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“ Todo ato social é

um exercício do
poder, toda relação
social é uma equação
de poder e todo grupo
ou sistema social é
uma organização de
poder” . Amos
Hawley
• O poder não é uma substância! Não é tangível,
pois não é coisa. Portanto, não é algo que se tem
OU não.
• Poder é exercício. É ato. É realização.
• Daí dizermos que o poder não é um jogo de soma-
zero, mas uma relação assimétrica entre dois atores
políticos.
PODER É FAZER VALER A SUA VONTADE!

Os elementos do poder:
• COERÇÃO: obrigar a outros, pela força ou
imposição, que façam aquilo que desejamos
• INFLUÊNCIA: fazer com que os outros ajam
como se fosse por vontade própria, por
persuasão

Coerção + Influência = Poder


Recurso de poder é tudo o que nos dá esta condição
ou capacidade de dominar. Podemos afirmar, então,
que têm mais poder aqueles que têm mais recursos.

Quanto maiores
são os recursos
de alguém,
maior é a sua
capacidade de
fazer valer a sua
vontade!
• econômicos - valores econômicos
• simbólicos - imagem pessoal, cargos à disposição de
um político para distribuição entre partidos que o apóiem,
informação, conhecimento, posição ocupada na
organização social, capital social etc.
• subjetivos - qualidades pessoais, competência, carisma
• coercitivos - poder militar, poder de polícia, censura
Não basta possuir recursos de poder... É necessária a estratégia!
O RECURSO DEPENDE 

DE ESTAR DISPONÍVEL
DE NOSSA VONTADE DE USÁ-LO
DE NOSSA CAPACIDADE DE USÁ-LO

ANÁLISE DO PODER  RECURSO + ESTRATÉGIA


A estrutura social é composta de uma rede de posições
sociais, cada qual vinculada a um certo grau de poder,
pois as posições são RECURSOS DE PODER

Ao poder que emana da posição num grupo ou


na sociedade, chamamos de AUTORIDADE
Algumas distinções úteis:
• PODER COERÇÃO: é o processo pelo qual a conduta de um ator B é
alterada mediante severas sanções aplicadas contra a vontade de B.

•PODER INFLUÊNCIA: é o processo pelo a conduta ou a disposição de


agir de um ator B é alterada segundo as preferências, desejos,
expectativas ou intenções de um outro ator.

influência manifesta X influência implícita


influência positiva X influência negativa
Definiremos influência como a capacidade de um ator A alterar o
comportamento de um ator B na direção desejada por A

Diferenças nas influências


1. Variação na distribuição de recursos políticos
2. Variação na eficácia no uso dos recursos
3. Variação na amplitude do uso de recursos políticos
Tais variações criam uma rede de causalidade...

I. diferenças em II. diferenças em


a) dotes levam a a) recursos políticos
b) experiência b) motivação
que levam a

que levam a
III. diferenças em
a) habilidade política IV. diferenças em
influência política
b) medida em que recursos são utilizados
para assegurar influência política

que por sua vez levam a


Mas a dominação política não se exerce somente por meio da
influência e do recurso à força... Existe a dominação legítima, isto
é, aquela que é fundada no consenso do próprio dominado.

O poder pode fundamentar-se sobre: medo, promessas, afeto ou ganância.


Mas nada é tão permanente e estável quanto a autoridade legítima

Dominação Legítima significa, em essência, que alguém tem o direito de


comandar outros, e esses outros têm a obrigação de obedecer

Existem três tipos de dominação legítima  tradicional, legal e carismática


Dominação tradicional Dominação legal-racional Dominação carismática

Conceito Dominação em virtude da Dominação em virtude de Dominação em virtude de


crença na santidade das estatuto, de tal modo que devoção afetiva à pessoa do
ordenações e dos qualquer direito pode ser senhor e a seus dotes
poderes senhoriais de há criado e modificado sobrenaturais (carisma) e,
muito existentes. mediante um estatuto particularmente, a faculdades
sancionado corretamente mágicas, revelações ou
quanto à forma. heroísmo, poder intelectual ou
de oratória.

Ocorre Sempre que a relação de Sempre que a competência Sempre que a dominação se
domínio esteja fundada de mando esteja fundada dê em função do
na dependência pessoal sobre regras estatuídas e reconhecimento pessoal e se
ou na honra estamental, que o exercício do direito de constitua em dever da
por vínculos de fidelidade domínio seja congruente comunidade em relação ao
e em princípios materiais, com o tipo de administração líder.
com ausência de direito legal.
formal.
Quem manda o senhor a regra estatuída o líder ou o herói

Qualidade de quem dignidade autoridade da posição qualidades


domina tradicional estatuída excepcionais

Quem obedece os súditos os membros ou os discípulos ou


“cidadãos” apóstolos

Quadro servidores (servos) funcionários seguidor (séquito)


administrativo (burocracia)

Fundamento da dependência ou competência vocação


relação privilégio profissional
Natureza da relação relação tradicional relação formal relação pessoal

Modelo da relação senhor - servo superior - funcionário líder - discípulos

Natureza da norma santidade (o formalidade abstrata revelação


sagrado)

Conteúdo da fidelidade disciplina do serviço crença ou fé


obediência
Tipo da ordem tradição lei ou estatuto sentença

Tipo mais puro dominação burocracia apostolado ou missão


patriarcal

Exemplos sultanato, Estado moderno, movimentos missionários,


históricos / monarquia, senhor corporações movimentos messiânicos
concretos de engenho, colegiadas, empresa movimentos
revolucionários,
família, Estado capitalista, partido
populismo (figura do
feudal, brâmanes político, sindicato, demagogo), caudilhismo,
hindus, mandarins universidade o profeta, Napoleão,
chineses, Igreja, contemporânea, Jesus, Péricles, Dalai
clérigos budistas, administrações por Lama, direito hereditário
aristocracias e parlamento, comitês de primogenitura etc.
oligarquias etc. ou colegiados etc.
1. relação de domínio fundada na dependência pessoal:
· Estrutura puramente patriarcal: servidores recrutados em completa dependência pessoal do
senhor, sob a forma patrimonial (escravos, servos, eunucos) ou extrapatrimonial (favoritos,
plebeus, parentes) – tipo mais puro: sultanato;
2. ou na honra estamental:
· Estrutura puramente estamental: os servidores não o são pessoalmente do senhor, e sim
pessoas independentes, de posição própria que lhes angaria proeminência social – tipo mais
puro: monarquia;
· Nesse caso, estão investidos em seus cargos por privilégio ou concessão do senhor, ou
possuem, em virtude de um negócio (compra, penhora, arrebatamento), direito sobre o cargo.
2. Relação administrativa por vínculos de fidelidade e em princípios materiais (como justiça),
com ausência de direito formal.
3. De fato, o exercício da dominação se orienta por aquilo que, de acordo com o costume, está
permitido ao senhor perante a obediência dos súditos, de modo que não provoque sua
resistência;
4. Toda resistência é dirigida contra a pessoa do senhor, que desrespeitou os limites tradicionais
do poder.
5. Não há criação de novos princípios jurídicos, mas “precedentes” e “jurisprudência”.
Quadro administrativo
• pode ser recrutado de modo 
• tradicional, por laços de “piedade”, entre os vinculados ao senhor –
“recrutamento patrimonial”: pertencentes à linhagem; escravos;
funcionários domésticos, em particular “ministeriais”; clientes; colonos;
libertos.
• recrutamento extrapatrimonial: por relações pessoais de confiança
(“favoritos” livres, de qualquer tipo); por pacto de fidelidade ao senhor,
legitimado como tal (vassalos); funcionários que entram livremente na
relação de piedade.
2. falta ao quadro administrativo, em seu tipo puro 
• a “competência” fixa segundo regras objetivas; a hierarquia racional fixa;
a nomeação regulada por livre contrato e ascensão regulada; a
formação profissional; o salário fixo e pago em dinheiro.
1. Um exercício continuado, sujeito à lei, de funções dentro de uma
2. competência, que significa:
 um âmbito de deveres e serviços objetivamente limitado, em virtude de
uma distribuição de funções,
 com a atribuição de poderes necessários para sua realização e
 com estrita fixação dos meios coatores eventualmente admissíveis e o
pressuposto prévio de sua aplicação.
3. Hierarquia administrativa, ou seja, a ordenação de autoridades fixas e com
direito de queixa e apelação – burocracia;
4. Princípio da separação plena entre o quadro administrativo e os meios
administrativos e de produção – separação entre patrimônio público, do cargo
ou da exploração (capital), e o patrimônio privado e, entre o “escritório” ou
“fábrica” e o “lar”.
1. Quadro administrativo baseado em funcionários individuais, os quais: (1) pessoalmente livres,
são obrigados somente em relação aos deveres objetivos de seu cargo, (2) em hierarquia
administrativa rigorosa, (3) com competências (e deveres) rigorosamente fixadas, (4) em
virtude de um contrato – revogável sempre pelo funcionário superior ou por “quem manda”,
quando há ruptura do contrato –, ou seja (em princípio), sobre a base de livre seleção,
segundo (5) qualificação profissional que fundamenta sua nomeação – no caso mais racional:
por meio de provas, ou do diploma que certifica sua qualificação, isto é, (6) há o sentido de
competência profissional; (7) são retribuídos em espécie ou em dinheiro, com salários fixos,
com direito a pensão, na maioria das vezes; (8) sua retribuição é graduada em relação à
posição hierárquica, à responsabilidade do cargo ou conforme à qualificação; (9) exercem o
cargo como sua única, ou principal, profissão; (10) têm ante si uma “carreira” ou “perspectiva”
de ascensão e promoções, por anos de exercício, por serviços, ou por ambas as coisas,
segundo o juízo de seus superiores; (11) por fim, estão submetidos à rigorosa disciplina e
vigilância administrativa – a base do funcionamento técnico é a disciplina do serviço.
2. Sua administração é profissional, em virtude de deveres objetivos do cargo estabelecidos em
estatuto;
3. Seu ideal é proceder sem influência de motivos pessoais ou influências sentimentais, sem “a
consideração com a pessoa” ou o livre arbítrio;
4. Há completa separação dos meios administrativos e sem apropriação do cargo.
1. O carisma é a qualidade que passa por extraordinária e é sempre o reconhecimento de uma
personalidade possuidora de poderes sobrenaturais ou, ao menos, extraquotidianos e não-
acessíveis a qualquer pessoa;
2. A validade do carisma é (a) o reconhecimento – nascido da entrega à revelação, da reverência
pelo herói, da confiança no chefe – por parte dos dominados; (b) reconhecimento que se
mantém por “corroboração” das supostas qualidades; (c) e de tal modo que o reconhecimento
não é o fundamento da legitimidade, mas sim um dever dos chamados, graças à vocação e à
corroboração, a reconhecer a qualidade do líder carismático; (d) a legitimidade está na crença da
existência de qualidades extraordinárias e em sua validade como base de dominação; (e) por
fim, esse reconhecimento é uma entrega plenamente pessoal e cheia de fé, surgida do
entusiasmo ou da indigência e da esperança.
3. Se faltar, de modo permanente, se o dotado carismático parecer abandonado por seu deus ou
por sua força mágica ou heróica; se não alcançar o êxito de modo permanente e, sobretudo, se
sua chefia não agregar nenhum bem-estar aos dominados, então, existe a probabilidade de que
sua autoridade carismática se dissipe – como era o caso dos imperados da antiga china, entre
outros, que ao menor sinal de inundações, seca ou outras calamidades naturais via ameaçado
seu domínio;
4. O carisma, em seu tipo puro, rejeita o aproveitamento econômico dos dons gratuitos como fonte
de renda – o que certamente ocorre mais como pretensão do que como fato;
5. O carisma é a grande força revolucionária da história, em especial nas épocas vinculadas à
tradição.
 Seu quadro administrativo (a) não é constituído por uma burocracia, muito menos por uma
burocracia profissional; (b) sua seleção não ocorre segundo critérios estamentais, nem por
dependência pessoal; (c) com efeito, a pessoa é eleita por qualidades carismáticas: ao
profeta correspondem os discípulos, ao príncipe da guerra o séquito, ao chefe, os “homens
de confiança”.
 Não há nomeação, nem seleção, nem destituição, nem carreira, nem ascensão, nem
hierarquia, nem delimitação estatutária de cargo, mas tão somente um “chamado” feito pelo
senhor, segundo sua própria inspiração.
 Não existe “jurisdição” ou “competência”, nem tampouco apropriação dos poderes por
privilégios ou retribuição (soldo ou de outra espécie), pois os sequazes ou discípulos vivem
com o senhor, em comunidade.
 A limitação da função ou abrangência de ação é dada pela “missão”.
 Não há “magistratura” firmemente estabelecida, mas somente missionários a quem é
carismaticamente confiada uma missão, dentro do âmbito da missão outorgada pelo senhor
e de seu próprio carisma.
 Não existem regulamentos, preceitos jurídicos abstratos, nem aplicação racional do direito,
nem ordens orientadas por precedentes tradicionais – o que se apresenta formalmente
decisivo são as criações de direito de caso, originalmente apenas juízos de Deus e
revelações.
 Ética de convicção
A ética privada, do interior da consciência
 Ética de responsabilidade
A ética pública, do estadista, mas também do
corrupto, do ator político, enfim.
Toda relação de poder é sempre parcialmente controlada, não só por
aqueles que a exercem, mas também por aqueles sobre quem ela se
exerce. Daí falarmos numa escala de poder.

A escala do poder

Nenhuma influência........... Alguma influência........... Controle


Mais recursos:
influenciando o ator B

Ator A

Área de Ator B
influência Menos recursos:
influenciado pelo ator A
(hachurada)
“O homem é um ser que precisa
de um chefe. Até os homens que
acreditam dominar também
precisam de tal chefe; e eles são
pouco capazes de se valerem
desta sua chefia, se finalmente é
um homem quem deve ser o
último chefe”. Kant
Lebrun, Gérard. 1999. O que é Poder?, Col. Primeiros Passos, São Paulo,
Brasiliense.

Maar, Wolfgang Leo. 1995. O que é Política?, Col. Primeiros Passos, São Paulo,
Brasiliense.

Greene, Robert. 2000. As 48 leis do poder. Rio de Janeiro, Rocco.

Maquiavel. 1978. O Príncipe, in Coleção Os Pensadores, São Paulo, Abril.

Weber, Max. s/d. Os três tipos puros de dominação legítima, in Coleção


Grandes Cientistas Sociais.

Boudon, R. s/d. Dicionário Crítico de Sociologia, verbete “PODER”.

Charon, Joel M. 1999. Sociologia, São Paulo, Saraiva.

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