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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOBRE OS RESÍDUOS
SÓLIDOS

MARILENE MEDEIROS MULLER 1


MARQUIANA DE FREITAS VILAS BOAS GOMES 2

Resumo: O presente artigo é resultado da pesquisa do Programa de


Desenvolvimento Educacional – PDE cujo objetivo foi verificar a contribuição das
atividades lúdicas na Educação Ambiental, tendo como tema central os Resíduos
Sólidos. Realiza-se uma pesquisa-ação com os alunos 8º ano do matutino, do
Colégio Estadual do Campo Guarani da Estratégica, de Nova Laranjeiras, Paraná.
As atividades envolveram discussões sobre a importância da redução do consumo,
a separação e, a reciclagem dos resíduos sólidos. Como objetivos pedagógicos,
buscou-se refletir sobre os problemas ambientais e, as atitudes da sociedade para
com o meio ambiente. Pautou-se nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná –
DCE(s), as quais enfatizam a necessidade de problematizar os conteúdos de forma
que venham proporcionar aos educandos a possibilidade de se posicionar
criticamente em relação às informações que os cercam além de ampliar seus
conhecimentos sobre a relevância de respeitar e preservar o ambiente mantendo-o
saudável.

Palavras - chave: Educação Ambiental, Lúdico, Resíduos Sólidos.

INTRODUÇÃO
Entende-se que as abordagens dos conteúdos de Geografia devem acontecer
numa perspectiva de questionamentos da realidade em que vive o aluno, pois o

Professora de Geografia na rede Estadual de Ensino, Colégio Estadual do


Campo Guarani da Estratégica, e integrante do (PDE). Professora do Programa de
Desenvolvimento Educacional – Disciplina Geografia.

Professora Orientadora Doutora – Departamento de Geografia Da


Universidade Estadual do Centro- Oeste (UNICENTRO). Orientadora no Programa
de Desenvolvimento Educacional
espaço é dinâmico e, sofre alterações com a ação antrópica, portanto, ele deve
sentir-se coautor dessas alterações.
Neste contexto, a pesquisa foi desenvolvida sobre a Educação Ambiental com
a temática Resíduo Sólido. Por isso, envolveu o Colégio Estadual do Campo
Guarani da Estratégica, com alunos do 8º ano Ensino Fundamental, na Comunidade
Rural do Distrito Guarani da Estratégica.
O Distrito do Guarani da Estratégica é um dos quatro distritos pertencentes ao
município de Nova Laranjeiras, no Paraná.
O Município de Nova Laranjeira é localizado na região Centro Sul do Paraná,
com área total de 1.025,25 Km2 com uma população de aproximadamente de
11.000 habitantes.
A escola na qual realizou-se a pesquisa recebe alunos do Distrito Guarani da
Estratégica e do Distrito Bananas (Bela Vista, Distrito de Guaraniaçu), e das
comunidades Monte Belo, Poço Grande, Rio Cascudo, Rio Tavinho, Cocho Grande,
Serra da União, Rocio, Jacutinga. Sendo a localidade mais distante da escola o
Monte Belo com 38 km.
Segundo o seu Projeto Político Pedagógico (2013) a escola atende 301
alunos, sendo 178, no período matutino, e 123, no período vespertino, com 80%
provenientes da zona rural que dependem de transporte escolar. A renda das
famílias é basicamente da agricultura. As principais produções são: milho, soja, e
verduras; e, na pecuária bovinos de leite.
A Instituição é oriunda com educandos do campo, a mesma busca novos
caminhos, propostas e metodologias da educação que se encaixe no contexto dos
alunos, valorizando-os, e incentivando-os.
Nesta pesquisa, buscou-se considerar este contexto envolvendo-os em um
estudo problema, por meio de uma questão.
1. Há produção de resíduos sólidos domiciliares nas propriedades das
famílias dos alunos do 8º. ano da Escola Campo Guarani da Estratégica?
Qual o seu destino? Quais as consequências ambientais da produção e
destinação inadequada dos resíduos? Por meio desta problematização,
elencarmos dois objetivos específicos de pesquisa:
a) Verificar a contribuição das atividades lúdicas poderá contribuir na
compreensão dos alunos sobre esta temática.
b) Analisar as potencialidades e os limites das atividades para a construção
de conceitos, valores e atitudes adequadas em ao ambiente rural?
Neste artigo, sistematizou-se os resultados alcançados e foi organizado em
três partes. Na primeira, tratamos do tema e sua relação com a educação ambiental:
na segunda, apresentamos a metodologia do trabalho e na terceira e, última,
apresentamos os resultados.

1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E OS RESÍDUOS SÓLIDOS


1.1. A importância da Educação Ambiental na escola

A sociedade atual está organizada em um modo de produção e consumo que


tem comprometido os recursos naturais. E, nesse sentido, o papel da Educação
Ambiental é de grande importância. De acordo com a lei 9.795/99, BRASIL da
Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1º.

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais


o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Assim, a Educação Ambiental deve contribuir para as mudanças de atitudes


humanas em relação ao meio ambiente.

A Educação Ambiental não pode se resumir ás criticas sobre o


processo de ocupação “degradante” que o homem promove na
natureza, mas deve analisá-lo dentro de uma teia de relações sociais
em que a prática pedagógica desenvolvida na escola é parte
integrante de uma sociedade multifacetada por interesses ideológicos
e culturais. (TAMAIO, 2002. p. 37)

Então é neste sentido que o trabalho, trata da questão dos resíduos sólidos,
por entender que este tema tão complexo não é apenas um problema urbano, mas
também rural e, está relacionado à sociedade e o modelo de produção e consumo
ao qual se estão inseridos.
Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(SEMA, 2010), a Política de resíduos sólidos no Estado do Paraná, objetiva:

Mudanças de atitude e de hábitos de consumo; Minimização da


geração de resíduos; Combate ao desperdício; Incentivo á
reutilização dos materiais; Reaproveitamento de materiais através de
reciclagem.

Nas Diretrizes Curriculares Estaduais DCEs - PR - (2008), no eixo


estruturante dinâmica socioambiental, este tema pode contribuir para o professor
contribuir como a sociedade e se apropriar do ambiente e da complexidade
envolvida, seja econômica, social e/ou cultural.
Portanto se faz necessário que cada educando compreenda o contexto da
degradação ambiental, analisando, modificando e refletindo sua realidade.

O professor deve inserir a dimensão ambiental dentro do contexto


local, sempre construindo modelos através da realidade e pelas
experiências dos próprios alunos, e assim construir e reconstruir
conhecimentos para valorizar o meio em que vive e desenvolver a
ética ambiental. (SATO, 2003, p.29).

Considerando que os adultos têm pensamentos e atitudes pré-concebidas e


de difícil mudança, uma vez que os valores culturais, geralmente já estão
consolidados, apostou-se, então no trabalho com as crianças e, jovens que podem
construir uma nova visão do mundo e do ambiente e inclusive, por meio do
aprendizado que adquirem ser agente mobilizador junto ao meio social em que
vivem( pais, vizinhos, parentes etc.)

A Educação Ambiental tem um grande potencial como propulsora


estimuladora de questionamentos em busca da construção de novas
lógicas e relações entre os seres humanos e entre eles e a natureza,
ou seja, a Educação Ambiental pode contribuir na construção de um
novo paradigma. (LEME, 2006, p. 52).
É essencial que a educação ambiental, seja reconhecida pelos sujeitos da
sociedade para que os mesmos possam ser críticos e atuante e transformadores
das ações na produção de valores no processo de formação de cidadania.
A educação ambiental nos espaços urbanos é bastante difundida e, via de
regra, as atividades propostas se adéquam a esta realidade. Neste projeto com
especificidade do tema no espaço rural, com foco na questão dos resíduos, também
contribui no sentido de preencher esta lacuna. Com isso objetivou-se oferecer uma
contribuição fundamental a este espaço de ensino uma vez que as produções
geralmente são voltadas a população da cidade e não do campo, também tem como
diferencial o trabalho em municípios do interior, com cidades pequenas, onde o
acesso à informação é sempre mais difícil do que nos grandes centros urbanos.

1.2 O ensino de Geografia na perspectiva da Educação Ambiental.

A Geografia, enquanto disciplina escolar pode contribuir, com a educação do


aluno por meio do estudo do espaço geográfico. O espaço geográfico é o objeto de
estudo da Geografia, seu estudo, permite entender as transformações espaciais e,
portanto do meio ambiente.

A questão ambiental, neste contexto, exige na sua abordagem a


construção de ações diferenciadas que perpassam por mudanças
profundas de concepção de mundo, de consumo, de poder, de bem
estar e sustentabilidade, de novos valores individuais e coletivos em
níveis local, nacional e planetário. (OLIVEIRA, et al. 1998, p.35).

As mudanças do espaço geográfico na escola é um caminho importante para


que a comunidade escolar, as crianças e os jovens, compreendam a relevância de
respeitar e preservar o ambiente.
No caso específico da educação ambiental voltada para refletir sobre a
produção e destino dos resíduos sólidos, a escola e a Geografia podem contribuir
tanto para problematizar a produção dos resíduos como para discutir o mecanismo
para comprometer a sociedade enquanto responsável pelos resíduos que produz.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos no capitulo II art.19.
(BRASIL, 2012, p.22), é necessário programas e ações de educação ambiental que
promovam a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos
sólidos.
No que tange ao tema deste projeto, resíduos sólidos domiciliares no espaço
rural, diferentes situações pedagógicas podem contribuir para a educação ambiental.
Compreende-se que as atividades lúdicas são um importante instrumento.

A aprendizagem é um processo cuja matriz é vincular e lúdica, e sua


raiz é corporal. Seu desdobramento criativo se põe em jogo através
da articulação inteligência-desejo e do equilíbrio assimilação-
acomodação. (CASTROGIOVANI, et al. 2003, p.163).

As atividades lúdicas mais especificamente os jogos pedagógicos, palestras,


vídeos, poesias, versos, paródia, imagens, trabalho de campo e experimentos.

Propiciar situações lúdicas na escola favorece o desenvolvimento de


habilidades necessárias para a construção do conhecimento. Elas
envolvem ações estratégicas, emoção e raciocínio lógico, estimulam
a imaginação e favorecem também a ação do professor em sala de
aula. (STEFANELLO, 2009, p.112).

Então o projeto buscou contribuir para que a aprendizagem acontecesse de


forma mais significativa, sendo o professor o mediador no ensino aprendizagem e
que os alunos do 8º ano, mudem suas atitudes e valores em relação aos resíduos
sólidos no espaço rural.

1.3 As características os Resíduos Sólidos

Popularmente, os resíduos sólidos são conhecidos como lixo ou resíduo.


Conceitualmente lixo – é tudo o que não pode ser reaproveitado, ou reciclado,
enquanto, resíduo – é tudo que ainda pode ser parcialmente ou totalmente utilizado,
ambos podem ser entendidos como restos de quaisquer substâncias sólidos ou
semissólidos que tem volume e forma.
Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(SEMA, 2010). Os resíduos são putrescíveis e não putrescíveis. Muitos desses
resíduos sólidos podem ser reaproveitados - reciclados, desde que não sejam
jogados no meio ambiente.
De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (SEMA, 2010). Os resíduos são classificados também pela sua
potencialidade de risco de acordo com a NBR 10.004/04. (Conforme quadro 01)

Potencial de risco dos resíduos


Classe I – As características que conferem periculosidade a um
Perigosos resíduo são: inflamabilidade; corrosividade; reatividade;
toxidade; patogenicidade. São exemplos de resíduos perigosos
alguns resíduos industriais e resíduos de saúde.
Classe II – Os resíduos apresentam as seguintes propriedades:
Não Inertes combustibilidade; biodregadabilidade; solúveis em água. Ex.:
os resíduos domésticos.

Classe III – Resíduos que não tiveram nenhum de seus


Inertes constituintes solubilizados á concentrações superiores aos
padrões de solubilizados a concentrações superiores aos
padrões de potabilidade da água, Exemplo tijolo, concreto,
entre outros.
Fonte: (SEMA, 2010) Organização: Autora, (2013)

Os resíduos são classificados quanto sua origem (conforme quadro 02)


Resíduo urbano Formado por resíduos sólidos em áreas urbanas,
incluindo os resíduos domésticos, os efluentes industriais e
domiciliares.
Resíduo domiciliar Formado pelos resíduos sólidos de atividades
residenciais compostos por matéria orgânica, papéis,
plásticos de vários grupos, entre outros.

Resíduo commercial Formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais


composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários
grupos, entre outros
Resíduo public Formado por resíduos sólidos gerados da limpeza
pública (areia, papéis, folhagem, poda de árvore, entre
outros).
Resíduo especial Formado por resíduos geralmente industriais, merece
tratamento, manipulação e transporte especial, são eles:
pilhas, baterias, embalagens de agrotóxicos, embalagens de
combustíveis, medicamentos ou venenos.
Resíduo industrial Gerados pela indústria. Porém, nem todos podem ser
designados como resíduo industrial. Algumas indústrias do
meio urbano produzem resíduos semelhantes ao doméstico,
a exemplo das padarias (panificadoras).
Resíduo de serviços Gerados nos serviços hospitalares, ambulatoriais,
de saúde (RSSS) farmácias, laboratórios, entre outros. A responsabilidade
desses resíduos segundo a legislação é dos geradores
Resíduo que deve ser destinado (de maneira correta),
Resíduo atômico segundo as orientações do CNEN – Comissão Nacional de
Energia Nuclear, que é responsável pelo destino final dos
rejeitos radiativos produzidos em território nacional
Resíduo agrícola
Esterco, fertilizantes, entre outros
Resíduo especial Restos provenientes dos objetos lançados pelo homem
no espaço, que circulam ao redor da Terra com velocidade de
cerca de 28 mil quilômetros por hora. São estágios completos
de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e
fragmentos de aparelhos que explodiram normalmente por
acidente ou foram destruídos pela ação das armas
antissatélites.
Resíduo radioativo Resíduo tóxico e venenoso formado por substância
radioativas resultantes do funcionamento. Os procedimentos
quanto à destinação adequada deverão seguir as
recomendações da Comissão Nacional de Energia Nuclear
Resíduo tecnológico Televisores, rádio, computadores, celulares, mp3
player, aparelhos eletrônicos em geral, entre outros. Lei
estadual nº15. 851/08 – a responsabilidade sobre os resíduos
gerados é dos fabricantes, fornecedores e revendedor.
Fonte: (SEMA, 2010) Organização: Autora, (2013)

METODOLOGIA DA PESQUISA
A realização da pesquisa ocorreu mediante a proposta de implementação no
Colégio do Campo Guarani da Estratégica, no ano de 2014.
As atividades Lúdicas e os registros das ações foram realizados com alunos
do 8º ano do período matutino, composta por 19 alunos, pertencentes a várias
comunidades atendidas pela escola, em diferentes momentos e com instrumentos
específicos conforme com questões que pretendia-se responder com o projeto tais
como:
1 ) A identificação dos resíduos sólidos produzidos pelas famílias foram.
a) Levantamento dos tipos de resíduos sólidos domiciliares produzidos nas
propriedades rurais;
b) Entrevistas com membros da comunidade sobre a forma de destino dado
pela população ao resíduo produzido;
2) Como mediação do tema foram produzidos os seguintes materiais:
a) Abordagem teórica sobre os resíduos sólidos domiciliares (origem,
tratamento e destino);
b) Atividades lúdicas voltadas para a educação ambiental sobre os resíduos
sólidos.
3) Foi realizado um plano de aplicação de todas as atividades, as quais foram
registradas sistematicamente, para posterior análise. Considerando a abordagem
qualitativa da pesquisa, a interpretação dos resultados se deu a partir da resposta
dos alunos as ações propostas.

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES NA ESCOLA


As atividades foram desenvolvidas em várias aulas (conforme quadro 03).
Tendo se iniciado após a apresentação da proposta para os alunos:
Nº de Atividades Objetivos
Aulas
Primeira atividade Conhecer como a comunidade
Pesquisa junto ás famílias compreende a importância do destino
dos alunos sobre o destino adequado dos resíduos sólidos
5 aulas dos resíduos.
Segunda atividade Apreender diferentes tipos de resíduos e
Apresentação dos conceitos
4 aulas diferentes tipos de
resíduos sólidos, com
aplicação de jogos
pedagógicos.

Terceira atividade Apreender a separar os resíduos a partir


O destino dos resíduos de atitudes simples do cotidiano.
sólidos, os alunos
4 aulas responderam um Eco
teste. Na sequência
elaboraram frases sobre
novas atitudes.
Quarta atividade Compreender as relações entre
Trabalho sobre o publicidade, consumo, consumismo
consumismo, uma releitura resíduo sólido e meio ambiente.
4 aulas com uma poesia de Carlos
Drumond de Andrade. “Eu
Etiqueta”. Com a qual os
alunos elaboraram versos
sobre o tema.
Quinta atividade Identificar ações para a redução de
Palestra com agentes da resíduos, minimizando as consequências
saúde com o Tema os ao ser humano e ao ambiente.
4 aulas cuidados com os resíduos
sólidos.
Sexta atividade Valorizar formas de armazenagem dos
O que fazer com os resíduos que minimizem impactos
resíduos sólidos, a análise sociais e ambientais.
5 aulas de várias imagens e uma
compostagem caseira.
Elaboração tiras dos
passos da compostagem.
Sétima atividade Desenvolver uma postura crítica e
Apresentação do vídeo reflexiva em relação à produção e o
Salve o Planeta e a destino dos resíduos sólidos.
construção de uma Divulgação do tema para a comunidade
5 aulas paródia, finalizando o escolar.
projeto apresentação da
paródia e das atividades
para os pais dos alunos e
comunidade escolar.

Organização: Autora, (2014)

Foram necessárias 32 horas para aplicação das atividades e 32 para


elaboração do material: as quais envolveram: leituras, contato para agendamento
de palestra, coleta das imagens, elaboração dos bilhetes, avaliações e revisão. A
seguir, apresentamos o detalhamento das ações:

a) Produção Destino e Tipos de Resíduos Sólidos Domiciliar


Iniciaram-se as atividades por meio de uma pesquisa com questionário e, por
meio desse instrumento, coletou- se informações e dados específicos relevantes ao
tema. As questões centrais tinham como objetivos verificar qual a concepção da
comunidade rural sobre resíduos sólidos domiciliares, seu destino e tratamento de
forma responsável e saudável, a importância da reciclagem e outros conceitos
importantes ao assunto.
Verificou-se que o maior volume de resíduos produzidos na comunidade rural
é o orgânico (64,6% do total de alunos indicaram esta predominância). Ao serem
questionados sobre as informações que receberam para o destino do lixo inorgânico,
76% disseram que já receberam informações, sendo que 95% deles consideram
importantes. A maioria das famílias utilizam o lixo orgânico na horta (75%), outros
alimentam os animais (24%) e alguns enterram (1%). Já o lixo inorgânico a maior parte
das famílias queimam (77%), 6% enterra, 6% reutiliza, 12% entrega para a coleta de
caminhão.

A maior parte do lixo inorgânico citado é de plástico e papel. Apenas duas famílias
informaram que acessam o serviço de coleta por caminhão.

Com relação ao uso de produtos fitossanitários e o destino de suas


embalagens, 65% das famílias fazem uso destes produtos, sendo o destino: 59%
queimam 17,7% enterram, 17,7% armazena no galpão e apenas 5,9% devolvem para o
estabelecimento que compraram.

Quando questionados sobre estas informações, os alunos justificaram que por


não haver uma coleta regularmente pelas entidades responsáveis , ficando assim sem
significado fazer a seletiva do lixo e não haver essa coleta.

Estas informações mostram que não há no campo uma infraestrutura


específica e serviços públicos relacionados ao lixo. Neste sentido, qualquer
campanha será frustrada, caso não haja um processo de atendimento às famílias.
Na qualidade de professor, foi possível verificar que é fundamental saber os
conhecimentos pré-existentes e às atitudes e os valores dos alunos, antes de
realizar as atividades, reelaborando-os na ação, fato que permitiu uma
aprendizagem mais significativa por parte dos mesmos. A questão do lixo é mais
complexa do que apenas dar informações a população, é necessário uma política
publica específica que considere as especificidades do campo.

b) Consumismo
Esse momento oportunizou-se a reflexão para compreender as relações
entre os vários temas que estão ligados diretamente com a produção dos resíduos
sólidos: publicidade, consumo, e meio ambiente.
A análise critica da poesia de Carlos Drummond de Andrade, “Eu Etiqueta”,
permitiu refletir com os alunos o estímulo das empresas e da mídia, muitas vezes
com propagandas enganosas sobre os produtos aumentando ainda mais o
consumismo. Também foi possível discutir sobre a diferença entre consumo e
consumismo. Um trecho da poesia foi:
“Em minha calça está grudado um nome”.
Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... Estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida.”

Com reflexão desta poesia, como o ponto de partida analisou as marcas das
roupas dos próprios alunos. Posteriormente os alunos fizeram suas próprias frases,
“Não prejudique o meio ambiente seja um consumidor consciente”. “Seja um aluno
eficiente, mostre que aprendeu e consuma conscientemente”.
Esta atividade permitiu analisar os conceitos e, por meio do debate, permitiu
ao aluno a analise dos discursos nas diferentes mídias, bem como as
conseqüências das práticas de consumismo (incentivadas por elas) para a vida e
para o ambiente, nesse momento de debate permite o aluno refletir que tudo o que
for produzido por ele vem refletir no ambiente em que vive, sejam elas para o bem
ou para a degradação do meio, vale a pena fazer com que o aluno tome consciência
por si só de suas ações, pois será muito mais fácil corrigir seus próprios erros
quando se tem consciência do que está certo ou errado.

c) Palestra saúde
Segundo o Ministério da Saúde, (BRASÍLIA, 2009) os agentes devem estar
com a população, na troca de ensinar autocuidado, ver nascer e crescer a
consciência da cidadania – o saber dos direitos e responsabilidades para consigo e
para com a comunidade, resultando na melhoria da saúde da população.
Para abordar esta questão foi proporcionada a escola, uma palestra com o
agente da saúde sobre os cuidados que devemos ter ao armazenar os resíduos
esclarecendo sobre as doenças geradas pelo mau acondicionamento dos mesmos.
Esta atividade teve caráter informativo, objetivando identificar ações para a redução
de resíduos e minimização consequências a saúde humana e ao ambiente
O conteúdo da palestra foi pautado em outras ações e serviu de base para os
alunos compreenderem conceitos e atitudes com relação aos resíduos.
d) Compostagem

(Foto 01) Autora (2014) Compostagem

A compostagem caseira (Foto 01) foi fundamental para dar continuidade à


prática do projeto.
Esta atividade teve a preocupação de esclarecer como dar o destino correto
para os resíduos sólidos, atividade esta que explorou cada etapa feita pela
compostagem. Na sequência foi analisado com os alunos, o processo de
decomposição dos resíduos, momento que oportunizou a reflexão de que é possível
os familiares darem o destino dos resíduos sólidos corretamente e ter como
resultado o adubo orgânico sem custo.
Com esta atividade os alunos puderam compreender o que são resíduos
sólidos, a forma de acondicionamento dos mesmos, as doenças que podem
transmitir e as consequências do destino inadequado, bem como do destino
adequado.
Além disso, os alunos aprenderam também a estabelecer relações entre as
ações humanas e o meio ambiente; Identificar o destino correto dos resíduos
produzidos no meio rural; Identificar as doenças decorrentes do acondicionamento
incorreto dos resíduos; Reconhecer a ação humana sobre as consequências
benéficas ou não ao ambiente.
Ao desenvolver esta atividade o trabalho em grupo e coletivo fez com que os
alunos tivessem grande entusiasmo em participar, e o passo a passo da
compostagem foi o momento de analise dos mesmos da compreensão que é
possível usar esse conhecimento com os familiares minimizando os problemas
ambientais no espaço rural.
e) Reciclagem
Na realização das atividades desenvolvemos uma postura crítica e reflexiva
em relação à produção e o destino dos resíduos sólidos e divulgamos o tema para a
comunidade escolar.
Os alunos perceberam com a atividade que houve mudanças significativas
nas atitudes até mesmo na sala de aula, sobre os cuidados e a importância da
reciclagem dos resíduos sólidos para o meio ambiente, e identificaram os hábitos e
atitudes incorretos do destino dos resíduos sólidos dos familiares incentivando-os a
separar os resíduos sólidos produzidos pela família. Também foi verificado o papel
do poder público na coleta e destino dos mesmos.
Porém, antes de tudo o entendimento de que é preciso: Reduzir - para gastar
menos; reutilizar - aproveitar algo que seria jogado fora; Reciclar - sempre; usar
novamente o que virou lixo; repensar nossas atitudes, questionar e analisar, ter
postura perante as consequências ambiente.
Finalizamos as atividades com a música do Roberto Carlos e Erasmo Carlos
“Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”.
Feita com os alunos uma paródia sobre reciclagem adaptação do vídeo Salve
o Planeta http://www.youtube - acesso em: 30/10/2013.
A paródia, depois de montada foi ensaiada com os alunos e apresentada no
encerramento do projeto para os pais e a comunidade escolar.
Também tivemos a contribuição de uma aluna que juntamente com seu pai
criaram um RAP sobre o tema reciclagem o qual no dia do fechamento foi
apresentado por um aluno.

f) Paródia
De que vale toda modernidade atual
Se não recicla, esse mundo vai ser infernal.
Só pense você, com seu pensamento um mundo poluído, vai ser nosso tormento.
Quero que você recicle e mude, ensine seu amigo a mudar as atitudes.
Onde quer que eu ande tudo é tão triste até na zona rural a poluição existe.
Quero que você recicle e mude, ensine seu amigo a mudar as atitudes.
Não suporto mais viver num mundo assim, é lixos nas estradas, nas ruas e perto de
mim.
Quero que você recicle e mude, ensine seu amigo a mudar as atitudes.
Espero que você aprenda com esse projeto, se não o desastre ambiental será
concreto.
Poluição
Para ai mano eu peço a sua atenção.
Eu quero falar do mundo e da sua poluição.
É lixo para todo lado consciência meu irmão.
É lixo sobre a rua veja só a situação.
Os peixes estão morrendo com a poluição.
É frascos de agrotóxicos...
Contribuição: Michele Aparecida Bracello, Valdivino Bracello

Os conceitos trabalhados nesta atividade foram principalmente, os de


reciclagem e poluição. Dentre as atividades destacam-se a capacidade de identificar
e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas conseqüências ambientais.
Além disso, os alunos desenvolveram vários valores e atitudes. Dentre eles: o
sentido de pertencimento da comunidade de modo que são capazes de respeitar e
valorizar o lugar em que vivem. Assim como, o aspecto: afetivo, emocional,
participativo, atitudes de respeito, limites, reflexão e de colaboração.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado da pesquisa demonstrou a importância do uso de diferentes
recursos didáticos para facilitar a compreensão dos conhecimentos científicos e
instigar o interesse dos alunos para que aconteça o ensino e a aprendizagem do
tema proposto de forma dinâmica e prazerosa.
Embora, o livro didático seja um importante instrumento de ensino, não é
suficiente para dar conta do processo de ensino e aprendizagem.
Já a discussão dos resíduos sólidos de forma lúdica contribuiu para a
compreensão da existência do problema da produção e, o consumismo exacerbado
que também é comum nas comunidades rurais.
Foi possível verificar após a implementação o aprendizado sobre o tema e as
novas atitudes dos alunos para com o destino dos resíduos produzidos por eles,
valorizaram o meio ambiente, tendo uma postura critica e com preocupação
em ser alguém que pode fazer a diferença para manter a qualidade de vida do meio
em que vivem.
Após a obtenção de informações surgiram o entendimento que sua
intervenção na comunidade escolar deve ser feito com base em determinados
objetivos colocando em prática o conhecimento adquirido de como usar
adequadamente os recursos naturais.
O trabalho ajudou também a entender a interdependências das sociedades
com os elementos naturais, e que a educação ambiental deve estar em todos os
níveis educacionais para desenvolver conhecimento, mudanças de hábitos e,
consequentemente, novos valores e novas atitudes.
A Geografia como disciplina deve instigar no aluno a observar, analisar,
interpretar e pensar criticamente a realidade, visando sua transformação, no sentido
de despertar o habitual cuidado com o meio ambiente, promovendo ações concretas
dentro e além do meio escolar. Neste contexto tendo esta disciplina visivelmente
uma estreita relação com as questões ambientais e com a relação homem/meio, o
desenvolvimento deste projeto foi potencializado.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Política Nacional de Educação Ambiental 9.795, de 27 de abril de 1999.


BRASÍLIA, Ministério da Saúde (2009) Apostila dos Agentes Comunitários.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Geografia em sala de aula: práticas e
reflexões 4. ed. – Porto Alegre: Editora da UFRGS. 2003.
LEME, Taciana Neto. Os conhecimentos práticos dos professores: (re) abrindo
caminhos para a educação ambiental na escola. — São Paulo: Annablume, 2006.
OLIVEIRA, José Flávio de. Educação, Meio Ambiente e Cidadania. Reflexões e
Experiências. – São Paulo: SMA/CEAM, 1998PARANÁ, Secretaria de Estado da
Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica de Geografia. Curitiba, 2008.
PARANÁ, SEMA, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Projeto Político Pedagógico, Colégio Estadual do Campo Guarani da Estratégica,
Ensino Fundamental e Médio. — 2013.
SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos, SP. Editora Rima. 2003.
STEFANALLO, Ana Clarissa. Didática e Avaliação da Aprendizagem no Ensino
da Geografia. São Paulo. Saraiva, 2009.
TAMAIO, Irineu. O professor na construção do conceito de natureza: uma
experiência de educação ambiental. —São Paulo: WWF,2002.

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