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Contudo, para o ator é muito útil pensar neste como na forma de um quê,
de uma substância impalpável que pode ser manobrada, modelada, cultivada,
projetada no espaço, absorvida e levada a dançar no interior do corpo. Não
são fantasias. São imaginações eficazes.
Pensar na sua presença cênica como energia pode sugerir ao ator a idéia de
que sua eficácia depende do quanto possa forçar o espaço do teatro e os
sentidos de quem o observa. Assim, em vez de dançar com a atenção do
espectador, ele a bombardeia e a distancia. Decidiu expandir sua potência,
trabalhar com toda a sua energia, mobilizá-la. E justamente por isso não está
decidido.
Para vencer a defesa do espectador (que vem ao teatro para que estas sejam
vencidas sendo estimulado por isso). São necessárias sutilezas, fintas e contra
fintas. Uma ação de força é eficaz somente em casos raros e bem
premeditados.
Quem não conhece a palavra kungjU? Um estilo de luta, uma arte marcial.
Mas olhem, o nome próprio Kung-íu-rsu, Confúcio, vem daí.
Em chinês, kungjU quer dizer agarrar alguma coisa com a mão, apreender,
pegar. Saber agüentar o adversário. Perceber com segurança o tênue fio no
labirinto, o conhecimento.
Para um ator, ter energia significa saber como modelá-la. Para ter uma idéia
e vivê-la. como experiência, deve modificar artificialmente os percursos,
inventando represas, diques e canais. Estes constituem resistências contra os
quais -pressiona a intenção - consciente ou intuitiva - e que permitem a sua
expressão. O corpo todo pensa/age com uma outra qualidade de energia. Um
corpo-mente em liberdade afrontando as necessidades e os obstáculos
predispostos, submetendo-se a uma disciplina que se transforma em
descobrimento.
Jouvet afirma que existe uma filosofia do ator, um modo de perceber e agir,
resultados de uma postura, uma prática, um método, uma disciplina. "O ator é
um empírico que desemboca no pensamento (... ).