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2. OBJETIVOS
2.1 GERAL:
Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um estudo enunciativo do funcionamento
da classe gramatical substantivo, nos livros didáticos do Ensino Médio regular, dessa forma
fazendo uma análise teórica com a Semântica do Acontecimento (2002) (2005) do semanticista
Eduardo Guimaraes, em articulação com a disciplina História das Ideias Linguísticas,
desenvolvida por Eni Orlandi. Espera-se com este estudo uma reflexão sobre o referencial
teórico adotado, articulando com o material didático escolhido.
2.2 ESPECÍFICOS:
Verificar, analisar, e compreender na perspectiva semântica-enunciativa a classe de
palavra substantivo nos compêndios escolhidos;
Contribuir para os estudos científicos, mais especificamente para os estudos semânticos;
Refletir sobre as possibilidades do uso da língua e suas significações, em sua
exterioridade;
Compreender o funcionamento da escolha de um livro didático adotados nas escolas
estaduais, escolhidas para pesquisa;
Ler, analisar e compreender sobre o dispositivo teórico escolhido para este estudo.
JUSTIFICATIVA/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Atualmente, o livro didático é escolhido com base nos seguintes critérios: realidade
da escola, objetivo do ensino de língua materna e adequações aos PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais). Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, encontramos a seguinte
orientação:
Como apontam os PCNs, o ensino da língua deve privilegiar situações em que o aluno
possa observar a língua em funcionamento, em um processo discursivo, assim o professor
poderá trabalhar os conteúdos gramaticais visando a mostrar que a língua é dinâmica e,
portanto, sujeita a diversos efeitos, já que na maioria das vezes, por questões sociais, vários
alunos apenas conhecem o livro didático como guia de conhecimento intelectual.
Os PCNs, segundo Brasil (1997), recomendam que o professor utilize, além do livro
didático, materiais diversificados (jornais, revistas, computadores, filmes, etc.), como fonte
de informação, visando à ampliação do tratamento dado aos conteúdos e fazendo com que o
aluno se sinta inserido no mundo à sua volta.
Nesse sentido que Ilari e Geraldi, afirma em seu livro Semântica (1985) que existem
três limites adotados sobre a sensibilidade da língua,1:sobre os fatos a língua pela língua,
(metalinguagem),2:a forma que irá analisar frases ou expressões referindo inúmeras vezes a sua
forma, 3: no ultimo limite teoria que irá analisar fatos da língua sob a perspectiva da teoria.
Nesse sentido entendemos que a semântica é como um terreno movediço ou seja, debatem
problemas cujas as conexões não são sempre óbvias, deste modo as palavras apresentam e
constroem sentindo nas construções gramaticais
Por isso que as teorias enunciativas nos possibilita pensar em novos estudos sobre a
linguagem pela possibilidade de analisar a língua como uma dispersão de regularidades
linguísticas constituídas historicamente. Eduardo Guimarães (2005), em sua obra Semântica do
Acontecimento: Um estudo enunciativo da designação, desenvolvida no Brasil, diz que a
enunciação, “enquanto acontecimento de linguagem se faz pelo funcionamento d (p.05), e desse
lugar teórico filia-se a Benveniste (1970) que, em “O Aparelho Formal da Enunciação”, toma
a enunciação como a língua posta em funcionamento pelo locutor.
Assim na existência de um enunciado, existem outros enunciados com os quais
estabelece relações. Assim não se pode pensar a linguagem ou o sentido fora de uma relação,
ou seja, “só há um enunciado se houver mais de um. É impossível pensar a linguagem, o sentido,
fora de uma relação. Algo só é linguagem com outros elementos e nas suas relações com o
sujeito” (2005, p. 05). É nessa relação da língua com a memória que se constitui o sentido.
Considerar a forma do funcionamento em um enunciado, é considerar que ela funciona num
texto e saber em que medida ela é constitutiva do sentido do texto.
Em Análise de Texto, Guimarães (2011) define o texto como “uma unidade de sentido
que integra enunciados no acontecimento da enunciação”, ou seja, “o texto é uma unidade de
significação que se caracteriza por produzir sentidos, é isso que faz dela (desta unidade) um
texto” (p.19)
Continuando, o autor diz que o texto
é uma unidade de significação. Não se trata em dizer que o texto tem unidade, mais
que ele é uma unidade, assim como a palavra é uma unidade, o enunciado é unidade
etc. E esteve e está sempre presente para mim que a questão é uma questão
semântico (usando inicialmente esta palavra no seu sentido mais geral), o texto
interessa por que significa (idem, p. 09).
Segundo o autor (2005, p.32), as formas linguísticas dão suporte à significação, na medida
em que são confrontadas com a memória discursiva e o presente do acontecimento, “a memória
da língua comporta um latência, uma condição para o confronto entre a instância do dizível
histórico e a instância do presente”.
Ainda nesse sentido que Zattar (2011, p.123) descreve que: “devemos considerar
inicialmente que a interpretação do texto e das imagens é uma atribuição de sentidos dada pelo
analista, e tanto os enunciados do texto como as imagens se constituem como uma relação
integrativa exposta à exterioridade”. Ou seja, na perspectiva enunciativa, o aluno, a partir do
seu lugar social, interpreta a imagem ou o texto do capítulo didático que será analisado
construindo e atribuindo sentidos para seu estudo.
O gramático Francisco Dias (2002, p. 129) que afirma que nesta perspectiva,
percebemos uma falta de clareza sobre o ensino da gramática na escola, tanto pelos opositores
quanto pelos defensores. Dias afirma (2002, p.126) que: há duas formas de tratamento das
classes gramaticais nos livros didáticos - os livros de linha conservadora, que apontam a
temática das classes gramaticais, e os livros de linha inovadora, que não apontam tópicos
relacionados às classes gramaticais, a gramática só aparece através dos exercícios. Segundo o
autor, essas tendências têm dois problemas, “o primeiro é o efeito de evidência do conceito, que
afeta primordialmente a tendência conservadora. O segundo é o efeito de apagamento do
conceito, que afeta a tendência inovadora.”.
Neste estudo a articulação com a disciplina, História das Ideias Linguísticas, irá
possibilitar refletir sobre os instrumentos da língua, como gramática, dicionário, livro didático,
e como estes objetos de ensino, nos fazem adquirir conhecimento sobre da língua. Neste sentido
que Orlandi (2001) descreve que:
Por fim este estudo irá permitir olhar os estudos gramaticais com mais criticidade,
com o objetivo de torná-los instrumentos à reflexão do educando na interpretação e
compreensão dos discursos que os envolve, através de construções textuais que podem ter
diferentes sentidos, dependendo das condições de enunciação. Como ex-acadêmica do
curso de Letras, pela Universidade do Estado de Mato Grosso/Campus Cáceres/MT, ex-
bolsista(PIBIB), ex-supervisora (PIBID), e atual professora da educação básica, sempre me
questionei como estão sendo apresentados pelos professores esses conteúdos no livro
didático, sempre com a função de mostrar ao aluno o uso normativo da língua de forma
aparente, sem considerar o funcionamento semântico-enunciativo de determinadas formas
da língua. É nesse sentido que este estudo quer refletir sobre este questionamento,
observando como o ensino dessa classe é tratado pelos autores? E como o enunciado,
enquanto unidade de sentido, significa e é significado nesses livros, e estes alunos do Ensino
Médio?
4.METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste projeto será aplicada metodologicamente um trabalho
qualitativo, com o intuito de analisar o funcionamento semântico enunciativo em livros
didáticos do Ensino Médio, observando como o ensino da classe gramatical substantivo é
tratada pelos autores, e como o enunciado enquanto unidade de sentido é significado nesses
compêndios. A teoria adotada para este estudo terá como base o livro Semântica do
Acontecimento: Um estudo enunciativo da designação (2002) (2005), do semanticista Eduardo
Guimaraes, articulando com a disciplina Historias da Ideias Linguísticas (HIL), dentre outros
autores.
O corpus, de análise desta pesquisa será constituído por dois livros didáticos adotados
em duas escolas estaduais tais como Novas Palavras, de Emília Amaral, Mauro Ferreira,
Ricardo Leite, e Serverino Antonio (2019), e Português Contexto, interlocução, e sentido de
autoria de Maria Luiza M. Abaurre, Marcia Bernandes M. Abaurre, Marcela Pontara (2019).
Ambos adotados como material de apoio pedagógico pelos professores.
5. CRONOGRAMA
O cronograma prevê as fases do trabalho e a duração de cada uma das etapas do
desenvolvimento da pesquisa (24 meses).
DESCRIÇÃO DAS Set/Out/ Fev/M Mai/Jun/ Jul/Ag Set/Out Nov/Dez/ Jan/Fev Mar/Abr/ Mai/Jun Jul/Ago Set/Out Nov/Dez
ETAPAS Nov/Dez ar/Abr 2020 2020 2020 2020 2021 2021 2021 2021 2021 2021
2019 2020
Abertura Edital nº X
0032019/PPGL e
etapas e resultados
Pesquisa bibliográfica X X X X X X X
Participação nas X X X X X X X X
Disciplinas
Fichamento de textos X X X X X X
Coleta do corpus X X X
Aplicação e x x x
entrevistas nas escolas
campos para
pesquisas
Leitura dos X
documentos
Levantamento do X X X X
material teórico
(livros, textos,
dissertações) que
sustente a analise
Organização dos X X X X X X
recortes dos livros
didáticos do ensino
médio para analise
Análise e X X
interpretação dos
corpus escolhido
Redação do trabalho X X
Qualificação X
Revisão / redação X X
final / entrega
6. REFERÊNCIAS
DIAS, Luis Francisco. O estudo de classes de palavras: problemas e alternativas de
abordagem. In: DIONÍSIO, Ângela & BEZERRA, Maria Auxiliadora. O livro didático de
Português. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
ZATTAR, Neuza. Linguagem, Acontecimento, Discurso/ Neuza Zattar, Albano Dalla Pria,
Edileusa Gimenes Moralis (Orgs.). Cáceres, MT-Campinas, SP: Editora RG,2011.