Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
Importante destacar melhor a necessidade de abelhas para a produção – o que pode ser feito para aumentar a visita por
abelhas?
METODOLOGIA
Localização do experimento
As observações em campo foram realizadas na Fazendo Experimental Rafael
Fernandes, localizada na comunidade de Alagoinha (5º03’37”S; 37º23’50”W e altitude de
72m), pertencente à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), localizado no
município de Mossoró – RN. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é BSw’h'
(Clima Muito Quente e Semiárido, tipo "estepe”).
RESULTADOS
As observações foram realizadas totalizando 20 horas de observação, em cada
local (girassóis e parcela). Foram encontrados dois visitantes florais nas matrizes de girassol.
O visitante com a maior quantidade de visita foi a Apis mellifera com total de 80 (75,5%)
visitas iniciando as 05h 00min às 10h 00min da manhã. Nos horários de 12h 00min e 14h
00min não foram observados nenhuma visita, sendo estas retomadas nos horário de 16h00min
e 17h00min. A espécie Trigona spinipes visitou 26 vezes cada inflorescência ao longo do
período de observação. Essas visitas foram realizadas no período de 05h00min as 08h00min
horas, não havendo visitas em outros períodos do dia.
Nas parcelas no entorno dos girassóis foram encontrados duas plantas que
apresentaram visitas nos dias do experimento: Waltheria americana L. (Malvaceae) e
Chaetocalyx scandens (L.) Urb. (Fabaceae - Papilionoideae) conhecidas popularmente como
malva-branca e rama amarela, respectivamente. Ambas de ocorrência natural para o semiárido
brasileiro. Nas parcelas foi observado praticamente o mesmo padrão das visitas observadas no
girassol. Nas parcelas foram à presença de três espécies de abelhas visitando as plantas no
entorno: Apis mellifera, Trigona spinipes, e Centris sp.
A B
Figura 1. Quantidade total de visitas observadas no estudo distribuído nos horários em que foram observadas.
(A) Quantidades de visitas em Helianthus annuus (B) Quantidades de visitas nas plantas no entorno da
plantação de Helianthus annuus.
Apis mellifera Trigona spinipes
As plantas de girassol foram visitadas por duas espécies de abelhas, mas elas
apresentaram difereças com relação aos períodos e em consequência à temperatura das visitas.
Em ambas as espécies apresentaram poucas visitas em baixas e em altas temperaturas. Ambas
as espécies apresentaram pico da quantidade de visitas próximas às temperaturas médias
(aprox. 28° C). Houve diferença estatística (P = 0,001) com relação à temperatura em que as
visitas de ambas as espécies ocorreram. Para A. mellifera a temperatura de pico foi de 27,1°C
(R = 0,6568; Rsqs = 0,4314) com 90% das visitas ocorrendo entre 25°C e 32°C. Para T.
spinipes o pico de visitas ocorreu 25° C (R = 0,9873; Rsqr = 0,9748) e a maioria das visitas
ocorrendo entre 24°C e 26°C (FIG. 2). O coeficiente de correlação de Spearman demosnstrou
que à medida que a temperatura aumenta há a diminuição na quantidade de visitas tanto de A.
mellifera (rs = - 0,627; p = 0,003) e T. spinipes (Rs = - 0,812; p > 0,001).
A B
Figura 2. Janela térmica de visitas em Helianthus annuus. As barras representam à quantidade de visitas em
relação à temperatura. A linha sólida indica o respectivo Modelo Gaussiano de Pico. Boxplot Horizontal
indica a temperatura mediana (linha dentro da caixa) e a temperatura faixas nas quais 50% (caixa), 80%
(bigodes) ou 90% das forrageiras (outliers). (A) Apis mellifera; (B) Trigona spinipes (B)
DISCUSSÃO
Figura 3. Diferenças observadas nas sementes de Helianthus annuus na ausência (P1) e presença (P2) de
visitantes florais. (A) Boxplot mostrando a quantidade total de sementes produzidas pelos indivíduos e (B)
peso (grmas) das sementes dos indivíduos.
DISCUSSÃO
Os visitantes florais observados neste estudo foram às abelhas Apis mellifera e
Trigona spinipes, sendo a primeira responsável por mais de 75% das visitas observadas tantos
nas inflorescências de girassol quanto nas plantas em seu entorno. Destacando que o entorno
observado das espécies de girassol não era formado por floresta nativa, mas era sim por uma
área de plantio que não apresentava plantações no período do estudo. Seu entorno apresentava
plantas e ervas e arbustos de ocorrência natural.
Em sua maioria as plantas de girassol apresentam reprodução alógama
apresentando várias características que dificultam a autofertilização como, por exemplo, a
presença de protandria, onde a parte masculina da flor amadurece antes dos femininos para se
reproduzir é necessário que haja fecundação cruzada, sendo as abelhas os principais agentes
de polinização do girassol (MCGREGOR, 1976).
A diversidade de polinizadores no girassol compreende na sua grande maioria da
família Apidae. Os principais gêneros de polinizadores são Apis e Trigona, responsável por
até 90% de todas as visitas (PISANTY et al. 2013; GREENLEAF; KREMEN, 2006). Outros
gêneros de abelhas que são visitantes florais do girassol são: Bombus, Cephalotrigona,
Geotrigona, Melipona, Paratrigona, Tetragonisca, Euglossa, Exomalopsis, Centris,
Epicharis, Melissodes, Paratetrapedia, Ceratina e Xylocopa (MORGADO et al. 2002).
Muitos desses gêneros acima citados apresentam espécies nativas e/ou de
ocorrência natural para o semiárido brasileiro e desta forma importantes para polinização. As
características de suas inflorecenciais são bastante atrativas para as abelhas o que possibilita a
interação de abelhas nativas e não nativas (GREENLEAF; KREMEN, 2006). O fato de Apis
mellifera visitar juntamente com espécies nativas podem contribuir para aumentar diversidade
de espécies polinizadoras possibilitando interações comportamentais entre as abelhas nativas e
A. mellifera e aumentando a eficiência de polinização do girassol (GREENLEAF; KREMEN
2006).
Devido a suas caracteriticas agrícolas o cultivo de girassol vem sendo vem
apontado como alternativa para a agricultura no semiárido brasileiro (LIRA et al. 2011) e
compreender a dinâmica dessas interções é importante para consolidação desse cultivo no
semiárido. Um dos pontos fundamentais para ser levado em consideração no plantio de
girassol é a composição florística do seu entorno. Isso favorece a interação entre a Apis,
principal polinizador, com as demais abelhas que visitam as plantas no entorno e desta
forma aumentam a eficiência da polinização (GREENLEAF; KREMEN 2006). A
proximidade dos cultivos com o habitat natural promove o aumento da diversidade e riqueza
de abelhas e outros polinizadores que acabam polinizando também as plantas do cultivo
(KEVAN et al. 1997; MORANDIN; KREMEN, 2013).
As duas espécies de abelhas que visitaram as inflorescências de girassol tiveram
suas visitas determinadas pela temperatura. Em uma temperatura “ótima” para a visitação
(27,1°C para A. mellifera e 25°C para T. spinipes) apresentaram o máximo de visitas (Fig. 1).
Nos horários com maiores temperaturas (12h: 00min e 14h: 00min) não houve visitas. Estas
retornaram depois das 16h; 00min. A diminuição da quantidade de visitas com o aumento da
temperatura é normal em abelhas do semiárido, pois a temperatura é um dos principais fatores
que determinam o voo e consequentemente o forrageio das abelhas (MICHENER, 2000) e
para as espécies nativas brasileiras a temperatura é o principal determinate na atividade de voo
(PIERROT; SCHLINDWEIN 2003; CARVALHO-ZILSE et al. 2007; OLIVEIRA et al.
2012).
A. mellifera normalmente forrageia no inicio da manhã e no final da tarde
(SCHAFFER 1979), ocorrendo principalmente numa temperatura de até os 35°C (COOPER;
SCHAFFER 1985) padrão observado também no presente estudo. Em temperaturas mais altas
as visitas ocorrem para coleta de água ou néctar diluído para termorregulação das colônias
(PISANTY et al. 2013). A temperatura máxima em que foram registradas visitas no girassol
foi de 32°C (FIG. 2), aprsentando também maior amplitude térmica de visitas, entre 23°C e
32°C, enquanto que para T. spinipes foi de 23°C a 28°C. As duas espécies de abelhas tiveram
seu pico de visitação, durante o inicio da manhã, com uma pequena diferença entre A.
mellifera e T. spinipes. As visitas de T. spinipes ocorreram logo nas primeiras horas da manhã
e o pico de visitas ocorreu antes do de A. mellifera.
Essa diferença no forrageio pode ser devido à morfologia das abelhas e da flor,
comportamento de forrageamento na planta e a coleta de recursos diferentes (SAHLI;
CONNER 2007), embora as duas espécies de abelhas coletassem o néctar com recurso. Essa
diferença nas visitas pode se dar por meio da competição entre essas duas espécies, uma vez
que Trigona pode farragear durante o final da manhã com temperaturas mais altas que as que
foram encontradas nesse estudo. Esse aumento na quantidade de Apis mellifera pode está
acarretando a diminuição de T. spinipes. A alta densidade de A. mellifera pode afetar
negativamente a atividade de polinizadores nativos nas culturas de girassol em ambientes
semiáridos (PISANTY et al. 2013).
Os visitantes florais foram importantes para a produtividade de sementes nas
plantas analisadas. As plantas que tiveram livre acesso aos polinizadores embora não havendo
diferença entre a quantidade de sementes produzidas, apresentou maior peso com relação às
flores que não houve a presença dos polinizadores. Demonstrando a importância da presença
de polinizadores na produção de sementes de girassol uma vez que em sua presença a
produção o peso das sementes aumentaram em 21,32%. Nas estimativas propostas Klein et al
2007 propuseram que o aumento na produção de girassol quando na ausência de polinizadores
diminui para valores de 10 a 40% do total da safra. Segundo a Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB) as estimativas para a produção de sementes de girassol na safra de
2017/18 será de 98,2 mil toneladas. Presumindo que as plantações de girassol tiveram acesso
a presença dos polinizadores e usando a mesma redução na produção de semetes encontado
nessa pesquisa, as abelhas foram responsáveis por quase 21 mil toneladas de sementes de
girassol.
Conforme a morfologia das flores individuais a autopolinização pode ocorrer nos
indivíduos de girassol, mas sementes de flores não fecundadas apresentam tamanho e peso
menores (MCGRGOR 1976). Esse fenômeno pode explicar porque não houve diferença
estatística entre a quantidade de sementes entre os dois tratamentos, mesmo na ausência dos
polinizadores, pois houve quantidades semelhantes entre o número de sementes produzidas
nos dois tratamentos. Na presença de abelhas a produção de sementes girassol aumenta
também em indivíduos que apresentam aumento de produção de sementes (DeGRANDI-
HOFFMAN; CHAMBERS, 2006).
6 CONCLUSÃO
As inflorescências de girassol apresentaram dois visitantes florais que visitaram as
flores de girassol pela manhã. Essas espécies apresentaram pico de visitação em uma
temperatura diferente entre elas. Os visitantes florais foram muito importantes para a
produção de sementes de girassol visto que o peso das sementes foi significativamente maior
nos indivíduos que apresentaram visitantes florais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO-ZILZE, G. PORTO, E. L.; SILVA, C. G. N.; PINTO, M. F. C. Atividade de
voo de operárias de Melipona seminigra (Hymenoptera: Apidae) em um sistema
agroflorestal da Amazônia. Bioscience Journal, v. 23, n. 01,p. 94-99, 2007.
GAZZOLA, A.; FERREIRA JUNIOR, C. T. G.; CUNHA, D. A.; BORTOLINE, E.; PAIAO,
G. D.; PRIMIANO, E. V.; PESTANA, J.; D'ANDRÉA, M.S.C.; OLIVEIRA, M.S. A
cultura do girassol. Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" Departamento de
Produção Vegetal,. 2012. 69p.
GREENLEAF, S.A.; KREMEN, C. Wild bees enhance honey bees' pollination of hybrid
sunflower. Proc. Natl Acad. Sci. USA. 103, 13 890–13 895. 2006.
MICHENER, C.D. The bees of the world. Baltimore: The Johns Hopkins University Press,
2000.
NUNES JUNIOR, F.H.; FREITAS, V.S.; MESQUITA, R.O.; BRAGA, B.B.; BARBOSA,
R.M.; MARTINS, K.; GONDIM, F.A. Effects of supplement with sanitary landfill leachate
in gas exchange of sunflower (Helianthus annuus L.) seedlings under drought stress.
Environmental Science and Pollution Research, v. 24, n. 30, p. 24002-24010, 2017.
PIERROT, L. M.; SCHLINDWEIN, C. Variation in daily flight activity and foraging patterns
in colonies of uruçu – Melipona scutellaris Latreille (Apidae, Meliponini). Revista
Brasileira de Zoologia, 20 (4): 565–571. 2003.