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Durkheim
U
legais, pois estão previstas e organizadas pela legislação que regula o trá
fego de veículos e pessoas pelas vias públicas. Já os olhares de reprovação
de que somos alvo quando comparecemos a um local com a roupa inade oerção social. Chamamos
quada constituem sanções espontâneas. Embora não codificados em lei, e coercão social a forca da
. esses olhares têm o poder de conduzir o infrator para o comportamento oletividade e da sociedade
obre a vontade individual.
..
� esperado. Durkheim afirma que, nesses casos:
"[...] a coerção é menos violenta; mas não deixa de existir. Se
não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não
levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha
classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me
conservam, produzem, embora de maneira mais atenuada, os
Generalidade
Além da coerção e da exterioridade, é possível distinguir fatos so
ciais porque eles não se apresentam como fatos isolados. Eles são do
tados de generalidade, envolvem muitos indivíduos e grupos ao longo
do tempo, repetem-se e difundem-se. Permitem, por isso, uma grande
sondagem como a que Durkheim desenvolveu para estudar o suicídio,
fato social dotado de grande generalidade.
A assiduidade com que determinados fatos ocorrem na sociedade
indica a sua importância e a necessidade de estudá-los, assim como
torna a estatística uma das ferramentas que garante ao sociólogo a
objetividade e o controle. É pela generalidade que os fatos sociais
exibem a sua natureza coletiva, sejam eles fatos observáveis, como
o modelo das habitações de um grupo, sejam fatos morais, como os
valores e as crenças.
Suicídio
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"Com o auxilio de estatísticas, mostra em seguida Durkheim
que o suicídio é com certeza um fato social na medida em que,
em todos os países, a taxa de suicídios se mantém constante de
um ano para outro. A longo prazo, ainda por cima, a evolução
dos suicídios se inscreve em curvas que têm formas similares
para todos os países da Europa. Os desvios entre regiões e paí
ses são igualmente constantes."
LALLEMENT, Michael. História das ideias sociológicas.
Petrópolis: Vozes, 2003. p. 218.
2. Normalidade e patologia
nos fatos sociais
Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a so
A "generalidade" de um
ciedade como também encontrar soluções para problemas da vida social.
fato social representava,
para Durkheim, o consenso
A soc iedade, como todo organismo, apresenta estados que podem ser
social e a vontade coletiva. considerados "normais" ou "patológicos", isto é, saudáveis ou doentios.
Pode-se considerar um fato social como "normal" quando se en
contra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma
função importante para sua adaptação ou sua evolução. Assim, por
exemplo, ele afirma que o crime é normal não apenas por ser en
contrado em toda e qualquer sociedade e em todos os tempos, mas
também por representar um fato social que integra as pessoas em
torno de determinados valores. Punindo o criminoso, os membros de
Função social. Conceito que uma coletividade reforçam seus princípios, renovando-os (figura 4 ).
procura justificar a existência de
um determinado comportamento O crime tem, portanto, uma importante função social. Dizer que o
por sua contribuição na crime desempenha uma função social e que pode ser considerado um
manutenção do todo no qual
se insere. fato normal não significa que o autor aceite o crime como positivo ou
Consenso social. Estado em desejável, mas que, por sua visão sociológica e normativa, é normal
que se encontra uma sociedade todo acontecimento cuja incidência tenha uma distribuição "normal"
caracterizada por uma forte do ponto de vista estatístico. Trata-se de uma postura metodológica e
coesão entre seus membros,
fazendo prevalecer os interesses não de um julgamento de valor ético.
da coletividade acima dos A "generalidade" de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garan
interesses e das expectativas
individuais.
tia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a von
tade coletiva ou o acordo de um grupo a respeito de determinada questão.