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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

RICARDO DE PAULA RANDI

INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DE ANCORAGEM


DAS ARMADURAS DO PILAR EM BLOCOS SOBRE
DUAS ESTACAS

CAMPINAS
2017
RICARDO DE PAULA RANDI

INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DE ANCORAGEM


DAS ARMADURAS DO PILAR EM BLOCOS SOBRE
DUAS ESTACAS

Dissertação de Mestrado apresentada a


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título
de mestre em Engenharia Civil na área de
Estruturas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Almeida

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO RICARDO DE
PAULA RANDI ORIENTADO PELO PROFESSOR DOUTOR
LUIZ CARLOS DE ALMEIDA.

ASSINATURA DO ORIENTADOR

______________________________________

CAMPINAS
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO

INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DE ANCORAGEM


DAS ARMADURAS DO PILAR EM BLOCOS SOBRE
DUAS ESTACAS

RICARDO DE PAULA RANDI

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Luiz Carlos de Almeida


Presidente e Orientador/Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Leandro Mouta Trautwein


Universidade Estadual de Campinas

Profª. Drª. Fabiana Stripari Munhoz


Faculdade de Tecnologia de Jahu

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se


no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 31 de Julho de 2017


“Sunrise doesn't last all morning,
a cloudburst doesn't last all day.
Seems my love is up,
and has left you with no warning
But it's not always going to be this
grey.
All things must pass, all things
must pass away”.

George Harrison
AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda minha família pelo apoio dado ao longo do período em que me
ausentei para a realização desta pesquisa.
Aos meus pais, Aramis e Fátima, pela ajuda nos momentos difíceis, pelos
conselhos e pelos incentivos dados ao longo da minha jornada.
Ao meu irmão Alexandre, sua esposa Dúnia e minha afilhada Isabella que, mesmo
à distância, acompanharam a realização deste trabalho.
À paciente Gabriela, que suportou todas as minhas ausências, incentivou este
trabalho e sempre me apoiou nas situações mais difíceis.
À minha segunda família, Ricardo, Eliana e Flávia, que sempre compreenderam
os objetivos e me incentivaram.
Aos professores Luiz Carlos de Almeida e Leandro Mouta Trautwein pela
amizade, compressão, dedicação na orientação e oportunidade concedida para a realização
deste trabalho.
A todos os outros professores e funcionários da Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo, em especial ao DES – Departamento de Estruturas, que de alguma
forma contribuíram para minha formação e possibilitaram esta realização.
Aos meus amigos de pós-graduação, futuros mestres e doutores, Carlos Benedetti,
Fábio Leitão, Ingrid Palomo, Marcos da Silva, Marília Marques, Murilo Marques, Oscar
Garcia, Rafael Sanabria, Rafaela Peixoto e Rangel Lage, que estiveram comigo ao longo desta
jornada, onde partilhamos bons momentos e ajudaram a vencer os momentos de dificuldade.
A CAPES pela concessão da bolsa de estudos e pelo suporte financeiro que
viabilizaram a realização desta pesquisa.
RESUMO

RANDI, R. P. (2017). INFLUÊNCIA DO COMPRIMENTO DE ANCORAGEM DAS


ARMADURAS DO PILAR EM BLOCOS SOBRE DUAS ESTACAS. Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Esta pesquisa pretende contribuir, através de análises numéricas paramétricas,


para a compreensão do comportamento de blocos de concreto armado sobre duas estacas,
submetidos a carregamentos verticais. Para o estudo paramétrico foram realizadas alterações
nos comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares, com o objetivo de verificar a
influência desta variável nos blocos após as modificações. A análise numérica é não linear e
com o emprego dos elementos finitos bidimensionais do programa computacional ATENA
2D, considerando aderência perfeita entre aço e concreto. Os modelos simulados foram
baseados em nove modelos de referência oriundos da pesquisa de Munhoz (2014) e, com o
intuito de validar qualitativamente as simulações, realizaram-se comparações entre os
resultados experimentais e numéricos. Os modelos de referência são blocos rígidos sobre duas
estacas, sob pilares com taxas de armadura variando em 1,0%, 2,5% e 4,0%. A partir dos
modelos validados, variaram-se os comprimentos das armaduras de ancoragem em 34,0 cm,
20,0 cm, 10,0 cm e 3,0 cm, totalizando trinta e seis modelos numéricos. Com os resultados
obtidos foram investigados os comportamentos dos blocos, relativos às curvas carga versus
deslocamento, às cargas de ruptura, às deformações e tensões nas armaduras, aos fluxos de
tensões, aos panoramas de fissuração e aos modos de ruptura. As comparações realizadas
entre modelos experimentais e numéricos apresentaram concordância nos resultados obtidos
e, como esperado, constatou-se que os modelos numéricos apresentaram maior rigidez
estrutural. No âmbito do estudo paramétrico, as simulações dos blocos apresentaram
comportamentos semelhantes, ou seja, o comprimento das armaduras de ancoragem dos
pilares não é um fator preponderante para os mecanismos de funcionamento interno desses
elementos.

Palavras-chave: concreto armado, blocos sobre estacas, ancoragem, análise numérica,


elementos finitos.
ABSTRACT

RANDI, R. P. (2017). COLUMN’S REINFORCEMENTS ANCHORAGE LENGTH


INFLUENCE IN TWO PILE CAPS. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

This research intends to contribute, through parametric numerical analysis, to


understanding the behavior of concrete two pile caps, under vertical loads. Changes were
made in column’s anchorage reinforcements lengths for the parametric study, in order to
verify the influence of this variable on the pile caps after the modifications. The numerical
analysis is non-linear applying bidimensional finit elements with ATENA 2D package,
perfectly adherent is considered between steel and concrete. The simulated models were based
on nine reference models from Munhoz (2014) research and, in order to qualitatively validate
the simulations, comparisons between experimental and numerical results were made. The
reference models are rigid pile caps, under columns with reinforcement rate varying in 1,0%,
2,5% e 4,0%. From the validated models, anchorage reinforcement were varied in 34,0 cm,
20,0 cm, 10,0 cm e 3,0 cm, totaling thirty six numerical models. With the results, pile caps
behaviors, related to the load versus displacement curves, the ultimate loads, the deformations
and stresses in reinforcements, the stress flows, the crack panorams and the rupture modes
were investigated. Experimental and numerical models comparison results obtained showed
agreement and, as expected, it was verified that the numerical models presented greater
structural stiffness. For parametrical study, the pile caps simulations presented similar
behavior, in other words, columns anchorage reinforcements lengths is not a preponderant
factor for the internal mechanisms operation of these elements.

Palavras-chave: reinforcement concrete, pile caps, anchorage, numerical analysis, finite


elements.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - FUNCIONAMENTO ESTRUTURAL DE UM BLOCO SOBRE ESTACAS. FUSCO (1994). .... 20


FIGURA 2 – TENSÕES ATUANTES NOS PLANOS HORIZONTAIS DOS BLOCOS SOBRE ESTACAS.
FUSCO (1994). ............................................................................................................................................ 20
FIGURA 3 - PLANO DE RUPTURA DE BLOCOS DE DUAS ESTACAS ENSAIADOS POR BLÉVOT &
FRÉMY (1967). ........................................................................................................................................... 27
FIGURA 4 - RUPTURA DO CONCRETO JUNTO AOS NÓS INFERIOR E SUPERIOR,
RESPECTIVAMENTE, DOS BLOCOS SOBRE DUAS ESTACAS ENSAIADOS POR BLÉVOT &
FRÉMY (1967). ........................................................................................................................................... 28
FIGURA 5 - MODELOS ENSAIADOS COM DIFERENTES DISTRIBUIÇÕES DE ARMADURAS DO
TIRANTE. (BLÉVOT & FRÉMY (1967)). ................................................................................................. 28
FIGURA 6 - ARMADURA EM "BIGODE" DO BLOCO ENSAIADO POR MAUTONI (1972)...................... 29
FIGURA 7 - PLANO DE RUPTURA EM BLOCOS SOBRE DUAS ESTACAS, ENSAIADOS POR
MAUTONI (1972). ...................................................................................................................................... 30
FIGURA 8 - MODELO DE BLOCOS ENSAIADOS POR ADEBAR, KUCHMAN & COLLINS (1990). ....... 31
FIGURA 9 - PANORAMA DE FISSURAÇÃO DO BLOCO A. (ADEBAR, KUCHMAN & COLLINS (1990)).
...................................................................................................................................................................... 32
FIGURA 10 – MODELOS DE BIELAS E TIRANTES ADAPTADO DE ADEBAR, KUCHMA & COLLINS
(1990). (A) MODELO SIMPLIFICADO, (B) MODELO ELÁSTICO LINEAR EM ELEMENTOS
FINITOS E (C) MODELO REFINADO SUGERIDO. ................................................................................ 34
FIGURA 11 – MODELOS DE BLOCOS SOBRE QUATRO ESTACAS, ADAPTADO DE SAM & IYER
(1995). .......................................................................................................................................................... 37
FIGURA 12 – MODELOS NUMÉRICOS DE MUNHOZ (2004). ...................................................................... 40
FIGURA 13 - FORMAÇÃO DAS BIELAS EM BLOCOS DE DUAS ESTACAS, SIMULADOS POR
MUNHOZ (2004). ........................................................................................................................................ 42
FIGURA 14 - FORMAÇÃO DAS BIELAS EM BLOCOS DE QUATRO ESTACAS, SIMULADOS POR
MUNHOZ (2004). ........................................................................................................................................ 43
FIGURA 15 - FLUXO DE TENSÕES DE COMPRESSÃO EM BLOCOS DE DUAS ESTACAS, COM
DIFERENTES SEÇÕES DE PILARES, SIMULADOS POR MUNHOZ (2004). ...................................... 43
FIGURA 16 – MODELO REFINADO DE BIELAS E TIRANTES DE BLOCOS RÍGIDOS SOBRE DUAS
ESTACAS, POR MUNHOZ (2014). ........................................................................................................... 44
FIGURA 17 - BLOCOS ANALISADOS NUMERICAMENTE POR DELALIBERA (2006). .......................... 45
FIGURA 18 – CURVAS FORÇA VERSUS DESLOCAMENTO DE ALGUNS MODELOS DE DELALIBERA
(2006). .......................................................................................................................................................... 46
FIGURA 19 - DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NAS BARRAS DO MODELO B35P25E25E0 DE
DELALIBERA (2006). ................................................................................................................................ 47
FIGURA 20 - FLUXO DE TENSÕES PRINCIPAIS NO MODELO B35P25E25E0 DE DELALIBERA (2006).
...................................................................................................................................................................... 48
FIGURA 21 – MODELOS NUMÉRICOS DE BUTTIGNOL (2011) COM, RESPECTIVAMENTE, 100,0,
50,0% E 25,0% DE VINCULAÇÃO NAS BASES DAS ESTACAS. ........................................................ 49
FIGURA 22 - CURVAS CARGA VERSUS DESLOCAMENTO, COMPARATIVOS, ENTRE MODELOS
EXPERIMENTAIS DE DELALIBERA (2006) E MODELOS NUMÉRICOS DE BUTTIGNOL (2011).
(BUTTIGNOL (201)). .................................................................................................................................. 50
FIGURA 23 - FLUXO DE TENSÕES NO MODELO N2-BH45P25E25V100 DE BUTTIGNOL (2011). ........ 52
FIGURA 24 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO DO MODELO N2-BH45P25E25V100 DE BUTTIGNOL
(2011), SENDO (A) NO INÍCIO DA APLICAÇÃO DE CARGA, (B) NA METADE DA CARGA
APLICADA E (C) NA ETAPA DE RUÍNA DO BLOCO. ......................................................................... 52
FIGURA 25 - PANORAMA DE FISSURAÇÃO DOS MODELOS NUMÉRICOS DE BUTTIGNOL (2013),
PARA CARGA DE RUPTURA. ................................................................................................................. 54
FIGURA 26 – COMPARAÇÃO ENTRE OS PANORAMAS DE FISSURAÇÃO E CURVA FORÇA VERSUS
DESLOCAMENTO, EXPERIMENTAL E NUMÉRICO, DO MODELO 1 DE BARROS, DELALIBERA
& GIONGO (2016). ..................................................................................................................................... 56
FIGURA 27 – ARQUEAMENTO DAS TENSÕES, CASOS DE ANCORAGEM DE BARRAS
TRACIONADAS E COMPRIMIDAS. FUSCO (1994). ............................................................................. 59
FIGURA 28 - SOLUÇÕES PARA COMBATER A FISSURAÇÃO EM PEÇAS DE CONCRETO ARMADO E
GARANTIR A TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS. FUSCO (1994)........................................................... 60
FIGURA 29 - INFLUENCIA DAS BIELAS DE COMPRESSÃO NA ANCORAGEM DE PEÇAS FLETIDAS.
FUSCO (1994). ............................................................................................................................................ 61
FIGURA 30 - ANCORAGEM DAS ARMADURAS DO PILAR SOBRE BLOCO, SUBMETIDOS À
COMPRESSÃO UNIFORME. FUSCO (1994). .......................................................................................... 61
FIGURA 31 - GEOMETRIA, DISTRIBUIÇÃO DE ARMADURAS E LOCAÇÃO DOS EXTENSÔMETROS
NOS MODELOS DA SÉRIE B110P125. .................................................................................................... 63
FIGURA 32 - GEOMETRIA, DISTRIBUIÇÃO DE ARMADURAS E LOCAÇÃO DOS EXTENSÔMETROS
DO MODELO B115P250R1........................................................................................................................ 64
FIGURA 33 - GEOMETRIA, DISTRIBUIÇÃO DE ARMADURAS E LOCAÇÃO DOS EXTENSÔMETROS
DO MODELO B115P250R2.5 E B115P250R4. .......................................................................................... 64
FIGURA 34 - GEOMETRIA, DISTRIBUIÇÃO DE ARMADURAS E LOCAÇÃO DOS EXTENSÔMETROS
NOS MODELOS DA SÉRIE B127P500. .................................................................................................... 65
FIGURA 35 – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS AÇOS DAS ARMADURAS,
OBTIDOS POR MUNHOZ (2014). ............................................................................................................. 67
FIGURA 36 – CURVAS CARGA VERSUS DESLOCAMENTO DOS MODELOS DAS SÉRIES B110P125 E
B115P250. .................................................................................................................................................... 68
FIGURA 37 – CURVAS CARGA VERSUS DEFORMAÇÃO DAS ARMADURAS DE ANCORAGEM DO
PILAR DO MODELO B110P125R2.5. ....................................................................................................... 69
FIGURA 38 - PRIMEIRAS FISSURAS VISÍVEIS E INCLINADAS, MODELOS B110P125R2.5 E
B115P250R2.5, MUNHOZ (2014). ............................................................................................................. 71
FIGURA 39 - PANORAMA FINAL DE FISSURAÇÃO DOS MODELOS B110P125R2.5 E B115P250R2.5 DE
MUNHOZ (2014). ........................................................................................................................................ 72
FIGURA 40 – RUPTURA DOS MODELOS B110P125R2.5 E B115P250R2.5 DE MUNHOZ (2014). ............ 72
FIGURA 41 - CURVA TENSÃO VERSUS DEFORMAÇÃO CARACTERÍSTICA DO CONCRETO.
ADAPTADO CERVENKA CONSULTING (2015). .................................................................................. 76
FIGURA 42 - CURVA DA FUNÇÃO DE RUPTURA BIAXIAL, TRAÇÃO-COMPRESSÃO. ADAPTADO
DE CERVENKA CONSULTING (2015). ................................................................................................... 76
FIGURA 43 - CURVA TENSÃO VERSUS DESLOCAMENTO PARA ENSAIOS DE TRAÇÃO SIMPLES EM
CONCRETO. ARAÚJO (2001). .................................................................................................................. 77
FIGURA 44 - DIVISÃO DA CURVA TENSÃO VERSUS DEFORMAÇÃO EM DOIS TRECHOS. ARAÚJO
(2001). .......................................................................................................................................................... 78
FIGURA 45 - DETERMINAÇÃO DA ABERTURA DE FISSURA PARA OS CASOS DE TRECHO
ASCENDENTE LINEAR E TRECHO ASCENDENTE NÃO LINEAR E CURVA CARACTERÍSTICA
DA TENSÃO VERSUS ABERTURA DE FISSURAS. ARAÚJO (2001). .................................................. 78
FIGURA 46 - CURVA TENSÃO VERSUS ABERTURA DE FISSURAS. ADAPTADO DE CERVENKA
CONSULTING (2015). ................................................................................................................................ 79
FIGURA 47 - RELAXAMENTO LINEAR SEGUNDO O CRITÉRIO DE DRUCKER PRAGER. CERVENKA
CONSULTING (2015). ................................................................................................................................ 80
FIGURA 48 - (A) RUPTURA DOS ELEMENTOS DE INTERFACE, (B) COMPORTAMENTO DOS
ELEMENTOS DE INTERFACE NO CISALHAMENTO, (C) COMPORTAMENTO DAS TENSÕES
NOS ELEMENTOS. ADAPTADO DE CERVENKA CONSULTING (2015)........................................... 81
FIGURA 49 - CONJUNTO DE MODELOS NUMÉRICOS SIMULADOS A PARTIR DO MODELO
B110P125R1. ............................................................................................................................................... 83
FIGURA 50 – DISCRETIZAÇÃO DOS ELEMENTOS FINITOS PARA O MODELO NUMÉRICO
B110P125R2.5M1. ....................................................................................................................................... 85
FIGURA 51 – CURVA CARACTERÍSTICA DO MÉTODO DE NEWTON-RHAPSON. CERVENKA
CONSULTING (2015). ................................................................................................................................ 86
FIGURA 52 - CURVAS TENSÃO VERSUS DEFORMAÇÃO DOS AÇOS DAS ARMADURAS, PELOS
EXPERIMENTOS DE MUNHOZ (2014) E PELAS CURVAS AJUSTADAS. ......................................... 88
FIGURA 53 - CURVAS CARGA VERSUS DESLOCAMENTO, ORIGINAL E MODIFICADO, DOS
MODELOS B110P125R2.5, B115P250R2.5, B110P125R2.5M1 E B115P250R2.5M1. ............................ 91
FIGURA 54 - CURVAS CARGA VERSUS DESLOCAMENTO DOS MODELOS B110P125R1, B110P125R4,
B115P250R1, B115P250R4, B110P125R1M1, B110P125R4M1, B115P250R1M1 E B115P250R4M1. .. 93
FIGURA 55 - CURVAS CARGA VERSUS DESLOCAMENTO NAS ARMADURAS DE ANCORAGEM DO
PILAR DOS MODELOS B110P125R2.5 E B110P125R2.5M1. ................................................................ 94
FIGURA 56 - CURVAS CARGA VERSUS DESLOCAMENTO, MODIFICADOS, NAS ARMADURAS DO
PILAR. ......................................................................................................................................................... 95
FIGURA 57 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NAS ARMADURAS DE ANCORAGEM DOS PILARES E
NAS ARMADURAS DO TIRANTE DOS BLOCOS, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS B110P125R2.5 E B110P125R2.5M1. ...................................................................................... 97
FIGURA 58 - PRIMEIRAS FISSURAS VISÍVEIS, CENTRALIZADAS E INCLINADAS NOS MODELOS
B110P125R2.5 E B110P125R2.5M1. .......................................................................................................... 99
FIGURA 59 - PANORAMA DE FISSURAÇÃO FINAL DOS MODELOS B110P125R2.5 E
B110P125R2.5M1. ....................................................................................................................................... 99
FIGURA 60 - PANORAMA DE FISSURAÇÃO FINAL DOS MODELOS B110P125R2.5 E
B110P125R2.5M1. ..................................................................................................................................... 100
FIGURA 61 - MODOS DE RUPTURA DOS MODELOS B110P125R2.5 E B110P125R2.5M1. ................... 100
FIGURA 62 - MODOS DE RUPTURA DOS MODELOS B115P250R2.5 E B115P250R2.5M1. ................... 101
FIGURA 63 - CURVA CARGA VERSUS DESLOCAMENTO DOS MODELOS NUMÉRICOS. .................. 102
FIGURA 64 – PONTOS DE MONITORAÇÃO AO LONGO DA ARMADURA DE ANCORAGEM DOS
MODELOS. ............................................................................................................................................... 105
FIGURA 65 - TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXOS DE TENSÕES DOS MODELOS B110P125R1M1,
B110P125R1M2, B110P125R1M3 E B110P125R1M4, NOS CASOS (A) - 0,33FU, (B) - 0,66FU E (C) -
FU................................................................................................................................................................ 107
FIGURA 66 - TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXOS DE TENSÕES DOS MODELOS
B115P250R2.5M1, B115P250R2.5M2, B115P250R2.5M3 E B115P250R2.5M4, NOS CASOS (A) -
0,33FU, (B) - 0,66FU E (C) - FU. ................................................................................................................. 112
FIGURA 67 - TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXOS DE TENSÕES DOS MODELOS B127P500R4M1,
B127P500R4M2, B127P500R4M3 E B127P500R4M4, NOS CASOS (A) - 0,33FU, (B) - 0,66FU E (C) -
FU................................................................................................................................................................ 113
FIGURA 68 – TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXO DE TENSÕES, PARA O MODELO
B110P125R1M1, NA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP). ................................................................. 115
FIGURA 69 - TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXOS DE TENSÕES DOS MODELOS B110P125R1M1,
B110P125R1M2, B110P125R1M3 E B110P125R1M4, PARA FCOMP. .................................................... 116
FIGURA 70 - TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXOS DE TENSÕES DOS MODELOS
B115P250R2.5M1, B115P250R2.5M2, B115P250R2.5M3 E B115P250R2.5M4, PARA FCOMP. ............ 117
FIGURA 71 - TENSÕES NAS ARMADURAS E FLUXOS DE TENSÕES DOS MODELOS B127P500R4M1,
B127P500R4M2, B127P500R4M3 E B127P500R4M4, PARA FCOMP. .................................................... 117
FIGURA 72 – PONTOS DE MONITORAÇÃO DAS TENSÕES NAS REGIÕES DAS BIELAS DE
COMPRESSÃO JUNTO AO PILAR. ....................................................................................................... 118
FIGURA 73 – PRIMEIRAS FISSURAS VISÍVEIS E INCLINADAS PARA OS MODELOS NUMÉRICOS DA
SÉRIE B110P125R2.5. .............................................................................................................................. 123
FIGURA 74 – PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B110P125R1. ................................................................................... 124
FIGURA 75 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B110P125R2.5. ................................................................................ 125
FIGURA 76 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B110P125R4. ................................................................................... 125
FIGURA 77 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B115P250R1. ................................................................................... 126
FIGURA 78 – PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B115P250R2.5. ................................................................................ 126
FIGURA 79 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B115P250R4. ................................................................................... 127
FIGURA 80 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B127P500R1. ................................................................................... 127
FIGURA 81 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B127P500R2.5. ................................................................................ 128
FIGURA 82 - PANORAMAS DE FISSURAÇÃO, PARA CARGA DE COMPARAÇÃO (FCOMP), DOS
MODELOS M1, M2, M3 E M4 DE B127P500R4. ................................................................................... 128
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CONCRETO DOS MODELOS DE REFERÊNCIA......... 66


TABELA 2 – CARGAS DE RUPTURA E DESLOCAMENTOS MÁXIMOS NA RUPTURA DOS
EXPERIMENTOS DE MUNHOZ (2014). .................................................................................................. 68
TABELA 3 – DEFORMAÇÕES (Ε) E TENSÕES (Σ) NAS ARMADURAS DO MODELO EXPERIMENTAL
B110P125R2.5. ............................................................................................................................................ 69
TABELA 4 – ABERTURAS DE FISSURAS NOS MODELOS B110P125R2.5 E B115P250R2.5 DE MUNHOZ
(2014). .......................................................................................................................................................... 70
TABELA 5 - NOMENCLATURA DOS MODELOS EXPERIMENTAIS E NUMÉRICOS. ............................. 83
TABELA 6 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CONCRETO NOS MODELOS NUMÉRICOS. ............... 86
TABELA 7 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS AÇOS DAS ARMADURAS. .......................................... 87
TABELA 8 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS CHAPAS DE AÇO. ........................................................ 88
TABELA 9 - PARÂMETROS DOS ELEMENTOS DE INTERFACE. .............................................................. 89
TABELA 10 – CARGAS DE RUPTURA E DESLOCAMENTOS MÁXIMOS NA RUPTURA, PARA OS
MODELOS EXPERIMENTAIS E NUMÉRICOS, B110P125R2.5, B115P250R2.5, B110P125R2.5M1 E
B115P250R2.5M1. ....................................................................................................................................... 92
TABELA 11 - CARGAS DE RUPTURA E DESLOCAMENTOS MÁXIMOS NA RUPTURA, PARA OS
MODELOS B110P125R1, B110P125R4, B115P250R1, B115P250R4, B110P125R1M1, B110P125R4M1,
B115P250R1M1 E B115P250R4M1. .......................................................................................................... 92
TABELA 12 - DEFORMAÇÕES (Ε) E TENSÕES (Σ) NAS ARMADURAS DOS MODELOS B110P125R2.5,
COM VALORES MODIFICADOS APÓS ALTERAÇÕES DAS CURVAS TENSÃO VERSUS
DEFORMAÇÃO, E B110P125R2,5M1....................................................................................................... 97
TABELA 13 – CARGAS RELATIVAS ÀS ABERTURAS DE FISSURAS DOS MODELOS B110P125R2.5,
B110P125R2.5M1, B115P250R2.5 E B115P250R2.5M1. .......................................................................... 98
TABELA 14 - CARGAS DE RUPTURA, DESLOCAMENTOS MÁXIMOS NA RUPTURA, CARGAS DE
COMPARAÇÃO E DESLOCAMENTOS NA CARGA DE COMPARAÇÃO PARA OS MODELOS
NUMÉRICOS. ........................................................................................................................................... 103
TABELA 15 – DEFORMAÇÕES E TENSÕES NAS ARMADURAS DOS MODELOS NUMÉRICOS
B110P125R1M1, B110P125R1M2, B110P125R1M3 E B110P125R1M4. ............................................... 106
TABELA 16 - DEFORMAÇÕES E TENSÕES NAS ARMADURAS DOS MODELOS NUMÉRICOS
B115P250R2.5M1, B115P250R2.5M2, B115P250R2.5M3 E B115P250R2.5M4. ................................... 109
TABELA 17 - DEFORMAÇÕES E TENSÕES NAS ARMADURAS DOS MODELOS NUMÉRICOS
B127P500R4M1, B127P500R4M2, B127P500R4M3 E B127P500R4M4. ............................................... 110
TABELA 18 – VARIAÇÃO DAS TENSÕES, PARA FCOMP, NAS ARMADURAS DE ANCORAGEM NA
REGIÃO DAS BIELAS DE COMPRESSÃO JUNTO AO PILAR, VALORES EM MPA. ..................... 119
TABELA 19 - CARGAS RELATIVAS ÀS ABERTURAS DE FISSURAS DOS MODELOS NUMÉRICOS.122
LISTA DE SÍMBOLOS

As,calc – área de armadura calculada para resistir as solicitações;


As,ef – área de armadura efetiva;
C – coesão do elemento de interface;
Ec – módulo de elasticidade do concreto;
Es – módulo de elasticidade do aço;
Es,m – módulo de elasticidade média do concreto;
fbd – resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto;
fck – resistência característica à compressão do concreto;
Fcomp – carga de comparação;
fct – resistência à tração do concreto;
fctd – resistência à tração de cálculo do concreto;
Fr,c – carga de abertura das primeiras fissuras centralizadas;
Fr,i – carga de abertura das primeiras fissuras inclinadas;
Fr,p – carga de abertura das primeiras fissuras visíveis;
ft – resistência à tração do concreto;
ft – Resistência à tração;
ft’ef – resistência a tração efetiva do concreto;
Fu – carga de ruptura;
Fu,Mi – carga de ruptura, para os modelos numéricos;
fy,m – tensão média de escoamento do aço;
fyd – tensão de cálculo do escoamento do aço;
Gf – energia específica de fratura;
Knn – Rigidez normal do elemento de interface;
Knn,mín – Rigidez normal mínima do elemento de interface;
Ktt – Rigidez transversal do elemento de interface;
Ktt,mín – Rigidez transversal mínima do elemento de interface;
lb – comprimento básico de ancoragem;
lb,mín – comprimento de ancoragem mínimo;
lb,nec – comprimento de ancoragem necessário;
lbp – comprimento da armadura de ancoragem dos pilares;
WFcomp – deslocamento na carga de comparação;
WFcomp,Mi – deslocamento na carga de comparação, para os modelos numéricos;
WFu – deslocamento máximo na ruptura;
α – coeficiente térmico;
γ – peso específico;
ε – deformação;
εeq – deformação uniaxial equivalente;
εy,m – deformação média de escoamento do aço;
η – coeficientes para cálculo da tensão resistência de aderência de cálculo;
η1 – coeficiente para conformação do aço;
η2 – coeficiente para situações de aderência;
η3 – coeficiente para diâmetro da bitola;
ζ – tensão;
ζcef – tensão efetiva do concreto;
υ – coeficiente de Poisson.
Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 19

1.1. Considerações iniciais ............................................................................................................................ 19

1.2. Justificativa............................................................................................................................................. 21

1.3. Metodologia ............................................................................................................................................ 22

1.4. Objetivos ................................................................................................................................................. 23

1.5. Estrutura da dissertação ....................................................................................................................... 24

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 25

2.1. Considerações iniciais ............................................................................................................................ 25

2.2. Trabalhos com ênfase experimental ..................................................................................................... 26


2.2.1. Blévot & Frémy (1967) ................................................................................................................... 26
2.2.2. Mautoni (1972)................................................................................................................................ 29
2.2.3. Adebar, Kuchma & Collins (1990) ................................................................................................. 31
2.2.4. Outros trabalhos com ênfase experimental ...................................................................................... 34

2.3. Trabalhos com ênfase numérica ........................................................................................................... 36


2.3.1. Sam & Iyer (1995) .......................................................................................................................... 37
2.3.2. Munhoz (2004) ................................................................................................................................ 39
2.3.3. Delalibera (2006) ............................................................................................................................ 44
2.3.4. Buttignol (2011) .............................................................................................................................. 48
2.3.5. Outros trabalhos com ênfase numérica............................................................................................ 53

2.4. Ancoragem das armaduras ................................................................................................................... 56


2.4.1. ABNT NBR6118/2014 .................................................................................................................... 56
2.4.2. Fusco (1994).................................................................................................................................... 59

3. MODELOS DE REFERÊNCIA .................................................................................... 62

3.1. Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 62

3.2. Geometria dos modelos de referência .................................................................................................. 62

3.3. Propriedades mecânicas dos materiais ................................................................................................. 66

3.4. Resultados dos ensaios dos modelos de referência .............................................................................. 67


3.4.1. Curvas carga versus deformação e cargas de ruptura ...................................................................... 67
3.4.2. Deformações e tensões nas armaduras ............................................................................................ 68
3.4.3. Panoramas de fissuração e modos de ruptura .................................................................................. 70
4. MODELOS NUMÉRICOS ............................................................................................ 73

4.1. Considerações iniciais ............................................................................................................................ 73

4.2. O programa computacional ATENA 2D – Fundamentação Teórica ................................................ 75


4.2.1. Elemento CCSbetaMaterial ............................................................................................................ 75
4.2.2. Elemento Reinforcement ................................................................................................................. 80
4.2.3. Elemento Plane stress elastic isotropic ........................................................................................... 80
4.2.4. Elemento 2D Interface .................................................................................................................... 81

4.3. Geometria ............................................................................................................................................... 81

4.4. Descrição da modelagem numérica ...................................................................................................... 84


4.4.1. Aspectos Gerais ............................................................................................................................... 84
4.4.2. Propriedades mecânicas dos materiais ............................................................................................ 86

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 90

5.1. Considerações iniciais ............................................................................................................................ 90

5.2. Análise comparativa entre modelos experimentais de referência versus modelos numéricos
equivalentes ......................................................................................................................................................... 90
5.2.1. Curvas carga versus deslocamento e cargas de ruptura ................................................................... 90
5.2.2. Deformações e tensões nas armaduras ............................................................................................ 93
5.2.3. Panoramas de fissuração e modos de ruptura .................................................................................. 98

5.3. Análise paramétrica dos modelos numéricos..................................................................................... 101


5.3.1. Curvas carga versus deslocamento e cargas de ruptura ................................................................. 101
5.3.2. Deformações, tensões nas armaduras e fluxos de tensões ............................................................. 105
5.3.3. Panoramas de fissuração e modos de ruptura ................................................................................ 121

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 130

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................133

ANEXO A.......................................................................................................................137
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 19

1. Introdução

1.1. Considerações iniciais

Os blocos de concreto armado são elementos estruturais de transição de esforços


da superestrutura para a infraestrutura, ou ainda mais comumente, dos pilares para estacas
e/ou tubulões. Por serem elementos de fundação, o comportamento em serviço deve ser bem
compreendido, visto que, durante a vida útil de serviço não podem ser facilmente
inspecionados e suas patologias são de difícil observação.
A ABNT NBR6118/2014 define que “blocos são estruturas de volume usadas
para transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação” e ainda diferencia os blocos
entre rígidos e flexíveis, sendo seus comportamentos estruturais descritos conforme os itens
22.7.2.1 e 22.7.2.2, respectivamente:
 Bloco rígido:
a) trabalho à flexão nas duas direções, mas com trações essencialmente
concentradas nas linhas sobre as estacas (reticulado definido pelo eixo das
estacas, com faixas de largura igual a 1,2 vez seu diâmetro);
b) forças transmitidas do pilar para as estacas essencialmente por bielas de
compressão, de forma e dimensões complexas;
c) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando
ruínas por tração diagonal, e sim por compressão das bielas, analogamente às
sapatas.

 Bloco flexível: “Para esse tipo de bloco deve ser realizada uma análise mais
completa, desde a distribuição dos esforços nas estacas, dos tirantes de tração, até a
necessidade da verificação da punção”.
Relativamente aos modelos de cálculo, a ABNT NBR6118/2014 descreve no item
22.7.3: “Para cálculo e dimensionamento dos blocos, são aceitos modelos tridimensionais
lineares ou não lineares e modelos biela-tirante tridimensionais” e ainda que “Na região de
contato entre o pilar e o bloco, os efeitos de fendilhamento devem ser considerados, conforme
requerido em 21.2, permitindo-se a adoção de um modelo de bielas e tirantes para a
determinação das armaduras”. Tradicionalmente no Brasil, os blocos rígidos são
dimensionados pelo método das bielas de Blévot & Frémy (1967), pelo método do CEB-FIP
(1970) ou pelos modelos tridimensionais de bielas e tirantes, enquanto que os blocos flexíveis
são dimensionados por métodos similares aos de vigas e lajes.
Segundo Fusco (1994), “os blocos de fundação devem ser peças suficientemente
rígidos para que sua deformabilidade não afete os esforços atuantes na superestrutura nem no
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 20

próprio terreno de fundação”. As cargas devem ser transferidas da base do pilar, localizado no
topo do bloco, até o topo das estacas, através de bielas comprimidas e inclinadas. A Figura 1
apresenta o funcionamento básico de um bloco sobre estacas, na qual, as cargas são
transferidas como descrito anteriormente e o equilíbrio no topo das estacas só é possível pela
armadura do tirante (armadura de tração), localizada na face inferior do bloco.

Figura 1 - Funcionamento estrutural de um bloco sobre estacas. Fusco (1994).

Ainda segundo o autor, em dimensionamentos de blocos sobre estacas utilizando


métodos de bielas e tirantes, deve-se garantir a segurança das bielas comprimidas. No caso do
nó superior, onde existe a intersecção do pilar com o bloco, a tensão atuante não deve
ultrapassar 0,85 fcd, conforme a Figura 2, sendo a área da seção do pilar o caso mais
desfavorável.

Figura 2 – Tensões atuantes nos planos horizontais dos blocos sobre estacas. Fusco (1994).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 21

Afirma também que “essa seção de contato pode não ser capaz de resistir à força
normal Npilar atuante no pilar, sem o auxílio da armadura do próprio pilar”. A partir desta
afirmação nota-se que a resistência da seção de contato é influenciada pela taxa de armadura
do pilar. Outra constatação relevante é que as tensões no concreto diminuem rapidamente ao
longo do comprimento x, devido ao acréscimo de área, e que, a favor da segurança, as tensões
nas armaduras de ancoragem do pilar devem ser transferidas ao longo deste mesmo
comprimento, concluindo que esses esforços são perfeitamente transferidos em comprimentos
na ordem de 10 a 15 vezes o diâmetro das barras.
Esta constatação é essencial para a realização desta pesquisa, pois será analisada a
influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas
estacas. Adota-se o termo técnico ancoragem para designar o comprimento da barra de
armadura necessária para garantir o trabalho em conjunto do concreto e aço, sem que haja
escorregamentos relativos, e transferir os esforços entre esses materiais de forma adequada.
De acordo com a ABNT NBR6118/2014, “as barras das armaduras devem ser ancoradas de
forma que as forças a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidas ao concreto”.
É fato que existe a necessidade de maiores comprovações em relação ao
comportamento das armaduras de ancoragem do pilar em blocos de concreto armado sobre
estacas. Por exemplo, não se considera a influência das bielas de compressão sobre essas
armaduras que transferem esforços dos pilares para os blocos de fundação.
Poucos são os estudos que evidenciam as alterações comportamentais nos blocos
com a variação dos comprimentos de ancoragem das barras. No entanto, nos últimos anos as
pesquisas vêm crescendo neste âmbito, podendo contribuir para maior conhecimento na área,
melhorias nos códigos normativos e nos métodos de dimensionamento.

1.2. Justificativa

As principais justificativas desta pesquisa são a importância dos blocos de


fundação em projetos estruturais e a melhor compreensão do comportamento estrutural desses
elementos. Especificamente, entender as alterações comportamentais nos blocos sobre duas
estacas após a variação dos comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares.
De uma maneira geral os modelos de dimensionamento de blocos não consideram
diferentes taxas de armaduras nem alterações nas armaduras de ancoragem, sendo ainda muito
simplórios em relação à complexidade dos mecanismos estruturais que regem esses elementos
estruturais.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 22

No âmbito acadêmico, são escassas as pesquisas específicas sobre esse assunto.


Com o auxílio da computação e de métodos numéricos como o Método dos Elementos
Finitos, tornou-se possível realizar análises de forma mais rápida e menos onerosa, se
comparadas aos ensaios experimentais em laboratório. Neste trabalho serão apresentados
inúmeros modelos numéricos, aumentando a quantidade de parâmetros e resultados para
pesquisas futuras.
Sendo assim, a fim de enriquecer os estudos sobre este assunto, este trabalho
propõe acrescentar novas discussões, apresentar novos resultados e contribuir para a
compreensão do real comportamento dos modelos analisados, variando alguns fatores que
regem o funcionamento dos blocos sobre estacas.

1.3. Metodologia

Foram realizadas análises numéricas com o programa computacional ATENA 2D,


baseado no Método dos Elementos Finitos, muito difundidos em simulações numéricas de
elementos em concreto armado.
Inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica, acerca do tema deste trabalho,
com a finalidade de assimilar os aspectos mais importantes e os parâmetros que dominam os
mecanismos de funcionamento dos blocos sobre estacas. Buscou-se ainda compreender a
qualidade dos resultados a partir de análises numéricas, visto que os resultados dos modelos
numéricos devem estar de acordo com o comportamento real dos elementos estudados. Na
pesquisa bibliográfica ainda são discutidos alguns aspectos da ABNT NBR6118/2014 para a
ancoragem de armaduras.
A partir das constatações provenientes da pesquisa bibliográfica, iniciou-se o
processo de modelagem numérica. As modelagens numéricas foram suportadas pelos manuais
do programa computacional ATENA 2D e também por alguns parâmetros encontrados em
literaturas durante a revisão bibliográfica. Nas análises numéricas foram consideradas as não
linearidades dos materiais e aderência perfeita entre aço e concreto.
Para garantir a eficiência das simulações numéricas buscaram-se comportamentos
qualitativamente positivos para os blocos analisados e, para tanto, foram utilizados modelos
de referência baseados nos ensaios experimentais da pesquisa de Munhoz (2014). Nesta etapa,
se comparou alguns resultados entre os modelos experimentais e numéricos, como por
exemplo, as curvas carga versus deslocamento, as cargas de ruptura, as deformações e tensões
nas armaduras, os fluxos de tensões, os panoramas de fissuração e os modos de ruptura.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 23

Após a análise comparativa dos resultados experimentais versus numéricos, foram


encontrados modelos de blocos sobre duas estacas com comportamentos semelhantes ao real.
A partir destes modelos foi realizada uma análise paramétrica, alterando os comprimentos das
armaduras de ancoragem em 34,0 cm, 20,0 cm, 10,0 cm e 3,0 cm. A escolha desses
comprimentos foi baseada nos ensaios experimentais realizados por Munhoz (2014), sendo
34,0 cm o comprimento original das armaduras de ancoragem, 20,0 cm e 10,0 cm são
referentes às alturas dos extensômetros alocados pela autora e, finalmente, 3,0 cm é um valor
utilizado para avaliar os modelos com um comprimento de armadura mínimo, ou seja,
modelos com ancoragem praticamente nula. Os valores 20,0 cm e 10,0 cm são essenciais para
a compreensão do comportamento das armaduras de ancoragem, visto que existe a
possibilidade de comparar os resultados experimentais e numéricos.
Com os resultados desta análise paramétrica, avaliaram-se as modificações nos
comportamentos destes modelos. Nestas avaliações comparativas, levaram-se em conta as
curvas carga versus deslocamento, as cargas de ruptura, as deformações e tensões nas
armaduras, os fluxos de tensões, os panoramas de fissuração e os modos de ruptura.
Finalmente, interpretaram-se os resultados com a finalidade de concluir sobre a
influência das modificações nos comportamentos dos blocos sobre duas estacas,
principalmente no âmbito das cargas de ruptura, da distribuição de tensões nas armaduras de
ancoragem e nos panoramas de fissuração.

1.4. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo principal estudar a influência do comprimento da


armadura de ancoragem dos pilares no comportamento estrutural de blocos de concreto
armado sobre duas estacas.
Especificamente, têm-se:
I – Realizar modelagens numéricas em blocos sobre duas estacas a partir de
modelos experimentais de referência, comparando os resultados experimentais versus
numéricos, visando validar qualitativamente as simulações computacionais;
II – Analisar parametricamente o comportamento dos blocos sobre duas estacas,
variando os comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares;
III – Comparar os resultados obtidos através da análise numérica paramétrica,
relativos às curvas carga versus deslocamento, às cargas de ruptura, às deformações e tensões
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 24

nas armaduras, aos fluxos de tensões no concreto, aos panoramas de fissuração e aos modos
de ruptura.
IV – Analisar as alterações comportamentais dos modelos, após as modificações,
discutindo a influência dos comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares nos
blocos, principalmente nas cargas de ruptura, na distribuição de tensões nas armaduras de
ancoragem e nos panoramas de fissuração.

1.5. Estrutura da dissertação

A ordem e o assunto de cada capítulo desta dissertação são descritos a seguir:


Capítulo 1: Introdução – São apresentados os aspectos gerais, as justificativas, a
metodologia, os objetivos e a estrutura da dissertação.
Capítulo 2: Revisão bibliográfica – São apresentados estudos relativos ao tema
desta pesquisa, dividido em trabalhos com ênfase experimental, trabalhos com ênfase
numérica e recomendações da ABNT NBR6118/2014 para ancoragem de armaduras em
estruturas de concreto armado.
Capítulo 3: Modelos de referência – São apresentados os modelos experimentais
de referência e um resumo dos resultados dos ensaios, utilizados como parâmetro para as
análises numéricas dos blocos sobre duas estacas.
Capítulo 4: Modelos numéricos – São descritos os modelos numéricos
analisados neste trabalho, apresentando os parâmetros utilizados para as simulações.
Descreve-se o funcionamento do programa computacional ATENA 2D, abrangendo os
fundamentos teóricos da modelagem.
Capítulo 5: Resultados e discussões – São apresentados e discutidos os
resultados, divididos em duas etapas, primeiramente da análise comparativa entre os modelos
experimentais e numéricos e, posteriormente, da análise paramétrica dos modelos numéricos
após as alterações nos comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares.
Capítulo 6: Conclusão – São apresentadas as conclusões obtidas a partir das
análises realizadas e são feitas sugestões para trabalhos futuros.
Referências bibliográficas – Apresentação dos artigos, dissertações, livros,
normas e teses citados no trabalho.
Anexo A – Apresentação de tabelas com resultados das análises, utilizados para
complementar o estudo realizado.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 25

2. Revisão bibliográfica

2.1. Considerações iniciais

A revisão bibliográfica do presente trabalho está dividida em três partes distintas.


Primeiramente serão abordados trabalhos com ênfase experimental, posteriormente serão
abordados trabalhos com ênfase numérica e, finalmente, serão abordadas as disposições gerais
da ABNT NBR6118/2014 e algumas indicações de Fusco (1994) acerca da ancoragem das
armaduras.
Levando em consideração que o trabalho visa compreender o comportamento das
armaduras longitudinais dos pilares que ancoram nos blocos sobre duas estacas, realizou-se
uma pesquisa bibliográfica acerca deste tema, no entanto, poucos trabalhos foram encontrados
especificamente sobre esta temática.
Nos trabalhos com ênfase experimental buscaram-se autores que realizaram
ensaios experimentais em laboratório com o intuito de analisar e descrever de forma sucinta o
comportamento de blocos sobre estacas. A importância deste conjunto de obras se dá na
compreensão dos mecanismos de funcionamento dos elementos de bloco, como por exemplo,
modos de ruptura, panoramas de fissuração, fluxos de tensões e comportamento das
armaduras. Esta parte da pesquisa é essencial para o entendimento do Método das Bielas e
Tirantes, discutido de forma aprofundada nos próximos capítulos. Verifica-se que este método
é o mais utilizado atualmente para dimensionamento de blocos sobre estacas, sendo o método
indicado por diversos códigos normativos, inclusive a ABNT NBR6118/2014.
Com a evolução computacional, a partir do final da década de 1970 e início da
década de 1980, muitos métodos matemáticos tornaram-se populares e acessíveis em diversas
áreas da pesquisa, visto que as resoluções de problemas, anteriormente, de soluções
complexas, tornaram-se mais simples. Atualmente, é comum utilizar-se de ferramentas
computacionais com a finalidade de simular o comportamento de estruturas e o
comportamento de ensaios laboratoriais, visando diminuir os gastos com materiais.
Neste panorama, foram encontrados diversos trabalhos com ênfase numérica,
onde os autores utilizam de soluções computacionais, principalmente o Método dos
Elementos Finitos, com a finalidade de simular ensaios experimentais. Dentro da temática
abordada neste trabalho, diversos autores realizaram simulações e comparações, de blocos
sobre estacas, baseadas em ensaios experimentais de outros autores. É fato que existe uma
grande complexidade em realizar essas simulações e será apresentado um conjunto de obras
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 26

onde os autores utilizam de ferramentas computacionais visando comparar modelos


experimentais a modelos numéricos.
Basicamente, quando se realiza análises e comparações numéricas baseadas em
modelos experimentais, deve-se inicialmente verificar se existe compatibilidade entre os
resultados encontrados, como por exemplo, modos de ruptura, carga de ruptura, panoramas de
fissuração, fluxos de tensões e comportamento das armaduras. Assim, é essencial validar,
qualitativamente ou quantitativamente, os resultados.

2.2. Trabalhos com ênfase experimental

Neste item serão discutidos trabalhos e suas conclusões acerca do comportamento


de blocos sobre estacas, com ênfase em estudos experimentais.

2.2.1. Blévot & Frémy (1967)

Blévot & Frémy (1967) realizaram e publicaram um estudo experimental sobre


blocos com duas, três, quatro, cinco e seis estacas. Como o presente trabalho é relativo a
blocos sobre duas estacas, serão enfatizados os resultados destes modelos. Foram ensaiados
mais de cem modelos em laboratório, todos os modelos foram submetidos a cargas centradas,
realizando variações nas disposições das armaduras e também na geometria dos blocos,
variando consequentemente, o ângulo de inclinação das bielas de compressão. A finalidade do
trabalho é de compreender os comportamentos dos blocos, os modos de ruptura, os fluxos de
tensões e os panoramas de fissuração.
Os modelos de duas estacas possuíam distâncias entre as estacas de 120,0 cm e
pilares de seção quadrada de 30,0 cm x 30,0 cm. Uma variável importante nestes modelos é a
utilização de dois tipos de armaduras para os tirantes, barras lisas com ganchos nas
extremidades e barras com mossas/saliências e sem ganchos. O ângulo de inclinação dos
modelos é superior a 40º e inferior a 55º, este valores são os fixados até os dias atuais em
grande parte dos modelos de dimensionamento de blocos sobre estacas. Blévot & Frémy
(1967) verificaram que houve escorregamento das armaduras dos tirantes nos casos onde não
foram utilizados ganchos. Esta conclusão é importante, no entanto, pesquisas atuais
demonstram que em muitos casos não ocorre escorregamento e não há a necessidade de se
utilizar ganchos, visto que as tensões se dissipam rapidamente nessas armaduras, nas regiões
sobre a cabeça das estacas.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 27

A Figura 3 apresenta o panorama de fissuração final de dois blocos sobre duas


estacas ensaiados pelos autores. Note que existe um plano de ruptura na direção das bielas de
compressão, verifica-se que este plano de ruptura se forma entre a região interna à estaca até a
região externa ao pilar.

Figura 3 - Plano de ruptura de blocos de duas estacas ensaiados por Blévot & Frémy (1967).

Blévot & Frémy (1967) observaram o surgimento de diversas fissuras na região


central (inferior), região das armaduras dos tirantes, causadas principalmente pela ação de
flexão que ocorre nestes pontos. Também foram observadas fissuras na direção das bielas de
compressão que se formam inclinadamente no interior do bloco. O surgimento de fissuras na
direção das bielas corrobora para a compreensão do Método das Bielas e Tirantes, que é
essencialmente constituído por admitir um modelo de treliça isostática no interior do bloco
sobre estacas, onde, existem regiões tracionadas e regiões comprimidas. Basicamente a região
tracionada (tirantes) é composta pelas barras de armadura, na parte inferior do bloco, situadas
sobre a cabeça das estacas, enquanto que a região comprimida (bielas) é composta pelo
volume comprimido de concreto que surge a partir da região do nó superior e propagam até a
região dos nós inferiores. Observa-se ainda que a ruína dos blocos, na maioria dos casos,
ocorreu pela ruptura do concreto da biela de concreto nas regiões dos nós superiores (junto ao
pilar), nos nós inferiores (junto às estacas) ou ainda simultaneamente nos dois nós. A Figura 4
apresenta com clareza a ruptura do concreto nessas regiões.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 28

Figura 4 - Ruptura do concreto junto aos nós inferior e superior, respectivamente, dos blocos sobre duas estacas
ensaiados por Blévot & Frémy (1967).

Relativamente aos blocos sobre três, quatro, cinco e seis estacas, Blévot & Frémy
(1967) realizaram diversos ensaios, alterando principalmente a disposição das armaduras dos
tirantes. Somente com o intuito de demonstrar alguns modelos, a Figura 5 apresenta alguns
arranjos de armaduras utilizadas nos modelos de blocos sobre três e quatro estacas.

Figura 5 - Modelos ensaiados com diferentes distribuições de armaduras do tirante. (Blévot & Frémy (1967)).

Os casos (a) e (b) da figura são, respectivamente, blocos sobre três estacas com
armaduras do tirante distribuídas sobre o baricentro dos blocos e em forma de malha. Os
casos (c), (d) e (e) são blocos sobre quatro estacas com armaduras do tirante distribuídas,
respectivamente, sobre as cabeças das estacas (em X e paralelas aos lados do bloco), sobre as
cabeças das estacas (apenas em X) e em forma de malha. Após as análises os autores
concluem que os modelos com armaduras distribuídas sobre a região da cabeça das estacas
são mais eficientes que os modelos com armaduras distribuídas em malha, visto que o
equilíbrio dos nós é realizado nesta região.
Os resultados deste estudo são discutidos até os dias atuais e tornou-se uma
referência para outros pesquisadores e códigos normativos relacionados a blocos sobre
estacas. A principal contribuição é a elaboração da Teoria de Bielas e Tirantes que explica de
forma válida o fluxo de tensões nos blocos. Outra contribuição importante é a observação de
que parte das peças ensaiadas apresentou ruína causada pelo surgimento de fissuras paralelas
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 29

ao fluxo de tensões de compressão nas bielas, oriundas da ação de esforços de tração


perpendiculares às bielas, também conhecido por fendilhamento do concreto.

2.2.2. Mautoni (1972)

Mautoni (1972) realizou ensaios em vinte blocos sobre duas estacas, com a
finalidade de caracterizar a carga e os mecanismos de ruptura dos modelos. Para
dimensionamento dos modelos foi utilizada uma expressão que considera a taxa crítica de
armadura, deduzida pelo próprio autor. Os modelos ensaiados foram utilizados para analisar o
comportamento de blocos sobre duas estacas, no entanto, pelas características dos modelos,
podem também ser utilizados para analisar o comportamento de consolos curtos.
Durante o estudo, foram realizadas alterações nos tipos de armaduras utilizadas no
tirante, com os seguintes arranjos: laçada contínua na horizontal e armadura em “bigode”. A
armadura laçada contínua foi disposta em camadas, com extremidades semicirculares, já o
arranjo de armaduras em “bigode” era composta por barras retas com extremidades compostas
por dois trechos semicirculares e ganchos. A Figura 6 apresenta o arranjo da armadura em
“bigode” utilizada no ensaio de Mautoni (1972).

Figura 6 - Armadura em "bigode" do bloco ensaiado por Mautoni (1972).

Foram utilizadas estacas quadradas de 10,0 cm x 10,0 cm, pilares quadrados de


15,0 cm x 15,0 cm, largura do bloco de 15,0 cm e a altura do bloco variou em diversos
modelos. As distâncias entre as estacas variavam, sendo utilizados os valores 31,0 cm, 32,0
cm, 35,0 cm, 40,0 cm e 45,0 cm, variando consequentemente o ângulo de inclinação das
bielas.
Relativamente às aberturas de fissuras, Mautoni (1972) observou, assim como
Blévot & Frémy (1967), o surgimento de fissuras na região central (inferior) - região das
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 30

armaduras dos tirantes - causadas principalmente pela ação de flexão que ocorre nesta região.
Observou também o surgimento de fissuras inclinadas na direção das bielas de compressão,
corroborando para a compreensão do Método das Bielas e Tirantes. Notavelmente, as
primeiras fissuras surgiram com aproximadamente 40,0% da carga de ruptura dos modelos e
cessaram com aproximadamente 70,0%, sendo que após cessar, ocorreu apenas o aumento na
abertura das fissuras já existentes.
Os modos de ruptura seguiram o mesmo padrão em grande parte dos blocos sobre
duas estacas, sendo observada uma ruptura por esmagamento do concreto das bielas de
compressão, formando um plano de ruptura que se estende do nó inferior (região das estacas)
até o nó superior (região do pilar), assim como nos ensaios de Blévot & Frémy (196). A
Figura 7 apresenta o plano de ruptura, inclinado, no bloco, assim como a ruptura do concreto
na região do nó superior do bloco.

Figura 7 - Plano de ruptura em blocos sobre duas estacas, ensaiados por Mautoni (1972).

As principais observações de Mautoni (1972) são: verificar o modo de ruptura de


blocos sobre duas estacas, determinar de forma aproximada a carga de ruptura dos modelos,
avaliar as desvantagens de cada arranjo na armadura, onde, o arranjo em “bigode” apresenta
grande consumo de armadura enquanto que ao arranjo em “laçada contínua” é mais
econômico, no entanto, possui grandes dificuldades de execução. Outra observação
preponderante do autor é a verificação de que em muitos modelos ocorreu o fenômeno de
fendilhamento no concreto (corroborando para as conclusões de Blévot & Frémy (1967)),
fenômeno de natureza frágil e não avisada, sendo que o ideal para estruturas de concreto é que
a ruptura ocorra de maneira previamente avisada. No caso de blocos sobre estacas o ideal é
que a ruptura ocorra por escoamento da armadura do tirante.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 31

2.2.3. Adebar, Kuchma & Collins (1990)

Adebar, Kuchma & Collins (1990) realizaram ensaios experimentais em seis


blocos de fundação sobre quatro e seis estacas. A finalidade do trabalho era de observar o
comportamento de blocos dimensionados a partir do modelo tridimensional de bielas e
tirantes ou a partir de procedimentos descritos em códigos normativos. As cargas de
compressão foram aplicadas de forma centralizada nos pilares.
A Figura 8 apresenta os detalhes dos seis modelos ensaiados e as variações
realizadas na geometria dos blocos. O Bloco A foi dimensionado a partir dos procedimentos
do ACI 318 (1983). O Bloco B foi dimensionado a partir do modelo tridimensional de bielas e
tirantes. O Bloco C possui seis estacas e também foi dimensionado a partir do modelo
tridimensional de bielas e tirantes. O Bloco D é similar ao Bloco B, no entanto, possui o
dobro de armadura no tirante com a finalidade de observar o comportamento da ruína do
bloco sem que ocorra escoamento da armadura do tirante. O Bloco E é similar ao bloco D,
porém, possui armaduras distribuídas em malha, além das armaduras concentradas sobre a
cabeça das estacas. O Bloco F é similar ao Bloco D, mas foram retirados os “cantos” do
concreto, ou seja, este modelo possui formato de cruz. Os blocos possuem altura de 60,0 cm,
as cargas foram aplicadas sobre pilares de dimensões 30,0 cm x 30,0 cm e as estacas
possuíam diâmetro de 20,0 cm.

Figura 8 - Modelo de blocos ensaiados por Adebar, Kuchman & Collins (1990).

Observou-se que nos blocos com menor quantidade de armadura, ou seja, nos
Blocos A e B, as deformações medidas nas barras aumentaram de forma brusca após a
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 32

abertura da primeira fissura visível. Fissuras de flexão ocorreram em todos os blocos, sendo
elas formadas nas seções entre as estacas (ver Figura 9).

Figura 9 - Panorama de fissuração do Bloco A. (Adebar, Kuchman & Collins (1990)).

O Bloco A rompeu com aproximadamente 83,0% da carga de ruptura teórica,


calculada a partir do ACI 318 (1983). A armadura de flexão escoou antes da ruína do
concreto, no entanto, o escoamento da armadura desencadeou a ruína do modelo por
fendilhamento ocasionada pela expansão das tensões de compressão. Pela Figura 9 é possível
verificar um panorama de fissuração em forma de cone, sendo a Figura 9 – caso (a) o
panorama de fissuração da região inferior do bloco e a Figura 9 – caso (b) o panorama de
fissuração da região superior do bloco.
O Bloco B rompeu com uma carga maior que a carga de ruptura teórica, calculada
a partir do método das bielas e tirantes, sendo 23,0% mais resistente que o Bloco A. O
panorama de fissuração deste bloco é similar ao Bloco A e, neste caso, ocorreu o escoamento
da armadura tracionada (tirante) apenas na menor direção (não escoou na maior direção). As
estacas mais próximas ao pilar foram mais solicitadas se comparadas às estacas mais distantes
ao pilar. Adebar, Kuchman & Collins (1990) observaram que houve uma pequena
redistribuição nas solicitações das estacas, logo após o escoamento da armadura do tirante na
menor direção, no entanto, este fenômeno não evoluiu de forma considerável até o momento
da ruína do modelo.
No Bloco C, assim com no Bloco B, as estacas mais próximas ao pilar foram mais
solicitadas se comparadas às outras estacas. Ocorreu também o escoamento das armaduras do
tirante na menor direção, visto que as estacas nessa direção foram mais solicitadas. Neste
bloco ainda verificou-se que as bielas de compressão se romperam por fendilhamento, este
fenômeno é ocasionado pela ausência de armaduras nas diagonais, que tem como finalidade
estancar a propagação rápida de fissuras nesta direção.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 33

Os Blocos D e E romperam antes que a armadura do tirante alcançasse o


escoamento, pois os blocos foram ensaiados com o dobro da armadura calculada. O Bloco E
se mostrou mais resistente, visto que foram adicionadas armaduras em forma de malha,
complementando a armadura dos tirantes. O panorama de fissuração deste bloco é similar ao
Bloco A, ou seja, verificou-se um panorama de fissuração em forma de cone.
O Bloco F não apresentou comportamento de blocos sobre estacas, mas sim como
duas “vigas” ortogonais com um ponto de intersecção entre elas. O modelo atingiu a ruína
quando a menor “viga” rompeu por cisalhamento. Neste caso, não houve o escoamento das
armaduras dos tirantes em nenhuma direção.
A ruptura dos modelos foi caracterizada pelo rápido desenvolvimento de fissuras,
principalmente nas direções das bielas de compressão. Esta observação está de acordo com os
resultados de Blévot & Frémy (1967) e Mautoni (1972), ou seja, grande parte dos blocos
sobre estacas rompem por fendilhamento do concreto localizado nas bielas de compressão.
Este fenômeno é caracterizado pela ocorrência de fissuras paralelas ao fluxo de tensões de
compressão nas bielas, provenientes da ação de esforços de tração perpendiculares às bielas.
Concluíram que os procedimentos do ACI 318 (1983) não condizem com os
resultados apresentados pelos modelos experimentais. As indicações do ACI não consideram
a altura útil do bloco e ainda despreza a influência da distribuição e do quantitativo das barras
de armadura dos tirantes. Outro fator preponderante é que o código normativo considera que o
momento fletor aplicado é resistido uniformemente pela largura do bloco, no entanto, os
experimentos indicam que as deformações não foram uniformes ao longo da largura. Com
isto, a indicação do código de que os blocos podem ser dimensionados pela teoria da flexão
(Método das Vigas) é inválida para estes casos.
Ainda afirmam que o Método das Bielas e Tirantes é o mais indicado, pois este
método pressupõe que os valores máximos das deformações por compressão ocorrem no
centro das bielas, fato verificado nos experimentos. Afirmam ainda que as bielas de
compressão não se rompem por esmagamento do concreto, mas sim por fendilhamento
ocorrida pela expansão das tensões de compressão e que se deve limitar a resistência do
concreto na região das bielas de compressão em fck.
Com essas observações e conclusões, Adebar, Kuchma & Collins (1990) apontam
para um modelo refinado de bielas e tirantes, como pode ser verificado na Figura 10.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 34

Figura 10 – Modelos de bielas e tirantes adaptado de Adebar, Kuchma & Collins (1990). (a) Modelo
simplificado, (b) Modelo elástico linear em elementos finitos e (c) Modelo refinado sugerido.

A Figura 10 – caso (a), apresenta um modelo simplificado para o Método das


Bielas e Tirantes, a Figura 10 – caso (b) apresenta a trajetória de tensões que ocorre no
interior de um bloco sobre estacas para um modelo elástico linear em elementos finitos e,
finalmente, a Figura 10 – caso (c) apresenta um modelo sugerido pelos autores, onde o
mecanismo das bielas e tirantes é mais refinado.
É possível notar na Figura 10 – caso (b) a expansão das tensões de compressão
que ocorrem entre o ponto de aplicação e reação das cargas. A partir dessa expansão é
possível verificar o surgimento de tensões de tração, transversalmente às tensões de
compressão.

2.2.4. Outros trabalhos com ênfase experimental

Hobbs & Stein (1957) realizaram ensaios experimentais em setenta blocos sobre
duas estacas, com escala reduzida em 1:3, realizando ainda uma solução analítica com base na
teoria da elasticidade bidimensional e na teoria das vigas. Este trabalho foi pioneiro, pois
levou em consideração uma distribuição diferente para as armaduras dos tirantes, nas quais,
foram utilizadas barras em formato curvo ao invés de utilizar as tradicionais barras retas com
ganchos. Os autores concluíram que a utilização de barras curvas aumenta a capacidade
portante dos blocos.
Clarke (1973) realizou ensaios experimentais em quinze blocos sobre quatro
estacas, com escala reduzida em 1:2, com a finalidade de estudar a influência de diferentes
distribuições de armaduras e também a influência da utilização de ganchos nas armaduras dos
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 35

tirantes. Concluiu que os blocos com armaduras distribuídas em malha se rompem com cargas
de ruptura 14,0% menores se comparados aos blocos com armaduras concentradas sobre a
cabeça das estacas. Observou ainda que para os blocos com armaduras concentradas a
ancoragem das barras dos tirantes sofre uma influência positiva do confinamento que as bielas
de compressão proporcionam as armaduras, dispensando assim a necessidade de ganchos
nessas armaduras, fato também constatado por Rausch et al. (1997).
Sabnis & Gogate (1984) realizam ensaios experimentais em nove blocos sobre
quatro estacas, com escala reduzida em 1:5, com a finalidade de estudar a influência da
variação da disposição das armaduras dos tirantes. Os autores concluíram que o código ACI
318 (1983) deveria ser revisado, visto que os procedimentos deste código não refletem um
comportamento correto para blocos sobre estacas, fato corroborado por Adebar, Kuchma &
Collins (1990). Assim como Blévot & Frémy (1967), Mautoni (1972) e Adebar, Kuchma &
Collins (1990), constataram que o modo de ruptura usual para os blocos é através da ruptura
frágil por fendilhamento do concreto.
Carvalho (1994) realizou ensaios experimentais em blocos sobre duas, três (em
linha e em triângulo) e quatro estacas com estacas de pequeno diâmetro e força centrada. O
autor observou que as cargas aplicadas se distribuíram de forma igual entre as estacas e que é
possível desconsiderar a reação do solo sobre os blocos. Neste trabalho os blocos ensaiados
não chegaram à ruptura, pois o solo colapsou precocemente.
Miguel (2000) realizou ensaios experimentais em blocos rígidos sobre três estacas
solicitados por carga centralizada. Assim como Blévot & Frémy (1967), Mautoni (1972),
Adebar, Kuchma & Collins (1990) e Sabnis & Gogate (1984) a autora também constatou que
o modo de ruptura usual para os blocos é através da ruptura frágil por fendilhamento do
concreto. Foi realizada uma investigação acerca das tensões nas zonas nodais que se formam
nos blocos, nodal superior (região do pilar) e nodal inferior (região das estacas), e sugeriu
valores limites para que não ocorra ruptura por fendilhamento do concreto nessas regiões,
baseadas na resistência à compressão do concreto.
Chan e Poh (2000) estudaram experimentalmente o comportamento de três blocos
sobre quatro estacas, sendo dois deles pré-moldados e um moldado in-loco. Os três blocos
foram ensaiados até a ruptura e os autores verificaram que o comportamento dos blocos pré-
moldados é semelhante ao bloco moldado in-loco. Ainda observaram que após o surgimento
das primeiras fissuras, a rigidez dos modelos diminui consideravelmente, visto que ocorre o
aumento das deformações.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 36

Delalibera (2006) realizou ensaios em quatorze blocos sobre duas estacas, alguns
com armaduras do tirante retilíneas e alguns com ganchos, variando as seções transversais das
estacas e pilares, a altura dos blocos e a excentricidade da força verticalmente aplicada. Os
blocos apresentaram comportamentos semelhantes e romperam por ruptura do concreto na
região do nó superior, próximo ao pilar e, concomitantemente, em alguns modelos, também
houve ruptura do concreto na região do nó inferior, na região da estaca. As primeiras fissuras
surgiram na face inferior do bloco, junto à estaca, e progrediram até a face superior do bloco,
junto ao pilar, essas fissuras evoluíram até formar o plano de ruptura característico dos
modelos. Constatou que nos modelos onde surgiram tensões de tração perpendiculares às
bielas de compressão, a carga de ruptura foi menor, verificando a influência negativa do
fendilhamento no concreto. Os resultados indicam que a ausência de ganchos nas armaduras
dos tirantes não influenciou no comportamento dos blocos, visto que as deformações nas
barras são praticamente nulas nas seções das cabeças das estacas mais próximas da
extremidade do bloco. Os modelos com excentricidade nas cargas apresentam capacidade
portante menor, pois ocorre concentração de tensões em um lado do bloco, alterando o
equilíbrio dos modelos.
Munhoz (2014) realizou ensaios experimentais em doze modelos com escala
reduzida em 1:2. O objetivo do trabalho era de analisar o comportamento de blocos, alterando
a geometria e a taxa de armadura dos pilares. Foram realizadas comparações nos
comportamentos dos blocos, relativos à carga de ruptura, ao fluxo de tensões no bloco, aos
panoramas de fissuração e as distribuições de deformações e tensões nas armaduras. Esses
resultados serão discutidos no Capítulo 3, visto que os resultados provenientes dos modelos
experimentais de Munhoz (2014) foram utilizados nos modelos numéricos do trabalho
vigente.

2.3. Trabalhos com ênfase numérica

Neste item serão discutidos trabalhos e suas conclusões acerca do comportamento


de blocos sobre estacas, com ênfase em análises numéricas. É importante observar que muitos
dos trabalhos apresentados abaixo também possuem ênfase experimental, onde os autores
realizaram comparações entre os comportamentos entre os modelos numéricos e
experimentais.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 37

2.3.1. Sam & Iyer (1995)

Sam & Iyer (1995) estudaram, através de análise numérica não linear e
tridimensional, três blocos de concreto armado sobre quatro estacas. Os modelos numéricos
não levaram em consideração a fluência do concreto nem o escorregamento relativo entre
concreto e aço, ou seja, foi considerada aderência perfeita entre materiais. Os fenômenos
inelásticos da fissuração, comportamento multiaxial, amolecimento e alterações no coeficiente
de Poisson do concreto foram considerados, assim como o escoamento das armaduras.
Os modelos analisados possuíam geometrias, taxas de armaduras e propriedades
dos materiais iguais, mas com distribuições diferentes para as armaduras dos tirantes. Os
resultados de interesse dos autores (carga versus deslocamento, deformações nas armaduras,
panorama de fissuração e carga de ruptura), obtidos através da análise numérica, foram
comparados com modelos experimentais, com o intuito de verificar a proximidade dos
comportamentos.
A Figura 11 apresenta os modelos analisados por Sam & Iyer (1995), os blocos
analisados eram compostos por um elemento retangular, considerando apenas a altura útil de
cálculo, simulando o bloco. Os pilares e as estacas foram adotados com seção quadrada e
simulados como cargas e reações alocadas nas suas localizações, a distância entre eixo das
estacas foi adotada como três vezes o lado da estaca.

Figura 11 – Modelos de blocos sobre quatro estacas, adaptado de Sam & Iyer (1995).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 38

No modelo da Figura 11 - caso (a) as armaduras dos tirantes foram distribuídas


em malha. Segundo Sam & Iyer (1995), as primeiras fissuras surgiram, na região inferior,
próximas às faces internas das estacas e evoluíram em ângulo (inclinadas), durante os
incrementos de carga, até a região superior do bloco, próximas ao pilar. Os autores notaram
que as fissuras próximas aos pilares se intensificaram momentos antes da ruptura do modelo.
Os panoramas de fissuração foram semelhantes para os modelos experimental e numérico, no
entanto, as primeiras fissuras surgiram mais rapidamente no modelo numérico se comparado
ao experimental, 200 kN e 450 kN, respectivamente. As cargas de ruptura divergiram, sendo
690 kN e 600 kN, respectivamente, para experimental e numérico.
No modelo da Figura 11 – caso (b) as armaduras dos tirantes foram distribuídas
sobre a cabeça das estacas, paralelamente aos lados. Sam & Iyer (1995) observaram que o
padrão de fissuras inclinadas foi próximo ao modelo discutido anteriormente (a), no entanto, a
região central da face inferior do bloco sofreu intensa fissuração, causada pela ausência de
armaduras nesta região. Novamente, os autores notaram que as fissuras próximas aos pilares
se intensificaram momentos antes da ruptura do modelo. Os panoramas de fissuração foram
semelhantes para os modelos experimental e numérico, no entanto, as primeiras fissuras
surgiram mais rapidamente no modelo numérico se comparado ao experimental, 200 kN e 350
kN, respectivamente. As cargas de ruptura divergiram, sendo 630 kN e 560 kN,
respectivamente, para experimental e numérico.
No modelo da Figura 11 – caso (c) as armaduras dos tirantes foram distribuídas
sobre a cabeça das estacas, em formato de X. Sam & Iyer (1995) observaram que o padrão de
fissuras inclinadas foi próximo ao modelo discutido anteriormente (b), no entanto, as regiões
da face inferior das laterais sofreram maiores aberturas de fissuras, causada pela ausência de
armaduras nesta região, pois não foram distribuídas paralelamente aos lados do bloco.
Novamente, os autores notaram que as fissuras próximas aos pilares se intensificaram
momentos antes da ruptura do modelo. Os panoramas de fissuração foram semelhantes para
os modelos experimental e numérico, no entanto, as primeiras fissuras surgiram mais
rapidamente no modelo numérico se comparado ao experimental, 200 kN e 400 kN,
respectivamente. As cargas de ruptura divergiram, sendo 680 kN e 600 kN, respectivamente,
para experimental e numérico.
Sam & Iyer (1995) observaram que os modelos smeared cracking adotados na
simulação numérica perderam resistência após a abertura das primeiras fissuras, ou seja, a
rigidez dos modelos diminui após a fissuração do concreto. Nos casos (a) e (b) os autores
notaram que essa perda de rigidez ocorre na região abaixo do pilar até as faces internas das
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 39

estacas, formando um tronco de cone, enquanto que no caso (c), essa perda de rigidez ocorre
pela intensa fissuração nas regiões inferiores das laterais dos blocos, pela ausência de
armaduras.
Ao realizar comparações nos resultados, Sam & Iyer (1995), concluíram que os
modelos numéricos dos casos (a), (b) e (c) possuem cargas de rupturas 87,0%, 89,0% e 88,0%
menores, se comparados aos seus respectivos modelos experimentais. A partir das curvas
carga versus deslocamento dos três modelos, verificou-se que o modelo com armadura em
malha é o mais rígido, seguido pelo modelo com armadura em X, segundo os autores, esse
fato ocorreu pela ausência de armadura na porção central do bloco. No entanto, estes
resultados divergem dos resultados de Blévot & Frémy (1967) e Clarke (1973). Os três
modelos se romperam por punção do concreto próximo ao pilar ou próximo às estacas.
Sam & Iyer (1995) ainda observaram que para pequenos carregamentos, as
tensões no ponto central das armaduras dos tirantes são maiores que nas regiões próximas às
estacas (próximas de zero), sendo este comportamento similar ao de vigas e, para grandes
carregamentos, as tensões passam a se igualar nestes dois pontos, ou seja, nos estágios finais
de carregamento o bloco resiste às cargas pela ação das bielas, independente da distribuição
de armaduras. Ainda segundo os autores, as análises não lineares tridimensionais, baseada no
método dos elementos finitos, utilizadas no trabalho foi capaz de estimar com boa precisão a
carga de ruptura e o comportamento dos modelos.

2.3.2. Munhoz (2004)

Munhoz (2004) analisou numericamente o comportamento de blocos sobre uma,


duas, três, quatro e cinco estacas, submetidos à carga centrada. A análise numérica foi
realizada com auxílio de programa computacional, baseado no Método dos Elementos Finitos,
utilizando comportamento elástico linear para o material dos blocos. Nos modelos foram
variados os diâmetros das estacas e a seção transversal do pilar, com a finalidade de comparar
as diferenças existentes na formação dos fluxos de tensões no interior dos blocos e realizar
análise comparativa entre os métodos de dimensionamento aplicados em projetos.
No total foram analisados trinta e três blocos sobre estacas. As estacas variavam
em 30,0 cm, 35,0 cm e 40,0 cm de diâmetro e foram embutidas 10,0 cm dentro dos blocos. A
geometria dos blocos variou de acordo com especificações técnicas e códigos normativos,
para que posteriormente fosse realizada a análise comparativa entre as prescrições adotadas
pelos métodos. Para a altura dos modelos de blocos sobre duas, três e quatro adotou-se,
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 40

respectivamente, 40,0 cm, 60,0 cm e 70,0 cm, enquanto que para os blocos sobre uma e cinco
estacas a altura era variável, com a finalidade de observar as alterações no comportamento dos
modelos.
Munhoz (2004) realizou a análise numérica com auxílio do programa
computacional ANSYS®, baseado no Método dos Elementos Finitos. As propriedades dos
materiais foram determinadas de acordo com a ABNT NBR6118/2003. Os blocos, as estacas
e os pilares foram modelados com o elemento SOLID 65, disponível na biblioteca do
programa, e a malha dos elementos finitos possuíam espaçamentos de 5,0 cm, 10,0 cm e 14,0
cm, dependendo do modelo analisado. Os modelos podem ser visualizados na Figura 12, onde
verifica-se que os blocos sobre uma, duas, quatro e cinco estacas foram simulados levando em
consideração a simetria dos modelos.

Figura 12 – Modelos numéricos de Munhoz (2004).

Munhoz (2004) analisou os resultados em duas etapas distintas. Primeiramente a


autora verificou os blocos a partir de três modelos analíticos de dimensionamento, sendo eles,
Blévot & Frémy (1967), CEB-FIP (1970) e a norma espanhola EHE (2001).
Os blocos sobre uma estaca foram dimensionados a partir da teoria dos blocos
parcialmente carregados e a partir de algumas recomendações práticas. Verificou-se que os
blocos com diâmetro de estaca de 40,0 cm e pilar retangular apresentaram áreas de armaduras
do tirante maiores, se comparados aos blocos com estaca de 30,0 cm de diâmetro e pilar
quadrado.
Os blocos sobre duas, três, quatro e cinco estacas foram dimensionados a partir
das prescrições de Blévot & Frémy (1967), do CEB-FIP (1970) e da norma espanhola EHE
(2001), sendo essas prescrições aplicáveis apenas a blocos rígidos. Munhoz (2004) constatou
que existem diferenças nas áreas das armaduras do tirante quando se realiza a comparações
entre as prescrições, sendo que para os blocos de duas estacas as diferenças podem atingir até
30,0% e ainda verificou que o método da EHE (2001) apresentou as maiores taxas de
armadura, enquanto que o método do CEB (1970) apresentou as menores taxas, no entanto, o
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 41

método CEB (1970), por não ser baseado no Modelo de Bielas e Tirantes, não fornece o valor
da resultante nos tirantes e, por isso, a armadura foi dimensionada a partir da teoria da flexão
em vigas.
Munhoz (2004) ainda verificou as tensões de compressão, nas regiões nodais
superiores (região dos pilares) e inferior (regiões das estacas), a partir do método de Blévot &
Frémy (1967). Os resultados indicaram que as prescrições são seguras, visto que em nenhum
caso a tensão limite foi atingida, ou seja, as bielas não estão próximas de atingir a ruptura.
Para a segunda etapa das análises dos resultados, relativa aos resultados
numéricos, Munhoz (2004) analisou os campos de tensões máximos e mínimos nas direções
principais, com a finalidade de compreender os mecanismos de funcionamento dos modelos
de bielas e tirantes. A partir do fluxo das tensões mínimas é possível verificar a formação das
bielas de compressão e o fluxo de tensões máximas permite verificar as regiões tracionadas
que se formam nas regiões das armaduras dos tirantes.
Os blocos sobre uma estaca apresentaram diferenças significativas, nos modelos
com diâmetro da estaca alterado, em 30,0 cm e 40,0 cm. Munhoz (2004) observou que as
tensões de compressão são praticamente as mesmas, no entanto, quanto maior o diâmetro da
estaca, maior a resultante de tração na região das armaduras dos tirantes. A diferença reside na
comparação com os modelos analíticos, onde, o modelo com estaca de 40,0 cm apresentou
50,0% a mais de armadura calculada, enquanto que no modelo numérico, a diferença foi de
apenas 8,0%, mostrando que os modelos analíticos podem ser conservadores.
Relativamente aos blocos sobre uma estaca com diferentes pilares, sendo um
modelo com seção quadrada e um modelo com seção retangular, verificou-se que as
distribuições de tensões são distintas. Munhoz (2004) verificou que o modelo com pilar de
seção retangular possui distribuição em forma de cone para as tensões de compressão,
enquanto que no modelo de pilar de seção quadrada, a distribuição foi igual ao longo da altura
do bloco. Ainda observou que as tensões de tração são maiores no modelo de bloco com seção
retangular.
Para os blocos sobre duas estacas, com diferentes diâmetros das estacas, em 30,0
cm, 35,0 cm e 40,0 cm, Munhoz (2004) observou que a formação das bielas de compressão
ocorre de forma diferente nos modelos, como pode ser verificado na Figura 13.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 42

Figura 13 - Formação das bielas em blocos de duas estacas, simulados por Munhoz (2004).

O modelo sugerido por Blévot & Frémy (1967) sugere que as bielas de
compressão se formam a partir da região de projeção abaixo dos pilares, no entanto, pela
Figura 13 é possível verificar que as bielas se formaram em seções além do pilar. Munhoz
(2004) ainda observou que as tensões de compressão nas bielas de compressão diminuem
quanto maior for o diâmetro da estaca, fato também constatado para as tensões de tração.
Para os blocos sobre duas estacas com alteração na seção dos pilares, Munhoz
(2004) observou que os modelos de bloco com pilares retangulares apresentam tensões de
tração menores que os pilares com seção quadrada. Esta observação é importante, pois muitos
métodos de dimensionado adotam seções quadradas equivalentes para o dimensionamento de
blocos com pilares retangulares.
Os blocos sobre três estacas apresentaram resultados próximos aos blocos sobre
duas estacas. No entanto, Munhoz (2004) observou que as regiões onde se formam as bielas
de compressão são mais próximas ao modelo sugerido por Blévot & Frémy (1967). As
tensões de compressão diminuem quanto maior for o diâmetro das estacas e as tensões de
tração também diminuem, mas sofrem menos influências com a variação do diâmetro das
estacas. Os blocos sobre três estacas com variação nos pilares apresentaram grande variação
na distribuição de tensões de compressão.
Os blocos sobre quatro estacas apresentaram divergências no fluxo de tensões de
compressão e tração. Munhoz (2004) constatou, assim como nos blocos sobre duas estacas,
que a formação das bielas de compressão tem início em seções além dos pilares, sendo
diferente ao sugerido por Blévot & Frémy (1967). As tensões de compressão diminuem
quando se aumenta o diâmetro das estacas e as tensões de tração apresentaram
comportamento semelhante, mas se comparados aos blocos sobre duas estacas, sofrem pouca
influência. Os resultados relativos aos modelos com pilares de seções diferentes também
apresentaram comportamentos próximos aos dos blocos de duas estacas, ou seja, as tensões
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 43

diminuíram nos modelos com pilares alongados. A Figura 14 apresenta o fluxo de tensões
para os modelos de blocos sobre quatro estacas com variação no diâmetro das estacas.

Figura 14 - Formação das bielas em blocos de quatro estacas, simulados por Munhoz (2004).

Observando a Figura 14 é possível verificar que as tensões caminham da região


nodal superior (abaixo do pilar) para a região nodal inferior (acima das estacas), ou seja, as
tensões tendem a percorrer os caminhos mais rígidos das estruturas. Nota-se que as regiões
internas das estacas são mais solicitadas.
Adicionalmente, foram propostos modelos de bielas e tirantes a partir das
observações realizadas dos fluxos de tensões dos blocos sobre estacas. A autora apresenta
modelos para os mecanismos de equilíbrio dos nós nos blocos sobre uma, duas, três e quatro
estacas. Mesmo com as modificações nos fluxos de tensões, quando se realizam alterações no
diâmetro das estacas e nas seções dos pilares, é possível observar que as trajetórias de tensões
são semelhantes, como observado na Figura 15 casos (a), (b) e (c).

Figura 15 - Fluxo de tensões de compressão em blocos de duas estacas, com diferentes seções de pilares,
simulados por Munhoz (2004).

A partir dos fluxos de tensões nos blocos, Munhoz (2004) propôs um modelo de
bielas e tirantes. Na Figura 16, caso (a), é possível verificar os caminhos das resultantes das
tensões no interior do bloco, desenhado sobre o fluxo de tensões completo do modelo. A
Figura 16, caso (b) verifica-se o modelo completo proposto por Munhoz (2004), composto
por bielas comprimidas (linhas tracejadas) e tirantes tracionados (linha contínua). A autora
ainda ressalta que para o modelo, é necessária a verificação das regiões nodais, conforme o
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 44

CEB-FIP (1990). Nota-se que o modelo proposto é semelhante ao modelo proposto por
Adebar, Kuchma & Collins (1990) na Figura 10.

Figura 16 – Modelo refinado de bielas e tirantes de blocos rígidos sobre duas estacas, por Munhoz (2014).

Munhoz (2004) ainda concluiu que o Método das Bielas de Blévot & Frémy
(1967) é coerente para o dimensionamento de blocos sobre estacas, que o mecanismo de
ruptura crítico dos blocos é o esmagamento do concreto das bielas de compressão, que a
geometria do mecanismo de treliça interna do bloco deve ser variável, visto que é influenciada
pelo diâmetro das estacas e a seção transversal do pilar e, finalmente, que a utilização de
seção quadrada equivalente para pilares retangulares é conservadora.

2.3.3. Delalibera (2006)

Delalibera (2006) analisou o comportamento de blocos armados sobre duas


estacas, submetidos à carga centrada e excêntrica. Foram desenvolvidas análises numéricas
tridimensionais não lineares, baseadas do Método dos Elementos Finitos, considerando a
fissuração do concreto e a influência das armaduras no comportamento dos blocos. Os
resultados permitiram compreender o comportamento dos mecanismos de bielas e tirantes dos
modelos, analisar a eficiência da utilização de ganchos nas armaduras dos tirantes e sugerir
um modelo de bielas e tirantes.
A finalidade da pesquisa não era calibrar ou aproximar os resultados numéricos
aos resultados experimentais, no entanto, para iniciar as simulações numéricas e verificar o
comportamento dos blocos, foram traçadas curvas comparativas carga versus deslocamento,
utilizando para isso ensaios experimentais dos autores Mautoni (1972), Adebar, Kuchma &
Collins (1990), Iyer & Sam (1995) e Chan & Poh (2000). Os modelos numéricos
consideravam as não linearidades físicas do material, as não linearidades geométricas do
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 45

elemento e também a aderência perfeita entre as barras de aço e o concreto. De acordo com as
análises comparativas entre os modelos, numéricos e experimentais, os resultados foram
satisfatórios e os comportamentos dos blocos mostraram-se semelhantes. Delalibera (2006)
observou que os modelos numéricos e experimentais apresentaram divergências nas rigidezes.
Através de uma análise de variância, Delalibera (2006), definiu os quatro fatores
considerados por ele como preponderantes para a compreensão do comportamento dos blocos
sobre duas estacas, sendo eles, as seções transversais das estacas e pilares, a altura dos blocos
e a excentricidade da força verticalmente aplicada. A Figura 17 apresenta a geometria dos
modelos, sendo que a seção do pilar variou de 20,0 x 20,0 cm, 20,0 x 30,0 cm e 20,0 x 40,0
cm, a seção das estacas variou de 20,0 x 20,0 cm, 25,0 x 25,0 cm e 30,0 x 30,0 cm, a altura
dos blocos variou de acordo com o ângulo das bielas (35º, 45º e 55º) e foi calculada de acordo
com os critérios de Blévot & Frémy (1967), finalmente, a excentricidade das cargas variou em
0,0 cm, 5,0 cm e 10,0 cm. A distância entre as estacas foi adotada como 65,0 cm. A
resistência característica do concreto dos pilares/estacas e blocos são, respectivamente, 50,0
MPa, 25,0 MPa. Foram utilizadas armaduras retas para os tirantes, com aço CA-50, dispostas
sobre as cabeças das estacas, excluindo a utilização de ganchos.
Com os resultados obtidos pela análise de variância e levando em conta a
influência de cada variável alterada, Delalibera (2006) realizou ensaios experimentais em
quatorze blocos sobre duas estacas, alterando os fatores citados anteriormente.

Figura 17 - Blocos analisados numericamente por Delalibera (2006).

Após a realização dos ensaios experimentais, esses modelos de blocos sobre duas
estacas foram simulados no programa computacional ANSYS®, baseado no Método dos
Elementos Finitos. Foram utilizados os mesmos critérios para as análises de calibração dos
modelos. Novamente, os modelos numéricos consideravam as não linearidades físicas do
material, as não linearidades geométricas do elemento e também a aderência perfeita entre as
barras de aço e o concreto.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 46

Os resultados analisados por Delalibera (2006), fluxo de tensões, tensões nas


armaduras, relação carga versus deslocamento e força de ruptura apresentaram
comportamentos similares quando comparados aos modelos experimentais. Os modelos
numéricos apresentaram maior rigidez e deslocamentos menores. Com a finalidade de
exemplificar estas diferenças, a Figura 18 apresenta quatro curvas forças versus deslocamento
no meio do vão do bloco.

Figura 18 – Curvas força versus deslocamento de alguns modelos de Delalibera (2006).

Segundo Delalibera (2006), três podem ser os motivos que explicam a maior
rigidez do modelo numérico, sendo eles, a acomodação dos modelos experimentais no início
do ensaio, a suposição de aderência perfeita entre as barras de armadura e concreto e,
finalmente, a suposição de ligação perfeita entre as estacas e o bloco. O autor ainda cita que a
utilização de extensômetros encapsulados (embedded) podem causar enfraquecimento nas
regiões onde são dispostos e alterar as trajetórias das tensões nestes pontos, relativamente à
utilização de extensômetros elétricos, estes podem alterar as deformações do concreto e
também a distribuição dos fluxos de tensões. Estas observações sugerem que alguns
resultados experimentais podem ser alterados.
Relativamente aos resultados das tensões nas barras de armadura, a partir da
Figura 19 é possível verificar dois fenômenos importantes. Verifica-se que nas armaduras dos
tirantes ocorre uma queda brusca na magnitude das tensões, nas regiões das cabeças das
estacas, notavelmente nas seções mais próximas à extremidade do bloco, fato também
constatado por Clarke (1973) e Rausch et al. (1997). Verifica-se também que nas armaduras
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 47

longitudinais dos pilares ocorre uma queda brusca na magnitude das tensões na região nodal
superior, região do pilar, onde há a intersecção entre pilar e bloco, fato também constatado
por Munhoz (2014) e Randi (2016). Estes fenômenos ocorrem pela influência positiva das
bielas de compressão formadas na região, colaborando para uma ação confinante do concreto
sobre a armadura, aumentando a aderência entre os materiais e transferindo os esforços mais
rapidamente.

Figura 19 - Distribuição de tensões nas barras do modelo B35P25E25e0 de Delalibera (2006).

Delalibera (2006) chegou as seguintes conclusões, entre outras já citadas


anteriormente, importantes para o desenvolvimento deste trabalho:
 A capacidade portante dos blocos é influenciada pelo ângulo de inclinação das
bielas, sendo maior quanto maior o ângulo;
 Os blocos com armadura de fendilhamento apresentaram maior capacidade
portante;
 A existência de excentricidade nas cargas diminui a capacidade portante, visto
que ocorre alteração no equilíbrio dos blocos;
 A ruína dos modelos foi definida por ruptura da biela comprimida, nos nós
próximos ao pilar (região nodal superior) e em alguns casos nos nós próximos às estacas
(região nodal inferior);
 Através do fluxo de tensões verificou-se que a distribuição das tensões na
seção transversal da estaca não é uniforme, sendo a região interna a mais solicitada como
pode ser visto na Figura 20, e que houve concentração de tensões também na região logo
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 48

abaixo do pilar, ou seja, na região nodal superior, fato também observado no trabalho do
Munhoz (2004);
 As tensões das barras principais do tirante dos blocos diminuem nas seções
próximas as estacas, comprovando a influência positiva do confinamento das bielas de
compressão sobre a armadura;
 Notavelmente, os modelos numéricos são mais rígidos em comparação aos
modelos experimentais.

Figura 20 - Fluxo de tensões principais no modelo B35P25E25e0 de Delalibera (2006).

2.3.4. Buttignol (2011)

Buttignol (2011) realizou análises numéricas não lineares em blocos de concreto


armado, sendo nove blocos sobre duas estacas e quatro blocos sobre três estacas, com a
finalidade de compreender o comportamento desses elementos estruturais. As simulações
numéricas foram realizadas com auxílio do programa computacional ATENA 3D, baseado no
Método dos Elementos Finitos.
Inicialmente, Buttignol (2011) realizou um estudo comparativo do
comportamento dos blocos, entre modelos experimentais e modelos numéricos. Os modelos
experimentais sobre duas e três estacas são procedentes, respectivamente, dos trabalhos de
Delalibera (2006) e Miguel (2000), que realizaram ensaios experimentais em diversos blocos
sobre estacas.
Assim como no trabalho de Delalibera (2006), Buttignol (2011) encontrou
divergências entre os resultados comparativos entre modelos experimentais e numéricos. O
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 49

autor cita uma dificuldade em se reproduzir todas as especificações e comportamento dos


modelos nos ensaios laboratoriais e ainda aponta que os modelos numéricos tendem a
apresentar maior rigidez estrutural, com menores deformações. Delalibera (2006) cita três
como os principais motivos que explicam a maior rigidez do modelo numérico, sendo eles, a
acomodação dos modelos experimentais no início do ensaio, a suposição de aderência perfeita
entre as barras de armadura e concreto e, finalmente, a suposição de ligação perfeita entre as
estacas e o bloco.
Buttignol (2011) ainda observa uma quarta hipótese para explicar a maior rigidez
dos modelos numéricos, sendo ela relacionada à vinculação das bases das estacas. Para
comprovar este efeito, o autor realizou alterações na restrição da movimentação vertical nas
estacas. Os primeiros modelos foram simulados com imposição de vínculos em toda a base
das estacas, apresentando um comportamento de engastamento, posteriormente foram
realizadas simulações diminuindo a área de vinculação. A Figura 21 apresenta três modelos
de blocos com diferentes vinculações nas bases das estacas.

Figura 21 – Modelos numéricos de Buttignol (2011) com, respectivamente, 100,0, 50,0% e 25,0% de vinculação
nas bases das estacas.

Algumas considerações relativas aos experimentos em laboratório ainda são


realizadas por Buttignol (2011), com a finalidade de justificar as divergências entre resultados
da comparação entre modelos numéricos e experimentais. Durante o ensaio o travamento do
elemento ensaiado deve ser realizado de tal forma que ocorra o mínimo de deslocamentos,
para que durante a aplicação da carga não haja distorção nas leituras das deformações. A
aplicação da carga deve ser realizada de maneira que não ocorram excentricidades que
possam alterar os fluxos de tensões e também os panoramas de fissuração, sendo que estes
mecanismos são preponderantes para obtenção da carga de ruptura máxima.
A Figura 22 apresenta algumas curvas carga versus deslocamento da análise
comparativa realizada entre os modelos numéricos e experimentais. Verificam-se algumas
divergências nas curvas, pelos motivos já explicados acima, principalmente na rigidez dos
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 50

modelos. Porém, os resultados são satisfatórios e apresentam boa aproximação, visto que os
comportamentos dos modelos são semelhantes. Buttignol (2011) ainda ressalta que a análise
numérica cumpriu os objetivos de melhor compreender os resultados experimentais de
Delalibera (2006) e Miguel (2000), e que as análises possibilitaram expor as discrepâncias e
convergências encontradas em estudos onde se realizam simulações numéricas a partir de
modelos experimentais pré-existentes.
Buttignol (2011) afirma que a grande diferença entre os modelos reside na rigidez
estrutural dos modelos e ressalta que a utilização de elementos de contato, nas interfaces entre
pilar/bloco e bloco/estacas, foi fator preponderante para reduzir a rigidez estrutural dos
modelos. Outro fator preponderante já citado acima é a alteração na área de imposição de
vínculos na base das estacas, como verificado na Figura 21, onde, os modelos com 100,0% de
vinculação apresentaram comportamento engastado, aumentando a rigidez estrutural.

Figura 22 - Curvas carga versus deslocamento, comparativos, entre modelos experimentais de Delalibera (2006)
e modelos numéricos de Buttignol (2011). (Buttignol (201)).

A Figura 22 – caso (a) mostra a comparação entre as curvas carga versus


deslocamento dos modelos B35P25E25e0 de Delalibera (2006) e o modelo N2-
BH35P25E25V100 de Buttignol (2011), com imposição de 100,0% de vinculação da base das
estacas, verifica-se que as curvas possuem rigidezes próximas, fato verificado pela inclinação
próxima das retas. A Figura 22 – caso (b) é semelhante ao caso (a), no entanto, foram
adicionadas as curvas dos modelos com 50,0% e 25,0% de imposição na vinculação da base
das estacas, verifica-se que quanto menor a porcentagem de vinculação na base das estacas,
mais próximo é o comportamento entre os modelos experimental e numérico. A Figura 22 –
caso (c) também é relativa aos mesmos modelos, no entanto, o autor compara a utilização de
elementos de contato nas interfaces entre pilar/bloco e bloco/estacas, verifica-se que a
utilização desses elementos diminui a rigidez do modelo numérico, tornando mais próximo ao
comportamento do modelo experimental.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 51

Relativamente à comparação entre os modelos, Buttignol (2011) concluiu que a


análise numérica foi satisfatória, no entanto, considerou que existe uma grande complexidade
na realização das simulações, visto que existem dificuldades em se reproduzir todas as
especificações dos ensaios laboratoriais. O autor enumera três discrepâncias preponderantes
entre os modelos: diferenças entre as rigidezes, redistribuição do fluxo de tensões na região da
estaca, oriunda das alterações das vinculações e, finalmente, alterações nas deformações
plásticas dos blocos em função da diminuição das restrições na base das estacas. Para
controlar o efeito da maior rigidez do modelo numérico, Buttignol (2011) observou que a
utilização de elementos de contato nas interfaces e a diminuição da vinculação na base das
estacas diminui consideravelmente a rigidez do modelo, tornando o comportamento mais
próximo aos modelos experimentais. Ainda foi observado que os modelos chegaram à ruína
frágil por ruptura do concreto nas regiões nodais e fendilhamento do bloco.
Após a realização da comparação entre os modelos, Buttignol (2011) realizou
modificações nos blocos sobre estacas. Além das variações na restrição da vinculação na base
das estacas, em 25,0%, 50,0% e 100,0% nos blocos de duas estacas e 36,0% nos blocos sobre
três estacas, variou-se também a seção transversal do pilar, a altura do bloco, a altura do
embutimento das estacas, o vão entre as estacas e ainda foi simulado um bloco com armadura
de fendilhamento.
Em relação às análises numéricas, Buttignol (2011) chegou as seguintes
conclusões:
 Os modelos chegaram à ruína frágil por ruptura do concreto, nas regiões
nodais, e fendilhamento do bloco.
 O fluxo de tensões dividiu-se de maneira igualitária na metade da seção
inferior do pilar propagando-se até as estacas, onde se concentrou na região interna da base da
estaca, como pode ser observado na Figura 23, corroborando para os resultados de Munhoz
(2004) e Delalibera (2006);
 Ocorreram tensões de tração nas direções perpendiculares às bielas de
compressão, ocasionando o fenômeno de fendilhamento;
 Através do fluxo de tensões observou-se que a analogia de bielas e tirantes é
válida;
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 52

Figura 23 - Fluxo de tensões no modelo N2-BH45P25E25V100 de Buttignol (2011).

 A capacidade portante aumentou e foi influenciada pela vinculação das estacas,


pela altura do bloco, pela utilização de armadura de fendilhamento e pela seção do pilar, no
entanto diminuiu com o aumento do embutimento das estacas no bloco;
 Os panoramas de fissuração seguem o padrão de se concentrarem nas regiões
centrais e inferiores dos blocos e também nas direções inclinadas das bielas de compressão,
como pode ser observado na Figura 24;

Figura 24 - Panoramas de fissuração do modelo N2-BH45P25E25V100 de Buttignol (2011), sendo (a) no início
da aplicação de carga, (b) na metade da carga aplicada e (c) na etapa de ruína do bloco.

 Os blocos com maior altura apresentam menores aberturas de fissuras;


 As tensões nas extremidades das armaduras dos tirantes foram de baixa
intensidade ou nulas e reduzem a partir da região da zona nodal inferior, assim como
verificado por Delalibera (2006);
 Não ocorreu escorregamento das armaduras até o momento de ruína dos
modelos, comprovando que a aderência não é um fator preponderante para a ruptura dos
blocos;
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 53

2.3.5. Outros trabalhos com ênfase numérica

Cook & Mitchell (1988) realizaram análises experimentais e análises numéricas


não lineares, baseadas no Método dos Elementos Finitos, comparando os resultados ao
modelo de bielas e tirantes. Os modelos foram submetidos a cargas centradas e os autores
observaram o comportamento das regiões D dos elementos analisados, ou seja, as regiões com
descontinuidades. Os resultados possibilitaram a elaboração de critérios para o modelo de
bielas e tirantes, visto que os autores concluíram que este modelo se mostrou muito
conservador quando comparado aos resultados numéricos.
Souza & Bittencourt (2006) realizaram análises numéricas não lineares e
tridimensionais em dois blocos rígidos de concreto armado sobre quatro estacas. Como ensaio
experimental de referência foram utilizados dois blocos do trabalho de Sam & Iyer (1995). A
análise numérica foi auxiliada pelo programa computacional DIANA®. As estacas e pilares
foram substituídos por condições de contornos, apoios e cargas, e ajustados de acordo com as
condições dos ensaios de referência. Os modelos analisados eram geometricamente idênticos,
variando apenas a disposição das armaduras dos tirantes, em malha (caso A) e concentrada
sobre a cabeça das estacas (caso B). Numericamente, para os casos A e B, variou-se o modelo
smeared crack, e os resultados indicaram diferenças entre 10,0% e 12,0% e 5,0% e 20,0%,
respectivamente, mostrando-se menores se comparados à carga de ruptura do modelo
experimental. O modelo rotating crack apresentou melhor resultado para o Caso A e o
modelo fixed crack apresentou melhor resultado para o Caso B.
Relativamente à abertura de fissuras, os resultados de Souza & Bittencourt (2006)
apresentam panoramas semelhantes para os dois casos, indicando propagação inclinada das
fissuras e percorrendo um plano de ruptura que se estende das estacas até o pilar,
apresentando uma concentração de fissuras na região de intersecção entre o pilar e o bloco, no
momento da ruptura. Ainda observaram que as tensões nas armaduras dos tirantes não
escoaram e que os blocos romperam por ruptura do concreto. Finalmente, Souza &
Bittencourt (2006) concluíram que as análises numéricas não lineares apresentaram bons
resultados, quando utilizadas para simular ensaios experimentais, apresentando
comportamentos semelhantes entre os modelos numéricos e experimentais.
Ramos (2007) realizou análise numérica, baseada no Método dos Elementos
Finitos, em blocos sobre dez estacas submetidas a cargas centradas e momentos fletores. Os
modelos analisados variavam na altura do bloco e no tipo de vinculação das estacas, sendo os
solos, deformáveis e indeformáveis. Através dos resultados, o autor observou que o tipo de
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 54

vinculação e a altura do bloco influenciam significativamente o comportamento estrutural do


bloco. Outra importante observação, relativa ao tipo de solo, é que para os blocos com estacas
apoiadas sobre solo indeformável foram encontradas diferenças de até 20,0% nas reações das
estacas.
Buttignol & Almeida (2013) realizaram análises numéricas não lineares e
tridimensionais em três blocos sobre três estacas, com a finalidade de estudar a variação da
resistência à compressão característica do concreto nesses elementos estruturais. Utilizaram
como modelo experimental de referência um bloco oriundo do trabalho de Munhoz (2000). A
simulação numérica foi auxiliada pelo programa computacional ATENA 3D, baseado no
Método dos Elementos Finitos. As características geométricas dos três modelos foram
mantidas constantes, variando apenas a resistência característica à compressão do concreto,
em 30 MPa, 35 MPa e 40 MPa. Os três modelos apresentaram ruina frágil após ruptura do
concreto na região nodal inferior, fendilhamento do concreto do bloco nas bielas de
compressão e escoamento das armaduras dos tirantes. Os comportamentos relativos à abertura
de fissuras foram muito próximos, como pode ser verificado na Figura 25. As primeiras
fissuras surgiram no centro dos blocos e expandiram nos vão entre as estacas, progredindo até
a face superior dos blocos. Os autores verificaram que o aumento da resistência característica
à compressão do concreto reduziu a abertura de fissuras, visto que houve aumento na
resistência a tração.

Figura 25 - Panorama de fissuração dos modelos numéricos de Buttignol (2013), para carga de ruptura.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 55

Além disso, Buttignol & Almeida (2013) observaram que o aumento em 33,33%
da resistência à compressão do concreto proporcionou um aumento de apenas 13,32% da
carga de ruptura dos modelos, comprovando a pouca influência desta propriedade mecânica
sobre a ruptura dos modelos. Relativamente ao fluxo de tensões, os resultados indicaram que
o aumento de 33,33% da resistência do concreto proporcionou um aumento de 38,09% das
tensões nas bielas, no entanto, a geometria do fluxo não foi alterada. Finalmente, Buttignol &
Almeida (2013) concluíram que a variação da resistência característica à compressão do
concreto não influencia de forma significativa no comportamento estrutural, na capacidade
portante e na rigidez dos blocos.
Oliveira, Barros & Giongo (2014) realizaram análises numéricas não lineares e
tridimensionais, baseadas no Método dos Elementos Finitos, em blocos sobre seis estacas
geometricamente retangulares. A finalidade do trabalho era de comparar os resultados
numéricos ao dimensionamento analítico (método das bielas e tirantes). Nos modelos, foram
variados os seguintes parâmetros, dimensões dos pilares, resistência à compressão do concreto
e as condições de contorno nas estacas, utilizando apoio rígido e apoios com diferentes
coeficientes de molas elásticas. Os autores concluíram que quanto mais deformável o solo,
maiores são as deformações no modelo e mais uniformemente as cargas se distribuem nas
estacas. A resistência à compressão do concreto pouco influenciou na rigidez dos modelos. A
seção do pilar influenciou diretamente a formação das bielas de compressão e
consequentemente as reações nas estacas.
Barros, Delalibera & Giongo (2016) realizaram análises numéricas não lineares e
tridimensionais em quatro blocos sobre duas estacas. A simulação numérica foi auxiliada pelo
programa computacional DIANA®. Os modelos numéricos foram baseados em quatro
modelos experimentais, nos quais não se utilizaram abas de concreto além do pilar e das
estacas, ou seja, os três elementos, pilar, bloco e estaca possuíam a mesma espessura. Em dois
modelos foram dispostas armaduras secundárias, em forma de estribos, distribuídas nas faces
dos blocos, nos outros dois modelos não foram dispostas essas armaduras.
Barros, Delalibera & Giongo (2016) observaram que as primeiras fissuras nos
blocos surgiram junto às estacas e evoluíram com inclinação até a face superior do bloco,
junto ao pilar. Os blocos romperam por esmagamento do concreto junto ao pilar. Observaram
fissuras oriundas do fendilhamento no concreto, em todos os modelos, consequência das
tensões de tração na direção perpendicular às bielas e, consequência disto, constatou-se que os
modelos sem armadura secundária apresentaram menor carga de ruptura e surgimento de
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 56

fissuras com cargas menores, comprovando a importância da disposição dessas armaduras


para combater o fenômeno de fendilhamento.
Relativamente às análises numéricas de Barros, Delalibera & Giongo (2016), os
resultados mostraram próximos aos resultados experimentais, com comportamentos
semelhantes entre os modelos. A Figura 26 mostra um comparativo entre as aberturas de
fissuras do modelo 1,, experimental e numérico, estudado pelos autores. Verifica-se que os
panoramas de fissuração são próximos e que as fissuras tendem a se concentrar nas regiões
internas das estacas, comprovando maior fluxo de tensões nessas regiões.

Figura 26 – Comparação entre os panoramas de fissuração e curva força versus deslocamento, experimental e
numérico, do modelo 1 de Barros, Delalibera & Giongo (2016).

Barros, Delalibera & Giongo (2016) ainda concluem que os resultados entre os
modelos, experimentais e numéricos, são coerentes, no entanto, os resultados de deslocamento
se mostram conservadores para os modelos numéricos, apontando para uma maior rigidez
para esses modelos, como pôde ser verificado na Figura 26, e ainda afirmam que a utilização
de ferramenta numérica deve ser feita de maneira criteriosa.

2.4. Ancoragem das armaduras

2.4.1. ABNT NBR6118/2014

A norma brasileira de projetos de estrutura de concreto define duas situações para


as armaduras em relação à qualidade da aderência entre concreto e aço, sendo elas, boa
aderência ou má aderência.
No caso da boa aderência, são consideradas duas situações distintas. A primeira
para armaduras “com inclinação maior ou igual a 45º sobre a horizontal”. A segunda para
armaduras horizontais ou com inclinação menor que 45º, desde que o elemento tenha “altura
menor que 60,0 cm e as armaduras estejam localizadas no máximo a 30,0 cm acima da face
inferior do elemento” ou para elementos com “altura maior ou igual a 60,0 cm e as armaduras
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 57

estejam localizadas no mínimo a 30,0 cm abaixo da face superior do elemento”. No caso da


má aderência, são consideradas as armaduras em qualquer outra posição não descrita acima
ou ainda para utilização de formas deslizantes.
O comprimento básico de ancoragem (lb) é definido como o comprimento reto de
uma barra de aço passiva necessária para ancorar a força limite dessa barra e calculado pela
equação [1].

..........................(Equação 1)

Onde:
Φ é o diâmetro da barra a ser ancorada;
fyd tensão de cálculo do escoamento do aço;
fbd é a resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto

A resistência de aderência de cálculo (fbd) é obtida pela equação [2].

..........................(Equação 2)

Onde:
η1 = 1,0 para barras lisas (CA-25);
η1 = 1,4 para barras entalhadas (CA-60);
η1 = 2,25 para barras nervuradas (CA-50);
η2 = 1,0 para situações de boa aderência, como descrito anteriormente;
η2 = 0,7 para situações de má aderência, como descrito anteriormente;
η3 = 1,0 para Φ ≤ 32,0 mm;
η3 = (132 – Φ) / 100 para Φ > 32,0 mm.

A resistência à tração de cálculo do concreto (fctd) é dada pela equação [3], para
concreto com resistência característica à compressão (fck), menores que 50 MPa

..........................(Equação 3)
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 58

Ainda é previsto a utilização de ganchos nas extremidades das armaduras


ancoradas e esses ganchos possibilitam a redução do comprimento de ancoragem, pois
melhoram a aderência entre os materiais. Para barras lisas, devem-se utilizar ganchos
semicirculares. As armaduras comprimidas devem ser ancoradas sem ganchos, sem exceções.
As armaduras tracionadas podem ser ancoradas por um comprimento reto ou devem seguir as
orientações:
 Do item 9.4.2.1 da ABNT NBR6118/2014:
a) obrigatoriamente com gancho para barras lisas;
b) sem gancho nas que tenham alternância de solicitação, de tração e
compressão;
c) com ou sem gancho nos demais casos, não sendo recomendado o gancho
para barras de Φ > 32,0 mm ou para feixes de barras.

 Do item 9.4.2.3 da ABNT NBR6118/2014:


d) semicirculares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2Φ;
e) em ângulo de 45º (interno), com ponta reta de comprimento não inferior
a 4Φ;
f) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8Φ.

O comprimento de ancoragem necessário (lb,nec) para ancorar os esforços as


armaduras em um elemento é calculado pela equação [4].

..........................(Equação 4)

Onde:
lb,mín é o maior valor entre 0,3lb, 10Φ e 100,0 mm;
As,calc é a área de armadura calculada para resistir as solicitações;
As,ef é a área de armadura efetiva e detalhada.
α = 1,0 para barras sem gancho;
α = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao
do gancho maior ou igual a 3Φ;
α = 0,7 quando houver barras transversais soldadas;
α = 0,5 quando houver barras transversais soldadas e gancho com cobrimento no
plano normal ao do gancho maior ou igual a 3Φ;
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 59

A ABNT NBR6118/2014 ainda afirma no item 9.4.2.5 que “permite-se, em casos


especiais, considerar outros fatores redutores do comprimento de ancoragem necessário”. Esta
afirmação é relevante para este trabalho, visto que posteriormente será discutida a influência
das bielas de compressão sobre o comprimento da armadura de ancoragem do pilar.

2.4.2. Fusco (1994)

Fusco (1994) preconiza que “a existência do concreto armado decorre


essencialmente da solidariedade entre os seus materiais componentes, o concreto e o aço” e
que “a solidariedade da armadura ao concreto é garantida pela existência de uma certa
aderência entre os dois materiais”. No caso, os dois materiais, concreto e aço, trabalhando em
conjunto é o que garante o funcionamento das estruturas de concreto armado, onde, a
solidariedade é o que impede o escorregamento relativo entre os materiais.
A aderência pode ocorrer por diferentes fenômenos de interação entre os dois
materiais, sendo os mais conhecidos: aderência por adesão, aderência por atrito e aderência
mecânica. No entanto, segundo o autor, essa divisão é basicamente teórica e esquemática, pois
não é possível observa-las separadamente.
Fusco (1994) pressupõe que em relação à aderência, existem duas considerações
distintas, a ancoragem das armaduras e a fissuração no concreto. Relativamente à ancoragem,
existe a necessidade de transferir os esforços das armaduras para o concreto de maneira eficaz
e ainda afirma que “o problema fundamental é saber qual o comprimento necessário para que
essa transferência de esforços possa ser feita”. Essa transferência de esforços depende de
inúmeros fatores, como por exemplo, as características das barras e a qualidade do concreto
na zona onde estão sendo ancoradas as barras. É importante ressaltar que a ABNT
NBR6118/2014 considera esses fatores, como discutido no item 2.4.1.
Em relação à ancoragem reta das armaduras tracionadas e comprimidas, segundo
o autor, os esforços se equilibram pelo efeito do arqueamento das tensões, como pode ser
verificado na Figura 27.

Figura 27 – Arqueamento das tensões, casos de ancoragem de barras tracionadas e comprimidas. Fusco (1994).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 60

O surgimento dessas pequenas bielas de compressão, em forma de arco, auxilia na


transmissão dos esforços entre aço e concreto. No entanto, transversalmente a essas tensões
comprimidas surgem tensões de tração e consequentemente fissuras no concreto, diminuindo
a eficiência da transmissão de esforços, pois ocorrem falhas na ligação dos materiais. Segundo
Fusco (1994), existem três soluções viáveis para garantir a eficiência da transmissão de
esforços nas peças pós-fissuradas, apresentadas na Figura 28.

Figura 28 - Soluções para combater a fissuração em peças de concreto armado e garantir a transmissão de
esforços. Fusco (1994).

A aplicação de compressões transversais, armaduras de cintamento helicoidal ou


armaduras transversais de costura combatem as tensões de tração que originam as fissuras
nesses casos de ancoragem. Para o presente trabalho, dar-se-á maior ênfase no caso da
compressão transversal do elemento, pois este fenômeno é observado, e será discutido
posteriormente, na ancoragem das armaduras dos pilares nos blocos sobre estacas.
Segundo o autor a aplicação de um esforço de compressão “externo” ao elemento
estudado, provoca uma melhoria na ancoragem das armaduras. Este esforço de compressão
atua como uma ação confinante do concreto sobre o aço, melhorando o contato entre os
materiais, aumentando a aderência entre ambos e, consequentemente, transferindo os esforços
do aço para o concreto deforma mais rápida.
Fusco (1994) afirma que as condições de ancoragem das barras de armadura
podem ser melhoradas sob a ação de compressões transversais oriundas das bielas resistentes
que se formam para equilibrar aos esforços cortantes. Neste caso, esse fenômeno é observado
em peças fletidas, como pode ser verificado na Figura 29.
O autor ainda ressalta que nos trechos com solicitações de flexão de alta
magnitude, onde as tensões nas armaduras são altas, podem ocorrer fissuras significativas
provocadas pela utilização de ganchos em barras lisas ou pela interrupção das barras de alta
aderência. Relativamente ao comprimento de ancoragem necessária, as prescrições de Fusco
(1994) são muito próximas aos da ABNT NBR6118/2014, discutidas no item 2.4.1.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 61

Figura 29 - Influencia das bielas de compressão na ancoragem de peças fletidas. Fusco (1994).

Especificamente sobre a ancoragem das armaduras do pilar submetido à


compressão centrada, Fusco (1994) afirma que as barras longitudinais são submetidas a um
mesmo nível de tensões e que a transferência dos esforços se dá principalmente na região do
nó superior, na intersecção pilar/bloco, onde existe a influencia das tensões de compressão
oriundas das bielas de compressão.
Afirma ainda que “a altura do bloco deve permitir que as barras de armadura do
pilar tenham pelo menos o comprimento 0,6 lb dentro do bloco”, como pode ser visto na
Figura 30Figura 30 - Ancoragem das armaduras do pilar sobre bloco, submetidos à
compressão uniforme. Fusco (1994).. No entanto, para casos práticos essa armadura deve ser
prolongada até o fundo do bloco, apoiando nas armaduras do tirante do bloco, para que
durante a concretagem essas armaduras não fiquem fora do posicionamento correto.

Figura 30 - Ancoragem das armaduras do pilar sobre bloco, submetidos à compressão uniforme. Fusco (1994).

As constatações de Fusco (1994) acerca da influência das bielas de compressão


sobre a ancoragem das armaduras é essencial para o presente trabalho, pois como será
discutido posteriormente, verifica-se que no caso das armaduras de ancoragem de pilares
sobre blocos, este fenômeno ocorre e auxilia na transferência de esforços entre aço e concreto.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 62

3. Modelos de referência

3.1. Considerações Iniciais

Com a finalidade de calibrar as modelagens numéricas foram utilizados modelos


experimentais de referência, baseados no trabalho de Munhoz (2014). Os modelos são em
escala reduzida 1:2 e foram dimensionados a partir do método de Blévot & Frémy (1967) e
com recomendações da ABNT NBR6122/2010 e de Fusco (1994).
Os modelos experimentais mais enfatizados nesta parte do trabalho são o
B110P125R2.5 e o B115P250R2.5. No entanto, ainda foram utilizados como base outros sete
modelos, sendo eles, B110P125R1, B110P125R4, B115P250R1, B115P125R4, B127P500R1,
B127P500R2.5 e B127P500R4. Os resultados abordados mais profundamente são relativos
aos dois primeiros, porém, quando necessário, também são apresentados outros resultados.
Todos os nove modelos foram simulados numericamente, visando estudar a influência do
comprimento da armadura de ancoragem dos pilares nos blocos sobre duas estacas.
Em relação à nomenclatura dos blocos, serão mantidos os nomes que a autora
utilizou em sua pesquisa. A letra B remete ao comprimento do maior lado do bloco e para o
menor lado todos os blocos possuem 15,0 cm, ou seja, a largura é reduzida em relação às
prescrições usuais para dimensionamento de blocos sobre estacas, pois se desconsidera a aba
característica entre a estaca e o fim do bloco. A letra P remete a aresta do pilar paralela ao
maior lado do bloco e, finalmente, a letra R remete à taxa de armadura do pilar.
Segundo Munhoz (2014), para as taxas de armadura dos pilares utilizou-se 1,0%,
2,5% e 4,0% da área do pilar. As diferentes taxas de armaduras dos pilares tornaram possível
relacionar a quantidade de armadura no pilar com a transmissão de esforços entre as
armaduras de ancoragem e o concreto. Esta característica é importante para esta pesquisa, pois
posteriormente serão alterados os comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares,
relacionando as taxas e os comprimentos das armaduras com o comportamento dos blocos
sobre duas estacas.

3.2. Geometria dos modelos de referência

A série B110P125, Figura 31, possui geometria 110,0 cm x 15,0 cm x 40,0 cm. A
armadura do tirante é formada por quatro barras de 12,5 mm sobre as estacas, a armadura
superior é constituída por três barras de 10,0 mm e a armadura do bloco é completada por
estribos horizontais e verticais de 6,3 mm. As estacas possuem seção 12,5 cm x 12,5 cm,
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 63

altura de 40,0 cm (5,0 cm no interior do bloco), armadura longitudinal de 10,0 mm e estribos


ao longo da estaca de 5,0 mm. A diferença entre os três modelos da série B110P125 é a taxa
de armadura do pilar. O pilar possui seção 12,5 cm x 12,5 cm e altura de 35,0 cm. Em todos
os modelos da série utilizou-se armadura de fretagem e estribos de 5,0 mm distribuídos ao
longo do pilar. Para as armaduras longitudinais, as quantidades são:
 B110P125R1: São dispostas quatro barras de 8,0 mm, representando uma taxa
de armadura de 1,0%;
 B110P125R2.5: São dispostas quatro barras de 12,5 mm, representando uma
taxa de armadura de 2,5%;
 B110P125R4: São dispostas quatro barras de 16,0 mm, representando uma taxa
de armadura de 4,0%.

Figura 31 - Geometria, distribuição de armaduras e locação dos extensômetros nos modelos da série B110P125.

A série B115P250, Figura 32 e Figura 33, possui geometria 115,0 cm x 15,0 cm x


40,0 cm. A armadura do tirante é formada por quatro barras de 12,5 mm sobre as estacas, a
armadura superior é constituída por três barras de 10,0 mm e a armadura do bloco é
completada por estribos horizontais e verticais de 6,3 mm. As estacas possuem seção 12,5 cm
x 12,5 cm, altura de 40,0 cm (5,0 cm no interior do bloco), armadura longitudinal de 10,0 mm
e estribos ao longo da estaca de 5,0 mm. A diferença entre os três modelos da série B115P250
é a taxa de armadura do pilar. O pilar possui seção 25,0 cm x 12,5 cm e altura de 35,0 cm. Em
todos os modelos da série utilizou-se armadura de fretagem e estribos de 5,0 mm distribuídos
ao longo do pilar. Para as armaduras longitudinais, as quantidades são:
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 64

 B115P250R1: São dispostas seis barras de 8,0 mm, representando uma taxa de
armadura de 1,0%;
 B115P250R2.5: São dispostas oito barras de 12,5 mm, representando uma taxa
de armadura de 2,5%;
 B115P250R4: São dispostas oito barras de 16,0 mm, representando uma taxa
de armadura de 4,0%.

Figura 32 - Geometria, distribuição de armaduras e locação dos extensômetros do modelo B115P250R1.

Figura 33 - Geometria, distribuição de armaduras e locação dos extensômetros do modelo B115P250R2.5 e


B115P250R4.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 65

A série B127P500, Figura 34, possui geometria 127,0 cm x 15,0 cm x 40,0 cm. A
armadura do tirante é formada por cinco barras de 16,0 mm sobre as estacas (distribuídas em
duas camadas), a armadura superior é constituída por três barras de 10,0 mm e a armadura do
bloco é completada por estribos horizontais e verticais de 6,3 mm. As estacas possuem seção
12,5 cm x 12,5 cm, altura de 40,0 cm (5,0 cm no interior do bloco), armadura longitudinal de
16,0 mm e estribos ao longo da estaca de 5,0 mm. A diferença entre os três modelos da série
B127P500 é a taxa de armadura do pilar. O pilar possui seção 50,0 cm x 12,5 cm e altura de
35,0 cm. Em todos os modelos da série utilizou-se armadura de fretagem e estribos de 5,0 mm
distribuídos ao longo do pilar. Para as armaduras longitudinais, as quantidades são:
 B127P500R1: São dispostas catorze barras de 8,0 mm, representando uma taxa
de armadura de 1,0%;
 B127P500R2.5: São dispostas catorze barras de 12,5 mm, representando uma
taxa de armadura de 2,5%;
 B127P500R4: São dispostas catorze barras de 16,0 mm, representando uma
taxa de armadura de 4,0%.

Figura 34 - Geometria, distribuição de armaduras e locação dos extensômetros nos modelos da série B127P500.

Para analisar o comportamento das deformações e tensões nas armaduras de


ancoragem dos pilares e do tirante dos blocos, Munhoz (2014) dispôs extensômetros ao longo
das barras, localizados de acordo com as figuras anteriores. A escolha dos quatro pontos ao
longo das armaduras de ancoram tem como objetivo analisar a variação das deformações e
tensões em diferentes alturas. Nota-se que ao longo das armaduras de ancoragem, dois
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 66

extensômetros estão localizados dentro dos blocos com alturas de 20,0 cm e 10,0 cm a partir
da seção de contato entre pilar e bloco, um está localizado exatamente na seção de contato e o
último está localizado a meia altura do pilar, 16,5 cm acima da seção de contato. O
extensômetro da armadura do tirante do bloco está localizado no centro.

3.3. Propriedades mecânicas dos materiais

Foram utilizadas duas resistências características para o concreto, uma para as


estacas e outra para os blocos e pilares, conforme a Tabela 1. Segundo Munhoz (2014), foram
realizados ensaios com corpos de prova para obtenção das resistências do concreto à
compressão e tração, ensaios para obtenção do módulo de elasticidade e também ensaios de
compressão diametral.

Tabela 1 - Propriedades mecânicas do concreto dos modelos de referência.

Bloco e Pilar Estaca Unidade


Resistência à compressão (fck) 33,86 77,91 MPa
Resistência à tração (ft) 2,97 4,49 MPa
Módulo de elasticidade (Ec) 35.110 44.050 MPa

Para os aços das armaduras, segundo Munhoz (2014), foram realizados ensaios
para determinação das propriedades. Para cada diâmetro utilizado nos experimentos foram
ensaiadas três barras de comprimento 100,0 cm, os resultados destes ensaios foram fornecidos
pela autora e podem ser verificado na Figura 35 pelas curvas tensão versus deformação.
Os valores médios das tensões de escoamento (fy,m), das deformações de
escoamento (εy,m) e dos módulos de elasticidade (Es,m) podem ser verificados na Tabela 7,
item 4.4.2.2, onde também são descritos os valores utilizados para os modelos numéricos.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 67

Figura 35 – Resultados dos ensaios de caracterização dos aços das armaduras, obtidos por Munhoz (2014).

3.4. Resultados dos ensaios dos modelos de referência

Serão apresentados os resultados mais relevantes dos modelos experimentais


B110P125R2.5, B115P250R2.5 e, quando necessário, alguns resultados dos outros sete
modelos. No item 5.2 será feita uma análise comparativa entre os modelos experimentais e
numéricos, com a finalidade de validar as simulações computacionais. Os resultados aqui
abordados são relativos às curvas carga versus deslocamento, às cargas de ruptura, às
deformações e tensões nas armaduras, aos panoramas de fissuração e aos modos de ruptura.

3.4.1. Curvas carga versus deformação e cargas de ruptura

As curvas carga versus deslocamento dos modelos de referência, Figura 36,


consistem nos resultados provenientes dos transdutores de deslocamento alocados no centro
da face inferior dos blocos, medindo os deslocamentos verticais.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 68

Figura 36 – Curvas carga versus deslocamento dos modelos das séries B110P125 e B115P250.

Nota-se, a partir das curvas, o surgimento de patamares em um determinado


momento do ensaio, causado pelo surgimento das primeiras fissuras com abertura
significativa no modelo.
As cargas de ruptura (Fu) e os deslocamentos máximos na ruptura (WFu) são
apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Cargas de ruptura e deslocamentos máximos na ruptura dos experimentos de Munhoz (2014).

Modelo B110P125R1 B110P125R2.5 B110P125R4 B115P250R1 B115P250R2.5 B115P250R4


Fu (kN) 431,11 577,08 590,73 712,67 736,02 763,64
WFu (mm) 1,445 2,628 2,781 2,485 2,857 2,730

Verifica-se que o modelo B110P125R1 rompeu precocemente se comparado os


modelos da mesma série, segundo a autora, se constatou problemas construtivos neste
modelo, apresentando ruptura precoce do pilar.

3.4.2. Deformações e tensões nas armaduras

Com a finalidade de estudar o comportamento das armaduras durante os ensaios


experimentais, Munhoz (2014) alocou os extensômetros ao longo da armadura de ancoragem
dos pilares e no centro da armadura do tirante dos blocos, como apresentado na Figura 31 a
Figura 34.
A Figura 37 apresenta os resultados provenientes do ensaio experimental
realizado no modelo B110P125R2.5, as curvas são provenientes dos extensômetros E13, E14,
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 69

E15 e E16, omitindo os resultados dos extensômetros E17, E18, E19 e E20, por consequência
da simetria dos extensômetros

Figura 37 – Curvas carga versus deformação das armaduras de ancoragem do pilar do modelo B110P125R2.5.

De forma mais específica, optou-se por analisar os resultados em três passos de


carga, sendo eles, 33,0%, 66,0% e 100,0% da carga de ruptura (Fu). A Tabela 3 apresenta os
resultados das deformações (ε) e tensões (ζ) nestes passos de cargas. As tensões foram
calculadas pela Lei de Hooke, com os módulos de elasticidade dados pela Tabela 7, item
4.4.2.2.

Tabela 3 – Deformações (ε) e tensões (ζ) nas armaduras do modelo experimental B110P125R2.5.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu
Extensômetro
ε (‰) σ (MPa) ε (‰) σ (MPa) ε (‰) σ (MPa)
2 0,464 91,83 1,221 241,71 2,179 431,54
13 -0,049 -9,69 0,000 0,10 -0,579 -114,65
14 -0,220 -43,60 -0,350 -69,34 -1,414 -280,00
15 -0,502 -99,46 -0,978 -193,74 -2,050 -405,94
16 -0,550 -109,01 -1,307 -258,87 -3,422 -677,63
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 70

Verifica-se que a armadura do pilar chegou próximo à ruptura (E16), visto que a
deformação de escoamento do aço (εy,m) para a armadura de diâmetro 12,5 mm é de 3,42 ‰
(Tabela 7, item 4.4.2.2). No entanto, os pilares dos modelos experimentais são cintados,
possuindo além de estribos, armaduras de fretagem. Assim, os pilares são excessivamente
rígidos e mesmo com deformações muito próximas aos limites, não ocorre ruína brusca.

3.4.3. Panoramas de fissuração e modos de ruptura

A observação da propagação das fissuras nos blocos sobre duas estacas é essencial
para a compreensão do comportamento dos modelos experimentais, pois estão relacionados
com o fluxo de tensões no interior dos blocos. Em um aspecto geral, os modelos
experimentais de Munhoz (2014) apresentaram comportamentos semelhantes relacionados à
abertura de fissuras, seguindo um padrão para as aberturas de fissuras.
A Tabela 4 apresenta os resultados para as cargas das primeiras fissuras visíveis
(Fr,p), das primeiras fissuras inclinadas (Fr,i) e das primeiras fissuras centralizadas (Fr,c) para
os modelos B110P125R2.5 e B115P250R2.5 de Munhoz (2014). Também são apresentadas as
relações dessas cargas com a carga de ruptura (Fu) de cada modelo.

Tabela 4 – Aberturas de fissuras nos modelos B110P125R2.5 e B115P250R2.5 de Munhoz (2014).


Fu Fr,p Fr,p / Fu Fr,i Fr,i / Fu Fr,c Fr,c / Fu
Modelo
(kN) (kN) (%) (kN) (%) (kN) (%)
B110P125R2.5 577,08 198,00 34,31 220,00 38,12 198,00 34,31
B115P250R2.5 736,02 148,00 20,11 283,00 38,45 148,00 20,11

Segundo Munhoz (2014), as primeiras fissuras visíveis surgiram centralizadas nas


faces inferiores do bloco e propagaram até aproximadamente metade da altura do bloco, com
baixos valores de abertura, ou seja, essas fissuras não eram críticas. Em um segundo
momento, a autora observou o surgimento de fissuras inclinadas na direção das bielas de
compressão, comprovando a existência de fluxo de tensões nessa direção, sendo essas as
fissuras que evoluíram para a conformação de planos de ruptura dos blocos. Outra importante
constatação é que no nó superior, abaixo do pilar, não surgiram fissuras significativas,
comprovando que as tensões de compressão são predominantes nessa região.
Para o modelo B110P125R2.5, observou-se que a primeira fissura visível (Fr,p) e
centralizada (Fr,c) surgiu com uma carga de 198 kN, equivalente a 34,31% da carga de ruptura
(Fu) do modelo, 577,08 kN. Em relação ao surgimento das primeiras fissuras inclinadas (Fr,i),
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 71

na direção das bielas de compressão, ocorreu a uma carga de 220 kN, equivalente a 38,12%
da carga de ruptura (Fu) do modelo. Através de régua apropriada acompanhou-se o
desenvolvimento da fissura inicial, apresentando uma abertura de 0,05 mm (198 kN) e a
última medida anotada foi de 0,80 mm (500 kN).
Para o modelo B115P250R2.5, observou-se que a primeira fissura visível (Fr,p)
também surgiu centralizada (Fr,c) com uma carga de 148 kN, equivalente a 20,11% da carga
de ruptura do modelo (Fu), 736,02 kN. Em relação ao surgimento das primeiras fissuras
inclinadas (Fr,i), na direção das bielas de compressão, ocorreu a uma carga de 283 kN,
equivalente a 38,45% da carga de ruptura (Fu) do modelo.
A Figura 38 apresenta a localização das primeiras fissuras visíveis e inclinadas
para os dois modelos discutidos.

Figura 38 - Primeiras fissuras visíveis e inclinadas, modelos B110P125R2.5 e B115P250R2.5, Munhoz (2014).

Em relação à propagação das fissuras analisadas, Munhoz (2014) observou que


em ambos as primeiras fissuras visíveis verticais evoluíram até aproximadamente metade da
altura dos blocos. As fissuras inclinadas (direção das bielas de compressão) surgiram
aproximadamente na metade da altura do bloco e propagaram-se na direção das estacas e na
direção dos pilares, surgindo um plano de fissuração inclinado.
A Figura 39 apresenta os panoramas finais de fissuração para os dois modelos
discutidos. Nota-se que os panoramas são semelhantes e verificam-se aberturas de fissuras na
direção das bielas comprimidas (inclinadas), comprovando a existência de fluxo de tensões
nesta direção. Nota-se também o surgimento de fissuras nas regiões inferiores do bloco, na
região da armadura dos tirantes.
Relativamente aos modos de ruptura dos modelos experimentais, verifica-se o
surgimento de um plano de ruptura na direção das bielas comprimidas. Observa-se na Figura
40 a ruptura do concreto, concentrando-se principalmente nas regiões dos nós superiores e
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 72

inferiores e influenciado pelo fenômeno de fendilhamento do concreto. Segundo a autora este


modo de ruína foi observado em todos os modelos experimentais, excluindo apenas o modelo
B110P125R1 que apresentou ruína precoce do pilar.

Figura 39 - Panorama final de fissuração dos modelos B110P125R2.5 e B115P250R2.5 de Munhoz (2014).

Figura 40 – Ruptura dos modelos B110P125R2.5 e B115P250R2.5 de Munhoz (2014).


Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 73

4. Modelos numéricos

4.1. Considerações iniciais

As análises numéricas foram auxiliadas pelo programa computacional ATENA


2D, versão 5.3.2, baseado no Método do Elementos Finitos e desenvolvido pela empresa
Cervenka Consulting . A fundamentação teórica dos modelos implementados pelo programa é
descrito no Manual Teórico – Parte 1, elaborado por Cervenka Consulting (2015).
O programa permite realizar análises lineares ou não lineares do comportamento
de elementos estruturais em concreto armado, considerando o estado do material pós-
fissuração para os casos não lineares.
É importante destacar que não necessariamente é utilizada a formulação completa
não linear para toda a estrutura. Existem casos nos quais o problema pode ser solucionado
utilizando a formulação simplificada ou até mesmo linear. No caso, a utilização da
formulação completa ou não, depende da qualidade dos resultados obtidos após os cálculos
matemáticos realizados pelo programa. A formulação simples ou linear é caracterizada pelas
equações constitutivas lineares, pela forma generalizada da equação da Lei de Hooke e pelas
equações geométricas lineares, nas quais os termos quadráticos são negligenciados. Neste
caso, as alterações na forma e na posição do elemento analisado não são consideradas, assim,
os carregamentos e condições de contorno são constantes ao longo do tempo. Geralmente as
análises lineares são adotadas em casos onde os deslocamentos são pequenos em relação às
dimensões do elemento estudado, em casos onde os materiais não são solicitados em até
50,0% das suas resistências e em casos onde as deformações são de baixa amplitude.
No entanto, existem casos nos quais é necessário considerar o comportamento não
linear dos materiais. Nessas condições, as equações que governam o problema são muito mais
complexas e normalmente não possuem uma solução simples e fechada, sendo necessárias
soluções iterativas não lineares. As análises não lineares são classificas em três grupos
distintos.
O primeiro grupo é relativo à consideração da não linearidade dos materiais e é o
caso mais comum para estruturas em concreto armado, onde devido às limitações da estrutura
em serviço (E.L.S.) as deformações são pequenas, mas, devido à baixa resistência do concreto
à tração, a não linearidade do material deve ser considerada. O segundo grupo engloba casos
nos quais os deslocamentos ou deslocamentos e rotações da estrutura analisada são grandes o
suficiente para alterar o equilíbrio das equações do sistema, mesmo que as deformações
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 74

relativas ainda sejam pequenas e, neste caso, deve-se utilizar a forma completa das equações
geométricas, incluindo os termos quadráticos, porém, as equações constitutivas ainda são
lineares. O terceiro grupo considera a não linearidade de ambos, materiais e equações
geométricas constitutivas, neste caso não se pode aplicar o valor total do carregamento, sendo
ele aplicado em incrementos de carga ao longo do tempo, sendo este o que produz melhores
resultados, no entanto, sua resolução é complexa e às vezes demorada.
Basicamente existem duas possibilidades para a formulação geral do
comportamento de estruturas na forma deformada. A formulação de Lagrange, na qual o
comportamento infinitesimal das partículas de volume é importante e o comportamento varia
de acordo com o grau de aplicação do carregamento, alterando significativamente as
deformações do elemento. A formulação de Euler leva em consideração o fluxo dos materiais
do elemento estudado. No caso de análises estruturais, caso de estudo deste trabalho, a
formulação de Lagrange é mais usualmente utilizada.
Podemos citar diversos programas computacionais baseados no Método dos
Elementos Finitos e implementação de análises lineares e não lineares, entre eles, NASTRAN,
ADINA, DIANA, ABAQUS, ANSYS e ATENA. Praticamente todos possuem o mesmo
caminho de resolução de problemas, dividido em três etapas, pré-processamento,
processamento e pós-processamento. No pré-processamento, o usuário insere os dados de
entrada do problema, como o modelo geométrico, as especificações das propriedades
mecânicas dos materiais, as disposição das armaduras, os pontos de monitoração, os
carregamentos aplicados nas estruturas, os tipos de elementos finitos utilizados, a definição da
malha de elementos finitos, as condições de contorno e por fim, o método de resolução da
análise. No processamento, são realizados os cálculo matemáticos e computacionais, nesta
etapa, o programa computacional ATENA 2D, permite o usuário acompanhar os
deslocamentos, os fluxos de tensões e as aberturas de fissuras que ocorrem ao longo do
processo. No pós-processamento, o usuário tem acesso aos resultados obtidos após o
processamento, sendo nesta etapa, onde se analisa o comportamento do elemento de estudo.
Com a finalidade de melhorar o desempenho das simulações numéricas e garantir
resultados adequados, foram utilizados modelos de blocos sobre duas estacas como referência.
Para a validação qualitativa das análises numéricas, foram comparados alguns resultados entre
os modelos experimentais e os modelos numéricos.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 75

4.2. O programa computacional ATENA 2D – Fundamentação Teórica

Nos modelos numéricos foram utilizados quatro tipos distintos de elementos


finitos, encontrados na biblioteca do programa ATENA 2D. CCSbetaMaterial, compondo os
elementos finitos que simulam o concreto dos blocos, estacas e pilares. Reinforcement,
compondo as armaduras utilizadas como reforço dos blocos, estacas e pilares em concreto
armado. Plane stress elastic isotropic, compondo as chapas utilizadas para distribuir os
carregamentos nos pilares e reações nas estacas. 2D Interface, compondo as interfaces entre
os elementos de concreto e chapas.

4.2.1. Elemento CCSbetaMaterial

Segundo o Manual Teórico – Parte 1, Cervenka Consulting (2015), do programa


computacional ATENA, a formulação das relações constitutivas é considerada no estado
plano de tensões. O material assume as seguintes hipóteses: comportamento não linear na
compressão incluindo endurecimento e amolecimento (hardening e softening), fratura do
concreto tensionado baseado na mecânica da fratura não linear, critério de falha biaxial,
redução da força de compressão pós-fissuração, efeito de enrijecimento pós-tensão, redução
da rigidez de cisalhamento pós-fissuração e modelo de fissuração fixa ou rotacionada.

4.2.1.1. Relação tensão versus deformação do concreto – Lei do


comportamento uniaxial equivalente

O modelo constitutivo de fratura plástica, com uma curva de tensão versus


deformação caracterizada como na Figura 41 é adotado para o concreto. O comportamento
não linear do concreto no estado de tensão biaxial é descrito pela tensão efetiva ( ) e pela
deformação uniaxial equivalente ( ). Na maioria dos casos, a tensão efetiva ( ) é a
própria tensão principal no concreto e a deformação uniaxial equivalente ( ) pode ser
considerada como a deformação produzida pela tensão dividida pelo módulo de elasticidade
do concreto ( ). Cada um dos números abaixo do diagrama (1 a 4) são as divisões dos
estados de dano do concreto. É importante observar que o descarregamento (unloading) é uma
função linear do ponto U até a origem e que a relação tensão versus deformação não é uma
relação única, ou seja, varia de acordo com o estado do material. A mudança de carregamento
(loading) para descarregamento (unloading) ocorre quando o incremento na deformação
efetiva troca de sinal, alterando o estado do material. A lei tensão versus deformação
equivalente reflete o chamado estado de tensão biaxial em materiais como o concreto.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 76

Figura 41 - Curva tensão versus deformação característica do concreto. Adaptado Cervenka Consulting (2015).

4.2.1.2. Relação tensão versus deformação do concreto – Tensão pré -


fissuração

Relativamente ao estado de tensões antes da fissuração, adota-se um


comportamento elástico, baseado na Lei de Hooke, segundo a equação [5].

= x com 0 ≤ σc ≤ ..........................(Equação 5)

O módulo de elasticidade inicial é o próprio módulo de elasticidade do concreto


( ) e a resistência à tração efetiva ( ) é calculada de acordo com a função de ruptura
biaxial do concreto, a qual a curva é apresentada na Figura 42.

Figura 42 - Curva da função de ruptura biaxial, tração-compressão. Adaptado de Cervenka Consulting (2015).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 77

4.2.1.3. Relação tensão versus deformação do concreto – Tensão pós -


fissuração

Um parâmetro importante para a modelagem de elementos de concreto é a energia


específica de fratura (Gf). Existe uma energia de deformação potencial no elemento e, no
momento da abertura e propagação da fissura, esta energia é liberada. Relativamente a
procedimentos de projetos em concreto, pode-se desprezar a parcela resistente do concreto à
tração, visto que é irrisória se comparada com a resistência à compressão do mesmo. Sendo
assim, normalmente admite-se o comportamento frágil com ruptura brusca do concreto em
solicitações de tração, ou seja, adota-se uma curva linear para tensão de tração versus
deformação do concreto. No entanto, a adoção deste comportamento pode não ser suficiente
para algumas aplicações como, por exemplo, análises de fissuração em estruturas de concreto
simples. Para estes casos, uma análise completa da curva carga versus deslocamento deve ser
realizada para compreender melhor o comportamento concreto tracionado. A Figura 43 traz
uma curva característica de ensaios típicos de tração simples. O início da fissuração no
concreto se dá no momento em que se atinge a resistência do concreto à tração (fct). As
primeiras fissuras que surgem são chamadas de microfissuras e se formam em uma zona
específica do material, denominada zona do processo de fratura ou zona de dano. Segundo o
autor, a formação das microfissuras ocorre em conjunto ao aumento dos deslocamentos (δ) e
na eminência do ponto onde δ = δ0 ocorre uma macro fissura seguida da separação completa
do corpo de prova nos ensaios.

Figura 43 - Curva tensão versus deslocamento para ensaios de tração simples em concreto. Araújo (2001).

Segundo Hillerborg (1985) após o surgimento da zona de dano, ou seja, zona de


surgimento das microfissuras, as deformações não são uniformes ao longo do elemento.
Sendo assim, a curva tensão versus deformação não descreve bem o comportamento do
material. A partir destas constatações o comportamento do material deve ser dividido em duas
curvas, uma ascendente e outro descendente, como apresentadas na Figura 44.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 78

Figura 44 - Divisão da curva tensão versus deformação em dois trechos. Araújo (2001).

Observando-se o trecho ascendente, verifica-se a linearidade da curva tensão


versus deformação, podendo aplicar o comportamento da Lei de Hooke. O trecho
descendente, após o surgimento da região conhecida por zona de dano é não linear, como
pode ser observado. Neste caso, tem-se uma relação tensão versus deslocamento. Segundo
Araújo (2001), ao invés de caracterizar o trecho descendente pela relação tensão versus
deslocamento, opta-se por utilizar uma relação tensão versus abertura de fissura (w). A Figura
45 indica como pode ser obtida a abertura de fissura em dois casos. No primeiro caso, onde o
trecho ascendente é linear, a abertura da fissura é obtida pela subtração do deslocamento pela
parcela elástica (δe). No segundo caso, onde o trecho ascendente é não linear, deve-se subtrair
ainda o deslocamento provocado pela não linearidade (δp).
A partir da obtenção dos valores das aberturas das fissuras é possível traçar a
curva tensão versus abertura de fissuras. Esta curva, Figura 45, representa o comportamento
do material pós-fissuração. A área do gráfico abaixo da curva é a energia específica de fratura
(Gf), valor importante para a modelagem numérica de elementos de concreto. Essa energia é a
quantificação necessária para que seja criada uma fissura completa de área unitária.

Figura 45 - Determinação da abertura de fissura para os casos de trecho ascendente linear e trecho ascendente
não linear e curva característica da tensão versus abertura de fissuras. Araújo (2001).

Esses comportamentos e modelos utilizados pelo programa computacional


ATENA 2D estão descritos no Manual Teórico – Parte 1, elaborado por Cervenka Consulting
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 79

(2015). Segundo o manual, a formulação do comportamento do elemento pós-fissurado é


baseado em um modelo fictício de fissuração a partir de uma lei de abertura de fissuras e a
formulação da energia específica de fratura (Gf). Esta formulação é adequada para a
modelagem da propagação de fissuras em concreto.
O programa permite o usuário escolher entre cinco modelos para simular o
comportamento do fenômeno “tension softening”, no regime não linear ou pós-fissurado, cada
qual com sua própria curva ou lei de abertura de fissuras. São eles: Exponential Crack
Opening Law, Linear Crack Opening Law, Linear Softening Based on Local Strain, SFRC
Based on Fracture Energy e SFRC Based on Strain. No caso, foi escolhido o modelo
Exponential Crack Opening Law. A curva é apresentada na Figura 46 e corresponde ao
parâmetro que mede a taxa da energia, este parâmetro é associado ao comportamento do
elemento de concreto no regime não linear, ou seja, pós-fissurado. Onde wc equivale a
abertura da fissura após a liberação completa da tensão. A energia específica de fratura (Gf) é
calculada aproximadamente pela equação [6], discutida no item 4.4.2.1.

Figura 46 - Curva tensão versus abertura de fissuras. Adaptado de Cervenka Consulting (2015).

O comportamento do plano de ruptura após a abertura das primeiras fissuras do


elemento, ou seja, o regime de tensão pós-fissuração é descrito através do critério de
plasticidade de Drucker-Prager, apresentado na Figura 47. Para a compressão é utilizado o
critério de ruptura de Rankine.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 80

Figura 47 - Relaxamento linear segundo o critério de Drucker Prager. Cervenka Consulting (2015).

4.2.2. Elemento Reinforcement

No programa ATENA 2D os elementos de barras de armaduras são considerados


incorporados dentro dos elementos sólidos, ou seja, os elementos Reinforcement (armaduras)
são considerados incorporados dentro dos elementos CCSbetaMaterial (concreto). No caso, o
programa permite o usuário escolher entre quatro diferentes tipos de curvas tensão versus
deformação, todos baseados na Lei de Hooke, sendo eles: linear, bi linear, multilinear e bi
linear com endurecimento (hardening).
O programa ATENA 2D permite a construção da curva tensão versus deformação
a partir de pontos conhecidos, com a finalidade de simular o comportamento da barra de aço
mais próximo à realidade, este é o modelo multilinear. O programa permite ainda o usuário
modelar a aderência entre concreto e aço, ou seja, existe a possibilidade de simular possíveis
escorregamentos entre barras de aço e concreto.

4.2.3. Elemento Plane stress elastic isotropic

Para as chapas de aço dos apoios das estacas e do ponto de aplicação de carga
sobre o pilar foi escolhido um material com comportamento elástico isotrópico (tensões
planas). As chapas foram utilizadas no modelo para auxiliar a distribuição das tensões nos
pontos de aplicação e reação das cargas.
O programa ATENA 2D permite o usuário entrar com os valores do módulo de
elasticidade do aço(Es), coeficiente de Poisson (ν), peso específico (γ) e coeficiente térmico
(α).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 81

4.2.4. Elemento 2D Interface

O programa ATENA 2D permite o usuário modelar a interface entre intersecções


de materiais diferentes, como por exemplo a interface de ligação entre o concreto e as chapas
de aço. Essa interface simula o contato e a rigidez entre os materiais adjacentes
Segundo o Manual Teórico – Parte 1, elaborado por Cervenka Consulting (2015),
os materiais dos elementos de interface são baseados no critério de Mohr-Coulomb. A rigidez
normal (Knn) e a rigidez transversal (Ktt) correspondem ao comportamento elástico do
material e os valores máximos devem ser em torno de dez vezes o valor da rigidez dos
elementos finitos adjacentes. As rigidezes normal e transversal mínimas (Knn,mín e Ktt,mín), são
utilizadas como uma suposição numérica após a ruptura do elemento para manter a
continuidade do equilíbrio do elemento estudado e devem ser aproximadamente 0,001 vezes o
valor máximo.
A resistência à tração (ft) da interface é utilizada para ponderar uma possível
ruptura no material da interface causada por tensões de tração. A coesão (C) evita
escorregamentos horizontais entre os materiais, note que para a interface chapa/estaca o valor
da coesão deve ser maior do que zero, mesmo que a carga aplicada seja apenas vertical e
distribuída igualmente na chapa, pois com o início da deformação do elemento e da abertura
de fissuras pode ocorrer escorregamentos horizontais do modelo. A Figura 48 apresenta o
comportamento dos elementos de interface.

Figura 48 - (a) Ruptura dos elementos de interface, (b) Comportamento dos elementos de interface no
cisalhamento, (c) Comportamento das tensões nos elementos. Adaptado de Cervenka Consulting (2015).

4.3. Geometria

Os blocos analisados numericamente através do programa computacional ATENA


2D, são baseados em nove modelos experimentais do trabalho de Munhoz (2014),
apresentados no Capítulo 3. Em relação aos nove modelos experimentais escolhidos, serão
mantidas as nomenclaturas da autora, sendo eles: B110P125R1, B110P125R2.5,
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 82

B110P125R4, B115P250R1, B115P250R2.5, B115P250R4, B127P500R1, B127P500R2.5 e


B127P500R4. Para cada modelo experimental foram simulados quatro modelos numéricos a
fim de se realizar um estudo paramétrico da variação do comprimento das armaduras de
ancoragem do pilar no bloco. A geometria e as posições das armaduras dos modelos
numéricos são equivalentes ao dos modelos de referência, descritos no item 3.2. As
propriedades dos materiais, aço e concreto, adotadas nos modelos numéricos, são oriundas
dos ensaios experimentais do trabalho de Munhoz (2014), apresentados no item 3.3.
Para o estudo paramétrico da variação do comprimento de ancoragem das
armaduras do pilar no bloco, foram somente alterados estes comprimentos nos modelos
numéricos, mantendo-se as demais características e propriedades mecânicas dos materiais.
Para cada um dos nove modelos experimentais especificados no parágrafo anterior, foram
simulados quatro modelos numéricos com variação dos comprimentos de ancoragem das
armaduras longitudinais dos pilares, totalizando trinta e seis modelos numéricos, os quais
serão identificados com acréscimo de M1, M2, M3 ou M4 ao final da nomenclatura, onde
cada identificador representa:
 M1: modelos numéricos com o comprimento de ancoragem da armadura do
pilar no bloco de 34,0 cm, idênticos aos adotados nos modelos experimentais de Munhoz
(2014);
 M2: modelos numéricos com o comprimento de ancoragem da armadura do
pilar no bloco de 20,0 cm;
 M3: modelos numéricos com o comprimento de ancoragem da armadura do
pilar no bloco de 10,0 cm;
 M4 modelos numéricos com o comprimento de ancoragem da armadura do
pilar no bloco de 3,0 cm.
A Tabela 5 apresenta as nomenclaturas e os comprimentos das armaduras de
ancoragem dos pilares (lbp), a partir da face superior do bloco, dos nove modelos
experimentais do trabalho de Munhoz (2014) e dos trinta e seis modelos simulados
numericamente.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 83

Tabela 5 - Nomenclatura dos modelos experimentais e numéricos.


Modelo Nomenclatura lbp (cm)
B110P125R1 / B110P125R2.5 /B110P125R4 /
Experimental B115P250R1 / B115P250R2.5 / B115P250R4 / 34,0
B127P500R1 / B127P500R2.5 / B127P500R4 /

B110P125R1M1 / B110P125R2.5M1 /B110P125R4M1 /


Numérico (M1) B115P250R1M1 / B115P250R2.5M1 / B115P250R4M1 / 34,0
B127P500R1M1 / B127P500R2.5M1 / B127P500R4M1 /

B110P125R1M2 / B110P125R2.5M2 /B110P125R4M2 /


Numérico (M2) B115P250R1M2 / B115P250R2.5M2 / B115P250R4M2 / 20,0
B127P500R1M2 / B127P500R2.5M2 / B127P500R4M2 /

B110P125R1M3 / B110P125R2.5M3 /B110P125R4M3 /


Numérico (M3) B115P250R1M3 / B115P250R2.5M3 / B115P250R4M3 / 10,0
B127P500R1M3 / B127P500R2.5M3 / B127P500R4M3 /

B110P125R1M4 / B110P125R2.5M4 /B110P125R4M4 /


Numérico (M4) B115P250R1M4 / B115P250R2.5M4 / B115P250R4M4 / 3,00
B127P500R1M4 / B127P500R2.5M4 / B127P500R4M4 /

A Figura 49 apresenta um exemplo do conjunto de modelos numéricos


provenientes do modelo experimental B110P125R1, sendo eles B110P125R1M1,
B110P125R1M2, B110P125R1M3 e B110P125R1M4.

Figura 49 - Conjunto de modelos numéricos simulados a partir do modelo B110P125R1.


Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 84

4.4. Descrição da modelagem numérica

4.4.1. Aspectos Gerais

A aplicação do carregamento foi realizada através de incrementos de cargas,


divididos em dez incrementos de 20,0 kN, quinze incrementos de 10,0 kN e, finalmente,
incrementos de 5,0 kN até a ruptura dos modelos. Os carregamentos foram aplicados
verticalmente em cargas lineares (kN/m), ao longo do topo dos pilares.
As condições de contorno foram impostas em três pontos distintos. Os dois
primeiros foram impostos nos eixos das estacas, impedindo os deslocamentos verticais do
modelo (direção y) e o terceiro foi imposto no eixo do topo do pilar, impedindo os
deslocamentos horizontais do modelo (direção x).
O material concreto dos blocos, estacas e pilares foi modelado a partir do
elemento CCSbetaMaterial, com malha de elementos finitos definidos em quadriláteros de
tamanho 1,25 cm e propriedades baseadas no elemento CCQ10SBeta, geometricamente não
linear, como descrito no Manual Teórico – Parte 1, Cervenka Consulting (2015).
O material aço das chapas foi modelado a partir do elemento Plane stress elastic
isotropic, com malha de elementos finitos definidos em triângulos de aproximadamente 1,25
cm e propriedades baseadas no elemento CCIsoQuad, geometricamente não linear, como
descrito no Manual Teórico – Parte 1, Cervenka Consulting (2015).
Como a intersecção entre os elementos de concreto e chapa de aço possuem
diferentes geometrias para a malha de elementos finitos, quadriláteros e triângulos, utilizou-se
elementos 2D Interface, visando simular o contato entre essas diferentes regiões dos modelos
numéricos.
As armaduras foram simuladas a partir do elemento Reinforcement, considerados
incorporados dentro dos elementos sólidos (concreto) e com aderência perfeita entre eles.
Os pontos de monitoração nas armaduras foram alocados em posições
estratégicas, equivalentes aos do trabalho de Munhoz (2014), visando realizar comparações
entre os modelos experimentais e numéricos, como descritos em 3.2. É importante ressaltar
que os resultados dos pontos de monitoração podem ser implementados de duas formas
diferentes, sendo que, pode haver pequenas variações nos valores medidos, causado pela
escolha do tipo de leitura do ponto de monitoração (Nodes ou Integration Points).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 85

 1º Nodes: esta opção retorna resultados do nó de um elemento finito mais


próximo às coordenadas de localização do ponto de monitoração. No caso, esta opção foi
utilizada para a obtenção dos resultados de forças externas e deslocamentos;
 2º Integration Points: esta opção retorna resultados relativos ao centro do
elemento finito mais próximo às coordenadas de localização do ponto de monitoração. No
caso, esta opção foi utilizada para obtenção dos resultados de deformações.
A Figura 50 apresenta a discretização dos elementos finitos, a disposição das
condições de contorno e o ponto de aplicação das cargas, para o modelo numéricos
B110P125R2.5M1, sendo similar para todos os outros modelos.

Figura 50 – Discretização dos elementos finitos para o modelo numérico B110P125R2.5M1.

O método de análise utilizado para as simulações numéricas foi o método de


Newton-Rhapson, que realiza cálculos matemáticos iterativos até ocorrer convergência entre
as funções diferenciais, em cada incremento de carregamento estipulado pelo usuário. No
caso, a carga é constante e o deslocamento do modelo é recalculado até que haja
convergência, caracterizada pela sobreposição da reta tangente do incremento de carga à
curva força versus deformação. A Figura 51 apresenta a curva característica do método de
Newton-Rhapson.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 86

Figura 51 – Curva característica do método de Newton-Rhapson. Cervenka Consulting (2015).

4.4.2. Propriedades mecânicas dos materiais

As propriedades mecânicas dos materiais necessárias para as análises numéricas


foram, na maioria, obtidas dos resultados dos ensaios de Munhoz (2014), descritos no
Capítulo 3. Em alguns casos, utilizou-se as formulações do próprio programa computacional
ATENA 2D ou valores encontrados em literaturas sobre o tema.

4.4.2.1. Concreto

Para a simulação dos blocos, estacas e pilares, regiões onde o material é o


concreto, foram utilizados elementos CCSbetaMaterial, encontrado na biblioteca do programa
computacional ATENA 2D e com propriedades descritas em 4.2.1. Para o fenômeno “tension
softening” foi escolhido o modelo Exponential Crack Opening Law.
Foram utilizadas duas resistências características do concreto, uma para as estacas
e outra para o bloco e pilar, conforme a Tabela 6. Segundo a autora Munhoz (2014), foram
realizados ensaios com corpos de prova para obtenção das resistências do concreto à
compressão e tração, ensaios para obtenção do módulo de elasticidade e também ensaios de
compressão diametral.

Tabela 6 - Propriedades mecânicas do concreto nos modelos numéricos.


Bloco e Pilar Estaca Unidade
Resistência à Compressão (fck) 33,86 77,91 MPa
Resistência à Tração (ft) 2,97 4,49 MPa
Módulo de Elasticidade (Ec) 35.110 44.050 MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,20 0,20 -
Energia Especif. de Fratura (Gf) 69,99 122,00 J/m²
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 87

A energia específica de fratura (Gf), equação [6], corresponde ao parâmetro que


mede a taxa da energia de deformação potencial no elemento. No momento da abertura e
propagação da fissura esta energia é liberada. Este parâmetro é associado ao comportamento
do elemento de concreto no regime não linear, ou seja, pós-fissurado.

..........................(Equação 6)

4.4.2.2. Aços

Para a simulação das armaduras foram utilizados elementos Reinforcement, com


propriedades descritas em 4.2.2. Para as curvas tensão versus deformação dos aços das
armaduras foram utilizados os resultados experimentais obtidos e fornecidos por Munhoz
(2014), descritos em 3.3.
O programa computacional ATENA 2D permite a construção da curva tensão
versus deformação, sendo este o modelo multilinear. Segundo a autora, foram realizados
ensaios para determinação das propriedades das barras de aço. Para cada diâmetro utilizado
nos experimentos foram ensaiadas três barras de comprimento 100,0 cm.
Com auxílio do programa computacional KaleidaGraph 4.0 e dos resultados
provenientes dos ensaios das três barras de cada diâmetro (Figura 35), aproximou-se as
nuvens de pontos para uma única curva de cada diâmetro. As equações aproximadas que
regem os trechos das curvas foram encontradas através de ajustes de curvas e os pontos foram
lançados no programa ATENA 2D, compondo as curvas.
As curvas podem ser visualizadas na Figura 52, note que as curvas ajustadas são
muito próximas às nuvens de pontos dos resultados dos ensaios experimentais. Pela
proximidade das curvas, utilizaram-se os mesmos valores médios obtidos experimentalmente,
das tensões de escoamento (fy,m), das deformações de escoamento (εy,m) e dos módulos de
elasticidade (Es,m), apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 - Propriedades mecânicas dos aços das armaduras.


φ mm 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5 16,0
fy,m MPa 686,32 595,42 568,61 564,30 558,41 577,97
εy,m ‰ 5,55 3,09 3,21 3,55 3,42 4,72
Es,m GPa 193,67 206,56 205,37 197,99 198,02 202,53
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 88

Figura 52 - Curvas tensão versus deformação dos aços das armaduras, pelos experimentos de Munhoz (2014) e
pelas curvas ajustadas.

O programa permite ainda o usuário modelar a aderência entre concreto e aço, ou


seja, existe a possibilidade de simular escorregamentos entre barras de aço e concreto, no
entanto, considerou-se da aderência perfeita entre os materiais visto que não foram realizados
ensaios para caracterizar a interação entre eles.

4.4.2.3. Chapas de aço

Para a simulação das chapas de aço foram utilizados elementos Plane stress
elastic isotropic, com propriedades descritas em 4.2.3. Foram utilizadas chapas de aço nos
apoios das estacas e no ponto de aplicação de carga sobre o pilar. As chapas foram utilizadas
no modelo para auxiliar a distribuição das tensões nos pontos de aplicação e reação das
cargas. A Tabela 8 apresenta as propriedades mecânicas das chapas.

Tabela 8 - Propriedades mecânicas das chapas de aço.


Chapa Unidade
Espessura 2,54 cm
Coeficiente de Poisson (ν) 0,30 -
Módulo de Elasticidade (Es) 210.000 MPa
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 89

4.4.2.4. Elementos de interface

Para os elementos se interface foram utilizados elementos 2D Interface, com


propriedades descritas em 4.2.4.
Na ligação chapa/pilar utilizou-se ligação rígida, enquanto que na ligação
chapa/estacas utilizou-se um elemento de interface com a finalidade de conectar de forma
adequada os elementos de chapa e concreto. Durante a modelagem foi verificado ainda que os
parâmetros de rigidez dos elementos de interface pilar/bloco e bloco/estaca têm forte
influência na rigidez global do modelo estudado, ou seja, quanto maior as rigidezes normal
(Knn) e transversal (Ktt) do elemento mais rígido se torna o modelo. Esse aspecto é importante
de se observar, pois pode dificultar a convergência de resultados entre modelos experimentais
e numéricos, como por exemplo, a curva carga versus deslocamento. Os parâmetros utilizados
são apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Parâmetros dos elementos de interface.


Interface Chapa/Estaca Unidade
Rigidez Normal (Knn) 1,5. MN/m³
Rigidez Normal Mínima (Knn,mín) 1,5. MN/m³
Rigidez Transversal (Ktt) 1,5. MN/m³
Rigidez Transversal Mínima (Ktt,mín) 1,5. MN/m³
Resistência à Tração (ft) 4,49 MPa
Coesão (C) 5,00 MPa

O ideal para este caso seria realizar ensaios para caracterizar o comportamento da
ligação entre os materiais, no entanto, na falta de ensaios foram utilizados os valores
indicados pelo manual do programa.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 90

5. Resultados e discussões

5.1. Considerações iniciais

Para apresentar e discutir os resultados optou-se por dividir este capítulo em duas
etapas distintas. Inicialmente serão apresentados os aspectos da comparação entre os modelos
experimentais de referência, baseados nos trabalho de Munhoz (2014), e os modelos
numéricos, analisados no programa computacional ATENA 2D. Posteriormente serão
apresentados os resultados da análise paramétrica dos modelos numéricos.
É importante destaca que se denomina carga de comparação (Fcomp) o
carregamento no qual são realizadas as análises dos comportamentos entre os modelos dentro
de uma mesma série, visto que a análise é inviável de se realizar na carga de ruptura (Fu), pois
são diferentes para cada bloco. Essas cargas de comparação são baseadas nos valores que a
autora Munhoz (2014) utilizou para dimensionar as armaduras dos tirantes dos blocos, ou
seja, referentes às cargas próximas a ruptura teórica dos blocos (E.L.U.). Seus valores são
491,83 kN, 500,35 kN e 1035,34 kN para as séries B110P125, B115P250 e B127P500,
respectivamente.

5.2. Análise comparativa entre modelos experimentais de referência versus


modelos numéricos equivalentes

São enfatizados os resultados dos modelos B110P125R2.5, B115P250R2.5 versus


B110P125R2.5M1 e B115P250R2.5M1, com o intuito de validar as simulações numéricas
realizadas, nas quais buscou-se resultados qualitativamente semelhantes, ou seja, a finalidade
do estudo comparativo não era de obter resultados idênticos, mas sim resultados que
comprovam que as simulações numéricas apresentam comportamentos satisfatórios para
blocos sobre duas estacas. Basicamente, os resultados apresentados são relativos às curvas
carga versus deslocamento, às cargas de ruptura, às deformações e tensões nas armaduras, aos
panoramas de fissuração e aos modos de ruptura. Quando necessário, também são discutidos
resultados de outros modelos.

5.2.1. Curvas carga versus deslocamento e cargas de ruptura

As curvas carga versus deslocamento, Figura 53, consistem nos resultados da


carga externa aplicada e a medida do deslocamento vertical no centro da face inferior do
bloco. Nestes gráficos é possível verificar o fenômeno de acomodação na região dos apoios
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 91

dos modelos experimentais no início do ensaio, ou seja, ocorre um ajuste das placas de aço ao
concreto dos modelos, nas localizações dos pontos de aplicação e reação das cargas, pois se
verifica a existência de um intervalo não linear nas medidas de deslocamentos, tornando as
curvas experimentais e numéricas distantes. As curvas da esquerda apresentam os resultados
experimentais originais de Munhoz (2014), enquanto que as curvas da direita apresentam os
resultados experimentais modificados, após a retirada do intervalo não linear.

Figura 53 - Curvas carga versus deslocamento, original e modificado, dos modelos B110P125R2.5,
B115P250R2.5, B110P125R2.5M1 e B115P250R2.5M1.

Nota-se que após os ajustes, as curvas experimentais e numéricas aproximam-se e


apresentam comportamentos semelhantes. Os patamares que podem ser visualizados em
determinado ponto do ensaio é causado pelo surgimento das primeiras fissuras com abertura
significativa nos modelos.
As comparações entre os resultados experimentais e numéricos podem ser
visualizados na Tabela 10, onde estão apresentados os valores das cargas de ruptura (Fu) e dos
deslocamentos máximos na ruptura (WFu). Também são apresentadas as relações entre essas
cargas.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 92

Tabela 10 – Cargas de ruptura e deslocamentos máximos na ruptura, para os modelos experimentais e


numéricos, B110P125R2.5, B115P250R2.5, B110P125R2.5M1 e B115P250R2.5M1.

Fu Fu,num / Fu,exp WFu


Modelo Tipo de Análise
(kN) - (mm)
B110P125R2.5 Experimental 577,08 2,628
1,01
B110P125R2.5M1 Numérica 585,00 2,044
B115P250R2.5 Experimental 736,02 2,857
1,01
B115P250R2.5M1 Numérica 740,00 2,813

As relações Fu,num / Fu,exp, entre as cargas de ruptura (Fu) dos modelos numéricos e
experimentais, se mostraram próximas, não ultrapassando diferenças de 1,0%. Assim,
verifica-se que as análises numéricas apresentaram proximidade, em relação às cargas de
ruptura, se comparadas aos modelos experimentais. Os deslocamentos máximos na ruptura
(WFu) apresentam algumas disparidades, tais diferenças são ocasionadas pelas diferentes
rigidezes entre os modelos, também verificado nos trabalhos de outros autores, como
Delalibera (2006) e Buttignol (2011).
A Tabela 11 apresenta os resultados dos outros modelos das séries B110P125 e
B115P250, que também serão utilizados posteriormente para a análise numérica paramétrica.

Tabela 11 - Cargas de ruptura e deslocamentos máximos na ruptura, para os modelos B110P125R1,


B110P125R4, B115P250R1, B115P250R4, B110P125R1M1, B110P125R4M1, B115P250R1M1 e
B115P250R4M1.

Fu Fu,num / Fu,exp WFu


Modelo Tipo de Análise
(kN) - (mm)
B110P125R1 Experimental 431,11 1,445
1,29
B110P125R1M1 Numérica 555,00 1,696
B110P125R4 Experimental 590,73 2,857
1,02
B110P125R4M1 Numérica 600,00 2,813
B115P250R1 Experimental 712,67 2,485
1,00
B115P250R1M1 Numérica 715,00 2,459
B115P250R4 Experimental 763,64 2,730
0,96
B115P250R4M1 Numérica 730,00 2,879

Os resultados da Tabela 11 estão de acordo com os apresentados para os modelos


B110P125R2.5 e B115P250R2.5. Os modelos experimentais e numéricos apresentaram
poucas divergências em relação às cargas de ruptura (Fu) e também apresentaram algumas
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 93

diferenças nos deslocamentos, causados pelas diferenças de rigidez, excetuando-se o modelo


B110P125R1, que apresentou ruptura precoce do pilar.
A Figura 54 apresenta as curvas carga versus deslocamento para os modelos
restantes das séries B110P125 e B115P250, já ajustadas, da mesma forma que para os
modelos B110P125R2.5 e B115P250R2.5, como discutidos anteriormente.

Figura 54 - Curvas carga versus deslocamento dos modelos B110P125R1, B110P125R4, B115P250R1,
B115P250R4, B110P125R1M1, B110P125R4M1, B115P250R1M1 e B115P250R4M1.

5.2.2. Deformações e tensões nas armaduras

Serão apresentados e discutidos apenas os resultados dos modelos B110P125R2.5


e B110P125R2.5M1, visto que outros modelos apresentaram comportamento e resultados
semelhantes. Foram utilizados quatro pontos de monitoração armaduras de ancoragem dos
pilares, como apresentado no item 3.2. No caso dos modelos numéricos, os pontos de
monitoração foram alocados em pontos equivalentes aos do modelo experimental, visando
comparar ambos, com o objetivo de verificar a variação de deformações e tensões ao longo
dessas armaduras. Nota-se que os extensômetros E13/E17, E14/E18, E15/E19 e E16/E20.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 94

Considerando a simetria e a proximidade dos resultados, serão apresentados somente os


resultados de E13, E14, E15 e E16.
A Figura 55 apresenta os resultados carga versus deformação para esses
extensômetros. É possível verificar dois fenômenos que levam a divergências entre resultados
de modelos experimentais e numéricos: a acomodação dos modelos experimentais no início
do ensaio e a consideração de aderência perfeita entre as armaduras e concreto.

Figura 55 - Curvas carga versus deslocamento nas armaduras de ancoragem do pilar dos modelos B110P125R2.5
e B110P125R2.5M1.

Observa-se nas curvas dos extensômetros E13 e E14, que após determinada carga
(aproximadamente 500,0 kN) as medidas de deformações, no modelo experimental,
aumentam de forma brusca, ou seja, as deformações aumentam consideravelmente em
intervalos pequenos de variação de carga, contrariando o modelo numérico, onde as
deformações aumentam de forma suave e com pouca variação. O comportamento brusco pode
ser explicado de duas maneiras: caracterizado pelo escorregamento entre armadura e concreto
que ocorre em modelos experimentais enquanto que no modelo numérico, onde a aderência é
considerada perfeita, não se verifica este fenômeno, ou ainda, caracterizado pela abertura de
fissuras muito próximas ou até mesmo em cima do extensômetro dos modelos experimentais.
Nota-se também, pelo início da curva do extensômetro E15, a acomodação do
modelo experimental, fato também verificado anteriormente na curva carga versus
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 95

deslocamento. No extensômetro E16 foi verificado o escoamento da armadura longitudinal do


pilar para o modelo experimental. Segundo dados da Tabela 7, item 4.4.2.2, a deformação de
escoamento do aço (εy,m) de 12,5 mm é 3,42 ‰, e esta deformação máxima foi atingida com
aproximadamente 572 kN, menor que a carga última do ensaio de 577,08 kN. Pelas curvas da
Figura 55 nota-se que a deformação ultrapassou este valor. No caso do modelo numérico não
foi constatada escoamento da armadura longitudinal do pilar. . No entanto, como discutido no
item 3.4.2, os pilares dos modelos experimentais são cintados, possuindo além de estribos,
armaduras de fretagem, sendo assim, os pilares são excessivamente rígidos e mesmo com
deformações muito próximas aos limites, não ocorre ruína brusca.
Levando em consideração as observações acima, realizaram-se algumas alterações
nos dados experimentais com a finalidade de melhor comparar os comportamentos entre os
dois modelos, visto que alguns fenômenos não ocorrem no modelo numérico. Para as curvas
dos extensômetros 13 e 14 foram retirados os resultados que abrangem o fenômeno de
escorregamento da armadura. Na curva do extensômetro 15 alterou-se o início do ensaio, a
partir do ajuste da curva original, a fim de descartar o intervalo do ensaio caracterizado pela
acomodação do modelo. Finalmente, para o extensômetro 16, foram descartados os valores de
deformação na barra acima de 2,0‰, visto que a máxima deformação do concreto na
compressão foi atingida. Os resultados das curvas modificadas são apresentados na Figura 56.

Figura 56 - Curvas carga versus deslocamento, modificados, nas armaduras do pilar.


Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 96

Em relação ao extensômetro 13, a Figura 56 apresenta que os comportamentos são


semelhantes para os modelos experimental e numérico. Inicialmente a armadura trabalhou à
compressão, região negativa do gráfico, e, após determinada carga, a armadura começa a
trabalhar à tração, causada pelo deslocamento devido à flexão do modelo, deslocando também
a armadura. Observa-se também que o patamar de abertura da primeira fissura visível ocorre
na região negativa do gráfico, para ambos os modelos.
O comportamento da barra no extensômetro 14, Figura 56, é apenas de
compressão, visto que é mais próximo à seção de contato pilar/bloco, não havendo
interferência da flexão do bloco. Outra observação importante é o comportamento após o
patamar que surge posteriormente a abertura das primeiras fissuras consideráveis. Nota-se que
o modelo experimental apresenta um aumento brusco e exponencial das deformações,
enquanto o modelo numérico apresenta um comportamento linear e praticamente constante de
aumento nas deformações, comprovando uma maior rigidez do modelo numérico.
Para os extensômetros 15 e 16 o comportamento da barra é de compressão durante
todo o ensaio. As medidas mostram resultados muito próximos ao modelo numérico.
Observa-se que estes pontos são os que apresentam comportamentos mais próximos entre os
modelos experimental e numérico, se comparados aos outros pontos de monitoração, isto
pode ser explicado pela menor incidência de fissuras na região do pilar e consequentemente
uma menor influência da não linearidade dos materiais. A partir dessas duas curvas é possível
verificar que o modelo numérico se deforma menos que o modelo experimental, comprovando
maior rigidez do modelo numérico. O não surgimento de patamar nos valores de carga
próximos à abertura das primeiras fissuras consideráveis é uma comprovação da menor
influência dessas nos modelos apresentados.
De forma mais específica, optou-se por analisar os resultados em quatro passos de
carga, sendo eles, 33,0%, 66,0% e 100,0% da carga de ruptura (Fu) e, adicionalmente, o passo
de carga relativo à carga de comparação (Fcomp).
A Tabela 12 apresenta os resultados das deformações (ε) e tensões (ζ) nestes
passos de cargas. As tensões foram calculadas pela Lei de Hooke, com os módulos de
elasticidade dados pela Tabela 7, item 4.4.2.2.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 97

Tabela 12 - Deformações (ε) e tensões (ζ) nas armaduras dos modelos B110P125R2.5, com valores modificados
após alterações das curvas tensão versus deformação, e B110P125R2,5M1.

B110P125R2.5
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
2 0,464 91,83 1,221 241,71 2,179 431,54 1,664 329,58
13 -0,049 -9,69 0,000 0,10 -0,027 -5,32 -0,023 -4,47
14 -0,220 -43,60 -0,350 -69,34 -0,747 -148,01 -0,702 -139,10
15 -0,502 -99,46 -0,978 -193,74 -1,412 -279,60 -1,375 -272,28
16 -0,550 -109,01 -1,307 -258,87 -2,000 -396,04 -2,013 -398,59
B110P125R2.5M1
2 0,203 40,20 1,211 239,80 2,350 465,35 1,724 341,39
13 -0,064 -12,67 0,010 1,99 0,019 3,80 0,026 5,17
14 -0,136 -26,89 -0,127 -25,15 -0,093 -18,46 -0,144 -28,50
15 -0,314 -62,20 -0,783 -155,13 -1,714 -339,41 -1,199 -237,43
16 -0,404 -80,08 -1,024 -202,77 -2,000 -396,04 -1,521 -301,19

A Figura 57 apresenta os valores das tensões nas armaduras de ancoragem do


pilar e nas armaduras do tirante do bloco, para os dois modelos, na carga de comparação
(Fcomp). É possível notar a variação que ocorre nas tensões ao longo da armadura de
ancoragem. Nos pontos de monitoração acima da seção de contato pilar/bloco as tensões são
praticamente constantes e uma diminuição brusca ocorre em pontos inferiores a esta seção.

Figura 57 – Distribuição de tensões nas armaduras de ancoragem dos pilares e nas armaduras do tirante dos
blocos, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos B110P125R2.5 e B110P125R2.5M1.

O fenômeno de redução nas e tensões das armaduras será mais bem discutido no
item 5.3.2. Aqui são apresentados apenas os resultados dos modelos, com a finalidade de
relatar que o fenômeno foi observado tanto nos dois modelos. Assim, verifica-se que as
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 98

análises numéricas apresentaram proximidade, em relação às distribuições de tensões nas


armaduras, se comparadas aos modelos experimentais.

5.2.3. Panoramas de fissuração e modos de ruptura

Segundo Munhoz (2014), as primeiras fissuras visíveis surgiram centralizadas,


nas faces inferiores do bloco e propagaram até aproximadamente metade da altura do bloco,
com baixos valores de abertura, ou seja, essas fissuras não eram críticas. Em um segundo
momento, observou o surgimento de fissuras inclinadas na direção das bielas de compressão,
comprovando a existência de fluxo de tensões nessa direção, sendo essas as fissuras que
evoluíram para a conformação de planos de ruptura dos blocos. Outra importante constatação
é que no nó superior, abaixo do pilar, não surgiram fissuras significativas, comprovando que
as tensões de compressão são predominantes nessa região. No caso dos modelos numéricos,
as características da fissuração são próximas aos descritos nos modelos experimentais por
Munhoz (2014). As diferenças são basicamente no passo de carga nos quais surgiram as
primeiras fissuras e onde elas estavam localizadas.
A Tabela 13 apresenta os resultados das primeiras fissuras visíveis (Fr,p),das
primeiras fissuras centralizadas (Fr,c) e das primeiras fissuras inclinadas (Fr,i) para os modelos
B110P125R2.5, B110P125R2.5M1, B115P250R2.5 e B115P250R2.5M1. Também são
apresentadas as relações dessas cargas com a carga de ruptura (Fu) de cada modelo.

Tabela 13 – Cargas relativas às aberturas de fissuras dos modelos B110P125R2.5, B110P125R2.5M1,


B115P250R2.5 e B115P250R2.5M1.

Fu Fr,p Fr,p / Fu Fr,i Fr,i / Fu Fr,c Fr,c / Fu


Modelo
(kN) (kN) (%) (kN) (%) (kN) (%)
B110P125R2.5 577,08 198,00 34,31 220,00 38,12 198,00 34,31
B110P125R2.5M1 585,00 240,00 41,03 240,00 41,03 290,00 49,57
B115P250R2.5 736,02 148,00 20,11 283,00 38,45 148,00 20,11
B115P250R2.5M1 740,00 250,00 33,78 250,00 33,78 340,00 45,95

Nota-se que para os modelos experimentais as primeiras fissuras visíveis são


centralizadas, visto que Fr,p = Fr,c, porém, as primeiras fissuras inclinadas, na direção das
bielas de compressão, ocorrem posteriormente. Nos modelos numéricos, verifica-se que as
primeiras fissuras que surgem no bloco não são centralizadas, no entanto, ocorrem no mesmo
passo de carga que as fissuras inclinadas, ou seja, Fr,p = Fr,i ≠ Fr,c.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 99

A Figura 58 apresenta um comparativo entre os modelos B110P125R2.5 e


B110P125R2.5M1. As escalas de cor são relativas às magnitudes das fissuras, em metros.

Figura 58 - Primeiras fissuras visíveis, centralizadas e inclinadas nos modelos B110P125R2.5 e


B110P125R2.5M1.

É importante destacar que os resultados de abertura de fissuras em modelos


numéricos são influenciados pelo modelo de fissuração adotado, fato também verificado por
Souza & Bittencourt (2006). No estudo desses autores, a qualidade dos resultados variou de
acordo com as características de cada simulação. No caso deste trabalho optou-se por utilizar,
entre os vários modelos fornecidos pelo programa ATENA 2D, o Exponential crack opening
law com fixed crack.
A Figura 59 e a Figura 60 apresentam os panoramas finais de fissuração para os
modelos analisados. Os panoramas são semelhantes, todos os modelos apresentaram aberturas
de fissuras na região das armaduras dos tirantes e na direção das bielas comprimidas, sendo
inclinadas, comprovando a existência de fluxo de tensões nessas direções.

Figura 59 - Panorama de fissuração final dos modelos B110P125R2.5 e B110P125R2.5M1.


Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 100

Figura 60 - Panorama de fissuração final dos modelos B110P125R2.5 e B110P125R2.5M1.

Relativamente aos modos de ruptura, segundo Munhoz (2014), os modelos


experimentais apresentaram ruptura do concreto nas regiões dos nós superiores, inferiores, ou
em ambos, após surgimento de um plano de ruptura na direção das bielas comprimidas com
intensa fissuração.
Os modelos simulados numericamente apresentaram modos de ruptura
semelhantes, com a resistência característica à compressão do concreto (fck) sendo atingida,
após intensa fissuração, nas regiões nodais como pode ser verificado na Figura 61 e Figura 62.
A ruptura dos modelos é influenciada pelo fenômeno de fendilhamento do
concreto, ou seja, surgimento de fissuras paralelas ao fluxo de tensões de compressão nas
bielas, oriundas da ação de esforços de tração perpendiculares às bielas.

Figura 61 - Modos de ruptura dos modelos B110P125R2.5 e B110P125R2.5M1.


Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 101

Figura 62 - Modos de ruptura dos modelos B115P250R2.5 e B115P250R2.5M1.

5.3. Análise paramétrica dos modelos numéricos

São apresentados os resultados da análise numérica paramétrica, dos modelos


descritos no Capítulo 4, com variação do comprimento das armaduras de ancoragem dos
pilares. Os resultados discutidos são relativos às curvas carga versus deslocamento, às cargas
de ruptura, às deformações e tensões nas armaduras, aos fluxos de tensões, aos panoramas de
fissuração e aos modos de ruptura. A partir da análise paramétrica, espera-se compreender o
comportamento dos blocos sobre duas estacas e, mais importante, compreender os fenômenos
de ancoragem das armaduras dos pilares.

5.3.1. Curvas carga versus deslocamento e cargas de ruptura

As curvas carga versus deslocamento, apresentadas na Figura 63, consistem nos


resultados provenientes das cargas externas aplicadas e nas medidas dos deslocamentos
verticais na face inferior central do bloco.
As curvas foram divididas por geometria e taxa de armadura dos modelos, ou seja,
são apresentadas as curvas relativas a cada modelo numérico que simula, equivalentemente, o
modelo experimental de Munhoz (2014), sendo este o M1, e, no mesmo gráfico, são
apresentadas as curvas resultantes das alterações realizadas nos comprimentos das armaduras
de ancoragem dos pilares, sendo esses, os modelos M2, M3 e M4. A apresentação desses
resultados tem como objetivo mostrar as diferenças nos resultados após a alteração no
comprimento da armadura de ancoragem dos pilares.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 102

Figura 63 - Curva carga versus deslocamento dos modelos numéricos.

A Tabela 14 apresenta os valores das cargas de ruptura (Fu,Mi), das cargas de


comparação (Fcomp), dos deslocamentos máximos na ruptura (WFu) e dos deslocamentos na
carga de comparação (WFcomp,Mi). O índice Mi representa cada um dos modelos numéricos,
sendo i = 1, 2, 3 e 4. São apresentadas as relações, Fu,Mi / Fu,M1, entre as cargas de ruptura dos
modelos com alterações nos comprimentos das armaduras de ancoragem, M2, M3 e M4,
sobre os modelos que simulam os modelos experimentais, M1. Finalmente, utilizou-se a
relação WFcomp,Mi / WFcomp,M1 para analisar os deslocamentos dos modelos na carga de
comparação (Fcomp), sendo o índice Mi o mesmo descrito anteriormente.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 103

Tabela 14 - Cargas de ruptura, deslocamentos máximos na ruptura, cargas de comparação e deslocamentos na


carga de comparação para os modelos numéricos.

Modelo Fu,Mi WFu Fcomp WFcomp WFcomp.Mi /


Fu,Mi / Fu,M1
WFcomp,M1
i = 1, 2, 3, 4 (kN) (mm) (kN) (mm)
B110P125R1
B110P125R1M1 555,00 1,00 1,602 1,121 1,00
B110P125R1M2 545,00 0,98 1,405 1,122 1,00
491,83
B110P125R1M3 545,00 0,98 1,646 1,117 1,00
B110P125R1M4 535,00 0,96 1,522 1,127 1,01
B110P125R2.5
B110P125R2.5M1 585,00 1,00 2,044 1,060 1,00
B110P125R2.5M2 560,00 0,96 2,142 1,118 1,05
491,83
B110P125R2.5M3 555,00 0,95 2,022 1,116 1,05
B110P125R2.5M4 550,00 0,94 1,911 1,119 1,06
B110P125R4
B110P125R4M1 600,00 1,00 2,088 1,045 1,000
B110P125R4M2 575,00 0,96 2,320 1,163 1,113
491,83
B110P125R4M3 565,00 0,94 2,297 1,153 1,103
B110P125R4M4 550,00 0,92 2,200 1,127 1,078
B115P250R1
B115P250R1M1 715,00 1,00 2,459 0,964 1,000
B115P250R1M2 700,00 0,98 2,510 0,976 1,012
500,35
B115P250R1M3 700,00 0,98 2,422 0,985 1,022
B115P250R1M4 695,00 0,97 2,199 0,987 1,024
B115P250R2.5
B115P250R2.5M1 740,00 1,00 2,813 0,932 1,000
B115P250R2.5M2 725,00 0,98 2,428 0,975 1,046
500,35
B115P250R2.5M3 670,00 0,91 2,246 0,983 1,055
B115P250R2.5M4 700,00 0,95 2,344 0,981 1,053
B115P250R4
B115P250R4M1 730,00 1,00 2,879 0,908 1,000
B115P250R4M2 720,00 0,99 2,606 0,974 1,073
500,35
B115P250R4M3 690,00 0,95 2,474 0,987 1,087
B115P250R4M4 700,00 0,96 2,427 0,982 1,081
B127P500R1
B127P500R1M1 1170,00 1,00 2,850 1,651 1,000
B127P500R1M2 1155,00 0,99 2,809 1,690 1,024
1035,34
B127P500R1M3 1155,00 0,99 2,628 1,704 1,032
B127P500R1M4 1150,00 0,98 2,723 1,743 1,056
B127P500R2.5
B127P500R2.5M1 1180,00 1,00 2,729 1,614 1,000
B127P500R2.5M2 1165,00 0,99 2,886 1,685 1,044
1035,34
B127P500R2.5M3 1165,00 0,99 2,927 1,674 1,037
B127P500R2.5M4 1155,00 0,98 2,578 1,665 1,032
B127P500R4
B127P500R4M1 1185,00 1,00 3,015 1,581 1,000
B127P500R4M2 1165,00 0,98 2,828 1,646 1,041
1035,34
B127P500R4M3 1155,00 0,97 2,866 1,676 1,060
B127P500R4M4 1150,00 0,97 2,596 1,705 1,078
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 104

A partir da Figura 63, nota-se que os comportamentos das curvas carga versus
deslocamento dos modelos numéricos alterados (M2, M3 e M4), mostraram-se muito
próximos aos comportamentos das curvas dos modelos (M1), para todos os modelos
estudados. Verifica-se o surgimento de patamares em um determinado momento do ensaio,
causado pelo surgimento das primeiras fissuras com abertura significativa, alterando a
inclinação da curva em consequência da alteração da rigidez dos modelos, sendo este
fenômeno menos significativo nos modelos da série B127P500.
Analisando os dados da Tabela 14, nota-se que as cargas de ruptura (Fu,Mi)
aumentam com o acréscimo da taxa de armadura nos pilares, para a mesma seção transversal
de concreto. Em relação às alterações nos comprimentos das armaduras de ancoragem, nota-
se que os modelos alterados (M2, M3, M4) apresentaram resultados próximos às cargas de
ruptura dos modelos experimentais (M1), para todas as nove séries. Verifica-se que a
diferença entre as cargas de ruptura (Fu,Mi / Fu,M1) foi inferior a 5,0% para a grande maioria
dos casos analisados. Com isto, conclui-se que a diminuição no comprimento ancoragem da
armadura não é fator preponderante para a ruptura do bloco, ou seja, pouco influi na carga de
ruptura dos modelos.
Estes resultados eram esperados, visto que o comportamento de ruptura dos
blocos sobre estacas é por esmagamento do concreto na região dos nós superiores e/ou
inferiores, como constatado pelos autores Blévot & Frémy (1967), Mautoni (1972), Adebar,
Kuchma & Collins (1990), Delalibera (2006) e Buttignol (2001). Segundo autores, os blocos
sobre estacas atingem ruptura do concreto causada pelo surgimento de fissuras coincidentes
com o fluxo de tensões de compressão nas bielas, também conhecido por fendilhamento do
concreto.
Relativamente aos deslocamentos, pelas diferentes cargas de ruptura (Fu,Mi), os
deslocamentos máximos (WFu) apresentam resultados distintos, no entanto, pelas curvas
apresentadas na Figura 63 é possível verificar que os comportamentos ao longo do ensaio são
muito próximos para todos os modelos estudados.
Para uma comparação mais correta faz-se a comparação dos deslocamentos na
carga de comparação (WFcomp). Pelas relações WFcomp,Mi / WFcomp,M1 nota-se que os valores dos
deslocamentos dos modelos alterados (M2, M3 e M4) não divergem de forma crítica,se
comparados aos valores dos modelos experimentais (M1), sendo, na maioria dos casos,
inferiores a 10,0%. As maiores disparidades ocorreram para os modelos B110P125R4M2 e
B110P125R4M3, nas quais as diferenças deram-se em torno de 11,0% e 10,0%,
respectivamente.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 105

5.3.2. Deformações, tensões nas armaduras e fluxos de tensões

São apresentados os resultados das deformações e tensões nas armaduras


longitudinais dos pilares e na armadura do tirante dos blocos sobre duas estacas, para os
modelos numéricos das séries B110P125R1, B115P250R2.5 e B127P500R4, também serão
discutidos os fluxos de tensões no interior dos blocos. Esses modelos foram escolhidos, pois é
possível observar o comportamento dos blocos com a variação da taxa de armadura dos
pilares e, a partir da análise paramétrica, observa-se o comportamento após alterações nos
comprimentos das armaduras de ancoragem. No Anexo A são apresentados os resultados dos
modelos restantes.
As posições dos pontos monitorados nas armaduras de ancoragem podem ser
visualizadas na Figura 64. Serão apresentados somente parte dos resultados dos pontos de
monitoração devido à simetria dos modelos e a proximidade dos resultados. Nos modelos M3,
foram retirados os pontos de monitoração da camada mais profunda, ou seja, E13 para a série
B110P125, E13 e E21 para a série B115P250 e, finalmente, E15 e E27 para a série B127P500
visto que as armaduras não alcançam estas profundidades. Nos modelos M4, foram retirados
os pontos de monitoração das duas camadas mais profundas, ou seja, E13 e E14 para a série
B110P125, E13, E14, E21 e E22 para a série B115P250 e, por fim, E15, E16, E27 e E28 para
a série B127P500.

Figura 64 – Pontos de monitoração ao longo da armadura de ancoragem dos modelos.

A Tabela 15 apresenta os resultados das deformações (ε) e tensões (σ) nas


armaduras, para os modelos numéricos oriundos do modelo experimental B110P125R1. As
tensões foram calculadas pela Lei de Hooke, a partir dos resultados das deformações,
utilizando os módulos de elasticidade da Tabela 7, item 4.4.2.2. Para cada extensômetro, têm-
se as cargas relativas à carga de ruptura (Fu), a 66,0% de Fu, a 33,0% de Fu e à carga de
comparação (Fcomp).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 106

Tabela 15 – Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B110P125R1M1, B110P125R1M2,
B110P125R1M3 e B110P125R1M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B110P125R1M1
2 0,135 26,75 1,004 198,81 2,129 421,58 1,748 346,14
13 -0,062 -12,81 0,011 2,19 0,063 12,92 0,041 8,39
14 -0,129 -26,53 -0,123 -25,32 -0,162 -33,21 -0,116 -23,86
15 -0,313 -64,22 -0,893 -183,42 -2,257 -463,52 -1,640 -336,81
16 -0,410 -84,28 -1,230 -252,61 -3,235 -664,37 -2,235 -459,00
B110P125R1M2
2 0,131 25,88 1,049 207,72 1,946 385,35 1,667 330,10
13 -0,066 -13,59 -0,028 -5,84 -0,027 -5,48 -0,024 -4,88
14 -0,129 -26,47 -0,110 -22,55 -0,091 -18,64 -0,078 -15,92
15 -0,313 -64,20 -0,872 -179,02 -2,111 -433,54 -1,645 -337,83
16 -0,410 -84,28 -1,199 -246,24 -2,969 -609,74 -2,234 -458,80
B110P125R1M3
2 0,130 25,74 1,083 214,46 2,007 397,43 1,650 326,73
13 - - - - - - - -
14 -0,133 -27,31 -0,118 -24,19 -0,149 -30,62 -0,089 -18,37
15 -0,312 -64,16 -0,873 -179,23 -2,182 -448,12 -1,644 -337,63
16 -0,410 -84,28 -1,199 -246,24 -2,981 -612,21 -2,234 -458,80
B110P125R1M4
2 0,130 25,64 1,019 201,78 1,940 384,16 1,658 328,32
13 - - - - - - - -
14 - - - - - - - -
15 -0,311 -63,79 -0,844 -173,37 -2,064 -423,88 -1,639 -336,60
16 -0,410 -84,28 -1,169 -240,08 -2,814 -577,91 -2,234 -458,80

A partir dos resultados nota-se que existe, para os modelos apresentados, um


decréscimo das deformações e tensões ao longo do comprimento das armaduras de ancoragem
dos pilares. Verifica-se, no modelo B110P125R1M1, que a armadura do pilar ultrapassou a
deformação de escoamento do aço (εy,m), no entanto, os pilares são cintados, possuindo além
de estribos, armaduras de fretagem. Assim, os pilares são excessivamente rígidos e mesmo
com deformações excessivas, não ocorre ruína brusca.
Para facilitar a visualização dos resultados da Tabela 15, alocou-se os valores nas
suas respectivas posições ao longo das armaduras, apresentados na Figura 65. Os casos (a),
(b) e (c) são os resultados das tensões nas armaduras e os fluxos de tensões, para 0,33Fu,
0,66Fu e Fu, respectivamente.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 107

Figura 65 - Tensões nas armaduras e fluxos de tensões dos modelos B110P125R1M1, B110P125R1M2,
B110P125R1M3 e B110P125R1M4, nos casos (a) - 0,33Fu, (b) - 0,66Fu e (c) - Fu.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 108

Analisando a Figura 65, verifica-se a brusca diminuição que ocorre nas tensões ao
longo comprimento das armaduras de ancoragem, principalmente na seção de contato
pilar/bloco, como discutido por Fusco (1994). A partir das diferentes cargas aplicadas, (a), (b)
e (c), nota-se que este fenômeno ocorre tanto para o modelo numérico que simula o modelo
experimental (M1) quanto para os modelos com armaduras alteradas (M2, M3 e M4). Com
estes resultados conclui-se que os comprimentos de ancoragem dessas armaduras podem ser
diminuídos, visto que as tensões se dissipam mais rapidamente do que o previsto.
Verifica-se ainda que os fluxos de tensões seguem o mesmo comportamento para
os modelos M1, M2, M3 e M4. A evolução das bielas de compressão é proporcional à
evolução da carga aplicada, nota-se que o fluxo de tensões e a propagação das bielas de
compressão ocorrem de forma gradual no interior dos blocos sobre estacas. Como observado
no caso (a), a conformação das bielas de compressão se inicia no nó superior dos blocos e se
propagam até as regiões dos nós inferiores, como pode ser visualizado nos caso (b) e (c).
Considerando que as tensões caminham para pontos mais rígidos da estrutura, pode-se
observar que as tensões situadas na região nodal superior (pilar/bloco) seguem o caminho para
as regiões nodais inferiores (bloco/estaca), pois a rigidez nestes pontos são maiores que no
centro do bloco, onde ocorrem maiores deslocamentos. Observando o fluxo de tensões fica
evidenciado que as bielas de compressão se formam com uma inclinação característica.
Outra constatação notável é que existe uma não uniformidade na distribuição de
tensões nas estacas, notavelmente, as regiões internas das estacas são mais solicitadas,
corroborando para os estudos de Delalibera (2006) e Buttignol (2011). De um modo geral, os
modelos de dimensionamento não consideram distribuição não uniforme dessas tensões,
sendo usual considerar o equilíbrio no centro das estacas. Para o nó superior, observa-se que o
equilíbrio também não pode ser considerado na seção central do pilar, ou seja, a concentração
de tensões é maior em regiões descentralizadas ao pilar, como sugerido pelo modelo refinado
de Adebar, Kuchma & Collins (1990) na Figura 10.
Com o intuito de verificar se os comportamentos acima descritos também são
observados nos outros modelos discutidos, apresentam-se nas Tabela 16 e Tabela 17 as
deformações (ε) e tensões (ζ) nas armaduras para os modelos numéricos oriundos dos
modelos B115P250R2.5 e B127P500R4. As tensões foram calculadas pela Lei de Hooke, a
partir dos resultados das deformações, utilizando os módulos de elasticidade da Tabela 7, item
4.4.2.2. Para cada extensômetro, têm-se as cargas relativas à carga de ruptura (Fu), a 66,0%
de Fu, a 33,0% de Fu e à carga de comparação (Fcomp).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 109

Tabela 16 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B115P250R2.5M1,


B115P250R2.5M2, B115P250R2.5M3 e B115P250R2.5M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcom
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B115P250R2.5M1
2 0,337 66,73 1,524 301,78 3,036 601,19 1,574 311,68
13 -0,057 -11,34 -0,010 -1,94 0,006 1,11 -0,010 -1,98
14 -0,095 -18,91 0,070 13,89 0,105 20,81 0,071 14,03
15 -0,207 -40,97 -0,668 -132,30 -1,385 -274,26 -0,689 -136,50
16 -0,211 -41,72 -0,510 -101,01 -0,926 -183,37 -0,524 -103,84
21 -0,042 -8,27 0,039 7,81 0,027 5,34 0,038 7,45
22 -0,077 -15,17 -0,089 -17,60 -0,076 -14,99 -0,089 -17,55
23 -0,132 -26,14 -0,240 -47,50 -0,502 -99,41 -0,247 -48,95
24 -0,222 -43,88 -0,534 -105,74 -0,975 -193,09 -0,549 -108,69
B115P250R2.5M2
2 0,419 82,97 1,438 284,75 2,775 549,51 1,525 301,98
13 -0,076 -15,05 -0,053 -10,44 -0,061 -12,12 -0,052 -10,34
14 -0,104 -20,59 -0,124 -24,48 -0,270 -53,37 -0,119 -23,64
15 -0,217 -42,91 -0,639 -126,59 -1,336 -264,55 -0,688 -136,14
16 -0,211 -41,68 -0,496 -98,24 -0,900 -178,14 -0,524 -103,80
21 -0,020 -4,05 -0,012 -2,46 -0,012 -2,37 -0,012 -2,46
22 -0,057 -11,25 -0,071 -14,14 -0,075 -14,90 -0,076 -15,03
23 -0,117 -23,17 -0,236 -46,67 -0,465 -92,02 -0,249 -49,35
24 -0,221 -43,84 -0,519 -102,85 -0,944 -186,95 -0,549 -108,71
B115P250R2.5M3
2 0,222 43,96 1,157 229,11 2,313 458,02 1,421 281,39
13 - - - - - - - -
14 -0,085 -16,74 -0,034 -6,74 -0,292 -57,72 -0,012 -2,46
15 -0,186 -36,77 -0,590 -116,73 -1,452 -287,53 -0,727 -144,00
16 -0,191 -37,78 -0,443 -87,62 -0,812 -160,83 -0,525 -103,90
21 - - - - - - - -
22 -0,068 -13,46 -0,091 -18,07 -0,400 -79,21 -0,092 -18,23
23 -0,120 -23,82 -0,194 -38,44 -0,206 -40,69 -0,235 -46,44
24 -0,200 -39,66 -0,462 -91,43 -0,808 -160,00 -0,547 -108,38
B115P250R2.5M4
2 0,251 49,70 1,300 257,43 2,457 486,54 1,486 294,26
13 - - - - - - - -
14 - - - - - - - -
15 -0,194 -38,38 -0,626 -123,96 -1,307 -258,81 -0,720 -142,51
16 -0,201 -39,74 -0,469 -92,87 -0,860 -170,30 -0,524 -103,84
21 - - - - - - - -
22 - - - - - - - -
23 -0,125 -24,69 -0,205 -40,53 -0,422 -83,64 -0,232 -46,02
24 -0,211 -41,76 -0,490 -96,99 -0,901 -178,44 -0,548 -108,48
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 110

Tabela 17 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B127P500R4M1, B127P500R4M2,
B127P500R4M3 e B127P500R4M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B127P500R4M1
2 0,304 61,61 0,868 175,69 1,167 236,35 0,994 201,21
15 -0,049 -9,95 -0,077 -15,67 -0,127 -25,76 -0,123 -24,85
16 -0,118 -23,92 -0,273 -55,25 -0,683 -138,37 -0,432 -87,39
17 -0,266 -53,79 -0,774 -156,66 -1,617 -327,49 -1,253 -253,77
18 -0,170 -34,45 -0,396 -80,24 -0,664 -134,56 -0,569 -115,14
27 -0,021 -4,30 -0,025 -5,01 -0,012 -2,39 -0,013 -2,63
28 -0,031 -6,29 -0,045 -9,19 -0,047 -9,45 -0,051 -10,34
29 -0,060 -12,20 -0,118 -23,94 -0,222 -44,86 -0,172 -34,77
30 -0,132 -26,63 -0,281 -56,83 -0,479 -96,97 -0,397 -80,44
B127P500R4M2
2 0,278 56,26 1,097 222,18 2,229 451,44 1,779 360,30
15 -0,019 -3,88 -0,071 -14,28 -0,322 -65,28 -0,136 -27,48
16 -0,097 -19,55 -0,204 -41,32 -0,697 -141,22 -0,357 -72,36
17 -0,267 -54,06 -0,781 -158,16 -1,647 -333,57 -1,304 -264,10
18 -0,169 -34,25 -0,394 -79,88 -0,665 -134,74 -0,577 -116,86
27 -0,014 -2,74 -0,007 -1,34 0,006 1,23 0,000 -0,03
28 -0,027 -5,40 -0,013 -2,65 -0,028 -5,65 -0,029 -5,94
29 -0,056 -11,39 -0,107 -21,71 -0,207 -41,84 -0,162 -32,71
30 -0,129 -26,03 -0,274 -55,39 -0,465 -94,26 -0,393 -79,57
B127P500R4M3
2 0,235 47,51 0,784 158,68 1,137 230,28 1,000 202,53
15 - - - - - - - -
16 -0,182 -36,94 -0,466 -94,42 -0,750 -151,90 -1,209 -244,86
17 -0,259 -52,44 -0,760 -153,94 -1,558 -315,54 -1,273 -257,82
18 -0,166 -33,58 -0,387 -78,44 -0,653 -132,19 -0,572 -115,85
27 - - - - - - - -
28 -0,044 -8,86 -0,051 -10,25 -0,044 -8,91 -0,067 -13,56
29 -0,058 -11,67 -0,108 -21,83 -0,202 -40,91 -0,165 -33,50
30 -0,127 -25,80 -0,270 -54,64 -0,461 -93,39 -0,395 -80,00
B127P500R4M4
2 0,307 62,12 0,974 197,22 1,868 378,33 1,592 322,43
15 - - - - - - - -
16 - - - - - - - -
17 -0,254 -51,46 -0,735 -148,78 -1,398 -283,14 -1,212 -245,47
18 -0,166 -33,56 -0,384 -77,75 -0,641 -129,86 -0,566 -114,69
27 - - - - - - - -
28 - - - - - - - -
29 -0,056 -11,32 -0,108 -21,77 -0,201 -40,61 -0,164 -33,11
30 -0,127 -25,78 -0,271 -54,95 -0,461 -93,37 -0,397 -80,47
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 111

Os resultados para os modelos apresentados nas Tabela 16 e Tabela 17, para os


modelos numéricos oriundos dos modelos experimentais B115P250R2.5 e B127P500R4,
mostram concordância com os resultados dos modelos da série B110P125R1, discutidos
anteriormente, ou seja, as deformações e tensões nas armaduras de ancoragem também
diminuem ao longo de seus comprimentos. A partir destes resultados é possível concluir que
mesmo com a variação da geometria dos pilares (12,5 cm, 25,0 cm e 50,0 cm) e da taxa de
armadura dos pilares (1,0%, 2,5% e 4,0%), os comportamentos são próximos e as variações
nas tensões ao longo das armaduras ocorrem, no entanto, com algumas ressalvas que serão
discutidas posteriormente.
Seguindo a ordem de apresentação do modelo B110P125R1 também serão
apresentados os valores das tensões nas armaduras para os modelos numéricos da série
B115P250R2.5 e B127P500R4, nas Figura 66 e Figura 67, sendo os casos (a), (b) e (c), as
cargas 0,33Fu, 0,66Fu e Fu, respectivamente.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 112

Figura 66 - Tensões nas armaduras e fluxos de tensões dos modelos B115P250R2.5M1, B115P250R2.5M2,
B115P250R2.5M3 e B115P250R2.5M4, nos casos (a) - 0,33Fu, (b) - 0,66Fu e (c) - Fu.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 113

Figura 67 - Tensões nas armaduras e fluxos de tensões dos modelos B127P500R4M1, B127P500R4M2,
B127P500R4M3 e B127P500R4M4, nos casos (a) - 0,33Fu, (b) - 0,66Fu e (c) - Fu.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 114

Relativamente aos fluxos de tensões, nota-se nos modelos da série B115P250R2.5


e B127P500R4 que a evolução das bielas de compressão são proporcionais à carga aplicada,
se conformando a partir do nó superior até os nós inferiores e que possuem uma inclinação
característica, assim como no modelo B110P125R1. É importante observar a diferença no
formato das bielas, tornando-se visível que a geometria do bloco e do pilar são fatores
preponderantes para o formato e inclinação das bielas de compressão, ficando evidenciado
principalmente quando se compara os modelos das séries B110P125R1 e B127P500R4.
Ainda destaca-se que nos modelos B115P250R2.5 e B127P500R4 o nó superior,
localizado na intersecção pilar/bloco, se forma adentrando o pilar, visto que a rigidez dos
pilares com 25,0 cm e 50,0 cm são maiores se comparados aos modelos B110P125R1, com
12,5 cm, influenciando de forma significativa o surgimento deste nó e consequentemente, a
conformação das bielas de compressão.
Em relação aos nós inferiores, basicamente não há alterações em relação ao
modelo B110P125R1, também se verifica a concentração de tensões na região inferior das
estacas.
De uma geral, para os modelos apresentados nesta seção, nota-se que nos pontos
de monitoração localizados na região dos pilares, as deformações e tensões são praticamente
constantes e o decréscimo ocorre em pontos inferiores à seção de contato pilar/bloco. Este
fenômeno é causado por uma influência positiva das bielas de compressão que se formam na
região nodal superior do bloco. A ocorrência de tensões de compressões nesta região colabora
para uma ação confinante do concreto sobre o aço, melhorando o contato entre os materiais,
aumentando a aderência entre ambos e, consequentemente, dissipando as tensões nas
armaduras mais rapidamente, em seções não tão profundas das armaduras de ancoragem.
Observando-se as armaduras dos tirantes dispostas sobre a cabeça das estacas é
possível verificar a ação confinante das bielas de compressão, citada anteriormente. Nos casos
(a), para todos os modelos apresentados, nota-se que as tensões são maiores nas regiões
centrais das armaduras e, após os acréscimos de carga, as tensões tendem a se igualar ao
longo do comprimento das armaduras dos tirantes, como pode ser verificado nos casos (b) e
(c). É importante notar que existe uma diminuição brusca das deformações e tensões na região
do nó inferior, seção de contato bloco/estacas, onde existem tensões de compressão
provenientes da conformação das bielas de compressão. Assim como ocorre no nó superior, as
tensões de compressão influenciam no contato entre os materiais, aumentando a aderência
entre ambos e, consequentemente, dissipando as tensões mais rapidamente.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 115

A Figura 68 apresenta um modelo isolado com o intuito de visualizar a influencia


das bielas de compressão no comportamento das tensões na armadura de ancoragem.

Figura 68 – Tensões nas armaduras e fluxo de tensões, para o modelo B110P125R1M1, na carga de comparação
(Fcomp).

A partir dessas observações conclui-se que a ancoragem necessária para


transferência de esforços entre pilar e bloco é um valor menor do que os valores
dimensionados e detalhados usualmente em projetos estruturais de concreto armado. Os
resultados apresentados são semelhantes aos dos modelos experimentais de Munhoz (2014),
como pode ser verificado na Figura 57, e no modelo numérico B35P25E25e0 de Delalibera
(2006), como pode ser verificado na Figura 19. Campos (2007) realizou análises
experimentais comprovando que as deformações e, consequentemente, as tensões nessas
armaduras são próximas de zero em pontos localizados a 5,0 cm da base dos blocos.
É importante observar que as tensões nas armaduras se dissipam ao longo da
aplicação da carga nos modelos, influenciadas pela compressão das bielas, como discutido por
Fusco (1994). Destaca-se que a ABNT NBR6118/2014 afirma no item 9.4.2.5 que “permite-
se, em casos especiais, considerar outros fatores redutores do comprimento de ancoragem
necessário”. No entanto, os modelos de dimensionamento de blocos sobre estacas não
consideram esses fenômenos, podendo ser inseridos como casos especiais, mas não
quantificados como fatores de minoração da armadura de ancoragem.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 116

Para uma comparação mais consistente do comportamento dos blocos com


diferentes comprimentos de armadura de ancoragem (M1, M2, M3 e M4) apresentam-se, nas
Figura 69 a Figura 71 os resultados nas cargas de comparação (Fcomp), ou seja, com um
carregamento de 491,83 kN, 500,35 kN e 1035,34 kN para os modelos das séries
B110P125R1, B115P250R2.5 e B127P500R4, respectivamente.

Figura 69 - Tensões nas armaduras e fluxos de tensões dos modelos B110P125R1M1, B110P125R1M2,
B110P125R1M3 e B110P125R1M4, para Fcomp.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 117

Figura 70 - Tensões nas armaduras e fluxos de tensões dos modelos B115P250R2.5M1, B115P250R2.5M2,
B115P250R2.5M3 e B115P250R2.5M4, para Fcomp.

Figura 71 - Tensões nas armaduras e fluxos de tensões dos modelos B127P500R4M1, B127P500R4M2,
B127P500R4M3 e B127P500R4M4, para Fcomp.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 118

As figuras mostram que para uma mesma carga aplicada (Fcomp), dentro de uma
mesma série, os modelos com diferentes comprimentos de armadura apresentam
comportamentos semelhantes, relativamente às tensões nas armaduras e aos fluxos de tensões,
concluindo que essas alterações nas armaduras não influenciam de maneira significativa o
comportamento do bloco apenas com alteração no comprimento das armaduras.
Com a finalidade de verificar a influência das bielas de compressão sobre as
armaduras de ancoragem, a Tabela 18 apresenta a variação (Δζ) das tensões nas armaduras de
ancoragem após a intersecção pilar/bloco (ζ1) em relação às tensões nos pontos de
monitoração adjacentes à intersecção (ζ2), localizados dentro do bloco, sendo, para os
modelos M1, M2 e M3 as tensões nos pontos de monitoração relativos à 10,0 cm dentro do
bloco e, no caso dos modelos M4, as tensões à 3,0 cm dentro do bloco, como pode ser
visualizado na Figura 72. Para os modelos das séries B115P250R2.5 e B127P500R4 são
apresentadas as tensões das duas armaduras dos pilares, sendo que as armaduras externas,
mais próximas à aresta do pilar serão chamadas de “armadura 1”, enquanto que as armaduras
mais centralizadas no pilar serão chamadas de “armadura 2”. No caso do modelo B10P125R1,
por conter apenas os resultados de uma armadura, essa será chamada de “armadura 1”.
Também são apresentadas as porcentagens das variações das tensões (Δζ/ζ1) em relação às
tensões nas armaduras na intersecção pilar/bloco (ζ1).

Figura 72 – Pontos de monitoração das tensões nas regiões das bielas de compressão junto ao pilar.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 119

Tabela 18 – Variação das tensões, para Fcomp, nas armaduras de ancoragem na região das bielas de compressão
junto ao pilar, valores em MPa.
ζ1 ζ2 Δζ = ζ1 - ζ2 Δζ/ζ1 (%)
Arm. 1 Arm. 2 Arm. 1 Arm. 2 Arm. 1 Arm. 2 Arm. 1 Arm. 2
B110P125R1M1 -336,8 - -23,9 - -312,9 - 93 -
B110P125R1M2 -337,8 - -15,9 - -321,9 - 95 -
B110P125R1M3 -337,6 - -18,4 - -319,2 - 95 -
B110P125R1M4 -336,6 - -172,1 - -164,5 - 49 -
B115P250R2.5M1 -136,5 -49,0 1,4 -17,6 -137,9 -31,4 101 64
B115P250R2.5M2 -136,1 -49,4 -23,6 -15,0 -112,5 -34,3 83 70
B115P250R2.5M3 -144,0 -46,4 2,5 -18,2 -146,5 -28,2 102 61
B115P250R2.5M4 -142,5 -46,0 -91,2 -28,7 -51,3 -17,3 36 38
B127P500R4M1 -253,8 -34,8 -87,4 -10,3 -166,4 -24,4 66 70
B127P500R4M2 -264,1 -32,7 -72,4 -5,9 -191,7 -26,8 73 82
B127P500R4M3 -257,8 -33,5 -244,9 -13,6 -12,9 -19,9 5 60
B127P500R4M4 -245,5 -33,1 -237,0 -25,6 -8,5 -7,5 3 23

É importante observar que os modelos das séries B115P250R2.5 e B127P500R4


possuem mais de uma seção armada em cada lado do eixo de simetria do pilar. Neste caso,
como pode ser verificado nas Figura 70 e Figura 71 as tensões são distribuídas de forma
desigual nas armaduras, portanto, deve-se analisar o comportamento das barras
separadamente, contrariando Fusco (1994) que afirma que as barras longitudinais são
submetidas a um mesmo nível de tensões.
Destaca-se para esses dois modelos que existe uma redistribuição das tensões nas
armaduras nas regiões da intersecção pilar/bloco. Nota-se que as tensões nas armaduras 1
aumentam de forma significativa, com decréscimo das tensões nas armaduras 2. Esta
redistribuição é influenciada pelo fato das bielas de compressão se formam em regiões dentro
do pilar, como discutido anteriormente.
Na série B115P125R2.5, onde as tensões a meia altura dos pilares são muito
próximas, verifica-se alteração considerável das magnitudes das tensões ζ1 e decréscimo das
tensões ζ2. No caso dos modelos da série B127P500R4, verifica-se que as tensões nas
localidades a meia altura dos pilares já possuem notável diferença. Isso é decorrência da alta
rigidez do pilar e, consequentemente, o mecanismo de funcionamento do pilar se funde com o
dos blocos, apresentando formação do nó superior em regiões dentro dos pilares.
Ao verificar a relação Δζ/ζ1 nota-se, para os modelos M1, M2 e M3 da série
B115P250R2.5, que as tensões nas armaduras 1 se dissipam de forma mais rápida se
comparadas as armaduras 2. No caso dos mesmos modelos, mas para a série B127P500R4,
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 120

ocorre o contrário, onde as tensões das armaduras 2 se dissipam mais rapidamente se


comparadas as armaduras 1. Esses resultados são relevantes para a compreensão de como as
bielas de compressão influenciam na dissipação dos esforços ao longo das barras, pois nota-se
que para blocos sob pilares de maior dimensão, as bielas tendem a se conformar em áreas
adentrando o pilar, influenciando a dissipação de esforços precocemente.
Observa-se que para os modelos M1 e M2 as tensões se dissiparam quase que
totalmente, para os modelos M3 parte dos modelos apresentaram resultados satisfatórios e,
finalmente, para os modelos M4 as tensões ainda possuem alta magnitude, porém sem ocorrer
escoamento do aço. No caso de alguns modelos M3 e dos modelos M4, há a ocorrência de
tensões residuais na ponta das armaduras diminuídas. Este comportamento pode gerar
problemas localizados no funcionamento dos blocos, como por exemplo, abertura de fissuras
significativas oriundas da concentração de tensões de ponta e até mesmo ruptura do concreto.
Fusco (1994) ainda propõe que o comprimento dessas armaduras de ancoragem
são na ordem de 0,6.lb. No caso, as armaduras de ancoragem dos modelos B110P125R1,
B115P250R2.5. e B127P500R4 são, respectivamente, de diâmetros 8,0 mm, 12,5 mm e 16,0 e
os comprimentos de ancoragem necessários (lb,nec) são, de acordo com o dimensionamento de
Munhoz (2014), 19,34 cm, 36,26 cm e 44,20 cm. Aplicando 0,6.lb para esses valores, temos
11,60 cm, 21,76 cm e 26,52 cm.
No caso, propõe-se que os modelos M2 e M3, com comprimento da armadura de
ancoragem de 20,0 cm e 10,0 cm, respectivamente, sejam um ponto de partida para o estudo
aprofundado deste fenômeno. Verifica-se que para os modelos M2, as tensões foram
dissipadas de forma mais intensa que nos modelos M3, em comprimentos de
aproximadamente 20,0 cm.
Para o modelo B110P125R1M2 e B110P125R1M3, existem tensões residuais na
ordem de -4,88 MPa e -18,37 MPa, respectivamente. No caso, 0,6.lb é 11,60 cm, e, portanto,
não suficiente para dissipar as tensões de adequadamente. No entanto, o diâmetro da armadura
é de 8,0 mm, sendo não usual utilizar esse diâmetro para armaduras longitudinais de pilares.
Nos modelos B115P250R2.5M2 e B115P250R2.5M3, foram encontradas tensões
máximas residuais de -10,34 MPa e -18,23 MPa, respectivamente. No caso, 0,6.lb é 21,76 cm,
próximo dos 20,0 cm utilizados para o modelo M2. Neste caso, verifica-se que 92% da tensão
no topo da armadura dissipou-se ao longo do comprimento de ancoragem da armadura.
No caso dos modelos B127P500R4M2 e B127P500R45M3, existem tensões
máximas residuais de -27,84 MPa e -244,49 MPa, respectivamente. No caso, 0,6.lb é 26,52
cm, e verifica-se que as tensões não se dissiparam de maneira adequada para o modelo M3.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 121

Com isto, observa-se que o comprimento da armadura de ancoragem dos pilares,


assim como a utilização do valor de 0,6.lb deve ser realizada com cautela, visto que o
comportamento dessas armaduras variam de acordo com os modelos analisados. Como foram
verificadas, as tensões se dissipam de forma desigual nas armaduras longitudinais dos pilares.

5.3.3. Panoramas de fissuração e modos de ruptura

A observação dos panoramas de fissuração é essencial para a compreensão dos


mecanismos de funcionamento dos blocos sobre duas estacas. Em muitos casos de pesquisas
experimentais, utilizam-se o rastreamento dos caminhos percorridos pelas fissuras para
compreender o fluxo de tensões no interior dos elementos estruturais estudados. No caso de
simulações numéricas, é possível verificar os resultados dos fluxos de tensões de forma mais
direta, como foi demonstrado nas figuras do item 5.3.2, no entanto, ainda é imprescindível
verificar os panoramas de fissuração e a magnitude das aberturas de fissuras.
Nos modelos simulados numericamente serão discutidos os resultados relativos às
cargas das primeiras fissuras visíveis (Fr,p), das primeiras fissuras inclinadas (Fr,i) e das
primeiras fissuras centralizadas (Fr,c) na região inferior dos blocos. Esses valores, assim como
a relação dessas cargas com as cargas de ruptura (Fu) são apresentados na Tabela 19.
Verifica-se que os modelos numéricos das séries B110P125 e B115P250
apresentaram as primeiras fissuras visíveis (Fr,p), na face inferior do bloco, no mesmo passo
de carga que as primeiras fissuras inclinadas (Fr,i), exceto os modelos B115P250R2.5M2 e
B115P250R4M2. No entanto, para todos os modelos da série B127P500, essas fissuras
surgiram em passos de carga diferentes.
Nota-se, observando as relações Fr,p / Fu e Fr,i / Fu, que as primeiras fissuras
visíveis (Fr,p) e as primeiras fissuras inclinadas (Fr,i) surgiram em passos de carga muito
próximos para os blocos da mesma série, ou seja, para blocos com mesmas geometrias mas
com variações das taxas de armadura dos pilares (1,0%, 2,5% e 4,0%). Ao compararmos
essas relações ao longo das alterações dos comprimentos das armaduras de ancoragem (M1,
M2, M3 e M4), verifica-se que grande parte dos resultados não apresentou variações acima de
5,0%. Assim, as variações nas taxas de armaduras assim como as variações nos comprimentos
das armaduras de ancoragem não são fatores preponderantes para o surgimento de fissuras nos
blocos sobre duas estacas, pois os modelos apresentaram comportamentos similares.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 122

Tabela 19 - Cargas relativas às aberturas de fissuras dos modelos numéricos.


Fu Fr,p Fr,p / Fu Fr,i Fr,i / Fu Fr,c Fr,c / Fu
Modelo
(kN) (kN) (%) (kN) (%) (kN) (%)
B110P125R1
B110P125R1M1 555,00 240,00 43,24 240,00 43,24 370,00 66,67
B110P125R1M2 545,00 240,00 44,04 240,00 44,04 - -
B110P125R1M3 545,00 250,00 45,87 250,00 45,87 - -
B110P125R1M4 535,00 250,00 46,73 250,00 46,73 - -
B110P125R2.5
B110P125R2.5M1 585,00 240,00 41,03 240,00 41,03 290,00 49,57
B110P125R2.5M2 560,00 250,00 44,64 250,00 44,64 - -
B110P125R2.5M3 555,00 250,00 45,05 250,00 45,05 - -
B110P125R2.5M4 550,00 250,00 45,45 250,00 45,45 - -
B110P125R4
B110P125R4M1 600,00 250,00 41,67 250,00 41,67 310,00 51,67
B110P125R4M2 575,00 250,00 43,48 250,00 43,48 - -
B110P125R4M3 565,00 250,00 44,25 250,00 44,25 - -
B110P125R4M4 550,00 250,00 45,45 250,00 45,45 - -
B115P250R1
B115P250R1M1 715,00 250,00 34,97 250,00 34,97 300,00 41,96
B115P250R1M2 700,00 270,00 38,57 270,00 38,57 350,00 50,00
B115P250R1M3 700,00 270,00 38,57 270,00 38,57 360,00 51,43
B115P250R1M4 695,00 270,00 38,85 270,00 38,85 270,00 38,85
B115P250R2.5
B115P250R2.5M1 740,00 250,00 33,78 250,00 33,78 340,00 45,95
B115P250R2.5M2 725,00 240,00 33,10 270,00 37,24 240,00 33,10
B115P250R2.5M3 670,00 260,00 38,81 260,00 38,81 320,00 47,76
B115P250R2.5M4 700,00 270,00 38,57 270,00 38,57 350,00 50,00
B115P250R4
B115P250R4M1 730,00 250,00 34,25 250,00 34,25 310,00 42,47
B115P250R4M2 720,00 230,00 31,94 270,00 37,50 230,00 31,94
B115P250R4M3 690,00 260,00 37,68 260,00 37,68 320,00 46,38
B115P250R4M4 700,00 270,00 38,57 270,00 38,57 350,00 50,00
B127P500R1
B127P500R1M1 1170,00 340,00 29,06 380,00 32,48 340,00 29,06
B127P500R1M2 1155,00 355,00 30,74 380,00 32,90 420,00 36,36
B127P500R1M3 1155,00 340,00 29,44 400,00 34,63 405,00 35,06
B127P500R1M4 1150,00 340,00 29,57 395,00 34,35 435,00 37,83
B127P500R2.5
B127P500R2.5M1 1180,00 330,00 27,97 395,00 33,47 425,00 36,02
B127P500R2.5M2 1165,00 360,00 30,90 380,00 32,62 420,00 36,05
B127P500R2.5M3 1165,00 330,00 28,33 395,00 33,91 435,00 37,34
B127P500R2.5M4 1155,00 340,00 29,44 400,00 34,63 450,00 38,96
B127P500R4
B127P500R4M1 1185,00 340,00 28,69 395,00 33,33 430,00 36,29
B127P500R4M2 1165,00 340,00 29,18 380,00 32,62 390,00 33,48
B127P500R4M3 1155,00 340,00 29,44 395,00 34,20 445,00 38,53
B127P500R4M4 1150,00 360,00 31,30 390,00 33,91 395,00 34,35
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 123

A Figura 73 apresenta os panoramas de fissuração da série B110P125R2.5, para


os passos de cargas relativos às primeiras fissuras visíveis, na face inferior do bloco, e as
primeiras fissuras inclinadas(Fr,i), que surgiram ao mesmo tempo para estes modelos.

Figura 73 – Primeiras fissuras visíveis e inclinadas para os modelos numéricos da série B110P125R2.5.

É possível notar que as fissuras inclinadas surgem na direção das bielas de


compressão, comprovando o fluxo de tensões nesta direção, corroborando para o Método das
Bielas e Tirantes proposto por Blévot & Frémy (1967). As fissuras localizadas na região
inferior do bloco são ocasionadas pela flexão que ocorre no bloco após a aplicação da carga.
Nota-se que os panoramas de fissuração são muito próximos para os modelos com
diferentes comprimentos de armadura de ancoragem. No entanto, as poucas diferenças nos
panoramas de fissuração podem ser explicadas pela baixa magnitude das cargas na etapa
apresentada na Figura 73.
Relativamente ao surgimento de fissuras em seções mais centralizadas da face
inferior dos blocos, nota-se que para os modelos da série B110P125, essas fissuras surgiram
apenas no modelo M1, no entanto, para os modelos das séries B115P250 e B127P500 essas
fissuras surgiram em todos os modelos analisados.
Visto que os diversos modelos numéricos alcançaram a ruptura em passos de
carga diferentes, a comparação entre resultados fica inviável para a carga de ruptura (Fu).
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 124

Assim, serão utilizadas as cargas de comparação (Fcomp), apresentadas nas Figura 74 a Figura
82, sendo 491,83 kN, 500,35 kN e 1035,34 kN para os modelos B110P125, B115P250 e
B127P500, respectivamente. As magnitudes das fissuras são dadas nas escalas de cores, com
a abertura em metros.

Figura 74 – Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B110P125R1.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 125

Figura 75 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B110P125R2.5.

Figura 76 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B110P125R4.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 126

Figura 77 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B115P250R1.

Figura 78 – Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B115P250R2.5.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 127

Figura 79 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B115P250R4.

Figura 80 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B127P500R1.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 128

Figura 81 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B127P500R2.5.

Figura 82 - Panoramas de fissuração, para carga de comparação (Fcomp), dos modelos M1, M2, M3 e M4 de
B127P500R4.

Observando as figuras notam-se comportamentos semelhantes e as fissuras se


concentram basicamente em três regiões distintas. A primeira é na região inferior dos blocos,
partindo da face inferior do bloco e progredindo linearmente para cima, na direção vertical, no
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 129

entanto, nota-se que essas fissuras possuem baixa magnitude de aberturas (como pode ser
verificado na escala de cores) e não alcançam a metade da altura dos blocos, sendo causadas
por flexão. A segunda região também se localiza na porção inferior do bloco, no entanto, não
se iniciam e não alcançam a região mais inferior dos blocos e também possuem baixa
magnitude de aberturas, em alguns casos essas fissuras podem se juntar às fissuras causadas
pela flexão. A terceira região é relativa às fissuras que surgem inclinadas, na direção das
bielas comprimidas, são as fissuras que apresentam maior magnitude de abertura, formando
planos de ruptura que se estendem da região do nó inferior, próximos às estacas, até a região
do nó superior, próximos ao pilar.
As características da fissuração, anteriormente citadas, são comumente descritas
em ensaios de blocos sobre estacas. Diversos autores descrevem estes panoramas de
fissuração e os caminhos de propagação de fissuras em seus trabalhos, sendo próximos aos
resultados apresentados anteriormente, como por exemplo, Blévot & Frémy (1967), Mautoni
(1972), Sam & Iyer (1995), Buttignol (2011), entre outros.
Nota-se que quanto maior a taxa de armadura do modelo, menores são as
aberturas de fissuras. Em relação às alterações no comprimento das armaduras de ancoragem
dos pilares, verifica-se que os panoramas de fissuração dos modelos, M1, M2, M3 e M4,
sofrem poucas alterações para todas as séries de blocos sobre das estacas. A principal
alteração nas fissurações dos modelos é na magnitude das fissuras, nas quais, é possível
verificar que os blocos com comprimento de armadura de ancoragem menores, no geral,
apresentam fissuras com maiores aberturas. Em contrapartida, para a série B110P125R4,
observa-se que o modelo M4 apresentou abertura de fissuras menores que os modelos M2 e
M3, fato também verificado para o modelo B115P125R4.
Assim, conclui-se que a diminuição no comprimento dessas armaduras, tornam os
blocos sobre duas estacas mais suscetíveis à abertura de fissuras, no entanto, os resultados não
apresentaram grandes disparidades.
Relativamente aos modos de ruptura, todos os modelos apresentaram ruína do
concreto nos nós superiores e/ou inferiores. Após intensa fissuração nas direções inclinadas,
surgiram planos de ruptura nas direções das bielas comprimidas e, posteriormente, a
resistência à compressão do concreto (fck) foi atingida. A ruptura dos modelos é influenciada
pelo fenômeno de fendilhamento do concreto, ou seja, surgimento de fissuras paralelas ao
fluxo de tensões de compressão nas bielas, oriundas da ação de esforços de tração
perpendiculares às bielas. Os modos de ruptura dos modelos apresentados estão de acordo ao
discutido no item 5.2.3.
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 130

6. Conclusão

O objetivo principal desta pesquisa foi estudar a influência do comprimento da


armadura de ancoragem dos pilares em blocos sobre duas estacas. Para isto, foram simulados
numericamente blocos a partir de modelos experimentais de referência, com auxílio de um
programa computacional baseado no Método dos Elementos Finitos e considerando a não
linearidade dos materiais. Os comportamentos dos blocos foram analisados parametricamente,
variando os comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares em 34,0 cm, 20,0 cm,
10,0 cm e 3,0 cm. Os resultados analisados foram relativos às curvas carga versus
deslocamento, às cargas de ruptura, às deformações e tensões nas armaduras, aos fluxos de
tensões, aos panoramas de fissuração e aos modos de ruptura.
Os resultados numéricos apresentaram concordância com o comportamento dos
modelos experimentais de referência, gerando resultados qualitativamente positivos. Alguns
resultados apresentados pequenas disparidades, causados principalmente pelas diferenças de
rigidezes entre os modelos. De uma maneira geral os modelos numéricos apresentam-se mais
rígidos que os modelos experimentais, fato também verificado por Delalibera (2006) e
Buttignol (2011).
Uma constatação importante sobre a rigidez dos modelos é que além dos três
motivos citados por Delalibera (2006) para explicar a maior rigidez dos modelos numéricos,
notou-se que os parâmetros utilizados nos elementos de interface, que simulam o contato do
concreto com o aço das chapas, influem na rigidez final do elemento.
Considerando as análises numéricas, observa-se que os blocos simulados
apresentaram comportamentos semelhantes para os mecanismos de funcionamento interno
desses elementos. Observando os fluxos de tensões, os modos de ruptura e os panoramas de
fissuração, nota-se que os resultados seguiram um padrão.
Relativamente às diferentes geometrias e diferentes taxas de armadura dos pilares,
os modelos simulados apresentaram comportamentos semelhantes, mas, notou-se que os
modelos com arestas e taxas maiores apresentaram cargas de ruptura (Fu) mais elevadas, pois
são mais rígidos.
No âmbito da análise numérica paramétrica, os blocos apesentaram poucas
modificações comportamentais após as alterações nos comprimentos das armaduras de
ancoragem. As cargas de ruptura (Fu) pouco alteraram com essas modificações e estes
resultados eram esperados, visto que a ruptura dos blocos sobre estacas é por esmagamento do
concreto na região dos nós superiores e/ou inferiores após o surgimento de fissuras,
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 131

coincidentes com o fluxo de tensões de compressão nas bielas, também conhecido por
fendilhamento do concreto. Para os modos de ruptura e os panoramas de fissuração, nota-se
que os resultados seguiram um padrão.
Quanto às deformações e tensões nas armaduras de ancoragem dos pilares,
verificou-se um decréscimo brusco nos seus valores, principalmente na região da seção de
contato entre pilar/bloco, onde são conformadas as bielas de compressão. É importante
destacar que esse fenômeno foi observado em todos os modelos analisados nesta pesquisa,
tanto nos blocos simulados numericamente quanto para os blocos experimentais, oriundos da
pesquisa de Munhoz (2014).
A rápida dissipação destas tensões foi observada principalmente nos modelos M1,
M2 e M3 e é explicada por uma influência positiva das tensões de compressão que se formam
na região nodal superior do bloco, ou seja, a ação confinante das bielas de compressão auxilia
na transferência dos esforços das armaduras para o concreto.
No entanto, para os modelos M4, com apenas 3,0 cm de comprimento de
ancoragem, as tensões não se dissiparam de forma adequada. Portanto, os modelos M2 e M3,
com respectivamente 20,0 cm e 10,0 cm de comprimento de armadura de ancoragem, são
pontos de partida para um estudo mais aprofundado deste fenômeno.
Levando em consideração o comprimento sugerido por Fusco (1994), de 0,6.lb,
verificou-se realmente que o comprimento de lb pode ser minorada. É importante ressaltar que
a ABNT NBR6118/2014 permite a minoração deste comprimento em casos especiais,
permitindo considerar outros fatores redutores .
Para os pilares com mais de uma seção armada em cada lado do eixo de simetria,
verifica-se que as tensões são distribuídas de forma desigual nas armaduras, portanto, deve-se
analisar o comportamento das barras separadamente, contrariando a afirmação de Fusco
(1994).
Verifica-se que as bielas de compressão também influenciam positivamente no
comportamento das armaduras dispostas sobre a cabeça das estacas, pois se verificou um
decréscimo brusco das deformações e tensões na região do nó inferior.
A partir da análise numérica paramétrica, nota-se que as alterações nos
comprimentos das armaduras de ancoragem não influenciaram de maneira significativa os
comportamentos dos modelos, ou seja, esses comprimentos não são fatores preponderantes
para os mecanismos de funcionamento dos blocos sobre duas estacas. Observaram-se poucas
alterações nas curvas carga versus deslocamento, nas cargas de ruptura, nos fluxos de tensões,
nos panoramas de fissuração e nos modos de ruptura dos modelos M2 e M3, levando a
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 132

conclusão de que os comprimentos das armaduras de ancoragem são valores menores que as
preconizadas pelos códigos normativos e pelos modelos de dimensionamento.
A seguir são apresentadas algumas sugestões para estudos futuros, a fim de
contribuir para pesquisas no âmbito de blocos sobre estacas:
 Realizar análises experimentais com blocos sobre duas estacas alterando os
comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares;
 Realizar análises experimentais e numéricas, baseadas nos mesmos modelos
deste trabalho, no entanto, modelando blocos sobre duas estacas com a largura usual prescrita
pela norma.
 Realizar análises experimentais e numéricas com blocos sobre diversas estacas
(3, 4, 5 ou mais) alterando os comprimentos das armaduras de ancoragem dos pilares;
 Realizar análises experimentais e numéricas com blocos sobre estacas
solicitadas a cargas descentralizadas, gerando momentos fletores;
 Realizar análises experimentais e numéricas em blocos sobre estacas alterando
os comprimentos das armaduras de ancoragem e a seção dos pilares (circular, L, U);
 Realizar ensaios experimentais em blocos sobre estacas, monitorando as
regiões de contato entre aço e concreto, com a finalidade de melhor parametrizar os elementos
de interface em simulações numéricas;
 Realizar ensaios experimentais e numéricos variando o comprimento da
ancoragem das armaduras dos tirantes dos blocos;
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 133

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Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 137

ANEXO A

Tabela A1 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B110P125R2.5M1,


B110P125R2.5M2, B110P125R2.5M3 e B110P125R2.5M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B110P125R2.5M1
2 0,203 40,20 1,211 239,80 2,350 465,35 1,724 341,39
13 -0,064 -12,67 0,010 1,99 0,019 3,80 0,026 5,17
14 -0,136 -26,89 -0,127 -25,15 -0,093 -18,46 -0,144 -28,50
15 -0,314 -62,20 -0,783 -155,13 -1,714 -339,41 -1,199 -237,43
16 -0,404 -80,08 -1,024 -202,77 -2,000 -396,04 -1,521 -301,19
B110P125R2.5M2
2 0,133 26,34 1,058 209,51 2,097 415,25 1,638 324,36
13 -0,061 -12,00 -0,019 -3,83 0,004 0,73 -0,004 -0,70
14 -0,121 -24,02 -0,107 -21,27 -0,057 -11,24 -0,086 -17,10
15 -0,276 -54,55 -0,737 -145,88 -1,641 -324,95 -1,207 -239,01
16 -0,354 -70,06 -0,962 -190,55 -1,930 -382,18 -1,521 -301,19
B110P125R2.5M3
2 0,131 25,94 1,043 206,53 2,064 408,71 1,637 324,16
13 - - - - - - - -
14 -0,119 -23,56 -0,121 -24,04 -0,111 -21,90 -0,101 -19,90
15 -0,275 -54,48 -0,719 -142,46 -1,629 -322,57 -1,206 -238,81
16 -0,354 -70,06 -0,942 -186,57 -1,907 -377,62 -1,521 -301,19
B110P125R2.5M4
2 0,130 25,74 1,042 206,34 2,046 405,15 1,648 326,34
13 - - - - - - - -
14 - - - - - - - -
15 -0,272 -53,80 -0,697 -138,10 -1,547 -306,34 -1,194 -236,44
16 -0,354 -70,06 -0,922 -182,65 -1,873 -370,89 -1,521 -301,19
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 138

Tabela A2 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B110P125R4M1, B110P125R4M2,
B110P125R4M3 e B110P125R4M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fcomp Fu
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B110P125R4M1
2 0,211 41,68 1,061 210,10 1,288 255,05 1,589 314,65
13 -0,060 -12,24 0,004 0,84 -0,004 -0,81 -0,001 -0,14
14 -0,125 -25,38 -0,125 -25,34 -0,160 -32,40 -0,121 -24,55
15 -0,268 -54,36 -0,645 -130,61 -0,911 -184,46 -1,347 -272,81
16 -0,338 -68,37 -0,823 -166,72 -1,134 -229,67 -1,583 -320,60
B110P125R4M2
2 0,126 25,03 0,706 139,82 1,014 200,79 1,325 262,38
13 -0,054 -11,00 0,007 1,41 0,028 5,60 -0,012 -2,44
14 -0,112 -22,62 -0,100 -20,25 -0,086 -17,45 -0,132 -26,71
15 -0,237 -47,94 -0,610 -123,60 -0,923 -186,98 -1,394 -282,33
16 -0,298 -60,29 -0,779 -157,83 -1,134 -229,67 -1,498 -303,39
B110P125R4M3
2 0,124 24,46 0,679 134,50 1,001 198,22 1,262 249,90
13 - - - - - - - -
14 -0,104 -21,00 -0,091 -18,33 -0,073 -14,86 -0,139 -28,07
15 -0,236 -47,82 -0,588 -119,17 -0,923 -186,91 -1,290 -261,26
16 -0,298 -60,29 -0,751 -152,00 -1,134 -229,67 -1,441 -291,85
B110P125R4M4
2 0,122 24,12 0,694 137,49 0,958 189,64 1,153 228,32
13 - - - - - - - -
14 - - - - - - - -
15 -0,231 -46,85 -0,568 -114,98 -0,909 -184,04 -1,159 -234,73
16 -0,298 -60,29 -0,736 -149,12 -1,134 -229,67 -1,363 -276,05
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 139

Tabela A3 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B115P250R1M1, B115P250R1M2,
B115P250R1M3 e B115P250R1M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B115P250R1M1
2 0,292 57,82 1,407 278,61 2,722 539,01 1,542 305,35
13 -0,060 -12,23 -0,003 -0,58 -0,016 -3,21 0,005 1,09
14 -0,102 -20,93 0,167 34,30 0,341 70,09 0,180 37,01
15 -0,236 -48,39 -0,790 -162,20 -1,783 -366,17 -0,881 -181,01
16 -0,245 -50,34 -0,598 -122,77 -1,223 -251,17 -0,657 -134,89
21 -0,044 -9,08 -0,014 -2,83 0,013 2,74 -0,013 -2,65
22 -0,082 -16,80 -0,074 -15,21 -0,079 -16,31 -0,076 -15,60
23 -0,148 -30,46 -0,247 -50,77 -0,557 -114,41 -0,274 -56,31
24 -0,262 -53,70 -0,644 -132,16 -1,331 -273,35 -0,709 -145,55
B115P250R1M2
2 0,251 49,70 1,350 267,33 2,601 515,05 1,522 301,39
13 -0,058 -11,89 -0,028 -5,76 -0,025 -5,15 -0,024 -5,03
14 -0,097 -19,91 0,209 42,86 0,320 65,80 0,247 50,62
15 -0,223 -45,78 -0,786 -161,42 -1,979 -406,43 -0,906 -185,98
16 -0,233 -47,83 -0,579 -118,85 -1,176 -241,52 -0,657 -134,91
21 -0,047 -9,58 -0,002 -0,44 0,020 4,11 0,008 1,65
22 -0,079 -16,23 -0,021 -4,24 -0,013 -2,75 -0,018 -3,71
23 -0,142 -29,12 -0,228 -46,82 -0,517 -106,07 -0,264 -54,20
24 -0,248 -50,97 -0,622 -127,76 -1,279 -262,67 -0,708 -145,34
B115P250R1M3
2 0,250 49,51 1,262 249,90 2,538 502,57 1,452 287,53
13 - - - - - - - -
14 -0,099 -20,33 -0,014 -2,96 0,002 0,42 0,003 0,71
15 -0,223 -45,78 -0,780 -160,27 -1,851 -380,14 -0,901 -185,06
16 -0,233 -47,83 -0,579 -118,83 -1,173 -240,90 -0,657 -134,91
21 - - - - - - - -
22 -0,079 -16,15 -0,097 -19,95 -0,126 -25,96 -0,101 -20,64
23 -0,142 -29,10 -0,232 -47,54 -0,506 -103,86 -0,266 -54,65
24 -0,248 -50,97 -0,622 -127,78 -1,276 -262,05 -0,708 -145,32
B115P250R1M4
2 0,251 49,70 1,288 255,05 2,481 491,29 1,570 310,89
13 - - - - - - - -
14 - - - - - - - -
15 -0,221 -45,39 -0,774 -158,87 -1,765 -362,48 -0,897 -184,11
16 -0,233 -47,83 -0,579 -118,85 -1,155 -237,20 -0,657 -134,91
21 - - - - - - - -
22 - - - - - - - -
23 -0,141 -28,96 -0,230 -47,17 -0,486 -99,83 -0,264 -54,20
24 -0,248 -50,99 -0,623 -127,84 -1,256 -257,94 -0,708 -145,36
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 140

Tabela A4 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B115P250R4M1, B115P250R4M2,
B115P250R4M3 e B115P250R4M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B115P250R4M1
2 0,480 95,05 1,506 298,22 2,997 593,47 1,588 314,46
13 -0,057 -11,56 -0,040 -8,12 -0,017 -3,53 -0,041 -8,28
14 -0,090 -18,31 0,004 0,82 -0,082 -16,55 0,005 0,96
15 -0,182 -36,92 -0,521 -105,52 -0,978 -197,97 -0,556 -112,67
16 -0,183 -36,96 -0,414 -83,79 -0,711 -144,04 -0,435 -88,14
21 -0,034 -6,81 0,005 1,11 -0,118 -23,82 0,007 1,47
22 -0,064 -12,91 -0,083 -16,91 -0,080 -16,25 -0,086 -17,47
23 -0,112 -22,66 -0,193 -39,07 -0,474 -96,02 -0,205 -41,46
24 -0,190 -38,56 -0,424 -85,77 -0,746 -151,03 -0,446 -90,27
B115P250R4M2
2 0,393 77,82 1,388 274,85 2,747 543,96 1,463 289,70
13 -0,059 -11,98 -0,045 -9,08 -0,054 -10,94 -0,048 -9,82
14 -0,094 -19,01 -0,075 -15,14 -0,012 -2,52 -0,080 -16,21
15 -0,188 -38,12 -0,521 -105,48 -1,074 -217,52 -0,567 -114,90
16 -0,183 -36,96 -0,409 -82,75 -0,708 -143,35 -0,435 -88,18
21 -0,029 -5,94 0,001 0,21 0,011 2,31 0,002 0,35
22 -0,052 -10,62 -0,076 -15,36 -0,078 -15,81 -0,080 -16,18
23 -0,102 -20,66 -0,188 -38,16 -0,367 -74,39 -0,201 -40,75
24 -0,190 -38,52 -0,418 -84,58 -0,726 -147,08 -0,445 -90,15
B115P250R4M3
2 0,253 50,10 1,374 272,08 2,464 487,92 1,569 310,69
13 - - - - - - - -
14 -0,078 -15,84 -0,037 -7,41 0,177 35,87 -0,040 -8,03
15 -0,172 -34,88 -0,494 -100,03 -1,065 -215,69 -0,572 -115,81
16 -0,174 -35,26 -0,388 -78,52 -0,666 -134,93 -0,436 -88,24
21 - - - - - - - -
22 -0,059 -12,04 -0,054 -10,94 -0,065 -13,25 -0,056 -11,38
23 -0,108 -21,89 -0,171 -34,57 -0,363 -73,46 -0,196 -39,61
24 -0,182 -36,76 -0,396 -80,12 -0,680 -137,66 -0,445 -90,07
B115P250R4M4
2 0,251 49,70 1,351 267,53 2,468 488,71 1,530 302,97
13 - - - - - - - -
14 - - - - - - - -
15 -0,168 -34,07 -0,509 -103,15 -0,994 -201,29 -0,585 -118,54
16 -0,174 -35,24 -0,393 -79,57 -0,679 -137,46 -0,441 -89,38
21 - - - - - - - -
22 - - - - - - - -
23 -0,107 -21,73 -0,165 -33,50 -0,345 -69,91 -0,191 -38,66
24 -0,182 -36,78 -0,401 -81,19 -0,698 -141,45 -0,450 -91,10
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 141

Tabela A5 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B127P500R1M1, B127P500R1M2,
B127P500R1M3 e B127P500R1M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B127P500R1M1
2 0,304 61,59 1,369 277,26 2,830 573,16 2,224 450,43
15 -0,063 -12,93 -0,076 -15,55 0,013 2,59 0,004 0,75
16 -0,151 -30,97 -0,302 -62,10 -0,388 -79,77 -0,619 -127,17
17 -0,332 -68,24 -1,132 -232,48 -2,901 -595,78 -2,081 -427,37
18 -0,201 -41,30 -0,483 -99,17 -0,864 -177,36 -0,727 -149,20
27 -0,026 -5,41 -0,015 -3,10 -0,002 -0,50 -0,006 -1,23
28 -0,039 -8,08 -0,055 -11,20 -0,082 -16,82 -0,079 -16,19
29 -0,077 -15,73 -0,160 -32,84 -0,333 -68,47 -0,257 -52,78
30 -0,167 -34,36 -0,384 -78,88 -0,721 -148,09 -0,588 -120,74
B127P500R1M2
2 0,288 58,33 1,070 216,71 2,183 442,12 1,748 354,02
15 -0,004 -0,92 0,136 28,01 -0,626 -128,58 0,110 22,65
16 -0,139 -28,44 -0,300 -61,57 -0,989 -203,17 -0,616 -126,53
17 -0,329 -67,65 -1,118 -229,60 -2,822 -579,55 -2,155 -442,57
18 -0,199 -40,77 -0,476 -97,76 -0,858 -176,17 -0,732 -150,25
27 -0,023 -4,62 -0,001 -0,26 0,021 4,21 0,026 5,40
28 -0,037 -7,64 -0,025 -5,19 -0,034 -7,04 -0,045 -9,33
29 -0,074 -15,18 -0,154 -31,57 -0,322 -66,05 -0,248 -50,89
30 -0,164 -33,76 -0,377 -77,32 -0,701 -144,01 -0,585 -120,04
B127P500R1M3
2 0,265 53,71 0,630 127,57 1,031 208,81 0,896 181,47
15 - - - - - - - -
16 -0,176 -36,19 -0,637 -130,84 -4,396 -902,81 -1,501 -308,26
17 -0,326 -66,89 -1,126 -231,25 -2,928 -601,32 -2,167 -445,04
18 -0,198 -40,62 -0,477 -97,90 -0,872 -178,98 -0,732 -150,27
27 - - - - - - - -
28 -0,044 -9,02 -0,053 -10,86 -0,050 -10,34 -0,061 -12,45
29 -0,075 -15,42 -0,154 -31,54 -0,300 -61,61 -0,247 -50,64
30 -0,165 -33,87 -0,376 -77,22 -0,692 -142,14 -0,584 -120,02
B127P500R1M4
2 0,240 48,67 1,338 270,99 2,734 553,72 2,153 436,05
15 - - - - - - - -
16 - - - - - - - -
17 -0,320 -65,70 -1,102 -226,32 -2,657 -545,67 -2,116 -434,56
18 -0,197 -40,48 -0,475 -97,61 -0,858 -176,17 -0,731 -150,21
27 - - - - - - - -
28 - - - - - - - -
29 -0,076 -15,62 -0,154 -31,67 -0,305 -62,72 -0,247 -50,62
30 -0,166 -33,99 -0,377 -77,40 -0,692 -142,12 -0,585 -120,10
Influência do comprimento de ancoragem das armaduras do pilar em blocos sobre duas estacas 142

Tabela A6 - Deformações e tensões nas armaduras dos modelos numéricos B127P500R2.5M1,


B127P500R2.5M2, B127P500R2.5M3 e B127P500R2.5M4.
0,33.Fu 0,66.Fu Fu Fcomp
Extensômetro
ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa) ε (‰) ζ (MPa)
B127P500R2.5M1
2 0,288 58,31 0,746 151,05 1,104 223,59 0,933 189,00
15 -0,046 -9,01 -0,047 -9,24 -0,016 -3,13 -0,080 -15,84
16 -0,138 -27,31 -0,305 -60,36 -0,657 -130,00 -0,474 -93,94
17 -0,301 -59,62 -0,940 -186,04 -2,028 -401,58 -1,561 -309,11
18 -0,188 -37,15 -0,445 -88,14 -0,772 -152,83 -0,647 -128,10
27 -0,023 -4,63 -0,020 -3,99 -0,012 -2,40 -0,011 -2,12
28 -0,036 -7,14 -0,058 -11,40 -0,068 -13,50 -0,070 -13,90
29 -0,070 -13,80 -0,141 -27,86 -0,272 -53,76 -0,212 -42,00
30 -0,151 -29,92 -0,334 -66,04 -0,588 -116,40 -0,485 -95,94
B127P500R2.5M2
2 0,289 58,61 1,065 215,69 2,169 439,29 1,735 351,39
15 -0,019 -3,77 0,006 1,22 -0,412 -81,51 -0,076 -14,98
16 -0,113 -22,44 -0,279 -55,29 -0,818 -161,98 -0,317 -62,81
17 -0,303 -60,06 -0,942 -186,59 -2,044 -404,75 -1,644 -325,54
18 -0,186 -36,91 -0,441 -87,35 -0,766 -151,64 -0,657 -130,06
27 -0,019 -3,84 0,004 0,70 0,025 4,89 0,020 3,92
28 -0,033 -6,45 -0,017 -3,34 -0,032 -6,26 -0,038 -7,50
29 -0,066 -12,99 -0,131 -25,84 -0,256 -50,67 -0,203 -40,10
30 -0,148 -29,27 -0,326 -64,53 -0,573 -113,45 -0,479 -94,93
B127P500R2.5M3
2 0,241 48,81 1,316 266,53 2,716 550,07 2,219 449,41
15 - - - - - - - -
16 -0,190 -37,66 -0,644 -127,49 -5,632 -1115,25 -1,496 -296,24
17 -0,298 -59,05 -0,941 -186,26 -1,996 -395,25 -1,593 -315,45
18 -0,185 -36,69 -0,441 -87,27 -0,764 -151,19 -0,651 -128,85
27 - - - - - - - -
28 -0,045 -8,90 -0,039 -7,76 -0,020 -4,05 -0,043 -8,52
29 -0,068 -13,41 -0,132 -26,10 -0,253 -50,08 -0,205 -40,57
30 -0,149 -29,45 -0,326 -64,57 -0,574 -113,62 -0,482 -95,51
B127P500R2.5M4
2 0,259 52,48 1,037 210,02 2,063 417,82 1,711 346,53
15 - - - - - - - -
16 - - - - - - - -
17 -0,288 -57,03 -0,899 -178,02 -1,846 -365,54 -1,530 -302,97
18 -0,182 -36,10 -0,431 -85,41 -0,754 -149,39 -0,646 -127,92
27 - - - - - - - -
28 - - - - - - - -
29 -0,066 -13,05 -0,129 -25,60 -0,243 -48,18 -0,206 -40,85
30 -0,147 -29,03 -0,322 -63,74 -0,565 -111,96 -0,485 -95,94

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