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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

LUCIENE DE SOUZA KICHEL

FUNDAMENTOS DE MÉTODOS NUMÉRICOS E MECÂNICA DAS ESTRUTURAS


COMPUTACIONAL - PROVA 02

PORTO ALEGRE
2020
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1 EXERCÍCIO 01

O método de montagem apresentado no livro Finite Element Procedures


(BATHE) monta diretamente apenas a matriz de rigidez dos graus de liberdade
ativos. Considerando este tipo de montagem explique:

a. Como devem ser introduzidos deslocamentos impostos diferentes de zero.

a. Os deslocamento imposto deve ser considerado como uma condição de con-


torno e tanto a matriz de rigidez como o vetor de forças devem ser alterados. A matriz
de rigidez deve ter a linha e a coluna correspondente ao deslocamento zerados, consi-
derando o valor 1 na diagonal principal. Já o vetor de forças deve ser alterado utilizando
a seguinte equação:

Fi = Fi ± Kij dj

Onde Fi representa a força na posição i do vetor de forças, Kij representa o


coeficiente da matriz de rigidez na posição ij e dj representa o deslocamento imposto.
Em seguida as demais condições de contorno devem ser introduzidas normalmente no
sistema e o resultado pode ser obtido.

b. Como devem ser introduzidos condições de apoio inclinado.

b. Apoios inclinados podem ser introduzidos a partir de um sistema de referência


local independente para o nó em questão e rotaciona-lo para o sistema global antes de
adicionar os condições de contorno. Isso é feito utilizando uma matriz de rotação [R] e
a transposta dessa matriz [R]T que é montada a partir de senos e cossenos do ângulo
de inclinação do apoio antes da introdução das condições de contorno.
Outra forma de introduzir apoios inclinados é utilizando uma barra curta com área
muito maior do que a área da barra onde está o apoio inclinado, desde que o ângulo
de inclinação não seja alterado. Entretanto, a forma como esse artíficio numérico é
implementada deve ser feita a fim de evitar erros de dados de entrada.

c. Como devem ser introduzidas descontinuidades nos elementos.

c. As descontinuidades dos elementos, como por exemplo, rótulas, são introdu-


zidas em uma matriz de rigidez específica, que leva em consideração o nó em que
a descontinuidade é aplicada. Essa matriz de rigidez é modificada com o intuito de
separar os graus de liberdade normais daqueles que tem descontinuidade.
O cálculo de estruturas com rótulas deve ser feito modificando a matriz de rigidez
local do elemento com rótula e impondo um valor nulo para as linhas e colunas que
apresentam a rótula. O vetor de forças também deve ser alterado para levar em
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consideração as reações de engastamento perfeito ou cargas aplicadas no nó que


apresente rótula. Assim, uma força equivalente deve ser somada ao vetor de forças.
Uma forma alterantiva de considerar descontinuidade é utilizar uma barra curta
com inércia muito menor do que a da barra analisada. Isso tende a alterar a matriz de
rigidez e o vetor de forças do elemento que tem descontinuidade. Entretanto, novamente
devem sertomados cuidados a fim de evitar erros de dados de entrada.
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2 EXERCÍCIO 02

A viga ilustrada na figura é dividida em dois vãos, sendo rotulada nos pon-
tos A e B. No ponto B atua uma mola de rigidez 3000 kN/m. A viga apresenta
seção transversal com A = 864 cm2 e I = 93312 cm4 . O material da viga apre-
senta E = 28000 MPa e ν = 0,2. Pretende-se calcular os deslocamentos, reações
e solicitações nessa viga aplicando-se análise matricial. Nesse contexto analise
os seguintes procedimentos:

a. A viga pode ser analisada considerando-se três elementos e com os nós A,


B, C e D. A rótula “A” deve ser considerada introduzindo-se a descontinui-
dade no momento do nó A, e a rótula B deve ser considerada aplicando-se
a descontinuidade no momento do nó B. Ambas descontinuidades podem
ser aplicadas na mesma barra. Esse processo não afeta a introdução da ri-
gidez da mola nesse nó. Os graus de liberdade do nó C devem ser restritos.

Esse procedimento não pode ser realizado da forma descrita, pois se considerar
ambas as rótulas na mesma barra esta passa a ser considerada como um elemento de
treliça e esta não suporta cargas distribuídas. Portanto, cada rótula deve ser conside-
rada em cada barra separadamente.

b. A viga pode ser analisada considerando-se três elementos e com os nós A,


B, C e D. A rótula “A” deve ser considerada introduzindo-se a descontinui-
dade no momento do nó A, e a rótula B deve ser considerada aplicando-se
a descontinuidade no momento do nó B da segunda barra. Esse processo
não afeta a introdução da rigidez da mola nesse nó. Os graus de liberdade
do nó C devem ser restritos.

Esse procedimento está correto, cada rótula deve ser considerada em barras
separadas levando em consideração as reações de engastamento perfeito e as matrizes
de rigidez local alteradas para cada rótula. A escolha de três elementos impõem um
nó na carga aplicada com valor de -20 kN e isso facilita o cálculo dos deslocamentos
devido a essa carga. Esse processo não afeta a introdução da rigidez da mola, pois
esta deve ser considerada na diagonal principal do deslocamento vertical. Os graus de
liberdade do nó C devem ser restritos em função do engaste que não permite nenhum
tipo de movimento.

c. A viga pode ser analisada considerando-se dois elementos e com os nós A,


B e C. A rótula “A” deve ser considerada introduzindo-se a descontinuidade
no momento do nó A, e a rótula B deve ser considerada aplicando-se a
descontinuidade no momento do nó B da segunda barra. As translações
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do nó A devem ser impedidos assim como os graus de liberdade do nó C.


Esse processo não afeta a introdução da rigidez da mola no nó B.

A viga pode ser analisada considerando-se no mínimo dois elementos e levar em


consideração as reações de engastastamento perfeito para a carga pontual de -20 kN.
Cada rótula deve ser considerada em barras separadas levando em consideração as
reações de engastamento perfeito e as matrizes de rigidez local alteradas para cada
rótula. Todos os deslocamentos nos nós A e C devem ser impedidos, pois isso é uma
condição de contorno do sistema. Esse processo não afeta a introdução da rigidez da
mola, pois esta deve ser considerada na diagonal principal do deslocamento vertical.

d. A viga pode ser analisada considerando-se no mínimo dois elementos. Mais


elementos podem ser empregados para se obter as flechas no meio dos
vãos. As duas translações do nó A devem ser impedidas. A rótula B deve
ser considerada numa das barras que concorre na mesma. Esse processo
não afeta a introdução da rigidez da mola no nó B.

A viga pode ser analisada considerando-se no mínimo dois elementos e levar


em consideração as reações de engastastamento perfeito para a carga pontual de -20
kN. Ao considerar mais elementos e mais nós para a mesma viga, as flechas podem
sim ser calculadas, pois adicionando nós no centro dos elementos pode-se calcular os
deslocamentos desses nós que correspondem às flechas. Todos os deslocamentos no
nó A devem ser impedidos, pois isso é uma condição de contorno do sistema. A rótula B
deve ser considerada em uma barra que concorre a mesma, desde que esta não tenha
nenhuma outra rótula ou descontinuidade. Esse processo não afeta a introdução da
rigidez da mola, pois esta deve ser considerada na diagonal principal do deslocamento
vertical.
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3 EXERCÍCIO 03

A estrutura abaixo apresenta um apoio simples que é posicionado junto à


uma rótula que separa a viga em dois elementos. A viga é modelada por 3 barras
e 4 nós. Considerando o nó B, o procedimento usual de cálculo da reação em B
leva em conta a carga distribuída de 30 kN/m e a carga concentrada que atua em
B? Justifique a sua resposta.
O procedimento usual de cálculo das reações de apoio deve levar em conta o
somatório das forças atuando na estrutura. No caso do nó B, deve-se considerar a
força calculada com as equações de engastamento perfeito para a carga de 30 kN/m,
a carga pontual de 5 kN e o percentual relativo à carga de 20 kN aplicada no nó D.
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4 EXERCÍCIO 04

Dadas as equações de rigidez abaixo e a restrição u1 = u3:


    

2 −1 0   u1   1 
−1 2 −1   u = 0
    
 2 
 
  
0 −1 2 u3 2

a. Impor a restrição aplicando o método Master-Slave, considerar u1 como


grau de liberdade mestre. Resolver o sistema aplicando a eliminação de
Gauss.

Restrição: u1 = u3 . Assim:

     
u1 1 0   1 0   
   u 1
 1 0 1 

 u2

 = 
 0 1 
  [T ] = 
 0 1 

[T ]T = 
    u2   0 1 0
u3 1 0 1 0
    
4 −2   u1   3 
K∧ =  = → u1 = 1, 5 u2 = 1, 5
−2 −2 u2 0
Como u1 = u3 , tem-se:
 
4 −2 
 → L2 = L2 + 0, 5L1
−2 −2
   
4 −2   u1 
 = → u1 = u2 = u3 = 1, 5
0 1, 5 u2

b. Impor a restrição aplicando a função penalidade, deixando o peso w como


um parâmetro livre. Apresente a solução em forma de tabela (valores u1, u2
e u3) para w assumindo os valores 0, 1, 10 e 100. Compare os resultados
com a solução exata do item a).

c. Impor a restrição pelo método dos Multiplicadores de Lagrange. Resolver


aplicando o método de eliminação de Gauss. Comparar resultados com o
item a).

    

2 −1 0   u1   1 − λ 
−1 2 −1   u = 0
    
 2 
 
  
0 −1 2 u3 2−λ
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    

2 −1 0 −1   u1   1 
−1 2 −1 0   u   0
    
 2  = 
 
  → u1 = u2 = u3 = 1, 5 λ = 0, 5
0 −1 2 1   u3   2
    
 
    
−1 0 1 0 λ 0

Observa-se que ambos os métodos de Decomposição de Gauss e Multiplicadores


de Lagrange apresentaram os mesmos resultados para os deslocamentos u1 , u2 e u3 ,
o que era esperado pois ambos os métodos apresentam solução exata. Com relação
aos passos de cálculo, a Decomposição de Gauss aliado ao Método Master-Slave
apresentou vantagem pois reduziu o número de incógnitas.

d. Estabeleça um modelo simples de elementos de barra que pode ser gover-


nado por essas equações.

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