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Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

C Construção, Acumulação
e Preservação do Paleoerg Botucatu
Claiton Marlon dos Santos Scherer,
Luis José Tomazelli, Karin Goldberg

1. INTRODUÇÃO

A Formação Botucatu corresponde a um imenso erg acumulado no final do


Jurássico e início do Cretáceo sobre uma ampla área da Plataforma Sul-Americana, cobrindo
uma área superior a 1 milhão km2. Em decorrência disso, os arenitos da Formação Botucatu
correspodem a uma das mais significativas acumulações eólicas da história da terra, refletindo
um momento geológico singular. Quando se interpreta um pacote eólico é importante ter em
mente que o registro sedimentar é resultado de um conjunto de processos que devem ser
vistos de uma forma hierárquica, iniciando-se com aqueles processos que controlam a cons-
trução de um erg, passando para aqueles que determinam se ocorrerá ou não a acumulação de
sedimentos em uma área e chegando, por fim, aos processos que controlam se a acumulação
será incorporada no registro geológico (Kocurek, 1999). O presente trabalho tem por objeti-
vo desvendar os diferentes fatores que controlaram a construção, acumulação e preservação
do paleoerg Botucatu. Para tanto, cada uma destas fases será analisada de forma independen-
te, procurando-se entender a sucessão de eventos que permitiu que o paleorg Botucatu fosse
incorporado ao registro geológico.

2. CONTEXTO GEOLÓGICO

A Formação Botucatu consiste de arenitos eólicos distribuídos ao longo de uma


área com mais de 1.5 milhão de km2, aflorando ao longo de toda a borda da Bacia do Paraná,
incluindo áreas no Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, além de apresentar depósitos correlatos
no continente africano (e.g. Formação Twyfenfontein, Stanistreet & Stollhofen, 1999). Esta
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unidade é limitada na base por uma ral, no poço de Alto Piquiri, perfurado na
discordância regional, passível de ser região onde o pacote vulcânico é mais es-
rastreada em toda a bacia. É composta do- pesso, resultaram em idades entre 136,6 ±
minantemente por depósitos eólicos, repre- 1,5 Ma e 130,8 ± 0,6 Ma (Onstott et al.,
sentados por estratos cruzados de grande 1993). Posteriormente, Turner et al. (1994)
porte (1 a 30 m), interpretados como de- realizou datações com base em amostras
pósitos residuais de dunas eólicas (Almeida, distribuídas ao longo de toda a bacia e de-
1953; Bigarella & Salammuni, 1961). Estu- terminou uma idade de 137 ± 0,7 Ma para
dos faciológicos de detalhe, realizados na as manifestações vulcânicas mais antigas
porção sul da área de afloramentos da For- que, em concordância com o trabalho de
mação Botucatu, permitiram a reconstru- Onslott (op. cit.), indicam que o término da
ção morfológica das dunas eólicas, indican- acumulação eólica da Formação Botucatu
do dunas eólicas crescentes simples a ocorreu no início do Cretáceo. Entretanto,
localizadamente compostas e draas linea- a determinação da idade de início da sedi-
res complexos (Scherer, 2000; Scherer, mentação da Formação Botucatu é proble-
2002). Por vezes, a base da Formação mática. Tomando como base os icnofósseis
Botucatu inclui conglomerados e arenitos de vertebrados identificados nos estratos
conglomeráticos depositados por inunda- eólicos, Bonaparte (1996) atribui uma ida-
ções em lençóis e arenitos grossos a muito de Neojurássica-Eocretácea para a Forma-
grossos interpreados como depósitos de ção Botucatu, hipótese esta admitida por
lençóis de areia eólicos (Bigarella & Milani et al. (1998) para a elaboração do
Salamuni, 1961; Soares, 1975; Almeida & arcabouço estratigráfico do Mesozóico da
Melo, 1981; Scherer, 2002; Scherer & Bacia do Paraná. No entanto, conforme dis-
Lavina, 2006). A Formação Botucatu apre- cutido por Scherer et al. (2000), a íntima
senta espessuras que variam de 0 até 400 relação dos arenitos com as lavas e a
metros, sendo que as maiores espessuras inexistência de supersuperfícies dentro do
encontram-se na porção noroeste da Bacia pacote eólico sugere que a Formação
do Paraná (Milani, 1997). Os arenitos Botucatu compreende um intervalo de tem-
eólicos são sobrepostos pela sucessão de po mais reduzido. Dessa forma, conside-
rochas vulcânicas da Formação Serra Ge- ra-se que o início da sedimentação eólica
ral, com espessuras de 300 a 800 metros. da Formação Botucatu ocorreu no final do
Ao que parece, as lavas “congelaram” du- Jurássico.
nas eólicas que se encontravam migrando
ao longo da bacia, preservando integral-
mente as suas morfologias (Scherer, 2002). 3. CONTEXTO PALEOGEOGRÁFICO
Em decorrência do contato concor-
dante entre as formações Botucatu e Serra
Geral, as datações das rochas vulcânicas da Em termos paleogeográficos, o
For mação Serra Geral oferecem um Jurássico foi caracterizado pela fragmenta-
referencial geocronológico seguro para o ção do supercontinente de Pangea. Entre
término da sedimentação eólica da Forma- o final do Jurássico e o início do Cretáceo
ção Botucatu. Deter minações a separação do Gondwana e da Laurásia
radiométricas Ar/Ar realizadas em amos- encontrava-se bastante desenvolvida, com
tras das rochas vulcânicas coletadas em di- um amplo oceano separando os dois con-
versos níveis dentro do pacote Serra Ge- tinentes (Scotese, 2003). Além disso, o

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nível eustático foi alto durante este inter- Superior (mais ou menos 90 milhões de
valo de tempo, com amplas regiões da anos), resultante de mudanças no campo
Laurásia sendo inundadas, possibilitando tensional que aconteceram na crosta du-
assim o desenvolvimento de extensos ma- rante a evolução do Atlântico Sul (Lelarge
res epicontinentais. O Gondwana, por sua et. al., 1994). A presença de arenitos
vez, apresenta depósitos marinhos somente correlatos em território africano
na margem oriental e numa estreita faixa (Mountney et al., 1998; Stanistreet &
da região de retroarco andino. No interior Stollhofen, 1999) indica que a área
do continente dominou uma sedimentação deposicional da Formação Botucatu era
estritamente continental, destacando-se os mais extensa que aquela circunscrita pelos
depósitos eólicos da Formação Botucatu seus atuais limites erosivos. Entretanto, a
(Figura 1). Esta ausência de mares extensão original do paleoerg Botucatu
epicontinentais no interior do Gondwana consiste em um ponto não resolvido.
é reflexo da paleotopografia do continen- A Formação Botucatu apresenta uma
te, constituindo-se de um amplo platô com nítida diminuição de espessura em direção
cotas superiores a 100 metros, desenvolvi- ao sul, indicando que o Escudo Sul-rio-
do em decorrência do alto fluxo térmico e grandense era um alto topográfico à época
do conseqüente alto freeboard continental, da acumulação eólica (Scherer, 2000, 2002).
semelhante ao que é hoje observado na Esta unidade estende-se em direção su-
África (Worsley et al., 1984). doeste, extrapolando o território brasilei-
O final do Jurássico ao início do ro. No Uruguai, o pacote eólico é designa-
Cretáceo é marcado por profundas mudan- do For mação Riveira (Ferrando &
ças tectônicas no Gondwana. Durante este Montana, 1988), enquanto na Argentina
intervalo de tempo intensificaram-se os (Bacia Chaco-Paraná) é denominado For-
processos de fragmentação do megaconti- mação São Cristobal (Padula & Mingramm,
nente, marcados pelo desenvolvimento do 1969; Pezzi & Mozetic, 1989; Garrazino,
sistemas de riftes continentais que viriam 1995), correspondendo aos níveis superio-
a dar origem ao Atlântico Sul. Enquanto res desta unidade. A presença de arenitos
ocorreu o desenvolvimento de bacias riftes grossos, interpretados como de origem flu-
na porção sul e nordeste do continente sul- vial, intercalados com as dunas eólicas de
americano, a região ocupada pela Forma- topo da Formação São Cristobal (Pezzi &
ção Botucatu consistia em uma área Mozetic, 1989), indica um contexto de
cratônica onde se desenvolveu uma ampla margem de erg que, segundo Scherer
bacia topográfica que acumulou um paco- (2000), estender-se-ia até a encosta andina,
te significativo de depósitos de dunas onde os depósitos conglomeráticos da For-
eólicas (Figura 1). mação Barranca (Bacia de Cuyo) represen-
Existem dúvidas sobre a extensão tariam as fácies mais proximais do paleoerg
original do paleoerg Botucatu. O limite les- Botucatu.
te da Formação Botucatu é claramente Na porção oeste da bacia, os arenitos
erosivo, marcado por um abrupto desapa- da Formação Botucatu são mapeados até
recimento dos arenitos eólicos contra a o Paraguai, onde são denominados Forma-
Serra do Mar. Esta tectônica deformadora ção Missiones, (Clerici et al., 1986), poden-
está relacionada a movimentos epirogené- do terem se estendido até a Bolívia, onde
ticos positivos que ocorreram em toda a Sempere (1995) descreve um pacote de
borda leste da Bacia do Paraná no Cretáceo arenitos eólicos amalgamados denominados

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Figura 1.
1 Mapa paleogeográfico da porção sudoeste do Gondwana durante o final do Jurássico e o início do Cretáceo. Modificado
de Scotese (2003).

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For mação Ichoa, de idade Jurássico/ deram em direção norte/nordeste muito


Eocretáceo, com características faciológicas além da sua atual faixa aflorante.
muitos semelhantes ao Botucatu. O que
não fica claro é a existência de uma conti-
nuidade física entre as formações Botucatu 4. CONSTRUÇÃO DO PALEOERG
e Ichoa, podendo os arenitos terem sido BOTUC
BOTUCAATU
depositados em bacias sedimentares distin-
tas.
O limite norte e nordeste da área de A construção de sistemas eólicos é
ocorrência do Botucatu encontram-se em uma função de três fatores independentes:
território brasileiro, mais precisamente nos (1) suprimento sedimentar, (2) disponibili-
Estados de Mato Grosso, Goias e Minas dade de areia e (3) capacidade de transpor-
Gerais. Dúvidas ainda persistem sobre a te do vento. Juntos, estes fatores determi-
natureza destes limites, se são erosivos ou nam o regime sedimentar do sistema
deposicionais. Provavelmente, a área (Kocurek & Lancaster, 1999). O suprimen-
deposicional dos arenitos eólicos não avan- to sedimentar é o volume de sedimentos
çava muito além dos seus limites atuais. gerado em um determinado intervalo de
Não existe nenhuma evidência de uma con- tempo, que serve como fonte para o siste-
tinuidade física entre a “bacia” do Botucatu ma eólico. Embora alguns sedimentos pos-
e as bacias riftes do nordeste brasileiro, su- sam ser derivados da deflação eólica de
gerindo a existência de altos topográficos rochas, a quase totalidade das areias de ergs
que as separavam fisicamente. tem a sua origem no retrabalhamento pelo
No que se refere à Bacia do Parnaíba, vento de sistemas fluviais/aluviais, costei-
Bigarella (1979) admitiu a existência de uma ros ou lacustres. A disponibilidade de areia
conexão entre os arenitos Botucatu e seca corresponde à suscetibilidade dos
Sambaíba que, em conjunto, constituiriam grãos superficiais de serem transportados
um imenso deserto. Esta hipótese estava pelo vento. Um contexto de alto suprimen-
fundamentada em dois principais fatores: to sedimentar não é suficiente para a cons-
a similaridade de modelos deposicionais e trução de ergs, sendo também necessária
a sucessão estratigráfica, marcada em uma alta disponibilidade de sedimentos. A
ambas as unidades pela sobreposição de capacidade de transporte pelo vento, por
derrames vulcânicos, denominado na Ba- sua vez, refere-se à capacidade que o vento
cia do Parnaíba de Formação Mosquito. No tem para transportar sedimentos, sendo in-
entanto, as rochas vulcânicas da Formação dependente da disponibilidade de areia. A
Mosquito possuem idades K/Ar variando capacidade de transporte está vinculada à
entre 180-200 Ma (Mizusaki & Saracchini, energia do vento, podendo ser expresso
1990), o que torna o Sambaíba mais antigo com uma taxa volumétrica. A capacidade
que o Botucatu, impossibilitando a corre- máxima de transporte ou saturação do flu-
lação entre estas duas unidades. O Cretáceo xo é alcançada em segundos, se existir uma
Inferior está pobremente representado na alta disponibilidade de areia.
Bacia do Parnaíba, sendo os derrames vul- Em termos de suprimento sedimen-
cânicos da Formação Sardinha o único re- tar, a origem das areias do Botucatu per-
gistro remanescente, o que indica que os manece especulativa. A porção sul do
arenitos eólicos do Botucatu não se esten- paleorg é caracterizada por uma paleocor-
rente para nordeste das dunas eólicas

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(Figura 2) o que sugere uma área fonte de Botucatu ao longo de toda a faixa aflorante
sedimentos a sudoeste. Dessa forma, a hi- leste e norte da bacia (Soares, 1975) sugere
pótese mais provável é que um volume sig- a existência de drenagens locais que trans-
nificativo das areias do Botucatu resulta- portaram sedimentos para o paleoerg.
ram de retrabalhamento de sistemas flu- A disponibilidade de um grande vo-
viais, cuja área fonte estava vinculada a al- lume de areia para construção do paleorg
tos topográficos existentes na borda oci- Botucatu está diretamente vinculada à con-
dental do Gondwana. Segundo Mpdozis & figuração paleogeográfica e paleoclimática
Ramos (1988), a margem oeste da Améri- do Gondwana. A presença de uma ampla
ca do Sul apresentou um arco magmático cadeia de montanhas na borda oriental do
que se estendia de forma contínua desde a Gondwana deve ter impedido que os ven-
Bolívia até o Sul da Patagônia durante o tos provenientes do oeste deslocassem umi-
Jurássico-Cretáceo. Na região de retroarco, dade para o interior do continente, produ-
desenvolveu-se um conjunto de bacias zindo uma ampla faixa de aridez. Além dis-
extensionais que recebeu uma intensa se- so, os ventos provenientes de norte (Mar
dimentação continental. Dentro deste con- de Tétis) adentravam grandes distâncias no
texto, cabe ressaltar a Formação Barrancas, interior do Gondwana, até alcançar a área
aflorante na Bacia de Cuyo e nas regiões deposicional da Formação Botucatu, tor-
vizinhas, que se caracteriza por conglome- nando-se extremamente seco. Desta forma,
rados arroxeados os quais se encontram a existência de uma extensa região árida no
subjacentes a um espesso pacote basáltico interior do Gondwana reduziu a umidade
de idades entre 124 Ma e 131 Ma (Legarreta do substrato, diminuindo a cobertura ve-
et al., 1993). Ainda em território argentino, getal e disponibilizando assim um grande
em direção a leste, os depósitos conglome- volume dos sedimentos aluviais para o
ráticos intercalam-se com arenitos fluviais retrabalhamento eólico.
e eólicos do Grupo Gigantes (Bacia de
Beazley, Rivarola & Di Paola, 1992), suge-
rindo a existência de uma ampla planície 5. ACUMUL AÇÃO DO PALEOERG
ACUMULAÇÃO
aluvial que forneceu suprimento sedimen- BOTUC
BOTUCAATU
tar para o paleoerg Botucatu. Entretanto,
existem algumas evidências que sugerem a
presença de altos topográficos no interior A acumulação eólica refere-se à de-
Gondwana que também serviriam como posição total de sedimentos através do tem-
área fonte de sedimentos. Nos estados do po, gerando um corpo tridimensional de
Paraná, São Paulo e Minas Gerais, os es- estratos que pode ser incorporado ao re-
tratos cruzados da Formação Botucatu in- gistro geológico (Kocurek & Havholm,
dicam uma paleocorrente das dunas eólicas 1993). A existência de dunas eólicas em uma
para sul (Figura 2) (Bigarella & Salamuni, determinada área não implica, necessaria-
1961; Scherer & Goldberg, 2007), sugerin- mente, na acumulação sedimentar. A maio-
do uma área fonte dos sedimentos a partir ria dos campos de dunas e ergs são caracteri-
de sistemas fluviais provenientes da por- zadas somente pela deposição, sem que
ção setentrional da bacia (Cráton do São ocorra cavalgamento de dunas eólicas (i.e.
Francisco?). Em concordância com isto, a areia é depositada na face frontal e a duna
presença de conglomerados e arenitos con- migra, mas nenhuma sucessão vertical
glomeráticos na base da For mação ou acumulação é formada). A acumulação

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Figura 2.
2 Mapa paleogeográfico da Bacia do Paraná, no final do Jurássico e início do Cretáceo, mostrando o vetor médio dos
estratos cruzados e a posição inferida da zona de convergência intertropical (ZCIT). As setas maiores indicam o sentido dos
ventos previstos pelo modelo geral de circulação atmosférico para o Jurássico Superior (Moore et al., 1992). As paleolatitudes e
a palegeografia foram baseadas em Scotese (2003).

necessita de uma alta disponibilidade de sedimentar negativo ou neutro cessa a


areia e ocorre quando o balanço entre a acumulação eólica, causando o desenvol-
entrada e a saída de sedimentos é positivo vimento de supersuperfícies, definidas
(Maiguet & Chemin, 1983). Um balanço por Kocurek (1988) como superfícies que

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delineiam o fim da acumulação em uma de- cia de uma ampla bacia topográfica, simi-
terminada área. A arquitetura de fácies do lar ao que é observado hoje nos ergs do
paleoerg Botucatu, marcada pela Saara (Wilson, 1973). Entretanto, o padrão
sobreposição direta de estratos cruzados de ventos existentes na porção central do
de dunas eólicas sem a ocorrência de de- Gondwana, durante o final do Jurássico e
pósitos de interdunas (Scherer, 2000; 2002), início do Cretáceo, consistiu também em
permite classificar esta unidade como um um fator determinante para a acumulação
sistema eólico seco (terminologia de eólica. Conforme ressaltado por Scherer &
Kocurek & Havholm, 1993). Os sistemas Goldberg (2007), o padrão para NE do sen-
eólicos secos representam um contexto tido de mergulho dos estratos cruzados, na
onde o nível do lençol freático encontra- porção sul da área aflorante da Formação
se abaixo da superfície deposicional e ne- Botucatu, indica paleoventos dominantes
nhum fator de estabilização controla a se- que sopravam de SW, enquanto o sentido
dimentação. Sendo assim, todo o sedimen- de mergulho predominantemente para
to no substrato é potencialmente disponí- SSW, na porção setentrional da bacia, su-
vel para o transporte eólico. Os processos gere o predomínio de ventos monsonais
de deposição, bypass e erosão ao longo do oriundos de norte. Por sua vez, a região
substrato são controlados unicamente pela que hoje corresponde ao Estado do Paraná,
configuração aerodinâmica (Kocurek & marcada por uma ampla dispersão do sen-
Havholm, 1993). A acumulação em siste- tido de mergulho dos estratos cruzados,
mas eólicos secos requer, usualmente, um sugere uma zona de convergência de ven-
alto suprimento sedimentar e não ocorre tos, definindo a posição da ITCZ (Figura
até que a superfície deposicional alcance 2). Este padrão convergente gera uma de-
uma condição de saturação de areia (zonas saceleração dos ventos e uma conseqüente
saturadas), marcada pelo cavalgamento de retenção de areia no sistema, favorecendo
dunas eólicas sem o desenvolvimento de a acumulação eólica.
interdunas planas. Para que as condições O término da acumulação eólica e o
de saturação da superfície deposicional se- consenqüente desenvolvimento de uma
jam alcançadas e ocorra a acumulação supersuperfície estão relacionados a um rá-
eólica, é necessário um decréscimo na taxa pido e extenso vulcanismo da Formação
de transporte e/ou um decréscimo na con- Serra Geral. Uma série de feições preser-
centração com o passar do tempo (Kocurek vadas no contato sedimento lava (Figura
& Havholm, 1993). Em sistemas eólicos se- 3) sugere que os derrames vulcânicos da
cos, onde o influxo é constante e a maioria Formação Serra Geral recobriram campos
dos sedimentos é transportada através de de dunas eólicas ativos da For mação
dunas, a desaceleração do fluxo é a causa Botucatu, indicando que não existe um hia-
mais comum do decréscimo na taxa de to temporal entre as duas unidades
transporte e concomitante acumulação. A estratigráficas. Entre as inúmeras evidên-
desaceleração ocorre principalmente em cias de contemporaneidade entre a sedi-
virtude da expansão do fluxo ao adentrar mentação eólica e os fluxos de lavas, pode-
em uma área deprimida (bacia topográfi- se destacar: (1) a preservação dos estratos
ca) ou da convergência de ventos. de dorso das dunas (topset) (Figura 3A), (2)
A ampla área de ocorrência do o desenvolvimento de brechas vulcânicas
paleoerg Botucatu sugere que a desacele- formadas pela interação entre sedimentos
ração do vento esteja associada à existên- eólicos e lavas, formando feições similares

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a peperitos (Jerran & Stollhofen, 2002) (Fi- que instantaneamente (dezenas a centenas
gura 3B) e (3) a impressão de feições no de anos?), enquanto o período de acumu-
dorso das dunas durante a movimentação lação eólica envolveu no máximo alguns
das lavas. Entre estas últimas feições, des- poucos milhões de anos. Ou seja, a For-
tacam-se as marcas em crescente, origina- mação Botucatu consiste em um caso sin-
das pela deformação das areias durante o gular, onde a acumulação representa um
avanço de lobos de lavas do tipo pahohoe intervalo de tempo maior que aquele con-
(Scherer, 2002) (Figuras 3C, D) e as estrias tido na supersuperfície.
subparalelas e estreitamente espaçadas, ge-
radas pelo atrito do fluxo de lava sobre as
areias inconsolidadas (Figura 3E). Além 6. PRESERVAÇÃO DO PALEOERG
PRESERVAÇÃO
disso, ocorrem moldes de plaquetas de BOTUC
BOTUCA ATU
basaltos formados pela fragmentação de
uma fina crosta resfriada na porção super-
ficial do fluxo que, durante o avanço da Outro conceito fundamental em sis-
lava, são encrustados nos sedimentos are- temas eólicos é o da preservação, que se
nosos subjacentes (Jerran & Stollhofen, refere ao conjunto de processos necessá-
2002). rios para que uma determinada acumula-
A direção das estrias, aliada ao senti- ção sedimentar seja incorporada no regis-
do da convexidade das estruturas em cres- tro estratigráfico (Kocurek & Havholm,
cente geradas pela movimentação dos lo- 1993). Para que ocorra a preservação de
bos de lavas, pode ser usada como uma sucessão eólica é necessário que a
indicadora de paleofluxo (Scherer, 2002). acumulação seja colocada abaixo do nível
Os dados obtidos indicam que os fluxos de base regional (Kocurek & Havholm,
de lavas canalizavam-se, inicialmente, nas 1993). A equivalência entre espaço de
interdunas (sentido preferencial da acumulação e espaço de preservação que
convexidade das marcas em crescentes para pode ser verificada em contextos marinhos,
SW, enquanto as dunas eólicas migravam não é aplicada para sistemas eólicos secos,
para NE) e avançavam progressivamente onde a acumulação ocorre acima do lençol
sobre o dorso e a face frontal das dunas freático que, em última instância, é o nível
adjacentes, até recobri-las totalmente (Fi- de base em sistemas desérticos. Sendo as-
gura 3F). sim, uma fração significativa da acumula-
A supersuperfície que limita o topo ção eólica da Formação Botucatu não se-
da Formação Botucatu difere de forma ria incorporada ao registro geológico se um
substancial dos modelos existentes, prin- vulcanismo estocástico e catastrófico não
cipalmente, no que se refere ao tempo de tivesse ocorrido na porção sul do
formação. Conforme discutido por Loope Gondwana durante o início do Cretáceo.
(1985) e Havholm & Kocurek (1994), a ge- Devido ao recobrimento das dunas eólicas
ração de supersuperfícies envolve alguns pelos derrames vulcânicos e a posterior
milhares de anos, abrangendo, normalmen- subsidência flexural decorrente do peso da
te, um intervalo de tempo significativamen- pilha vulcânica, toda a acumulação foi in-
te maior que aquele contido na acumula- corporada ao registro geológico, inclusive
ção do pacote eólico. No entanto, ao con- o intervalo que estava, inicialmente, situa-
trário disso, a supersuperfície em interesse do acima do espaço de preservação (Figu-
foi formada, em termos geológicos, quase ra 4).

Construção, Acumulação e Preservação do Paleoerg Botucatu 291


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Figura 3.
3 Feições de interação sedimento-lava no contato entre as formações Botucatu e Serra Geral. (A) Duna linear (vista
transversal ao fluxo) preservada pelos fluxos de lavas; (B) Brechas vulcânicas geradas pela interação entre as lavas e sedimentos
inconsolidados; (C) Marcas em crescente geradas pela deformação dos sedimentos arenosos eólicos de dorso de duna por lobos
de lavas pahohoe; (D) Detalhe das marcas em crescente, observe que entre as marcas em crescentes as marcas onduladas eólicas
são inteiramente preservadas pela lava; (E) Estrias geradas pelo atrito da lava sobre sedimentos arenosos eólicos; (F) Modelo de
recobrimento das dunas eólicas pelas lavas basálticas, as lavas fluíam inicialmente ao longo dos corredores de interdunas e
recobriam progressivamente o dorso e a face frontal das dunas eólicas.

292 Claiton Marlon dos Santos Scherer, Luis José Tomazelli, Karin Goldberg
50 50 anos de Geologia

Figura 4
4. Diagrama mostrando o espaço de preservação existente antes (A) e depois (B) das extrusões dos derrames basálticos. O
espaço de preservação foi substancialmente aumentado em decorrência da subsidência flexural causada pelo peso das rochas
vulcânicas.

Construção, Acumulação e Preservação do Paleoerg Botucatu 293


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7. CONCLUSÕES
CONCLUSÕES Ponçano, W.L. (Ed.). Mapa geológico do
Estado de São Paulo: nota explicativa. São
Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas. v.1,
O registro do paleoerg Botucatu res- p. 46-77.
ponde a uma sucessão de eventos que po- Bigarella, J.J. & Salamuni, R. 1961. Early
dem ser sintetizados em três fases distin- Mesozoic wind patterns as suggested by dune
tas: (1) a de construção, (2) de acumulação bedding in the Botucatu Sandstone of Brazil
e (3) de preservação. A construção do and Uruguay. Geological Society of America
paleoerg é resultado de um alto suprimen- Bulletin, 72:1089-1106.
to sedimentar, associado à presença de con- Bigarella, J.J. 1979. Botucatu and Sambaiba
dições climáticas extremamente áridas no Sandstones of South America (Jurassic and
interior do Gondwana que possibilitaram Cretaceous) and Cave Sandstone and similar
a disponibilização de uma grande quanti- sandstones of southern Africa (Triassic). In:
dade de areia seca para o desenvolvimento McKee, E.D. (Ed.). A study of global sand
de extensos campos de dunas eólicas. As seas. Washington, U.S. G. Survey. p. 233-238.
características faciológicas da Formação (Geological Professional Paper, n. 1052)
Botucatu sugerem um sistema eólico seco. Bonaparte, J.F. 1996. Late Jurassic vertebrate
Como nesse tipo de sistema, o lençol communities of eastern and western
freático encontra-se abaixo da superfície Gondwana. Geores. Forum, 1:427-432.
deposicional, a acumulação eólica é con-
trolada somente pelas condições aerodinâ- Clérici, A.M.; Suguio, K. & Fúlfaro, V.J. 1986.
micas do fluxo. Portanto, a acumulação Reavaliação da geologia do Paraguai Oriental.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
eólica foi o resultado da desaceleração dos
GEOLOGIA, 34., Goiana, 1986. Anais...
ventos, vinculada à existência de uma am-
Goiania, SBG .v. 1, p. 163-176.
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