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Deus, nem de saber qual será a vontade de Deus.

Pelo contrário, ele submete sua vontade à


de Deus. Quando chegarmos ao capítulo 15, veremos como esta sua prece foi respondida.

3. Paulo anseia vê-los e lhes diz o porquê


A primeira razão que ele apresenta é esta: a fim de compartilhar com vocês algum dom
espiritual [charisma], para fortalecê-los (11). A primeira vista, parece natural interpretar o
referido dom espiritual como sendo um dos dons (charismata) relacionados por Paulo em 1
Coríntios 12 e, depois, também em Romanos 12 e Efésios 4. Mas, pelo visto, há uma objeção
fatal a isso, uma vez que nessas outras passagens os dons são concedidos pela soberana
decisão de Deus,4 de Cristo5 ou do Espírito.6 Portanto o apóstolo dificilmente poderia se
declarar capaz de "compartilhar" um charisma. Assim ele pode estar usando essa palavra
num sentido mais geral. Talvez esteja se referindo ao seu próprio ensino ou exortação, que
ele espera passar a eles quando chegar, se bem que haja nessa sua afirmação "uma
indefinição proposital",7 talvez porque a essa altura dos acontecimentos ele nem sabe quais
serão as suas necessidades espirituais básicas.
Nem bem acabou de ditar essas palavras e ele parece dar-se conta de que a sua colocação
pode fazê-los sentir-se inadequados e numa via de mão-única, como se ele tivesse tudo a dar
e nada a receber. Então ele explica (e até mesmo corrige) suas palavras: isto é, para que eu e
vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé (12). Ele tem consciência das bênçãos
recíprocas que advêm da fraternidade cristã e, apesar de ser um apóstolo, não é orgulhoso
demais para reconhecer sua necessidade dela. Feliz é o missionário de hoje que vai a outro
país e cultura no mesmo espírito de receptividade, disposto tanto para receber quanto para
dar, tão ansioso para aprender tanto quanto para ensinar, para ser encorajado tanto quanto
encorajar! E feliz é a congregação cujo pastor tem essa mesma humildade e disposição de
espírito!

4. Paulo sempre quis visitá-los


Quero que vocês saibam, irmãos, que muitas vezes planejei visitá-los, mas fui impedido de
fazê-lo até agora... (13a). Qual foi exatamente o empecilho, isso ele não diz. Talvez a
explicação mais provável seja a que ele irá mencionar mais no final da carta, a saber, que o
seu trabalho evangelístico na Grécia e arredores ainda não fora completado (15.22ss.). E por
que essa intenção de visitá-los? Aqui ele apresenta uma terceira razão: a fim de poder colher
algum fruto entre vocês. Quanto a essa idéia de "colher", comenta John Murray, aliás com
muito acerto: "A idéia expressa é a de colher frutos, não de cultivá-los."8 Em outras palavras,
ele espera ganhar alguns convertidos em Roma, como tenho colhido entre os demais gentios
(13). Nada mais apropriado para o apóstolo dos gentios do que engajar-se numa colheita
espiritual na capital do mundo gentílico.

1:14-17
3. Paulo e a evangelizaçáo

O apóstolo já disse que está ansioso para pregar o evangelho em Roma. E agora faz, com
relação a isso, três declarações pessoais bastante fortes:
versículo 14 "sou devedor ..."
versículo 15 "estou disposto ..."
versículo 16 "não me envergonho ..."
E por que elas são tão impactantes? É que elas são totalmente contrárias à atitude de muita
gente nas nossas igrejas. As pessoas hoje em dia tendem a encarar a evangelizaçáo como
uma opção extra e (se é que se dispõem a considerá-la) acham que estão prestando um favor
a Deus; Paulo, porém, fala na evangelizaçáo como uma obrigação. O sentimento que se vê
em nossos dias é o de relutância; Paulo mostra-se disposto e entusiasmado. Muitos de nós
hoje teríamos de confessar, com honestidade, que nos envergonhamos do evangelho; Paulo
declara não se envergonhar dele.
E bem que Paulo tinha tantos motivos quanto nós para relutar ou para envergonhar-se do
evangelho. Roma era o símbolo do orgulho e do poder imperial. As pessoas falavam nela
com respeito. Todo mundo esperava visitar Roma pelo menos uma vez na vida, a fim de vê-

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