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Resumo
Abstract
1
PhD em Estudos Organizacionais pela University of Edinburgh Business School; Professora e Coordenadora do Curso de
Secretariado Executivo da Universidade Federal de Viçosa, MG, Brasil. Contato: dzuin@ufv.br
2
Bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, Brasil. Contato:
andrea.cardoso@ufv.br
Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 13 n.4 – Outubro/Dezembro 2015.
Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.
Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
The executive secretary occupation in Brazil is often target to incorrect conceptions on which
its duties and roles inside the organizational environment, as well as subjected to a few
judgments caused by the stereotype of the occupation and of its feminization built along the
years through its growth and highlight in the work force. If we can notice the way this
occupation came to be seen, we can then understand the need of a research that can verify
what is the real perception of the job, and thus, this research came to be, through the
viewpoint of the occupational ghetto, characterized, among other aspects, as a mostly female
occupation and with low variation on activities performed. Therefore, the main objective of
this research was to analyze the Executive Secretary in private institutions and compare them
to the Ghetto Thesis based on the research conducted by Truss (1992). The methodology of
this study was qualitative and descriptive, as data collected showed their perception about
themselves that were asked through an interview. It was verified, through the semi-structured
interviews made with four Executive Secretary professionals that there are still
characteristics that bring the executive secretary closer to the occupational ghettos and it was
also verified others factors that prevent the total characterization of the profession as a ghetto
1. INTRODUÇÃO
atualmente, num mundo com empresas cada vez mais dinâmicas e globalizadas, uma vez que
nesse contexto atual, pautado pela competitividade e novas ferramentas de trabalho, o
secretário executivo pode atuar além dos aspectos técnicos e operacionais (BARROS, 2011).
Mesmo com conhecimentos adquiridos em cursos de graduação e inseridos num
ambiente organizacional moderno, a ocupação de secretariado ainda compartilha
características tidas como as de um gueto ocupacional, mesmo que a primeira vista, tal como
a ainda alta feminização e, possivelmente, a falta de perspectivas de crescimento na carreira
(LOWE 1987, apud TRUSS 1992). Porém, muito mais do que somente julgar uma ocupação à
distância, faz-se necessário entende-la como realmente ocorre, em especial sob a percepção
dos próprios profissionais, uma vez que com a sua vivência na carreira, eles se tornam aqueles
que podem verdadeiramente afirmar como ela ocorre atualmente.
Dessa forma, pode-se definir que a justificativa para a realização desta pesquisa se dá
no intuito de analisar a forma como o Secretariado Executivo ocorre, numa amostra do
contexto brasileiro em determinados estados, contrastando o atual mercado de trabalho, afim
de que seja possível realizar sua descrição, a partir da ótica dos guetos ocupacionais. Isso
pode trazer clareza, tanto para os seus profissionais, quanto para os alunos que estejam
buscando a profissão ou aqueles que já estão chegando ao mercado de trabalho, sobre a forma
como o Secretariado ocorre, no contexto aqui pesquisado, bem como os aspectos que ele
carrega. Além disso, nenhum trabalho como este foi conduzido até o momento no país.
Desta forma se dá a realização desta pesquisa, que tem como objetivo geral: analisar o
Secretariado Executivo, num contexto brasileiro em relação à Ghetto Thesis descrita neste
trabalho dividido nos seguintes capítulos: apresentação do marco teórico necessário para seu
embasamento, que compreende o conhecimento daquilo que são os guetos ocupacionais,
especialmente pelos estudos de Truss realizados em 1992 e 2013 e da ocupação de
secretariado, desde seu histórico até aspectos mais atuais; a metodologia empregada para a
realização das entrevistas e análise dos dados obtidos; análise dos dados primários obtidos
com o emprego das entrevistas e dos dados secundários; por fim os resultados alcançados a
partir do confronto do que foi levantado na pesquisa bibliográfica e na análise dos dados,
permitindo traçar as considerações finais desta pesquisa.
2. MARCO TEÓRICO
Neste trabalho, utilizou-se, a princípio, o termo Ghetto Thesis em sua forma original
em inglês especialmente pela falta de estudos sobre o assunto no Brasil. Porém para o seu
desenvolvimento optou-se pelo uso do termo „guetos ocupacionais‟ (tradução para ghetto
jobs).
Os guetos ocupacionais, especialmente ligados às ocupações majoritariamente
femininas, podem ser descritos como ocupações que possuem as seguintes características:
Ainda que os guetos ocupacionais tenham sido caracterizados por diversos autores
através dos anos, o que mais se enquadra nos termos propostos para análise deste trabalho é
aquele descrito por Lowe (1987) e utilizada por Truss em seu estudo de 1992, que tem como
característica principal:
... Trabalhos com alta concentração de mulheres e onde são normais salários
relativamente baixos, más condições de trabalho e oportunidades de promoção
limitadas [...]. Baixos salários e trabalhos rotineiros tendem a construir o tipo de
padrão de trabalho - alta rotatividade, baixo comprometimento com o trabalho e
aspirações limitadas - que reforçam as atitudes discriminatórias dos
empregadores e perpetua as desigualdades inerentes nas estruturas existentes do
mercado de trabalho. (LOWE, 1987, p. 59, apud TRUSS, 1992, p.16. Tradução
nossa. Grifos nossos).
Maguire (1996b) e Truss (1992) trazem ainda que a Ghetto Thesis pode ser
relacionado ao trabalho secretarial partir do estudo de Benét em 1972, sendo o primeiro
estudo a ter relacionado a Ghetto Thesis ao trabalho secretarial. Benét, no estudo intitulado
Secretary: An Inquiry into the Female Ghetto, avaliou que o trabalho secretarial se encaixava
como um gueto ocupacional pois possuía variáveis que estimulam a perpetuação da visão da
profissão como um gueto ocupacional, tais como: limitado conteúdo de trabalho, realização
de tarefas ligadas à esfera doméstica, pouca oportunidades de promoção ou autonomia,
condições ruins de trabalho, presença de atributos relacionados ao estereótipo de gênero,
dentre outras.
De uma maneira geral, então, os guetos ocupacionais são utilizados para descrever
empregos pautados por uma baixa perspectiva de crescimento profissional através de
promoções, negando ao funcionário a mobilidade entre os setores do mercado de trabalho (o
primário definido como o 'bem pago' e consequentemente, aquele mais desejado, e o
secundário, no qual se concentram os empregos 'ruins'), além terem uma grande concentração
da mão de obra feminina, como forma de abrigar a 'nova' força de trabalho presente no
mercado aliada com o estereotipo de trabalho que deve ser realizado por mulheres
(ABRAMO, 2000; TRUSS, 1992).
Em relação aos tipos de ocupação mais comuns entre as mulheres no Brasil, na década
de 1990, alguns dos trabalhos mais tipificados pelo maior grau de participação feminina eram:
empregadas domésticas, balconistas, vendedoras, professoras de ensino fundamental,
enfermeiras e empregadas em funções administrativas tais como agente administrativo,
auxiliar de contabilidade, secretária e recepcionista, segundo Abramo (2000 apud RAIS,
1990, apud CACCIAMALI; PIRES, 1995). Sendo assim, especialmente no que diz respeito à
ocupação secretarial, além de ocorrer a maior decorrência da ocupação feminina, ela se
localiza no segundo setor de trabalho, segregado verticalmente, no qual ocorre uma menor
possibilidade de crescimento profissional, enquanto homens se dividem em uma linha mais
horizontal, com cargos mais gerenciais, elevados e que recebem maior reconhecimento,
promovendo maiores possibilidades de promoção (MAGUIRE, 1996b).
Um dos trabalhos mais importantes realizados com esse enfoque foi o de Catherine
Truss, realizada primeiramente em 1992 como tese de doutorado e depois repetida, coescrita
por Alfes, Shanzt e Rosewarne (2013). Ambas as pesquisas serão descritas abaixo, pois
compreendem o principal embasamento teórico para a realização desta pesquisa.
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Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.
Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
Este foi o primeiro trabalho, no qual Truss realizou uma pesquisa para definir a
aplicabilidade da Ghetto Thesis por meio de um estudo empírico comparativo entre o trabalho
secretarial da Inglaterra, França e Alemanha, a partir da coleta de dados por meio de
questionários enviados para profissionais dos três países, empregados em duas empresas: uma
de consultoria e uma editora multinacional, totalizando 61 questionários respondidos. Através
de sua pesquisa, foi possível concluir que: na França, por seus diversos aspectos históricos
acerca da participação da mulher no mercado de trabalho, a mulher já se encontrava, em 1992,
em uma posição muito mais próxima à dos homens em relação a segregação dentro das
organizações e que as secretárias francesas possuíam um conteúdo de tarefas mais relacionado
às atividades da organização em si, com menor decorrência da execução de tarefas pessoais
para seus chefes que geralmente são, em algum nível, ligadas a um sentido de continuidade do
lar (ideia de office wife,). Um fator influenciador nesse último aspecto também pode ser
encontrado no tipo de treinamento realizado em cada país, uma vez que, no caso das
secretárias alemãs havia a ocorrência da realização de atividades mais limitadas, e talvez
estereotipadas, como por exemplo, fazer café. Isso só ocorria, de acordo com a análise de
Truss, pois houve certo entendimento entre secretárias e seus chefes de que este tipo de
atividade é normal para uma secretária, e que, portanto, faz parte das suas atividades dentro de
organização.
Truss concluiu que um fator bastante decisivo para a percepção do trabalho secretarial
como um gueto ocupacional está profundamente ligado aos fatores históricos e ao treinamento
ofertado para as secretárias, uma vez que as inglesas acabam atuando com um conteúdo de
trabalho mais restrito, menos independente e exercendo muitas vezes um papel muito mais
similar ao de recepcionistas, já que o treinamento por elas recebido era voltado para melhoria
e aperfeiçoamento de habilidades técnicas, tais como digitação, enquanto secretárias francesas
possuíam um maior nível de educação e, assim como as alemãs, recebiam treinamentos mais
voltados para a área de negócios e permitiam a realização de tarefas mais variadas.
No que diz respeito às oportunidades de promoção, percebeu-se que havia uma grande
semelhança nos três países pesquisados, nos quais as secretárias tinham poucas oportunidades
de serem promovidas. Ainda que de uma forma pouco sistemática, as oportunidades na
Inglaterra tenham sido consideradas melhores em relação à França e Alemanha.
Truss nos apresenta em suas conclusões que a ocupação de secretariado nos países
analisados por ela realmente possuem algumas características de um gueto ocupacional, tal
como a pouca mobilidade por meio de promoções, que geralmente são ligadas ao crescimento
profissional de seus chefes, e a grande concentração da mão de obra feminina. Porém, foi
impossível dizer que o trabalho secretarial é de fato um gueto ocupacional, pois há fatores
como tarefas diversificadas em alguns países e organizações, além do maior paridade entre o
trabalho e hierarquização de mulheres e homens na França, ou ainda a forma como foi
possível observar que nem todas as mulheres por ela entrevistadas exercem essa função pela
falta de outras oportunidades de emprego e sim pela decisão de exercer essa função.
Quando realizou sua pesquisa em 2009, publicada em 2013, Truss et al buscaram ver
se a situação identificada em 1992 continuava a mesma, ou se havia ocorrido alguma
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Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.
Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
mudança da profissão em relação aos guetos ocupacionais. Se num primeiro momento foi
percebido que apesar de compartilhar algumas características com um gueto ocupacional, a
ocupação não podia ser enquadrada completamente como um, buscou-se verificar se havia
ocorrido alguma mudança na ocupação no intervalo entre as duas pesquisas.
Assim como no primeiro estudo, o objetivo deste foi examinar se a ocupação de
secretariado poderia ser enquadrada como um gueto ocupacional levando em consideração
suas três principais características: pouco status e baixos salários; conteúdo de trabalho pouco
diversificado e feminizado; poucas oportunidades e expectativas de promoção. O outro
objetivo de sua pesquisa era de também verificar e especificar quais são as experiências de
trabalho dos secretários, as tarefas realizadas por eles e a forma como os profissionais se
veem em sua ocupação.
Para isso, foram utilizadas as seguintes medidas: conteúdo de trabalho; treinamento e
desenvolvimento; conhecimento do próprio status; experiências e atitudes, levantadas por
meio de questionário disponibilizado especialmente para os mais de 5.000 membros
estimados da Global PA Network, uma organização voltada para o treinamento,
aperfeiçoamento, e suporte para profissionais que atuam nas áreas de secretariado, assessoria
e administração. As respostas dos questionários foram analisadas utilizando métodos como a
Escala de Likert, Alfa de Cronbach, por exemplo.
Em suas conclusões, mais uma vez foi impossível afirmar que a ocupação de
secretariado se trata puramente de um gueto ocupacional, pois mesmo que ela continue
compartilhando alguns de seus aspectos não se enquadra completamente nele. Por exemplo,
há ainda a grande decorrência da participação feminina, uma vez que 99% das 1.011
respondentes eram mulheres, de diferentes níveis de formação, tendo em vista que as
especificações e regulamentações para a realização de tal profissão se dá de forma
diferenciada entre os países em que as entrevistas foram conduzidas. Porém, tem-se visto cada
vez mais um nível de estudos maior entre os profissionais questionados; além da decorrência
de uma lenta diversificação do conteúdo de trabalho, fato este promovido pelo maior uso de
tecnologias.
Por mais que a ocupação não tenha sido descrita inteiramente como um gueto
ocupacional, ela também não está tão longe dele. O que fica claro com a pesquisa, é que
mesmo a passos lentos, a ocupação vem ganhando uma maior percepção de status, seja por
passar a atender por denominações como assistente pessoal ao invés de secretária, ou seja,
dado o gradual aumento de estudos dos profissionais, o que acaba permitindo uma melhoria
nas tarefas desenvolvidas, que podem aos poucos realizar atividades mais estratégicas da
organização, mesmo que o profissional continue recebendo visitantes ou que as perspectivas
de promoção continuem baixas ("percepções sobre os planos de carreira para secretariado
foram incrivelmente baixos; somente 20% sentiram que tinham as oportunidades que
precisavam para serem promovidos”; TRUSS et al, 2013, p. 357. Tradução nossa).
Dessa forma, com a realização de suas duas pesquisas em momentos diferentes (1992,
2013) com objetivos em comum, Truss conseguiu fazer uma boa análise da ocupação
secretarial, especialmente em relação a forma em que os próprios profissionais descrevem sua
ocupação, em especial no Reino Unido. E mesmo sem que tenha sido possível enquadrá-la
completamente como um gueto ocupacional, foi possível perceber sua proximidade com ele,
tal como quando é mostrado que ainda existe pouca mobilidade e ascensão na carreira, ou
pelas atividades rotineiras realizadas. Porém, é relevante a forma como no intervalo entre as
duas pesquisas a ocupação mostrou ter ganhado um maior nível de status e reconhecimento,
mesmo que à custa de uma diferente denominação (assistente pessoal, assistente de diretoria
assessor, assessor de presidência, assessor de diretoria) que torna possível seu distanciamento
dos estereótipos trazidos pelo título de secretária ou secretário.
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Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
Nesse sentido, percebe-se a nova forma em que a profissão é pautada, não sendo mais
ligada somente a atividades técnicas secretariais tais como atendimento telefônico,
taquigrafia, digitação e arquivamento, tal como podia ser visto, por exemplo, a partir da
Segunda Fase da Revolução Industrial, período em que se deu também a entrada da mão de
obra feminina nessa profissão (BRUM et al., 2012).
O mercado de trabalho, atualmente pautado pela competitividade, já não absorve
profissionais que possuam somente nível médio de educação ou que venham exercer somente
funções tais como a de gate keeper, seja devido a regulamentação das leis acercada da
profissão, seja a Lei 7.377 de 1985 ou sua alteração pela Lei 9.261 de 1996, que possibilitou o
reconhecimento do profissional, ou pelo avanço tecnológico que diferencia as tarefas atuais
delegadas a este profissional, daquelas de décadas anteriores ou pela crescente especialização,
uma vez que atualmente existem diversos cursos de graduação, bem como técnicos voltados
para a formação deste profissional. (BRUM et al, 2012; TRUSS et al 2013).
Espera-se agora encontrar um profissional com um perfil mais dinâmico e polivalente,
que possua um papel de agente de mudanças, administrador de conflitos (AZEVEDO;
COSTA 2006 apud BRUM et al 2012), se distanciando então do que a teoria dos guetos
ocupacionais traz quando define que as profissões enquadradas como um são tidas como
aquelas que possuem, dentre outras características os trabalhos rotineiros e pautados por
atividades técnicas.
processos, o que implica lidar com uma gama de diferentes indivíduos e atender a múltiplas
demandas") (BARROS et al 2011, p.166), é possível entender que não se faz necessário a
predominância da mão de obra altamente feminizada, como aponta Barros et al (2011, p.
166):
Desta forma, parece ser um movimento de 'evolução' a procura de homens pela área,
ainda que se faz necessário verificar se é uma 'via de duas mãos', uma vez que o estereótipo
da secretária mulher ainda possa estar profundo na sociedade. Mesmo que talvez venha
ocorrendo a maior oferta de mão de obra masculina, ainda que tímida, é preciso que os
empregadores estejam abertos a recebê-la (BARROS et al, 2011).
3. METODOLOGIA
pesquisa, foi consultado especialmente os trabalhos de Truss (1992) e Truss et al (2013), uma
vez que foram os estudos mais profundos tendo como ponto de partida os guetos
ocupacionais, além de terem sido direcionados aos profissionais de secretariado.
Em relação à coleta dos dados secundários para análise foi feito o levantamento de
informações em sites especializados em anúncios de emprego para a compreensão daquilo
que é tido pelo mercado de trabalho privado como função de um secretário executivo, uma
vez que este meio é buscado tanto por empresas para divulgar vagas de acordo com o perfil
que desejam, quanto por profissionais que procuram um posicionamento no mercado de
trabalho. A coleta dos anúncios das vagas de emprego, que totalizaram vinte vagas, foi
realizada no mês de abril de 2014 em sites especializados em ofertas de emprego, sendo
escolhidos aqueles tidos como mais relevantes de acordo com critérios próprios do site de
buscas Google. Dessa forma, pode-se citar que os sites mais relevantes, de acordo com o site
de buscas, foram: Catho; Empregos; InfoJoob; Indeed; Vagas; Vagas Urgentes Secretárias;
Kombo e KLCNet, sendo estes, então, os utilizados neste trabalho.
Já os dados primários coletados por meio de entrevistas ocorreram no mês de setembro de
2014 e, uma vez que os entrevistados situavam-se em cidades distintas do pesquisador, elas
foram realizadas por meio do programa de chamadas via internet Skype e gravadas para
análise pelo programa AMOLTO Call Recorder, programa gratuito para gravação de áudios e
vídeos de chamadas realizadas via Skype. Posteriormente, as entrevistas foram transcritas
ipsis litteris pela própria autora, para permitir a consecução dos objetivos estabelecidos, bem
como a comparação com os dados secundários previamente levantados.
exercidas com conhecimentos obtidos a partir de sua formação acadêmica e, até mesmo, de
habilidades pessoais.
Após levantar aquilo que é desejado pelo mercado de trabalho, faz-se necessário
levantar o que os próprios secretários executivos veem na realização de seu trabalho e sobre
sua profissão, uma possibilitando fazer a descrição da ocupação. Foram entrevistados quatro
profissionais graduadas em Secretariado Executivo Trilíngue, todas empregadas no setor
privado, em empresas localizadas em Minas Gerais e São Paulo.
Os dados serão apresentados por tópicos, que compreendem as características de um
gueto ocupacional levantadas para a coleta de informações que possibilitaram descrever a
ocupação. A apresentação dos dados por meio dos tópicos foi empregada de acordo com os
características utilizadas pela literatura na definição dos guetos ocupacionais, sendo eles a alta
feminização destas ocupações; condições de trabalho e a diversificação das tarefas realizadas;
reconhecimento do profissional dentro da organização em que atua; perspectivas de
crescimento; estereótipos presentes (LOWE, 1987, p. 59, apud TRUSS, 1992).
O exemplo que eu posso te citar é que agora na vaga de estágio que eu estava na
área de publicidade, está trabalhando o 'Fulano', que é um amigo meu, que antes de
indicar ele pra minha vaga eu conversei com o meu diretor e falei assim: 'olha, a
indicação que eu tenho é um homem, você tem alguma restrição com isso?' e ele
falou: 'absolutamente, não tenho o menor problema com isso', tanto é que foram dois
pra mesma área. (E1).
Nesse aspecto, pode-se relacionar os dados aqui obtidos com os da análise das vagas
no mercado de trabalho, além das tarefas mais usuais, como redação de documentos e
controle de agenda, é pedido que o profissional de secretariado atue mais próximo de seus
gestores, e até mesmo em tarefas de cunho mais estratégico, como a gestão e coordenação de
equipe.
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[...] acima de mim tem uma supervisora e acima dela tem um gerente, então, as
minhas análises até passam por essa supervisora, só que só para ela saber, porque
elas já vão direto para o gerente [...] E aí eu tenho autonomia de repente mexer na
equipe, se eu quiser mudar alguma coisa no projeto, eu até tenho que falar com o
meu gerente, mas eu tenho essa autonomia de fazer algumas mudanças no que eu
achar necessário (E2).
As outras entrevistadas disseram que por interesse próprio ou por ter tempo ocioso
demonstraram interesse em realizar outras tarefas que não eram necessariamente de seu cargo,
tal como dito pela E3 que por estar alocada no departamento de RH começou a desempenhar
atividades especificas do setor que não eram demandadas ao cargo dela, acumulando outras
responsabilidades. Ela também mencionou realizar controle financeiro e correção de contratos
que, mesmo sendo elaborados pelo setor jurídico, precisava passar pela correção de um
'expert da área [de secretariado]', termo utilizado pela própria E3. A E3 também frisou que as
tarefas técnicas não devem ser desmerecidas, pois: " [o] operacional é muito importante e sem
ele a empresa não anda".
Em relação à E4, a empresa possui demandas sazonais que exigem a realização de
atividades além daquelas rotineiras que o cargo de secretária exige. Porém, muitas vezes, ela
sentiu necessidade de buscar mais atividades devido a eventuais momentos de ociosidade, tais
como pode ser visto no trecho a seguir:
Por exemplo, esse semestre estamos trocando os decodificadores das operadoras [de
televisão] mudando a tecnologia para uma mais recente [...] eu tive que aprender a
mexer em decoder, entender de satélite, sinais, etc. Fiz todos os contratos de
comodato dos aparelhos que enviamos, entrei em contato com todos os clientes [as
operadoras de televisão] enviei todos os aparelhos, tive que fazer suporte técnico ao
cliente que não sabia instalar e configurar o aparelho. Quando era algo muito técnico
tinha que encaminhar e traduzir para a engenharia da empresa, que não fica no Brasil
[...] Eles teriam q contratar um temporário pra fazer isso e o meu chefe sugeriu que
eu aprendesse e fizesse isso porque ele não demanda tanto trabalho, então,
teoricamente, eu tinha tempo ocioso (E4).
Em relação aos treinamentos e condições de trabalho, foi apontado que a maior parte
das empresas oferece suporte físico e tecnológico para a realização das tarefas, porém nem
todas tiveram treinamentos, uma vez que a E3 disse que nem sequer passou por treinamento
para aprender a operar o sistema utilizado pela empresa e quando era necessário consultava
outras secretárias e, assim, apesar de ter aprendido a lançar dados específicos no sistema, não
aprendeu como ele realmente funciona, tal como gostaria que fosse.
Todas as outras três entrevistadas disseram que passaram por treinamentos, seja para
operação de sistemas, quanto para adaptação à área. Sobre os recursos disponíveis, as E1, E2
e E4 mencionaram receber todos os materiais e suporte físico necessários para um bom
desempenho, tal como pode ser visto em suas falas, respectivamente:
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Porque a gente tem treinamento para isso, quando eu entrei na área fiz uma série de
treinamentos "pros" sistemas, para me adaptar mesmo à área. Quando eu entrei tinha
todo um plano feito pelo meu chefe de todas as áreas que eu tinha que passar, das
pessoas que tinha que conhecer, então eu sempre tinha que entrar em contato com
essa pessoa, para ela me explicar tudo (E1).
"(...) Fiz treinamentos e tenho recursos físicos e materiais disponíveis para execução
do trabalho" (E4).
[...] na minha área eles já perceberam isso, que eles precisam de uma secretária [...],
as pessoas que estavam antes de mim nessa função eram todos de administração [...]
as diferenças são muito claras entre uma pessoa de administração e uma pessoa de
secretariado. Então assim, as pessoas percebem que existe essa necessidade. agora
eu trabalho com dois diretores, e eles precisam mesmo, não só eles quanto os outros
servidores. Eles sabem que precisam, então eu acabo sendo reconhecida (E1).
E eles precisavam de alguém de secretariado, porque antes era uma pessoa formada
em comunicação social e aí, não estava atendendo mais as demandas deles nas
partes mais documentais, então eles precisavam mesmo de uma pessoa de
secretariado executivo para dar [...] uma cara mais corporativa nesse projeto(...)
Antes eles não achavam isso, mas devido a demanda que eles começaram a ter para
esse projeto que eu coordeno hoje, quanto de outros projetos, eles começaram a ver
que, de repente, uma pessoa de jornalismo, de administração, de direito, não ia
atender tão bem quanto uma pessoa de secretariado executivo (E2).
formação, não conseguia executar bem as tarefas pertinentes a alguém de secretariado que
lhes foram delegadas, tanto que acabou sendo demitido e, mesmo assim, somente a
entrevistada percebeu o quão importante é o seu papel como secretária executiva em seu setor,
e consequentemente para a organização.
Ainda que TRUSS et al (2013) tenham constatado que um maior reconhecimento da
profissional também se deu pelas novas denominações que os cargos de secretárias haviam
recebido, tal como assistente ou de diretoria, as informações levantadas pelas entrevistas não
apontam um reconhecimento nesse sentido. Ainda que nenhuma das entrevistadas tenha,
oficialmente, o título de Secretária Executiva, é tido como claro em seu ambiente profissional,
seja pela percepção delas ou dos colegas de trabalho e superiores, que este é o trabalho que
desempenham e tal como foi dito acima o reconhecimento tem se dado principalmente pela
boa consecução de suas atividades.
Uma vez que ocupações caracterizadas como guetos ocupacionais apresentam uma
mobilidade limitada entre o primeiro e segundo setor, tal como descrito por Maguire
(1996a;b) pela falta de perspectivas de promoção (LOWE, 1987 apud TRUSS 1992), fez-se
necessário questionar as entrevistadas sobre as suas perspectivas de crescimento vertical
dentro de suas organizações.
Em todas as entrevistas, foi constatada a existência de perspectivas de promoções,
nestes casos mais relacionadas aos méritos próprios dos profissionais do que ao crescimento
do superior, apesar de ter sido o caso da E3 que foi promovida de Assistente de Gerência para
Assistente de Diretoria para continuar acompanhando sua superior, uma vez que ela passou de
gerente para diretora. Isso também se dá pelo fato de que em sua empresa, é mais comum que
as secretárias cresçam dentro dos seus cargos e o crescimento para um cargo fora de
secretariado, para consultora, por exemplo, seria uma exceção, caso ocorresse.
As E1, E2 e E4 apontaram que de acordo com o mérito as promoções podem ocorrer,
mas no caso da E1 isso também se dá pela denominação do cargo, uma vez que ela foi
contratada com o cargo Assistente Comercial I. Mesmo que sejam efetuadas tarefas de um
profissional de secretariado, a denominação do cargo, oficialmente, é outra devido a uma
sugestão feita por seu superior no momento de sua contratação, a fim de que não lhe fossem
tolhidas as perspectivas de crescimento, uma vez que com a denominação de cargo como
Secretária Executiva seria mais difícil o crescimento vertical, devido aos processos definidos
pelo setor de RH da empresa. Com o cargo de secretária executiva, era mais provável que ela
pudesse crescer somente dentro do cargo.
De acordo com a E2, desde seu primeiro dia na empresa foi dito que sua organização
trabalha com a meritocracia e pode crescer de acordo com as necessidades da empresa.
Enquanto que a E3 se mostrou um pouco mais negativa em relação ao crescimento, pois
afirmou que ele ocorre para 'as que tem sorte, e não as mais competentes, por algum motivo'.
Porém, mesmo com perspectivas de crescimento possíveis, a E4 disse não ter certeza
se deseja conseguir uma promoção, pois ela vem atrelada com muitas responsabilidades.
Ainda que tenha sido levantado que seu superior promova suas assistentes, na medida do
possível, sendo que uma delas é atualmente Diretora. Mas, é possível que esse sentimento
seja relacionado ao fato dela já ser Assistente Executiva da Vice Presidência. Ressalta-se aqui
que em seu caso a promoção se dá para outras funções, dando às assistentes cargos diferentes
de secretárias, tal como no caso da assistente que se tornou diretora.
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Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
Porque eles [os empregadores] sabem que todo mundo precisa de uma secretária,
mas uma questão dos conhecimentos e capacidade que a gente tem no Secretariado,
de uma pessoa formada em Secretariado, as pessoas tem pouco conhecimento, tipo:
'nossa, entende o que que (sic) é um planejamento estratégico!'. O ponto é esse, não
é preconceito, é falta de conhecimento (E1).
Olha só, eu acho que existe mais preconceito dentro da faculdade do que fora.
Porque, quando, fora no ambiente profissional, até hoje, pelo menos comigo, eu não
tive nenhum caso de preconceito contra a profissão. Eu já tive casos da pessoa não
saber o que faz um profissional, mas igual na faculdade em que a gente ouve
piadinha o tempo inteiro e tal, nunca ouvi. Então, eu acho que existe mais no
ambiente acadêmico, enquanto estudante do que no ambiente profissional (E2).
Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 13 n.4 – Outubro/Dezembro 2015.
Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.
Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
foram desenvolvendo ao longo de sua vida acadêmica e profissional. O que foi levantado é
que ocorre uma tentativa de unir interesses pessoais e profissionais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa buscou entender, dentro do contexto em que foi aplicada, como se dá a
realização da profissão de Secretariado Executivo, em especial pela perspectiva dos próprios
profissionais. Foi possível definir que ocorreu o alcance dos objetivos tendo em vista que a
coleta dos dados secundários permitiu ver aquilo que os empregadores esperam dos
profissionais de secretariado, mesmo que para eles a ocupação ainda seja pautada por uma
grande realização de atividades técnicas. Foi possível perceber que tem ocorrido a realização
de novas atividades, de cunho mais estratégico, ainda que timidamente, o que ajuda a mudar a
visão que se tem que este profissional possa somente realizar atividades rotineiras e técnicas
(LOWE 1987 apud TRUSS 1992).
Em relação ao levantamento dos dados primários, foi possível alcançar a sua
compreensão, mostrando que ainda é esperado que estes profissionais realizem atividades
técnicas além de tarefas pautadas por conhecimentos gerenciais e táticos. Sendo assim, foi
possível levantar informações sobre a forma em que a ocupação ocorre a partir do ponto de
vista dos empregadores, a fim de que seja possível fazer sua descrição e então relacionar seu
estado com a Ghetto Thesis, tal como foi proposto.
Desta forma, com o levantamento dos dados primários, constatou-se que ainda ocorre
a alta concentração da mão de obra feminina, seja pela pouca procura dos homens pelo curso,
quanto por preconceito dos empregadores, aproximando a ocupação dos guetos ocupacionais
tipicamente femininos. Outro ponto que pode funcionar como aproximação aos guetos
ocupacionais é o motivo em que as entrevistadas procuraram esta ocupação, tendo em vista
que nenhuma delas entrou no curso com certeza do que seria a profissão, ou porque tinham
certeza de que era isso que buscavam e sim porque ela alcançava alguns interesses específicos
ou pela dúvida em qual carreira seguir. Mesmo assim, foi possível entender que a ocupação
pode trazer satisfação pessoal/profissional, ainda que esta possa ser aliada ao descobrimento
de interesses pessoais a serem atingidos com mestrados e especializações, buscados para
agregar conhecimentos aos já adquiridos pela graduação e vida profissional.
No que diz respeito às tarefas realizadas no dia a dia dos profissionais, o aspecto
técnico não desapareceu e é possível que isso não ocorra, pois tarefas como digitação de
documentos, arquivamento, controle de agenda e etc. são esperadas do profissional, bem
como são importantes para o bom andamento do departamento e da organização em que
trabalham, permitindo a consecução de seus objetivos e metas. Porém, cada vez mais outras
tarefas têm sido incorporadas, à medida que a organização ou o profissional demonstram
interesse/necessidade e habilidades/conhecimento para tal, diversificando então as atividades
realizadas. Desta forma, percebe-se que o posicionamento do profissional de secretariado
dentro da organização, bem como os tipos de atividades realizadas também dependem de seu
perfil, pois mesmo que ele tenha sido contratado para realizar atividades técnicas, ele não
precisa se prender a isso. Assim demonstrando interesse em fazer mais, pode acumular mais
funções diferenciadas, permitindo que a profissão não possa ser simplesmente pautada pela
baixa diversificação de tarefas repetitivas, diminuindo sua satisfação com a profissão.
Além disso, nenhuma das entrevistadas mencionou ter condições pouco favoráveis
para desenvolver suas atividades, tal como é esperando num gueto ocupacional (LOWE 1987
apud TRUSS 1992), aumentando os fatores que distanciam o Secretariado dos guetos
ocupacionais.
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Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.
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REFERÊNCIAS
Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 13 n.4 – Outubro/Dezembro 2015.
Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.
Secretariado no gueto? Reflexões sobre a Ghetto Thesis
GIL, Carlos Antônio. Métodos e Técnica de Pesquisa Social. 2ª edição. São Paulo. Atlas,
1989. 206p.
GUIMARÃES, Mário Eustáquio. O Livro Azul da Secretária Moderna. 19 ed. São Paulo,
editora Érica, 2001.
MAGUIRE, Heather. Just a Sec! A Comparative Study Of The Changing Role Of Secretarial
Staff In Australia and New Zealand. Refereed Papers, v. 01, 1996a.
Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 13 n.4 – Outubro/Dezembro 2015.
Recebido em 21/12/2014 – Revisado em 19/04/2015 - Aprovado em 30/08/2015 – Publicado em 30/12/2015.