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IDÉIAS

Abaixo a religião da Ciência


É hora de romper com o mito do Progresso herdado do Iluminismo. Ele impede de pensar que mesmo face à ciência e suas
produções, os homens poderiam ser livres e iguais

por Jacques Testart

As religiões marcaram amplamente a história das ciências, recusando as ousadias da mente que contradiziam os
dogmas construídos por elas. No caso da religião católica, não foi apenas por que ela triunfava no momento da
irrupçao da ciência moderna? Que outro poder além da Santa Inquisição teria tido os meios para amordaçar Galileu
e queimar Giordano Bruno [1]? Felizmente o desenvolvimento científico foi acompanhado do desenvolvimento da
democracia nos países industrializados e Charles Darwin foi poupado.

Todavia, se as religiões não têm mais o poder de eliminar os sábios ímpios e as teorias sacrílegas, elas se
refugiam com freqüência na interdição imposta aos seus fiéis e até a populações inteiras. Em muitos estados dos
Estados Unidos, a Igreja reformada ainda exige que o ensino da teoria da evolução não seja privilegiado em relação
ao relato bíblico. O ensino da física é amputado da teoria do big bang em inúmeros países onde a religião
muçulmana é oficial. A igreja católica continua a opor-se por toda a parte à contracepção e à procriação assistida.
E não se pode ignorar o fato de que o islã e o judaísmo persistem em instituir normas obrigatórias, em particular
alimentares, cujos fundamentos não têm justificação racional alguma.

Mas a história de Lysenko e da pseudo-hereditariedade dos caracteres adquiridos, na URSS [2], mostra que as
religiões não são os únicos poderes que reivindicam o controle da ciência e de suas produções. Efetivamente, todo
poder instituído procura ou negar ou instrumentalizar a ciência, tanto ela influencia a vida espiritual e material dos
cidadãos. É assim com o "socialismo científico" e com as "comissões científicas" de que se serve a maior parte dos
partidos políticos.

Os poderes políticos europeus optaram por reconhecer na ciência a fonte privilegiada das verdades e riquezas
desde que a proclamação dos Estados leigos emancipou o conhecimento e o domínio do mundo da tutela opressiva
das ideologias irracionais. Mas daí não decorre automaticamente que a ciência tenha-se tornadao neutra e
universal. Disso é testemunha a psico- rigidez que os notáveis da instituição científica mostraram, nestes últimos
anos, em relação às raras proposições revolucionárias vindas de pesquisadores. Como por exemplo, para a teoria
de Jacques Benveniste, não demonstrada até agora, sobre a "memória da água [3]" ou para aquela, depois
coroada por um prêmio Nobel, de Stanley B. Prusiner sobre os príons.

Não é por uma ideologia, mesmo uma ideologia religiosa, que se institucionalizam as verdades do momento como
imutáveis? Que padres intocáveis, guardiães do Grande Livro da Ciência, as defendem? Que se rejeita
violentamente qualquer idéia nova, quando obriga a corrigir os dogmas que constituem os velhos paradigmas? O
economista Serge Latouche mostra que o progresso é uma representação "auto-evidente" e quem, por isso, "sua
emergência só pode ser contada sob a forma do triunfo de uma verdade luminosa eterna, presente, mas escondida
e bloqueada pelas trevas [4]".

Não é por uma ideologia que se rejeita violentamente qualquer idéia nova, quando obriga a corrigir os
dogmas que constituem os velhos paradigmas?

A fé dos otimistas

O fato é que o estado da ciência em cada momento é insuficiente para explicar situações complexas e prever seu
desfecho. A incerteza das previsões mais peremptórias é demonstrada pela análise dita "científica" de situações de
risco, já que as conclusões dos especialistas são qualificadas de "otimistas" ou "pessimistas" e não "verdadeiras"
ou "falsas". A volta do subjetivo vem assim encerrar a proclamada objetividade do método científico.

Os otimistas têm para si um argumento imbatível: o pior não estará demonstrado enquanto não acontecer (e se for
mesmo o pior, não será demonstrável a posteriori, por falta de analistas...). Mas esta opção não deve autorizar, por
exemplo, a negação do efeito que as atividades humanas têm sobre as alterações climáticas. O mesmo aplica-se à
disseminação dos transgênicos na natureza ou à poluição radioativa a partir da indústria nuclear. Não são esses
fenômenos, racionalmente inelutáveis, que deveria provocar debate, mas só o tempo para que se tornem
insuportáveis. O que a discriminação entre otimismo e pessimismo dissimula é, afinal, a fé. A fé que faz os otimistas
acreditarem que o pior não pode acontecer, porque se encontrará uma resposta ainda inimaginável.

Pois o cientista, submetido ao catecismo da tecnociência, escolhe com freqüência a profecia em vez do rigor. A
mais alta instância francesa no assunto, a Academia de Ciências, há vinte anos vem-se enganando pelo otimismo
em relação a todos os riscos para a saúde: em relação ao amianto, a dioxina, a vaca louca, sem falar das plantas
transgênicas. A cada vez, a Academia exaltou a inovação e condenou o obscurantismo proclamando que não se
pode parar o progresso da ciência.

Ora, o "progresso da ciência" não é necessariamente o do ser humano, a não ser que se aceite que nosso destino
seja regulado pelos interesses da indústria e da Bolsa. Como resultado do escandaloso relatório sobre plantas
transgênicas [5], um debate parlamentar sobre eventuais conflitos de interesse na Academia foi solicitado sem
sucesso pela associação Attac, mas os sortilégios dos acadêmicos contra o "obscurantismo", na ausência de
verdadeiros argumentos científicos, mostram que se trata também de conflitos ideológicos. Foi a mercantilização da
ciência que provocou seu dogmatismo missionário ou o inverso? Quando a tecnociência torna-se impunemente a
fonte de artifícios potencialmente perigosos, seu poder-fazer revela e consolida a dimensão ideológica da atividade
científica: a crença é então erigida em conhecimento exato e profundo. Não é exagero, então, considerar que
certos aspectos da ciência vêm de uma atitude religiosa, o que não combina coma a racionalidade que
reivindica [6].

O "progresso da ciência" não é necessariamente o do ser humano - a não ser que se aceite que nosso
destino seja regulado pelos interesses da indústria e da Bolsa

Ciência e religião, estranhas identidades

Segundo o credo da ciência oficial, que se pode qualificar de mágico ou até de místico, mais cedo ou mais tarde
tudo será explicado e esta explicação cobrirá a realidade inteira. Será possível superar as zonas obscuras e as
contradições. Deste ponto de vista, pode-se notar o lugar privilegiado que os cientistas que acreditam em Deus
ocupam na crença numa ciência todo-poderosa. Esses estão entre o mais devotos aos cientificismo, como para
redimir-se por sua intimidade com o irracional. Ou então é sua mentalidade inamovível de crente que os leva a
adorar o religioso que adivinham ver na ciência, se a crêem todo-poderosa?

O próprio cientificismo pode vir em auxílio da religião, como quando o futuro papa Bento XVI declarava, em 2000,
para "cientifizar" sua concepção de ser humano: "De acordo com meus conhecimentos de biologia, um ser carrega
dentro de si, desde o começo, o programa completo do ser humano, que em seguida se desenvolve [7]...". Ao
considerar o genoma como programa, em vez de informação, o cardeal Ratzinger avaliza a ciência genética mais
obtusa, sem se preocupar com o lugar da liberdade... ou da alma.

Enquanto o circo pega fogo [8], pode-se continuar a piorar as coisas estigmatizando os "obscurantistas", aqueles
que em nome de um princípio da precaução timorato desejam controlar os avanços da tecnociência. O domínio
político de um pretenso campo técnico justifica-se pelo fato de que, como diz Paul Virilio, a tecnociência é um
desvio de grande amplitude do saber. No mundo cada vez mais incerto que construímos, o otimismo não deveria ser
considerado um valor positivo, apenas um ressaibo pueril da crença que permite justificar a política do avestruz
para mascarar uma atitude suicida.

A cada vez que se faz observar os riscos induzidos pela tecnociência, uma afirmação encerra toda veleidade de
inteligência: "Não temos escolha"... Essa afirmação faz supor que a humanidade não seria livre para decidir seu
destino. Quando, em nome dos "interesses próprios da ciência", os mais altos dirigentes do setor da pesquisa se
mostram hostis ao princípio da precaução, deixam crer que existem atividades humanas cuja importância seria
maior que a dos próprios seres humanos. Aos que imaginam que o reator nuclear ITER ou os vegetais transgênicos
demonstram que estamos na época do "controle", pode-se opor que tais artifícios, cujas promessas aindas estão
por vir, se inscrevem, ao contrário, na velha utopia [9].

E é certamente a mística do progresso e a crença em uma "providência laica" que permite aos interessados
continuar nesse caminho com a consciência tranqüila, e aos outros não resistir de verdade: as pessoas
submetem-se ao absurdo das decisões, ou da ausência de decisão, porque querem crer que o progresso é
forçosamente bom e benéfico, que nunca se terá certeza do pior, que se encontrarão soluções, que "a ciência
sempre encontra a maneira de reparar seus erros", etc. Uma tal disposição para a fé só vale ainda para a ciência,
trágica negação do anunciado triunfo do rigor graças ao conhecimento científico!

Ao considerar o genoma como programa, em vez de informação, o cardeal Ratzinger avaliza a ciência
genética mais obtusa, sem se preocupar com o lugar da liberdade... ou da alma

Concepção mágica de evolução

Ao lado da preocupação criminosa de apoiar a competitividade (das empresas, dos laboratórios, da região, do
Estado...), correndo mais depressa que o vizinho para o precipício comum, uma razão menos trivial mas igualmente
mísera explica a passividade das populações: a humanidade não pode sair perdendo se fortalece o progresso
tecnológico. Essa é uma concepção mágica da evolução, deixando crer que, entre as espécies animais, a nossa
seria a única capaz de mudar o mundo (o que é um fato real), mas também de controlar as mudanças que induz (o
que ainda não foi demonstrado). O ser humano não seria apenas o bicho mais sabido hoje em dia, seria a criatura
completa, concepção religiosa do mundo, de suas criações e de seu suposto arquiteto.

É talvez no campo da genética que esta crença é mais manifesta. Segundo duas sociólogas norte-americanas,
"Assim como a noção da alma dentro do cristianismo forneceu o conceito arquetípico que permite compreender a
pessoa e a persistência do eu, o DNA tomou, na cultura de massa, a aparência de uma entidade semelhante à
alma, ou um objeto de adoração, santo e imortal, ou então uma zona proibida [10]. " Disso resulta que os próprios
campos de aplicação dos conhecimentos genéticos são locais de mistificação, tanto para a terapia gênica quanto
para os vegetais transgênicos.

O Téléthon [11] pode arrecdar em um dia cem milhões de euros (equivalente ao orçamento anual de funcionamento
da pesquisa médica na França), fazendo acreditar que a cura das miopatias é apenas uma questão de meios
financeiros. Quanto às culturas de vegetais transgênicos, que apresentam riscos ainda mal analisados para o
ambiente, para a saúde pública ou para a economia, e não trouxeram até agora vantagem alguma para os
consumidores, são impostas às sociedades humanas sob o pretexto de que suas vantagens virão, inelutavelmente.

Essa aposta de que "vai dar certo" supõe uma atitude cuja conclusão, forçosamente otimista, precede a
demonstração - isto é, uma atitude não científica. Em 2000, o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin declarava, a
respeito das células-tronco embrionárias: "Graças às células da esperança (...) as crianças imóveis poderão enfim
movimentar-se, os homens e mulheres partidos poderão afinal reerguer-se [12]..." E por que não multiplicar os
pães? A crença em tais milagres justifica até que se crie o impasse sobre a demonstração prévia da exeqüibilidade
e da inocuidade graças à experiência animal. Seria possível mostrar que os avanços da indústria nuclear ou das
nanotecnologias, por exemplo, escapam também tanto ao rigor científico quanto à democratização das escolhas da
sociedade.

Como justificar que em bioética não existam "princípios" (ou ao menos referências nos sonhos ou nos valores),
contrariamente ao que acontece para os direitos humanos, por exemplo? Por que uma proibição definitiva da
escravidão e somente medidas temporárias (ou nada) contra a artificialização do ser humano, ou contra a eugenia
consensual? Se for admitido que qualquer regra bioética será revista pelo conhecimento técnico, a ética passa a
ser uma moral do destino. Porque reza pelo credo de progressos milagrosos e ilimitados, a ética utilitarista acaba
sempre por vencer as reticências.

Michel Onfray, filósofo auto-instituído porta-voz do ateísmo, acha que deve apoiar "tudo o que, de perto ou de
longe, contribui para construir técnicas indispensáveis à medicina pós-moderna: ectogênese, clonagem, seleção do
sexo, transgenia [13]". Opõe-se, assim, ao que chama de "opção tecnófoba", argumentado que "a ciência como tal
é neutra". Para chegar a essa certeza, ele precisou, no entanto, afirmar inverdades ("a energia nuclear jamais
causou mortes...", a não ser Hiroxima e outros excessos que só se pode atribuir ao "delírio militar") e fazer passar
gato por lebre como na sucessão das duas proposições seguintes, em que a hipótese se torna certeza: "A
revolução transgênica permite pensar em novas formas de curar: elas evitarão, graças às medicinas preventivas, a
irrupção das doenças..."

Assim como a noção da alma no cristianismo, o DNA tomou, na cultura de massa, a aparência de um objeto
de adoração, santo e imortal - ou então, uma zona proibida

O fascínio tecnófilo pode fornecer substitutos fáceis aos mitos que se pensa combater. Então, cada vez mais, uma
bioética de inspiração cientificista elimina a etapa de elaboração de princípios, porque eles trariam o risco de
imobilizar uma situação contrária à dinâmica competitiva. A bioética dissolve-se no tempo como já se dissolveu no
espaço ("daí o turismo médico") e na casuística (cede-se progressivamente, a partir de uma concessão justificada
até à generalização de uma prática). A crença de que um mundo forçosamente melhor vai chegar graças à ciência
impede interrogar para definir esse humanismo laico que falta à bioética. Dizer que "a ciência anda mais rápido do
que a ética" quer dizer na verdade que a tecnociência passa à frente e domina as escolhas da sociedade.

Ciência, construção puramente racional?

A ciência não é esta construção apenas racional que idealizamos, imagem que a abriga das incursões da crítica.
Instrumento forjado pelo homem, a tecnociência testemunha seu conhecimento e suas carências, e só opera pela
libertação da espécie se soubermos conter sua falta de limites. Durante a Conferência Nacional da Pesquisa em
janeiro de 1982, o então ministro da Pesquisa, Jean-Pierre Chevènement, sugeriu "fazer recuar certos preconceitos
contra a ciência e a tecnologia, manter à distância os movimentos anti-ciência"... E englobava sob este último termo
tanto as cartomantes quanto os ecologistas. Ora, vinte anos depois, as preocupações dos ecologistas mostram-se
válidas e são objeto de relatórios alarmantes por parte da ciência oficial. No entanto, o cientificismo resiste: durante
a Cúpula do Rio (1992) sobre o desenvolvimento sustentável, cientistas eminentes, entre os quais vários prêmios
Nobel, lançaram o "Chamado de Heidelberg", contra "a emergência de uma ideologia irracional que se opõe ao
progresso científico e industrial e prejudica o desenvolvimento econômico e social"...

O interesse dos industriais e de muitos pesquisadores é criar e divulgar inovações capazes de ocupar nichos de
mercado. Esta motivação competitiva explica amplamente a mutação da ciência em tecnociência. Mas poderíamos
ter esperado uma resistência dos cidadãos quando a ciência, força de emancipação, desvia-se para a produção de
artefatos, muitos dos quais criam mais problemas do que os que resolvem.

Como demonstrou o historiador e sociólogo Jacques Ellul, "as leis da ciência e da técnica são colocadas acima das
do Estado, e o povo e seus representantes ficam muito desprovidos de seu poder [14]". O cientificismo não é
privilégio dos cientistas, é uma ideologia amplamente compartilhada pela sociedade, principalmente desde que à
necessidade de crença faltam propostas críveis no campo da religião ou da política. A promessa mística do
paraíso e a militante dos amanhãs que cantam perderam o fôlego enquanto o Progresso avançava com a nova
sotaina da racionalidade.

Dizer que "a ciência anda mais rápido do que a ética" quer dizer na verdade que a tecnociência passa à
frente e domina as escolhas da sociedade

Laicizar a relação com o saber

Sem outros santos a quem recorrer, os cidadãos modernos ficaram à espera das produções da tecnociência, sem
mesmo imaginar que poderiam exigir a escolha do que os pesquisadores vão criar em seu nome. Aí está o primeiro
passo a dar: já que existe tecnociência, é preciso ousar pensar que se pode incluí-la na democracia, como toda
atividade humana (transparência, debate público, contraprova, racionalidade das escolhas, etc...) [15]. Como diz o
físico Jean-Marc Levy-Leblond, "se no passado a Igreja condenou Galileu, agora, só tem a temer de seus
sucessores um pouco de concorrência... Convenhamos que uma nova laicização de nossa relação com o saber
deveria permitir um certo distanciamento em relação a todos os dogmatismos de hoje". [16]

A laicidade é o "princípio da separação da sociedade civil da sociedade religiosa, sem que o Estado exerça poder
religioso nem as Igrejas poder político" (é saboroso constatar que o dicionário Robert ilustra esta definição com
uma citação de Ernest Renan, aspirante a padre que se tornou cientista extremista...). Se concordamos em
identificar na ciência "um sistema de crenças e práticas que implicam relações com um princípio superior, e próprio
de um grupo social" (definição, no Robert, da palavra "religião") compreendemos melhor a proposta de
Levy-Leblond para uma "laicização de nossa relação com o saber".

Recentemente, Bertrand Hervieu, ex-presidente do Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRA), declarou que
"o processo de dessacralização, o fim dos absolutos transcendentais e o caminho da reconstrução da ciência em
uma sociedade democrática e laica não estão terminados [17]". Nesta direção, pode-se exigir dos pesquisadores
uma atitude mais humilde e preocupada com o bem público. É o que havíamos proposto com o Manifesto "Controlar
a Ciência" (Le Monde, 19 de março de 1988), e é também o sentido do "Juramento dos sábios" proposto por
Michel Serres em 1997. Mas do mesmo modo que o laicismo não se impôs somente com o enquadramento dos
eclesiásticos, não é somente da atitude dos pesquisadores que a dessacralização da ciência depende.

Aí, como em outros lugares, a palavra-chave é democracia. Jacques Ellul lembrava o totalitarismo da técnica que
nos faz entrar em uma lógica "tecnófaga" da qual não podemos mais sair, e temia que uma ditadura mundial
acabasse por constituir "o único meio para permitir à técnica seu pleno desabrochar e para

Jacques Testart é biólogo, diretor de pesquisa honorário do Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Inserm).
[1] Padre, Giordano Bruno choca-se com a hierarquia por causa do dogma da Trindade. Abandona a batina dominicana quando
é formado um processo contra ele, para declará-lo herege, em 1576.

[2] Biólogo soviético, Trofim Lysenko (1898-1976) multiplica os ataques contra a genética clássica e opõe "ciência burguesa"
(que seria ligada às práticas do capitalismo) e "ciência proletária" (que se apoiaria no materialismo dialético).

[3] Michel Schiff, Un cas de censure dans la science, Albin Michel, Paris, 1994.

[4] Serge Latouche, La méga machine, La Découverte, Paris, 2004.

[5] Lire Bernard Cassen, "OGM, des académiciens juges et parties", Le Monde diplomatique, fevereiro de 2003.

[6] Lire André Bellon, "Des savants parfois schizophrènes", Le Monde diplomatique, junho de 2002.

[7] "Le cardinal et l’athée", Le Monde, 2 de maio de 2005.

[8] "La maison brûle et nous regardons ailleurs...", discurso de Jacques Chirac na Cúpula do Desenvolvimento Sustentável,
Joanesburgo, 2002.

[9] "Les utopies technologiques: alibi politique, infantilisation du citoyen ou lendemains qui chantent", Global Chance 20,
Suresnes, fevereiro de 2005.

[10] D. Nelkin et S. Lindee, La mystique de l’ADN, Belin, Paris, 1998.

[11] Programa da televisão francesa que recolhe donativos do público para financiar a pesquisa médica. O nome é formado pela
contração das palavras télévision e marathon. Acontece no mês de dezembro e é comandado por artistas e personalidades
famosas. Começou em 1987, arrecadando 29 milhões de euros e no ano passado recolheu mais de 100 milhões (N.T.).

[12] Jornadas anuais organizadas em Paris pelo Comité consultatif national d’éthique pour les sciences de la vie et de la santé,
29 de novembre de 2000.

[13] Michel Onfray, Fééries anatomiques, Grasset, Paris 2003.

[14] Jacques Ellul, Le système technicien, Calmann-Levy, Paris, 1977.

[15] Nota n° 2 da Fundação Ciências Cidadãs (FSC), Paris, outubro de 2004 - http://sciencescitoyennes.org.

[16] La Pierre de touche, Gallimard, "Folio-essais", Paris, 1996.

[17] Agrobiosciences, Castanet Tolosan (31), setembro de 2004.

[18] Note de la Fondation sciences citoyennes (FSC), octobre 2004: http://sciencescitoyennes.org.

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