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Politica de Educacao No Campo PDF
Politica de Educacao No Campo PDF
de educação
no campo
para além da alfabetização
(1952-1963)
Iraíde Marques de Freitas Barreiro
POLÍTICA DE
EDUCAÇÃO NO CAMPO
CONSELHO EDITORIAL ACADÊMICO
Responsável pela publicação desta obra
POLÍTICA DE
EDUCAÇÃO NO CAMPO
PARA ALÉM DA ALFABETIZAÇÃO
(1952-1963)
© 2010 Editora UNESP
Cultura Acadêmica
Praça da Sé, 108
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Tel.: (0xx11) 3242-7171
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B255p
Barreiro, Iraíde Marques de Freitas
Política de educação no campo: para além da alfabetização (1952-1963) /
Iraíde Marques de Freitas Barreiro. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2010.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7983-130-0
1. Educação rural. 2. Trabalhadores rurais – Educação. 3. Campanha
Nacional de Educação Rural (Brasil). 4. Educação e Estado. 5. Brasil –
Condições rurais. I. Título.
11-0136. CDD: 370.91734
CDU: 37.018.51
Editora afiliada:
Dedico este livro
a meu pai, in memoriam, que sempre
acreditou nos saberes do campo.
Ao Dr. José Arthur Rios, pela maneira gentil e pela presteza com
que me concedeu a entrevista e alguns documentos não encontrados
nas Instituições pesquisadas.
Aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras
de Assis, pelo cordial e eficiente atendimento.
Ao Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa – Cedap – da
Faculdade de Ciências e Letras de Assis, pelo suporte na leitura dos
microfilmes.
À Seção de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão – Saepe – Fa-
culdade de Ciências e Letras de Assis, pelo apoio na digitalização
das fotos; de modo especial agradeço aos funcionários Paulo Sérgio
Romão e Paulo César Moraes.
Ao José Carlos Barreiro, companheiro em todos os momentos,
que muito contribuiu com seu estímulo e criticidade nos dois mo-
mentos deste trabalho. A ele meu apreço especial.
À Professora Maria Victória Benevides, minha orientadora no
doutorado, pela convivência e orientação competente e agora com
sugestões enriquecedoras.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Introdução 13
Conclusão 135
Referências bibliográficas 141
INTRODUÇÃO
3 Informação fornecida por José Arthur Rios em entrevista pessoal, em São Paulo
(SP), 4 maio 1994.
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Telegramas escritos e assinados por Helena Antipoff com a programação do 2o Seminário de Educação Rural e relação dos convidados para o evento,
coordenador da CNER José Arthur Rios, José Irineu Cabral, Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Pierre Bovet, Suíça.
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sua doutrina e sua técnica [da CNER], bem como tudo quanto se
relaciona com o problema rural no Brasil, necessita de divulgação
para que os líderes do nosso povo – educadores, sociólogos, políti-
cos, sacerdotes, militares, agricultores, comerciantes, industriais e
operários tomem conhecimento do que se está pensando e fazendo
com devotamento e idealismo. (RCNER, 1954, v.1, p.3-4)
Boletim O Missioneiro
sabemos que nosso rurícola não aceita, facilmente, ideias novas, coi-
sas que venham alterar-lhe hábitos arraigados há gerações. Cabe-nos,
entretanto, essa mudança de mentalidade. Somente assim havemos
de conseguir nosso fim: a libertação de nosso povo pelo Brasil. (Re-
latório das Atividades da CNER, 1954)
1 “Padre Lebret, inspirou-se no jesuíta alemão Heinrich Pesch, que buscava uma
maneira de superar o dilema capitalismo/socialismo através da solidariedade,
da humanização das relações entre os indivíduos e entre as classes sociais,
defendendo a associação entre o capital, trabalho e governo, com vistas a um
fim comum” (Paiva, 1980, p.58). No Brasil, suas ideias foram difundidas pelos
maritainistas, adeptos da filosofia neotomista, com grande penetração entre a
Igreja Católica e os intelectuais religiosos, sendo Alceu Amoroso Lima um dos
que aderiram às ideias solidaristas.
2 Informação fornecida por José Arthur Rios em entrevista pessoal, em São Paulo
(SP), 4 maio 1994.
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Os Centros de Treinamento:
formação e materialidade da política para o campo
Fonte: Relatório das atividades da CNER na Arquidiocese de Fortaleza. Rio de Janeiro: Minis-
tério da Educação e Cultura, 1954 (microfilme).
Fonte: Relatório das atividades da CNER na Arquidiocese de Fortaleza. Rio de Janeiro: Minis-
tério da Educação e Cultura, 1954 (microfilme).
Fonte: Relatório das atividades da CNER na Arquidiocese de Fortaleza. Rio de Janeiro: Minis-
tério da Educação e Cultura, 1954 (microfilme).
a ciência social deve ser explicada como ciência e não como dogma
imutável. Na CNER, cometeram-se enganos por falta dessa flexibi-
lidade científica. Éramos treinados exclusivamente como educadores
e não podíamos dar assistência prática, que constituiria “assisten-
cialismo” e “paternalismo”. No Ceará, uma médica da Missão
Rural só cuidava de ensinamentos de educação sanitária, em uma
região desprovida de recursos assistenciais. As pessoas desejavam
ser examinadas, mas, em virtude da orientação da CNER, que era
inflexível, a médica não dava consultas. Transmitia conselhos de
higiene e as pessoas faziam o contrário do que ela ensinava, propo-
sitadamente, como protesto por não serem atendidas. Expliquei-lhe
que deveria agir de outro modo: dar consultas às pessoas e, também,
instruções higiênicas. É necessário que a teoria seja ligada à prática
e a prática à teoria. Daí a necessidade dos professores encarregados
das ciências sociais percorrerem o meio rural brasileiro, que varia
de região a região. (Seminário Nacional Sobre Ciências Sociais e o
Desenvolvimento de Comunidades Rurais no Brasil, 1960, p.205)
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Estado de Alagoas
– Missões Rurais em Palmeira dos Índios, atuando nas comunida-
des de: Cacimbinhas, Colônia, Igaci, Canafístula e Palmeira dos
Índios.
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO CAMPO 67
Estado da Bahia
– Missões Rurais em Cruz das Almas, atuando nas comunidades de
Araçá, Santa Terezinha, Sapucaia, Pau Mulatinho, Taboleiro da
Vitória, Aldeia, Chapada, Poções, Cadete, Três Bocas, Tuá, Vela-
me, Bebe Água, Tapera, Embira; em Feira de Santana, atuando nas
comunidades de Pé de Serra, Sobradinho, Boa Vista, Gameleira,
Olhos D’água, Maria Quitéria, Matinho e Pacatá; em Serrinha,
atuando nas comunidades de Retiro, Chapada, Bela Vista e Tan-
que Grande.
– Missões em instalação: Jequié e Ipiau, Barreiros e Angical, Seabra,
Senhor do Bonfim.
– Centros de Treinamento de Educadores de Base em Cruz das Almas.
– Centros de Orientação de Líderes Locais em Barra.
– Pesquisas e Estudos Específicos para levantamento dos Municípios
e para constatação do resultado das técnicas aplicadas em Cruz das
Almas, Feira de Santana e Serrinha.
Estado do Ceará
– Missões Rurais em Itabajé e Baturité, atuando nas comunidades
de Santa Luzia, Cruz, Soledade, Itapagé, Uruburetama, Pacoti,
Guaramiranga, Apuiarés, Itapipoca; em Sobral, atuando nas co-
munidades de Monte Castelo, Pedrinha, Cidão, Coração de Jesus,
Patrocínio, Estação, Fortaleza, Saúde.
– Centros Sociais de Comunidade em Caucaia, Itapagé, Apuiarés, Ita-
pioca, Capuan e em Sobral, localizados nas comunidades de Uba-
jara, Taperuaba, Santana do Acaraú, Ibiapina, Coreau e Meruoca.
– Centros de Treinamento de Professores e de Auxiliares Rurais em
Messejana.
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Estado do Maranhão
– Missões Rurais no Município de Bacabal.
– Centros de Treinamento de Professores e de Auxiliares Rurais em
Coroatá.
Estado da Paraíba
– Pesquisas e Estudos Específicos para levantamento dos Municípios
e para constatação do resultado das técnicas aplicadas em Areia,
Campina Grande, Iratí, Malé e Joaquim Távora.
Estado do Paraná
– Pesquisas e Estudos Específicos para levantamento dos Municípios e
para constatação do resultado das técnicas aplicadas em Jacarezinho.
Estado de Pernambuco
– Centros Sociais de Comunidade em Petrolina e Barreiros.
2 Informação fornecida por José Arthur Rios em entrevista pessoal, em São Paulo
(SP), 4 maio 1994.
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Fonte: Relatório das atividades da CNER na Arquidiocese de Fortaleza. Rio de Janeiro: Minis-
tério da Educação e Cultura, 1954 (microfilme).
Fonte: A CNER em 1953. Alguns resultados do trabalho realizado pela Campanha Nacional de
Educação Rural. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953, p.9.
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO CAMPO 85
Igreja, de que a terra não é um bem social e estava atenta “aos atritos
peculiares às ideologias extremistas”, numa referência camuflada ao
comunismo. Diante desse quadro de tensões sociais, da incumbência
de educar os habitantes rurais, a campanha e a Igreja aliam-se na
organização de semanas educativas em diferentes regiões do País,
especialmente nas localidades em que os movimentos sociais no
campo estavam mais organizados. É o caso, por exemplo, das regiões
de Vitória de Santo Antão (PE), Limoeiro, São Rafael e Barreiros
(RN), com forte presença das Ligas Camponesas.
As Ligas surgiram num contexto mais amplo, que não se explica
apenas pela expulsão dos foreiros e da redução das terras dos mora-
dores de usinas, mas também no contexto de uma crise política re-
gional. Consciente do subdesenvolvimento do nordeste e rechaçando
políticas paternalistas do governo federal, a elite regional passou a
defender uma política efetiva de desenvolvimento do nordeste, por
meio da industrialização. A miséria dos camponeses e o êxodo para
o sul do País eram explicados como resultado do latifúndio subuti-
lizado. Dessa forma, “[...] uma política regional de desenvolvimento
baseado na industrialização deveria sustentar e inverter o círculo
vicioso da pobreza de uma agricultura monocultura e latifundiária”
(Martins, 1986, p.77).
As Ligas Camponesas ganharam grande importância nas áreas
Fonte: A CNER em 1953. Alguns resultados do trabalho realizado pela Campanha Nacional de
Educação Rural. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953. p.3.
Fonte: A CNER em 1953. Alguns resultados do trabalho realizado pela Campanha Nacional de
Educação Rural. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953. p.8.
Fonte: A CNER em 1953. Alguns resultados do trabalho realizado pela Campanha Nacional de
Educação Rural. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953. p.10.
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO CAMPO 121
Fonte: A CNER em 1953. Alguns resultados do trabalho realizado pela Campanha Nacional de
Educação Rural. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953. p.9.
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO CAMPO 133
Obras citadas
Obras consultadas
ARROYO, M. Educação e exclusão da cidadania. In: BUFFA, E; AR-
ROYO, M; NOSELLA, P. Educação e cidadania: quem educa o cida-
dão? São Paulo: Cortez, 1987. p.31-80.
BEISIEGEL, C. de R. Educação e sociedade no Brasil após 1930. In:
FAUSTO, B. História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel,
1984. p.381-416. v.4 (Economia e Cultura, 1930-1964).
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NO CAMPO 145
Fontes primárias
A CAMPANHA Nacional de Educação Rural em 1953. Alguns resultados
do trabalho realizado pela Campanha Nacional de Educação Rural. Rio
de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953.
BOLETIM MENSAL INFORMATIVO. Rio de Janeiro: Ministério da
Educação e Cultura/Campanha Nacional de Educação Rural, ano 1,
1958.
. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Campanha
Nacional de Educação Rural, ano 2, 1959.
. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Campanha
Nacional de Educação Rural, ano 3, 1960.
. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Campanha
Nacional de Educação Rural, ano 4, 1961.
BOLETIM MENSAL INFORMATIVO. Rio de Janeiro: Ministério da
Educação e Cultura/Campanha Nacional de Educação Rural, ano 5, 1962.
BOLETIM O MISSIONEIRO. Rio de Janeiro: Ministério da Educação
e Cultura/Campanha Nacional de Educação Rural, jul./ago. 1954.
RELATÓRIO das atividades da CNER na Arquidiocese de Fortaleza.
Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1954. (microfilme).
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Fontes secundárias
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação Geral
Marcos Keith Takahashi