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Gustavo Capanema

#1
Esse foi Gustavo Capanema. O ministro que mais tempo ficou no cargo. foram
11 anos. E havia um motivo. Ele era o que mais se aproximava dos ideais de
Getúlio. Olhem só esse trecho de um dos seus discursos: ...
Ele acreditava piamente que a educação era uma ferramenta a serviço do
Estado. Uma ferramenta doutrinadora e esse conceito geriu grande parte de
suas ações, como vamos ver.

#2
Bem, mas quem foi Capanema? Ele era um advogado e político bem influente
na época e, como vários de seu tempo, fortemente influenciado pelos
movimentos fascistas mundiais e, em especial, pelo movimento integralista
brasileiro (que era mais ou menos uma franquia fascista aqui).
Sua gestão foi caracterizada tanto pelas grandes reformas que promoveu
quanto pela habilidade de agregar à sua volta grandes forças intelectuais tanto
a favor como contra o governo. Só pra se ter uma ideia da capacidade do cara,
Carlos Drummond era seu chefe de gabinete.

#3
Bem, ao entrar no ministério, Capanema se ocupou de sua organização.
Lembrando, como dissemos, Washington Pires estava em um momento
conturbado e pouco fez. Logo em seguida, o país viveu outra crise. Sob uma dita
“ameaça comunista”, Vargas promulga uma nova constituição em 37 e dissolve
o congresso. Começava o Estado Novo – um período autoritário que durou 8
anos.
No que dizia respeito à educação, essa nova constituição tinha a orientação de
preparar muitos trabalhadores para atender à demanda da economia brasileira
e para atingir esse objetivo, focou no ensino profissional, no segundo grau,
sendo que o Estado seria obrigado a prover apenas o ensino primário.
Outra contribuição importante da Constituição Federal de 1937 foi a permissão,
existente até os dias atuais, de que o ensino fosse oferecido por entidades
públicas e particulares.
Com essas mudanças surge uma nítida separação entre a atuação intelectual
feita pelos pertencentes às classes ricas e o trabalho braçal com foco no ensino
profissional feito pelos brasileiros pertencentes às classes pobres.

#4
Depois da instauração do Estado Novo, Capanema começou a trabalhar com
força total. Como essa constituição tinha já um caráter muito próximo às ideias
autoritárias do integralismo, ele se sentia em casa. Dentre as linhas guia do
fascismo, temos o nacionalismo, o culto ao líder, a censura e a forte propaganda
do Estado. Pois bem, para promover o nacionalismo, nada melhor do que
resgatar a história do país. Para isso, ele fundou, em 1937, o Serviço do
Patrimônio histórico e artístico nacional, como o tombamento de vários
monumentos e a criação de museus. Dentre eles o imperial de Petrópolis e o do
ouro, em MG.
Também em 1937, funda o instituto nacional do livro. Se o serviço do
patrimônio criava museus, esse criaria bibliotecas. Depois, em 38, cria o
Instituto Nacional de estudos pedagógicos, que iria orientar as técnicas
pedagógicas aplicadas no país, além de selecionar e treinar funcionários
públicos da União. Veja, em todos esses serviços há um viés doutrinatório,
também típico do fascismo. Lembrando que esse foi mais um passo na direção
de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que só viria a ser instituída
realmente em 1961.

#5
Em 39 surge o departamento de imprensa e propaganda. Por um lado, tinha a
função de censurar a produção artística do país para atender aos objetivos do
Estado. Por outro, promovia propagandas enaltecendo esse Estado – como era
o caso da Voz do Brasil.

#6
O viés anticomunista – aqui chamada anti subversiva – se mostrou com o
fechamento da Universidade do Distrito Federal em 1939. Em seu lugar, propôs
a Universidade do Brasil – atualmente a UFRJ. Junto com essa proposta, elevou
a carreira de docente como profissão de nível superior. Até então, os
professores das faculdades eram recrutados entre os profissionais que não
tinham conseguido outra colocação.
Pelos idos de 1938, surge a UNE, que começa a questionar a postura autocrática
do governo. Em resposta, Capanema institui a juventude brasileira, destinada a
reunir a infância e a adolescência em uma organização de caráter cívico – muito
similar à juventude hitlerista...
Como tínhamos agora o conceito de União, não fazia mais sentido haver escolas
que aplicavam um currículo diferente do proposto pelo Estado. Por isso, em
1942, foram fechadas mais de 2 mil escolas que atuavam no Brasil, mas
vinculadas a outras culturas – como a japonesa e alemã, por ex.

#7
Em 1942, Capanema faz uma grande reforma no sistema, a chamada Reforma
Capanema. Na verdade, essa dita reforma foi a instituição de um conjunto de
leis voltadas à educação, articulando-a com o Estado Novo.
A Educação deveria estar de acordo com a habilidade necessária à pessoa
desempenhar seu papel em prol da nação. Se a pessoa era “destinada” a ser
operária, não havia necessidade de ter ensino superior. Se era agricultor, um
ensino voltado às técnicas agrárias. Surge o ensino profissional.

#8
Essa reforma incluiu no currículo a Educação moral e cívica. Nas palavras do
Capanema ... Ou seja, mais uma forma de doutrinar o povo em prol das políticas
de Estado. Esse é um pequeno desenho de uma das cartilhas da época.

#9
Nessa reforma é promulgada a lei do ensino secundário. Ela dividiu o ensino
secundário em ginasial, com 4 anos e um segundo ciclo, de 3 anos, que poderia
ser clássico ou científico – o científico seria o profissionalizante e o clássico, o
acadêmico.
Para os trabalhadores da indústria, cria-se o SENAI, com foco específico no
ensino profissionalizante voltado para a indústria. Esse projeto foi implantado
em convênio com a CNI

#10
Finalmente, o serviço de Radiodifusão Educativa – destinado a promover a
irradiação de programas educativos. Programas educativos. Essa rádio, mais
tarde, se tornou a TVE

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