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não-fascista
Margareth Rago
Alfredo Veiga-Neto
(Organizadores)
Bibliografia.
ISBN 978-85-7526-440-9
09-10342 CDD-194
Índices para catálogo sistemático:
1. Artigos : Filosofia francesa 194
Sumário
427 Os autores
Apresentação
1
FOUCAULT, Michel “Introdução à vida não-fascista”. In: Gilles Deleuze e Félix Guattari. Anti-Oedipus:
Capitalism and Schizophrenia. New York: Viking Press, 1977, p. XI-XIV. Traduzido por Wanderson
Flor do Nascimento. Revisado e formatado por Alfredo Veiga-Neto.
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entre outras coisas, um modo de vida pautado pelo assujeitamento ou
sujeição, algo bem diferente das sofisticadas práticas de subjetivação dos
antigos, que ele nos convida a conhecer.
Nessa direção, para além da crítica ao instituído, para além dos des-
locamentos produzidos nas formas do pensamento e da ação, o filósofo
insiste: “Libere-se das velhas categorias do Negativo que o pensamento
ocidental sacralizou”, recomendando ao mesmo tempo um forte inves-
timento na potencialização dos desejos e da ação criadora. É porque
acredita no mundo e porque aposta na vida que Foucault se esforça tanto,
milita tanto; é também por isso que ele atemoriza e, muitas vezes, irrita.
A vida sedentária lhe causa horror; já os nômades incomodam e assustam
os sedentários.
“Não caia de amores pelo poder”, adverte Foucault. Olhar aten-
ciosamente para a antiga cultura greco-romana, como faz em O Uso dos
prazeres e O Cuidado de Si, não busca restaurar experiências de vida que
tanto se diferenciam das que se construíram na Modernidade. Mas permite
encontrar outros modos de produção da subjetividade, outras formas de
formação do indivíduo, outros modos de pensar a relação de si para consigo
e para com o outro; igualmente, permite pensar a própria política, para
fora do poder. Novas possibilidades se anunciam, no momento mesmo em
que a analítica foucaultiana do poder é amplamente assimilada, tornando
mais visíveis e legíveis as capturas biopolíticas na Contemporaneidade. O
pensador do poder e do sujeito cede espaço ao “filósofo da liberdade”,
chamando a atenção para as temáticas do cuidado de si inscritas na vida
comunitária dos antigos.
Essas problematizações nos motivaram a reunir um grupo de inquietos
pensadores para continuar a pensar, discutir, ler, dialogar e escrever com
esse filósofo libertário. Assim foi pensado o V Colóquio Internacional Michel
Foucault: “Por uma vida não-fascista”, realizado entre os dias 11 e 14 de
novembro de 2008, no IFCH da UNICAMP, dando sequência a vários
outros encontros realizados em anos anteriores. Graças aos apoios recebidos
da FAPESP, da CAPES, do Programa de Pós-Graduação em História e
da FAEPEX da UNICAMP, mais de 300 pesquisadores e pesquisadoras
se reuniram para assistir a mais de 30 palestrantes e com eles dialogar, em
torno do pensamento de Michel Foucault.
Tão diferentes entre si em inúmeros aspectos, esses pesquisadores
aproximam-se na vontade de suscitar novos acontecimentos, como diria
Deleuze. Mas também se encontram na crítica ao crescimento desenfreado