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Resumo Do Capítulo 19 - "Cultura" e Cultura - Conhecimentos Tradicionais e Direitos Intelectuais de Manuela Carneiro Da Cunha PDF
Resumo Do Capítulo 19 - "Cultura" e Cultura - Conhecimentos Tradicionais e Direitos Intelectuais de Manuela Carneiro Da Cunha PDF
Até 1992 todo e qualquer recurso genético era considerado patrimônio comum da humanidade,
porém, o que acontecia de fato era que países tecnologicamente mais avançados se apropriavam
desses recursos naturais para suas invenções, que eram completamente privatizadas. Nesse ano,
portanto, ocorreu a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) para discutir a dominância de
países mais ricos sobre os de terceiro mundo sobre as tecnologias referentes a recursos
genéticos e naturais, então a CDB estabeleceu a soberania de cada país sobre seus recursos
genéticos.
A partir dessa discussão sobre a soberania de cada país no que diz respeito à recursos genéticos,
abriu-se mais espaço para a temática dos conhecimentos científicos indígenas sobre recursos
naturais. A ONU, portanto, abriu espaço para essas discussão pois são pautas que normalmente
não são apoiadas pelos governos dos países. Nesse âmbito surgiram organizações e coalizões
indígenas internacionais como atores políticos.
Assim podemos refletir sobre a politização dessas organizações indígenas, uma vez que esses
grupos são forçados a fazer parte dessa lógica capitalista de propriedade privada, da qual não era
uma ideia inicial da cultura desses povos, para se fazerem ouvidos e assegurar seu bem-estar,
esses povos precisam dialogar nessa mesma lógica. O fato de alguns povos indígenas terem se
organizado politicamente causou algum espanto, pois pela visão Ocidental, o indígena carregava
o estigma de ser despredido de qualquer pensamento individualista e de propriedade, porém ao
passo que a cultura Ocidental apresenta duas alternativas aos indígenas sobre seus
conhecimentos científicos, tornar seus conhecimentos universais e propriedades de todos ou
assegurar seus direitos sobre a propriedade deles, alguns deles escolhem aquele que garante o
controle sobre sua tradição.
A autora cita uma frase de Marilyn Strathern sobre a questão: "Uma cultura dominada pelas ideias
de propriedade só pode imaginar a ausência dessas ideias sob determinadas formas". Ou seja, "O
conhecimento indígena é conceitualizado como o avesso das ideias dominantes. Assim, os povos
indígenas parecem estar inextricavelmente condenados a encarnar o reverso dos dogmas
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30/07/2020 Resumo do Capítulo 19 – “Cultura” e Cultura: Conhecimentos Tradicionais e Direitos Intelectuais de Manuela Carneiro da Cunha
Esse caso diz respeito à cultura de cada sociedade, porém, a autora sugere o termo "cultura", com
aspas, esse termo, portanto, diz respeito à existência de um projeto político que considera a que o
conhecimento tradicional possa se tornar domínio público (payant). Essa contradição é explicada
através da propriedade metalinguística de "cultura".
A autora recorre também ao conceito de "efeito de looping" de Ian Hacking que diz respeito a uma
teoria da rotulação. Essa teoria afirma, de modo simplificado, que quando pessoas são rotuladas
institucionalmente elas passam a aderir a comportamentos de tal esteriótipo. O ser-humano
procura, portanto, responder ao que se espera dele, mas acaba muitas vezes tendo um resultado
diferente, logo, "há um novo conhecimentos ser obtido sobre o tipo. Mas esse novo conhecimento,
por sua vez, torna-se parte do que se deve saber acerca dos membros do tipo, que muda
novamente". Isso é o que a autora entende como o efeito looping.
A afirmativa do chefe Yawanawa é um paralelo entre a autorreflexão de Hacking e o metadiscurso
do termo "cultura" sobre a cultura. Ao afirmar que honi não é cultura, ele trata da "cultura", pois ela
é entendida como compartilhada por todos os membros dessa sociedade, ele se manisfestava
contra isso. O honi, naquele cultura, não era compartilhado entre todos os Yawanawa.
Em síntese, no capítulo a autora trata a questão da cultura x “cultura” e debate sobre como a
“cultura” foi imposta e posteriormente aproveitada pelas sociedades periféricas. Nesse debate
para elucidar a diferença desses termos ela traz como exemplo a fala sobre o Honi e a questão da
indigenização – quando cita o efeito looping – que é um fenômeno de adaptação de um povo a um
princípio de valor humano que lhe foi pregado ou incutido. A partir de exemplos e reflexões sobre
os termos e conceitos utilizados para definir conhecimento nas sociedades em geral, a autora
explica a dicotomia entre cultura e “cultura”.
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