Você está na página 1de 16

UM OLHAR SOBRE O ABANDONO ESCOLAR NO CONCELHO DA TROFA 1

Sandra Isabel Dias Santos


Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Câmara Municipal da Trofa
sandrasantos.21@portugalmail.pt

Este artigo incide sobre a problemática relativa à desistência escolar. Assim, numa primeira
parte, é feito um enquadramento geral do fenómeno do abandono escolar precoce, focando em
particular a sua definição. Em seguida é traçado um quadro dos diversos factores determinantes do
abandono dos estudos, tendo em conta a sua tipologia e causas subjacentes. Numa segunda parte, é
efectuado um enquadramento da problemática em Portugal. Por ultimo, é realizado um estudo no
âmbito do abandono escolar precoce, na região do Vale do Ave, mais concretamente no concelho da
Trofa. Este estudo teve como objectivo primordial analisar as taxas de abandono na região, fazendo
referência aos determinantes sociais e tentando compreender o problema, a sua gravidade e dimensão.
Desta forma, o cerne desta investigação consistiu em estudar determinados casos de jovens que
abandonaram precocemente os seus estudos, identificando o seu perfil e caracterizando os motivos
subjacentes ao abandono escolar, relacionando entre si as variáveis Escola, Família e Mercado de
Trabalho.

1 - Introdução
Actualmente muito se discute sobre a Educação. Ao longo dos tempos, a Educação em
Portugal, tem sofrido vicissitudes que se traduziram nalguns atrasos e outros sobressaltos, com
avanços e recuos. Conforme o enunciado pela Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86,
de 14 de Outubro) “a educação é um direito de todos e tem por objectivo favorecer o
desenvolvimento global e harmonioso da personalidade do indivíduo como também o progresso
social, promover o desenvolvimento de um espírito democrático, plurista e crítico”. No entanto,
a educação extrapolou a esfera política sendo actualmente um assunto de enorme relevância
social, a educação passou a ter uma feição social não sendo mais um assunto de carácter
exclusivamente político.
O insucesso e o abandono escolar são marcas demasiado visíveis num edifício social
que esteve sempre envolvido, ao longo do Séc. XX, numa teia cerrada de constrangimentos e
ambiguidades. O abandono escolar é um fenómeno que tem vindo a polarizar de forma
crescente a atenção dos investigadores na sociedade ocidental, pois ele acarreta consequências
nefastas para a mesma. Portugal é um dos países da Europa onde o fenómeno do abandono
escolar precoce, embora tendo vindo a diminuir ao longo das últimas décadas, continua a
constituir um problema social, nomeadamente nas consequências de que se revestem, quer no
percurso pessoal e profissional, quer no próprio mercado de trabalho.

1
Nota: Este estudo sobre o abandono escolar precoce é resultado de uma investigação efectuado no âmbito do
Seminário em Formação e Tecnologias Educacionais, do 5º ano da Licenciatura em Ciências da Educação da
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

3771
2 - Enquadramento e Problematização
Numa sociedade do conhecimento, a saída precoce do sistema escolar afigura-se como
um desperdício de talento e também económico que as sociedades tentam colmatar. No entanto,
o abandono prematuro dos estudos nem sempre foi considerado um problema social e o facto de
alguém se afastar do sistema escolar nem sempre constituiu um acto desviante ou inquietante
aos olhos da sociedade. Há 30 anos, um adolescente podia muito bem deixar a escola sem
diploma, encontrar um emprego e ocupar, em pleno, o seu lugar na sociedade. As preocupações
com o abandono escolar são relativamente recentes, visto este ser um problema que era
considerado há uns tempos atrás irrelevante, comprovando-se este facto pela escassez de dados
estatísticos existentes a este respeito. A passagem de um comportamento meramente anódino a
um comportamento sintomático de inadaptação social não é, pois, estranha às mudanças
económicas e culturais que modificaram as sociedades ocidentais nos últimos decénios (Janosz
& Blanc, 1999, p. 341-403).
Segundo Azevedo (1999), o fenómeno do abandono escolar prematuro é um complexo
problema social, tanto nas suas causas como nas formas como se concretiza e ainda nas suas
consequências sociais e profissionais. Não sendo um fenómeno novo, ele requer hoje uma
reavaliação, devido às mudanças profundas que as sociedades têm vindo a registar quer na
socialização dos jovens quer nas exigências que estas fazem à participação destes em diferentes
esferas do social. Benavente (1994) sustenta que o abandono na escolaridade obrigatória é um
dos mais extremos fenómenos de exclusão que constitui a face visível duma situação mais vasta
que atinge crianças e jovens em ruptura declarada ou silenciosa com uma escola obrigatória que
não é direitos, mas tão só dever.
A entrada precoce no mundo laboral, o baixo grau de escolaridade e os baixos requisitos
de qualificação profissional, condicionam, por um lado as aspirações individuais desses jovens,
e por outro, o desenvolvimento a nível de uma importante área para a economia social. Com o
aumento dos níveis de escolarização, o prolongamento da permanência no sistema escolar,
numa sociedade onde valorizam as habilitações escolares dos indivíduos, as suas qualificações e
competências, as novas tecnologias e a sociedade de informação, o abandono escolar sem a
conclusão da escolaridade obrigatória e a saída do sistema escolar sem qualquer diploma escolar
constituem áreas criticas da coesão social e são a demonstração de desigualdades e assimetrias
sociais (Azevedo, 1999).

3772
3 - Pertinência e justificação do estudo
A importância de um conhecimento esclarecido acerca das causas do fenómeno, e dos
indivíduos mais atingidos por ele, reside no facto de só assim ser possível prevenir e combater o
fenómeno. Numa tentativa de conhecer hoje para intervir amanhã, foi elaborado um estudo
sobre o abandono escolar num meio rural. Este estudo incide exactamente sobre a realidade
preocupante da saída prematura e desqualificada da escola e procura interrogar os porquês da
resistência à permanência prolongada na escola por parte de alguns sujeitos. Neste estudo
pretende-se conhecer os motivos que levaram os jovens a afastarem-se do percurso escolar antes
de concluírem a escolaridade obrigatória, optando por ingressar precocemente no mercado do
trabalho.
A questão central desta investigação foi a de saber o que determina a decisão dos
jovens quando estes optam por abandonar o sistema escolar. Para perceber as decisões que
conduzem à ruptura com a escola tem que se conhecer os jovens que as tomam e as
contextualizar dado que este é um fenómeno que assume diferentes facetas consoante o contexto
em que está inserido. Sistematizando, podemos referir que o presente estudo tem como
objectivo principal elaborar a análise da relação existente entre a inserção precoce no mercado
de trabalho e os principais problemas socio-económicos e profissionais decorrentes desse facto,
na perspectiva do indivíduo, assim, a investigação centrou-se na caracterização dos jovens cujo
percurso escolar é pautado pela abandono escolar precoce, na caracterização socio-económica
relacionando-a com aspectos da vida escolar, na caracterização do percurso educativo antes e
após o abandono, na caracterização das suas ocupações, na caracterização da situação
profissional actual, nomeadamente através da análise de dimensões como: o sector de
actividade, a profissão, as qualificações profissionais, as condições do local de trabalho, a
remuneração, o gosto e satisfação no trabalho, as expectativas futuras de mobilidade
profissional.
No sentido de ser convenientemente analisada esta situação, realizou-se um estudo que
abrangeu a população que se encontra em efectivo abandono escolar com idades compreendidas
entre os 15 e os 18 anos e que iniciaram a sua actividade laboral com menos de 16 anos.
Constituiu premissa de investigação averiguar o percurso escolar dos jovens numa tentativa de
saber se os indivíduos foram trabalhar porque abandonaram a escola ou se pelo contrário
abandonaram a escola para ir trabalhar.

3773
4 - Metodologias e Acções desenvolvidas
O presente estudo desenvolveu-se em etapas distintas. O primeiro passo para que esta
investigação pudesse arrancar correspondeu á criação de contactos com as instituições
educativas locais, com as Univas locais, e com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
em Risco, para proceder à recolha de dados dos indivíduos que se encontravam em abandono
escolar. Embora, inicialmente se pretendesse inquirir uma amostra representativa de alunos que
cujo percurso escolar já foi pautado pelo abandono escolar precoce, a difícil cooperação de
algumas escolas e algumas instituições no fornecimento dos dados obrigou a que apenas
tivemos uma amostra apenas de 15 inquiridos. Numa segunda fase procedeu-se à identificação e
respectivo contacto com esses indivíduos no sentido de lhes administrar um inquérito por
questionário no sentido de perceber o seu percurso escolar e analisar as razões subjacentes ao
abandono. O objectivo de representatividade da amostra inquirida não foi inteiramente atingido,
tendo-se obtido apenas resultados representativos. A população inquirida era assim constituída
por 15 adolescentes pertencentes ao concelho da Trofa. Salientado o carácter voluntário da
participação na investigação, e assegurada a confidencialidade dos resultados, a adesão ao
estudo foi total, não se tendo verificado nenhuma desistência nem oposição.
O recurso ao questionário foi uma metodologia adoptada no presente estudo, pois
pretendia-se colocar, a um conjunto de inquiridos, uma série de perguntas relativas ao seu
percurso escolar, à sua situação profissional, à sua mobilidade profissional e expectativas
futuras. A técnica de recolha de informação através da entrevista também foi uma metodologia
adoptada numa tentativa de perceber as principais razões subjacentes ao abandono escolar. Esta
foi realizada a toda a amostra mediante um guião comum. Todas as entrevistas foram
individuais e realizadas em condições de absoluta privacidade, nas instalações na Univa local. A
interacção pessoal, permitida pela entrevista, favoreceu a recolha dos dados junto dos
adolescentes e facilitou a comunicação. As entrevistas decorreram individualmente e não foram
gravadas, o que poderia dificultar a relação de confiança e de envolvimento.

5 - Conceito de abandono escolar


Descrita brevemente a relevância social da problemática em análise, importa agora
partir para as delimitações conceptuais. O conceito de abandono escolar carece de explicitação e
de uma delimitação conceptual. A diversidade de interpretações torna árdua a tarefa de agrupar,
num só bloco, as causas do abandono escolar, uma vez que este é um fenómeno global com
muitos e de diferentes proveniências os contributos que podemos encontrar para o explicar,
prever e intervir. No entanto, num estudo realizado por Ferrão, Honório et al (2000), os autores

3774
identificaram um conjunto de 8 blocos analíticos, que correspondem a agrupamentos lógicos de
causas para o abandono: factores individuais, aspectos sócio-culturais, aspectos económicos,
instabilidade do agregado familiar, mercado de trabalho, ambiente social, acessibilidade, escola.

5.1 – Factores do abandono escolar


Relativamente aos factores que estão na base do abandono escolar pode-se adiantar,
pegando na afirmação de Janosz & Blanc (1999) que diferentes factores, pertencendo a
diferentes dimensões da experiência humana, influem nesta complexidade. Assim, segundo os
mesmos autores, contabilizam-se determinantes sociais, determinantes organizacionais,
determinantes familiares e determinantes pessoais ou interpessoais.
No que respeita aos primeiros, uma análise social e institucional da problemática
esclarece o impacto das ideologias, das políticas e da sua operacionalização através das
instituições sobre a experiência escolar. Nesta perspectiva os sistemas socioeducativos podem
tornar-se um factor de risco estrutural da desistência escolar para alguns alunos. Os autores
defendem que o sistema escolar pode gerar a falta de motivação, insucesso e desistência quando
os seus objectivos conduzem à ausência ou à perda de sentido e de valor da escolaridade.
No que concerne aos determinantes organizacionais, os autores com base nos trabalhos
de Elliot & Voss (1974) destacaram que os factores escolares parecem ser os mais fortes e
tentaram demonstrar que a escola, pela sua estrutura, organização do currículo, influenciava a
experiência escolar, sobretudo dos adolescentes e, por conseguinte, a qualidade da adaptação e
da perseverança escolar. Numa outra dimensão, a vertente familiar do aluno também tem sido
objecto de estudo por parte dos investigadores. Em geral, as conclusões dos estudos
longitudinais e transversais convergem no mesmo sentido, os desistentes provêm de famílias
cujo nível de adversidade estrutural é elevado e cujas práticas educativas são ou demasiado
permissivas ou demasiado rígidas2.

Relativamente ao peso das determinantes interpessoais na decisão de abandonar a


escola, embora se possa reconhecer que o comportamento e as capacidades da criança
influenciam o seu percurso escolar, as crianças que abandonam precocemente a escola não são
particularmente diferentes daquelas que se mantêm no sistema escolar. No entanto, vários
estudos prospectivos mostraram que os alunos que no futuro acabarão por desistir da escola
tendem a juntar-se, com mais frequência, aos seus pares desistentes ou potencialmente
desistentes do que os aqueles que pretendam obter um diploma.

2
A este propósito, Janosz & Blanc (1999) referem aqueles que, de acordo com as investigações, são
considerados os melhores preditores da desistência escolar: a dimensão das famílias, o divórcio dos
pais, a escolaridade dos pais e o facto de existirem desistentes numa família.

3775
Vários estudos demonstram que uma baixa auto-estima, estados afectivos negativos,
atitudes pouco ambiciosas face à sua carreira e sentimento de que o seu destino é comandado
por factores externos são factores que conduzem ao abandono escolar. Este facto revela o peso
das determinantes pessoais na decisão de abandonar a escola.

5.2 – Tipologia do abandono escolar


Janosz et al (2000) desenvolveram diversos estudos sobre a identificação de preditores
do abandono escolar e apresentam uma tipologia do abandono, evidenciando quatro perfis de
alunos desistentes: os discretos, os não empenhados, os com baixo desempenho e os
inadaptados. Os alunos ditos “discretos” são aqueles que não apresentam nenhum problema de
comportamento na escola, que evidenciam um nível de empenhamento elevado em relação à
educação, mas cujo rendimento escolar é baixo. Estes são qualificados como discretos na
medida em que correm o risco de passar despercebidos junto das autoridades escolares.
Os alunos intitulados “não empenhados” são aqueles que, além de manifestarem um
reduzido empenhamento face à educação, evidenciam, em termos de comportamento, um nível
de inadaptação escolar médio e um rendimento também médio. Por sua vez, os alunos com
“baixo desempenho” são indivíduos cujo grau de empenhamento é baixo, cujo nível de
inadaptação escolar é médio e que, ao contrário dos não empenhados, evidenciam um
rendimento médio muito fraco. Distinguem-se dos outros desistentes devido às suas
dificuldades em corresponder às exigências escolares no plano das aprendizagens.
Os “aluno inadaptados” são adolescentes que evidenciam um rendimento escolar muito
baixo, um fraco empenhamento e um elevado nível de inadaptação escolar, em suma são
indivíduos cuja experiência escolar se revela problemática a todos os níveis, ou seja, tanto no
plano das aprendizagens, como no dos comportamentos.

5.3 – Causas do abandono escolar


Benavente et al (1994) afirma que apesar da existência de causas múltiplas não
devemos desviar atenção daquela que frequentemente é apontada como sendo uma das
principais razões: os alunos que abandonam a escola foram por ela, antecipadamente,
abandonados. A autora destaca as periferias urbanas e as zonas rurais como as mais atingidas
pelo abandono escolar. No mesmo estudo, adiantam-se os filhos de trabalhadores agrícolas, de
operários e de artesãos, os filhos de emigrantes e os pertencentes a minorias étnicas como
aqueles que mais frequentemente abandonam a escolaridade obrigatória.
De facto, invocando um estudo realizado por Almeida & Ferrão (2000) sobre as causas
de abandono escolar, podemos referir que, por um lado, as causas tradicionais de abandono,

3776
muito associadas à entrada precoce na vida activa e a situações de pobreza das famílias e de
isolamento das escolas, encontram-se globalmente em declínio mas confrontam-se com focos de
resistência significativos. Por outro lado, verifica-se a emergência de novas situações de risco,
particularmente visíveis em meios urbanos e suburbanos. O fenómeno do abandono escolar
precoce parece, assim, encontrar-se numa fase de transição, mais do que numa fase de final
anunciado. O perfil do aluno em risco demonstra em geral um atraso escolar significativo,
ausência de ambições escolares e os pais e/ou encarregados de educação não consideram a
escola como um valor, mas sim como algo que não traz grandes benefícios.
Dupont & Ossandon (1987) identificaram o perfil de um potencial “abandonador”: tem
um fraco rendimento escolar, vive mal a relação educativa, sente ausência de empatia, tem
professores pouco motivados, não se sente bem na sua pele de aluno, não tem confiança em si,
veicula consigo perspectivas de fracasso e não se concentra no seu trabalho.
Em resumo, o abandono escolar é um problema do domínio da conduta de um indivíduo
e traduz-se na decisão de deixar a escola sem completar o nível de ensino desejado. Essa
decisão não é, de forma alguma repentina, mas produto de um longo processo de tensões,
desajustamentos, fracassos e desinteresse pela escola. Nesta saída antecipada da escola, é posto
em causa o valor instrumental da escola, como participante no desenvolvimento pessoal e de
preparação para a vida activa, que o abandonante se nega a reconhecer. Por outro lado, o
abandonante é em grande medida rejeitado pela escola que não conseguiu motivá-lo para a
formação, e cujas consequências são muitas vezes o seu lançamento, prematuro, para a vida
activa, ociosidade ou mesmo marginalidade. Tendo em conta o que aqui foi exposto, torna-se
imperativo mencionar que só uma abordagem multifactorial, multidimensional e sistémica pode
ajudar a explicar o fenómeno do abandono escolar, e nas quais devem ter-se em conta as
realidades em interacção: sociedade, jovem e escola.

3777
6 - Análise dos Resultados
6.1 - Caracterização dos jovens inquiridos
No que concerne à distribuição dos jovens por género verificamos que a maior parte dos
inquiridos é do sexo masculino (66,7%), enquanto que apenas 33,3% são do sexo feminino. Esta
relação demonstra que a taxa de abandono escolar na região atinge maioritariamente a
população masculina. Quando analisamos a escolaridade dos inquiridos percebemos que 53,3%
não possuem o 3º ciclo da escolaridade e 47,7% apenas possuem o 2º ciclo completo.
Nesta investigação, verificamos que 66,7% dos inquiridos completou o 6º ano de
escolaridade, enquanto que apenas 26,7 possuem o 7º ano e uma pequena minoria completou o
8º ano. A análise das reprovações e do insucesso escolar é importante, pois estes fenómenos
estão fortemente ligados ao abandono escolar. Não são raros os casos em que o jovem que
abandona a escola em consequência da sua reprovação. Num estudo efectuado por Jimerson
(1999), o autor sustenta que há cinco vezes mais probabilidade de os repetentes abandonarem a
escola do que os não repetentes. Reconhecida a relação causa – efeito existente entre o
insucesso escolar e o abandono escolar, procurou-se saber seguidamente o número de
reprovações obtidas antes de abandonar a escola. Pela análise dos resultados, podemos constatar
que, o insucesso escolar afectou, especialmente, as faixas etárias mais baixas. São os jovens
mais novos aqueles que já viveram pelo menos uma situação de reprovação. Em todos os
escalões etários a maioria dos jovens já teve percurso escolar pautado pela reprovação, tendo
esta implicações muito graves a nível de frequência escolar. Os picos de idades onde se verifica
o abandono escolar situam-se nas idades dos 16 anos (33,3%) e 15 anos (26,7%) e 13 anos
(20%) como aqueles que sentiram mais este fenómeno.
No que concerne ao motivo principal das reprovações, o percurso escolar dos
indivíduos foi marcado pela retenção devido, sobretudo, ao grande desinteresse destes pelo
estudo e pela escola (40%), seguido pela referência a dificuldades de aprendizagem (26,7%). No
entanto, é também significativo o valor assumido pelos que afirmam ter tido insucesso escolar
por má relação com os professores (20%). Os motivos de saúde e de falta de ambiente de estudo
em casa também foram referidos por 6,7 % dos inquiridos. Assim, na generalidade, pode-se
concluir que o insucesso escolar se relacionou mais com factores associados ao sistema de
ensino, do que com factores familiares ou de trabalho.
As relações que o jovem estabelece com o professor, ou professores, têm muita
influência no modo como os jovens encaram a escola. O facto de se gostar ou não da escola,
como já constatamos, condiciona o abandono escolar. O gosto pela escola passa muitas vezes
pela relação professor/aluno. As relações com os professores não intervêm negativamente no

3778
processo de abandono escolar. A relação que os jovens estabelecem com os professores é
descrita, frequentemente, como “Boa” (46,7%) ou “Razoável” (40%).
No que concerne à percepção que os inquiridos tinham enquanto estudantes, a grande
maioria considera-se razoável (53,3%), embora 26,7% se percepcione como “bom aluno”. A
totalidade dos jovens afirmou que era em casa que preferiam ocupar o seu tempo de estudo,
apesar de, como já enunciamos, uma grande maioria sustentar que não tinha condições de
estudo em casa. Estes jovens não usufruíram de qualquer tipo de apoio nos estudos e na grande
maioria os pais/encarregados de educação raramente iam ás reuniões escolares.
Os jovens, enquanto estudantes têm tendência para entrarem temporariamente, no
mundo do trabalho. É, normalmente, nos períodos de férias e nos fins-de-semana que os jovens
decidem ocupar o tempo e ganhar algum dinheiro. A maioria dos jovens inquiridos afirma ter
tido outras ocupações, somente nos períodos de férias, deste modo, não tiveram de repartir o seu
tempo de estudo com nenhuma outra actividade. Embora, estas ocupações no tempo de férias
não tenham tido influência directa no tempo de estudo, podem ter tido no abandono da escola.
O facto de terem experienciado ganhar algum dinheiro, aliada a outros motivos, pode ter
aliciado o jovem para o mundo do trabalho. Situações temporárias de trabalho tornam-se,
ocasionalmente, situações permanentes. Os jovens que tenham vivido uma situação de trabalho
parecem assim ter maior tendência para optar pela inserção no mercado de trabalho. As
ocupações experienciadas pelos alunos podem, então, condicionar directamente o abandono
escolar.
A totalidade dos inquiridos refere ter abandonado a escola porque queria ter
independência económica (100%), motivo que pode indiciar dificuldades financeiras no
agregado familiar, uma vez que, foi também referido, como principal motivo do abandono a
necessidade de procurar trabalho para poderem ajudar em casa. Temos, ainda, uma grande
incidência de variáveis mais associadas ao sistema de ensino como o facto de terem abandonado
os estudos por não gostarem da escola (73,3%), por terem reprovado (60%) e pelo facto de não
quererem estudar mais (60%).
As famílias aqui consideradas situam-se na sua maioria em contextos rurais, onde
emergiu uma industrialização recente e de mão-de-obra intensiva e possuidoras de baixo níveis
de rendimento. Dadas as marcas de pobreza que caracterizam a generalidade das famílias aqui
consideradas e os contextos sociais onde estão inseridas, é de todo pertinente analisar a
iniciativa para o abandono. Analisando de quem foi a iniciativa de abandonar a escola, podemos
afirmar que a decisão partiu maioritariamente dos próprios inquiridos (86,7%). No entanto,
13,3% dos indivíduos refere que a decisão foi tomada pelos pais/encarregados de educação. As

3779
famílias, em todos os grupos sociais, são unidades orgânicas que fabricam, muito lenta e
ponderadamente, projectos de ascensão e de sucesso escolar e profissional.
Quando confrontados com a tomada de decisão de abandono escolar, a grande maioria
dos inquiridos lamenta o facto pois gostaria de voltar a estudar (46,7%). Estes dados vêm
demonstrar que apesar de terem abandonado os estudos, em grande parte, por não gostarem da
escola, há o desejo de continuar os estudos.
Outro elemento que nos permitiu avaliar o contexto do abandono escolar foi saber o que
fizeram os jovens quando abandonaram a escola. Através desta análise podemos averiguar a
percentagem de alunos que abandonou precocemente os estudos porque já estava a trabalhar.
Por outro lado, ajuda a compreender quantos foram trabalhar porque já não estavam a estudar.
Os dados obtidos infirmam esta ideia, ou seja, os indivíduos abandonaram os estudos não
porque já estivessem a trabalhar, uma vez que a grande maioria foi só posteriormente procurar
trabalho (53,3%), enquanto que outros ficaram sem fazer nada (26,7%) e uma pequena
percentagem ficou a ajudar a família (20%). Desta forma, verificamos que a maioria dos jovens
foi trabalhar porque deixou de estudar e não o contrario. Ganhar dinheiro é a razão mais
apontada para justificar a saída da escola e a inserção na vida activa. Conclui-se, então que os
determinantes económicos estão sempre presentes na decisão de deixar o sistema de ensino e
iniciar uma profissão. Usufruir de liberdade e autonomia (86,7%) e aumentar a responsabilidade
(73,3%) não tem, efectivamente, tanto peso como ganhar dinheiro, mas também os jovens para
o mundo do trabalho.
Para a maioria dos indivíduos, a falta da escolaridade obrigatória influenciou a escolha
de emprego (40%), e impediu uma situação financeira melhor (33,3%).
Relativamente ao percurso escolar, verificamos que 26,7% dos rapazes gostariam de
completar o 9º ano, enquanto que a mesma percentagem desejaria completar o ensino
secundário, apenas 13,3% dos rapazes tem ambições a nível do ensino superior. No que
concerne às raparigas, 20% gostariam de ter um curso superior e 6,7% gostariam de terminar
tanto o ensino básico como o ensino secundário. Desta forma verificamos que as expectativas
mais elevadas face ao percurso escolar pertencem às raparigas.
Através da análise dos dados obtidos podemos constatar que a totalidade dos inquiridos
nunca usufruiu de qualquer tipo de apoio escolar, no entanto, actualmente beneficiam dele ao
nível da orientação escolar e profissional, dado estarem inscritos nas Univas3locais. Todos os

3
Nota: O Programa Operacional UNIVA, é promovido, pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, e tem
como objectivo o florescimento de uma rede de estruturas no nosso país vocacionadas para colocar em prática
múltiplas medidas e estratégias de apoio ao emprego e à empregabilidade. São serviços de apoio, legislados
pelo Despacho Normativo nº27/96 de 03-08, que tem como funções a integração ou reintegração profissional,
a integração em estágios profissionais, a divulgação de ofertas de emprego e formação, e ainda prestam apoio
na aquisição de técnicas de procura de emprego. (www.iefp.pt).

3780
inquiridos consideraram este apoio fundamental na transição para a vida activa sendo a Univa o
local onde tiveram acolhimento e encontraram apoio ao nível de orientação profissional e de
acompanhamento em experiências no mundo laboral e na procura de formação e/ou emprego.

6.2 - Caracterização do 1º emprego


No âmbito deste estudo procurou-se também perceber melhor o processo de inserção
laboral deste grupo especifico de adolescentes, tendo bem presente que este grupo, oriundo de
famílias de baixos recursos económicos e sem qualificação escolar mínima, encontrará
acrescidas dificuldades em encontrar empregos bem remunerados, vínculos seguros e boas
expectativas de mobilidade profissional. A totalidade dos inquiridos já teve mais do que um
emprego. Estes dados vêm corroborar a ideia de que existe nestes jovens uma grande
mobilidade profissional, ou seja, embora empregados mantêm aspirações e expectativas de
mudança. A maioria dos indivíduos (80%) afirma que obteve esse emprego através de familiares
ou amigos e uma minoria (20%) obteve-o contactando directamente a empresa. Vários estudos
têm vindo a demonstrar que aos abandonos e às saídas precoces da escola estão associadas as
trajectórias de inserção socioprofissional mais precárias (Alves, 1998).

6.3 - Caracterização do emprego actual


A maioria (40%) dos indivíduos afirma que obteve o emprego actual através do
contacto directo com a empresa, enquanto 26,7% diz ter sido através da resposta a anúncios.
Comparando o modo de obtenção do emprego actual com o do 1º emprego podemos constatar
que o facto de estarem inscritos na Univa local auxiliou estes jovens na transição para a vida
activa e na sua mobilidade profissional. Assim, a obtenção do emprego deixou de se ser feita
através de familiares e passou a fazer-se por contactos formais com a empresa.
Relativamente à satisfação e gosto pelo trabalho mais de metade dos inquiridos gosta
da actividade que exerce, uma percentagem muito significativa (46,7%) afirma não gostar,
sendo o percurso profissional destes indivíduos pautado por uma mobilidade profissional
significativa. A maioria dos inquiridos gosta do ambiente de trabalho, ou seja, das relações
interpessoais com os colegas de trabalho (40%). Outro grupo significativo (33,3%) refere-se à
qualidade das condições de trabalho como fonte de motivação. Apenas uma pequena minoria
(26,7) gosta das tarefas que executa. Saliente-se o facto de que factores como o salário, a
estabilidade no trabalho, a responsabilidade, o progresso ou crescimento profissional não foram
referidos por nenhum dos inquiridos, o que vem justificar que a maioria dos inquiridos sinta
vontade (66,7%) de mudar de trabalho.

3781
7 - Breves conclusões

Numa sociedade com graves problemas sociais e económicos, muitos são os jovens que
se vêem empurrados para a vida activa como tentativa de melhorar as suas condições de vida
terminando o seu percurso escolar, mesmo antes de concluída a escolaridade mínima
obrigatória. Os jovens que hoje abandonam a formação escolar serão os agentes de produção de
amanhã. A importância de um conhecimento esclarecido acerca das causas do abandono, e dos
indivíduos por ele atingidos, reside no facto de só assim ser possível prevenir e combater o
fenómeno. O estudo acerca do abandono escolar, realizado na região do Vale do Ave, permitiu
concluir que este fenómeno traduz e reproduz desigualdades sociais, o que é necessário ter este
aspecto em consideração. A escola é responsável por muitos casos de abandono, pois não
consegue manter os jovens motivados para os estudos, não sendo capaz de apreender as
necessidades individuais de cada aluno. O abandono escolar prematuro é, em muitos casos,
fruto de uma incompatibilidade entre o contexto escolar e as crianças, que mutuamente se
rejeitam e, finalmente fruto das expectativas das próprias crianças e adolescentes, que preferem
uma afirmação e integração pessoais pela via do trabalho. Todavia, apesar de esta ruptura com a
escola envolver professores, alunos e instituição, o rompimento com o processo de
escolarização legalmente instituído assenta num leque diversificado de causas.

No estudo evidenciamos algumas características que influenciaram o abandono escolar.


No que respeita ao universo escolar, o estudo sublinha, antes de mais, um acentuado “mal-
estar”. Os jovens oriundos dos grupos socioeconómicos aqui considerados manifestam, de
variados modos, a existência de um ambiente de incompatibilidade entre a escola, que põem em
causa o seu estatuto de alunos. Esta exclusão do sistema escolar é um processo que vai
ocorrendo, não se verifica de um momento para o outro. O modelo, excessivamente voltado
sobre si mesmo, acaba por ser reproduzido pela escola, na medida em que esta não dá resposta
às qualificações desejadas, não fomenta a autoconfiança e auto--estima, não fornece habilitação
especial para a criação de emprego próprio, nem incentiva especialmente a progressão na
carreira escolar. Os curricula, as estratégias, os recursos, a personalização do processo educativo
centrado no aluno, devem ser postos ao serviço da diferença, para que as competências básicas
de vida sejam desenvolvidas por todos. Como constatamos no estudo a grande maioria dos
jovens manifesta a vontade de progredir os seus estudo, para tal, a escola tem de se adaptar e
encontrar, dentro daquilo que são as suas funções, a forma de ajudar cada aluno e cada família a
definir o seu projecto de vida. Dada a inexistência de apoio a estes jovens no sentido da
orientação vocacional é preciso fazer um atempado encaminhamento das crianças que dele
necessitem e conseguir uma abertura diferente em relação ao mundo do trabalho e à vida lá fora.

3782
Através do estudo efectuado podemos concluir que estes jovens sentem uma
necessidade no sentido da orientação escolar e profissional, muitos deles saem da escola sem
sequer conhecerem o mercado de trabalho com falta de informação na decisão de carreira. A
escola deve considerar a importância de actividades extracurriculares como forma de evitar o
abandono prematuro dos estudos, deve reforçar actividades de apoio e reflexão para sensibilizar
e informar os alunos e trabalhar as ideias pré-concebidas e estereotipadas que eles possuem
acerca do mercado de trabalho. Para além da orientação escolar e profissional, deveriam se
adaptar os currículos no sentido de incluir uma educação para as carreiras para que os jovens
desmontem as representações que tem sobre o mundo das profissões. Quanto ao universo
juvenil verifica-se a acção directa destes na decisão do abandono precoce. A construção das
identidades pessoais, o desejo de independência económica, a busca de poder, influenciou a sua
decisão. A eliminação do abandono escolar prematuro é uma causa nacional, que diz respeito a
todos os actores sociais, pois dela dependem o bem-estar de muitos portugueses. A gravidade
dos números e factos aqui evidenciados requerem a continuidade e o reforço de uma acção
concertada e eficaz de prevenção do abandono escolar precoce e desqualificado. É de salientar
que este trabalho foi realizado com uma população muito específica numa região com
particularidades importantes que importam ter em consideração num próximo estudo. Foi um
trabalho exploratório que ajudou a inserir na problemática do abandono escolar precoce e na
especificidade de quem abandona, aguçou a curiosidade de estudar mais profundamente este
fenómeno na região em questão. As conclusões apresentadas foram obtidas com uma população
muito restrita, no entanto, os dados obtidos suscitaram a curiosidade de estudar esta temática
com uma população mais abrangente.

Abstract
This article happens on problematic the relative one to the pertaining to school
desistance. Thus, in a first part, a general framing of the phenomenon of the precocious
pertaining to school abandonment is made, converging in particular its definition. After that a
picture of the diverse determinative factors of the abandonment of the studies is traced, having
in accounted its underlying typology and causes. In one second part, a framing of the
problematic one in Portugal is made. For finish, is carried through a study in the scope of the
precocious pertaining to school abandonment, in the region of the Vale do Ave, more concretely
in Trofa´s municipality. This study it had as primordial goal to analyze the taxes of
abandonment in the region, being made reference to determinative the social ones and trying to
understand the problem, its gravity and dimension. Of this form, core of this inquiry consisted
of studying definitive cases of young that had abandoned its studies precociously, identifying its

3783
profile and characterizing the underlying reasons to the pertaining to school abandonment,
relating between itself the 0 variable School, Family and Market of Work.

Résumé
Cet article arrive sur la problématique concernant le désistement scolaire. Ainsi, en un
premières parties, est fait un encadrement général du phénomène de l'abandon scolaire précoce,
focalisant en particulier sa définition. Ensuite est tracé un tableau des divers facteurs
déterminants de l'abandon des études, vu sa typologie et causes sous-jacentes. En un secondes
parties, est effectué un encadrement de la problématique au le Portugal. Par je finis, est réalisé
une étude dans le contexte de l'abandon scolaire précoce, dans la région de Vale do Ave, plus
concretamente dans la commune du Trofa. Cette étude a eu pour objet primordial analyser les
taux d'abandon dans la région, faisant référence aux déterminants sociaux et en essayant de
comprendre le problème, sa gravité et dimension. De cette forme, le cerne de cette recherche a
consisté à étudier certains cas de jeunes qui ont abandonné précocement leurs études, identifiant
leur profil et en caractérisant les raisons sous-jacentes à l'abandon scolaire, rapportant entre lui
les variables École, Famille et Marché de Travail.

3784
Referências Bibliográficas

Alves, N. (1998). Escola e Trabalho: atitudes, projectos e trajectórias. In Cabral, M. V.


& Pais, J. Jovens Portugueses de hoje. Lisboa: Celta e Secretaria de Estado da Juventude.

Azevedo, J. (1999). Inserção no Mercado de Trabalho: Um estudo de casos. Colecção


Cadernos PEETI – Plano para Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil. Ministério do
Trabalho e da Solidariedade.

Benavente, A., Campiche. J., Seabra, T., & Sebastião, J. (1994). Renunciar à Escola: O
Abandono Escolar no Ensino Básico. Lisboa: Fim do Século.

Dupon, O. & Ossandon, M. (1987). Prévenir l´abandon scolaire. Revue Française de


Pédagogie.

Elliot, D. S. & Voss, H. L. (1974). Delinquency and Dropout. Lexington: Heath-


Lexington.

Janosz, M. & Blanc. M. (1999). Abandono escolar na adolescência: Factores comuns e


trajectórias múltiplas. Revista Portuguesa de Pedagogia, 34 (1,2,3), 341-403.

Jimerson, S. R. (1999).On the failure of failure: Examining the association between


early grade retention and education and employment outcomes during late adolescence.
Journal of School Psychology, 37, 243-272.

Ferrão, J., Honório, F. et al. (2000). Saída Prematura do Sistema Educativo: Aspectos
da Situação, Causas e Perspectivas em termos de Emprego e Formação. OEFP: Lisboa.

Ferrão, J. André, I. & Almeida, A. (2000). Abandono Escolar Precoce: Olhares


Cruzados em Tempo de Transição. Revista Sociedade e Trabalho, nº 10, 9-21.

Formosinho, M. D. & Simões, M. C. T. (1998). Fuga à escola: subsídios para a


teorização do problema. Revista Portuguesa de Pedagogia. Ano XXXII. Nº2.

3785
3786

Você também pode gostar