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PORTO MARAVILHA
RIO DE JANEIRO
Julho de 2017
II
Examinada por:
______________________________________________
Prof. – DS.c. Eduardo Linhares Qualharini (orientador).
______________________________________________
Profª. – DS.c Elaine Garrido Vazquez
______________________________________________
Prof.– MS.c Isabeth Mello
RIO DE JANEIRO
Julho de 2017
III
GALHARDO,
Leonardo Contreras Gouvêa.
AGRADECIMENTOS
It was presented a study of the Rio de Janeiro’s Port Zone work, named Porto
Maravilha, located in Praça Mauá, that has turned places that were abandoned
and precarious before into a new touristic point of the city, conceiving the
recuperation of the urban infrastructure, transports, environment, historic and
cultural patrimony of the Port Zone.
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1 Introdução ...................................................................................... 1
1.2 Objetivo .......................................................................................... 3
1.3 Justificativa ..................................................................................... 3
1.4 Metodologia .................................................................................... 4
1.5 Estruturação do Trabalho ................................................................. 4
2. CONCEITOS SOBRE OS TIPOS DE INTERVENÇÕES URBANAS
2.1 Intervenções Urbanas... ................................................................... 5
2.1.1 Renovação Urbana... ....................................................................... 5
2.1.2 Reabilitaçao Urbana... ..................................................................... 7
2.1.3 Requalificação Urbana... .................................................................. 8
2.1.4 Revitalização Urbana... .................................................................. 10
2.1.5 Intervenções na Zona Portuária o Rio de Janeiro... .......................... 12
2.2 Gentrificação... .............................................................................. 17
3. OBRA DO PORTO MARAVILHA
3.1 Contexto Histórico... ...................................................................... 18
3.2 Operação Urbana Consorciada....................................................... 24
3.3 Programas Porto Maravilha Cultural e Cidadão................................ 29
3.4 Elementos Culturais e o Turismo do Porto Maravilha... .................... 32
4. ANÁLISE E IMPACTOS DA OBRA DO PORTO MARAVILHA
4.1 Gentrificação… .............................................................................. 42
4.2 Perimetral... .................................................................................. 44
4.3 Projeto Residencial... ..................................................................... 51
4.4 Aquário... ..................................................................................... 53
4.5 Museu do Amanhã... ..................................................................... 54
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Comentários .................................................................................. 56
5.2 Sugestões ..................................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 58
INDICAÇÕES ELETRÔNICAS .................................................................. 58
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 3 – Canal Cheonggyecheon na Coréia do Sul: (a) antes e (b) depois das
obras de renovação. .......................................................................................... 6
Figura 4 – Hotel Bragança – Lapa, Rio de Janeiro: (a) antes e (b) depois da
reabilitação ........................................................................................................ 8
Figura 5 – Complexo Cantinho do Céu, em São Paulo: (a) área antes degradada
e precária. (b) vista de novo píer de madeira construído. (c) área após processo
de requalificação ................................................................................................ 9
Figura 6 – High Line, em New York: (a) Vista superior do elevado após
revitalização. (b) mapa do elevado e seus pontos de acesso .......................... 11
Figura 7 – Vista da Praça Mauá e antigo Elevado da Perimetral: (a) antes e (b)
depois das obras do Porto Maravilha ............................................................... 12
Figura 8 – Vista da Orla Conde, sentido Gamboa: (a) antes e (b) depois das
obras do Porto Maravilha. ................................................................................ 14
Figura 9 – Museu do Amanhã visto da Gamboa: (a) antes e (b) depois das obras
do Porto Maravilha. .......................................................................................... 15
Figura 10 – Museu de Arte do Rio: (a) antes e (b) depois das obras do Porto
Maravilha .......................................................................................................... 16
Figura 26 – Uso e ocupação do solo na Zona Portuária por tipo de uso .......... 44
LISTA DE TABELAS
GLOSSÁRIO
JK - Juscelino Kubitschek
Km – Quilômetro
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. INTRODUÇÃO
Não foi diferente nas outras cidades que sediaram estes megaeventos no passado.
Sede das Olimpíadas 1992, Barcelona tornou-se referência na discussão sobre os
benefícios de sediar os jogos, pois trouxe um enorme legado à cidade como a
revitalização do centro histórico, melhoria dos transportes, criação de parques
urbanos, transformação de zona deteriorada da cidade em bairro nobre, centros
esportivos abertos à população e soluções de problemas em moradias. No caso de
Londres, a cidade já possuía previamente um Plano Estratégico de Londres 1998-
2004, com uma projeção para 2020, que abrangia estratégias de crescimento,
infraestrutura, habitação, desenvolvimento econômico, segurança, cultura e meio
ambiente. Haviam problemas e uma boa oportunidade para colocar a cidade no
âmbito internacional e atrair recursos, assim Londres entrou numa
acirrada competição para ser sede das Olimpíadas 2012. Graças ao megaevento, foi
possível levar adiante o Plano com mais facilidade e recursos, trazendo enormes
investimentos para a cidade.
A última grande intervenção que o Centro do Rio de Janeiro passou foi na época
do ex-prefeito Pereira Passos, no início do século XX. Ele implementou duas grandes
obras: uma modernização da zona portuária degradada e em seguida uma
intervenção maior no Centro histórico. Ruas estreitas e insalubres sumiram do mapa,
3
cortiços e casas pobres foram postas abaixo, e surgiu no Centro a Avenida Central
(atual Avenida Rio Branco), assim como a Francisco Bicalho, a Rodrigues Alves, a
Avenida Maracanã e a Avenida Beira-Mar, que se propunham a facilitar a ligação entre
o Centro e os bairros residenciais mais abastados. Destacam-se também nessa época
que revolucionou a malha urbana do Rio os alargamentos de vias como a Marechal
Floriano, a Rua do Catete, a Uruguaiana, a Rua da Carioca, entre tantas outras; e a
construção de obras importantíssimas como o Theatro Municipal, uma das marcas da
administração de Pereira Passos. (PORTAL ARQUITETÔNICO, Site 1, 2016)
1.2. OBJETIVO
1.3. JUSTIFICATIVA
Este trabalho se justifica por ser sobre um tema recente e que ainda possui poucas
abordagens a respeito, de forma que há carência de material sobre o assunto.
4
1.4. METODOLOGIA
Com o passar do tempo, toda edificação sofre degradação com o uso e tende a
chegar ao fim de sua vida útil. Por mais que seja projetada para ter durabilidade de
longo período, para mais de 50 anos, por exemplo, se não houver manutenções
frequentes ao longo de sua vida útil, esta tende a diminuir. Isto é o que vem ocorrendo
com principais núcleos urbanos históricos ao longo do mundo. A recuperação destas
áreas passa a ser algo necessário para a sociedade, e quando um espaço destes
passa por um processo de intervenção, pode haver uma possível valorização
imobiliária, cultural e social.
Como estes espaços são públicos, é preciso a intervenção do governo para tomar
decisões sobre como será feita a intervenção urbana da região, o que dada a
diversidade de interesses pode gerar intervenções inconciliáveis. Assim, surgiram os
conceitos de renovação urbana, reabilitação, requalificação e revitalização que serão
analisados nas páginas a seguir.
a) b)
Figura 3: Canal Cheonggyecheon na Coréia do Sul: (a) antes e (b) depois das obras
de renovação.
Fonte: Site 11, 2016
7
a) b)
Figura 4: Hotel Bragança – Lapa, Rio de Janeiro: (a) antes e (b) depois da
reabilitação.
Fonte: Site 7, 2016
Este parque reinseriu na área urbana uma requalificação que aliou ações
urbanísticas, sociais e econômicas. A Figura 5 ilustra três fotografias do Cantinho do
Céu, onde pode-se perceber as diferenças de antes (Figura 5a) e depois (Figura 5b e
5c) da renovação urbana.
a) b)
c)
Figura 5: Complexo Cantinho do Céu, em São Paulo: (a) área antes degradada e
precária. (b) vista de novo píer de madeira construído. (c) área após processo de
requalificação
Fonte: Site 13, 2016
10
a)
b)
Figura 6: High Line, em New York: (a) Vista superior do elevado após revitalização.
(b) mapa do elevado e seus pontos de acesso.
Fonte: Site 4, 2016
De acordo com o site 5 (2016), o mapa indicativo da High Line ilustra os acessos
ao elevado, distinguindo os que são para portadores de necessidades especiais. Além
disso, é possível encontrar ao longo do percurso cerca de 4 tendas de alimentação,
mais de 10 designs de jardim, 14 pontos de projetos artísticos, e diversos bicicletários.
12
a)
13
b)
Figura 7: Vista da Praça Mauá e antigo Elevado da Perimetral: (a) antes e (b) depois
das obras do Porto Maravilha.
Fonte: Site 9, 2016
Como ilustrado na Figura 8a, era possível ver-se as vigas do antigo Elevado, e
abaixo uma calçada já degradada e pouca movimentação de pessoas no local, por
servir apenas de passagem de veículos, forte característica do Porto na época. Já na
Figura 8b, pode-se ver um novo espaço urbanizado, com paisagismo moderno e
trilhos para o novo modal da região, o VLT. Os antigos galpões e prédios estão agora
reformados e foram criados pontos de acessibilidade para portadores de
necessidades especiais. Este trecho tem forte característica de revitalização e
requalificação urbana.
diversos artistas nas fachadas dos prédios da Orla, como por exemplo as do famoso
artista Kobra. Os galpões abrigaram lojas e eventos durante toda duração dos Jogos
Olímpicos, sendo este local o chamado Boulevard Olímpico.
a)
b)
Figura 8: Vista da Orla Conde, sentido Gamboa: (a) antes e (b) depois das obras do
Porto Maravilha.
Fonte: Site 9, 2016
a)
b)
Figura 9: Museu do Amanhã visto da Gamboa: (a) antes e (b) depois das obras do
Porto Maravilha.
Fonte: Site 9, 2016
Os edifícios do Hospital da Polícia Civil e o Palacete Dom João VI, da Figura 10a,
passaram por um processo de reabilitação em que se uniram os dois para criação do
16
Museu de Arte do Rio. Além disso, foram construídas passarelas para fazer ligação
entre os prédios e uma cobertura em formato de onda, como pode-se ver na Figura
10b. A arquitetura da fachada do Palacete foi preservada, bem como suas esquadrias
e a cúpula no topo da cobertura.
a)
b)
Figura 10: Museu de Arte do Rio: (a) antes e (b) depois das obras do Porto
Maravilha.
Fonte: Site 9, 2016
17
2.2. GENTRIFICAÇÃO
Tem-se por definição de Gentrificação o fenômeno que afeta uma região ou bairro
pela alteração das dinâmicas da composição do local, tal como novos pontos
comerciais ou construção de novos edifícios, valorizando a região e afetando a
população de baixa renda local. Tal valorização é seguida de um aumento de custos
de bens e serviços, tornando inviável a permanência de antigos moradores que não
consigam acompanhar com suas rendas o novo padrão de vida instituído no local cuja
realidade foi alterada.
A Zona Portuária foi uma área destinada a comportar usos mais periféricos, de
características menos nobres, ou seja, vinculados à questão da escravidão e seus
desdobramentos, aos depósitos de mercadorias, às tabernas e oficinas, aos trapiches
e atividades ligadas ao porto, e a uma população também periférica e marginalizada,
porém fundamental ao processo de manutenção e crescimento da cidade. (MELLO,
2003)
Figura 11: A geografia original (em tom claro) e os contornos da região portuária
pós-aterro.
Fonte: CDURP – Prefeitura do Rio de Janeiro
No início dos anos 60, o sistema ferroviário da Zona Portuária foi sucateado e
abandonado na região para ser substituído pela malha rodoviária. A cidade vivenciava
seus maiores congestionamentos devido ao acréscimo elevado de veículos e à
ausência de rotas de ligação entre as zonas norte e sul que não fossem obrigadas a
atravessar a região central. Por sua localização estratégica, a região portuária recebeu
a construção de novas e impactantes vias sobre seu território: a Avenida Presidente
Vargas, na ligação com a Radial Oeste; o eixo da Av. Professor Pereira Reis e Viaduto
São Sebastião, para a ligação expressa com a Zona Sul e o Elevado da Perimetral,
para ligação com a Av. Brasil e a Ponte Rio-Niterói.
Devido a estas novas mudanças, a região ficou isolada do tecido urbano carioca
por vias expressas e os equipamentos e instalações que antes serviam ao porto foram
abandonados, tornando-se terminais rodoviários, garagens de ônibus,
estacionamentos de caminhões e barracões de Escolas de Samba que, devido à
proximidade com o Sambódromo, vieram ocupar parte dos galpões e armazéns
portuários abandonados. Contraditoriamente, a própria reforma urbana também
contribuiu para a estagnação e isolamento da região pois:
22
Outro fator que favoreceu para a degradação gradual da Zona Portuária, foi o
abandono de imóveis que serviam ao porto e ao governo, devido à modernização das
operações portuárias e a transferência da capital para Brasília durante o Governo de
JK (e a consequente transferência dos órgãos governamentais para a nova capital),
deixando a região com grandes extensões territoriais e imóveis vazios ou
subutilizados.
chegava a 5% e havia alta procura pelos poucos imóveis residenciais disponíveis, por
proporcionar maior conforto de residir próximo do local de trabalho. Desta forma, estes
tinham seus preços inflacionados ou eram esgotados rapidamente durante o
lançamento de um novo empreendimento. Portanto, a Barra da Tijuca passou a ser
um novo polo de concentração populacional, o que trouxe problemas de mobilidade
urbana como tráfego intenso de veículos e vias congestionadas.
Portanto, a OUC foi definida para funcionar como uma PPP – Parceria Público-
Privada, cujo parceiro público é representado pela CDURP – Companhia de
Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro, órgão municipal
gestor e fiscalizador da Operação, enquanto o componente privado é a
Concessionária Porto Novo, responsável pelas obras, serviços e manutenção da AEIU
do Porto durante o período de 15 anos, previstas no Conjunto de Intervenções do
Anexo II da LC-101/2009.
renovação urbana a partir do próprio valor criado na operação, que não onera o
orçamento público. A Figura 15 é uma ilustração da alteração do gabarito da
edificação que é proveniente do direito promovido pela CEPAC.
Figura 16: Novos gabaritos permitidos com as CEPAC nas áreas da Zona Portuária
Fonte: CDURP – Prefeitura do Rio de Janeiro
27
Implantação de uma via de mão dupla com canteiro central para absorver o
tráfego local, incluindo a criação de trecho entre a Rua Silvino Montenegro e
4
a Rua Rivadávia Correia, e alargamento das ruas da Gamboa, Equador e
General Luís M. de Morais
Devido aos vastos aspectos históricos e culturais que a Região Portuária possui,
a CDURP tornou-se encarregada de preservar essa forte característica, pois tem um
valor de extrema importância para o Brasil. A região em que nasceu o samba tem
notória vocação cultural, com manifestações artísticas de todo tipo, marco da
identidade desses bairros, e diversos patrimônios material e imaterial. Obras de
grandes arquitetos, trapiches redescobertos, representações da cultura afro-
30
De acordo com o Site 9 (2017), o Programa Porto Maravilha Cultural tem como
principais linhas de ação:
Já o Museu de Arte do Rio (MAR), surgiu de uma reabilitação feita em dois edifícios
que compõem o complexo, respeitando sua estrutura histórica. O Palacete Dom João
VI, inaugurado em 1916 e tombado pelo município em 2010, foi submetido a um
processo de restauração para se transformar no pavilhão de exposições do MAR. Um
dos maiores desafios da equipe da obra foi unir dois edifícios tão diferentes. A
harmonia entre os imóveis foi possibilitada pela cobertura que tem formato de ondas
do mar, uma das características mais marcantes na arquitetura do complexo.
Profissionais de diferentes áreas de conhecimento participaram desse processo -
arquitetos, carpinteiros, pintores, artistas e administradores. (PORTO MARAVILHA,
Site 9, 2017)
Outra grande atração em termos de cultura e arte são as extensas pinturas que se
encontram ao longo do Cais do Porto. Antigas fachadas de edifícios antes precários
ou até abandonados passaram a servir de tela para a pintura de grandes artistas. Há
diversas pinturas espalhadas pela região, com variados autores das pinturas. O Porto
Maravilha transformou-se em galeria a céu aberto e endereço do maior mural do
mundo, com quase 3 mil metros quadrados, a arte “Todos Somos Um” do artista Kobra
foi reconhecida pelo Guinness World Record, publicação que destaca recordes
mundiais.
A Figura 20 ilustra um túnel que passa pelo interior do Aquário. Com paredes de
vidro, é possível enxergar diversos animais marinhos.
36
Outro ponto cultural que vem sendo visitado após descoberto nas escavações é o
Cais do Valongo e da Imperatriz. O Cais do Valongo foi criado em 1811 para tirar
desembarque e comércio de africanos escravizados da Rua Direita (1º de Março).
Remodelado em 1843 para receber a princesa Teresa Cristina Maria de Bourbon,
noiva de dom Pedro II, tornou-se Cais da Imperatriz. Aterrado em 1911, foi
redescoberto nas obras do Porto Maravilha e aberto à visitação. (PORTO
MARAVILHA, Site 9, 2017).
Uma das mais antigas do Rio de Janeiro, a Igreja de São Francisco da Prainha, no
adro de São Francisco, na Saúde, foi entregue à população dia sete de julho de 2015,
após restauração do programa Porto Maravilha Cultural. Estava fechada desde 2004
pela Defesa Civil por problemas de conservação. Construída em 1696 pelo Padre
Francisco da Motta e doada em testamento para a Ordem Terceira de São Francisco
da Penitência em 1704, a igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
40
Com 2.356 m², três pavimentos e 18 salas com usos diversificados, o Centro
Cultural José reabriu em 20 de novembro de 2013, após obra de restauro do programa
Porto Maravilha Cultural. O edifício foi inaugurado por D. Pedro II em 1877 como a
primeira escola pública da América Latina. Desativada em 1977, a Escola Pública
Primária da Freguesia de Santa Rita passou a sediar a Biblioteca Popular Municipal
da Gamboa. Em 1994, após grande reforma, tornou-se Centro de Referência da
Cultura Afro-Brasileira, ganhou esculturas de inspiração africana e as unidades
receberam nomes de ícones como Abdias do Nascimento, Ruth de Souza, Grande
Othelo, Heitor dos Prazeres e Tia Ciata.
41
Figura 26: Uso e ocupação do solo na Zona Portuária por tipo de uso.
Fonte: Site 9, 2017
4.2 PERIMETRAL
Quando foi construída, no início dos anos 50, a Perimetral tinha como objetivo
servir de alternativa às vias de então - congestionadas e sem condições de ampliação.
Também foi a solução de ligação entre as zonas Sul e Norte sem que os veículos
passassem pelo centro da cidade. À época, viadutos surgiram como estratégia nas
grandes cidades no mundo.
fundamental para melhorar o trânsito na região. O Rio de Janeiro não foi a primeira
cidade a testar esta ideia. A Pesquisa Vida e Morte das Autovias Urbanas do Institute
for Transportation & Development Policy (ITDP) apurou que 17 cidades dos Estados
Unidos, da Europa e de países asiáticos já substituíram seus grandes viadutos. As
razões para isso em todo o mundo variam entre o alto custo para manter estruturas
gigantescas e projetos de revitalização para recuperar áreas degradadas pela
instalação desses viadutos. (PORTO MARAVILHA, Site 9, 2017)
Segundo o Site 9 (2017), o estudo do ITDP aponta que elevados são soluções
ultrapassadas e caras. Um dos exemplos da pesquisa é o caso de São Francisco, na
Califórnia, que substituiu viaduto de 2,6 Km da região portuária durante revitalização.
Hoje é um dos pontos turísticos da cidade mais visitados. Seul, na Coreia do Sul,
substituiu estrutura de 9,4 Km. Naquele ponto, a cidade havia perdido quase metade
dos moradores, tamanha a degradação gerada pelo viaduto. A conclusão é a de que
aquela não era uma boa solução para o trânsito ou para os bairros. O ITDP conclui
que preocupações socioambientais dominam a maior parte dessas iniciativas que
reveem o entendimento a respeito da mobilidade urbana sob a ótica da
sustentabilidade.
Surge então um novo conceito para a Zona Portuária, que deixa de priorizar o
transporte individual e valoriza os espaços abertos e os ambientes coletivos. Graças
a demolição da Perimetral, foi possível criar uma nova mobilidade urbana à região.
Criaram-se mais espaços para pedestres e implantaram-se 17 km de ciclovias,
contemplando recursos de acessibilidade e integrando os meios de locomoção na
área. Foram implantadas novas vias e túneis que permitiram alterar todo o trânsito de
veículos da região.
Avenida Rodrigues Alves e Elevado da Perimetral que passou a ser abastecido por
novas vias, além de ter-se criados novos modais, como ciclovias, o Veículo Leve sobre
Trilhos e o Teleférico. Modificou-se um trecho da Avenida Rio Branco que passou a
servir apenas a circulação de pedestres, ciclistas e o VLT. Este por sua vez, faz
ligações desde o Aeroporto Santos Dumont até a Rodoviária Novo Rio, passando pelo
porto e pela Central.
Figura 28: Nova malha de diversos modais existente no Centro e Zona Portuária do
Rio de Janeiro
Fonte: Site 9, 2017
piso podotátil, faixas em alto relevo que facilitam a locomoção de pessoas com
deficiência visual. Internamente, todas as composições contam com local específico
para cadeirantes. Sinalização, validadores e acionamento de portas estão sempre em
alcance adequado.
Figura 29: Malha do Veículo Leve sobre Trilhos do Centro do Rio de Janeiro
Fonte: Site 14, 2017
49
A Via Binário do Porto foi inaugurada no dia 2 de novembro de 2013 e faz a ligação
da Rodoviária Novo Rio à Avenida Rio Branco em um dos sentidos. Possui cerca de
3,5 Km de extensão, três faixas por sentido e várias saídas para a distribuição interna
do trânsito na Região Portuária. A via passa pelo Túnel Rio450, batizado em
homenagem ao aniversário de 450 anos da cidade, na altura da Rua Primeiro de
Março. Com extensão de 1.480 metros e sendo o primeiro construído abaixo do nível
do mar, atingindo 40 metros em seu trecho mais profundo. Sob o Morro da Saúde,
próximo à Cidade do Samba, a Via Binário se depara com o Túnel Nina Rabha de 80
metros, com três faixas por sentido e uma galeria para passagem do Veículo Leve
Sobre Trilhos.
A Avenida Rodrigues Alves dá espaço à Via Expressa, parte pelo Túnel Prefeito
Marcello Alencar, parte na superfície. Aberta totalmente ao trânsito em julho de 2016,
ela serve a quem cruza a área como rota de passagem. Com a função de ligar o Aterro
do Flamengo a Avenida Brasil e Ponte Rio-Niterói, tem 6.847 metros de extensão,
com três faixas por sentido.
Porém, este plano de incentivo parece ter ficado apenas no papel. Somente um
único empreendimento residencial iniciou sua fase de construção, em 2014. Realizado
pela Odebrecht Infraestrutura em parceria com a OAS e a Carioca Engenharia, o
52
Porém, a construção foi interrompida, ainda em 2014, realizando apenas 25% das
obras, pois Vila de Mídia e a Vila de Árbitros deixou de ser ali, acabando com o
compromisso que o empreendimento tinha de ficar pronto a tempo das Olimpíadas.
Então, as empreiteiras responsáveis paralisaram as obras alegando o objetivo de se
fazer um remanejamento do produto que vinha de concebendo, readequando o
cronograma e projeto do empreendimento.
a)
53
b)
4.4 AQUÁRIO
Após as obras do Porto Maravilha, a cidade do Rio de Janeiro ganhou mais uma
atração de animais, que é o novo Aquário. É inegável que se trata de um
estabelecimento completamente inovador para os cariocas, o que acaba chamando
cada vez mais visitantes.
Com a série de intervenções feitas na Zona Portuária, foi possível criar um projeto
que agregasse o novo porto ao Píer Mauá, com toda a sua estrutura original inabalada,
o denominado Museu do Amanhã. Um dos pontos mais atrativos e visitados durante
a época dos Jogos Olímpicos de 2016. Tem-se neste espaço uma revitalização
urbana, pois não foi necessário demolir a estrutura original que o Píer apresentava.
Caso não houvessem todas as intervenções feitas na Zona Portuária, não seria
atrativo construir um museu de tamanho porte no devido local, já que sua construção
ficaria completamente destoada do restante do espaço público, antes degradado.
Desta forma, esta é uma ação complementar que se tem unicamente como
consequência da obra do Porto Maravilha. A Figura 34 ilustra o estado em que se
encontrava o Píer Mauá, antes da realização das obras.
55
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 COMENTÁRIOS
Dentre um cenário com diversas mudanças e fatos sobre a realização das obras
do Porto Maravilha, pode-se afirmar que há tanto vantagens e desvantagens. Do
ponto de vista urbanístico, social, cultural, turístico e econômico, houve grande
melhora e benefício à região, que antes se encontrava de forma precária e
abandonada. A cultura local foi preservada e fomentada ainda mais com a criação dos
novos museus e exposições artísticas, além de novos espaços para realização de
eventos como os Galpões da Gamboa. Mesmo depois das Olimpíadas, a Praça Mauá
continua atraindo diversos cariocas e turistas, seja para as atrações artísticas ou
culturais, ou até para apreciar a nova vista da Baía de Guanabara sem o antigo
Elevado da Perimetral. Com relação a este, espera-se que a nova solução de
mobilidade urbana tenha realmente sido mais eficaz, de modo que justifique sua
derrubada, além de evitar gastos de manutenção que seriam feitos com o viaduto.
5.2 SUGESTÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Júlia.; Távora, F.C.; MENESES, J.; et al. Maravilha de porto? História Biblioteca
Nacional, Junho de 2014.
MOURA, D.; GUERRA, I.; SEIXAS, J.; FREITAS, M. J.; A Revitalização Urbana –
Contributos para a Definição de um Conceito Operativo. QREN, Outubro de 2005.
PÚBLIO, Marcelo A. Como planejar e executar uma campanha de propaganda. São Paulo:
Atlas, 2008.
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoy. Análises regionais e Globais do turismo brasileiro. São Paulo:
Roca, 2005.
ZALUAR, A.; ALVITO, M. (org.). Um Século de Favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
INDICAÇÕES ELETRÔNICAS
Site 1 - A reforma urbana de Pereira Passos no Rio de Janeiro. Portal Arquitetônico. Acesso em
2017
http://portalarquitetonico.com.br/a-reforma-urbana-de-pereira-passos-no-rio-de-janeiro/
Site 4 - Eduardo Paes detalha gastos com Olimpíada do Rio. G1 Globo. Acesso em 2016
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/06/eduardo-paes-detalha-gastos-com-
olimpiada-do-rio.html
Site 5 - Fora da Olimpíada, obra na zona portuária do Rio está parada há oito meses. Uol
Notícias. Acesso em 2017
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/02/11/unico-projeto-residencial-
do-porto-maravilha-rj-tem-obra-parada-ha-um-ano.htm?cmpid=copiaecola
Site 7 - Hotel Bragança é reinaugurado no Rio de Janeiro como 55/RIO. Mercado e eventos.
Acesso em 2016.
http://www.mercadoeeventos.com.br/noticias/hotelaria/hotel-braganca-e-reinaugurado-no-rio-
de-janeiro-agora-como-55rio
Site 10 - Revitalização da zona portuária do Rio já valoriza imóveis da região. Notícias R7.
Acesso em 2017.
http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/revitalizacao-da-zona-portuaria-do-rio-ja-
valoriza-imoveis-da-regiao-20110625.html
Site 15 - Zona Portuária: Do cais proibido ao projeto de cidade maravilhosa. Luis Peaze.
Acesso em 2017.
http://www.luispeaze.com/news/zona-portuaria-do-cais-proibido-ao-projeto-de-cidade-
maravilhosa