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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marcelo Rocha

O MEDO DO HOMEM CONTEMPORÂNEO: Uma Análise


do Tratamento do Transtorno de Pânico

Taubaté – SP
2017
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marcelo Rocha

O MEDO DO HOMEM CONTEMPORÂNEO: Uma Análise


do Tratamento do Transtorno de Pânico

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado para a obtenção do Diploma
pelo Curso de Graduação em Psicologia
do Departamento de Psicologia da
Universidade de Taubaté.
Orientador: Profa Ms Talitha Vieira
Gonçalves Batista

Taubaté – SP
2017
MARCELO ROCHA

O MEDO DO HOMEM CONTEMPORÂNEO: Uma Análise


do Tratamento do Transtorno de Pânico

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado para a obtenção do Diploma
pelo Curso de Graduação em Psicologia
do Departamento de Psicologia da
Universidade de Taubaté.
Orientadora: Profª Ms Talitha Vieira
Gonçalves Batista.

Conceito final:
Aprovado em:_______/_______/______

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra Ana Cristina Araújo do Nascimento

Profa. Dra Maria Emília Sousa Almeida

Orientadora – Profa. Ms. Talitha Vieira Gonçalves Dias


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho as pessoas que não acreditaram em meu esforço e


dedicação em terminar este curso. Dedico de todo o coração minha esposa
Gabrieli e ao meu filho Matheus por serem meu porto seguro. Dedico a
minha Mãe pela inspiração ética da profissão e por me tornar homem.
Dedico aos meus sogros Tânia e Bill e família por estarem sempre ao meu
lado proporcionando confiança e estabilidade emocional para continuar
em frente. Dedico também especialmente a minha avó Nadir por sempre
acreditar em mim e a minha avó Albertina que hoje mora ao lado do Pai.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus e aos bons espíritos, por terem me dado serenidade e
confiança para não desistir nas horas difíceis da vida.

Agradeço a professora e orientadora Ms. Talitha Vieira Gonçalves Batista, por sempre ter
acreditado em mim e me guiado eticamente e profissionalmente na psicologia.

Agradeço de todo o coração as Professoras Ana Cristina e Maria Emília por terem me dado
todo apoio e atenção durante esses cinco anos de muito aprendizado.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar as produções sobre o Trastorno de Pânico na base de
dados Scielo e BVS utilizando-se da técnica de análise bibliométrica, buscando informações
sobre as formas de tratamento do Transtorno de Pânico. As primeiras descrições do quadro
diagnóstico hoje classificado como Transtorno do Pânico datam do século XIX e passaram
por várias nomenclaturas até chegar a essa definição. Possui uma etiologia complexa,
provavelmente multifatorial, que inclui fatores genéticos, biológicos, cognitivo
comportamentais e psicossociais que contribuem para o aparecimento de sintomas de
ansiedade. Quanto ao diagnóstico, os ataques de pânicos são recorrentes e inesperados. Um
ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso. Alguns
sintomas característicos do TP podem ser observados, falta de ar e sufocamento, taquicardia e
sensações de desmaio, despersonalização e dor toraxica. Em relação ao tratamento percebeu-
se uma variedade de intervenções, como acompanhamento psicoterápico, técnicas de
exposição virtual, autoinstrução, psicofármacos, terapias psicodramáticas e existênciais,
terapias e intervenções psicanalíticas, aprimoramento cognitivo, exercícios físicos e terapia
cognitiva comportamental e medicalização, sendo esta última a mais predominante ao
tratamento. Além disso, apresentou-se relevante avaliar as práticas para o diagnóstico e
tratamento, levando em conta práticas interdisciplinares para uma maior eficácia ao
tratamento.

Palavras-chave: Transtorno de Pânico (TP); Diagnóstico; Formas de Tratamento; Pânico


ABSTRACT

THE FEAR OF CONTEMPORARY MAN: An Analysis of the Treatment of Panic


Disorder

This work aims to analyze the productions on Panic Disorder in the Scielo and VHL database
using the bibliometric analysis technique, seeking information on the ways of treating Panic
Disorder. The earliest descriptions of the diagnostic picture today classified as Panic Disorder
date from the nineteenth century and have gone through various nomenclatures until arriving
at this definition. It has a complex etiology, probably multifactorial, that includes genetic,
biological, cognitive, behavioral and psychosocial factors that contribute to the appearance of
anxiety symptoms. As for the diagnosis, panic attacks are recurrent and unexpected. A panic
attack is an abrupt outbreak of intense fear or intense discomfort. Some characteristic
symptoms of PD can be observed, shortness of breath and suffocation, tachycardia and
sensations of fainting, depersonalization and chest pain. A variety of interventions were
observed, such as psychotherapeutic follow-up, virtual exposure techniques, self-instruction,
psychopharmaceuticals, psychodramatic and life therapies, psychoanalytic therapies and
interventions, cognitive enhancement, physical exercises and cognitive behavioral therapy and
medicalization. the most prevalent treatment. In addition, it was considered relevant to
evaluate the practices for diagnosis and treatment, taking into account interdisciplinary
practices for a greater efficacy to the treatment.

Key words: Panic Disorder (PT); Diagnosis; Forms of Treatment; Panic


LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Autores...............................................................................................................25
TABELA 2 – Periódicos...........................................................................................................26
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Ano de Publicação............................................................................................24


GRÁFICO 2 – Objetivo............................................................................................................28
GRÁFICO 3 – Abordagem Teórica..........................................................................................31
GRÁFICO 4 – Tipo de Pesquisa...............................................................................................35
GRÁFICO 5 – População.........................................................................................................40
GRÁFICO 6 – Instrumentos.....................................................................................................44
GRÁFICO 7 – Conclusão.........................................................................................................49
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
1.1 PROBLEMA ...................................................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 13
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 13
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................................... 13
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................................... 14
1.5 ORGANIZAÇÃO DO PROJETO ...................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 15
2.1 TRANSTORNO DE PÂNICO ........................................................................................... 15
2.1.1 Breve Histórico .............................................................................................................. 15
2.1.2 Etiologia e definição ..................................................................................................... 16
2.1.3 Diagnóstico .................................................................................................................... 18
2.1.4 Formas de tratamento .................................................................................................. 19
3 MÉTODO ............................................................................................................................. 21
3.1 TIPOS DE PESQUISA....................................................................................................... 21
3.2 ÁREA DE REALIZAÇÃO ................................................................................................ 21
3.3 PLANO PARA COLETA DE DADOS ............................................................................. 22
3.5 PLANO PARA ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................... 22
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 55
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57
ANEXO A.................................................................................................................................59
12

1 INTRODUÇÃO

Os Transtornos de Ansiedade segundo (LEPINE, 2002) são os mais prevalentes dos


transtornos psiquiátricos, porem menos de 30% dos indivíduos que sofrem desses transtornos
procuram tratamento. Torna-se difícil identificar a prevalência dos Transtornos de Ansiedade,
pequenas alterações nos critérios diagnósticos, ferramentas de entrevistas ou as metodologias
do estudo afetam os resultados. Análises dos maiores estudos de prevalência de doenças
psiquiátricas nos Estados Unidos mostram que os transtornos de ansiedade afligem 15,7
milhões de pessoas nos Estados Unidos a cada ano e 30 milhões de pessoas nos Estados
Unidos em algum momento de suas vidas.
Um estudo Brasileiro de prevalência dos tranastornos mentais pela CID-10 (DPM-SP),
avaliou uma amostra de 1.464 indivíduos. Nesse estudo, constatou-se a prevalência para a
vida de transtorno de ansiedade generalizada (TAG) de 4,2%, transtorno de pânico de 1,6%,
agorofobia de 2,1%, fobia simples de 4,8%, fobia social de 3,5% e transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC) de 0,3% (ANDRADE et al., 2002).
Os Transtornos de Ansiedade se caracterizam pelo medo e ansiedades excessivos e
perturbações comportamentais relacionados. O medo é uma resposta emocional a uma ameaça
eminente real ou percebida, enquanto a ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Deve-se
ressaltar que o medo e a ansiedade se sobrepõe e também se diferenciam, estando o medo
associado com mais frequência a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, que são
necessárias para luta ou fuga, comportamentos de fuga e pensamentos de perigo imediato. Já a
ansiedade é mais frequentemente associada a tensões musculares e vigilância diante de um
perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva (DSM-V, 2014).
Os Transtornos Ansiosos tendem a ser altamente comórbidos entre si, mas podem se
diferenciar pelos tipos de situações que são temidos ou evitados e pelo conteúdo dos
pensamentos ou crenças associadas, isto se mensura através de exames detalhados desses itens
(DSM-V, 2014).
De acordo com o DSM-V (2014), os transtornos ansiosos compreendem os seguintes
transtornos: Transtorno de Ansiedade e Separação, Mutismo seletivo, Fobia Especifica,
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social), Transtorno de Pânico, Agorafobia, Transtorno
de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento,
Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica, Outro Transtorno de Ansiedade
Especificado e Transtorno de Ansiedade Não Especificado. Dentre os transtornos
13

mencionados, norteamos nosso estudo para o Transtorno de Pânico (TP) por ser o transtorno
de ansiedade que mais acomete a população.
O Transtorno de Pânico acomete aproximadamente seis milhões de norte-americanos
adultos (KESSLER et al., 2005). Este Transtorno se configura entre as questões que mais
preocupam em termos de saúde mental e coletiva, pois sendo um transtorno frequente e
recorrente faz com que os indivíduos que dele sofram tenham sua qualidade de vida
prejudicados.
14

PROBLEMA

A partir de uma análise bibliométrica, este estudo se propõe a compreender o que se


tem publicado acerca do tratamento do Transtorno de Pânico (TP). Para tanto, se propõe a
responder a seguinte questão: quais as formas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP)?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Analisar as produções científicas, na base de dados Scielo e BVS, relacionadas ao


tratamento do Transtorno de Pânico (TP).

1.2.2 Objetivos Específicos

 Identificar os estudos relacionados ao tratamento do Transtorno de Pânico (TP);


 Identificar os itens preestabelecidos em cada artigo: ano de publicação, autor (es),
instituição de ensino, periódicos, objetivos, método, conclusão e formas de tratamento.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo será realizado a partir de uma análise bibliométrica na base de dados Scielo e
BVS. Esta se refere a um conjunto de métodos de pesquisa de caráter qualitativo e
quantitativo que tem como objetivo mapear toda estrutura do conhecimento científica dos
trabalhos (TREINTA et al., 2011).
A partir dos descritores ‘Transtorno de Pânico (TP), Tratamento’; ‘Transtorno de Pânico
(TP), diagnóstico e Tratamento’, foram encontrados 28 artigos. Estes foram selecionados a
partir dos seguintes critérios de inclusão:
• Últimos quinze anos, isto é, artigos no período de 2001 a 2016;
• Artigos em Português/ Brasil.
• Artigos relacionados diretamente com a temática.
15

Totalizaram-se 14 (quatorze) artigos. Após a seleção dos artigos, foram estipulados


critérios a serem analisados em cada artigo.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O Transtorno de Pânico é um problema de saúde e vem sendo estudado por algumas


áreas, como psicologia, psicanálise e medicina. Devido às suas diversas implicações, como
dificuldades de aceitação, relacionamentos interpessoais e sofrimento psíquico, faz-se
necessário um maior conhecimento sobre o caso e, assim promover um tratamento eficaz.
A pesquisa bibliométrica sobre as formas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP)
realizada pela base de dados Scielo e BVS ajudará na obtenção de informações sobre como os
autores estão abordando o Transtorno de Pânico nos últimos quinze anos, permitindo verificar
quantitativamente e qualitativamente os estudos relativos a essa área. Este estudo também
proporcionará maiores conhecimentos teóricos para o estudante e também trará novas
expectativas para a psicologia.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO PROJETO

No capítulo um foi apresentada a introdução, que contempla os seguintes itens:


problema, objetivo geral e específicos, delimitação do estudo, relevância do estudo e
organização do projeto.
No capítulo dois foi realizada uma revisão de literatura sobre o Transtorno de Pânico:
histórico, etiologia e definição, diagnóstico e formas de tratamento.
No capítulo três foi apresentado o método da seguinte forma: tipo de pesquisa, área de
realização, plano para coleta de dados e plano para análise de dados.
No capítulo quatro foram apresentados os resultados e as discussões.
No capítulo cinco foram apresentadas as considerações finais. E, na sequência as
referências.
16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TRASTORNO DE PÂNICO

2.1.1 Contextualização Histórica

O TP surgiu como uma entidade diagnóstica há 37 anos com a publicação do


Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) III em 1980, porem referências
a esse transtorno clinico surgiram muito antes.
Abrão (2004), nos diz que o sentimento de pânico tem uma explicação mitológica. Pã
era um dos deuses da Grécia Antiga e costumava pregar sustos que deixavam as vítimas,
literalmente, em pânico.
Pã era temido por todos aqueles que necessitavam atravessar as florestas á noite, pois
as trevas e a solidão da travessia provocavam pavores súbitos, desprovidos de qualquer causa
aparente e que eram atribuídos a Pã; daí a origem do nome pânico.
Segundo Hetem e Graeff (2004), algumas primeiras descrições do quadro diagnóstico
hoje classificado como Transtorno do Pânico datam do século XIX. Em 1871, Jacob Mendes
da Costa descreveu um quadro que foi observado em soldados durante a guerra civil
americana. Esses soldados eram acometidos por dores torácicas intensas, outros sintomas
cardíacos como palpitações eram observados sem a presença de lesões estruturais
identificáveis pela medicina. Este diagnóstico veio a ser conhecido como “síndrome do
coração irritável”, ou “síndrome DaCosta”.
Outros autores como Kaplan (1999), nos relata que durante a Primeira Grande Guerra
o coração irritável reapareceu nos soldados com outra classificação, nomeada pelo Exército
Britânico de “distúrbio da atividade cardíaca”. Sir Thomas Lewis propôs em 1918 o termo
“síndrome do esforço” para refletir a resposta forçada do indivíduo a esforços moderados.
Posteriormente, B. S. Oppennheimer propôs o termo “Astenia Neurocirculatória”, que
representava melhor os sintomas cardíacos e a exaustão física dos soldados.
Kapczinski (2004) diz que apesar de descrições de ansiedade terem sido publicadas há
mais de 100 anos, o transtorno do pânico só se tornou um diagnóstico oficialmente
reconhecido em 1980 com a publicação do Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders (DSM) III. Antes, todos os transtornos de ansiedade eram considerados uma mesma
doença, e com o avanço da psiquiatria e das medicações, pode-se perceber que cada grupo
17

com características específicas melhorava com determinado fármaco ou psicoterapia, sendo


necessário diferenciar e caracterizar cada tipo de ansiedade.
De todos os transtornos Ansiosos, o Transtorno de Pânico foi o mais estudado nos
últimos 30 anos; no entanto ainda existem lacunas importantes a se preencher em termos
diagnósticos, classificação, etiologia e tratamento dessa condição clínica.

2.1.2 Etiologia e Definição

A etiologia do Transtorno de Pânico segundo (MANFRO et al, 2002) é provavelmente


multifatorial, que inclui fatores genéticos, biológicos, cognitivo comportamentais e
psicossociais que contribuem para o aparecimento de sintomas de ansiedade, algumas vezes
durante a infância, e com manifestações variáveis durante o ciclo vital do homem.
Na classe dos transtornos de ansiedade e especificamente em relação ao Transtorno de
Pânico (TP), espera-se que genes tenham algum papel mais ligado à determinação de
fenótipos intermediários, isto é, características que são comuns, em maior ou menor grau, a
todos os indivíduos, e que estão associados a um ou mais transtornos psiquiátricos de forma
específica ou inespecífica. (MANFRO et al, 2009)
Ainda segundo MANFRO (2009) outros autores dedicaram-se ao estudo das causas
psicodinâmicas associadas ao início do Transtorno de Pânico (TP) ou ao de uma maior
vulnerabilidade psicológica ao transtorno. Pacientes com esse transtorno frequentemente
descrevem-se como crianças medrosas, nervosas e tímidas, e também referem desconforto
com os sentimentos agressivos, sentimentos crônicos de baixa autoestima, frustração e
ressentimento precedentes ao início do Transtorno de Pânico.
Ehlers e Margraf, (1989) através de pesquisas, apontaram que durante um ataque são
detectados disparos repetitivos de neurônios noradrenérgicos do tronco cerebral (locus
coeruleus). Esse excesso de atividade noradrenérgica parece ocorrer na presença de um déficit
relativo na transmissão serotoninérgica.
A teoria psicodinâmica trabalha com o pressuposto de que conflitos internos
inconscientes se relacionam estreitamente com as manifestações ansiosas; portanto, as
frustrações, ressentimentos e relações infantis tornam-se empíricas para a abordagem
terapêutica desse transtorno, assim como uma cuidadosa avaliação da estrutura de
personalidade desse indivíduo. As bases biológicas, sejam elas genéticas ou neuroanatômicas,
18

e as teorias psicológicas, tanto cognitivo-comportamentais quanto psicodinâmicas, não são


inertes: elas estão em constante atualização e evolução conceitual e, ao contrário do que possa
se pensar, não são sozinhas e sim complementares. Um transtorno complexo como o TP só
pode ser bem compreendido com um vasto campo teórico que englobe aspectos de diversas
linhas de pensamento. (MANFRO et al, 2009)

2.1.3 Diagnóstico

Tomamos como base para os critérios diagnósticos nesta pesquisa especificações do


DSM-V (2014) para nos nortear em nossos estudos. Por se tratar de um manual coeso e
completo decidimos submeter este tópico especificamente a ele, por se tratar de um guia para
diversas disciplinas na identificação dos fatores que nos possibilitam identificar os ataques de
Pânico.
A. Ataques de pânicos recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto
abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o
qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado
ansioso

1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.


2. Sudorese.
3. Tremores ou abalos
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
5. Sensações de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico.
7. Náusea ou desconforto abdominal.
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
9. Calafrios ou ondas de calor.
10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação
de estar distanciado de si mesmo).
19

12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.


13. Medo de morrer.
Nota: Podem ser vistos sintomas específicos da cultura (p. ex., tinido, dor na nuca,
cefaleia, gritos ou choro incontrolável). Esses sintomas não devem contar como um dos
quatro sintomas exigidos.
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas
as seguintes características:
1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico
adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um
ataque cardíaco, “enlouquecer”).
2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada
aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter
ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações
desconhecidas).
C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p.
ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo,
doenças cardiopulmonares).
D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., os
ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como no
transtorno de ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas circunscritas, como
na fobia específica; em resposta a obsessões, como no transtorno obsessivo-compulsivo; em
resposta à evocação de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse pós-traumático;
ou em resposta à separação de figuras de apego, como no transtorno de ansiedade de
separação).
Segundo o manual DSM-V (2014) a frequência e a gravidade dos ataques de pânico
variam de forma considerável de caso a caso. Referente a frequência, pode haver ataques
moderadamente frequentes (um por semana) durante meses, pequenos surtos de ataques mais
frequentes (todos os dias) separadas por semanas, meses sem ataques ou ataques menos
frequentes (dois por mês) durante muitos anos. Os Indivíduos que têm ataques de pânico
esporádicos se assemelham com as pessoas que apresentam ataques de pânico mais frequentes
em termos de sintomas do ataque, características demográficas, comorbidade com outros
transtornos, história familiar e dados biológicos.
Em termos de gravidade, os pacientes com transtorno de pânico podem ter ataques
com sintomas completos (quatro ou mais sintomas) ou com sintomas limitados (menos de
20

quatro sintomas), e o número e o tipo de sintomas do ataque de pânico frequentemente


ocorrem de uma forma diferente de um ataque de pânico para outro ataque de pânico seguinte.
No entanto, é necessário mais de um ataque de pânico completo inesperado para que o
diagnóstico de transtorno de pânico seja caracterizado. (DSM-V, 2014)
Conforme o DSM-V (2014) a idade média de início do transtorno de pânico nos
Estados Unidos é de 20 a 24 anos, e poucos casos começam na infância, e o início dos ataques
após os 45 anos é incomum, mas pode ocorrer. O curso habitual, se o transtorno não é tratado,
é crônico, mas com oscilações em seu diagnóstico. Algumas pessoas podem ter surtos
episódicos com anos de espaçamentos entre eles, e outros podem ter sintomatologia grave
contínua e prolongada. Apenas uma minoria dos indivíduos tem remissão completa sem
recaída no espaço de poucos anos.
Dentre os fatores de risco e prognóstico que está especificado no DSM-V (2014),
destacam-se os fatores temperamentais que se caracteriza pela afetividade negativa e
sensibilidade à ansiedade são fatores de risco para o início de ataques de pânico. História de
períodos de medo pode ser um fator de risco para ataques de pânico posteriores. Já os fatores
ambientais se caracterizam pelo tabagismo, que é um fator de risco para ataques de pânico.
Mas a maioria dos indivíduos relatam estressores identificáveis nos meses anteriores ao seu
primeiro ataque de pânico que estão estressores relacionados a bem-estar físico, como
experiências negativas com drogas ilícitas ou de prescrição, doença ou morte na família.

2.1.4 Formas de tratamento

Rangé (2008) parte do pressuposto que a TCC (terapia cognitiva comportamental) é


um tratamento efetivo para o Transtorno de Pânico, variando entre 74% e 95% o seu grau de
eficácia, medida em termos de ausência de ataques de pânico depois de três meses de
tratamento, e com os ganhos se mantendo de modo consistente depois de seguimentos de um
e dois anos.
Os objetivos da terapia cognitiva são os de reestruturar esses pensamentos
catastróficos. Para fazê-lo, é importante para o paciente conhecer as hipóteses básicas do
modelo cognitivo e da terapia cognitiva: que os pensamentos influenciam as emoções e o
comportamento e que, no caso do TP, a ansiedade e o pânico podem ser uma conseqüência de
interpretações distorcidas das sensações físicas. (HELDT, 2008)
21

Heldet (2008) nos diz que a técnica de exposição interoceptiva objetiva que esta
relacionada dentro da TCC, visa corrigir as interpretações catastróficas dos sintomas físicos
sentidos pelos pacientes durante um ataque de pânico. Com a exposição interoceptiva, os
pacientes submetem-se a uma exposição gradual para sentirem-se confortáveis com as
sensações que são submetidos. Essa exposição é feita por meio da provocação intencional dos
sintomas utilizando-se de exercícios físicos.
Para o Transtorno de Pânico, a reestruturação cognitiva visa interromper esse ciclo de
interpretações distorcidas, que é um importante foco de ansiedade. Essa técnica tem início
com a identificação de pensamentos automáticos e segue com sua avaliação, tendo em vista
verificar sua autenticidade, utilidade e as possíveis consequências de sua manutenção e
modificação. O último estágio é a modificação dos pensamentos considerados disfuncionais, a
fim de perceber a realidade de forma mais objetiva e funcional, alterando todos os
sentimentos negativos que acometem o paciente com TP. A reestruturação cognitiva é, então,
estendida às crenças intermediárias e centrais. (Carvalho et al., 2008)
Dentre os tratamentos de transtorno de pânico, encontramos as classes dos
psicofármacos, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) (fluoxetina,
sertralina, paroxetina, fluvoxamina, citalopram e escitaloram) e a venlafaxina, um inibidor de
recaptação da serotonina e da noradrenalina (IRSN), constituem-se a primeira escolha
farmacológica para o tratamento de TP. Os tricíclicos (clomipramina e imipramina) são
igualmente eficazes, mas são menos tolerados que os ISRS e podem ser fatais em superdose;
por esses motivos, eles podem ser utilizados como segunda escolha no tratamento do TP.
(Salum et al., 2008)
Ainda Salum et al., (2008) nos coloca que o uso de benzodiazepínicos como o
alprazolam, clonazepam, diazepam e lorazepam (popularmente conhecidos como calmantes) é
controverso, sendo que algumas diretrizes internacionais recomendam seu uso para casos de
pacientes sem histórico de dependência e permitem o uso concomitante nas primeiras
semanas de uso dos ISRS tendo em vista sua eficácia em curto prazo de 1 dia a 1 semana
enquanto outras não recomendam seu uso pelo risco da dependência. Na prática clínica, seu
uso é corrente e pode auxiliar no tratamento dos pacientes com Transtorno de Pânico. No
entanto, deve-se atentar para o risco de dependência durante todo o tratamento em qualquer
paciente
22

3 MÉTODO

3.1 TIPOS DE PESQUISA

A pesquisa será quantitativa e qualitativa a partir da pesquisa bibliométrica. Conforme


Fonseca (1986) a bibliometria é uma técnica quantitativa e estatística de medição dos índices
de produção e divulgação do conhecimento científico. Surgiu no início do século XX
atendendo a necessidade do estudo e da avaliação das atividades científicas. Desenvolveu-se
inicialmente a partir da elaboração de leis empíricas sobre o comportamento da literatura,
tendo como principal elemento o método de medição da produtividade de cientistas. A
principal diferença entre a tradicional bibliografia e a bibliometria é que esta utiliza mais
métodos quantitativos do que discursivos. Assim, o ponto central da bibliometria é a busca
por uma avaliação objetiva da produção científica.
A análise quantitativa terá como objetivo analisar sistematicamente os seguintes dados
dos artigos: ano de publicação, autor (es), instituição de ensino, periódicos, objetivos, método,
conclusão e formas de tratamento. Já a análise qualitativa visa proporcionar informações
sobre como as formas de tratamentos do Transtorno de Pânico (TP) estão sendo retratadas nos
últimos quinze anos.
O tipo de pesquisa utilizado será o método descritivo, a fim de colher as informações a
que se deseja investigar, utilizando-se dessas informações como forma de levantamento de
dados.
As pesquisas desse tipo segundo Gil (1999) têm como objetivo descrever as
características de uma população ou fenômeno, ou até estabelecer a relação entre variáveis.

3.2 ÁREA DE REALIZAÇÃO

A pesquisa será realizada por meio de um levantamento de dados, utilizando-se da


base de dados da Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS).
A Scielo é uma biblioteca eletrônica que possui uma coleção de periódicos científicos
brasileiros selecionados rigorosamente por um comitê editorial. Mantido pela FAPESP, conta
com o apoio do CNPq desde 2002, e tem sua infraestrutura estabelecida na Universidade
23

Federal de São Paulo (UNIFESP) por meio da Fundação de Apoio à UNIFESP


(FAPUNIFESP).
A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), desenvolvida sob coordenação do Centro
Latino-americano de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), é uma rede de fontes de
informação on-line para a distribuição de conhecimento científico e técnico em saúde.

3.3 PLANO PARA COLETA DE DADOS

Utilizando-se a base de dados Scielo e BVS com os seguinte descritores: ‘Transtorno


de Pânico (TP), Tratamento’ e ‘Transtorno de Pânico (TP), diagnóstico e Tratamento’, foram
selecionados artigos no período de 2001 a 2016, totalizando quatorze (14) artigos. À partir
desta seleção de artigos será desenvolvida a pesquisa bibliométrica, partindo dos objetivos
propostos a este estudo.

3.5 PLANO PARA ANÁLISE DOS DADOS

Este estudo analisou o panorama atual do que foi produzido em relação a temática nos
últimos quinze anos.
Para tanto, para a análise quantitativa utilizou-se os seguintes critérios:
• Ano de publicação: objetivando identificar se houve diferença de publicação no
decorrer dos últimos quinze anos;
• Autor(es): refere-se aos autores que publicaram trabalhos no que diz respeito a
temática;
• Periódicos: identificar as revistas que contiveram publicações acerca do tema na
última década;
• Objetivos: identificar a finalidade das publicações selecionadas;
• Abordagem teórica: analisar as abordagens teóricas que retratam a temática.
• Método:
o Tipo de pesquisa: identificar os tipos de pesquisa encontrados entre as
publicações selecionadas.
o População: identificar a quem o estudo é voltado.
o Instrumentos: identificar os instrumentos utilizados para a coleta dos dados.
24

o Planejamento para análise dos dados: identificar como os dados foram


analisados.
• Conclusão: identificar à quais conclusões os autores chegaram ao final dos estudos.

Para a análise qualitativa, serão definidas categorias temáticas estruturadas ao longo de


todos os artigos.
25

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Por meio das análises das produções sobre Transtorno de Pânico (TP) na base de
dados Scielo e BVS obteve-se informações sobre as formas de tratamento para este transtorno
através da técnica de análise bibliométrica.

Gráfico 1 – Ano de Publicação

4
4

3
3

2 2 2
2

1
1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com o gráfico, verificou-se que o ano de 2008 obteve maiores produções
sobre a forma de tratamento do Transtorno de Pânico (TP) em relação aos outros anos, ou
seja, 4 (28,57%) artigos publicados em cada ano envolvendo a temática formas de tratamento
Transtorno de Pânico (TP).
Já no ano de 2009 foram publicados 3 (21,42%) artigos. Nos anos de 2001, 2007 e
2012 foram publicados 2 (14,28%) artigo respectivamente em cada ano. No ano de 2003 foi
publicado apenas 1 (7,14%) artigo, e nos anos de 2002, 2004, 2005, 2006, 2010, 2011, 2013,
2014, 2015 e 2016 não constaram artigos relacionados à temática formas de tratamento do
Transtorno de Pânico (TP).
Tem-se como hipótese uma aparente despreocupação quanto à forma de tratamento
para o Transtorno de Pânico (TP), devido ao aumento da medicalização, onde o indivíduo
após o diagnóstico clínico já sai com o tratamento medicamentoso, podendo haver pouco
26

interesse sobre pesquisas neste assunto, observando-se ainda um maior interesse em pesquisas
sobre o diagnóstico do Transtorno de Pânico (TP).
Em relação aos autores, torna-se importante ter conhecimento de quais foram os que
mais publicaram sobre a temática formas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP) nos
últimos quinze anos. A seguir, apresentam-se os dados encontrados.

Tabela 1 – Autores
Autores Total
Albina R Torres 1
Alessandra Salina Brandão 1
Ana Teresa De Abreu Ramos-Cerqueira 1
Antonio Egidio Nardi 2
Aristides Volpato Cordioli 1
Bernard Rangé 2
Carolina Blaya 1
Claudia Kami Bastos Oshiro 1
Elizeth Heldt 1
Fernanda Augustini Pezzato 1
Gabriela Bezerra De Menezes 1
Giovanni Abrahão Salum 1
Gisele Gus Manfro 2
Gustavo Alvarenga Oliveira Santos 1
Leonardo F Fontenelle 1
Marcele Regine De Carvalho 2
Márcio Antonini Bernik 1
Márcio Versiani 1
Maria Cristina P Lima 1
Maria Mazzarello Cotta Ribeiro 1
Michael W Otto 1
Rafael Pinto Nunes 1
Rafael C. Freire 1
Ricardo William Muotri 1
27

Sara Mululo 1
Sonia B. Meyer 1
Teng C. Tung 1
Theodor Lowenkron 1
Vera Lopes Besset 1
Yuristella Yano 1
Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com a tabela acima, verificou-se que os autores que mais publicaram nos
últimos quinze anos sobre formas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP) foram Antonio
Egidio Nardi, Bernard Rangé, Gisele Gus Manfro e Marcele Regine De Carvalho com 2
(57,14%) artigos publicados cada, nos quais tem como abordagem teórica a psicologia
Cognitivo-Comportamental, com temas relacionados às fomas de tratamento do Transtorno de
Pânico (TP).
Em seguida, aparecem os autores Albina R Torres, Alessandra Salina Brandão, Ana
Teresa De Abreu Ramos-Cerqueira, Aristides Volpato Cordioli, Carolina Blaya, Claudia
Kami Bastos Oshiro, Elizeth Heldt, Fernanda Augustini Pezzato, Gabriela Bezerra De
Menezes, Giovanni Abrahão Salum, Gustavo Alvarenga Oliveira Santos, Leonardo F
Fontenelle, Márcio Antonini Bernik, Márcio Versiani, Maria Cristina P Lima, Maria
Mazzarello Cotta Ribeiro, Michael W Otto, Rafael Pinto Nunes, Rafael C. Freire, Ricardo
William Muotri, Sara Mululo, Sonia B. Meyer, Teng C. Tung, Theodor Lowenkron, Vera
Lopes Besset, Yuristella Yano com apenas 1 artigo (42,86%) cada, publicado sobre a temática
Formas de Tratamento do Transtorno de Pânico (TP).

Tabela 2 – Periódicos
Periódicos Total
Jornal Brasileiro de Psiquiatria 1
Revista Brasileira de Psiquiatria 3
Revista de Psiquiatria Clínica 1
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 1
Revista Brasileira de Medicina do Esporte 1
Revista Estudos de Psicologia 1
Estudos de Psicologia 1
28

Reverso 1
Revista da Abordagem Gestáltica 1
Revista Brasileira de Psicanálise 1
Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul 1
Revista Latinoamericana de Psicopatologia 1
Fonte: Dados de pesquisa

Por meio da tabela acima, a Revista Brasileira de Psiquiatria foi a responsável por 3
(21,42%) publicações no banco de dados Scielo no período de 2001 à 2008 sobre formas de
tratamento do Transtorno de Pânico (TP).
A Revista Brasileira de Psiquiatria (RBP) é a publicação oficial da Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP) antiga revista ABP, a RBP é publicada trimestralmente em
março, junho, setembro e dezembro, e tem por finalidade publicar trabalhos originais de todas
as áreas da psiquiatria, com ênfase nas áreas de saúde pública, epidemiologia clínica, ciências
básicas e problemas de saúde mental relevantes em nosso meio.
Os periódicos que tiveram menos expressão de publicação, com apenas 1 (7,14%)
artigo publicado no decorrer de quinze anos foram: Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Revista de
Psiquiatria Clínica, Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, Revista Estudos de Psicologia, Estudos de Psicologia,
Reverso, Revista da Abordagem Gestáltica, Revista Brasileira de Psicanálise, Revista de
Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Revista Latinoamericana de Psicopatologia.
29

Gráfico 2 – Objetivos

4 3

2 1 1 1

0
Conceituar e Terapia Terapia TCC e Psicologia do
Intervir Psicodrama Existencial TP Psicofámacos Esporte
Psicanálise TP

Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com o gráfico acima, verificou-se que 8 (57,14%) artigos voltaram-se aos
objetivos relacionados Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e aos Psicofármacos, como
diagnóstico e tratamento do Transtorno de Pânico (TP). Estes artigos propuseram-se a discutir
e analisar as principais estratégias utilizadas para a realização do diagnóstico e tratamento do
Transtorno de Pânico (TP).
Supõe-se que por haver mais estudos positivos do que negativos em relação a Terapia
Cognitiva Comportamental (TCC) e aos Psicofármacos, e há maior possibilidade desse estudo
ser publicado outras vezes. Alguns artigos propuseram uma abordagem múltipla, ou seja,
englobando intervenções psicoterápicas de diversas formas alinhadas ao tratamento
medicamentoso.
O objetivo do artigo “Intervenção baseada na Psicoterapia Analítica Funcional em
um caso de Transtorno de Pânico com Agorafobia” apresenta a análise da relação
terapêutica de um caso de Transtorno de Pânico com Agorafobia baseando-se na FAP para
auxiliar no manejo do padrão de esquiva do processo terapêutico apresentado pelo cliente.
O artigo intitulado “Realidade Virtual no Tratamento do Transtorno de Pânico”
teve como objetivo divulgar o panorama atual do uso de RV (realidade virtual) no tratamento
do Transtorno de Pânico (TP)
30

Já o artigo “Modelos de tratamento para o Transtorno do Pânico” teve como


objetivo discutir os principais modelos de tratamento para o Transtorno de Pânico (TP)
O artigo intitulado “Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno de
Pânico e Agorafobia: Uma história de 35 anos” teve como objetivo descrever a evolução
do conhecimento sobre um tratamento cognitivo-comportamental do transtorno de pânico e
da agorafobia, baseando-se em contribuições de vários pesquisadores e descrevendo como um
tratamento integrativo na medida em que associa tratamento farmacológico e vários tipos de
intervenções cognitivas e comportamentais contribuem para o tratamento desse transtorno.
Já o artigo “Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno de Pânico” teve
como objetivo descrever o uso de técnicas cognitivo-comportamentais no tratamento do
transtorno de pânico, e elucidar que os embora os medicamentos sejam efetivos na redução
dos ataques de pânico, muitos pacientes não respondem adequadamente
a essas intervenções, partindo do pressuposto que a terapia cognitivo-comportamental
fornece um método alternativo e eficaz para tratar transtorno de pânico e
evitação agorafóbica.
.O artigo “Comparação entre os enfoques Cognitivo, Comportamental e
Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno de Pânico” teve como objetivo
revisar a literatura que compara a eficácia dos enfoques cognitivo, comportamental
e cognitivo-comportamental do Transtorno de Pânico destacando as limitações referentes a
esses tratamentos psicológicos e às metodologias de pesquisa aplicadas.
No artigo intitulado “Transtorno do Pânico” teve como objetivo revisar o Transtorno
do Pânico (TP), considerando seus aspectos clínicos, epidemiológicos, diagnósticos e
etiológicos, bem como os avanços no tratamento, uma vez que o TP é uma entidade
nosológica acompanhada de importante prejuízo psíquico e funcional.
Já o artigo “Resistência ao tratamento nos Transtornos de Ansiedade: fobia social,
transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico” teve como objetivo rever
aspectos relacionados à resistência ao tratamento e estratégias farmacológicas no manejo dos
transtornos de ansiedade resistentes ao tratamento do Transtorno de Pânico.
Outra categoria que se destacou nessa pesquisa apresentou 3 (21,42%) artigos
voltaram-se a objetivos relacionados conceituar e intervir na visão Psicodinâmica
(Psicanalise) no tratamento do Transtorno de Pânico (TP). Estes artigos propuseram-se a
discutir e analisar os benefícios desse tratamento na visão Psicodinâmica.
No artigo intitulado “A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e
pânico” teve como objetivo apresentar o conceito de compulsão buscando abordar as
31

manifestações de obsessão, compulsão, fobia e pânico enquanto categorias diagnósticas, e


apontar que a psicanálise e a psicoterapia psicanalítica são abordagens terapêuticas eficazes
nessas categorias diagnósticas para o Tratamento do Transtorno de Pânico.
Já o artigo “Sobre a fobia e o pânico: o que pode um analista? ” teve como objetivo
discutir a especificidade do tratamento psicanalítico das fobias e do pânico.
No artigo “Neurose de angústia e transtorno de pânico” teve como objetivo fazer
um levantamento histórico dos primeiros estudos sobre as crises de angústia e os ataques de
pânico retomando o estudo sobre a Neurose de Angústia feito por Freud, trazendo questões
clínicas referentes ao tratamento psicanalítico e psiquiátrico desses pacientes referente ao
Transtorno de Pânico.
Em terceiro e último lugar, apareceram objetivos com três categorias diferentes
apresentando 1 (7,14%) cada, o qual nos elucida sobre o Tratamento na abordagem
Existencial e Psicodramática, e o Exercício Aeróbio no tratamento do (TP) sendo eles:
“A Espacialidade na compreensão do Transtorno do Pânico: uma análise
Existencial”, tem como objetivo apresentar um caso clínico, bem como sua análise, conforme
os conceitos apresentados, desvelando de que forma o pânico pode ser entendido como um
transtorno no modo de especializar, dando assim subsídios para um entendimento existencial
do transtorno do pânico, bem como possibilitando pensar em formas de condução do
tratamento, diferente das tradicionais.
Já o artigo “Exercício Aeróbio como Terapia de Exposição a Estímulos
Interoceptivos no tratamento do Transtorno de Pânico” teve como objetivo identificar
com diferentes descrições se há uma população “nuclear” com sintomas predominantemente
respiratórios apresentando esquiva de atividade física e a influência do exercício nesta
população.
No artigo intitulado “Tratamento do Transtorno de Pânico com terapia
Psicodramática de grupo” teve como objetivo relatar uma experiência de atendimento
psicoterápico psicodramático grupal para portadores de TP, iniciada em 1996 na Faculdade de
Medicina de Botucatu/Unesp, e discutir aspectos psicodinâmicos desse transtorno.
32

Gráfico 3 – Abordagem Teórica

4 3

3 2

2 1 1 1

Fonte: Dados de pesquisa

Pode-se perceber que a abordagem predominante foi a Cognitiva-Comportamental


com 6 (42,85%) artigos publicados. Nessa abordagem, foram selecionados artigos que
estudaram sobre fatores cognitivos-comportamentais para se explicar o Transtorno de Pânico
em seu diagnóstico, eficácia e tratamento.
O artigo intitulado “Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno de
Pânico e Agorafobia: Uma história de 35 anos” utiliza técnicas de reestruturação cognitiva,
habituação interoceptiva, técnicas respiratórias, de exposição situacional e reestruturação
existencial. O tratamento foi originalmente desenvolvido para atendimentos individuais, mas
depois foi também utilizado para atendimentos em grupo.
O modelo teórico do artigo “Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno de
Pânico” parte do pressuposto que a TCC é tipicamente um tratamento breve, entre 10 e 20
sessões estruturadas, com objetivos claros a serem atingidos. Ela objetiva corrigir
interpretações catastróficas e os medos condicionados das sensações corporais e evitações. É
prática, baseada em tarefas, e os papéis do paciente e do terapeuta são ativos. A TCC pode ser
ministrada individualmente ou em grupos para o tratamento do Transtorno do Pânico (TP).
O artigo “Intervenção baseada na Psicoterapia Analítica Funcional em um caso
de Transtorno de Pânico com Agorafobia” sugere-se que a FAP pode ser uma estratégia
efetiva para lidar com comportamentos referentes à adesão ao processo terapêutico em
33

clientes cujo repertório comportamental selecionado foi um padrão de fuga e esquiva, como
ocorre nos transtornos de ansiedade, objetivar e apresentar a análise da relação terapêutica e a
intervenção baseada na FAP no Transtorno de Pânico com Agorafobia.
O artigo intitulado “Realidade Virtual no Tratamento do Transtorno de Pânico”
nos mostra que na terapia cognitivo-comportamental, o uso de técnicas de exposição é uma
intervenção já estabelecida, que pode ser estendida a ambientes virtuais, de acordo com as
necessidades específicas do paciente. As exposições em ambientes virtuais têm se provado
eficazes no tratamento de vários transtornos e de vários tipos de pacientes: tanto os que não
utilizam computadores quanto os que têm grande contato com esta tecnologia, ressaltando que
a introdução tecnológica não implica nova abordagem teórica da psicoterapia, ou seja, o foco
é justamente potencializar os tratamentos já existentes e expandir a utilidade das técnicas já
utilizadas.
Já o artigo “Modelos de tratamento para o Transtorno do Pânico” apesenta o
Modelo teórico de que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) nos casos de transtorno do
pânico é mais comumente usada. A TCC teria como premissa básica o descondicionamento
das sensações corporais e do medo, utilizando os princípios de aprendizagem para enfraquecer
comportamentos desadaptados. Além disso, utiliza-se de procedimentos que visam à
identificação de pensamentos distorcidos para posterior confrontação com a realidade, ou seja,
procura alterar o sistema de crenças disfuncionais que se encontram subjacentes a essas
cognições.
Este artigo “Comparação entre os enfoques Cognitivo, Comportamental e
Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno de Pânico” nos expõe que a
terapia cognitiva comportamental (TCC) é uma forma eficaz de conduta psicológica que pode
colaborar para o tratamento dos sintomas ou até para a remissão de componentes cognitivos
disfuncionais atrelados aos sintomas autonômicos do TP e de esquiva agorafóbica. Este artigo
também nos presenta como modelo teórico a importância de quatro focos essenciais no
tratamento do TP. São eles: exposição (situacional para esquiva agorafóbica e interoceptiva
para sinais corporais temidos), reestruturação cognitiva focada nas interpretações catastróficas
das sensações corporais, treino de habilidades de tratamento de sintomas corporais
(relaxamento aplicado), treino respiratório como teorias usadas no tratamento do (TP).
Já a abordagem Psicanalítica apresentou 3 (21,42%) artigos publicados, enfatizando
os aspectos interventivos e teóricos durante o Tratamento do Transtorno de Pânico (TP).
No artigo “Neurose de angústia e transtorno de pânico” é abordado a evolução do
conceito de angústia e sua apresentação clínica nos indivíduos submetidos ao real que os
34

invade. As posições de sujeito e objeto são evidenciadas, revelando a falência do


funcionamento psíquico diante de um desamparo radical, levando ao desvanecimento do
sujeito. Mescladas ao estudo da Neurose de Angústia estão as fobias, que se instalam com o
objetivo de evitar a angústia ao fixá-la em um objeto substitutivo.
No artigo intitulado “A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e
pânico” nos esclarece que na terapia psicanalítica as dificuldades do paciente nos
relacionamentos atualizam-se, com frequência, na transferência com o terapeuta. Conflitos em
torno da raiva, da independência e da separação são especialmente proeminentes. Geralmente,
cabe ao terapeuta explorar o temor do paciente de se tornar excessivamente dependente dele à
medida que o tratamento progride. A separação materna precoce, em particular, parece ligada
ao transtorno de pânico. Em alguns casos, verifica-se que o transtorno de pânico é o resultado
de perda interpessoal e pode representar uma forma complicada da privação.
Já no artigo “Sobre a fobia e o pânico: o que pode um analista? O autor faz
corresponder angústia e pânico, justamente, pois entendemos que o pânico é uma nova
roupagem para a velha angústia. Apesar disso, é possível tomar o pânico como um sintoma,
para além de sua dimensão médica de signo, signo de algo que vai mal, de uma disfunção.
Imprescindível, para tanto, partir da suposição da presença da angústia na base desta nova
patologia. A partir disso, diante de alguém tomado pelo pânico, é possível oferecer um sentido
para acalmar a angústia, aplacar o excesso. Essa é a aposta da psicanálise: diante do que
escapa à palavra, reafirmar sua proposta de trabalho pela via da fala, no campo da linguagem.
Na abordagem Psiquiátrica enfatizou-se as intervenções utilizadas à partir da
psicofarmacologia no Tratamento do Transtorno de Pânico (TP), essa abordagem teve 2
(14,28%) de artigos publicados em um período de 15 anos conforme estabelecido por esta
pesquisa.
No artigo intitulado “Transtorno do Pânico” os pacientes com TP seguem um padrão
longo (que pode se estender a até uma década) de visitas às emergências médicas antes do
diagnóstico à procura de uma causa orgânica para seus sintomas. Portanto, além de
psiquiatras, também médicos em geral e, em especial, aqueles que trabalham com atenção
primária e serviços de emergência médica devem estar familiarizados com os critérios do TP.
O conhecimento desses profissionais é de extrema importância ao considerarmos a alta
prevalência dos ataques de pânico na população em geral e a necessidade de saber diferenciar
os ataques de pânico isolados da síndrome completa (o TP) e de outros problemas médicos
que podem se apresentar como uma crise de ansiedade.
35

Já o artigo “Resistência ao tratamento nos Transtornos de Ansiedade: fobia social,


transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico” nos apresenta que os
transtornos de ansiedade são condições psiquiátricas prevalentes que determinam importante
prejuízo funcional, piora na qualidade de vida do indivíduo e um enorme custo social. Embora
diversas medicações eficazes para os transtornos de ansiedade encontrem-se disponíveis, um
número significativo de pacientes não responde adequadamente ao tratamento e muitos
permanecem com sintomas residuais clinicamente significativos.
A abordagem teórica do Psicodrama, Psicologia do Esporte e Existencial
apresentaram apenas 1 (7,14%) artigo cada, evidenciando pouco estudo nessas correntes
teóricas em um período de 15 anos o qual esta pesquisa se propôs a analisar.
No artigo descrito “Tratamento do Transtorno de Pânico com terapia
Psicodramática de grupo” o autor nos coloca luz da abordagem psicodramática, enfatizando
que compartilhar de vivências semelhantes desde o início vem fortalece a coesão grupal e
possibilita apoio, cumplicidade, modelação e estímulo entre os participantes. Com o rápido
entrosamento e a construção de um espaço terapêutico considerado confiável e não-
ameaçador, problemas pessoais passam a ser relatados, permitindo o aprofundamento de
aspectos psicodinâmicos individuais, a partir dos conteúdos trazidos espontaneamente pelos
participantes possibilitando assim a intervenção do terapeuta.
No artigo “Exercício Aeróbio como Terapia de Exposição a Estímulos
Interoceptivos no tratamento do Transtorno de Pânico” o autor nos elucida que há poucos
estudos sobre atividade física e transtorno de pânico, enfatizando que o exercício aeróbio tem
boa resposta como atividade de prevenção em sujeitos saudáveis induzidos ao ataque de
pânico, porém o ritmo da intensidade e duração do exercício ainda precisam ser
caracterizados um melhor diagnóstico. Neste estudo não foi possível classificar a abordagem
teoria usada por se tratar de um estudo ainda em desenvolvimento.
E no artigo “A Espacialidade na compreensão do Transtorno do Pânico: uma
análise Existencial” para compreendermos a abordagem existencial, o texto exemplifica o
conceito da espacialidade, tal como entendida pela Antropologia Fenomenológica de Ludwig
Binswanger, na análise de um caso clínico. Em uma premissa, será esclarecido o significado
do termo alemão Da-sein, em acordo com a ontologia fundamental de Martin Heidegger,
presente em Ser e Tempo. Esse conceito é base, e é a partir dele é que o autor se propõe
entender a categoria da espacialidade conforme a Analítica do Dasein.
36

Gráfico 4 – Tipo de Pesquisa

4 3

2 1 1

0
Experimental Bibliográfica Estudo de caso Bibliométrica

Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com o gráfico acima, pode-se perceber que o tipo de pesquisa que teve a
maior quantidade de material publicado foi o estudo bibliográfico, com 9 (64,28%) artigos
publicados nos últimos quinze anos. Neste tipo de pesquisa foram elegidos artigos que
discorriam sobre as formas de tratamento do Transtorno de Pânico.
Segundo Gil (2010, p. 29) a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material
já publicado, incluindo material impresso, como livros, jornais, teses, dissertações, revistas e
anais de eventos científicos. A principal característica desse tipo de pesquisa é que a revisão
permite explorar uma gama de fenômenos mais ampla do que poderia pesquisar diretamente.
O artigo “Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno de Pânico” utilizou
da revisão narrativa a partir dos bancos de dados do Medline, Scielo e PsycInfo e de livros
texto especializados para descrever os fundamentos da terapia cognitivo-comportamental no
tratamento do transtorno pânico e revisar as evidências de eficácia do tratamento a curto e
longo prazo, discutindo o uso concomitante da medicação com a terapia cognitivo-
comportamental.
Já o artigo “Modelos de tratamento para o Transtorno do Pânico” apesenta o
Transtorno de Pânico salientando suas prevalências que são 8,8% (lifetime) e 5,1% (em 12
meses), sendo 3,5% pânico e 5,3% agorafobia sem pânico (lifetime) e 2,3% pânico e 2,8%
agorafobia sem pânico (em 12 meses). Também é mais comum em mulheres, na proporção de
37

três mulheres para cada homem, com igual frequência nos centros urbanos e rurais,
relacionando suas bases biológicas que parecem estar relacionados às alterações nos
neurotransmissores monoaminérgicos cerebrais. Esta pesquisa bibliográfica também nos
esclarece a importância do tratamento psicofarmacológico, os aspectos psicológicos deste
transtorno e o tratamento concomitante com a terapia cognitiva-comportamental.
Este artigo “Comparação entre os enfoques Cognitivo, Comportamental e
Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno de Pânico” parte de uma
revisão sistemática da literatura, principalmente por meio da base de dados PubMed, para
discorrer sobre a terapia cognitivo-comportamental como modalidade psicoterapêutica mais
estudada no Transtorno de Pânico (TP). Verificou-se também através desse tipo de pesquisa
diversas nuances na forma de tratamento do TP como tratamentos psicofarmacológicos e
outras formas de psicoterapias não estruturadas, assim como o provimento da psicoterapia de
forma inapropriada ou insuficiente, o que propicia o estabelecimento de sintomas residuais
nos pacientes tratados.
No artigo “Neurose de angústia e transtorno de pânico” é descrito a ordem
cronológica do conceito de angustia e neurose de angustia descrito por Freud, passando, nesse
intervalo, pelas fobias, neurose de terror, ansiedade paroxística, síndrome do pânico,
chegando aos compêndios psiquiátricos atuais como Transtorno de Pânico. Também se
destaca nesse tipo de pesquisa a indústria farmacêutica, baseada nas causas orgânicas que
acometem o transtorno de pânico, onde muito se desenvolveu e avançou na criação e eficácia
de produtos para a contenção dessas crises. A produção de medicamentos, direcionando-os,
cada vez mais, para sintomas específicos, ainda não pode ser considerada totalmente eficaz,
pois não garante a evitação da crise de angústia, e não consegue impedir que os pacientes se
sintam ameaçados pela reincidência dessas crises.
No artigo intitulado “A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e
pânico” o autor revisa as características diagnósticas do Transtorno de Pânico a partir da
psicodinâmica apontando as dificuldades do paciente nos relacionamentos apresentando-se
com frequência, na transferência com o terapeuta.
Já no artigo “Sobre a fobia e o pânico: o que pode um analista? através da
bibliografia estudada, apresenta-se neste artigo uma revisão da postura e dos procedimentos
que um analista deve ter frente a pacientes com características diagnósticas de angustia e
pânico. As pesquisas realizadas nesse interim nos elucida que o pânico é uma nova roupagem
para a velha angustia.
38

No artigo intitulado “Transtorno do Pânico” os autores realizaram uma revisão


narrativa da literatura nas principais bases de dados existentes (Medline, Psychinfo e Scielo) e
em livros textos atualizados referentes aos dados obtidos sobre o tratamento do Transtorno de
Pânico (TP).
Já o artigo “Resistência ao tratamento nos Transtornos de Ansiedade: fobia
social, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico” utiliza a revisão
narrativa para discutir os diversos aspectos conceituais relacionados à resistência ao
tratamento, os possíveis preditores dessa resistência, estratégias a serem utilizadas no manejo
dos transtornos de ansiedade (incluindo transtorno de ansiedade social, transtorno de
ansiedade generalizada e transtorno do pânico) que não estão respondendo de uma forma
satisfatória às abordagens terapêuticas convencionais.
No artigo “Exercício Aeróbio como Terapia de Exposição a Estímulos
Interoceptivos no tratamento do Transtorno de Pânico” os autores utilizaram a busca on-
line, através das bases de dados ISIS (Pub Med), Medline, Lilacs e Scielo no período de 1995
a 2005. Para que essa pesquisa fosse ampla e abrangente foram utilizados apenas os termos:
atividade física e transtorno de pânico como os descritores da pesquisa. Posteriormente foram
selecionados os artigos para serem incluídos nesta revisão. Artigos anteriores, cuja referência
constava nos artigos selecionados, foram também selecionados.
Seguindo o tipo de pesquisa, pode-se verificar que o estudo de caso foi o tipo de
pesquisa mais utilizado, ficando com 3 (21,42%) artigos publicados em um período de quinze
anos.
Segundo Gil (2010, p.37) o estudo de caso é uma modalidade de pesquisa utilizada
nas ciências biomédicas e sociais. É um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, onde permite um amplo e detalhado conhecimento.
O artigo “Intervenção baseada na Psicoterapia Analítica Funcional em um caso
de Transtorno de Pânico com Agorafobia” apresenta um estudo de caso onde a intervenção
baseada na FAP foi adotada para auxiliar no manejo do padrão de esquiva do processo
terapêutico apresentado pela cliente, que no decorrer das sessões, foi possível identificar
que estas e outras queixas da cliente eram condizentes com o diagnóstico de Transtorno de
Pânico com Agorafobia, contribuindo assim para a identificação do padrão comportamental
de fuga e esquiva do enfrentamento de situações-problema nas sessões de terapia.
No artigo descrito “Tratamento do Transtorno de Pânico com terapia
Psicodramática de grupo” o terapeuta prestou atendimento a um grupo com média de oito a
dez pacientes em sessões mensais de duas horas de duração, nas quais se utilizam técnicas
39

psicodramáticas de terapia em grupo com pacientes que tinham o uso associado de


psicofármacos como regra. A temática é aberta, centrando-se tanto em aspectos próprios do
Transtorno de Pânico apresentando sintomas como; preocupações hipocondríacas; limitações
e dependência; reações dos familiares; estratégias de exposição e enfrentamento; efeitos e
reações dos medicamentos e problemas individuais específicos.
E no artigo “A Espacialidade na compreensão do Transtorno do Pânico: uma
análise Existencial” apresenta-se um caso clínico sob a luz da análise existencial de Ludwig
Binswanger, partindo do pressuposto do conceito de espacialidade como categoria central na
compreensão clínica aqui apresentada, elucidando o conceito de espacialidade segundo a
ontologia fundamental de Heidegger, em Ser e Tempo. Este artigo traz à luz o conceito de
pânico, de acordo com a análise existencial aplicada a este estudo de caso.
Logo em seguida vem a pesquisa experimental, com 1 (7,14%) artigo, tem-se como
base levantar os critérios e instrumentos utilizados a fim de obter resultados sobre o
diagnóstico e tratamento do Transtorno de Pânico (TP).
Segundo Gil (2010, p.31) a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto
de estudo, selecionando as variáveis e vai definir as formas de controle e observar o efeito que
a variável produz no objeto.
No artigo intitulado “Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno
de Pânico e Agorafobia: Uma história de 35 anos” foram utilizadas técnicas de
reestruturação cognitiva, habituação interoceptiva, técnicas respiratórias, de exposição
situacional e reestruturação existencial. Este tratamento foi originalmente desenvolvido para
atendimentos individuais, mas depois foi também utilizado para atendimentos em grupo. Essa
técnica foi criada para que terapeutas pudessem desenvolver terapeutas e trabalhar em locais
onde não existisse uma terapia cognitivo-comportamental qualificada, em um modelo de
tratamento passo-a-passo. Os resultados têm sido muito satisfatórios, com exceção de
algumas intervenções, como o treinamento em assertividade e o relaxamento muscular.
A pesquisa bibliométrica, também presentou apenas 1 (7,14%) artigo, referinde-se a
um conjunto de técnicas e procedimentos para analisar e quantificar uma literatura científica
específica.
Este artigo “Realidade Virtual no Tratamento do Transtorno de Pânico” revisou
a literatura sobre o tratamento do Transtorno de Pânico a partir da RV (realidade virtual) foi
com metodologia sistemática na base de dados PubMed, por meio das palavras-chave: virtual
reality e panic disorder. A partir das referências, foram selecionados os artigos sobre o
40

transtorno de pânico e realidade virtual e aqueles que continham conceitos sobre exposição a
partir de realidade virtual e sobre o conceito de presença.
41

Gráfico 5 – População

4 3 3

2 1

0
Crianças e Psicólogos Adultos de Psicanalistas
Adolescentes e/ou ambos os
Psiquiatras sexos

Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com os dados acima, os artigos com maiores publicações referente a


população foi o de psicólogos e psiquiatras, com 7 (50%) no total.
Tem-se por hipótese de que o maior interesse de se estudar o Transtorno de Pânico
está relacionado em como psicólogos e psiquiatras entendem e compreendem esse transtorno.
O artigo mencionado abaixo nos traz a importância de um trabalho multidisciplinar entre
esses saberes, uma vez posto que os tratamentos psicofarmacológicos e psicoterápicos devem
caminhar juntos para uma melhor qualidade de vida desses pacientes. Destinado a população
desses profissionais esses artigos enriquecem a demanda que o Transtorno de Pânico (TP)
requer.
No artigo intitulado “Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno
de Pânico e Agorafobia: Uma história de 35 anos” o autor descreveu a evolução do
conhecimento sobre um tratamento cognitivo-comportamental do transtorno de pânico e
da agorafobia. É baseado em contribuições de vários pesquisadores e descrito como um
tratamento integrativo acompanhado com tratamento farmacológico e alguns tipos de
intervenções cognitivas e comportamentais baseadas em estudos realizados por psicólogos e
psiquiatras de ambos os sexos.
O artigo “Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno de Pânico” utilizou
da revisão narrativa sobre os estudos e pesquisas realizadas por psicólogos e psiquiatras de
42

ambos os sexos para um entendimento sistemático do Tratamento do Transtorno de Pânico


(TP).
Já o artigo “Modelos de tratamento para o Transtorno do Pânico” o autor descreve
modelos de tratamento para o Transtorno de Pânico com o uso concomitante entre a Terapia
Cognitiva Comportamental e a Psicofarmacologia desenvolvida por Psicólogos e Psiquiatras.
Este Transtorno está associado a uma diminuição marcante da qualidade de vida. No
Transtorno do Pânico, é comum a procura contínua por serviços médicos em busca de uma
explicação para os sintomas físicos e psicológicos apresentados durante as crises.
Este artigo “Comparação entre os enfoques Cognitivo, Comportamental e
Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno de Pânico” parte de uma
revisão sistemática da literatura desenvolvida para estudos populacionais de psicólogos e
psiquiatras, partindo do pressuposto que a reestruturação cognitiva visa interromper esse
ciclo de interpretações distorcidas, que é um importante foco de ansiedade no TP. A técnica
tem início com a identificação de pensamentos automáticos e segue com sua avaliação, tendo
em vista verificar sua veracidade, utilidade e as possíveis consequências de sua manutenção e
modificação.
No artigo intitulado “Transtorno do Pânico” o Transtorno de Pânico está classificado
no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, Text Revision
(DSM-IVTR), dentro do grupo dos transtornos de ansiedade, e os critérios definidos pelo
DSM-IV-TR são muito semelhantes aos encontrados na Classificação Internacional de
Doenças 10 (CID-10). A Partir disso este estudo se destina a psiquiatras e psicólogos,
norteando seus estudos e métodos de atendimento, visando integrar diversas formas de
tratamento aliados a psicofarmacologia no Transtorno de Pânico.
Já o artigo “Resistência ao tratamento nos Transtornos de Ansiedade: fobia social,
transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico” relata que os transtornos de
ansiedade são condições psiquiátricas prevalentes que determinam importante prejuízo
funcional, déficits na qualidade de vida do indivíduo e um prejuízo social. Diversas
medicações eficazes para os transtornos de ansiedade encontrem-se disponíveis, um número
significativo de pacientes não responde adequadamente ao tratamento e muitos permanecem
com sintomas residuais clinicamente significativos. Nesse texto discute-se os diversos
aspectos conceituais relacionados à resistência ao tratamento com psicofármacos, os possíveis
colaboradores dessa resistência e estratégias a serem utilizadas no manejo dos transtornos de
ansiedade (transtorno do pânico) que não respondem às abordagens terapêuticas
convencionais.
43

No artigo “Exercício Aeróbio como Terapia de Exposição a Estímulos


Interoceptivos no tratamento do Transtorno de Pânico” os autores através de dados
bibliométricos, revisaram um estudo comparando pacientes com transtorno de pânico
submetidos ao tratamento com clomipramina, pacientes expostos a um treinamento aeróbio de
corrida e um grupo placebo em relação ao grupo de corrida. Os autores observaram melhora
no tratamento com clomipramina em todas as escalas em relação ao grupo placebo, o
exercício aeróbio tem boa resposta como atividade antipânico em sujeitos saudáveis induzidos
ao ataque de pânico, porém a otimização de intensidade e duração do exercício ainda
precisam ser caracterizados para a resposta desejada. Destinado a psicólogos e a psiquiatras,
essa pesquisa apresenta pouco estudo nessa abordagem.
Já as publicações que tomaram como principal estudo as pesquisas relacionadas ao
conhecimento de Psicanalistas sobre o Transtorno de Pânico foram 3 (21,42%) publicações e
quanto aos adultos de ambos os sexos foram também 3 (21,42%) publicações cada em um no
período de quinze anos estabelecido por esta pesquisa.
No artigo “Neurose de angústia e transtorno de pânico” a autora descreve e nos
instiga a acompanhar como a expressão Síndrome de Pânico veio em substituição à
nomenclatura anterior, chegando a Transtorno de Pânico. É abordada ainda a evolução do
conceito de angústia e sua apresentação clínica nos pacientes. As posições de sujeito e objeto
são evidenciadas, revelando a falência do funcionamento psíquico diante de um desamparo
radical, levando ao desvanecimento do sujeito, norteando aos psicanalistas uma melhor
compreensão do Transtorno de Pânico aliados a uma diretriz para o tratamento deste
transtorno de ansiedade.
No artigo intitulado “A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e
pânico” o autor descreve a partir de uma visão psicodinâmica as dificuldades do paciente nos
relacionamentos apresentando dentro do enfoque psicanalítico. A relação transferencial com o
terapeuta e suas nuances são expostas para que os psicanalistas compreendam e tratem seus
pacientes de forma mais eficaz.
Já no artigo “Sobre a fobia e o pânico: o que pode um analista? a autora discuti a
especificidade do tratamento psicanalítico das fobias e do pânico. Alguns percalços mostram-
se nessa proposta de trabalho pela via da palavra. Especialmente, o fato dessas manifestações
patológicas frequentemente se apresentarem para o sujeito que delas sofre sob o modo de uma
inibição e não sob a forma de um sintoma que almeja ser decifrado. A autora destina este
texto a população dos Psicanalistas, onde os mesmos são emergidos, partindo dos autores da
psicodinâmica o que podem, ou não fazerem no set terapêutico.
44

O artigo “Intervenção baseada na Psicoterapia Analítica Funcional em um caso


de Transtorno de Pânico com Agorafobia” relata um estudo de caso com a paciente
Virgínia (nome fictício), sexo feminino, 47 anos; separada há três anos; mãe de quatro filhos,
dois homens e duas mulheres entre 20 e 26 anos (com quem residia); funcionária pública,
onde foi possível identificar que as queixas da cliente eram condizentes com o diagnóstico de
Transtorno de Pânico com Agorafobia: ataques de pânico (sudorese, taquicardia, tremores,
náusea, formigamento das mãos) em locais públicos e transportes coletivos, que passaram a
ser evitados; preocupação acerca de sofrer outros ataques; medo de sair de casa, acompanhado
de ânsia de vômito; dificuldade de ingestão de alimentos e medicações devido à náusea
constante.
No artigo “Realidade Virtual no Tratamento do Transtorno de Pânico”
submeteram-se a este estudo pacientes adultos de ambos os sexos diagnosticados com
agorafobia ao tratamento de exposição virtual, que incluía treino em relaxamento, em dez
diferentes cenários, para verificar sua eficácia.
No artigo descrito “Tratamento do Transtorno de Pânico com terapia
Psicodramática de grupo” foram realizados atendimentos psicoterápicos grupal descrito no
em setembro de 1996 na FMB/Unesp, destinando-se a adultos de ambos os sexos, portadores
de Transtorno de Pânico, segundo critérios diagnósticos do DSM-IV. Foram realizadas
sessões de duas horas semanais. O número de participantes variou de 6 a 12 (média: 9); a
temática é aberta; utilizam-se técnicas psicodramáticas.
As publicações referentes a população de adolescentes e crianças com Transtorno de
Pânico totalizaram 1(7,14%) artigo cada durante esta pesquisa.
O artigo “A Espacialidade na compreensão do Transtorno do Pânico: uma
análise Existencial” apresenta-se um caso clínico de um atendimento que ocorreu em um
Serviço de Psicologia vinculado a uma Faculdade de Psicologia, de um adolescente de 14
anos Lucas (nome fictício). O jovem foi atendido na abordagem existencial, o caso nos
apresenta um exemplo de como uma categoria própria ao Dasein (a espacialidade) aparece
como elemento a ser compreendido dentro do quadro de uma sintomatologia específica.
45

Gráfico 6 – Instrumentos

4 3

3 2

0
Testes Publicações Consulta
Científicas Banco de
dados digital

Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com o gráfico acima, pode-se perceber que o instrumento mais utilizado
para o estudo referente às formas de tratamentos do Transtorno de Pânico (TP) nos últimos
quinze anos foram as publicações científicas, com 9 (64,28%) publicações. Através das
consultas das bases eletrônicas o pesquisador colhe informações a partir das teorias
publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais, enciclopédias, anais, meios
eletrônicos, etc. Este instrumento é de suma importância para que se conheça e analise as
principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto.
Podemos deduzir que a pesquisa bibliográfica, utilizando-se de diversos instrumentos
como as publicações científicas, nos traz informações importantes para um maior
entendimento sobre o conhecimento e tratamento do Transtorno de Pânico (TP).
No artigo intitulado “Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno
de Pânico e Agorafobia: Uma história de 35 anos” o autor descreveu o tratamento
cognitivo-comportamental para o transtorno de pânico e agorafobia através da história de 35
anos desse tratamento, permeando por diversos pesquisadores. Todo esse material de pesquisa
fundamentou o protocolo criado pelo autor, Vencendo o Pânico: Programa de Tratamento
Multicomposto Específico para o Transtorno de Pânico e a Agorafobia. Ele é constituído de
oito sessões (a primeira versão era constituída de seis sessões) de tratamento cognitivo-
comportamental, com duas sessões de avaliação inicial, mais uma bateria de escalas a ser
46

preenchidas em casa; e ainda uma reavaliação das escalas ao final da penúltima sessão, que
novamente os pacientes levavam para preencher em casa. Nessa sessão são aplicadas
entrevistas estruturadas além de uma variedade de testes, escalas e inventários que os
pacientes levam para casa para preencher: Questionário de Pânico e de Crenças de Pânico,
Inventários Beck de Depressão e de Ansiedade, Inventário de Ansiedade Traço Estado, Escala
de Sensações Corporais e Escala de Cognições Agorafóbicas.
Já o artigo “Modelos de tratamento para o Transtorno do Pânico” o autor
descreve pela publicação científica um tratamento para o Transtorno de Pânico delimitando a
importância entre as bases biológicas, o tratamento psicofarmacológico, tratamento
psicológico assim como seus aspectos psicológicos.
No artigo “Neurose de angústia e transtorno de pânico” a autora nos leva a
entender a configuração do nome Transtorno de Pânico através de sua etiologia histórica. As
crises de angústia da nossa ancestral Neurose de Angústia se atualizam hoje nos transtornos
de pânico, não se fala mais em Neurose de Angústia, falamos, escutamos e recebemos no
consultório Transtornos de Pânico. Isto evidencia a falência do funcionamento psíquico, não
só como uma descarga pulsional, mas, muito mais, como uma reação desesperada do sujeito
diante da condição de desamparo radical do existir.
No artigo intitulado “A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e
pânico” o autor discorre a partir de uma visão psicodinâmica, embora as evidências de fatores
fisiológicos no transtorno do pânico chamem a atenção, tais observações são mais patogênicas
do que etiológicas, nenhum dos dados fisiológicos explica o que desencadeia o início de um
ataque de pânico. A psicanalise nos traz a luz de que fatores estressores tendem a estar ligados
a alguma alteração no nível de expectativa colocada sobre o paciente, perdas são associadas a
experiências na infância, nas quais o vínculo com um dos pais é vivido como ameaçador,
crítico, controlador e exigente. Quando o analista avalia essas experiências e discursos,
detecta-se um padrão de ansiedade em relação à socialização durante a infância, relações
parentais de pouco acolhimento.
Já no artigo “Sobre a fobia e o pânico: o que pode um analista? tais transtornos,
aparentemente contemporâneos, que Freud entendia como “crises de angústia”, teriam
chances de serem classificados como “ataques de pânico” nos dias atuais. A autora parte desse
pressuposto para analisar e delimitar a similaridades entre angustia e pânico, e como um
analista deve interver nessa patologia.
No artigo intitulado “Transtorno do Pânico” os autores através das bases de dados
existentes (Medline, Psychinfo e Scielo) e em livros textos atualizados, discorre sobre o
47

transtorno de pânico propondo uma revisão narrativa. Foi permeado durante esta pesquisa
uma definição do transtorno, que se configura pela presença de ataques de pânico recorrentes
que consistem em uma sensação de medo ou mal-estar intenso acompanhada de sintomas
físicos e cognitivos e que se iniciam de forma brusca, tal como os fatores de prevalência e
fatores etiológicos. Neste artigo fica claro a importância do tratamento psicofarmacológico no
tratamento do transtorno de pânico, assim como os critérios diagnósticos estabelecidos
concomitantes com a psicoterapia.
Já o artigo “Resistência ao tratamento nos Transtornos de Ansiedade: fobia
social, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico” relata que apesar de
diversas medicações terem se demonstrado eficazes no tratamento do TP em ensaios clínicos
controlados, um percentual significativo de pacientes permanece sintomático após período
adequado de tratamento. Este artigo nos proporciona refletir qual seria a melhor intervenção
farmacológica no caso de resistência ao tratamento dos transtornos de ansiedade, uma vez que
o número de estudos controlados a respeito ainda é muito escasso. Para o tratamento do
transtorno de pânico resistente a esses medicamentos, há diversas opções disponíveis, embora
nem sempre adequadamente testadas. Estas abordagens dependem do cenário clínico em
questão, por exemplo, se há ausência ou apenas insuficiência de resposta ao tratamento desse
transtorno.
No artigo “Exercício Aeróbio como Terapia de Exposição a Estímulos
Interoceptivos no tratamento do Transtorno de Pânico” os autores propuseram através de
dados bibliométricos, revisar toda a literatura da eficácia do exercício físico no tratamento do
transtorno de pânico. Observou-se que o exercício pode reduzir sintomas ansiosos
mensurados, mas que ainda existem poucos estudos que dizem respeito a esse tipo de
tratamento direcionado ao transtorno de pânico.
Neste artigo “A Espacialidade na compreensão do Transtorno do Pânico: uma
análise Existencial” o autor discorre sobre um caso clínico de um atendimento revisando e
explicitando o conceito de espacialidade segundo a ontologia fundamental de Heidegger em
seu trabalho “ Ser e Tempo”. A compreensão do homem como Dasein como referido pelo
autor permiti possibilidades de compreensão das patologias mentais, embasados nos modos de
relação homem-mundo. Destaca-se também nesse texto aspectos do ser do homem como
Dasein, no sentido de elucidar este caso clínico, em especial no que tange à questão da
espacialidade, já abordada por Heidegger e aplicada por Binswanger em sua psicopatologia no
tratamento do transtorno de pânico.
48

Com 3 (21,42%) artigos, utilizou-se como instrumento para coleta de dados a


consulta ao banco de dados digital.
O artigo “Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno de Pânico”
estabelece a partir dos bancos de dados do Medline, SciELO e PsycInfo e de livros-texto
especializados, o modelo cognitivo-comportamental no transtorno de pânico, os elementos de
terapia cognitivo-comportamental, a psicoeducação do transtorno de pânico, assim como
técnicas para lidar com a ansiedade, técnicas cognitivas, exposição in vivo (principal
intervenção aplicada para superar a evitação agorafóbica) para planejar a exposição in vivo, o
paciente deve fazer uma lista de lugares ou situações que evitou devido aos medos, e também
registrar o nível de ansiedade e os pensamentos automáticos que surgem nessas situações,
dependência dos parentes (a dependência dos parentes é um problema muito comum no TP e
suas consequências a perda de autonomia dos pacientes, além da interferência no
desempenho e auto-estima reduzida), e técnicas de exposição.
Este artigo “Comparação entre os enfoques Cognitivo, Comportamental e
Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno de Pânico” selecionou artigos
relacionados especificamente ao tratamento do transtorno de pânico a partir de terapia
cognitiva (TC), terapia comportamental e/ou TCC. Só foram incluídos os artigos sobre
tratamento medicamentoso que comparavam entre si as modalidades psicoterapêuticas
citadas, e apenas as comparações entre estas modalidades foram consideradas.
No artigo descrito “Tratamento do Transtorno de Pânico com terapia
Psicodramática de grupo” os autores através de coleta de dados durante quatro anos de
atendimento psicoterápico psicodramático grupal para pacientes que apresentam transtorno de
pânico, relatam suas experiências que foram realizadas em um hospital universitário.
Revisando e discutindo aspectos psicodinâmicos, esses autores permeiam para uma melhor
forma de tratamento desse transtorno, assim como uma melhor qualidade de vida para esses
pacientes.
Já os testes utilizados como instrumentos para colher informações sobre formas de
tratamentos do Transtorno de Pânico (TP), foram de 2 (14,28%) publicações.
No artigo “Intervenção baseada na Psicoterapia Analítica Funcional em um caso
de Transtorno de Pânico com Agorafobia” o autor usou procedimentos para obtenção de
dados e elucidação da queixa, constituindo uma análise funcional do caso envolvendo
levantamento de hipóteses iniciais a partir do corpo teórico-conceitual da análise do
comportamento, obtenção de dados a partir do relato referente a contingências presentes na
vida cotidiana da cliente, investigação da história de vida da cliente e observação direta dos
49

comportamentos da cliente em sessão. Essas contingências envolviam, em especial, a emissão


de respostas operantes de fuga ou esquiva de situações aversivas, situações que eliciavam
respondentes de ansiedade ou situações que demandavam emissão de respostas de
enfrentamento, como resolução de problemas, assim como desenvolvimento de repertório
comportamental e exposição social.
No artigo “Realidade Virtual no Tratamento do Transtorno de Pânico”
submeteram-se a testes pacientes adultos de ambos os sexos diagnosticados com transtorno de
pânico, tratamentos tradicionais de exposição (exposição ao vivo e imaginária) foram
realizados, ou seja, são procedimentos terapêuticos em que se expõe o cliente aos estímulos
ansiogênicos (internos ou externos), a fim de provocar habituação e extinção de respostas
ansiosas e agorafóbicas. Há diferentes modalidades de exposição, por exemplo, ao vivo e
imaginária. Tanto a exposição ao vivo quanto a imaginária visam ao fortalecimento da
autoeficácia dos pacientes. Exposições virtuais foram realizadas, os softwares de realidade
virtual podem ser constituídos de maneira que os ambientes virtuais reproduzam situações
ansiogênicas, muito próximas à realidade, que sirvam como cenário para exposições no
tratamento de diferentes transtornos psiquiátricos, sendo capazes de gerar estímulos de maior
magnitude do que outras técnicas já estabelecidas.
50

Gráfico 7 – Conclusão

Exercícios físicos como tratamento 1


Técnica Psicodramática 1
TCC e Psicofármacos
6
Técnologia como Tratamento 1
Acompanhamento Psicoterápico Existêncial 1
Terapia Analítica Funcional 1
Análise Psicanalítica/Psicodinâmica 3

0 1 2 3 4 5 6

Fonte: Dados de Pesquisa

Como evidenciado no gráfico acima, pode-se perceber que das formas de tratamentos
para o indivíduo que apresenta Transtorno de Pânico (TP), apresentou-se em uma maior
quantidade a Terapia Cognitiva Comportamental e os Psicofármacos com 6 (42,85%) artigos
como principal estratégia para a realização do diagnóstico e tratamento do Transtorno de
Pânico.
Alguns artigos propuseram intervenções na linha da psicodinâmica com um total de 3
(21,42%) artigos publicados.
Quanto à Terapia Psicodramática, a Terapia Analítica Funcional, os Exercícios
Físicos como tratamento, o acompanhamento psicoterápico existencial, e a tecnologia como
tratamento, apresentaram-se como as abordagens que menos se expressam em relação ao
número de artigos relacionados à temática, com 1 (7,14%) artigo publicado cada em um
período de quinze anos como propôs esta pesquisa.
No artigo “Neurose de angústia e transtorno de pânico” após pesquisas e
levantamento das hipóteses, a autora conclui que há muitos anos o indivíduo é desconsiderado
pelas exigências da sociedade consumista e de objetos descartáveis, que inclui o próprio
sujeito. Tudo causa angústia, desde a magnitude do perigo em comparação com suas próprias
forças até a ameaça de rompimento dos laços emocionais. O sujeito não encontra espaço para
sua inserção nos grupos, assim como também vê uma possível exclusão de algum grupo
social, intelectual, econômico ou familiar, tendo como pano de fundo episódios de depressão.
51

A psicanálise, diferencia-se da psiquiatria organicista, e nos coloca sob a luz da subjetividade


desse indivíduo que sofre com os ataques de pânico. A existência do desejo inconsciente e os
caminhos da pulsão nas manifestações da pulsão de morte se se tornaram os fatos mais
importantes para a clínica psicanalítica. Sendo a angústia um afeto, portanto, não redutível ao
recalque, ela fica fora da rede de significantes, onde ocorre o engano. A angústia, fora desta
rede de significantes, não engana e nem ilude o paciente que sofre de transtorno de pânico. A
falta total de sentido, invadindo o imaginário, quebrando sua busca ilimitada de sentido,
levando à perda das referências do sujeito que sofre do pânico.
No artigo intitulado “A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e
pânico” nos foi apresentado o conceito de compulsão e buscou abordar as manifestações de
pânico enquanto categoria diagnóstica, salientando que a psicanálise e a psicoterapia
psicanalítica são abordagens terapêuticas eficazes nesse caso. Os pacientes com transtorno de
pânico apresentam episódio de mal-estar devidos a determinantes intrapsíquicos que podem
ser elaborados pela terapia psicanalítica. Esses pacientes usam com bastante frequência os
mecanismos de defesa do Ego, formação reativa, neutralização, somatização e projeção.
Conforme a experiência clínica compartilhada pelo autor desta pesquisa, nos mostra que
muitas vezes, a separação materna precoce e ou a perda de outras pessoas significativas na
infância são fatores preditores do transtorno de pânico. Deduz-se que a psicanálise e à
psicoterapia psicanalítica justificam que a abordagem psicanalítica tem papel significativo no
planejamento terapêutico do paciente que sofre do transtorno de pânico.
Já no artigo “Sobre a fobia e o pânico: o que pode um analista? O autor conclui
sua pesquisa no colocando uma pergunta, em relação à fobia e ao pânico, o que pode um
analista? O autor responde essa pergunta categorizando que antes de qualquer coisa devemos
nos abster do “desejo de curar”, posição a qual nos convida, insistentemente. Certamente, esta
é uma condição para a instauração de qualquer tratamento psicanalítico. A fala do sujeito,
requisito da associação dita livre, supõe uma proposta que se inscreva para além do
atendimento à demanda estrita de alívio rápido e mesmo de cura de um sofrimento psíquico.
O apelo ao alívio do sofrimento pode funcionar no pânico, como um engrandecimento para o
psicanalista, numa época em que os resultados rápidos e fáceis são quase uma exigência por
parte do cliente e da sociedade. Para esta questão trata-se de responder, não com sua angústia,
mas a partir de um desejo particular, o de analista. Conclui-se que é possível afirmar que a
adequação do tratamento psicanalítico às patologias da fobia e do pânico depende da
referência à concepção do sintoma como substituto e, ao mesmo tempo, manifestação da
52

angústia. Isso levanta a hipótese da concepção de um inconsciente estruturado como uma


linguagem, que ordena a experiência analítica no campo da fala e da linguagem.
No artigo intitulado “Tratamento Cognitivo-Comportamental para o Transtorno
de Pânico e Agorafobia: Uma história de 35 anos” o autor conclui que após novas
investigações empíricas, houve algumas modificações no protocolo original “Vencendo o
Pânico: Programa de Tratamento Multicomposto Específico para o Transtorno de Pânico e a
Agorafobia”. Esse protocolo continha uma sessão dedicada ao relaxamento muscular e
recomendações para que esta atividade fosse exercitada em casa, e pode-se perceber através
dos dados delimitados nessa pesquisa que não houve diferenças significativas entre tratamento
com e sem relaxamento muscular, os dados de pós-teste não comprovavam efetividade do
treinamento assertivo: em geral os pacientes pioravam em sua assertividade. Observa-se que
os pacientes obtêm uma melhora significativa de seus sintomas e espera-se que estejam
preparados para continuar seu processo de melhora sem a ajuda do psicoterapeuta. Esse
protocolo foi elaborado a fim de se desenvolver uma forma de tratamento eficaz no
tratamento do Transtorno de Pânico. O autor salienta que, embora o protocolo seja de
curtíssimo prazo, durando apenas oito semanas de aplicação, há evidências na literatura que
sugerem a eficácia de protocolos desse tipo, ou até mesmo mais curtos, para o pânico e para a
agorafobia durante o tratamento.
O artigo “Terapia Cognitivo-Comportamental no Transtorno de Pânico” sugere
que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma modalidade eficaz de tratamento de
pacientes com transtorno de pânico, tanto como uma terapia a priori a mais indicada, como
uma estratégia para pacientes que não respondam à medicação, ou até como um tratamento
concomitante com a terapia farmacológica, como foi visto anteriormente. Pressupõe-se
também nesta forma de tratamento a correção dos pensamentos catastróficos que pioram os
sintomas de ansiedade e medo, a ansiedade antecipatória e predispõem a fuga e esquiva. O
autor estabelece através de estratégias para aliviar a ansiedade durante toda a fase do
tratamento desse transtorno.
No artigo intitulado “Transtorno do Pânico” através dos estudos realizados referente
a medicalização do transtorno de pânico, os autores concluem a importância desses
medicamentos durante o tratamento. Dentre os psicofármacos, os inibidores seletivos da
recaptação da serotonina (ISRS) (fluoxetina, sertralina, paroxetina, fluvoxamina, citalopram e
escitaloram) e a venlafaxina, um inibidor de recaptação da serotonina e da noradrenalina
(IRSN), constituem-se a primeira escolha farmacológica para o para o tratamento do
transtorno de pânico. Uma outra categoria, a dos tricíclicos (clomipramina e imipramina) são
53

igualmente eficazes para esse transtorno, mas são menos tolerados que os ISRS e podem ser
letais ao paciente em uma possível superdose; por esses motivos, eles podem ser utilizados
como segunda escolha no tratamento do transtorno de pânico. O uso de benzodiazepínicos
(alprazolam, clonazepam, diazepam e lorazepam) “popularmente conhecidos como
calmantes” são controversos quanto ao uso, sendo que algumas diretrizes internacionais
recomendam seu uso concomitante nas primeiras semanas de uso dos ISRS tendo em vista sua
eficácia em curto prazo, enquanto outras não recomendam seu uso pelo risco da dependência.
Na prática clínica, seu uso é corrente e pode ajudar no manejo dos pacientes que sofrem do
pânico. No entanto, deve-se atentar para o risco de dependência durante todo o tratamento dos
pacientes.
Já o artigo “Resistência ao tratamento nos Transtornos de Ansiedade: fobia
social, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico” nos explicita que
existe uma porcentagem significativa de pacientes que permanecem sintomáticos após o
período de tratamento com psicofármacos. A combinação de medicamentos tem sido sugerida
em estudos anedotais sobre o transtorno de pânico. A associação dos psicofármacos
imipramina e moclobemida, de tricíclicos e imipramina, de benzodiazepínicos e valproato de
sódio ou d-fenfluramina e de carbonato de lítio e clomipramina foram descritos em relatos de
caso estudados como resultados preliminares considerados positivos. Outros casos de resposta
positivas com a potencialização concomitante de fenelzina, tiagabina e gabapentina também
foram relatados em outros estudos por outros autores respectivamente. Alguns psicofármacos
foram descritos como eficazes em monoterapia no transtorno de pânico como resistente ao
tratamento. Dados de alguns casos sugerem a eficácia da trimipramina, da tiagabina e do
clonazepam. Em estudo aberto realizado com a reboxetina (8 mg ao dia) por seis semanas,
apresentaram melhoras significativas dos sintomas nos pacientes anteriormente resistentes ao
tratamento. Em outro estudo conduzido por com pacientes portadores do transtorno de pânico
e instabilidade do humor, o divalproato se mostrou eficaz no tratamento dos sintomas do
desse transtorno. A exemplo dos demais transtornos de ansiedade resistentes, o uso de
antipsicóticos atípicos tem sido alvo crescente de atenção e estudos, demonstrando a eficácia
do aripiprazol e da risperidona associados a ISRS ou benzodiazepínicos, e relatos de caso nos
quais a associação da olanzapina à paroxetina ou ao tratamento anteriormente utilizado
mostra-se eficaz ao tratamento do transtorno de pânico. Conclui-se que a resistência ao
tratamento tem especial relevância nos transtornos de ansiedade. As condições clínicas estão
associadas a maiores taxas de mortalidade e morbidade, piora na qualidade de vida e grande
prejuízo social em uma grande parte dos indivíduos que sofrem do transtorno de pânico.
54

O artigo “Modelos de tratamento para o Transtorno do Pânico” os autores


concluem que há evidências consistentes da efetividade das duas modalidades de
tratamento, Farmacoterapia e Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para o tratamento do
Transtorno de Pânico. Ambas propiciam efeitos bons se usadas de forma que uma
complemente a outra, e os resultados aparecem em um curto prazo de tempo. Porém, a longo
prazo parece haver uma pequena diferença na manutenção dos ganhos, favorecendo o uso da
Terapia Cognitiva Comportamental, quando houver descontinuidade da medicação. Em suma,
os autores alertam que para melhor confirmar esta hipótese seria necessário que mais
pesquisas controladas de seguimento (follow up) pudessem ser feitas para comprovar a
eficácia deste tratamento combinado.
Este artigo “Comparação entre os enfoques Cognitivo, Comportamental e
Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno de Pânico” os autores nos
chamam a atenção para os inúmeros estudos que apontam dados favoráveis ao tratamento
cognitivo-comportamental a partir de suas principais variáveis, eles apontam que existem
limitações bastante pertinentes a respeito dos tratamentos utilizados e da metodologia
adotada, porém em termos gerais, pode-se apontar que, apesar de uma redução nos níveis de
ansiedade, os paciente tratados com TCC (terapia cognitiva comportamental) ainda
experimentam um grau significativo de ansiedade, e cerca de 50% têm chance de melhoras
após tratamento. Outros estudos indicam que a TCC é eficaz para o tratamento de AP e não
para esquiva agorafóbica. Outro fator que chama a atenção é que o andamento da psicoterapia
de forma inapropriada ou insuficiente, propicia o estabelecimento de sintomas residuais nos
pacientes tratados. Os sintomas residuais caracterizam-se por sintomas físicos experimentados
com algum grau de preocupação, originados em estados ansiosos do transtorno de pânico. Os
autores nos esclarecem que existe a necessidade de estudos futuros, e atentar para a
possibilidade de alguma padronização da metodologia das pesquisas e reestruturação dos
pontos que limitam os resultados apresentados para o transtorno de pânico resultados.
No artigo descrito “Tratamento do Transtorno de Pânico com terapia
Psicodramática de grupo” os autores através de suas conclusões nos esclarecem que a
utilização de técnicas psicodramáticas, e a não opção de uma abordagem técnica
exclusivamente verbal, possibilita o rompimento de algumas defesas e o reconhecimento dos
sentimentos envolvidos em situações específicas, em um tempo relativamente pequeno na
terapia. O atendimento em grupo favorece a melhora da autoconfiança, da autoestima, e da
capacidade de emitir sentimentos e de assumir o papel de “cuidador”. Em um contexto grupal,
o terapeuta tem em seu poder e sua suposta onipotência, uma vez que todos os pacientes desse
55

grupo passam a ser, potencialmente, agentes do processo terapêutico, estimulando a


independência dos mesmos em relação ao terapeuta. Observa-se que a terapia ajuda na
significação entre os fatos vividos e as fantasias nos episódios de pânico. Partindo do
pressuposto que as pessoas são heterogêneas e têm diferentes histórias de vida, assim como
organizações de personalidade e capacidade para aproveitar os vários tratamentos disponíveis,
a pratica do psicodrama pode cooperar em muito para o tratamento do transtorno de pânico.
No artigo “Exercício Aeróbio como Terapia de Exposição a Estímulos
Interoceptivos no tratamento do Transtorno de Pânico” os autores abordaram a
possibilidade do uso do exercício físico como forma de terapia de exposição a estímulos
interoceptivos no tratamento de pacientes que apresentam transtorno de pânico. As técnicas
comportamentais que foram utilizadas no tratamento das fobias são a dessensibilização
Sistemática de Wolpe e a Implosão de Stampfl e Levis, que procura identificar o cociente que
torna essas técnicas eficazes na redução da ansiedade. Pode-se verificar que era a exposição à
situação fóbica real o princípio dessas técnicas, onde a exposição é o fator essencial do
tratamento do transtorno de pânico voltada para o exercício. Através dessa técnica pode-se
tratar ataques de pânico pela exposição a sensações físicas experiências durante os ataques de
pânico dos pacientes. O estudo do exercício como uma forma mais prazerosa de terapia de
exposição a estímulos interoceptivos, visando modificar o condicionamento catastrófico das
sensações corporais e sugere uma melhora na qualidade de vida dos pacientes durante o
tratamento do transtorno de pânico.
Neste artigo “A Espacialidade na compreensão do Transtorno do Pânico: uma
análise Existencial” o autor conclui sua pesquisa evidenciando que em uma análise
existencial, uma categoria própria como a Dasein “espacialidade” aparece como elemento a
ser compreendido dentro do quadro de uma sintomatologia específica, assim como no
Transtorno de Pânico, ou seja, como o paciente configura um mundo específico em seu modo
de espacialização. Como resultado deste trabalho percebeu-se que o cliente saiu esperançoso
na construção de um projeto próprio que lhe fosse viável e autônomo, evidenciando e
mostrando de uma perspectiva analítico-existencial, a forma que podemos compreender e
tratar o transtorno do pânico tendo como conceito básico a espacialidade.
56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi realizada a partir de uma revisão bibliométrica, onde pode-se
alcançar os objetivos propostos nesse trabalho, corroborando para o entendimento e
ampliação do conhecimento a respeito do tratamento do Transtorno de Pânico, identificando
assim como os profissionais estão olhando e atuando frente a este tema. Neste trabalho
observamos que os anos mais expressivos abordados sobre o Transtorno de Pânico foram
2008 e 2009, sendo o primeiro com quatro artigos publicados em cada ano e o segundo com
três artigos. Por meio da análise de produção científica brasileira Scielo e BVS pode-se
perceber que os anos de 2002, 2004, 2005, 2006, 2010, 2011, 2013, 2014, 2015 e 2016 não
foram encontrados artigos relacionados à temática, podendo existir pouco interesse sobre
pesquisas neste assunto durante esses anos.
Verificou-se que os autores que mais publicaram nos últimos quinze anos sobre
formas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP) foram Antonio Egidio Nardi, Bernard
Rangé, Gisele Gus Manfro e Marcele Regine De Carvalho com 2 artigos publicados cada, nos
quais tem como abordagem teórica a psicologia Cognitivo-Comportamental, com temas
relacionados às fomas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP). A Revista Brasileira de
Psiquiatria foi a responsável por três publicações no banco de dados Scielo no período de
2001 à 2008 sobre formas de tratamento do Transtorno de Pânico (TP).
Verificou-se nesta pesquisa que oito artigos tiveram como objetivo relacionar e
explicitar a importância da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e aos Psicofármacos no
tratamento do Transtorno de Pânico (TP). Estes artigos propuseram-se a discutir e analisar as
principais estratégias utilizadas para a realização do diagnóstico e tratamento e da medicação
psiquiátrica nos indivíduos que sofrem do Transtorno de Pânico (TP). Também nesta pesquisa
percebe-se que a abordagem predominante foi a Cognitiva-Comportamental com seis artigos
publicados, onde foram selecionados artigos que estudaram sobre fatores cognitivos-
comportamentais para se explicar o Transtorno de Pânico em seu diagnóstico, eficácia e
tratamento.
Pode-se perceber que o tipo de pesquisa que teve a maior quantidade de material
publicado foi o estudo bibliográfico, com nove artigos publicados nos últimos quinze anos.
Neste tipo de pesquisa foram elegidos artigos que discorriam sobre as formas de tratamento
do Transtorno de Pânico. Podemos supor que esta pesquisa bibliográfica, utilizou-se de
diversos instrumentos como as publicações científicas, nos trazendo informações importantes
57

para um maior entendimento sobre o conhecimento e tratamento do Transtorno de Pânico


(TP).
Referentes a classe populacional, os artigos com maiores publicações foram
destinados a população de psicólogos e psiquiatras totalizando sete artigos destinados a esses
profissionais. Deduz-se que o maior interesse de se estudar o Transtorno de Pânico está
direcionado em como psicólogos e psiquiatras podem entender e compreender esse transtorno.
Percebe-se também nessa pesquisa que o instrumento mais utilizado para o estudo
referente às formas de tratamentos do Transtorno de Pânico (TP) nos últimos quinze anos
foram as publicações científicas, totalizando nove publicações, que foram realizadas através
de consultas as bases eletrônicas com o objetivo de colher informações a partir das teorias
publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais, enciclopédias, anais, meios
eletrônicos, etc.
Esta pesquisa bibliométrica torna-se de grande valia para entendermos melhor o
Transtorno de Pânico que acomete cada vez mais indivíduos nos dias de hoje, se tornando
cada vez mais frequente nos consultórios psiquiátricos e psicológicos. Entender a forma de
tratamento, suas características diagnósticas, sua etiologia, sua prevalência, as comorbidades
características desse transtorno, assim como uma melhora na qualidade de vida desses
pacientes, tem sido um grande desafio para profissionais que estão em contato com o
Transtorno de Pânico nos dias de hoje.
58

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