Você está na página 1de 4

Ofício de Solicitação do Grupo de Trabalho Piloto (GT-Piloto) nº 007.

05 de agosto de 2019.

Aos cuidados do Senhor Ministro da Economia:

- Paulo Roberto Nunes Guedes.

Aos cuidados dos Representantes das Secretarias:

- Secretaria Especial de Previdência e Trabalho;


- Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil;
- Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade;
- Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital;
- Instituto Nacional do Seguro Social; e
- Comitê Gestor do eSocial.

Conforme portaria nº 300, de 13 de junho de 2019.

Sumário executivo
Essa petição do GT-Piloto, o qual é composto por aproximadamente 100 empresas,
tendo em sua grande maioria as de grande porte, tem como objetivo principal o pleito para
manter o ambiente do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e
Trabalhistas - eSocial, como fonte centralizada e única para prestação de obrigação de
informações gerais dos trabalhadores, de Contribuição Previdenciária, do Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço e de Imposto de Renda dos Contribuintes, Empregados e Trabalhadores
sem Vínculo. A justificativa para essa centralização e preservação de ambiente único se dá
devido ao fato de que as empresas não querem e não precisam realizar novos investimentos,
retrabalhos, reimplantações, retestes, reconfigurações, pois além de demandar tempo
desnecessário das equipes internas e investimentos diversos, o ambiente sistêmico do eSocial
já apresenta a devida estabilidade e centralização necessária, ficando apenas pendente de se
operacionalizar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e informações de Imposto de
Renda (IR) do contribuinte e do trabalhador, que podem ser implantados gradativamente para
assegurar a centralização sistêmica e garantir eficiência de processo e escrituração do que é
realmente necessário.
Em média, uma empresa de grande porte já investiu aproximadamente mais de dois
milhões de reais durante todo o trajeto do projeto e suas respectivas alterações e incrementos
de layouts, ajustes sistêmicos, capacitação do pessoal, ajustes internos de processos, testes, etc.
e não queremos, tampouco precisamos realizar investimentos incrementais.
Outros pontos importantes:
 Necessidade de simplificar o programa como um todo, garantindo que apenas
informações realmente relevantes para análise de dados para implantação ou
ajustes de políticas públicas permaneçam no programa e consequentemente
aumente o desempenho do programa como um todo;
 Publicar um cronograma de extinção das outras obrigações acessórias, que
ainda se fazem vigentes e em duplicidade, com descontinuidade célere e
gradativa, de forma a desburocratizar e simplificar o ambiente de negócios no
Brasil;
 Manter um ambiente colaborativo e harmonizado entre secretarias do
governo, entidades de classe e sociedade.

Página 1 de 4
Detalhamento da petição

O GT Piloto em colaboração firmada no protocolo de cooperação com o Governo, vem


apresentar aos senhores o pleito para consideração para que ações tomadas a respeito do
eSocial sejam revisitadas, e que a decisão com relação ao projeto seja alterada, mantendo o
ambiente vigente como oficial, pautado nos pontos que seguem e premissas previamente
acordadas:

1. Evitar reinvestimento em sistemas, processos e pessoas


Apesar de anunciado no portal do eSocial que será respeitado os investimentos
feitos pelas empresas, vemos vertentes contrárias ocorrendo como:
A separação da prestação de contas para 2 sistemas (eSocial e EFD-
Reinf) contraria a premissa de simplificação e a movimentação dos eventos
remuneratórios do eSocial para o EFD-Reinf também contraria a lógica já
implantada e estabilizada;
- O reinvestimento resultará em despesas adicionais, não somente para
as empresas, mas também para o governo, que precisará realizar ajustes
sistêmicos, documentações, também pelas empresas que desenvolvem
softwares para o mercado e reinvestimentos para o governo que dispenderá
tempo em recapacitar as pessoas, reinvestir em documentações e sistemas.
Atualmente, as empresas já estão conectadas e estabilizadas no programa
vigente, realizando as escriturações e pagamento de guias devidamente,
portanto não é necessário trocar de ambiente, programa ou webservice. Os
investimentos já foram consolidados e reinvestir resultará em grande
desperdício de tempo e dinheiro para os contribuintes, empresas de software e
o próprio governo;
- Não é necessário onerar mais os contribuintes e, portanto, solicitamos
que seja mantido o ambiente vigente para prestação de informações
remuneratórias e consequente escrituração de impostos e tributos no ambiente
do eSocial e não do EFD-Reinf. Segregar essas informações, não representará
simplificação e sim mais burocracias duplicadas, triplicadas, etc., contrariando
premissas de simplificação, evitação de reinvestimentos, evitação de
requalificação de pessoal e retrabalhos em atualização de processos internos.
Os empresários e investidores não querem reinvestir e, portanto, demandam
pela manutenção, porém simplificada do programa, seja qual nome será dado,
em um ambiente centralizado.
- Todo o investimento já feito, proporcionou um ambiente tecnológico
avançado para os contribuintes, trazendo agilidade no fluxo de informações,
acurácia dos dados. As empresas do primeiro grupo, que representam
aproximadamente 70-80% da arrecadação do ambiente de negócios do Brasil já
estão com muita maturidade e estabilidade na operação do eSocial e, portanto,
pleiteia por não alterar o modelo vigente.

Página 2 de 4
2. Realizar a simplificação do programa diante do volume de informação constante
no eSocial
Atualmente, faz-se necessário uma redução drástica de arquivos e campos, de
forma a desburocratizar controles desnecessários, resultando também em maior
agilidade do processamento de dados.
É notório que há um excesso de informações requeridas e desnecessárias e,
portanto, é crítico que se faça uma simplificação geral. Atualmente o manual do eSocial
tem 258 páginas, a listagem de regras tem 9 páginas, a listagem de tabelas 138 páginas
e o layout de arquivos e campos 161 páginas.
A simplificação demanda em manter a prestação de contas da Receita Federal
do Brasil (RFB) em um único sistema e não em outros. Reforçamos que no mercado, as
informações relacionadas a Notas Fiscais (Contribuição Previdenciária de prestadores
de serviço) são gerenciadas pela Área Financeira e as informações relacionadas aos
Empregados ou Trabalhadores sem Vínculo (contribuição previdenciária dos
trabalhadores) são gerenciadas pela Área de Recursos Humanos.
Demandar que as informações dos Empregados e Trabalhadores Sem Vínculo
sejam enviadas para a Área Financeira, decorrerá em uma problemática relacionada a
abertura de privacidade de informações pessoais, bem como ferindo diretrizes
constantes na Lei Geral de Proteção de Dados. Observamos que esse aspecto não foi
levado em conta no momento da tomada de decisão, portanto reforçamos que
informações pessoais em geral, devem obrigatoriamente estar inseridas nos sistemas
de Recursos Humanos e sob seu gerenciamento, proteção, guarda e prestação de contas
ao governo.
É necessária a continuidade da prestação de contas das informações dos
empregados pelos sistemas de Recursos Humanos pois está estruturada há longo
tempo. Alterar essa estruturação é um retrocesso absurdo, pois haverá necessidade de
segregar sistemas e campos, que impactará diretamente na compliance das
informações pessoais dos trabalhadores.
A alteração para outro ambiente é completamente inviável pois será necessário
investir para manter as informações pessoais e sigilosas de empregados e desenvolver
meios para bloquear acessos. Não tem sentido ter informações de empregados sendo
reportados em sistemas financeiros. No início do projeto, foi compreendido que se fazia
necessária a alteração das informações de nota fiscal nos sistemas ficais e informações
de empregados nos sistemas de Recursos Humanos. Alterar essa estrutura é inviável.
A continuidade da estrutura atual, ou seja, escrituração das informações
pessoais nos sistemas de Recursos Humanos e a escrituração de informações de Notas
Fiscais nos sistemas financeiros atende plenamente as necessidades dos contribuintes
e sociedade, favorecendo também a realização das operações relacionadas a
compensação cruzada. A automatização do crédito é essencial para o contribuinte
recuperar um capital que é desperdiçado.

3. Implantar um cronograma de extinção das outras obrigações acessórias e


manutenção do eSocial
Conforme artigo 42 do relatório da Medida Provisória 881, consta a demanda
para extinguir o programa eSocial, bem como é o discurso do Sr. Secretário Roberto
Marinho.
Deixamos claro que discordamos da extinção do eSocial, e que na contrapartida,
os contribuintes precisam que as outras obrigações acessórias (CAGED, DIRF, RAIS, etc.)

Página 3 de 4
tenham um cronograma progressivo de descontinuidade publicado, além disso, para
que o eSocial se torne viável, faz-se necessário realizar uma simplificação massiva em
toda a prestação de informações.
A manutenção do eSocial é necessária para que as informações sejam
centralizadas em um único ambiente sistêmico, sem que sejam necessárias outras
plataformas como GRFGTS ou EFD-Reinf, o que onerará novamente as empresas para
ajustes sistêmicos, processos e pessoal. Não vemos problema em mudar o nome do
programa, porém sem alterar o ambiente sistêmico. O novo governo e secretários não
podem descartar todo o investimento já feito pelos contribuintes, governo e sociedade.
Alterar o ambiente sistêmico conforme proposto pela RFB atualmente é um ponto
negativo e não reflete o significado de simplificar. Se a informação já está centralizada
em um ambiente, basta que a RFB continue a utilizar o mesmo ambiente, o qual já está
estabilizado para utilização de gestão tributária.
A proposta do artigo 42 deve ser alterada para que se mantenha o eSocial e que
se tenha uma descontinuidade acelerada das outras obrigações acessórias.

4. Manter a colaboração e harmonização entre secretarias do governo, entidades


de classe e sociedade
Para que possa haver um ambiente de melhoria contínua e desburocratização
das prestações de contas para que se possa ter cada vez mais um ambiente eficiente em
para fazer negócios do Brasil, é importante que se mantenha a colaboração entre as
Secretarias envolvidas bem como a sociedade. Portanto, faz-se necessário manter as
reuniões periódicas, principalmente nesse momento de transição, com o Grupo
Confederativo e Grupo Piloto, afim de preservar uma sinergia mais forte e colaborativa.
Reforçamos que durante o decorrer do projeto, os Grupos nunca demandaram
interesses individuais e sim colaborativos para benefícios coletivos. Defendemos que os
benefícios tecnológicos, positivamente atingidos com o programa devem ser mantidos
e continuamente simplificados e melhorados.
Está claro que as secretarias têm demandas diferenciadas por informações, e
que as informações são importantes para que se possa analisar o ambiente de negócios
para melhorar as políticas públicas, porém se cada uma demandar prestação de contas
em sistemas e ambientes diferenciados, toma-se um rumo para aumentar a burocracia
e piorar o ambiente de negócios, e não o contrário.

Enfim, é necessário manter o ambiente centralizado e que as partes envolvidas


no projeto trabalhem em conjunto para melhorar, simplificar, agilizar e colocar o Brasil
em um patamar mais favorável para se fazer negócios. O programa é importante para
avaliação de informações para melhoria do ambiente de negócios no Brasil.
Quem investiu não quer e não tem que fazer mais investimentos. Não
precisamos e não queremos onerar ainda mais o custo Brasil e por isso pedimos que
nossos pleitos sejam atendidos.

Certos de uma resposta positiva, permanecemos à disposição para qualquer


debate que seja necessário e aguardamos um retorno com a máxima e merecida
celeridade.

Atenciosamente,

Grupo Piloto de Empresas

Página 4 de 4

Você também pode gostar