Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AFRICANA
AULA 4
Não foi por acaso que os três grandes Impérios Africanos surgiram entre o
Saara e a Savana (impérios do Gana, Mali e Songai que tiveram sua existência
entre o século X e XV de nossa era). Além dos interesses econômicos e
religiosos, há explicações político-culturais.
CONTEXTUALIZANDO
Quem não gosta de samba?
Se você é morador de uma dessas frias cidades da Região Sul que não
têm carnaval, e se você nunca pôde ir à Bahia, basta ouvir o rádio ou assistir,
pela televisão, a um desfile alegórico, a uma roda de samba ou à apresentação
de um grupo de música popular, ou ainda algum ícone de nosso cancioneiro
popular, como Gilberto Gil ou Milton Nascimento, para tomar contato com a
exuberante cultura de matriz africana que temos no Brasil. Os
afrodescendentes, com sua riqueza cultural, fazem a alegria que contagia a
nossa nação. Seus dias de festa são dias de comemoração por todo o Brasil, e
em tudo se manifesta sua beleza: nas vestimentas, nas cores, nas formas, nos
sabores que dão gosto à vida cotidiana dos brasileiros.
Se você não colocou uma arruda atrás da orelha para curar mau-olhado,
não saúda seu amigo desejando-lhe um bom “axé” e nunca comeu um
saboroso acarajé, está perdendo a oportunidade de fazê-lo. Graças à cultura
de matriz africana, você pode encontrar todas essas maravilhas em muitas
esquinas de nosso país e pode receber de um amigo afrodescendente ou não
um benfazejo desejo de bom “axé”.
TEMAS
3
Após essa breve explanação, agora é importante destacarmos os
elementos que estruturam as sociedades africanas, pois são elas que nos
permitem afirmar que entre as culturas africanas há uma estrutura comum que
as identifica como uma matriz cultural.
2. O Universo africano.
3. A Força Vital.
4. A morte.
5. A ancestralidade.
4
com o princípio da integração, onde os vários elementos se
comunicam e se complementam.
5
Não havia nada, senão um Ser. Este Ser era um vazio vivo a incubar
potencialmente todas as existências possíveis. Tempo Infinito era a
morada desse Ser-Um. O Ser-Um chamou a si mesmo Maa-Ngala.
Então, ele criou ‘Fan. Um ovo maravilhoso com nove divisões no qual
introduziu os nove estados fundamentais da existência. Quando o
Ovo Primordial chocou dele nasceram vinte seres fabulosos que
constituíram a totalidade do universo a soma total das formas
existentes de conhecimento possível. Mas, aí nenhuma dessas vinte
primeiras criaturas revelou-se apta a ser o interlocutor que Maa-
Ngalahavia desejado para si. Então, tomando uma parcela de cada
uma dessas vinte criaturas misturou-as. E, insuflando na mistura uma
centelha de seu hálito ígneo, criou um novo ser – o Homem – a quem
deu parte de seu próprio nome: Maa. Assim, esse novo ser, por seu
nome e pela centelha divina nele introduzida, continha algo do próprio
Maa-Ngala. (Ribeiro, 1996, p. 40-1)
6
A Força Vital é um dos conceitos mais característicos da matriz africana,
não tanto pelo caráter de estruturação como é o papel principal dos cultos à
ancestralidade, porém tem a força do matiz, da marca de distinção. É a crença
motora de toda uma certeza de vitalidade na existência e de possibilidade de
recorrência no soerguimento da vida, na medida em que ela é a energia
primordial.
7
competência, assim como aqueles elementos ligados à organização
da sociedade (Oliveira, 2013, p. 20).
TEMA 4 - A MORTE
8
Fica claro que o sistema de crenças que sustenta a cosmovisão africana
conforta a comunidade ao afirmar que o falecido está próximo, embora não
visível aos olhos comuns, e que ainda está mais íntimo na dimensão do
sentimento. Essa concepção garante o reequilíbrio da perda gerada pela morte,
pois ela se integra ao conceito da preservação da Força Vital, tendo em vista
que ela, a Força Vital, permanece no seio da comunidade.
9
socialização, dominar a palavra e preparar seus ritos, tanto iniciáticos
como de passagem ou permanência. (Oliveira, 2013, p. 27-28)
TEMA 5 - A ANCESTRALIDADE
10
Para compreendermos a ancestralidade, devemos pensar em uma
árvore que cresce em direção ao infinito. Nascemos de dois, que nasceram de
quatro, que nasceram de oito e assim vamos acrescendo até o infinito. O
infinito é o preexistente, e os primeiros que existiram são os mais próximos e
íntimos da força da criação.
11
O culto aos ancestrais traz uma conotação estruturante na medida em
que reorganiza o desequilíbrio causado pela ausência que a morte traz. De
acordo com esse conceito, a morte não propicia uma ausência, mas apenas
desloca a presença para outro plano, que por sinal não é distante; muito pelo
contrário, emocionalmente ainda está mais próximo do que o seu estado em
vida.
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
LEITE, F. Valores civilizatórios em sociedades negro-africanas. In: Introdução
aos Estudos sobre África Contemporânea. São Paulo: Centro de Estudos
Africanos da USP, 1984.
13
RIBEIRO, R. Y. Alma africana no Brasil. Os iorubás. São Paulo: Oduduwa,
1996.
14