Pará, Jácome
Ribeiro de Noronha) uma Jornada Fluvial pelo Amazonas no caminho entre Belém e Quito.
Em seu diário de viagem, o padre reportou o contato com os indígenas que viviam às
margens do rio Juruá, e os nomeou de “Managus”. Este é o primeiro registro que há acerca do
encontro entre os europeus e os que foram alcunhados por Manao. Havia relatos da presença de
minas de ouro no rio Yquiari, Acuña o denominou de “que é o rio do ouro”. A repartição do
ouro não se dava pelos mesmos que índios que o extraiam, mas pelos “Managus”.
O rio Negro contava com a presença dos padres jesuítas desde 1657. Logo, com o
estabelecimento das missões e a fundação de povoados, é possível perceber, a exemplo do
comércio a longa distância que se expandiu à uma vasta área, chegando talvez até o rio Madeira.
E com isso, percebe-se a extensão do rio Negro como uma zona intermediária de comércio,
ultrapassando as próprias ações comerciais dos Manao que trafegavam em amplas áreas do vale
amazônico estabelecendo trocas com “estrangeiros” e demais grupos indígenas.
Sabe-se pouco da vida do padre Samuel Fritz antes de seu ingresso na Companhia.
Nasceu em Ornavia, um lugarejo na Boêmia, em 1654 foi admitido na Companhia de Jesus
quando chegou aos 19 anos de idade. Estudou, humanidades, filosofia e teologia. Logo,
distinguindo-se dos demais, ocasionalmente, lhe é designado deveres dos altos cargos pelos seus
superiores na Companhia.
Rastreando os passos deste último, Fritz trabalha no tema “rio do ouro”, e cria uma
intrigante analogia entre o rio do ouro, ou o Eldorado e a mitologia do “Jardim das Espérides”
relatado em “Metamorfoses” de Ovídio. E com uma das descrições em sua documentação, Fritz
mescla dois mitos ocidentais na Amazônia espanhola-portuguesa, para atribuir a existência de
ouro nos domínios ao qual, alegou ser espanhol, isto se dá na conjuntura fronteiriça dos litígios
coloniais ibéricos, mais holandeses, ingleses e franceses.
Capítulo III: Histórias de Brancos: Uma Historiografia Amazonense dos Índios Manao
A Inglaterra detinha os louros quanto à Venezuela, e por conseguir força moral com
essa vitória, aproveitaria e as utilizaria as mesmas técnicas com a qual vencera a Venezuela e as
aplicaria ao Brasil. Enfim, com a conclusão do arbitramento, estava pendente a feitura da
primeira Memória a ser entregue em março de 1903, o que demandaria de Nabuco um extenso
trabalho de pesquisa e aquisição de dados.
O volume “Le Droit du Brésil” foi redigido em virtude de validar os direitos brasileiros
acerca dos territórios em litígio, resultado este do “Artigo V” do tratado estabelecido por entre
as partes litigantes, no qual, “deveria ser apresentada uma Memória impressa por cada uma
partes, acompanhada de documentos, de correspondência oficial e de outras provas sobre as
quais cada uma se apoiaria”. A primeira Memória foi dado a Vítor Emanuel em 26 de fevereiro
de 1903 e continha 8 volumes massivos.
Esse trabalho monumental, se debruça sobre a história da colonização dos rios Negro e
Branco entre os séculos XVI e XVIII, até então um marco na historiografia nacional do período,
e por isso, ela se tornou referência a todos os pesquisadores que buscam “narrar, comentar ou
simplesmente compreender a história da colonização dos rios Negro e Branco”.
No período dos anos de 1920 e 1930 que a historiografia colonial do rio Negro e no
Amazonas se fixou e ganhou potência de ideologia fixadora de uma “identidade” regional. Para
tanto, os atores deste processo de “afirmação cultural” eram bacharéis (pessoas de nível
universitário, médicos ou advogados) ou jornalistas empenhados na política profissional.
Tendo em vista que a maioria era formada por docentes com obras publicadas, cujo foco
era a Amazônia em seu meio geográfico e sua história. No qual, em dos elementos
predominantes em sua produção literária e científica dos atores imersos na criação de um
pensamento sobre a Amazônia é a função fundamental da pesquisa histórica e da descrição
geográfica. Mas também, complementa-se a relevância de conhecimentos nas áreas da
etnografia, folclore, “etno-botânica” e “etno-farmacologia”.
Por sua vez, a Academia Amazonense de Letras acolhia os literatos, poetas, romancistas
e também, historiadores. Principiando sob a alcunha de “Sociedade Amazonense de Homens de
Letras”, foi instaurada na data de 17 de janeiro de 1918. É interessante notar, que os grupos
ligados ao IGHA e AAL, estavam imersos no processo da Revolução de 30.
Embora, houvesse essa ligação com a revolução, textos escritos na mesma época
revelam que na explosão do evento, o Estado do Amazonas não tinha ciência das ações
ocorridas no sudeste do país, desorientando as mentes da população sobre os que realmente
acontecia no restante do país, demonstrando o isolamento que o Norte brasileiro se encontrava.
1931, ano da publicação de “Histórias do Amazonas” por Arthur César Ferreira Reis, e
com ele, após Joaquim Nabuco, Reis é o primeiro a retornar com o tema das guerras luso contra
os Manao. Antes de prosseguir, é importante ressaltar que se deve ter um olhar crítico sobre a
historiografia do período em virtude da revolução de 30 e consequentemente, uma mudança
política, e houve reinterpretações antes desse período em obras históricas antes da década de 30.
Logo, percebe-se que o Ajuricaba de Arthur Reis era “O Guerreiro” em todos os seus
atributos e qualidades, típico dos romances indianistas inspirado no romantismo brasileiro. Por
conseguinte, é uma “figura indomável, toda a ação de Ajuricaba é descrita por Arthur Reis
como um ataque frontal aos domínios e à posição portuguesa na região”.
De acordo com Reis, os índios enquadram-se a dois fins: realçam a vitória portuguesa e
são instrumento do resgate das “origens” civicamente elogiosas do homem amazônico. Os
Manao são tidos por “indômitos” e “superiores”, referindo-se ao valor duplo da conquista
portuguesa no rio Negro. Mas também, “custosa” significa que vencer de índios mais corajosos
maximiza o “valor de sua derrota”.
O “elogio” por sua vez, “dá mais sabor” ao triunfo sobre os Manao insubmissos a
qualquer submissão, a “zombaria” e o “pouco caso” dos Manao em conexão aos portugueses
faculta a concepção do orgulho “nativo”, qualidade popular e bastante prezada entre os
intelectuais amazonenses dos anos 30.
As primeiras comunicações dos Manao com os europeus relatados por Arthur Reis, tem
vários altos e baixos, levando, no início do século XVIII, a resistência à escravização mais e
mais recorrente, por meio de uma “Confederação” que unia os Manao chefiados por Ajuricaba e
os Mayapenas, residentes do rio Curicuriari. A união de tribos indígenas distintas, será uma
razão que justificará as ações da guerra justa, o Regimento de Guerra e as Tropas de Resgate do
rio Negro de 1726.
Holandeses
Logo, Reis suscita questões tais quais: “Ajuricaba foi traidor? Ajuricaba manteve
aliança com os holandeses? Eis a grande questão”. Apesar de ser suspeito por atacar as aldeias
carmelitas, matar um índio aliado dos portugueses e um cabo da tropa de resgates, também ser
declarado culpado da aliança com os holandeses pela devassa executada sob mando da Junta das
Missões de 1727.
Enfim, Arthur Reis absolve o “tuxaua Manao”, pois, no contexto da história geopolítica
amazônica e ainda sob a perspectiva portuguesa, a bandeira holandesa que apresentava pelo rio
Negro injuriando os portugueses, não era um presente dos holandeses, mas havia sido
“arrebatada” da posse dos índios “Caraíbas”, com os quais manteram relações guerreiras em
1723.
Assim, o comércio dos Manao com os holandeses foi uma invenção dos portugueses
para adquirir mais terras e escravos para o Grão-Pará. Ainda assim, os Manao eram aliados dos
holandeses? Tal “inverdade” foi aprovada por Portugal para se atingir a guerra tão desejada. De
acordo com Guzmán, “em diversos momentos da colonização, a necessidade de escravo fez com
que muitas etnias fossem acusadas injustamente de barbas ou selvagens, sendo passíveis de
guerra justa” (2008, p. 117). Também, Reis conclui seu capítulo declamando que Ajuricaba é
“um guerreiro ilustrem dos primeiros a batalhar pela liberdade da América. Este é o título a que
tem direito”.
Publicada em 1928, “A Religião dos Tupinambás e suas relações com a das demais
tribos Tupi-Guarani” de Alfred Métraux, cuja pesquisa inédita e pioneira de natureza
etnológica, utilizou-se de fontes quinhentistas e seiscentistas para resgatar as crenças e rituais
dos “tupu-guaranis” nos séculos XVI e XVII. Embora deva ser considerada como um
seguimento das pesquisas acerca de “la Civilization Matérielle des Tribus tupi-Guarani”.
Ainda que fosse pupilo de Marcel Mauss, suas influências advêm dos estudos de Curt
Nimuendajú, suas fontes são tanto trabalhos de cronistas quanto em fontes mais recentes. Focou
os temas de estudo da mitologia Tupi-Guarani, analisou a cosmologia e isolou os dois grandes
complexos simbólicos dos Tupi-Guarani: “a antropofagia ritual, e o tema da Terra Sem Males
como impulsor do profetismo”.
Métraux também principiou as pesquisas sobre os Manao, embora, tudo o que relata
sobre eles em seu Handbook of South American Indians, estabelece uma projeção de saberes
etnológicos gerais. Ele trivializou os dados em função da organização social dos Manao, para
reconstruir um modelo de organização social e religiosa dos mesmos índios Manao, ao qual,
mostrou-se “estático e anacrônico”. Seu trabalho é considerável, embora não seja suficiente para
a compreender a sociedade Manao em sua historicidade.
Epílogo
Mas também, perceber o cenário amazônico como um palco de disputas territoriais para
além do local, a exemplo dos ingleses, holandeses, franceses, portugueses e os próprios
indígenas. Atores estes, que conectam-se direta ou indiretamente em uma teia complexa e
imbricada que a história busca reconstruir, além de, não só tem a responsabilidade de agir como
tem o dever de agir em prol das “inverdades” e injustiças, como do chefe Ajuricaba, acusado em
prol de interesses dos portugueses que ansiavam por mais terras e mais escravos, e com isso,
esclarecer esses furos que marcaram o tempo inevitavelmente irá deixar.
Referência;
Bibliografia Complementar;
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador – D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
_________. O Espetáculo das Raças – Cientistas, Instituições e Questão Racial no
Brasil, 1870 – 1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Obs: Esta resenha buscou sintetizar na medida do possível, uma obra de densidade
magnânima e trouxe as frases e termos originais da dissertação em função de não perder a linha
de raciocínio, e significados, além de contextualizar com outras obras.