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Filosofia e práxis política.

Caro(a) amigo(a)!

Escrevo esta carta para, juntos, refletirmos sobre a seguinte questão: O estudo da
filosofia é importante para a práxis política?
Penso que a práxis política não deve se restringir apenas aos interessados no poder
e na administração pública, mas a todos os cidadãos. Para que isso se efetive é importante
que os indivíduos tenham consciência crítica sobre como se estabelece as complexas
relações políticas dentro das sociedades e nas relações entre estas. No entanto, sinto que
para que esta consciência crítica se estabeleça entre os indivíduos é importante que estes
desenvolvam pensamentos que sejam capazes de enfrentar os desafios inerentes aos
grandes problemas que envolvem o mundo político.
Para que sejamos capazes de enfrentar tais desafios, penso que sejam necessários
bons fundamentos filosóficos e, assim sendo, é de grande importância que o estudo de
filosofia política se estabeleça como base para uma boa reflexão sobre a práxis política.
A principal razão que destaco para se compreender a importância do estudo da filosofia
política diz respeito a própria história da filosofia e seus reflexos no funcionamento
pratico das instituições.
Penso que os modelos políticos mais eficientes, ao longo da história, se
estabeleceram nos lugares que herdaram a filosofia que se desenvolveu no ocidente
europeu. Devo admitir que o estudo da filosofia política não resolveu todas as questões,
como desejaram os antigos filósofos em seus modelos idealistas de sociedade. Mas sinto,
naquilo que concerne o conhecimento sobre o ser humano na contemporaneidade, que
todos os problemas jamais serão resolvidos, o que fica demonstrado nos estudos sobre
filosofia política na atualidade, tendo como pressuposto modelos políticos que sejam o
mais justo possível sem se perder numa utopia do absoluto.
Mas devemos admitir que a base das instituições políticas do ocidente é fundada
na própria história da filosofia que iniciou suas reflexões no mundo grego, onde Platão
imaginou um modelo de governo com suas práticas fundadas na administração de um rei
filosofo. E também, onde Aristóteles teorizou o homem como um animal político, ou seja,
sendo por natureza constituidor da práxis política numa sociedade que seria fundada na
ética aplicada a vida pública como forma de encontrar uma melhor maneira para o
convívio em sociedade.
Ainda que o pensamento antigo não corresponda as necessidades do mundo atual,
penso que foi esse pensamento que inaugurou um estilo de vida política ocidental. Não é
difícil perceber que a base das atuais democracias ainda está amparada nas reflexões
filosóficas contratualistas do pensamento moderno, pois, ainda que diversos ajustes e
traços originais tenham sido postos pela filosofia contemporânea é notório como a própria
história da filosofia política perpassa nas entranhas das estruturas políticas de nossas
instituições.
Por fim, tendo em vista o que foi exposto, penso que a vida em sociedade
amparada no estudo da filosofia política nos dará bases para refletirmos sobre as
condições reais do mundo. Sinto que por este caminho seremos capazes de perceber
quando será necessário discutir, agir, intervir como objetivo de mudar ou conservar aquilo
que é importante para o melhor funcionamento das instituições como garantia do direito
a usufruir dos bens sociais e da liberdade individual.

Recife, 25 de outubro de 2017

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