Você está na página 1de 36

+

Direito Constitucional I (1.ª t)

Materiais práticos – P1 e P2 (MV)


Princípio do Estado de Direito
+ Parte III – Capítulo I

A Constituição de 1976

①  Continuidades e descontinuidades materiais


②  Constituição originária e procedimento constituinte –
críticas e imperfeições
+ Parte III – Capítulo I
③  Evolução da Constituição de 1976: o exercício do poder constituinte
derivado (7 vezes)

o  As revisões constitucionais de 1982 (ordinária) e de 1989


(ordinária) – “a normalização constitucional”
o  A revisão constitucional de 1992 (extraordinária) – aditou o
artigo 7.º, n.º 6 (Tratado de Maastricht)
o  A revisão constitucional de 1997 (ordinária)
o  A revisão constitucional de 2001 (extraordinária) – aditou o artigo
7.º, n.º 7( Tribunal Penal Internacional)
o  A revisão constitucional de 2004 (ordinária)
o  A revisão constitucional de 2005 (extraordinária) – o referendo
sobre o Tratado constitucional europeu (artigo 295.º)
+ Parte III – Capítulo I

④  Características formais da Constituição de 1976:

o  Constituição unitextual
o  Constituição rígida (remissão)
o  Constituição longa e programática
o  Constituição compromissória
+ Parte III – Capítulo I

⑤ Garantia da Constituição e revisão constitucional


o  Os limites da revisão constitucional:
a)  Limites formais:
- Limites temporais (artigo 284.º)
-  Limites relativos ao titular do poder de revisão (artigo
285.º)
-  Limites relativos às maiorias deliberativas (artigo 286.º,
n.º 1)
-  Limites circunstanciais (artigo 289.º)
+ Parte III – Capítulo I
⑤ Garantia da Constituição e revisão constitucional (continuação)
o  Os limites da revisão constitucional:
b) Limites materiais (artigo 288.º)
u  Limites superiores e inferiores (matéria dispensada)
u  Limites materiais expressos e limites materiais implícitos
(limites textuais implícitos e limites tácitos imanentes)
u  Limites materiais absolutos e limites materiais relativos
•  A tese da “dupla revisão” (Jorge Miranda/Galvão
Telles)
•  Posição do curso: limites conjunturalmente
justificados (relativos) e limites materiais genuínos
(absolutos)
+ Parte III – Capítulo I

Hipóteses de escolha múltipla

a)  Desde 1976, foram promulgadas oito leis constitucionais em


Portugal.
b)  Uma constituição programática contém normas-fim e/ou
normas-tarefa.
c)  O Tribunal Constitucional foi criado com a revisão
constitucional de 1989.
+ Parte III – Capítulo I

a)  O poder de revisão constitucional pertence ao Presidente da


República.
b)  As revisões constitucionais extraordinárias carecem de
aprovação por maioria de 4/5 dos Deputados em efetividade
de funções.
c)  As leis constitucionais são as leis que aprovam as alterações à
Constituição.
+ Parte III – Capítulo I

a)  A distinção entre revisão ordinária e revisão extraordinária é


feita com base nos limites temporais.
b)  Os limites ao poder constituinte derivado encontram-se
consagrados no artigo 18.º da Constituição.
c)  O poder constituinte derivado é o poder de fazer as leis de
um ordenamento jurídico.
+ Parte III – Capítulo II

Princípio fundante da Constituição de 1976


Princípio da dignidade da pessoa humana (artigo 1.º da CRP)

Na Constituição:

o  Proibição da pena de morte (artigo 24.º, n.º 2)


o  Proibição da prisão perpétua (artigo 30.º, n.º 1)
o  Proibição da tortura (artigo 25.º, n.º 2)
+ Parte III – Capítulo II

Princípio fundante da Constituição de 1976


Princípio da dignidade da pessoa humana (artigo 1.º da CRP)

Na jurisprudência constitucional:

o  Garantia de um mínimo para uma existência condigna

- Acórdão n.º 509/2002 (rendimento social de inserção)

- Acórdãos n.ºs 177/02, 62/02 ou 306/12


(impenhorabilidade de rendimentos)

o  Procriação medicamente assistida (acórdão n.º 101/2009);


+ Parte III – Capítulo II

Os Princípios estruturantes da Constituição de 1976


Estado de direito democrático e social (art. 2.º CRP)

•  Princípio do Estado de Direito


•  Princípio democrático
•  Princípio da socialidade
+ Parte III – Capítulo II

O Princípio do Estado de Direito

Dimensões formais e materiais Subprincípios concretizadores


o  Juridicidade o  O princípio da legalidade da
o  Constitucionalidade administração
o  Sistema de direitos o  O princípio da segurança
fundamentais jurídica e da protecção da
confiança dos cidadãos
o  Divisão de poderes
o  O princípio da
o  Sustentabilidade ambiental
proporcionalidade em sentido
amplo
o  O princípio da protecção jurídica
e das garantias processuais
+ Parte III – Capítulo II

Dimensões formais e materiais

①  Juridicidade
•  Estado de Direito como Estado submetido a regras formais,
procedimentais e organizatórias
•  Estado de Direito como “Estado de distância” (Kloepfer)
•  Estado de Direito como “Estado de justiça”
+ Parte III – Capítulo II

②  Constitucionalidade
•  Primado ou supremacia da Constituição (artigo 3.º, n.º 3 CRP)
•  Reserva da Constituição
a)  Princípio da tipicidade constitucional competências
(artigo 111.º, n.º 2)
b)  Princípio da constitucionalidade das restrições aos
direitos, liberdades e garantias (artigo 18.º, n.º 2)
•  Força normativa da Constituição (HESSE)
+ Parte III – Capítulo II

③  Divisão de poderes – artigos 2.º e 111.º CRP


a)  Divisão horizontal de poderes
•  Separação de funções e atribuição das mesmas a
diferentes órgãos/poderes
•  A salvaguarda do núcleo essencial das
competências
b)  Divisão pessoal de poderes
•  Incompatibilidades (artigos 216.º, n.º 3 e 154.º, n.º
1 da CRP)
+ Parte III – Capítulo II

③  Divisão de poderes – artigos 2.º e 111.º CRP


c)  Divisão vertical de poderes
•  Em geral: confederação, federalismo e Estados
unitários regionais;
•  Entre nós: unidade do Estado (art. 6.º/1)
o  Garantia da autonomia regional (artigos 6.º/2
e 225.º)
o  Garantia da administração autónoma local
(artigos 6.º e 235.º)
+ Parte III – Capítulo II

④  Sustentabilidade ambiental: Estado de direito ambiental


o  Sustentabilidade em sentido amplo e sustentabilidade em
sentido estrito ou ambiental
o  O Estado de direito ambiental
a.  Concretizações constitucionais – artigos 9.º, al. e), 81.º,
als. a) e m), 66.º, n.º 1 e 2
b.  Justiça ambiental sem “(eco)fundamentalismos”
c.  Cuidado e salvaguarda do ambiente
d.  Responsabilidade para com as gerações futuras
+
Parte III – Capítulo II

⑤  Jusfundamentalidade: o sistema de direitos fundamentais


(remissão)
⑥  Democraticidade: o Estado democrático (remissão)
+
Parte III – Capítulo II

Subprincípios concretizadores do Princípio do Estado de


Direito

①  Princípio da legalidade da administração


a)  Princípio da supremacia, primazia ou da prevalência da lei
(artigos 266.º, n.º 2, 112.º, n.ºs 6, 7 e 8)
b)  Princípio da reserva de lei
•  Existência de um conjunto de matérias que são de
competência legislativa exclusiva da AR
-  Reserva absoluta (artigo 164.º)
-  Reserva relativa (artigo 165.º)
+
Parte III – Capítulo II

a)  Num Estado de Direito, cada órgão tem competência para


fazer tudo aquilo que a Constituição não proíbe.
b)  Tanto as matérias de reserva absoluta, como as matérias
de reserva relativa são matérias de competência exclusiva
da AR.
c)  O princípio da legalidade da administração traduz-se na
exigência de que as leis se revelem conformes à
Constituição.
+
Parte III – Capítulo II

②  Princípio da proporcionalidade em sentido amplo ou princípio


da proibição do excesso
a)  Concretizações constitucionais – artigos 18.º, n.º 2, 19.º,
n.º 4, 266.º, n.º 2, 272.º, n.º 2 CRP;
b)  Dimensões (ou subprincípios) do princípio:
•  Princípio da adequação
•  Princípio da necessidade/exigibilidade (material,
espacial, temporal e pessoal)
•  Princípio da proporcionalidade em sentido estrito ou
princípio da justa medida
+
Parte III – Capítulo II
Por exemplo:

a)  Lei que proíbe o acesso de homossexuais às forças


armadas e impõe o despedimento dos mesmos, caso
essa orientação sexual venha a ser revelada/descoberta;
b)  Lei que proíbe o uso de burca em espaços públicos;
c)  Lei que permite que, na sequência de um ataque
terrorista, aos suspeitos detidos possa ser negado o
acesso a um advogado durante as primeiras horas de
interrogatório desde que as perguntas que lhe sejam
colocadas se destinem a evitar um novo ataque;
+
Parte III – Capítulo II

Atente na seguinte norma legal e diga fundamentamente se


ela respeita o princípio da proibição do excesso:

“O agente da autoridade pode usar a sua arma de fogo para


disparar sobre uma pessoa que ameace destruir coisa móvel
ou imóvel de terceiro, quando esse seja o único meio para
evitar tal ofensa”.
+
Parte III – Capítulo II
③  Princípio da segurança jurídica e da protecção da confiança dos
cidadãos (artigo 2.º CRP)
a) Quanto a actos normativos
•  Princípio da precisão e determinabilidade das normas
jurídicas
•  Princípio da proibição dos pré-efeitos
•  Proibição de normas jurídicas retroactivas

b) Quanto a actos jurisdicionais – o caso julgado (o princípio da


intangibilidade do caso julgado)
c)  Quanto a actos administrativos – o caso decidido
administrativo
+
Parte III – Capítulo II
Proibição de normas jurídicas retroactivas

a)  Retroactividade autêntica e retroactividade inautêntica


b)  Três situações de retroactividade autêntica expressamente proibida
na CRP
•  Leis restritivas de direitos, liberdades e garantias (artigo 18.º, n.º
3);
•  Leis penais de conteúdo menos favorável ao arguido (artigo 29.º,
n.º 1);
•  Leis fiscais desfavoráveis para o contribuinte (artigo 103.º, n.º 3);
c)  Uma situação de retroactividade exigida
•  Leis penais de conteúdo mais favorável ao arguido (artigo 29.º,
n.º 4)
d)  Nos demais casos: o princípio da proteção da confiança (artigo 2.º);
+ Parte III – Capítulo II

Retroactividade autêntica e inautêntica

Exemplo: Pensão de reforma

Lei y 2000 2008: Aníbal Janeiro Lei X Set. 2015


Pensão= reforma-se 2015 Pensão= 600€
1000€ (1000€)

Hipótese 1: Lei X pretende produzir efeitos para as pensões pagas a partir


de Setembro de 2015 - LEI RETROSPECTIVA (retroactividade inautêntica);
Hipótese 2: Lei X pretende produzir efeitos para as pensões pagas a partir
de Janeiro 2015 (por ex.) - LEI RETROACTIVA (retroactividade autêntica);
+ Parte III – Capítulo II

Retroactividade exigida: as normas penais de conteúdo


mais favorável para o arguido (artigo 29.º, n.º 4, in fine)

•  Setembro 2013: Em Setembro de José é julgado em


José pratica um 2014, antes da Setembro de 2015.
crime de julgamento de José, Qual a lei que o juiz
corrupção. o legislador altera a lhe deve aplicar?
•  Lei Y: punido com pena do crime de
pena de 4 a 6 anos corrupção para de
de prisão. 2 a 4 anos (Lei Z)

Aplicação retroativa (a factos passados,


ocorridos em 2013) da Lei Z, por ser a
lei mais favorável ao arguido (José)
+
Parte III – Capítulo II

Em Setembro de 2016, temendo incumprir as metas


orçamentais fixadas para este ano, o Governo aprovou um decreto-
lei autorizado lançando um imposto extraordinário sobre os
rendimentos auferidos pelas pessoas singulares durante o ano de
2015.

Aprecie a conformidade constitucional da medida em causa.

 
+
Parte III – Capítulo II

Em Fevereiro de 2012, a Assembleia da República aprovou uma


lei que alterou, com efeitos para o ano lectivo em curso, o regime jurídico
do ensino recorrente, determinando que os alunos deste ensino que
pretendam candidatar-se ao ensino superior deverão realizar exames
nacionais a todas as disciplinas. Até essa data, os alunos do ensino
recorrente que quisessem aceder ao ensino superior deveriam apenas
realizar exame nacional à disciplina “específica” do curso a que
pretendiam candidatar-se.

Aprecie a conformidade constitucional da medida.


(v. Acórdão n.º 355/13)
+
Parte III – Capítulo II

Em Janeiro de 2015, A Assembleia da República


aprovou uma lei que altera os requisitos para exercer a profissão
de psicólogo, determinando que só poderia exercer tal profissão
aquele que tenha completado os 1.º e 2.º ciclos em Psicologia.
Joana, licenciada em psicologia e psicóloga há mais de
20 anos, apercebe-se que, a partir de janeiro de 2015, deixará
de poder exercer a sua profissão.

Quid iuris?
(acórdão n.º 851/2014)
+
Parte III – Capítulo II

Em dezembro de 2011, o Conselho Geral da Ordem dos


Advogados aprovou uma deliberação que aumentava os emolumentos
(taxas) a pagar pelos advogados estagiários nos seguintes termos:
-  De 50€ para 700€, a pagar até à realização do teste escrito da fase
de formação inicial;
-  De 50€ para 650€, a pagar até à realização do exame final de
agregação;
A deliberação previa a sua aplicação imediata, inclusivamente
para os advogados estágiários já inscritos no curso de estágio desde
setembro de 2011.

Quid iuris?
(acórdão n.º 241/15)
+
Parte III – Capítulo II
A Lei do Orçamento do Estado para 2014 continha uma norma que
determinava que, doravante, as subvenções vitalícias só seriam devidas aos
ex-titulares de cargos políticos que tivessem um rendimento mensal inferior
a 2000€.
Até aí, permitira-se a acumulação das subvenções vitalícias com
qualquer rendimento, inclusivamente com pensões de reforma. As
subvenções eram devidas a quem, tendo pelo menos 55 anos, tivesse
exercido durante pelo menos 12 anos um cargo político, e não estavam
dependentes de qualquer contribuição (desconto) do beneficiário. De
salientar, igualmente, que em 2005 o legislador eliminara as subvenções
vitalícias, mas previu uma disposição transitória que permitia aos
beneficiários continuar a beneficiar das subvenções já em pagamento.
 
Quid iuris?
(acórdão n.º 3/2016)
+
Parte III – Capítulo II

a)  A doutrina identifica no princípio da proibição do excesso


três dimensões ou subprincípios.
b)  O princípio da proibição do excesso não possui refracções
no texto constitucional português.
c)  À luz do artigo 29.º da Constituição, as leis penais nunca
podem ter efeito retroactivo.
+
Parte III – Capítulo II

a)  A retrospectividade está proibida, em qualquer caso, pela


Constituição da República Portuguesa.
b)  Entre nós, a Constituição só proíbe a retroactividade de leis
restritivas de direitos, liberdades e garantias.
c)  O princípio da protecção da confiança proíbe, nalgumas
hipóteses, que as normas jurídicas possam ser retroactivas.
+
Parte III – Capítulo II

a)  Há normas retroactivas e retrospectivas que são


constitucionalmente admissíveis.
b)  Existem quatro situações de retroactividade expressa e
peremptoriamente proibida na CRP.
c)  Uma lei retrospectiva é aquela que visa a produção de efeitos
para o passado, não obstante poder afectar situações que
venham a constituir-se no futuro.

Você também pode gostar