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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Ob
r ap

ESTRATIGRAFIA DE SEQUENCIAS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E


APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
ar
aC
on

MÁRCIO PARISOTTO
ALUNO
su
lta

FERNANDO MACHADO DE MELLO


ORIENTADOR

MAIO DE 2007
ÍNDICE
Resumo...................................................................................................................iii
Lista de Figuras....................................................................................................... iv

Capítulo 1 – Introdução
1.1 – Apresentação............................................................................5
1.2 – Objetivo.....................................................................................6
Ob

1.3 – Histórico....................................................................................6
1.4 – Conceitos..................................................................................8
1.5 – Seqüência: Unidade Fundamental..........................................10
r ap

Capítulo 2 – Sismoestratigrafia
2.1 – Visão Geral..............................................................................13
2.2 – Interpretação Sismoestratigráfica............................................14
2.3 – Curva eustática e Arquitetura Deposicional.............................17
ar

Capítulo 3 – Estratigrafia de Seqüências


aC

3.1 – Introdução...............................................................................19
3.2 – Acomodação...........................................................................20
3.3 – Eustasia..................................................................................21
3.4 – Taxa de Variação Relativa do Nível do Mar...........................22
on

3.5 – Parasseqüências Conjunto de Parasseqüências...................23


3.6 – Limite de Seqüências.............................................................25
3.7 – Trato de Sistemas..................................................................29
su

3.7.1 – Trato de Sistema de Mar Baixo...........................................29


3.7.2 – Trato de Sistema Transgressivo.........................................33
lta

3.7.3 – Trato de Sistema de Mar Alto.............................................35


3.8 – Tratos de Sistemas e Plays ...................................................36

Capítulo 4 – Conclusões......................................................................................37

Capítulo 5 – Referências Bibliográficas.............................................................38

ii
RESUMO

A Estratigrafia de Seqüências se fundamenta no registro sedimentar, apartir


de ciclos eustáticos do nível do mar, e engloba tratos de sistemas que serão abordados
com visão holística.
Ob

O aperfeiçoamento na aquisição, processamento e inerpretação dos dados


sísmicos proporcionados pela indústria do petróleo promovem modificações e
atualizações de conceitos que acaretam em nova interpretação de litofácies nos
sistemas deposicionais.
r

A busca e análise dos métodos interpretativos das seqüências e sua geração


ap

serão abordados através de idéias e conceitos oriundos de pensamentos individuais e


escolas, no âmbito de discussão e avaliação.
A interpretação de litofácies deposicionais em cada trato de sistema constitui um
ar

conjunto de geometrias de reflexão/estratos esperados para cada trato. Dessa forma é


possível inferir, dentro de algumas limitações, os paleoambientes deposicionais, e por
conseguinte, os tratos de sistemas.
aC
on
su
lta

iii
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - A seqüência genética de Galloway e a sua comparação com a seqüência da


Exxon...........................................................................................................................................11
Figura 02 – Discordâncias................................................................................................. 15
Figura 03 – Geometrias estratais e terminações de refletores...........................................16
Figura 04 – Estágios da curva eustática.............................................................................17
Ob

Figura 05 – Modelos de fácies sísmica básicos..................................................................17


Figura 06 – Modelos de terminações de refletores em seqüência hipotética.....................18
Figura 07 – Espaço disponível para potencial deposição: Acomodação............................20
r

Figura 08 – Eustasia e batimetria........................................................................................21


ap

Figura 09 – Curva Eustática................................................................................................22


Figura 10 – Variação relativa do nível do mar.....................................................................23
Figura 11 – Conjunto de parasseqüências..........................................................................24
Figura 12 – Limite de seqüência Tipo 1...............................................................................25
ar

Figura 13 – Limite de seqüência Tipo 2...............................................................................26


Figura 14 – Limite de seqüência Tipo 1 em plataforma carbonática...................................27
aC

Figura 15 – Limite de seqüência Tipo 2 em plataforma carbonática...................................27


Figura 16 – Seqüências e modelos de tratos de sistemas deposicionais...........................28
Figura 17 – Trato de sistemas de mar baixo inicial.............................................................30
Figura 18 – Origem do limite de seqüência e formação de regressão forçada pela queda
on

contínua do nível do mar.............................................................................................................31


Figura 19 – Trato de sistemas de nível baixo final..............................................................32
Figura 20 – Superfície de ravinamento................................................................................33
su

Figura 21 – Trato de sistemas transgressivo.......................................................................34


Figura 22 – Trato de sistemas de nível alto.........................................................................35
Figura 23 – Formação de limite de seqüência e novo desenvolvimento de trato de sistemas
lta

de nível baixo............................................................................................................................36

iv
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1 – Apresentação

O surgimento da Estratigrafia de Seqüências veio possibilitar


Ob

exatamente esta visão do todo na análise de bacias sedimentares, consolidando


num só arcabouço as informações advindas de diversos campos da geologia
sedimentar, tais como a sedimentologia, a bioestratigrafia, a paleogeografia,
entre outros.
r

O caráter revolucionário dentro das geociências, defendido por


ap

Miall,1992, e Della Fávera,1995, impulsiona a Estratigrafia de Seqüências como


um ícone comparado com a Teoria de Tectônica de Placas.
A sismoestratigrafia ou estratigrafia de seqüências, representada por
ar

frentes como a Escola da Exxon, especula os fatores determinantes para a


configuração da arquitetura deposicional, pois as seções sísmicas nos fornecem
a conjuntura atual das bacias sedimentares. No entanto, o entendimento da
aC

dinâmica da bacia, considerando os fatores tectônicos associados aos processos


de sedimentação marinha, exposição e possível erosão, correntes marinhas
profundas e correntes de marés, a ação do clima determinando o tipo de
on

sedimentação, fatores estruturais determinando aumento no espaço de


acomodação, além dos fatores clássicos como subsidência e taxa de variação
relativa do nível do mar são fundamentais.
su

Contudo, existe uma preocupação na inferência desses fatores, de


modo a não haver precipitação e forçar uma concepção do modelo, justificando
litofácies deposicionais por conta de eventos, por vezes não totalmente
lta

associáveis.
A necessidade de discussão do assunto é pertinente, e começa pela
denominação – modelo – hoje tida como um “método” de análise sísmica, visto
àss propriedades intrínsecas à bacia.

5
1.2 – Objetivo

Esta pesquisa tem o intuito de trazer a tona princípios fundamentais da


Estratigrafia de Seqüências, suas atualizações desde as divulgações no
AAPG Memoir 26, através da proposta de Peter R. Vail.
A divulgação dos conceitos básicos deste método de análise sísmica
Ob

deve atingir a comunidade acadêmica de forma a estimular o raciocínio


calcado na estratigrafia de eventos. Isso é suportado pelo fato de que os
trabalhos iniciais foram desenvolvidos através do mapeamento regional de
r

fácies no Paleozóico do Estado de Montana (EUA), e que, portanto, as


ap

particularidades tectono-estratigráficas daquela bacia, diferem


essencialmente das bacias da margem continental brasileira (vistos os
controles eustáticos, subsidência, aporte sedimentar, clima). Além disso, o
Brasil se revelou um país de grande potencial energético, e a prospecção de
ar

hidrocarbonetos exige cada vez mais alta resolução sísmica para suportar as
atualizações do modelo proposto inicialmente.
aC

A análise da taxa de variação relativa do nível do mar sobre a ótica dos


fatores controladores da arquitetura deposicional na conjuntura da plataforma
continental brasileira de ser continuamente estudada com o objetivo de
combater o delay de informações, e dessa forma, consolidar o Brasil como
on

destaque na prospecção de hidrocarbonetos em águas profundas e ultra-


profundas.
su

1.3 - Histórico
lta

A estratigrafia de seqüências é um tratamento estratigráfico que deriva


basicamente da sismoestratigrafia. Esta última surgiu na década de 1960, com
o desenvolvimento da sísmica digital multicanal, que teve contribuição de
equipamentos eletrônicos durante a fase de aquisição de dados e o posterior
processamento das informações, contribuindo para a interpretação das atuais
seções geológicas.

6
O centro de pesquisa de Houston, Texas, com destaque a Peter R.Vail e
Robert Mitchum III, apresentaram trabalhos de grande difusão, provocando
uma revolução científica conhecida como Estratigrafia de seqüências, esse
grupo ficou conhecido como Exxon. Inicialmente, uma série de coincidências
na variação do onlap costeiro chamou sua atenção, o que deu origem à
proposta da variação do nível do mar como causa principal.
Em 1977, no best seller da AAPG Memoir 26, a apresentação dessas
Ob

teorias despertou interesse das indústrias petrolíferas. O modelo, basicamente,


infere litologias associadas às variações eustáticas, consideradas globais e
assim correlacionáveis. Dessa forma, em tempos de rebaixamento eustático,
r

formar-se-iam os leques submarinos (rocha reservatório para hidrocarbonetos).


ap

Por outro lado, as fases de expansão eustática positiva, correspondendo à


superfície de inundação máxima, haveria a formação de rochas geradoras. No
mesmo evento Louis Frank Brown e William Fisher discordaram da opinião do
grupo da Exxon. Estudos atuais do Pleistoceno indicam que os leques
ar

submarinos foram formados durante rebaixamento relativo do nível do mar.


Esses modelos sofreram críticas e posteriores modificações, e
aC

atualmente Henry Posamentier, tem se destacado, propondo suas idéias


através de método de trabalho ao invés de modelos, afastando a estratigrafia
de seqüências de seus aspectos polêmicos.
Sérgio Cainelli (1993) faz uma atualização de conceitos fundamentais
on

que regem a estratigrafia de seqüências abordando concepções contraditórias


com a determinação de superfícies limítrofes das seqüências e as
discordâncias tipo 1 e tipo 2.
su

Joel Carneiro de Castro (1999) analisa a estratigrafia de seqüências nos


últimos 35 anos, enfatizando pormenores da evolução da sedimentologia de
processos à estratigrafia de seqüências. Destaca a conotação litoestratigráfica
lta

(rocha pela rocha sem compromisso com o tempo) que foi dada aos sistemas,
apesar do próprio termo ter uma conotação holística (partes de um todo) e,
portanto cronoestrátigrafica (este tratamento veio mais tarde, com a
estratigrafia de seqüências e seus tratos de sistemas). Apresentam ainda a
evolução do conhecimento de alguns modelos deposicionais (delta, barra de
plataforma e leque submarino), principalmente face os conceitos estratigráficos
modernos.

7
No Brasil o avanço da estratigrafia foi influenciado fortemente pela
Petrobrás, como reflexo, o aporte de publicações em português teve
contribuições de grande importância no ano de 2001. Helio J.P. Severiano
Ribeiro em Estratigrafia de Seqüências Fundamentos e aplicações, borda o
tema com muita propriedade em todos os seus aspectos, apresentando
novidades como a aplicação da micropaleontologia. Jorge C. Della Fávera em
Fundamentos de Estratigrafia Moderna confronta o uniformitarismo à
Ob

estratigrafia de eventos, com visão holística enfatiza o catastrofismo como


base científica da sedimentação episódica.
Nos últimos anos, praticamente todas as bacias brasileiras foram
r

estudadas em termos de estratigrafia de seqüências. A pesquisa brasileira


ap

nessa área fornece grande utilidade no contingente dos trabalhos


internacionais, onde tem se destacado em águas profundas e ultra-profundas.
ar

1.4 – Conceitos:
aC

Sismoestratigrafia: é um método estratigráfico de interpretação de dados


sísmicos, o qual permite uma melhor compreensão da evolução tectono-
sedimentar de uma bacia. (Severiano Ribeiro, 2001)
on

Eustasia: é o movimento de elevação ou queda global das águas oceânicas.


Segundo Kendall & Lerche (1988), não é possível medir-se a eustasia, a
menos que o nível d’água fosse aferido num poste fincado no centro da Terra.
su

Entretanto, movimentos eustáticos são reais e podem ser inferidos a partir de


vários métodos. (Della Fávera).
lta

Subsidência: é o movimento de natureza tectônica que afeta o substrato das


bacias.

Variação relativa do nível do mar: é a combinação entre a eustasia e a


subsidência tectônica. Mais modernamente, Posamentier et al. (1988)
introduzem a chamada taxa de variação relativa do nível do mar, que combina
a taxa de variação eustática e a taxa de subsidência.

8
Acomodação: é o espaço disponível para a acumulação de sedimentos.
Embora a subsidência seja a maior responsável por esta acumulação, esta
ficaria modulada pela variação eustática. A disposição geométrica de uma
seqüência dependerá da distribuição da acomodação no espaço e no tempo.
(Della Fávera, 2001). Posamentier & Allen (1999) consideram inválida a
discussão de ser a eustasia ou a tectônica o fator mais importante da
Ob

acomodação, já que os sedimentos não sabem a diferença entre esses dois


fatores.
r

Discordância: é uma superfície que separa estratos mais novos de mais


ap

antigos, ao longo da qual há evidência de truncamento erosivo subaério (em


alguns lugares, erosão submarina correlata) ou então de uma exposição
subaérea, com a indicação de um hiato significante. (Escola da Exxon, 1988).
ar

Conformidade: é uma superfície de acamamento que separa estratos mais


jovens de estratos antigos, ao longo da qual não há evidência de erosão (tanto
aC

subaérea como submarina) ou não deposição e onde não haja qualquer hiato
significativo. (Della Fávera,2001)

Parasseqüência e conjunto de parasseqüências: é uma sucessão


on

concordante de camadas ou conjunto de camadas geneticamente


relacionadas, limitada pó superfícies de inundação marinhas e suas superfícies
correlatas. (Della Fávera, 2001).
su

Tratos de sistema: é uma associação de sistemas deposicionais


contemporâneos (Brown & Fisher, 1997). Por sua vez, sistema deposicional foi
lta

definido por Fisher & McGowen (1967) como os depósitos inter-relacionados


de um determinado ambiente deposicional, vistos em três dimensões.

Toplap: as reflexões/estratos terminam lateralmente, diminuindo gradualmente


de espessura mergulho acima e ascendendo ao limite superior
assintoticamente. O toplap evidencia um hiato não-deposicional e ocorre

9
quando o nível de base é muito baixo, a ponto de impedir a continuidade da
deposição mergulho acima de um estrato. (Severiano,2001).

Onlap: quando uma reflexão/estrato, inicialmente horizontal, termina


deposicionalmente contra uma superfície inicialmente inclinada ou quando uma
reflexão/estrato com certa inclinação termina deposicionalmente mergulho
acima contra uma superfície de maior inclinação. (modif..,Severiano,2001).
Ob

Downlap: ocorre quando reflexão/estrato inclinado termina, mergulho abaixo,


contra uma superfície horizontal ou inclinada.
r ap

1.5 – Seqüência: unidade fundamental

A abordagem da Estratigrafia de Seqüências em termos de


interpretações de seções sísmicas baseia-se basicamente na identificação das
ar

terminações das reflexões/estratos e a sua posterior interpretação. O modelo


interpretativo da Exxon passou, ao longo dos últimos 35 anos, por reajustes
aC

motivados pela melhora na resolução das seções sísmicas e pesquisas pelas


indústrias petrolíferas devido ao aumento da demanda energética. Contudo, o
referido método de análise estratigráfica mostrou-se próspero.
A primeira referência ao termo seqüência ocorreu através do
on

mapeamento regional de fácies no Paleozóico do Estado de Montana (Estados


Unidos da América) desenvolvido por trabalhos de Sloss et al. (1949). Portanto,
a identificação e delimitação de uma unidade fundamental sempre persistiram
su

na sismoestratigrafia, por vezes em controvérsias. Nesse sentido, destaca-se a


Seqüência estratigráfica genética (Galloway) e a Seqüência deposicional
(Exxon).
lta

A grande divergência estaria na seleção dos limites e nos objetivos de


interpretação. O grupo da Exxon usa essencialmente dados sísmicos,
enquanto que a de Galloway enfatiza a sedimentologia, interpretando
ambientes pelas feições internas e geometrias de fácies. Várias diferenças
essenciais distinguem a seqüência estratigráfica genética da seqüência
deposicional baseada em sísmica, particularmente porque esta última tem sido
primariamente interpretada como refletindo um controle eustático ubíquio sobre

10
o preenchimento da bacia. Galloway admite a ação dos três controles em
conjunto.
Ob
r ap
ar

Explicação:
aC

Fácies litorânea
Limite de seqüência estratigráfica genética e concordância correlativa

Discordância limite da seqüência deposicional e concordância relativa


Superfícies deposicionais
on

2 Sistemas deposicionais costeiros sucessivos

Seqüência estratigráfica genética (Galloway)


su

Seqüência deposicional (Exxon)


Figura 01 - A seqüência genética de Galloway e a sua comparação com a seqüência
da Exxon (Galloway, 1989).
lta

A arquitetura estratigráfica repetitiva é o produto da interação ativa entre


o suprimento sedimentar, subsidência (e soerguimentos) da bacia e variação
eustática do nível do mar. Cada uma dessas três variáveis pode dominar a
evolução deposicional: além do mais, a arquitetura estratigráfica resultante vai
ter o mesmo aspecto, qualquer que seja o controle dominante. (Della
Fávera,2001).

11
A denominação seqüência, antes seqüência deposicional, esta inserida
no contexto da Estratigrafia de Eventos formando depósitos de Sedimentação
Episódica (Della Fávera, 2001). Os depósitos de tempestitos, turbiditos,
inunditos e sismitos podem ser interpretados como processos catastróficos
ocorridos em curtos espaços de tempo, intercalados por longos períodos de
“Bom Tempo”.
Uma seqüência constitui um ciclo transgressivo-regressivo de 3ª ordem,
Ob

composto de diversos tratos de sistemas deposicionais. Um trato de sistemas


deposicionais foi definido inicialmente como um conjunto natural de sistemas
deposicionais contemporâneos e interligados (Brown & Fisher, 1977 apud
r

Severiano Ribeiro, 2001). Vail et al. (1977) definiu uma seqüência como uma
ap

unidade estratigráfica composta de uma sucessão relativamente concordante


de estratos geneticamente relacionados e limitada, no topo e na base, por
discordâncias ou suas conformidades correlatas.
Vail et al. (1991), estudando as assinaturas estratigráficas da tectônica,
ar

da eustasia e da sedimentologia, estabeleceram as seguintes magnitudes para


seqüências ou ciclos sedimentares:
aC

1ª ordem - > 50 Ma
2ª ordem – 3 – 50 Ma
3ª ordem – 0,5 – 3 Ma
4ª ordem – 0,08 – 0,5 Ma
on

5ª ordem – 0,03 – 0,08 Ma


6ª ordem – 0,01 – 0,03 Ma
A ordem de grandeza de uma seqüência pode ser controlada durante
su

um ciclo de Wilson, caracterizando seqüências de 1ª ordem, passando aos


superciclos e superseqüências (2ª ordem) até as seqüências de 5ª e 6ª ordens,
caracterizadas, atualmente, por ciclos sedimentares, por vezes consideradas
lta

como controladas pela excentricidade orbital da Terra. Nesse caso, refere-se


às variações de Milankovitch.

12
CAPÍTULO 2
SISMOESTRATIGRAFIA

2.1 – Visão Geral

A influência da tecnologia computacional nos processos de aquisição,


Ob

processamento e interpretação de dados sísmicos são notáveis, tendo em vista


ao aumento na resolução das seções sísmicas possibilitando uma maior
capacidade de inferência de tratos de sistemas e de seqüências.
As reflexões sísmicas são os registros do tempo de percurso (ida e
r

volta) de ondas sísmicas geradas artificialmente na superfície e refletidas em


ap

interfaces físicas das rochas. Essas interfaces demarcam o contraste de


impedância acústica entre dois pacotes rochosos contíguos. A impedância
acústica define-se como o produto da velocidade sísmica de um intervalo de
ar

rochas pela sua densidade. (Severiano, 2001).


A interpretação sismoestratigráfica é realizada, basicamente por
geólogos e geofísicos, no entanto, o objetivo fundamental é determinar o
aC

paleoambiente deposicional baseado nas terminações dos refletores. (Fig.03)


Essa ferramenta provocou uma nova forma de visualização da arquitetura
deposicional, tendo uma preocupação de delimitar as seqüências
on

cronoestratigraficamente. Isso é possível através da concepção dos processos


deposicionais serem calcados em estratigrafia de eventos.
Em virtude da magnitude dos investimentos das companhias petrolíferas
su

na aquisição de dados geológicos e geofísicos, a estratigrafia de seqüências


consolida-se como um método exploratório de ideal aplicação em áreas
marinhas profundas e destituídas de dados de poços e, por conseguinte uma
lta

incapacidade de realizar correlações. Nesse sentido, a inferência das litofácies


e, portanto do paleoambiente deposicional, onde estes estão associados a
determinados tratos de sistemas, fornece um arcabouço de grande valor na
indústria do petróleo, pois o conhecimento preciso de ambientes e litofácies
deposicionais torna possíveis predições mais refinadas de rochas reservatório,
fonte e selos, além dos caminhos para a migração dos hidrocarbonetos.

13
2.2 – Interpretação Sismoestratigráfica

A sismoestratigrafia ou estratigrafia de seqüências, representada por


frentes como a Escola da Exxon, especula os fatores determinantes para a
configuração da arquitetura deposicional, pois as seções sísmicas nos
fornecem a conjuntura atual das bacias sedimentares. No entanto, o
entendimento da dinâmica da bacia, considerando os fatores tectônicos
Ob

associados aos processos de sedimentação marinha, exposição e possível


erosão, correntes marinhas profundas e correntes de marés, a ação do clima
determinando o tipo de sedimentação, fatores estruturais determinando
r

aumento no espaço de acomodação, além dos fatores clássicos como


ap

subsidência e taxa de variação relativa do nível do mar são fundamentais.


Contudo, existe uma preocupação na inferência desses fatores, de
modo a não haver precipitação e forçar uma concepção do modelo, justificando
litofácies deposicionais por conta de eventos, por vezes não totalmente
ar

associáveis.
Os trabalhos clássicos apresentados por Vail, Wagoner, Posamentier,
aC

Allen, Mitchum e demais pesquisadores sofreram ao longo dos últimos 30 anos


aperfeiçoamentos por parte dos mesmos autores e também oriundas de outras
escolas e cientistas. As mais importantes abordam os aspectos de delimitação
das seqüências, como por exemplo, a definição do conceito de discordância,
on

atualmente com uma relação estratigráfica envolvendo truncamento erosional.


A figura 02 mostra as diferenças de inconformidades com aspectos de limites
litoestratigráficos, por quanto, as figuras 05 e 06 delimitam as seqüências
su

cronoestratigraficamente com caráter calcado na variação relativa do nível do


mar.
lta

14
Ob
r ap
ar
aC
on

Figura 02 – Discordâncias (Boggs.,2001).


su

A determinação dos limites de seqüências do tipo 1 ou tipo 2, devem


ser, na medida do possível suportadas por dados das mais variadas fontes de
informações para se obter uma maior precisão na inferência da delimitação.
lta

Atualmente, a micropaleontologia presta grande auxílio na caracterização das


seqüências, seus limites, suas superfícies mais importantes e seus tratos de
sistemas. Com o mesmo intuito, a análise da petrografia orgânica nos estudos
de estratigrafia de seqüências tem demonstrado relações interessantes, com
possíveis inferências.

15
A interpretação sísmica é facilitada quando, com o objetivo de
determinar os padrões geométricos, se procuram locais onde dois ou mais
refletores convirjam. A convergência é demarcada por setas apontando a
terminação dos refletores, desta forma em escala de seqüência é possível
visualizar as relações de estratos. Os principais tipos de terminações de
estratos são descritos como toplap, onlap, truncamento, dowlap e offlap
(Fig.03). Atualmente, esses termos têm sido incorporados na estratigrafia de
Ob

seqüências a fim de configurar os modelos de empilhamento, dessa forma,


inferindo as seqüências e tratos de sistemas.
r ap
ar
aC

Figura 03 – Geometrias estratais e terminações de refletores.

Os padrões de empilhamentos podem ser relacionados com a curva


on

eustática, esta deve ser compreendida em termos de seus pontos de inflexão,


e das variações das taxas de variações relativas do nível do mar. O modelo
considera a subsidência com constante intensidade, dessa forma, seguindo o
su

onset da queda do nível de base, representada na figura 04, ocorre um


aumento da queda eustática até atingir o ponto de inflexão F, (intersecção da
curva com a reta do tempo). Após o ponto de inflexão, a queda eustática
lta

diminui a velocidade, se a taxa de subsidência for maior do que do que a


queda eustática ocorre uma elevação da taxa relativa do nível do mar. Esse
raciocínio nos leva a interpretação de que mesmo com a queda eustática, a
taxa de variação relativa do nível do mar, ou seja, a taxa de acomodação pode
ser positiva.
Partindo do princípio de que a variação relativa do nível do mar é fator
determinante na deposição sedimentar, a compreensão da oscilação eustática,

16
subsidência, aporte sedimentar e taxa de variação relativa do mar é
fundamental para determinação dos processos relevantes durante a deposição.

2.3 – Curva eustática e a arquitetura deposicional


Ob
r ap
ar

Figura 04 – Estágios da curva eustática.


aC

As geometrias estratais estão associadas a momentos específicos das


relações dos fatores deposicionais, da mesma forma, as fácies símicas,
através do reconhecimento dos padrões de reflexões sísmicas e suas inter-
relações dentro das unidades sísmicas ou seqüências, possibilitam inferir seu
on

posicionamento dentro de uma seqüência. (modif., Embry, 2007). (Fig.05).


su
lta

Figura 05 – Modelos de fácies sísmica básicos. (Mitchum et al.,1997).

17
A complexidade das relações discutidas acima, em termos de
discordâncias, geometrias estratais, fácies sísmicas, com um acompanhamento
representativo da curva eustática pode ser visualizado na figura 06, através de
uma seqüência sísmica hipotética.
Ob
r ap
ar
aC
on

Figura 06 – Modelos de terminações de refletores em seqüência hipotética. (Vail et


al.,1987).
su
lta

18
CAPÍTULO 3
ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS

3.1 – Introdução

Estratigrafia de Seqüências é o estudo de relações de rochas


Ob

sedimentares dentro de um arcabouço cronoestratigráfico de estratos


relacionados geneticamente, o qual é limitado por superfícies de erosão ou
não-deposição, ou por suas concordâncias relativas. Superfícies de exposição
ou de não deposição como indicadoras de discordâncias têm sido repensadas
r

na atualidade. (Della Fávera, 2001). Posamentier e Allen (1999) não as


ap

consideram como discordâncias.


O conceito de episódios deposicionais e a metodologia de análise de
bacias em sistemas deposicionais foram desenvolvidos na região da costa do
ar

Golfo como um meio de analisar e interpretar a imensa espessura de


sedimentos Mesozóico-Cenozóico ricos em óleo e gás. Os sistemas
deposicionais e os tratos de sistemas são definidos, objetivamente, pelas
aC

geometrias dos estratos nas superfícies limítrofes, posição dentro de uma


seqüência, e modelos internos de empilhamento de paraseqüências. Cada um
é interpretado como um segmento da curva eustática.
on

Vail e seus seguidores buscaram uma forma objetiva de derivar uma


curva eustática a partir da curva global de deslocamento do onlap costeiro.
Essa derivação teria que partir do melhor entendimento das relações dos
su

fatores que controlam a arquitetura deposicional.


A análise de bacias em termos de arquitetura deposicional, interpretada
na curva eustática, evidencia uma interação entre taxas de eustasia,
lta

subsidência e aporte sedimentar, cujo resultado será a geração de uma


seqüência com suas componentes internas.

19
3.2 – Acomodação

Na interpretação sismoestratigráfica busca-se desvendar de que forma


os fatores controladores da arquitetura deposicional interagem para dar origem
ao padrão estratal e a distribuição espacial de fácies. Nesse sentido,
Posamentier et al. (1988), admitem ser importante dois fatores: a quantidade
de espaço em disponibilidade para a deposição sedimentar e a taxa de
Ob

variação de novos espaços adicionados. O primeiro fator é definido por Jervey


(1988) apud Mail (1997) como acomodação, a qual se refere a todo espaço
colocado em disponibilidade para potencial acumulação de sedimentos. A
r

acomodação é função das flutuações eustáticas e da subsidência. (Figura 07).


ap
ar
aC
on

Figura 07 – Espaço disponível para potencial deposição: Acomodação. (The open


University).
su

O segundo fator, novos espaços adicionados, também denominados de


taxa de acomodação, refere-se ao espaço que foi criado durante um
lta

determinado tempo, ou seja, uma taxa de variação espacial.


A variação relativa do nível do mar é a alteração na distância vertical
entre a posição da superfície do mar e um datum situado no fundo do mar ou
próximo dele, como, por exemplo, o embasamento (Fig. 08). A variação relativa
do nível do mar é independente da acumulação de sedimentos acima do
datum, bem como, é o mais efetivo controle das variações na acomodação,
mais do que a própria eustasia.

20
Segundo Kenall & Lerche (1988) apud Mail (1977), não é possível medir-
se a eustasia, a menos que o nível d’água fosse aferido num poste fincado no
centro da Terra. Entretanto, movimentos eustáticos são reais e podem ser
inferidos a partir de vários métodos.

3.3 – Eustasia
Ob

A visualização da arquitetura deposicional pode ser acompanhada pela


interpretação da curva eustática, onde seus dois pontos de inflexão,
caracterizados pela queda eustática (fall) e subida eustática (rise) denunciam
r

um estágio de máxima intensidade. Além disso, o comportamento da


ap

subsidência em termos interpretativos é constante, no entanto, torna-se maior


à medida que avança para o centro da bacia, caracterizando a linha de
charneira.
ar
aC
on
su
lta

Figura 08 – Eustasia e batimetria (Posamentier et al., 1988).

21
Della Fávera ressalta a importância da subsidência na sedimentação,
enfatizando as falhas contemporâneas à sedimentação, como por exemplo,
falhas de crescimento.
A inter-relação entre eustasia e a subsidência gerando a acomodação,
pode ser caracterizada pela taxa de variação relativa do nível do mar.
Considera-se que a taxa de variação eustática é negativa num ponto de
inflexão F (fall) da curva eustática e positiva num ponto R (rise) enquanto que a
Ob

taxa de subsidência é sempre negativa.(fig. 09)


r ap
ar

Figura 09 – Curva Eustática.


aC

Dessa forma, a taxa de variação relativa do nível do mar será a taxa de


variação eustática (positiva ou negativa) subtraída da taxa de subsidência
(negativa) (fig.10). Por conseguinte, sempre que o valor absoluto da taxa de
on

queda eustática for menor que a taxa subsidência, novos espaços estão sendo
adicionados, ou seja, a taxa de acomodação será positiva, portanto ocorrerá
uma subida relativa do nível do mar. Na situação inversa, quando o valor
su

absoluto da taxa de queda eustática for maior do que a taxa de subsidência,


haverá uma queda relativa do nível do mar, com exposição subaérea dessa
parte da bacia.
lta

3.4 – Taxa de variação relativa do nível do mar

Segundo Vail (1987), a chave para o entendimento da estratigrafia é a


perfeita compreensão das variações relativas do nível do mar (combinação da
eustasia com a subsidência). A variação relativa do nível do mar cria

22
acomodação, ou seja, espaço disponível para o preenchimento sedimentar.
Assim, para Vail (1987), a eustasia é o principal controle da variação relativa do
nível do mar, a qual determina o padrão estratal de deposição de deposição e
a distribuição de litofácies, enquanto que a subsidência tectônica controla
principalmente a espessura dos sedimentos.
Ob
r ap
ar
aC
on
su
lta

Figura 10 – Variação relativa do nível do mar (Posamentier et al., 1988).

3.5 – Parasseqüências e conjunto de parasseqüências

Uma seqüência é considerada em ralação a um conjunto de unidades


menores, onde aparece o conceito de parasseqüência. Van Wogoner et al.
(1988) consideram a parasseqüência e o conjunto de parasseqüência as

23
unidades como uma sucessão de camadas ou conjuntos de camadas
relativamente concordantes, geneticamente relacionados, limitadas por
superfícies de inundação marinha ou superfícies correlatas. Uma superfície de
inundação marinha separa estratos mais antigos de amais jovens, na qual
existem evidências de um abrupto aumento na profundidade da água. As
parasseqüências, em geral, estão abaixo da resolução sísmica, sendo
identificadas em perfis, testemunhos e afloramentos. (Severiano, 2001).
Ob
r ap
ar
aC
on
su
lta

Figura 11 – Conjunto de parasseqüências (Posamentier & Allen1999).

Um conjunto de paraseqüências é definido como uma sucessão de


parasseqüêcias geneticamente relacionadas, formando um padrão de
empilhamento peculiar e limitado por maiores superfícies de inundação
marinha ou suas correlatas. O padrão de empilhamento das parasseqüências
dentro de um conjunto de parasseqüências pode ser progradacional,

24
retrogradacional e agradacional, dependedo da razão entre a taxa de
deposição e a taxa de acomodação. (Fig. 11)

3.6 – Limite de seqüência

Na conceituação atual da estratigrafia de seqüências são propostos dois


tipos de discordâncias: Tipo 1 e Tipo 2 (Vail & Toodd,1981 e Vail et al., 1984).
Ob

A discordância do Tipo 1 é uma superfície regional caracterizada por


exposição subaérea e concomitante erosão subaérea, associada com
rejuvenescimento de correntes, as quais escavam vales e canais na
r

plataforma. Além disso, ocorre o deslocamento para baixo do onlap costeiro e


ap

onlap dos estratos subjacentes (Van Wogoner et al.,1987). Uma discordância


do Tipo 1 ocorre quando a taxa de queda eustática excede a taxa de
subsidência no limite deposicional da linha do mar de costa (depositional
shoreline break), resultando numa quebra relativa do nível do mar nessa
ar

posição. (Severiano, 2001) (Fig. 12 e 14).


aC
on
su
lta

Figura 12 – Limite de seqüência Tipo 1. (Posamentier et al., 1988).

25
A discordância Tipo 2 é uma superfície regional marcada por uma
exposição subaérea e deslocamento para baixo da onlap costeiro para uma
posição que não chega atingir o limite deposicional da linha de costa. Essa
discordância é mais sutil e não apresenta rejuvenescimento de correntes.
Ocorre uma lenta e ampla erosão subaérea, provocando uma gradual
degradação da fisiografia. Esse tipo de discordância é caracterizado,
Ob

principalmente, pela interrupção da sedimentação fluvial, sobre a qual


depositam-se sedimentos de planície costeira.(Severiano 2001) (Fig. 13 e 15).
r ap
ar
aC
on
su
lta

Figura 13 – Limite de seqüência Tipo 2 (Posamentier et al., 1988).

O limite de seqüência considerado refere-se ao limite inferior, portanto, o


limite de seqüência Tipo 1, correspondente à seqüência Tipo 1, pode
apresentar limite superior Tipo 1 ou Tipo 2. Da mesma forma, o limite de
seqüência Tipo 2, correspondente à seqüência Tipo 2, pode apresentar limite
superior Tipo 1 ou Tipo 2.

26
Ob
r ap
ar

Figura 14 – Limite de seqüência Tipo 1 em plataforma carbonática.(Doyle et al., 1998)


aC
on
su
lta

Figura 15 – Limite de seqüência Tipo 2 em plataforma carbonática. (Doyle et al.,1998).

27
Vail et al., (1987) desenvolveram uma forma diagramática de
representar as relações entre esses dois tipos de seqüências, com os tratos
de sistemas e o timing de cada um deles em relação à curva eustática.
(Fig.16).
Ob
r ap
ar
aC
on
su
lta

Figura 16 – Seqüências e modelos de tratos de sistemas deposicionais (Vail., 1987).

28
3.7 – Tratos de sistemas

Uma seqüência compõe-se por uma sucessão de tratos de sistemas


deposicionais e estes, por sua vez, constituem-se por sistemas deposicionais
contemporâneos.
O modelo da Exxon contém quatro tratos de sistemas básicos.
Posamentier et al. (1988) e Posamentier e Vail (1988) desenvolveram blocos
Ob

diagramas de margens continentais extencionais, baseado em simulação


computacional de Jervey (1988).
Devido à variabilidade dos controles da formação das seqüências, sua
r

ocorrência, em caráter fiel ao modelo proposto é de difícil observação, no


ap

entanto, a sucessão de tratos pode estar incompleta ou ter uma geometria


diferente da ilustrada pelo modelo. (modif. Della Fávera,2001). Nesse sentido
Vail e seus seguidores sempre enfatizam que esses modelos têm uma
aplicação geral e que devem ser modificados e ajustados para levar em
ar

consideração fatores locais de uma determinada bacia, tais como: suprimento


sedimentar variável, clima, tectônica, etc.
aC

Ainda sobre a concepção do mesmo cientista, o padrão estratal de


deposição e a distribuição de litofácies são controlados, ultimamente, pelas
variações eustáticas. Assim, baseando-se nesse conceito, cada trato de
sistema vincula-se a um determinado segmento da curva eustática,
on

ressalvando que o momento exato de cada trato de sistemas numa


determinada bacia depende da subsidência e do suprimento sedimentar locais.
su

3.7.1 – Trato de sistema de mar baixo – (Lowstand system


tract – LST)
lta

O trato de sistema de mar baixo (Lowstand system tract – LST) divide-se


em dois membros não contemporâneos: leques de mar baixo (lowstand fans) e
cunha de mar baixo (lowstand wedge).

29
Trato de sistema de mar baixo inicial (early lowstand)

O trato de sistema de mar baixo inicial (early lowstand) ocorre quando o


rebaixamento do nível relativo do mar resulta numa incisão fluvial marcando a
instalação da discordância que constitui o limite de seqüência. (Fig. 17).
Os leques de mar baixo ou sistemas turbidíticos são característicos de
Ob

fisiografias com acentuadas quebras plataforma/talude e caracterizam a


deposição durante o ponto de inflexão de uma rápida queda eustática. A
plataforma ficando exposta à erosão da origem ao by-pass, região da
r

plataforma que permite o transpasse de sedimentos através de vales


ap

dissecados na plataforma exposta, depositando diretamente no sopé do talude


e fundo da bacia, caracterizando os leques de assoalho de bacia (basin floor
fan). (modif. Severiano, 2001).
ar
aC
on
su
lta

Figura 17 – Trato de sistemas de mar baixo inicial. (Posamentier et al.,1988).

À medida que ocorre a queda relativa do nível do mar, nesse trato de


sistema, o aumento do aporte sedimentar sendo maior do que a taxa de
acomodação causa a migração da linha de praia bacia adentro, caracterizando
uma regressão normal. Por outro lado, quando o nível do mar cai e a regressão

30
continua se realizando, independentemente do aporte sedimentar, ocorre uma
regressão forçada. (modif. Embry et al., 2007). (Fig.18).
O trato de mar baixo pode ser acompanhado na curva eustática, com
seu posicionamento situado sobre o ponto de inflexão de queda eustática (F).
Arenitos do leque de assoalho da bacia, em forma de mound, como
alguns turbiditos da Bacia de Campos, embora próximos do talude, constituem
excelentes reservatórios de formam muitos campos gigantes. Essas areias em
Ob

função de serem depositadas por correntes de turbidez, fluindo em direção às


áreas baixas da bacia, adelgaçar-se-ão por sobre os altos contemporâneos,
formando as trapas. (modif.Della Fávera,2001).
r ap
ar
aC
on
su
lta

Figura 18 – Origem do limite de seqüência e formação de regressão forçada pela


queda contínua do nível do mar (Posamentier & Allen, 1999)

31
Trato de sistema de mar baixo tardio (late lowstand)

O trato de sistema de mar baixo tardio (late lowstand) ocorre quando o


nível relativo do mar atinge sua posição mais baixa, em situação de mar
estacionário, cessando a incisão e recomeçando a deposição fluvial. Nessa
fase ocorre a cunha de mar baixo (lowstand wedge), caracterizada por um
padrão de empilhamento progradacional de parasseqüências e formando onlap
Ob

na direção do continente.(Fig.19).
r ap
ar
aC
on

Figura 19 – Trato de sistemas de nível baixo tardio (Posamentier et al.,1988).


su

Acima do trato de sistema de mar baixo (limite superior), observa-se


uma superfície de inundação marinha denominada por Superfície
lta

Transgressiva – ST (transgressive surface), posicionada no ponto de inflexão


de subida eustática (R).

32
3.7.2 – Trato de sistemas transgressivo (transgressive
system tract – TST)

O trato de sistemas transgressivo, marcado seu início pela superfície


transgressiva é caracterizado por uma sucessão de parasseqüências
Ob

retrogradacionais (Fig.11).
Com o desenvolvimento da transgressão, os vales incisos são
transformados em estuários, cessando a sedimentação fluvial. Ocorre
depósitos residuais provenientes do retrabalhamento por ondas que podem
r

cobrir a superfície de erosão transgressiva, gerando uma superfície de


ap

ravinamento. (Della Fávera) (Fig.20).


ar
aC
on
su
lta

Figura 20 – Superfície de ravinamento (Posamentier et al.,1988).

33
Nessa fase desenvolvem-se as superfícies de inundação máxima,
separando o trato de sistemas transgressivo do trato de sistemas de mar alto.
Ocorre máxima deposição de sedimentos continente adentro, por outro lado a
região bacia adentro terá uma baixa taxa de sedimentação, caracterizando a
denominada seção condensada, rica em depósitos hemipelágicos. Esses
sedimentos são oriundos do processo de ressurgência marinha (upwelling),
que provocam uma alta produtividade orgânica. (Fig.21).
Ob
r ap
ar
aC
on

Figura 21 – Trato de sistemas transgressivo (Posamentier et al.,1988).

A baixa taxa de deposição no talude e/ou sopé continental pode ser


su

caracterizada por um hiato marinho, rico em estruturas de bioturbação,


denunciando um caráter de vida marinha profunda, possibilitando a deposição
de microfósseis e matéria orgânica. Dessa forma, verificam-se nessa fase os
lta

principais geradores de hidrocarbonetos. (modif. Embry et al., 2007).

34
3.7.3 – Trato de sistema de mar alto (highstand system tract)

O trato de sistema de mar alto (highstand) é caracterizado por um


conjunto de parasseqüências progradantes. (Fig.11). Na parte final deste trato,
a taxa de subida do nível do mar reduz-se a zero ou mesmo pode cair
lentamente, e a agradação dos sedimentos marinhos passa à progradação.
(Fig. 22).
Ob
r ap
ar
aC

Figura 22 – Trato de sistemas de nível alto (Posamentier et al.,1988).


on

Seu estágio inicial é marcado inicialmente por depósitos durante um


intervalo de subida lenta do nível do mar. Dessa forma as seções apresentam-
se progressivamente mais finas. (modif. Embry et al., 2007).
su

Através da interpretação da curva eustática, pode se verificar uma


diminuição progressiva da taxa de subida do nível relativo do mar, e esta última
é menor do que a taxa de influxo sedimentar, denunciando um padrão
lta

progradacional. (Fig.11).
Após essa fase, ocorre novamente, um trato de sistemas de nível baixo.
Verifica-se um rebaixamento do nível do mar, por conseguinte, destruição do
espaço de acomodação. O nível do mar cai para a quebra da plataforma com
exposição e erosão da plataforma e formam-se os vales incisos, na região do
talude e elevação continental ocorre à deposição de leques de assoalho de
bacia. (Fig.23).

35
Ob
r ap

Figura 23 – Formação de limite de seqüência e novo desenvolvimento de trato de


sistemas de nível baixo. (Posamentier.,1988).
ar

3.8 – Tratos de sistemas e plays


aC

A porção faminta dos tratos de sistema transgressivo e da parte mais


velha de mar alto caracteriza a ocorrência dos melhores geradores mundiais
depositados em ambiente marinho. Alguns dos melhores reservatórios em
on

areias costeiras se formam quando a taxa de acomodação aumenta


rapidamente. O trato de sistema transgressivo, a fase inicial do trato de nível
de mar alto e o de margem de plataforma apresentam altas taxas de
su

acomodação, desenvolvendo por isso excelentes reservatórios, principalmente


em trapas estruturais. Trapas estratigráficas podem se formar quando existem
selos da parte superior do trato de sistemas transgressivo u da parte inferior do
lta

trato de nível alto que recobrem mounds de beach-ridges, areias onlapantes e


truncamentos de sistema de nível de mar alto produzem comumente maus
reservatórios. (modif. Della Fávera, 2001).

36
CAPÍTULO 4
CONCLUSÕES

As seqüências deposicionais correlacionam-se através das bacias


sedimentares e provavelmente, segundo a escola da Exxon, correlacionam-se
também globalmente. Determinados conjuntos de processos deposicionais e,
por conseguinte certos ambientes e litofácies deposicionais estão associados
Ob

com determinados tratos de sistema. Destarte, a identificação de tratos de


sistema em dados sísmicos fornece um arcabouço para a predição mais
adequada de ambientes e litofácies deposicionais. Isto é extremamente
r

importante na indústria do petróleo, pois o conhecimento preciso de ambientes


ap

e litofácies deposicionais torna possíveis predições mais refinadas de rochas


reservatório, fonte e selos, além de caminhos para a migração dos
hidrocarbonetos.
A compreensão da gênese de litofácies geradoras de petróleo, sob as
ar

condições de taxa variação relativa do nível do mar, controlados basicamente


pela subsidência, aporte sedimentar, oscilação eustática contribui
aC

substancialmente com informações aplicáveis, com a devida cautela, nas


bacias brasileiras. Exemplo desse ambiente é a seção condensada conhecida
como “marco azul” na Bacia de Campos (Oligoceno Inferior).
Também na Bacia de Campos ocorrem campos gigantes, constituídos
on

de excelentes reservatórios, os arenitos do leque de assoalho da bacia, em


forma de mound, caracterizados por trato de sistema de mar baixo,
basicamente, pela queda eustática associado à subsidência, exposição da
su

quebra da plataforma e ocorrência dos leques submarinos.


O aumento da taxa de acomodação proporciona alguns dos melhores
reservatórios em areias costeiras. Isso pode ser conseguido durante trato de
lta

sistema transgressivo e fase inicial do trato de nível de mar alto.


A curva eustática mostrou ser um fiel auxiliar no acompanhamento dos
raciocínios em termos de taxa de variação relativa do nível do mar.

37
CAPÍTULO 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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lta

39

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