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PRISÃO PREVENTIVA

1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

A prisão preventiva é medida cautelar de caráter pessoal decretada


judicialmente e tem como pressupostos o periculum libertatis e o fumus comissi
delicti.

2. LEGITIMIDADE

Art. 311 do CPP, com redação dada pela Lei n. 13.964/2019 (pacote
anticrime): Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal,
caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial.

Art. 311 do CPP Art. 311 do CPP


(antes da Lei (depois da Lei
13.964/2019) 13.964/2019)
Art. 311.  Em
qualquer fase da Art. 311. Em qualquer
investigação policial fase da investigação
ou do processo policial ou do
penal, caberá a processo penal,
prisão preventiva caberá a prisão
decretada pelo juiz, preventiva decretada
de ofício, se no pelo juiz, a
curso da ação penal, requerimento do
ou a requerimento do Ministério Público, do
Ministério Público, do querelante ou do
querelante ou do assistente, ou por
assistente, ou por representação da
representação da autoridade policial.
autoridade policial.

3. PRESSUSPOSTOS

Art. 312 do CPP: A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado.

3.1. Fumus comissi delicti

a) Indício suficiente de autoria:


b) prova da existência do crime:

3.2. Periculum libertatis

a) garantia da ordem pública:

Jurisprudência em teses, STJ:

A prisão cautelar pode ser decretada para garantia da ordem pública


potencialmente ofendida, especialmente nos casos de: reiteração delitiva,
participação em organizações criminosas, gravidade em concreto da conduta,
periculosidade social do agente, ou pelas circunstâncias em que praticado o
delito (modus operandi).

Inquéritos policiais e processos em andamento, embora não tenham o condão


de exasperar a pena-base no momento da dosimetria da pena, são elementos
aptos a demonstrar eventual reiteração delitiva, fundamento suficiente para a
decretação da prisão preventiva.

A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante aos crimes de


tráfico de entorpecente e associação para o tráfico, e o decreto de prisão
processual exige a especificação de que a custódia atende a pelo menos um
dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal.

As condições pessoais favoráveis não garantem a revogação da prisão


preventiva quando há nos autos elementos hábeis a recomendar a manutenção
da custódia.

Informativo 585 do STJ:

A prática de ato infracional durante a adolescência pode servir de fundamento


para a decretação de prisão preventiva, sendo indispensável para tanto que o
juiz observe como critérios orientadores: a) a particular gravidade concreta do
ato infracional, não bastando mencionar sua equivalência a crime
abstratamente considerado grave; b) a distância temporal entre o ato
infracional e o crime que deu origem ao processo (ou inquérito policial) no qual
se deve decidir sobre a decretação da prisão preventiva; e c) a comprovação
desse ato infracional anterior, de sorte a não pairar dúvidas sobre o
reconhecimento judicial de sua ocorrência.

b) garantia da ordem econômica:

c) conveniência da instrução criminal:

d) garantia da aplicação da lei penal:


Jurisprudência em teses, STJ:

A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o decreto da


custódia preventiva para a conveniência da instrução criminal e como garantia
da aplicação da lei penal.

A citação por edital do acusado não constitui fundamento idôneo para a


decretação da prisão preventiva, uma vez que a sua não localização não gera
presunção de fuga.

e) descumprimento de medida cautelar anteriormente imposta:

4. INFRAÇÕES QUE COMPORTAM A MEDIDA

a) crimes dolosos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4


anos (inciso I):

b) quando o réu for reincidente em crime doloso (inciso II):

c) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,


criança, adolescente, idoso, enformo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência(inciso III):

Informativo 632 do STJ:

A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é


motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu.

Inicialmente cumpre destacar que a prática de vias de fato é hipótese de


contravenção penal (art. 21 do Decreto-Lei n. 3.688/1941), e não crime, o que
contraria o disposto no art. 313, II, do Código de Processo Penal. Deste modo,
em se tratando de aplicação da cautela extrema, não há campo para
interpretação diversa da literal, uma vez que não há previsão legal que autorize
a prisão preventiva contra autor de uma contravenção, mesmo na hipótese
específica de transgressão das cautelas de urgência já aplicadas.

d) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando


esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la (parágrafo
único):

5. CONTEMPORANEIDADE

Art. 312, § 2º, CPP: A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser
motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos
novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
adotada.    (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Jurisprudência em teses, STJ:

Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser contemporâneos à


decisão que a decreta.

6. FUNDAMENTAÇÃO E JUSTIFICAÇÃO

Art. 315 do CPP:  A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão


preventiva será sempre motivada e fundamentada.

Art. 315 do CPP (antes da Lei Art. 315 do CPP (depois da Lei
13.964/2019) 13.964/2019)

Art. 315.  A decisão que decretar, Art. 315.  A decisão que decretar,
substituir ou denegar a prisão substituir ou denegar a prisão
preventiva será sempre preventiva será sempre motivada e
motivada.              fundamentada.

Art. 315, § 2º, do CPP: Não se considera fundamentada qualquer decisão


judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que

I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem


explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo


concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em


tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar


seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
Jurisprudência em teses, STJ:

A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a comoção


social não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva.

A prisão cautelar deve ser fundamentada em elementos concretos que


justifiquem, efetivamente, sua necessidade.

7. REVOGAÇÃO

Segundo Nestor Távora (2015), a prisão preventiva, como medida cautelar, irá
flutuar ao sabor da presença ou ausência dos elementos que autorizariam a
decretação. É movida pela cláusula rebus sic stantibus, assim, se a situação
das coisas se alterar, revelando que a medida não é mais necessária, a
revogação é obrigatória.

Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão
preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.     (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da


decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias,
mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão
ilegal.      

Art. 316 do CPP (antes da Lei Art. 316 do CPP (depois da Lei
13.964/2019) 13.964/2019)

Art. 316. O juiz poderá revogar a Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a
prisão preventiva se, no correr do pedido das partes, revogar a prisão
processo, verificar a falta de motivo preventiva se, no correr da
para que subsista, bem como de investigação ou do processo, verificar
novo decretá-la, se sobrevierem a falta de motivo para que ela
razões que a justifiquem.    subsista, bem como novamente
         decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem.

Parágrafo único. Decretada a prisão


preventiva, deverá o órgão emissor
da decisão revisar a necessidade de
sua manutenção a cada 90 (noventa)
dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de
tornar a prisão ilegal. 

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